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CÓD: OP-130AG-23

7908403540730

GUARULHOS-SP
PREFEITURA MUNICIPAL DE GUARULHOS - SÃO PAULO

Agente Comunitário de Saúde


EDITAL DE ABERTURA N°. 06/2023-SGE01
• A Opção não está vinculada às organizadoras de Concurso Público. A aquisição do material não garante sua inscrição ou ingresso na
carreira pública,

• Sua apostila aborda os tópicos do Edital de forma prática e esquematizada,

• Dúvidas sobre matérias podem ser enviadas através do site: www.apostilasopção.com.br/contatos.php, com retorno do professor
no prazo de até 05 dias úteis.,

• É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila, de acordo com o Artigo 184 do Código Penal.

Apostilas Opção, a Opção certa para a sua realização.


ÍNDICE

Língua Portuguesa
1. Leitura e interpretação de diversos tipos de textos (literários e não literários)......................................................................... 5
2. Sinônimos e antônimos. ............................................................................................................................................................. 5
3. Sentido próprio e figurado das palavras. ................................................................................................................................... 5
4. Pontuação. ................................................................................................................................................................................. 6
5. Classes de palavras: substantivo, adjetivo, numeral, artigo, pronome, verbo, advérbio, preposição e conjunção: emprego e
sentido que imprimem às relações que estabelecem................................................................................................................ 9
6. Concordância verbal e nominal. ................................................................................................................................................ 16
7. Regência verbal e nominal. ........................................................................................................................................................ 18
8. Colocação pronominal. .............................................................................................................................................................. 19
9. Crase........................................................................................................................................................................................... 20

Matemática
1. Números inteiros: operações e propriedades. Números racionais, representação fracionária e decimal: operações e proprie-
dades.......................................................................................................................................................................................... 29
2. Razão e proporção. .................................................................................................................................................................... 35
3. Porcentagem. ............................................................................................................................................................................. 36
4. Regra de três simples. ................................................................................................................................................................ 38
5. Equação do 1º grau. ................................................................................................................................................................... 38
6. Sistema métrico: medidas de tempo, comprimento, superfície e capacidade........................................................................... 41
7. Relação entre grandezas: tabelas e gráficos. ............................................................................................................................. 43
8. Resolução de situações problema.............................................................................................................................................. 46

Noções de Informática
1. Sistema Operacional: Windows/Linux: conceito de pastas, diretórios, arquivos e atalhos, área de trabalho, área de transfe-
rência, manipulação de arquivos e pastas, uso dos menus, programas e aplicativos, interação com o conjunto de aplicati-
vos............................................................................................................................................................................................... 49
2. ThunderBird/Webmail – Correio Eletrônico: uso de correio eletrônico, preparo e envio de mensagens, anexação de arqui-
vos............................................................................................................................................................................................... 58
3. Mozilla Firefox/Google Chrome – Internet: Navegação Internet, conceitos de URL, links, sites, busca e impressão de pági-
nas.............................................................................................................................................................................................. 60

Conhecimentos Específicos
Agente Comunitário de Saúde
1. Princípios e Diretrizes da implantação do SUS. .......................................................................................................................... 69
2. Organização da Atenção Básica no SUS...................................................................................................................................... 80
3. Guia Prático do Agente Comunitário de Saúde........................................................................................................................... 108
4. Manual: O Trabalho do Agente Comunitário de Saúde.............................................................................................................. 171
ÍNDICE

5. - O papel do Agente Comunitário de Saúde nas ações de controle da dengue.......................................................................... 182


6. - Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei Federal n.º 8.069/90)............................................................................................ 187
7. Estatuto do Idoso (Lei Federal n.º 10.741/2003)........................................................................................................................ 227
LÍNGUA PORTUGUESA

Já as palavras antônimas são aquelas que apresentam signifi-


LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE DIVERSOS TIPOS DE cados opostos, estabelecendo uma relação de contrariedade. Ex:
TEXTOS (LITERÁRIOS E NÃO LITERÁRIOS). forte <—> fraco

Compreender e interpretar textos é essencial para que o obje- SENTIDO PRÓPRIO E FIGURADO DAS PALAVRAS.
tivo de comunicação seja alcançado satisfatoriamente. Com isso, é
importante saber diferenciar os dois conceitos. Vale lembrar que o
texto pode ser verbal ou não-verbal, desde que tenha um sentido SENTIDO PRÓPRIO E SENTIDO FIGURADO
completo. É possível empregar as palavras no sentido próprio ou no sen-
A compreensão se relaciona ao entendimento de um texto e tido figurado.
de sua proposta comunicativa, decodificando a mensagem explíci- Ex.:
ta. Só depois de compreender o texto que é possível fazer a sua – Construí um muro de pedra. (Sentido próprio).
interpretação. – Dalton tem um coração de pedra. (Sentido figurado).
A interpretação são as conclusões que chegamos a partir do – As águas pingavam da torneira. (Sentido próprio).
conteúdo do texto, isto é, ela se encontra para além daquilo que – As horas iam pingando lentamente. (Sentido figurado).
está escrito ou mostrado. Assim, podemos dizer que a interpreta-
ção é subjetiva, contando com o conhecimento prévio e do reper- Denotação
tório do leitor. É o sentido da palavra interpretada ao pé da letra, ou seja, de
Dessa maneira, para compreender e interpretar bem um texto, acordo com o sentido geral que ela tem na maioria dos contextos
é necessário fazer a decodificação de códigos linguísticos e/ou vi- em que ocorre. Trata-se do sentido próprio da palavra, aquele en-
suais, isto é, identificar figuras de linguagem, reconhecer o sentido contrado no dicionário. Por exemplo: “Uma pedra no meio da rua
de conjunções e preposições, por exemplo, bem como identificar foi a causa do acidente”.
expressões, gestos e cores quando se trata de imagens. A palavra “pedra” aqui está usada em sentido literal, ou seja, o
objeto mesmo.
Dicas práticas
1. Faça um resumo (pode ser uma palavra, uma frase, um con- Conotação
ceito) sobre o assunto e os argumentos apresentados em cada pa- É o sentido da palavra desviado do usual, ou seja, aquele que se
rágrafo, tentando traçar a linha de raciocínio do texto. Se possível, distancia do sentido próprio e costumeiro. Por exemplo: “As pedras
adicione também pensamentos e inferências próprias às anotações. atiradas pela boca ferem mais do que as atiradas pela mão”.
2. Tenha sempre um dicionário ou uma ferramenta de busca “Pedras”, neste contexto, não está indicando o que usualmente
por perto, para poder procurar o significado de palavras desconhe- significa (objeto), mas um insulto, uma ofensa produzida pelas pa-
cidas. lavras, capazes de machucar assim como uma pedra “objeto” que é
3. Fique atento aos detalhes oferecidos pelo texto: dados, fon- atirada em alguém.
te de referências e datas.
4. Sublinhe as informações importantes, separando fatos de Ampliação de Sentido
opiniões. Fala-se em ampliação de sentido quando a palavra passa a
5. Perceba o enunciado das questões. De um modo geral, ques- designar uma quantidade mais ampla de significado do que o seu
tões que esperam compreensão do texto aparecem com as seguin- original.
tes expressões: o autor afirma/sugere que...; segundo o texto...; de “Embarcar”, por exemplo, originariamente era utilizada para
acordo com o autor... Já as questões que esperam interpretação do designar o ato de viajar em um barco. Seu sentido foi ampliado
texto aparecem com as seguintes expressões: conclui-se do texto consideravelmente, passando a designar a ação de viajar em outros
que...; o texto permite deduzir que...; qual é a intenção do autor veículos também. Hoje se diz, por ampliação de sentido, que um
quando afirma que... passageiro:
– Embarcou em um trem.
– Embarcou no ônibus das dez.
SINÔNIMOS E ANTÔNIMOS. – Embarcou no avião da força aérea.
– Embarcou num transatlântico.
Sinonímia e antonímia
As palavras sinônimas são aquelas que apresentam significado “Alpinista”, em sua origem, era utilizada para indicar aquele
semelhante, estabelecendo relação de proximidade. Ex: inteligente que escala os Alpes (cadeia montanhosa europeia). Depois, por am-
<—> esperto pliação de sentido, passou a designar qualquer tipo de praticante
de escalar montanhas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Restrição de Sentido Este ponto simples final (.) encerra períodos que terminem por
Ao lado da ampliação de sentido, existe o movimento inverso, qualquer tipo de oração que não seja interrogativa direta, a excla-
isto é, uma palavra passa a designar uma quantidade mais restrita mativa e as reticências.
de objetos ou noções do que originariamente designava. Outra função do ponto é a da pausa oracional, ao acompanhar
É o caso, por exemplo, das palavras que saem da língua geral e muitas palavras abreviadas, como: p., 2.ª, entre outros.
passam a ser usadas com sentido determinado, dentro de um uni- Se o período, oração ou frase terminar com uma abreviatura,
verso restrito do conhecimento. o ponto final não é colocado após o ponto abreviativo, já que este,
A palavra aglutinação, por exemplo, na nomenclatura grama- quando coincide com aquele, apresenta dupla serventia.
tical, é bom exemplo de especialização de sentido. Na língua geral, Ex.: “O ponto abreviativo põe-se depois das palavras indicadas
ela significa qualquer junção de elementos para formar um todo, abreviadamente por suas iniciais ou por algumas das letras com que
todavia, em Gramática designa apenas um tipo de formação de pa- se representam, v.g. ; V. S.ª ; Il.mo ; Ex.a ; etc.” (Dr. Ernesto Carneiro
lavras por composição em que a junção dos elementos acarreta al- Ribeiro)
teração de pronúncia, como é o caso de pernilongo (perna + longa). O ponto, com frequência, se aproxima das funções do ponto e
Se não houver alteração de pronúncia, já não se diz mais aglu- vírgula e do travessão, que às vezes surgem em seu lugar.
tinação, mas justaposição. A palavra Pernalonga, por exemplo, que
designa uma personagem de desenhos animados, não se formou Obs.: Estilisticamente, pode-se usar o ponto para, em períodos
por aglutinação, mas por justaposição. curtos, empregar dinamicidade, velocidade à leitura do texto: “Era
Em linguagem científica é muito comum restringir-se o signifi- um garoto pobre. Mas tinha vontade de crescer na vida. Estudou.
cado das palavras para dar precisão à comunicação. Subiu. Foi subindo mais. Hoje é juiz do Supremo.”. É muito utilizado
A palavra girassol, formada de gira (do verbo girar) + sol, não em narrações em geral.
pode ser usada para designar, por exemplo, um astro que gira em
torno do Sol, seu sentido sofreu restrição, e ela serve para designar — Ponto Parágrafo
apenas um tipo de flor que tem a propriedade de acompanhar o Separa-se por ponto um grupo de período formado por ora-
movimento do Sol. ções que se prendem pelo mesmo centro de interesse. Uma vez que
Existem certas palavras que, além do significado explícito, con- o centro de interesse é trocado, é imposto o emprego do ponto pa-
têm outros implícitos (ou pressupostos). Os exemplos são muitos. É rágrafo se iniciando a escrever com a mesma distância da margem
o caso do pronome outro, por exemplo, que indica certa pessoa ou com que o texto foi iniciado, mas em outra linha.
coisa, pressupondo necessariamente a existência de ao menos uma O parágrafo é indicado por ( § ) na linguagem oficial dos artigos
além daquela indicada. de lei.
Prova disso é que não faz sentido, para um escritor que nunca
lançou um livro, dizer que ele estará autografando seu outro livro. O — Ponto de Interrogação
uso de outro pressupõe, necessariamente, ao menos um livro além É um sinal (?) colocado no final da oração com entonação inter-
daquele que está sendo autografado. rogativa ou de incerteza, seja real ou fingida.
A interrogação conclusa aparece no final do enunciado e re-
quer que a palavra seguinte se inicie por maiúscula. Já a interro-
PONTUAÇÃO. gação interna (quase sempre fictícia), não requer que a próxima
palavra se inicia com maiúscula.
Para a elaboração de um texto escrito, deve-se considerar o uso Ex.: — Você acha que a gramática da Língua Portuguesa é com-
adequado dos sinais de pontuação como: pontos, vírgula, ponto e plicada?
vírgula, dois pontos, travessão, parênteses, reticências, aspas, etc. — Meu padrinho? É o Excelentíssimo Senhor coronel Paulo Vaz
Tais sinais têm papéis variados no texto escrito e, se utilizados Lobo Cesar de Andrade e Sousa Rodrigues de Matos.
corretamente, facilitam a compreensão e entendimento do texto.
Assim como outros sinais, o ponto de interrogação não requer
— A Importância da Pontuação que a oração termine por ponto final, a não ser que seja interna.
1
As palavras e orações são organizadas de maneira sintática, Ex.: “Esqueceu alguma cousa? perguntou Marcela de pé, no
semântica e também melódica e rítmica. Sem o ritmo e a melodia, patamar”.
os enunciados ficariam confusos e a função comunicativa seria pre-
judicada. Em diálogos, o ponto de interrogação pode aparecer acompa-
O uso correto dos sinais de pontuação garante à escrita uma nhando do ponto de exclamação, indicando o estado de dúvida de
solidariedade sintática e semântica. O uso inadequado dos sinais de um personagem perante diante de um fato.
pontuação pode causar situações desastrosas, como em: Ex.: — “Esteve cá o homem da casa e disse que do próximo mês
– Não podem atirar! (entende-se que atirar está proibido) em diante são mais cinquenta...
– Não, podem atirar! (entende-se que é permitido atirar) — ?!...”

— Ponto — Ponto de Exclamação


Este sinal (!) é colocado no final da oração enunciada com en-
tonação exclamativa.
Ex.: “Que gentil que estava a espanhola!”
1 BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. 37ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, “Mas, na morte, que diferença! Que liberdade!”
2009.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Este sinal é colocado após uma interjeição.


Ex.: — Olé! exclamei. - Em aposições, a não ser no especificativo.
— Ah! brejeiro! Ex.: “ora enfim de uma casa que ele meditava construir, para
residência própria, casa de feitio moderno...”
As mesmas observações vistas no ponto de interrogação, em
relação ao emprego do ponto final e ao uso de maiúscula ou mi- - Para separar os pleonasmos e as repetições, quando não tive-
núscula inicial da palavra seguinte, são aplicadas ao ponto de ex- rem efeito superlativamente.
clamação. Ex.: “Nunca, nunca, meu amor!”
A casa é linda, linda.
— Reticências
As reticências (...) demonstram interrupção ou incompletude - Para intercalar ou separar vocativos e apostos.
de um pensamento. Ex.: Brasileiros, é chegada a hora de buscar o entendimento.
Ex.: — “Ao proferir estas palavras havia um tremor de alegria É aqui, nesta querida escola, que nos encontramos.
na voz de Marcela: e no rosto como que se lhe espraiou uma onda
de ventura...” - Para separar orações adjetivas de valor explicativo.
— “Não imagina o que ela é lá em casa: fala na senhora a todos Ex.: “perguntava a mim mesmo por que não seria melhor depu-
os instantes, e aqui aparece uma pamonha. Ainda ontem... tado e melhor marquês do que o lobo Neves, — eu, que valia mais,
muito mais do que ele, — ...”
Quando colocadas no fim do enunciado, as reticências dispen-
sam o ponto final, como você pode observar nos exemplos acima. - Para separar, na maioria das vezes, orações adjetivas restritiva
As reticências, quando indicarem uma enumeração inconclusa, de certa extensão, ainda mais quando os verbos de duas orações
podem ser substituídas por etc. distintas se juntam.
Ao transcrever um diálogo, elas indicam uma não resposta do Ex.: “No meio da confusão que produzira por toda a parte este
interlocutor. Já em citações, elas podem ser postas no início, no acontecimento inesperado e cujo motivo e circunstâncias inteira-
meio ou no fim, indicando supressão do texto transcrito, em cada mente se ignoravam, ninguém reparou nos dois cavaleiros...”
uma dessas partes.
Quando ocorre a supressão de um trecho de certa extensão, IMPORTANTE!
geralmente utiliza-se uma linha pontilhada. Mesmo separando por vírgula o sujeito expandido pela oração
As reticências podem aparecer após um ponto de exclamação adjetiva, esta pontuação pode acontecer.
ou interrogação. Ex.: Os que falam em matérias que não entendem, parecem
fazer gala da sua própria ignorância.
— Vírgula
A vírgula (,) é utilizada: - Para separar orações intercaladas.
- Para separar termos coordenados, mesmo quando ligados por Ex.: “Não lhe posso dizer com certeza, respondi eu”
conjunção (caso haja pausa).
Ex.: “Sim, eu era esse garção bonito, airoso, abastado”. - Para separar, geralmente, adjuntos adverbiais que precedem
o verbo e as orações adverbiais que aparecem antes ou no meio da
IMPORTANTE! sua principal.
Quando há uma série de sujeitos seguidos imediatamente de Ex.: “Eu mesmo, até então, tinha-vos em má conta...”
verbo, não se separa do verbo (por vírgula) o ultimo sujeito da série
. - Para separar o nome do lugar em datas.
Ex.: Carlos Gomes, Vítor Meireles, Pedro Américo, José de Ex.: São Paulo, 14 de janeiro de 2020.
Alencar tinham-nas começado.
- Para separar os partículas e expressões de correção, continua-
- Para separar orações coordenadas aditivas, mesmo que estas ção, explicação, concessão e conclusão.
se iniciem pela conjunção e, proferidas com pausa. Ex.: “e, não obstante, havia certa lógica, certa dedução”
Ex.: “Gostava muito das nossas antigas dobras de ouro, e eu Sairá amanhã, aliás, depois de amanhã.
levava-lhe quanta podia obter”.
- Para separar advérbios e conjunções adversativos (porém,
- Para separar orações coordenadas alternativas (ou, quer, todavia, contudo, entretanto), principalmente quando pospostos.
etc.), quando forem proferidas com pausa. Ex.: “A proposta, porém, desdizia tanto das minhas sensações
Ex.: Ele sairá daqui logo, ou eu me desligarei do grupo. últimas...”

IMPORTANTE! - Algumas vezes, para indicar a elipse do verbo.


Quando ou exprimir retificação, esta mesma regra vigora. Ex.: Ele sai agora: eu, logo mais. (omitiu o verbo “sairei” após
Ex.: Teve duas fases a nossa paixão, ou ligação, ou qualquer ou- “eu”; elipse do verbo sair)
tro nome, que eu de nome não curo.
Caso denote equivalência, o ou posto entre os dois termos não - Omissão por zeugma.
é separado por vírgula. Ex.: Na classe, alguns alunos são interessados; outros, (são) re-
Ex.: Solteiro ou solitário se prende ao mesmo termo latino. lapsos. (Supressão do verbo “são” antes do vocábulo “relapsos”)

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Para indicar a interrupção de um seguimento natural das — Ponto e Vírgula


ideias e se intercala um juízo de valor ou uma reflexão subsidiária. Sinal (;) que denota pausa mais forte que a vírgula, porém mais
fraca que o ponto. É utilizado:
- Para evitar e desfazer alguma interpretação errônea que pode
ocorrer quando os termos estão distribuídos de forma irregular na - Em trechos longos que já possuam vírgulas, indicando uma
oração, a expressão deslocada é separada por vírgula. pausa mais forte.
Ex.: De todas as revoluções, para o homem, a morte é a maior Ex.: “Enfim, cheguei-me a Virgília, que estava sentada, e travei-
e a derradeira. -lhe da mão; D. Plácida foi à janela”

- Em enumerações - Para separar as adversativas onde se deseja ressaltar o con-


sem gradação: Coleciono livros, revistas, jornais, discos. traste.
com gradação: Não compreendo o ciúme, a saudade, a dor da Ex.: “Não se disse mais nada; mas de noite Lobo Neves insistiu
despedida. no projeto”

Não se separa por vírgula: - Em leis, separando os incisos.


- sujeito de predicado;
- objeto de verbo; - Enumeração com explicitação.
- adjunto adnominal de nome; Ex.: Comprei alguns livros: de matemática, para estudar para
- complemento nominal de nome; o concurso; um romance, para me distrair nas horas vagas; e um
- oração principal da subordinada substantiva (desde que esta dicionário, para enriquecer meu vocabulário.
não seja apositiva nem apareça na ordem inversa).
- Enumeração com ponto e vírgula, mas sem vírgula, para mar-
— Dois Pontos car distribuição.
São utilizados: Ex.: Comprei os produtos no supermercado: farinha para um
- Na enumeração, explicação, notícia subsidiária. bolo; tomates para o molho; e pão para o café da manhã.
Ex.: Comprou dois presentes: um livro e uma caneta.
“que (Viegas) padecia de um reumatismo teimoso, de uma — Travessão
asma não menos teimosa e de uma lesão de coração: era um hos- É importante não confundir o travessão (—) com o traço de
pital concentrado” união ou hífen e com o traço de divisão empregado na partição de
“Queremos governos perfeitos com homens imperfeitos: dis- sílabas.
parate” O uso do travessão pode substituir vírgulas, parênteses, colche-
tes, indicando uma expressão intercalada:
- Em expressões que se seguem aos verbos dizer, retrucar, res- Ex.: “... e eu falava-lhe de mil cousas diferentes — do último
ponder (e semelhantes) e que dão fim à declaração textual, ou que baile, da discussão das câmaras, berlindas e cavalos, de tudo, me-
assim julgamos, de outrem. nos dos seus versos ou prosas”
Ex.: “Não me quis dizer o que era: mas, como eu instasse muito:
— Creio que o Damião desconfia alguma coisa” Se a intercalação terminar o texto, o travessão é simples; caso
contrário, se utiliza o travessão duplo.
- Em alguns casos, onde a intenção é caracterizar textualmente Ex.: “Duas, três vezes por semana, havia de lhe deixar na algi-
o discurso do interlocutor, a transcrição aparece acompanhada de beira das calças — umas largas calças de enfiar —, ou na gaveta da
aspas, e poucas vezes de travessão. mesa, ou ao pé do tinteiro, uma barata morta”
Ex.: “Ao cabo de alguns anos de peregrinação, atendi às supli-
cas de meu pai: IMPORTANTE!
— Vem, dizia ele na última carta; se não vieres depressa acha- Como é possível observar no exemplo, pode haver vírgula após
rás tua mãe morta!” o travessão.

Em expressões que, ao serem enunciadas com entonação es- O travessão pode, também, denotar uma pausa mais forte.
pecial, o contexto acaba sugerindo causa, consequência ou expli- Ex.: “... e se estabelece uma cousa que poderemos chamar —,
cação. solidariedade do aborrecimento humano”
Ex.: “Explico-me: o diploma era uma carta de alforria”
Além disso, ainda pode indicar a mudança de interlocutor, na
- Em expressões que possuam uma quebra na sequência das transcrição de um diálogo, com ou sem aspas.
ideias. Ex.: — Ah! respirou Lobo Neves, sentando-se preguiçosamente
Ex.: Sacudiu o vestido, ainda molhado, e caminhou. no sofá.
“Não! bradei eu; não hás de entrar... não quero... Ia a lançar-lhe — Cansado? perguntei eu.
as mãos: era tarde; ela entrara e fechara-se” — Muito; aturei duas maçadas de primeira ordem (...)

Neste caso, pode, ou não, combinar-se com as aspas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

— Parênteses e Colchetes — Alínea


Estes sinais ( ) [ ] apontam a existência de um isolamento sin- Apresenta a mesma função do parágrafo, uma vez que denota
tático e semântico mais completo dentro de um enunciado, assim diferentes centros de assuntos. Como o parágrafo, requer a mudan-
como estabelecem uma intimidade maior entre o autor e seu leitor. ça de linha.
Geralmente, o uso do parêntese é marcado por uma entonação es- De forma geral, aparece em forma de número ou letra seguida
pecial. de um traço curvo.
Se a pausa coincidir com o início da construção parentética, o Ex.: Os substantivos podem ser:
sinal de pontuação deve aparecer após os parênteses, contudo, se a) próprios
a proposição ou frase inteira for encerrada pelos parênteses, a no- b) comuns
tação deve aparecer dentro deles.
Ex.: “Não, filhos meus (deixai-me experimentar, uma vez que — Chave
seja, convosco, este suavíssimo nome); não: o coração não é tão Este sinal ({ }) é mais utilizado em obras científicas. Indicam a
frívolo, tão exterior, tão carnal, quanto se cuida” reunião de diversos itens relacionados que formam um grupo.
“A imprensa (quem o contesta?) é o mais poderoso meio que 2
Ex.: Múltiplos de 5: {0, 5, 10, 15, 20, 25, 30, 35,… }.
se tem inventado para a divulgação do pensamento”. (Carta inserta Na matemática, as chaves agrupam vários elementos de uma
nos Anais da Biblioteca Nacional, vol. I) [Carlos de Laet] operação, definindo sua ordem de resolução.
Ex.: 30x{40+[30x(84-20x4)]}
- Isolar datas. Também podem ser utilizadas na linguística, representando
Ex.: Refiro-me aos soldados da Primeira Guerra Mundial (1914- morfemas.
1918). Ex.: O radical da palavra menino é {menin-}.

- Isolar siglas. — Asterisco


Ex.: A taxa de desemprego subiu para 5,3% da população eco- Sinal (*) utilizado após ou sobre uma palavra, com a intenção
nomicamente ativa (PEA)... de se fazer um comentário ou citação a respeito do termo, ou uma
explicação sobre o trecho (neste caso o asterisco se põe no fim do
- Isolar explicações ou retificações. período).
Ex.: Eu expliquei uma vez (ou duas vezes) o motivo de minha Emprega-se ainda um ou mais asteriscos depois de uma inicial,
preocupação. indicando uma pessoa cujo nome não se quer ou não se pode decli-
nar: o Dr.*, B.**, L.***
Os parênteses e os colchetes estão ligados pela sua função dis-
cursiva, mas estes são utilizados quando os parênteses já foram em- — Barra
pregados, com o objetivo de introduzir uma nova inserção. Aplicada nas abreviações das datas e em algumas abreviaturas.
São utilizados, também, com a finalidade de preencher lacunas
de textos ou para introduzir, em citações principalmente, explica-
ções ou adendos que deixam a compreensão do texto mais simples.
CLASSES DE PALAVRAS: SUBSTANTIVO, ADJETIVO,
NUMERAL, ARTIGO, PRONOME, VERBO, ADVÉRBIO,
— Aspas
PREPOSIÇÃO E CONJUNÇÃO: EMPREGO E SENTIDO
A forma mais geral do uso das aspas é o sinal (“ ”), entretanto,
QUE IMPRIMEM ÀS RELAÇÕES QUE ESTABELECEM.
há a possibilidade do uso das aspas simples (‘ ’) para diferentes fina-
lidades, como em trabalhos científicos sobre línguas, onde as aspas Para entender sobre a estrutura das funções sintáticas, é preci-
simples se referem a significados ou sentidos: amare, lat. ‘amar’ so conhecer as classes de palavras, também conhecidas por classes
port. morfológicas. A gramática tradicional pressupõe 10 classes grama-
As aspas podem ser utilizadas, também, para dar uma expres- ticais de palavras, sendo elas: adjetivo, advérbio, artigo, conjunção,
são de sentido particular, ressaltando uma expressão dentro do interjeição, numeral, pronome, preposição, substantivo e verbo.
contexto ou indicando uma palavra como estrangeirismo ou uma
gíria.
Se a pausa coincidir com o final da sentença ou expressão que
está entre aspas, o competente sinal de pontuação deve ser utili-
zado após elas, se encerrarem somente uma parte da proposição;
mas se as aspas abarcarem todo o período, frase, expressão ou sen-
tença, a respectiva pontuação é abrangida por elas.
Ex.: “Aí temos a lei”, dizia o Florentino. “Mas quem as há de
segurar? Ninguém.”
“Mísera, tivesse eu aquela enorme, aquela Claridade imortal,
que toda a luz resume!”
“Por que não nasce eu um simples vaga-lume?”

- Delimitam transcrições ou citações textuais.


Ex.: Segundo Rui Barbosa: “A política afina o espírito.”
2 https://bit.ly/2RongbC.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Veja, a seguir, as características principais de cada uma delas.

CLASSE CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS


Menina inteligente...
Expressar características, qualidades ou estado dos seres Roupa azul-marinho...
ADJETIVO
Sofre variação em número, gênero e grau Brincadeira de criança...
Povo brasileiro...
A ajuda chegou tarde.
Indica circunstância em que ocorre o fato verbal
ADVÉRBIO A mulher trabalha muito.
Não sofre variação
Ele dirigia mal.
Determina os substantivos (de modo definido ou indefinido) A galinha botou um ovo.
ARTIGO
Varia em gênero e número Uma menina deixou a mochila no ônibus.
Liga ideias e sentenças (conhecida também como conectivos) Não gosto de refrigerante nem de pizza.
CONJUNÇÃO
Não sofre variação Eu vou para a praia ou para a cachoeira?
Exprime reações emotivas e sentimentos Ah! Que calor...
INTERJEIÇÃO
Não sofre variação Escapei por pouco, ufa!
Atribui quantidade e indica posição em alguma sequência Gostei muito do primeiro dia de aula.
NUMERAL
Varia em gênero e número Três é a metade de seis.
Posso ajudar, senhora?
Acompanha, substitui ou faz referência ao substantivo Ela me ajudou muito com o meu trabalho.
PRONOME
Varia em gênero e número Esta é a casa onde eu moro.
Que dia é hoje?
Relaciona dois termos de uma mesma oração Espero por você essa noite.
PREPOSIÇÃO
Não sofre variação Lucas gosta de tocar violão.
Nomeia objetos, pessoas, animais, alimentos, lugares etc. A menina jogou sua boneca no rio.
SUBSTANTIVO
Flexionam em gênero, número e grau. A matilha tinha muita coragem.
Ana se exercita pela manhã.
Indica ação, estado ou fenômenos da natureza
Todos parecem meio bobos.
Sofre variação de acordo com suas flexões de modo, tempo,
VERBO Chove muito em Manaus.
número, pessoa e voz.
A cidade é muito bonita quando vista do
Verbos não significativos são chamados verbos de ligação
alto.

Substantivo
Tipos de substantivos
Os substantivos podem ter diferentes classificações, de acordo com os conceitos apresentados abaixo:
• Comum: usado para nomear seres e objetos generalizados. Ex: mulher; gato; cidade...
• Próprio: geralmente escrito com letra maiúscula, serve para especificar e particularizar. Ex: Maria; Garfield; Belo Horizonte...
• Coletivo: é um nome no singular que expressa ideia de plural, para designar grupos e conjuntos de seres ou objetos de uma mesma
espécie. Ex: matilha; enxame; cardume...
• Concreto: nomeia algo que existe de modo independente de outro ser (objetos, pessoas, animais, lugares etc.). Ex: menina; cachor-
ro; praça...
• Abstrato: depende de um ser concreto para existir, designando sentimentos, estados, qualidades, ações etc. Ex: saudade; sede;
imaginação...
• Primitivo: substantivo que dá origem a outras palavras. Ex: livro; água; noite...
• Derivado: formado a partir de outra(s) palavra(s). Ex: pedreiro; livraria; noturno...
• Simples: nomes formados por apenas uma palavra (um radical). Ex: casa; pessoa; cheiro...
• Composto: nomes formados por mais de uma palavra (mais de um radical). Ex: passatempo; guarda-roupa; girassol...

Flexão de gênero
Na língua portuguesa, todo substantivo é flexionado em um dos dois gêneros possíveis: feminino e masculino.
O substantivo biforme é aquele que flexiona entre masculino e feminino, mudando a desinência de gênero, isto é, geralmente o final
da palavra sendo -o ou -a, respectivamente (Ex: menino / menina). Há, ainda, os que se diferenciam por meio da pronúncia / acentuação
(Ex: avô / avó), e aqueles em que há ausência ou presença de desinência (Ex: irmão / irmã; cantor / cantora).

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LÍNGUA PORTUGUESA

O substantivo uniforme é aquele que possui apenas uma forma, independente do gênero, podendo ser diferenciados quanto ao gêne-
ro a partir da flexão de gênero no artigo ou adjetivo que o acompanha (Ex: a cadeira / o poste). Pode ser classificado em epiceno (refere-se
aos animais), sobrecomum (refere-se a pessoas) e comum de dois gêneros (identificado por meio do artigo).
É preciso ficar atento à mudança semântica que ocorre com alguns substantivos quando usados no masculino ou no feminino, trazen-
do alguma especificidade em relação a ele. No exemplo o fruto X a fruta temos significados diferentes: o primeiro diz respeito ao órgão
que protege a semente dos alimentos, enquanto o segundo é o termo popular para um tipo específico de fruto.

Flexão de número
No português, é possível que o substantivo esteja no singular, usado para designar apenas uma única coisa, pessoa, lugar (Ex: bola;
escada; casa) ou no plural, usado para designar maiores quantidades (Ex: bolas; escadas; casas) — sendo este último representado, geral-
mente, com o acréscimo da letra S ao final da palavra.
Há, também, casos em que o substantivo não se altera, de modo que o plural ou singular devem estar marcados a partir do contexto,
pelo uso do artigo adequado (Ex: o lápis / os lápis).

Variação de grau
Usada para marcar diferença na grandeza de um determinado substantivo, a variação de grau pode ser classificada em aumentativo
e diminutivo.
Quando acompanhados de um substantivo que indica grandeza ou pequenez, é considerado analítico (Ex: menino grande / menino
pequeno).
Quando acrescentados sufixos indicadores de aumento ou diminuição, é considerado sintético (Ex: meninão / menininho).

Novo Acordo Ortográfico


De acordo com o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, as letras maiúsculas devem ser usadas em nomes próprios de
pessoas, lugares (cidades, estados, países, rios), animais, acidentes geográficos, instituições, entidades, nomes astronômicos, de festas e
festividades, em títulos de periódicos e em siglas, símbolos ou abreviaturas.
Já as letras minúsculas podem ser usadas em dias de semana, meses, estações do ano e em pontos cardeais.
Existem, ainda, casos em que o uso de maiúscula ou minúscula é facultativo, como em título de livros, nomes de áreas do saber,
disciplinas e matérias, palavras ligadas a alguma religião e em palavras de categorização.

Adjetivo
Os adjetivos podem ser simples (vermelho) ou compostos (mal-educado); primitivos (alegre) ou derivados (tristonho). Eles podem
flexionar entre o feminino (estudiosa) e o masculino (engraçado), e o singular (bonito) e o plural (bonitos).
Há, também, os adjetivos pátrios ou gentílicos, sendo aqueles que indicam o local de origem de uma pessoa, ou seja, sua nacionali-
dade (brasileiro; mineiro).
É possível, ainda, que existam locuções adjetivas, isto é, conjunto de duas ou mais palavras usadas para caracterizar o substantivo. São
formadas, em sua maioria, pela preposição DE + substantivo:
• de criança = infantil
• de mãe = maternal
• de cabelo = capilar

Variação de grau
Os adjetivos podem se encontrar em grau normal (sem ênfases), ou com intensidade, classificando-se entre comparativo e superlativo.
• Normal: A Bruna é inteligente.
• Comparativo de superioridade: A Bruna é mais inteligente que o Lucas.
• Comparativo de inferioridade: O Gustavo é menos inteligente que a Bruna.
• Comparativo de igualdade: A Bruna é tão inteligente quanto a Maria.
• Superlativo relativo de superioridade: A Bruna é a mais inteligente da turma.
• Superlativo relativo de inferioridade: O Gustavo é o menos inteligente da turma.
• Superlativo absoluto analítico: A Bruna é muito inteligente.
• Superlativo absoluto sintético: A Bruna é inteligentíssima.

Adjetivos de relação
São chamados adjetivos de relação aqueles que não podem sofrer variação de grau, uma vez que possui valor semântico objetivo, isto
é, não depende de uma impressão pessoal (subjetiva). Além disso, eles aparecem após o substantivo, sendo formados por sufixação de um
substantivo (Ex: vinho do Chile = vinho chileno).

Advérbio
Os advérbios são palavras que modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio. Eles se classificam de acordo com a tabela
abaixo:

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LÍNGUA PORTUGUESA

CLASSIFICAÇÃO ADVÉRBIOS LOCUÇÕES ADVERBIAIS


DE MODO bem; mal; assim; melhor; depressa ao contrário; em detalhes
ontem; sempre; afinal; já; agora; doravante; primei- logo mais; em breve; mais tarde, nunca mais, de
DE TEMPO
ramente noite
DE LUGAR aqui; acima; embaixo; longe; fora; embaixo; ali Ao redor de; em frente a; à esquerda; por perto
DE INTENSIDADE muito; tão; demasiado; imenso; tanto; nada em excesso; de todos; muito menos
DE AFIRMAÇÃO sim, indubitavelmente; certo; decerto; deveras com certeza; de fato; sem dúvidas
DE NEGAÇÃO não; nunca; jamais; tampouco; nem nunca mais; de modo algum; de jeito nenhum
DE DÚVIDA Possivelmente; acaso; será; talvez; quiçá Quem sabe

Advérbios interrogativos
São os advérbios ou locuções adverbiais utilizadas para introduzir perguntas, podendo expressar circunstâncias de:
• Lugar: onde, aonde, de onde
• Tempo: quando
• Modo: como
• Causa: por que, por quê

Grau do advérbio
Os advérbios podem ser comparativos ou superlativos.
• Comparativo de igualdade: tão/tanto + advérbio + quanto
• Comparativo de superioridade: mais + advérbio + (do) que
• Comparativo de inferioridade: menos + advérbio + (do) que
• Superlativo analítico: muito cedo
• Superlativo sintético: cedíssimo

Curiosidades
Na linguagem coloquial, algumas variações do superlativo são aceitas, como o diminutivo (cedinho), o aumentativo (cedão) e o uso
de alguns prefixos (supercedo).
Existem advérbios que exprimem ideia de exclusão (somente; salvo; exclusivamente; apenas), inclusão (também; ainda; mesmo) e
ordem (ultimamente; depois; primeiramente).
Alguns advérbios, além de algumas preposições, aparecem sendo usados como uma palavra denotativa, acrescentando um sentido
próprio ao enunciado, podendo ser elas de inclusão (até, mesmo, inclusive); de exclusão (apenas, senão, salvo); de designação (eis); de
realce (cá, lá, só, é que); de retificação (aliás, ou melhor, isto é) e de situação (afinal, agora, então, e aí).

Pronomes
Os pronomes são palavras que fazem referência aos nomes, isto é, aos substantivos. Assim, dependendo de sua função no enunciado,
ele pode ser classificado da seguinte maneira:
• Pronomes pessoais: indicam as 3 pessoas do discurso, e podem ser retos (eu, tu, ele...) ou oblíquos (mim, me, te, nos, si...).
• Pronomes possessivos: indicam posse (meu, minha, sua, teu, nossos...)
• Pronomes demonstrativos: indicam localização de seres no tempo ou no espaço. (este, isso, essa, aquela, aquilo...)
• Pronomes interrogativos: auxiliam na formação de questionamentos (qual, quem, onde, quando, que, quantas...)
• Pronomes relativos: retomam o substantivo, substituindo-o na oração seguinte (que, quem, onde, cujo, o qual...)
• Pronomes indefinidos: substituem o substantivo de maneira imprecisa (alguma, nenhum, certa, vários, qualquer...)
• Pronomes de tratamento: empregados, geralmente, em situações formais (senhor, Vossa Majestade, Vossa Excelência, você...)

Colocação pronominal
Diz respeito ao conjunto de regras que indicam a posição do pronome oblíquo átono (me, te, se, nos, vos, lhe, lhes, o, a, os, as, lo, la,
no, na...) em relação ao verbo, podendo haver próclise (antes do verbo), ênclise (depois do verbo) ou mesóclise (no meio do verbo).
Veja, então, quais as principais situações para cada um deles:
• Próclise: expressões negativas; conjunções subordinativas; advérbios sem vírgula; pronomes indefinidos, relativos ou demonstrati-
vos; frases exclamativas ou que exprimem desejo; verbos no gerúndio antecedidos por “em”.
Nada me faria mais feliz.

• Ênclise: verbo no imperativo afirmativo; verbo no início da frase (não estando no futuro e nem no pretérito); verbo no gerúndio não
acompanhado por “em”; verbo no infinitivo pessoal.
Inscreveu-se no concurso para tentar realizar um sonho.

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LÍNGUA PORTUGUESA

• Mesóclise: verbo no futuro iniciando uma oração.


Orgulhar-me-ei de meus alunos.

DICA: o pronome não deve aparecer no início de frases ou orações, nem após ponto-e-vírgula.

Verbos
Os verbos podem ser flexionados em três tempos: pretérito (passado), presente e futuro, de maneira que o pretérito e o futuro pos-
suem subdivisões.
Eles também se dividem em três flexões de modo: indicativo (certeza sobre o que é passado), subjuntivo (incerteza sobre o que é
passado) e imperativo (expressar ordem, pedido, comando).
• Tempos simples do modo indicativo: presente, pretérito perfeito, pretérito imperfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro do pre-
sente, futuro do pretérito.
• Tempos simples do modo subjuntivo: presente, pretérito imperfeito, futuro.

Os tempos verbais compostos são formados por um verbo auxiliar e um verbo principal, de modo que o verbo auxiliar sofre flexão em
tempo e pessoa, e o verbo principal permanece no particípio. Os verbos auxiliares mais utilizados são “ter” e “haver”.
• Tempos compostos do modo indicativo: pretérito perfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro do presente, futuro do pretérito.
• Tempos compostos do modo subjuntivo: pretérito perfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro.
As formas nominais do verbo são o infinitivo (dar, fazerem, aprender), o particípio (dado, feito, aprendido) e o gerúndio (dando, fa-
zendo, aprendendo). Eles podem ter função de verbo ou função de nome, atuando como substantivo (infinitivo), adjetivo (particípio) ou
advérbio (gerúndio).

Tipos de verbos
Os verbos se classificam de acordo com a sua flexão verbal. Desse modo, os verbos se dividem em:
Regulares: possuem regras fixas para a flexão (cantar, amar, vender, abrir...)
• Irregulares: possuem alterações nos radicais e nas terminações quando conjugados (medir, fazer, poder, haver...)
• Anômalos: possuem diferentes radicais quando conjugados (ser, ir...)
• Defectivos: não são conjugados em todas as pessoas verbais (falir, banir, colorir, adequar...)
• Impessoais: não apresentam sujeitos, sendo conjugados sempre na 3ª pessoa do singular (chover, nevar, escurecer, anoitecer...)
• Unipessoais: apesar de apresentarem sujeitos, são sempre conjugados na 3ª pessoa do singular ou do plural (latir, miar, custar,
acontecer...)
• Abundantes: possuem duas formas no particípio, uma regular e outra irregular (aceitar = aceito, aceitado)
• Pronominais: verbos conjugados com pronomes oblíquos átonos, indicando ação reflexiva (suicidar-se, queixar-se, sentar-se, pen-
tear-se...)
• Auxiliares: usados em tempos compostos ou em locuções verbais (ser, estar, ter, haver, ir...)
• Principais: transmitem totalidade da ação verbal por si próprios (comer, dançar, nascer, morrer, sorrir...)
• De ligação: indicam um estado, ligando uma característica ao sujeito (ser, estar, parecer, ficar, continuar...)

Vozes verbais
As vozes verbais indicam se o sujeito pratica ou recebe a ação, podendo ser três tipos diferentes:
• Voz ativa: sujeito é o agente da ação (Vi o pássaro)
• Voz passiva: sujeito sofre a ação (O pássaro foi visto)
• Voz reflexiva: sujeito pratica e sofre a ação (Vi-me no reflexo do lago)

Ao passar um discurso para a voz passiva, é comum utilizar a partícula apassivadora “se”, fazendo com o que o pronome seja equiva-
lente ao verbo “ser”.

Conjugação de verbos
Os tempos verbais são primitivos quando não derivam de outros tempos da língua portuguesa. Já os tempos verbais derivados são
aqueles que se originam a partir de verbos primitivos, de modo que suas conjugações seguem o mesmo padrão do verbo de origem.
• 1ª conjugação: verbos terminados em “-ar” (aproveitar, imaginar, jogar...)
• 2ª conjugação: verbos terminados em “-er” (beber, correr, erguer...)
• 3ª conjugação: verbos terminados em “-ir” (dormir, agir, ouvir...)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Confira os exemplos de conjugação apresentados abaixo:

Fonte: www.conjugação.com.br/verbo-lutar

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LÍNGUA PORTUGUESA

Fonte: www.conjugação.com.br/verbo-impor

Preposições
As preposições são palavras invariáveis que servem para ligar dois termos da oração numa relação subordinada, e são divididas entre
essenciais (só funcionam como preposição) e acidentais (palavras de outras classes gramaticais que passam a funcionar como preposição
em determinadas sentenças).
Preposições essenciais: a, ante, após, de, com, em, contra, para, per, perante, por, até, desde, sobre, sobre, trás, sob, sem, entre.
Preposições acidentais: afora, como, conforme, consoante, durante, exceto, mediante, menos, salvo, segundo, visto etc.
Locuções prepositivas: abaixo de, afim de, além de, à custa de, defronte a, a par de, perto de, por causa de, em que pese a etc.

Ao conectar os termos das orações, as preposições estabelecem uma relação semântica entre eles, podendo passar ideia de:
• Causa: Morreu de câncer.
• Distância: Retorno a 3 quilômetros.
• Finalidade: A filha retornou para o enterro.

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LÍNGUA PORTUGUESA

• Instrumento: Ele cortou a foto com uma tesoura.


• Modo: Os rebeldes eram colocados em fila. CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL.
• Lugar: O vírus veio de Portugal.
• Companhia: Ela saiu com a amiga. Concordância é o efeito gramatical causado por uma relação
• Posse: O carro de Maria é novo. harmônica entre dois ou mais termos. Desse modo, ela pode ser
• Meio: Viajou de trem. verbal — refere-se ao verbo em relação ao sujeito — ou nominal —
refere-se ao substantivo e suas formas relacionadas.
Combinações e contrações • Concordância em gênero: flexão em masculino e feminino
Algumas preposições podem aparecer combinadas a outras pa- • Concordância em número: flexão em singular e plural
lavras de duas maneiras: sem haver perda fonética (combinação) e • Concordância em pessoa: 1ª, 2ª e 3ª pessoa
havendo perda fonética (contração).
• Combinação: ao, aos, aonde Concordância nominal
• Contração: de, dum, desta, neste, nisso Para que a concordância nominal esteja adequada, adjetivos,
artigos, pronomes e numerais devem flexionar em número e gêne-
Conjunção ro, de acordo com o substantivo. Há algumas regras principais que
As conjunções se subdividem de acordo com a relação estabe- ajudam na hora de empregar a concordância, mas é preciso estar
lecida entre as ideias e as orações. Por ter esse papel importante atento, também, aos casos específicos.
de conexão, é uma classe de palavras que merece destaque, pois Quando há dois ou mais adjetivos para apenas um substantivo,
reconhecer o sentido de cada conjunção ajuda na compreensão e o substantivo permanece no singular se houver um artigo entre os
interpretação de textos, além de ser um grande diferencial no mo- adjetivos. Caso contrário, o substantivo deve estar no plural:
mento de redigir um texto. • A comida mexicana e a japonesa. / As comidas mexicana e
Elas se dividem em duas opções: conjunções coordenativas e japonesa.
conjunções subordinativas.
Quando há dois ou mais substantivos para apenas um adjetivo,
Conjunções coordenativas a concordância depende da posição de cada um deles. Se o adjetivo
As orações coordenadas não apresentam dependência sintáti- vem antes dos substantivos, o adjetivo deve concordar com o subs-
ca entre si, servindo também para ligar termos que têm a mesma tantivo mais próximo:
função gramatical. As conjunções coordenativas se subdividem em • Linda casa e bairro.
cinco grupos:
• Aditivas: e, nem, bem como. Se o adjetivo vem depois dos substantivos, ele pode concordar
• Adversativas: mas, porém, contudo. tanto com o substantivo mais próximo, ou com todos os substanti-
• Alternativas: ou, ora…ora, quer…quer. vos (sendo usado no plural):
• Conclusivas: logo, portanto, assim. • Casa e apartamento arrumado. / Apartamento e casa arru-
• Explicativas: que, porque, porquanto. mada.
• Casa e apartamento arrumados. / Apartamento e casa arru-
Conjunções subordinativas mados.
As orações subordinadas são aquelas em que há uma relação
de dependência entre a oração principal e a oração subordinada. Quando há a modificação de dois ou mais nomes próprios ou
Desse modo, a conexão entre elas (bem como o efeito de sentido) de parentesco, os adjetivos devem ser flexionados no plural:
se dá pelo uso da conjunção subordinada adequada. • As talentosas Clarice Lispector e Lygia Fagundes Telles estão
Elas podem se classificar de dez maneiras diferentes: entre os melhores escritores brasileiros.
• Integrantes: usadas para introduzir as orações subordinadas
substantivas, definidas pelas palavras que e se. Quando o adjetivo assume função de predicativo de um sujeito
• Causais: porque, que, como. ou objeto, ele deve ser flexionado no plural caso o sujeito ou objeto
• Concessivas: embora, ainda que, se bem que. seja ocupado por dois substantivos ou mais:
• Condicionais: e, caso, desde que. • O operário e sua família estavam preocupados com as conse-
• Conformativas: conforme, segundo, consoante. quências do acidente.
• Comparativas: como, tal como, assim como.
• Consecutivas: de forma que, de modo que, de sorte que.
• Finais: a fim de que, para que.
• Proporcionais: à medida que, ao passo que, à proporção que.
• Temporais: quando, enquanto, agora.

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LÍNGUA PORTUGUESA

CASOS ESPECÍFICOS REGRA EXEMPLO


É PROIBIDO Deve concordar com o substantivo quando há presença
É proibida a entrada.
É PERMITIDO de um artigo. Se não houver essa determinação, deve
É proibido entrada.
É NECESSÁRIO permanecer no singular e no masculino.
Mulheres dizem “obrigada” Homens dizem
OBRIGADO / OBRIGADA Deve concordar com a pessoa que fala.
“obrigado”.
As bastantes crianças ficaram doentes com a
volta às aulas.
Quando tem função de adjetivo para um substantivo,
Bastante criança ficou doente com a volta às
BASTANTE concorda em número com o substantivo.
aulas.
Quando tem função de advérbio, permanece invariável.
O prefeito considerou bastante a respeito da
suspensão das aulas.
É sempre invariável, ou seja, a palavra “menas” não Havia menos mulheres que homens na fila
MENOS
existe na língua portuguesa. para a festa.
As crianças mesmas limparam a sala depois
MESMO Devem concordar em gênero e número com a pessoa a
da aula.
PRÓPRIO que fazem referência.
Eles próprios sugeriram o tema da formatura.
Quando tem função de numeral adjetivo, deve
Adicione meia xícara de leite.
concordar com o substantivo.
MEIO / MEIA Manuela é meio artista, além de ser
Quando tem função de advérbio, modificando um
engenheira.
adjetivo, o termo é invariável.
Segue anexo o orçamento.
Seguem anexas as informações adicionais
ANEXO INCLUSO Devem concordar com o substantivo a que se referem. As professoras estão inclusas na greve.
O material está incluso no valor da
mensalidade.

Concordância verbal
Para que a concordância verbal esteja adequada, é preciso haver flexão do verbo em número e pessoa, a depender do sujeito com o
qual ele se relaciona.

Quando o sujeito composto é colocado anterior ao verbo, o verbo ficará no plural:


• A menina e seu irmão viajaram para a praia nas férias escolares.

Mas, se o sujeito composto aparece depois do verbo, o verbo pode tanto ficar no plural quanto concordar com o sujeito mais próximo:
• Discutiram marido e mulher. / Discutiu marido e mulher.

Se o sujeito composto for formado por pessoas gramaticais diferentes, o verbo deve ficar no plural e concordando com a pessoa que
tem prioridade, a nível gramatical — 1ª pessoa (eu, nós) tem prioridade em relação à 2ª (tu, vós); a 2ª tem prioridade em relação à 3ª (ele,
eles):
• Eu e vós vamos à festa.

Quando o sujeito apresenta uma expressão partitiva (sugere “parte de algo”), seguida de substantivo ou pronome no plural, o verbo
pode ficar tanto no singular quanto no plural:
• A maioria dos alunos não se preparou para o simulado. / A maioria dos alunos não se prepararam para o simulado.

Quando o sujeito apresenta uma porcentagem, deve concordar com o valor da expressão. No entanto, quanto seguida de um subs-
tantivo (expressão partitiva), o verbo poderá concordar tanto com o numeral quanto com o substantivo:
• 27% deixaram de ir às urnas ano passado. / 1% dos eleitores votou nulo / 1% dos eleitores votaram nulo.

Quando o sujeito apresenta alguma expressão que indique quantidade aproximada, o verbo concorda com o substantivo que segue
a expressão:
• Cerca de duzentas mil pessoas compareceram à manifestação. / Mais de um aluno ficou abaixo da média na prova.

Quando o sujeito é indeterminado, o verbo deve estar sempre na terceira pessoa do singular:
• Precisa-se de balconistas. / Precisa-se de balconista.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Quando o sujeito é coletivo, o verbo permanece no singular, concordando com o coletivo partitivo:
• A multidão delirou com a entrada triunfal dos artistas. / A matilha cansou depois de tanto puxar o trenó.

Quando não existe sujeito na oração, o verbo fica na terceira pessoa do singular (impessoal):
• Faz chuva hoje

Quando o pronome relativo “que” atua como sujeito, o verbo deverá concordar em número e pessoa com o termo da oração principal
ao qual o pronome faz referência:
• Foi Maria que arrumou a casa.

Quando o sujeito da oração é o pronome relativo “quem”, o verbo pode concordar tanto com o antecedente do pronome quanto com
o próprio nome, na 3ª pessoa do singular:
• Fui eu quem arrumei a casa. / Fui eu quem arrumou a casa.

Quando o pronome indefinido ou interrogativo, atuando como sujeito, estiver no singular, o verbo deve ficar na 3ª pessoa do singular:
• Nenhum de nós merece adoecer.

Quando houver um substantivo que apresenta forma plural, porém com sentido singular, o verbo deve permanecer no singular. Ex-
ceto caso o substantivo vier precedido por determinante:
• Férias é indispensável para qualquer pessoa. / Meus óculos sumiram.

REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL.

A regência estuda as relações de concordâncias entre os termos que completam o sentido tanto dos verbos quanto dos nomes. Dessa
maneira, há uma relação entre o termo regente (principal) e o termo regido (complemento).
A regência está relacionada à transitividade do verbo ou do nome, isto é, sua complementação necessária, de modo que essa relação
é sempre intermediada com o uso adequado de alguma preposição.

Regência nominal
Na regência nominal, o termo regente é o nome, podendo ser um substantivo, um adjetivo ou um advérbio, e o termo regido é o
complemento nominal, que pode ser um substantivo, um pronome ou um numeral.
Vale lembrar que alguns nomes permitem mais de uma preposição. Veja no quadro abaixo as principais preposições e as palavras que
pedem seu complemento:

PREPOSIÇÃO NOMES
acessível; acostumado; adaptado; adequado; agradável; alusão; análogo; anterior; atento; benefício; comum;
A contrário; desfavorável; devoto; equivalente; fiel; grato; horror; idêntico; imune; indiferente; inferior; leal; necessário;
nocivo; obediente; paralelo; posterior; preferência; propenso; próximo; semelhante; sensível; útil; visível...
amante; amigo; capaz; certo; contemporâneo; convicto; cúmplice; descendente; destituído; devoto; diferente;
DE dotado; escasso; fácil; feliz; imbuído; impossível; incapaz; indigno; inimigo; inseparável; isento; junto; longe; medo;
natural; orgulhoso; passível; possível; seguro; suspeito; temeroso...
SOBRE opinião; discurso; discussão; dúvida; insistência; influência; informação; preponderante; proeminência; triunfo...
acostumado; amoroso; analogia; compatível; cuidadoso; descontente; generoso; impaciente; ingrato; intolerante;
COM
mal; misericordioso; ocupado; parecido; relacionado; satisfeito; severo; solícito; triste...
abundante; bacharel; constante; doutor; erudito; firme; hábil; incansável; inconstante; indeciso; morador; negligente;
EM
perito; prático; residente; versado...
atentado; blasfêmia; combate; conspiração; declaração; fúria; impotência; litígio; luta; protesto; reclamação;
CONTRA
representação...
PARA bom; mau; odioso; próprio; útil...

Regência verbal
Na regência verbal, o termo regente é o verbo, e o termo regido poderá ser tanto um objeto direto (não preposicionado) quanto um
objeto indireto (preposicionado), podendo ser caracterizado também por adjuntos adverbiais.
Com isso, temos que os verbos podem se classificar entre transitivos e intransitivos. É importante ressaltar que a transitividade do
verbo vai depender do seu contexto.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Verbos intransitivos: não exigem complemento, de modo que Verbo no infinitivo pessoal precedido de preposição: Seus in-
fazem sentido por si só. Em alguns casos, pode estar acompanhado tentos são para nos prejudicarem.
de um adjunto adverbial (modifica o verbo, indicando tempo, lugar,
modo, intensidade etc.), que, por ser um termo acessório, pode ser Ênclise
retirado da frase sem alterar sua estrutura sintática: Na ênclise, o pronome é colocado depois do verbo.
• Viajou para São Paulo. / Choveu forte ontem.
Verbo no início da oração, desde que não esteja no futuro do
Verbos transitivos diretos: exigem complemento (objeto dire- indicativo: Trago-te flores.
to), sem preposição, para que o sentido do verbo esteja completo: Verbo no imperativo afirmativo: Amigos, digam-me a verdade!
• A aluna entregou o trabalho. / A criança quer bolo. Verbo no gerúndio, desde que não esteja precedido pela pre-
posição em: Saí, deixando-a aflita.
Verbos transitivos indiretos: exigem complemento (objeto in- Verbo no infinitivo impessoal regido da preposição a. Com
direto), de modo que uma preposição é necessária para estabelecer outras preposições é facultativo o emprego de ênclise ou próclise:
o sentido completo: Apressei-me a convidá-los.
• Gostamos da viagem de férias. / O cidadão duvidou da cam-
panha eleitoral. Mesóclise
Na mesóclise, o pronome é colocado no meio do verbo.
Verbos transitivos diretos e indiretos: em algumas situações, o É obrigatória somente com verbos no futuro do presente ou no
verbo precisa ser acompanhado de um objeto direto (sem preposi- futuro do pretérito que iniciam a oração.
ção) e de um objeto indireto (com preposição): Dir-lhe-ei toda a verdade.
• Apresentou a dissertação à banca. / O menino ofereceu ajuda Far-me-ias um favor?
à senhora.
Se o verbo no futuro vier precedido de pronome reto ou de
qualquer outro fator de atração, ocorrerá a próclise.
COLOCAÇÃO PRONOMINAL. Eu lhe direi toda a verdade.
Tu me farias um favor?
A colocação do pronome átono está relacionada à harmonia da
frase. A tendência do português falado no Brasil é o uso do prono- Colocação do pronome átono nas locuções verbais
me antes do verbo – próclise. No entanto, há casos em que a norma Verbo principal no infinitivo ou gerúndio: Se a locução verbal
culta prescreve o emprego do pronome no meio – mesóclise – ou não vier precedida de um fator de próclise, o pronome átono deve-
após o verbo – ênclise. rá ficar depois do auxiliar ou depois do verbo principal.
De acordo com a norma culta, no português escrito não se ini- Exemplos:
cia um período com pronome oblíquo átono. Assim, se na lingua- Devo-lhe dizer a verdade.
gem falada diz-se “Me encontrei com ele”, já na linguagem escrita, Devo dizer-lhe a verdade.
formal, usa-se “Encontrei-me’’ com ele.
Sendo a próclise a tendência, é aconselhável que se fixem bem Havendo fator de próclise, o pronome átono deverá ficar antes
as poucas regras de mesóclise e ênclise. Assim, sempre que estas do auxiliar ou depois do principal.
não forem obrigatórias, deve-se usar a próclise, a menos que preju- Exemplos:
dique a eufonia da frase. Não lhe devo dizer a verdade.
Não devo dizer-lhe a verdade.
Próclise
Na próclise, o pronome é colocado antes do verbo. Verbo principal no particípio: Se não houver fator de próclise,
o pronome átono ficará depois do auxiliar.
Palavra de sentido negativo: Não me falou a verdade. Exemplo: Havia-lhe dito a verdade.
Advérbios sem pausa em relação ao verbo: Aqui te espero pa-
cientemente. Se houver fator de próclise, o pronome átono ficará antes do
Havendo pausa indicada por vírgula, recomenda-se a ênclise: auxiliar.
Ontem, encontrei-o no ponto do ônibus. Exemplo: Não lhe havia dito a verdade.
Pronomes indefinidos: Ninguém o chamou aqui.
Pronomes demonstrativos: Aquilo lhe desagrada. Haver de e ter de + infinitivo: Pronome átono deve ficar depois
Orações interrogativas: Quem lhe disse tal coisa? do infinitivo.
Orações optativas (que exprimem desejo), com sujeito ante- Exemplos:
posto ao verbo: Deus lhe pague, Senhor! Hei de dizer-lhe a verdade.
Orações exclamativas: Quanta honra nos dá sua visita! Tenho de dizer-lhe a verdade.
Orações substantivas, adjetivas e adverbiais, desde que não se-
jam reduzidas: Percebia que o observavam. Observação
Verbo no gerúndio, regido de preposição em: Em se plantando, Não se deve omitir o hífen nas seguintes construções:
tudo dá. Devo-lhe dizer tudo.
Estava-lhe dizendo tudo.
Havia-lhe dito tudo.

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CRASE. QUESTÕES

Crase é o nome dado à contração de duas letras “A” em uma 1. (Prefeitura de Piracicaba - SP - Professor - Educação Infantil
só: preposição “a” + artigo “a” em palavras femininas. Ela é de- - VUNESP - 2020)
marcada com o uso do acento grave (à), de modo que crase não Escola inclusiva
é considerada um acento em si, mas sim o fenômeno dessa fusão. É alvissareira a constatação de que 86% dos brasileiros
Veja, abaixo, as principais situações em que será correto o em- concordam que há melhora nas escolas quando se incluem alunos
prego da crase: com deficiência.
• Palavras femininas: Peça o material emprestado àquela alu- Uma década atrás, quando o país aderiu à Convenção sobre
na. os Direitos das Pessoas com Deficiência e assumiu o dever de uma
• Indicação de horas, em casos de horas definidas e especifica- educação inclusiva, era comum ouvir previsões negativas para tal
das: Chegaremos em Belo Horizonte às 7 horas. perspectiva generosa. Apesar das dificuldades óbvias, ela se tornou
• Locuções prepositivas: A aluna foi aprovada à custa de muito lei em 2015 e criou raízes no tecido social.
estresse. A rede pública carece de profissionais satisfatoriamente qualifi-
• Locuções conjuntivas: À medida que crescemos vamos dei- cados até para o mais básico, como o ensino de ciências; o que dizer
xando de lado a capacidade de imaginar. então de alunos com gama tão variada de dificuldades.
• Locuções adverbiais de tempo, modo e lugar: Vire na próxima Os empecilhos vão desde o acesso físico à escola, como o en-
à esquerda. frentado por cadeirantes, a problemas de aprendizado criados por
limitações sensoriais – surdez, por exemplo – e intelectuais.
Veja, agora, as principais situações em que não se aplica a cra- Bastaram alguns anos de convívio em sala, entretanto, para
se: minorar preconceitos. A maioria dos entrevistados (59%), hoje, dis-
• Palavras masculinas: Ela prefere passear a pé. corda de que crianças com deficiência devam aprender só na com-
• Palavras repetidas (mesmo quando no feminino): Melhor ter- panhia de colegas na mesma condição.
mos uma reunião frente a frente. Tal receptividade decerto não elimina o imperativo de contar
• Antes de verbo: Gostaria de aprender a pintar. com pessoal capacitado, em cada estabelecimento, para lidar com
• Expressões que sugerem distância ou futuro: A médica vai te necessidades específicas de cada aluno. O censo escolar indica 1,2
atender daqui a pouco. milhão de alunos assim categorizados. Embora tenha triplicado o
• Dia de semana (a menos que seja um dia definido): De terça número de professores com alguma formação em educação espe-
a sexta. / Fecharemos às segundas-feiras. cial inclusiva, contam-se não muito mais que 100 mil deles no país.
• Antes de numeral (exceto horas definidas): A casa da vizinha Não se concebe que possa haver um especialista em cada sala de
fica a 50 metros da esquina. aula.
As experiências mais bem-sucedidas criaram na escola uma es-
Há, ainda, situações em que o uso da crase é facultativo trutura para o atendimento inclusivo, as salas de recursos. Aí, ao
• Pronomes possessivos femininos: Dei um picolé a minha filha. menos um profissional preparado se encarrega de receber o aluno
/ Dei um picolé à minha filha. e sua família para definir atividades e de auxiliar os docentes do
• Depois da palavra “até”: Levei minha avó até a feira. / Levei período regular nas técnicas pedagógicas.
minha avó até à feira. Não faltam casos exemplares na rede oficial de ensino. Compe-
• Nomes próprios femininos (desde que não seja especificado): te ao Estado disseminar essas iniciativas exitosas por seus estabele-
Enviei o convite a Ana. / Enviei o convite à Ana. / Enviei o convite à cimentos. Assim se combate a tendência ainda existente a segregar
Ana da faculdade. em salas especiais os estudantes com deficiência – que não se con-
funde com incapacidade, como felizmente já vamos aprendendo.
DICA: Como a crase só ocorre em palavras no feminino, em (Editorial. Folha de S.Paulo, 16.10.2019. Adaptado)
caso de dúvida, basta substituir por uma palavra equivalente no Assinale a alternativa em que, com a mudança da posição do
masculino. Se aparecer “ao”, deve-se usar a crase: Amanhã iremos pronome em relação ao verbo, conforme indicado nos parênteses,
à escola / Amanhã iremos ao colégio. a redação permanece em conformidade com a norma-padrão de
colocação dos pronomes.
(A) ... há melhora nas escolas quando se incluem alunos com
deficiência. (incluem-se)
(B) ... em educação especial inclusiva, contam-se não muito
mais que 100 mil deles no país. (se contam)
(C) Não se concebe que possa haver um especialista em cada
sala de aula. (concebe-se)
(D) Aí, ao menos um profissional preparado se encarrega de
receber o aluno... (encarrega-se)
(E) ... que não se confunde com incapacidade, como felizmente
já vamos aprendendo. (confunde-se)

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2. (Prefeitura de Caranaíba - MG - Agente Comunitário de Saú- 3. (Prefeitura de Birigui - SP - Educador de Creche - VUNESP -
de - FCM - 2019) 2019)
Dieta salvadora Certo discurso ambientalista tradicional recorrentemente bus-
A ciência descobre um micróbio adepto de um ca indícios de que o problema ambiental seja universal (e de fato
alimento abundante: o lixo plástico no mar. é), atemporal (nem tanto) e generalizado (o que é desejável). Algu-
O ser humano revelou-se capaz de dividir o átomo, derrotar o ma ingenuidade conceitual poderia marcar o ambientalismo apo-
câncer e produzir um “Dom Quixote”. Só não consegue dar um des- logético; haveria dilemas ambientais em todos os lugares, tempos,
tino razoável ao lixo que produz. E não se contenta em brindar os culturas. É a bambificação(*) da natureza. Necessária, no entanto,
mares, rios e lagoas com seus próprios dejetos. Intoxica-os também como condição de sobrevivência. Há quem tenha encontrado nor-
com garrafas plásticas, pneus, computadores, sofás e até carcaças mas ambientais na Bíblia, no Direito grego, e até no Direito romano.
de automóveis. Tudo que perde o uso é atirado num curso d’água, São Francisco de Assis, nessa linha, prosaica, seria o santo padroeiro
subterrâneo ou a céu aberto, que se encaminha inevitavelmente das causas ambientais; falava com plantas e animais.
para o mar. O resultado está nas ilhas de lixo que se formam, da A proteção do meio ambiente seria, nesse contexto, instintiva,
Guanabara ao Pacífico. predeterminando objeto e objetivo. Por outro lado, e este é o meu
De repente, uma boa notícia. Cientistas da Grécia, Suíça, Itália, argumento, quando muito, e agora utilizo uma categoria freudiana,
China e dos Emirados Árabes descobriram em duas ilhas gregas um a pretensão de proteção ambiental seria pulsional, dado que resiste
micróbio marinho que se alimenta do carbono contido no plástico a uma pressão contínua, variável na intensidade. Assim, numa di-
jogado ao mar. Parece que, depois de algum tempo ao sol e atacado mensão qualitativa, e não quantitativa, é que se deveria enfrentar
pelo sal, o plástico, seja mole, como o das sacolas, ou duro, como o a questão, que também é cultural. E que culturalmente pode ser
das embalagens, fica quebradiço – no ponto para que os micróbios, abordada.
de guardanapo ao pescoço, o decomponham e façam a festa. Os O problema, no entanto, é substancialmente econômico. O
cientistas estão agora criando réplicas desses micróbios, para que dilema ambiental só se revela como tal quando o meio ambiente
eles ajudem os micróbios nativos a devorar o lixo. Haja estômago. passa a ser limite para o avanço da atividade econômica. É nesse
Em “A Guerra das Salamandras”, romance de 1936 do tcheco sentido que a chamada internalização da externalidade negativa
Karel Čapek (pronuncia-se tchá-pek), um explorador descobre na exige justificativa para uma atuação contra-fática.
costa de Sumatra uma raça de lagartos gigantes, hábeis em colher Uma nuvem de problematização supostamente filosófica tam-
pérolas e construir diques submarinos. Em troca das pérolas que as bém rondaria a discussão. Antropocêntricos acreditam que a prote-
salamandras lhe entregam, ele lhes fornece facas para se defende- ção ambiental seria narcisística, centrada e referenciada no próprio
rem dos tubarões. O resto, você adivinhou: as salamandras se re- homem. Os geocêntricos piamente entendem que a natureza deva
produzem, tornam-se milhões, ocupam os litorais, aprendem a falar ser protegida por próprios e intrínsecos fundamentos e característi-
e inundam os continentes. São agora bilhões e tomam o mundo. cas. Posições se radicalizam.
Não quero dizer que os micróbios comedores de lixo podem A linha de argumento do ambientalista ingênuo lembra-nos o
se tornar as salamandras de Čapek. É que, no livro, as salamandras “salto do tigre” enunciado pelo filósofo da cultura Walter Benjamin,
aprendem a gerir o mundo melhor do que nós. Com os micróbios em uma de suas teses sobre a filosofia da história. Qual um tigre
no comando, nossos mares, pelo menos, estarão a salvo. mergulhamos no passado, e apenas apreendemos o que interessa
Ruy Castro, jornalista, biógrafo e escritor brasileiro. Folha de S. para nossa argumentação. É o que se faz, a todo tempo.
Paulo. Caderno Opinião, p. A2, 20 mai. 2019. (Arnaldo Sampaio de Moraes Godoy. Disponível em: https://
Os pronomes pessoais oblíquos átonos, em relação ao verbo, www.conjur.com.br/2011. Acesso em: 10.08.2019. Adaptado)
possuem três posições: próclise (antes do verbo), mesóclise (no (*) Referência ao personagem Bambi, filhote de cervo conheci-
meio do verbo) e ênclise (depois do verbo). do como “Príncipe da Floresta”, em sua saga pela sobrevivência
Avalie as afirmações sobre o emprego dos pronomes oblíquos na natureza.
nos trechos a seguir. Assinale a alternativa que reescreve os trechos destacados em-
I – A próclise se justifica pela presença da palavra negativa: “E pregando pronomes, de acordo com a norma-padrão de regência e
não se contenta em brindar os mares, rios e lagoas com seus pró- colocação.
prios dejetos.” Uma nuvem de problematização supostamente filosófica tam-
II – A ênclise ocorre por se tratar de oração iniciada por verbo: bém rondaria a discussão. / Alguma ingenuidade conceitual pode-
“Intoxica-os também com garrafas plásticas, pneus, computadores, ria marcar o ambientalismo apologético.
sofás e até carcaças de automóveis.” (A) ... lhe rondaria ... o poderia marcar
III – A próclise é sempre empregada quando há locução verbal: (B) ... rondá-la-ia ... poderia marcar ele
“Não quero dizer que os micróbios comedores de lixo podem se (C) ... rondaria-a ... podê-lo-ia marcar
tornar as salamandras de Čapek.” (D) ... rondaria-lhe ... poderia o marcar
IV – O sujeito expresso exige o emprego da ênclise: “O ser hu- (E) ... a rondaria ... poderia marcá-lo
mano revelou-se capaz de dividir o átomo, derrotar o câncer e pro-
duzir um ‘Dom Quixote’”.
Está correto apenas o que se afirma em
(A) I e II.
(B) I e III.
(C) II e IV.
(D) III e IV.

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4. (Prefeitura de Cabo de Santo Agostinho - PE - Técnico em • ... minimizando choques culturais e distribuindo as famí-
Saneamento - IBFC - 2019) lias por regiões e cidades em que podem ser mais
Vou-me embora pra Pasárgada, úteis. (6º parágrafo)
lá sou amigo do Rei”. A substituição das expressões em destaque por pronomes está
(M.Bandeira) de acordo com a norma-padrão de emprego e colocação em:
Quanto à regra de colocação pronominal utilizada, assinale a (A) enfrentam-no; distribuindo-lhes.
alternativa correta. (B) o enfrentam; lhes distribuindo.
(A) Ênclise: em orações iniciadas com verbos no presente ou (C) o enfrentam; distribuindo-as.
pretérito afirmativo, o pronome oblíquo deve ser usado pos- (D) enfrentam-no; lhes distribuindo.
posto ao verbo. (E) lhe enfrentam; distribuindo-as.
(B) Próclise: em orações iniciadas com verbos no presente ou
pretérito afirmativo, o pronome oblíquo deve ser usado pos- 6. (FMPA – MG)
posto ao verbo. Assinale o item em que a palavra destacada está incorretamen-
(C) Mesóclise: em orações iniciadas com verbos no presente ou te aplicada:
pretérito afirmativo, o pronome oblíquo deve ser usado pos- (A) Trouxeram-me um ramalhete de flores fragrantes.
posto ao verbo. (B) A justiça infligiu pena merecida aos desordeiros.
(E) Próclise: em orações iniciadas com verbos no imperativo (C) Promoveram uma festa beneficiente para a creche.
afirmativo, o pronome oblíquo deve ser usado posposto ao (D) Devemos ser fieis aos cumprimentos do dever.
verbo. (E) A cessão de terras compete ao Estado.

5. (Prefeitura de Peruíbe - SP - Inspetor de Alunos - VUNESP - 7. (UEPB – 2010)


2019) Um debate sobre a diversidade na escola reuniu alguns, dos
Pelo fim das fronteiras maiores nomes da educação mundial na atualidade.
Imigração é um fenômeno estranho. Do ponto de vista pura- Carlos Alberto Torres
mente racional, ela é a solução para vários problemas globais. Mas,
como o mundo é um lugar menos racional do que deveria, pessoas 1O tema da diversidade tem a ver com o tema identidade. Por-
que buscam refúgio em outros países costumam ser recebidas com tanto, 2quando você discute diversidade, um tema que cabe muito no
desconfiança quando não com violência, o que diminui o valor da 3
pensamento pós-modernista, está discutindo o tema da 4diversida-
imigração como remédio multiuso. de não só em ideias contrapostas, mas também em 5identidades que
No plano econômico, a plena mobilidade da mão de obra se- se mexem, que se juntam em uma só pessoa. E 6este é um processo
ria muito bem-vinda. Segundo algumas estimativas, ela faria o PIB de aprendizagem. Uma segunda afirmação é 7que a diversidade está
mundial aumentar em até 50%. Mesmo que esses cálculos estejam relacionada com a questão da educação 8e do poder. Se a diversidade
inflados, só uma fração de 10% já significaria um incremento da or- fosse a simples descrição 9demográfica da realidade e a realidade fos-
dem de US$ 10 trilhões (uns cinco Brasis). se uma boa articulação 10dessa descrição demográfica em termos de
Uma das principais razões para o mundo ser mais pobre do constante articulação 11democrática, você não sentiria muito a pre-
que poderia é que enormes contingentes de humanos vivem sob sença do tema 12diversidade neste instante. Há o termo diversidade
sistemas que os impedem de ser produtivos. Um estudo de 2016 porque há 13uma diversidade que implica o uso e o abuso de poder,
de Clemens, Montenegro e Pritchett estimou que só tirar um tra- de uma 14perspectiva ética, religiosa, de raça, de classe.
balhador macho sem qualificação de seu país pobre de origem e […]
transportá-lo para os EUA elevaria sua renda anual em US$ 14 mil. Rosa Maria Torres
A imigração se torna ainda mais tentadora quando se considera
que é a resposta perfeita para países desenvolvidos que enfrentam 1
5O tema da diversidade, como tantos outros, hoje em dia,
o problema do envelhecimento populacional. abre 16muitas versões possíveis de projeto educativo e de projeto
Não obstante tantas virtudes, imigrantes podem ser maltrata- 17
político e social. É uma bandeira pela qual temos que reivindicar,
dos e até perseguidos quando cruzam a fronteira, especialmente 18
e pela qual temos reivindicado há muitos anos, a necessidade 19de
se vêm em grandes números. Isso está acontecendo até no Brasil, reconhecer que há distinções, grupos, valores distintos, e 20que a
que não tinha histórico de xenofobia. Desconfio de que estão em escola deve adequar-se às necessidades de cada grupo. 21Porém, o
operação aqui vieses da Idade da Pedra, tempo em que membros tema da diversidade também pode dar lugar a uma 22série de coisas
de outras tribos eram muito mais uma ameaça do que uma solução. indesejadas.
De todo modo, caberia às autoridades incentivar a imigração, […]
tomando cuidado para evitar que a chegada dos estrangeiros dê Adaptado da Revista Pátio, Diversidade na educação: limites e possibi-
pretexto para cenas de barbárie. Isso exigiria recebê-los com inte- lidades. Ano V, nº 20, fev./abr. 2002, p. 29.
ligência, minimizando choques culturais e distribuindo as famílias
por regiões e cidades em que podem ser mais úteis. É tudo o que Do enunciado “O tema da diversidade tem a ver com o tema
não estamos fazendo. identidade.” (ref. 1), pode-se inferir que
(Hélio Schwartsman. Disponível em: https://www1.folha.uol. I – “Diversidade e identidade” fazem parte do mesmo campo
com.br/colunas/.28.08.2018. Adaptado) semântico, sendo a palavra “identidade” considerada um hiperôni-
Considere as frases: mo, em relação à “diversidade”.
• países desenvolvidos que enfrentam o problema do envelhe-
cimento populacional. (4º parágrafo)

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LÍNGUA PORTUGUESA

II – há uma relação de intercomplementariedade entre “diversi- 10. (UFMS – 2009)


dade e identidade”, em função do efeito de sentido que se instaura Leia o artigo abaixo, intitulado “Uma questão de tempo”, de
no paradigma argumentativo do enunciado. Miguel Sanches Neto, extraído da Revista Nova Escola Online, em
III – a expressão “tem a ver” pode ser considerada de uso co- 30/09/08. Em seguida, responda.
loquial e indica nesse contexto um vínculo temático entre “diversi- “Demorei para aprender ortografia. E essa aprendizagem con-
dade e identidade”. tou com a ajuda dos editores de texto, no computador. Quan-
Marque a alternativa abaixo que apresenta a(s) proposi- do eu cometia uma infração, pequena ou grande, o programa
ção(ões) verdadeira(s). grifava em vermelho meu deslize. Fui assim me obrigando a
(A) I, apenas escrever minimamente do jeito correto.
(B) II e III Mas de meu tempo de escola trago uma grande descoberta,
(C) III, apenas a do monstro ortográfico. O nome dele era Qüeqüi Güegüi. Sim,
(D) II, apenas esse animal existiu de fato. A professora de Português nos disse que
(E) I e II devíamos usar trema nas sílabas qüe, qüi, güe e güi quando o u é
pronunciado. Fiquei com essa expressão tão sonora quanto enig-
8. (UNIFOR CE – 2006) mática na cabeça.
Dia desses, por alguns momentos, a cidade parou. As televi- Quando meditava sobre algum problema terrível – pois na pré-
sões hipnotizaram os espectadores que assistiram, sem piscar, ao -adolescência sempre temos problemas terríveis –, eu tentava me
resgate de uma mãe e de uma filha. Seu automóvel caíra em um libertar da coisa repetindo em voz alta: “Qüeqüi Güegüi”. Se numa
rio. Assisti ao evento em um local público. Ao acabar o noticiário, o prova de Matemática eu não conseguia me lembrar de uma fórmu-
silêncio em volta do aparelho se desfez e as pessoas retomaram as la, lá vinham as palavras mágicas.
suas ocupações habituais. Os celulares recomeçaram a tocar. Per- Um desses problemas terríveis, uma namorada, ouvindo minha
guntei-me: indiferença? Se tomarmos a definição ao pé da letra, evocação, quis saber o que era esse tal de Qüeqüi Güegüi.
indiferença é sinônimo de desdém, de insensibilidade, de apatia e – Você nunca ouviu falar nele? – perguntei.
de negligência. Mas podemos considerá-la também uma forma de – Ainda não fomos apresentados – ela disse.
ceticismo e desinteresse, um “estado físico que não apresenta nada – É o abominável monstro ortográfico – fiz uma falsa voz de
de particular”; enfim, explica o Aurélio, uma atitude de neutralida- terror.
de. – E ele faz o quê?
Conclusão? Impassíveis diante da emoção, imperturbáveis – Atrapalha a gente na hora de escrever.
diante da paixão, imunes à angústia, vamos hoje burilando nossa Ela riu e se desinteressou do assunto. Provavelmente não sabia
indiferença. Não nos indignamos mais! À distância de tudo, segui- usar trema nem se lembrava da regrinha.
mos surdos ao barulho do mundo lá fora. Dos movimentos de mas- Aos poucos, eu me habituei a colocar as letras e os sinais no
sa “quentes” (lembram-se do “Diretas Já”?) onde nos fundíamos na lugar certo. Como essa aprendizagem foi demorada, não sei se con-
igualdade, passamos aos gestos frios, nos quais indiferença e dis- seguirei escrever de outra forma – agora que teremos novas regras.
tância são fenômenos inseparáveis. Neles, apesar de iguais, somos Por isso, peço desde já que perdoem meus futuros erros, que servi-
estrangeiros ao destino de nossos semelhantes. […] rão ao menos para determinar minha idade.
(Mary Del Priore. Histórias do cotidiano. São Paulo: Contexto, – Esse aí é do tempo do trema.”
2001. p.68)
Dentre todos os sinônimos apresentados no texto para o vo- Assinale a alternativa correta.
cábulo indiferença, o que melhor se aplica a ele, considerando-se (A) As expressões “monstro ortográfico” e “abominável mons-
o contexto, é tro ortográfico” mantêm uma relação hiperonímica entre si.
(A) ceticismo. (B) Em “– Atrapalha a gente na hora de escrever”, conforme a
(B) desdém. norma culta do português, a palavra “gente” pode ser substi-
(C) apatia. tuída por “nós”.
(D) desinteresse. (C) A frase “Fui-me obrigando a escrever minimamente do jeito
(E) negligência. correto”, o emprego do pronome oblíquo átono está correto de
acordo com a norma culta da língua portuguesa.
9. (CASAN – 2015) Observe as sentenças. (D) De acordo com as explicações do autor, as palavras pregüiça
I. Com medo do escuro, a criança ascendeu a luz. e tranqüilo não serão mais grafadas com o trema.
II. É melhor deixares a vida fluir num ritmo tranquilo. (E) A palavra “evocação” (3° parágrafo) pode ser substituída no
III. O tráfico nas grandes cidades torna-se cada dia mais difícil texto por “recordação”, mas haverá alteração de sentido.
para os carros e os pedestres.
Assinale a alternativa correta quanto ao uso adequado de ho- 11. (BANCO DO BRASIL) Opção que preenche corretamente as
mônimos e parônimos. lacunas: O gerente dirigiu-se ___ sua sala e pôs-se ___ falar ___
(A) I e III. todas as pessoas convocadas.
(B) II e III. (A) à - à – à
(C) II apenas. (B) a - à – à
(D) Todas incorretas. (C) à - a – a
(D) a - a – à
(E) à - a - à

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LÍNGUA PORTUGUESA

12. (FEI) Assinalar a alternativa que preenche corretamente as 17. (FUVEST) Assinale a alternativa que preenche corretamente
lacunas das seguintes orações: as lacunas correspondentes.
I. Precisa falar ___ cerca de três mil operários. A arma ___ se feriu desapareceu.
II. Daqui ___ alguns anos tudo estará mudado. Estas são as pessoas ___ lhe falei.
III. ___ dias está desaparecido. Aqui está a foto ___ me referi.
IV. Vindos de locais distantes, todos chegaram ___ tempo ___ Encontrei um amigo de infância ___ nome não me lembrava.
reunião. Passamos por uma fazenda ___ se criam búfalos.
(A) a - a - há - a – à (A) que, de que, à que, cujo, que.
(B) à - a - a - há – a (B) com que, que, a que, cujo qual, onde.
(C) a - à - a - a – há (C) com que, das quais, a que, de cujo, onde.
(D) há - a - à - a – a (D) com a qual, de que, que, do qual, onde.
(E) a - há - a - à – a. (E) que, cujas, as quais, do cujo, na cuja.

13. (TRE) O uso do acento grave (indicativo de crase ou não) 18. (FESP) Observe a regência verbal e assinale a opção falsa:
está incorreto em: (A) Avisaram-no que chegaríamos logo.
(A) Primeiro vou à feira, depois é que vou trabalhar. (B) Informei-lhe a nota obtida.
(B) Às vezes não podemos fazer o que nos foi ordenado. (C) Os motoristas irresponsáveis, em geral, não obedecem aos
(C) Não devemos fazer referências àqueles casos. sinais de trânsito.
(D) Sairemos às cinco da manhã. (D) Há bastante tempo que assistimos em São Paulo.  
(E) Isto não seria útil à ela. (E) Muita gordura não implica saúde.

14. (ITA) Analisando as sentenças: 19. (IBGE) Assinale a opção em que todos os adjetivos devem
I. A vista disso, devemos tomar sérias medidas. ser seguidos pela mesma preposição:
II. Não fale tal coisa as outras. (A) ávido / bom / inconsequente
III. Dia a dia a empresa foi crescendo. (B) indigno / odioso / perito
IV. Não ligo aquilo que me disse. (C) leal / limpo / oneroso
Podemos deduzir que: (D) orgulhoso / rico / sedento
(A) Apenas a sentença III não tem crase. (E) oposto / pálido / sábio
(B) As sentenças III e IV não têm crase.
(C) Todas as sentenças têm crase. 20. (TRE-MG) Observe a regência dos verbos das frases reescri-
(D) Nenhuma sentença tem crase. tas nos itens a seguir:
(E) Apenas a sentença IV não tem crase. I - Chamaremos os inimigos de hipócritas. Chamaremos aos ini-
migos de hipócritas;
15. (UFABC) A alternativa em que o acento indicativo de crase II - Informei-lhe o meu desprezo por tudo. Informei-lhe do meu
não procede é: desprezo por tudo;
(A) Tais informações são iguais às que recebi ontem. III - O funcionário esqueceu o importante acontecimento. O
(B) Perdi uma caneta semelhante à sua. funcionário esqueceu-se do importante acontecimento.
(C) A construção da casa obedece às especificações da Prefei- A frase reescrita está com a regência correta em:
tura. (A) I apenas
(D) O remédio devia ser ingerido gota à gota, e não de uma só (B) II apenas
vez. (C) III apenas
(E) Não assistiu a essa operação, mas à de seu irmão. (D) I e III apenas
(E) I, II e III
16. (FUVEST – 2001) A única frase que NÃO apresenta desvio
em relação à regência (nominal e verbal) recomendada pela norma 21. (FUNRIO – 2012) “Todos querem que nós
culta é: ____________________.”
(A) O governador insistia em afirmar que o assunto principal Apenas uma das alternativas completa coerente e adequada-
seria “as grandes questões nacionais”, com o que discordavam mente a frase acima. Assinale-a.
líderes pefelistas. (A) desfilando pelas passarelas internacionais.
(B) Enquanto Cuba monopolizava as atenções de um clube, do (B) desista da ação contra aquele salafrário.
qual nem sequer pediu para integrar, a situação dos outros pa- (C) estejamos prontos em breve para o trabalho.
íses passou despercebida. (D) recuperássemos a vaga de motorista da firma.
(C) Em busca da realização pessoal, profissionais escolhem a (E) tentamos aquele emprego novamente.
dedo aonde trabalhar, priorizando à empresas com atuação
social.
(D) Uma família de sem-teto descobriu um sofá deixado por um
morador não muito consciente com a limpeza da cidade.
(E) O roteiro do filme oferece uma versão de como consegui-
mos um dia preferir a estrada à casa, a paixão e o sonho à regra,
a aventura à repetição.

24
LÍNGUA PORTUGUESA

22. (ITA - 1997) Assinale a opção que completa corretamente (http://codigofonte.uol.com.br. Adaptado.)
as lacunas do texto a seguir: Após ler o texto acima, examine as passagens do primeiro pa-
“Todas as amigas estavam _______________ ansiosas rágrafo: “Uma organização não governamental holandesa está pro-
_______________ ler os jornais, pois foram informadas de que as pondo um desafio” “O objetivo é medir o grau de felicidade dos
críticas foram ______________ indulgentes ______________ ra- usuários longe da rede social.”
paz, o qual, embora tivesse mais aptidão _______________ ciên- A utilização dos artigos destacados justifica-se em razão:
cias exatas, demonstrava uma certa propensão _______________ (A) da retomada de informações que podem ser facilmente de-
arte.” preendidas pelo contexto, sendo ambas equivalentes seman-
(A) meio - para - bastante - para com o - para - para a ticamente.
(B) muito - em - bastante - com o - nas - em (B) de informações conhecidas, nas duas ocorrências, sendo
(C) bastante - por - meias - ao - a - à possível a troca dos artigos nos enunciados, pois isso não alte-
(D) meias - para - muito - pelo - em - por raria o sentido do texto.
(E) bem - por - meio - para o - pelas – na (C) da generalização, no primeiro caso, com a introdução de
informação conhecida, e da especificação, no segundo, com
23. (Mackenzie) Há uma concordância inaceitável de acordo informação nova.
com a gramática: (D) da introdução de uma informação nova, no primeiro caso,
I - Os brasileiros somos todos eternos sonhadores. e da retomada de uma informação já conhecida, no segundo.
II - Muito obrigadas! – disseram as moças. (E) de informações novas, nas duas ocorrências, motivo pelo
III - Sr. Deputado, V. Exa. Está enganada. qual são introduzidas de forma mais generalizada
IV - A pobre senhora ficou meio confusa.
V - São muito estudiosos os alunos e as alunas deste curso. 27. (UFMG-ADAPTADA) As expressões em negrito correspon-
(A) em I e II dem a um adjetivo, exceto em:
(B) apenas em IV (A) João Fanhoso anda amanhecendo sem entusiasmo.
(C) apenas em III (B) Demorava-se de propósito naquele complicado banho.
(D) em II, III e IV (C) Os bichos da terra fugiam em desabalada carreira.
(E) apenas em II (D) Noite fechada sobre aqueles ermos perdidos da caatinga
sem fim.
24. (CESCEM–SP) Já ___ anos, ___ neste local árvores e flores. (E) E ainda me vem com essa conversa de homem da roça.
Hoje, só ___ ervas daninhas.
(A) fazem, havia, existe 28. (UMESP) Na frase “As negociações estariam meio abertas
(B) fazem, havia, existe só depois de meio período de trabalho”, as palavras destacadas são,
(C) fazem, haviam, existem respectivamente:
(D) faz, havia, existem (A) adjetivo, adjetivo
(E) faz, havia, existe (B) advérbio, advérbio
(C) advérbio, adjetivo
25. (IBGE) Indique a opção correta, no que se refere à concor- (D) numeral, adjetivo
dância verbal, de acordo com a norma culta: (E) numeral, advérbio
(A) Haviam muitos candidatos esperando a hora da prova.
(B) Choveu pedaços de granizo na serra gaúcha.
(C) Faz muitos anos que a equipe do IBGE não vem aqui. 29. (ITA-SP)
(D) Bateu três horas quando o entrevistador chegou. Beber é mal, mas é muito bom.
(E) Fui eu que abriu a porta para o agente do censo. (FERNANDES, Millôr. Mais! Folha de S. Paulo, 5 ago. 2001, p.
28.)
26. (UNIFESP - 2015) Leia o seguinte texto: A palavra “mal”, no caso específico da frase de Millôr, é:
Você conseguiria ficar 99 dias sem o Facebook? (A) adjetivo
Uma organização não governamental holandesa está propondo (B) substantivo
um desafio que muitos poderão considerar impossível: ficar 99 dias (C) pronome
sem dar nem uma “olhadinha” no Facebook. O objetivo é medir o (D) advérbio
grau de felicidade dos usuários longe da rede social. (E) preposição
O projeto também é uma resposta aos experimentos psicológi-
cos realizados pelo próprio Facebook. A diferença neste caso é que 30. (PUC-SP) “É uma espécie... nova... completamente nova!
o teste é completamente voluntário. Ironicamente, para poder par- (Mas já) tem nome... Batizei-(a) logo... Vou-(lhe) mostrar...”. Sob o
ticipar, o usuário deve trocar a foto do perfil no Facebook e postar ponto de vista morfológico, as palavras destacadas correspondem
um contador na rede social. pela ordem, a:
Os pesquisadores irão avaliar o grau de satisfação e felicidade (A) conjunção, preposição, artigo, pronome
dos participantes no 33º dia, no 66º e no último dia da abstinência. (B) advérbio, advérbio, pronome, pronome
Os responsáveis apontam que os usuários do Facebook gastam (C) conjunção, interjeição, artigo, advérbio
em média 17 minutos por dia na rede social. Em 99 dias sem acesso, (D) advérbio, advérbio, substantivo, pronome
a soma média seria equivalente a mais de 28 horas, 2que poderiam (E) conjunção, advérbio, pronome, pronome
ser utilizadas em “atividades emocionalmente mais realizadoras”.

25
LÍNGUA PORTUGUESA

31. (ENEM - 2012) “Ele era o inimigo do rei”, nas palavras de seu biógrafo, Lira Neto. Ou, ainda, “um romancista que colecionava desa-
fetos, azucrinava D. Pedro II e acabou inventando o Brasil”. Assim era José de Alencar (1829-1877), o conhecido autor de O guarani e Ira-
cema, tido como o pai do romance no Brasil.
Além de criar clássicos da literatura brasileira com temas nativistas, indianistas e históricos, ele foi também folhetinista, diretor de jor-
nal, autor de peças de teatro, advogado, deputado federal e até ministro da Justiça. Para ajudar na descoberta das múltiplas facetas desse
personagem do século XIX, parte de seu acervo inédito será digitalizada.
História Viva, n.º 99, 2011.
Com base no texto, que trata do papel do escritor José de Alencar e da futura digitalização de sua obra, depreende-se que
(A) a digitalização dos textos é importante para que os leitores possam compreender seus romances.
(B) o conhecido autor de O guarani e Iracema foi importante porque deixou uma vasta obra literária com temática atemporal.
(C) a divulgação das obras de José de Alencar, por meio da digitalização, demonstra sua importância para a história do Brasil Imperial.
(D) a digitalização dos textos de José de Alencar terá importante papel na preservação da memória linguística e da identidade nacional.
(E) o grande romancista José de Alencar é importante porque se destacou por sua temática indianista.

32. (FUVEST - 2013) A essência da teoria democrática é a supressão de qualquer imposição de classe, fundada no postulado ou na
crença de que os conflitos e problemas humanos – econômicos, políticos, ou sociais – são solucionáveis pela educação, isto é, pela coope-
ração voluntária, mobilizada pela opinião pública esclarecida. Está claro que essa opinião pública terá de ser formada à luz dos melhores
conhecimentos existentes e, assim, a pesquisa científica nos campos das ciências naturais e das chamadas ciências sociais deverá se fazer a
mais ampla, a mais vigorosa, a mais livre, e a difusão desses conhecimentos, a mais completa, a mais imparcial e em termos que os tornem
acessíveis a todos.
(Anísio Teixeira, Educação é um direito. Adaptado.)
No trecho “chamadas ciências sociais”, o emprego do termo “chamadas” indica que o autor
(A) vê, nas “ciências sociais”, uma panaceia, não uma análise crítica da sociedade.
(B) considera utópicos os objetivos dessas ciências.
(C) prefere a denominação “teoria social” à denominação “ciências sociais”.
(D) discorda dos pressupostos teóricos dessas ciências.
(E) utiliza com reserva a denominação “ciências sociais”.

33. (UERJ - 2016)

A última fala da tirinha causa um estranhamento, porque assinala a ausência de um elemento fundamental para a instalação de um
tribunal: a existência de alguém que esteja sendo acusado.
Essa fala sugere o seguinte ponto de vista do autor em relação aos usuários da internet:
(A) proferem vereditos fictícios sem que haja legitimidade do processo.
(B) configuram julgamentos vazios, ainda que existam crimes comprovados.
(C) emitem juízos sobre os outros, mas não se veem na posição de acusados.
(D) apressam-se em opiniões superficiais, mesmo que possuam dados concretos.

26
LÍNGUA PORTUGUESA

34 - (UEA - 2017) Leia o trecho de Quincas Borba, de Machado 8 D


de Assis:
E enquanto uma chora, outra ri; é a lei do mundo, meu rico se- 9 C
nhor; é a perfeição universal. Tudo chorando seria monótono, tudo 10 C
rindo cansativo; mas uma boa distribuição de lágrimas e polcas1, so-
luços e sarabandas2, acaba por trazer à alma do mundo a variedade 11 C
necessária, e faz-se o equilíbrio da vida. 12 A
(Quincas Borba, 1992.)
13 E
1 polca: tipo de dança. 14 A
15 D
2 sarabandas: tipo de dança.
De acordo com o narrador, 16 E
(A) os erros do passado não afetam o presente. 17 C
(B) a existência é marcada por antagonismos.
(C) a sabedoria está em perseguir a felicidade. 18 A
(D) cada instante vivido deve ser festejado. 19 D
(E) os momentos felizes são mais raros que os tristes.
20 E
35 – (ENEM 2013) 21 C
22 A
23 C
24 D
25 C
26 D
27 B
28 B
29 B
30 E
31 D
32 E
33 C
Cartum de Caulos, disponível em www.caulos.com
O cartum faz uma crítica social. A figura destacada está em 34 B
oposição às outras e representa a 35 E
(A) opressão das minorias sociais.
(B) carência de recursos tecnológicos.
(C) falta de liberdade de expressão. ANOTAÇÕES
(D) defesa da qualificação profissional.
(E) reação ao controle do pensamento coletivo.
______________________________________________________
GABARITO ______________________________________________________

______________________________________________________
1 D
______________________________________________________
2 A
3 E ______________________________________________________

4 A ______________________________________________________
5 C
______________________________________________________
6 C
______________________________________________________
7 B

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LÍNGUA PORTUGUESA

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28
MATEMÁTICA

NÚMEROS INTEIROS: OPERAÇÕES E PROPRIEDADES. NÚMEROS RACIONAIS, REPRESENTAÇÃO FRACIONÁRIA E


DECIMAL: OPERAÇÕES E PROPRIEDADES.

Conjunto dos números inteiros - z


O conjunto dos números inteiros é a reunião do conjunto dos números naturais N = {0, 1, 2, 3, 4,..., n,...},(N C Z); o conjunto dos opos-
tos dos números naturais e o zero. Representamos pela letra Z.

N C Z (N está contido em Z)

Subconjuntos:

SÍMBOLO REPRESENTAÇÃO DESCRIÇÃO


* Z* Conjunto dos números inteiros não nulos
+ Z+ Conjunto dos números inteiros não negativos
*e+ Z*+ Conjunto dos números inteiros positivos
- Z_ Conjunto dos números inteiros não positivos
*e- Z*_ Conjunto dos números inteiros negativos

Observamos nos números inteiros algumas características:


• Módulo: distância ou afastamento desse número até o zero, na reta numérica inteira. Representa-se o módulo por | |. O módulo de
qualquer número inteiro, diferente de zero, é sempre positivo.

• Números Opostos: dois números são opostos quando sua soma é zero. Isto significa que eles estão a mesma distância da origem
(zero).

Somando-se temos: (+4) + (-4) = (-4) + (+4) = 0

29
MATEMÁTICA

Operações
• Soma ou Adição: Associamos aos números inteiros positivos a ideia de ganhar e aos números inteiros negativos a ideia de perder.

ATENÇÃO: O sinal (+) antes do número positivo pode ser dispensado, mas o sinal (–) antes do número negativo nunca pode ser
dispensado.

• Subtração: empregamos quando precisamos tirar uma quantidade de outra quantidade; temos duas quantidades e queremos saber
quanto uma delas tem a mais que a outra; temos duas quantidades e queremos saber quanto falta a uma delas para atingir a outra. A
subtração é a operação inversa da adição. O sinal sempre será do maior número.

ATENÇÃO: todos parênteses, colchetes, chaves, números, ..., entre outros, precedidos de sinal negativo, tem o seu sinal invertido,
ou seja, é dado o seu oposto.

Exemplo:
(FUNDAÇÃO CASA – AGENTE EDUCACIONAL – VUNESP) Para zelar pelos jovens internados e orientá-los a respeito do uso adequado
dos materiais em geral e dos recursos utilizados em atividades educativas, bem como da preservação predial, realizou-se uma dinâmica
elencando “atitudes positivas” e “atitudes negativas”, no entendimento dos elementos do grupo. Solicitou-se que cada um classificasse
suas atitudes como positiva ou negativa, atribuindo (+4) pontos a cada atitude positiva e (-1) a cada atitude negativa. Se um jovem classi-
ficou como positiva apenas 20 das 50 atitudes anotadas, o total de pontos atribuídos foi
(A) 50.
(B) 45.
(C) 42.
(D) 36.
(E) 32.

Resolução:
50-20=30 atitudes negativas
20.4=80
30.(-1)=-30
80-30=50
Resposta: A

• Multiplicação: é uma adição de números/ fatores repetidos. Na multiplicação o produto dos números a e b, pode ser indicado por a
x b, a . b ou ainda ab sem nenhum sinal entre as letras.

• Divisão: a divisão exata de um número inteiro por outro número inteiro, diferente de zero, dividimos o módulo do dividendo pelo
módulo do divisor.

ATENÇÃO:
1) No conjunto Z, a divisão não é comutativa, não é associativa e não tem a propriedade da existência do elemento neutro.
2) Não existe divisão por zero.
3) Zero dividido por qualquer número inteiro, diferente de zero, é zero, pois o produto de qualquer número inteiro por zero é igual a
zero.

Na multiplicação e divisão de números inteiros é muito importante a REGRA DE SINAIS:

Sinais iguais (+) (+); (-) (-) = resultado sempre positivo.


Sinais diferentes (+) (-); (-) (+) = resultado sempre negativo.

Exemplo:
(PREF.DE NITERÓI) Um estudante empilhou seus livros, obtendo uma única pilha 52cm de altura. Sabendo que 8 desses livros possui
uma espessura de 2cm, e que os livros restantes possuem espessura de 3cm, o número de livros na pilha é:
(A) 10
(B) 15
(C) 18
(D) 20
(E) 22

30
MATEMÁTICA

Resolução:
São 8 livros de 2 cm: 8.2 = 16 cm
Como eu tenho 52 cm ao todo e os demais livros tem 3 cm, temos:
52 - 16 = 36 cm de altura de livros de 3 cm
36 : 3 = 12 livros de 3 cm
O total de livros da pilha: 8 + 12 = 20 livros ao todo.
Resposta: D

• Potenciação: A potência an do número inteiro a, é definida como um produto de n fatores iguais. O número a é denominado a base
e o número n é o expoente.an = a x a x a x a x ... x a , a é multiplicado por a n vezes. Tenha em mente que:
– Toda potência de base positiva é um número inteiro positivo.
– Toda potência de base negativa e expoente par é um número inteiro positivo.
– Toda potência de base negativa e expoente ímpar é um número inteiro negativo.

Propriedades da Potenciação
1) Produtos de Potências com bases iguais: Conserva-se a base e somam-se os expoentes. (–a)3 . (–a)6 = (–a)3+6 = (–a)9
2) Quocientes de Potências com bases iguais: Conserva-se a base e subtraem-se os expoentes. (-a)8 : (-a)6 = (-a)8 – 6 = (-a)2
3) Potência de Potência: Conserva-se a base e multiplicam-se os expoentes. [(-a)5]2 = (-a)5 . 2 = (-a)10
4) Potência de expoente 1: É sempre igual à base. (-a)1 = -a e (+a)1 = +a
5) Potência de expoente zero e base diferente de zero: É igual a 1. (+a)0 = 1 e (–b)0 = 1

Conjunto dos números racionais – Q


m
Um número racional é o que pode ser escrito na forma n , onde m e n são números inteiros, sendo que n deve ser diferente de zero.
Frequentemente usamos m/n para significar a divisão de m por n.

N C Z C Q (N está contido em Z que está contido em Q)

Subconjuntos:

SÍMBOLO REPRESENTAÇÃO DESCRIÇÃO


* Q* Conjunto dos números racionais não nulos
+ Q+ Conjunto dos números racionais não negativos
*e+ Q*+ Conjunto dos números racionais positivos
- Q_ Conjunto dos números racionais não positivos
*e- Q*_ Conjunto dos números racionais negativos

Representação decimal
Podemos representar um número racional, escrito na forma de fração, em número decimal. Para isso temos duas maneiras possíveis:
1º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula, um número finito de algarismos. Decimais Exatos:

2
= 0,4
5
2º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula, infinitos algarismos (nem todos nulos), repetindo-se periodicamente Decimais
Periódicos ou Dízimas Periódicas:

31
MATEMÁTICA

1
= 0,333...
3
Representação Fracionária
É a operação inversa da anterior. Aqui temos duas maneiras possíveis:

1) Transformando o número decimal em uma fração numerador é o número decimal sem a vírgula e o denominador é composto pelo
numeral 1, seguido de tantos zeros quantas forem as casas decimais do número decimal dado. Ex.:
0,035 = 35/1000

2) Através da fração geratriz. Aí temos o caso das dízimas periódicas que podem ser simples ou compostas.
– Simples: o seu período é composto por um mesmo número ou conjunto de números que se repeti infinitamente. Exemplos:

Procedimento: para transformarmos uma dízima periódica simples em fração basta utilizarmos o dígito 9 no denominador para cada
quantos dígitos tiver o período da dízima.

– Composta: quando a mesma apresenta um ante período que não se repete.

a)

Procedimento: para cada algarismo do período ainda se coloca um algarismo 9 no denominador. Mas, agora, para cada algarismo do
antiperíodo se coloca um algarismo zero, também no denominador.

b)

32
MATEMÁTICA

Procedimento: é o mesmo aplicado ao item “a”, acrescido na Operações


frente da parte inteira (fração mista), ao qual transformamos e ob- • Soma ou adição: como todo número racional é uma fração
temos a fração geratriz. ou pode ser escrito na forma de uma fração, definimos a adição
entre os números racionais a e c , da mesma forma que a soma
Exemplo: de frações, através de: b d
(PREF. NITERÓI) Simplificando a expressão abaixo

Obtém-se :

(A) ½ • Subtração: a subtração de dois números racionais p e q é a


(B) 1 própria operação de adição do número p com o oposto de q, isto é:
(C) 3/2 p – q = p + (–q)
(D) 2
(E) 3

Resolução:

ATENÇÃO: Na adição/subtração se o denominador for igual,


conserva-se os denominadores e efetua-se a operação apresen-
tada.

Exemplo:
(PREF. JUNDIAI/SP – AGENTE DE SERVIÇOS OPERACIONAIS
– MAKIYAMA) Na escola onde estudo, ¼ dos alunos tem a língua
portuguesa como disciplina favorita, 9/20 têm a matemática como
Resposta: B favorita e os demais têm ciências como favorita. Sendo assim, qual
fração representa os alunos que têm ciências como disciplina favo-
Caraterísticas dos números racionais rita?
O módulo e o número oposto são as mesmas dos números in- (A) 1/4
teiros. (B) 3/10
(C) 2/9
Inverso: dado um número racional a/b o inverso desse número (D) 4/5
(a/b)–n, é a fração onde o numerador vira denominador e o denomi- (E) 3/2
nador numerador (b/a)n.
Resolução:
Somando português e matemática:

Representação geométrica O que resta gosta de ciências:

Resposta: B

Observa-se que entre dois inteiros consecutivos existem infini- • Multiplicação: como todo número racional é uma fração ou
tos números racionais. pode ser escrito na forma de uma fração, definimos o produto de
dois números racionais a e c , da mesma forma que o produto de
b d
frações, através de:

33
MATEMÁTICA

B) Toda potência com expoente ímpar tem o mesmo sinal da


base.

• Divisão: a divisão de dois números racionais p e q é a própria


operação de multiplicação do número p pelo inverso de q, isto é: p
÷ q = p × q-1

C) Toda potência com expoente par é um número positivo.

Exemplo:
(PM/SE – SOLDADO 3ªCLASSE – FUNCAB) Numa operação
policial de rotina, que abordou 800 pessoas, verificou-se que 3/4
dessas pessoas eram homens e 1/5 deles foram detidos. Já entre as
mulheres abordadas, 1/8 foram detidas.
Expressões numéricas
Qual o total de pessoas detidas nessa operação policial?
São todas sentenças matemáticas formadas por números, suas
(A) 145
operações (adições, subtrações, multiplicações, divisões, potencia-
(B) 185
ções e radiciações) e também por símbolos chamados de sinais de
(C) 220
associação, que podem aparecer em uma única expressão.
(D) 260
(E) 120
Procedimentos
1) Operações:
Resolução:
- Resolvermos primeiros as potenciações e/ou radiciações na
ordem que aparecem;
- Depois as multiplicações e/ou divisões;
- Por último as adições e/ou subtrações na ordem que apare-
cem.

2) Símbolos:
- Primeiro, resolvemos os parênteses ( ), até acabarem os cál-
culos dentro dos parênteses,
-Depois os colchetes [ ];
- E por último as chaves { }.

ATENÇÃO:
– Quando o sinal de adição (+) anteceder um parêntese, col-
chetes ou chaves, deveremos eliminar o parêntese, o colchete ou
chaves, na ordem de resolução, reescrevendo os números internos
com os seus sinais originais.
– Quando o sinal de subtração (-) anteceder um parêntese, col-
Resposta: A
chetes ou chaves, deveremos eliminar o parêntese, o colchete ou
chaves, na ordem de resolução, reescrevendo os números internos
• Potenciação: é válido as propriedades aplicadas aos núme-
com os seus sinais invertidos.
ros inteiros. Aqui destacaremos apenas as que se aplicam aos nú-
meros racionais.
Exemplo:
A) Toda potência com expoente negativo de um número racio-
(MANAUSPREV – ANALISTA PREVIDENCIÁRIO – ADMINISTRATI-
nal diferente de zero é igual a outra potência que tem a base igual
VA – FCC) Considere as expressões numéricas, abaixo.
ao inverso da base anterior e o expoente igual ao oposto do expo-
ente anterior.
A = 1/2 + 1/4+ 1/8 + 1/16 + 1/32 e
B = 1/3 + 1/9 + 1/27 + 1/81 + 1/243

O valor, aproximado, da soma entre A e B é


(A) 2
(B) 3
(C) 1

34
MATEMÁTICA

(D) 2,5
(E) 1,5

Resolução:
Vamos resolver cada expressão separadamente:

Resposta: C

Razões Especiais
São aquelas que recebem um nome especial. Vejamos algu-
mas:
Velocidade: é razão entre a distância percorrida e o tempo
gasto para percorrê-la.

Densidade: é a razão entre a massa de um corpo e o seu volu-


me ocupado por esse corpo.

Resposta: E

RAZÃO E PROPORÇÃO.
Proporção
É uma igualdade entre duas frações ou duas razões.
Razão
É uma fração, sendo a e b dois números a sua razão, chama-se
razão de a para b: a/b ou a:b , assim representados, sendo b ≠ 0.
Temos que:

Lemos: a esta para b, assim como c está para d.


Ainda temos:

Exemplo:
(SEPLAN/GO – PERITO CRIMINAL – FUNIVERSA) Em uma ação
policial, foram apreendidos 1 traficante e 150 kg de um produto
parecido com maconha. Na análise laboratorial, o perito constatou
que o produto apreendido não era maconha pura, isto é, era uma
mistura da Cannabis sativa com outras ervas. Interrogado, o trafi-
cante revelou que, na produção de 5 kg desse produto, ele usava
apenas 2 kg da Cannabis sativa; o restante era composto por vá-
rias “outras ervas”. Nesse caso, é correto afirmar que, para fabricar
todo o produto apreendido, o traficante usou • Propriedades da Proporção
(A) 50 kg de Cannabis sativa e 100 kg de outras ervas. – Propriedade Fundamental: o produto dos meios é igual ao
(B) 55 kg de Cannabis sativa e 95 kg de outras ervas. produto dos extremos:
(C) 60 kg de Cannabis sativa e 90 kg de outras ervas. a.d=b.c
(D) 65 kg de Cannabis sativa e 85 kg de outras ervas.
(E) 70 kg de Cannabis sativa e 80 kg de outras ervas. – A soma/diferença dos dois primeiros termos está para o
primeiro (ou para o segundo termo), assim como a soma/diferença
Resolução: dos dois últimos está para o terceiro (ou para o quarto termo).
O enunciado fornece que a cada 5kg do produto temos que 2kg
da Cannabis sativa e os demais outras ervas. Podemos escrever em
forma de razão , logo :

35
MATEMÁTICA

Exemplo:
(CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS/SP – ANA-
LISTA TÉCNICO LEGISLATIVO – DESIGNER GRÁFICO – VUNESP) O
departamento de Contabilidade de uma empresa tem 20 funcio-
– A soma/diferença dos antecedentes está para a soma/dife- nários, sendo que 15% deles são estagiários. O departamento de
rença dos consequentes, assim como cada antecedente está para Recursos Humanos tem 10 funcionários, sendo 20% estagiários.
o seu consequente. Em relação ao total de funcionários desses dois departamentos, a
fração de estagiários é igual a
(A) 1/5.
(B) 1/6.
(C) 2/5.
(D) 2/9.
(E) 3/5.

Resolução:
Exemplo:
(MP/SP – AUXILIAR DE PROMOTORIA I – ADMINISTRATIVO –
VUNESP) A medida do comprimento de um salão retangular está
para a medida de sua largura assim como 4 está para 3. No piso
desse salão, foram colocados somente ladrilhos quadrados intei-
ros, revestindo-o totalmente. Se cada fileira de ladrilhos, no senti-
do do comprimento do piso, recebeu 28 ladrilhos, então o número
mínimo de ladrilhos necessários para revestir totalmente esse piso
foi igual a
(A) 588.
(B) 350.
Resposta: B
(C) 454.
(D) 476.
Lucro e Prejuízo em porcentagem
(E) 382.
É a diferença entre o preço de venda e o preço de custo. Se a
diferença for POSITIVA, temos o LUCRO (L), caso seja NEGATIVA,
Resolução:
temos PREJUÍZO (P).
Logo: Lucro (L) = Preço de Venda (V) – Preço de Custo (C).

Fazendo C = 28 e substituindo na proporção, temos:

4L = 28 . 3
L = 84 / 4
L = 21 ladrilhos
Assim, o total de ladrilhos foi de 28 . 21 = 588
Resposta: A
Exemplo:
(CÂMARA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO ADMINISTRATIVO –
PORCENTAGEM. FCC) O preço de venda de um produto, descontado um imposto de
16% que incide sobre esse mesmo preço, supera o preço de com-
pra em 40%, os quais constituem o lucro líquido do vendedor. Em
São chamadas de razões centesimais ou taxas percentuais ou
quantos por cento, aproximadamente, o preço de venda é superior
simplesmente de porcentagem, as razões de denominador 100, ou
ao de compra?
seja, que representam a centésima parte de uma grandeza. Costu-
(A) 67%.
mam ser indicadas pelo numerador seguido do símbolo %. (Lê-se:
(B) 61%.
“por cento”).

36
MATEMÁTICA

(C) 65%.
(D) 63%.
(E) 69%.

Resolução:
Preço de venda: V
Preço de compra: C
V – 0,16V = 1,4C
0,84V = 1,4C

O preço de venda é 67% superior ao preço de compra.

Resposta: A

Aumento e Desconto em porcentagem


– Aumentar um valor V em p%, equivale a multiplicá-lo por

Logo:

- Diminuir um valor V em p%, equivale a multiplicá-lo por

Logo:

Fator de multiplicação

É o valor final de , é o que chamamos de fator de multiplicação, muito útil para resolução de cálculos de
porcentagem. O mesmo pode ser um acréscimo ou decréscimo no valor do produto.

Aumentos e Descontos sucessivos em porcentagem


São valores que aumentam ou diminuem sucessivamente. Para efetuar os respectivos descontos ou aumentos, fazemos uso dos
fatores de multiplicação. Basta multiplicarmos o Valor pelo fator de multiplicação (acréscimo e/ou decréscimo).

37
MATEMÁTICA

Exemplo: Certo produto industrial que custava R$ 5.000,00 Resolução:


sofreu um acréscimo de 30% e, em seguida, um desconto de 20%. Utilizaremos uma regra de três simples:
Qual o preço desse produto após esse acréscimo e desconto?
ano %
Resolução:
VA = 5000 .(1,3) = 6500 e 11442 100
VD = 6500 .(0,80) = 5200, podemos, para agilizar os cálculos, 17136 x
juntar tudo em uma única equação:
5000 . 1,3 . 0,8 = 5200 11442.x = 17136 . 100
Logo o preço do produto após o acréscimo e desconto é de R$ x = 1713600 / 11442 = 149,8% (aproximado)
5.200,00 149,8% – 100% = 49,8%
Aproximando o valor, teremos 50%
REGRA DE TRÊS SIMPLES. Resposta: E

(PRODAM/AM – AUXILIAR DE MOTORISTA – FUNCAB) Numa


Regra de três simples transportadora, 15 caminhões de mesma capacidade transportam
Os problemas que envolvem duas grandezas diretamente ou toda a carga de um galpão em quatro horas. Se três deles quebras-
inversamente proporcionais podem ser resolvidos através de um sem, em quanto tempo os outros caminhões fariam o mesmo tra-
processo prático, chamado REGRA DE TRÊS SIMPLES. balho?
(A) 3 h 12 min
• Duas grandezas são DIRETAMENTE PROPORCIONAIS quando (B) 5 h
ao aumentarmos/diminuirmos uma a outra também aumenta/di- (C) 5 h 30 min
minui. (D) 6 h
• Duas grandezas são INVERSAMENTE PROPORCIONAIS quan- (E) 6 h 15 min
do ao aumentarmos uma a outra diminui e vice-versa.
Resolução:
Exemplos: Vamos utilizar uma Regra de Três Simples Inversa, pois, quanto
(PM/SP – OFICIAL ADMINISTRATIVO – VUNESP) Em 3 de maio menos caminhões tivermos, mais horas demorará para transportar
de 2014, o jornal Folha de S. Paulo publicou a seguinte informação a carga:
sobre o número de casos de dengue na cidade de Campinas.
caminhões horas
15 4
(15 – 3) x

12.x = 4 . 15
x = 60 / 12
x=5h
Resposta: B

EQUAÇÃO DO 1º GRAU.

Equação é toda sentença matemática aberta que exprime uma


relação de igualdade e uma incógnita ou variável (x, y, z,...).

Equação do 1º grau
As equações do primeiro grau são aquelas que podem ser
representadas sob a forma ax + b = 0, em que a e b são constantes
reais, com a diferente de 0, e x é a variável. A resolução desse tipo
de equação é fundamentada nas propriedades da igualdade des-
De acordo com essas informações, o número de casos regis-
critas a seguir.
trados na cidade de Campinas, até 28 de abril de 2014, teve um
Adicionando um mesmo número a ambos os membros de
aumento em relação ao número de casos registrados em 2007,
uma equação, ou subtraindo um mesmo número de ambos os
aproximadamente, de
membros, a igualdade se mantém.
(A) 70%.
Dividindo ou multiplicando ambos os membros de uma equa-
(B) 65%.
ção por um mesmo número não-nulo, a igualdade se mantém.
(C) 60%.
(D) 55%.
(E) 50%.

38
MATEMÁTICA

• Membros de uma equação Equação do 2º grau


Numa equação a expressão situada à esquerda da igualdade é As equações do segundo grau são aquelas que podem ser
chamada de 1º membro da equação, e a expressão situada à direi- representadas sob a forma ax² + bx +c = 0, em que a, b e c são
ta da igualdade, de 2º membro da equação. constantes reais, com a diferente de 0, e x é a variável.

• Equação completa e incompleta


1) Quando b ≠ 0 e c ≠ 0, a equação do 2º grau se diz completa.
Ex.: x2 - 7x + 11 = 0= 0 é uma equação completa (a = 1, b = – 7,
c = 11).
• Resolução de uma equação
Colocamos no primeiro membro os termos que apresentam 2) Quando b = 0 ou c = 0 ou b = c = 0, a equação do 2º grau se
variável, e no segundo membro os termos que não apresentam va- diz incompleta.
riável. Os termos que mudam de membro têm os sinais trocados. Exs.:
5x – 8 = 12 + x x² - 81 = 0 é uma equação incompleta (b=0).
5x – x = 12 + 8 x² +6x = 0 é uma equação incompleta (c = 0).
4x = 20 2x² = 0 é uma equação incompleta (b = c = 0).
X = 20/4
X=5 • Resolução da equação
1º) A equação é da forma ax2 + bx = 0 (incompleta)
Ao substituirmos o valor encontrado de x na equação obte- x2 – 16x = 0 . colocamos x em evidência
mos o seguinte: x . (x – 16) = 0,
5x – 8 = 12 + x x=0
5.5 – 8 = 12 + 5 x – 16 = 0
25 – 8 = 17 x = 16
17 = 17 ( V) Logo, S = {0, 16} e os números 0 e 16 são as raízes da equação.

Quando se passa de um membro para o outro se usa a ope- 2º) A equação é da forma ax2 + c = 0 (incompleta)
ração inversa, ou seja, o que está multiplicando passa dividindo e x2 – 49= 0 . Fatoramos o primeiro membro, que é uma dife-
o que está dividindo passa multiplicando. O que está adicionando rença de dois quadrados.
passa subtraindo e o que está subtraindo passa adicionando. (x + 7) . (x – 7) = 0,

Exemplo: x+7=0 x–7=0


(PRODAM/AM – AUXILIAR DE MOTORISTA – FUNCAB) Um x=–7 x=7
grupo formado por 16 motoristas organizou um churrasco para
suas famílias. Na semana do evento, seis deles desistiram de parti- ou
cipar. Para manter o churrasco, cada um dos motoristas restantes
pagou R$ 57,00 a mais. x2 – 49 = 0
O valor total pago por eles, pelo churrasco, foi: x2 = 49
(A) R$ 570,00 x2 = 49
(B) R$ 980,50 x = 7, (aplicando a segunda propriedade).
(C) R$ 1.350,00 Logo, S = {–7, 7}.
(D) R$ 1.480,00
(E) R$ 1.520,00 3º) A equação é da forma ax² + bx + c = 0 (completa)
Para resolvê-la usaremos a formula de Bháskara.
Resolução:
Vamos chamar de ( x ) o valor para cada motorista. Assim:
16 . x = Total
Total = 10 . (x + 57) (pois 6 desistiram)
Combinando as duas equações, temos:
16.x = 10.x + 570 Conforme o valor do discriminante Δ existem três possibilida-
16.x – 10.x = 570 des quanto á natureza da equação dada.
6.x = 570
x = 570 / 6
x = 95
O valor total é: 16 . 95 = R$ 1520,00.
Resposta: E

39
MATEMÁTICA

Quando ocorre a última possibilidade é costume dizer-se que • Resolvendo uma inequação de 1° grau
não existem raízes reais, pois, de fato, elas não são reais já que não Uma maneira simples de resolver uma equação do 1° grau é
existe, no conjunto dos números reais, √a quando a < 0. isolarmos a incógnita x em um dos membros da igualdade. O mé-
todo é bem parecido com o das equações. Ex.:
• Relações entre raízes e coeficientes Resolva a inequação -2x + 7 > 0.
Solução:
-2x > -7
Multiplicando por (-1)
2x < 7
x < 7/2
Portanto a solução da inequação é x < 7/2.

Atenção:
Toda vez que “x” tiver valor negativo, devemos multiplicar
por (-1), isso faz com que o símbolo da desigualdade tenha o seu
Exemplo: sentido invertido.
(CÂMARA DE CANITAR/SP – RECEPCIONISTA – INDEC) Qual a
equação do 2º grau cujas raízes são 1 e 3/2? Pode-se resolver qualquer inequação do 1° grau por meio do
(A) x²-3x+4=0 estudo do sinal de uma função do 1° grau, com o seguinte proce-
(B) -3x²-5x+1=0 dimento:
(C) 3x²+5x+2=0 1. Iguala-se a expressão ax + b a zero;
(D) 2x²-5x+3=0 2. Localiza-se a raiz no eixo x;
3. Estuda-se o sinal conforme o caso.
Resolução:
Como as raízes foram dadas, para saber qual a equação: Pegando o exemplo anterior temos:
x² - Sx +P=0, usando o método da soma e produto; S= duas -2x + 7 > 0
raízes somadas resultam no valor numérico de b; e P= duas raízes -2x + 7 = 0
multiplicadas resultam no valor de c. x = 7/2

Exemplo:
(SEE/AC – PROFESSOR DE CIÊNCIAS DA NATUREZA MATEMÁ-
TICA E SUAS TECNOLOGIAS – FUNCAB) Determine os valores de
que satisfazem a seguinte inequação:

Resposta: D

Inequação do 1º grau (A) x > 2


Uma inequação do 1° grau na incógnita x é qualquer expres- (B) x - 5
são do 1° grau que pode ser escrita numa das seguintes formas: (C) x > - 5
(D) x < 2
ax + b > 0 (E) x 2

ax + b < 0

ax + b ≥ 0

ax + b ≤ 0

Onde a, b são números reais com a ≠ 0

40
MATEMÁTICA

Resolução:
(D)

(E)

Resolução:
Resolvendo por Bháskara:

Resposta: B

Inequação do 2º grau
Chamamos de inequação da 2º toda desigualdade pode ser
representada da seguinte forma:
Fazendo o gráfico, a > 0 parábola voltada para cima:

ax2 + bx + c > 0

ax2 + bx + c < 0

ax2 + bx + c ≥ 0

ax2 + bx + c ≤ 0

Onde a, b e c são números reais com a ≠ 0

Resolução da inequação
Para resolvermos uma inequação do 2o grau, utilizamos o
estudo do sinal. As inequações são representadas pelas desigual-
dades: > , ≥ , < , ≤.
Ex.: x2 -3x + 2 > 0 Resposta: C
Resolução:
x2 -3x + 2 > 0 SISTEMA MÉTRICO: MEDIDAS DE TEMPO,
x ‘ =1, x ‘’ = 2 COMPRIMENTO, SUPERFÍCIE E CAPACIDADE.
Como desejamos os valores para os quais a função é maior
que zero devemos fazer um esboço do gráfico e ver para quais
O sistema métrico decimal é parte integrante do Sistema de
valores de x isso ocorre.
Medidas. É adotado no Brasil tendo como unidade fundamental de
medida o metro.
O Sistema de Medidas é um conjunto de medidas usado em
quase todo o mundo, visando padronizar as formas de medição.

Medidas de comprimento
Os múltiplos do metro são usados para realizar medição em
grandes distâncias, enquanto os submúltiplos para realizar medição
Vemos, que as regiões que tornam positivas a função são: x<1 em pequenas distâncias.
e x>2. Resposta: { x|R| x<1 ou x>2}

Exemplo:
(VUNESP) O conjunto solução da inequação 9x2 – 6x + 1 ≤ 0,
no universo dos números reais é:
(A) ∅
(B) R

(C)

41
MATEMÁTICA

UNIDADE
MÚLTIPLOS SUBMÚLTIPLOS
FUNDAMENTAL
Quilômetro Hectômetro Decâmetro Metro Decímetro Centímetro Milímetro
km hm Dam m dm cm mm
1000m 100m 10m 1m 0,1m 0,01m 0,001m

Para transformar basta seguir a tabela seguinte (esta transformação vale para todas as medidas):

Medidas de superfície e área


As unidades de área do sistema métrico correspondem às unidades de comprimento da tabela anterior.
São elas: quilômetro quadrado (km2), hectômetro quadrado (hm2), etc. As mais usadas, na prática, são o quilômetro quadrado, o me-
tro quadrado e o hectômetro quadrado, este muito importante nas atividades rurais com o nome de hectare (ha): 1 hm2 = 1 ha.
No caso das unidades de área, o padrão muda: uma unidade é 100 vezes a menor seguinte e não 10 vezes, como nos comprimentos.
Entretanto, consideramos que o sistema continua decimal, porque 100 = 102. A nomenclatura é a mesma das unidades de comprimento
acrescidas de quadrado.

Vejamos as relações entre algumas essas unidades que não fazem parte do sistema métrico e as do sistema métrico decimal (valores
aproximados):
1 polegada = 25 milímetros
1 milha = 1 609 metros
1 légua = 5 555 metros
1 pé = 30 centímetros

Medidas de Volume e Capacidade


Na prática, são muitos usados o metro cúbico(m3) e o centímetro cúbico(cm3).
Nas unidades de volume, há um novo padrão: cada unidade vale 1000 vezes a unidade menor seguinte. Como 1000 = 103, o sistema
continua sendo decimal. Acrescentamos a nomenclatura cúbico.
A noção de capacidade relaciona-se com a de volume. A unidade fundamental para medir capacidade é o litro (l); 1l equivale a 1 dm3.

Medidas de Massa
O sistema métrico decimal inclui ainda unidades de medidas de massa. A unidade fundamental é o grama(g). Assim as denominamos:
Kg – Quilograma; hg – hectograma; dag – decagrama; g – grama; dg – decigrama; cg – centigrama; mg – miligrama
Dessas unidades, só têm uso prático o quilograma, o grama e o miligrama. No dia-a-dia, usa-se ainda a tonelada (t). Medidas Especiais:
1 Tonelada(t) = 1000 Kg
1 Arroba = 15 Kg
1 Quilate = 0,2 g

Em resumo temos:

42
MATEMÁTICA

Relações importantes
RELAÇÃO ENTRE GRANDEZAS: TABELAS E GRÁFICOS.

Tabelas
A tabela é a forma não discursiva de apresentar informações,
das quais o dado numérico se destaca como informação central.
Sua finalidade é apresentar os dados de modo ordenado, simples
e de fácil interpretação, fornecendo o máximo de informação num
mínimo de espaço.

Elementos da tabela
Uma tabela estatística é composta de elementos essenciais e
elementos complementares. Os elementos essenciais são:
− Título: é a indicação que precede a tabela contendo a desig-
1 kg = 1l = 1 dm3
nação do fato observado, o local e a época em que foi estudado.
1 hm2 = 1 ha = 10.000m2
− Corpo: é o conjunto de linhas e colunas onde estão inseridos
1 m3 = 1000 l
os dados.
− Cabeçalho: é a parte superior da tabela que indica o conteú-
Exemplos:
do das colunas.
(CLIN/RJ - GARI E OPERADOR DE ROÇADEIRA - COSEAC) Uma
− Coluna indicadora: é a parte da tabela que indica o conteú-
peça de um determinado tecido tem 30 metros, e para se confec-
do das linhas.
cionar uma camisa desse tecido são necessários 15 decímetros.
Com duas peças desse tecido é possível serem confeccionadas:
Os elementos complementares são:
(A) 10 camisas
− Fonte: entidade que fornece os dados ou elabora a tabela.
(B) 20 camisas
− Notas: informações de natureza geral, destinadas a esclare-
(C) 40 camisas
cer o conteúdo das tabelas.
(D) 80 camisas
− Chamadas: informações específicas destinadas a esclarecer
ou conceituar dados numa parte da tabela. Deverão estar indica-
Resolução:
das no corpo da tabela, em números arábicos entre parênteses, à
Como eu quero 2 peças desse tecido e 1 peça possui 30 metros
esquerda nas casas e à direita na coluna indicadora. Os elementos
logo:
complementares devem situar-se no rodapé da tabela, na mesma
30 . 2 = 60 m. Temos que trabalhar com todas na mesma unida-
ordem em que foram descritos.
de: 1 m é 10dm assim temos 60m . 10 = 600 dm, como cada camisa
gasta um total de 15 dm, temos então:
600/15 = 40 camisas.
Resposta: C

(CLIN/RJ - GARI E OPERADOR DE ROÇADEIRA - COSEAC) Um


veículo tem capacidade para transportar duas toneladas de carga.
Se a carga a ser transportada é de caixas que pesam 4 quilogramas
cada uma, o veículo tem capacidade de transportar no máximo:
(A) 50 caixas
(B) 100 caixas
(C) 500 caixas
(D) 1000 caixas

Resolução:
Uma tonelada(ton) é 1000 kg, logo 2 ton. 1000kg= 2000 kg
Cada caixa pesa 4kg Gráficos
2000 kg/ 4kg = 500 caixas. Outro modo de apresentar dados estatísticos é sob uma forma
Resposta: C ilustrada, comumente chamada de gráfico. Os gráficos constituem-
-se numa das mais eficientes formas de apresentação de dados.
Um gráfico é, essencialmente, uma figura construída a partir
de uma tabela; mas, enquanto a tabela fornece uma ideia mais
precisa e possibilita uma inspeção mais rigorosa aos dados, o grá-
fico é mais indicado para situações que visem proporcionar uma
impressão mais rápida e maior facilidade de compreensão do com-
portamento do fenômeno em estudo.

43
MATEMÁTICA

Os gráficos e as tabelas se prestam, portanto, a objetivos dis- • Cartogramas: são representações em cartas geográficas
tintos, de modo que a utilização de uma forma de apresentação (mapas).
não exclui a outra.
Para a confecção de um gráfico, algumas regras gerais devem
ser observadas:
Os gráficos, geralmente, são construídos num sistema de eixos
chamado sistema cartesiano ortogonal. A variável independente é
localizada no eixo horizontal (abscissas), enquanto a variável de-
pendente é colocada no eixo vertical (ordenadas). No eixo vertical,
o início da escala deverá ser sempre zero, ponto de encontro dos
eixos.
− Iguais intervalos para as medidas deverão corresponder a
iguais intervalos para as escalas. Exemplo: Se ao intervalo 10-15 kg
corresponde 2 cm na escala, ao intervalo 40-45 kg também deverá
corresponder 2 cm, enquanto ao intervalo 40-50 kg corresponderá
4 cm.
− O gráfico deverá possuir título, fonte, notas e legenda, ou
seja, toda a informação necessária à sua compreensão, sem auxílio
do texto.
− O gráfico deverá possuir formato aproximadamente quadra-
do para evitar que problemas de escala interfiram na sua correta
interpretação.

Tipos de Gráficos

• Estereogramas: são gráficos onde as grandezas são repre- • Pictogramas ou gráficos pictóricos: são gráficos puramente
sentadas por volumes. Geralmente são construídos num sistema ilustrativos, construídos de modo a ter grande apelo visual, diri-
de eixos bidimensional, mas podem ser construídos num sistema gidos a um público muito grande e heterogêneo. Não devem ser
tridimensional para ilustrar a relação entre três variáveis. utilizados em situações que exijam maior precisão.

• Diagramas: são gráficos geométricos de duas dimensões, de


fácil elaboração e grande utilização. Podem ser ainda subdivididos
em: gráficos de colunas, de barras, de linhas ou curvas e de seto-
res.
a) Gráfico de colunas: neste gráfico as grandezas são compa-
radas através de retângulos de mesma largura, dispostos vertical-
mente e com alturas proporcionais às grandezas. A distância entre
os retângulos deve ser, no mínimo, igual a 1/2 e, no máximo, 2/3
da largura da base dos mesmos.

44
MATEMÁTICA

d) Gráfico em setores: é recomendado para situações em


que se deseja evidenciar o quanto cada informação representa
do total. A figura consiste num círculo onde o total (100%) repre-
senta 360°, subdividido em tantas partes quanto for necessário à
representação. Essa divisão se faz por meio de uma regra de três
simples. Com o auxílio de um transferidor efetuasse a marcação
dos ângulos correspondentes a cada divisão.

b) Gráfico de barras: segue as mesmas instruções que o grá-


fico de colunas, tendo a única diferença que os retângulos são
dispostos horizontalmente. É usado quando as inscrições dos re-
tângulos forem maiores que a base dos mesmos. Exemplo:
(PREF. FORTALEZA/CE – PEDAGOGIA – PREF. FORTALEZA) “Es-
tar alfabetizado, neste final de século, supõe saber ler e interpretar
dados apresentados de maneira organizada e construir represen-
tações, para formular e resolver problemas que impliquem o reco-
lhimento de dados e a análise de informações. Essa característica
da vida contemporânea traz ao currículo de Matemática uma de-
manda em abordar elementos da estatística, da combinatória e da
probabilidade, desde os ciclos iniciais” (BRASIL, 1997).
Observe os gráficos e analise as informações.

c) Gráfico de linhas ou curvas: neste gráfico os pontos são


dispostos no plano de acordo com suas coordenadas, e a seguir
são ligados por segmentos de reta. É muito utilizado em séries
históricas e em séries mistas quando um dos fatores de variação é
o tempo, como instrumento de comparação.

45
MATEMÁTICA

A partir das informações contidas nos gráficos, é correto afir- A linguagem matemática para algebrizar problemas:
mar que:
(A) nos dias 03 e 14 choveu a mesma quantidade em Fortaleza Linguagem da questão Linguagem Matemática
e Florianópolis.
(B) a quantidade de chuva acumulada no mês de março foi Preposição da, de, do Multiplicação
maior em Fortaleza. Preposição por divisão
(C) Fortaleza teve mais dias em que choveu do que Florianó-
polis. Verbos Equivale, será, tem, e,
igualdade
(D) choveu a mesma quantidade em Fortaleza e Florianópolis. etc.
Pronomes interrogativos qual,
x?
Resolução: quanto
A única alternativa que contém a informação correta com os Um número x
gráficos é a C.
Resposta: C O dobro de um número 2x
O triplo de um número 3x
RESOLUÇÃO DE SITUAÇÕES PROBLEMA. A metade de um número x/2
A terça parte de um número x/3
RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS Dois números consecutivos x, x + 1
A resolução de problemas na matemática é um processo que
envolve a aplicação de conceitos matemáticos para solucionar Três números consecutivos x, x + 1, x + 2
questões ou situações que requerem raciocínio lógico e análise Um número Par 2x
quantitativa. É um processo criativo que requer habilidades de pen-
Um número Ímpar 2x - 1
samento crítico e estratégias específicas para chegar a uma solução.
Aqui estão algumas etapas comuns que podem ajudar a resol- Dois números pares consecu-
2x, 2x + 2
ver problemas matemáticos: tivos
– Compreensão do problema: Leia cuidadosamente o enun- Dois números ímpares conse-
ciado do problema e certifique-se de entendê-lo completamente. 2x -1, 2x -1 + 2 (2x + 1)
cutivos
Identifique os dados fornecidos, as incógnitas a serem encontradas
e as restrições dadas. O oposto de X ( na adição ) -x
– Planejamento: Desenvolva um plano ou estratégia para resol- O inverso de X ( na multipli-
1/x
ver o problema. Isso pode envolver a identificação de fórmulas ou cação)
conceitos matemáticos relevantes, a criação de diagramas ou repre- Aumentar, maior que, mais,
sentações visuais, a divisão do problema em etapas menores ou a Soma
ganhar, adicionar
consideração de casos específicos.
– Execução: Implemente o plano que você desenvolveu, rea- menos, menor que, diferença,
Subtração
lizando os cálculos e aplicando as estratégias escolhidas. Organize diminuir, perder, tirar
suas informações e seja cuidadoso com os cálculos para evitar er- Divisão Razão
ros.
– Verificação: Após chegar a uma solução, verifique se ela faz Exemplos de aplicação da técnica para a resolução de proble-
sentido e está de acordo com as restrições do problema. Faça uma mas:
revisão dos cálculos e verifique se a resposta obtida é razoável. 1 – O dobro de um número somado ao triplo do mesmo núme-
– Comunicação: Expresse sua solução de forma clara e coe- ro é igual a 7. Qual é esse número?
rente, utilizando termos matemáticos apropriados e explicando o Vamos verificar a tabela para algebrizar este problema:
raciocínio utilizado. Se necessário, apresente sua solução em um
formato compreensível para outras pessoas. Solução:
Dentro deste prisma vamos elencar a técnica abaixo: 2x + 3x = 7
5x =7
— Técnica para interpretar problemas de Matemática
x=
x = 1,4

Resposta: x = 1,4

2 – Um relatório contém as seguintes informações sobre as tur-


mas A, B e C:
– As três turmas possuem, juntas, 96 alunos;
– A turma A e a turma B possuem a mesma quantidade de alu-
nos;

46
MATEMÁTICA

– A turma C possui o dobro de alunos da turma A. 4 – Um fazendeiro dividirá seu terreno de modo a plantar soja,
Estas informações permitem concluir que a turma C possui a trigo e hortaliças. A parte correspondente à soja terá o dobro da
seguinte quantidade de alunos: área da parte em que será plantado trigo que, por sua vez, terá o
A) 48 dobro da área da parte correspondente às hortaliças. Sabe-se que
B) 42 a área total desse terreno é de 42 ha, assim a área em que se irá
C) 28 plantar trigo é de:
D) 24 (A) 6 ha
(B) 12 ha
Solução: (C) 14 ha
A + B + C = 96 (D) 18 ha
A=x (E) 24 ha
B=x
C = 2x Solução:
C=? S+T+H=42
S = 2 . 2x = 4x
Continuando... T = 2x
A + B + C = 96 H=x
x + x + 2x = 96 T=?
4x = 96
Continuando...
x= S + T + H = 42
x = 24 4x + 2x + x = 42
7x = 42
Continuando
C = 2x x=
C= 2 . 24 x=6
C=48
Continuando…
Resposta: Alternativa A T = 2x
T = 2,6
3 – Uma urna contém bolas azuis, vermelhas e brancas. Ao T = 12
todo são 108 bolas. O número de bolas azuis é o dobro do de ver-
melhas, e o número de bolas brancas é o triplo do de azuis. Então, Resposta: Alternativa B
o número de bolas vermelhas é:
(A)10 5 – Maria e Ana se encontram de três em três dias, Maria e
(B) 12 Joana se encontram de cinco em cinco dias e Maria e Carla se en-
(C) 20 contram de dez em dez dias. Hoje as quatro amigas se encontraram.
(D) 24 A próxima vez que todas irão se encontrar novamente será daqui a:
(E) 36 (A) 15 dias
(B) 18 dias
Solução: (C) 28 dias
A + V + B = 108 (D) 30 dias
A = 2x (E) 50 dias
V=x
B = 3 . 2x = 6x Conforme mencionado a resolução de problemas é a aplicação
V=? de vários conceitos de matemática. Aqui uma questão onde envolve
o MMC.
Continuando...
A + V + B = 108 Solução:
2x + x + 6x = 108 Calculando o MMC de 3 – 5 - 10 :
9x = 108 3 – 5 – 10 | 2
3–5–5 |3
x= 1–5–5 |5
x = 12 1 – 1 – 1 | 30 dias.
V = x = 12
Resposta: Alternativa D
Resposta: Alternativa B

47
MATEMÁTICA

6 – Uma doceria vendeu 153 doces dos tipos casadinho e bri- Resposta: Alternativa C
gadeiro. Se a razão entre brigadeiros e casadinhos foi de 217, deter-
mine o número de casadinhos vendidos. 8 – Uma pessoa possui o triplo da idade de uma outra. Daqui
(A) 139 a 11 anos terá o dobro. Qual é a soma das idades atuais dessas
(B) 119 pessoas?
(C) 94 (A) 22
(D) 34 (B) 33
(C) 44
Solução: (D) 55
Razão é a mesma coisa que divisão (E) 66
Total = 153
Solução:
= Presente:
C=? A=x
B = 3x
Continuando... Futuro: ( + 11 anos)
Colocando o K (constante de proporcionalidade) para descobrir B = 2A
seu valor. 3x + 11 = 2 (x + 11)

= Continuando...
2K + 7K = 153 3x + 11 = 2 (x + 11)
9K = 153 3 x + 11 = 2x + 22
3x – 2x = 22 -11
K= x = 11
K = 17
Continuando...
Continuando... Soando as idades.
C= 7K A+B=?
C= 7 . 17 = 119 A = x = 11
B = 3x = 3 . 11 = 33
Resposta: Alternativa B A + B = 11+ 33 = 44
7 – Na venda de um automóvel, a comissão referente a essa
venda foi dividida entre dois corretores, A e B, em partes direta- Resposta: Alternativa C
mente proporcionais a 3 e 5, respectivamente. Se B recebeu R$
500,00 a mais que A, então o valor total recebido por A foi:
(A) R$ 550,00. ANOTAÇÕES
(B) R$ 650,00.
(C) R$ 750,00.
(D) R$ 850,00. ______________________________________________________

Solução: ______________________________________________________
Colocando a proporcionalidade
A= 3K ______________________________________________________
B = 5K
______________________________________________________
B – A = 500
A=? ______________________________________________________
Continuando ______________________________________________________
B - A = 500
5K – 3K = 500 ______________________________________________________
2K = 500
______________________________________________________
K=
K = 250 ______________________________________________________

______________________________________________________
Continuando...
A = 3K ______________________________________________________
A = 3 . 250
A = 750 ______________________________________________________

48
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

SISTEMA OPERACIONAL: WINDOWS/LINUX:


CONCEITO DE PASTAS, DIRETÓRIOS, ARQUIVOS
E ATALHOS, ÁREA DE TRABALHO, ÁREA DE
TRANSFERÊNCIA, MANIPULAÇÃO DE ARQUIVOS
E PASTAS, USO DOS MENUS, PROGRAMAS E
APLICATIVOS, INTERAÇÃO COM O CONJUNTO DE
APLICATIVOS.

WINDOWS 7

No caso da figura acima, temos quatro pastas e quatro arqui-


vos.

Arquivos e atalhos
Como vimos anteriormente: pastas servem para organização,
vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos e atalhos.
• Arquivo é um item único que contém um determinado dado.
Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos,
vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc.
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determina-
da pasta ou arquivo propriamente dito.

Conceito de pastas e diretórios


Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome “pas-
ta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organizar, armaze-
nar e organizar os arquivos. Estes arquivos podem ser documentos
de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos diversos).
Lembrando sempre que o Windows possui uma pasta com o
nome do usuário onde são armazenados dados pessoais.
Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas.

49
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Área de trabalho do Windows 7

Uso dos menus

Área de transferência
A área de transferência é muito importante e funciona em se-
gundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vários
tipos de itens, tais como arquivos, informações etc.
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + C”,
estamos copiando dados para esta área intermediária.

– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + V”,


estamos colando, isto é, estamos pegando o que está gravado na
área de transferência.

Manipulação de arquivos e pastas


A caminho mais rápido para acessar e manipular arquivos e
pastas e outros objetos é através do “Meu Computador”. Podemos
executar tarefas tais como: copiar, colar, mover arquivos, criar pas-
tas, criar atalhos etc. Programas e aplicativos
• Media Player
• Media Center
• Limpeza de disco
• Desfragmentador de disco
• Os jogos do Windows.
• Ferramenta de captura
• Backup e Restore

50
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Interação com o conjunto de aplicativos


Vamos separar esta interação do usuário por categoria para en-
tendermos melhor as funções categorizadas.

Facilidades

O Windows possui um recurso muito interessante que é o Cap-


turador de Tela , simplesmente podemos, com o mouse, recortar a
parte desejada e colar em outro lugar.

Música e Vídeo
Temos o Media Player como player nativo para ouvir músicas
e assistir vídeos. O Windows Media Player é uma excelente expe-
riência de entretenimento, nele pode-se administrar bibliotecas
de música, fotografia, vídeos no seu computador, copiar CDs, criar
playlists e etc., isso também é válido para o media center.

• O desfragmentador de disco é uma ferramenta muito impor-


tante, pois conforme vamos utilizando o computador os arquivos
ficam internamente desorganizados, isto faz que o computador fi-
que lento. Utilizando o desfragmentador o Windows se reorganiza
internamente tornando o computador mais rápido e fazendo com
que o Windows acesse os arquivos com maior rapidez.

Ferramentas do sistema
• A limpeza de disco é uma ferramenta importante, pois o pró-
prio Windows sugere arquivos inúteis e podemos simplesmente
confirmar sua exclusão.

• O recurso de backup e restauração do Windows é muito im-


portante pois pode ajudar na recuperação do sistema, ou até mes-
mo escolher seus arquivos para serem salvos, tendo assim uma có-
pia de segurança.

51
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

No caso da figura acima temos quatro pastas e quatro arquivos.

WINDOWS 8 Arquivos e atalhos


Como vimos anteriormente: pastas servem para organização,
vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos e atalhos.
• Arquivo é um item único que contém um determinado dado.
Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos,
vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc.
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determina-
da pasta ou arquivo propriamente dito.

Conceito de pastas e diretórios


Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome “pas-
ta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organizar, armaze-
nar e organizar os arquivos. Estes arquivos podem ser documentos
de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos diversos).
Lembrando sempre que o Windows possui uma pasta com o
nome do usuário onde são armazenados dados pessoais.
Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas.

52
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Área de trabalho do Windows 8 Uso dos menus

Programas e aplicativos
Área de transferência
A área de transferência é muito importante e funciona em se-
gundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vários
tipos de itens, tais como arquivos, informações etc.
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + C”,
estamos copiando dados para esta área intermediária.
– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + V”,
estamos colando, isto é, estamos pegando o que está gravado na
área de transferência.

Manipulação de arquivos e pastas


A caminho mais rápido para acessar e manipular arquivos e
pastas e outros objetos é através do “Meu Computador”. Podemos
executar tarefas tais como: copiar, colar, mover arquivos, criar pas-
tas, criar atalhos etc.
Interação com o conjunto de aplicativos
Vamos separar esta interação do usuário por categoria para en-
tendermos melhor as funções categorizadas.

Facilidades

O Windows possui um recurso muito interessante que é o Cap-


turador de Tela, simplesmente podemos, com o mouse, recortar a
parte desejada e colar em outro lugar.

Música e Vídeo
Temos o Media Player como player nativo para ouvir músicas
e assistir vídeos. O Windows Media Player é uma excelente expe-
riência de entretenimento, nele pode-se administrar bibliotecas
de música, fotografia, vídeos no seu computador, copiar CDs, criar
playlists e etc., isso também é válido para o media center.

53
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A lista de aplicativos é bem intuitiva, talvez somente o Skydrive


mereça uma definição:
• Skydrive é o armazenamento em nuvem da Microsoft, hoje
Jogos
portanto a Microsoft usa o termo OneDrive para referenciar o ar-
Temos também jogos anexados ao Windows 8.
mazenamento na nuvem (As informações podem ficar gravadas na
internet).

WINDOWS 10

Conceito de pastas e diretórios


Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome “pas-
ta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organizar, armaze-
nar e organizar os arquivos. Estes arquivos podem ser documentos
de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos diversos).
Lembrando sempre que o Windows possui uma pasta com o
nome do usuário onde são armazenados dados pessoais.
Transferência Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas.
O recurso de transferência fácil do Windows 8 é muito impor-
tante, pois pode ajudar na escolha de seus arquivos para serem sal-
vos, tendo assim uma cópia de segurança.

No caso da figura acima temos quatro pastas e quatro arquivos.

Arquivos e atalhos
Como vimos anteriormente: pastas servem para organização,
vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos e atalhos.
• Arquivo é um item único que contém um determinado dado.
Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos,
vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc.

54
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determina-


da pasta ou arquivo propriamente dito.

Área de trabalho

Uso dos menus

Área de transferência
A área de transferência é muito importante e funciona em se-
gundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vários
tipos de itens, tais como arquivos, informações etc.
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + C”,
estamos copiando dados para esta área intermediária. Programas e aplicativos e interação com o usuário
– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + V”, Vamos separar esta interação do usuário por categoria para en-
estamos colando, isto é, estamos pegando o que está gravado na tendermos melhor as funções categorizadas.
área de transferência. – Música e Vídeo: Temos o Media Player como player nativo
para ouvir músicas e assistir vídeos. O Windows Media Player é uma
Manipulação de arquivos e pastas excelente experiência de entretenimento, nele pode-se administrar
A caminho mais rápido para acessar e manipular arquivos e bibliotecas de música, fotografia, vídeos no seu computador, copiar
pastas e outros objetos é através do “Meu Computador”. Podemos CDs, criar playlists e etc., isso também é válido para o media center.
executar tarefas tais como: copiar, colar, mover arquivos, criar pas-
tas, criar atalhos etc.

– Ferramentas do sistema
• A limpeza de disco é uma ferramenta importante, pois o pró-
prio Windows sugere arquivos inúteis e podemos simplesmente
confirmar sua exclusão.

55
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Quando fizermos login no sistema, entraremos direto no Windows,


porém para desligá-lo devemos recorrer ao e:

• O desfragmentador de disco é uma ferramenta muito impor- LINUX


tante, pois conforme vamos utilizando o computador os arquivos O Linux não é um ambiente gráfico como o Windows, mas po-
ficam internamente desorganizados, isto faz que o computador fi- demos carregar um pacote para torná-lo gráfico assumindo assim
que lento. Utilizando o desfragmentador o Windows se reorganiza uma interface semelhante ao Windows. Neste caso vamos carregar
internamente tornando o computador mais rápido e fazendo com o pacote Gnome no Linux. Além disso estaremos também usando a
que o Windows acesse os arquivos com maior rapidez. distribuição Linux Ubuntu para demonstração, pois sabemos que o
Linux possui várias distribuições para uso.

Vamos olhar abaixo o

Linux Ubuntu em modo texto:

• O recurso de backup e restauração do Windows é muito im-


portante pois pode ajudar na recuperação do sistema, ou até mes-
mo escolher seus arquivos para serem salvos, tendo assim uma có-
pia de segurança.
Linux Ubuntu em modo gráfico (Área de trabalho):

Inicialização e finalização

Conceito de pastas e diretórios

56
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome “pas-


ta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organizar, armaze-
nar e organizar os arquivos. Estes arquivos podem ser documentos
de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos diversos).

Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas.

Desta forma já vamos direto ao item desejado

Área de transferência
Perceba que usando a interface gráfica funciona da mesma for-
ma que o Windows.
A área de transferência é muito importante e funciona em se-
gundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vários
tipos de itens, tais como arquivos, informações etc.
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + C”,
estamos copiando dados para esta área intermediária.
No caso da figura acima temos quatro pastas e quatro arquivos. – Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + V”,
estamos colando, isto é, estamos pegando o que está gravado na
Arquivos e atalhos área de transferência.
Como vimos anteriormente: pastas servem para organização,
vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos e atalhos. Manipulação de arquivos e pastas
• Arquivo é um item único que contém um determinado dado. No caso da interface gráfica as funcionalidades são semelhan-
Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos, tes ao Windows como foi dito no tópico acima. Entretanto, pode-
vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc. mos usar linha de comando, pois já vimos que o Linux originalmen-
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determina- te não foi concebido com interface gráfica.
da pasta ou arquivo propriamente dito.

No caso do Linux temos que criar um lançador que funciona


como um atalho, isto é, ele vai chamar o item indicado.

Na figura acima utilizamos o comando ls e são listadas as pastas


na cor azul e os arquivos na cor branca.

Uso dos menus


Como estamos vendo, para se ter acesso aos itens do Linux são
necessários diversos comandos. Porém, se utilizarmos uma inter-
face gráfica a ação fica mais intuitiva, visto que podemos utilizar o
mouse como no Windows. Estamos utilizando para fins de aprendi-
zado a interface gráfica “GNOME”, mas existem diversas disponíveis
para serem utilizadas.

Perceba que usamos um comando para criar um lançador, mas


nosso objetivo aqui não é detalhar comandos, então a forma mais
rápida de pesquisa de aplicativos, pastas e arquivos é através do
botão:

57
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Este método utiliza, em geral, uma aplicação (programa de cor-


reio eletrônico) que permite a manipulação destas mensagens e um
protocolo (formato de comunicação) de rede que permite o envio
e recebimento de mensagens2. Estas mensagens são armazenadas
no que chamamos de caixa postal, as quais podem ser manipuladas
por diversas operações como ler, apagar, escrever, anexar, arquivos
e extração de cópias das mensagens.

Funcionamento básico de correio eletrônico


Essencialmente, um correio eletrônico funciona como dois pro-
gramas funcionando em uma máquina servidora:
– Servidor SMTP (Simple Mail Transfer Protocol): protocolo de
transferência de correio simples, responsável pelo envio de men-
sagens.
– Servidor POP3 (Post Office Protocol – protocolo Post Office)
ou IMAP (Internet Mail Access Protocol): protocolo de acesso de
correio internet), ambos protocolos para recebimento de mensa-
gens.

Para enviar um e-mail, o usuário deve possuir um cliente de


e-mail que é um programa que permite escrever, enviar e receber
e-mails conectando-se com a máquina servidora de e-mail. Inicial-
Programas e aplicativos mente, um usuário que deseja escrever seu e-mail, deve escrever
Dependendo da distribuição Linux escolhida, esta já vem com sua mensagem de forma textual no editor oferecido pelo cliente
alguns aplicativos embutidos, por isso que cada distribuição tem de e-mail e endereçar este e-mail para um destinatário que possui
um público alvo. O Linux em si é puro, mas podemos destacar duas o formato “nome@dominio.com.br“. Quando clicamos em enviar,
bem comuns: nosso cliente de e-mail conecta-se com o servidor de e-mail, comu-
• Firefox (Navegador para internet); nicando-se com o programa SMTP, entregando a mensagem a ser
• Pacote LibreOffice (Pacote de aplicativos semelhante ao Mi- enviada. A mensagem é dividida em duas partes: o nome do desti-
crosoft Office). natário (nome antes do @) e o domínio, i.e., a máquina servidora
de e-mail do destinatário (endereço depois do @). Com o domínio,
o servidor SMTP resolve o DNS, obtendo o endereço IP do servi-
THUNDERBIRD/WEBMAIL – CORREIO ELETRÔNICO: dor do e-mail do destinatário e comunicando-se com o programa
USO DE CORREIO ELETRÔNICO, PREPARO E ENVIO DE SMTP deste servidor, perguntando se o nome do destinatário existe
MENSAGENS, ANEXAÇÃO DE ARQUIVOS. naquele servidor. Se existir, a mensagem do remetente é entregue
ao servidor POP3 ou IMAP, que armazena a mensagem na caixa de
E-mail e-mail do destinatário.
O e-mail revolucionou o modo como as pessoas recebem men-
sagem atualmente1. Qualquer pessoa que tenha um e-mail pode
mandar uma mensagem para outra pessoa que também tenha
e-mail, não importando a distância ou a localização.
Um endereço de correio eletrônico obedece à seguinte estru-
tura: à esquerda do símbolo @ (ou arroba) fica o nome ou apelido
do usuário, à direita fica o nome do domínio que fornece o acesso.
O resultado é algo como:

maria@apostilassolucao.com.br

Atualmente, existem muitos servidores de webmail – correio


eletrônico – na Internet, como o Gmail e o Outlook.
Para possuir uma conta de e-mail nos servidores é necessário
preencher uma espécie de cadastro. Geralmente existe um conjun-
to de regras para o uso desses serviços.

Correio Eletrônico

1 https://cin.ufpe.br/~macm3/Folders/Apostila%20Internet%20-%20 2 https://centraldefavoritos.com.br/2016/11/11/correio-eletronico-
Avan%E7ado.pdf -webmail-e-mozilla-thunderbird/

58
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Ações no correio eletrônico


Independente da tecnologia e recursos empregados no correio eletrônico, em geral, são implementadas as seguintes funções:
– Caixa de Entrada: caixa postal onde ficam todos os e-mails recebidos pelo usuário, lidos e não-lidos.
– Lixeira: caixa postal onde ficam todos os e-mails descartados pelo usuário, realizado pela função Apagar ou por um ícone de Lixeira.
Em geral, ao descartar uma mensagem ela permanece na lixeira, mas não é descartada, até que o usuário decida excluir as mensagens de-
finitivamente (este é um processo de segurança para garantir que um usuário possa recuperar e-mails apagados por engano). Para apagar
definitivamente um e-mail é necessário entrar, de tempos em tempos, na pasta de lixeira e descartar os e-mails existentes.
– Nova mensagem: permite ao usuário compor uma mensagem para envio. Os campos geralmente utilizados são:
– Para: designa a pessoa para quem será enviado o e-mail. Em geral, pode-se colocar mais de um destinatário inserindo os e-mails de
destino separados por ponto-e-vírgula.
– CC (cópia carbono): designa pessoas a quem também repassamos o e-mail, ainda que elas não sejam os destinatários principais da
mensagem. Funciona com o mesmo princípio do Para.
– CCo (cópia carbono oculta): designa pessoas a quem repassamos o e-mail, mas diferente da cópia carbono, quando os destinatários
principais abrirem o e-mail não saberão que o e-mail também foi repassado para os e-mails determinados na cópia oculta.
– Assunto: título da mensagem.
– Anexos: nome dado a qualquer arquivo que não faça parte da mensagem principal e que seja vinculada a um e-mail para envio ao
usuário. Anexos, comumente, são o maior canal de propagação de vírus e malwares, pois ao abrirmos um anexo, obrigatoriamente ele
será “baixado” para nosso computador e executado. Por isso, recomenda-se a abertura de anexos apenas de remetentes confiáveis e, em
geral, é possível restringir os tipos de anexos que podem ser recebidos através de um e-mail para evitar propagação de vírus e pragas. Al-
guns antivírus permitem analisar anexos de e-mails antes que sejam executados: alguns serviços de webmail, como por exemplo, o Gmail,
permitem analisar preliminarmente se um anexo contém arquivos com malware.
– Filtros: clientes de e-mail e webmails comumente fornecem a função de filtro. Filtros são regras que escrevemos que permitem
que, automaticamente, uma ação seja executada quando um e-mail cumpre esta regra. Filtros servem assim para realizar ações simples e
padronizadas para tornar mais rápida a manipulação de e-mails. Por exemplo, imagine que queremos que ao receber um e-mail de “joao@
blabla.com”, este e-mail seja diretamente descartado, sem aparecer para nós. Podemos escrever uma regra que toda vez que um e-mail
com remetente “joao@blabla.com” chegar em nossa caixa de entrada, ele seja diretamente excluído.

Respondendo uma mensagem


Os ícones disponíveis para responder uma mensagem são:
– Responder ao remetente: responde à mensagem selecionada para o autor dela (remetente).
– Responde a todos: a mensagem é enviada tanto para o autor como para as outras pessoas que estavam na lista de cópias.
– Encaminhar: envia a mensagem selecionada para outra pessoa.

Clientes de E-mail
Um cliente de e-mail é essencialmente um programa de computador que permite compor, enviar e receber e-mails a partir de um ser-
vidor de e-mail, o que exige cadastrar uma conta de e-mail e uma senha para seu correto funcionamento. Há diversos clientes de e-mails
no mercado que, além de manipular e-mails, podem oferecer recursos diversos.

3 https://support.microsoft.com/pt-br/office/ler-e-enviar-emails-na-vers%C3%A3o-light-do-outlook-582a8fdc-152c-4b61-85fa-ba5ddf07050b

59
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

– Outlook: cliente de e-mails nativo do sistema operacional Microsoft Windows. A versão Express é uma versão mais simplificada e
que, em geral, vem por padrão no sistema operacional Windows. Já a versão Microsoft Outlook é uma versão que vem no pacote Microsoft
Office possui mais recursos, incluindo, além de funções de e-mail, recursos de calendário.
– Mozilla Thunderbird: é um cliente de e-mails e notícias Open Source e gratuito criado pela Mozilla Foundation (mesma criadora do
Mozilla Firefox).

Webmails
Webmail é o nome dado a um cliente de e-mail que não necessita de instalação no computador do usuário, já que funciona como uma
página de internet, bastando o usuário acessar a página do seu provedor de e-mail com seu login e senha. Desta forma, o usuário ganha
mobilidade já que não necessita estar na máquina em que um cliente de e-mail está instalado para acessar seu e-mail. A desvantagem da
utilização de webmails em comparação aos clientes de e-mail é o fato de necessitarem de conexão de Internet para leitura dos e-mails,
enquanto nos clientes de e-mail basta a conexão para “baixar” os e-mails, sendo que a posterior leitura pode ser realizada desconectada
da Internet.
Exemplos de servidores de webmail do mercado são:
– Gmail
– Yahoo!Mail
– Microsoft Outlook: versão on-line do Outlook. Anteriormente era conhecido como Hotmail, porém mudou de nome quando a Mi-
crosoft integrou suas diversas tecnologias.

Diferença entre webmail e correio eletrônico


O webmail (Yahoo ou Gmail) você acessa através de seu navegador (Firefox ou Google Chrome) e só pode ler conectado na internet.
Já o correio eletrônico (Thunderbird ou Outlook) você acessa com uma conexão de internet e pode baixar seus e-mails, mas depois pode
ler na hora que quiser sem precisar estar conectado na internet.

MOZILLA FIREFOX/GOOGLE CHROME – INTERNET: NAVEGAÇÃO INTERNET, CONCEITOS DE URL, LINKS, SITES, BUSCA
E IMPRESSÃO DE PÁGINAS.

Navegação e navegadores da Internet

• Internet
É conhecida como a rede das redes. A internet é uma coleção global de computadores, celulares e outros dispositivos que se comu-
nicam.

4 https://www.dialhost.com.br/ajuda/abrir-uma-nova-janela-para-escrever-novo-email

60
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Procedimentos de Internet e intranet


Através desta conexão, usuários podem ter acesso a diversas informações, para trabalho, laser, bem como para trocar mensagens,
compartilhar dados, programas, baixar documentos (download), etc.

• Sites
Uma coleção de páginas associadas a um endereço www. é chamada web site. Através de navegadores, conseguimos acessar web
sites para operações diversas.

• Links
O link nada mais é que uma referência a um documento, onde o usuário pode clicar. No caso da internet, o Link geralmente aponta
para uma determinada página, pode apontar para um documento qualquer para se fazer o download ou simplesmente abrir.

Dentro deste contexto vamos relatar funcionalidades de alguns dos principais navegadores de internet: Microsoft Internet Explorer,
Mozilla Firefox e Google Chrome.

Internet Explorer 11

• Identificar o ambiente

O Internet Explorer é um navegador desenvolvido pela Microsoft, no qual podemos acessar sites variados. É um navegador simplifi-
cado com muitos recursos novos.
Dentro deste ambiente temos:
– Funções de controle de privacidade: Trata-se de funções que protegem e controlam seus dados pessoais coletados por sites;
– Barra de pesquisas: Esta barra permite que digitemos um endereço do site desejado. Na figura temos como exemplo: https://www.
gov.br/pt-br/
– Guias de navegação: São guias separadas por sites aberto. No exemplo temos duas guias sendo que a do site https://www.gov.br/
pt-br/ está aberta.
– Favoritos: São pastas onde guardamos nossos sites favoritos
– Ferramentas: Permitem realizar diversas funções tais como: imprimir, acessar o histórico de navegação, configurações, dentre ou-
tras.

61
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Desta forma o Internet Explorer 11, torna a navegação da internet muito mais agradável, com textos, elementos gráficos e vídeos que
possibilitam ricas experiências para os usuários.

• Características e componentes da janela principal do Internet Explorer

À primeira vista notamos uma grande área disponível para visualização, além de percebemos que a barra de ferramentas fica automa-
ticamente desativada, possibilitando uma maior área de exibição.

Vamos destacar alguns pontos segundo as indicações da figura:


1. Voltar/Avançar página
Como o próprio nome diz, clicando neste botão voltamos página visitada anteriormente;

2. Barra de Endereços
Esta é a área principal, onde digitamos o endereço da página procurada;

3. Ícones para manipulação do endereço da URL


Estes ícones são pesquisar, atualizar ou fechar, dependendo da situação pode aparecer fechar ou atualizar.

4. Abas de Conteúdo
São mostradas as abas das páginas carregadas.

5. Página Inicial, favoritos, ferramentas, comentários

6. Adicionar à barra de favoritos

Mozila Firefox

62
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Vamos falar agora do funcionamento geral do Firefox, objeto • Sobre as abas


de nosso estudo: No Chrome temos o conceito de abas que são conhecidas tam-
bém como guias. No exemplo abaixo temos uma aba aberta, se qui-
sermos abrir outra para digitar ou localizar outro site, temos o sinal
(+).
A barra de endereços é o local em que se digita o link da página
visitada. Uma outra função desta barra é a de busca, sendo que ao
digitar palavras-chave na barra, o mecanismo de busca do Google é
acionado e exibe os resultados.

Vejamos de acordo com os símbolos da imagem:

1 Botão Voltar uma página

2 Botão avançar uma página

3 Botão atualizar a página

4 Voltar para a página inicial do Firefox

5 Barra de Endereços

Vejamos de acordo com os símbolos da imagem:


6 Ver históricos e favoritos

Mostra um painel sobre os favoritos (Barra, 1 Botão Voltar uma página


7
Menu e outros)
Sincronização com a conta FireFox (Vamos 2 Botão avançar uma página
8
detalhar adiante)
Mostra menu de contexto com várias op- 3 Botão atualizar a página
9
ções
4 Barra de Endereço.
– Sincronização Firefox: Ato de guardar seus dados pessoais na
internet, ficando assim disponíveis em qualquer lugar. Seus dados 5 Adicionar Favoritos
como: Favoritos, históricos, Endereços, senhas armazenadas, etc.,
6 Usuário Atual
sempre estarão disponíveis em qualquer lugar, basta estar logado
com o seu e-mail de cadastro. E lembre-se: ao utilizar um computa- Exibe um menu de contexto que iremos relatar
dor público sempre desative a sincronização para manter seus da- 7
seguir.
dos seguros após o uso.
O que vimos até aqui, são opções que já estamos acostuma-
Google Chrome dos ao navegar na Internet, mesmo estando no Ubuntu, percebe-
mos que o Chrome é o mesmo navegador, apenas está instalado
em outro sistema operacional. Como o Chrome é o mais comum
atualmente, a seguir conferimos um pouco mais sobre suas funcio-
nalidades.

• Favoritos
No Chrome é possível adicionar sites aos favoritos. Para adi-
cionar uma página aos favoritos, clique na estrela que fica à direita
O Chrome é o navegador mais popular atualmente e disponi- da barra de endereços, digite um nome ou mantenha o sugerido, e
biliza inúmeras funções que, por serem ótimas, foram implementa- pronto.
das por concorrentes. Por padrão, o Chrome salva seus sites favoritos na Barra de Fa-
Vejamos: voritos, mas você pode criar pastas para organizar melhor sua lista.
Para removê-lo, basta clicar em excluir.

63
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Histórico
O Histórico no Chrome funciona de maneira semelhante ao
Firefox. Ele armazena os endereços dos sites visitados e, para aces-
sá-lo, podemos clicar em Histórico no menu, ou utilizar atalho do
teclado Ctrl + H. Neste caso o histórico irá abrir em uma nova aba, • Sincronização
onde podemos pesquisá-lo por parte do nome do site ou mesmo Uma nota importante sobre este tema: A sincronização é im-
dia a dia se preferir. portante para manter atualizadas nossas operações, desta forma,
se por algum motivo trocarmos de computador, nossos dados esta-
rão disponíveis na sua conta Google.
Por exemplo:
– Favoritos, histórico, senhas e outras configurações estarão
disponíveis.
– Informações do seu perfil são salvas na sua Conta do Google.

No canto superior direito, onde está a imagem com a foto do


usuário, podemos clicar no 1º item abaixo para ativar e desativar.

• Pesquisar palavras
Muitas vezes ao acessar um determinado site, estamos em
busca de uma palavra ou frase específica. Neste caso, utilizamos
o atalho do teclado Ctrl + F para abrir uma caixa de texto na qual
podemos digitar parte do que procuramos, e será localizado. Safari

• Salvando Textos e Imagens da Internet


Vamos navegar até a imagem desejada e clicar com o botão
direito do mouse, em seguida salvá-la em uma pasta.

• Downloads
Fazer um download é quando se copia um arquivo de algum
site direto para o seu computador (texto, músicas, filmes etc.). Nes-
te caso, o Chrome possui um item no menu, onde podemos ver o
progresso e os downloads concluídos.

O Safari é o navegador da Apple, e disponibiliza inúmeras fun-


ções implementadas.

64
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Vejamos:

• Guias

– Para abrirmos outras guias podemos simplesmente teclar CTRL + T ou

Vejamos os comandos principais de acordo com os símbolos da imagem:

1 Botão Voltar uma página

2 Botão avançar uma página

3 Botão atualizar a página

4 Barra de Endereço.

5 Adicionar Favoritos

6 Ajustes Gerais

7 Menus para a página atual.

8 Lista de Leitura

Perceba que o Safari, como os outros, oferece ferramentas bastante comuns.


Vejamos algumas de suas funcionalidades:

• Lista de Leitura e Favoritos


No Safari é possível adicionar sites à lista de leitura para posterior consulta, ou aos favoritos, caso deseje salvar seus endereços. Para
adicionar uma página, clique no “+” a que fica à esquerda da barra de endereços, digite um nome ou mantenha o sugerido e pronto.
Por padrão, o Safari salva seus sites na lista de leitura, mas você pode criar pastas para organizar melhor seus favoritos. Para removê-
-lo, basta clicar em excluir.

65
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Downloads
Fazer um download é quando se copia um arquivo de um al-
gum site direto para o seu computador (texto, músicas, filmes etc.).
Neste caso, o Safari possui um item no menu onde podemos ver o
progresso e os downloads concluídos.

• Histórico e Favoritos

QUESTÕES

1. (PREFEITURA DE SÃO FRANCISCO/MG - ASSISTENTE ADMI-


NISTRATIVO - COTEC/2020) Em observação aos conceitos e compo-
nentes de e-mail, faça a relação da denominação de item, presente
na 1.ª coluna, com a sua definição, na 2.ª coluna.
Item
1- Spam
2- IMAP
3- Cabeçalho
4- Gmail

Definição
( ) Protocolo de gerenciamento de correio eletrônico.
( ) Um serviço gratuito de webmail.
• Pesquisar palavras ( ) Mensagens de e-mail não desejadas e enviadas em massa
Muitas vezes, ao acessar um determinado site, estamos em para múltiplas pessoas.
busca de uma palavra ou frase específica. Neste caso utilizamos o ( ) Uma das duas seções principais das mensagens de e-mail.
atalho do teclado Ctrl + F, para abrir uma caixa de texto na qual po-
demos digitar parte do que procuramos, e será localizado. A alternativa CORRETA para a correspondência entre colunas é:
(A) 1, 2, 3, 4.
• Salvando Textos e Imagens da Internet (B) 3, 1, 2, 4.
Vamos navegar até a imagem desejada e clicar com o botão (C) 2, 1, 4, 3.
direito do mouse, em seguida salvá-la em uma pasta. (D) 2, 4, 1, 3.
(E) 1, 3, 4, 2.

66
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

2. (PREFEITURA DE BRASÍLIA DE MINAS/MG - ENGENHEIRO 6. (QUADRIX CRN) Nos sistemas operacionais Windows 7 e
AMBIENTAL - COTEC/2020) LEIA as afirmações a seguir: Windows 8, qual, destas funções, a Ferramenta de Captura não exe-
I - É registrada a data e a hora de envio da mensagem. cuta?
II - As mensagens devem ser lidas periodicamente para não (A) Capturar qualquer item da área de trabalho.
acumular. (B) Capturar uma imagem a partir de um scanner.
III - Não indicado para assuntos confidenciais. (C) Capturar uma janela inteira
IV - Utilizada para comunicações internacionais e regionais, (D) Capturar uma seção retangular da tela.
economizando despesas com telefone e evitando problemas com (E) Capturar um contorno à mão livre feito com o mouse ou
fuso horário. uma caneta eletrônica
V - As mensagens podem ser arquivadas e armazenadas, per-
mitindo-se fazer consultas posteriores. 7. (IF-PB) Acerca dos sistemas operacionais Windows 7 e 8, as-
sinale a alternativa INCORRETA:
São vantagens do correio eletrônico aquelas dispostas em ape- (A) O Windows 8 é o sucessor do 7, e ambos são desenvolvidos
nas: pela Microsoft.
(A) I, IV e V. (B) O Windows 8 apresentou uma grande revolução na interfa-
(B) I, III e IV. ce do Windows. Nessa versão, o botão “iniciar” não está sem-
(C) II, III e V. pre visível ao usuário.
(D) II, IV e V. (C) É possível executar aplicativos desenvolvidos para Windows
(E) III, IV e V. 7 dentro do Windows 8.
(D) O Windows 8 possui um antivírus próprio, denominado
3. (FITO - TÉCNICO EM GESTÃO - VUNESP/2020) Um usuário, Kapersky.
ao preparar um e-mail e não enviá-lo imediatamente, pode, para (E) O Windows 7 possui versões direcionadas para computado-
não perder o trabalho feito, salvar o e-mail para envio posterior- res x86 e 64 bits.
mente.
O recurso que permite salvar um e-mail ainda não enviado é 8. (QUADRIX – CRMV -RN) No que diz respeito ao programa
(A) Favorito. Microsoft Excel 2013, ao sistema operacional Windows 8 e aos con-
(B) Lembrete. ceitos de redes de computadores, julgue o item. As pastas Docu-
(C) Acompanhamento. mentos, Imagens e Downloads são exemplos de pastas que estão
(D) Rascunho. armazenadas na pasta pessoal do usuário do sistema operacional
(E) Marcas. Windows 8.
( ) CERTO
4. (TJ/DFT - ESTÁGIO - CIEE/2018) Podem ser consideradas al- ( ) ERRADO
gumas atividades do correio eletrônico:
I - Solicitar informações. 9. (CESPE BANCO DA AMAZÔNIA) O Linux, um sistema multi-
II - Fazer download de arquivos. tarefa e multiusuário, é disponível em várias distribuições, entre as
III - Mandar mensagens. quais, Debian, Ubuntu, Mandriva e Fedora.
( ) CERTO
Estão CORRETOS: ( ) ERRADO
(A) Somente os itens I e II.
(B) Somente os itens I e III. 10. (FCC – DNOCS) - O comando Linux que lista o conteúdo de
(C) Somente os itens II e III. um diretório, arquivos ou subdiretórios é o
(D) Todos os itens. (A) init 0.
(B) init 6.
5. (PREFEITURA DE SOBRAL/CE - ANALISTA DE INFRAESTRU- (C) exit
TURA - UECE-CEV/2018) Angélica enviou um e-mail para três cola- (D) ls.
boradoras, Luíza, Rafaela e Tatiana, tendo preenchido os campos do (E) cd.
destinatário da seguinte forma:
Para: luiza@email.com.br 11. O Linux faz distinção de letras maiúsculas ou minúsculas
Cc: rafaela@email.com.br ( ) CERTO
Cco: tatiana@email.com.br ( ) ERRADO
Assunto: reunião importante
12. (VUNESP-2019 – SEDUC-SP) Na rede mundial de computa-
Todas as três colaboradoras receberam o e-mail de Angélica e dores, Internet, os serviços de comunicação e informação são dis-
o responderam através do comando “Responder a todos”. Conside- ponibilizados por meio de endereços e links com formatos padroni-
rando a situação ilustrada, é correto afirmar que: zados URL (Uniform Resource Locator). Um exemplo de formato de
(A) somente Angélica recebeu todas as respostas. endereço válido na Internet é:
(B) Tatiana não recebeu nenhuma das respostas. (A) http:@site.com.br
(C) somente Luíza e Rafaela receberam todas as respostas. (B) HTML:site.estado.gov
(D) todas receberam as respostas umas das outras. (C) html://www.mundo.com

67
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

(D) https://meusite.org.br ______________________________________________________


(E) www.#social.*site.com
______________________________________________________
13. (IBASE PREF. DE LINHARES – ES) Quando locamos servido-
res e armazenamento compartilhados, com software disponível e ______________________________________________________
localizados em Data-Centers remotos, aos quais não temos acesso
______________________________________________________
presencial, chamamos esse serviço de:
(A) Computação On-Line. ______________________________________________________
(B) Computação na nuvem.
(C) Computação em Tempo Real. ______________________________________________________
(D) Computação em Block Time.
(E) Computação Visual ______________________________________________________

14. (CESPE – SEDF) Com relação aos conceitos básicos e modos ______________________________________________________
de utilização de tecnologias, ferramentas, aplicativos e procedimen-
______________________________________________________
tos associados à Internet, julgue o próximo item.
Embora exista uma série de ferramentas disponíveis na Inter- ______________________________________________________
net para diversas finalidades, ainda não é possível extrair apenas o
áudio de um vídeo armazenado na Internet, como, por exemplo, no ______________________________________________________
Youtube (http://www.youtube.com).
( ) CERTO ______________________________________________________
( ) ERRADO
______________________________________________________

GABARITO ______________________________________________________

______________________________________________________
1 D
______________________________________________________
2 A
3 D ______________________________________________________
4 D ______________________________________________________
5 B
______________________________________________________
6 B
7 D ______________________________________________________
8 CERTO ______________________________________________________
9 CERTO
______________________________________________________
10 D
11 CERTO ______________________________________________________

12 D ______________________________________________________
13 B ______________________________________________________
14 ERRADO
______________________________________________________

ANOTAÇÕES ______________________________________________________

______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________

68
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente Comunitário de Saúde

Secretaria Municipal de Saúde (SMS)


PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DA IMPLANTAÇÃO DO SUS. Planeja, organiza, controla, avalia e executa as ações e serviços
de saúde em articulação com o conselho municipal e a esfera esta-
O que é o Sistema Único de Saúde (SUS)? dual para aprovar e implantar o plano municipal de saúde.
O Sistema Único de Saúde (SUS) é um dos maiores e mais com-
plexos sistemas de saúde pública do mundo, abrangendo desde o Conselhos de Saúde
simples atendimento para avaliação da pressão arterial, por meio O Conselho de Saúde, no âmbito de atuação (Nacional, Esta-
da Atenção Primária, até o transplante de órgãos, garantindo aces- dual ou Municipal), em caráter permanente e deliberativo, órgão
so integral, universal e gratuito para toda a população do país. Com colegiado composto por representantes do governo, prestadores
a sua criação, o SUS proporcionou o acesso universal ao sistema de serviço, profissionais de saúde e usuários, atua na formulação
público de saúde, sem discriminação. A atenção integral à saúde, e de estratégias e no controle da execução da política de saúde na
não somente aos cuidados assistenciais, passou a ser um direito de instância correspondente, inclusive nos aspectos econômicos e fi-
todos os brasileiros, desde a gestação e por toda a vida, com foco nanceiros, cujas decisões serão homologadas pelo chefe do poder
na saúde com qualidade de vida, visando a prevenção e a promoção legalmente constituído em cada esfera do governo.
da saúde. Cabe a cada Conselho de Saúde definir o número de membros,
A gestão das ações e dos serviços de saúde deve ser solidária e que obedecerá a seguinte composição: 50% de entidades e movi-
participativa entre os três entes da Federação: a União, os Estados mentos representativos de usuários; 25% de entidades representa-
e os municípios. A rede que compõe o SUS é ampla e abrange tan- tivas dos trabalhadores da área de saúde e 25% de representação
to ações quanto os serviços de saúde. Engloba a atenção primária, de governo e prestadores de serviços privados conveniados, ou
média e alta complexidades, os serviços urgência e emergência, a sem fins lucrativos.
atenção hospitalar, as ações e serviços das vigilâncias epidemioló-
gica, sanitária e ambiental e assistência farmacêutica. Comissão Intergestores Tripartite (CIT)
Foro de negociação e pactuação entre gestores federal, esta-
AVANÇO: Conforme a Constituição Federal de 1988 (CF-88), a dual e municipal, quanto aos aspectos operacionais do SUS
“Saúde é direito de todos e dever do Estado”. No período anterior a
CF-88, o sistema público de saúde prestava assistência apenas aos Comissão Intergestores Bipartite (CIB)
trabalhadores vinculados à Previdência Social, aproximadamente Foro de negociação e pactuação entre gestores estadual e mu-
30 milhões de pessoas com acesso aos serviços hospitalares, caben- nicipais, quanto aos aspectos operacionais do SUS
do o atendimento aos demais cidadãos às entidades filantrópicas.
Conselho Nacional de Secretário da Saúde (Conass)
Estrutura do Sistema Único de Saúde (SUS) Entidade representativa dos entes estaduais e do Distrito Fe-
O Sistema Único de Saúde (SUS) é composto pelo Ministério da deral na CIT para tratar de matérias referentes à saúde
Saúde, Estados e Municípios, conforme determina a Constituição
Federal. Cada ente tem suas co-responsabilidades. Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Co-
nasems)
Ministério da Saúde Entidade representativa dos entes municipais na CIT para tra-
Gestor nacional do SUS, formula, normatiza, fiscaliza, monitora tar de matérias referentes à saúde
e avalia políticas e ações, em articulação com o Conselho Nacio-
nal de Saúde. Atua no âmbito da Comissão Intergestores Tripartite Conselhos de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems)
(CIT) para pactuar o Plano Nacional de Saúde. Integram sua estru- São reconhecidos como entidades que representam os entes
tura: Fiocruz, Funasa, Anvisa, ANS, Hemobrás, Inca, Into e oito hos- municipais, no âmbito estadual, para tratar de matérias referentes
pitais federais. à saúde, desde que vinculados institucionalmente ao Conasems, na
forma que dispuserem seus estatutos.
Secretaria Estadual de Saúde (SES)
Participa da formulação das políticas e ações de saúde, pres- Responsabilidades dos entes que compõem o SUS
ta apoio aos municípios em articulação com o conselho estadual e União
participa da Comissão Intergestores Bipartite (CIB) para aprovar e A gestão federal da saúde é realizada por meio do Ministério
implementar o plano estadual de saúde. da Saúde. O governo federal é o principal financiador da rede públi-
ca de saúde. Historicamente, o Ministério da Saúde aplica metade
de todos os recursos gastos no país em saúde pública em todo o
Brasil, e estados e municípios, em geral, contribuem com a outra
metade dos recursos. O Ministério da Saúde formula políticas na-

69
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

cionais de saúde, mas não realiza as ações. Para a realização dos mentada a política de Ações Integradas de Saúde (AIS), em 1983.
projetos, depende de seus parceiros (estados, municípios, ONGs, Essas constituíram uma estratégia de extrema importância para o
fundações, empresas, etc.). Também tem a função de planejar, ela- processo de descentralização da saúde.
birar normas, avaliar e utilizar instrumentos para o controle do SUS. A 8ª Conferência Nacional da Saúde, realizada em março de
1986, considerada um marco histórico, consagra os princípios pre-
Estados e Distrito Federal conizados pelo Movimento da Reforma Sanitária.
Os estados possuem secretarias específicas para a gestão de Em 1987 é implementado o Sistema Unificado e Descentrali-
saúde. O gestor estadual deve aplicar recursos próprios, inclusive zado de Saúde (SUDS), como uma consolidação das Ações Integra-
nos municípios, e os repassados pela União. Além de ser um dos das de Saúde (AIS), que adota como diretrizes a universalização e
parceiros para a aplicação de políticas nacionais de saúde, o estado a equidade no acesso aos serviços, à integralidade dos cuidados, a
formula suas próprias políticas de saúde. Ele coordena e planeja o regionalização dos serviços de saúde e implementação de distritos
SUS em nível estadual, respeitando a normatização federal. Os ges- sanitários, a descentralização das ações de saúde, o desenvolvi-
tores estaduais são responsáveis pela organização do atendimento mento de instituições colegiadas gestoras e o desenvolvimento de
à saúde em seu território. uma política de recursos humanos.
O capítulo dedicado à saúde na nova Constituição Federal, pro-
Municípios mulgada em outubro de 1988, retrata o resultado de todo o proces-
São responsáveis pela execução das ações e serviços de saúde so desenvolvido ao longo dessas duas décadas, criando o Sistema
no âmbito do seu território.O gestor municipal deve aplicar recur- Único de Saúde (SUS) e determinando que “a saúde é direito de
sos próprios e os repassados pela União e pelo estado. O município todos e dever do Estado” (art. 196).
formula suas próprias políticas de saúde e também é um dos par- Entre outros, a Constituição prevê o acesso universal e igua-
ceiros para a aplicação de políticas nacionais e estaduais de saúde. litário às ações e serviços de saúde, com regionalização e hierar-
Ele coordena e planeja o SUS em nível municipal, respeitando a quização, descentralização com direção única em cada esfera de
normatização federal. Pode estabelecer parcerias com outros mu- governo, participação da comunidade e atendimento integral, com
nicípios para garantir o atendimento pleno de sua população, para prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos servi-
procedimentos de complexidade que estejam acima daqueles que ços assistenciais.
pode oferecer. A Lei nº 8.080, promulgada em 1990, operacionaliza as disposi-
ções constitucionais. São atribuições do SUS em seus três níveis de
História do sistema único de saúde (SUS) governo, além de outras, “ordenar a formação de recursos huma-
As duas últimas décadas foram marcadas por intensas transfor- nos na área de saúde” (CF, art. 200, inciso III).
mações no sistema de saúde brasileiro, intimamente relacionadas
com as mudanças ocorridas no âmbito político-institucional. Simul- Princípios do SUS
taneamente ao processo de redemocratização iniciado nos anos São conceitos que orientam o SUS, previstos no artigo 198 da
80, o país passou por grave crise na área econômico-financeira. Constituição Federal de 1988 e no artigo 7º do Capítulo II da Lei n.º
No início da década de 80, procurou-se consolidar o processo 8.080/1990. Os principais são:
de expansão da cobertura assistencial iniciado na segunda metade Universalidade: significa que o SUS deve atender a todos, sem
dos anos 70, em atendimento às proposições formuladas pela OMS distinções ou restrições, oferecendo toda a atenção necessária,
na Conferência de Alma-Ata (1978), que preconizava “Saúde para sem qualquer custo;
Todos no Ano 2000”, principalmente por meio da Atenção Primária Integralidade: o SUS deve oferecer a atenção necessária à
à Saúde. saúde da população, promovendo ações contínuas de prevenção e
tratamento aos indivíduos e às comunidades, em quaisquer níveis
Nessa mesma época, começa o Movimento da Reforma Sa- de complexidade;
nitária Brasileira, constituído inicialmente por uma parcela da in- Equidade: o SUS deve disponibilizar recursos e serviços com
telectualidade universitária e dos profissionais da área da saúde. justiça, de acordo com as necessidades de cada um, canalizando
Posteriormente, incorporaram-se ao movimento outros segmentos maior atenção aos que mais necessitam;
da sociedade, como centrais sindicais, movimentos populares de Participação social: é um direito e um dever da sociedade par-
saúde e alguns parlamentares. ticipar das gestões públicas em geral e da saúde pública em par-
As proposições desse movimento, iniciado em pleno regime ticular; é dever do Poder Público garantir as condições para essa
autoritário da ditadura militar, eram dirigidas basicamente à cons- participação, assegurando a gestão comunitária do SUS; e
trução de uma nova política de saúde efetivamente democráti- Descentralização: é o processo de transferência de responsa-
ca, considerando a descentralização, universalização e unificação bilidades de gestão para os municípios, atendendo às determina-
como elementos essenciais para a reforma do setor. ções constitucionais e legais que embasam o SUS, definidor de atri-
Várias foram às propostas de implantação de uma rede de ser- buições comuns e competências específicas à União, aos estados,
viços voltada para a atenção primária à saúde, com hierarquização, ao Distrito Federal e aos municípios.
descentralização e universalização, iniciando-se já a partir do Pro-
grama de Interiorização das Ações de Saúde e Saneamento (PIASS), Principais leis
em 1976. Constituição Federal de 1988: Estabelece que “a saúde é direi-
Em 1980, foi criado o Programa Nacional de Serviços Básicos to de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais
de Saúde (PREV-SAÚDE) - que, na realidade, nunca saiu do papel -, e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros
logo seguida pelo plano do Conselho Nacional de Administração da agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e aos serviços
Saúde Previdenciária (CONASP), em 1982 a partir do qual foi imple- para sua promoção, proteção e recuperação”. Determina ao Poder

70
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Público sua “regulamentação, fiscalização e controle”, que as ações Responsabilização Microssanitária


e os serviços da saúde “integram uma rede regionalizada e hierar- É determinante que cada serviço de saúde conheça o território
quizada e constituem um sistema único”; define suas diretrizes, sob sua responsabilidade. Para isso, as unidades da rede básica de-
atribuições, fontes de financiamento e, ainda, como deve se dar a vem estabelecer uma relação de compromisso com a população a
participação da iniciativa privada. ela adstrita e cada equipe de referência deve ter sólidos vínculos te-
rapêuticos com os pacientes e seus familiares, proporcionando-lhes
Lei Orgânica da Saúde (LOS), Lei n.º 8.080/1990: Regulamen- abordagem integral e mobilização dos recursos e apoios necessá-
ta, em todo o território nacional, as ações do SUS, estabelece as rios à recuperação de cada pessoa. A alta só deve ocorrer quando
diretrizes para seu gerenciamento e descentralização e detalha as da transferência do paciente a outra equipe (da rede básica ou de
competências de cada esfera governamental. Enfatiza a descentra- outra área especializada) e o tempo de espera para essa transfe-
lização político-administrativa, por meio da municipalização dos rência não pode representar uma interrupção do atendimento: a
serviços e das ações de saúde, com redistribuição de poder, com- equipe de referência deve prosseguir com o projeto terapêutico,
petências e recursos, em direção aos municípios. Determina como interferindo, inclusive, nos critérios de acesso.
competência do SUS a definição de critérios, valores e qualidade
dos serviços. Trata da gestão financeira; define o Plano Municipal Instâncias de Pactuação
de Saúde como base das atividades e da programação de cada nível São espaços intergovernamentais, políticos e técnicos onde
de direção do SUS e garante a gratuidade das ações e dos serviços ocorrem o planejamento, a negociação e a implementação das po-
nos atendimentos públicos e privados contratados e conveniados. líticas de saúde pública. As decisões se dão por consenso (e não
por votação), estimulando o debate e a negociação entre as partes.
Lei n.º 8.142/1990: Dispõe sobre o papel e a participação das
comunidades na gestão do SUS, sobre as transferências de recursos Comissão Intergestores Tripartite (CIT): Atua na direção nacio-
financeiros entre União, estados, Distrito Federal e municípios na nal do SUS, formada por composição paritária de 15 membros, sen-
área da saúde e dá outras providências. do cinco indicados pelo Ministério da Saúde, cinco pelo Conselho
Institui as instâncias colegiadas e os instrumentos de participa- Nacional de Secretários Estaduais de Saúde (Conass) e cinco pelo
ção social em cada esfera de governo. Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems).
A representação de estados e municípios nessa Comissão é, por-
Responsabilização Sanitária tanto regional: um representante para cada uma das cinco regiões
Desenvolver responsabilização sanitária é estabelecer clara- existentes no País.
mente as atribuições de cada uma das esferas de gestão da saú- Comissões Intergestores Bipartites (CIB): São constituídas pa-
de pública, assim como dos serviços e das equipes que compõem ritariamente por representantes do governo estadual, indicados
o SUS, possibilitando melhor planejamento, acompanhamento e pelo Secretário de Estado da Saúde, e dos secretários municipais
complementaridade das ações e dos serviços. Os prefeitos, ao as- de saúde, indicados pelo órgão de representação do conjunto dos
sumir suas responsabilidades, devem estimular a responsabilização municípios do Estado, em geral denominado Conselho de Secretá-
junto aos gerentes e equipes, no âmbito municipal, e participar do rios Municipais de Saúde (Cosems). Os secretários municipais de
processo de pactuação, no âmbito regional. Saúde costumam debater entre si os temas estratégicos antes de
apresentarem suas posições na CIB. Os Cosems são também ins-
Responsabilização Macrossanitária tâncias de articulação política entre gestores municipais de saúde,
O gestor municipal, para assegurar o direito à saúde de seus sendo de extrema importância a participação dos gestores locais
munícipes, deve assumir a responsabilidade pelos resultados, bus- nesse espaço.
cando reduzir os riscos, a mortalidade e as doenças evitáveis, a
exemplo da mortalidade materna e infantil, da hanseníase e da tu- Espaços regionais: A implementação de espaços regionais de
berculose. Para isso, tem de se responsabilizar pela oferta de ações pactuação, envolvendo os gestores municipais e estaduais, é uma
e serviços que promovam e protejam a saúde das pessoas, previ- necessidade para o aperfeiçoamento do SUS. Os espaços regionais
nam as doenças e os agravos e recuperem os doentes. A atenção devem-se organizar a partir das necessidades e das afinidades es-
básica à saúde, por reunir esses três componentes, coloca-se como pecíficas em saúde existentes nas regiões.
responsabilidade primeira e intransferível a todos os gestores. O
cumprimento dessas responsabilidades exige que assumam as atri- Descentralização
buições de gestão, incluindo: O princípio de descentralização que norteia o SUS se dá, es-
- execução dos serviços públicos de responsabilidade munici- pecialmente, pela transferência de responsabilidades e recursos
pal; para a esfera municipal, estimulando novas competências e capa-
- destinação de recursos do orçamento municipal e utilização cidades político-institucionais dos gestores locais, além de meios
do conjunto de recursos da saúde, com base em prioridades defini- adequados à gestão de redes assistenciais de caráter regional e ma-
das no Plano Municipal de Saúde; crorregional, permitindo o acesso, a integralidade da atenção e a
- planejamento, organização, coordenação, controle e avalia- racionalização de recursos. Os estados e a União devem contribuir
ção das ações e dos serviços de saúde sob gestão municipal; e para a descentralização do SUS, fornecendo cooperação técnica e
- participação no processo de integração ao SUS, em âmbito financeira para o processo de municipalização.
regional e estadual, para assegurar a seus cidadãos o acesso a ser-
viços de maior complexidade, não disponíveis no município. Regionalização: consensos e estratégias - As ações e os ser-
viços de saúde não podem ser estruturados apenas na escala dos
municípios. Existem no Brasil milhares de pequenas municipalida-

71
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

des que não possuem em seus territórios condições de oferecer mento das ações e dos serviços do sistema de saúde. Não se deve,
serviços de alta e média complexidade; por outro lado, existem porém, desconsiderar algum desses níveis de atenção, porque a
municípios que apresentam serviços de referência, tornando-se atenção à saúde deve ser integral.
polos regionais que garantem o atendimento da sua população e A atenção básica em saúde constitui o primeiro nível de aten-
de municípios vizinhos. Em áreas de divisas interestaduais, são fre- ção à saúde adotada pelo SUS. É um conjunto de ações que engloba
quentes os intercâmbios de serviços entre cidades próximas, mas promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação. De-
de estados diferentes. Por isso mesmo, a construção de consensos senvolve-se por meio de práticas gerenciais e sanitárias, democrá-
e estratégias regionais é uma solução fundamental, que permitirá ticas e participativas, sob a forma de trabalho em equipe, dirigidas
ao SUS superar as restrições de acesso, ampliando a capacidade de a populações de territórios delimitados, pelos quais assumem res-
atendimento e o processo de descentralização. ponsabilidade.
Utiliza tecnologias de elevada complexidade e baixa densidade,
O Sistema Hierarquizado e Descentralizado: As ações e servi- objetivando solucionar os problemas de saúde de maior frequência
ços de saúde de menor grau de complexidade são colocadas à dis- e relevância das populações. É o contato preferencial dos usuários
posição do usuário em unidades de saúde localizadas próximas de com o sistema de saúde. Deve considerar o sujeito em sua singu-
seu domicílio. As ações especializadas ou de maior grau de comple- laridade, complexidade, inteireza e inserção sociocultural, além de
xidade são alcançadas por meio de mecanismos de referência, or- buscar a promoção de sua saúde, a prevenção e tratamento de do-
ganizados pelos gestores nas três esferas de governo. Por exemplo: enças e a redução de danos ou de sofrimentos que possam compro-
O usuário é atendido de forma descentralizada, no âmbito do mu- meter suas possibilidades de viver de modo saudável.
nicípio ou bairro em que reside. Na hipótese de precisar ser atendi- As Unidades Básicas são prioridades porque, quando as Unida-
do com um problema de saúde mais complexo, ele é referenciado, des Básicas de Saúde funcionam adequadamente, a comunidade
isto é, encaminhado para o atendimento em uma instância do SUS consegue resolver com qualidade a maioria dos seus problemas de
mais elevada, especializada. Quando o problema é mais simples, o saúde. É comum que a primeira preocupação de muitos prefeitos
cidadão pode ser contrarreferenciado, isto é, conduzido para um se volte para a reforma ou mesmo a construção de hospitais. Para o
atendimento em um nível mais primário. SUS, todos os níveis de atenção são igualmente importantes, mas a
prática comprova que a atenção básica deve ser sempre prioritária,
Plano de saúde fixa diretriz e metas à saúde municipal porque possibilita melhor organização e funcionamento também
É responsabilidade do gestor municipal desenvolver o proces- dos serviços de média e alta complexidade.
so de planejamento, programação e avaliação da saúde local, de
modo a atender as necessidades da população de seu município Estando bem estruturada, ela reduzirá as filas nos prontos so-
com eficiência e efetividade. O Plano Municipal de Saúde (PMS) corros e hospitais, o consumo abusivo de medicamentos e o uso
deve orientar as ações na área, incluindo o orçamento para a sua indiscriminado de equipamentos de alta tecnologia. Isso porque
execução. Um instrumento fundamental para nortear a elaboração os problemas de saúde mais comuns passam a ser resolvidos nas
do PMS é o Plano Nacional de Saúde. Cabe ao Conselho Municipal Unidades Básicas de Saúde, deixando os ambulatórios de especiali-
de Saúde estabelecer as diretrizes para a formulação do PMS, em dades e hospitais cumprirem seus verdadeiros papéis, o que resul-
função da análise da realidade e dos problemas de saúde locais, ta em maior satisfação dos usuários e utilização mais racional dos
assim como dos recursos disponíveis. No PMS, devem ser descritos recursos existentes.
os principais problemas da saúde pública local, suas causas, con-
sequências e pontos críticos. Além disso, devem ser definidos os Saúde da Família: é a saúde mais perto do cidadão. É parte
objetivos e metas a serem atingidos, as atividades a serem execu- da estratégia de estruturação eleita pelo Ministério da Saúde para
tadas, os cronogramas, as sistemáticas de acompanhamento e de reorganização da atenção básica no País, com recursos financeiros
avaliação dos resultados. específicos para o seu custeio. Cada equipe é composta por um
conjunto de profissionais (médico, enfermeiro, auxiliares de enfer-
Sistemas de informações ajudam a planejar a saúde: O SUS magem e agentes comunitários de saúde, podendo agora contar
opera e/ou disponibiliza um conjunto de sistemas de informações com profissional de saúde bucal) que se responsabiliza pela situa-
estratégicas para que os gestores avaliem e fundamentem o pla- ção de saúde de determinada área, cuja população deve ser de no
nejamento e a tomada de decisões, abrangendo: indicadores de mínimo 2.400 e no máximo 4.500 pessoas. Essa população deve
saúde; informações de assistência à saúde no SUS (internações ser cadastrada e acompanhada, tornando-se responsabilidade das
hospitalares, produção ambulatorial, imunização e atenção básica); equipes atendê-la, entendendo suas necessidades de saúde como
rede assistencial (hospitalar e ambulatorial); morbidade por local resultado também das condições sociais, ambientais e econômicas
de internação e residência dos atendidos pelo SUS; estatísticas em que vive. Os profissionais é que devem ir até suas casas, porque
vitais (mortalidade e nascidos vivos); recursos financeiros, infor- o objetivo principal da Saúde da Família é justamente aproximar as
mações demográficas, epidemiológicas e socioeconômicas. Cami- equipes das comunidades e estabelecer entre elas vínculos sólidos.
nha-se rumo à integração dos diversos sistemas informatizados de
base nacional, que podem ser acessados no site do Datasus. Nesse A saúde municipal precisa ser integral. O município é respon-
processo, a implantação do Cartão Nacional de Saúde tem papel sável pela saúde de sua população integralmente, ou seja, deve
central. Cabe aos prefeitos conhecer e monitorar esse conjunto de garantir que ela tenha acessos à atenção básica e aos serviços es-
informações essenciais à gestão da saúde do seu município. pecializados (de média e alta complexidade), mesmo quando locali-
Níveis de atenção à saúde: O SUS ordena o cuidado com a zados fora de seu território, controlando, racionalizando e avalian-
saúde em níveis de atenção, que são de básica, média e alta com- do os resultados obtidos.
plexidade. Essa estruturação visa à melhor programação e planeja-

72
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Só assim estará promovendo saúde integral, como determina Desafios públicos, responsabilidades compartilhadas: A legis-
a legislação. É preciso que isso fique claro, porque muitas vezes o lação brasileira – Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e legislação
gestor municipal entende que sua responsabilidade acaba na aten- sanitária, incluindo as Leis n.º 8.080/1990 e 8.142/1990 – estabe-
ção básica em saúde e que as ações e os serviços de maior comple- lece prerrogativas, deveres e obrigações a todos os governantes. A
xidade são responsabilidade do Estado ou da União – o que não é Constituição Federal define os gastos mínimos em saúde, por es-
verdade. fera de governo, e a legislação sanitária, os critérios para as trans-
A promoção da saúde é uma estratégia por meio da qual os ferências intergovernamentais e alocação de recursos financeiros.
desafios colocados para a saúde e as ações sanitárias são pensa- Essa vinculação das receitas objetiva preservar condições mínimas
dos em articulação com as demais políticas e práticas sanitárias e e necessárias ao cumprimento das responsabilidades sanitárias e
com as políticas e práticas dos outros setores, ampliando as pos- garantir transparência na utilização dos recursos disponíveis. A res-
sibilidades de comunicação e intervenção entre os atores sociais ponsabilização fiscal e sanitária de cada gestor e servidor público
envolvidos (sujeitos, instituições e movimentos sociais). A promo- deve ser compartilhada por todos os entes e esferas governamen-
ção da saúde deve considerar as diferenças culturais e regionais, tais, resguardando suas características, atribuições e competências.
entendendo os sujeitos e as comunidades na singularidade de suas O desafio primordial dos governos, sobretudo na esfera municipal,
histórias, necessidades, desejos, formas de pertencer e se relacio- é avançar na transformação dos preceitos constitucionais e legais
nar com o espaço em que vivem. Significa comprometer-se com os que constituem o SUS em serviços e ações que assegurem o direito
sujeitos e as coletividades para que possuam, cada vez mais, auto- à saúde, como uma conquista que se realiza cotidianamente em
nomia e capacidade para manejar os limites e riscos impostos pela cada estabelecimento, equipe e prática sanitária. É preciso inovar
doença, pela constituição genética e por seu contexto social, polí- e buscar, coletiva e criativamente, soluções novas para os velhos
tico, econômico e cultural. A promoção da saúde coloca, ainda, o problemas do nosso sistema de saúde. A construção de espaços de
desafio da intersetorialidade, com a convocação de outros setores gestão que permitam a discussão e a crítica, em ambiente demo-
sociais e governamentais para que considerem parâmetros sanitá- crático e plural, é condição essencial para que o SUS seja, cada vez
rios, ao construir suas políticas públicas específicas, possibilitando mais, um projeto que defenda e promova a vida.
a realização de ações conjuntas.
Muitos municípios operam suas ações e serviços de saúde em
Vigilância em saúde: expande seus objetivos. Em um país com condições desfavoráveis, dispondo de recursos financeiros e equi-
as dimensões do Brasil, com realidades regionais bastante diver- pes insuficientes para atender às demandas dos usuários, seja em
sificadas, a vigilância em saúde é um grande desafio. Apesar dos volume, seja em complexidade – resultado de uma conjuntura so-
avanços obtidos, como a erradicação da poliomielite, desde 1989, cial de extrema desigualdade. Nessas situações, a gestão pública
e com a interrupção da transmissão de sarampo, desde 2000, con- em saúde deve adotar condução técnica e administrativa compa-
vivemos com doenças transmissíveis que persistem ou apresentam tível com os recursos existentes e criativa em sua utilização. Deve
incremento na incidência, como a AIDS, as hepatites virais, as me- estabelecer critérios para a priorização dos gastos, orientados por
ningites, a malária na região amazônica, a dengue, a tuberculose análises sistemáticas das necessidades em saúde, verificadas junto
e a hanseníase. Observamos, ainda, aumento da mortalidade por à população. É um desafio que exige vontade política, propostas
causas externas, como acidentes de trânsito, conflitos, homicídios inventivas e capacidade de governo.
e suicídios, atingindo, principalmente, jovens e população em idade A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios compar-
produtiva. Nesse contexto, o Ministério da Saúde com o objetivo tilham as responsabilidades de promover a articulação e a intera-
de integração, fortalecimento da capacidade de gestão e redução ção dentro do Sistema Único de Saúde – SUS, assegurando o acesso
da morbimortalidade, bem como dos fatores de risco associados universal e igualitário às ações e serviços de saúde.
à saúde, expande o objeto da vigilância em saúde pública, abran- O SUS é um sistema de saúde, regionalizado e hierarquizado,
gendo as áreas de vigilância das doenças transmissíveis, agravos e que integra o conjunto das ações de saúde da União, Estados, Dis-
doenças não transmissíveis e seus fatores de riscos; a vigilância am- trito Federal e Municípios, onde cada parte cumpre funções e com-
biental em saúde e a análise de situação de saúde. petências específicas, porém articuladas entre si, o que caracteriza
os níveis de gestão do SUS nas três esferas governamentais.
Competências municipais na vigilância em saúde Criado pela Constituição Federal de 1988 e regulamentado
Compete aos gestores municipais, entre outras atribuições, as pela Lei nº 8.080/90, conhecida como a Lei Orgânica da Saúde, e
atividades de notificação e busca ativa de doenças compulsórias, pela Lei nº 8.142/90, que trata da participação da comunidade na
surtos e agravos inusitados; investigação de casos notificados em gestão do Sistema e das transferências intergovernamentais de re-
seu território; busca ativa de declaração de óbitos e de nascidos vi- cursos financeiros, o SUS tem normas e regulamentos que discipli-
vos; garantia a exames laboratoriais para o diagnóstico de doenças nam as políticas e ações em cada Subsistema.
de notificação compulsória; monitoramento da qualidade da água A Sociedade, nos termos da Legislação, participa do planeja-
para o consumo humano; coordenação e execução das ações de mento e controle da execução das ações e serviços de saúde. Essa
vacinação de rotina e especiais (campanhas e vacinações de blo- participação se dá por intermédio dos Conselhos de Saúde, presen-
queio); vigilância epidemiológica; monitoramento da mortalidade tes na União, nos Estados e Municípios.
infantil e materna; execução das ações básicas de vigilância sanitá-
ria; gestão e/ou gerência dos sistemas de informação epidemioló- Níveis de Gestão do SUS
gica, no âmbito municipal; coordenação, execução e divulgação das Esfera Federal - Gestor: Ministério da Saúde - Formulação da
atividades de informação, educação e comunicação de abrangência política estadual de saúde, coordenação e planejamento do SUS em
municipal; participação no financiamento das ações de vigilância nível Estadual. Financiamento das ações e serviços de saúde por
em saúde e capacitação de recursos. meio da aplicação/distribuição de recursos públicos arrecadados.

73
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Esfera Estadual - Gestor: Secretaria Estadual de Saúde - For- b) a formulação de políticas de saúde destinadas a promover,
mulação da política municipal de saúde e a provisão das ações e nos campos econômico e social, a redução de riscos de doenças e
serviços de saúde, financiados com recursos próprios ou transferi- outros agravos; e
dos pelo gestor federal e/ou estadual do SUS. c) execução de ações de promoção, proteção e recuperação
Esfera Municipal - Gestor: Secretaria Municipal de Saúde - For- da saúde, integrando as ações assistenciais com as preventivas, de
mulação de políticas nacionais de saúde, planejamento, normaliza- modo a garantir às pessoas a assistência integral à sua saúde.
ção, avaliação e controle do SUS em nível nacional. Financiamento
das ações e serviços de saúde por meio da aplicação/distribuição de O art. 6º, estabelece como competência do Sistema a execução
recursos públicos arrecadados. de ações e serviços de saúde descritos em seus 11 incisos.
O SUS deve atuar em campo demarcado pela lei, em razão do
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE disposto no art. 200 da CF e porque o enunciado constitucional de
Pela dicção dos arts. 196 e 198 da CF, podemos afirmar que que saúde é direito de todos e dever do Estado, não tem o condão
somente da segunda parte do art. 196 se ocupa o Sistema Único de de abranger as condicionantes econômico-sociais da saúde, tam-
Saúde, de forma mais concreta e direta, sob pena de a saúde, como pouco compreender, de forma ampla e irrestrita, todas as possíveis
setor, como uma área da Administração Pública, se ver obrigada a e imagináveis ações e serviços de saúde, até mesmo porque haverá
cuidar de tudo aquilo que possa ser considerado como fatores que sempre um limite orçamentário e um ilimitado avanço tecnológico
condicionam e interferem com a saúde individual e coletiva. Isso a criar necessidades infindáveis e até mesmo questionáveis sob o
seria um arrematado absurdo e deveríamos ter um super Minis- ponto de vista ético, clínico, familiar, terapêutico, psicológico.
tério e super Secretarias da Saúde responsáveis por toda política Será a lei que deverá impor as proporções, sem, contudo, é
social e econômica protetivas da saúde. obvio, cercear o direito à promoção, proteção e recuperação da
Se a Constituição tratou a saúde sob grande amplitude, isso saúde. E aqui o elemento delimitador da lei deverá ser o da digni-
não significa dizer que tudo o que está ali inserido corresponde a dade humana.
área de atuação do Sistema Único de Saúde. Lembramos, por oportuno que, o Projeto de Lei Complementar
Repassando, brevemente, aquela seção do capítulo da Seguri- n. 01/2003 -- que se encontra no Congresso Nacional para regu-
dade Social, temos que: -- o art. 196, de maneira ampla, cuida do lamentar os critérios de rateio de transferências dos recursos da
direito à saúde; -- o art. 197 trata da relevância pública das ações União para Estados e Municípios – busca disciplinar, de forma mais
e serviços de saúde, públicos e privados, conferindo ao Estado o clara e definitiva, o que são ações e serviços de saúde e estabe-
direito e o dever de regulamentar, fiscalizar e controlar o setor (pú- lecer o que pode e o que não pode ser financiado com recursos
blico e privado); -- o art. 198 dispõe sobre as ações e os serviços dos fundos de saúde. Esses parâmetros também servirão para cir-
públicos de saúde que devem ser garantidos a todos cidadãos para cunscrever o que deve ser colocado à disposição da população, no
a sua promoção, proteção e recuperação, ou seja, dispõe sobre o âmbito do SUS, ainda que o art. 200 da CF e o art. 6º da LOS tenham
Sistema Único de Saúde; -- o art. 199, trata da liberdade da inicia- definido o campo de atuação do SUS, fazendo pressupor o que são
tiva privada, suas restrições (não pode explorar o sangue, por ser ações e serviços públicos de saúde, conforme dissemos acima. (O
bem fora do comércio; deve submeter-se à lei quanto à remoção de Conselho Nacional de Saúde e o Ministério da Saúde também dis-
órgãos e tecidos e partes do corpo humano; não pode contar com ciplinaram o que são ações e serviços de saúde em resoluções e
a participação do capital estrangeiro na saúde privada; não pode portarias).
receber auxílios e subvenções, se for entidade de fins econômicos
etc.) e a possibilidade de o setor participar, complementarmente, O QUE FINANCIAR COM OS RECURSOS DA SAÚDE?
do setor público; -- e o art. 200, das atribuições dos órgãos e enti- De plano, excetuam-se da área da saúde, para efeito de finan-
dades que compõem o sistema público de saúde. O SUS é mencio- ciamento, (ainda que absolutamente relevantes como indicadores
nado somente nos arts. 198 e 200. epidemiológicos da saúde) as condicionantes econômico-sociais.
A leitura do art. 198 deve sempre ser feita em consonância Os órgãos e entidades do SUS devem conhecer e informar à socie-
com a segunda parte do art. 196 e com o art. 200. O art. 198 estatui dade e ao governo os fatos que interferem na saúde da população
que todas as ações e serviços públicos de saúde constituem um úni- com vistas à adoção de políticas públicas, sem, contudo, estarem
co sistema. Aqui temos o SUS. E esse sistema tem como atribuição obrigados a utilizar recursos do fundo de saúde para intervir nessas
garantir ao cidadão o acesso às ações e serviços públicos de saúde causas.
(segunda parte do art. 196), conforme campo demarcado pelo art. Quem tem o dever de adotar políticas sociais e econômicas
200 e leis específicas. que visem evitar o risco da doença é o Governo como um todo (po-
O art. 200 define em que campo deve o SUS atuar. As atribui- líticas de governo), e não a saúde, como setor (políticas setoriais).
ções ali relacionadas não são taxativas ou exaustivas. Outras po- A ela, saúde, compete atuar nos campos demarcados pelos art. 200
derão existir, na forma da lei. E as atribuições ali elencadas depen- da CF e art. 6º da Lei n. 8.080/90 e em outras leis específicas.
dem, também, de lei para a sua exequibilidade. Como exemplo, podemos citar os servidores da saúde que de-
Em 1990, foi editada a Lei n. 8.080/90 que, em seus arts. 5º e vem ser pagos com recursos da saúde, mas o seu inativo, não; não
6º, cuidou dos objetivos e das atribuições do SUS, tentando melhor porque os inativos devem ser pagos com recursos da Previdência
explicitar o art. 200 da CF (ainda que, em alguns casos, tenha repe- Social. Idem quanto as ações da assistência social, como bolsa-a-
tido os incisos daquele artigo, tão somente). limentação, bolsa-família, vale-gás, renda mínima, fome zero, que
São objetivos do SUS: devem ser financiadas com recursos da assistência social, setor ao
a) a identificação e divulgação dos fatores condicionantes e de- qual incumbe promover e prover as necessidades das pessoas ca-
terminantes da saúde;

74
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

rentes visando diminuir as desigualdades sociais e suprir suas ca- h) pesquisa científica e tecnológica na área da saúde.
rências básicas imediatas. Isso tudo interfere com a saúde, mas não
pode ser administrada nem financiada pelo setor saúde. Ao Ministério da Saúde compete a vigilância sobre alimentos
O saneamento básico é outro bom exemplo. A Lei n. 8.080/90, (registro, fiscalização, controle de qualidade) e não a prestação de
em seu art. 6º, II, dispõe que o SUS deve participar na formulação serviços que visem fornecer alimentos às pessoas de baixa renda.
da política e na execução de ações de saneamento básico. Por sua O fornecimento de cesta básica, merenda escolar, alimentação
vez, o § 3º do art. 32, reza que as ações de saneamento básico que a crianças em idade escolar, idosos, trabalhadores rurais temporá-
venham a ser executadas supletivamente pelo SUS serão financia- rios, portadores de moléstias graves, conforme previsto na Lei do
das por recursos tarifários específicos e outros da União, Estados, Estado do Rio de Janeiro, são situações de carência que necessitam
DF e Municípios e não com os recursos dos fundos de saúde. de apoio do Poder Público, sem sombra de dúvida, mas no âmbito
Nesse ponto gostaríamos de abrir um parêntese para comen- da assistência socialou de outro setor da Administração Pública e
tar o Parecer do Sr. Procurador Geral da República, na ADIn n. com recursos que não os do fundo de saúde. Não podemos mais
3087-6/600-RJ, aqui mencionado. confundir assistência social com saúde. A alimentação interessa à
O Governo do Estado do Rio de Janeiro, pela Lei n. 4.179/03, saúde, mas não está em seu âmbito de atuação.
instituiu o Programa Estadual de Acesso à Alimentação – PEAA, Tanto isso é fato que a Lei n. 8.080/90, em seu art. 12, estabe-
determinando que suas atividades correrão à conta do orçamento leceu que “serão criadas comissões intersetoriais de âmbito nacio-
do Fundo Estadual da Saúde , vinculado à Secretaria de Estado da nal, subordinadas ao Conselho Nacional de Saúde, integradas pelos
Saúde. O PSDB, entendendo ser a lei inconstitucional por utilizar Ministérios e órgãos competentes e por entidades representativas
recursos da saúde para uma ação que não é de responsabilidade da sociedade civil”, dispondo seu parágrafo único que “as comis-
da área da saúde, moveu ação direta de inconstitucionalidade, com sões intersetoriais terão a finalidade de articular políticas e progra-
pedido de cautelar. mas de interesse para a saúde, cuja execução envolva áreas não
O Sr. Procurador da República (Parecer n. 5147/CF), opinou compreendidas no âmbito do Sistema Único de Saúde”. Já o seu
pela improcedência da ação por entender que o acesso à alimenta- art. 13, destaca, algumas dessas atividades, mencionando em seu
ção é indissociável do acesso à saúde, assim como os medicamen- inciso I a “alimentação e nutrição”.
tos o são e que as pessoas de baixa renda devem ter atendidas a O parâmetro para o financiamento da saúde deve ser as atri-
necessidade básica de alimentar-se. buições que foram dadas ao SUS pela Constituição e por leis espe-
Infelizmente, mais uma vez confundiu-se “saúde” com “assis- cíficas e não a 1º parte do art. 196 da CF, uma vez que os fatores
tência social”, áreas da Seguridade Social, mas distintas entre si. que condicionam a saúde são os mais variados e estão inseridos
A alimentação é um fator que condiciona a saúde tanto quanto o nas mais diversas áreas da Administração Pública, não podendo ser
saneamento básico, o meio ambiente degradado, a falta de renda considerados como competência dos órgãos e entidades que com-
e lazer, a falta de moradia, dentre tantos outros fatores condicio- põe o Sistema Único de Saúde.
nantes e determinantes, tal qual mencionado no art. 3º da Lei n.
8.080/90. DA INTEGRALIDADE DA ASSISTÊNCIA
A Lei n. 8.080/90 ao dispor sobre o campo de atuação do SUS Vencida esta etapa, adentramos em outra, no interior do setor
incluiu a vigilância nutricional e a orientação alimentar, atividades saúde - SUS, que trata da integralidade da assistência à saúde. O
complexas que não tem a ver com o fornecimento, puro e simples, art. 198 da CF determina que o Sistema Único de Saúde deve ser or-
de bolsa-alimentação, vale-alimentação ou qualquer outra forma ganizado de acordo com três diretrizes, dentre elas, o atendimento
de garantia de mínimos existenciais e sociais, de atribuição da assis- integral que pressupõe a junção das atividades preventivas, que de-
tência social ou de outras áreas da Administração Pública voltadas vem ser priorizadas, com as atividades assistenciais, que também
para corrigir as desigualdades sociais. A vigilância nutricional deve não podem ser prejudicadas.
ser realizada pelo SUS em articulação com outros órgãos e setores A Lei n. 8.080/90, em seu art. 7º (que dispõe sobre os princí-
governamentais em razão de sua interface com a saúde. São ativi- pios e diretrizes do SUS), define a integralidade da assistência como
dades que interessam a saúde, mas as quais, a saúde como setor, “o conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos
não as executa. Por isso a necessidade das comissões intersetoriais e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em to-
previstas na Lei n. 8.080/90. dos os níveis de complexidade do sistema”.
A integralidade da assistência exige que os serviços de saúde
A própria Lei n. 10.683/2003, que organiza a Presidência da sejam organizados de forma a garantir ao indivíduo e à coletividade
República, estatuiu em seu art. 27, XX ser atribuição do Ministério a proteção, a promoção e a recuperação da saúde, de acordo com
da Saúde: as necessidades de cada um em todos os níveis de complexidade
a) política nacional de saúde; do sistema.
b) coordenação e fiscalização do Sistema Único de Saúde; c) Vê-se, pois, que a assistência integral não se esgota nem se
saúde ambiental e ações de promoção, proteção e recuperação da completa num único nível de complexidade técnica do sistema,
saúde individual e coletiva, inclusive a dos trabalhadores e dos ín- necessitando, em grande parte, da combinação ou conjugação de
dios; serviços diferenciados, que nem sempre estão à disposição do cida-
d) informações em saúde; dão no seu município de origem. Por isso a lei sabiamente definiu
e) insumos críticos para a saúde; a integralidade da assistência como a satisfação de necessidades
f) ação preventiva em geral, vigilância e controle sanitário de individuais e coletivas que devem ser realizadas nos mais diversos
fronteiras e de portos marítimos, fluviais e aéreos; patamares de complexidade dos serviços de saúde, articulados pe-
g) vigilância em saúde, especialmente quanto às drogas, medi- los entes federativos, responsáveis pela saúde da população.
camentos e alimentos;

75
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A integralidade da assistência é interdependente; ela não se Nesse ponto, temos ainda a considerar que, dentre as atribui-
completa nos serviços de saúde de um só ente da federação. Ela ções do SUS, uma das mais importantes -- objeto de reclamações
só finaliza, muitas vezes, depois de o cidadão percorrer o caminho e ações judiciais -- é a assistência terapêutica integral. Por sua in-
traçado pela rede de serviços de saúde, em razão da complexidade dividualização, imediatismo, apelo emocional e ético, urgência e
da assistência emergência, a assistência terapêutica destaca-se dentre todas as
E para a delimitação das responsabilidades de cada ente da fe- demais atividades da saúde como a de maior reivindicação indivi-
deração quanto ao seu comprometimento com a integralidade da dual. Falemos dela no tópico seguinte.
assistência, foram criados instrumentos de gestão, como o plano de
saúde e as formas de gestão dos serviços de saúde. Participação e Controle Social no SUS
Os movimentos sociais ocorridos durante a década de 80 na
Desse modo, devemos centrar nossas atenções no plano de busca por um Estado democrático aos serviços de saúde impulsio-
saúde, por ser ele a base de todas as atividades e programações da naram a modificação do modelo vigente de controle social da época
saúde, em cada nível de governo do Sistema Único de Saúde, o qual que culminou com a criação do SUS a partir da Constituição Fede-
deverá ser elaborado de acordo com diretrizes legais estabelecidas rativa de 1988.
na Lei n. 8.080/90: epidemiologia e organização de serviços (arts. O objetivo deste texto é realizar uma análise deste modelo de
7º VII e 37). O plano de saúde deve ser a referência para a demar- participação popular e controle social no SUS, bem como favorecer
cação de responsabilidades técnicas, administrativas e jurídicas dos reflexões aos atores envolvidos neste cenário, através de uma pes-
entes políticos. quisa narrativa baseada em publicações relevantes produzidas no
Sem planos de saúde -- elaborados de acordo com as diretri- Brasil nos últimos 11 anos.
zes legais, associadas àquelas estabelecidas nas comissões intergo- É insuficiente o controle social estar apenas na lei, é preciso
vernamentais trilaterais, principalmente no que se refere à divisão que este aconteça na prática. Entretanto, a sociedade civil, ainda
de responsabilidades -- o sistema ficará ao sabor de ideologias e não ocupa de forma efetiva esses espaços de participação.
decisões unilaterais das autoridades dirigentes da saúde, quando O processo de criação do SUS teve início a partir das defini-
a regra que perpassa todo o sistema é a da cooperação e da conju- ções legais estabelecidas pela nova Constituição Federal do Brasil
gação de recursos financeiros, tecnológicos, materiais, humanos da de 1988, sendo consolidado e regulamentado com as Leis Orgânicas
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, em redes da Saúde (LOA), n° 8080/90 e n° 8.142/90, sendo estabelecidas nes-
regionalizadas de serviços, nos termos dos incisos IX, b e XI do art. tas as diretrizes e normas que direcionam o novo sistema de saúde,
7º e art. 8º da Lei n. 8.080/90. bem como aspectos relacionados a sua organização e funcionamen-
Por isso, o plano de saúde deve ser o instrumento de fixação to, critérios de repasses para os estados e municípios além de disci-
de responsabilidades técnicas, administrativas e jurídicas quanto plinar o controle social no SUS em conformidade com as represen-
à integralidade da assistência, uma vez que ela não se esgota, na tações dos critérios estaduais e municipais de saúde (FINKELMAN,
maioria das vezes, na instância de governo-sede do cidadão. Ressal- 2002; FARIA, 2003; SOUZA, 2003).
te-se, ainda, que o plano de saúde é a expressão viva dos interesses O SUS nos trouxe a ampliação da assistência à saúde para a
da população, uma vez que, elaborado pelos órgãos competentes coletividade, possibilitando, com isso, um novo olhar às ações, ser-
governamentais, deve ser submetido ao conselho de saúde, repre- viços e práticas assistenciais. Sendo estas norteadas pelos princí-
sentante da comunidade no SUS, a quem compete, discutir, apro- pios e diretrizes: Universalidade de acesso aos serviços de saúde;
var e acompanhar a sua execução, em todos os seus aspectos. Integralidade da assistência; Equidade; Descentralização Político-
Lembramos, ainda, que o planejamento sendo ascendente, -administrativa; Participação da comunidade; regionalização e hie-
iniciando-se da base local até a federal, reforça o sentido de que rarquização (REIS, 2003). A participação popular e o controle social
a integralidade da assistência só se completa com o conjunto arti- em saúde, dentre os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS),
culado de serviços, de responsabilidade dos diversos entes gover- destacam-se como de grande relevância social e política, pois se
namentais. constituem na garantia de que a população participará do processo
Resumindo, podemos afirmar que, nos termos do art. 198, II, de formulação e controle das políticas públicas de saúde.
da CF, c/c os arts. 7º, II e VII, 36 e 37, da Lei n. 8.080/90, a integra- No Brasil, o controle social se refere à participação da comu-
lidade da assistência não é um direito a ser satisfeito de maneira nidade no processo decisório sobre políticas públicas e ao contro-
aleatória, conforme exigências individuais do cidadão ou de acordo le sobre a ação do Estado (ARANTES et al., 2007). Nesse contex-
com a vontade do dirigente da saúde, mas sim o resultado do plano to, enfatiza-se a institucionalização de espaços de participação da
de saúde que, por sua vez, deve ser a consequência de um planeja- comunidade no cotidiano do serviço de saúde, através da garantia
mento que leve em conta a epidemiologia e a organização de ser- da participação no planejamento do enfrentamento dos problemas
viços e conjugue as necessidades da saúde com as disponibilidades priorizados, execução e avaliação das ações, processo no qual a par-
de recursos, além da necessária observação do que ficou decidido ticipação popular deve ser garantida e incentivada (BRASIL, 2006).
nas comissões intergovernamentais trilaterais ou bilaterais, que Sendo o SUS a primeira política pública no Brasil a adotar cons-
não contrariem a lei. titucionalmente a participação popular como um de seus princí-
Na realidade, cada ente político deve ser eticamente respon- pios, esta não somente reitera o exercício do controle social sob
sável pela saúde integral da pessoa que está sob atenção em seus aspráticas de saúde, mas também evidencia a possibilidade de seu
serviços, cabendo-lhe responder civil, penal e administrativamente exercício através de outros espaços institucionalizados em seu arca-
apenas pela omissão ou má execução dos serviços que estão sob bouço jurídico, além dos reconhecidos pela Lei Orgânica de saúde
seu encargo no seu plano de saúde que, por sua vez, deve guardar de n° 8.142/90, os conselhos e as conferências de saúde. Destaca,
consonância com os pactos da regionalização, consubstanciados
em instrumentos jurídicos competentes .

76
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

ainda, as audiências públicas e outros mecanismos de audiência da A discussão com ênfase dada ao controle social na nova Cons-
sociedade, de usuários e de trabalhadores sociais (CONASS, 2003; tituição se expressa em novas diretrizes para a efetivação deste por
BARBOSA, 2009; COSSETIN, 2010). meio de instrumentos normativos e da criação legal de espaços ins-
Ademais, a Lei Orgânica da Saúde n.º 8.080/1990 estabelece titucionais que garantem a participação da sociedade civil organiza-
em seu art. 12 a criação de comissões intersetoriais subordinadas da na fiscalização direta do executivo nas três esferas de governo.
ao Conselho Nacional de Saúde, com o objetivo de articular as Na atualidade, muitas expressões são utilizadas corriqueiramente
políticas públicas relevantes para a saúde. Entretanto, é a Lei n.° para caracterizar a participação popular na gestão pública de saú-
8.142/1990 que dispõe sobre a participação social no SUS, definin- de, a que consta em nossa Carta Magna e o termo ‘participação da
do que a participação popular estará incluída em todas as esferas comunidade na saúde’. Porém, iremos utilizar aqui o termo mais
de gestão do SUS. Legitimando assim os interesses da população no comum em nosso meio: ‘controle social’.
exercício do controle social (BRASIL, 2009). Sendo o controle social uma importante ferramenta de demo-
Essa perspectiva é considerada uma das formas mais avança- cratização das organizações, busca-se adotar uma série de práticas
das de democracia, pois determina uma nova relação entre o Es- que efetivem a participação da sociedade na gestão (GUIZARDI et
tado e a sociedade, de maneira que as decisões sobre as ações na al ., 2004).
saúde deverão ser negociadas com os representantes da sociedade, Embora o termo controle social seja o mais utilizado, consi-
uma vez que eles conhecem a realidade da saúde das comunidades. deramos que se trata de um reducionismo, uma vez que este não
Amiúde, as condições necessárias para que se promova a de- traduz a amplitude do direito assegurado pela nova Constituição
mocratização da gestão pública em saúde se debruça com a discus- Federal de 1988, que permite não só o controle e a fiscalização
são em torno do controle social em saúde. permanente da aplicação de recursos públicos. Este também se
O presente estudo tem como objetivo realizar uma análise do manifesta através da ação, onde cidadãos e políticos têm um papel
modelo vigente de participação popular e controle social no SUS e social a desempenhar através da execução de suas funções, ou ain-
ainda elucidar questões que permitirão entender melhor a partici- da através da proposição, onde cidadãos participam da formulação
pação e o controle social, bem como favorecer algumas reflexões a de políticas, intervindo em decisões e orientando a Administração
todos os atores envolvidos no cenário do SUS. Pública quanto às melhores medidas a serem adotadas com objeti-
vo de atender aos legítimos interesses públicos (NOGUEIRA, 2004;
Participação e Controle Social BRASIL, 2011b; MENEZES, 2010).
Após um longo período no qual a população viveu sob um es-
tado ditatorial, com a centralização das decisões, o tecnicismo e Fonte: http://cebes.org.br/2013/05/participacao-popular-e-o-
o autoritarismo, durante a década de 1980 ocorreu uma abertura -controle-social-como-diretriz-do-sus-uma-revisao-narrativa/
democrática que reconhece a necessidade de revisão do modelo Estratégias operacionais e metodológicas para o controle so-
de saúde vigente na época, com propostas discutidas em ampliar a cial
participação popular nas decisões e descentralizar a gestão pública Recomenda-se que o processo de educação permanente para
em saúde, com vistas a aproximar as decisões do Estado ao cotidia- o controle social no SUS ocorra de forma descentralizada, respei-
no dos cidadãos brasileiros (DALLARI, 2000; SCHNEIDER et al., 2009; tando as especificidades e condições locais a fim de que possa ter
VANDERLEI; ALMEIDA, 2007). maior efetividade.
Nessa perspectiva, a dimensão histórica adquire relevância es- Considerando que os membros do Conselho de Saúde reno-
sencial para a compreensão do controle social, o que pode provocar vam-se periodicamente e outros sujeitos sociais alternam-se em
reações contraditórias. De fato, o controle social foi historicamente suas representações, e o fato de estarem sempre surgindo novas
exercido pelo Estado sobre a sociedade durante muitos anos, na demandas oriundas das mudanças conjunturais, torna-se necessá-
época da ditadura militar. rio que o processo de educação permanente para o controle social
É oportuno destacar que a ênfase ao controle social que aqui esteja em constante construção e atualização.
será dada refere-se às ações que os cidadãos exercem para moni- A operacionalização do processo de educação permanente
torar, fiscalizar, avaliar, interferir na gestão estatal e não o inverso. para o controle social no SUS deve considerar a seleção, preparação
Pois, como vimos, também denominam-se controle social as ações do material e a identificação de sujeitos sociais que tenham condi-
do Estado para controlar a sociedade, que se dá por meio da legisla- ções de transmitir informações e possam atuar como facilitadores
ção, do aparato institucional ou mesmo por meio da força. e incentivadores das discussões sobre os temas a serem tratados.
A organização e mobilização popular realizada na década de 80, Para isso é importante:
do século XX, em prol de um Estado democrático e garantidor do • identificar as parcerias a serem envolvidas, como: universida-
acesso universal aos direitos a saúde, coloca em evidência a possibi- des, núcleos de saúde, escolas de saúde pública, técnicos e especia-
lidade de inversão do controle social. Surge, então, a perspectiva de listas autônomos ou ligados a instituições, entidades dos segmentos
um controle da sociedade civil sobre o Estado, sendo incorporada sociais representados nos Conselhos, Organização Pan-Americana
pela nova Constituição Federal de 1988 juntamente com a criação da Saúde (Opas), Fundo das Nações Unidas para a Infância (Uni-
do SUS (CONASS, 2003). cef), Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e
A participação popular na gestão da saúde é prevista pela Cons- a Cultura (Unesco), Instituto Brasileiro de Administração Municipal
tituição Federal de 1998, em seu artigo 198, que trata das diretrizes (Ibam), Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva
do SUS: descentralização, integralidade e a participação da comuni- (Abrasco) e outras organizações da sociedade que atuem na área
dade. Essas diretrizes orientam a organização e o funcionamento do de saúde. Na identifi cação e articulações das parcerias, deve fi car
sistema, com o intuito de torná-lo mais adequado a atender às ne- clara a atribuição dos conselhos, conselheiros e parceiros;
cessidades da população brasileira (BRASIL, 2006; WENDHAUSEN;
BARBOSA; BORBA, 2006; OLIVEIRA, 2003).

77
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

• realizar as atividades de educação permanente para os con- • Princípios e Diretrizes para a Gestão do Trabalho (NOB/ RH
selheiros e os demais sujeitos sociais de acordo com a realidade – SUS), 2005 (BRASIL, 2005), Diretrizes e Competências da Comis-
local, garantindo uma carga horária que possibilite a participação e são Intergestora Tripartite (CIT), Comissões Intergestoras Bipartites
a ampla discussão dos temas, democratização das informações e a (CIBs) e das Condições de Gestão dos Estados e Municípios;
utilização de técnicas pedagógicas para o controle social que facili- • Constituição do Estado e Leis Orgânicas do Estado, do Distrito
tem a construção dos conteúdos teóricos e, também, a interação do Federal e Município;
grupo. Sugere-se que as atividades de educação permanente para • Seleção de Deliberações do Conselho Estadual de Saúde
o controle social no SUS sejam enfocadas em dois níveis: um geral, (CES), Conselho Municipal de Saúde (CMS) e pactuações das Comis-
garantindo a representação de todos os segmentos, e outro específi sões Intergestoras Tripartite e Bipartite;
co, que poderá ser estruturado e oferecido de acordo com o inte- • Resoluções e deliberações do Conselho de Saúde relaciona-
resse ou a necessidade dos segmentos que compõem os Conselhos das à Gestão em Saúde: Plano de Saúde, Financiamento, Normas,
de Saúde e os demais órgãos da sociedade. Direção e Execução, Planejamento – que compreende programa-
ção, orçamento, acompanhamento e avaliação;
Para promover o alcance dos objetivos do processo de edu- • Resolução do Conselho Nacional de Saúde n.º 333/2003
cação permanente para o controle social no SUS, recomenda-se a (BRASIL, 2003c), Resolução n.º 322/2003 (BRASIL, 2003b), Resolu-
utilização de metodologias que busquem a construção coletiva de ção n.º 196/96 (BRASIL, 1996) e outras correspondentes com mes-
conhecimentos, baseada na experiência do grupo, levando-se em mo mérito, e deliberações no campo do controle social – formula-
consideração o conhecimento como prática concreta e real dos su- ção de estratégias e controle da execução pelos Conselhos de Saúde
jeitos a partir de suas vivências e histórias. Metodologias essas que e pela sociedade.
ultrapassem as velhas formas autoritárias de lidar com a aprendiza-
gem e muitas vezes utilizadas como, por exemplo, a da comunica- A definição dos conteúdos básicos de educação permanente
ção unilateral, que transforma o indivíduo num mero receptor de para o controle social no SUS deve ser objeto de deliberação pelos
teorias e conteúdos. plenários dos Conselhos de Saúde nas suas respectivas esferas go-
Recomenda-se, também, a utilização de dinâmicas que propi- vernamentais.
ciem um ambiente de troca de experiências, de refl exões pertinen- Recomenda-se que, para esse processo, seja prevista a criação
tes à atuação dos Conselheiros de Saúde e dos sujeitos sociais e de de instrumentos de acompanhamento e avaliação dos resultados
técnicas que favoreçam a sua participação e integração, como, por das atividades
exemplo, reuniões de grupo, plenárias, estudos dirigidos, seminá-
rios, ofi cinas, todos envolvendo debates. Responsabilidades
A 12.ª Conferência Nacional de Saúde (CONFERÊNCIA..., 2005)
recomendou a realização de ações para educação permanente e Esferas governamentais
propôs que as atividades do Conselheiro de Saúde fossem consi- Compete ao Estado, nas três esferas do governo:
deradas de relevância pública. Essa proposição foi contemplada na a) Oferecer todas as condições necessárias para que o processo
Resolução n.º 333/2003 (BRASIL, 2003c), aprovada pelo Conselho de educação permanente para o controle social ocorra, garantindo
Nacional de Saúde, que garante ao Conselheiro de Saúde a dis- o pleno funcionamento dos Conselhos de Saúde e a realização das
pensa, sem prejuízo, do seu trabalho, para participar das reuniões, ações para a educação permanente e controle social dos demais
eventos, capacitações e ações específi cas do Conselho de Saúde. sujeitos sociais.
Assim, o processo proposto, especialmente, no que diz respei- b) Promover o apoio à produção de materiais didáticos desti-
to aos Conselhos de Saúde deve dar conta da intensa renovação de nados às atividades de educação permanente para o controle social
Conselheiros de Saúde, que ocorre em razão do final dos manda- no SUS, ao desenvolvimento e utilização de métodos, técnicas e fo-
tos, ou por decisão da instituição ou entidade de substituir o seu mento à pesquisa que contribuam para esse processo.
representante. Isto requer, no mínimo, a oferta de material básico Ministério da Saúde
informativo, uma capacitação inicial promovida pelo Conselho de a) Incentivar e apoiar, inclusive nos aspectos fi nanceiros e téc-
Saúde e a garantia de mecanismos que disponibilizem informações nicos, as instâncias estaduais, municipais e do Distrito Federal para
aos novos Conselheiros. o processo de elaboração e execução da política de educação per-
manente para o controle social no SUS;
Sugestões de material de apoio: b) Manter disponível e atualizado o acervo de referências sobre
• Declaração dos Direitos Humanos das Nações Unidas (ONU); saúde e oferecer material informativo básico e audiovisual que pro-
• Declaração dos Direitos da Criança e Adolescente (Unicef); picie a veiculação de temas de interesse geral em saúde, tais como:
• Declaração de Otawa, Declaração de Bogotá e outras; legislação, orçamento, direitos em saúde, modelo assistencial, mo-
• Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 2003) – Capítulo da delo de gestão e outros.
Ordem Social;
• Leis Federais: 8.080/90 (BRASIL, 1990a), 8.142/90 (BRASIL, Conselho Nacional de Saúde
1990b), 8.689/93 (BRASIL, 1993), 9.656/98 (BRASIL, 1998) e respec- a) Elaborar, em conjunto com o Ministério da Saúde, a política
tivas Medidas Provisórias; nacional e o plano de ação sobre o processo de educação perma-
• Relatórios das Conferências Nacionais de Saúde; nente para o controle social no SUS e deliberar sobre a respectiva
• Normas Operacionais do SUS; política e plano de ação, com defi nição de valores orçamentários e
sistemas de monitoramento e avaliação;
b) Manter disponível e atualizado, na sua sede, o acervo de re-
ferências sobre o controle social;

78
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

c) Instituir mecanismos de divulgação e troca de experiências Está escrito na Constituição Brasileira: “todos são iguais peran-
sobre o processo de educação permanente para o controle social te a lei, sem distinção de qualquer natureza”. Na prática não é bem
no SUS de conselheiros, por meio de: assim, e as desigualdades sociais no Brasil atingem proporções gi-
• espaço na página do Conselho Nacional de Saúde na internet; gantescas. A grande extensão e a diversidade de realidades torna
• espaço no Jornal do Conselho Nacional de Saúde; difícil a aplicação à risca do que está estabelecido na constituição.
• relatos de experiências apresentados em diversos eventos Dá para haver igualdade onde a pobreza absoluta convive com a
nacionais de saúde; riqueza ostensiva? Na área da saúde esse preceito tem sido exer-
• apoio à realização de Plenárias Nacionais de Conselhos de cido de forma plena? Essas perguntas começaram a obter resposta
Saúde, Encontros Nacionais de Conselheiros de Saúde, bem como a partir da Proposta de Emenda Constitucional da Saúde (PEC 29),
impressão e distribuição dos seus documentos, relatórios ou anais; que estabeleceu a participação da União, dos Estados, Municípios e
• promoção de cursos, seminários e eventos relacionados ao Distrito Federal, no financiamento das ações e dos serviços públicos
controle social e democracia participativa; e de saúde, através de uma aplicação mínima de recursos, fixada por
• divulgação de experiências exitosas sobre controle social. lei. A PEC 29 foi o primeiro passo em direção ao Sistema Único de
d) Aprovar os materiais didáticos destinados às atividades de Saúde (SUS), que definiu o direito à saúde, recuperação e preven-
educação permanente para o controle social no SUS; ção, a todo brasileiro. Esse modelo acaba de completar doze anos.
e) Propor, em conjunto com os Conselhos Estaduais e Munici- Eis algumas de suas diretrizes básicas: universalidade, integridade,
pais de Saúde, e Conselho de Saúde do Distrito Federal, mecanis- equidade, descentralização e participação da sociedade.
mos de acompanhamento e avaliação que permitam a consolidação Segundo o pesquisador Hudson Pacífico da Silva, do Núcleo de
de resultados e estudos comparativos de experiências de educação Estudos de Políticas Públicas (Nepp), da Unicamp, o processo de
permanente desenvolvidos nos estados, municípios e Distrito Fe- descentralização da saúde nos últimos doze anos tem apresentado
deral; resultados positivos. Mas, devido à heterogeneidade dos estados
f) Acompanhar, monitorar e avaliar, com os Conselhos Estadu- e municípios brasileiros, muitos não apresentam condições finan-
ais de Saúde, Conselho de Saúde do Distrito Federal e Conselhos ceiras e humanas para assumir todos os compromissos requeridos
Municipais de Saúde, o processo de educação permanente desen- nesse novo processo. Para a pesquisadora Silvia Gerschman, do De-
volvidos no País. partamento de Administração e Planejamento da Escola Nacional
de Saúde Pública/Fiocruz, o sistema de saúde melhorou, funda-
Secretarias de Saúde Estaduais, Municipais e do Distrito Fe- mentalmente, porque permanece o ideal incorporado à Constitui-
deral ção do 1988 de um sistema público, único, universal, com níveis
a) Viabilizar, no âmbito de sua esfera de governo, recursos fi- de atenção integrados e descentralizados em estados e municípios.
nanceiros, materiais e humanos para a execução das atividades re- “Ainda que se tenha colocado grandes empecilhos nestes 12 anos,
lacionadas com a educação permanente para o controle social no não houve mudanças na definição constitucional, que é, no capítulo
SUS; da saúde, a mais adiantada da América Latina”.
b) Apoiar financeira e tecnicamente a realização e a participa- Apesar dos problemas enfrentados pela população, a grande
ção de conselheiros de saúde em eventos sobre o controle social maioria classifica seu atendimento como bom, em especial para os
no SUS. usuários que necessitam de cirurgias, transplantes ou tratamentos
especializados.
Conselhos de Saúde Estaduais, Municipais e do Distrito Federa
a) Elaborar, em conjunto com a Secretaria de Saúde, a política e A Política de descentralização
o plano de ação do processo de educação permanente para o con- O processo de descentralização da saúde, não ocorreu de for-
trole social no SUS, e deliberar sobre a respectiva política e plano de ma homogênea no país. De acordo com dados do Nepp em seu re-
ação, em sintonia com política nacional, com definição de valores latório do ano de 2000, pesquisas permitiram observar “modelos
orçamentários e sistemas de monitoramento e avaliação; próprios” de descentralização, isto é, estados e municípios tentan-
b) Desenvolver o processo de educação permanente para o do buscar nos recursos locais - físicos, financeiros e humanos - a
controle social no SUS, considerando as especificidades locais; melhor maneira de se adaptar às novas regras. A criação e a imple-
c) Estabelecer, parcerias com instituições e entidades locais, mentação de uma série de programas com a descentralização e a
para a realização do processo de educação permanente para o con- municipalização da saúde, permitiu a cada município, conhecedor
trole social no SUS, em conformidade com estas diretrizes; de seus problemas, agir de acordo com as suas necessidades.
d) Promover, com instituições e entidades, processo Os resultados da descentralização também não são homogêne-
de comunicação, informação e troca de experiências sobre os. São diversas as razões: dimensão continental do país, diferenças
educação permanente para o controle social no SUS; regionais e uma enorme quantidade de municípios existentes, mais
e) Viabilizar a realização de eventos sobre o controle social no de 5000, dos quais a maioria de pequeno porte. Segundo Gers-
SUS; e chman, “a implementação da política de saúde do SUS é marcada
f) garantir a participação de conselheiros de Saúde em eventos por procedimentos clientelísticos, patrimonialistas, associados ao
do controle social. tráfico de influências no exercício da política pública e muito arrai-
gados na cultura política e institucional”. Elementos que influencia-
Destaca-se que os processos autônomos de educação perma- ram e continuam influenciando nos resultados da descentralização.
nente para o controle social do SUS e a mobilização de represen- Dada a extensão do país e os diferentes “Brasis” existentes
tantes, por parte das entidades com participação no Conselho de dentro dele, são grandes as dificuldades de muitos municípios para
Saúde, devem ser reconhecidos e incentivados. assumir o novo modelo, uma vez que nossa tradição histórica está
ligada a um padrão centralizador administrativo e financeiro, em

79
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

que aqueles que estão fora do núcleo central quase não têm parti- Papel do estado na descentralização da saúde
cipação social no processo decisório. Para viabilizar o processo de O papel do estado no processo de descentralização é o de for-
descentralização, Silva explica que foram criadas três Normas Ope- mulação de políticas e programas, de orientação quanto às políticas
racionais (NO) no SUS durante a década de 90, NOB 91, NOB 93 e aos programas já existentes, e o comprometimento com a melho-
e NOB 96, que procuraram estabelecer critérios gerais no modelo ra na qualidade dos serviços prestados.
assistencial de saúde, incluindo seus aspectos organizacionais e fi- Porém, no processo de descentralização da saúde, a maioria
nanceiros. dos estados ainda é ausente. A grande maioria oferece pouco ou
A Norma Operacional Básica 96 (NOB 96), dividiu as condições nenhum empenho na organização e no desenvolvimento de áreas
em: Gestão Plena do Sistema Municipal, que incorpora a gestão de supramunicipais de saúde, e usam a prática de levar “seus doentes”
média e alta complexidade e Gestão Plena de Atenção Básica, onde para serem atendidos em cidades vizinhas, que acabam ficando so-
os municípios se responsabilizam pela gestão dos serviços básicos brecarregadas, uma prática que prejudica o atendimento dos mo-
de saúde. Para garantir a operalização desses novos procedimen- radores locais.
tos, em 1998 foi criado o Piso de Atenção Básica (PAB), no qual os A falta de investimento de muitos estados e municípios, prin-
recursos passaram a ser diretamente proporcionais ao número de cipalmente nas ações de prevenção, formação e desenvolvimento
habitantes do município, o que possibilitou uma maior estabilidade de capacitação de recursos humanos, levou vários municípios do
no planejamento das ações de saúde local. O PAB vem contribuindo país a enfrentarem verdadeiras epidemias, sem que seus hospitais
para a redução das disparidades regionais, conforme constataram estivessem preparados para receber os doentes. Um exemplo a ser
os pesquisadores do Nepp, em recente pesquisa. citado é o episódio da dengue, no qual a falta de estrutura para
agir na prevenção, mediante a eliminação do mosquito transmis-
O que melhorou com a descentralização sor, levou muitos lugares a um verdadeiro “estado” de calamidade
Em alguns municípios houve importantes avanços através de pública.
iniciativas da gestão municipal, que injetou recursos próprios e foi Porém, é preciso reconhecer que houve boas iniciativas, como
além das diretrizes estaduais e federais. Em outros, observa-se que a transferência automática de recursos aos municípios através do
as implementações de programas e experiências assistenciais são PAB, para pagamento por serviços prestados, a implementação de
formuladas exclusivamente no nível federal e são incorporadas pela programas de estratégia de saúde familiar PSF, PACS, e a regulamen-
gestão municipal, apenas como “uma forma de injetar recursos ex- tação dos planos e seguros privados de saúde, quando da criação da
ternos, principalmente federais, no município”, afirma Gerschman. Agência Nacional de Saúde Suplementar em 2000. A expansão do
Para a pesquisadora, com a descentralização, o sistema de saú- número de medicamentos genéricos, de custo mais baixo, a distri-
de melhorou na transferência dos recursos, que passou a ser direta buição gratuita de medicamentos básicos para a população carente
para estados e municípios, houve transferência de responsabilida- e o fortalecimento do programa governamental de combate à AIDS,
des e atribuições do nível federal fundamentalmente para o mu- que colocou o Brasil como referência Mundial, são outro avanços
nicipal. Houve também expansão e desconcentração da oferta de que merecem registro.
serviços, aumento da parte de alguns municípios no financiamento Gerschman conclui que, quanto aos estados, houve pouca par-
à saúde, criação de instâncias mais democráticas de participação ticipação no financiamento dos programas de saúde. No caso dos
da sociedade na implementação da política de saúde, formação de municípios, de maneira geral, houve maior adequação à definição
instâncias intergestoras de gestão entre estados e municípios, ex- constitucional.
pansão da atenção primária à saúde e mudança nas práticas assis-
tenciais da saúde mental.
ORGANIZAÇÃO DA ATENÇÃO BÁSICA NO SUS
Segundo Silva, alguns programas colocados em prática com a
descentralização já apresentam resultados positivos. “A meu ver, o
mais significativo deles é o Programa de Saúde da Família (PSF) que Política Nacional de Atenção Básica
está implantado em 60% dos municípios brasileiros e teve seu início Transcorridos 27 anos desde a promulgação das Leis nº 8.080
ligado ao Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS)”. e nº 8.142, de 1990, é possível dizer que, mesmo com dificuldades
A equipe do PSF é composta por um médico, um enfermeiro, e lacunas, foram as políticas direcionadas para o fortalecimento da
um auxiliar de enfermagem e agentes comunitários de saúde. Cada Atenção Primária à Saúde (APS) no Brasil que mais favoreceram a
equipe fica responsável pelo atendimento de um certo número de implantação dos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde
famílias, realizando consultas médicas, consultas de enfermagem, (SUS).
visitas domiciliares, acompanhamento de gestantes e nutrizes. Expressas por meio de documentos específicos, as Políticas Na-
Com a implantação PSF espera-se uma melhora nos indicadores de cionais de Atenção Básica (PNAB) tiveram papel fundamental nesse
saúde, como a redução da mortalidade infantil, melhora no aten- processo, permitindo inflexões importantes, principalmente no mo-
dimento pré-natal, maior número de atendimentos, diminuição do delo de atenção e na gestão do trabalho em saúde nos municípios.
número de internações. Um dos fatores fundamentais para o su- Isso ocorreu de modo articulado à introdução dos mecanismos de
cesso desse programa é o vínculo entre os profissionais da saúde financiamento que desempenharam papel indutor na sua adoção
e os atendidos, uma vez que, na grande maioria, além da carência como eixo estruturante da organização das ações e serviços de saú-
financeira, existe a carência afetiva e emocional. A contratação de de.
pessoas qualificadas é um dos grandes problemas enfrentados pelo Em setembro de 2017, foi publicada uma nova PNAB3, que sus-
programa. citou a crítica de organizações historicamente vinculadas à defesa
do SUS, como a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco),
o Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes) e a Escola Nacio-
nal de Saúde Pública (Ensp). Em nota conjunta, as três instituições

80
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

denunciaram, entre outras coisas, a revogação da prioridade dada publicada a PNAB, revisada em 2011, buscando preservar a centra-
à Estratégia Saúde da Família (ESF) na organização do SUS com a lidade da ESF para consolidar uma APS forte, ou seja, capaz de es-
provável perda de recursos para outras configurações da Atenção tender a cobertura, prover cuidados integrais e desenvolver a pro-
Básica (AB), em um contexto de retração do financiamento da moção da saúde, configurando-se como porta de entrada principal
saúde. Demonstraram preocupação com retrocessos em relação à do usuário no SUS e eixo de coordenação do cuidado e de ordena-
construção de uma APS integral, que vinha direcionando o modelo ção da Rede de Atenção à Saúde (RAS). Esse processo envolveu um
de AB baseado na ESF amplo escopo de ações, mobilizando instituições e sujeitos sociais
Este artigo teve como objetivo analisar as alterações nas dire- para responder aos desafios colocados para a formação de traba-
trizes da AB promovidas no texto da PNAB 2017, tomando como lhadores, a organização do processo de trabalho, as interações com
parâmetros a PNAB 2011 e os princípios da universalidade e da in- a comunidade, a compreensão do território e as relações entre os
tegralidade da atenção à saúde, na perspectiva de uma APS forte e entes federados.
de uma rede integrada de atenção à saúde no SUS. Os temas anali- Segundo Magalhães Júnior e Pinto, há, pelo menos, dois indica-
sados foram: a cobertura; a posição relativa da ESF; a configuração dores importantes da centralidade dada à PNAB no âmbito federal
das equipes; e a organização dos serviços. das políticas de saúde. São eles: o aumento superior a 100% dos
Inicialmente, foram identificados alguns marcos instituintes da recursos repassados aos municípios para o financiamento da AB,
AB no Brasil e suas contribuições para a configuração do SUS. Na entre 2010 e 2014; e a aplicação de recursos para a qualificação
sequência, procurou-se situar o contexto de formulação dessa nova e a ampliação da estrutura das unidades, por meio de um projeto
política e discutir prováveis riscos e retrocessos das alterações pro- específico, o Requalifica SUS, lançado em 2011.
postas para o SUS. Também em 2011, foi instituído o Programa Nacional de Me-
lhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB), que
Apontamentos sobre a trajetória da política de Atenção Bási- incorporou elementos da AMQ e ampliou as vertentes de avaliação,
ca no Brasil tendo como finalidade a certificação das EqSF. Esse Programa per-
Em 1994, a criação do Programa Saúde da Família (PSF) permi- mitiu vincular formas de transferência de recursos do PAB variável
tiu ampliar a cobertura em saúde, em um movimento inicialmente aos resultados provenientes da avaliação, constituindo-se em um
voltado apenas para a parte da população brasileira em situação mecanismo de indução de novas práticas.
social mais vulnerável. Configurou-se um modo de compor a equipe Em termos de cobertura, dados disponibilizados pelo Ministé-
e de organizar o processo de trabalho, com base territorial e res- rio da Saúde (MS) indicam que a ESF alcançava 58% da população,
ponsabilidade sanitária, referências sustentadas pelas sucessivas em outubro de 2017, e sabe-se que essa cobertura chegou a atin-
políticas. gir 100% em alguns municípios. Tudo isso mediante novos serviços,
Com a Norma Operacional Básica do SUS de 1996 (NOB/96), modalidades e arranjos de equipes multiprofissionais, com desta-
o PSF assumiu a condição de estratégia de reorientação da APS, que para as equipes ampliadas pela saúde bucal e pelos Núcleos
em substituição às modalidades tradicionais. A NOB/96 instituiu os de Apoio à Saúde da Família (Nasf). Mesmo reconhecendo a per-
componentes fixo e variável do Piso da Atenção Básica (PAB) e es- sistência de problemas no acesso, na qualidade e na continuida-
tabeleceu incentivos financeiros aos municípios que adotassem o de da atenção, diversos estudos sugerem avanços decorrentes das
Programa de Agentes Comunitários de Saúde (Pacs) e o PSF, tornan- políticas de APS na redução de internações evitáveis e dos gastos
do automática e regular a transferência de recursos federais para o hospitalares, e para a melhoria das condições de vida e saúde da
financiamento desses programas. população brasileira
Essa priorização teve repercussões concretas, e, em 1998, foi
estabelecido o primeiro Pacto de Indicadores da Atenção Básica, Notas sobre a conjuntura e o texto da Política Nacional de
processo que se renovou periodicamente por meio da negociação Atenção Básica 2017
intergestores de metas para a avaliação e o monitoramento da AB Presenciou-se, recentemente, a reorganização das forças políti-
no SUS. Desdobrou-se, também, em outros dispositivos de forta- cas conservadoras no Brasil, o que resultou no impedimento de Dil-
lecimento da AB, como, por exemplo, a criação do Sistema de In- ma Rousseff e na condução do seu vice Michel Temer à Presidência.
formação da Atenção Básica (Siab), também em 1998, substituindo Ao mesmo tempo, observa-se o rápido fortalecimento de uma pau-
o Sistema de Informação do Programa de Agente Comunitário de ta antidemocrática e autoritária, orientada para o aprofundamento
Saúde (Sipacs). da mercantilização dos direitos sociais brasileiros.
Ainda visando à reorientação do modelo de atenção, foi cria- Seguiu-se a aprovação de medidas ditas ‘racionalizantes’, sob a
do, em 2002, o Projeto de Expansão e Consolidação do Saúde da justificativa da necessidade de enfrentar o desequilíbrio fiscal, atri-
Família (Proesf), voltado para os municípios com mais de 100 mil buído ao descontrole das contas públicas decorrentes de ‘políticas
habitantes, explicitando a compreensão da saúde da família como paternalistas’, que teriam agravado a crise econômica. A orientação
uma estratégia viável não apenas nas pequenas cidades e no meio é modificar a destinação dos recursos do fundo público, limitando
rural, onde se implantou originalmente. No âmbito do Proesf, foi as políticas sociais, promovendo a redução da dimensão pública
criada, em 2005, a Avaliação para a Melhoria da Qualidade (AMQ), do Estado e ampliando a participação do setor privado. Do mesmo
que instituiu uma metodologia de avaliação em diversos níveis: ges- modo, opera-se uma ofensiva contra a classe trabalhadora, atingin-
tores, coordenadores, unidades de saúde e Equipes da Saúde da do conquistas fundamentais, como os direitos trabalhistas e previ-
Família (EqSF), com o propósito de qualificação da AB por meio da denciários. Trata-se de um conjunto de reformas supressoras de di-
avaliação. reitos sociais, em uma represália sem proporções ainda calculadas,
A agenda política de fortalecimento da APS por meio da ESF do capital contra o trabalho.
consolidou-se gradativamente e, em 2006, tornou-se uma das di-
mensões prioritárias do Pacto pela Vida. Naquele mesmo ano, foi

81
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Entre as alterações legislativas que viabilizam esse processo, maior presença do Estado, requerida para a continuidade do SUS
destaca-se a promulgação da Emenda Constitucional nº 95/2016, como projeto e da AB como estratégia principal para a garantia da
conhecida como a emenda do ‘Teto dos Gastos’, que congela por 20 saúde como direito universal.
anos a destinação de recursos públicos e produz efeitos nas diver- Feitas essas considerações mais gerais, apresenta-se a discus-
sas políticas, especificamente no financiamento do SUS. são de elementos específicos presentes na nova PNAB, inventarian-
Essas medidas incidem sobre uma relação frágil entre o SUS e do os riscos potenciais detectados para o SUS e seus princípios.
a sociedade brasileira, e caminham em paralelo ao fortalecimen-
to ideológico do setor privado como alternativa de qualidade para Relativização da cobertura
o atendimento das necessidades de saúde. Conforma-se, assim, o Como ressaltado, a universalidade é um princípio estruturante
terreno propício para dar prosseguimento à desconstrução do SUS, da atenção à saúde no âmbito do SUS, que, aliada à integralida-
cujo financiamento jamais alcançou um patamar de suficiência e es- de, tem distinguido a PNAB de conformações simplificadas e foca-
tabilidade, ao passo que as empresas privadas de planos de saúde lizantes de APS. Baseadas nesses princípios, as PNAB 2006 e 2011
sempre foram objeto de fortalecimento, por meio da destinação de vinham projetando a expansão da ESF, nas duas últimas décadas.
incentivos financeiros contínuos. Considerando este movimento, o tema da cobertura da AB desta-
Nessa conjuntura, as tendências que orientavam a revisão da ca-se como um importante indicador da intencionalidade da PNAB
PNAB 2011 já vinham sendo anunciadas, pelo menos, desde outu- 2017.
bro de 2016, quando foi realizado o VII Fórum Nacional de Gestão Retrospectivamente, percebe-se que, entre os itens necessá-
da Atenção Básica, cujos indicativos para tal revisão foram publi- rios à implantação da ESF nas PNAB 2006 e 2011, encontrava-se
cados em um documento-síntese. Ali, já se apresentava uma pers- uma única referência à cobertura universal. Ela se construiu de for-
pectiva regressiva, especialmente preocupante, considerando-se a ma mediada, representada pela relação entre o número previsto de
correlação de forças muito desfavorável aos que defendem a saúde Agentes Comunitários de Saúde (ACS) por equipe e a cobertura de
como um direito universal. 100% da população cadastrada. Nessas PNAB, constava que, para a
Desde então, as notícias sobre a revisão da PNAB foram se in- implantação de EqSF, seria necessário um número de ACS suficien-
tensificando, mas sua produção foi pouco divulgada oficialmente e te para cobrir 100% da população cadastrada, com um máximo de
sua discussão manteve-se em espaços restritos, como a Comissão 750 pessoas por ACS e de 12 ACS por EqSF. A PNAB 2011 acrescen-
Intergestores Tripartite (CIT) e as reuniões entre os técnicos do MS. tou o alerta de que não se deveria ultrapassar o limite máximo de
Em 27 de julho de 2017, o texto preliminar foi apresentado na CIT moradores vinculados a cada equipe, evidenciando a preocupação
e encaminhado para consulta pública por dez dias. Apesar do cur- com as condições que poderiam diretamente afetar a qualidade da
to prazo, a consulta recebeu mais de 6 mil contribuições, sem que atenção.
tenham gerado, entretanto, mudanças expressivas no texto origi- No texto da PNAB 2017, anterior à consulta pública, não há
nal ou tenham sido divulgados os seus resultados. A nova PNAB foi nenhuma referência à cobertura universal. A referência a 100% de
aprovada em 30 de agosto de 2017, pouco mais de um mês após cobertura é retomada no texto publicado, porém restrita a certas
tornar-se oficialmente pública. Uma característica marcante do tex- áreas:
to da nova PNAB é a explicitação de alternativas para a configuração Em áreas de risco e vulnerabilidade social, incluindo de gran-
e implementação da AB, traduzindo-se em uma pretensa flexibilida- de dispersão territorial, o número de ACS deve ser suficiente para
de, sustentada pelo argumento da necessidade de atender especi- cobrir 100% da população, com um máximo de 750 pessoas por
ficidades locorregionais. agente, considerando critérios epidemiológicos e socioeconômicos.
Supostamente, amplia-se a liberdade de escolha dos gestores A flexibilização da cobertura populacional está relacionada
do SUS, o que poderia ser visto como positivo por responder às de- também aos parâmetros da relação equipe/população apresen-
mandas de um processo de descentralização mais efetivo. Entretan- tados no item ‘Funcionamento’. Ali se lê que a população adscrita
to, esse processo só se completaria com a transferência de recur- recomendada por equipe de AB e EqSF é de 2 mil a 3,5 mil pessoas.
sos necessários à autonomia de gestão pelos municípios, e com os Entretanto, neste mesmo item, de acordo com as especificidades
mecanismos de controle social e participação popular. A presente do território, prevê-se também a possibilidade de “outros arranjos
análise não valida o raciocínio otimista, justamente porque é fruto de adscrição”3(70), com parâmetros populacionais diferentes, que
de uma leitura informada pela atual conjuntura, que indica limites podem ter alcance “maior ou menor do que o parâmetro recomen-
rigorosos, a partir dos quais essa política e suas possibilidades se dado” 3(70). A decisão a esse respeito fica a cargo do gestor muni-
realizarão. cipal, em conjunto com a equipe de AB e o Conselho Municipal ou
Pode-se dizer que o discurso da PNAB se constrói de modo am- Local de Saúde, com a ressalva de que fica assegurada a qualidade
bivalente, incorporando verbos como sugerir e recomendar, que do cuidado.
retiram o caráter indutor e propositivo da política e expressam a Na PNAB 2011 havia a seguinte indicação: “quanto maior o
desconstrução de um compromisso com a expansão da saúde da fa- grau de vulnerabilidade, menor deverá ser a quantidade de pessoas
mília e do sistema público. Entende-se, ainda, que essa estrutura de por equipe”2(55). Segundo essa redação, o critério de flexibilização
texto tem o propósito de blindá-lo à crítica, tornando suas propo- de parâmetros populacionais apontava claramente a intenção de
sições de mais fácil assimilação, afinal, a partir do que está escrito, favorecer aqueles que apresentassem maior necessidade de aten-
diversas opções seriam possíveis. Esta ambivalência é um recurso ção. O mesmo não pode ser dito em relação à nova PNAB, que, mais
que permite omitir escolhas prévias (ideológicas), que parecem de- uma vez, se descompromete a adotar parâmetros que favoreçam
terminar o processo de revisão da PNAB no momento político atual. um processo de atenção progressivamente mais qualificado. Ao
Tais escolhas remetem a uma concepção de Estado afinada com a desconsiderar a relação entre quantidade e qualidade, a afirmação
racionalidade neoliberal, que aponta para o sentido inverso a uma de que deve ser assegurada a qualidade do cuidado torna-se mera
retórica.

82
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A cobertura é igualmente relativizada por meio da indefinição modo de consentir com o aprofundamento das desigualdades e a
do número de ACS, uma vez que a PNAB 2017 indica que o número segmentação do acesso e do cuidado que marcam a APS em diver-
de ACS por equipe deverá ser definido de acordo com base popu- sos países da América Latina, como apontam Giovanella et al.
lacional (critérios demográficos, epidemiológicos e socioeconômi- O risco colocado, pela diferenciação entre os serviços ‘essen-
cos), conforme legislação vigente. ciais’ e ‘ampliados’, é de que se retome a lógica da seletividade
Deste modo, pode-se compor equipes com apenas um ACS. com diretrizes que reforcem a segmentação e a fragmentação dos
Quando uma política, simultaneamente, torna indefinido o número serviços e das ações de saúde no SUS, a partir da APS. Segundo
de ACS por equipes e flexibiliza os parâmetros de cobertura, refor- Conill, Fausto e Giovanella, a segmentação e a fragmentação são
ça-se o risco de serem recompostas barreiras ao acesso à saúde de categorias fundamentais para a compreensão dos problemas dos
parte da população. Lembre-se, aqui, que o ACS é um trabalhador sistemas de saúde. Estão relacionadas à garantia dos direitos sociais
que deveria ser o ‘elo’ entre os serviços de saúde e a população, e são muito sensíveis aos problemas de financiamento público, com
contribuindo para facilitar o acesso e proporcionar uma relação efeitos restritivos às possibilidades de acesso aos demais níveis de
estável e contínua entre a população e os serviços de APS. Tal for- atenção e à constituição de redes integradas de atenção à saúde.
mulação compromete, também, um conjunto de processos já insti- A segmentação propugnada pela PNAB deve ser examinada de
tuídos na ESF, que se estruturam por meio da presença constante modo articulado à racionalidade, aos interesses e à perspectiva de
de um trabalhador da saúde no território. Entre esses processos, sistema de saúde enunciada pelo atual ministro da saúde, Ricardo
destacam-se a escuta e a percepção de problemas e necessidades Barros, segundo a qual seria desejável compreender os setores pú-
que poderiam ser invisíveis aos serviços, bem como a identificação blico e privado suplementar como partes de um todo único. Neste
e a criação de possibilidades de intervenção, dadas a partir de seus sentido, ampliam-se as condições para que a saúde suplementar
conhecimentos sobre a dinâmica da vida no território. passe a integrar o sistema de serviços de saúde, desta vez direta-
Essas alterações articuladas abrem um precedente inédito na mente impulsionado pelo desenho das políticas públicas.
história da PNAB, que desestabiliza o compromisso da política com A base argumentativa para a segmentação do cuidado, na nova
a universalidade da atenção à saúde no SUS. PNAB, deturpa a ideia de especificidades territoriais que antes jus-
tificavam e davam consistência ao princípio da equidade, este que
A segmentação do cuidado: padrões essenciais e ampliados remete à obrigação ético-política de se estabelecerem parâmetros
de serviços e processos visando à superação de desigualdades historicamen-
Pode-se dizer que, além da universalidade, outro princípio com te produzidas na sociedade brasileira, de modo a revelar e inter-
o qual a PNAB 2017 se descompromete é o da integralidade. Isto se ferir sobre as condições que as produzem. Contrariamente, esta
dá, principalmente, por meio da definição de padrões diferenciados segmentação do cuidado traz as bases para o desenvolvimento de
de ações e cuidados para a AB, novamente, sob o argumento das um SUS seletivo, que universaliza mínimos e estratifica padrões de
condições ou especificidades locais. Estes padrões distinguem-se atenção, justificados por situações precárias, cuja superação não
entre ‘essenciais’ e ‘ampliados’. está no horizonte de compromissos das políticas públicas projeta-
Os padrões essenciais são ‘as ações e os procedimentos bá- das no atual contexto. São sentidos opostos de utilização de uma
sicos’, que deveriam ser garantidos pelas equipes em todo o País. noção - o território - que se fortaleceu no processo de consolidação
Embora sejam apresentados como condições básicas de acesso à da saúde da família como estratégia de ordenamento da AB no Bra-
atenção à saúde, e de qualidade do cuidado oferecido, a própria sil. Daí, o seu apelo positivo. Mais uma vez, trata-se da apropriação
segmentação os remete à ideia de mínimos. Assim, o termo ‘básico’ e ressignificação negativa de uma ideia-chave para os defensores da
se esvazia do sentido que é tão caro a alguns autores da literatura APS forte, que contribui para confundir o leitor quanto às intenções
sobre APS no Brasil, isto é, como distintivo do compromisso da AB, da nova PNAB.
de ser o primeiro nível de acesso a um sistema universal, que abran- Entretanto, a desconstrução do compromisso com a univer-
ge uma rede integral e complementar de atenção à saúde, capaz de salidade e com a integralidade parece fazer parte de um quadro
resolver 80% dos problemas de saúde da população. mais amplo, que não nos permite ilusões. O horizonte imediato do
Os padrões ampliados correspondem a ações e procedimentos setor da saúde, na perspectiva das forças políticas hegemônicas, re-
considerados estratégicos para se avançar e alcançar padrões eleva- vela-se em uma fala proferida pelo ministro Barros sobre o tema
dos de acesso e qualidade na AB, considerando as especificidades ‘Gestão transformadora para a saúde pública’, em um encontro com
locais e decisão da gestão. líderes empresariais ocorrido em 2016:
Entretanto, tais padrões são apenas recomendados. A PNAB Queremos mais recursos para a saúde e, como estamos nessa
projeta um compromisso que se limita aos padrões essenciais, que, crise fiscal, se tivermos planos acessíveis com modelos de que a
como já advertido, tendem a se configurar em torno de cuidados sociedade deseje participar, teremos R$ 20 [bilhões] ou R$ 30 bi-
mínimos, recuperando a concepção de APS seletiva. lhões a mais de recursos, que serão colocados para atendimento de
Não há nenhum conteúdo especificado que possibilite conhe- saúde. Isso vai aliviar nosso sistema, que está congestionado20(1).
cer e analisar a que corresponderiam tais padrões. Não se sabe Com o intuito de viabilizar esse propósito, o MS criou um Gru-
quais procedimentos e ações integram o padrão básico e, portanto, po de Trabalho (GT) para elaborar um projeto que possibilite a ofer-
mantém-se a incerteza sobre a capacidade de esse padrão atender ta de planos de saúde com número de serviços inferior ao definido
as necessidades de saúde que deveriam ser contempladas na APS. como cobertura mínima pela Agência Nacional de Saúde Suplemen-
Em relação ao padrão ampliado, cabe questionar: existem ações e tar (ANS). A adesão a esses planos ‘populares’ de saúde - entendi-
cuidados que integram a AB hoje, e que podem ser negligenciados dos aqui como simplificados - seria voluntária.
a ponto de constituírem um padrão opcional, ou seja, apenas re- Como se gera a ‘adesão voluntária’ ao setor privado? A res-
comendável? A análise empreendida conclui o inverso. Este é um posta que esta reflexão busca oferecer pode parecer óbvia ou re-
dundante: se produz adesão ao setor privado por exclusão do setor

83
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

público. Entretanto, não é óbvio compreender que a exclusão do 2011. Esta alteração retoma condições estabelecidas desde a im-
setor público deve ser ativamente produzida e se faz por meio da plantação do PSF, que são consideradas positivas para favorecer o
restrição ao acesso, associada à baixa qualidade dos serviços. É esta vínculo entre profissional e usuário, e potencializar a responsabili-
combinação que acarreta a evasão de parte das classes populares dade sanitária das equipes e a continuidade do cuidado. Entretanto,
ou a não adesão da classe média ao SUS. sabe-se que a flexibilização da carga horária dos médicos de 40 para
Compreende-se que estão em curso três eixos de ação: 20 horas buscava equacionar a dificuldade de fixação desse profis-
a) definir padrões mínimos e ampliados para a AB; sional nas equipes, um problema que persiste.
b) estabelecer uma “regulação que permita menos cobertura Diferentemente do que é previsto para a ESF, a carga horária
e menos custo; e projetada para as equipes de AB (médico, enfermeiro, auxiliar ou
c) colocar no mercado planos baseados na oferta de um rol mí- técnico de enfermagem) deve atender às seguintes orientações: a
nimo do mínimo de serviços. soma da carga horária, por categoria, deve ser, no mínimo, de 40
horas; a carga horária mínima de cada profissional deve ser de 10
Articuladas, estas ações integram um processo que, pela exclu- horas; o número máximo de profissionais por categoria deve ser
são do SUS, pode gerar clientela para os planos privados e viabilizar três.
planos incapazes de atender às necessidades de saúde. Neste cená- Operacionalmente, são inúmeros os arranjos possíveis para a
rio, a nova PNAB tende a servir como plataforma para o avanço de composição das equipes de AB. Para fins de ilustração, uma equi-
políticas que aprofundem tais possibilidades. pe pode ser composta por três médicos, dos quais dois devam ter
A naturalização da ingerência do setor privado no SUS, expressa cargas horárias de 20 horas e um de 10 horas; três enfermeiros,
por pensamentos tais como ‘isso já acontece’, contribui para ofus- com 40 horas cada; um auxiliar ou técnico de enfermagem, com 40
car o fato de que a AB vinha se constituindo como um contraponto horas; e nenhum ACS. Isto significa que, pelo menos, três fatores
a essa realidade. Uma vez sustentado o movimento de expansão tornam mais atraente a composição de equipes no modelo de AB
e qualificação da ESF, a AB tenderia a concretizar, a médio e lon- tradicional: contam com menos profissionais do que a ESF e, por-
go prazo, a experiência do acesso à atenção à saúde, efetivamente tanto, podem ter um custo mais baixo; são mais fáceis de organizar,
pública. Esta é a aposta que está sendo suspensa ou interrompida. em função da flexibilidade da carga horária; e, agora, são também
financeiramente apoiadas. É importante relembrar que a referência
O reposicionamento da Estratégia Saúde da Família e a reto- de população coberta também foi flexibilizada.
mada da Atenção Básica tradicional Embora essas alterações possam ser lidas como meros instru-
Em relação ao papel da ESF, o texto da PNAB 2017 apresenta mentos de gestão, visando à redução de custos, cabe questionar,
uma posição, no mínimo, ambígua. Ao mesmo tempo em que man- ainda, os seus possíveis efeitos sobre o modelo de atenção à saúde.
tém a ESF como prioritária no discurso, admite e incentiva outras Tal formatação de equipes tende a fortalecer a presença de profis-
estratégias de organização da AB, nos diferentes territórios: sionais cuja formação permanece fortemente orientada pelo mo-
Art. 4º - A PNAB tem na saúde da família sua estratégia prioritá- delo biomédico, curativo e de controle de riscos individuais. Neste
ria para expansão e consolidação da Atenção Básica. Contudo, reco- sentido, antes mesmo que a ESF tenha avançado significativamente
nhece outras estratégias de organização da Atenção Básica nos ter- na transformação do modelo de atenção, a PNAB 2017 representa
ritórios, que devem seguir os princípios, fundamentos e diretrizes uma regressão em relação a esse propósito, criando as condições
da Atenção Básica e do SUS descritos nesta portaria, configurando para a expansão da AB tradicional e fortalecendo o binômio quei-
um processo progressivo e singular que considera e inclui as espe- xa-conduta.
cificidades locorregionais, ressaltando a dinamicidade do território. Integração das atribuições ou fusão dos Agentes Comunitá-
Essa ambiguidade torna-se mais visível quando se analisam, rios de Saúde e dos Agentes de Combate às Endemias?
em conjunto, certos elementos dessa política. Destacam-se, prin- Desde a realização do já mencionado VII Fórum de Gestão da
cipalmente, alterações nas regras de composição profissional e de Atenção Básica, em outubro de 2016, pelo MS, com o propósito de
distribuição da carga horária dos trabalhadores nas equipes de AB. produzir subsídios para a revisão da PNAB, tem circulado a ideia de
A presença dos ACS não é requerida na composição mínima das fundir as atribuições dos ACS e dos Agentes de Combate às Ende-
equipes de AB, diferentemente do que acontece na ESF. Conside- mias (ACE), tornando-os um único tipo de profissional.
rando as recentes conquistas desses trabalhadores, em relação aos A PNAB 2017 desenvolve a materialização dessa ideia e afirma
vínculos empregatícios e à definição do piso salarial da categoria, que “as atividades específicas dos agentes de saúde (ACS e ACE)
entende-se que esta é uma possibilidade que desonera financeira- devem ser integradas sob o argumento da necessidade de união
mente a gestão municipal, tornando-se extremamente atraente no entre a AB e a vigilância em saúde, visando ao sucesso das ações
contexto de redução de recursos já vivenciado, e cujo agravamento desenvolvidas nos territórios. Em seguida, define as atribuições que
é previsto. devem ser comuns a ambos os agentes e as atribuições específicas
A presença desse trabalhador e a continuidade, com regulari- de cada um.
dade, das ações por ele desempenhadas nunca estiveram tão em Nessa distribuição, percebem-se três movimentos. O primeiro
risco. O prejuízo recai principalmente sobre as ações educativas e é a inclusão, na lista de atribuições comuns aos ACS e aos ACE, das
de promoção da saúde, pautadas pela concepção da determinação atividades historicamente destinadas aos ACS, tais como: o desen-
social do processo saúde-doença e da clínica ampliada, que confi- volvimento de ações de promoção da saúde e prevenção de agravos
guram bases importantes para a reestruturação do modelo de aten- e riscos; a realização de visitas domiciliares periódicas para o mo-
ção à saúde. nitoramento da situação de saúde das pessoas; a identificação e o
Em relação à carga horária, determina-se o retorno da obriga- registro de situações de risco à saúde; e a orientação, a informação
toriedade de 40 horas para todos os profissionais da ESF, inclusi- e a mobilização da comunidade. O segundo movimento é a predo-
ve os médicos, cuja carga horária havia sido flexibilizada na PNAB minância, na lista das atribuições específicas dos ACS, de atividades

84
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

de produção e registro de uma série de dados e informações pelas de valorização diferenciada da ESF em relação às chamadas equipes
quais somente este trabalhador é responsável. O terceiro corres- de AB, para as quais, anteriormente, não eram destinados esses re-
ponde à manutenção do trabalho atualmente já desenvolvido pelos cursos.
ACE na lista das atribuições específicas desse trabalhador. O fato é que passa a ser facultada à gestão municipal a possibi-
Em síntese, o ACE preserva a responsabilidade sobre práticas lidade de compor equipes de AB, de acordo com as características
tradicionalmente associadas ao seu trabalho, mas sofre um acrés- e as necessidades do município. Mais uma vez, aparece o recur-
cimo em suas tarefas ao incorporar as atividades hoje atribuídas so às especificidades locais como justificativa para a flexibilização
aos ACS. Estes, por sua vez, sofrem uma descaracterização do seu do modelo de AB. No discurso dos gestores, a abertura de ‘novas’
trabalho, que já vem sendo esvaziado das ações de educação em possibilidades de financiamento e organização da AB tem sido va-
saúde, em virtude da priorização de atividades associadas às ‘linhas lorizada quase como um reparo às supostas ‘injustiças’ cometidas
de cuidado’, que têm assumido um foco na prevenção de doenças, contra as formas tradicionais de configuração da AB. O MS justifica
assim destinando a esses trabalhadores ações mais pontuais. as mudanças alegando que as regras praticadas nas PNAB anterio-
É preciso também considerar o quanto a integração entre esses res acarretaram um desfinanciamento de parte dos serviços de AB
profissionais estaria mais a serviço do corte de custos, pela diminui- existentes no País.
ção de postos de trabalho, do que do aprimoramento do proces- Entretanto, esses argumentos mostram-se falaciosos na medi-
so de trabalho e do aumento da eficiência das EqSF. Um resultado da em que suprimem do debate as análises que mostram os impac-
provável para esta relação será uma intensificação ainda maior do tos positivos da adoção e expansão da ESF nas condições de vida
trabalho dos agentes que restarem nas equipes. e saúde da população. Também não levam em consideração que
Ainda que se concorde com a necessidade de aproximação e as especificidades locorregionais já eram objeto das PNAB anterio-
de articulação entre os campos da vigilância e da atenção à saúde, res e de incentivos financeiros vigentes, sendo possível observar a
isto não se resume à fusão de seus agentes. Enquanto ainda não se adoção de adaptações ao modelo preconizado pela ESF em vários
efetivaram esforços suficientes para se alcançar a integração dos municípios do País. Além disto, tais mudanças acabam por favore-
ACE nas EqSF, conforme estabelecido pela PNAB de 20112, proje- cer as capitais e os centros urbanos metropolitanos, que aderiram
ta-se um processo de trabalho que desconsidera as especificidades à ESF de modo tardio e apresentam menor cobertura. Isso poderá
dessas áreas técnicas e suas respectivas políticas. Além disto, não se acarretar um redirecionamento de recursos para regiões mais de-
desenvolvem pontos de integração no planejamento do trabalho e senvolvidas e com maior capacidade de arrecadação de tributos,
da formação, nem projetos de ação conjunta entre esses trabalha- comprometendo os avanços alocativos do setor.
dores, nos territórios e nas unidades de saúde. Por fim, mais uma vez, chama a atenção a ausência de uma
análise contextualizada sobre o impacto das mudanças que estão
Fragilização da coordenação nacional no pacto federativo da sendo propostas na PNAB 2017, e que serão implementadas nos
saúde próximos anos. A liberdade e a maior autonomia requeridas pelos
O SUS possui caráter nacional e universal, e integra um con- gestores locais se inserem em uma conjuntura de ameaças aos di-
junto amplo de ações que devem ser organizadas em uma rede reitos sociais, e de forte restrição fiscal e orçamentária, com agra-
descentralizada, regionalizada e hierarquizada de serviços. Vários vamento da situação de subfinanciamento do SUS. Esse contexto
aspectos influenciam a implantação deste modelo, entre eles, as condicionará as escolhas políticas, ampliando as dificuldades locor-
características da federação brasileira, que se distingue pelo re- regionais para a manutenção de serviços de AB frente aos custos
conhecimento dos municípios como entes autônomos a partir da elevados da atenção de média e alta complexidade no SUS. A escas-
Constituição de 1988. Tais municípios (5.570, no total) são muito sez de recursos públicos disponíveis para a saúde também tenderá
desiguais entre si e, em sua maioria (cerca de 90%), possuem pe- a aumentar as disputas redistributivas, favorecendo a influência de
queno ou médio porte populacional e limitadas condições político- interesses particulares nas decisões alocativas do setor, a implan-
-institucionais para assumirem as responsabilidades sobre a gestão tação de planos privados de cobertura restrita e de modelos alter-
das políticas de saúde que lhes são atribuídas. nativos à ESF, com resultados duvidosos para a organização da AB.
Diversos foram os esforços empreendidos na trajetória de im- Desde o início dos anos 1990, para grande parte da população
plantação do SUS para lidar com as tensões do federalismo brasi- brasileira, a AB tem sido a face mais notável de um sistema de saú-
leiro. As políticas direcionadas para o fortalecimento da ESF per- de orientado por princípios de universalidade, integralidade e equi-
mitiram a consolidação do papel coordenador da União no pacto dade. Confrontada com tendências que priorizam programas foca-
federativo da saúde. Normas e incentivos financeiros federais fa- lizantes e compensatórios, mais afeitos à racionalidade neoliberal
voreceram a implantação das políticas pelos municípios, com des- hegemônica, a ESF tem se configurado como meio de expansão do
concentração de serviços no território e consolidação da ESF como acesso e de realização do direito à saúde.
referência nacional para organização da AB no SUS. Essas políticas Alçada à condição de estratégia de reorientação do modelo de
também possibilitaram uma redistribuição não desprezível de re- atenção à saúde, tem ainda um longo caminho a percorrer e obstá-
cursos financeiros, com privilegiamento de municípios situados em culos a ultrapassar, antes que seja alcançado o objetivo de efetivar
regiões mais carentes, mesmo em um contexto de dificuldades de uma clínica ampliada, que articule diferentes saberes, trabalhado-
financiamento da saúde. res e setores da política pública, de modo a compreender e enfren-
A nova PNAB, ao flexibilizar o modelo de atenção e do uso dos tar os determinantes sociais do processo saúde-doença.
recursos transferidos por meio do PAB variável, fragiliza o poder de Há muito a ser reorganizado e modificado em função dos re-
regulação e indução nacional exercido pelo MS, responsável por sultados das pesquisas e das avaliações realizadas sobre a AB. A
avanços significativos no processo de descentralização do SUS. No qualificação de trabalhadores de todos os níveis de formação que
que tange ao financiamento, ressalta-se a ausência de mecanismos compõem as EqSF, visando ao trabalho baseado no território; a in-
tegração entre prevenção, atenção e promoção da saúde; a organi-

85
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

zação de processos de trabalho mais democráticos e participativos, Considerando a Lei nº 8.080, de 19 de setembro 1990, que dis-
nos quais os trabalhadores tenham papel importante no planeja- põe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação
mento das ações, na definição e discussão das metas e prioridades da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspon-
das equipes; a gestão pública do trabalho e dos serviços de AB; e a dentes, e dá outras providências, considerando:
regularização dos vínculos contratuais são questões que precisam Considerando a experiência acumulada do Controle Social da
ser priorizadas. Saúde à necessidade de aprimoramento do Controle Social da Saú-
Entretanto, as modificações introduzidas na PNAB 2017 apon- de no âmbito nacional e as reiteradas demandas dos Conselhos Es-
tam para outra direção. Em um breve inventário, destacam-se al- taduais e Municipais referentes às propostas de composição, orga-
guns mecanismos da nova política que promovem a relativização da nização e funcionamento, conforme o art. 1º, § 2º, da Lei nº 8.142,
cobertura universal, a definição de padrões distintos de serviços, a de 28 de dezembro de 1990;
recomposição das equipes e a reorganização do processo de traba- Considerando a Portaria nº 971/GM/MS, de 3 de maio de 2006,
lho na AB, entre outras mudanças importantes, que também devem que aprova a Política Nacional de Práticas Integrativas e Comple-
ser consideradas. A revisão empreendida atinge principalmente as mentares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde;
conquistas alcançadas pela ESF e os processos em curso, que pavi- Considerando a Portaria nº 2.715/GM/MS, de 17 de novembro
mentam caminhos para se concretizar uma APS forte, parte funda- de 2011, que atualiza a Política Nacional de Alimentação e Nutrição;
mental de redes de atenção em um sistema universal de atenção Considerando a Portaria Interministerial Nº 1, de 2 de janeiro
integral à saúde. de 2014, que institui a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde
Em nome de uma suposta maior autonomia dos municípios, das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP) no
o MS renuncia à sua responsabilidade de coordenação e indução âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS);
de bases nacionais para a PNAB, fato bastante arriscado em um Considerando as Diretrizes da Política Nacional de Saúde Bucal;
país com realidades locorregionais tão distintas e com um processo Considerando a Lei nº 12.871, de 22 de outubro de 2013, que
de descentralização que carece de aprimoramentos. São particu- Institui o Programa Mais Médicos, alterando a Lei no 8.745, de 9 de
larmente preocupantes as consequências do possível descompro- dezembro de 1993, e a Lei no 6.932, de 7 de julho de 1981;
misso dos gestores com a oferta universal dos serviços de AB; a Considerando o Decreto nº 7.508, de 21 de junho de 2011, que
segmentação do acesso ao cuidado; a desvinculação das equipes regulamenta a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, para dispor
dos territórios; e a desqualificação do trabalho de ACS e ACE, acen- sobre a organização do Sistema Único de Saúde - SUS, o planeja-
tuando o caráter utilitarista de suas atividades e o reforço à privati- mento da saúde, a assistência à saúde, e a articulação interfede-
zação. Estas questões articuladas agravam o risco de desassistência rativa;
de parte significativa da população, e de perda na qualidade dos Considerando a Portaria nº 204/GM/MS, de 29 de janeiro de
serviços da AB. Tais ameaças tornam-se especialmente graves em 2007, que regulamenta o financiamento e a transferência de recur-
um momento de ruptura das relações e instituições democráticas, sos federais para as ações e serviços de saúde, na forma de blocos
e de naturalização de um processo crescente de subtração de direi- de financiamento, com respectivo monitoramento e controle;
tos e aprofundamento da desigualdade. Consolida-se um processo Considerando a Portaria nº 687, de 30 de março de 2006, que
anticivilizatório do capital, que precisa mercantilizar cada vez mais aprova a Política de Promoção da Saúde;
espaços de produção e reprodução da vida humana. Desassistir fra- Considerando a Portaria nº 4.279, de 30 de dezembro de 2010,
ções da classe trabalhadora com alguma capacidade de comprar que estabelece diretrizes para a organização da Rede de Aten- ção à
serviços de saúde - como parece ser o horizonte desenhado pela Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS);
PNAB 2017 - significa que o Estado brasileiro atua, mais uma vez, Considerando a Resolução CIT Nº 21, de 27 de julho de 2017
em favor da ampliação da participação do setor privado na saúde, Consulta Pública sobre a proposta de revisão da Política Nacional de
em detrimento de um sistema que nunca pôde ser inteiramente Atenção Básica (PNAB). agosto de 2017; e
público. Considerando a pactuação na Reunião da Comissão Intergesto-
Em contraposição, como projeto de luta e transformação, de- res Tripartite do dia 31 de agosto de 2017, resolve:
fende-se que os princípios do SUS, democraticamente constituídos Art. 1º Esta Portaria aprova a Política Nacional de Atenção Bási-
e legalmente estabelecidos, deveriam ser tomados como valores ca - PNAB, com vistas à revisão da regulamentação de implantação
éticos, que precedem e orientam a reconfiguração das políticas de e operacionalização vigentes, no âmbito do Sistema Único de Saúde
saúde. Portanto, não devem e não podem ser transgredidos ou se- - SUS, estabelecendo-se as diretrizes para a organização do compo-
quer flexibilizados, seja em função da tão aludida crise econômica nente Atenção Básica, na Rede de Atenção à Saúde - RAS.
vigente, muito menos em atenção às necessidades do mercado. Parágrafo único. A Política Nacional de Atenção Básica consi-
dera os termos Atenção Básica - AB e Atenção Primária à Saúde -
PORTARIA Nº 2.436, DE 21 DE SETEMBRO DE 2017 APS, nas atuais concepções, como termos equivalentes, de forma
a associar a ambas os princípios e as diretrizes definidas neste do-
Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a cumento.
revisão de diretrizes para a organização da Atenção Básica, no Art. 2º A Atenção Básica é o conjunto de ações de saúde indi-
âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). viduais, familiares e coletivas que envolvem promoção, prevenção,
proteção, diagnóstico, tratamento, reabilitação, redução de danos,
O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso das atribuições que cuidados paliativos e vigilância em saúde, desenvolvida por meio de
lhe conferem os incisos I e II do parágrafo único do art. 87 da Cons- práticas de cuidado integrado e gestão qualificada, realizada com
tituição, e equipe multiprofissional e dirigida à população em território defini-
do, sobre as quais as equipes assumem responsabilidade sanitária.

86
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§1º A Atenção Básica será a principal porta de entrada e centro II - apoiar e estimular a adoção da Estratégia Saúde da Família
de comunicação da RAS, coordenadora do cuidado e ordenadora - ESF como estratégia prioritária de expansão, consolidação e quali-
das ações e serviços disponibilizados na rede. ficação da Atenção Básica;
§ 2º A Atenção Básica será ofertada integralmente e gratui- III - garantir a infraestrutura adequada e com boas condições
tamente a todas as pessoas, de acordo com suas necessidades e para o funcionamento das UBS, garantindo espaço, mobiliário e
demandas do território, considerando os determinantes e condicio- equipamentos, além de acessibilidade de pessoas com deficiência,
nantes de saúde. de acordo com as normas vigentes;
§ 3º É proibida qualquer exclusão baseada em idade, gênero, IV - contribuir com o financiamento tripartite para fortaleci-
raça/cor, etnia, crença, nacionalidade, orientação sexual, identida- mento da Atenção Básica;
de de gênero, estado de saúde, condição socioeconômica, escolari- V - assegurar ao usuário o acesso universal, equânime e orde-
dade, limitação física, intelectual, funcional e outras. nado às ações e serviços de saúde do SUS, além de outras atribui-
§ 4º Para o cumprimento do previsto no § 3º, serão adotadas ções que venham a ser pactuadas pelas Comissões Intergestores;
estratégias que permitam minimizar desigualdades/iniquidades, de VI - estabelecer, nos respectivos Planos Municipais, Estaduais e
modo a evitar exclusão social de grupos que possam vir a sofrer Nacional de Saúde, prioridades, estratégias e metas para a organi-
estigmatização ou discriminação, de maneira que impacte na auto- zação da Atenção Básica;
nomia e na situação de saúde. VII -desenvolver mecanismos técnicos e estratégias organiza-
Art. 3º São Princípios e Diretrizes do SUS e da RAS a serem ope- cionais de qualificação da força de trabalho para gestão e atenção
racionalizados na Atenção Básica: à saúde, estimular e viabilizar a formação, educação permanente e
I - Princípios: continuada dos profissionais, garantir direitos trabalhistas e previ-
a) Universalidade; denciários, qualificar os vínculos de trabalho e implantar carreiras
b) Equidade; e que associem desenvolvimento do trabalhador com qualificação
c) Integralidade. dos serviços ofertados às pessoas;
II - Diretrizes: VIII - garantir provimento e estratégias de fixação de profissio-
a) Regionalização e Hierarquização: nais de saúde para a Atenção Básica com vistas a promover ofertas
b) Territorialização; de cuidado e o vínculo;
c) População Adscrita; IX - desenvolver, disponibilizar e implantar os Sistemas de In-
d) Cuidado centrado na pessoa; formação da Atenção Básica vigentes, garantindo mecanismos que
e) Resolutividade; assegurem o uso qualificado dessas ferramentas nas UBS, de acor-
f) Longitudinalidade do cuidado; do com suas responsabilidades;
g) Coordenação do cuidado; X - garantir, de forma tripartite, dispositivos para transporte em
h) Ordenação da rede; e saúde, compreendendo as equipes, pessoas para realização de pro-
i) Participação da comunidade. cedimentos eletivos, exames, dentre outros, buscando assegurar a
Art. 4º A PNAB tem na Saúde da Família sua estratégia prioritá- resolutividade e a integralidade do cuidado na RAS, conforme ne-
ria para expansão e consolidação da Atenção Básica. cessidade do território e planejamento de saúde;
Parágrafo único. Serão reconhecidas outras estratégias de XI - planejar, apoiar, monitorar e avaliar as ações da Atenção
Atenção Básica, desde que observados os princípios e diretrizes Básica nos territórios;
previstos nesta portaria e tenham caráter transitório, devendo ser XII - estabelecer mecanismos de autoavaliação, controle, regu-
estimulada sua conversão em Estratégia Saúde da Família. lação e acompanhamento sistemático dos resultados alcançados
Art. 5º A integração entre a Vigilância em Saúde e Atenção Bá- pelas ações da Atenção Básica, como parte do processo de planeja-
sica é condição essencial para o alcance de resultados que atendam mento e programação;
às necessidades de saúde da população, na ótica da integralidade XIII - divulgar as informações e os resultados alcançados pelas
da atenção à saúde e visa estabelecer processos de trabalho que equipes que atuam na Atenção Básica, estimulando a utilização dos
considerem os determinantes, os riscos e danos à saúde, na pers- dados para o planejamento das ações;
pectiva da intra e intersetorialidade. XIV - promover o intercâmbio de experiências entre gestores
Art. 6º Todos os estabelecimentos de saúde que prestem ações e entre trabalhadores, por meio de cooperação horizontal, e esti-
e serviços de Atenção Básica, no âmbito do SUS, de acordo com mular o desenvolvimento de estudos e pesquisas que busquem o
esta portaria serão denominados Unidade Básica de Saúde - UBS. aperfeiçoamento e a disseminação de tecnologias e conhecimentos
Parágrafo único. Todas as UBS são consideradas potenciais espaços voltados à Atenção Básica;
de educação, formação de recursos humanos, pesquisa, ensino em XV - estimular a participação popular e o controle social;
serviço, inovação e avaliação tecnológica para a RAS. XVI - garantir espaços físicos e ambientes adequados para a for-
mação de estudantes e trabalhadores de saúde, para a formação
CAPÍTULO I em serviço e para a educação permanente e continuada nas Unida-
DAS RESPONSABILIDADES des Básicas de Saúde;
XVII - desenvolver as ações de assistência farmacêutica e do
Art. 7º São responsabilidades comuns a todas as esferas de go- uso racional de medicamentos, garantindo a disponibilidade e aces-
verno: so a medicamentos e insumos em conformidade com a RENAME,
I - contribuir para a reorientação do modelo de atenção e de os protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas, e com a relação es-
gestão com base nos princípios e nas diretrizes contidas nesta por- pecífica complementar estadual, municipal, da união, ou do distrito
taria; federal de medicamentos nos pontos de atenção, visando a integra-
lidade do cuidado;

87
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

XVIII - adotar estratégias para garantir um amplo escopo de V -verificar a qualidade e a consistência de arquivos dos sis-
ações e serviços a serem ofertados na Atenção Básica, compatíveis temas de informação enviados pelos municípios, de acordo com
com as necessidades de saúde de cada localidade; prazos e fluxos estabelecidos para cada sistema, retornando infor-
XIX - estabelecer mecanismos regulares de auto avaliação para mações aos gestores municipais;
as equipes que atuam na Atenção Básica, a fim de fomentar as prá- VI - divulgar periodicamente os relatórios de indicadores da
ticas de monitoramento, avaliação e planejamento em saúde; e Atenção Básica, com intuito de assegurar o direito fundamental de
XX -articulação com o subsistema Indígena nas ações de Educa- acesso à informação;
ção Permanente e gestão da rede assistencial. VII - prestar apoio institucional aos municípios no processo de
Art. 8º Compete ao Ministério da Saúde a gestão das ações de implantação, acompanhamento e qualificação da Atenção Básica e
Atenção Básica no âmbito da União, sendo responsabilidades da de ampliação e consolidação da Estratégia Saúde da Família;
União: VIII - definir estratégias de articulação com as gestões munici-
I -definir e rever periodicamente, de forma pactuada, na Co- pais, com vistas à institucionalização do monitoramento e avaliação
missão Intergestores Tripartite (CIT), as diretrizes da Política Nacio- da Atenção Básica;
nal de Atenção Básica; IX - disponibilizar aos municípios instrumentos técnicos e peda-
II - garantir fontes de recursos federais para compor o financia- gógicos que facilitem o processo de formação e educação perma-
mento da Atenção Básica; nente dos membros das equipes de gestão e de atenção;
III - destinar recurso federal para compor o financiamento tri- X - articular instituições de ensino e serviço, em parceria com
partite da Atenção Básica, de modo mensal, regular e automático, as Secretarias Municipais de Saúde, para formação e garantia de
prevendo, entre outras formas, o repasse fundo a fundo para cus- educação permanente aos profissionais de saúde das equipes que
teio e investimento das ações e serviços; atuam na Atenção Básica; e
IV - prestar apoio integrado aos gestores dos Estados, do Distri- XI -fortalecer a Estratégia Saúde da Família na rede de serviços
to Federal e dos municípios no processo de qualificação e de conso- como a estratégia prioritária de organização da Atenção Básica.
lidação da Atenção Básica; Art. 10 Compete às Secretarias Municipais de Saúde a coorde-
V - definir, de forma tripartite, estratégias de articulação junto nação do componente municipal da Atenção Básica, no âmbito de
às gestões estaduais e municipais do SUS, com vistas à instituciona- seus limites territoriais, de acordo com a política, diretrizes e priori-
lização da avaliação e qualificação da Atenção Básica; dades estabelecidas, sendo responsabilidades dos Municípios e do
VI - estabelecer, de forma tripartite, diretrizes nacionais e dis- Distrito Federal:
ponibilizar instrumentos técnicos e pedagógicos que facilitem o I -organizar, executar e gerenciar os serviços e ações de Aten-
processo de gestão, formação e educação permanente dos gestores ção Básica, de forma universal, dentro do seu território, incluindo as
e profissionais da Atenção Básica; unidades próprias e as cedidas pelo estado e pela União;
VII - articular com o Ministério da Educação estratégias de II - programar as ações da Atenção Básica a partir de sua base
indução às mudanças curriculares nos cursos de graduação e pós- territorial de acordo com as necessidades de saúde identificadas
graduação na área da saúde, visando à formação de profissionais e em sua população, utilizando instrumento de programação nacio-
gestores com perfil adequado à Atenção Básica; e nal vigente;
VIII -apoiar a articulação de instituições, em parceria com as III - organizar o fluxo de pessoas, inserindo-as em linhas de
Secretarias de Saúde Municipais, Estaduais e do Distrito Federal, cuidado, instituindo e garantindo os fluxos definidos na Rede de
para formação e garantia de educação permanente e continuada Atenção à Saúde entre os diversos pontos de atenção de diferentes
para os profissionais de saúde da Atenção Básica, de acordo com as configurações tecnológicas, integrados por serviços de apoio logís-
necessidades locais. tico, técnico e de gestão, para garantir a integralidade do cuidado.
Art. 9º Compete às Secretarias Estaduais de Saúde e ao Distrito IV -estabelecer e adotar mecanismos de encaminhamento res-
Federal a coordenação do componente estadual e distrital da Aten- ponsável pelas equipes que atuam na Atenção Básica de acordo
ção Básica, no âmbito de seus limites territoriais e de acordo com com as necessidades de saúde das pessoas, mantendo a vinculação
as políticas, diretrizes e prioridades estabelecidas, sendo responsa- e coordenação do cuidado;
bilidades dos Estados e do Distrito Federal: V - manter atualizado mensalmente o cadastro de equipes, pro-
I - pactuar, na Comissão Intergestores Bipartite (CIB) e Colegia- fissionais, carga horária, serviços disponibilizados, equipamentos e
do de Gestão no Distrito Federal, estratégias, diretrizes e normas outros no Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
para a implantação e implementação da Política Nacional de Aten- Saúde vigente, conforme regulamentação específica;
ção Básica vigente nos Estados e Distrito Federal; VI - organizar os serviços para permitir que a Atenção Básica
II - destinar recursos estaduais para compor o financiamento atue como a porta de entrada preferencial e ordenadora da RAS;
tripartite da Atenção Básica, de modo regular e automático, pre- VII - fomentar a mobilização das equipes e garantir espaços
vendo, entre outras formas, o repasse fundo a fundo para custeio e para a participação da comunidade no exercício do controle social;
investimento das ações e serviços; VIII - destinar recursos municipais para compor o financiamen-
III - ser corresponsável pelo monitoramento das ações de Aten- to tripartite da Atenção Básica;
ção Básica nos municípios; IX - ser corresponsável, junto ao Ministério da Saúde, e Secreta-
IV - analisar os dados de interesse estadual gerados pelos sis- ria Estadual de Saúde pelo monitoramento da utilização dos recur-
temas de informação, utilizá-los no planejamento e divulgar os re- sos da Atenção Básica transferidos aos município;
sultados obtidos; X - inserir a Estratégia de Saúde da Família em sua rede de servi-
ços como a estratégia prioritária de organização da Atenção Básica;

88
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

XI -prestar apoio institucional às equipes e serviços no processo da Atenção Básica nos territórios, que devem seguir os princípios
de implantação, acompanhamento, e qualificação da Atenção Bási- e diretrizes da Atenção Básica e do SUS, configurando um processo
ca e de ampliação e consolidação da Estratégia Saúde da Família; progressivo e singular que considera e inclui as especificidades loco
XII - definir estratégias de institucionalização da avaliação da regionais, ressaltando a dinamicidade do território e a existência de
Atenção Básica; populações específicas, itinerantes e dispersas, que também são de
XIII -desenvolver ações, articular instituições e promover aces- responsabilidade da equipe enquanto estiverem no território, em
so aos trabalhadores, para formação e garantia de educação perma- consonância com a política de promoção da equidade em saúde.
nente e continuada aos profissionais de saúde de todas as equipes A Atenção Básica considera a pessoa em sua singularidade e
que atuam na Atenção Básica implantadas; inserção sociocultural, buscando produzir a atenção integral, incor-
XIV - selecionar, contratar e remunerar os profissionais que porar as ações de vigilância em saúde - a qual constitui um processo
compõem as equipes multiprofissionais de Atenção Básica, em con- contínuo e sistemático de coleta, consolidação, análise e dissemina-
formidade com a legislação vigente; ção de dados sobre eventos relacionados à saúde - além disso, visa
XV -garantir recursos materiais, equipamentos e insumos sufi- o planejamento e a implementação de ações públicas para a pro-
cientes para o funcionamento das UBS e equipes, para a execução teção da saúde da população, a prevenção e o controle de riscos,
do conjunto de ações propostas; agravos e doenças, bem como para a promoção da saúde.
XVI - garantir acesso ao apoio diagnóstico e laboratorial neces- Destaca-se ainda o desafio de superar compreensões simplistas,
sário ao cuidado resolutivo da população; nas quais, entre outras, há dicotomia e oposição entre a assistência
XVII -alimentar, analisar e verificar a qualidade e a consistência e a promoção da saúde. Para tal, deve-se partir da compreensão de
dos dados inseridos nos sistemas nacionais de informação a serem que a saúde possui múltiplos determinantes e condicionantes e que
enviados às outras esferas de gestão, utilizá-los no planejamento a melhora das condições de saúde das pessoas e coletividades pas-
das ações e divulgar os resultados obtidos, a fim de assegurar o di- sa por diversos fatores, os quais grande parte podem ser abordados
reito fundamental de acesso à informação; na Atenção Básica.
XVIII - organizar o fluxo de pessoas, visando à garantia das re-
ferências a serviços e ações de saúde fora do âmbito da Atenção 1 - PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DA ATENÇÃO BÁSICA
Básica e de acordo com as necessidades de saúde das mesmas; e Os princípios e diretrizes, a caracterização e a relação de servi-
IX - assegurar o cumprimento da carga horária integral de todos ços ofertados na Atenção Básica serão orientadores para a sua orga-
os profissionais que compõem as equipes que atuam na Atenção nização nos municípios, conforme descritos a seguir:
Básica, de acordo com as jornadas de trabalho especificadas no Sis-
tema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde vigente e 1.1 - Princípios
a modalidade de atenção. I - Universalidade: possibilitar o acesso universal e contínuo a
Art. 11 A operacionalização da Política Nacional de Atenção Bá- serviços de saúde de qualidade e resolutivos, caracterizados como
sica está detalhada no Anexo a esta Portaria. a porta de entrada aberta e preferencial da RAS (primeiro contato),
Art. 12 Fica revogada a Portaria nº 2.488/GM/MS, de 21 de ou- acolhendo as pessoas e promovendo a vinculação e corresponsabi-
tubro de 2011. lização pela atenção às suas necessidades de saúde. O estabeleci-
Art. 13. Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação. mento de mecanismos que assegurem acessibilidade e acolhimento
pressupõe uma lógica de organização e funcionamento do serviço
RICARDO BARROS de saúde que parte do princípio de que as equipes que atuam na
Atenção Básica nas UBS devem receber e ouvir todas as pessoas
ANEXO que procuram seus serviços, de modo universal, de fácil acesso e
POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO BÁSICA OPERACIONALIZA- sem diferenciações excludentes, e a partir daí construir respostas
ÇÃO para suas demandas e necessidades.
II - Equidade: ofertar o cuidado, reconhecendo as diferenças
CAPÍTULO I nas condições de vida e saúde e de acordo com as necessidades
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS DA ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE das pessoas, considerando que o direito à saúde passa pelas dife-
renciações sociais e deve atender à diversidade. Ficando proibida
A Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) é resultado da qualquer exclusão baseada em idade, gênero, cor, crença, naciona-
experiência acumulada por um conjunto de atores envolvidos his- lidade, etnia, orientação sexual, identidade de gênero, estado de
toricamente com o desenvolvimento e a consolidação do Sistema saúde, condição socioeconômica, escolaridade ou limitação física,
Único de Saúde (SUS), como movimentos sociais, população, tra- intelectual, funcional, entre outras, com estratégias que permitam
balhadores e gestores das três esferas de governo. Esta Portaria, minimizar desigualdades, evitar exclusão social de grupos que pos-
conforme normatização vigente no SUS, que define a organização sam vir a sofrer estigmatização ou discriminação; de maneira que
em Redes de Atenção à Saúde (RAS) como estratégia para um cuida- impacte na autonomia e na situação de saúde.
do integral e direcionado às necessidades de saúde da população, III - Integralidade: É o conjunto de serviços executados pela
destaca a Atenção Básica como primeiro ponto de atenção e porta equipe de saúde que atendam às necessidades da população ads-
de entrada preferencial do sistema, que deve ordenar os fluxos e crita nos campos do cuidado, da promoção e manutenção da saúde,
contra fluxos de pessoas , produtos e informações em todos os pon- da prevenção de doenças e agravos, da cura, da reabilitação, redu-
tos de atenção à saúde. ção de danos e dos cuidados paliativos. Inclui a responsabilização
Esta Política Nacional de Atenção Básica tem na Saúde da Famí- pela oferta de serviços em outros pontos de atenção à saúde e o re-
lia sua estratégia prioritária para expansão e consolidação da Aten- conhecimento adequado das necessidades biológicas, psicológicas,
ção Básica. Contudo reconhece outras estratégias de organização

89
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

ambientais e sociais causadoras das doenças, e manejo das diversas VII - Coordenar o cuidado: elaborar, acompanhar e organizar
tecnologias de cuidado e de gestão necessárias a estes fins, além da o fluxo dos usuários entre os pontos de atenção das RAS. Atuando
ampliação da autonomia das pessoas e coletividade. como o centro de comunicação entre os diversos pontos de aten-
ção, responsabilizando-se pelo cuidado dos usuários em qualquer
1.2 - Diretrizes destes pontos através de uma relação horizontal, contínua e inte-
I - Regionalização e Hierarquização: dos pontos de atenção da grada, com o objetivo de produzir a gestão compartilhada da aten-
RAS, tendo a Atenção Básica como ponto de comunicação entre ção integral. Articulando também as outras estruturas das redes de
esses. Considera-se regiões de saúde como um recorte espacial es- saúde e intersetoriais, públicas, comunitárias e sociais.
tratégico para fins de planejamento, organização e gestão de redes VIII - Ordenar as redes: reconhecer as necessidades de saúde
de ações e serviços de saúde em determinada localidade, e a hierar- da população sob sua responsabilidade, organizando as necessi-
quização como forma de organização de pontos de atenção da RAS dades desta população em relação aos outros pontos de atenção
entre si, com fluxos e referências estabelecidos. à saúde, contribuindo para que o planejamento das ações, assim
II - Territorialização e Adstrição: de forma a permitir o plane- como, a programação dos serviços de saúde, parta das necessida-
jamento, a programação descentralizada e o desenvolvimento de des de saúde das pessoas.
ações setoriais e intersetoriais com foco em um território específi- IX - Participação da comunidade: estimular a participação das
co, com impacto na situação, nos condicionantes e determinantes pessoas, a orientação comunitária das ações de saúde na Atenção
da saúde das pessoas e coletividades que constituem aquele es- Básica e a competência cultural no cuidado, como forma de ampliar
paço e estão, portanto, adstritos a ele. Para efeitos desta portaria, sua autonomia e capacidade na construção do cuidado à sua saúde
considerasse Território a unidade geográfica única, de construção e das pessoas e coletividades do território. Considerando ainda o
descentralizada do SUS na execução das ações estratégicas destina- enfrentamento dos determinantes e condicionantes de saúde, atra-
das à vigilância, promoção, prevenção, proteção e recuperação da vés de articulação e integração das ações intersetoriais na organi-
saúde. Os Territórios são destinados para dinamizar a ação em saú- zação e orientação dos serviços de saúde, a partir de lógicas mais
de pública, o estudo social, econômico, epidemiológico, assisten- centradas nas pessoas e no exercício do controle social.
cial, cultural e identitário, possibilitando uma ampla visão de cada
unidade geográfica e subsidiando a atuação na Atenção Básica, de 2 - A ATENÇÃO BÁSICA NA REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE
forma que atendam a necessidade da população adscrita e ou as Esta portaria, conforme normatização vigente do SUS, define
populações específicas. a organização na RAS, como estratégia para um cuidado integral e
III - População Adscrita: população que está presente no terri- direcionado às necessidades de saúde da população. As RAS cons-
tório da UBS, de forma a estimular o desenvolvimento de relações tituem-se em arranjos organizativos formados por ações e serviços
de vínculo e responsabilização entre as equipes e a população, ga- de saúde com diferentes configurações tecnológicas e missões as-
rantindo a continuidade das ações de saúde e a longitudinalidade sistenciais, articulados de forma complementar e com base terri-
do cuidado e com o objetivo de ser referência para o seu cuidado. torial, e têm diversos atributos, entre eles, destaca-se: a Atenção
IV - Cuidado Centrado na Pessoa: aponta para o desenvolvi- Básica estruturada como primeiro ponto de atenção e principal
mento de ações de cuidado de forma singularizada, que auxilie as porta de entrada do sistema, constituída de equipe multidisciplinar
pessoas a desenvolverem os conhecimentos, aptidões, competên- que cobre toda a população, integrando, coordenando o cuidado e
cias e a confiança necessária para gerir e tomar decisões embasa- atendendo as necessidades de saúde das pessoas do seu território.
das sobre sua própria saúde e seu cuidado de saúde de forma mais O Decreto nº 7.508, de 28 de julho de 2011, que regulamenta
efetiva. O cuidado é construído com as pessoas, de acordo com suas a Lei nº 8.080/90, define que “o acesso universal, igualitário e orde-
necessidades e potencialidades na busca de uma vida independen- nado às ações e serviços de saúde se inicia pelas portas de entrada
te e plena. A família, a comunidade e outras formas de coletividade do SUS e se completa na rede regionalizada e hierarquizada”.
são elementos relevantes, muitas vezes condicionantes ou determi- Para que a Atenção Básica possa ordenar a RAS, é preciso reco-
nantes na vida das pessoas e, por consequência, no cuidado. nhecer as necessidades de saúde da população sob sua responsabi-
V - Resolutividade: reforça a importância da Atenção Básica ser lidade, organizando-as em relação aos outros pontos de atenção à
resolutiva, utilizando e articulando diferentes tecnologias de cuida- saúde, contribuindo para que a programação dos serviços de saúde
do individual e coletivo, por meio de uma clínica ampliada capaz de parta das necessidades das pessoas, com isso fortalecendo o plane-
construir vínculos positivos e intervenções clínica e sanitariamente jamento ascendente.
efetivas, centrada na pessoa, na perspectiva de ampliação dos graus A Atenção Básica é caracterizada como porta de entrada pre-
de autonomia dos indivíduos e grupos sociais. Deve ser capaz de ferencial do SUS, possui um espaço privilegiado de gestão do cui-
resolver a grande maioria dos problemas de saúde da população, dado das pessoas e cumpre papel estratégico na rede de atenção,
coordenando o cuidado do usuário em outros pontos da RAS, quan- servindo como base para o seu ordenamento e para a efetivação
do necessário. da integralidade. Para tanto, é necessário que a Atenção Básica
VI - Longitudinalidade do cuidado: pressupõe a continuidade tenha alta resolutividade, com capacidade clínica e de cuidado e
da relação de cuidado, com construção de vínculo e responsabili- incorporação de tecnologias leves, leve duras e duras (diagnósticas
zação entre profissionais e usuários ao longo do tempo e de modo e terapêuticas), além da articulação da Atenção Básica com outros
permanente e consistente, acompanhando os efeitos das interven- pontos da RAS.
ções em saúde e de outros elementos na vida das pessoas , evi- Os estados, municípios e o distrito federal, devem articular
tando a perda de referências e diminuindo os riscos de iatrogenia ações intersetoriais, assim como a organização da RAS, com ênfase
que são decorrentes do desconhecimento das histórias de vida e da nas necessidades locorregionais, promovendo a integração das re-
falta de coordenação do cuidado. ferências de seu território.

90
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Recomenda-se a articulação e implementação de processos instrumentos de monitoramento e avaliação. A estrutura física dos
que aumentem a capacidade clínica das equipes, que fortaleçam pontos de apoio deve respeitar as normas gerais de segurança sa-
práticas de microrregulação nas Unidades Básicas de Saúde, tais nitária.
como gestão de filas próprias da UBS e dos exames e consultas des- A ambiência de uma UBS refere-se ao espaço físico (arquitetô-
centralizados/programados para cada UBS, que propiciem a comu- nico), entendido como lugar social, profissional e de relações inter-
nicação entre UBS, centrais de regulação e serviços especializados, pessoais, que deve proporcionar uma atenção acolhedora e huma-
com pactuação de fluxos e protocolos, apoio matricial presencial e/ na para as pessoas, além de um ambiente saudável para o trabalho
ou a distância, entre outros. dos profissionais de saúde.
Um dos destaques que merecem ser feitos é a consideração e Para um ambiente adequado em uma UBS, existem componen-
a incorporação, no processo de referenciamento, das ferramentas tes que atuam como modificadores e qualificadores do espaço, re-
de telessaúde articulado às decisões clínicas e aos processos de re- comenda-se contemplar: recepção sem grades (para não intimidar
gulação do acesso. A utilização de protocolos de encaminhamento ou dificultar a comunicação e também garantir privacidade à pes-
servem como ferramenta, ao mesmo tempo, de gestão e de cuida- soa), identificação dos serviços existentes, escala dos profissionais,
do, pois tanto orientam as decisões dos profissionais solicitantes horários de funcionamento e sinalização de fluxos, conforto térmi-
quanto se constituem como referência que modula a avaliação das co e acústico, e espaços adaptados para as pessoas com deficiência
solicitações pelos médicos reguladores. em conformidade com as normativas vigentes.
Com isso, espera-se que ocorra uma ampliação do cuidado clí-
nico e da resolutividade na Atenção Básica, evitando a exposição Além da garantia de infraestrutura e ambiência apropriadas,
das pessoas a consultas e/ou procedimentos desnecessários. Além para a realização da prática profissional na Atenção Básica, é neces-
disso, com a organização do acesso, induz-se ao uso racional dos sário disponibilizar equipamentos adequados, recursos humanos
recursos em saúde, impede deslocamentos desnecessários e traz capacitados, e materiais e insumos suficientes à atenção à saúde
maior eficiência e equidade à gestão das listas de espera. prestada nos municípios e Distrito Federal.
A gestão municipal deve articular e criar condições para que a
referência aos serviços especializados ambulatoriais, sejam realiza- 3.2 Tipos de unidades e equipamentos de Saúde
dos preferencialmente pela Atenção Básica, sendo de sua respon- São considerados unidades ou equipamentos de saúde no âm-
sabilidade: bito da Atenção Básica:
a) Ordenar o fluxo das pessoas nos demais pontos de atenção a) Unidade Básica de Saúde
da RAS; Recomenda-se os seguintes ambientes:
b) Gerir a referência e contrarreferência em outros pontos de Consultório médico e de enfermagem, consultório com sani-
atenção; e tário, sala de procedimentos, sala de vacinas, área para assistência
c) Estabelecer relação com os especialistas que cuidam das farmacêutica, sala de inalação coletiva, sala de procedimentos, sala
pessoas do território. de coleta/exames, sala de curativos, sala de expurgo, sala de este-
rilização, sala de observação e sala de atividades coletivas para os
3 - INFRAESTRUTURA, AMBIÊNCIA E FUNCIONAMENTO DA profissionais da Atenção Básica. Se forem compostas por profissio-
ATENÇÃO BÁSICA nais de saúde bucal, será necessário consultório odontológico com
Este item refere-se ao conjunto de procedimentos que objetiva equipo odontológico completo;
adequar a estrutura física, tecnológica e de recursos humanos das a. área de recepção, local para arquivos e registros, sala mul-
UBS às necessidades de saúde da população de cada território tiprofissional de acolhimento à demanda espontânea , sala de ad-
ministração e gerência, banheiro público e para funcionários, entre
3.1 Infraestrutura e ambiência outros ambientes conforme a necessidade.
A infraestrutura de uma UBS deve estar adequada ao quanti-
tativo de população adscrita e suas especificidades, bem como aos b) Unidade Básica de Saúde Fluvial
processos de trabalho das equipes e à atenção à saúde dos usuá- Recomenda-se os seguintes ambientes:
rios. Os parâmetros de estrutura devem, portanto, levar em consi- a. consultório médico; consultório de enfermagem; área para
deração a densidade demográfica, a composição, atuação e os tipos assistência farmacêutica, laboratório, sala de vacina; sala de proce-
de equipes, perfil da população, e as ações e serviços de saúde a dimentos; e, se forem compostas por profissionais de saúde bucal,
serem realizados. É importante que sejam previstos espaços físicos será necessário consultório odontológico com equipo odontológico
e ambientes adequados para a formação de estudantes e trabalha- completo;
dores de saúde de nível médio e superior, para a formação em ser- b. área de recepção, banheiro público; banheiro exclusivo para
viço e para a educação permanente na UBS. os funcionários; expurgo; cabines com leitos em número suficiente
As UBS devem ser construídas de acordo com as normas sanitá- para toda a equipe; cozinha e outro ambientes conforme necessi-
rias e tendo como referência as normativas de infraestrutura vigen- dade.
tes, bem como possuir identificação segundo os padrões visuais da
Atenção Básica e do SUS. Devem, ainda, ser cadastradas no Sistema c) Unidade Odontológica Móvel
de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (SCNES), de Recomenda-se veículo devidamente adaptado para a finalida-
acordo com as normas em vigor para tal. de de atenção à saúde bucal, equipado com:
As UBS poderão ter pontos de apoio para o atendimento de Compressor para uso odontológico com sistema de filtragem;
populações dispersas (rurais, ribeirinhas, assentamentos, áreas aparelho de raios-x para radiografias periapicais e interproximais;
pantaneiras, etc.), com reconhecimento no SCNES, bem como nos aventais de chumbo; conjunto peças de mão contendo micro-motor
com peça reta e contra ângulo, e alta rotação; gabinete odontológi-

91
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

co; cadeira odontológica, equipo odontológico e refletor odontoló- As ações e serviços da Atenção Básica, deverão seguir padrões
gico; unidade auxiliar odontológica; mocho odontológico; autocla- essenciais e ampliados:
ve; amalgamador; fotopolimerizador; e refrigerador. Padrões Essenciais - ações e procedimentos básicos relaciona-
dos a condições básicas/essenciais de acesso e qualidade na Aten-
3.3 - Funcionamento ção Básica; e
Recomenda-se que as Unidades Básicas de Saúde tenham seu - Padrões Ampliados -ações e procedimentos considerados es-
funcionamento com carga horária mínima de 40 horas/semanais, tratégicos para se avançar e alcançar padrões elevados de acesso e
no mínimo 5 (cinco) dias da semana e nos 12 meses do ano, possi- qualidade na Atenção Básica, considerando especificidades locais,
bilitando acesso facilitado à população. indicadores e parâmetros estabelecidos nas Regiões de Saúde.
Horários alternativos de funcionamento podem ser pactuados
através das instâncias de participação social, desde que atendam A oferta deverá ser pública, desenvolvida em parceria com o
expressamente a necessidade da população, observando, sempre controle social, pactuada nas instâncias interfederativas, com finan-
que possível, a carga horária mínima descrita acima. ciamento regulamentado em normativa específica.
Como forma de garantir a coordenação do cuidado, ampliando Caberá a cada gestor municipal realizar análise de demanda do
o acesso e resolutividade das equipes que atuam na Atenção Bási- território e ofertas das UBS para mensurar sua capacidade resoluti-
ca, recomenda-se : va, adotando as medidas necessárias para ampliar o acesso, a quali-
i) - População adscrita por equipe de Atenção Básica (eAB) e de dade e resolutividade das equipes e serviços da sua UBS.
Saúde da Família (eSF) de 2.000 a 3.500 pessoas, localizada dentro A oferta de ações e serviços da Atenção Básica deverá estar dis-
do seu território, garantindo os princípios e diretrizes da Atenção ponível aos usuários de forma clara, concisa e de fácil visualização,
Básica. conforme padronização pactuada nas instâncias gestoras.
Todas as equipes que atuam na Atenção Básica deverão garan-
Além dessa faixa populacional, podem existir outros arranjos tir a oferta de todas as ações e procedimentos do Padrão Essencial
de adscrição, conforme vulnerabilidades, riscos e dinâmica comu- e recomenda-se que também realizarem ações e serviços do Padrão
nitária, facultando aos gestores locais, conjuntamente com as equi- Ampliado, considerando as necessidades e demandas de saúde das
pes que atuam na Atenção Básica e Conselho Municipal ou Local de populações em cada localidade. Os serviços dos padrões essenciais,
Saúde, a possibilidade de definir outro parâmetro populacional de bem como os equipamentos e materiais necessários, devem ser ga-
responsabilidade da equipe, podendo ser maior ou menor do que rantidos igualmente para todo o país, buscando uniformidade de
o parâmetro recomendado, de acordo com as especificidades do atuação da Atenção Básica no território nacional. Já o elenco de
território, assegurando-se a qualidade do cuidado. ações e procedimentos ampliados deve contemplar de forma mais
ii) - 4 (quatro) equipes por UBS (Atenção Básica ou Saúde da flexível às necessidades e demandas de saúde das populações em
Família), para que possam atingir seu potencial resolutivo. cada localidade, sendo definido a partir de suas especificidades lo-
iii) - Fica estipulado para cálculo do teto máximo de equipes de corregionais.
Atenção Básica (eAB) e de Saúde da Família (eSF), com ou sem os As unidades devem organizar o serviço de modo a otimizar os
profissionais de saúde bucal, pelas quais o Município e o Distrito processos de trabalho, bem como o acesso aos demais níveis de
Federal poderão fazer jus ao recebimento de recursos financeiros atenção da RAS.
específicos, conforme a seguinte fórmula: População/2.000. Toda UBS deve monitorar a satisfação de seus usuários, ofere-
iv) - Em municípios ou territórios com menos de 2.000 habitan- cendo o registro de elogios, críticas ou reclamações, por meio de
tes, que uma equipe de Saúde da Família (eSF) ou de Atenção Básica livros, caixas de sugestões ou canais eletrônicos. As UBS deverão
(eAB) seja responsável por toda população; assegurar o acolhimento e escuta ativa e qualificada das pessoas,
mesmo que não sejam da área de abrangência da unidade, com
Reitera-se a possibilidade de definir outro parâmetro popula- classificação de risco e encaminhamento responsável de acordo
cional de responsabilidade da equipe de acordo com especificida- com as necessidades apresentadas, articulando-se com outros ser-
des territoriais, vulnerabilidades, riscos e dinâmica comunitária res- viços de forma resolutiva, em conformidade com as linhas de cui-
peitando critérios de equidade, ou, ainda, pela decisão de possuir dado estabelecidas.
um número inferior de pessoas por equipe de Atenção Básica (eAB)
e equipe de Saúde da Família (eSF) para avançar no acesso e na Deverá estar afixado em local visível, próximo à entrada da UBS:
qualidade da Atenção Básica. - Identificação e horário de atendimento;
Para que as equipes que atuam na Atenção Básica possam atin- - Mapa de abrangência, com a cobertura de cada equipe;
gir seu potencial resolutivo, de forma a garantir a coordenação do - Identificação do Gerente da Atenção Básica no território e dos
cuidado, ampliando o acesso, é necessário adotar estratégias que componentes de cada equipe da UBS;
permitam a definição de um amplo escopo dos serviços a serem - Relação de serviços disponíveis; e
ofertados na UBS, de forma que seja compatível com as necessi- - Detalhamento das escalas de atendimento de cada equipe.
dades e demandas de saúde da população adscrita, seja por meio
da Estratégia Saúde da Família ou outros arranjos de equipes de 3.4 - Tipos de Equipes:
Atenção Básica (eAB), que atuem em conjunto, compartilhando o 1 - Equipe de Saúde da Família (eSF): É a estratégia prioritária
cuidado e apoiando as práticas de saúde nos territórios. Essa oferta de atenção à saúde e visa à reorganização da Atenção Básicano país,
de ações e serviços na Atenção Básica devem considerar políticas e de acordo com os preceitos do SUS. É considerada como estratégia
programas prioritários, as diversas realidades e necessidades dos de expansão, qualificação e consolidação da Atenção Básica, por
territórios e das pessoas, em parceria com o controle social. favorecer uma reorientação do processo de trabalho com maior po-

92
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

tencial de ampliar a resolutividade e impactar na situação de saúde Modalidade II: Cirurgião-dentista, TSB e ASB, ou outro TSB.
das pessoas e coletividades, além de propiciar uma importante re-
lação custo-efetividade. Independente da modalidade adotada, os profissionais de Saú-
Composta no mínimo por médico, preferencialmente da espe- de Bucal são vinculados a uma equipe de Atenção Básica (eAB) ou
cialidade medicina de família e comunidade, enfermeiro, preferen- equipe de Saúde da Família (eSF), devendo compartilhar a gestão e
cialmente especialista em saúde da família; auxiliar e/ou técnico de o processo de trabalho da equipe, tendo responsabilidade sanitária
enfermagem e agente comunitário de saúde (ACS). Podendo fazer pela mesma população e território adstrito que a equipe de Saúde
parte da equipe o agente de combate às endemias (ACE) e os pro- da Família ou Atenção Básica a qual integra.
fissionais de saúde bucal: cirurgião-dentista, preferencialmente es- Cada equipe de Saúde de Família que for implantada com os
pecialista em saúde da família, e auxiliar ou técnico em saúde bucal. profissionais de saúde bucal ou quando se introduzir pela primei-
O número de ACS por equipe deverá ser definido de acordo ra vez os profissionais de saúde bucal numa equipe já implantada,
com base populacional, critérios demográficos, epidemiológicos e modalidade I ou II, o gestor receberá do Ministério da Saúde os
socioeconômicos, de acordo com definição local. equipamentos odontológicos, através de doação direta ou o repas-
Em áreas de grande dispersão territorial, áreas de risco e vulne- se de recursos necessários para adquiri-los (equipo odontológico
rabilidade social, recomenda-se a cobertura de 100% da população completo).
com número máximo de 750 pessoas por ACS.
Para equipe de Saúde da Família, há a obrigatoriedade de carga 4 - Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica
horária de 40 (quarenta) horas semanais para todos os profissio- (Nasf-AB)
nais de saúde membros da ESF. Dessa forma, os profissionais da Constitui uma equipe multiprofissional e interdisciplinar com-
ESF poderão estar vinculados a apenas 1 (uma) equipe de Saúde da posta por categorias de profissionais da saúde, complementar àse-
Família, no SCNES vigente. quipes que atuam na Atenção Básica. É formada por diferentes ocu-
2 - Equipe da Atenção Básica (eAB): esta modalidade deve aten- pações (profissões e especialidades) da área da saúde, atuando de
der aos princípios e diretrizes propostas para a AB. A gestão munici- maneira integrada para dar suporte (clínico, sanitário e pedagógico)
pal poderá compor equipes de Atenção Básica (eAB) de acordo com aos profissionais das equipes de Saúde da Família (eSF) e de Aten-
características e necessidades do município. Como modelo priori- ção Básica (eAB).
tário é a ESF, as equipes de Atenção Básica (eAB) podem posterior- Busca-se que essa equipe seja membro orgânico da Atenção
mente se organizar tal qual o modelo prioritário. Básica, vivendo integralmente o dia a dia nas UBS e trabalhando
As equipes deverão ser compostas minimamente por médicos de forma horizontal e interdisciplinar com os demais profissionais,
preferencialmente da especialidade medicina de família e comu- garantindo a longitudinalidade do cuidado e a prestação de serviços
nidade, enfermeiro preferencialmente especialista em saúde da diretos à população. Os diferentes profissionais devem estabelecer
família, auxiliares de enfermagem e ou técnicos de enfermagem. e compartilhar saberes, práticas e gestão do cuidado, com uma vi-
Poderão agregar outros profissionais como dentistas, auxiliares de são comum e aprender a solucionar problemas pela comunicação,
saúde bucal e ou técnicos de saúde bucal, agentes comunitários de de modo a maximizar as habilidades singulares de cada um.
saúde e agentes de combate à endemias.
A composição da carga horária mínima por categoria pro-fis- Deve estabelecer seu processo de trabalho a partir de pro-
sional deverá ser de 10 (dez) horas, com no máximo de 3 (três) blemas, demandas e necessidades de saúde de pessoas e grupos
profissionais por categoria, devendo somar no mínimo 40 horas/ sociais em seus territórios, bem como a partir de dificuldades dos
semanais. profissionais de todos os tipos de equipes que atuam na Atenção
O processo de trabalho, a combinação das jornadas de trabalho Básica em suas análises e manejos. Para tanto, faz-se necessário o
dos profissionais das equipes e os horários e dias de funcionamento compartilhamento de saberes, práticas intersetoriais e de gestão do
devem ser organizados de modo que garantam amplamente aces- cuidado em rede e a realização de educação permanente e gestão
so, o vínculo entre as pessoas e profissionais, a continuidade, coor- de coletivos nos territórios sob responsabilidade destas equipes.
denação e longitudinalidade do cuidado. Ressalta-se que os Nasf-AB não se constituem como serviços
A distribuição da carga horária dos profissionais é de responsa- com unidades físicas independentes ou especiais, e não são de livre
bilidade do gestor, devendo considerar o perfil demográfico e epi- acesso para atendimento individual ou coletivo (estes, quando ne-
demiológico local para escolha da especialidade médica, estes de- cessários, devem ser regulados pelas equipes que atuam na Aten-
vem atuar como generalistas nas equipes de Atenção Básica (eAB). ção Básica). Devem, a partir das demandas identificadas no traba-
Importante ressaltar que para o funcionamento a equipe deve- lho con-junto com as equipes, atuar de forma integrada à Rede de
rá contar também com profissionais de nível médio como técnico Atenção à Saúde e seus diversos pontos de atenção, além de outros
ou auxiliar de enfermagem. equipamentos sociais públicos/privados, redes sociais e comunitá-
3 - Equipe de Saúde Bucal (eSB): Modalidade que pode compor rias.
as equipes que atuam na atenção básica, constituída por um cirur- Compete especificamente à Equipe do Núcleo Ampliado de
gião-dentista e um técnico em saúde bucal e/ou auxiliar de saúde Saúde da Família e Atenção Básica (Nasf- AB):
bucal. a. Participar do planejamento conjunto com as equipes que
Os profissionais de saúde bucal que compõem as equipes de atuam na Atenção Básica à que estão vinculadas;
Saúde da Família (eSF) e de Atenção Básica (eAB) e de devem estar b. Contribuir para a integralidade do cuidado aos usuários do
vinculados à uma UBS ou a Unidade Odontológica Móvel, podendo SUS principalmente por intermédio da ampliação da clínica, auxi-
se organizar nas seguintes modalidades: liando no aumento da capacidade de análise e de intervenção so-
Modalidade I: Cirurgião-dentista e auxiliar em saúde bucal bre problemas e necessidades de saúde, tanto em termos clínicos
(ASB) ou técnico em saúde bucal (TSB) e; quanto sanitários; e

93
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

c. Realizar discussão de casos, atendimento individual, compar- à saúde de qualquer outra pessoa. Isso porque a Atenção Básica
tilhado, interconsulta, construção conjunta de projetos terapêuti- possui responsabilidade direta sobre ações de saúde em determi-
cos, educação permanente, intervenções no território e na saúde nado território, considerando suas singularidades, o que possibilita
de grupos populacionais de todos os ciclos de vida, e da coletivida- intervenções mais oportunas nessas situações específicas, com o
de, ações intersetoriais, ações de prevenção e promoção da saúde, objetivo de ampliar o acesso à RAS e ofertar uma atenção integral
discussão do processo de trabalho das equipes dentre outros, no à saúde.
território. Assim, toda equipe de Atenção Básica deve realizar atenção à
saúde de populações específicas. Em algumas realidades, contudo,
Poderão compor os NASF-AB as ocupações do Código Brasileiro ainda é possível e necessário dispor, além das equipes descritas an-
de Ocupações - CBO na área de saúde: Médico Acupunturista; Assis- teriormente, de equipes adicionais para realizar as ações de saúde
tente Social; Profissional/Professor de Educação Física; Farmacêuti- à populações específicas no âmbito da Atenção Básica, que devem
co; Fisioterapeuta; Fonoaudiólogo; Médico Ginecologista/Obstetra; atuar de forma integrada para a qualificação do cuidado no terri-
Médico Homeopata; Nutricionista; Médico Pediatra; Psicólogo; Mé- tório. Aponta-se para um horizonte em que as equipes que atuam
dico Psiquiatra; Terapeuta Ocupacional; Médico Geriatra; Médico na Atenção Básica possam incorporar tecnologias dessas equipes
Internista (clinica médica), Médico do Trabalho, Médico Veterinário, específicas, de modo que se faça uma transição para um momento
profissional com formação em arte e educação (arte educador) e em que não serão necessárias essas equipes específicas, e todas as
profissional de saúde sanitarista, ou seja, profissional graduado na pessoas e populações serão acompanhadas pela eSF.
área de saúde com pós-graduação em saúde pública ou coletiva ou São consideradas equipes de Atenção Básica para Populações
graduado diretamente em uma dessas áreas conforme normativa Específicas:
vigente.
A definição das categorias profissionais é de autonomia do ges- 3.6 - ESPECIFICIDADES DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA
tor local, devendo ser escolhida de acordo com as necessidades do 1 - Equipes de Saúde da Família para o atendimento da Popu-
territórios. lação Ribeirinha da Amazônia Legal e Pantaneira: Considerando as
especificidades locorregionais, os municípios da Amazônia Legal e
5 - Estratégia de Agentes Comunitários de Saúde (EACS): Pantaneiras podem optar entre 2 (dois) arranjos organizacionais
É prevista a implantação da Estratégia de Agentes Comunitá- para equipes Saúde da Família, além dos existentes para o restante
rios de Saúde nas UBS como uma possibilidade para a reorganiza- do país:
ção inicial da Atenção Básica com vistas à implantação gradual da a. Equipe de Saúde da Família Ribeirinha (eSFR): São equipes
Estratégia de Saúde da Família ou como uma forma de agregar os que desempenham parte significativa de suas funções em UBS
agentes comunitários a outras maneiras de organização da Atenção construídas e/ou localizadas nas comunidades pertencentes à área
Básica. São itens necessários à implantação desta estratégia: adstrita e cujo acesso se dá por meio fluvial e que, pela grande dis-
a.a existência de uma Unidade Básica de Saúde, inscrita no SC- persão territorial, necessitam de embarcações para atender as co-
NES vigente que passa a ser a UBS de referência para a equipe de munidades dispersas no território. As eSFR são vinculadas a uma
agentes comunitários de saúde; UBS, que pode estar localizada na sede do Município ou em alguma
b.o número de ACS e ACE por equipe deverá ser definido de comunidade ribeirinha localizada na área adstrita.
acordo com base populacional (critérios demográficos, epidemioló- A eSFR será formada por equipe multiprofissional composta
gicos e socioeconômicos), conforme legislação vigente. por, no mínimo: 1 (um) médico, preferencialmente da especialida-
c.o cumprimento da carga horária integral de 40 horas sema- de de Família e Comunidade, 1 (um) enfermeiro, preferencialmente
nais por toda a equipe de agentes comunitários, por cada membro especialista em Saúde da Família e 1 (um) auxiliar ou técnico de
da equipe; composta por ACS e enfermeiro supervisor; enfermagem, podendo acrescentar a esta composição, como parte
d.o enfermeiro supervisor e os ACS devem estar cadastrados da equipe multiprofissional, o ACS e ACE e os profissionais de saúde
no SCNES vigente, vinculados à equipe; bucal:1 (um) cirurgião dentista, preferencialmente especialista em
e.cada ACS deve realizar as ações previstas nas regulamenta- saúde da família e 1 (um) técnico ou auxiliar em saúde bucal.
ções vigentes e nesta portaria e ter uma microárea sob sua respon- Nas hipóteses de grande dispersão populacional, as ESFR po-
sabilidade, cuja população não ultrapasse 750 pessoas; dem contar, ainda, com: até 24 (vinte e quatro) Agentes Comunitá-
f. a atividade do ACS deve se dar pela lógica do planejamen- rios de Saúde; até 12 (doze) microscopistas, nas regiões endêmicas;
to do processo de trabalho a partir das necessidades do território, até 11 (onze) Auxiliares/Técnicos de enfermagem; e 1 (um) Auxiliar/
com priorização para população com maior grau de vulnerabilidade Técnico de saúde bucal. As ESFR poderão, ainda, acrescentar até 2
e de risco epidemiológico; (dois) profissionais da área da saúde de nível superior à sua com-
g. a atuação em ações básicas de saúde deve visar à integralida- posição, dentre enfermeiros ou outros profissionais previstos nas
de do cuidado no território; e h.cadastrar, preencher e informar os equipes de Nasf-AB.
dados através do Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Os agentes comunitários de saúde, os auxiliares/técnicos de
Básica vigente. enfermagem extras e os auxiliares/técnicos de saúde bucal cumpri-
rão carga horária de até 40 (quarenta) horas semanais de trabalho e
3.5 - EQUIPES DE ATENÇÃO BÁSICA PARA POPULAÇÕES ESPE- deverão residir na área de atuação.
CÍFICAS As eSFR prestarão atendimento à população por, no mínimo,
Todos os profissionais do SUS e, especialmente, da Atenção 14 (quatorze) dias mensais, com carga horária equivalente a 8 (oito)
Básica são responsáveis pela atenção à saúde de populações que horas diárias.
apresentem vulnerabilidades sociais específicas e, por consequên-
cia, necessidades de saúde específicas, assim como pela atenção

94
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Para as comunidades distantes da UBS de referência, as eSFR 1 - Equipe de Consultório na Rua (eCR) -equipe de saúde com
adotarão circuito de deslocamento que garanta o atendimento a to- composição variável, responsável por articular e prestar atenção in-
das as comunidades assistidas, ao menos a cada 60 (sessenta) dias, tegral à saúde de pessoas em situação de rua ou com características
para assegurar a execução das ações de Atenção Básica. Caso ne- análogas em determinado território, em unidade fixa ou móvel, po-
cessário, poderão possuir unidades de apoio, estabelecimentos que dendo ter as modalidades e respectivos regramentos descritos em
servem para atuação das eSFR e que não possuem outras equipes portaria específica.
de Saúde da Família vinculadas. São itens necessários para o funcionamento das equipes de
Para operacionalizar a atenção à saúde das comunidades ri- Consultório na Rua (eCR):
beirinhas dispersas no território de abrangência, a eSFR receberá a. Realizar suas atividades de forma itinerante, desenvolven-
incentivo financeiro de custeio para logística, que considera a exis- do ações na rua, em instalações específicas, na unidade móvel e
tência das seguintes estruturas: também nas instalações de Unidades Básicas de Saúde do territó-
a) até 4 (quatro) unidades de apoio (ou satélites), vinculadas e rio onde está atuando, sempre articuladas e desenvolvendo ações
informadas no Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde vi- em parceria com as demais equipes que atuam na atenção básica
gente, utilizada(s) como base(s) da(s) equipe(s), onde será realizada do território (eSF/eAB/UBS e Nasf-AB), e dos Centros de Atenção
a atenção de forma descentralizada; e Psicossocial, da Rede de Urgência/Emergência e dos serviços e ins-
b) até 4 (quatro) embarcações de pequeno porte exclusivas tituições componentes do Sistema Único de Assistência Social entre
para o deslocamento dos profissionais de saúde da(s) equipe(s) vin- outras instituições públicas e da sociedade civil;
culada(s)s ao Estabelecimento de Saúde de Atenção Básica. b. Cumprir a carga horária mínima semanal de 30 horas. Porém
Todas as unidades de apoio ou satélites e embarcações devem seu horário de funcionamento deverá ser adequado às demandas
estar devidamente informadas no Cadastro Nacional de Estabeleci- das pessoas em situação de rua, podendo ocorrer em período diur-
mento de Saúde vigente, a qual as eSFR estão vinculadas. no e/ou noturno em todos os dias da semana; e
Equipes de Saúde da Família Fluviais (eSFF): São equipes que c. As eCR poderão ser compostas pelas categorias profissionais
desempenham suas funções em Unidades Básicas de Saúde Fluviais especificadas em portaria específica.
(UBSF), responsáveis por comunidades dispersas, ribeirinhas e per- Na composição de cada eCR deve haver, preferencialmente, o
tencentes à área adstrita, cujo acesso se dá por meio fluvial. máximo de dois profissionais da mesma profissão de saúde, seja
A eSFR será formada por equipe multiprofissional composta de nível médio ou superior. Todas as modalidades de eCR poderão
por, no mínimo: 1 (um) médico, preferencialmente da especialida- agregar agentes comunitários de saúde.
de de Família e Comunidade, 1 (um) enfermeiro, preferencialmente O agente social, quando houver, será considerado equivalente
especialista em Saúde da Família e 1 (um) auxiliar ou técnico de ao profissional de nível médio. Entende-se por agente social o pro-
enfermagem, podendo acrescentar a esta composição, como parte -fissional que desempenha atividades que visam garantir a atenção,
da equipe multiprofissional, o ACS e ACE e os profissionais de saúde a defesa e a proteção às pessoas em situação de risco pessoal e so-
bucal:1 (um) cirurgião dentista, preferencialmente especialista em cial, assim como aproximar as equipes dos valores, modos de vida e
saúde da família e 1 (um) técnico ou auxiliar em saúde bucal. cultura das pessoas em situação de rua.
Devem contar também, com um (01) técnico de laboratório e/ Para vigência enquanto equipe, deverá cumprir os seguintes
ou bioquímico. Estas equipes poderão incluir, na composição míni- requisitos:
ma, os profissionais de saúde bucal, um (1) cirurgião dentista, pre- I - demonstração do cadastramento da eCR no Sistema de Ca-
ferencialmente especialista em saúde da família, e um (01) Técnico dastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (SCNES); e
ou Auxiliar em Saúde Bucal. II - alimentação de dados no Sistema de Informação da Atenção
Poderão, ainda, acrescentar até 2 (dois) profissionais da área Básica vigente, conforme norma específica.
da saúde de nível superior à sua composição, dentre enfermeiros
ou outros profissionais previstos para os Nasf - AB Em Municípios ou áreas que não tenham Consultórios na Rua,
Para as comunidades distantes da Unidade Básica de Saúde de o cuidado integral das pessoas em situação de rua deve seguir sen-
referência, a eSFF adotará circuito de deslocamento que garanta o do de responsabilidade das equipes que atuam na Atenção Básica,
atendimento a todas as comunidades assistidas, ao menos a cada incluindo os profissionais de saúde bucal e os Núcleos Ampliados à
60 (sessenta) dias, para assegurar a execução das ações de Atenção Saúde da Família e equipes de Atenção Básica (Nasf-AB) do territó-
Básica. rio onde estas pessoas estão concentradas.
Para operacionalizar a atenção à saúde das comunidades ribei- Para cálculo do teto das equipes dos Consultórios na Rua de
rinhas dispersas no território de abrangência, onde a UBS Fluvial cada município, serão tomados como base os dados dos censos po-
não conseguir aportar, a eSFF poderá receber incentivo financeiro pulacionais relacionados à população em situação de rua realizados
de custeio para logística, que considera a existência das seguintes por órgãos oficiais e reconhecidos pelo Ministério da Saúde.
estruturas:
a. até 4 (quatro) unidades de apoio (ou satélites), vinculadas e As regras estão publicadas em portarias específicas que disci-
informadas no Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde vi- plinam composição das equipes, valor do incentivo financeiro, dire-
gente, utilizada(s) como base(s) da(s) equipe(s), onde será realizada trizes de funcionamento, monitoramento e acompanhamento das
a atenção de forma descentralizada; e equipes de consultório na rua entre outras disposições.
b. até 4 (quatro) embarcações de pequeno porte exclusivas 1 - Equipe de Atenção Básica Prisional (eABP): São compostas
para o deslocamento dos profissionais de saúde da(s) equipe(s) vin- por equipe multiprofissional que deve estar cadastrada no Sistema
culada(s)s ao Estabelecimento de Saúde de Atenção Básica. Nacional de Estabelecimentos de Saúde vigente, e com responsabi-
lidade de articular e prestar atenção integral à saúde das pessoas
privadas de liberdade.

95
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Com o objetivo de garantir o acesso das pessoas privadas de li- IX. Responsabilizar-se pela população adscrita mantendo a co-
berdade no sistema prisional ao cuidado integral no SUS, é previsto ordenação do cuidado mesmo quando necessita de atenção em ou-
na Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Priva- tros pontos de atenção do sistema de saúde;
das de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP), que os serviços de X. Utilizar o Sistema de Informação da Atenção Básica vigente
saúde no sistema prisional passam a ser ponto de atenção da Rede para registro das ações de saúde na AB, visando subsidiar a gestão,
de Atenção à Saúde (RAS) do SUS, qualificando também a Atenção planejamento, investigação clínica e epidemiológica, e à avaliação
Básica no âmbito prisional como porta de entrada do sistema e or- dos serviços de saúde;;
denadora das ações e serviços de saúde, devendo realizar suas ati- XI. Contribuir para o processo de regulação do acesso a partir
vidades nas unidades prisionais ou nas Unidades Básicas de Saúde da Atenção Básica, participando da definição de fluxos assistenciais
a que estiver vinculada, conforme portaria específica. na RAS, bem como da elaboração e implementação de protocolos
e diretrizes clínicas e terapêuticas para a ordenação desses fluxos;
4 - ATRIBUIÇÕES DOS PROFISSIONAIS DA ATENÇÃO BÁSICA XII. Realizar a gestão das filas de espera, evitando a prática do
As atribuições dos profissionais das equipes que atuam na encaminhamento desnecessário, com base nos processos de regu-
Atenção Básica deverão seguir normativas específicas do Ministério lação locais (referência e contrarreferência), ampliando-a para um
da Saúde, bem como as definições de escopo de práticas, proto- processo de compartilhamento de casos e acompanhamento lon-
colos, diretrizes clínicas e terapêuticas, além de outras normativas gitudinal de responsabilidade das equipes que atuam na atenção
técnicas estabelecidas pelos gestores federal, estadual, municipal básica;
ou do Distrito Federal. XIII. Prever nos fluxos da RAS entre os pontos de atenção de
4.1 Atribuições Comuns a todos os membros das Equipes que diferentes configurações tecnológicas a integração por meio de ser-
atuam na Atenção Básica: viços de apoio logístico, técnico e de gestão, para garantir a integra-
- Participar do processo de territorialização e mapeamento da lidade do cuidado;
área de atuação da equipe, identificando grupos, famílias e indiví- XIV. Instituir ações para segurança do paciente e propor medi-
duos expostos a riscos e vulnerabilidades; das para reduzir os riscos e diminuir os eventos adversos;
- Cadastrar e manter atualizado o cadastramento e outros XV. Alimentar e garantir a qualidade do registro das atividades
dados de saúde das famílias e dos indivíduos no sistema de infor- nos sistemas de informação da Atenção Básica, conforme normati-
mação da Atenção Básica vigente, utilizando as informações siste- va vigente;
maticamente para a análise da situação de saúde, considerando as XVI. Realizar busca ativa e notificar doenças e agravos de no-
características sociais, econômicas, culturais, demográficas e epide- tificação compulsória, bem como outras doenças, agravos, surtos,
miológicas do território, priorizando as situações a serem acompa- acidentes, violências, situações sanitárias e ambientais de impor-
nhadas no planejamento local; tância local, considerando essas ocorrências para o planejamento
- Realizar o cuidado integral à saúde da população adscrita, de ações de prevenção, proteção e recuperação em saúde no ter-
prioritariamente no âmbito da Unidade Básica de Saúde, e quando ritório;
necessário, no domicílio e demais espaços comunitários (escolas, XVII. Realizar busca ativa de internações e atendimentos de ur-
associações, entre outros), com atenção especial às populações que gência/emergência por causas sensíveis à Atenção Básica, a fim de
apresentem necessidades específicas (em situação de rua, em me- estabelecer estratégias que ampliem a resolutividade e a longitudi-
dida socioeducativa, privada de liberdade, ribeirinha, fluvial, etc.). nalidade pelas equipes que atuam na AB;
- Realizar ações de atenção à saúde conforme a necessidade de XVIII. Realizar visitas domiciliares e atendimentos em domicílio
saúde da população local, bem como aquelas previstas nas priori- às famílias e pessoas em residências, Instituições de Longa Perma-
dades, protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas, assim como, na nência (ILP), abrigos, entre outros tipos de moradia existentes em
oferta nacional de ações e serviços essenciais e ampliados da AB; seu território, de acordo com o planejamento da equipe, necessida-
V. Garantir a atenção à saúde da população adscrita, buscan- des e prioridades estabelecidas;
do a integralidade por meio da realização de ações de promoção, XIX. Realizar atenção domiciliar a pessoas com problemas de
proteção e recuperação da saúde, prevenção de doenças e agravos saúde controlados/compensados com algum grau de dependência
e da garantia de atendimento da demanda espontânea, da realiza- para as atividades da vida diária e que não podem se deslocar até a
ção das ações programáticas, coletivas e de vigilância em saúde, e Unidade Básica de Saúde;
incorporando diversas racionalidades em saúde, inclusive Práticas XX. Realizar trabalhos interdisciplinares e em equipe, inte-
Integrativas e Complementares; grando áreas técnicas, profissionais de diferentes formações e até
VI. Participar do acolhimento dos usuários, proporcionando mesmo outros níveis de atenção, buscando incorporar práticas de
atendimento humanizado, realizando classificação de risco, identi- vigilância, clínica ampliada e matriciamento ao processo de traba-
ficando as necessidades de intervenções de cuidado, responsabili- lho cotidiano para essa integração (realização de consulta compar-
zando-se pela continuidade da atenção e viabilizando o estabeleci- tilhada reservada aos profissionais de nível superior, construção
mento do vínculo; de Projeto Terapêutico Singular, trabalho com grupos, entre outras
VII. Responsabilizar-se pelo acompanhamento da população estratégias, em consonância com as necessidades e demandas da
adscrita ao longo do tempo no que se refere às múltiplas situações população);
de doenças e agravos, e às necessidades de cuidados preventivos, XXI. Participar de reuniões de equipes a fim de acompanhar
permitindo a longitudinalidade do cuidado; e discutir em conjunto o planejamento e avaliação sistemática das
VIII. Praticar cuidado individual, familiar e dirigido a pessoas, ações da equipe, a partir da utilização dos dados disponíveis, visan-
famílias e grupos sociais, visando propor intervenções que possam do a readequação constante do processo de trabalho;
influenciar os processos saúde-doença individual, das coletividades XXII. Articular e participar das atividades de educação perma-
e da própria comunidade; nente e educação continuada;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

XXIII. Realizar ações de educação em saúde à população ads- III - Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade
trita, conforme planejamento da equipe e utilizando abordagens na sua área de atuação.
adequadas às necessidades deste público;
XXIV.Participar do gerenciamento dos insumos necessários 4.2.1 - Médico:
para o adequado funcionamento da UBS; I - Realizar a atenção à saúde às pessoas e famílias sob sua res-
XIV. Promover a mobilização e a participação da comunidade, ponsabilidade;
estimulando conselhos/colegiados, constituídos de gestores locais, II - Realizar consultas clínicas, pequenos procedimentos cirúrgi-
profissionais de saúde e usuários, viabilizando o controle social na cos, atividades em grupo na UBS e, quando indicado ou necessário,
gestão da Unidade Básica de Saúde; no domicílio e/ou nos demais espaços comunitários (escolas, asso-
XXV. Identificar parceiros e recursos na comunidade que pos- ciações entre outros); em conformidade com protocolos, diretrizes
sam potencializar ações intersetoriais; clínicas e terapêuticas, bem como outras normativas técnicas es-
XXVI. Acompanhar e registrar no Sistema de Informação da tabelecidas pelos gestores (federal, estadual, municipal ou Distrito
Atenção Básica e no mapa de acompanhamento do Programa Bolsa Federal), observadas as disposições legais da profissão;
Família (PBF), e/ou outros pro-gramas sociais equivalentes, as con- III - Realizar estratificação de risco e elaborar plano de cuidados
dicionalidades de saúde das famílias beneficiárias;e para as pessoas que possuem condições crônicas no território, jun-
XXVII. Realizar outras ações e atividades, de acordo com as to aos demais membros da equipe;
prioridades locais, definidas pelo gestor local. IV - Encaminhar, quando necessário, usuários a outros pontos
de atenção, respeitando fluxos locais, mantendo sob sua responsa-
4.2. São atribuições específicas dos profissionais das equipes bilidade o acompanhamento do plano terapêutico prescrito;
que atuam na Atenção Básica: V - Indicar a necessidade de internação hospitalar ou domiciliar,
mantendo a responsabilização pelo acompanhamento da pessoa;
4.2.1 - Enfermeiro: VI - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas pelos
I - Realizar atenção à saúde aos indivíduos e famílias vinculadas ACS e ACE em conjunto com os outros membros da equipe; e
às equipes e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos VII - Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade
demais espaços comunitários (escolas, associações entre outras), na sua área de atuação.
em todos os ciclos de vida;
II - Realizar consulta de enfermagem, procedimentos, solicitar 4.2.2 - Cirurgião-Dentista:
exames complementares, prescrever medicações conforme proto- I - Realizar a atenção em saúde bucal (promoção e proteção da
colos, diretrizes clínicas e terapêuticas, ou outras normativas téc- saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, acompanha-
nicas estabelecidas pelo gestor federal, estadual, municipal ou do mento, reabilitação e manutenção da saúde) individual e coletiva a
Distrito Federal, observadas as disposições legais da profissão; todas as famílias, a indivíduos e a grupos específicos, atividades em
III - Realizar e/ou supervisionar acolhimento com escuta qua- grupo na UBS e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou
lificada e classificação de risco, de acordo com protocolos estabe- nos demais espaços comunitários (escolas, associações entre ou-
lecidos; tros), de acordo com planejamento da equipe, com resolubilidade e
IV - Realizar estratificação de risco e elaborar plano de cuidados em conformidade com protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas,
para as pessoas que possuem condições crônicas no território, jun- bem como outras normativas técnicas estabelecidas pelo gestor
to aos demais membros da equipe; federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal, observadas as
V - Realizar atividades em grupo e encaminhar, quando neces- disposições legais da profissão;
sário, usuários a outros serviços, conforme fluxo estabelecido pela II - Realizar diagnóstico com a finalidade de obter o perfil epi-
rede local; demiológico para o planejamento e a programação em saúde bucal
VI - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas pelos no território;
técnicos/auxiliares de enfermagem, ACS e ACE em conjunto com os III - Realizar os procedimentos clínicos e cirúrgicos da AB em
outros membros da equipe; saúde bucal, incluindo atendimento das urgências, pequenas ci-
VII - Supervisionar as ações do técnico/auxiliar de enfermagem rurgias ambulatoriais e procedimentos relacionados com as fases
e ACS; clínicas de moldagem, adaptação e acompanhamento de próteses
VIII - Implementar e manter atualizados rotinas, protocolos e dentárias (elementar, total e parcial removível);
fluxos relacionados a sua área de competência na UBS; e IV - Coordenar e participar de ações coletivas voltadas à pro-
IX - Exercer outras atribuições conforme legislação profissional, moção da saúde e à prevenção de doenças bucais;
e que sejam de responsabilidade na sua área de atuação. V - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes
à saúde com os demais membros da equipe, buscando aproximar
4.2.2 - Técnico e/ou Auxiliar de Enfermagem: saúde bucal e integrar ações de forma multidisciplinar;
I - Participar das atividades de atenção à saúde realizando pro- VI - Realizar supervisão do técnico em saúde bucal (TSB) e auxi-
cedimentos regulamentados no exercício de sua profissão na UBS liar em saúde bucal (ASB);
e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos demais VII - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas pelos
espaços comunitários (escolas, associações, entre outros); ACS e ACE em conjunto com os outros membros da equipe;
II - Realizar procedimentos de enfermagem, como curativos,
administração de medicamentos, vacinas, coleta de material para VIII - Realizar estratificação de risco e elaborar plano de cuida-
exames, lavagem, preparação e esterilização de materiais, entre ou- dos para as pessoas que possuem condições crônicas no território,
tras atividades delegadas pelo enfermeiro, de acordo com sua área junto aos demais membros da equipe; e
de atuação e regulamentação; e

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

IX - Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade IV - Realizar o acolhimento do paciente nos serviços de saúde
na sua área de atuação. bucal;
V - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes à
4.2.3 - Técnico em Saúde Bucal (TSB): saúde bucal com os demais membros da equipe de Atenção Básica,
I - Realizar a atenção em saúde bucal individual e coletiva das buscando aproximar e integrar ações de saúde de forma multidis-
famílias, indivíduos e a grupos específicos, atividades em grupo ciplinar;
na UBS e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos VI - Aplicar medidas de biossegurança no armazenamento,
demais espaços comunitários (escolas, associações entre outros), transporte, manuseio e descarte de produtos e resíduos odonto-
segundo programação e de acordo com suas competências técnicas lógicos;
e legais; VII - Processar filme radiográfico;
II - Coordenar a manutenção e a conservação dos equipamen- VIII - Selecionar moldeiras;
tos odontológicos; IX - Preparar modelos em gesso;
III - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes à X - Manipular materiais de uso odontológico realizando manu-
saúde bucal com os demais membros da equipe, buscando aproxi- tenção e conservação dos equipamentos;
mar e integrar ações de saúde de forma multidisciplinar; XI - Participar da realização de levantamentos e estudos epide-
IV - Apoiar as atividades dos ASB e dos ACS nas ações de pre- miológicos, exceto na categoria de examinador; e
venção e promoção da saúde bucal; XII - Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade
V - Participar do treinamento e capacitação de auxiliar em saú- na sua área de atuação.
de bucal e de agentes multiplicadores das ações de promoção à
saúde; 4.2.5 - Gerente de Atenção Básica
VI - Participar das ações educativas atuando na promoção da Recomenda-se a inclusão do Gerente de Atenção Básica com o
saúde e na prevenção das doenças bucais; objetivo de contribuir para o aprimoramento e qualificação do pro-
VII - Participar da realização de levantamentos e estudos epide- cesso de trabalho nas Unidades Básicas de Saúde, em especial ao
miológicos, exceto na categoria de examinador; fortalecer a atenção à saúde prestada pelos profissionais das equi-
VIII - Realizar o acolhimento do paciente nos serviços de saúde pes à população adscrita, por meio de função técnico-gerencial. A
bucal; inclusão deste profissional deve ser avaliada pelo gestor, segundo a
IX - Fazer remoção do biofilme, de acordo com a indicação téc- necessidade do território e cobertura de AB.
nica definida pelo cirurgião-dentista; Entende-se por Gerente de AB um profissional qualificado, pre-
X - Realizar fotografias e tomadas de uso odontológico exclusi- ferencialmente com nível superior, com o papel de garantir o plane-
vamente em consultórios ou clínicas odontológicas; jamento em saúde, de acordo com as necessidades do território e
XI - Inserir e distribuir no preparo cavitário materiais odontoló- comunidade, a organização do processo de trabalho, coordenação
gicos na restauração dentária direta, sendo vedado o uso de mate- e integração das ações. Importante ressaltar que o gerente não seja
riais e instrumentos não indicados pelo cirurgião-dentista; profissional integrante das equipes vinculadas à UBS e que possua
XII - Auxiliar e instrumentar o cirurgião-dentista nas interven- experiência na Atenção Básica, preferencialmente de nível superior,
ções clínicas e procedimentos demandados pelo mesmo; e dentre suas atribuições estão:
XIII - Realizar a remoção de sutura conforme indicação do Ci- I - Conhecer e divulgar, junto aos demais profissionais, as dire-
rurgião Dentista; trizes e normas que incidem sobre a AB em âmbito nacional, esta-
XIV - Executar a organização, limpeza, assepsia, desinfecção e dual, municipal e Distrito Federal, com ênfase na Política Nacional
esterilização do instrumental, dos equipamentos odontológicos e de Atenção Básica, de modo a orientar a organização do processo
do ambiente de trabalho; de trabalho na UBS;
XV - Proceder à limpeza e à antissepsia do campo operatório, II - Participar e orientar o processo de territorialização, diagnós-
antes e após atos cirúrgicos; tico situacional, planejamento e programação das equipes, avalian-
XVI - Aplicar medidas de biossegurança no armazenamento, do resultados e propondo estratégias para o alcance de metas de
manuseio e descarte de produtos e resíduos odontológicos; saúde, junto aos demais profissionais;
XVII - Processar filme radiográfico; III - Acompanhar, orientar e monitorar os processos de trabalho
XVIII - Selecionar moldeiras; das equipes que atuam na AB sob sua gerência, contribuindo para
XIX - Preparar modelos em gesso; implementação de políticas, estratégias e programas de saúde, bem
XX - Manipular materiais de uso odontológico. como para a mediação de conflitos e resolução de problemas;
XXI - Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade IV - Mitigar a cultura na qual as equipes, incluindo profissionais
na sua área de atuação. envolvidos no cuidado e gestores assumem responsabilidades pela
sua própria segurança de seus colegas, pacientes e familiares, enco-
4.2.4 - Auxiliar em Saúde Bucal (ASB): rajando a identificação, a notificação e a resolução dos problemas
I - Realizar ações de promoção e prevenção em saúde bucal relacionados à segurança;
para as famílias, grupos e indivíduos, mediante planejamento local V - Assegurar a adequada alimentação de dados nos sistemas
e protocolos de atenção à saúde; de informação da Atenção Básica vigente, por parte dos profissio-
II - Executar organização, limpeza, assepsia, desinfecção e es- nais, verificando sua consistência, estimulando a utilização para
terilização do instrumental, dos equipamentos odontológicos e do análise e planejamento das ações, e divulgando os resultados ob-
ambiente de trabalho; tidos;
III - Auxiliar e instrumentar os profissionais nas intervenções VI - Estimular o vínculo entre os profissionais favorecendo o
clínicas, trabalho em equipe;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

VII - Potencializar a utilização de recursos físicos, tecnológicos e III - Realizar visitas domiciliares com periodicidade estabelecida
equipamentos existentes na UBS, apoiando os processos de cuida- no planejamento da equipe e conforme as necessidades de saúde
do a partir da orientação à equipe sobre a correta utilização desses da população, para o monitoramento da situação das famílias e indi-
recursos; víduos do território, com especial atenção às pessoas com agravos e
VIII - Qualificar a gestão da infraestrutura e dos insumos (ma- condições que necessitem de maior número de visitas domiciliares;
nutenção, logística dos materiais, ambiência da UBS), zelando pelo IV - Identificar e registrar situações que interfiram no curso das
bom uso dos recursos e evitando o desabastecimento; doenças ou que tenham importância epidemiológica relacionada
IX - Representar o serviço sob sua gerência em todas as ins- aos fatores ambientais, realizando, quando necessário, bloqueio de
tâncias necessárias e articular com demais atores da gestão e do transmissão de doenças infecciosas e agravos;
território com vistas à qualificação do trabalho e da atenção à saúde V - Orientar a comunidade sobre sintomas, riscos e agentes
realizada na UBS; transmissores de doenças e medidas de prevenção individual e co-
X - Conhecer a RAS, participar e fomentar a participação dos letiva;
profissionais na organização dos fluxos de usuários, com base em VI - Identificar casos suspeitos de doenças e agravos, encami-
protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas, apoiando a referência nhar os usuários para a unidade de saúde de referência, registrar e
e contrarreferência entre equipes que atuam na AB e nos diferentes comunicar o fato à autoridade de saúde responsável pelo território;
pontos de atenção, com garantia de encaminhamentos responsá- VII - Informar e mobilizar a comunidade para desenvolver me-
veis; didas simples de manejo ambiental e outras formas de intervenção
XI - Conhecer a rede de serviços e equipamentos sociais do ter- no ambiente para o controle de vetores;
ritório, e estimular a atuação intersetorial, com atenção diferencia- VIII - Conhecer o funcionamento das ações e serviços do seu
da para as vulnerabilidades existentes no território; território e orientar as pessoas quanto à utilização dos serviços de
XII - Identificar as necessidades de formação/qualificação dos saúde disponíveis;
profissionais em conjunto com a equipe, visando melhorias no IX - Estimular a participação da comunidade nas políticas públi-
processo de trabalho, na qualidade e resolutividade da atenção, cas voltadas para a área da saúde;
e promover a Educação Permanente, seja mobilizando saberes na X - Identificar parceiros e recursos na comunidade que possam
própria UBS, ou com parceiros; potencializar ações intersetoriais de relevância para a promoção da
XIII - Desenvolver gestão participativa e estimular a participa- qualidade de vida da população, como ações e programas de edu-
ção dos profissionais e usuários em instâncias de controle social; cação, esporte e lazer, assistência social, entre outros; e
XIV - Tomar as providências cabíveis no menor prazo possível XI - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas por le-
quanto a ocorrências que interfiram no funcionamento da unidade; gislação específica da categoria, ou outra normativa instituída pelo
e gestor federal, municipal ou do Distrito Federal.
XV - Exercer outras atribuições que lhe sejam designadas pelo
gestor municipal ou do Distrito Federal, de acordo com suas com- b) Atribuições do ACS:
petências. I - Trabalhar com adscrição de indivíduos e famílias em base
geográfica definida e cadastrar todas as pessoas de sua área, man-
4.2.6 - Agente Comunitário de Saúde (ACS) e Agente de Com- -tendo os dados atualizados no sistema de informação da Atenção
bate a Endemias (ACE) Básica vigente, utilizando-os de forma sistemática, com apoio da
Seguindo o pressuposto de que Atenção Básica e Vigilância em equipe, para a análise da situação de saúde, considerando as carac-
Saúde devem se unir para a adequada identificação de problemas terísticas sociais, econômicas, culturais, demográficas e epidemio-
de saúde nos territórios e o planejamento de estratégias de inter- lógicas do território, e priorizando as situações a serem acompa-
venção clínica e sanitária mais efetivas e eficazes, orienta-se que as nhadas no planejamento local;
atividades específicas dos agentes de saúde (ACS e ACE) devem ser II - Utilizar instrumentos para a coleta de informações que
integradas. apoiem no diagnóstico demográfico e sociocultural da comunidade;
Assim, além das atribuições comuns a todos os profissionais da III - Registrar, para fins de planejamento e acompanhamento
equipe de AB, são atribuições dos ACS e ACE: das ações de saúde, os dados de nascimentos, óbitos, doenças e
a) Atribuições comuns do ACS e ACE outros agravos à saúde, garantido o sigilo ético;
I - Realizar diagnóstico demográfico, social, cultural, ambiental, IV - Desenvolver ações que busquem a integração entre a equi-
epidemiológico e sanitário do território em que atuam, contribuin- pe de saúde e a população adscrita à UBS, considerando as caracte-
do para o processo de territorialização e mapeamento da área de rísticas e as finalidades do trabalho de acompanhamento de indiví-
atuação da equipe; duos e grupos sociais ou coletividades;
II - Desenvolver atividades de promoção da saúde, de preven- V - Informar os usuários sobre as datas e horários de consultas
ção de doenças e agravos, em especial aqueles mais prevalentes no e exames agendados;
território, e de vigilância em saúde, por meio de visitas domiciliares VI - Participar dos processos de regulação a partir da Atenção
regulares e de ações educativas individuais e coletivas, na UBS, no Básica para acompanhamento das necessidades dos usuários no
domicílio e outros espaços da comunidade, incluindo a investigação que diz respeito a agendamentos ou desistências de consultas e
epidemiológica de casos suspeitos de doenças e agravos junto a ou- exames solicitados;
tros profissionais da equipe quando necessário; VII - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas por le-
gislação específica da categoria, ou outra normativa instituída pelo
gestor federal, municipal ou do Distrito Federal.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Poderão ser consideradas, ainda, atividades do Agente Comu- 4.2.3 - Técnico em Saúde Bucal (TSB):
nitário de Saúde, a serem realizadas em caráter excepcional, assis- I - Realizar a atenção em saúde bucal individual e coletiva das
tidas por profissional de saúde de nível superior, membro da equi- famílias, indivíduos e a grupos específicos, atividades em grupo
pe, após treinamento específico e fornecimento de equipamentos na UBS e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos
adequados, em sua base geográfica de atuação, encaminhando o demais espaços comunitários (escolas, associações entre outros),
paciente para a unidade de saúde de referência. segundo programação e de acordo com suas competências técnicas
I - aferir a pressão arterial, inclusive no domicílio, com o objeti- e legais;
vo de promover saúde e prevenir doenças e agravos; II - Coordenar a manutenção e a conservação dos equipamen-
II - realizar a medição da glicemia capilar, inclusive no domicí- tos odontológicos;
lio, para o acompanhamento dos casos diagnosticados de diabetes III - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes à
mellitus e segundo projeto terapêutico prescrito pelas equipes que saúde bucal com os demais membros da equipe, buscando aproxi-
atuam na Atenção Básica; mar e integrar ações de saúde de forma multidisciplinar;
III - aferição da temperatura axilar, durante a visita domiciliar; IV - Apoiar as atividades dos ASB e dos ACS nas ações de pre-
IV - realizar técnicas limpas de curativo, que são realizadas com venção e promoção da saúde bucal;
material limpo, água corrente ou soro fisiológico e cobertura estéril, V - Participar do treinamento e capacitação de auxiliar em saú-
com uso de coberturas passivas, que somente cobre a ferida; e de bucal e de agentes multiplicadores das ações de promoção à
V - Indicar a necessidade de internação hospitalar ou domiciliar, saúde;
mantendo a responsabilização pelo acompanhamento da pessoa; VI - Participar das ações educativas atuando na promoção da
VI - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas pelos saúde e na prevenção das doenças bucais;
ACS e ACE em conjunto com os outros membros da equipe; e VII - Participar da realização de levantamentos e estudos epide-
VII - Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade miológicos, exceto na categoria de examinador;
na sua área de atuação. VIII - Realizar o acolhimento do paciente nos serviços de saúde
bucal;
4.2.2 - Cirurgião-Dentista: IX - Fazer remoção do biofilme, de acordo com a indicação téc-
I - Realizar a atenção em saúde bucal (promoção e proteção da nica definida pelo cirurgião-dentista;
saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, acompanha- X - Realizar fotografias e tomadas de uso odontológico exclusi-
mento, reabilitação e manutenção da saúde) individual e coletiva a vamente em consultórios ou clínicas odontológicas;
todas as famílias, a indivíduos e a grupos específicos, atividades em XI - Inserir e distribuir no preparo cavitário materiais odontoló-
grupo na UBS e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou gicos na restauração dentária direta, sendo vedado o uso de mate-
nos demais espaços comunitários (escolas, associações entre ou- riais e instrumentos não indicados pelo cirurgião-dentista;
tros), de acordo com planejamento da equipe, com resolubilidade e XII - Auxiliar e instrumentar o cirurgião-dentista nas interven-
em conformidade com protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas, ções clínicas e procedimentos demandados pelo mesmo;
bem como outras normativas técnicas estabelecidas pelo gestor XIII - Realizar a remoção de sutura conforme indicação do Ci-
federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal, observadas as rurgião Dentista;
disposições legais da profissão; XIV - Executar a organização, limpeza, assepsia, desinfecção e
II - Realizar diagnóstico com a finalidade de obter o perfil epi- esterilização do instrumental, dos equipamentos odontológicos e
demiológico para o planejamento e a programação em saúde bucal do ambiente de trabalho;
no território; XV - Proceder à limpeza e à antissepsia do campo operatório,
III - Realizar os procedimentos clínicos e cirúrgicos da AB em antes e após atos cirúrgicos;
saúde bucal, incluindo atendimento das urgências, pequenas ci- XVI - Aplicar medidas de biossegurança no armazenamento,
rurgias ambulatoriais e procedimentos relacionados com as fases manuseio e descarte de produtos e resíduos odontológicos;
clínicas de moldagem, adaptação e acompanhamento de próteses XVII - Processar filme radiográfico;
dentárias (elementar, total e parcial removível); XVIII - Selecionar moldeiras;
IV - Coordenar e participar de ações coletivas voltadas à pro- XIX - Preparar modelos em gesso;
moção da saúde e à prevenção de doenças bucais; XX - Manipular materiais de uso odontológico.
V - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes XXI - Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade
à saúde com os demais membros da equipe, buscando aproximar na sua área de atuação.
saúde bucal e integrar ações de forma multidisciplinar;
VI - Realizar supervisão do técnico em saúde bucal (TSB) e auxi- 4.2.4 - Auxiliar em Saúde Bucal (ASB):
liar em saúde bucal (ASB); I - Realizar ações de promoção e prevenção em saúde bucal
VII - Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas pelos para as famílias, grupos e indivíduos, mediante planejamento local
ACS e ACE em conjunto com os outros membros da equipe; e protocolos de atenção à saúde;
VIII - Realizar estratificação de risco e elaborar plano de cuida- II - Executar organização, limpeza, assepsia, desinfecção e es-
dos para as pessoas que possuem condições crônicas no território, terilização do instrumental, dos equipamentos odontológicos e do
junto aos demais membros da equipe; e ambiente de trabalho;
IX - Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade III - Auxiliar e instrumentar os profissionais nas intervenções
na sua área de atuação. clínicas,
IV - Realizar o acolhimento do paciente nos serviços de saúde
bucal;

100
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

V - Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes à VII - Potencializar a utilização de recursos físicos, tecnológicos e
saúde bucal com os demais membros da equipe de Atenção Básica, equipamentos existentes na UBS, apoiando os processos de cuida-
buscando aproximar e integrar ações de saúde de forma multidis- do a partir da orientação à equipe sobre a correta utilização desses
ciplinar; recursos;
VI - Aplicar medidas de biossegurança no armazenamento, VIII - Qualificar a gestão da infraestrutura e dos insumos (ma-
transporte, manuseio e descarte de produtos e resíduos odonto- nutenção, logística dos materiais, ambiência da UBS), zelando pelo
lógicos; bom uso dos recursos e evitando o desabastecimento;
VII - Processar filme radiográfico; IX - Representar o serviço sob sua gerência em todas as ins-
VIII - Selecionar moldeiras; tâncias necessárias e articular com demais atores da gestão e do
IX - Preparar modelos em gesso; território com vistas à qualificação do trabalho e da atenção à saúde
X - Manipular materiais de uso odontológico realizando manu- realizada na UBS;
tenção e conservação dos equipamentos; X - Conhecer a RAS, participar e fomentar a participação dos
XI - Participar da realização de levantamentos e estudos epide- profissionais na organização dos fluxos de usuários, com base em
miológicos, exceto na categoria de examinador; e protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas, apoiando a referência
XII -. Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade e contrarreferência entre equipes que atuam na AB e nos diferentes
na sua área de atuação. pontos de atenção, com garantia de encaminhamentos responsá-
veis;
4.2.5 - Gerente de Atenção Básica XI - Conhecer a rede de serviços e equipamentos sociais do ter-
Recomenda-se a inclusão do Gerente de Atenção Básica com o ritório, e estimular a atuação intersetorial, com atenção diferencia-
objetivo de contribuir para o aprimoramento e qualificação do pro- da para as vulnerabilidades existentes no território;
cesso de trabalho nas Unidades Básicas de Saúde, em especial ao XII - Identificar as necessidades de formação/qualificação dos
fortalecer a atenção à saúde prestada pelos profissionais das equi- profissionais em conjunto com a equipe, visando melhorias no
pes à população adscrita, por meio de função técnico-gerencial. A processo de trabalho, na qualidade e resolutividade da atenção,
inclusão deste profissional deve ser avaliada pelo gestor, segundo a e promover a Educação Permanente, seja mobilizando saberes na
necessidade do território e cobertura de AB. própria UBS, ou com parceiros;
Entende-se por Gerente de AB um profissional qualificado, pre- XIII - Desenvolver gestão participativa e estimular a participa-
ferencialmente com nível superior, com o papel de garantir o plane- ção dos profissionais e usuários em instâncias de controle social;
jamento em saúde, de acordo com as necessidades do território e XIV -Tomar as providências cabíveis no menor prazo possível
comunidade, a organização do processo de trabalho, coordenação quanto a ocorrências que interfiram no funcionamento da unidade;
e integração das ações. Importante ressaltar que o gerente não seja e
profissional integrante das equipes vinculadas à UBS e que possua XV - Exercer outras atribuições que lhe sejam designadas pelo
experiência na Atenção Básica, preferencialmente de nível superior, gestor municipal ou do Distrito Federal, de acordo com suas com-
e dentre suas atribuições estão: petências.
I - Conhecer e divulgar, junto aos demais profissionais, as dire-
trizes e normas que incidem sobre a AB em âmbito nacional, esta- 4.2.6 - Agente Comunitário de Saúde (ACS) e Agente de Com-
dual, municipal e Distrito Federal, com ênfase na Política Nacional bate a Endemias (ACE)
de Atenção Básica, de modo a orientar a organização do processo Seguindo o pressuposto de que Atenção Básica e Vigilância em
de trabalho na UBS; Saúde devem se unir para a adequada identificação de problemas
II - Participar e orientar o processo de territorialização, diagnós- de saúde nos territórios e o planejamento de estratégias de inter-
tico situacional, planejamento e programação das equipes, avalian- venção clínica e sanitária mais efetivas e eficazes, orienta-se que as
do resultados e propondo estratégias para o alcance de metas de atividades específicas dos agentes de saúde (ACS e ACE) devem ser
saúde, junto aos demais profissionais; integradas.
III - Acompanhar, orientar e monitorar os processos de trabalho Assim, além das atribuições comuns a todos os profissionais da
das equipes que atuam na AB sob sua gerência, contribuindo para equipe de AB, são atribuições dos ACS e ACE:
implementação de políticas, estratégias e programas de saúde, bem a) Atribuições comuns do ACS e ACE
como para a mediação de conflitos e resolução de problemas; I - Realizar diagnóstico demográfico, social, cultural, ambiental,
IV - Mitigar a cultura na qual as equipes, incluindo profissionais epidemiológico e sanitário do território em que atuam, contribuin-
envolvidos no cuidado e gestores assumem responsabilidades pela do para o processo de territorialização e mapeamento da área de
sua própria segurança de seus colegas, pacientes e familiares, enco- atuação da equipe;
rajando a identificação, a notificação e a resolução dos problemas II - Desenvolver atividades de promoção da saúde, de preven-
relacionados à segurança; ção de doenças e agravos, em especial aqueles mais prevalentes no
V - Assegurar a adequada alimentação de dados nos sistemas território, e de vigilância em saúde, por meio de visitas domiciliares
de informação da Atenção Básica vigente, por parte dos profissio- regulares e de ações educativas individuais e coletivas, na UBS, no
nais, verificando sua consistência, estimulando a utilização para domicílio e outros espaços da comunidade, incluindo a investigação
análise e planejamento das ações, e divulgando os resultados ob- epidemiológica de casos suspeitos de doenças e agravos junto a ou-
tidos; tros profissionais da equipe quando necessário;
VI - Estimular o vínculo entre os profissionais favorecendo o
trabalho em equipe;

101
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

III - Realizar visitas domiciliares com periodicidade estabelecida Poderão ser consideradas, ainda, atividades do Agente Comu-
no planejamento da equipe e conforme as necessidades de saúde nitário de Saúde, a serem realizadas em caráter excepcional, assis-
da população, para o monitoramento da situação das famílias e indi- tidas por profissional de saúde de nível superior, membro da equi-
víduos do território, com especial atenção às pessoas com agravos e pe, após treinamento específico e fornecimento de equipamentos
condições que necessitem de maior número de visitas domiciliares; adequados, em sua base geográfica de atuação, encaminhando o
IV - Identificar e registrar situações que interfiram no curso das paciente para a unidade de saúde de referência.
doenças ou que tenham importância epidemiológica relacionada I - aferir a pressão arterial, inclusive no domicílio, com o objeti-
aos fatores ambientais, realizando, quando necessário, bloqueio de vo de promover saúde e prevenir doenças e agravos;
transmissão de doenças infecciosas e agravos; II - realizar a medição da glicemia capilar, inclusive no domicí-
V - Orientar a comunidade sobre sintomas, riscos e agentes lio, para o acompanhamento dos casos diagnosticados de diabetes
transmissores de doenças e medidas de prevenção individual e co- mellitus e segundo projeto terapêutico prescrito pelas equipes que
letiva; atuam na Atenção Básica;
VI - Identificar casos suspeitos de doenças e agravos, encami- III - aferição da temperatura axilar, durante a visita domiciliar;
nhar os usuários para a unidade de saúde de referência, registrar e IV - realizar técnicas limpas de curativo, que são realizadas com
comunicar o fato à autoridade de saúde responsável pelo território; material limpo, água corrente ou soro fisiológico e cobertura estéril,
VII - Informar e mobilizar a comunidade para desenvolver me- com uso de coberturas passivas, que somente cobre a ferida; e
didas simples de manejo ambiental e outras formas de intervenção V - orientação e apoio, em domicílio, para a correta adminis-
no ambiente para o controle de vetores; tração da medicação do paciente em situação de vulnerabilidade.
VIII - Conhecer o funcionamento das ações e serviços do seu
território e orientar as pessoas quanto à utilização dos serviços de Importante ressaltar que os ACS só realizarão a execução dos
saúde disponíveis; procedimentos que requeiram capacidade técnica específica se de-
IX.-Estimular a participação da comunidade nas políticas públi- tiverem a respectiva formação, respeitada autorização legal.
cas voltadas para a área da saúde; c) Atribuições do ACE:
X - Identificar parceiros e recursos na comunidade que possam I - Executar ações de campo para pesquisa entomológica, mala-
potencializar ações intersetoriais de relevância para a promoção da cológica ou coleta de reservatórios de doenças;
qualidade de vida da população, como ações e programas de edu- II - Realizar cadastramento e atualização da base de imóveis
cação, esporte e lazer, assistência social, entre outros; e para planejamento e definição de estratégias de prevenção, inter-
XI - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas por le- venção e controle de doenças, incluindo, dentre outros, o recensea-
gislação específica da categoria, ou outra normativa instituída pelo mento de animais e levantamento de índice amostral tecnicamente
gestor federal, municipal ou do Distrito Federal. indicado;
III - Executar ações de controle de doenças utilizando as me-
b)Atribuições do ACS: didas de controle químico, biológico, manejo ambiental e outras
I - Trabalhar com adscrição de indivíduos e famílias em base ações de manejo integrado de vetores;
geográfica definida e cadastrar todas as pessoas de sua área, man- IV - Realizar e manter atualizados os mapas, croquis e o reco-
-tendo os dados atualizados no sistema de informação da Atenção nhecimento geográfico de seu território; e
Básica vigente, utilizando-os de forma sistemática, com apoio da V - Executar ações de campo em projetos que visem avaliar
equipe, para a análise da situação de saúde, considerando as carac- novas metodologias de intervenção para prevenção e controle de
terísticas sociais, econômicas, culturais, demográficas e epidemio- doenças; e
lógicas do território, e priorizando as situações a serem acompa- VI - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas por le-
nhadas no planejamento local; gislação específica da categoria, ou outra normativa instituída pelo
II - Utilizar instrumentos para a coleta de informações que gestor federal, municipal ou do Distrito Federal.
apoiem no diagnóstico demográfico e sociocultural da comunidade;
III - Registrar, para fins de planejamento e acompanhamento O ACS e o ACE devem compor uma equipe de Atenção Básica
das ações de saúde, os dados de nascimentos, óbitos, doenças e (eAB) ou uma equipe de Saúde da Família (eSF) e serem coordena-
outros agravos à saúde, garantido o sigilo ético; dos por profissionais de saúde de nível superior realizado de forma
IV - Desenvolver ações que busquem a integração entre a equi- compartilhada entre a Atenção Básica e a Vigilância em Saúde. Nas
pe de saúde e a população adscrita à UBS, considerando as caracte- localidades em que não houver cobertura por equipe de Atenção
rísticas e as finalidades do trabalho de acompanhamento de indiví- Básica (eAB) ou equipe de Saúde da Família (eSF), o ACS deve se
duos e grupos sociais ou coletividades; vincular à equipe da Estratégia de Agentes Comunitários de Saúde
V - Informar os usuários sobre as datas e horários de consultas (EACS). Já o ACE, nesses casos, deve ser vinculado à equipe de vi-
e exames agendados; gilância em saúde do município e sua supervisão técnica deve ser
VI - Participar dos processos de regulação a partir da Atenção realizada por profissional com comprovada capacidade técnica,
Básica para acompanhamento das necessidades dos usuários no podendo estar vinculado à equipe de atenção básica, ou saúde da
que diz respeito a agendamentos ou desistências de consultas e família, ou a outro serviço a ser definido pelo gestor local.
exames solicitados;
VII - Exercer outras atribuições que lhes sejam atribuídas por le- 5. DO PROCESSO DE TRABALHO NA ATENÇÃO BÁSICA
gislação específica da categoria, ou outra normativa instituída pelo A Atenção Básica como contato preferencial dos usuários na
gestor federal, municipal ou do Distrito Federal. rede de atenção à saúde orienta-se pelos princípios e diretrizes do
SUS, a partir dos quais assume funções e características específicas.
Considera as pessoas em sua singularidade e inserção sociocultural,

102
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

buscando produzir a atenção integral, por meio da promoção da V - Acesso - A unidade de saúde deve acolher todas as pessoas
saúde, da prevenção de doenças e agravos, do diagnóstico, do tra- do seu território de referência, de modo universal e sem diferencia-
tamento, da reabilitação e da redução de danos ou de sofrimentos ções excludentes. Acesso tem relação com a capacidade do serviço
que possam comprometer sua autonomia. em responder às necessidades de saúde da população (residente e
Dessa forma, é fundamental que o processo de trabalho na itinerante). Isso implica dizer que as necessidades da população de-
Atenção Básica se caracteriza por: vem ser o principal referencial para a definição do escopo de ações
I - Definição do território e Territorialização - A gestão deve de- e serviços a serem ofertados, para a forma como esses serão orga-
finir o território de responsabilidade de cada equipe, e esta deve co- nizados e para o todo o funcionamento da UBS, permitindo diferen-
nhecer o território de atuação para programar suas ações de acordo ciações de horário de atendimento (estendido, sábado, etc), formas
com o perfil e as necessidades da comunidade, considerando dife- de agendamento (por hora marcada, por telefone, e-mail, etc), e
rentes elementos para a cartografia: ambientais, históricos, demo- outros, para assegurar o acesso. Pelo mesmo motivo, recomenda-
gráficos, geográficos, econômicos, sanitários, sociais, culturais, etc. -se evitar barreiras de acesso como o fechamento da unidade du-
Importante refazer ou complementar a territorialização sempre que rante o horário de almoço ou em períodos de férias, entre outros,
necessário, já que o território é vivo. Nesse processo, a Vigilância impedindo ou restringindo a acesso da população. Destaca-se que
em Saúde (sanitária, ambiental, epidemiológica e do trabalhador) horários alternativos de funcionamento que atendam expressa-
e a Promoção da Saúde se mostram como referenciais essenciais mente a necessidade da população podem ser pactuados através
para a identificação da rede de causalidades e dos elementos que das instâncias de participação social e gestão local.
exercem determinação sobre o processo saúde-doença, auxiliando Importante ressaltar também que para garantia do acesso é
na percepção dos problemas de saúde da população por parte da necessário acolher e resolver os agravos de maior incidência no ter-
equipe e no planejamento das estratégias de intervenção. ritório e não apenas as ações programáticas, garantindo um amplo
Além dessa articulação de olhares para a compreensão do ter- escopo de ofertas nas unidades, de modo a concentrar recursos e
ritório sob a responsabilidade das equipes que atuam na AB, a inte- maximizar ofertas.
gração entre as ações de Atenção Básica e Vigilância em Saúde deve VI - O acolhimento deve estar presente em todas as relações de
ser concreta, de modo que se recomenda a adoção de um território cuidado, nos encontros entre trabalhadores de saúde e usuários,
único para ambas as equipes, em que o Agente de Combate às En- nos atos de receber e escutar as pessoas, suas necessidades, pro-
demias trabalhe em conjunto com o Agente Comunitário de Saúde blematizando e reconhecendo como legítimas, e realizando avalia-
e os demais membros da equipe multiprofissional de AB na identifi- ção de risco e vulnerabilidade das famílias daquele território, sendo
cação das necessidades de saúde da população e no planejamento que quanto maior o grau de vulnerabilidade e risco, menor deverá
das intervenções clínicas e sanitárias. ser a quantidade de pessoas por equipe, com especial atenção para
Possibilitar, de acordo com a necessidade e conformação do as condições crônicas.
território, através de pactuação e negociação entre gestão e equi-
pes, que o usuário possa ser atendido fora de sua área de cobertu- Considera-se condição crônica aquela de curso mais ou me-nos
ra, mantendo o diálogo e a informação com a equipe de referência. longo ou permanente que exige resposta e ações contínuas, proati-
II - Responsabilização Sanitária - Papel que as equipes devem vas e integradas do sistema de atenção à saúde, dos profissionais de
assumir em seu território de referência (adstrição), considerando saúde e das pessoas usuárias para o seu controle efetivo, eficiente
questões sanitárias, ambientais (desastres, controle da água, solo, e com qualidade.
ar), epidemiológicas (surtos, epidemias, notificações, controle de Ressalta-se a importância de que o acolhimento aconteça du-
agravos), culturais e socioeconômicas, contribuindo por meio de rante todo o horário de funcionamento da UBS, na organização dos
intervenções clínicas e sanitárias nos problemas de saúde da popu- fluxos de usuários na unidade, no estabelecimento de avaliações
lação com residência fixa, os itinerantes (população em situação de de risco e vulnerabilidade, na definição de modelagens de escuta
rua, ciganos, circenses, andarilhos, acampados, assentados, etc) ou (individual, coletiva, etc), na gestão das agendas de atendimento
mesmo trabalhadores da área adstrita. individual, nas ofertas de cuidado multidisciplinar, etc.
III - Porta de Entrada Preferencial - A responsabilização é fun- A saber, o acolhimento à demanda espontânea na Atenção Bá-
damental para a efetivação da Atenção Básica como contato e porta sica pode se constituir como:
de entrada preferencial da rede de atenção, primeiro atendimento a. Mecanismo de ampliação/facilitação do acesso - a equipe
às urgências/emergências, acolhimento, organização do escopo de deve atender todos as pessoas que chegarem na UBS, conforme
ações e do processo de trabalho de acordo com demandas e neces- sua necessidade, e não apenas determinados grupos populacionais,
sidades da população, através de estratégias diversas (protocolos e ou agravos mais prevalentes e/ou fragmentados por ciclo de vida.
diretrizes clínicas, linhas de cuidado e fluxos de encaminhamento Dessa forma a ampliação do acesso ocorre também contemplando
para os outros pontos de atenção da RAS, etc). Caso o usuário aces- a agenda programada e a demanda espontânea, abordando as situ-
se a rede através de outro nível de atenção, ele deve ser referencia- ações con-forme suas especificidades, dinâmicas e tempo.
do à Atenção Básica para que siga sendo acompanhado, asseguran- b. Postura, atitude e tecnologia do cuidado - se estabelece nas
do a continuidade do cuidado. relações entre as pessoas e os trabalhadores, nos modos de escuta,
IV - Adscrição de usuários e desenvolvimento de relações de na maneira de lidar com o não previsto, nos modos de construção
vínculo e responsabilização entre a equipe e a população do seu de vínculos (sensibilidade do trabalhador, posicionamento ético si-
território de atuação, de forma a facilitar a adesão do usuário ao tuacional), podendo facilitar a continuidade do cuidado ou facilitan-
cuidado compartilhado com a equipe (vinculação de pessoas e/ou do o acesso sobretudo para aqueles que procuram a UBS fora das
famílias e grupos a profissionais/equipes, com o objetivo de ser re- consultas ou atividades agendadas.
ferência para o seu cuidado).

103
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

c. Dispositivo de (re)organização do processo de trabalho em A estratificação de risco da população adscrita a determinada


equipe - a implantação do acolhimento pode provocar mudanças UBS é fundamental para que a equipe de saúde organize as ações
no modo de organização das equipes, relação entre trabalhadores que devem ser oferecidas a cada grupo ou estrato de risco/vulne-
e modo de cuidar. Para acolher a demanda espontânea com equi- rabilidade, levando em consideração a necessidade e adesão dos
dade e qualidade, não basta distribuir senhas em número limita- usuários, bem como a racionalidade dos recursos disponíveis nos
do, nem é possível encaminhar todas as pessoas ao médico, aliás serviços de saúde.
o acolhimento não deve se restringir à triagem clínica. Organizar a VII - Trabalho em Equipe Multiprofissional - Considerando a di-
partir do acolhimento exige que a equipe reflita sobre o conjunto versidade e complexidade das situações com as quais a Atenção Bá-
de ofertas que ela tem apresentado para lidar com as necessidades sica lida, um atendimento integral requer a presença de diferentes
de saúde da população e território. Para isso é importante que a formações profissionais trabalhando com ações compartilhadas,
equipe defina quais profissionais vão receber o usuário que chega; assim como, com processo interdisciplinar centrado no usuário,
como vai avaliar o risco e vulnerabilidade; fluxos e protocolos para incorporando práticas de vigilância, promoção e assistência à saú-
encaminhamento; como organizar a agenda dos profissionais para de, bem como matriciamento ao processo de trabalho cotidiano. É
o cuidado; etc. possível integrar também profissionais de outros níveis de atenção.
VIII - Resolutividade - Capacidade de identificar e intervir nos
Destacam-se como importantes ações no processo de avalia- riscos, necessidades e demandas de saúde da população, atingindo
ção de risco e vulnerabilidade na Atenção Básica o Acolhimento a solução de problemas de saúde dos usuários. A equipe deve ser
com Classificação de Risco (a) e a Estratificação de Risco (b). resolutiva desde o contato inicial, até demais ações e serviços da
a) Acolhimento com Classificação de Risco: escuta qualificada e AB de que o usuário necessite. Para tanto, é preciso garantir amplo
comprometida com a avaliação do potencial de risco, agravo à saú- escopo de ofertas e abordagens de cuidado, de modo a concentrar
de e grau de sofrimento dos usuários, considerando dimensões de recursos, maximizar as ofertas e melhorar o cuidado, encaminhan-
expressão (física, psíquica, social, etc) e gravidade, que possibilita do de forma qualificada o usuário que necessite de atendimento es-
priorizar os atendimentos a eventos agudos (condições agudas e pecializado. Isso inclui o uso de diferentes tecnologias e abordagens
agudizações de condições crônicas) conforme a necessidade, a par- de cuidado individual e coletivo, por meio de habilidades das equi-
tir de critérios clínicos e de vulnerabilidade disponíveis em diretri- pes de saúde para a promoção da saúde, prevenção de doenças e
zes e protocolos assistenciais definidos no SUS. agravos, proteção e recuperação da saúde, e redução de danos. Im-
O processo de trabalho das equipes deve estar organizado de portante promover o uso de ferramentas que apoiem e qualifiquem
modo a permitir que casos de urgência/emergência tenham priori- o cuidado realizado pelas equipes, como as ferramentas da clínica
dade no atendimento, independentemente do número de consul- ampliada, gestão da clínica e promoção da saúde, para ampliação
tas agendadas no período. Caberá à UBS prover atendimento ade- da resolutividade e abrangência da AB.
quado à situação e dar suporte até que os usuários sejam acolhidos Entende-se por ferramentas de Gestão da Clínica um con-junto
em outros pontos de atenção da RAS. de tecnologias de microgestão do cuidado destinado a promover
As informações obtidas no acolhimento com classificação de uma atenção à saúde de qualidade, como protocolos e diretrizes
risco deverão ser registradas em prontuário do cidadão (físico ou clínicas, planos de ação, linhas de cuidado, projetos terapêuticos
preferencialmente eletrônico). singulares, genograma, ecomapa, gestão de listas de espera, audi-
toria clínica, indicadores de cuidado, entre outras. Para a utilização
Os desfechos do acolhimento com classificação de risco pode- dessas ferramentas, deve-se considerar a clínica centrada nas pes-
rão ser definidos como: 1- consulta ou procedimento imediato; soas; efetiva, estruturada com base em evidências científicas; se-
1. consulta ou procedimento em horário disponível no mesmo gura, que não cause danos às pessoas e aos profissionais de saúde;
dia; eficiente, oportuna, prestada no tempo certo; equitativa, de forma
2. agendamento de consulta ou procedimento em data futura, a reduzir as desigualdades e que a oferta do atendimento se dê de
para usuário do território; forma humanizada.
3. procedimento para resolução de demanda simples prevista VIII - Promover atenção integral, contínua e organizada à popu-
em protocolo, como renovação de receitas para pessoas com condi- lação adscrita, com base nas necessidades sociais e de saúde, atra-
ções crônicas, condições clínicas estáveis ou solicitação de exames vés do estabelecimento de ações de continuidade informacional,
para o seguimento de linha de cuidado bem definida; interpessoal e longitudinal com a população. A Atenção Básica deve
4. encaminhamento a outro ponto de atenção da RAS, median- buscar a atenção integral e de qualidade, resolutiva e que contri-
te contato prévio, respeitado o protocolo aplicável; e bua para o fortalecimento da autonomia das pessoas no cuidado à
5. orientação sobre territorialização e fluxos da RAS, com indi- saúde, estabelecendo articulação orgânica com o conjunto da rede
cação específica do serviço de saúde que deve ser procurado, no de atenção à saúde. Para o alcance da integralidade do cuidado, a
município ou fora dele, nas demandas em que a classificação de equipe deve ter noção sobre a ampliação da clínica, o conhecimen-
risco não exija atendimento no momento da procura do serviço. to sobre a realidade local, o trabalho em equipe multiprofissional e
transdisciplinar, e a ação intersetorial.
b) Estratificação de risco: É o processo pelo qual se utiliza cri- Para isso pode ser necessário realizar de ações de atenção à
térios clínicos, sociais, econômicos, familiares e outros, com base saúde nos estabelecimentos de Atenção Básica à saúde, no domi-
em diretrizes clínicas, para identificar subgrupos de acordo com a cílio, em locais do território (salões comunitários, escolas, creches,
complexidade da condição crônica de saúde, com o objetivo de di- praças, etc.) e outros espaços que comportem a ação planejada.
ferenciar o cuidado clínico e os fluxos que cada usuário deve seguir IX - Realização de ações de atenção domiciliar destinada a usu-
na Rede de Atenção à Saúde para um cuidado integral. ários que possuam problemas de saúde controlados/compensados
e com dificuldade ou impossibilidade física de locomoção até uma

104
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Unidade Básica de Saúde, que necessitam de cuidados com menor As ações de Vigilância em Saúde estão inseridas nas atribuições
frequência e menor necessidade de recursos de saúde, para famí- de todos os profissionais da Atenção Básica e envolvem práticas e
lias e/ou pessoas para busca ativa, ações de vigilância em saúde e processos de trabalho voltados para:
realizar o cuidado compartilhado com as equipes de atenção domi- a. vigilância da situação de saúde da população, com análises
ciliar nos casos de maior complexidade. que subsidiem o planejamento, estabelecimento de prioridades e
X - Programação e implementação das atividades de atenção à estratégias, monitoramento e avaliação das ações de saúde pública;
saúde de acordo com as necessidades de saúde da população, com b. detecção oportuna e adoção de medidas adequadas para a
a priorização de intervenções clínicas e sanitárias nos problemas resposta de saúde pública;
de saúde segundo critérios de frequência, risco, vulnerabilidade e c. vigilância, prevenção e controle das doenças transmissíveis;
resiliência. Inclui-se aqui o planejamento e organização da agenda e
de trabalho compartilhada de todos os profissionais, e recomen- d. vigilância das violências, das doenças crônicas não transmis-
da- se evitar a divisão de agenda segundo critérios de problemas síveis e acidentes.
de saúde, ciclos de vida, gênero e patologias dificultando o acesso
dos usuários. Recomenda-se a utilização de instrumentos de plane- A AB e a Vigilância em Saúde deverão desenvolver ações inte-
jamento estratégico situacional em saúde, que seja ascendente e gradas visando à promoção da saúde e prevenção de doenças nos
envolva a participação popular (gestores, trabalhadores e usuários). territórios sob sua responsabilidade. Todos profissionais de saúde
XI - Implementação da Promoção da Saúde como um princípio deverão realizar a notificação compulsória e conduzir a investigação
para o cuidado em saúde, entendendo que, além da sua importân- dos casos suspeitos ou confirmados de doenças, agravos e outros
cia para o olhar sobre o território e o perfil das pessoas, conside- eventos de relevância para a saúde pública, conforme protocolos e
rando a determinação social dos processos saúde-doença para o normas vigentes.
planejamento das intervenções da equipe, contribui também para Compete à gestão municipal reorganizar o território, e os pro-
a qualificação e diversificação das ofertas de cuidado. A partir do cessos de trabalho de acordo com a realidade local.
respeito à autonomia dos usuários, é possível estimular formas de A integração das ações de Vigilância em Saúde com Atenção
andar a vida e comportamentos com prazer que permaneçam den- Básica, pressupõe a reorganização dos processos de trabalho da
tro de certos limites sensíveis entre a saúde e a doença, o saudável equipe, a integração das bases territoriais (território único), pre-
e o prejudicial, que sejam singulares e viáveis para cada pessoa. Ain- ferencialmente e rediscutir as ações e atividades dos agentes co-
da, numa acepção mais ampla, é possível estimular a transformação munitários de saúde e do agentes de combate às endemias, com
das condições de vida e saúde de indivíduos e coletivos, através de definição de papéis e responsabilidades.
estratégias transversais que estimulem a aquisição de novas atitu- A coordenação deve ser realizada por profissionais de nível su-
des entre as pessoas, favorecendo mudanças para modos de vida perior das equipes que atuam na Atenção Básica.
mais saudáveis e sustentáveis. XIII - Desenvolvimento de ações educativas por parte das equi-
Embora seja recomendado que as ações de promoção da saú- pes que atuam na AB, devem ser sistematizadas de forma que pos-
de estejam pautadas nas necessidades e demandas singulares do sam interferir no processo de saúde-doença da população, no de-
território de atuação da AB, denotando uma ampla possibilidade senvolvimento de autonomia, individual e coletiva, e na busca por
de temas para atuação, destacam-se alguns de relevância geral na qualidade de vida e promoção do autocuidado pelos usuários.
população brasileira, que devem ser considerados na abordagem XIV - Desenvolver ações intersetoriais, em interlocução com
da Promoção da Saúde na AB: alimentação adequada e saudável; escolas, equipamentos do SUAS, associações de moradores, equi-
práticas corporais e atividade física; enfrentamento do uso do ta- pamentos de segurança, entre outros, que tenham relevância na
baco e seus derivados; enfrentamento do uso abusivo de álcool; comunidade, integrando projetos e redes de apoio social, voltados
promoção da redução de danos; promoção da mobilidade segura para o desenvolvimento de uma atenção integral;
e sustentável; promoção da cultura de paz e de direitos humanos; XV - Implementação de diretrizes de qualificação dos modelos
promoção do desenvolvimento sustentável. de atenção e gestão, tais como, a participação coletiva nos proces-
XII - Desenvolvimento de ações de prevenção de doenças e sos de gestão, a valorização, fomento a autonomia e protagonismo
agravos em todos os níveis de acepção deste termo (primária, se- dos diferentes sujeitos implicados na produção de saúde, autocui-
cundária, terciária e quartenária), que priorizem determinados per- dado apoiado, o compromisso com a ambiência e com as condi-
fis epidemiológicos e os fatores de risco clínicos, comportamentais, ções de trabalho e cuidado, a constituição de vínculos solidários, a
alimentares e/ou ambientais, bem como aqueles determinados identificação das necessidades sociais e organização do serviço em
pela produção e circulação de bens, prestação de serviços de in- função delas, entre outras;
teresse da saúde, ambientes e processos de trabalho. A finalida- XVI - Participação do planejamento local de saúde, assim como
de dessas ações é prevenir o aparecimento ou a persistência de do monitoramento e a avaliação das ações na sua equipe, unidade
doenças, agravos e complicações preveníveis, evitar intervenções e município; visando à readequação do processo de trabalho e do
desnecessárias e iatrogênicas e ainda estimular o uso racional de planejamento frente às necessidades, realidade, dificuldades e pos-
medicamentos. sibilidades analisadas.
Para tanto é fundamental a integração do trabalho entre Aten- O planejamento ascendente das ações de saúde deverá ser
ção Básica e Vigilância em Saúde, que é um processo contínuo e elaborado de forma integrada nos âmbitos das equipes, dos mu-
sistemático de coleta, consolidação, análise e disseminação de da- nicípios, das regiões de saúde e do Distrito Federal, partindo-se do
dos sobre eventos relacionados à saúde, visando ao planejamento reconhecimento das realidades presentes no território que influen-
e a implementação de medidas de saúde pública para a proteção ciam a saúde, condicionando as ofertas da Rede de Atenção Saúde
da saúde da população, a prevenção e controle de riscos, agravos e de acordo com a necessidade/demanda da população, com base
doenças, bem como para a promoção da saúde.

105
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

em parâmetros estabelecidos em evidências científicas, situação e da residência em saúde no SUS, bem como de estabelecer atri-
epidemiológica, áreas de risco e vulnerabilidade do território ads- buições das partes relacionadas ao funcionamento da integração
crito. ensino-serviço- comunidade.
As ações em saúde planejadas e propostas pelas equipes deve- Além dessas ações que se desenvolvem no cotidiano das equi-
rão considerar o elenco de oferta de ações e de serviços prestados pes, de forma complementar, é possível oportunizar processos for-
na AB, os indicadores e parâmetros, pactuados no âmbito do SUS. mativos com tempo definido, no intuito de desenvolver reflexões,
As equipes que atuam na AB deverão manter atualizadas as in- conhecimentos, competências, habilidades e atitudes específicas,
formações para construção dos indicadores estabelecidos pela ges- através dos processos de Educação Continuada, igualmente como
tão, com base nos parâmetros pactuados alimentando, de forma estratégia para a qualificação da AB. As ofertas educacionais de-
digital, o sistema de informação de Atenção Básica vigente; vem, de todo modo, ser indissociadas das temáticas relevantes para
XVII - Implantar estratégias de Segurança do Paciente na AB, a Atenção Básica e da dinâmica cotidiana de trabalho dos profissio-
estimulando prática assistencial segura, envolvendo os pacientes na nais.
segurança, criando mecanismos para evitar erros, garantir o cuida-
do centrado na pessoa, realizando planos locais de segurança do 6. DO FINANCIAMENTO DAS AÇÕES DE ATENÇÃO BÁSICA
paciente, fornecendo melhoria contínua relacionando a identifica- O financiamento da Atenção Básica deve ser tripartite e com
ção, a prevenção, a detecção e a redução de riscos. detalhamento apresentado pelo Plano Municipal de Saúde garan-
XVIII - Apoio às estratégias de fortalecimento da gestão local tido nos instrumentos conforme especificado no Plano Nacional,
e do controle social, participando dos conselhos locais de saúde Estadual e Municipal de gestão do SUS. No âmbito federal, o mon-
de sua área de abrangência, assim como, articular e incentivar a tante de recursos financeiros destinados à viabilização de ações de
participação dos trabalhadores e da comunidade nas reuniões dos Atenção Básica à saúde compõe o bloco de financiamento de Aten-
conselhos locais e municipal; e ção Básica (Bloco AB) e parte do bloco de financiamento de inves-
XIX - Formação e Educação Permanente em Saúde, como parte timento e seus recursos deverão ser utilizados para financiamento
do processo de trabalho das equipes que atuam na Atenção Básica. das ações de Atenção Básica.
Considera-se Educação Permanente em Saúde (EPS) a aprendiza- Os repasses dos recursos da AB aos municípios são efetuados
gem que se desenvolve no trabalho, onde o aprender e o ensinar se em conta aberta especificamente para este fim, de acordo com a
incorporam ao cotidiano das organizações e do trabalho, baseando- normatização geral de transferências de recursos fundo a fundo do
-se na aprendizagem significativa e na possibilidade de transformar Ministério da Saúde com o objetivo de facilitar o acompanhamento
as práticas dos trabalhadores da saúde. Nesse contexto, é impor- pelos Conselhos de Saúde no âmbito dos municípios, dos estados e
tante que a EPS se desenvolva essencialmente em espaços institu- do Distrito Federal.
cionalizados, que sejam parte do cotidiano das equipes (reuniões, O financiamento federal para as ações de Atenção Básica deve-
fóruns territoriais, entre outros), devendo ter espaço garantido na rá ser composto por:
carga horária dos trabalhadores e contemplar a qualificação de to- I - Recursos per capita; que levem em consideração aspectos
dos da equipe multiprofissional, bem como os gestores. sociodemográficos e epidemiológicos;
Algumas estratégias podem se aliar a esses espaços institucio- II - Recursos que estão condicionados à implantação de estra-
nais em que equipe e gestores refletem, aprendem e transformam tégias e programas da Atenção Básica, tais como os recursos espe-
os processos de trabalho no dia-a-dia, de modo a potencializá-los, cíficos para os municípios que implantarem, as equipes de Saúde
tais como Cooperação Horizontal, Apoio Institucional, Tele Educa- da Família (eSF), as equipes de Atenção Básica (eAB), as equipes de
ção, Formação em Saúde. Saúde Bucal (eSB), de Agentes Comunitários de Saúde (EACS), dos
Entende-se que o apoio institucional deve ser pensado como Núcleos Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (Nasf-AB),
uma função gerencial que busca a reformulação do modo tradicio- dos Consultórios na Rua (eCR), de Saúde da Família Fluviais (eSFF)
nal de se fazer coordenação, planejamento, supervisão e avaliação e Ribeirinhas (eSFR) e Programa Saúde na Escola e Programa Aca-
em saúde. Ele deve assumir como objetivo a mudança nas organi- demia da Saúde;
zações, tomando como matéria-prima os problemas e tensões do III - Recursos condicionados à abrangência da oferta de ações
cotidiano Nesse sentido, pressupõe-se o esforço de transformar e serviços;
os modelos de gestão verticalizados em relações horizontais que IV - Recursos condicionados ao desempenho dos serviços de
ampliem a democratização, autonomia e compromisso dos traba- Atenção Básica com parâmetros, aplicação e comparabilidade na-
lhadores e gestores, baseados em relações contínuas e solidárias. cional, tal como o Programa de Melhoria de Acesso e Qualidade;
A Formação em Saúde, desenvolvida por meio da relação entre V - Recursos de investimento;
trabalhadores da AB no território (estágios de graduação e residên-
cias, projetos de pesquisa e extensão, entre outros), beneficiam AB Os critérios de alocação dos recursos da AB deverão se ajustar
e instituições de ensino e pesquisa, trabalhadores, docentes e dis- conforme a regulamentação de transferência de recursos federais
centes e, acima de tudo, a população, com profissionais de saúde para o financiamento das ações e serviços públicos de saúde no âm-
mais qualificados para a atuação e com a produção de conhecimen- bito do SUS, respeitando especificidades locais, e critério definido
to na AB. Para o fortalecimento da integração entre ensino, serviços na LC 141/2012.
e comunidade no âmbito do SUS, destaca-se a estratégia de cele- I - Recurso per capita:
bração de instrumentos contratuais entre instituições de ensino e O recurso per capita será transferido mensalmente, de forma
serviço, como forma de garantir o acesso a todos os estabelecimen- regular e automática, do Fundo Nacional de Saúde aos Fundos Mu-
tos de saúde sob a responsabilidade do gestor da área de saúde nicipais de Saúde e do Distrito Federal com base num valor multipli-
como cenário de práticas para a formação no âmbito da graduação cado pela população do Município.

106
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A população de cada município e do Distrito Federal será a po- 4.3. Equipes Consultório na Rua (eCR)
pulação definida pelo IBGE e publicada em portaria específica pelo Os valores do incentivo financeiro para as equipes dos Con-
Ministério da Saúde. sultórios na Rua (eCR) implantadas serão transferidos a cada mês,
II - Recursos que estão condicionados à implantação de estraté- tendo como base a modalidade e o número de equipes cadastradas
gias e programas da Atenção Básica no sistema de Cadastro Nacional vigente no mês anterior ao da res-
1. Equipe de Saúde da Família (eSF): os valores dos incentivos pectiva competência financeira.
financeiros para as equipes de Saúde da Família implantadas serão Os valores do repasse mensal que as equipes dos Consultórios
prioritário e superior, transferidos a cada mês, tendo como base o na Rua (eCR) farão jus será definido em portaria específica.
número de equipe de Saúde da Família (eSF) registrados no sistema
de Cadastro Nacional vigente no mês anterior ao da respectiva com- 5. Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NAS-
petência financeira. F-AB) O valor do incentivo federal para o custeio de cada NASFAB,
O valor do repasse mensal dos recursos para o custeio das equi- dependerá da sua modalidade (1, 2 ou 3) e será determinado em
pes de Saúde da Família será publicado em portaria específica portaria específica. Os valores dos incentivos financeiros para os
2. Equipe de Atenção Básica (eAB): os valores dos incentivos NASF-AB implantados serão transferidos a cada mês, tendo como
financeiros para as equipes de Atenção Básica (eAB) implantadas base o número de NASF-AB cadastrados no SCNES vigente.
serão transferidos a cada mês, tendo como base o número de equi-
pe de Atenção Básica (eAB) registrados no Sistema de Cadastro Na- 6. Estratégia de Agentes Comunitários de Saúde (ACS)
cional de Estabelecimentos de Saúde vigente no mês anterior ao da Os valores dos incentivos financeiros para as equipes de ACS
respectiva competência financeira. (EACS) implantadas são transferidos a cada mês, tendo como base
O percentual de financiamento das equipes de Atenção Básica o número de Agentes Comunitários de Saúde (ACS), registrados no
(eAB), será definido pelo Ministério da Saúde, a depender da dispo- sistema de Cadastro Nacional vigente no mês anterior ao da respec-
nibilidade orçamentária e demanda de credenciamento. tiva competência financeira. Será repassada uma parcela extra, no
1. Equipe de Saúde Bucal (eSB): Os valores dos incentivos finan- último trimestre de cada ano, cujo valor será calculado com base no
ceiros quando as equipes de Saúde da Família (eSF) e/ou Atenção número de Agentes Comunitários de Saúde, registrados no cadas-
Básica (eAB) forem compostas por profissionais de Saúde Bucal, tro de equipes e profissionais do SCNES, no mês de agosto do ano
serão transferidos a cada mês, o valor correspondente a modali- vigente.
dade, tendo como base o número de equipe de Saúde Bucal (eSB) A efetivação da transferência dos recursos financeiros descritos
registrados no Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos no item B tem por base os dados de alimentação obrigatória do
de Saúde vigente no mês anterior ao da respectiva competência fi- Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde, cuja
nanceira. responsabilidade de manutenção e atualização é dos gestores dos
1. O repasse mensal dos recursos para o custeio das Equipes de estados, do Distrito Federal e dos municípios, estes devem transfe-
Saúde Bucal será publicado em portaria específica. rir os dados mensalmente, para o Ministério da Saúde, de acordo
1. Equipe Saúde da Família comunidades Ribeirinhas e Fluviais com o cronograma definido anualmente pelo SCNES.
4.1. Equipes Saúde da Família Ribeirinhas (eSFR): os valores dos III - Do credenciamento
incentivos financeiros para as equipes de Saúde da Família Ribeiri- Para a solicitação de credenciamento dos Serviços e de todas as
nhas (eSFR) implantadas serão transferidos a cada mês, tendo como equipes que atuam na Atenção Básica, pelos Municípios e Distrito
base o número de equipe de Saúde da Família Ribeirinhas (eSFR) re- Federal, deve-se obedecer aos seguintes critérios:
gistrados no sistema de Cadastro Nacional vigente no mês anterior I - Elaboração da proposta de projeto de credenciamento das
ao da respectiva competência financeira. equipes que atuam na Atenção Básica, pelos Municípios/Distrito
Federal;
O valor do repasse mensal dos recursos para o custeio das equi- a. O Ministério da Saúde disponibilizará um Manual com as
pes de Saúde da Família Ribeirinhas (eSFR) será publicado em por- orientações para a elaboração da proposta de projeto, consideran-
taria específica e poderá ser agregado um valor nos casos em que a do as diretrizes da Atenção Básica;
equipe necessite de transporte fluvial para acessar as comunidades b. A proposta do projeto de credenciamento das equipes que
ribeirinhas adscritas para execução de suas atividades. atuam na Atenção Básica deverá estar aprovada pelo respectivo
4.2. Equipes de Saúde da Família Fluviais (eSFF): os valores dos Conselho de Saúde Municipal ou Conselho de Saúde do Distrito Fe-
incentivos financeiros para as equipes de Saúde da Família Fluviais deral; e
(eSFF) implantadas serão transferidos a cada mês, tendo como base c. As equipes que atuam na Atenção Básica que receberão in-
o número de Unidades Básicas de Saúde Fluviais (UBSF) registrados centivo de custeio fundo a fundo devem estar inseridas no plano de
no sistema de Cadastro Nacional vigente no mês anterior ao da res- saúde e programação anual.
pectiva competência financeira. II - Após o recebimento da proposta do projeto de credencia-
O valor do repasse mensal dos recursos para o custeio das Uni- mento das eABs, as Secretarias Estaduais de Saúde, conforme prazo
dades Básicas de Saúde Fluviais será publicado em portaria especí- a ser publicado em portaria específica, deverão realizar:
fica. Assim como, os critérios mínimos para o custeio das Unidades a. Análise e posterior encaminhamento das propostas para
preexistentes ao Programa de Construção de Unidades Básicas de aprovação da Comissão Intergestores Bipartite (CIB); e
Saúde Fluviais. b. após aprovação na CIB, encaminhar, ao Ministério da Saúde,
a Resolução com o número de equipes por estratégia e modalida-
des, que pleiteiam recebimento de incentivos financeiros da aten-
ção básica.

107
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Parágrafo único: No caso do Distrito Federal a proposta de pro- As equipes de Saúde da Família (eSF) e equipes de Atenção
jeto de credenciamento das equipes que atuam na Atenção Básica Básica (eAB) que sofrerem suspensão de recurso, por falta de pro-
deverá ser diretamente encaminhada ao Departamento de Atenção fissional conforme previsto acima, poderão manter os incentivos
Básica do Ministério da Saúde. financeiros específicos para saúde bucal, conforme modalidade de
III - O Ministério da Saúde realizará análise do pleito da Reso- implantação.
lução CIB ou do Distrito Federal de acordo com o teto de equipes, Parágrafo único: A suspensão será mantida até a adequação
critérios técnicos e disponibilidade orçamentária; e das irregularidades identificadas.
IV - Após a publicação de Portaria de credenciamento das no-
vas equipes no Diário Oficial da União, a gestão municipal deverá 6.2-Solicitação de crédito retroativo dos recursos suspensos
cadastrar a(s) equipe(s) no Sistema de Cadastro Nacional de Esta- Considerando a ocorrência de problemas na alimentação do
belecimento de Saúde , num prazo máximo de 4 (quatro) meses, a SCNES e do sistema de informação vigente, por parte dos estados,
contar a partir da data de publicação da referida Portaria, sob pena Distrito Federal e dos municípios, o Ministério da Saúde poderá efe-
de descredenciamento da(s) equipe(s) caso esse prazo não seja tuar crédito retroativo dos incentivos financeiros deste recurso va-
cumprido. riável. A solicitação de retroativo será válida para análise desde que
a mesma ocorra em até 6 meses após a competência financeira de
Para recebimento dos incentivos correspondentes às equipes suspensão. Para solicitar os créditos retroativos, os municípios e o
que atuam na Atenção Básica, efetivamente credenciadas em por- Distrito Federal deverão:
taria e cadastradas no Sistema de Cadastro Nacional de Estabeleci- - preencher o formulário de solicitação, conforme será disponi-
mentos de Saúde, os Municípios/Distrito Federal, deverão alimen- bilizado em manual específico;- realizar as adequações necessárias
tar os dados no sistema de informação da Atenção Básica vigente, nos sistemas vigentes (SCNES e/ou SISAB) que justifiquem o plei-
comprovando, obrigatoriamente, o início e execução das atividades. to de retroativo; enviar ofício à Secretaria de Saúde de seu estado,
1. Suspensão do repasse de recursos do Bloco da Atenção Bá- pleiteando o crédito retroativo , acompanhado do anexo referido
sica no item I e documentação necessária a depender do motivo da sus-
O Ministério da Saúde suspenderá o repasse de recursos da pensão.
Atenção Básica aos municípios e ao Distrito Federal, quando: Parágrafo único: as orientações sobre a documentação a ser
I - Não houver alimentação regular, por parte dos municípios e encaminhada na solicitação de retroativo constarão em manual es-
do Distrito Federal, dos bancos de dados nacionais de informação, pecífico a ser publicado.
como: As Secretarias Estaduais de Saúde, após analisarem a docu-
a. inconsistência no Sistema de Cadastro Nacional de Estabele- mentação recebida dos municípios, deverão encaminhar ao Depar-
cimentos de Saúde (SCNES) por duplicidade de profissional, ausên- tamento de Atenção Básica da Secretaria de Atenção à Saúde, Mi-
cia de profissional da equipe mínima ou erro no registro, conforme nistério da Saúde (DAB/SAS/MS), a solicitação de complementação
normatização vigente; e de crédito dos incentivos tratados nesta Portaria, acompanhada dos
b. não envio de informação (produção) por meio de Sistema de documentos referidos nos itens I e II. Nos casos em que o solicitante
Informação da Atenção Básica vigente por três meses consecutivos, de crédito retroativo for o Distrito Federal, o ofício deverá ser enca-
conforme normativas específicas. minhado diretamente ao DAB/SAS/MS.
O DAB/SAS/MS procederá à análise das solicitações recebidas,
- identificado, por meio de auditoria federal, estadual e munici- verificando a adequação da documentação enviada e dos sistemas
pal, malversação ou desvio de finalidade na utilização dos recursos. de informação vigentes (SCNES e/ou SISAB), bem como a pertinên-
Sobre a suspensão do repasse dos recursos referentes ao item cia da justificativa do gestor, para deferimento ou não da solicitação
II: O Ministério da Saúde suspenderá os repasses dos incentivos
referentes às equipes e aos serviços citados acima, nos casos em
GUIA PRÁTICO DO AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE
que forem constatadas, por meio do monitoramento e/ou da su-
pervisão direta do Ministério da Saúde ou da Secretaria Estadual
de Saúde ou por auditoria do DENASUS ou dos órgãos de controle APRESENTAÇÃO
competentes, qualquer uma das seguintes situações: No processo de fortalecimento do Sistema Único de Saúde
I - inexistência de unidade básica de saúde cadastrada para o (SUS), o agente comunitário de saúde (ACS) tem sido um persona-
trabalho das equipes e/ou; gem muito importante realizando a integração dos serviços de saú-
II - ausência, por um período superior a 60 dias, de qualquer de da Atenção Primária à Saúde com a comunidade.
um dos profissionais que compõem as equipes descritas no item B, Atualmente são mais de 200 mil em todo o Brasil desenvolven-
com exceção dos períodos em que a contratação de profissionais do ações de promoção e vigilância em saúde, contribuindo para a
esteja impedida por legislação específica, e/ou; melhoria da qualidade de vida das pessoas.
III - descumprimento da carga horária mínima prevista para os O Ministério da Saúde reconhece que o processo de qualifica-
profissionais das equipes; e < >- ausência de alimentação regular de ção dos agentes deve ser permanente e nesse sentido apresenta
dados no Sistema de Informação da Atenção Básica vigente. esta publicação, com informações atualizadas relacionadas aos te-
Especificamente para as equipes de saúde da família (eSF) e mas mais frequentes do seu cotidiano.
equipes de Atenção Básica (eAB) com os profissionais de saúde bu- O Guia Prático do Agente Comunitário de Saúde, elaborado
cal. pelo Departamento de Atenção Básica, tem como objetivo oferecer
subsídios para o desenvolvimento do trabalho do ACS.

108
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Seu formato foi pensado para facilitar a consulta e o manuseio Sem o Registro Civil de Nascimento, uma pessoa, para todos
principalmente durante as visitas domiciliares, auxiliando no escla- os efeitos legais, não possui nome, sobrenome, nacionalidade, não
recimento de dúvidas de forma objetiva. existe para o Estado e não pode ter outros documentos como: Car-
Esperamos que este material contribua para o fortalecimento teira de Trabalho, Título de Eleitor, CPF, Carteira de Identidade, Ha-
de seu trabalho, desejando sucesso na tarefa de acompanhar os mi- bilitação de Motorista, Passaporte etc.
lhões de famílias brasileiras. Não é possível também ter direito a: fazer matrícula na escola,
fundo de garantia por tempo de serviço, aposentadoria, licença-
A Família e o Trabalho do ACS -maternidade etc. Não pode participar dos programas sociais como
Bolsa-Família, Luz para Todos, entre outros, nem realizar casamento
A família é a primeira e mais importante influência na vida das civil, fazer alistamento militar e comprar um imóvel com escritura.
pessoas. É comum encontrar grupos de população específicos sem do-
É na família que adquirimos os valores, os usos e os costumes cumentação, como os povos indígenas, ciganos, quilombolas, tra-
que irão formar nossa personalidade e bagagem emocional. balhadores rurais, catadores de papel, pessoas em situação de rua,
Podemos chamar de família um grupo de pessoas com vínculos pessoas de baixa renda e aqueles que moram afastados dos cartó-
afetivos, de consanguinidade e de convivência. rios. Os povos indígenas têm o direito, mas não são obrigados, ao
As famílias vêm se transformando ao longo do tempo, acom- Registro Civil de Nascimento.
panhando as mudanças religiosas, econômicas, sociais e culturais. É preciso estar atento para as crianças nascidas e que não fo-
Hoje existem várias formas de organização familiar, como: famílias ram registradas após os 90 dias de vida.
com uniões estáveis, reconstituídas, de casais do mesmo sexo, de A Declaração de Nascido Vivo (DNV) é o documento que é emi-
casais que moramem casas separadas etc. Há ainda famílias que tido pelo estabelecimento de saúde onde a criança nasceu. Esse do-
não têm a presença da mãe, do pai ou de ambos. Muitas vezes cumento deve ser levado ao cartório para ser feito o Registro Civil
nesses casos, os avós assumem a responsabilidade em cuidar da de Nascimento (RCN) e emitida a Certidão de Nascimento. O regis-
família. tro fica no cartório. A certidão fica com a pessoa que fez o registro.
A família é o ponto de partida para o trabalho do ACS na co- Pai, avô, padrinho ou amigo pode fazê-lo. O Registro Civil de Nas-
munidade. cimento é feito uma única vez em livro no cartório, é gratuito para
Por isso, é preciso identificar e compreender a formação e todos osbrasileiros, assim como a primeira Certidão de Nascimento
como funcionam as famílias da sua área de abrangência. fornecida pelo cartório.
A seguir, alguns itens que podem colaborar na identificação da É preciso estar atento para as crianças nascidas e que não fo-
organização e funcionamento das famílias. ram registradas após os 90 dias de vida.
A Declaração de Nascido Vivo (DNV) é o documento que é emi-
IDENTIFIQUE tido pelo estabelecimento de saúde onde a criança nasceu. Esse do-
cumento deve ser levado ao cartório para ser feito o Registro Civil
- O grau de parentesco entre os membros da família; de Nascimento (RCN) e emitida a Certidão de Nascimento. O regis-
- Os membros agregados; tro fica no cartório. A certidão fica com a pessoa que fez o registro.
- A função de cada membro na família: na divisão do trabalho Pai, avô, padrinho ou amigo pode fazê-lo. O Registro Civil de Nas-
doméstico, na divisão das despesas, na identificação daquele que é cimento é feito uma única vez em livro no cartório, é gratuito para
o alicerce emocional e espiritual; todos os brasileiros, assim como a primeira Certidão de Nascimento
- Os valores, preconceitos, costumes e religiosidade, principal- fornecida pelo cartório.
mente os que podem interferir no cuidado com a saúde; O Registro Civil de Nascimento é gratuito, mesmo quando feito
- Presença de conflitos entre os membros da família e como são após o prazo legal, que é de 15 dias. Esse prazo se amplia para até
resolvidos esses conflitos; três meses nos lugares com mais de 30 quilômetros de distância da
- Os tipos de trabalho de seus membros; sede do cartório (artigos 30 e 50 da Lei nº 6.015/73; art. 1º da Lei nº
- O papel do homem e da mulher na família; 9.265/96; art. 45 da Lei nº 8.935/94).
- Quem exerce o papel de liderança na família; As penalidades aos profissionais registradores estão previstas
- Se todos os membros da família possuem documentos: Cer- na Lei nº 8.935/94.
tidão de O Registro Civil de Nascimento é feito no cartório de Registro
- Nascimento, CPF, Carteira de Identidade, Carteira de Trabalho, Civil do local (vila, povoado, cidade) onde a criança nasceu, somen-
ou outros que favoreçam a consolidação de sua cidadania. te nos primeiros 90 dias. Após esse prazo, o registro só poderá ser
feito no cartório mais próximo de onde a pessoa mora.
Registro Civil de Nascimento e documentação básica A segunda via da Certidão de Nascimento só é gratuita para
Você pode encontrar na sua área de atuação pessoas que não aqueles reconhecidamente pobres, de acordo com a Lei nº 9.534/97.
possuem Certidão de Nascimento e outros documentos básicos de Documentos necessários para fazer o Registro Civil de Nasci-
cidadania. mento:
Isso faz com que esses brasileiros deixem de ter acesso a opor- Se os pais são casados:
tunidades e até mesmo aos programas sociais do governo. - Via amarela da Declaração de Nascido Vivo, fornecida pelo
Na visita domiciliar, é importante que você identifique as pes- hospital;
soas sem Registro Civil e sem documentação. - Certidão de Casamento;
Registro Civil de Nascimento - Presença do pai ou da mãe.
Se os pais não são casados:

109
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Via amarela da Declaração de Nascido Vivo, fornecida pelo hospital;


- Um documento de identidade dos pais, por exemplo, Certidão de Nascimento ou
- Carteira de Identidade;
- O pai e a mãe devem estar presentes. Se o pai não estiver presente, a mãe só faz o registro com o nome paterno se tiver uma procu-
ração do pai para esse fim. Sem a procuração, ela pode registrar apenas em seu nome e, a qualquer tempo, o pai pode ir ao cartório para
registrar a paternidade.
Se a criança não nasceu no hospital e não tem a Declaração de Nascido Vivo, os pais devem ir ao cartório com duas testemunhas
maiores de idade que confirmem a gravidez e o parto.
Os pais não registrados devem primeiramente se registrar para depois registrar o filho.
Quem pode ser o representante legal?
Se a criança ou adolescente não tem os pais, o avô ou avó será seu representante legal. Na falta dos avós, outro parente próximo pode-
rá requerer a guarda ao juiz. Se a criança estiver em situação de risco, o Conselho Tutelar poderá intervir e encaminhar pedido ao promotor
de Justiça, que requererá ao juiz a nomeação de um representante legal ou abrigamento da criança ou adolescente.
Para o registro civil para os maiores de 90 dias sem a DNV, você, ACS, deve recomendar que a família procure o cartório mais próximo
de sua residência para obter mais informações de como proceder. Destacamos que, mesmo assim, o 1º RCN continua sendo gratuito.
É importante guardar e preservar a certidão original, pois será utilizada por toda a vida do cidadão.
Caso seja necessário ter acesso a uma segunda via da Certidão de
Nascimento, basta solicitar a emissão de outra certidão no cartório onde a pessoa foi registrada. Nesse caso será cobrada uma taxa, a
não ser que o solicitante seja reconhecidamente pobre, conforme já explicado.
Documentação básica:
- Cadastro de Pessoa Física (CPF);
- Carteira de Trabalho e Previdência Social – CNTPS;
- Registro Geral (RG) ou Carteira de Identidade.

110
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

111
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

SAÚDE DA CRIANÇA Você pode colaborar conversando com os pais, esclarecendo


suas dúvidas e diminuindo suas preocupações. Lembre-se de que
O acompanhamento de crianças é uma etapa fundamental e a mãe também está se recuperando e se acostumando a uma nova
prioritária de seu trabalho. Você vai acompanhar todas as crian- situação, mesmo que ela já tenha outros filhos.
ças de sua área de atuação, desenvolvendo ações de prevenção de Observando os cuidados da mãe com o bebê no banho, nas
doenças e agravos e de promoção à saúde. mamadas, na troca de fraldas, você poderá perceber o tipo de aten-
Entre as ações de prevenção das doenças e promoção à saúde, ção que é dada à criança e assim orientar melhor a mãe e a família.
estão o incentivo ao cumprimento do calendário vacinal, a busca
ativa dos faltosos às vacinas e consultas, a prevenção de acidentes Características físicas do recém-nascido
na infância, o incentivo ao aleitamento materno, que é uma das
estratégias mais eficazes para redução da morbimortalidade (adoe- Os bebês nascem vermelhinhos, amassados, inchados, alguns
cimento e morte) infantil, possibilitando um grande impacto na saú- com a cabeça pontuda, o nariz achatado e os olhos “vesgos”. Essas
de integral da criança. características são normais neles e somem até o primeiro ano de
Os problemas que surgem durante a infância são responsáveis vida.
por graves consequências para os indivíduos, e sua atuação certa- Algumas marcas podem aparecer na pele resultantes do tra-
mente contribuirá para minimizar o aparecimento desses proble- balho de parto, independentemente da habilidade da pessoa que
mas. fez o parto.
A seguir orientações que devem ser dadas durante a visita do- Não é o caso de se preocupar, pois elas vão desaparecer com
miciliar às famílias onde há crianças. o tempo.
Crianças recém-nascidas (0 a 28 dias), verificar: Peso:
- Os dados de identificação do nascimento por meio da cader-
neta da criança; Normalmente os bebês nascem com peso entre 2,5 kg e 4 kg e
- Se já foi feito o teste do pezinho; sua altura fica entre 47 e 54 centímetros.
- Se já foram realizadas as vacinas – BCG, hepatite B; Por que o peso é tão importante?
- Se a criança já evacuou ou está evacuando regularmente; Por que o peso ao nascer pode ser um indicativo de algum pro-
- Os cuidados com o coto umbilical; blema de saúde durante a gestação.
- A presença de sinais comuns em recém-nascidos (na pele, na Depois o peso e a altura vão marcar o início do crescimento do
cabeça, no tórax, no abdome e genitálias), regurgitação, soluços, bebê, agora fora da barriga da mãe e, é claro, com as características
espirros e fazer as orientações; herdadas dos pais.
- Higiene do corpo, higiene da boca, presença de assaduras, Aqueles que nascem com menos de 2,5 kg têm maiores riscos
frequência das trocas de fraldas; de apresentar problemas. Podem ser prematuros, que nasceram
- A alimentação – aleitamento materno exclusivo ou outro tipo antes da hora.
e identificar eventuais dificuldades em relação ao aleitamento; Podem também ser crianças que por diversas razões, como
- Sono, choro; desnutrição da mãe, infecções da mãe durante a gravidez, mãe fu-
- Agendamento da consulta de acompanhamento na Unidade mante durante a gravidez ou por outras razões, nasceram no tempo
Básica de Saúde (UBS). certo, mas com baixo peso. Por outro lado, não podemos nos es-
Para todas as crianças: quecer dos bebês que nasceram acima de 4 kg, que pode ser um
- Observar o relacionamento da mãe, dos pais ou da pessoa indicativo de mãe que apresentou diabetes gestacional.
que cuida da criança, avaliando, entre outros, cuidados realizados Todos esses bebês precisam ser acompanhados com mais fre-
com a criança, o banho, a alimentação (inclusive mamadas), as tro- quência por você e pelos demais profissionais da UBS, pois geral-
cas de fraldas; mente precisam de cuidados especiais.
- Solicitar a Certidão de Nascimento; Perda de peso natural
- Verificar o grau de escolaridade da mãe;
- Solicitar a caderneta da criança e verificar: esquema de vaci- Nos primeiros dias de vida, o bebê perde peso e isso é normal.
nação, crescimento e desenvolvimento; Perde líquido e elimina as primeiras fezes (mecônio). Ele está se
- Observar sinais de risco; acostumando ao novo ambiente. Deve recuperar seu peso em mais
- Observar sinais indicativos de violência; ou menos 10 dias
- Reforçar as orientações feitas pela UBS;
- Verificar se a família está inscrita no Programa Bolsa-Família. Pele:

A CRIANÇA NO PRIMEIRO MÊS DE VIDA Sua pele é avermelhada e recoberta por uma camada de gor-
dura, que serve de proteção e aumenta sua resistência a infecções.
A criança desde o nascimento até completar 28 dias de vida É delicada e fina, então é preciso ter muito cuidado com a hi-
é chamada de recém-nascida, sendo totalmente dependente dos giene.
cuidados dos pais. - Podem ter pelos finos e longos nas costas, orelhas e rosto, que
É importante que os cuidados com o recém-nascido, mesmo desaparecem após uma semana do nascimento;
os mais simples, sejam feitos pela mãe. No entanto, outras pessoas - Podem aparecer alguns pontinhos no nariz como se fossem
podem ajudar no cuidado com a criança: o pai, a avó, a vizinha ou pequenas espinhas, que não se deve espremer, pois podem infla-
a comadre. mar. Eles desaparecem em cerca de um ou dois meses;
Nessa fase qualquer doença pode se tornar grave.

112
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Podem apresentar manchas avermelhadas espalhadas pelo Genitais:


corpo, que é uma reação da pele ao ambiente, e também logo de-
saparecem; Em alguns meninos os testículos podem ainda não ter descido
- Se o bebê apresentar coloração amarelada em qualquer inten- totalmente, parecendo o saco um pouco murcho; outros podem ser
sidade, orientar para procurar a UBS, porque pode ser “icterícia”. grandes e duros, parecendo estar cheios de líquido. Mantendo-se
qualquer uma dessas situações, orientar para procurar a UBS.
Cabeça: Nas meninas pode haver saída de secreção esbranquiçada ou
um pequeno sangramento pela vagina. Isso ocorre devido à passa-
A cabeça do recém-nascido sofre pressão intensa durante o gem de hormônios da mãe. Nesses casos, oriente que é uma situa-
trabalho de parto, que, às vezes, adquire uma forma diferente do ção passageira e recomende a higiene local, sempre da frente para
normal. O bebê pode ainda nascer com o rosto inchado e com man- trás, ou seja, da vagina em direção ao ânus, e não o contrário.
chas. São alterações que desaparecem em poucos dias.
O bebê pode apresentar um inchaço no couro cabeludo, como Funcionamento intestinal:
uma bolha, devido à compressão da cabeça para dilatar o colo do
útero. Nas primeiras 24 horas de vida, os recém-nascidos eliminam o
Quando o parto é natural, é comum isso acontecer com o bebê. mecônio (que é verde bem escuro, quase preto e grudento, pare-
A “moleira” é também uma característica do recém-nascido, cendo graxa), depois as fezes se tornam esverdeadas e, posterior-
não devendo ser motivo de preocupação. Ela nada mais é que uma mente, amareladas e pastosas. As crianças amamentadas no peito
região mais mole na parte de cima dos ossos da cabeça que ain- costumam apresentar várias evacuações por dia, com fezes mais
da não estão emendados. Isso ocorre para facilitar a passagem da líquidas. Se o bebê está ganhando peso, mamando bem, mesmo
cabeça do bebê pelo canal vaginal na hora do parto. A moleira é evacuando várias vezes ao dia, isso não significa diarreia.
importante para que a cabeça do bebê continue crescendo, acom- Alguns bebês não evacuam todos os dias e chegam a ficar até
panhando o crescimento do cérebro. uma semana sem evacuar. Se, apesar desse tempo, as fezes esti-
Ela vai se fechando aos poucos, num processo que só se com- verem pastosas e a criança estiver mamando bem, isso não é um
pleta por volta dos 18 meses de vida. problema.
Se o bebê está mamando só no peito e fica alguns dias sem eva-
cuar, não se deve dar frutas, laxantes ou chás. É importante orien-
Casquinhas no couro cabeludo tar a mãe que nesse período não se trata de doença, procurando
tranquilizá-la.
São comuns nos recém-nascidos essas casquinhas, que não in-
comodam em nada o bebê. O importante é manter a cabeça limpa
e seca. Urina:
Orientar para não tentar tirá-las a seco e verificar se as orien-
tações da UBS estão sendo realizadas. Com o tempo elas desapare- Os bebês urinam bastante. Isso indica que estão mamando o
cem naturalmente. suficiente.
Caso você sinta um cheiro desagradável na cabeça do bebê, é Quando ficam com as fraldas sem ser trocadas por muito tem-
preciso encaminhá-lo para a UBS. po, por exemplo, a noite toda, o cheiro da urina pode ficar forte,
A criança pode nascer com dentes, que geralmente não tem mas na maioria das vezes não significa problema de saúde.
o formato de um dente normal. Não se deve tentar tirá-los, e sim
encaminhar o bebê para o dentista na UBS. Sono:

Tórax e abdome: Na primeira semana, o recém-nascido dorme de 15 a 20 ho-


ras por dia, porém alguns não dormem entre as mamadas, ficando
- Alguns bebês podem nascer com as mamas aumentadas por- acordados por várias horas.
que os hormônios da mãe passaram por meio do cordão umbilical. Para que o bebê não troque o dia pela noite, é importante lem-
Isso é natural. Você deve orientar a mãe para não espremer, pois, brar da luminosidade. É fundamental proporcionar um ambiente
além de machucar, pode inflamar. Informe que as mamas irão dimi- claro e arejado durante o dia, e escuro e acolhedor durante a noite.
nuir aos poucos; Um recém-nascido, durante seu primeiro mês de vida, passa a
- A barriga do bebê é alta e grande, e na respiração ela sobe e maior parte do tempo dormindo. Muitos estudos afirmam que em
desce (respiração abdominal); média um bebê dorme um mínimo de 12 horas e um máximo de 20
- O coto umbilical é esbranquiçado e úmido, que vai ficando horas diárias.
seco e escuro, até cair;
- Os braços e pernas parecem curtos em relação ao corpo. É possível dar um ritmo ao sono do bebê?

Durante o primeiro mês é muito difícil, mas com o tempo o


sono durante a noite se torna predominante.
Muitas vezes, porém, pode acontecer de o bebê trocar a noite
pelo dia.

113
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Você pode orientar os familiares a manter as janelas abertas Você deve orientar para que a mãe e familiares não confundam
para que o bebê possa perceber a claridade do dia, não diminuir a necessidade de sugar, que melhora por um tempo as cólicas, com
os barulhos costumeiros da casa, mantê-lo brincando, conversando, a fome.
chamando sua atenção e à noite fazer o contrário. Orientar os fami- Orientar ainda a não usar medicamentos sem orientação da
liares a levar o bebê para o berço somente à noite e evitar acender equipe de saúde, pois podem ser perigosos para o bebê, por conter
as luzes para não distraí-lo. substâncias que podem causar sonolência.
Choro: Para aliviar as cólicas por alguns momentos, orientar para fazer
massagens na barriga no sentido dos ponteiros do relógio e movi-
O choro é uma manifestação natural. Depois do nascimento, mentar as pernas em direção à barriga. Fazer compressas secas e
o bebê tem que se adaptar a uma série de mudanças: novas sen- mornas, aconchegar o bebê no colo da mãe também podem ajudar
sações, novos sons, roupas, banhos... Não é, portanto, de se estra- a acalmar a dor.
nhar o fato de ele chorar.
O bebê se comunica pelo choro sempre que se sentir descon- Regurgitação:
fortável ou estiver com fome, sede, frio, fralda molhada, roupa
apertada, coceira, cólica ou irritação por excesso de barulho. Não É comum e consiste na devolução frequente de pequeno vo-
usar medicamentos para evitar o choro. lume de leite logo após as mamadas. Quase sempre, o leite volta
Certamente, um “remédio” sempre útil é o aconchego do colo ainda sem ter sofrido ação do suco gástrico. Se o ganho de peso do
da mãe. Porém, se por qualquer motivo ela achar que o bebê está bebê for satisfatório, é uma situação normal.
chorando demais e desconfiar que haja algo errado com ele, orien-
te a levá-lo logo à UBS para receber a orientação adequada. Soluços e espirros:
Conforme a mãe for conhecendo o seu bebê, conseguirá dis-
tinguir os diferentes “choros”, isto é, o significado de cada uma de Os soluços são frequentes quando a criança está descoberta e
suas manifestações. com frio, na hora do banho e às vezes após as mamadas. Não pro-
No começo, porém, vai ter que pensar numa porção de moti- voca nenhum mal e param sozinhos. Os espirros ocorrem frequen-
vos, até acertar a causa. temente e não devem ser atribuídos a resfriados.
Raramente o bebê chora sem que haja uma razão. Ele pode
chorar quando se encontrar em algumas dessas situações: Hidratação:
- Fome: o bebê chora muito, nenhum carinho consegue acal-
má-lo e já se passaram algumas horas da última mamada: é fome. As crianças amamentadas exclusivamente no seio não neces-
Ele só se tranquilizará depois que estiver satisfeito. sitam de água, chás, sucos ou outros leites que não o do peito nos
- Desconforto: o bebê fica incomodado quando sua fralda está intervalos das mamadas.
molhada. Além disso, a cólica, o calor e o frio são também situações Quando a criança estiver tomando mamadeira, oferecer nos
de desconforto. intervalos água filtrada e fervida.
- Dor: nos primeiros meses são normais as cólicas provocadas Orientações a serem dadas sobre os cuidados com o bebê
porque engole ar durante as mamadas. O choro de dor é agudo, No banho:
inconsolável e repentino. Algumas medidas podem ajudar a acal-
mar a dor, como massagens na barriga, movimentar as pernas em Deve ser diário e nos horários mais quentes, podendo ser vá-
direção ao corpo e encostar a barriga do bebê na barriga da mãe. rias vezes no dia, principalmente nos lugares de clima quente. Sem-
- Solidão: o bebê gosta de companhia e ao sentir a falta da mãe pre com água morna, limpa e sabonete neutro. É importante testar
ele chora muito. Ela deve pegá-lo no colo, dar carinho e atenção. a temperatura da água antes de colocar a criança no banho.
Você pode orientar que ele chora não por um capricho, mas por Enxugar bem, principalmente nas regiões de dobras, para evi-
uma necessidade de aconchego e carinho. tar as assaduras.
- Frio: muitas vezes ao trocar ou dar banho em um bebê ele Não usar perfume, óleos industrializados e talco na pele do
começa a chorar. Isso pode ser pela sensação de frio e de nudez bebê, pelo risco de aspiração do talco e por causar alergias.
repentina. A mãe deve cobri-lo com uma toalha para acalmá-lo. As unhas do bebê devem ser cortadas para evitar arranhões e
- Agitação: o recém-nascido sofre diferentes estímulos: baru- acúmulo de sujeiras.
lhos, luzes, calor, frio etc. E em certos momentos de maior tensão
ele pode manifestar uma crise de choro. Nesse caso deve-se dar Na troca de fraldas:
colo e carinho. Alguns bebês choram antes de dormir. Você deve
orientar a não deixá-lo chorar pensando que assim cairá no sono A cada troca de fraldas, limpar com água morna e limpa, mes-
pelo cansaço, pois ele precisa de tranquilidade e carinho para dor- mo que o bebê só tenha urinado. Não deixar passar muito tempo
mir. sem trocá-las, pois o contato das fezes ou da urina com a pele de-
licada do bebê provoca assaduras e irritações. Não usar talco ou
Cólicas: perfume, pois podem causar alergias.
Uma medida que pode ajudar a melhorar a assadura é deixar
Em geral, começam no fim da terceira semana de vida e vão até o bebê sem fraldas para tomar banho de sol, até as 10 horas da
o fim do terceiro mês. O bebê chora e se contorce, melhora quando manhã e após as 16 horas, por cinco minutos. O sol tem uma ação
suga o peito e volta a chorar. Isso faz com que a mãe pense que é de matar os micro-organismos e ajuda a proteger a pele da irritação
fome e pode levá-la a substituir o leite materno por mamadeira. provocada pelo contato da urina e das fezes.

114
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Nos casos em que as assaduras não apresentarem melhora, Estudar em conjunto com a família formas de diminuir a poeira
isso pode dever-se à dermatite por fralda, que é uma irritação na e fumaça (fogões à lenha e cigarros) dentro da casa.
pele causada pelo contato com a urina e fezes retidas pelas fraldas e Nos locais onde há malária, filariose, dengue, febre amarela e
plásticos. É observada uma vermelhidão de pele, com descamação, doença de Chagas, é necessário o uso de mosquiteiros. Sua orien-
aspecto brilhante e, eventualmente, com pontinhos elevados, e fica tação e ação também podem ser complementadas pelas do agente
restrita às regiões cobertas pelas fraldas. de controle de endemias.
Nesses casos, orientar para procurar a UBS, para identificar a
causa e iniciar o tratamento. TRIAGEM NEONATAL

Com o umbigo: O teste do pezinho, da orelhinha e do olhinho fazem parte do


Programa Nacional de Triagem Neonatal (recém-nascido), criado
O coto umbilical cairá espontaneamente entre o 5º e o 14º dia em 2001 pelo Ministério da Saúde, com objetivo de diagnosticar
de vida. Alguns recém-nascidos apresentam um umbigo grosso e diversas doenças e a tempo de fazer o tratamento precocemente,
gelatinoso, que poderá retardar sua queda até em torno de 25 dias. reduzindo ou eliminando sequelas, como o retardo mental, surdez
Pode ocorrer discreto sangramento após a queda do coto umbilical, e cegueira.
que não requer cuidados especiais.
Os cuidados com o coto umbilical são importantes para evitar Teste do pezinho
infecções. A limpeza deve ser diária durante o banho e deixar sem-
pre seco. Você deve orientar a sua realização imediatamente entre o ter-
Não se devem usar as faixas ou esparadrapos, pois não deixam ceiro e o sétimo dia de vida do bebê.
o umbigo secar, além de dificultar a respiração do bebê. Também A partir desse prazo, oriente para fazer o exame o mais cedo
não se deve colocar no local ervas, fumo, frutas, moedas ou qual- possível, preferencialmente dentro de 30 dias após o nascimento.
quer outro objeto. O exame revela doenças que podem causar graves problemas
Se observar o aparecimento de secreção, sangue ou cheiro de- ao desenvolvimento e crescimento do bebê, que são irreversíveis
sagradável no coto umbilical, é preciso orientar que a mãe leve o se não diagnosticadas e logo tratadas. Por isso a importância da sua
bebê à UBS. realização o mais cedo possível.

Hérnia umbilical: Teste da orelhinha

É uma alteração na cicatriz umbilical. Após a queda do coto É um exame que pode detectar precocemente se o bebê tem
umbilical, quando o bebê chora, é possível ver que o umbigo fica algum problema de audição. Ele é realizado no próprio berçário,
estufado. quando o bebê está quieto dormindo, de preferência nas primeiras
Orientar a não usar faixas, esparadrapos ou colocar moedas, 48 horas de vida, mas pode ser feito após alguns meses de vida,
pois não têm nenhum efeito e podem dificultar a respiração do em outro serviço de saúde conveniado, se a maternidade não tiver
bebê ou causar irritação na pele. Na grande maioria dos casos a hér- fonoaudiólogos para realizar o exame.
nia umbilical regride naturalmente sem necessidade de qualquer O exame não dói, não incomoda, não acorda o bebê, é barato,
intervenção. De qualquer forma, deve-se orientar para procurar a fácil de ser realizado, não tem contraindicação e é eficaz para detec-
UBS para avaliação. tar problemas auditivos.
Informe-se na sua UBS de referência se o exame da orelhinha
Hérnia inguinal: está disponível na rede do SUS do município e onde é realizado.

É uma bola que aparece na virilha, principalmente quando o Teste do olhinho


bebê chora. Caso seja confirmada a presença da hérnia, o tratamen-
to é cirúrgico e você deve orientar para procurar a UBS. Também conhecido como exame do reflexo vermelho, ele pode
Outros cuidados: detectar diversos problemas nos olhos, o mais importante é a cata-
A higiene do ambiente, das roupas, dos objetos usados pelo rata congênita.
bebê é muito importante, considerando que ele tem poucas defe- Deve ser realizado de preferência ainda na maternidade, mas
sas e pode ter infecções. É preciso, então, orientar para que as pes- pode ser feito na UBS pelo médico treinado, nos três primeiros anos
soas tenham o entendimento da relação da sujeira com a presença de vida.
de micro-organismos causadores de doenças.
Quem cuida do bebê deve lavar bem as mãos, com água e sa- SAÚDE BUCAL NA CRIANÇA
bão, antes e depois de cada cuidado.
As roupas e fraldas devem ser bem lavadas, enxaguadas e, Desde os primeiros dias de vida, a adoção de cuidados com a
sempre que possível, colocadas ao sol para secar e devem ser pas- saúde bucal deve ser estimulada e motivada pelos profissionais da
sadas com ferro quente. Orientar para lavá-las com sabão neutro e equipe de saúde. A prática de hábitos de vida saudáveis irá prevenir
evitar o uso de amaciantes. o aparecimento de doenças bucais na primeira infância, repercutin-
Ao perceber as condições de vida da família na visita domiciliar, do na promoção à saúde para toda a vida.
você pode verificar a possibilidade de deixar a casa mais arejada e
iluminada.

115
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Nesse primeiro momento, deve-se ouvir a família e observar o Dica: o que limpa o dente é a ação da escovação, e não a pasta
comportamento do recém-nascido. Orientar as dúvidas que os pais de dente. Por isso, orientar para colocar pouca pasta de dente na
e os familiares tiverem, como: aleitamento materno; uso de bicos escova (quantidade equivalente a um grão de arroz cru).
e chupetas; sucção digital (chupar o dedo); higiene bucal; uso de
creme dental; alimentação; e manifestações mais frequentes. Fio dental:

O uso do fio dental é tão importante quanto o uso da escova


Dentição de leite de dente.
Ele garante a retirada dos restos de alimentos entre os dentes
Durante a vida possuímos dois tipos diferentes de dentição: a e da placa bacteriana. O seu uso deve ser estimulado na medida em
de leite e a permanente. Os dentes de leite aparecem por volta dos que a criança for crescendo e iniciado assim que se estabelecer o
seis meses de vida. Geralmente os dentes inferiores surgem primei- espaço entre dois dentes.
ro que os superiores e sempre aparecem aos pares, um esquerdo Na saúde bucal o ACS deve ainda reforçar a importância de
e outro direito. uma alimentação saudável, sem açúcar. Incentivar o consumo de
Para que servem os dentes de leite? frutas, legumes e verduras e evitar alimentos industrializados (refri-
- Mastigar; gerantes, bolachas, salgadinhos, balas, doces, chocolates).
- Falar; Orientar a mãe, o pai ou quem cuida da criança para ir regu-
- Sorrir; larmente ao serviço de saúde para avaliação e prevenção de cárie.
- Guiam os dentes permanentes para nascerem; Alterações em saúde bucal mais frequentes nas crianças
- Guardam o lugar dos dentes permanentes;
- Ajudam as arcadas dentárias a se desenvolverem (devido ao Candidíase bucal:
exercício muscular propiciado pela mastigação);
- Servem para começarmos a aprender a ter higiene bucal. Conhecida como “sapinho”, é uma doença infecciosa causada
Os dentes de leite são em número de 20: por fungos. Apresenta-se como uma placa esbranquiçada e mole
- Oito incisivos: ficam na frente, sendo tanto superior quanto que recobre a língua, bochecha ou palato mole (céu da boca mais
inferior posterior).
- Quatro caninos: ao lado dos incisivos A candidíase é encontrada com maior frequência em bebês en-
- Oito molares: ficam atrás dos caninos, no fundo da boca tre zero e três meses de idade. Caso você ou a mãe identifique esses
sinais, oriente a procurar a UBS.
Higiene bucal
Língua geográfica:
Os bons hábitos alimentares e de higiene bucal na família irão
interferir no comportamento das crianças. Por essa razão, o ACS São áreas lisas localizadas na língua com margens limitadas e
deve orientar a família nos cuidados da higiene bucal e ainda na bem definidas que imitam o formato de um mapa, por esse motivo
mudança de alguns hábitos alimentares, como a redução do uso do que se denomina de língua geográfica. O ACS pode ficar tranquilo
açúcar no leite, em sucos ou chás. ao ser questionado sobre essa manifestação bucal, pois ela não ne-
A limpeza da cavidade bucal deve ser iniciada antes mesmo da cessita de nenhum tratamento. Porém, em caso de dúvida, sempre
erupção dos dentes. Deve-se orientar a utilização de um tecido lim- comunique sua equipe e discuta sobre o caso para ter mais infor-
po (gaze ou fralda) umedecido em água filtrada ou fervida, mas em mações.
temperatura ambiente, massageado suavemente a gengiva.
Além de higienizar a cavidade bucal, esse procedimento tem Gengivite de erupção:
o objetivo de condicionar o bebe à adoção de hábitos saudáveis
futuramente. É uma inflamação localizada na gengiva devido ao surgimento
dos primeiros dentes de leite. O bebê pode sentir dor, febre e re-
Escovação: cusa à alimentação. Deve-se orientar a mãe e familiares que essa
situação é comum e que o bebê pode ficar irritado, mais choroso
Com o aparecimento do primeiro dente, inicia-se a fase do uso e precisar de mais carinho e atenção. O ACS pode indicar algumas
da escova dental, que deverá ser de cabeça pequena e as cerdas medidas caseiras,como chá gelado de camomila ou malva e procu-
arredondadas e macias, mas sem a pasta de dente. O creme dental rar o dentista da área.
com flúor só deverá ser utilizado quando a criança souber cuspir
completamente o seu excesso. Hematoma de erupção:
Criança que ainda não sabe cuspir não deve usar pasta de den-
te com flúor, pois ela pode engolir essa pasta e vir a ter um proble- É uma lesão de coloração azulada na região do dente que está
ma conhecido como fluorose, que é o aparecimento de manchas nascendo. Os pais, geralmente, ficam preocupados devido à colo-
esbranquiçadas e/ou má formação dentária. ração, mas é importante tranquilizá-los, pois não é dolorido e não
Seguir as recomendações da equipe de Saúde Bucal quanto à necessita de tratamento.
quantidade segura de creme dental para a criança e a frequência de Informações importantes sobre a saúde bucal:
escovação, pois isso é fundamental para prevenir a cárie precoce e
a fluorose.

116
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

ATENÇÃO: o ACS deve identificar e conhecer o serviço de saúde bucal disponível na sua área de abrangência, para orientar às famílias
sobre como ter acesso a esse serviço.
ACOMPANHAMENTO DO CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA

117
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Crescimento

É o aumento do corpo como um todo. A altura faz parte do crescimento, que é a medida em centímetros, e o peso, em quilogramas.

Desenvolvimento

É o amadurecimento das funções do corpo. É o que faz com que a criança aprenda a segurar objetos, relacionar sons e comportamen-
tos, falar, andar, coordenar seus movimentos e ações, sentir, pensar e se relacionar com os outros e com o meio a sua volta.
O acompanhamento do crescimento e do desenvolvimento da criança faz parte da consulta na UBS e também deve ser acompanhado
por você durante a visita domiciliar (VD). Na VD é importante observar como as mães lidam com seus filhos: se conversam com eles, se
brincam. Não é necessário que ela fique o tempo todo em casa, mas é importante que quem a substituir possa ter tempo para conversar
com a criança, mesmo durante os trabalhos de casa.

CADERNETA DE SAÚDE DA CRIANÇA

A Caderneta de Saúde da Criança existe para acompanhar e avaliar o crescimento e desenvolvimento e a saúde da criança até os 10
anos. Existe uma caderneta para meninas e outra para meninos porque o seu crescimento é diferente.
Você pode ter uma cópia da ficha vacinal e do gráfico de crescimento de cada criança, essa cópia é conhecida como cartão sombra ou
cartão espelho. Isso lhe ajudará no acompanhamento sobre a saúde e o crescimento e desenvolvimento da criança, a cada visita.

INFORMAÇÕES IMPORTANTES A SEREM VERIFICADAS SE CONSTAM NA CADERNETA DE SAÚDE DA CRIANÇA

No Brasil, a Caderneta de Saúde da Criança é considerada um documento.


Ela contém diversas instruções, entre elas: dados de identificação da criança, orientações relacionadas ao crescimento e desenvolvi-
mento, amamentação e calendário vacinal.
Dados de identificação e do nascimento da criança:
- Nome completo da criança e dos pais;
- Local onde mora (não se esquecer de indicar um ponto que ajude a encontrar a casa da criança);
- Como nasceu: se em hospital, centro de parto natural ou em casa, com parteira; se foi parto normal ou cesárea; qual o peso e o com-
primento; qual o APGAR (que varia de 0 a 10 e quanto mais alto melhores foram as condições do nascimento); qual o perímetro cefálico
(que é a medida da cabeça da criança, que na maioria dos recém-nascidos fica entre 32 e 36 cm).

Gráficos de crescimento para crianças

Interpretação dos gráficos de crescimento para crianças:


O estado nutricional, em todas as fases da vida, é avaliado a partir de dados de peso e altura. Para saber se a pessoa será classificada
como saudável, é necessário que se façam comparações com uma referência baseada em uma população saudável. Uma das maneiras
de realizar essa comparação é por meio de gráficos. A Caderneta de Saúde da Criança e a do Adolescente apresentam gráficos para essa
avaliação. As curvas de peso para idade, altura para idade e Índice de Massa Corporal (IMC) para idade mostram se o peso, a altura e o IMC
da criança ou adolescente estão compatíveis com os valores de pessoas que se encontram na mesma idade.
Para usar esses gráficos, algumas informações são necessárias, de acordo com o gráfico utilizado: peso, estatura, idade e sexo. Os
meninos têm gráficos na cor azul, enquanto as meninas têm gráficos na cor rosa. Fique atento também para o fato de que cada gráfico se
destina a uma faixa etária diferente: alguns gráficos são para crianças menores de dois anos, outros para crianças entre dois e cinco anos
incompletos e outros gráficos para crianças de cinco a dez anos de idade.

Peso para idade

Esse gráfico faz uma avaliação do peso de acordo com a idade da pessoa no momento da avaliação. Para utilizá-lo, o primeiro passo
é pesar a criança ou adolescente. Depois disso, anote o valor do peso com a data. Além do peso, é necessário saber a idade da criança
em anos e meses. É muito importante que meninos e meninas tenham os gráficos certos, já que o desenvolvimento e o crescimento são
diferentes para os dois grupos. Com os valores de peso e idade nas mãos, abra o gráfico.
A seguir, temos como exemplo um gráfico de peso para idade para menores de cinco anos. Note que ele é azul, então se refere a um
menino. Na linha horizontal (deitada), estão descritos os valores de idade; nessa linha, localize a idade da criança. Na linha vertical (de pé),
estão descritas as medidas de peso em quilogramas; localize o peso da criança encontrado na pesagem. Marcados os dois pontos, faça uma
linha horizontal saindo da marcação do peso e uma linha vertical saindo da idade da pessoa. As duas linhas devem se cruzar.
Esse ponto onde as linhas se cruzam irá proporcionar a classificação do estado nutricional dessa criança no dia em que se realizou a
pesagem.

118
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Após colocar o ponto no gráfico de peso por idade, é necessário fazer avaliação dessa informação, conforme a descrição abaixo:
- Abaixo da linha do -3 (equivalente ao percentil 0,1): peso muito baixo para a idade;
- Acima ou sobre a linha do -3 (equivalente ao percentil 0,1) e abaixo da linha do -2 (equivalente ao percentil 3): o peso está baixo para
a idade;
- Acima ou sobre a linha do -2 (equivalente ao percentil 3) e abaixo ou sobre a linha do +2 (equivalente ao percentil 97): o peso está
adequado para a idade;
- Acima da linha do +2 (equivalente ao percentil 97): o peso está elevado para a idade.
Tanto as situações de muito baixo peso e baixo peso como os casos de peso elevado para idade devem ser encaminhados a sua equipe
de saúde para consulta.

Estatura para idade

Esse gráfico faz uma avaliação da altura com a idade da pessoa no momento da avaliação. Para utilizar o gráfico, o primeiro passo é
medir a altura da criança ou adolescente. Depois disso, anote o valor da altura com a data. Além da altura, é necessário saber a idade da
criança em anos e meses.
A seguir, temos como exemplo um gráfico de estatura para idade.
Note que ele é rosa, então se refere a uma menina. Na linha horizontal (deitada), estão descritos os valores de idade; nessa linha,
localize a idade da criança. Na linha vertical (de pé), estão descritas as medidas de altura em centímetros; localize a altura avaliada. Mar-
cados os dois pontos, faça uma linha horizontal saindo da altura e uma linha vertical saindo da idade. As duas linhas devem se cruzar. Esse
ponto onde as linhas se cruzam irá proporcionar a classificação do estado nutricional dessa criança no dia em que se realizou a avaliação.

119
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Após colocar o ponto no gráfico de estatura por idade, é necessário fazer avaliação dessa informação conforme a descrição abaixo:
- Abaixo da linha do -3 (equivalente ao percentil 0,1): a altura está muito baixa para a idade;
- Acima ou sobre a linha do -3 (equivalente ao percentil 0,1) e abaixo da linha do -2 (equivalente ao percentil 3): a altura está baixa
para a idade;
- Acima ou sobre a linha do -2 (equivalente ao percentil 3): a altura está adequada para a idade.
Crianças ou adolescentes que são classificados abaixo da linha do -2 devem ser encaminhados para consulta com um profissional da
equipe de saúde. IMC para idade.
O IMC (Índice de Massa Corporal) avalia a proporção entre o peso e altura e pode ser avaliado de acordo com a idade do nascimento
até os 19 anos. Para utilizar o gráfico, o primeiro passo é medir a altura da criança ou adolescente; depois, deve-se obter o peso da pessoa
no momento da avaliação. Anote o valor da altura e do peso com a data. Para essa avaliação, também é necessário saber a idade em anos
e meses. Com os valores de altura e peso, calcule o IMC a partir da seguinte fórmula:
IMC = Peso (em quilos)/ Altura x Altura
Note que a medida do peso deve estar em quilogramas e a da altura em metros. Portanto, divida o valor do peso pelo quadrado da
altura, isto é, a medida da altura multiplicada por ela mesma.
A seguir, temos como exemplo um gráfico de IMC para idade para indivíduos dos 5 aos 19 anos. Note que o gráfico é azul, então se
refere a um menino. Na linha horizontal (deitada), estão descritos os valores de idade; nessa linha, localize a idade da criança ou adolescen-
te. Na linha vertical (de pé), estão descritos os valores de IMC; localize o valor do IMC calculado. Marcados os dois pontos,faça uma linha
horizontal saindo do valor de IMC e uma linha vertical saindo da idade. As duas linhas devem se cruzar. Esse ponto onde as linhas se cruzam
irá proporcionar a classificação do estado nutricional dessa criança ou adolescente no dia em que se realizou a avaliação.

Após colocar o ponto no gráfico de IMC por idade, é necessário fazer avaliação dessa informação conforme a descrição abaixo:
- Abaixo da linha do -3 (ou do percentil 0,1): IMC muito baixo para a idade;
- Acima ou sobre a linha do -3 (equivalente ao percentil 0,1) e abaixo da linha do -2 (equivalente ao percentil 3): o IMC está baixo para
a idade;
- Acima ou sobre a linha do -2 (equivalente ao percentil 3) e abaixo ou sobre a linha do +2 (equivalente ao percentil 97): o IMC está
adequado para a idade;
- Acima da linha do +2 (equivalente ao percentil 97): o IMC está elevado para a idade; a criança ou adolescente apresenta excesso de
peso.
ATENÇÃO: deve-se estar sempre atento para a evolução do crescimento da criança. Se a linha de crescimento registrada no gráfico
de crescimento estiver descendo ao longo dos atendimentos, trata-se de um sinal de alerta, já que a criança está se aproximando de uma
situação de baixo peso por idade ou de baixa estatura por idade. Da mesma forma, caso uma criança apresente um contínuo ganho de peso
e estiver se aproximando cada vez mais das linhas superiores do gráfico, o caso também requer uma atenção maior.

Atividades

Para acompanhar o desenvolvimento da criança, é preciso observar as atividades que a maioria delas é capaz de fazer nas diferentes
idades.
Procure ter acesso a essa parte da Caderneta, que o médico e a enfermeira preenchem.
Para as crianças com baixo ou muito baixo peso e elevado peso, é preciso conversar mais com os pais, para saber como é o dia a dia
delas:

120
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Como brincam; como se alimentam; como está a curva de peso; se tomam sol; se brincam ao ar livre; se ficam doentes; quem toma
conta; o que os pais e/ou cuidadores ensinam e conversam; se têm acesso à água limpa e tratada; se o quintal e a rua são limpos.
Essas crianças irão precisar de mais visitas domiciliares e deverão ser orientadas para procurar a UBS.
Vacinas da criança
Esquema de vacinação da criança:
A vacinação é uma importante ação para diminuir doenças e mortes por doenças infecciosas.
Você deverá solicitar a Caderneta de Saúde da Criança e verificar o esquema vacinal.

Observações gerais:

Em relação à vacinação, você deve orientar para procurar a UBS as crianças que:
- Não tiverem a marca (cicatriz) da vacina BCG no braço direito, após seis meses da aplicação da vacina;
- Não tiverem o registro da aplicação de qualquer uma das vacinas na Caderneta da Criança;
- Tiverem informações sobre aplicações de vacinas que não estejam registradas na
- Caderneta;
- Não compareceram no dia agendado pela UBS para a vacinação;
- Apresentarem qualquer queixa após a aplicação da vacina.
ATENÇÃO: as etapas de cicatrização da pele após a aplicação da vacina BCG:
- Em torno da segunda semana, palpa-se uma pequena área endurecida;
- Da quinta à sexta semana, o centro da área endurecida começa a amolecer, formando uma crosta (casca);
- Quando a crosta cai, deixa em seu local uma pequena lesão, que desaparece lentamente entre a 8ª e a 10ª semana. Em alguns casos,
a cicatrização é mais demorada, podendo se prolongar até o quarto mês, raramente além do sexto mês.
Você deverá orientar a mãe sobre as fases da cicatrização da vacina.
Além disso, orientar a manter o local da aplicação limpo, utilizando água e sabão, e que não se deve colocar nenhum tipo de medica-
mento, nem cobrir a lesão com curativo.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Qualquer dúvida quanto à cicatrização da vacina BCG, encami- A criança tem que se acostumar a comer alimentos de diferen-
nhar a criança, a mãe ou o responsável à sua equipe de SF ou à UBS. tes consistências. As papas salgadas oferecidas no almoço a partir
Atenção: a aplicação de uma ou mais vacinas, no mesmo dia, de seis meses e as papas oferecidas no jantar a partir dos sete me-
não oferece nenhum risco à criança. ses também não devem ser liquidificadas, e sim amassadas com o
A Caderneta de Saúde da Criança registra o peso e as ativida- garfo;
des, mostra se a criança está com as vacinas em dia, se adoece mui- - Aos seis meses, a criança que mama no peito deve receber,
to e do que adoece. além do leite materno em livre demanda, ou sempre que sentir
fome, uma papa de fruta no meio da manhã, uma papa salgada na
PROGRAMA BOLSA-FAMÍLIA hora do almoço e uma papa de fruta no meio da tarde;
- Aos sete meses, a crianças que mamam no peito já pode rece-
Você deve verificar se a família está inscrita no programa. Caso ber duas papas salgadas por dia e duas papas de fruta;
existam famílias que se enquadrem nos critérios de inclusão e não - Aos 10 meses, a criança já pode receber a alimentação básica
estejam no programa, você deve orientar como se inscrever. da família, desde que não muito condimentada;
O Programa Bolsa-Família define que as famílias beneficiárias - A partir dos 12 meses, a criança que mama no peito deve
devem cumprir algumas ações na área da saúde e educação (con- fazer uma refeição ao acordar, dois lanches por dia e duas refeições
dicionalidades), que são: manter as crianças e adolescentes em básicas por dia (almoço e jantar);
idade escolar frequentando a escola e realizar os cuidados básicos - As verduras devem ser descascadas e cozidas no vapor ou em
em saúde, verificação do calendário de vacinação, para as crianças pouca água e com pouco sal. Depois devem ser amassadas com o
entre zero e seis anos, e da agenda pré e pós-natal para as gestantes garfo e ficar com consistência de papa;
e mães em amamentação. - Deve-se evitar dar à criança açúcar, frituras, enlatados, café,
Essas condicionalidades devem ser acompanhadas por você e chá mate, refrigerantes nos primeiros anos de vida. Esses alimen-
pelas equipes. tos podem causar ou ser fator de predisposição a excesso ou baixo
Podem fazer parte do Programa Bolsa-Família as famílias com peso, anemia, alergia alimentar e cárie. Além de fazer com que as
renda mensal até R$ 120,00 (cento e vinte reais) por pessoa de- crianças percam o interesse por alimentos na sua forma natural;
vidamente cadastradas no Cadastro Único para Programas Sociais - A papa salgada deve conter um alimento do grupo dos cereais
(CadÚnico). ou tubérculos (inhame, cará, aipim/macaxeira/mandioca), um das
Se a família se encaixa numa das faixas de renda definidas pelo hortaliças (folhas ou legumes) e um do grupo dos alimentos de ori-
programa, deve procurar o setor responsável pelo Programa Bolsa- gem animal (frango, boi, peixe, miúdos, ovos) ou das leguminosas
-Família no município (geralmente ligado à Secretaria de Assistên- (feijão, soja, lentilha, grão-de-bico);
cia Social), em porte dos documentos pessoais (título de eleitor ou - Miúdos ou fígado devem ser oferecidos no mínimo uma vez
CPF), para se cadastrar no CadÚnico. na semana para a prevenção da anemia;
- Após o consumo de papas salgadas, é indicado o consumo
ORIENTAÇÕES ALIMENTARES PARA A CRIANÇA de meio copo de suco de fruta natural ou uma porção pequena de
fruta para aumentar a absorção do ferro presente nas refeições e
Nos primeiros seis meses, o bebê só deve receber o leite ma- ajudar na prevenção da anemia;
terno. Ele deve ser oferecido todas as vezes que o bebê quiser, in- - Durante o dia e no intervalo das refeições, as crianças devem
clusive à noite. receber água pura, limpa, filtrada ou fervida.
Após os seis meses, introduzir novos alimentos, continuando - Os sucos devem ser oferecidos apenas após as papas salgadas
com o aleitamento materno até os dois anos ou mais. (almoço e jantar);
A partir dos seis meses, as papas de frutas, legumes, carnes e O leite artificial deve ser preparado no máximo uma hora antes
cereais podem ser feitas com alimentos da região. de ser oferecido. Não aproveitar sobras de outros horários. Crianças
No início o bebê come em pouca quantidade e coloca parte até seis meses que recebem outro leite que não o materno devem
da comida para fora, até aprender a engolir e se acostumar com consumir no máximo 400 ml por dia.
o gosto do novo alimento. É importante orientar os cuidadores do
bebê a terem paciência em caso de resistência na aceitação de um
novo alimento. OBESIDADE EM CRIANÇA
Insistir na oferta de oito a dez vezes.
Você deve orientar sobre: A obesidade não é apenas um problema estético (beleza) que
- A limpeza no preparo dos alimentos vai evitar diarreias e ou- incomoda por causa das “brincadeiras” dos colegas.
tras infecções; Pode-se definir obesidade como o grau de armazenamento de
- Lavar bem as mãos com água e sabão antes de preparar os gordura no organismo associado a riscos para a saúde, devido a sua
alimentos; relação com o aparecimento e complicações de algumas doenças
- Os alimentos devem sempre ser cobertos ou tampados; como diabetes, hipertensão e outros problemas cardíacos.
- Aos seis meses, as crianças devem receber papas de frutas, e O ganho de peso além do necessário é devido a hábitos alimen-
as papas salgadas devem conter no mínimo um alimento de cada tares errados, questões genéticas, estilo de vida sedentário, distúr-
grupo. Exemplo de papa: abóbora, carne, arroz, feijão e espinafre; bios psicológicos, problemas na convivência familiar, entre outros.
- As frutas devem ser lavadas, descascadas e amassadas, para
que fiquem na consistência de papa. Não passar a fruta na peneira
ou no liquidificador nem acrescentar açúcar.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Costuma-se pensar que as crianças obesas ingerem grande - Refrigerantes e sucos industrializados, balas, bombons, biscoi-
quantidade de comida. Essa afirmativa nem sempre é verdadeira, tos doces e recheados, salgadinhos e outras guloseimas no dia a dia
pois a obesidade não está relacionada apenas com a quantidade, devem ser evitados ou consumidos o mínimo possível;
mas com o tipo de alimentos consumidos frequentemente. - Diminuir a quantidade de sal na comida;
Atividades físicas A criança deve beber bastante água e sucos naturais de fru-
tas durante o dia, de preferência nos intervalos das refeições, para
Além da alimentação, a vida sedentária facilitada pelos avanços manter a hidratação e a saúde do corpo;
tecnológicos (computadores, televisão, videogames etc.) também é - A criança deve ser ativa, evitando-se que ela passe muitas
fator para a presença da obesidade. horas assistindo à TV, jogando videogame ou brincando no com-
Hoje em dia, devido ao medo da violência urbana, entre outros putador.
motivos, as crianças costumam ficar horas paradas em frente à TV Alimentos que são importantes e devem fazer parte da alimen-
ou outro equipamento eletrônico e quase sempre com um pacote tação diária da criança:
de biscoito ou sanduíche regado a refrigerantes.
A prática regular de atividade física proporciona muitos benefí-
cios, entre eles o aumento da autoestima, do bem-estar, a melhoria
da força muscular, fortalecimento dos ossos e pleno funcionamento
do sistema de defesa do organismo – sistema imunológico.
Você pode colaborar na promoção à prática regular de ativida-
de física e utilização dos espaços públicos que facilitem a incorpora-
ção dessa prática no cotidiano.
Ansiedade
Não são apenas os adultos que sofrem de ansiedade provocada
pelo estresse do dia a dia. As crianças e os jovens também são alvos
desse sintoma, causado por preocupações em semanas de prova na Nas visitas domiciliares, você deve fazer orientações para a pro-
escola ou pela tensão do vestibular, entre outros. Algumas pessoas moção à saúde, reforçando as orientações quanto ao aleitamento
em situações de ansiedade comem em excesso. materno exclusivo, alimentação, a manter o esquema de vacinação
sempre atualizado, medidas para higiene e cuidado com a criança e
Fatores genéticos o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento.
Assim estará contribuindo para a manutenção e promoção à
Algumas pesquisas já revelaram que, se um dos pais é obeso, saúde das crianças das famílias que moram na sua área de atuação.
o filho tem maiores chances de se tornar obeso, e essas chances
dobram no caso de os dois pais serem obesos. Doença diarreica aguda (DDA)
Em todas as fases da vida, o importante é ter uma alimentação
saudável, que é: É uma doença que pode ser causada por bactérias, vírus e pa-
- Adequada em quantidade e qualidade; rasitos, caracterizada principalmente pelo aumento do número de
- Variada; evacuações, com fezes aquosas (líquidas) ou de pouca consistência.
- Segura; Em alguns casos, há presença de muco e sangue. A criança tam-
- Disponível; bém pode ter náusea, vômito, febre e dor abdominal. Tem duração
- Atrativa; entre 2 e 14 dias. É importante sua atuação imediata para evitar
- Que respeita a cultura alimentar. que ocorra a desidratação.
Para ter uma alimentação saudável, não é preciso excluir “coi- A DDA é uma das importantes causas de adoecimento e morte
sas gostosas”, mas é preciso saber equilibrar, evitando os exageros e no Brasil e está diretamente relacionada às precárias condições de
o consumo frequente de alimentos altamente calóricos. vida e saúde dos indivíduos, em consequência da falta de sanea-
Orientações importantes que podem ser dadas por você: mento básico, desnutrição crônica, entre outros fatores.
- Os alimentos de diferentes grupos devem ser distribuídos em A transmissão pode ocorrer em virtude da ingestão de água e
pelo menos três refeições e dois lanches por dia; alimentos contaminados e por contato com objetos contaminados
- Os alimentos como cereais (arroz, milho), tubérculos (bata- (exs.: utensílios de cozinha, acessórios de banheiros, equipamentos
tas), raízes (mandioca/ macaxeira/aipim), pães e massas devem ser hospitalares) ou de pessoa para pessoa (ex.: mãos contaminadas) e
distribuídos nas refeições e lanches do seu filho ao longo do dia; de animais para as pessoas.
- Legumes e verduras devem compor as refeições da criança. As As moscas, formigas e baratas podem contaminar, principal-
frutas podem ser distribuídas nas refeições, sobremesas e lanches; mente, os alimentos e utensílios. Locais de uso coletivo, como es-
- Feijão com arroz deve ser consumido todos os dias ou no mí- colas, creches, hospitais e penitenciárias, apresentam maior risco
nimo cinco vezes por semana; de transmissão.
- Leite e derivados como queijo e iogurte devem compor a ali- Se durante uma VD você constata ou é informado que há uma
mentação diariamente, nos lanches. Carnes, aves, peixes ou ovos criança com diarreia, você deve buscar saber:
devem compor a refeição principal da criança; - A idade;
- Alimentos gordurosos e frituras devem ser evitados. A prefe- - Há quantos dias está com diarreia e o número de vezes ao dia
rência deve ser por alimentos assados, grelhados ou cozidos; de evacuação;
- Se há presença de sangue nas fezes;

123
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Se também está com febre, vômito e há quantos dias; - Mexer bem e oferecer à criança após cada evacuação.
- Analisar o entorno do domicílio, se a família utiliza água trata- Como preparar a solução de reidratação oral:
da, se tem acesso a esgotamento sanitário; - Dissolver o conteúdo de um pacote de sal reidratante em um
- Se há outros casos. litro de água limpa e fervida, em temperatura ambiente;
Um dos tratamentos para DDA é a hidratação, que tem o obje- - Depois de pronto, o soro pode ser usado por um período de
tivo de reidratar ou evitar a desidratação. Pode ser feita por via oral 24 horas. Após esse período jogar fora e preparar outro soro;
ou por meio de soro na veia. - O soro só pode ser misturado em água, não acrescentar açú-
Ao constatar os sinais relatados acima, você já deve orientar car ou outra substância para melhorar o seu gosto.
o aumento do consumo de líquidos disponíveis no domicílio – pre- Atuação do ACS no controle das doenças diarreicas agudas:
ferencialmente leite materno (em menores de dois anos) e soro - Identificar os casos e encaminhá-los à UBS para diagnóstico
de reidratação oral (SRO); na falta desses, soro caseiro, chás, co- e tratamento;
zimento de farinha de arroz e água de coco. Esses líquidos devem - Identificar sinais e/ou situações de risco em casos de diarreias
ser usados após cada evacuação ou vômito. Se o vômito dificultar e orientar sobre o tratamento da água para consumo humano, o
a aceitação, deve-se oferecer a solução em colheres, a cada um ou destino dos dejetos e o lixo residencial;
dois minutos, aumentando o volume de líquido gradualmente. - Acompanhar os pacientes e orientá-los quanto à necessidade
A alimentação habitual deve ser mantida, evitando alimentos na continuidade do tratamento;
muito gordurosos. - Vigiar constantemente e de forma responsável;
No caso de a criança estar com os olhos fundos, ausência de lá- - Antecipar os movimentos da criança;
grima, bebendo líquidos rapidamente ou com dificuldade de beber, - Manter a criança sempre sob suas vistas;
apresentar sangue nas fezes ou febre alta, ela deverá ser orientada - Evitar deixar sob o cuidado de outras crianças;
a procurar imediatamente a UBS. Desenvolver ações educativas, levando informações e orienta-
É importante ressaltar que os refrigerantes não devem ser uti- ções às famílias e aos indivíduos, identificando as medidas de pre-
lizados, pois, além de não fazer efeito como hidratantes, podem venção e controle das doenças diarreicas;
agravar a diarreia. Orientar a população informando-a sobre a doença, seus sinais
e sintomas, riscos e formas de transmissão;
Medidas de prevenção e controle: Atuar como agente mobilizador da comunidade em parceria
com as lideranças comunitárias chamando atenção das pessoas
- Orientar/desenvolver: para a importância da participação de todos em campanhas e muti-
- Melhoria da qualidade da água (quadro a seguir); rões no combate às doenças diarreicas agudas.
- Destino adequado de lixo e dejetos;
- Ações de controle de moscas, formigas e baratas; PREVENINDO ACIDENTES NA INFÂNCIA
- Medidas de higiene e de manipulação de água e alimentos;
- Ações de educação em saúde, particularmente em áreas de Evitar acidentes na infância é uma tarefa importante para os
elevada incidência de diarreia, são fundamentais; pais e responsáveis. Os acidentes estão entre as cinco principais
- Participar da articulação com escolas, creches, hospitais, pe- causas de morte na infância e podem comprometer o futuro e o de-
nitenciárias para o desenvolvimento de orientações e campanhas senvolvimento da criança. As crianças convivem com muitos riscos
específicas e perigos diariamente.
Dosagem e tempo de contato do hipoclorito de sódio a 2,5% Você deve informar que os acidentes não são fatalidades nem
(água sanitária) segundo o volume de água para consumo humano obras do destino. Na sua maioria podem ser evitados.
a ser tratado no domicílio. Informações que devem ser passadas sobre cuidados gerais na
Melhoria da água domiciliar por meio de medidas simples: prevenção de acidentes:
- Manter o ambiente seguro retirando o que representa risco;
- Guardar fora do alcance da criança objetos pontiagudos e
cortantes (facas, tesouras, chaves de fenda), produtos químicos de
limpeza, remédios, objetos pequenos que possam ser ingeridos ou
inalados, objetos que possam cair, sacos plásticos, cordões e fios
capazes de sufocá-la; cuidado especial com álcool etílico e outros
produtos inflamáveis, inclusive isqueiros e fósforos;
- Não deixá-las perto do fogão;
- Tampar as tomadas que estão ao alcance das crianças, para
evitar choques elétricos.
Você deve alertar sobre os principais acidentes na infância e as
maneiras de evitá-los.
Preparo do soro caseiro e da solução de reidratação oral para Acidentes com o bebê de colo e o modo de evitá-los
controle da DDA: Os acidentes mais frequentes nessa faixa etária são:
Como preparar o soro caseiro com a colher-medida: - Queimaduras com água do banho ou alimentos quentes;
- Encher bem um copo grande com água limpa, fervida e em - Enforcamento com cordões de chupetas;
temperatura ambiente; - Afogamento no banho;
- Colocar a medida pequena e rasa de SAL; - Intoxicação por erro na dose de medicamento;
- Colocar duas medidas e rasas de AÇÚCAR; - Quedas do trocador, andador/anda já ou da cama.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Para evitar as queimaduras, basta criar o hábito de experimen- Para evitar mordeduras e picadas, não armazenar entulho ou
tar a temperatura da água antes do banho e experimentar os ali- objetos velhos e imprestáveis, que podem servir de ninho a ani-
mentos antes de oferecê-los ao bebê. mais peçonhentos. Da mesma forma, não deixar o mato crescer no
Para evitar enforcamentos, não colocar fios ou prendedores quintal.
para amarrar a chupeta e, se for utilizá-los, deixe-os curtos para Usar repelente conforme orientação médica e cortinado sem-
evitar que se enrolem em torno do pescoço da criança. Nunca os pre que possível.
amarre ao redor do pescoço, como colares. Para evitar ferimentos, esconder objetos cortantes e perfuran-
Para evitar afogamentos, nunca deixe a criança sozinha na ba- tes, como facas e tesouras.
nheira (mesmo que se sinta bem) e se possível utilize os assentos Para evitar queimaduras no fogão, utilizar apenas as bocas tra-
próprios de borracha antiderrapante. seiras e nunca deixar os cabos das panelas voltados para frente, de
Para evitar intoxicação, nunca administre os medicamentos modo que a criança possa alcançá-los. Retirar os botões que con-
sem expressa ordem do médico, e use seringa ou dosador para a trolam o gás, evitando que a criança abra o gás acidentalmente e
porção recomendada. provoque um desastre.
Para evitar as quedas, é necessário manter vigilância constan- Para evitar a inalação, não deixar pequenos objetos ao alcance
te. Nunca espere que o bebê não vá rolar, porque ele pode começar da criança. Ela pode colocar na boca, engolir e ir para os pulmões.
a fazer isso a qualquer momento. Mesmo a colocação de objetos, Atenção para os brinquedos pequenos.
como travesseiros ou pequenas grades no trocador, não substitui a Para evitar quedas de alturas, cuidar para não deixar as janelas
vigilância responsável. abertas ou móveis próximos às janelas. Impedir o acesso às escadas
Cuidados com a criança que engatinha e anda e sacadas.
A partir do momento em que a criança começa a engatinhar O tanque de lavar roupa é um local muito perigoso. Verificar se
ou a andar, triplicam os perigos. Além dos riscos anteriores, estão: está bem preso na parede, pois a criança pode se pendurar nele e
- Intoxicações por medicamentos, produtos de limpeza, rati- derrubá-lo sobre si mesma.
cidas, plantas ornamentais e derivados do petróleo, que ficam ao Para evitar afogamentos, não permitir a entrada de uma crian-
alcance das crianças; ça na água sem a supervisão de um adulto. Evitar que as crianças
- Sufocação com sacos plásticos; brinquem próximas a poços, cacimbas, tanques, córregos ou valão.
- Choques em fios e tomadas; - Não deixe sua criança sozinha:
- Mordeduras e picadas por animais peçonhentos; - Sobre o trocador (mesa, cômoda);
- Ferimentos cortantes e perfurantes; - Na cama;
- Queimaduras no fogão; - No banho;
- Ingestão ou inalação de pequenos objetos (moedas, clips, - Em casa ou sob os cuidados de outra criança.
tampinhas);
- Quedas de alturas; Cuidados com as crianças maiores
- Acidentes automobilísticos;
- Afogamentos. A criança maior, que vai à rua sozinha, está sujeita a uma série
Para evitar as intoxicações acidentais, guardar os produtos pe- de acidentes graves que só podem ser evitados por meio de uma
rigosos em locais altos, completamente fora do acesso das crianças. orientação clara, firme e convincente. Nesse caso, estão:
Não usar locais baixos protegidos por chaves, porque, no dia - Queimaduras por fogos de artifício;
a dia, é muito fácil esquecer uma porta aberta. Um descuido pode - Acidentes com armas de fogo;
ser fatal. - Quedas de árvores, muros, brinquedos de velocidade (patins,
Eliminar da casa as plantas venenosas. As mais responsáveis bicicletas e skates);
por intoxicações em crianças são: comigo-ninguém-pode, mamona, - Ferimentos cortantes e perfurantes;
saia branca, copo-de-leite, costela-de-adão, espirradeira, dama-da- - Acidentes de trânsito;
-noite, bico-de-papagaio, oficial-de-sala, os cogumelos e as folhas - Afogamentos.
da batata e do tomate, aveloz. Existe, ainda, lista muito grande de Para evitar queimaduras com fogos de artifício, além da orien-
vegetais capazes de provocar envenenamentos. Procure conhecer tação, o ideal é que os adultos não usem para dar o bom exemplo.
as plantas tóxicas da sua região para orientar as famílias. Evite co- Para evitar os acidentes com armas de fogo, o melhor é não ter
locar produtos de limpeza em frascos de doces, garrafas de refri- armas em casa, pois sempre se corre o risco delas caírem nas mãos
gerantes ou de sucos, pois a criança não vai saber distinguir que o das crianças.
conteúdo daquela embalagem não pode ser consumido. Em caso em que isso não puder ser evitado, devem ser guarda-
Uma das medidas para evitar a sufocação é esconder os sacos das em locais extremamente seguros.
plásticos em local de difícil acesso. Para evitar as quedas de brinquedo de velocidade (bicicleta,
Para evitar os choques elétricos, coloque as tomadas em luga- velocípede), compre os materiais de segurança recomendados (ca-
res mais altos ou tampe-as com protetores de plástico. pacetes, joelheiras, cotoveleiras) e só permita a sua utilização em
Para evitar atropelamentos, não acostumar a criança a brincar locais protegidos (nunca na rua).
perto de ruas ou rodovias onde passam carros. O adulto deve sem- Para evitar afogamentos, não nadar em locais desconhecidos,
pre segurar na mão da criança quando estiver em locais com movi- longe da margem e orientar a não mergulhar de cabeça na água.
mento de carros, motos, bicicleta. Para andar sozinho na rua, a pé ou de bicicleta, a criança deve
Para evitar acidentes automobilísticos, não levar crianças no estar efetivamente treinada, conhecer e obedecer às regras de trân-
colo, e sim sempre no banco traseiro, na cadeira apropriada ou as- sito, para evitar que se envolva em acidentes.
sento infantil e com cinto de segurança.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

SITUAÇÕES EM QUE VOCÊ DEVE ORIENTAR A FAMÍLIA A PRO- - Hábitos saudáveis;


CURAR O SERVIÇO DE SAÚDE O MAIS RÁPIDO POSSÍVEL - Saúde bucal.

- Criança molinha, gemente, parada, com choro fraco. É aquela Sinais de alerta:
que não demonstra interesse pelo o que ocorre ao seu redor, ela - Magreza excessiva ou obesidade;
não olha quando é chamada; - Fugas frequentes de casa;
- Criança que vomita tudo (alimentos, líquidos e medicamen- - Indícios de exploração sexual;
tos); - Indícios de violência na família;
- Criança que não mama; - Indícios de transtornos mentais;
- Criança com tosse ou com dificuldade para respirar (ruído ao - Indícios de uso de álcool, cigarro e outras drogas;
respirar, aparecimento das costelas ao respirar – tiragem intercos- - Indícios de vida sexual precoce e/ou promíscua.
tal, batimento de asa de nariz);
- Criança com diarreia (três ou mais evacuações líquidas ou se- ESQUEMA VACINAL
milíquidas em 24 horas) com sinais de desidratação: está inquieta,
irritada, com sede, olhos fundos, sinal da prega (a pele volta lenta-
mente ao estado anterior quando com os dedos polegar e indicador
são usados para levantar a pele);
- Emagrecimento acentuado, pés inchados, palma da mão mui-
to pálida;
- Peso baixo para a idade (abaixo do percentil 3 da Caderneta
de Saúde da Criança);
- Criança com secreção no ouvido;
- Presença de placas brancas na garganta e com mau cheiro;
- Presença de bolhas com pus na garganta;
- Umbigo vermelho com secreção amarelada;
- Presença de sangue nas fezes;
- Criança com febre (temperatura acima de 38º C).
Atenção: você deve informar imediatamente a equipe de saúde
se na visita domiciliar encontrar a criança com alguma situação aci-
ma descrita. Deve ainda reforçar com a mãe, o pai ou quem cuida
da criança as orientações dadas pela UBS.

SAÚDE DO ADOLESCENTE

A adolescência é uma etapa da vida compreendida entre a in-


fância e a fase adulta, marcada por um complexo processo de cres-
cimento e desenvolvimento físico, moral e psicológico.
A lei brasileira considera adolescente a faixa etária de 12 a 18
anos.
Conforme já abordado, seu trabalho requer uma relação de
vínculo e confiança. Para trabalhar com adolescentes, essa relação
é fundamental.
Entender a fase pela qual estão passando, estar disponível para
ouvi-los, dentro da sua realidade, respeitar a diversidade de ideias, Orientação
sem julgar. A promoção à saúde e prevenção de agravos para o
adolescente deve ser desenvolvida pela equipe em integração com Orientar para procurar a UBS quando o adolescente não tiver
diferentes instituições na comunidade, como a escola, ação social, a carteira de vacinação ou caderneta de saúde do adolescente e/
cultura, grupos de jovens, de arte, capoeira, hip hop, entre outros. ou se estiver com o esquema de vacinação incompleto ou atrasado.
Deve-se aproveitar para divulgar informações, ajudando no es-
clarecimento de dúvidas e na sensibilização da comunidade. SEXUALIDADE
Você deve identificar os adolescentes de sua área e planejar
suas atividades considerando que é necessário orientá-los sobre: Na adolescência, afloram-se muitos questionamentos relacio-
- Esquema vacinal; nados à identidade sexual, às transformações do corpo e à vivência
- Sexualidade: doenças sexualmente transmissíveis (DST), HIV/ das primeiras experiências sexuais. A sexualidade não está restrita
Aids, anticoncepção, gravidez; ao ato sexual. Envolve desejos e práticas relacionados à satisfação,
- Uso de álcool e outras drogas; ao prazer, à afetividade e autoestima.
- Importância da educação; É importante para todas as pessoas e especialmente para os
- Violência e acidentes; adolescentes e jovens conhecer o funcionamento do seu corpo.
- Riscos no trânsito;
- Atividade física e saúde;

126
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Para promover a saúde sexual e a saúde reprodutiva de ado- - Identificar áreas de maior vulnerabilidade de acesso às dro-
lescentes e jovens, é fundamental a realização de ações educativas gas, entre elas, bares, pontos de prostituição, casas ou locais de
que tenham como princípio a igualdade entre homens e mulheres, uso de drogas. Nelas podem ser desenvolvidas ações preventivas
incentivo ao respeito mútuo nas relações e que sejam rejeitadas importantes, facilitando o acesso aos materiais de prevenção e o
todas as formas de violência e atitudes discriminatórias – discrimi- encaminhamento aos serviços de saúde;
nação contra homossexuais ou a ridicularização dos que não sejam - Identificar pessoas e famílias em situação de maior vulnerabi-
sexualmente ativos, entre outras. Essas atividades podem ser reali- lidade, respeitando o direito de privacidade e facilitando o vínculo
zadas nos diversos espaços comunitários (clubes, escolas, grêmios com o serviço de saúde. Nem todas as pessoas se sentem à vontade
recreativos, associações). para falar de assuntos íntimos, como sexo e uso de drogas, deven-
Utilizando uma linguagem acessível, simples e objetiva, de- do, portanto, ser respeitado o limite que é dado pela pessoa;
vem ser dadas informações completas e precisas sobre sexualida- - Orientar para que o adolescente procure atendimento na UBS
de, contracepção, gravidez, proteção contra doenças sexualmente se houver algum sinal ou sintoma;
transmissíveis e realização do preventivo de câncer do colo uterino. - Orientar as pessoas de grupos prioritários (menores de 21
O início da atividade sexual, cedo/precoce ou tardia, deve ser anos, portadores de HIV e outros grupos vulneráveis) para a vaci-
precedido das informações necessárias para uma vida sexual saudá- nação contra hepatite B;
vel, livre de doenças e de problemas. - Orientar a realização do exame preventivo, que deve ser feito
a cada ano. Caso dois exames seguidos (em um intervalo de um
Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) ano) apresentarem resultado normal, o exame poderá ser feito a
A atividade sexual sem a utilização de preservativos torna os cada três anos.
adolescentes e jovens mais expostos às DST.
Todo adolescente com suspeita de DST que apresente os sinais As DST têm cura?
ou queixas deve ser orientado a procurar a UBS para um exame Quando identificada no início e devidamente tratada, a maioria
clínico. das DST tem cura. A Aids, que é uma DST, não tem cura, mas pode
Alguns sinais e queixas que indicam o surgimento de DST: ser tratada e controlada com medicamentos adequados.
Para um bom resultado durante e após o tratamento, é neces-
sário que algumas orientações sejam seguidas pelos portadores de
DST:
- Seguir rigorosamente o tratamento indicado pelo profissional
de saúde;
- Os medicamentos devem ser tomados na quantidade e hora
certas, conforme a receita;

- O tratamento deve ser seguido até o fim, mesmo que não haja
mais sinal ou sintoma da doença;
- Os parceiros devem ser conscientizados a fazer o tratamento,
para evitar que o problema continue;
- Durante o tratamento, as relações sexuais devem ser evitadas
Às vezes, não aparecem sintomas ou sinais visíveis por fora, e e, quando ocorrerem, devem ser sempre com camisinha;
isso é comum ocorrer com as mulheres. Mas, mesmo assim, a doen- - Ao término do tratamento, é preciso voltar à UBS para nova
ça pode ser passada para o parceiro ou parceira sexual. avaliação.
Quem apresenta mais risco de contrair DST? Planejamento reprodutivo
- Qualquer um pode pegar DST – casado, solteiro, jovem, adul- O planejamento reprodutivo é um direito e vai muito além da
to, rico ou pobre; adoção de um método anticoncepcional. Envolve um conjunto de
- Quem tem relações sexuais sem camisinha/preservativo; ações para concepção e anticoncepção desde que não coloque em
- Pessoas que usam drogas injetáveis e compartilham seringas; risco a vida e a saúde das pessoas, sendo garantida a liberdade de
- Companheiro de usuários de drogas injetáveis que comparti- opção.
lham seringas; A orientação não deve significar escolher no lugar das pessoas,
- Pessoas que receberam transfusão de sangue não testado. mas sim ajudar no processo de tomada de decisão, respeitando o
Você deve: princípio de autonomia no qual tanto o homem quanto a mulher
- Conversar sobre sexualidade, convidando o adolescente a re- têm o direito de decidir se querem ou não realizar o planejamen-
fletir sobre afeto, carinho, respeito, autoestima, valores e crenças to reprodutivo. Embora o adolescente tenha o direito de decidir e
implicados para uma vivência responsável de sua sexualidade; programar se deseja ou não ter filhos, em que época de sua vida e
- Conversar com o adolescente sobre a importância de fazer como tê-los, a gravidez em menores de 15 anos é considerada de
sexo seguro – uso da camisinha masculina ou feminina em todas as risco. Nesse caso o ACS deve dar atenção especial a essa adoles-
relações sexuais e orientar onde e como consegui-las; cente e orientá-la a procurar a UBS o quanto antes para iniciar o
- Orientar para não compartilhar seringas e agulhas; pré-natal e estimular a participação do companheiro e familiares
em todas as etapas.

127
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Anticoncepção Doenças periodontais (doenças das gengivas) também são co-


A importância do uso de preservativo e da dupla proteção: muns nessa faixa etária, pois o adolescente é mais despreocupa-
O papel mais importante da anticoncepção é assegurar que o do com sua saúde bucal. A doença gengival é uma inflamação das
adolescente possa vivenciar sua sexualidade e esteja protegido das gengivas que pode progredir afetando o osso que rodeia e suporta
DST e de uma gravidez não planejada. O acesso aos métodos con- os dentes. É causada pelas bactérias da placa bacteriana, uma pelí-
traceptivos e à orientação sobre o planejamento reprodutivo deve cula aderente e sem cor que se forma constantemente nos dentes.
ser facilitado e discutido na perspectiva de seus direitos. Quando não é removida diariamente por meio da escovação e uso
Os direitos sexuais e reprodutivos têm como princípios cen- do fio dental, a placa bacteriana pode acumular-se e as bactérias
trais: podem infectar não só as gengivas e dentes, mas, eventualmente, o
- Decidir livremente e com responsabilidade sobre a própria tecido gengival e o osso que suporta os dentes (periodontite). Isso
vida sexual e reprodutiva; pode levar à sua mobilidade e podem cair ou ter de ser removidos
- Ter acesso à informação; pelo dentista.
- Ter acesso aos meios para o exercício dos direitos sexuais, li- O ACS deve orientar a higiene bucal correta com uso de creme
vre de discriminação, coerção ou violência. dental com flúor e fio dental.
Caso haja a suspeita de gravidez, é importante que a adoles- Traumatismo dentário é muito frequente entre os adolescen-
cente seja orientada a procurar a UBS para realizar o teste de gravi- tes (causado, principalmente, por acidentes com bicicletas, futebol,
dez e iniciar o pré-natal o mais cedo possível. skate etc.) e, como em qualquer traumatismo da boca, o ACS deve
orientar a procurar a equipe de saúde imediatamente para deter-
A importância do pré-natal minar se é necessário fazer algum procedimento. É importante o
Um dos pontos importantes do pré-natal é preparar a mulher agente de saúde questionar se houve fratura (se quebrou) ou se
e sua família para a chegada de um novo membro, orientando-as lascou o dente e se o pedaço perdido foi encontrado, pois é ne-
sobre os cuidados com sua saúde e com o bebê. cessário manter esse pedaço de dente hidratado (em leite, água,
Outros objetivos do pré-natal: soro fisiológico ou até na própria saliva) e levá-lo ao dentista de sua
- Reduzir a mortalidade no parto e puerpério; equipe. Se um dente “saltar” completamente da boca (um processo
- Reduzir o número de abortos espontâneos; chamado de avulsão devido a um traumatismo), oriente para levá-
- Reduzir a mortalidade de recém-nascidos e mortes prema- -lo ao dentista o mais rápido possível. Poderá ser possível recolocá-
turas; -lo na boca, um procedimento chamado de reimplante.
- Reduzir o número de partos prematuros; Bruxismo (o ranger dos dentes) é outra alteração bucal cada
- Diminuir o número de recém-nascidos de baixo peso vez mais frequente. Se o usuário relata acordar com os músculos
dos maxilares (da face) doridos ou com dores de cabeça, ele poderá
SAÚDE BUCAL NO ADOLESCENTE sofrer de bruxismo. Para muitas pessoas, o bruxismo é um hábito
inconsciente.
Compreender os processos da adolescência é papel tanto da A pessoa pode não perceber o que está fazendo, até que al-
equipe de saúde como de sua família. Para se trabalhar com essa guém comente que ela faz um ruído ao ranger os dentes enquanto
faixa etária, a equipe de saúde deve utilizar linguagem apropriada dorme.
para divulgar os conceitos de promoção à saúde bucal. Deve-se bus-
car dar continuidade à atenção à saúde bucal da criança e consoli-
dar a ideia de autocuidado e da importância da saúde bucal para o Para outros, é na consulta de rotina ao dentista onde se desco-
indivíduo. bre que os dentes estão sofrendo desgaste ou que o esmalte deles
A equipe de saúde abordará, nessa faixa etária, outros assun- se encontra fraturado. O ideal é o ACS orientar o usuário a procurar
tos com a família e o adolescente, entre eles estão: orientações de o dentista para realizar o tratamento apropriado e encontrar formas
higiene bucal, uso de exaguatórios bucais e manifestações bucais de relaxamento junto com o usuário e a família. O estresse do dia
mais frequentes. a dia parece ser a principal causa de bruxismo. Qualquer coisa que
Higiene bucal reduza o estresse pode ajudar – ouvir música, ler um livro, fazer
caminhadas ou tomar um banho.
Os cuidados de higiene bucal nessa fase da vida devem ser mo- ATENÇÃO: você sabia que a cárie é causada por bactérias e que
tivados com a escovação correta e o uso do fio dental, abordando o beijo na boca é uma das formas de transmissão?
temas como a valorização estética para aceitação em grupo. Para que o beijo seja saudável, é importante que a boca esteja
Alterações em saúde bucal mais frequentes nos adolescentes limpa e sem cárie.
Erosão dentária é a perda irreversível de tecido dentário (esmalte) Dicas para os adolescentes terem um sorriso bonito, saudável
devido a uma exposição a ácidos. O refrigerante é uma bebida con- e um bom hálito:
siderada ácida e ajuda a provocar a erosão ácida na estrutura dos - Escovar bem os dentes todos os dias após cada refeição e
dentes, causando sensibilidade. Assim, orientar o adolescente e sua principalmente antes de dormir. Não se esquecer de passar o fio
família sobre hábitos de alimentação saudáveis é fundamental para dental e limpar a língua;
evitar a erosão ácida. Entre esses cuidados estão: tomar bastante - O mau hálito, que é o cheiro desagradável na boca, tem como
água, evitar bebidas ácidas em excesso (bebidas com gás, suco de principal causa a não limpeza da língua. Limpar varrendo a sujeira
frutas, café etc.), evitar escovar os dentes durante os primeiros 60 da parte mais interna até a ponta. Use a escova de dente ou um
minutos após ingerir alimentos ou bebidas ácidas. limpador de língua;

128
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Os dentes que ficam bem no fundo da boca juntam restos de O acompanhamento deve ser feito pela equipe de saúde em
comida e bactérias facilmente. Por isso, precisam de atenção espe- conjunto com uma equipe de referência multiprofissional. Por se
cial na hora de escová-los; tratar de doenças que envolvam diferentes causas e consequências,
- Quem usa aparelho ortodôntico deve se preocupar ainda tanto físicas como psicológicas, dificilmente um único profissional
mais com a limpeza dos dentes e da gengiva e com o uso do flúor, de saúde alcance resultados significativos no tratamento.
pois o aparelho retém muito restos de alimentos; Por isso, sempre que o ACS identificar pessoas com risco ou sin-
- É importante manter uma alimentação saudável, evitando o tomas da doença, é preciso que ele comunique a UBS de sua área,
consumo exagerado de alimentos doces, principalmente entre as para que o tratamento seja iniciado o mais rápido possível.
refeições;
- Visitar regularmente o dentista. Os transtornos alimentares, embora tenham normalmente seu
início na adolescência, podem permanecer durante a vida adulta.
TRANSTORNOS ALIMENTARES

Os transtornos alimentares, que compreendem a bulimia e a


anorexia nervosa, vêm crescendo em incidência nas últimas duas
décadas e se manifestando cada vez mais precocemente. Portanto,
a equipe básica de saúde pode se deparar com alguns casos, em
especial em adolescentes.
Os agentes comunitários de saúde também podem contribuir
no enfrentamento desses transtornos alimentares.
Apesar de também ocorrerem em homens, 95% dos casos de
transtornos alimentares acima referidos acometem as mulheres, a
maioria adolescentes e jovens. A doença pode ter como fator de-
sencadeante algum evento significativo como uma perda importan-
te, separações, mudanças, doenças orgânicas, depressão, ansieda-
de e distúrbios da imagem corporal. É o ideário de beleza, focado
na magreza extrema, promovido por apelos de mídia ou referências
de modelos.
Os transtornos estão associados com uma distorção da imagem
corporal, na qual a pessoa, apesar de bastante magra, ainda assim
continua se achando gorda.
A anorexia nervosa é caracterizada por uma severa restrição
alimentar que é imposta pela própria pessoa e que pode trazer
graves danos à sua saúde. A doença geralmente começa de forma
gradual e provoca, a princípio, desnutrição e desidratação. Apesar
da pessoa acometida geralmente negar que tem fome, são comuns
as queixas de fadiga (cansaço extremo), fraqueza, tonturas e visão
turva.
Na bulimia nervosa, é comum que a pessoa coma uma quanti- O ACS deve estar atento às queixas vagas, mudanças de com-
dade exagerada de alimentos (episódios de comer compulsivamen- portamento, vontade de compartilhar sentimentos, casos em que
te ou episódios bulímicos) e depois utilize métodos compensató- se deve dar apoio ao adolescente e orientá-lo para procurar o ser-
rios, tais como a indução de vômito, o uso de laxantes e diuréticos viço de saúde.
e a prática de exercícios por tempo prolongado e de forma a ficar
prostrada, exausta, para evitar o ganho de peso. De modo diferente SAÚDE DO ADULTO
da anorexia nervosa, na bulimia geralmente não há perda de peso A visita domiciliar às famílias onde há pessoas adultas deve
tão evidente. contemplar principalmente orientações sobre:
Assim profissionais de saúde e familiares muitas vezes têm difi- - Esquema vacinal;
culdade de detectar o problema. Apesar disso, o distúrbio traz con- - Hábitos alimentares;
sequências igualmente sérias à saúde da pessoa acometida. - Atividade física;
As complicações, em ambos os casos, são graves, uma vez que - Consumo de bebidas alcoólicas, tabaco e outras drogas;
são utilizados métodos drásticos que têm como objetivo perder - Problemas de saúde (manchas de pele, tosse, pressão alta,
peso a qualquer custo. Doenças do coração, infecções de repetição, diabetes);
anemia grave e até mesmo morte súbita, como frequentemente se - Rotina: procurar a UBS para avaliação médica e odontológica;
veem na imprensa, são algumas das complicações em fases mais - Alguma doença crônica, se necessário.
adiantadas da doença, cujo tratamento deve ser iniciado tão logo
seja possível.

129
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

ESQUEMA VACINAL DO ADULTO

HÁBITOS ALIMENTARES SAUDÁVEIS


Uma alimentação saudável é aquela que reúne os seguintes atributos: é acessível e não é cara, valoriza a variedade, as preparações
alimentares usadas tradicionalmente, é harmônica em quantidade e qualidade, naturalmente colorida e segura sanitariamente.
Os Dez Passos para uma Alimentação Saudável
Os Dez Passos para uma Alimentação Saudável são orientações práticas e importantes sobre alimentação para pessoas saudáveis com
mais de dois anos de idade que o ACS deve utilizar com a população que acompanha.
Informe à pessoa para começar com aquela orientação que lhe pareça mais fácil, interessante ou desafiadora. Não é necessário que
sejam adotados todos os passos de uma vez e também não é preciso seguir a ordem dos números sugerida nos 10 passos.
1º PASSO: Faça pelo menos três refeições (café da manhã, almoço e jantar) e dois lanches saudáveis por dia. Não pule as refeições!
Oriente a pessoa a fazer todas as refeições, assim, evita-se que o estômago fique vazio por muito tempo, diminuindo o risco de ter
gastrite e de ficar com muita fome e exagerar na quantidade quando for comer. No entanto, alerte quanto a evitar “beliscar” entre as
refeições.
Isso vai ajudar no controle do peso.
É importante orientar a pessoa a apreciar a refeição, comer devagar, mastigando bem os alimentos, e dar preferência aos alimentos
saudáveis, típicos da região e disponíveis na comunidade.
2º PASSO: Inclua diariamente seis porções do grupo de cereais (arroz, milho, trigo, pães e massas), tubérculos, como as batatas, e
raízes, como a mandioca/macaxeira/aipim, nas refeições.
Dê preferência aos grãos integrais e aos alimentos na sua forma mais natural.
Nesse passo é importante incentivar o consumo de alimentos como cereais, de preferência integrais, tubérculos e raízes.
Esse grupo de alimentos apresenta a mais importante fonte de energia e deve ser o principal componente da maioria das refeições.

130
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Eles são ricos em carboidratos. Oriente a pessoa a distribuir as Os adultos da sua comunidade devem preferir o uso de leite
seis porções desses alimentos nas principais refeições diárias (café e derivados com menores quantidades de gorduras, os chamados
da manhã, almoço e jantar) e nos lanches entre elas. desnatados. As gestantes devem dar preferência a esses alimentos
Para as refeições principais, informe que a metade do prato nas formas integrais, se não houver orientação contrária do nutri-
deve ser preenchida com esses alimentos. Se a pessoa utiliza biscoi- cionista ou médico que as acompanham.
tos nos lanches, oriente na escolha dos tipos e marcas com meno- Estimule o consumo de mais peixe e frango e que dê preferên-
res quantidades de gordura total, gordura saturada, gordura trans cia às carnes magras.
e sódio (sal), lendo o rótulo. Esses ingredientes, se consumidos em Oriente para que os peixes consumidos sejam frescos e que es-
excesso, são prejudiciais à saúde. tejam presentes pelo menos duas vezes por semana. Tanto os de
3º PASSO: Coma diariamente pelo menos três porções de legu- água doce como salgada são saudáveis.
mes e verduras como parte das refeições e três porções ou mais de É importante que as pessoas comam, pelo menos uma vez por
frutas nas sobremesas e lanches. semana, vísceras e miúdos, como o fígado bovino, moela, coração
Frutas, legumes e verduras são ricos em vitaminas, minerais e de galinha, entre outros. Esses alimentos são excelentes fontes de
fibras e devem estar presentes diariamente em todas as refeições e ferro, nutriente essencial para evitar anemia.
lanches, pois evitam a prisão de ventre, contribuem para proteger Quem optar por uma alimentação sem carnes (com ou sem
a saúde e diminuir o risco de várias doenças. E não se esqueça de ovos, leite e derivados) deve ser orientado a procurar a Unidade
lembrá-las para que deem preferência às frutas, legumes e verduras Básica de Saúde para orientação técnica de um profisional.
crus. 6º PASSO: Consuma, no máximo, uma porção por dia de óleos
Frutas: são as partes polposas que rodeiam a semente da plan- vegetais, azeite, manteiga ou margarina. Fique atento aos rótulos
ta. São ricas em suco. Entre elas estão: acerola, laranja, tangerina, dos alimentos e escolha aqueles com menores quantidades de gor-
banana, maçã, caju, caqui, cajá ou taperebá etc. dura trans.
Legumes: são os frutos ou sementes comestíveis da planta ou Oriente para a redução do consumo de alimentos gordurosos,
partes que se desenvolvem na terra. Exemplos: cenoura, beterraba, como carnes com gordura aparente, embutidos (salsicha, linguiça,
abobrinha, abóbora, pepino, cebola etc. salame,presunto, mortadela), queijos amarelos, frituras e salgadi-
Verduras: são folhas comestíveis, flores, botões ou hastes tais nhos, para, no máximo, uma vez por semana.
como: acelga, agrião, alface, almeirão etc. Oriente para o uso em pequenas quantidades de óleo vegetal
É importante que as pessoas da comunidade que você acom- quando cozinhar (canola, girassol, milho, algodão e soja), sem exa-
panha variem os tipos de frutas, legumes e verduras consumidos gerar nas quantidades. Uma lata de óleo por mês é suficiente para
durante a semana, comprem os alimentos da época (estação) e es- uma família de quatro pessoas.
tejam atentas para a qualidade e o estado de conservação. Oriente Estimule o uso do azeite de oliva para temperar saladas, sem
para que procurem combinar verduras e legumes de maneira que o exagerar na quantidade.
prato fique colorido, garantindo assim diferentes nutrientes. Sucos Informe sobre preparo dos alimentos de forma a usar pouca
naturais de fruta feitos na hora são os melhores. A polpa congelada quantidade de óleo, como assados, cozidos, ensopados e grelha-
perde alguns nutrientes, mas ainda é uma opção melhor que os su- dos. Oriente para que se evite cozinhar com margarina, gordura
cos artificiais, em pó ou em caixinha. vegetal ou manteiga.
4º PASSO: Coma feijão com arroz todos os dias ou, pelo menos, Na hora da compra, oriente as pessoas a darem preferência às
cinco vezes por semana. margarinas sem gordura trans (tipo de gordura que faz mal para
Esse prato brasileiro é uma combinação completa de proteínas saúde) ou a marcas com menores quantidades desse ingrediente
e bom para a saúde. (procure no rótulo essa informação).
Realmente é uma combinação completa! Oriente as pessoas 7º PASSO: Evite refrigerantes e sucos industrializados, bolos,
da comunidade a misturarem uma parte de feijão para duas partes biscoitos doces e recheados, sobremesas doces e outras guloseimas
de arroz cozido. como regra da alimentação.
Estimule as pessoas a variarem os tipos de feijão usados (preto, Oriente o consumo de no máximo uma porção do grupo dos
da colônia, manteiguinha, carioquinha, verde, de corda, branco e açúcares e doces por dia.
outros) e as formas de preparo. E também para que elas usem ou- É importante que seja estimulada a valorização do sabor na-
tros tipos de leguminosas. tural dos alimentos e das bebidas, evitando ou reduzindo o açúcar
As sementes (de girassol, gergelim, abóbora e outras) e as cas- adicionado a eles.
tanhas (do Brasil, de caju, nozes, amendoim, amêndoas e outras) Oriente a diminuição do consumo de refrigerantes e de sucos
são fontes de proteínas e de gorduras de boa qualidade. industrializados; a maioria dessas bebidas contém corantes, aroma-
5º PASSO: Consuma diariamente três porções de leite e deriva- tizantes, açúcar ou edulcorantes (adoçantes artificiais), que não são
dos e uma porção de carnes, aves, peixes ou ovos. Retirar a gordura bons para a saúde.
aparente das carnes e a pele das aves antes da preparação torna Quanto ao consumo de bolos, pães e biscoitos doces prepara-
esses alimentos mais saudáveis! dos em casa, oriente para que sejam feitos com pouca quantidade
Leite e derivados são as principais fontes de cálcio na alimen- de gordura e açúcar, sem cobertura ou recheio.
tação. 8º PASSO: Diminua a quantidade de sal na comida e retire o sa-
Carnes, aves, peixes e ovos fazem parte de uma alimentação leiro da mesa. Evite consumir alimentos industrializados com muito
nutritiva e contribuem para a saúde e para o crescimento saudável. sal (sódio) como hambúrguer, charque, salsicha, linguiça, presun-
to, salgadinhos, conservas de vegetais, sopas, molhos e temperos
Todos são fontes de proteínas, vitaminas e minerais. prontos.

131
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A quantidade de sal utilizada deve ser de, no máximo, uma co- IMC = 21,8 k/m² (nesse caso, peso adequado)
lher de chá rasa por pessoa, distribuída em todas as refeições do Ações do ACS diante dos problemas nutricionais:
dia. Devese orientar para o uso somente de sal iodado. O sal usado - Estimular a participação comunitária para ações que visem a
na ração de animais, principalmente na zona rural, não deve ser melhoria dos hábitos alimentares;
utilizado para consumo humano, pois é prejudicial à saúde. - Identificar casos de situação de risco nutricional (obesidade,
A leitura dos rótulos dos alimentos é importante e deve-se dar desnutrição, bulimia, anorexia nervosa) e orientar para procurar a
preferência àqueles com menor quantidade de sal. UBS;
Para temperar e valorizar o sabor natural dos alimentos, orien- - Identificar estratégias para melhoria do estado nutricional na
te a utilização de temperos como cheiro verde, salsa, cebolinha, comunidade e na família;
coentro, alho, cebola e ervas frescas e secas ou suco de frutas, - Orientar para procurar a UBS nos casos em que há necessida-
como limão. de de orientação nutricional.
9º PASSO: Beba pelo menos dois litros (seis a oito copos) de
água por dia. Dê preferência ao consumo de água nos intervalos ATIVIDADE FÍSICA
das refeições.
Lembre-se de informar às pessoas que a água é muito impor- A vida moderna não estimula a prática de exercícios físicos re-
tante para o bom funcionamento do organismo. O intestino funcio- gulares, tão importantes para evitar doenças crônicas quando asso-
na melhor, a boca se mantém mais úmida e o corpo mais hidratado. ciados a uma dieta adequada e a não utilização de cigarros. É muito
Água tratada, fervida ou filtrada para beber e preparar refeições e comum a falta de atividade física entre os adultos.
sucos. É preciso lembrar que saúde não é apenas uma questão de as-
Bebidas açucaradas como refrigerantes e sucos industrializados sistência médica e acesso a medicamentos.
não devem substituir a água. A promoção a hábitos de vida saudáveis é considerada uma
Oriente a oferta de água para crianças e idosos ao longo de ação estratégica pelo sistema de saúde. Quanto menos nos movi-
todo o dia. Eles precisam ser estimulados ativamente a ingerir água. mentamos, menos o nosso corpo se fortalece e mais dificuldades
10º PASSO: Torne sua vida mais saudável. Pratique pelo me- temos para fazer qualquer esforço. Mexer o corpo, caminhar e rea-
nos 30 minutos de atividade física todos os dias e evite as bebidas lizar atividade física contínua é importantíssimo para quem quer
alcoólicas e o fumo. Mantenha o peso dentro de limites saudáveis. manter a saúde, a independência e a agilidade.
Além da alimentação saudável, a atividade física é importante Nesse processo, alguns aspectos são facilitadores para a incor-
para manter um peso saudável. Estimular para que a pessoa descu- poração da prática corporal/atividade física, como o incentivo de
bra um tipo de atividade física agradável. O prazer é também funda- amigos e familiares, a procura por companhia ou ocupação, alguns
mental para a saúde. Estimule-a a caminhar, a dançar, a fazer alguns programas específicos de atividade física e, principalmente, a orien-
exercícios leves. Aproveitar o espaço doméstico e espaços públicos tação do profissional de saúde, estimulando-o a incorporar um esti-
próximos ao local de moradia para que se movimente. Incentive lo de vida mais saudável e ativo.
para que convidem os vizinhos e amigos para fazer atividade física, Entre os benefícios biológicos, psicológicos e sociais propor-
isso estimula as pessoas. cionados pelo desempenho de atividades físicas e prática corporal,
Oriente para evitar o fumo e o consumo frequente de bebida estão:
alcoólica, o que também ajuda a diminuir o risco de doenças graves - Melhor funcionamento corporal, com diminuição das perdas
como câncer e cirrose e pode contribuir para melhorar a qualidade funcionais e favorecendo a preservação da independência;
de vida. - Redução do risco de morte por doenças cardiovasculares;
É importante manter o peso dentro dos limites saudáveis. Veja - Melhora do controle da pressão arterial;
no quadro abaixo o Índice de Massa Corporal (IMC), que mostra - Ossos e articulações mais saudáveis;
se o peso está adequado para a altura. Para calcular, divida o peso - Aumento da resistência dos músculos;
em quilogramas pela altura em metros elevada ao quadrado. Se o - Melhora na flexibilidade das juntas/articulações;
IMC estiver indicando baixo peso ou sobrepeso, oriente a pessoa a - Melhora na postura e no equilíbrio;
procurar a equipe de saúde para orientações. Os valores do quadro - Melhor controle de peso corporal;
são para as pessoas de 20 a 60 anos. - Melhora da função intestinal;
- Melhora da resposta imunológica;
- Melhora na qualidade do sono;
- Ampliação do contato social;
- Diminuição da ansiedade e estresse e melhora do humor e da
autoestima.
A pessoa que deixa de ser sedentária diminui em 40% o risco de
morte por doenças cardiovasculares e, associada a uma dieta ade-
quada, é capaz de reduzir em 58% o risco de diabetes tipo II, o que
Por exemplo:
demonstra que uma pequena mudança no comportamento pode
Peso: 56 kg
provocar grande melhora na saúde e na qualidade de vida.
Altura: 1,60 m
IMC = 56
Ações sugeridas:
1,60 x 1,60
- Identificar na comunidade estratégias para estimular a ativi-
IMC = 56
dade física individual ou coletiva;
2,56

132
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Orientar as pessoas com problemas de saúde – exs.: hiperten- - Estimular a realização de atividades físicas regulares a serem
são, problemas articulares – a procurar a UBS antes de iniciar uma iniciadas de forma gradativa;
atividade física, para uma melhor orientação. - Verificar regularmente a pressão arterial;
- Orientar para o agendamento de consulta na UBS.
DOENÇAS CRÔNICAS: O QUE O ACS PODE E DEVE FAZER 2ª) Em relação às pessoas, com diagnóstico de hipertensão:
- Identificar os hipertensos de sua área de atuação e preencher
É importante lembrar que atualmente as pessoas têm adoecido a ficha B-HA do SIAB (Sistema de Informação de Atenção Básica);
e morrido mais por causa de doenças crônicas, que são aquelas que - Verificar o comparecimento às consultas agendadas na UBS;
demoram meses ou até anos para se manifestar, às vezes já com - Realizar busca ativa dos faltosos;
complicações para a pessoa. As doenças a seguir são muito comuns, - Perguntar, sempre, à pessoa com hipertensão e que tenha
e faz parte do seu trabalho cotidiano identificá-las e apoiar as famí- medicamentos prescritos se está os tomando com regularidade. Se
lias para o melhor cuidado. houver dificuldades nesse processo, informar à equipe quais são e
É interessante que você tente identificar e mapear com a equi- planejar ações de enfrentamento;
pe de saúde quais são as doenças crônicas mais frequentes no seu - Estimular o desenvolvimento de hábitos de vida saudável: se
território de atuação e da equipe e busquem oferecer estratégias está cumprindo as orientações de dieta, atividade física, controle
para abordagem delas. de peso, se reduziu ou parou de fumar e de consumir bebidas al-
Hipertensão arterial coólicas;
É quando a pressão que o sangue exerce nas paredes das ar- - Estimular a adoção de hábitos alimentares saudáveis, com
térias para se movimentar é muito forte, ficando acima dos valores baixo teor de sal, baseados em frutas, verduras, derivados de leite
considerados normais. desnatado;
A pessoa é considerada hipertensa quando sua pressão arte- - Orientar a redução do consumo de bebidas alcoólicas ou seu
rial estiver maior ou igual a 140/90 mmHg, popularmente conheci- abandono;
da como 14 por 9. É importante que a verificação seja feita várias - Orientar sobre a importância da adesão ao tratamento e se-
vezes, de forma correta, com aparelhos calibrados e profissionais guir as orientações da equipe de saúde;
capacitados. - Estimular a realização de atividades físicas regulares;
É uma doença crônica que, se não controlada, pode ser cau- - Estimular a participação em grupos de autoajuda;
sa de várias doenças, principalmente o acidente vascular cerebral - Fazer acompanhamento da pressão arterial conforme orienta-
(derrame) e o infarto. Pode também afetar os rins, a visão, o cére- ção da equipe de saúde.
bro, os membros inferiores, ter complicações graves e até levar à
morte. Diabetes Mellitus
O que é a diabetes?

Geralmente a hipertensão não tem causa conhecida ou defini- É uma doença que acontece quando o organismo produz pouca
da, no entanto, existem fatores considerados de risco que podem ou nenhuma insulina (hormônio responsável pela redução da taxa
favorecer o seu aparecimento. de glicose no sangue), e com isso o corpo inteiro adoece.
Fatores de risco que podem levar as pessoas a se tornarem hi- São fatores de risco para a doença:
pertensas: - Obesidade;
Pessoas com excesso de peso, alimentação inadequada (rica - História familiar;
em gorduras, excesso de sal, baixo consumo de frutas, verduras e - Não praticar atividade física – sedentarismo;
legumes), que consomem muito sal e bebida alcoólica, fumantes, - Hipertensão arterial;
que não praticam atividade física regularmente, diabéticas e que - Colesterol e triglicerídeos elevados.
têm familiares hipertensos. Tais fatores de risco são comuns a ou- - O diabetes pode ser classificado em dois tipos mais frequen-
tras doenças crônicas, como o AVC (derrame cerebral), cânceres, tes:
entre outras. Tipo I – pode ocorrer de forma rapidamente progressiva, prin-
cipalmente, em crianças e adolescentes, ou de forma lentamente
progressiva, geralmente em adultos. Necessita de uso diário de in-
Seu papel como ACS:
sulina para se manter controlado.
Tipo II – normalmente ocorre após os 40 anos e, usualmente,
O ACS pode atuar de duas formas: 1ª) Junto às pessoas que não
se controla apenas com dieta, atividade física e/ou medicamento
têm o diagnóstico de hipertensão, mas possuem os fatores de risco;
oral.
e 2ª) Em relação às pessoas, com diagnóstico de hipertensão.
São sinais e sintomas da doença, tanto do tipo I como do tipo II:
- Aumento do volume de urina;
1ª) Junto às pessoas que não têm o diagnóstico de hipertensão, - Sede intensa;
mas possuem os fatores de risco: - Emagrecimento e fraqueza;
- Estimular a adoção de hábitos alimentares saudáveis, com - Fome excessiva;
baixo teor de sal, baseados em frutas, verduras, derivados de leite - Outras queixas, como dores nas pernas, piora da visão, cocei-
desnatado; ra e corrimento vaginal.
- Orientar a redução do consumo de bebidas alcoólicas ou seu O cuidado integral às pessoas com diabetes e sua família é um
abandono; desafio para a equipe de saúde, especialmente para poder ajudá-las
a mudar seu modo de viver, o que estará diretamente ligado à vida

133
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

de seus familiares e amigos. Aos poucos, elas deverão aprender a Tuberculose


gerenciar sua rotina com diabetes em um processo que vise quali-
dade de vida e autonomia. A tuberculose é uma doença infecciosa e contagiosa causa-
Seu papel como ACS: da por uma bactéria. O termo tuberculose se origina do fato de a
1) Junto às pessoas que não têm o diagnóstico de diabetes, mas doença causar lesões chamadas tubérculos. Ela atinge os pulmões,
possuem os fatores de risco: podendo também se localizar em outros órgãos. Nos pulmões se
- Identificar, na área de atuação, a partir dos fatores de risco, denomina tuberculose pulmonar e, nos outros órgãos, tuberculose
membros da comunidade com maior risco para diabetes, orientan- extrapulmonar.
do-os a procurar a UBS para avaliação; É facilmente transmitida de pessoa para pessoa. Quando uma
- Estimular a adoção de hábitos alimentares saudáveis, basea- pessoa com tuberculose tosse ou espirra, a bactéria é expelida no
dos em frutas, verduras, derivados de leite desnatado; ar, podendo assim contaminar outras pessoas. Por essa razão a
- Orientar a redução ou abandono do consumo de bebidas al- transmissão da tuberculose para outros membros da família, vizi-
coólicas, assim como a redução/eliminação do tabagismo; nhos e para colegas de trabalho é muito fácil se o ambiente não
- Estimular a realização de atividades físicas regulares; tiver boa ventilação. A ventilação constante e a luz solar direta re-
- Esclarecer à comunidade, por meio de ações individuais ou movem as partículas e matam rapidamente os bacilos.
coletivas, os fatores de risco para o diabetes, orientando sobre as A tuberculose pode acometer qualquer um, sendo favorecida
medidas de prevenção; por fatores como precárias condições de vida, desnutrição, alcoo-
- Estimular essas pessoas a uma visita à ESF para orientação lismo, tabagismo e doenças como Aids, diabetes, doenças renais
pelo médico e/ou enfermeira. crônicas, câncer e pelo enfraquecimento do sistema imunológico.
2) Em relação às pessoas com diagnóstico de diabetes: A infecção pode ocorrer em qualquer idade, mas no Brasil ge-
- Identificar as pessoas com diabetes de sua área de atuação e ralmente acontece na infância. Nem todas as pessoas expostas ao
preencher a ficha B-DM do SIAB (Sistema de Informação de Atenção bacilo da tuberculose se infectam, assim como nem todas as pes-
Básica); soas infectadas (com o bacilo) desenvolvem a doença.
- Verificar o comparecimento às consultas agendadas na UBS; Pessoas com tuberculose apresentam diferentes sintomas. O
- Realizar busca ativa dos faltosos; principal é a tosse, inicialmente seca e depois produtiva (com ca-
- Perguntar, sempre, à pessoa com diabetes e quando prescri- tarro), com duração de três semanas ou mais e, às vezes, confun-
tos se ela está tomando com regularidade os medicamentos; dida com uma gripe mal curada ou com tosse de fumante. Além
- Estimular o desenvolvimento de hábitos de vida saudável: se da tosse, podem surgir febre baixa, geralmente no final da tarde,
está cumprindo as orientações de dieta, atividade física, controle fraqueza, perda de apetite, emagrecimento, suores noturnos, dores
de peso, se reduziu ou parou de fumar e de consumir bebidas al- no peito, nas costas e, às vezes, escarro com sangue.
coólicas; Para o diagnóstico da tuberculose, o exame de escarro/catar-
- Estimular a adoção de hábitos alimentares saudáveis basea- ro é o mais importante. Outros, como raio X, teste tuberculínico e
dos no consumo de frutas, verduras, derivados de leite desnatado; biópsias também são utilizados.
- Orientar a redução do consumo de bebidas alcoólicas ou seu
abandono; Como uma pessoa com tuberculose pode evitar a transmissão
- Orientar sobre a importância da adesão ao tratamento e se- da doença?
guir as orientações da equipe de saúde; Primeiramente ela deve procurar um serviço de saúde e, con-
- Estimular a realização de atividades físicas regulares; firmado o diagnóstico, deve seguir o tratamento indicado. Incenti-
- Estimular a organização de grupos de ajuda mútua, como var os familiares ou as pessoas que tiveram contato com ela para
grupos de caminhada, de estímulo à alimentação saudável, entre procurar o serviço de saúde.
outros; Informar os familiares que as pessoas que tiveram contato com
- Estimular a participação em grupos de orientação; o doente podem ter sido infectadas e só apresentar sintomas da
doença até dois anos após o convívio com o doente.
O doente com tuberculose deve ter o cuidado, ao tossir ou es-
- Fazer acompanhamento da glicemia conforme orientação da pirrar, de cobrir a boca e o nariz e nunca escarrar no chão.
equipe de saúde; Deve manter o ambiente limpo e arejado.
- Orientar para escovar corretamente os dentes após as refei-
ções – o diabetes mal controlado facilita a inflamação das gengivas,
podendo prejudicar a saúde bucal; Como você pode colaborar para evitar a transmissão da doen-
- Orientar para ter o cuidado corporal redobrado, especialmen- ça?
te com os pés – examinar os pés diariamente – e, constatando qual- É necessário que você esteja atento aos casos suspeitos de tu-
quer alteração, comunicar a equipe de saúde. Devem ser evitados berculose, realize a busca ativa, aumentando/agilizando a detecção
sapatos apertados, uso de gilete, alicate de cutícula, entre outros. de casos, fazendo com que o início do tratamento (quando con-
Lavar os pés com água morna (nunca quente) e secá-los muito bem, firmado o diagnóstico) seja mais rápido e mais eficiente. Também
especialmente entre os dedos. deve ser realizada a supervisão do tratamento, o que favorece a
Importante! Com acesso à medicação adequada (se necessá- cura e a quebra da cadeia de transmissão.
rio), bons hábitos alimentares, práticas saudáveis e bom acompa- A busca de casos deve ser feita principalmente entre os:
nhamento da equipe de saúde, a pessoa com diabetes será capaz
de levar uma vida ativa e reduzir o risco de desenvolver complica-
ções.

134
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Portadores de tosse com produção de catarro há pelo menos - Orientar e encaminhar os comunicantes (pessoa que tem con-
três semanas ou que apresentem sintomas compatíveis com a tu- tato com o doente) à UBS para consulta, diagnóstico e tratamento,
berculose – sintomáticos respiratórios: além daqueles que apresen- quando necessário;
tem tosse, febre no final da tarde, suores noturnos, perda de peso, - Orientar a coleta do escarro, quando solicitado pela UBS;
escarro sanguíneo e/ou dor torácica; - Orientar para consumir alimentos saudáveis, estimular o con-
- Pessoas com história de tratamento anterior para tuberculo- sumo de líquidos e manter o ambiente limpo e arejado;
se; - Verificar, na Caderneta de Saúde da Criança, a sua situação
- Pessoas que convivem ou têm contato mais frequente (os co- vacinal: se faltoso, encaminhar à UBS/SF;
municantes) com as pessoas com diagnóstico de tuberculose; - Verificar a presença de cicatriz da vacina BCG no braço direito
- Populações de risco: residentes/internos de presídios, mani- da criança. Caso não exista e não haja comprovante na Caderneta,
cômios, abrigos; encaminhar a criança para vacinação.
- Portadores de doenças debilitantes (diabetes, neoplasias);
- Pessoas com baixas defesas, como as que têm HIV; Orientações às pessoas com diagnóstico de tuberculose:
- Usuários de drogas;
- Moradores em situação de rua; - Supervisionar a tomada da medicação, conforme planejamen-
- Trabalhadores da área de saúde. to da equipe. O MS recomenda pelo menos três observações sema-
Você, ao identificar pessoas tossindo há três semanas ou mais, nais, nos primeiros dois meses, e duas observações por semana,
deve encaminhá-las para fazer exame de escarro, que pode ser feito até o seu final;
na Unidade Básica de Saúde/Saúde da Família. - Realizar busca ativa de faltosos e aqueles que abandonaram
o tratamento;
Tratamento: - Realizar ações educativas junto à comunidade;
- Orientar que os medicamentos precisam ser tomados juntos
A tuberculose é uma doença grave, mas tem cura. para que façam o efeito desejado, por isso, deve informar para que
O uso correto dos medicamentos, todos os dias, durante seis a pessoa não estranhe a quantidade de medicamentos. A medica-
meses, garante o sucesso do tratamento. Seu uso incorreto ou a in- ção deve ser preferencialmente tomada em jejum;
terrupção do tratamento sem orientação do serviço de saúde torna - Informar algumas vezes que os medicamentos podem causar
a bactéria resistente, dificultando a cura. Hoje esse é um problema reações ruins ou efeitos colaterais. Nesses casos, você deve orien-
muito sério no Brasil e em outros países do mundo. tar a procura imediatamente da UBS, comunicar a situação à UBS
Recomenda-se a estratégia do tratamento supervisionado, co- e, ainda, verificar o seu comparecimento e aumentar o número de
nhecida como DOTS, que tem como objetivo principal a supervisão visitas domiciliares à família e ao doente;
da tomada da medicação por um profissional de saúde ou outra - Orientar mulheres em idade fértil que estão em tratamento
pessoa desde que devidamente preparada para essa atividade, para tuberculose que esses medicamentos interferem na ação dos
garantindo adesão a tratamento e reduzindo o risco de transmis- contraceptivos orais (pílulas) e que elas devem buscar novas orien-
são da doença na comunidade. Um dos profissionais que têm esse tações sobre anticoncepção com a equipe de saúde;
importantíssimo papel é você. Essa estratégia requer a supervisão - Nas visitas domiciliares, atender os usuários em ambientes
da ingestão dos medicamentos, no local de escolha do doente, que arejados (com ventilação de ar) e de preferência com luz solar (va-
pode ser na UBS/SF, na residência ou no local de trabalho, asse- randas, perto de janelas);
gurando-se que o doente os tome de acordo com seu tratamento. - Orientar sobre a importância da continuidade do tratamento
A supervisão da tomada da medicação poderá ser feita com até a alta e seguir as orientações da equipe de saúde;
pelo menos três observações semanais, nos primeiros dois meses, - Orientar a coleta do escarro, quando solicitado pela UBS;
e duas observações por semana, até o seu final. - Orientar para consumir alimentos saudáveis, estimular o con-
As drogas deverão ser administradas preferencialmente em je- sumo de líquidos e manter o ambiente limpo e arejado;
jum, em uma única tomada, ou, em caso de intolerância digestiva, - Reforçar com os familiares a importância de procurar o servi-
junto com uma refeição. ço de saúde para avaliar a sua situação de saúde;
A medicação é muito eficaz. Após as duas primeiras semanas - Orientar e estimular a pessoa com tuberculose para deixar de
de uso dos antibióticos, o doente deixa de transmitir a tuberculose, fumar e procurar a
mas atenção, ele ainda não está curado. A medicação contra a tu- - Unidade Básica de Saúde, para busca de apoio nesse sentido;
berculose pode curar praticamente 100% dos casos, desde que ela - Preencher a ficha B-TB do SIAB (Sistema de Informação de
seja tomada sem interrupção por seis meses. Atenção Básica), mantendo-a atualizada.
A internação de pacientes com tuberculose é indicada apenas Hanseníase
nos casos graves.
A hanseníase é doença transmissível que atinge principalmente
Seu papel como ACS: as pessoas na faixa etária economicamente ativa. Afeta principal-
mente a pele e os nervos periféricos, mas também compromete
- Orientações gerais relacionadas ao controle da tuberculose: articulações, olhos, testículos, gânglios e outros órgãos.
- Identificar os sintomáticos respiratórios (pessoas apresentan- É uma das doenças mais antigas que acometem o ser humano.
do tosse com expectoração há pelo menos três semanas) nos domi- Infelizmente o doente com hanseníase foi e ainda é discriminado
cílios e na comunidade; na sociedade. A discriminação se deve por alguns fatores: desco-
- Encaminhar ou comunicar o caso suspeito à equipe de Saúde nhecimento sobre a natureza da doença, sua transmissão e forma
da Família ou à UBS;

135
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

de tratamento; desconhecimento de que a hanseníase tem cura; e Para a realização da dose supervisionada, a pessoa com hanse-
o medo de adquirir a doença e suas deformidades pelo contato com níase deverá ser agendada para cada 28 dias. A data de retorno e
as pessoas atingidas pela doença. o controle da adesão ao tratamento devem ser registrados em um
A discriminação gera o preconceito, que é rejeitar antes mes- cartão de agendamento, de uso do paciente.
mo de conhecer, de saber mais sobre alguém ou alguma coisa. No ato do comparecimento à UBS para receber a medicação
especí- fica preconizada, de modo supervisionado, o paciente deve
O que é hanseníase? ser submetido à revisão por parte do médico e enfermeiro.
O doente com hanseníase deixa de transmitir a doença logo
A hanseníase é uma doença transmissível causada por um baci- que começa o tratamento.
lo, que é uma bactéria que tem a forma de bastão.
Passa de uma pessoa para outra por meio das secreções das Seu papel como ACS:
vias respiratórias e pelas gotículas de saliva. O contato direto e pro-
longado com o doente em ambiente fechado, com pouca ventilação Orientações gerais relacionadas ao controle da hanseníase:
e pouca de luz solar, aumenta as chances de a pessoa se infectar - Detectar em sua área de atuação pessoas com sinais e sinto-
com o bacilo da hanseníase. mas compatíveis com hanseníase e orientá-las a procurar a UBS;
- Orientar a buscar atendimento na UBS quando alguma pessoa
se queixar de manchas sem sensibilidade local ou locais sem man-
A doença progride lentamente. Entre o contato com a pessoa chas, mas sem sensibilidade local;
doentee o aparecimento dos primeiros sinais, pode levar em média - Encaminhar toda e qualquer pessoa que resida ou tenha resi-
dois a cinco anos. dido com o doente de hanseníase nos últimos cinco anos (contatos
Os principais sinais e sintomas da doença são: intradomiciliares) para avaliação na UBS e estimulá-la a realizar o
- Manchas esbranquiçadas, acastanhadas ou avermelhadas, autoexame, mesmo depois da avaliação, de acordo com a orienta-
com alterações de sensibilidade (a pessoa sente formigamentos, ção da equipe;
choques e câimbras que evoluem para dormência – queima-se ou - Verificar a presença de cicatriz da BCG no braço direito do
machuca-se sem perceber); contato intradomiciliar.
- Aparecimento de nódulos debaixo da pele, normalmente sem Caso exista uma ou nenhuma cicatriz vacinal e não haja com-
sintomas; provação na caderneta de vacina, orientar a procurar a Unidade
- Diminuição ou queda de pelos, especialmente das sobrance- Básica de Saúde para orientação, pois as situações devem ser ava-
lhas; liadas caso a caso;
- Falta ou ausência de sudorese no local – pele seca. Embora a BCG seja uma vacina contra a tuberculose, também
A maioria das pessoas é resistente ao bacilo e não adoece. pode favorecer a resistência do organismo à hanseníase.
Como dito anteriormente, é uma doença que atinge os nervos,
que são como fios elétricos dentro do corpo que permitem sentir
dor, calor e o tato. Se os nervos não estiverem bons, nós não senti-
remos as coisas que tocam a gente e também vamos ter dificulda-
des para andar, abrir e fechar as mãos. Isso faz com que as pessoas
que têm hanseníase apresentem dores, câimbras, formigamento e
dormência nos braços, mãos e pés. Os nervos cutâneos (da pele)
também são atingidos, provocando manchas ou áreas adormecidas - Realizar busca ativa dos contatos faltosos;
na pele. Pode também afetar os olhos e, eventualmente, outros ór- - Desenvolver ações educativas e de mobilização envolvendo
gãos. É comum aparecerem caroços ou inchaços no rosto, orelhas, a comunidade e equipamentos sociais (escolas, conselhos de saú-
cotovelos e mãos; entupimento constante no nariz, com um pouco de, associações de moradores etc.), abordando a importância do
de sangue e feridas; alteração na musculatura das mãos, que resul- autoexame, o controle da hanseníase e o combate ao preconceito.
ta nas chamadas “mãos em garra”.
Papel dos ACS junto às pessoas com diagnóstico da hansenía-
Tratamento: se:

A hanseníase é uma doença grave, mas que tem cura. O uso - Realizar busca ativa de faltosos e daqueles que abandonaram
correto dos medicamentos, ininterruptamente por seis meses a um o tratamento;
ano, garante o sucesso do tratamento. A medicação é administrada - Supervisionar o uso dos medicamentos, quando indicado e
em doses supervisionadas pela Unidade Básica de Saúde ou por um conforme planejamento da equipe;
cuidador. Não há necessidade de internamento hospitalar, podendo - Orientar sobre a importância do tratamento correto;
as complicações (reações na pele ou nos nervos e mal-estar) ser - Nas visitas domiciliares, atender os usuários em ambientes
tratadas nas UBS. arejados (com ventilação de ar);
Se diagnosticada precocemente e tratada corretamente, não - Compartilhar com a equipe informações colhidas durante a
incapacita para o trabalho, podendo o portador levar uma vida nor- visita domiciliar;
mal. - Preencher a ficha B-HAN do SIAB (Sistema de Informação de
Atenção Básica), mantendo-a atualizada;
- Orientar sobre os cuidados que a pessoa com hanseníase
pode ter (autocuidado), para evitar complicações.

136
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Sobre o autocuidado, você deve orientar sobre: Quanto mais cedo for iniciado e não houver interrupção do tra-
Olhos: observar se há permanentemente a sensação de areia tamento, maiores serão as chances de cura.
nos olhos, visão embaçada ou ressecada de repente ou se tem pis- As principais situações que aumentam o risco de se pegar uma
cado mais que o normal. Nesse caso, observar se há cisco e limpar DST são:
os olhos com soro fisiológico. - Pessoas que têm relações sexuais sem usar camisinha;
Nariz: observar se o nariz tem ficado entupido com frequên- - Pessoas cujo companheiro ou companheira tem relação se-
cia, se tem aparecido cascas ou sangramentos súbitos, se há cheiro xual com outras pessoas sem usar camisinha;
ruim, pois indicam que o osso do nariz pode ter sido atingido pela - Pessoas que usam drogas injetáveis, compartilhando agulhas
doença. Limpar o nariz com soro fisiológico, inspirando e expirando, e seringas, isto é, duas ou mais pessoas usando as mesmas agulhas
e não arrancar as casquinhas. e seringas.
Mãos e braços: observar se há dor ou formigamento, choque
ou dormência ou se as mãos ficam inchadas e com dificuldade de Aids
sustentar os objetos. Fazer repouso do braço afetado, evitando mo-
vimentos repetitivos, e não carregar objetos pesados. Usar óleos ou É uma DST causada por um vírus chamado HIV. Ele age des-
cremes para evitar ressecamento. truindo as células que fazem a defesa do corpo contra as doenças –
Pés: observar a presença de dor e câimbra nas pernas, fraqueza os glóbulos brancos. Ao se contaminar, a pessoa pode não apresen-
nos pés, formigamento ou choque; presença de feridas, calos ou tar, pelo menos por algum tempo, nenhum sinal ou sintoma. Nesse
bolhas. Ficar em repouso e andar pouco, hidratar, lubrificar e mas- caso ela é chamada de portadora do HIV ou soropositiva para HIV.
sagear os pés. Quando a pessoa soropositiva para HIV começa a apresentar
Ferimentos: observar bolhas e ferimentos que surgiram sem se sintomas, então se diz que ela tem Aids.
perceber. Qualquer pessoa pode pegar o HIV: homem ou mulher (homo,
Isso ocorre devido à perda de sensação de calor e dor na área bi ou heterossexual); gente casada ou solteira; criança, moço ou
afetada. Descobrir a causa do ferimento e proteger: imobilizar de- idoso; rico ou pobre. E tanto faz se a pessoa mora na cidade ou no
dos machucados; usar meias grossas sem remendo; examinar dia- campo.
riamente a parte interna dos sapatos para impedir que saliências ou Transmissão: o HIV passa de uma pessoa infectada para outra
pregas causem ferimentos. O uso dos tênis adaptados e palmilhas por meio de quatro líquidos produzidos pelo nosso corpo. Esses lí-
também são cuidados importantes. quidos são:
Com esses cuidados é possível tratar as complicações logo no - Sangue;
início, e assim evitar deformidades. - Esperma;
- Líquido da vagina;
DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS E AIDS - Leite do peito da mãe infectada para o bebê.
O vírus do HIV se transmite, principalmente, por meio das rela-
São chamadas de doenças sexualmente transmissíveis (DST) ções sexuais, sem proteção, por camisinha, por isso a Aids também
aquelas causadas por vírus, bactérias ou micróbios e que são trans- é uma doença sexualmente transmissível.
mitidas, principalmente, nas relações sexuais. Como podemos nos proteger das DST e do HIV?
Muita gente chama de doenças venéreas, doenças da rua, A melhor forma de proteção contra o HIV é a prevenção, que se
doenças do mundo. faz evitando as situações ou comportamentos de risco.
São exemplos de doenças sexualmente transmissíveis: gonor- Orientações para prevenir as DST e HIV:
reia, sífilis, hepatite B, Aids, entre outras. - Ter relações seguras, ou seja, usar sempre e corretamente a
Ter relação sexual faz parte da vida das pessoas. Cada pessoa camisinha, em qualquer tipo de relação sexual, entre pessoas de
deve poder escolher com quem e como quer ter uma relação sexual. sexo diferente ou do mesmo sexo;
Em qualquer relação sexual é possível pegar ou passar uma DST. - Não compartilhar agulhas e seringas;
Infelizmente muitas pessoas não sabem o que são as DST. Outras
sabem, mas não tomam cuidado para se proteger dessas doenças.
- Procurar um serviço de saúde, o mais rapidamente, em caso
Como saber se uma pessoa está com uma DST? de suspeita de DST.
Qual é a orientação que deve ser dada por você para uma pes-
Existem vários sinais (aquilo que a pessoa vê) e sintomas (aqui- soa que está com DST/Aids?
lo que a pessoa sente e manifesta) que levam as pessoas a suspeita- Pessoas com DST:
rem que estejam com uma DST. Mas somente o médico pode fazer - Não se automedicar;
o diagnóstico e indicar o tratamento, embora você e outros mem- - Não interromper o tratamento prescrito pelo médico;
bros da equipe possam participar desse processo. - Se não for possível evitar as relações sexuais, utilizar a cami-
Alguns sinais de DST: sinha;
- Feridas nos órgãos genitais masculinos e femininos; - Procurar conversar com o(a) companheiro(a) ou parceiro(a)
- Corrimentos na mulher e no homem o “pinga-pinga”; sexual sobre a situação e levá-lo(a) até uma UBS.
- Verrugas. Portador do vírus HIV:
- Alguns sintomas de DST:
- Ardência ao urinar;
- Coceira nos órgãos genitais;
- Dor ou mal-estar nas relações sexuais.

137
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Orientar que os soropositivos podem viver normalmente, - Orientar a higienização da boca de forma correta;
mantendo as mesmas atividades físicas, profissionais e sociais de - Orientar para procurar o serviço de saúde bucal regularmente
antes do diagnóstico, contanto que sejam seguidas as recomenda- para avaliação e tratamento conforme orientação do cirurgião-den-
ções da equipe de saúde; tista;
- O preservativo deve ser usado em todas as relações sexuais, - Orientar sobre alimentação saudável;
mesmo naquelas onde ambos os parceiros estejam infectados, pois - Orientar para que evitem o uso de tabaco/derivados e demais
existe mais de um tipo de vírus do HIV e durante a relação sem drogas;
preservativo ocorre a contaminação por outros vírus, dificultando - Evitar para que não abusem de bebidas alcoólicas;
o tratamento pela resistência que pode ser adquirida aos medica- Orientar para procurar o serviço de saúde bucal o mais rápido
mentos; possível, quando a pessoa apresentar:
- Não se devem compartilhar agulhas e seringas nem mesmo • Dentes cariados;
com outras pessoas sabidamente infectadas pelos motivos já cita- • Dentes quebrados;
dos; • Dentaduras frouxas, mal adaptadas ou quebradas;
- Não doar sangue; • Feridas nos lábios, língua, gengiva, bochechas que não cica-
- Comparecer regularmente à UBS para avaliação; trizam há vários dias;
- Orientar a família e comunidade que a convivência com uma • Dificuldade para falar, sorrir e comer;
pessoa portadora do HIV deve ser tranquila. Beijos, abraços, de- • Dor, inchaço e vermelhidão na boca ou no rosto.
monstrações de amor e afeto e compartilhar o mesmo espaço físico
são atitudes a serem incentivadas e que não oferem risco; SAÚDE DO HOMEM
- Quanto mais respeito e afeto receber o portador que vive com
HIV/Aids, melhor será a resposta ao tratamento; Diferentemente das mulheres, os homens não costumam pro-
- O convívio social é muito importante para o aumento da au- curar os serviços de saúde. A baixa procura tem o fator cultural
toestima. Consequentemente, faz com que essas pessoas cuidem como uma das explicações: o homem é criado para ser provedor,
melhor da saúde; ser forte, não chorar, não adoecer. Para muitos, doença é sinal de
- Estimular para que tenha hábitos saudáveis. Se necessitar de fragilidade, de fraqueza. Isso faz com que não busquem antecipada-
orientações nutricionais, orientar para procurar a UBS. mente ajuda nos serviços de saúde, levando-os à morte por doen-
Doente de Aids ças que, se diagnosticadas mais cedo, poderiam ser evitadas.
É importante reverter o preconceito e sensibilizar os homens
Além das mesmas orientações dadas à pessoa portadora do para a mudança dessa forma de pensar e agir.
vírus HIV: Os homens estão mais expostos aos riscos de adoecerem por
- Estimular a adesão ao tratamento e o uso correto dos medi- problemas relacionados à falta de exercícios físicos, alimentação
camentos; com excesso de gordura, aumento de peso e à violência por cau-
- Explicar que o tratamento é feito com uma combinação de re- sas externas (brigas, acidentes no trânsito, assassinatos, homicídios
médios, chamados antirretrovirais. Esses remédios não curam, mas etc.).
diminuem a quantidade de vírus HIV no corpo; É preciso que você os oriente a procurar a UBS para prevenir e
- Informar que o tratamento pode ser feito em casa. O hospital tratar doenças como pressão alta, alteração do colesterol, diabetes,
só é indicado quando a pessoa precisa de tratamento especializado, doenças sexualmente transmissíveis e Aids, infarto, derrame, pro-
por estar muito doente. blemas respiratórios, câncer, uso de álcool, tabaco e outras drogas,
Pense e reflita... entre outras.
As pessoas com Aids precisam de dois tipos de tratamento: Orientar sobre a sexualidade saudável, sem riscos de adquirir
- O que é feito com remédios para conter a doença; doenças sexualmente transmissíveis.
- O que é feito de carinho, amor e ajuda da família, dos profis- Orientar sobre a paternidade responsável, estimulando para
sionais de saúde, entre eles, de você e dos amigos. que ele participe do pré-natal, do parto, do pós-parto e nas visitas
Seu papel como ACS: ao pediatra e na criação dos filhos.
- A primeira coisa que você precisa fazer é esclarecer suas dúvi- O ACS, juntamente com a equipe de saúde, deve realizar ações
das a respeito da doença para orientar melhor o portador de HIV ou (por exemplo: semana de promoção da saúde do homem, campa-
um doente Aids, sua família e as pessoas de sua comunidade sem nhas voltadas para esse público, distribuição de cartilhas informa-
medo e sem preconceito; tivas, reuniões com os homens, entre outras estratégias) que esti-
- Prestar informações de forma clara sobre como o serviço de mulem o homem a se cuidar e a buscar uma vida mais saudável,
saúde está organizado para atendimento ao usuário; enfrentando principalmente o alcoolismo, o tabagismo, a hiperten-
- Ser um educador em saúde, orientando como as pessoas po- são e a obesidade.
dem se proteger e que, apesar de a Aids não ter cura, é possível Devem também ser buscadas estratégias para um melhor aco-
viver com qualidade; lhimento aos homens nas UBS.
- Lembrar que a solidariedade com quem está doente é a me- A visita domiciliar às famílias onde há homens deve contemplar
lhor arma na luta contra a doença. principalmente orientações sobre:
1. Os hábitos alimentares;
SAÚDE BUCAL NO ADULTO 2. Atividade física;
3. Vacinas preconizadas para a sua faixa etária
Ações do ACS: 4. O consumo de bebidas alcoólicas, tabaco e outras drogas;

138
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

5. Os problemas de saúde (manchas de pele, tosse, pressão Os dois únicos fatores confirmadamente associados a um au-
alta, diabetes); mento do risco de desenvolvimento do câncer de próstata são a ida-
6. Rotina: procurar a UBS para avaliação médica e odontológi- de e história familiar. A maioria dos casos ocorre em homens com
ca; idade superior a 50 anos e naqueles com história de pai ou irmão
7. Alguma doença crônica, se necessário. com câncer de próstata antes do 60 anos. Alguns outros fatores,
Problemas de saúde específicos da saúde do homem como a dieta, estão sendo estudados, mas ainda não há confirma-
• Disfunção erétil: ção científica.
Também popularmente conhecida como impotência sexual, a Não é necessária a realização de exames de laboratório ou o
disfunção erétil pode ser de grande importância, pois pode reper- toque retal em pessoas que não têm nenhum sintoma urinário ou
cutir na vida familiar e no convívio social do indivíduo, muitas vezes histórico familiar. Portanto, somente diante de sintomas como difi-
sendo causa de sofrimento psíquico para ele. culdade ou dor ao urinar, ou urinar muitas vezes, inclusive à noite,
A disfunção erétil afeta principalmente homens de faixa etária perda espontânea de urina e urgência para urinar é que se deve
mais elevada, mas pode também estar presente em indivíduos mais recomendar procurar a UBS para realização de avaliação. Também
jovens. é recomendada a avaliação para aqueles quem têm ou tiveram fa-
Estudos apontam que mais de 10% dos homens com idade su- miliares com problemas na próstata.
perior a 40 anos apresentam alguma forma de disfunção erétil, mas
poucos deles procuram auxílio nos serviços de saúde. Câncer de pênis
A disfunção erétil pode estar relacionada a causas orgânicas e
psicológicas, dentro destas destacamos: O pênis é o órgão sexual masculino. Em sua extremidade existe
- Psicológicas: ansiedade, depressão, culpa. uma região mais volumosa chamada glande (“cabeça” do pênis),
- Orgânicas: hipertensão, diabetes, alterações hormonais, uso que é coberta por uma pele fina e elástica, denominada prepúcio.
de drogas (fumo, álcool, antidepressivos, maconha, heroína, cocaí- O câncer que atinge o pênis está muito ligado às condições de hi-
na e outros). giene íntima do indivíduo, sendo o estreitamento do prepúcio (fi-
Hoje em dia existem boas opções de tratamento para esse pro- mose) um fator predisponente. O câncer de pênis é um tumor raro,
blema, o seu papel como ACS é orientar o paciente sobre quando é com maior incidência em indivíduos a partir dos 50 anos de idade,
possível evitar ou controlar os fatores anteriormente citados e pro- muito embora tumores malignos do pênis possam ser encontrados
curar a UBS de referência para avaliação. em indivíduos jovens. Está relacionado às baixas condições socioe-
conômicas e de instrução, à má higiene íntima e a indivíduos não
circuncidados.
Detecção precoce do câncer de próstata No Brasil, o tumor representa 2% de todos os casos de câncer
O que é próstata? no homem, sendo mais frequente nas Regiões Norte e Nordeste do
que nas Regiões Sul e Sudeste. Nas regiões de maior incidência, o
A próstata é uma glândula que se localiza na parte baixa do câncer de pênis supera os casos de câncer de próstat a e de bexiga.
abdômen, no homem. Ela é um órgão muito pequeno, tem a forma
de maçã e se situa logo abaixo da bexiga e adiante do reto. Seu papel como ACS:

A próstata produz parte do sêmen, um líquido espesso que Promover reuniões para discutir o tema, desmistificando a rea-
contém os espermatozoides produzidos pelos testículos e que é eli- lização do exame de toque, que será necessário em alguns casos.
minado durante o ato sexual. Discutir também o tema com as mulheres para que possam
conversar com seus parceiros, companheiros, irmãos.
Como surge o câncer de próstata? Orientar para que os homens com mais de 50 anos fiquem
atentos a sintomas urinários.
O câncer da próstata surge quando, por razões ainda não co- Orientar para que os homens com mais de 50 anos com históri-
nhecidas pela ciência, as células da próstata passam a se dividir e co familiar de câncer de próstata procurem a UBS.
se multiplicar de forma desordenada, levando à formação de um Conscientizar os homens de que diante de algum problema uri-
tumor. Alguns desses tumores podem crescer de forma rápida, es- nário seja procurada a unidade.
palhando-se para outros órgãos do corpo e podendo levar à morte.
Uma grande maioria, porém, cresce de forma tão lenta que SAÚDE DA MULHER
não chega a dar sintomas durante a vida e nem a ameaçar a saúde
do homem. Você, durante a realização das visitas domiciliares, deve con-
versar com as mulheres, fortalecendo a relação de vínculo.
Como prevenir o câncer de próstata? Durante essa conversa, é importante saber:
- Como ela está se sentindo;
Até o presente momento, não são conhecidas formas específi- - Se já fez as vacinas preconizadas para sua faixa etária;
cas de prevenção do câncer da próstata. No entanto, sabe-se que a - Se está com o preventivo de câncer de colo uterino em dia;
adoção de hábitos saudáveis de vida é capaz de evitar o desenvolvi- - Se costuma fazer o autoexame das mamas;
mento de certas doenças, entre elas o câncer. - Quando realizou a última mamografia (caso tenha 50 anos
ou mais);
Quem apresenta mais risco de contrair câncer de próstata? - Se deseja engravidar;
- Se está utilizando métodos para não engravidar;

139
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Se tem feito seu acompanhamento na Unidade Básica de Saú- - Não deve ser feito quando estiver menstruada, pois a presen-
de. ça de sangue pode alterar o resultado.
Você deverá orientar a mulher sobre a importância de realizar Lembre-se: o câncer do colo do útero pode ser evitado fazendo
seu preventivo de câncer de colo uterino, além disso, ela deve pro- o exame conforme as recomendações e também evitando alguns
curar a Unidade Básica de Saúde sempre que sentir ou perceber fatores de risco, como:
qualquer alteração no seu corpo. Como: - Relações sexuais precoces;
- Dor durante a relação sexual; - Múltiplos parceiros;
- Corrimentos vaginais; - Muitos partos;
- Sangramento intenso ou dor durante a menstruação ou san- - Doenças sexualmente transmissíveis;
gramento fora do período menstrual; - Fumo;
- Ausência de menstruação; - Deficiência de vitaminas A, C e E. Você deve orientar a mu-
- Cheiro ruim na vagina; lher para não esperar os sintomas para depois se prevenir ou tratar,
- Dor, verrugas ou feridas na região genital ou nódulos (caroços) como acontece muitas vezes. As possibilidades de cura são de 100%
nas virilhas; se a mulher fizer o preventivo periodicamente. É importante que
- Ardência ao urinar; a mulher busque o resultado e, se necessário, faça o tratamento
- Dor ao evacuar adequado.
Na consulta médica ou de enfermagem, é feito o exame clínico Autoexame de mamas
das mamas, o exame preventivo do câncer cérvico uterino, também
conhecido como exame citopatológico de colo uterino ou Papani- É importante que você estimule a mulher a se conhecer, a per-
colau. ceber as mudanças em seu corpo, a realizar o autoexame das ma-
Para muitas mulheres, esse exame causa medo, vergonha e mas mensalmente. É importante que seja feito com regularidade
preocupação. para que sejam evidenciadas alterações em relação aos autoexa-
Nesses casos, você não deve desprezar esses sentimentos. mes anteriores.
Deve entender a situação, orientar a importância do exame e As mulheres devem estar alertas para as seguintes observa-
explicar que, para os profissionais de saúde, olhar para os órgãos ções:
genitais faz parte do trabalho e para eles isso é natural. Essa conver- - As mamas nem sempre são rigorosamente iguais;
sa esclarecedora e sensível pode fazer com que muitas mulheres se - O autoexame não substitui o exame clínico de rotina, que
aproximem da equipe de saúde e façam as ações necessárias para deve ser anual para mulheres acima de 50 anos de idade;
cuidarem de sua saúde. Assim você vai auxiliar na prevenção, detec- - A presença de um nódulo (caroço) mamário não é obrigatoria-
ção precoce ou até mesmo diminuição do agravamento da situação mente indicador de câncer;
de saúde das mulheres do território sob responsabilidade de sua - Em 90% dos casos, é a própria mulher quem descobre altera-
equipe. ções em sua mama.
Se durante a visita domiciliar a mulher falar que tem alguma O autoexame das mamas deve ser realizado uma vez por mês.
queixa em relação às mamas (seios) e axilas (nódulos embaixo dos A melhor época é uma semana após a menstruação. Para as mu-
braços), oriente a procurar o serviço de saúde. lheres que não menstruam mais, o autoexame deve ser feito em
um mesmo dia de cada mês à sua livre escolha, por exemplo, todo
Preventivo de câncer de colo uterino dia 15.
No autoexame, as mulheres devem procurar:
Você deve informar que o exame é realizado nos postos de saú- Diante do espelho:
de. - Deformação ou alterações no formato das mamas;
- Abaulamentos ou retrações;
Quem deve fazer o exame preventivo? - Ferida ao redor do mamilo (“bico do seio”);
- Veias aparecendo em uma só mama;
- Toda mulher que tem ou já teve atividade sexual deve subme- - Alterações na pele parecendo “casca de laranja” ou crostas.
ter-se a exame preventivo, especialmente se estiver na faixa etária No banho ou deitada:
dos 25 aos 59 anos de idade; - Caroços nas mamas ou axilas;
- Mulheres grávidas podem fazer tranquilamente o preventivo - Secreção pelos mamilos.
sem prejuízo para si ou para o bebê.
Diante do espelho: eleve e abaixe os braços. Observe se há al-
Quando fazer? guma anormalidade na pele, alterações no formato, abaulamentos
ou retrações.
- Inicialmente, o exame deve ser feito a cada ano e, caso dois
exames seguidos (em um intervalo de um ano) apresentarem resul-
tado normal, o exame poderá ser feito a cada três anos.
Para realização do exame, são necessários alguns cuidados an-
teriores:
- Não ter relações sexuais com penetração vaginal, nem mesmo
com camisinha, 48 horas antes do exame;
- Não usar duchas ou medicamentos vaginais e anticoncepcio-
nais locais 48 horas antes do exame; e

140
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Durante o banho: com a pele molhada ou ensaboada, eleve o braço direito e deslize os dedos da mão esquerda suavemente sobre a
mama direita, estendendo até a axila. Repita no outro lado.

Deitada: coloque um travesseiro debaixo do lado esquerdo do corpo e a mão esquerda sob a cabeça. Com os dedos da mão direita,
deslize em sentido circular da periferia para o centro (da parte mais externa da mama até o mamilo). Inverta a posição para o lado direito
e deslize a polpa dos dedos da mesma forma à mama direita.

Com o braço esquerdo posicionado ao lado do corpo, apalpe a parte externa da mama esquerda com os dedos da mão direita.
Alterações:
- Caroços;
- Mudança na pele (tipo casca de laranja);
- Ferida ao redor do mamilo (bico do seio);
- Secreção (líquido) que sai pelo mamilo.
Calendário de vacinação

141
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Solicitar a carteira de vacinação e verificar o esquema vacinal. Se incompleto, procurar a Unidade Básica de Saúde para completar o
esquema vacinal.

Hábitos saudáveis

Hábitos saudáveis são medidas que provocam impacto positivo na qualidade de vida das pessoas ou de uma comunidade.
São exemplos de hábitos saudáveis: cuidado com a alimentação, prática regular de exercícios físicos, não fumar e não abusar das be-
bidas alcoólicas ou usar outras drogas.

Planejamento reprodutivo

O planejamento familiar baseia-se no respeito aos direitos sexuais e aos direitos reprodutivos. Consiste em refletir sobre o desejo de
ter ou não ter filhos, decidir e escolher a forma de realizá-lo. Pode ser feito pelo homem, pela mulher ou pelo casal – adolescente, jovem
ou adulto –, independentemente de terem ou não uma união estável ou de constituírem uma família convencional.
Dessa forma, é fundamental incentivar o autoconhecimento, que implica tomar contato com os sentimentos, conhecer o corpo e
identificar as potencialidades e dificuldades/bloqueios de diversas ordens.

142
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Para evitar filhos, há vários métodos anticoncepcionais, como a pílula, a camisinha, o DIU (dispositivo intrauterino), tabelinha, entre
outros. Não existe método anticoncepcional IDEAL, todos eles têm vantagens e desvantagens. É preciso que a mulher ou o casal conheça
todos os métodos, para saber qual o mais adequado.
É importante que a mulher possa falar sobre a sua sexualidade. Junto com outras mulheres, possa tirar dúvidas sobre a forma correta
de usar os métodos, falar sobre suas experiências e incertezas. Isso você pode fazer, estimulando na comunidade uma roda de conversa
entre as mulheres!
Métodos anticoncepcionais:
Para escolher um método anticoncepcional, devem-se considerar principalmente os seguintes fatores:
Os relacionados diretamente com o estado de saúde da mulher. Por exemplo, a pressão arterial;
E os situacionais, isto é, os que estão relacionados com o momento de vida da mulher ou do casal, por exemplo, o tipo de trabalho ou
idade e necessidade de cuidados aos outros filhos do casal.
Nem sempre o método escolhido pela mulher será o mais adequado para ela, por colocar em risco sua saúde. Explicando melhor: para
uma mulher que tem pressão alta e é fumante, é contraindicado tomar pílula, pois aumenta o risco ter infarto ou derrame.
Há vários tipos de métodos anticoncepcionais, cada um com suas vantagens e desvantagens, conforme o quadro a seguir:

143
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Esterilização masculina e feminina: ou casa de parto. Estimule-a a conservá-lo em bom estado e a le-
Esterilização não é um método anticoncepcional irreversível vá-lo consigo toda vez em que procurar um serviço ou profissional
que consiste em uma operação que se realiza no homem ou na mu- de saúde.
lher com o objetivo de se evitar definitivamente a possibilidade de Recomenda-se que a mulher faça no mínimo seis consultas du-
gravidez. rante o pré-natal.
No caso do homem, a operação é a vasectomia e, na mulher, é Postura que você deve ter frente aos cuidados com a gestante:
a ligadura tubária, chamada também de laqueadura, amarração ou - Acompanhar se a gestante está indo às consultas de pré-natal;
ligação de trompas. - Realizar a busca ativa da gestante faltosa às consultas de pré-
Contraceptivo de emergência pós-coital (pílula do dia seguin- -natal;
te): - Verificar o cartão de vacinação a fim de saber se a vacina an-
Não deve ser utilizado como método de contracepção fre- titetânica foi realizada;
quente, pois pode causar problemas para a saúde. As pessoas que - Perguntar sobre a realização dos exames, esclarecendo sobre
desejarem saber sobre o método após terem relações sexuais des- a impotância deles e questionar se ela realizou e buscou o resultado
protegidas devem ser orientadas a procurar a equipe de saúde. É dos exames: de grupo sanguíneo e fator RH (se não sabia seu tipo
necessário que seja realizado o acompanhamento mais próximo sanguíneo antes), do hemograma ou hemoglobina/hematócrito,
para orientação sobre métodos de contracepção. dos exames de detecção de sífilis (VDRL), toxoplasmose, hepatite
O melhor método para uma pessoa usar é aquele que a deixa B (HBsAg – se não foi vacinada antes), anti-HIV (lembre-se de que
confortável e que melhor se adapta ao seu modo de vida e a sua a mãe deve ser consultada se deseja realizar esse exame), exames
condição de saúde. de glicose, de urina e preventivo de câncer de colo de útero. Se a
Se no domicílio tiver uma gestante, você deve saber se: gestante informar que os resultados não estão anotados no cartão,
- Ela está bem, se tem alguma queixa e se já realizou alguma oriente que ela solicite ao(s) profissional(is) que está(ão) fazendo o
consulta de pré- natal. Caso ela não esteja sendo acompanhada, pré-natal para preencher na próxima ocasião. É importante também
orientá-la a buscar a Unidade Básica de Saúde. Você deve avisar a informar à sua equipe de saúde se esses dados estiverem faltando;
sua equipe sobre a gestante que não realizou consulta. Caso ela não - Verifique com a gestante se a próxima consulta está agenda-
compareça, deverá ser feita busca ativa. da, independentemente da idade gestacional;
No caso da gestante estar realizando o pré-natal: - Oriente quanto à maternidade de referência para o parto e
- Verificar se ela possui cartão da gestante; sobre os preparativos para ele, tais como objetos necessários para
- Reforçar a importância do comparecimento a todas as consul- levar para a maternidade etc.;
tas agendadas; - Orientar sobre: alimentação, exercícios físicos, sexualidade,
- Verificar a situação vacinal; amamentação e os sinais de perigo na gravidez, as queixas mais fre-
- Orientar sobre alimentação saudável, atividade física, higiene quentes, cuidados com a higiene da boca e dentes, amamentação,
e conforto, benefícios da amamentação, queixas mais comuns na conversa e estímulos positivos para o bebê ainda na barriga e im-
gestação, malefícios do tabaco e do consumo abusivo de drogas e portância do envolvimento do companheiro nesse momento.
bebidas alcoólicas, sinais de alerta e puerpério. Independentemente do serviço de saúde onde a gestante este-
ja fazendo seu pré-natal (Unidade Básica de Saúde, com a equipe de
Gravidez Saúde da Família, clínica particular ou hospital), você tem a respon-
sabilidade de fazer seu acompanhamento.
Quanto mais cedo for realizado o diagnóstico de gravidez, me- Orientações relacionadas às queixas mais comuns na gestação:
lhor será o acompanhamento do desenvolvimento do bebê e das Grande parte das queixas das gestantes durante a gravidez di-
alterações que ocorrem no corpo da mulher. Possibilita prevenir, minui ou desaparece com as orientações alimentares e de compor-
identificar precocemente e tratar os problemas que possam afetar tamento, sendo desnecessário o uso de remédios.
a saúde do bebê a da mulher. Identificando sinais de perigo:
- Sinais sugestivos de gravidez: A gravidez não é doença. A maior parte das gestantes não tem
- Falta de menstruação; complicações durante a gestação, algumas podem apresentar sinais
- Peitos doloridos e aumentados; indicativos de problemas para a sua saúde e da criança.
- Enjoos, tonturas e sonolência. Nesses casos você deve encaminhar a gestante à unidade bá-
sica/ Saúde da Família para que possa ser atendida o mais rápido
Você deve explicar à gestante a importância de fazer o pré-na- possível.
tal, orientando-a a procurar a Unidade Básica de Saúde para início
das consultas o mais rápido possível. Deve também cadastrá-la no
SIAB.
Pré-Natal
O pré-natal é o primeiro passo para cuidar da saúde da gestan-
te e do bebê. A mulher deve receber o cartão da gestante ao iniciar
o acompanhamento pré-natal. Esse cartão é um documento que
acompanha toda essa importante fase na vida mulher e da família
e serve como apoio e referência aos serviços de saúde e diferentes
profissionais que atenderão a gestante, inclusive na maternidade

144
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Os sinais de risco são:

- Perder líquidos ou sangue pela vagina;


- Acordar com as pernas, mãos, braços e olhos inchados;
- Ter febre alta;
- Vomitar frequentemente;
- Ter fortes dores de cabeça;
- Ter contrações fortes na barriga antes do período previsto para o parto;
- A barriga parar de crescer ou crescer demais;
- Se no último trimestre de gestação a mãe não sentir o bebê mexer por mais de 24 horas.

Alimentação e a gestação:

É mito o fato de que durante a gestação a mulher precisa comer por dois, mas é verdade que ela precisa ter mais atenção e cuidado na
escolha dos alimentos. A gestante deve comer alimentos coloridos, saudáveis, frescos, limpos e na quantidade suficiente.
Você deve orientar a gestante sobre:
- Comer no mínimo seis vezes ao dia, em menores quantidades: café da manhã, lanche, almoço, lanche, jantar e ceia. Não pular as
refeições;
- Tomar dois litros de água por dia ou mais, de preferência entre as refeições;
- Consumir fígado ou miúdos, no mínimo uma vez por semana, para a prevenção da anemia. Fígado é uma importante fonte de ferro
e vitamina A. Lembrar que todas as carnes devem ser bem cozidas e os utensílios para o seu preparo devem estar limpos para evitar a
toxoplasmose;
- Após as refeições, a gestante deve ingerir meio copo de suco natural de fruta ou uma fruta;
- No mínimo três vezes por semana consumir alimentos ricos em vitamina A, que são os alimentos amarelos, alaranjados ou verde-es-
curos, tais como: folhas (couve, radite, mostarda, agrião, espinafre), cenoura, mamão, moranga e abóbora;
- Consumir uma porção (tamanho de uma concha) de leguminosas (feijão, lentilha, grão-de-bico) todos os dias;
- Evitar comer doces, balas, refrigerantes, alimentos gordurosos e salgados e frituras, para evitar o ganho de peso excessivo;
- Usar adoçantes somente com recomendação médica;
- A gestante deve comer alimentos ricos em fibras, encontradas nas frutas, verduras e cereais, pois são importantes para o aumento
do bolo fecal (fezes), e aumentar o consumo de água/líquidos, para ajudar na eliminação das fezes;

145
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Não fumar, pois o fumo pode causar descolamento de placen- A gestante pode lavar a cabeça todas as vezes em que sentir
ta, parto prematuro e o bebê pode nascer com baixo peso, alguns necessidade, pois isso não a prejudica e nem o bebê.
defeitos na formação da boca e nariz ou até mesmo aborto; É importante que ela use roupas limpas e confortáveis e, se
- Não ingerir bebidas alcoólicas, pois pode causar consequên- possível, sutiã com alças largas e com boa sustentabilidade, para
cias prejudiciais ao bebê, afetando a formação dos olhos, nariz, co- que as mamas fiquem apoiadas.
ração e do sistema nervoso central, acompanhada de retardo de É recomendado evitar meias com elástico muito apertado, que
crescimento e mental; podem causar varizes e sensação de desconforto. Usar sapatos bai-
- Comer os alimentos logo após o preparo. As sobras devem ser xos e confortáveis.
guardadas em lugar fresco ou geladeira, sempre cobertas;
- A vasilha onde se guarda a água deve estar tampada; Caso tenha dor lombar, poderá utilizar saltos baixos.
- Comer devagar, mastigando bem os alimentos;
- Não deitar logo após as refeições; • Higiene bucal (gestante):
- Fazer uso de medicamento de qualquer natureza somente Pelas alterações que ocorrem no corpo da mulher e pelas mu-
com orientação médica. danças na forma de se alimentar na gestação, isso pode comprome-
ter sua saúde bucal. Por esse motivo, a gestante deve ser orientada
Principais vitaminas no período de gestação: a cuidar com mais atenção da higiene da boca.
As alterações hormonais nessa fase reprodutiva da mulher po-
dem acarretar o aparecimento de doenças gengivais e sua evolução
pode ocasionar até o parto prematuro.
É importante que seja realizada a higiene dental diária, sempre
após a alimentação e antes de dormir.
- Escovar os dentes e a língua, massageando com a escova a
gengiva, após cada vez que se alimentar, inclusive quando comer
lanches;
- Passar fio dental delicadamente, no mínimo, uma vez ao dia,
de preferência à noite;
- Não usar palitos de dentes para não machucar a gengiva;
- Trocar a escova de dente quando ela já estiver desgastada;
- Fazer o acompanhamento odontológico durante o pré-natal.

Alternativas para produzir o fio dental:


Principais nutrientes no período de gestação:
- Linha de carretel nº 10, passada na parafina ou cera de abe-
lha;
- Ráfia transparente de saco de batata, cebola ou laranja, sem-
pre muito limpa;
-Tirinha de sacolas plásticas ou saco de leite.

Sinais de alerta para encaminhamento para a UBS:

- Sangramento nas gengivas;


- Dor e sangramento na escovação;
- Feridas na língua, bochecha e lábios;
- Dentes ou dentaduras quebradas ou mal adaptadas.
Preparando para o parto e puerpério
A gestante deve ganhar peso necessário para garantir boas Você deve orientar a gestante para se preparar para o parto.
condições para o parto e para a vida do bebê que vai nascer. Caso ela tenha outros filhos, perguntar com quem eles ficarão
O ganho de peso não deve ser baixo e nem muito grande. e quem a levará ao hospital.
A mulher que não tem complicações na gestação é importan- Não se esquecer de orientar para levar o cartão da gestante e
te ser ativa, movimentar-se pelo menos 30 minutos todos os dias. um documento de identificação, que pode ser: a carteira de iden-
Você pode orientar que ela faça caminhadas pelo bairro, evitando tidade ou de trabalho ou certidão de casamento ou nascimento.
ficar muitas horas parada, por exemplo, assistindo à televisão. Arrumar previamente as roupas da gestante e do bebê para
levar ao hospital.
Higiene e conforto na gestação:
Sinais de trabalho de parto:
A melhor forma de tomar banho é com água corrente de chu-
veiro, bica ou caneca. Evitar tomar banho sentada em bacias e não - Perda pela vagina de líquido parecido com “catarro” de cor
fazer duchas dentro da vagina, pois podem levar micróbios da vagi- clara, às vezes pode ter um pouco de sangue, pode acontecer mais
na até o útero, podendo prejudicar a saúde do bebê. ou menos com 15 dias antes do parto;
- Dor nas costas e que vai para a parte de baixo da barriga;

146
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Perda de líquido pela vagina, o que significa o rompimento materno até o sexto mês de vida. A partir dos seis meses, outros
da bolsa; alimentos devem ser oferecidos e a criança pode receber o leite
- Dores na barriga, que fica dura e depois relaxa (contrações materno até dois anos de idade ou mais. O leite materno é um ali-
do útero). mento completo que atende a todas as necessidades do organismo
Quando essas contrações acontecerem na frequência de mais da criança e a protege contra infecções.
de uma vez a cada 10 minutos, é momento de ir para o hospital. Vantagens da amamentação:
Se uma gestante de sua área tiver nenêm em casa, oriente a - O leite materno é o alimento mais completo que existe para
procurar o serviço de saúde o mais breve possível, para avaliação o bebê. Possui substâncias nutritivas e de defesa. Por isso, não há
geral da criança, vacinas e outros procedimentos. necessidade de completar com outros leites, mingaus, água, chás
É muito importante observar se em sua comunidade os partos ou sucos até os seis meses de vida.
costumam ser realizados em casa e/ou por parteiras. Nesses casos é NÃO EXISTE LEITE MATERNO FRACO!;
necessário reconhecer as parteiras tradicionais como parceiras, res- - Evita mortes infantis;
peitando suas práticas e saberes. Nesses casos deve-se ter atenção - Protege o bebê contra muitas doenças, como a diarreia, aler-
especial para algumas questões: gias e infecção respiratória;
- Fazer o cadastro da parteira para que a equipe saiba quem - Diminui o risco de hipertensão, colesterol alto e diabetes na
desenvolve partos na comunidade; infância, na adolescência, na vida adulta e na terceira idade;
- Informar sobre o Registro Civil da parteira e combinar para - Previne o excesso de peso;
que ela auxilie a incentivar o Registro Civil na comunidade; - É de fácil digestão e não sobrecarrega o intestino e os rins do
- Utilizar medidas de autocuidado da parteira, tais como vaci- bebê;
nação, uso de equipamento individual de proteção e informar sobre - O leite materno é livre de micróbios, é prático (não precisa
os riscos de realizar parto em gestantes que não fizeram pré-natal; ferver, coar, dissolver ou esfriar) e ainda é de graça;
- Verificar se a parteira já tem material para o parto (kit par- - Transmite amor e carinho, fortalecendo os laços afetivos de
teiras), verificando se ele é esterilizado. Em alguns casos, a própria mãe e filho. Bebê que mama no peito se sente mais amado e se-
UBS pode realizar a esterilização; guro;
- Incentivar para a parteira participar de ações de planejamen- - Evita problemas nos dentes e na fala, diminui o surgimento
to (previsão de insumos e esterilização) e de educação em saúde da cárie;
com a comunidade; - A amamentação diminui as chances de a mãe ter câncer de
- A situação vacinal de antitetânica da gestante; mama e de ovário.
- Orientar sobre os serviços de referência e como acessá-los em Informar a gestante que o tipo de bico do peito não impede
situação de urgência; a amamentação, pois para fazer uma boa pega o bebê tem que
- Ter atenção para o atendimento higiênico ao parto, para o uso abocanhar uma parte maior da mama (aréola), e não somente o
de material estéril para o corte e clampeamento (estancamento do bico. Chupetas, bicos artificiais e mamadeiras podem prejudicar a
sangue) do cordão umbilical e do curativo do coto umbilical com pega do bebê ao seio da mãe, além de causar problemas na forma-
solução de álcool a 70%. Conhecer se na cultura de sua população ção oral do bebê (fala, dentição, deglutição). As famílias (mãe, pai,
são utilizadas sustâncias ou utensílios que possam causar infecção avós e demais pessoas influentes no cuidado da criança) devem ser
no bebê, tais como tesouras ou facas enferrujadas. orientadas a respeito desses aspectos.
O primeiro leite produzido depois que o bebê nasce é o colos-
Puerpério: tro, que pode ser claro ou amarelo, grosso ou ralo, e deve ser dado
ao bebê logo após o nascimento, esse leite é rico em fatores de
O puerpério é o período do nascimento do bebê até 45 dias proteção.
após o parto. No início da mamada, o leite é mais ralo, pois tem mais água,
Você deve fazer as seguintes orientações à puérpera: açúcar e substâncias que protegem o bebê e, no final da mamada,
- Ela deve retornar ao hospital na ocorrência de sinais de infec- fica mais amarelo, pois é mais rico em gordura. É importante que o
ção: febre, dor e sangramento; bebê esvazie totalmente um peito para depois dar o outro. A ma-
- Deve realizar duas consultas até o 42º dia após o parto; mada seguinte deve ser iniciada no peito que terminou a última
- Ser estimulada para amamentar o bebê, caso não haja con- mamada.
traindicação; A amamentação deve ser em livre demanda, ou seja, sem res-
- Levar o recém-nascido para iniciar a puericultura na UBS; tringir o número de mamadas ou horários fixos para amamentar e
- Orientar para o início do esquema vacinal da criança (BCG, sem determinar o tempo em que o bebê suga em cada mama.
hepatite B) e, se for o caso, para completar o esquema vacinal da Os pontos-chave para saber se a posição e pega estão adequa-
mãe (dT e rubéola); das são:
- Orientar a realização do teste do pezinho, orelhinha e olhinho; - Posição adequada para a mamada:
- Não colocar objetos no coto umbilical. Exs.: café, moeda, fai- - Rosto do bebê de frente para a mama;
xa, fumo. - Corpo do bebê próximo ao da mãe;
Amamentação - Bebê com cabeça e tronco alinhados (pescoço não torcido) na
Amamentar é um ato de entrega e a mulher precisa estar dis- posição “barriga com barriga” (barriga da criança em contato com
posta a se entregar. a barriga da mãe”;
As orientações relacionadas à amamentação devem ser inicia- - Bebê bem apoiado
das durante o pré-natal. A amamentação deve ser exclusiva até o Para uma pega adequada:
sexto mês de vida. Ou seja, a criança deve receber somente o leite - Mais aréola visível acima da boca do bebê;

147
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Boca bem aberta; Banco de Leite Humano


- Lábio inferior virado para fora;
- Queixo tocando a mama. Alguns bancos de leite trabalham com coleta domiciliar.
O bebê chora não necessariamente por estar com fome, ele Informe-se na sua Unidade Básica de Saúde se há Banco de Lei-
pode estar com frio, calor, molhado ou com cólica. É importante te Humano no seu município.
realizar seu acompanhamento, identificando se ele está ganhando
peso.

Orientações gerais:

- A mãe deve tomar bastante líquido;


- Consumir com moderações café e outros produtos com ca-
feína;
- Simpatias não alteram a qualidade e quantidade do leite;
- Quanto mais o bebê suga mais leite será produzido;
- Não há necessidade de dar água, chás ou leite entre as ma-
madas;
- Para evitar rachaduras nos peitos, posicionar bem o bebê na
hora da pega. Usar o dedo mindinho na hora de tirar o bebê do
peito. Manter os mamilos (bicos) secos;
- O bebê deve mamar sempre que quiser, para evitar que o leite
empedre. Por várias vezes, apalpe os peitos em vários lugares, se ATENÇÃO AO IDOSO
não sentir dor é sinal que está tudo bem, mas se sentir dor é sinal
que o leite começou a ficar parado aí. A mãe deve massagear as As pessoas estão vivendo mais e o fenômeno do envelhecimen-
mamas e retirar um pouco de leite até ter conforto; to populacional, entre outros aspectos, está diretamente relaciona-
do aos avanços da saúde pública. As vacinas, a melhoria de condi-
- Qualquer queixa mamária a mulher deve ser orientada a bus- ções de saneamento ambiental, o maior acesso da população aos
car atendimento na UBS. serviços de saúde, a melhor cobertura da Atenção Primária à Saúde
Cuidados que a mãe deve ter na hora de amamentar: em Estados e municípios são algumas das conquistas alcançadas ao
- Lavar bem as mãos; longo dos últimos anos.
- Dar de mamar em um lugar tranquilo e confortável; Segundo Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios –
PNAD/2007, atualmente existem, aproximadamente, 19 milhões de
pessoas idosas (acima de 60 anos) vivendo em nosso País; desse
- O peito não precisa de limpeza antes ou após as mamadas. O total 11.465.861 estão cadastradas na Estratégia Saúde da Família
banho diário é suficiente; (ESF). Estima-se que em 2050 existam cerca de dois bilhões de pes-
- Depois que o bebê terminar de mamar, deve ser colocado soas com 60 anos ou mais no mundo.
para arrotar. Considerando essa nova realidade social, em 1º de outubro
ACS, mesmo se após as orientações a mãe informa que persis- de 2003, foi publicado o Estatuto do Idoso, reafirmando os direitos
tem as dificuldades quanto à amamentação, ela deve ser encami- fundamentais da pessoa idosa no Brasil. Além disso, muitos avanços
nhada à UBS. têm acontecido na efetivação de políticas públicas de saúde para a
população idosa em nosso País. A promulgação da Política Nacional
Doação de leite humano de Saúde da Pessoa Idosa (Portaria nº 2528, de 19 de outubro de
Como doar o leite materno? 2006) e o Pacto pela Vida (Portaria nº 399/GM, de 22 de fevereiro
de 2006), componente do Pacto pela Saúde, trazendo a população
Algumas mulheres, quando estão amamentando, produzem idosa para o centro das prioridades do SUS.
um volume de leite além da necessidade do bebê, o que possibilita Essas políticas têm como finalidade assegurar os direitos so-
que sejam doadoras de um Banco de Leite Humano. O leite mater- ciais do idoso, criando condições para promover sua autonomia,
no doado passa por um processo de pasteurização, para eliminar os integração e participação na sociedade.
micro-organismos, sem alterar a qualidade do leite e, em seguida, Para que a longevidade (expectativa de uma população viver
ser distribuído com qualidade certificada aos bebês internados em por muitos anos) seja conquistada, é fundamental que os serviços
unidades neonatais. de saúde estejam organizados a fim de permitir às pessoas idosas
Ao retirar o leite, é importante que a mulher siga algumas re- redescobrirem possibilidades de viver sua vida com a máxima qua-
comendações que fazem parte da garantia de qualidade do leite lidade possível, apesar das progressivas limitações.
humano distribuído aos bebês hospitalizados. A Atenção Primária/Saúde da Família deve oferecer à pessoa
O leite retirado em frasco esterilizado ou fervido deve ser ime- idosa, seus familiares e cuidadores (se houver) uma atenção huma-
diatamente armazenado no freezer ou congelador. nizada, com orientação, acompanhamento e apoio, no domicílio e
Existem situações em que o aleitamento materno é contraindi- na Unidade Básica de Saúde. Os idosos em Instituição de Longa Per-
cado, por exemplo, se a mãe for portadora do vírus HIV/Aids. Há ou- manência (ILP) também devem ser acompanhados pelas equipes de
tras doenças que também contraindicam. Informe-se com os pro- Atenção Primária/Saúde da Família.
fissionais da Unidade Básica de Saú- de quais são essas situações.

148
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Uma das estratégias propostas pelo Ministério da Saúde para bém de modo marcante na área econômica, sendo inclusive uma
identificar a população idosa em risco de doenças/agravos à saúde das causas do asilamento do idoso. O estado emocional pode variar
é o correto preenchimento da Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa de acordo com o tempo de viuvez.
e seu acompanhamento pelas equipes de saúde. Essa ação permi- Escolaridade: a baixa escolaridade é outro fator que interfere
tirá identificar os idosos mais frágeis ou em risco de fragilização e, para a interação na comunicação e, portanto, há necessidade da
então, efetivar ações de prevenção de agravos mais sérios, de recu- adequação do vocabulário pelo profissional de saúde na assistência
peração da saúde e de reabilitação. ao idoso, uso de linguagem simples e acessível.
Ao visitar as famílias onde há pessoas idosas, você deverá ve- Ocupação: é importante saber se há defasagem entre a ocupa-
rificar: ção e situação financeira anterior e a atual, pois pode desencadear
- Como e com quem mora; um processo de insatisfação e inconformismo que repercute nega-
- O grau de escolaridade; tivamente no indivíduo. Além disso, a aposentadoria pode trazer
- O grau de dependência nas atividades de vida diária e nas algumas características marcantes nos idosos em nosso País, como
atividades instrumentais da vida diária; a inatividade.
- Se tem cuidador e quem é esse cuidador; Hábitos de vida: os hábitos prejudiciais à saúde, como o fumo,
- Esquema de vacinação; o álcool e o sedentarismo, são alguns dos responsáveis por sinto-
- Se há sinais de violência: mas e doenças surgidos na idade avançada.
- Risco de acidentes e quedas. Se a residência é um ambiente Entre as consequências mais comuns, estão: depressão, au-
seguro; mento da ansiedade, distúrbios cerebrais predispondo às quedas,
- Uso contínuo de medicação; câncer de pulmão, bronquites, cardiopatias, problemas no fígado,
- O idoso acamado e os cuidados necessários dores articulares e osteoporose, entre outras.
Em 1º de outubro de 2003, foi publicada a Lei nº 10.741, co- Portanto, o detalhamento de tais hábitos é importante para
nhecida como o Estatuto do Idoso, destinada a regular os direitos orientar o idoso quanto aos fatores maléficos que acarretam à sua
assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 anos. saúde. Lembrando sempre que, mesmo em idades avançadas, a
Falando um pouco mais sobre a Caderneta de Saúde do Idoso adoção de modos saudáveis traz grandes benefícios à saúde.
A função primordial da Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa é Se o indivíduo possui 75 anos ou mais, já pode ser considerado
propiciar um levantamento periódico de determinadas condições frágil ou em processo de fragilização.
do indivíduo idoso e de outros aspectos que possam interferir no Atividades de vida diária e avaliação funcional
seu bem-estar. Antes do adoecimento orgânico, a pessoa idosa Atividades Básicas de Vida Diária (AVD):
apresenta alguns sinais de risco e é função do profissional de saúde, São as atividades relacionadas ao autocuidado e que são fun-
por meio do registro na caderneta, identificá-los para que as ações damentais à sobrevivência de qualquer pessoa. Se o idoso não pode
possam ser realizadas de maneira precoce, contribuindo não ape- fazê-las, vai precisar de alguém para isso. São elas:
nas para a melhoria da qualidade de vida individual, mas também - Alimentar-se;
para uma saúde pública mais consciente e eficaz. Os registros na - Vestir-se;
caderneta do idoso devem ser uma ferramenta para esse trabalho. - Tomar banho;
A Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa é preenchida no mo- - Fazer higiene pessoal;
mento da realização da visita domiciliar, onde haja um morador - Ir ao banheiro, entre outras.
com 60 anos ou mais, ou na Unidade Básica de Saúde, quando a • Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVD):
pessoa for consultar. As AIVD são as atividades relacionadas à participação no meio
Você é um dos principais responsáveis pelo preenchimento da social e indicam a capacidade de levar uma vida independente na
caderneta. comunidade:
O preenchimento da caderneta de saúde se dá a partir da pró- - Utilizar meios de transporte;
pria fala do indivíduo. É importante que seja resguardada sua pri- - Manipular medicamentos;
vacidade. - Utilizar telefone;
Assim, deve-se deixar a pessoa que responde à vontade para - Preparar refeição, entre outras.
citar o que lhe for conveniente. A caderneta é um documento que
a pessoa idosa deve carregar sempre consigo e que pode, eventual- Deve ser observado se existe limitação para as atividades acima
mente, ser acessada por outras pessoas. Você deve reforçar que o citadas, assim como o tipo de auxílio de que o idoso necessita. Essas
idoso, ao comparecer à consulta na UBS, deve levar sua caderneta. informações são elementos essenciais para se compor um diagnós-
Questões importantes a serem observadas por você em suas tico de seu risco social e conhecer seu grau de independência para
visitas domiciliares as atividades de vida diária (AVD). Se o indivíduo idoso mora sozi-
Identificação do idoso: quando falamos em “identificação”, nho ou já recebe algum tipo de cuidado, já pode ser denominado
como o próprio nome aponta, busca-se conhecer o idoso quanto como uma pessoa idosa frágil ou em processo de fragilização.
a: relações familiares; ocupação; hábitos de vida; situação da mo- Caso observe dificuldades do idoso para realização de uma ou
radia; entre outros. mais atividades de vida diária e instrumental (AVD e AIVD), você
Alguns aspectos na identificação que merecem maior atenção deve transmitir essa informação aos profissionais da sua equipe, as-
serão apresentados a seguir: sim como orientar os familiares e cuidadores a não fazer tudo pela
Relações familiares: o prejuízo emocional e outros transtornos pessoa, mas sempre estimular sua autonomia.
familiares que o(a) idoso(a) pode apresentar perante a perda do
seu cônjuge é um sinal de alerta. Geralmente, a viuvez traz fortes
repercussões negativas na área psicológica, podendo interferir tam-

149
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Algumas medidas podem reduzir a incapacidade ou diminuir a dificuldade em conviver com ela e melhorar a qualidade de vida da
pessoa idosa, como o uso de determinados medicamentos prescritos pelo médico, modificações no ambiente físico e social, mudanças no
comportamento e estilos de vida, além da utilização de equipamento especial – prótese, muleta, andador.
Os três conceitos importantes para a definição das incapacidades são: autonomia, independência e dependência.
Autonomia: é a liberdade para agir e para tomar decisões. Pode ser definida como se autogovernar.
Independência: significa ser capaz de realizar as atividades sem ajuda de outra pessoa.
Dependência: significa não ser capaz de realizar as atividades do dia a dia sem ajuda de outra pessoa.

Esquema de vacinação da pessoa idosa

Você deve verificar em todas as visitas se as vacinas estão em dia e orientar o idoso sobre a importância da vacinação para a prevenção
de doenças. A seguir calendário vacinal do idoso:

Promoção a hábitos saudáveis


• Cuidados com a alimentação:
A promoção a hábitos saudáveis na alimentação é uma das estratégias para prevenção de doenças e promoção à saúde. Tem como um
de seus objetivos proporcionar um envelhecimento mais saudável e ativo, melhorando a qualidade de vida das pessoas.
A orientação da alimentação da pessoa idosa que não precisa de cuidados alimentares específicos pode ser dada por você com base
nos Dez Passos para uma Alimentação Saudável. As orientações relacionadas à alimentação da pessoa idosa nas situações de doenças
crônicas como diabetes, hipertensão, obesidade, entre outras, deverão ser feitas pelos profissionais de nível superior da equipe de saúde
e devem ser conhecidas e acompanhadas por você.
Dicas importantes para seu trabalho de orientação para as pessoas idosas e familiares:
- Alimentar o idoso nem sempre é tarefa fácil. Horários regulares, respeito às preferências e hábitos culturais, ambiente tranquilo e
muita calma e paciência, por parte dos familiares e cuidadores, são fatores importantes para que a alimentação seja bem aceita;
- Outro ponto importante e que pode colaborar para uma alimentação saudável é a leitura dos rótulos dos alimentos. A informação
nutricional que está nos rótulos é um meio fundamental de apoio à escolha de produtos mais saudáveis na hora da compra. Observar a
data de validade dos produtos também é importante;
- Orientar a fazer todas as refeições (café da manhã, lanche, almoço, lanche, jantar) e não pular nenhuma delas. Não trocar o almoço
ou o jantar por lanches;

150
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Para abrir o apetite, pode ser preparada uma refeição de en- depois das 16 horas. Com essas práticas, pode-se prevenir o apare-
cher os olhos: colorida, cheirosa, quentinha, gostosa, sempre fres- cimento da osteoporose, doença comum em idosos, especialmente
quinha e variando os alimentos, para estimular o paladar, que, com em mulheres;
o avanço da idade, pode diminuir, levando à redução do apetite e - Dar preferência à utilização de óleos vegetais (milho, soja, ar-
do prazer de comer; roz, canola, azeite de oliva, girassol e outros) no preparo e cozimen-
- O uso em exagero de sal, temperos industrializados, gorduras to dos alimentos, sempre em pequena quantidade.
de origem animal (banha, sebo, toucinho), bem como frituras e ali- Dessa maneira, pode-se prevenir a aterosclerose, doença que
mentos com gorduras trans, deve ser evitado. é cada vez mais comum na população adulta e idosa e está relacio-
Os alimentos devem ser preparados utilizando temperos natu- nada com o aumento do consumo de alimentos ricos em gorduras
rais, como alho, cebola, salsinha, manjericão, orégano etc. e óleos saturadas e colesterol, como: gorduras animais (carnes gordas, leite
vegetais, como de milho, soja e azeite de oliva; integral, queijos gordos, manteiga, banha, toucinho, bacon, creme
- Beber de seis a oito copos de água por dia entre as refeições. de leite, embutidos etc.), gordura hidrogenada, óleo de dendê, óleo
Essa orientação é muito importante porque os idosos, geralmente, superaquecido e reutilizado muitas vezes (principalmente para fri-
não sentem sede; turas), pães recheados (com cremes, com cobertura de chocolate
ou com coco) e biscoitos amanteigados;
- Sempre que possível, substituir frituras por cozimento. No
- Caso o idoso possa mastigar, não há razão para modificações preparo de carnes, deve ser retirada toda a gordura visível, assim
na consistência dos alimentos e para a utilização de sopas e purês. como a pele de aves e dos peixes;
Para que os alimentos sejam mais bem aproveitados, precisam ser - Água ou alimentos jamais devem ser oferecidos quando a
bem mastigados; pessoa estiver deitada.
- No caso de ausência parcial ou total dos dentes e de uso de É importante estar sentada confortavelmente para receber a
próteses (dentaduras), não deixar de oferecer carnes, legumes, ver- alimentação.
duras e frutas. O idoso não pode deixar de comer nada por não con- Ambiente seguro e risco de quedas
seguir mastigar. Pique, moa, corte ou rale os alimentos mais duros; A queda em idosos é um importante problema de saúde pú-
- Você deve estar atento ao controle do peso do idoso. Um im- blica.
portante componente de risco para a fragilidade da pessoa idosa é Além de contribuir para a diminuição da qualidade de vida das
a perda expressiva de peso em um curto período de tempo. Uma pessoas, a ocorrência da queda pode acarretar um gasto conside-
perda de peso não intencional de, no mínimo, 4,5 kg ou de 5% do rável tanto do ponto de vista financeiro quanto do familiar e social.
peso corporal no último ano exige medidas para estabilizar e/ou A seguir estão descritos os principais pontos a serem observa-
recuperar seu peso corporal, por meio da promoção a uma alimen- dos por você na casa onde reside um idoso. Em caso de existência
tação saudável e prática de exercícios físicos sob orientação. Por de problemas, devem ser alertados ao idoso, familiares e cuidado-
outro lado, o peso elevado também pode ser prejudicial à saúde. res, uma vez que esses fatores ambientais de risco são importantes
Portanto, o ACS deve estar atento ao estado nutricional do idoso e causas de quedas na população idosa.
às variações de seu peso corporal;
- O idoso pode ter medo de se alimentar, pois pode tossir e en-
gasgar com facilidade, além de ter dificuldade de mastigar e engolir,
tendo o risco de aspirar os alimentos (entrada dos alimentos pela
via respiratória podendo ir para os pulmões). Podem ser oferecidos
alimentos cozidos, com molho ou pastosos. O cuidador deve ser pa-
ciente e tranquilizar o idoso na hora das refeições, que devem ser
sempre momentos prazerosos;
- Em caso da dificuldade para engolir, é importante informar a
equipe de saúde para avaliação;
- Para facilitar a digestão e evitar a prisão de ventre, orientar o
consumo de alimentos ricos em fibras: frutas, verduras e legumes.
As frutas devem ser consumidas pelo menos três vezes ao dia e,
sempre que possível, cruas e com casca;
- O idoso que ainda conserva a independência para alimentar-
-se sozinho deve continuar a receber estímulos para fazê-lo, não
importando o tempo que leve;
- Recomenda-se o consumo simultâneo de leguminosas e car-
nes. Alimentos vegetais ricos em ferro são mais bem absorvidos na
presença de alimentos ricos em vitamina C, como laranja, limão,
caju, goiaba, abacaxi e outros, na sua forma natural ou em sucos.
Essa conduta pode prevenir o aparecimento de anemia, problema
frequente em idosos, que pode ser agravado por uma alimentação
deficiente em alimentos ricos em ferro;
Além das informações contidas no quadro, também devem ser
- É fundamental ingerir diariamente alimentos que contenham
considerados como agravantes para o risco de acidentes e quedas:
cálcio e vitamina D, sendo que essa última também pode ser produ-
zida pela pele após exposição ao sol, antes da 10 horas da manhã e

151
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Perda da capacidade visual – catarata, glaucoma, degeneração - Se deve evitar algum tipo de comida, bebida alcoólica, me-
de mácula, uso de lentes multifocais, derrames ou isquemias que dicamentos, e se não pode fazer exercício físico enquanto estiver
afetaram a visão etc.; usando o medicamento;
- Pessoas em uso de quatro ou mais medicamentos; - Se o medicamento pode afetar o sono, o estado de alerta e a
- Condições médicas específicas – doença cardiovascular, de- capacidade de dirigir veículos;
mências, doença de Parkinson e outros problemas neurológicos; - O que fazer se esquecer de tomar alguma dose;
- Osteoporose, principalmente em mulheres pós-menopausa; - Se podem ocorrer efeitos adversos e o que fazer nessa situa-
- Perda de capacidade auditiva (dificuldade para escutar); ção;
- Sedentarismo; - Se o medicamento pode ser partido, dissolvido, misturado
- Deficiências nutricionais; com bebidas.
- Condições psicológicas – depressão, medo de cair (mais de Solicitar ao profissional que prescreve:
50% das pessoas que relatam medo de cair restringem ou eliminam - Receita por escrito e que dê para entender o nome do medi-
por completo o contato social e a atividade física); camento, o intervalo entre as doses e o modo de usar.
- Diabetes; Orientações aos familiares, idosos e/ou cuidadores quanto a
- Problemas nos pés – malformações, úlceras (feridas), defor- cuidados com o uso adequado da medicação:
midades nos dedos etc.; - Colocar os medicamentos em uma caixa com tampa (plástica
- Uso inadequado de sapatos e de roupas; ou de papelão) ou vidro com tampa, tomando o cuidado de usar
- Uso inadequado de aparelhos de auxílio à locomoção (benga- caixas diferentes para medicamentos dados pela boca (via oral),
la, andadores etc). para material de curativo e para material e medicamentos para ina-
Conhecendo os fatores que podem causar uma queda, você lação. Além de ser mais higiênico, diminui o risco de confundir e tro-
poderá, junto com a equipe, planejar estratégias para prevenir que car os medicamentos. A caixa organizadora pode ser feita em casa,
esta acon teça. Independentemente da causa da queda, aquele in- adaptando-se outras caixas ou também comprada em farmácias ou
divíduo que referir ter caído duas ou mais vezes no mesmo ano será casas de produtos médicohospitalares.
considerado frágil ou em processo de fragilização. Existem em várias opções e formatos. Caso o idoso não saiba
ler, oriente que peça ajuda para dividir os medicamentos em en-
O que significa idoso frágil? velopes ou saquinhos, com o desenho do horário em que deve ser
tomado;
O termo frágil, segundo o dicionário Aurélio, tem os seguintes
sentidos: “quebradiço; pouco vigoroso”. Desses significados, aque-
les que nos ajudam a definir o indivíduo idoso frágil são os que apre-
sentam o idoso com algum tipo de debilidade ou alguma condição
que lhe afeta o vigor físico e/ou mental. Ao buscar identificar esses
indivíduos, estamos nos comprometendo a organizar ações especí-
ficas que tenham como objetivo final reverter parcial ou totalmente
o quadro de debilidade e possibilitar a essa pessoa um maior grau
de independência e autonomia ou, em casos mais severos, dar con-
dições dignas para que elas continuem vivendo, para isso deve-se
contar com o apoio de toda a equipe de saúde.
Uso de medicamentos
A utilização de medicamentos em pessoas com 60 anos ou
mais deve ser sempre uma preocupação do profissional de saúde.
O próprio funcionamento do organismo da pessoa idosa, que difere
dos adultos jovens, bem como a possibilidade de interação medica-
mentosa (interferência de um medicamento usado sobre o outro)
indesejada fazem com que o uso de medicamentos seja um fator
de risco. Devese ter maior atenção com aqueles que fazem uso de
mais de um tipo de medicamento diferente ao dia, com horários
diversos, pois é comum erro na administração deles pelo próprio
idoso ou por terceiros.
Você deve orientar o idoso, sua família e/ou cuidador que, du-
rante a consulta, é importante:
Informar ao profissional de saúde:
- Todos os medicamentos que o idoso está usando e qual a do- - Verificar com o médico a possibilidade de dar os medicamen-
sagem; tos em horários padronizados, como: café da manhã, almoço e jan-
- Sobre qualquer problema que o idoso já tenha tido com me- tar. Faça uma lista do que pode e do que não pode ser dado no
dicamentos; mesmo horário. Evitar sempre que possível medicação durante a
- Sobre a existência de alergias; madrugada;
- Se o idoso ingere bebidas alcoólicas, usa drogas ou fuma. - Deixar somente a última receita médica na caixa de medica-
Perguntar ao médico: mentos, isso pode evitar confusão quando há troca de medicamen-
- Como vai ser usado o medicamento e por quanto tempo; tos ou de receitas e facilita a consulta em caso de dúvidas;

152
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Guardar os medicamentos longe do alcance das crianças e


animais domésticos, em local seco, arejado, longe do sol, separado
de venenos ou de outras substâncias perigosas;
- Guardar em suas embalagens originais e bem fechadas para
evitar misturas e realizar o controle da data de validade;
- Jogar fora os medicamentos vencidos ou aqueles com aspecto
ou coloração alterado;
- Ter sempre todos os medicamentos usados com suas dosa-
gens e horários anotados na caderneta do idoso ou fazer uma lista
avulsa caso ele não tenha caderneta. Isso ajuda no acompanha-
mento/controle dos medicamentos em uso e na hora de dar infor-
mações na consulta seguinte;
- Não acrescentar, substituir ou retirar medicamentos sem an-
tes consultar o médico do idoso, bem como não usar medicamen-
tos indicados para outras pessoas;
- Se o idoso toma vários medicamentos por dia, usar um calen-
dário ou caderno onde possa colocar data, horários e um visto na
medicação já dada, evitando assim doses e medicações repetidas;
- Recomendar que não se dê medicamentos no escuro, para • Anotações importantes:
não ocorrerem trocas perigosas; Maior atenção e frequência de visitas domiciliares devem ser
- Sempre conferir antes a dose, o nome do medicamento e o feitas para os(as) idosos(as) que apresentarem os seguintes dados:
horário prescritos; - Queda ou internação nos últimos seis meses;
- Não ter como referência cor e tamanho do comprimido, pois - Diabetes e/ou hipertensão sem acompanhamento;
podem mudar de acordo com o laboratório do fabricante; - Paciente que não faz acompanhamento regular de saúde;
- Ter sempre segurança quanto à quantidade no caso de medi- - Idoso que fica sozinho e que tem várias doenças crônicas, re-
camentos líquidos. Nunca substituir as colheres-medida ou o conta- ferindo-se ao seu estado de saúde como ruim ou muito ruim;
-gotas que vieram junto com o medicamento; - Acamados ou com dificuldade de se locomover até a UBS.
- Verificar com o médico a possibilidade de partir ou dissolver Esses casos devem ser priorizados pelo fato de implicarem
os medicamentos em água ou suco. Se não for possível, peça para maior risco de incapacidades e mortalidade.
trocá-los, caso o idoso tenha dificuldade para engolir comprimidos; Serviços e telefones úteis
- Informar sempre ao médico se o idoso parar de tomar algu- Você deve orientar o idoso e familiares a manter alguns núme-
ma medicação. E não parar com ela antes da orientação do médico ros de telefone em local de fácil acesso – por exemplo, ao lado do
quando os sintomas desaparecerem; telefone ou grudado por ímãs à geladeira.
- Não repetir as receitas antigas quando achar que o idoso está A seguir os telefones úteis:
com o mesmo problema. Não substituir medicamentos sem autori- - Disque-Saúde – 0800 61 1997 – serviço gratuito, funciona to-
zação do médico; dos os dias, das 8h às 18h. Pode ser acionado de qualquer telefone
- Ao dar a medicação para o idoso, certificar-se de que ele en- público;
goliu; - SAMU – Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – 192;
- Conferir a quantidade de medicamentos antes de feriados, - Corpo de Bombeiros – 193;
fins de semana, para não correr o risco de faltar; - Polícia – 190;
- Não acreditar em fórmulas secretas, em medicamentos per- - Violência contra a Mulher – 180;
feitos, mágicos que servem para tudo; - PREVfone – 0800 78 0191;
- Fazer com que os medicamentos fora de uso deixem de ser - Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde – denúncias de
guardados juntos dos demais e, de preferência, que sejam descar- problemas de atendimento no SUS;
tados. - Delegacia de Polícia, ministérios públicos estaduais, conselhos
Esses cuidados são importantes na tentativa de evitar proble- estaduais e municipais do idoso – denúncia de maus-tratos, pes-
mas maiores e de promover o uso correto das medicações, sendo soalmente, por carta ou telefone;
fundamental para o bom andamento dos cuidados prestados ao - Unidade Básica de Saúde que você trabalha;
idoso. - Pessoa da família que tenha responsabilidade sobre o idoso.
Na caderneta há espaço para registro dos medicamentos em Você deve ressaltar a importância de a Caderneta de Saúde
uso, mas, para os que não a têm, segue sugestão de modelos de ser apresentada sempre no momento da consulta ou em casos de
fichas para auxiliar no controle dos medicamentos em uso e dos emergência/urgência.
medicamentos administrados. O ideal é que a pessoa seja estimulada a portá-la sempre na(o)
bolsa(o).

153
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Saúde bucal no idoso Candidíase: é causada por fungos e aparece na forma de placas
Mesmo que a saúde bucal do idoso não tenha sido boa durante brancas que podem cobrir boa parte da boca. Podem ser causadas
a vida, existe a necessidade de cuidados para melhorar a situação pela baixa resistência da pessoa ou pela higiene deficiente das den-
atual e prevenir futuros problemas. Assim, a gengiva, língua e parte taduras, que devem estar sempre bem escovadas. Nesses casos é
internada boca, dentes e próteses devem ser examinados regular- importante a boa higiene.
mente. Raízes dentárias expostas: as raízes dos dentes para fora da
Lembrar sempre aos idosos e seus familiares que a consulta gengiva podem deixar o local muito sensível ao frio e às substâncias
com o dentista deve ser realizada a cada seis meses. Alertar que azedas – ácidas. Pastas de dente especiais para tirar a sensibilidade
deve procurar o dentista mesmo que não esteja sentindo dor, já que podem ser usadas.
muitos têm histórias passadas de visitas ao dentista só em casos de Feridas de longa duração: podem ser causadas por dentes que-
dor. Por isso, informações são importantes para aliviar o medo dos brados, dentaduras com lados afiados ou quebrados. Oriente para
pacientes, permitindo assim a realização do tratamento adequado, procurar o dentista da Unidade Básica de Saúde.
seja este preventivo ou curativo. Boca seca: geralmente é causada por certos medicamentos e
É importante que o ACS oriente a procura da Unidade Básica de doenças (diabetes) que podem diminuir a produção de saliva. O
Saúde para realização de tratamento curativo ou preventivo. É im- idoso terá mais dificuldade para mastigar e engolir e há dificuldade
portante também estar atento aos problemas que podem provocar de fixar a dentadura. Pode-se estimular a mastigação, por exemplo,
dor ou complicações mais sérias. mascar chicletes sem açúcar, pedaços de borracha etc., além de be-
Muitos não se queixam tentando evitar o tratamento por medo ber água com frequência.
ou por não saber explicar o que estão sentindo. Por isso é muito Escorrimento de saliva: pode ser consequência de algumas
importante que o ACS e familiares observem o aparecimento de al- doenças (Parkinson) ou por dentaduras mal feitas. Nesses casos
guns sinais, como: dificuldades para comer, não sorrir, falar pouco, orientar que procure o dentista da Unidade Básica de Saúde para
comer só alimentos muito moles. Todas essas situações podem ter orientações.
como causa a dor nos dentes naturais provocada por alimentos ou Déficit alimentar: nessa fase da vida, a falta dos dentes pode
bebidas frias ou quentes, por raízes expostas, feridas na língua ou contribuir para uma alimentação inadequada devido ao consumo
noutra região da boca e próteses que machucam ou estão frouxas. exagerado de alimentos pastosos ou líquidos (geralmente ricos em
O câncer bucal é um problema frequente nessa faixa etária. carboidratos e pobres em vitaminas e fibras), prejudicando sua saú-
de. Nesses casos é importante orientar a procurar a Unidade Básica
Higiene bucal: de Saúde.
Orienta-se escovação com creme dental e uso do fio dental. ATENÇÃO: verificar na visita mudanças no comportamento ao
Nessa faixa etária, são frequentes os distúrbios de audição, visão, comer, falar, sorrir e dar atenção aos comentários de parentes e
déficit da memória e confusão mental. A coordenação motora do amigos, pois podem trazer informações importantes sobre proble-
idoso deve ser observada pela família, pois pode interferir na cor- mas dentários.
reta remoção da placa bacteriana, portanto, se necessário, deve-se Nesse caso você deve orientar o idoso ou quem cuida dele a
orientar o cuidador para realizá-la. É essencial dar atenção especial buscar orientações da equipe de Saúde Bucal da Unidade Básica
ao idoso portador de prótese dentária. A higiene da prótese previne de Saúde.
doenças bucais, como a cândida bucal, e promove melhor qualida-
de de vida. Emergências no domicílio
Orientar para oferecer bastante água durante todo o dia é mui-
to importante para evitar a desidratação e manter a boca sempre Em razão do processo natural de envelhecimento, as pessoas
úmida, diminuindo assim o aumento na concentração de bactérias têm sua capacidade funcional diminuída, o que acarreta mudanças
que se instalam nela. no funcionamento dos órgãos do corpo (coração, pulmão, rins, cé-
• Alterações em saúde bucal mais frequentes nos idosos: rebro, fígado etc.). Isso faz com que fiquem sujeitas a agravos que
Alterações na parte interna da boca: se aparecer feridas, ma- requerem cuidados especiais para evitar mais complicações.
chucados brancos etc., deverão ser orientados a procurar o serviço É importante saber que existem situações que podem alterar a
de saúde bucal para serem examinados pelo dentista para diagnós- rotina diária da pessoa idosa, como o aparecimento de um compor-
tico e tratamento adequado. tamento diferente ou uma piora repentina do seu estado de saúde
Gengivas que sangram: se o sangramento é em pequena quan- ou um acidente.
tidade, orientar a fazer uma boa escovação (dentes, gengivas e lín- Essas situações podem ser emergências. Você deve orientar a
gua), com pasta e fio dental; pode promover uma melhora. Se isso família a estar atenta a essas situações e buscar os serviços de saú-
não ocorrer em duas ou três semanas, orientar que procurem o de com a maior brevidade possível.
dentista da unidade básica. Entre as alterações na rotina, estão: sonolência excessiva, apa-
Doença periodontal: é uma doença sem dor e o único sinal é o tia, confusão mental, agitação, agressividade. Podem ser um sinal
sangramento durante a escovação e, se a pessoa deixa de escovar de que algo novo, diferente, aconteceu e que há necessidade de
o local, pode piorar ainda mais a situação. Como consequência, o uma avaliação imediata da equipe de saúde.
dente fica mole e poderá cair. A escovação correta e frequente evi- É preciso redobrar a vigilância com o idoso febril, para não
ta esse tipo de problema. Orientar que procure o serviço de saúde permitir que fique muito parado e para melhorar sua hidratação. O
bucal. idoso febril desidrata-se muito rapidamente, assim, na presença de
febre, deve-se ampliar a oferta de líquidos.

154
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Quando levar ao hospital: - Documento de identidade;


Em casos de confusão mental junto com a febre, pois indica - Carteira de trabalho;
infecção grave que necessita de intervenção precoce; - CPF, se houver;
Em casos em que o idoso apresentar sinais de pressão baixa - Certidão de nascimento ou casamento ou outros documentos
(desmaio, tontura, calor repentino), pouca reação quando conver- que possam identificar todas as pessoas que fazem parte da família
samos com ele ou estiver com a pele manchada, parecendo már- e suas rendas.
more; Deve também ser preenchido o Formulário de Declaração da
Quando o idoso estiver com muita falta de ar, pois pode indicar Composição e Renda Familiar. Esse documento faz parte do proces-
infecção pulmonar ou problema cardíaco; so de requerimento e será entregue no momento da inscrição.
Quando o idoso parar de urinar, que pode ser só por desidrata- Após esse processo, o INSS enviará uma carta para a casa do
ção, mas pode também indicar que os rins estão falhando. requerente informando se ele vai receber ou não o BPC. Essa carta
Ter sempre o número dos telefones de ajuda e socorro em lu- também informará como e onde ele receberá o dinheiro do BPC.
gar de fácil acesso (SAMU 192). Oriente os familiares que, ao procu- Se a pessoa tiver direito ao BPC, em 45 dias após a aprovação do
rar um hospital, levem os documentos da pessoa idosa (carteira de requerimento o valor em dinheiro já estará liberado para saque.
identidade ou profissional e, se tiver, do plano de saúde), a cartei- Quem tem direito ao BPC recebe do banco um cartão magnéti-
ra de saúde do idoso e os medicamentos que estão sendo usados, co para usar apenas para sacar o recurso referente a ele. Não é pre-
mesmo os comprados sem receita médica. ciso pagar por isso nem é obrigatório compra de nenhum produto
do banco para receber o cartão.
Políticas de assistência social disponíveis à pessoa idosa Benefícios previdenciários
• Aposentadoria por idade:
A atenção da política de assistência social realiza-se por meio Exigências para requerer esse benefício:
de serviços, benefícios, programas e projetos destinados a pessoas - Ter contribuído para a Previdência Social por, pelo menos, 15
e famílias que se encontram em situação de risco pessoal e/ou so- anos;
cial. - Aos trabalhadores urbanos, é exigida a idade mínima de 65
anos para os homens e 60 anos para as mulheres;
Benefício de Prestação Continuada (BCP) - Para trabalhadores rurais, a idade mínima é 60 anos para os
homens e 55 anos para as mulheres.
Esse benefício é integrante do Sistema Único de Assistência Aposentadoria por invalidez:
Social (SUAS) na Proteção Social Básica, assegurado por lei e pago - É um benefício concedido aos trabalhadores que por doen-
pelo governo federal que pode ser utilizado por idosos e pessoas ça ou acidente do trabalho forem considerados incapacitados para
com deficiência. exercer as atividades profissionais.
O valor do Benefício de Prestação Continuada (BPC) é de um sa- Exigências para requerer esse benefício:
lário mínimo, pago por mês às pessoas idosas e/ou com deficiência - Ser considerado pela perícia médica do INSS total e definitiva-
que não podem garantir a sua sobrevivência, por conta própria ou mente incapaz para o trabalho.
com o apoio da família. Pensão por morte:
Podem receber o BPC: - É um benefício pago à família quando o trabalhador da ativa
- Pessoas idosas com 65 anos ou mais e pessoas com deficiên- ou aposentado morre.
cia; - Exigências para requerer esse benefício:
- Quem não tem direito à previdência social; - Ter contribuído para o INSS.
- Pessoa com deficiência que não pode trabalhar e levar uma Quem pode requerer esse benefício:
vida independente; - Esposa, marido, companheiro(a), filhos menores de 21 anos
- Renda familiar inferior a ¼ do salário mínimo. ou filho inválido, pai, mãe, irmão menor de 21 anos ou inválido;
Para fazer o requerimento do benefício, precisa comprovar: - Familiar ou aquele que cuida do idoso que por algum moti-
-Que o idoso tem 65 anos ou mais; vo não possa receber benefício a que o idoso tem direito deve ir à
- A identificação do deficiente, sua deficiência e o nível de in- agência da previdência social da sua cidade para obter informações.
capacidade por meio da avaliação do Serviço de Perícia Médica do
INSS; Saúde Mental
- Que não recebe nenhum benefício previdenciário; INTRODUÇÃO
- Que a renda da sua família é inferior a ¼ do salário mínimo
por pessoa. A saúde mental vem ganhando espaço rapidamente nos últi-
Documentos necessários ao requerimento: mos tempos. Até pouco mais de 20 anos, o espaço dedicado a essas
• Documentos do requerente: questões era centrado nos hospitais psiquiátricos, e a doença men-
- Certidão de nascimento ou casamento; tal era vista como um transtorno bastante grave, do qual era difícil
- Documento de identidade, carteira de trabalho ou outro que recuperar-se.
possa identificar o requerente; Antes disso, pacientes que tinham transtornos mentais graves
- CPF, se tiver; iam para os sanatórios ou hospitais colônia, que em alguns momen-
- Comprovante de residência; tos abrigaram os doentes de tuberculose, hanseníase e assim mui-
- Documento legal, no caso de procuração, guarda, tutela ou tos passaram o resto de seus dias.
curatela.
Documentos da família do requerente:

155
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Esse modelo vem sendo modificado em diferentes países, e É uma emoção semelhante ao medo: ela representa um sinal
assim o sofrimento mental vem sendo compreendido como uma de alarme para situações de ameaça à integridade física ou moral
doença como outras e que o acesso aos serviços de saúde men- de uma pessoa. É comum também que ela ocorra em situações que
tal deve estar disponível à população como os outros serviços de representem frustração de planos e de projetos pessoais, perda
saúde, não havendo necessidade de afastamento ou isolamento da de posição social, de entes queridos, em situações de desampa-
sociedade. ro,abandono ou punição. Essas circunstâncias constituem sinal de
No Brasil, temos vivido o mesmo processo de mudança. Num alerta que auxilia a pessoa a tomar medidas necessárias para lidar
movimento contínuo, temos enfrentado o desafio de superar o mo- com o “perigo”.
delo de tratamento da doença mental centrado nos grandes hospi- Muitas pessoas que sofrem de transtorno de ansiedade sen-
tais psiquiátricos e caminhado em direção aos tratamentos de base tem mal-estar acentuado quando saem de casa, andam de ônibus,
comunitária. vão a lugares mais cheios. Esses sintomas muitas vezes provocam
Nossa rede de serviços psicossociais – CAPS (I, II, III, AD, I e J) um “auto isolamento” da pessoa, que progressivamente vai dimi-
cresceu muito e agora é o momento de solidificar o cuidado na Es- nuindo a autonomia e intensificando os medos. Essas pessoas, com
tratégia Saúde da Família. frequência, evitam até mesmo ir ao posto de saúde.
Não há saúde sem saúde mental!!! Sintomas observados nos transtornos de ansiedade:
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde mental - Crises de dor no peito, coração batendo forte e acelerado;
como “um estado de bem-estar no qual os indivíduos podem de- - Falta de ar;
senvolver o seu potencial de forma plena, podem trabalhar e viver - Dor e desconforto abdominal;
produtivamente e são capazes de contribuir para a comunidade - Dor de cabeça, tonturas;
onde vivem.” - Tensão muscular – musculatura “endurecida”;
É necessário compreender que saúde mental é fundamental - Tremores;
para o bem-estar pessoal, para os relacionamentos familiares, para - Suor em excesso;
o crescimento da comunidade e da sociedade como um todo. Ao - Boca seca;
contrário disso, a doença mental interage com a pobreza e a falta - Dificuldade para dormir;
de recursos de uma forma negativa: os transtornos dificultam ainda - Calorões ou calafrios.
mais o aprendizado dos sujeitos e seu envolvimento em atividades Sintomas de ansiedade podem acontecer ainda como resulta-
produtivas sociais e econômicas. Para evitar essa associação de do do uso de drogas, em situações de abstinência de substâncias e
sofrimento psíquico com falta de acesso aos serviços, a Estratégia também em transtornos mentais – depressão, psicoses e transtor-
Saúde da Família, em especial a ação dos agentes comunitários de nos do humor.
saúde, tem um papel fundamental. A ansiedade também pode ser causa de abuso e dependência
Na comunidade, encontramos muitas pessoas com sofrimento de substâncias como álcool, medicamentos chamados de Benzodia-
mental grave que não conseguem chegar até o posto ou até o CAPS. zepínicos (Diazepan, Clonazepan, também conhecidos como Rivo-
Muitas famílias ainda continuam buscando somente o tratamento tril, Lexotan, Lorax) e outras.
hospitalarporque desconhecem e/ou não conseguem ainda acessar Com muita frequência encontramos pessoas, principalmente
a rede de serviços especializados e entender os diferentes papéis mulheres, que usam os Benzodiazepínicos de forma crônica e aca-
dos serviços que compõem a rede. bam por desenvolver dependência e sintomas que não se relacio-
E continuamos encontrando muitas pessoas que passam os nam ao uso, como perda de memória e desatenção e sintomas de-
seus dias trancadas em casa ou fora dela enquanto os familiares pressivos. Indivíduos que apresentem essas características devem
vão e voltam do trabalho. Ainda há aquelas que não acessam o ser orientados a procurar atendimento e buscar o correto diagnós-
tratamento medicamentoso e repetem episódios de muito medo, tico e tratamento.
agressividade e violência. Também aparecem as crises epilépticas
sem tratamento, os usuários de droga que querem e não encon- DEPRESSÃO
tram facilmente acesso aos serviços.
Os números descritos anteriormente revelam a importância de Assim como na ansiedade, é necessário diferenciar a depressão
a saúde mental ser uma das prioridades na organização de qualquer “normal” ou tristeza (sentimento experimentado por todos na vida)
serviço de saúde. A proximidade da equipe de Saúde da Família da depressão como doença, que necessita de tratamento específi-
com a comunidade facilita a identificação de pessoas com sintomas co. A definição da depressão (doença) leva em consideração a pre-
de sofrimento mental (ver quadro da próxima página). Nesses ca- sença de alguns sintomas e sua duração. Como se trata de condição
sos, é importante que a equipe de saúde seja informada para que complexa, ao apresentar sinais ou sintomas que indiquem depres-
o tratamento comece o mais cedo possível, evitando-se assim mais são, a pessoa necessitará de avaliação feita por profissional.
sofrimento por parte dessas pessoas e de suas famílias. Sintomas principais:
- Humor deprimido;
ANSIEDADE - Perda de interesse pela vida;
- Fadiga.
No Brasil, o transtorno de ansiedade encontra-se no 1º lugar Sintomas acessórios:
em prevalência entre os transtornos psiquiátricos. A ansiedade é - Concentração e atenção reduzidas;
uma experiência vivenciada por todos os seres humanos, consti- - Autoestima e autoconfiança reduzidas;
tuindo-se em uma resposta quanto a situações de perigo ou amea- - Ideias de culpa e inutilidade;
ças reais, como ao estresse e desafios do dia a dia – adoecer, hospi- - Pessimismo em relação ao futuro;
talizar-se, ter de se submeter a uma cirurgia ou ir ao dentista. - Ideias de suicídio;

156
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Sono perturbado; Muitas pessoas ficam apreensivas de falar sobre essa temáti-
- Apetite diminuído. ca na comunidade. Muitas comunidades têm a droga como uma
Obs.: a presença desses sintomas de forma isolada não indica importante presença e “fonte de renda”, mas, independentemente
necessariamente depressão. Se houver suspeita, a pessoa deve ser disso, há muitos que estão sofrendo e que precisam ser ajudados.
encaminhada para avaliação da equipe de saúde. O entendimento que a dependência de álcool e outras drogas é um
transtorno mental é relativamente recente e ainda encontramos
Depressão pós-parto muitas pessoas que não conseguem entender essa nova aborda-
Nos últimos 20 anos, houve o reconhecimento de que no perío- gem e ligam o uso de álcool e drogas à “falta de caráter”, falta de
do da gravidez a mulher pode apresentar transtornos de humor, em “força de vontade” e até mesmo “sem-vergonhice”!
particular a depressão. Essa afirmativa contraria um pensamento O primeiro passo a dar, se queremos ajudar alguém em sofri-
comum de que a gravidez é uma época somente de alegrias para mento por uso de álcool e/ou drogas, é entender esse indivíduo
a mulher. Hoje sabemos que transtornos de humor manifestados como alguém que, antes de mais nada, está causando a si mesmo
durante a gestação podem indicar que essa gestante terá risco de um dano, mesmo que não tenha a menor consciência disso.
desenvolver depressão pós-parto. Estima-se que 25 a 35% das ges- O uso abusivo e dependente de álcool e outras drogas deve
tantes têm sintomas depressivos durante a gravidez, e mais de 20% ser entendido como um fenômeno complexo, que envolve várias
têm critérios para o diagnóstico da doença. dimensões a serem avaliadas. Três dimensões principais podem ser
Os sintomas depressivos acontecem principalmente no tercei- resumidas como: o “indivíduo”, o “contexto” em que esse indivíduo
ro trimestre de gestação e nos seis meses após o parto. Não é por está inserido e a “substância” (ou substâncias) com a qual (quais) o
coincidência que nessa fase você deve visitar mais regularmente indivíduo está se envolvendo.
a gestante e a puérpera. Pela grande frequência e graves conse- Ou seja: podemos dizer que a história de vida, os “recursos in-
quências que podem trazer, os sintomas que indicam a presença ternos” que cada um tem para lidar com os problemas, a existência
de depressão pós-parto devem ser sempre valorizados e nunca me- ou não de “apoio externo”, seja ele proveniente da família, amigos,
nosprezados. Com o nascimento de um novo filho, nasce também seja de terapeutas, podem mudar muito a evolução e superação do
uma nova família, que precisará se adaptar a essas mudanças em problema.
sua estrutura. O reconhecimento de qualquer sintoma que indique Por fim, a substância que está em jogo pode acarretar, por si,
sofrimento por parte da gestante ou puérpera deve ser levado à maior ou menor grau de danos, como poderíamos comparar o uso
equipe de saúde, que deverá se organizar para prestar o atendi- de crack e o uso de maconha, por exemplo.
mento adequado a ela, a seu bebê e ao restante da família. Ainda nos nossos dias, os usuários de álcool e outras drogas
sofrem muitos problemas com o estigma associado ao uso.
Dessa forma, por temerem falta de compreensão ou julgamen-
Depressão na pessoa idosa tos, muitas pessoas deixam de pedir ajuda.
Nos últimos anos temos aprendido muito com novas ações pro-
É um dos transtornos psiquiátricos mais comuns entre as pes- postas pela “redução de danos”, que é uma forma de abordar o uso
soas idosas e, se suspeitada, necessita sempre de avaliação pela abusivo e dependente de álcool e drogas como um fenômeno que
equipe de saúde. As mulheres são mais acometidas que os homens vem acompanhando a evolução da humanidade e que seu uso é
(proporção de duas mulheres para cada homem). Pessoas idosas um comportamento presente em uma significativa parcela da so-
doentes ou institucionalizadas também apresentam um risco maior ciedade.
para a doença. Essa abordagem apresenta a vantagem de tentar entender
Na presença de sintomas depressivos leves, o idoso deve sem- que, se a realidade que se expõe é o grande número de usuários
pre ser encaminhado para a Unidade Básica de Saúde, pois o não abusivos e dependentes de álcool e drogas, não bastam os profis-
tratamento dessa condição está associado ao alto risco de desen- sionais de saúde decidirem que essas substâncias fazem mal aos
volvimento de uma forma mais grave da doença. Na população ido- usuários, para que eles se conscientizem e decidam abandoná-las.
sa, a depressão pode estar associada a sintomas físicos, gerando Se esse hábito está colocando o indivíduo em risco ou se já
maior procura pelas Unidades Básicas de Saúde. Também há risco tem apresentado perdas por isso, ele precisa tomar consciência e
de maior consumo de medicamentos, o que pode ser bastante pre- ser estimulado a modificar. Mas, se não estiver motivado a mudar
judicial para as pessoas dessa faixa etária. nem consciente dos riscos que está correndo, não será suficiente a
É essencial que seja feita a diferenciação entre tristeza e de- “prescrição” dos profissionais para que pare.
pressão, uma vez que os sintomas depressivos podem ser mais co- Pontos importantes
muns nessa faixa etária, desencadeados, principalmente, por adoe- É necessário enfatizar que as diferenças entre gêneros devem
cimento ou fatores estressantes em sua vida. Nessa diferenciação, é também ser observadas quando tratamos dessa temática: as mu-
preciso que o profissional de saúde não subestime as queixas apre- lheres, em geral, por sua constituição biológica, têm maior sensi-
sentadas pelo idoso, uma vez que ainda é comum ouvirmos afir- bilidade ao uso de álcool que os homens. Por isso, elas precisam
mações dos próprios profissionais que reforçam a falsa associação de menores quantidades para se alcoolizarem e desenvolverem
entre velhice e doença ou transtornos de humor. Portanto, os sinais problemas devido ao uso crônico. Mulheres com dependência de
apresentados por esses indivíduos necessitam de acompanhamen- álcool costumam sofrer maior estigmatização que os homens e seu
to e intervenção, para que não comprometam ainda mais suas ati- uso geralmente se dá no ambiente doméstico, assim, o papel dos
vidades diárias, muitas vezes já restritas pelo próprio processo de agentes no diagnóstico pode ser ainda mais importante.
envelhecimento, afetando sua qualidade de vida. Outro problema importante a ser enfrentado é o uso de álcool
USO ABUSIVO DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS por gestantes, que deve ser evitado ao máximo. Não existem quan-
tidades consideradas seguras para a gestação. O uso de álcool nesse

157
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

período pode acarretar a síndrome alcoólico-fetal, que tem diferen- O uso regular, por períodos muito longos, pode associar-se a
tes formas de apresentação, incluindo alterações físicas e mentais, pânico, depressão, prejuízo da memória, pressão arterial alta, bron-
alterações de comportamento e dificuldades de aprendizagem na quite, entre outros problemas de saúde. No caso de usuários de
criança exposta ao álcool durante a gestação. altas doses e em períodos prolongados, pode ocorrer síndrome de
abstinência.
Fazer diagnóstico precoce Já a cocaína e o crack são substâncias excitantes que causam,
entre outros sintomas, euforia, agitação, suores, calafrios, alucina-
Um elemento fundamental no enfrentamento de problemas ções visuais e táteis, convulsões, arritmias cardíacas, prejuízo do
relacionados ao uso abusivo e dependente de álcool e drogas é a julgamento, ideias paranoides, a exemplo da mania de persegui-
possibilidade de realização de diagnóstico precoce. Quanto mais ção. Os sintomas mais graves acontecem quando a pessoa faz uso
cedo o indivíduo perceber que tem perdido o controle sobre o uso prolongado e em grandes quantidades, o que também provocará
de qualquer substância, mais chance ele tem de evitar aprofun- síndrome de abstinência caso tente diminuir ou parar de fazer uso.
dar-se nesse processo. Esse diagnóstico precoce pode ser feito por A rapidez e a intensidade de seus efeitos são os fatores que
meio de entrevistas, aplicação de questionários pelos membros da favorecem a dependência a essa droga. As substâncias inalantes,
ESF. como a cola de sapateiro, por exemplo, são usadas principalmente
por crianças e adolescentes moradores de rua devido a seus efeitos
Álcool: relacionados à redução da sensação de fome, dor e frio e produção
de sensações agradáveis.
O alcoolismo, também conhecido como “síndrome da depen- Pesquisas demonstram que no máximo 10% das pessoas com
dência do álcool”, é uma doença caracterizada pelos seguintes ele- problemas relacionados ao uso de drogas ilícitas e álcool procuram
mentos: espontaneamente tratamento e que aproximadamente 20% dos
- Compulsão: uma necessidade forte ou desejo incontrolável usuários da Atenção Primária têm problemas com drogas e álcool e,
de beber; na maioria das vezes, não revelam durante uma consulta.
- Perda de controle: a inabilidade frequente de parar de beber Isso nos faz refletir sobre a importância do vínculo dos usuários
uma vez que a pessoa já começou; com o serviço de saúde e principalmente com o ACS.
- Dependência física: a ocorrência de sintomas de abstinência, Você, ACS, tem um papel fundamental na identificação e orien-
como náuseas, suor, tremores, e ansiedade, quando se para de be- tação dos usuários de drogas lícitas e ilícitas, pois mora na comuni-
ber após um período bebendo-se muito. Tais sintomas são aliviados dade.
bebendo-se álcool ou tomando-se outra droga sedativa; Porém, é importante lembrar que o processo de abuso e evolu-
- Tolerância: a necessidade de aumentar a quantidade de álcool ção para a dependência não ocorre repentinamente e muitas vezes
para sentir-se “alto”. nãoé evidente.
Nem todos esses problemas precisam ocorrer juntos. É uma Assim, alguns sinais indiretos podem servir de alerta, tais como:
doença que traz enormes danos físicos, sociais e pessoais. É neces- - Redução no desempenho escolar;
sário um tratamento específico. É muito importante que os mem- - Alterações no comportamento (a pessoa fica mais isolada, ou
bros das equipes de Atenção Primária tenham acesso às informa- agressiva, ou displicente, por exemplo);
ções sobre o alcoolismo, que ainda é tratado com exclusão, estigma - Faltas constantes ao trabalho;
e preconceito. Essa imagem de preconceito afasta muitas vezes o - Problemas no relacionamento com as pessoas da família, o
doente da equipe de saúde. que motiva muitas vezes a procura por auxílio.
Desse modo o vínculo entre profissional e doente não se esta- Nesses casos, você deve oferecer ajuda acolhendo o usuário e
belece, impedindo a concretização de um tratamento que possibi- sua família. Deve também discutir com a equipe de saúde para que
lite a recuperação do alcoolista e de sua família, que geralmente se haja maior atenção para a situação e sejam construídas estratégias
encontra tão adoecida quanto ele próprio. para a abordagem da pessoa e sua família, possibilitando o adequa-
De acordo com as orientações do Ministério da Saúde, a as- do cuidado ao caso.
sistência aos usuários de álcool deve ser oferecida nos serviços A disseminação de informações de saúde, tanto nas visitas do-
de Atenção Primária e demais níveis de atenção, privilegiando os miciliares, quanto nos grupos educativos, é muito importante para
cuidados em dispositivos extra-hospitalares, como os Centros de a promoção da saúde e prevenção de agravos relacionados ao uso
Atenção Psicossocial para Álcool e Drogas (CAPS ad). Você pode de álcool e outras drogas.
estimular o desenvolvimento de ações de prevenção nas escolas,
locais de trabalho, sindicatos e outras associações locais. As ações Atenção à pessoa com deficiência
incentivadas devem ter caráter permanente, sem deixar de lado as Pessoas com deficiências devem ter oportunidades iguais de
ações voltadas para a prevenção e promoção da saúde. participação em todos os atendimentos e atividades dos serviços
de saúde.
Outras drogas: Suas necessidades básicas são comuns, como: vacinação, con-
sultas, pré-natal, planejamento familiar, puericultura e saúde bucal.
A maconha é uma substância perturbadora que leva a pessoa É importante que você, na sua área de atuação, identifique as
a ter leve estado de euforia, relaxamento, risos sem motivo, olhos pessoas com deficiência e as suas características de maneira que
avermelhados, boca seca e coração disparado. possibilite à equipe de saúde realizar um planejamento e direcio-
namento das ações.

158
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Na visita às famílias: Para tornar um ambiente acessível, é preciso identificar o que


- Identificar situações de risco para o desenvolvimento de defi- é barreira para a participação da pessoa com deficiência. Pode ser
ciências como condições de trabalho, violência, acidentes de trân- uma característica do meio físico, como uma escada no caminho
sito, doenças crônicas (hipertensão, diabetes, hanseníase, entre de um deficiente físico que usa cadeira de rodas, ou barreiras na
outras); comunicação, como conversar com uma pessoa que tem deficiência
- Identificar e descrever os tipos de deficiência encontrados: auditiva sem olhar para seu rosto, ou mesmo barreiras de atitude,
física, mental, auditiva, visual, múltipla; como impedir ou desestimular que uma criança com deficiência
- Conhecer as condições de vida das pessoas com deficiência: seja matriculada na escola regular.
como é a família, atividades de vida diária, moradia, benefícios so- Para descobrir quais são as necessidades de mudança e per-
ciais, transporte, escolaridade, idade, estado de saúde geral, ocupa- mitir que uma pessoa com deficiência participe das atividades da
ção, se usa bengala, cadeira de rodas, lentes etc.; comunidade e propiciar a sua inclusão social, você também deve
- Identificar se é totalmente dependente. Se precisa de auxílio; valorizar as informações trazidas pela família e pela própria pessoa.
- Identificar formas de participação das pessoas com deficiên- Quando houver dúvida quanto à forma de agir com uma pessoa
cia na comunidade; com deficiência para facilitar a sua participação, é importante per-
- Identificar na comunidade movimentos organizados de pes- guntar para a própria pessoa ou familiares o que pode ser feito.
soas com deficiência e lideranças comunitárias, suas reivindicações, Você, considerando os vários tipos de deficiência (visual, audi-
propostas e atividades; tiva, física, intelectual), ao visitar as famílias nas comunidades, deve
- Perceber e orientar para procurar os serviços de saúde, pres- estar atento para:
tando atenção se estão tendo o acesso à Unidade Básica de Saúde e Condições de acesso ao ambiente/local (se o caminho é plano
se têm oportunidades iguais aos outros usuários em todos os aten- ou possui rampas, o tipo de calçamento, se tem transporte adapta-
dimentos e atividades (vacinação, consultas, pré-natal, planejamen- do, se há sinalização para cegos);
to familiar, puericultura, saúde bucal e outros); Disposição dos móveis (se há espaço suficiente que permita a
- Promover a inclusão social começando pela família, estimu- locomoção da pessoa com deficiência, especialmente no caso de
lando sua participação nas diferentes atividades, valorizando os uso de cadeira de rodas);
conhecimentos da família adquiridos pela convivência diária pelas Altura e disposição dos objetos, se estão ao alcance da pessoa
orientações de outros profissionais, permitindo sua participação e com deficiência, principalmente objetos de higiene pessoal (escova
colaboração na comunicação nas relações de saúde. de dente, pasta de dente, sabonete, escova de cabelo) e de ativida-
É importante que você estimule a participação das pessoas de da vida diária (copos, talheres, o controle da televisão e outros);
com deficiência nas ações educativas e de orientação para a in- Frequência de pessoas com deficiência nas reuniões da comu-
clusão social delas. A pessoa com deficiência deve ser atendida na nidade, na escola, na igreja, na rua, nas atividades de esporte e la-
unidade básica em suas necessidades de saúde, vacinação, consul- zer;
tas, pré-natal, e não somente nas suas necessidades relacionadas à Necessidade da pessoa com deficiência usar equipamentos
reabilitação. para facilitar a comunicação e/ou mobilidade e a sua aquisição. Os
Quando não for possível o atendimento na unidade, você deve equipamentos mais frequentes são: óculos, lupa, muleta, cadeira
facilitar a visita da equipe de saúde à casa da pessoa e da família. de rodas, cadeira para banho, bolsas de colostomia (ver página
218), aparelho auditivo, entre outros.
Quem são as pessoas com deficiência
Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de A pessoa com deficiência e o SUS
longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial que, A pessoa com deficiência, assim como todo cidadão, tem di-
ao encontrarem com diversas barreiras, podem ter dificuldades em reito a ser atendida no SUS nas suas necessidades básicas e espe-
sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de con- cíficas de saúde, por meio de cuidados, de assistência médica ou
dições com as demais pessoas. odontológica, de ações de promoção e de prevenção (vacinação,
É importante destacar que uma condição de deficiência (perda pré-natal, planejamento familiar, puericultura, educação em saú-
ou limitação visual, auditiva, intelectual ou física), embora imponha de) e ações de reabilitação, incluindo a aquisição de equipamentos
limites, não impede a participação e inclusão da pessoa no meio em necessários para a sua autonomia e reabilitação, como cadeira de
que vive. As condições de interação com o meio (o ambiente físico rodas, andador, muletas, aparelhos auditivos, óculos, bolsas de co-
e as pessoas) é que podem facilitar ou dificultar a sua participação lostomia, lupas, chamados de órteses e próteses e meios auxiliares
e convivência social, na escola, no trabalho, nos locais de lazer etc. de locomoção.
O seu foco da atuação deve ser para que a pessoa com deficiên- Os postos de saúde e as Unidades Básicas de Saúde da Família
cia desenvolva suas capacidades para ser autônoma e participativa, podem e devem atender a muitas das necessidades de assistência
com respeito às suas escolhas, decisões e determinações sobre sua à saúde e reabilitação dessas pessoas. Devem realizar o diagnósti-
própria vida. co, avaliar as capacidades e orientar as ações para a reabilitação,
para acompanhamento, para a concessão de órteses e próteses e
Acessibilidade e inclusão social meios auxiliares de locomoção. Se forem necessários equipamen-
Os espaços públicos e privados devem – por lei – ser acessíveis tos ou tecnologia avançada que a UBS não disponha, deverá ser
a todas as pessoas, portanto, todos, sociedade, comunidade e ges- encaminhado para o serviço de referência. Lembrar que, mesmo se
tores públicos, são responsáveis por tornar acessíveis os ambientes essa pessoa esteja sendo tratada em um serviço de referência, ela é
para as pessoas com deficiência. moradora de sua área de atuação e deve continuar sendo acompa-
nhada por sua equipe.

159
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O seu trabalho é também bastante importante para o acesso É importante realizar o pré-natal respeitando-se o mínimo de
de pessoas com deficiência às atividades comunitárias e espaços seis consultas, assim como o cuidado de usar somente medicamen-
públicos, para que tenham as mesmas oportunidades de participa- tos orientados pelo médico ou enfermeiro da equipe de saúde.
ção. Nesse sentido, o conhecimento sobre os direitos das pessoas
com deficiência e a sua proximidade com a família são imprescindí- Sinais de alerta:
veis, tanto para a orientação quanto para o apoio na realização de
atividades. O acompanhamento ao desenvolvimento infantil permite que
alguns sinais de deficiência sejam detectados. Em caso de suspeita
Os serviços de reabilitação de dificuldade no desenvolvimento, você deve alertar a família e
encaminhá-la à UBS para acompanhamento do caso.
Reabilitação é um processo de duração limitada e com objeti- Deficiência auditiva
vo definido: permitir que uma pessoa com deficiência alcance um É importante observar no desenvolvimento da criança se:
determinado nível de funcionalidade (físico, mental, social) que lhe - Leva susto com sons fortes;
permita modificar a sua própria vida. Compreende ainda medidas - Produz sons após dois meses de idade;
para compensar a perda ou limitação de uma função (andar, falar, - Procura sons após quatro meses de idade;
alimentar-se, enxergar, ouvir), como o uso de equipamentos como - Atende quando é chamada pelo nome, após seis meses de
cadeira de rodas, muleta, aparelho auditivo, óculos, bolsas para os- idade;
tomia e medidas para facilitar ajustes ou reajustes sociais. - Vira a cabeça para procurar de onde vem o som, após seis
Além das equipes de Saúde da Família e dos Núcleos de Apoio meses de idade;
à Saúde da Família (NASF), o SUS conta com os seguintes tipos de - Apresenta comportamento “desligado” diante de estímulos;
serviços especializados para diagnóstico, avaliação, fornecimento - Apresenta atraso no desenvolvimento da fala;
de órteses e próteses e meios auxiliares de locomoção, acompa- - Apresenta baixo rendimento escolar;
nhamento e reabilitação de pessoas com deficiência: - Assiste à TV em volume alto;
- Serviços de Atenção à Saúde Auditiva; - Solicita a repetição de palavras;
- Serviços de Assistência às Pessoas com Deficiência Física; - Ouve, mas não entende bem as palavras.
- Serviços de Atenção à Saúde de Pessoa com Deficiência Você deve orientar para que diante de qualquer suspeita de
- Intelectual e Autismo; dificuldade na fala ou de audição a família leve a criança para ava-
- Serviços de Assistência Ventilatória para pacientes com doen- liação na UBS.
ças neuromusculares;
- Serviços de Oftalmologia que oferecem reabilitação visual; IMPORTANTE:
- Serviços que atendem pessoas com estomia/ostomia.
Não pingar gotas de remédio no ouvido de crianças sem orien-
AS CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA tação médica;
Nunca pingar outras coisas no ouvido, tais como: azeite, óleo,
Crianças com deficiência têm necessidades semelhantes às de leite, água;
todas as crianças. Desenvolvem-se explorando o ambiente, brincan- Tratar adequadamente as viroses, pois podem causar danos à
do com outras crianças, observando e imitando comportamentos. audição;
As crianças com deficiência devem ser incluídas nas atividades Não limpar ou coçar o ouvido da criança com cotonete, unha,
diárias da família, devem ser estimuladas a estar com outras crian- grampos, palitos.
ças, frequentar a escola, praticar esportes e participar de brincadei- Apenas secar a orelha, levemente, com a ponta da toalha;
ras de acordo com suas possibilidades. Observar a criança para que ela não coloque objetos pequenos
Você deve orientar as famílias a serem pacientes e evitar com- no ouvido, tais como grãos em geral; se isso acontecer, a criança
parações entre as crianças, valorizando as características de cada deve ser levada imediatamente ao médico.
uma. A família deve incentivá-la também para que adquira cada vez Dicas para as famílias:
mais autonomia dentro de suas possibilidades, em relação às ativi- - Mostrar interesse sempre que a criança fizer um som, balbu-
dades da ciar, falar uma palavra;
- Sorrir, cantar e brincar com a criança;
As principais causas de deficiências em crianças - Escutar o que a criança tem para dizer.

Pré-natais: problemas durante a gestação (remédios tomados Aparelhos auditivos:


pela mãe, tentativas de aborto mal sucedidas, perdas de sangue
durante a gestação, crises maternas de hipertensão, problemas ge- O aparelho auditivo, também conhecido como AASI, é um equi-
néticos e outros). pamento pequeno, utilizado junto ao ouvido, que amplia a intensi-
Perinatais: problema respiratório na hora do nascimento (dimi- dade dos sons e os coloca em um nível confortável, melhorando a
nuição ou falta de oxigênio no cérebro), que pode ser causado por audição.
ter o cordão umbilical enrolado no pescoço; prematuridade; bebê Existem vários tipos de aparelhos e que são indicados de acor-
que entra em sofrimento por ter passado da hora de nascer. do com o tipo de perda auditiva da pessoa. Alguns são maiores e
Pós-natais: parada cardíaca, infecção hospitalar, traumas, me- ficam mais expostos, outros são menores e ficam mais internos ao
ningite, doenças infectocontagiosas e outras. ouvido.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Alguns cuidados são importantes para o uso do aparelho au- - Mudar com frequência a criança de posição;
ditivo: - Permitir que ela explore e descubra o ambiente em que vive.

Quando o deficiente auditivo é uma criança: DEFICIÊNCIA VISUAL


- A criança não deve ficar tirando o aparelho do ouvido toda
hora para brincar; A deficiência visual aborda dois grupos distintos de pessoas: as
- Os pais devem ser orientados para o manuseio do aparelho e cegas e aquelas que têm baixa visão (mesmo com o uso de óculos
troca de baterias (pilhas); ou outros equipamentos, têm dificuldade para enxergar).
- As baterias do aparelho devem ser trocadas com frequência (a Algumas ações básicas importantes em relação à deficiência
durabilidade depende do tipo de aparelho); visual são:
- O aparelho deve ser retirado antes do banho da criança; - Ações educativas para prevenção e promoção à saúde ocular;
- O aparelho não deve ser deixado no sol, perto de fogões ou - Identificação de crianças, adultos e idosos que necessitam de
equipamentos de alta temperatura; avaliação oftalmológica e tratamento;
- A criança deve fazer acompanhamento e terapias regulares - Identificação da gestante e da criança de alto risco. Algumas
em serviço especializado. situações de alerta para elas: crianças prematuras, casos de glauco-
ma (doença caracterizada pela dureza do olho em consequência do
Quando o deficiente auditivo for um adulto: aumento da tensão dentro dele) e/ ou outros tipos de deficiência
Tirá-lo antes de tomar banho; visual de caráter hereditário, não imunização da mulher contra ru-
- Não empurrar muito para dentro da orelha para que não fique béola em idade reprodutiva;
desconfortável, causando dor; - Identificação e encaminhamento para a equipe de saúde as
- Não tirar e colocar toda hora; crianças com risco para deficiência visual;
- Ao tirar, guardar em local adequado, não deixando exposto ao - Identificação dos recursos comunitários que favoreçam o pro-
sol ou em lugares empoeirados; cesso de inclusão social plena da pessoa com deficiência visual;
- Trocar a pilha no tempo indicado pelo médico ou fonoaudió- - Orientações básicas na área de habilitação/reabilitação da
logo. pessoa com deficiência visual.
É importante que você informe, em suas visitas, alguns cuida-
dos importantes que as pessoas devem ter para evitar a deficiência
visual:
- Ir ao serviço de saúde sempre que necessário e para revisão
de saúde na periodicidade indicada para sua idade;
- Evitar raio X, radioterapia e produtos tóxicos na gravidez;
- Não deixar a criança perto de objetos pontiagudos e cortan-
tes. Ser cuidadoso ao comprar brinquedos: muitos deles podem
machucá-la;
- Atentar para materiais de limpeza não caírem nos olhos;
- Não utilizar nenhum tipo de colírio ou pomada sem orienta-
ção médica.
Você deve estar atento e orientar as famílias a levarem seus
filhos na Unidade Básica de Saúde para avaliação da visão quando
a criança:
- Lacrimejar muito ou tiver sensibilidade à luz;
Deficiência física - Apresentar tremor nos olhos constantemente;
É importante estar atento para crianças que: - Apresentar olhos vermelhos constantemente;
- São muito molinhas ou muito rígidas; - Relatar dificuldade de enxergar e embaçamento na visão;
- Têm dificuldade em segurar objetos; - Aproximar ou afastar muito dos olhos objetos, tais como li-
- Apresentem movimentos sem coordenação ou atitudes desa- vros, cadernos e brinquedos;
jeitadas de todo o corpo ou parte dele; - Apresentar estrabismo (“vesguice”);
- Andam na ponta dos pés ou mancam. - Queixar-se de dor de cabeça ou cansaço nos olhos.
Você deve observar a criança com os pais ou com quem cuida Uma ação importante que você pode realizar, ao visitar uma
dela: família com uma criança deficiente visual, é orientá-la a estimular
- Perguntar se a criança nasceu prematura ou houve problemas o tato dessa criança, bem como descrever o ambiente, os objetos
no parto. Caso a suspeita de deficiência física seja confirmada após e os acontecimentos ao redor dela. É importante ainda manter os
avaliação médica, a criança deverá ter os atendimentos especializa- móveis e os objetos nos mesmos lugares para que ela possa se des-
dos para auxiliar no seu desenvolvimento. locar e procurá-los com maior sucesso.
Você deve ainda orientar as famílias quanto a algumas ações
importantes: Você deve dar algumas orientações de como agir com uma pes-
- Estimular o bebê com brinquedos, conversas, canções e ou- soa portadora de deficiência visual:
tros que chamem a atenção; - As pessoas devem oferecer ajuda à pessoa com deficiência
- Observar se a criança está bem posicionada, com o auxílio de visual, mas sem insistência;
almofadas, rolos, de forma que facilite sua movimentação;

161
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Quando houver dúvida de como ajudar, pergunte para a pes- Ao observar um desses sinais ou ouvir queixas relacionadas
soa como fazê-lo; a eles, é importante que você encaminhe a pessoa para avaliação
- Sempre pergunte se a pessoa quer ajuda antes de auxiliá-la; médica.
- Sempre que se encontrar com uma pessoa com deficiência Uma das maiores dificuldades das pessoas com deficiência físi-
visual, identifique-se pelo nome para que ela possa reconhecê-lo; ca se refere à limitação na locomoção. Isso se relaciona tanto com
- Ao conversar, deve-se ser o mais claro possível e sempre des- a sua condição de mobilidade, quanto às limitações externas: falta
crever as situações. de acessibilidade das cidades. Nesses casos, você deve ouvir essas
pessoas, suas queixas, suas angústias, acolhendo a situação e in-
DEFICIÊNCIA INTELECTUAL centivando que elas busquem seus direitos por meio de conselhos
locais, associações para defesa do direito e a promotoria pública.
Crianças com déficit intelectual apresentam alguns comporta-
mentos característicos e que devem ser atentamente observados:
- Pouco interesse em explorar ou explorações repetitivas do Dicas para a família:
ambiente e/ou objetos; É alta a incidência de acidente vascular encefálico (AVC) e de
- Atrasos na aquisição motora e de linguagem (não conseguem paralisia cerebral na população, essas ocorrências podem levar a
construir frases lógicas, apresentam falas infantilizadas demais, re- quadros de deficiência.
petem movimentos do corpo); Acidente vascular encefálico (AVC):
- Dificuldade em memorizar; - A pessoa acamada não deve ficar muito tempo numa mesma
- Dificuldade em se integrar em ambientes com outras crianças. posição, pois isso pode levar a deformidades;
Você deve orientar as famílias a ficarem atentas a esses sinais - Mudar a pessoa acamada de posição a cada duas horas, caso
e, identificando esses comportamentos, com frequência, levar a ela não consiga se mover, para evitar a úlcera de pressão;
criança para avaliação médica. No caso de uma família que já tenha - Manusear a pessoa com cuidado para não provocar dor ou
uma criança com deficiência intelectual, você deve fazer algumas lesões;
orientações: - Lesões de pele podem ser comuns. Havendo dificuldade em
- É importante que os pais, irmãos e pessoas que convivam realizar higiene na axila, no cotovelo e na palma da mão, uma so-
com a criança estejam sempre oferecendo objetos diferentes a ela, lução é colocar pedaços de algodões nas regiões que permanecem
mostrem como são utilizados para que depois a criança possa fazer em flexões para que o tecido absorva o suor;
igual; - Alterações de sensibilidade, de compreensão, de fala e lingua-
- Nomear todos os objetos; gem também podem estar presentes. É importante que a família
- Dividir as atividades em ações simples para que a criança pos- tenha noção das reais condições da pessoa, para que não expresse
sa memorizar e aprender; comportamento de punição;
- Ser paciente e tolerante aos erros. - É importante utilizar formas de comunicação alternativas,
AS DEFICIÊNCIAS NOS ADOLESCENTES E ADULTOS a exemplo de mímicas, escrita, fala bem articulada, de forma que
As principais causas de deficiência nessa faixa etária estão na possibilite o entendimento;
maioria dos casos relacionadas a causas evitáveis. Há, portanto, - Na alimentação, deve-se verificar se a cabeça está numa posi-
uma grande necessidade de ações preventivas. Sendo assim, você é ção elevada o suficiente para que o alimento seja ingerido, para não
um importante ator no sentido de orientar as comunidades. ocasionar aspiração, o que leva ao risco de infecção respiratória.
Deficiência física
Alguns fatores de risco são importantes de serem alertados às Paralisia cerebral (PC)
comunidades no intuito de reforçar comportamentos preventivos:
Violência urbana: o aumento da violência urbana, assaltos, Paralisia cerebral não é sinônimo de deficiência intelectual.
brigas em bares e boates têm sido um fator de agravamento das Uma pessoa com PC não, necessariamente, terá algum tipo de defi-
deficiências físicas; ciência com o raciocínio e linguagem.
Acidente de trabalho: é importante orientar as pessoas para São importantes algumas orientações para favorecer e permi-
que cobrem e utilizem equipamentos de segurança durante a reali- tir que a pessoa com paralisia cerebral se desenvolva com saúde e
zação da atividade profissional; qualidade de vida:
Maus hábitos alimentares: têm sido uma das principais causas Se a pessoa for acamada, sua posição deve ser modificada, no
das amputações, principalmente por causa de hipertensões e dia- mínimo, a cada duas horas. Isso é muito importante para evitar de-
betes decorrentes deles; formidades;
Acidentes de trânsito: a combinação álcool e direção bem Evitar que a pessoa passe por situações estressantes para que
como o não uso do cinto de segurança e a direção não defensiva não tenha tensão muscular aumentada e movimentos involuntá-
são fatores que estão diretamente relacionados aos acidentes que rios.
acabam por causar amputações, traumatismos cranianos, lesão
medular e outros. Deficiência auditiva
É também uma ação importante sua observar e orientar as fa- As deficiências auditivas em adultos, geralmente, são por cau-
mílias e pessoas das comunidades a observarem alguns sinais que sas adquiridas: predisposição genética (familiares com a deficiên-
podem ser indício de deficiência física: cia), infecções, ingestão de certos tipos de remédios, exposição a
Atenção para perda ou alterações dos movimentos, da força sons em intensidade muito alta por muito tempo e outras.
muscular ou da sensibilidade para membros superiores ou mem- As orientações que devem ser dadas às famílias são:
bros inferiores. - Não se expor a volume de sons intensos;

162
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Não limpar os ouvidos com cotonetes, grampos ou semelhan- Bolsa de ostomia:


tes, fazê-lo com a ponta de uma toalha;
- Não utilizar remédios sem orientação médica;
- Usar proteção individual se trabalhar em ambiente ruidoso.
Quando for visitar uma família que já possui um deficiente au-
ditivo, você deve observar a forma de comunicação entre os mem-
bros da família, se essa pessoa consegue se comunicar com as ou-
tras e se faz o uso correto do aparelho auditivo. Caso seja percebido
que não há comunicação entre o deficiente auditivo e as outras pes-
soas, deve orientar a família a procurar a UBS, pois a família poderá
ter necessidade de ser acompanhada por serviço especializado.
Existem formas alternativas de comunicação: por meio de ges-
tos, escritas, brincadeiras etc. Deve-se sempre conversar com uma
pessoa deficiente auditiva olhando para ela e articulando bem o
movimento da boca para que facilite seu entendimento. Orientações gerais:
É importante observar, no caso de idosos, que a dificuldade de Para melhor subsidiar o seu trabalho, é importante que você,
ouvir pode levar ao isolamento e falta de interação com a família e ao realizar as visitas, não se esqueça de:
comunidade. - Registrar o tipo de deficiência encontrada e acrescentar infor-
Essa situação deve ser avaliada por um profissional de saúde. mações de sexo e idade;
Por vezes a utilização de aparelho auditivo, se necessária, as- - Registrar as condições de acessibilidade (se existem rampas,
sociada às orientações e acompanhamento reabilitativo melhoram se o local é plano, se é de barro ou de asfalto, se crianças com defi-
significativamente a sua qualidade de vida. ciência frequentam o ensino regular, entre outras);
- Registrar se a pessoa recebe algum benefício: Benefício de
Deficiência intelectual Prestação Continuada da Assistência Social/BPC, Bolsa-Família;
A maioria dos casos de deficiência intelectual, também deno- Registrar se a pessoa faz uso de algum equipamento assistivo:
minada deficiência mental, é identificada na infância. No entanto, órtese, prótese ou meio auxiliar de locomoção;
muitos casos ainda são identificados na fase adulta, por falta de - Registrar as dúvidas mais frequentes e buscar informações
acesso às informações e a serviços de saúde. Caso você suspeite antes mesmo de encaminhar a pessoa a uma Unidade Básica de
dessa deficiência em adultos, deve encaminhar para a UBS. Saúde. Muitas situações podem ser resolvidas com a sua ajuda;
- Identificar se há movimentos de liderança, formação de asso-
ciação de pessoas com deficiência na comunidade ou mesmo Con-
Ostomia ou estomia selho de Direitos da Pessoa com
- Deficiência no município;
A ostomia é uma intervenção cirúrgica necessária em certos - Incentivar para que as pessoas com deficiência participem das
casos, onde o trânsito intestinal tem de ser desviado, que permite atividades da comunidade.
criar uma comunicação entre o órgão interno e o exterior do corpo,
com a finalidade de eliminar os dejetos (fezes e urina) do organis-
mo. Orientações para famílias com pessoas acamadas
A nova abertura que se cria com o exterior chama-se estoma,
também conhecida como ostoma. Para diminuir o desconforto e a vergonha que as pessoas aca-
Pessoas ostomizadas ou estomizadas são aquelas que utilizam madas muitas vezes sentem, você pode orientar a família sobre
um dispositivo, geralmente uma bolsa, que permite recolher o con- alguns cuidados em relação a posicionamentos, à alimentação, à
teúdo a ser eliminado por meio do estoma/ostoma. higiene e à saúde, para que o acamado possa sentir-se sempre con-
O seu papel com pacientes ostomizados é, essencialmente, o fortável e seguro.
de incentivo. É importante que a cama esteja sempre limpa e confortável.
Conversar sobre as possibilidades de readaptação ao ambiente Troque as roupas de cama com frequência ou mantenha bem esti-
em que vive, voltar a realizar atividades de trabalho, lazer e ativi- cadas, sem migalhas de comida.
dades diárias e, primordialmente, reforçar para o ostomizado/ es- A pessoa acamada, quando possível, deve sair da cama para
tomizado a importância de estar realizando os procedimentos de que possa ser mudada, o que permite também realizar algum exer-
autocuidado orientados pelo médico ou enfermeira. Caso observe cício e distrair-se.
condições de higiene precárias, infecções, sinais de inflamação no Para a pessoa acamada poder comer, ver televisão, ler ou rece-
local da bolsa de ostomia, encaminhe a pessoa para a Unidade Bá- ber visitas, será necessário sentá-la na cama, o que pode ser feito
sicade Saúde imediatamente. por uma ou duas pessoas. Se o fizer sozinho, peça, quando possível,
à pessoa para dobrar as pernas, agarrando-a com um braço por bai-
xo delas e outro por baixo das axilas.
Ajudar a pessoa a mudar de posição.
Mudar frequentemente a pessoa acamada de posição é neces-
sário para evitar, entre outras complicações, as feridas.

163
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Dar banho em uma pessoa acamada é muito importante: dá Durante o trabalho, nas visitas domiciliares, reuniões comuni-
sensação de bem-estar e de relaxamento. Permite avaliar o estado tárias ou qualquer outra situação.
da pele da pessoa, aplicar um creme hidratante e ministrar peque- Falar sobre violência é difícil e complexo, pois envolve medo,
nas massagens que ativam a circulação. dúvidas e sentimentos de que o problema é muito grande para ser
Realizar higiene da boca, lavar o cabelo, fazer a barba e o trata- enfrentado.
mento das unhas (mãos e pés). Tudo isso é verdade, mas o silêncio ou a omissão pode ser o
As feridas são comuns nos acamados, por isso, quando surgem, alimento que a violência precisa, pois é sempre progressiva, isto é,
é necessário tratá-las imediatamente para prevenir infecções. Se a uma vez que começa, é difícil parar. É por isso que você e os outros
pele estiver sensível, vermelha ou inchada ou se a pessoa se queixar profissionais da saúde, da educação e mesmo as pessoas da comu-
de dores, orientar a família a procurar a Unidade Básica de Saúde nidade precisam, logo no começo, buscar alternativas para enfren-
ou solicitar a visita domiciliar da eSF. tar a violência.
Organizar e dar corretamente os medicamentos à pessoa. Para Existem sinais que podem chamar a atenção e levar você a sus-
que não haja enganos em dosagem e horários, manter uma lista peitar de que existe algo errado acontecendo com aquela pessoa ou
atualizada. sua família. São os sinais de alerta.
Servir as refeições a uma pessoa acamada também exige cui-
dados próprios: posicione-a de forma adequada, ajude-a a lavar as VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER
mãos e estenda uma toalha no seu peito; utilize colher, que é mais
segura, e canudinhos para que ela possa beber mais facilmente; al- A metade das queixas de violência familiar apresentadas pelas
terne os alimentos sólidos com os líquidos e mantenha a sua boca mulheres é de agressão física, seguidas de agressões verbais, vio-
sempre limpa. No final, lave as mãos, o rosto e os dentes dela. lência sexual. Há ainda situações em que a mulher sofre vários tipos
Lavar as mãos antes e depois de lidar com pessoas acamadas. de agressão ao mesmo tempo.
É importante falar sempre com a pessoa, explicando o que está A maior parte das agressões acontece dentro de casa e, na
fazendo. grande maioria das vezes, o agressor é uma pessoa que convive
Isso tranquiliza e faz com que ela colabore, o que facilita todos com a vítima.
os movimentos. Nunca apresse uma pessoa acamada, respeite o Não há nada que justifique a violência.
seu próprio ritmo. Tente motivá-la para fazer o máximo que puder É preciso então ser cuidadoso quando se fala em causa de vio-
sozinha. lência, pois na verdade o que existe são situações de risco para vio-
lência, por exemplo, o homem que acha que a mulher lhe pertence
Violência Familiar e que a violência é natural e aceitável (machismo); o alcoolismo e
outras drogas; problemas mentais; a falta de trabalho e de dinheiro;
A violência familiar é um problema social de grandes dimen- reprodução da violência, ou seja, o agressor quando criança viven-
sões que afeta todas as classes sociais e todas as pessoas, indepen- ciou a violência e age da mesma maneira quando adulto.
dentemente da cultura, do grau de escolaridade, da religião, da pro- Hoje, as mulheres têm o amparo da Lei Federal nº 11.340, de
fissão e da posição política. 7 de agosto de 2006, também conhecida como Lei Maria da Penha,
Atinge especialmente mulheres, crianças, adolescentes, ido- disponível em http://www.planalto.gov.br.
sos, portadores de deficiências e homossexuais. Ela caracteriza a violência doméstica como uma das formas de
O que é violência familiar? violação dos direitos humanos e isso representa um avanço muito
grande na legislação brasileira. Essa lei possibilita que agressores
É toda ação ou omissão que prejudique o bem-estar, a integri- sejam presos em flagrante ou tenham sua prisão preventiva decre-
dade física e psicológica, a liberdade e o direito ao pleno desenvol- tada quando ameaçarem a integridade física da mulher. Prevê ainda
vimento de um dos membros da família. medidas de proteção à mulher que corre risco de vida, como o afas-
Onde pode acontecer? tamento do agressor do domicílio e a proibição de sua aproximação
Pode acontecer dentro e fora de casa por algum membro da física da mulher agredida e dos filhos. Cria mecanismos para defen-
família. der os direitos e também prevenir a violência familiar contra ela.
Inclui também as pessoas que estão exercendo a função de pai A mulher vítima de violência não costuma contar sobre os epi-
ou mãe, mesmo sem laços de sangue. sódios de maus-tratos sofridos, pois temem tanto a represália/vin-
Quais são os tipos de violência? gança do agressor quanto o preconceito dos profissionais de saú-
A violência familiar pode se manifestar de várias formas e com de, que as julgam como corresponsáveis pelas agressões sofridas,
diferentes graus de severidade. Essas formas de violência não se cobrando atitudes que muitas vezes não são possíveis de serem
produzem isoladamente, mas fazem parte de uma sequência cres- tomadas.
cente de episódios, do qual o homicídio é a manifestação mais ex- Alguns indicativos que podem ser uma suspeita de violência
trema. em mulheres (nenhum sinal pode ser analisado isoladamente):
Pode ocorrer na forma de: violência física, sexual, psicológica e - Manchas ou marcas no corpo;
econômica ou patrimonial. - Fraturas e feridas em diferentes momentos de cicatrização;
- Queixas de hemorragias vaginal ou retal, dor ao urinar, corri-
Como identificar situações de violência familiar? mentos;
- Doenças sexualmente transmissíveis;
A violência pode ser identificada em diferentes momentos ou - Uso de roupas inadequadas para o clima, para esconder as
lugares. marcas;
- Problemas alimentares: comer demais ou de menos;

164
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Tristeza constante, choro frequente, pensamentos suicidas;


- Dores crônicas; - Pouca atenção em relação à vítima;
- Falta de ânimo para os cuidados com a casa, com os filhos e - Afirma que a vítima é má, culpada por problemas que ocor-
com ela própria. rem na família;
- Deixa crianças pequenas sozinhas ou fora de casa;
VIOLÊNCIA CONTRA A CRIANÇA E O ADOLESCENTE - Não leva os filhos à escola;
- Não acompanha as atividades escolares dos filhos;
A violência contra a criança e o adolescente é um fenômeno - Defende comportamento severo ou não coloca limites;
cada vez mais frequente. É uma realidade dolorosa, sendo respon- - Extremamente protetor ou extremamente distante;
sável por muitas doenças e mortes nessa faixa etária. Nessa idade - Como forma de obrigar a vítima a não falar sobre a violência,
as crianças e adolescentes são incapazes ou têm dificuldade em se trata com privilégios e presentes;
defender, principalmente quando o agressor é alguém que deveria - Faz ameaças, chantagens, impede que a vítima saia de casa
zelar pela sua saúde. ou tenha amigos;
Alguns indicativos que podem ser uma suspeita de violência - Dá explicações não convincentes sobre as marcas e machuca-
contra crianças e adolescentes: dos que a vítima apresenta;
- Manchas roxas pelo corpo, antigas ou recentes, e em lugares - Abusa de álcool e outras drogas;
variados; - Pode possuir antecedentes de maus-tratos, violência física ou
- Queimaduras de cigarro, água ou óleo quente; sexual na infância
- Fraturas muito frequentes;
- Feridas na boca, lábios, olhos; VIOLÊNCIA CONTRA O IDOSO
- Arranhões pelo corpo;
- Criança que falta muito às consultas de acompanhamento na Os idosos são vítimas dos mais diversos tipos de violência.
Unidade Básica de Saúde; Variam de insultos a agressões físicas realizadas por familiares e
- Criança que não ganha peso e está com as vacinas atrasadas; cuidadores (violência doméstica), maus-tratos em transportes ou
- Criança medrosa, que se agride sozinha, que tem dificuldades instituições públicas e privadas e as decorrentes de políticas socioe-
na escola, que vive assustada e faz muito xixi na cama; conômicas, que reforçam as desigualdades presentes na sociedade
- Criança com medo de ficar só ou em companhia de determi- (violência social).
nada pessoa; O uso abusivo do dinheiro da aposentadoria ou da pensão dos
- Fugas de casa; idosos pela família revela a violência social a que está submetida
- Uso e abuso de drogas; grande parcela dessa população brasileira, relacionada ao quadro
- Prática de pequenos roubos; de pobreza e exclusão social.
- Sangramentos e corrimentos; Com a criação do Estatuto do Idoso, a questão dos maus-tratos
- Tentativa de suicídio; passou a contar com um instrumento legal que “regula os direitos
- Baixa autoestima; às pessoas com idade igual ou superior a 60 anos”, com previsão
- Gravidez precoce pode ser indicativa. de pena pelo seu descumprimento. De acordo com o Estatuto, pre-
venir a ameaça ou violação dos direitos dos idosos passa a ser um
Trabalho infantil dever de toda a sociedade brasileira, bem como torna obrigatória a
sua denúncia aos órgãos competentes (autoridades policiais, minis-
É aquele realizado por crianças e adolescentes. Há situações térios públicos, Conselhos do Idoso etc.).
em que eles são obrigados a trabalhar, tendo como principal motivo Com frequência, os idosos nem se dão conta da violência que
ajudar na renda da família. estão vivendo ou, então, ficam calados para proteger a família.
Realizam atividades que põem em risco sua saú- de física e Alguns indicativos que podem ser uma suspeita de violência
mental, são explorados pelos pais e patrões e muitas vezes são mal- contra o idoso:
tratados quando deixam de levar dinheiro para casa. - São isolados por parentes, impedidos de sair de casa, de ter
Todos os tipos de trabalho infantil trazem risco, pois as crianças acesso ao dinheiro da aposentadoria ou pensão, quando os filhos
e adolescentes ficam expostos aos mais diversos tipos de agressão: ou parentes utilizam seus bens, patrimônio pessoal;
descascar mandioca, quebrar coco, trabalhar em madeireiras, em - São impedidos de procurar os serviços de saúde;
canaviais, lavoura de fumo, com produtos explosivos ou tóxicos, pe- - Marcas, fraturas, feridas pelo corpo, sem uma explicação cor-
dir esmolas nas ruas, entre outros. reta do acidente;
- Humilhações;
O que diz a lei - Tristeza e depressão;
- Isolamento;
O trabalho infantil é uma forma de violência contra a criança e - Não quer conversar
precisa ser combatido. - Higiene bucal e corporal precárias;
É proibido o trabalho noturno, perigoso ou insalubre a meno- - Magreza excessiva.
res de 18 anos e qualquer trabalho a menores de 16 anos, salvo na
condição de aprendiz, a partir dos 14 anos (emenda constitucional- VIOLÊNCIA CONTRA PESSOAS PORTADORAS
de 15/12/98, item 33). DE DEFICIÊNCIA FÍSICA E MENTAL

OS SINAIS DE ALERTA EM RELAÇÃO AO AGRESSOR

165
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

No caso de pessoas portadoras de deficiência, a violência se - Evitar censurar comportamentos que lhe pareçam estranhos
manifesta de várias formas, como discriminação dentro da família, ou comentar com terceiros o que você está percebendo;
isolamento do convívio familiar e social, a família deixa de buscar os - Evitar conclusões precipitadas ou distorcidas. É necessário
seus direitos à educação, saúde e assistência social, impedindo-os considerar um conjunto de sinais, e não sinais isolados;
de viver com dignidade por considerá-los diferentes. - Realizar o mapeamento de famílias de risco com relação à vio-
Alguns indicativos que podem ser uma suspeita de violência lência, na área de abrangência da Unidade Básica de Saúde à qual
contra os portadores de deficiência física e mental: está vinculado;
- Não permitir que a pessoa saia de casa; - Apoiar, quando necessário, o Conselho Tutelar, as escolas e as
- Marcas de cordas, fio de luz ou outro material nos braços, creches, na avaliação de situações que indiquem violência a partir
pulsos, pés, tornozelos que sugiram que a pessoa estava amarrada; da pactuação com a equipe;
- Higiene bucal e corporal precárias; - Registrar o acompanhamento familiar de casos notificados
- Magreza excessiva; pela UBS, observando se a violência continua, prestando orienta-
- Agressividade; ções às famílias ou responsáveis;
- Falta de assistência de saúde, psicológica e assistência social; - Encaminhar os casos com fortes suspeitas de violência à Uni-
- Fraturas. dade Básica de Saúde para, em conjunto com o supervisor e a equi-
pe de saúde, definir qual a conduta mais adequada à situação. O
PREVENÇÃO DA VIOLÊNCIA FAMILIAR que pode envolver a participação de outros profissionais e institui-
ções;
A prevenção da violência também se faz estimulando a comu- - Planejar e organizar com a ajuda da equipe de saúde ativida-
nidade a pleitear junto ao prefeito que: des que permitam à comunidade refletir e debater sobre comporta-
- Melhore a rede de apoio social das pessoas, principalmente mentos violentos: reuniões com homens e mulheres, com crianças
as mais carentes; e adolescentes, com professores, oficinas, teatro, palestras com es-
- Invista em programas sociais que busquem a inclusão social, a pecialistas, entre outras ações;
melhoria da qualidade de vida, maior e melhor acesso à alimenta- - Envolver um maior número possível de grupos e instituições
ção, à escola, à moradia e ao lazer; da comunidade: escolas, igrejas, associação de moradores, de fute-
Garanta atendimento às pessoas vítimas do alcoolismo, usuá- bol, grupos de defesa dos direitos humanos. Discutindo que todas
rios de drogas, pessoas portadoras de transtorno mental; as pessoas têm direito a viver como cidadãos e que é possível lidar
- Garanta um pré-natal adequado, ajudando principalmente as com os conflitos de maneira equilibrada.
futuras mães mais carentes e as mais jovens; É importante conhecer algumas instituições públicas essenciais
- Garanta o acesso pleno e informado aos métodos anticon- para garantir os direitos fundamentais da população
cepcionais;
Oportunize o acesso ao trabalho e renda às famílias. 1. Ministério Público
Seu papel na prevenção da violência: Instituição destinada à preservação dos direitos fundamentais
- Estimular o diálogo na família; da população.
- Estimular a prática de esportes, dança, teatro, trabalhos ma- É a defesa da ordem jurídica.
nuais;
- Discutir a importância de ter uma profissão para conseguir 2. Defensoria Pública
trabalho e renda; Órgão responsável pela assistência jurídica gratuita aos que ne-
- Discutir a importância de ter amigos, fazer parte de grupos ou cessitarem.
associações que promovam a melhoria da qualidade de vida; 3. Varas e Juizados Especializados
- Informar que o silêncio só protege os agressores, e não as Responsáveis pelo acompanhamento e julgamento de casos de
vítimas. Portanto, deve-se romper com o silêncio da violência. violência.
As mais importantes para tratar da violência familiar são as Va-
ATRIBUIÇÕES FRENTE À VIOLÊNCIA FAMILIAR ras de Família, as Varas da Infância e Juventude e as Varas Criminais.
O Juizado ou autoridade semelhante pode colocar a vítima
- Estar atento aos sinais de violência, durante a realização das em abrigos ou famílias substitutas. No caso de violência contra a
visitas domiciliares de rotina, não se esquecendo de que a família é criança ou adolescente, o afastamento da vítima do lar pode ser
um espaço íntimo e que é preciso ter cuidado na forma de fazer as traumático e considerado como uma segunda violência, por inúme-
perguntas, de abordar as pessoas e de fazer as anotações; ras razões: a dificuldade de readaptação da vítima à família, a má
- Procurar verificar se há situações que podem levar a casos de recepção da vítima pelas famílias, o medo da vítima de que uma
violência; nova violência ocorra.
- Orientar que os pais ou responsáveis devem manter a calma,
não ser agressivos e entender que o choro do bebê é a forma dele 4. Delegacias
se comunicar; Executam atividades de proteção, prevenção e vigilância às ví-
- Ouvir com atenção o que as pessoas comentam sobre seus timas de qualquer tipo de violência e responsabilização dos agres-
problemas; sores. A investigação dos casos de violência familiar é função das
- Dar apoio para aquelas que querem falar, mas não têm cora- delegacias.
gem; Existem delegacias especializadas na proteção à criança e ao
- Observar mudanças de hábitos, se alguém está agindo de for- adolescente, e as de proteção à mulher. No entanto, elas ainda não
ma diferente, aproximar-se para entender suas reações; foram criadas em todos os municípios.

166
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Conselhos - Atuar nas residências, informando os seus moradores sobre


as doenças – seus sintomas e riscos –, os agentes transmissores e as
- Conselhos dos Direitos da Mulher: medidas de prevenção;
Elaboram propostas e promovem políticas para eliminar discri- - Realizar ações de educação em saúde e de mobilização social.
minações, constrangimentos à mulher e superar as desigualdades Malária: orientar o uso de repelentes, uso de roupas e acessó-
entre homens e mulheres. rios para diminuir o contato com o mosquito, uso de mosquiteiros
- Casas de Apoio para Mulheres em Situações de Risco: e cortinas embebidos ou não em inseticidas, colocação de telas em
São locais onde mulheres vítimas de violência doméstica e se- portas e janelas.
xual, com seus filhos menores, são acolhidas. O local é sigiloso e as Dengue: a principal medida é evitar a existência de criadouros
vítimas recebem assistência médica, psicológica e capacitação pro- – locais que acumulam água onde os mosquitos possam se repro-
fissional, por um determinado período. duzir.
- Conselhos de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescen- Esquistossomose: desenvolver medidas simples de cuidado
te: ambiental para o controle de caramujos.
São responsáveis em acompanhar e interferir na política de en- Tracoma: orientar especialmente a lavagem frequente do rosto
frentamento da violência praticada contra crianças e adolescentes. das crianças e de melhorias de hábitos no cuidado com o corpo e
- Conselhos Tutelares: das condições sanitárias e ambientais.
Recebem denúncias, verificam, encaminham e orientam os ca- Como comentado anteriormente, o agente de controle de en-
sos de violação dos direitos da criança e do adolescente. Age diante demias tem, entre outras atribuições, algumas que são específicas,
da ameaça, risco ou quando a violência já aconteceu. como:
Doenças transmitidas por vetores: mosquitos, insetos, molus- - Realizar, quando indicada, a aplicação de larvicidas/molusco-
cos e outros cidas químicos e biológicos; a borrifação intradomiciliar de efeito
residual; e a aplicação espacial de inseticidas por meio de nebuli-
Os diferentes profissionais das equipes de Saúde da Atenção zações;
Primária/Saúde da Família têm um papel importante no desenvol- - Realizar atividades de identificação e mapeamento de cole-
vimento das ações de vigilância em saúde, com algumas funções ções hídricas de importância epidemiológica, ou seja, locais onde a
comuns e outras específicas a cada um. água possa ser criadouro de vetores de doenças.
O agente comunitário de saúde e o agente de controle de en-
demias são profissionais com papéis fundamentais, pois são a liga- DENGUE
ção entre a comunidade e os serviços de saúde.
Devem atuar de maneira integrada de forma a potencializar o É uma doença infecciosa febril aguda causada pelo mosquito
resultado do trabalho, evitando duplicidade de ações. Juntos, en- Aedes aegypti.
frentam os principais problemas de saúde-doença da comunidade. É hoje uma das doenças mais frequentes no Brasil, atingindo a
Durante uma visita domiciliar, você, ao identificar uma caixa população de todos os Estados, independentemente de classe so-
d’água de difícil acesso ou um criadouro que não consiga destruir cial.
e que precisa da utilização do larvicida, deverá contatar o agente No seu ciclo de vida, o mosquito apresenta quatro fases: ovo,
de controle de endemias (ACE) para planejamento das ações. Para larva, pupa e adulto. O mosquito adulto vive em média de 30 a 35
o sucesso do trabalho, é fundamental a integração desses profis- dias. A sua fêmea põe ovos de quatro a seis vezes durante sua vida
sionais. e, em cada vez, cerca de 100 ovos, em locais com água limpa e pa-
Atuação geral no controle de vetores aos agravos abordados rada.
neste guia: Um ovo de Aedes aegypti pode sobreviver por até 450 dias
- Identificar sinais e sintomas dos agravos/doenças e orientar (aproximadamente um ano e dois meses), mesmo que o local onde
os casos suspeitos para procurarem a Unidade Básica de Saúde para ele foi depositado fique seco. Se esse recipiente receber água no-
diagnóstico e tratamento de acordo com as orientações da Secreta- vamente, o ovo volta a ficar ativo (vivo), podendo se transformar
ria Municipal de Saúde; em larva e atingir a fase adulta depois de, aproximadamente, dois
- Orientar a comunidade quanto ao uso de medidas de pro- ou três dias.
teção individual, familiar e da comunidade para a prevenção das Quando não encontra recipientes apropriados (criadouros), a
doenças; fêmea do Aedes aegypti, em casos raros, pode voar a grandes dis-
- Planejar e programar as ações de controle das doenças em tâncias em busca de outros locais para depositar seus ovos.
conjunto com o agente comunitário de endemias e a equipe de Nas casas, o Aedes aegypti é encontrado normalmente em pa-
Atenção Primária/Saúde da Família; redes, móveis, peças de roupas penduradas e mosquiteiros.
- Promover reuniões com a comunidade com o objetivo de A fêmea do Aedes aegypti costuma picar as pessoas durante
incentivar a realização das ações de prevenção e controle da den- o dia.
gue, malária, esquistossomose e tracoma, bem como conscientizar Não se pega dengue no contato de pessoa a pessoa e nem por
quanto à importância de que todas as residências de uma área in- meio do consumo de água e de alimentos.
festada por vetores sejam trabalhadas (trabalhar em cooperação
com o ACE);
- Incentivar e mobilizar a comunidade para desenvolver ações
simples de manejo ambiental para controle de vetores (insetos,
roedores, moscas, entre outros);

167
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Alguns sintomas: você deve estar atento às pessoas com febre há, no máximo, sete dias acompanhadas de pelo menos dois dos se-
guintes sintomas: dor de cabeça, dor por trás dos olhos, dores musculares e articulações, prostação ou manchas pequenas e vermelhas
pelo corpo com ou sem hemorragia. Você deve orientar essas pessoas a procurar a Unidade Básica de Saúde o mais rápido possível.

168
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Além das atribuições gerais, há algumas específicas por agravo.


Ações relacionadas ao controle da dengue:
- Vistoriar a casa e o quintal, acompanhado pelo morador, para identificar locais de existência de objetos que sejam ou possam se
transformar em criadouros de mosquito transmissor da dengue, conforme o roteiro anterior;
- Orientar e acompanhar o morador na retirada, destruição ou vedação de objetos que possam se transformar em criadouros de
mosquitos;
- Caso seja necessário, retirar os ovos e larvas do mosquito;
- Encaminhar ao ACE os casos de verificação de criadouros de difícil acesso ou que necessitem do uso de larvicidas/biolarvicidas;
- Comunicar à Unidade Básica de Saúde e ao ACE a existência de criadouros de larvas e/ou do mosquito transmissor da dengue que
dependam de tratamento químico/biológico, da interferência da vigilância sanitária ou de outras intervenções do poder público;
- Comunicar à Unidade Básica de Saúde e ao ACE os imóveis fechados, a existência de moradores que não autorizaram ações de vigi-
lância ou são resistentes às orientações de prevenção;
- Conhecer sinais e sintomas da dengue, identificar as pessoas que os apresentarem e orientar para que procurem a Unidade Básica
de Saúde, e que comecem a tomar muito líquido imediatamente;
- Reunir semanalmente com o agente de controle de endemias e equipe da Unidade Básica de Saúde para planejar ações conjuntas,
trocar informações sobre suspeitos de dengue que apresentam febre, evolução dos números de infestação por Aedes aegypti da área de
abrangência, criadouros preferenciais e medidas que estão sendo ou deverão ser adotadas para melhorar a situação.

ESQUISTOSSOMOSE (XISTOSOMOSE, XISTOSE, XISTOSA, DOENÇA DOS CARAMUJOS,


BARRIGA D´ÁGUA E DOENÇA DE MANSON-PIRAJÁ DA SILVA)

É uma doença de veiculação hídrica causada por um verme. No início, é assintomática, mas pode evoluir até formas muito graves.

Dependendo da região, é também conhecida como: xistose, xistosa, xistosomose, doença dos caramujos, barriga d’água e doença de
Manson-Pirajá da Silva.
Como se pega: o homem infectado elimina ovos viáveis de S. mansoni (verme) por meio das fezes. Esses ovos, ao entrarem em con-
tato com a água, rompem-se e permitem a saída de larvas ciliadas. Essas larvas penetram no caramujo, multiplicam-se e, entre quatro e
seis semanas, começam a ser eliminadas na forma de larvas infectantes chamadas de cercarias. Elas penetram no ser humano pela pele,
mais frequentemente pelos pés e pernas, por serem áreas do corpo que ficam em maior contato com águas contaminadas de rios e lagos.
As cercarias são vistas em maior quantidade no horário entre 10h e 16h, quando a luz solar e o calor são mais intensos.
Alguns sintomas: após contato com água contaminada, inicia com uma coceira e aparecimento de pontos vermelhos na pele como
se fossem picadas de insetos (em um período de 24 a 72 horas, podendo chegar até 15 dias). Cerca de um a dois meses após, aparecem
sintomas como febre, dor de cabeça, falta de apetite, náuseas, tosse, diarreia.
Quando encontrar casos com os sinais citados, você deve orientar a família para procurar a UBS.

169
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

É importante identificar as condições que favorecem a ocorrên- - Preencher e encaminhar para a Unidade Básica de Saúde a
cia de casos e a presença de focos de transmissão da doença (falta ficha de notificação dos casos ocorridos.
de saneamento domiciliar e ambiental). O trabalho em conjunto Em área rural – no campo:
com a equipe de saúde e instituições locais tem maiores resultados Além das ações citadas anteriormente:
na identificação permanente de casos. - Proceder à aplicação de imuno testes, conforme orientação
Ações relacionadas ao controle da esquistossomose: da Coordenação Municipal da Atenção Básica;
Supervisionar a tomada em dose única da medicação para es- - Receber o resultado dos exames e providenciar o acesso ao
quistossomose, quando indicada; tratamento imediato e adequado, de acordo com as orientações da
Agendar o controle de cura, que consiste na realização de três Secretaria Municipal de Saúde e do Programa Nacional de Malária;
exames de fezes em dias seguidos, após o quarto mês de tratamen- - Coletar lâmina:
to; • De pessoas que apresentem sinais e sintomas e enviá-la ao
Investigar a existência de casos na família e comunidade, a par- profissional responsável para leitura (microscopista). Quando não
tir do caso confirmado por meio do exame parasitológico de fezes, for possível essa coleta, encaminhar as pessoas para a UBS ou para
conforme planejamento e programação da Unidade Básica de Saú- o microscopista;
de; • Para verificação de cura (L VC) após o término do tratamento
Distribuir recipientes de coleta de material para exame parasi- e encaminhá-la para leitura de acordo com estratégia local
tológico de fezes;
Orientar a população sobre a forma de evitar locais que pos- TRACOMA
sam oferecer risco para a formação de criadouros de caramujos;
Comunicar à Unidade Básica de Saúde a existência de criadou- É uma inflamação nos olhos causada por uma bactéria. É consi-
ros de caramujos; derada a principal causa de cegueira evitável no mundo.
Encaminhar ao ACE os casos em que haja necessidade do uso Tem duas fases:
de equipamentos e produtos específicos, como moluscocidas. Fase inflamatória (que é transmissível).
Fase sequelar (que não é transmissível).
MALÁRIA Como se pega: por meio do contato dos olhos com objetos con-
taminados (lenços, toalhas, lençóis, fronhas) ou olho a olho de pes-
É uma doença infecciosa causada por protozoário (Plasmo- soas doentes que estejam na fase inflamatória da doença.
dium). A mosca doméstica ou a lambe-olhos pode atuar na transmis-
Também é conhecida como paludismo, impaludismo, febre pa- são dela. A falta de água, a eliminação inadequada de dejetos, em
lustre, febre intermitente, febre terçã benigna, febre terçã maligna, conjunto com as condições sanitárias deficientes e falta de higiene,
além dos nomes populares: maleita, sezão, tremedeira, batedeira facilitam o avanço da doença.
ou febre. Alguns sintomas: lacrimejamento, sensação de cisco no olho,
Alguns sintomas: mal-estar, dor de cabeça, cansaço, dor mus- sensibilidade à luz, coceira, sinais de secreção com pus em pequena
cular, náuseas e vômitos, que acontecem antes da febre da malária quantidade, olho seco e diminuição da visão.
– febre alta podendo atingir 41° C. São considerados casos suspeitos pessoas que apresentarem
Como se pega: por meio da picada da fêmea do mosquito in- história de conjuntivite duradoura, coceira e sensibilidade à luz.
fectada com o Plasmodium. Como o mosquito tem hábito alimentar Ações relacionadas ao controle do tracoma:
ao entardecer e ao amanhecer e em algumas regiões da Amazônia - Identificar pessoas com queixa de cílios tocando o globo ocu-
tem hábitos noturnos, pica as pessoas durante todas as horas desde lar, lacrimejamento, sensação de cisco dentro do olho, coceira, sen-
o entardecer até o amanhecer. A doença não passa de pessoa para sibilidade à luz e secreção com pus e orientar que procure a Unida-
pessoa. de Básica de Saúde;
Casos suspeitos: em área onde é comum acontecer muitos ca- - Acompanhar as pessoas em tratamento e orientá-las quanto à
sos (mais comum na região Amazônica), toda pessoa que apresen- importância da necessidade de terminá-lo;
tar febre, que seja residente ou que tenha se deslocado por lugares - Orientar quanto à necessidade de lavar a face várias vezes ao
onde têm malária no período de 8 a 30 dias anteriores a ter os pri- dia, evitar dormir em camas com várias pessoas e dividir lençóis e
meiros sintomas. toalhas, para prevenir tracoma;
Em áreas onde não é comum acontecer casos, toda pessoa que - Realizar busca de casos, em domicílio, escolas, creches, or-
apresentar febre com os sintomas: calafrios, tremores, cansaço, fanatos, entre outros, após a notificação de um caso na sua área;
dor muscular e que tenha vindo de um lugar onde tem malária no - Registrar os casos confirmados, em ficha específica – e no Si-
período de 8 a 30 dias anteriores ao aparecimento dos primeiros nan NET, informando a Unidade Básica de Saúde;
sintomas. - Acompanhar os demais profissionais da equipe de saúde nas
Você deve orientar os casos suspeitos a procurarem a Unidade visitas de controle de casos positivos após o tratamento, para ava-
Básica de Saúde, para diagnóstico e tratamento. liação da sua evolução;
Ações relacionadas ao controle da malária: - 1ª visita de controle do caso – deve ser realizada 6 (seis) me-
Em zona urbana – na cidade: ses após início do tratamento;
- Promover o acompanhamento dos pacientes em tratamento, - 2ª visita de controle do caso – deve ser realizada 12 (doze)
reforçando a importância de concluí-lo; meses após o início do tratamento;
- Investigar a existência de casos na comunidade, a partir das - Desenvolver ações educativas e de mobilização da comunida-
pessoas que apresentem algum sintoma da doença; de relativas à promoção à saúde, prevenção e ao controle do traco-
ma em sua área de abrangência;

170
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Mobilizar a comunidade para desenvolver medidas simples de O Ministério da Saúde reconhece que o processo de qualifica-
higiene, especialmente orientar a lavagem frequente do rosto das ção dos agentes deve ser permanente. Nesse sentido, apresenta
crianças e de melhorias de hábitos no cuidado com o corpo e das esta publicação, com informações gerais sobre o trabalho do agen-
condições sanitárias e ambientais. te, que, juntamente com o Guia Prático do ACS, irá ajudá-lo no me-
lhor desenvolvimento de suas ações.

ALGUNS CONCEITOS IMPORTANTES A todos os agentes comunitários de saúde desejamos sucesso


Endemia na tarefa de acompanhar os milhares de famílias brasileiras.

Endemia é qualquer doença que ocorre apenas em um deter- O agente comunitário de saúde – ACS é um personagem muito
minado local ou região de forma persistente e permanente, não importante na implementação do Sistema Único de Saúde, fortale-
atingindo nem se espalhando para outras comunidades. cendo a integração entre os serviços de saúde da Atenção Primária
Enquanto a epidemia significa o aumento do número de casos à Saúde e a comunidade.
e que se espalha por outras localidades, a endemia tem duração
No Brasil, atualmente, mais de 200 mil agentes comunitários
contínua, mas somente em determinada área. No Brasil, existem
de saúde estão em atuação, contribuindo para a melhoria da quali-
áreas endêmicas.
dade de vida das pessoas, com ações de promoção e vigilância em
Por exemplo, a febre amarela é comum na Amazônia. No perío-
saúde.
do de infestação da doença, as pessoas que viajam para essa região
precisam ser vacinadas. O Ministério da Saúde reconhece que o processo de qualifica-
Epidemia ção dos agentes deve ser permanente. Nesse sentido, apresenta
É uma doença infecciosa e transmissível que ocorre numa co- esta publicação, com informações gerais sobre o trabalho do agen-
munidade ou região e pode se espalhar rapidamente entre as pes- te, que, juntamente com o Guia Prático do ACS, irá ajudá-lo no me-
soas de outras regiões, originando um surto epidêmico. lhor desenvolvimento de suas ações.
Pandemia
A pandemia é uma epidemia que atinge grandes proporções, A todos os agentes comunitários de saúde desejamos sucesso
podendo se espalhar por um ou mais continentes ou por todo o na tarefa de acompanhar os milhares de famílias brasileiras.
mundo, causando inúmeras mortes ou destruindo cidades e regiões
inteiras.
Para entender melhor: quando uma doença existe apenas em De onde veio o SUS?
uma determinada região, é considerada uma endemia (que não
acontece em outras localidades). Quando a doença é transmitida
para outras populações, atinge mais de uma cidade ou região, é
uma epidemia. O Sistema Único de Saúde (SUS) foi criado pela Constituição
Porém, quando uma epidemia de forma desequilibrada se Federal de 1988 para que toda a população brasileira tenha aces-
espalha pelos continentes ou pelo mundo, ela é considerada uma so ao atendimento público de saúde. Anteriormente, a assistência
pandemia. médica estava a cargo do Instituto Nacional de Assistência Médi-
Para saber mais: o câncer (responsável por numerosas mortes) ca da Previdência Social (Inamps), ficando restrita às pessoas que
não é considerado uma pandemia porque não uma é doença infec- contribuíssem com a previdência social. As demais eram atendidas
ciosa, ou seja, não é transmissível. apenas em serviços filantrópicos.
Exemplos de pandemias: Aids, tuberculose, peste, gripe asiáti-
A Constituição Federal é a lei maior de um país, superior a to-
ca, gripe espanhola, tifo etc.
das as outras leis. Em 1988, o Brasil promulgou a sua 7ª Constitui-
ção, também chamada de Constituição Cidadã, pois na sua elabora-
. - MANUAL: O TRABALHO DO AGENTE COMUNITÁRIO ção houve ampla participação popular e, especialmente, porque ela
DE SAÚDE é voltada para a plena realização da cidadania. É a lei que tem por
finalidade máxima construir as condições políticas, econômicas, so-
O Trabalho do Agente Comunitário de Saúde ciais e culturais que assegurem a concretização ou efetividade dos
direitos humanos, num regime de justiça social.

A Constituição Brasileira de 1988 preocupou-se com a cidada-


O agente comunitário de saúde – ACS é um personagem muito nia do povo brasileiro e se refere diretamente aos direitos sociais,
importante na implementação do Sistema Único de Saúde, fortale- como o direito à educação, à saúde, ao trabalho, ao lazer e à apren-
cendo a integração entre os serviços de saúde da Atenção Primária dizagem.
à Saúde e a comunidade.
Em relação à saúde, a Constituição apresenta cinco artigos – os
No Brasil, atualmente, mais de 200 mil agentes comunitários de nº 196 a 200.
de saúde estão em atuação, contribuindo para a melhoria da quali-
dade de vida das pessoas, com ações de promoção e vigilância em O artigo 1961 diz que:
saúde.
1. A saúde é direito de todos.

171
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

2. O direito à saúde deve ser garantido pelo Estado. Aqui, deve- 1.1 Princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS)
-se entender Estado como Poder Público: governo federal, governos
estaduais, o governo do Distrito Federal e os governos municipais. Para o cumprimento da tarefa de promover e proteger a saúde,
o SUS precisa se organizar conforme alguns princípios, previstos no
3. Esse direito deve ser garantido mediante políticas sociais e artigo 198 da Constituição Federal de 1988 e na Lei nº 8.080/1990,
econômicas com acesso universal e igualitário às ações e aos ser- em que destacamos:
viços para sua promoção, proteção e recuperação e para reduzir o Universalidade – significa que o SUS deve atender a todos, sem
risco de doença e de outros agravos. distinções ou restrições, oferecendo toda a atenção necessária, sem
qualquer custo. Todos os cidadãos têm direito a consultas, exames,
Políticas sociais e econômicas são aquelas que vão contribuir
internações e tratamentos nos serviços de saúde, públicos ou pri-
para que o cidadão possa ter com dignidade: moradia, alimenta-
vados, contratados pelo gestor público. A universalidade é princípio
ção, habitação, educação, lazer, cultura, serviços de saúde e meio
fundamental das mudanças previstas pelo SUS, pois garante a todos
ambiente saudável.
os brasileiros o direito à saúde.
Conforme está expresso na Constituição, a saúde não está uni- Integralidade – pelo princípio da integralidade, o SUS deve se
camente relacionada à ausência de doença. Ela é determinada pelo organizar de forma que garanta a oferta necessária aos indivíduos e
modo que vivemos, pelo acesso a bens e consumo, à informação, à coletividade, independentemente das condições econômicas, da
à educação, ao saneamento, pelo estilo de vida, nossos hábitos, a idade, do local de moradia e outros, com ações e serviços de pro-
nossa maneira de viver, nossas escolhas. Isso significa dizer que a moção à saúde, prevenção de doenças, tratamento e reabilitação.
saúde é determinada socialmente. A integralidade não ocorre apenas em um único local, mas no siste-
ma como um todo e só será alcançada como resultado do trabalho
O artigo 198 da Constituição define que as ações e serviços pú- integrado e solidário dos gestores e trabalhadores da saúde, com
blicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e seus múltiplos saberes e práticas, assim como da articulação entre
devem constituir um sistema único, organizado de acordo com as os diversos serviços de saúde.
seguintes diretrizes:
Equidade – o SUS deve disponibilizar serviços que promovam
1. Descentralização, com direção única em cada esfera de go- a justiça social, que canalizem maior atenção aos que mais neces-
verno; sitam, diferenciando as necessidades de cada um. Na organização
da atenção à saúde no SUS, a equidade traduz-se no tratamento
2. Atendimento integral, com prioridade para as atividades pre- desigual aos desiguais, devendo o sistema investir mais onde e para
ventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; quem as necessidades forem maiores. A equidade é, portanto, um
3. Participação da comunidade. princípio de justiça social, cujo objetivo é diminuir desigualdades.

Em dezembro de 1990, o artigo 198 da Constituição Federal foi Participação da comunidade – é o princípio que prevê a organi-
regulamentado pela Lei nº 8.080, que é conhecida como Lei Orgâ- zação e a participação da comunidade na gestão do SUS.
nica de Saúde ou Lei do Sistema Único de Saúde (SUS). Essa lei es- Essa participação ocorre de maneira oficial por meio dos Con-
tabelece como deve funcionar o sistema de saúde em todo o terri- selhos e Conferências de Saúde, na esfera nacional, estadual e mu-
tório nacional e define quem é o gestor em cada esfera de governo. nicipal. O Conselho de Saúde é um colegiado permanente e deve
No âmbito nacional, o Ministro da Saúde; no estadual, o Secretário estar representado de forma paritária, ou seja, com uma maioria
Estadual de Saúde; no Distrito Federal/DF, o Secretário de Saúde do dos representantes dos usuários (50%), mas também com os tra-
DF; e, no município, o Secretário Municipal de Saúde. As competên- balhadores (25%), gestores e prestadores de serviços (25%). Sua
cias e responsabilidades de cada gestor também foram definidas. função é formular estratégias para o enfrentamento dos problemas
Outra condição expressa no artigo 198 é a participação popu- de saúde, controlar a execução das políticas de saúde e observar os
lar, que foi detalhada posteriormente pela Lei nº 8.142, de dezem- aspectos financeiros e econômicos do setor, possuindo, portanto,
bro de 1990. caráter deliberativo.

Apesar de ser um sistema de ser de saúde em construção, com A Conferência de Saúde se reúne a cada quatro anos com a
problemas a serem resolvidos e desafios a enfrentados para a con- representação dos vários segmentos sociais, para avaliar a situação
cretização dos seus princípios e diretrizes, o SUS é uma realidade. de saúde e propor as diretrizes para a formulação da política de
saúde. É convocada pelo Poder Executivo (Ministério da Saúde, Se-
Faz parte do processo de construção a organização e a reorga- cretaria Estadual ou Municipal de Saúde) ou, extraordinariamente,
nização do modelo de atenção à saúde, isto é, a forma de organizar pela própria Conferência ou pelo Conselho de Saúde.
a prestação de serviços e as ações de saúde para atender às ne-
cessidades e demandas da população, contribuindo, assim, para a Descentralização – esse princípio define que o sistema de saú-
solução dos seus problemas de saúde. de se organize tendo uma única direção, com um único gestor em
cada esfera de governo. No âmbito nacional, o gestor do SUS é o
Ao SUS cabe a tarefa de promover e proteger a saúde, como Ministro da Saúde; no estadual, o Secretário Estadual de Saúde; no
direito de todos e dever do Estado, garantindo atenção contínua e Distrito Federal/DF, o Secretário de Saúde do DF; e, no município,
com qualidade aos indivíduos e às coletividades, de acordo com as o Secretário Municipal de Saúde. Cada gestor, em cada esfera de
diferentes necessidades. governo, tem atribuições comuns e competor em cada esfera de
governo. No âmbito nacional, o gestor do SUS é o Ministro da Saú-

172
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

de; no estadual, o Secretário Estadual de Saúde; no Distrito Fede- 2. Atenção Primária à Saúde
ral/DF, o Secretário de Saúde do DF; e, no município, o Secretário A Atenção Primária à Saúde (APS), também conhecida no Brasil
Municipal de Saúde. Cada gestor, em cada esfera de governo, tem como Atenção Básica (AB), da qual a Estratégia Saúde da Família é
atribuições comuns e competências específicas. a expressão que ganha corpo no Brasil, é caracterizada pelo desen-
volvimento de um conjunto de ações de promoção e proteção da
O município tem papel de destaque, pois é lá onde as pessoas saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, reabilitação
moram e onde as coisas acontecem. Em um primeiro momento, a e manutenção da saúde.
descentralização resultou na responsabilização dos municípios pela Essas ações, desenvolvidas por uma equipe de saúde, são di-
organização da oferta de todas as ações e serviços de saúde. Com rigidas a cada pessoa, às famílias e à coletividade ou conjunto de
o passar do tempo, após experiências de implantação, percebeu-se pessoas de um determinado território.
que nem todo município, dadas suas características sociais, demo- Bem estruturada e organizada, a Atenção Primária à Saúde
gráficas e geográficas, comportariam assumir a oferta de todas as (APS) resolve os problemas de saúde mais comuns/frequentes da
ações de saúde, e que há situações que devem ser tratadas no nível população, reduz os danos ou sofrimentos e contribui para uma
estadual ou nacional, como é o caso da política de transplantes. melhor qualidade de vida das pessoas acompanhadas.
Além dos princípios e diretrizes do SUS, a APS orienta-se tam-
Com o fim de atender às necessárias redefinições de papéis e
bém pelos princípios da acessibilidade, vínculo, continuidade do
atribuições das três esferas de gestão (municípios, Estados e União)
cuidado (longitudinalidade), responsabilização, humanização, parti-
resultantes da implementação do SUS, houve um processo evo-
cipação social e coordenação do cuidado. Possibilita uma relação de
lutivo de adaptação a esses novos papéis, traduzidos nas Normas
longa duração entre a equipe de saúde e os usuários, independen-
Operacionais de Assistência à Saúde (NOAS 01/01 e NOAS 01/02).
temente da presença ou ausência de problemas de saúde, o que
Mais recentemente as referidas Normas formam substituídas por
chamamos de atenção longitudinal. O foco da atenção é a pessoa,
uma nova lógica de pactuação onde cada esfera tem seu papel a ser
e não a doença.
desempenhado, definido no chamado “Pacto pela Saúde”.
Ao longo do tempo, os usuários e a equipe passam a se co-
Regionalização – orienta a descentralização das ações e ser- nhecer melhor, fortalecendo a relação de vínculo, que depende de
viços de saúde, além de favorecer a pactuação entre os gestores movimentos tanto dos usuários quanto da equipe.
considerando suas responsabilidades. Tem como objetivo garantir
o direito à saúde da população, reduzindo desigualdades sociais e A base do vínculo é o compromisso do profissional com a saúde
territoriais. daqueles que o procuram. Para o usuário, existirá vínculo quando
ele perceber que a equipe contribui para a melhoria da sua saúde e
Hierarquização – é uma forma de organizar os serviços e ações da sua qualidade de vida. Há situações que podem ser facilitadoras
para atender às diferentes necessidades de saúde da população. ou dificultadoras. Um bom exemplo disso pode ser o horário e dias
Dessa forma, têm-se serviços voltados para o atendimento das ne- de atendimento da Unidade Básica de Saúde (UBS), a sua localiza-
cessidades mais comuns e frequentes desenvolvidas nos serviços ção, ter ou não acesso facilitado para pessoas com deficiência física,
de Atenção Primária à Saúde com ou sem equipes de Saúde da entre outras coisas.
Família. A maioria das necessidades em saúde da população é re- As ações e serviços de saúde devem ser pautados pelo princí-
solvida nesses serviços. Algumas situações, porém, necessitam de pio da humanização, o que significa dizer que as questões de gênero
serviços com equipamentos e profissionais com outro potencial de (feminino e masculino), crença, cultura, preferência política, etnia,
resolução. Citamos como exemplo: as maternidades, as policlínicas, raça, orientação sexual, populações específicas (índios, quilombo-
os prontos-socorros, hospitais, além de outros serviços classifica- las, ribeirinhos etc.) precisam ser respeitadas e consideradas na
dos como de média e alta complexidade, necessários para situações organização das práticas de saúde. Significa dizer que essas práti-
mais graves. cas devem estar relacionadas ao compromisso com os direitos do
cidadão.
Esses diferentes serviços devem possuir canais de comunica- O acolhimento é uma das formas de concretizar esse princípio
ção e se relacionar de maneira que seja garantido o acesso a todos e se caracteriza como um modo de agir que dá atenção a todos que
conforme a necessidade do caso, regulado por um eficiente sistema procuram os serviços, não só ouvindo suas necessidades, mas per-
de regulação. cebendo aquilo que muitas vezes não é dito.
Todas as pessoas têm direito à saúde, mas é importante lem- O acolhimento não está restrito a um espaço ou local. É uma
brar que elas possuem necessidades diferentes. Para que se faça postura ética. Não pressupõe hora ou um profissional específico
justiça social, é necessário um olhar diferenciado, por meio da orga- para fazê-lo, implica compartilhamento de saberes, necessidades,
nização da oferta e acesso aos serviços e ações de saúde aos mais possibilidades, angústias ou formas alternativas para o enfrenta-
necessitados, para que sejam minimizados os efeitos das desigual- mento dos problemas.
dades sociais. O ACS tem um papel importante no acolhimento, pois é um
membro da equipe que faz parte da comunidade, o que ajuda a
O SUS determina que a saúde é um direito humano fundamen- criar confiança e vínculo, facilitando o contato direto com a equipe.
tal e é uma conquista do povo brasileiro. A APS tem a capacidade de resolver grande parte dos proble-
mas de saúde da população, mas em algumas situações haverá a
necessidade de referenciar seus usuários a outros serviços de saú-
de. Mesmo nesses momentos, a APS tem um importante papel ao
desempenhar a função de coordenação do cuidado, que é entendi-

173
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

do como a capacidade de responsabilizar-se pelo usuário (saber o Você, agente, é um personagem fundamental, pois é quem está
que está acontecendo com ele) e apoiá-lo, mesmo quando este está mais próximo dos problemas que afetam a comunidade, é alguém
sendo acompanhado em outros serviços de saúde. que se destaca pela capacidade de se comunicar com as pessoas e
É na APS em que acontece o trabalho do agente comunitário pela liderança natural que exerce.
de saúde (ACS). Sua ação favorece a transformação de situações-problema que
afetam a qualidade de vida das famílias, como aquelas associadas
3. APS/Saúde da Família ao saneamento básico, destinação do lixo, condições precárias de
moradia, situações de exclusão social, desemprego, violência intra-
O Ministério da Saúde definiu a Saúde da Família como estra- familiar, drogas lícitas e ilícitas, acidentes etc.
tégia prioritária para a organização e fortalecimento da APS no País. Seu trabalho tem como principal objetivo contribuir para a qua-
Por meio dessa estratégia, a atenção à saúde é feita por uma lidade de vida das pessoas e da comunidade. Para que isso aconte-
equipe composta por profissionais de diferentes categorias (multi- ça, você tem que estar alerta. Tem que estar sempre “vigilante”.
disciplinar) trabalhando de forma articulada (interdisciplinar), que
considera as pessoas como um todo, levando em conta suas condi- Pessoas com deficiência, por exemplo, podem ter dificuldade
ções de trabalho, de moradia, suas relações com a família e com a no convívio familiar, na participação na comunidade, na inclusão na
comunidade. escola, no mercado de trabalho, no acesso a serviços de saúde, se-
Cada equipe é composta, minimamente, por um médico, um jam estes voltados à reabilitação ou consultas gerais. Conhecer essa
enfermeiro, um auxiliar de enfermagem ou técnico de enferma- realidade, envolver a equipe de saúde e a comunidade na busca
gem e ACS, cujo total não deve ultrapassar a 12. Essa equipe pode de recursos e estratégias que possibilitem superar essas situações
ser ampliada com a incorporação de profissionais de Odontologia: são atitudes muito importantes que podem ser desencadeadas por
cirurgião-dentista, auxiliar de saúde bucal e/ou técnico em saúde você, repercutindo na mudança da qualidade de vida e no aumento
bucal. Cabe ao gestor municipal a decisão de incluir ou não outros de oportunidades para essas pessoas na construção de uma comu-
profissionais às equipes. nidade mais solidária e cidadã.
Além disso, com o objetivo de ampliar a abrangência das ações
da APS, bem como sua capacidade de resolução dos problemas de Para realizar um bom trabalho, você precisa:
saúde, foram criados em 2008 os Núcleos de Apoio à Saúde da Fa- - Conhecer o território;
mília (Nasf). Eles podem ser constituídos por equipes compostas - Conhecer não só os problemas da comunidade, mas também
por profissionais de diversas áreas do conhecimento (nutricionista, suas potencialidades de crescer e se desenvolver social e economi-
psicólogo, farmacêutico, assistente social, fisioterapeuta, terapeuta camente;
ocupacional, fonoaudiólogo, médico acupunturista, médico gineco- - Ser ativo e ter iniciativa;
logista, médico homeopata, médico pediatra e médico psiquiatra) - Gostar de aprender coisas novas;
que devem atuar em parceria com os profissionais das ESF. Logo, - Observar as pessoas, as coisas, os ambientes;
é importante que você, agente, saiba se sua equipe está vinculada - Agir com respeito e ética perante a comunidade e os demais
a algum Nasf e, em caso positivo, como se dá a articulação entre a profissionais.
sua ESF e este Nasf.
É necessário que exista entre a comunidade e os profissionais Todas as famílias e pessoas do seu território devem ser acompa-
de saúde relação de confiança, atenção e respeito. Essa relação é nhadas por meio da visita domiciliar, na qual se desenvolvem ações
uma das principais características da reorganização do processo de de educação em saúde. Entretanto, sua atuação não está restrita ao
trabalho por meio da Saúde da Família e se dá na medida em que os domicílio, ocorrendo também nos diversos espaços comunitários.
usuários têm suas necessidades de saúde atendidas. Todas essas ações que estão voltadas para a qualidade de vida
A população sob responsabilidade da equipe deve ser cadas- das famílias necessitam de posturas empreendedoras por parte da
trada e acompanhada, entendendo-se suas necessidades de saúde população e, na maioria das vezes, é você que exerce a função de
como resultado também das condições sociais, ambientais e econô- estimular e organizar as reivindicações da comunidade.
micas em que vive.
Equipe e famílias devem compartilhar responsabilidades pela A atuação do ACS valoriza questões culturais da comunidade,
saúde. Isso é particularmente importante na adequação das ações integrando o saber popular e o conhecimento técnico.
de saúde às necessidades da população e é uma forma de controle 4.1 Detalhando um pouco mais as suas ações
social e participação popular.
A participação popular e o controle social devem ser estimula- Você deve estar sempre atento ao que acontece com as famí-
dos na ação cotidiana dos profissionais que atuam na APS. lias de seu território, identificando com elas os fatores socioeconô-
micos, culturais e ambientais que interferem na saúde. Ao identi-
4. Agente Comunitário de Saúde: você é “um agente de mu- ficar ou tomar conhecimento da situação-problema, você precisa
danças”! conversar com a pessoa e/ou familiares e depois encaminhá-la(los)
à unidade de saúde para uma avaliação mais detalhada. Caso a si-
Seu trabalho é considerado uma extensão dos serviços de saú- tuação-problema seja difícil de ser abordada ou não encontre aber-
de dentro das comunidades, já que você é um membro da comuni- tura das pessoas para falar sobre o assunto, você deve relatar a si-
dade e possui com ela um envolvimento pessoal. tuação para a sua equipe.
Os diferentes aspectos de um problema deverão ser examina-
dos cuidadosamente com as pessoas, para que sejam encontradas
as melhores soluções. Você orienta ações de prevenção de doen-

174
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

ças, promoção à saúde, entre outras estabelecidas pelo planeja- - Uso inadequado de medicamentos prescritos;
mento da equipe. Todas as pessoas de sua comunidade deverão ser - Automedicação;
acompanhadas, principalmente aquelas em situação de risco. Veja - Descontinuidade de tratamento.
explicação mais à frente.
Há situações em que será necessária a atuação de outros pro- A situação de risco pode ser agravada por obstáculos ou fatores
fissionais da equipe, sendo indicado o encaminhamento para a uni- que dificultam ou impedem as pessoas de terem acesso às unida-
dade de saúde. Você deverá comunicar à equipe quanto à situação des de saúde, como:
encontrada, pois, caso não ocorra o comparecimento à unidade de - Localização do serviço com barreiras geográficas ou distante
saúde, deverá ser realizada busca-ativa ou visita domiciliar. da comunidade;
Podemos dizer que o ACS deve: - Ausência de condições para acesso das pessoas com deficiên-
- Identificar áreas e situações de risco individual e coletivo; cia física: falta de espaço para cadeira de rodas, banheiros não ade-
- Encaminhar as pessoas aos serviços de saúde sempre que ne- quados;
cessário; - Serviços de transporte urbano insuficientes;
- Orientar as pessoas, de acordo com as instruções da equipe - Horários e dias de atendimento restritos ou em desacordo
de saúde; com a disponibilidade da população;
- Acompanhar a situação de saúde das pessoas, para ajudá-las - Capacidade de atendimento insuficiente;
a conseguir bons resultados. - Burocratização no atendimento;
- Preconceitos raciais, religiosos, culturais, sociais, entre outros.
Todas as ações são importantes e a soma delas qualifica seu
trabalho. No entanto você deve compreender a importância da Haverá acessibilidade quando esse conjunto de fatores contri-
participação popular na construção da saúde, estimulando assim buírem para o acesso do usuário aos serviços de saúde.
as pessoas da comunidade a participarem das discussões sobre sua Existem situações de risco que afetam a pessoa individualmen-
saúde e o meio ambiente em que vivem, ajudando a promover a te e, portanto, têm soluções individuais. Outras atingem um núme-
saúde e a construir ambientes saudáveis. ro maior de pessoas em uma mesma comunidade, o que irá exigir
Situações de risco são aquelas em que uma pessoa ou grupo de uma mobilização coletiva, por meio da participação da comunidade
pessoas “corre perigo”, isto é, tem maior possibilidade ou chance de integrada às autoridades e serviços públicos. Os Conselhos de Saú-
adoecer ou até mesmo de morrer. de (locais, municipais, estaduais e nacional) e as Conferências são
espaços que permitem a participação democrática e organizada da
Alguns exemplos de situação de risco: comunidade na busca de soluções.
- Bebês que nascem com menos de dois quilos e meio; É importante ressaltar que essa participação não deve restrin-
- Crianças que estão desnutridas; gir apenas aos Conselhos e Conferências, podendo se dar de outras
- Filhos de mães que fumam, bebem bebidas alcoólicas e usam formas – reunião das equipes de saúde com a comunidade e as-
drogas na gravidez; sociação de moradores, caixas de sugestões, ouvidoria, disque-de-
- Gestantes que não fazem o pré-natal; núncia, entre outras.
- Gestantes que fumam;
- Gestantes com diabetes e/ou pressão alta; 5. O processo de trabalho do ACS e o desafio de trabalhar em
- Acamados; equipe
- Pessoas que precisam de cuidadores, mas não possuem al-
guém que exerça essa função; Trabalhar na área da saúde é atuar em um mundo onde um
- Pessoas com deficiência que não têm acesso às ações e ser- conjunto de trabalhadores diversos se encontra para produzir cui-
viços de saúde, sejam estes de promoção, proteção, diagnóstico, dado à saúde da população. Se pensarmos no conjunto de trabalha-
tratamento ou reabilitação; dores de uma unidade de saúde – que pode ser a sua –, poderemos
- Pessoas em situação de violência; observar que cada trabalhador atua em um certo lugar, tem deter-
- Pessoas que estão com peso acima da média e vida sedentária minadas responsabilidades e produz um conjunto de ações para
com ou sem uso do tabaco ou do álcool. que esse objetivo seja alcançado.
Nesses casos, as pessoas têm mais chance de adoecer e morrer Além disso, para cada ação e responsabilidade, o trabalhador
se não forem tomadas as providências necessárias. precisa contar com uma série de conhecimentos, saberes e habili-
dades para conseguir executar da melhor forma possível a sua fun-
É necessário considerar ainda condições que aumentam o risco ção.
de as pessoas adoecerem, por exemplo: É muito comum na área da saúde utilizar instrumentos e equi-
- Baixa renda; pamentos para apoiar a realização das ações de cuidado.
- Desemprego; Exemplo: o médico da unidade de saúde tem como uma de
- Acesso precário a bens e serviços: água, luz elétrica, trans- suas ações a realização de consultas. O que ele precisa ter para
porte etc.); realizar bem essa ação? Para fazer uma boa anamnese (entrevista
- Falta de água tratada; que busca levantar todos os fatos referentes à pessoa e à doen-
- Lixo armazenado em locais inadequados; ça que ela apresenta) e um bom exame físico, ele precisa contar
- Uso incorreto de venenos na lavoura; com conhecimentos técnicos que adquiriu durante a sua formação
- Poluição do ar ou da água; e durante a sua vida. Nessa atividade, ele provavelmente vai utilizar
- Esgoto a céu aberto; também alguns instrumentos, como um roteiro/questionário, um
- Falta de alimentação ou alimentação inadequada; estetoscópio (aparelho para escutar o coração, pulmões e abdome),

175
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

aparelho para medir a pressão, entre outros. Além disso, ele vai A equipe de saúde é formada por pessoas com histórias, forma-
precisar ter outra habilidade, que é a das relações, que se mostra ções, saberes e práticas diferentes. É um conjunto de pessoas que
no modo como ele consegue interagir com as pessoas atendidas. se encontram para produzir o cuidado de uma população.
Vamos ver então dois exemplos diferentes de como esse médi- Nessa equipe há sempre movimentos permanentes de articu-
co poderia realizar essa consulta: lação/desarticulação, ânimo/desânimo, invenção/resistência à mu-
1ª situação – mobilizando mais os conhecimentos técnicos e dança, crença/descrença no seu trabalho, pois a equipe é viva, está
os instrumentos: nesta situação o médico cumprimenta o usuário sempre em processo de mudança.
já olhando para a sua ficha/prontuário e começa a fazer perguntas Para essa construção acontecer, os trabalhadores precisam
seguindo o roteiro/questionário, anotando as respostas e agindo de aprender um “modo-equipe” de trabalhar, reorganizando-se em
modo formal e objetivo. Realiza o exame físico enquanto termina as torno de projetos terapêuticos para assistir os usuários em sua in-
perguntas do questionário e faz a prescrição e/ou encaminhamen- tegralidade. É importante que toda a equipe assuma a tarefa de
to. A consulta termina rapidamente. cuidar do usuário, reconhecendo que, para abordar a complexidade
2ª situação – mobilizando os conhecimentos, os instrumentos do trabalho em saúde, são necessários diferentes olhares, saberes
e a habilidade das relações: nesta outra situação o médico cum- e fazeres.
primenta o usuário, utiliza o roteiro/questionário como guia, mas
incentiva e abre espaço para a fala e a escuta do usuário sobre as- O seu lugar na equipe de saúde
pectos que não estão no roteiro. Nesse caso, ocorre uma conversa Para cuidar da saúde da população de um determinado terri-
com o usuário para deixá-lo mais à vontade, a fala não se restringe tório, a unidade de saúde deve estar organizada de um modo que
às perguntas do questionário, existe troca de olhares e discussão seus trabalhadores estejam divididos em funções e assumam res-
dos problemas percebidos. O exame físico é realizado e, após todos ponsabilidades diferentes e complementares.
os esclarecimentos de dúvidas que o profissional e o usuário julga- Vamos pensar no caso de uma enfermeira da unidade de saú-
ram necessários, a prescrição e/ou encaminhamento é realizado e de. Uma de suas atribuições é realizar consultas de enfermagem, no
a consulta é finalizada. entanto, ela compartilha com você e com os demais membros da
O que vimos acima foram dois exemplos de processo de traba- equipe uma série de outras responsabilidades e objetivos.
lho diferenciados: um que privilegia os conhecimentos técnicos e Veja a seguir o quadro com algumas ações que são específicas
os instrumentos, sem dar muita atenção para a relação de cuidado e outras que são comuns aos profissionais da equipe da unidade
com o usuário (situação 1), e outro em que o profissional utilizou de saúde.
seus conhecimentos técnicos em uma interação que valorizou o Observando o quadro, você perceberá que há muitas ativi-
aspecto relacional e o cuidado com o usuário (situação 2). Verifica- dades que são comuns a todos da equipe, afinal, todos atuam no
mos também, nessa segunda situação, que o instrumento roteiro/ mesmo campo da saúde. Um exercício importante ao olhar para
questionário serviu como apoio ao processo, e não como elemento esse quadro é avaliar se aquelas atividades comuns aos diversos
central. trabalhadores estão acontecendo de forma articulada. Isso é um
bom indicador de trabalho em equipe, pois quando realizadas em d
Comprovadamente, o atendimento realizado de maneira mais conjunto trazem benefícios para todos. 7
humanizada – situação 2 – traz melhores resultados para a saú- c
de do usuário, pois favorece o estabelecimento de uma relação de Como podemos observar no quadro, as atividades de plane-
confiança entre o profissional e usuário, aumentando o vínculo e a jamento e avaliação são comuns a todos os trabalhadores e, se e
adesão ao tratamento. realizadas em conjunto, trarão benefícios tanto aos trabalhadores d
quanto ao trabalho da equipe como um todo. Então reflita: como p
Agora pense no seu processo de trabalho. Qual é o seu papel essas atividades são desenvolvidas na realidade da sua unidade de
na unidade e na equipe de saúde? Você, agente comunitário de saúde?
saúde, é um membro da equipe e essencial para o desenvolvimento d
das ações da Atenção Primária à Saúde. c
q
Você já refletiu sobre como você tem desenvolvido o seu pro- b
cesso de trabalho? Em qual das duas situações descritas acima você b
se vê? Como você utiliza seus conhecimentos, instrumentos e sua
habilidade de se relacionar com o usuário para promover o cuida- t
do? Ao preencher a Ficha A, você percebe a importância que ela p
tem no processo de cuidado das pessoas de sua microárea? c

Nesta publicação trabalharemos diferentes aspectos relacio- d


nados aos seus conhecimentos técnicos e a partir dessa discussão d
relacionaremos o seu processo de trabalho com alguns instrumen- V
tos utilizados em seu dia a dia. Mas é de fundamental importância m
lembrar que o trabalho em saúde tem uma dimensão de cuidado ç
humanizado insubstituível, que ocorre no momento da interação p
com o usuário nesse encontro programado para produzir cuidado. e
a
O trabalho em equipe s

176
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

*O vitalismo é a posição filosófica caracterizada por postular


a existência de uma força ou impulso vital sem a qual a vida não
poderia ser explicada.

Ao identificar a população indígena, o ACS deve levar em con-


sideração que, mesmo residindo no espaço urbano ou rural, longe
de sua aldeia de origem ou em aldeamento não reconhecido oficial-
mente, o indígena possui o direito de ser acompanhado, respeitan-
do-se as diferenças culturais.
É necessário considerar que o indígena nem sempre tem domí-
nio da língua portuguesa, podendo entender algumas palavras em
português, sem compreender a informação, a explicação dada ou
mesmo a pergunta realizada. É importante observar e tentar perce-
ber se estão entendendo e o que estão entendendo, cuidando para
não constrangê-los. O esforço de comunicação deve ser mútuo de
modo a promover o diálogo.
Ainda como informações importantes para o diagnóstico da co-
munidade, vale destacar a necessidade de identificar outros locais
onde os moradores costumam ir para resolver seus problemas de
saúde, como casa de benzedeiras ou rezadores, raizeiros ou pessoas
que são conhecidas por saberem orientar sobre nomes de remé-
dio para algumas doenças, bem como saber se procuram serviços
(pronto-socorro, hospitais etc.) situados fora de sua área de mora-
dia ou fora do seu município. Também é importante você saber se
as pessoas costumam usar remédios caseiros, chás, plantas medi-
cinais, fitoterapia e/ou se utilizam práticas complementares como
a homeopatia e acupuntura. Você deve saber se existe disponível
na região algum tipo de serviço de saúde que utilize essas práticas.
Cadastramento das famílias Ao realizar o cadastramento e identificar os principais proble-
mas de saúde, seu trabalho contribui para que os serviços possam
A etapa inicial de seu trabalho é o cadastramento das famílias oferecer uma atenção mais voltada para a família, de acordo com a
de sua micro área – o seu território de atuação – com, no máximo, realidade e os problemas de cada comunidade.
750 pessoas. Para realizar o cadastramento, é necessário o preen- Os dados desse cadastramento devem ser de conhecimento de
chimento de fichas específicas. toda a equipe de saúde.
Conhecer o número de pessoas da comunidade por faixa etária
e sexo é importante, pois há doenças que acometem mais crianças Os profissionais devem atuar de forma integrada, discutindo e
do que adultos ou mais mulheres que homens, o que influenciará no analisando em conjunto as situações identificadas.
planejamento da equipe. Tão importante quanto fazer o cadastramento da população é
mantê-lo atualizado.
O cadastro possibilita o conhecimento das reais condições
de vida das famílias residentes na área de atuação da equipe, tais 5.1.1 Dando um exemplo
como a composição familiar, a existência de população indígena,
quilombola ou assentada, a escolaridade, o acesso ao saneamento Em uma comunidade, muitos casos de diarreia começaram a
básico, o número de pessoas por sexo e idade, as condições da ha- acontecer. As pessoas procuravam o posto de saúde ou iam direto
bitação, o desemprego, as doenças referidas etc. ao hospital para se tratar. Eram medicadas, mas pouco tempo de-
É importante identificar os diversos estabelecimentos e insti- pois estavam doentes de novo. Essa situação alertou a equipe de
tuições existentes no território, como escolas, creches, comércio, que algo não estava bem.
praças, instituições de longa permanência (ILP), igrejas, templos, O ACS, por meio das visitas domiciliares, observou a existência
cemitério, depósitos de lixo/aterros sanitários etc. de esgoto a céu aberto próximo a tubulações de água.
Para melhor desenvolver seu trabalho com essa população in- Além disso, as pessoas daquela comunidade costumavam não
dígena, você pode buscar apoio técnico e articulação junto à sede proteger adequadamente suas caixas d’água.
do Distrito Sanitário Especial Indígena de sua cidade, se houver. A equipe identificou os fatores de risco e constatou que os ca-
Você também pode verificar se na secretaria de saúde existe algu- sos de diarreia estavam relacionados aos hábitos de vida daquelas
ma equipe ou setor que trate das questões de saúde dessa popula- pessoas.
ção e solicitar mais orientações. Caso trabalhe numa área rural ou Observa-se que um mesmo problema de saúde pode estar rela-
próximo a aldeias indígenas, você deve buscar informação sobre a cionado a diferentes causas e que o olhar dos diversos membros da
existência de equipe multidisciplinar de saúde indígena, incluído o equipe pode contribuir para a resolução do problema.
agente indígena de saúde. Procurar essas pessoas para uma conver-
sa pode ser muito importante e esclarecedor.

177
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O território é a base do trabalho do ACS. Território, segundo Também é recomendável definir o tempo de duração da visita,
a lógica da saúde, não é apenas um espaço delimitado geografica- devendo ser adaptada à realidade do momento.
mente, mas sim um espaço onde as pessoas vivem, estabelecem A pessoa a ser visitada deve ser informada do motivo e da im-
relações sociais, trabalham, cultivam suas crenças e cultura. portância da visita. Chamá-las sempre pelo nome demonstra res-
Trabalhar com território implica processo de coleta e sistema- peito e interesse por elas.
tização de dados demográficos, socioeconômicos, político culturais, Na primeira visita, é indispensável que você diga seu nome, fale
epidemiológicos e sanitários, identificados por meio do cadastra- do seu trabalho, o motivo da visita e sempre pergunte se pode ser
mento, que devem ser interpretados e atualizados periodicamente recebido naquele momento.
pela equipe. Para o desenvolvimento de um bom trabalho em equipe, é fun-
damental que tanto o ACS quanto os demais profissionais apren-
Visita domiciliar dam a interagir com a comunidade, sem fazer julgamentos quanto
à cultura, crenças religiosas, situação socioeconômica, etnia, orien-
A permissão de entrada em uma casa representa algo muito tação sexual, deficiência física etc.
significativo, que envolve confiança no ACS e merece todo o respei- Todos os membros da equipe devem respeitar as diferenças
to. É o que poderia ser chamado de “procedimento de alta comple- entre as pessoas, adotando uma postura de escuta, tolerância aos
xidade” ou pelomenos de “alta delicadeza” princípios e às distintas crenças e valores que não sejam os seus
próprios, além de atitudes imparciais.
A visita domiciliar é a atividade mais importante do processo Após a realização da visita, você deve verificar se o objetivo
de trabalho do agente comunitário de saúde. Ao entrar na casa de dela foi alcançado e se foram dadas e colhidas as informações ne-
uma família, você entra não somente no espaço físico, mas em tudo cessárias. Enfim, você deve avaliar e corrigir possíveis falhas. Esse é
o que esse espaço representa. Nessa casa vive uma família, com um passo muito importante que possibilitará planejar as próximas
seus códigos de sobrevivência, suas crenças, sua cultura e sua pró- visitas. Da mesma forma, você deve partilhar com o restante da
pria história. equipe essa avaliação, expondo as eventuais dúvidas, os anseios, as
A sensibilidade/capacidade de compreender o momento certo dificuldades sentidas e os êxitos.
e a maneira adequada de se aproximar e estabelecer uma relação Toda visita deve ser realizada tendo como base o planejamen-
de confiança é uma das habilidades mais importantes do ACS. Isso to da equipe, pautado na identificação das necessidades de cada
lhe ajudará a construir o vínculo necessário ao desenvolvimento família. Pode ser que seja identificada uma situação de risco e isso
das ações de promoção, prevenção, controle, cura e recuperação. demandará a realização de outras visitas com maior frequência.
Muitas vezes o ACS pode ser a melhor companhia de um ido-
so ou de uma pessoa deprimida sem extrapolar os limites de suas É por meio da visita domiciliar e da sua inserção na comunida-
atribuições. O ACS pode orientar como trocar a fralda de um bebê e de que o agente vai compreendendo a forma de viver, os códigos,
pode ser o amigo e conselheiro da pessoa ou da família. Nem sem- as crenças, enfim, a dinâmica de vida das famílias por ele acom-
pre é fácil separar o lado pessoal do profissional e os limites da rela- panhadas. A visita domiciliar requer, contudo, um saber-fazer que
ção ACS/família. Isso pode determinar ou reorganizar seu processo se aprende no cotidiano, mas pode e deve se basear em algumas
de trabalho e a forma como se vincula à família. Recomenda-se que condutas que demonstrem respeito, atenção, valorização, compro-
o ACS estabeleça um bom vínculo com a família, mas saiba dissociar misso e ética.
a sua relação pessoal do seu papel como agente comunitário de Por meio da visita domiciliar, é possível:
saúde. - Identificar os moradores, por faixa etária, sexo e raça, ressal-
Cada família tem uma dinâmica de vida própria e, com as mo- tando situações como gravidez, desnutrição, pessoas com deficiên-
dificações na estrutura familiar que vêm ocorrendo nos últimos cia etc.;
tempos, fica cada vez mais difícil classificá-la num modelo único. Es- - Conhecer as condições de moradia e de seu entorno, de tra-
sas particularidades – ou características próprias – fazem com que balho, os hábitos, as crenças e os costumes;
determinada conduta ou ação por parte dos agentes e equipe de - Conhecer os principais problemas de saúde dos moradores
saúde tenha efeitos diferentes ou atinjam de modo distinto, com da comunidade;
maior ou menor intensidade, as diversas famílias assistidas. - Perceber quais as orientações que as pessoas mais precisam
ter para cuidar melhor da sua saúde e melhorar sua qualidade de
Visando um maior vínculo, é interessante combinar com a famí- vida;
lia o melhor horário para realização da visita para não atrapalhar - Ajudar as pessoas a refletir sobre os hábitos prejudiciais à saú-
os afazeres da casa. de;
- Identificar as famílias que necessitam de acompanhamento
Você, na sua função de orientar, monitorar, esclarecer e ouvir, mais frequente ou especial;
passa a exercer também o papel de educador. Assim, é fundamental - Divulgar e explicar o funcionamento do serviço de saúde e
que sejam compreendidas as implicações que isso representa. quais as atividades disponíveis;
Para ser bem feita, a visita domiciliar deve ser planejada. Ao - Desenvolver ações que busquem a integração entre a equipe
planejar, utiliza-se melhor o tempo e respeita-se também o tempo de saúde e a população do território de abrangência da unidade de
das pessoas visitadas. saúde;
Para auxiliar no dia a dia do seu trabalho, é importante que - Ensinar medidas de prevenção de doenças e promoção à saú-
você tenha um roteiro de visita domiciliar, o que vai ajudar muito no de, como os cuidados de higiene com o corpo, no preparo dos ali-
acompanhamento das famílias da sua área de trabalho. mentos, com a água de beber e com a casa, incluindo o seu entorno;

178
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Orientar a população quanto ao uso correto dos medicamen- No grupo, ao compartilhar dúvidas, sentimentos e conhecimen-
tos e a verificação da validade deles; tos, as pessoas têm a oportunidade de ter um olhar diferente das
- Alertar quanto aos cuidados especiais com puérperas, recém- suas dificuldades. A forma de trabalhar com o grupo (também co-
-nascidos, idosos, acamados e pessoas portadoras de deficiências; nhecida como dinâmica de grupo) contribui para o indivíduo perce-
- Registrar adequadamente as atividades realizadas, assim ber suas necessidades, reconhecer o que sabe e sente, estimulando
como outros dados relevantes, para os sistemas nacionais de in- sua participação ativa nos atendimentos individuais subsequentes.
formação disponíveis para o âmbito da Atenção Primária à Saúde. Desenvolver atividades educativas faz parte do processo de tra-
balho de todos os membros da equipe.
5.4 Trabalhando educação em saúde na comunidade Para o desenvolvimento de atividades educativas, recomenda-
-se:
5.4.1 Como trabalhar educação em saúde na comunidade. - Divulgar – uma etapa que não deve ser esquecida. Espalhar
a notícia para o maior número de pessoas, elaborar cartazes com
As ações educativas fazem parte do seu dia a dia e têm como letras grandes, de forma criativa, e divulgar a reunião nos lugares
objetivo final contribuir para a melhoria da qualidade de vida da mais frequentados da comunidade fazem parte desse processo;
população. O desenvolvimento de ações educativas em saúde pode - Realizar dinâmicas que possibilitem a apresentação dos par-
abranger muitos temas em atividades amplas e complexas, o que ticipantes e integração do grupo, quebrando a formalidade inicial;
não significa que são ações difíceis de serem desenvolvidas. - Apresentar o tema que será discutido, permitindo a exposição
Ocorre por meio do exercício do diálogo e do saber escutar. das necessidades e expectativas de todos.
Segundo o educador Paulo Freire (1996), ensinar não é transfe- A pauta da discussão deve ser flexível, podendo ser adaptada
rir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção às necessidades do momento;
ou a sua construção. - Estimular a participação de todos;
O enfoque educativo é um dos elementos fundamentais na - Identificar os conhecimentos, crenças e valores do grupo,
qualidade da atenção prestada em saúde. bem como os mitos, tabus e preconceitos, estimulando a reflexão
Educar é um processo de construção permanente. sobre eles. A discussão não deve ser influenciada por convicções
As ações educativas têm início nas visitas domiciliares, mas po- culturais, religiosas ou pessoais;
dem ser realizadas em grupo, sendo desenvolvidas nos serviços de - Discutir a importância do autoconhecimento e autocuidado,
saúde e nos diversos espaços sociais existentes na comunidade. O que contribuirão para uma melhor qualidade de vida;
trabalho em grupo reforça a ação educativa aos indivíduos. - Abordar outros temas segundo o interesse manifestado pelo
A ação educativa é de responsabilidade de toda a equipe. grupo;
Existem diferentes metodologias para se trabalhar com grupos. - Facilitar a expressão de sentimentos e dúvidas com naturali-
Você e sua equipe devem avaliar a que melhor se adapte às dade durante os questionamentos, favorecendo o vínculo, a con-
suas disponibilidades e dos demais membros da equipe, de tempo fiança e a satisfação das pessoas;
e de espaço, assim como as características e as necessidades do - Neutralizar delicada e firmemente as pessoas que, eventual-
grupo em questão. A linguagem deve ser sempre acessível, simples mente, queiram monopolizar a reunião, pedindo a palavra o tempo
e precisa. todo e a utilizando de forma abusiva, além daqueles que só compa-
“Atividades educativas são momentos de encontro e nesses recem às reuniões para discutir seus problemas pessoais;
encontros não há ignorantes absolutos, nem sábios absolutos: há - Utilizar recursos didáticos disponíveis como cartazes, recursos
homens que, em comunhão, buscam saber mais.” Paulo Freire. audiovisuais, bonecos, balões etc.;
- Ao final da reunião, apresentar uma síntese dos assuntos dis-
É importante considerar o conhecimento e experiência dos cutidos e os pontos-chave, abrindo a possibilidade de esclarecimen-
participantes permitindo a troca de ideias. Isso estimula a pessoa to de dúvidas.
a construir um processo decisório autônomo e centrado em seus
interesses. Entre as habilidades que todo trabalhador de saúde deve bus-
As ações educativas devem estimular o conhecimento e o cui- car desenvolver, estão:
dado de si mesmo, fortalecendo a autoestima, a autonomia e tam- - Ter boa capacidade de comunicação;
bém os vínculos de solidariedade comunitária, contribuindo para o - Usar linguagem acessível, simples e precisa;
pleno exercício de poder decidir o melhor para a sua saúde. - Ser gentil, favorecendo o vínculo e uma relação de confiança;
- Acolher o saber e o sentir de todos;
5.4.2 Recomendações gerais para atividades educativas. - Ter tolerância aos princípios e às distintas crenças e valores
que não sejam os seus próprios;
Não há fórmula pronta, mas há passos que podem facilitar o - Sentir-se confortável para falar sobre o assunto a ser debati-
seu trabalho com grupos. Inicialmente, deve-se planejar a reunião do;
definindo objetivos, local, dia e horário que facilitem a acomodação - Ter conhecimentos técnicos;
e a presença de todos. É importante garantir as condições de aces- - Buscar apoio junto a outros profissionais quando não souber
sibilidade no caso de existir pessoas com deficiência física na comu- responder a alguma pergunta.
nidade e pensar estratégias que facilitem a comunicação no caso
de deficiente visual ou auditivo. Não se esquecer de providenciar Durante o desenvolvimento da atividade, devem ser ofereci-
o material que será utilizado durante a atividade e, se necessário, dos, se possível, materiais impressos e explicar a importância do
convidar com antecedência alguém para falar sobre algum assunto acompanhamento contínuo na UBS, assim como o funcionamento
específico de interesse da comunidade. dos serviços disponíveis.

179
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Sempre que possível envolver os participantes do grupo no Outro exemplo: você observa que há crianças da sua comuni-
planejamento, execução e avaliação dessa atividade educativa. Isso dade que estão fora da escola. Nesse caso é necessária uma arti-
estimula a participação e o interesse das pessoas na medida em culação com representantes da área da Educação para resolver o
que se sentem capazes, envolvidos e responsáveis pelo sucess do problema, ação por vezes imprescindível no caso de crianças com
trabalho. necessidades especiais e com deficiência.
Nas atividades em grupo, é possível que: No caso de dúvidas ou desrespeito aos direitos das pessoas
- As pessoas que compõem o grupo se conheçam, troquem ex- com deficiência (situações de discriminação, exclusão escolar,
periências e informações; maus-tratos, falta de transporte), podem ser contatados os Conse-
- As pessoas sejam estimuladas a participar mais ativamente, lhos de Direitos das Pessoas com Deficiência do município ou do
expondo suas experiências e proporcionando a discussão sobre te- Estado, entre outros órgãos.
mas que geralmente são comuns a todos; Nos casos de desnutrição infantil, pode-se estabelecer contato
- O coordenador do grupo trabalhe as informações, ajudando com outras instituições e órgãos do governo municipal, estadual e
cada um dos participantes a expor suas ideias, estimulando o res- federal, como o Centro Regional de Assistência Social (Cras) ou a
peito entre os participantes; Secretaria de Assistência Social do município.
- As pessoas reflitam e tomem consciência de seu papel na re- Ao identificar pessoas que sofrem de alcoolismo entre as fa-
solução dos problemas comuns e da necessidade de buscar apoio. mílias que você acompanha, além das ações que deverão ser de-
senvolvidas por você e pela equipe, é importante que essa pessoa
5.5 Participação da comunidade e sua família sejam orientadas a procurar um Grupo de Alcoólicos
Anônimos ou outro grupo de apoio que exista em sua comunidade.
Participação quer dizer tomar parte, partilhar, trocar, ter in- Você, com o apoio da sua equipe de saúde, deve estimular
fluência nas decisões e ações. Isso significa que você não trabalha ações conjuntas com outros órgãos públicos e instituições, de pre-
sozinho, nem a equipe de saúde é a única responsável pelas ações ferência em acordo com as prioridades elencadas nas reuniões co-
de saúde. munitárias. Em determinada comunidade, a prioridade pode ser a
Você pode participar e auxiliar na organização dos Conselhos implantação de infraestrutura básica (água, luz, esgoto, destino do
Locais de Saúde e estimular as pessoas da comunidade a participa- lixo, rampas para cadeiras de rodas, sinais sonoros em semáforos
rem de todos os Conselhos de Saúde. Você pode também recomen- para as pessoas com deficiência visual); já em outra, pode ser a
dar aos representantes da comunidade a conversarem com os con- construção de uma unidade de saúde, de uma creche comunitária,
selheiros sobre as ações de saúde que já estão sendo desenvolvidas de uma escola, a recuperação de poços, pequenas estradas e mui-
e estratégias para enfretamento dos problemas que ainda existem. tas outras necessidades.
Cada pessoa da comunidade sabe alguma coisa, sabe fazer al-
guma coisa e sabe dizer alguma coisa diferente. São os saberes, os 6. Planejamento das Ações
fazeres e os dizeres da comunidade. A comunidade funciona quan-
do existe troca de conhecimentos entre todos. Cada um tem um Já falamos muito sobre planejamento, e o que é isso? Plane-
jeito de contribuir, e toda contribuição deve ser considerada e valo- jar não é improvisar. É preparar e organizar bem o que se irá fazer,
rizada. Você tem de estar muito atento a tudo isso. acompanhar sua execução, reformular as decisões já tomadas, re-
A troca de conhecimentos entre as pessoas de uma comunida- direcionar sua execução, se necessário, e avaliar o resultado ao seu
de faz parte de um processo de educação para a participação em término.
saúde. No acompanhamento da execução das ações, verifica-se se os
objetivos pretendidos estão sendo alcançados ou não, para poder
5.6 Atuação intersetorial intervir a tempo de modificar o resultado final, alcançando assim
seu objetivo.
Muitas vezes a resolução de problemas de saúde requer não Quanto mais complexo for o problema, maior é a necessidade
só empenho por parte de profissionais e gestores de saúde, mas de planejar as ações para garantir melhores resultados.
também o empenho e contribuição de outros setores. Quando se Existem várias formas de fazer planejamento. O centralizado é
trabalha articuladamente com outros setores da sociedade, aumen- aquele que não garante a participação social e normalmente não
ta-se a capacidade de oferecer uma resposta mais adequada às ne- reflete as reais necessidades da população. Já no planejamento
cessidades de saúde da comunidade. participativo, garante-se a participação da população junto à equi-
Por exemplo, você pode suspeitar de um caso de maus-tratos pe de saúde discutindo seus problemas e encontrando soluções. A
com uma criança após verificar que há marcas e hematomas na população participa na tomada de decisão, assumindo as responsa-
pele dela. Partilhando esse caso com sua equipe, um dos profissio- bilidades que lhe cabem. As respostas aos problemas identificados
nais de saúde verifica no prontuário que a criança é agressiva quan- devem ser explicitadas a partir da análise e reflexão entre técnicos
do comparece às consultas na unidade e há relato de problemas e população sobre a realidade concreta, seus problemas, suas ne-
com o desenvolvimento dela. Sente-se a necessidade de uma visita cessidades e interesses na área de saúde.
à casa daquela família e o auxílio de outros profissionais (psicólogo, De modo geral, o planejamento é um instrumento de gestão
serviço social etc). Se constatado algum indício de maus tratos, será que visa promover o desenvolvimento institucional, objetivando
necessária uma abordagem que extrapole o campo de atuação da melhorar a qualidade e efetividade do trabalho desenvolvido.
saúde com o envolvimento de órgãos de outras áreas, como o Con- No que se refere às ações de saúde, o planejamento participati-
selho Tutelar e/ou Juizado da Infância. vo é o mais adequado, na medida em que envolve diversos atores/
participantes, permitindo realizar um diagnóstico mais fidedigno da

180
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

realidade local. A partir daí, torna-se mais fácil uma atuação mais
adequada voltada para a melhoria das condições de saúde com o 6.1.2.3 Recursos
comprometimento de todos com o trabalho.
Planejar bem, portanto, é condição necessária, porém não é É o levantamento de tudo que é necessário para realizar a ati-
suficiente para que as ações de saúde sejam implementadas de for- vidade. Recursos humanos, recursos físicos, recursos materiais e
ma qualificada, gerando benefícios efetivos para a população em recursos financeiros.
geral.
Você poderá, de forma sintonizada com a equipe, planejar o 6.1.2.4 Cronograma
seu trabalho, dando prioridade para aquelas famílias que necessi-
tam ser acompanhadas com maior frequência. Cronograma e estratégia estão intimamente ligados. O crono-
Portanto, as famílias em risco e as que pertencem aos grupos grama organiza a estratégia no tempo.
prioritários precisam ser acompanhadas mais de perto. Esse diag-
nóstico é um ponto de partida para você e sua equipe organizarem 6.1.3 Execução
o calendário de visitas domiciliares e demais atividades.
Implica operacionalização do plano de ação, ou seja, colocar
6.1 Etapas do planejamento. em prática o que foi planejado.

O planejamento pressupõe passos, momentos ou etapas bási- 6.1.4 Acompanhamento e Avaliação


cas estabelecidos em uma ordem lógica. De forma geral, seguem-se
as seguintes etapas: A avaliação deve acompanhar todas as fases do planejamento.
Quando realizada após a execução, identifica os resultados alcan-
6.1.1 Diagnóstico çados e fornece auxílio para a reprogramação das ações, além de
indicar a necessidade de novo diagnóstico ou reformulação do já
É a primeira etapa do planejamento para quem busca conhe- existente.
cer as características socioeconômicas, culturais e epidemiológicas,
entre outras. 7. Ferramentas de Trabalho
As fontes de dados podem ser fichas, bem como anotações
próprias, relatórios, livros de atas, aplicação de questionário, entre- Todas as informações que você, ACS, conseguir sobre a comuni-
vistas, dramatização e outras fontes à disposição. dade ajudará na organização do seu trabalho. Algumas dessas infor-
O diagnóstico se compõe de três momentos específicos: levan- mações você vai anotar em fichas próprias para compor o Sistema
tamento, análise e reflexão dos dados, e priorização das necessi- de Informação da Atenção Básica (Siab).
dades. Você vai utilizar quatro fichas: Ficha A – cadastramento das fa-
O diagnóstico da comunidade nada mais é do que uma leitura mílias (que, em seguida, será discutida e orientado quanto ao seu
da realidade local. É o momento da identificação dos problemas, preenchimento); Ficha B – acompanhamento de gestantes; Ficha
suas causas e consequências e principais características da comuni- C – Cartão da Criança; e Ficha D – registro das atividades diárias do
dade. É o momento em que também se buscam explicações para os ACS.
problemas identificados.
Algumas coisas que você não pode se esquecer:
6.1.2 Plano de ação - Quando você for fazer o cadastramento das famílias, é impor-
tante ler novamente as instruções da visita domiciliar;
Nesse momento a equipe de saúde, grupos e população in- - Cada família deve ter um só formulário preenchido. Não im-
teressada definem, entre outros problemas identificados, aqueles porta o número de pessoas na casa;
que são passíveis de intervenção e que contribuem para a melhoria - As informações que você conseguir serão úteis para planejaro
da saúde da comunidade. Deve-se sempre conhecer a capacidade seu trabalho, na organização das visitas domiciliares, das atividades
de realização do trabalho pela equipe e as condições da unidade de de educação em saúde, reuniões comunitárias e de outras ativida-
saúde. Assim, evitam-se definir objetivos que não têm a execução des;
viável. - A ficha de cadastramento deve ficar com você, que a levará, a
O plano de ação que viermos a estabelecer deve ser bem claro cada mês, à unidade de saúde, para, junto com sua equipe, organi-
e preciso, pois é ele que irá apontar a direção do nosso trabalho. zar as informações e planejar o seu trabalho;
- Anote, em seu caderno, qualquer outra informação sobre a
6.1.2.1 Meta família que você considerar importante, para discutir com sua equi-
pe.
A meta tem como foco o alcance do trabalho. A meta estabele-
ce concretamente o que se pretende atingir. 7.1 Orientações para preenchimento da ficha de cadastra-
mento – Ficha A
6.1.2.2 Estratégia
As anotações na ficha devem ser feitas de preferência a lápis,
Na estratégia, são definidos os passos a serem seguidos, os mé- pois, se você errar ou necessitar atualizar, é só apagar.
todos e as técnicas a serem utilizadas nas atividades e as responsa- Agora, repare bem na parte de cima da ficha de cadastro.
bilidades de cada um.

181
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

No alto, à esquerda, está identificada a Ficha A. Depois vem Por fim, vem o quadro para registrar o tipo de doença ou con-
a referência à Secretaria Municipal de Saúde e ao Siab, siste ma dições em que se encontra a pessoa. Você não deve solicitar com-
de informação nacional que constitui ferramenta importante para provação de diagnóstico e não deve registrar os casos que foram
monitoramento da Estratégia Saúde da Família, para juntar todas tratados e já alcançaram cura.
as informações de saúde das microáreas dos municípios brasileiros
onde atuam os agentes comunitários de saúde. Assim, as informa- ATENÇÃO: a família, além de referir doenças, pode e deve re-
ções registradas na Ficha A vão para a Secretaria de Saúde do muni- ferir condições em que as pessoas se encontram, como alcoolismo,
cípio, desta, para a Secretaria de Saúde do Estado e, posteriormen- deficiência física ou mental, dependência física, idosos acamados,
te, para o Departamento de Atenção Básica do Ministério da Saúde. dependência de drogas etc. Nesses casos é muito importante que
É uma forma de o governo federal saber a realidade da saúde das você anote com cuidado a condição referida.
pessoas nos municípios brasileiros e ter mais subsídios para fortale- É interessante que você saiba o que se considera deficiência,
cer a Política Nacional de Atenção Básica. E tudo isso começa com para saber melhor como anotar essa condição das pessoas.
o seu trabalho! Deficiência é o defeito ou condição física ou mental de duração
No canto direito da ficha, ao lado das letras UF (Unidade da longa ou permanente que, de alguma forma, dificulta ou impede
Federação), há dois quadrinhos que devem ser preenchidos com as uma pessoa de realizar determinadas atividades cotidianas, esco-
duas letras referentes à sigla do Estado. Por exemplo: PB para Paraí- lares, de trabalho ou de lazer. Isso inclui desde situações em que
ba; MG para Minas Gerais; PE para Pernambuco; GO para Goiás; RS o indivíduo consegue realizar sozinho todas as atividades de que
para Rio Grande do Sul; BA para Bahia, e assim por diante. necessita, porém com dificuldade, ou por meio de adaptações, até
Logo abaixo, você encontra espaço para escrever o endereço aquelas em que o indivíduo sempre precisa de ajuda nos cuidados
da família, com o nome da rua (ou avenida, praça, beco, estrada, pessoais e outras atividades.
fazenda, ou qualquer que seja a denominação), o número da casa,
o bairro e o CEP, que é a sigla para Código de Endereçamento Postal. A segunda parte do cadastro é para a identificação de pessoas
Na linha de baixo, estão os espaços que devem ser preenchidos de 0 a 14 anos, 11 meses e 29 dias, isto é, pessoas com menos de
com números fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Es- 15 anos.
tatística (IBGE) – o código do município; pela Secretaria Municipal Os campos para “nome, data de nascimento, idade e sexo” de-
de Saúde – segmento e área; ou pela equipe de saúde – microárea. vem ser preenchidos como no primeiro quadro de pessoas com 15
A equipe de saúde vai lhe ajudar a encontrar esses números e expli- anos e mais. No campo destinado a informar se frequenta a escola,
car o que eles significam. marcar com um X se ela está indo ou não à escola.
Depois estão os três quadrinhos para o próprio agente comuni- Se ela estiver de férias, mas for continuar os estudos no perío-
tário de saúde registrar o número da família na ficha. do seguinte, marcar o X para “sim”.
A primeira família será a de número 001, a décima será 010, a Anotar a ocupação de crianças e adolescentes é importante
décima terceira será 013, a centésima será 100, e assim por diante. no cadastramento, pois irá ajudar a equipe de saúde a procurar as
Por fim, o espaço para a data, onde o ACS deve colo car o dia, o mês autoridades competentes sobre os direitos da criança e do adoles-
e o ano em que está sendo feito o cadastra mento daquela família. cente, para medidas que possam protegê-los contra violência e ex-
Vamos, agora, continuar a orientação para preencher o cadas- ploração.
tro da família:
Abaixo da palavra “nome”, há uma linha reservada para cada Veja a situação descrita que serve de exemplo:
pessoa da casa (inclusive os empregados que moram ali) que tenha A família cadastrada na Ficha A é a família do sr. Nelson, que é
15 anos ou mais. À direita, na continuação de cada linha, estão os composta de sete pessoas: ele, a esposa, três filhos, D. Um belina
espaços (campos) para dizer o dia, mês e ano do nascimento, a ida- (sua mãe) e Ana Rosa (empregada doméstica que mora com eles).
de e o sexo de cada pessoa (M para masculino, F para feminino). O ACS registrou na ficha os dados de idade, sexo, escolaridade,
Caso não tenha informação sobre a data do nascimento, anotar a ocupação e ocorrência de doenças ou condições referidas de todas
idade que a pessoa diz ter. as pessoas da família.
O quadro alfabetizado é para informar se a pessoa sabe ler e A data de nascimento de D. Umbelina não foi anotada, porque
escrever, ou não. Não é alfabetizada a pessoa que só sabe escrever ela não sabia informar. Mas sabia que tinha mais ou menos 63 anos.
o nome. Se é alfabetizada, um X na coluna “sim”. Se não é alfabeti- Então o ACS anotou, no campo “idade”, o número 63.
zada, um X na coluna “não”. Para ser considerada alfabetizada ela Cristina tem sete meses, menos de um ano de idade. Assim, o
deve saber escrever um bilhete simples. ACS registrou 0 (zero).
Depois vem o espaço para informar a ocupação de cada um.
É muito importante que se registre com cuidado essa informação.
- O PAPEL DO AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE NAS
Ocupação é o tipo de trabalho que a pessoa faz. Se a pessoa estiver
AÇÕES DE CONTROLE DA DENGUE
de férias, licença ou afastada temporariamente do trabalho, você
deve anotar a ocupação mesmo assim. O trabalho doméstico é uma
ocupação, mesmo que não seja remunerado. A dengue é uma doença infecciosa causada por um vírus cha-
Se a pessoa tiver mais de uma ocupação, registre aquela a que mado flavivírus, e transmitida ao homem principalmente pelo mos-
ela dedica mais horas de trabalho. quito Aedes aegypti.
Será considerada desempregada a pessoa que foi desligada do No continente Asiático o Aedes albopictus é também um vetor
emprego e não está fazendo qualquer atividade, como prestação de da dengue, situação que não se verificou no Brasil até o momento.
serviços a terceiros, “bicos” etc.

182
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A dengue está presente no Sudeste Asiático, na África e nas Américas, onde já foi considerada erradicada, mas voltou a aparecer em
toda América Latina, exceto no Chile.
A foto está ampliada para que possamos ver o mosquito em detalhes, pois na realidade ele é menor que um pernilongo/muriçoca
comum.

Os primeiros registros de dengue no mundo foram feitos no fim do século 18, na ilha de Java, no Sudoeste Asiático, e na Filadélfia,
Estados Unidos. Somente no século 20, a dengue foi reconhecida como doença pela Organização Mundial da Saúde. A cada ano, são regis-
trados cerca de 50 a 80 milhões de casos de dengue por ano, em mais de cem países do mundo.

A Dengue no Brasil

A dengue é uma das doenças mais frequentes no Brasil. O crescimento desordenado das cidades, deficiências no abastecimento regu-
lar de água e na coleta e no destino adequado do lixo, aumentam em muito os criadouros do mosquito da dengue.
Além disso, a facilidade da movimentação das pessoas entre cidades de diferentes estados do nosso país, facilitam a circulação do
vírus da dengue. Por esses motivos, o número de municípios infestados pelo Aedes aegypti e o número de casos de dengue aumentaram
no Brasil, conforme demonstram os mapas em seguida.

Como se Transmite?

Saiba mais sobre o mosquito Aedes aegypti


Este é o mosquito transmissor da dengue, o Aedes aegypti. Ele é originário da África e também é responsável pela dengue hemorrá-
gica (febre hemorrágica) e pela febre amarela urbana.
Seu ciclo apresenta quatro fases: ovo, pupa, larva e adulto, ilustradas abaixo.

183
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Por que os Casos de Dengue Aumentam no Verão?

Porque no verão faz mais calor e chove muito, aumentando os


locais com água parada, os quais podem se tornar criadouros do
mosquito da dengue.
Se nos locais que se enchem de água já existirem ovos do Ae-
des aegypti, eles ficam novamente ativos, evoluindo para o estágio
de larvas, que se transformarão em mosquitos. O calor acelera o
ciclo do mosquito, de ovo a adulto, que ocorre em menos dias, con-
tribuindo para aumentar a sua população.
Da mesma forma o calor também acelera a multiplicação do
vírus dentro do mosquito. Com isso, no verão (época geralmente
mais quente do ano) uma fêmea do mosquito infectada tem mais
chances de transmitir a doença antes de morrer.

Atenção: a reprodução do mosquito não para. Por isso, é pre-


ciso ficar alerta com a dengue também em todas as épocas do ano.

Depois de adulto, o mosquito Aedes aegypti vive, em média,


de 30 a 35 dias. A fêmea do Aedes aegypti põe ovos de 4 a 6 vezes
durante sua vida. Ela pode colocar mais de 100 ovos de cada vez,
em locais preferencialmente com água limpa e parada.
O Aedes aegypti costuma picar as pessoas durante o dia. Nas
habitações, quando adulto, é encontrado normalmente em pare-
Quando não encontra recipientes apropriados, a fêmea do des, móveis, peças de roupas penduradas e mosquiteiros.
Aedes aegypti pode voar até três quilômetros em busca de outros
locais para depositar seus ovos. Atenção: os ovos do Aedes aegypti podem sobreviver até 450
dias (aproximadamente 1 ano e 2 meses), mesmo que o local onde
Ciclo de Transmissão da Dengue ele foi depositado fique seco. Se este local receber água novamen-
te, o ovo volta a ficar ativo, podendo se transformar em pupa e de-
A dengue é causada por um vírus e transmitida ao homem pelo pois em larva, e a partir daí, atingir a fase adulta de 2 a 3 dias. Essa
mosquito Aedes aegypti. Quando o mosquito portador do vírus pica alta resistência dos ovos é um dos fatores que dificultam a erradica-
uma pessoa sadia, este vírus entra no sangue dessa pessoa. Depois ção desse mosquito.
de algum tempo, que varia de 3 a 15 dias, a doença começa a se
manifestar. A areia no prato não interfere no crescimento e desenvolvi-
Quando pica uma pessoa com dengue, o Aedes aegypti entra mento das plantas e flores.
na fase de incubação intrínseca. Este processo dura de 8 a 12 dias
e torna o mosquito apto a transmitir o vírus causador da doença, Dengue - Quando Suspeitar
permanecendo assim durante toda a sua vida. A partir daí o ciclo
pode voltar a se repetir. O primeiro sintoma da dengue é a febre alta: 39°C a 40°C.
Quem contamina o ser humano é a fêmea do mosquito, en-
quanto o macho apenas se alimenta de seiva de plantas. A fêmea A dengue pode se apresentar de duas formas:
precisa de uma substância do sangue (a albumina) para completar
o processo de amadurecimento de seus ovos. Dengue clássica
Vale a pena lembrar que o mosquito é apenas o transmissor Os primeiros sinais de dengue podem surgir de 3 a 15 dias após
da doença, ou seja, só a fêmea infectada pelo Aedes aegypti pode a picada do mosquito. A doença dura em média 5 a 7 dias e, além
transmitir a dengue. da febre, apresenta os seguintes sintomas:

A pessoa doente deve tomar bastante água

Não há transmissão de dengue direto de uma pessoa doen-


te para outra sadia, seja por contato direto, alimentos, água ou
quaisquer objetos. Somente o mosquito Aedes aegypti infectado
pode transmitir a dengue.

O vírus que causa a dengue possui quatro variações, classifica-


das como DENV 1, DENV 2, DENV 3 e DENV 4. A pessoa infectada
adquire um destes tipos. Se essa pessoa contrair a doença outras
vezes e por outros tipos do vírus, aumentam as chances de desen-
volver a dengue hemorrágica ou a dengue com complicações.

184
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Importante: uma pessoa com dengue que apresente dores ab-


dominais muito fortes e/ou vômitos persistentes deve ser encami-
nhada imediatamente para uma unidade de saúde.

Atenção: a pessoa doente NÃO pode tomar remédios à base de


ácido acetilsalicílico, uma vez que esta substância aumenta o risco
de hemorragia. Os medicamentos recomendados deverão ser sem-
pre prescritos pelo (a) médico(a).

Dengue - É Preciso Prevenir!

Importância da participação ativa de todos os setores da so-


ciedade.
O controle da dengue exige um esforço de todos os profissio-
nais de saúde, gestores e população. Não se combate à dengue sem
parcerias. É preciso envolver outros setores da administração do
município, como limpeza urbana, saneamento, educação, turismo,
meio ambiente, entre outros.
É importante lembrar que, para se reproduzir, o mosquito Ae-
des aegypti se utiliza de todo tipo de recipientes que as pessoas
Dengue hemorrágica costumam usar nas atividades do dia-a-dia: garrafas e embalagens
No início, os sintomas são iguais aos da Dengue Clássica, po- descartáveis, latas, pneus, plásticos, entre outros. Estes recipientes
dendo existir ainda: são normalmente encontrados a céu aberto, nos quintais das casas,
• Sangramento de gengivas e narinas; em terrenos baldios e mesmo em lixões.
• Fezes escuras, o que indica a presença de sangue nas fezes; É preciso que as ações para o controle da dengue garantam a
• Pontos ou manchas vermelhas ou roxas na pele; participação efetiva de cada morador na eliminação de criadouros
• Dor abdominal intensa e contínua (dor na barriga); já existentes ou de possíveis locais para reprodução do mosquito.
• Vômitos frequentes e tonteira;
• Diminuição da urina; Medidas para Prevenção da Dengue
• Dificuldade para respirar.
Cuidados dentro de casa
Como Confirmar um Caso de Dengue • Evite, sempre que possível, o uso de pratos nos vasos de plan-
tas. Caso opte por sua utilização, não deixe acumular água nestes e
A confirmação da dengue é feita pelo (a) médico(a). Por isso, é nos xaxins. Coloque areia preenchendo o prato até sua borda ou la-
importante que você, ACS, encaminhe os casos suspeitos para ava- ve-o, semanalmente, com esponja ou bucha e sabão, para eliminar
liação imediata. completamente os ovos do mosquito;
Durante o atendimento, o (a) médico(a) faz o levantamento da • Lave os bebedouros de animais com escova, esponja ou bu-
história epidemiológica do paciente, isto é, onde reside, se já esteve cha, e troque sua água, pelo menos, uma vez por semana;
em local onde existe ou já aconteceram casos da doença, se já teve • Não deixe qualquer depósito de água sem estar bem fechado
dengue e quantas vezes. (ex.: potes, tambores, filtros, tanques e outros). Como o mosquito é
Depois, são observados os sinais e sintomas da doença - veja bem pequeno, qualquer fresta, neste tipo de depósito, é suficiente
páginas 18 e 19. A confirmação da dengue se obrem através do exa- para a fêmea conseguir colocar ovos e iniciar um novo ciclo.
me do sangue da pessoa doente.
Cuidados fora de casa
Importante: em situações de epidemia não é necessário fazer • Limpar as calhas e lajes das casas. Se houver piscina, lembrar
a confirmação sorológica em todos os doentes. O mais importante, aos moradores de que a água deve estar sempre tratada;
nessa situação, são os exames de plaquetas e hematócritos, pois • Manter as caixas d’água, poços, latões e tambores bem fe-
estes irão auxiliar e agilizar os cuidados para com o doente. chados;
• Guardar garrafas vazias de boca para baixo;
Como é o Tratamento • Eliminar a água acumulada em plantas, como bambus, ba-
naneiras, bromélias, gravatás, babosa, espada de São Jorge, dentre
Ainda não existe vacina para a dengue! outras;
• Entregar pneus inutilizados para limpeza pública, ou orien-
Normalmente a doença dura de 5 a 7 dias. Quem está com den- tar a quem quiser conservá-los, que o faça em locais protegidos da
gue deve ficar em repouso e beber muita água. Não há um trata- água da chuva;
mento específico para atacar diretamente a doença. As medicações • Verificar se existem pneus, latas ou qualquer outro objeto
utilizadas são analgésicos (remédios para aliviar a dor) e antitérmi- que possa acumular água nos terrenos baldios;
cos (remédios para diminuir a febre). • Identificar na vizinhança a existência de casas desocupadas
e terrenos vazios e localizar os donos para verificar se existem cria-
douros do Aedes aegypti.

185
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Cuidados com o lixo 3. Informar o responsável pelo imóvel não residencial, sobre
• Não jogar lixo em terrenos baldios; a importância da verificação da existência de larvas ou mosquitos
• Manter o lixo tampado e seco até seu recolhimento para des- transmissores da dengue;
tinação adequada; 4. Vistoriar imóveis não residenciais, acompanhado pelo res-
• Tampar as garrafas antes de colocá-las no lixo; ponsável, para identificar locais de existência de objetos que sejam
• Separar copos descartáveis, tampas de garrafas, latas, emba- ou possam se transformar em criadouros de mosquito transmissor
lagens plásticas, enfim tudo que possa acumular água. Fechar bem da dengue;
em sacos plásticos e colocar no lixo. 5. Orientar e acompanhar o responsável pelo imóvel não resi-
dencial na remoção, destruição ou vedação de objetos que possam
Essas medidas contribuem para evitar a reprodução do mos- se transformar em criadouros de mosquitos;
quito da dengue e para tornar os ambientes saudáveis. 6. Vistoriar e tratar com aplicação de larvicida, caso seja neces-
O acondicionamento e o destino adequado do lixo são proble- sário, os pontos estratégicos;
mas que atingem toda a população, tanto nas áreas urbanas como 7. Vistoriar e tratar os imóveis cadastrados e encaminhados
rurais. pelo ACS que necessitem do uso de larvicidas e/ou remoção mecâ-
Ao orientar os moradores para selecionar os recipientes e guar- nica de difícil acesso que não pode ser eliminado pelo ACS;
dá-los de forma adequada, você contribui para evitar que sejam jo- 8. Nos locais onde não existir ACS, seguir a rotina de vistoria
gados em rios ou deixados a céu aberto, trazendo outros problemas dos imóveis e, quando necessário, aplicar larvicida;
para a comunidade (como foco de ratos e de outros animais, entu- 9. Elaborar e/ou executar estratégias para o encaminhamento
pimento de bueiros, dentre outros). das pendências (casas fechadas e/ou recusas do morador em rece-
A educação em saúde e a participação comunitária devem ser ber a visita);
promovidas para que a comunidade adquira conhecimentos e cons- 10. Orientar a população sobre a forma de evitar e eliminar
ciência do problema para que possa participar efetivamente. locais que possam oferecer risco para a formação de criadouros do
Discuta com a comunidade as possibilidades de novos destinos Aedes aegypti;
do lixo reciclável. 11. Promover reuniões com a comunidade com o objetivo de
mobilizá-la para as ações de prevenção e controle da dengue;
Mantenha o lixo limpo e fechado 12. Notificar os casos suspeitos de dengue, informando a equi-
Devemos todos investir numa nova concepção e relação com pe da Unidade Básica de Saúde;
o meio ambiente, na construção da consciência ambiental. Existem 13. Encaminhar ao setor competente a ficha de notificação da
muitos projetos de reaproveitamento/reciclagem de lixo que po- dengue, conforme estratégia local.
dem e devem ser envolvidos para contribuir no controle da dengue.
Você também deve estimular a comunidade a ajudar instituições Competências do Agente Comunitário de Saúde
que recolhem vidros, latas e embalagens de plástico podem ser
vendidos em usinas de reciclagem. 1. Encaminhar os casos suspeitos de dengue à Unidade Básica
de Saúde, de acordo com as orientações da Secretaria Municipal
Para diminuir os casos de dengue é preciso interromper a de Saúde.
cadeia de transmissão! A única forma é eliminar os criadouros do 2. Atuar junto aos domicílios, informando aos seus moradores
mosquito. sobre a doença - seus sintomas e riscos - e o agente transmissor e
medidas de prevenção;
Os profissionais das Unidades Básicas de Saúde (UBS) são res- 3. Informar o morador sobre a importância da verificação da
ponsáveis pelas ações de prevenção e controle da dengue. Estas existência de larvas ou mosquitos transmissores da dengue no do-
ações devem fazer parte das rotinas e estarem integradas às demais micílio e peridomicílio, chamando a atenção para os criadouros
ações desenvolvidas nestas unidades. mais comuns na sua área de atuação;
Não somente os Agentes Comunitários de Saúde, mas todos os 4. Vistoriar o domicílio e peridomicílio, acompanhado pelo mo-
diferentes profissionais das Equipes Saúde da Família, tem impor- rador, para identificar locais de existência de objetos que sejam ou
tante papel e contribuição nas ações de Vigilância em Saúde e no possam se transformar em criadouros de mosquito transmissor da
controle da dengue. É preciso que as ações de combate à dengue dengue;
sejam planejadas em conjunto. Os profissionais devem estabelecer 5. Orientar e acompanhar o morador na remoção, destruição
fluxos e protocolos de atendimento, garantindo os exames labora- ou vedação de objetos que possam se transformar em criadouros
toriais e realizando o encaminhamento de casos graves, quando de mosquitos;
necessário. 6. Caso seja necessário, remover mecanicamente os ovos e lar-
vas do mosquito;
Competências do Agente de Controle de Endemias 7. Encaminhar ao Agente de Controle de Endemias (ACE) os ca-
sos de verificação de criadouros de difícil acesso ou que necessitem
1. Encaminhar os casos suspeitos de dengue à UBS, responsá- do uso de larvicidas/biolarvicidas;
vel pelo território, de acordo com as orientações da Secretaria Mu- 8. Promover reuniões com a comunidade com o objetivo de
nicipal de Saúde; mobilizá-la para as ações de prevenção e controle da dengue, bem
2. Atuar junto aos domicílios, informando os seus moradores como conscientizar quanto à importância de que todos os domicí-
sobre a doença - seus sintomas e riscos - e o agente transmissor e lios em uma área infestada pelo Aedes aegypti sejam trabalhadas
medidas de prevenção; pelo Agente de Controle de Endemias;

186
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

9. Comunicar ao enfermeiro supervisor e ao ACE a existência a criança e o adolescente têm direito à proteção à vida e à saúde,
de criadouros de larvas e ou do mosquito transmissor da dengue, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o
que dependam de tratamento químico/biológico, da interveniência nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições
da vigilância sanitária ou de outras intervenções do poder público; dignas de existência.
10. Comunicar ao enfermeiro supervisor do ACS e ao ACE os As medidas protetivas adotadas pelo ECA são para salvaguardar
imóveis fechados e recusas; a família natural ou a família substituta, sendo está ultima
11. Notificar os casos suspeitos de dengue, em ficha específica pela guarda, tutela ou adoção. A guarda obriga a prestação de
e informar a equipe da Unidade Básica de Saúde; assistência material, moral e educacional, a tutela pressupõe todos
12. Reunir-se regularmente com o ACE para planejar ações os deveres da guarda e pode ser conferida a pessoa de até 21 anos
conjuntas, trocar informações sobre febris suspeitos de dengue, a incompletos, já a adoção atribui condição de filho, com mesmos
evolução dos índices de infestação por Aedes aegypti da área de direito e deveres, inclusive sucessórios.
abrangência, os índices de pendências, os criadouros preferenciais A instituição familiar é a base da sociedade, sendo indispensável
e as medidas que estão sendo, ou serão adotadas para melhorar a à organização social, conforme preceitua o art. 226 da CR/88. Não
situação. sendo regra, mas os adolescentes correm maior risco quando fazem
parte de famílias desestruturadas ou violentas.
Para prevenir e controlar a dengue, a melhor maneira é Cabe aos pais o dever de sustento, guarda e educação dos
impedir que o mosquito se prolifere, interrompendo seu ciclo de filhos, não constituindo motivo de escusa a falta ou a carência de
reprodução, ou seja, impedindo que os ovos sejam depositados recursos materiais, sob pena da perda ou a suspensão do pátrio
em locais com água parada. poder.
Caso a família natural, comunidade formada pelos pais ou
qualquer deles e seus descendentes, descumpra qualquer de suas
- ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (LEI
obrigações, a criança ou adolescente serão colocados em família
FEDERAL N.º 8.069/90)
substituta mediante guarda, tutela ou adoção.
Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado
LEI FEDERAL Nº 8.069/90 – DISPÕE SOBRE O ESTATUTO no seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta,
DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE; assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente livre
da presença de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) é uma lei federal Por tal razão que a responsabilidade dos pais é enorme no
(8.069 promulgada em julho de 1990), que trata sobre os direitos desenvolvimento familiar e dos filhos, cujo objetivo é manter ao
das crianças e adolescentes em todo o Brasil. máximo a estabilidade emocional, econômica e social.
Trata-se de um ramo do direito especializado, dividido em partes A perda de valores sociais, ao longo do tempo, também são
geral e especial, onde a primeira traça, como as demais codificações fatores que interferem diretamente no desenvolvimento das
existentes, os princípios norteadores do Estatuto. Já a segunda crianças e adolescentes, visto que não permanecem exclusivamente
parte estrutura a política de atendimento, medidas, conselho inseridos na entidade familiar.
tutelar, acesso jurisdicional e apuração de atos infracionais. Por isso é dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça
A partir do Estatuto, crianças e adolescentes brasileiros, sem ou violação dos direitos das crianças e dos adolescentes. Tanto
distinção de raça, cor ou classe social, passaram a ser reconhecidos que cabe a sociedade, família e ao poder público proibir a venda e
como sujeitos de direitos e deveres, considerados como pessoas em comercialização à criança e ao adolescente de armas, munições e
desenvolvimento a quem se deve prioridade absoluta do Estado. explosivos, bebida alcoólicas, drogas, fotos de artifício, revistas de
O objetivo estatutário é a proteção dos menores de 18 anos, conteúdo adulto e bilhetes lotéricos ou equivalentes.
proporcionando a eles um desenvolvimento físico, mental, moral e Cada município deverá haver, no mínimo, um Conselho Tutelar
social condizentes com os princípios constitucionais da liberdade e composto de cinco membros, escolhidos pela comunidade local,
da dignidade, preparando para a vida adulta em sociedade. regularmente eleitos e empossados, encarregado pela sociedade
O ECA estabelece direitos à vida, à saúde, à alimentação, à de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente.
educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao O Conselho Tutelar é uma das entidades públicas competentes
respeito, à liberdade, à convivência familiar e comunitária para a salvaguardar os direitos das crianças e dos adolescentes nas
meninos e meninas, e também aborda questões de políticas de hipóteses em que haja desrespeito, inclusive com relação a seus
atendimento, medidas protetivas ou medidas socioeducativas, entre pais e responsáveis, bem como aos direitos e deveres previstos na
outras providências. Trata-se de direitos diretamente relacionados legislação do ECA e na Constituição. São deveres dos Conselheiros
à Constituição da República de 1988. Tutelares:
Para o Estatuto, considera-se criança a pessoa de até doze 1. Atender crianças e adolescentes e aplicar medidas de
anos de idade incompletos, e adolescente aquela compreendida proteção.
entre doze e dezoito anos. Entretanto, aplica-se o estatuto, 2. Atender e aconselhar os pais ou responsável e aplicar medidas
excepcionalmente, às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de pertinentes previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente.
idade, em situações que serão aqui demonstradas. 3. Promover a execução de suas decisões, podendo
Dispõe, ainda, que nenhuma criança ou adolescente será requisitar serviços públicos e entrar na Justiça quando alguém,
objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, injustificadamente, descumprir suas decisões.
violência, crueldade e opressão, por qualquer pessoa que seja, 4. Levar ao conhecimento do Ministério Público fatos que o
devendo ser punido qualquer ação ou omissão que atente aos Estatuto tenha como infração administrativa ou penal.
seus direitos fundamentais. Ainda, no seu artigo 7º, disciplina que 5. Encaminhar à Justiça os casos que a ela são pertinentes.

187
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

6. Tomar providências para que sejam cumpridas as medidas 3) Prestação de serviços à comunidade – tem por objetivo
sócio-educativas aplicadas pela Justiça a adolescentes infratores. conscientizar o menor infrator sobre valores e solidariedade social,
7. Expedir notificações em casos de sua competência. 4) Liberdade assistida – medida de grande eficácia para o
8. Requisitar certidões de nascimento e de óbito de crianças e enfretamento da prática de atos infracionais, na medida em que
adolescentes, quando necessário. atua juntamente com a família e o controle por profissionais
9. Assessorar o Poder Executivo local na elaboração da proposta (psicólogos e assistentes sociais) do Juizado da Infância e Juventude,
orçamentaria para planos e programas de atendimento dos direitos 5) Semiliberdade – medida de média extremidade, uma vez que
da criança e do adolescente. exigem dos adolescentes infratores o trabalho e estudo durante o
10. Entrar na Justiça, em nome das pessoas e das famílias, dia, mas restringe sua liberdade no período noturno, mediante
para que estas se defendam de programas de rádio e televisão que recolhimento em entidade especializada
contrariem princípios constitucionais bem como de propaganda de 6) Internação por tempo indeterminado – medida mais extrema
produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao do Estatuto da Criança e do Adolescente devido à privação total da
meio ambiente. liberdade. Aplicada em casos mais graves e em caráter excepcional.
11. Levar ao Ministério Público casos que demandam ações
judiciais de perda ou suspensão do pátrio poder. Antes da sentença, a internação somente pode ser determinada
12. Fiscalizar as entidades governamentais e não- pelo prazo máximo de 45 dias, mediante decisão fundamentada
governamentais que executem programas de proteção e baseada em fortes indícios de autoria e materialidade do ato
socioeducativos. infracional.
Nessa vertente, as entidades que desenvolvem programas de
Considerando que todos têm o dever de zelar pela dignidade da internação têm a obrigação de:
criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento 1) Observar os direitos e garantias de que são titulares os
desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor, adolescentes;
havendo suspeita ou confirmação de maus-tratos contra alguma 2) Não restringir nenhum direito que não tenha sido objeto de
criança ou adolescente, serão obrigatoriamente comunicados ao restrição na decisão de internação,
Conselho Tutelar para providências cabíveis. 3) Preservar a identidade e oferecer ambiente de respeito e
Ainda com toda proteção às crianças e aos adolescentes, a dignidade ao adolescente,
delinquência é uma realidade social, principalmente nas grandes 4) Diligenciar no sentido do restabelecimento e da preservação
cidades, sem previsão de término, fazendo com que tenha dos vínculos familiares,
tratamento diferenciado dos crimes praticados por agentes 5) Oferecer instalações físicas em condições adequadas, e toda
imputáveis. infraestrutura e cuidados médicos e educacionais, inclusive na área
Os crimes praticados por adolescentes entre 12 e 18 anos de lazer e atividades culturais e desportivas.
incompletos são denominados atos infracionais passíveis de 6) Reavaliar periodicamente cada caso, com intervalo
aplicação de medidas socioeducativas. Os dispositivos do Estatuto máximo de seis meses, dando ciência dos resultados à autoridade
da Criança e do Adolescente disciplinam situações nas quais tanto competente.
o responsável, quanto o menor devem ser instados a modificarem
atitudes, definindo sanções para os casos mais graves. Uma vez aplicada as medidas socioeducativas podem ser
Nas hipóteses do menor cometer ato infracional, cuja conduta implementadas até que sejam completados 18 anos de idade.
sempre estará descrita como crime ou contravenção penal para os Contudo, o cumprimento pode chegar aos 21 anos de idade nos
imputáveis, poderão sofrer sanções específicas aquelas descritas no casos de internação, nos termos do art. 121, §5º do ECA.
estatuto como medidas socioeducativas. Assim como no sistema penal tradicional, as sanções previstas
Os menores de 18 anos são penalmente inimputáveis, mas no Estatuto da Criança e do Adolescente apresentam preocupação
respondem pela prática de ato infracional cuja sanção será desde com a reeducação e a ressocialização dos menores infratores.
a adoção de medida protetiva de encaminhamento aos pais ou Antes de iniciado o procedimento de apuração do ato
responsável, orientação, apoio e acompanhamento, matricula e infracional, o representante do Ministério Público poderá conceder
frequência em estabelecimento de ensino, inclusão em programa o perdão (remissão), como forma de exclusão do processo, se
de auxílio à família, encaminhamento a tratamento médico, atendido às circunstâncias e consequências do fato, contexto social,
psicológico ou psiquiátrico, abrigo, tratamento toxicológico e, até, personalidade do adolescente e sua maior ou menor participação
colocação em família substituta. no ato infracional.
Já o adolescente entre 12 e 18 anos incompletos (inimputáveis) Por fim, o Estatuto da Criança e do Adolescente institui
que pratica algum ato infracional, além das medidas protetivas medidas aplicáveis aos pais ou responsáveis de encaminhamento
já descritas, a autoridade competente poderá aplicar medida a programa de proteção a família, inclusão em programa de
socioeducativa de acordo com a capacidade do ofensor, orientação a alcoólatras e toxicômanos, encaminhamento a
circunstâncias do fato e a gravidade da infração, são elas: tratamento psicológico ou psiquiátrico, encaminhamento a cursos
1) Advertências – admoestação verbal, reduzida a termo ou programas de orientação, obrigação de matricular e acompanhar
e assinada pelos adolescentes e genitores sob os riscos do o aproveitamento escolar do menor, advertência, perda da guarda,
envolvimento em atos infracionais e sua reiteração, destituição da tutela e até suspensão ou destituição do pátrio poder.
2) Obrigação de reparar o dano – caso o ato infracional seja O importante é observar que as crianças e os adolescentes não
passível de reparação patrimonial, compensando o prejuízo da podem ser considerados autênticas propriedades de seus genitores,
vítima, visto que são titulas de direitos humanos como quaisquer pessoas,
dotados de direitos e deveres como demonstrado.

188
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A implantação integral do ECA sofre grande resistência de Lei 13.436, de 12 de abril de 2017 - Garantia do direito a
parte da sociedade brasileira, que o considera excessivamente acompanhamento e orientação à mãe com relação à amamentação
paternalista em relação aos atos infracionais cometidos por crianças Esta lei introduziu no artigo 10 do ECA uma responsabilidade
e adolescentes, uma vez que os atos infracionais estão ficando cada adicional para os hospitais e demais estabelecimentos de atenção
vez mais violentos e reiterados. à saúde de gestantes, públicos e particulares: daqui em diante
Consideram, ainda, que o estatuto, que deveria proteger e eles estão obrigados a acompanhar a prática do processo de
educar a criança e o adolescente, na prática, acaba deixando-os sem amamentação, prestando orientações quanto à técnica adequada,
nenhum tipo de punição ou mesmo ressocialização, bem como é enquanto a mãe permanecer na unidade hospitalar.
utilizado por grupos criminosos para livrar-se de responsabilidades
criminais fazendo com que adolescentes assumam a culpa. Lei 13.438, de 26 de abril de 2017 – Protocolo de Avaliação de
Cabe ao Estado zelas para que as crianças e adolescentes se riscos para o desenvolvimento psíquico das crianças
desenvolvam em condições sociais que favoreçam a integridade Esta lei determina que o Sistema Único de Saúde (SUS) será
física, liberdade e dignidade. Contudo, não se pode atribuir tal obrigado a adotar protocolo com padrões para a avaliação de
responsabilidade apenas a uma suposta inaplicabilidade do estatuto riscos ao desenvolvimento psíquico de crianças de até 18 meses
da criança e do adolescente, uma vez que estes nada mais são do de idade. A lei estabelece que crianças de até 18 meses de
que o produto da entidade familiar e da sociedade, as quais têm idade façam acompanhamento através de protocolo ou outro
importância fundamental no comportamento dos mesmos.1 instrumento de detecção de risco. Esse acompanhamento se dará
em consulta pediátrica. Por meio de exames poderá ser detectado
Últimas alterações no ECA precocemente, por exemplo, o transtorno do espectro autista, o
que permitirá um melhor acompanhamento no desenvolvimento
As mais recentes: futuro da criança.
São quatro os pontos modificados no ECA durante a atual
administração: Lei nº 13.440, de 8 de maio de 2017 – Aumento na penalização
- A instituição da Semana Nacional de Prevenção da Gravidez de crimes de exploração sexual de crianças e adolescentes
na Adolescência, na lei nº 13.798, de 3 de janeiro de 2019; Esta lei promoveu a inclusão de mais uma penalidade no artigo
- A criação do Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas - na 244-A do ECA. A pena previa reclusão de quatro a dez anos e multa
lei nº 13.812, de 16 de março 2019; nos crimes de exploração sexual de crianças e adolescentes. Agora
- A mudança na idade mínima para que uma criança ou o texto está acrescido de perda de bens e que os valores advindos
adolescente possa viajar sem os pais ou responsáveis e sem dessas práticas serão revertidos em favor do Fundo dos Direitos
autorização judicial, passando de 12 para 16 anos - na mesma lei da Criança e do Adolescente da unidade da Federação (Estado ou
nº 13.812; Distrito Federal) em que foi cometido o crime.
- A mudança na lei sobre a reeleição dos conselheiros tutelares,
que agora podem ser reeleitos por vários mandatos consecutivos, Lei nº 13.441, de 8 de maio de 2017 - Prevê a infiltração de
em vez de apenas uma vez - lei 13.824, de 9 de maio 2019. agentes de polícia na internet com o fim de investigar crimes
contra a dignidade sexual de criança e de adolescente
Lei nº 13.509/17, publicada em 22 de novembro de 2017 Esta lei prevê a infiltração policial virtual no combate aos crimes
altera o ECA ao estabelecer novos prazos e procedimentos para o contra a dignidade sexual de vulneráveis. A nova lei acrescentou ao
trâmite dos processos de adoção, além de prever novas hipóteses ECA os artigos 190-A a 190-E e normatizou a investigação em meio
de destituição do poder familiar, de apadrinhamento afetivo e cibernético.
disciplinar a entrega voluntária de crianças e adolescentes à adoção.
Revogação do artigo 248 que versava sobre trabalho
Lei Federal nº 13.431/2017 – Lei da Escuta Protegida doméstico de adolescentes
Esta lei estabelece novas diretrizes para o atendimento de Foi revogado o artigo 248 do ECA que possibilitava a
crianças ou adolescentes vítimas ou testemunhas de violências, regularização da guarda de adolescentes para o serviço doméstico.
e que frequentemente são expostos a condutas profissionais A Constituição Brasileira proíbe o trabalho infantil, mas este artigo
não qualificadas, sendo obrigados a relatar por várias vezes, estabelecia prazo de cinco dias para que o responsável, ou novo
ou para pessoas diferentes, violências sofridas, revivendo guardião, apresentasse à Vara de Justiça de sua cidade ou comarca
desnecessariamente seu drama. o adolescente trazido de outra localidade para prestação de serviço
Denominada “Lei da Escuta Protegida”, essa lei tem como doméstico, o que, segundo os autores do projeto de lei que resultou
objetivo a proteção de crianças e adolescentes após a revelação da na revogação do artigo, abria espaço para a regularização do
violência sofrida, promovendo uma escuta única nos serviços de trabalho infantil ilegal.
atendimento e criando um protocolo de atendimento a ser adotado Lei 13.306 de 2016 publicada no dia 04 de julho, alterou o
por todos os órgãos do Sistema de Garantia de Direitos. Estatuto da Criança e do Adolescente fixando em cinco anos a
idade máxima para o atendimento na educação infantil.2
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) é uma lei federal
(8.069 promulgada em julho de 1990), que trata sobre os direitos
das crianças e adolescentes em todo o Brasil.

1 Fonte: www.ambito-juridico.com.br – Texto adaptado de Cláudia


Mara de Almeida Rabelo Viegas / Cesar Leandro de Almeida Rabelo 2 Fonte: www.equipeagoraeupasso.com.br/www.g1.globo.com

189
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Trata-se de um ramo do direito especializado, dividido em partes Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em
geral e especial, onde a primeira traça, como as demais codificações geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a
existentes, os princípios norteadores do Estatuto. Já a segunda efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação,
parte estrutura a política de atendimento, medidas, conselho à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura,
tutelar, acesso jurisdicional e apuração de atos infracionais. à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
Na presente Lei estão dispostos os procedimentos de adoção comunitária.
(Livro I, capítulo V), a aplicação de medidas socioeducativas (Livro II, Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:
capítulo II), do Conselho Tutelar (Livro II, capítulo V), e também dos a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer
crimes cometidos contra crianças e adolescentes. circunstâncias;
O objetivo estatutário é a proteção dos menores de 18 anos, b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de
proporcionando a eles um desenvolvimento físico, mental, moral e relevância pública;
social condizentes com os princípios constitucionais da liberdade e c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais
da dignidade, preparando para a vida adulta em sociedade. públicas;
O ECA estabelece direitos à vida, à saúde, à alimentação, à d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas
educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao relacionadas com a proteção à infância e à juventude.
respeito, à liberdade, à convivência familiar e comunitária para Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de
meninos e meninas, e também aborda questões de políticas de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência,
atendimento, medidas protetivas ou medidas socioeducativas, entre crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado,
outras providências. Trata-se de direitos diretamente relacionados por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais.
à Constituição da República de 1988. Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os fins
sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os direitos
Dispõe a Lei 8.069/1990 que nenhuma criança ou adolescente e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar da criança e
será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, do adolescente como pessoas em desenvolvimento.
exploração, violência, crueldade e opressão, por qualquer pessoa
que seja, devendo ser punido qualquer ação ou omissão que atente TÍTULO II
aos seus direitos fundamentais. DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990. CAPÍTULO I


DO DIREITO À VIDA E À SAÚDE
Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá
outras providências. Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o Congresso e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que
Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso,
em condições dignas de existência.
TÍTULO I Art. 8 o É assegurado a todas as mulheres o acesso aos programas
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES e às políticas de saúde da mulher e de planejamento reprodutivo e,
às gestantes, nutrição adequada, atenção humanizada à gravidez,
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao ao parto e ao puerpério e atendimento pré-natal, perinatal e pós-
adolescente. natal integral no âmbito do Sistema Único de Saúde. (Redação dada
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa pela Lei nº 13.257, de 2016)
até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre § 1 o O atendimento pré-natal será realizado por profissionais
doze e dezoito anos de idade. da atenção primária. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se § 2 o Os profissionais de saúde de referência da gestante
excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e garantirão sua vinculação, no último trimestre da gestação, ao
um anos de idade. estabelecimento em que será realizado o parto, garantido o direito
Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos de opção da mulher. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção § 3 o Os serviços de saúde onde o parto for realizado assegurarão
integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por às mulheres e aos seus filhos recém-nascidos alta hospitalar
outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes responsável e contrarreferência na atenção primária, bem como
facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, o acesso a outros serviços e a grupos de apoio à amamentação.
em condições de liberdade e de dignidade. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta Lei aplicam-se a § 4 o Incumbe ao poder público proporcionar assistência
todas as crianças e adolescentes, sem discriminação de nascimento, psicológica à gestante e à mãe, no período pré e pós-natal, inclusive
situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença, como forma de prevenir ou minorar as consequências do estado
deficiência, condição pessoal de desenvolvimento e aprendizagem, puerperal. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
condição econômica, ambiente social, região e local de moradia § 5 o A assistência referida no § 4 o deste artigo deverá ser
ou outra condição que diferencie as pessoas, as famílias ou a prestada também a gestantes e mães que manifestem interesse em
comunidade em que vivem. (incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) entregar seus filhos para adoção, bem como a gestantes e mães que
se encontrem em situação de privação de liberdade. (Redação dada
pela Lei nº 13.257, de 2016)

190
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§ 6 o A gestante e a parturiente têm direito a 1 (um) V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato a
acompanhante de sua preferência durante o período do pré-natal, permanência junto à mãe.
do trabalho de parto e do pós-parto imediato. (Incluído pela Lei nº VI - acompanhar a prática do processo de amamentação,
13.257, de 2016) prestando orientações quanto à técnica adequada, enquanto a mãe
§ 7 o A gestante deverá receber orientação sobre aleitamento permanecer na unidade hospitalar, utilizando o corpo técnico já
materno, alimentação complementar saudável e crescimento e existente. (Incluído pela Lei nº 13.436, de 2017) (Vigência)
desenvolvimento infantil, bem como sobre formas de favorecer § 1º Os testes para o rastreamento de doenças no recém-
a criação de vínculos afetivos e de estimular o desenvolvimento nascido serão disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde, no
integral da criança. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) âmbito do Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN), na
§ 8 o A gestante tem direito a acompanhamento saudável forma da regulamentação elaborada pelo Ministério da Saúde, com
durante toda a gestação e a parto natural cuidadoso, estabelecendo- implementação de forma escalonada, de acordo com a seguinte
se a aplicação de cesariana e outras intervenções cirúrgicas por ordem de progressão: (Incluído pela Lei nº 14.154, de 2021)
motivos médicos. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) Vigência
§ 9 o A atenção primária à saúde fará a busca ativa da gestante I – etapa 1: (Incluído pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência
que não iniciar ou que abandonar as consultas de pré-natal, bem a) fenilcetonúria e outras hiperfenilalaninemias; (Incluída pela
como da puérpera que não comparecer às consultas pós-parto. Lei nº 14.154, de 2021) Vigência
(Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) b) hipotireoidismo congênito; (Incluída pela Lei nº 14.154, de
§ 10. Incumbe ao poder público garantir, à gestante e à mulher 2021) Vigência
com filho na primeira infância que se encontrem sob custódia c) doença falciforme e outras hemoglobinopatias; (Incluída
em unidade de privação de liberdade, ambiência que atenda às pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência
normas sanitárias e assistenciais do Sistema Único de Saúde para d) fibrose cística; (Incluída pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência
o acolhimento do filho, em articulação com o sistema de ensino e) hiperplasia adrenal congênita; (Incluída pela Lei nº 14.154,
competente, visando ao desenvolvimento integral da criança. de 2021) Vigência
(Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) f) deficiência de biotinidase; (Incluída pela Lei nº 14.154, de
Art. 8º-A. Fica instituída a Semana Nacional de Prevenção 2021) Vigência
da Gravidez na Adolescência, a ser realizada anualmente na g) toxoplasmose congênita; (Incluída pela Lei nº 14.154, de
semana que incluir o dia 1º de fevereiro, com o objetivo de 2021) Vigência
disseminar informações sobre medidas preventivas e educativas II – etapa 2: (Incluído pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência
que contribuam para a redução da incidência da gravidez na a) galactosemias; (Incluída pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência
adolescência. (Incluído pela Lei nº 13.798, de 2019) b) aminoacidopatias; (Incluída pela Lei nº 14.154, de 2021)
Parágrafo único. As ações destinadas a efetivar o disposto no Vigência
caput deste artigo ficarão a cargo do poder público, em conjunto com c) distúrbios do ciclo da ureia; (Incluída pela Lei nº 14.154, de
organizações da sociedade civil, e serão dirigidas prioritariamente 2021) Vigência
ao público adolescente. (Incluído pela Lei nº 13.798, de 2019) d) distúrbios da betaoxidação dos ácidos graxos; (Incluída pela
Art. 9º O poder público, as instituições e os empregadores Lei nº 14.154, de 2021) Vigência
propiciarão condições adequadas ao aleitamento materno, inclusive III – etapa 3: doenças lisossômicas; (Incluído pela Lei nº 14.154,
aos filhos de mães submetidas a medida privativa de liberdade. de 2021) Vigência
§ 1 o Os profissionais das unidades primárias de saúde IV – etapa 4: imunodeficiências primárias; (Incluído pela Lei nº
desenvolverão ações sistemáticas, individuais ou coletivas, 14.154, de 2021) Vigência
visando ao planejamento, à implementação e à avaliação de V – etapa 5: atrofia muscular espinhal. (Incluído pela Lei nº
ações de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno e à 14.154, de 2021) Vigência
alimentação complementar saudável, de forma contínua. (Incluído § 2º A delimitação de doenças a serem rastreadas pelo teste
pela Lei nº 13.257, de 2016) do pezinho, no âmbito do PNTN, será revisada periodicamente,
§ 2 o Os serviços de unidades de terapia intensiva neonatal com base em evidências científicas, considerados os benefícios do
deverão dispor de banco de leite humano ou unidade de coleta de rastreamento, do diagnóstico e do tratamento precoce, priorizando
leite humano. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) as doenças com maior prevalência no País, com protocolo de
Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à tratamento aprovado e com tratamento incorporado no Sistema
saúde de gestantes, públicos e particulares, são obrigados a: Único de Saúde. (Incluído pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência
I - manter registro das atividades desenvolvidas, através de § 3º O rol de doenças constante do § 1º deste artigo poderá ser
prontuários individuais, pelo prazo de dezoito anos; expandido pelo poder público com base nos critérios estabelecidos
II - identificar o recém-nascido mediante o registro de no § 2º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência
sua impressão plantar e digital e da impressão digital da mãe, § 4º Durante os atendimentos de pré-natal e de puerpério
sem prejuízo de outras formas normatizadas pela autoridade imediato, os profissionais de saúde devem informar a gestante e os
administrativa competente; acompanhantes sobre a importância do teste do pezinho e sobre as
III - proceder a exames visando ao diagnóstico e terapêutica eventuais diferenças existentes entre as modalidades oferecidas no
de anormalidades no metabolismo do recém-nascido, bem como Sistema Único de Saúde e na rede privada de saúde. (Incluído pela
prestar orientação aos pais; Lei nº 14.154, de 2021) Vigência
IV - fornecer declaração de nascimento onde constem
necessariamente as intercorrências do parto e do desenvolvimento
do neonato;

191
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Art. 11. É assegurado acesso integral às linhas de cuidado § 3 o A atenção odontológica à criança terá função educativa
voltadas à saúde da criança e do adolescente, por intermédio do protetiva e será prestada, inicialmente, antes de o bebê nascer, por
Sistema Único de Saúde, observado o princípio da equidade no meio de aconselhamento pré-natal, e, posteriormente, no sexto
acesso a ações e serviços para promoção, proteção e recuperação e no décimo segundo anos de vida, com orientações sobre saúde
da saúde. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) bucal. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
§ 1 o A criança e o adolescente com deficiência serão atendidos, § 4 o A criança com necessidade de cuidados odontológicos
sem discriminação ou segregação, em suas necessidades gerais de especiais será atendida pelo Sistema Único de Saúde. (Incluído pela
saúde e específicas de habilitação e reabilitação. (Redação dada Lei nº 13.257, de 2016)
pela Lei nº 13.257, de 2016) § 5 º É obrigatória a aplicação a todas as crianças, nos seus
§ 2 o Incumbe ao poder público fornecer gratuitamente, primeiros dezoito meses de vida, de protocolo ou outro instrumento
àqueles que necessitarem, medicamentos, órteses, próteses e construído com a finalidade de facilitar a detecção, em consulta
outras tecnologias assistivas relativas ao tratamento, habilitação ou pediátrica de acompanhamento da criança, de risco para o seu
reabilitação para crianças e adolescentes, de acordo com as linhas desenvolvimento psíquico. (Incluído pela Lei nº 13.438, de 2017)
de cuidado voltadas às suas necessidades específicas. (Redação (Vigência)
dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
§ 3 o Os profissionais que atuam no cuidado diário ou CAPÍTULO II
frequente de crianças na primeira infância receberão formação DO DIREITO À LIBERDADE, AO RESPEITO E À DIGNIDADE
específica e permanente para a detecção de sinais de risco para
o desenvolvimento psíquico, bem como para o acompanhamento Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade,
que se fizer necessário. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo
Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento à saúde, de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e
inclusive as unidades neonatais, de terapia intensiva e de sociais garantidos na Constituição e nas leis.
cuidados intermediários, deverão proporcionar condições para a Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes
permanência em tempo integral de um dos pais ou responsável, aspectos:
nos casos de internação de criança ou adolescente. (Redação dada I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários,
pela Lei nº 13.257, de 2016) ressalvadas as restrições legais;
Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de castigo II - opinião e expressão;
físico, de tratamento cruel ou degradante e de maus-tratos contra III - crença e culto religioso;
criança ou adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao IV - brincar, praticar esportes e divertir-se;
Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem prejuízo de outras V - participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação;
providências legais. (Redação dada pela Lei nº 13.010, de 2014) VI - participar da vida política, na forma da lei;
§ 1 o As gestantes ou mães que manifestem interesse VII - buscar refúgio, auxílio e orientação.
em entregar seus filhos para adoção serão obrigatoriamente Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da
encaminhadas, sem constrangimento, à Justiça da Infância e da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente,
Juventude. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia,
§ 2 o Os serviços de saúde em suas diferentes portas de dos valores, idéias e crenças, dos espaços e objetos pessoais.
entrada, os serviços de assistência social em seu componente Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do
especializado, o Centro de Referência Especializado de Assistência adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano,
Social (Creas) e os demais órgãos do Sistema de Garantia de Direitos violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.
da Criança e do Adolescente deverão conferir máxima prioridade Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de ser
ao atendimento das crianças na faixa etária da primeira infância educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento
com suspeita ou confirmação de violência de qualquer natureza, cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação
formulando projeto terapêutico singular que inclua intervenção em ou qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família
rede e, se necessário, acompanhamento domiciliar. (Incluído pela ampliada, pelos responsáveis, pelos agentes públicos executores de
Lei nº 13.257, de 2016) medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa encarregada de
Art. 14. O Sistema Único de Saúde promoverá programas cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los. (Incluído pela Lei
de assistência médica e odontológica para a prevenção das nº 13.010, de 2014)
enfermidades que ordinariamente afetam a população infantil, e Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se: (Incluído
campanhas de educação sanitária para pais, educadores e alunos. pela Lei nº 13.010, de 2014)
§ 1 o É obrigatória a vacinação das crianças nos casos I - castigo físico: ação de natureza disciplinar ou punitiva
recomendados pelas autoridades sanitárias. (Renumerado do aplicada com o uso da força física sobre a criança ou o adolescente
parágrafo único pela Lei nº 13.257, de 2016) que resulte em: (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
§ 2 o O Sistema Único de Saúde promoverá a atenção à saúde a) sofrimento físico; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
bucal das crianças e das gestantes, de forma transversal, integral b) lesão; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
e intersetorial com as demais linhas de cuidado direcionadas à II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma cruel de
mulher e à criança. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) tratamento em relação à criança ou ao adolescente que: (Incluído
pela Lei nº 13.010, de 2014)
a) humilhe; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
b) ameace gravemente; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de
2014)

192
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

c) ridicularize. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) § 4 o Será garantida a convivência da criança e do adolescente com
Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família ampliada, a mãe ou o pai privado de liberdade, por meio de visitas periódicas
os responsáveis, os agentes públicos executores de medidas promovidas pelo responsável ou, nas hipóteses de acolhimento
socioeducativas ou qualquer pessoa encarregada de cuidar de institucional, pela entidade responsável, independentemente de
crianças e de adolescentes, tratá-los, educá-los ou protegê-los autorização judicial. (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014)
que utilizarem castigo físico ou tratamento cruel ou degradante § 5 o Será garantida a convivência integral da criança com a mãe
como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro adolescente que estiver em acolhimento institucional. (Incluído
pretexto estarão sujeitos, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, pela Lei nº 13.509, de 2017)
às seguintes medidas, que serão aplicadas de acordo com a § 6 o A mãe adolescente será assistida por equipe especializada
gravidade do caso: (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) multidisciplinar. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de Art. 19-A. A gestante ou mãe que manifeste interesse em
proteção à família; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) entregar seu filho para adoção, antes ou logo após o nascimento,
II - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico; será encaminhada à Justiça da Infância e da Juventude. (Incluído
(Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) pela Lei nº 13.509, de 2017)
III - encaminhamento a cursos ou programas de orientação; § 1 o A gestante ou mãe será ouvida pela equipe interprofissional
(Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) da Justiça da Infância e da Juventude, que apresentará relatório à
IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento autoridade judiciária, considerando inclusive os eventuais efeitos
especializado; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) do estado gestacional e puerperal. (Incluído pela Lei nº 13.509, de
V - advertência. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) 2017)
VI - garantia de tratamento de saúde especializado à vítima. § 2 o De posse do relatório, a autoridade judiciária poderá
(Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) determinar o encaminhamento da gestante ou mãe, mediante sua
Parágrafo único. As medidas previstas neste artigo serão expressa concordância, à rede pública de saúde e assistência social
aplicadas pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo de outras providências para atendimento especializado. (Incluído pela Lei nº 13.509, de
legais. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) 2017)
§ 3 o A busca à família extensa, conforme definida nos termos
CAPÍTULO III do parágrafo único do art. 25 desta Lei, respeitará o prazo máximo
DO DIREITO À CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA de 90 (noventa) dias, prorrogável por igual período. (Incluído pela
Lei nº 13.509, de 2017)
SEÇÃO I § 4 o Na hipótese de não haver a indicação do genitor e de
DISPOSIÇÕES GERAIS não existir outro representante da família extensa apto a receber
a guarda, a autoridade judiciária competente deverá decretar a
Art. 19. É direito da criança e do adolescente ser criado e extinção do poder familiar e determinar a colocação da criança
educado no seio de sua família e, excepcionalmente, em família sob a guarda provisória de quem estiver habilitado a adotá-la ou
substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em de entidade que desenvolva programa de acolhimento familiar ou
ambiente que garanta seu desenvolvimento integral. (Redação institucional. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
dada pela Lei nº 13.257, de 2016) § 5 o Após o nascimento da criança, a vontade da mãe ou de
§ 1 o Toda criança ou adolescente que estiver inserido em ambos os genitores, se houver pai registral ou pai indicado, deve ser
programa de acolhimento familiar ou institucional terá sua situação manifestada na audiência a que se refere o § 1 o do art. 166 desta
reavaliada, no máximo, a cada 3 (três) meses, devendo a autoridade Lei, garantido o sigilo sobre a entrega. (Incluído pela Lei nº 13.509,
judiciária competente, com base em relatório elaborado por equipe de 2017)
interprofissional ou multidisciplinar, decidir de forma fundamentada § 6º Na hipótese de não comparecerem à audiência nem o
pela possibilidade de reintegração familiar ou pela colocação em genitor nem representante da família extensa para confirmar a
família substituta, em quaisquer das modalidades previstas no art. intenção de exercer o poder familiar ou a guarda, a autoridade
28 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) judiciária suspenderá o poder familiar da mãe, e a criança será
§ 2 o A permanência da criança e do adolescente em programa colocada sob a guarda provisória de quem esteja habilitado a adotá-
de acolhimento institucional não se prolongará por mais de 18 la. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
(dezoito meses), salvo comprovada necessidade que atenda ao seu § 7 o Os detentores da guarda possuem o prazo de 15 (quinze)
superior interesse, devidamente fundamentada pela autoridade dias para propor a ação de adoção, contado do dia seguinte à data
judiciária. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) do término do estágio de convivência. (Incluído pela Lei nº 13.509,
§ 3 o A manutenção ou a reintegração de criança ou de 2017)
adolescente à sua família terá preferência em relação a qualquer § 8 o Na hipótese de desistência pelos genitores - manifestada
outra providência, caso em que será esta incluída em serviços e em audiência ou perante a equipe interprofissional - da entrega da
programas de proteção, apoio e promoção, nos termos do § 1 o do criança após o nascimento, a criança será mantida com os genitores,
art. 23, dos incisos I e IV do caput do art. 101 e dos incisos I a IV do e será determinado pela Justiça da Infância e da Juventude o
caput do art. 129 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de acompanhamento familiar pelo prazo de 180 (cento e oitenta) dias.
2016) (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 9 o É garantido à mãe o direito ao sigilo sobre o nascimento,
respeitado o disposto no art. 48 desta Lei. (Incluído pela Lei nº
13.509, de 2017)

193
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§ 10. Serão cadastrados para adoção recém-nascidos e crianças § 2º A condenação criminal do pai ou da mãe não implicará a
acolhidas não procuradas por suas famílias no prazo de 30 (trinta) destituição do poder familiar, exceto na hipótese de condenação
dias, contado a partir do dia do acolhimento. (Incluído pela Lei nº por crime doloso sujeito à pena de reclusão contra outrem
13.509, de 2017) igualmente titular do mesmo poder familiar ou contra filho, filha
Art. 19-B. A criança e o adolescente em programa de ou outro descendente. (Redação dada pela Lei nº 13.715, de 2018)
acolhimento institucional ou familiar poderão participar de Art. 24. A perda e a suspensão do poder familiar serão
programa de apadrinhamento. (Incluído pela Lei nº 13.509, de decretadas judicialmente, em procedimento contraditório, nos
2017) casos previstos na legislação civil, bem como na hipótese de
§ 1 o O apadrinhamento consiste em estabelecer e proporcionar descumprimento injustificado dos deveres e obrigações a que
à criança e ao adolescente vínculos externos à instituição para alude o art. 22. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009)
fins de convivência familiar e comunitária e colaboração com o Vigência
seu desenvolvimento nos aspectos social, moral, físico, cognitivo,
educacional e financeiro. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) SEÇÃO II
§ 2º Podem ser padrinhos ou madrinhas pessoas maiores de DA FAMÍLIA NATURAL
18 (dezoito) anos não inscritas nos cadastros de adoção, desde que
cumpram os requisitos exigidos pelo programa de apadrinhamento Art. 25. Entende-se por família natural a comunidade formada
de que fazem parte. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes.
§ 3 o Pessoas jurídicas podem apadrinhar criança ou adolescente Parágrafo único. Entende-se por família extensa ou ampliada
a fim de colaborar para o seu desenvolvimento. (Incluído pela Lei nº aquela que se estende para além da unidade pais e filhos ou da
13.509, de 2017) unidade do casal, formada por parentes próximos com os quais a
§ 4 o O perfil da criança ou do adolescente a ser apadrinhado criança ou adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e
será definido no âmbito de cada programa de apadrinhamento, com afetividade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
prioridade para crianças ou adolescentes com remota possibilidade Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento poderão ser
de reinserção familiar ou colocação em família adotiva. (Incluído reconhecidos pelos pais, conjunta ou separadamente, no próprio
pela Lei nº 13.509, de 2017) termo de nascimento, por testamento, mediante escritura ou outro
§ 5 o Os programas ou serviços de apadrinhamento apoiados documento público, qualquer que seja a origem da filiação.
pela Justiça da Infância e da Juventude poderão ser executados por Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o
órgãos públicos ou por organizações da sociedade civil. (Incluído nascimento do filho ou suceder-lhe ao falecimento, se deixar
pela Lei nº 13.509, de 2017) descendentes.
§ 6 o Se ocorrer violação das regras de apadrinhamento, os Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é direito
responsáveis pelo programa e pelos serviços de acolhimento personalíssimo, indisponível e imprescritível, podendo ser
deverão imediatamente notificar a autoridade judiciária exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem qualquer restrição,
competente. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) observado o segredo de Justiça.
Art. 20. Os filhos, havidos ou não da relação do casamento,
ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas SEÇÃO III
quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação. DA FAMÍLIA SUBSTITUTA
Art. 21. O poder familiar será exercido, em igualdade de
condições, pelo pai e pela mãe, na forma do que dispuser a SUBSEÇÃO I
legislação civil, assegurado a qualquer deles o direito de, em caso DISPOSIÇÕES GERAIS
de discordância, recorrer à autoridade judiciária competente para a
solução da divergência. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á mediante
de 2009) Vigência guarda, tutela ou adoção, independentemente da situação jurídica
Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e da criança ou adolescente, nos termos desta Lei.
educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse § 1 o Sempre que possível, a criança ou o adolescente será
destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações previamente ouvido por equipe interprofissional, respeitado
judiciais. seu estágio de desenvolvimento e grau de compreensão sobre
Parágrafo único. A mãe e o pai, ou os responsáveis, têm direitos as implicações da medida, e terá sua opinião devidamente
iguais e deveres e responsabilidades compartilhados no cuidado considerada. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
e na educação da criança, devendo ser resguardado o direito de § 2 o Tratando-se de maior de 12 (doze) anos de idade, será
transmissão familiar de suas crenças e culturas, assegurados os necessário seu consentimento, colhido em audiência. (Redação
direitos da criança estabelecidos nesta Lei. (Incluído pela Lei nº dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
13.257, de 2016) § 3 o Na apreciação do pedido levar-se-á em conta o grau de
Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não constitui parentesco e a relação de afinidade ou de afetividade, a fim de evitar
motivo suficiente para a perda ou a suspensão do poder familiar . ou minorar as consequências decorrentes da medida. (Incluído pela
(Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 1 o Não existindo outro motivo que por si só autorize a § 4 o Os grupos de irmãos serão colocados sob adoção, tutela
decretação da medida, a criança ou o adolescente será mantido em ou guarda da mesma família substituta, ressalvada a comprovada
sua família de origem, a qual deverá obrigatoriamente ser incluída existência de risco de abuso ou outra situação que justifique
em serviços e programas oficiais de proteção, apoio e promoção.
(Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)

194
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

plenamente a excepcionalidade de solução diversa, procurando- prestar alimentos, que serão objeto de regulamentação específica,
se, em qualquer caso, evitar o rompimento definitivo dos vínculos a pedido do interessado ou do Ministério Público. (Incluído pela Lei
fraternais. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 5 o A colocação da criança ou adolescente em família substituta Art. 34. O poder público estimulará, por meio de assistência
será precedida de sua preparação gradativa e acompanhamento jurídica, incentivos fiscais e subsídios, o acolhimento, sob a forma
posterior, realizados pela equipe interprofissional a serviço da de guarda, de criança ou adolescente afastado do convívio familiar.
Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente com o apoio (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
dos técnicos responsáveis pela execução da política municipal § 1 o A inclusão da criança ou adolescente em programas
de garantia do direito à convivência familiar. (Incluído pela Lei nº de acolhimento familiar terá preferência a seu acolhimento
12.010, de 2009) Vigência institucional, observado, em qualquer caso, o caráter temporário e
§ 6 o Em se tratando de criança ou adolescente indígena ou excepcional da medida, nos termos desta Lei. (Incluído pela Lei nº
proveniente de comunidade remanescente de quilombo, é ainda 12.010, de 2009)
obrigatório: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 2 o Na hipótese do § 1 o deste artigo a pessoa ou casal
I - que sejam consideradas e respeitadas sua identidade social e cadastrado no programa de acolhimento familiar poderá receber
cultural, os seus costumes e tradições, bem como suas instituições, a criança ou adolescente mediante guarda, observado o disposto
desde que não sejam incompatíveis com os direitos fundamentais nos arts. 28 a 33 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
reconhecidos por esta Lei e pela Constituição Federal; (Incluído pela Vigência
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 3 o A União apoiará a implementação de serviços de
II - que a colocação familiar ocorra prioritariamente no seio de acolhimento em família acolhedora como política pública, os quais
sua comunidade ou junto a membros da mesma etnia; (Incluído deverão dispor de equipe que organize o acolhimento temporário de
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência crianças e de adolescentes em residências de famílias selecionadas,
III - a intervenção e oitiva de representantes do órgão capacitadas e acompanhadas que não estejam no cadastro de
federal responsável pela política indigenista, no caso de crianças adoção. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
e adolescentes indígenas, e de antropólogos, perante a equipe § 4 o Poderão ser utilizados recursos federais, estaduais, distritais
interprofissional ou multidisciplinar que irá acompanhar o caso. e municipais para a manutenção dos serviços de acolhimento em
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência família acolhedora, facultando-se o repasse de recursos para a
Art. 29. Não se deferirá colocação em família substituta a própria família acolhedora. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
pessoa que revele, por qualquer modo, incompatibilidade com a Art. 35. A guarda poderá ser revogada a qualquer tempo,
natureza da medida ou não ofereça ambiente familiar adequado. mediante ato judicial fundamentado, ouvido o Ministério Público.
Art. 30. A colocação em família substituta não admitirá
transferência da criança ou adolescente a terceiros ou a entidades SUBSEÇÃO III
governamentais ou não-governamentais, sem autorização judicial. DA TUTELA
Art. 31. A colocação em família substituta estrangeira constitui
medida excepcional, somente admissível na modalidade de adoção. Art. 36. A tutela será deferida, nos termos da lei civil, a pessoa
Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tutela, o responsável prestará de até 18 (dezoito) anos incompletos. (Redação dada pela Lei nº
compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo, 12.010, de 2009) Vigência
mediante termo nos autos. Parágrafo único. O deferimento da tutela pressupõe a prévia
decretação da perda ou suspensão do poder familiar e implica
SUBSEÇÃO II necessariamente o dever de guarda. (Expressão substituída pela Lei
DA GUARDA nº 12.010, de 2009) Vigência
Art. 37. O tutor nomeado por testamento ou qualquer
Art. 33. A guarda obriga a prestação de assistência material, documento autêntico, conforme previsto no parágrafo único do art.
moral e educacional à criança ou adolescente, conferindo a seu 1.729 da Lei n o 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil ,
detentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais. (Vide deverá, no prazo de 30 (trinta) dias após a abertura da sucessão,
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência ingressar com pedido destinado ao controle judicial do ato,
§ 1º A guarda destina-se a regularizar a posse de fato, podendo observando o procedimento previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei.
ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos procedimentos de (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
tutela e adoção, exceto no de adoção por estrangeiros. Parágrafo único. Na apreciação do pedido, serão observados
§ 2º Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, fora dos casos os requisitos previstos nos arts. 28 e 29 desta Lei, somente sendo
de tutela e adoção, para atender a situações peculiares ou suprir deferida a tutela à pessoa indicada na disposição de última vontade,
a falta eventual dos pais ou responsável, podendo ser deferido o se restar comprovado que a medida é vantajosa ao tutelando e
direito de representação para a prática de atos determinados. que não existe outra pessoa em melhores condições de assumi-la.
§ 3º A guarda confere à criança ou adolescente a condição (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
de dependente, para todos os fins e efeitos de direito, inclusive Art. 38. Aplica-se à destituição da tutela o disposto no art. 24.
previdenciários.
§ 4 o Salvo expressa e fundamentada determinação em
contrário, da autoridade judiciária competente, ou quando a
medida for aplicada em preparação para adoção, o deferimento
da guarda de criança ou adolescente a terceiros não impede o
exercício do direito de visitas pelos pais, assim como o dever de

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

SUBSEÇÃO IV Art. 44. Enquanto não der conta de sua administração e saldar
DA ADOÇÃO o seu alcance, não pode o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o
curatelado.
Art. 39. A adoção de criança e de adolescente reger-se-á Art. 45. A adoção depende do consentimento dos pais ou do
segundo o disposto nesta Lei. representante legal do adotando.
§ 1 o A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual se § 1º. O consentimento será dispensado em relação à criança
deve recorrer apenas quando esgotados os recursos de manutenção ou adolescente cujos pais sejam desconhecidos ou tenham sido
da criança ou adolescente na família natural ou extensa, na forma destituídos do poder familiar . (Expressão substituída pela Lei nº
do parágrafo único do art. 25 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, 12.010, de 2009) Vigência
de 2009) Vigência § 2º. Em se tratando de adotando maior de doze anos de idade,
§ 2 o É vedada a adoção por procuração. (Incluído pela Lei nº será também necessário o seu consentimento.
12.010, de 2009) Vigência Art. 46. A adoção será precedida de estágio de convivência com
§ 3 o Em caso de conflito entre direitos e interesses do a criança ou adolescente, pelo prazo máximo de 90 (noventa) dias,
adotando e de outras pessoas, inclusive seus pais biológicos, devem observadas a idade da criança ou adolescente e as peculiaridades
prevalecer os direitos e os interesses do adotando. (Incluído pela do caso. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
Lei nº 13.509, de 2017) § 1 o O estágio de convivência poderá ser dispensado se o
Art. 40. O adotando deve contar com, no máximo, dezoito anos adotando já estiver sob a tutela ou guarda legal do adotante durante
à data do pedido, salvo se já estiver sob a guarda ou tutela dos tempo suficiente para que seja possível avaliar a conveniência da
adotantes. constituição do vínculo. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)
Art. 41. A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com Vigência
os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios, desligando-o § 2 o A simples guarda de fato não autoriza, por si só, a dispensa
de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo os impedimentos da realização do estágio de convivência. (Redação dada pela Lei nº
matrimoniais. 12.010, de 2009) Vigência
§ 1º Se um dos cônjuges ou concubinos adota o filho do outro, § 2 o -A. O prazo máximo estabelecido no caput deste artigo
mantêm-se os vínculos de filiação entre o adotado e o cônjuge ou pode ser prorrogado por até igual período, mediante decisão
concubino do adotante e os respectivos parentes. fundamentada da autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº
§ 2º É recíproco o direito sucessório entre o adotado, seus 13.509, de 2017)
descendentes, o adotante, seus ascendentes, descendentes e § 3 o Em caso de adoção por pessoa ou casal residente ou
colaterais até o 4º grau, observada a ordem de vocação hereditária. domiciliado fora do País, o estágio de convivência será de, no
Art. 42. Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos, mínimo, 30 (trinta) dias e, no máximo, 45 (quarenta e cinco) dias,
independentemente do estado civil. (Redação dada pela Lei nº prorrogável por até igual período, uma única vez, mediante decisão
12.010, de 2009) Vigência fundamentada da autoridade judiciária. (Redação dada pela Lei nº
§ 1º Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do 13.509, de 2017)
adotando. § 3 o -A. Ao final do prazo previsto no § 3 o deste artigo, deverá
§ 2 o Para adoção conjunta, é indispensável que os adotantes ser apresentado laudo fundamentado pela equipe mencionada no §
sejam casados civilmente ou mantenham união estável, comprovada 4 o deste artigo, que recomendará ou não o deferimento da adoção
a estabilidade da família. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de à autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
2009) Vigência § 4 o O estágio de convivência será acompanhado pela equipe
§ 3º O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos mais interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude,
velho do que o adotando. preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela
§ 4 o Os divorciados, os judicialmente separados e os ex- execução da política de garantia do direito à convivência familiar,
companheiros podem adotar conjuntamente, contanto que que apresentarão relatório minucioso acerca da conveniência do
acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o estágio deferimento da medida. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
de convivência tenha sido iniciado na constância do período de Vigência
convivência e que seja comprovada a existência de vínculos de § 5 o O estágio de convivência será cumprido no território
afinidade e afetividade com aquele não detentor da guarda, que nacional, preferencialmente na comarca de residência da criança ou
justifiquem a excepcionalidade da concessão. (Redação dada pela adolescente, ou, a critério do juiz, em cidade limítrofe, respeitada,
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência em qualquer hipótese, a competência do juízo da comarca de
§ 5 o Nos casos do § 4 o deste artigo, desde que demonstrado residência da criança. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
efetivo benefício ao adotando, será assegurada a guarda Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por sentença judicial,
compartilhada, conforme previsto no art. 1.584 da Lei n o 10.406, que será inscrita no registro civil mediante mandado do qual não se
de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil . (Redação dada pela Lei nº fornecerá certidão.
12.010, de 2009) Vigência § 1º A inscrição consignará o nome dos adotantes como pais,
§ 6 o A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após bem como o nome de seus ascendentes.
inequívoca manifestação de vontade, vier a falecer no curso do § 2º O mandado judicial, que será arquivado, cancelará o
procedimento, antes de prolatada a sentença. (Incluído pela Lei nº registro original do adotado.
12.010, de 2009) Vigência § 3 o A pedido do adotante, o novo registro poderá ser lavrado
Art. 43. A adoção será deferida quando apresentar reais no Cartório do Registro Civil do Município de sua residência.
vantagens para o adotando e fundar-se em motivos legítimos. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

196
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§ 4 o Nenhuma observação sobre a origem do ato poderá dos técnicos responsáveis pelo programa de acolhimento e pela
constar nas certidões do registro. (Redação dada pela Lei nº 12.010, execução da política municipal de garantia do direito à convivência
de 2009) Vigência familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 5 o A sentença conferirá ao adotado o nome do adotante e, § 5 o Serão criados e implementados cadastros estaduais
a pedido de qualquer deles, poderá determinar a modificação do e nacional de crianças e adolescentes em condições de serem
prenome. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência adotados e de pessoas ou casais habilitados à adoção. (Incluído
§ 6 o Caso a modificação de prenome seja requerida pelo pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
adotante, é obrigatória a oitiva do adotando, observado o disposto § 6 o Haverá cadastros distintos para pessoas ou casais residentes
nos §§ 1 o e 2 o do art. 28 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 12.010, fora do País, que somente serão consultados na inexistência de
de 2009) Vigência postulantes nacionais habilitados nos cadastros mencionados no §
§ 7 o A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito em 5 o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
julgado da sentença constitutiva, exceto na hipótese prevista no § § 7 o As autoridades estaduais e federais em matéria de adoção
6 o do art. 42 desta Lei, caso em que terá força retroativa à data do terão acesso integral aos cadastros, incumbindo-lhes a troca de
óbito. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência informações e a cooperação mútua, para melhoria do sistema.
§ 8 o O processo relativo à adoção assim como outros a (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
ele relacionados serão mantidos em arquivo, admitindo-se seu § 8 o A autoridade judiciária providenciará, no prazo de 48
armazenamento em microfilme ou por outros meios, garantida a (quarenta e oito) horas, a inscrição das crianças e adolescentes em
sua conservação para consulta a qualquer tempo. (Incluído pela Lei condições de serem adotados que não tiveram colocação familiar
nº 12.010, de 2009) Vigência na comarca de origem, e das pessoas ou casais que tiveram deferida
§ 9º Terão prioridade de tramitação os processos de adoção em sua habilitação à adoção nos cadastros estadual e nacional referidos
que o adotando for criança ou adolescente com deficiência ou com no § 5 o deste artigo, sob pena de responsabilidade. (Incluído pela
doença crônica. (Incluído pela Lei nº 12.955, de 2014) Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 10. O prazo máximo para conclusão da ação de adoção será § 9 o Compete à Autoridade Central Estadual zelar pela
de 120 (cento e vinte) dias, prorrogável uma única vez por igual manutenção e correta alimentação dos cadastros, com posterior
período, mediante decisão fundamentada da autoridade judiciária. comunicação à Autoridade Central Federal Brasileira. (Incluído pela
(Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Art. 48. O adotado tem direito de conhecer sua origem § 10. Consultados os cadastros e verificada a ausência de
biológica, bem como de obter acesso irrestrito ao processo no qual pretendentes habilitados residentes no País com perfil compatível e
a medida foi aplicada e seus eventuais incidentes, após completar interesse manifesto pela adoção de criança ou adolescente inscrito
18 (dezoito) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) nos cadastros existentes, será realizado o encaminhamento da
Vigência criança ou adolescente à adoção internacional. (Redação dada pela
Parágrafo único. O acesso ao processo de adoção poderá ser Lei nº 13.509, de 2017)
também deferido ao adotado menor de 18 (dezoito) anos, a seu § 11. Enquanto não localizada pessoa ou casal interessado
pedido, assegurada orientação e assistência jurídica e psicológica. em sua adoção, a criança ou o adolescente, sempre que possível e
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência recomendável, será colocado sob guarda de família cadastrada em
Art. 49. A morte dos adotantes não restabelece o poder programa de acolhimento familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
familiar dos pais naturais. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, 2009) Vigência
de 2009) Vigência § 12. A alimentação do cadastro e a convocação criteriosa dos
Art. 50. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou postulantes à adoção serão fiscalizadas pelo Ministério Público.
foro regional, um registro de crianças e adolescentes em condições (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
de serem adotados e outro de pessoas interessadas na adoção. § 13. Somente poderá ser deferida adoção em favor de
(Vide Lei nº 12.010, de 2009) Vigência candidato domiciliado no Brasil não cadastrado previamente nos
§ 1º O deferimento da inscrição dar-se-á após prévia consulta termos desta Lei quando: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
aos órgãos técnicos do juizado, ouvido o Ministério Público. Vigência
§ 2º Não será deferida a inscrição se o interessado não satisfizer I - se tratar de pedido de adoção unilateral; (Incluído pela Lei nº
os requisitos legais, ou verificada qualquer das hipóteses previstas 12.010, de 2009) Vigência
no art. 29. II - for formulada por parente com o qual a criança ou
§ 3 o A inscrição de postulantes à adoção será precedida de um adolescente mantenha vínculos de afinidade e afetividade; (Incluído
período de preparação psicossocial e jurídica, orientado pela equipe pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
técnica da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guarda
com apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política legal de criança maior de 3 (três) anos ou adolescente, desde que
municipal de garantia do direito à convivência familiar. (Incluído o lapso de tempo de convivência comprove a fixação de laços de
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência afinidade e afetividade, e não seja constatada a ocorrência de má-fé
§ 4 o Sempre que possível e recomendável, a preparação referida ou qualquer das situações previstas nos arts. 237 ou 238 desta Lei.
no § 3 o deste artigo incluirá o contato com crianças e adolescentes (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
em acolhimento familiar ou institucional em condições de serem § 14. Nas hipóteses previstas no § 13 deste artigo, o candidato
adotados, a ser realizado sob a orientação, supervisão e avaliação deverá comprovar, no curso do procedimento, que preenche os
da equipe técnica da Justiça da Infância e da Juventude, com apoio requisitos necessários à adoção, conforme previsto nesta Lei.
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

197
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§ 15. Será assegurada prioridade no cadastro a pessoas V - os documentos em língua estrangeira serão devidamente
interessadas em adotar criança ou adolescente com deficiência, autenticados pela autoridade consular, observados os tratados
com doença crônica ou com necessidades específicas de saúde, e convenções internacionais, e acompanhados da respectiva
além de grupo de irmãos. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) tradução, por tradutor público juramentado; (Incluída pela Lei nº
Art. 51. Considera-se adoção internacional aquela na qual o 12.010, de 2009) Vigência
pretendente possui residência habitual em país-parte da Convenção VI - a Autoridade Central Estadual poderá fazer exigências e
de Haia, de 29 de maio de 1993, Relativa à Proteção das Crianças e à solicitar complementação sobre o estudo psicossocial do postulante
Cooperação em Matéria de Adoção Internacional, promulgada pelo estrangeiro à adoção, já realizado no país de acolhida; (Incluída pela
Decreto n o 3.087, de 21 junho de 1999 , e deseja adotar criança em Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
outro país-parte da Convenção. (Redação dada pela Lei nº 13.509, VII - verificada, após estudo realizado pela Autoridade
de 2017) Central Estadual, a compatibilidade da legislação estrangeira com
§ 1 o A adoção internacional de criança ou adolescente a nacional, além do preenchimento por parte dos postulantes à
brasileiro ou domiciliado no Brasil somente terá lugar quando restar medida dos requisitos objetivos e subjetivos necessários ao seu
comprovado: (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência deferimento, tanto à luz do que dispõe esta Lei como da legislação
I - que a colocação em família adotiva é a solução adequada ao do país de acolhida, será expedido laudo de habilitação à adoção
caso concreto; (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) internacional, que terá validade por, no máximo, 1 (um) ano;
II - que foram esgotadas todas as possibilidades de colocação (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
da criança ou adolescente em família adotiva brasileira, com a VIII - de posse do laudo de habilitação, o interessado será
comprovação, certificada nos autos, da inexistência de adotantes autorizado a formalizar pedido de adoção perante o Juízo da
habilitados residentes no Brasil com perfil compatível com a criança Infância e da Juventude do local em que se encontra a criança ou
ou adolescente, após consulta aos cadastros mencionados nesta adolescente, conforme indicação efetuada pela Autoridade Central
Lei; (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) Estadual. (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
III - que, em se tratando de adoção de adolescente, § 1 o Se a legislação do país de acolhida assim o autorizar,
este foi consultado, por meios adequados ao seu estágio de admite-se que os pedidos de habilitação à adoção internacional
desenvolvimento, e que se encontra preparado para a medida, sejam intermediados por organismos credenciados. (Incluída pela
mediante parecer elaborado por equipe interprofissional, Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
observado o disposto nos §§ 1 o e 2 o do art. 28 desta Lei. (Incluída § 2 o Incumbe à Autoridade Central Federal Brasileira
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência o credenciamento de organismos nacionais e estrangeiros
§ 2 o Os brasileiros residentes no exterior terão preferência encarregados de intermediar pedidos de habilitação à adoção
aos estrangeiros, nos casos de adoção internacional de criança ou internacional, com posterior comunicação às Autoridades Centrais
adolescente brasileiro. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Estaduais e publicação nos órgãos oficiais de imprensa e em sítio
Vigência próprio da internet. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 3 o A adoção internacional pressupõe a intervenção das § 3 o Somente será admissível o credenciamento de organismos
Autoridades Centrais Estaduais e Federal em matéria de adoção que: (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
internacional. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência I - sejam oriundos de países que ratificaram a Convenção de
§ 4º (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Haia e estejam devidamente credenciados pela Autoridade Central
Art. 52. A adoção internacional observará o procedimento do país onde estiverem sediados e no país de acolhida do adotando
previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei, com as seguintes adaptações: para atuar em adoção internacional no Brasil; (Incluída pela Lei nº
(Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência 12.010, de 2009) Vigência
I - a pessoa ou casal estrangeiro, interessado em adotar criança II - satisfizerem as condições de integridade moral, competência
ou adolescente brasileiro, deverá formular pedido de habilitação profissional, experiência e responsabilidade exigidas pelos países
à adoção perante a Autoridade Central em matéria de adoção respectivos e pela Autoridade Central Federal Brasileira; (Incluída
internacional no país de acolhida, assim entendido aquele onde pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
está situada sua residência habitual; (Incluída pela Lei nº 12.010, III - forem qualificados por seus padrões éticos e sua formação
de 2009) Vigência e experiência para atuar na área de adoção internacional; (Incluída
II - se a Autoridade Central do país de acolhida considerar pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
que os solicitantes estão habilitados e aptos para adotar, emitirá IV - cumprirem os requisitos exigidos pelo ordenamento
um relatório que contenha informações sobre a identidade, a jurídico brasileiro e pelas normas estabelecidas pela Autoridade
capacidade jurídica e adequação dos solicitantes para adotar, sua Central Federal Brasileira. (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)
situação pessoal, familiar e médica, seu meio social, os motivos que Vigência
os animam e sua aptidão para assumir uma adoção internacional; § 4 o Os organismos credenciados deverão ainda: (Incluído pela
(Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
III - a Autoridade Central do país de acolhida enviará o relatório I - perseguir unicamente fins não lucrativos, nas condições e
à Autoridade Central Estadual, com cópia para a Autoridade Central dentro dos limites fixados pelas autoridades competentes do país
Federal Brasileira; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência onde estiverem sediados, do país de acolhida e pela Autoridade
IV - o relatório será instruído com toda a documentação Central Federal Brasileira; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)
necessária, incluindo estudo psicossocial elaborado por equipe Vigência
interprofissional habilitada e cópia autenticada da legislação II - ser dirigidos e administrados por pessoas qualificadas e
pertinente, acompanhada da respectiva prova de vigência; (Incluída de reconhecida idoneidade moral, com comprovada formação ou
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência experiência para atuar na área de adoção internacional, cadastradas

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

pelo Departamento de Polícia Federal e aprovadas pela Autoridade § 13. A habilitação de postulante estrangeiro ou domiciliado
Central Federal Brasileira, mediante publicação de portaria do órgão fora do Brasil terá validade máxima de 1 (um) ano, podendo ser
federal competente; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência renovada. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
III - estar submetidos à supervisão das autoridades competentes § 14. É vedado o contato direto de representantes de
do país onde estiverem sediados e no país de acolhida, inclusive organismos de adoção, nacionais ou estrangeiros, com dirigentes
quanto à sua composição, funcionamento e situação financeira; de programas de acolhimento institucional ou familiar, assim como
(Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência com crianças e adolescentes em condições de serem adotados, sem
IV - apresentar à Autoridade Central Federal Brasileira, a cada a devida autorização judicial. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
ano, relatório geral das atividades desenvolvidas, bem como relatório Vigência
de acompanhamento das adoções internacionais efetuadas no § 15. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá limitar
período, cuja cópia será encaminhada ao Departamento de Polícia ou suspender a concessão de novos credenciamentos sempre que
Federal; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência julgar necessário, mediante ato administrativo fundamentado.
V - enviar relatório pós-adotivo semestral para a Autoridade (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Central Estadual, com cópia para a Autoridade Central Federal Art. 52-A. É vedado, sob pena de responsabilidade e
Brasileira, pelo período mínimo de 2 (dois) anos. O envio do relatório descredenciamento, o repasse de recursos provenientes de
será mantido até a juntada de cópia autenticada do registro civil, organismos estrangeiros encarregados de intermediar pedidos de
estabelecendo a cidadania do país de acolhida para o adotado; adoção internacional a organismos nacionais ou a pessoas físicas.
(Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
VI - tomar as medidas necessárias para garantir que os adotantes Parágrafo único. Eventuais repasses somente poderão ser
encaminhem à Autoridade Central Federal Brasileira cópia da efetuados via Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente e
certidão de registro de nascimento estrangeira e do certificado de estarão sujeitos às deliberações do respectivo Conselho de Direitos
nacionalidade tão logo lhes sejam concedidos. (Incluída pela Lei nº da Criança e do Adolescente (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
12.010, de 2009) Vigência Vigência
§ 5 o A não apresentação dos relatórios referidos no § 4 o deste Art. 52-B. A adoção por brasileiro residente no exterior em país
artigo pelo organismo credenciado poderá acarretar a suspensão de ratificante da Convenção de Haia, cujo processo de adoção tenha
seu credenciamento. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência sido processado em conformidade com a legislação vigente no país
§ 6 o O credenciamento de organismo nacional ou estrangeiro de residência e atendido o disposto na Alínea “c” do Artigo 17 da
encarregado de intermediar pedidos de adoção internacional terá referida Convenção, será automaticamente recepcionada com o
validade de 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) reingresso no Brasil. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Vigência § 1 o Caso não tenha sido atendido o disposto na Alínea “c” do
§ 7 o A renovação do credenciamento poderá ser concedida Artigo 17 da Convenção de Haia, deverá a sentença ser homologada
mediante requerimento protocolado na Autoridade Central Federal pelo Superior Tribunal de Justiça. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
Brasileira nos 60 (sessenta) dias anteriores ao término do respectivo 2009) Vigência
prazo de validade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 2 o O pretendente brasileiro residente no exterior em país não
§ 8 o Antes de transitada em julgado a decisão que concedeu a ratificante da Convenção de Haia, uma vez reingressado no Brasil,
adoção internacional, não será permitida a saída do adotando do deverá requerer a homologação da sentença estrangeira pelo
território nacional. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Superior Tribunal de Justiça. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
§ 9 o Transitada em julgado a decisão, a autoridade judiciária Vigência
determinará a expedição de alvará com autorização de viagem, bem Art. 52-C. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o país
como para obtenção de passaporte, constando, obrigatoriamente, de acolhida, a decisão da autoridade competente do país de origem
as características da criança ou adolescente adotado, como idade, da criança ou do adolescente será conhecida pela Autoridade
cor, sexo, eventuais sinais ou traços peculiares, assim como foto Central Estadual que tiver processado o pedido de habilitação dos
recente e a aposição da impressão digital do seu polegar direito, pais adotivos, que comunicará o fato à Autoridade Central Federal e
instruindo o documento com cópia autenticada da decisão e determinará as providências necessárias à expedição do Certificado
certidão de trânsito em julgado. (Incluído pela Lei nº 12.010, de de Naturalização Provisório. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
2009) Vigência Vigência
§ 10. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá, a § 1 o A Autoridade Central Estadual, ouvido o Ministério
qualquer momento, solicitar informações sobre a situação das Público, somente deixará de reconhecer os efeitos daquela decisão
crianças e adolescentes adotados (Incluído pela Lei nº 12.010, de se restar demonstrado que a adoção é manifestamente contrária à
2009) Vigência ordem pública ou não atende ao interesse superior da criança ou do
§ 11. A cobrança de valores por parte dos organismos adolescente. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
credenciados, que sejam considerados abusivos pela Autoridade § 2 o Na hipótese de não reconhecimento da adoção, prevista
Central Federal Brasileira e que não estejam devidamente no § 1 o deste artigo, o Ministério Público deverá imediatamente
comprovados, é causa de seu descredenciamento. (Incluído pela requerer o que for de direito para resguardar os interesses da
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência criança ou do adolescente, comunicando-se as providências à
§ 12. Uma mesma pessoa ou seu cônjuge não podem ser Autoridade Central Estadual, que fará a comunicação à Autoridade
representados por mais de uma entidade credenciada para atuar na Central Federal Brasileira e à Autoridade Central do país de origem.
cooperação em adoção internacional. (Incluído pela Lei nº 12.010, (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
de 2009) Vigência

199
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Art. 52-D. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o país Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de matricular
de acolhida e a adoção não tenha sido deferida no país de origem seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino.
porque a sua legislação a delega ao país de acolhida, ou, ainda, na Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino
hipótese de, mesmo com decisão, a criança ou o adolescente ser fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de:
oriundo de país que não tenha aderido à Convenção referida, o I - maus-tratos envolvendo seus alunos;
processo de adoção seguirá as regras da adoção nacional. (Incluído II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar,
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência esgotados os recursos escolares;
III - elevados níveis de repetência.
CAPÍTULO IV Art. 57. O poder público estimulará pesquisas, experiências
DO DIREITO À EDUCAÇÃO, À CULTURA, AO ESPORTE E AO e novas propostas relativas a calendário, seriação, currículo,
LAZER metodologia, didática e avaliação, com vistas à inserção de crianças
e adolescentes excluídos do ensino fundamental obrigatório.
Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, Art. 58. No processo educacional respeitar-se-ão os valores
visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o culturais, artísticos e históricos próprios do contexto social da
exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando- criança e do adolescente, garantindo-se a estes a liberdade da
se-lhes: criação e o acesso às fontes de cultura.
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da União,
escola; estimularão e facilitarão a destinação de recursos e espaços para
II - direito de ser respeitado por seus educadores; programações culturais, esportivas e de lazer voltadas para a
III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer infância e a juventude.
às instâncias escolares superiores;
IV - direito de organização e participação em entidades CAPÍTULO V
estudantis; DO DIREITO À PROFISSIONALIZAÇÃO E À PROTEÇÃO NO
V - acesso à escola pública e gratuita, próxima de sua residência, TRABALHO
garantindo-se vagas no mesmo estabelecimento a irmãos que
frequentem a mesma etapa ou ciclo de ensino da educação básica. Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de quatorze
(Redação dada pela Lei nº 13.845, de 2019) anos de idade, salvo na condição de aprendiz. (Vide Constituição
Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência Federal)
do processo pedagógico, bem como participar da definição das Art. 61. A proteção ao trabalho dos adolescentes é regulada
propostas educacionais. por legislação especial, sem prejuízo do disposto nesta Lei.
Art. 53-A. É dever da instituição de ensino, clubes e agremiações Art. 62. Considera-se aprendizagem a formação técnico-
recreativas e de estabelecimentos congêneres assegurar medidas profissional ministrada segundo as diretrizes e bases da legislação
de conscientização, prevenção e enfrentamento ao uso ou de educação em vigor.
dependência de drogas ilícitas. (Incluído pela Lei nº 13.840, de Art. 63. A formação técnico-profissional obedecerá aos
2019) seguintes princípios:
Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente: I - garantia de acesso e freqüência obrigatória ao ensino regular;
I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os II - atividade compatível com o desenvolvimento do
que a ele não tiveram acesso na idade própria; adolescente;
II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao III - horário especial para o exercício das atividades.
ensino médio; Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos de idade é assegurada
III - atendimento educacional especializado aos portadores de bolsa de aprendizagem.
deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de quatorze anos, são
IV – atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero assegurados os direitos trabalhistas e previdenciários.
a cinco anos de idade; (Redação dada pela Lei nº 13.306, de 2016) Art. 66. Ao adolescente portador de deficiência é assegurado
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da trabalho protegido.
criação artística, segundo a capacidade de cada um; Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições familiar de trabalho, aluno de escola técnica, assistido em entidade
do adolescente trabalhador; governamental ou não-governamental, é vedado trabalho:
VII - atendimento no ensino fundamental, através de I - noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um dia e as
programas suplementares de material didático-escolar, transporte, cinco horas do dia seguinte;
alimentação e assistência à saúde. II - perigoso, insalubre ou penoso;
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público III - realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao seu
subjetivo. desenvolvimento físico, psíquico, moral e social;
§ 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder IV - realizado em horários e locais que não permitam a
público ou sua oferta irregular importa responsabilidade da freqüência à escola.
autoridade competente. Art. 68. O programa social que tenha por base o trabalho
§ 3º Compete ao poder público recensear os educandos no educativo, sob responsabilidade de entidade governamental
ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou ou não-governamental sem fins lucrativos, deverá assegurar ao
responsável, pela freqüência à escola. adolescente que dele participe condições de capacitação para o
exercício de atividade regular remunerada.

200
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§ 1º Entende-se por trabalho educativo a atividade laboral em Parágrafo único. As famílias com crianças e adolescentes com
que as exigências pedagógicas relativas ao desenvolvimento pessoal deficiência terão prioridade de atendimento nas ações e políticas
e social do educando prevalecem sobre o aspecto produtivo. públicas de prevenção e proteção. (Incluído pela Lei nº 13.010, de
§ 2º A remuneração que o adolescente recebe pelo trabalho 2014)
efetuado ou a participação na venda dos produtos de seu trabalho VII - a promoção de estudos e pesquisas, de estatísticas e de
não desfigura o caráter educativo. outras informações relevantes às consequências e à frequência
Art. 69. O adolescente tem direito à profissionalização e à das formas de violência contra a criança e o adolescente para a
proteção no trabalho, observados os seguintes aspectos, entre sistematização de dados nacionalmente unificados e a avaliação
outros: periódica dos resultados das medidas adotadas; (Incluído pela
I - respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento; Lei nº 14.344, de 2022) Vigência
II - capacitação profissional adequada ao mercado de trabalho. VIII - o respeito aos valores da dignidade da pessoa humana,
de forma a coibir a violência, o tratamento cruel ou degradante e
TÍTULO III as formas violentas de educação, correção ou disciplina; (Incluído
DA PREVENÇÃO pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência
IX - a promoção e a realização de campanhas educativas
CAPÍTULO I direcionadas ao público escolar e à sociedade em geral e a difusão
DISPOSIÇÕES GERAIS desta Lei e dos instrumentos de proteção aos direitos humanos
das crianças e dos adolescentes, incluídos os canais de denúncia
Art. 70. É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou existentes; (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência
violação dos direitos da criança e do adolescente. X - a celebração de convênios, de protocolos, de ajustes,
Art. 70-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios de termos e de outros instrumentos de promoção de parceria
deverão atuar de forma articulada na elaboração de políticas entre órgãos governamentais ou entre estes e entidades não
públicas e na execução de ações destinadas a coibir o uso de castigo governamentais, com o objetivo de implementar programas de
físico ou de tratamento cruel ou degradante e difundir formas não erradicação da violência, de tratamento cruel ou degradante e de
violentas de educação de crianças e de adolescentes, tendo como formas violentas de educação, correção ou disciplina; (Incluído
principais ações: (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência
I - a promoção de campanhas educativas permanentes para XI - a capacitação permanente das Polícias Civil e Militar, da
a divulgação do direito da criança e do adolescente de serem Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros, dos profissionais nas
educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento escolas, dos Conselhos Tutelares e dos profissionais pertencentes
cruel ou degradante e dos instrumentos de proteção aos direitos aos órgãos e às áreas referidos no inciso II deste caput, para que
humanos; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) identifiquem situações em que crianças e adolescentes vivenciam
II - a integração com os órgãos do Poder Judiciário, do violência e agressões no âmbito familiar ou institucional; (Incluído
Ministério Público e da Defensoria Pública, com o Conselho Tutelar, pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência
com os Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente e com as XII - a promoção de programas educacionais que disseminem
entidades não governamentais que atuam na promoção, proteção valores éticos de irrestrito respeito à dignidade da pessoa humana,
e defesa dos direitos da criança e do adolescente; (Incluído pela Lei bem como de programas de fortalecimento da parentalidade
nº 13.010, de 2014) positiva, da educação sem castigos físicos e de ações de prevenção
III - a formação continuada e a capacitação dos profissionais e enfrentamento da violência doméstica e familiar contra a criança
de saúde, educação e assistência social e dos demais agentes que e o adolescente; (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência
atuam na promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do XIII - o destaque, nos currículos escolares de todos os níveis
adolescente para o desenvolvimento das competências necessárias de ensino, dos conteúdos relativos à prevenção, à identificação e
à prevenção, à identificação de evidências, ao diagnóstico e ao à resposta à violência doméstica e familiar. (Incluído pela Lei nº
enfrentamento de todas as formas de violência contra a criança e o 14.344, de 2022) Vigência
adolescente; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) Art. 70-B. As entidades, públicas e privadas, que atuem nas
IV - o apoio e o incentivo às práticas de resolução pacífica de áreas da saúde e da educação, além daquelas às quais se refere
conflitos que envolvam violência contra a criança e o adolescente; o art. 71 desta Lei, entre outras, devem contar, em seus quadros,
(Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) com pessoas capacitadas a reconhecer e a comunicar ao Conselho
V - a inclusão, nas políticas públicas, de ações que visem a Tutelar suspeitas ou casos de crimes praticados contra a criança
garantir os direitos da criança e do adolescente, desde a atenção pré- e o adolescente. (Redação dada pela Lei nº 14.344, de 2022)
natal, e de atividades junto aos pais e responsáveis com o objetivo Vigência
de promover a informação, a reflexão, o debate e a orientação Parágrafo único. São igualmente responsáveis pela
sobre alternativas ao uso de castigo físico ou de tratamento cruel comunicação de que trata este artigo, as pessoas encarregadas, por
ou degradante no processo educativo; (Incluído pela Lei nº 13.010, razão de cargo, função, ofício, ministério, profissão ou ocupação, do
de 2014) cuidado, assistência ou guarda de crianças e adolescentes, punível,
VI - a promoção de espaços intersetoriais locais para a na forma deste Estatuto, o injustificado retardamento ou omissão,
articulação de ações e a elaboração de planos de atuação conjunta culposos ou dolosos. (Incluído pela Lei nº 13.046, de 2014)
focados nas famílias em situação de violência, com participação Art. 71. A criança e o adolescente têm direito a informação,
de profissionais de saúde, de assistência social e de educação e de cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos e produtos e
órgãos de promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do serviços que respeitem sua condição peculiar de pessoa em
adolescente. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) desenvolvimento.

201
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Art. 72. As obrigações previstas nesta Lei não excluem da SEÇÃO II


prevenção especial outras decorrentes dos princípios por ela DOS PRODUTOS E SERVIÇOS
adotados.
Art. 73. A inobservância das normas de prevenção importará Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao adolescente de:
em responsabilidade da pessoa física ou jurídica, nos termos desta I - armas, munições e explosivos;
Lei. II - bebidas alcoólicas;
III - produtos cujos componentes possam causar dependência
CAPÍTULO II física ou psíquica ainda que por utilização indevida;
DA PREVENÇÃO ESPECIAL IV - fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles que pelo
seu reduzido potencial sejam incapazes de provocar qualquer dano
SEÇÃO I físico em caso de utilização indevida;
DA INFORMAÇÃO, CULTURA, LAZER, ESPORTES, DIVERSÕES E V - revistas e publicações a que alude o art. 78;
ESPETÁCULOS VI - bilhetes lotéricos e equivalentes.
Art. 82. É proibida a hospedagem de criança ou adolescente
Art. 74. O poder público, através do órgão competente, regulará em hotel, motel, pensão ou estabelecimento congênere, salvo se
as diversões e espetáculos públicos, informando sobre a natureza autorizado ou acompanhado pelos pais ou responsável.
deles, as faixas etárias a que não se recomendem, locais e horários
em que sua apresentação se mostre inadequada. SEÇÃO III
Parágrafo único. Os responsáveis pelas diversões e espetáculos DA AUTORIZAÇÃO PARA VIAJAR
públicos deverão afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à entrada
do local de exibição, informação destacada sobre a natureza Art. 83. Nenhuma criança ou adolescente menor de 16
do espetáculo e a faixa etária especificada no certificado de (dezesseis) anos poderá viajar para fora da comarca onde reside
classificação. desacompanhado dos pais ou dos responsáveis sem expressa
Art. 75. Toda criança ou adolescente terá acesso às diversões autorização judicial. (Redação dada pela Lei nº 13.812, de 2019)
e espetáculos públicos classificados como adequados à sua faixa § 1º A autorização não será exigida quando:
etária. a) tratar-se de comarca contígua à da residência da criança
Parágrafo único. As crianças menores de dez anos somente ou do adolescente menor de 16 (dezesseis) anos, se na mesma
poderão ingressar e permanecer nos locais de apresentação ou unidade da Federação, ou incluída na mesma região metropolitana;
exibição quando acompanhadas dos pais ou responsável. (Redação dada pela Lei nº 13.812, de 2019)
Art. 76. As emissoras de rádio e televisão somente exibirão, b) a criança ou o adolescente menor de 16 (dezesseis) anos
no horário recomendado para o público infanto juvenil, programas estiver acompanhado: (Redação dada pela Lei nº 13.812, de 2019)
com finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas. 1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau,
Parágrafo único. Nenhum espetáculo será apresentado ou comprovado documentalmente o parentesco;
anunciado sem aviso de sua classificação, antes de sua transmissão, 2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe
apresentação ou exibição. ou responsável.
Art. 77. Os proprietários, diretores, gerentes e funcionários de § 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais ou
empresas que explorem a venda ou aluguel de fitas de programação responsável, conceder autorização válida por dois anos.
em vídeo cuidarão para que não haja venda ou locação em Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a autorização é
desacordo com a classificação atribuída pelo órgão competente. dispensável, se a criança ou adolescente:
Parágrafo único. As fitas a que alude este artigo deverão exibir, I - estiver acompanhado de ambos os pais ou responsável;
no invólucro, informação sobre a natureza da obra e a faixa etária a II - viajar na companhia de um dos pais, autorizado
que se destinam. expressamente pelo outro através de documento com firma
Art. 78. As revistas e publicações contendo material reconhecida.
impróprio ou inadequado a crianças e adolescentes deverão ser Art. 85. Sem prévia e expressa autorização judicial, nenhuma
comercializadas em embalagem lacrada, com a advertência de seu criança ou adolescente nascido em território nacional poderá sair do
conteúdo. País em companhia de estrangeiro residente ou domiciliado no exterior.
Parágrafo único. As editoras cuidarão para que as capas que
contenham mensagens pornográficas ou obscenas sejam protegidas PARTE ESPECIAL
com embalagem opaca.
Art. 79. As revistas e publicações destinadas ao público infanto- TÍTULO I
juvenil não poderão conter ilustrações, fotografias, legendas, DA POLÍTICA DE ATENDIMENTO
crônicas ou anúncios de bebidas alcoólicas, tabaco, armas e
munições, e deverão respeitar os valores éticos e sociais da pessoa CAPÍTULO I
e da família. DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 80. Os responsáveis por estabelecimentos que explorem
comercialmente bilhar, sinuca ou congênere ou por casas de Art. 86. A política de atendimento dos direitos da criança e do
jogos, assim entendidas as que realizem apostas, ainda que adolescente far-se-á através de um conjunto articulado de ações
eventualmente, cuidarão para que não seja permitida a entrada e governamentais e não-governamentais, da União, dos estados, do
a permanência de crianças e adolescentes no local, afixando aviso Distrito Federal e dos municípios.
para orientação do público. Art. 87. São linhas de ação da política de atendimento:

202
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

I - políticas sociais básicas; VIII - especialização e formação continuada dos profissionais


II - serviços, programas, projetos e benefícios de assistência que trabalham nas diferentes áreas da atenção à primeira infância,
social de garantia de proteção social e de prevenção e redução de incluindo os conhecimentos sobre direitos da criança e sobre
violações de direitos, seus agravamentos ou reincidências; (Redação desenvolvimento infantil; (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
dada pela Lei nº 13.257, de 2016) IX - formação profissional com abrangência dos diversos direitos
III - serviços especiais de prevenção e atendimento médico da criança e do adolescente que favoreça a intersetorialidade no
e psicossocial às vítimas de negligência, maus-tratos, exploração, atendimento da criança e do adolescente e seu desenvolvimento
abuso, crueldade e opressão; integral; (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
IV - serviço de identificação e localização de pais, responsável, X - realização e divulgação de pesquisas sobre desenvolvimento
crianças e adolescentes desaparecidos; infantil e sobre prevenção da violência. (Incluído pela Lei nº 13.257,
V - proteção jurídico-social por entidades de defesa dos direitos de 2016)
da criança e do adolescente. Art. 89. A função de membro do conselho nacional e dos
VI - políticas e programas destinados a prevenir ou abreviar conselhos estaduais e municipais dos direitos da criança e do
o período de afastamento do convívio familiar e a garantir o adolescente é considerada de interesse público relevante e não
efetivo exercício do direito à convivência familiar de crianças e será remunerada.
adolescentes; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
VII - campanhas de estímulo ao acolhimento sob forma de CAPÍTULO II
guarda de crianças e adolescentes afastados do convívio familiar DAS ENTIDADES DE ATENDIMENTO
e à adoção, especificamente inter-racial, de crianças maiores ou
de adolescentes, com necessidades específicas de saúde ou com SEÇÃO I
deficiências e de grupos de irmãos. (Incluído pela Lei nº 12.010, de DISPOSIÇÕES GERAIS
2009) Vigência
Parágrafo único. A linha de ação da política de atendimento a Art. 90. As entidades de atendimento são responsáveis pela
que se refere o inciso IV do caput deste artigo será executada em manutenção das próprias unidades, assim como pelo planejamento
cooperação com o Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas, e execução de programas de proteção e sócio-educativos destinados
criado pela Lei nº 13.812, de 16 de março de 2019, com o Cadastro a crianças e adolescentes, em regime de: (Vide)
Nacional de Crianças e Adolescentes Desaparecidos, criado pela Lei I - orientação e apoio sócio-familiar;
nº 12.127, de 17 de dezembro de 2009, e com os demais cadastros, II - apoio sócio-educativo em meio aberto;
sejam eles nacionais, estaduais ou municipais. (Incluído pela Lei nº III - colocação familiar;
14.548, de 2023) IV - acolhimento institucional; (Redação dada pela Lei nº
Art. 88. São diretrizes da política de atendimento: 12.010, de 2009) Vigência
I - municipalização do atendimento; V - prestação de serviços à comunidade; (Redação dada pela Lei
II - criação de conselhos municipais, estaduais e nacional nº 12.594, de 2012) (Vide)
dos direitos da criança e do adolescente, órgãos deliberativos VI - liberdade assistida; (Redação dada pela Lei nº 12.594, de
e controladores das ações em todos os níveis, assegurada 2012) (Vide)
a participação popular paritária por meio de organizações VII - semiliberdade; e (Redação dada pela Lei nº 12.594, de
representativas, segundo leis federal, estaduais e municipais; 2012) (Vide)
III - criação e manutenção de programas específicos, observada VIII - internação. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
a descentralização político-administrativa; § 1 o As entidades governamentais e não governamentais
IV - manutenção de fundos nacional, estaduais e municipais deverão proceder à inscrição de seus programas, especificando
vinculados aos respectivos conselhos dos direitos da criança e do os regimes de atendimento, na forma definida neste artigo, no
adolescente; Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, o
V - integração operacional de órgãos do Judiciário, Ministério qual manterá registro das inscrições e de suas alterações, do que
Público, Defensoria, Segurança Pública e Assistência Social, fará comunicação ao Conselho Tutelar e à autoridade judiciária.
preferencialmente em um mesmo local, para efeito de agilização (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
do atendimento inicial a adolescente a quem se atribua autoria de § 2 o Os recursos destinados à implementação e manutenção
ato infracional; dos programas relacionados neste artigo serão previstos nas
VI - integração operacional de órgãos do Judiciário, Ministério dotações orçamentárias dos órgãos públicos encarregados das
Público, Defensoria, Conselho Tutelar e encarregados da execução áreas de Educação, Saúde e Assistência Social, dentre outros,
das políticas sociais básicas e de assistência social, para efeito de observando-se o princípio da prioridade absoluta à criança e ao
agilização do atendimento de crianças e de adolescentes inseridos adolescente preconizado pelo caput do art. 227 da Constituição
em programas de acolhimento familiar ou institucional, com vista Federal e pelo caput e parágrafo único do art. 4 o desta Lei. (Incluído
na sua rápida reintegração à família de origem ou, se tal solução pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
se mostrar comprovadamente inviável, sua colocação em família § 3 o Os programas em execução serão reavaliados pelo
substituta, em quaisquer das modalidades previstas no art. 28 Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente,
desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência no máximo, a cada 2 (dois) anos, constituindo-se critérios para
VII - mobilização da opinião pública para a indispensável renovação da autorização de funcionamento: (Incluído pela Lei nº
participação dos diversos segmentos da sociedade. (Incluído pela 12.010, de 2009) Vigência
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

203
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

I - o efetivo respeito às regras e princípios desta Lei, bem como § 3 o Os entes federados, por intermédio dos Poderes Executivo
às resoluções relativas à modalidade de atendimento prestado e Judiciário, promoverão conjuntamente a permanente qualificação
expedidas pelos Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente, dos profissionais que atuam direta ou indiretamente em programas
em todos os níveis; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência de acolhimento institucional e destinados à colocação familiar de
II - a qualidade e eficiência do trabalho desenvolvido, atestadas crianças e adolescentes, incluindo membros do Poder Judiciário,
pelo Conselho Tutelar, pelo Ministério Público e pela Justiça da Ministério Público e Conselho Tutelar. (Incluído pela Lei nº 12.010,
Infância e da Juventude; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) de 2009) Vigência
Vigência § 4 o Salvo determinação em contrário da autoridade judiciária
III - em se tratando de programas de acolhimento institucional competente, as entidades que desenvolvem programas de
ou familiar, serão considerados os índices de sucesso na reintegração acolhimento familiar ou institucional, se necessário com o auxílio
familiar ou de adaptação à família substituta, conforme o caso. do Conselho Tutelar e dos órgãos de assistência social, estimularão
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência o contato da criança ou adolescente com seus pais e parentes, em
Art. 91. As entidades não-governamentais somente poderão cumprimento ao disposto nos incisos I e VIII do caput deste artigo.
funcionar depois de registradas no Conselho Municipal dos Direitos (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
da Criança e do Adolescente, o qual comunicará o registro ao § 5 o As entidades que desenvolvem programas de acolhimento
Conselho Tutelar e à autoridade judiciária da respectiva localidade. familiar ou institucional somente poderão receber recursos
§ 1 o Será negado o registro à entidade que: (Incluído pela Lei nº públicos se comprovado o atendimento dos princípios, exigências e
12.010, de 2009) Vigência finalidades desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
a) não ofereça instalações físicas em condições adequadas de § 6 o O descumprimento das disposições desta Lei pelo dirigente
habitabilidade, higiene, salubridade e segurança; de entidade que desenvolva programas de acolhimento familiar ou
b) não apresente plano de trabalho compatível com os institucional é causa de sua destituição, sem prejuízo da apuração
princípios desta Lei; de sua responsabilidade administrativa, civil e criminal. (Incluído
c) esteja irregularmente constituída; pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
d) tenha em seus quadros pessoas inidôneas. § 7 o Quando se tratar de criança de 0 (zero) a 3 (três) anos em
e) não se adequar ou deixar de cumprir as resoluções e acolhimento institucional, dar-se-á especial atenção à atuação de
deliberações relativas à modalidade de atendimento prestado educadores de referência estáveis e qualitativamente significativos,
expedidas pelos Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente, às rotinas específicas e ao atendimento das necessidades básicas,
em todos os níveis. (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência incluindo as de afeto como prioritárias. (Incluído pela Lei nº 13.257,
§ 2 o O registro terá validade máxima de 4 (quatro) anos, de 2016)
cabendo ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Art. 93. As entidades que mantenham programa de
Adolescente, periodicamente, reavaliar o cabimento de sua acolhimento institucional poderão, em caráter excepcional e de
renovação, observado o disposto no § 1 o deste artigo. (Incluído pela urgência, acolher crianças e adolescentes sem prévia determinação
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência da autoridade competente, fazendo comunicação do fato em até 24
Art. 92. As entidades que desenvolvam programas de (vinte e quatro) horas ao Juiz da Infância e da Juventude, sob pena
acolhimento familiar ou institucional deverão adotar os seguintes de responsabilidade. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)
princípios: (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Vigência
I - preservação dos vínculos familiares e promoção da Parágrafo único. Recebida a comunicação, a autoridade
reintegração familiar; (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) judiciária, ouvido o Ministério Público e se necessário com o
Vigência apoio do Conselho Tutelar local, tomará as medidas necessárias
II - integração em família substituta, quando esgotados os para promover a imediata reintegração familiar da criança ou
recursos de manutenção na família natural ou extensa; (Redação do adolescente ou, se por qualquer razão não for isso possível
dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência ou recomendável, para seu encaminhamento a programa de
III - atendimento personalizado e em pequenos grupos; acolhimento familiar, institucional ou a família substituta, observado
IV - desenvolvimento de atividades em regime de co-educação; o disposto no § 2 o do art. 101 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010,
V - não desmembramento de grupos de irmãos; de 2009) Vigência
VI - evitar, sempre que possível, a transferência para outras Art. 94. As entidades que desenvolvem programas de
entidades de crianças e adolescentes abrigados; internação têm as seguintes obrigações, entre outras:
VII - participação na vida da comunidade local; I - observar os direitos e garantias de que são titulares os
VIII - preparação gradativa para o desligamento; adolescentes;
IX - participação de pessoas da comunidade no processo II - não restringir nenhum direito que não tenha sido objeto de
educativo. restrição na decisão de internação;
§ 1 o O dirigente de entidade que desenvolve programa de III - oferecer atendimento personalizado, em pequenas
acolhimento institucional é equiparado ao guardião, para todos os unidades e grupos reduzidos;
efeitos de direito. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência IV - preservar a identidade e oferecer ambiente de respeito e
§ 2 o Os dirigentes de entidades que desenvolvem programas dignidade ao adolescente;
de acolhimento familiar ou institucional remeterão à autoridade V - diligenciar no sentido do restabelecimento e da preservação
judiciária, no máximo a cada 6 (seis) meses, relatório circunstanciado dos vínculos familiares;
acerca da situação de cada criança ou adolescente acolhido e sua VI - comunicar à autoridade judiciária, periodicamente, os
família, para fins da reavaliação prevista no § 1 o do art. 19 desta Lei. casos em que se mostre inviável ou impossível o reatamento dos
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência vínculos familiares;

204
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

VII - oferecer instalações físicas em condições adequadas de a) advertência;


habitabilidade, higiene, salubridade e segurança e os objetos b) suspensão total ou parcial do repasse de verbas públicas;
necessários à higiene pessoal; c) interdição de unidades ou suspensão de programa;
VIII - oferecer vestuário e alimentação suficientes e adequados d) cassação do registro.
à faixa etária dos adolescentes atendidos; § 1 o Em caso de reiteradas infrações cometidas por entidades
IX - oferecer cuidados médicos, psicológicos, odontológicos e de atendimento, que coloquem em risco os direitos assegurados
farmacêuticos; nesta Lei, deverá ser o fato comunicado ao Ministério Público ou
X - propiciar escolarização e profissionalização; representado perante autoridade judiciária competente para
XI - propiciar atividades culturais, esportivas e de lazer; as providências cabíveis, inclusive suspensão das atividades ou
XII - propiciar assistência religiosa àqueles que desejarem, de dissolução da entidade. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)
acordo com suas crenças; Vigência
XIII - proceder a estudo social e pessoal de cada caso; § 2 o As pessoas jurídicas de direito público e as organizações
XIV - reavaliar periodicamente cada caso, com intervalo não governamentais responderão pelos danos que seus agentes
máximo de seis meses, dando ciência dos resultados à autoridade causarem às crianças e aos adolescentes, caracterizado o
competente; descumprimento dos princípios norteadores das atividades de
XV - informar, periodicamente, o adolescente internado sobre proteção específica. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)
sua situação processual; Vigência
XVI - comunicar às autoridades competentes todos os casos de
adolescentes portadores de moléstias infecto-contagiosas; TÍTULO II
XVII - fornecer comprovante de depósito dos pertences dos DAS MEDIDAS DE PROTEÇÃO
adolescentes;
XVIII - manter programas destinados ao apoio e CAPÍTULO I
acompanhamento de egressos; DISPOSIÇÕES GERAIS
XIX - providenciar os documentos necessários ao exercício da
cidadania àqueles que não os tiverem; Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente
XX - manter arquivo de anotações onde constem data e são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem
circunstâncias do atendimento, nome do adolescente, seus pais ou ameaçados ou violados:
responsável, parentes, endereços, sexo, idade, acompanhamento I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
da sua formação, relação de seus pertences e demais dados que II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;
possibilitem sua identificação e a individualização do atendimento. III - em razão de sua conduta.
§ 1 o Aplicam-se, no que couber, as obrigações constantes
deste artigo às entidades que mantêm programas de acolhimento CAPÍTULO II
institucional e familiar. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) DAS MEDIDAS ESPECÍFICAS DE PROTEÇÃO
Vigência
§ 2º No cumprimento das obrigações a que alude este artigo as Art. 99. As medidas previstas neste Capítulo poderão ser
entidades utilizarão preferencialmente os recursos da comunidade. aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como substituídas a
Art. 94-A. As entidades, públicas ou privadas, que abriguem qualquer tempo.
ou recepcionem crianças e adolescentes, ainda que em caráter Art. 100. Na aplicação das medidas levar-se-ão em conta as
temporário, devem ter, em seus quadros, profissionais capacitados a necessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas que visem ao
reconhecer e reportar ao Conselho Tutelar suspeitas ou ocorrências fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.
de maus-tratos. (Incluído pela Lei nº 13.046, de 2014) Parágrafo único. São também princípios que regem a aplicação
das medidas: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
SEÇÃO II I - condição da criança e do adolescente como sujeitos de
DA FISCALIZAÇÃO DAS ENTIDADES direitos: crianças e adolescentes são os titulares dos direitos
previstos nesta e em outras Leis, bem como na Constituição Federal;
Art. 95. As entidades governamentais e não-governamentais (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
referidas no art. 90 serão fiscalizadas pelo Judiciário, pelo Ministério II - proteção integral e prioritária: a interpretação e aplicação de
Público e pelos Conselhos Tutelares. toda e qualquer norma contida nesta Lei deve ser voltada à proteção
Art. 96. Os planos de aplicação e as prestações de contas serão integral e prioritária dos direitos de que crianças e adolescentes são
apresentados ao estado ou ao município, conforme a origem das titulares; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
dotações orçamentárias. III - responsabilidade primária e solidária do poder público:
Art. 97. São medidas aplicáveis às entidades de atendimento a plena efetivação dos direitos assegurados a crianças e a
que descumprirem obrigação constante do art. 94, sem prejuízo da adolescentes por esta Lei e pela Constituição Federal, salvo nos
responsabilidade civil e criminal de seus dirigentes ou prepostos: casos por esta expressamente ressalvados, é de responsabilidade
I - às entidades governamentais: primária e solidária das 3 (três) esferas de governo, sem prejuízo da
a) advertência; municipalização do atendimento e da possibilidade da execução de
b) afastamento provisório de seus dirigentes; programas por entidades não governamentais; (Incluído pela Lei nº
c) afastamento definitivo de seus dirigentes; 12.010, de 2009) Vigência
d) fechamento de unidade ou interdição de programa.
II - às entidades não-governamentais:

205
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

IV - interesse superior da criança e do adolescente: a VII - acolhimento institucional; (Redação dada pela Lei nº
intervenção deve atender prioritariamente aos interesses e direitos 12.010, de 2009) Vigência
da criança e do adolescente, sem prejuízo da consideração que for VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar; (Redação
devida a outros interesses legítimos no âmbito da pluralidade dos dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
interesses presentes no caso concreto; (Incluído pela Lei nº 12.010, IX - colocação em família substituta. (Incluído pela Lei nº
de 2009) Vigência 12.010, de 2009) Vigência
V - privacidade: a promoção dos direitos e proteção da criança § 1 o O acolhimento institucional e o acolhimento familiar são
e do adolescente deve ser efetuada no respeito pela intimidade, medidas provisórias e excepcionais, utilizáveis como forma de
direito à imagem e reserva da sua vida privada; (Incluído pela Lei nº transição para reintegração familiar ou, não sendo esta possível,
12.010, de 2009) Vigência para colocação em família substituta, não implicando privação de
VI - intervenção precoce: a intervenção das autoridades liberdade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
competentes deve ser efetuada logo que a situação de perigo seja § 2 o Sem prejuízo da tomada de medidas emergenciais para
conhecida; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência proteção de vítimas de violência ou abuso sexual e das providências
VII - intervenção mínima: a intervenção deve ser exercida a que alude o art. 130 desta Lei, o afastamento da criança ou
exclusivamente pelas autoridades e instituições cuja ação seja adolescente do convívio familiar é de competência exclusiva
indispensável à efetiva promoção dos direitos e à proteção da da autoridade judiciária e importará na deflagração, a pedido
criança e do adolescente; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) do Ministério Público ou de quem tenha legítimo interesse, de
Vigência procedimento judicial contencioso, no qual se garanta aos pais ou
VIII - proporcionalidade e atualidade: a intervenção deve ser ao responsável legal o exercício do contraditório e da ampla defesa.
a necessária e adequada à situação de perigo em que a criança (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
ou o adolescente se encontram no momento em que a decisão é § 3 o Crianças e adolescentes somente poderão ser
tomada; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência encaminhados às instituições que executam programas de
IX - responsabilidade parental: a intervenção deve ser efetuada acolhimento institucional, governamentais ou não, por meio de
de modo que os pais assumam os seus deveres para com a criança e uma Guia de Acolhimento, expedida pela autoridade judiciária, na
o adolescente; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência qual obrigatoriamente constará, dentre outros: (Incluído pela Lei nº
X - prevalência da família: na promoção de direitos e na proteção 12.010, de 2009) Vigência
da criança e do adolescente deve ser dada prevalência às medidas I - sua identificação e a qualificação completa de seus pais ou
que os mantenham ou reintegrem na sua família natural ou extensa de seu responsável, se conhecidos; (Incluído pela Lei nº 12.010, de
ou, se isso não for possível, que promovam a sua integração em 2009) Vigência
família adotiva; (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) II - o endereço de residência dos pais ou do responsável, com
XI - obrigatoriedade da informação: a criança e o adolescente, pontos de referência; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
respeitado seu estágio de desenvolvimento e capacidade de III - os nomes de parentes ou de terceiros interessados em tê-
compreensão, seus pais ou responsável devem ser informados dos los sob sua guarda; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
seus direitos, dos motivos que determinaram a intervenção e da IV - os motivos da retirada ou da não reintegração ao convívio
forma como esta se processa; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Vigência § 4 o Imediatamente após o acolhimento da criança ou
XII - oitiva obrigatória e participação: a criança e o adolescente, do adolescente, a entidade responsável pelo programa de
em separado ou na companhia dos pais, de responsável ou de acolhimento institucional ou familiar elaborará um plano individual
pessoa por si indicada, bem como os seus pais ou responsável, de atendimento, visando à reintegração familiar, ressalvada a
têm direito a ser ouvidos e a participar nos atos e na definição da existência de ordem escrita e fundamentada em contrário de
medida de promoção dos direitos e de proteção, sendo sua opinião autoridade judiciária competente, caso em que também deverá
devidamente considerada pela autoridade judiciária competente, contemplar sua colocação em família substituta, observadas as
observado o disposto nos §§ 1 o e 2 o do art. 28 desta Lei. (Incluído regras e princípios desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Vigência
Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. § 5 o O plano individual será elaborado sob a responsabilidade
98, a autoridade competente poderá determinar, dentre outras, as da equipe técnica do respectivo programa de atendimento e levará
seguintes medidas: em consideração a opinião da criança ou do adolescente e a oitiva
I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo dos pais ou do responsável. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
de responsabilidade; Vigência
II - orientação, apoio e acompanhamento temporários; § 6 o Constarão do plano individual, dentre outros: (Incluído
III - matrícula e freqüência obrigatórias em estabelecimento pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
oficial de ensino fundamental; I - os resultados da avaliação interdisciplinar; (Incluído pela Lei
IV - inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários nº 12.010, de 2009) Vigência
de proteção, apoio e promoção da família, da criança e do II - os compromissos assumidos pelos pais ou responsável; e
adolescente; (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, III - a previsão das atividades a serem desenvolvidas com a
em regime hospitalar ou ambulatorial; criança ou com o adolescente acolhido e seus pais ou responsável,
VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, com vista na reintegração familiar ou, caso seja esta vedada por
orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; expressa e fundamentada determinação judicial, as providências a

206
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

serem tomadas para sua colocação em família substituta, sob direta § 3 o Caso ainda não definida a paternidade, será deflagrado
supervisão da autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº 12.010, de procedimento específico destinado à sua averiguação, conforme
2009) Vigência previsto pela Lei n o 8.560, de 29 de dezembro de 1992. (Incluído
§ 7 o O acolhimento familiar ou institucional ocorrerá no local pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
mais próximo à residência dos pais ou do responsável e, como parte § 4 o Nas hipóteses previstas no § 3 o deste artigo, é dispensável
do processo de reintegração familiar, sempre que identificada a o ajuizamento de ação de investigação de paternidade pelo
necessidade, a família de origem será incluída em programas oficiais Ministério Público se, após o não comparecimento ou a recusa do
de orientação, de apoio e de promoção social, sendo facilitado e suposto pai em assumir a paternidade a ele atribuída, a criança for
estimulado o contato com a criança ou com o adolescente acolhido. encaminhada para adoção. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Vigência
§ 8 o Verificada a possibilidade de reintegração familiar, o § 5 o Os registros e certidões necessários à inclusão, a qualquer
responsável pelo programa de acolhimento familiar ou institucional tempo, do nome do pai no assento de nascimento são isentos de
fará imediata comunicação à autoridade judiciária, que dará vista multas, custas e emolumentos, gozando de absoluta prioridade.
ao Ministério Público, pelo prazo de 5 (cinco) dias, decidindo em (Incluído dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
igual prazo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 6 o São gratuitas, a qualquer tempo, a averbação requerida
§ 9 o Em sendo constatada a impossibilidade de reintegração do reconhecimento de paternidade no assento de nascimento e
da criança ou do adolescente à família de origem, após seu a certidão correspondente. (Incluído dada pela Lei nº 13.257, de
encaminhamento a programas oficiais ou comunitários de orientação, 2016)
apoio e promoção social, será enviado relatório fundamentado ao
Ministério Público, no qual conste a descrição pormenorizada das TÍTULO III
providências tomadas e a expressa recomendação, subscrita pelos DA PRÁTICA DE ATO INFRACIONAL
técnicos da entidade ou responsáveis pela execução da política
municipal de garantia do direito à convivência familiar, para a CAPÍTULO I
destituição do poder familiar, ou destituição de tutela ou guarda. DISPOSIÇÕES GERAIS
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 10. Recebido o relatório, o Ministério Público terá o prazo Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita como
de 15 (quinze) dias para o ingresso com a ação de destituição do crime ou contravenção penal.
poder familiar, salvo se entender necessária a realização de estudos Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito
complementares ou de outras providências indispensáveis ao anos, sujeitos às medidas previstas nesta Lei.
ajuizamento da demanda. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser considerada
2017) a idade do adolescente à data do fato.
§ 11. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança corresponderão
foro regional, um cadastro contendo informações atualizadas as medidas previstas no art. 101.
sobre as crianças e adolescentes em regime de acolhimento
familiar e institucional sob sua responsabilidade, com informações CAPÍTULO II
pormenorizadas sobre a situação jurídica de cada um, bem como as DOS DIREITOS INDIVIDUAIS
providências tomadas para sua reintegração familiar ou colocação
em família substituta, em qualquer das modalidades previstas no Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade
art. 28 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência senão em flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e
§ 12. Terão acesso ao cadastro o Ministério Público, o Conselho fundamentada da autoridade judiciária competente.
Tutelar, o órgão gestor da Assistência Social e os Conselhos Parágrafo único. O adolescente tem direito à identificação dos
Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente e da Assistência responsáveis pela sua apreensão, devendo ser informado acerca de
Social, aos quais incumbe deliberar sobre a implementação de seus direitos.
políticas públicas que permitam reduzir o número de crianças e Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o local onde
adolescentes afastados do convívio familiar e abreviar o período de se encontra recolhido serão incontinenti comunicados à autoridade
permanência em programa de acolhimento. (Incluído pela Lei nº judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por
12.010, de 2009) Vigência ele indicada.
Art. 102. As medidas de proteção de que trata este Capítulo Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob pena de
serão acompanhadas da regularização do registro civil. (Vide Lei nº responsabilidade, a possibilidade de liberação imediata.
12.010, de 2009) Vigência Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser determinada
§ 1º Verificada a inexistência de registro anterior, o assento pelo prazo máximo de quarenta e cinco dias.
de nascimento da criança ou adolescente será feito à vista dos Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada e basear-
elementos disponíveis, mediante requisição da autoridade se em indícios suficientes de autoria e materialidade, demonstrada
judiciária. a necessidade imperiosa da medida.
§ 2º Os registros e certidões necessários à regularização de Art. 109. O adolescente civilmente identificado não será
que trata este artigo são isentos de multas, custas e emolumentos, submetido a identificação compulsória pelos órgãos policiais, de
gozando de absoluta prioridade. proteção e judiciais, salvo para efeito de confrontação, havendo
dúvida fundada.

207
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

CAPÍTULO III SEÇÃO III


DAS GARANTIAS PROCESSUAIS DA OBRIGAÇÃO DE REPARAR O DANO

Art. 110. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos
sem o devido processo legal. patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se for o caso, que o
Art. 111. São asseguradas ao adolescente, entre outras, as adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento do dano, ou,
seguintes garantias: por outra forma, compense o prejuízo da vítima.
I - pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, a medida
mediante citação ou meio equivalente; poderá ser substituída por outra adequada.
II - igualdade na relação processual, podendo confrontar-se SEÇÃO IV
com vítimas e testemunhas e produzir todas as provas necessárias DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE
à sua defesa;
III - defesa técnica por advogado; Art. 117. A prestação de serviços comunitários consiste na
IV - assistência judiciária gratuita e integral aos necessitados, realização de tarefas gratuitas de interesse geral, por período não
na forma da lei; excedente a seis meses, junto a entidades assistenciais, hospitais,
V - direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem como em
competente; programas comunitários ou governamentais.
VI - direito de solicitar a presença de seus pais ou responsável Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme as
em qualquer fase do procedimento. aptidões do adolescente, devendo ser cumpridas durante jornada
máxima de oito horas semanais, aos sábados, domingos e feriados
CAPÍTULO IV ou em dias úteis, de modo a não prejudicar a freqüência à escola ou
DAS MEDIDAS SÓCIO-EDUCATIVAS à jornada normal de trabalho.

SEÇÃO I SEÇÃO V
DISPOSIÇÕES GERAIS DA LIBERDADE ASSISTIDA

Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre que se
competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas: afigurar a medida mais adequada para o fim de acompanhar,
I - advertência; auxiliar e orientar o adolescente.
II - obrigação de reparar o dano; § 1º A autoridade designará pessoa capacitada para
III - prestação de serviços à comunidade; acompanhar o caso, a qual poderá ser recomendada por entidade
IV - liberdade assistida; ou programa de atendimento.
V - inserção em regime de semi-liberdade; § 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de
VI - internação em estabelecimento educacional; seis meses, podendo a qualquer tempo ser prorrogada, revogada
VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI. ou substituída por outra medida, ouvido o orientador, o Ministério
§ 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua Público e o defensor.
capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da infração. Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a supervisão da
§ 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a autoridade competente, a realização dos seguintes encargos, entre
prestação de trabalho forçado. outros:
§ 3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiência I - promover socialmente o adolescente e sua família,
mental receberão tratamento individual e especializado, em local fornecendo-lhes orientação e inserindo-os, se necessário, em
adequado às suas condições. programa oficial ou comunitário de auxílio e assistência social;
Art. 113. Aplica-se a este Capítulo o disposto nos arts. 99 e 100. II - supervisionar a freqüência e o aproveitamento escolar do
Art. 114. A imposição das medidas previstas nos incisos II a VI adolescente, promovendo, inclusive, sua matrícula;
do art. 112 pressupõe a existência de provas suficientes da autoria III - diligenciar no sentido da profissionalização do adolescente
e da materialidade da infração, ressalvada a hipótese de remissão, e de sua inserção no mercado de trabalho;
nos termos do art. 127. IV - apresentar relatório do caso.
Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicada sempre que
houver prova da materialidade e indícios suficientes da autoria. SEÇÃO VI
DO REGIME DE SEMI-LIBERDADE
SEÇÃO II
DA ADVERTÊNCIA Art. 120. O regime de semi-liberdade pode ser determinado
desde o início, ou como forma de transição para o meio
Art. 115. A advertência consistirá em admoestação verbal, que aberto, possibilitada a realização de atividades externas,
será reduzida a termo e assinada. independentemente de autorização judicial.
§ 1º São obrigatórias a escolarização e a profissionalização,
devendo, sempre que possível, ser utilizados os recursos existentes
na comunidade.
§ 2º A medida não comporta prazo determinado aplicando-se,
no que couber, as disposições relativas à internação.

208
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

SEÇÃO VII XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer:


DA INTERNAÇÃO XIII - ter acesso aos meios de comunicação social;
XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua crença, e
Art. 121. A internação constitui medida privativa da liberdade, desde que assim o deseje;
sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à XV - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de
condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. local seguro para guardá-los, recebendo comprovante daqueles
§ 1º Será permitida a realização de atividades externas, a porventura depositados em poder da entidade;
critério da equipe técnica da entidade, salvo expressa determinação XVI - receber, quando de sua desinternação, os documentos
judicial em contrário. pessoais indispensáveis à vida em sociedade.
§ 2º A medida não comporta prazo determinado, devendo sua § 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade.
manutenção ser reavaliada, mediante decisão fundamentada, no § 2º A autoridade judiciária poderá suspender temporariamente
máximo a cada seis meses. a visita, inclusive de pais ou responsável, se existirem motivos sérios
§ 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de internação e fundados de sua prejudicialidade aos interesses do adolescente.
excederá a três anos. Art. 125. É dever do Estado zelar pela integridade física e
§ 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo anterior, o mental dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas adequadas de
adolescente deverá ser liberado, colocado em regime de semi- contenção e segurança.
liberdade ou de liberdade assistida.
§ 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos de idade. CAPÍTULO V
§ 6º Em qualquer hipótese a desinternação será precedida de DA REMISSÃO
autorização judicial, ouvido o Ministério Público.
§ 7 o A determinação judicial mencionada no § 1 o poderá ser Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para
revista a qualquer tempo pela autoridade judiciária. (Incluído pela apuração de ato infracional, o representante do Ministério Público
Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) poderá conceder a remissão, como forma de exclusão do processo,
Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada atendendo às circunstâncias e conseqüências do fato, ao contexto
quando: social, bem como à personalidade do adolescente e sua maior ou
I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaça menor participação no ato infracional.
ou violência a pessoa; Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão da
II - por reiteração no cometimento de outras infrações graves; remissão pela autoridade judiciária importará na suspensão ou
III - por descumprimento reiterado e injustificável da medida extinção do processo.
anteriormente imposta. Art. 127. A remissão não implica necessariamente o
§ 1 o O prazo de internação na hipótese do inciso III deste artigo reconhecimento ou comprovação da responsabilidade, nem
não poderá ser superior a 3 (três) meses, devendo ser decretada prevalece para efeito de antecedentes, podendo incluir
judicialmente após o devido processo legal. (Redação dada pela Lei eventualmente a aplicação de qualquer das medidas previstas em
nº 12.594, de 2012) (Vide) lei, exceto a colocação em regime de semi-liberdade e a internação.
§ 2º. Em nenhuma hipótese será aplicada a internação, havendo Art. 128. A medida aplicada por força da remissão poderá ser
outra medida adequada. revista judicialmente, a qualquer tempo, mediante pedido expresso
Art. 123. A internação deverá ser cumprida em entidade do adolescente ou de seu representante legal, ou do Ministério
exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele destinado Público.
ao abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios de idade,
compleição física e gravidade da infração. TÍTULO IV
Parágrafo único. Durante o período de internação, inclusive DAS MEDIDAS PERTINENTES AOS PAIS OU RESPONSÁVEL
provisória, serão obrigatórias atividades pedagógicas.
Art. 124. São direitos do adolescente privado de liberdade, Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou responsável:
entre outros, os seguintes: I - encaminhamento a serviços e programas oficiais ou
I - entrevistar-se pessoalmente com o representante do comunitários de proteção, apoio e promoção da família; (Redação
Ministério Público; dada dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
II - peticionar diretamente a qualquer autoridade; II - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio,
III - avistar-se reservadamente com seu defensor; orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
IV - ser informado de sua situação processual, sempre que III - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico;
solicitada; IV - encaminhamento a cursos ou programas de orientação;
V - ser tratado com respeito e dignidade; V - obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua
VI - permanecer internado na mesma localidade ou naquela freqüência e aproveitamento escolar;
mais próxima ao domicílio de seus pais ou responsável; VI - obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a
VII - receber visitas, ao menos, semanalmente; tratamento especializado;
VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos; VII - advertência;
IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio VIII - perda da guarda;
pessoal; IX - destituição da tutela;
X - habitar alojamento em condições adequadas de higiene e X - suspensão ou destituição do poder familiar . (Expressão
salubridade; substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
XI - receber escolarização e profissionalização;

209
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Parágrafo único. Na aplicação das medidas previstas nos incisos II - atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando as
IX e X deste artigo, observar-se-á o disposto nos arts. 23 e 24. medidas previstas no art. 129, I a VII;
Art. 130. Verificada a hipótese de maus-tratos, opressão ou III - promover a execução de suas decisões, podendo para
abuso sexual impostos pelos pais ou responsável, a autoridade tanto:
judiciária poderá determinar, como medida cautelar, o afastamento a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação,
do agressor da moradia comum. serviço social, previdência, trabalho e segurança;
Parágrafo único. Da medida cautelar constará, ainda, a b) representar junto à autoridade judiciária nos casos de
fixação provisória dos alimentos de que necessitem a criança ou o descumprimento injustificado de suas deliberações.
adolescente dependentes do agressor. (Incluído pela Lei nº 12.415, IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que
de 2011) constitua infração administrativa ou penal contra os direitos da
criança ou adolescente;
TÍTULO V V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua
DO CONSELHO TUTELAR competência;
VI - providenciar a medida estabelecida pela autoridade
CAPÍTULO I judiciária, dentre as previstas no art. 101, de I a VI, para o
DISPOSIÇÕES GERAIS adolescente autor de ato infracional;
VII - expedir notificações;
Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo, VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança
não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo ou adolescente quando necessário;
cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, definidos IX - assessorar o Poder Executivo local na elaboração da
nesta Lei. proposta orçamentária para planos e programas de atendimento
Art. 132. Em cada Município e em cada Região Administrativa dos direitos da criança e do adolescente;
do Distrito Federal haverá, no mínimo, 1 (um) Conselho Tutelar X - representar, em nome da pessoa e da família, contra
como órgão integrante da administração pública local, composto de a violação dos direitos previstos no art. 220, § 3º, inciso II, da
5 (cinco) membros, escolhidos pela população local para mandato Constituição Federal ;
de 4 (quatro) anos, permitida recondução por novos processos de XI - representar ao Ministério Público para efeito das ações
escolha. (Redação dada pela Lei nº 13.824, de 2019) de perda ou suspensão do poder familiar, após esgotadas as
Art. 133. Para a candidatura a membro do Conselho Tutelar, possibilidades de manutenção da criança ou do adolescente junto à
serão exigidos os seguintes requisitos: família natural. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
I - reconhecida idoneidade moral; XII - promover e incentivar, na comunidade e nos grupos
II - idade superior a vinte e um anos; profissionais, ações de divulgação e treinamento para o
III - residir no município. reconhecimento de sintomas de maus-tratos em crianças e
Art. 134. Lei municipal ou distrital disporá sobre o local, dia e adolescentes. (Incluído pela Lei nº 13.046, de 2014)
horário de funcionamento do Conselho Tutelar, inclusive quanto à XIII - adotar, na esfera de sua competência, ações articuladas
remuneração dos respectivos membros, aos quais é assegurado o e efetivas direcionadas à identificação da agressão, à agilidade
direito a: (Redação dada pela Lei nº 12.696, de 2012) no atendimento da criança e do adolescente vítima de violência
I - cobertura previdenciária; (Incluído pela Lei nº 12.696, de doméstica e familiar e à responsabilização do agressor; (Incluído
2012) pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência
II - gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas de 1/3 XIV - atender à criança e ao adolescente vítima ou testemunha
(um terço) do valor da remuneração mensal; (Incluído pela Lei nº de violência doméstica e familiar, ou submetido a tratamento
12.696, de 2012) cruel ou degradante ou a formas violentas de educação, correção
III - licença-maternidade; (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012) ou disciplina, a seus familiares e a testemunhas, de forma a
IV - licença-paternidade; (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012) prover orientação e aconselhamento acerca de seus direitos e dos
V - gratificação natalina. (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012) encaminhamentos necessários; (Incluído pela Lei nº 14.344, de
Parágrafo único. Constará da lei orçamentária municipal 2022) Vigência
e da do Distrito Federal previsão dos recursos necessários ao XV - representar à autoridade judicial ou policial para requerer
funcionamento do Conselho Tutelar e à remuneração e formação o afastamento do agressor do lar, do domicílio ou do local de
continuada dos conselheiros tutelares. (Redação dada pela Lei nº convivência com a vítima nos casos de violência doméstica e familiar
12.696, de 2012) contra a criança e o adolescente; (Incluído pela Lei nº 14.344, de
Art. 135. O exercício efetivo da função de conselheiro constituirá 2022) Vigência
serviço público relevante e estabelecerá presunção de idoneidade XVI - representar à autoridade judicial para requerer a concessão
moral. (Redação dada pela Lei nº 12.696, de 2012) de medida protetiva de urgência à criança ou ao adolescente vítima
ou testemunha de violência doméstica e familiar, bem como a
CAPÍTULO II revisão daquelas já concedidas; (Incluído pela Lei nº 14.344, de
DAS ATRIBUIÇÕES DO CONSELHO 2022) Vigência
XVII - representar ao Ministério Público para requerer a
Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar: propositura de ação cautelar de antecipação de produção de prova
I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses previstas nas causas que envolvam violência contra a criança e o adolescente;
nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas previstas no art. 101, I a (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência
VII;

210
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

XVIII - tomar as providências cabíveis, na esfera de sua Parágrafo único. Estende-se o impedimento do conselheiro,
competência, ao receber comunicação da ocorrência de ação ou na forma deste artigo, em relação à autoridade judiciária e ao
omissão, praticada em local público ou privado, que constitua representante do Ministério Público com atuação na Justiça da
violência doméstica e familiar contra a criança e o adolescente; Infância e da Juventude, em exercício na comarca, foro regional ou
(Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência distrital.
XIX - receber e encaminhar, quando for o caso, as informações
reveladas por noticiantes ou denunciantes relativas à prática de TÍTULO VI
violência, ao uso de tratamento cruel ou degradante ou de formas DO ACESSO À JUSTIÇA
violentas de educação, correção ou disciplina contra a criança e o
adolescente; (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência CAPÍTULO I
XX - representar à autoridade judicial ou ao Ministério DISPOSIÇÕES GERAIS
Público para requerer a concessão de medidas cautelares direta
ou indiretamente relacionada à eficácia da proteção de noticiante Art. 141. É garantido o acesso de toda criança ou adolescente à
ou denunciante de informações de crimes que envolvam violência Defensoria Pública, ao Ministério Público e ao Poder Judiciário, por
doméstica e familiar contra a criança e o adolescente. (Incluído qualquer de seus órgãos.
pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência § 1º. A assistência judiciária gratuita será prestada aos que dela
Parágrafo único. Se, no exercício de suas atribuições, o necessitarem, através de defensor público ou advogado nomeado.
Conselho Tutelar entender necessário o afastamento do convívio § 2º As ações judiciais da competência da Justiça da Infância
familiar, comunicará incontinenti o fato ao Ministério Público, e da Juventude são isentas de custas e emolumentos, ressalvada a
prestando-lhe informações sobre os motivos de tal entendimento hipótese de litigância de má-fé.
e as providências tomadas para a orientação, o apoio e a promoção Art. 142. Os menores de dezesseis anos serão representados
social da família. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência e os maiores de dezesseis e menores de vinte e um anos assistidos
Art. 137. As decisões do Conselho Tutelar somente poderão ser por seus pais, tutores ou curadores, na forma da legislação civil ou
revistas pela autoridade judiciária a pedido de quem tenha legítimo processual.
interesse. Parágrafo único. A autoridade judiciária dará curador especial à
criança ou adolescente, sempre que os interesses destes colidirem
CAPÍTULO III com os de seus pais ou responsável, ou quando carecer de
DA COMPETÊNCIA representação ou assistência legal ainda que eventual.
Art. 143. E vedada a divulgação de atos judiciais, policiais e
Art. 138. Aplica-se ao Conselho Tutelar a regra de competência administrativos que digam respeito a crianças e adolescentes a que
constante do art. 147. se atribua autoria de ato infracional.
Parágrafo único. Qualquer notícia a respeito do fato não
CAPÍTULO IV poderá identificar a criança ou adolescente, vedando-se fotografia,
DA ESCOLHA DOS CONSELHEIROS referência a nome, apelido, filiação, parentesco, residência e,
inclusive, iniciais do nome e sobrenome. (Redação dada pela Lei nº
Art. 139. O processo para a escolha dos membros do Conselho 10.764, de 12.11.2003)
Tutelar será estabelecido em lei municipal e realizado sob a Art. 144. A expedição de cópia ou certidão de atos a que se
responsabilidade do Conselho Municipal dos Direitos da Criança refere o artigo anterior somente será deferida pela autoridade
e do Adolescente, e a fiscalização do Ministério Público. (Redação judiciária competente, se demonstrado o interesse e justificada a
dada pela Lei nº 8.242, de 12.10.1991) finalidade.
§ 1 o O processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar
ocorrerá em data unificada em todo o território nacional a cada CAPÍTULO II
4 (quatro) anos, no primeiro domingo do mês de outubro do DA JUSTIÇA DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE
ano subsequente ao da eleição presidencial. (Incluído pela Lei nº
12.696, de 2012) SEÇÃO I
§ 2 o A posse dos conselheiros tutelares ocorrerá no dia 10 de DISPOSIÇÕES GERAIS
janeiro do ano subsequente ao processo de escolha. (Incluído pela
Lei nº 12.696, de 2012) Art. 145. Os estados e o Distrito Federal poderão criar varas
§ 3 o No processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar, especializadas e exclusivas da infância e da juventude, cabendo ao
é vedado ao candidato doar, oferecer, prometer ou entregar ao Poder Judiciário estabelecer sua proporcionalidade por número de
eleitor bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive habitantes, dotá-las de infra-estrutura e dispor sobre o atendimento,
brindes de pequeno valor. (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012) inclusive em plantões.

CAPÍTULO V SEÇÃO II
DOS IMPEDIMENTOS DO JUIZ

Art. 140. São impedidos de servir no mesmo Conselho marido Art. 146. A autoridade a que se refere esta Lei é o Juiz da
e mulher, ascendentes e descendentes, sogro e genro ou nora, Infância e da Juventude, ou o juiz que exerce essa função, na forma
irmãos, cunhados, durante o cunhadio, tio e sobrinho, padrasto ou da lei de organização judiciária local.
madrasta e enteado. Art. 147. A competência será determinada:

211
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

I - pelo domicílio dos pais ou responsável; II - a participação de criança e adolescente em:


II - pelo lugar onde se encontre a criança ou adolescente, à falta a) espetáculos públicos e seus ensaios;
dos pais ou responsável. b) certames de beleza.
§ 1º. Nos casos de ato infracional, será competente a autoridade § 1º Para os fins do disposto neste artigo, a autoridade judiciária
do lugar da ação ou omissão, observadas as regras de conexão, levará em conta, dentre outros fatores:
continência e prevenção. a) os princípios desta Lei;
§ 2º A execução das medidas poderá ser delegada à autoridade b) as peculiaridades locais;
competente da residência dos pais ou responsável, ou do local onde c) a existência de instalações adequadas;
sediar-se a entidade que abrigar a criança ou adolescente. d) o tipo de freqüência habitual ao local;
§ 3º Em caso de infração cometida através de transmissão e) a adequação do ambiente a eventual participação ou
simultânea de rádio ou televisão, que atinja mais de uma comarca, freqüência de crianças e adolescentes;
será competente, para aplicação da penalidade, a autoridade f) a natureza do espetáculo.
judiciária do local da sede estadual da emissora ou rede, tendo a § 2º As medidas adotadas na conformidade deste artigo
sentença eficácia para todas as transmissoras ou retransmissoras deverão ser fundamentadas, caso a caso, vedadas as determinações
do respectivo estado. de caráter geral.
Art. 148. A Justiça da Infância e da Juventude é competente
para: SEÇÃO III
I - conhecer de representações promovidas pelo Ministério DOS SERVIÇOS AUXILIARES
Público, para apuração de ato infracional atribuído a adolescente,
aplicando as medidas cabíveis; Art. 150. Cabe ao Poder Judiciário, na elaboração de sua
II - conceder a remissão, como forma de suspensão ou extinção proposta orçamentária, prever recursos para manutenção de
do processo; equipe interprofissional, destinada a assessorar a Justiça da Infância
III - conhecer de pedidos de adoção e seus incidentes; e da Juventude.
IV - conhecer de ações civis fundadas em interesses individuais, Art. 151. Compete à equipe interprofissional dentre outras
difusos ou coletivos afetos à criança e ao adolescente, observado o atribuições que lhe forem reservadas pela legislação local, fornecer
disposto no art. 209; subsídios por escrito, mediante laudos, ou verbalmente, na
V - conhecer de ações decorrentes de irregularidades em audiência, e bem assim desenvolver trabalhos de aconselhamento,
entidades de atendimento, aplicando as medidas cabíveis; orientação, encaminhamento, prevenção e outros, tudo sob a
VI - aplicar penalidades administrativas nos casos de infrações imediata subordinação à autoridade judiciária, assegurada a livre
contra norma de proteção à criança ou adolescente; manifestação do ponto de vista técnico.
VII - conhecer de casos encaminhados pelo Conselho Tutelar, Parágrafo único. Na ausência ou insuficiência de servidores
aplicando as medidas cabíveis. públicos integrantes do Poder Judiciário responsáveis pela
Parágrafo único. Quando se tratar de criança ou adolescente realização dos estudos psicossociais ou de quaisquer outras espécies
nas hipóteses do art. 98, é também competente a Justiça da Infância de avaliações técnicas exigidas por esta Lei ou por determinação
e da Juventude para o fim de: judicial, a autoridade judiciária poderá proceder à nomeação de
a) conhecer de pedidos de guarda e tutela; perito, nos termos do art. 156 da Lei no 13.105, de 16 de março
b) conhecer de ações de destituição do poder familiar , perda de 2015 (Código de Processo Civil) . (Incluído pela Lei nº 13.509,
ou modificação da tutela ou guarda; (Expressão substituída pela Lei de 2017)
nº 12.010, de 2009) Vigência
c) suprir a capacidade ou o consentimento para o casamento; CAPÍTULO III
d) conhecer de pedidos baseados em discordância paterna ou DOS PROCEDIMENTOS
materna, em relação ao exercício do poder familiar ; (Expressão
substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência SEÇÃO I
e) conceder a emancipação, nos termos da lei civil, quando DISPOSIÇÕES GERAIS
faltarem os pais;
f) designar curador especial em casos de apresentação de Art. 152. Aos procedimentos regulados nesta Lei aplicam-
queixa ou representação, ou de outros procedimentos judiciais ou se subsidiariamente as normas gerais previstas na legislação
extrajudiciais em que haja interesses de criança ou adolescente; processual pertinente.
g) conhecer de ações de alimentos; § 1º É assegurada, sob pena de responsabilidade, prioridade
h) determinar o cancelamento, a retificação e o suprimento dos absoluta na tramitação dos processos e procedimentos previstos
registros de nascimento e óbito. nesta Lei, assim como na execução dos atos e diligências judiciais
Art. 149. Compete à autoridade judiciária disciplinar, através de a eles referentes. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
portaria, ou autorizar, mediante alvará: § 2º Os prazos estabelecidos nesta Lei e aplicáveis aos seus
I - a entrada e permanência de criança ou adolescente, procedimentos são contados em dias corridos, excluído o dia do
desacompanhado dos pais ou responsável, em: começo e incluído o dia do vencimento, vedado o prazo em dobro
a) estádio, ginásio e campo desportivo; para a Fazenda Pública e o Ministério Público. (Incluído pela Lei nº
b) bailes ou promoções dançantes; 13.509, de 2017)
c) boate ou congêneres;
d) casa que explore comercialmente diversões eletrônicas;
e) estúdios cinematográficos, de teatro, rádio e televisão.

212
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Art. 153. Se a medida judicial a ser adotada não corresponder a § 2 o O requerido privado de liberdade deverá ser citado
procedimento previsto nesta ou em outra lei, a autoridade judiciária pessoalmente. (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014)
poderá investigar os fatos e ordenar de ofício as providências § 3 o Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de justiça houver
necessárias, ouvido o Ministério Público. procurado o citando em seu domicílio ou residência sem o encontrar,
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica para o deverá, havendo suspeita de ocultação, informar qualquer pessoa
fim de afastamento da criança ou do adolescente de sua família de da família ou, em sua falta, qualquer vizinho do dia útil em que
origem e em outros procedimentos necessariamente contenciosos. voltará a fim de efetuar a citação, na hora que designar, nos termos
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência do art. 252 e seguintes da Lei n o 13.105, de 16 de março de 2015
Art. 154. Aplica-se às multas o disposto no art. 214. (Código de Processo Civil) . (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 4 o Na hipótese de os genitores encontrarem-se em local
SEÇÃO II incerto ou não sabido, serão citados por edital no prazo de 10 (dez)
DA PERDA E DA SUSPENSÃO DO PODER FAMILIAR dias, em publicação única, dispensado o envio de ofícios para a
(EXPRESSÃO SUBSTITUÍDA PELA LEI Nº 12.010, DE 2009) VI- localização. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
GÊNCIA Art. 159. Se o requerido não tiver possibilidade de constituir
advogado, sem prejuízo do próprio sustento e de sua família,
Art. 155. O procedimento para a perda ou a suspensão do poderá requerer, em cartório, que lhe seja nomeado dativo, ao qual
poder familiar terá início por provocação do Ministério Público ou incumbirá a apresentação de resposta, contando-se o prazo a partir
de quem tenha legítimo interesse. (Expressão substituída pela Lei da intimação do despacho de nomeação.
nº 12.010, de 2009) Vigência Parágrafo único. Na hipótese de requerido privado de
Art. 156. A petição inicial indicará: liberdade, o oficial de justiça deverá perguntar, no momento da
I - a autoridade judiciária a que for dirigida; citação pessoal, se deseja que lhe seja nomeado defensor. (Incluído
II - o nome, o estado civil, a profissão e a residência do requerente pela Lei nº 12.962, de 2014)
e do requerido, dispensada a qualificação em se tratando de pedido Art. 160. Sendo necessário, a autoridade judiciária requisitará
formulado por representante do Ministério Público; de qualquer repartição ou órgão público a apresentação de
III - a exposição sumária do fato e o pedido; documento que interesse à causa, de ofício ou a requerimento das
IV - as provas que serão produzidas, oferecendo, desde logo, o partes ou do Ministério Público.
rol de testemunhas e documentos. Art. 161. Se não for contestado o pedido e tiver sido concluído
Art. 157. Havendo motivo grave, poderá a autoridade judiciária, o estudo social ou a perícia realizada por equipe interprofissional
ouvido o Ministério Público, decretar a suspensão do poder familiar ou multidisciplinar, a autoridade judiciária dará vista dos autos
, liminar ou incidentalmente, até o julgamento definitivo da ao Ministério Público, por 5 (cinco) dias, salvo quando este for o
causa, ficando a criança ou adolescente confiado a pessoa idônea, requerente, e decidirá em igual prazo. (Redação dada pela Lei nº
mediante termo de responsabilidade. (Expressão substituída pela 13.509, de 2017)
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 1º A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento
§ 1 o Recebida a petição inicial, a autoridade judiciária das partes ou do Ministério Público, determinará a oitiva de
determinará, concomitantemente ao despacho de citação e testemunhas que comprovem a presença de uma das causas de
independentemente de requerimento do interessado, a realização suspensão ou destituição do poder familiar previstas nos arts. 1.637
de estudo social ou perícia por equipe interprofissional ou e 1.638 da Lei n o 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil) ,
multidisciplinar para comprovar a presença de uma das causas de ou no art. 24 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
suspensão ou destituição do poder familiar, ressalvado o disposto § 2 o (Revogado) . (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
no § 10 do art. 101 desta Lei, e observada a Lei n o 13.431, de 4 de § 3 o Se o pedido importar em modificação de guarda, será
abril de 2017 . (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) obrigatória, desde que possível e razoável, a oitiva da criança ou
§ 2 o Em sendo os pais oriundos de comunidades indígenas, adolescente, respeitado seu estágio de desenvolvimento e grau de
é ainda obrigatória a intervenção, junto à equipe interprofissional compreensão sobre as implicações da medida. (Incluído pela Lei nº
ou multidisciplinar referida no § 1 o deste artigo, de representantes 12.010, de 2009) Vigência
do órgão federal responsável pela política indigenista, observado o § 4º É obrigatória a oitiva dos pais sempre que eles forem
disposto no § 6 o do art. 28 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.509, identificados e estiverem em local conhecido, ressalvados os casos
de 2017) de não comparecimento perante a Justiça quando devidamente
§ 3º A concessão da liminar será, preferencialmente, precedida citados. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
de entrevista da criança ou do adolescente perante equipe § 5 o Se o pai ou a mãe estiverem privados de liberdade, a
multidisciplinar e de oitiva da outra parte, nos termos da Lei nº autoridade judicial requisitará sua apresentação para a oitiva.
13.431, de 4 de abril de 2017. (Incluído pela Lei nº 14.340, de 2022) (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014)
§ 4º Se houver indícios de ato de violação de direitos de criança Art. 162. Apresentada a resposta, a autoridade judiciária dará
ou de adolescente, o juiz comunicará o fato ao Ministério Público vista dos autos ao Ministério Público, por cinco dias, salvo quando
e encaminhará os documentos pertinentes. (Incluído pela Lei nº este for o requerente, designando, desde logo, audiência de
14.340, de 2022) instrução e julgamento.
Art. 158. O requerido será citado para, no prazo de dez dias, § 1º (Revogado) . (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
oferecer resposta escrita, indicando as provas a serem produzidas e § 2 o Na audiência, presentes as partes e o Ministério Público,
oferecendo desde logo o rol de testemunhas e documentos. serão ouvidas as testemunhas, colhendo-se oralmente o parecer
§ 1 o A citação será pessoal, salvo se esgotados todos os meios técnico, salvo quando apresentado por escrito, manifestando-se
para sua realização. (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014)

213
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

sucessivamente o requerente, o requerido e o Ministério Público, II - declarará a extinção do poder familiar. (Incluído pela Lei nº
pelo tempo de 20 (vinte) minutos cada um, prorrogável por mais 10 13.509, de 2017)
(dez) minutos. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) § 2 o O consentimento dos titulares do poder familiar será
§ 3 o A decisão será proferida na audiência, podendo a precedido de orientações e esclarecimentos prestados pela equipe
autoridade judiciária, excepcionalmente, designar data para sua interprofissional da Justiça da Infância e da Juventude, em especial,
leitura no prazo máximo de 5 (cinco) dias. (Incluído pela Lei nº no caso de adoção, sobre a irrevogabilidade da medida. (Incluído
13.509, de 2017) pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 4 o Quando o procedimento de destituição de poder familiar § 3 o São garantidos a livre manifestação de vontade dos
for iniciado pelo Ministério Público, não haverá necessidade de detentores do poder familiar e o direito ao sigilo das informações.
nomeação de curador especial em favor da criança ou adolescente. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
(Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) § 4 o O consentimento prestado por escrito não terá validade se
Art. 163. O prazo máximo para conclusão do procedimento não for ratificado na audiência a que se refere o § 1 o deste artigo.
será de 120 (cento e vinte) dias, e caberá ao juiz, no caso de notória (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
inviabilidade de manutenção do poder familiar, dirigir esforços para § 5 o O consentimento é retratável até a data da realização da
preparar a criança ou o adolescente com vistas à colocação em audiência especificada no § 1 o deste artigo, e os pais podem exercer
família substituta. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) o arrependimento no prazo de 10 (dez) dias, contado da data de
Parágrafo único. A sentença que decretar a perda ou a prolação da sentença de extinção do poder familiar. (Redação dada
suspensão do poder familiar será averbada à margem do registro pela Lei nº 13.509, de 2017)
de nascimento da criança ou do adolescente. (Incluído pela Lei nº § 6 o O consentimento somente terá valor se for dado após
12.010, de 2009) Vigência o nascimento da criança. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
Vigência
SEÇÃO III § 7 o A família natural e a família substituta receberão a devida
DA DESTITUIÇÃO DA TUTELA orientação por intermédio de equipe técnica interprofissional a
serviço da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente
Art. 164. Na destituição da tutela, observar-se-á o procedimento com apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política
para a remoção de tutor previsto na lei processual civil e, no que municipal de garantia do direito à convivência familiar. (Redação
couber, o disposto na seção anterior. dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
Art. 167. A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento
SEÇÃO IV das partes ou do Ministério Público, determinará a realização de
DA COLOCAÇÃO EM FAMÍLIA SUBSTITUTA estudo social ou, se possível, perícia por equipe interprofissional,
decidindo sobre a concessão de guarda provisória, bem como, no
Art. 165. São requisitos para a concessão de pedidos de caso de adoção, sobre o estágio de convivência.
colocação em família substituta: Parágrafo único. Deferida a concessão da guarda provisória ou
I - qualificação completa do requerente e de seu eventual do estágio de convivência, a criança ou o adolescente será entregue
cônjuge, ou companheiro, com expressa anuência deste; ao interessado, mediante termo de responsabilidade. (Incluído pela
II - indicação de eventual parentesco do requerente e de Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
seu cônjuge, ou companheiro, com a criança ou adolescente, Art. 168. Apresentado o relatório social ou o laudo pericial, e
especificando se tem ou não parente vivo; ouvida, sempre que possível, a criança ou o adolescente, dar-se-á
III - qualificação completa da criança ou adolescente e de seus vista dos autos ao Ministério Público, pelo prazo de cinco dias,
pais, se conhecidos; decidindo a autoridade judiciária em igual prazo.
IV - indicação do cartório onde foi inscrito nascimento, Art. 169. Nas hipóteses em que a destituição da tutela, a
anexando, se possível, uma cópia da respectiva certidão; perda ou a suspensão do poder familiar constituir pressuposto
V - declaração sobre a existência de bens, direitos ou lógico da medida principal de colocação em família substituta, será
rendimentos relativos à criança ou ao adolescente. observado o procedimento contraditório previsto nas Seções II e III
Parágrafo único. Em se tratando de adoção, observar-se-ão deste Capítulo. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009)
também os requisitos específicos. Vigência
Art. 166. Se os pais forem falecidos, tiverem sido destituídos ou Parágrafo único. A perda ou a modificação da guarda poderá
suspensos do poder familiar, ou houverem aderido expressamente ser decretada nos mesmos autos do procedimento, observado o
ao pedido de colocação em família substituta, este poderá ser disposto no art. 35.
formulado diretamente em cartório, em petição assinada pelos Art. 170. Concedida a guarda ou a tutela, observar-se-á o
próprios requerentes, dispensada a assistência de advogado. disposto no art. 32, e, quanto à adoção, o contido no art. 47.
(Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Parágrafo único. A colocação de criança ou adolescente sob
§ 1 o Na hipótese de concordância dos pais, o juiz: (Redação a guarda de pessoa inscrita em programa de acolhimento familiar
dada pela Lei nº 13.509, de 2017) será comunicada pela autoridade judiciária à entidade por este
I - na presença do Ministério Público, ouvirá as partes, responsável no prazo máximo de 5 (cinco) dias. (Incluído pela Lei nº
devidamente assistidas por advogado ou por defensor público, para 12.010, de 2009) Vigência
verificar sua concordância com a adoção, no prazo máximo de 10
(dez) dias, contado da data do protocolo da petição ou da entrega
da criança em juízo, tomando por termo as declarações; e (Incluído
pela Lei nº 13.509, de 2017)

214
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

SEÇÃO V Art. 179. Apresentado o adolescente, o representante do


DA APURAÇÃO DE ATO INFRACIONAL ATRIBUÍDO A ADOLES- Ministério Público, no mesmo dia e à vista do auto de apreensão,
CENTE boletim de ocorrência ou relatório policial, devidamente autuados
pelo cartório judicial e com informação sobre os antecedentes do
Art. 171. O adolescente apreendido por força de ordem judicial adolescente, procederá imediata e informalmente à sua oitiva e, em
será, desde logo, encaminhado à autoridade judiciária. sendo possível, de seus pais ou responsável, vítima e testemunhas.
Art. 172. O adolescente apreendido em flagrante de ato Parágrafo único. Em caso de não apresentação, o representante
infracional será, desde logo, encaminhado à autoridade policial do Ministério Público notificará os pais ou responsável para
competente. apresentação do adolescente, podendo requisitar o concurso das
Parágrafo único. Havendo repartição policial especializada para polícias civil e militar.
atendimento de adolescente e em se tratando de ato infracional Art. 180. Adotadas as providências a que alude o artigo anterior,
praticado em co-autoria com maior, prevalecerá a atribuição da o representante do Ministério Público poderá:
repartição especializada, que, após as providências necessárias e I - promover o arquivamento dos autos;
conforme o caso, encaminhará o adulto à repartição policial própria. II - conceder a remissão;
Art. 173. Em caso de flagrante de ato infracional cometido III - representar à autoridade judiciária para aplicação de
mediante violência ou grave ameaça a pessoa, a autoridade policial, medida sócio-educativa.
sem prejuízo do disposto nos arts. 106, parágrafo único, e 107, Art. 181. Promovido o arquivamento dos autos ou concedida
deverá: a remissão pelo representante do Ministério Público, mediante
I - lavrar auto de apreensão, ouvidos as testemunhas e o termo fundamentado, que conterá o resumo dos fatos, os autos
adolescente; serão conclusos à autoridade judiciária para homologação.
II - apreender o produto e os instrumentos da infração; § 1º Homologado o arquivamento ou a remissão, a autoridade
III - requisitar os exames ou perícias necessários à comprovação judiciária determinará, conforme o caso, o cumprimento da medida.
da materialidade e autoria da infração. § 2º Discordando, a autoridade judiciária fará remessa dos autos
Parágrafo único. Nas demais hipóteses de flagrante, a ao Procurador-Geral de Justiça, mediante despacho fundamentado,
lavratura do auto poderá ser substituída por boletim de ocorrência e este oferecerá representação, designará outro membro do
circunstanciada. Ministério Público para apresentá-la, ou ratificará o arquivamento
Art. 174. Comparecendo qualquer dos pais ou responsável, o ou a remissão, que só então estará a autoridade judiciária obrigada
adolescente será prontamente liberado pela autoridade policial, a homologar.
sob termo de compromisso e responsabilidade de sua apresentação Art. 182. Se, por qualquer razão, o representante do Ministério
ao representante do Ministério Público, no mesmo dia ou, sendo Público não promover o arquivamento ou conceder a remissão,
impossível, no primeiro dia útil imediato, exceto quando, pela oferecerá representação à autoridade judiciária, propondo a
gravidade do ato infracional e sua repercussão social, deva o instauração de procedimento para aplicação da medida sócio-
adolescente permanecer sob internação para garantia de sua educativa que se afigurar a mais adequada.
segurança pessoal ou manutenção da ordem pública. § 1º A representação será oferecida por petição, que conterá
Art. 175. Em caso de não liberação, a autoridade policial o breve resumo dos fatos e a classificação do ato infracional e,
encaminhará, desde logo, o adolescente ao representante do quando necessário, o rol de testemunhas, podendo ser deduzida
Ministério Público, juntamente com cópia do auto de apreensão ou oralmente, em sessão diária instalada pela autoridade judiciária.
boletim de ocorrência. § 2º A representação independe de prova pré-constituída da
§ 1º Sendo impossível a apresentação imediata, a autoridade autoria e materialidade.
policial encaminhará o adolescente à entidade de atendimento, Art. 183. O prazo máximo e improrrogável para a conclusão do
que fará a apresentação ao representante do Ministério Público no procedimento, estando o adolescente internado provisoriamente,
prazo de vinte e quatro horas. será de quarenta e cinco dias.
§ 2º Nas localidades onde não houver entidade de atendimento, Art. 184. Oferecida a representação, a autoridade judiciária
a apresentação far-se-á pela autoridade policial. À falta de repartição designará audiência de apresentação do adolescente, decidindo,
policial especializada, o adolescente aguardará a apresentação em desde logo, sobre a decretação ou manutenção da internação,
dependência separada da destinada a maiores, não podendo, em observado o disposto no art. 108 e parágrafo.
qualquer hipótese, exceder o prazo referido no parágrafo anterior. § 1º O adolescente e seus pais ou responsável serão cientificados
Art. 176. Sendo o adolescente liberado, a autoridade policial do teor da representação, e notificados a comparecer à audiência,
encaminhará imediatamente ao representante do Ministério acompanhados de advogado.
Público cópia do auto de apreensão ou boletim de ocorrência. § 2º Se os pais ou responsável não forem localizados, a
Art. 177. Se, afastada a hipótese de flagrante, houver indícios autoridade judiciária dará curador especial ao adolescente.
de participação de adolescente na prática de ato infracional, a § 3º Não sendo localizado o adolescente, a autoridade
autoridade policial encaminhará ao representante do Ministério judiciária expedirá mandado de busca e apreensão, determinando
Público relatório das investigações e demais documentos. o sobrestamento do feito, até a efetiva apresentação.
Art. 178. O adolescente a quem se atribua autoria de ato § 4º Estando o adolescente internado, será requisitada a sua
infracional não poderá ser conduzido ou transportado em apresentação, sem prejuízo da notificação dos pais ou responsável.
compartimento fechado de veículo policial, em condições Art. 185. A internação, decretada ou mantida pela autoridade
atentatórias à sua dignidade, ou que impliquem risco à sua judiciária, não poderá ser cumprida em estabelecimento prisional.
integridade física ou mental, sob pena de responsabilidade.

215
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§ 1º Inexistindo na comarca entidade com as características SEÇÃO V-A


definidas no art. 123, o adolescente deverá ser imediatamente (INCLUÍDO PELA LEI Nº 13.441, DE 2017)
transferido para a localidade mais próxima. DA INFILTRAÇÃO DE AGENTES DE POLÍCIA PARA A INVESTI-
§ 2º Sendo impossível a pronta transferência, o adolescente GAÇÃO DE CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL DE CRIAN-
aguardará sua remoção em repartição policial, desde que em ÇA E DE ADOLESCENTE
seção isolada dos adultos e com instalações apropriadas, não
podendo ultrapassar o prazo máximo de cinco dias, sob pena de Art. 190-A. A infiltração de agentes de polícia na internet com
responsabilidade. o fim de investigar os crimes previstos nos arts. 240 , 241 , 241-A
Art. 186. Comparecendo o adolescente, seus pais ou , 241-B , 241-C e 241-D desta Lei e nos arts. 154-A , 217-A , 218 ,
responsável, a autoridade judiciária procederá à oitiva dos mesmos, 218-A e 218-B do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940
podendo solicitar opinião de profissional qualificado. (Código Penal) , obedecerá às seguintes regras: (Incluído pela Lei nº
§ 1º Se a autoridade judiciária entender adequada a remissão, 13.441, de 2017)
ouvirá o representante do Ministério Público, proferindo decisão. I – será precedida de autorização judicial devidamente
§ 2º Sendo o fato grave, passível de aplicação de medida de circunstanciada e fundamentada, que estabelecerá os limites da
internação ou colocação em regime de semi-liberdade, a autoridade infiltração para obtenção de prova, ouvido o Ministério Público;
judiciária, verificando que o adolescente não possui advogado (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
constituído, nomeará defensor, designando, desde logo, audiência II – dar-se-á mediante requerimento do Ministério Público ou
em continuação, podendo determinar a realização de diligências e representação de delegado de polícia e conterá a demonstração
estudo do caso. de sua necessidade, o alcance das tarefas dos policiais, os nomes
§ 3º O advogado constituído ou o defensor nomeado, no prazo ou apelidos das pessoas investigadas e, quando possível, os dados
de três dias contado da audiência de apresentação, oferecerá de conexão ou cadastrais que permitam a identificação dessas
defesa prévia e rol de testemunhas. pessoas; (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
§ 4º Na audiência em continuação, ouvidas as testemunhas III – não poderá exceder o prazo de 90 (noventa) dias, sem
arroladas na representação e na defesa prévia, cumpridas as prejuízo de eventuais renovações, desde que o total não exceda
diligências e juntado o relatório da equipe interprofissional, a 720 (setecentos e vinte) dias e seja demonstrada sua efetiva
será dada a palavra ao representante do Ministério Público e ao necessidade, a critério da autoridade judicial. (Incluído pela Lei nº
defensor, sucessivamente, pelo tempo de vinte minutos para cada 13.441, de 2017)
um, prorrogável por mais dez, a critério da autoridade judiciária, § 1 º A autoridade judicial e o Ministério Público poderão
que em seguida proferirá decisão. requisitar relatórios parciais da operação de infiltração antes do
Art. 187. Se o adolescente, devidamente notificado, não término do prazo de que trata o inciso II do § 1 º deste artigo.
comparecer, injustificadamente à audiência de apresentação, (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
a autoridade judiciária designará nova data, determinando sua § 2 º Para efeitos do disposto no inciso I do § 1 º deste artigo,
condução coercitiva. consideram-se: (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
Art. 188. A remissão, como forma de extinção ou suspensão do I – dados de conexão: informações referentes a hora, data,
processo, poderá ser aplicada em qualquer fase do procedimento, início, término, duração, endereço de Protocolo de Internet (IP)
antes da sentença. utilizado e terminal de origem da conexão; (Incluído pela Lei nº
Art. 189. A autoridade judiciária não aplicará qualquer medida, 13.441, de 2017)
desde que reconheça na sentença: II – dados cadastrais: informações referentes a nome e
I - estar provada a inexistência do fato; endereço de assinante ou de usuário registrado ou autenticado
II - não haver prova da existência do fato; para a conexão a quem endereço de IP, identificação de usuário ou
III - não constituir o fato ato infracional; código de acesso tenha sido atribuído no momento da conexão.
IV - não existir prova de ter o adolescente concorrido para o § 3 º A infiltração de agentes de polícia na internet não será
ato infracional. admitida se a prova puder ser obtida por outros meios. (Incluído
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, estando o pela Lei nº 13.441, de 2017)
adolescente internado, será imediatamente colocado em liberdade. Art. 190-B. As informações da operação de infiltração serão
Art. 190. A intimação da sentença que aplicar medida de encaminhadas diretamente ao juiz responsável pela autorização da
internação ou regime de semi-liberdade será feita: medida, que zelará por seu sigilo. (Incluído pela Lei nº 13.441, de
I - ao adolescente e ao seu defensor; 2017)
II - quando não for encontrado o adolescente, a seus pais ou Parágrafo único. Antes da conclusão da operação, o acesso aos
responsável, sem prejuízo do defensor. autos será reservado ao juiz, ao Ministério Público e ao delegado
§ 1º Sendo outra a medida aplicada, a intimação far-se-á de polícia responsável pela operação, com o objetivo de garantir o
unicamente na pessoa do defensor. sigilo das investigações. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
§ 2º Recaindo a intimação na pessoa do adolescente, deverá Art. 190-C. Não comete crime o policial que oculta a sua
este manifestar se deseja ou não recorrer da sentença. identidade para, por meio da internet, colher indícios de autoria e
materialidade dos crimes previstos nos arts. 240 , 241 , 241-A , 241-
B , 241-C e 241-D desta Lei e nos arts. 154-A , 217-A , 218 , 218-A e
218-B do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código
Penal) . (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)

216
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Parágrafo único. O agente policial infiltrado que deixar de SEÇÃO VII


observar a estrita finalidade da investigação responderá pelos DA APURAÇÃO DE INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA ÀS NORMAS
excessos praticados. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) DE PROTEÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE
Art. 190-D. Os órgãos de registro e cadastro público poderão
incluir nos bancos de dados próprios, mediante procedimento Art. 194. O procedimento para imposição de penalidade
sigiloso e requisição da autoridade judicial, as informações administrativa por infração às normas de proteção à criança e ao
necessárias à efetividade da identidade fictícia criada. (Incluído pela adolescente terá início por representação do Ministério Público,
Lei nº 13.441, de 2017) ou do Conselho Tutelar, ou auto de infração elaborado por
Parágrafo único. O procedimento sigiloso de que trata esta servidor efetivo ou voluntário credenciado, e assinado por duas
Seção será numerado e tombado em livro específico. (Incluído pela testemunhas, se possível.
Lei nº 13.441, de 2017) § 1º No procedimento iniciado com o auto de infração, poderão
Art. 190-E. Concluída a investigação, todos os atos eletrônicos ser usadas fórmulas impressas, especificando-se a natureza e as
praticados durante a operação deverão ser registrados, gravados, circunstâncias da infração.
armazenados e encaminhados ao juiz e ao Ministério Público, § 2º Sempre que possível, à verificação da infração seguir-se-á
juntamente com relatório circunstanciado. (Incluído pela Lei nº a lavratura do auto, certificando-se, em caso contrário, dos motivos
13.441, de 2017) do retardamento.
Parágrafo único. Os atos eletrônicos registrados citados no Art. 195. O requerido terá prazo de dez dias para apresentação
caput deste artigo serão reunidos em autos apartados e apensados de defesa, contado da data da intimação, que será feita:
ao processo criminal juntamente com o inquérito policial, I - pelo autuante, no próprio auto, quando este for lavrado na
assegurando-se a preservação da identidade do agente policial presença do requerido;
infiltrado e a intimidade das crianças e dos adolescentes envolvidos. II - por oficial de justiça ou funcionário legalmente habilitado,
(Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) que entregará cópia do auto ou da representação ao requerido, ou
a seu representante legal, lavrando certidão;
SEÇÃO VI III - por via postal, com aviso de recebimento, se não for
DA APURAÇÃO DE IRREGULARIDADES EM ENTIDADE DE encontrado o requerido ou seu representante legal;
ATENDIMENTO IV - por edital, com prazo de trinta dias, se incerto ou não
sabido o paradeiro do requerido ou de seu representante legal.
Art. 191. O procedimento de apuração de irregularidades em Art. 196. Não sendo apresentada a defesa no prazo legal, a
entidade governamental e não-governamental terá início mediante autoridade judiciária dará vista dos autos do Ministério Público, por
portaria da autoridade judiciária ou representação do Ministério cinco dias, decidindo em igual prazo.
Público ou do Conselho Tutelar, onde conste, necessariamente, Art. 197. Apresentada a defesa, a autoridade judiciária
resumo dos fatos. procederá na conformidade do artigo anterior, ou, sendo necessário,
Parágrafo único. Havendo motivo grave, poderá a autoridade designará audiência de instrução e julgamento. (Incluído pela Lei nº
judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar liminarmente o 12.010, de 2009) Vigência
afastamento provisório do dirigente da entidade, mediante decisão Parágrafo único. Colhida a prova oral, manifestar-se-ão
fundamentada. sucessivamente o Ministério Público e o procurador do requerido,
Art. 192. O dirigente da entidade será citado para, no prazo de pelo tempo de vinte minutos para cada um, prorrogável por mais
dez dias, oferecer resposta escrita, podendo juntar documentos e dez, a critério da autoridade judiciária, que em seguida proferirá
indicar as provas a produzir. sentença.
Art. 193. Apresentada ou não a resposta, e sendo necessário, a
autoridade judiciária designará audiência de instrução e julgamento, Seção VIII
intimando as partes. (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 1º Salvo manifestação em audiência, as partes e o Ministério Da Habilitação de Pretendentes à Adoção
Público terão cinco dias para oferecer alegações finais, decidindo a
autoridade judiciária em igual prazo. Art. 197-A. Os postulantes à adoção, domiciliados no Brasil,
§ 2º Em se tratando de afastamento provisório ou definitivo apresentarão petição inicial na qual conste: (Incluído pela Lei nº
de dirigente de entidade governamental, a autoridade judiciária 12.010, de 2009) Vigência
oficiará à autoridade administrativa imediatamente superior ao I - qualificação completa; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
afastado, marcando prazo para a substituição. Vigência
§ 3º Antes de aplicar qualquer das medidas, a autoridade II - dados familiares; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
judiciária poderá fixar prazo para a remoção das irregularidades Vigência
verificadas. Satisfeitas as exigências, o processo será extinto, sem III - cópias autenticadas de certidão de nascimento ou
julgamento de mérito. casamento, ou declaração relativa ao período de união estável;
§ 4º A multa e a advertência serão impostas ao dirigente da (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
entidade ou programa de atendimento. IV - cópias da cédula de identidade e inscrição no Cadastro de
Pessoas Físicas; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
V - comprovante de renda e domicílio; (Incluído pela Lei nº
12.010, de 2009) Vigência
VI - atestados de sanidade física e mental (Incluído pela Lei nº
12.010, de 2009) Vigência

217
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

VII - certidão de antecedentes criminais; (Incluído pela Lei nº Art. 197-E. Deferida a habilitação, o postulante será inscrito nos
12.010, de 2009) Vigência cadastros referidos no art. 50 desta Lei, sendo a sua convocação para
VIII - certidão negativa de distribuição cível. (Incluído pela Lei a adoção feita de acordo com ordem cronológica de habilitação e
nº 12.010, de 2009) Vigência conforme a disponibilidade de crianças ou adolescentes adotáveis.
Art. 197-B. A autoridade judiciária, no prazo de 48 (quarenta e (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
oito) horas, dará vista dos autos ao Ministério Público, que no prazo § 1 o A ordem cronológica das habilitações somente poderá
de 5 (cinco) dias poderá: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) deixar de ser observada pela autoridade judiciária nas hipóteses
Vigência previstas no § 13 do art. 50 desta Lei, quando comprovado ser essa
I - apresentar quesitos a serem respondidos pela equipe a melhor solução no interesse do adotando. (Incluído pela Lei nº
interprofissional encarregada de elaborar o estudo técnico a que se 12.010, de 2009) Vigência
refere o art. 197-C desta Lei; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 2 o A habilitação à adoção deverá ser renovada no mínimo
Vigência trienalmente mediante avaliação por equipe interprofissional.
II - requerer a designação de audiência para oitiva dos (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
postulantes em juízo e testemunhas; (Incluído pela Lei nº 12.010, § 3 o Quando o adotante candidatar-se a uma nova adoção, será
de 2009) Vigência dispensável a renovação da habilitação, bastando a avaliação por
III - requerer a juntada de documentos complementares e a equipe interprofissional. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
realização de outras diligências que entender necessárias. (Incluído § 4 o Após 3 (três) recusas injustificadas, pelo habilitado, à
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência adoção de crianças ou adolescentes indicados dentro do perfil
Art. 197-C. Intervirá no feito, obrigatoriamente, equipe escolhido, haverá reavaliação da habilitação concedida. (Incluído
interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude, pela Lei nº 13.509, de 2017)
que deverá elaborar estudo psicossocial, que conterá subsídios que § 5 o A desistência do pretendente em relação à guarda para
permitam aferir a capacidade e o preparo dos postulantes para o fins de adoção ou a devolução da criança ou do adolescente depois
exercício de uma paternidade ou maternidade responsável, à luz do trânsito em julgado da sentença de adoção importará na sua
dos requisitos e princípios desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, exclusão dos cadastros de adoção e na vedação de renovação da
de 2009) Vigência habilitação, salvo decisão judicial fundamentada, sem prejuízo das
§ 1 o É obrigatória a participação dos postulantes em demais sanções previstas na legislação vigente. (Incluído pela Lei nº
programa oferecido pela Justiça da Infância e da Juventude, 13.509, de 2017)
preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela Art. 197-F. O prazo máximo para conclusão da habilitação
execução da política municipal de garantia do direito à convivência à adoção será de 120 (cento e vinte) dias, prorrogável por igual
familiar e dos grupos de apoio à adoção devidamente habilitados período, mediante decisão fundamentada da autoridade judiciária.
perante a Justiça da Infância e da Juventude, que inclua preparação (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
psicológica, orientação e estímulo à adoção inter-racial, de crianças
ou de adolescentes com deficiência, com doenças crônicas ou com CAPÍTULO IV
necessidades específicas de saúde, e de grupos de irmãos. (Redação DOS RECURSOS
dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 2 o Sempre que possível e recomendável, a etapa obrigatória Art. 198. Nos procedimentos afetos à Justiça da Infância
da preparação referida no § 1 o deste artigo incluirá o contato com e da Juventude, inclusive os relativos à execução das medidas
crianças e adolescentes em regime de acolhimento familiar ou socioeducativas, adotar-se-á o sistema recursal da Lei n o 5.869, de
institucional, a ser realizado sob orientação, supervisão e avaliação 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil) , com as seguintes
da equipe técnica da Justiça da Infância e da Juventude e dos grupos adaptações: (Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
de apoio à adoção, com apoio dos técnicos responsáveis pelo I - os recursos serão interpostos independentemente de
programa de acolhimento familiar e institucional e pela execução preparo;
da política municipal de garantia do direito à convivência familiar. II - em todos os recursos, salvo nos embargos de declaração, o
(Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) prazo para o Ministério Público e para a defesa será sempre de 10
§ 3 o É recomendável que as crianças e os adolescentes acolhidos (dez) dias; (Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
institucionalmente ou por família acolhedora sejam preparados III - os recursos terão preferência de julgamento e dispensarão
por equipe interprofissional antes da inclusão em família adotiva. revisor;
(Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) IV - (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Art. 197-D. Certificada nos autos a conclusão da participação V - (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
no programa referido no art. 197-C desta Lei, a autoridade VI - (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
judiciária, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, decidirá acerca VII - antes de determinar a remessa dos autos à superior
das diligências requeridas pelo Ministério Público e determinará instância, no caso de apelação, ou do instrumento, no caso de
a juntada do estudo psicossocial, designando, conforme o caso, agravo, a autoridade judiciária proferirá despacho fundamentado,
audiência de instrução e julgamento. (Incluído pela Lei nº 12.010, mantendo ou reformando a decisão, no prazo de cinco dias;
de 2009) Vigência VIII - mantida a decisão apelada ou agravada, o escrivão
Parágrafo único. Caso não sejam requeridas diligências, ou remeterá os autos ou o instrumento à superior instância dentro
sendo essas indeferidas, a autoridade judiciária determinará a de vinte e quatro horas, independentemente de novo pedido
juntada do estudo psicossocial, abrindo a seguir vista dos autos do recorrente; se a reformar, a remessa dos autos dependerá de
ao Ministério Público, por 5 (cinco) dias, decidindo em igual prazo. pedido expresso da parte interessada ou do Ministério Público, no
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência prazo de cinco dias, contados da intimação.

218
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Art. 199. Contra as decisões proferidas com base no art. 149 b) requisitar informações, exames, perícias e documentos de
caberá recurso de apelação. autoridades municipais, estaduais e federais, da administração
Art. 199-A. A sentença que deferir a adoção produz efeito desde direta ou indireta, bem como promover inspeções e diligências
logo, embora sujeita a apelação, que será recebida exclusivamente investigatórias;
no efeito devolutivo, salvo se se tratar de adoção internacional ou c) requisitar informações e documentos a particulares e
se houver perigo de dano irreparável ou de difícil reparação ao instituições privadas;
adotando. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência VII - instaurar sindicâncias, requisitar diligências investigatórias
Art. 199-B. A sentença que destituir ambos ou qualquer dos e determinar a instauração de inquérito policial, para apuração de
genitores do poder familiar fica sujeita a apelação, que deverá ser ilícitos ou infrações às normas de proteção à infância e à juventude;
recebida apenas no efeito devolutivo. (Incluído pela Lei nº 12.010, VIII - zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias legais
de 2009) Vigência assegurados às crianças e adolescentes, promovendo as medidas
Art. 199-C. Os recursos nos procedimentos de adoção e judiciais e extrajudiciais cabíveis;
de destituição de poder familiar, em face da relevância das IX - impetrar mandado de segurança, de injunção e habeas
questões, serão processados com prioridade absoluta, devendo corpus, em qualquer juízo, instância ou tribunal, na defesa dos
ser imediatamente distribuídos, ficando vedado que aguardem, interesses sociais e individuais indisponíveis afetos à criança e ao
em qualquer situação, oportuna distribuição, e serão colocados adolescente;
em mesa para julgamento sem revisão e com parecer urgente do X - representar ao juízo visando à aplicação de penalidade por
Ministério Público. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência infrações cometidas contra as normas de proteção à infância e à
Art. 199-D. O relator deverá colocar o processo em mesa para juventude, sem prejuízo da promoção da responsabilidade civil e
julgamento no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, contado da sua penal do infrator, quando cabível;
conclusão. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência XI - inspecionar as entidades públicas e particulares de
Parágrafo único. O Ministério Público será intimado da data do atendimento e os programas de que trata esta Lei, adotando
julgamento e poderá na sessão, se entender necessário, apresentar de pronto as medidas administrativas ou judiciais necessárias à
oralmente seu parecer. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) remoção de irregularidades porventura verificadas;
Vigência XII - requisitar força policial, bem como a colaboração dos
Art. 199-E. O Ministério Público poderá requerer a instauração serviços médicos, hospitalares, educacionais e de assistência social,
de procedimento para apuração de responsabilidades se constatar públicos ou privados, para o desempenho de suas atribuições.
o descumprimento das providências e do prazo previstos nos artigos XIII - intervir, quando não for parte, nas causas cíveis e criminais
anteriores. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência decorrentes de violência doméstica e familiar contra a criança e o
adolescente. (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência
CAPÍTULO V § 1º A legitimação do Ministério Público para as ações cíveis
DO MINISTÉRIO PÚBLICO previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas
hipóteses, segundo dispuserem a Constituição e esta Lei.
Art. 200. As funções do Ministério Público previstas nesta Lei § 2º As atribuições constantes deste artigo não excluem outras,
serão exercidas nos termos da respectiva lei orgânica. desde que compatíveis com a finalidade do Ministério Público.
Art. 201. Compete ao Ministério Público: § 3º O representante do Ministério Público, no exercício de
I - conceder a remissão como forma de exclusão do processo; suas funções, terá livre acesso a todo local onde se encontre criança
II - promover e acompanhar os procedimentos relativos às ou adolescente.
infrações atribuídas a adolescentes; § 4º O representante do Ministério Público será responsável
III - promover e acompanhar as ações de alimentos e os pelo uso indevido das informações e documentos que requisitar,
procedimentos de suspensão e destituição do poder familiar , nas hipóteses legais de sigilo.
nomeação e remoção de tutores, curadores e guardiães, bem como § 5º Para o exercício da atribuição de que trata o inciso VIII
oficiar em todos os demais procedimentos da competência da deste artigo, poderá o representante do Ministério Público:
Justiça da Infância e da Juventude; (Expressão substituída pela Lei a) reduzir a termo as declarações do reclamante, instaurando o
nº 12.010, de 2009) Vigência competente procedimento, sob sua presidência;
IV - promover, de ofício ou por solicitação dos interessados, b) entender-se diretamente com a pessoa ou autoridade
a especialização e a inscrição de hipoteca legal e a prestação de reclamada, em dia, local e horário previamente notificados ou
contas dos tutores, curadores e quaisquer administradores de bens acertados;
de crianças e adolescentes nas hipóteses do art. 98; c) efetuar recomendações visando à melhoria dos serviços
V - promover o inquérito civil e a ação civil pública para a públicos e de relevância pública afetos à criança e ao adolescente,
proteção dos interesses individuais, difusos ou coletivos relativos fixando prazo razoável para sua perfeita adequação.
à infância e à adolescência, inclusive os definidos no art. 220, § 3º Art. 202. Nos processos e procedimentos em que não for parte,
inciso II, da Constituição Federal ; atuará obrigatoriamente o Ministério Público na defesa dos direitos
VI - instaurar procedimentos administrativos e, para instruí-los: e interesses de que cuida esta Lei, hipótese em que terá vista dos
a) expedir notificações para colher depoimentos ou autos depois das partes, podendo juntar documentos e requerer
esclarecimentos e, em caso de não comparecimento injustificado, diligências, usando os recursos cabíveis.
requisitar condução coercitiva, inclusive pela polícia civil ou militar; Art. 203. A intimação do Ministério Público, em qualquer caso,
será feita pessoalmente.

219
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Art. 204. A falta de intervenção do Ministério Público acarreta XI - de políticas e programas integrados de atendimento à
a nulidade do feito, que será declarada de ofício pelo juiz ou a criança e ao adolescente vítima ou testemunha de violência.
requerimento de qualquer interessado. (Incluído pela Lei nº 13.431, de 2017) (Vigência)
Art. 205. As manifestações processuais do representante do § 1 o As hipóteses previstas neste artigo não excluem da
Ministério Público deverão ser fundamentadas. proteção judicial outros interesses individuais, difusos ou coletivos,
próprios da infância e da adolescência, protegidos pela Constituição
CAPÍTULO VI e pela Lei. (Renumerado do Parágrafo único pela Lei nº 11.259, de
DO ADVOGADO 2005)
§ 2 o A investigação do desaparecimento de crianças ou
Art. 206. A criança ou o adolescente, seus pais ou responsável, adolescentes será realizada imediatamente após notificação aos
e qualquer pessoa que tenha legítimo interesse na solução da lide órgãos competentes, que deverão comunicar o fato aos portos,
poderão intervir nos procedimentos de que trata esta Lei, através de aeroportos, Polícia Rodoviária e companhias de transporte
advogado, o qual será intimado para todos os atos, pessoalmente interestaduais e internacionais, fornecendo-lhes todos os dados
ou por publicação oficial, respeitado o segredo de justiça. necessários à identificação do desaparecido. (Incluído pela Lei nº
Parágrafo único. Será prestada assistência judiciária integral e 11.259, de 2005)
gratuita àqueles que dela necessitarem. § 3º A notificação a que se refere o § 2º deste artigo será
Art. 207. Nenhum adolescente a quem se atribua a prática de imediatamente comunicada ao Cadastro Nacional de Pessoas
ato infracional, ainda que ausente ou foragido, será processado sem Desaparecidas e ao Cadastro Nacional de Crianças e Adolescentes
defensor. Desaparecidos, que deverão ser prontamente atualizados a cada
§ 1º Se o adolescente não tiver defensor, ser-lhe-á nomeado nova informação. (Incluído pela Lei nº 14.548, de 2023)
pelo juiz, ressalvado o direito de, a todo tempo, constituir outro de Art. 209. As ações previstas neste Capítulo serão propostas no
sua preferência. foro do local onde ocorreu ou deva ocorrer a ação ou omissão, cujo
§ 2º A ausência do defensor não determinará o adiamento de juízo terá competência absoluta para processar a causa, ressalvadas
nenhum ato do processo, devendo o juiz nomear substituto, ainda a competência da Justiça Federal e a competência originária dos
que provisoriamente, ou para o só efeito do ato. tribunais superiores.
§ 3º Será dispensada a outorga de mandato, quando se tratar Art. 210. Para as ações cíveis fundadas em interesses coletivos
de defensor nomeado ou, sido constituído, tiver sido indicado por ou difusos, consideram-se legitimados concorrentemente:
ocasião de ato formal com a presença da autoridade judiciária. I - o Ministério Público;
II - a União, os estados, os municípios, o Distrito Federal e os
CAPÍTULO VII territórios;
DA PROTEÇÃO JUDICIAL DOS INTERESSES INDIVIDUAIS, DIFU- III - as associações legalmente constituídas há pelo menos
SOS E COLETIVOS um ano e que incluam entre seus fins institucionais a defesa
dos interesses e direitos protegidos por esta Lei, dispensada a
Art. 208. Regem-se pelas disposições desta Lei as ações de autorização da assembléia, se houver prévia autorização estatutária.
responsabilidade por ofensa aos direitos assegurados à criança e § 1º Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os Ministérios
ao adolescente, referentes ao não oferecimento ou oferta irregular: Públicos da União e dos estados na defesa dos interesses e direitos
I - do ensino obrigatório; de que cuida esta Lei.
II - de atendimento educacional especializado aos portadores § 2º Em caso de desistência ou abandono da ação por
de deficiência; associação legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado
III – de atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero poderá assumir a titularidade ativa.
a cinco anos de idade; (Redação dada pela Lei nº 13.306, de 2016) Art. 211. Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos
IV - de ensino noturno regular, adequado às condições do interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às
educando; exigências legais, o qual terá eficácia de título executivo extrajudicial.
V - de programas suplementares de oferta de material didático- Art. 212. Para defesa dos direitos e interesses protegidos por
escolar, transporte e assistência à saúde do educando do ensino esta Lei, são admissíveis todas as espécies de ações pertinentes.
fundamental; § 1º Aplicam-se às ações previstas neste Capítulo as normas do
VI - de serviço de assistência social visando à proteção à família, Código de Processo Civil.
à maternidade, à infância e à adolescência, bem como ao amparo às § 2º Contra atos ilegais ou abusivos de autoridade pública ou
crianças e adolescentes que dele necessitem; agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do poder
VII - de acesso às ações e serviços de saúde; público, que lesem direito líquido e certo previsto nesta Lei, caberá
VIII - de escolarização e profissionalização dos adolescentes ação mandamental, que se regerá pelas normas da lei do mandado
privados de liberdade. de segurança.
IX - de ações, serviços e programas de orientação, apoio e Art. 213. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de
promoção social de famílias e destinados ao pleno exercício do obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica
direito à convivência familiar por crianças e adolescentes. (Incluído da obrigação ou determinará providências que assegurem o
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência resultado prático equivalente ao do adimplemento.
X - de programas de atendimento para a execução das medidas § 1º Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo
socioeducativas e aplicação de medidas de proteção. (Incluído pela justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz
Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, citando
o réu.

220
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§ 2º O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na § 1º Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as
sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de pedido diligências, se convencer da inexistência de fundamento para
do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando a propositura da ação cível, promoverá o arquivamento dos
prazo razoável para o cumprimento do preceito. autos do inquérito civil ou das peças informativas, fazendo-o
§ 3º A multa só será exigível do réu após o trânsito em julgado fundamentadamente.
da sentença favorável ao autor, mas será devida desde o dia em que § 2º Os autos do inquérito civil ou as peças de informação
se houver configurado o descumprimento. arquivados serão remetidos, sob pena de se incorrer em falta grave,
Art. 214. Os valores das multas reverterão ao fundo gerido pelo no prazo de três dias, ao Conselho Superior do Ministério Público.
Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente do respectivo § 3º Até que seja homologada ou rejeitada a promoção de
município. arquivamento, em sessão do Conselho Superior do Ministério
§ 1º As multas não recolhidas até trinta dias após o trânsito em público, poderão as associações legitimadas apresentar razões
julgado da decisão serão exigidas através de execução promovida escritas ou documentos, que serão juntados aos autos do inquérito
pelo Ministério Público, nos mesmos autos, facultada igual iniciativa ou anexados às peças de informação.
aos demais legitimados. § 4º A promoção de arquivamento será submetida a exame e
§ 2º Enquanto o fundo não for regulamentado, o dinheiro ficará deliberação do Conselho Superior do Ministério Público, conforme
depositado em estabelecimento oficial de crédito, em conta com dispuser o seu regimento.
correção monetária. § 5º Deixando o Conselho Superior de homologar a promoção
Art. 215. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos recursos, de arquivamento, designará, desde logo, outro órgão do Ministério
para evitar dano irreparável à parte. Público para o ajuizamento da ação.
Art. 216. Transitada em julgado a sentença que impuser Art. 224. Aplicam-se subsidiariamente, no que couber, as
condenação ao poder público, o juiz determinará a remessa de disposições da Lei n.º 7.347, de 24 de julho de 1985 .
peças à autoridade competente, para apuração da responsabilidade
civil e administrativa do agente a que se atribua a ação ou omissão. TÍTULO VII
Art. 217. Decorridos sessenta dias do trânsito em julgado da DOS CRIMES E DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS
sentença condenatória sem que a associação autora lhe promova
a execução, deverá fazê-lo o Ministério Público, facultada igual CAPÍTULO I
iniciativa aos demais legitimados. DOS CRIMES
Art. 218. O juiz condenará a associação autora a pagar ao réu os
honorários advocatícios arbitrados na conformidade do § 4º do art. SEÇÃO I
20 da Lei n.º 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo DISPOSIÇÕES GERAIS
Civil) , quando reconhecer que a pretensão é manifestamente
infundada. Art. 225. Este Capítulo dispõe sobre crimes praticados contra
Parágrafo único. Em caso de litigância de má-fé, a associação a criança e o adolescente, por ação ou omissão, sem prejuízo do
autora e os diretores responsáveis pela propositura da ação serão disposto na legislação penal.
solidariamente condenados ao décuplo das custas, sem prejuízo de Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos nesta Lei as normas
responsabilidade por perdas e danos. da Parte Geral do Código Penal e, quanto ao processo, as pertinentes
Art. 219. Nas ações de que trata este Capítulo, não haverá ao Código de Processo Penal.
adiantamento de custas, emolumentos, honorários periciais e § 1º Aos crimes cometidos contra a criança e o adolescente,
quaisquer outras despesas. independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei nº 9.099,
Art. 220. Qualquer pessoa poderá e o servidor público de 26 de setembro de 1995. (Incluído pela Lei nº 14.344, de
deverá provocar a iniciativa do Ministério Público, prestando-lhe 2022) Vigência
informações sobre fatos que constituam objeto de ação civil, e § 2º Nos casos de violência doméstica e familiar contra a criança
indicando-lhe os elementos de convicção. e o adolescente, é vedada a aplicação de penas de cesta básica ou
Art. 221. Se, no exercício de suas funções, os juízos e tribunais de outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de
tiverem conhecimento de fatos que possam ensejar a propositura pena que implique o pagamento isolado de multa. (Incluído pela
de ação civil, remeterão peças ao Ministério Público para as Lei nº 14.344, de 2022) Vigência
providências cabíveis. Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei são de ação pública
Art. 222. Para instruir a petição inicial, o interessado poderá incondicionada.
requerer às autoridades competentes as certidões e informações Art. 227-A Os efeitos da condenação prevista no inciso I do
que julgar necessárias, que serão fornecidas no prazo de quinze caput do art. 92 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940
dias. (Código Penal), para os crimes previstos nesta Lei, praticados por
Art. 223. O Ministério Público poderá instaurar, sob sua servidores públicos com abuso de autoridade, são condicionados à
presidência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer pessoa, ocorrência de reincidência. (Incluído pela Lei nº 13.869. de 2019)
organismo público ou particular, certidões, informações, exames ou Parágrafo único. A perda do cargo, do mandato ou da função,
perícias, no prazo que assinalar, o qual não poderá ser inferior a dez nesse caso, independerá da pena aplicada na reincidência. (Incluído
dias úteis. pela Lei nº 13.869. de 2019)

221
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

SEÇÃO II Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave ameaça ou


DOS CRIMES EM ESPÉCIE fraude: (Incluído pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003)
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da pena
Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o dirigente correspondente à violência.
de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de manter Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou
registro das atividades desenvolvidas, na forma e prazo referidos registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou pornográfica,
no art. 10 desta Lei, bem como de fornecer à parturiente ou a seu envolvendo criança ou adolescente: (Redação dada pela Lei nº
responsável, por ocasião da alta médica, declaração de nascimento, 11.829, de 2008)
onde constem as intercorrências do parto e do desenvolvimento do Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação
neonato: dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
Pena - detenção de seis meses a dois anos. § 1 o Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita, recruta,
Parágrafo único. Se o crime é culposo: coage, ou de qualquer modo intermedeia a participação de criança
Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa. ou adolescente nas cenas referidas no caput deste artigo, ou ainda
Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de quem com esses contracena. (Redação dada pela Lei nº 11.829, de
estabelecimento de atenção à saúde de gestante de identificar 2008)
corretamente o neonato e a parturiente, por ocasião do parto, bem § 2 o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente comete
como deixar de proceder aos exames referidos no art. 10 desta Lei: o crime: (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
Pena - detenção de seis meses a dois anos. I – no exercício de cargo ou função pública ou a pretexto de
Parágrafo único. Se o crime é culposo: exercê-la; (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa. II – prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou
Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade, de hospitalidade; ou (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
procedendo à sua apreensão sem estar em flagrante de ato III – prevalecendo-se de relações de parentesco consangüíneo
infracional ou inexistindo ordem escrita da autoridade judiciária ou afim até o terceiro grau, ou por adoção, de tutor, curador,
competente: preceptor, empregador da vítima ou de quem, a qualquer outro
Pena - detenção de seis meses a dois anos. título, tenha autoridade sobre ela, ou com seu consentimento.
Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que procede à (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
apreensão sem observância das formalidades legais. Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro
Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica
apreensão de criança ou adolescente de fazer imediata comunicação envolvendo criança ou adolescente: (Redação dada pela Lei nº
à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à 11.829, de 2008)
pessoa por ele indicada: Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação
Pena - detenção de seis meses a dois anos. dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir,
guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento: publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive por meio de
Pena - detenção de seis meses a dois anos. sistema de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro
Art. 233. (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997 : registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica
Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa causa, de envolvendo criança ou adolescente: (Incluído pela Lei nº 11.829, de
ordenar a imediata liberação de criança ou adolescente, tão logo 2008)
tenha conhecimento da ilegalidade da apreensão: Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído
Pena - detenção de seis meses a dois anos. pela Lei nº 11.829, de 2008)
Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo fixado nesta Lei § 1 o Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei nº
em benefício de adolescente privado de liberdade: 11.829, de 2008)
Pena - detenção de seis meses a dois anos. I – assegura os meios ou serviços para o armazenamento das
Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade judiciária, fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput deste artigo;
membro do Conselho Tutelar ou representante do Ministério (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
Público no exercício de função prevista nesta Lei: II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de
Pena - detenção de seis meses a dois anos. computadores às fotografias, cenas ou imagens de que trata o
Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de quem o caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem judicial, com o fim § 2 o As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1 o deste artigo
de colocação em lar substituto: são puníveis quando o responsável legal pela prestação do serviço,
Pena - reclusão de dois a seis anos, e multa. oficialmente notificado, deixa de desabilitar o acesso ao conteúdo
Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou pupilo a ilícito de que trata o caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829,
terceiro, mediante paga ou recompensa: de 2008)
Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa. Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio,
Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem oferece ou fotografia, vídeo ou outra forma de registro que contenha cena de
efetiva a paga ou recompensa. sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente:
Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
envio de criança ou adolescente para o exterior com inobservância Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído
das formalidades legais ou com o fito de obter lucro: pela Lei nº 11.829, de 2008)
Pena - reclusão de quatro a seis anos, e multa.

222
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§ 1 o A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços) se de Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, ainda
pequena quantidade o material a que se refere o caput deste artigo. que gratuitamente, de qualquer forma, a criança ou a adolescente,
(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) bebida alcoólica ou, sem justa causa, outros produtos cujos
§ 2 o Não há crime se a posse ou o armazenamento tem a componentes possam causar dependência física ou psíquica:
finalidade de comunicar às autoridades competentes a ocorrência (Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015)
das condutas descritas nos arts. 240, 241, 241-A e 241-C desta Lei, Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se o fato
quando a comunicação for feita por: (Incluído pela Lei nº 11.829, não constitui crime mais grave. (Redação dada pela Lei nº 13.106,
de 2008) de 2015)
I – agente público no exercício de suas funções; (Incluído pela Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar,
Lei nº 11.829, de 2008) de qualquer forma, a criança ou adolescente fogos de estampido ou
II – membro de entidade, legalmente constituída, que de artifício, exceto aqueles que, pelo seu reduzido potencial, sejam
inclua, entre suas finalidades institucionais, o recebimento, o incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de utilização
processamento e o encaminhamento de notícia dos crimes referidos indevida:
neste parágrafo; (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa.
III – representante legal e funcionários responsáveis de provedor Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como tais
de acesso ou serviço prestado por meio de rede de computadores, definidos no caput do art. 2 o desta Lei, à prostituição ou à exploração
até o recebimento do material relativo à notícia feita à autoridade sexual: (Incluído pela Lei nº 9.975, de 23.6.2000)
policial, ao Ministério Público ou ao Poder Judiciário. (Incluído pela Pena – reclusão de quatro a dez anos e multa, além da perda
Lei nº 11.829, de 2008) de bens e valores utilizados na prática criminosa em favor do Fundo
§ 3 o As pessoas referidas no § 2 o deste artigo deverão manter dos Direitos da Criança e do Adolescente da unidade da Federação
sob sigilo o material ilícito referido. (Incluído pela Lei nº 11.829, de (Estado ou Distrito Federal) em que foi cometido o crime, ressalvado
2008) o direito de terceiro de boa-fé. (Redação dada pela Lei nº 13.440,
Art. 241-C. Simular a participação de criança ou adolescente de 2017)
em cena de sexo explícito ou pornográfica por meio de adulteração, § 1 o Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o gerente ou o
montagem ou modificação de fotografia, vídeo ou qualquer outra responsável pelo local em que se verifique a submissão de criança
forma de representação visual: (Incluído pela Lei nº 11.829, de ou adolescente às práticas referidas no caput deste artigo. (Incluído
2008) pela Lei nº 9.975, de 23.6.2000)
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (Incluído § 2 o Constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da
pela Lei nº 11.829, de 2008) licença de localização e de funcionamento do estabelecimento.
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe (Incluído pela Lei nº 9.975, de 23.6.2000)
à venda, disponibiliza, distribui, publica ou divulga por qualquer Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18
meio, adquire, possui ou armazena o material produzido na forma (dezoito) anos, com ele praticando infração penal ou induzindo-o a
do caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) praticá-la: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela Lei
qualquer meio de comunicação, criança, com o fim de com ela nº 12.015, de 2009)
praticar ato libidinoso: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) § 1 o Incorre nas penas previstas no caput deste artigo quem
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (Incluído pratica as condutas ali tipificadas utilizando-se de quaisquer meios
pela Lei nº 11.829, de 2008) eletrônicos, inclusive salas de bate-papo da internet. (Incluído pela
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído Lei nº 12.015, de 2009)
pela Lei nº 11.829, de 2008) § 2 o As penas previstas no caput deste artigo são aumentadas
I – facilita ou induz o acesso à criança de material contendo de um terço no caso de a infração cometida ou induzida estar
cena de sexo explícito ou pornográfica com o fim de com ela praticar incluída no rol do art. 1 o da Lei n o 8.072, de 25 de julho de 1990 .
ato libidinoso; (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
II – pratica as condutas descritas no caput deste artigo com o fim
de induzir criança a se exibir de forma pornográfica ou sexualmente CAPÍTULO II
explícita. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS
Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a expressão
“cena de sexo explícito ou pornográfica” compreende qualquer Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável por
situação que envolva criança ou adolescente em atividades sexuais estabelecimento de atenção à saúde e de ensino fundamental, pré-
explícitas, reais ou simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de escola ou creche, de comunicar à autoridade competente os casos
uma criança ou adolescente para fins primordialmente sexuais. de que tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou confirmação
(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) de maus-tratos contra criança ou adolescente:
Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se
de qualquer forma, a criança ou adolescente arma, munição ou o dobro em caso de reincidência.
explosivo: Art. 246. Impedir o responsável ou funcionário de entidade de
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos. (Redação dada pela atendimento o exercício dos direitos constantes nos incisos II, III,
Lei nº 10.764, de 12.11.2003) VII, VIII e XI do art. 124 desta Lei:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se
o dobro em caso de reincidência.

223
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autorização Pena - multa de vinte a cem salários de referência; na
devida, por qualquer meio de comunicação, nome, ato ou reincidência, a autoridade poderá determinar a suspensão do
documento de procedimento policial, administrativo ou judicial espetáculo ou o fechamento do estabelecimento por até quinze
relativo a criança ou adolescente a que se atribua ato infracional: dias.
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se Art. 256. Vender ou locar a criança ou adolescente fita de
o dobro em caso de reincidência. programação em vídeo, em desacordo com a classificação atribuída
§ 1º Incorre na mesma pena quem exibe, total ou parcialmente, pelo órgão competente:
fotografia de criança ou adolescente envolvido em ato infracional, Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso
ou qualquer ilustração que lhe diga respeito ou se refira a atos que de reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o
lhe sejam atribuídos, de forma a permitir sua identificação, direta fechamento do estabelecimento por até quinze dias.
ou indiretamente. Art. 257. Descumprir obrigação constante dos arts. 78 e 79
§ 2º Se o fato for praticado por órgão de imprensa ou emissora desta Lei:
de rádio ou televisão, além da pena prevista neste artigo, a Pena - multa de três a vinte salários de referência, duplicando-
autoridade judiciária poderá determinar a apreensão da publicação se a pena em caso de reincidência, sem prejuízo de apreensão da
(Expressão declarada inconstitucional pela ADIN 869). revista ou publicação.
Art. 248. (Revogado pela Lei nº 13.431, de 2017) (Vigência) Art. 258. Deixar o responsável pelo estabelecimento ou o
Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres empresário de observar o que dispõe esta Lei sobre o acesso
inerentes ao poder familiar ou decorrente de tutela ou guarda, bem de criança ou adolescente aos locais de diversão, ou sobre sua
assim determinação da autoridade judiciária ou Conselho Tutelar: participação no espetáculo:
(Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se de reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o
o dobro em caso de reincidência. fechamento do estabelecimento por até quinze dias.
Art. 250. Hospedar criança ou adolescente desacompanhado Art. 258-A. Deixar a autoridade competente de providenciar a
dos pais ou responsável, ou sem autorização escrita desses ou instalação e operacionalização dos cadastros previstos no art. 50 e
da autoridade judiciária, em hotel, pensão, motel ou congênere: no § 11 do art. 101 desta Lei: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
(Redação dada pela Lei nº 12.038, de 2009). Vigência
Pena – multa. (Redação dada pela Lei nº 12.038, de 2009). Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 (três mil
§ 1 º Em caso de reincidência, sem prejuízo da pena de reais). (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
multa, a autoridade judiciária poderá determinar o fechamento Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas a autoridade que
do estabelecimento por até 15 (quinze) dias. (Incluído pela Lei nº deixa de efetuar o cadastramento de crianças e de adolescentes
12.038, de 2009). em condições de serem adotadas, de pessoas ou casais habilitados
§ 2 º Se comprovada a reincidência em período inferior a 30 à adoção e de crianças e adolescentes em regime de acolhimento
(trinta) dias, o estabelecimento será definitivamente fechado e terá institucional ou familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
sua licença cassada. (Incluído pela Lei nº 12.038, de 2009). Vigência
Art. 251. Transportar criança ou adolescente, por qualquer Art. 258-B. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de
meio, com inobservância do disposto nos arts. 83, 84 e 85 desta Lei: estabelecimento de atenção à saúde de gestante de efetuar
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se imediato encaminhamento à autoridade judiciária de caso de que
o dobro em caso de reincidência. tenha conhecimento de mãe ou gestante interessada em entregar
Art. 252. Deixar o responsável por diversão ou espetáculo seu filho para adoção: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
público de afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à entrada do Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 (três mil
local de exibição, informação destacada sobre a natureza da reais). (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
diversão ou espetáculo e a faixa etária especificada no certificado Parágrafo único. Incorre na mesma pena o funcionário de
de classificação: programa oficial ou comunitário destinado à garantia do direito à
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se convivência familiar que deixa de efetuar a comunicação referida no
o dobro em caso de reincidência. caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Art. 253. Anunciar peças teatrais, filmes ou quaisquer Art. 258-C. Descumprir a proibição estabelecida no inciso II do
representações ou espetáculos, sem indicar os limites de idade a art. 81: (Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015)
que não se recomendem: Pena - multa de R$ 3.000,00 (três mil reais) a R$ 10.000,00 (dez
Pena - multa de três a vinte salários de referência, duplicada mil reais); (Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015)
em caso de reincidência, aplicável, separadamente, à casa de Medida Administrativa - interdição do estabelecimento
espetáculo e aos órgãos de divulgação ou publicidade. comercial até o recolhimento da multa aplicada. (Redação dada
Art. 254. Transmitir, através de rádio ou televisão, espetáculo ou pela Lei nº 13.106, de 2015)
sem aviso de sua classificação: (Expressão declarada inconstitucional
pela ADI 2.404). Disposições Finais e Transitórias
Pena - multa de vinte a cem salários de referência; duplicada
em caso de reincidência a autoridade judiciária poderá determinar Art. 259. A União, no prazo de noventa dias contados da
a suspensão da programação da emissora por até dois dias. publicação deste Estatuto, elaborará projeto de lei dispondo sobre
Art. 255. Exibir filme, trailer, peça, amostra ou congênere a criação ou adaptação de seus órgãos às diretrizes da política de
classificado pelo órgão competente como inadequado às crianças atendimento fixadas no art. 88 e ao que estabelece o Título V do
ou adolescentes admitidos ao espetáculo: Livro II.

224
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Parágrafo único. Compete aos estados e municípios § 2 o A dedução de que trata o caput : (Incluído pela Lei nº
promoverem a adaptação de seus órgãos e programas às diretrizes 12.594, de 2012) (Vide)
e princípios estabelecidos nesta Lei. I - está sujeita ao limite de 6% (seis por cento) do imposto sobre
Art. 260. Os contribuintes poderão efetuar doações aos a renda apurado na declaração de que trata o inciso II do caput do
Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional, distrital, art. 260; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
estaduais ou municipais, devidamente comprovadas, sendo essas II - não se aplica à pessoa física que: (Incluído pela Lei nº 12.594,
integralmente deduzidas do imposto de renda, obedecidos os de 2012) (Vide)
seguintes limites: (Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) a) utilizar o desconto simplificado; (Incluído pela Lei nº 12.594,
I - 1% (um por cento) do imposto sobre a renda devido apurado de 2012) (Vide)
pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real; e (Redação b) apresentar declaração em formulário; ou (Incluído pela Lei
dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) nº 12.594, de 2012) (Vide)
II - 6% (seis por cento) do imposto sobre a renda apurado pelas c) entregar a declaração fora do prazo; (Incluído pela Lei nº
pessoas físicas na Declaração de Ajuste Anual, observado o disposto 12.594, de 2012) (Vide)
no art. 22 da Lei n o 9.532, de 10 de dezembro de 1997 . (Redação III - só se aplica às doações em espécie; e (Incluído pela Lei nº
dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) 12.594, de 2012) (Vide)
§ 1º - (Revogado pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de IV - não exclui ou reduz outros benefícios ou deduções em
efeito) vigor. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
§ 1 o -A. Na definição das prioridades a serem atendidas com § 3 o O pagamento da doação deve ser efetuado até a data
os recursos captados pelos fundos nacional, estaduais e municipais de vencimento da primeira quota ou quota única do imposto,
dos direitos da criança e do adolescente, serão consideradas as observadas instruções específicas da Secretaria da Receita Federal
disposições do Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Brasil. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e § 4 o O não pagamento da doação no prazo estabelecido no
Comunitária e as do Plano Nacional pela Primeira Infância. (Redação § 3 implica a glosa definitiva desta parcela de dedução, ficando
o

dada dada pela Lei nº 13.257, de 2016) a pessoa física obrigada ao recolhimento da diferença de imposto
§ 2 o Os conselhos nacional, estaduais e municipais dos direitos devido apurado na Declaração de Ajuste Anual com os acréscimos
da criança e do adolescente fixarão critérios de utilização, por legais previstos na legislação. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)
meio de planos de aplicação, das dotações subsidiadas e demais (Vide)
receitas, aplicando necessariamente percentual para incentivo ao § 5 o A pessoa física poderá deduzir do imposto apurado na
acolhimento, sob a forma de guarda, de crianças e adolescentes e Declaração de Ajuste Anual as doações feitas, no respectivo ano-
para programas de atenção integral à primeira infância em áreas calendário, aos fundos controlados pelos Conselhos dos Direitos da
de maior carência socioeconômica e em situações de calamidade. Criança e do Adolescente municipais, distrital, estaduais e nacional
(Redação dada dada pela Lei nº 13.257, de 2016) concomitantemente com a opção de que trata o caput , respeitado
§ 3º O Departamento da Receita Federal, do Ministério da o limite previsto no inciso II do art. 260. (Incluído pela Lei nº 12.594,
Economia, Fazenda e Planejamento, regulamentará a comprovação de 2012) (Vide)
das doações feitas aos fundos, nos termos deste artigo. (Incluído Art. 260-B. A doação de que trata o inciso I do art. 260 poderá
pela Lei nº 8.242, de 12.10.1991) ser deduzida: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
§ 4º O Ministério Público determinará em cada comarca a forma I - do imposto devido no trimestre, para as pessoas jurídicas
de fiscalização da aplicação, pelo Fundo Municipal dos Direitos da que apuram o imposto trimestralmente; e (Incluído pela Lei nº
Criança e do Adolescente, dos incentivos fiscais referidos neste 12.594, de 2012) (Vide)
artigo. (Incluído pela Lei nº 8.242, de 12.10.1991) II - do imposto devido mensalmente e no ajuste anual, para as
§ 5 o Observado o disposto no § 4 o do art. 3 o da Lei n o 9.249, de pessoas jurídicas que apuram o imposto anualmente. (Incluído pela
26 de dezembro de 1995 , a dedução de que trata o inciso I do caput Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
: (Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) Parágrafo único. A doação deverá ser efetuada dentro do
I - será considerada isoladamente, não se submetendo a limite período a que se refere a apuração do imposto. (Incluído pela Lei nº
em conjunto com outras deduções do imposto; e (Incluído pela Lei 12.594, de 2012) (Vide)
nº 12.594, de 2012) (Vide) Art. 260-C. As doações de que trata o art. 260 desta Lei podem
II - não poderá ser computada como despesa operacional na ser efetuadas em espécie ou em bens. (Incluído pela Lei nº 12.594,
apuração do lucro real. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) de 2012) (Vide)
Art. 260-A. A partir do exercício de 2010, ano-calendário de Parágrafo único. As doações efetuadas em espécie devem ser
2009, a pessoa física poderá optar pela doação de que trata o inciso depositadas em conta específica, em instituição financeira pública,
II do caput do art. 260 diretamente em sua Declaração de Ajuste vinculadas aos respectivos fundos de que trata o art. 260. (Incluído
Anual. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
§ 1 o A doação de que trata o caput poderá ser deduzida até Art. 260-D. Os órgãos responsáveis pela administração das
os seguintes percentuais aplicados sobre o imposto apurado na contas dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente
declaração: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) nacional, estaduais, distrital e municipais devem emitir recibo em
I - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) favor do doador, assinado por pessoa competente e pelo presidente
II - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) do Conselho correspondente, especificando: (Incluído pela Lei nº
III - 3% (três por cento) a partir do exercício de 2012. (Incluído 12.594, de 2012) (Vide)
pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) I - número de ordem; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)
(Vide)

225
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

II - nome, Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) e Art. 260-I. Os Conselhos dos Direitos da Criança e do
endereço do emitente; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) Adolescente nacional, estaduais, distrital e municipais divulgarão
III - nome, CNPJ ou Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) do doador; amplamente à comunidade: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)
(Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) (Vide)
IV - data da doação e valor efetivamente recebido; e (Incluído I - o calendário de suas reuniões; (Incluído pela Lei nº 12.594,
pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) de 2012) (Vide)
V - ano-calendário a que se refere a doação. (Incluído pela Lei II - as ações prioritárias para aplicação das políticas de
nº 12.594, de 2012) (Vide) atendimento à criança e ao adolescente; (Incluído pela Lei nº
§ 1 o O comprovante de que trata o caput deste artigo pode ser 12.594, de 2012) (Vide)
emitido anualmente, desde que discrimine os valores doados mês a III - os requisitos para a apresentação de projetos a serem
mês. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) beneficiados com recursos dos Fundos dos Direitos da Criança e do
§ 2 o No caso de doação em bens, o comprovante deve conter Adolescente nacional, estaduais, distrital ou municipais; (Incluído
a identificação dos bens, mediante descrição em campo próprio pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
ou em relação anexa ao comprovante, informando também se IV - a relação dos projetos aprovados em cada ano-calendário
houve avaliação, o nome, CPF ou CNPJ e endereço dos avaliadores. e o valor dos recursos previstos para implementação das ações, por
(Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) projeto; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
Art. 260-E. Na hipótese da doação em bens, o doador deverá: V - o total dos recursos recebidos e a respectiva destinação, por
(Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) projeto atendido, inclusive com cadastramento na base de dados
I - comprovar a propriedade dos bens, mediante documentação do Sistema de Informações sobre a Infância e a Adolescência; e
hábil; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
II - baixar os bens doados na declaração de bens e direitos, VI - a avaliação dos resultados dos projetos beneficiados com
quando se tratar de pessoa física, e na escrituração, no caso de recursos dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente
pessoa jurídica; e (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) nacional, estaduais, distrital e municipais. (Incluído pela Lei nº
III - considerar como valor dos bens doados: (Incluído pela Lei 12.594, de 2012) (Vide)
nº 12.594, de 2012) (Vide) Art. 260-J. O Ministério Público determinará, em cada Comarca,
a) para as pessoas físicas, o valor constante da última declaração a forma de fiscalização da aplicação dos incentivos fiscais referidos
do imposto de renda, desde que não exceda o valor de mercado; no art. 260 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
(Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) Parágrafo único. O descumprimento do disposto nos arts.
b) para as pessoas jurídicas, o valor contábil dos bens. (Incluído 260-G e 260-I sujeitará os infratores a responder por ação judicial
pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) proposta pelo Ministério Público, que poderá atuar de ofício, a
Parágrafo único. O preço obtido em caso de leilão não será requerimento ou representação de qualquer cidadão. (Incluído
considerado na determinação do valor dos bens doados, exceto se pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
o leilão for determinado por autoridade judiciária. (Incluído pela Lei Art. 260-K. A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da
nº 12.594, de 2012) (Vide) República (SDH/PR) encaminhará à Secretaria da Receita Federal
Art. 260-F. Os documentos a que se referem os arts. 260-D e do Brasil, até 31 de outubro de cada ano, arquivo eletrônico
260-E devem ser mantidos pelo contribuinte por um prazo de 5 contendo a relação atualizada dos Fundos dos Direitos da Criança
(cinco) anos para fins de comprovação da dedução perante a Receita e do Adolescente nacional, distrital, estaduais e municipais, com
Federal do Brasil. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) a indicação dos respectivos números de inscrição no CNPJ e das
Art. 260-G. Os órgãos responsáveis pela administração das contas bancárias específicas mantidas em instituições financeiras
contas dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente públicas, destinadas exclusivamente a gerir os recursos dos Fundos.
nacional, estaduais, distrital e municipais devem: (Incluído pela Lei (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
nº 12.594, de 2012) (Vide) Art. 260-L. A Secretaria da Receita Federal do Brasil expedirá as
I - manter conta bancária específica destinada exclusivamente instruções necessárias à aplicação do disposto nos arts. 260 a 260-
a gerir os recursos do Fundo; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) K. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
(Vide) Art. 261. A falta dos conselhos municipais dos direitos da
II - manter controle das doações recebidas; e (Incluído pela Lei criança e do adolescente, os registros, inscrições e alterações a
nº 12.594, de 2012) (Vide) que se referem os arts. 90, parágrafo único, e 91 desta Lei serão
III - informar anualmente à Secretaria da Receita Federal do efetuados perante a autoridade judiciária da comarca a que
Brasil as doações recebidas mês a mês, identificando os seguintes pertencer a entidade.
dados por doador: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) Parágrafo único. A União fica autorizada a repassar aos estados
a) nome, CNPJ ou CPF; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) e municípios, e os estados aos municípios, os recursos referentes
(Vide) aos programas e atividades previstos nesta Lei, tão logo estejam
b) valor doado, especificando se a doação foi em espécie ou em criados os conselhos dos direitos da criança e do adolescente nos
bens. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) seus respectivos níveis.
Art. 260-H. Em caso de descumprimento das obrigações Art. 262. Enquanto não instalados os Conselhos Tutelares,
previstas no art. 260-G, a Secretaria da Receita Federal do Brasil as atribuições a eles conferidas serão exercidas pela autoridade
dará conhecimento do fato ao Ministério Público. (Incluído pela Lei judiciária.
nº 12.594, de 2012) (Vide) Art. 263. O Decreto-Lei n.º 2.848, de 7 de dezembro de 1940
(Código Penal), passa a vigorar com as seguintes alterações:
1) Art. 121 ...............................................................

226
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§ 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de um terço, A Lei 10.741/2003 estimula a criação de varas especializadas
se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, e exclusivas do idoso. Quanto a esse último direito, o Estatuto do
arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à Idoso ao instituir tal dispositivo possibilitou mais uma garantia aos
vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge idosos. Foram criadas delegacias e setores do Ministério Público
para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena especializados na defesa dos direitos dos idosos. Ilustre-se ainda a
é aumentada de um terço, se o crime é praticado contra pessoa obrigatoriedade da prioridade de tramitação processual em todas
menor de catorze anos. as varas, visando a celeridade ao idoso.
2) Art. 129 ...............................................................
§ 7º Aumenta-se a pena de um terço, se ocorrer qualquer das LEI No 10.741, DE 1º DE OUTUBRO DE 2003.
hipóteses do art. 121, § 4º.
§ 8º Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121. Dispõe sobre o Estatuto da Pessoa Idosa e dá outras providên-
3) Art. 136............................................................... cias. (Redação dada pela Lei nº 13.423, de 2022)
§ 3º Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
contra pessoa menor de catorze anos. cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
4) Art. 213 ...............................................................
Parágrafo único. Se a ofendida é menor de catorze anos: TÍTULO I
Pena - reclusão de quatro a dez anos. DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
5) Art. 214...............................................................
Parágrafo único. Se o ofendido é menor de catorze anos: Art. 1º É instituído o Estatuto da Pessoa Idosa, destinado a
Pena - reclusão de três a nove anos.» regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou su-
Art. 264. O art. 102 da Lei n.º 6.015, de 31 de dezembro de perior a 60 (sessenta) anos. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de
1973 , fica acrescido do seguinte item: 2022)
“Art. 102 ............................................................... Art. 2º A pessoa idosa goza de todos os direitos fundamentais
6º) a perda e a suspensão do pátrio poder. “ inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de
Art. 265. A Imprensa Nacional e demais gráficas da União, da que trata esta Lei, assegurando-se-lhe, por lei ou por outros meios,
administração direta ou indireta, inclusive fundações instituídas e todas as oportunidades e facilidades, para preservação de sua saú-
mantidas pelo poder público federal promoverão edição popular de física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiri-
do texto integral deste Estatuto, que será posto à disposição das tual e social, em condições de liberdade e dignidade. (Redação dada
escolas e das entidades de atendimento e de defesa dos direitos da pela Lei nº 14.423, de 2022)
criança e do adolescente. Art. 3º É obrigação da família, da comunidade, da sociedade
Art. 265-A. O poder público fará periodicamente ampla e do poder público assegurar à pessoa idosa, com absoluta priori-
divulgação dos direitos da criança e do adolescente nos meios de dade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à edu-
comunicação social. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) cação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à
Parágrafo único. A divulgação a que se refere o caput será liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comu-
veiculada em linguagem clara, compreensível e adequada a crianças nitária. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
e adolescentes, especialmente às crianças com idade inferior a 6 § 1º A garantia de prioridade compreende: (Redação dada pela
(seis) anos. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) Lei nº 13.466, de 2017)
Art. 266. Esta Lei entra em vigor noventa dias após sua I – atendimento preferencial imediato e individualizado junto
publicação. aos órgãos públicos e privados prestadores de serviços à população;
Parágrafo único. Durante o período de vacância deverão II – preferência na formulação e na execução de políticas so-
ser promovidas atividades e campanhas de divulgação e ciais públicas específicas;
esclarecimentos acerca do disposto nesta Lei. III – destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas re-
Art. 267. Revogam-se as Leis n.º 4.513, de 1964 , e 6.697, de 10 lacionadas com a proteção à pessoa idosa; (Redação dada pela Lei
de outubro de 1979 (Código de Menores), e as demais disposições nº 14.423, de 2022)
em contrário. IV – viabilização de formas alternativas de participação, ocupa-
ção e convívio da pessoa idosa com as demais gerações; (Redação
Brasília, 13 de julho de 1990; 169º da Independência e 102º da dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
República. V – priorização do atendimento da pessoa idosa por sua pró-
pria família, em detrimento do atendimento asilar, exceto dos que
não a possuam ou careçam de condições de manutenção da própria
ESTATUTO DO IDOSO (LEI FEDERAL N.º 10.741/2003).
sobrevivência; (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
VI – capacitação e reciclagem dos recursos humanos nas áreas
A referida lei trouxe ao ordenamento jurídico pátrio a garantia de geriatria e gerontologia e na prestação de serviços às pessoas
dos direitos das pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) idosas; (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
anos. Entre os direitos, estão a atenção integral à saúde por meio do VII – estabelecimento de mecanismos que favoreçam a divul-
Sistema único de Saúde - SUS; recursos públicos destinados à pro- gação de informações de caráter educativo sobre os aspectos biop-
teção ao idoso; atendimento familiar em detrimento do asilar; além sicossociais de envelhecimento;
de outros direitos que estão elencados na referida Lei. VIII – garantia de acesso à rede de serviços de saúde e de as-
sistência social locais.

227
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

IX – prioridade no recebimento da restituição do Imposto de § 3º É dever de todos zelar pela dignidade da pessoa idosa,
Renda. (Incluído pela Lei nº 11.765, de 2008). colocando-a a salvo de qualquer tratamento desumano, violento,
§ 2º Entre as pessoas idosas, é assegurada prioridade especial aterrorizante, vexatório ou constrangedor. (Redação dada pela Lei
aos maiores de 80 (oitenta) anos, atendendo-se suas necessidades nº 14.423, de 2022)
sempre preferencialmente em relação às demais pessoas idosas.
(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) CAPÍTULO III
Art. 4º Nenhuma pessoa idosa será objeto de qualquer tipo Dos Alimentos
de negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão, e
todo atentado aos seus direitos, por ação ou omissão, será punido Art. 11. Os alimentos serão prestados à pessoa idosa na forma
na forma da lei. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) da lei civil. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
§ 1º É dever de todos prevenir a ameaça ou violação aos di- Art. 12. A obrigação alimentar é solidária, podendo a pessoa
reitos da pessoa idosa. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) idosa optar entre os prestadores. (Redação dada pela Lei nº 14.423,
§ 2o As obrigações previstas nesta Lei não excluem da preven- de 2022)
ção outras decorrentes dos princípios por ela adotados. Art. 13. As transações relativas a alimentos poderão ser cele-
Art. 5o A inobservância das normas de prevenção importará bradas perante o Promotor de Justiça ou Defensor Público, que as
em responsabilidade à pessoa física ou jurídica nos termos da lei. referendará, e passarão a ter efeito de título executivo extrajudicial
Art. 6o Todo cidadão tem o dever de comunicar à autoridade nos termos da lei processual civil. (Redação dada pela Lei nº 11.737,
competente qualquer forma de violação a esta Lei que tenha teste- de 2008)
munhado ou de que tenha conhecimento. Art. 14. Se a pessoa idosa ou seus familiares não possuírem
Art. 7º Os Conselhos Nacional, Estaduais, do Distrito Federal e condições econômicas de prover o seu sustento, impõe-se ao poder
Municipais da Pessoa Idosa, previstos na Lei nº 8.842, de 4 de janei- público esse provimento, no âmbito da assistência social. (Redação
ro de 1994, zelarão pelo cumprimento dos direitos da pessoa idosa, dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
definidos nesta Lei. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
CAPÍTULO IV
TÍTULO II Do Direito à Saúde
Dos Direitos Fundamentais
Art. 15. É assegurada a atenção integral à saúde da pessoa ido-
CAPÍTULO I sa, por intermédio do Sistema Único de Saúde (SUS), garantindo-lhe
Do Direito à Vida o acesso universal e igualitário, em conjunto articulado e contínuo
das ações e serviços, para a prevenção, promoção, proteção e re-
Art. 8o O envelhecimento é um direito personalíssimo e a sua cuperação da saúde, incluindo a atenção especial às doenças que
proteção um direito social, nos termos desta Lei e da legislação vi- afetam preferencialmente as pessoas idosas. (Redação dada pela
gente. Lei nº 14.423, de 2022)
Art. 9o É obrigação do Estado, garantir à pessoa idosa a prote- § 1º A prevenção e a manutenção da saúde da pessoa idosa
ção à vida e à saúde, mediante efetivação de políticas sociais públi- serão efetivadas por meio de: (Redação dada pela Lei nº 14.423,
cas que permitam um envelhecimento saudável e em condições de de 2022)
dignidade. I – cadastramento da população idosa em base territorial;
II – atendimento geriátrico e gerontológico em ambulatórios;
CAPÍTULO II III – unidades geriátricas de referência, com pessoal especiali-
DO DIREITO À LIBERDADE, AO RESPEITO E À DIGNIDADE zado nas áreas de geriatria e gerontologia social;
IV – atendimento domiciliar, incluindo a internação, para a
Art. 10. É obrigação do Estado e da sociedade assegurar à pes- população que dele necessitar e esteja impossibilitada de se loco-
soa idosa a liberdade, o respeito e a dignidade, como pessoa huma- mover, inclusive para as pessoas idosas abrigadas e acolhidas por
na e sujeito de direitos civis, políticos, individuais e sociais, garan- instituições públicas, filantrópicas ou sem fins lucrativos e eventual-
tidos na Constituição e nas leis. (Redação dada pela Lei nº 14.423, mente conveniadas com o poder público, nos meios urbano e rural;
de 2022) (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
§ 1o O direito à liberdade compreende, entre outros, os seguin- V – reabilitação orientada pela geriatria e gerontologia, para
tes aspectos: redução das seqüelas decorrentes do agravo da saúde.
I – faculdade de ir, vir e estar nos logradouros públicos e espa- § 2º Incumbe ao poder público fornecer às pessoas idosas,
ços comunitários, ressalvadas as restrições legais; gratuitamente, medicamentos, especialmente os de uso continua-
II – opinião e expressão; do, assim como próteses, órteses e outros recursos relativos ao
III – crença e culto religioso; tratamento, habilitação ou reabilitação. (Redação dada pela Lei nº
IV – prática de esportes e de diversões; 14.423, de 2022)
V – participação na vida familiar e comunitária; § 3º É vedada a discriminação da pessoa idosa nos planos de
VI – participação na vida política, na forma da lei; saúde pela cobrança de valores diferenciados em razão da idade.
VII – faculdade de buscar refúgio, auxílio e orientação. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
§ 2o O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da inte- § 4º As pessoas idosas com deficiência ou com limitação inca-
gridade física, psíquica e moral, abrangendo a preservação da ima- pacitante terão atendimento especializado, nos termos da lei. (Re-
gem, da identidade, da autonomia, de valores, idéias e crenças, dos dação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
espaços e dos objetos pessoais.

228
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§ 5º É vedado exigir o comparecimento da pessoa idosa en- III – Conselho Municipal da Pessoa Idosa; (Redação dada pela
ferma perante os órgãos públicos, hipótese na qual será admitido o Lei nº 14.423, de 2022)
seguinte procedimento: (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) IV – Conselho Estadual da Pessoa Idosa; (Redação dada pela Lei
I - quando de interesse do poder público, o agente promoverá nº 14.423, de 2022)
o contato necessário com a pessoa idosa em sua residência; ou (Re- V – Conselho Nacional da Pessoa Idosa. (Redação dada pela Lei
dação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) nº 14.423, de 2022)
II - quando de interesse da própria pessoa idosa, esta se fará § 1º Para os efeitos desta Lei, considera-se violência contra a
representar por procurador legalmente constituído. (Redação dada pessoa idosa qualquer ação ou omissão praticada em local público
pela Lei nº 14.423, de 2022) ou privado que lhe cause morte, dano ou sofrimento físico ou psi-
§ 6º É assegurado à pessoa idosa enferma o atendimento do- cológico. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
miciliar pela perícia médica do Instituto Nacional do Seguro Social § 2o Aplica-se, no que couber, à notificação compulsória pre-
(INSS), pelo serviço público de saúde ou pelo serviço privado de vista no caput deste artigo, o disposto na Lei no 6.259, de 30 de
saúde, contratado ou conveniado, que integre o SUS, para expe- outubro de 1975. (Incluído pela Lei nº 12.461, de 2011)
dição do laudo de saúde necessário ao exercício de seus direitos
sociais e de isenção tributária. (Redação dada pela Lei nº 14.423, CAPÍTULO V
de 2022) Da Educação, Cultura, Esporte e Lazer
§ 7º Em todo atendimento de saúde, os maiores de 80 (oiten-
ta) anos terão preferência especial sobre as demais pessoas idosas, Art. 20. A pessoa idosa tem direito a educação, cultura, espor-
exceto em caso de emergência. (Redação dada pela Lei nº 14.423, te, lazer, diversões, espetáculos, produtos e serviços que respeitem
de 2022) sua peculiar condição de idade. (Redação dada pela Lei nº 14.423,
Art. 16. À pessoa idosa internada ou em observação é assegu- de 2022)
rado o direito a acompanhante, devendo o órgão de saúde propor- Art. 21. O poder público criará oportunidades de acesso da
cionar as condições adequadas para a sua permanência em tem- pessoa idosa à educação, adequando currículos, metodologias e
po integral, segundo o critério médico. (Redação dada pela Lei nº material didático aos programas educacionais a ela destinados. (Re-
14.423, de 2022) dação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
Parágrafo único. Caberá ao profissional de saúde responsável § 1º Os cursos especiais para pessoas idosas incluirão conteúdo
pelo tratamento conceder autorização para o acompanhamento da relativo às técnicas de comunicação, computação e demais avanços
pessoa idosa ou, no caso de impossibilidade, justificá-la por escrito. tecnológicos, para sua integração à vida moderna. (Redação dada
(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) pela Lei nº 14.423, de 2022)
Art. 17. À pessoa idosa que esteja no domínio de suas facul- § 2º As pessoas idosas participarão das comemorações de ca-
dades mentais é assegurado o direito de optar pelo tratamento de ráter cívico ou cultural, para transmissão de conhecimentos e vivên-
saúde que lhe for reputado mais favorável. (Redação dada pela Lei cias às demais gerações, no sentido da preservação da memória e
nº 14.423, de 2022) da identidade culturais. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
Parágrafo único. Não estando a pessoa idosa em condições de Art. 22. Nos currículos mínimos dos diversos níveis de ensino
proceder à opção, esta será feita: (Redação dada pela Lei nº 14.423, formal serão inseridos conteúdos voltados ao processo de envelhe-
de 2022) cimento, ao respeito e à valorização da pessoa idosa, de forma a
I – pelo curador, quando a pessoa idosa for interditada; (Reda- eliminar o preconceito e a produzir conhecimentos sobre a matéria.
ção dada pela Lei nº 14.423, de 2022) (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
II – pelos familiares, quando a pessoa idosa não tiver curador Art. 23. A participação das pessoas idosas em atividades cultu-
ou este não puder ser contactado em tempo hábil; (Redação dada rais e de lazer será proporcionada mediante descontos de pelo me-
pela Lei nº 14.423, de 2022) nos 50% (cinquenta por cento) nos ingressos para eventos artísti-
III – pelo médico, quando ocorrer iminente risco de vida e não cos, culturais, esportivos e de lazer, bem como o acesso preferencial
houver tempo hábil para consulta a curador ou familiar; aos respectivos locais. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
IV – pelo próprio médico, quando não houver curador ou fami- Art. 24. Os meios de comunicação manterão espaços ou horá-
liar conhecido, caso em que deverá comunicar o fato ao Ministério rios especiais voltados às pessoas idosas, com finalidade informati-
Público. va, educativa, artística e cultural, e ao público sobre o processo de
Art. 18. As instituições de saúde devem atender aos critérios envelhecimento. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
mínimos para o atendimento às necessidades da pessoa idosa, pro- Art. 25. As instituições de educação superior ofertarão às pes-
movendo o treinamento e a capacitação dos profissionais, assim soas idosas, na perspectiva da educação ao longo da vida, cursos e
como orientação a cuidadores familiares e grupos de autoajuda. programas de extensão, presenciais ou a distância, constituídos por
(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) atividades formais e não formais. (Redação dada pela lei nº 13.535,
Art. 19. Os casos de suspeita ou confirmação de violência prati- de 2017)
cada contra pessoas idosas serão objeto de notificação compulsória Parágrafo único. O poder público apoiará a criação de univer-
pelos serviços de saúde públicos e privados à autoridade sanitária, sidade aberta para as pessoas idosas e incentivará a publicação de
bem como serão obrigatoriamente comunicados por eles a quais- livros e periódicos, de conteúdo e padrão editorial adequados à
quer dos seguintes órgãos: (Redação dada pela Lei nº 14.423, de pessoa idosa, que facilitem a leitura, considerada a natural redução
2022) da capacidade visual. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
I – autoridade policial;
II – Ministério Público;

229
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

CAPÍTULO VI CAPÍTULO VIII


Da Profissionalização e do Trabalho DA ASSISTÊNCIA SOCIAL

Art. 26. A pessoa idosa tem direito ao exercício de atividade Art. 33. A assistência social às pessoas idosas será prestada,
profissional, respeitadas suas condições físicas, intelectuais e psí- de forma articulada, conforme os princípios e diretrizes previstos
quicas. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) na Lei Orgânica da Assistência Social (Loas), na Política Nacional da
Art. 27. Na admissão da pessoa idosa em qualquer trabalho ou Pessoa Idosa, no SUS e nas demais normas pertinentes (Redação
emprego, são vedadas a discriminação e a fixação de limite máximo dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
de idade, inclusive para concursos, ressalvados os casos em que a Art. 34. Às pessoas idosas, a partir de 65 (sessenta e cinco)
natureza do cargo o exigir. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de anos, que não possuam meios para prover sua subsistência, nem de
2022) tê-la provida por sua família, é assegurado o benefício mensal de 1
Parágrafo único. O primeiro critério de desempate em con- (um) salário mínimo, nos termos da Loas. (Vide Decreto nº 6.214,
curso público será a idade, dando-se preferência ao de idade mais de 2007) (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
elevada. Parágrafo único. O benefício já concedido a qualquer membro
Art. 28. O Poder Público criará e estimulará programas de: da família nos termos do caput não será computado para os fins do
I – profissionalização especializada para as pessoas idosas, cálculo da renda familiar per capita a que se refere a Loas.
aproveitando seus potenciais e habilidades para atividades regula- Art. 35. Todas as entidades de longa permanência, ou casa-lar,
res e remuneradas; (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) são obrigadas a firmar contrato de prestação de serviços com a pes-
II – preparação dos trabalhadores para a aposentadoria, com soa idosa abrigada.
antecedência mínima de 1 (um) ano, por meio de estímulo a novos § 1º No caso de entidade filantrópica, ou casa-lar, é facultada
projetos sociais, conforme seus interesses, e de esclarecimento so- a cobrança de participação da pessoa idosa no custeio da entidade.
bre os direitos sociais e de cidadania; (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
III – estímulo às empresas privadas para admissão de pessoas § 2º O Conselho Municipal da Pessoa Idosa ou o Conselho Mu-
idosas ao trabalho. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) nicipal da Assistência Social estabelecerá a forma de participação
prevista no § 1º deste artigo, que não poderá exceder a 70% (seten-
CAPÍTULO VII ta por cento) de qualquer benefício previdenciário ou de assistên-
DA PREVIDÊNCIA SOCIAL cia social percebido pela pessoa idosa. (Redação dada pela Lei nº
14.423, de 2022)
Art. 29. Os benefícios de aposentadoria e pensão do Regime § 3o Se a pessoa idosa for incapaz, caberá a seu representante
Geral da Previdência Social observarão, na sua concessão, critérios legal firmar o contrato a que se refere o caput deste artigo.
de cálculo que preservem o valor real dos salários sobre os quais Art. 36. O acolhimento de pessoas idosas em situação de ris-
incidiram contribuição, nos termos da legislação vigente. co social, por adulto ou núcleo familiar, caracteriza a dependência
Parágrafo único. Os valores dos benefícios em manutenção econômica, para os efeitos legais. (Vigência) (Redação dada pela Lei
serão reajustados na mesma data de reajuste do salário-mínimo, nº 14.423, de 2022)
pro rata, de acordo com suas respectivas datas de início ou do seu
último reajustamento, com base em percentual definido em regu- CAPÍTULO IX
lamento, observados os critérios estabelecidos pela Lei no 8.213, de DA HABITAÇÃO
24 de julho de 1991.
Art. 30. A perda da condição de segurado não será considerada Art. 37. A pessoa idosa tem direito a moradia digna, no seio
para a concessão da aposentadoria por idade, desde que a pessoa da família natural ou substituta, ou desacompanhada de seus fami-
conte com, no mínimo, o tempo de contribuição correspondente liares, quando assim o desejar, ou, ainda, em instituição pública ou
ao exigido para efeito de carência na data de requerimento do be- privada. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
nefício. § 1o A assistência integral na modalidade de entidade de longa
Parágrafo único. O cálculo do valor do benefício previsto no permanência será prestada quando verificada inexistência de gru-
caput observará o disposto no caput e § 2o do art. 3o da Lei no 9.876, po familiar, casa-lar, abandono ou carência de recursos financeiros
de 26 de novembro de 1999, ou, não havendo salários-de-contri- próprios ou da família.
buição recolhidos a partir da competência de julho de 1994, o dis- § 2º Toda instituição dedicada ao atendimento à pessoa idosa
posto no art. 35 da Lei no 8.213, de 1991. fica obrigada a manter identificação externa visível, sob pena de
Art. 31. O pagamento de parcelas relativas a benefícios, efe- interdição, além de atender toda a legislação pertinente. (Redação
tuado com atraso por responsabilidade da Previdência Social, será dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
atualizado pelo mesmo índice utilizado para os reajustamentos dos § 3º As instituições que abrigarem pessoas idosas são obriga-
benefícios do Regime Geral de Previdência Social, verificado no pe- das a manter padrões de habitação compatíveis com as necessida-
ríodo compreendido entre o mês que deveria ter sido pago e o mês des delas, bem como provê-las com alimentação regular e higiene
do efetivo pagamento. indispensáveis às normas sanitárias e com estas condizentes, sob as
Art. 32. O Dia Mundial do Trabalho, 1o de Maio, é a data-base penas da lei. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
dos aposentados e pensionistas. Art. 38. Nos programas habitacionais, públicos ou subsidiados
com recursos públicos, a pessoa idosa goza de prioridade na aquisi-
ção de imóvel para moradia própria, observado o seguinte: (Reda-
ção dada pela Lei nº 14.423, de 2022)

230
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

I - reserva de pelo menos 3% (três por cento) das unidades TÍTULO III
habitacionais residenciais para atendimento às pessoas idosas; (Re- DAS MEDIDAS DE PROTEÇÃO
dação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
II – implantação de equipamentos urbanos comunitários vol- CAPÍTULO I
tados à pessoa idosa; (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
III – eliminação de barreiras arquitetônicas e urbanísticas, para
garantia de acessibilidade à pessoa idosa; (Redação dada pela Lei Art. 43. As medidas de proteção à pessoa idosa são aplicáveis
nº 14.423, de 2022) sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou
IV – critérios de financiamento compatíveis com os rendimen- violados: (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
tos de aposentadoria e pensão. I – por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
Parágrafo único. As unidades residenciais reservadas para II – por falta, omissão ou abuso da família, curador ou entidade
atendimento a pessoas idosas devem situar-se, preferencialmente, de atendimento;
no pavimento térreo. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) III – em razão de sua condição pessoal.

CAPÍTULO X CAPÍTULO II
Do Transporte DAS MEDIDAS ESPECÍFICAS DE PROTEÇÃO

Art. 39. Aos maiores de 65 (sessenta e cinco) anos fica asse- Art. 44. As medidas de proteção à pessoa idosa previstas nes-
gurada a gratuidade dos transportes coletivos públicos urbanos e ta Lei poderão ser aplicadas, isolada ou cumulativamente, e leva-
semi-urbanos, exceto nos serviços seletivos e especiais, quando rão em conta os fins sociais a que se destinam e o fortalecimento
prestados paralelamente aos serviços regulares. dos vínculos familiares e comunitários. (Redação dada pela Lei nº
§ 1º Para ter acesso à gratuidade, basta que a pessoa idosa 14.423, de 2022)
apresente qualquer documento pessoal que faça prova de sua ida- Art. 45. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 43,
de. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) o Ministério Público ou o Poder Judiciário, a requerimento daquele,
§ 2º Nos veículos de transporte coletivo de que trata este arti- poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas:
go, serão reservados 10% (dez por cento) dos assentos para as pes- I – encaminhamento à família ou curador, mediante termo de
soas idosas, devidamente identificados com a placa de reservado responsabilidade;
preferencialmente para pessoas idosas. (Redação dada pela Lei nº II – orientação, apoio e acompanhamento temporários;
14.423, de 2022) III – requisição para tratamento de sua saúde, em regime am-
§ 3o No caso das pessoas compreendidas na faixa etária entre bulatorial, hospitalar ou domiciliar;
60 (sessenta) e 65 (sessenta e cinco) anos, ficará a critério da legisla- IV – inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio,
ção local dispor sobre as condições para exercício da gratuidade nos orientação e tratamento a usuários dependentes de drogas lícitas
meios de transporte previstos no caput deste artigo. ou ilícitas, à própria pessoa idosa ou à pessoa de sua convivência
Art. 40. No sistema de transporte coletivo interestadual obser- que lhe cause perturbação; (Redação dada pela Lei nº 14.423, de
var-se-á, nos termos da legislação específica: (Regulamento) (Vide 2022)
Decreto nº 5.934, de 2006) V – abrigo em entidade;
I – a reserva de 2 (duas) vagas gratuitas por veículo para pes- V – abrigo em entidade;
soas idosas com renda igual ou inferior a 2 (dois) salários mínimos; VI – abrigo temporário.
(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
II – desconto de 50% (cinquenta por cento), no mínimo, no va- TÍTULO IV
lor das passagens, para as pessoas idosas que excederem as vagas DA POLÍTICA DE ATENDIMENTO AO IDOSO
gratuitas, com renda igual ou inferior a 2 (dois) salários mínimos.
(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) CAPÍTULO I
Parágrafo único. Caberá aos órgãos competentes definir os DISPOSIÇÕES GERAIS
mecanismos e os critérios para o exercício dos direitos previstos
nos incisos I e II. Art. 46. A política de atendimento à pessoa idosa far-se-á por
Art. 41. É assegurada a reserva para as pessoas idosas, nos meio do conjunto articulado de ações governamentais e não gover-
termos da lei local, de 5% (cinco por cento) das vagas nos estacio- namentais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí-
namentos públicos e privados, as quais deverão ser posicionadas pios. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
de forma a garantir a melhor comodidade à pessoa idosa. (Redação Art. 47. São linhas de ação da política de atendimento:
dada pela Lei nº 14.423, de 2022) I – políticas sociais básicas, previstas na Lei no 8.842, de 4 de
Art. 42. São asseguradas a prioridade e a segurança da pessoa janeiro de 1994;
idosa nos procedimentos de embarque e desembarque nos veícu- II – políticas e programas de assistência social, em caráter su-
los do sistema de transporte coletivo. (Redação dada pela Lei nº pletivo, para aqueles que necessitarem;
14.423, de 2022) III – serviços especiais de prevenção e atendimento às vítimas
de negligência, maus-tratos, exploração, abuso, crueldade e opres-
são;

231
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

IV – serviço de identificação e localização de parentes ou res- IV – oferecer instalações físicas em condições adequadas de
ponsáveis por pessoas idosas abandonados em hospitais e institui- habitabilidade;
ções de longa permanência; (Redação dada pela Lei nº 14.423, de V – oferecer atendimento personalizado;
2022) VI – diligenciar no sentido da preservação dos vínculos fami-
V – proteção jurídico-social por entidades de defesa dos direi- liares;
tos das pessoas idosas; (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) VII – oferecer acomodações apropriadas para recebimento de
VI – mobilização da opinião pública no sentido da participação visitas;
dos diversos segmentos da sociedade no atendimento da pessoa VIII – proporcionar cuidados à saúde, conforme a necessidade
idosa. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) da pessoa idosa; (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
IX – promover atividades educacionais, esportivas, culturais e
CAPÍTULO II de lazer;
DAS ENTIDADES DE ATENDIMENTO AO IDOSO X – propiciar assistência religiosa àqueles que desejarem, de
acordo com suas crenças;
Art. 48. As entidades de atendimento são responsáveis pela XI – proceder a estudo social e pessoal de cada caso;
manutenção das próprias unidades, observadas as normas de pla- XII – comunicar à autoridade competente de saúde toda ocor-
nejamento e execução emanadas do órgão competente da Política rência de pessoa idosa com doenças infectocontagiosas; (Redação
Nacional da Pessoa Idosa, conforme a Lei nº 8.842, de 4 de janeiro dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
de 1994. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) XIII – providenciar ou solicitar que o Ministério Público requi-
Parágrafo único. As entidades governamentais e não governa- site os documentos necessários ao exercício da cidadania àqueles
mentais de assistência à pessoa idosa ficam sujeitas à inscrição de que não os tiverem, na forma da lei;
seus programas perante o órgão competente da Vigilância Sanitária XIV – fornecer comprovante de depósito dos bens móveis que
e o Conselho Municipal da Pessoa Idosa e, em sua falta, perante o receberem das pessoas idosas; (Redação dada pela Lei nº 14.423,
Conselho Estadual ou Nacional da Pessoa Idosa, especificando os de 2022)
regimes de atendimento, observados os seguintes requisitos: (Re- XV – manter arquivo de anotações no qual constem data e cir-
dação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) cunstâncias do atendimento, nome da pessoa idosa, responsável,
I – oferecer instalações físicas em condições adequadas de ha- parentes, endereços, cidade, relação de seus pertences, bem como
bitabilidade, higiene, salubridade e segurança; o valor de contribuições, e suas alterações, se houver, e demais da-
II – apresentar objetivos estatutários e plano de trabalho com- dos que possibilitem sua identificação e a individualização do aten-
patíveis com os princípios desta Lei; dimento; (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
III – estar regularmente constituída; XVI – comunicar ao Ministério Público, para as providências
IV – demonstrar a idoneidade de seus dirigentes. cabíveis, a situação de abandono moral ou material por parte dos
Art. 49. As entidades que desenvolvam programas de institu- familiares;
cionalização de longa permanência adotarão os seguintes princí- XVII – manter no quadro de pessoal profissionais com forma-
pios: ção específica.
I – preservação dos vínculos familiares; Art. 51. As instituições filantrópicas ou sem fins lucrativos pres-
II – atendimento personalizado e em pequenos grupos; tadoras de serviço às pessoas idosas terão direito à assistência judi-
III – manutenção da pessoa idosa na mesma instituição, salvo ciária gratuita. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
em caso de força maior; (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
IV – participação da pessoa idosa nas atividades comunitárias, CAPÍTULO III
de caráter interno e externo; (Redação dada pela Lei nº 14.423, de DA FISCALIZAÇÃO DAS ENTIDADES DE ATENDIMENTO
2022)
V – observância dos direitos e garantias das pessoas idosas; Art. 52. As entidades governamentais e não governamentais
(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) de atendimento à pessoa idosa serão fiscalizadas pelos Conselhos
VI – preservação da identidade da pessoa idosa e oferecimento da Pessoa Idosa, Ministério Público, Vigilância Sanitária e outros
de ambiente de respeito e dignidade. (Redação dada pela Lei nº previstos em lei. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
14.423, de 2022) Art. 53. O art. 7o da Lei no 8.842, de 1994, passa a vigorar com
Parágrafo único. O dirigente de instituição prestadora de aten- a seguinte redação:
dimento à pessoa idosa responderá civil e criminalmente pelos atos “Art. 7o Compete aos Conselhos de que trata o art. 6o desta Lei
que praticar em detrimento da pessoa idosa, sem prejuízo das san- a supervisão, o acompanhamento, a fiscalização e a avaliação da
ções administrativas. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) política nacional do idoso, no âmbito das respectivas instâncias po-
Art. 50. Constituem obrigações das entidades de atendimento: lítico-administrativas.» (NR)
I – celebrar contrato escrito de prestação de serviço com a Art. 54. Será dada publicidade das prestações de contas dos
pessoa idosa, especificando o tipo de atendimento, as obrigações recursos públicos e privados recebidos pelas entidades de atendi-
da entidade e prestações decorrentes do contrato, com os respec- mento.
tivos preços, se for o caso; (Redação dada pela Lei nº 14.423, de Art. 55. As entidades de atendimento que descumprirem as
2022) determinações desta Lei ficarão sujeitas, sem prejuízo da responsa-
II – observar os direitos e as garantias de que são titulares as bilidade civil e criminal de seus dirigentes ou prepostos, às seguin-
pessoas idosas; (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) tes penalidades, observado o devido processo legal:
III – fornecer vestuário adequado, se for pública, e alimentação I – as entidades governamentais:
suficiente; a) advertência;

232
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

b) afastamento provisório de seus dirigentes; CAPÍTULO V


c) afastamento definitivo de seus dirigentes; DA APURAÇÃO ADMINISTRATIVA DE INFRAÇÃO ÀS
d) fechamento de unidade ou interdição de programa; NORMAS DE PROTEÇÃO À PESSOA IDOSA
II – as entidades não-governamentais: (REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 14.423, DE 2022)
a) advertência;
b) multa; Art. 59. Os valores monetários expressos no Capítulo IV serão
c) suspensão parcial ou total do repasse de verbas públicas; atualizados anualmente, na forma da lei.
d) interdição de unidade ou suspensão de programa; Art. 60. O procedimento para a imposição de penalidade ad-
e) proibição de atendimento a pessoas idosas a bem do inte- ministrativa por infração às normas de proteção à pessoa idosa terá
resse público. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) início com requisição do Ministério Público ou auto de infração ela-
§ 1º Havendo danos às pessoas idosas abrigadas ou qualquer borado por servidor efetivo e assinado, se possível, por 2 (duas) tes-
tipo de fraude em relação ao programa, caberá o afastamento pro- temunhas. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
visório dos dirigentes ou a interdição da unidade e a suspensão do § 1o No procedimento iniciado com o auto de infração poderão
programa. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) ser usadas fórmulas impressas, especificando-se a natureza e as cir-
§ 2o A suspensão parcial ou total do repasse de verbas públicas cunstâncias da infração.
ocorrerá quando verificada a má aplicação ou desvio de finalidade § 2o Sempre que possível, à verificação da infração seguir-se-á
dos recursos. a lavratura do auto, ou este será lavrado dentro de 24 (vinte e qua-
§ 3º Na ocorrência de infração por entidade de atendimento tro) horas, por motivo justificado.
que coloque em risco os direitos assegurados nesta Lei, será o fato Art. 61. O autuado terá prazo de 10 (dez) dias para a apresen-
comunicado ao Ministério Público, para as providências cabíveis, in- tação da defesa, contado da data da intimação, que será feita:
clusive para promover a suspensão das atividades ou dissolução da I – pelo autuante, no instrumento de autuação, quando for
entidade, com a proibição de atendimento a pessoas idosas a bem lavrado na presença do infrator;
do interesse público, sem prejuízo das providências a serem toma- II – por via postal, com aviso de recebimento.
das pela Vigilância Sanitária. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de Art. 62. Havendo risco para a vida ou à saúde da pessoa ido-
2022) sa, a autoridade competente aplicará à entidade de atendimento
§ 4º Na aplicação das penalidades, serão consideradas a na- as sanções regulamentares, sem prejuízo da iniciativa e das provi-
tureza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela pro- dências que vierem a ser adotadas pelo Ministério Público ou pelas
vierem para a pessoa idosa, as circunstâncias agravantes ou ate- demais instituições legitimadas para a fiscalização. (Redação dada
nuantes e os antecedentes da entidade. (Redação dada pela Lei nº pela Lei nº 14.423, de 2022)
14.423, de 2022) Art. 63. Nos casos em que não houver risco para a vida ou a
saúde da pessoa idosa abrigada, a autoridade competente aplicará
CAPÍTULO IV à entidade de atendimento as sanções regulamentares, sem prejuí-
DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS zo da iniciativa e das providências que vierem a ser adotadas pelo
Ministério Público ou pelas demais instituições legitimadas para a
Art. 56. Deixar a entidade de atendimento de cumprir as deter- fiscalização.
minações do art. 50 desta Lei:
Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 3.000,00 CAPÍTULO VI
(três mil reais), se o fato não for caracterizado como crime, poden- DA APURAÇÃO JUDICIAL DE IRREGULARIDADES EM ENTIDA-
do haver a interdição do estabelecimento até que sejam cumpridas DE DE ATENDIMENTO
as exigências legais.
Parágrafo único. No caso de interdição do estabelecimento de Art. 64. Aplicam-se, subsidiariamente, ao procedimento ad-
longa permanência, as pessoas idosas abrigadas serão transferidas ministrativo de que trata este Capítulo as disposições das Leis nos
para outra instituição, a expensas do estabelecimento interditado, 6.437, de 20 de agosto de 1977, e 9.784, de 29 de janeiro de 1999.
enquanto durar a interdição. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de Art. 65. O procedimento de apuração de irregularidade em
2022) entidade governamental e não governamental de atendimento à
Art. 57. Deixar o profissional de saúde ou o responsável por pessoa idosa terá início mediante petição fundamentada de pessoa
estabelecimento de saúde ou instituição de longa permanência de interessada ou iniciativa do Ministério Público. (Redação dada pela
comunicar à autoridade competente os casos de crimes contra pes- Lei nº 14.423, de 2022)
soa idosa de que tiver conhecimento: (Redação dada pela Lei nº Art. 66. Havendo motivo grave, poderá a autoridade judiciária,
14.423, de 2022) ouvido o Ministério Público, decretar liminarmente o afastamento
Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 3.000,00 provisório do dirigente da entidade ou outras medidas que julgar
(três mil reais), aplicada em dobro no caso de reincidência. adequadas, para evitar lesão aos direitos da pessoa idosa, mediante
Art. 58. Deixar de cumprir as determinações desta Lei sobre a decisão fundamentada. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
prioridade no atendimento à pessoa idosa: (Redação dada pela Lei Art. 67. O dirigente da entidade será citado para, no prazo de
nº 14.423, de 2022) 10 (dez) dias, oferecer resposta escrita, podendo juntar documen-
Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 1.000,00 tos e indicar as provas a produzir.
(mil reais) e multa civil a ser estipulada pelo juiz, conforme o dano Art. 68. Apresentada a defesa, o juiz procederá na conformida-
sofrido pela pessoa idosa. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de de do art. 69 ou, se necessário, designará audiência de instrução e
2022) julgamento, deliberando sobre a necessidade de produção de ou-
tras provas.

233
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§ 1o Salvo manifestação em audiência, as partes e o Ministério I – instaurar o inquérito civil e a ação civil pública para a prote-
Público terão 5 (cinco) dias para oferecer alegações finais, decidin- ção dos direitos e interesses difusos ou coletivos, individuais indis-
do a autoridade judiciária em igual prazo. poníveis e individuais homogêneos da pessoa idosa; (Redação dada
§ 2o Em se tratando de afastamento provisório ou definitivo de pela Lei nº 14.423, de 2022)
dirigente de entidade governamental, a autoridade judiciária ofi- II – promover e acompanhar as ações de alimentos, de inter-
ciará a autoridade administrativa imediatamente superior ao afas- dição total ou parcial, de designação de curador especial, em cir-
tado, fixando-lhe prazo de 24 (vinte e quatro) horas para proceder cunstâncias que justifiquem a medida e oficiar em todos os feitos
à substituição. em que se discutam os direitos das pessoas idosas em condições de
§ 3o Antes de aplicar qualquer das medidas, a autoridade judi- risco; (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
ciária poderá fixar prazo para a remoção das irregularidades verifi- III – atuar como substituto processual da pessoa idosa em si-
cadas. Satisfeitas as exigências, o processo será extinto, sem julga- tuação de risco, conforme o disposto no art. 43 desta Lei; (Redação
mento do mérito. dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
§ 4o A multa e a advertência serão impostas ao dirigente da IV – promover a revogação de instrumento procuratório da
entidade ou ao responsável pelo programa de atendimento. pessoa idosa, nas hipóteses previstas no art. 43 desta Lei, quando
necessário ou o interesse público justificar; (Redação dada pela Lei
TÍTULO V nº 14.423, de 2022)
DO ACESSO À JUSTIÇA V – instaurar procedimento administrativo e, para instruí-lo:
a) expedir notificações, colher depoimentos ou esclarecimen-
CAPÍTULO I tos e, em caso de não comparecimento injustificado da pessoa no-
DISPOSIÇÕES GERAIS tificada, requisitar condução coercitiva, inclusive pela Polícia Civil
ou Militar;
Art. 69. Aplica-se, subsidiariamente, às disposições deste Capí- b) requisitar informações, exames, perícias e documentos de
tulo, o procedimento sumário previsto no Código de Processo Civil, autoridades municipais, estaduais e federais, da administração di-
naquilo que não contrarie os prazos previstos nesta Lei. reta e indireta, bem como promover inspeções e diligências inves-
Art. 70. O poder público poderá criar varas especializadas e tigatórias;
exclusivas da pessoa idosa. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de c) requisitar informações e documentos particulares de insti-
2022) tuições privadas;
Art. 71. É assegurada prioridade na tramitação dos processos VI – instaurar sindicâncias, requisitar diligências investigatórias
e procedimentos e na execução dos atos e diligências judiciais em e a instauração de inquérito policial, para a apuração de ilícitos ou
que figure como parte ou interveniente pessoa com idade igual ou infrações às normas de proteção à pessoa idosa; (Redação dada
superior a 60 (sessenta) anos, em qualquer instância. pela Lei nº 14.423, de 2022)
§ 1o O interessado na obtenção da prioridade a que alude este VII – zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias legais
artigo, fazendo prova de sua idade, requererá o benefício à autori- assegurados à pessoa idosa, promovendo as medidas judiciais e
dade judiciária competente para decidir o feito, que determinará extrajudiciais cabíveis; (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
as providências a serem cumpridas, anotando-se essa circunstância VIII – inspecionar as entidades públicas e particulares de aten-
em local visível nos autos do processo. dimento e os programas de que trata esta Lei, adotando de pronto
§ 2o A prioridade não cessará com a morte do beneficiado, es- as medidas administrativas ou judiciais necessárias à remoção de
tendendo-se em favor do cônjuge supérstite, companheiro ou com- irregularidades porventura verificadas;
panheira, com união estável, maior de 60 (sessenta) anos. IX – requisitar força policial, bem como a colaboração dos ser-
§ 3o A prioridade se estende aos processos e procedimentos na viços de saúde, educacionais e de assistência social, públicos, para
Administração Pública, empresas prestadoras de serviços públicos e o desempenho de suas atribuições;
instituições financeiras, ao atendimento preferencial junto à Defen- X – referendar transações envolvendo interesses e direitos
soria Publica da União, dos Estados e do Distrito Federal em relação das pessoas idosas previstos nesta Lei. (Redação dada pela Lei nº
aos Serviços de Assistência Judiciária. 14.423, de 2022)
§ 4º Para o atendimento prioritário, será garantido à pessoa § 1o A legitimação do Ministério Público para as ações cíveis
idosa o fácil acesso aos assentos e caixas, identificados com a desti- previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas hipó-
nação a pessoas idosas em local visível e caracteres legíveis. (Reda- teses, segundo dispuser a lei.
ção dada pela Lei nº 14.423, de 2022) § 2o As atribuições constantes deste artigo não excluem outras,
§ 5º Dentre os processos de pessoas idosas, dar-se-á priorida- desde que compatíveis com a finalidade e atribuições do Ministério
de especial aos das maiores de 80 (oitenta) anos. (Redação dada Público.
pela Lei nº 14.423, de 2022) § 3º O representante do Ministério Público, no exercício de
suas funções, terá livre acesso a toda entidade de atendimento à
CAPÍTULO II pessoa idosa. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
DO MINISTÉRIO PÚBLICO Art. 75. Nos processos e procedimentos em que não for parte,
atuará obrigatoriamente o Ministério Público na defesa dos direitos
Art. 72. (VETADO) e interesses de que cuida esta Lei, hipóteses em que terá vista dos
Art. 73. As funções do Ministério Público, previstas nesta Lei, autos depois das partes, podendo juntar documentos, requerer di-
serão exercidas nos termos da respectiva Lei Orgânica. ligências e produção de outras provas, usando os recursos cabíveis.
Art. 74. Compete ao Ministério Público: Art. 76. A intimação do Ministério Público, em qualquer caso,
será feita pessoalmente.

234
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Art. 77. A falta de intervenção do Ministério Público acarreta a § 1o Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo
nulidade do feito, que será declarada de ofício pelo juiz ou a reque- justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz
rimento de qualquer interessado. conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, na for-
ma do art. 273 do Código de Processo Civil.
CAPÍTULO III § 2o O juiz poderá, na hipótese do § 1o ou na sentença, impor
DA PROTEÇÃO JUDICIAL DOS INTERESSES DIFUSOS, COLETI- multa diária ao réu, independentemente do pedido do autor, se for
VOS E INDIVIDUAIS INDISPONÍVEIS OU HOMOGÊNEOS suficiente ou compatível com a obrigação, fixando prazo razoável
para o cumprimento do preceito.
Art. 78. As manifestações processuais do representante do Mi- § 3o A multa só será exigível do réu após o trânsito em julgado
nistério Público deverão ser fundamentadas. da sentença favorável ao autor, mas será devida desde o dia em que
Art. 79. Regem-se pelas disposições desta Lei as ações de res- se houver configurado.
ponsabilidade por ofensa aos direitos assegurados à pessoa idosa, Art. 84. Os valores das multas previstas nesta Lei reverterão ao
referentes à omissão ou ao oferecimento insatisfatório de: (Reda- Fundo da Pessoa Idosa, onde houver, ou na falta deste, ao Fundo
ção dada pela Lei nº 14.423, de 2022) Municipal de Assistência Social, ficando vinculados ao atendimento
I – acesso às ações e serviços de saúde; à pessoa idosa. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
II – atendimento especializado à pessoa idosa com deficiência Parágrafo único. As multas não recolhidas até 30 (trinta) dias
ou com limitação incapacitante; (Redação dada pela Lei nº 14.423, após o trânsito em julgado da decisão serão exigidas por meio de
de 2022) execução promovida pelo Ministério Público, nos mesmos autos,
III – atendimento especializado à pessoa idosa com doença in- facultada igual iniciativa aos demais legitimados em caso de inércia
fectocontagiosa; (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) daquele.
IV – serviço de assistência social visando ao amparo da pessoa Art. 85. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos recursos,
idosa. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) para evitar dano irreparável à parte.
Parágrafo único. As hipóteses previstas neste artigo não ex- Art. 86. Transitada em julgado a sentença que impuser conde-
cluem da proteção judicial outros interesses difusos, coletivos, in- nação ao Poder Público, o juiz determinará a remessa de peças à
dividuais indisponíveis ou homogêneos, próprios da pessoa idosa, autoridade competente, para apuração da responsabilidade civil e
protegidos em lei. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) administrativa do agente a que se atribua a ação ou omissão.
Art. 80. As ações previstas neste Capítulo serão propostas Art. 87. Decorridos 60 (sessenta) dias do trânsito em julgado
no foro do domicílio da pessoa idosa, cujo juízo terá competência da sentença condenatória favorável à pessoa idosa sem que o autor
absoluta para processar a causa, ressalvadas as competências da lhe promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério Público, facul-
Justiça Federal e a competência originária dos Tribunais Superiores. tada igual iniciativa aos demais legitimados, como assistentes ou
(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) assumindo o polo ativo, em caso de inércia desse órgão. (Redação
Art. 81. Para as ações cíveis fundadas em interesses difusos, dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
coletivos, individuais indisponíveis ou homogêneos, consideram-se Art. 88. Nas ações de que trata este Capítulo, não haverá adian-
legitimados, concorrentemente: tamento de custas, emolumentos, honorários periciais e quaisquer
I – o Ministério Público; outras despesas.
II – a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; Parágrafo único. Não se imporá sucumbência ao Ministério
III – a Ordem dos Advogados do Brasil; Público.
IV – as associações legalmente constituídas há pelo menos 1 Art. 89. Qualquer pessoa poderá, e o servidor deverá, provocar
(um) ano e que incluam entre os fins institucionais a defesa dos a iniciativa do Ministério Público, prestando-lhe informações sobre
interesses e direitos da pessoa idosa, dispensada a autorização da os fatos que constituam objeto de ação civil e indicando-lhe os ele-
assembléia, se houver prévia autorização estatutária. mentos de convicção.
§ 1o Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Art. 90. Os agentes públicos em geral, os juízes e tribunais, no
Públicos da União e dos Estados na defesa dos interesses e direitos exercício de suas funções, quando tiverem conhecimento de fatos
de que cuida esta Lei. que possam configurar crime de ação pública contra a pessoa idosa
§ 2o Em caso de desistência ou abandono da ação por asso- ou ensejar a propositura de ação para sua defesa, devem encami-
ciação legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado deverá nhar as peças pertinentes ao Ministério Público, para as providên-
assumir a titularidade ativa. cias cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
Art. 82. Para defesa dos interesses e direitos protegidos por Art. 91. Para instruir a petição inicial, o interessado poderá re-
esta Lei, são admissíveis todas as espécies de ação pertinentes. querer às autoridades competentes as certidões e informações que
Parágrafo único. Contra atos ilegais ou abusivos de autoridade julgar necessárias, que serão fornecidas no prazo de 10 (dez) dias.
pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições de Art. 92. O Ministério Público poderá instaurar sob sua presi-
Poder Público, que lesem direito líquido e certo previsto nesta Lei, dência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer pessoa, organismo
caberá ação mandamental, que se regerá pelas normas da lei do público ou particular, certidões, informações, exames ou perícias,
mandado de segurança. no prazo que assinalar, o qual não poderá ser inferior a 10 (dez)
Art. 83. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obri- dias.
gação de fazer ou não-fazer, o juiz concederá a tutela específica da § 1o Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as di-
obrigação ou determinará providências que assegurem o resultado ligências, se convencer da inexistência de fundamento para a pro-
prático equivalente ao adimplemento. positura da ação civil ou de peças informativas, determinará o seu
arquivamento, fazendo-o fundamentadamente.

235
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§ 2o Os autos do inquérito civil ou as peças de informação ar- Art. 99. Expor a perigo a integridade e a saúde, física ou psí-
quivados serão remetidos, sob pena de se incorrer em falta grave, quica, da pessoa idosa, submetendo-a a condições desumanas ou
no prazo de 3 (três) dias, ao Conselho Superior do Ministério Públi- degradantes ou privando-a de alimentos e cuidados indispensáveis,
co ou à Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público. quando obrigado a fazê-lo, ou sujeitando-a a trabalho excessivo ou
§ 3o Até que seja homologado ou rejeitado o arquivamento, inadequado: (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
pelo Conselho Superior do Ministério Público ou por Câmara de Pena – detenção de 2 (dois) meses a 1 (um) ano e multa.
Coordenação e Revisão do Ministério Público, as associações legi- § 1o Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
timadas poderão apresentar razões escritas ou documentos, que Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
serão juntados ou anexados às peças de informação. § 2o Se resulta a morte:
§ 4o Deixando o Conselho Superior ou a Câmara de Coordena- Pena – reclusão de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.
ção e Revisão do Ministério Público de homologar a promoção de Art. 100. Constitui crime punível com reclusão de 6 (seis) me-
arquivamento, será designado outro membro do Ministério Público ses a 1 (um) ano e multa:
para o ajuizamento da ação. I – obstar o acesso de alguém a qualquer cargo público por
motivo de idade;
TÍTULO VI II – negar a alguém, por motivo de idade, emprego ou trabalho;
DOS CRIMES III – recusar, retardar ou dificultar atendimento ou deixar de
prestar assistência à saúde, sem justa causa, a pessoa idosa;
CAPÍTULO I IV – deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo motivo,
DISPOSIÇÕES GERAIS a execução de ordem judicial expedida na ação civil a que alude
esta Lei;
Art. 93. Aplicam-se subsidiariamente, no que couber, as dispo- V – recusar, retardar ou omitir dados técnicos indispensáveis à
sições da Lei no 7.347, de 24 de julho de 1985. propositura da ação civil objeto desta Lei, quando requisitados pelo
Art. 94. Aos crimes previstos nesta Lei, cuja pena máxima pri- Ministério Público.
vativa de liberdade não ultrapasse 4 (quatro) anos, aplica-se o pro- Art. 101. Deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo mo-
cedimento previsto na Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, e, tivo, a execução de ordem judicial expedida nas ações em que for
subsidiariamente, no que couber, as disposições do Código Penal e parte ou interveniente a pessoa idosa: (Redação dada pela Lei nº
do Código de Processo Penal. (Vide ADIN 3.096-5 - STF) 14.423, de 2022)
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
CAPÍTULO II Art. 102. Apropriar-se de ou desviar bens, proventos, pensão
DOS CRIMES EM ESPÉCIE ou qualquer outro rendimento da pessoa idosa, dando-lhes aplica-
ção diversa da de sua finalidade: (Redação dada pela Lei nº 14.423,
Art. 95. Os crimes definidos nesta Lei são de ação penal pública de 2022)
incondicionada, não se lhes aplicando os arts. 181 e 182 do Código Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa.
Penal. Art. 103. Negar o acolhimento ou a permanência da pessoa
Art. 96. Discriminar pessoa idosa, impedindo ou dificultando idosa, como abrigada, por recusa desta em outorgar procuração
seu acesso a operações bancárias, aos meios de transporte, ao di- à entidade de atendimento: (Redação dada pela Lei nº 14.423, de
reito de contratar ou por qualquer outro meio ou instrumento ne- 2022)
cessário ao exercício da cidadania, por motivo de idade: Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa. Art. 104. Reter o cartão magnético de conta bancária relati-
§ 1o Na mesma pena incorre quem desdenhar, humilhar, me- va a benefícios, proventos ou pensão da pessoa idosa, bem como
nosprezar ou discriminar pessoa idosa, por qualquer motivo. qualquer outro documento com objetivo de assegurar recebimento
§ 2o A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se a vítima se ou ressarcimento de dívida: (Redação dada pela Lei nº 14.423, de
encontrar sob os cuidados ou responsabilidade do agente. 2022)
§ 3º Não constitui crime a negativa de crédito motivada por Pena – detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos e multa.
superendividamento da pessoa idosa. (Redação dada pela Lei nº Art. 105. Exibir ou veicular, por qualquer meio de comunica-
14.423, de 2022) ção, informações ou imagens depreciativas ou injuriosas à pessoa
Art. 97. Deixar de prestar assistência à pessoa idosa, quando idosa: (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
possível fazê-lo sem risco pessoal, em situação de iminente perigo, Pena – detenção de 1 (um) a 3 (três) anos e multa.
ou recusar, retardar ou dificultar sua assistência à saúde, sem justa Art. 106. Induzir pessoa idosa sem discernimento de seus atos
causa, ou não pedir, nesses casos, o socorro de autoridade pública: a outorgar procuração para fins de administração de bens ou deles
(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) dispor livremente:
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa. Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se da omis- Art. 107. Coagir, de qualquer modo, a pessoa idosa a doar,
são resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta contratar, testar ou outorgar procuração: (Redação dada pela Lei nº
a morte. 14.423, de 2022)
Art. 98. Abandonar a pessoa idosa em hospitais, casas de saú- Pena – reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.
de, entidades de longa permanência, ou congêneres, ou não prover Art. 108. Lavrar ato notarial que envolva pessoa idosa sem dis-
suas necessidades básicas, quando obrigado por lei ou mandado: cernimento de seus atos, sem a devida representação legal:
(Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022) Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 3 (três) anos e multa.

236
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

TÍTULO VII não lhes proporcionando os recursos necessários ou faltando ao pa-


DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS gamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou
majorada; deixar, sem justa causa, de socorrer descendente ou as-
Art. 109. Impedir ou embaraçar ato do representante do Mi- cendente, gravemente enfermo:
nistério Público ou de qualquer outro agente fiscalizador: ............................................................................” (NR)
Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa. Art. 111. O O art. 21 do Decreto-Lei no 3.688, de 3 de outubro
Art. 110. O Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940, de 1941, Lei das Contravenções Penais, passa a vigorar acrescido do
Código Penal, passa a vigorar com as seguintes alterações: seguinte parágrafo único:
“Art. 61. ............................................................................ “Art. 21............................................................................
............................................................................ ............................................................................
II - ............................................................................ Parágrafo único. Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) até a
............................................................................ metade se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos.” (NR)
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mu- Art. 112. O inciso II do § 4o do art. 1o da Lei no 9.455, de 7 de
lher grávida; abril de 1997, passa a vigorar com a seguinte redação:
.............................................................................” (NR) “Art. 1o ............................................................................
“Art. 121. ............................................................................ ............................................................................
............................................................................ § 4o ............................................................................
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um ter- II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de
ço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profis- deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos;
são, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro ............................................................................” (NR)
à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge Art. 113. O inciso III do art. 18 da Lei no 6.368, de 21 de outubro
para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é de 1976, passa a vigorar com a seguinte redação:
aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa “Art. 18............................................................................
menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. ............................................................................
.............................................................................” (NR) III – se qualquer deles decorrer de associação ou visar a meno-
“Art. 133. ............................................................................ res de 21 (vinte e um) anos ou a pessoa com idade igual ou superior
............................................................................ a 60 (sessenta) anos ou a quem tenha, por qualquer causa, dimi-
§ 3o ............................................................................ nuída ou suprimida a capacidade de discernimento ou de autode-
............................................................................ terminação:
III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos.» (NR) ............................................................................” (NR)
“Art. 140. ............................................................................ Art. 114. O art 1º da Lei no 10.048, de 8 de novembro de 2000,
............................................................................ passa a vigorar com a seguinte redação:
§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes “Art. 1o As pessoas portadoras de deficiência, os idosos com
a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, as gestantes, as lactan-
portadora de deficiência: tes e as pessoas acompanhadas por crianças de colo terão atendi-
............................................................................ (NR) mento prioritário, nos termos desta Lei.» (NR)
“Art. 141. ............................................................................ Art. 115. O Orçamento da Seguridade Social destinará ao Fun-
............................................................................ do Nacional de Assistência Social, até que o Fundo Nacional da Pes-
IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de soa Idosa seja criado, os recursos necessários, em cada exercício
deficiência, exceto no caso de injúria. financeiro, para aplicação em programas e ações relativos à pessoa
.............................................................................” (NR) idosa. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
“Art. 148. ............................................................................ Art. 116. Serão incluídos nos censos demográficos dados rela-
............................................................................ tivos à população idosa do País.
§ 1o............................................................................ Art. 117. O Poder Executivo encaminhará ao Congresso Nacio-
I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge do agente nal projeto de lei revendo os critérios de concessão do Benefício de
ou maior de 60 (sessenta) anos. Prestação Continuada previsto na Lei Orgânica da Assistência Social,
............................................................................” (NR) de forma a garantir que o acesso ao direito seja condizente com o
“Art. 159............................................................................ estágio de desenvolvimento sócio-econômico alcançado pelo País.
............................................................................ Art. 118. Esta Lei entra em vigor decorridos 90 (noventa) dias
§ 1o Se o seqüestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se da sua publicação, ressalvado o disposto no caput do art. 36, que
o seqüestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) vigorará a partir de 1o de janeiro de 2004.
anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha.
............................................................................” (NR) Brasília, 1o de outubro de 2003; 182o da Independência e 115o
“Art. 183............................................................................ da República.
............................................................................
III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou
superior a 60 (sessenta) anos.» (NR)
“Art. 244. Deixar, sem justa causa, de prover a subsistência do
cônjuge, ou de filho menor de 18 (dezoito) anos ou inapto para o
trabalho, ou de ascendente inválido ou maior de 60 (sessenta) anos,

237
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

(B) É permitida a participação direta ou indireta, inclusive con-


QUESTÕES trole, de empresas ou de capital estrangeiro na assistência à
saúde, no caso de serviços de saúde mantidos, com finalidade
1. Analise as ações a seguir. lucrativa, por empresas para atendimento de seus empregados
I. Redução de danos; e dependentes.
II. Cuidados paliativos; (C) É vedada a participação direta ou indireta, inclusive contro-
III. Vigilância em saúde; le, de empresas ou de capital estrangeiro na assistência à saú-
IV. Transporte sanitário. de, no caso de pessoas jurídicas destinadas a instalar, operacio-
De acordo com a Portaria de consolidação número 2, de 28 de nalizar ou explorar ações e pesquisas de planejamento familiar.
setembro de 2017, anexo XXII, a Atenção Básica é o conjunto de (D) É vedada a participação direta ou indireta, inclusive con-
ações de saúde individuais, familiares e coletivas que envolvem: trole, de empresas ou de capital estrangeiro na assistência à
(A) I e VI, apenas. saúde, no caso de pessoas jurídicas destinadas a instalar, ope-
(B) I, II e III, apenas. racionalizar ou explorar hospital geral.
(C) II e III, apenas. (E) É permitida a participação direta ou indireta, inclusive con-
(D) I, II, III e IV. trole, de empresas ou de capital estrangeiro na assistência à
saúde no caso de hospital especializado.
2. A Lei nº 8080, de 19/09/1990, dispõe sobre as condições 5. De acordo com a Lei 8.080/1990, assinale a alternativa cor-
para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organiza- reta.
ção e o funcionamento dos serviços correspondentes. Nos termos (A) São vedados, apenas na esfera Municipal de gestão do SUS,
desta Lei, entende-se por saúde do trabalhador “um conjunto de o pagamento, o ressarcimento ou o reembolso de medicamen-
atividades que se destina, através das ações de vigilância epide- to, produto e procedimento clínico ou cirúrgico experimental,
miológica e vigilância sanitária, à promoção e proteção da saúde ou de uso não autorizado pela Agência Nacional de Vigilância
dos trabalhadores, assim como visa à recuperação e reabilitação Sanitária – ANVISA.
da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos ad- (B) São vedados, em todas as esferas de gestão do SUS, a dis-
vindos das condições de trabalho”. pensação, o pagamento, o ressarcimento ou o reembolso de
Isto implica na execução pelo SUS da seguinte ação de saúde medicamento e produto, nacional ou importado, sem registro
do trabalhador: na Anvisa
(A) Fiscalização do trabalho infantil e escravo no Brasil. (C) A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no
(B) Garantia ao sindicato dos trabalhadores da competência de SUS, cuja composição e regimento são definidos em regula-
interdição de máquina, de setor de serviço ou de todo ambien- mento, contará com a participação de 2 representantes indi-
te de trabalho, quando houver exposição a risco iminente para cados pelo Conselho Nacional de Saúde e de 2 representantes,
a vida dos trabalhadores. especialistas na área, indicados pelo Conselho Regional de Me-
(C) Modernização das relações de trabalho no país. dicina.
(D) Revisão periódica da listagem oficial de doenças originadas (D) A incorporação, a exclusão e a alteração pelo SUS de no-
no processo de trabalho. vos medicamentos, produtos e procedimentos serão efetuadas
mediante a instauração de processo administrativo, a ser con-
3. Assinale a alternativa que está de acordo com a Lei n° cluído em prazo não superior a 30 dias, contado da data em
8.080/90. que foi protocolado o pedido, admitida a sua prorrogação por
(A) Caberá à União e aos Estados, com dotações próprias, fi- 30 dias corridos, quando as circunstâncias exigirem.
nanciar o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena. (E) São permitidos, em todas as esferas de gestão do SUS, desde
(B) No âmbito do Sistema Único de Saúde, é vedada a interna- que atendidos certos requisitos, o pagamento, o ressarcimento
ção domiciliar. ou o reembolso de medicamento, produto e procedimento clí-
(C) À direção municipal do Sistema de Saúde (SUS) compete nico ou cirúrgico experimental, ou de uso não autorizado pela
gerir laboratórios públicos de saúde e hemocentros. Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA.
(D) A vigilância nutricional e a orientação alimentar são áreas
que não estão expressamente incluídas no campo de atuação 6. A Lei nº 8.142/90 dispõe, entre outros assuntos, sobre a
do Sistema Único de Saúde. participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde
(E) Em situações epidemiológicas que caracterizem emergência (SUS). De acordo com o citado diploma normativo, o SUS contará,
em saúde pública, deve ser adotado procedimento padrão para em cada esfera de governo, sem prejuízo das funções do Poder
a remessa de patrimônio genético ao exterior, sob pena de co- Legislativo, com as seguintes instâncias colegiadas: Conferência
metimento de improbidade administrativa. de Saúde e Conselho de Saúde.
Nesse contexto, é correto afirmar que
4. Assinale a alternativa correta, de acordo com o que dispõe (A) o Conselho de Saúde, em caráter permanente e deliberati-
a Lei 8.080/1990, acerca da participação de empresas ou de capi- vo, órgão colegiado composto por representantes do governo,
tal estrangeiro na assistência à saúde. prestadores de serviço, profissionais de saúde e usuários, atua
(A) É vedada a participação direta ou indireta, inclusive con- na formulação de estratégias, vedado atuar em qualquer con-
trole, de empresas ou de capital estrangeiro na assistência à trole da execução da política de saúde.
saúde, no caso de doações de organismos internacionais vincu-
lados à Organização das Nações Unidas, de entidades de coo-
peração técnica e de financiamento e empréstimos.

238
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

(B) o Conselho de Saúde, em caráter temporário e consultivo, 10. Conforme o HumanizaSUS, Documento Base para Gesto-
órgão colegiado composto por representantes do governo, res e Trabalhadores do SUS, apoio matricial é um processo
prestadores de serviço, profissionais de saúde e usuários, atua (A) institucional para crescimento na carreira por especialida-
no controle da execução da política de saúde na instância cor- des.
respondente, inclusive nos aspectos técnicos. (B) tradicional de se fazer coordenação e avaliação em saúde.
(C) o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o (C) de revisão dos cargos das equipes assistenciais para geração
Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Cona- de emprego e renda.
sems) não terão representação no Conselho Nacional de Saú- (D) de trabalho em que um profissional oferece apoio na sua
de, visando à manutenção da autonomia e independência en- especialidade para outros profissionais, equipes e setores.
tre as instâncias. (E) educacional e institucional para geração de emprego e ren-
(D) a Conferência de Saúde reunir-se-á anualmente com a da.
representação dos vários segmentos sociais para avaliar a si-
tuação de saúde e propor as diretrizes para a formulação da 11. De acordo com o documento “Humaniza SUS – Documen-
política de saúde nos níveis correspondentes, convocada pelo to Base para Gestores e Trabalhadores do SUS (2010)”, qual é o
Poder Legislativo. nome do instrumento de trabalho utilizado no Sistema Único de
Saúde (SUS) descrito abaixo?
(E) a Conferência de Saúde reunir-se-á a cada quatro anos com […] Espaço coletivo organizado, participativo e democrático,
a representação dos vários segmentos sociais para avaliar a si- que funciona à maneira de um órgão colegiado e se destina a
tuação de saúde e propor as diretrizes para a formulação da empreender uma política institucional de resgate dos valores de
política de saúde nos níveis correspondentes, convocada pelo universalidade, integralidade e aumento da eqüidade no cuidado
Poder Executivo ou, extraordinariamente, por esta ou pelo em saúde e democratização na gestão, em benefício dos usuários
Conselho de Saúde. e dos trabalhadores da saúde. É constituído por lideranças repre-
sentativas do coletivo de profissionais e demais trabalhadores em
7. De acordo com a Lei nº 8.142/1990, analise a sentença cada equipamento de saúde (...) tendo como atribuições: difundir
abaixo: os princípios norteadores da PNH; pesquisar e levantar os pontos
O Conselho de Saúde é uma das instâncias colegiadas e tem críticos do funcionamento de cada serviço e sua rede de referên-
caráter permanente e executivo (1ª parte). A Conferência de Saú- cia; promover o trabalho em equipes multiprofissionais, estimu-
de reunir-se-á a cada quatro anos e será convocada pelo Poder lando a transversalidade e a grupalidade; propor uma agenda de
Executivo ou, extraordinariamente, por esta ou pelo Conselho de mudanças que possam beneficiar os usuários e os trabalhadores
Saúde (2ª parte). O Conselho Nacional de Secretários de Saúde da saúde; incentivar a democratização da gestão dos serviços; di-
(Conass) e o Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saú- vulgar, fortalecer e articular as iniciativas humanizadoras existen-
de (Conasems) terão representação no Conselho Nacional de Saú- tes; estabelecer fluxo de propostas entre os diversos setores das
de. (3ª parte). instituições de saúde, a gestão, os usuários e a comunidade; me-
Quais partes estão corretas? lhorar a comunicação e a integração do equipamento com a co-
(A) Apenas a 1ª parte. munidade (de usuários) na qual está inserida […] (BRASIL, 2010).
(B) Apenas a 3ª parte. (A) Rede de atenção em saúde
(C) Apenas a 1ª e a 2ª partes. (B) Rede psicossocial
(D) Apenas a 2ª e a 3ª partes. (C) Grupo de Trabalho de Humanização
(E) Todas as partes. (D) Visita aberta

8. Conforme o Guia Prático do Agente Comunitário de Saúde 12. O Humaniza SUS – Documento Base para Gestores e Tra-
do Ministério da Saúde/2009, quais são os exames que fazem par- balhadores do SUS, de 2004, estabelece diretrizes relacionadas à
te do Programa Nacional de Triagem Neonatal (Recém-nascido)? ética profissional, responsabilidade e trabalho em equipe no SUS.
(A) O teste do pezinho, da orelhinha e do olhinho. Em relação a este documento, assinale a alternativa correta.
(B) O teste do pezinho, da orelhinha e do coraçãozinho. (A) Na rede de atenção psicossocial, é importante que se crie
(C) O teste da orelhinha, do olhinho e da linguinha. um vínculo entre o usuário e o profissional. Deste modo, essa
(D) O teste do coraçãozinho, da orelhinha e do linguinha. relação não precisa respeitar a ética profissional, já que se as-
semelha à relação entre amigos.
9. De acordo com o guia prático do agente comunitário de (B) A responsabilidade sobre todos os processos de gestão e
saúde, quais as condições para receber o BPC (beneficio de pres- cuidado devem ser centralizadas nas mãos do chefe da equipe
tação continuada)? de saúde, e não compartilhada entre todos os profissionais e
(A) Idosos com idade de 65 anos ou mais e pessoas com de- usuários.
ficiência. (C) A autonomia dos usuários é definida como o direito a ter
(B) Estar cadastrado no “Bolsa Família”. atendimento de saúde de qualidade, devendo, em contraparti-
(C) Adolescente com deficiência física ou mental. da, seguir as orientações dos profissionais de saúde sem ques-
(D) Possuir renda mínima de R$ 700,00 reais per capita. tionamentos
(E) Ter concluído o ensino médio.

239
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

(D) Os componentes da equipe multidisciplinar devem traba- ______________________________________________________


lhar de forma independente entre si, evitando a comunicação
entre os profissionais de saúde, para preservar a imparcialida- ______________________________________________________
de de cada avaliação.
(E) Parte do conceito de acolhimento implica responsabilização ______________________________________________________
da equipe / trabalhador pelo usuário, desde a sua chegada até
______________________________________________________
a sua saída da unidade de saúde.
______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________

1 B ______________________________________________________

2 D ______________________________________________________
3 C ______________________________________________________
4 E
______________________________________________________
5 B
6 E ______________________________________________________
7 D ______________________________________________________
8 A
______________________________________________________
9 A
______________________________________________________
10 D
11 C ______________________________________________________
12 E ______________________________________________________

______________________________________________________
ANOTAÇÕES
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______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

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