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SEE-MG

Professor de Educação Básica (PEB) Língua Portuguesa

Lingua Portuguesa
Interpretação e Compreensão de texto.......................................................................... 1

Lingua Portuguesa
Organização estrutural dos textos. Marcas de textualidade: coesão, coerência e inter-
textualidade.................................................................................................................... 2
Modos de organização discursiva: descrição, narração, exposição, argumentação e
injunção; características específicas de cada modo...................................................... 6
Tipos textuais: informativo, publicitário, propagandístico, normativo, didático e divi-
natório; características específicas de cada tipo............................................................ 8

Textos literários e não literários...................................................................................... 14


Tipologia da frase portuguesa. Estrutura da frase portuguesa: operações de desloca-
mento, substituição, modificação e correção. Problemas estruturais das frases. Or-
ganização sintática das frases: termos e orações. Ordem direta e inversa................... 14
Norma culta.................................................................................................................... 19
Pontuação e sinais gráficos........................................................................................... 21
Tipos de discurso........................................................................................................... 26
Registros de linguagem.................................................................................................. 31
Funções da linguagem................................................................................................... 33
Elementos dos atos de comunicação............................................................................. 35
Estrutura e formação de palavras.................................................................................. 36
Formas de abreviação.................................................................................................... 39
Classes de palavras; os aspectos morfológicos, sintáticos, semânticos e textuais de
substantivos, adjetivos, artigos, numerais, pronomes, verbos, advérbios, conjunções
e interjeições.................................................................................................................. 42
os modalizadores. Semântica: sentido próprio e figurado; antônimos, sinônimos,
parônimos e hiperônimos. Polissemia e ambiguidade................................................... 53
Os dicionários: tipos....................................................................................................... 54
A organização de verbetes............................................................................................. 60
Vocabulário: neologismos, arcaísmos, estrangeirismos................................................ 76
latinismos....................................................................................................................... 78
Ortografia....................................................................................................................... 80
Acentuação gráfica......................................................................................................... 81
A crase........................................................................................................................... 83
Periodização da literatura brasileira; estudo dos principais autores dos estilos de
época.............................................................................................................................. 90
Exercícios....................................................................................................................... 101
Gabarito.......................................................................................................................... 111

1807869 E-book gerado especialmente para JAINE NEVES SILVA


Interpretação e Compreensão de texto

Definição Geral
Embora correlacionados, esses conceitos se distinguem, pois sempre que compreendemos adequadamente
um texto e o objetivo de sua mensagem, chegamos à interpretação, que nada mais é do que as conclusões
específicas. Exemplificando, sempre que nos é exigida a compreensão de uma questão em uma avaliação,
a resposta será localizada no próprio no texto, posteriormente, ocorre a interpretação, que é a leitura e a
conclusão fundamentada em nossos conhecimentos prévios.

Compreensão de Textos
Resumidamente, a compreensão textual consiste na análise do que está explícito no texto, ou seja, na
identificação da mensagem. É assimilar (uma devida coisa) intelectualmente, fazendo uso da capacidade de
entender, atinar, perceber, compreender. Compreender um texto é apreender de forma objetiva a mensagem
transmitida por ele. Portanto, a compreensão textual envolve a decodificação da mensagem que é feita pelo
leitor. Por exemplo, ao ouvirmos uma notícia, automaticamente compreendemos a mensagem transmitida por
ela, assim como o seu propósito comunicativo, que é informar o ouvinte sobre um determinado evento.

Interpretação de Textos
É o entendimento relacionado ao conteúdo, ou melhor, os resultados aos quais chegamos por meio da
associação das ideias e, em razão disso, sobressai ao texto. Resumidamente, interpretar é decodificar o sentido
de um texto por indução.
A interpretação de textos compreende a habilidade de se chegar a conclusões específicas após a leitura de
algum tipo de texto, seja ele escrito, oral ou visual.
Grande parte da bagagem interpretativa do leitor é resultado da leitura, integrando um conhecimento que
foi sendo assimilado ao longo da vida. Dessa forma, a interpretação de texto é subjetiva, podendo ser diferente
entre leitores.

Exemplo de compreensão e interpretação de textos


Para compreender melhor a compreensão e interpretação de textos, analise a questão abaixo, que aborda
os dois conceitos em um texto misto (verbal e visual):
FGV > SEDUC/PE > Agente de Apoio ao Desenvolvimento Escolar Especial > 2015
Português > Compreensão e interpretação de textos
A imagem a seguir ilustra uma campanha pela inclusão social.

“A Constituição garante o direito à educação para todos e a inclusão surge para garantir esse direito também
aos alunos com deficiências de toda ordem, permanentes ou temporárias, mais ou menos severas.”
A partir do fragmento acima, assinale a afirmativa incorreta.

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(A) A inclusão social é garantida pela Constituição Federal de 1988.
(B) As leis que garantem direitos podem ser mais ou menos severas.
(C) O direito à educação abrange todas as pessoas, deficientes ou não.
(D) Os deficientes temporários ou permanentes devem ser incluídos socialmente.
(E) “Educação para todos” inclui também os deficientes.
Comentário da questão:
Em “A” – Errado: o texto é sobre direito à educação, incluindo as pessoas com deficiência, ou seja, inclusão
de pessoas na sociedade.
Em “B” – Certo: o complemento “mais ou menos severas” se refere à “deficiências de toda ordem”, não às
leis.
Em “C” – Errado: o advérbio “também”, nesse caso, indica a inclusão/adição das pessoas portadoras de
deficiência ao direito à educação, além das que não apresentam essas condições.
Em “D” – Errado: além de mencionar “deficiências de toda ordem”, o texto destaca que podem ser
“permanentes ou temporárias”.
Em “E” – Errado: este é o tema do texto, a inclusão dos deficientes.

Resposta: Letra B.

Organização estrutural dos textos. Marcas de textualidade: coesão, coerência e inter-


textualidade

— Definições e diferenciação

Coesão e coerência são dois conceitos distintos, tanto que um texto coeso pode ser incoerente, e vice-
versa. O que existe em comum entre os dois é o fato de constituírem mecanismos fundamentais para uma
produção textual satisfatória. Resumidamente, a coesão textual se volta para as questões gramaticais, isto é,
na articulação interna do texto. Já a coerência textual tem seu foco na articulação externa da mensagem.

— Coesão Textual
Consiste no efeito da ordenação e do emprego adequado das palavras que proporcionam a ligação entre
frases, períodos e parágrafos de um texto. A coesão auxilia na sua organização e se realiza por meio de
palavras denominadas conectivos.

As técnicas de coesão
A coesão pode ser obtida por meio de dois mecanismos principais, a anáfora e a catáfora. Por estarem
relacionados à mensagem expressa no texto, esses recursos classificam-se como endofóricas. Enquanto a
anáfora retoma um componente, a catáfora o antecipa, contribuindo com a ligação e a harmonia textual.

As regras de coesão
Para que se garanta a coerência textual, é necessário que as regras relacionadas abaixo sejam seguidas.

Referência
– Pessoal: emprego de pronomes pessoais e possessivos.
Exemplo:
«Ana e Sara foram promovidas. Elas serão gerentes de departamento.” Aqui, tem-se uma referência pessoal
anafórica (retoma termo já mencionado).
– Comparativa: emprego de comparações com base em semelhanças.

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Exemplo:
“Mais um dia como os outros…”. Temos uma referência comparativa endofórica.
– Demonstrativa: emprego de advérbios e pronomes demonstrativos.
Exemplo:
“Inclua todos os nomes na lista, menos este: Fred da Silva.” Temos uma referência demonstrativa catafórica.
– Substituição: consiste em substituir um elemento, quer seja nome, verbo ou frase, por outro, para que ele
não seja repetido.
Analise o exemplo:
“Iremos ao banco esta tarde, elas foram pela manhã.”
Perceba que a diferença entre a referência e a substituição é evidente principalmente no fato de que a
substituição adiciona ao texto uma informação nova. No exemplo usado para a referência, o pronome pessoal
retoma as pessoas “Ana e Sara”, sem acrescentar quaisquer informações ao texto.
– Elipse: trata-se da omissão de um componente textual – nominal, verbal ou frasal – por meio da figura
denominando eclipse.
Exemplo:
“Preciso falar com Ana. Você a viu?” Aqui, é o contexto que proporciona o entendimento da segunda oração,
pois o leitor fica ciente de que o locutor está procurando por Ana.
– Conjunção: é o termo que estabelece ligação entre as orações.
Exemplo:
“Embora eu não saiba os detalhes, sei que um acidente aconteceu.” Conjunção concessiva.
– Coesão lexical: consiste no emprego de palavras que fazem parte de um mesmo campo lexical ou que
carregam sentido aproximado. É o caso dos nomes genéricos, sinônimos, hiperônimos, entre outros.
Exemplo:
“Aquele hospital público vive lotado. A instituição não está dando conta da demanda populacional.”

— Coerência Textual
A Coerência é a relação de sentido entre as ideias de um texto que se origina da sua argumentação –
consequência decorrente dos saberes conhecimentos do emissor da mensagem. Um texto redundante e
contraditório, ou cujas ideias introduzidas não apresentam conclusão, é um texto incoerente. A falta de coerência
prejudica a fluência da leitura e a clareza do discurso. Isso quer dizer que a falta de coerência não consiste
apenas na ignorância por parte dos interlocutores com relação a um determinado assunto, mas da emissão de
ideias contrárias e do mal uso dos tempos verbais.
Observe os exemplos:
“A apresentação está finalizada, mas a estou concluindo até o momento.” Aqui, temos um processo verbal
acabado e um inacabado.
“Sou vegana e só como ovos com gema mole.” Os veganos não consomem produtos de origem animal.

Princípios Básicos da Coerência


– Relevância: as ideias têm que estar relacionadas.
– Não Contradição: as ideias não podem se contradizer.
– Não Tautologia: as ideias não podem ser redundantes.

Fatores de Coerência
– As inferências: se partimos do pressuposto que os interlocutores partilham do mesmo conhecimento, as
inferências podem simplificar as informações.

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Exemplo:
“Sempre que for ligar os equipamentos, não se esqueça de que voltagem da lavadora é 220w”.
Aqui, emissor e receptor compartilham do conhecimento de que existe um local adequado para ligar
determinado aparelho.
– O conhecimento de mundo: todos nós temos uma bagagem de saberes adquirida ao longo da vida
e que é arquivada na nossa memória. Esses conhecimentos podem ser os chamados scripts (roteiros, tal
como normas de etiqueta), planos (planejar algo com um objetivo, tal como jogar um jogo), esquemas (planos
de funcionamento, como a rotina diária: acordar, tomar café da manhã, sair para o trabalho/escola), frames
(rótulos), etc.
Exemplo:
“Coelhinho e ovos de chocolate! Vai ser um lindo Natal!”
O conhecimento cultural nos leva a identificar incoerência na frase, afinal, “coelho” e “ovos de chocolate” são
elementos, os chamados frames, que pertencem à comemoração de Páscoa, e nada têm a ver com o Natal.
Elementos da organização textual: segmentação, encadeamento e ordenação.
A segmentação é a divisão do texto em pequenas partes para melhorar a compreensão. A encadeamento
é a ligação dessas partes, criando uma lógica e coesão no texto. A ordenação é a disposição dessas partes
de forma a transmitir uma mensagem clara e coerente. Juntos, esses elementos ajudam a criar uma estrutura
eficiente para o texto.

Intertextualidade.

— Definições gerais
Intertextualidade é, como o próprio nome sugere, uma relação entre textos que se exerce com a menção
parcial ou integral de elementos textuais (formais e/ou semânticos) que fazem referência a uma ou a mais
produções pré-existentes; é a inserção em um texto de trechos extraídos de outros textos. Esse diálogo entre
textos não se restringe a textos verbais (livros, poemas, poesias, etc.) e envolve, também composições de
natureza não verbal (pinturas, esculturas, etc.) ou mista (filmes, peças publicitárias, música, desenhos animados,
novelas, jogos digitais, etc.).

— Intertextualidade Explícita x Implícita


– Intertextualidade explícita: é a reprodução fiel e integral da passagem conveniente, manifestada aberta e
diretamente nas palavras do autor. Em caso de desconhecimento preciso sobre a obra que originou a referência,
o autor deve fazer uma prévia da existência do excerto em outro texto, deixando a hipertextualidade evidente.
As características da intertextualidade explícita são:
– Conexão direta com o texto anterior;
– Obviedade, de fácil identificação por parte do leitor, sem necessidade de esforço ou deduções;
– Não demanda que o leitor tenha conhecimento preliminar do conteúdo;
– Os elementos extraídos do outro texto estão claramente transcritos e referenciados.
– Intertextualidade explícita direta e indireta: em textos acadêmicos, como dissertações e monografias,
a intertextualidade explícita é recorrente, pois a pesquisa acadêmica consiste justamente na contribuição de
novas informações aos saberes já produzidos. Ela ocorre em forma de citação, que, por sua vez, pode ser direta,
com a transcrição integral (cópia) da passagem útil, ou indireta, que é uma clara exploração das informações,
mas sem transcrição, re-elaborada e explicada nas palavras do autor.
– Intertextualidade implícita: esse modo compreende os textos que, ao aproveitarem conceitos, dados e
informações presentes em produções prévias, não fazem a referência clara e não reproduzem integralmente
em sua estrutura as passagens envolvidas. Em outras palavras, faz-se a menção sem revelá-la ou anunciá-
la. De qualquer forma, para que se compreenda o significado da relação estabelecida, é indispensável que o
leitor seja capaz de reconhecer as marcas intertextuais e, em casos mais específicos, ter lido e compreendido

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o primeiro material. As características da intertextualidade implícita são: conexão indireta com o texto fonte; o
leitor não a reconhece com facilidade; demanda conhecimento prévio do leitor; exigência de análise e deduções
por parte do leitor; os elementos do texto pré-existente não estão evidentes na nova estrutura.

— Tipos de Intertextualidade

1 – Paródia: é o processo de intertextualidade que faz uso da crítica ou da ironia, com a finalidade de
subverter o sentido original do texto. A modificação ocorre apenas no conteúdo, enquanto a estrutura permanece
inalterada. É muito comum nas músicas, no cinema e em espetáculos de humor. Observe o exemplo da primeira
estrofe do poema “Vou-me embora pra Pasárgada”, de Manuel Bandeira:

TEXTO ORIGINAL
“Vou-me embora para Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei?”

PARÓDIA DE MILLÔR FERNANDES


“Que Manoel Bandeira me perdoe, mas vou-me embora de Pasárgada
Sou inimigo do Rei
Não tenho nada que eu quero
Não tenho e nunca terei”

2 – Paráfrase: aqui, ocorre a reafirmação sentido do texto inicial, porém, a estrutura da nova produção nada
tem a ver com a primeira. É a reprodução de um texto com as palavras de quem escreve o novo texto, isto é,
os conceitos do primeiro texto são preservados, porém, são relatados de forma diferente. Exemplos: observe
as frases originais e suas respectivas paráfrases:
“Deus ajuda quem cedo madruga” – A professora ajuda quem muito estuda.
“To be or not to be, that is the question” – Tupi or not tupi, that is the question.

3 – Alusão: é a referência, em um novo texto, de uma dada obra, situação ou personagem já retratados em
textos anteriores, de forma simples, objetiva e sem quaisquer aprofundamentos. Veja o exemplo a seguir:
“Isso é presente de grego” – alusão à mitologia em que os troianos caem em armadilhada armada pelos
gregos durante a Guerra de Troia.

4 – Citação: trata-se da reescrita literal de um texto, isto é, consiste em extrair o trecho útil de um texto e
copiá-lo em outro. A citação está sempre presente em trabalhos científicos, como artigos, dissertações e teses.
Para que não configure plágio (uma falta grave no meio acadêmico e, inclusive, sujeita a processo judicial), a
citação exige a indicação do autor original e inserção entre aspas. Exemplo:
“Na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.”
(Lavoisier, Antoine-Laurent, 1773).

5 – Crossover: com denominação em inglês que significa “cruzamento”, esse tipo de intertextualidade tem
sido muito explorado nas mídias visuais e audiovisuais, como televisão, séries e cinema. Basicamente, é a
inserção de um personagem próprio de um universo fictício em um mundo de ficção diferente. Freddy & Jason”
é um grande crossover do gênero de horror no cinema.

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Exemplo:

Fonte: https://www.correiobraziliense.com.br

6) Epígrafe: é a transição de uma pequena passagem do texto de origem na abertura do texto corrente. Em
geral, a epígrafe está localizada no início da página, à direita e em itálico. Mesmo sendo uma passagem “solta”,
esse tipo de intertextualidade está sempre relacionado ao teor do novo texto.
Exemplo:
“A tarefa não é tanto ver aquilo que ninguém viu,
mas pensar o que ninguém ainda pensou sobre
aquilo que todo mundo vê.”
Arthur Schopenhaus

Modos de organização discursiva: descrição, narração, exposição, argumentação e


injunção; características específicas de cada modo

— Definição
Argumentação é um recurso expressivo da linguagem empregado nas produções textuais que objetivam
estimular as reflexões críticas e o diálogo, a partir de um grupo de proposições. A elaboração de um texto
argumentativo requer coerência e coesão, ou seja, clareza de ideia e o emprego adequado das normas
gramaticais. Desse modo, a ação de argumentar promove a potencialização das capacidades intelectuais,
visto que se pauta expressão de ideias e em pontos de vista ordenados e estabelecidos com base em um
tema específico, visando, especialmente, persuadir o receptor da mensagem. É importante ressaltar que a
argumentação compreende, além das produções textuais escritas, as propagandas publicitárias, os debates
políticos, os discursos orais, entre outros.  

Os tipos de argumentação

– Argumentação de autoridade: recorre-se a uma personalidade conhecida por sua atuação em uma
determinada área ou a uma renomada instituição de pesquisa para enfatizar os conceitos influenciar a opinião
do leitor. Por exemplo, recorrer ao parecer de um médico infectologista para prevenir as pessoas sobre os
riscos de contrair o novo corona vírus.  

– Argumentação histórica: recorre-se a acontecimentos e marcos da história que remetem ao assunto


abordado. Exemplo: “A desigualdade social no Brasil nos remete às condutas racistas desempenhadas
instituições e pela população desde o início do século XVI, conhecido como período escravista.”

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– Argumentação de exemplificação: recorre a narrativas do cotidiano para chamar a atenção para um
problema e, com isso, auxiliar na fundamentação de uma opinião a respeito. Exemplo: “Os casos de feminicídio
e de agressões domésticas sofridas pelas mulheres no país são evidenciados pelos sucessivos episódios de
violência vividos por Maria da Penha no período em que ela esteve casada com seu ex-esposo. Esses episódios
motivaram a criação de uma lei que leva seu nome, e que visa à garantia da segurança das mulheres.”

– Argumentação de comparação: equipara ideias divergentes com o propósito de construir uma perspec-
tiva indicando as diferenças ou as similaridades entre os conceitos abordados. Exemplo: No reino Unido, os
desenvolvimentos na educação passaram, em duas décadas, por sucessivas políticas destinadas ao reconhe-
cimento do professor e à sua formação profissional. No Brasil, no entanto, ainda existe um um déficit na forma-
ção desses profissionais, e o piso nacional ainda é muito insuficiente.”

– Argumentação por raciocínio lógico: recorre-se à relação de causa e efeito, proporcionando uma
interpretação voltada diretamente para o parecer defendido pelo emissor da mensagem. Exemplo: “Promover o
aumento das punições no sistema penal em diversos países não reduziu os casos de violência nesses locais,
assim, resultados semelhantes devem ser observados se o sistema penal do Brasil aplicar maiores penas e
rigor aos transgressores das leis.”

Os gêneros argumentativos

– Texto dissertativo-argumentativo: esse texto apresenta um tema, de modo que a argumentação é um


recurso fundamental de seu desenvolvimento. Por meio da argumentação, o autor defende seu ponto de vista
e realiza a exposição de seu raciocínio. Resenhas, ensaios e artigos são alguns exemplos desse tipo de texto.  

– Resenha crítica: a argumentação também é um recurso fundamental desse tipo de texto, além de se
caracterizar pelo pelo juízo de valor, isto é, se baseia na exposição de ideias com grande potencial persuasivo.

– Crônica argumentativa: esse tipo de texto se assemelha aos artigos de opinião, e trata de temas e
eventos do cotidiano. Ao contrário das crônicas cômicas e históricas, a argumentativa recorre ao juízo de valor
para acordar um dado ponto de vista sempre com vistas ao convencimento e à persuasão do leitor.  

– Ensaio: por expor ideias, pensamentos e pontos de vista, esse texto caracteriza-se como argumentati-
vo. Recebe esse nome exatamente por estar relacionado à ação de ensaiar, isto é, demonstrar as proposições
argumentativas com flexibilidade e despretensão.

– Texto editorial: dentre os textos jornalísticos, o editorial é aquele que faz uso da argumentação, pois se
trata de uma produção que considera a subjetividade do autor, pela sua natureza crítica e opinativa.

– Artigos de opinião: são textos semelhantes aos editoriais, por apresentarem a opinião ao autor acerca de
assuntos atuais, porém, em vez de uma síntese do tema, esses textos são elaborados por especialistas, pois
seu objetivo é fazer uso da argumentação para propagar conhecimento.
Definições e diferenciação: tipos textuais e gêneros textuais são dois conceitos distintos, cada qual com
sua própria linguagem e estrutura. Os tipos textuais gêneros se classificam em razão da estrutura linguística,
enquanto os gêneros textuais têm sua classificação baseada na forma de comunicação. Assim, os gêneros são
variedades existente no interior dos modelos pré-estabelecidos dos tipos textuais. A definição de um gênero
textual é feita a partir dos conteúdos temáticos que apresentam sua estrutura específica. Logo, para cada tipo
de texto, existem gêneros característicos.

Como se classificam os tipos e os gêneros textuais


As classificações conforme o gênero podem sofrer mudanças e são amplamente flexíveis. Os principais
gêneros são: romance, conto, fábula, lenda, notícia, carta, bula de medicamento, cardápio de restaurante, lista
de compras, receita de bolo, etc. Quanto aos tipos, as classificações são fixas, e definem e distinguem o texto
com base na estrutura e nos aspectos linguísticos. Os tipos textuais são: narrativo, descritivo, dissertativo,
expositivo e injuntivo. Resumindo, os gêneros textuais são a parte concreta, enquanto as tipologias integram
o campo das formas, da teoria. Acompanhe abaixo os principais gêneros textuais inseridos e como eles se
inserem em cada tipo textual:

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Texto narrativo: esse tipo textual se estrutura em: apresentação, desenvolvimento, clímax e desfecho. Esses
textos se caracterizam pela apresentação das ações de personagens em um tempo e espaço determinado. Os
principais gêneros textuais que pertencem ao tipo textual narrativo são: romances, novelas, contos, crônicas e
fábulas.
Texto descritivo: esse tipo compreende textos que descrevem lugares ou seres ou relatam acontecimentos.
Em geral, esse tipo de texto contém adjetivos que exprimem as emoções do narrador, e, em termos de gêneros,
abrange diários, classificados, cardápios de restaurantes, folhetos turísticos, relatos de viagens, etc.
Texto expositivo: corresponde ao texto cuja função é transmitir ideias utilizando recursos de definição,
comparação, descrição, conceituação e informação. Verbetes de dicionário, enciclopédias, jornais, resumos
escolares, entre outros, fazem parte dos textos expositivos.
Texto argumentativo: os textos argumentativos têm o objetivo de apresentar um assunto recorrendo a
argumentações, isto é, caracteriza-se por defender um ponto de vista. Sua estrutura é composta por introdução,
desenvolvimento e conclusão. Os textos argumentativos compreendem os gêneros textuais manifesto e abaixo-
assinado.
Texto injuntivo: esse tipo de texto tem como finalidade de orientar o leitor, ou seja, expor instruções, de forma
que o emissor procure persuadir seu interlocutor. Em razão disso, o emprego de verbos no modo imperativo é
sua característica principal. Pertencem a este tipo os gêneros bula de remédio, receitas culinárias, manuais de
instruções, entre outros.
Texto prescritivo: essa tipologia textual tem a função de instruir o leitor em relação ao procedimento. Esses
textos, de certa forma, impedem a liberdade de atuação do leitor, pois decretam que ele siga o que diz o texto.
Os gêneros que pertencem a esse tipo de texto são: leis, cláusulas contratuais, edital de concursos públicos.

Tipos textuais: informativo, publicitário, propagandístico, normativo, didático e divina-


tório; características específicas de cada tipo

Texto Informativo
Sua função é ensinar e informar, esclarecendo dúvidas sobre um tema e transmitindo conhecimentos. Este
tipo de texto é comum em jornais, livros didáticos, revistas, etc.
As características do texto informativo são:
- Escrito em 3ª pessoa, em prosa.
- Apresenta informações objetivas e reais a respeito de um tema.
- É um texto que evita ser ambíguo, não fazendo uso de figuras de linguagem, utilizando a linguagem de-
notativa.
- A opinião pessoal do autor não se reflete no texto.
- Há a citação de fontes, que garantem a credibilidade, e o texto apresenta caráter utilitário e prático.
O conteúdo deste tipo de texto é mais importante que sua estrutura. O objetivo do texto é a transmissão de
conhecimento sobre determinado tema, por isso o texto informativo pode apresentar diversos recursos, como
gráficos, ilustrações, tabelas, etc.

Texto Didático
Esse tipo de texto possui objetivos pedagógicos e está disposto de uma forma a que qualquer leitor tenha
a mesma conclusão. Sua construção dá-se de maneira conceitual, visando a necessidade de compreensão do
assunto exposto por parte do interlocutor.
A linguagem de um texto didático não é figurativa, mas sim própria, utilizando os termos de maneira exata.
A apresentação das informações pode considerar, ou não, os conhecimentos prévios do leitor. Trata-se de um
tipo textual muito utilizado em artigos científicos e livros didáticos.
Algumas características desse tipo de texto são: impessoalidade, objetividade, coesão, abordagem que
permite uma interpretação única e específica.

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Gêneros Textuais e Gêneros Literários
Conforme o próprio nome indica, os gêneros textuais se referem a qualquer tipo de texto, enquanto os gê-
neros literários se referem apenas aos textos literários.
Os gêneros literários são divisões feitas segundo características formais comuns em obras literárias, agru-
pando-as conforme critérios estruturais, contextuais e semânticos, entre outros.
- Gênero lírico;
- Gênero épico ou narrativo;
- Gênero dramático.

Gênero Lírico
É certo tipo de texto no qual um eu lírico (a voz que fala no poema e que nem sempre corresponde à do
autor) exprime suas emoções, ideias e impressões em face do mundo exterior. Normalmente os pronomes e os
verbos estão em 1ª pessoa e há o predomínio da função emotiva da linguagem.

Elegia
Um texto de exaltação à morte de alguém, sendo que a morte é elevada como o ponto máximo do texto.
O emissor expressa tristeza, saudade, ciúme, decepção, desejo de morte. É um poema melancólico. Um bom
exemplo é a peça Roan e Yufa, de William Shakespeare.

Epitalâmia
Um texto relativo às noites nupciais líricas, ou seja, noites românticas com poemas e cantigas. Um bom
exemplo de epitalâmia é a peça Romeu e Julieta nas noites nupciais.

Ode (ou hino)


É o poema lírico em que o emissor faz uma homenagem à pátria (e aos seus símbolos), às divindades, à
mulher amada, ou a alguém ou algo importante para ele. O hino é uma ode com acompanhamento musical.

Idílio (ou écloga)


Poema lírico em que o emissor expressa uma homenagem à natureza, às belezas e às riquezas que ela dá
ao homem. É o poema bucólico, ou seja, que expressa o desejo de desfrutar de tais belezas e riquezas ao lado
da amada (pastora), que enriquece ainda mais a paisagem, espaço ideal para a paixão. A écloga é um idílio
com diálogos (muito rara).

Sátira
É o poema lírico em que o emissor faz uma crítica a alguém ou a algo, em tom sério ou irônico. Tem um forte
sarcasmo, pode abordar críticas sociais, a costumes de determinada época, assuntos políticos, ou pessoas de
relevância social.

Acalanto
Canção de ninar.

Acróstico
Composição lírica na qual as letras iniciais de cada verso formam uma palavra ou frase. Ex.:
Amigos são
Muitas vezes os
Irmãos que escolhemos.
Zelosos, eles nos
Ajudam e

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Dedicam-se por nós, para que nossa relação seja verdadeira e
Eterna
https://www.todamateria.com.br/acrostico/

Balada
Uma das mais primitivas manifestações poéticas, são cantigas de amigo (elegias) com ritmo característico
e refrão vocal que se destinam à dança.
Canção (ou Cantiga, Trova)
Poema oral com acompanhamento musical.

Gazal (ou Gazel)


Poesia amorosa dos persas e árabes; odes do oriente médio.

Soneto
É um texto em poesia com 14 versos, dividido em dois quartetos e dois tercetos.

Vilancete
São as cantigas de autoria dos poetas vilões (cantigas de escárnio e de maldizer); satíricas, portanto.

Gênero Épico ou Narrativo


Na Antiguidade Clássica, os padrões literários reconhecidos eram apenas o épico, o lírico e o dramático.
Com o passar dos anos, o gênero épico passou a ser considerado apenas uma variante do gênero literário
narrativo, devido ao surgimento de concepções de prosa com características diferentes: o romance, a novela,
o conto, a crônica, a fábula.

Épico (ou Epopeia)


Os textos épicos são geralmente longos e narram histórias de um povo ou de uma nação, envolvem aventu-
ras, guerras, viagens, gestos heroicos, etc. Normalmente apresentam um tom de exaltação, isto é, de valoriza-
ção de seus heróis e seus feitos. Dois exemplos são Os Lusíadas, de Luís de Camões, e Odisseia, de Homero.

Ensaio
É um texto literário breve, situado entre o poético e o didático, expondo ideias, críticas e reflexões morais e
filosóficas a respeito de certo tema. É menos formal e mais flexível que o tratado.
Consiste também na defesa de um ponto de vista pessoal e subjetivo sobre um tema (humanístico, filosófi-
co, político, social, cultural, moral, comportamental, etc.), sem que se paute em formalidades como documentos
ou provas empíricas ou dedutivas de caráter científico. Exemplo: Ensaio sobre a tolerância, de John Locke.

Gênero Dramático
Trata-se do texto escrito para ser encenado no teatro. Nesse tipo de texto, não há um narrador contando a
história. Ela “acontece” no palco, ou seja, é representada por atores, que assumem os papéis das personagens
nas cenas.

Tragédia
É a representação de um fato trágico, suscetível de provocar compaixão e terror. Aristóteles afirmava que
a tragédia era “uma representação duma ação grave, de alguma extensão e completa, em linguagem figurada,
com atores agindo, não narrando, inspirando dó e terror”. Ex.: Romeu e Julieta, de Shakespeare.

Farsa
A farsa consiste no exagero do cômico, graças ao emprego de processos como o absurdo, as incongruên-
cias, os equívocos, a caricatura, o humor primário, as situações ridículas e, em especial, o engano.

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Comédia
É a representação de um fato inspirado na vida e no sentimento comum, de riso fácil. Sua origem grega está
ligada às festas populares.

Tragicomédia
Modalidade em que se misturam elementos trágicos e cômicos. Originalmente, significava a mistura do real
com o imaginário.

Poesia de cordel
Texto tipicamente brasileiro em que se retrata, com forte apelo linguístico e cultural nordestinos, fatos diver-
sos da sociedade e da realidade vivida por este povo.

Textos publicitários
“Os textos publicitários são aqueles que têm o objetivo de anunciar alguma coisa, fazer com que uma infor-
mação torne-se pública, desde uma campanha de vacinação até os anúncios de produtos e/ou prestação de
serviços. Podemos encontrar os textos publicitários circulando em diversos suportes de comunicação, como os
midiáticos (televisão, internet e rádio) e jornalísticos (jornais, revistas), e espalhados pelas vias urbanas (outdo-
ors, pontos de ônibus, postes de iluminação pública etc.).

Linguagem
Podemos dizer que a linguagem, sobretudo no que se refere à sua função e ao tipo, é a característica mais
relevante dos textos publicitários, já que se trata do principal recurso que o autor da peça (texto) publicitária tem
para que os efeitos de sentido gerados sejam aqueles desejados pelo autor para alcançar os leitores.
Quanto à função da linguagem dos textos publicitários, ela pode ser abordada de várias formas: linguagem
referencial (quando o texto tem o objetivo de divulgar uma informação real), linguagem emotiva (quando o texto
pretende alcançar seu objetivo por meio da emotividade dos leitores) e linguagem apelativa ou conativa (quan-
do o texto tem o objetivo de convencer alguém a fazer ou comprar alguma coisa, é conhecida como retórica).
Com relação ao tipo de linguagem, os textos publicitários podem ser criados a partir das linguagens verbal
(oral ou escrita), não verbal (imagens, fotografias, desenhos) e mista (verbal e não verbal).
É relevante ressaltarmos também que a linguagem dos textos publicitários é pensada no sentido de atingir
um grande número de interlocutores, ou seja, as massas, e, por essa razão, deve ser de fácil compreensão,
objetiva, simples e acessível a interlocutores de todos as classes e faixas etárias.

Criatividade
De maneira geral, para conseguir causar efeitos de sentido e seduzir, chamar a atenção dos interlocutores,
os autores das peças publicitárias fazem trocadilhos e trabalham as linguagens verbal e não verbal de maneira
criativa.

Objetividade
Geralmente, os textos publicitários têm extensão bem reduzida, já que circulam em suportes cujo espaço
também é reduzido e o valor de cada anúncio depende de seu tamanho. A seção dos classificados de jornal,
que é um exemplo de texto publicitário, é um bom exemplar para que possamos observar essa característica.
Outro exemplo que ilustra a objetividade dos textos publicitários é a criação de slogan (uma frase curta e de
fácil memorização) ou manchetes, os quais resumem em um único enunciado as informações e os objetivos
do texto.
Exemplos de slogan:
- “Cheetos, é impossível comer um só. (Elma Chips)
- Vem pra Caixa você também. Vem! (Caixa Econômica Federal)
- A rádio que toca notícias, só notícias. (Rádio CBN)

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Publicidade e o público
Em virtude de seu caráter persuasivo e pelo fato de alcançar as grandes massas, o texto publicitário exerce
grande influência e poder sobre o público. Esse texto promove o compartilhamento de ideias, produtos e servi-
ços e, de certa forma, orientações ideológicas.
Devido ao seu papel importante na nossa cultura, existe uma autorregulamentação para a divulgação/publi-
cação de textos publicitários, a qual define limites de atuação e aprovação (ou não) quanto à veiculação de al-
guns anúncios. Essa autorregulamentação é necessária porque, conforme o Código de Defesa do Consumidor
(CDC), os textos publicitários respondem pela qualidade dos produtos e serviços que estão sendo oferecidos,
portanto, não devem realizar propaganda enganosa, que é crime.
Ainda de acordo com o CDC, propaganda enganosa significa qualquer modalidade de informação falsa,
capaz de induzir o consumidor ao erro no que diz respeito à natureza, característica, qualidade, quantidade,
propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços.

Estrutura do texto publicitário


O texto publicitário é composto, muitas vezes, por imagem, título, texto, assinatura e slogan. A assinatura
é o nome do produto/serviço e do anunciante. Slogan, como já dissemos, é um enunciado conciso e de fácil
associação ao produto e lembrança do leitor. O título/headline é um enunciado breve com o objetivo de captar a
atenção do leitor, incitando sua curiosidade. O texto deve incitar no consumidor o interesse, o desejo por aquilo
que está sendo oferecido/anunciado.
A extensão do texto publicitário depende da intencionalidade discursiva do autor/anunciante e do espaço
disponível/sugerido pelo suporte de circulação no qual o texto será veiculado: jornal, revista, outdoors, jingles
em rádio (aliado à musicalidade), redes sociais, sites etc.

Vertentes do texto publicitário


Existem duas vertentes filosóficas do texto publicitário, ambas com origens filosóficas: a apolínea e a dio-
nisíaca.

Apolínea
A vertente apolínea visa ao desenvolvimento de textos que remetem à individualização, ou seja, descreven-
do e/ou narrando, como ocorre com as artes plásticas, fotografia e narração de histórias.

Dionísica
A vertente dionisíaca busca despertar sentimentos diversos em seus leitores/interlocutores para que assim
possa criar empatia, contradição, terror, carinho etc. Geralmente, para causar esses efeitos, a música, a dra-
matização e a expressividade corporal são utilizadas.

Características do texto propagandístico


Os textos propagandísticos/publicitários, como o próprio nome já diz, têm como objetivo principal a propa-
ganda. Através desta, anuncia-se um determinado produto, ideia, benefício, movimento social, partido, entre
outros. Como seu objetivo é convencer, é natural que a função apelativa da linguagem se destaque neste gê-
nero textual.
Sendo o objetivo persuadir o receptor, o texto publicitário, a fim de chamar a atenção, apresenta um pro-
duto ou serviço ao consumidor, promove sua venda ou garante a boa imagem da marca explicando por que
o produto é bom e, ao mesmo tempo, estimulando a possuí-lo e depois comprar. No entanto, isso não é feito
aleatoriamente.
Toda propaganda tem um público-alvo, sempre voltado para uma pessoa ou coletividade, com base em
dados como idade, condição socioeconômica, escolaridade, costumes e hábitos de consumo.
Para atingir o seu propósito, os textos publicitários costumam utilizar verbos no modo imperativo e contam
com outras estratégias argumentativas. A boa propaganda trabalha com uma linguagem sugestiva por meio
da ambiguidade, da ironia, do jogo de palavras e de subentendidos, ou seja, vários formatos conotativos que
fazem com que o público perceba a sutileza da inteligência dos textos.

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Estrutura do texto propagandístico
Título: É composto de pequenas frases atrativas, com o objetivo de chamar a atenção do leitor.
Imagem: Apresentam uma imagem, cuidadosamente trabalhada e selecionada, que vai muito além do mero
papel de ilustração. Nesse gênero textual, a imagem tem um papel persuasivo importante e dialoga com a parte
escrita.
Corpo do texto: Nele, o anunciante desenvolve melhor sua ideia, demonstrando um pouco mais as quali-
dades e vantagens do produto. Normalmente, o vocabulário é adequado ao público para o qual é destinado,
contendo frases também atraentes.
Identificação do produto ou marca: A maioria dos anunciantes desenvolve um slogan para que o consumidor
identifique a marca. Certamente você conhece inúmeros exemplos, como músicas que ficam na cabeça.

Gênero normativo
Os textos normativos são considerados como textos regulatórios capazes de sistematizar leis e códigos que
asseguram nossos direitos e deveres. Esta modalidade textual também regula as normas funcionais de uma
determinada comunidade, instituição, igreja, escola, empresas privadas ou instituições públicas. Atualmente
viver em sociedade significa seguir regras e respeitar normas, não é verdade? Regras de como conviver com
outras pessoas. Regras para se ter segurança no trânsito. Respeitar normas de boa convivência no trabalho ou
na escola. Formais ou informais. No entanto, muitas vezes para que uma regra seja respeitada é necessário um
registro, desta forma protocolos, portarias e editais são claros exemplos de textos normativos.
Os textos normativos e legais devem ser claros, de modo a não causar problemas de compreensão para
o público a quem ele se destina. Deve ser objetivo e centra-se na regulamentação do que está em questão,
podendo ser relações de convivência, trabalho e comércio.
Em nosso cotidiano, temos inúmeros exemplos de textos normativos, dentre eles ressaltamos:
• Um contrato de trabalho ou compra e venda
• O código de defesa do consumidor
• As leis de trânsito
• A Constituição Federal
• A Declaração Universal dos Direitos Humanos
• Diário Oficial
• ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente
• Estatuto do idoso
Os textos normativos são fundamentais para relações humanas e acima de tudo são considerados como
gêneros que asseguram nossos direitos e deveres.

Texto divinatório
Função - prever.
Modelos - horóscopo, oráculos.
Fontes: brasilescola.uol.com.br
descomplica.com.br

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Textos literários e não literários

Detecção de características e pormenores que identifiquem o texto dentro de um estilo de época

Principais características do texto literário


Há diferença do texto literário em relação ao texto referencial, sobretudo, por sua carga estética. Esse tipo
de texto exerce uma linguagem ficcional, além de fazer referência à função poética da linguagem.
Uma constante discussão sobre a função e a estrutura do texto literário existe, e também sobre a dificul-
dade de se entenderem os enigmas, as ambiguidades, as metáforas da literatura. São esses elementos que
constituem o atrativo do texto literário: a escrita diferenciada, o trabalho com a palavra, seu aspecto conotativo,
seus enigmas.
A literatura apresenta-se como o instrumento artístico de análise de mundo e de compreensão do homem.
Cada época conceituou a literatura e suas funções de acordo com a realidade, o contexto histórico e cultural e,
os anseios dos indivíduos daquele momento.
Ficcionalidade: os textos baseiam-se no real, transfigurando-o, recriando-o.
Aspecto subjetivo: o texto apresenta o olhar pessoal do artista, suas experiências e emoções.
Ênfase na função poética da linguagem: o texto literário manipula a palavra, revestindo-a de caráter artístico.
Plurissignificação: as palavras, no texto literário, assumem vários significados.

Principais características do texto não literário


Apresenta peculiaridades em relação a linguagem literária, entre elas o emprego de uma linguagem con-
vencional e denotativa.
Ela tem como função informar de maneira clara e sucinta, desconsiderando aspectos estilísticos próprios
da linguagem literária.
Os diversos textos podem ser classificados de acordo com a linguagem utilizada. A linguagem de um texto
está condicionada à sua funcionalidade. Quando pensamos nos diversos tipos e gêneros textuais, devemos
pensar também na linguagem adequada a ser adotada em cada um deles. Para isso existem a linguagem lite-
rária e a linguagem não literária.
Diferente do que ocorre com os textos literários, nos quais há uma preocupação com o objeto linguístico
e também com o estilo, os textos não literários apresentam características bem delimitadas para que possam
cumprir sua principal missão, que é, na maioria das vezes, a de informar. Quando pensamos em informação,
alguns elementos devem ser elencados, como a objetividade, a transparência e o compromisso com uma lin-
guagem não literária, afastando assim possíveis equívocos na interpretação de um texto.

Tipologia da frase portuguesa. Estrutura da frase portuguesa: operações de desloca-


mento, substituição, modificação e correção. Problemas estruturais das frases. Organi-
zação sintática das frases: termos e orações. Ordem direta e inversa

Definição: sintaxe é a área da Gramática que se dedica ao estudo da ordenação das palavras em uma frase,
das frases em um discurso e também da coerência (relação lógica) que estabelecem entre si. Sempre que
uma frase é construída, é fundamental que ela contenha algum sentido para que possa ser compreendida pelo
receptor. Por fazer a mediação da combinação entre palavras e orações, a sintaxe é essencial para que essa
compreensão se efetive. Para que se possa compreender a análise sintática, é importante retomarmos alguns
conceitos, como o de frase, oração e período. Vejamos:

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Frase
Trata-se de um enunciado que carrega um sentido completo que possui sentido integral, podendo ser
constituída por somente uma ou várias palavras podendo conter verbo (frase verbal) ou não (frase nominal).
Uma frase pode exprimir ideias, sentimentos, apelos ou ordens. Exemplos: “Saia!”, “O presidente vai fazer seu
discurso.”, “Atenção!”, “Que horror!”.
A ordem das palavras: associada à pontuação apropriada, a disposição das palavras na frase também é
fundamental para a compreensão da informação escrita, e deve seguir os padrões da Língua Portuguesa.
Observe que a frase “A professora já vai falar.” Pode ser modificada para, por exemplo, “Já vai falar a professora.”
, sem que haja prejuízo de sentido. No entanto, a construção “Falar a já professora vai.” , apesar da combinação
das palavras, não poderá ser compreendida pelo interlocutor.

Oração
É uma unidade sintática que se estrutura em redor de um verbo ou de uma locução verbal. Uma frase pode
ser uma oração, desde que tenha um verbo e um predicado; quanto ao sujeito, nem sempre consta em uma
oração, assim como o sentido completo. O importante é que seja compreensível pelo receptor da mensagem.
Analise, abaixo, uma frase que é oração com uma que não é.

1 – Silêncio!”: É uma frase, mas não uma oração, pois não contém verbo.

2 – “Eu quero silêncio.”: A presença do verbo classifica a frase como oração.


Unidade sintática (ou termo sintático): a sintaxe de uma oração é formada por cada um dos termos, que,
por sua vez, estabelecem relação entre si para dar atribuir sentido à frase. No exemplo supracitado, a palavra
“quero” deve unir-se às palavras “Eu” e “silêncio” para que o receptor compreenda a mensagem. Dessa forma,
cada palavra desta oração recebe o nome de termo ou unidade sintática, desempenhando, cada qual, uma
função sintática diferente.
Classificação das orações: as orações podem ser simples ou compostas. As orações simples apresentam
apenas uma frase; as compostas apresentam duas ou mais frases na mesma oração. Analise os exemplos
abaixo e perceba que a oração composta tem duas frases, e cada uma tem seu próprio sentido.
– Oração simples: “Eu quero silêncio.”
– Oração composta: “Eu quero silêncio para poder ouvir o noticiário”.

Período
É a construção composta por uma ou mais orações, sempre com sentido completo. Assim como as orações,
o período também pode ser simples ou composto, que se diferenciam em razão do número de orações que
apresenta: o período simples contém apenas uma oração, e o composto mais de uma. Lembrando que a oração
é uma frase que contém um verbo. Assim, para não ter dúvidas quanto à classificação, basta contar quantos
verbos existentes na frase.
– Período simples: “Resolvo esse problema até amanhã.” - apresenta apenas um verbo.
– Período composto: Resolvo esse problema até amanhã ou ficarei preocupada.” - contém dois verbos.

— Análise Sintática
É o nome que se dá ao processo que serve para esmiuçar a estrutura de um período e das orações que
compõem um período.
Termos da oração: é o nome dado às palavras que atribuem sentido a uma frase verbal. A reunião desses
elementos forma o que chamamos de estrutura de um período. Os termos essenciais se subdividem em:
essenciais, integrantes e acessórios. Acompanhe a seguir as especificidades de cada tipo.

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1 – Termos Essenciais (ou fundamentais) da oração
Sujeito e Predicado: enquanto um é o ser sobre quem/o qual se declara algo, o outro é o que se declara
sobre o sujeito e, por isso, sempre apresenta um verbo ou uma locução verbal, como nos respectivos exemplos
a seguir:
Exemplo: em “Fred fez um lindo discurso.”, o sujeito é “Fred”, que “fez um lindo discurso” (é o restante da
oração, a declaração sobre o sujeito).
Nem sempre o sujeito está no início da oração (sujeito direto), podendo apresentar-se também no meio da
fase ou mesmo após o predicado (sujeito inverso). Veja um exemplo para cada um dos respectivos casos:
“Fred fez um lindo discurso.”
“Um lindo discurso Fred fez.”
“Fez um lindo discurso, Fred.”
– Sujeito determinado: é aquele identificável facilmente pela concordância verbal.
– Sujeito determinado simples: possui apenas um núcleo ligado ao verbo. Ex.: “Júlia passou no teste”.
– Sujeito determinado composto: possui dois ou mais núcleos. Ex.: “Júlia e Felipe passaram no teste.”
– Sujeito determinado implícito: não aparece facilmente na oração, mas a frase é dotada de entendimento.
Ex.: “Passamos no teste.” Aqui, o termo “nós” não está explícito na oração, mas a concordância do verbo o
destaca de forma indireta.
– Sujeito indeterminado: é o que não está visível na oração e, diferente do caso anterior, não há concordância
verbal para determiná-lo.
Esse sujeito pode aparecer com:
– Verbo na 3a pessoa do plural. Ex.: “Reformaram a casa velha”.
– Verbo na 3a pessoa do singular + pronome “se”: “Contrata-se padeiro.”».
– Verbo no infinitivo impessoal: “Vai ser mais fácil se você estiver lá.”
– Orações sem sujeito: são compostas somente por predicado, e sua mensagem está centralizada no verbo,
que é impessoal. Essas orações podem ter verbos que constituam fenômenos da natureza, ou os verbos ser,
estar, haver e fazer quando indicativos de fenômeno meteorológico ou tempo. Observe os exemplos:
“Choveu muito ontem”.
“Era uma hora e quinze”.
– Predicados Verbais: resultam da relação entre sujeito e verbo, ou entre verbo e complementos. Os verbos,
por sua vez, também recebem sua classificação, conforme abaixo:
– Verbo transitivo: é o verbo que transita, isto é, que vai adiante para passar a informação adequada. Em
outras palavras, é o verbo que exige complemento para ser entendido. Para produzir essa compreensão, esse
trânsito do verbo, o complemento pode ser direto ou indireto. No primeiro caso, a ligação direta entre verbo e
complemento. Ex.: “Quero comprar roupas.”. No segundo, verbo e complemento são unidos por preposição.
Ex.: “Preciso de dinheiro.”
– Verbo intransitivo: não requer complemento, é provido de sentido completo. São exemplos: morrer, acordar,
nascer, nadar, cair, mergulhar, correr.
– Verbo de ligação: servem para expressar características de estado ao sujeito, sendo eles: estado
permanente (“Pedro é alto.”), estado de transição (“Pedro está acamado.”), estado de mutação (“Pedro esteve
enfermo.”), estado de continuidade (“Pedro continua esbelto.”) e estado aparente (“Pedro parece nervoso.”).
– Predicados nominais: são aqueles que têm um nome (substantivo ou adjetivo) como cujo núcleo significativo
da oração. Ademais, ele se caracteriza pela indicação de estado ou qualidade, e é composto por um verbo de
ligação mais o predicativo do sujeito.

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– Predicativo do sujeito: é um termo que atribui características ao sujeito por meio de um verbo. Exemplo:
em “Marta é inteligente.”, o adjetivo é o predicativo do sujeito “Marta”, ou seja, é sua característica de estado
ou qualidade. Isso é comprovado pelo “ser” (é), que é o verbo de ligação entre Marta e sua característica atual.
Esse elemento não precisa ser, obrigatoriamente, um adjetivo, mas pode ser uma locução adjetiva, ou mesmo
um substantivo ou palavra substantivada.
– Predicado Verbo-Nominal: esse tipo deve apresentar sempre um predicativo do sujeito associado a uma
ação do sujeito acrescida de uma qualidade sua. Exemplo: “As meninas saíram mais cedo da aula. Por isso,
estavam contentes.
O sujeito “As meninas” possui como predicado o verbo “sair” e também o adjetivo “contentes”. Logo, “estavam
contentes” é o predicativo do sujeito e o verbo de ligação é “estar”.

2 – Termos integrantes da oração


Basicamente, são os termos que completam os verbos de uma oração, atribuindo sentindo a ela. Eles
podem ser complementos verbais, complementos nominais ou mesmo agentes da passiva.
– Complementos Verbais: como sugere o nome, esses termos completam o sentido de verbos, e se
classificam da seguinte forma:
– Objeto direto: completa verbos transitivos diretos, não exigindo preposição.
– Objeto indireto: complementam verbos transitivos indiretos, isto é, aqueles que dependem de preposição
para que seu sentido seja compreendido.
Quanto ao objeto direto, podemos ter:
– Um pronome substantivo: “A equipe que corrigiu as provas.”
– Um pronome oblíquo direto: “Questionei-a sobre o acontecido.”
– Um substantivo ou expressão substantivada: “Ele consertou os aparelhos.»
– Complementos Nominais: esses termos completam o sentido de uma palavra, mas não são verbos; são
nomes (substantivos, adjetivos ou advérbios), sempre seguidos por preposição. Observe os exemplos:
– “Maria estava satisfeita com seus resultados.” – observe que “satisfeita” é adjetivo, e “com seus resultados”
é complemento nominal.
– “O entregador atravessou rapidamente pela viela. – “rapidamente” é advérbio de modo.
– “Eu tenho medo do cachorro.” – Nesse caso, “medo” é um substantivo.
– Agentes da Passiva: são os termos de uma oração que praticam a ação expressa pelo verbo, quando
este está na voz passiva. Assim, estão normalmente acompanhados pelas preposições de e por. Observe os
exemplos do item anterior modificados para a voz passiva:
– “Os resultados foram motivo de satisfação de Maria.”
– “O cachorro foi alvo do meu medo.”
– “A viela foi atravessada rapidamente pelo entregador.”

3 – Termos acessórios da oração


Diversamente dos termos essenciais e integrantes, os termos acessórios não são fundamentais o sentido da
oração, mas servem para complementar a informação, exprimindo circunstância, determinando o substantivo
ou caracterizando o sujeito. Confira abaixo quais são eles:
– Adjunto adverbial: são os termos que modificam o sentido do verbo, do adjetivo ou do advérbio. Analise
os exemplos:
“Dormimos muito.”
O termo acessório “muito” classifica o verbo “dormir”.
“Ele ficou pouco animado com a notícia.”

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O termo acessório “pouco” classifica o adjetivo “animado”
“Maria escreve bastante bem.”
O termo acessório “bastante” modifica o advérbio “bem”.
Os adjuntos adverbiais podem ser:
– Advérbios: pouco, bastante, muito, ali, rapidamente longe, etc.
– Locuções adverbiais: o tempo todo, às vezes, à beira-mar, etc.
– Orações: «Quando a mercadoria chegar, avise.” (advérbio de tempo).
– Adjunto adnominal: é o termo que especifica o substantivo, com função de adjetivo. Em razão disso, pode
ser representado por adjetivos, locuções adjetivas, artigos, numerais adjetivos ou pronomes adjetivos. Analise
o exemplo:
“O jovem apaixonado presenteou um lindo buquê à sua colega de escola.”
– Sujeito: “jovem apaixonado”
– Núcleo do predicado verbal: “presenteou”
– Objeto direto do verbo entregar: “um lindo buquê”
– Objeto indireto: “à amiga de classe” – Adjuntos adnominais: no sujeito, temos o artigo “o” e “apaixonado”,
pois caracterizam o “jovem”, núcleo do sujeito; o numeral “um” e o adjetivo “lindo” fazem referência a “buquê”
(substantivo); o artigo “à” (contração da preposição + artigo feminino) e a locução “de trabalho” são os adjuntos
adnominais de “colega”.
– Aposto: é o termo que se relaciona com o sujeito para caracterizá-lo, contribuindo para a complementação
uma informação já completa. Observe os exemplos:
“Michael Jackson, o rei do pop, faleceu há uma década.”
“Brasília, capital do Brasil, foi construída na década de 1950.”
– Vocativo: esse termo não apresenta relação sintática nem com sujeito nem com predicado, tendo sua
função no chamamento ou na interpelação de um ouvinte, e se relaciona com a 2a pessoa do discurso. Os
vocativos são o receptor da mensagem, ou seja, a quem ela é dirigida. Podem ser acompanhados de interjeições
de apelo. Observe:
“Ei, moça! Seu documento está pronto!”
“Senhor, tenha misericórdia de nós!”
“Vista o casaco, filha!”

— Estudo da relação entre as orações


Os períodos compostos são formados por várias orações. As orações estabelecem entre si relações de
coordenação ou de subordinação.
– Período composto por coordenação: é formado por orações independentes. Apesar de estarem unidas por
conjunções ou vírgulas, as orações coordenadas podem ser entendidas individualmente porque apresentam
sentidos completos. Acompanhe a seguir a classificação das orações coordenadas:
– Oração coordenada aditiva: “Assei os salgados e preparei os doces.”
– Oração coordenada adversativa: “Assei os salgados, mas não preparei os doces.”
– Oração coordenada alternativa: “Ou asso os salgados ou preparo os doces.”
– Oração coordenada conclusiva: “Marta estudou bastante, logo, passou no exame.”
– Oração coordenada explicativa: “Marta passou no exame porque estudou bastante.”
– Período composto por subordinação: são constituídos por orações dependentes uma da outra. Como as
orações subordinadas apresentam sentidos incompletos, não podem ser entendidas de forma separada. As
orações subordinadas são divididas em substantivas, adverbiais e adjetivas. Veja os exemplos:

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– Oração subordinada substantiva subjetiva: “Ficou provado que o suspeito era realmente o culpado.”
– Oração subordinada substantiva objetiva direta: “Eu não queria que isso acontecesse.”
– Oração subordinada substantiva objetiva indireta: “É obrigatório de que todos os estudantes sejam
assíduos.”
– Oração subordinada substantiva completiva nominal: “Tenho expectativa de que os planos serão melhores
em breve!”
– Oração subordinada substantiva predicativa: “O que importa é que meus pais são saudáveis.”
– Oração subordinada substantiva apositiva: “Apenas saiba disto: que tudo esteja organizado quando eu
voltar!”
– Oração subordinada adverbial causal: “Não posso me demorar porque tenho hora marcada na psicóloga.”
– Oração subordinada adverbial consecutiva: “Ficamos tão felizes que pulamos de alegria.”
– Oração subordinada adverbial final: “Eles ficaram vigiando para que nós chegássemos a casa em
segurança.”
– Oração subordinada adverbial temporal: “Assim que eu cheguei, eles iniciaram o trabalho.”
– Oração subordinada adverbial condicional: “Se você vier logo, espero por você.»
– Oração subordinada adverbial concessiva: “Ainda que estivesse cansado, concluiu a maratona.”
– Oração subordinada adverbial comparativa: “Marta sentia como se ainda vivesse no interior.”
– Oração subordinada adverbial conformativa: “Conforme combinamos anteriormente, entregarei o produto
até amanhã.”
– Oração subordinada adverbial proporcional: “Quanto mais me exercito, mais tenho disposição.”
– Oração subordinada adjetiva explicativa: “Meu filho, que passou no concurso, mudou-se para o interior.”
– Oração subordinada adjetiva restritiva: “A aluna que esteve enferma conseguiu ser aprovada nas provas.”

Norma culta

A Linguagem Culta ou Padrão


É aquela ensinada nas escolas e serve de veículo às ciências em que se apresenta com terminologia
especial. É usada pelas pessoas instruídas das diferentes classes sociais e caracteriza-se pela obediência às
normas gramaticais. Mais comumente usada na linguagem escrita e literária, reflete prestígio social e cultural.
É mais artificial, mais estável, menos sujeita a variações. Está presente nas aulas, conferências, sermões,
discursos políticos, comunicações científicas, noticiários de TV, programas culturais etc.
Ouvindo e lendo é que você aprenderá a falar e a escrever bem. Procure ler muito, ler bons autores, para
redigir bem.
A aprendizagem da língua inicia-se em casa, no contexto familiar, que é o primeiro círculo social para uma
criança. A criança imita o que ouve e aprende, aos poucos, o vocabulário e as leis combinatórias da língua.
Um falante ao entrar em contato com outras pessoas em diferentes ambientes sociais como a rua, a escola e
etc., começa a perceber que nem todos falam da mesma forma. Há pessoas que falam de forma diferente por
pertencerem a outras cidades ou regiões do país, ou por fazerem parte de outro grupo ou classe social. Essas
diferenças no uso da língua constituem as variedades linguísticas.
Certas palavras e construções que empregamos acabam denunciando quem somos socialmente, ou seja,
em que região do país nascemos, qual nosso nível social e escolar, nossa formação e, às vezes, até nossos
valores, círculo de amizades e hobbies. O uso da língua também pode informar nossa timidez, sobre nossa
capacidade de nos adaptarmos às situações novas e nossa insegurança.

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A norma culta é a variedade linguística ensinada nas escolas, contida na maior parte dos livros, registros es-
critos, nas mídias televisivas, entre outros. Como variantes da norma padrão aparecem: a linguagem regional, a
gíria, a linguagem específica de grupos ou profissões. O ensino da língua culta na escola não tem a finalidade
de condenar ou eliminar a língua que falamos em nossa família ou em nossa comunidade. O domínio da língua
culta, somado ao domínio de outras variedades linguísticas, torna-nos mais preparados para nos comunicar-
mos nos diferentes contextos lingísticos, já que a linguagem utilizada em reuniões de trabalho não deve ser a
mesma utilizada em uma reunião de amigos no final de semana.
Portanto, saber usar bem uma língua equivale a saber empregá-la de modo adequado às mais diferentes
situações sociais de que participamos.
A norma culta é responsável por representar as práticas linguísticas embasadas nos modelos de uso en-
contrados em textos formais. É o modelo que deve ser utilizado na escrita, sobretudo nos textos não literários,
pois segue rigidamente as regras gramaticais. A norma culta conta com maior prestígio social e normalmente é
associada ao nível cultural do falante: quanto maior a escolarização, maior a adequação com a língua padrão.
Exemplo:
Venho solicitar a atenção de Vossa Excelência para que seja conjurada uma calamidade que está prestes
a desabar em cima da juventude feminina do Brasil. Refiro-me, senhor presidente, ao movimento entusiasta
que está empolgando centenas de moças, atraindo-as para se transformarem em jogadoras de futebol, sem
se levar em conta que a mulher não poderá praticar este esporte violento sem afetar, seriamente, o equilíbrio
fisiológico de suas funções orgânicas, devido à natureza que dispôs a ser mãe.

A Linguagem Popular ou Coloquial


É aquela usada espontânea e fluentemente pelo povo. Mostra-se quase sempre rebelde à norma gramatical
e é carregada de vícios de linguagem (solecismo – erros de regência e concordância; barbarismo – erros
de pronúncia, grafia e flexão; ambiguidade; cacofonia; pleonasmo), expressões vulgares, gírias e preferência
pela coordenação, que ressalta o caráter oral e popular da língua. A linguagem popular está presente nas
conversas familiares ou entre amigos, anedotas, irradiação de esportes, programas de TV e auditório, novelas,
na expressão dos esta dos emocionais etc.

Dúvidas mais comuns da norma culta

Perca ou perda
Isto é uma perda de tempo ou uma perca de tempo? Tomara que ele não perca o ônibus ou não perda o
ônibus? Quais são as frases corretas com perda e perca? Certo: Isto é uma perda de tempo.

Embaixo ou em baixo
O gato está embaixo da mesa ou em baixo da mesa? Continuarei falando em baixo tom de voz ou embaixo
tom de voz? Quais são as frases corretas com embaixo e em baixo? Certo: O gato está embaixo da cama

Ver ou vir
A dúvida no uso de ver e vir ocorre nas seguintes construções: Se eu ver ou se eu vir? Quando eu ver ou
quando eu vir? Qual das frases com ver ou vir está correta? Se eu vir você lá fora, você vai ficar de castigo!

Onde ou aonde
Os advérbios onde e aonde indicam lugar: Onde você está? Aonde você vai? Qual é a diferença entre onde
e aonde? Onde indica permanência. É sinônimo de em que lugar. Onde, Em que lugar Fica?

Como escrever o dinheiro por extenso?


Os valores monetários, regra geral, devem ser escritos com algarismos: R$ 1,00 ou R$ 1 R$ 15,00 ou R$
15 R$ 100,00 ou R$ 100 R$ 1400,00 ou R$ 1400.

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Obrigado ou obrigada
Segundo a gramática tradicional e a norma culta, o homem ao agradecer deve dizer obrigado. A mulher ao
agradecer deve dizer obrigada.

Mal ou mau
Como essas duas palavras são, maioritariamente, pronunciadas da mesma forma, são facilmente confundi-
das pelos falantes. Qual a diferença entre mal e mau? Mal é um advérbio, antônimo de bem. Mau é o adjetivo
contrário de bom.

“Vir”, “Ver” e “Vier”


A conjugação desses verbos pode causar confusão em algumas situações, como por exemplo no futuro do
subjuntivo. O correto é, por exemplo, “quando você o vir”, e não “quando você o ver”.
Já no caso do verbo “ir”, a conjugação correta deste tempo verbal é “quando eu vier”, e não “quando eu vir”.

“Ao invés de” ou “em vez de”


“Ao invés de” significa “ao contrário” e deve ser usado apenas para expressar oposição.
Por exemplo: Ao invés de virar à direita, virei à esquerda.
Já “em vez de” tem um significado mais abrangente e é usado principalmente como a expressão “no lugar
de”. Mas ele também pode ser usado para exprimir oposição. Por isso, os linguistas recomendam usar “em vez
de” caso esteja na dúvida.
Por exemplo: Em vez de ir de ônibus para a escola, fui de bicicleta.

“Para mim” ou “para eu”


Os dois podem estar certos, mas, se você vai continuar a frase com um verbo, deve usar “para eu”.
Por exemplo: Mariana trouxe bolo para mim; Caio pediu para eu curtir as fotos dele.

“Tem” ou “têm”
Tanto “tem” como “têm” fazem parte da conjugação do verbo “ter” no presente. Mas o primeiro é usado no
singular, e o segundo no plural.
Por exemplo: Você tem medo de mudança; Eles têm medo de mudança.
“Há muitos anos”, “muitos anos atrás” ou “há muitos anos atrás”
Usar “Há” e “atrás” na mesma frase é uma redundância, já que ambas indicam passado. O correto é usar
um ou outro.
Por exemplo: A erosão da encosta começou há muito tempo; O romance começou muito tempo atrás.
Sim, isso quer dizer que a música Eu nasci há dez mil anos atrás, de Raul Seixas, está incorreta.

Pontuação e sinais gráficos

— Visão Geral
O sistema de pontuação consiste em um grupo de sinais gráficos que, em um período sintático, têm a
função primordial de indicar um nível maior ou menor de coesão entre estruturas e, ocasionalmente, manifestar
as propriedades da fala (prosódias) em um discurso redigido. Na escrita, esses sinais substituem os gestos e
as expressões faciais que, na linguagem falada, auxiliam a compreensão da frase.
O emprego da pontuação tem as seguintes finalidades:
– Garantir a clareza, a coerência e a coesão interna dos diversos tipos textuais;
– Garantir os efeitos de sentido dos enunciados;

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– Demarcar das unidades de um texto;
– Sinalizar os limites das estruturas sintáticas.
— Sinais de pontuação que auxiliam na elaboração de um enunciado

Vírgula
De modo geral, sua utilidade é marcar uma pausa do enunciado para indicar que os termos por ela isolados,
embora compartilhem da mesma frase ou período, não compõem unidade sintática. Mas, se, ao contrário,
houver relação sintática entre os termos, estes não devem ser isolados pela vírgula. Isto quer dizer que, ao
mesmo tempo que existem situações em que a vírgula é obrigatória, em outras, ela é vetada. Confira os casos
em que a vírgula deve ser empregada:
• No interior da sentença

1 – Para separar elementos de uma enumeração e repetição:

ENUMERAÇÃO
Adicione leite, farinha, açúcar, ovos, óleo e chocolate.
Paguei as contas de água, luz, telefone e gás.

REPETIÇÃO
Os arranjos estão lindos, lindos!
Sua atitude foi, muito, muito, muito indelicada.

2 – Isolar o vocativo
“Crianças, venham almoçar!”
“Quando será a prova, professora?”

3 – Separar apostos
“O ladrão, menor de idade, foi apreendido pela polícia.”

4 – Isolar expressões explicativas:


“As CPIs que terminaram em pizza, ou seja, ninguém foi responsabilizado.”

5 – Separar conjunções intercaladas


“Não foi explicado, porém, o porquê das falhas no sistema.”

6 – Isolar o adjunto adverbial anteposto ou intercalado:


“Amanhã pela manhã, faremos o comunicado aos funcionários do setor.”
“Ele foi visto, muitas vezes, vagando desorientado pelas ruas.”

7 – Separar o complemento pleonástico antecipado:


“Estas alegações, não as considero legítimas.”

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8 – Separar termos coordenados assindéticos (não conectadas por conjunções)
“Os seres vivos nascem, crescem, reproduzem-se, morrem.”

9 – Isolar o nome de um local na indicação de datas:


“São Paulo, 16 de outubro de 2022”.

10 – Marcar a omissão de um termo:


“Eu faço o recheio, e você, a cobertura.” (omissão do verbo “fazer”).
• Entre as sentenças

1 – Para separar as orações subordinadas adjetivas explicativas


“Meu aluno, que mora no exterior, fará aulas remotas.”

2 – Para separar as orações coordenadas sindéticas e assindéticas, com exceção das orações iniciadas
pela conjunção “e”:
“Liguei para ela, expliquei o acontecido e pedi para que nos ajudasse.”

3 – Para separar as orações substantivas que antecedem a principal:


“Quando será publicado, ainda não foi divulgado.”

4 – Para separar orações subordinadas adverbiais desenvolvidas ou reduzidas, especialmente as que


antecedem a oração principal:

Reduzida Por ser sempre assim, ninguém dá atenção!


Desenvolvida Porque é sempre assim, já ninguém dá atenção!

5 – Separar as sentenças intercaladas:


“Querida, disse o esposo, estarei todos os dias aos pés do seu leito, até que você se recupere por completo.”
• Antes da conjunção “e”

1 – Emprega-se a vírgula quando a conjunção “e” adquire valores que não expressam adição, como
consequência ou diversidade, por exemplo.
“Argumentou muito, e não conseguiu convencer-me.”

2 – Utiliza-se a vírgula em casos de polissíndeto, ou seja, sempre que a conjunção “e” é reiterada com com
a finalidade de destacar alguma ideia, por exemplo:
“(…) e os desenrolamentos, e os incêndios, e a fome, e a sede; e dez meses de combates, e cem dias de
cancioneiro contínuo; e o esmagamento das ruínas...” (Euclides da Cunha)

3 – Emprega-se a vírgula sempre que orações coordenadas apresentam sujeitos distintos, por exemplo:
“A mulher ficou irritada, e o marido, constrangido.”

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O uso da vírgula é vetado nos seguintes casos: separar sujeito e predicado, verbo e objeto, nome de
adjunto adnominal, nome e complemento nominal, objeto e predicativo do objeto, oração substantiva e oração
subordinada (desde que a substantivo não seja apositiva nem se apresente inversamente).

Ponto

1 – Para indicar final de frase declarativa:


“O almoço está pronto e será servido.”

2 – Abrevia palavras:
– “p.” (página)
– “V. Sra.” (Vossa Senhoria)
– “Dr.” (Doutor)

3 – Para separar períodos:


“O jogo não acabou. Vamos para os pênaltis.”

Ponto e Vírgula

1 – Para separar orações coordenadas muito extensas ou orações coordenadas nas quais já se tenha
utilizado a vírgula:
“Gosto de assistir a novelas; meu primo, de jogos de RPG; nossa amiga, de praticar esportes.”

2 – Para separar os itens de uma sequência de itens:


“Os planetas que compõem o Sistema Solar são:
Mercúrio;
Vênus;
Terra;
Marte;
Júpiter;
Saturno;
Urano;
Netuno.”

Dois Pontos

1 – Para introduzirem apostos ou orações apositivas, enumerações ou sequência de palavras que explicam
e/ou resumem ideias anteriores.
“Anote o endereço: Av. Brasil, 1100.”
“Não me conformo com uma coisa: você ter perdoado aquela grande ofensa.”

2 – Para introduzirem citação direta:

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“Desse estudo, Lavoisier extraiu o seu princípio, atualmente muito conhecido: “Nada se cria, nada se perde,
tudo se transforma’.”

3 – Para iniciar fala de personagens:


“Ele gritava repetidamente:
– Sou inocente!”

Reticências

1 – Para indicar interrupção de uma frase incompleta sintaticamente:


“Quem sabe um dia...”

2 – Para indicar hesitação ou dúvida:


“Então... tenho algumas suspeitas... mas prefiro não revelar ainda.”

3 – Para concluir uma frase gramaticalmente inacabada com o objetivo de prolongar o raciocínio:
“Sua tez, alva e pura como um foco de algodão, tingia-se nas faces duns longes cor-de-rosa...” (Cecília -
José de Alencar).

4 – Suprimem palavras em uma transcrição:


“Quando penso em você (...) menos a felicidade.” (Canteiros - Raimundo Fagner).

Ponto de Interrogação

1 – Para perguntas diretas:


“Quando você pode comparecer?”

2 – Algumas vezes, acompanha o ponto de exclamação para destacar o enunciado:


“Não brinca, é sério?!”

Ponto de Exclamação

1 – Após interjeição:
“Nossa Que legal!”

2 – Após palavras ou sentenças com carga emotiva


“Infelizmente!”

3 – Após vocativo
“Ana, boa tarde!”

4 – Para fechar de frases imperativas:


“Entre já!”

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Parênteses
a) Para isolar datas, palavras, referências em citações, frases intercaladas de valor explicativo, podendo
substituir o travessão ou a vírgula:
“Mal me viu, perguntou (sem qualquer discrição, como sempre)
quem seria promovido.”

Travessão

1 – Para introduzir a fala de um personagem no discurso direto:


“O rapaz perguntou ao padre:
— Amar demais é pecado?”

2 – Para indicar mudança do interlocutor nos diálogos:


“— Vou partir em breve.
— Vá com Deus!”

3 – Para unir grupos de palavras que indicam itinerários:


“Esse ônibus tem destino à cidade de São Paulo — SP.”

4 – Para substituir a vírgula em expressões ou frases explicativas:


“Michael Jackson — o retorno rei do pop — era imbatível.”

Aspas

1 – Para isolar palavras ou expressões que violam norma culta, como termos populares, gírias, neologismos,
estrangeirismos, arcaísmos, palavrões, e neologismos.
“Na juventude, ‘azarava’ todas as meninas bonitas.”
“A reunião será feita ‘online’.”

2 – Para indicar uma citação direta:


“A índole natural da ciência é a longanimidade.” (Machado de Assis)

Tipos de discurso

Discurso direto
É a fala da personagem reproduzida fielmente pelo narrador, ou seja, reproduzida nos termos em que foi
expressa.
— Bonito papel! Quase três da madrugada e os senhores completamente bêbados, não é?
Foi aí que um dos bêbados pediu:
— Sem bronca, minha senhora. Veja logo qual de nós quatro é o seu marido que os outros querem ir para
casa.
(Stanislaw Ponte Preta)

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Observe que, no exemplo dado, a fala da personagem é introduzida por um travessão, que deve estar ali-
nhado dentro do parágrafo.
O narrador, ao reproduzir diretamente a fala das personagens, conserva características do linguajar de cada
uma, como termos de gíria, vícios de linguagem, palavrões, expressões regionais ou cacoetes pessoais.
O discurso direto geralmente apresenta verbos de elocução (ou declarativos ou dicendi) que indicam quem
está emitindo a mensagem.
Os verbos declarativos ou de elocução mais comuns são:
acrescentar
afirmar
concordar
consentir
contestar
continuar
declamar
determinar
dizer
esclarecer
exclamar
explicar
gritar
indagar
insistir
interrogar
interromper
intervir
mandar
ordenar, pedir
perguntar
prosseguir
protestar
reclamar
repetir
replicar
responder
retrucar
solicitar
Os verbos declarativos podem, além de introduzir a fala, indicar atitudes, estados interiores ou situações
emocionais das personagens como, por exemplo, os verbos protestar, gritar, ordenar e outros. Esse efeito pode
ser também obtido com o uso de adjetivos ou advérbios aliados aos verbos de elocução: falou calmamente,
gritou histérica, respondeu irritada, explicou docemente.
Exemplo:

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— O amor, prosseguiu sonhadora, é a grande realização de nossas vidas.
Ao utilizar o discurso direto – diálogos (com ou sem travessão) entre as personagens –, você deve optar
por um dos três estilos a seguir:
Estilo 1:
João perguntou:
— Que tal o carro?
Estilo 2:
João perguntou: “Que tal o carro?” (As aspas são optativas)
Antônio respondeu: “horroroso” (As aspas são optativas)
Estilo 3:
Verbos de elocução no meio da fala:
— Estou vendo, disse efusivamente João, que você adorou o carro.
— Você, retrucou Antônio, está completamente enganado.
Verbos de elocução no fim da fala:
— Estou vendo que você adorou o carro — disse efusivamente João.
— Você está completamente enganado — retrucou Antônio.
Os trechos que apresentam verbos de elocução podem vir com travessões ou com vírgulas. Observe os
seguintes exemplos:
— Não posso, disse ela daí a alguns instantes, não deixo meu filho. (Machado de Assis)
— Não vá sem eu lhe ensinar a minha filosofia da miséria, disse ele, escarrachando-se diante de mim. (Ma-
chado de Assis)
— Vale cinquenta, ponderei; Sabina sabe que custou cinquenta e oito. (Machado de Assis)
— Ainda não, respondi secamente.
(Machado de Assis)
Verbos de elocução depois de orações interrogativas e exclamativas:
— Nunca me viu? perguntou Virgília vendo que a encarava com insistência.
(Machado de Assis)
— Para quê? interrompeu Sabina.
(Machado de Assis)
— Isso nunca; não faço esmolas! disse ele. (Machado de Assis)
Observe que os verbos de elocução aparecem em letras minúsculas depois dos pontos de exclamação e
interrogação.

Discurso indireto
No discurso indireto, o narrador exprime indiretamente a fala da personagem. O narrador funciona como
testemunha auditiva e passa para o leitor o que ouviu da personagem. Na transcrição, o verbo aparece na ter-
ceira pessoa, sendo imprescindível a presença de verbos dicendi (dizer, responder, retrucar, replicar, perguntar,
pedir, exclamar, contestar, concordar, ordenar, gritar, indagar, declamar, afirmar, mandar etc.), seguidos dos
conectivos que (dicendi afirmativo) ou se (dicendi interrogativo) para introduzir a fala da personagem na voz do
narrador.
A certo ponto da conversação, Glória me disse que desejava muito conhecer Carlota e perguntou por que
não a levei comigo.
(Ciro dos Anjos)

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Fui ter com ela, e perguntei se a mãe havia dito alguma coisa; respondeu-me que não.
(Machado de Assis)

Discurso indireto livre


Resultante da mistura dos discursos direto e indireto, existe uma terceira modalidade de técnica narrativa,
o chamado discurso indireto livre, processo de grande efeito estilístico. Por meio dele, o narrador pode, não
apenas reproduzir indiretamente falas das personagens, mas também o que elas não falam, mas pensam,
sonham, desejam etc. Neste caso, discurso indireto livre corresponde ao monólogo interior das personagens,
mas expresso pelo narrador.
As orações do discurso indireto livre são, em regra, independentes, sem verbos dicendi, sem pontuação
que marque a passagem da fala do narrador para a da personagem, mas com transposições do tempo do ver-
bo (pretérito imperfeito) e dos pronomes (terceira pessoa). O foco narrativo deve ser de terceira pessoa. Esse
discurso é muito empregado na narrativa moderna, pela fluência e ritmo que confere ao texto.
Fabiano ouviu o relatório desconexo do bêbado, caiu numa indecisão dolorosa. Ele também dizia palavras
sem sentido, conversa à toa. Mas irou-se com a comparação, deu marradas na parede. Era bruto, sim senhor,
nunca havia aprendido, não sabia explicar-se. Estava preso por isso? Como era? Então mete- se um homem
na cadeia por que ele não sabe falar direito?
(Graciliano Ramos)
Observe que se o trecho “Era bruto, sim” estivesse um discurso direto, apresentaria a seguinte formulação:
Sou bruto, sim; em discurso indireto: Ele admitiu que era bruto; em discurso indireto livre: Era bruto, sim.
Para produzir discurso indireto livre que exprima o mundo interior da personagem (seus pensamentos, de-
sejos, sonhos, fantasias etc.), o narrador precisa ser onisciente. Observe que os pensamentos da personagem
aparecem, no trecho transcrito, principalmente nas orações interrogativas, entremeadas com o discurso do
narrador.

Transposição de discurso
Na narração, para reconstituir a fala da personagem, utiliza-se a estrutura de um discurso direto ou de um
discurso indireto. O domínio dessas estruturas é importante tanto para se empregar corretamente os tipos de
discurso na redação.
Os sinais de pontuação (aspas, travessão, dois-pontos) e outros recursos como grifo ou itálico, presentes no
discurso direto, não aparecem no discurso indireto, a não ser que se queira insistir na atribuição do enunciado
à personagem, não ao narrador. Tal insistência, porém, é desnecessária e excessiva, pois, se o texto for bem
construído, a identificação do discurso indireto livre não oferece dificuldade.

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Discurso Direto
• Presente
A enfermeira afirmou:
– É uma menina.
• Pretérito perfeito
– Já esperei demais, retrucou com indignação.
• Futuro do presente
Pedrinho gritou:
– Não sairei do carro.
• Imperativo
Olhou-a e disse secamente:
– Deixe-me em paz.
Outras alterações
• Primeira ou segunda pessoa
Maria disse:
– Não quero sair com Roberto hoje.
• Vocativo
– Você quer café, João?, perguntou a prima.
• Objeto indireto na oração principal
A prima perguntou a João se ele queria café.
• Forma interrogativa ou imperativa
Abriu o estojo, contou os lápis e depois perguntou ansio-
sa:
– E o amarelo?
• Advérbios de lugar e de tempo
aqui, daqui, agora, hoje, ontem, amanhã
• Pronomes demonstrativos e possessivos
essa(s), esta(s)
esse(s), este(s)
isso, isto
meu, minha
teu, tua
nosso, nossa

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Discurso Indireto
• Pretérito imperfeito
A enfermeira afirmou que era uma menina.
• Futuro do pretérito
Pedrinho gritou que não sairia do carro.
• Pretérito mais-que-perfeito
Retrucou com indignação que já esperara (ou
tinha esperado) demais.
• Pretérito imperfeito do subjuntivo
Olhou-a e disse secamente que o deixasse em
paz.
Outras alterações

• Terceira pessoa
Maria disse que não queria sair com Roberto
naquele dia.
• Objeto indireto na oração principal
A prima perguntou a João se ele queria café.
• Forma declarativa
Abriu o estojo, contou os lápis e depois pergun-
tou ansiosa pelo amarelo.
lá, dali, de lá, naquele momento, naquele dia,
no dia anterior, na véspera, no dia seguinte, aque-
la(s), aquele(s), aquilo, seu, sua (dele, dela), seu,
sua (deles, delas)

Registros de linguagem

Definição de linguagem
Linguagem é qualquer meio sistemático de comunicar ideias ou sentimentos através de signos convencio-
nais, sonoros, gráficos, gestuais etc. A linguagem é individual e flexível e varia dependendo da idade, cultura,
posição social, profissão etc. A maneira de articular as palavras, organizá-las na frase, no texto, determina
nossa linguagem, nosso estilo (forma de expressão pessoal).
As inovações linguísticas, criadas pelo falante, provocam, com o decorrer do tempo, mudanças na estrutura
da língua, que só as incorpora muito lentamente, depois de aceitas por todo o grupo social. Muitas novidades
criadas na linguagem não vingam na língua e caem em desuso.

Língua escrita e língua falada


A língua escrita não é a simples reprodução gráfica da língua falada, por que os sinais gráficos não conse-
guem registrar grande parte dos elementos da fala, como o timbre da voz, a entonação, e ainda os gestos e a
expressão facial. Na realidade a língua falada é mais descontraída, espontânea e informal, porque se manifesta
na conversação diária, na sensibilidade e na liberdade de expressão do falante. Nessas situações informais,
muitas regras determinadas pela língua padrão são quebradas em nome da naturalidade, da liberdade de ex-
pressão e da sensibilidade estilística do falante.

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Linguagem popular e linguagem culta
Podem valer-se tanto da linguagem popular quanto da linguagem culta. Obviamente a linguagem popular é
mais usada na fala, nas expressões orais cotidianas. Porém, nada impede que ela esteja presente em poesias
(o Movimento Modernista Brasileiro procurou valorizar a linguagem popular), contos, crônicas e romances em
que o diálogo é usado para representar a língua falada.

Linguagem Popular ou Coloquial


Usada espontânea e fluentemente pelo povo. Mostra-se quase sempre rebelde à norma gramatical e é
carregada de vícios de linguagem (solecismo – erros de regência e concordância; barbarismo – erros de pro-
núncia, grafia e flexão; ambiguidade; cacofonia; pleonasmo), expressões vulgares, gírias e preferência pela
coordenação, que ressalta o caráter oral e popular da língua. A linguagem popular está presente nas conversas
familiares ou entre amigos, anedotas, irradiação de esportes, programas de TV e auditório, novelas, na expres-
são dos esta dos emocionais etc.

A Linguagem Culta ou Padrão


É a ensinada nas escolas e serve de veículo às ciências em que se apresenta com terminologia especial.
É usada pelas pessoas instruídas das diferentes classes sociais e caracteriza-se pela obediência às normas
gramaticais. Mais comumente usada na linguagem escrita e literária, reflete prestígio social e cultural. É mais
artificial, mais estável, menos sujeita a variações. Está presente nas aulas, conferências, sermões, discursos
políticos, comunicações científicas, noticiários de TV, programas culturais etc.

Gíria
A gíria relaciona-se ao cotidiano de certos grupos sociais como arma de defesa contra as classes domi-
nantes. Esses grupos utilizam a gíria como meio de expressão do cotidiano, para que as mensagens sejam
decodificadas apenas por eles mesmos.
Assim a gíria é criada por determinados grupos que divulgam o palavreado para outros grupos até chegar à
mídia. Os meios de comunicação de massa, como a televisão e o rádio, propagam os novos vocábulos, às ve-
zes, também inventam alguns. A gíria pode acabar incorporada pela língua oficial, permanecer no vocabulário
de pequenos grupos ou cair em desuso.
Ex.: “chutar o pau da barraca”, “viajar na maionese”, “galera”, “mina”, “tipo assim”.

Linguagem vulgar
Existe uma linguagem vulgar relacionada aos que têm pouco ou nenhum contato com centros civilizados.
Na linguagem vulgar há estruturas com “nóis vai, lá”, “eu di um beijo”, “Ponhei sal na comida”.

Linguagem regional
Regionalismos são variações geográficas do uso da língua padrão, quanto às construções gramaticais e
empregos de certas palavras e expressões. Há, no Brasil, por exemplo, os falares amazônico, nordestino, baia-
no, fluminense, mineiro, sulino.
Os níveis de linguagem e de fala são determinados pelos fatores a seguir:

O interlocutor
Os interlocutores (emissor e receptor) são parceiros na comunicação, por isso, esse é um dos fatores deter-
minantes para a adequação linguística. O objetivo de toda comunicação é a busca pelo sentido, ou seja, precisa
haver entendimento entre os interlocutores, caso contrário, não é possível dizer que houve comunicação. Por
isso, considerar o interlocutor é fundamental. Por exemplo, um professor não pode usar a mesma linguagem
com um aluno na faculdade e na alfabetização, logo, escolher a linguagem pensando em quem será o seu par-
ceiro é um fator de adequação linguística.

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Ambiente
A linguagem também é definida a partir do ambiente, por isso, é importante prestar atenção para não come-
ter inadequações. É impossível usar o mesmo tipo de linguagem entre amigos e em um ambiente corporativo
(de trabalho); em um velório e em um campo de futebol; ou, ainda, na igreja e em uma festa.

Assunto
Semelhante à escolha da linguagem, está a escolha do assunto. É preciso adequar a linguagem ao que será
dito, logo, não se convida para um chá de bebê da mesma maneira que se convida para uma missa de 7º dia.
É preciso ter bom senso no momento da escolha da linguagem, que deve ser usada de acordo com o assunto.

Relação falante-ouvinte
A presença ou ausência de intimidade entre os interlocutores é outro fator utilizado para a adequação lin-
guística. Portanto, ao pedir uma informação a um estranho, é adequado que se utilize uma linguagem mais
formal, enquanto para parabenizar a um amigo, a informalidade é o ideal.

Intencionalidade (efeito pretendido)


Nenhum texto (oral ou escrito) é despretensioso, ou seja, sem pretensão, sem objetivo, todos são carre-
gados de intenções. E para cada intenção existe uma forma de linguagem que será compatível, por isso, as
declarações de amor são feitas diferentes de uma solicitação de emprego. Há maneiras distintas para criticar,
elogiar ou ironizar. É importante fazer essas considerações.

Funções da linguagem

Funções da linguagem são recursos da comunicação que, de acordo com o objetivo do emissor, dão ênfase
à mensagem transmitida, em função do contexto em que o ato comunicativo ocorre.
São seis as funções da linguagem, que se encontram diretamente relacionadas com os elementos da co-
municação.

Elementos da
Funções da Linguagem
Comunicação
Função referencial ou denotativa contexto
Função emotiva ou expressiva emissor
Função apelativa ou conativa receptor
Função poética mensagem
Função fática canal
Função metalinguística código

Função Referencial
A função referencial tem como objetivo principal informar, referenciar algo. Esse tipo de texto, que é voltado
para o contexto da comunicação, é escrito na terceira pessoa do singular ou do plural, o que enfatiza sua im-
pessoalidade.
Para exemplificar a linguagem referencial, podemos citar os materiais didáticos, textos jornalísticos e cientí-
ficos. Todos eles, por meio de uma linguagem denotativa, informam a respeito de algo, sem envolver aspectos
subjetivos ou emotivos à linguagem.

Exemplo de uma notícia


O resultado do terceiro levantamento feito pela Aliança Global para Atividade Física de Crianças — enti-
dade internacional dedicada ao estímulo da adoção de hábitos saudáveis pelos jovens — foi decepcionante.
Realizado em 49 países de seis continentes com o objetivo de aferir o quanto crianças e adolescentes estão

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fazendo exercícios físicos, o estudo mostrou que elas estão muito sedentárias. Em 75% das nações participan-
tes, o nível de atividade física praticado por essa faixa etária está muito abaixo do recomendado para garantir
um crescimento saudável e um envelhecimento de qualidade — com bom condicionamento físico, músculos e
esqueletos fortes e funções cognitivas preservadas. De “A” a “F”, a maioria dos países tirou nota “D”.

Função Emotiva
Caracterizada pela subjetividade com o objetivo de emocionar. É centrada no emissor, ou seja, quem envia
a mensagem. A mensagem não precisa ser clara ou de fácil entendimento.
Por meio do tipo de linguagem que usamos, do tom de voz que empregamos, etc., transmitimos uma ima-
gem nossa, não raro inconscientemente.
Emprega-se a expressão função emotiva para designar a utilização da linguagem para a manifestação do
enunciador, isto é, daquele que fala.
Exemplo: Nós te amamos!

Função Conativa
A função conativa ou apelativa é caracterizada por uma linguagem persuasiva com a finalidade de conven-
cer o leitor. Por isso, o grande foco é no receptor da mensagem.
Trata-se de uma função muito utilizada nas propagandas, publicidades e discursos políticos, a fim de in-
fluenciar o receptor por meio da mensagem transmitida.
Esse tipo de texto costuma se apresentar na segunda ou na terceira pessoa com a presença de verbos no
imperativo e o uso do vocativo.
Não se interfere no comportamento das pessoas apenas com a ordem, o pedido, a súplica. Há textos que
nos influenciam de maneira bastante sutil, com tentações e seduções, como os anúncios publicitários que nos
dizem como seremos bem-sucedidos, atraentes e charmosos se usarmos determinadas marcas, se consumir-
mos certos produtos.
Com essa função, a linguagem modela tanto bons cidadãos, que colocam o respeito ao outro acima de tudo,
quanto espertalhões, que só pensam em levar vantagem, e indivíduos atemorizados, que se deixam conduzir
sem questionar.
Exemplos: Só amanhã, não perca!
Vote em mim!

Função Poética
Esta função é característica das obras literárias que possui como marca a utilização do sentido conotativo
das palavras.
Nela, o emissor preocupa-se de que maneira a mensagem será transmitida por meio da escolha das pala-
vras, das expressões, das figuras de linguagem. Por isso, aqui o principal elemento comunicativo é a mensa-
gem.
A função poética não pertence somente aos textos literários. Podemos encontrar a função poética também
na publicidade ou nas expressões cotidianas em que há o uso frequente de metáforas (provérbios, anedotas,
trocadilhos, músicas).
Exemplo:
“Basta-me um pequeno gesto,
feito de longe e de leve,
para que venhas comigo
e eu para sempre te leve...”
(Cecília Meireles)

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Função Fática
A função fática tem como principal objetivo estabelecer um canal de comunicação entre o emissor e o re-
ceptor, quer para iniciar a transmissão da mensagem, quer para assegurar a sua continuação. A ênfase dada
ao canal comunicativo.
Esse tipo de função é muito utilizado nos diálogos, por exemplo, nas expressões de cumprimento, sauda-
ções, discursos ao telefone, etc.
Exemplo:
-- Calor, não é!?
-- Sim! Li na previsão que iria chover.
-- Pois é...

Função Metalinguística
É caracterizada pelo uso da metalinguagem, ou seja, a linguagem que se refere a ela mesma. Dessa forma,
o emissor explica um código utilizando o próprio código.
Nessa categoria, os textos metalinguísticos que merecem destaque são as gramáticas e os dicionários.
Um texto que descreva sobre a linguagem textual ou um documentário cinematográfico que fala sobre a
linguagem do cinema são alguns exemplos.
Exemplo:
Amizade s.f.: 1. sentimento de grande afeição, simpatia, apreço entre pessoas ou entidades. “sentia-se feliz
com a amizade do seu mestre”

2. POR METONÍMIA: quem é amigo, companheiro, camarada. “é uma de suas amizades fiéis”

Elementos dos atos de comunicação

Dentro do processo de comunicação existem alguns fatores que são imprescindíveis de serem citados como
elementos da comunicação, que são:
Emissor: é a pessoa, ou qualquer ser capaz de produzir e transmitir uma mensagem.
Receptor: é a pessoa, ou qualquer ser capaz de receber e interpretar essa mensagem transmitida.
Codificar: é transformar, num código conhecido, a intenção da comunicação ou elaborar um sistema de
signos, ou seja, é interpretar a mensagem transmitida para a sua correta compreensão.
Descodificar: Decifrar a mensagem, operação que depende do repertório (conjunto estruturado de informa-
ção) de cada pessoa.
Mensagem: trata-se do conteúdo que será transmitido, as informações que serão transmitidas ao receptor,
ou seja, é qualquer coisa que o emissor envie com a finalidade de passar informações.
Código: é o modo como a mensagem é transmitida (escrita, fala, gestos, etc.)
Canal: é a fonte de transmissão da mensagem, ou o meio de comunicação utilizado (revista, livro, jornal,
rádio, TV, ar, etc.)
Contexto: é a situação que estão envolvidos o emissor e receptor.
Ruído: são os elementos que interferem na compreensão da mensagem que está sendo transmitida, podem
ser ocasionados pelo ambiente interno ou externo. Podem ser tanto os barulhos de uma maneira geral, uma
palavra escrita incorretamente, uma dor de cabeça por parte do emissor como do receptor, uma distração, um
problema pessoal, gírias, neologismos, estrangeirismos, etc., podem interferir no perfeito entendimento da co-
municação.

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Linguagem verbal: as dificuldades de comunicação ocorrem quando as palavras têm graus distintos de
abstração e variedade de sentido. O significado das palavras não está nelas mesmas, mas nas pessoas (no
repertório de cada um e que lhe permite decifrar e interpretar as palavras).
Linguagem não-verbal: as pessoas não se comunicam apenas por palavras, os movimentos faciais e cor-
porais, os gestos, os olhares, e a entonação são também importantes (são os elementos não verbais da comu-
nicação).
Retroalimentação ou Feedback: é o processo onde ocorre a confirmação do entendimento ou compreensão
do que foi transmitido na comunicação.

Macromodelo do Processo de Comunicação


Fonte: Kotler e Keller, 2012.
Em resumo, a comunicação é um processo pelo qual a informação é codificada e transmitida por um emis-
sor a um receptor por meio de um canal, ela é, portanto, um processo pelo qual nós atribuímos e transmitimos
significado a uma tentativa de criar entendimento compartilhado.

Estrutura e formação de palavras

As palavras podem ser subdivididas em estruturas significativas menores - os morfemas, também chamados
de elementos mórficos:
– radical e raiz;
– vogal temática;
– tema;
– desinências;
– afixos;
– vogais e consoantes de ligação.

Radical: Elemento que contém a base de significação do vocábulo.


Exemplos
VENDer, PARTir, ALUNo, MAR.

Desinências: Elementos que indicam as flexões dos vocábulos.


Dividem-se em:
Nominais
Indicam flexões de gênero e número nos substantivos.
Exemplos
pequenO, pequenA, alunO, aluna.
pequenoS, pequenaS, alunoS, alunas.

Verbais
Indicam flexões de modo, tempo, pessoa e número nos verbos
Exemplos
vendêSSEmos, entregáRAmos. (modo e tempo)
vendesteS, entregásseIS. (pessoa e número)

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Indica, nos verbos, a conjugação a que pertencem.
Exemplos

1ª conjugação: – A – cantAr

2ª conjugação: – E – fazEr

3ª conjugação: – I – sumIr
Observação
Nos substantivos ocorre vogal temática quando ela não indica oposição masculino/feminino.
Exemplos
livrO, dentE, paletó.
Tema: União do radical e a vogal temática.
Exemplos
CANTAr, CORREr, CONSUMIr.
Vogal e consoante de ligação: São os elementos que se interpõem aos vocábulos por necessidade de
eufonia.
Exemplos
chaLeira, cafeZal.

Afixos
Os afixos são elementos que se acrescentam antes ou depois do radical de uma palavra para a formação
de outra palavra. Dividem-se em:
Prefixo: Partícula que se coloca antes do radical.
Exemplos
DISpor, EMpobrecer, DESorganizar.
Visão geral: a formação de palavras que integram o léxico da língua baseia-se em dois principais processos
morfológicos (combinação de morfemas): a derivação e a composição.
Derivação: é a formação de uma nova palavra (palavra derivada) com base em uma outra que já existe na
língua (palavra primitiva ou radical).

1 – Prefixal por prefixação: um prefixo ou mais são adicionados à palavra primitiva.

PALAVRA PALAVRA
PREFIXO
PRIMITIVA DERIVADA
inf fiel infiel
sobre carga sobrecarga

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2 – Sufixal ou por sufixação: é a adição de sufixo à palavra primitiva.

PALAVRA PALAVRA
SUFIXO
PRIMITIVA DERIVADA
gol leiro goleiro
feliz mente felizmente

3 – Prefixal e sufixal: nesse tipo, a presença do prefixo ou do sufixo à palavra primitiva já é o suficiente para
formação de uma nova palavra.

PALAVRA PALAVRA
PREFIXO SUFIXO
PRIMITIVA DERIVADA
inf feliz – Infeliz
– feliz mente Felizmente
des igual – desigual
– igual dade igualdade

4 – Parassintética: também consiste na adição de prefixo e sufixo à palavra primitiva, porém, diferentemente
do tipo anterior, para existência da nova palavra, ambos os acréscimos são obrigatórios. Esse processo parte
de substantivos e adjetivos para originar um verbo.

PALAVRA PALAVRA
PREFIXO SUFIXO
PRIMITIVA DERIVADA
em pobre cer empobrecer
em trist ecer estristecer

5 – Regressiva: é a remoção da parte final de uma palavra primitiva para, dessa forma, obter uma palavra
derivada. Esse origina substantivos a partir de formas verbais que expressam uma ação. Essas novas palavras
recebem o nome de deverbais. Tal composição ocorre a partir da substituição da terminação verbal formada
pela vogal temática + desinência de infinitivo (“–ar” ou “–er”) por uma das vogais temáticas nominais (-a, -e,-o).”

VOGAL
VERBO RADICAL DESINÊNCIA SUBSTANTIVO
TEMÁTICA
debater debat er e debate
sustentar sustent ar o sustento
vender vend er a venda

6 – Imprópria (ou conversão): é o processo que resulta na mudança da classe gramatical de uma palavra
primitiva, mas não modifica sua forma. Exemplo: a palavra jantar pode ser um verbo na frase “Convidaram-me
para jantar”, mas também pode ser um substantivo na frase “O jantar estava maravilhoso”.
Composição: é o processo de formação de palavra a partir da junção de dois ou mais radicais. A composição
pode se realizar por justaposição ou por aglutinação.   
– Justaposição: na junção, não há modificação dos radicais. Exemplo: passa + tempo - passatempo; gira +
sol = girassol.  
– Aglutinação: existe alteração dos radicais na sua junção. Exemplo: em + boa + hora = embora; desta +
arte = destarte.

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Formas de abreviação

Abreviatura
Existem algumas regras para abreviar as palavras, porém a maioria das abreviaturas que ganham o gosto
do público são aquelas que, mesmo sem seguir as regras preditas pela gramática, são usuais, práticas. Veja-
mos algumas regras para se fazer uma abreviatura da maneira correta (prevista na gramática).
Quando usar:
Quando há necessidade de redução de espaço em títulos, legendas, tabelas, gráficos, infográficos, credita-
gem de TV e crawl.
Mesmo assim, é necessário ter cuidado para que o uso de abreviaturas não prejudique a compreensão.
Regra Geral: primeira sílaba da palavra + a primeira letra da sílaba seguinte + ponto abreviativo. Exemplos:
adj. (adjetivo), num. (numeral).
Outras Regras:
As abreviaturas devem ser acentuadas quando o acento gráfico ocorrer antes do ponto abreviativo.
Exemplos:
– técnicas → téc.
– páginas → pág.
– século → séc.
Nunca se deve cortar a palavra numa vogal, sempre na consoante. Caso a primeira letra da segunda sílaba
seja vogal, escreve-se até a consoante.
Se a palavra tiver acento na primeira sílaba, ele é conservado.
núm. (número)
lóg. (lógica)
Caso a segunda sílaba se inicie por duas consoantes, utiliza-se as duas na abreviatura.
Constr. (construção)
Secr. (secretário)
O ponto abreviativo também serve como ponto final, sendo assim, se a abreviatura estiver no final da frase,
não há necessidade de se utilizar outro ponto. Ex: Comprei frutas, verduras, legumes, etc.
Alguns gramáticos não admitem que as flexões sejam marcadas na abreviatura.
Profª (professora)
Págs. (páginas)
Algumas palavras, mesmo não seguindo as regras descritas acima, são aceitas pela gramática normativa,
é o caso de:
a.C. ou A.C. (antes de Cristo)
ap. ou apto. (apartamento)
bel. (bacharel)
cel. (coronel)
Cia. (Companhia)
cx. (caixa)
D. (Dom, Dona)

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Ilmo. (Ilustríssimo)
Ltda. (Limitada)
p. ou pág. (página) e pp. Págs. (páginas)
pg. (pago)
vv. (versos, versículos)
Mesmo sabendo que estas siglas são permitidas e reconhecidas pela gramática, ao escrevermos textos ofi-
ciais, artigos, trabalhos, redações, não devemos utilizá-las abusivamente, pois acabará atrapalhando a clareza
da comunicação. Em textos informais, no entanto, não há nenhuma restrição, a abreviatura pode ser utilizada
quando quisermos.

Símbolos
O desenvolvimento científico e tecnológico exigiu medições cada vez mais precisas e diversificadas. Por
essa razão, o Sistema Métrico Decimal acabou sendo substituído pelo Sistema Internacional de Unidades - SI,
adotado também no Brasil a partir de 1962.
As unidades SI podem ser escritas por seus nomes ou representadas por meio de SÍMBOLOS, um sinal
convencional e invariável utilizado para facilitar e universalizar a escrita e a leitura das unidades SI.
Lembre-se de que os símbolos que representam as unidades SI não são abreviaturas; por isso mesmo não
são seguidos de ponto, não têm plural nem podem ser grafados como expoentes.

Abreviaturas e símbolos mais usados

Usa-se com ponto.


etc. Etcetera A vírgula antes é facultativa
KB
kilobyte
GB gigabyte
megabyte
MB
KW
quilowatt
MW megawatt
gigawatt
GW
h
hora
min minuto Não têm ponto nem plural
segundo
s
kg
quilograma Sem ponto, sem plural
litro
l
Hz

KHz hertz
quilo-hertz
mega-hertz
MHz giga-hertz
GHz

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mi
milhão Só são usadas para valores
bi bilhão monetários.
trilhão
tri
m
metro
quilômetro
km

metro quadrado
quilômetro quadrado
km²
Ltda. limitada
jan.,
fev.

mar.,
abr.

mai.,
jun. Com todas as letras em
caixa alta, use sem ponto:
jul., JAN, FEV, OUT
ago.

set.,
out.

nov.,
dez.
Mantém-se o acento
pág. página Plural: págs.
S.A. sociedade anônima Plural: S.As.
Tevê também pode ser usado.
TV Para emissoras, use apenas TV.
Não use tv ou Tv

Sigla
As siglas são a junção das letras iniciais de um termo composto por mais de uma palavra:
P.S. (pós escrito = escrito depois)
S.A. (Sociedade Anônima)
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)
Se a sigla tiver até três letras, ou se todas as letras forem pronunciadas individualmente, todas ficam mai-
úsculas.
MEC, USP, PM, INSS.
Porém, se a sigla tiver a partir de quatro letras, e nem todas forem pronunciadas separadamente, apenas a
primeira letra será maiúscula, e as demais minúsculas:
Embrapa, Detran, Unesco.

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Classes de palavras; os aspectos morfológicos, sintáticos, semânticos e textuais de
substantivos, adjetivos, artigos, numerais, pronomes, verbos, advérbios, conjunções e
interjeições

— Definição
Classes gramaticais são grupos de palavras que organizam o estudo da gramática. Isto é, cada palavra
existente na língua portuguesa condiz com uma classe gramatical, na qual ela é inserida em razão de sua
função. Confira abaixo as diversas funcionalidades de cada classe gramatical.

— Artigo
É a classe gramatical que, em geral, precede um substantivo, podendo flexionar em número e em gênero.
A classificação dos artigos
Artigos definidos: servem para especificar um substantivo ou para referirem-se a um ser específico por já
ter sido mencionado ou por ser conhecido mutuamente pelos interlocutores. Eles podem flexionar em número
(singular e plural) e gênero (masculino e feminino).
Artigos indefinidos: indicam uma generalização ou a ocorrência inicial do representante de uma dada
espécie, cujo conhecimento não é compartilhado entre os interlocutores, por se tratar da primeira vez em que
aparece no discurso. Podem variar em número e gênero.
Observe:

NÚMERO/
MASCULINO FEMININO EXEMPLOS
GÊNERO
Preciso de um pedreiro.
Singular Um Uma
Vi uma moça em frente à casa.
Localizei uns documentos antigos.
Plural Umas Umas
Joguei fora umas coisas velhas.

Outras funções do artigo


Substantivação: é o nome que se dá ao fenômeno de transformação de adjetivos e verbos em substantivos
a partir do emprego do artigo. Observe:  
– Em “O caminhar dela é muito elegante.”, “caminhar”, que teria valor de verbo, passou a ser o substantivo
do enunciado.
Indicação de posse: antes de palavras que atribuem parentesco ou de partes do corpo, o artigo definido
pode exprimir relação de posse. Por exemplo:
“No momento em que ela chegou, o marido já a esperava.”
Na frase, o artigo definido “a” esclarece que se trata do marido do sujeito “ela”, omitindo o pronome possessivo
dela.
Expressão de valor aproximado: devido à sua natureza de generalização, o artigo indefinido inserido
antes de numeral indica valor aproximado. Mais presente na linguagem coloquial, esse emprego dos artigos
indefinidos representa expressões como “por volta de” e “aproximadamente. Observe:
“Faz em média uns dez anos que a vi pela última vez.”
“Acrescente aproximadamente umas três ou quatro gotas de baunilha.”

Contração de artigos com preposições


Os artigos podem fazer junção a algumas preposições, criando uma única palavra contraída. A tabela abaixo
ilustra como esse processo ocorre:

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PREPOSIÇÃO
de em a per/por
singular o do no ao pelo

masculi- plural os dos nos aos pelos


ARTIGOS no
singular a da na à pela
DEFINIDOS
feminino plural as das nas às pelas
singular um dum num

masculi- plural uns duns nuns


ARTIGOS
no
INDEFINI- singular uma duma numa
DOS plural umas dumas numas
feminino

— Substantivo
Essa classe atribui nome aos seres em geral (pessoas, animais, qualidades, sentimentos, seres mitológicos
e espirituais). Os substantivos se subdividem em:
Próprios ou Comuns: são próprios os substantivos que nomeiam algo específico, como nomes de pessoas
(Pedro, Paula) ou lugares (São Paulo, Brasil). São comuns os que nomeiam algo na sua generalidade (garoto,
caneta, cachorro).
Primitivos ou derivados: se não for formado por outra palavra, é substantivo primitivo (carro, planeta); se
formado por outra palavra, é substantivo derivado (carruagem, planetário).
Concretos ou abstratos: os substantivos que nomeiam seres reais ou imaginativos, são concretos (cavalo,
unicórnio); os que nomeiam sentimentos, qualidades, ações ou estados são abstratos.  
Substantivos coletivos: são os que nomeiam os seres pertencentes ao mesmo grupo. Exemplos: manada
(rebanho de gado), constelação (aglomerado de estrelas), matilha (grupo de cães).  

— Adjetivo
É a classe de palavras que se associa ao substantivo para alterar o seu significado, atribuindo-lhe
caracterização conforme uma qualidade, um estado e uma natureza, bem como uma quantidade ou extensão
à palavra, locução, oração, pronome, enfim, ao que quer que seja nomeado.

Os tipos de adjetivos
Simples e composto: com apenas um radical, é adjetivo simples (bonito, grande, esperto, miúdo, regular);
apresenta mais de um radical, é composto (surdo-mudo, afrodescendente, amarelo-limão).  
Primitivo e derivado: o adjetivo que origina outros adjetivos é primitivo (belo, azul, triste, alegre); adjetivos
originados de verbo, substantivo ou outro adjetivo são classificados como derivados (ex.: substantivo morte →
adjetivo mortal; adjetivo lamentar → adjetivo lamentável).
Pátrio ou gentílico: é a palavra que indica a nacionalidade ou origem de uma pessoa (paulista, brasileiro,
mineiro, latino).  

O gênero dos adjetivos


Uniformes: possuem forma única para feminino e masculino, isto é, não flexionam seu termo. Exemplo:
“Fred é um amigo leal.” / “Ana é uma amiga leal.”  
Biformes: os adjetivos desse tipo possuem duas formas, que variam conforme o gênero. Exemplo: “Menino
travesso.” / “Menina travessa”.

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O número dos adjetivos
Por concordarem com o número do substantivo a que se referem, os adjetivos podem estar no singular ou
no plural. Assim, a sua composição acompanha os substantivos. Exemplos: pessoa instruída → pessoas
instruídas; campo formoso → campos formosos.

O grau dos adjetivos


Quanto ao grau, os adjetivos se classificam em comparativo (compara qualidades) e superlativo (intensifica
qualidades).
Comparativo de igualdade: “O novo emprego é tão bom quanto o anterior.”  
Comparativo de superioridade: “Maria é mais prestativa do que Luciana.”
Comparativo de inferioridade: “O gerente está menos atento do que a equipe.”   
Superlativo absoluto: refere-se a apenas um substantivo, podendo ser:
– Analítico - “A modelo é extremamente bonita.”
– Sintético - “Pedro é uma pessoa boníssima.”
Superlativo relativo: refere-se a um grupo, podendo ser de:
– Superioridade - “Ela é a professora mais querida da escola.”
– Inferioridade - “Ele era o menos disposto do grupo.”  
Pronome adjetivo
Recebem esse nome porque, assim como os adjetivos, esses pronomes alteram os substantivos aos
quais se referem. Assim, esse tipo de pronome flexiona em gênero e número para fazer concordância com os
substantivos. Exemplos: “Esta professora é a mais querida da escola.” (o pronome adjetivo esta determina o
substantivo comum professora).

Locução adjetiva
Uma locução adjetiva é formada por duas ou mais palavras, que, associadas, têm o valor de um único
adjetivo. Basicamente, consiste na união preposição + substantivo ou advérbio.
Exemplos:
– Criaturas da noite (criaturas noturnas).
– Paixão sem freio (paixão desenfreada).
– Associação de comércios (associação comercial).

— Verbo
É a classe de palavras que indica ação, ocorrência, desejo, fenômeno da natureza e estado. Os verbos se
subdividem em:
Verbos regulares: são os verbos que, ao serem conjugados, não têm seu radical modificado e preservam
a mesma desinência do verbo paradigma, isto é, terminado em “-ar” (primeira conjugação), “-er” (segunda
conjugação) ou “-ir” (terceira conjugação).  Observe o exemplo do verbo “nutrir”:
– Radical: nutr (a parte principal da palavra, onde reside seu significado).
– Desinência: “-ir”, no caso, pois é a terminação da palavra e, tratando-se dos verbos, indica pessoa (1a,
2a, 3a), número (singular ou plural), modo (indicativo, subjuntivo ou imperativo) e tempo (pretérito, presente ou
futuro). Perceba que a conjugação desse no presente do indicativo: o radical não sofre quaisquer alterações,
tampouco a desinência. Portanto, o verbo nutrir é regular: Eu nutro; tu nutre; ele/ela nutre; nós nutrimos; vós
nutris; eles/elas nutrem.
– Verbos irregulares: os verbos irregulares, ao contrário dos regulares, têm seu radical modificado quando
conjugados e /ou têm desinência diferente da apresentada pelo verbo paradigma. Exemplo: analise o verbo
dizer conjugado no pretérito perfeito do indicativo: Eu disse; tu dissestes; ele/ela disse; nós dissemos; vós

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dissestes; eles/elas disseram. Nesse caso, o verbo da segunda conjugação (-er) tem seu radical, diz, alterado,
além de apresentar duas desinências distintas do verbo paradigma”. Se o verbo dizer fosse regular, sua
conjugação no pretérito perfeito do indicativo seria: dizi, dizeste, dizeu, dizemos, dizestes, dizeram.

— Pronome
O pronome tem a função de indicar a pessoa do discurso (quem fala, com quem se fala e de quem se fala),
a posse de um objeto e sua posição. Essa classe gramatical é variável, pois flexiona em número e gênero. Os
pronomes podem suplantar o substantivo ou acompanhá-lo; no primeiro caso, são denominados “pronome
substantivo” e, no segundo, “pronome adjetivo”. Classificam-se em: pessoais, possessivos, demonstrativos,
interrogativos, indefinidos e relativos.

Pronomes pessoais
Os pronomes pessoais apontam as pessoas do discurso (pessoas gramaticais), e se subdividem em
pronomes do caso reto (desempenham a função sintática de sujeito) e pronomes oblíquos (atuam como
complemento), sendo que, para cada caso reto, existe um correspondente oblíquo.

CASO RETO CASO OBLÍQUO


Eu Me, mim, comigo.
Tu Te, ti, contigo.
Ele Se, o, a , lhe, si, consigo.
Nós Nos, conosco.
Vós Vos, convosco.
Se, os, as, lhes, si,
Eles consigo.

Observe os exemplos:
– Na frase “Maria está feliz. Ela vai se casar.”, o pronome cabível é do caso reto. Quem vai se casar? Maria.  
– Na frase “O forno? Desliguei-o agora há pouco. O pronome “o” completa o sentido do verbo. Fechei o
que? O forno.
Lembrando que os pronomes oblíquos o, a, os, as, lo, la, los, las, no, na nos, e nas desempenham apenas
a função de objeto direto.  

Pronomes possessivos
Esses pronomes indicam a relação de posse entre o objeto e a pessoa do discurso.

PESSOA DO
PRONOME
DISCURSO
1a pessoa – Eu Meu, minha, meus, minhas
2 pessoa – Tu
a
Teu, tua, teus, tuas
3 pessoa–
a
Seu, sua, seus, suas

Exemplo: “Nossos filhos cresceram.” → o pronome indica que o objeto pertence à 1ª pessoa (nós).

Pronomes de tratamento
Tratam-se termos solenes que, em geral, são empregados em contextos formais — a única exceção é o
pronome você. Eles têm a função de promover uma referência direta do locutor para interlocutor (parceiros de
comunicação). São divididos conforme o nível de formalidade, logo, para cada situação, existe um pronome
de tratamento específico. Apesar de expressarem interlocução (diálogo), à qual seria adequado o emprego do
pronome na segunda pessoa do discurso (“tu”), no caso dos pronomes de tratamento, os verbos devem ser
usados em 3a pessoa.

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PRONOME USO ABREVIAÇÕES
Você situações informais V./VV
Senhor (es) e Sr. Sr. (singular) e Srs. ,
a
pessoas mais velhas
Senhora (s) Sra.s. (plural)
Vossa Senhoria em correspondências e outros textos redigidos V. S.a/V.Sas
altas autoridades, como Presidente da República,
Vossa Excelência V. Ex.a/ V. Ex.as
senadores, deputados, embaixadores
Vossa reitores das Universidades V. Mag.a/V. Mag.as
Magnificência
V.A (singular) e V.V.A.A.
Vossa Alteza príncipes, princesas, duques (plural)
Vossa sacerdotes e religiosos em geral V. Rev. m.a/V. Rev. m. as
Reverendíssima
Vossa Eminência cardeais V. Ex.a/V. Em.as
Vossa Santidade Papa V.S.

Pronomes demonstrativos
Sua função é indicar a posição dos seres no que se refere ao tempo ao espaço e à pessoa do discurso –
nesse último caso, o pronome determina a proximidade entre um e outro. Esses pronomes flexionam-se em
gênero e número.

PESSOA DO
PRONOMES POSIÇÃO
DISCURSO
Os seres ou objetos estão próximos da
1a pessoa Este, esta, estes, estas, isto. pessoa que fala.
Os seres ou objetos estão próximos da
2a pessoa Esse, essa, esses, essas, isso. pessoa com quem se fala.
Aquele, aquela, aqueles,
3a pessoa Com quem se fala.
aquelas, aquilo.

Observe os exemplos:
“Esta caneta é sua?”
“Esse restaurante é bom e barato.”

Pronomes Indefinidos
Esses pronomes indicam indeterminação ou imprecisão, assim, estão sempre relacionados à 3ª pessoa do
discurso. Os pronomes indefinidos podem ser variáveis (flexionam conforme gênero e número) ou invariáveis
(não flexionam). Analise os exemplos abaixo:
– Em “Alguém precisa limpar essa sujeira.”, o termo “alguém” quer dizer uma pessoa de identidade indefinida
ou não especificada).
– Em “Nenhum convidado confirmou presença.”, o termo “nenhum” refere-se ao substantivo “convidado” de
modo vago, pois não se sabe de qual convidado se trata.
– Em “Cada criança vai ganhar um presente especial.”, o termo “cada” refere-se ao substantivo da frase
“criança”, sem especificá-lo.
– Em “Outras lojas serão abertas no mesmo local.”, o termo “outras” refere-se ao substantivo “lojas” sem
especificar de quais lojas se trata.
Confira abaixo a tabela com os pronomes indefinidos:

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CLASSIFICAÇÃO PRONOMES INDEFINIDOS
Muito, pouco, algum, nenhum, outro, qualquer, certo, um, tanto,
VARIÁVEIS quanto, bastante, vários, quantos, todo.
INVARIÁVEIS Nada, ninguém, cada, algo, alguém, quem, demais, outrem, tudo.

Pronomes relativos
Os pronomes relativos, como sugere o nome, se relacionam ao termo anterior e o substituem, sendo
importante, portanto, para prevenir a repetição indevida das palavras em um texto. Eles podem ser variáveis (o
qual, cujo, quanto) ou invariáveis (que, quem, onde).
Observe os exemplos:
– Em “São pessoas cuja história nos emociona.”, o pronome “cuja” se apresenta entre dois substantivos
(“pessoas” e “história”) e se relaciona àquele que foi dito anteriormente (“pessoas”).
– Em “Os problemas sobre os quais conversamos já estão resolvidos.” , o pronome “os quais” retoma o
substantivo dito anteriormente (“problemas”).

CLASSIFICAÇÃO PRONOMES RELATIVOS


O qual, a qual, os quais, cujo, cuja, cujos, cujas, quanto, quanta,
VARIÁVEIS quantos, quantas.
INVARIÁVEIS Quem, que, onde.

Pronomes interrogativos
Os pronomes interrogativos são palavras variáveis e invariáveis cuja função é formular perguntas diretas e
indiretas. Exemplos:
“Quanto vai custar a passagem?” (oração interrogativa direta)
“Gostaria de saber quanto custará a passagem.” (oração interrogativa indireta)

CLASSIFICAÇÃO PRONOMES INTERROGATIVOS


VARIÁVEIS Qual, quais, quanto, quantos, quanta, quantas.
INVARIÁVEIS Quem, que.

— Advérbio
É a classe de palavras invariável que atua junto aos verbos, aos adjetivos e mesmo aos advérbios, com o
objetivo de modificar ou intensificar seu sentido, ao adicionar-lhes uma nova circunstância. De modo geral, os
advérbios exprimem circunstâncias de tempo, modo, lugar, qualidade, causa, intensidade, oposição, aprovação,
afirmação, negação, dúvida, entre outras noções. Confira na tabela:

CLASSIFICAÇÃO PRINCIPAIS TERMOS EXEMPLOS


Bem, mal, assim, melhor, pior, “Coloquei-o cuidadosamente no
depressa, devagar. berço.”
ADVÉRBIO DE Grande parte das palavras
MODO terminam em “-mente”, como
cuidadosamente, calmamente, “Andou depressa por causa da
tristemente. chuva”
“O carro está fora.”
ADVERBIO DE Perto, longe, dentro, fora, aqui, ali, “Foi bem no teste?”
LUGAR lá e atrás.
“Demorou, mas chegou longe!”

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“Sempre que precisar de algo, basta
ADVÉRBIO DE Antes, depois, hoje, ontem, amanhã chamar-me.”
TEMPO sempre, nunca, cedo e tarde.
“Cedo ou tarde, far-se-á justiça.”
“Eles formam um casal tão bonito!”
ADVÉRBIO DE Muito, pouco, bastante, tão, demais, “Elas conversam demais”
INTENSIDADE tanto.
“Você saiu muito depressa”
Sim e decerto e palavras afirmativas “Decerto passaram por aqui”
com o sufixo “-mente” (certamente,
ADVÉRBIO DE realmente). Palavras como claro “Claro que irei!”
AFIRMAÇÃO e positivo, podem ser advérbio,
dependendo do contexto. “Entendi, sim.”
“Jamais reatarei meu namoro com
Não e nem. Palavras como ele.”
ADVÉRBIO DE negativo, nenhum, nunca, jamais,
NEGAÇÃO entre outras, podem ser advérbio de “Sequer pensou para falar.”
negação, conforme o contexto.
“Não pediu ajuda.”
“Quiçá seremos recebidas.”
Talvez, quiçá, porventura e
ADVÉRBIO DE palavras que expressem dúvida “Provavelmente sairei mais cedo.”
DÚVIDA acrescidas do sufixo “-mente”, como
possivelmente.
“Talvez eu saia cedo.”
“Por que vendeu o livro?” (oração
interrogativa direta, que indica causa)
Quando, como, onde, aonde,
donde, por que. Esse advérbio pode “Quando posso sair?” (oração
ADVÉRBIO DE indicar circunstâncias de modo, interrogativa direta, que indica tempo)
INTERROGAÇÃO tempo, lugar e causa. É usado
somente em frases interrogativas “Explica como você fez isso.”
diretas ou indiretas.
(oração interrogativa indireta, que
indica modo).

— Conjunção
As conjunções integram a classe de palavras que tem a função de conectar os elementos de um enunciado
ou oração e, com isso, estabelecer uma relação de dependência ou de independência entre os termos ligados.
Em função dessa relação entre os termos conectados, as conjunções podem ser classificadas, respectivamente
e de modo geral, como coordenativas ou subordinativas. Em outras palavras, as conjunções são um vínculo
entre os elementos de uma sentença, atribuindo ao enunciado uma maior mais clareza e precisão ao enunciado.
Conjunções coordenativas: observe o exemplo:
“Eles ouviram os pedidos de ajuda. Eles chamaram o socorro.” – “Eles ouviram os pedidos de ajuda e
chamaram o socorro.”

No exemplo, a conjunção “e” estabelece uma relação de adição ao enunciado, ao conectar duas orações
em um mesmo período: além de terem ouvido os pedidos de ajuda, chamaram o socorro. Perceba que não há
relação de dependência entre ambas as sentenças, e que, para fazerem sentido, elas não têm necessidade uma
da outra. Assim, classificam-se como orações coordenadas, e a conjunção que as relaciona, como coordenativa.
Conjunções subordinativas: analise este segundo caso:
“Não passei na prova, apesar de ter estudado muito.”

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Neste caso, temos uma locução conjuntiva (duas palavras desempenham a função de conjunção). Além
disso, notamos que o sentido da segunda sentença é totalmente dependente da informação que é dada
na primeira. Assim, a primeira oração recebe o nome de oração principal, enquanto a segunda, de oração
subordinada. Logo, a conjunção que as relaciona é subordinativa.

Classificação das conjunções


Além da classificação que se baseia no grau de dependência entre os termos conectados (coordenação e
subordinação), as conjunções possuem subdivisões.
Conjunções coordenativas: essas conjunções se reclassificam em razão do sentido que possuem cinco
subclassificações, em função o sentido que estabelecem entre os elementos que ligam. São cinco:

CLASSIFICAÇÃO FUNÇÃO EXEMPLOS


“No safári, vimos girafas, leões e zebras.”
Estabelecer relação de adição /
Conjunções (positiva ou negativa). As principais
coordenativas aditivas conjunções coordenativas aditivas
são “e”, “nem” e “também”. “Ela ainda não chegou, nem sabemos
quando vai chegar.”
“Havia flores no jardim, mas estavam
Estabelecer relação de oposição. As murchando.” /
Conjunções principais conjunções coordenativas
coordenativas adversativas são “mas”, “porém”,
adversativas “Era inteligente e bom com palavras,
“contudo”, “todavia”, “entretanto”.
entretanto, estava nervoso na prova.”
Estabelecer relação de alternância. “Pode ser que o resultado saia amanhã
Conjunções As principais conjunções ou depois.” /
coordenativas coordenativas alternativas são “ou”,
alternativas “ou... ou”, “ora... ora”, “talvez... “Ora queria viver ali para sempre, ora
talvez”.. queria mudar de país.”
Estabelecer relação de conclusão. As “Não era bem remunerada, então decidi
Conjunções trocar de emprego.” /
principais conjunções coordenativas
coordenativas conclusivas são “portanto”, “então”,
conclusivas “assim”, “logo”. “Penso, logo existo.”
“Quisemos viajar porque não
Estabelecer relação de explicação. As conseguiríamos descansar aqui em
Conjunções casa.” /
principais conjunções coordenativas
coordenativas explicativas são “porque”, “pois”,
explicativas “porquanto”. “Não trouxe o pedido, pois não havia
ouvido.”

Conjunções subordinativas: com base no sentido construído entre as duas orações relacionadas, a conjunção
subordinativa pode ser de dois subtipos:  

1 – Conjunções integrantes: introduzem a oração que cumpre a função de sujeito, objeto direto, objeto
indireto, predicativo, complemento nominal ou aposto de outra oração. Essas conjunções são que e se.
Exemplos:  
«É obrigatório que o senhor compareça na data agendada.”   
“Gostaria de saber se o resultado sairá ainda hoje.”

2 – Conjunções adverbiais: introduzem sintagmas adverbiais (orações que indicam uma circunstância
adverbial relacionada à oração principal) e se subdividem conforme a tabela abaixo:

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CLASSIFICAÇÃO FUNÇÃO EXEMPLOS
Que e se. Analise:
São empregadas para introduzir
a oração que cumpre a função de “É obrigatório que o senhor compareça
Conjunções sujeito, objeto direito, objeto indireto, na data agendada.” e
Integrantes predicativo, complemento nominal ou
aposto de outra oração. “Gostaria de saber se o resultado sairá
ainda hoje.”
Conjunções Introduzem uma oração subordinada Porque, pois, por isso que, uma vez que,
subornativas que denota causa. já que, visto que, que, porquanto.
causais
Estabelecer relação de alternância.
Conjunções As principais conjunções
subornativas coordenativas alternativas são “ou”, Conforme, segundo, como, consoante.
conformativas “ou... ou”, “ora... ora”, “talvez...
talvez”..
Introduzem uma oração subordinada
Conjunções Se, caso, salvo se, desde que, contanto
em que é indicada uma hipótese ou
subornativas que, dado que, a menos que, a não ser
uma condição necessária para que
condicionais que.
seja realizada ou não o fato principal.
Mais, menos, menor, maior, pior, melhor,
Conjunções seguidas de que ou do que. Qual depois
Introduzem uma oração que expressa
subornativas de tal. Quanto depois de tanto. Como,
uma comparação.
comparativas assim como, como se, bem como, que
nem.
Conjunções Indicam uma oração em que se Por mais que, por menos que, apesar de
subornativas admite um fato contrário à ação que, embora, conquanto, mesmo que,
concessivas principal, mas incapaz de impedí-la. ainda que, se bem que.
Introduzem uma oração, cujos
Conjunções acontecimentos são simultâneos, À proporção que, ao passo que, à medida
subornativas concomitantes, ou seja, ocorrem no que, à proporção que.
proporcionais mesmo espaço temporal daqueles
contidos na outra oração.
Conjunções Depois que, até que, desde que, cada
Introduzem uma oração subordinada
subornativas vez que, todas as vezes que, antes que,
indicadora de circunstância de tempo.
temporais sempre que, logo que, mal, quando.
Tal, tão, tamanho, tanto (em uma oração,
Conjunções Introduzem uma oração na qual é seguida pelo que em outra oração). De
subornativas indicada a consequência do que foi maneira que, de forma que, de sorte que,
consecutivas declarado na oração anterior. de modo que.
Conjunções Introduzem uma oração indicando a
subornativas A fim de que, para que.
finalidade da oração principal.
finais

— Numeral
É a classe de palavra variável que exprime um número determinado ou a colocação de alguma coisa dentro
de uma sequência. Os numerais podem ser: cardinais (um, dois, três), ordinais (primeiro, segundo, terceiro),
fracionários (meio, terço, quarto) e multiplicativos (dobro, triplo, quádruplo). Antes de nos aprofundarmos em
cada caso, vejamos o emprego dos numerais, que tem três principais finalidades:

1 – Indicar leis e decretos: nesses casos, emprega-se o numeral ordinal somente até o número nono; após,
devem ser utilizados os numerais cardinais. Exemplos: Parágrafo 9° (parágrafo nono); Parágrafo 10 (Parágrafo
10).

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2 – Indicar os dias do mês: nessas situações, empregam-se os numerais cardinais, sendo que a única
exceção é a indicação do primeiro dia do mês, para a qual deve-se utilizar o numeral ordinal. Exemplos:
dezesseis de outubro; primeiro de agosto.

3 – Indicar capítulos, séculos, capítulos, reis e papas: após o substantivo emprega-se o numeral ordinal
até o décimo; após o décimo utiliza-se o numeral cardinal. Exemplos: capítulo X (décimo); século IV (quarto);
Henrique VIII (oitavo), Bento XVI (dezesseis).

Os tipos de numerais
Cardinais: são os números em sua forma fundamental e exprimem quantidades.
Exemplos: um dois, dezesseis, trinta, duzentos, mil.  
– Alguns deles flexionam em gênero (um/uma, dois/duas, quinhentos/quinhentas).
– Alguns números cardinais variam em número, como é o caso: milhão/milhões, bilhão/bilhões, trilhão/
trilhões, e assim por diante.
– Apalavra ambos(as) é considerada um numeral cardinal, pois significa os dois/as duas. Exemplo: Antônio
e Pedro fizeram o teste, mas os dois/ambos foram reprovados.
Ordinais: indicam ordem de uma sequência (primeiro, segundo, décimo, centésimo, milésimo…), isto é,
apresentam a ordem de sucessão e uma série, seja ela de seres, de coisas ou de objetos.
– Os numerais ordinais variam em gênero (masculino e feminino) e número (singular e plural). Exemplos:
primeiro/primeira, primeiros/primeiras, décimo/décimos, décima/décimas, trigésimo/trigésimos, trigésima/
trigésimas.  
– Alguns numerais ordinais possuem o valor de adjetivo. Exemplo: A carne de segunda está na promoção.  
Fracionários: servem para indicar a proporções numéricas reduzidas, ou seja, para representar uma parte
de um todo. Exemplos: meio ou metade (½), um quarto (um quarto (¼), três quartos (¾), 1/12 avos.  
– Os números fracionários flexionam-se em gênero (masculino e feminino) e número (singular e plural).
Exemplos: meio copo de leite, meia colher de açúcar; dois quartos do salário-mínimo.   
Multiplicativos: esses numerais estabelecem relação entre um grupo, seja de coisas ou objetos ou coisas,
ao atribuir-lhes uma característica que determina o aumento por meio dos múltiplos. Exemplos: dobro, triplo,
undécuplo, doze vezes, cêntuplo.  
– Em geral, os multiplicativos são invariáveis, exceto quando atuam como adjetivo, pois, nesse caso, passam
a flexionar número e gênero (masculino e feminino). Exemplos: dose dupla de elogios, duplos sentidos.
Coletivos: correspondem aos substantivos que exprimem quantidades precisas, como dezena (10 unidades)
ou dúzia (12 unidades).
– Os numerais coletivos sofrem a flexão de número: unidade/unidades, dúzia/dúzias, dezena/dezenas,
centena/centenas.

— Preposição
Essa classe de palavras cujo objetivo é marcar as relações gramaticais que outras classes (substantivos,
adjetivos, verbos e advérbios) exercem no discurso. Por apenas marcarem algumas relações entre as unidades
linguísticas dentro do enunciado, as preposições não possuem significado próprio se isoladas no discurso. Em
razão disso, as preposições são consideradas classe gramatical dependente, ou seja, sua função gramatical
(organização e estruturação) é principal, embora o desempenho semântico, que gera significado e sentido,
esteja presente, possui um valor menor.

Classificação das preposições


Preposições essenciais: são aquelas que só aparecem na língua propriamente como preposições, sem
outra função. São elas: a, antes, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, perante, por (ou per, em
dadas variantes geográficas ou históricas), sem, sob, sobre, trás.

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Exemplo 1 – ”Luís gosta de viajar.” e “Prefiro doce de coco.” Em ambas as sentenças, a preposição de manteve-
se sempre sendo preposição, apesar de ter estabelecido relação entre unidades linguísticas diferentes,
garantindo-lhes classificações distintas conforme o contexto.
Exemplo 2 – “Estive com ele até o reboque chegar.” e “Finalizei o quadro com textura.” Perceba que nas
duas fases, a mesma preposição tem significados distintos: na primeira, indica recurso/instrumento; na segunda,
exprime companhia. Por isso, afirma-se que a preposição tem valor semântico, mesmo que secundário ao valor
estrutural (gramática).

Classificação das preposições


Preposições acidentais: são aquelas que, originalmente, não apresentam função de preposição, porém, a
depender do contexto, podem assumir essa atribuição.  São elas: afora, como, conforme, durante, exceto, feito,
fora, mediante, salvo, segundo, visto, entre outras.
Exemplo: ”Segundo o delegado, os depoimentos do suspeito apresentaram contradições.” A palavra
“segundo”, que, normalmente seria um numeral (primeiro, segundo, terceiro), ao ser inserida nesse contexto,
passou a ser uma preposição acidental, por tem o sentido de “de acordo com”, “em conformidade com”.  

Locuções prepositivas
Recebe esse nome o conjunto de palavras com valor e emprego de uma preposição. As principais locuções
prepositivas são constituídas por advérbio ou locução adverbial acrescido da preposição de, a ou com. Confira
algumas das principais locuções prepositivas.

abaixo de de acordo junto a


acerca de debaixo de junto de
acima de de modo a não obstante
a fim de dentro de para com
à frente de diante de por debaixo de
antes de embaixo de por cima de
a respeito de em cima de por dentro de
atrás de em frente de por detrás de
através de em razão de quanto a
com respeito a fora de sem embargo de

— Interjeição
É a palavra invariável ou sintagma que compõem frases que manifestam por parte do emissor do enunciado
uma surpresa, uma hesitação, um susto, uma emoção, um apelo, uma ordem, etc., por parte do emissor do
enunciado. São as chamadas unidades autônomas, que usufruem de independência em relação aos demais
elementos do enunciado. As interjeições podem ser empregadas também para chamar exigir algo ou para
chamar a atenção do interlocutor e são unidades cuja forma pode sofrer variações como:
– Locuções interjetivas: são formadas por grupos e palavras que, associadas, assumem o valor de interjeição.
Exemplos: “Ai de mim!”, “Minha nossa!” Cruz credo!”.
– Palavras da língua: “Eita!” “Nossa!”
– Sons vocálicos: “Hum?!”, “Ué!”, “Ih…!»

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Os tipos de interjeição
De acordo com as reações que expressam, as interjeições podem ser de:

ADMIRAÇÃO “Ah!”, “Oh!”, “Uau!”


ALÍVIO “Ah!, “Ufa!”
“Coragem!”, “Força!”,
ANIMAÇÃO “Vamos!”
APELO “Ei!”, “Oh!”, “Psiu!”
APLAUSO “Bravo!”, “Bis!”
DESPEDIDA/ “Alô!”, “Oi!”, “Salve!”,
SAUDAÇÃO “Tchau!”
DESEJO “Tomara!”
DOR “Ai!”, “Ui!”
DÚVIDA “Hã?!”, “Hein?!”, “Hum?!”
ESPANTO “Eita!”, “Ué!”
IMPACIÊNCIA “Puxa!”
(FRUSTRAÇÃO)
IMPOSIÇÃO “Psiu!”, “Silêncio!”
SATISFAÇÃO “Eba!”, “Oba!”
“Alto lá!”, “Basta!”,
SUSPENSÃO “Chega!”

Os modalizadores. Semântica: sentido próprio e figurado; antônimos, sinônimos,


parônimos e hiperônimos. Polissemia e ambiguidade

Visão Geral: o significado das palavras é objeto de estudo da semântica, a área da gramática que se dedica
ao sentido das palavras e também às relações de sentido estabelecidas entre elas.

Denotação e conotação
Denotação corresponde ao sentido literal e objetivo das palavras, enquanto a conotação diz respeito ao
sentido figurado das palavras. Exemplos:
“O gato é um animal doméstico.”
“Meu vizinho é um gato.”
No primeiro exemplo, a palavra gato foi usada no seu verdadeiro sentido, indicando uma espécie real de
animal. Na segunda frase, a palavra gato faz referência ao aspecto físico do vizinho, uma forma de dizer que
ele é tão bonito quanto o bichano.

Hiperonímia e hiponímia
Dizem respeito à hierarquia de significado. Um hiperônimo, palavra superior com um sentido mais abrangente,
engloba um hipônimo, palavra inferior com sentido mais restrito.
Exemplos:
– Hiperônimo: mamífero: – hipônimos: cavalo, baleia.
– Hiperônimo: jogo – hipônimos: xadrez, baralho.

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Polissemia e monossemia
A polissemia diz respeito ao potencial de uma palavra apresentar uma multiplicidade de significados, de
acordo com o contexto em que ocorre. A monossemia indica que determinadas palavras apresentam apenas
um significado. Exemplos:
– “Língua”, é uma palavra polissêmica, pois pode por um idioma ou um órgão do corpo, dependendo do
contexto em que é inserida.
– A palavra “decalitro” significa medida de dez litros, e não tem outro significado, por isso é uma palavra
monossêmica.

Sinonímia e antonímia
A sinonímia diz respeito à capacidade das palavras serem semelhantes em significado. Já antonímia se refere
aos significados opostos. Desse modo, por meio dessas duas relações, as palavras expressam proximidade e
contrariedade.
Exemplos de palavras sinônimas: morrer = falecer; rápido = veloz.
Exemplos de palavras antônimas: morrer x nascer; pontual x atrasado.

Homonímia e paronímia
A homonímia diz respeito à propriedade das palavras apresentarem: semelhanças sonoras e gráficas,
mas distinção de sentido (palavras homônimas), semelhanças homófonas, mas distinção gráfica e de sentido
(palavras homófonas) semelhanças gráficas, mas distinção sonora e de sentido (palavras homógrafas). A
paronímia se refere a palavras que são escritas e pronunciadas de forma parecida, mas que apresentam
significados diferentes. Veja os exemplos:
– Palavras homônimas: caminho (itinerário) e caminho (verbo caminhar); morro (monte) e morro (verbo
morrer).
– Palavras homófonas: apressar (tornar mais rápido) e apreçar (definir o preço); arrochar (apertar com força)
e arroxar (tornar roxo).
– Palavras homógrafas: apoio (suporte) e apoio (verbo apoiar); boto (golfinho) e boto (verbo botar); choro
(pranto) e choro (verbo chorar) .
– Palavras parônimas: apóstrofe (figura de linguagem) e apóstrofo (sinal gráfico), comprimento (tamanho) e
cumprimento (saudação).

Os dicionários: tipos

O dicionário é um livro que possui a explicação dos significados das palavras. As palavras são apresentadas
em ordem alfabética. Alguns dicionários são ilustrados para facilitar a assimilação dos significados das palavras.

Principais tipos de dicionários


Existem também os dicionários de tradução de línguas, ou seja, aqueles destinados a mostrar os significa-
dos ou sinônimos das palavras em outra língua. Exemplo: Dicionário de português-inglês, português-italiano,
português-espanhol.
Existem também os dicionários de termos técnicos, usados em áreas específicas do conhecimento. Num
dicionário de medicina, por exemplo, são explicados os termos relacionados à área médica. Desta forma, exis-
tem os dicionários de eletrônica, mecânica, Biologia, informática, mitologia, etc.

Importância do uso
O uso de dicionário é muito importante para os estudantes e profissionais de todas as áreas. Como é im-
possível conhecer o significado de todas as palavras, o ideal é consultar o dicionário para ganhar vocabulário.

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Dicionários modernos
Com o avanço da informática e da internet, temos atualmente os chamados dicionários eletrônicos (em
CD-ROMs) e os dicionários on-line (encontrados na Internet) ou em formato de aplicativos para smartphones.
Exemplos dos principais dicionários da Língua Portuguesa (editados no Brasil):
- Dicionário Aurélio
- Dicionário Houaiss
- Dicionário Michaelis
- Dicionário da Academia Brasileira de Letras
- Dicionário Aulete da Língua Portuguesa
- Dicionário Soares Amora da Língua Portuguesa
Organização do dicionário

1. Entrada
A entrada do verbete está em azul e, logo abaixo, há a indicação da divisão silábica.
abécédaire
a.bé.cé.daire
[ɑbesedɛʀ]
nm
abecedário.
abanador
a.ba.na.dor
[abanad′or]
sm
éventoir.
As remissões, introduzidas pela abreviatura V (ver / voir), indicam uma forma vocabular mais usual.
ascaris
as.ca.ris
[askaʀis]
V ascaride.
desatencioso
de.sa.ten.ci.o.so
[dezatẽsj′ozu]
V desatento.
Os verbos essencialmente pronominais encontram-se na entrada principal da seguinte maneira:
blottir (se)
blot.tir (se)
[blɔtiʀ]
vpr
enroscar-se, aconchegar-se.

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ajoelhar-se
a.jo.e.lhar-se
[aʒoeλ′arsi]
vpr
s’agenouiller.

2. Transcrição fonética
A pronúncia figurada é representada entre colchetes. Veja explicações detalhadas na seção “Transcrição
fonética” em “Como consultar”.
abeille
a.beille
[abɛj]
nf
ZOOL abelha.
abaixar
a.bai.xar
[abajʃ′ar]
vt+vpr
baisser.

3. Classe gramatical
É indicada por uma abreviatura. Entenda o que significa cada abreviatura deste dicionário na seção “Abre-
viaturas” em “Como consultar”.
abolition
a.bo.li.tion
[abɔlisjɔ̃]
nf
abolição.
abatido
a.ba.ti.do
[abat′idu]
adj
abattu.
alimentar
a.li.men.tar
[alimẽt′ar]
vt+vpr
nourrir.
adj
alimentaire.

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4. Área de conhecimento
É indicada por uma abreviatura. Entenda o que significa cada abreviatura deste dicionário na seção “Abre-
viaturas” em “Como consultar”.
abdomen
ab.do.men
[abdɔmɛn]
nm
ANAT abdome, barriga.
abacate
a.ba.ca.te
[abak′ati]
sm
BOT avocat.

5. Tradução
Os diferentes sentidos de uma mesma palavra estão separados por algarismos em negrito. Os sinônimos
reunidos num algarismo são separados por vírgulas.
administrer
ad.mi.nis.trer
[administʀe]
vt

1 administrar, gerir.

2 dar uma medicação.

3 aplicar um castigo.
alimento
a.li.men.to
[alim′ẽtu]
sm

1 nourriture.

2 denrée.

3 nourriture, victuaille, aliment.


pl

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4 alimentos vivres.
INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
Veja nota em vivre.
A tradução, na medida do possível, fornece os sinônimos na outra língua e, quando estes não existem, de-
fine ou explica o termo.
docteur
doc.teur
[dɔktœʀ]
nm

1 doutor, médico.

2 doutor, pessoa que possui o maior grau universitário numa faculdade.

6. Exemplificação
Frases elucidativas usadas para esclarecer definições ou acepções, são apresentadas em itálico.
amorce
a.morce
[amɔʀs]
nf

1 isca.

2 início, começo, esboço: cette rencontre pourrait être l’amorce d’une négociation véritable / este encontro
poderia ser o início de uma verdadeira negociação.
agitado
a.gi.ta.do
[aʒit′adu]
adj
agité: o doente passou uma noite agitada / le malade a passé une nuit agitée.

7. Formas irregulares
No final dos verbetes em português, numa seção denominada “Informações complementares”, registram-se
plurais irregulares e plurais de substantivos compostos com hífen, além dos femininos e masculinos irregulares.
açafrão
a.ça.frão
[asafr′ãw]
sm
BOT safran.
INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES

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PL açafrões.
micro-organismo
mi.cro-or.ga.nis.mo
[mikroorgan′ismu]
sm
micro-organisme.
INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
PL micro-organismos.
No final dos verbetes em francês, numa seção denominada “Informações complementares”, são indicadas
as terminação do feminino e do plural, quando irregulares.
abattu
a.bat.tu
[abaty]
adj

1 abatido.

2 triste, decaído.
INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
-ue
abdominal
ab.do.mi.nal
[abdɔminal]
adj
abdominal.
INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
-aux, -ale

8. Expressões
No final do verbete, numa seção denominada “Expressões” são apresentadas expressões usuais em ordem
alfabética.
accord
ac.cord
[akɔʀ]
nm

1 acordo, assentimento, concordância, pacto, trato.

2 MUS acorde.
EXPRESSÕES

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d’accord de acordo, sim, o.k.
donner son accord dar autorização, permissão.
mettre d’accord conciliar.
tomber d’accord concordar, chegar a um acordo.
acaso
a.ca.so
[ak′azu]
sm
hasard
EXPRESSÕES
por acaso par hasard.
Fonte: michaelis.uol.com.br

A organização de verbetes

Organização do verbete
A cabeça de verbete, também conhecida como entrada de verbete, constitui-se de uma palavra simples,
uma palavra composta por hífen, uma locução, uma sigla, um símbolo ou uma abreviatura. Ela está destacada
na cor azul.
daltonismo
dal·to·nis·mo
sm
MED Incapacidade congênita para distinguir certas cores, principalmente o vermelho e o verde, que geral-
mente afeta indivíduos do sexo masculino.
ETIMOLOGIA
der do np Dalton+ismo, como fr daltonisme.
pão-durismo
pão-du·ris·mo
sm
COLOQ Qualidade ou característica do que é pão-duro ou sovina; avareza, sovinice.
INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
PL: pão-durismos.
ETIMOLOGIA
der de pão-duro+ismo.
piña colada
[ˈpiña koˈlada]
loc subst
Coquetel preparado com rum, leite de coco, suco de abacaxi e gelo.
INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
PL: piña coladas.

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ETIMOLOGIA
esp.
OAB
Sigla de Ordem dos Advogados do Brasil.
°C
FÍS, METEOR Símbolo de grau Celsius.
d.C.
Abreviatura de depois de Cristo.
Logo após a cabeça de verbete, há a indicação da divisão silábica assinalada por um ponto, com a separa-
ção das vogais dos ditongos (crescentes e decrescentes).
dedicatória
de·di·ca·tó·ri·a
sf
Palavras afetuosas, escritas principalmente em livros, fotos, CDs ou outro objeto artístico, dedicadas a al-
guém; dedicação.
ETIMOLOGIA
fem de dedicatório, como fr dédicatoire.
As siglas aparecem com letras maiúsculas, mas aquelas que foram cristalizadas apenas com a inicial mai-
úscula estão no dicionário respeitando essa forma; já os símbolos científicos aparecem com inicial maiúscula
ou minúscula.
ONU
Sigla de Organização das Nações Unidas.
Unesco
Sigla do inglês United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (Organização das Nações
Unidas para a Educação, Ciência e Cultura).
Os substantivos que denominam seres sagrados (Buda, Deus etc.), seres mitológicos (Diana, Zeus etc.),
astros (Marte, Terra etc.), festas religiosas (Natal, Páscoa etc.) e pontos cardeais que indicam regiões são gra-
fados com inicial minúscula e com a informação “[com inicial maiúscula]”.
buda
bu·da
sm
FILOS, REL

1 [com inicial maiúscula ] Título dado pelos seguidores do budismo a quem alcançou um nível superior de
entendimento e chegou à plenitude da condição humana por meio da libertação dos desejos e da dissolução
da ilusão produzida por estes. O título se refere especialmente a Siddharta Gautama (563-483 a.C.), o maior de
todos os budas e o real fundador do budismo: “E, por fim, cansados, sentaram-se num banco de pedra próximo
a uma imagem de Buda e foram invadidos pela paz” (CV2).

2 Representação de Siddharta Gautama, geralmente em forma de estátua ou estatueta: Suspende o buda


de porcelana e o coloca com cuidado sobre a cômoda.
ETIMOLOGIA
sânscr Buddha.

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natal
na·tal
adj m+f

1 Relativo ao nascimento; natalício.

2 Em que ocorre o nascimento; natalício.


sm

1 Dia do nascimento; natalício.

2 REL [com inicial maiúscula ] O dia de nascimento de Jesus Cristo, comemorado em 25 de dezembro.

3 MÚS Cântico medieval executado por ocasião das festas natalinas.


ETIMOLOGIA
lat natalis.
As palavras homógrafas que possuem etimologias próprias são registradas como entradas diferentes, com
número sobrescrito, ou alceado.
cabana 1
ca·ba·na
sf
Pequena habitação rústica, geralmente construída de madeira e coberta de colmo; barraca, choupana.
ETIMOLOGIA
lat capannam, como esp cabaña.
cabana 2
ca·ba·na
sf
AERON Conjunto de cabos usado como contravento em asas de avião.
ETIMOLOGIA
ingl cabane
As formas do feminino só apresentam entradas autônomas quando há acepções diferentes daquela da
mera indicação de gênero.
nora 1
no·ra
sf
A mulher do filho em relação aos pais dele.
ETIMOLOGIA
lat vulg *nuram.
nora 2
no·ra

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sf
Engenho de tirar água de poços, cisternas etc.; sarilho.
ETIMOLOGIA
ár nāᶜūrah, como esp noria.
Os verbetes que se referem a marcas registradas são indicados por meio do símbolo ®, grafado logo após
a cabeça de verbete.
teflon®
te·flon
sm
[com inicial maiúscula ] Marca registrada do produto comercial feito com politetrafluoretileno.
ETIMOLOGIA
marca Teflon.
As palavras estrangeiras que integram este dicionário são grafadas em itálico e não trazem divisão silábica.
A transcrição fonética, logo após a cabeça de verbete, sempre entre colchetes, indica a pronúncia da palavra
na língua de origem.
NOTA: Entenda todos os símbolos fonéticos utilizados neste dicionário na seção “Transcrição fonética” em
“Como consultar”.
mailing
[ˈmeɪlɪŋ]
sm
Relação de mensagens eletrônicas recebidas por meio de rede de computadores.
INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
PL: mailings.
ETIMOLOGIA
ingl.
Os estrangeirismos que no idioma original são grafados com inicial maiúscula, como, por exemplo, os
substantivos da língua alemã, são registrados neste dicionário com inicial minúscula pois assim são usados na
língua portuguesa.
blitz
[bliːtz]
sf

1 HIST, MIL Ataque aéreo relâmpago e inesperado.

2 Batida policial inesperada, com grande número de policiais armados: “Foi então que vimos a blitz: dois
carros da polícia com aquelas luzes giratórias acionadas, os cones estreitando a pista, alguns carros e motos
parados no acostamento e vários policiais em volta deles” (LA3).

3 Mobilização de improviso, de caráter fiscalizador, a fim de combater qualquer tipo de infração: “– Se algum
vidro for quebrado, se alguma parede for derrubada, se alguém se machucar, se a polícia der uma blitz e apre-
ender drogas ou drogados” (TB1).

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4 FUT Ataque em massa; sucessão de ataques.
INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
PL: blitze.
ETIMOLOGIA
alem Blitz.
A rubrica, sempre destacada no verbete e geralmente abreviada, refere-se às categorias gramaticais (subs-
tantivo, adjetivo, pronome etc.), às áreas de conhecimento (botânica, medicina etc.), aos regionalismos (Nor-
deste, Sul etc.) e aos níveis de linguagem (coloquialismo, vulgarismo, gíria etc.).
NOTA: Entenda o que significa cada abreviatura na seção “Abreviaturas” em “Como consultar”.
chapadeiro
cha·pa·dei·ro
sm

1 Habitante das chapadas; caipira, matuto.

2 Terreno irregular e árido de certas chapadas.

3 REG (MG) Vvaqueiro, acepção 1.

4 REG (MG) Nome de uma raça bovina.


ETIMOLOGIA
der de chapada+eiro.
rabanete
ra·ba·ne·te
sm
BOT

1 Planta herbácea ( Raphanus sativus), da família das crucíferas, de folhas denteadas, flores com veias
amarelas e violeta e raiz branca ou vermelha; nabo-japonês, rábano, rábão.

2 A raiz carnosa dessa planta, de sabor picante, geralmente usada em saladas.


ETIMOLOGIA
der de rábano+ete.
fanchona
fan·cho·na
sf
PEJ, GÍR Mulher de aspecto e maneiras viris; virago.
INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
VAR: fanchonaça.
ETIMOLOGIA

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fem de fanchão.
Registra-se, logo após a cabeça de verbete, a categoria gramatical.
eclampsia
e·clamp·si·a
sf
MED Afecção que ocorre em geral no final do período de gravidez, caracterizada por convulsões associadas
à hipertensão.
INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
VAR: eclampse, eclâmpsia.
EXPRESSÕES
Eclampsia puerperal: convulsões e coma associados com hipertensão, edema ou proteinúria que podem
ocorrer em paciente após o parto.
ETIMOLOGIA
der do gr éklampsis+ia1, como fr éclampsie.
ilegal
i·le·gal
adj m+f
Que contraria os preceitos ou as determinações da lei; sem legitimidade jurídica; ilícito.
INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
ANTÔN: legal.
ETIMOLOGIA
voc comp do lat in2-+legal, como fr illégal.
barbear
bar·be·ar
vtd e vpr

1 Fazer ou aparar as barbas de: Barbeou o pai doente, pouco antes de sua morte. “[…] não pudera barbe-
ar-se sequer, dizia enquanto ela retirava o chapéu guardando cuidadosamente os grampos” (CL).
vtd

2 ART GRÁF Cortar as barbas de livro, papel etc.; aparar.


vtd e vint

3 Passar com uma embarcação muito próximo de outra ou do cais; fazer a barba.
ETIMOLOGIA
der de barba+ear, como esp.
cromado
cro·ma·do
adj

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1 Que tem cromo.

2 Revestido de cromo.
sm
Parte ou acessório cromado de um veículo automotor.
ETIMOLOGIA
der de cromo+ado, como fr chromé.
Os substantivos de gênero oscilante apresentam duplo registro, separados por barra (sm/sf).
personagem
per·so·na·gem
sm/sf

1 Pessoa que desfruta de atenção por suas qualidades, habilidades ou comportamento singular e diferen-
ciado.

2 Cada um dos papéis que um ator ou atriz representa baseado em figuras humanas imaginadas por um au-
tor: Ele já desempenhou várias personagens: um criminoso sádico, um herói trágico, um bancário metódico etc.

3 POR EXT Figura humana criada por um autor de obra de ficção: “A peça vivia esse ponto de crise, que
um poeta chamou de tensão dionisíaca. Eis o que acontecera no palco: o personagem central, que passara,
até então, por paralítico, ergue-se da cadeira de rodas. “‘– Não sou paralítico, nunca fui paralítico’, é ele próprio
quem o diz” (NR).

4 Figura humana representada em diversas expressões artísticas.

5 POR EXT O homem definido por seu papel social.


ETIMOLOGIA
fr personnage.
A rubrica referente à área de conhecimento, geralmente abreviada, é indicada antes das definições quando
se aplica a todas elas.
labaça 1
la·ba·ça
sf
BOT

1 Arbusto ( Rumex conglomeratus) da família das poligonáceas, nativo do sul da Europa e do leste da Ásia;
alabaça.

2 Erva ( Rumex obtusifolius) da família das poligonáceas, oriunda da Europa, muito usada por suas proprie-
dades medicinais; labaça-obtusa, labaçol.
ETIMOLOGIA
lat lapathia.

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emoticon
[ɪˈməʊtɪkən]
sm
INTERNET Representação pictórica da expressão facial de uma pessoa, indicando estados emocionais
(alegria, tristeza, espanto, zanga etc.), que é utilizada nos bate-papos e mensagens.
ETIMOLOGIA
ingl.
Quando ocorre mudança de área de conhecimento, a rubrica é indicada antes de cada acepção.
cravo 1
cra·vo
sm

1 BOT Flor do craveiro1, acepção 1.

2 BOT Vcraveiro 1, acepção 1.

3 BOT Botão da flor do craveiro-da-índia, que é usado no mundo todo como condimento e tem também usos
medicinais e farmacêuticos, entre outros; africana, cravinho, cravo-aromático, cravo-cabecinha, cravo-da-índia,
cravo-da-terra-de-minas, cravo-da-terra-de-são-paulo, cravo-de-cabeça, cravo-de-cabecinha, cravo-giroflê, gi-
rofle, giroflê.

4 Prego quadrangular que se usa em ferraduras.

5 Prego com que os pés e as mãos dos suplicados eram fixados à cruz e ao ecúleo.

6 MED Calo profundo e doloroso que se localiza na planta do pé e tem forma semelhante a um cone.

7 MED Afecção do folículo sebáceo, causada pelo acúmulo de resíduos epiteliais; comedão.

8 Pessoa incômoda ou nociva; chato, importuno, inconveniente.

9 Mau negócio; embuste, fraude, trapaça.

10 VET Tumor duro no casco das cavalgaduras.

11 Afecção do folículo pilossebáceo; ponto negro.


EXPRESSÕES
Dar uma no cravo e outra na ferradura, COLOQ: a) dar um golpe certo e outro errado; b) apoiar duas coisas
que encerram contradição, em geral por maldade ou dissimulação.
ETIMOLOGIA
lat clavum, como esp clavo.

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A mesma definição pode conter mais de uma rubrica referente à área de conhecimento.
crioidrato
cri·o·i·dra·to
sm
FÍS, QUÍM Eutético constituído por água e um sal.
ETIMOLOGIA
voc comp do gr krýos+hidrato, como ingl cryohydrate.
Há referência às vozes dos animais, no final do verbete, indicando-se os verbos e os substantivos que se
relacionam a elas.
canário
ca·ná·ri·o
adj sm
Vcanarino.
sm

1 ZOOL Pássaro canoro pequeno da família dos fringilídeos ( Serinus canaria), de plumagem geralmente
amarela e canto melodioso, originário das ilhas Canárias, da Madeira e dos Açores.

2 POR EXT Pessoa que canta bem.


INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
VOZ (acepção 1): canta, dobra, modula, trila, trina.
EXPRESSÕES
Canário de uma muda só, COLOQ: pessoa que anda todo o tempo com uma só roupa.
Canário sem muda, COLOQ: Vcanário de uma muda só.
ETIMOLOGIA
de Canárias, np, como esp canario.
Todos os comentários gramaticais são sempre mencionados entre colchetes.
certamente
cer·ta·men·te
adv

1 Com certeza, sem dúvida [usado como modificador de frase, indica grande probabilidade e pequeno grau
de incerteza ] : “Tão determinado que, se alguém o olhasse mais atento, certamente perceberia alguma forma
mais precisa nos movimentos” (CFA).

2 Com certeza, é claro, sim [usado como resposta afirmativa a uma solicitação ] : “[…] não é assim? … –
Certamente, respondeu a mocinha, sem perturbar-se” (JMM).
ETIMOLOGIA
voc comp do fem de certo+mente.
A transitividade dos verbos é indicada em todas as acepções, antes dos números que as registram, já que
os verbos podem exigir um ou mais complementos no sintagma verbal, a fim de formar um sentido completo.

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excetuar
ex·ce·tu·ar
vtd

1 Fazer exceção de; pôr fora: Conhecia quase todos na festa, excetuando um ou outro convidado.
vtdi e vpr

2 Deixar(-se) de fora: Não excetuou nenhum parente de sua lista de convidados. Conseguiu excetuar-se da
lista dos mais bagunceiros da turma.
vtd

3 JUR Impugnar uma demanda por meio de exceção.


vint

4 JUR Propor uma exceção.


INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
VAR: exceptuar.
ANTÔN (acepção 1): incluir.
ETIMOLOGIA
der do lat exceptus+ar1.
Quando o verbo é essencialmente pronominal, usa-se a partícula se na cabeça de verbete.
queixar-se
quei·xar-se
vpr

1 Manifestar lamúrias ou lamentações diante da dor física ou da mágoa; gemer, lastimar-se, reclamar: No
enterro do marido, a viúva queixava-se aos prantos.
vpr

2 Manifestar desgosto ou desprazer; lamentar-se: “A cada dia, a Igreja, contudo, se queixa de que há menos
vocações sacerdotais” (Z1).
vpr

3 Mostrar-se magoado ou ofendido: Queixa-se diante de tantas injustiças.


vpr

4 Denunciar algo de que foi vítima: “Se você quiser, vá queixar-se à polícia… Está no seu direito! Eu me
explicarei em juízo!” (AA1).
vpr

5 Descrever estado físico ou moral: Ele se queixa de dores crônicas no peito.

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ETIMOLOGIA
lat vulg *quassiare, como esp quejar.
Os verbos irregulares, defectivos ou impessoais trazem essa informação entre colchetes, no final do verbe-
te.
cerzir
cer·zir
vtd e vint

1 Costurar ou remendar tecido rasgado ou esgarçado, com pontos miúdos, a fim de reconstituir sua trama
original, sem deixar defeito: “Na barcaça […], apenas duas ou três mulheres catando sururu, dois ou três pes-
cadores cerzindo redes” (JU). “Foi pouco fogo. O buraco é pequeno, dá para cerzir invisível” (TM1).
vtd e vtdi

2 Juntar, reunir ou incorporar alguma coisa a outra: A atitude do político perante as câmeras cerziu os piores
comentários. O autor cerziu o romance com textos picantes. [Verbo irregular. ]
ETIMOLOGIA
lat sarcire.
carpir
car·pir
vtd

1 ANT Arrancar (fios de barba ou de cabelo) em sinal de dor ou de sentimento.


vtd

2 Arrancar (erva daninha ou mato); capinar.


vtd

3 Expressar-se por meio de lamento; chorar, lamentar.


vtd e vpr

4 Lastimar(-se), prantear(-se).
vtd e vint

5 Expressar sons tristes e comoventes; sussurrar como que chorando.


vpr

6 Exprimir-se em tom de lamento; lamentar-se, prantear-se. [Verbo defectivo. ]


ETIMOLOGIA
lat carpĕre.
garoar
ga·ro·ar

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vint Cair garoa, chuviscar: Ontem, garoou à noitinha. [Verbo impessoal.]
INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
VAR: garuar.
ETIMOLOGIA
der de garoa1+ar1.
Quando uma unidade lexical tem sua definição em outro verbete, por ser sinônimo ou não ser o termo pre-
ferencial, a remissão é indicada pela letra V (veja) seguida do verbete a consultar. Se a remissão refere-se a
determinada acepção, esta também é indicada.
guri
gu·ri
sm

1 REG (RS) Vmenino, acepção 1.

2 BOT Vguriri.

3 ZOOL Denominação comum aos peixes teleósteos siluriformes, da família dos ariídeos, encontrados em
águas marinhas, com o corpo revestido de escamas grossas, que formam uma couraça, dotados de grandes
barbilhões; uri.
ETIMOLOGIA
tupi wyrí, como esp.
No final do verbete, numa seção denominada “Informações complementares”, registram-se os sinônimos,
os antônimos, as variantes, os plurais, os femininos, os aumentativos e os diminutivos irregulares e os super-
lativos absolutos sintéticos. Às vezes essas formas (antônimo, sinônimo, plural etc.) podem referir-se apenas a
uma acepção. Nesse caso, essa acepção é indicada.
molambento
mo·lam·ben·to
adj
Que está em farrapos; roto e sujo.
adj sm
Que ou aquele que se veste com farrapos.
INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
SIN: maltrapilho, molambudo, mulambudo.
VAR: mulambento.
ETIMOLOGIA
der de molambo+ento.
anorexia
a·no·re·xi·a
(cs)
sf
MED Falta ou perda de apetite.

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EXPRESSÕES
Anorexia nervosa, MED, PSICOL: distúrbio nervoso grave, caracterizado pelo medo obsessivo de engordar,
fazendo com que a pessoa pare de se alimentar, fique desnutrida e tenha sua vida ameaçada. Acomete espe-
cialmente mulheres, em geral entre 16 e 25 anos, e provoca menstruação irregular, queda de peso repentina,
palidez, atrofia dos músculos, recusa do organismo em ingerir alimentos, insônia, diminuição ou ausência da li-
bido etc. O tratamento inclui a administração de antidepressivo, psicoterapia individual e reeducação alimentar.
INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
ANTÔN: orexia.
ETIMOLOGIA
gr anoreksía.
plástico-bolha
plás·ti·co-bo·lha
sm
Material plástico, produzido em polietileno de baixa densidade, com bolhas de ar prensadas, utilizado na
embalagem de produtos diversos, proporcionando-lhes proteção. É também usado no revestimento de pisos,
antes da colocação de carpetes de madeira e afins, conferindo-lhes isolação acústica.
INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
PL: plásticos-bolhas e plásticos-bolha.
ETIMOLOGIA
voc comp.
barão
ba·rão
sm

1 Título nobiliárquico imediatamente inferior ao de visconde: “Lia-se no Jornal do Comércio que Sua Exce-
lência fora agraciado pelo governo português com o título de Barão do Freixal […]” (AA1).

2 ANT Senhor feudal, subordinado ao rei.

3 ANT Homem ilustre por seus feitos e por sua riqueza.

4 BOT Variedade de algodoeiro.

5 Homem de muito poder: É o barão da pequena cidade.

6 COLOQ Pessoa muito rica: Os barões vivem enclausurados em suas mansões.

7 Homem que se destaca em determinado ramo de negócios: “Os últimos brilhos do poente já iam e, a pe-
dido do barão do café, fogueiras e tochas não deveriam ser acesas” (TM1).

8 OBSOL Cédula antiga de mil cruzeiros.

72
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9 ETNOL Entidade sobrenatural do boi de mamão.
INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
FEM: baronesa.
ETIMOLOGIA
lat baronem.
animal
a·ni·mal
sm

1 BIOL Ser vivo multicelular, dotado de movimento, de crescimento limitado, com capacidade de responder
a estímulos.

2 Ser animal destituído de razão; animal irracional.

3 COLOQ Pessoa insensível ou cruel.

4 COLOQ Pessoa muito grosseira ou ignorante.

5 Animal cavalar, especialmente o macho.

6 FIG A natureza animal; animalidade.


adj m+f

1 Relativo ou pertencente aos animais.

2 Próprio de animal.

3 Extraído ou obtido de animal.

4 FIG Que se entrega aos prazeres do sexo; lascivo, libidinoso.


INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
AUM (sm): animalaço, animalzão.
DIM: animalzinho, animalejo, animálculo.
EXPRESSÕES
Animal inferior, ZOOL: animal invertebrado.
Animal irracional: qualquer animal, exceto o homem.
Animal sem fogo, REG (CE): cavalo ainda não marcado ou ferrado.
Animal sem rabo, COLOQ: pessoa grosseira, mal-educada.
Animal superior: animal vertebrado.

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ETIMOLOGIA
lat anĭmal.
ágil
á·gil
adj m+f

1 Que se movimenta com rapidez ou agilidade: “Firmo […] era um mulato pachola, delgado de corpo e ágil
como um cabrito […]” (AA1).

2 FIG Que tem raciocínio rápido; desembaraçado, ligeiro, perspicaz.

3 Que atua ou trabalha com eficiência; diligente.


INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
SUP ABS SINT: agílimo e agilíssimo.
ANTÔN: moroso, sonolento, vagaroso.
ETIMOLOGIA
lat agĭlis.
Também são chamadas de subverbetes as expressões na estrutura de um verbete. Elas estão destacadas
ao final do verbete, numa seção denominada “Expressões”.
barba
bar·ba
EXPRESSÕES
Barba a barba: em situação de confronto.
Barba de baleia, MAR: pequena haste ao lado do mastro da proa, utilizada para disparos de cabos que
prendem as velas.
Barba de bode: Vcavanhaque.
À barba, COLOQ: bem visível.
Fazer a barba: raspar a barba, barbear-se.
Fazer barba, cabelo e bigode, ESP: vencer pelo menos três vezes o mesmo adversário em categorias dife-
rentes em curto espaço de tempo.
Nas barbas de: na presença de alguém, faltando-lhe o respeito.
Pôr as barbas de molho: agir com prevenção contra alguma situação perigosa.
Ter barbas: ser muito antigo.
tomate
to·ma·te
EXPRESSÕES
Tomate francês, BOT: tomate de forma e tamanho de um ovo, de coloração vermelho-escura, de tom alaran-
jado no interior, consistência firme, sabor levemente ácido, com sementes pretas.
Tomate italiano, BOT: tomate pequeno, de formato geralmente cilíndrico, com a extremidade inferior pontu-
da. É adocicado e tem menos sumo que a maioria das variedades dos tomates. É muito usado na preparação
de molhos.

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Tomate seco, CUL: tomate cortado em duas metades, retirando-se as sementes, seco no forno ou ao sol,
temperado com azeite, orégano, sal e, frequentemente, alho. É comumente servido em saladas ou como ante-
pasto.
fuga 2
fu·ga
EXPRESSÕES
Fuga escolar, MÚS: aquela com rígida observância das regras formais.
Fuga real, MÚS: aquela cuja resposta não apresenta alterações intervalares em relação ao sujeito.
Fuga tonal, MÚS: aquela cuja resposta apresenta alterações intervalares em relação ao sujeito.
Foram utilizados exemplos e abonações com o objetivo de autorizar o emprego das palavras. As abonações
foram extraídas de textos literários de autores brasileiros consagrados e estão transcritas entre aspas, com a
sigla que representa o autor e a obra entre parênteses. Os exemplos foram criados pela equipe de lexicógrafos
e são registrados em itálico.
NOTA: Entenda o que significa cada sigla das abonações na seção “Abonações – obras e siglas” em “Como
consultar”.
fadigar
fa·di·gar
vtd e vpr Causar ou sentir fadiga; afadigar: A alta temperatura fadigou alguns corredores. O rapaz fadigou-se
com o excesso de trabalho.
INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
VAR: fatigar.
ETIMOLOGIA
der de fadiga+ ar1, como esp fatigar.
fabricação
fa·bri·ca·ção
sf

1 Ação, processo ou arte de fabricar algo; fábrica, fabrico, manufatura: “Três meses mais tarde Mr. Chang
Ling apareceria em Antares com a mulher e seus cinco filhos e mais três compatriotas seus, especialistas na
fabricação de óleos comestíveis” (EV).

2 POR EXT O que resulta da fabricação; fabrico.

3 Ação de inventar ou elaborar algo novo; criação, produção: É um mestre na fabricação de personagens.

4 Ação de produzir de modo natural: A fabricação de anticorpos pelo organismo é a sua principal defesa.

5 Produção ou criação de algo de modo ilícito, com o objetivo de distorcer os fatos: A fabricação das provas
era evidente.
EXPRESSÕES
Fabricação em série: fabricação em grande escala, segundo especificações padronizadas.
ETIMOLOGIA

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der de fabricar+ção, como esp fabricación.
O campo destinado à etimologia do vocábulo está sempre no final do verbete, após a indicação “Etimologia”
e nele há diversos tipos de informação como a língua de origem, o étimo e os elementos de composição.
NOTA: Entenda como a etimologia dos vocábulos foi criada e como está padronizada neste dicionário lendo
a seção “Etimologia” em “Como consultar”.
astroquímica
as·tro·quí·mi·ca
sf
ASTROQ Estudo da composição química dos astros, baseado especialmente nas análises espectroquími-
cas.
ETIMOLOGIA
voc comp do gr ástron+química, como ingl astrochemistry.
Fonte: michaelis.uol.com.br

Vocabulário: neologismos, arcaísmos, estrangeirismos

É possível encontrar no Brasil diversas variações linguísticas, como na linguagem regional. Elas reúnem as
variantes da língua que foram criadas pelos homens e são reinventadas a cada dia.
Delas surgem as variações que envolvem vários aspectos históricos, sociais, culturais, geográficos, entre
outros.
Nenhuma língua é usada de maneira uniforme por todos os seus falantes em todos os lugares e em qual-
quer situação. Sabe-se que, numa mesma língua, há formas distintas para traduzir o mesmo significado dentro
de um mesmo contexto.
As variações que distinguem uma variante de outra se manifestam em quatro planos distintos, a saber: fô-
nico, morfológico, sintático e lexical.

Variações Morfológicas
Ocorrem nas formas constituintes da palavra. As diferenças entre as variantes não são tantas quanto as de
natureza fônica, mas não são desprezíveis. Como exemplos, podemos citar:
– uso de substantivos masculinos como femininos ou vice-versa: duzentas gramas de presunto (duzentos),
a champanha (o champanha), tive muita dó dela (muito dó), mistura do cal (da cal).
– a omissão do “s” como marca de plural de substantivos e adjetivos (típicos do falar paulistano): os amigo
e as amiga, os livro indicado, as noite fria, os caso mais comum.
– o enfraquecimento do uso do modo subjuntivo: Espero que o Brasil reflete (reflita) sobre o que aconteceu
nas últimas eleições; Se eu estava (estivesse) lá, não deixava acontecer; Não é possível que ele esforçou (te-
nha se esforçado) mais que eu.
– o uso do prefixo hiper- em vez do sufixo -íssimo para criar o superlativo de adjetivos, recurso muito carac-
terístico da linguagem jovem urbana: um cara hiper-humano (em vez de humaníssimo), uma prova hiperdifícil
(em vez de dificílima), um carro hiperpossante (em vez de possantíssimo).
– a conjugação de verbos irregulares pelo modelo dos regulares: ele interviu (interveio), se ele manter (man-
tiver), se ele ver (vir) o recado, quando ele repor (repuser).
– a conjugação de verbos regulares pelo modelo de irregulares: vareia (varia), negoceia (negocia).

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Variações Fônicas
Ocorrem no modo de pronunciar os sons constituintes da palavra. Entre esses casos, podemos citar:
– a redução de proparoxítonas a paroxítonas: Petrópis (Petrópolis), fórfi (fósforo), porva (pólvora), todas elas
formas típicas de pessoas de baixa condição social.
– A pronúncia do “l” final de sílaba como “u” (na maioria das regiões do Brasil) ou como “l” (em certas regi-
ões do Rio Grande do Sul e Santa Catarina) ou ainda como “r” (na linguagem caipira): quintau, quintar, quintal;
pastéu, paster, pastel; faróu, farór, farol.
– deslocamento do “r” no interior da sílaba: largato, preguntar, estrupo, cardeneta, típicos de pessoas de
baixa condição social.
– a queda do “r” final dos verbos, muito comum na linguagem oral no português: falá, vendê, curti (em vez
de curtir), compô.
– o acréscimo de vogal no início de certas palavras: eu me alembro, o pássaro avoa, formas comuns na
linguagem clássica, hoje frequentes na fala caipira.
– a queda de sons no início de palavras: ocê, cê, ta, tava, marelo (amarelo), margoso (amargoso), caracte-
rísticas na linguagem oral coloquial.

Variações Sintáticas
Correlação entre as palavras da frase. No domínio da sintaxe, como no da morfologia, não são tantas as
diferenças entre uma variante e outra. Como exemplo, podemos citar:
– a substituição do pronome relativo “cujo” pelo pronome “que” no início da frase mais a combinação da
preposição “de” com o pronome “ele” (=dele): É um amigo que eu já conhecia a família dele (em vez de cuja
família eu já conhecia).
– a mistura de tratamento entre tu e você, sobretudo quando se trata de verbos no imperativo: Entra, que eu
quero falar com você (em vez de contigo); Fala baixo que a sua (em vez de tua) voz me irrita.
– ausência de concordância do verbo com o sujeito: Eles chegou tarde (em grupos de baixa extração so-
cial); Faltou naquela semana muitos alunos; Comentou-se os episódios.
– o uso de pronomes do caso reto com outra função que não a de sujeito: encontrei ele (em vez de encon-
trei-o) na rua; não irão sem você e eu (em vez de mim); nada houve entre tu (em vez de ti) e ele.
– o uso do pronome lhe como objeto direto: não lhe (em vez de “o”) convidei; eu lhe (em vez de “o”) vi ontem.
– a ausência da preposição adequada antes do pronome relativo em função de complemento verbal: são
pessoas que (em vez de: de que) eu gosto muito; este é o melhor filme que (em vez de a que) eu assisti; você
é a pessoa que (em vez de em que) eu mais confio.

Variações Léxicas
Conjunto de palavras de uma língua. As variantes do plano do léxico, como as do plano fônico, são muito
numerosas e caracterizam com nitidez uma variante em confronto com outra. São exemplos possíveis de citar:
– as diferenças lexicais entre Brasil e Portugal são tantas e, às vezes, tão surpreendentes, que têm sido
objeto de piada de lado a lado do Oceano. Em Portugal chamam de cueca aquilo que no Brasil chamamos de
calcinha; o que chamamos de fila no Brasil, em Portugal chamam de bicha; café da manhã em Portugal se diz
pequeno almoço; camisola em Portugal traduz o mesmo que chamamos de suéter, malha, camiseta.
– a escolha do adjetivo maior em vez do advérbio muito para formar o grau superlativo dos adjetivos, carac-
terísticas da linguagem jovem de alguns centros urbanos: maior legal; maior difícil; Esse amigo é um carinha
maior esforçado.

Designações das Variantes Lexicais:


– Arcaísmo: palavras que já caíram de uso. Por exemplo, um bobalhão era chamado de coió ou bocó; em vez
de refrigerante usava-se gasosa; algo muito bom, de qualidade excelente, era supimpa.

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– Neologismo: contrário do arcaísmo. São palavras recém-criadas, muitas das quais mal ou nem entraram
para os dicionários. A na computação tem vários exemplos, como escanear, deletar, printar.
– Estrangeirismo: emprego de palavras emprestadas de outra língua, que ainda não foram aportuguesadas,
preservando a forma de origem. Nesse caso, há muitas expressões latinas, sobretudo da linguagem jurídica,
tais como: habeas-corpus (literalmente, “tenhas o corpo” ou, mais livremente, “estejas em liberdade”), ipso facto
(“pelo próprio fato de”, “por isso mesmo.
As palavras de origem inglesas são várias: feeling (“sensibilidade”, capacidade de percepção), briefing (con-
junto de informações básicas).
– Jargão: vocabulário típico de um campo profissional como a medicina, a engenharia, a publicidade, o jor-
nalismo. Furo é notícia dada em primeira mão. Quando o furo se revela falso, foi uma barriga.
– Gíria: vocabulário especial de um grupo que não deseja ser entendido por outros grupos ou que pretende
marcar sua identidade por meio da linguagem. Por exemplo, levar um lero (conversar).
– Preciosismo: é um léxico excessivamente erudito, muito raro: procrastinar (em vez de adiar); cinesíforo
(em vez de motorista).
– Vulgarismo: o contrário do preciosismo, por exemplo, de saco cheio (em vez de aborrecido), se ferrou (em
vez de se deu mal, arruinou-se).

Tipos de Variação
As variações mais importantes, são as seguintes:
– Sociocultural: Esse tipo de variação pode ser percebido com certa facilidade.
– Geográfica: é, no Brasil, bastante grande. Ao conjunto das características da pronúncia de uma determi-
nada região dá-se o nome de sotaque: sotaque mineiro, sotaque nordestino, sotaque gaúcho etc.
– De Situação: são provocadas pelas alterações das circunstâncias em que se desenrola o ato de comuni-
cação. Um modo de falar compatível com determinada situação é incompatível com outra
– Histórica: as línguas se alteram com o passar do tempo e com o uso. Muda a forma de falar, mudam as
palavras, a grafia e o sentido delas. Essas alterações recebem o nome de variações históricas.

Latinismos

EXPRESSÕES E VOCÁBULOS LATINOS


Embora muitos gramáticos e estudiosos da língua defendam que se deve privilegiar o uso de palavras em
português, diversas palavras e expressões latinas são usadas diariamente pelos falantes da língua, quer em
linguagem formal ou de áreas específicas, quer em linguagem informal.
As expressões latinas não sofrem processos de aportuguesamento, devendo assim ser escritas em sua for-
ma original, sem qualquer tentativa de aproximação às regras ortográficas e fonológicas da língua portuguesa.
Deverão, contudo, ser grafadas com algum sinal indicativo da sua condição de expressão de outro idioma:
em itálico, entre aspas, sublinhadas, em negrito. Confira exemplos das principais palavras e expressões latinas
usadas atualmente na língua portuguesa:
Ab initio: desde o princípio.
A contrario sensu: em sentido contrário, pela razão contrária.
A posteriori: pelo que segue, depois de um fato. Diz-se do raciocínio que se remonta do efeito à causa.
A priori: segundo um princípio anterior, admitido como evidente; antes de argumentar, sem prévio conheci-
mento.
Apud: em, junto a, junto em. Emprega-se em citações indiretas, isto é, citações colhidas numa obra.
Carpe Diem: “Aproveita o dia”. (Aviso para que não desperdicemos o tempo).

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Curriculum Vitae: conjuntos de dados relativos ao estado civil, ao preparo profissional e às atividades ante-
riores de quem se candidata a um emprego.
Data venia: concedida a licença, com a devida vênia. É uma expressão respeitosa com que se inicia uma
argumentação discordante da de outrem.
Et cetera (ou Et caetera) (abrev.: etc.): e as outras coisas, e os outros, e assim por diante. Apesar de seu
sentido etimológico (= e outras coisas), emprega-se, atualmente, não somente após nomes de coisas, mas
também de pessoas, como expressão continuativa.
Exempli gratia: por exemplo. É expressão sinônima de Verbi gratia.
Habeas corpus: “Que tenhas o corpo”. Meio extraordinário de garantir e proteger todo aquele que sofre vio-
lência ou ameaça de constrangimento ilegal na sua liberdade de locomoção, por parte de qualquer autoridade
legítima.
Habeas data: “Que tenha os dados”, “Que conheça os dados”. Trata-se de garantia ativa dos direitos funda-
mentais, que se destina a assegurar:
a) o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de
dados de entidades governamentais ou de caráter público;
b) a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo.
Homo sapiens: homem sábio; nome da espécie humana na nomenclatura de Lineu.
Id est: isto é, quer dizer. Às vezes, aparece abreviadamente (i.e.).
In memoriam: em comemoração, para memória, para lembrança.
In posterum: no futuro.
In terminis: no fim. Decisão final que encerra o processo.
In verbis: nestes termos, nestas palavras. Emprega-se para exprimir as citações ou as referências feitas
com as palavras da pessoa que se citou ou do texto a que se alude.
Ipsis Verbis: pelas próprias palavras, exatamente, sem tirar nem pôr.
Lato sensu: em sentido amplo, em sentido geral.
Per capita: por cabeça, para cada indivíduo.
Quorum: número mínimo de membros presentes necessário para que uma assembleia possa funcionar ou
deliberar regularmente.
Sic: assim, assim mesmo, exatamente. Pospõe-se a uma citação, ou nela se intercala, entre parênteses ou
entre colchetes, para indicar que o texto original é da forma que aparece.
Statu quo: “No estado em que”. Emprega-se, na linguagem jurídica, para indicar a forma, a situação ou a
posição em que se encontra certa questão ou coisa em determinado momento.
Stricto sensu: em sentido restrito, em sentido literal.
Verbi gratia: por exemplo.
Verbum ad verbum: palavra por palavra, textualmente, literalmente.

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Ortografia

— Definições
Com origem no idioma grego, no qual orto significa “direito”, “exato”, e grafia quer dizer “ação de escrever”,
ortografia é o nome dado ao sistema de regras definido pela gramática normativa que indica a escrita correta
das palavras. Já a Ortografia Oficial se refere às práticas ortográficas que são consideradas oficialmente como
adequadas no Brasil. Os principais tópicos abordados pela ortografia são: o emprego de acentos gráficos que
sinalizam vogais tônicas, abertas ou fechadas; os processos fonológicos (crase/acento grave); os sinais de
pontuação elucidativos de funções sintáticas da língua e decorrentes dessas funções, entre outros.  
Os acentos: esses sinais modificam o som da letra sobre a qual recaem, para que palavras com grafia
similar possam ter leituras diferentes, e, por conseguinte, tenham significados distintos.  Resumidamente, os
acentos são agudo (deixa o som da vogal mais aberto), circunflexo (deixa o som fechado), til (que faz com que
o som fique nasalado) e acento grave (para indicar crase).
O alfabeto: é a base de qualquer língua. Nele, estão estabelecidos os sinais gráficos e os sons representados
por cada um dos sinais; os sinais, por sua vez, são as vogais e as consoantes.  
As letras K, Y e W: antes consideradas estrangeiras, essas letras foram integradas oficialmente ao alfabeto
do idioma português brasileiro em 2009, com a instauração do Novo Acordo Ortográfico. As possibilidades da
vogal Y e das consoantes K e W são, basicamente, para nomes próprios e abreviaturas, como abaixo:  
– Para grafar símbolos internacionais e abreviações, como Km (quilômetro), W (watt) e Kg (quilograma).
– Para transcrever nomes próprios estrangeiros ou seus derivados na língua portuguesa, como Britney,
Washington, Nova York.  
Relação som X grafia: confira abaixo os casos mais complexos do emprego da ortografia correta das
palavras e suas principais regras:
«ch” ou “x”?: deve-se empregar o X nos seguintes casos:
– Em palavras de origem africana ou indígena. Exemplo: oxum, abacaxi.  
– Após ditongos. Exemplo: abaixar, faixa.
– Após a sílaba inicial “en”. Exemplo: enxada, enxergar.
– Após a sílaba inicial “me”. Exemplo: mexilhão, mexer, mexerica.   
s” ou “x”?: utiliza-se o S nos seguintes casos
– Nos sufixos “ese”, “isa”, “ose”. Exemplo: síntese, avisa, verminose.
– Nos sufixos “ense”, “osa” e “oso”, quando formarem adjetivos. Exemplo: amazonense, formosa, jocoso.
– Nos sufixos “ês” e “esa”, quando designarem origem, título ou nacionalidade. Exemplo: marquês/marquesa,
holandês/holandesa, burguês/burguesa.
– Nas palavras derivadas de outras cujo radical já apresenta “s”. Exemplo: casa – casinha – casarão; análise
– analisar.
Porque, Por que, Porquê ou Por quê?
– Porque (junto e sem acento): é conjunção explicativa, ou seja, indica motivo/razão, podendo substituir o
termo pois. Portanto, toda vez que essa substituição for possível, não haverá dúvidas de que o emprego do
porque estará correto. Exemplo: Não choveu, porque/pois nada está molhado.  
– Por que (separado e sem acento): esse formato é empregado para introduzir uma pergunta ou no lugar
de “o motivo pelo qual”, para estabelecer uma relação com o termo anterior da oração. Exemplos: Por que ela
está chorando? / Ele explicou por que do cancelamento do show.  
– Porquê (junto e com acento): trata-se de um substantivo e, por isso, pode estar acompanhado por artigo,
adjetivo, pronome ou numeral. Exemplo: Não ficou claro o porquê do cancelamento do show.  

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– Por quê (separado e com acento): deve ser empregado ao fim de frases interrogativas. Exemplo: Ela foi
embora novamente. Por quê?  

Parônimos e homônimos
– Parônimos: são palavras que se assemelham na grafia e na pronúncia, mas se divergem no significado.
Exemplos: absolver (perdoar) e absorver (aspirar); aprender (tomar conhecimento) e apreender (capturar).
– Homônimos: são palavras com significados diferentes, mas que divergem na pronúncia. Exemplos: “gosto”
(substantivo) e “gosto” (verbo gostar) / “este” (ponto cardeal) e “este” (pronome demonstrativo).

Acentuação gráfica

— Definição
A acentuação gráfica consiste no emprego do acento nas palavras grafadas com a finalidade de estabelecer,
com base nas regras da língua, a intensidade e/ou a sonoridade das palavras. Isso quer dizer que os acentos
gráficos servem para indicar a sílaba tônica de uma palavra ou a pronúncia de uma vogal. De acordo com as
regras gramaticais vigentes, são quatro os acentos existentes na língua portuguesa:
– Acento agudo: Indica que a sílaba tônica da palavra tem som aberto. Ex.: área, relógio, pássaro.
– Acento circunflexo: Empregado acima das vogais “a” e” e “o”para indicar sílaba tônica em vogal fechada.
Ex.: acadêmico, âncora, avô.
– Acento grave/crase: Indica a junção da preposição “a” com o artigo “a”. Ex: “Chegamos à casa”. Esse
acento não indica sílaba tônica!
– Til: Sobre as vogais “a” e “o”, indica que a vogal de determinada palavra tem som nasal, e nem sempre
recai sobre a sílaba tônica. Exemplo: a palavra órfã tem um acento agudo, que indica que a sílaba forte é “o”
(ou seja, é acento tônico), e um til (˜), que indica que a pronúncia da vogal “a” é nasal, não oral. Outro exemplo
semelhante é a palavra bênção.  

— Monossílabas Tônicas e Átonas


Mesmo as palavras com apenas uma sílaba podem sofrer alteração de intensidade de voz na sua pronúncia.
Exemplo: observe o substantivo masculino “dó” e a preposição “do” (contração da preposição “de” + artigo
“o”).  Ao comparar esses termos, percebermos que o primeiro soa mais forte que o segundo, ou seja, temos uma
monossílaba tônica e uma átona, respectivamente. Diante de palavras monossílabas, a dica para identificar se
é tônica (forte) ou fraca átona (fraca) é pronunciá-las em uma frase, como abaixo:
“Sinto grande dó ao vê-la sofrer.”
“Finalmente encontrei a chave do carro.”
Recebem acento gráfico:  
– As monossílabas tônicas terminadas em: -a(s) → pá(s), má(s); -e(s) → pé(s), vê(s); -o(s) → só(s), pôs.
– As monossílabas tônicas formados por ditongos abertos -éis, -éu, -ói. Ex: réis, véu, dói.
Não recebem acento gráfico:
– As monossílabas tônicas: par, nus, vez, tu, noz, quis.
– As formas verbais monossilábicas terminadas em “-ê”, nas quais a 3a pessoa do plural termina em “-eem”.
Antes do novo acordo ortográfico, esses verbos era acentuados. Ex.: Ele lê → Eles lêem leem.
Exceção! O mesmo não ocorre com os verbos monossilábicos terminados em “-em”, já que a terceira
pessoa termina em “-êm”. Nesses caso, a acentuação permanece acentuada. Ex.: Ele tem → Eles têm; Ele
vem → Eles vêm.

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Acentuação das palavras Oxítonas
As palavras cuja última sílaba é tônica devem ser acentuadas as oxítonas com sílaba tônica terminada em
vogal tônica -a, -e e -o, sucedidas ou não por -s. Ex.: aliás, após, crachá, mocotó, pajé, vocês. Logo, não se
acentuam as oxítonas terminadas em “-i” e “-u”. Ex.: caqui, urubu.

Acentuação das palavras Paroxítonas


São classificadas dessa forma as palavras cuja penúltima sílaba é tônica. De acordo com a regra geral,
não se acentuam as palavras paroxítonas, a não ser nos casos específicos relacionados abaixo. Observe as
exceções:
– Terminadas em -ei e -eis. Ex.: amásseis, cantásseis, fizésseis, hóquei, jóquei, pônei, saudáveis.
– Terminadas em -r, -l, -n, -x e -ps. Ex.: bíceps, caráter, córtex, esfíncter, fórceps, fóssil, líquen, lúmen, réptil,
tórax.  
– Terminadas em -i e -is. Ex.: beribéri, bílis, biquíni, cáqui, cútis, grátis, júri, lápis, oásis, táxi.
– Terminadas em -us. Ex.: bônus, húmus, ônus, Vênus, vírus, tônus.  
– Terminadas em -om e -ons. Ex.: elétrons, nêutrons, prótons.
– Terminadas em -um e -uns. Ex.: álbum, álbuns, fórum, fóruns, quórum, quóruns.  
– Terminadas em -ã e -ão. Ex.: bênção, bênçãos, ímã, ímãs, órfã, órfãs, órgão, órgãos, sótão, sótãos.  

Acentuação das palavras Proparoxítonas


Classificam-se assim as palavras cuja antepenúltima sílaba é tônica, e todas recebem acento, sem exceções.
Ex.: ácaro, árvore, bárbaro, cálida, exército, fétido, lâmpada, líquido, médico, pássaro, tática, trânsito.

Ditongos e Hiatos
Acentuam-se:
– Oxítonas com sílaba tônica terminada em abertos “_éu”, “_éi” ou “_ói”, sucedidos ou não por “_s”. Ex.:
anéis, fiéis, herói, mausoléu, sóis, véus.
– As letras “_i” e “_u” quando forem a segunda vogal tônica de um hiato e estejam isoladas ou sucedidas por
“_s” na sílaba. Ex.: caí (ca-í), país (pa-ís), baú (ba-ú).
Não se acentuam:
– A letra “_i”, sempre que for sucedida por de “_nh”. Ex.: moinho, rainha, bainha.
– As letras “_i” e o “_u” sempre que aparecerem repetidas. Ex.: juuna, xiita. xiita.
– Hiatos compostos por “_ee” e “_oo”. Ex.: creem, deem, leem, enjoo, magoo.

O Novo Acordo Ortográfico


Confira as regras que levaram algumas palavras a perderem acentuação em razão do Acordo Ortográfico
de 1990, que entrou em vigor em 2009:

1 – Vogal tônica fechada -o de -oo em paroxítonas.


Exemplos: enjôo – enjoo; magôo – magoo; perdôo – perdoo; vôo – voo; zôo – zoo.

2 – Ditongos abertos -oi e -ei em palavras paroxítonas.


Exemplos: alcalóide – alcaloide; andróide – androide; alcalóide – alcaloide; assembléia – assembleia;
asteróide – asteroide; européia – europeia.

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3 – Vogais -i e -u precedidas de ditongo em paroxítonas.
Exemplos: feiúra – feiura; maoísta – maoista; taoísmo – taoismo.

4 – Palavras paroxítonas cuja terminação é -em, e que possuem -e tônico em hiato.


Isso ocorre com a 3a pessoa do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo. Exemplos: deem; lêem –
leem; relêem – releem; revêem.

5 – Palavras com trema: somente para palavras da língua portuguesa. Exemplos: bilíngüe – bilíngue;
enxágüe – enxágue; linguïça – linguiça.

6 – Paroxítonas homógrafas: são palavras que têm a mesma grafia, mas apresentam significados diferentes.
Exemplo: o verbo PARAR: pára – para. Antes do Acordo Ortográfico, a flexão do verbo “parar” era acentuada
para que fosse diferenciada da preposição “para”.
Atualmente, nenhuma delas recebe acentuação. Assim:
Antes: Ela sempre pára para ver a banda passar. [verbo / preposição]
Hoje: Ela sempre para para ver a banda passar. [verbo / preposição]

A crase

Definição: na gramática grega, o termo quer dizer “mistura “ou “contração”, e ocorre entre duas vogais,
uma final e outra inicial, em palavras unidas pelo sentido. Basicamente, desse modo: a (preposição) + a (artigo
feminino) = aa à; a (preposição) + aquela (pronome demonstrativo feminino) = àquela; a (preposição) + aquilo
(pronome demonstrativo feminino) = àquilo. Por ser a junção das vogais, a crase, como regra geral, ocorre diante
de palavras femininas, sendo a única exceção os pronomes demonstrativos aquilo e aquele, que recebem a
crase por terem “a” como sua vogal inicial. Crase não é o nome do acento, mas indicação do fenômeno de união
representado pelo acento grave.
A crase pode ser a contração da preposição a com:
– O artigo feminino definido a/as: “Foi à escola, mas não assistiu às aulas.”
– O pronome demonstrativo a/as: “Vá à paróquia central.”
– Os pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo: “Retorne àquele mesmo local.”
– O a dos pronomes relativos a qual e as quais: “São pessoas às quais devemos o maior respeito e
consideração”.
Perceba que a incidência da crase está sujeita à presença de duas vogais a (preposição + artigo ou
preposição + pronome) na construção sintática.

Técnicas para o emprego da crase

1 – Troque o termo feminino por um masculino, de classe semelhante. Se a combinação ao aparecer,


ocorrerá crase diante da palavra feminina.
Exemplos:
“Não conseguimos chegar ao hospital / à clínica.”
“Preferiu a fruta ao sorvete / à torta.”
“Comprei o carro / a moto.”
“Irei ao evento / à festa.”

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2 – Troque verbos que expressem a noção de movimento (ir, vir, chegar, voltar, etc.) pelo verbo voltar.
Se aparecer a preposição da, ocorrerá crase; caso apareça a preposição de, o acento grave não deve ser
empregado.
Exemplos:
“Vou a São Paulo. / Voltei de São Paulo.”
“Vou à festa dos Silva. / Voltei da Silva.”
“Voltarei a Roma e à Itália. / Voltarei de Roma e da Itália.”

3 – Troque o termo regente da preposição a por um que estabeleça a preposição por, em ou de. Caso essas
preposições não se façam contração com o artigo, isto é, não apareçam as formas pela(s), na(s) ou da(s), a
crase não ocorrerá.
Exemplos:
“Começou a estudar (sem crase) – Optou por estudar / Gosta de estudar / Insiste em estudar.”
“Refiro-me à sua filha (com crase) – Apaixonei-me pela sua filha / Gosto da sua filha / Votarei na sua filha.”
“Refiro-me a você. (sem crase) – Apaixonei-me por você / Gosto de você / Penso em você.”

4 – Tratando-se de locuções, isto é, grupo de palavras que expressam uma única ideia, a crase somente
deve ser empregada se a locução for iniciada por preposição e essa locução tiver como núcleo uma palavra
feminina, ocorrerá crase.
Exemplos:
“Tudo às avessas.”
“Barcos à deriva.”

5 – Outros casos envolvendo locuções e crase:


Na locução «à moda de”, pode estar implícita a expressão “moda de”, ficando somente o à explícito.
Exemplos:
“Arroz à (moda) grega.”
“Bife à (moda) parmegiana.”
Nas locuções relativas a horários, ocorra crase apenas no caso de horas especificadas e definidas
Exemplos:
“À uma hora.”
“Às cinco e quinze”.
Quanto a sua forma, o memorando segue o modelo do padrão ofício, com a diferença de que o seu desti-
natário deve ser mencionado pelo cargo que ocupa.
Exemplos:
Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração Ao Sr. Subchefe para Assuntos Jurídicos

Exposição de Motivos

— Definição e Finalidade
Exposição de motivos é o expediente dirigido ao Presidente da República ou ao Vice-Presidente para:
a) informá-lo de determinado assunto;
b) propor alguma medida; ou

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c) submeter a sua consideração projeto de ato normativo.
Em regra, a exposição de motivos é dirigida ao Presidente da República por um Ministro de Estado.
Nos casos em que o assunto tratado envolva mais de um Ministério, a exposição de motivos deverá ser
assinada por todos os Ministros envolvidos, sendo, por essa razão, chamada de interministerial.

— Forma e Estrutura
Formalmente, a exposição de motivos tem a apresentação do padrão ofício (v. 3. O Padrão Ofício). O anexo
que acompanha a exposição de motivos que proponha alguma medida ou apresente projeto de ato normativo,
segue o modelo descrito adiante. A exposição de motivos, de acordo com sua finalidade, apresenta duas for-
mas básicas de estrutura: uma para aquela que tenha caráter exclusivamente informativo e outra para a que
proponha alguma medida ou submeta projeto de ato normativo.
No primeiro caso, o da exposição de motivos que simplesmente leva algum assunto ao conhecimento do
Presidente da República, sua estrutura segue o modelo antes referido para o padrão ofício.
Já a exposição de motivos que submeta à consideração do Presidente da República a sugestão de alguma
medida a ser adotada ou a que lhe apresente projeto de ato normativo – embora sigam também a estrutura
do padrão ofício –, além de outros comentários julgados pertinentes por seu autor, devem, obrigatoriamente,
apontar:
a) na introdução: o problema que está a reclamar a adoção da medida ou do ato normativo proposto;
b) no desenvolvimento: o porquê de ser aquela medida ou aquele ato normativo o ideal para se solucionar
o problema, e eventuais alternativas existentes para equacioná-lo;
c) na conclusão, novamente, qual medida deve ser tomada, ou qual ato normativo deve ser editado para
solucionar o problema.
Deve, ainda, trazer apenso o formulário de anexo à exposição de motivos, devidamente preenchido, de
acordo com o seguinte modelo previsto no Anexo II do Decreto no 4.176, de 28 de março de 2002.
Anexo à Exposição de Motivos do (indicar nome do Ministério ou órgão equivalente) nº de 200.

1. Síntese do problema ou da situação que reclama providências

2. Soluções e providências contidas no ato normativo ou na medida proposta

3. Alternativas existentes às medidas propostas


Mencionar:
- Se há outro projeto do Executivo sobre a matéria;
- Se há projetos sobre a matéria no Legislativo;
- Outras possibilidades de resolução do problema.

4. Custos
Mencionar:
- Se a despesa decorrente da medida está prevista na lei orçamentária anual; se não, quais as alternativas
para custeá-la;
- Se é o caso de solicitar-se abertura de crédito extraordinário, especial ou suplementar;
- Valor a ser despendido em moeda corrente;

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5. Razões que justificam a urgência (a ser preenchido somente se o ato proposto for medido provisória ou
projeto de lei que deva tramitar em regime de urgência)
Mencionar:
- Se o problema configura calamidade pública;
- Por que é indispensável a vigência imediata;
- Se se trata de problema cuja causa ou agravamento não tenham sido previstos;
- Se se trata de desenvolvimento extraordinário de situação já prevista.

6. Impacto sobre o meio ambiente (sempre que o ato ou medida proposta possa vir a tê-lo)

7. Alterações propostas

8. Síntese do parecer do órgão jurídico


Com base em avaliação do ato normativo ou da medida proposta à luz das questões levantadas no item
10.4.3.
A falta ou insuficiência das informações prestadas pode acarretar, a critério da Subchefia para Assuntos Ju-
rídicos da Casa Civil, a devolução do projeto de ato normativo para que se complete o exame ou se reformule
a proposta. O preenchimento obrigatório do anexo para as exposições de motivos que proponham a adoção de
alguma medida ou a edição de ato normativo tem como finalidade:
a) permitir a adequada reflexão sobre o problema que se busca resolver;
b) ensejar mais profunda avaliação das diversas causas do problema e dos efeitos que pode ter a adoção
da medida ou a edição do ato, em consonância com as questões que devem ser analisadas na elaboração de
proposições normativas no âmbito do Poder Executivo (v. 10.4.3.).
c) conferir perfeita transparência aos atos propostos.
Dessa forma, ao atender às questões que devem ser analisadas na elaboração de atos normativos no âmbi-
to do Poder Executivo, o texto da exposição de motivos e seu anexo complementam-se e formam um todo coe-
so: no anexo, encontramos uma avaliação profunda e direta de toda a situação que está a reclamar a adoção
de certa providência ou a edição de um ato normativo; o problema a ser enfrentado e suas causas; a solução
que se propõe, seus efeitos e seus custos; e as alternativas existentes. O texto da exposição de motivos fica,
assim, reservado à demonstração da necessidade da providência proposta: por que deve ser adotada e como
resolverá o problema. Nos casos em que o ato proposto for questão de pessoal (nomeação, promoção, ascensão,
transferência, readaptação, reversão, aproveitamento, reintegração, recondução, remoção, exoneração, demissão,
dispensa, disponibilidade, aposentadoria), não é necessário o encaminhamento do formulário de anexo à exposição
de motivos.
Ressalte-se que:
– A síntese do parecer do órgão de assessoramento jurídico não dispensa o encaminhamento do parecer
completo;
– O tamanho dos campos do anexo à exposição de motivos pode ser alterado de acordo com a maior ou
menor extensão dos comentários a serem ali incluídos.
Ao elaborar uma exposição de motivos, tenha presente que a atenção aos requisitos básicos da redação
oficial (clareza, concisão, impessoalidade, formalidade, padronização e uso do padrão culto de linguagem) deve ser
redobrada. A exposição de motivos é a principal modalidade de comunicação dirigida ao Presidente da República
pelos Ministros. Além disso, pode, em certos casos, ser encaminhada cópia ao Congresso Nacional ou ao Poder
Judiciário ou, ainda, ser publicada no Diário Oficial da União, no todo ou em parte.

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Mensagem

— Definição e Finalidade
É o instrumento de comunicação oficial entre os Chefes dos Poderes Públicos, notadamente as mensa-
gens enviadas pelo Chefe do Poder Executivo ao Poder Legislativo para informar sobre fato da Administração
Pública; expor o plano de governo por ocasião da abertura de sessão legislativa; submeter ao Congresso
Nacional matérias que dependem de deliberação de suas Casas; apresentar veto; enfim, fazer e agradecer
comunicações de tudo quanto seja de interesse dos poderes públicos e da Nação. Minuta de mensagem pode
ser encaminhada pelos Ministérios à Presidência da República, a cujas assessorias caberá a redação final. As
mensagens mais usuais do Poder Executivo ao Congresso Nacional têm as seguintes finalidades:
a) encaminhamento de projeto de lei ordinária, complementar ou financeira. Os projetos de lei ordinária ou
complementar são enviados em regime normal (Constituição, art. 61) ou de urgência (Constituição, art. 64, §§
1o a 4o). Cabe lembrar que o projeto pode ser encaminhado sob o regime normal e mais tarde ser objeto de
nova mensagem, com solicitação de urgência. Em ambos os casos, a mensagem se dirige aos Membros do
Congresso Nacional, mas é encaminhada com aviso do Chefe da Casa Civil da Presidência da República ao
Primeiro Secretário da Câmara dos Deputados, para que tenha início sua tramitação (Constituição, art. 64,
caput). Quanto aos projetos de lei financeira (que compreendem plano plurianual, diretrizes orçamentárias,
orçamentos anuais e créditos adicionais), as mensagens de encaminhamento dirigem-se aos Membros do Con-
gresso Nacional, e os respectivos avisos são endereçados ao Primeiro Secretário do Senado Federal. A razão
é que o art. 166 da Constituição impõe a deliberação congressual sobre as leis financeiras em sessão conjunta,
mais precisamente, “na forma do regimento comum”. E à frente da Mesa do Congresso Nacional está o Presi-
dente do Senado Federal (Constituição, art. 57, § 5o), que comanda as sessões conjuntas. As mensagens aqui
tratadas coroam o processo desenvolvido no âmbito do Poder Executivo, que abrange minucioso exame técni-
co, jurídico e econômico-financeiro das matérias objeto das proposições por elas encaminhadas. Tais exames
materializam-se em pareceres dos diversos órgãos interessados no assunto das proposições, entre eles o da
Advocacia-Geral da União. Mas, na origem das propostas, as análises necessárias constam da exposição de
motivos do órgão onde se geraram (v. 3.1. Exposição de Motivos) – exposição que acompanhará, por cópia, a
mensagem de encaminhamento ao Congresso.
b) encaminhamento de medida provisória.
Para dar cumprimento ao disposto no art. 62 da Constituição, o Presidente da República encaminha mensa-
gem ao Congresso, dirigida a seus membros, com aviso para o Primeiro Secretário do Senado Federal, juntan-
do cópia da medida provisória, autenticada pela Coordenação de Documentação da Presidência da República.
c) indicação de autoridades.
As mensagens que submetem ao Senado Federal a indicação de pessoas para ocuparem determinados
cargos (magistrados dos Tribunais Superiores, Ministros do TCU, Presidentes e Diretores do Banco Central,
Procurador-Geral da República, Chefes de Missão Diplomática, etc.) têm em vista que a Constituição, no seu
art. 52, incisos III e IV, atribui àquela Casa do Congresso Nacional competência privativa para aprovar a indica-
ção. O curriculum vitae do indicado, devidamente assinado, acompanha a mensagem.
d) pedido de autorização para o Presidente ou o Vice-Presidente da República se ausentarem do País por
mais de 15 dias. Trata-se de exigência constitucional (Constituição, art. 49, III, e 83), e a autorização é da com-
petência privativa do Congresso Nacional. O Presidente da República, tradicionalmente, por cortesia, quando
a ausência é por prazo inferior a 15 dias, faz uma comunicação a cada Casa do Congresso, enviando-lhes
mensagens idênticas.
e) encaminhamento de atos de concessão e renovação de concessão de emissoras de rádio e TV. A obriga-
ção de submeter tais atos à apreciação do Congresso Nacional consta no inciso XII do artigo 49 da Constitui-
ção. Somente produzirão efeitos legais a outorga ou renovação da concessão após deliberação do Congresso
Nacional (Constituição, art. 223, § 3o). Descabe pedir na mensagem a urgência prevista no art. 64 da Cons-
tituição, porquanto o § 1o do art. 223 já define o prazo da tramitação. Além do ato de outorga ou renovação,
acompanha a mensagem o correspondente processo administrativo.

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f) encaminhamento das contas referentes ao exercício anterior. O Presidente da República tem o prazo de
sessenta dias após a abertura da sessão legislativa para enviar ao Congresso Nacional as contas referentes ao
exercício anterior (Constituição, art. 84, XXIV), para exame e parecer da Comissão Mista permanente (Consti-
tuição, art. 166, § 1o), sob pena de a Câmara dos Deputados realizar a tomada de contas (Constituição, art. 51,
II), em procedimento disciplinado no art. 215 do seu Regimento Interno.
g) mensagem de abertura da sessão legislativa.
Ela deve conter o plano de governo, exposição sobre a situação do País e solicitação de providências que
julgar necessárias (Constituição, art. 84, XI). O portador da mensagem é o Chefe da Casa Civil da Presidência
da República. Esta mensagem difere das demais porque vai encadernada e é distribuída a todos os Congres-
sistas em forma de livro.
h) comunicação de sanção (com restituição de autógrafos).
Esta mensagem é dirigida aos Membros do Congresso Nacional, encaminhada por Aviso ao Primeiro Se-
cretário da Casa onde se originaram os autógrafos. Nela se informa o número que tomou a lei e se restituem
dois exemplares dos três autógrafos recebidos, nos quais o Presidente da República terá aposto o despacho
de sanção.
i) comunicação de veto.
Dirigida ao Presidente do Senado Federal (Constituição, art. 66, § 1o), a mensagem informa sobre a decisão
de vetar, se o veto é parcial, quais as disposições vetadas, e as razões do veto. Seu texto vai publicado na ínte-
gra no Diário Oficial da União (v. 4.2. Forma e Estrutura), ao contrário das demais mensagens, cuja publicação
se restringe à notícia do seu envio ao Poder Legislativo. (v. 19.6.Veto)
j) outras mensagens.
Também são remetidas ao Legislativo com regular frequência mensagens com:
– Encaminhamento de atos internacionais que acarretam encargos ou compromissos gravosos (Constitui-
ção, art. 49, I);
– Pedido de estabelecimento de alíquotas aplicáveis às operações e prestações interestaduais e de expor-
tação
(Constituição, art. 155, § 2o, IV);
– Proposta de fixação de limites globais para o montante da dívida consolidada (Constituição, art. 52, VI);
– Pedido de autorização para operações financeiras externas (Constituição, art. 52, V); e outros.
Entre as mensagens menos comuns estão as de:
– Convocação extraordinária do Congresso Nacional (Constituição, art. 57, § 6o);
– Pedido de autorização para exonerar o Procurador-Geral da República (art. 52, XI, e 128, § 2o);
– Pedido de autorização para declarar guerra e decretar mobilização nacional (Constituição, art. 84, XIX);
– Pedido de autorização ou referendo para celebrar a paz (Constituição, art. 84, XX);
– Justificativa para decretação do estado de defesa ou de sua prorrogação (Constituição, art. 136, § 4o);
– Pedido de autorização para decretar o estado de sítio (Constituição, art. 137);
– Relato das medidas praticadas na vigência do estado de sítio ou de defesa (Constituição, art. 141, pará-
grafo único);
– Proposta de modificação de projetos de leis financeiras (Constituição, art. 166, § 5o);
– Pedido de autorização para utilizar recursos que ficarem sem despesas correspondentes, em decorrência
de veto, emenda ou rejeição do projeto de lei orçamentária anual (Constituição, art. 166, § 8o);
– Pedido de autorização para alienar ou conceder terras públicas com área superior a 2.500 ha (Constitui-
ção, art. 188, § 1o); etc.

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— Forma e Estrutura
As mensagens contêm:
a) a indicação do tipo de expediente e de seu número, horizontalmente, no início da margem esquerda:
Mensagem no
b) vocativo, de acordo com o pronome de tratamento e o cargo do destinatário, horizontalmente, no início
da margem esquerda; Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado Federal,
c) o texto, iniciando a 2 cm do vocativo;
d) o local e a data, verticalmente a 2 cm do final do texto, e horizontalmente fazendo coincidir seu final com
a margem direita.
A mensagem, como os demais atos assinados pelo Presidente da República, não traz identificação de seu
signatário.

Telegrama

— Definição e Finalidade
Com o fito de uniformizar a terminologia e simplificar os procedimentos burocráticos, passa a receber o
título de telegrama toda comunicação oficial expedida por meio de telegrafia, telex, etc. Por tratar-se de forma
de comunicação dispendiosa aos cofres públicos e tecnologicamente superada, deve restringir-se o uso do
telegrama apenas àquelas situações que não seja possível o uso de correio eletrônico ou fax e que a urgência
justifique sua utilização e, também em razão de seu custo elevado, esta forma de comunicação deve pautar-se
pela concisão (v. 1.4. Concisão e Clareza).

— Forma e Estrutura
Não há padrão rígido, devendo-se seguir a forma e a estrutura dos formulários disponíveis nas agências dos
Correios e em seu sítio na Internet.

Fax

— Definição e Finalidade
O fax (forma abreviada já consagrada de fac-símile) é uma forma de comunicação que está sendo menos
usada devido ao desenvolvimento da Internet. É utilizado para a transmissão de mensagens urgentes e para o
envio antecipado de documentos, de cujo conhecimento há premência, quando não há condições de envio do
documento por meio eletrônico. Quando necessário o original, ele segue posteriormente pela via e na forma
de praxe. Se necessário o arquivamento, deve-se fazê-lo com cópia xerox do fax e não com o próprio fax, cujo
papel, em certos modelos, se deteriora rapidamente.

— Forma e Estrutura
Os documentos enviados por fax mantêm a forma e a estrutura que lhes são inerentes. É conveniente o
envio, juntamente com o documento principal, de folha de rosto, i. é., de pequeno formulário com os dados de
identificação da mensagem a ser enviada, conforme exemplo a seguir:

Correio Eletrônico

— Definição e finalidade
Correio eletrônico (“e-mail”), por seu baixo custo e celeridade, transformou-se na principal forma de comu-
nicação para transmissão de documentos.

— Forma e Estrutura
Um dos atrativos de comunicação por correio eletrônico é sua flexibilidade. Assim, não interessa definir
forma rígida para sua estrutura. Entretanto, deve-se evitar o uso de linguagem incompatível com uma comuni-
cação oficial (v. 1.2 A Linguagem dos Atos e Comunicações Oficiais). O campo assunto do formulário de correio

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eletrônico mensagem deve ser preenchido de modo a facilitar a organização documental tanto do destinatário
quanto do remetente. Para os arquivos anexados à mensagem deve ser utilizado, preferencialmente, o formato
Rich Text. A mensagem que encaminha algum arquivo deve trazer informações mínimas sobre seu conteúdo.
Sempre que disponível, deve-se utilizar recurso de confirmação de leitura. Caso não seja disponível, deve
constar na mensagem o pedido de confirmação de recebimento.

—Valor documental
Nos termos da legislação em vigor, para que a mensagem de correio eletrônico tenha valor documental,
i. é, para que possa ser aceito como documento original, é necessário existir certificação digital que ateste a
identidade do remetente, na forma estabelecida em lei.

Periodização da literatura brasileira; estudo dos principais autores dos estilos de épo-
ca

Origens
O estudo sobre as origens da literatura brasileira deve ser feito levando-se em conta duas vertentes: a histó-
rica e a estética. O ponto de vista histórico orienta no sentido de que a literatura brasileira é uma expressão de
cultura gerada no seio da literatura portuguesa. Como até bem pouco tempo eram muito pequenas as diferen-
ças entre a literatura dos dois países, os historiadores acabaram enaltecendo o processo da formação literária
brasileira, a partir de uma multiplicidade de coincidências formais e temáticas.
A outra vertente (aquela que salienta a estética como pressuposto para a análise literária brasileira) ressalta
as divergências que desde o primeiro instante se acumularam no comportamento (como nativo e colonizado) do
homem americano, influindo na composição da obra literária. Em outras palavras, considerando que a situação
do colono tinha de resultar numa nova concepção da vida e das relações humanas, com uma visão própria da
realidade, a corrente estética valoriza o esforço pelo desenvolvimento das formas literárias no Brasil, em busca
de uma expressão própria, tanto quanto possível original
Em resumo: estabelecer a autonomia literária é descobrir os momentos em que as formas e artifícios literários
se prestam a fixar a nova visão estética da nova realidade. Assim, a literatura, ao invés de períodos cronológicos,
deverá ser dividida, desde o seu nascedouro, de acordo com os estilos correspondentes às suas diversas fases, do
Quinhentismo ao Modernismo, até a fase da contemporaneidade.
Duas eras - A literatura brasileira tem sua história dividida em duas grandes eras, que acompanham a evolu-
ção política e econômica do país: a Era Colonial e a Era Nacional, separadas por um período de transição, que
corresponde à emancipação política do Brasil. As eras apresentam subdivisões chamadas escolas literárias ou
estilos de época.
A Era Colonial abrange o Quinhentismo (de 1500, ano do descobrimento, a 1601), o Seiscentismo ou Bar-
roco (de 1601 a 1768), o Setecentismo (de 1768 a 1808) e o período de Transição (de 1808 a 1836). A Era
Nacional, por sua vez, envolve o Romantismo (de 1836 a 1881), o Realismo (de 1881 a 1893), o Simbolismo
(de 1893 a 1922) e o Modernismo (de 1922 a 1945). A partir daí o que está em estudo é a contemporaneidade
da literatura brasileira.

O Quinhentismo
Essa expressão é a denominação genérica de todas as manifestações literárias ocorridas no Brasil durante
o século XVI, correspondendo à introdução da cultura europeia em terras brasileiras. Não se pode falar em
uma literatura “do” Brasil, como característica do País naquele período, mas sim em literatura “no” Brasil – uma
literatura ligada ao Brasil, mas que denota as ambições e as intenções do homem europeu.
No quinhentismo, o que se demonstrava era o momento histórico vivido pela Península Ibérica, que abran-
gia uma literatura informativa e uma literatura dos jesuítas, como principais manifestações literárias no século
XVI. Quem produzia literatura naquele período estava com os olhos voltados para as riquezas materiais (ouro,
prata, ferro, madeira etc.), enquanto a literatura dos jesuítas preocupava-se com o trabalho de catequese.

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1807869 E-book gerado especialmente para JAINE NEVES SILVA
Com exceção da carta de Pero Vaz de Caminha, considerada o primeiro documento da literatura no Brasil,
as principais crônicas da literatura informativa datam da segunda metade do século XVI, fato compreensível, já
que a colonização só pode ser contada a partir de 1530. A literatura jesuítica, por seu lado, também caracteriza
o final do Quinhentismo, tendo esses religiosos pisado o solo brasileiro somente em 1549.
A literatura informativa, também chamada de literatura dos viajantes ou dos cronistas, reflexo das grandes
navegações, empenha-se em fazer um levantamento da terra nova, de sua flora, fauna, de sua gente. É, por-
tanto, uma literatura meramente descritiva e, como tal, sem grande valor literário
A principal característica dessa manifestação é a exaltação da terra, resultante do assombro do europeu
que vinha de um mundo temperado e se defrontava com o exotismo e a exuberância de um mundo tropical.
Com relação à linguagem, o louvor à terra aparece no uso exagerado de adjetivos, quase sempre empregados
no superlativo (belo é belíssimo, lindo é lindíssimo etc.)
O melhor exemplo da escola quinhentista brasileira é Pero Vaz de Caminha. Sua “Carta a El Rei Dom Ma-
nuel sobre o achamento do Brasil”, além do inestimável valor histórico, é um trabalho de bom nível literário. O
texto da carta mostra claramente o duplo objetivo que, segundo Caminha, impulsionava os portugueses para
as aventuras marítimas, isto é, a conquista dos bens materiais e a dilatação da fé cristã Literatura jesuíta - Con-
sequência da Contrarreforma, a principal preocupação dos jesuítas era o trabalho de catequese, objetivo que
determinou toda a sua produção literária, tanto na poesia quanto no teatro. Mesmo assim, do ponto de vista
estético, foi a melhor produção literária do Quinhentismo brasileiro. Além da poesia de devoção, os jesuítas
cultivaram o teatro de caráter pedagógico, baseado em trechos bíblicos, e as cartas que informavam aos supe-
riores na Europa sobre o andamento dos trabalhos na colônia.
Não se pode comentar, no entanto, a literatura dos jesuítas sem referências ao que o padre José de An-
chieta representa para o Quinhentismo brasileiro. Chamado pelos índios de «Grande Piahy» (supremo pajé
branco), Anchieta veio para o Brasil em 1553 e, no ano seguinte, fundou um colégio no planalto paulista, a partir
do qual surgiu a cidade de São Paulo.
Ao realizar um exaustivo trabalho de catequese, José de Anchieta deixou uma fabulosa herança literária: a
primeira gramática do tupi-guarani, insuperável cartilha para o ensino da língua dos nativos; várias poesias no
estilo do verso medieval; e diversos autos, segundo o modelo deixado pelo poeta português Gil Vicente, que
agrega à moral religiosa católica os costumes dos indígenas, sempre com a preocupação de caracterizar os
extremos, como o bem e o mal, o anjo e o diabo.

O Barroco
O Barroco no Brasil tem seu marco inicial em 1601, com a publicação do poema épico «Prosopopeia”, de
Bento Teixeira, que introduz definitivamente o modelo da poesia camoniana em nossa literatura. Estende-se por
todo o século XVII e início do XVIII.
Embora o Barroco brasileiro seja datado de 1768, com a fundação da Arcádia Ultramarina e a publicação
do livro “Obras”, de Cláudio Manuel da Costa, o movimento academicista ganha corpo a partir de 1724, com a
fundação da Academia Brasílica dos Esquecidos. Este fato assinala a decadência dos valores defendidos pelo
Barroco e a ascensão do movimento árcade. O termo barroco denomina genericamente todas as manifesta-
ções artísticas dos anos de 1600 e início dos anos de 1700. Além da literatura, estende-se à música, pintura,
escultura e arquitetura da época.
Antes do texto de Bento Teixeira, os sinais mais evidentes da influência da poesia barroca no Brasil surgiram
a partir de 1580 e começaram a crescer nos anos seguintes ao domínio espanhol na Península Ibérica, já que é
a Espanha a responsável pela unificação dos reinos da região, o principal foco irradiador do novo estilo poético.
O quadro brasileiro se completa no século XVII, com a presença cada vez mais forte dos comerciantes,
com as transformações ocorridas no Nordeste em consequência das invasões holandesas e, finalmente, com
o apogeu e a decadência da cana-de-açúcar,
Uma das principais referências do barroco brasileiro é Gregório de Matos Guerra, poeta baiano que cultivou
com a mesma beleza tanto o estilo cultista quanto o conceptista (o cultismo é marcado pela linguagem rebusca-
da, extravagante, enquanto o conceptismo caracteriza-se pelo jogo de ideias, de conceitos. O primeiro valoriza
o pormenor, enquanto o segundo segue um raciocínio lógico, racionalista)

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Na poesia lírica e religiosa, Gregório de Matos deixa claro certo idealismo renascentista, colocado ao lado
do conflito (como de hábito na época) entre o pecado e o perdão, buscando a pureza da fé, mas tendo ao mes-
mo tempo necessidade de viver a vida mundana. Contradição que o situava com perfeição na escola barroca
do Brasil.
Antônio Vieira - Se por um lado, Gregório de Matos mexeu com as estruturas morais e a tolerância de muita
gente - como o administrador português, o próprio rei, o clero e os costumes da própria sociedade baiana do
século XVII - por outro, ninguém angariou tantas críticas e inimizades quanto o “impiedoso” Padre Antônio Viei-
ra, detentor de um invejável volume de obras literárias, inquietantes para os padrões da época.
Politicamente, Vieira tinha contra si a pequena burguesia cristã (por defender o capitalismo judaico e os cris-
tãos-novos); os pequenos comerciantes (por defender o monopólio comercial); e os administradores e colonos
(por defender os índios). Essas posições, principalmente a defesa dos cristãos-novos, custaram a Vieira uma
condenação da Inquisição, ficando preso de 1665 a 1667. A obra do Padre Antônio Vieira pode ser dividida em
três tipos de trabalhos: Profecias, Cartas e Sermões.
As Profecias constam de três obras: História do Futuro, Esperanças de Portugal e Clavis Prophetarum.
Nelas se notam o sebastianismo e as esperanças de que Portugal se tornaria o “quinto império do Mundo”. Se-
gundo ele, tal fato estaria escrito na Bíblia. Aqui ele demonstra bem seu estilo alegórico de interpretação bíblica
(uma característica quase que constante de religiosos brasileiros íntimos da literatura barroca). Além, é claro,
de revelar um nacionalismo megalomaníaco e servidão incomum.
O grosso da produção literária do Padre Antônio Vieira está nas cerca de 500 cartas.
Elas versam sobre o relacionamento entre Portugal e Holanda, sobre a Inquisição e os cristãos novos e
sobre a situação da colônia, transformando-se em importantes documentos históricos.
Os melhores de sua obra, no entanto, estão nos 200 sermões. De estilo barroco conceptista, totalmente
oposto ao Gongorismo, o pregador português joga com as ideias e os conceitos, segundo os ensinamentos de
retórica dos jesuítas. Um dos seus principais trabalhos é o Sermão da Sexagésima, pregado na capela Real de
Lisboa, em 1655. A obra também ficou conhecida como “A palavra de Deus”.
Polêmico, este sermão resume a arte de pregar. Com ele, Vieira procurou atingir seus adversários católicos,
os gongóricos dominicanos, analisando no sermão “Porque não frutificava a Palavra de Deus na terra”, atribuin-
do-lhes culpa.

O Arcadismo
O Arcadismo no Brasil começa no ano de 1768, com dois fatos marcantes: a fundação da Arcádia Ultra-
marina e a publicação de Obras, de Cláudio Manuel da Costa. A escola setecentista, por sinal, desenvolve-se
até 1808, com a chegada da Família Real ao Rio de Janeiro, que, com suas medidas político-administrativas,
permite a introdução do pensamento pré-romântico no Brasil.
No início do século XVIII dá-se a decadência do pensamento barroco, para a qual vários fatores colabora-
ram, entre eles o cansaço do público com o exagero da expressão barroca e da chamada arte cortesã, que se
desenvolvera desde a Renascença e atinge em meados do século um estágio estacionário (e até decadente),
perdendo terreno para o subjetivismo burguês; o problema da ascensão burguesa superou o problema religio-
so; surgem as primeiras arcádias, que procuram a pureza e a simplicidade das formas clássicas; os burgueses,
como forma de combate ao poder monárquico, começam a cultuar o “bom selvagem”, em oposição ao homem
corrompido pela sociedade.
Gosto burguês - Assim, a burguesia atinge uma posição de domínio no campo econômico e passa a lutar
pelo poder político, então em mãos da monarquia. Isto se reflete claramente no campo social e das artes: a
antiga arte cerimonial das cortes cede lugar ao poder do gosto burguês.
Pode-se dizer que a falta de substitutos para o padre Antônio Vieira e Gregório de Matos, mortos nos últimos
cinco anos do século XVII, foi também um aspecto motivador do surgimento do Arcadismo no Brasil. De qual-
quer forma, suas características no País seguem a linha europeia: a volta aos padrões clássicos da Antiguidade
e do Renascimento; a simplicidade; a poesia bucólica, pastoril; o fingimento poético e o uso de pseudônimos.
Quanto ao aspecto formal, a escola é marcada pelo soneto, os versos decassílabos, a rima optativa e a tradição
da poesia épica. O Arcadismo tem como principais nomes: Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga,
José de Santa Rita Durão e Basílio da Gama.

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O Romantismo
O Romantismo se inicia no Brasil em 1836, quando Gonçalves de Magalhães publica na França a “Niterói
- Revista Brasiliense”, e, no mesmo ano, lança um livro de poesias românticas intitulado “Suspiros poéticos e
saudades”.
Em 1822, Dom Pedro I concretiza um movimento que se fazia sentir, de forma mais imediata, desde 1808: a
independência do Brasil. A partir desse momento, o novo país necessita inserir-se no modelo moderno, acom-
panhando as nações independentes da Europa e América. A imagem do português conquistador deveria ser
varrida. Há a necessidade de autoafirmação da pátria que se formava. O ciclo da mineração havia dado condi-
ções para que as famílias mais abastadas mandassem seus filhos à Europa, em particular França e Inglaterra,
onde buscavam soluções para os problemas brasileiros. O Brasil de então nem chegava perto da formação
social dos países industrializados da Europa (burguesia/proletariado). A estrutura social do passado próximo
(aristocracia/escravo) ainda prevalecia. Nesse Brasil, segundo o historiador José de Nicola, “o ser burguês ain-
da não era uma posição econômica e social, mas mero estado de espírito, norma de comportamento”.
Marco final - Nesse período, Gonçalves de Magalhães viajava pela Europa. Em 1836, ele funda a revista
Niterói, da qual circularam apenas dois números, em Paris.
Nela, ele publica o “Ensaio sobre a história da literatura brasileira”, considerado o nosso primeiro manifesto
romântico. Essa escola literária só teve seu marco final no ano de 1881, quando foram lançados os primeiros
romances de tendência naturalista e realista, como “O mulato”, de Aluízio Azevedo, e “Memórias póstumas
de Brás Cubas”, de Machado de Assis. Manifestações do movimento realista, aliás, já vinham ocorrendo bem
antes do início da decadência do Romantismo, como, por exemplo, o liderado por Tobias Barreto desde 1870,
na Escola de Recife.
O Romantismo, como se sabe, define-se como modismo nas letras universais a partir dos últimos 25 anos
do século XVIII. A segunda metade daquele século, com a industrialização modificando as antigas relações
econômicas, leva a Europa a uma nova composição do quadro político e social, que tanto influenciaria os tem-
pos modernos. Daí a importância que os modernistas deram à Revolução Francesa, tão exaltada por Gonçal-
ves de Magalhães. Em seu “Discurso sobre a história da literatura do Brasil”, ele diz: “...Eis aqui como o Brasil
deixou de ser colônia e foi depois elevado à categoria de Reino Unido. Sem a Revolução Francesa, que tanto
esclareceu os povos, esse passo tão cedo se não daria...”.
A classe social delineia-se em duas classes distintas e antagônicas, embora atuassem paralelas durante a
Revolução Francesa: a classe dominante, agora representada pela burguesia capitalista industrial, e a classe
dominada, representada pelo proletariado. O Romantismo foi uma escola burguesa de caráter ideológico, a fa-
vor da classe dominante. Daí porque o nacionalismo, o sentimentalismo, o subjetivismo e o irracionalismo - ca-
racterísticas marcantes do Romantismo inicial - não podem ser analisados isoladamente, sem se fazer menção
à sua carga ideológica.
Novas influências - No Brasil, o momento histórico em que ocorre o Romantismo tem que ser visto a partir
das últimas produções árcades, caracterizadas pela sátira política de Gonzaga e Silva Alvarenga. Com a che-
gada da Corte, o Rio de Janeiro passa por um processo de urbanização, tornando-se um campo propício à
divulgação das novas influências europeias. A colônia caminhava no rumo da independência.
Após 1822, cresce no Brasil independente o sentimento de nacionalismo, busca-se o passado histórico,
exalta-se a natureza pátria. Na realidade, características já cultivadas na Europa, e que se encaixaram perfei-
tamente à necessidade brasileira de ofuscar profundas crises sociais, financeiras e econômicas.
De 1823 a 1831, o Brasil viveu um período conturbado, como reflexo do autoritarismo de D. Pedro I: a dis-
solução da Assembleia Constituinte; a Constituição outorgada; a Confederação do Equador; a luta pelo trono
português contra seu irmão D. Miguel; a acusação de ter mandado assassinar Líbero Badaró e, finalmente, a
abolição da escravatura. Segue-se o período regencial e a maioridade prematura de Pedro II. É neste ambiente
confuso e inseguro que surge o Romantismo brasileiro, carregado de lusofobia e, principalmente, de naciona-
lismo.
No final do Romantismo brasileiro, a partir de 1860, as transformações econômicas, políticas e sociais
levam a uma literatura mais próxima da realidade; a poesia reflete as grandes agitações, como a luta abolicio-
nista, a Guerra do Paraguai, o ideal de República. É a decadência do regime monárquico e o aparecimento da
poesia social de Castro Alves. No fundo, uma transição para o Realismo.

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O Romantismo apresenta uma característica inusitada: revela nitidamente uma evolução no comportamento
dos autores românticos. A comparação entre os primeiros e os últimos representantes dessa escola mostra tra-
ços peculiares a cada fase, mas discrepantes entre si. No caso brasileiro, por exemplo, há uma distância con-
siderável entre a poesia de Gonçalves Dias e a de Castro Alves. Daí a necessidade de se dividir o Romantismo
em fases ou gerações. No romantismo brasileiro podemos reconhecer três gerações: Geração Nacionalista ou
indianista; geração do “mal do século” e a “geração condoreira”.
A primeira (nacionalista ou indianista) é marcada pela exaltação da natureza, volta ao passado histórico,
medievalismo, criação do herói nacional na figura do índio, de onde surgiu a denominação “geração indianista”.
O sentimentalismo e a religiosidade são outras características presentes. Entre os principais autores, desta-
cam-se Gonçalves de Magalhães, Gonçalves Dias e Araújo Porto.
Egocentrismo - A segunda (do mal do século, também chamada de geração byroniana, de Lord Byron) é im-
pregnada de egocentrismo, negativismo boêmio, pessimismo, dúvida, desilusão adolescente e tédio constante.
Seu tema preferido é a fuga da realidade, que se manifesta na idealização da infância, nas virgens sonhadas
e na exaltação da morte. Os principais poetas dessa geração foram Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu,
Junqueira Freire e Fagundes Varela.
A geração condoreira, caracterizada pela poesia social e libertária, reflete as lutas internas da segunda me-
tade do reinado de D. Pedro II. Essa geração sofreu intensamente a influência de Victor Hugo e de sua poesia
político-social, daí ser conhecida como geração hugoana. O termo condoreirismo é consequência do símbolo
de liberdade adotado pelos jovens românticos: o condor, águia que habita o alto da condilheira dos Antes. Seu
principal representante foi Castro Alves, seguido por Tobias Barreto e Sousândrade.
Duas outras variações literárias do Romantismo merecem destaque: a prosa e o teatro romântico. José
de Nicola demonstrou quais as explicações para o aparecimento e desenvolvimento do romance no Brasil: “A
importação ou simples tradução de romances europeus; a urbanização do Rio de Janeiro, transformado, en-
tão, em Corte, criando uma sociedade consumidora representada pela aristocracia rural, profissionais liberais,
jovens estudantes, todos em busca de entretenimento; o espírito nacionalista em consequência da indepen-
dência política a exigir uma “cor local” para os enredos; o jornalismo vivendo o seu primeiro grande impulso e a
divulgação em massa de folhetins; o avanço do teatro nacional.”.
Os romances respondiam às exigências daquele público leitor; giravam em torno da descrição dos costu-
mes urbanos, ou de amenidades das zonas rurais, ou de imponentes selvagens, apresentando personagens
idealizados pela imaginação e ideologia românticas com os quais o leitor se identificava, vivendo uma realidade
que lhe convinha. Algumas poucas obras, porém, fugiram desse esquema, como “Memórias de um Sargento
de Milícias”, de Manuel Antônio de Almeida, e até “Inocência”, do Visconde de Taunay.
Ao se considerar a mera cronologia, o primeiro romance brasileiro foi “O filho do pescador”, publicado em
1843, de autoria de Teixeira de Souza (1812-1881). Mas se tratava de um romance sentimentalóide, de trama
confusa e que não serve para definir as linhas que o romance romântico seguiria na literatura brasileira.
Por esta razão, sobretudo pela aceitação obtida junto ao público leitor, justamente por ter moldado o gosto
deste público ou correspondido às suas expectativas, convencionou-se adotar o romance “A Moreninha”, de
Joaquim Manuel de Macedo, publicado em 1844, como o primeiro romance brasileiro.
Dentro das características básicas da prosa romântica, destacam-se, além de Joaquim Manuel de Mace-
do, Manuel Antônio de Almeida e José de Alencar. Almeida, por sinal, com as “Memórias de um Sargento de
Milícias” realizou uma obra totalmente inovadora para sua época, exatamente quando Macedo dominava o
ambiente literário. As peripécias de um sargento descritas por ele podem ser consideradas como o verdadeiro
romance de costumes do Romantismo brasileiro, pois abandona a visão da burguesia urbana, para retratar o
povo com toda a sua simplicidade.
“Casamento” - José de Alencar, por sua vez, aparece na literatura brasileira como o consolidador do roman-
ce, um ficcionista que cai no gosto popular. Sua obra é um retrato fiel de suas posições políticas e sociais. Ele
defendia o “casamento” entre o nativo e o europeu colonizador, numa troca de favores: uns ofereciam a natu-
reza virgem, um solo esplêndido; outros a cultura. Da soma desses fatores resultaria um Brasil independente.
“O guarani” é o melhor exemplo, ao se observar a relação do principal personagem da obra, o índio Peri, com
a família de D. Antônio de Mariz.

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Esse jogo de interesses entre o índio e o europeu, proposto por Alencar, aparece também em Iracema (um
anagrama da palavra América), na relação da índia com o Português Martim. Moacir, filho de Iracema e Martim,
é o primeiro brasileiro fruto desse casamento.
José de Alencar diversificou tanto sua obra, que tornou possível uma classificação por modalidades: roman-
ces urbanos ou de costumes (retratando a sociedade carioca de sua época - o Rio do II Reinado); romances
históricos (dois, na verdade, voltados para o período colonial brasileiro - “As minas de prata” e “A guerra dos
mascates”); romances regionais (“O sertanejo” e “O gaúcho” são as duas obras regionais de Alencar); roman-
ces rurais (como “Til” e “O tronco do ipê”); e romances indianistas (que trouxeram maior popularidade para o
escritor, como “O Guarani”, “Iracema” e “Ubirajara”).

Realismo e Naturalismo
“O Realismo é uma reação contra o Romantismo: o Romantismo era a apoteose do sentimento - o Realismo
é a anatomia do caráter. É a crítica do homem. É a arte que nos pinta a nossos próprios olhos - para condenar
o que houve de mau na nossa sociedade”. Ao cunhar este conceito, Eça de Queiroz sintetizou a visão de vida
que os autores da escola realista tinham do homem durante e logo após o declínio do Romantismo.
Esse estilo de época teve uma prévia: os românticos Castro Alves, Sousândrade e Tobias Barreto, embora
fizessem uma poesia romântica na forma e na expressão, utilizavam temas voltados para a realidade político-
-social da época (final da década de 1860). Da mesma forma, algumas produções do romance romântico já
apontavam para um novo estilo na literatura brasileira, como algumas obras de Manuel Antônio de Almeida,
Franklin Távora e Visconde de Taunay. Começava-se o abandono do Romantismo enquanto surgiam os primei-
ros sinais do Realismo.
Na década de 70 surge a chamada Escola de Recife, com Tobias Barreto, Silvio Romero e outros, aproxi-
mando-se das ideias europeias ligadas ao positivismo, ao evolucionismo e, principalmente, à filosofia. São os
ideais do Realismo que encontravam ressonância no conturbado momento histórico vivido pelo Brasil, sob o
signo do abolicionismo, do ideal republicano e da crise da Monarquia.
No Brasil considera-se 1881 como o ano inaugural do Realismo. De fato, esse foi um ano fértil para a lite-
ratura brasileira, com a publicação de dois romances fundamentais, que modificaram o curso de nossas letras:
Aluízio Azevedo publica “O mulato”, considerado o primeiro romance naturalista do Brasil; Machado de Assis
publica “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, o primeiro romance realista de nossa literatura.
Na divisão tradicional da história da literatura brasileira, o ano considerado data final do Realismo é 1893,
com a publicação de “Missal” e “Broquéis”, ambos de Cruz e Sousa, obras inaugurais do Simbolismo, mas não
o término do Realismo e suas manifestações na prosa - com os romances realistas e naturalistas - e na poesia,
com o Parnasianismo “Príncipe dos poetas” - Da mesma forma, o início do Simbolismo, em 1893, não repre-
sentou o fim do Realismo, porque obras realistas foram publicadas posteriormente a essa data, como “Dom
Casmurro”, de Machado de Assis, em 1900, e “Esaú e Jacó”, do mesmo autor, em 1904. Olavo Bilac, chamado
“príncipe dos poetas”, obteve esta distinção em 1907. A Academia Brasileira de Letras, templo do Realismo,
também foi inaugurada posteriormente à data-marco do fim do Realismo: 1897. Na realidade, nos últimos vinte
anos do século XIX e nos primeiros do século XX, três estéticas se desenvolvem paralelamente: o Realismo e
suas manifestações, o Simbolismo e o Pré-Modernismo, que só conhecem o golpe fatal em 1922, com a Se-
mana de Arte Moderna.
O Realismo reflete as profundas transformações econômicas, políticas, sociais e culturais da segunda me-
tade do século XIX. A Revolução Industrial, iniciada no século XVIII, entra numa nova fase, caracterizada pela
utilização do aço, do petróleo e da eletricidade; ao mesmo tempo, o avanço científico leva a novas descobertas
nos campos da física e da química. O capitalismo se estrutura em moldes modernos, com o surgimento de
grandes complexos industriais, aumentando a massa operária urbana, e formando uma população marginaliza-
da, que não partilha dos benefícios do progresso industrial, mas, pelo contrário, é explorada e sujeita a condi-
ções subumanas de trabalho.
O Brasil também passa por mudanças radicais tanto no campo econômico quanto no político-social, no
período compreendido entre 1850 e 1900, embora com profundas diferenças materiais, se comparadas às da
Europa. A campanha abolicionista intensifica-se a partir de 1850; a Guerra do Paraguai (1864/1870) tem como
consequência o pensamento republicano (o Partido Republicano foi fundado no ano em que essa guerra ter-
minou); a Monarquia vive uma vertiginosa decadência. A Lei Áurea, de 1888, não resolveu o problema dos negros,

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mas criou uma nova realidade: o fim da mão-de-obra escrava e a sua substituição pela mão-de-obra assalariada,
então representada pelas levas de imigrantes europeus que vinham trabalhar na lavoura cafeeira, o que originou
uma nova economia voltada para o mercado externo, mas agora sem a estrutura colonialista.
Raul Pompéia, Machado de Assis e Aluízio Azevedo transformaram-se nos principais representantes da es-
cola realista no Brasil. Ideologicamente, os autores desse período são antimonárquicos, assumindo uma defesa
clara do ideal republicano, como nos romances “O mulato”, “O cortiço” e “O Ateneu”. Eles negam a burguesia
a partir da família. A expressão Realismo é uma denominação genérica da escola literária, que abriga três ten-
dências distintas: “romance realista”, “romance naturalista” e “poesia parnasiana”.
O romance realista foi exaustivamente cultivado no Brasil por Machado de Assis. Trata-se de uma narra-
tiva mais preocupada com a análise psicológica, fazendo a crítica à sociedade a partir do comportamento de
determinados personagens. Para se ter uma ideia, os cinco romances da fase realista de Machado de Assis
apresentam nomes próprios em seus títulos (“Brás Cubas”; “Quincas Borba”; “Dom Casmurro”, “Esaú e Jacó”; e
“Aires”). Isto revela uma clara preocupação com o indivíduo. O romance realista analisa a sociedade por cima.
Em outras palavras: seus personagens são capitalistas, pertencem à classe dominante. O romance realista é
documental, retrato de uma época.

Naturalismo
O romance naturalista, por sua vez, foi cultivado no Brasil por Aluísio Azevedo e Júlio Ribeiro. Aqui, Raul
Pompéia também pode ser incluído, mas seu caso é muito particular, pois seu romance “O Ateneu” ora apre-
senta características naturalistas, ora realistas, ora impressionistas. A narrativa naturalista é marcada pela forte
análise social, a partir de grupos humanos marginalizados, valorizando o coletivo. Os títulos das obras natura-
listas apresentam quase sempre a mesma preocupação: “O mulato”, “O cortiço”, “Casa de pensão”, “O Ateneu”.
O Naturalismo apresenta romances experimentais. A influência de Charles Darwin se faz sentir na máxima
segundo a qual o homem é um animal; portanto antes de usar a razão deixa-se levar pelos instintos naturais,
não podendo ser reprimido em suas manifestações instintivas, como o sexo, pela moral da classe dominante.
A constante repressão leva às taras patológicas, tão ao gosto do Naturalismo. Em consequência, esses ro-
mances são mais ousados e erroneamente tachados, por alguns, de pornográficos, apresentando descrições
minuciosas de atos sexuais, tocando, inclusive, em temas então proibidos como o homossexualismo - tanto o
masculino (O Ateneu), quanto o feminino (O cortiço).

O Parnasianismo
A poesia parnasiana preocupa-se com a forma e a objetividade, com seus sonetos alexandrinos perfeitos.
Olavo Bilac, Raimundo Correia e Alberto de Oliveira formam a trindade parnasiana O Parnasianismo é a ma-
nifestação poética do Realismo, dizem alguns estudiosos da literatura brasileira, embora ideologicamente não
mantenha todos os pontos de contato com os romancistas realistas e naturalistas. Seus poetas estavam à
margem das grandes transformações do final do século XIX e início do século XX.
Culto à forma - A nova estética se manifesta a partir do final da década de 1870, prolongando-se até a
Semana de Arte Moderna. Em alguns casos chegou a ultrapassar o ano de 1922 (não considerando, é claro,
o neo-parnasianismo). Objetividade temática e culto da forma: eis a receita. A forma fixa representada pelos
sonetos; a métrica dos versos alexandrinos perfeitos; a rima rica, rara e perfeita. Isto tudo como negação da
poesia romântica dos versos livres e brancos. Em suma, é o endeusamento da forma.

O Simbolismo
É comum, entre críticos e historiadores, afirmar-se que o Brasil não teve momento típico para o Simbolismo,
sendo essa escola literária a mais europeia, dentre as que contaram com seguidores nacionais, no confronto
com as demais. Por isso, foi chamada de “produto de importação”. O Simbolismo no Brasil começa em 1893
com a publicação de dois livros: “Missal” (prosa) e “Broquéis” (poesia), ambos do poeta catarinense Cruz e
Sousa, e estende-se até 1922, quando se realizou a Semana de Arte Moderna.

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O início do Simbolismo não pode ser entendido como o fim da escola anterior, o Realismo, pois no final do
século XIX e início do século XX tem-se três tendências que caminham paralelas: Realismo, Simbolismo e pré-
-modernismo, com o aparecimento de alguns autores preocupados em denunciar a realidade brasileira, entre
eles Euclides da Cunha, Lima Barreto e Monteiro Lobato. Foi a Semana de Arte Moderna que, pois, fim a todas
as estéticas anteriores e traçou, de forma definitiva, novos rumos para a literatura do Brasil.
Transição - O Simbolismo, em termos genéricos, reflete um momento histórico extremamente complexo,
que marcaria a transição para o século XX e a definição de um novo mundo, consolidado a partir da segunda
década deste século. As últimas manifestações simbolistas e as primeiras produções modernistas são contem-
porâneas da primeira Guerra Mundial e da Revolução Russa.
Nesse contexto de conflitos e insatisfações mundiais (que motivou o surgimento do Simbolismo), era na-
tural que se imaginasse a falta de motivos para o Brasil desenvolver uma escola de época como essa. Mas é
interessante notar que as origens do Simbolismo brasileiro se deram em uma região magirnalizada pela elite
cultural e política: o Sul - a que mais sofreu com a oposição à recém-nascida república, ainda impregnada de
conceitos, teorias e práticas militares. A República de então não era a que se desejava. E o Rio Grande do Sul,
onde a insatisfação foi mais intensa, transformou-se em palco de lutas sangrentas iniciadas em 1893, o mesmo
ano do início do Simbolismo.
A Revolução Federalista (1893 a 1895), que começou como uma disputa regional, ganhou dimensão nacio-
nal ao se opor ao governo de Floriano Peixoto, gerando cenas de extrema violência e crueldade no Rio Grande
do Sul, Santa Catarina e Paraná. Além disso, surgiu a Revolta da Armada, movimento rebelde que exigiu a
renúncia de Floriano, combatendo, sobretudo, a Marinha brasileira. Ao conseguir esmagar os revoltosos, o
presidente consegue consolidar a República.
Esse ambiente provavelmente representou a origem do Simbolismo, marcado por frustrações, angústias,
falta de perspectivas, rejeitando o fato e privilegiando o sujeito.
E isto é relevante pois a principal característica desse estilo de época foi justamente a negação do Realis-
mo e suas manifestações. A nova estética nega o cientificismo, o materialismo e o racionalismo. E valoriza as
manifestações metafísicas e espirituais, ou seja, o extremo oposto do Naturalismo e do Parnasianismo.
“Dante Negro” - Impossível referir-se ao Simbolismo sem reverenciar seus dois grandes expoentes: Cruz
e Sousa e Alphonsus de Guimarães. Aliás, não seria exagero afirmar que ambos foram o próprio Simbolismo.
Especialmente o primeiro, chamado, então, de “cisne negro” ou “Dante negro”. Figura mais importante do
Simbolismo brasileiro, sem ele, dizem os especialistas, não haveria essa estética no Brasil. Como poeta, teve
apenas um volume publicado em vida: “Broquéis” (os dois outros volumes de poesia são póstumos). Teve uma
carreira muito rápida, apesar de ser considerado um dos maiores nomes do Simbolismo universal. Sua obra
apresenta uma evolução importante: na medida em que abandona o subjetivismo e a angústia iniciais, avança
para posições mais universalizantes - sua produção inicial fala da dor e do sofrimento do homem negro (coloca-
ções pessoais, pois era filho de escravos), mas evolui para o sofrimento e a angústia do ser humano.
Já Alphonsus de Guimarães preferiu manter-se fiel a um “triângulo” que caracterizou toda a sua obra: misti-
cismo, amor e morte. A crítica o considera o mais místico poeta de nossa literatura. O amor pela noiva, morta às
vésperas do casamento, e sua profunda religiosidade e devoção por Nossa Senhora, gerou, e não poderia ser
diferente, um misticismo que beirava o exagero. Um exemplo é o “Setenário das dores de Nossa Senhora”, em
que ele atesta sua devoção pela Virgem. A morte aparece em sua obra como um único meio de atingir a subli-
mação e se aproximar de Constança - a noiva morta - e da virgem. Daí o amor aparecer sempre espiritualizado.
A própria decisão de se isolar na cidade mineira de Mariana, que ele próprio considerou sua “torre de mar-
fim”, é uma postura simbolista.

O Pré-modernismo
O que se convencionou chamar de pré-modernismo no Brasil não constitui uma escola literária. Pré-moder-
nismo, é, na verdade, um termo genérico que designa toda uma vasta produção literária, que caracteriza os
primeiros vinte anos deste século.

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Nele é que se encontram as mais variadas tendências e estilos literários - desde os poetas parnasianos e
simbolistas, que continuavam a produzir, até os escritores que começavam a desenvolver um novo regionalis-
mo, alguns preocupados com uma literatura política, e outros com propostas realmente inovadoras. É grande
a lista dos autores que pertenceram ao pré-modernismo, mas, indiscutivelmente, merecem destaque: Euclides
da Cunha, Lima Barreto, Graça Aranha, Monteiro Lobato e Augusto dos Anjos.
Assim, pode-se dizer que essa escola começou em 1902, com a publicação de dois livros: “Os sertões”, de
Euclides da Cunha, e “Canaã”, de Graça Aranha, e se estende até o ano de 1922, com a realização da Semana
de Arte Moderna.
Apesar de o pré-modernismo não constituir uma escola literária, apresentando individualidades muito fortes,
com estilos às vezes antagônicos - como é o caso, por exemplo, de Euclides da Cunha e Lima Barreto - perce-
be-se alguns pontos comuns entre as principais obras pré-modernistas:
a) eram obras inovadoras, que apresentavam ruptura com o passado, com o academicismo;
b) primavam pela denúncia da realidade brasileira, negando o Brasil literário, herdado do Romantismo e do
Parnasianismo. O grande tema do pré-modernismo é o Brasil não oficial do sertão nordestino, dos caboclos
interioranos, dos subúrbios;
c) acentuavam o regionalismo, com o qual os autores acabam montando um vasto painel brasileiro: o Norte
e o Nordeste nas obras de Euclides da Cunha, o Vale do Rio Paraíba e o interior paulista nos textos de Monteiro
Lobato, o Espírito Santo, retratado por Graça Aranha, ou o subúrbio carioca, temática quase que invariável da
obra de Lima Barreto;
d) difundiram os tipos humanos marginalizados, que tiveram ampliado o seu perfil, até então desconhecido,
ou desprezado, quando conhecido - o sertanejo nordestino, o caipira, os funcionários públicos, o mulato;
e) traçaram uma ligação entre os fatos políticos, econômicos e sociais contemporâneos, aproximando a
ficção da realidade.
Esses escritores acabaram produzindo uma redescoberta do Brasil, mais próxima da realidade, e pavimen-
taram o caminho para o período literário seguinte, o Modernismo, iniciado em 1922, que acentuou de vez a
ruptura com o que até então se conhecia como literatura brasileira.

A Semana de Arte Moderna


O Modernismo, como tendência literária, ou estilo de época, teve seu prenúncio com a realização da Sema-
na de Arte Moderna no Teatro Municipal de São Paulo, nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922. Idealizada
por um grupo de artistas, a Semana pretendia colocar a cultura brasileira a par das correntes de vanguarda do
pensamento europeu, ao mesmo tempo que pregava a tomada de consciência da realidade brasileira.
O Movimento não deve ser visto apenas do ponto de vista artístico, como recomendam os historiadores e
críticos especializados em história da literatura brasileira, mas também como um movimento político e social.
O País estava dividido entre o rural e o urbano. Mas o bloco urbano não era homogêneo. As principais cidades
brasileiras, em particular São Paulo, conheciam uma rápida transformação como consequência do processo
industrial. A primeira Guerra Mundial foi a responsável pelo primeiro surto de industrialização e consequente
urbanização. O Brasil contava com 3.358 indústrias em 1907. Em 1920, esse número pulou para 13.336. Isso
significou o surgimento de uma burguesia industrial cada dia mais forte, mas marginalizada pela política econô-
mica do governo federal, voltada para a produção e exportação do café.
Imigrantes - Ao lado disso, o número de imigrantes europeus crescia consideravelmente, especialmente os
italianos, distribuindo-se entre as zonas produtoras de café e as zonas urbanas, onde estavam as indústrias.
De 1903 a 1914, o Brasil recebeu nada menos que 1,5 milhão de imigrantes. Nos centros urbanos criou-se
uma faixa considerável de população espremida pelos barões do café e pela alta burguesia, de um lado, e pelo
operariado, de outro. Surge a pequena burguesia, formada por funcionários públicos, comerciantes, profissio-
nais liberais e militares, entre outros, criando uma massa politicamente “barulhenta” e reivindicatória. A falta de
homogeneidade no bloco urbano tem origem em alguns aspectos do comportamento do operariado. Os imi-
grantes de origem europeia trazem suas experiências de luta de classes. Em geral esses trabalhadores eram
anarquistas e suas ações resultavam, quase sempre, em greves e tensões sociais de toda sorte, entre 1905 e

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1917. Um ano depois, quando ocorreu a Revolução Russa, os artigos na imprensa a esse respeito tornaram-se
cada vez mais comuns. O partido comunista seria fundado em 1922. Desde então, ocorreria o declínio da influ-
ência anarquista no movimento operário.
Desta forma, circulavam pela cidade de São Paulo, numa mesma calçada, um barão do café, um operário
anarquista, um padre, um burguês, um nordestino, um professor, um negro, um comerciante, um advogado, um
militar etc., formando, de fato, uma “pauliceia desvairada” (título de célebre obra de Mário de Andrade). Esse
desfile inusitado e variado de tipos humanos serviu de palco ideal para a realização de um evento que mostras-
se uma arte inovadora a romper com as velhas estruturas literárias vigentes no País.

O Modernismo - (primeira fase)


O período de 1922 a 1930 é o mais radical do movimento modernista, justamente em consequência da
necessidade de definições e do rompimento de todas as estruturas do passado. Daí o caráter anárquico desta
primeira fase modernista e seu forte sentido destruidor.
Ao mesmo tempo em que se procura o moderno, o original e o polêmico, o nacionalismo se manifesta em
suas múltiplas facetas: uma volta às origens, à pesquisa das fontes quinhentistas, à procura de uma língua
brasileira (a língua falada pelo povo nas ruas), as paródias, numa tentativa de repensar a história e a literatura
manifestos nacionalistas do Pau-Brasil (o Manifesto do Pau-Brasil, escrito por Oswald de Andrade em 1924,
propõe uma literatura extremamente vinculada à realidade brasileira) e da Antropofagia, dentro da linha coman-
dada por Oswald de Andrade. Mas havia também os manifestos do Verde-Amarelismo e o do Grupo da Anta,
que trazem a semente do nacionalismo fascista comandado por Plínio Salgado.
No final da década de 20, a postura nacionalista apresenta duas vertentes distintas: de um lado, um nacio-
nalismo crítico, consciente, de denúncia da realidade brasileira e identificado politicamente com as esquerdas;
de outro, o nacionalismo ufanista, utópico, exagerado, identificado com as correntes políticas de extrema direita.
Entre os principais nomes dessa primeira fase do Modernismo, que continuariam a produzir nas décadas se-
guintes, destacam-se Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, Antônio de Alcântara Machado,
além de Menotti del Picchia, Cassiano Ricardo, Guilherme de Almeida e Plínio Salgado.

O Modernismo - (segunda fase)


O período de 1930 a 1945 registrou a estreia de alguns dos nomes mais significativos do romance brasileiro.
Refletindo o mesmo momento histórico e apresentando as mesmas preocupações dos poetas da década de
30 (Murilo Mendes, Jorge de Lima, Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles e Vinícius de Moraes), a
segunda fase do Modernismo apresenta autores como José Lins do Rego, Graciliano Ramos, Rachel de Quei-
roz, Jorge Amado e Érico Veríssimo, que produzem uma literatura de caráter mais construtivo, de maturidade,
aproveitando as conquistas da geração de 1922 e sua prosa inovadora.
Efeitos da crise - Na década de 30, o País passava por grandes transformações, fortemente marcadas pela
revolução de 30 e o questionamento das oligarquias tradicionais. Não havia como não sentir os efeitos da crise
econômica mundial, os choques ideológicos que levavam a posições mais definidas e engajadas. Tudo isso
formou um campo propício ao desenvolvimento de um romance caracterizado pela denúncia social, verdadeiro
documento da realidade brasileira, atingindo um elevado grau de tensão nas relações do indivíduo com o mun-
do.
Nessa busca do homem brasileiro “espalhado nos mais distantes recantos de nossa terra”, no dizer de José
Lins do Rego, o regionalismo ganha uma importância até então não alcançada na literatura brasileira, levando
ao extremo as relações do personagem com o meio natural e social. Destaque especial merecem os escritores
nordestinos que vivenciam a passagem de um Nordeste medieval para uma nova realidade capitalista e im-
perialista. E nesse aspecto, o Baiano Jorge Amado é um dos melhores representantes do romance brasileiro,
quando retrata o drama da economia cacaueira, desde a conquista e uso da terra até a passagem de seus
produtos para as mãos dos exportadores. Mas também não se pode esquecer de José Lins do Rego, com as
suas regiões de cana, os banguês e os engenhos sendo devorados pelas modernas usinas.
O primeiro romance representativo do regionalismo nordestino, que teve seu ponto de partida no Manifesto
Regionalista de 1926, foi “A bagaceira”, de José Américo de Almeida, publicado em 1928. Verdadeiro marco
na história literária do Brasil, sua importância deve-se mais à temática (a seca, os retirantes, o engenho) e ao
caráter social do romance, do que aos valores estéticos.

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Pós-Modernismo
O Pós-Modernismo se insere no contexto dos extraordinários fenômenos sociais e políticos de 1945. Foi o
ano que assistiu ao fim da Segunda Guerra Mundial e ao início da Era Atômica, com as explosões de Hiroshima
e Nagasaki. O mundo passa a acreditar numa paz duradoura. Cria-se a Organização das Nações Unidas (ONU)
e, em seguida, publica-se a Declaração dos Direitos do Homem. Mas, logo depois, inicia-se a Guerra Fria.
Paralelamente a tudo isso, o Brasil vive o fim da ditadura de Getúlio Vargas. O País inicia um processo de
redemocratização. Convoca-se uma eleição geral e os partidos são legalizados. Apesar disso, abre-se um novo
tempo de perseguições políticas, ilegalidades e exílios.
A literatura brasileira também passa por profundas alterações, com algumas manifestações representando
muitos passos adiante; outras, um retrocesso. O jornal “O Tempo”, excelente crítico literário, encarrega-se de
fazer a seleção.
Intimismo - A prosa, tanto nos romances como nos contos, aprofunda a tendência já trilhada por alguns
autores da década de 30, em busca de uma literatura intimista, de sondagem psicológica, introspectiva, com
destaque para Clarice Lispector.
Ao mesmo tempo, o regionalismo adquire uma nova dimensão com a produção fantástica de João Guima-
rães Rosa e sua recriação dos costumes e da fala sertaneja, penetrando fundo na psicologia do jagunço do
Brasil central.
Na poesia, ganha corpo, a partir de 1945, uma geração de poetas que se opõe às conquistas e inovações
dos modernistas de 1922. A nova proposta foi defendida, inicialmente, pela revista Orfeu, cujo primeiro número
é lançado na “Primavera de 1947” e que afirma, entre outras coisas, que “uma geração só começa a existir no
dia em que não acredita nos que a precederam, e só existe realmente no dia em que deixam de acreditar nela.”
Essa geração de escritores negou a liberdade formal, as ironias, as sátiras e outras “brincadeiras” moder-
nistas. Os poetas de 45 partem para uma poesia mais equilibrada e séria”, distante do que eles chamavam de
“primarismo desabonador” de Mário de Andrade e Oswald de Andrade. A preocupação primordial era quanto ao
restabelecimento da forma artística e bela; os modelos voltam a ser os mestres do Parnasianismo e do Simbo-
lismo.
Esse grupo, chamado de Geração de 45, era formado, entre outros poetas, por Lêdo Ivo, Péricles Eugênio
da Silva Ramos, Geir Campos e Darcy Damasceno. O final dos anos 40, no entanto, revelou um dos mais
importantes poetas da nossa literatura, não filiado esteticamente a qualquer grupo e aprofundador das experi-
ências modernistas anteriores: ninguém menos que João Cabral de Melo Neto. Contemporâneos a ele, e com
alguns pontos de contato com sua obra, destacam-se Ferreira Gullar e Mauro Mota.

A produção contemporânea
Produção contemporânea deve ser entendida como as obras e movimentos literários surgidos nas décadas
de 60 e 70, e que refletiram um momento histórico caracterizado inicialmente pelo autoritarismo, por uma rígida
censura e enraizada autocensura. Seu período mais crítico ocorreu entre os anos de 1968 e 1978, durante a
vigência do Ato Institucional nº 5 (AI-5). Tanto que, logo após a extinção do Ato, verificou-se uma progressiva
normalização no País.
As adversidades políticas, no entanto, não mergulharam o País numa calmaria cultural. Ao contrário, as
décadas de 60 e 70 assistiram a uma produção cultural bastante intensa em todos os setores.
Na poesia, percebe-se a preocupação em manter uma temática social, um texto participante, com a per-
manência de nomes consagrados como Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto e Ferreira
Gullar, ao lado de outros poetas que ainda aparavam as arestas em suas produções.
Visual - O início da década de 60 apresentou alguns grupos em luta contra o que chamaram “esquemas
analítico-discursivos da sintaxe tradicional”. Ao mesmo tempo, esses grupos buscavam soluções no aproveita-
mento visual da página em branco, na sonoridade das palavras e nos recursos gráficos. O sintoma mais impor-
tante desse movimento foi o surgimento da Poesia Concreta e da Poesia Práxis. Paralelamente, surgia a poesia
“marginal”, que se desenvolveu fora dos grandes esquemas industriais e comerciais de produção de livros.

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No romance, ao lado da última produção de Jorge Amado e Érico Veríssimo, e das obras “lacriminosas” de
José Mauro de Vasconcelos (“Meu pé de Laranja-Lima”, “Barro Blanco”), de muito sucesso junto ao grande pú-
blico, tem se mantido o regionalismo de Mário Palmério, Bernardo Élis, Antônio Callado, Josué Montello e José
Cândido de Carvalho. Dentre os intimistas, destacam-se Osman Lins, Autran Dourado e Lygia Fagundes Telles.
Na prosa, as duas décadas citadas assistiram à consagração das narrativas curtas (crônica e conto). O de-
senvolvimento da crônica está intimamente ligado ao espaço aberto a esse gênero na grande imprensa. Hoje,
por exemplo, não há um grande jornal que não inclua em suas páginas crônicas de Rubem Braga, Fernando
Sabino, Carlos Heitor Cony, Paulo Mendes Campos, Luís Fernando Veríssimo e Lourenço Diaféria, entre ou-
tros. Deve-se fazer uma menção especial a Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto), que, com suas bem-humo-
radas e cortantes sátiras político-sociais, escritas na década de 60, tem servido de mestre a muitos cronistas.
O conto, por outro lado, analisado no conjunto das produções contemporâneas, situa-se em posição privi-
legiada tanto em qualidade quanto em quantidade. Entre os contistas mais significativos, destacam-se Dalton
Trevisan, Moacyr Scliar, Samuel Rawet, Rubem Fonseca, Domingos Pellegrini Jr. e João Antônio.

Exercícios

1. PREFEITURA DE LUZIÂNIA-GO – PROFESSOR I – AROEIRA – 2021


Nos enunciados abaixo, pode-se observar a presença de diferentes tipologias textuais como base dos gê-
neros materializados nas sequências enunciativas. Numere os parênteses conforme o código de cada tipologia.
( ) 1 - --- Não; é casada. --- Com quem? --- Com um estancieiro do Rio grande. --- Chama-se? --- Ele? Fon-
seca, ela, Maria Cora. --- O marido não veio com ela? --- Está no Rio Grande. (ASSIS, Machado de Assis.
Maria Cora.)
( ) 2 - Ao acertar os seis números na loteria, Paulo foi para casa, entrou calado no quarto e dormiu.
( ) 3 - Incorpore em sua vida quatro sentimentos positivos: a compaixão, a generosidade, a alegria e o oti-
mismo.
( ) 4 - No meu ponto de vista, a mulher ideal deve ter como características físicas o cabelo liso, pele macia,
olhos claros, nariz fino. Ser amiga, compreensiva e, acima de tudo, ser fiel. (ALVES, André, Escola. Estadual
Pereira Barreto. Texto adaptado.)
( ) 5 - As palavras mal empregadas podem ter efeitos mais negativos do que os traumas físicos.
( 1 ) narrativa;
( 2 ) dialogal;
( 3 ) argumentativa;
( 4 ) injuntiva;
( 5 ) descritiva.
Está correta a alternativa:
(A) 1 - 2 - 3 - 4 - 5.
(B) 1 - 3 - 2 - 4 - 5.
(C) 2 - 1 - 4 - 5 - 3.
(D) 4 - 3 - 2 - 5 - 1.

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2. FCC - 2022 - TRT - 22ª Região (PI) - Analista Judiciário - Biblioteconomia- O rio de minha terra é um deus
estranho.
Ele tem braços, dentes, corpo, coração,
muitas vezes homicida,
foi ele quem levou o meu irmão.
É muito calmo o rio de minha terra.
Suas águas são feitas de argila e de mistérios.
Nas solidões das noites enluaradas
a maldição de Crispim desce
sobre as águas encrespadas.
O rio de minha terra é um deus estranho.
Um dia ele deixou o monótono caminhar de corpo mole
para subir as poucas rampas do seu cais.
Foi conhecendo o movimento da cidade,
a pobreza residente nas taperas marginais.
Pois tão irado e tão potente fez-se o rio
que todo um povo se juntou para enfrentá-lo.
Mas ele prosseguiu indiferente,
carregando no seu dorso bois e gente,
até roçados de arroz e de feijão.
Na sua obstinada e galopante caminhada,
destruiu paredes, casas, barricadas,
deixando no percurso mágoa e dor.
Depois subiu os degraus da igreja santa
e postou-se horas sob os pés do Criador.
E desceu devagarinho, até deitar-se
novamente no seu leito.
Mas toda noite o seu olhar de rio
fica boiando sob as luzes da cidade.
(Adaptado de: MORAES, Herculano. O rio da minha
terra. Disponível em: https://www.escritas.org)
No trecho até roçados de arroz e de feijão, o termo “até” classifica-se como
(A) pronome.
(B) preposição.
(C) artigo.
(D) advérbio.
(E) conjunção.

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3. INSTRUÇÃO: Leia, com atenção, o texto a seguir para responder à questão que a ele se refere.
Texto 01

Disponível em: https://brainly.com.br/tarefa/38102601. Acesso em: 18 set. 2022.


De acordo com o texto, “[...] sair de um acidente em alta velocidade pelo vidro da frente” indica uma
(A) solução.
(B) alternativa.
(C) prevenção.
(D) consequência.
(E) precaução.

4. FGV - 2022 - TJ-DFT - Oficial de Justiça Avaliador Federal- “Quando se julga por indução e sem o neces-
sário conhecimento dos fatos, às vezes chega-se a ser injusto até mesmo com os malfeitores.” O raciocínio
abaixo que deve ser considerado como indutivo é:
(A) Os funcionários públicos folgam amanhã, por isso meu marido ficará em casa;
(B) Todos os juízes procuram julgar corretamente, por isso é o que ele também procura;
(C) Nos dias de semana os mercados abrem, por isso deixarei para comprar isso amanhã;
(D) No inverno, chove todos os dias, por isso vou comprar um guarda-chuva;
(E) Ontem nevou bastante, por isso as estradas devem estar intransitáveis.

5. FGV - 2022 - TJ-DFT - Analista Judiciário - Segurança da Informação- “Também leio livros, muitos livros:
mas com eles aprendo menos do que com a vida. Apenas um livro me ensinou muito: o dicionário. Oh, o dicio-
nário, adoro-o. Mas também adoro a estrada, um dicionário muito mais maravilhoso.”
Depreende-se desse pensamento que seu autor:
(A) nada aprende com os livros, com exceção do dicionário;
(B) deve tudo que conhece ao dicionário;

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(C) adquire conhecimentos com as viagens que realiza;
(D) conhece o mundo por meio da experiência de vida;
(E)constatou que os dicionários registram o melhor da vida.

6. COTEC - 2022 - Prefeitura de Paracatu - MG - Técnico Higiene Dental - INSTRUÇÃO: Leia, com atenção,
o texto 01 a seguir para responder à questão que a ele se refere.
Texto 01

Disponível em: http://bichinhosdejardim.com/triste-fim-relacoes-afetivas/. Acesso em: 18 set. 2022.


A vírgula, na fala do primeiro quadro, foi usada de acordo com a norma para separar um
(A) vocativo.
(B) aposto explicativo.
(C) expressão adverbial.
(D) oração coordenada.
(E) predicativo.

7. CESPE / CEBRASPE - 2022 - Prefeitura de Maringá - PR - Médico Texto CG1A1


Por muitos séculos, pessoas surdas ao redor do mundo eram consideradas incapazes de aprender simples-
mente por possuírem uma deficiência. No Brasil, infelizmente, isso não era diferente. Essa visão capacitista
só começou a mudar a partir do século XVI, com transformações que ocorreram, num primeiro momento, na
Europa, quando educadores, por conta própria, começaram a se preocupar com esse grupo.
Um dos educadores mais marcantes na luta pela educação dos surdos foi Ernest Huet, ou Eduard Huet,
como também era conhecido. Huet, acometido por uma doença, perdeu a audição ainda aos 12 anos; contu-
do, como era membro de uma família nobre da França, teve, desde cedo, acesso à melhor educação possível
de sua época e, assim, aprendeu a língua de sinais francesa no Instituto Nacional de Surdos-Mudos de Paris.
No Brasil, tomando-se como inspiração a iniciativa de Huet, fundouse, em 26 de setembro de 1856, o Imperial
Instituto de SurdosMudos, instituição de caráter privado. No seu percurso, o instituto recebeu diversos nomes,
mas a mudança mais significativa se deu em 1957, quando foi denominado Instituto Nacional de Educação dos
Surdos – INES, que está em funcionamento até hoje! Essa mudança refletia o princípio de modernização da
década de 1950, pelo qual se guiava o instituto, com suas discussões sobre educação de surdos.
Dessa forma, Huet e a língua de sinais francesa tiveram grande influência na língua brasileira de sinais, a
Libras, que foi ganhando espaço aos poucos e logo passou a ser utilizada pelos surdos brasileiros. Contudo,
nesse mesmo período, muitos educadores ainda defendiam a ideia de que a melhor maneira de ensinar era
pelo método oralizado, ou seja, pessoas surdas seriam educadas por meio de línguas orais. Nesse caso, a co-

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municação acontecia nas modalidades de escrita, leitura, leitura labial e também oral. No Congresso de Milão,
em 11 de setembro de 1880, muitos educadores votaram pela proibição da utilização da língua de sinais por
não acreditarem na efetividade desse método na educação das pessoas surdas.
Essa decisão prejudicou consideravelmente o ensino da Língua Brasileira de Sinais, mas, mesmo diante
dessa proibição, a Libras continuou sendo utilizada devido à persistência dos surdos. Posteriormente, buscou-
-se a legitimidade da Língua Brasileira de Sinais, e os surdos continuaram lutando pelo seu reconhecimento
e regulamentação por meio de um projeto de lei escrito em 1993. Porém, apenas em 2002, foi aprovada a Lei
10.436/2002, que reconhece a Língua Brasileira de Sinais (Libras) como meio legal de comunicação e expres-
são no país.
Internet:: <www.ufmg.br>(com adaptações)
Assinale a opção correta a respeito do emprego das formas verbais e dos sinais de pontuação no texto
CG1A1.
(A) A correção gramatical e a coerência do texto seriam preservadas, caso a vírgula empregada logo após o
vocábulo “mas” (primeiro período do quarto parágrafo) fosse eliminada.
(B) A forma verbal “tiveram” (primeiro período do terceiro parágrafo) poderia ser substituída por “obtiveram”
sem prejuízo aos sentidos e à correção gramatical do texto.
(C) A forma verbal “continuou” (primeiro período do quarto parágrafo) está flexionada no singular para con-
cordar com o artigo definido “a”, mas poderia ser substituída, sem prejuízo à correção gramatical, pela forma
verbal “continuaram”, que estabeleceria concordância com o termo “Libras”.
(D) A forma verbal “acreditarem” (quarto período do terceiro parágrafo) concorda com “educadores” e por
isso está flexionada no plural.
(E) No primeiro período do terceiro parágrafo do texto, é facultativo o emprego da vírgula imediatamente
após “Libras”.

8. FCC - 2022 - TRT - 14ª Região (RO e AC) - Analista Judiciário - Área Judiciária- A chama é bela
Nos anos 1970 comprei uma casa no campo com uma bela lareira, e para meus filhos, entre 10 e 12 anos, a
experiência do fogo, da brasa que arde, da chama, era um fenômeno absolutamente novo. E percebi que quan-
do a lareira estava acesa eles deixavam a televisão de lado. A chama era mais bela e variada do que qualquer
programa, contava histórias infinitas, não seguia esquemas fixos como um programa televisivo.
O fogo também se faz metáfora de muitas pulsões, do inflamar-se de ódio ao fogo da paixão amorosa. E o
fogo pode ser a luz ofuscante que os olhos não podem fixar, como não podem encarar o Sol (o calor do fogo
remete ao calor do Sol), mas devidamente amestrado, quando se transforma em luz de vela, permite jogos de
claro-escuro, vigílias noturnas nas quais uma chama solitária nos obriga a imaginar coisas sem nome...
O fogo nasce da matéria para transformar-se em substância cada vez mais leve e aérea, da chama rubra ou
azulada da raiz à chama branca do ápice, até desmaiar em fumaça... Nesse sentido, a natureza do fogo é as-
censional, remete a uma transcendência e, contudo, talvez porque tenhamos aprendido que ele vive no coração
da Terra, é também símbolo de profundidades infernais. É vida, mas é também experiência de seu apagar-se
e de sua contínua fragilidade.
(Adaptado de: ECO, Umberto. Construir o inimigo. Rio de Janeiro: Record, 2021, p. 54-55)
Está plenamente adequada a pontuação da seguinte frase:
(A) Os filhos do autor diante da lareira, não deixaram de se espantar, com o espetáculo inédito daquelas
chamas bruxuleantes.
(B) Como metáfora, o fogo por conta de seus inúmeros atributos, chega mesmo a propiciar expansões, sim-
bólicas e metafóricas.
(C) Tanto como a do Sol, a luz do fogo, uma vez expandida, pode ofuscar os olhos de quem, imprudente,
ouse enfrentá-la.

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(D) O autor do texto em momentos descritivos, não deixa de insinuar sua atração, pela magia dos poderes
e do espetáculo do fogo.
(E) Disponíveis metáforas, parecem se desenvolver quando, por amor ou por ódio extremos somos tomados
por paixões incendiárias.

9. AGIRH - 2022 - Prefeitura de Roseira - SP - Enfermeiro 36 horas - Assinale o item que contém erro de
ortografia.
(A) Na cultura japonesa, fica desprestigiado para sempre quem inflinge as regras da lealdade.
(B) Não conseguindo prever o resultado a que chegariam, sentiu-se frustrado.
(C) Desgostos indescritíveis, porventura, seriam rememorados durante a sessão de terapia.
(D) Ao reverso de outros, trazia consigo autoconhecimento e autoafirmação.

10. Unoesc - 2022 - Prefeitura de Maravilha - SC - Agente Administrativo - Edital nº 2- Considerando a acen-
tuação tônica, assinale as alternativas abaixo com (V) verdadeiro ou (F) falso.
( ) As palavras “gramática” e “partir” são, respectivamente, proparoxítona e oxítona.
( ) “Nós” é uma palavra oxítona.
( ) “César” não é proparoxítona, tampouco oxítona.
( ) “Despretensiosamente” é uma palavra proparoxítona.
( ) “Café” é uma palavra paroxítona.
A sequência correta de cima para baixo é:
(A) F, V, V, F, V.
(B) V, V, F, V, F.
(C) V, F, V, F, V.
(D) V, V, V, F, F.

11. CESPE / CEBRASPE - 2022 - TCE-PB - Médico- Texto CB1A1-I


A história da saúde não é a história da medicina, pois apenas de 10% a 20% da saúde são determinados
pela medicina, e essa porcentagem era ainda menor nos séculos anteriores. Os outros três determinantes
da saúde são o comportamento, o ambiente e a biologia – idade, sexo e genética. As histórias da medicina
centradas no atendimento à saúde não permitem uma compreensão global da melhoria da saúde humana. A
história dessa melhoria é uma história de superação. Antes dos primeiros progressos, a saúde humana estava
totalmente estagnada. Da Revolução Neolítica, há 12 mil anos, até meados do século XVIII, a expectativa de
vida dos seres humanos ocidentais não evoluíra de modo significativo. Estava paralisada na faixa dos 25-30
anos. Foi somente a partir de 1750 que o equilíbrio histórico se modificou positivamente. Vários elementos alte-
raram esse contexto, provocando um aumento praticamente contínuo da longevidade. Há 200 anos, as suecas
detinham o recorde mundial com uma longevidade de 46 anos. Em 2019, eram as japonesas que ocupavam o
primeiro lugar, com uma duração média de vida de 88 anos. Mesmo sem alcançar esse recorde, as populações
dos países industrializados podem esperar viver atualmente ao menos 80 anos. Desde 1750, cada geração vive
um pouco mais do que a anterior e prepara a seguinte para viver ainda mais tempo.
Jean-David Zeitoun. História da saúde humana: vamos viver cada vez mais?
Tradução Patrícia Reuillard. São Paulo: Contexto, 2022, p. 10-11 (com adaptações).
No que se refere a aspectos linguísticos do texto CB1A1-I, julgue o item seguinte.
A inserção de uma vírgula imediatamente após o termo “aumento” (nono período) prejudicaria a correção
gramatical e o sentido original do texto.

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( )CERTO
( )ERRADO

12. FGV - 2022 - SEAD-AP - Cuidador Uma das marcas da textualidade é a coerência. Entre as frases abai-
xo, assinale aquela que se mostra coerente.
(A) Avise-me se você não receber esta carta.
(B) Só uma coisa a vida ensina: a vida nada ensina.
(C) Quantos sofrimentos nos custaram os males que nunca ocorreram.
(D) Todos os casos são únicos e iguais a outros.
(E) Como eu disse antes, eu nunca me repito.

13. OBJETIVA - 2022 - Prefeitura de Dezesseis de Novembro - RS - Controlador Interno- Considerando-se


a concordância nominal, marcar C para as afirmativas Certas, E para as Erradas e, após, assinalar a alternativa
que apresenta a sequência CORRETA:
( ) Agora que tudo passou, sinto que tenho menas tristezas na minha vida.
( ) Posso pedir teu bloco e tua caneta emprestada?
( ) É proibido a entrada de animais na praia.
(A) C - E - C.
(B) C - E - E.
(C) E - E - C.
(D) E - C - E.

14. FCC - 2022 - TRT - 14ª Região (RO e AC) - Analista Judiciário - Área Judiciária
O meu ofício
O meu ofício é escrever, e sei bem disso há muito tempo. Espero não ser mal-entendida: não sei nada so-
bre o valor daquilo que posso escrever. Quando me ponho a escrever, sinto-me extraordinariamente à vontade
e me movo num elemento que tenho a impressão de conhecer extraordinariamente bem: utilizo instrumentos
que me são conhecidos e familiares e os sinto bem firmes em minhas mãos. Se faço qualquer outra coisa, se
estudo uma língua estrangeira, se tento aprender história ou geografia, ou tricotar uma malha, ou viajar, sofro
e me pergunto como é que os outros conseguem fazer essas coisas. E tenho a impressão de ser cega e surda
como uma náusea dentro de mim.
Já quando escrevo nunca penso que talvez haja um modo mais correto, do qual os outros escritores se
servem. Não me importa nada o modo dos outros escritores. O fato é que só sei escrever histórias. Se tento
escrever um ensaio de crítica ou um artigo sob encomenda para um jornal, a coisa sai bem ruim. O que escrevo
nesses casos tenho de ir buscar fora de mim. E sempre tenho a sensação de enganar o próximo com palavras
tomadas de empréstimo ou furtadas aqui e ali.
Quando escrevo histórias, sou como alguém que está em seu país, nas ruas que conhece desde a infância,
entre as árvores e os muros que são seus. Este é o meu ofício, e o farei até a morte. Entre os cinco e dez anos
ainda tinha dúvidas e às vezes imaginava que podia pintar, ou conquistar países a cavalo, ou inventar uma nova
máquina. Mas a primeira coisa séria que fiz foi escrever um conto, um conto curto, de cinco ou seis páginas:
saiu de mim como um milagre, numa noite, e quando finalmente fui dormir estava exausta, atônita, estupefata.
(Adaptado de: GINZBURG, Natalia. As pequenas virtudes. Trad. Maurício Santana Dias. São Paulo: Cosac
Naify, 2015, p, 72-77, passim)
As normas de concordância verbal encontram-se plenamente observadas em:

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(A) As palavras que a alguém ocorrem deitar no papel acabam por identificar o estilo mesmo de quem as
escreveu.
(B) Gaba-se a autora de que às palavras a que recorre nunca falta a espontaneidade dos bons escritos.
(C) Faltam às tarefas outras de que poderiam se incumbir a facilidade que encontra ela em escrever seus
textos.
(D) Os possíveis entraves para escrever um conto, revela a autora, logo se dissipou em sua primeira tenta-
tiva.
(E) Não haveria de surgir impulsos mais fortes, para essa escritora, do que os que a levaram a imaginar
histórias.

15. SELECON - 2019 - Prefeitura de Cuiabá - MT - Técnico em Nutrição Escolar- Considerando a regência
nominal e o emprego do acento grave, o trecho destacado em “inerentes a esta festa” está corretamente subs-
tituído em:
(A) inerentes à determinado momento
(B) inerentes à regras de convivência
(C) inerentes à regulamentos anteriores
(D) inerentes à evidência de incorreções

16. Assinale a frase com desvio de regência verbal.


(A) Informei-lhe o bloqueio do financiamento de pesquisas.
(B) Avisaram-no a liberação de recursos para ciência e tecnologia.
(C) Os acadêmicos obedecem ao planejamento estratégico.
(D) Todos os homens, por natureza, aspiram ao saber.
(E) Assistimos ao filme que apresentou a obra daquele grande cientista.

17. MPE-GO - 2022 - MPE-GO - Oficial de Promotoria - Edital nº 007- Sendo (C) para as assertivas corretas
e (E) para as erradas, assinale a alternativa com a sequência certa considerando a observância das normas da
língua portuguesa:
( ) O futebol é um esporte de que o povo gosta.
( ) Visitei a cidade onde você nasceu.
( ) É perigoso o local a que você se dirige.
( ) Tenho uma coleção de quadros pela qual já me ofereceram milhões.
(A) E – E – E – C
(B) C – C – C – E
(C) C – E – E – E
(D) C – C – C – C

18. FADCT - 2022 - Prefeitura de Ibema - PR - Assistente Administrativo- A frase “ O estudante foi convidado
para assistir os debates políticos.” apresenta, de acordo com a norma padrão da Língua portuguesa, um desvio
de:
(A) Concordância nominal.
(B) Concordância verbal.

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(C) Regência verbal.
(D) Regência nominal

19. FUNCERN - 2019 - Prefeitura de Apodi - RN - Professor de Ensino Fundamental I ( 1º ao 5º ano)-

Os pontos cegos de nosso cérebro e o risco eterno de acidentes


Luciano Melo
O motorista aguarda o momento seguro para conduzir seu carro e atravessar o cruzamento. Olha para os
lados que atravessará e, estático, aguarda que outros veículos deixem livre o caminho pela via transversal à
sua frente. Enquanto espera, olha de um lado a outro a vigiar a pista quase livre. Finalmente não avista mais
nenhum veículo que poderá atrapalhar seu planejado movimento. É hora de dirigir, mas, no meio da travessia,
ele é surpreendido por uma grave colisão. Uma motocicleta atinge a traseira de seu veículo.
Eu tomo a defesa do motorista: ele não viu a moto se aproximar. Presumo que vários dos leitores já pas-
saram por situação semelhante, mas, caso você seja exceção e acredite que enxergaria a motocicleta, eu o
convido a assistir a um vídeo que existe sobre isso. O filme prova quão difícil é perceber objetos que de repente
somem ou aparecem em uma cena.
Nossa condição humana está casada com uma inabilidade de perceber certas mudanças. Claro que nota-
mos muitas alterações à nossa volta, especialmente se olharmos para o ponto alvo da modificação no momento
em que ela ocorrerá. Assim, se olharmos fixamente para uma janela cheia de vasos de flores, poderemos assis-
tir à queda de um deles. Mas, se desviarmos brevemente nossos olhos da janela, justamente no momento do
tombo, é possível que nem notemos a falta do enfeite. O fenômeno se chama cegueira para mudança: nossa
incapacidade de visualizar variações do ambiente entre uma olhada e outra.
No mundo real, mudanças são geralmente antecedidas por uma série de movimentos. Se esses movimentos
superam um limiar atrativo, vão capturar nossa atenção que focará na alteração considerada dominante. Por
sua vez, modificações que não ultrapassam o limiar não provocarão divergência da atenção e serão ignoradas.
Quando abrimos nossos olhos, ficamos com a impressão de termos visão nítida, rica e bem detalhada do
mundo que se estende por todo nosso campo visual. A consciência de nossa percepção não é limitada, mas
nossa atenção e nossa memória de curtíssimo prazo são. Não somos capazes de memorizar tudo instantane-
amente à nossa volta e nem podemos nos ater a tudo que nos cerca. Nossa introspecção da grandiosidade de
nossa experiência visual confronta com nossas limitações perceptivas práticas e cria uma vivência rica, porém
efêmera e sujeita a erros de interpretações. Dimensiona um gradiente entre o que é real e o que se presume,
algo que favorece os acidentes de trânsito.
Podemos interpretar que o acidente do exemplo do início do texto se deu porque o motorista convergiu sua
atenção às partes centrais da pista, por onde os carros preferencialmente circulam sob velocidade mais ou me-
nos previsível. Assim que o último carro passou, ficou fácil pressupor que o centro da pista permaneceria vazio
por um intervalo de tempo seguro para a travessia. As laterais da pista, locais em que motocicletas geralmente
trafegam, não tiveram a atenção merecida, e a velocidade da moto não estava no padrão esperado.
O mundo aqui fora é um caos repleto de acontecimentos, e nossos cérebros têm que coletar e reter alguns
deles para que possamos compreendê-lo e, assim, agirmos em busca da nossa sobrevivência. Mas essas in-
formações são salpicadas, incompletas e mutáveis. Traçar uma linha que contextualize todos esses dados não
é simples. Eventualmente, esse jogo mental de ligar pontinhos cria armadilha para nós mesmos, pois por vezes
um ponto que deveria ser descartado é inserido em uma lógica apenas por ser chamativo. E outro, ao contrário,
deveria ser considerado, mas é menosprezado, pois à primeira vista não atendeu a um pressuposto.
Essas interpretações podem provocar outras tragédias além de acidentes de carro.
Disponível em:<https://www1.folha.uol.com.br>. Acesso em: 20 abr. 2019. (texto adaptado)
No trecho “[...]poderemos assistir à queda de um deles.”, a ocorrência do acento grave é justificada
(A) pela exigência de artigo do termo regente, que é um verbo, e pela exigência de preposição do termo
regido, que é um nome.
(B) pela exigência de preposição do termo regente, que é um nome, e pela exigência de artigo do termo
regido, que é um verbo.

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(C) pela exigência de artigo do termo regente, que é um nome, e pela exigência de artigo do termo regido,
que é um verbo.
(D) pela exigência de preposição do termo regente, que é um verbo, e pela exigência de artigo do termo
regido, que é um nome.

20. MPE-GO - 2022 - MPE-GO - Oficial de Promotoria - Edital nº 006


A importância dos debates
É promissor que os candidatos ao governo gaúcho venham dando ênfase nas conversas diretas a projetos
de governo de interesse específico dos eleitores
O primeiro confronto direto entre os candidatos Eduardo Leite (PSDB) e José Ivo Sartori (MDB), que dispu-
tam o governo do Estado em segundo turno, reafirmou a importância dessa alternativa democrática para ajudar
os eleitores a fazer suas escolhas. Uma das vantagens do sistema de votação em dois turnos, instituído pela
Constituição de 1988, é justamente a de propiciar um maior detalhamento dos programas de governo dos dois
candidatos mais votados na primeira etapa.
Foi justamente o que ocorreu ontem entre os postulantes ao Palácio Piratini. Colocados frente a frente nos
microfones da Rádio Gaúcha, ambos tiveram a oportunidade de enfrentar questões importantes ligadas ao co-
tidiano dos eleitores. A viabilidade de as principais demandas dos gaúchos serem contempladas vai depender
acima de tudo da estratégia de cada um para enfrentar a crise das finanças públicas.
Diferentemente do que os eleitores estão habituados a assistir no horário eleitoral obrigatório e a acompa-
nhar por postagens dos candidatos nas redes sociais, debates se prestam menos para propaganda pessoal,
estratégias de marketing e para a disseminação de informações inconfiáveis e notícias falsas, neste ano usa-
das largamente em campanhas. Além disso, têm a vantagem de desafiar os candidatos com questionamentos
de jornalistas e do público. As respostas, inclusive, podem ser conferidas por profissionais de imprensa, com
divulgação posterior, o que facilita o discernimento por parte de eleitores sobre o que corresponde ou não à
verdade.
O Rio Grande do Sul enfrenta uma crise fiscal no setor público que, se não contar com uma perspectiva de
solução imediata, praticamente vai inviabilizar a implantação de qualquer plano de governo. Por isso, é promis-
sor que, enquanto em outros Estados predominam denúncias e acusações, os candidatos ao governo gaúcho
venham dando ênfase nas conversas diretas a projetos de governo de interesse específico dos eleitores.
Democracia se faz com diálogo e transparência. Sem discussões amplas, perdem os cidadãos, que ficam
privados de informações essenciais para fazer suas escolhas com mais objetividade e menos passionalismo.
(A IMPORTÂNCIA dos debates. GaúchaZH, 17 de outubro de 2018. Disponível em: https://gauchazh.clicrbs.
com.br. Acesso em: 30 de agosto de 2022)

No segundo parágrafo do texto, há a frase: “Colocados frente a frente nos microfones da Rádio Gaúcha,
ambos tiveram a oportunidade de enfrentar questões importantes ligadas ao cotidiano dos eleitores.” Conforme
se observa, na expressão em destaque, não há ocorrência da crase.

Assim, seguindo a regra gramatical acerca da crase, assinale a alternativa em que há o emprego da crase
indevidamente:
(A) cara a cara; às ocultas; à procura.
(B) face a face; às pressas; à deriva.
(C) à frente; à direita; às vezes.
(D) à tarde; à sombra de; a exceção de.

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Gabarito

1 C
2 D
3 D
4 E
5 D
6 A
7 D
8 C
9 A
10 D
11 CERTO
12 B
13 D
14 B
15 D
16 B
17 D
18 C
19 D
20 D

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