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CÓD: OP-076JN-23

7908403532407

TRINDADE-GO
PREFEITURA MUNICIPAL DE TRINDADE DO ESTADO DE
GOIÁS - GO

Fiscal de Vigilância Sanitária


EDITAL Nº 001/2023, DE 19 DE JANEIRO DE 2023
• A Opção não está vinculada às organizadoras de Concurso Público. A aquisição do material não garante sua inscrição ou ingresso na
carreira pública,

• Sua apostila aborda os tópicos do Edital de forma prática e esquematizada,

• Dúvidas sobre matérias podem ser enviadas através do site: www.apostilasopção.com.br/contatos.php, com retorno do professor
no prazo de até 05 dias úteis.,

• É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila, de acordo com o Artigo 184 do Código Penal.

Apostilas Opção, a Opção certa para a sua realização.


ÍNDICE

Língua Portuguesa
1. Interpretação de texto....................................................................................................................................................... 5
2. Ortografia oficial................................................................................................................................................................ 14
3. Acentuação gráfica............................................................................................................................................................. 14
4. Pontuação.......................................................................................................................................................................... 15
5. Emprego das classes de palavras: substantivo, adjetivo, numeral, pronome, verbo, advérbio, preposição e conjunção:
emprego e sentido que imprimem às relações que estabelecem. Vozes verbais: ativa e passiva..................................... 16
6. Colocação pronominal....................................................................................................................................................... 24
7. Concordância verbal e nominal.......................................................................................................................................... 25
8. Regência verbal e nominal................................................................................................................................................. 27
9. Crase................................................................................................................................................................................... 28
10. Sentido próprio e figurado das palavras............................................................................................................................. 28

Conhecimentos Específicos
Fiscal de Vigilância Sanitária
1. Constituição da República Federativa do Brasil, Título VIII, Capítulo II, Seção II “Da Saúde” - Artigos 196 a 200 ............................. 39
2. Lei Federal nº 8.080 de 19 de setembro de 1990 ......................................................................................................................... 40
3. Lei Federal nº 8.142 de 28 de dezembro de 1990 ........................................................................................................................ 49
4. Norma Operacional Básica - NOB/96 publicada no Diário Oficial da União de 06 de novembro de 1996 (em especial os itens
referentes à Vigilância Sanitária) ................................................................................................................................................. 50
5. Lei Orgânica do Município ........................................................................................................................................................... 64
6. Doutrinas e Princípios do SUS ...................................................................................................................................................... 64
7. Controle Higiênico-Sanitário em Alimentos ................................................................................................................................ 71
8. Saneamento ................................................................................................................................................................................ 81
9. Saúde e Nutrição ......................................................................................................................................................................... 84
10. Vigilância Sanitária e Saúde do Consumidor. Cuidados Sanitário à População ............................................................................ 86
11. Tipos de Poços Aquíferos; Fossa Seca; Águas pluviais; Esgoto Sanitário; Aterro Sanitário ........................................................... 87
12. Água Potável; Sistema de Tratamento d’água; Fluoretação da Água ........................................................................................... 95
13. Sistemas de disposição e de tratamento de lixo .......................................................................................................................... 98
14. Métodos de controle e prevenção de zoonoses .......................................................................................................................... 103
15. Organização Sanitária nos órgãos e empresas ............................................................................................................................ 105
16. Lei Federal 6437/77..................................................................................................................................................................... 106
LÍNGUA PORTUGUESA

Tipos textuais
INTERPRETAÇÃO DE TEXTO A tipologia textual se classifica a partir da estrutura e da finali-
dade do texto, ou seja, está relacionada ao modo como o texto se
Compreender e interpretar textos é essencial para que o obje- apresenta. A partir de sua função, é possível estabelecer um padrão
tivo de comunicação seja alcançado satisfatoriamente. Com isso, é específico para se fazer a enunciação.
importante saber diferenciar os dois conceitos. Vale lembrar que o Veja, no quadro abaixo, os principais tipos e suas característi-
texto pode ser verbal ou não-verbal, desde que tenha um sentido cas:
completo.
A compreensão se relaciona ao entendimento de um texto e Apresenta um enredo, com ações e
de sua proposta comunicativa, decodificando a mensagem explíci- relações entre personagens, que ocorre
ta. Só depois de compreender o texto que é possível fazer a sua em determinados espaço e tempo. É
TEXTO NARRATIVO
interpretação. contado por um narrador, e se estrutura
A interpretação são as conclusões que chegamos a partir do da seguinte maneira: apresentação >
conteúdo do texto, isto é, ela se encontra para além daquilo que desenvolvimento > clímax > desfecho
está escrito ou mostrado. Assim, podemos dizer que a interpreta- Tem o objetivo de defender determinado
ção é subjetiva, contando com o conhecimento prévio e do reper- TEXTO ponto de vista, persuadindo o leitor a
tório do leitor. DISSERTATIVO partir do uso de argumentos sólidos.
Dessa maneira, para compreender e interpretar bem um texto, ARGUMENTATIVO Sua estrutura comum é: introdução >
é necessário fazer a decodificação de códigos linguísticos e/ou vi- desenvolvimento > conclusão.
suais, isto é, identificar figuras de linguagem, reconhecer o sentido
de conjunções e preposições, por exemplo, bem como identificar Procura expor ideias, sem a necessidade
expressões, gestos e cores quando se trata de imagens. de defender algum ponto de vista. Para
isso, usa-se comparações, informações,
TEXTO EXPOSITIVO
Dicas práticas definições, conceitualizações etc. A
1. Faça um resumo (pode ser uma palavra, uma frase, um con- estrutura segue a do texto dissertativo-
ceito) sobre o assunto e os argumentos apresentados em cada pa- argumentativo.
rágrafo, tentando traçar a linha de raciocínio do texto. Se possível, Expõe acontecimentos, lugares, pessoas,
adicione também pensamentos e inferências próprias às anotações. de modo que sua finalidade é descrever,
2. Tenha sempre um dicionário ou uma ferramenta de busca TEXTO DESCRITIVO ou seja, caracterizar algo ou alguém.
por perto, para poder procurar o significado de palavras desconhe- Com isso, é um texto rico em adjetivos e
cidas. em verbos de ligação.
3. Fique atento aos detalhes oferecidos pelo texto: dados, fon-
te de referências e datas. Oferece instruções, com o objetivo de
4. Sublinhe as informações importantes, separando fatos de TEXTO INJUNTIVO orientar o leitor. Sua maior característica
opiniões. são os verbos no modo imperativo.
5. Perceba o enunciado das questões. De um modo geral, ques-
tões que esperam compreensão do texto aparecem com as seguin- Gêneros textuais
tes expressões: o autor afirma/sugere que...; segundo o texto...; de A classificação dos gêneros textuais se dá a partir do reconhe-
acordo com o autor... Já as questões que esperam interpretação do cimento de certos padrões estruturais que se constituem a partir
texto aparecem com as seguintes expressões: conclui-se do texto da função social do texto. No entanto, sua estrutura e seu estilo
que...; o texto permite deduzir que...; qual é a intenção do autor não são tão limitados e definidos como ocorre na tipologia textual,
quando afirma que... podendo se apresentar com uma grande diversidade. Além disso, o
padrão também pode sofrer modificações ao longo do tempo, as-
Tipologia Textual sim como a própria língua e a comunicação, no geral.
A partir da estrutura linguística, da função social e da finali-
dade de um texto, é possível identificar a qual tipo e gênero ele Alguns exemplos de gêneros textuais:
pertence. Antes, é preciso entender a diferença entre essas duas • Artigo
classificações. • Bilhete
• Bula
• Carta
• Conto
• Crônica

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LÍNGUA PORTUGUESA

• E-mail postulados admitidos. No raciocínio lógico, as conclusões não


• Lista dependem de crenças, de uma maneira de ver o mundo, mas
• Manual apenas do encadeamento de premissas e conclusões.
• Notícia Por exemplo, um raciocínio lógico é o seguinte encadeamento:
• Poema A é igual a B.
• Propaganda A é igual a C.
• Receita culinária Então: C é igual a B.
• Resenha
• Seminário Admitidos os dois postulados, a conclusão é, obrigatoriamente,
que C é igual a A.
Vale lembrar que é comum enquadrar os gêneros textuais em Outro exemplo:
determinados tipos textuais. No entanto, nada impede que um tex- Todo ruminante é um mamífero.
to literário seja feito com a estruturação de uma receita culinária, A vaca é um ruminante.
por exemplo. Então, fique atento quanto às características, à finali- Logo, a vaca é um mamífero.
dade e à função social de cada texto analisado.
Admitidas como verdadeiras as duas premissas, a conclusão
ARGUMENTAÇÃO também será verdadeira.
O ato de comunicação não visa apenas transmitir uma No domínio da argumentação, as coisas são diferentes. Nele,
informação a alguém. Quem comunica pretende criar uma imagem a conclusão não é necessária, não é obrigatória. Por isso, deve-
positiva de si mesmo (por exemplo, a de um sujeito educado, se mostrar que ela é a mais desejável, a mais provável, a mais
ou inteligente, ou culto), quer ser aceito, deseja que o que diz plausível. Se o Banco do Brasil fizer uma propaganda dizendo-
seja admitido como verdadeiro. Em síntese, tem a intenção de se mais confiável do que os concorrentes porque existe desde a
convencer, ou seja, tem o desejo de que o ouvinte creia no que o chegada da família real portuguesa ao Brasil, ele estará dizendo-
texto diz e faça o que ele propõe. nos que um banco com quase dois séculos de existência é sólido
Se essa é a finalidade última de todo ato de comunicação, todo e, por isso, confiável. Embora não haja relação necessária entre
texto contém um componente argumentativo. A argumentação é o a solidez de uma instituição bancária e sua antiguidade, esta tem
conjunto de recursos de natureza linguística destinados a persuadir peso argumentativo na afirmação da confiabilidade de um banco.
a pessoa a quem a comunicação se destina. Está presente em todo Portanto é provável que se creia que um banco mais antigo seja
tipo de texto e visa a promover adesão às teses e aos pontos de mais confiável do que outro fundado há dois ou três anos.
vista defendidos. Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa quase
As pessoas costumam pensar que o argumento seja apenas impossível, tantas são as formas de que nos valemos para fazer
uma prova de verdade ou uma razão indiscutível para comprovar a as pessoas preferirem uma coisa a outra. Por isso, é importante
veracidade de um fato. O argumento é mais que isso: como se disse entender bem como eles funcionam.
acima, é um recurso de linguagem utilizado para levar o interlocutor Já vimos diversas características dos argumentos. É preciso
a crer naquilo que está sendo dito, a aceitar como verdadeiro o que acrescentar mais uma: o convencimento do interlocutor, o
está sendo transmitido. A argumentação pertence ao domínio da auditório, que pode ser individual ou coletivo, será tanto mais
retórica, arte de persuadir as pessoas mediante o uso de recursos fácil quanto mais os argumentos estiverem de acordo com suas
de linguagem. crenças, suas expectativas, seus valores. Não se pode convencer
Para compreender claramente o que é um argumento, é bom um auditório pertencente a uma dada cultura enfatizando coisas
voltar ao que diz Aristóteles, filósofo grego do século IV a.C., numa que ele abomina. Será mais fácil convencê-lo valorizando coisas
obra intitulada “Tópicos: os argumentos são úteis quando se tem de que ele considera positivas. No Brasil, a publicidade da cerveja vem
escolher entre duas ou mais coisas”. com frequência associada ao futebol, ao gol, à paixão nacional. Nos
Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e Estados Unidos, essa associação certamente não surtiria efeito,
uma desvantajosa, como a saúde e a doença, não precisamos porque lá o futebol não é valorizado da mesma forma que no Brasil.
argumentar. Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher O poder persuasivo de um argumento está vinculado ao que é
entre duas coisas igualmente vantajosas, a riqueza e a saúde. Nesse valorizado ou desvalorizado numa dada cultura.
caso, precisamos argumentar sobre qual das duas é mais desejável.
O argumento pode então ser definido como qualquer recurso que Tipos de Argumento
torna uma coisa mais desejável que outra. Isso significa que ele atua Já verificamos que qualquer recurso linguístico destinado
no domínio do preferível. Ele é utilizado para fazer o interlocutor a fazer o interlocutor dar preferência à tese do enunciador é um
crer que, entre duas teses, uma é mais provável que a outra, mais argumento. Exemplo:
possível que a outra, mais desejável que a outra, é preferível à outra.
O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de Argumento de Autoridade
um fato, mas levar o ouvinte a admitir como verdadeiro o que o É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reconhecidas
enunciador está propondo. pelo auditório como autoridades em certo domínio do saber,
Há uma diferença entre o raciocínio lógico e a argumentação. para servir de apoio àquilo que o enunciador está propondo. Esse
O primeiro opera no domínio do necessário, ou seja, pretende recurso produz dois efeitos distintos: revela o conhecimento do
demonstrar que uma conclusão deriva necessariamente das produtor do texto a respeito do assunto de que está tratando; dá ao
premissas propostas, que se deduz obrigatoriamente dos

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LÍNGUA PORTUGUESA

texto a garantia do autor citado. É preciso, no entanto, não fazer do entre os elementos, mas sim instituir relações prováveis, possíveis,
texto um amontoado de citações. A citação precisa ser pertinente e plausíveis. Por exemplo, quando se diz “A é igual a B”, “B é igual a
verdadeira. Exemplo: C”, “então A é igual a C”, estabelece-se uma relação de identidade
“A imaginação é mais importante do que o conhecimento.” lógica. Entretanto, quando se afirma “Amigo de amigo meu é meu
amigo” não se institui uma identidade lógica, mas uma identidade
Quem disse a frase aí de cima não fui eu... Foi Einstein. Para provável.
ele, uma coisa vem antes da outra: sem imaginação, não há Um texto coerente do ponto de vista lógico é mais facilmente
conhecimento. Nunca o inverso. aceito do que um texto incoerente. Vários são os defeitos que
concorrem para desqualificar o texto do ponto de vista lógico: fugir
Alex José Periscinoto. do tema proposto, cair em contradição, tirar conclusões que não se
In: Folha de S. Paulo, 30/8/1993, p. 5-2 fundamentam nos dados apresentados, ilustrar afirmações gerais
com fatos inadequados, narrar um fato e dele extrair generalizações
A tese defendida nesse texto é que a imaginação é mais indevidas.
importante do que o conhecimento. Para levar o auditório a aderir
a ela, o enunciador cita um dos mais célebres cientistas do mundo. Argumento do Atributo
Se um físico de renome mundial disse isso, então as pessoas devem É aquele que considera melhor o que tem propriedades típicas
acreditar que é verdade. daquilo que é mais valorizado socialmente, por exemplo, o mais
raro é melhor que o comum, o que é mais refinado é melhor que o
Argumento de Quantidade que é mais grosseiro, etc.
É aquele que valoriza mais o que é apreciado pelo maior Por esse motivo, a publicidade usa, com muita frequência,
número de pessoas, o que existe em maior número, o que tem maior celebridades recomendando prédios residenciais, produtos de
duração, o que tem maior número de adeptos, etc. O fundamento beleza, alimentos estéticos, etc., com base no fato de que o
desse tipo de argumento é que mais = melhor. A publicidade faz consumidor tende a associar o produto anunciado com atributos
largo uso do argumento de quantidade. da celebridade.
Uma variante do argumento de atributo é o argumento da
Argumento do Consenso competência linguística. A utilização da variante culta e formal
É uma variante do argumento de quantidade. Fundamenta-se da língua que o produtor do texto conhece a norma linguística
em afirmações que, numa determinada época, são aceitas como socialmente mais valorizada e, por conseguinte, deve produzir um
verdadeiras e, portanto, dispensam comprovações, a menos que texto em que se pode confiar. Nesse sentido é que se diz que o
o objetivo do texto seja comprovar alguma delas. Parte da ideia modo de dizer dá confiabilidade ao que se diz.
de que o consenso, mesmo que equivocado, corresponde ao Imagine-se que um médico deva falar sobre o estado de
indiscutível, ao verdadeiro e, portanto, é melhor do que aquilo que saúde de uma personalidade pública. Ele poderia fazê-lo das duas
não desfruta dele. Em nossa época, são consensuais, por exemplo, maneiras indicadas abaixo, mas a primeira seria infinitamente mais
as afirmações de que o meio ambiente precisa ser protegido e de adequada para a persuasão do que a segunda, pois esta produziria
que as condições de vida são piores nos países subdesenvolvidos. certa estranheza e não criaria uma imagem de competência do
Ao confiar no consenso, porém, corre-se o risco de passar dos médico:
argumentos válidos para os lugares comuns, os preconceitos e as - Para aumentar a confiabilidade do diagnóstico e levando em
frases carentes de qualquer base científica. conta o caráter invasivo de alguns exames, a equipe médica houve
por bem determinar o internamento do governador pelo período
Argumento de Existência de três dias, a partir de hoje, 4 de fevereiro de 2001.
É aquele que se fundamenta no fato de que é mais fácil aceitar - Para conseguir fazer exames com mais cuidado e porque
aquilo que comprovadamente existe do que aquilo que é apenas alguns deles são barrapesada, a gente botou o governador no
provável, que é apenas possível. A sabedoria popular enuncia o hospital por três dias.
argumento de existência no provérbio “Mais vale um pássaro na
mão do que dois voando”. Como dissemos antes, todo texto tem uma função
Nesse tipo de argumento, incluem-se as provas documentais argumentativa, porque ninguém fala para não ser levado a sério,
(fotos, estatísticas, depoimentos, gravações, etc.) ou provas para ser ridicularizado, para ser desmentido: em todo ato de
concretas, que tornam mais aceitável uma afirmação genérica. comunicação deseja-se influenciar alguém. Por mais neutro que
Durante a invasão do Iraque, por exemplo, os jornais diziam que o pretenda ser, um texto tem sempre uma orientação argumentativa.
exército americano era muito mais poderoso do que o iraquiano. A orientação argumentativa é uma certa direção que o falante
Essa afirmação, sem ser acompanhada de provas concretas, poderia traça para seu texto. Por exemplo, um jornalista, ao falar de um
ser vista como propagandística. No entanto, quando documentada homem público, pode ter a intenção de criticá-lo, de ridicularizá-lo
pela comparação do número de canhões, de carros de combate, de ou, ao contrário, de mostrar sua grandeza.
navios, etc., ganhava credibilidade. O enunciador cria a orientação argumentativa de seu texto
dando destaque a uns fatos e não a outros, omitindo certos
Argumento quase lógico episódios e revelando outros, escolhendo determinadas palavras e
É aquele que opera com base nas relações lógicas, como causa não outras, etc. Veja:
e efeito, analogia, implicação, identidade, etc. Esses raciocínios “O clima da festa era tão pacífico que até sogras e noras
são chamados quase lógicos porque, diversamente dos raciocínios trocavam abraços afetuosos.”
lógicos, eles não pretendem estabelecer relações necessárias

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LÍNGUA PORTUGUESA

O enunciador aí pretende ressaltar a ideia geral de que noras “tomada de posição”, a adoção de um ponto de vista na dissertação,
e sogras não se toleram. Não fosse assim, não teria escolhido esse ainda que sem a apresentação explícita de argumentos. Desse
fato para ilustrar o clima da festa nem teria utilizado o termo até, ponto de vista, a dissertação pode ser definida como discussão,
que serve para incluir no argumento alguma coisa inesperada. debate, questionamento, o que implica a liberdade de pensamento,
Além dos defeitos de argumentação mencionados quando a possibilidade de discordar ou concordar parcialmente. A liberdade
tratamos de alguns tipos de argumentação, vamos citar outros: de questionar é fundamental, mas não é suficiente para organizar
- Uso sem delimitação adequada de palavra de sentido tão um texto dissertativo. É necessária também a exposição dos
amplo, que serve de argumento para um ponto de vista e seu fundamentos, os motivos, os porquês da defesa de um ponto de
contrário. São noções confusas, como paz, que, paradoxalmente, vista.
pode ser usada pelo agressor e pelo agredido. Essas palavras Pode-se dizer que o homem vive em permanente atitude
podem ter valor positivo (paz, justiça, honestidade, democracia) argumentativa. A argumentação está presente em qualquer tipo de
ou vir carregadas de valor negativo (autoritarismo, degradação do discurso, porém, é no texto dissertativo que ela melhor se evidencia.
meio ambiente, injustiça, corrupção). Para discutir um tema, para confrontar argumentos e posições,
- Uso de afirmações tão amplas, que podem ser derrubadas por é necessária a capacidade de conhecer outros pontos de vista e
um único contra exemplo. Quando se diz “Todos os políticos são seus respectivos argumentos. Uma discussão impõe, muitas vezes,
ladrões”, basta um único exemplo de político honesto para destruir a análise de argumentos opostos, antagônicos. Como sempre,
o argumento. essa capacidade aprende-se com a prática. Um bom exercício
- Emprego de noções científicas sem nenhum rigor, fora do para aprender a argumentar e contra-argumentar consiste em
contexto adequado, sem o significado apropriado, vulgarizando-as e desenvolver as seguintes habilidades:
atribuindo-lhes uma significação subjetiva e grosseira. É o caso, por - argumentação: anotar todos os argumentos a favor de
exemplo, da frase “O imperialismo de certas indústrias não permite uma ideia ou fato; imaginar um interlocutor que adote a posição
que outras crescam”, em que o termo imperialismo é descabido, totalmente contrária;
uma vez que, a rigor, significa “ação de um Estado visando a reduzir - contra-argumentação: imaginar um diálogo-debate e quais os
outros à sua dependência política e econômica”. argumentos que essa pessoa imaginária possivelmente apresentaria
contra a argumentação proposta;
A boa argumentação é aquela que está de acordo com a situação - refutação: argumentos e razões contra a argumentação
concreta do texto, que leva em conta os componentes envolvidos oposta.
na discussão (o tipo de pessoa a quem se dirige a comunicação, o
assunto, etc). A argumentação tem a finalidade de persuadir, portanto,
Convém ainda alertar que não se convence ninguém com argumentar consiste em estabelecer relações para tirar conclusões
manifestações de sinceridade do autor (como eu, que não costumo válidas, como se procede no método dialético. O método dialético
mentir...) ou com declarações de certeza expressas em fórmulas não envolve apenas questões ideológicas, geradoras de polêmicas.
feitas (como estou certo, creio firmemente, é claro, é óbvio, é Trata-se de um método de investigação da realidade pelo estudo
evidente, afirmo com toda a certeza, etc). Em vez de prometer, de sua ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno
em seu texto, sinceridade e certeza, autenticidade e verdade, o em questão e da mudança dialética que ocorre na natureza e na
enunciador deve construir um texto que revele isso. Em outros sociedade.
termos, essas qualidades não se prometem, manifestam-se na ação. Descartes (1596-1650), filósofo e pensador francês, criou
A argumentação é a exploração de recursos para fazer parecer o método de raciocínio silogístico, baseado na dedução, que
verdadeiro aquilo que se diz num texto e, com isso, levar a pessoa a parte do simples para o complexo. Para ele, verdade e evidência
que texto é endereçado a crer naquilo que ele diz. são a mesma coisa, e pelo raciocínio torna-se possível chegar a
Um texto dissertativo tem um assunto ou tema e expressa um conclusões verdadeiras, desde que o assunto seja pesquisado em
ponto de vista, acompanhado de certa fundamentação, que inclui partes, começando-se pelas proposições mais simples até alcançar,
a argumentação, questionamento, com o objetivo de persuadir. por meio de deduções, a conclusão final. Para a linha de raciocínio
Argumentar é o processo pelo qual se estabelecem relações cartesiana, é fundamental determinar o problema, dividi-lo em
para chegar à conclusão, com base em premissas. Persuadir é partes, ordenar os conceitos, simplificando-os, enumerar todos os
um processo de convencimento, por meio da argumentação, no seus elementos e determinar o lugar de cada um no conjunto da
qual procura-se convencer os outros, de modo a influenciar seu dedução.
pensamento e seu comportamento. A lógica cartesiana, até os nossos dias, é fundamental para a
A persuasão pode ser válida e não válida. Na persuasão argumentação dos trabalhos acadêmicos. Descartes propôs quatro
válida, expõem-se com clareza os fundamentos de uma ideia regras básicas que constituem um conjunto de reflexos vitais, uma
ou proposição, e o interlocutor pode questionar cada passo série de movimentos sucessivos e contínuos do espírito em busca
do raciocínio empregado na argumentação. A persuasão não da verdade:
válida apoia-se em argumentos subjetivos, apelos subliminares, - evidência;
chantagens sentimentais, com o emprego de “apelações”, como a - divisão ou análise;
inflexão de voz, a mímica e até o choro. - ordem ou dedução;
Alguns autores classificam a dissertação em duas modalidades, - enumeração.
expositiva e argumentativa. Esta, exige argumentação, razões a favor
e contra uma ideia, ao passo que a outra é informativa, apresenta A enumeração pode apresentar dois tipos de falhas: a omissão
dados sem a intenção de convencer. Na verdade, a escolha dos e a incompreensão. Qualquer erro na enumeração pode quebrar o
dados levantados, a maneira de expô-los no texto já revelam uma encadeamento das ideias, indispensável para o processo dedutivo.

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LÍNGUA PORTUGUESA

A forma de argumentação mais empregada na redação Indução


acadêmica é o silogismo, raciocínio baseado nas regras cartesianas, O Rio de Janeiro tem uma estátua do Cristo Redentor.
que contém três proposições: duas premissas, maior e menor, (particular)
e a conclusão. As três proposições são encadeadas de tal forma, Taubaté (SP) tem uma estátua do Cristo Redentor. (particular)
que a conclusão é deduzida da maior por intermédio da menor. A Rio de Janeiro e Taubaté são cidades.
premissa maior deve ser universal, emprega todo, nenhum, pois Logo, toda cidade tem uma estátua do Cristo Redentor. (geral
alguns não caracteriza a universalidade. – conclusão falsa)
Há dois métodos fundamentais de raciocínio: a dedução
(silogística), que parte do geral para o particular, e a indução, que vai Nota-se que as premissas são verdadeiras, mas a conclusão pode
do particular para o geral. A expressão formal do método dedutivo ser falsa. Nem todas as pessoas que têm diploma são professores;
é o silogismo. A dedução é o caminho das consequências, baseia-se nem todas as cidades têm uma estátua do Cristo Redentor. Comete-
em uma conexão descendente (do geral para o particular) que leva se erro quando se faz generalizações apressadas ou infundadas. A
à conclusão. Segundo esse método, partindo-se de teorias gerais, “simples inspeção” é a ausência de análise ou análise superficial
de verdades universais, pode-se chegar à previsão ou determinação dos fatos, que leva a pronunciamentos subjetivos, baseados nos
de fenômenos particulares. O percurso do raciocínio vai da causa sentimentos não ditados pela razão.
para o efeito. Exemplo: Tem-se, ainda, outros métodos, subsidiários ou não
Todo homem é mortal (premissa maior = geral, universal) fundamentais, que contribuem para a descoberta ou comprovação
Fulano é homem (premissa menor = particular) da verdade: análise, síntese, classificação e definição. Além desses,
Logo, Fulano é mortal (conclusão) existem outros métodos particulares de algumas ciências, que
adaptam os processos de dedução e indução à natureza de uma
A indução percorre o caminho inverso ao da dedução, baseiase realidade particular. Pode-se afirmar que cada ciência tem seu
em uma conexão ascendente, do particular para o geral. Nesse caso, método próprio demonstrativo, comparativo, histórico etc. A
as constatações particulares levam às leis gerais, ou seja, parte de análise, a síntese, a classificação a definição são chamadas métodos
fatos particulares conhecidos para os fatos gerais, desconhecidos. O sistemáticos, porque pela organização e ordenação das ideias visam
percurso do raciocínio se faz do efeito para a causa. Exemplo: sistematizar a pesquisa.
O calor dilata o ferro (particular) Análise e síntese são dois processos opostos, mas interligados;
O calor dilata o bronze (particular) a análise parte do todo para as partes, a síntese, das partes para
O calor dilata o cobre (particular) o todo. A análise precede a síntese, porém, de certo modo, uma
O ferro, o bronze, o cobre são metais depende da outra. A análise decompõe o todo em partes, enquanto
Logo, o calor dilata metais (geral, universal) a síntese recompõe o todo pela reunião das partes. Sabe-se, porém,
que o todo não é uma simples justaposição das partes. Se alguém
Quanto a seus aspectos formais, o silogismo pode ser válido reunisse todas as peças de um relógio, não significa que reconstruiu
e verdadeiro; a conclusão será verdadeira se as duas premissas o relógio, pois fez apenas um amontoado de partes. Só reconstruiria
também o forem. Se há erro ou equívoco na apreciação dos todo se as partes estivessem organizadas, devidamente combinadas,
fatos, pode-se partir de premissas verdadeiras para chegar a uma seguida uma ordem de relações necessárias, funcionais, então, o
conclusão falsa. Tem-se, desse modo, o sofisma. Uma definição relógio estaria reconstruído.
inexata, uma divisão incompleta, a ignorância da causa, a falsa Síntese, portanto, é o processo de reconstrução do todo
analogia são algumas causas do sofisma. O sofisma pressupõe por meio da integração das partes, reunidas e relacionadas num
má fé, intenção deliberada de enganar ou levar ao erro; quando o conjunto. Toda síntese, por ser uma reconstrução, pressupõe a
sofisma não tem essas intenções propositais, costuma-se chamar análise, que é a decomposição. A análise, no entanto, exige uma
esse processo de argumentação de paralogismo. Encontra-se um decomposição organizada, é preciso saber como dividir o todo em
exemplo simples de sofisma no seguinte diálogo: partes. As operações que se realizam na análise e na síntese podem
- Você concorda que possui uma coisa que não perdeu? ser assim relacionadas:
- Lógico, concordo. Análise: penetrar, decompor, separar, dividir.
- Você perdeu um brilhante de 40 quilates? Síntese: integrar, recompor, juntar, reunir.
- Claro que não!
- Então você possui um brilhante de 40 quilates... A análise tem importância vital no processo de coleta de ideias
a respeito do tema proposto, de seu desdobramento e da criação de
Exemplos de sofismas: abordagens possíveis. A síntese também é importante na escolha
dos elementos que farão parte do texto.
Dedução Segundo Garcia (1973, p.300), a análise pode ser formal ou
Todo professor tem um diploma (geral, universal) informal. A análise formal pode ser científica ou experimental;
Fulano tem um diploma (particular) é característica das ciências matemáticas, físico-naturais e
Logo, fulano é professor (geral – conclusão falsa) experimentais. A análise informal é racional ou total, consiste
em “discernir” por vários atos distintos da atenção os elementos
constitutivos de um todo, os diferentes caracteres de um objeto ou
fenômeno.

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LÍNGUA PORTUGUESA

A análise decompõe o todo em partes, a classificação estabelece O que distingue o termo definido de outros elementos da
as necessárias relações de dependência e hierarquia entre as mesma espécie. Exemplo:
partes. Análise e classificação ligam-se intimamente, a ponto de se Na frase: O homem é um animal racional classifica-se:
confundir uma com a outra, contudo são procedimentos diversos:
análise é decomposição e classificação é hierarquisação.
Nas ciências naturais, classificam-se os seres, fatos e fenômenos
por suas diferenças e semelhanças; fora das ciências naturais, a Elemento especiediferença
classificação pode-se efetuar por meio de um processo mais ou a ser definidoespecífica
menos arbitrário, em que os caracteres comuns e diferenciadores
são empregados de modo mais ou menos convencional. A É muito comum formular definições de maneira defeituosa,
classificação, no reino animal, em ramos, classes, ordens, subordens, por exemplo: Análise é quando a gente decompõe o todo em
gêneros e espécies, é um exemplo de classificação natural, pelas partes. Esse tipo de definição é gramaticalmente incorreto; quando
características comuns e diferenciadoras. A classificação dos é advérbio de tempo, não representa o gênero, a espécie, a gente é
variados itens integrantes de uma lista mais ou menos caótica é forma coloquial não adequada à redação acadêmica. Tão importante
artificial. é saber formular uma definição, que se recorre a Garcia (1973,
p.306), para determinar os “requisitos da definição denotativa”.
Exemplo: aquecedor, automóvel, barbeador, batata, caminhão, Para ser exata, a definição deve apresentar os seguintes requisitos:
canário, jipe, leite, ônibus, pão, pardal, pintassilgo, queijo, relógio, - o termo deve realmente pertencer ao gênero ou classe em
sabiá, torradeira. que está incluído: “mesa é um móvel” (classe em que ‘mesa’ está
Aves: Canário, Pardal, Pintassilgo, Sabiá. realmente incluída) e não “mesa é um instrumento ou ferramenta
Alimentos: Batata, Leite, Pão, Queijo. ou instalação”;
Mecanismos: Aquecedor, Barbeador, Relógio, Torradeira. - o gênero deve ser suficientemente amplo para incluir todos os
Veículos: Automóvel, Caminhão, Jipe, Ônibus. exemplos específicos da coisa definida, e suficientemente restrito
para que a diferença possa ser percebida sem dificuldade;
Os elementos desta lista foram classificados por ordem - deve ser obrigatoriamente afirmativa: não há, em verdade,
alfabética e pelas afinidades comuns entre eles. Estabelecer definição, quando se diz que o “triângulo não é um prisma”;
critérios de classificação das ideias e argumentos, pela ordem - deve ser recíproca: “O homem é um ser vivo” não constitui
de importância, é uma habilidade indispensável para elaborar definição exata, porque a recíproca, “Todo ser vivo é um homem”
o desenvolvimento de uma redação. Tanto faz que a ordem seja não é verdadeira (o gato é ser vivo e não é homem);
crescente, do fato mais importante para o menos importante, ou - deve ser breve (contida num só período). Quando a definição,
decrescente, primeiro o menos importante e, no final, o impacto ou o que se pretenda como tal, é muito longa (séries de períodos
do mais importante; é indispensável que haja uma lógica na ou de parágrafos), chama-se explicação, e também definição
classificação. A elaboração do plano compreende a classificação expandida;d
das partes e subdivisões, ou seja, os elementos do plano devem - deve ter uma estrutura gramatical rígida: sujeito (o termo) +
obedecer a uma hierarquização. (Garcia, 1973, p. 302304.) cópula (verbo de ligação ser) + predicativo (o gênero) + adjuntos (as
Para a clareza da dissertação, é indispensável que, logo na diferenças).
introdução, os termos e conceitos sejam definidos, pois, para
expressar um questionamento, deve-se, de antemão, expor clara As definições dos dicionários de língua são feitas por meio
e racionalmente as posições assumidas e os argumentos que as de paráfrases definitórias, ou seja, uma operação metalinguística
justificam. É muito importante deixar claro o campo da discussão e que consiste em estabelecer uma relação de equivalência entre a
a posição adotada, isto é, esclarecer não só o assunto, mas também palavra e seus significados.
os pontos de vista sobre ele. A força do texto dissertativo está em sua fundamentação.
A definição tem por objetivo a exatidão no emprego da Sempre é fundamental procurar um porquê, uma razão verdadeira
linguagem e consiste na enumeração das qualidades próprias e necessária. A verdade de um ponto de vista deve ser demonstrada
de uma ideia, palavra ou objeto. Definir é classificar o elemento com argumentos válidos. O ponto de vista mais lógico e racional
conforme a espécie a que pertence, demonstra: a característica que do mundo não tem valor, se não estiver acompanhado de uma
o diferencia dos outros elementos dessa mesma espécie. fundamentação coerente e adequada.
Entre os vários processos de exposição de ideias, a definição Os métodos fundamentais de raciocínio segundo a lógica
é um dos mais importantes, sobretudo no âmbito das ciências. clássica, que foram abordados anteriormente, auxiliam o
A definição científica ou didática é denotativa, ou seja, atribui às julgamento da validade dos fatos. Às vezes, a argumentação é
palavras seu sentido usual ou consensual, enquanto a conotativa ou clara e pode reconhecer-se facilmente seus elementos e suas
metafórica emprega palavras de sentido figurado. Segundo a lógica relações; outras vezes, as premissas e as conclusões organizam-se
tradicional aristotélica, a definição consta de três elementos: de modo livre, misturando-se na estrutura do argumento. Por isso,
- o termo a ser definido; é preciso aprender a reconhecer os elementos que constituem um
- o gênero ou espécie; argumento: premissas/conclusões. Depois de reconhecer, verificar
- a diferença específica. se tais elementos são verdadeiros ou falsos; em seguida, avaliar
se o argumento está expresso corretamente; se há coerência e
adequação entre seus elementos, ou se há contradição. Para isso
é que se aprende os processos de raciocínio por dedução e por

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indução. Admitindo-se que raciocinar é relacionar, conclui-se que Apoio na consensualidade: Certas afirmações dispensam
o argumento é um tipo específico de relação entre as premissas e explicação ou comprovação, pois seu conteúdo é aceito como válido
a conclusão. por consenso, pelo menos em determinado espaço sociocultural.
Procedimentos Argumentativos: Constituem os procedimentos Nesse caso, incluem-se
argumentativos mais empregados para comprovar uma afirmação: - A declaração que expressa uma verdade universal (o homem,
exemplificação, explicitação, enumeração, comparação. mortal, aspira à imortalidade);
Exemplificação: Procura justificar os pontos de vista por meio - A declaração que é evidente por si mesma (caso dos
de exemplos, hierarquizar afirmações. São expressões comuns postulados e axiomas);
nesse tipo de procedimento: mais importante que, superior a, de - Quando escapam ao domínio intelectual, ou seja, é de
maior relevância que. Empregam-se também dados estatísticos, natureza subjetiva ou sentimental (o amor tem razões que a própria
acompanhados de expressões: considerando os dados; conforme razão desconhece); implica apreciação de ordem estética (gosto
os dados apresentados. Faz-se a exemplificação, ainda, pela não se discute); diz respeito a fé religiosa, aos dogmas (creio, ainda
apresentação de causas e consequências, usando-se comumente as que parece absurdo).
expressões: porque, porquanto, pois que, uma vez que, visto que,
por causa de, em virtude de, em vista de, por motivo de. Comprovação pela experiência ou observação: A verdade de
Explicitação: O objetivo desse recurso argumentativo é explicar um fato ou afirmação pode ser comprovada por meio de dados
ou esclarecer os pontos de vista apresentados. Pode-se alcançar concretos, estatísticos ou documentais.
esse objetivo pela definição, pelo testemunho e pela interpretação. Comprovação pela fundamentação lógica: A comprovação
Na explicitação por definição, empregamse expressões como: quer se realiza por meio de argumentos racionais, baseados na lógica:
dizer, denomina-se, chama-se, na verdade, isto é, haja vista, ou causa/efeito; consequência/causa; condição/ocorrência.
melhor; nos testemunhos são comuns as expressões: conforme, Fatos não se discutem; discutem-se opiniões. As declarações,
segundo, na opinião de, no parecer de, consoante as ideias de, no julgamento, pronunciamentos, apreciações que expressam opiniões
entender de, no pensamento de. A explicitação se faz também pela pessoais (não subjetivas) devem ter sua validade comprovada,
interpretação, em que são comuns as seguintes expressões: parece, e só os fatos provam. Em resumo toda afirmação ou juízo que
assim, desse ponto de vista. expresse uma opinião pessoal só terá validade se fundamentada na
Enumeração: Faz-se pela apresentação de uma sequência de evidência dos fatos, ou seja, se acompanhada de provas, validade
elementos que comprovam uma opinião, tais como a enumeração dos argumentos, porém, pode ser contestada por meio da contra-
de pormenores, de fatos, em uma sequência de tempo, em que são argumentação ou refutação. São vários os processos de contra-
frequentes as expressões: primeiro, segundo, por último, antes, argumentação:
depois, ainda, em seguida, então, presentemente, antigamente, Refutação pelo absurdo: refuta-se uma afirmação
depois de, antes de, atualmente, hoje, no passado, sucessivamente, demonstrando o absurdo da consequência. Exemplo clássico é a
respectivamente. Na enumeração de fatos em uma sequência de contraargumentação do cordeiro, na conhecida fábula “O lobo e o
espaço, empregam-se as seguintes expressões: cá, lá, acolá, ali, aí, cordeiro”;
além, adiante, perto de, ao redor de, no Estado tal, na capital, no Refutação por exclusão: consiste em propor várias hipóteses
interior, nas grandes cidades, no sul, no leste... para eliminá-las, apresentando-se, então, aquela que se julga
Comparação: Analogia e contraste são as duas maneiras verdadeira;
de se estabelecer a comparação, com a finalidade de comprovar Desqualificação do argumento: atribui-se o argumento
uma ideia ou opinião. Na analogia, são comuns as expressões: da à opinião pessoal subjetiva do enunciador, restringindo-se a
mesma forma, tal como, tanto quanto, assim como, igualmente. universalidade da afirmação;
Para estabelecer contraste, empregam-se as expressões: mais que, Ataque ao argumento pelo testemunho de autoridade:
menos que, melhor que, pior que. consiste em refutar um argumento empregando os testemunhos de
Entre outros tipos de argumentos empregados para aumentar autoridade que contrariam a afirmação apresentada;
o poder de persuasão de um texto dissertativo encontram-se: Desqualificar dados concretos apresentados: consiste em
Argumento de autoridade: O saber notório de uma autoridade desautorizar dados reais, demonstrando que o enunciador
reconhecida em certa área do conhecimento dá apoio a uma baseou-se em dados corretos, mas tirou conclusões falsas ou
afirmação. Dessa maneira, procura-se trazer para o enunciado a inconsequentes. Por exemplo, se na argumentação afirmou-se, por
credibilidade da autoridade citada. Lembre-se que as citações literais meio de dados estatísticos, que “o controle demográfico produz o
no corpo de um texto constituem argumentos de autoridade. Ao desenvolvimento”, afirma-se que a conclusão é inconsequente, pois
fazer uma citação, o enunciador situa os enunciados nela contidos baseia-se em uma relação de causa-feito difícil de ser comprovada.
na linha de raciocínio que ele considera mais adequada para Para contraargumentar, propõese uma relação inversa: “o
explicar ou justificar um fato ou fenômeno. Esse tipo de argumento desenvolvimento é que gera o controle demográfico”.
tem mais caráter confirmatório que comprobatório. Apresentam-se aqui sugestões, um dos roteiros possíveis para
desenvolver um tema, que podem ser analisadas e adaptadas
ao desenvolvimento de outros temas. Elege-se um tema, e, em
seguida, sugerem-se os procedimentos que devem ser adotados
para a elaboração de um Plano de Redação.

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Tema: O homem e a máquina: necessidade e riscos da evolução O diálogo pode ocorrer em diversas áreas do conhecimento,
tecnológica não se restringindo única e exclusivamente a textos literários.
- Questionar o tema, transformá-lo em interrogação, responder Em alguns casos pode-se dizer que a intertextualidade assume
a interrogação (assumir um ponto de vista); dar o porquê da a função de não só persuadir o leitor como também de difundir a
resposta, justificar, criando um argumento básico; cultura, uma vez que se trata de uma relação com a arte (pintura,
- Imaginar um ponto de vista oposto ao argumento básico e escultura, literatura etc). Intertextualidade é a relação entre dois
construir uma contra-argumentação; pensar a forma de refutação textos caracterizada por um citar o outro.
que poderia ser feita ao argumento básico e tentar desqualificá-la A intertextualidade é o diálogo entre textos. Ocorre quando
(rever tipos de argumentação); um texto (oral, escrito, verbal ou não verbal), de alguma maneira,
- Refletir sobre o contexto, ou seja, fazer uma coleta de ideias se utiliza de outro na elaboração de sua mensagem. Os dois textos
que estejam direta ou indiretamente ligadas ao tema (as ideias – a fonte e o que dialoga com ela – podem ser do mesmo gênero
podem ser listadas livremente ou organizadas como causa e ou de gêneros distintos, terem a mesma finalidade ou propósitos
consequência); diferentes. Assim, como você constatou, uma história em
- Analisar as ideias anotadas, sua relação com o tema e com o quadrinhos pode utilizar algo de um texto científico, assim como
argumento básico; um poema pode valer-se de uma letra de música ou um artigo de
- Fazer uma seleção das ideias pertinentes, escolhendo as que opinião pode mencionar um provérbio conhecido.
poderão ser aproveitadas no texto; essas ideias transformam-se Há várias maneiras de um texto manter intertextualidade com
em argumentos auxiliares, que explicam e corroboram a ideia do outro, entre elas, ao citá-lo, ao resumi-lo, ao reproduzi-lo com
argumento básico; outras palavras, ao traduzi-lo para outro idioma, ao ampliá-lo, ao
- Fazer um esboço do Plano de Redação, organizando uma tomá-lo como ponto de partida, ao defendê-lo, ao criticá-lo, ao
sequência na apresentação das ideias selecionadas, obedecendo ironizá-lo ou ao compará-lo com outros.
às partes principais da estrutura do texto, que poderia ser mais ou Os estudiosos afirmam que em todos os textos ocorre algum
menos a seguinte: grau de intertextualidade, pois quando falamos, escrevemos,
desenhamos, pintamos, moldamos, ou seja, sempre que nos
Introdução expressamos, estamos nos valendo de ideias e conceitos que
- função social da ciência e da tecnologia; já foram formulados por outros para reafirmá-los, ampliá-los
- definições de ciência e tecnologia; ou mesmo contradizê-los. Em outras palavras, não há textos
- indivíduo e sociedade perante o avanço tecnológico. absolutamente originais, pois eles sempre – de maneira explícita ou
implícita – mantêm alguma relação com algo que foi visto, ouvido
Desenvolvimento ou lido.
- apresentação de aspectos positivos e negativos do
desenvolvimento tecnológico; Tipos de Intertextualidade
- como o desenvolvimento científico-tecnológico modificou as A intertextualidade acontece quando há uma referência
condições de vida no mundo atual; explícita ou implícita de um texto em outro. Também pode
- a tecnocracia: oposição entre uma sociedade ocorrer com outras formas além do texto, música, pintura, filme,
tecnologicamente desenvolvida e a dependência tecnológica dos novela etc. Toda vez que uma obra fizer alusão à outra ocorre a
países subdesenvolvidos; intertextualidade.
- enumerar e discutir os fatores de desenvolvimento social; Por isso é importante para o leitor o conhecimento de mundo,
- comparar a vida de hoje com os diversos tipos de vida do um saber prévio, para reconhecer e identificar quando há um
passado; apontar semelhanças e diferenças; diálogo entre os textos. A intertextualidade pode ocorrer afirmando
- analisar as condições atuais de vida nos grandes centros as mesmas ideias da obra citada ou contestando-as.
urbanos; Na paráfrase as palavras são mudadas, porém a ideia do
- como se poderia usar a ciência e a tecnologia para humanizar texto é confirmada pelo novo texto, a alusão ocorre para atualizar,
mais a sociedade. reafirmar os sentidos ou alguns sentidos do texto citado. É dizer
com outras palavras o que já foi dito.
Conclusão
- a tecnologia pode libertar ou escravizar: benefícios/ A paródia é uma forma de contestar ou ridicularizar outros
consequências maléficas; textos, há uma ruptura com as ideologias impostas e por isso
- síntese interpretativa dos argumentos e contra-argumentos é objeto de interesse para os estudiosos da língua e das artes.
apresentados. Ocorre, aqui, um choque de interpretação, a voz do texto original
é retomada para transformar seu sentido, leva o leitor a uma
Naturalmente esse não é o único, nem o melhor plano de reflexão crítica de suas verdades incontestadas anteriormente, com
redação: é um dos possíveis. esse processo há uma indagação sobre os dogmas estabelecidos
Intertextualidade é o nome dado à relação que se estabelece e uma busca pela verdade real, concebida através do raciocínio e
entre dois textos, quando um texto já criado exerce influência na da crítica. Os programas humorísticos fazem uso contínuo dessa
criação de um novo texto. Pode-se definir, então, a intertextualidade arte, frequentemente os discursos de políticos são abordados
como sendo a criação de um texto a partir de outro texto já de maneira cômica e contestadora, provocando risos e também
existente. Dependendo da situação, a intertextualidade tem reflexão a respeito da demagogia praticada pela classe dominante.
funções diferentes que dependem muito dos textos/contextos em
que ela é inserida.

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A Epígrafe é um recurso bastante utilizado em obras, textos Trata-se da posição da qual o narrador articula a narrativa. Apesar
científicos, desde artigos, resenhas, monografias, uma vez que de existir diferentes possibilidades de Ponto de Vista em uma
consiste no acréscimo de uma frase ou parágrafo que tenha alguma narrativa, considera-se dois pontos de vista como fundamentais: O
relação com o que será discutido no texto. Do grego, o termo narrador-observador e o narrador-personagem.
“epígrafhe” é formado pelos vocábulos “epi” (posição superior) e
“graphé” (escrita). Como exemplo podemos citar um artigo sobre Primeira pessoa
Patrimônio Cultural e a epígrafe do filósofo Aristóteles (384 a.C.-322 Um personagem narra a história a partir de seu próprio ponto
a.C.): “A cultura é o melhor conforto para a velhice”. de vista, ou seja, o escritor usa a primeira pessoa. Nesse caso, lemos
o livro com a sensação de termos a visão do personagem podendo
A Citação é o Acréscimo de partes de outras obras numa também saber quais são seus pensamentos, o que causa uma
produção textual, de forma que dialoga com ele; geralmente vem leitura mais íntima. Da mesma maneira que acontece nas nossas
expressa entre aspas e itálico, já que se trata da enunciação de outro vidas, existem algumas coisas das quais não temos conhecimento e
autor. Esse recurso é importante haja vista que sua apresentação só descobrimos ao decorrer da história.
sem relacionar a fonte utilizada é considerado “plágio”. Do Latim, o
termo “citação” (citare) significa convocar. Segunda pessoa
O autor costuma falar diretamente com o leitor, como um
A Alusão faz referência aos elementos presentes em outros diálogo. Trata-se de um caso mais raro e faz com que o leitor se
textos. Do Latim, o vocábulo “alusão” (alludere) é formado por dois sinta quase como outro personagem que participa da história.
termos: “ad” (a, para) e “ludere” (brincar).
Terceira pessoa
Pastiche é uma recorrência a um gênero. Coloca o leitor numa posição externa, como se apenas
observasse a ação acontecer. Os diálogos não são como na narrativa
A Tradução está no campo da intertextualidade porque implica em primeira pessoa, já que nesse caso o autor relata as frases como
a recriação de um texto. alguém que estivesse apenas contando o que cada personagem
disse.
Evidentemente, a intertextualidade está ligada ao Sendo assim, o autor deve definir se sua narrativa será
“conhecimento de mundo”, que deve ser compartilhado, ou seja, transmitida ao leitor por um ou vários personagens. Se a história
comum ao produtor e ao receptor de textos. é contada por mais de um ser fictício, a transição do ponto de
A intertextualidade pressupõe um universo cultural muito vista de um para outro deve ser bem clara, para que quem estiver
amplo e complexo, pois implica a identificação / o reconhecimento de acompanhando a leitura não fique confuso.
remissões a obras ou a textos / trechos mais, ou menos conhecidos,
além de exigir do interlocutor a capacidade de interpretar a função estrutura e organização do texto e dos parágrafos
daquela citação ou alusão em questão. São três os elementos essenciais para a composição de um tex-
to: a introdução, o desenvolvimento e a conclusão. Vamos estudar
Intertextualidade explícita e intertextualidade implícita cada uma de forma isolada a seguir:
A intertextualidade pode ser caracterizada como explícita ou
implícita, de acordo com a relação estabelecida com o texto fonte, Introdução
ou seja, se mais direta ou se mais subentendida. É a apresentação direta e objetiva da ideia central do texto. A
introdução é caracterizada por ser o parágrafo inicial.
A intertextualidade explícita:
– é facilmente identificada pelos leitores; Desenvolvimento
– estabelece uma relação direta com o texto fonte; Quando tratamos de estrutura, é a maior parte do texto. O
– apresenta elementos que identificam o texto fonte; desenvolvimento estabelece uma conexão entre a introdução e a
– não exige que haja dedução por parte do leitor; conclusão, pois é nesta parte que as ideias, argumentos e posicio-
– apenas apela à compreensão do conteúdos. namento do autor vão sendo formados e desenvolvidos com a fina-
lidade de dirigir a atenção do leitor para a conclusão.
A intertextualidade implícita: Em um bom desenvolvimento as ideias devem ser claras e ap-
– não é facilmente identificada pelos leitores; tas a fazer com que o leitor anteceda qual será a conclusão.
– não estabelece uma relação direta com o texto fonte;
– não apresenta elementos que identificam o texto fonte; São três principais erros que podem ser cometidos na elabora-
– exige que haja dedução, inferência, atenção e análise por ção do desenvolvimento:
parte dos leitores; - Distanciar-se do texto em relação ao tema inicial.
– exige que os leitores recorram a conhecimentos prévios para - Focar em apenas um tópico do tema e esquecer dos outros.
a compreensão do conteúdo. - Falar sobre muitas informações e não conseguir organizá-las,
dificultando a linha de compreensão do leitor.
PONTO DE VISTA
O modo como o autor narra suas histórias provoca diferentes
sentidos ao leitor em relação à uma obra. Existem três pontos
de vista diferentes. É considerado o elemento da narração que
compreende a perspectiva através da qual se conta a história.

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Conclusão Uso do “X”


Ponto final de todas as argumentações discorridas no desen- Algumas dicas são relevantes para saber o momento de usar o
volvimento, ou seja, o encerramento do texto e dos questionamen- X no lugar do CH:
tos levantados pelo autor. • Depois das sílabas iniciais “me” e “en” (ex: mexerica; enxer-
Ao fazermos a conclusão devemos evitar expressões como: gar)
“Concluindo...”, “Em conclusão, ...”, “Como já dissemos antes...”. • Depois de ditongos (ex: caixa)
• Palavras de origem indígena ou africana (ex: abacaxi; orixá)
Parágrafo
Se caracteriza como um pequeno recuo em relação à margem Uso do “S” ou “Z”
esquerda da folha. Conceitualmente, o parágrafo completo deve Algumas regras do uso do “S” com som de “Z” podem ser ob-
conter introdução, desenvolvimento e conclusão. servadas:
- Introdução – apresentação da ideia principal, feita de maneira • Depois de ditongos (ex: coisa)
sintética de acordo com os objetivos do autor. • Em palavras derivadas cuja palavra primitiva já se usa o “S”
- Desenvolvimento – ampliação do tópico frasal (introdução), (ex: casa > casinha)
atribuído pelas ideias secundárias, a fim de reforçar e dar credibili- • Nos sufixos “ês” e “esa”, ao indicarem nacionalidade, título ou
dade na discussão. origem. (ex: portuguesa)
- Conclusão – retomada da ideia central ligada aos pressupos- • Nos sufixos formadores de adjetivos “ense”, “oso” e “osa” (ex:
tos citados no desenvolvimento, procurando arrematá-los. populoso)

Exemplo de um parágrafo bem estruturado (com introdução, Uso do “S”, “SS”, “Ç”
desenvolvimento e conclusão): • “S” costuma aparecer entre uma vogal e uma consoante (ex:
diversão)
“Nesse contexto, é um grave erro a liberação da maconha. • “SS” costuma aparecer entre duas vogais (ex: processo)
Provocará de imediato violenta elevação do consumo. O Estado • “Ç” costuma aparecer em palavras estrangeiras que passa-
perderá o precário controle que ainda exerce sobre as drogas psico- ram pelo processo de aportuguesamento (ex: muçarela)
trópicas e nossas instituições de recuperação de viciados não terão
estrutura suficiente para atender à demanda. Enfim, viveremos o Os diferentes porquês
caos. ”
(Alberto Corazza, Isto É, com adaptações) Usado para fazer perguntas. Pode ser
POR QUE
substituído por “por qual motivo”
Elemento relacionador: Nesse contexto.
Tópico frasal: é um grave erro a liberação da maconha. Usado em respostas e explicações. Pode ser
PORQUE
Desenvolvimento: Provocará de imediato violenta elevação do substituído por “pois”
consumo. O Estado perderá o precário controle que ainda exerce O “que” é acentuado quando aparece como
sobre as drogas psicotrópicas e nossas instituições de recuperação POR QUÊ a última palavra da frase, antes da pontuação
de viciados não terão estrutura suficiente para atender à demanda. final (interrogação, exclamação, ponto final)
Conclusão: Enfim, viveremos o caos.
É um substantivo, portanto costuma vir
PORQUÊ acompanhado de um artigo, numeral, adjetivo
ORTOGRAFIA OFICIAL ou pronome

A ortografia oficial diz respeito às regras gramaticais referentes Parônimos e homônimos


à escrita correta das palavras. Para melhor entendê-las, é preciso As palavras parônimas são aquelas que possuem grafia e pro-
analisar caso a caso. Lembre-se de que a melhor maneira de memo- núncia semelhantes, porém com significados distintos.
rizar a ortografia correta de uma língua é por meio da leitura, que Ex: cumprimento (saudação) X comprimento (extensão); tráfe-
também faz aumentar o vocabulário do leitor. go (trânsito) X tráfico (comércio ilegal).
Neste capítulo serão abordadas regras para dúvidas frequentes Já as palavras homônimas são aquelas que possuem a mesma
entre os falantes do português. No entanto, é importante ressaltar grafia e pronúncia, porém têm significados diferentes. Ex: rio (verbo
que existem inúmeras exceções para essas regras, portanto, fique “rir”) X rio (curso d’água); manga (blusa) X manga (fruta).
atento!
ACENTUAÇÃO GRÁFICA
Alfabeto
O primeiro passo para compreender a ortografia oficial é co-
nhecer o alfabeto (os sinais gráficos e seus sons). No português, o A acentuação é uma das principais questões relacionadas à Or-
alfabeto se constitui 26 letras, divididas entre vogais (a, e, i, o, u) e tografia Oficial, que merece um capítulo a parte. Os acentos utili-
consoantes (restante das letras). zados no português são: acento agudo (´); acento grave (`); acento
Com o Novo Acordo Ortográfico, as consoantes K, W e Y foram circunflexo (^); cedilha (¸) e til (~).
reintroduzidas ao alfabeto oficial da língua portuguesa, de modo Depois da reforma do Acordo Ortográfico, a trema foi excluída,
que elas são usadas apenas em duas ocorrências: transcrição de de modo que ela só é utilizada na grafia de nomes e suas derivações
nomes próprios e abreviaturas e símbolos de uso internacional. (ex: Müller, mülleriano).

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Esses são sinais gráficos que servem para modificar o som de alguma letra, sendo importantes para marcar a sonoridade e a intensi-
dade das sílabas, e para diferenciar palavras que possuem a escrita semelhante.
A sílaba mais intensa da palavra é denominada sílaba tônica. A palavra pode ser classificada a partir da localização da sílaba tônica,
como mostrado abaixo:
• OXÍTONA: a última sílaba da palavra é a mais intensa. (Ex: café)
• PAROXÍTONA: a penúltima sílaba da palavra é a mais intensa. (Ex: automóvel)
• PROPAROXÍTONA: a antepenúltima sílaba da palavra é a mais intensa. (Ex: lâmpada)
As demais sílabas, pronunciadas de maneira mais sutil, são denominadas sílabas átonas.

Regras fundamentais

CLASSIFICAÇÃO REGRAS EXEMPLOS


• terminadas em A, E, O, EM, seguidas ou não do
cipó(s), pé(s), armazém
OXÍTONAS plural
respeitá-la, compô-lo, comprometê-los
• seguidas de -LO, -LA, -LOS, -LAS
• terminadas em I, IS, US, UM, UNS, L, N, X, PS, Ã,
ÃS, ÃO, ÃOS
táxi, lápis, vírus, fórum, cadáver, tórax, bíceps, ímã,
• ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido
PAROXÍTONAS órfão, órgãos, água, mágoa, pônei, ideia, geleia,
ou não do plural
paranoico, heroico
(OBS: Os ditongos “EI” e “OI” perderam o acento
com o Novo Acordo Ortográfico)
PROPAROXÍTONAS • todas são acentuadas cólica, analítico, jurídico, hipérbole, último, álibi

Regras especiais

REGRA EXEMPLOS
Acentua-se quando “I” e “U” tônicos formarem hiato com a vogal anterior, acompanhados ou não de
saída, faísca, baú, país
“S”, desde que não sejam seguidos por “NH”
feiura, Bocaiuva, Sauipe
OBS: Não serão mais acentuados “I” e “U” tônicos formando hiato quando vierem depois de ditongo
Acentua-se a 3ª pessoa do plural do presente do indicativo dos verbos “TER” e “VIR” e seus compostos têm, obtêm, contêm, vêm
Não são acentuados hiatos “OO” e “EE” leem, voo, enjoo
Não são acentuadas palavras homógrafas
pelo, pera, para
OBS: A forma verbal “PÔDE” é uma exceção

PONTUAÇÃO

Os sinais de pontuação são recursos gráficos que se encontram na linguagem escrita, e suas funções são demarcar unidades e sinalizar
limites de estruturas sintáticas. É também usado como um recurso estilístico, contribuindo para a coerência e a coesão dos textos.
São eles: o ponto (.), a vírgula (,), o ponto e vírgula (;), os dois pontos (:), o ponto de exclamação (!), o ponto de interrogação (?), as
reticências (...), as aspas (“”), os parênteses ( ( ) ), o travessão (—), a meia-risca (–), o apóstrofo (‘), o asterisco (*), o hífen (-), o colchetes
([]) e a barra (/).
Confira, no quadro a seguir, os principais sinais de pontuação e suas regras de uso.

SINAL NOME USO EXEMPLOS


Indicar final da frase declarativa Meu nome é Pedro.
. Ponto Separar períodos Fica mais. Ainda está cedo
Abreviar palavras Sra.
Iniciar fala de personagem A princesa disse:
Antes de aposto ou orações apositivas, enumerações - Eu consigo sozinha.
: Dois-pontos ou sequência de palavras para resumir / explicar Esse é o problema da pandemia: as pessoas não
ideias apresentadas anteriormente respeitam a quarentena.
Antes de citação direta Como diz o ditado: “olho por olho, dente por dente”.

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Indicar hesitação
Sabe... não está sendo fácil...
... Reticências Interromper uma frase
Quem sabe depois...
Concluir com a intenção de estender a reflexão
Isolar palavras e datas
A Semana de Arte Moderna (1922)
() Parênteses Frases intercaladas na função explicativa (podem
Eu estava cansada (trabalhar e estudar é puxado).
substituir vírgula e travessão)
Indicar expressão de emoção Que absurdo!
Ponto de
! Final de frase imperativa Estude para a prova!
Exclamação
Após interjeição Ufa!
Ponto de
? Em perguntas diretas Que horas ela volta?
Interrogação
A professora disse:
Iniciar fala do personagem do discurso direto e indicar — Boas férias!
— Travessão mudança de interloculor no diálogo — Obrigado, professora.
Substituir vírgula em expressões ou frases explicativas O corona vírus — Covid-19 — ainda está sendo
estudado.

Vírgula
A vírgula é um sinal de pontuação com muitas funções, usada para marcar uma pausa no enunciado. Veja, a seguir, as principais regras
de uso obrigatório da vírgula.
• Separar termos coordenados: Fui à feira e comprei abacate, mamão, manga, morango e abacaxi.
• Separar aposto (termo explicativo): Belo Horizonte, capital mineira, só tem uma linha de metrô.
• Isolar vocativo: Boa tarde, Maria.
• Isolar expressões que indicam circunstâncias adverbiais (modo, lugar, tempo etc): Todos os moradores, calmamente, deixaram o
prédio.
• Isolar termos explicativos: A educação, a meu ver, é a solução de vários problemas sociais.
• Separar conjunções intercaladas, e antes dos conectivos “mas”, “porém”, “pois”, “contudo”, “logo”: A menina acordou cedo, mas não
conseguiu chegar a tempo na escola. Não explicou, porém, o motivo para a professora.
• Separar o conteúdo pleonástico: A ela, nada mais abala.

No caso da vírgula, é importante saber que, em alguns casos, ela não deve ser usada. Assim, não há vírgula para separar:
• Sujeito de predicado.
• Objeto de verbo.
• Adjunto adnominal de nome.
• Complemento nominal de nome.
• Predicativo do objeto do objeto.
• Oração principal da subordinada substantiva.
• Termos coordenados ligados por “e”, “ou”, “nem”.

EMPREGO DAS CLASSES DE PALAVRAS: SUBSTANTIVO, ADJETIVO, NUMERAL, PRONOME, VERBO, ADVÉRBIO, PRE-
POSIÇÃO E CONJUNÇÃO: EMPREGO E SENTIDO QUE IMPRIMEM ÀS RELAÇÕES QUE ESTABELECEM. VOZES VERBAIS:
ATIVA E PASSIVA

Classes de Palavras
Para entender sobre a estrutura das funções sintáticas, é preciso conhecer as classes de palavras, também conhecidas por classes
morfológicas. A gramática tradicional pressupõe 10 classes gramaticais de palavras, sendo elas: adjetivo, advérbio, artigo, conjunção, in-
terjeição, numeral, pronome, preposição, substantivo e verbo.

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Veja, a seguir, as características principais de cada uma delas.

CLASSE CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS


Menina inteligente...
Expressar características, qualidades ou estado dos seres Roupa azul-marinho...
ADJETIVO
Sofre variação em número, gênero e grau Brincadeira de criança...
Povo brasileiro...
A ajuda chegou tarde.
Indica circunstância em que ocorre o fato verbal
ADVÉRBIO A mulher trabalha muito.
Não sofre variação
Ele dirigia mal.
Determina os substantivos (de modo definido ou indefinido) A galinha botou um ovo.
ARTIGO
Varia em gênero e número Uma menina deixou a mochila no ônibus.
Liga ideias e sentenças (conhecida também como conectivos) Não gosto de refrigerante nem de pizza.
CONJUNÇÃO
Não sofre variação Eu vou para a praia ou para a cachoeira?
Exprime reações emotivas e sentimentos Ah! Que calor...
INTERJEIÇÃO
Não sofre variação Escapei por pouco, ufa!
Atribui quantidade e indica posição em alguma sequência Gostei muito do primeiro dia de aula.
NUMERAL
Varia em gênero e número Três é a metade de seis.
Posso ajudar, senhora?
Acompanha, substitui ou faz referência ao substantivo Ela me ajudou muito com o meu trabalho.
PRONOME
Varia em gênero e número Esta é a casa onde eu moro.
Que dia é hoje?
Relaciona dois termos de uma mesma oração Espero por você essa noite.
PREPOSIÇÃO
Não sofre variação Lucas gosta de tocar violão.
Nomeia objetos, pessoas, animais, alimentos, lugares etc. A menina jogou sua boneca no rio.
SUBSTANTIVO
Flexionam em gênero, número e grau. A matilha tinha muita coragem.
Indica ação, estado ou fenômenos da natureza Ana se exercita pela manhã.
Sofre variação de acordo com suas flexões de modo, tempo, núme- Todos parecem meio bobos.
VERBO
ro, pessoa e voz. Chove muito em Manaus.
Verbos não significativos são chamados verbos de ligação A cidade é muito bonita quando vista do alto.

Substantivo
Tipos de substantivos
Os substantivos podem ter diferentes classificações, de acordo com os conceitos apresentados abaixo:
• Comum: usado para nomear seres e objetos generalizados. Ex: mulher; gato; cidade...
• Próprio: geralmente escrito com letra maiúscula, serve para especificar e particularizar. Ex: Maria; Garfield; Belo Horizonte...
• Coletivo: é um nome no singular que expressa ideia de plural, para designar grupos e conjuntos de seres ou objetos de uma mesma
espécie. Ex: matilha; enxame; cardume...
• Concreto: nomeia algo que existe de modo independente de outro ser (objetos, pessoas, animais, lugares etc.). Ex: menina; cachor-
ro; praça...
• Abstrato: depende de um ser concreto para existir, designando sentimentos, estados, qualidades, ações etc. Ex: saudade; sede;
imaginação...
• Primitivo: substantivo que dá origem a outras palavras. Ex: livro; água; noite...
• Derivado: formado a partir de outra(s) palavra(s). Ex: pedreiro; livraria; noturno...
• Simples: nomes formados por apenas uma palavra (um radical). Ex: casa; pessoa; cheiro...
• Composto: nomes formados por mais de uma palavra (mais de um radical). Ex: passatempo; guarda-roupa; girassol...

Flexão de gênero
Na língua portuguesa, todo substantivo é flexionado em um dos dois gêneros possíveis: feminino e masculino.
O substantivo biforme é aquele que flexiona entre masculino e feminino, mudando a desinência de gênero, isto é, geralmente o final
da palavra sendo -o ou -a, respectivamente (Ex: menino / menina). Há, ainda, os que se diferenciam por meio da pronúncia / acentuação
(Ex: avô / avó), e aqueles em que há ausência ou presença de desinência (Ex: irmão / irmã; cantor / cantora).
O substantivo uniforme é aquele que possui apenas uma forma, independente do gênero, podendo ser diferenciados quanto ao gêne-
ro a partir da flexão de gênero no artigo ou adjetivo que o acompanha (Ex: a cadeira / o poste). Pode ser classificado em epiceno (refere-se
aos animais), sobrecomum (refere-se a pessoas) e comum de dois gêneros (identificado por meio do artigo).

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É preciso ficar atento à mudança semântica que ocorre com alguns substantivos quando usados no masculino ou no feminino, trazen-
do alguma especificidade em relação a ele. No exemplo o fruto X a fruta temos significados diferentes: o primeiro diz respeito ao órgão
que protege a semente dos alimentos, enquanto o segundo é o termo popular para um tipo específico de fruto.

Flexão de número
No português, é possível que o substantivo esteja no singular, usado para designar apenas uma única coisa, pessoa, lugar (Ex: bola;
escada; casa) ou no plural, usado para designar maiores quantidades (Ex: bolas; escadas; casas) — sendo este último representado, geral-
mente, com o acréscimo da letra S ao final da palavra.
Há, também, casos em que o substantivo não se altera, de modo que o plural ou singular devem estar marcados a partir do contexto,
pelo uso do artigo adequado (Ex: o lápis / os lápis).

Variação de grau
Usada para marcar diferença na grandeza de um determinado substantivo, a variação de grau pode ser classificada em aumentativo
e diminutivo.
Quando acompanhados de um substantivo que indica grandeza ou pequenez, é considerado analítico (Ex: menino grande / menino
pequeno).
Quando acrescentados sufixos indicadores de aumento ou diminuição, é considerado sintético (Ex: meninão / menininho).

Novo Acordo Ortográfico


De acordo com o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, as letras maiúsculas devem ser usadas em nomes próprios de
pessoas, lugares (cidades, estados, países, rios), animais, acidentes geográficos, instituições, entidades, nomes astronômicos, de festas e
festividades, em títulos de periódicos e em siglas, símbolos ou abreviaturas.
Já as letras minúsculas podem ser usadas em dias de semana, meses, estações do ano e em pontos cardeais.
Existem, ainda, casos em que o uso de maiúscula ou minúscula é facultativo, como em título de livros, nomes de áreas do saber,
disciplinas e matérias, palavras ligadas a alguma religião e em palavras de categorização.

Adjetivo
Os adjetivos podem ser simples (vermelho) ou compostos (mal-educado); primitivos (alegre) ou derivados (tristonho). Eles podem
flexionar entre o feminino (estudiosa) e o masculino (engraçado), e o singular (bonito) e o plural (bonitos).
Há, também, os adjetivos pátrios ou gentílicos, sendo aqueles que indicam o local de origem de uma pessoa, ou seja, sua nacionali-
dade (brasileiro; mineiro).
É possível, ainda, que existam locuções adjetivas, isto é, conjunto de duas ou mais palavras usadas para caracterizar o substantivo. São
formadas, em sua maioria, pela preposição DE + substantivo:
• de criança = infantil
• de mãe = maternal
• de cabelo = capilar

Variação de grau
Os adjetivos podem se encontrar em grau normal (sem ênfases), ou com intensidade, classificando-se entre comparativo e superlativo.
• Normal: A Bruna é inteligente.
• Comparativo de superioridade: A Bruna é mais inteligente que o Lucas.
• Comparativo de inferioridade: O Gustavo é menos inteligente que a Bruna.
• Comparativo de igualdade: A Bruna é tão inteligente quanto a Maria.
• Superlativo relativo de superioridade: A Bruna é a mais inteligente da turma.
• Superlativo relativo de inferioridade: O Gustavo é o menos inteligente da turma.
• Superlativo absoluto analítico: A Bruna é muito inteligente.
• Superlativo absoluto sintético: A Bruna é inteligentíssima.

Adjetivos de relação
São chamados adjetivos de relação aqueles que não podem sofrer variação de grau, uma vez que possui valor semântico objetivo, isto
é, não depende de uma impressão pessoal (subjetiva). Além disso, eles aparecem após o substantivo, sendo formados por sufixação de um
substantivo (Ex: vinho do Chile = vinho chileno).

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Advérbio
Os advérbios são palavras que modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio. Eles se classificam de acordo com a tabela
abaixo:

CLASSIFICAÇÃO ADVÉRBIOS LOCUÇÕES ADVERBIAIS


DE MODO bem; mal; assim; melhor; depressa ao contrário; em detalhes
ontem; sempre; afinal; já; agora; doravante; primei- logo mais; em breve; mais tarde, nunca mais, de
DE TEMPO
ramente noite
DE LUGAR aqui; acima; embaixo; longe; fora; embaixo; ali Ao redor de; em frente a; à esquerda; por perto
DE INTENSIDADE muito; tão; demasiado; imenso; tanto; nada em excesso; de todos; muito menos
DE AFIRMAÇÃO sim, indubitavelmente; certo; decerto; deveras com certeza; de fato; sem dúvidas
DE NEGAÇÃO não; nunca; jamais; tampouco; nem nunca mais; de modo algum; de jeito nenhum
DE DÚVIDA Possivelmente; acaso; será; talvez; quiçá Quem sabe

Advérbios interrogativos
São os advérbios ou locuções adverbiais utilizadas para introduzir perguntas, podendo expressar circunstâncias de:
• Lugar: onde, aonde, de onde
• Tempo: quando
• Modo: como
• Causa: por que, por quê

Grau do advérbio
Os advérbios podem ser comparativos ou superlativos.
• Comparativo de igualdade: tão/tanto + advérbio + quanto
• Comparativo de superioridade: mais + advérbio + (do) que
• Comparativo de inferioridade: menos + advérbio + (do) que
• Superlativo analítico: muito cedo
• Superlativo sintético: cedíssimo

Curiosidades
Na linguagem coloquial, algumas variações do superlativo são aceitas, como o diminutivo (cedinho), o aumentativo (cedão) e o uso
de alguns prefixos (supercedo).
Existem advérbios que exprimem ideia de exclusão (somente; salvo; exclusivamente; apenas), inclusão (também; ainda; mesmo) e
ordem (ultimamente; depois; primeiramente).
Alguns advérbios, além de algumas preposições, aparecem sendo usados como uma palavra denotativa, acrescentando um sentido
próprio ao enunciado, podendo ser elas de inclusão (até, mesmo, inclusive); de exclusão (apenas, senão, salvo); de designação (eis); de
realce (cá, lá, só, é que); de retificação (aliás, ou melhor, isto é) e de situação (afinal, agora, então, e aí).

Pronomes
Os pronomes são palavras que fazem referência aos nomes, isto é, aos substantivos. Assim, dependendo de sua função no enunciado,
ele pode ser classificado da seguinte maneira:
• Pronomes pessoais: indicam as 3 pessoas do discurso, e podem ser retos (eu, tu, ele...) ou oblíquos (mim, me, te, nos, si...).
• Pronomes possessivos: indicam posse (meu, minha, sua, teu, nossos...)
• Pronomes demonstrativos: indicam localização de seres no tempo ou no espaço. (este, isso, essa, aquela, aquilo...)
• Pronomes interrogativos: auxiliam na formação de questionamentos (qual, quem, onde, quando, que, quantas...)
• Pronomes relativos: retomam o substantivo, substituindo-o na oração seguinte (que, quem, onde, cujo, o qual...)
• Pronomes indefinidos: substituem o substantivo de maneira imprecisa (alguma, nenhum, certa, vários, qualquer...)
• Pronomes de tratamento: empregados, geralmente, em situações formais (senhor, Vossa Majestade, Vossa Excelência, você...)

Colocação pronominal
Diz respeito ao conjunto de regras que indicam a posição do pronome oblíquo átono (me, te, se, nos, vos, lhe, lhes, o, a, os, as, lo, la,
no, na...) em relação ao verbo, podendo haver próclise (antes do verbo), ênclise (depois do verbo) ou mesóclise (no meio do verbo).
Veja, então, quais as principais situações para cada um deles:
• Próclise: expressões negativas; conjunções subordinativas; advérbios sem vírgula; pronomes indefinidos, relativos ou demonstrati-
vos; frases exclamativas ou que exprimem desejo; verbos no gerúndio antecedidos por “em”.
Nada me faria mais feliz.

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• Ênclise: verbo no imperativo afirmativo; verbo no início da frase (não estando no futuro e nem no pretérito); verbo no gerúndio não
acompanhado por “em”; verbo no infinitivo pessoal.
Inscreveu-se no concurso para tentar realizar um sonho.

• Mesóclise: verbo no futuro iniciando uma oração.


Orgulhar-me-ei de meus alunos.

DICA: o pronome não deve aparecer no início de frases ou orações, nem após ponto-e-vírgula.

Verbos
Os verbos podem ser flexionados em três tempos: pretérito (passado), presente e futuro, de maneira que o pretérito e o futuro pos-
suem subdivisões.
Eles também se dividem em três flexões de modo: indicativo (certeza sobre o que é passado), subjuntivo (incerteza sobre o que é
passado) e imperativo (expressar ordem, pedido, comando).
• Tempos simples do modo indicativo: presente, pretérito perfeito, pretérito imperfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro do pre-
sente, futuro do pretérito.
• Tempos simples do modo subjuntivo: presente, pretérito imperfeito, futuro.

Os tempos verbais compostos são formados por um verbo auxiliar e um verbo principal, de modo que o verbo auxiliar sofre flexão em
tempo e pessoa, e o verbo principal permanece no particípio. Os verbos auxiliares mais utilizados são “ter” e “haver”.
• Tempos compostos do modo indicativo: pretérito perfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro do presente, futuro do pretérito.
• Tempos compostos do modo subjuntivo: pretérito perfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro.
As formas nominais do verbo são o infinitivo (dar, fazerem, aprender), o particípio (dado, feito, aprendido) e o gerúndio (dando, fa-
zendo, aprendendo). Eles podem ter função de verbo ou função de nome, atuando como substantivo (infinitivo), adjetivo (particípio) ou
advérbio (gerúndio).

Tipos de verbos
Os verbos se classificam de acordo com a sua flexão verbal. Desse modo, os verbos se dividem em:
Regulares: possuem regras fixas para a flexão (cantar, amar, vender, abrir...)
• Irregulares: possuem alterações nos radicais e nas terminações quando conjugados (medir, fazer, poder, haver...)
• Anômalos: possuem diferentes radicais quando conjugados (ser, ir...)
• Defectivos: não são conjugados em todas as pessoas verbais (falir, banir, colorir, adequar...)
• Impessoais: não apresentam sujeitos, sendo conjugados sempre na 3ª pessoa do singular (chover, nevar, escurecer, anoitecer...)
• Unipessoais: apesar de apresentarem sujeitos, são sempre conjugados na 3ª pessoa do singular ou do plural (latir, miar, custar,
acontecer...)
• Abundantes: possuem duas formas no particípio, uma regular e outra irregular (aceitar = aceito, aceitado)
• Pronominais: verbos conjugados com pronomes oblíquos átonos, indicando ação reflexiva (suicidar-se, queixar-se, sentar-se, pen-
tear-se...)
• Auxiliares: usados em tempos compostos ou em locuções verbais (ser, estar, ter, haver, ir...)
• Principais: transmitem totalidade da ação verbal por si próprios (comer, dançar, nascer, morrer, sorrir...)
• De ligação: indicam um estado, ligando uma característica ao sujeito (ser, estar, parecer, ficar, continuar...)

Vozes verbais
As vozes verbais indicam se o sujeito pratica ou recebe a ação, podendo ser três tipos diferentes:
• Voz ativa: sujeito é o agente da ação (Vi o pássaro)
• Voz passiva: sujeito sofre a ação (O pássaro foi visto)
• Voz reflexiva: sujeito pratica e sofre a ação (Vi-me no reflexo do lago)

Ao passar um discurso para a voz passiva, é comum utilizar a partícula apassivadora “se”, fazendo com o que o pronome seja equiva-
lente ao verbo “ser”.

Conjugação de verbos
Os tempos verbais são primitivos quando não derivam de outros tempos da língua portuguesa. Já os tempos verbais derivados são
aqueles que se originam a partir de verbos primitivos, de modo que suas conjugações seguem o mesmo padrão do verbo de origem.
• 1ª conjugação: verbos terminados em “-ar” (aproveitar, imaginar, jogar...)
• 2ª conjugação: verbos terminados em “-er” (beber, correr, erguer...)
• 3ª conjugação: verbos terminados em “-ir” (dormir, agir, ouvir...)

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Confira os exemplos de conjugação apresentados abaixo:

Fonte: www.conjugação.com.br/verbo-lutar

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Fonte: www.conjugação.com.br/verbo-impor

Preposições
As preposições são palavras invariáveis que servem para ligar dois termos da oração numa relação subordinada, e são divididas entre
essenciais (só funcionam como preposição) e acidentais (palavras de outras classes gramaticais que passam a funcionar como preposição
em determinadas sentenças).

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Preposições essenciais: a, ante, após, de, com, em, contra, • Conformativas: conforme, segundo, consoante.
para, per, perante, por, até, desde, sobre, sobre, trás, sob, sem, en- • Comparativas: como, tal como, assim como.
tre. • Consecutivas: de forma que, de modo que, de sorte que.
Preposições acidentais: afora, como, conforme, consoante, du- • Finais: a fim de que, para que.
rante, exceto, mediante, menos, salvo, segundo, visto etc. • Proporcionais: à medida que, ao passo que, à proporção que.
Locuções prepositivas: abaixo de, afim de, além de, à custa de, • Temporais: quando, enquanto, agora.
defronte a, a par de, perto de, por causa de, em que pese a etc.
Formação de Palavras
Ao conectar os termos das orações, as preposições estabele- A formação de palavras se dá a partir de processos morfológi-
cem uma relação semântica entre eles, podendo passar ideia de: cos, de modo que as palavras se dividem entre:
• Causa: Morreu de câncer. • Palavras primitivas: são aquelas que não provêm de outra
• Distância: Retorno a 3 quilômetros. palavra. Ex: flor; pedra
• Finalidade: A filha retornou para o enterro. • Palavras derivadas: são originadas a partir de outras pala-
• Instrumento: Ele cortou a foto com uma tesoura. vras. Ex: floricultura; pedrada
• Modo: Os rebeldes eram colocados em fila. • Palavra simples: são aquelas que possuem apenas um radi-
• Lugar: O vírus veio de Portugal. cal (morfema que contém significado básico da palavra). Ex: cabelo;
• Companhia: Ela saiu com a amiga. azeite
• Posse: O carro de Maria é novo. • Palavra composta: são aquelas que possuem dois ou mais
• Meio: Viajou de trem. radicais. Ex: guarda-roupa; couve-flor
Entenda como ocorrem os principais processos de formação de
Combinações e contrações palavras:
Algumas preposições podem aparecer combinadas a outras pa-
lavras de duas maneiras: sem haver perda fonética (combinação) e Derivação
havendo perda fonética (contração). A formação se dá por derivação quando ocorre a partir de uma
• Combinação: ao, aos, aonde palavra simples ou de um único radical, juntando-se afixos.
• Contração: de, dum, desta, neste, nisso • Derivação prefixal: adiciona-se um afixo anteriormente à pa-
lavra ou radical. Ex: antebraço (ante + braço) / infeliz (in + feliz)
Conjunção • Derivação sufixal: adiciona-se um afixo ao final da palavra ou
As conjunções se subdividem de acordo com a relação estabe- radical. Ex: friorento (frio + ento) / guloso (gula + oso)
lecida entre as ideias e as orações. Por ter esse papel importante • Derivação parassintética: adiciona-se um afixo antes e outro
de conexão, é uma classe de palavras que merece destaque, pois depois da palavra ou radical. Ex: esfriar (es + frio + ar) / desgoverna-
reconhecer o sentido de cada conjunção ajuda na compreensão e do (des + governar + ado)
interpretação de textos, além de ser um grande diferencial no mo- • Derivação regressiva (formação deverbal): reduz-se a pala-
mento de redigir um texto. vra primitiva. Ex: boteco (botequim) / ataque (verbo “atacar”)
Elas se dividem em duas opções: conjunções coordenativas e • Derivação imprópria (conversão): ocorre mudança na classe
conjunções subordinativas. gramatical, logo, de sentido, da palavra primitiva. Ex: jantar (verbo
para substantivo) / Oliveira (substantivo comum para substantivo
Conjunções coordenativas próprio – sobrenomes).
As orações coordenadas não apresentam dependência sintáti-
ca entre si, servindo também para ligar termos que têm a mesma Composição
função gramatical. As conjunções coordenativas se subdividem em A formação por composição ocorre quando uma nova palavra
cinco grupos: se origina da junção de duas ou mais palavras simples ou radicais.
• Aditivas: e, nem, bem como. • Aglutinação: fusão de duas ou mais palavras simples, de
• Adversativas: mas, porém, contudo. modo que ocorre supressão de fonemas, de modo que os elemen-
• Alternativas: ou, ora…ora, quer…quer. tos formadores perdem sua identidade ortográfica e fonológica. Ex:
• Conclusivas: logo, portanto, assim. aguardente (água + ardente) / planalto (plano + alto)
• Explicativas: que, porque, porquanto. • Justaposição: fusão de duas ou mais palavras simples, man-
tendo a ortografia e a acentuação presente nos elementos forma-
Conjunções subordinativas dores. Em sua maioria, aparecem conectadas com hífen. Ex: beija-
As orações subordinadas são aquelas em que há uma relação -flor / passatempo.
de dependência entre a oração principal e a oração subordinada.
Desse modo, a conexão entre elas (bem como o efeito de sentido) Abreviação
se dá pelo uso da conjunção subordinada adequada. Quando a palavra é reduzida para apenas uma parte de sua
totalidade, passando a existir como uma palavra autônoma. Ex: foto
Elas podem se classificar de dez maneiras diferentes: (fotografia) / PUC (Pontifícia Universidade Católica).
• Integrantes: usadas para introduzir as orações subordinadas
substantivas, definidas pelas palavras que e se. Hibridismo
• Causais: porque, que, como. Quando há junção de palavras simples ou radicais advindos de
• Concessivas: embora, ainda que, se bem que. línguas distintas. Ex: sociologia (socio – latim + logia – grego) / binó-
• Condicionais: e, caso, desde que. culo (bi – grego + oculus – latim).

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Combinação Verbo no gerúndio, regido de preposição em: Em se plantando,


Quando ocorre junção de partes de outras palavras simples ou tudo dá.
radicais. Ex: portunhol (português + espanhol) / aborrecente (abor- Verbo no infinitivo pessoal precedido de preposição: Seus in-
recer + adolescente). tentos são para nos prejudicarem.

Intensificação Ênclise
Quando há a criação de uma nova palavra a partir do alarga- Na ênclise, o pronome é colocado depois do verbo.
mento do sufixo de uma palavra existente. Normalmente é feita Verbo no início da oração, desde que não esteja no futuro do
adicionando o sufixo -izar. Ex: inicializar (em vez de iniciar) / proto- indicativo: Trago-te flores.
colizar (em vez de protocolar). Verbo no imperativo afirmativo: Amigos, digam-me a verdade!
Verbo no gerúndio, desde que não esteja precedido pela pre-
Neologismo posição em: Saí, deixando-a aflita.
Quando novas palavras surgem devido à necessidade do falan- Verbo no infinitivo impessoal regido da preposição a. Com
te em contextos específicos, podendo ser temporárias ou perma- outras preposições é facultativo o emprego de ênclise ou próclise:
nentes. Existem três tipos principais de neologismos: Apressei-me a convidá-los.
• Neologismo semântico: atribui-se novo significado a uma pa-
Mesóclise
lavra já existente. Ex: amarelar (desistir) / mico (vergonha)
Na mesóclise, o pronome é colocado no meio do verbo.
• Neologismo sintático: ocorre a combinação de elementos já
É obrigatória somente com verbos no futuro do presente ou no
existentes no léxico da língua. Ex: dar um bolo (não comparecer ao
futuro do pretérito que iniciam a oração.
compromisso) / dar a volta por cima (superar).
Dir-lhe-ei toda a verdade.
• Neologismo lexical: criação de uma nova palavra, que tem Far-me-ias um favor?
um novo conceito. Ex: deletar (apagar) / escanear (digitalizar)
Se o verbo no futuro vier precedido de pronome reto ou de
Onomatopeia qualquer outro fator de atração, ocorrerá a próclise.
Quando uma palavra é formada a partir da reprodução aproxi- Eu lhe direi toda a verdade.
mada do seu som. Ex: atchim; zum-zum; tique-taque. Tu me farias um favor?

COLOCAÇÃO PRONOMINAL Colocação do pronome átono nas locuções verbais


Verbo principal no infinitivo ou gerúndio: Se a locução verbal
não vier precedida de um fator de próclise, o pronome átono deve-
A colocação do pronome átono está relacionada à harmonia da rá ficar depois do auxiliar ou depois do verbo principal.
frase. A tendência do português falado no Brasil é o uso do prono- Exemplos:
me antes do verbo – próclise. No entanto, há casos em que a norma Devo-lhe dizer a verdade.
culta prescreve o emprego do pronome no meio – mesóclise – ou Devo dizer-lhe a verdade.
após o verbo – ênclise.
De acordo com a norma culta, no português escrito não se ini- Havendo fator de próclise, o pronome átono deverá ficar antes
cia um período com pronome oblíquo átono. Assim, se na lingua- do auxiliar ou depois do principal.
gem falada diz-se “Me encontrei com ele”, já na linguagem escrita, Exemplos:
formal, usa-se “Encontrei-me’’ com ele. Não lhe devo dizer a verdade.
Sendo a próclise a tendência, é aconselhável que se fixem bem Não devo dizer-lhe a verdade.
as poucas regras de mesóclise e ênclise. Assim, sempre que estas
não forem obrigatórias, deve-se usar a próclise, a menos que preju- Verbo principal no particípio: Se não houver fator de próclise,
dique a eufonia da frase. o pronome átono ficará depois do auxiliar.
Exemplo: Havia-lhe dito a verdade.
Próclise
Na próclise, o pronome é colocado antes do verbo. Se houver fator de próclise, o pronome átono ficará antes do
Palavra de sentido negativo: Não me falou a verdade. auxiliar.
Advérbios sem pausa em relação ao verbo: Aqui te espero pa- Exemplo: Não lhe havia dito a verdade.
cientemente.
Havendo pausa indicada por vírgula, recomenda-se a ênclise: Haver de e ter de + infinitivo: Pronome átono deve ficar depois
Ontem, encontrei-o no ponto do ônibus. do infinitivo.
Pronomes indefinidos: Ninguém o chamou aqui. Exemplos:
Hei de dizer-lhe a verdade.
Pronomes demonstrativos: Aquilo lhe desagrada.
Tenho de dizer-lhe a verdade.
Orações interrogativas: Quem lhe disse tal coisa?
Orações optativas (que exprimem desejo), com sujeito ante-
Observação
posto ao verbo: Deus lhe pague, Senhor!
Não se deve omitir o hífen nas seguintes construções:
Orações exclamativas: Quanta honra nos dá sua visita! Devo-lhe dizer tudo.
Orações substantivas, adjetivas e adverbiais, desde que não se- Estava-lhe dizendo tudo.
jam reduzidas: Percebia que o observavam. Havia-lhe dito tudo.

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LÍNGUA PORTUGUESA

CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL

Concordância é o efeito gramatical causado por uma relação harmônica entre dois ou mais termos. Desse modo, ela pode ser verbal
— refere-se ao verbo em relação ao sujeito — ou nominal — refere-se ao substantivo e suas formas relacionadas.
• Concordância em gênero: flexão em masculino e feminino
• Concordância em número: flexão em singular e plural
• Concordância em pessoa: 1ª, 2ª e 3ª pessoa

Concordância nominal
Para que a concordância nominal esteja adequada, adjetivos, artigos, pronomes e numerais devem flexionar em número e gênero,
de acordo com o substantivo. Há algumas regras principais que ajudam na hora de empregar a concordância, mas é preciso estar atento,
também, aos casos específicos.
Quando há dois ou mais adjetivos para apenas um substantivo, o substantivo permanece no singular se houver um artigo entre os
adjetivos. Caso contrário, o substantivo deve estar no plural:
• A comida mexicana e a japonesa. / As comidas mexicana e japonesa.

Quando há dois ou mais substantivos para apenas um adjetivo, a concordância depende da posição de cada um deles. Se o adjetivo
vem antes dos substantivos, o adjetivo deve concordar com o substantivo mais próximo:
• Linda casa e bairro.

Se o adjetivo vem depois dos substantivos, ele pode concordar tanto com o substantivo mais próximo, ou com todos os substantivos
(sendo usado no plural):
• Casa e apartamento arrumado. / Apartamento e casa arrumada.
• Casa e apartamento arrumados. / Apartamento e casa arrumados.

Quando há a modificação de dois ou mais nomes próprios ou de parentesco, os adjetivos devem ser flexionados no plural:
• As talentosas Clarice Lispector e Lygia Fagundes Telles estão entre os melhores escritores brasileiros.

Quando o adjetivo assume função de predicativo de um sujeito ou objeto, ele deve ser flexionado no plural caso o sujeito ou objeto
seja ocupado por dois substantivos ou mais:
• O operário e sua família estavam preocupados com as consequências do acidente.

CASOS ESPECÍFICOS REGRA EXEMPLO


É PROIBIDO Deve concordar com o substantivo quando há presença
É proibida a entrada.
É PERMITIDO de um artigo. Se não houver essa determinação, deve
É proibido entrada.
É NECESSÁRIO permanecer no singular e no masculino.
Mulheres dizem “obrigada” Homens dizem
OBRIGADO / OBRIGADA Deve concordar com a pessoa que fala.
“obrigado”.
As bastantes crianças ficaram doentes com a volta
às aulas.
Quando tem função de adjetivo para um substantivo,
Bastante criança ficou doente com a volta às
BASTANTE concorda em número com o substantivo.
aulas.
Quando tem função de advérbio, permanece invariável.
O prefeito considerou bastante a respeito da
suspensão das aulas.
É sempre invariável, ou seja, a palavra “menas” não Havia menos mulheres que homens na fila para a
MENOS
existe na língua portuguesa. festa.
As crianças mesmas limparam a sala depois da
MESMO Devem concordar em gênero e número com a pessoa a
aula.
PRÓPRIO que fazem referência.
Eles próprios sugeriram o tema da formatura.
Quando tem função de numeral adjetivo, deve
concordar com o substantivo. Adicione meia xícara de leite.
MEIO / MEIA
Quando tem função de advérbio, modificando um Manuela é meio artista, além de ser engenheira.
adjetivo, o termo é invariável.
Segue anexo o orçamento.
Seguem anexas as informações adicionais
ANEXO INCLUSO Devem concordar com o substantivo a que se referem.
As professoras estão inclusas na greve.
O material está incluso no valor da mensalidade.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Concordância verbal
Para que a concordância verbal esteja adequada, é preciso haver flexão do verbo em número e pessoa, a depender do sujeito com o
qual ele se relaciona.

Quando o sujeito composto é colocado anterior ao verbo, o verbo ficará no plural:


• A menina e seu irmão viajaram para a praia nas férias escolares.

Mas, se o sujeito composto aparece depois do verbo, o verbo pode tanto ficar no plural quanto concordar com o sujeito mais próximo:
• Discutiram marido e mulher. / Discutiu marido e mulher.

Se o sujeito composto for formado por pessoas gramaticais diferentes, o verbo deve ficar no plural e concordando com a pessoa que
tem prioridade, a nível gramatical — 1ª pessoa (eu, nós) tem prioridade em relação à 2ª (tu, vós); a 2ª tem prioridade em relação à 3ª (ele,
eles):
• Eu e vós vamos à festa.

Quando o sujeito apresenta uma expressão partitiva (sugere “parte de algo”), seguida de substantivo ou pronome no plural, o verbo
pode ficar tanto no singular quanto no plural:
• A maioria dos alunos não se preparou para o simulado. / A maioria dos alunos não se prepararam para o simulado.

Quando o sujeito apresenta uma porcentagem, deve concordar com o valor da expressão. No entanto, quanto seguida de um subs-
tantivo (expressão partitiva), o verbo poderá concordar tanto com o numeral quanto com o substantivo:
• 27% deixaram de ir às urnas ano passado. / 1% dos eleitores votou nulo / 1% dos eleitores votaram nulo.

Quando o sujeito apresenta alguma expressão que indique quantidade aproximada, o verbo concorda com o substantivo que segue
a expressão:
• Cerca de duzentas mil pessoas compareceram à manifestação. / Mais de um aluno ficou abaixo da média na prova.

Quando o sujeito é indeterminado, o verbo deve estar sempre na terceira pessoa do singular:
• Precisa-se de balconistas. / Precisa-se de balconista.

Quando o sujeito é coletivo, o verbo permanece no singular, concordando com o coletivo partitivo:
• A multidão delirou com a entrada triunfal dos artistas. / A matilha cansou depois de tanto puxar o trenó.

Quando não existe sujeito na oração, o verbo fica na terceira pessoa do singular (impessoal):
• Faz chuva hoje

Quando o pronome relativo “que” atua como sujeito, o verbo deverá concordar em número e pessoa com o termo da oração principal
ao qual o pronome faz referência:
• Foi Maria que arrumou a casa.

Quando o sujeito da oração é o pronome relativo “quem”, o verbo pode concordar tanto com o antecedente do pronome quanto com
o próprio nome, na 3ª pessoa do singular:
• Fui eu quem arrumei a casa. / Fui eu quem arrumou a casa.

Quando o pronome indefinido ou interrogativo, atuando como sujeito, estiver no singular, o verbo deve ficar na 3ª pessoa do singular:
• Nenhum de nós merece adoecer.

Quando houver um substantivo que apresenta forma plural, porém com sentido singular, o verbo deve permanecer no singular. Ex-
ceto caso o substantivo vier precedido por determinante:
• Férias é indispensável para qualquer pessoa. / Meus óculos sumiram.

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LÍNGUA PORTUGUESA

REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL

A regência estuda as relações de concordâncias entre os termos que completam o sentido tanto dos verbos quanto dos nomes. Dessa
maneira, há uma relação entre o termo regente (principal) e o termo regido (complemento).
A regência está relacionada à transitividade do verbo ou do nome, isto é, sua complementação necessária, de modo que essa relação
é sempre intermediada com o uso adequado de alguma preposição.

Regência nominal
Na regência nominal, o termo regente é o nome, podendo ser um substantivo, um adjetivo ou um advérbio, e o termo regido é o
complemento nominal, que pode ser um substantivo, um pronome ou um numeral.
Vale lembrar que alguns nomes permitem mais de uma preposição. Veja no quadro abaixo as principais preposições e as palavras que
pedem seu complemento:

PREPOSIÇÃO NOMES
acessível; acostumado; adaptado; adequado; agradável; alusão; análogo; anterior; atento; benefício; comum;
A contrário; desfavorável; devoto; equivalente; fiel; grato; horror; idêntico; imune; indiferente; inferior; leal; necessário;
nocivo; obediente; paralelo; posterior; preferência; propenso; próximo; semelhante; sensível; útil; visível...
amante; amigo; capaz; certo; contemporâneo; convicto; cúmplice; descendente; destituído; devoto; diferente; dotado;
DE escasso; fácil; feliz; imbuído; impossível; incapaz; indigno; inimigo; inseparável; isento; junto; longe; medo; natural;
orgulhoso; passível; possível; seguro; suspeito; temeroso...
SOBRE opinião; discurso; discussão; dúvida; insistência; influência; informação; preponderante; proeminência; triunfo...
acostumado; amoroso; analogia; compatível; cuidadoso; descontente; generoso; impaciente; ingrato; intolerante;
COM
mal; misericordioso; ocupado; parecido; relacionado; satisfeito; severo; solícito; triste...
abundante; bacharel; constante; doutor; erudito; firme; hábil; incansável; inconstante; indeciso; morador; negligente;
EM
perito; prático; residente; versado...
atentado; blasfêmia; combate; conspiração; declaração; fúria; impotência; litígio; luta; protesto; reclamação;
CONTRA
representação...
PARA bom; mau; odioso; próprio; útil...

Regência verbal
Na regência verbal, o termo regente é o verbo, e o termo regido poderá ser tanto um objeto direto (não preposicionado) quanto um
objeto indireto (preposicionado), podendo ser caracterizado também por adjuntos adverbiais.
Com isso, temos que os verbos podem se classificar entre transitivos e intransitivos. É importante ressaltar que a transitividade do
verbo vai depender do seu contexto.

Verbos intransitivos: não exigem complemento, de modo que fazem sentido por si só. Em alguns casos, pode estar acompanhado
de um adjunto adverbial (modifica o verbo, indicando tempo, lugar, modo, intensidade etc.), que, por ser um termo acessório, pode ser
retirado da frase sem alterar sua estrutura sintática:
• Viajou para São Paulo. / Choveu forte ontem.

Verbos transitivos diretos: exigem complemento (objeto direto), sem preposição, para que o sentido do verbo esteja completo:
• A aluna entregou o trabalho. / A criança quer bolo.

Verbos transitivos indiretos: exigem complemento (objeto indireto), de modo que uma preposição é necessária para estabelecer o
sentido completo:
• Gostamos da viagem de férias. / O cidadão duvidou da campanha eleitoral.

Verbos transitivos diretos e indiretos: em algumas situações, o verbo precisa ser acompanhado de um objeto direto (sem preposição)
e de um objeto indireto (com preposição):
• Apresentou a dissertação à banca. / O menino ofereceu ajuda à senhora.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Parônimos e homônimos
CRASE As palavras parônimas são aquelas que possuem grafia e pro-
núncia semelhantes, porém com significados distintos.
Crase é o nome dado à contração de duas letras “A” em uma Ex: cumprimento (saudação) X comprimento (extensão); tráfe-
só: preposição “a” + artigo “a” em palavras femininas. Ela é de- go (trânsito) X tráfico (comércio ilegal).
marcada com o uso do acento grave (à), de modo que crase não As palavras homônimas são aquelas que possuem a mesma
é considerada um acento em si, mas sim o fenômeno dessa fusão. grafia e pronúncia, porém têm significados diferentes. Ex: rio (verbo
Veja, abaixo, as principais situações em que será correto o em- “rir”) X rio (curso d’água); manga (blusa) X manga (fruta).
prego da crase: As palavras homófonas são aquelas que possuem a mesma
• Palavras femininas: Peça o material emprestado àquela alu- pronúncia, mas com escrita e significado diferentes. Ex: cem (nu-
na. meral) X sem (falta); conserto (arrumar) X concerto (musical).
• Indicação de horas, em casos de horas definidas e especifica- As palavras homógrafas são aquelas que possuem escrita igual,
das: Chegaremos em Belo Horizonte às 7 horas. porém som e significado diferentes. Ex: colher (talher) X colher (ver-
• Locuções prepositivas: A aluna foi aprovada à custa de muito bo); acerto (substantivo) X acerto (verbo).
estresse.
• Locuções conjuntivas: À medida que crescemos vamos dei- Polissemia e monossemia
xando de lado a capacidade de imaginar. As palavras polissêmicas são aquelas que podem apresentar
• Locuções adverbiais de tempo, modo e lugar: Vire na próxima mais de um significado, a depender do contexto em que ocorre a
à esquerda. frase. Ex: cabeça (parte do corpo humano; líder de um grupo).
Já as palavras monossêmicas são aquelas apresentam apenas
Veja, agora, as principais situações em que não se aplica a cra- um significado. Ex: eneágono (polígono de nove ângulos).
se:
• Palavras masculinas: Ela prefere passear a pé. Denotação e conotação
• Palavras repetidas (mesmo quando no feminino): Melhor ter- Palavras com sentido denotativo são aquelas que apresentam
mos uma reunião frente a frente. um sentido objetivo e literal. Ex:Está fazendo frio. / Pé da mulher.
• Antes de verbo: Gostaria de aprender a pintar. Palavras com sentido conotativo são aquelas que apresentam
• Expressões que sugerem distância ou futuro: A médica vai te um sentido simbólico, figurado. Ex: Você me olha com frieza. / Pé
atender daqui a pouco. da cadeira.
• Dia de semana (a menos que seja um dia definido): De terça
a sexta. / Fecharemos às segundas-feiras. Hiperonímia e hiponímia
• Antes de numeral (exceto horas definidas): A casa da vizinha Esta classificação diz respeito às relações hierárquicas de signi-
fica a 50 metros da esquina. ficado entre as palavras.
Desse modo, um hiperônimo é a palavra superior, isto é, que
Há, ainda, situações em que o uso da crase é facultativo tem um sentido mais abrangente. Ex: Fruta é hiperônimo de limão.
• Pronomes possessivos femininos: Dei um picolé a minha filha. Já o hipônimo é a palavra que tem o sentido mais restrito, por-
/ Dei um picolé à minha filha. tanto, inferior, de modo que o hiperônimo engloba o hipônimo. Ex:
• Depois da palavra “até”: Levei minha avó até a feira. / Levei Limão é hipônimo de fruta.
minha avó até à feira.
• Nomes próprios femininos (desde que não seja especificado): Formas variantes
Enviei o convite a Ana. / Enviei o convite à Ana. / Enviei o convite à São as palavras que permitem mais de uma grafia correta, sem
Ana da faculdade. que ocorra mudança no significado. Ex: loiro – louro / enfarte – in-
DICA: Como a crase só ocorre em palavras no feminino, em farto / gatinhar – engatinhar.
caso de dúvida, basta substituir por uma palavra equivalente no
masculino. Se aparecer “ao”, deve-se usar a crase: Amanhã iremos Arcaísmo
à escola / Amanhã iremos ao colégio. São palavras antigas, que perderam o uso frequente ao longo
do tempo, sendo substituídas por outras mais modernas, mas que
ainda podem ser utilizadas. No entanto, ainda podem ser bastante
SINÔNIMOS, ANTÔNIMOS E PARÔNIMOS encontradas em livros antigos, principalmente. Ex: botica <—> far-
mácia / franquia <—> sinceridade.
Este é um estudo da semântica, que pretende classificar os
sentidos das palavras, as suas relações de sentido entre si. Conheça
as principais relações e suas características: SENTIDO PRÓPRIO E FIGURADO DAS PALAVRAS.

Sinonímia e antonímia As figuras de linguagem são recursos especiais usados por


As palavras sinônimas são aquelas que apresentam significado quem fala ou escreve, para dar à expressão mais força, intensidade
semelhante, estabelecendo relação de proximidade. Ex: inteligente e beleza.
<—> esperto São três tipos:
Já as palavras antônimas são aquelas que apresentam signifi- Figuras de Palavras (tropos);
cados opostos, estabelecendo uma relação de contrariedade. Ex: Figuras de Construção (de sintaxe);
forte <—> fraco Figuras de Pensamento.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Figuras de Palavra - gênero ou a qualidade pela espécie. Exemplo: Os mortais so-


É a substituição de uma palavra por outra, isto é, no emprego frem nesse mundo. (Os homens sofrem nesse mundo.)
figurado, simbólico, seja por uma relação muito próxima (contigui- - matéria pelo objeto. Exemplo: Ela não tem um níquel. (a ma-
dade), seja por uma associação, uma comparação, uma similarida- téria níquel é usada no lugar da coisa fabricada, que é “moeda”).
de. São as seguintes as figuras de palavras:
Metáfora: consiste em utilizar uma palavra ou uma expressão Atenção: Os últimos 5 exemplos podem receber também o
em lugar de outra, sem que haja uma relação real, mas em virtude nome de Sinédoque.
da circunstância de que o nosso espírito as associa e depreende
entre elas certas semelhanças. Observe o exemplo: Perífrase: substituição de um nome por uma expressão para
“Meu pensamento é um rio subterrâneo.” (Fernando Pessoa) facilitar a identificação. Exemplo: A Cidade Maravilhosa (= Rio de
Janeiro) continua atraindo visitantes do mundo todo.
Nesse caso, a metáfora é possível na medida em que o poeta
estabelece relações de semelhança entre um rio subterrâneo e seu Obs.: quando a perífrase indica uma pessoa, recebe o nome de
pensamento. antonomásia.
Exemplos:
Comparação: é a comparação entre dois elementos comuns; O Divino Mestre (= Jesus Cristo) passou a vida praticando o
semelhantes. Normalmente se emprega uma conjunção comparati- bem.
va: como, tal qual, assim como. O Poeta da Vila (= Noel Rosa) compôs lindas canções.
“Sejamos simples e calmos
Como os regatos e as árvores” Sinestesia: Consiste em mesclar, numa mesma expressão, as
Fernando Pessoa sensações percebidas por diferentes órgãos do sentido. Exemplo:
No silêncio negro do seu quarto, aguardava os acontecimentos. (si-
Metonímia: consiste em empregar um termo no lugar de ou- lêncio = auditivo; negro = visual)
tro, havendo entre ambos estreita afinidade ou relação de sentido.
Observe os exemplos abaixo: Catacrese: A catacrese costuma ocorrer quando, por falta de
-autor ou criador pela obra. Exemplo: Gosto de ler Machado de um termo específico para designar um conceito, toma-se outro
Assis. (Gosto de ler a obra literária de Machado de Assis.) “emprestado”. Passamos a empregar algumas palavras fora de seu
sentido original. Exemplos: “asa da xícara”, “maçã do rosto”, “braço
-efeito pela causa e vice-versa. Exemplo: Vivo do meu trabalho. da cadeira” .
(o trabalho é causa e está no lugar do efeito ou resultado).
Figuras de Construção
- continente pelo conteúdo. Exemplo: Ela comeu uma caixa de Ocorrem quando desejamos atribuir maior expressividade ao
bombons. (a palavra caixa, que designa o continente ou aquilo que significado. Assim, a lógica da frase é substituída pela maior expres-
contém, está sendo usada no lugar da palavra bombons). sividade que se dá ao sentido. São as mais importantes figuras de
construção:
-abstrato pelo concreto e vice-versa. Exemplos: A gravidez deve Elipse: consiste na omissão de um termo da frase, o qual, no
ser tranquila. (o abstrato gravidez está no lugar do concreto, ou entanto, pode ser facilmente identificado. Exemplo: No fim da co-
seja, mulheres grávidas). memoração, sobre as mesas, copos e garrafas vazias. (Omissão do
verbo haver: No fim da festa comemoração, sobre as mesas, copos
- instrumento pela pessoa que o utiliza. Exemplo: Os microfo- e garrafas vazias).
nes foram atrás dos jogadores. (Os repórteres foram atrás dos jo-
gadores.) Pleonasmo: consiste no emprego de palavras redundantes
para reforçar uma ideia. Exemplo: Ele vive uma vida feliz.
- lugar pelo produto. Exemplo: Fumei um saboroso havana. Deve-se evitar os pleonasmos viciosos, que não têm valor de
(Fumei um saboroso charuto.). reforço, sendo antes fruto do desconhecimento do sentido das pa-
lavras, como por exemplo, as construções “subir para cima”, “entrar
- símbolo ou sinal pela coisa significada. Exemplo: Não te afas- para dentro”, etc.
tes da cruz. (Não te afastes da religião.).
Polissíndeto: repetição enfática do conectivo, geralmente o “e”.
- a parte pelo todo. Exemplo: Não há teto para os desabrigados. Exemplo: Felizes, eles riam, e cantavam, e pulavam, e dançavam.
(a parte teto está no lugar do todo, “o lar”).
Inversão ou Hipérbato: alterar a ordem normal dos termos ou
- indivíduo pela classe ou espécie. Exemplo: O homem foi à Lua. orações com o fim de lhes dar destaque:
(Alguns astronautas foram à Lua.). “Justo ela diz que é, mas eu não acho não.” (Carlos Drummond
de Andrade)
- singular pelo plural. Exemplo: A mulher foi chamada para ir às “Por que brigavam no meu interior esses entes de sonho não
ruas. (Todas as mulheres foram chamadas, não apenas uma) sei.” (Graciliano Ramos)
Observação: o termo deseja realçar é colocado, em geral, no
início da frase.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Anacoluto: quebra da estrutura sintática da oração. O tipo mais Anáfora: repetição de uma palavra ou de um segmento do
comum é aquele em que um termo parece que vai ser o sujeito da texto com o objetivo de enfatizar uma ideia. É uma figura de cons-
oração, mas a construção se modifica e ele acaba sem função sintá- trução muito usada em poesia. Exemplo: Este amor que tudo nos
tica. Essa figura é usada geralmente para pôr em relevo a ideia que toma, este amor que tudo nos dá, este amor que Deus nos inspira,
consideramos mais importante, destacando-a do resto. Exemplo: e que um dia nos há de salvar
O Alexandre, as coisas não lhe estão indo muito bem.
A velha hipocrisia, recordo-me dela com vergonha. (Camilo Paranomásia: palavras com sons semelhantes, mas de signi-
Castelo Branco) ficados diferentes, vulgarmente chamada de trocadilho. Exemplo:
Comemos fora todos os dias! A gente até dispensa a despensa.
Silepse: concordância de gênero, número ou pessoa é feita
com ideias ou termos subentendidos na frase e não claramente ex- Neologismo: criação de novas palavras. Exemplo: Estou a fim
pressos. A silepse pode ser: do João. (estou interessado). Vou fazer um bico. (trabalho tempo-
- de gênero. Exemplo: Vossa Majestade parece desanimado. (o rário).
adjetivo desanimado concorda não com o pronome de tratamento
Vossa Majestade, de forma feminina, mas com a pessoa a quem Figuras de Pensamento
esse pronome se refere – pessoa do sexo masculino). Utilizadas para produzir maior expressividade à comunicação,
- de número. Exemplo: O pessoal ficou apavorado e saíram cor- as figuras de pensamento trabalham com a combinação de ideias,
rendo. (o verbo sair concordou com a ideia de plural que a palavra pensamentos.
pessoal sugere).
- de pessoa. Exemplo: Os brasileiros amamos futebol. (o sujeito Antítese: Corresponde à aproximação de palavras contrárias,
os brasileiros levaria o verbo na 3ª pessoa do plural, mas a concor- que têm sentidos opostos. Exemplo: O ódio e o amor andam de
dância foi feita com a 1ª pessoa do plural, indicando que a pessoa mãos dadas.
que fala está incluída em os brasileiros).
Apóstrofe: interrupção do texto para se chamar a atenção de
Onomatopeia: Ocorre quando se tentam reproduzir na forma alguém ou de coisas personificadas. Sintaticamente, a apóstrofe
de palavras os sons da realidade. corresponde ao vocativo. Exemplo: Tende piedade, Senhor, de to-
Exemplos: Os sinos faziam blem, blem, blem, blem. das as mulheres.
Miau, miau. (Som emitido pelo gato)
Tic-tac, tic-tac fazia o relógio da sala de jantar. Eufemismo: Atenua o sentido das palavras, suavizando as ex-
pressões do discurso Exemplo: Ele foi para o céu. (Neste caso, a ex-
As onomatopeias, como no exemplo abaixo, podem resultar da pressão “para a céu”, ameniza o discurso real: ele morreu.)
Aliteração (repetição de fonemas nas palavras de uma frase ou de
um verso). Gradação: os termos da frase são fruto de hierarquia (ordem
“Vozes veladas, veludosas vozes, crescente ou decrescente). Exemplo: As pessoas chegaram à festa,
volúpias dos violões, vozes veladas, sentaram, comeram e dançaram.
vagam nos velhos vórtices velozes
dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.” Hipérbole: baseada no exagero intencional do locutor, isto é,
expressa uma ideia de forma exagerada.
(Cruz e Sousa) Exemplo: Liguei para ele milhões de vezes essa tarde. (Ligou
várias vezes, mas não literalmente 1 milhão de vezes ou mais).
Repetição: repetir palavras ou orações para enfatizar a afirma-
ção ou sugerir insistência, progressão: Ironia: é o emprego de palavras que, na frase, têm o sentido
“E o ronco das águas crescia, crescia, vinha pra dentro da ca- oposto ao que querem dizer. É usada geralmente com sentido sar-
sona.” (Bernardo Élis) cástico. Exemplo: Quem foi o inteligente que usou o computador e
“O mar foi ficando escuro, escuro, até que a última lâmpada se apagou o que estava gravado?
apagou.” (Inácio de Loyola Brandão)
Paradoxo: Diferente da antítese, que opõem palavras, o pa-
Zeugma: omissão de um ou mais termos anteriormente enun- radoxo corresponde ao uso de ideias contrárias, aparentemente
ciados. Exemplo: Ele gosta de geografia; eu, de português. (na se- absurdas. Exemplo: Esse amor me mata e dá vida. (Neste caso, o
gunda oração, faltou o verbo “gostar” = Ele gosta de geografia; eu mesmo amor traz alegrias (vida) e tristeza (mata) para a pessoa.)
gosto de português.).
Personificação ou Prosopopéia ou Animismo: atribuição de
Assíndeto: quando certas orações ou palavras, que poderiam ações, sentimentos ou qualidades humanas a objetos, seres irracio-
se ligar por um conectivo, vêm apenas justapostas. Exemplo: Vim, nais ou outras coisas inanimadas. Exemplo: O vento suspirou essa
vi, venci. manhã. (Nesta frase sabemos que o vento é algo inanimado que
não suspira, sendo esta uma “qualidade humana”.)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Reticência: suspender o pensamento, deixando-o meio velado. Do enunciado “O tema da diversidade tem a ver com o tema
Exemplo: identidade.” (ref. 1), pode-se inferir que
“De todas, porém, a que me cativou logo foi uma... uma... não I – “Diversidade e identidade” fazem parte do mesmo campo
sei se digo.” (Machado de Assis) semântico, sendo a palavra “identidade” considerada um hiperôni-
mo, em relação à “diversidade”.
Retificação: consiste em retificar uma afirmação anterior. II – há uma relação de intercomplementariedade entre “diversi-
Exemplos: O médico, aliás, uma médica muito gentil não sabia qual dade e identidade”, em função do efeito de sentido que se instaura
seria o procedimento. no paradigma argumentativo do enunciado.
III – a expressão “tem a ver” pode ser considerada de uso co-
loquial e indica nesse contexto um vínculo temático entre “diversi-
QUESTÕES dade e identidade”.

1. (FMPA – MG) Marque a alternativa abaixo que apresenta a(s) proposi-


Assinale o item em que a palavra destacada está incorretamen- ção(ões) verdadeira(s).
te aplicada: (A) I, apenas
(A) Trouxeram-me um ramalhete de flores fragrantes. (B) II e III
(B) A justiça infligiu pena merecida aos desordeiros. (C) III, apenas
(C) Promoveram uma festa beneficiente para a creche. (D) II, apenas
(D) Devemos ser fieis aos cumprimentos do dever. (E) I e II
(E) A cessão de terras compete ao Estado.
3. (UNIFOR CE – 2006)
2. (UEPB – 2010) Dia desses, por alguns momentos, a cidade parou. As televi-
Um debate sobre a diversidade na escola reuniu alguns, dos sões hipnotizaram os espectadores que assistiram, sem piscar, ao
maiores nomes da educação mundial na atualidade. resgate de uma mãe e de uma filha. Seu automóvel caíra em um
rio. Assisti ao evento em um local público. Ao acabar o noticiário, o
Carlos Alberto Torres silêncio em volta do aparelho se desfez e as pessoas retomaram as
1
O tema da diversidade tem a ver com o tema identidade. Por- suas ocupações habituais. Os celulares recomeçaram a tocar. Per-
tanto, 2quando você discute diversidade, um tema que cabe muito no guntei-me: indiferença? Se tomarmos a definição ao pé da letra,
3
pensamento pós-modernista, está discutindo o tema da 4diversida- indiferença é sinônimo de desdém, de insensibilidade, de apatia e
de não só em ideias contrapostas, mas também em 5identidades que de negligência. Mas podemos considerá-la também uma forma de
se mexem, que se juntam em uma só pessoa. E 6este é um processo ceticismo e desinteresse, um “estado físico que não apresenta nada
de aprendizagem. Uma segunda afirmação é 7que a diversidade está de particular”; enfim, explica o Aurélio, uma atitude de neutralida-
relacionada com a questão da educação 8e do poder. Se a diversidade de.
fosse a simples descrição 9demográfica da realidade e a realidade fos- Conclusão? Impassíveis diante da emoção, imperturbáveis
se uma boa articulação 10dessa descrição demográfica em termos de diante da paixão, imunes à angústia, vamos hoje burilando nossa
constante articulação 11democrática, você não sentiria muito a pre- indiferença. Não nos indignamos mais! À distância de tudo, segui-
sença do tema 12diversidade neste instante. Há o termo diversidade mos surdos ao barulho do mundo lá fora. Dos movimentos de mas-
porque há 13uma diversidade que implica o uso e o abuso de poder, sa “quentes” (lembram-se do “Diretas Já”?) onde nos fundíamos na
de uma 14perspectiva ética, religiosa, de raça, de classe. igualdade, passamos aos gestos frios, nos quais indiferença e dis-
[…] tância são fenômenos inseparáveis. Neles, apesar de iguais, somos
estrangeiros ao destino de nossos semelhantes. […]
Rosa Maria Torres
15
O tema da diversidade, como tantos outros, hoje em dia, abre (Mary Del Priore. Histórias do cotidiano. São Paulo: Contexto, 2001.
16
muitas versões possíveis de projeto educativo e de projeto 17po- p.68)
lítico e social. É uma bandeira pela qual temos que reivindicar, 18e
pela qual temos reivindicado há muitos anos, a necessidade 19de Dentre todos os sinônimos apresentados no texto para o vo-
reconhecer que há distinções, grupos, valores distintos, e 20que a cábulo indiferença, o que melhor se aplica a ele, considerando-se
escola deve adequar-se às necessidades de cada grupo. 21Porém, o o contexto, é
tema da diversidade também pode dar lugar a uma 22série de coisas (A) ceticismo.
indesejadas. (B) desdém.
[…] (C) apatia.
(D) desinteresse.
Adaptado da Revista Pátio, Diversidade na educação: limites e possibi- (E) negligência.
lidades. Ano V, nº 20, fev./abr. 2002, p. 29.

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LÍNGUA PORTUGUESA

4. (CASAN – 2015) Observe as sentenças. (D) De acordo com as explicações do autor, as palavras pregüiça
I. Com medo do escuro, a criança ascendeu a luz. e tranqüilo não serão mais grafadas com o trema.
II. É melhor deixares a vida fluir num ritmo tranquilo. (E) A palavra “evocação” (3° parágrafo) pode ser substituída no
III. O tráfico nas grandes cidades torna-se cada dia mais difícil texto por “recordação”, mas haverá alteração de sentido.
para os carros e os pedestres.
6. (FMU) Leia as expressões destacadas na seguinte passagem:
Assinale a alternativa correta quanto ao uso adequado de ho- “E comecei a sentir falta das pequenas brigas por causa do tempero
mônimos e parônimos. na salada – o meu jeito de querer bem.”
(A) I e III. Tais expressões exercem, respectivamente, a função sintática
(B) II e III. de:
(C) II apenas. (A) objeto indireto e aposto
(D) Todas incorretas. (B) objeto indireto e predicativo do sujeito
(C) complemento nominal e adjunto adverbial de modo
5. (UFMS – 2009) (D) complemento nominal e aposto
Leia o artigo abaixo, intitulado “Uma questão de tempo”, de (E) adjunto adnominal e adjunto adverbial de modo
Miguel Sanches Neto, extraído da Revista Nova Escola Online, em
30/09/08. Em seguida, responda. 7. (PUC-SP) Dê a função sintática do termo destacado em: “De-
“Demorei para aprender ortografia. E essa aprendizagem con- pressa esqueci o Quincas Borba”.
tou com a ajuda dos editores de texto, no computador. Quando eu (A) objeto direto
cometia uma infração, pequena ou grande, o programa grifava em (B) sujeito
vermelho meu deslize. Fui assim me obrigando a escrever minima- (C) agente da passiva
mente do jeito correto. (D) adjunto adverbial
Mas de meu tempo de escola trago uma grande descoberta, (E) aposto
a do monstro ortográfico. O nome dele era Qüeqüi Güegüi. Sim,
esse animal existiu de fato. A professora de Português nos disse que 8. (MACK-SP) Aponte a alternativa que expressa a função sintá-
devíamos usar trema nas sílabas qüe, qüi, güe e güi quando o u é tica do termo destacado: “Parece enfermo, seu irmão”.
pronunciado. Fiquei com essa expressão tão sonora quanto enig- (A) Sujeito
mática na cabeça. (B) Objeto direto
Quando meditava sobre algum problema terrível – pois na pré- (C) Predicativo do sujeito
-adolescência sempre temos problemas terríveis –, eu tentava me (D) Adjunto adverbial
libertar da coisa repetindo em voz alta: “Qüeqüi Güegüi”. Se numa (E) Adjunto adnominal
prova de Matemática eu não conseguia me lembrar de uma fórmu-
la, lá vinham as palavras mágicas. 9. (OSEC-SP) “Ninguém parecia disposto  ao trabalho naquela
Um desses problemas terríveis, uma namorada, ouvindo minha manhã de segunda-feira”.
evocação, quis saber o que era esse tal de Qüeqüi Güegüi. (A) Predicativo
– Você nunca ouviu falar nele? – perguntei. (B) Complemento nominal
– Ainda não fomos apresentados – ela disse. (C) Objeto indireto
– É o abominável monstro ortográfico – fiz uma falsa voz de (D) Adjunto adverbial
terror. (E) Adjunto adnominal
– E ele faz o quê?
– Atrapalha a gente na hora de escrever. 10. (MACK-SP) “Não se fazem  motocicletas  como antigamen-
Ela riu e se desinteressou do assunto. Provavelmente não sabia te”. O termo destacado funciona como:
usar trema nem se lembrava da regrinha. (A) Objeto indireto
Aos poucos, eu me habituei a colocar as letras e os sinais no (B) Objeto direto
lugar certo. Como essa aprendizagem foi demorada, não sei se con- (C) Adjunto adnominal
seguirei escrever de outra forma – agora que teremos novas regras. (D) Vocativo
Por isso, peço desde já que perdoem meus futuros erros, que servi- (E) Sujeito
rão ao menos para determinar minha idade.
– Esse aí é do tempo do trema.” 11. (UFRJ) Esparadrapo
Há palavras que parecem exatamente o que querem dizer. “Es-
Assinale a alternativa correta. paradrapo”, por exemplo. Quem quebrou a cara fica mesmo com
(A) As expressões “monstro ortográfico” e “abominável mons- cara de esparadrapo. No entanto, há outras, aliás de nobre sentido,
tro ortográfico” mantêm uma relação hiperonímica entre si. que parecem estar insinuando outra coisa. Por exemplo, “incuná-
(B) Em “– Atrapalha a gente na hora de escrever”, conforme a bulo*”.
norma culta do português, a palavra “gente” pode ser substi-
tuída por “nós”. QUINTANA, Mário. Da preguiça como método de trabalho. Rio de
(C) A frase “Fui-me obrigando a escrever minimamente do jeito Janeiro, Globo. 1987. p. 83.
correto”, o emprego do pronome oblíquo átono está correto de
acordo com a norma culta da língua portuguesa. *Incunábulo: [do lat. Incunabulu; berço]. Adj. 1- Diz-se do livro
impresso até o ano de 1500./ S.m. 2 – Começo, origem.

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LÍNGUA PORTUGUESA

A locução “No entanto” tem importante papel na estrutura do que ela, doze anos, além de histórias em quadrinhos e novelinhas
texto. Sua função resume-se em: açucaradas, lia teatro grego – sem entender – e achava emocionan-
(A) ligar duas orações que querem dizer exatamente a mesma te.
coisa. (E até do futuro namorado, aos quinze anos, esconderia isso.)
(B) separar acontecimentos que se sucedem cronologicamen- O meu aniversário: primeiro pensei numa grande celebração,
te. eu que sou avessa a badalações e gosto de grupos bem pequenos.
(C) ligar duas observações contrárias acerca do mesmo assun- Mas pensei, setenta vale a pena! Afinal já é bastante tempo! Logo
to. me dei conta de que hoje setenta é quase banal, muita gente com
(D) apresentar uma alternativa para a primeira ideia expressa. oitenta ainda está ativo e presente.
(E) introduzir uma conclusão após os argumentos apresenta- Decidi apenas reunir filhos e amigos mais chegados (tarefa difí-
dos. cil, escolher), e deixar aquela festona para outra década.”

12. (IBFC – 2013) Leia as sentenças: LUFT, 2014, p.104-105


É preciso que ela se encante por mim!
Chegou à conclusão de que saiu no prejuízo. Leia atentamente a oração destacada no período a seguir:
“(...) pois ainda escutava em mim as risadas da menina que
Assinale abaixo a alternativa que classifica, correta e respecti- queria correr nas lajes do pátio (...)”
vamente, as orações subordinadas substantivas (O.S.S.) destacadas:
(A) O.S.S. objetiva direta e O.S.S. objetiva indireta. Assinale a alternativa em que a oração em negrito e sublinhada
(B) O.S.S. subjetiva e O.S.S. completiva nominal apresenta a mesma classificação sintática da destacada acima.
(C) O.S.S. subjetiva e O.S.S. objetiva indireta. (A) “A menina que levava castigo na escola porque ria fora de
(D) O.S.S. objetiva direta e O.S.S. completiva nominal. hora (...)”
(B) “(...) e deixava cair com estrondo sabendo que os meninos,
13. (ADVISE-2013) Todos os enunciados abaixo correspondem mais que as meninas, se botariam de quatro catando lápis, ca-
a orações subordinadas substantivas, exceto: netas, borracha (...)”
(A) Espero sinceramente isto: que vocês não faltem mais. (C) “(...) não queria que soubessem que ela (...)”
(B) Desejo que ela volte. (D) “Logo me dei conta de que hoje setenta é quase banal (...)”
(C) Gostaria de que todos me apoiassem.
(D) Tenho medo de que esses assessores me traiam. 16. (FUNRIO – 2012) “Todos querem que nós
(E) Os jogadores que foram convocados apresentaram-se on- ____________________.”
tem.
Apenas uma das alternativas completa coerente e adequada-
14. (PUC-SP) “Pode-se dizer que a tarefa é puramente formal.” mente a frase acima. Assinale-a.
No texto acima temos uma oração destacada que é ________e (A) desfilando pelas passarelas internacionais.
um “se” que é . ________. (B) desista da ação contra aquele salafrário.
(A) substantiva objetiva direta, partícula apassivadora (C) estejamos prontos em breve para o trabalho.
(B) substantiva predicativa, índice de indeterminação do sujeito (D) recuperássemos a vaga de motorista da firma.
(C) relativa, pronome reflexivo (E) tentamos aquele emprego novamente.
(D) substantiva subjetiva, partícula apassivadora
(E) adverbial consecutiva, índice de indeterminação do sujeito 17. (ITA - 1997) Assinale a opção que completa corretamente as
lacunas do texto a seguir:
15. (UEMG) “De repente chegou o dia dos meus setenta anos. “Todas as amigas estavam _______________ ansiosas
Fiquei entre surpresa e divertida, setenta, eu? Mas tudo parece _______________ ler os jornais, pois foram informadas de que as
ter sido ontem! No século em que a maioria quer ter vinte anos críticas foram ______________ indulgentes ______________ ra-
(trinta a gente ainda aguenta), eu estava fazendo setenta. Pior: du- paz, o qual, embora tivesse mais aptidão _______________ ciên-
vidando disso, pois ainda escutava em mim as risadas da menina cias exatas, demonstrava uma certa propensão _______________
que queria correr nas lajes do pátio quando chovia, que pescava arte.”
lambaris com o pai no laguinho, que chorava em filme do Gordo e (A) meio - para - bastante - para com o - para - para a
Magro, quando a mãe a levava à matinê. (Eu chorava alto com pena (B) muito - em - bastante - com o - nas - em
dos dois, a mãe ficava furiosa.) (C) bastante - por - meias - ao - a - à
A menina que levava castigo na escola porque ria fora de hora, (D) meias - para - muito - pelo - em - por
porque se distraía olhando o céu e nuvens pela janela em lugar de (E) bem - por - meio - para o - pelas – na
prestar atenção, porque devagarinho empurrava o estojo de lápis
até a beira da mesa, e deixava cair com estrondo sabendo que os 18. (Mackenzie) Há uma concordância inaceitável de acordo
meninos, mais que as meninas, se botariam de quatro catando lá- com a gramática:
pis, canetas, borracha – as tediosas regras de ordem e quietude se- I - Os brasileiros somos todos eternos sonhadores.
riam rompidas mais uma vez. II - Muito obrigadas! – disseram as moças.
Fazendo a toda hora perguntas loucas, ela aborrecia os profes- III - Sr. Deputado, V. Exa. Está enganada.
sores e divertia a turma: apenas porque não queria ser diferente, IV - A pobre senhora ficou meio confusa.
queria ser amada, queria ser natural, não queria que soubessem V - São muito estudiosos os alunos e as alunas deste curso.

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LÍNGUA PORTUGUESA

(A) em I e II 24. (IBGE) Assinale a opção em que todos os adjetivos devem


(B) apenas em IV ser seguidos pela mesma preposição:
(C) apenas em III (A) ávido / bom / inconsequente
(D) em II, III e IV (B) indigno / odioso / perito
(E) apenas em II (C) leal / limpo / oneroso
(D) orgulhoso / rico / sedento
19. (CESCEM–SP) Já ___ anos, ___ neste local árvores e flores. (E) oposto / pálido / sábio
Hoje, só ___ ervas daninhas.
(A) fazem, havia, existe 25. (TRE-MG) Observe a regência dos verbos das frases reescri-
(B) fazem, havia, existe tas nos itens a seguir:
(C) fazem, haviam, existem I - Chamaremos os inimigos de hipócritas. Chamaremos aos ini-
(D) faz, havia, existem migos de hipócritas;
(E) faz, havia, existe II - Informei-lhe o meu desprezo por tudo. Informei-lhe do meu
desprezo por tudo;
20. (IBGE) Indique a opção correta, no que se refere à concor- III - O funcionário esqueceu o importante acontecimento. O
dância verbal, de acordo com a norma culta: funcionário esqueceu-se do importante acontecimento.
(A) Haviam muitos candidatos esperando a hora da prova.
(B) Choveu pedaços de granizo na serra gaúcha. A frase reescrita está com a regência correta em:
(C) Faz muitos anos que a equipe do IBGE não vem aqui. (A) I apenas
(D) Bateu três horas quando o entrevistador chegou. (B) II apenas
(E) Fui eu que abriu a porta para o agente do censo. (C) III apenas
(D) I e III apenas
21. (FUVEST – 2001) A única frase que NÃO apresenta desvio (E) I, II e III
em relação à regência (nominal e verbal) recomendada pela norma
culta é: 26. (INSTITUTO AOCP/2017 – EBSERH) Assinale a alternativa
(A) O governador insistia em afirmar que o assunto principal em que todas as palavras estão adequadamente grafadas.
seria “as grandes questões nacionais”, com o que discordavam (A) Silhueta, entretenimento, autoestima.
líderes pefelistas. (B) Rítimo, silueta, cérebro, entretenimento.
(B) Enquanto Cuba monopolizava as atenções de um clube, do (C) Altoestima, entreterimento, memorização, silhueta.
qual nem sequer pediu para integrar, a situação dos outros pa- (D) Célebro, ansiedade, auto-estima, ritmo.
íses passou despercebida. (E) Memorização, anciedade, cérebro, ritmo.
(C) Em busca da realização pessoal, profissionais escolhem a
dedo aonde trabalhar, priorizando à empresas com atuação 27. (ALTERNATIVE CONCURSOS/2016 – CÂMARA DE BANDEI-
social. RANTES-SC) Algumas palavras são usadas no nosso cotidiano de
(D) Uma família de sem-teto descobriu um sofá deixado por um forma incorreta, ou seja, estão em desacordo com a norma culta
morador não muito consciente com a limpeza da cidade. padrão. Todas as alternativas abaixo apresentam palavras escritas
(E) O roteiro do filme oferece uma versão de como consegui- erroneamente, exceto em:
mos um dia preferir a estrada à casa, a paixão e o sonho à regra, (A) Na bandeija estavam as xícaras antigas da vovó.
a aventura à repetição. (B) É um privilégio estar aqui hoje.
(C) Fiz a sombrancelha no salão novo da cidade.
22. (FUVEST) Assinale a alternativa que preenche corretamente (D) A criança estava com desinteria.
as lacunas correspondentes. (E) O bebedoro da escola estava estragado.
A arma ___ se feriu desapareceu.
Estas são as pessoas ___ lhe falei. 28. (SEDUC/SP – 2018) Preencha as lacunas das frases abaixo
Aqui está a foto ___ me referi. com “por que”, “porque”, “por quê” ou “porquê”. Depois, assinale a
Encontrei um amigo de infância ___ nome não me lembrava. alternativa que apresenta a ordem correta, de cima para baixo, de
Passamos por uma fazenda ___ se criam búfalos. classificação.
“____________ o céu é azul?”
(A) que, de que, à que, cujo, que. “Meus pais chegaram atrasados, ____________ pegaram trân-
(B) com que, que, a que, cujo qual, onde. sito pelo caminho.”
(C) com que, das quais, a que, de cujo, onde. “Gostaria muito de saber o ____________ de você ter faltado
(D) com a qual, de que, que, do qual, onde. ao nosso encontro.”
(E) que, cujas, as quais, do cujo, na cuja. “A Alemanha é considerada uma das grandes potências mun-
diais. ____________?”
23. (FESP) Observe a regência verbal e assinale a opção falsa:
(A) Avisaram-no que chegaríamos logo. (A) Porque – porquê – por que – Por quê
(B) Informei-lhe a nota obtida. (B) Porque – porquê – por que – Por quê
(C) Os motoristas irresponsáveis, em geral, não obedecem aos (C) Por que – porque – porquê – Por quê
sinais de trânsito. (D) Porquê – porque – por quê – Por que
(D) Há bastante tempo que assistimos em São Paulo. (E) Por que – porque – por quê – Porquê
(E) Muita gordura não implica saúde.

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LÍNGUA PORTUGUESA

29. (CEITEC – 2012) Os vocábulos Emergir e Imergir são parô- 34. (IFAL – 2016 ADAPTADA) Quanto à acentuação das palavras,
nimos: empregar um pelo outro acarreta grave confusão no que assinale a afirmação verdadeira.
se quer expressar. Nas alternativas abaixo, só uma apresenta uma (A) A palavra “tendem” deveria ser acentuada graficamente,
frase em que se respeita o devido sentido dos vocábulos, selecio- como “também” e “porém”.
nando convenientemente o parônimo adequado à frase elaborada. (B) As palavras “saíra”, “destruída” e “aí” acentuam-se pela
Assinale-a. mesma razão.
(A) A descoberta do plano de conquista era eminente. (C) O nome “Luiz” deveria ser acentuado graficamente, pela
(B) O infrator foi preso em flagrante. mesma razão que a palavra “país”.
(C) O candidato recebeu despensa das duas últimas provas. (D) Os vocábulos “é”, “já” e “só” recebem acento por constituí-
(D) O metal delatou ao ser submetido à alta temperatura. rem monossílabos tônicos fechados.
(E) Os culpados espiam suas culpas na prisão. (E) Acentuam-se “simpática”, “centímetros”, “simbólica” por-
que todas as paroxítonas são acentuadas.
30. (FMU) Assinale a alternativa em que todas as palavras estão
grafadas corretamente. 35. (MACKENZIE) Indique a alternativa em que nenhuma pala-
(A) paralisar, pesquisar, ironizar, deslizar vra é acentuada graficamente:
(B) alteza, empreza, francesa, miudeza (A) lapis, canoa, abacaxi, jovens
(C) cuscus, chimpazé, encharcar, encher (B) ruim, sozinho, aquele, traiu
(D) incenso, abcesso, obsessão, luxação (C) saudade, onix, grau, orquídea
(E) chineza, marquês, garrucha, meretriz (D) voo, legua, assim, tênis
(E) flores, açucar, album, virus
31. (VUNESP/2017 – TJ-SP) Assinale a alternativa em que todas
as palavras estão corretamente grafadas, considerando-se as regras 36. (IFAL - 2011)
de acentuação da língua padrão.
(A) Remígio era homem de carater, o que surpreendeu D. Firmi- Parágrafo do Editorial “Nossas crianças, hoje”.
na, que aceitou o matrimônio de sua filha.
(B) O consôlo de Fadinha foi ver que Remígio queria desposa-la “Oportunamente serão divulgados os resultados de tão impor-
apesar de sua beleza ter ido embora depois da doença. tante encontro, mas enquanto nordestinos e alagoanos sentimos
(C) Com a saúde de Fadinha comprometida, Remígio não con- na pele e na alma a dor dos mais altos índices de sofrimento da
seguia se recompôr e viver tranquilo. infância mais pobre. Nosso Estado e nossa região padece de índices
(D) Com o triúnfo do bem sobre o mal, Fadinha se recuperou, vergonhosos no tocante à mortalidade infantil, à educação básica e
Remígio resolveu pedí-la em casamento. tantos outros indicadores terríveis.” (Gazeta de Alagoas, seção Opi-
(E) Fadinha não tinha mágoa por não ser mais tão bela; agora, nião, 12.10.2010)
interessava-lhe viver no paraíso com Remígio. O primeiro período desse parágrafo está corretamente pontua-
do na alternativa:
32. (PUC-RJ) Aponte a opção em que as duas palavras são acen- (A) “Oportunamente, serão divulgados os resultados de tão
tuadas devido à mesma regra: importante encontro, mas enquanto nordestinos e alagoanos,
(A) saí – dói sentimos na pele e na alma a dor dos mais altos índices de so-
(B) relógio – própria frimento da infância mais pobre.”
(C) só – sóis (B) “Oportunamente serão divulgados os resultados de tão
(D) dá – custará importante encontro, mas enquanto nordestinos e alagoanos
(E) até – pé sentimos, na pele e na alma, a dor dos mais altos índices de
sofrimento da infância mais pobre.”
33. (UEPG ADAPTADA) Sobre a acentuação gráfica das palavras (C) “Oportunamente, serão divulgados os resultados de tão
agradável, automóvel e possível, assinale o que for correto. importante encontro, mas enquanto nordestinos e alagoanos,
(A) Em razão de a letra L no final das palavras transferir a toni- sentimos na pele e na alma, a dor dos mais altos índices de
cidade para a última sílaba, é necessário que se marque grafi- sofrimento da infância mais pobre.”
camente a sílaba tônica das paroxítonas terminadas em L, se (D) “Oportunamente serão divulgados os resultados de tão
isso não fosse feito, poderiam ser lidas como palavras oxítonas. importante encontro, mas, enquanto nordestinos e alagoanos
(B) São acentuadas porque são proparoxítonas terminadas em sentimos, na pele e na alma a dor dos mais altos índices de
L. sofrimento, da infância mais pobre.”
(C) São acentuadas porque são oxítonas terminadas em L. (E) “Oportunamente, serão divulgados os resultados de tão
(D) São acentuadas porque terminam em ditongo fonético – importante encontro, mas, enquanto nordestinos e alagoanos,
eu. sentimos, na pele e na alma, a dor dos mais altos índices de
(E) São acentuadas porque são paroxítonas terminadas em L. sofrimento da infância mais pobre.”

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LÍNGUA PORTUGUESA

37. (F.E. BAURU) Assinale a alternativa em que há erro de pontuação:


(A) Era do conhecimento de todos a hora da prova, mas, alguns se atrasaram.
(B) A hora da prova era do conhecimento de todos; alguns se atrasaram, porém.
(C) Todos conhecem a hora da prova; não se atrasem, pois.
(D) Todos conhecem a hora da prova, portanto não se atrasem.
(E) N.D.A

38. (VUNESP – 2020) Assinale a alternativa correta quanto à pontuação.


(A) Colaboradores da Universidade Federal do Paraná afirmaram: “Os cristais de urato podem provocar graves danos nas articulações.”.
(B) A prescrição de remédios e a adesão, ao tratamento, por parte dos pacientes são baixas.
(C) É uma inflamação, que desencadeia a crise de gota; diagnosticada a partir do reconhecimento de intensa dor, no local.
(D) A ausência de dor não pode ser motivo para a interrupção do tratamento conforme o editorial diz: – (é preciso que o doente confie
em seu médico).
(E) A qualidade de vida, do paciente, diminui pois a dor no local da inflamação é bastante intensa!

39. (ENEM – 2018)


Física com a boca
Por que nossa voz fica tremida ao falar na frente do ventilador?
Além de ventinho, o ventilador gera ondas sonoras. Quando você não tem mais o que fazer e fica falando na frente dele, as ondas da
voz se propagam na direção contrária às do ventilador. Davi Akkerman – presidente da Associação Brasileira para a Qualidade Acústica – diz
que isso causa o mismatch, nome bacana para o desencontro entre as ondas. “O vento também contribui para a distorção da voz, pelo fato
de ser uma vibração que influencia no som”, diz. Assim, o ruído do ventilador e a influência do vento na propagação das ondas contribuem
para distorcer sua bela voz.

Disponível em: http://super.abril.com.br. Acesso em: 30 jul. 2012 (adaptado).

Sinais de pontuação são símbolos gráficos usados para organizar a escrita e ajudar na compreensão da mensagem. No texto, o sentido
não é alterado em caso de substituição dos travessões por
(A) aspas, para colocar em destaque a informação seguinte
(B) vírgulas, para acrescentar uma caracterização de Davi Akkerman.
(C) reticências, para deixar subetendida a formação do especialista.
(D) dois-pontos, para acrescentar uma informação introduzida anteriormente.
(E) ponto e vírgula, para enumerar informações fundamentais para o desenvolvimento temático.

40. (FUNDATEC – 2016)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Sobre fonética e fonologia e conceitos relacionados a essas 44. (FUVEST-SP) Foram formadas pelo mesmo processo as se-
áreas, considere as seguintes afirmações, segundo Bechara: guintes palavras:
I. A fonologia estuda o número de oposições utilizadas e suas (A) vendavais, naufrágios, polêmicas
relações mútuas, enquanto a fonética experimental determina a (B) descompõem, desempregados, desejava
natureza física e fisiológica das distinções observadas. (C) estendendo, escritório, espírito
II. Fonema é uma realidade acústica, opositiva, que nosso ouvi- (D) quietação, sabonete, nadador
do registra; já letra, também chamada de grafema, é o sinal empre- (E) religião, irmão, solidão
gado para representar na escrita o sistema sonoro de uma língua.
III. Denominam-se fonema os sons elementares e produtores 45. (FUVEST) Assinale a alternativa em que uma das palavras
da significação de cada um dos vocábulos produzidos pelos falantes não é formada por prefixação:
da língua portuguesa. (A) readquirir, predestinado, propor
(B) irregular, amoral, demover
Quais estão INCORRETAS? (C) remeter, conter, antegozar
(A) Apenas I. (D) irrestrito, antípoda, prever
(B) Apenas II. (E) dever, deter, antever
(C) Apenas III.
(D) Apenas I e II 46. (UNIFESP - 2015) Leia o seguinte texto:
(E) Apenas II e III. Você conseguiria ficar 99 dias sem o Facebook?
Uma organização não governamental holandesa está propondo
41. (CEPERJ) Na palavra “fazer”, notam-se 5 fonemas. O mesmo um desafio que muitos poderão considerar impossível: ficar 99 dias
número de fonemas ocorre na palavra da seguinte alternativa: sem dar nem uma “olhadinha” no Facebook. O objetivo é medir o
(A) Tatuar grau de felicidade dos usuários longe da rede social.
(B) Quando O projeto também é uma resposta aos experimentos psicológi-
(C) Doutor cos realizados pelo próprio Facebook. A diferença neste caso é que
(D) Ainda o teste é completamente voluntário. Ironicamente, para poder par-
(E) Além ticipar, o usuário deve trocar a foto do perfil no Facebook e postar
um contador na rede social.
42. (OSEC) Em que conjunto de signos só há consoantes sono- Os pesquisadores irão avaliar o grau de satisfação e felicidade
ras? dos participantes no 33º dia, no 66º e no último dia da abstinência.
(A) rosa, deve, navegador; Os responsáveis apontam que os usuários do Facebook gastam
(B) barcos, grande, colado; em média 17 minutos por dia na rede social. Em 99 dias sem acesso,
(C) luta, após, triste; a soma média seria equivalente a mais de 28 horas, 2que poderiam
(D) ringue, tão, pinga; ser utilizadas em “atividades emocionalmente mais realizadoras”.
(E) que, ser, tão.
(http://codigofonte.uol.com.br. Adaptado.)
43. (UFRGS – 2010) No terceiro e no quarto parágrafos do tex-
to, o autor faz referência a uma oposição entre dois níveis de análi- Após ler o texto acima, examine as passagens do primeiro pa-
se de uma língua: o fonético e o gramatical. rágrafo: “Uma organização não governamental holandesa está pro-
Verifique a que nível se referem as características do português pondo um desafio” “O objetivo é medir o grau de felicidade dos
falado em Portugal a seguir descritas, identificando-as com o núme- usuários longe da rede social.”
ro 1 (fonético) ou com o número 2 (gramatical). A utilização dos artigos destacados justifica-se em razão:
( ) Construções com infinitivo, como estou a fazer, em lugar de (A) da retomada de informações que podem ser facilmente de-
formas com gerúndio, como estou fazendo. preendidas pelo contexto, sendo ambas equivalentes seman-
( ) Emprego frequente da vogal tônica com timbre aberto em ticamente.
palavras como académico e antónimo, (B) de informações conhecidas, nas duas ocorrências, sendo
( ) Uso frequente de consoante com som de k final da sílaba, possível a troca dos artigos nos enunciados, pois isso não alte-
como em contacto e facto. raria o sentido do texto.
( ) Certos empregos do pretérito imperfeito para designar fu- (C) da generalização, no primeiro caso, com a introdução de
turo do pretérito, como em Eu gostava de ir até lá por Eu gostaria informação conhecida, e da especificação, no segundo, com
de ir até lá. informação nova.
(D) da introdução de uma informação nova, no primeiro caso,
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de e da retomada de uma informação já conhecida, no segundo.
cima para baixo, é: (E) de informações novas, nas duas ocorrências, motivo pelo
(A) 2 – 1 – 1 – 2. qual são introduzidas de forma mais generalizada
(B) 2 – 1 – 2 – 1.
(C) 1 – 2 – 1 – 2.
(D) 1 – 1 – 2 – 2.
(E) 1 – 2 – 2 – 1.

37
LÍNGUA PORTUGUESA

47. (UFMG-ADAPTADA) As expressões em negrito correspon-


12 B
dem a um adjetivo, exceto em:
(A) João Fanhoso anda amanhecendo sem entusiasmo. 13 E
(B) Demorava-se de propósito naquele complicado banho. 14 B
(C) Os bichos da terra fugiam em desabalada carreira.
(D) Noite fechada sobre aqueles ermos perdidos da caatinga 15 A
sem fim. 16 C
(E) E ainda me vem com essa conversa de homem da roça.
17 A
48. (UMESP) Na frase “As negociações estariam meio abertas 18 C
só depois de meio período de trabalho”, as palavras destacadas são, 19 D
respectivamente:
(A) adjetivo, adjetivo 20 C
(B) advérbio, advérbio 21 E
(C) advérbio, adjetivo
(D) numeral, adjetivo 22 C
(E) numeral, advérbio 23 A
24 D
49. (ITA-SP)
Beber é mal, mas é muito bom. 25 E
26 A
(FERNANDES, Millôr. Mais! Folha de S. Paulo, 5 ago. 2001, p. 28.)
27 B
A palavra “mal”, no caso específico da frase de Millôr, é: 28 C
(A) adjetivo
(B) substantivo 29 B
(C) pronome 30 A
(D) advérbio 31 E
(E) preposição
32 B
50. (PUC-SP) “É uma espécie... nova... completamente nova! 33 E
(Mas já) tem nome... Batizei-(a) logo... Vou-(lhe) mostrar...”. Sob o
ponto de vista morfológico, as palavras destacadas correspondem 34 B
pela ordem, a: 35 B
(A) conjunção, preposição, artigo, pronome
36 E
(B) advérbio, advérbio, pronome, pronome
(C) conjunção, interjeição, artigo, advérbio 37 A
(D) advérbio, advérbio, substantivo, pronome 38 A
(E) conjunção, advérbio, pronome, pronome
39 B

GABARITO 40 C
41 B

1 C 42 D

2 B 43 A

3 D 44 D

4 C 45 E

5 C 46 D

6 A 47 B

7 D 48 B

8 C 49 B

9 B 50 E

10 E
11 C

38
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Fiscal de Vigilância Sanitária

II - atendimento integral, com prioridade para as atividades


CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais;
TÍTULO VIII, CAPÍTULO II, SEÇÃO II “DA SAÚDE” - ARTIGOS III - participação da comunidade.
196 A 200 § 1º O sistema único de saúde será financiado, nos termos
do art. 195, com recursos do orçamento da seguridade social, da
Saúde União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de
A saúde é direito de todos e dever do Estado. Segundo o artigo outras fontes.
197, da Constituição, as ações e os serviços de saúde devem ser § 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios apli-
executados diretamente pelo poder público ou por meio de tercei- carão, anualmente, em ações e serviços públicos de saúde recursos
ros, tanto por pessoas físicas quanto jurídicas. mínimos derivados da aplicação de percentuais calculados sobre:
A responsabilidade em matéria de saúde é solidária entre os I - no caso da União, a receita corrente líquida do respectivo
entes federados. exercício financeiro, não podendo ser inferior a 15% (quinze por
cento); (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015)
Diretrizes da Saúde II – no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto da ar-
De acordo com o Art. 198, da CF, as ações e os serviços públicos recadação dos impostos a que se refere o art. 155 e dos recursos de
de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e cons- que tratam os arts. 157 e 159, inciso I, alínea a, e inciso II, deduzidas
tituem um sistema único – o SUS –, organizado de acordo com as as parcelas que forem transferidas aos respectivos Municípios;
seguintes diretrizes: III – no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o produto da
I – descentralização, com direção única em cada esfera de go- arrecadação dos impostos a que se refere o art. 156 e dos recursos
verno; de que tratam os arts. 158 e 159, inciso I, alínea b e § 3º.
II – atendimento integral, com prioridade para as atividades § 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo menos a cada
preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; cinco anos, estabelecerá:
III – participação da comunidade. I - os percentuais de que tratam os incisos II e III do § 2º; (Reda-
ção dada pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015)
A Saúde e a Iniciativa Privada II – os critérios de rateio dos recursos da União vinculados à
Referente ao Artigo 199, da CF, a assistência à saúde é livre à saúde destinados aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios,
iniciativa privada e instituições privadas poderão participar de for- e dos Estados destinados a seus respectivos Municípios, objetivan-
ma complementar do SUS, segundo diretrizes deste, mediante con- do a progressiva redução das disparidades regionais;
trato de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades III – as normas de fiscalização, avaliação e controle das despe-
filantrópicas e as sem fins lucrativos. sas com saúde nas esferas federal, estadual, distrital e municipal;
IV - (revogado).
Atribuições Constitucionais do SUS § 4º Os gestores locais do sistema único de saúde poderão
Por fim, o Artigo 200 da CF, elenca quais atribuições são de admitir agentes comunitários de saúde e agentes de combate às
competência do SUS. endemias por meio de processo seletivo público, de acordo com a
natureza e complexidade de suas atribuições e requisitos específi-
SEÇÃO II cos para sua atuação.
DA SAÚDE § 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso salarial
profissional nacional, as diretrizes para os Planos de Carreira e a
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garanti- regulamentação das atividades de agente comunitário de saúde e
do mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do agente de combate às endemias, competindo à União, nos termos
risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitá- da lei, prestar assistência financeira complementar aos Estados, ao
rio às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. Distrito Federal e aos Municípios, para o cumprimento do referido
Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saú- piso salarial.
de, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua § 6º Além das hipóteses previstas no § 1º do art. 41 e no § 4º
regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser do art. 169 da Constituição Federal, o servidor que exerça funções
feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa equivalentes às de agente comunitário de saúde ou de agente de
física ou jurídica de direito privado. combate às endemias poderá perder o cargo em caso de descum-
Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma primento dos requisitos específicos, fixados em lei, para o seu exer-
rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, cício.
organizado de acordo com as seguintes diretrizes: Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.
I - descentralização, com direção única em cada esfera de go-
verno;

39
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§ 1º As instituições privadas poderão participar de forma com- TÍTULO I


plementar do sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferên-
cia as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos. Art. 2º A saúde é um direito fundamental do ser humano, de-
§ 2º É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios vendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno
ou subvenções às instituições privadas com fins lucrativos. exercício.
§ 3º - É vedada a participação direta ou indireta de empresas § 1º O dever do Estado de garantir a saúde consiste na for-
ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no País, salvo nos mulação e execução de políticas econômicas e sociais que visem à
casos previstos em lei. redução de riscos de doenças e de outros agravos e no estabeleci-
§ 4º A lei disporá sobre as condições e os requisitos que facili- mento de condições que assegurem acesso universal e igualitário
tem a remoção de órgãos, tecidos e substâncias humanas para fins às ações e aos serviços para a sua promoção, proteção e recupe-
de transplante, pesquisa e tratamento, bem como a coleta, proces- ração.
samento e transfusão de sangue e seus derivados, sendo vedado § 2º O dever do Estado não exclui o das pessoas, da família,
todo tipo de comercialização. das empresas e da sociedade.
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras Art. 3o Os níveis de saúde expressam a organização social e
atribuições, nos termos da lei: econômica do País, tendo a saúde como determinantes e condi-
I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias cionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento
de interesse para a saúde e participar da produção de medicamen- básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, a ati-
tos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros in- vidade física, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços
sumos; essenciais. (Redação dada pela Lei nº 12.864, de 2013)
II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, Parágrafo único. Dizem respeito também à saúde as ações
bem como as de saúde do trabalhador; que, por força do disposto no artigo anterior, se destinam a ga-
III - ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde; rantir às pessoas e à coletividade condições de bem-estar físico,
IV - participar da formulação da política e da execução das mental e social.
ações de saneamento básico;
V - incrementar, em sua área de atuação, o desenvolvimento TÍTULO II
científico e tecnológico e a inovação; (Redação dada pela Emenda DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
Constitucional nº 85, de 2015) DISPOSIÇÃO PRELIMINAR
VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle
de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas para consumo Art. 4º O conjunto de ações e serviços de saúde, prestados
humano; por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais,
VII - participar do controle e fiscalização da produção, trans- da Administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo
porte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, Poder Público, constitui o Sistema Único de Saúde (SUS).
tóxicos e radioativos; § 1º Estão incluídas no disposto neste artigo as instituições
VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreen- públicas federais, estaduais e municipais de controle de qualidade,
dido o do trabalho. pesquisa e produção de insumos, medicamentos, inclusive de san-
gue e hemoderivados, e de equipamentos para saúde.
LEI FEDERAL Nº 8.080 DE 19 DE SETEMBRO DE 1990 § 2º A iniciativa privada poderá participar do Sistema Único de
Saúde (SUS), em caráter complementar.

LEI Nº 8.080, DE 19 DE SETEMBRO DE 1990 CAPÍTULO I


DOS OBJETIVOS E ATRIBUIÇÕES
Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recu-
peração da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços Art. 5º São objetivos do Sistema Único de Saúde SUS:
correspondentes e dá outras providências. I - a identificação e divulgação dos fatores condicionantes e
determinantes da saúde;
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Na- II - a formulação de política de saúde destinada a promover,
cional decreta e eu sanciono a seguinte lei: nos campos econômico e social, a observância do disposto no § 1º
do art. 2º desta lei;
DISPOSIÇÃO PRELIMINAR III - a assistência às pessoas por intermédio de ações de pro-
moção, proteção e recuperação da saúde, com a realização inte-
Art. 1º Esta lei regula, em todo o território nacional, as ações grada das ações assistenciais e das atividades preventivas.
e serviços de saúde, executados isolada ou conjuntamente, em ca- Art. 6º Estão incluídas ainda no campo de atuação do Sistema
ráter permanente ou eventual, por pessoas naturais ou jurídicas de Único de Saúde (SUS):
direito Público ou privado. I - a execução de ações:
a) de vigilância sanitária;
b) de vigilância epidemiológica;
c) de saúde do trabalhador; e
d) de assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica;

40
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

II - a participação na formulação da política e na execução de VI - participação na normatização, fiscalização e controle dos


ações de saneamento básico; serviços de saúde do trabalhador nas instituições e empresas pú-
III - a ordenação da formação de recursos humanos na área de blicas e privadas;
saúde; VII - revisão periódica da listagem oficial de doenças originadas
IV - a vigilância nutricional e a orientação alimentar; no processo de trabalho, tendo na sua elaboração a colaboração
V - a colaboração na proteção do meio ambiente, nele com- das entidades sindicais; e
preendido o do trabalho; VIII - a garantia ao sindicato dos trabalhadores de requerer ao
VI - a formulação da política de medicamentos, equipamentos, órgão competente a interdição de máquina, de setor de serviço ou
imunobiológicos e outros insumos de interesse para a saúde e a de todo ambiente de trabalho, quando houver exposição a risco
participação na sua produção; iminente para a vida ou saúde dos trabalhadores.
VII - o controle e a fiscalização de serviços, produtos e substân-
cias de interesse para a saúde; CAPÍTULO II
VIII - a fiscalização e a inspeção de alimentos, água e bebidas DOS PRINCÍPIOS E DIRETRIZES
para consumo humano;
IX - a participação no controle e na fiscalização da produção, Art. 7º As ações e serviços públicos de saúde e os serviços pri-
transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoati- vados contratados ou conveniados que integram o Sistema Único
vos, tóxicos e radioativos; de Saúde (SUS), são desenvolvidos de acordo com as diretrizes pre-
X - o incremento, em sua área de atuação, do desenvolvimento vistas no art. 198 da Constituição Federal, obedecendo ainda aos
científico e tecnológico; seguintes princípios:
XI - a formulação e execução da política de sangue e seus de- I - universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os
rivados. níveis de assistência;
II - integralidade de assistência, entendida como conjunto ar-
§ 1º Entende-se por vigilância sanitária um conjunto de ações ticulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos,
capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis
nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produ- de complexidade do sistema;
ção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da III - preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua
saúde, abrangendo: integridade física e moral;
I - o controle de bens de consumo que, direta ou indiretamen- IV - igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou pri-
te, se relacionem com a saúde, compreendidas todas as etapas e vilégios de qualquer espécie;
processos, da produção ao consumo; e V - direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde;
II - o controle da prestação de serviços que se relacionam direta VI - divulgação de informações quanto ao potencial dos servi-
ou indiretamente com a saúde. ços de saúde e a sua utilização pelo usuário;
§ 2º Entende-se por vigilância epidemiológica um conjunto de VII - utilização da epidemiologia para o estabelecimento de
ações que proporcionam o conhecimento, a detecção ou prevenção prioridades, a alocação de recursos e a orientação programática;
de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes VIII - participação da comunidade;
de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e IX - descentralização político-administrativa, com direção única
adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos. em cada esfera de governo:
§ 3º Entende-se por saúde do trabalhador, para fins desta lei, a) ênfase na descentralização dos serviços para os municípios;
um conjunto de atividades que se destina, através das ações de vigi- b) regionalização e hierarquização da rede de serviços de saú-
lância epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção e proteção de;
da saúde dos trabalhadores, assim como visa à recuperação e reabi- X - integração em nível executivo das ações de saúde, meio am-
litação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos biente e saneamento básico;
advindos das condições de trabalho, abrangendo: XI - conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, mate-
I - assistência ao trabalhador vítima de acidentes de trabalho riais e humanos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
ou portador de doença profissional e do trabalho; Municípios na prestação de serviços de assistência à saúde da po-
II - participação, no âmbito de competência do Sistema Único pulação;
de Saúde (SUS), em estudos, pesquisas, avaliação e controle dos XII - capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis
riscos e agravos potenciais à saúde existentes no processo de tra- de assistência; e
balho; XIII - organização dos serviços públicos de modo a evitar dupli-
III - participação, no âmbito de competência do Sistema Único cidade de meios para fins idênticos.
de Saúde (SUS), da normatização, fiscalização e controle das con- XIV – organização de atendimento público específico e especia-
dições de produção, extração, armazenamento, transporte, distri- lizado para mulheres e vítimas de violência doméstica em geral, que
buição e manuseio de substâncias, de produtos, de máquinas e de garanta, entre outros, atendimento, acompanhamento psicológico e
equipamentos que apresentam riscos à saúde do trabalhador; cirurgias plásticas reparadoras, em conformidade com a Lei nº 12.845,
IV - avaliação do impacto que as tecnologias provocam à saúde; de 1º de agosto de 2013. (Redação dada pela Lei nº 13.427, de 2017)
V - informação ao trabalhador e à sua respectiva entidade sindi-
cal e às empresas sobre os riscos de acidentes de trabalho, doença
profissional e do trabalho, bem como os resultados de fiscalizações,
avaliações ambientais e exames de saúde, de admissão, periódicos
e de demissão, respeitados os preceitos da ética profissional;

41
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

CAPÍTULO III I - decidir sobre os aspectos operacionais, financeiros e admi-


DA ORGANIZAÇÃO, DA DIREÇÃO E DA GESTÃO nistrativos da gestão compartilhada do SUS, em conformidade com
a definição da política consubstanciada em planos de saúde, apro-
Art. 8º As ações e serviços de saúde, executados pelo Sistema vados pelos conselhos de saúde; (Incluído pela Lei nº 12.466, de
Único de Saúde (SUS), seja diretamente ou mediante participação 2011).
complementar da iniciativa privada, serão organizados de forma re- II - definir diretrizes, de âmbito nacional, regional e intermu-
gionalizada e hierarquizada em níveis de complexidade crescente. nicipal, a respeito da organização das redes de ações e serviços de
Art. 9º A direção do Sistema Único de Saúde (SUS) é única, de saúde, principalmente no tocante à sua governança institucional e à
acordo com o inciso I do art. 198 da Constituição Federal, sendo integração das ações e serviços dos entes federados; (Incluído pela
exercida em cada esfera de governo pelos seguintes órgãos: Lei nº 12.466, de 2011).
I - no âmbito da União, pelo Ministério da Saúde; III - fixar diretrizes sobre as regiões de saúde, distrito sanitário,
II - no âmbito dos Estados e do Distrito Federal, pela respectiva integração de territórios, referência e contrarreferência e demais
Secretaria de Saúde ou órgão equivalente; e aspectos vinculados à integração das ações e serviços de saúde en-
III - no âmbito dos Municípios, pela respectiva Secretaria de tre os entes federados. (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011).
Saúde ou órgão equivalente. Art. 14-B. O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Co-
Art. 10. Os municípios poderão constituir consórcios para de- nass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde
senvolver em conjunto as ações e os serviços de saúde que lhes (Conasems) são reconhecidos como entidades representativas dos
correspondam. entes estaduais e municipais para tratar de matérias referentes
§ 1º Aplica-se aos consórcios administrativos intermunicipais o à saúde e declarados de utilidade pública e de relevante função
princípio da direção única, e os respectivos atos constitutivos dispo- social, na forma do regulamento. (Incluído pela Lei nº 12.466, de
rão sobre sua observância. 2011).
§ 2º No nível municipal, o Sistema Único de Saúde (SUS), po- § 1o O Conass e o Conasems receberão recursos do orçamento
derá organizar-se em distritos de forma a integrar e articular recur- geral da União por meio do Fundo Nacional de Saúde, para auxiliar
sos, técnicas e práticas voltadas para a cobertura total das ações de no custeio de suas despesas institucionais, podendo ainda celebrar
saúde. convênios com a União. (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011).
Art. 11. (Vetado). § 2o Os Conselhos de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems)
Art. 12. Serão criadas comissões intersetoriais de âmbito nacio- são reconhecidos como entidades que representam os entes mu-
nal, subordinadas ao Conselho Nacional de Saúde, integradas pelos nicipais, no âmbito estadual, para tratar de matérias referentes à
Ministérios e órgãos competentes e por entidades representativas saúde, desde que vinculados institucionalmente ao Conasems, na
da sociedade civil. forma que dispuserem seus estatutos. (Incluído pela Lei nº 12.466,
Parágrafo único. As comissões intersetoriais terão a finalidade de 2011).
de articular políticas e programas de interesse para a saúde, cuja
execução envolva áreas não compreendidas no âmbito do Sistema CAPÍTULO IV
Único de Saúde (SUS). DA COMPETÊNCIA E DAS ATRIBUIÇÕES
Art. 13. A articulação das políticas e programas, a cargo das
comissões intersetoriais, abrangerá, em especial, as seguintes ati- SEÇÃO I
vidades: DAS ATRIBUIÇÕES COMUNS
I - alimentação e nutrição;
II - saneamento e meio ambiente; Art. 15. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
III - vigilância sanitária e farmacoepidemiologia; exercerão, em seu âmbito administrativo, as seguintes atribuições:
IV - recursos humanos; I - definição das instâncias e mecanismos de controle, avaliação
V - ciência e tecnologia; e e de fiscalização das ações e serviços de saúde;
VI - saúde do trabalhador. II - administração dos recursos orçamentários e financeiros
Art. 14. Deverão ser criadas Comissões Permanentes de inte- destinados, em cada ano, à saúde;
gração entre os serviços de saúde e as instituições de ensino profis- III - acompanhamento, avaliação e divulgação do nível de saúde
sional e superior. da população e das condições ambientais;
Parágrafo único. Cada uma dessas comissões terá por finali- IV - organização e coordenação do sistema de informação de
dade propor prioridades, métodos e estratégias para a formação e saúde;
educação continuada dos recursos humanos do Sistema Único de V - elaboração de normas técnicas e estabelecimento de pa-
Saúde (SUS), na esfera correspondente, assim como em relação à drões de qualidade e parâmetros de custos que caracterizam a as-
pesquisa e à cooperação técnica entre essas instituições. sistência à saúde;
Art. 14-A. As Comissões Intergestores Bipartite e Tripartite são VI - elaboração de normas técnicas e estabelecimento de pa-
reconhecidas como foros de negociação e pactuação entre gesto- drões de qualidade para promoção da saúde do trabalhador;
res, quanto aos aspectos operacionais do Sistema Único de Saúde VII - participação de formulação da política e da execução das
(SUS). (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011). ações de saneamento básico e colaboração na proteção e recupera-
Parágrafo único. A atuação das Comissões Intergestores Bipar- ção do meio ambiente;
tite e Tripartite terá por objetivo: (Incluído pela Lei nº 12.466, de VIII - elaboração e atualização periódica do plano de saúde;
2011). IX - participação na formulação e na execução da política de
formação e desenvolvimento de recursos humanos para a saúde;

42
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

X - elaboração da proposta orçamentária do Sistema Único de IX - promover articulação com os órgãos educacionais e de fis-
Saúde (SUS), de conformidade com o plano de saúde; calização do exercício profissional, bem como com entidades repre-
XI - elaboração de normas para regular as atividades de servi- sentativas de formação de recursos humanos na área de saúde;
ços privados de saúde, tendo em vista a sua relevância pública; X - formular, avaliar, elaborar normas e participar na execução
XII - realização de operações externas de natureza financeira de da política nacional e produção de insumos e equipamentos para a
interesse da saúde, autorizadas pelo Senado Federal; saúde, em articulação com os demais órgãos governamentais;
XIII - para atendimento de necessidades coletivas, urgentes e XI - identificar os serviços estaduais e municipais de referência
transitórias, decorrentes de situações de perigo iminente, de ca- nacional para o estabelecimento de padrões técnicos de assistência
lamidade pública ou de irrupção de epidemias, a autoridade com- à saúde;
petente da esfera administrativa correspondente poderá requisitar XII - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substân-
bens e serviços, tanto de pessoas naturais como de jurídicas, sendo- cias de interesse para a saúde;
-lhes assegurada justa indenização; XIII - prestar cooperação técnica e financeira aos Estados, ao
XIV - implementar o Sistema Nacional de Sangue, Componen- Distrito Federal e aos Municípios para o aperfeiçoamento da sua
tes e Derivados; atuação institucional;
XV - propor a celebração de convênios, acordos e protocolos XIV - elaborar normas para regular as relações entre o Sistema
internacionais relativos à saúde, saneamento e meio ambiente; Único de Saúde (SUS) e os serviços privados contratados de assis-
XVI - elaborar normas técnico-científicas de promoção, prote- tência à saúde;
ção e recuperação da saúde; XV - promover a descentralização para as Unidades Federadas
XVII - promover articulação com os órgãos de fiscalização do e para os Municípios, dos serviços e ações de saúde, respectiva-
exercício profissional e outras entidades representativas da socie- mente, de abrangência estadual e municipal;
dade civil para a definição e controle dos padrões éticos para pes- XVI - normatizar e coordenar nacionalmente o Sistema Nacio-
quisa, ações e serviços de saúde; nal de Sangue, Componentes e Derivados;
XVIII - promover a articulação da política e dos planos de saúde; XVII - acompanhar, controlar e avaliar as ações e os serviços de
XIX - realizar pesquisas e estudos na área de saúde; saúde, respeitadas as competências estaduais e municipais;
XX - definir as instâncias e mecanismos de controle e fiscaliza- XVIII - elaborar o Planejamento Estratégico Nacional no âmbito
ção inerentes ao poder de polícia sanitária; do SUS, em cooperação técnica com os Estados, Municípios e Dis-
XXI - fomentar, coordenar e executar programas e projetos es- trito Federal;
tratégicos e de atendimento emergencial. XIX - estabelecer o Sistema Nacional de Auditoria e coordenar a
avaliação técnica e financeira do SUS em todo o Território Nacional
SEÇÃO II em cooperação técnica com os Estados, Municípios e Distrito Fede-
DA COMPETÊNCIA ral. (Vide Decreto nº 1.651, de 1995)
§ 1º A União poderá executar ações de vigilância epidemio-
Art. 16. A direção nacional do Sistema Único da Saúde (SUS) lógica e sanitária em circunstâncias especiais, como na ocorrência
compete: de agravos inusitados à saúde, que possam escapar do controle da
I - formular, avaliar e apoiar políticas de alimentação e nutrição; direção estadual do Sistema Único de Saúde (SUS) ou que represen-
II - participar na formulação e na implementação das políticas: tem risco de disseminação nacional. (Renumerado do parágrafo
a) de controle das agressões ao meio ambiente; único pela Lei nº 14.141, de 2021)
b) de saneamento básico; e § 2º Em situações epidemiológicas que caracterizem emergên-
c) relativas às condições e aos ambientes de trabalho; cia em saúde pública, poderá ser adotado procedimento simplifica-
III - definir e coordenar os sistemas: do para a remessa de patrimônio genético ao exterior, na forma do
a) de redes integradas de assistência de alta complexidade; regulamento. (Incluído pela Lei nº 14.141, de 2021)
b) de rede de laboratórios de saúde pública; § 3º Os benefícios resultantes da exploração econômica de
c) de vigilância epidemiológica; e produto acabado ou material reprodutivo oriundo de acesso ao pa-
d) vigilância sanitária; trimônio genético de que trata o § 2º deste artigo serão repartidos
nos termos da Lei nº 13.123, de 20 de maio de 2015. (Incluído
IV - participar da definição de normas e mecanismos de con- pela Lei nº 14.141, de 2021)
trole, com órgão afins, de agravo sobre o meio ambiente ou dele Art. 17. À direção estadual do Sistema Único de Saúde (SUS)
decorrentes, que tenham repercussão na saúde humana; compete:
V - participar da definição de normas, critérios e padrões para I - promover a descentralização para os Municípios dos serviços
o controle das condições e dos ambientes de trabalho e coordenar e das ações de saúde;
a política de saúde do trabalhador; II - acompanhar, controlar e avaliar as redes hierarquizadas do
VI - coordenar e participar na execução das ações de vigilância Sistema Único de Saúde (SUS);
epidemiológica; III - prestar apoio técnico e financeiro aos Municípios e execu-
VII - estabelecer normas e executar a vigilância sanitária de tar supletivamente ações e serviços de saúde;
portos, aeroportos e fronteiras, podendo a execução ser comple- IV - coordenar e, em caráter complementar, executar ações e
mentada pelos Estados, Distrito Federal e Municípios; serviços:
VIII - estabelecer critérios, parâmetros e métodos para o con- a) de vigilância epidemiológica;
trole da qualidade sanitária de produtos, substâncias e serviços de b) de vigilância sanitária;
consumo e uso humano; c) de alimentação e nutrição; e
d) de saúde do trabalhador;

43
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

V - participar, junto com os órgãos afins, do controle dos agra- CAPÍTULO V


vos do meio ambiente que tenham repercussão na saúde humana; DO SUBSISTEMA DE ATENÇÃO À SAÚDE INDÍGENA
VI - participar da formulação da política e da execução de ações (INCLUÍDO PELA LEI Nº 9.836, DE 1999)
de saneamento básico;
VII - participar das ações de controle e avaliação das condições Art. 19-A. As ações e serviços de saúde voltados para o aten-
e dos ambientes de trabalho; dimento das populações indígenas, em todo o território nacional,
VIII - em caráter suplementar, formular, executar, acompanhar coletiva ou individualmente, obedecerão ao disposto nesta Lei. (In-
e avaliar a política de insumos e equipamentos para a saúde; cluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
IX - identificar estabelecimentos hospitalares de referência e Art. 19-B. É instituído um Subsistema de Atenção à Saúde Indí-
gerir sistemas públicos de alta complexidade, de referência esta- gena, componente do Sistema Único de Saúde – SUS, criado e defi-
dual e regional; nido por esta Lei, e pela Lei no 8.142, de 28 de dezembro de 1990,
X - coordenar a rede estadual de laboratórios de saúde pública com o qual funcionará em perfeita integração. (Incluído pela Lei nº
e hemocentros, e gerir as unidades que permaneçam em sua orga- 9.836, de 1999)
nização administrativa; Art. 19-C. Caberá à União, com seus recursos próprios, finan-
XI - estabelecer normas, em caráter suplementar, para o con- ciar o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena. (Incluído pela Lei
trole e avaliação das ações e serviços de saúde; nº 9.836, de 1999)
XII - formular normas e estabelecer padrões, em caráter suple- Art. 19-D. O SUS promoverá a articulação do Subsistema insti-
mentar, de procedimentos de controle de qualidade para produtos tuído por esta Lei com os órgãos responsáveis pela Política Indígena
e substâncias de consumo humano; do País. (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
XIII - colaborar com a União na execução da vigilância sanitária Art. 19-E. Os Estados, Municípios, outras instituições governa-
de portos, aeroportos e fronteiras; mentais e não-governamentais poderão atuar complementarmen-
XIV - o acompanhamento, a avaliação e divulgação dos indica- te no custeio e execução das ações. (Incluído pela Lei nº 9.836, de
dores de morbidade e mortalidade no âmbito da unidade federada. 1999)
Art. 18. À direção municipal do Sistema de Saúde (SUS) com- § 1º A União instituirá mecanismo de financiamento específi-
pete: co para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, sempre que
I - planejar, organizar, controlar e avaliar as ações e os serviços houver necessidade de atenção secundária e terciária fora dos ter-
de saúde e gerir e executar os serviços públicos de saúde; ritórios indígenas. (Incluído pela Lei nº 14.021, de 2020)
II - participar do planejamento, programação e organização § 2º Em situações emergenciais e de calamidade pública:(In-
da rede regionalizada e hierarquizada do Sistema Único de Saúde cluído pela Lei nº 14.021, de 2020)
(SUS), em articulação com sua direção estadual; I - a União deverá assegurar aporte adicional de recursos não
III - participar da execução, controle e avaliação das ações refe- previstos nos planos de saúde dos Distritos Sanitários Especiais In-
rentes às condições e aos ambientes de trabalho; dígenas (Dseis) ao Subsistema de Atenção à Saúde Indígena; (Incluí-
IV - executar serviços: do pela Lei nº 14.021, de 2020)
a) de vigilância epidemiológica; II - deverá ser garantida a inclusão dos povos indígenas nos pla-
b) vigilância sanitária; nos emergenciais para atendimento dos pacientes graves das Secre-
c) de alimentação e nutrição; tarias Municipais e Estaduais de Saúde, explicitados os fluxos e as
d) de saneamento básico; e referências para o atendimento em tempo oportuno.(Incluído pela
e) de saúde do trabalhador; Lei nº 14.021, de 2020)
V - dar execução, no âmbito municipal, à política de insumos e Art. 19-F. Dever-se-á obrigatoriamente levar em consideração a
equipamentos para a saúde; realidade local e as especificidades da cultura dos povos indígenas
VI - colaborar na fiscalização das agressões ao meio ambiente e o modelo a ser adotado para a atenção à saúde indígena, que
que tenham repercussão sobre a saúde humana e atuar, junto aos se deve pautar por uma abordagem diferenciada e global, contem-
órgãos municipais, estaduais e federais competentes, para contro- plando os aspectos de assistência à saúde, saneamento básico, nu-
lá-las; trição, habitação, meio ambiente, demarcação de terras, educação
VII - formar consórcios administrativos intermunicipais; sanitária e integração institucional.(Incluído pela Lei nº 9.836, de
VIII - gerir laboratórios públicos de saúde e hemocentros; 1999)
IX - colaborar com a União e os Estados na execução da vigilân- Art. 19-G. O Subsistema de Atenção à Saúde Indígena deverá
cia sanitária de portos, aeroportos e fronteiras; ser, como o SUS, descentralizado, hierarquizado e regionalizado.
X - observado o disposto no art. 26 desta Lei, celebrar contra- (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
tos e convênios com entidades prestadoras de serviços privados de § 1o O Subsistema de que trata o caput deste artigo terá como
saúde, bem como controlar e avaliar sua execução; base os Distritos Sanitários Especiais Indígenas.(Incluído pela Lei nº
XI - controlar e fiscalizar os procedimentos dos serviços priva- 9.836, de 1999)
dos de saúde; § 1º-A. A rede do SUS deverá obrigatoriamente fazer o registro
XII - normatizar complementarmente as ações e serviços públi- e a notificação da declaração de raça ou cor, garantindo a identi-
cos de saúde no seu âmbito de atuação. ficação de todos os indígenas atendidos nos sistemas públicos de
Art. 19. Ao Distrito Federal competem as atribuições reserva- saúde. § 1º-B. A União deverá integrar os sistemas de informação
das aos Estados e aos Municípios. da rede do SUS com os dados do Subsistema de Atenção à Saúde
Indígena. (Incluído pela Lei nº 14.021, de 2020)

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§ 1º-B. A União deverá integrar os sistemas de informação da CAPÍTULO VIII


rede do SUS com os dados do Subsistema de Atenção à Saúde Indí- (INCLUÍDO PELA LEI Nº 12.401, DE 2011)
gena. (Incluído pela Lei nº 14.021, de 2020) DA ASSISTÊNCIA TERAPÊUTICA E DA
§ 2o O SUS servirá de retaguarda e referência ao Subsistema de INCORPORAÇÃO DE TECNOLOGIA EM SAÚDE”
Atenção à Saúde Indígena, devendo, para isso, ocorrer adaptações
na estrutura e organização do SUS nas regiões onde residem as po- Art. 19-M. A assistência terapêutica integral a que se refere
pulações indígenas, para propiciar essa integração e o atendimento a alínea d do inciso I do art. 6o consiste em: (Incluído pela Lei nº
necessário em todos os níveis, sem discriminações.(Incluído pela 12.401, de 2011)
Lei nº 9.836, de 1999) I - dispensação de medicamentos e produtos de interesse para
§ 3o As populações indígenas devem ter acesso garantido ao a saúde, cuja prescrição esteja em conformidade com as diretrizes
SUS, em âmbito local, regional e de centros especializados, de acor- terapêuticas definidas em protocolo clínico para a doença ou o agra-
do com suas necessidades, compreendendo a atenção primária, vo à saúde a ser tratado ou, na falta do protocolo, em conformidade
secundária e terciária à saúde.(Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999) com o disposto no art. 19-P; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
Art. 19-H. As populações indígenas terão direito a participar II - oferta de procedimentos terapêuticos, em regime domi-
dos organismos colegiados de formulação, acompanhamento e ciliar, ambulatorial e hospitalar, constantes de tabelas elaboradas
avaliação das políticas de saúde, tais como o Conselho Nacional de pelo gestor federal do Sistema Único de Saúde - SUS, realizados no
Saúde e os Conselhos Estaduais e Municipais de Saúde, quando for território nacional por serviço próprio, conveniado ou contratado.
o caso. (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999) Art. 19-N. Para os efeitos do disposto no art. 19-M, são adota-
das as seguintes definições:
CAPÍTULO VI I - produtos de interesse para a saúde: órteses, próteses, bolsas
DO SUBSISTEMA DE ATENDIMENTO E INTERNAÇÃO DO- coletoras e equipamentos médicos;
MICILIAR II - protocolo clínico e diretriz terapêutica: documento que
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 10.424, DE 2002) estabelece critérios para o diagnóstico da doença ou do agravo à
saúde; o tratamento preconizado, com os medicamentos e demais
Art. 19-I. São estabelecidos, no âmbito do Sistema Único de produtos apropriados, quando couber; as posologias recomenda-
Saúde, o atendimento domiciliar e a internação domiciliar. (Incluído das; os mecanismos de controle clínico; e o acompanhamento e
pela Lei nº 10.424, de 2002) a verificação dos resultados terapêuticos, a serem seguidos pelos
§ 1o Na modalidade de assistência de atendimento e internação gestores do SUS. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
domiciliares incluem-se, principalmente, os procedimentos médi- Art. 19-O. Os protocolos clínicos e as diretrizes terapêuticas de-
cos, de enfermagem, fisioterapêuticos, psicológicos e de assistência verão estabelecer os medicamentos ou produtos necessários nas
social, entre outros necessários ao cuidado integral dos pacientes diferentes fases evolutivas da doença ou do agravo à saúde de que
em seu domicílio. (Incluído pela Lei nº 10.424, de 2002) tratam, bem como aqueles indicados em casos de perda de eficácia
§ 2o O atendimento e a internação domiciliares serão realizados por e de surgimento de intolerância ou reação adversa relevante, pro-
equipes multidisciplinares que atuarão nos níveis da medicina preven- vocadas pelo medicamento, produto ou procedimento de primeira
tiva, terapêutica e reabilitadora. (Incluído pela Lei nº 10.424, de 2002) escolha. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
§ 3o O atendimento e a internação domiciliares só poderão ser Parágrafo único. Em qualquer caso, os medicamentos ou pro-
realizados por indicação médica, com expressa concordância do pa- dutos de que trata o caput deste artigo serão aqueles avaliados
ciente e de sua família. (Incluído pela Lei nº 10.424, de 2002) quanto à sua eficácia, segurança, efetividade e custo-efetividade
para as diferentes fases evolutivas da doença ou do agravo à saúde
CAPÍTULO VII de que trata o protocolo. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
DO SUBSISTEMA DE ACOMPANHAMENTO DURANTE O Art. 19-P. Na falta de protocolo clínico ou de diretriz terapêu-
TRABALHO DE PARTO, PARTO E PÓS-PARTO IMEDIATO tica, a dispensação será realizada: (Incluído pela Lei nº 12.401, de
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 11.108, DE 2005) 2011)
I - com base nas relações de medicamentos instituídas pelo
Art. 19-J. Os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde - gestor federal do SUS, observadas as competências estabelecidas
SUS, da rede própria ou conveniada, ficam obrigados a permitir a nesta Lei, e a responsabilidade pelo fornecimento será pactuada na
presença, junto à parturiente, de 1 (um) acompanhante durante Comissão Intergestores Tripartite; (Incluído pela Lei nº 12.401, de
todo o período de trabalho de parto, parto e pós-parto imediato. 2011)
(Incluído pela Lei nº 11.108, de 2005) II - no âmbito de cada Estado e do Distrito Federal, de forma
§ 1o O acompanhante de que trata o caput deste artigo será suplementar, com base nas relações de medicamentos instituídas
indicado pela parturiente. (Incluído pela Lei nº 11.108, de 2005) pelos gestores estaduais do SUS, e a responsabilidade pelo forneci-
§ 2o As ações destinadas a viabilizar o pleno exercício dos di- mento será pactuada na Comissão Intergestores Bipartite; (Incluído
reitos de que trata este artigo constarão do regulamento da lei, a pela Lei nº 12.401, de 2011)
ser elaborado pelo órgão competente do Poder Executivo. (Incluído III - no âmbito de cada Município, de forma suplementar, com
pela Lei nº 11.108, de 2005) base nas relações de medicamentos instituídas pelos gestores mu-
§ 3o Ficam os hospitais de todo o País obrigados a manter, em local nicipais do SUS, e a responsabilidade pelo fornecimento será pac-
visível de suas dependências, aviso informando sobre o direito esta- tuada no Conselho Municipal de Saúde. (Incluído pela Lei nº 12.401,
belecido no caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.895, de 2013) de 2011)
Art. 19-L. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.108, de 2005)

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Art. 19-Q. A incorporação, a exclusão ou a alteração pelo SUS Parágrafo único. Excetuam-se do disposto neste artigo: (In-
de novos medicamentos, produtos e procedimentos, bem como a cluído pela Lei nº 14.312, de 2022)
constituição ou a alteração de protocolo clínico ou de diretriz tera- I - medicamento e produto em que a indicação de uso seja dis-
pêutica, são atribuições do Ministério da Saúde, assessorado pela tinta daquela aprovada no registro na Anvisa, desde que seu uso
Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS. (Incluí- tenha sido recomendado pela Comissão Nacional de Incorporação
do pela Lei nº 12.401, de 2011) de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), demonstradas
§ 1o A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no as evidências científicas sobre a eficácia, a acurácia, a efetividade e
SUS, cuja composição e regimento são definidos em regulamento, a segurança, e esteja padronizado em protocolo estabelecido pelo
contará com a participação de 1 (um) representante indicado pelo Ministério da Saúde;(Incluído pela Lei nº 14.312, de 2022)
Conselho Nacional de Saúde e de 1 (um) representante, especialista II - medicamento e produto recomendados pela Conitec e ad-
na área, indicado pelo Conselho Federal de Medicina. (Incluído pela quiridos por intermédio de organismos multilaterais internacionais,
Lei nº 12.401, de 2011) para uso em programas de saúde pública do Ministério da Saúde
§ 2o O relatório da Comissão Nacional de Incorporação de Tec- e suas entidades vinculadas, nos termos do § 5º do art. 8º da Lei
nologias no SUS levará em consideração, necessariamente: (Incluí- nº 9.782, de 26 de janeiro de 1999.(Incluído pela Lei nº 14.312, de
do pela Lei nº 12.401, de 2011) 2022)
I - as evidências científicas sobre a eficácia, a acurácia, a efeti- Art. 19-U. A responsabilidade financeira pelo fornecimento de
vidade e a segurança do medicamento, produto ou procedimento medicamentos, produtos de interesse para a saúde ou procedimen-
objeto do processo, acatadas pelo órgão competente para o regis- tos de que trata este Capítulo será pactuada na Comissão Interges-
tro ou a autorização de uso; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) tores Tripartite. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
II - a avaliação econômica comparativa dos benefícios e dos
custos em relação às tecnologias já incorporadas, inclusive no que TÍTULO III
se refere aos atendimentos domiciliar, ambulatorial ou hospitalar, DOS SERVIÇOS PRIVADOS DE ASSISTÊNCIA À SAÙDE
quando cabível. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
Art. 19-R. A incorporação, a exclusão e a alteração a que se re- CAPÍTULO I
fere o art. 19-Q serão efetuadas mediante a instauração de proces- DO FUNCIONAMENTO
so administrativo, a ser concluído em prazo não superior a 180 (cen-
to e oitenta) dias, contado da data em que foi protocolado o pedido, Art. 20. Os serviços privados de assistência à saúde caracteri-
admitida a sua prorrogação por 90 (noventa) dias corridos, quando zam-se pela atuação, por iniciativa própria, de profissionais liberais,
as circunstâncias exigirem. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) legalmente habilitados, e de pessoas jurídicas de direito privado na
§ 1o O processo de que trata o caput deste artigo observará, no promoção, proteção e recuperação da saúde.
que couber, o disposto na Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999, e Art. 21. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.
as seguintes determinações especiais: (Incluído pela Lei nº 12.401, Art. 22. Na prestação de serviços privados de assistência à saú-
de 2011) de, serão observados os princípios éticos e as normas expedidas
I - apresentação pelo interessado dos documentos e, se cabível, pelo órgão de direção do Sistema Único de Saúde (SUS) quanto às
das amostras de produtos, na forma do regulamento, com informa- condições para seu funcionamento.
ções necessárias para o atendimento do disposto no § 2o do art. Art. 23. É permitida a participação direta ou indireta, inclusi-
19-Q; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) ve controle, de empresas ou de capital estrangeiro na assistência
II - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) à saúde nos seguintes casos: (Redação dada pela Lei nº 13.097, de
III - realização de consulta pública que inclua a divulgação do 2015)
parecer emitido pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecno- I - doações de organismos internacionais vinculados à Orga-
logias no SUS; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) nização das Nações Unidas, de entidades de cooperação técnica e
IV - realização de audiência pública, antes da tomada de deci- de financiamento e empréstimos; (Incluído pela Lei nº 13.097, de
são, se a relevância da matéria justificar o evento. (Incluído pela Lei 2015)
nº 12.401, de 2011) II - pessoas jurídicas destinadas a instalar, operacionalizar ou
V - distribuição aleatória, respeitadas a especialização e a com- explorar: (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015)
petência técnica requeridas para a análise da matéria; (Incluído a) hospital geral, inclusive filantrópico, hospital especializado,
pela Lei nº 14.312, de 2022) policlínica, clínica geral e clínica especializada; e (Incluído pela Lei
VI - publicidade dos atos processuais. (Incluído pela Lei nº nº 13.097, de 2015)
14.312, de 2022) b) ações e pesquisas de planejamento familiar; (Incluído pela
§ 2o (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) Lei nº 13.097, de 2015)
Art. 19-S. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) III - serviços de saúde mantidos, sem finalidade lucrativa, por
Art. 19-T. São vedados, em todas as esferas de gestão do SUS: empresas, para atendimento de seus empregados e dependentes,
(Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011) sem qualquer ônus para a seguridade social; e (Incluído pela Lei nº
I - o pagamento, o ressarcimento ou o reembolso de medica- 13.097, de 2015)
mento, produto e procedimento clínico ou cirúrgico experimental, IV - demais casos previstos em legislação específica. (Incluído
ou de uso não autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sani- pela Lei nº 13.097, de 2015)
tária - ANVISA; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
II - a dispensação, o pagamento, o ressarcimento ou o reembol-
so de medicamento e produto, nacional ou importado, sem registro
na Anvisa.”

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

CAPÍTULO II Art. 30. As especializações na forma de treinamento em serviço


DA PARTICIPAÇÃO COMPLEMENTAR sob supervisão serão regulamentadas por Comissão Nacional, insti-
tuída de acordo com o art. 12 desta Lei, garantida a participação das
Art. 24. Quando as suas disponibilidades forem insuficientes entidades profissionais correspondentes
para garantir a cobertura assistencial à população de uma deter-
minada área, o Sistema Único de Saúde (SUS) poderá recorrer aos TÍTULO V
serviços ofertados pela iniciativa privada. DO FINANCIAMENTO
Parágrafo único. A participação complementar dos serviços
privados será formalizada mediante contrato ou convênio, observa- CAPÍTULO I
das, a respeito, as normas de direito público. DOS RECURSOS
Art. 25. Na hipótese do artigo anterior, as entidades filantró-
picas e as sem fins lucrativos terão preferência para participar do Art. 31. O orçamento da seguridade social destinará ao Sistema
Sistema Único de Saúde (SUS). Único de Saúde (SUS) de acordo com a receita estimada, os recursos
Art. 26. Os critérios e valores para a remuneração de serviços necessários à realização de suas finalidades, previstos em proposta
e os parâmetros de cobertura assistencial serão estabelecidos pela elaborada pela sua direção nacional, com a participação dos órgãos
direção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), aprovados no da Previdência Social e da Assistência Social, tendo em vista as me-
Conselho Nacional de Saúde. tas e prioridades estabelecidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias.
§ 1° Na fixação dos critérios, valores, formas de reajuste e de Art. 32. São considerados de outras fontes os recursos prove-
pagamento da remuneração aludida neste artigo, a direção nacio- nientes de:
nal do Sistema Único de Saúde (SUS) deverá fundamentar seu ato I - (Vetado)
em demonstrativo econômico-financeiro que garanta a efetiva qua- II - Serviços que possam ser prestados sem prejuízo da assis-
lidade de execução dos serviços contratados. tência à saúde;
§ 2° Os serviços contratados submeter-se-ão às normas técni- III - ajuda, contribuições, doações e donativos;
cas e administrativas e aos princípios e diretrizes do Sistema Único IV - alienações patrimoniais e rendimentos de capital;
de Saúde (SUS), mantido o equilíbrio econômico e financeiro do V - taxas, multas, emolumentos e preços públicos arrecadados
contrato. no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS); e
§ 3° (Vetado). VI - rendas eventuais, inclusive comerciais e industriais.
§ 4° Aos proprietários, administradores e dirigentes de entida- § 1° Ao Sistema Único de Saúde (SUS) caberá metade da receita
des ou serviços contratados é vedado exercer cargo de chefia ou de que trata o inciso I deste artigo, apurada mensalmente, a qual
função de confiança no Sistema Único de Saúde (SUS). será destinada à recuperação de viciados.
§ 2° As receitas geradas no âmbito do Sistema Único de Saúde
TÍTULO IV (SUS) serão creditadas diretamente em contas especiais, movimen-
DOS RECURSOS HUMANOS tadas pela sua direção, na esfera de poder onde forem arrecadadas.
§ 3º As ações de saneamento que venham a ser executadas
Art. 27. A política de recursos humanos na área da saúde será supletivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), serão financia-
formalizada e executada, articuladamente, pelas diferentes esferas das por recursos tarifários específicos e outros da União, Estados,
de governo, em cumprimento dos seguintes objetivos: Distrito Federal, Municípios e, em particular, do Sistema Financeiro
I - organização de um sistema de formação de recursos huma- da Habitação (SFH).
nos em todos os níveis de ensino, inclusive de pós-graduação, além § 4º (Vetado).
da elaboração de programas de permanente aperfeiçoamento de § 5º As atividades de pesquisa e desenvolvimento científico e
pessoal; tecnológico em saúde serão co-financiadas pelo Sistema Único de
II - (Vetado) Saúde (SUS), pelas universidades e pelo orçamento fiscal, além de
III - (Vetado) recursos de instituições de fomento e financiamento ou de origem
IV - valorização da dedicação exclusiva aos serviços do Sistema externa e receita própria das instituições executoras.
Único de Saúde (SUS). § 6º (Vetado).
Parágrafo único. Os serviços públicos que integram o Sistema
Único de Saúde (SUS) constituem campo de prática para ensino e CAPÍTULO II
pesquisa, mediante normas específicas, elaboradas conjuntamente DA GESTÃO FINANCEIRA
com o sistema educacional.
Art. 28. Os cargos e funções de chefia, direção e assessora- Art. 33. Os recursos financeiros do Sistema Único de Saúde
mento, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), só poderão ser (SUS) serão depositados em conta especial, em cada esfera de sua
exercidas em regime de tempo integral. atuação, e movimentados sob fiscalização dos respectivos Conse-
§ 1° Os servidores que legalmente acumulam dois cargos ou lhos de Saúde.
empregos poderão exercer suas atividades em mais de um estabe- § 1º Na esfera federal, os recursos financeiros, originários do
lecimento do Sistema Único de Saúde (SUS). Orçamento da Seguridade Social, de outros Orçamentos da União,
§ 2° O disposto no parágrafo anterior aplica-se também aos além de outras fontes, serão administrados pelo Ministério da Saú-
servidores em regime de tempo integral, com exceção dos ocupan- de, através do Fundo Nacional de Saúde.
tes de cargos ou função de chefia, direção ou assessoramento. § 2º (Vetado).
Art. 29. (Vetado). § 3º (Vetado).

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§ 4º O Ministério da Saúde acompanhará, através de seu siste- Art. 37. O Conselho Nacional de Saúde estabelecerá as dire-
ma de auditoria, a conformidade à programação aprovada da apli- trizes a serem observadas na elaboração dos planos de saúde, em
cação dos recursos repassados a Estados e Municípios. Constatada função das características epidemiológicas e da organização dos
a malversação, desvio ou não aplicação dos recursos, caberá ao Mi- serviços em cada jurisdição administrativa.
nistério da Saúde aplicar as medidas previstas em lei. Art. 38. Não será permitida a destinação de subvenções e auxí-
Art. 34. As autoridades responsáveis pela distribuição da re- lios a instituições prestadoras de serviços de saúde com finalidade
ceita efetivamente arrecadada transferirão automaticamente ao lucrativa.
Fundo Nacional de Saúde (FNS), observado o critério do parágrafo
único deste artigo, os recursos financeiros correspondentes às do- DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
tações consignadas no Orçamento da Seguridade Social, a projetos
e atividades a serem executados no âmbito do Sistema Único de Art. 39. (Vetado).
Saúde (SUS). § 1º (Vetado).
Parágrafo único. Na distribuição dos recursos financeiros da § 2º (Vetado).
Seguridade Social será observada a mesma proporção da despesa § 3º (Vetado).
prevista de cada área, no Orçamento da Seguridade Social. § 4º (Vetado).
Art. 35. Para o estabelecimento de valores a serem transferidos § 5º A cessão de uso dos imóveis de propriedade do Inamps
a Estados, Distrito Federal e Municípios, será utilizada a combina- para órgãos integrantes do Sistema Único de Saúde (SUS) será feita
ção dos seguintes critérios, segundo análise técnica de programas de modo a preservá-los como patrimônio da Seguridade Social.
e projetos: § 6º Os imóveis de que trata o parágrafo anterior serão inven-
I - perfil demográfico da região; tariados com todos os seus acessórios, equipamentos e outros bens
II - perfil epidemiológico da população a ser coberta; móveis e ficarão disponíveis para utilização pelo órgão de direção
III - características quantitativas e qualitativas da rede de saúde municipal do Sistema Único de Saúde - SUS ou, eventualmente,
na área; pelo estadual, em cuja circunscrição administrativa se encontrem,
IV - desempenho técnico, econômico e financeiro no período mediante simples termo de recebimento.
anterior; § 7º (Vetado).
V - níveis de participação do setor saúde nos orçamentos esta- § 8º O acesso aos serviços de informática e bases de dados,
duais e municipais; mantidos pelo Ministério da Saúde e pelo Ministério do Trabalho
VI - previsão do plano quinquenal de investimentos da rede; e da Previdência Social, será assegurado às Secretarias Estaduais e
VII - ressarcimento do atendimento a serviços prestados para Municipais de Saúde ou órgãos congêneres, como suporte ao pro-
outras esferas de governo. cesso de gestão, de forma a permitir a gerencia informatizada das
§ 2º Nos casos de Estados e Municípios sujeitos a notório pro- contas e a disseminação de estatísticas sanitárias e epidemiológicas
cesso de migração, os critérios demográficos mencionados nesta lei médico-hospitalares.
serão ponderados por outros indicadores de crescimento popula- Art. 40. (Vetado)
cional, em especial o número de eleitores registrados. Art. 41. As ações desenvolvidas pela Fundação das Pioneiras
§ 3º (Vetado). Sociais e pelo Instituto Nacional do Câncer, supervisionadas pela
§ 4º (Vetado). direção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), permanecerão
§ 5º (Vetado). como referencial de prestação de serviços, formação de recursos
§ 6º O disposto no parágrafo anterior não prejudica a atuação humanos e para transferência de tecnologia.
dos órgãos de controle interno e externo e nem a aplicação de pe- Art. 42. (Vetado).
nalidades previstas em lei, em caso de irregularidades verificadas Art. 43. A gratuidade das ações e serviços de saúde fica preser-
na gestão dos recursos transferidos. vada nos serviços públicos contratados, ressalvando-se as cláusulas
dos contratos ou convênios estabelecidos com as entidades priva-
CAPÍTULO III das.
DO PLANEJAMENTO E DO ORÇAMENTO Art. 44. (Vetado).
Art. 45. Os serviços de saúde dos hospitais universitários e de
Art. 36. O processo de planejamento e orçamento do Sistema ensino integram-se ao Sistema Único de Saúde (SUS), mediante
Único de Saúde (SUS) será ascendente, do nível local até o federal, convênio, preservada a sua autonomia administrativa, em relação
ouvidos seus órgãos deliberativos, compatibilizando-se as necessi- ao patrimônio, aos recursos humanos e financeiros, ensino, pesqui-
dades da política de saúde com a disponibilidade de recursos em sa e extensão nos limites conferidos pelas instituições a que este-
planos de saúde dos Municípios, dos Estados, do Distrito Federal e jam vinculados.
da União. § 1º Os serviços de saúde de sistemas estaduais e municipais
§ 1º Os planos de saúde serão a base das atividades e progra- de previdência social deverão integrar-se à direção correspondente
mações de cada nível de direção do Sistema Único de Saúde (SUS), do Sistema Único de Saúde (SUS), conforme seu âmbito de atuação,
e seu financiamento será previsto na respectiva proposta orçamen- bem como quaisquer outros órgãos e serviços de saúde.
tária. § 2º Em tempo de paz e havendo interesse recíproco, os servi-
§ 2º É vedada a transferência de recursos para o financiamento ços de saúde das Forças Armadas poderão integrar-se ao Sistema
de ações não previstas nos planos de saúde, exceto em situações Único de Saúde (SUS), conforme se dispuser em convênio que, para
emergenciais ou de calamidade pública, na área de saúde. esse fim, for firmado.

48
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Art. 46. o Sistema Único de Saúde (SUS), estabelecerá mecanis- formulação de estratégias e no controle da execução da política de
mos de incentivos à participação do setor privado no investimento saúde na instância correspondente, inclusive nos aspectos econô-
em ciência e tecnologia e estimulará a transferência de tecnologia micos e financeiros, cujas decisões serão homologadas pelo chefe
das universidades e institutos de pesquisa aos serviços de saúde do poder legalmente constituído em cada esfera do governo.
nos Estados, Distrito Federal e Municípios, e às empresas nacionais. § 3° O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o
Art. 47. O Ministério da Saúde, em articulação com os níveis es- Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems)
taduais e municipais do Sistema Único de Saúde (SUS), organizará, terão representação no Conselho Nacional de Saúde.
no prazo de dois anos, um sistema nacional de informações em saú- § 4° A representação dos usuários nos Conselhos de Saúde e
de, integrado em todo o território nacional, abrangendo questões Conferências será paritária em relação ao conjunto dos demais seg-
epidemiológicas e de prestação de serviços. mentos.
Art. 48. (Vetado). § 5° As Conferências de Saúde e os Conselhos de Saúde terão
Art. 49. (Vetado). sua organização e normas de funcionamento definidas em regimen-
Art. 50. Os convênios entre a União, os Estados e os Municípios, to próprio, aprovadas pelo respectivo conselho.
celebrados para implantação dos Sistemas Unificados e Descentrali- Art. 2° Os recursos do Fundo Nacional de Saúde (FNS) serão
zados de Saúde, ficarão rescindidos à proporção que seu objeto for alocados como:
sendo absorvido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). I - despesas de custeio e de capital do Ministério da Saúde, seus
Art. 51. (Vetado). órgãos e entidades, da administração direta e indireta;
Art. 52. Sem prejuízo de outras sanções cabíveis, constitui cri- II - investimentos previstos em lei orçamentária, de iniciativa do
me de emprego irregular de verbas ou rendas públicas (Código Pe- Poder Legislativo e aprovados pelo Congresso Nacional;
nal, art. 315) a utilização de recursos financeiros do Sistema Único III - investimentos previstos no Plano Qüinqüenal do Ministério
de Saúde (SUS) em finalidades diversas das previstas nesta lei. da Saúde;
Art. 53. (Vetado). IV - cobertura das ações e serviços de saúde a serem imple-
Art. 53-A. Na qualidade de ações e serviços de saúde, as ati- mentados pelos Municípios, Estados e Distrito Federal.
vidades de apoio à assistência à saúde são aquelas desenvolvidas Parágrafo único. Os recursos referidos no inciso IV deste arti-
pelos laboratórios de genética humana, produção e fornecimento go destinar-se-ão a investimentos na rede de serviços, à cobertura
de medicamentos e produtos para saúde, laboratórios de analises assistencial ambulatorial e hospitalar e às demais ações de saúde.
clínicas, anatomia patológica e de diagnóstico por imagem e são Art. 3° Os recursos referidos no inciso IV do art. 2° desta lei se-
livres à participação direta ou indireta de empresas ou de capitais rão repassados de forma regular e automática para os Municípios,
estrangeiros. (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015) Estados e Distrito Federal, de acordo com os critérios previstos no
Art. 54. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. art. 35 da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990.
Art. 55. São revogadas a Lei nº. 2.312, de 3 de setembro de § 1° Enquanto não for regulamentada a aplicação dos critérios
1954, a Lei nº. 6.229, de 17 de julho de 1975, e demais disposições previstos no art. 35 da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990,
em contrário. será utilizado, para o repasse de recursos, exclusivamente o critério
estabelecido no § 1° do mesmo artigo. (Vide Lei nº 8.080, de 1990)
LEI FEDERAL Nº 8.142 DE 28 DE DEZEMBRO DE 1990 § 2° Os recursos referidos neste artigo serão destinados, pelo
menos setenta por cento, aos Municípios, afetando-se o restante
aos Estados.
LEI Nº 8.142, DE 28 DE DEZEMBRO DE 1990 § 3° Os Municípios poderão estabelecer consórcio para execu-
ção de ações e serviços de saúde, remanejando, entre si, parcelas
Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do de recursos previstos no inciso IV do art. 2° desta lei.
Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergover- Art. 4° Para receberem os recursos, de que trata o art. 3° desta
namentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras lei, os Municípios, os Estados e o Distrito Federal deverão contar
providências. com:
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Na- I - Fundo de Saúde;
cional decreta e eu sanciono a seguinte lei: II - Conselho de Saúde, com composição paritária de acordo
com o Decreto n° 99.438, de 7 de agosto de 1990;
Art. 1° O Sistema Único de Saúde (SUS), de que trata a Lei n° III - plano de saúde;
8.080, de 19 de setembro de 1990, contará, em cada esfera de go- IV - relatórios de gestão que permitam o controle de que trata o
verno, sem prejuízo das funções do Poder Legislativo, com as se- § 4° do art. 33 da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990;
guintes instâncias colegiadas: V - contrapartida de recursos para a saúde no respectivo orça-
I - a Conferência de Saúde; e mento;
II - o Conselho de Saúde. VI - Comissão de elaboração do Plano de Carreira, Cargos e Sa-
§ 1° A Conferência de Saúde reunir-se-á a cada quatro anos lários (PCCS), previsto o prazo de dois anos para sua implantação.
com a representação dos vários segmentos sociais, para avaliar a si- Parágrafo único. O não atendimento pelos Municípios, ou pelos
tuação de saúde e propor as diretrizes para a formulação da política Estados, ou pelo Distrito Federal, dos requisitos estabelecidos neste
de saúde nos níveis correspondentes, convocada pelo Poder Execu- artigo, implicará em que os recursos concernentes sejam adminis-
tivo ou, extraordinariamente, por esta ou pelo Conselho de Saúde. trados, respectivamente, pelos Estados ou pela União.
§ 2° O Conselho de Saúde, em caráter permanente e delibe- Art. 5° É o Ministério da Saúde, mediante portaria do Ministro
rativo, órgão colegiado composto por representantes do governo, de Estado, autorizado a estabelecer condições para aplicação desta
prestadores de serviço, profissionais de saúde e usuários, atua na lei.

49
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Art. 6° Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. Com a Lei Nº 8.080/90, fica regulamentado o Sistema Único de
Art. 7° Revogam-se as disposições em contrário. Saúde - SUS, estabelecido pela Constituição Federal de 1988, que
agrega todos os serviços estatais - das esferas federal, estadual e
NORMA OPERACIONAL BÁSICA - NOB/96 PUBLICADA municipal - e os serviços privados (desde que contratados ou conve-
NO DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO DE 06 DE NOVEMBRO DE niados) e que é responsabilizado, ainda que sem exclusividade, pela
1996 (EM ESPECIAL OS ITENS REFERENTES À VIGILÂNCIA concretização dos princípios constitucionais.
SANITÁRIA) As Normas Operacionais Básicas, por sua vez, a partir da ava-
liação do estágio de implantação e desempenho do SUS, se voltam,
mais direta e imediatamente, para a definição de estratégias e mo-
APRESENTAÇÃO vimentos táticos, que orientam a operacionalidade deste Sistema.
É com grande satisfação que apresento esta edição da Norma
Operacional Básica do Sistema Único de Saúde, a NOB-SUS/96, re- 2. FINALIDADE
sultado de amplo e participativo processo de discussão, que cul- A presente Norma Operacional Básica tem por finalidade pri-
minou com a assinatura da Portaria No. 2.203, publicada no Diário mordial promover e consolidar o pleno exercício, por parte do po-
Oficial da União de 6 de novembro de 1996. der público municipal e do Distrito Federal, da função de gestor da
Não poderia deixar, neste momento, de fazer referência ao ex- atenção à saúde dos seus munícipes (Artigo 30, incisos V e VII, e Ar-
-Ministro Adib Jatene que, ao definir um processo democrático de tigo 32, Parágrafo 1º, da Constituição Federal), com a conseqüente
construção desta Norma, possibilitou a participação de diferentes redefinição das responsabilidades dos Estados, do Distrito Federal e
segmentos da sociedade, desde os gestores do Sistema nas três da União, avançando na consolidação dos princípios do SUS.
esferas de governo, até usuários, prestadores de serviços e pro- Esse exercício, viabilizado com a imprescindível cooperação
fissionais de saúde em vários fóruns e especialmente no Conselho técnica e financeira dos poderes públicos estadual e federal, com-
Nacional de Saúde. preende, portanto, não só a responsabilidade por algum tipo de
A NOB 96 é decorrente, sobretudo, da experiência ditada pela prestação de serviços de saúde (Artigo 30, inciso VII), como, da
prática dos instrumentos operacionais anteriores - em especial da mesma forma, a responsabilidade pela gestão de um sistema que
NOB 1993 - o que possibilitou o fortalecimento da crença na viabili- atenda, com integralidade, à demanda das pessoas pela assistência
dade e na importância do SUS para a saúde de cada um e de todos à saúde e às exigências sanitárias ambientais (Artigo 30, inciso V).
os brasileiros. Busca-se, dessa forma, a plena responsabilidade do poder pú-
Como instrumento de regulação do SUS, esta NOB, além de blico municipal. Assim, esse poder se responsabiliza como também
incluir as orientações operacionais propriamente ditas, explicita e pode ser responsabilizado, ainda que não isoladamente. Os pode-
dá consequência prática, em sua totalidade, aos princípios e às di- res públicos estadual e federal são sempre co-responsáveis, na res-
retrizes do Sistema, consubstanciados na Constituição Federal e nas pectiva competência ou na ausência da função municipal (inciso II
Leis No. 8.080/90 e No. 8.142/90, favorecendo, ainda, mudanças do Artigo 23, da Constituição Federal). Essa responsabilidade, no
essenciais no modelo de atenção à saúde no Brasil. entanto, não exclui o papel da família, da comunidade e dos pró-
Espero que esta edição seja mais um mecanismo de divulgação prios indivíduos, na promoção, proteção e recuperação da saúde.
e disseminação de informações importantes para o Setor Saúde, Isso implica aperfeiçoar a gestão dos serviços de saúde no país
possibilitando o engajamento de todos no sentido da sua imple- e a própria organização do Sistema, visto que o município passa a
mentação e, também, na definição de medidas de ajuste e aperfei- ser, de fato, o responsável imediato pelo atendimento das necessi-
çoamento deste instrumento. dades e demandas de saúde do seu povo e das exigências de inter-
CARLOS CÉSAR DE ALBUQUERQUE venções saneadoras em seu território.
Ministro da Saúde Ao tempo em que aperfeiçoa a gestão do SUS, esta NOB aponta
para uma reordenação do modelo de atenção à saúde, na medida
1. INTRODUÇÃO em que redefine:
Os ideais históricos de civilidade, no âmbito da saúde, conso- a. os papéis de cada esfera de governo e, em especial, no to-
lidados na Constituição de 1988, concretizam-se, na vivência coti- cante à direção única;
diana do povo brasileiro, por intermédio de um crescente entendi- b. os instrumentos gerenciais para que municípios e estados
mento e incorporação de seus princípios ideológicos e doutrinários, superem o papel exclusivo de prestadores de serviços e assumam
como, também, pelo exercício de seus princípios organizacionais. seus respectivos papéis de gestores do SUS;
Esses ideais foram transformados, na Carta Magna, em direito c. os mecanismos e fluxos de financiamento, reduzindo pro-
à saúde, o que significa que cada um e todos os brasileiros devem gressiva e continuamente a remuneração por produção de serviços
construir e usufruir de políticas públicas - econômicas e sociais - que e ampliando as transferências de caráter global, fundo a fundo, com
reduzam riscos e agravos à saúde. Esse direito significa, igualmente, base em programações ascendentes, pactuadas e integradas;
o acesso universal (para todos) e equânime (com justa igualdade) d. a prática do acompanhamento, controle e avaliação no SUS,
a serviços e ações de promoção, proteção e recuperação da saúde superando os mecanismos tradicionais, centrados no faturamento
(atendimento integral). de serviços produzidos, e valorizando os resultados advindos de
A partir da nova Constituição da República, várias iniciativas programações com critérios epidemiológicos e desempenho com
institucionais, legais e comunitárias foram criando as condições de qualidade;
viabilização plena do direito à saúde. Destacam-se, neste sentido, e. os vínculos dos serviços com os seus usuários, privilegian-
no âmbito jurídico institucional, as chamadas Leis Orgânicas da Saú- do os núcleos familiares e comunitários, criando, assim, condições
de (Nº. 8.080/90 e 8.142/90), o Decreto Nº.99.438/90 e as Normas para uma efetiva participação e controle social.
Operacionais Básicas (NOB), editadas em 1991 e 1993.

50
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

3. CAMPOS DA ATENÇÃO À SAÚDE latório, hospital, instituto, fundação etc.), que se caracteriza como
A atenção à saúde, que encerra todo o conjunto de ações leva- prestador de serviços ao Sistema. Por sua vez, gestão é a atividade
das a efeito pelo SUS, em todos os níveis de governo, para o aten- e a responsabilidade de dirigir um sistema de saúde (municipal, es-
dimento das demandas pessoais e das exigências ambientais, com- tadual ou nacional), mediante o exercício de funções de coorde-
preende três grandes campos, a saber: nação, articulação, negociação, planejamento, acompanhamento,
a. o da assistência, em que as atividades são dirigidas às pesso- controle, avaliação e auditoria. São, portanto, gestores do SUS os
as, individual ou coletivamente, e que é prestada no âmbito ambu- Secretários Municipais e Estaduais de Saúde e o Ministro da Saúde,
latorial e hospitalar, bem como em outros espaços, especialmente que representam, respectivamente, os governos municipais, esta-
no domiciliar; duais e federal.
b. o das intervenções ambientais, no seu sentido mais amplo, A criação e o funcionamento desse sistema municipal possibili-
incluindo as relações e as condições sanitárias nos ambientes de tam uma grande responsabilização dos municípios, no que se refere
vida e de trabalho, o controle de vetores e hospedeiros e a opera- à saúde de todos os residentes em seu território. No entanto, pos-
ção de sistemas de saneamento ambiental (mediante o pacto de sibilitam, também, um elevado risco de atomização desordenada
interesses, as normalizações, as fiscalizações e outros); e dessas partes do SUS, permitindo que um sistema municipal se de-
c. o das políticas externas ao setor saúde, que interferem nos senvolva em detrimento de outro, ameaçando, até mesmo, a uni-
determinantes sociais do processo saúde-doença das coletividades, cidade do SUS. Há que se integrar, harmonizar e modernizar, com
de que são partes importantes questões relativas às políticas ma- eqüidade, os sistemas municipais.
croeconômicas, ao emprego, à habitação, à educação, ao lazer e à A realidade objetiva do poder público, nos municípios brasi-
disponibilidade e qualidade dos alimentos. leiros, é muito diferenciada, caracterizando diferentes modelos de
Convém ressaltar que as ações de política setorial em saúde, organização, de diversificação de atividades, de disponibilidade de
bem como as administrativas - planejamento, comando e controle recursos e de capacitação gerencial, o que, necessariamente, confi-
- são inerentes e integrantes do contexto daquelas envolvidas na gura modelos distintos de gestão.
assistência e nas intervenções ambientais. Ações de comunicação e O caráter diferenciado do modelo de gestão é transitório, vez
de educação também compõem, obrigatória e permanentemente, que todo e qualquer município pode ter uma gestão plenamente
a atenção à saúde. desenvolvida, levando em conta que o poder constituído, neste ní-
Nos três campos referidos, enquadra-se, então, todo o espectro vel, tem uma capacidade de gestão intrinsecamente igual e os seus
de ações compreendidas nos chamados níveis de atenção à saúde, segmentos populacionais dispõem dos mesmos direitos.
representados pela promoção, pela proteção e pela recuperação, A operacionalização das condições de gestão, propostas por
nos quais deve ser sempre priorizado o caráter preventivo. esta NOB, considera e valoriza os vários estágios já alcançados pe-
É importante assinalar que existem, da mesma forma, conjun- los estados e pelos municípios, na construção de uma gestão plena.
tos de ações que configuram campos clássicos de atividades na área Já a redefinição dos papéis dos gestores estadual e federal,
da saúde pública, constituídos por uma agregação simultânea de consoante a finalidade desta Norma Operacional, é, portanto, fun-
ações próprias do campo da assistência e de algumas próprias do damental para que possam exercer as suas competências especí-
campo das intervenções ambientais, de que são partes importantes ficas de gestão e prestar a devida cooperação técnica e financeira
as atividades de vigilância epidemiológica e de vigilância sanitária. aos municípios.
O poder público estadual tem, então, como uma de suas res-
4. SISTEMA DE SAÚDE MUNICIPAL ponsabilidades nucleares, mediar a relação entre os sistemas muni-
A totalidade das ações e de serviços de atenção à saúde, no cipais; o federal de mediar entre os sistemas estaduais. Entretanto,
âmbito do SUS, deve ser desenvolvida em um conjunto de estabe- quando ou enquanto um município não assumir a gestão do sis-
lecimentos, organizados em rede regionalizada e hierarquizada, e tema municipal, é o Estado que responde, provisoriamente, pela
disciplinados segundo subsistemas, um para cada município Ä o gestão de um conjunto de serviços capaz de dar atenção integral
SUS-Municipal Ä voltado ao atendimento integral de sua própria àquela população que necessita de um sistema que lhe é próprio.
população e inserido de forma indissociável no SUS, em suas abran- As instâncias básicas para a viabilização desses propósitos inte-
gências estadual e nacional. gradores e harmonizadores são os fóruns de negociação, integrados
Os estabelecimentos desse subsistema municipal, do SUS-Mu- pelos gestores municipal, estadual e federal - a Comissão Interges-
nicipal, não precisam ser, obrigatoriamente, de propriedade da tores Tripartite (CIT) - e pelos gestores estadual e municipal - a Co-
prefeitura, nem precisam ter sede no território do município. Suas missão Intergestores Bipartite (CIB). Por meio dessas instâncias e
ações, desenvolvidas pelas unidades estatais (próprias, estaduais dos Conselhos de Saúde, são viabilizados os princípios de unicidade
ou federais) ou privadas (contratadas ou conveniadas, com priori- e de eqüidade.
dade para as entidades filantrópicas), têm que estar organizadas Nas CIB e CIT são apreciadas as composições dos sistemas mu-
e coordenadas, de modo que o gestor municipal possa garantir à nicipais de saúde, bem assim pactuadas as programações entre ges-
população o acesso aos serviços e a disponibilidade das ações e dos tores e integradas entre as esferas de governo. Da mesma forma,
meios para o atendimento integral. são pactuados os tetos financeiros possíveis - dentro das disponibi-
Isso significa dizer que, independentemente da gerência dos lidades orçamentárias conjunturais - oriundos dos recursos das três
estabelecimentos prestadores de serviços ser estatal ou privada, a esferas de governo, capazes de viabilizar a atenção às necessida-
gestão de todo o sistema municipal é, necessariamente, da compe- des assistenciais e às exigências ambientais. O pacto e a integração
tência do poder público e exclusiva desta esfera de governo, respei- das programações constituem, fundamentalmente, a conseqüência
tadas as atribuições do respectivo Conselho e de outras diferentes prática da relação entre os gestores do SUS.
instâncias de poder. Assim, nesta NOB gerência é conceituada como
sendo a administração de uma unidade ou órgão de saúde (ambu-

51
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A composição dos sistemas municipais e a ratificação dessas Quando um município, que demanda serviços a outro, ampliar
programações, nos Conselhos de Saúde respectivos, permitem a a sua própria capacidade resolutiva, pode requerer, ao gestor es-
construção de redes regionais que, certamente, ampliam o aces- tadual, que a parte de recursos alocados no município vizinho seja
so, com qualidade e menor custo. Essa dinâmica contribui para que realocada para o seu município.
seja evitado um processo acumulativo injusto, por parte de alguns Esses mecanismos conferem um caráter dinâmico e permanen-
municípios (quer por maior disponibilidade tecnológica, quer por te ao processo de negociação da programação integrada, em parti-
mais recursos financeiros ou de informação), com a consequente cular quanto à referência intermunicipal.
espoliação crescente de outros.
As tarefas de harmonização, de integração e de modernização 6. PAPEL DO GESTOR ESTADUAL
dos sistemas municipais, realizadas com a devida eqüidade (admi- São identificados quatro papéis básicos para o estado, os quais
tido o princípio da discriminação positiva, no sentido da busca da não são, necessariamente, exclusivos e seqüenciais. A explicitação
justiça, quando do exercício do papel redistributivo), competem, a seguir apresentada tem por finalidade permitir o entendimento
portanto, por especial, ao poder público estadual. Ao federal, in- da função estratégica perseguida para a gestão neste nível de Go-
cumbe promovê-las entre as Unidades da Federação. verno.
O desempenho de todos esses papéis é condição para a conso- O primeiro desses papéis é exercer a gestão do SUS, no âmbito
lidação da direção única do SUS, em cada esfera de governo, para a estadual.
efetivação e a permanente revisão do processo de descentralização O segundo papel é promover as condições e incentivar o poder
e para a organização de redes regionais de serviços hierarquizados. municipal para que assuma a gestão da atenção a saúde de seus
munícipes, sempre na perspectiva da atenção integral.
5. RELAÇÕES ENTRE OS SISTEMAS MUNICIPAIS O terceiro é assumir, em caráter transitório (o que não significa
Os sistemas municipais de saúde apresentam níveis diferentes caráter complementar ou concorrente), a gestão da atenção à saú-
de complexidade, sendo comum estabelecimentos ou órgãos de de daquelas populações pertencentes a municípios que ainda não
saúde de um município atenderem usuários encaminhados por ou- tomaram para si esta responsabilidade.
tro. Em vista disso, quando o serviço requerido para o atendimento As necessidades reais não atendidas são sempre a força motriz
da população estiver localizado em outro município, as negociações para exercer esse papel, no entanto, é necessário um esforço do
para tanto devem ser efetivadas exclusivamente entre os gestores gestor estadual para superar tendências históricas de complemen-
municipais. tar a responsabilidade do município ou concorrer com esta função,
Essa relação, mediada pelo estado, tem como instrumento de o que exige o pleno exercício do segundo papel.
garantia a programação pactuada e integrada na CIB regional ou Finalmente, o quarto, o mais importante e permanente papel
estadual e submetida ao Conselho de Saúde correspondente. A do estado é ser o promotor da harmonização, da integração e da
discussão de eventuais impasses, relativos à sua operacionalização, modernização dos sistemas municipais, compondo, assim, o SUS-
deve ser realizada também no âmbito dessa Comissão, cabendo, ao -Estadual.
gestor estadual, a decisão sobre problemas surgidos na execução O exercício desse papel pelo gestor requer a configuração de
das políticas aprovadas. No caso de recurso, este deve ser apresen- sistemas de apoio logístico e de atuação estratégica que envolvem
tado ao Conselho Estadual de Saúde (CES). responsabilidades nas três esferas de governo e são sumariamente
Outro aspecto importante a ser ressaltado é que a gerência caracterizados como de:
(comando) dos estabelecimentos ou órgãos de saúde de um muni- a. informação informatizada;
cípio é da pessoa jurídica que opera o serviço, sejam estes estatais b. financiamento;
(federal, estadual ou municipal) ou privados. Assim, a relação desse c. programação, acompanhamento, controle e avaliação;
gerente deve ocorrer somente com o gestor do município onde o d. apropriação de custos e avaliação econômica;
seu estabelecimento está sediado, seja para atender a população e. desenvolvimento de recursos humanos;
local, seja para atender a referenciada de outros municípios. f. desenvolvimento e apropriação de ciência e tecnologias; e
O gestor do sistema municipal é responsável pelo controle, pela g. comunicação social e educação em saúde.
avaliação e pela auditoria dos prestadores de serviços de saúde (es- O desenvolvimento desses sistemas, no âmbito estadual, de-
tatais ou privados) situados em seu município. No entanto, quando pende do pleno funcionamento do CES e da CIB, nos quais se via-
um gestor municipal julgar necessário uma avaliação específica ou bilizam a negociação e o pacto com os diversos atores envolvidos.
auditagem de uma entidade que lhe presta serviços, localizada em Depende, igualmente, da ratificação das programações e decisões
outro município, recorre ao gestor estadual. relativas aos tópicos a seguir especificados:
Em função dessas peculiaridades, o pagamento final a um es-
tabelecimento pela prestação de serviços requeridos na localidade a. plano estadual de saúde, contendo as estratégias, as prio-
ou encaminhados de outro município é sempre feito pelo poder pú- ridades e as respectivas metas de ações e serviços resultantes, so-
blico do município sede do estabelecimento. bretudo, da integração das programações dos sistemas municipais;
Os recursos destinados ao pagamento das diversas ações de b. estruturação e operacionalização do componente estadual
atenção à saúde prestadas entre municípios são alocados, pre- do Sistema Nacional de Auditoria;
viamente, pelo gestor que demanda esses serviços, ao município c. estruturação e operacionalização dos sistemas de processa-
sede do prestador. Este município incorpora os recursos ao seu mento de dados, de informação epidemiológica, de produção de
teto financeiro. A orçamentação é feita com base na programação serviços e de insumos críticos;
pactuada e integrada entre gestores, que, conforme já referido, é d. estruturação e operacionalização dos sistemas de vigilância
mediada pelo estado e aprovada na CIB regional e estadual e no epidemiológica, de vigilância sanitária e de vigilância alimentar e
respectivo Conselho de Saúde. nutricional;

52
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

e. estruturação e operacionalização dos sistemas de recursos b. a viabilização de processo permanente de articulação das
humanos e de ciência e tecnologia; políticas externas ao setor, em especial com os órgãos que detém,
f. elaboração do componente estadual de programações de no seu conjunto de atribuições, a responsabilidade por ações ati-
abrangência nacional, relativas a agravos que constituam riscos de nentes aos determinantes sociais do processo saúde-doença das
disseminação para além do seu limite territorial; coletividades;
g. elaboração do componente estadual da rede de laboratórios c. o aperfeiçoamento das normas consubstanciadas em dife-
de saúde pública; rentes instrumentos legais, que regulamentam, atualmente, as
h. estruturação e operacionalização do componente estadual transferências automáticas de recursos financeiros, bem como as
de assistência farmacêutica; modalidades de prestação de contas;
i. responsabilidade estadual no tocante à prestação de servi- d. a definição e a explicitação dos fluxos financeiros próprios
ços ambulatoriais e hospitalares de alto custo, ao tratamento fora do SUS, frente aos órgãos governamentais de controle interno e ex-
do domicílio e à disponibilidade de medicamentos e insumos espe- terno e aos Conselhos de Saúde, com ênfase na diferenciação entre
ciais, sem prejuízo das competências dos sistemas municipais; as transferências automáticas a estados e municípios com função
j. definição e operação das políticas de sangue e hemoderiva- gestora;
dos; e e. a criação e a consolidação de critérios e mecanismos de alo-
k. manutenção de quadros técnicos permanentes e compatí- cação de recursos federais e estaduais para investimento, fundados
veis com o exercício do papel de gestor estadual; em prioridades definidas pelas programações e pelas estratégias
l. implementação de mecanismos visando a integração das po- das políticas de reorientação do Sistema;
líticas e das ações de relevância para a saúde da população, de que f. a transformação nos mecanismos de financiamento federal
são exemplos aquelas relativas a saneamento, recursos hídricos, das ações, com o respectivo desenvolvimento de novas formas
habitação e meio ambiente. de informatização, compatíveis à natureza dos grupos de ações,
especialmente as básicas, de serviços complementares e de pro-
7. PAPEL DO GESTOR FEDERAL cedimentos de alta e média complexidade, estimulando o uso dos
No que respeita ao gestor federal, são identificados quatro pa- mesmos pelos gestores estaduais e municipais;
péis básicos, quais sejam: g. o desenvolvimento de sistemáticas de transferência de re-
a. exercer a gestão do SUS, no âmbito nacional; cursos vinculada ao fornecimento regular, oportuno e suficiente de
b. promover as condições e incentivar o gestor estadual com informações específicas, e que agreguem o conjunto de ações e ser-
vistas ao desenvolvimento dos sistemas municipais, de modo a con- viços de atenção à saúde, relativo a grupos prioritários de eventos
formar o SUS-Estadual; vitais ou nosológicos;
c. fomentar a harmonização, a integração e a modernização h. a adoção, como referência mínima, das tabelas nacionais de
dos sistemas estaduais compondo, assim, o SUS-Nacional; e valores do SUS, bem assim a flexibilização do seu uso diferenciado
d. exercer as funções de normalização e de coordenação no pelos gestores estaduais e municipais, segundo prioridades locais e
que se refere à gestão nacional do SUS. ou regionais;
Da mesma forma que no âmbito estadual, o exercício dos pa- i. o incentivo aos gestores estadual e municipal ao pleno exer-
péis do gestor federal requer a configuração de sistemas de apoio cício das funções de controle, avaliação e auditoria, mediante o de-
logístico e de atuação estratégica, que consolidam os sistemas es- senvolvimento e a implementação de instrumentos operacionais,
taduais e propiciam, ao SUS, maior eficiência com qualidade, quais para o uso das esferas gestoras e para a construção efetiva do Siste-
sejam: ma Nacional de Auditoria;
a. informação informatizada; j. o desenvolvimento de atividades de educação e de comuni-
b. financiamento; cação social;
c. programação, acompanhamento, controle e avaliação; k. o incremento da capacidade reguladora da direção nacional
d. apropriação de custos e avaliação econômica; do SUS, em relação aos sistemas complementares de prestação de
e. desenvolvimento de recursos humanos; serviços ambulatoriais e hospitalares de alto custo, de tratamento
f. desenvolvimento e apropriação de ciência e tecnologias; e fora do domicílio, bem assim de disponibilidade de medicamentos
g. comunicação social e educação em saúde. e insumos especiais;
O desenvolvimento desses sistemas depende, igualmente, da l. a reorientação e a implementação dos sistemas de vigilância
viabilização de negociações com os diversos atores envolvidos e da epidemiológica, de vigilância sanitária, de vigilância alimentar e nu-
ratificação das programações e decisões, o que ocorre mediante o tricional, bem como o redimensionamento das atividades relativas
pleno funcionamento do Conselho Nacional de Saúde (CNS) e da à saúde do trabalhador e às de execução da vigilância sanitária de
CIT. portos, aeroportos e fronteiras;
Depende, além disso, do redimensionamento da direção nacio- m. a reorientação e a implementação dos diversos sistemas de
nal do Sistema, tanto em termos da estrutura, quanto de agilidade informações epidemiológicas, bem assim de produção de serviços
e de integração, como no que se refere às estratégias, aos meca- e de insumos críticos;
nismos e aos instrumentos de articulação com os demais níveis de n. a reorientação e a implementação do sistema de redes de
gestão, destacando-se: laboratórios de referência para o controle da qualidade, para a vigi-
a. a elaboração do Plano Nacional de Saúde, contendo as es- lância sanitária e para a vigilância epidemiológica;
tratégias, as prioridades nacionais e as metas da programação inte- o. a reorientação e a implementação da política nacional de
grada nacional, resultante, sobretudo, das programações estaduais assistência farmacêutica;
e dos demais órgãos governamentais, que atuam na prestação de
serviços, no setor saúde;

53
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

p. o apoio e a cooperação a estados e municípios para a imple- O primeiro propósito é possível porque, com a nova formulação
mentação de ações voltadas ao controle de agravos, que constitu- dos sistemas municipais, tanto os segmentos sociais, minimamente
am risco de disseminação nacional; agregados entre si com sentimento comunitário - os munícipes - ,
q. a promoção da atenção à saúde das populações indígenas, quanto a instância de poder político-administrativo, historicamen-
realizando, para tanto, as articulações necessárias, intra e interse- te reconhecida e legitimada - o poder municipal - apropriam-se de
torial; um conjunto de serviços bem definido, capaz de desenvolver uma
r. a elaboração de programação nacional, pactuada com os es- programação de atividades publicamente pactuada. Com isso, fica
tados, relativa à execução de ações específicas voltadas ao controle bem caracterizado o gestor responsável; as atividades são gerencia-
de vetores responsáveis pela transmissão de doenças, que consti- das por pessoas perfeitamente identificáveis; e os resultados mais
tuem risco de disseminação regional ou nacional, e que exijam a facilmente usufruídos pela população.
eventual intervenção do poder federal; O conjunto desses elementos propicia uma nova condição de
s. a identificação dos serviços estaduais e municipais de refe- participação com vínculo, mais criativa e realizadora para as pesso-
rência nacional, com vistas ao estabelecimento dos padrões técni- as, e que acontece não-somente nas instâncias colegiadas formais
cos da assistência à saúde; - conferências e conselhos - mas em outros espaços constituídos
t. a estimulação, a indução e a coordenação do desenvolvimen- por atividades sistemáticas e permanentes, inclusive dentro dos
to científico e tecnológico no campo da saúde, mediante interlo- próprios serviços de atendimento.
cução crítica das inovações científicas e tecnológicas, por meio da Cada sistema municipal deve materializar, de forma efetiva, a
articulação intra e intersetorial; vinculação aqui explicitada. Um dos meios, certamente, é a institui-
u. a participação na formulação da política e na execução das ção do cartão SUS-MUNICIPAL, com numeração nacional, de modo
ações de saneamento básico. a identificar o cidadão com o seu sistema e agregá-lo ao sistema
nacional. Essa numeração possibilita uma melhor referência inter-
8. DIREÇÃO E ARTICULAÇÃO municipal e garante o atendimento de urgência por qualquer servi-
A direção do Sistema Único de Saúde (SUS), em cada esfera de ço de saúde, estatal ou privado, em todo o País. A regulamentação
governo, é composta pelo órgão setorial do poder executivo e pelo desse mecanismo de vinculação será objeto de discussão e apro-
respectivo Conselho de Saúde, nos termos das Leis Nº 8.080/90 e vação pelas instâncias colegiadas competentes, com conseqüente
Nº 8.142/1990. formalização por ato do MS.
O processo de articulação entre os gestores, nos diferentes ní- O segundo propósito é factível, na medida em que estão perfei-
veis do Sistema, ocorre, preferencialmente, em dois colegiados de tamente identificados os elementos críticos essenciais a uma ges-
negociação: a Comissão Intergestores Tripartite (CIT) e a Comissão tão eficiente e a uma produção eficaz, a saber:
Intergestores Bipartite (CIB). a. a clientela que, direta e imediatamente, usufrui dos serviços;
A CIT é composta, paritariamente, por representação do Minis- b. o conjunto organizado dos estabelecimentos produtores
tério da Saúde (MS), do Conselho Nacional de Secretários Estaduais desses serviços; e
de Saúde (CONASS) e do Conselho Nacional de Secretários Munici- c. a programação pactuada, com a correspondente orçamenta-
pais de Saúde (CONASEMS). ção participativa.
A CIB, composta igualmente de forma paritária, é integrada por Os elementos, acima apresentados, contribuem para um ge-
representação da Secretaria Estadual de Saúde (SES) e do Conselho renciamento que conduz à obtenção de resultados efetivos, a
Estadual de Secretários Municipais de Saúde (COSEMS) ou órgão despeito da indisponibilidade de estímulos de um mercado consu-
equivalente. Um dos representantes dos municípios é o Secretário midor espontâneo. Conta, no entanto, com estímulos agregados,
de Saúde da Capital. A Bipartite pode operar com subcomissões re- decorrentes de um processo de gerenciamento participativo e, so-
gionais. bretudo, da concreta possibilidade de comparação com realidades
As conclusões das negociações pactuadas na CIT e na CIB são muito próximas, representadas pelos resultados obtidos nos siste-
formalizadas em ato próprio do gestor respectivo. Aquelas referen- mas vizinhos.
tes a matérias de competência dos Conselhos de Saúde, definidas A ameaça da ocorrência de gastos exagerados, em decorrência
por força da Lei Orgânica, desta NOB ou de resolução específica de um processo de incorporação tecnológica acrítico e desregulado,
dos respectivos Conselhos são submetidas previamente a estes é um risco que pode ser minimizado pela radicalização na reorgani-
para aprovação. As demais resoluções devem ser encaminhadas, zação do SUS: um Sistema regido pelo interesse público e balizado,
no prazo máximo de 15 dias decorridos de sua publicação, para por um lado, pela exigência da universalização e integralidade com
conhecimento, avaliação e eventual recurso da parte que se julgar eqüidade e, por outro, pela própria limitação de recursos, que deve
prejudicada, inclusive no que se refere à habilitação dos estados e ser programaticamente respeitada.
municípios às condições de gestão desta Norma. Esses dois balizamentos são objeto da programação elaborada
no âmbito municipal, e sujeita à ratificação que, negociada e pactu-
9. BASES PARA UM NOVO MODELO DE ATENÇÃO À SAÚDE ada nas instâncias estadual e federal, adquire a devida racionalida-
A composição harmônica, integrada e modernizada do SUS de na alocação de recursos em face às necessidades.
visa, fundamentalmente, atingir a dois propósitos essenciais à con- Assim, tendo como referência os propósitos anteriormente ex-
cretização dos ideais constitucionais e, portanto, do direito à saúde, plicitados, a presente Norma Operacional Básica constitui um im-
que são: portante mecanismo indutor da conformação de um novo modelo
a. a consolidação de vínculos entre diferentes segmentos so- de atenção à saúde, na medida em que disciplina o processo de or-
ciais e o SUS; e ganização da gestão desta atenção, com ênfase na consolidação da
b a criação de condições elementares e fundamentais para a direção única em cada esfera de governo e na construção da rede
eficiência e a eficácia gerenciais, com qualidade. regionalizada e hierarquizada de serviços.

54
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Essencialmente, o novo modelo de atenção deve resultar na 10.FINANCIAMENTO DAS AÇÕES E SERVIÇOS DE SAÚDE
ampliação do enfoque do modelo atual, alcançando-se, assim, a
efetiva integralidade das ações. Essa ampliação é representada pela 10.1.Responsabilidades
incorporação, ao modelo clínico dominante (centrado na doença), O financiamento do SUS é de responsabilidade das três esferas
do modelo epidemiológico, o qual requer o estabelecimento de vín- de governo e cada uma deve assegurar o aporte regular de recur-
culos e processos mais abrangentes. sos, ao respectivo fundo de saúde.
O modelo vigente, que concentra sua atenção no caso clí- Conforme determina o Artigo 194 da Constituição Federal, a
nico, na relação individualizada entre o profissional e o paciente, Saúde integra a Seguridade Social, juntamente com a Previdência e
na intervenção terapêutica armada (cirúrgica ou medicamentosa) a Assistência Social. No inciso VI do parágrafo único desse mesmo
específica, deve ser associado, enriquecido, transformado em um Artigo, está determinado que a Seguridade Social será organizada
modelo de atenção centrado na qualidade de vida das pessoas e do pelo poder público, observada a “diversidade da base de financia-
seu meio ambiente, bem como na relação da equipe de saúde com mento”.
a comunidade, especialmente, com os seus núcleos sociais primá- Já o Artigo 195 determina que a Seguridade Social será finan-
rios – as famílias. Essa prática, inclusive, favorece e impulsiona as ciada com recursos provenientes dos orçamentos da União, dos
mudanças globais, intersetoriais. Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e de Contribuições
O enfoque epidemiológico atende ao compromisso da integra- Sociais.
lidade da atenção, ao incorporar, como objeto das ações, a pessoa,
o meio ambiente e os comportamentos interpessoais. Nessa cir- 10.2. Fontes
cunstância, o método para conhecimento da realidade complexa e As principais fontes específicas da Seguridade Social incidem
para a realização da intervenção necessária fundamenta-se mais na sobre a Folha de Salários (Fonte 154), o Faturamento (Fonte 153 -
síntese do que nas análises, agregando, mais do que isolando, dife- COFINS) e o Lucro (Fonte 151 - Lucro Líquido).
rentes fatores e variáveis. Até 1992, todas essas fontes integravam o orçamento do Mi-
Os conhecimentos - resultantes de identificações e compre- nistério da Saúde e ainda havia aporte significativo de fontes fiscais
ensões - que se faziam cada vez mais particularizados e isolados (Fonte 100 - Recursos Ordinários, provenientes principalmente da
(com grande sofisticação e detalhamento analítico) devem possibi- receita de impostos e taxas). A partir de 1993, deixou de ser re-
litar, igualmente, um grande esforço de visibilidade e entendimento passada ao MS a parcela da Contribuição sobre a Folha de Salários
integrador e globalizante, com o aprimoramento dos processos de (Fonte 154, arrecadada pelo Instituto Nacional de Seguridade Social
síntese, sejam lineares, sistêmicos ou dialéticos. - INSS).
Além da ampliação do objeto e da mudança no método, o mo- Atualmente, as fontes que asseguram o maior aporte de recur-
delo adota novas tecnologias, em que os processos de educação sos ao MS são a Contribuição sobre o Faturamento (Fonte 153 -
e de comunicação social constituem parte essencial em qualquer COFINS) e a Contribuição sobre o Lucro Líquido (Fonte 151), sendo
nível ou ação, na medida em que permitem a compreensão globa- que os aportes provenientes de Fontes Fiscais são destinados pra-
lizadora a ser perseguida, e fundamentam a negociação necessária ticamente à cobertura de despesas com Pessoal e Encargos Sociais.
à mudança e à associação de interesses conscientes. É importante, Dentro da previsibilidade de Contribuições Sociais na esfera fe-
nesse âmbito, a valorização da informação informatizada. deral, no âmbito da Seguridade Social, uma fonte específica para
Além da ampliação do objeto, da mudança do método e da tec- financiamento do SUS - a Contribuição Provisória sobre Movimen-
nologia predominantes, enfoque central deve ser dado à questão tações Financeiras - está criada, ainda que em caráter provisório. A
da ética. O modelo vigente – assentado na lógica da clínica – ba- solução definitiva depende de uma reforma tributária que reveja
seia-se, principalmente, na ética do médico, na qual a pessoa (o seu esta e todas as demais bases tributárias e financeiras do Governo,
objeto) constitui o foco nuclear da atenção. da Seguridade e, portanto, da Saúde.
O novo modelo de atenção deve perseguir a construção da Nas esferas estadual e municipal, além dos recursos oriundos
ética do coletivo que incorpora e transcende a ética do individual. do respectivo Tesouro, o financiamento do SUS conta com recursos
Dessa forma é incentivada a associação dos enfoques clínico e epi- transferidos pela União aos Estados e pela União e Estados aos Mu-
demiológico. Isso exige, seguramente, de um lado, a transformação nicípios. Esses recursos devem ser previstos no orçamento e iden-
na relação entre o usuário e os agentes do sistema de saúde (resta- tificados nos fundos de saúde estadual e municipal como receita
belecendo o vínculo entre quem presta o serviço e quem o recebe) operacional proveniente da esfera federal e ou estadual e utilizados
e, de outro, a intervenção ambiental, para que sejam modificados na execução de ações previstas nos respectivos planos de saúde e
fatores determinantes da situação de saúde. na PPI.
Nessa nova relação, a pessoa é estimulada a ser agente da sua
própria saúde e da saúde da comunidade que integra. Na interven- 10.3.Transferências Intergovernamentais e Contrapartidas
ção ambiental, o SUS assume algumas ações específicas e busca a As transferências, regulares ou eventuais, da União para es-
articulação necessária com outros setores, visando a criação das tados, municípios e Distrito Federal estão condicionadas à contra-
condições indispensáveis à promoção, à proteção e à recuperação partida destes níveis de governo, em conformidade com as normas
da saúde. legais vigentes (Lei de Diretrizes Orçamentárias e outras).
O reembolso das despesas, realizadas em função de atendi-
mentos prestados por unidades públicas a beneficiários de planos
privados de saúde, constitui fonte adicional de recursos. Por isso, e
consoante à legislação federal específica, estados e municípios de-

55
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

vem viabilizar estrutura e mecanismos operacionais para a arreca- 11.1.3. A elaboração da PPI deve se dar num processo ascen-
dação desses recursos e a sua destinação exclusiva aos respectivos dente, de base municipal, configurando, também, as responsabili-
fundos de saúde. dades do estado na busca crescente da eqüidade, da qualidade da
Os recursos de investimento são alocados pelo MS, mediante atenção e na conformação da rede regionalizada e hierarquizada
a apresentação pela SES da programação de prioridades de inves- de serviços.
timentos, devidamente negociada na CIB e aprovada pelo CES, até 11.1.4. A Programação observa os princípios da integralidade
o valor estabelecido no orçamento do Ministério, e executados de das ações de saúde e da direção única em cada nível de governo,
acordo com a legislação pertinente. traduzindo todo o conjunto de atividades relacionadas a uma po-
pulação específica e desenvolvidas num território determinado, in-
10.4.Tetos financeiros dos Recursos Federais dependente da vinculação institucional do órgão responsável pela
Os recursos de custeio da esfera federal, destinados às ações e execução destas atividades. Os órgãos federais, estaduais e munici-
serviços de saúde, configuram o Teto Financeiro Global (TFG), cujo pais, bem como os prestadores conveniados e contratados têm suas
valor, para cada estado e cada município, é definido com base na ações expressas na programação do município em que estão locali-
PPI. O teto financeiro do estado contém os tetos de todos os muni- zados, na medida em que estão subordinados ao gestor municipal.
cípios, habilitados ou não a qualquer uma das condições de gestão. 11.1.5. A União define normas, critérios, instrumentos e pra-
O Teto Financeiro Global do Estado (TFGE) é constituído, para zos, aprova a programação de ações sob seu controle - inscritas na
efeito desta NOB, pela soma dos Tetos Financeiros da Assistência programação pelo estado e seus municípios - incorpora as ações
(TFA), da Vigilância Sanitária (TFVS) e da Epidemiologia e Controle sob sua responsabilidade direta e aloca os recursos disponíveis, se-
de Doenças (TFECD). gundo os valores apurados na programação e negociados na CIT,
O TFGE, definido com base na PPI, é submetido pela SES ao MS, cujo resultado é deliberado pelo CNS.
após negociação na CIB e aprovação pelo CES. O valor final do teto 11.1.6.A elaboração da programação observa critérios e parâ-
e suas revisões são fixados com base nas negociações realizadas no metros definidos pelas Comissões Intergestores e aprovados pelos
âmbito da CIT - observadas as reais disponibilidades financeiras do respectivos Conselhos. No tocante aos recursos de origem federal,
MS - e formalizado em ato do Ministério. os critérios, prazos e fluxos de elaboração da programação integra-
O Teto Financeiro Global do Município (TFGM), também defi- da e de suas reprogramações periódicas ou extraordinárias são fixa-
nido consoante à programação integrada, é submetido pela SMS à dos em ato normativo do MS e traduzem as negociações efetuadas
SES, após aprovação pelo CMS. O valor final desse Teto e suas revi- na CIT e as deliberações do CNS.
sões são fixados com base nas negociações realizadas no âmbito da
CIB - observados os limites do TFGE - e formalizado em ato próprio 11.2. Controle, Avaliação e Auditoria
do Secretário Estadual de Saúde. 11.2.1. O cadastro de unidades prestadoras de serviços de saú-
Todos os valores referentes a pisos, tetos, frações, índices, bem de (UPS), completo e atualizado, é requisito básico para programar
como suas revisões, são definidos com base na PPI, negociados nas a contratação de serviços assistenciais e para realizar o controle da
Comissões Intergestores (CIB e CIT), formalizados em atos dos ges- regularidade dos faturamentos. Compete ao órgão gestor do SUS
tores estadual e federal e aprovados previamente nos respectivos responsável pelo relacionamento com cada UPS, seja própria, con-
Conselhos (CES e CNS). tratada ou conveniada, a garantia da atualização permanente dos
As obrigações que vierem a ser assumidas pelo Ministério da dados cadastrais, no banco de dados nacional.
Saúde, decorrentes da implantação desta NOB e que gerem aumen- 11.2.2. Os bancos de dados nacionais, cujas normas são defi-
to de despesa, serão previamente discutidas com o Ministério do nidas pelos órgãos do MS, constituem instrumentos essenciais ao
Planejamento e Orçamento e o Ministério da Fazenda. exercício das funções de controle, avaliação e auditoria. Por conse-
guinte, os gestores municipais e estaduais do SUS devem garantir a
11. PROGRAMAÇÃO, CONTROLE, AVALIAÇÃO E AUDITORIA alimentação permanente e regular desses bancos, de acordo com a
relação de dados, informações e cronogramas previamente estabe-
11.1. Programação Pactuada e Integrada - PPI lecidos pelo MS e pelo CNS.
11.1.1. A PPI envolve as atividades de assistência ambulatorial 11.2.3. As ações de auditoria analítica e operacional constituem
e hospitalar, de vigilância sanitária e de epidemiologia e controle de responsabilidades das três esferas gestoras do SUS, o que exige a
doenças, constituindo um instrumento essencial de reorganização estruturação do respectivo órgão de controle, avaliação e auditoria,
do modelo de atenção e da gestão do SUS, de alocação dos recur- incluindo a definição dos recursos e da metodologia adequada de
sos e de explicitação do pacto estabelecido entre as três esferas trabalho. É função desse órgão definir, também, instrumentos para
de governo. Essa Programação traduz as responsabilidades de cada a realização das atividades, consolidar as informações necessárias,
município com a garantia de acesso da população aos serviços de analisar os resultados obtidos em decorrência de suas ações, pro-
saúde, quer pela oferta existente no próprio município, quer pelo por medidas corretivas e interagir com outras áreas da administra-
encaminhamento a outros municípios, sempre por intermédio de ção, visando o pleno exercício, pelo gestor, de suas atribuições, de
relações entre gestores municipais, mediadas pelo gestor estadual. acordo com a legislação que regulamenta o Sistema Nacional de
11.1.2. O processo de elaboração da Programação Pactuada Auditoria no âmbito do SUS.
entre gestores e Integrada entre esferas de governo deve respei- 11.2.4. As ações de controle devem priorizar os procedimen-
tar a autonomia de cada gestor: o município elabora sua própria tos técnicos e administrativos prévios à realização de serviços e à
programação, aprovando-a no CMS; o estado harmoniza e compa- ordenação dos respectivos pagamentos, com ênfase na garantia da
tibiliza as programações municipais, incorporando as ações sob sua autorização de internações e procedimentos ambulatoriais - tendo
responsabilidade direta, mediante negociação na CIB, cujo resulta-
do é deliberado pelo CES.

56
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

como critério fundamental a necessidade dos usuários - e o rigoro- periodicidade, tendo por base, no mínimo, o incremento médio da
so monitoramento da regularidade e da fidedignidade dos registros tabela de procedimentos do Sistema de Informações Ambulatoriais
de produção e faturamento de serviços. do SUS (SIA/SUS).
11.2.5. O exercício da função gestora no SUS, em todos os ní- A transferência total do PAB será suspensa no caso da não-ali-
veis de governo, exige a articulação permanente das ações de pro- mentação, pela SMS junto à SES, dos bancos de dados de interesse
gramação, controle, avaliação e auditoria; a integração operacional nacional, por mais de dois meses consecutivos.
das unidades organizacionais, que desempenham estas atividades,
no âmbito de cada órgão gestor do Sistema; e a apropriação dos 12.1.2. Incentivo aos Programas de Saúde da Família (PSF)
seus resultados e a identificação de prioridades, no processo de de- e de Agentes Comunitários de Saúde (PACS)
cisão política da alocação dos recursos. Fica estabelecido um acréscimo percentual ao montante do
11.2.6. O processo de reorientação do modelo de atenção e PAB, de acordo com os critérios a seguir relacionados, sempre que
de consolidação do SUS requer o aperfeiçoamento e a dissemina- estiverem atuando integradamente à rede municipal, equipes de
ção dos instrumentos e técnicas de avaliação de resultados e do saúde da família, agentes comunitários de saúde, ou estratégias si-
impacto das ações do Sistema sobre as condições de saúde da po- milares de garantia da integralidade da assistência, avaliadas pelo
pulação, priorizando o enfoque epidemiológico e propiciando a per- órgão do MS (SAS/MS) com base em normas da direção nacional
manente seleção de prioridade de intervenção e a reprogramação do SUS.
contínua da alocação de recursos. O acompanhamento da execução a) Programa de Saúde da Família (PSF):
das ações programadas é feito permanentemente pelos gestores e - acréscimo de 3% sobre o valor do PAB para cada 5% da po-
periodicamente pelos respectivos Conselhos de Saúde, com base pulação coberta, até atingir 60% da população total do município;
em informações sistematizadas, que devem possibilitar a avaliação - acréscimo de 5% para cada 5% da população coberta entre
qualitativa e quantitativa destas ações. A avaliação do cumprimento 60% e 90% da população total do município; e
das ações programadas em cada nível de governo deve ser feita em - acréscimo de 7% para cada 5% da população coberta entre
Relatório de Gestão Anual, cujo roteiro de elaboração será apresen- 90% e 100% da população total do município.
tado pelo MS e apreciado pela CIT e pelo CNS. Esses acréscimos têm, como limite, 80% do valor do PAB origi-
nal do município.
12.CUSTEIO DA ASSISTÊNCIA HOSPITALAR E AMBULATO- b. Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS):
RIAL - acréscimo de 1% sobre o valor do PAB para cada 5% da po-
Os recursos de custeio da esfera federal destinados à assis- pulação coberta até atingir 60% da população total do município;
tência hospitalar e ambulatorial, conforme mencionado anterior- - acréscimo de 2% para cada 5% da população coberta entre
mente, configuram o TFA, e os seus valores podem ser executados 60% e 90% da população total do município; e
segundo duas modalidades: Transferência Regular e Automática - acréscimo de 3% para cada 5% da população coberta entre
(Fundo a Fundo) e Remuneração por Serviços Produzidos. 90% e 100% da população total do município.
Esses acréscimos têm, como limite, 30% do valor do PAB origi-
12.1. Transferência Regular e Automática Fundo a Fundo nal do município.
Consiste na transferência de valores diretamente do Fundo Na- c) Os percentuais não são cumulativos quando a população co-
cional de Saúde aos fundos estaduais e municipais, independente berta pelo PSF e pelo PACS ou por estratégias similares for a mesma.
de convênio ou instrumento congênere, segundo as condições de Os percentuais acima referidos são revistos quando do incre-
gestão estabelecidas nesta NOB. Esses recursos podem correspon- mento do valor per capita nacional único, utilizado para o cálculo
der a uma ou mais de uma das situações descritas a seguir. do PAB e do elenco de procedimentos relacionados a este Piso. Essa
revisão é proposta na CIT e votada no CNS. Por ocasião da incorpo-
12.1.1. Piso Assistencial Básico (PAB) ração desses acréscimos, o teto financeiro da assistência do estado
O PAB consiste em um montante de recursos financeiros desti- é renegociado na CIT e apreciado pelo CNS.
nado ao custeio de procedimentos e ações de assistência básica, de A ausência de informações que comprovem a produção mensal
responsabilidade tipicamente municipal. Esse Piso é definido pela das equipes, durante dois meses consecutivos ou quatro alternados
multiplicação de um valor per capita nacional pela população de em um ano, acarreta a suspensão da transferência deste acréscimo.
cada município (fornecida pelo IBGE), e transferido regular e auto-
maticamente ao fundo de saúde ou conta especial dos municípios 12.1.3. Fração Assistencial Especializada (FAE)
e, transitoriamente, ao fundo estadual, conforme condiçõesestipu- É um montante que corresponde a procedimentos ambulato-
ladas nesta NOB. As transferências do PAB aos estados correspon- riais de média complexidade, medicamentos e insumos excepcio-
dem, exclusivamente, ao valor para cobertura da população resi- nais, órteses e próteses ambulatoriais e Tratamento Fora do Domi-
dente em municípios ainda não habilitados na forma desta Norma cílio (TFD), sob gestão do estado.
Operacional. O órgão competente do MS formaliza, por portaria, esse elenco
O elenco de procedimentos custeados pelo PAB, assim como a partir de negociação na CIT e que deve ser objeto da programação
o valor per capitanacional único - base de cálculo deste Piso - são integrada quanto a sua oferta global no estado.
propostos pela CIT e votados no CNS. Nessas definições deve ser A CIB explicita os quantitativos e respectivos valores desses
observado o perfil de serviços disponíveis na maioria dos municí- procedimentos, que integram os tetos financeiros da assistência
pios, objetivando o progressivo incremento desses serviços, até que dos municípios em gestão plena do sistema de saúde e os que per-
a atenção integral à saúde esteja plenamente organizada, em todo manecem sob gestão estadual. Neste último, o valor programado
o País. O valor per capita nacional único é reajustado com a mesma da FAE é transferido, regular e automaticamente, do Fundo Nacio-
nal ao Fundo Estadual de Saúde, conforme as condições de gestão

57
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

das SES definidas nesta NOB. Não integram o elenco de procedi- 12.2.2. Remuneração de Procedimentos Ambulatoriais de
mentos cobertos pela FAE aqueles relativos ao PAB e os definidos Alto Custo/ Complexidade
como de alto custo/complexidade por portaria do órgão competen- Consiste no pagamento dos valores apurados por intermédio
te do Ministério (SAS/MS). do SIA/SUS, com base na Autorização de Procedimentos de Alto
Custo (APAC), documento este que identifica cada paciente e as-
12.1.4. Teto Financeiro da Assistência do Município (TFAM) segura a prévia autorização e o registro adequado dos serviços que
É um montante que corresponde ao financiamento do conjunto lhe foram prestados. Compreende procedimentos ambulatoriais in-
das ações assistenciais assumidas pela SMS. O TFAM é transferido, tegrantes do SIA/SUS definidos na CIT e formalizados por portaria
regular e automaticamente, do Fundo Nacional ao Fundo Municipal do órgão competente do Ministério (SAS/MS).
de Saúde, de acordo com as condições de gestão estabelecidas por
esta NOB e destina-se ao custeio dos serviços localizados no territó- 12.2.3. Remuneração Transitória por Serviços Produzidos
rio do município (exceção feita àqueles eventualmente excluídos da O MS é responsável pela remuneração direta, por serviços pro-
gestão municipal por negociação na CIB). duzidos, dos procedimentos relacionados ao PAB e à FAE, enquanto
houver municípios que não estejam na condição de gestão semiple-
12.1.5. Teto Financeiro da Assistência do Estado (TFAE) na da NOB 01/93 ou nas condições de gestão municipal definidas
É um montante que corresponde ao financiamento do conjun- nesta NOB naqueles estados em condição de gestão convencional.
to das ações assistenciais sob a responsabilidade da SES. O TFAE
corresponde ao TFA fixado na CIT e formalizado em portaria do ór- 12.2.4. Fatores de Incentivo e Índices de Valorização
gão competente do Ministério (SAS/MS). O Fator de Incentivo ao Desenvolvimento do Ensino e da Pes-
Esses valores são transferidos, regular e automaticamente, do quisa em Saúde (FIDEPS) e o Índice de Valorização Hospitalar de
Fundo Nacional ao Fundo Estadual de Saúde, de acordo com as con- Emergência (IVH-E), bem como outros fatores e ou índices que
dições de gestão estabelecidas por esta NOB, deduzidos os valores incidam sobre a remuneração por produção de serviços, eventu-
comprometidos com as transferências regulares e automáticas ao almente estabelecidos, estão condicionados aos critérios definidos
conjunto de municípios do estado (PAB e TFAM). em nível federal e à avaliação da CIB em cada Estado. Esses fatores
e índices integram o teto financeiro da assistência do município e
12.1.6. Índice de Valorização de Resultados (IVR) do respectivo estado.
Consiste na atribuição de valores adicionais equivalentes a até
2% do teto financeiro da assistência do estado, transferidos, regular 13. CUSTEIO DAS AÇÕES DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA
e automaticamente, do Fundo Nacional ao Fundo Estadual de Saú- Os recursos da esfera federal destinados à vigilância sanitária
de, como incentivo à obtenção de resultados de impacto positivo configuram o Teto Financeiro da Vigilância Sanitária (TFVS) e os seus
sobre as condições de saúde da população, segundo critérios defi- valores podem ser executados segundo duas modalidades: Trans-
nidos pela CIT e fixados em portaria do órgão competente do Minis- ferência Regular e Automática Fundo a Fundo e Remuneração de
tério (SAS/MS). Os recursos do IVR podem ser transferidos pela SES Serviços Produzidos.
às SMS, conforme definição da CIB.
13.1. Transferência Regular e Automática Fundo a Fundo
12.2. Remuneração por Serviços Produzidos Consiste na transferência de valores diretamente do Fundo Na-
Consiste no pagamento direto aos prestadores estatais ou pri- cional de Saúde aos fundos estaduais e municipais, independente
vados contratados e conveniados, contra apresentação de faturas, de convênio ou instrumento congênere, segundo as condições de
referente a serviços realizados conforme programação e mediante gestão estabelecidas nesta NOB. Esses recursos podem correspon-
prévia autorização do gestor, segundo valores fixados em tabelas der a uma ou mais de uma das situações descritas a seguir.
editadas pelo órgão competente do Ministério (SAS/MS).
Esses valores estão incluídos no TFA do estado e do município 13.1.1. Piso Básico de Vigilância Sanitária (PBVS)
e são executados mediante ordenação de pagamento por parte do Consiste em um montante de recursos financeiros destinado ao
gestor. Para municípios e estados que recebem transferências de custeio de procedimentos e ações básicas da vigilância sanitária, de
tetos da assistência (TFAM e TFAE, respectivamente), conforme as responsabilidade tipicamente municipal. Esse Piso é definido pela
condições de gestão estabelecidas nesta NOB, os valores relativos à multiplicação de um valor per capita nacional pela população de
remuneração por serviços produzidos estão incluídos nos tetos da cada município (fornecida pelo IBGE), transferido, regular e auto-
assistência, definidos na CIB. maticamente, ao fundo de saúde ou conta especial dos municípios
A modalidade de pagamento direto, pelo gestor federal, a pres- e, transitoriamente, dos estados, conforme condições estipuladas
tadores de serviços ocorre apenas nas situações em que não fazem nesta NOB. O PBVS somente será transferido a estados para cober-
parte das transferências regulares e automáticas fundo a fundo, tura da população residente em municípios ainda não habilitados
conforme itens a seguir especificados. na forma desta Norma Operacional.
O elenco de procedimentos custeados pelo PBVS, assim como
12.2.1. Remuneração de Internações Hospitalares o valor per capita nacional único - base de cálculo deste Piso - ,
Consiste no pagamento dos valores apurados por intermédio são definidos em negociação na CIT e formalizados por portaria do
do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS), englo- órgão competente do Ministério (Secretaria de Vigilância Sanitária
bando o conjunto de procedimentos realizados em regime de in- - SVS/MS), previamente aprovados no CNS. Nessa definição deve
ternação, com base na Autorização de Internação Hospitalar (AIH), ser observado o perfil de serviços disponíveis na maioria dos muni-
documento este de autorização e fatura de serviços.

58
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

cípios, objetivando o progressivo incremento das ações básicas de Os valores do TFECD podem ser executados por ordenação do
vigilância sanitária em todo o País. Esses procedimentos integram órgão específico do MS, conforme as modalidades apresentadas a
o Sistema de Informação de Vigilância Sanitária do SUS (SIVS/SUS). seguir.

13.1.2. Índice de Valorização do Impacto em Vigilância Sa- 14.1. Transferência Regular e Automática Fundo a Fundo
nitária (IVISA) Consiste na transferência de valores diretamente do Fundo Na-
Consiste na atribuição de valores adicionais equivalentes a até cional de Saúde aos Fundos Estaduais e Municipais, independente-
2% do teto financeiro da vigilância sanitária do estado, a serem mente de convênio ou instrumento congênere, segundo as condi-
transferidos, regular e automaticamente, do Fundo Nacional ao ções de gestão estabelecidas nesta NOB e na PPI, aprovada na CIT
Fundo Estadual de Saúde, como incentivo à obtenção de resultados e no CNS.
de impacto significativo sobre as condições de vida da população,
segundo critérios definidos na CIT, e fixados em portaria do órgão 14.2. Remuneração por Serviços Produzidos
competente do Ministério (SVS/MS), previamente aprovados no Consiste no pagamento direto às SES e SMS, pelas ações de
CNS. Os recursos do IVISA podem ser transferidos pela SES às SMS, epidemiologia e controle de doenças, conforme tabela de procedi-
conforme definição da CIB. mentos discutida na CIT e aprovada no CNS, editada pelo MS, ob-
servadas as condições de gestão estabelecidas nesta NOB, contra
13.2. Remuneração Transitória por Serviços Produzidos apresentação de demonstrativo de atividades realizadas, encami-
nhado pela SES ou SMS ao MS.
13.2.1. Programa Desconcentrado de Ações de Vigilância
Sanitária (PDAVS) 14.3. Transferência por Convênio
Consiste no pagamento direto às SES e SMS, pela prestação de Consiste na transferência de recursos oriundos do órgão espe-
serviços relacionados às ações de competência exclusiva da SVS/ cífico do MS (FNS/MS), por intermédio do Fundo Nacional de Saú-
MS, contra a apresentação de demonstrativo de atividades realiza- de, mediante programação e critérios discutidos na CIT e aprovados
das pela SES ao Ministério. Após negociação e aprovação na CIT e pelo CNS, para:
prévia aprovação no CNS, e observadas as condições estabelecidas a. estímulo às atividades de epidemiologia e controle de do-
nesta NOB, a SVS/MS publica a tabela de procedimentos do PDAVS enças;
e o valor de sua remuneração. b. custeio de operações especiais em epidemiologia e controle
de doenças;
13.2.2. Ações de Média e Alta Complexidade em Vigilância c. financiamento de projetos de cooperação técnico-científica
Sanitária na área de epidemiologia e controle de doenças, quando encami-
Consiste no pagamento direto às SES e às SMS, pela execução nhados pela CIB.
de ações de média e alta complexidade de competência estadual
e municipal contra a apresentação de demonstrativo de atividades 15. CONDIÇÕES DE GESTÃO DO MUNICÍPIO
realizadas ao MS. Essas ações e o valor de sua remuneração são As condições de gestão, estabelecidas nesta NOB, explicitam
definidos em negociação na CIT e formalizados em portaria do ór- as responsabilidades do gestor municipal, os requisitos relativos às
gão competente do Ministério (SVS/MS), previamente aprovadas modalidades de gestão e as prerrogativas que favorecem o seu de-
no CNS. sempenho.
A habilitação dos municípios às diferentes condições de gestão
14. CUSTEIO DAS AÇÕES DE EPIDEMIOLOGIA E DE CONTRO- significa a declaração dos compromissos assumidos por parte do
LE DE DOENÇAS gestor perante os outros gestores e perante a população sob sua
Os recursos da esfera federal destinados às ações de epide- responsabilidade.
miologia e controle de doenças não contidas no elenco de proce- A partir desta NOB, os municípios podem habilitar-se em duas
dimentos do SIA/SUS e SIH/SUS configuram o Teto Financeiro de condições:
Epidemiologia e Controle de Doenças (TFECD). a. GESTÃO PLENA DA ATENÇÃO BÁSICA; e
O elenco de procedimentos a serem custeados com o TFECD b. GESTÃO PLENA DO SISTEMA MUNICIPAL.
é definido em negociação na CIT, aprovado pelo CNS e formalizado Os municípios que não aderirem ao processo de habilitação
em ato próprio do órgão específico do MS (Fundação Nacional de permanecem, para efeito desta Norma Operacional, na condição de
Saúde - FNS/MS). As informações referentes ao desenvolvimento prestadores de serviços ao Sistema, cabendo ao estado a gestão do
dessas ações integram sistemas próprios de informação definidos SUS naquele território municipal, enquanto for mantida a situação
pelo Ministério da Saúde. de não-habilitado.
O valor desse Teto para cada estado é definido em negociação
na CIT, com base na PPI, a partir das informações fornecidas pelo 15.1. GESTÃO PLENA DA ATENÇÃO BÁSICA
Comitê Interinstitucional de Epidemiologia e formalizado em ato
próprio do órgão específico do MS (FNS/MS). 15.1.1. Responsabilidades
Esse Comitê, vinculado ao Secretário Estadual de Saúde, arti- a. Elaboração de programação municipal dos serviços básicos,
culando os órgãos de epidemiologia da SES, do MS no estado e de inclusive domiciliares e comunitários, e da proposta de referência
outras entidades que atuam no campo da epidemiologia e controle ambulatorial especializada e hospitalar para seus munícipes, com
de doenças, é uma instância permanente de estudos, pesquisas, incorporação negociada à programação estadual.
análises de informações e de integração de instituições afins. b. Gerência de unidades ambulatoriais próprias.

59
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

c. Gerência de unidades ambulatoriais do estado ou da União, 15.1.3. Prerrogativas


salvo se a CIB ou a CIT definir outra divisão de responsabilidades. a. Transferência, regular e automática, dos recursos correspon-
d. Reorganização das unidades sob gestão pública (estatais, dentes ao Piso da Atenção Básica (PAB).
conveniadas e contratadas), introduzindo a prática do cadastra- b. Transferência, regular e automática, dos recursos correspon-
mento nacional dos usuários do SUS, com vistas à vinculação de dentes ao Piso Básico de Vigilância Sanitária (PBVS).
clientela e à sistematização da oferta dos serviços. c. Transferência, regular e automática, dos recursos correspon-
e. Prestação dos serviços relacionados aos procedimentos co- dentes às ações de epidemiologia e de controle de doenças.
bertos pelo PAB e acompanhamento, no caso de referência interna d. Subordinação, à gestão municipal, de todas as unidades bá-
ou externa ao município, dos demais serviços prestados aos seus sicas de saúde, estatais ou privadas (lucrativas e filantrópicas), esta-
munícipes, conforme a PPI, mediado pela relação gestor-gestor com belecidas no território municipal.
a SES e as demais SMS.
f. Contratação, controle, auditoria e pagamento aos prestado- 15.2. GESTÃO PLENA DO SISTEMA MUNICIPAL
res dos serviços contidos no PAB.
g. Operação do SIA/SUS quanto a serviços cobertos pelo PAB, 15.2.1. Responsabilidades
conforme normas do MS, e alimentação, junto à SES, dos bancos de a. Elaboração de toda a programação municipal, contendo, in-
dados de interesse nacional. clusive, a referência ambulatorial especializada e hospitalar, com
h. Autorização, desde que não haja definição em contrário da incorporação negociada à programação estadual.
CIB, das internações hospitalares e dos procedimentos ambulato- b. Gerência de unidades próprias, ambulatoriais e hospitalares,
riais especializados, realizados no município, que continuam sendo inclusive as de referência.
pagos por produção de serviços. c. Gerência de unidades ambulatoriais e hospitalares do estado
i. Manutenção do cadastro atualizado das unidades assisten- e da União, salvo se a CIB ou a CIT definir outra divisão de respon-
ciais sob sua gestão, segundo normas do MS. sabilidades.
j. Avaliação permanente do impacto das ações do Sistema so- d. Reorganização das unidades sob gestão pública (estatais,
bre as condições de saúde dos seus munícipes e sobre o seu meio conveniadas e contratadas), introduzindo a prática do cadastra-
ambiente. mento nacional dos usuários do SUS, com vistas à vinculação da
k. Execução das ações básicas de vigilância sanitária, incluídas clientela e sistematização da oferta dos serviços.
no PBVS. e. Garantia da prestação de serviços em seu território, inclusive
l. Execução das ações básicas de epidemiologia, de controle de os serviços de referência aos não-residentes, no caso de referência
doenças e de ocorrências mórbidas, decorrentes de causas exter- interna ou externa ao município, dos demais serviços prestados aos
nas, como acidentes, violências e outras, incluídas no TFECD. seus munícipes, conforme a PPI, mediado pela relação gestor-ges-
m.Elaboração do relatório anual de gestão e aprovação pelo tor com a SES e as demais SMS.
CMS. f. Normalização e operação de centrais de controle de procedi-
mentos ambulatoriais e hospitalares relativos à assistência aos seus
15.1.2. Requisitos munícipes e à referência intermunicipal.
a. Comprovar o funcionamento do CMS. g. Contratação, controle, auditoria e pagamento aos prestado-
b. Comprovar a operação do Fundo Municipal de Saúde. res de serviços ambulatoriais e hospitalares, cobertos pelo TFGM.
c. Apresentar o Plano Municipal de Saúde e comprometer-se h. Administração da oferta de procedimentos ambulatoriais de
a participar da elaboração e da implementação da PPI do estado, alto custo e procedimentos hospitalares de alta complexidade con-
bem assim da alocação de recursos expressa na programação. forme a PPI e segundo normas federais e estaduais.
d. Comprovar capacidade técnica e administrativa e condições i. Operação do SIH e do SIA/SUS, conforme normas do MS, e ali-
materiais para o exercício de suas responsabilidades e prerrogativas mentação, junto às SES, dos bancos de dados de interesse nacional.
quanto à contratação, ao pagamento, ao controle e à auditoria dos j. Manutenção do cadastro atualizado de unidades assistenciais
serviços sob sua gestão. sob sua gestão, segundo normas do MS.
e. Comprovar a dotação orçamentária do ano e o dispêndio rea k. Avaliação permanente do impacto das ações do Sistema so-
lizado no ano anterior, correspondente à contrapartida de re- bre as condições de saúde dos seus munícipes e sobre o meio am-
cursos financeiros próprios do Tesouro Municipal, de acordo com a biente.
legislação em vigor. l. Execução das ações básicas, de média e alta complexidade em
f. Formalizar junto ao gestor estadual, com vistas à CIB, após vigilância sanitária, bem como, opcionalmente, as ações do PDAVS.
aprovação pelo CMS, o pleito de habilitação, atestando o cumpri- m. Execução de ações de epidemiologia, de controle de do-
mento dos requisitos relativos à condição de gestão pleiteada. enças e de ocorrências mórbidas, decorrentes de causas externas,
g. Dispor de médico formalmente designado como responsável como acidentes, violências e outras incluídas no TFECD.
pela autorização prévia, controle e auditoria dos procedimentos e
serviços realizados. 15.2.2. Requisitos
h. Comprovar a capacidade para o desenvolvimento de ações a. Comprovar o funcionamento do CMS.
de vigilância sanitária. b. Comprovar a operação do Fundo Municipal de Saúde.
i. Comprovar a capacidade para o desenvolvimento de ações de c. Participar da elaboração e da implementação da PPI do esta-
vigilância epidemiológica. do, bem assim da alocação de recursos expressa na programação.
j. Comprovar a disponibilidade de estrutura de recursos huma-
nos para supervisão e auditoria da rede de unidades, dos profissio-
nais e dos serviços realizados.

60
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

d. Comprovar capacidade técnica e administrativa e condições 16. CONDIÇÕES DE GESTÃO DO ESTADO


materiais para o exercício de suas responsabilidades e prerrogativas As condições de gestão, estabelecidas nesta NOB, explicitam
quanto à contratação, ao pagamento, ao controle e à auditoria dos as responsabilidades do gestor estadual, os requisitos relativos às
serviços sob sua gestão, bem como avaliar o impacto das ações do modalidades de gestão e as prerrogativas que favorecem o seu de-
Sistema sobre a saúde dos seus munícipes. sempenho.
e. Comprovar a dotação orçamentária do ano e o dispêndio no A habilitação dos estados às diferentes condições de gestão
ano anterior correspondente à contrapartida de recursos financei- significa a declaração dos compromissos assumidos por parte do
ros próprios do Tesouro Municipal, de acordo com a legislação em gestor perante os outros gestores e perante a população sob sua
vigor. responsabilidade.
f. Formalizar, junto ao gestor estadual com vistas à CIB, após A partir desta NOB, os estados poderão habilitar-se em duas
aprovação pelo CMS, o pleito de habilitação, atestando o cumpri- condições de gestão:
mento dos requisitos específicos relativos à condição de gestão a. GESTÃO AVANÇADA DO SISTEMA ESTADUAL; e
pleiteada. b. GESTÃO PLENA DO SISTEMA ESTADUAL.
g. Dispor de médico formalmente designado pelo gestor como Os estados que não aderirem ao processo de habilitação, per-
responsável pela autorização prévia, controle e auditoria dos proce- manecem na condição de gestão convencional, desempenhando as
dimentos e serviços realizados. funções anteriormente assumidas ao longo do processo de implan-
h. Apresentar o Plano Municipal de Saúde, aprovado pelo CMS, tação do SUS, não fazendo jus às novas prerrogativas introduzidas
que deve conter as metas estabelecidas, a integração e articula- por esta NOB, exceto ao PDAVS nos termos definidos pela SVS/MS.
ção do município na rede estadual e respectivas responsabilidades Essa condição corresponde ao exercício de funções mínimas de ges-
na programação integrada do estado, incluindo detalhamento da tão do Sistema, que foram progressivamente incorporadas pelas
programação de ações e serviços que compõem o sistema munici- SES, não estando sujeita a procedimento específico de habilitação
pal, bem como os indicadores mediante dos quais será efetuado o nesta NOB.
acompanhamento.
i. Comprovar o funcionamento de serviço estruturado de vigi- 16.1. Responsabilidades comuns às duas condições de ges-
lância sanitária e capacidade para o desenvolvimento de ações de tão estadual
vigilância sanitária. a. Elaboração da PPI do estado, contendo a referência inter-
j. Comprovar a estruturação de serviços e atividades de vigilân- municipal e coordenação da negociação na CIB para alocação dos
cia epidemiológica e de controle de zoonoses. recursos, conforme expresso na programação.
k. Apresentar o Relatório de Gestão do ano anterior à solicita- b. Elaboração e execução do Plano Estadual de Prioridades de
ção do pleito, devidamente aprovado pelo CMS. Investimentos, negociado na CIB e aprovado pelo CES.
l. Assegurar a oferta, em seu território, de todo o elenco de c. Gerência de unidades estatais da hemorrede e de laborató-
procedimentos cobertos pelo PAB e, adicionalmente, de serviços de rios de referência para controle de qualidade, para vigilância sanitá-
apoio diagnóstico em patologia clínica e radiologia básicas. ria e para a vigilância epidemiológica.
m. Comprovar a estruturação do componente municipal do Sis- d. Formulação e execução da política de sangue e hemoterapia.
tema Nacional de Auditoria (SNA). e. Organização de sistemas de referência, bem como a normali-
n. Comprovar a disponibilidade de estrutura de recursos huma- zação e operação de câmara de compensação de AIH, procedimen-
nos para supervisão e auditoria da rede de unidades, dos profissio- tos especializados e de alto custo e ou alta complexidade.
nais e dos serviços realizados. f. Formulação e execução da política estadual de assistência far-
macêutica, em articulação com o MS.
15.2.3. Prerrogativas g. Normalização complementar de mecanismos e instrumen-
a. Transferência, regular e automática, dos recursos referentes tos de administração da oferta e controle da prestação de serviços
ao Teto Financeiro da Assistência (TFA). ambulatoriais, hospitalares, de alto custo, do tratamento fora do
b. Normalização complementar relativa ao pagamento de pres- domicílio e dos medicamentos e insumos especiais.
tadores de serviços assistenciais em seu território, inclusive quanto h. Manutenção do cadastro atualizado de unidades assisten-
a alteração de valores de procedimentos, tendo a tabela nacional ciais sob sua gestão, segundo normas do MS.
como referência mínima, desde que aprovada pelo CMS e pela CIB. i. Cooperação técnica e financeira com o conjunto de municí-
c. Transferência regular e automática fundo a fundo dos recur- pios, objetivando a consolidação do processo de descentralização,
sos correspondentes ao Piso Básico de Vigilância Sanitária (PBVS). a organização da rede regionalizada e hierarquizada de serviços, a
d. Remuneração por serviços de vigilância sanitária de média realização de ações de epidemiologia, de controle de doenças, de
e alta complexidade e, remuneração pela execução do Programa vigilância sanitária, bem assim o pleno exercício das funções gesto-
Desconcentrado de Ações de Vigilância Sanitária (PDAVS), quando ras de planejamento, controle, avaliação e auditoria.
assumido pelo município. j. Implementação de políticas de integração das ações de sane-
e. Subordinação, à gestão municipal, do conjunto de todas as amento às de saúde.
unidades ambulatoriais especializadas e hospitalares, estatais ou k. Coordenação das atividades de vigilância epidemiológica e
privadas (lucrativas e filantrópicas), estabelecidas no território mu- de controle de doenças e execução complementar conforme pre-
nicipal. visto na Lei nº 8.080/90.
f. Transferência de recursos referentes às ações de epidemiolo- l. Execução de operações complexas voltadas ao controle de
gia e controle de doenças, conforme definição da CIT. doenças que possam se beneficiar da economia de escala.
m. Coordenação das atividades de vigilância sanitária e execu-
ção complementar conforme previsto na Lei nº 8.080/90.

61
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

n. Execução das ações básicas de vigilância sanitária referente c. Ordenação do pagamento dos demais serviços hospitalares e
aos municípios não habilitados nesta NOB. ambulatoriais, sob gestão estadual;
o. Execução das ações de média e alta complexidade de vigilân- d. Operação do SIA/SUS, conforme normas do MS, e alimenta-
cia sanitária, exceto as realizadas pelos municípios habilitados na ção dos bancos de dados de interesse nacional.
condição de gestão plena de sistema municipal.
p. Execução do PDAVS nos termos definidos pela SVS/MS. 16.3.2. Requisitos Específicos
q. Apoio logístico e estratégico às atividades à atenção à saúde a. Apresentar a programação pactuada e integrada ambulato-
das populações indígenas, na conformidade de critérios estabeleci- rial, hospitalar e de alto custo, contendo a referência intermunicipal
dos pela CIT. e os critérios para a sua elaboração.
b. Dispor de 60% dos municípios do estado habilitados nas con-
16.2. Requisitos comuns às duas condições de gestão es- dições de gestão estabelecidas nesta NOB, independente do seu
tadual contingente populacional; ou 40% dos municípios habilitados, des-
a. Comprovar o funcionamento do CES. de que, nestes, residam 60% da população.
b. Comprovar o funcionamento da CIB. c. Dispor de 30% do valor do TFA comprometido com transfe-
c.Comprovar a operação do Fundo Estadual de Saúde. rências regulares e automáticas aos municípios.
d. Apresentar o Plano Estadual de Saúde, aprovado pelo CES,
que deve conter as metas pactuadas; 16.3.3. Prerrogativas
a programação integrada das ações ambulatoriais, hospita- a. Transferência regular e automática dos recursos correspon-
lares e de alto custo, de epidemiologia e de controle de doenças dentes à Fração Assistencial Especializada (FAE) e ao Piso Assisten-
– incluindo, entre outras, as atividades de vacinação, de contro- cial Básico (PAB) relativos aos municípios não-habilitados.
le de vetores e de reservatórios – de saneamento, de pesquisa e b. Transferência regular e automática do Piso Básico de Vigilân-
desenvolvimento tecnológico, de educação e de comunicação em cia Sanitária (PBVS) referente aos municípios não habilitados nesta
saúde, bem como as relativas às ocorrências mórbidas decorrentes NOB.
de causas externas;as estratégias de descentralização das ações de c. Transferência regular e automática do Índice de Valorização
saúde para municípios;as estratégias de reorganização do modelo do Impacto em Vigilância Sanitária (IVISA).
de atenção; e os critérios utilizados e os indicadores por meio dos d. Remuneração por serviços produzidos na área da vigilância
quais é efetuado o acompanhamento das ações. sanitária.
e. Apresentar relatório de gestão aprovado pelo CES, relativo e. Transferência de recursos referentes às ações de epidemiolo-
ao ano anterior à solicitação do pleito. gia e controle de doenças.
f. Comprovar a transferência da gestão da atenção hospitalar
e ambulatorial aos municípios habilitados, conforme a respectiva 16.4. GESTÃO PLENA DO SISTEMA ESTADUAL
condição de gestão.
g. Comprovar a estruturação do componente estadual do SNA. 16.4.1. Responsabilidades Específicas
h. Comprovar capacidade técnica e administrativa e condições a. Contratação, controle, auditoria e pagamento aos prestado-
materiais para o exercício de suas responsabilidades e prerroga- res do conjunto dos serviços sob gestão estadual, conforme defini-
tivas, quanto a contratação, pagamento, controle e auditoria dos ção da CIB.
serviços sob sua gestão e quanto à avaliação do impacto das ações b. Operação do SIA/SUS e do SIH/SUS, conforme normas do
do Sistema sobre as condições de saúde da população do estado. MS, e alimentação dos bancos de dados de interesse nacional.
i. Comprovar a dotação orçamentária do ano e o dispêndio no
ano anterior, correspondente à contrapartida de recursos financei- 16.4.2. Requisitos Específicos
ros próprios do Tesouro Estadual, de acordo com a legislação em a. Comprovar a implementação da programação integrada das
vigor. ações ambulatoriais, hospitalares e de alto custo, contendo a refe-
j. Apresentar à CIT a formalização do pleito, devidamente apro- rência intermunicipal e os critérios para a sua elaboração.
vado pelo CES e pela CIB, atestando o cumprimento dos requisitos b. Comprovar a operacionalização de mecanismos de controle
gerais e específicos relativos à condição de gestão pleiteada. da prestação de serviços ambulatoriais e hospitalares, tais como:
k. Comprovar a criação do Comitê Interinstitucional de Epide- centrais de controle de leitos e internações, de procedimentos am-
miologia, vinculado ao Secretário Estadual de Saúde. bulatoriais e hospitalares de alto/custo e ou complexidade e de
l. Comprovar o funcionamento de serviço de vigilância sanitária marcação de consultas especializadas.
no estado, organizado segundo a legislação e capacidade de desen- c. Dispor de 80% dos municípios habilitados nas condições de
volvimento de ações de vigilância sanitária. gestão estabelecidas nesta NOB, independente do seu contingente
m. Comprovar o funcionamento de serviço de vigilância epide- populacional; ou 50% dos municípios, desde que, nestes, residam
miológica no estado. 80% da população.
d. Dispor de 50% do valor do TFA do estado comprometido com
16.3. GESTÃO AVANÇADA DO SISTEMA ESTADUAL transferências regulares e automáticas aos municípios.

16.3.1. Responsabilidades Específicas 16.4.3. Prerrogativas


a. Contratação, controle, auditoria e pagamento do conjunto a. Transferência regular e automática dos recursos correspon-
dos serviços, sob gestão estadual, contidos na FAE; dentes ao valor do Teto Financeiro da Assistência (TFA), deduzidas
b. Contratação, controle, auditoria e pagamento dos prestado- as transferências fundo a fundo realizadas a municípios habilitados.
res de serviços incluídos no PAB dos municípios não habilitados;

62
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

b. Transferência regular e automática dos recursos correspon- 17.2.2.3.a estruturação do componente municipal do SNA; e
dentes ao Índice de Valorização de Resultados (IVR). 17.2.2.4.a integração e articulação do município na rede esta-
c. Transferência regular e automática do Piso Básico de Vigilân- dual e respectivas responsabilidades na PPI. Caso o município não
cia Sanitária (PBVS) referente aos municípios não habilitados nesta atenda a esse requisito, pode ser enquadrado na condição de ges-
NOB. tão plena da atenção básica até que disponha de tais condições,
d. Transferência regular e automática do Índice de valorização submetendo-se, neste caso, aos mesmos procedimentos referidos
do Impacto em Vigilância Sanitária (IVISA). no item 17.2.1;
e. Remuneração por serviços produzidos na área da vigilância 17.2.3. os estados habilitados atualmente nas condições de
sanitária. gestão parcial e semiplena devem apresentar a comprovação dos
f. Normalização complementar, pactuada na CIB e aprovada requisitos adicionais relativos à nova condição pleiteada na presen-
pelo CES, relativa ao pagamento de prestadores de serviços assis- te NOB.
tenciais sob sua contratação, inclusive alteração de valores de pro- 17.3. A habilitação de municípios à condição de gestão plena
cedimentos, tendo a tabela nacional como referência mínima. da atenção básica é decidida na CIB dos estados habilitados às con-
g. Transferência de recursos referentes às ações de epidemiolo- dições de gestão avançada e plena do sistema estadual, cabendo
gia e de controle de doenças. recurso ao CES. A SES respectiva deve informar ao MS a habilitação
procedida, para fins de formalização por portaria, observando as
17. DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS disponibilidades financeiras para a efetivação das transferências re-
17. 1. As responsabilidades que caracterizam cada uma das gulares e automáticas pertinentes. No que se refere à gestão plena
condições de gestão definidas nesta NOB constituem um elenco do sistema municipal, a habilitação dos municípios é decidida na
mínimo e não impedem a incorporação de outras pactuadas na CIB CIT, com base em relatório da CIB e formalizada em ato da SAS/
e aprovadas pelo CES, em especial aquelas já assumidas em decor- MS. No caso dos estados categorizados na condição de gestão con-
rência da NOB-SUS Nº 01/93. vencional, a habilitação dos municípios a qualquer das condições
17.2. No processo de habilitação às condições de gestão esta- de gestão será decidida na CIT, com base no processo de avaliação
belecidas nesta NOB, são considerados os requisitos já cumpridos elaborado e encaminhado pela CIB, e formalizada em ato do MS.
para habilitação nos termos da NOB-SUS Nº 01/93, cabendo ao mu- 17.4. A habilitação de estados a qualquer das condições de ges-
nicípio ou ao estado pleiteante a comprovação exclusiva do cum- tão é decidida na CIT e formalizada em ato do MS, cabendo recurso
primento dos requisitos introduzidos ou alterados pela presente ao CNS.
Norma Operacional, observando os seguintes procedimentos: 17.5. Os instrumentos para a comprovação do cumprimento
17.2.1.para que os municípios habilitados atualmente nas con- dos requisitos para habilitação ao conjunto das condições de gestão
dições de gestão incipiente e parcial possam assumir a condição de estados e municípios, previsto nesta NOB, estão sistematizados
plena da atenção básica definida nesta NOB, devem apresentar à no ANEXO I.
CIB os seguintes documentos, que completam os requisitos para 17.6. Os municípios e estados habilitados na forma da NOB-SUS
habilitação: Nº 01/93 permanecem nas respectivas condições de gestão até sua
17.2.1.1. ofício do gestor municipal pleiteando a alteração na habilitação em uma das condições estabelecidas por esta NOB, ou
condição de gestão; até a data limite a ser fixada pela CIT.
17.2.1.2. ata do CMS aprovando o pleito de mudança de habi- 17.7. A partir da data da publicação desta NOB, não serão pro-
litação; cedidas novas habilitações ou alterações de condição de gestão na
17.2.1.3. ata das três últimas reuniões do CMS; forma da NOB-SUS Nº 01/93. Ficam excetuados os casos já aprova-
17.2.1.4. extrato de movimentação bancária do Fundo Mu- dos nas CIB, que devem ser protocolados na CIT, no prazo máximo
nicipal de Saúde relativo ao trimestre anterior à apresentação do de 30 dias.
pleito; 17.8. A partir da publicação desta NOB, ficam extintos o Fator
17.2.1.5. comprovação, pelo gestor municipal, de condições de Apoio ao Estado, o Fator de Apoio ao Município e as transferên-
técnicas para processar o SIA/SUS; cias dos saldos de teto financeiro relativos às condições de gestão
17.2.1.6. declaração do gestor municipal comprometendo-se a municipal e estadual parciais, previstos, respectivamente, nos itens
alimentar, junto à SES, o banco de dados nacional do SIA/SUS; 3.1.4; 3.2; 4.1.2 e 4.2.1 da NOB-SUS Nº 01/93.
17.2.1.7. proposta aprazada de estruturação do serviço de con- 17.9. A permanência do município na condição de gestão a que
trole e avaliação municipal; for habilitado, na forma desta NOB, está sujeita a processo perma-
17.2.1.8. comprovação da garantia de oferta do conjunto de nente de acompanhamento e avaliação, realizado pela SES e sub-
procedimentos coberto pelo PAB; e metido à apreciação da CIB, tendo por base critérios estabelecidos
17.2.1.9. ata de aprovação do relatório de gestão no CMS; pela CIB e pela CIT, aprovados pelos respectivos Conselhos de Saú-
17.2.2. para que os municípios habilitados atualmente na con- de.
dição de gestão semiplena possam assumir a condição de gestão 17.10. De maneira idêntica, a permanência do estado na condi-
plena do sistema municipal definida nesta NOB, devem comprovar ção de gestão a que for habilitado, na forma desta NOB, está sujeita
à CIB: a processo permanente de acompanhamento e avaliação, realizado
17.2.2.1. a aprovação do relatório de gestão pelo CMS, median- pelo MS e submetido à apreciação da CIT, tendo por base critérios
te apresentação da ata correspondente; estabelecidos por esta Comissão e aprovados pelo CNS.
17.2.2.2. a existência de serviços que executem os procedimen- 17.11. O gestor do município habilitado na condição de Gestão
tos cobertos pelo PAB no seu território, e de serviços de apoio diag- Plena da Atenção Básica que ainda não dispõe de serviços suficien-
nóstico em patologia clínica e radiologia básica simples, oferecidos tes para garantir, à sua população, a totalidade de procedimentos
no próprio município ou contratados de outro gestor municipal;

63
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

cobertos pelo PAB, pode negociar, diretamente, com outro gestor


municipal, a compra dos serviços não disponíveis, até que essa ofer- DOUTRINAS E PRINCÍPIOS DO SUS
ta seja garantida no próprio município.
17.12. Para implantação do PAB, ficam as CIB autorizadas a
estabelecer fatores diferenciados de ajuste até um valor máximo O que é o Sistema Único de Saúde (SUS)?
fixado pela CIT e formalizado por portaria do Ministério (SAS/MS). O Sistema Único de Saúde (SUS) é um dos maiores e mais com-
Esses fatores são destinados aos municípios habilitados, que apre- plexos sistemas de saúde pública do mundo, abrangendo desde o
sentam gastos per capita em ações de atenção básica superiores simples atendimento para avaliação da pressão arterial, por meio
ao valor per capita nacional único (base de cálculo do PAB), em de- da Atenção Primária, até o transplante de órgãos, garantindo aces-
corrência de avanços na organização do sistema. O valor adicional so integral, universal e gratuito para toda a população do país. Com
atribuído a cada município é formalizado em ato próprio da SES. a sua criação, o SUS proporcionou o acesso universal ao sistema
17.13. O valor per capita nacional único, base de cálculo do público de saúde, sem discriminação. A atenção integral à saúde, e
PAB, é aplicado a todos os municípios, habilitados ou não nos ter- não somente aos cuidados assistenciais, passou a ser um direito de
mos desta NOB. Aos municípios não habilitados, o valor do PAB é todos os brasileiros, desde a gestação e por toda a vida, com foco
limitado ao montante do valor per capita nacional multiplicado pela na saúde com qualidade de vida, visando a prevenção e a promoção
população e pago por produção de serviço. da saúde.
17.14. Num primeiro momento, em face da inadequação dos A gestão das ações e dos serviços de saúde deve ser solidária e
sistemas de informação de abrangência nacional para aferição de participativa entre os três entes da Federação: a União, os Estados
resultados, o IVR é atribuído aos estados a título de valorização de e os municípios. A rede que compõe o SUS é ampla e abrange tan-
desempenho na gestão do Sistema, conforme critérios estabeleci- to ações quanto os serviços de saúde. Engloba a atenção primária,
dos pela CIT e formalizados por portaria do Ministério (SAS/MS). média e alta complexidades, os serviços urgência e emergência, a
17.15. O MS continua efetuando pagamento por produção de atenção hospitalar, as ações e serviços das vigilâncias epidemiológi-
serviços (relativos aos procedimentos cobertos pelo PAB) direta- ca, sanitária e ambiental e assistência farmacêutica.
mente aos prestadores, somente no caso daqueles municípios não-
-habilitados na forma desta NOB, situados em estados em gestão AVANÇO: Conforme a Constituição Federal de 1988 (CF-88), a
convencional. “Saúde é direito de todos e dever do Estado”. No período anterior a
17.16. Também em relação aos procedimentos cobertos pela CF-88, o sistema público de saúde prestava assistência apenas aos
FAE, o MS continua efetuando o pagamento por produção de ser- trabalhadores vinculados à Previdência Social, aproximadamente
viços diretamente a prestadores, somente no caso daqueles mu- 30 milhões de pessoas com acesso aos serviços hospitalares, caben-
nicípios habilitados em gestão plena da atenção básica e os não do o atendimento aos demais cidadãos às entidades filantrópicas.
habilitados, na forma desta NOB, situados em estados em gestão
convencional. Estrutura do Sistema Único de Saúde (SUS)
17.17. As regulamentações complementares necessárias à O Sistema Único de Saúde (SUS) é composto pelo Ministério da
operacionalização desta NOB são objeto de discussão e negociação Saúde, Estados e Municípios, conforme determina a Constituição
na CIT, observadas as diretrizes estabelecidas pelo CNS, com poste- Federal. Cada ente tem suas co-responsabilidades.
rior formalização, mediante portaria do MS.
Ministério da Saúde
Gestor nacional do SUS, formula, normatiza, fiscaliza, monitora
LEI ORGÂNICA DO MUNICÍPIO
e avalia políticas e ações, em articulação com o Conselho Nacional
de Saúde. Atua no âmbito da Comissão Intergestores Tripartite (CIT)
Prezado(a), para pactuar o Plano Nacional de Saúde. Integram sua estrutura:
A fim de atender na íntegra o conteúdo do edital, este tópico Fiocruz, Funasa, Anvisa, ANS, Hemobrás, Inca, Into e oito hospitais
será disponibilizado na Área do Aluno em nosso site. Essa área é re- federais.
servada para a inclusão de materiais que complementam a apostila,
sejam esses, legislações, documentos oficiais ou textos relaciona- Secretaria Estadual de Saúde (SES)
dos a este material, e que, devido a seu formato ou tamanho, não Participa da formulação das políticas e ações de saúde, pres-
cabem na estrutura de nossas apostilas. ta apoio aos municípios em articulação com o conselho estadual e
Por isso, para atender você da melhor forma, os materiais são participa da Comissão Intergestores Bipartite (CIB) para aprovar e
organizados de acordo com o título do tópico a que se referem e po- implementar o plano estadual de saúde.
dem ser acessados seguindo os passos indicados na página 2 deste
material, ou por meio de seu login e senha na Área do Aluno. Secretaria Municipal de Saúde (SMS)
Visto a importância das leis indicadas, lá você acompanha me- Planeja, organiza, controla, avalia e executa as ações e serviços
lhor quaisquer atualizações que surgirem depois da publicação da de saúde em articulação com o conselho municipal e a esfera esta-
apostila. dual para aprovar e implantar o plano municipal de saúde.
Se preferir, indicamos também acesso direto ao arquivo pelo
link a seguir: https://acessoainformacao.trindade.go.gov.br/legisla- Conselhos de Saúde
cao/lei/id=40 O Conselho de Saúde, no âmbito de atuação (Nacional, Esta-
dual ou Municipal), em caráter permanente e deliberativo, órgão
colegiado composto por representantes do governo, prestadores
de serviço, profissionais de saúde e usuários, atua na formulação

64
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

de estratégias e no controle da execução da política de saúde na Municípios


instância correspondente, inclusive nos aspectos econômicos e fi- São responsáveis pela execução das ações e serviços de saúde
nanceiros, cujas decisões serão homologadas pelo chefe do poder no âmbito do seu território. O gestor municipal deve aplicar recur-
legalmente constituído em cada esfera do governo. sos próprios e os repassados pela União e pelo estado. O município
Cabe a cada Conselho de Saúde definir o número de membros, formula suas próprias políticas de saúde e também é um dos par-
que obedecerá a seguinte composição: 50% de entidades e movi- ceiros para a aplicação de políticas nacionais e estaduais de saú-
mentos representativos de usuários; 25% de entidades representa- de. Ele coordena e planeja o SUS em nível municipal, respeitando a
tivas dos trabalhadores da área de saúde e 25% de representação normatização federal. Pode estabelecer parcerias com outros mu-
de governo e prestadores de serviços privados conveniados, ou sem nicípios para garantir o atendimento pleno de sua população, para
fins lucrativos. procedimentos de complexidade que estejam acima daqueles que
pode oferecer.
Comissão Intergestores Tripartite (CIT)
Foro de negociação e pactuação entre gestores federal, estadu- História do sistema único de saúde (SUS)
al e municipal, quanto aos aspectos operacionais do SUS As duas últimas décadas foram marcadas por intensas transfor-
mações no sistema de saúde brasileiro, intimamente relacionadas
Comissão Intergestores Bipartite (CIB) com as mudanças ocorridas no âmbito político-institucional. Simul-
Foro de negociação e pactuação entre gestores estadual e mu- taneamente ao processo de redemocratização iniciado nos anos 80,
nicipais, quanto aos aspectos operacionais do SUS o país passou por grave crise na área econômico-financeira.
No início da década de 80, procurou-se consolidar o processo
Conselho Nacional de Secretário da Saúde (Conass) de expansão da cobertura assistencial iniciado na segunda metade
Entidade representativa dos entes estaduais e do Distrito Fede- dos anos 70, em atendimento às proposições formuladas pela OMS
ral na CIT para tratar de matérias referentes à saúde na Conferência de Alma-Ata (1978), que preconizava “Saúde para
Todos no Ano 2000”, principalmente por meio da Atenção Primária
Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Cona- à Saúde.
sems) Nessa mesma época, começa o Movimento da Reforma Sa-
Entidade representativa dos entes municipais na CIT para tratar nitária Brasileira, constituído inicialmente por uma parcela da in-
de matérias referentes à saúde telectualidade universitária e dos profissionais da área da saúde.
Posteriormente, incorporaram-se ao movimento outros segmentos
Conselhos de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems) da sociedade, como centrais sindicais, movimentos populares de
São reconhecidos como entidades que representam os entes saúde e alguns parlamentares.
municipais, no âmbito estadual, para tratar de matérias referentes As proposições desse movimento, iniciado em pleno regime
à saúde, desde que vinculados institucionalmente ao Conasems, na autoritário da ditadura militar, eram dirigidas basicamente à cons-
forma que dispuserem seus estatutos. trução de uma nova política de saúde efetivamente democrática,
considerando a descentralização, universalização e unificação como
Responsabilidades dos entes que compõem o SUS elementos essenciais para a reforma do setor.
Várias foram às propostas de implantação de uma rede de ser-
União viços voltada para a atenção primária à saúde, com hierarquização,
A gestão federal da saúde é realizada por meio do Ministério da descentralização e universalização, iniciando-se já a partir do Pro-
Saúde. O governo federal é o principal financiador da rede pública grama de Interiorização das Ações de Saúde e Saneamento (PIASS),
de saúde. Historicamente, o Ministério da Saúde aplica metade de em 1976.
todos os recursos gastos no país em saúde pública em todo o Brasil, Em 1980, foi criado o Programa Nacional de Serviços Básicos
e estados e municípios, em geral, contribuem com a outra meta- de Saúde (PREV-SAÚDE) - que, na realidade, nunca saiu do papel -,
de dos recursos. O Ministério da Saúde formula políticas nacionais logo seguida pelo plano do Conselho Nacional de Administração da
de saúde, mas não realiza as ações. Para a realização dos projetos, Saúde Previdenciária (CONASP), em 1982 a partir do qual foi imple-
depende de seus parceiros (estados, municípios, ONGs, fundações, mentada a política de Ações Integradas de Saúde (AIS), em 1983.
empresas, etc.). Também tem a função de planejar, elabirar nor- Essas constituíram uma estratégia de extrema importância para o
mas, avaliar e utilizar instrumentos para o controle do SUS. processo de descentralização da saúde.
A 8ª Conferência Nacional da Saúde, realizada em março de
Estados e Distrito Federal 1986, considerada um marco histórico, consagra os princípios pre-
Os estados possuem secretarias específicas para a gestão de conizados pelo Movimento da Reforma Sanitária.
saúde. O gestor estadual deve aplicar recursos próprios, inclusive Em 1987 é implementado o Sistema Unificado e Descentrali-
nos municípios, e os repassados pela União. Além de ser um dos zado de Saúde (SUDS), como uma consolidação das Ações Integra-
parceiros para a aplicação de políticas nacionais de saúde, o estado das de Saúde (AIS), que adota como diretrizes a universalização e
formula suas próprias políticas de saúde. Ele coordena e planeja o a equidade no acesso aos serviços, à integralidade dos cuidados,
SUS em nível estadual, respeitando a normatização federal. Os ges- a regionalização dos serviços de saúde e implementação de distri-
tores estaduais são responsáveis pela organização do atendimento tos sanitários, a descentralização das ações de saúde, o desenvolvi-
à saúde em seu território. mento de instituições colegiadas gestoras e o desenvolvimento de
uma política de recursos humanos.

65
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O capítulo dedicado à saúde na nova Constituição Federal, pro- responsabilidade primeira e intransferível a todos os gestores. O
mulgada em outubro de 1988, retrata o resultado de todo o proces- cumprimento dessas responsabilidades exige que assumam as atri-
so desenvolvido ao longo dessas duas décadas, criando o Sistema buições de gestão, incluindo:
Único de Saúde (SUS) e determinando que “a saúde é direito de - execução dos serviços públicos de responsabilidade munici-
todos e dever do Estado” (art. 196). pal;
Entre outros, a Constituição prevê o acesso universal e igua- - destinação de recursos do orçamento municipal e utilização
litário às ações e serviços de saúde, com regionalização e hierar- do conjunto de recursos da saúde, com base em prioridades defini-
quização, descentralização com direção única em cada esfera de das no Plano Municipal de Saúde;
governo, participação da comunidade e atendimento integral, com - planejamento, organização, coordenação, controle e avalia-
prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços ção das ações e dos serviços de saúde sob gestão municipal; e
assistenciais. - participação no processo de integração ao SUS, em âmbito
A Lei nº 8.080, promulgada em 1990, operacionaliza as disposi- regional e estadual, para assegurar a seus cidadãos o acesso a servi-
ções constitucionais. São atribuições do SUS em seus três níveis de ços de maior complexidade, não disponíveis no município.
governo, além de outras, “ordenar a formação de recursos huma-
nos na área de saúde” (CF, art. 200, inciso III). Responsabilização Microssanitária
É determinante que cada serviço de saúde conheça o território
Princípios do SUS sob sua responsabilidade. Para isso, as unidades da rede básica de-
São conceitos que orientam o SUS, previstos no artigo 198 da vem estabelecer uma relação de compromisso com a população a
Constituição Federal de 1988 e no artigo 7º do Capítulo II da Lei n.º ela adstrita e cada equipe de referência deve ter sólidos vínculos te-
8.080/1990. Os principais são: rapêuticos com os pacientes e seus familiares, proporcionando-lhes
Universalidade: significa que o SUS deve atender a todos, sem abordagem integral e mobilização dos recursos e apoios necessá-
distinções ou restrições, oferecendo toda a atenção necessária, rios à recuperação de cada pessoa. A alta só deve ocorrer quando
sem qualquer custo; da transferência do paciente a outra equipe (da rede básica ou de
Integralidade: o SUS deve oferecer a atenção necessária à saú- outra área especializada) e o tempo de espera para essa transfe-
de da população, promovendo ações contínuas de prevenção e tra- rência não pode representar uma interrupção do atendimento: a
tamento aos indivíduos e às comunidades, em quaisquer níveis de equipe de referência deve prosseguir com o projeto terapêutico,
complexidade; interferindo, inclusive, nos critérios de acesso.
Equidade: o SUS deve disponibilizar recursos e serviços com
justiça, de acordo com as necessidades de cada um, canalizando Instâncias de Pactuação
maior atenção aos que mais necessitam; São espaços intergovernamentais, políticos e técnicos onde
Participação social: é um direito e um dever da sociedade par- ocorrem o planejamento, a negociação e a implementação das po-
ticipar das gestões públicas em geral e da saúde pública em par- líticas de saúde pública. As decisões se dão por consenso (e não
ticular; é dever do Poder Público garantir as condições para essa por votação), estimulando o debate e a negociação entre as partes.
participação, assegurando a gestão comunitária do SUS; e
Descentralização: é o processo de transferência de responsabi- Comissão Intergestores Tripartite (CIT): Atua na direção nacio-
lidades de gestão para os municípios, atendendo às determinações nal do SUS, formada por composição paritária de 15 membros, sen-
constitucionais e legais que embasam o SUS, definidor de atribui- do cinco indicados pelo Ministério da Saúde, cinco pelo Conselho
ções comuns e competências específicas à União, aos estados, ao Nacional de Secretários Estaduais de Saúde (Conass) e cinco pelo
Distrito Federal e aos municípios. Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems).
A representação de estados e municípios nessa Comissão é, por-
Responsabilização Sanitária tanto regional: um representante para cada uma das cinco regiões
Desenvolver responsabilização sanitária é estabelecer clara- existentes no País.
mente as atribuições de cada uma das esferas de gestão da saú-
de pública, assim como dos serviços e das equipes que compõem Comissões Intergestores Bipartites (CIB): São constituídas pa-
o SUS, possibilitando melhor planejamento, acompanhamento e ritariamente por representantes do governo estadual, indicados
complementaridade das ações e dos serviços. Os prefeitos, ao as- pelo Secretário de Estado da Saúde, e dos secretários municipais
sumir suas responsabilidades, devem estimular a responsabilização de saúde, indicados pelo órgão de representação do conjunto dos
junto aos gerentes e equipes, no âmbito municipal, e participar do municípios do Estado, em geral denominado Conselho de Secretá-
processo de pactuação, no âmbito regional. rios Municipais de Saúde (Cosems). Os secretários municipais de
Saúde costumam debater entre si os temas estratégicos antes de
Responsabilização Macrossanitária apresentarem suas posições na CIB. Os Cosems são também ins-
O gestor municipal, para assegurar o direito à saúde de seus tâncias de articulação política entre gestores municipais de saúde,
munícipes, deve assumir a responsabilidade pelos resultados, bus- sendo de extrema importância a participação dos gestores locais
cando reduzir os riscos, a mortalidade e as doenças evitáveis, a nesse espaço.
exemplo da mortalidade materna e infantil, da hanseníase e da tu-
berculose. Para isso, tem de se responsabilizar pela oferta de ações Espaços regionais: A implementação de espaços regionais de
e serviços que promovam e protejam a saúde das pessoas, previ- pactuação, envolvendo os gestores municipais e estaduais, é uma
nam as doenças e os agravos e recuperem os doentes. A atenção necessidade para o aperfeiçoamento do SUS. Os espaços regionais
básica à saúde, por reunir esses três componentes, coloca-se como devem-se organizar a partir das necessidades e das afinidades espe-
cíficas em saúde existentes nas regiões.

66
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Descentralização saúde; informações de assistência à saúde no SUS (internações


O princípio de descentralização que norteia o SUS se dá, espe- hospitalares, produção ambulatorial, imunização e atenção básica);
cialmente, pela transferência de responsabilidades e recursos para rede assistencial (hospitalar e ambulatorial); morbidade por local
a esfera municipal, estimulando novas competências e capacidades de internação e residência dos atendidos pelo SUS; estatísticas
político-institucionais dos gestores locais, além de meios adequa- vitais (mortalidade e nascidos vivos); recursos financeiros, infor-
dos à gestão de redes assistenciais de caráter regional e macror- mações demográficas, epidemiológicas e socioeconômicas. Cami-
regional, permitindo o acesso, a integralidade da atenção e a ra- nha-se rumo à integração dos diversos sistemas informatizados de
cionalização de recursos. Os estados e a União devem contribuir base nacional, que podem ser acessados no site do Datasus. Nesse
para a descentralização do SUS, fornecendo cooperação técnica e processo, a implantação do Cartão Nacional de Saúde tem papel
financeira para o processo de municipalização. central. Cabe aos prefeitos conhecer e monitorar esse conjunto de
informações essenciais à gestão da saúde do seu município.
Regionalização: consensos e estratégias - As ações e os ser-
viços de saúde não podem ser estruturados apenas na escala dos Níveis de atenção à saúde: O SUS ordena o cuidado com a saú-
municípios. Existem no Brasil milhares de pequenas municipalida- de em níveis de atenção, que são de básica, média e alta complexi-
des que não possuem em seus territórios condições de oferecer dade. Essa estruturação visa à melhor programação e planejamento
serviços de alta e média complexidade; por outro lado, existem das ações e dos serviços do sistema de saúde. Não se deve, porém,
municípios que apresentam serviços de referência, tornando-se desconsiderar algum desses níveis de atenção, porque a atenção à
polos regionais que garantem o atendimento da sua população e saúde deve ser integral.
de municípios vizinhos. Em áreas de divisas interestaduais, são fre- A atenção básica em saúde constitui o primeiro nível de aten-
quentes os intercâmbios de serviços entre cidades próximas, mas ção à saúde adotada pelo SUS. É um conjunto de ações que engloba
de estados diferentes. Por isso mesmo, a construção de consensos promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação. De-
e estratégias regionais é uma solução fundamental, que permitirá senvolve-se por meio de práticas gerenciais e sanitárias, democrá-
ao SUS superar as restrições de acesso, ampliando a capacidade de ticas e participativas, sob a forma de trabalho em equipe, dirigidas
atendimento e o processo de descentralização. a populações de territórios delimitados, pelos quais assumem res-
ponsabilidade.
O Sistema Hierarquizado e Descentralizado: As ações e servi- Utiliza tecnologias de elevada complexidade e baixa densidade,
ços de saúde de menor grau de complexidade são colocadas à dis- objetivando solucionar os problemas de saúde de maior frequência
posição do usuário em unidades de saúde localizadas próximas de e relevância das populações. É o contato preferencial dos usuários
seu domicílio. As ações especializadas ou de maior grau de comple- com o sistema de saúde. Deve considerar o sujeito em sua singu-
xidade são alcançadas por meio de mecanismos de referência, or- laridade, complexidade, inteireza e inserção sociocultural, além de
ganizados pelos gestores nas três esferas de governo. Por exemplo: buscar a promoção de sua saúde, a prevenção e tratamento de do-
O usuário é atendido de forma descentralizada, no âmbito do mu- enças e a redução de danos ou de sofrimentos que possam compro-
nicípio ou bairro em que reside. Na hipótese de precisar ser atendi- meter suas possibilidades de viver de modo saudável.
do com um problema de saúde mais complexo, ele é referenciado, As Unidades Básicas são prioridades porque, quando as Unida-
isto é, encaminhado para o atendimento em uma instância do SUS des Básicas de Saúde funcionam adequadamente, a comunidade
mais elevada, especializada. Quando o problema é mais simples, o consegue resolver com qualidade a maioria dos seus problemas de
cidadão pode ser contrarreferenciado, isto é, conduzido para um saúde. É comum que a primeira preocupação de muitos prefeitos
atendimento em um nível mais primário. se volte para a reforma ou mesmo a construção de hospitais. Para o
SUS, todos os níveis de atenção são igualmente importantes, mas a
Plano de saúde fixa diretriz e metas à saúde municipal prática comprova que a atenção básica deve ser sempre prioritária,
É responsabilidade do gestor municipal desenvolver o processo porque possibilita melhor organização e funcionamento também
de planejamento, programação e avaliação da saúde local, de modo dos serviços de média e alta complexidade.
a atender as necessidades da população de seu município com efici- Estando bem estruturada, ela reduzirá as filas nos prontos so-
ência e efetividade. O Plano Municipal de Saúde (PMS) deve orien- corros e hospitais, o consumo abusivo de medicamentos e o uso
tar as ações na área, incluindo o orçamento para a sua execução. indiscriminado de equipamentos de alta tecnologia. Isso porque
Um instrumento fundamental para nortear a elaboração do PMS é os problemas de saúde mais comuns passam a ser resolvidos nas
o Plano Nacional de Saúde. Cabe ao Conselho Municipal de Saúde Unidades Básicas de Saúde, deixando os ambulatórios de especiali-
estabelecer as diretrizes para a formulação do PMS, em função da dades e hospitais cumprirem seus verdadeiros papéis, o que resulta
análise da realidade e dos problemas de saúde locais, assim como em maior satisfação dos usuários e utilização mais racional dos re-
dos recursos disponíveis. No PMS, devem ser descritos os princi- cursos existentes.
pais problemas da saúde pública local, suas causas, consequências
e pontos críticos. Além disso, devem ser definidos os objetivos e Saúde da Família: é a saúde mais perto do cidadão. É parte
metas a serem atingidos, as atividades a serem executadas, os cro- da estratégia de estruturação eleita pelo Ministério da Saúde para
nogramas, as sistemáticas de acompanhamento e de avaliação dos reorganização da atenção básica no País, com recursos financeiros
resultados. específicos para o seu custeio. Cada equipe é composta por um con-
junto de profissionais (médico, enfermeiro, auxiliares de enferma-
Sistemas de informações ajudam a planejar a saúde: O SUS gem e agentes comunitários de saúde, podendo agora contar com
opera e/ou disponibiliza um conjunto de sistemas de informações profissional de saúde bucal) que se responsabiliza pela situação de
estratégicas para que os gestores avaliem e fundamentem o pla- saúde de determinada área, cuja população deve ser de no mínimo
nejamento e a tomada de decisões, abrangendo: indicadores de 2.400 e no máximo 4.500 pessoas. Essa população deve ser cadas-

67
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

trada e acompanhada, tornando-se responsabilidade das equipes seu território; busca ativa de declaração de óbitos e de nascidos vi-
atendê-la, entendendo suas necessidades de saúde como resultado vos; garantia a exames laboratoriais para o diagnóstico de doenças
também das condições sociais, ambientais e econômicas em que de notificação compulsória; monitoramento da qualidade da água
vive. Os profissionais é que devem ir até suas casas, porque o objeti- para o consumo humano; coordenação e execução das ações de
vo principal da Saúde da Família é justamente aproximar as equipes vacinação de rotina e especiais (campanhas e vacinações de blo-
das comunidades e estabelecer entre elas vínculos sólidos. queio); vigilância epidemiológica; monitoramento da mortalidade
A saúde municipal precisa ser integral. O município é respon- infantil e materna; execução das ações básicas de vigilância sanitá-
sável pela saúde de sua população integralmente, ou seja, deve ria; gestão e/ou gerência dos sistemas de informação epidemioló-
garantir que ela tenha acessos à atenção básica e aos serviços espe- gica, no âmbito municipal; coordenação, execução e divulgação das
cializados (de média e alta complexidade), mesmo quando localiza- atividades de informação, educação e comunicação de abrangência
dos fora de seu território, controlando, racionalizando e avaliando municipal; participação no financiamento das ações de vigilância
os resultados obtidos. em saúde e capacitação de recursos.
Só assim estará promovendo saúde integral, como determina
a legislação. É preciso que isso fique claro, porque muitas vezes o Desafios públicos, responsabilidades compartilhadas: A legis-
gestor municipal entende que sua responsabilidade acaba na aten- lação brasileira – Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e legislação
ção básica em saúde e que as ações e os serviços de maior comple- sanitária, incluindo as Leis n.º 8.080/1990 e 8.142/1990 – estabe-
xidade são responsabilidade do Estado ou da União – o que não é lece prerrogativas, deveres e obrigações a todos os governantes. A
verdade. Constituição Federal define os gastos mínimos em saúde, por es-
A promoção da saúde é uma estratégia por meio da qual os fera de governo, e a legislação sanitária, os critérios para as trans-
desafios colocados para a saúde e as ações sanitárias são pensa- ferências intergovernamentais e alocação de recursos financeiros.
dos em articulação com as demais políticas e práticas sanitárias e Essa vinculação das receitas objetiva preservar condições mínimas
com as políticas e práticas dos outros setores, ampliando as pos- e necessárias ao cumprimento das responsabilidades sanitárias e
sibilidades de comunicação e intervenção entre os atores sociais garantir transparência na utilização dos recursos disponíveis. A res-
envolvidos (sujeitos, instituições e movimentos sociais). A promo- ponsabilização fiscal e sanitária de cada gestor e servidor público
ção da saúde deve considerar as diferenças culturais e regionais, deve ser compartilhada por todos os entes e esferas governamen-
entendendo os sujeitos e as comunidades na singularidade de suas tais, resguardando suas características, atribuições e competências.
histórias, necessidades, desejos, formas de pertencer e se relacio- O desafio primordial dos governos, sobretudo na esfera municipal,
nar com o espaço em que vivem. Significa comprometer-se com os é avançar na transformação dos preceitos constitucionais e legais
sujeitos e as coletividades para que possuam, cada vez mais, auto- que constituem o SUS em serviços e ações que assegurem o direi-
nomia e capacidade para manejar os limites e riscos impostos pela to à saúde, como uma conquista que se realiza cotidianamente em
doença, pela constituição genética e por seu contexto social, polí- cada estabelecimento, equipe e prática sanitária. É preciso inovar
tico, econômico e cultural. A promoção da saúde coloca, ainda, o e buscar, coletiva e criativamente, soluções novas para os velhos
desafio da intersetorialidade, com a convocação de outros setores problemas do nosso sistema de saúde. A construção de espaços de
sociais e governamentais para que considerem parâmetros sanitá- gestão que permitam a discussão e a crítica, em ambiente demo-
rios, ao construir suas políticas públicas específicas, possibilitando a crático e plural, é condição essencial para que o SUS seja, cada vez
realização de ações conjuntas. mais, um projeto que defenda e promova a vida.
Muitos municípios operam suas ações e serviços de saúde em
Vigilância em saúde: expande seus objetivos. Em um país com condições desfavoráveis, dispondo de recursos financeiros e equi-
as dimensões do Brasil, com realidades regionais bastante diver- pes insuficientes para atender às demandas dos usuários, seja em
sificadas, a vigilância em saúde é um grande desafio. Apesar dos volume, seja em complexidade – resultado de uma conjuntura so-
avanços obtidos, como a erradicação da poliomielite, desde 1989, cial de extrema desigualdade. Nessas situações, a gestão pública
e com a interrupção da transmissão de sarampo, desde 2000, con- em saúde deve adotar condução técnica e administrativa compa-
vivemos com doenças transmissíveis que persistem ou apresentam tível com os recursos existentes e criativa em sua utilização. Deve
incremento na incidência, como a AIDS, as hepatites virais, as me- estabelecer critérios para a priorização dos gastos, orientados por
ningites, a malária na região amazônica, a dengue, a tuberculose análises sistemáticas das necessidades em saúde, verificadas junto
e a hanseníase. Observamos, ainda, aumento da mortalidade por à população. É um desafio que exige vontade política, propostas
causas externas, como acidentes de trânsito, conflitos, homicídios e inventivas e capacidade de governo.
suicídios, atingindo, principalmente, jovens e população em idade A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios compar-
produtiva. Nesse contexto, o Ministério da Saúde com o objetivo de tilham as responsabilidades de promover a articulação e a interação
integração, fortalecimento da capacidade de gestão e redução da dentro do Sistema Único de Saúde – SUS, assegurando o acesso uni-
morbimortalidade, bem como dos fatores de risco associados à saú- versal e igualitário às ações e serviços de saúde.
de, expande o objeto da vigilância em saúde pública, abrangendo as O SUS é um sistema de saúde, regionalizado e hierarquizado,
áreas de vigilância das doenças transmissíveis, agravos e doenças que integra o conjunto das ações de saúde da União, Estados, Distri-
não transmissíveis e seus fatores de riscos; a vigilância ambiental to Federal e Municípios, onde cada parte cumpre funções e compe-
em saúde e a análise de situação de saúde. tências específicas, porém articuladas entre si, o que caracteriza os
níveis de gestão do SUS nas três esferas governamentais.
Competências municipais na vigilância em saúde Criado pela Constituição Federal de 1988 e regulamentado pela
Compete aos gestores municipais, entre outras atribuições, as Lei nº 8.080/90, conhecida como a Lei Orgânica da Saúde, e pela Lei
atividades de notificação e busca ativa de doenças compulsórias, nº 8.142/90, que trata da participação da comunidade na gestão
surtos e agravos inusitados; investigação de casos notificados em

68
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

do Sistema e das transferências intergovernamentais de recursos rantir ao cidadão o acesso às ações e serviços públicos de saúde
financeiros, o SUS tem normas e regulamentos que disciplinam as (segunda parte do art. 196), conforme campo demarcado pelo art.
políticas e ações em cada Subsistema. 200 e leis específicas.
A Sociedade, nos termos da Legislação, participa do planeja- O art. 200 define em que campo deve o SUS atuar. As atribui-
mento e controle da execução das ações e serviços de saúde. Essa ções ali relacionadas não são taxativas ou exaustivas. Outras pode-
participação se dá por intermédio dos Conselhos de Saúde, presen- rão existir, na forma da lei. E as atribuições ali elencadas dependem,
tes na União, nos Estados e Municípios. também, de lei para a sua exequibilidade.
Em 1990, foi editada a Lei n. 8.080/90 que, em seus arts. 5º e
Níveis de Gestão do SUS 6º, cuidou dos objetivos e das atribuições do SUS, tentando melhor
Esfera Federal - Gestor: Ministério da Saúde - Formulação de explicitar o art. 200 da CF (ainda que, em alguns casos, tenha repe-
políticas nacionais de saúde, planejamento, normalização, avaliação tido os incisos daquele artigo, tão somente).
e controle do SUS em nível nacional. Financiamento das ações e São objetivos do SUS:
serviços de saúde por meio da aplicação/distribuição de recursos a) a identificação e divulgação dos fatores condicionantes e de-
públicos arrecadados. terminantes da saúde;
Esfera Estadual - Gestor: Secretaria Estadual de Saúde b) a formulação de políticas de saúde destinadas a promover,
- Formulação da política estadual de saúde, coordenação e nos campos econômico e social, a redução de riscos de doenças e
planejamento do SUS em nível Estadual. Financiamento das ações outros agravos; e
e serviços de saúde por meio da aplicação/distribuição de recursos c) execução de ações de promoção, proteção e recuperação
públicos arrecadados. da saúde, integrando as ações assistenciais com as preventivas, de
Esfera Municipal - Gestor: Secretaria Municipal de Saúde modo a garantir às pessoas a assistência integral à sua saúde.
- Formulação da política municipal de saúde e a provisão das
ações e serviços de saúde, financiados com recursos próprios ou O art. 6º, estabelece como competência do Sistema a execução
transferidos pelo gestor federal e/ou estadual do SUS. de ações e serviços de saúde descritos em seus 11 incisos.
O SUS deve atuar em campo demarcado pela lei, em razão do
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE disposto no art. 200 da CF e porque o enunciado constitucional de
Pela dicção dos arts. 196 e 198 da CF, podemos afirmar que que saúde é direito de todos e dever do Estado, não tem o condão
somente da segunda parte do art. 196 se ocupa o Sistema Único de de abranger as condicionantes econômico-sociais da saúde, tam-
Saúde, de forma mais concreta e direta, sob pena de a saúde, como pouco compreender, de forma ampla e irrestrita, todas as possíveis
setor, como uma área da Administração Pública, se ver obrigada a e imagináveis ações e serviços de saúde, até mesmo porque haverá
cuidar de tudo aquilo que possa ser considerado como fatores que sempre um limite orçamentário e um ilimitado avanço tecnológico
condicionam e interferem com a saúde individual e coletiva. Isso a criar necessidades infindáveis e até mesmo questionáveis sob o
seria um arrematado absurdo e deveríamos ter um super Ministério ponto de vista ético, clínico, familiar, terapêutico, psicológico.
e super Secretarias da Saúde responsáveis por toda política social e Será a lei que deverá impor as proporções, sem, contudo, é ob-
econômica protetivas da saúde. vio, cercear o direito à promoção, proteção e recuperação da saú-
Se a Constituição tratou a saúde sob grande amplitude, isso de. E aqui o elemento delimitador da lei deverá ser o da dignidade
não significa dizer que tudo o que está ali inserido corresponde a humana.
área de atuação do Sistema Único de Saúde. Lembramos, por oportuno que, o Projeto de Lei Complementar
Repassando, brevemente, aquela seção do capítulo da Seguri- n. 01/2003 -- que se encontra no Congresso Nacional para regu-
dade Social, temos que: -- o art. 196, de maneira ampla, cuida do lamentar os critérios de rateio de transferências dos recursos da
direito à saúde; -- o art. 197 trata da relevância pública das ações e União para Estados e Municípios – busca disciplinar, de forma mais
serviços de saúde, públicos e privados, conferindo ao Estado o direi- clara e definitiva, o que são ações e serviços de saúde e estabelecer
to e o dever de regulamentar, fiscalizar e controlar o setor (público o que pode e o que não pode ser financiado com recursos dos fun-
e privado); -- o art. 198 dispõe sobre as ações e os serviços públicos dos de saúde. Esses parâmetros também servirão para circunscre-
de saúde que devem ser garantidos a todos cidadãos para a sua ver o que deve ser colocado à disposição da população, no âmbito
promoção, proteção e recuperação, ou seja, dispõe sobre o Sistema do SUS, ainda que o art. 200 da CF e o art. 6º da LOS tenham defini-
Único de Saúde; -- o art. 199, trata da liberdade da iniciativa priva- do o campo de atuação do SUS, fazendo pressupor o que são ações
da, suas restrições (não pode explorar o sangue, por ser bem fora e serviços públicos de saúde, conforme dissemos acima. (O Conse-
do comércio; deve submeter-se à lei quanto à remoção de órgãos lho Nacional de Saúde e o Ministério da Saúde também disciplina-
e tecidos e partes do corpo humano; não pode contar com a parti- ram o que são ações e serviços de saúde em resoluções e portarias).
cipação do capital estrangeiro na saúde privada; não pode receber
auxílios e subvenções, se for entidade de fins econômicos etc.) e a O QUE FINANCIAR COM OS RECURSOS DA SAÚDE?
possibilidade de o setor participar, complementarmente, do setor De plano, excetuam-se da área da saúde, para efeito de finan-
público; -- e o art. 200, das atribuições dos órgãos e entidades que ciamento, (ainda que absolutamente relevantes como indicadores
compõem o sistema público de saúde. O SUS é mencionado somen- epidemiológicos da saúde) as condicionantes econômico-sociais.
te nos arts. 198 e 200. Os órgãos e entidades do SUS devem conhecer e informar à socie-
A leitura do art. 198 deve sempre ser feita em consonância com dade e ao governo os fatos que interferem na saúde da população
a segunda parte do art. 196 e com o art. 200. O art. 198 estatui que com vistas à adoção de políticas públicas, sem, contudo, estarem
todas as ações e serviços públicos de saúde constituem um único obrigados a utilizar recursos do fundo de saúde para intervir nessas
sistema. Aqui temos o SUS. E esse sistema tem como atribuição ga- causas.

69
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Quem tem o dever de adotar políticas sociais e econômicas que a) política nacional de saúde;
visem evitar o risco da doença é o Governo como um todo (políticas b) coordenação e fiscalização do Sistema Único de Saúde;
de governo), e não a saúde, como setor (políticas setoriais). A ela, c) saúde ambiental e ações de promoção, proteção e recupe-
saúde, compete atuar nos campos demarcados pelos art. 200 da CF ração da saúde individual e coletiva, inclusive a dos trabalhadores
e art. 6º da Lei n. 8.080/90 e em outras leis específicas. e dos índios;
Como exemplo, podemos citar os servidores da saúde que de- d) informações em saúde;
vem ser pagos com recursos da saúde, mas o seu inativo, não; não e) insumos críticos para a saúde;
porque os inativos devem ser pagos com recursos da Previdência f) ação preventiva em geral, vigilância e controle sanitário de
Social. Idem quanto as ações da assistência social, como bolsa-a- fronteiras e de portos marítimos, fluviais e aéreos;
limentação, bolsa-família, vale-gás, renda mínima, fome zero, que g) vigilância em saúde, especialmente quanto às drogas, medi-
devem ser financiadas com recursos da assistência social, setor ao camentos e alimentos;
qual incumbe promover e prover as necessidades das pessoas ca- h) pesquisa científica e tecnológica na área da saúde.
rentes visando diminuir as desigualdades sociais e suprir suas ca-
rências básicas imediatas. Isso tudo interfere com a saúde, mas não Ao Ministério da Saúde compete a vigilância sobre alimentos
pode ser administrada nem financiada pelo setor saúde. (registro, fiscalização, controle de qualidade) e não a prestação de
O saneamento básico é outro bom exemplo. A Lei n. 8.080/90, serviços que visem fornecer alimentos às pessoas de baixa renda.
em seu art. 6º, II, dispõe que o SUS deve participar na formulação O fornecimento de cesta básica, merenda escolar, alimentação
da política e na execução de ações de saneamento básico. Por sua a crianças em idade escolar, idosos, trabalhadores rurais temporá-
vez, o § 3º do art. 32, reza que as ações de saneamento básico que rios, portadores de moléstias graves, conforme previsto na Lei do
venham a ser executadas supletivamente pelo SUS serão financia- Estado do Rio de Janeiro, são situações de carência que necessitam
das por recursos tarifários específicos e outros da União, Estados, de apoio do Poder Público, sem sombra de dúvida, mas no âmbito
DF e Municípios e não com os recursos dos fundos de saúde. da assistência social ou de outro setor da Administração Pública e
Nesse ponto gostaríamos de abrir um parêntese para comentar com recursos que não os do fundo de saúde. Não podemos mais
o Parecer do Sr. Procurador Geral da República, na ADIn n. 3087- confundir assistência social com saúde. A alimentação interessa à
6/600-RJ, aqui mencionado. saúde, mas não está em seu âmbito de atuação.
O Governo do Estado do Rio de Janeiro, pela Lei n. 4.179/03, Tanto isso é fato que a Lei n. 8.080/90, em seu art. 12, estabe-
instituiu o Programa Estadual de Acesso à Alimentação – PEAA, leceu que “serão criadas comissões intersetoriais de âmbito nacio-
determinando que suas atividades correrão à conta do orçamento nal, subordinadas ao Conselho Nacional de Saúde, integradas pelos
do Fundo Estadual da Saúde, vinculado à Secretaria de Estado da Ministérios e órgãos competentes e por entidades representativas
Saúde. O PSDB, entendendo ser a lei inconstitucional por utilizar da sociedade civil”, dispondo seu parágrafo único que “as comissões
recursos da saúde para uma ação que não é de responsabilidade intersetoriais terão a finalidade de articular políticas e programas
da área da saúde, moveu ação direta de inconstitucionalidade, com de interesse para a saúde, cuja execução envolva áreas não com-
pedido de cautelar. preendidas no âmbito do Sistema Único de Saúde”. Já o seu art. 13,
O Sr. Procurador da República (Parecer n. 5147/CF), opinou destaca, algumas dessas atividades, mencionando em seu inciso I a
pela improcedência da ação por entender que o acesso à alimenta- “alimentação e nutrição”.
ção é indissociável do acesso à saúde, assim como os medicamen- O parâmetro para o financiamento da saúde deve ser as atri-
tos o são e que as pessoas de baixa renda devem ter atendidas a buições que foram dadas ao SUS pela Constituição e por leis espe-
necessidade básica de alimentar-se. cíficas e não a 1º parte do art. 196 da CF, uma vez que os fatores
Infelizmente, mais uma vez confundiu-se “saúde” com “assis- que condicionam a saúde são os mais variados e estão inseridos
tência social”, áreas da Seguridade Social, mas distintas entre si. nas mais diversas áreas da Administração Pública, não podendo ser
A alimentação é um fator que condiciona a saúde tanto quanto o considerados como competência dos órgãos e entidades que com-
saneamento básico, o meio ambiente degradado, a falta de renda põe o Sistema Único de Saúde.
e lazer, a falta de moradia, dentre tantos outros fatores condicio-
nantes e determinantes, tal qual mencionado no art. 3º da Lei n. DA INTEGRALIDADE DA ASSISTÊNCIA
8.080/90. Vencida esta etapa, adentramos em outra, no interior do setor
A Lei n. 8.080/90 ao dispor sobre o campo de atuação do SUS saúde - SUS, que trata da integralidade da assistência à saúde. O
incluiu a vigilância nutricional e a orientação alimentar, atividades art. 198 da CF determina que o Sistema Único de Saúde deve ser
complexas que não tem a ver com o fornecimento, puro e simples, organizado de acordo com três diretrizes, dentre elas, o atendimen-
de bolsa-alimentação, vale-alimentação ou qualquer outra forma to integral que pressupõe a junção das atividades preventivas, que
de garantia de mínimos existenciais e sociais, de atribuição da assis- devem ser priorizadas, com as atividades assistenciais, que também
tência social ou de outras áreas da Administração Pública voltadas não podem ser prejudicadas.
para corrigir as desigualdades sociais. A vigilância nutricional deve A Lei n. 8.080/90, em seu art. 7º (que dispõe sobre os princípios
ser realizada pelo SUS em articulação com outros órgãos e setores e diretrizes do SUS), define a integralidade da assistência como “o
governamentais em razão de sua interface com a saúde. São ativi- conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e
dades que interessam a saúde, mas as quais, a saúde como setor, curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos
não as executa. Por isso a necessidade das comissões intersetoriais os níveis de complexidade do sistema”.
previstas na Lei n. 8.080/90.
A própria Lei n. 10.683/2003, que organiza a Presidência da Re-
pública, estatuiu em seu art. 27, XX ser atribuição do Ministério da
Saúde:

70
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A integralidade da assistência exige que os serviços de saúde de saúde que, por sua vez, deve ser a consequência de um planeja-
sejam organizados de forma a garantir ao indivíduo e à coletividade mento que leve em conta a epidemiologia e a organização de ser-
a proteção, a promoção e a recuperação da saúde, de acordo com viços e conjugue as necessidades da saúde com as disponibilidades
as necessidades de cada um em todos os níveis de complexidade de recursos [20], além da necessária observação do que ficou de-
do sistema. cidido nas comissões intergovernamentais trilaterais ou bilaterais,
Vê-se, pois, que a assistência integral não se esgota nem se que não contrariem a lei.
completa num único nível de complexidade técnica do sistema, Na realidade, cada ente político deve ser eticamente respon-
necessitando, em grande parte, da combinação ou conjugação de sável pela saúde integral da pessoa que está sob atenção em seus
serviços diferenciados, que nem sempre estão à disposição do cida- serviços, cabendo-lhe responder civil, penal e administrativamente
dão no seu município de origem. Por isso a lei sabiamente definiu apenas pela omissão ou má execução dos serviços que estão sob
a integralidade da assistência como a satisfação de necessidades seu encargo no seu plano de saúde que, por sua vez, deve guardar
individuais e coletivas que devem ser realizadas nos mais diversos consonância com os pactos da regionalização, consubstanciados
patamares de complexidade dos serviços de saúde, articulados pe- em instrumentos jurídicos competentes .
los entes federativos, responsáveis pela saúde da população. Nesse ponto, temos ainda a considerar que, dentre as atribui-
A integralidade da assistência é interdependente; ela não se ções do SUS, uma das mais importantes -- objeto de reclamações e
completa nos serviços de saúde de um só ente da federação. Ela ações judiciais -- é a assistência terapêutica integral. Por sua indivi-
só finaliza, muitas vezes, depois de o cidadão percorrer o caminho dualização, imediatismo, apelo emocional e ético, urgência e emer-
traçado pela rede de serviços de saúde, em razão da complexidade gência, a assistência terapêutica destaca-se dentre todas as demais
da assistência atividades da saúde como a de maior reivindicação individual. Fale-
E para a delimitação das responsabilidades de cada ente da fe- mos dela no tópico seguinte.
deração quanto ao seu comprometimento com a integralidade da
assistência, foram criados instrumentos de gestão, como o plano de CONTROLE HIGIÊNICO-SANITÁRIO EM ALIMENTOS
saúde e as formas de gestão dos serviços de saúde.
Desse modo, devemos centrar nossas atenções no plano de
saúde, por ser ele a base de todas as atividades e programações da HIGIENE
saúde, em cada nível de governo do Sistema Único de Saúde, o qual A segurança no preparo e na distribuição das refeições não é
deverá ser elaborado de acordo com diretrizes legais estabelecidas garantida se não houver também a higienização correta dos utensí-
na Lei n. 8.080/90: epidemiologia e organização de serviços (arts. 7º lios, dos equipamentos e do ambiente.
VII e 37). O plano de saúde deve ser a referência para a demarcação Lembre-se de utilizar os Equipamentos de Proteção Individual
de responsabilidades técnicas, administrativas e jurídicas dos entes (EPI) quando necessário e de manter os materiais para higienização
políticos. em local distante dos alimentos.
Sem planos de saúde -- elaborados de acordo com as diretri- Os produtos químicos utilizados para a higienização deverão
zes legais, associadas àquelas estabelecidas nas comissões intergo- possuir registro no Ministério da Saúde.
vernamentais trilaterais, principalmente no que se refere à divisão
de responsabilidades -- o sistema ficará ao sabor de ideologias e LIMPEZA
decisões unilaterais das autoridades dirigentes da saúde, quando Pré-lavagem com água para
a regra que perpassa todo o sistema é a da cooperação e da conju-
gação de recursos financeiros, tecnológicos, materiais, humanos da DESINFECÇÃO
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, em redes A remoção dos resíduos como restos de alimentos, sujidades,
regionalizadas de serviços, nos termos dos incisos IX, b e XI do art. poeiras etc.
7º e art. 8º da Lei n. 8.080/90. Procedimento para redução do número de microrganismos por
Por isso, o plano de saúde deve ser o instrumento de fixação método físico (água quente) e/ ou agente químico (hipoclorito de
de responsabilidades técnicas, administrativas e jurídicas quanto sódio ou álcool 70°)
à integralidade da assistência, uma vez que ela não se esgota, na
maioria das vezes, na instância de governo-sede do cidadão. Ressal- HIGIENIZAÇÃO = LIMPEZA + DESINFECÇÃO
te-se, ainda, que o plano de saúde é a expressão viva dos interesses
da população, uma vez que, elaborado pelos órgãos competentes Os UTENSÍLIOS entram em contato direto com o alimento e por
governamentais, deve ser submetido ao conselho de saúde, repre- isto devem ser
sentante da comunidade no SUS, a quem compete, discutir, aprovar HIGIENIZADOS antes e após serem usados e também durante
e acompanhar a sua execução, em todos os seus aspectos. a sua utilização.
Lembramos, ainda, que o planejamento sendo ascendente, Mas porque higienizar os utensílios antes, durante e após sua
iniciando-se da base local até a federal, reforça o sentido de que utilização?
a integralidade da assistência só se completa com o conjunto arti-
culado de serviços, de responsabilidade dos diversos entes gover- ANTES:
namentais. Os utensílios deverão estar sempre bem guardados, protegidos
Resumindo, podemos afirmar que, nos termos do art. 198, II, da poeira e de insetos, mas como existe sempre a possibilidade de
da CF, c/c os arts. 7º, II e VII, 36 e 37, da Lei n. 8.080/90, a integra- que estes agentes contaminantes entrem em contato com o utensí-
lidade da assistência não é um direito a ser satisfeito de maneira lio, recomenda-se sua higienização antes de utilizá-los.
aleatória, conforme exigências individuais do cidadão ou de acordo
com a vontade do dirigente da saúde, mas sim o resultado do plano

71
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

DURANTE E APÓS: • Certificar-se de que o fogão ou forno estão com os queima-


Resíduos de alimentos que ficam aderidos à sua superfície po- dores desativados;
dem causar proliferação de microrganismos a ponto de causar da- • Retirar resíduos acumulados, descartando-os na lixeira;
nos à saúde, mesmo que por um curto espaço de tempo, como por • Aplicar detergente com a utilização de esponja, esfregando
exemplo: as superfícies, com maior ênfase nas bordas, queimadores e acio-
- O utensílio utilizado para mexer a carne picada durante a nadores de chama;
cocção deve ser higienizado constantemente para não permanecer • Retirar o resíduo do detergente com pano descartável ume-
com resíduos. decido;
- O utensílio usado para servir o arroz deve ser higienizado • No caso do filtro, borrifar álcool 70º ao final, sem enxaguar
quando houver intervalo na distribuição. posteriormente.
- Os monoblocos deverão ser higienizados após a retirada dos Observação: Trocar o elemento filtrante a cada dois ou três me-
gêneros. ses, ou conforme a orientação do fabricante, colando uma etiqueta
com a data da troca para monitoramento.
Como proceder na higienização dos utensílios?
SEMANALMENTE
Quando e como proceder na higienização dos equipamentos? Freezer, refrigerador.
ANTES E APÓS A UTILIZAÇÃO balança, batedeira, descascador
de tubérculos, extrator de sucos, liquidificador, multiprocessador Procedimento
de alimentos, picador de carne. •Tenha certeza que os equipamentos elétricos estão desconec-
Procedimento tados da tomada antes de iniciar a higienização.
• Desmontar as peças que não estão fixadas; •Retirar o resíduo acumulado, descartando-o na lixeira.
• Retirar o resíduo acumulado, descartando-o na lixeira; •Aguardar o degelo. Não utilizar material pontiagudo ou faca.
• Passar as peças em água corrente fria; •Aplicar detergente com a utilização de esponja, esfregando
• Aplicar detergente com a utilização de esponja, esfregando as superfícies, com maior ênfase nas bordas, prateleiras, cantos e
todas as partes das peças desmontadas, partes fixas do equipamen- puxadores das portas.
to, fio e plugue; •Retirar o resíduo do detergente enxaguando ou com pano
• Enxaguar as partes removíveis em água corrente e escorrer. descartável umedecido.
•Aplicar solução de hipoclorito de sódio (01 colher de sopa
Para as partes fixas, fio e plugue retirar o detergente com pano para cada litro de água), deixando agir por 15 minutos, com o au-
descartável das; xilio de um pano, enxaguando para retirar o resíduo e/ou borrifar
• Imergir as peças desmontadas em solução de hipoclorito de álcool 70º sem enxaguar posteriormente.
sódio (01 colher de sopa para cada litro de água) deixando agir por
15 minutos, enxaguando para retirar o resíduo. Nas demaispartes MENSALMENTE
borrifar álcool 70º sem enxaguar posteriormente. -coifa.

Antes da utilização: Procedimento


- Lavar em água corrente fria; • Certificar-se de que o equipamento está desligado;
- Aplicar detergente com a utilização de esponja, esfregando • Aplicar detergente com a utilização de esponja, esfregando as
todas as partes do utensílio; superfícies, com maior ênfase nas bordas e cantos;
- Enxaguar em água corrente, de preferência quente, e escorrer.
Retirar o resíduo do detergente com pano descartável umede-
Durante e após a utilização: cido.
- Retirar o resíduo acumulado, descartando-o na lixeira;
- Lavar em água corrente fria; A ÁREA FÍSICA pode representar também risco de contamina-
- Aplicar detergente com a utilização de esponja, esfregando ção, portanto devem ser muito bem HIGIENIZADA, em períodos de-
todas as partes do utensílio; terminados, conforme sua utilização.
- Enxaguar em água corrente, de preferência quente, e escor-
rer; DIARIAMENTE:
- Borrifar álcool 70º sem enxaguar posteriormente; - Bancadas
- Guardar em organizadores adequadamente tampados. - Paredes próximas ao fogão e aos lavatórios
- Lavatórios (pias e cubas)
Os EQUIPAMENTOS podem ter contato direto ou não com o - Maçanetas e puxadores dos equipamentos
alimento, mas representam também grande risco de contaminação. - Pisos, rodapés e ralos
A sua higienização ocorre em períodos determinados, conforme a - Área externa por onde transita o lixo
sua utilização. - Recipientes de lixo

DIARIAMENTE SEMANALMENTE:
Filtro (externamente, torneira), fogão, forno. - Área sob as bancadas
Procedimento - Estrados
- Interruptores, tomadas

72
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Paredes, portas e janelas Esqueça os paninhos de cozinha e os panos de chão. Eles acu-
- Prateleiras e armários mulam germes e os espalham no ambiente em vez de eliminá-los.
Prefira sempre lavar com água e detergente próprio e depois enxa-
MENSALMENTE: guar bem. Se precisar de um pano, prefira os descartáveis, como o
- Luminárias papel toalha para secar as mãos.
- Telas milimétricas A cozinha deve ter área separada para lavagem de utensílios
- Teto como panelas, potes e talheres, outra área para lavagem das mãos
- Tubulações - externamente e outra para armazenamento de materiais de limpeza e produtos
químicos.
SEMESTRALMENTE: Mantenha geladeiras, freezers e câmaras frias em constante
- Reservatórios de água funcionamento e temperatura sem oscilações e limpe periodica-
- Tubulação da exaustão - internamente mente esses locais com produtos adequados para evitar corrosão e
odores, sem usar esponjas que danifiquem a superfície.
Como proceder na higienização da área física?
- Lavar com água e detergente e enxaguar; Produtos de limpeza
- No caso de interruptores, tomadas e luminárias aplicar deter- Os produtos de limpeza industrial não são os mesmos da limpe-
gente com a utilização de esponja retirando o resíduo do detergen- za doméstica. Empreendedores devem ficar atentos aos produtos
te com pano descartável umedecido. específicos para sua cozinha e mantê-los longe dos alimentos. Na
- Banhar ou passar pano exclusivo para este procedimento cozinha industrial não se usa produtos com cheiro forte e tudo deve
com solução de hipoclorito de sódio (01 colher de sopa para cada ser bem enxaguado.
litro de água), deixando agir por 15 minutos; Fique atento ao uso dos produtos corretos para cada superfí-
- Deixar secar ao natural, retirando o excesso de maçanetas, cie, pois se utilizar produtos abrasivos a superfície pode sofrer cor-
interruptores, bancadas e prateleiras; rosão e começar a acumular restos de comida difíceis de limpar.
- Manter as lixeiras tampadas e os resíduos (lixo) que forem
retirados da área de manipulação guardados em local distante da Detalhes importantes
área de manipulação em container igualmente tampado; As lixeiras devem ser lavadas com água e sabão e ser bem se-
- Lavar bem com água e detergente, as lixeiras, containeres, cas. Todas devem ser acionadas com pedais (nunca com as mãos) e
vassouras, rodos, pás de lixo, panos de chão, baldes e outros aces- precisam, necessariamente, ter tampa. Diga adeus ao lixinho de pia,
sórios usados na higienização. Deixar secar. pois ele provoca contaminações.
- Os acessórios usados na higienização da área física não po- Os utensílios usados na cozinha devem ser lavados com água
derão ser destinados à higienização de equipamentos e utensílios. quente sempre após cada utilização e todas as peças devem ser
guardadas ao abrigo de poeira e gordura.
ATENÇÃO! Alimentos devem ter sua área de higienização com pia sepa-
- Não é recomendado o uso de escovas, esponjas ou similares rada e esse local precisa ser limpo diariamente. Evite contato de
de metal, bem como lãs de aço. alimentos lavados com não lavados ou com bancadas e pias sujas.
- Os reservatórios de água devem ser higienizados por empresa Quem trabalha na cozinha deve ter local próprio para se trocar
credenciada no INEA (Feema) devendo ser mantidos os registros da e se lavar e também usar uniforme adequado, com touca, avental
operação. ou bata e calçado, mantidos sempre limpos.
- Desinsetizar o ambiente por meio de empresa credenciada no Os vestiários e sanitários também devem ser limpos com a
INEA, mantendo os registros da operação. mesma frequência da cozinha, pois germes e bactérias podem pas-
sar de um ambiente para o outro.
A higienização de uma cozinha profissional não é a mesma de Além dos cuidados com a limpeza da cozinha, é preciso cuidar
uma cozinha doméstica, pois é mais profunda e os produtos são di- da limpeza das mãos de todos os que manipulam alimentos e uten-
ferentes. Primeiramente, o empreendedor deve saber que existem sílios. Lave as mãos a partir do antebraço, sempre com bastante
3 fases nesse processo: água e sabão e mantenha unhas curtas e limpas e cabelos presos
Limpeza: é a remoção da poeira, objetos, lixo e restos de ali- com touca. Os géis antissépticos não substituem a lavagem, mas
mentos do local; são úteis.
Descontaminação: é a eliminação de agentes biológicos e quí- O combate às pragas deve ser feito com dedetização profissio-
micos que provocam danos à saúde e contaminam alimentos; nal autorizada e com cuidados no armazenamento dos alimentos
Desinfecção: é a eliminação de micro-organismos com produ- e também no descarte do lixo. Remova completamente o lixo pelo
tos específicos. menos 2 vezes por dia e instale telas nas janelas, que também de-
vem ser lavadas com frequência.
Cuidados básicos
Evite varrer a cozinha, pois a vassoura é um foco de micro-orga- Os cuidados no uso de equipamentos industriais na cozinha
nismos, levanta pó e espalha a sujeira. Realize sempre uma lavagem Diante das crescentes mudanças no cenário geoeconômico
de cima para baixo, ou seja, primeiro as paredes (inclusive portas e global é imprescindível uma constante adaptação. Soluções mais
janelas), depois bancadas, fogões, coifas e outros equipamentos e, eficientes e econômicas surgem para os mais diversos quadros e
por último, o piso. se o profissional, ou a empresa, não acompanhar estas mudanças
correrá o risco de ficar obsoleto e, por fim, escorraçado.

73
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Este quadro também se reflete na cozinha industrial. As cons- ta baixo risco de periculosidade. Podemos citar o exemplo do fogão
tantes buscas de processos autônomos visam ampliar a oferta de industrial, um equipamento simples e mais comumente visto. Apa-
produtos e serviços e minimizar os custos envolvidos. O mercado rentemente não oferece risco nenhum – afinal quem não tem um
oferece inúmeros equipamentos industriais, segundo à devida ne- fogão em casa não é mesmo? Mas o mesmo é feito com material
cessidade, que prometem bons resultados a curto prazo. que, mesmo passando por processos de pós-fabricação, podem ser
Entretanto nem tudo são flores. Felizmente, ou infelizmente a cortantes. O cotidiano e a repetição são a pior inimiga da atenção.
depender do ponto de vista, a intervenção humana se faz neces- Um dos maiores índices de acidentes registrados na cozinha são
sário e, se não houver o devido cuidado, os resultados podem ser devido à quedas e tropeções. Deixar de fazer uso de vestimentas
catastróficos. Deve-se ter os devidos cuidados desde a instalação fechadas e grossas permitem que haja um contato indesejado com
dos equipamentos até a sua manutenção, do contrário haverá o estas peças causando cortes profundos. Os usos das luvas protegem
comprometimento da saúde dos funcionários e do funcionamento contra danos de queimaduras provenientes de chama alta ou óleos
do estabelecimento (quer indústria, quer restaurante). Mas quais quentes.
os cuidados devemos ter? Os equipamentos que fazem uso de engrenagens e alta rota-
ção devem ser monitorados constantemente. Devem ser apoiados
Instalação em superfícies seguras e firmes, livre de vibrações. É aconselhável
distanciar estes equipamentos dos demais em 50 cm no mínimo (a
depender da potência do motor) para que a harmônica não seja
propagada para os demais equipamentos ocasionando folga entre
as engrenagens (mesmos que estes estejam desligados). Mesmo
que o aparelho passe a impressão de inofensivo nunca deixe de
usar luvas e vestimenta grossa fechada. Todas as partes que acio-
nam o equipamento apresentam pontos e terminais de tensão ele-
vadas que podem ocasionar graves choques elétricos ou até mesmo
a MORTE do usuário.
Jamais, de forma alguma, NUNCA faça manutenção ou manu-
seio no equipamento ligado fisicamente. Imagine um liquidificar in-
dustrial… inofensivo não? Entre suas idas e vindas na cozinha com
certeza deve ter manuseado em água ou até mesmo óleo. Imagine
a cena: Após fazer uso do liquidificar você o desliga pelo botão e
Muitos dos equipamentos industriais, alguns destes destinados começa a manusear os insumos, separando-os à parte, e de repen-
à gastronomia, fazem uso de fontes chaveadas (SMPS). Estas fontes te das suas mãos, ou luvas, cai água ou óleo entre o botão on/off.
operam em frequências muito elevadas, diferentemente das fontes Mas o óleo não é isolante elétrico? Sim meu caro leitor… do mesmo
analógicas e lineares comuns. É preciso cautela ao montar o qua- jeito que o ar também é, mas nem por isso os relâmpagos não che-
dro elétrico destes equipamentos pois devido à sua alta frequência gam ao solo. A quantidade de óleo diante da tensão existente entre
de funcionamento haverá harmônicas capazes de se propagar pelo os terminais on/off podem permitir que haja corrente e voilà… um
aparelho e na rede de alimentação influenciando outros equipa- liquidificar de alta rotação ligado no sentido off do botão seguro
mentos. apenas pelas suas mãos, na melhor das hipóteses claro.
Estes equipamentos possuem cabos de ligações de 3 pinos re-
dondos, salvo alguns que se diferenciam. Um destes pinos é o de Estrutura física do estabelecimento
aterramento – fio terra. É obrigatório que todos os pinos estejam
devidamente conectados antes do funcionamento da mesma, alte- Fluxo linear na cozinha
re seu sistema elétrico se preciso. A primeira questão que deve ser enfrentada é o fluxo de sua
cozinha profissional, uma vez que não se pode haver cruzamento
Uso e manutenção entre áreas sujas e limpas. Em outras palavras, um restaurante não
Este item é o mais importante. Deve-se ter atenção quadri- pode ter um depósito de lixo cuja saída para a rua dependa da pas-
plicada ao fazer uso de equipamentos industriais destinados à sagem pela área de manuseio de alimentos.
cozinha. As medidas de segurança variam conforme o ramo de É claro que esse é um exemplo extremo. Mas o simples fato
atividade e uso de equipamentos. Alguns equipamentos, principal- de ter uma área de lavagem entre a saída dos pratos e a cozinha
mente de cortes, devem possuir esquemas de ligação que mantem industrial já é um erro crasso (e que pode resultar em autuação da
o operário, ou o funcionário, seguro durante o funcionamento da vigilância sanitária).
mesma. A norma que rege o funcionamento destes equipamentos
(NR-12) exige que estes equipamentos possuam estes esquemas de Pia exclusiva para a higienização das mãos
funcionamento. Estes equipamentos são um pouco mais caros, en- A Resolução RDC nº 216/2004 da Agência Nacional de Vigilân-
tretanto evitará complicações posteriores envolvendo a saúde do cia Sanitária (Anvisa) determina que deve existir uma pia exclusiva-
funcionário, o tempo de serviço parado caso a fiscalização venha a mente dedicada à lavagem das mãos. Esse é um detalhe sutil que
suspender o uso da máquina e o custo subsequente de sua adap- acaba colocando muitos estabelecimentos em irregularidade com
tação à norma. relação aos cuidados sanitários.
Sempre deve-se usar luvas que protejam além dos punhos e
vestimenta fechada grossa – independente do equipamento a ser
usado. Dificilmente um equipamento industrial na cozinha apresen-

74
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

E não se trata de preciosismo ou gasto desnecessário. Imagine, Manipulação de enlatados


por exemplo, uma área de produção com uma pia repleta de louças Outro erro muito comum é guardar restos de alimentos enla-
e inúmeros funcionários lavando suas mãos sujas sobre pratos e tados nas próprias latas. O contato dos alimentos (milho ou ervilha,
talhares. Fica fácil perceber que esse é um item indispensável e que por exemplo) com o verniz do revestimento das latas (exposto após
faz toda a diferença. a abertura) pode aumentar muito a velocidade de oxidação do ali-
mento, causando, inclusive, a contaminação pela transferência de
Caixas de gordura metais.
As boas práticas da cozinha industrial passam pela atenção es- Abriu a lata? Passe para o porte de plástico ou de vidro (com
pecial às caixas de gordura e de esgoto, que devem ficar fora da tampa).
área de preparo e armazenamento de alimentos.
Cuidado com ovos
Utensílios e equipamentos de conservação frio e quente Durante o preparo de algum alimento, os ovos jamais podem
As lixeiras de uma cozinha profissional devem ter tampa e pe- ser quebrados diretamente na bancada da pia da cozinha profissio-
dal, de forma que não haja qualquer contato dos funcionários com nal. Isso pode gerar uma contaminação de mão dupla: se a pia esti-
esse material. Forno de convecção em aço inoxidável é imprescindí- ver limpa, uma eventual contaminação do ovo com salmonela será
vel, tanto pela sua facilidade de limpeza quanto pela sua resistência disseminada no lavatório, gerando o que se chama de “dissemina-
a altas temperaturas. ção cruzada”; se a pia estiver suja, você provocará em seus clientes
Congeladores, equipamentos de panificação e minifornos com uma poderosa infecção gastrointestinal, que pode levar à morte.
espaço interno dotado de cantos arredondados também facilitam a
higienização, evitando a proliferação de bactérias.​ Condições higiênico-sanitária dos manipuladores dos alimen-
Para se ter uma ideia do potencial de contaminação de uma tos
cozinha profissional, segundo um estudo de campo feito pela Uni- Nesta variável residem recomendações tão conhecidas quanto
versidade de Barcelona em 2015, 14% das pias de cozinha avaliadas ignoradas. Estudos na área de segurança alimentar indicam que um
apresentavam mais de 1 milhão de bactérias por metro quadrado. ser humano saudável carrega consigo milhões de microrganismos
Por segurança, esponjas e panos de pratos devem ser troca- por centímetro cúbico, fazendo com que um pequeno descuido
dos diariamente; deixá-los úmidos e jogados sobre a pia é convidar possa causar uma grave infecção alimentar em seus clientes.
milhões de microrganismos a habitarem esses utensílios. Vale lem- Dessa forma, atente-se a pequenos detalhes. Não permita que
brar que os germes encontram condições favoráveis para viverem em sua cozinha industrial haja o trânsito de pessoas com cabelos
por até 2 semanas em uma esponja umedecida. Por isso, cuidados soltos, com ferimentos ou utilizando perfumes intensos. Os cozi-
sanitários devem fazer parte de um processo de monitoramento nheiros devem usar desodorante inodoro, toucas, luvas descartá-
constante. veis e uniformes, que devem trocados todos os dias (EPIs básicos
Ah, e nada de colheres de pau ou com cabos de plástico, ok? No da cozinha).
primeiro caso, as ranhuras da madeira facilitam a entrada de bacté- A lavagem das mãos deve ser feita com água e sabão neutro
rias, enquanto, no segundo, os resíduos quase invisíveis a olho nu ou antisséptico, e deve contar com a fricção em todos os pontos
que ficam se acumulando no início desses cabos são catalisadores das mãos e dos pulsos por ao menos 20 segundos (de acordo com
poderosos de causas de infecção alimentar. recomendação da OMS). No entanto, mesmo com a devida higieni-
zação, deve-se evitar manipular os alimentos diretamente com as
Práticas de manipulação e condições de armazenamento dos mãos.
alimentos
1. Limpeza de equipamentos e utensílios
Variações de temperatura Os micro-organismos patogênicos podem se multiplicar em lo-
Os alimentos jamais devem ser descongelados fora da geladei- cais que não sejam adequadamente lavados.
ra (devem sair do freezer direto para a geladeira). De forma geral, Por isso, garanta a limpeza adequada e recomendada pelos fa-
a preparação de alimentos quentes deve estar acima de 60ºC e a bricantes dos equipamentos e utensílios utilizados na cozinha in-
de alimentos frios, em até 10ºC. Alimentos em banho-maria ou em dustrial.
descanso devem obedecer às condições apresentadas a seguir.
2. Água e sabão
a) Alimentos quentes Um dos métodos utilizados para a higiene dos utensílios e pe-
Em temperaturas acima de 60ºC — no máximo 6 horas. ças de equipamentos é a boa e velha lavagem com água e sabão.
Em temperatura menor do que 60ºC— no máximo 1 hora. Depois, tudo deve ser enxaguado com água corrente.
É prudente também fazer uma imersão destes aparatos em
b) Alimentos frios água fervente por cerca de 15 minutos.
Até 10ºC— no máximo 4 horas.
Entre 10ºC e 21ºC — no máximo 2 horas (salvo pratos que en- 3. Calor ou métodos químicos
volvam proteínas cruas). Se não for feita a desinfecção por calor, o ideal é usar os méto-
Proteínas cruas (como carnes e pescados) — devem ser manti- dos químicos indicados pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
dos por, no máximo, 2 horas em exposição a 5ºC .
4. Cloro
A OMS recomenda a utilização do cloro, que é um agente fun-
gicida e bactericida.

75
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Se usado nas concentrações adequadas, o risco de toxicidade A Agência Nacional de Vigilância Sanitária, conhecida como AN-
é baixo. VISA, surgiu em 1999, com a Lei nº 9.782. Sua missão é “promover e
proteger a saúde da população e intervir nos riscos decorrentes da
5. Não esqueça das bancadas, pisos, paredes, câmaras e ralos produção e do uso de produtos e serviços sujeitos à vigilância sani-
Lave bem as bancadas, pisos, paredes, câmaras e ralos com tária, em ação coordenada com os estados, os municípios e o Distri-
água e sabão, enxaguando em água corrente e quente. to Federal, de acordo com os princípios do Sistema Único de Saúde,
Use também a água clorada. para a melhoria da qualidade de vida da população brasileira”.
A ANVISA atua no controle sanitários de diferentes produtos
6. Tempo de ação e serviços, como cosméticos, medicamentos e alimentos, atuando,
Ao utilizar detergentes que possuem cloro em sua composição inclusive, nos ambientes, processos, insumos e tecnologias relacio-
química, aplique o produto e deixe agir por 10 minutos. nadas à produção e consumo dos mesmos. Outra função da ANVISA
Em seguida, enxague. é fiscalizar portos, aeroportos, fronteiras e recintos alfandegados.
Além desta competência mais generalizada, podemos destacar
7. Secagem natural que a ANVISA estabelece normas e padrões ao que cabe no contro-
Se possível, deixe que tudo seque naturalmente para evitar a le sanitário, concede registro a produtos, proíbe a fabricação, distri-
recontaminação. buição e armazenamento de produtos e interdita estabelecimentos
Diga não aos paninhos de cozinha e aos panos de chão, que que possam causar danos à saúde.
acumulam germes e os espalham no ambiente em vez de eliminá-
-los. O que a ANVISA fiscaliza na cozinha industrial
Quando um fiscal da Vigilância Sanitária chega a uma cozinha
8. Utensílios x mãos industrial, ele procura saber se o local cumpre as exigências da AN-
Garanta espaços separados para a lavagem de utensílios como VISA e se há pontos críticos que podem causar danos à população.
pratos, tigelas, formas, panelas, potes e talheres e para a lavagem Mas, calma, não é para ter medo da ANVISA. Ela é uma forma de
das mãos. manter a sua reputação e imagem limpa no mercado.
Cozinhas industriais adequadas não tem porque temer. Então,
9. Armazenagem nada de esconder defeitos embaixo do tapete, o melhor a se fazer
Armazene corretamente os materiais de limpeza e produtos é seguir com as suas obrigações legais e fazer o que necessário para
químicos e não esqueça de identificá-los. assegurar a qualidade das refeições produzidas.

10. Oscilações de temperatura De uma maneira mais específica, a ANVISA fiscaliza:


Cuidado para que a temperatura das geladeiras, freezers e câ- • A higiene de todo estabelecimento, incluindo o estoque, fre-
maras frias não sofra oscilações. ezers, geladeiras, etc;
Limpe frequentemente estes eletrodomésticos utilizando os • A higiene dos manipuladores de alimentos;
produtos recomendados pelos fabricantes de forma a evitar corro- • O manejo de resíduos;
são e odores. • O controle integrado de vetores e pragas;
Procure não usar esponjas que causam danos às superfícies. • A presença de um Responsável Técnico;
• A implantação das Boas Práticas de Manipulação de Alimen-
11. Impermeabilização do piso tos;
Opte por um conceituado fornecedor de impermeabilização de • A presença do Manual de Boas Práticas e POPs;
piso. • O treinamento dos manipuladores;
• A documentação do estabelecimento.
Normas da ANVISA para cozinha industrial
Abrir um estabelecimento alimentício sem cumprir com as obri- O porquê da fiscalização
gações legais do setor é crime. Por isso, para garantir a eficiência e Não é nada pessoal ou perseguição. A ANVISA, em sua atuação
sucesso do seu negócio, todo empreendedor ou empresário deve no Sistema Nacional de Vigilância Sanitária em cozinhas industriais,
conhecer quais são as normas da ANVISA para cozinha industrial. tem como missão garantir que surtos de Doenças Transmitidas por
Essa complexidade regulatória parte do princípio básico da Alimentos não aconteçam.
ANVISA: promover saúde por meio do controle sanitário. Afinal, Um surto de DTA é compreendido, de acordo com o Ministério
produção de alimentos não é brincadeira. Fazer um almoço de do- da Saúde, como “a situação em que duas ou mais pessoas apresen-
mingo é tarefa fácil perto de gerenciar um alto número de refeições. tam os mesmo sinais e sintomas após ingerir alimentos ou água de
A cozinha doméstica tem uma logística totalmente diferente da co- mesma origem”. De 2007 a 2017 foram registrados 6.848 surtos de
zinha industrial e é, nesse contexto, que surge a ANVISA, para pa- DTA com 121.283 doentes. Destes casos, 111 resultaram em óbito.
dronizar processos, com o objetivo de garantir que estes alimentos Isto, porém, é totalmente evitável, visto que 90% dos agentes
distribuídos para a população sejam seguros. causadores dessas doenças são bactérias como Escherichia coli, Sal-
monella e Estafilococos aureus. Bactérias que poderiam ser contro-
O papel da ANVISA ladas com o devido cuidado da manipulação de alimentos.
ANVISA para lá, ANVISA para cá. Ok, você entendeu que este é
um órgão público importante. Mas qual é a sua função? Como ela
atua em cozinhas industriais? Por que é comum que tantas pessoas
tenham receio da instituição?

76
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

• O descongelamento deve ser efetuado em condições de re-


frigeração à temperatura inferior a 5ºC ou em forno de microondas
quando o alimento for submetido imediatamente à cocção;
• Os serviços de alimentação devem dispor de Manual de Boas
Práticas e de Procedimentos Operacionais Padronizados.

A RDC n° 216 da Anvisa trata sobre o Regulamento Técnico de


Boas Práticas para Serviços de Alimentação, documento que aborda
estrutura física, equipamentos e utensílios, bem como manipulado-
res, insumos, treinamento profissional, registros e documentação
necessários para o correto funcionamento de uma cozinha indus-
trial.
As normas da ANVISA para cozinha industrial Baseado nesse documento, criamos um checklist completo so-
Para se adequar às normas da ANVISA, utiliza-se a RCD nº 216. bre os principais pontos fiscalizados durante uma inspeção da vigi-
Em alguns estados, porém, há legislações específicas, como na ci- lância sanitária. São eles:
dade de São Paulo, com a Portaria 2619/11. Já para o Estado de São
Paulo, se utiliza a CVS 5. Local de Trabalho
No portal da ANVISA, você encontra todas as legislações regu- Deve ser limpo e organizado;
lamentadoras. Mas você também pode usar a Cartilha Sobre Boas Deve possuir telas e outras medidas para o controle de pragas
Práticas Para Serviços de Alimentação, baseada na RDC nº 216, para e vetores de contaminação;
uma explicação mais objetiva e menos técnica. Quando necessário, aplicar venenos por meio da contratação
• As instalações, os equipamentos, os móveis e os utensílios de empresas especializadas;
devem ser mantidos em condições higiênico sanitárias apropriadas; O estabelecimento deve conter rede de esgoto ou fossa sép-
• Substâncias odorizantes e ou desodorantes não devem ser tica;
utilizadas nas áreas de preparação e armazenamento dos alimen- Manter caixas de gorduras e esgoto longe do local de preparo
tos; dos alimentos;
• Os produtos saneantes utilizados na cozinha industrial devem Boa iluminação e ventilação;
estar regularizados pelo Ministério da Saúde (nada de produto do As lâmpadas devem estar protegidas contra quebras;
caminhão de limpeza!); Deve-se conservar mesas e bancadas em boas condições;
• Os uniformes dos funcionários responsáveis pela atividade de Nunca guardar produtos de limpeza próximo aos alimentos e
higienização das instalações sanitárias devem ser diferentes daque- somente usar produtos regularizados;
les utilizados na manipulação de alimentos; Na área de preparo, a pia para lavar as mãos não deve ser a
• Deve existir um conjunto de ações eficazes e contínuas de mesma para a lavagem dos utensílios.
controle de vetores e pragas urbanas;
• Deve ser utilizada somente água potável para manipulação Banheiros
de alimentos, tanto para gelos ou cozimento no vapor; Banheiros e vestiários devem estar longe do local de preparo
• O reservatório de água deve ser higienizado, em um intervalo dos alimentos;
máximo de seis meses, devendo ser mantidos registros da opera- Devem ser mantidos limpos e organizados;
ção; É necessário papel higiênico, sabonete líquido, álcool em gel
anti-séptico, papel toalha e lixeiras com tampa e pedal.
Os resíduos devem ser frequentemente coletados e estocados
em local fechado e isolado da área de preparação e armazenamen- Cuidados com a Água
to dos alimentos; O estabelecimento deve ser abastecido com água corrente tra-
• Os manipuladores devem usar cabelos presos e protegidos tada;
por redes ou toucas; A água deve ser analisada de 6 em 6 meses, caso provenha de
• Não é permitido o uso de barba; poços artesianos;
• As unhas devem estar curtas e sem esmalte ou base; Para o preparo de alimentos e gelo, a água deve ser indiscuti-
• Durante a manipulação, devem ser retirados todos os objetos velmente potável;
de adorno pessoal e a maquiagem; A caixa d’água deve estar conservada tampada, sem rachadu-
• Os manipuladores que apresentarem lesões e ou sintomas de ras, vazamentos, infiltrações e descascamentos;
enfermidades que possam comprometer a qualidade higiênico-sa- De 6 em 6 meses a caixa d’água deve ser lavada e desinfetada
nitária dos alimentos devem ser afastados da atividade de prepara- (higienizada).
ção de alimentos enquanto persistirem essas condições de saúde;
• As matérias-primas, os ingredientes e as embalagens devem Cuidados com o Lixo
ser armazenados em local limpo e organizado, de forma a garantir A cozinha deve ter lixeiras de fácil limpeza, com tampa e pedal;
proteção contra contaminantes; O lixo deve ser retirado para fora da área de preparo de alimen-
• O tratamento térmico deve garantir que todas as partes do tos em sacos bem fechados e para áreas específicas;
alimento atinjam a temperatura de, no mínimo, 70ºC; Após o manuseio do lixo, é necessário lavar muito bem as mãos.
• Os óleos e gorduras utilizados devem ser aquecidos a tempe-
raturas não superiores a 180ºC;

77
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Manipulador de Alimentos Manter os alimentos em caixas térmicas apropriadas durante


Deve estar sempre impecavelmente limpo; deslocamentos demorados;
O uniforme deve ser usado somente na área de preparo dos O veículo deve estar rigorosamente limpo.
alimentos;
A troca de uniforme deve ser feita diariamente, para mantê-lo Serviço
limpo e conservado; Área das mesas e cadeiras devem estar sempre limpas e orga-
Cabelos presos e cobertos com redes ou toucas. Homens não nizadas;
podem usar barba; Os equipamentos (estufas, balcões, buffets, geladeiras, free-
Não utilizar brincos, pulseiras, anéis, alianças, colares, relógio, zers etc.) devem estar conservados, limpos e funcionando bem;
maquiagem ou curativos; A temperatura das estufas, buffets e geladeiras deve estar re-
gulada de forma que os alimentos quentes permaneçam acima de
Unhas curtas e sem esmalte; 60ºC e os alimentos frios permaneçam abaixo de 5ºC.
Sempre lavar as mãos antes de preparar os alimentos e sempre Procure diminuir ao máximo o tempo entre o preparo e a dis-
que deixar o ambiente de manipulação; tribuição dos alimentos;
Não fumar, comer, tossir, espirrar, cantar, assoviar, falar demais Todos os balcões e buffets devem ser protegidos para que
ou mexer em dinheiro durante o preparo de alimentos; clientes não contaminem os alimentos enquanto se servem;
Não manipular alimentos quando estiver doente ou com cortes Os funcionários responsáveis por servir o alimento devem estar
e feridas; sempre com as mãos lavadas;
Realizar exames periódicos de saúde, inclusive de fezes. Os funcionários que manipulam o alimento (mesmo com guar-
danapos, pegadores e talheres) não podem ter contato com dinhei-
Insumos ro.
Adquira ingredientes de estabelecimentos limpos, organizados
e confiáveis; Conservação dos Alimentos Preparados
Armazenar os produtos congelados e refrigerados e, por últi- Frios: 5°C ou inferior. Prazo: 5 dias;
mo, os não-perecíveis; Quentes: 60°C ou superior. Prazo: 6 horas.
Os locais de armazenamento devem ser limpos, organizados,
ventilados e protegidos de insetos e outros animais; Como devem ser as instalações físicas da cozinha industrial
Não use e não compre produtos com embalagens amassadas, Em uma cozinha doméstica, você pode seguir o estilo que dese-
estufadas, enferrujadas, trincadas, com furos ou vazamentos, ras- jar: industrial, escandinavo ou vintage. Em serviços de alimentação,
gadas, abertas ou com outro tipo de defeito; porém, a história é outra. Da cor da parede ao tipo de porta, as
Limpe as embalagens antes de abri-las; instalações físicas da cozinha industrial devem seguir as diretrizes
Os ingredientes que não forem utilizados totalmente devem regulatórias a fim de evitar riscos à saúde.
ser armazenados em recipientes limpos e identificados com nome Lembre-se que as orientações técnicas, apesar de bem especí-
do produto, data da retirada da embalagem original, prazo de vali- ficas, são importantes para que haja uma padronização dos serviços
dade após a abertura. e um controle higiênico sanitário. Tudo é pensado para que a ma-
nipulação de alimentos ocorra da maneira mais adequada e segura
Preparo de Alimentos o possível
Lave as mãos antes de preparar os alimentos e depois de ma-
nipular alimentos crus; Por que seguir as diretrizes?
O alimento deve ser bem cozido, em altas temperaturas de for- A legislação existe, isso é verdade. Mas, apesar da sua obriga-
ma que todas as partes atinjam no mínimo a temperatura de 70ºC; toriedade, não há garantia de que o dono do restaurante ou UAN
Evite o contato de alimentos crus com alimentos cozidos. Tro- irá seguí-la. Basta lembrar quantas notícias de restaurantes interdi-
que ou lave os utensílios usados no preparo de alimentos crus antes tados vemos por aí.
de utilizá-los em alimentos cozidos; Outro alerta é um episódio do programa Conexão Repórter
Troque o óleo regularmente; que, em 2015, mostrou o que acontece por trás do balcão de al-
Alimentos congelados e refrigerados não devem permanecer guns serviços de alimentação. Sujeira, ratos, reaproveitamento de
fora do freezer ou geladeira por tempo prolongado; sobras, desorganização, falta de higiene e alimentos vencidos. São
Identificar alimentos preparados e armazenados na geladeira tantas irregularidades que não há como não se assustar.
ou no freezer com nome do produto, data de preparo, prazo de va- E, diferente do que muitos pensam, a legislação não é uma
lidade; exigência supérflua. Mexer com alimentação coletiva é, em alguns
Não descongelar alimentos à temperatura ambiente. Utilizar o casos, mexer com casos de vida ou morte. Produzir alimentos é
forno de microondas se for prepará-lo imediatamente ou deixar o uma atividade complexa e o menor deslize pode ocasionar conse-
alimento na geladeira até descongelar. As carnes devem ser descon- quências desastrosas, tanto para o estabelecimento quanto para o
geladas dentro de recipientes. cliente.
No que diz respeito às instalações físicas, o objetivo, além de
Transporte de Alimentos garantir a segurança dos alimentos, é evitar acidentes, melhorar o
O alimento a ser transportado deve ser armazenado em vasi- fluxo de trabalho e a qualidade da produção como um todo. Não
lhames bem fechados; encare as medidas como obrigações ruins, mas, sim, medidas pre-
Os vasilhames devem estar identificados com nome do alimen- ventivas.
to, data de preparo e prazo de validade;

78
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Abaixo, abordaremos o que é falado na RDC nº 216, da ANVI- Deve possuir ângulos arredondados no contato com o piso e
SA. Confira se na sua região não há regras municipais ou estaduais teto.
diferentes
Forros e tetos
Como devem ser as instalações físicas da cozinha industrial? Acabamento liso, impermeável, de cores claras e em bom esta-
Para ressaltar o que foi dito acima, vale lembrar o objetivo da do de conservação; isento de goteiras, vazamentos, umidade, trin-
RDC nº 216: “estabelecer procedimentos de Boas Práticas para ser- cas, rachaduras, bolor e descascamento.
viços de alimentação a fim de garantir as condições higiênico-sani- Se houver necessidade de aberturas para ventilação, esta deve
tárias do alimento preparado”. Afinal, não basta ter o alimento. Ele possuir tela com espaçamento de 2mm e removíveis para limpeza.
deve ser próprio para consumo. Pé direito: Térreo de no mínimo 3m e em andares superiores
Com isso, fica a dica, não se autossabote: seguir a legislação é maior que 2,7m.
uma maneira de otimizar a operação, aumentar a eficácia dos pro-
cessos, minimizar os riscos, evitar desperdícios e garantir o retorno Portas e janelas
do seu investimento. Na área de preparação e armazenamento, a RDC nº 216 pede
Vamos, então, às informações sobre como devem ser as insta- por portas com fechamento automático. Essa é uma maneira de
lações físicas da Cozinha Industrial? evitar a passagem de agentes contaminantes para as mãos dos fun-
cionários.
Separação de atividade Você não quer moscas em sua cozinha, certo? Por isso, as aber-
É importante separar cada fase da produção. O pré preparo e turas externas dessas áreas devem possuir telas milimetradas, im-
a cocção, por exemplo, não podem ocorrer no mesmo lugar, assim pedindo o acesso de vetores e pragas urbanas. Opte também por
como o preparo de carne e cereais não devem se cruzar. Não tem telas removíveis, que são fáceis de limpar.
como deixar um funcionário lavando salada ao lado de outro cor- As portas devem ter superfície lisa, de cores claras, de fácil lim-
tando carne crua. peza, ajustadas aos batentes, de material não absorvente, com fe-
Entenda que a cozinha tem de seguir uma lógica, desde o rece- chamento automático (mola ou similar) e protetor no rodapé.
bimento até a distribuição. Todos os processos, do começo ao fim, As entradas principais e os acessos às câmaras devem ter me-
devem fluir ordenadamente sem se atropelar. Essas separações po- canismos de proteção contra insetos e roedores.
dem ser físicas ou de outras maneiras viáveis que evitem a conta- Janelas com telas milimétricas limpas, sem falhas de revesti-
minação. mento e ajustadas ao batente. As telas devem ter malha de 2mm e
Você pode, por exemplo, construir muros entre as fases de pro- serem de fácil limpeza.
dução dos alimentos ou, então, organizar a cozinha em escalas, com As janelas devem estar protegidas de modo a não permitir que
horários para cada etapa. Fazer um mapa com o fluxo da cozinha é os raios solares incidam diretamente sobre os alimentos ou equipa-
uma forma de identificar visualmente quais processos se cruzam e mentos mais sensíveis ao calor.
como otimizá-los.
Iluminação
Piso, parede e teto Como cozinhar sem uma luz boa? Impossível! Por isso, dentro
Devem possuir revestimento, liso, impermeável e lavável. Não da cozinha a iluminação tem de permitir que as atividades sejam
podem apresentar rachaduras, trincas, goteiras, vazamentos, infil- realizadas sem comprometer a qualidade e as características dos
trações, bolores, descascamentos e outras imperfeições. alimentos. Se não tem luz, como você vai saber se algo passou do
Isso significa nada de cozinha com parede de textura e chão ponto ou está estragado pela cor?
usando o piso da moda. Algumas legislações ainda especificam a Não esqueça que essas lâmpadas devem estar protegidas de
cor destes revestimentos, que devem ser claros, facilitando a limpe- quedas acidentais e explosões!
za. O que faz total sentido, pois imagine entrar em uma cozinha com O ambiente deve ter iluminação uniforme, sem ofuscamentos,
as paredes pretas, você nunca vai saber quando há sujeira ou não. sem contrastes excessivos, sombras e cantos escuros.
Além de impermeável, é importante que o piso seja antiderra- As lâmpadas e luminárias devem estar limpas e protegidas con-
pante para evitar acidentes. Garantir a segurança dos seus funcio- tra explosões e quedas acidentais e em bom estado de conservação.
nários também é algo a se levar em consideração. Não devem alterar as características sensoriais dos alimentos.

Piso Banheiros e lavatórios


Deve ser feito de material liso, resistente, impermeável, lavá- A cozinha deve dispor de lavatórios para as mãos na área de
vel, de cores claras e em bom estado de conservação, antiderrapan- manipulação. Nesse lavatório, os funcionários encontrarão sabone-
te, resistente ao ataque de substâncias corrosivas e que seja de fácil te líquido sem cheiro antisséptico ou, então, sabonete sem cheiro
higienização, não permitindo o acúmulo de alimentos ou sujidades. mais produto antisséptico, como álcool em gel.
Deve possuir inclinação suficiente em direção aos ralos, evitan- Ah, e nada de toalhas normais para secar as mãos! Disponibili-
do água estagnada. Os ralos devem ser sifonados, e as grelhas de- ze toalhas de papel não reciclado.
vem possuir dispositivos que permitam o fechamento. Os banheiros e vestiários, por sua vez, não podem estar ligados
à área de manipulação de alimentos. Independentemente da prati-
Paredes cidade, não é nada higiênico ter um banheiro conectado à cozinha.
Devem ter acabamento liso, impermeável, lavável, de cores cla-
ras, isento de fungos (bolores) e em bom estado de conservação.
Azulejada – deve-se respeitar a altura mínima de 2 metros.

79
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Outros pontos importantes


Toda instalação elétrica precisa estar embutida ou protegida. Nada de fios soltos!
Os ralos devem ser ser sifonados.
Os lixos precisam ter tampas e acionamento por pedal ou automático.
O fluxo de ar da ventilação não pode cair diretamente nos alimentos.
Os equipamentos, móveis e utensílios usados em todas as etapas da produção devem ser lisos, impermeáveis e laváveis, além de não
apresentarem imperfeições que impossibilitem a higienização ou se tornem fontes de contaminação.
As caixas de gordura e esgoto não podem ficar dentro da área de preparação e armazenamento de alimentos.

Gestão operacional dos serviços


Após a montagem das cozinhas, existe também uma série de regras que organizam o dia a dia na cozinha comercial. Estas são geral-
mente observadas pelas visitas da Vigilância Sanitária, e existem em busca de garantir a segurança dos alimentos produzidos e comercia-
lizados, assim prezando pela saúde do consumidor.
Estas regras dizem respeito a todos os processos de uma cozinha, principalmente sobre manipulação, armazenamento e identificação
dos produtos.

Fluxograma de serviço em cozinha industrial

Armazenamento
O armazenamento de mercadorias é mais uma das etapas do Controle de Qualidade do Serviço de Alimentação e Nutrição. As maté-
rias-primas devem ser armazenadas em condições cujo controle garanta:
• Proteção contra a contaminação;
• Redução, ao mínimo, das perdas da qualidade nutricional;

80
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

• Não deterioração do produto. • Sobremesas, frios e laticínios manipulados: até 8ºC por 24
horas, até 6ºC por 48 horas ou até 4ºC por 72 horas;
O estoque de mercadorias deve ser departamentalizado de • Maionese e misturas de maionese com outros alimentos: até
acordo com os seguintes critérios: 4ºC por 24 horas.
• Área de produtos de limpeza em ambiente diferente da área • É importante também atentar-se para a organização interna
dos alimentos; das câmaras frias e freezers:
• Alimentos sob refrigeração (0ºC a 10ºC, conforme produto);
• Sob congelamento (-18ºC ou inferior); Departamentalizar as unidades refrigeradas, mantendo os ali-
• Sob temperatura ambiente (ideal até 26ºC com umidade mentos separados de acordo com a sua natureza e preparo:
igual a 50 a 60%); i) massas frescas; produtos cárneos; laticínios; frios e embu-
• Descartáveis separados dos alimentos (temperatura ambien- tidos; verduras e legumes; temperos etc. devem ser separados,
te). sempre que possível, em equipamentos distintos ou quando num
mesmo equipamento, em locais diferentes;
Sobre o armazenamento pós manipulação: ii) produtos processados e/ ou prontos para consumo, tais
• Respeitar rigorosamente as recomendações do fornecedor como saladas prontas; sobremesas prontas; alimentos pós-cocção
para o adequado armazenamento de alimentos no estoque sob etc. devem ser mantidos separados entre si.
temperatura ambiente, sob congelamento e/ou sob refrigeração.
• Após a abertura das embalagens originais perde-se imediata- Organizar as unidades refrigeradas de modo que os alimentos
mente o prazo de validade do fabricante. Passa a prevalecer, então, fiquem assim distribuídos:
a validade do produto após aberto, que consta na embalagem. i) parte mais alta = alimentos prontos para consumo;
• Não congelar os alimentos destinados à refrigeração, pelo ii) parte intermediária = alimentos pré-preparados;
fornecedor, em suas embalagens originais. iii) parte mais baixa = alimentos in natura, como carnes cruas,
• Não recongelar crus os alimentos que tenham sido descon- hortifrutigranjeiros não higienizados etc.).
gelados para serem manipulados. Os alimentos descongelados só
poderão submeter-se a novo congelamento se forem processados. SANEAMENTO
• Programar o uso de carnes considerando que após o descon-
gelamento estas somente poderão ser armazenadas sob refrigera-
ção (até 4ºC) por até 72 horas para bovinos e aves, e por até 24 Saneamento básico é um conceito que está relacionado com
horas para pescados. o controle e distribuição dos recursos básicos (abastecimento, tra-
• Armazenar em temperatura de segurança os alimentos pron- tamento e distribuição de água, esgoto sanitário, coleta e destino
tos que sofreram cocção, mantendo-os sob refrigeração (até 4ºC) adequado do lixo, limpeza pública) tendo em conta o bem-estar fí-
por 72 horas ou sob congelamento (-18ºC ou inferior) por 30 dias. sico, mental ou social da população.
Em ambos os casos, devem ser devidamente etiquetados, respei- No Brasil, o saneamento básico é definido pela Lei nº.
tando as recomendações de uso. 11.445/2007, sendo um direito assegurado pela Constituição a par-
• Não recongelar alimentos prontos, congelados, que já te- tir de investimentos públicos na área. Segundo a Organização Mun-
nham sido descongelados anteriormente. dial de Saúde (OMS):
• Para armazenamento seguro dos produtos crus semiprontos “Saneamento é o controle de todos os fatores ambientais que
preparados com carnes descongeladas, tipo hambúrguer, almôn- podem exercer efeitos nocivos sobre o bem-estar, físico, mental e
degas etc., devem ser seguidas temperaturas sob refrigeração (até social dos indivíduos”.
4ºC) por 72 horas ou sob congelamento (-18ºC ou inferior) por 30
dias, desde que não sofram novo descongelamento, ou seja, desde Saneamento Básico e Saúde
que sejam utilizados diretamente na cocção atingindo no mínimo A falta de saneamento básico pode gerar inúmeros problemas
70ºC no centro geométrico do alimento. de saúde. Portanto, o conjunto de fatores que reúnem o saneamen-
• Atentar para a correta identificação dos produtos, através de to levam a uma melhoria de vida na população na medida que con-
etiquetas, de acordo com as recomendações de uso. trola e previne doenças, combatendo muitos vetores.
• Armazenar adequadamente os alimentos industrializados Nesse caso, podemos pensar num dos maiores problemas en-
que não tenham sido totalmente utilizados, isto é, retirá-los da em- frentados pela população brasileira atualmente com a dissemina-
balagem original, colocá-los em nova embalagem adequada e iden- ção do mosquito da dengue os quais se proliferam mediante a água
tificá-los com etiquetas, de acordo com as recomendações de uso. parada.
Dessa forma, o saneamento básico promove hábitos higiênicos
Para refrigeração os seguintes critérios devem ser seguidos: e controla a poluição ambiental, melhorando assim, a qualidade de
• Pescados e seus produtos manipulados crus: até 4ºC por 24 vida da população.
horas; Outras doenças que podem estar relacionadas com a falta de
• Carnes bovina, suína, aves e outras e seus produtos manipu- saneamento básico são:
lados crus: até 4ºC por 72 horas; • disenteria
• Folhosos e frutas sensíveis: até 10ºC por até 72 horas; • giardíase
• Outras frutas e legumes: até 10ºC por até 1 semana; • amebíase
• Alimentos pós-cocção: até 4ºC por 72 horas; • gastroenterite
• Pescados pós-cocção: até 4ºC por 24 horas; • leptospirose
• peste bubônica

81
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

• cólera
• poliomielite
• hepatite infecciosa
• febre tifoide
• malária
• ebola
• sarampo

Saneamento Ambiental
O saneamento ambiental é um conceito que está intimamente
associado à sustentabilidade, ou seja, à conservação e melhoria do
meio ambiente a partir do impacto ambiental gerado.
Ele reúne um conjunto de procedimentos que visam a qualida-
de da população, sobretudo na infraestrutura das cidades, as quais
geram poluição do ar, da água e do solo.
Uma importante medida adotada por programas de sanea-
mento ambiental é a conscientização e educação da população em
geral com o intuito de alertar para a importância da conservação
ambiental.
A ATUAL SITUAÇÃO DO SANEAMENTO BÁSICO NO BRASIL
Os últimos dados levantados pelos principais órgãos desse se-
tor foram em 2015. Assim, as informações aqui discutidas serão ba-
seadas neste ano de referência.
Em 2017 a lei do saneamento completou 10 anos. O gráfico
abaixo apresenta a evolução do atendimento de água e esgoto, em
média, em todo o país. É possível notar que nestes anos, as diferen-
ças não foram excepcionais.

E os outros serviços do saneamento?


Quando falamos em saneamento básico focamos em água e es-
goto e acabamos por esquecer dos outros dois serviços. O terceiro
serviço do saneamento é a coleta regular do lixo.
Dados do Sistema Nacional de Informações de Saneamento
(SNIS) referente a 2014 mostrou que a quantidade de casas aten-
didas por serviços de coleta aumentou. Porém, ainda são 17,3 mi-
lhões de pessoas vivendo em regiões com nenhum tipo de coleta
de lixo.
Na zona rural, os dados são ainda piores. 47% da população
rural do país não tem nenhum acesso a coleta de lixo.
E se a situação é ruim para a coleta regular de lixo, imagine a
coleta seletiva! Os dados do SNIS mostraram que apenas 23% dos
municípios brasileiros contam com a reciclagem.
O índice de esgoto passou de 42% para 50,3% em 2015. Isso re- Até a data desta publicação, o SNIS ainda não havia divulga-
presenta uma evolução de menos de um ponto percentual ao ano. do os resultados do diagnóstico de drenagem e manejo das águas
Para a água foi ainda pior. De 80,9% em 2007 para 83,3% em 2015. pluviais. Por isso, deixaremos os dados deste serviço fora do texto.
Uma evolução de menos de 3 pontos percentuais em oito anos.
Quando se olha para as regiões, as diferenças ficam ainda O que o governo tem feito?
maiores. A região Norte tem a situação mais precária, principal- O Governo Federal buscou investir no setor. O PAC (Programa
mente quando se refere à coleta de esgoto. Por outro lado, o Su- de Aceleração do Crescimento) destinou em torno de R$ 70 bilhões
deste consegue os melhores índices: 91,2% de abastecimento de em obras relativas ao saneamento básico. Entretanto, como mos-
água e 77,2% de coleta de esgoto. tram os dados, os investimentos ainda não são o suficiente.

82
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Em 2016, o presidente Michel Temer sancionou a Lei nº 13.329 SAÚDE PÚBLICA E SANEAMENTO BÁSICO
que institui o Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimen- Agora que já temos uma visão atual do setor de saneamen-
to do Saneamento Básico. Pretende-se com isso, incentivar os in- to e da saúde pública no Brasil, podemos discutir um pouco sobre
vestimentos na área do saneamento em troca de créditos em tribu- ambos. Não é que todos os problemas da saúde seriam resolvidos
tação para as empresas prestadoras. com a universalização do acesso ao saneamento. Mas ajudaria (e
Com as instabilidades financeiras que o Brasil tem passado nos muito!).
últimos tempos, o Secretário Nacional de Saneamento Ambiental É claro que o setor da saúde como um todo necessita de maio-
afirmou que não será possível atingir a meta de universalização do res planejamentos, infraestrutura e de boa gestão. Mas, o que sem-
saneamento até 2033. Mas, diz que o governo buscará maiores in- pre falamos aqui no blog é: o saneamento auxilia na redução das
vestimentos para o setor ao longo dos próximos anos. doenças e proporciona um ambiente mais saudável.
Com o Decreto nº 7.217 aprovado em 2010, espera-se que os
municípios planejem e deem uma melhor destinação para o dinhei- E qual a consequência?
ro público. As pessoas livres de doenças vão ao trabalho, as crianças vão à
Apesar dos diversos adiamentos, o decreto determina que os escola, as condições sanitárias e higiênicas melhoram, dentre mui-
recursos da união para o setor só serão repassados caso as cidades tos outros fatores.
elaborem o Plano Municipal de Saneamento Básico. Com as diver- Já apresentamos aqui os diversos benefícios que o saneamento
sas postergações, o decreto está para entrar em vigor em 2019. básico traz à população. E também, sempre destacamos a quantida-
A falta de saneamento traz malefícios sociais, ambientais, fi- de de doenças que um ambiente poluído pode proporcionar.
nanceiros e principalmente para a saúde. Édison Carlos, presidente Epidemias de dengue, cólera, disenteria, esquistossomose, lep-
do Instituto Trata Brasil, afirma que o “básico” do nome não está ali tospirose, dentre muitas outras enfermidades que se incidem no
à toa, é a estrutura mais elementar e relevante para a sociedade. meio do lixo, do esgoto e das águas poluídas.
Essas doenças significam mais internações, maior demanda por
A ATUAL SITUAÇÃO DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL leitos, cuidados e medicamentos. A OMS afirma que cada real in-
Há quem diga que a situação atual da saúde pública no Brasil vestido em saneamento economiza quatro reais na saúde. Pessoas
está um caos. Infelizmente não podemos discordar. O que vemos doentes custam altos valores ao governo federal.
constantemente na mídia são notícias de hospitais lotados e a falta O Instituto Trata Brasil prevê que caso 100% da população ti-
de investimentos no setor. vesse acesso à coleta de esgoto haveria uma redução de 74,6 mil
Em 2013, a Consultoria Bloomberg divulgou um ranking sobre a internações.
eficiência de sistemas nacionais de saúde. O estudo levou em consi- Para se ter uma noção, em termos quantitativos, em 2013 o
deração 48 países que possuíam, na época, PIB per capita superior SUS notificou 340 mil internações por infecções gastrintestinais. Em
a cinco mil dólares. O Brasil ficou em último lugar. De acordo com a média, o custo por paciente de uma internação por essa doença é
empresa, o país investe muito, mas entrega pouco. de R$ 355,71. Agora imagine os gastos com todas as doenças gera-
É bastante comum encontrar hospitais e unidades de saúde das pela falta de saneamento básico.
lotadas. Dados do Tribunal de Contas da União indicam que 64% É muito, não?
dos hospitais estão sempre superlotados. O SUS foi criado com a Além disso, as mais afetadas por essas doenças são as crianças.
intenção de atender a todos. Porém, há muito tempo o sistema en- De acordo com a Unicef, 88% das mortes por diarreia no mundo
contra-se falho. são relacionadas à falta de saneamento. Deste número, 84% são
crianças.
Quais os motivos? A exposição a um ambiente poluído afeta seriamente o desen-
Muitos especialistas dizem que o problema na saúde brasileira volvimento das crianças. Frequentes diarreias, desidratações, con-
é a má gestão dos recursos. E também os desvios dos mesmos. sumo de água sem tratamento adequado e até mesmo pequenas
A realidade torna-se difícil: superlotação, atendimentos no cor- infecções intestinais podem comprometer seriamente o estado nu-
redor, estrutura física precária, ausência de médicos e enfermeiros, tricional e o crescimento da criança.
falta de medicamentos, demora no atendimento, dentre tantos ou- Assim, pensar em saneamento também é refletir sobre outros
tros problemas. setores.
O descontentamento da população cresce. Mas, as doenças e Como podemos ver, o acesso ao saneamento impacta na eco-
epidemias não param de crescer. Desde 2015 o Brasil vive uma trí- nomia e na saúde. Economia porque proporciona um ambiente
plice epidemia de vírus transmitidos pelo mosquito Aedes Aegypti. saudável para a população, com mais saúde, os trabalhadores pro-
E os casos só aumentam a cada ano. duzem mais, as crianças vão à escola, e isso gera maior receita e
Em 2017, o país já viveu um surto de febre amarela, que é uma menos desperdício de recursos, tanto para o governo quanto para
doença evitável por vacina. De acordo com o epidemiologista Carlos as empresas privadas.
Ferreira, em entrevista para a revista IstoÉ, há uma grande fragi- Saúde porque uma menor incidência de doenças proporciona
lidade do sistema de saúde pública e descaso. Para ele, há muita um menor índice de internações. Assim, necessita-se de menos ma-
descontinuidade administrativa e falta de informação à população. terial, menos recursos humanos e menos dinheiro público.
Para ele, por exemplo, muitas pessoas morreram de febre
amarela por falta de conhecimento. Muitas se expuseram à áreas
de risco sem receber o mínimo de informações. Não basta de um
controle de vacinação, é necessário o uso de indicadores e levar
informações às áreas de risco. Divulgar apenas quando há um surto,
não é o suficiente.

83
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

E QUAL A SOLUÇÃO PARA A ATUAL SITUAÇÃO DA SAÚDE PÚ- Alguns itens são estudados na para diagnóstico das epidemio-
BLICA E SANEAMENTO BÁSICO NO BRASIL? logias nutricionais e seu desenvolvimento nas fases da vida, entre
Já começo dizendo que não existe fórmula mágica. Existem eles: amamentação, introdução alimentar, prática de atividade fí-
boas práticas de gestão e existe eficácia das ações. O país precisa sica, sobrepeso, obesidade e saúde mental, segurança alimentar,
dos dois. É preciso uma boa gestão dos investimentos realizados alimentação e nutrição dos povos indígenas, políticas públicas de
tanto no setor de saúde quanto no de saneamento. alimentação e nutrição em geral.
Sem uma boa gestão, a grande parte dos recursos vão para
onde não precisam ir. Lembra do ranking de eficiência na saúde? Diagnóstico do estado nutricional de populações
É um bom exemplo disso. Não basta investir em lugares errados. No Brasil os casos de DCNT são os maiores problemas de saúde
É preciso uma reformulação do básico. A forma de se investir, pública, o aumento de casos de sobrepeso e obesidade é uma das
de planejar e de executar deve ser modificada. Aliás, como vimos, causas mais frequentes para esse aumento, incluindo o sedentaris-
a melhoria dos serviços de saneamento reduz a necessidade de in- mo, o que diminui o bem estar e qualidade de vida e aumenta os
vestimentos na saúde, certo? custos do SUS. Sabe-se que cerca de 74% das causas de morte no
Brasil são por decorrência de DCNT.
Quais doenças o saneamento previne? Já em questão global, a má alimentação é uma das principais
-Diarreia: a diarreia é uma doença gastrintestinal que pode ser causas de doenças.
contraída por água e/ou alimentos contaminados. Em 2019, um estudo verificou que 63% das pessoas acompa-
-Leptospirose: a leptospirose está liga à locais com saneamento nhadas pela Atenção Primária á Saúde, estavam em excesso de
precário onde os roedores se proliferam, como locais perto de cór- peso, e destes cerca de 28% eram obesas, o que representa uma
regos, aglomerados subnormais. fatia de mais de 11 milhões de pessoas com sobrepeso e obesidade
-Dengue: a dengue é transmitida pelo mosquito Aedes Aegypti no Brasil.
que se multiplica em água parada. O mosquito atualmente é trans- O gráfico abaixo representa por região a porcentagem de pes-
missor de outras doenças, como Zika Vírus. soas com excesso de peso, declarado pelo SISVAM (Sistema de Vigi-
-Amarelão: o amarelão é a doença do Jeca Tatu, é transmitida lância Alimentar e Nutricional) em 2019.
principalmente por um parasita que pode ser encontrado no solo Outras doenças de saúde pública do Brasil são: desnutrição
contaminado. energético-proteica, anemia ferropriva, bócio, hipovitaminose A e
cárie.
Fonte: https://www.eosconsultores.com.br/situacao-da-saude-publica-
-e-saneamento-basico Nutrição e Infecções
A nutrição tem como um dos seus papéis o processo de recupe-
SAÚDE E NUTRIÇÃO ração da saúde, e as infecções têm causas diversas, mas podem ser
prevenidas através de hábitos como:
• Higienização correta dos alimentos;
A nutrição e saúde publica, estuda os aspectos e interferências • Aleitamento Materno nos primeiros meses de vida, sendo im-
que a alimentação tem no bem estar e saúde dos indivíduos, veri- portante para evitar as infecções respiratórias agudas;
ficando os fatores nutricionais como faltas e excessos e suas ações • Consumo de alguns alimentos com função anti-inflamatória,
em morbimortalidade. antiviral, antifúngica, bactericida e que protege de várias infecções,
As causas de mais estudo neste campo são as doenças crôni- como a cebola e o alho, o gengibre e os alimentos ricos em vitamina
cas não transmissíveis (DCNT) onde se aborda a obesidade, a hi- C;
pertensão, as doenças cardiovasculares, as diabetes e alguns tipos • Assim, como outros ali mentos ricos em óleos essenciais e
de câncer, como também as doenças infecciosas e transmissíveis, a outros minerais que aumentam a imunidade.
desnutrição e as carências nutricionais.
O nutricionista no campo da saúde pública ele atua no campo Vigilância Nutricional
coletivo junto com a equipe multiprofissional ou atuando particu- A vigilância alimentar e nutricional visa aplicar ferramentas que
larmente em consultas individuas e é muito importante no âmbito busca observar, coletar e analisar informações descrevem as condi-
da estratégia da saúde da família (ESF), criada no SUS. ções alimentares e nutricionais de uma população. Traz como ob-
O SUS, o sistema único de saúde, é o que gere todo este cam- jetivo elencar assuntos e temas para as ações políticas, auxiliando
po da saúde pública, trazendo assistência a toda a população in- no planejamento, monitoramento e gerenciamento de programas e
dependente de classe social e renda, sendo integral, igualitário e atividades favorecendo melhoria do hábito e padrão alimentar e do
universal. estado nutricional do povo.
Sua principal estratégia e verificar o estado de nutricional nas
Epidemiologia Nutricional fases da vida, principalmente crianças e gestantes e população de
A epidemiologia nutricional fala sobre a utilização de ferramen- baixa renda que estão mais propensos a condições nutricionais pro-
tas ideais a avaliação da dieta, investigando interação entre dieta e blemáticas.
doença. Em relação ao mundo atual alguns fatores nutricionais tem
relação importante das DCNT, exigindo aos profissionais da saúde
estudos relativos as epidemiologias de cunho alimentar e nutricio-
nal.

84
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Atividades de nutrição em Programas integrados de saúde pública


A presença de política e programas de nutrição em saúde pública visa promover o direito igualitário de todos à alimentação de qualida-
de, promovendo em si práticas de promoção á saúde através do acesso a alimentação saudável. Entre os programas atuais encontram-se:
• Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN);
• Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN)
• Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN);
• Bolsa Família;
• Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT);
• Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).

O PNAN principalmente, como política nacional consolida em suas 9 abordagens em sua prática, que são: Organização da Atenção Nu-
tricional, Promoção da Alimentação Adequada e Saudável, Vigilância Alimentar e Nutricional, Gestão das Ações de Alimentação e Nutrição,
Participação e Controle Social, Qualificação da Força de Trabalho, Controle e Regulação dos Alimentos, Pesquisa, Inovação e Conhecimento
em Alimentação e Nutrição e Cooperação e articulação para a Segurança Alimentar e Nutricional.
E dentro destes programas, o papel do nutricionista é promover a saúde em suas fases de vido, do nascer ao envelhecer, favorecendo e
auxiliando nas escolhas alimentares promovendo alimentação e segurança alimentar e do estado nutricional do indivíduo ou coletividade.

RELAÇÃO ENTRE SAÚDE E ALIMENTO


A relação entre os alimentos e a nossa saúde é muito direta. Desde quando houve vida humana na Terra nos precisamos nos alimentar,
para ter energia e conseguir sobreviver; no início era basicamente isso, os humanos precisavam se alimentar para garantir a sobrevivência
e perpetuação da espécie. Com o passar dos anos nós fomos evoluindo e a alimentação continuou tendo um papel de garantir energia,
mas nós começamos a ter outras necessidades que antes não identificávamos.
Como dito anteriormente passamos por várias etapas, se voltarmos 120 anos em nossa história vamos ver que, a nossa alimentação
era baseada em alimentos primários como arroz, feijão, milho, café entre outros era uma alimentação onde comia o que plantava, de acor-
do com a época do ano e com a colheita ou os animais que cada um conseguia criar. As pessoas começaram a migrar mais para as cidades
e não conseguiam plantar nem criar animais como antes então iam até as vendas ou mercearias para comprar os alimentos, iam até o
açougue comprar a carne. Nessa época começava a surgir algumas poucas coisas enlatadas eram produtos como a manteiga por exemplo.
As famílias mesmo morando nas cidades e não conseguindo plantar e colher a própria comida elas ainda se alimentavam bem não
havia alimentos industrializados muito menos ultra processados (alimentos que passam por vários processos como adição de vários ingre-
dientes que não são saudáveis), as refeições eram preparadas todos os dias várias vezes ao dia, sempre tinha comida fresca. Abaixo temos
alguns exemplos de alimentos in natura, processados e ultra processados.

Fonte: Secretária de saúde de Minas Gerais, 2016.

85
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

A partir da década de 70, começamos no Brasil um grande


movimento das mulheres no mercado de trabalho, e vemos que as VIGILÂNCIA SANITÁRIA E SAÚDE DO CONSUMIDOR. CUI-
indústrias alimentícias da época perceberam uma grande chance DADOS SANITÁRIO À POPULAÇÃO
de começar a produzir alimentos que fossem mais práticos e que
exigisse menos dessas mulheres na hora de cozinhar. Surgem en- A definição atual da vigilância sanitária, como já foi visto, torna
tão os alimentos enlatados, processados (alimentos que passaram seu campo de abrangência vasto e ilimitado, pois poderá intervir
por algum tipo de processamento não estão em seu estado natural) em todos os aspectos que possam afetar a saúde dos cidadãos.
com a proposta de ajudar a facilitar a vida dessas donas de casa que Para facilitar a exposição, assumimos que seu campo de abran-
agora começavam a cumprir uma dupla jornada. gência é composto por dois subsistemas, subdivididos, a saber:
Essa mudança que sofremos se chama transição nutricional,
que quer dizer que passamos de uma alimentação que era baseada I – Bens e serviços de saúde
em alimentos frescos e mais saudáveis para alimentos mais indus- Subsistema de produção de bens de consumo e serviços de
trializados de fácil preparo, mas menos saudáveis. No início, obser- saúde, que interferem direta ou indiretamente na saúde do consu-
vamos que as pessoas de classes mais altas eram as que consumiam midor ou comunidade. São bens e serviços de saúde que interes-
mais esses produtos e eram as que apresentavam os primeiros pro- sam ao controle sanitário:
blemas de saúde relacionados ao consumo desses alimentos; mas 1. As tecnologias de alimentos, referentes aos métodos e pro-
esse quadro mudou e hoje o que vemos é que esses alimentos se cessos de produção de alimentos necessários ao sustento e nutri-
tornaram mais baratos e mais consumidos pelas classes mais baixas ção do ser humano.
atualmente essas pessoas são as que mais enfrentam problemas de 2. As tecnologias de beleza, limpeza e higiene, relativas aos mé-
saúde por uma alimentação com muitos industrializados. todos e processos de produção de cosméticos, perfumes, produtos
de higiene pessoal e saneantes domissanitários.
Alimentação ruim e seus malefícios 3. As tecnologias de produção industrial e agrícola, referentes à
Os alimentos industrializados se ingeridos de vez em quando produção de outros bens necessários à vida do ser humano, como
não trazem grandes prejuízos à saúde, mas quando nossa alimenta- produtos agrícolas, químicos, drogas veterinárias, etc.
mos só desses alimentos vemos que a piora na saúde é notável. A 4. As tecnologias médicas, que interferem diretamente no cor-
grande maioria desses alimentos têm muito sódio (que é o principal po humano, na busca da cura da doença, alívio ou equilíbrio da saú-
ingrediente do sal de cozinha) para ajudar a dar sabor e conservar, de, e compreendem medicamentos, soros, vacinas, equipamentos
este ingrediente quando consumido em excesso pode causar hiper- médico-hospitalares, cuidados médicos e cirúrgicos e suas organi-
tensão (pressão alta). zações de atenção à saúde, seja no atendimento direto ao paciente,
Outro ingrediente muito presente nesses alimentos são as seja no suporte diagnóstico, terapêutico e na prevenção ou apoio
gorduras vegetais hidrogenadas e a gordura trans, essas gorduras educacional.
quando consumidas em excesso acaba gerando placas de gordura 5. As tecnologias do lazer, alusivas aos processos e espaços
nas artérias o que pode levar a um infarto do coração; o colesterol onde se exercem atividades não-médicas, mas que interferem na
alto também vem do consumo exagerado de gorduras. saúde dos usuários, como centros esportivos, cabeleireiros, barbei-
O açúcar em excesso também é um grande problema, assim ros, manicures, pedicuros, institutos de beleza, espaços culturais,
como o sódio o açúcar é usado para conservar e dar sabor aos ali- clubes, hotéis, etc.
mentos e o consumo exagerado pode causar diabetes do tipo II. O 6. As tecnologias da educação e convivência, referentes aos
consumo em excesso desses e outros aditivos que estão nos ali- processos e espaços de produção, englobando escolas, creches,
mentos industrializados ainda pode levar à obesidade. asilos, orfanatos, presídios, cujas condições das aglomerações hu-
manas interferem na sua saúde.
Alimentação e seus benefícios à saúde
Assim como temos alimentos que consumidos em excesso po- II – Meio ambiente
dem nos fazer desenvolver várias doenças temos também alimen- Subsistema que se refere ao conjunto de elementos naturais e
tos que podem nos ajudar a manter nossa saúde em dia. Os peixes, daqueles que resultam da construção humana e suas relações so-
azeite, abacate são ricos em nutrientes chamados de ômegas 3, 6 ciais:
e 9 que ajudam a controlar os níveis de colesterol; o tomate é rico 1. O meio natural, correspondente a água, ar, solo e atmosfera.
em um nutriente chamado licopeno que ajuda a prevenir o câncer Interessam ao controle sanitário as tecnologias utilizadas na cons-
de próstata; os alimentos integrais como arroz, pães, biscoitos são trução de sistemas de abastecimento de água potável para o con-
mais ricos em fibras que ajudam nos níveis de colesterol no sangue sumo humano, na proteção de mananciais, no controle da poluição
e no bom funcionamento do intestino. do ar, na proteção do solo, no controle dos sistemas de esgoto sa-
O melhor que podemos fazer para nossa saúde é manter o nitário e dos resíduos sólidos, entre outros, visando à proteção dos
equilíbrio, não precisamos retirar totalmente esses alimentos da recursos naturais e à garantia do equilíbrio ecológico e conseqüen-
nossa alimentação, a menos que a pessoa tenha alguma doença temente da saúde humana.
que pode ser agravada com o consumo desses alimentos, mas uma 2. O meio construído, referente às edificações e formas do uso
pessoa saudável pode consumir os alimentos industrializados, mas e parcelamento do solo. Aqui o controle sanitário é exercido sobre
deve consumir em maior quantidade alimentos mais saudáveis. as tecnologias utilizadas na construção das edificações humanas

86
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

(casas, edifícios, indústrias, estabelecimentos comerciais, etc.) e a forma de parcelamento do solo no ambiente urbano e rural; sobre os
meios de locomoção e toda a infra-estrutura urbana e de serviços; sobre o ruído urbano e outros fatores, no sentido de prevenir acidentes,
danos individuais e coletivos e proteger o meio ambiente.
3. O ambiente de trabalho, relativo às condições dos locais de trabalho, geralmente resultantes de modelos de processos produtivos
de alto risco ao ser humano. O controle sanitário se dirige a esse ambiente, onde frequentemente encontra cidadãos que são obrigados a
dedicar grande parte de seu tempo ao trabalho em condições desagradáveis, em ambientes fechados e insalubres, em processos repetiti-
vos, competitivos e sob pressão, o que altera e põe em risco a saúde física e psicológica e a vida dos indivíduos e da comunidade.

Fonte: Manual Saúde e Cidadania: Para gestores municipais de saúde. Vigilância Sanitária, 1998. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/
bvs/publicacoes/saude_cidadania_volume08.pdf. Acesso em: 25.jan.2023.

TIPOS DE POÇOS AQUÍFEROS; FOSSA SECA; ÁGUAS PLUVIAIS; ESGOTO SANITÁRIO; ATERRO SANITÁRIO

Aquíferos
Os aquíferos são formações ou camadas geológicas que contêm a água no seu interior (zona saturada) em quantidade suficiente para
permitir o seu aproveitamento econômico. Assim, uma unidade geológica será considerada um aquífero quando, possuindo poros cheios
de água, permitir que a água se escoe pelos espaços intergranulares até poços ou fontes, com uma vazão de saída capaz de, por exemplo,
suprir o abastecimento de água de uma comunidade. Neste conceito, diferem de um outro tipo de armazenamento encontrado nos espa-
ços livres das rochas (às vezes também denominado aquífero), como nas rochas calcárias, onde a água pode se mover livremente através
das fendas, cavernas, etc., que são características destas rochas.
Em geral, os aquíferos podem ser classificados como freáticos e artesianos. Os aquíferos freáticos originam-se das águas de chuva
que se infiltram através das camadas permeáveis do terreno até encontrar uma camada impermeável. Saturando as camadas porosas logo
acima, a água pode permanecer em repouso ou deslocar-se, de acordo com a configuração geométrica do terreno. Nos aquíferos freáticos,
também chamados aquíferos livres, a água que enche os poros da formação geológica na região que se situa no topo da parte saturada
está submetida à pressão atmosférica (Figura 11.3). Assim, tudo se passa como se a água estivesse ocupando um reservatório aberto.
Pode ocorrer ainda, a formação de um aquífero ou lençol suspenso, quando uma formação impermeável aparece entre a zona saturada e
a superfície do terreno, dando origem à retenção de águas de infiltração acima desta formação.

Para qualquer camada que se considere dentro do aquífero freático, a carga hidráulica na mesma será igual à profundidade medida
a partir do nível estático (nível freático). Assim, quando um poço é perfurado num aquífero freático, o nível d’água dentro dele atingirá o
nível estático do aquífero. O poço que retira a água do lençol freático é dito poço freático (Figura 11.4).

87
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Os poços freáticos são normalmente escavados. São, também, chamados de poços ordinários, isto é, poços comuns ou domésticos.
Em geral, são rasos e de grandes diâmetros: as profundidades compreendidas entre 3 e 20 metros e os diâmetros entre 1 e 2 metros. A
vazão que eles são capazes de fornecer é relativamente pequena, o que sugere a sua utilidade apenas para o consumo humano ou uso
doméstico e, raramente, para uso industrial e irrigação. Embora a água possa ser de boa qualidade, há inúmeros registros de ocorrência de
água salobra e, mesmo, contaminada.
O aquífero é dito confinado, ou artesiano, quando se situa entre camadas impermeáveis. Em consequência, os aquíferos confinados
têm a água submetida a pressão superior à atmosférica. Nestes, a água provém, geralmente, de infiltrações distantes, ocorridas em regiões
de cotas mais elevadas (brejos, lagos, rios, chuva ou neve nas serras, etc.). Na Figura 11.5, apresenta-se um esquema que permite classifi-
car e visualizar a ocorrência dos diferentes tipos de aquíferos. Vê-se, por exemplo, que o aquífero designado como AQUÍFERO A é freático,
pois o nível da água neste coincide com o nível atingido no poço de observação: no aquífero freático ou livre, à superfície livre corresponde,
sempre, pressão igual à atmosférica. A Figura 11.5 mostra, também, que o AQUÍFERO B, inicialmente freático na zona (a), atinge, a jusante,
uma região compreendida entre duas camadas impermeáveis, zonas (b) e (d), comportando-se, portanto, como artesiano ou confinado.
Quando uma das camadas que limita o aquífero é semipermeável, este pode perder ou receber água através dela. Este fenômeno
é denominado drenança ito semiconfinado. O AQUÍFERO B da Figura 11.5 também se comporta desta forma em duas regiões, indicadas
como zonas (c) e (e). Os poços que retiram água de um aquífero artesiano são chamados de poços artesianos.
Nestes, a água ascende até atingir o nível da linha piezométrica. Se a piezométrica estiver acima do terreno, a água jorrará (poço jor-
rante). Caso contrário, estando a piezométrica abaixo do nível do terreno, a água não jorrará. Para alguns, o poço é considerado artesiano
apenas quando ele jorra e, sendo não jorrante, ele seria caracterizado como “semiartesiano”. Na Figura 11.5, são visualizadas as ocorrên-
cias dos poços artesianos jorrante e não jorrante.

88
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O lençol artesiano é alcançado por meio de poços tubulares, que têm pequeno diâmetro (geralmente entre 6 e 10 polegadas), poden-
do estar a pequenas profundidades (algumas dezenas de metros) ou a grandes profundidades (até centenas de metros). Ao se fazer uma
perfuração, podem ser encontrados vários lençóis sobrepostos, com distintas capacidades de armazenamento e diferentes qualidades
da água. Quando se atinge um rico lençol artesiano, a água normalmente é suficiente para o abastecimento de bairros residenciais e/
ou indústrias e, até mesmo, para uso na irrigação. Em geral essa água é de boa qualidade, embora, nos casos de poços profundos, possa
apresentar-se como salobra.

Fonte: JUNIOR, A.R.B. Elementos de Hidrologia Aplicada. Disponível em: http://www.leb.esalq.usp.br/disciplinas/Fernando/leb1440/Aula%208/


Hidraulica%20de%20Pocos_Anteor%20R%20Barbosa%20Jr.pdf. Acesso em: 25.jan.2023

FOSSA SECA
A fossa seca é um dos tipos de fossas mais comuns, tendo feito parte de muitas áreas rurais e até urbanas há não muito tempo.
Na falta de um sistema de água encanada no ambiente, as fossas secas acabam se tornando uma opção, pois dispensam seu uso para
o transporte dos dejetos, e consiste em um buraco cavado direto no chão, através do qual os dejetos são diretamente atirados.
Uma espécie de banheiro é construída logo acima do buraco, em madeira ou concreto armado, com um orifício que é usado como
uma privada comum.
O buraco cavado costuma ter alguns poucos metros de profundidade, com ou sem revestimento interno, e os dejetos ficam deposita-
dos diretamente no buraco, que ocasionalmente recebe cal ou pó de café para cobrir e evitar o mau cheiro proveniente do não-tratamento
desse esgoto, até que fique cheia e precise ser limpa ou mesmo enterrada.

Fonte: Disponível em: https://fossatrat.com.br/conheca-os-diferentes-tipos-de-fossas-utilizadas/. Acesso em: 25.jan.2023.

TRATAMENTO DE ESGOTO: ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ESGOTOS (ETES), TIPOS DE ESTAÇÃO, ETAPAS DO TRATAMENTO

Diante da problemática da poluição dos recursos hídricos, proporcionadas pela diluição dos esgotos tanto domésticos quanto
industriais, torna-se de suma importância a busca de soluções para a preservação ambiental deste bem.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Através desta problemática, vários sistemas de tratamento - Desarenadores: visa a remoção de areia contida no esgoto,
de esgoto vem sendo propostos para amenizar esta agressão. Os através do processo de sedimentação. A finalidade básica da
esgotos oriundos de uma cidade são originados de 3 formas: remoção da areia é evitar a abrasão nos equipamentos e tubulações,
- Esgotos Domésticos (residências, instituições e comércio); eliminar a possibilidade de obstrução e facilitar o transporte do
- Despejos Industriais (diversas origens e tipos de industrias); líquido;
- Águas de Infiltração. - Peneiramento: tem como principal finalidade a remoção de
sólidos com granulometria superior a 0,25mm. Pode-se encontrar
Sistema de Coleta de Esgoto dois tipos de peneiras estática e rotativa.
Um sistema de esgotamento sanitário é composto por
um conjunto de estudos, onde se define os vários parâmetros Tratamento Primário
construtivos da rede (vazões, população atendida, escolha da Visa a remoção de sólidos sedimentáveis e parte da matéria
alternativa mais adequada, etc.). orgânica. O esgoto após passar pelo tratamento preliminar, contém
Podemos classificar o sistema de esgoto em três tipos: ainda sólidos em suspensão não grosseiros e sólidos flutuantes, a
- Sistema de Esgotamento Unitário, ou Sistema combinado: as qual são removidos no tratamento primário:
águas pluviais, águas residuárias (domésticas e industriais) e águas Decantador Primário: são tanques circulares ou retangulares de
de infiltração veiculam na mesma rede; grande dimensões, com um tempo de detenção em torno de duas
- Sistema de Esgotamento Separador Parcial: apenas uma horas. A remoção dos sólidos ocorre através do processo físico de
parcela da água da chuva (telhados e pátios das casas) veiculam sedimentação, acumulando nesta unidade um grande volume de
com o esgoto na mesma tubulação; lodo.
- Sistema Separador Absoluto: destinado a coletar e transportar
as águas pluviais e águas residuárias em redes independentes. No IMPLANTAÇÃO, OPERAÇÃO, MONITORAMENTO E ENCERRA-
Brasil, este sistema é muito utilizado. MENTO DE ATERROS SANITÁRIOS
Um sistema de coleta de esgoto é constituída pelos seguintes
componentes: O aterro sanitário é uma obra de engenharia projetada sob cri-
- Rede Coletora: é composta por tubulações principais ou tronco, térios técnicos, cuja finalidade é garantir a disposição dos resíduos
que receber a contribuição das tubulações secundárias ( ligada ao sólidos urbanos sem causar danos à saúde pública e ao meio am-
esgoto predial) e conduz para um interceptor ou emissário; biente.
- Interceptores: recebe os efluentes das canalizações principais, É considerado uma das técnicas mais eficientes e seguras de
não recebendo esgoto das ligações prediais; destinação de resíduos sólidos, pois permite um controle eficiente
- Emissários: destinado a conduzir o esgoto coletado para a e seguro do processo e quase sempre apresenta a melhor relação
estação de tratamento; custo-benefício. Pode receber e acomodar vários tipos de resídu-
- Sifão Invertido: tem como finalidade superar obstáculos os, em diferentes quantidades, e é adaptável a qualquer tipo de
naturais , com funcionamento sobre pressão; comunidade, independentemente do tamanho. O aterro sanitário
- Corpo de Água Receptor: destino final do lançamento do comporta-se como um reator dinâmico porque produz, através de
esgoto tratado (rio, lago, mar, etc.); reações químicas e biológicas, emissões como o biogás de aterro,
- Estação Elevatória: obra destinada a elevar o esgoto para uma efluentes líquidos, como os lixiviados, e resíduos mineralizados (hú-
cota mais alta, através de equipamentos eletromecânicos; mus) a partir da decomposição da matéria orgânica.
- Estação de tratamento: instalações com a finalidade de
remoção dos poluentes presentes na água, antes do seu lançamento Normas técnicas
num corpo receptor. Todo projeto de aterro sanitário deve ser elaborado segundo as
A estação de tratamento de esgoto tem como objetivo à normas preconizadas pela Associação Brasileira de Normas Técni-
remoção dos poluentes presentes nas águas servidas, de forma cas (ABNT). No caso dos aterros sanitários Classe II, a norma a ser
que o lançamento do efluente no corpo receptor seja de acordo seguida é a de número NBR 8419/ NB 843, que descreve as diretri-
com os padrões previstos. O esgoto é captado na área urbana e zes técnicas dos elementos essenciais aos projetos de aterros, tais
transportado pela rede coletora até a estação de tratamento. como impermeabilização da base e impermeabilização superior,
O tratamento dos esgotos normalmente é classificado em monitoramento ambiental e geotécnico, sistema de drenagem de
preliminar, primário, secundário e terciário, ou seja através do nível lixiviados e de gases, exigência de células especiais para resíduos de
de tratamento implantado. Para o tratamento preliminar e primário serviços de saúde, apresentação do manual de operação do aterro
predomina o processo físico de remoção de poluentes. Já no e definição de qual será o uso futuro da área do aterro após o en-
tratamento secundário e terciário predomina o processo biológico. cerramento das atividades.
O processo químico utiliza substância químicas na qual De acordo com a Norma NBR 8419/84, o projeto de um aterro
predominam os mecanismos de precipitação, adsorção e desifecção. sanitário deve ser obrigatoriamente constituído das seguintes par-
tes: memorial descritivo, memorial técnico, apresentação da esti-
Tratamento Preliminar mativa de custos e do cronograma, plantas e desenhos técnicos.
Destina-se basicamente na remoção de sólidos grosseiros e Assim como os aterros sanitários de resíduos sólidos urbanos
areias. Seu processo é composto pelas seguintes unidades: têm normas específicas, outros tipos de aterros, como os de resídu-
- Grade: objetiva-se a remoção de materiais grosseiros com os perigosos, também devem ser elaborados seguindo os princípios
dimensões maiores que o espaçamento entre as barras. Pode ser técnicos estabelecidos pelas normas descritas a seguir:
utilizado também peneiras rotativas ou trituradores; - Apresentação de projetos de aterros de resíduos industriais
perigosos – Procedimento - NBR 8418 / NB 842;

90
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- Apresentação de projetos de aterros de resíduos perigosos Projeto


- Critérios para projeto, construção e operação - NBR 10157 / NB O projeto de concepção de um aterro sanitário passa por vá-
1025; rias etapas. A primeira refere-se aos estudos preliminares, que
- Apresentação de projetos de aterros de resíduos não perigo- consistem na caracterização do município e na elaboração de um
sos – Critérios para projeto, implantação e operação – Procedimen- diagnóstico do gerenciamento de resíduos sólidos no local. Esses
to - NBR 13896. estudos visam a levantar informações sobre a geração per capita de
resíduos sólidos gerados no município, a composição gravimétrica
Licenciamento ambiental e os serviços de limpeza executados. A segunda etapa consiste na
Todo aterro, antes de ser implementado, deve obter as licenças escolha da área adequada para a instalação, considerada a partir de
exigidas pelos órgãos ambientais, municipais, estaduais ou federal. critérios técnicos, ambientais, operacionais e sociais. A área esco-
O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) regula, em ní- lhida deve ser caracterizada através de levantamentos topográficos,
vel nacional, o licenciamento desse tipo de atividade através das geológicos, geotécnicos, climatológicos e relativos ao uso de água
seguintes resoluções: e solo. Na concepção do projeto devem ser apresentadas a esco-
Resolução CONAMA 01/1986 – define responsabilidades e crité- lha e a justificativa da escolha de cada uma dos vários elementos
rios para a Avaliação de Impacto Ambiental e define atividades que que compõem um aterro sanitário, como a drenagem das águas
necessitam do Estudo de Impacto Ambiental (EIA), bem como do superficiais, a impermeabilização da camada superior e inferior, a
Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). drenagem e o tratamento dos lixiviados e gases, bem como o pla-
Resolução CONAMA 237/1997 – dispõe sobre o sistema de Li- no de monitoramento para avaliar o impacto causado pela obra,
cenciamento Ambiental, a regulamentação dos seus aspectos como os métodos de operação do aterro e as sugestões de uso futuro
estabelecidos pela Política Nacional do Meio Ambiente. da área após encerramento das atividades. A implantação de equi-
Resolução CONAMA 308/2002 – estabelece as diretrizes do Li- pamentos para a captura e o aproveitamento do biogás visando à
cenciamento Ambiental de sistemas de disposição final dos resídu- utilização do MDL em aterros já licenciados deve ser precedida pela
os sólidos urbanos gerados em municípios de pequeno porte. As- realização dos procedimentos necessários à adequação da licença
sim, segundo as diretrizes dessas resoluções, devem ser requeridas ambiental existente.
as seguintes licenças:
Licença Prévia (LP) – é requerida com a apresentação do projeto Estudo de área
básico, com vistas à verificação da adequação da localização e da A seleção da área para a construção do aterro sanitário é uma
viabilidade do empreendimento. Com base nesse pedido, quando fase muito importante no processo de implantação. A escolha cor-
for necessária a realização de um Estudo de Impacto Ambiental, o reta do local é um grande passo para o sucesso do empreendimen-
órgão de controle ambiental procederá à elaboração de uma Ins- to, pois diminui custos, evitando gastos desnecessários com infra-
trução Técnica, que é uma orientação sobre os aspectos relevantes, estrutura, impedimentos legais e oposição popular. Em geral, faz-se
relacionados ao projeto e ao local, que devem ser enfocados no EIA primeiro uma pré-seleção de áreas disponíveis no município e, a
e no respectivo RIMA. O EIA é o relatório técnico que apresenta o partir de então, realiza-se um levantamento dos dados dos meios
conjunto de atividades técnicas e científicas destinadas a identifi- físico e biótico. É comum construir o aterro sanitário em uma área
car, prever a magnitude e valorar os impactos de um projeto e suas contígua ao antigo lixão, desde que este não esteja situado em lo-
alternativas. O RIMA é o documento que consubstancia, de forma cais de risco ou restrição ambiental. Em certos casos, a prefeitura
objetiva, as conclusões do EIA, elaborado em linguagem corrente tem interesse em utilizar determinadas áreas, seja porque são áreas
adequada à sua compreensão pelas comunidades afetadas e de- degradadas por atividades anteriores, seja porque são áreas erodi-
mais interessados. Durante a análise do EIA pelo órgão de controle das ou, até mesmo, que não se prestam a outras atividades.
ambiental, o RIMA fica disponível aos interessados no projeto. A Nesse sentido, é importante traçar critérios para a escolha da
avaliação de impacto ambiental é apresentada em audiência públi- área, os quais devem ser amplos, abrangendo tanto questões téc-
ca, para conhecimento e apreciação dos interessados, e as conside- nicas como econômicas, sociais e políticas. Os critérios técnicos são
rações feitas nessa ocasião são analisadas para eventual incorpora- impostos pela norma da ABNT NBR 10.157 e pela legislação federal,
ção no parecer final do órgão de controle. O EIA e o RIMA devem ser estadual e municipal. Esses condicionantes abordam desde ques-
feitos por uma empresa contratada pelo empreendedor, pois este tões ambientais, como o limite de distância de corpos hídricos e a
não tem permissão para realizar tais estudos diretamente. profundidade do lençol freático, até aspectos relativos ao uso e à
Licença de Instalação (LI) – após os estudos serem aprovados ocupação do solo, como o limite da distância de centros urbanos, a
(EIA/RIMA), e o projeto executivo elaborado, o empreendedor so- distância de aeroportos etc. Os critérios econômicos dizem respei-
licita a licença de instalação da obra. Com a concessão da LI pelo to aos custos relacionados à aquisição do terreno, à distância do
órgão ambiental responsável, o empreendedor poderá dar início à centro atendido, à manutenção do sistema de drenagem e ao inves-
obra do aterro sanitário, para a implantação do projeto aprovado. timento em construção. Finalmente, os critérios políticos e sociais
Licença de Operação (LO) – concluída a obra, solicita-se a licen- abordam a aceitação da população à construção do aterro, o acesso
ça para operar o aterro sanitário, que será concedida desde que a à área através de vias com baixa densidade e a distância dos núcleos
obra tenha sido implantada de acordo com o projeto licenciado na urbanos de baixa renda.
LI. De posse da LO, o empreendedor poderá iniciar a operação do Alguns pontos fundamentais devem ser observados na escolha
aterro sanitário. da área:
- O aterro não deve ser instalado em áreas sujeitas a inundação;
- Entre a superfície inferior do aterro e o mais alto nível do len-
çol freático deve haver uma camada natural de solo, de espessura
mínima de 1,50 m;

91
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

- O aterro deve ser instalado em uma área onde haja predo-


minância de material de baixa permeabilidade, com coeficiente de
permeabilidade (k) inferior a 5x10-5 cm/s;
- O aterro só pode ser construído em área permitida, conforme
legislação local de uso do solo;
- Deve-se atentar para a proximidade de aeroportos e aeródro-
mos.

Monitoramento
É de extrema importância o monitoramento do aterro, tanto du-
rante a sua operação quanto após o encerramento das atividades,
para garantir a preservação do meio ambiente, a salubridade da
população do entorno e a segurança da obra, bem como a estabili-
dade do maciço e a integridade dos sistemas de drenagem de lixi-
viados e gases. O sistema é composto de monitoramento ambiental
e geotécnico, descritos a seguir:
Monitoramento Ambiental
Deve ser realizado de forma a atender aos órgãos de controle
ambiental e à legislação vigente:
- Controle das águas superficiais através de análises físico-quí- Tratamento Secundário
micas e bacteriológicas em pontos determinados tecnicamente, a O principal objetivo do tratamento secundário é a eliminação
montante e a jusante do aterro; biológica da matéria orgânica dissolvida e matéria orgânica em
- Monitoramento das águas subterrâneas – instalação de poços, suspensão.
a montante e a jusante no sentido do fluxo do escoamento prefe- O processo tem como finalidade de acelerar os mecanismos
rencial do lençol freático; de degradação, que ocorre naturalmente na natureza. Esta
- Estação pluviométrica – grandes aterros; decomposição biológica pode ser através do processo aeróbio ou
- Controle da qualidade do chorume após o tratamento, através anaeróbio.
de análises físico-químicas para caracterização do chorume; Existe uma grande variedade de métodos de tratamento para o
- Controle da descarga de líquidos lixiviados no sistema de tra- nível secundário, sendo que os mais comuns são:
tamento. - Lagoas de Estabilização;
- Lodos Ativados;
Monitoramento Geotécnico - Decantador Secundário;
- Inspeção visual – indícios de erosão e trincas e fissuras na ca- - Filtro Biológico;
mada de cobertura ou qualquer outro sinal do movimento da mas- - Tratamento Anaeróbio;
sa de resíduos; - Disposição no Solo.
- Deslocamentos verticais e horizontais – marcos superficiais e
inclinômetro; Lagoas de Estabilização: São unidades de simples construção,
- Medidas de pressões de gases e líquidos no interior do maciço baseado principalmente no movimento de terras de escavação e
– piezômetros. preparação dos taludes. As lagoas se apresentam como uma solução
Em um aterro sanitário concebido com o objetivo de viabilizar a de baixo custo para o tratamento dos esgotos, porém requer
venda de créditos de carbonos através do Mecanismo de Desenvol- grandes áreas para sua implementação. Existem vários sistemas
vimento Limpo, devem ser monitorados periodicamente a pressão, de lagoas de estabilização, onde ocorre processos anaeróbios e
a vazão, a temperatura e a composição do biogás. aeróbios ou os dois processos simultâneos.
Além do monitoramento descrito acima, é necessário que se
tenha um controle sobre os resíduos, de modo a conhecer as suas Lodos Ativados: São tanque geralmente de concreto, com
características físicas, como composição gravimétrica, teor de umi- dimensões reduzidas comparadas as lagoas de estabilização. Este
dade e densidade. sistema apresenta um elevado consumo de energia elétrica em
função de sua operação mecânica de aeração e recirculação. O
processo por lodos ativados são constituídos de um reator aerado,
decantador secundário e recirculação do lodo.
A remoção da matéria orgânica, ocorre através da metabolização
pelas bactérias aeróbias que crescem e se reproduzem
continuamente no reator, produzindo grande quantidade de
lodo. Os sólidos que são contidos no decantador secundário são
recirculados para o reator, aumentando a concentração de bactérias
elevando assim, a eficiência do sistema.

Decantador Secundário: São tanques circulares ou retangulares


de grande dimensões que recebem efluentes floculados ou de
tanques de aeração. Estes tanques tem a finalidade de remoção

92
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

dos sólidos em suspensão sedimentáveis, onde acumulam grande Tratamento do Lodo


volume de lodo. Este lodo pode ser removido mecanicamente com Adensador do Lodo - O adensamento de lodo consiste na
raspadores de fundo, geralmente utilizado em grandes estações diminuição do excesso de água contido na massa de lodo, formada
de tratamento ou com descarte hidráulico, através de cargas nos decantadores. Os adensadores podem ser mecanizados ou
hidrostáticas. não, porém somente os não mecanizados podem ser usados em
pequenas estações.
Filtro Biológico: Os filtros são normalmente circulares com Flotação - O processo de flotação apresenta como objetivo a
processo aeróbio, compreendido basicamente de um leito de remoção dos sólidos em suspensão e o espessamento de lodos.
material grosseiro. Os esgotos percolam o leito permitindo Substâncias químicas são as vezes utilizadas para o melhoramento
o crescimento bacteriano na superfície do material suporte, da eficiência do tratamento.
formando uma película fixa. A matéria orgânica é absorvida pela Desidratação do Lodo - O lodo removidos no tratamento de águas
película microbiana para sua estabilização. residuárias, deverá ser desaguado em sistemas de desidratação,
antes de sua disposição final. São utilizados os seguintes sistema
Tratamento Anaeróbio: São processos de baixa produção de de desaguamento:
lodo, em condições de ausência de oxigênio. Apresenta baixo - Leitos de Secagem;
custo operacional, não necessitando de uma demanda de área. - Filtro-prensa de esteira (Belt-Press);
No entanto, possibilitam a geração de maus odores e um efluente - Filtro-presa de placas;
com aspecto desagradável. Neste processo a degradação biológica - Filtro à vácuo;
é de 40 a 50%, que é consequentemente transformado em CO2 e - Centrífugas;
metano. Os sistemas de tratamento anaeróbios são: - Lagoas de lodo.
- fossas sépticas – filtro anaeróbio; O leito de secagem é o sistema comumente usado na
- reatores anaeróbio de manto de lodo (RAFA ou UASB). desidratação utilizados quando a estação de tratamento há
disponibilidade de áreas. A eficiência está ligada diretamente com
Disposição do Efluente no Solo: A disposição do esgoto no a evaporação e a drenagem da água contida no lodo. Os leitos são
solo pode ser uma forma de disposição final de tratamento. Neste tanques com alturas reduzidas, contendo uma camada drenante de
sistema aparecem mecanismos de ordem física, química e biológica. areia e brita.
O poluente no solo tem basicamente, três possíveis destinos:
- retenção no solo; Reuso de águas cinzas em edificações
- retenção pelas plantas; As águas cinzas são aquelas provenientes dos lavatórios,
- aparecimento na água subterrânea. chuveiros, tanques e máquinas de lavar roupa e louça. Porém,
quanto ao conceito de água cinza, observa-se que é um conceito
Tratamento Terciário sobre o qual ainda não há consenso internacional.
Objetiva-se a remoção de poluentes específicos e um O reúso da água em edificações é perfeitamente possível,
complemento na remoção dos poluentes do tratamento secundário. desde que seja projetado para este fim, respeitando todas as
Podendo-se utilizar lagoa de maturação, cloração, ozonização, diretrizes a serem analisadas, ou seja, evitar que a água reutilizada
sistema wetlands, etc. Os principais poluentes removidos pelo seja misturada com a água tratada e não permitir o uso da água
processo terciário são: reutilizada para consumo direto, preparação de alimentos e higiene
- Compostos não biodegradáveis; pessoal.
- Patogênicos; Porém, a qualidade necessária para atender aos usos previstos
- Metais pesados; deve ser rigorosamente avaliada, para a garantia da segurança
- Sólidos inorgânicos dissolvidos; sanitária. Há distinções significativas entre águas cinzas e águas
- Sólidos em suspensão remanescentes. negras (esgoto da bacia sanitária), que nos mostram que elas não
devem ser misturadas, conforme a Figura 3.
Lagoa de maturação: Destinada a oferecer um polimento para
o tratamento de esgoto, tendo como principal finalidade promover
a remoção de patogênicos. A eficiência deve ser maior que 99,9%
na eliminação dos coliformes, para o cumprimento dos padrões
exigidos (CONAMA Nº20). Apresenta-se como uma alternativa
econômica em relação aos outros processos de tratamento.
Ozonização: Utilizado para a remoção da cor e dos resíduos
orgânicos refratários presentes no efluente. O ozônio pode oxidar
a matéria orgânica diretamente ou indiretamente.
Cloração: O cloro pode ser aplicado sobre a forma gasosa
ou como solução aquosa. Atua como um poderoso oxidante na
desinfecção para garantir a qualidade microbiológica desejada para
o lançamento do efluente no corpo receptor.

93
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Figura 3: Diferenças entre águas negras e outros efluentes.

A configuração básica de um sistema de utilização de água cinza seria o sistema de coleta de água servida, do subsistema de condução
da água (ramais, tubos de queda e condutores), da unidade de tratamento da água (por exemplo, gradeamento, decantação, filtro e
desinfecção) e do reservatório de acumulação. Pode ainda ser necessário um sistema de recalque, o reservatório superior e a rede de
distribuição (SANTOS, 2002).
Dados já publicados sobre a parametrização do consumo de água na edificação mostram uma hierarquia baseada na magnitude do
consumo, no intuito de identificar prioridades das ações de economia de água, conforme o Quadro 3.

Quadro 3: Parametrização do consumo da água nas edificações domiciliares (SANTOS, 2002).

Para Bakir (apud MANCUSO, 2003), o reúso da água cinza (greywater) para finalidades não potáveis, como jardinagem e descarga
em bacias sanitárias, deve ser estimulado também como meio de diminuir o porte da instalação da estação de tratamento de esgotos. O
Chipre é um dos países do MENA onde vigora um programa subsidiado para os domicílios que desejam instalar sistemas de reúso de água
cinza para as descargas das bacias sanitárias. Deve-se atentar para o fato de que as canalizações internas de coleta já são separadas nas
residências.

Águas pluviais
O aproveitamento da água pluvial consiste em utilizar essa água como fonte alternativa para fins não potáveis. A água da chuva
também é uma fonte alternativa importante, principalmente nas regiões onde o regime pluviométrico é abundante e distribuído ao longo
do ano. Afinal, por que deixar ir embora uma água da chuva, que, sem ter aproveitamento, ainda vai encher as ruas e provocar enchentes.
A água da chuva tem várias diferenças qualitativas quando comparada à água cinza, como será observado posteriormente.
A configuração básica de um sistema de reaproveitamento de água da chuva apresenta a área de captação (como telhado, laje ou piso),
a condução de água (calhas, condutores verticais e horizontais), a unidade de tratamento e o reservatório de acumulação (SANTOS, 2002).
Dependendo do fim a que essa água se destina, do nível de poluição atmosférica da cidade e dos resultados das análises, essa água para
reuso não precisa de tratamento prévio. Pode ser adicionado a esse sistema o reservatório de autolimpeza, que possibilita o descarte do
volume inicial da água que literalmente lava a área de captação.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Reuso de esgoto tratado


Águas de qualidade inferior, como esgoto domésticos e industriais, águas de drenagem de pátios, águas salobras, devem ser utilizadas
como fontes alternativas para usos menos restritivos (PIO, 2005). Assim, o reuso contribui para a diminuição da quantidade de água
captada nos mananciais destinadas ao abastecimento, aumento da vida útil das Estações de Tratamento de Água (ETA) e diminuição dos
custos com buscas por novos corpos hídricos e instalações de novas ETA (MORUZZI, 2008).
Para a prática do reuso deve-se avaliar as características do efluente e os requisitos na qualidade exigidos para tal finalidade, para que
deste modo, o efluente seja encaminhado para o tratamento adequado (FIESP e CIESP, 2004). A Figura 3 representa os diversos níveis de
qualidade da água.

Figura 3: Níveis de qualidade da água.

ÁGUA POTÁVEL; SISTEMA DE TRATAMENTO D’ÁGUA; FLUORETAÇÃO DA ÁGUA

A qualidade da água
A vida humana, assim como a de todos os seres vivos depende da água.
Mas a nossa dependência da água vai além das necessidades biológicas: precisamos dela para limpar as nossas casas, lavar as nossas
roupas e o nosso corpo. E mais: para limpar máquinas e equipamentos, irrigar plantações, dissolver produtos químicos, criar novas subs-
tâncias, gerar energia.
É aí que está o perigo: a atividade humana muitas vezes comprometa a qualidade da água. Casas e indústrias podem despejar em
rios e mares substâncias que prejudicam a nossa saúde. Por isso, escolher bem a água que bebemos e proteger rios, lagos e mares são
cuidados essenciais à vida no planeta.

Água potável
A água potável é aquela popularmente chamada água pura. Para ser bebida por nós, a água deve ser incolor, insípida (sem sabor) e
inodora (sem cheiro). Ela deve estar livre de materiais tóxicos e microorganismos, como bactérias, protozoários etc., que são prejudiciais,
mas deve conter sais minerais em quantidade necessária à nossa saúde.
A água potável é encontrada em pequena quantidade no nosso planeta e não está disponível infinitamente. Por ser um recurso limi-
tado, o seu consumo deve ser planejado.

Água destilada
A água potável deve ter certa quantidade de alguns sais minerais dissolvidos, que são importantes para a nossa saúde. A água sem
qualquer outra substância dissolvida é chamada de água destilada. Veja como se consegue água destilada.
Para retirar sais minerais e outros produtos dissolvidos na água, utiliza-se um processo chamado destilação. O produto dessa desti-
lação, a água destilada, é usado em baterias de carros e na fabricação de remédios e outros produtos. Não serve para beber, já que não
possui os sais minerais necessários ao nosso organismo.
Veja como funciona o aparelho que produz água destilada, o destilador:

95
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

normalmente é feita em rios ou represas que possam suprir a


demanda por água da população e das indústrias, há também a
captação das águas superficiais, por meio de poços perfurados.
Antes de ir para o sistema de distribuição de água, a mesma
passa por processos de tratamento com diversas etapas. Esses
processos podem ser físicos e químicos, fazendo com que a água
obtenha todas as propriedades necessárias para que a tornem
própria para o nosso consumo.

Conheça as etapas do tratamento de água


1° Etapa – Captação
A água sem tratamento e imprópria ao consumo humano é
retirada de mananciais, reservatórios hídricos utilizados para o
abastecimento de água.
Nessa etapa a água passa por um gradeamento (sistema de
grades) que impede a entrada de elementos sólidos contidos na
Observe que a água ferve (1) com ajuda do (2) Bico de Bunsen água, como folhas, galhos e troncos, por exemplo, na ETA.
(chama que aquece a água), transformando-se em vapor (3), e de- Daí a água segue para a desarenação, onde ocorre a remoção de
pois se condensa (4), voltando ao estado líquido. Os sais minerais areia por sedimentação, melhorando o processo de pré-tratamento
não vaporizam, mas ficam dentro do vidro onde a água foi fervida da água, e por fim, ela é bombeada para a estação de tratamento.
(chamado balão de destilação).
2º Etapa – Adução
Água mineral Transporte de água do manancial ao tratamento ou da água
A água do mar é salgada porque tem muito cloreto de sódio, tratada ao sistema de distribuição, normalmente por meio de
que é o sal comum usado na cozinha. Justamente por ter tanto sal, bombas que levam a água captada até a ETA.
não é potável. Se bebermos água do mar, o excesso de sal nos fará
eliminar mais água na urina do que deveríamos, e começamos en- 3° Etapa -Coagulação
tão a ficar desidratados. Nessas águas que serão tratadas existem impurezas cujas
Já a água doce, dos rios, lagos e fontes, tem menos sal que a partículas são pequenas, elas não se sedimentam (não se depositam
água do mar e pode ser bebida - desde que esteja sem micróbios no fundo do recipiente) sob a ação da gravidade.
e produtos tóxicos ou que tenha sido tratada para eliminar essas Por isso, é necessário acrescentar à água coagulantes químicos.
impurezas. Geralmente, aqui no Brasil, o coagulante utilizado é o sulfato de
A chamada água mineral é água que brota de fontes do subso- alumínio (Al2(SO4)3).
lo. Ela costuma ter alguns sais minerais em quantidade um pouco Esse produto favorece a união das partículas e impurezas da
maior que a água utilizada nas residências e, às vezes outros sais. água, facilitando a remoção na decantação. Esses coagulantes são
A água mineral é, em geral potável e pode ser bebida na fonte insolúveis na água e geram íons positivos (cátions) que atraem as
ou engarrafada - desde que a fonte esteja preservada da poluição impurezas carregadas negativamente nas águas.
e da contaminação ambiental e que o processo de engarrafamento
seja feito com higiene. 4° Etapa – Floculação
A água é agitada fortemente por cerca de 30 segundos por um
Tratamento de água para abastecimento: Estações de agitador mecânico, com a finalidade de aumentar a dispersão do
Tratamento de Água (ETAs), tipos de estação, etapas do tratamento coagulante. Depois o sistema é agitado lentamente, permitindo o
Quando falamos em saneamento básico, logo imaginamos o contato entre as partículas.
abastecimento de água e o esgotamento sanitário, porém nunca Etapa na qual a água é submetida à agitação mecânica, para que
nos perguntamos como funciona cada um deles. as impurezas formem flocos maiores e mais pesados.
Já sabemos, de acordo com os dados do Sistema Nacional de
Informações sobre Saneamento (SNIS), 2017, que apenas 52,36% da 5° Etapa – Decantação
população têm acesso à coleta de esgoto e 46% dos esgotos do país Decantação é basicamente o ato de separar, por meio da
são tratados. Já em relação ao abastecimento de água, 83,5% dos gravidade, os sólidos sedimentáveis que estão contidos em uma
brasileiros são atendidos com esse essencial recurso, totalizando solução líquida. Os sólidos sedimentam no fundo do decantador de
quase 35 milhões de brasileiros sem o acesso a este serviço básico. onde acabam sendo removidos como lodo, enquanto o efluente,
A água é algo extremamente essencial para nossas vidas, e livre dos sólidos, decanta pelo vertedouro.
antes de chegar as nossas casas, a mesma necessita-se de diversos
estágios de tratamento para que se torne potável e saudável para 6° etapa – Filtragem
consumo. Entenda agora um pouco melhor o caminho que nossas A água decantada é encaminhada às unidades filtrantes onde
águas fazem durante seu tratamento. é efetuado o processo de filtração. Consiste em passar a água
A água para ser tratada passa pela estação de tratamento de através de Filtros formados por camadas de areia grossa, areia
água (ETA), que é um local em que realiza a purificação da água fina, cascalho, pedregulho e carvão, capazes de reter os flocos que
captada de alguma fonte para torná-la própria para o consumo e passam sem decantar-se, ou outras impurezas.
assim utilizá-la para abastecer a população. A captação da água

96
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

7° Etapa – Desinfecção a produção de certos gostos e odores. A cloração final visa garantir
É feita uma última adição de cloro no líquido antes de sua saída total desinfecção e qualidade biológica da água a ser distribuída.
da Estação de Tratamento. Ela garante que a água fornecida chegue Ocorre após os processos de filtração.
isenta de bactérias e vírus até a casa do consumidor. Água recebe
adição de cloro, flúor e controle do PH. Tanque de Contato
O tanque de contato é o recipiente, ou dispositivo, onde
8° Etapa – Reservação se processa a desinfecção final. Muito mais do que ser um
A água é armazenada em reservatórios, com duas finalidades: ponto de dosagem de cloro, o tanque de contato tem a função
Manter a regularidade do abastecimento e atender às demandas de homogeneizar a ação do cloro na água. Suas dimensões e
excessivas, como as que ocorrem nos períodos de calor intenso ou características permitem que todas as parcelas de água no sistema
quando, durante o dia, usa-se muita água ao mesmo tempo. possuam total desinfecção.
Quanto à sua posição em relação ao solo, os reservatórios são
classificados em subterrâneos (enterrados), apoiados e elevados. Correção de pH
A correção do pH é efetuada através da adição de produtos
Processos de tratamento químicos para que a água não se torne excessivamente ácida. A acidez
1. Sistema de Tratamento de Água Convencional possibilita a corrosão de tubulações e equipamentos. No entanto,
É um sistema composto de Adutora, floculadores, decantadores, correntes excessivamente alcalinas podem provocar incrustações.
filtros e reservatórios e é denominado convencional por ser Para ajuste do pH, o SAAE utiliza dois produtos distintos, que variam
comumente encontrado na maioria das estações de tratamento de suas utilizações de acordo com as características da água a serem
água. dosadas. Estes são Carbonato de Sódio (Barrilha) e Cal Hidratada.

Etapas do Processo de Tratamento Convencional: Fluoretação


Coagulação e Floculação A fluoretação da água de abastecimento público é efetuada
Nestas etapas, as impurezas presentes na água são agrupadas através de compostos à base de fluor. A aplicação destes compostos
pela ação do coagulante, em partículas maiores (flocos) que possam na água de abastecimento público contribui para a redução da
ser removidas pelo processo de decantação. Os reagentes utilizados incidência de cárie dentária em até 60%, se as crianças ingerirem
são denominados de coagulantes. Em suas estações de Tratamento desde o seu nascimento, quantidades adequadas de íon fluoreto.
de Água o SAAE utiliza, como agente coagulante, Sulfato de Alumínio A dosagem média utilizada de íon fluoreto é de 0,8 mg /l (ppm) de
Ferroso Líquido. Nesta etapa também podem ser utilizados agentes acordo com a temperatura local.
alcalinizantes (Cal Hidratada), caso haja necessidade de correção de
pH para uma atuação mais efetiva do coagulante. Na coagulação 2. Processo de tratamento por filtração direta (Micro floculação)
ocorre o fenômeno de agrupamento das impurezas presentes na Neste processo, todas as etapas do tratamento convencional
água e, na floculação, a produção efetiva de flocos. se repetem, exceto a etapa de decantação, pois esta é realizada
diretamente dentro dos filtros de areia. Portanto, na planta de
Decantação tratamento não existem decantadores.
Processo de separação de partículas sólidas da água, pela ação da
gravidade, quando se anula ou diminui a velocidade de escoamento 3. Sistema de Tratamento de Água por Flotação
do líquido, propiciando a sedimentação dessas partículas. Desta É um sistema composto de Adutora, floculadores, flotador, filtros
forma há a separação efetiva dos flocos em tanques de decantação, e reservatórios. É diferenciado do sistema convencional devido
normalmente de formato retangular. à substituição dos decantadores por flotadores. Este sistema de
.Filtração tratamento abrange a combinação dos processos físico e químico,
A água decantada é encaminhada às unidades filtrantes onde é por meio dos quais promove-se a aglutinação dos sólidos totais
efetuado o processo de filtração. Um filtro é constituído de um meio presentes nas águas poluídas (floculação), a sua ascensão pela
poroso granular, normalmente areia, de uma ou mais camadas, insuflação de ar na forma de microbolhas (flotação) e a remoção do
instalado sobre um sistema de drenagem, capaz de reter e remover lodo pela superfície da água.
as impurezas ainda presentes na água.
Como funciona a Flotação
Desinfecção A flotação é um moderno processo de separação, utilizado em
A desinfecção é a destruição ou inativação de organismo diversos setores industriais. Nela estão envolvidos os três estados
patogênicos capazes de provocar doenças ou outros organismos físicos da matéria: Sólido, líquido e gasoso.
indesejáveis. Para efetuar a desinfecção de águas de abastecimento O processo de flotação é o inverso da sedimentação, no qual
utiliza-se de um agente físico ou químico (desinfetante), o cloro, e as partículas são capturadas pelas bolhas de ar, induzidas pelo
por isso o termo desinfecção é comumente substituído por cloração borbulhamento de gás. Essas bolhas têm densidade menor que a
Além do Cloro, há a possibilidade de utilização de outros agentes da fase líquida e migram para superfície arrastando as partículas
desinfectantes, citados em ordem de frequência: Ozônio, luz ultra- seletivamente aderidas. Devido à grande quantidade de bolhas
violeta e íons de prata. geradas há um aumento de contato entre bolhas e partículas,
Atualmente há dois pontos de dosagens, classificados com proporcionando um separação eficiente. Trata-se de um processo
pré-cloração e cloração final. A pré-cloração ocorre no início do complexo do ponto de vista químico, mas cuja simplicidade
tratamento e tem por objetivo principal auxiliar a eficiência da operacional permite sua utilização em diversos setores para separar
coagulação, realizar o controle de algas e microrganismo e reduzir uma grande variedade de sólidos.

97
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Em resumo, a flotação é um processo de separação de sólido-líquido, que anexa o sólido à superfície de bolhas de gás fazendo com
que ele se separe do líquido.
Existem vários tipos de flotação, a saber: eletro-flotação, flotação por ar disperso, flotação por ar dissolvido, flotação por aspersão
(nozzle), flotação centrifuga, flotação rápida e flotação por cavitação.
A utilização da flotação no processo de tratamento da água:

A inclusão da flotação não substitui todas as etapas do processo de tratamento de Água. A adução, coagulação, pré-cloração, filtração,
desinfecção, fluoretação e distribuição são necessárias e continuam presentes num Processo de tratamento de Água por Flotação. Estas
são tão importantes quanto numa estação convencional. O processo de flotação em ETAs permite que quantidades maiores de água
possam ser tratadas em menos, ou mesmo tempo, que em estações convencionais. Além disso, a flotação se adequa melhor a tipos de
água cujas características físicas não são próprias de utilização de decantação. Em plantas de tratamento por flotação, o lodo final gerado
é removido com mais facilidade que em estruturas convencionais, possibilitando várias opções de destinação final. Outra vantagem da
flotação está no espaço físico para implantação, já que decantadores requerem áreas muito maiores. Atualmente, a utilização de torres de
flotação traz custos-benefícios muito maiores.

Flotação por Ar dissolvido x Flotação por Ar induzido


O sistema de Flotação adotado pelo SAAE é conhecido como Flotação por Ar dissolvido, que se difere da Flotação por Ar induzido
devido à redução no tamanho das micro-bolhas. Normalmente, quantidades grandes de bolhas muito pequenas (microbolhas) tornam
o processo de flotação mais eficiente. A diminuição do tamanho das bolhas é possível devido à presença de compressores e câmaras de
saturação. Tais componentes permitem que água de flotação, utilizada para liberação das bolhas nos difusores, seja saturada de ar devido
a elevação de pressão. Desta forma, o oxigênio encontra-se liquefeito, sendo liberada e retornada ao estado gasoso no momento da
injeção de fluido saturado (água) nos difusores.

Produtos utilizados em Estações de Tratamento de Água por Flotação


Os produtos utilizados em Estações de Tratamento de Água por flotação são os mesmos utilizados nas Estações de Tratamento
Convencionais, sendo eles:
- Sulfato de Alumínio: Agente Coagulante. Produto Químico usado para separar impurezas da água
- Cal e Barrilha: Agentes alcalinizantes. Produtos utilizados na correção do pH da água. Estes corrigem a acidez ou a alcalinidade da água
- Flúor: Produto químico utilizado para prevenir cáries dentárias;
- Cloro: Agente Desinfetante. Produto Químico utilizado para eliminar bactérias.

SISTEMAS DE DISPOSIÇÃO E DE TRATAMENTO DE LIXO

Para o profissional que lida com resíduos, é de suma importância compreender a diferença que existe entre acondicionamento e
armazenamento de resíduos. Embora possuam certa similaridade, os termos são distintos e com utilizações diferentes.
Então vamos as significações de ambas as nomenclaturas;
– Acondicionamento: é a colocação dos resíduos sólidos no interior de recipientes apropriados, revestidos, que garantam sua
estanqueidade, em regulares condições de higiene, visando a sua posterior estocagem ou coleta.
–Armazenamento: consiste na guarda dos recipientes de resíduos contendo os resíduos já acondicionados em abrigos podendo ser
internos ou externos até a realização da coleta.

Procedimento de acordo com o tipo do resíduo


Conforme a lei 12.305 da Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS) e as leis e normas referentes aos resíduos sólidos, de acordo
com a classificação do resíduo, terá um acondicionamento e armazenamento segundo suas características. O intuito é proteger o meio
ambiente e evitar danos à saúde.
Para realizar o armazenamento dos resíduos deverá ser seguido os critérios definidos nas normas de armazenamento a fim de garantir
que os resíduos não sofram alteração da qualidade, quantidade, ou de sua classificação, minimizando os riscos de danos ao ser humano
e ao meio ambiente.

98
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Os resíduos classificados como perigosos ou pertencentes à Métodos de Acondicionamento


Classe I, não devem ser armazenados juntamente com os demais Há muitas opções e formas de acondicionamento, vejamos:
resíduos classificados como não perigosos conforme determina a – caçambas fechadas: podem ser utilizadas com uma grande
ABNT NBR 10.004. variedade de resíduos: resíduos da construção civil, metal, varrição,
O local de armazenamento de produtos perigosos deverá orgânicos, lodos sólidos, e outros dependendo do volume gerado;
ter uma área de contenção, fazer um inventário e um plano de – caçambas maiores: equipamento de grande tamanho,
amostragem. O local de armazenamento precisa cumprir as armazena resíduos recicláveis, madeiras, lodos, poda varrição e
seguintes exigências, conforme normas vigentes: outros, com volumes maiores;
-Coberta, ventilada, com acesso adequado e controlado para – containers: armazenamento de resíduos orgânicos e
a entrada e saída dos resíduos e acesso restrito para pessoas não recicláveis (papel, papelão e plásticos);
autorizadas; – Contentor de plástico: armazena resíduo orgânico e comum;
-Base impermeável que impeça a lixiviação e percolação de – tambores e bombonas: são mais utilizados para
substâncias para o solo e águas subterrâneas; acondicionamento de resíduos industriais e perigosos. Essas
-Área de drenagem e captação de líquidos contaminados para embalagens devem ser homolagadas pelo Inmetro;
posterior tratamento; – Compactainers: utilizado para armazenar resíduos orgânicos,
-Os resíduos devem estar devidamente identificados, onde os materiais são prensados no interior do equipamento.
controlados e segregados segundo suas características de
inflamabilidade, reatividade e corrosividade, evitando-se a E os resíduos perigosos, como armazená-los?
incompatibilidade entre eles; Para cada tipo de resíduo, a leis e normas apresentam várias
-Deverá estar distante de nascentes, poços, cursos d’água e regras considerando as características, a toxidade e os riscos que
demais locais sensíveis. representam à saúde do ser humano e à natureza.
Quanto à periculosidade, alguns resíduos devem ter tratamento
Muitas empresas recorrem à terceiros para armazenarem especial no que se refere ao acondicionamento.
os resíduos. É necessário entretanto que haja garantia que os Por essa razão, é importante cumprir as diretrizes dadas pela
resíduos não sofrerão alteração da qualidade, quantidade ou de sua norma técnica NBR 11.174 que dispõe sobre o armazenamento de
classificação de acordo com as normas e leis vigentes. resíduos classes II não inertes e classe III inertes.
O VG Resíduos, especialista em gerenciamento de resíduos, De acordo com essa norma, tais resíduos devem estar
oferece a plataforma Mercado de Resíduos. A partir dessa armazenados em local apropriado, com a devida identificação,
ferramenta, sua empresa tem acesso a uma rede de outras constando em local visível a sua classificação.
empresas que precisam de local de armazenamento de resíduos ou O local de armazenamento deve considerar a minimização dos
terceiros especializados nessa atividade. riscos de contaminação, além de passarem pela aprovação do órgão
estadual de controle ambiental. Obrigatoriamente esses resíduos
Dicas de acondicionamento e armazenamento deverão ser armazenados em contêineres, tambores, tanques ou
A gestão dos resíduos sólidos deve ser realizada de forma a granel.
cuidadosa, observando o correto cumprimento das leis e normas.
Para evitar multas e passivos ambientais, as empresas precisam Fonte: https://www.vgresiduos.com.br/blog/entenda-a-diferenca-en-
promover boas práticas na coleta, armazenamento e transporte tre-acondicionamento-e-armazenamento-de-residuo/
dos resíduos.
Vale ressaltar que está previsto na Política Nacional de Resíduos TIPOS DE LIXO
Sólidos a responsabilidade compartilhada, atribuindo a cada O lixo gerado pelos diversos segmentos da sociedade pode ser
integrante da cadeia produtiva e titulares do manejo de resíduos, a classificado de acordo com sua composição (características físicas)
responsabilização pela destinação final ambientalmente adequada. e destino. Esta classificação é muito importante, pois facilita a
-Gerador, transportador e destinatário final são todos coleta seletiva, reciclagem e definição do destino mais apropriado.
corresponsáveis. Logo, são informações de muito valor para a preservação do meio
As transportadoras também devem ficar atentas quanto ao ambiente e manutenção da saúde das pessoas.
documento da movimentação e destinação final dos Resíduos
(MTR). Lixo orgânico
Armazenamento: para realizar com qualidade a coleta
dos resíduos, o armazenamento precisa ser feita com o
acondicionamento de forma correta, cumprindo-se as leis e normas,
sendo compatível quanto à classificação, quantidade e volume dos
resíduos.
A importância do acondicionamento adequado consiste em
otimizar a operação, prevenir acidentes, minimizar o impacto visual
e olfativo, além de reduzir a heterogeneidade dos resíduos e, por
fim, facilitar a realização da coleta.
-É importante que os equipamentos de acondicionamento
tenham dispositivos para facilitar o deslocamento, sejam
herméticos e evitem derramamento de líquidos ou que tenha
resíduos expostos.

99
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

É o lixo derivado dos resíduos orgânicos. São gerados São os resíduos, principalmente sólidos, originários no processo
principalmente nas residências, restaurantes e estabelecimentos de produção das indústrias. Geralmente é composto por sobras de
comerciais que atuam na área de alimentação. Devem ser separados matérias-primas, destinados à reciclagem ou reuso no processo
dos outros tipos de lixo, pois são destinados, principalmente, aos industrial.
aterros sanitários das cidades.
Exemplos: retalhos de tecido, sobras e retalhos de metal,
Exemplos: cascas de frutas e legumes; restos de verduras, de embalagens de matéria-prima, sobras de vidro e etc.
arroz e de feijão; restos de carnes e ovos.
Lixo hospitalar
Lixo reciclável

São os resíduos originados em hospitais e clínicas médicas.


São perigosos, pois podem apresentar contaminação e transmitir
doenças para as pessoas que tiverem contato. Devem ser tratados
segundo padrões estabelecidos, com todo cuidado possível. São
destinados para empresas especializadas no tratamento deste tipo
de lixo, onde geralmente são incinerados.

Exemplos: curativos, seringas e agulhas usadas, material


cirúrgico usado, restos de medicamentos e até mesmo partes do
corpo humano extraídos em procedimentos cirúrgicos.
É todo lixo material que pode ser utilizado no processo de
transformação de outros materiais ou na fabricação de matéria- Lixo comercial
prima. São gerados nas residências, comércios e indústrias.
Devem ser separados e destinados a coleta seletiva. São usados
por cooperativas e empresas de reciclagem. A separação para a
reciclagem deste tipo de resíduo sólido é de extrema importância,
pois além de gerar empregos e renda, também contribuí para o
meio ambiente. Isto ocorre, pois este lixo não vai gerar poluição em
rios, solo e mar.

Exemplos: embalagens de plástico, papelão, potes de vidro,


garrafas PET, jornais e revistas usadas e objetos de metal.

Lixo industrial

É aquele produzido pelos estabelecimentos comerciais como,


por exemplo, lojas de roupas, brinquedos e eletrodomésticos. Este
lixo é quase totalmente destinado à reciclagem, pois é composto,
principalmente, por embalagens plásticas, papelão e diversos tipos
de papéis.

Lixo verde
É aquele que resulta, principalmente, da poda de árvores,
galhos, troncos, cascas e folhas que caem nas ruas. Por se tratar de
matéria orgânica, poderia ser utilizado para compostagem, produção
de adubo orgânico e até confecção de objetos de artesanato.
Infelizmente, no Brasil, ele é destinado quase exclusivamente aos
aterros sanitários.

100
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Lixo eletrônico Exemplos: satélites desativados, ferramentas perdidas em


missões espaciais, resíduos de tintas e pedaços de foguetes
espaciais.

Coleta Seletiva e Reciclagem

São os resíduos gerados pelo descarte de produtos


eletroeletrônicos que não funcionam mais ou que estão muito
superados.

Exemplos: televisores, rádios, impressoras, computadores,


geladeiras, micro-ondas, telefones e etc.

Lixo nuclear
Quando pensamos nos tipos de materiais descartados, a coleta
seletiva é a melhor alternativa. Para tanto, os contentores são
divididos por cores, os quais indicam o tipo de lixo a ser depositado:

Azul: aos papéis e papelões;


Verde: aos vidros;
Vermelho: para os plásticos;
Amarelo: para os metais;
Marrom: para os resíduos orgânicos;
Preto: para madeiras;
Cinza: para materiais não reciclados;
Branco: destinado aos lixos hospitalares;
Laranja: para resíduos perigosos;
É aquele que é gerado, principalmente, pelas usinas nucleares. Roxo: para resíduos radioativos.
É um lixo altamente perigoso por se tratar de elemento radioativo.
Devem tratados seguindo padrões rigorosos de segurança. Esse processo de separação tem sido uma das mais importantes
alternativas para diminuir a poluição e ainda permitir a reciclagem
Exemplos: sobras de urânio utilizados em usinas nucleares e de diversos tipos de materiais: plástico, vidro, papel, dentre outros.
elementos radioativos que compõem aparelhos de raio-x. Lembre-se que a reciclagem é uma forma sustentável de
reaproveitamento de materiais usados que são transformados em
Lixo espacial novos. Assim, ela tem possibilitado a diminuição do acúmulo de lixo
de diversas naturezas.

Fonte: https://www.suapesquisa.com/ecologiasaude/tipos_lixo.htm

FORMAS DE UTILIZAÇÃO DO RESÍDUO COMO MATÉRIA PRIMA


Um dos maiores desafios da sociedade, se tratando de evitar
a degradação do meio ambiente e a contaminação dos mananciais
de água e do solo, é a disposição de forma adequada dos resíduos
industriais e urbanos.
A possibilidade de utilização de resíduo como matéria prima
tem sido umas das principais fontes economicamente viáveis e
ecologicamente corretas para algumas empresas que adotam a
reciclagem ou a utilização de material reciclado no seu processo
produtivo.
Há inúmeros negócios de sucesso atualmente que tem como
É o lixo gerado a partir das atividades espaciais. Ficam na órbita principal fonte de matéria prima o resíduo industrial que outras
terrestre, gerando uma grande poluição espacial. empresas dispõem.

101
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O mercado de resíduo tem se tornado uma oportunidade Destinação final ambientalmente adequada de resíduos
lucrativa para várias empresas, que encontram no seu resíduo uma sólidos
fonte extra de lucro e que também atende a Política Nacional de Você sabe o que significa uma destinação correta de resíduos?
Resíduos Sólidos. A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) define que a
destinação final ambientalmente adequada é a destinação que
Utilização de resíduo como matéria prima a partir da inclui a reutilização, a reciclagem, a compostagem, a recuperação
reciclagem e o aproveitamento energético ou outras destinações, observando
normas operacionais específicas de modo que evite danos ou risco
O que é reciclagem? à saúde e minimize os impactos ambientais. Leia mais no artigo:
Reciclagem é um conjunto de técnicas cuja finalidade é Você sabe a diferença entre destinação e disposição final?
aproveitar os resíduos e reintroduzi-los no ciclo de produção. A reciclagem tem sido adotada como uma iniciativa sustentável,
A reciclagem de resíduos proporciona várias vantagens para as sendo uma das principais formas de utilização do resíduo. Mas como
empresas em relação à utilização de matéria prima naturais: reduz as empresas que destinam seu resíduo para reciclagem podem se
o volume de extração de matérias primas, reduz o consumo de certificar que o resíduo chegou ao destino correto?
energia, emitem menos poluentes e melhora a saúde e segurança Uma delas é através do referido CDF (Certificado de Destinação
da população. Final), um documento que comprova o destino dos resíduos
A maior vantagem da reciclagem é a preservação dos recursos enviados. É uma prova importante para possíveis auditorias e para
naturais, prolongando sua vida útil e reduzindo a destruição do o atendimento ou manutenção da ISO 14001, (norma da Associação
meio ambiente. Em países desenvolvidos na Europa e na América Brasileira de Normas Técnicas – ABNT referente ao Sistema de
do Norte, a reciclagem é vista pela iniciativa privada, como um Gestão Ambiental).
mercado rentável. O CDF serve também para o preenchimento dos relatórios de
Muitas empresas dessas nações investem em pesquisa e atividades exigido pelo IBAMA, bem como o inventário de resíduos.
tecnologia para aumentar a qualidade do produto reciclado e
proporciona maior eficiência do sistema produtivo. As principais A reutilização reduz o uso de matéria prima
razões que motivam estes países a reciclarem seus rejeitos A reutilização de resíduos também é uma forma de utilização
industriais é o fato que as reservas de matérias primas naturais do resíduo como matéria prima. A reutilização de resíduos prolonga
estão se esgotando e, também, devido ao aumento do volume de a vida útil dos materiais. Produtos reutilizados devem possuir uma
resíduos sólidos que degradam os recursos naturais. indicação de quantos ciclos de produção podem passar sem alterar
Já no Brasil a reciclagem ainda não faz parte da cultura dos suas características e qualidade.
empresários e cidadãos. A utilização de resíduo como matéria Para o setor alimentício, durante a reutilização de certos
prima ainda possui índices insignificantes em relação à quantidade produtos é necessário tratamento antes de sua reintegração no
produzida. setor de produção.
As indústrias plásticas, de papel e cerâmica se destacam na O setor que mais reutiliza resíduo como matéria prima é o setor
utilização de resíduos como matéria prima em seus processos de embalagem.
de produção. Na indústria cerâmica a utilização de resíduo como
matéria prima é possível por possuir elevado volume de produção Exemplos: garrafas de cervejas e refrigerantes que possuem
que possibilita o consumo de grandes quantidades associada a vida útil em torno de um ano a 25 lavagens. Depois desse tempo, as
características físicas e químicas da matéria prima utilizada. garrafas precisam ser recicladas para a fabricação de novas garrafas.
O setor de fabricação de utilidades domésticas é o maior Os resíduos de construção civil após passar por triagem e
consumidor de reciclados de plástico no Brasil. A utilização de serem reduzidos em seu tamanho podem ser reutilizados para a
uma tonelada de aparas (papel e papelão reciclado) nas indústrias construção.
de papel evita o corte de 10 a 12 árvores, economiza insumos,
especialmente água utilizada nos processos de produção a partir A importância do gerenciamento de resíduo
da celulose. O gerenciamento dos resíduosdeve ser conduzido de
Abaixo listamos alguns exemplos de resíduos que podem ser forma adequada. A aplicação de boas práticas na coleta, no
reciclados e utilizados como matéria prima: armazenamento, no transporte evitam perdas na qualidade
-Vidro: potes de alimentos (azeitonas, milho, requeijão, etc.), possibilitando que as empresas possam destinar adequadamente
garrafas, frascos de medicamentos, cacos de vidro. o resíduo.
-Papel: jornais, revistas, folhetos, caixas de papelão, embalagens A gestão adequada é o primeiro passo para que as empresas
de papel. contribuam para um meio ambiente saudável. A sua empresa
-Metal: latas de alumínio, latas de aço, pregos, tampas, tubos realiza o gerenciamento de forma adequada? Há dúvidas? O
de pasta, cobre, alumínio. resíduo que você gera pode ser utilizado como matéria prima? A
-Plástico: potes de plástico, garrafas PET, sacos plásticos, Verde Ghaia conta com uma consultoria online que ajudará a sua
embalagens e sacolas de supermercado. organização a realizar essa gestão da melhor forma e seguindo as
-Embalagens longa vida: de leite, de tomate, de sucos, etc. normas aplicáveis. Também, contamos com um software online
de gerenciamento de resíduos que facilitará os processos de
reciclagens do seu negócio.

Fonte: https://www.vgresiduos.com.br/blog/reciclagem-formas-de-uti-
lizacao-do-residuo-como-materia-prima/

102
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

1.1.1 Vigilância
MÉTODOS DE CONTROLE E PREVENÇÃO DE ZOONOSES Rotineiramente, a área de vigilância de zoonoses deve desen-
volver e executar ações, atividades e estratégias de vigilância de
zoonoses e, dependendo do contexto epidemiológico, também de
1 VIGILÂNCIA, PREVENÇÃO E CONTROLE DE ZOONOSES
prevenção, em seu território de atuação. Essas atividades são orga-
nizadas e executadas da seguinte forma:
1.1 Zoonoses em geral
1.1.1.1 Vigilância ativa
A execução das ações, das atividades e das estratégias de vigi-
lância, prevenção e controle de zoonoses de relevância para a saú-
• Zoonoses monitoradas por programas nacionais de vigilância
de pública, além de raiva e leishmanioses, estende-se para outras
e controle do Ministério da Saúde: as ações caracterizam-se por se-
doenças de transmissão vetorial. Assim, tais doenças subdividem-
rem executadas de forma permanente a fim de subsidiar os progra-
-se em três grupos, sendo: zoonoses monitoradas por programas
mas de controle existentes. Para o desenvolvimento e a execução
nacionais de vigilância e controle do Ministério da Saúde (MS),
das ações de vigilância ativa, devem-se seguir as normas técnicas
zoonoses de relevância regional ou local e zoonoses emergentes ou
vigentes dos programas nacionais de vigilância e controle do Minis-
reemergentes.
tério da Saúde.
As zoonoses monitoradas por programas nacionais de vigilân-
• Zoonoses de relevância regional ou local; zoonoses emer-
cia e controle do Ministério da Saúde são: peste, leptospirose, febre
gentes e reemergentes: caracteriza-se pelo desenvolvimento e pela
maculosa brasileira, hantavirose, doença de Chagas, febre amarela,
execução sistemática de medidas que visem identificar, oportuna e
febre d e chikungunya e febre do Nilo Ocidental. Outras doen-
precocemente, o risco real (iminente) de introdução ou a introdu-
ças de transmissão vetorial que acometem somente a espécie hu-
ção/ reintrodução de uma zoonose, ou, ainda, a manutenção do ci-
mana, como dengue e malária, também podem ser parte integrante
clo de transmissão de uma zoonose prevalente na área em questão,
das atribuições da área de vigilância de zoonoses.
a fim de que a área de vigilância de zoonoses local possa intervir
As zoonoses de relevância regional ou local, ou seja, que apre-
com ações de controle.
sentam incidência e prevalência numa determinada área do terri-
As ações desenvolvidas nesta etapa, que também se aplicam
tório brasileiro, mas de magnitude, transcendência, severidade,
às ações de vigilância ativa relacionadas às zoonoses monitoradas
gravidade, vulnerabilidade e potencial de disseminação também
por programas nacionais de vigilância e controle do Ministério da
somente em nível regional ou local, são: toxoplasmose, esporotri-
Saúde, consistem em:
cose, ancilostomíase, toxocaríase (larva migrans cutânea e visceral),
a) Articulação sistemática, com a área de vigilância epidemioló-
histoplasmose, criptococose, complexo equinococose – hidatidose,
gica local, para atualização quanto à ocorrência de casos humanos,
entre outras.
sejam prevalentes ou incidentes, sejam no território de atuação ou
As zoonoses emergentes ou reemergentes são, respectivamen-
em áreas circunvizinhas, bem como de outras informações perti-
te, doenças novas (exóticas) e aquelas que reaparecem após perí-
nentes.
odo de declínio significativo ou com risco de aumento no futuro
b)Monitoramento constante e sistemático das populações de
próximo, promovendo significativo impacto sobre o ser humano,
animais do território de atuação.
devido à sua gravidade e à potencialidade de deixar sequelas e mor-
c) Estruturação da rotina de identificação de informações ge-
te. Tais doenças podem ser incidentes ou prevalentes em outros
radas pela mídia sobre a incidência e a prevalência de zoonose na
países, e de alguma forma, envolvem uma ou mais espécies de
área alvo.
animais no seu ciclo de transmissão, sendo introduzidas no Brasil
d)Articulação sistemática com serviços e instituições públi-
por meio da entrada de pessoa(s), animal(is) ou de fômite(s) infec-
cas e privadas que, de alguma forma, trabalham com animais ou
tados.
amostras biológicas de animais, tais como: consultórios, clínicas e
Para qualquer grupo de zoonoses, as ações, as atividades e as
hospitais veterinários, pet shops, órgãos ambientais, órgãos da agri-
estratégias de vigilância, prevenção e controle de zoonoses execu-
cultura, órgãos e entidades de proteção animal, laboratórios, uni-
tadas pela área de vigilância de zoonoses se pautam em atuar e
versidades, entre outros, de modo que se identifique oportuna e
intervir, direta ou indiretamente, sobre as populações de animais
precocemente a introdução de uma zoonose em uma determinada
alvo, de modo a refletir em benefício direto (quanto à redução ou
área ou seu risco iminente.
eliminação, quando possível, do risco iminente de transmissão de
e) Desenvolvimento de inquéritos epidemiológicos que envol-
zoonose) à saúde da população humana.
vam determinadas populações de animais.
Assim, toda ação, atividade e estratégia de vigilância, preven-
ção e controle de zoonoses de relevância para a saúde pública,
1.1.1.2 Vigilância passiva
desenvolvidas e executadas pela área de vigilância de zoonoses,
devem ser precedidas por levantamento do contexto de impacto
Caracteriza-se por viabilizar meios para a identificação oportu-
na saúde pública, por meio de avaliação da magnitude, da transcen-
na e precoce de uma situação de risco real (iminente) relacionada
dência, do potencial de disseminação, da gravidade, da severida-
a zoonoses ou de ocorrência de zoonoses na área em questão, pos-
de e da vulnerabilidade referentes ao processo epidemiológico de
sibilitando que a área de vigilância de zoonoses local possa intervir
instalação, transmissão e manutenção de zoonoses, considerando
com ações de controle. Esses meios são:
a população exposta, a espécie animal envolvida, a área afetada
• Disponibilidade de avaliação e recepção de um animal de
(alvo), em tempo determinado.
relevância para a saúde pública, oportunizando o acesso da po-
pulação e de instituições públicas e privadas para entrega desses
animais. Esse procedimento só é possível quando o município ou a

103
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

região possui uma Unidade de Vigilância de Zoonoses (UVZ). O mu- Constatada a situação real de risco (risco iminente) de trans-
nicípio que não possuir uma UVZ não tem a atribuição de viabilizar missão de zoonose (de relevância para a saúde pública) em uma de-
esse serviço. terminada área, relacionado a uma população animal alvo, deve-se
• Canal de comunicação com a população para informações proceder às medidas de controle cabíveis, além da manutenção das
sobre animais de relevância para a saúde pública, bem como para medidas de vigilância e intensificação das medidas de prevenção,
que a população notifique a área de vigilância de zoonoses, quando ambas adequadas à nova realidade epidemiológica. Esse controle
diante de um animal suspeito de zoonose de relevância para a saú- se caracteriza pelo desenvolvimento de ações, atividades e estra-
de pública. Os canais de comunicação podem ser viabilizados por tégias que visem ao alcance da redução ou da eliminação, quando
meio de números de telefones e de e-mails. É, também, por meio possível, do risco iminente de transmissão da zoonose para a popu-
deste canal que se originam as atividades de Inspeção Zoossanitária lação humana
.
• Integração e articulação com serviços e instituições públicos 1.1.3.2 Controle da zoonose incidente
e privados que, de alguma forma, trabalham com animais ou amos-
tras de animais, tais como: consultórios, clínicas e hospitais veteri- Uma vez instalado o ciclo de transmissão de determinada
nários, pet shops, órgãos ambientais, órgãos da agricultura, órgãos zoonose em certa área, em que uma população animal esteja rela-
e entidades de proteção animal, laboratórios, universidades, entre cionada, deve-se proceder às medidas de controle para a redução
outros, de modo que se sensibilize, incentive e oriente esses servi- ou a eliminação, quando possível, do número de casos humanos
ços e instituições a notificar a área de vigilância de zoonoses quan- da doença, intervindo de forma efetiva na interrupção do ciclo de
do diante de um animal suspeito de zoonose de relevância para a transmissão.
saúde pública.
1.1.3.3 Controle da zoonose prevalente
1.1.2 Prevenção Diante de uma zoonose prevalente na área-alvo, em que uma
As ações de prevenção de zoonoses caracterizam-se por serem população animal esteja relacionada à transmissão dela, devem-se
executadas de forma temporária ou permanente, dependendo do manter, sistematicamente, as medidas de vigilância, ativa e passiva,
contexto epidemiológico, por meio de ações, atividades e estraté- e de prevenção, procedendo às medidas de controle para a redu-
gias de educação em saúde, manejo ambiental e vacinação animal: ção ou eliminação, quando possível, do número de casos humanos
• Educação em saúde: devem-se desenvolver atividades de da doença, intervindo de forma efetiva na interrupção do ciclo de
educação em saúde na comunidade como um todo, visando à transmissão. Se a zoonose reincidir com frequência na área-alvo, é
prevenção de zoonoses. É necessário priorizar as localidades mais necessário rever as medidas adotadas, na tentativa de alcançar sua
vulneráveis, atuando em escolas e outros locais em que se possa eliminação.
atingir o público-alvo, de forma intensa e mais abrangente possível, Para o desenvolvimento das ações, das atividades e das estra-
utilizando-se também de meios de comunicação, como rádio, TV, tégias de vigilância, prevenção e controle de zoonoses de relevância
correspondência e internet. para a saúde pública, devem-se consultar os manuais técnicos do
• Manejo ambiental: realizado somente quando possível (dife- Ministério da Saúde, além de outras orientações técnicas vigentes,
renciando-se das ações de correção do ambiente, sendo esta uma bem como orientações específicas deste Manual. Quando estas não
atribuição legal dos órgãos de Meio Ambiente), para controlar ou, forem suficientes para o controle da doença e for necessário buscar
quando viável, eliminar vetores e roedores. Deve-se incentivar, outras indicações técnicas, deve-se pautar sempre por escolher e
orientar e educar a população na realização do manejo ambiental, executar medidas que sejam técnica, científica (sob o crivo de alto
realizando-as, quando necessário. rigor metodológico científico) e metodologicamente viáveis e efeti-
• Vacinação animal: deve-se realizar a vacinação antirrábica vas, com comprovação do alcance de resultados satisfatórios.
de cães e gatos, de acordo com o preconizado para cada região,
conforme o contexto epidemiológico da raiva na área local e com 1.1.4 Monitoramento e avaliação
o preconizado no Programa Nacional de Vigilância e Controle da Após e durante a aplicação das medidas de controle da zoo-
Raiva do Ministério da Saúde nose alvo, deve-se monitorar e avaliar sua efetividade. Dependen-
Observação: deve-se considerar o contexto epidemiológico das do do resultado da avaliação, é preciso continuar com as medidas
zoonoses na área em questão, para definir as ações de prevenção de controle, até o alcance do objetivo (reduzir ou eliminar, quando
que serão estratégicas e prioritárias. possível, a doença ou o risco iminente). As medidas de vigilância
são permanentes.
1.1.3 Controle Observação: atentar para as orientações preconizadas nos pro-
Uma vez constatada a situação real de risco de transmissão de gramas específicos de vigilância e controle de zoonoses do Ministé-
zoonose (risco iminente) ou a introdução de zoonose(s) de relevân- rio da Saúde.
cia para a saúde pública no território local, a área de vigilância de
zoonoses deve iniciar a etapa de desenvolvimento e execução do Importante
controle da doença, por meio de medidas cabíveis e viáveis a serem 1. Para o desenvolvimento e a execução das ações, das ativida-
aplicadas direta e indiretamente sobre a população animal alvo, a des e das estratégias de vigilância, prevenção e controle de zoono-
fim de interromper o ciclo de transmissão da(s) zoonose(s) alvo. ses (bem como de acidentes causados por animais peçonhentos e
As ações, as atividades e as estratégias de controle de zoonoses venenosos) de relevância para a saúde pública, deve-se proceder à
subdividem-se em três tipos: articulação, à interlocução e à parceria sistemática com a área de
vigilância epidemiológica local, visando à consonância e à efetivi-
1.1.3.1 Controle do risco iminente de transmissão de zoonose dade delas.

104
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

2. Deve-se atentar para as mudanças e atualizações quanto às O Sistema Nacional de Vigilância Sanitária e a Anvisa
ações, às atividades e às estratégias de vigilância, prevenção e con-
trole de zoonoses (bem como de acidentes causados por animais No Brasil, as atividades de vigilância sanitária são competência
peçonhentos e venenosos) de relevância para a saúde pública, nor- do SNVS – O Sistema Nacional de Vigilância Sanitária do Brasil, que
matizadas pelo Ministério da Saúde se encontra vinculado ao Sistema Único de Saúde (SUS) e atua de
maneira integrada e descentralizada em todo o território nacional.
Fonte: Ministério da Saúde. Manual de Vigilância, Prevenção e Contro- As responsabilidades são compartilhadas entre as três esferas de
le de Zoonoses, 2016. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/ governo – União, estados e municípios–, sem relação de subordi-
publicacoes/manual_vigilancia_prevencao_controle_zoonoses.pdf. nação entre elas.
Acesso em: 25.jan.2023. Dentro do SNVS, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (An-
visa) é a responsável pela coordenação do sistema e atua em ques-
ORGANIZAÇÃO SANITÁRIA NOS ÓRGÃOS E EMPRESAS tões de âmbito federal, acompanhando e coordenando a execução
de ações sanitárias em todo o país. Além disso, a agência estabelece
normas gerais, presta cooperação técnica e financeira aos outros
SNVS – O Sistema Nacional de Vigilância Sanitária do Brasil1 entes do sistema e promove parcerias.
A Anvisa também é responsável pelo controle sanitário de por-
A atuação da vigilância sanitária abrange muitas outras ativida- tos, aeroportos, fronteiras e recintos alfandegados, de serviços de
des além da interdição de estabelecimentos irregulares que apre- saúde e de produtos (medicamentos, cosméticos, saneantes, ali-
sentem risco à saúde. Por isso, a importância de se compreender mentos, derivados do tabaco, produtos médicos, sangue e hemo-
um pouco mais essa faceta da saúde pública que, desde épocas derivados, entre outros).
imemoriais, busca encontrar caminhos para prevenir danos ou di- A melhora no desempenho dos sistemas de informação tam-
minuir riscos provocados por problemas sanitários. bém é essencial. Nesse sentido, triplicou-se a capacidade de pro-
Alimentos, medicamentos, cosméticos, saneantes, equipamen- cessamento com a aquisição de novos servidores, o que permite
tos para diagnóstico e tratamento de doenças, serviços médicos e economizar espaço e reduzir o consumo de energia.
hospitalares e propaganda são algumas das áreas nas quais a vigi- Controla ainda os ambientes, os processos, os insumos e as
lância sanitária atua, entre muitas outras. Suas atividades abran- tecnologias a eles relacionados e realiza o monitoramento de pre-
gem todos os segmentos de mercado direta ou indiretamente rela- ços de medicamentos. Concede anuência prévia nos processos de
cionados à saúde. concessão de patentes de produtos e processos farmacêuticos do
O controle sobre o exercício da medicina, sobre o meio am- Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) e faz fiscalização
biente, os medicamentos e os alimentos já fazia parte da rotina dos da propaganda de produtos sujeitos à vigilância sanitária, como me-
antigos, assim como a criação de leis e normas com o intuito de dicamentos, alimentos e produtos para a saúde.
disciplinar a vida em sociedade. O SNVS na prática: Na vida diária, as pessoas tendem a con-
Achados arqueológicos, por exemplo, demonstram que, no sé- fundir o papel a ser desempenhado pelos integrantes do SNVS. Por
culo XVI a.C., o homem já possuía habilidade para preparar drogas, exemplo, há registro de inúmeros casos de denúncias feitas à Anvisa
e lhes delimitar prazos de validade. Desde então, a vigilância sani- a respeito de restaurantes em condições de higiene inadequadas,
tária se mantém em constante expansão, podendo ser considerada solicitando que a agência fiscalize e interdite tais ambientes. Porém,
quase uma entidade onipresente no cotidiano das pessoas, atuan- as ações de natureza local são de responsabilidade do órgão mais
do muitas vezes de forma silenciosa ou despercebida, mas não me- próximo do cidadão, normalmente a vigilância sanitária municipal.
nos importante. É a esta instância que ele deve recorrer, prioritariamente. A Anvisa
Anvisa assumiu, por meio do Mais Saúde, o compromisso de atua normalmente nas questões de âmbito nacional.
monitorar o perfil nutricional dos alimentos industrializados, levan- Além de acompanhar e coordenar as ações de vigilância sani-
do em consideração a crescente demanda desse tipo de produto e tária, compete à Anvisa, como órgão coordenador do Sistema Na-
sua relevante contribuição no aumento do consumo de açúcar, sal cional de Vigilância Sanitária no país, prestar cooperação técnica e
e gorduras. financeira aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios. Para
No dia-a-dia, as pessoas consomem inúmeros produtos e uti- isso, nos últimos anos, a agência tem desenvolvido ações voltadas
lizam diversos serviços que necessitam de critérios de segurança ao fortalecimento da descentralização, buscando ampliar e qualifi-
para evitar ameaças à saúde. E é exatamente para dar garantia de car a capacidade de gestão estadual e municipal, bem como o de-
segurança e de qualidade a esses produtos e serviços que a vigilân- senvolvimento das ações de vigilância sanitária.
cia sanitária trabalha. Dentre os principais mecanismos de apoio fornecidos aos esta-
Apesar de muito ampla, essa área é definida na Lei Orgânica dos e municípios, destacam-se o repasse de recursos financeiros e
da Saúde (Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990), a vigilância o estabelecimento de convênios e de termos de cooperação técni-
sanitária é definida como “um conjunto de ações capaz de eliminar, ca que a Anvisa desenvolve com outras entidades e demais esferas
diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sa- governamentais, visando, entre outras coisas, à qualificação profis-
nitários decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação sional.
de bens e da prestação de serviços de interesse da saúde”. Em função de seu desempenho cada vez mais abrangente, as
ações da agência têm sido reconhecidas pela comunidade e pelas
entidades de defesa do consumidor como capazes de promover e
1 https://portalresiduossolidos.com/snvs-o-sistema-nacional-de-vigilancia-sa- proteger a saúde da população.
nitaria-brasil/] Além disso, o trabalho da Anvisa tem sido considerado um for-
te instrumento para a melhoria da qualidade de vida das pessoas.

105
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Agências Reguladoras Um dos destaques recentes foi o crescimento da atuação no


As agências reguladoras federais brasileiras foram criadas a contexto Sul-Sul, por meio de parcerias estabelecidas com agências
partir de 1996 com o objetivo inicial de regular mercados recente- reguladoras de países como Argentina, Cuba, Uruguai e Cabo Verde.
mente privatizados à época, como os de energia elétrica e teleco- Por conta da abrangência dos objetos e processos regulados
municações. por sua atuação, assim como do quantitativo de sua força de traba-
Em seguida o Estado ampliou o seu raio de ação, regulando lho (cerca de três mil servidores), a Anvisa pode ser considerada a
também segmentos estratégicos de grande impacto econômico e maior agência reguladora brasileira, na atualidade.
social, como aqueles referentes à vigilância sanitária. Atualmente, A atuação da agência engloba produtos e serviços de saúde
o país conta com dez agências reguladoras federais, instituídas em que representam 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, de-
áreas de infraestrutura e em setores sociais. monstrando a sua importância no cenário nacional.
Inspiradas na experiência norte-americana e com desenho
institucional próprio, as agências são autarquias sob regime espe- O fortalecimento das agências reguladoras (2007)
cial, dotadas de independência administrativa, estabilidade de seus O fortalecimento do sistema regulatório brasileiro tem sido
dirigentes (mandatos fixos), autonomia financeira (renda própria uma das prioridades do Governo Federal desde a criação das agên-
e liberdade de sua aplicação), ausência de vinculação hierárquica cias. Para isso, foram estabelecidas diversas estratégias, dentre elas
ao ministério supervisor, e poder normativo (regulamentação das o projeto de lei para criação da Lei Geral das Agências Reguladoras
matérias de sua competência). Tudo isso para reduzir os riscos de (PL nº 3.337/2004) e o Programa de Fortalecimento da Capacidade
interferência política no processo de regulação, bem como priorizar Institucional para a Gestão em Regulação (Pro-Reg), coordenado
o estabelecimento de critérios técnicos de decisão, conferindo es- pela Casa Civil da Presidência da República, com apoio do Banco
tabilidade e efetividade ao processo regulatório. Interamericano de Desenvolvimento (BID).
As agências reguladoras atuam tanto na promoção do desen- Ao instituir uma lei geral para as agências busca-se padronizar
volvimento econômico quanto nas correções das falhas de merca- as atividades das agências reguladoras federais, fortalecendo sua
do, garantindo segurança e bem-estar à população. autonomia e seu papel na estabilidade e previsibilidade das regras
do mercado, além de ampliar a transparência e a participação dos
A criação da agência nacional de vigilância sanitária consumidores no processo regulatório.
O projeto de criação de uma agência federal de vigilância sa- Já o Pro-Reg aponta para a definição de uma política que esti-
nitária começou a ser esboçado em 1994 e foi levado a termo no mule a melhoria da eficiência e da efetividade dos sistemas regu-
fim da década de 1990, em meio a uma crise de confiança sob a latórios, promovendo a construção de um ambiente favorável ao
qual submergia o antigo órgão federal encarregado de cuidar desse desenvolvimento e à consolidação das boas práticas regulatórias no
segmento. Com a publicação da Lei nº 9.782, de 26 de janeiro 1999, país. Entre os instrumentos mais empregados no programa estão a
foi então criada a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Análise de Impacto Regulatório, a consideração das alternativas à
primeira agência reguladora brasileira da área social. regulação e as consultas públicas e os mecanismos de responsabili-
Diferentemente das outras agências, a Anvisa tem como campo zação dos reguladores.
de atuação não um setor específico da economia, mas todos os se-
tores relacionados a produtos e serviços que possam afetar a saúde LEI FEDERAL 6437/77
da população brasileira.
Outra singularidade é sua competência tanto na regulação eco-
nômica do mercado, ao trabalhar, por exemplo, com a definição de LEI Nº 6.437, DE 20 DE AGOSTO DE 1977.
preços e o monitoramento de mercado, quanto na regulação sani-
tária. Configura infrações à legislação sanitária federal, estabelece as
A agência encontra-se vinculada ao Ministério da Saúde e in- sanções respectivas, e dá outras providências.
tegra o Sistema Único de Saúde (SUS), absorvendo seus princípios O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o CONGRESSO
e diretrizes. Além da atribuição regulatória, também é responsá- NACIONAL decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
vel pela coordenação do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária
(SNVS), de forma integrada com outros órgãos públicos relaciona- TÍTULO I
dos direta ou indiretamente ao setor saúde. DAS INFRAÇÕES E PENALIDADES
É dirigida por uma diretoria colegiada, órgão de deliberação
máxima da agência, responsável pela gerência e administração da Art . 1º - As infrações à legislação sanitária federal, ressalvadas
instituição. Composta por cinco membros, sendo um deles o seu as previstas expressamente em normas especiais, são as configura-
diretor-presidente, a diretoria tem a responsabilidade de analisar, das na presente Lei.
discutir e decidir, em última instância administrativa, sobre maté- Art . 2º - Sem prejuízo das sanções de natureza civil ou penal
rias de competência da Anvisa. cabíveis, as infrações sanitárias serão punidas, alternativa ou cumu-
A estrutura organizacional compreende também diversas áreas lativamente, com as penalidades de:
técnicas especializadas, uma Ouvidoria e um Conselho Consultivo I - advertência;
independentes. II - multa;
O trabalho desenvolvido pela Anvisa nos últimos anos tornou III - apreensão de produto;
o Brasil referência em regulação econômica e sanitária na América IV - inutilização de produto;
Latina, principalmente no que tange à regulação de medicamentos. V - interdição de produto;
A Anvisa pode ser considerada hoje a autoridade sanitária líder na VI - suspensão de vendas e/ou fabricação de produto;
região. VII - cancelamento de registro de produto;

106
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

VIII - interdição parcial ou total do estabelecimento; § 2o-A. Ao final da intervenção, o interventor apresentará pres-
IX - proibição de propaganda;(Redação dada pela Lei nº 9.695, tação de contas do período que durou a intervenção.(Incluído pela
de 1998) Lei nº 9.695, de 1998)
X - cancelamento de autorização para funcionamento da em- Art . 6º - Para a imposição da pena e a sua graduação, a autori-
presa;(Redação dada pela Lei nº 9.695, de 1998) dade sanitária levará em conta:
XI - cancelamento do alvará de licenciamento de estabeleci- I - as circunstâncias atenuantes e agravantes;
mento;(Redação dada pela Lei nº 9.695, de 1998) II - a gravidade do fato, tendo em vista as suas conseqüências
XI-A - intervenção no estabelecimento que receba recursos pú- para a saúde pública;
blicos de qualquer esfera.(Incluído pela Lei nº 9.695, de 1998) III - os antecedentes do infrator quanto às normas sanitárias.
XII-imposição de mensagem retificadora;(Incluído pela Medida Art . 7º - São circunstâncias atenuantes:
Provisória nº 2.190-34, de 2001) I - a ação do infrator não ter sido fundamental para a consecu-
XIII-suspensão de propaganda e publicidade.(Incluído pela Me- ção do evento;
dida Provisória nº 2.190-34, de 2001) II - a errada compreensão da norma sanitária, admitida como
§1ºA pena de multa consiste no pagamento das seguintes excusável, quanto patente a incapacidade do agente para atender o
quantias:(Incluído pela Medida Provisória nº 2.190-34, de 2001) caráter ilícito do fato;
I-nas infrações leves, de R$ 2.000,00 (dois mil reais)a R$ III - o infrator, por espontânea vontade, imediatamente, pro-
75.000,00 (setenta e cinco mil reais);(Incluído pela Medida Provisó- curar reparar ou minorar as conseqüências do ato lesivo à saúde
ria nº 2.190-34, de 2001) pública que lhe for imputado;
II-nas infrações graves, de R$ 75.000,00 (setenta e cinco mil IV - ter o infrator sofrido coação, a que podia resistir, para a
reais)a R$ 200.000,00 (duzentos mil reais);(Incluído pela Medida prática do ato;
Provisória nº 2.190-34, de 2001) V - ser o infrator primário, e a falta cometida, de natureza leve.
III-nas infrações gravíssimas, de R$ 200.000,00 (duzentos mil Art . 8º - São circunstâncias agravantes:
reais)a R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais).(Incluí- I - ser o infrator reincidente;
do pela Medida Provisória nº 2.190-34, de 2001) II - ter o infrator cometido a infração para obter vantagem pe-
§2oAs multas previstas neste artigo serão aplicadas em dobro cuniária decorrente do consumo pelo público do produto elaborado
em caso de reincidência.(Incluído pela Medida Provisória nº 2.190- em contrário ao disposto na legislação sanitária;
34, de 2001) III - o infrator coagir outrem para a execução material da infra-
§3oSem prejuízo do disposto nos arts. 4oe 6odesta Lei, na apli- ção;
cação da penalidade de multa a autoridade sanitária competente IV - ter a infração conseqüências calamitosas à saúde pública;
levará em consideração a capacidade econômica do infrator.(Incluí- V - se, tendo conhecimento de ato lesivo à saúde pública, o
do pela Medida Provisória nº 2.190-34, de 2001) infrator deixar de tomar as providências de sua alçada tendentes
Art . 3º - O resultado da infração sanitária é imputável a quem a evitá-lo;
lhe deu causa ou para ela concorreu. VI - ter o infrator agido com dolo, ainda que eventual fraude
§ 1º - Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual a infra- ou má fé.
ção não teria ocorrido. Parágrafo único - A reincidência específica torna o infrator pas-
§ 2º - Exclui a imputação de infração a causa decorrente de sível de enquadramento na penalidade máxima e a caracterização
força maior ou proveniente de eventos naturais ou circunstâncias da infração como gravíssima.
imprevisíveis, que vier a determinar avaria, deterioração ou altera- Art . 9º - Havendo concurso de circunstâncias atenuantes e
ção de produtos ou bens do interesse da saúde pública. agravantes à aplicação da pena será considerada em razão das que
Art . 4º - As infrações sanitárias classificam-se em: sejam preponderantes.
I - leves, aquelas em que o infrator seja beneficiado por circuns- Art . 10 - São infrações sanitárias:
tância atenuante; I - construir, instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte do
II - graves, aquelas em que for verificada uma circunstância território nacional, laboratórios de produção de medicamentos,
agravante; drogas, insumos, cosméticos, produtos de higiene, dietéticos, cor-
III - gravíssimas, aquelas em que seja verificada a existência de relatos, ou quaisquer outros estabelecimentos que fabriquem ali-
duas ou mais circunstâncias agravantes. mentos, aditivos para alimentos, bebidas, embalagens, saneantes
Art. 5oA intervenção no estabelecimento, prevista no inciso e demais produtos que interessem à saúde pública, sem registro,
XI-A do art. 2o, será decretada pelo Ministro da Saúde, que de- licença e autorizações do órgão sanitário competente ou contra-
signará interventor, o qual ficará investido de poderes de gestão, riando as normas legais pertinentes:
afastados os sócios, gerentes ou diretores que contratual ou esta- pena - advertência, interdição, cancelamento de autorização e
tutariamente são detentores de tais poderes e não poderá exceder de licença, e/ou multa.
a cento e oitenta dias, renováveis por igual período.(Redação dada II - construir, instalar ou fazer funcionar hospitais, postos ou
pela Lei nº 9.695, de 1998) casas de saúde, clínicas em geral, casas de repouso, serviços ou
§ 1oDa decretação de intervenção caberá pedido de revisão, unidades de saúde, estabelecimentos ou organizações afins, que
sem efeito suspensivo, dirigido ao Ministro da Saúde, que deverá se dediquem à promoção, proteção e recuperação da saúde, sem
apreciá-lo no prazo de trinta dias.(Redação dada pela Lei nº 9.695, licença do órgão sanitário competente ou contrariando normas le-
de 1998) gais e regulamentares pertinentes:
§ 2oNão apreciado o pedido de revisão no prazo assinalado no pena - advertência, interdição, cancelamento da licença e/ou
parágrafo anterior, cessará a intervenção de pleno direito, pelo sim- multa.
ples decurso do prazo.(Redação dada pela Lei nº 9.695, de 1998)

107
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

III - instalar ou manter em funcionamento consultórios médi- XII - fornecer, vender ou praticar atos de comércio em relação a
cos, odontológicos e de pesquisas clínicas, clínicas de hemodiálise, medicamentos, drogas e correlatos cuja venda e uso dependam de
bancos de sangue, de leite humano, de olhos, e estabelecimentos prescrição médica, sem observância dessa exigência e contrariando
de atividades afins, institutos de esteticismo, ginástica, fisioterapia as normas legais e regulamentares:
e de recuperação, balneários, estâncias hidrominerais, termais, cli- pena - advertência, interdição, cancelamento da licença, e/ou
matéricas, de repouso, e congêneres, gabinetes ou serviços que uti- multa;
lizem aparelhos e equipamentos geradores de raios X, substâncias XIII - retirar ou aplicar sangue, proceder a operações de plas-
radioativas, ou radiações ionizantes e outras, estabelecimentos, la- maferese, ou desenvolver outras atividades hemoterápicas, contra-
boratórios, oficinas e serviços de ótica, de aparelhos ou materiais riando normas legais e regulamentares:
óticos, de prótese dentária, de aparelhos ou materiais para uso Pena - advertência, intervenção, interdição, cancelamento da
odontológico, ou explorar atividades comerciais, industriais, ou fi- licença e registro e/ou multa; (Redação dada pela Lei nº 9.695 de
lantrópicas, com a participação de agentes que exerçam profissões 1998)
ou ocupações técnicas e auxiliares relacionadas com a saúde, sem XIV - exportar sangue e seus derivados, placentas, órgãos, glân-
licença do órgão sanitário competente ou contrariando o disposto dulas ou hormônios, bem como quaisquer substâncias ou partes
nas demais normas legais e regulamentares pertinentes:(Redação do corgo humano, ou utilizá-los contrariando as disposições legais
dada pela Lei nº 9.695 de 1998) e regulamentares:
Pena - advertência, intervenção, interdição, cancelamento da Pena - advertência, intervenção, interdição, cancelamento de
licença e/ou multa;(Redação dada pela Lei nº 9.695 de 1998) licença e registro e/ou multa; (Redação dada pela Lei nº 9.695 de
IV - extrair, produzir, fabricar, transformar, preparar, manipu- 1998)
lar, purificar, fracionar, embalar ou reembalar, importar, exportar, XV - rotular alimentos e produtos alimentícios ou bebidas bem
armazenar, expedir, transportar, comprar, vender, ceder ou usar como medicamentos, drogas, insumos farmacêuticos, produtos
alimentos, produtos alimentícios, medicamentos, drogas, insumos dietéticos, de higiene, cosméticos, perfumes, correlatos, saneantes,
farmacêuticos, produtos dietéticos, de higiene, cosméticos, correla- de correção estética e quaisquer outros contrariando as normas le-
tos, embalagens, saneantes, utensílios e aparelhos que interessem gais e regulamentares:
à saúde pública ou individual, sem registro, licença, ou autorizações pena - advertência, inutilização, interdição, e/ou multa;
do órgão sanitário competente ou contrariando o disposto na legis- XVI - alterar o processo de fabricação dos produtos sujeitos a
lação sanitária pertinente: controle sanitário, modificar os seus componentes básicos, nome, e
pena - advertência, apreensão e inutilização, interdição, cance- demais elementos objeto do registro, sem a necessária autorização
lamento do registro, e/ou multa; do órgão sanitário competente:
V - fazer propaganda de produtos sob vigilância sanitária, ali- pena - advertência, interdição, cancelamento do registro da
mentos e outros, contrariando a legislação sanitária: licença e autorização, e/ou multa;
pena - advertência, proibição de propaganda, suspensão de XVII - reaproveitar vasilhames de saneantes, seus congêneres
venda, imposição de mensagem retificadora, suspensão de propa- e de outros produtos capazes de serem nocivos à saúde, no envasi-
ganda e publicidade e multa.(Redação dada pela Medida Provisória lhamento de alimentos, bebidas, refrigerantes, produtos dietéticos,
nº 2.190-34, de 2001) medicamentos, drogas, produtos de higiene, cosméticos e perfu-
VI - deixar, aquele que tiver o dever legal de fazê-lo, de notificar mes:
doença ou zoonose transmissível ao homem, de acordo com o que pena - advertência, apreensão, inutilização, interdição, cance-
disponham as normas legais ou regulamentares vigentes: lamento do registro, e/ou multa;
pena - advertência, e/ou multa; XVIII-importar ou exportar, expor à venda ou entregar ao con-
VII - impedir ou dificultar a aplicação de medidas sanitárias re- sumo produtos de interesse à saúde cujo prazo de validade tenha se
lativas às doenças transmissíveis e ao sacrifício de animais domésti- expirado, ou apor-lhes novas datas, após expirado o prazo;(Redação
cos considerados perigosos pelas autoridades sanitárias: dada pela Medida Provisória nº 2.190-34, de 2001)
pena - advertência, e/ou multa; pena - advertência, apreensão, inutilização, interdição, cance-
VIII - reter atestado de vacinação obrigatória, deixar de execu- lamento do registro, da licença e da autorização, e/ou multa.
tar, dificultar ou opor-se à execução de medidas sanitárias que vi- XIX - industrializar produtos de interesse sanitário sem a assis-
sem à prevenção das doenças transmissíveis e sua disseminação, à tência de responsável técnico, legalmente habilitado:
preservação e à manutenção da saúde: pena - advertência, apreensão, inutilização, interdição, cance-
pena - advertência, interdição, cancelamento de licença ou au- lamento do registro, e/ou multa;
torização, e/ou multa; XX - utilizar, na preparação de hormônios, órgãos de animais
IX - opor-se à exigência de provas imunológicas ou à sua execu- doentes, estafados ou emagrecidos ou que apresentem sinais de
ção pelas autoridades sanitárias: decomposição no momento de serem manipulados:
pena - advertência, e/ou multa; pena - advertência, apreensão, inutilização, interdição, cance-
X - obstar ou dificultar a ação fiscalizadora das autoridades sa- lamento do registro, da autorização e da licença, e/ou multa;
nitárias competentes no exercício de suas funções: XXI - comercializar produtos biológicos, imunoterápicos e ou-
Pena - advertência, intervenção, interdição, cancelamento de tros que exijam cuidados especiais de conservação, preparação, ex-
licença e/ou multa;(Redação dada pela Lei nº 9.695 de 1998) pedição, ou transporte, sem observância das condições necessárias
XI - aviar receita em desacordo com prescrições médicas ou de- à sua preservação:
terminação expressa de lei e normas regulamentares: pena - advertência, apreensão, inutilização, interdição, cance-
pena - advertência, interdição, cancelamento de licença, e/ou lamento do registro, e/ou multa;
multa;

108
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

XXII - aplicação, por empresas particulares, de raticidas cuja pena-advertência, apreensão, inutilização e/ou interdição do
ação se produza por gás ou vapor, em galerias, bueiros, porões, só- produto, suspensão de venda e/ou de fabricação do produto, can-
tãos ou locais de possível comunicação com residências ou freqüen- celamento do registro do produto; interdição parcial ou total do es-
tados por pessoas e animais: tabelecimento; cancelamento de autorização para funcionamento
pena - advertência, interdição, cancelamento de licença e de da empresa, cancelamento do alvará de licenciamento do estabele-
autorização, e/ou multa; cimento, proibição de propaganda e/ou multa;(Redação dada pela
XXIII - descumprimento de normas legais e regulamentares, Medida Provisória nº 2.190-34, de 2001)
medidas, formalidades e outras exigências sanitárias pelas empre- XXXII-descumprimento de normas legais e regulamentares,
sas de transportes, seus agentes e consignatários, comandantes ou medidas, formalidades, outras exigências sanitárias, por pessoas
responsáveis diretos por embarcações, aeronaves, ferrovias, veícu- física ou jurídica, que operem a prestação de serviços de interesse
los terrestres, nacionais e estrangeiros: da saúde pública em embarcações, aeronaves, veículos terrestres,
pena - advertência, interdição, e/ou multa; terminais alfandegados, terminais aeroportuários ou portuários,
XXIV - inobservância das exigências sanitárias relativas a imó- estações e passagens de fronteira e pontos de apoio de veículos
veis, pelos seus proprietários, ou por quem detenha legalmente a terrestres:(Incluído pela Medida Provisória nº 2.190-34, de 2001)
sua posse: pena-advertência, interdição, cancelamento da autorização
pena - advertência, interdição, e/ou multa; de funcionamento e/ou multa;(Incluído pela Medida Provisória nº
XXV - exercer profissões e ocupações relacionadas com a saúde 2.190-34, de 2001)
sem a necessária habilitação legal: XXXIII-descumprimento de normas legais e regulamentares,
pena - interdição e/ou multa; medidas, formalidades, outras exigências sanitárias, por empresas
XXVI - cometer o exercício de encargos relacionados com a pro- administradoras de terminais alfandegados, terminais aeroportuá-
moção, proteção e recuperação da saúde a pessoas sem a necessá- rios ou portuários, estações e passagens de fronteira e pontos de
ria habilitação legal: apoio de veículos terrestres:(Incluído pela Medida Provisória nº
pena - interdição, e/ou multa; 2.190-34, de 2001)
XXVII - proceder à cremação de cadáveres, ou utilizá-los, con- pena-advertência, interdição, cancelamento da autorização
trariando as normas sanitárias pertinentes: de funcionamento e/ou multa;(Incluído pela Medida Provisória nº
pena - advertência, interdição, e/ou multa; 2.190-34, de 2001)
XXVIII - fraudar, falsificar ou adulterar alimentos, inclusive be- XXXIV-descumprimento de normas legais e regulamentares,
bidas, medicamentos, drogas, insumos farmacêuticos, correlatos, medidas, formalidades, outras exigências sanitárias relacionadas à
comésticos, produtos de higiene, dietéticos, saneantes e quaisquer importação ou exportação, por pessoas física ou jurídica, de maté-
outros que interessem à saúde pública: rias-primas ou produtos sob vigilância sanitária:(Incluído pela Me-
pena - advertência, apreensão, inutilização e/ou interdição do dida Provisória nº 2.190-34, de 2001)
produto, suspensão de venda e/ou fabricação do produto, cancela- pena-advertência, apreensão, inutilização, interdição, cancela-
mento do registro do produto, interdição parcial ou total do estabe- mento da autorização de funcionamento, cancelamento do registro
lecimento, cancelamento de autorização para o funcionamento da do produto e/ou multa;(Incluído pela Medida Provisória nº 2.190-
empresa, cancelamento do alvará de licenciamento do estabeleci- 34, de 2001)
mento e/ou multa;(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.190- XXXV-descumprimento de normas legais e regulamentares,
34, de 2001) medidas, formalidades, outras exigências sanitárias relacionadas
XXIX - transgredir outras normas legais e regulamentares desti- a estabelecimentos e às boas práticas de fabricação de matérias-
nadas à proteção da saúde: -primas e de produtos sob vigilância sanitária:(Incluído pela Medida
pena-advertência, apreensão, inutilização e/ou interdição do Provisória nº 2.190-34, de 2001)
produto; suspensão de venda e/ou fabricação do produto, cance- pena-advertência, apreensão, inutilização, interdição, cancela-
lamento do registro do produto; interdição parcial ou total do es- mento da autorização de funcionamento, cancelamento do registro
tabelecimento, cancelamento de autorização para funcionamento do produto e/ou multa;(Incluído pela Medida Provisória nº 2.190-
da empresa, cancelamento do alvará de licenciamento do estabele- 34, de 2001)
cimento, proibição de propaganda e/ou multa;(Redação dada pela XXXVI-proceder a mudança de estabelecimento de armaze-
Medida Provisória nº 2.190-34, de 2001) nagem de produto importado sob interdição, sem autorização do
XXX - expor ou entregar ao consumo humano, sal refinado, mo- órgão sanitário competente:(Incluído pela Medida Provisória nº
ído ou granulado, que não contenha iodo na proporção estabele- 2.190-34, de 2001)
cida pelo Ministério da Saúde.(Redação dada pela Lei nº 9.005, de pena-advertência, apreensão, inutilização, interdição, cancela-
1995) mento da autorização de funcionamento, cancelamento do registro
pena-advertência, apreensão e/ou interdição do produto, sus- do produto e/ou multa;(Incluído pela Medida Provisória nº 2.190-
pensão de venda e/ou fabricação do produto, cancelamento do 34, de 2001)
registro do produto e interdição parcial ou total do estabelecimen- XXXVII-proceder a comercialização de produto importado sob
to, cancelamento de autorização para funcionamento da empresa, interdição:(Incluído pela Medida Provisória nº 2.190-34, de 2001)
cancelamento do alvará de licenciamento do estabelecimento e/ou pena-advertência, apreensão, inutilização, interdição, cancela-
multa;(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.190-34, de 2001) mento da autorização de funcionamento, cancelamento do registro
XXXI - descumprir atos emanados das autoridades sanitárias do produto e/ou multa;(Incluído pela Medida Provisória nº 2.190-
competentes visando à aplicação da legislação pertinente: 34, de 2001)

109
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

XXXVIII-deixar de garantir, em estabelecimentos destinados à TÍTULO II


armazenagem e/ou distribuição de produtos sob vigilância sanitá- DO PROCESSO
ria, a manutenção dos padrões de identidade e qualidade de pro-
dutos importados sob interdição ou aguardando inspeção física:(In- Art . 12 - As infrações sanitárias serão apuradas no processo
cluído pela Medida Provisória nº 2.190-34, de 2001) administrativo próprio, iniciado com a lavratura de auto de infração,
pena-advertência, apreensão, inutilização, interdição, cancela- observados o rito e prazos estabelecidos nesta Lei.
mento da autorização de funcionamento, cancelamento do registro Art . 13 - O auto de infração será lavrado na sede da repartição
do produto e/ou multa;(Incluído pela Medida Provisória nº 2.190- competente ou no local em que for verificada a infração, pela auto-
34, de 2001) ridade sanitária que a houver constatado, devendo conter:
XXXIX-interromper, suspender ou reduzir, sem justa causa, a I - nome do infrator, seu domicílio e residência, bem como os
produção ou distribuição de medicamentos de tarja vermelha, de demais elementos necessários à sua qualificação e identificação ci-
uso continuado ou essencial à saúde do indivíduo, ou de tarja preta, vil;
provocando o desabastecimento do mercado:(Incluído pela Medida II - local, data e hora da lavratura onde a infração foi verificada;
Provisória nº 2.190-34, de 2001) III - descrição da infração e menção do dispositivo legal ou re-
pena-advertência, interdição total ou parcial do estabeleci- gulamentar transgredido;
mento, cancelamento do registro do produto, cancelamento de au- IV - penalidade a que está sujeito o infrator e o respectivo pre-
torização para funcionamento da empresa, cancelamento do alvará ceito legal que autoriza a sua imposição;
de licenciamento do estabelecimento e/ou multa;(Incluído pela V - ciência, pelo autuado, de que responderá pelo fato em pro-
Medida Provisória nº 2.190-34, de 2001) cesso administrativo;
XL-deixar de comunicar ao órgão de vigilância sanitária do Mi- VI - assinatura do autuado ou, na sua ausência ou recusa, de
nistério da Saúde a interrupção, suspensão ou redução da fabrica- duas testemunhas, e do autuante;
ção ou da distribuição dos medicamentos referidos no inciso XXXI- VII - prazo para interposição de recurso, quando cabível.
X:(Incluído pela Medida Provisória nº 2.190-34, de 2001) Parágrafo único - Havendo recusa do infrator em assinar o auto,
pena-advertência, interdição total ou parcial do estabeleci- será feita, neste, a menção do fato.
mento, cancelamento do registro do produto, cancelamento de au- Art . 14 - As penalidades previstas nesta Lei serão aplicadas pe-
torização para funcionamento da empresa, cancelamento do alvará las autoridades sanitárias competentes do Ministério da Saúde, dos
de licenciamento do estabelecimento e/ou multa;(Incluído pela Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, conforme as atribui-
Medida Provisória nº 2.190-34, de 2001) ções que lhes sejam conferidas pelas legislações respectivas ou por
XLI-descumprir normas legais e regulamentares, medidas, for- delegação de competência através de convênios.
malidades, outras exigências sanitárias, por pessoas física ou ju- Art . 15 - A autoridade que determinar a lavratura de auto de
rídica, que operem a prestação de serviços de interesse da saúde infração ordenará, por despacho em processo, que o autuante pro-
pública em embarcações, aeronaves, veículos terrestres, terminais ceda à prévia verificação da matéria de fato.
alfandegados, terminais aeroportuários ou portuários, estações e Art . 16 - Os servidores ficam responsáveis pelas declarações
passagens de fronteira e pontos de apoio de veículo terrestres:(In- que fizerem nos autos de infração, sendo passíveis de punição, por
cluído pela Medida Provisória nº 2.190-34, de 2001) falta grave, em casos de falsidade ou omissão dolosa.
pena-advertência, interdição total ou parcial do estabeleci- Art . 17 - O infrator será notificado para ciência do auto de in-
mento, cancelamento do registro do produto, cancelamento de au- fração:
torização para funcionamento da empresa, cancelamento do alvará I - pessoalmente;
de licenciamento do estabelecimento e/ou multa.(Incluído pela II - pelo correio ou via postal;
Medida Provisória nº 2.190-34, de 2001) III - por edital, se estiver em lugar incerto ou não sabido.
XLII - reincidir na manutenção de focos de vetores no imóvel § 1º - Se o infrator for notificado pessoalmente e recusar-se a
por descumprimento de recomendação das autoridades sanitá- exarar ciência, deverá essa circunstância ser mencionada expressa-
rias:(Incluído pela Lei nº 13.301, de 2016) mente pela autoridade que afetou a notificação.
Pena - multa de 10% (dez por cento) dos valores previstos no § 2º - O edital referido no inciso III deste artigo será publicado
inciso I do § 1odo art. 2o, aplicada em dobro em caso de nova rein- uma única vez, na imprensa oficial, considerando-se efetivada a no-
cidência. tificação cinco dias após a publicação.
Parágrafo único - Independem de licença para funcionamento Art . 18 - Quando, apesar da lavratura do auto de infração, sub-
os estabelecimentos integrantes da Administração Pública ou por sistir, ainda, para o infrator, obrigação a cumprir, será expedido edi-
ela instituídos, ficando sujeitos, porém, às exigências pertinentes tal fixado o prazo de trinta dias para o seu cumprimento, observado
às instalações, aos equipamentos e à aparelhagem adequadas e à o disposto no § 2º do art. 17.
assistência e responsabilidade técnicas. Parágrafo único - O prazo para o cumprimento da obrigação
Art . 11 - A inobservância ou a desobediência às normas sanitá- subsistente poderá ser reduzido ou aumentado, em casos excep-
rias para o ingresso e a fixação de estrangeiro no País, implicará em cionais, por motivos de interesse público, mediante despacho fun-
impedimento do desembarque ou permanência do alienígena no damentado.
território nacional, pela autoridade sanitária competente. Art . 19 - A desobediência à determinação contida no edital
a que se alude no art. 18 desta Lei, além de sua execução forçada
acarretará a imposição de multa diária, arbitrada de acordo com
os valores correspondentes à classificação da infração, até o exa-
to cumprimento da obrigação, sem prejuízo de outras penalidades
previstas na legislação vigente.

110
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Art . 20 - O desrespeito ou desacato ao servidor competente, § 2º - Na hipótese prevista no § 1º deste artigo, se ausentes
em razão de suas atribuições legais, bem como embargo oposto a as pessoas mencionadas, serão convocadas duas testemunhas para
qualquer ato de fiscalização de leis ou atos regulamentares em ma- presenciar a análise.
téria de saúde, sujeitarão o infrator à penalidade de multa. § 3º - Será lavrado laudo minucioso e conclusivo da análise fis-
Art . 21 - As multas impostas em auto de infração poderão so- cal, o qual será arquivado no laboratório oficial, extraídas cópias,
frer redução de vinte por cento caso o infrator efetue o pagamento uma para integrar o processo e as demais para serem entregues ao
no prazo de vinte dias, contados da data em que for notificado, im- detentor ou responsável pelo produto ou substância e à empresa
plicando na desistência tácita de defesa ou recurso. fabricante.
Art . 22 - O infrator poderá oferecer defesa ou impugnação do § 4º - O infrator, discordando do resultado condenatório da
auto de infração no prazo de quinze dias contados de sua notifica- análise, poderá, em separado ou juntamente com o pedido de re-
ção. visão da decisão recorrida, requerer perícia de contraprova, apre-
§ 1º - Antes do julgamento da defesa ou da impugnação a que sentando a amostra em seu poder e indicando seu próprio perito.
se refere este artigo deverá a autoridade julgadora ouvir o servidor § 5º - Da perícia de contraprova será lavrada ata circunstancia-
autuante, que terá o prazo de dez dias para se pronunciar a respei- da, datada e assinada por todos os participantes, cuja primeira via
to. integrará o processo, e conterá todos os quesitos formulados pelos
§ 2º - Apresentada ou não a defesa ou impugnação, o auto de peritos.
infração será julgado pelo dirigente do órgão de vigilância sanitária § 6º - A perícia de contraprova não será efetuada se houver
competente. indícios de violação da amostra em poder do infrator e, nessa hipó-
Art . 23 - A apuração do ilícito, em se tratando de produto ou tese, prevalecerá como definitivo o laudo condenatório.
substância referidos no art. 10, inciso IV, far-se-á mediante a apre- § 7º - Aplicar-se-á na perícia de contraprova o mesmo método
ensão de amostras para a realização de análise fiscal e de interdi- de análise empregado na análise fiscal condenatória, salvo se hou-
ção, se for o caso. ver concordância dos peritos quanto à adoção de outro.
§ 1º - A apreensão de amostras para efeito de análise, fiscal ou § 8º - A discordância entre os resultados da análise fiscal con-
de controle, não será acompanhada da interdição do produto. denatória e da perícia de contraprova ensejará recurso à autoridade
§ 2º - Excetuam-se do disposto no parágrafo anterior os casos superior no prazo de dez dias, o qual determinará novo exame pe-
em que sejam flagrantes os indícios de alteração ou adulteração do ricial, a ser realizado na segunda amostra em poder do laboratório
produto, hipótese em que a interdição terá caráter preventivo ou oficial.
de medida cautelar. Art . 28 - Não sendo comprovada, através da análise fiscal, ou
§ 3º - A interdição do produto será obrigatório quando resulta- da perícia de contraprova, a infração objeto da apuração, e sendo
rem provadas, em análise laboratoriais ou no exame de processos, considerado o produto próprio para o consumo, a autoridade com-
ações fraudulentas que impliquem em falsificação ou adulteração. petente lavrará despacho liberando-o e determinando o arquiva-
§ 4º - A interdição do produto e do estabelecimento, como mento do processo.
medida cautelar, durará o tempo necessário à realização de testes, Art . 29 - Nas transgressões que independam de análises ou
provas, análises ou outras providências requeridas, não podendo, perícias, inclusive por desacato à autoridade sanitária, o processo
em qualquer caso, exceder o prazo de noventa dias, findo qual o obedecerá a rito sumaríssimo e será considerado concluso caso in-
produto ou estabelecimento será automaticamente liberado. frator não apresente recurso no prazo de quinze dias.
Art . 24 - Na hipótese de interdição do produto, previsto no § Art . 30 - Das decisões condenatórias poderá o infrator recorrer,
2º do art. 23, a autoridade sanitária lavrará o termo respectivo, cuja dentro de igual prazo ao fixado para a defesa, inclusive quando se
primeira via será entregue, juntamente com o auto de infração, ao tratar de multa.
infrator ou ao seu representante legal, obedecidos os mesmos re- Parágrafo único - Mantida a decisão condenatória, caberá re-
quisitos daquele, quanto à aposição do ciente. curso para a autoridade superior, dentro da esfera governamental
Art . 25 - Se a interação for imposta como resultado de laudo sob cuja jurisdição se haja instaurado o processo, no prazo de vinte
laboratorial, a autoridade sanitária competente fará constar do pro- dias de sua ciência ou publicação.
cesso o despacho respectivo e lavrará o termo de interdição, inclu- Art . 31 - Não caberá recurso na hipótese de condenação de-
sive, do estabelecimento, quando for o caso. finitiva do produto em razão de laudo laboratorial confirmado em
Art . 26 - O termo de apreensão e de interdição especificará a perícia de contraprova, ou nos casos de fraude, falsificação ou adul-
natureza, quantidade, nome e/ou marca, tipo, procedência, nome e teração.
endereço da empresa e do detentor do produto. Art . 32 - Os recursos interpostos das decisões não definitivas
Art . 27 - A apreensão do produto ou substância constituirá na somente terão efeito suspensivo relativamente ao pagamento da
colheita de amostra representativa do estoque existente, a qual, di- penalidade pecuniária, não impedindo a imediata exigibilidade do
vide em três partes, será tornada inviolável, para que se assegurem cumprimento da obrigação subsistente na forma do disposto no art.
as características de conservação e autenticidade, sendo uma delas 18.
entregue ao detentor ou responsável, a fim de servir como contra- Parágrafo único - O recurso previsto no § 8º do art. 27 será de-
prova, e a duas imediatamente encaminhadas ao laboratório oficial, cidido no prazo de dez dias.
para realização das análises indispensáveis. Art . 33 - Quando aplicada a pena de multa, o infrator será no-
§ 1º - se a sua quantidade ou natureza não permitir a colheita tificado para efetuar o pagamento no prazo de trinta dias, contados
de amostras, o produto ou substâncias será encaminhado ao labo- da data da notificação, recolhendo-a à conta do Fundo Nacional de
ratório oficial, para realização da análise fiscal, na presença do seu Saúde, ou às repartições fazendárias dos Estados, do Distrito Fede-
detentor ou do representante legal da empresa e do perito pela ral e dos Territórios, conforme a jurisdição administrativa em que
mesma indicado. ocorra o processo.

111
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

§ 1º - A notificação será feita mediante registro postal, ou por (D) Participação popular é a presença da sociedade civil nos
meio de edital publicado na imprensa oficial, se não localizado o conselhos e conferências de saúde por meio da representação
infrator. exclusivamente sindical.
§ 2º - O não recolhimento da multa, dentro do prazo fixado (E) Hierarquização é a organização dos serviços de saúde par-
neste artigo, implicará na sua inscrição para cobrança judicial, na tindo dos municípios até o governo central.
forma da legislação pertinente.
Art . 34 - Decorrido o prazo mencionado no parágrafo único do 2. Com o advento da Nova República, o movimento político
art. 30, sem que seja recorrida a decisão condenatória, ou requeri- propício em virtude da eleição indireta de um presidente não mi-
da a perícia de contraprova, o laudo de análise condenatório será litar desde 1964, além da perspectiva de uma nova Constituição,
considerado definitivo e o processo, desde que não instaurado pelo contribuíram para que a VIII Conferência Nacional de Saúde, em
órgão de vigilância sanitária federal, ser-lhe-á transmitido para ser 1986, em Brasília, fosse um marco e, certamente, um divisor de
declarado o cancelamento do registro e determinada a apreensão e águas dentro do movimento pela reforma sanitária brasileira.
inutilização do produto, em todo o território nacional, independen- Acerca desse tema, quanto ao princípio ou à diretriz do Siste-
temente de outras penalidades cabíveis, quando for o caso. ma Único de Saúde que corresponde a essa conferência, assinale a
Art . 35 - A inutilização dos produtos e o cancelamento do regis- alternativa correta.
tro, da autorização para o funcionamento da empresa e da licença (A) Participação da comunidade.
dos estabelecimentos somente ocorrerão após a publicação, na im- (B) Descentralização, com direção única em cada esfera de go-
prensa oficial, de decisão irrecorrível. verno.
Art . 36 - No caso de condenação definitiva do produto cuja (C) Equidade da atenção.
alteração, adulteração ou falsificação não impliquem em torná-lo (D) Rede regionalizada e hierarquizada.
impróprio para o uso ou consumo, poderá a autoridade sanitária, (E) Acesso universal e igualitário.
ao proferir a decisão, destinar a sua distribuição a estabelecimentos
assistenciais, de preferência oficiais, quando esse aproveitamento 3. Segundo a Lei nº 8.080/90, que define as diretrizes para or-
for viável em programas de saúde. ganização e funcionamento do Sistema de Saúde brasileiro, consti-
Art . 37 - Ultimada a instrução do processo, uma vez esgotados tui um critério para o estabelecimento de valores a serem transferi-
os prazos para recurso sem apresentação de defesa, ou apreciados dos a estados, Distrito Federal e municípios:
os recursos, a autoridade sanitária proferirá a decisão final dando o (A) eficiência na arrecadação de impostos.
processo por concluso, após a publicação desta última na imprensa (B) perfil epidemiológico da população a ser coberta.
oficial e da adoção das medidas impostas. (C)desempenho técnico, econômico e financeiro no período
Art . 38 - As infrações às disposições legais e regulamentares de atual.
ordem sanitária prescrevem em cinco anos. (D) participação paritária dos usuários no conselho de saúde.
§ 1º - A prescrição interrompe-se pela notificação, ou outro ato (E) prioridade para o atendimento hospitalar.
da autoridade competente, que objetive a sua apuração e conse-
qüente imposição de pena. 4. Com base na Lei no 8.142/1990, que dispõe acerca da parti-
§ 2º - Não corre o prazo prescricional enquanto houver proces- cipação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS)
so administrativo pendente de decisão. e a respeito das transferências intergovernamentais de recursos
Art . 39 - Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação. financeiros na área da saúde, e dá outras providências, assinale a
Art . 40 - Ficam revogados oDecreto-lei nº 785, de 25 de agosto alternativa correta.
de 1969, e demais disposições em contrário. (A) O Conselho de Saúde reunir-se-á a cada quatro anos com
a representação dos vários segmentos sociais, para avaliar a
Brasília, em 20 de agosto de 1977; 156º da Independência e situação da saúde.
89º da República. (B) A Conferência de Saúde, em caráter permanente e delibera-
ERNESTO GEISEL tivo, consiste em órgão colegiado composto por representantes
Paulo de Almeida Machado do governo, prestadores de serviço e profissionais de saúde.
(C) A representação dos trabalhadores da saúde nos Conselhos
QUESTÕES de Saúde e em Conferências será paritária em relação ao con-
junto dos demais segmentos.
(D) O SUS contará, em cada esfera de governo, com as seguin-
1. Assinale a opção que apresenta corretamente a definição de tes instâncias colegiadas: Conferência de Saúde e Conselho de
um dos princípios doutrinários e organizativos do SUS. Saúde.
(A) Universalização é o acesso às ações e serviços de saúde ga- (E) O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o
rantida a todas as pessoas, independentemente de sexo, raça, Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Cona-
ocupação, ou outras características sociais ou pessoais. sems) terão representação em todos os Conselhos de Saúde.
(B)Descentralização é a consideração das pessoas como um
todo, atendendo-se a todas as suas necessidades. 5. Acerca da participação da comunidade na gestão do SUS e
(C) Equidade significa tratar igualmente todas as regiões do das transferências intergovernamentais de recursos financeiros na
país, investindo os recursos de forma igual, independentemen- área da saúde (Lei n.º 8.142/1990), assinale a alternativa correta.
te das necessidades específicas de cada região ou grupo popu- (A) O Conselho de Saúde reunir‐se‐á a cada quatro anos para
lacional. avaliar a situação de saúde e propor diretrizes para a formula-
ção da política de saúde.

112
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

(B) A Conferência de Saúde é um órgão colegiado atuante na nhados por outro. Em vista disso, quando o serviço requerido
formulação de estratégias e na execução da política de saúde. para o atendimento da população estiver localizado em outro
(C) A transferência de recursos de saúde para os municípios, município, as negociações para tanto devem ser efetivadas ex-
os estados e o Distrito Federal pode ser feita de maneira regu- clusivamente entre os gestores municipais.
lar e automática, a depender da urgência da necessidade das
verbas. 8. AMEOSC - 2021 - Prefeitura de São Miguel do Oeste - SC -
(D)Em relação ao conjunto dos demais segmentos, a represen- Nutricionista- Em relação ao controle higiênico-sanitário durante o
tação dos usuários do sistema de saúde nos Conselhos e nas preparo dos alimentos, assinale a alternativa INCORRETA.
Conferências de saúde será paritária. (A) O prazo máximo de consumo do alimento preparado e con-
(E) Pelo menos 90% dos recursos para cobertura das ações e servado sob refrigeração a temperatura de 4ºC (quatro graus
dos serviços de saúde devem ser destinados aos municípios, Celsius), ou inferior, deve ser de 3 (três) dias.
sendo o restante destinado ao estado. (B) O descongelamento deve ser efetuado em condições de
refrigeração à temperatura inferior a 5ºC (cinco graus Celsius)
6. FGV - 2015 - TCE-SE - Enfermeiro- A partir da Constituição ou em forno de microondas quando o alimento for submetido
Federal de 1988 várias iniciativas institucionais, legais e comunitá- imediatamente à cocção.
rias foram criando as condições de viabilização do direito à saúde, (C) A temperatura do alimento preparado deve ser reduzida de
dentre as quais estão as Normas Operacionais Básicas (NOB). 60ºC (sessenta graus Celsius) a 10ºC (dez graus Celsius) em até
A principal finalidade da Norma Operacional Básica do Sistema duas horas.
Único de Saúde, a NOB-SUS/96, foi: (D) Os óleos e gorduras utilizados devem ser aquecidos a tem-
(A) estabelecer o processo de regionalização como estratégia peraturas não superiores a 180ºC (cento e oitenta graus Cel-
de hierarquização dos serviços de saúde e de busca de maior sius), sendo substituídos imediatamente sempre que houver
equidade; alteração evidente das características físico-químicas ou sen-
(B) promover e consolidar o pleno exercício, por parte do poder soriais.
público municipal e do Distrito Federal, da função de gestor da
atenção à saúde dos seus municípios; 9. FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2018 - Prefeitura de Lagoa
(C) instituir o Plano Diretor de Regionalização - PDR como ins- Santa - MG - Agente de Controle de Endemias- As atividades de
trumento de ordenamento do processo de regionalização da vigilância em zoonoses são realizadas de maneira sistematizada e
assistência em cada estado e no Distrito Federal; organizada. Sobre a vigilância em zoonoses, analise as afirmativas
(D) identificar as necessidades e a proposta de fluxo de referên- a seguir.
cia para outros estados, no caso de serviços não disponíveis no I. A vigilância ativa ocorre por meio de ações de zoonose moni-
território estadual; toradas por programas nacionais e devem seguir as normas técni-
(E) instituir a Gestão Plena da Atenção Básica Ampliada (GPAB- cas vigentes dos programas do ministério da saúde.
A), como uma das condições de gestão dos sistemas municipais II. As ações de vigilância em zoonose são padronizadas e devem
de saúde. ser realizadas da mesma maneira em todo território nacional, inde-
pendentemente do contexto epidemiológico.
7. Prefeitura de Faxinal - PR 2016- No que tange à Norma Ope- III. Na vigilância em zoonose, o monitoramento é constante,
racional Básica do Sistema Único de Saúde NOB – SUS de 1996, as- porém ainda carece de instrumentos de acompanhamento.
sinale a assertiva INCORRETA: IV. A vigilância passiva caracteriza-se por viabilizar meios para
(A) A Norma Operacional Básica em questão tem por finalidade a identificação oportuna e precoce de uma situação de risco real
primordial promover e consolidar o pleno exercício, por parte (iminente) relacionada a zoonoses de uma determinada área.
do poder público municipal e do Distrito Federal, da função de
gestor da atenção à saúde dos seus munícipes, com a conse- Estão corretas as afirmativas
quente redefinição das responsabilidades dos Estados, do Dis- (A) I e II, apenas.
trito Federal e da União, avançando na consolidação dos prin- (B) II e III, apenas.
cípios do SUS. (C) I e IV, apenas.
(B) A Norma Operacional Básica em questão redefine os ins- (D) III e IV, apenas.
trumentos gerenciais para que municípios e estados superem
o papel exclusivo de prestadores de serviços e assumam seus 10. IESES - 2021 - Prefeitura de Palhoça - SC - Engenheiro Sani-
respectivos papéis de gestores do SUS. tarista- Sobre a etapa de captação de água para o sistema de abas-
(C) A Norma Operacional Básica em questão não menciona a tecimento de água de uma cidade, leia atentamente as alternativas
necessidade de intervenções ambientais, uma vez que isso in- a seguir:
vadiria a competência da ANVISA e do IBAMA. I. Na análise das descargas médias e mínimas do manancial em
(D) A totalidade das ações e de serviços de atenção à saúde, relação a vazão de consumo (Qd) do projeto, temos: i) Captação
no âmbito do SUS, deve ser desenvolvida em um conjunto de direta quando Qméd. > Qd e Qmín. > Qd ; ii) Reservatório de acu-
estabelecimentos, organizada em rede regionalizada e hierar- mulação ou regularização quando Qméd. < Qd e Qmín. > Qd ; iii)
quizada, e disciplinada segundo subsistemas, um para cada buscar outro manancial para atender a demanda ou completar a
município. vazão quando Qméd. > Qd e Qmín. < Qd.
(E) Os sistemas municipais de saúde apresentam níveis dife-
rentes de complexidade, sendo comum estabelecimentos ou
órgãos de saúde de um município atenderem usuários encami-

113
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

II. Os dispositivos que podem estar presentes numa captação 13. Quadrix - 2022 - CRF-GO - Farmacêutico Fiscal- Conforme a
de água de superfície são: Tomada de água; Barragem de nível ou Lei n° 6.437/1977, julgue o item.
soleira; Reservatório de regularização de vazão; Grades e telas; De- Na hipótese de condenação pelo cometimento de infração sa-
sarenador nitária, o infrator não poderá recorrer, inclusive quando se tratar
III. Aquíferos correspondem a uma formação geológica que de multa.
contém água e permite que quantidades significativas dessa água ( ) CERTO
se movimentem no seu interior em condições naturais. Já aquitarde ( ) ERRADO
é uma formação que pode conter água (até mesmo em quantidades
significativas), mas é incapaz de transmití-la em condições naturais. 14. OBJETIVA - 2021 - Prefeitura de Venâncio Aires - RS - Fiscal
IV. Aquiclude é a unidade geológica menos permeável numa Sanitário - De acordo com a Lei nº 6.437/1977, as infrações sanitá-
determinada sequência estratigráfica. Por exemplo: em uma sequ- rias classificam-se em:
ência de estratos intercalados de arenitos e siltitos, os siltitos, me- I. Leves, aquelas em que o infrator seja beneficiado por circuns-
nos permeáveis que os arenitos, correspondem ao aquiclude. tância agravante.
II. Graves, aquelas em que for verificada uma circunstância ate-
A sequência de afirmativas INCORRETAS é: nuante.
(A) Apenas as alternativas I, III e IV estão incorretas. III. Gravíssimas, aquelas em que seja verificada a existência de
(B) Apenas as alternativas II e III estão incorretas. duas ou mais circunstâncias agravantes.
(C) Apenas as alternativas I e III estão incorretas.
(D) Apenas as alternativas II, III e IV estão incorretas. Está(ão) CORRETO(S):
(A) Somente o item I.
11. IADES - 2022 - ADASA - Regulador de Serviços Públicos - (B) Somente o item III.
Engenharia Ambiental e Sanitária- Acerca do tratamento de água, (C) Somente os itens I e II.
assinale a alternativa correta. (D) Somente os itens II e III.
(A) Nas tecnologias simplificadas de tratamento que empre- (E) Todos os itens.
gam filtração rápida, é necessário efetuar o condicionamento
da água com coagulantes, com o objetivo de desestabilizar ele- 15. CEV-URCA - 2021 - Prefeitura de Crato - CE - Fiscal de Vigi-
tricamente os coloides presentes na água bruta. lância Sanitária- Conforme especificado no Artigo 20 da Lei Federal
(B) A filtração lenta é uma das tecnologias de tratamento com nº 6.437/77, o desrespeito ou desacato ao servidor competente
coagulação química eficaz no tratamento de águas naturais su- (Fiscal de Vigilância Sanitária), em razão de suas atribuições legais,
perficiais, com valores elevados de turbidez e cor verdadeira. bem como embargo oposto a qualquer ato de fiscalização de leis
(C) A adsorção em carvão ativado pulverizado tem sido fre- ou atos regulamentares em matéria de saúde, sujeitarão o infrator
quentemente usada nas estações de tratamento de água do à penalidade de:
Brasil, contribuindo para a remoção de partículas coloidais, (A) Advertência.
com dimensões de 1 nm a 1 µm, que não são eficientemente (B) Cancelamento do alvará de licenciamento de estabeleci-
removidas no tratamento de água por ciclo completo. mento.
(D) Nas estações de tratamento de água que empregam flocu- (C) Multa.
ladores mecanizados compostos por várias câmaras em série, a (D) Interdição total do estabelecimento.
eficiência do processo de floculação pode ser aumentada ado- (E) Interdição parcial do estabelecimento.
tando-se gradientes de velocidade variáveis e crescentes da
primeira para a última câmara de floculação. GABARITO
(E) A eficiência de remoção de partículas discretas em decan-
tadores convencionais de escoamento horizontal depende do
tempo médio de detenção da água na zona de sedimentação.
1 A
12. OBJETIVA - 2021 - Prefeitura de Horizontina - RS - Instrutor 2 A
de Trabalhos Manuais- Em relação à separação e à destinação cor- 3 B
reta de resíduos, numerar a 2ª coluna de acordo com a 1ª e, após,
assinalar a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: 4 D
(1) Recicláveis. (2) Não recicláveis. 5 D
( ) Potes plásticos, garrafas, copos.
( ) Espelhos, vidros planos, lâmpadas, tubos de TV, assadeiras 6 B
de vidro e válvulas. 7 C
( ) Cerâmica, cristais, porcelanas.
8 A
(A) 1 - 1 - 2. 9 C
(B) 2 - 2 - 2. 10 A
(C) 1 - 2 - 2.
(D) 2 - 1 - 1. 11 A
(E) 1 - 1 - 1. 12 C

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

13 ERRADO ______________________________________________________

14 B ______________________________________________________
15 C ______________________________________________________

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ANOTAÇÕES
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

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