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CNU

Bloco 8 - Nível Intermediário

Língua Portuguesa

Compreensão de textos. ............................................................................................... 1


A organização textual dos vários modos de organização discursiva............................. 7

Língua Portuguesa
Coerência e coesão....................................................................................................... 18
Ortografia. ..................................................................................................................... 20
Classe, estrutura, formação e significação de vocábulos. ............................................ 21
Derivação e composição................................................................................................ 40
A oração e seus termos. A estruturação do período..................................................... 40
As classes de palavras: aspectos morfológicos, sintáticos e estilísticos....................... 45
Linguagem figurada........................................................................................................ 45
Pontuação...................................................................................................................... 45
Exercícios....................................................................................................................... 49
Gabarito.......................................................................................................................... 67

Apostila gerada especialmente para: FERNANDA DE SOUZA GONCALVES 092.263.489-01


Compreensão de textos

Definição Geral
Embora correlacionados, esses conceitos se distinguem, pois sempre que compreendemos adequadamente
um texto e o objetivo de sua mensagem, chegamos à interpretação, que nada mais é do que as conclusões
específicas. Exemplificando, sempre que nos é exigida a compreensão de uma questão em uma avaliação,
a resposta será localizada no próprio no texto, posteriormente, ocorre a interpretação, que é a leitura e a
conclusão fundamentada em nossos conhecimentos prévios.
Compreensão de Textos
Resumidamente, a compreensão textual consiste na análise do que está explícito no texto, ou seja, na
identificação da mensagem. É assimilar (uma devida coisa) intelectualmente, fazendo uso da capacidade de
entender, atinar, perceber, compreender. Compreender um texto é apreender de forma objetiva a mensagem
transmitida por ele. Portanto, a compreensão textual envolve a decodificação da mensagem que é feita pelo
leitor. Por exemplo, ao ouvirmos uma notícia, automaticamente compreendemos a mensagem transmitida por
ela, assim como o seu propósito comunicativo, que é informar o ouvinte sobre um determinado evento.
Interpretação de Textos
É o entendimento relacionado ao conteúdo, ou melhor, os resultados aos quais chegamos por meio da
associação das ideias e, em razão disso, sobressai ao texto. Resumidamente, interpretar é decodificar o sentido
de um texto por indução.
A interpretação de textos compreende a habilidade de se chegar a conclusões específicas após a leitura de
algum tipo de texto, seja ele escrito, oral ou visual.
Grande parte da bagagem interpretativa do leitor é resultado da leitura, integrando um conhecimento que
foi sendo assimilado ao longo da vida. Dessa forma, a interpretação de texto é subjetiva, podendo ser diferente
entre leitores.
Exemplo de compreensão e interpretação de textos
Para compreender melhor a compreensão e interpretação de textos, analise a questão abaixo, que aborda
os dois conceitos em um texto misto (verbal e visual):
FGV > SEDUC/PE > Agente de Apoio ao Desenvolvimento Escolar Especial > 2015
Português > Compreensão e interpretação de textos
A imagem a seguir ilustra uma campanha pela inclusão social.

“A Constituição garante o direito à educação para todos e a inclusão surge para garantir esse direito também
aos alunos com deficiências de toda ordem, permanentes ou temporárias, mais ou menos severas.”

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A partir do fragmento acima, assinale a afirmativa incorreta.
(A) A inclusão social é garantida pela Constituição Federal de 1988.
(B) As leis que garantem direitos podem ser mais ou menos severas.
(C) O direito à educação abrange todas as pessoas, deficientes ou não.
(D) Os deficientes temporários ou permanentes devem ser incluídos socialmente.
(E) “Educação para todos” inclui também os deficientes.
Comentário da questão:
Em “A” o texto é sobre direito à educação, incluindo as pessoas com deficiência, ou seja, inclusão de
pessoas na sociedade. = afirmativa correta.
Em “B” o complemento “mais ou menos severas” se refere à “deficiências de toda ordem”, não às leis. =
afirmativa incorreta.
Em “C” o advérbio “também”, nesse caso, indica a inclusão/adição das pessoas portadoras de deficiência
ao direito à educação, além das que não apresentam essas condições. = afirmativa correta.
Em “D” além de mencionar “deficiências de toda ordem”, o texto destaca que podem ser “permanentes ou
temporárias”. = afirmativa correta.
Em “E” este é o tema do texto, a inclusão dos deficientes. = afirmativa correta.
Resposta: Logo, a Letra B é a resposta Certa para essa questão, visto que é a única que contém uma
afirmativa incorreta sobre o texto.
IDENTIFICANDO O TEMA DE UM TEXTO
O tema é a ideia principal do texto. É com base nessa ideia principal que o texto será desenvolvido. Para
que você consiga identificar o tema de um texto, é necessário relacionar as diferentes informações de forma
a construir o seu sentido global, ou seja, você precisa relacionar as múltiplas partes que compõem um todo
significativo, que é o texto.
Em muitas situações, por exemplo, você foi estimulado a ler um texto por sentir-se atraído pela temática re-
sumida no título. Pois o título cumpre uma função importante: antecipar informações sobre o assunto que será
tratado no texto.
Em outras situações, você pode ter abandonado a leitura porque achou o título pouco atraente ou, ao con-
trário, sentiu-se atraído pelo título de um livro ou de um filme, por exemplo. É muito comum as pessoas se
interessarem por temáticas diferentes, dependendo do sexo, da idade, escolaridade, profissão, preferências
pessoais e experiência de mundo, entre outros fatores.
Mas, sobre que tema você gosta de ler? Esportes, namoro, sexualidade, tecnologia, ciências, jogos, novelas,
moda, cuidados com o corpo? Perceba, portanto, que as temáticas são praticamente infinitas e saber reco-
nhecer o tema de um texto é condição essencial para se tornar um leitor hábil. Vamos, então, começar nossos
estudos?
Propomos, inicialmente, que você acompanhe um exercício bem simples, que, intuitivamente, todo leitor faz
ao ler um texto: reconhecer o seu tema. Vamos ler o texto a seguir?
CACHORROS
Os zoólogos acreditam que o cachorro se originou de uma espécie de lobo que vivia na Ásia. Depois os
cães se juntaram aos seres humanos e se espalharam por quase todo o mundo. Essa amizade começou há
uns 12 mil anos, no tempo em que as pessoas precisavam caçar para se alimentar. Os cachorros perceberam
que, se não atacassem os humanos, podiam ficar perto deles e comer a comida que sobrava. Já os homens
descobriram que os cachorros podiam ajudar a caçar, a cuidar de rebanhos e a tomar conta da casa, além de
serem ótimos companheiros. Um colaborava com o outro e a parceria deu certo.

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Ao ler apenas o título “Cachorros”, você deduziu sobre o possível assunto abordado no texto. Embora você
imagine que o texto vai falar sobre cães, você ainda não sabia exatamente o que ele falaria sobre cães. Repare
que temos várias informações ao longo do texto: a hipótese dos zoólogos sobre a origem dos cães, a associa-
ção entre eles e os seres humanos, a disseminação dos cães pelo mundo, as vantagens da convivência entre
cães e homens.
As informações que se relacionam com o tema chamamos de subtemas (ou ideias secundárias). Essas
informações se integram, ou seja, todas elas caminham no sentido de estabelecer uma unidade de sentido.
Portanto, pense: sobre o que exatamente esse texto fala? Qual seu assunto, qual seu tema? Certamente você
chegou à conclusão de que o texto fala sobre a relação entre homens e cães. Se foi isso que você pensou,
parabéns! Isso significa que você foi capaz de identificar o tema do texto!
Fonte: https://portuguesrapido.com/tema-ideia-central-e-ideias-secundarias/
IDENTIFICAÇÃO DE EFEITOS DE IRONIA OU HUMOR EM TEXTOS VARIADOS
Ironia
Ironia é o recurso pelo qual o emissor diz o contrário do que está pensando ou sentindo (ou por pudor em
relação a si próprio ou com intenção depreciativa e sarcástica em relação a outrem).
A ironia consiste na utilização de determinada palavra ou expressão que, em um outro contexto diferente do
usual, ganha um novo sentido, gerando um efeito de humor.
Exemplo:

Na construção de um texto, ela pode aparecer em três modos: ironia verbal, ironia de situação e ironia dra-
mática (ou satírica).
Ironia verbal
Ocorre quando se diz algo pretendendo expressar outro significado, normalmente oposto ao sentido literal.
A expressão e a intenção são diferentes.
Exemplo: Você foi tão bem na prova! Tirou um zero incrível!
Ironia de situação
A intenção e resultado da ação não estão alinhados, ou seja, o resultado é contrário ao que se espera ou
que se planeja.
Exemplo: Quando num texto literário uma personagem planeja uma ação, mas os resultados não saem
como o esperado. No livro “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, a personagem título
tem obsessão por ficar conhecida. Ao longo da vida, tenta de muitas maneiras alcançar a notoriedade sem su-
cesso. Após a morte, a personagem se torna conhecida. A ironia é que planejou ficar famoso antes de morrer e
se tornou famoso após a morte.

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Ironia dramática (ou satírica)
A ironia dramática é um efeito de sentido que ocorre nos textos literários quando o leitor, a audiência, tem
mais informações do que tem um personagem sobre os eventos da narrativa e sobre intenções de outros per-
sonagens. É um recurso usado para aprofundar os significados ocultos em diálogos e ações e que, quando
captado pelo leitor, gera um clima de suspense, tragédia ou mesmo comédia, visto que um personagem é posto
em situações que geram conflitos e mal-entendidos porque ele mesmo não tem ciência do todo da narrativa.
Exemplo: Em livros com narrador onisciente, que sabe tudo o que se passa na história com todas as per-
sonagens, é mais fácil aparecer esse tipo de ironia. A peça como Romeu e Julieta, por exemplo, se inicia com
a fala que relata que os protagonistas da história irão morrer em decorrência do seu amor. As personagens
agem ao longo da peça esperando conseguir atingir seus objetivos, mas a plateia já sabe que eles não serão
bem-sucedidos.
Humor
Nesse caso, é muito comum a utilização de situações que pareçam cômicas ou surpreendentes para pro-
vocar o efeito de humor.
Situações cômicas ou potencialmente humorísticas compartilham da característica do efeito surpresa. O
humor reside em ocorrer algo fora do esperado numa situação.
Há diversas situações em que o humor pode aparecer. Há as tirinhas e charges, que aliam texto e imagem
para criar efeito cômico; há anedotas ou pequenos contos; e há as crônicas, frequentemente acessadas como
forma de gerar o riso.
Os textos com finalidade humorística podem ser divididos em quatro categorias: anedotas, cartuns, tiras e
charges.
Exemplo:

ANÁLISE E A INTERPRETAÇÃO DO TEXTO SEGUNDO O GÊNERO EM QUE SE INSCREVE


Compreender um texto trata da análise e decodificação do que de fato está escrito, seja das frases ou das
ideias presentes. Interpretar um texto, está ligado às conclusões que se pode chegar ao conectar as ideias do
texto com a realidade. Interpretação trabalha com a subjetividade, com o que se entendeu sobre o texto.
Interpretar um texto permite a compreensão de todo e qualquer texto ou discurso e se amplia no entendimen-
to da sua ideia principal. Compreender relações semânticas é uma competência imprescindível no mercado de
trabalho e nos estudos.
Quando não se sabe interpretar corretamente um texto pode-se criar vários problemas, afetando não só o
desenvolvimento profissional, mas também o desenvolvimento pessoal.
Busca de sentidos
Para a busca de sentidos do texto, pode-se retirar do mesmo os tópicos frasais presentes em cada parágra-
fo. Isso auxiliará na apreensão do conteúdo exposto.
Isso porque é ali que se fazem necessários, estabelecem uma relação hierárquica do pensamento defendi-
do, retomando ideias já citadas ou apresentando novos conceitos.

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Por fim, concentre-se nas ideias que realmente foram explicitadas pelo autor. Textos argumentativos não
costumam conceder espaço para divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas entrelinhas. Deve-se
ater às ideias do autor, o que não quer dizer que o leitor precise ficar preso na superfície do texto, mas é funda-
mental que não sejam criadas suposições vagas e inespecíficas.
Importância da interpretação
A prática da leitura, seja por prazer, para estudar ou para se informar, aprimora o vocabulário e dinamiza o
raciocínio e a interpretação. A leitura, além de favorecer o aprendizado de conteúdos específicos, aprimora a
escrita.
Uma interpretação de texto assertiva depende de inúmeros fatores. Muitas vezes, apressados, descuidamo-
-nos dos detalhes presentes em um texto, achamos que apenas uma leitura já se faz suficiente. Interpretar exi-
ge paciência e, por isso, sempre releia o texto, pois a segunda leitura pode apresentar aspectos surpreendentes
que não foram observados previamente. Para auxiliar na busca de sentidos do texto, pode-se também retirar
dele os tópicos frasais presentes em cada parágrafo, isso certamente auxiliará na apreensão do conteúdo ex-
posto. Lembre-se de que os parágrafos não estão organizados, pelo menos em um bom texto, de maneira alea-
tória, se estão no lugar que estão, é porque ali se fazem necessários, estabelecendo uma relação hierárquica
do pensamento defendido, retomando ideias já citadas ou apresentando novos conceitos.
Concentre-se nas ideias que de fato foram explicitadas pelo autor: os textos argumentativos não costumam
conceder espaço para divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas entrelinhas. Devemos nos ater às
ideias do autor, isso não quer dizer que você precise ficar preso na superfície do texto, mas é fundamental que
não criemos, à revelia do autor, suposições vagas e inespecíficas. Ler com atenção é um exercício que deve
ser praticado à exaustão, assim como uma técnica, que fará de nós leitores proficientes.
Diferença entre compreensão e interpretação
A compreensão de um texto é fazer uma análise objetiva do texto e verificar o que realmente está escrito
nele. Já a interpretação imagina o que as ideias do texto têm a ver com a realidade. O leitor tira conclusões
subjetivas do texto.
Gêneros Discursivos
Romance: descrição longa de ações e sentimentos de personagens fictícios, podendo ser de comparação
com a realidade ou totalmente irreal. A diferença principal entre um romance e uma novela é a extensão do tex-
to, ou seja, o romance é mais longo. No romance nós temos uma história central e várias histórias secundárias.

Conto: obra de ficção onde é criado seres e locais totalmente imaginário. Com linguagem linear e curta,
envolve poucas personagens, que geralmente se movimentam em torno de uma única ação, dada em um só
espaço, eixo temático e conflito. Suas ações encaminham-se diretamente para um desfecho.

Novela: muito parecida com o conto e o romance, diferenciado por sua extensão. Ela fica entre o conto e o
romance, e tem a história principal, mas também tem várias histórias secundárias. O tempo na novela é basea-
da no calendário. O tempo e local são definidos pelas histórias dos personagens. A história (enredo) tem um
ritmo mais acelerado do que a do romance por ter um texto mais curto.

Crônica: texto que narra o cotidiano das pessoas, situações que nós mesmos já vivemos e normalmente é
utilizado a ironia para mostrar um outro lado da mesma história. Na crônica o tempo não é relevante e quando
é citado, geralmente são pequenos intervalos como horas ou mesmo minutos.

Poesia: apresenta um trabalho voltado para o estudo da linguagem, fazendo-o de maneira particular, refle-
tindo o momento, a vida dos homens através de figuras que possibilitam a criação de imagens.

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Editorial: texto dissertativo argumentativo onde expressa a opinião do editor através de argumentos e fatos
sobre um assunto que está sendo muito comentado (polêmico). Sua intenção é convencer o leitor a concordar
com ele.

Entrevista: texto expositivo e é marcado pela conversa de um entrevistador e um entrevistado para a obten-
ção de informações. Tem como principal característica transmitir a opinião de pessoas de destaque sobre algum
assunto de interesse.
Cantiga de roda: gênero empírico, que na escola se materializa em uma concretude da realidade. A cantiga
de roda permite as crianças terem mais sentido em relação a leitura e escrita, ajudando os professores a iden-
tificar o nível de alfabetização delas.
Receita: texto instrucional e injuntivo que tem como objetivo de informar, aconselhar, ou seja, recomendam
dando uma certa liberdade para quem recebe a informação.

DISTINÇÃO DE FATO E OPINIÃO SOBRE ESSE FATO


Fato
O fato é algo que aconteceu ou está acontecendo. A existência do fato pode ser constatada de modo in-
discutível. O fato é uma coisa que aconteceu e pode ser comprovado de alguma maneira, através de algum
documento, números, vídeo ou registro.
Exemplo de fato:
A mãe foi viajar.
Interpretação
É o ato de dar sentido ao fato, de entendê-lo. Interpretamos quando relacionamos fatos, os comparamos,
buscamos suas causas, previmos suas consequências.
Entre o fato e sua interpretação há uma relação lógica: se apontamos uma causa ou consequência, é ne-
cessário que seja plausível. Se comparamos fatos, é preciso que suas semelhanças ou diferenças sejam de-
tectáveis.
Exemplos de interpretação:
A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em outro país.
A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profissão do que com a filha.
Opinião
A opinião é a avaliação que se faz de um fato considerando um juízo de valor. É um julgamento que tem
como base a interpretação que fazemos do fato.
Nossas opiniões costumam ser avaliadas pelo grau de coerência que mantêm com a interpretação do fato.
É uma interpretação do fato, ou seja, um modo particular de olhar o fato. Esta opinião pode alterar de pessoa
para pessoa devido a fatores socioculturais.
Exemplos de opiniões que podem decorrer das interpretações anteriores:
A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em outro país. Ela tomou uma decisão acertada.
A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profissão do que com a filha. Ela foi egoísta.
Muitas vezes, a interpretação já traz implícita uma opinião.
Por exemplo, quando se mencionam com ênfase consequências negativas que podem advir de um fato, se
enaltecem previsões positivas ou se faz um comentário irônico na interpretação, já estamos expressando nosso
julgamento.
É muito importante saber a diferença entre o fato e opinião, principalmente quando debatemos um tema
polêmico ou quando analisamos um texto dissertativo.

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Exemplo:
A mãe viajou e deixou a filha só. Nem deve estar se importando com o sofrimento da filha.

A organização textual dos vários modos de organização discursiva

Existem várias formas de organizar um texto, seja ele um texto argumentativo, descritivo, narrativo, entre
outros. A organização textual é importante para garantir a clareza e a coesão do texto, facilitando a compreen-
são do leitor. A seguir, apresentamos alguns dos principais modos de organização discursiva:
Organização cronológica: é a forma mais comum de organizar textos narrativos, em que os eventos são
apresentados na ordem em que ocorrem no tempo. Também pode ser utilizada em textos descritivos, em que
as informações são apresentadas seguindo uma sequência temporal.
Exemplo: “No início, o personagem estava feliz. Depois, aconteceu algo que mudou sua vida completamen-
te. Por fim, ele aprendeu uma grande lição.”
Organização por ordem de importância: nesta forma de organização, os elementos são apresentados em
uma sequência que vai do menos importante para o mais importante, ou vice-versa. É bastante utilizado em tex-
tos argumentativos, em que são apresentados argumentos em ordem crescente ou decrescente de relevância.
Exemplo: “Existem vários motivos pelos quais devemos preservar o meio ambiente. Primeiramente, a na-
tureza é fonte de recursos essenciais para a nossa sobrevivência. Além disso, as alterações climáticas podem
trazer consequências devastadoras. Por fim, preservar o meio ambiente é garantir um futuro sustentável para
as próximas gerações.”
Organização por comparação/contraste: nesta forma de organização, são estabelecidas semelhanças e
diferenças entre elementos, possibilitando uma análise mais aprofundada. Pode ser utilizado em textos argu-
mentativos, expositivos ou até mesmo narrativos.
Exemplo: “A cidade de São Paulo e a cidade do Rio de Janeiro têm características muito distintas. Enquanto
São Paulo é conhecida por ser uma metrópole agitada e cosmopolita, com um ritmo de vida acelerado, o Rio
de Janeiro é famoso por suas praias e pelo estilo de vida mais descontraído.”
Esses são apenas alguns exemplos de modos de organização discursiva. É importante ressaltar que a
organização do texto pode variar de acordo com o objetivo e o gênero textual. O escritor deve escolher uma
estrutura que melhor se adeque às suas intenções e às características do texto que está produzindo.
Definições e diferenciação: tipos textuais e gêneros textuais são dois conceitos distintos, cada qual com
sua própria linguagem e estrutura. Os tipos textuais gêneros se classificam em razão da estrutura linguística,
enquanto os gêneros textuais têm sua classificação baseada na forma de comunicação. Assim, os gêneros são
variedades existente no interior dos modelos pré-estabelecidos dos tipos textuais. A definição de um gênero
textual é feita a partir dos conteúdos temáticos que apresentam sua estrutura específica. Logo, para cada tipo
de texto, existem gêneros característicos.
Como se classificam os tipos e os gêneros textuais
As classificações conforme o gênero podem sofrer mudanças e são amplamente flexíveis. Os principais
gêneros são: romance, conto, fábula, lenda, notícia, carta, bula de medicamento, cardápio de restaurante, lista
de compras, receita de bolo, etc. Quanto aos tipos, as classificações são fixas, e definem e distinguem o texto
com base na estrutura e nos aspectos linguísticos. Os tipos textuais são: narrativo, descritivo, dissertativo,
expositivo e injuntivo. Resumindo, os gêneros textuais são a parte concreta, enquanto as tipologias integram
o campo das formas, da teoria. Acompanhe abaixo os principais gêneros textuais inseridos e como eles se
inserem em cada tipo textual:
Texto narrativo: esse tipo textual se estrutura em: apresentação, desenvolvimento, clímax e desfecho. Esses
textos se caracterizam pela apresentação das ações de personagens em um tempo e espaço determinado. Os
principais gêneros textuais que pertencem ao tipo textual narrativo são: romances, novelas, contos, crônicas e
fábulas.

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Texto descritivo: esse tipo compreende textos que descrevem lugares ou seres ou relatam acontecimentos.
Em geral, esse tipo de texto contém adjetivos que exprimem as emoções do narrador, e, em termos de gêneros,
abrange diários, classificados, cardápios de restaurantes, folhetos turísticos, relatos de viagens, etc.
Texto expositivo: corresponde ao texto cuja função é transmitir ideias utilizando recursos de definição,
comparação, descrição, conceituação e informação. Verbetes de dicionário, enciclopédias, jornais, resumos
escolares, entre outros, fazem parte dos textos expositivos.
Texto argumentativo: os textos argumentativos têm o objetivo de apresentar um assunto recorrendo a
argumentações, isto é, caracteriza-se por defender um ponto de vista. Sua estrutura é composta por introdução,
desenvolvimento e conclusão. Os textos argumentativos compreendem os gêneros textuais manifesto e abaixo-
assinado.
Texto injuntivo: esse tipo de texto tem como finalidade de orientar o leitor, ou seja, expor instruções, de forma
que o emissor procure persuadir seu interlocutor. Em razão disso, o emprego de verbos no modo imperativo é
sua característica principal. Pertencem a este tipo os gêneros bula de remédio, receitas culinárias, manuais de
instruções, entre outros.
Texto prescritivo: essa tipologia textual tem a função de instruir o leitor em relação ao procedimento. Esses
textos, de certa forma, impedem a liberdade de atuação do leitor, pois decretam que ele siga o que diz o texto.
Os gêneros que pertencem a esse tipo de texto são: leis, cláusulas contratuais, edital de concursos públicos.
Gêneros textuais predominantemente do tipo textual narrativo
Romance
É um texto completo, com tempo, espaço e personagens bem definidosl. Pode ter partes em que o tipo nar-
rativo dá lugar ao descritivo em função da caracterização de personagens e lugares. As ações são mais exten-
sas e complexas. Pode contar as façanhas de um herói em uma história de amor vivida por ele e uma mulher,
muitas vezes, “proibida” para ele. Entretanto, existem romances com diferentes temáticas: romances históricos
(tratam de fatos ligados a períodos históricos), romances psicológicos (envolvem as reflexões e conflitos inter-
nos de um personagem), romances sociais (retratam comportamentos de uma parcela da sociedade com vistas
a realização de uma crítica social). Para exemplo, destacamos os seguintes romancistas brasileiros: Machado
de Assis, Guimarães Rosa, Eça de Queiroz, entre outros.
Conto
É um texto narrativo breve, e de ficção, geralmente em prosa, que conta situações rotineiras, anedotas e até
folclores. Inicialmente, fazia parte da literatura oral. Boccacio foi o primeiro a reproduzi-lo de forma escrita com
a publicação de Decamerão.
Ele é um gênero da esfera literária e se caracteriza por ser uma narrativa densa e concisa, a qual se desen-
volve em torno de uma única ação. Geralmente, o leitor é colocado no interior de uma ação já em desenvolvi-
mento. Não há muita especificação sobre o antes e nem sobre o depois desse recorte que é narrado no conto.
Há a construção de uma tensão ao longo de todo o conto.
Diversos contos são desenvolvidos na tipologia textual narrativa: conto de fadas, que envolve personagens
do mundo da fantasia; contos de aventura, que envolvem personagens em um contexto mais próximo da reali-
dade; contos folclóricos (conto popular); contos de terror ou assombração, que se desenrolam em um contexto
sombrio e objetivam causar medo no expectador; contos de mistério, que envolvem o suspense e a solução de
um mistério.
Fábula
É um texto de caráter fantástico que busca ser inverossímil. As personagens principais não são humanos e
a finalidade é transmitir alguma lição de moral.
Novela
É um texto caracterizado por ser intermediário entre a longevidade do romance e a brevidade do conto. Esse
gênero é constituído por uma grande quantidade de personagens organizadas em diferentes núcleos, os quais
nem sempre convivem ao longo do enredo. Como exemplos de novelas, podem ser citadas as obras O Alienis-
ta, de Machado de Assis, e A Metamorfose, de Kafka.

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Crônica
É uma narrativa informal, breve, ligada à vida cotidiana, com linguagem coloquial. Pode ter um tom humo-
rístico ou um toque de crítica indireta, especialmente, quando aparece em seção ou artigo de jornal, revistas e
programas da TV. Há na literatura brasileira vários cronistas renomados, dentre eles citamos para seu conheci-
mento: Luís Fernando Veríssimo, Rubem Braga, Fernando Sabido entre outros.
Diário
É escrito em linguagem informal, sempre consta a data e não há um destinatário específico, geralmente, é
para a própria pessoa que está escrevendo, é um relato dos acontecimentos do dia. O objetivo desse tipo de
texto é guardar as lembranças e em alguns momentos desabafar. Veja um exemplo:
“Domingo, 14 de junho de 1942
Vou começar a partir do momento em que ganhei você, quando o vi na mesa, no meio dos meus outros pre-
sentes de aniversário. (Eu estava junto quando você foi comprado, e com isso eu não contava.)
Na sexta-feira, 12 de junho, acordei às seis horas, o que não é de espantar; afinal, era meu aniversário.
Mas não me deixam levantar a essa hora; por isso, tive de controlar minha curiosidade até quinze para as sete.
Quando não dava mais para esperar, fui até a sala de jantar, onde Moortje (a gata) me deu as boas-vindas,
esfregando-se em minhas pernas.”
Trecho retirado do livro “Diário de Anne Frank”.
Gêneros textuais predominantemente do tipo textual descritivo
Currículo
É um gênero predominantemente do tipo textual descritivo. Nele são descritas as qualificações e as ativida-
des profissionais de uma determinada pessoa.
Laudo
É um gênero predominantemente do tipo textual descritivo. Sua função é descrever o resultado de análises,
exames e perícias, tanto em questões médicas como em questões técnicas.
Outros exemplos de gêneros textuais pertencentes aos textos descritivos são: folhetos turísticos; cardápios
de restaurantes; classificados; etc.
Gêneros textuais predominantemente do tipo textual expositivo
Resumos e Resenhas
O autor faz uma descrição breve sobre a obra (pode ser cinematográfica, musical, teatral ou literária) a fim
de divulgar este trabalho de forma resumida.
Na verdade resumo e/ou resenha é uma análise sobre a obra, com uma linguagem mais ou menos formal,
geralmente os resenhistas são pessoas da área devido o vocabulário específico, são estudiosos do assunto, e
podem influenciar a venda do produto devido a suas críticas ou elogios.
Verbete de dicionário
Gênero predominantemente expositivo. O objetivo é expor conceitos e significados de palavras de uma lín-
gua.
Relatório Científico
Gênero predominantemente expositivo. Descreve etapas de pesquisa, bem como caracteriza procedimentos
realizados.
Conferência
Predominantemente expositivo. Pode ser argumentativo também. Expõe conhecimentos e pontos de vistas
sobre determinado assunto. Gênero executado, muitas vezes, na modalidade oral.
Outros exemplos de gêneros textuais pertencentes aos textos expositivos são: enciclopédias; resumos es-
colares; etc.

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Gêneros textuais pertencentes aos textos argumentativos
Artigo de Opinião
É comum1 encontrar circulando no rádio, na TV, nas revistas, nos jornais, temas polêmicos que exigem uma
posição por parte dos ouvintes, espectadores e leitores, por isso, o autor geralmente apresenta seu ponto de
vista sobre o tema em questão através do artigo de opinião.
Nos tipos textuais argumentativos, o autor geralmente tem a intenção de convencer seus interlocutores e,
para isso, precisa apresentar bons argumentos, que consistem em verdades e opiniões.
O artigo de opinião é fundamentado em impressões pessoais do autor do texto e, por isso, são fáceis de
contestar.
Discurso Político
O discurso político2 é um texto argumentativo, fortemente persuasivo, em nome do bem comum, alicerçado
por pontos de vista do emissor ou de enunciadores que representa, e por informações compartilhadas que
traduzem valores sociais, políticos, religiosos e outros. Frequentemente, apresenta-se como uma fala coletiva
que procura sobrepor-se em nome de interesses da comunidade e constituir norma de futuro. Está inserido
numa dinâmica social que constantemente o altera e ajusta a novas circunstâncias. Em períodos eleitorais, a
sua maleabilidade permite sempre uma resposta que oscila entre a satisfação individual e os grandes objetivos
sociais da resolução das necessidades elementares dos outros.
Hannah Arendt (em The Human Condition) afirma que o discurso político tem por finalidade a persuasão do
outro, quer para que a sua opinião se imponha, quer para que os outros o admirem. Para isso, necessita da
argumentação, que envolve o raciocínio, e da eloquência da oratória, que procura seduzir recorrendo a afetos
e sentimentos.
O discurso político é, provavelmente, tão antigo quanto a vida do ser humano em sociedade. Na Grécia an-
tiga, o político era o cidadão da “pólis” (cidade, vida em sociedade), que, responsável pelos negócios públicos,
decidia tudo em diálogo na “agora” (praça onde se realizavam as assembleias dos cidadãos), mediante pala-
vras persuasivas. Daí o aparecimento do discurso político, baseado na retórica e na oratória, orientado para
convencer o povo.
O discurso político implica um espaço de visibilidade para o cidadão, que procura impor as suas ideias,
os seus valores e projetos, recorrendo à força persuasiva da palavra, instaurando um processo de sedução,
através de recursos estéticos como certas construções, metáforas, imagens e jogos linguísticos. Valendo-se
da persuasão e da eloquência, fundamenta-se em decisões sobre o futuro, prometendo o que pode ser feito.
Requerimento
Predominantemente dissertativo-argumentativo. O requerimento tem a função de solicitar determinada coisa
ou procedimento. Ele é dissertativo-argumentativo pela presença de argumentação com vistas ao convenci-
mento
Outros exemplos de gêneros textuais pertencentes aos textos argumentativos são: abaixo-assinados; mani-
festos; sermões; etc.
Gêneros textuais predominantemente do tipo textual injuntivo
Bulas de remédio
A bula de remédio traz também o tipo textual descritivo. Nela aparecem as descrições sobre a composição
do remédio bem como instruções quanto ao seu uso.
Manual de instruções
O manual de instruções tem como objetivo instruir sobre os procedimentos de uso ou montagem de um de-
terminado equipamento.
Exemplos de gêneros textuais pertencentes aos textos injuntivos são: receitas culinárias, instruções em
geral.

1 http://www.odiarioonline.com.br/noticia/43077/VENDEDOR-BRASILEIRO-ESTA-MENOS-SIMPATICO
2 https://www.infopedia.pt/$discurso-politico

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Gêneros textuais predominantemente do tipo textual prescritivo
Exemplos de gêneros textuais pertencentes aos textos prescritivos são: leis; cláusulas contratuais; edital de
concursos públicos; receitas médicas, etc.
Outros Exemplos
Carta
Esta, dependendo do destinatário pode ser informal, quando é destinada a algum amigo ou pessoa com
quem se tem intimidade. E formal quando destinada a alguém mais culto ou que não se tenha intimidade.
Dependendo do objetivo da carta a mesma terá diferentes estilos de escrita, podendo ser dissertativa, narra-
tiva ou descritiva. As cartas se iniciam com a data, em seguida vem a saudação, o corpo da carta e para finalizar
a despedida.
Propaganda
Este gênero aparece também na forma oral, diferente da maioria dos outros gêneros. Suas principais ca-
racterísticas são a linguagem argumentativa e expositiva, pois a intenção da propaganda é fazer com que o
destinatário se interesse pelo produto da propaganda. O texto pode conter algum tipo de descrição e sempre é
claro e objetivo.
Notícia
Este é um dos tipos de texto que é mais fácil de identificar. Sua linguagem é narrativa e descritiva e o objetivo
desse texto é informar algo que aconteceu.
A notícia é um dos principais tipos de textos jornalísticos existentes e tem como intenção nos informar acerca
de determinada ocorrência. Bastante recorrente nos meios de comunicação em geral, seja na televisão, em
sites pela internet ou impresso em jornais ou revistas.
Caracteriza-se por apresentar uma linguagem simples, clara, objetiva e precisa, pautando-se no relato de
fatos que interessam ao público em geral. A linguagem é clara, precisa e objetiva, uma vez que se trata de uma
informação.
Editorial
O editorial é um tipo de texto jornalístico que geralmente aparece no início das colunas. Diferente dos outros
textos que compõem um jornal, de caráter informativo, os editoriais são textos opinativos.
Embora sejam textos de caráter subjetivo, podem apresentar certa objetividade. Isso porque são os edito-
riais que apresentam os assuntos que serão abordados em cada seção do jornal, ou seja, Política, Economia,
Cultura, Esporte, Turismo, País, Cidade, Classificados, entre outros.
Os textos são organizados pelos editorialistas, que expressam as opiniões da equipe e, por isso, não rece-
bem a assinatura do autor. No geral, eles apresentam a opinião do meio de comunicação (revista, jornal, rádio,
etc.).
Tanto nos jornais como nas revistas podemos encontrar os editoriais intitulados como “Carta ao Leitor” ou
“Carta do Editor”.
Em relação ao discurso apresentado, esse costuma se apoiar em fatos polêmicos ligados ao cotidiano so-
cial. E quando falamos em discurso, logo nos atemos à questão da linguagem que, mesmo em se tratando de
impressões pessoais, o predomínio do padrão formal, fazendo com que prevaleça o emprego da 3ª pessoa do
singular, ocupa lugar de destaque.
Reportagem
Reportagem é um texto jornalístico amplamente divulgado nos meios de comunicação de massa. A reporta-
gem informa, de modo mais aprofundado, fatos de interesse público. Ela situa-se no questionamento de causa
e efeito, na interpretação e no impacto, somando as diferentes versões de um mesmo acontecimento.
A reportagem não possui uma estrutura rígida, mas geralmente costuma estabelecer conexões com o fato
central, anunciado no que chamamos de lead. A partir daí, desenvolve-se a narrativa do fato principal, ampliada
e composta por meio de citações, trechos de entrevistas, depoimentos, dados estatísticos, pequenos resumos,
dentre outros recursos. É sempre iniciada por um título, como todo texto jornalístico.

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O objetivo de uma reportagem é apresentar ao leitor várias versões para um mesmo fato, informando-o,
orientando-o e contribuindo para formar sua opinião.
A linguagem utilizada nesse tipo de texto é objetiva, dinâmica e clara, ajustada ao padrão linguístico divul-
gado nos meios de comunicação de massa, que se caracteriza como uma linguagem acessível a todos os
públicos, mas pode variar de formal para mais informal dependendo do público a que se destina. Embora seja
impessoal, às vezes é possível perceber a opinião do repórter sobre os fatos ou sua interpretação.3
Gêneros Textuais e Gêneros Literários
Conforme o próprio nome indica, os gêneros textuais se referem a qualquer tipo de texto, enquanto os gêne-
ros literários se referem apenas aos textos literários.
Os gêneros literários são divisões feitas segundo características formais comuns em obras literárias, agru-
pando-as conforme critérios estruturais, contextuais e semânticos, entre outros.
- Gênero lírico;
- Gênero épico ou narrativo;
- Gênero dramático.
Gênero Lírico
É certo tipo de texto no qual um eu lírico (a voz que fala no poema e que nem sempre corresponde à do
autor) exprime suas emoções, ideias e impressões em face do mundo exterior. Normalmente os pronomes e os
verbos estão em 1ª pessoa e há o predomínio da função emotiva da linguagem.
Elegia
Um texto de exaltação à morte de alguém, sendo que a morte é elevada como o ponto máximo do texto. O
emissor expressa tristeza, saudade, ciúme, decepção, desejo de morte. É um poema melancólico. Um bom
exemplo é a peça Roan e Yufa, de William Shakespeare.
Epitalâmia
Um texto relativo às noites nupciais líricas, ou seja, noites românticas com poemas e cantigas. Um bom
exemplo de epitalâmia é a peça Romeu e Julieta nas noites nupciais.
Ode (ou hino)
É o poema lírico em que o emissor faz uma homenagem à pátria (e aos seus símbolos), às divindades, à
mulher amada, ou a alguém ou algo importante para ele. O hino é uma ode com acompanhamento musical.
Idílio (ou écloga)
Poema lírico em que o emissor expressa uma homenagem à natureza, às belezas e às riquezas que ela dá
ao homem. É o poema bucólico, ou seja, que expressa o desejo de desfrutar de tais belezas e riquezas ao lado
da amada (pastora), que enriquece ainda mais a paisagem, espaço ideal para a paixão. A écloga é um idílio
com diálogos (muito rara).
Sátira
É o poema lírico em que o emissor faz uma crítica a alguém ou a algo, em tom sério ou irônico. Tem um forte
sarcasmo, pode abordar críticas sociais, a costumes de determinada época, assuntos políticos, ou pessoas de
relevância social.
Acalanto
Canção de ninar.
Acróstico
Composição lírica na qual as letras iniciais de cada verso formam uma palavra ou frase. Ex.:
Amigos são

3 CEREJA, William Roberto & MAGALHÃES, Thereza Cochar. Texto e interação. São Paulo, Atual Editora,
2000

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Muitas vezes os
Irmãos que escolhemos.
Zelosos, eles nos
Ajudam e
Dedicam-se por nós, para que nossa relação seja verdadeira e
Eterna
https://www.todamateria.com.br/acrostico/
Balada
Uma das mais primitivas manifestações poéticas, são cantigas de amigo (elegias) com ritmo característico e
refrão vocal que se destinam à dança.
Canção (ou Cantiga, Trova)
Poema oral com acompanhamento musical.
Gazal (ou Gazel)
Poesia amorosa dos persas e árabes; odes do oriente médio.
Soneto
É um texto em poesia com 14 versos, dividido em dois quartetos e dois tercetos.
Vilancete
São as cantigas de autoria dos poetas vilões (cantigas de escárnio e de maldizer); satíricas, portanto.
Gênero Épico ou Narrativo
Na Antiguidade Clássica, os padrões literários reconhecidos eram apenas o épico, o lírico e o dramáti-
co. Com o passar dos anos, o gênero épico passou a ser considerado apenas uma variante do gênero literário
narrativo, devido ao surgimento de concepções de prosa com características diferentes: o romance, a novela,
o conto, a crônica, a fábula.
Épico (ou Epopeia)
Os textos épicos são geralmente longos e narram histórias de um povo ou de uma nação, envolvem aventu-
ras, guerras, viagens, gestos heroicos, etc. Normalmente apresentam um tom de exaltação, isto é, de valoriza-
ção de seus heróis e seus feitos. Dois exemplos são Os Lusíadas, de Luís de Camões, e Odisseia, de Homero.
Ensaio
É um texto literário breve, situado entre o poético e o didático, expondo ideias, críticas e reflexões morais e
filosóficas a respeito de certo tema. É menos formal e mais flexível que o tratado.
Consiste também na defesa de um ponto de vista pessoal e subjetivo sobre um tema (humanístico, filosófico,
político, social, cultural, moral, comportamental, etc.), sem que se paute em formalidades como documentos ou
provas empíricas ou dedutivas de caráter científico. Exemplo: Ensaio sobre a tolerância, de John Locke.
Gênero Dramático
Trata-se do texto escrito para ser encenado no teatro. Nesse tipo de texto, não há um narrador contando a
história. Ela “acontece” no palco, ou seja, é representada por atores, que assumem os papéis das personagens
nas cenas.
Tragédia
É a representação de um fato trágico, suscetível de provocar compaixão e terror. Aristóteles afirmava que a
tragédia era “uma representação duma ação grave, de alguma extensão e completa, em linguagem figurada,
com atores agindo, não narrando, inspirando dó e terror”. Ex.: Romeu e Julieta, de Shakespeare.

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Farsa
A farsa consiste no exagero do cômico, graças ao emprego de processos como o absurdo, as incongruên-
cias, os equívocos, a caricatura, o humor primário, as situações ridículas e, em especial, o engano.
Comédia
É a representação de um fato inspirado na vida e no sentimento comum, de riso fácil. Sua origem grega está
ligada às festas populares.
Tragicomédia
Modalidade em que se misturam elementos trágicos e cômicos. Originalmente, significava a mistura do real
com o imaginário.
Poesia de cordel
Texto tipicamente brasileiro em que se retrata, com forte apelo linguístico e cultural nordestinos, fatos diver-
sos da sociedade e da realidade vivida por este povo.
Discurso Religioso4
A Análise Crítica do Discurso (ADC) tem como fulcro a abordagem das relações (internas e recíprocas) entre
linguagem e sociedade. Os textos produzidos socialmente em eventos autênticos são resultantes da estrutura-
ção social da linguagem que os consome e os faz circular. Por outro lado, esses mesmos textos são também
potencialmente transformadores dessa estruturação social da linguagem, assim como os eventos sociais são
tanto resultado quanto substrato dessas estruturas sociais.
O discurso religioso é “aquele em que há uma relação espontânea com o sagrado” sendo, portanto, “mais
informal”; enquanto o teológico é o tipo de “discurso em que a mediação entre a alma religiosa e o sagrado se
faz por uma sistematização dogmática das verdades religiosas, e onde o teólogo (...) aparece como aquele que
faz a relação entre os dois mundos: o mundo hebraico e o mundo cristão”, sendo, assim, “mais formal”. Porém,
podemos falar em DR de maneira globalizante.
Assim, temos:
- Desnivelamento, assimetria na relação entre o locutor e o ouvinte – o locutor está no plano espiritual (Deus),
e o ouvinte está no plano temporal (os adoradores). As duas ordens de mundo são totalmente diferentes para
os sujeitos, e essa ordem é afetada por um valor hierárquico, por uma desigualdade, por um desnivelamento.
Deus, o locutor, é imortal, eterno, onipotente, onipresente, onisciente, em resumo, o todo-poderoso. Os seres
humanos, os ouvintes, são mortais, efêmeros e finitos.
- Modos de representação. A voz no discurso religioso (DR) se fala em seus representantes (Padre, pastor,
profeta), essa é uma forma de relação simbólica. Essa apropriação ocorre sem explicitar os mecanismos de
incorporação da voz, aspecto que caracteriza a mistificação.
- O ideal do DR é que o ‘representante’, o que se apropria do discurso de Deus’, não o modifique. Ele deve
seguir regras restritas reguladas pelo texto sagrado, pela Igreja, pelas liturgias. Deve-se manter distância entre
‘o dito de Deus’ e ‘o dizer do homem’.
- A interpretação da palavra de Deus é regulada. “Os sentidos não podem ser quaisquer sentidos: o discurso
religioso tende fortemente para a monossemia”.
- Dualismos, as formas da ilusão da reversibilidade: plano humano e plano divino; ordem temporal e ordem
espiritual; sujeitos e Sujeito; homem e Deus. A ilusão ocorre na passagem de um plano para outro e pode ter
duas direções: de cima para baixo, ou seja, de Deus para os homens, momento em que Ele compartilha suas
propriedades (ministração de sacramentos, bênçãos); de baixo para cima, quando o homem se alça a Deus,
principalmente, através da visão, da profecia. Estas são formas de ‘ultrapassagem’.

4 https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/soletras/article/download/4694/3461#:~:text=O%20dis-
curso%20religioso%20%C3%A9%20aquele,discurso%20(Orlandi%2C%201996).&text=locutor%20est%-
C3%A1%20no%20plano%20espiritual,plano%20temporal%20(os%20adoradores).

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- Escopo do discurso religioso. A fé separa os fiéis dos não-fiéis, “os convictos dos não-convictos. Logo, é
o parâmetro pelo qual delimita a comunidade e constitui o escopo do discurso religioso em suas duas forma-
ções características: para os que creem, o discurso religioso é uma promessa, para os que não creem é uma
ameaça.
Os discursos religiosos, como já vimos, se mostram com estruturas rígidas quanto aos papéis dos interlocu-
tores (a divindade e os seres humanos). Os dogmas sagrados, por exemplos, fé e Deus, são intocáveis. “Deus
define-se (...) a si mesmo como sujeito por excelência, aquele que é por si e para si (Sou aquele que É) e aquele
que interpela seu sujeito (...) eis quem tu és: é Pedro.”
Outros traços do DR se configuram com o uso do imperativo e do vocativo – características inerentes de
discursos de doutrinação; uso de metáforas – explicitadas por paráfrases que indicam a leitura apropriada para
as metáforas utilizadas; uso de citações no original (grego, hebraico, latim) – traduzidas para a língua em uso
através de perífrases extensas e explicativas em que se busca aproveitar o máximo o efeito de sentido advindo
da língua original; o uso de performativos – uso de verbos em que o ‘dizer’ representa o ‘fazer’; o uso de sintag-
mas cristalizados – usadas em orações e funções fáticas.
Ainda em relação às unidades textuais, podemos acrescentar o uso de determinadas formas simbólicas do
DR como as parábolas, a utilização de certos temas, como a efemeridade da vida humana, a vida eterna, o
galardão, entre outros. Acrescenta-se também como marca a intertextualidade.
Discurso Jurídico5
O discurso legal caracteriza-se como um discurso hierárquico e dominante, baseado numa estrutura de ex-
clusão e discriminação de várias minorias sociais, como os pobres, os negros, os homossexuais, as mulheres,
etc. A especificidade da linguagem jurídica, e as restrições educacionais quanto a quem pode militar na Área
(advogados, promotores, juízes, etc.), são apenas algumas das estratégias utilizadas pelo sistema jurídico para
manter o discurso legal inacessível à maioria das pessoas, e desta forma protege-lo de análises e críticas.
Como em todo discurso dominante, as posições de poder criadas para os participantes de textos legais são
particularmente assimétricas, como é o caso num julgamento (e.g. entre o juiz e o réu; entre o juiz e as teste-
munhas; etc.). Os juízes, por exemplo, detêm um poder especial devido ao seu status social e ao seu acesso
privilegiado ao discurso legal (são eles que produzem a forma final dos textos legais). Portanto, é a visão de
mundo do juiz que prevalece nas sentenças, em detrimento de outras posições alternativas.
Além de relações de poder, os textos legais também expressam relações de gênero. A lei e a cultura mascu-
lina estão intimamente ligadas; o sistema jurídico é quase que inteiramente dominado por homens (só recente-
mente as mulheres passaram a fazer parte de instituições jurídicas) e, de forma geral, ele expressa uma visão
masculina do mundo. As mulheres que são parte em processos legais (e.g. reclamantes, rés, testemunhas,
etc.) estão expostas a um duplo grau de discriminação e exclusão: primeiro, como leigas, elas ocupam uma
posição desfavorecida se comparadas com militantes legais (advogados, juízes, promotores, etc.); segundo,
elas são estigmatizadas também por serem mulheres, e têm seu comportamento social e sexual avaliado e
controlado pelo discurso jurídico.
Discurso Técnico6
Para o desempenho de tal papel, eles contam com suas características intrínsecas, as quais são responsá-
veis pelo “rótulo” que cada tipo textual carrega.
Tais características se evidenciam formal e funcionalmente e são percebidas, de maneira mais ou menos
clara pelo leitor/ouvinte. Afinal, todos os tipos de texto têm um público fiel, ao qual se destinam.
Os autores que têm o texto técnico como objeto de estudo concordam que ele apresenta as seguintes ca-
racterísticas:
• Linguagem monossêmica;
• Vocabulário específico ou léxico especializado;
• Objetividade;
• Emprego de voz passiva;
5 https://periodicos.ufsc.br/index.php/revistacfh/article/download/23353/21030/0
6 https://revistas.ufg.br/lep/article/download/32601/17331/

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• Preferência pelo emprego do tempo verbal presente.
As características apontadas acima coadunam-se com o objetivo principal de qualquer produção de cunho
técnico: transmissão de conhecimentos de forma clara e imparcial. Embora a objetividade e a neutralidade
sejam fiéis parceiras do texto técnico, não se pode afirmar que esse tipo textual seja isento das marcas de seu
autor, enquanto produtor de ideias e veiculador de informações. Quando há a troca da 3ª pessoa do singular
pela 1ª pessoa do plural, por exemplo, o autor tem a intenção de conquistar o seu interlocutor, tornando-o um
parceiro “na assunção das informações dadas, numa forma de estratégia argumentativa.”
Todo tipo textual possui a argumentatividade, porém essa aparece de modo mais intenso e explícito em al-
guns textos e de modo menos intenso e explícito em outros. Para complementar a afirmação dessas autoras,
cita-se Benveniste para o qual, o sujeito está sempre presente no texto, não havendo, portanto, texto neutro ou
imparcial.
Percebe-se, então, que o texto técnico possui características que o diferenciam dos demais tipos de textos.
No entanto, não se deve afirmar que ele seja desprovido de marcas autorais. Tanto é verdade, que alguns au-
tores de textos técnicos não dispensam o uso de certos advérbios e conjunções, por exemplo, expedientes que
têm a função de modalizar o discurso.
A modalização, nesse tipo de texto, pode aparecer de forma implícita e/ou explícita. Sob essa última forma,
verificam-se o aparecimento de construções específicas, tais como as nominalizações, a voz passiva, o empre-
go de determinadas conjunções e preposições.
Discurso Acadêmico/Científico7
O texto como objeto abstrato se configura no campo da linguística como teoria geral. Já discurso é uma
realidade de interação-enunciação objeto de análises discursivas. Enquanto os textos, como objetos concretos,
são aqueles que se apresentam completos constituídos de um ato de enunciação que visa à interação entre
produtor e interlocutor. Partindo dessas concepções, percebe- se que texto e discurso se complementam, pois,
para o autor, “a separação do textual e do discursivo é essencialmente metodológica”, o que leva à distinção
entre os dois a anular-se. Neste caso, texto e discurso são unidades complementares.
A partir da compreensão de discurso, passa-se a refletir sobre o que vem ser discurso científico. Para Gui-
marães é aquele em que “o autor pretende fazer o leitor saber.” Ou seja, a intenção do autor é fazer o leitor ou
pesquisador saber como os resultados daquela pesquisa foram alcançados, dando-lhe oportunidade de repetir
os procedimentos metodológicos em outras pesquisas similares.
Para Carioca, “o discurso científico é a forma de apresentação da linguagem que circula na comunidade
científica em todo o mundo. Sua formulação depende de uma pesquisa minuciosa e efetiva sobre um objeto,
que é metodologicamente analisado à luz de uma teoria.” Outra posição é que o discurso científico não se dá
apenas pela comprovação ou refutação do que foi escrito, dá-se também pela aceitabilidade dos pares que
compõem a comunidade específica.
Desse modo, pode-se dizer que a estrutura global da comunicação científica está respaldada em parâmetros
normativos referentes à produção de gêneros e à produção da linguagem, ou seja, o discurso acadêmico se
estabeleceu dentro de convenções instituídas pela comunidade científica, que, ao longo do tempo, se expres-
sa por características, como impessoalidade, objetividade, clareza, precisão, modéstia, simplicidade, fluência,
dentre outros.
É importante apresentar a posição de Charaudeau sobre a problemática entre o discurso informativo (DI) e
discurso científico (DC). Para o autor, o que eles têm em comum é a problemática da prova. “[...] o primeiro se
atém essencialmente a uma prova pela designação e pela figuração (a ordem da constatação, do testemunho,
do relato de reconstituição dos fatos), o segundo inscreve a prova num programa de demonstração racional.”.
Percebe-se que o interesse principal do discurso informativo é transmitir uma verdade através dos fatos. Já
o discurso científico se impõe pela prova da racionalidade que reside na força da argumentatividade. E mais,
este deve se comprometer com a logicidade das ideias para estas se tornem mais convincentes.

7 http://www.repositorio.jesuita.org.br/bitstream/handle/UNISINOS/4823/MARIA%20DE%20F%c3%81TI-
MA%20RIBEIRO%20DOS%20SANTOS_.pdf?sequence=1&isAllowed=y

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Como se viu, o discurso acadêmico é produzido dentro de uma esfera de comunicação relativamente defi-
nida chamada de comunidade científica. Em geral, no ensino superior, vão se encontrar modelos de discurso
acadêmico que já se tornaram consagrados para essa comunidade. Na subseção que segue se mostrará es-
pecificamente alguns deles.
O primeiro modelo, monografia de análise teórica, evidencia uma organização de ideias advindas de biblio-
grafias selecionadas sobre um determinado assunto. Nesse tipo, pode-se fazer uma análise crítica ou compara-
tiva de uma teoria ou modelo já consagrado pela comunidade científica. O modelo metodológico indicado pelos
autores é: escolha do assunto/ delimitação do tema; bibliografia pertinente ao tema; levantamento de dados
específicos da área sob estudo; fundamentação teórica; metodologia e modelos aplicáveis; análise e interpre-
tação das informações; conclusões e resultados.
No segundo modelo, monografia de análise teórico-empírica, faz-se uma análise interpretativa de dados pri-
mários, com apoio de fontes secundárias, passando-se para o teste de hipóteses, modelos ou teorias. A partir
dos dados primários e secundários, o autor /pesquisador mostrará um trabalho inovador. Quanto ao modelo
metodológico, tem-se: realidade observável; pergunta problema e objetivo proposto; bibliografia e dados se-
cundários; teoria pertinente ao tema (conceitos, técnicas, constructos) e dados secundários; instrumentos de
pesquisa (questionário); pesquisa empírica; análise; conclusões e resultados.
No terceiro modelo, monografia de estudo de caso, o autor/pesquisador faz uma análise específica da re-
lação existente entre um caso e hipóteses, modelos e teorias. O modelo metodológico adotado obedece aos
seguintes passos: escolha do assunto/delimitação do tema; bibliografia pertinente ao tema (área específica sob
estudo); fundamentação teórica; levantamento de dados da organização sob estudo; caracterização da organi-
zação; análise e interpretação das informações; conclusões e resultados.
Observa-se que esses modelos possuem suas particularidades, mas também aspectos que coincidem. Este
é o caso da pesquisa bibliográfica, que é imprescindível em qualquer trabalho científico.
Discurso Literário8
O discurso literário pode não ser apenas ligado aos procedimentos adotados pelo autor, mas também, e tal-
vez mais diretamente do que se pensa, ligado ao contexto sociocultural no qual está inserido, evidenciando-se,
nem sempre claramente, uma influência das instituições que o cercam na escolha de determinados procedi-
mentos de linguagem.
A ideia de que o discurso literário constrói-se a partir de elementos intrínsecos ao texto literário tomou corpo
com os estudos realizados no início do século XX. Foram os formalistas russos que demonstraram uma preocu-
pação com a materialidade do texto literário, recusando, num primeiro momento, explicações de base extralite-
rária. Neste sentido, o que importava para os integrantes do movimento era o procedimento, ou seja, o princípio
da organização da obra como produto estético. Assim, a preocupação dos formalistas era investigar e explicar
o que faz de uma determinada obra uma obra literária, nas palavras de Jakobson: “a poesia é linguagem em
sua função estética. Deste modo, o objeto do estudo literário não é a literatura, mas a literariedade, isto é, aquilo
que torna determinada obra uma obra literária”. A questão da literariedade como processo ou procedimento de
elaboração está centrado nas estruturas que diferenciam o texto literário de outros textos.
A literariedade é conceituada não só pela linguagem diferenciada que gera o estranhamento, mas também
histórica e culturalmente. Uma obra literária não pode ser apenas uma construção bem elaborada, mas deve
também retratar o homem de sua época ou época anterior, com todas as suas angústias, desejos e forma de
pensar. Tornando-se, assim, não apenas um material para ser estudado linguisticamente, mas também e, prin-
cipalmente, uma obra viva em que toda vez que se relê encontre-se algo novo e representativo do ser humano.

8 http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/artigos_teses/LinguaPortuguesa/artigo12.pdf

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Coerência e coesão

— Definições e diferenciação
Coesão e coerência são dois conceitos distintos, tanto que um texto coeso pode ser incoerente, e vice-
versa. O que existe em comum entre os dois é o fato de constituírem mecanismos fundamentais para uma
produção textual satisfatória. Resumidamente, a coesão textual se volta para as questões gramaticais, isto é,
na articulação interna do texto. Já a coerência textual tem seu foco na articulação externa da mensagem.
— Coesão Textual
Consiste no efeito da ordenação e do emprego adequado das palavras que proporcionam a ligação entre
frases, períodos e parágrafos de um texto. A coesão auxilia na sua organização e se realiza por meio de
palavras denominadas conectivos.
As técnicas de coesão
A coesão pode ser obtida por meio de dois mecanismos principais, a anáfora e a catáfora. Por estarem
relacionados à mensagem expressa no texto, esses recursos classificam-se como endofóricas. Enquanto a
anáfora retoma um componente, a catáfora o antecipa, contribuindo com a ligação e a harmonia textual.

As regras de coesão
Para que se garanta a coerência textual, é necessário que as regras relacionadas abaixo sejam seguidas.
Referência
– Pessoal: emprego de pronomes pessoais e possessivos.
Exemplo:
«Ana e Sara foram promovidas. Elas serão gerentes de departamento.” Aqui, tem-se uma referência pessoal
anafórica (retoma termo já mencionado).
– Comparativa: emprego de comparações com base em semelhanças.
Exemplo:
“Mais um dia como os outros…”. Temos uma referência comparativa endofórica.
– Demonstrativa: emprego de advérbios e pronomes demonstrativos.
Exemplo:
“Inclua todos os nomes na lista, menos este: Fred da Silva.” Temos uma referência demonstrativa catafórica.
– Substituição: consiste em substituir um elemento, quer seja nome, verbo ou frase, por outro, para que ele
não seja repetido.
Analise o exemplo:
“Iremos ao banco esta tarde, elas foram pela manhã.”
Perceba que a diferença entre a referência e a substituição é evidente principalmente no fato de que a
substituição adiciona ao texto uma informação nova. No exemplo usado para a referência, o pronome pessoal
retoma as pessoas “Ana e Sara”, sem acrescentar quaisquer informações ao texto.
– Elipse: trata-se da omissão de um componente textual – nominal, verbal ou frasal – por meio da figura
denominando eclipse.
Exemplo:
“Preciso falar com Ana. Você a viu?” Aqui, é o contexto que proporciona o entendimento da segunda oração,
pois o leitor fica ciente de que o locutor está procurando por Ana.

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– Conjunção: é o termo que estabelece ligação entre as orações.
Exemplo:
“Embora eu não saiba os detalhes, sei que um acidente aconteceu.” Conjunção concessiva.
– Coesão lexical: consiste no emprego de palavras que fazem parte de um mesmo campo lexical ou que
carregam sentido aproximado. É o caso dos nomes genéricos, sinônimos, hiperônimos, entre outros.
Exemplo:
“Aquele hospital público vive lotado. A instituição não está dando conta da demanda populacional.”
— Coerência Textual
A Coerência é a relação de sentido entre as ideias de um texto que se origina da sua argumentação –
consequência decorrente dos saberes conhecimentos do emissor da mensagem. Um texto redundante e
contraditório, ou cujas ideias introduzidas não apresentam conclusão, é um texto incoerente. A falta de coerência
prejudica a fluência da leitura e a clareza do discurso. Isso quer dizer que a falta de coerência não consiste
apenas na ignorância por parte dos interlocutores com relação a um determinado assunto, mas da emissão de
ideias contrárias e do mal uso dos tempos verbais.
Observe os exemplos:
“A apresentação está finalizada, mas a estou concluindo até o momento.” Aqui, temos um processo verbal
acabado e um inacabado.
“Sou vegana e só como ovos com gema mole.” Os veganos não consomem produtos de origem animal.
Princípios Básicos da Coerência
– Relevância: as ideias têm que estar relacionadas.
– Não Contradição: as ideias não podem se contradizer.
– Não Tautologia: as ideias não podem ser redundantes.
Fatores de Coerência
– As inferências: se partimos do pressuposto que os interlocutores partilham do mesmo conhecimento, as
inferências podem simplificar as informações.
Exemplo:
“Sempre que for ligar os equipamentos, não se esqueça de que voltagem da lavadora é 220w”.
Aqui, emissor e receptor compartilham do conhecimento de que existe um local adequado para ligar
determinado aparelho.
– O conhecimento de mundo: todos nós temos uma bagagem de saberes adquirida ao longo da vida e que é
arquivada na nossa memória. Esses conhecimentos podem ser os chamados scripts (roteiros, tal como normas
de etiqueta), planos (planejar algo com um objetivo, tal como jogar um jogo), esquemas (planos de funciona-
mento, como a rotina diária: acordar, tomar café da manhã, sair para o trabalho/escola), frames (rótulos), etc.
Exemplo:
“Coelhinho e ovos de chocolate! Vai ser um lindo Natal!”
O conhecimento cultural nos leva a identificar incoerência na frase, afinal, “coelho” e “ovos de chocolate” são
elementos, os chamados frames, que pertencem à comemoração de Páscoa, e nada têm a ver com o Natal.

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Ortografia

— Definições
Com origem no idioma grego, no qual orto significa “direito”, “exato”, e grafia quer dizer “ação de escrever”,
ortografia é o nome dado ao sistema de regras definido pela gramática normativa que indica a escrita correta
das palavras. Já a Ortografia Oficial se refere às práticas ortográficas que são consideradas oficialmente como
adequadas no Brasil. Os principais tópicos abordados pela ortografia são: o emprego de acentos gráficos que
sinalizam vogais tônicas, abertas ou fechadas; os processos fonológicos (crase/acento grave); os sinais de
pontuação elucidativos de funções sintáticas da língua e decorrentes dessas funções, entre outros.  
Os acentos: esses sinais modificam o som da letra sobre a qual recaem, para que palavras com grafia
similar possam ter leituras diferentes, e, por conseguinte, tenham significados distintos.  Resumidamente, os
acentos são agudo (deixa o som da vogal mais aberto), circunflexo (deixa o som fechado), til (que faz com que
o som fique nasalado) e acento grave (para indicar crase).
O alfabeto: é a base de qualquer língua. Nele, estão estabelecidos os sinais gráficos e os sons representados
por cada um dos sinais; os sinais, por sua vez, são as vogais e as consoantes.  
As letras K, Y e W: antes consideradas estrangeiras, essas letras foram integradas oficialmente ao alfabeto
do idioma português brasileiro em 2009, com a instauração do Novo Acordo Ortográfico. As possibilidades da
vogal Y e das consoantes K e W são, basicamente, para nomes próprios e abreviaturas, como abaixo:  
– Para grafar símbolos internacionais e abreviações, como Km (quilômetro), W (watt) e Kg (quilograma).
– Para transcrever nomes próprios estrangeiros ou seus derivados na língua portuguesa, como Britney,
Washington, Nova York.  
Relação som X grafia: confira abaixo os casos mais complexos do emprego da ortografia correta das
palavras e suas principais regras:
«ch” ou “x”?: deve-se empregar o X nos seguintes casos:
– Em palavras de origem africana ou indígena. Exemplo: oxum, abacaxi.  
– Após ditongos. Exemplo: abaixar, faixa.
– Após a sílaba inicial “en”. Exemplo: enxada, enxergar.
– Após a sílaba inicial “me”. Exemplo: mexilhão, mexer, mexerica.   
s” ou “x”?: utiliza-se o S nos seguintes casos:
– Nos sufixos “ese”, “isa”, “ose”. Exemplo: síntese, avisa, verminose.
– Nos sufixos “ense”, “osa” e “oso”, quando formarem adjetivos. Exemplo: amazonense, formosa, jocoso.
– Nos sufixos “ês” e “esa”, quando designarem origem, título ou nacionalidade. Exemplo: marquês/marque-
sa, holandês/holandesa, burguês/burguesa.
– Nas palavras derivadas de outras cujo radical já apresenta “s”. Exemplo: casa – casinha – casarão; análise
– analisar.
Porque, Por que, Porquê ou Por quê?
– Porque (junto e sem acento): é conjunção explicativa, ou seja, indica motivo/razão, podendo substituir o
termo pois. Portanto, toda vez que essa substituição for possível, não haverá dúvidas de que o emprego do
porque estará correto. Exemplo: Não choveu, porque/pois nada está molhado.  
– Por que (separado e sem acento): esse formato é empregado para introduzir uma pergunta ou no lugar de
“o motivo pelo qual”, para estabelecer uma relação com o termo anterior da oração. Exemplos: Por que ela está
chorando? / Ele explicou por que do cancelamento do show.  
– Porquê (junto e com acento): trata-se de um substantivo e, por isso, pode estar acompanhado por artigo,
adjetivo, pronome ou numeral. Exemplo: Não ficou claro o porquê do cancelamento do show.  

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– Por quê (separado e com acento): deve ser empregado ao fim de frases interrogativas. Exemplo: Ela foi
embora novamente. Por quê?  
Parônimos e homônimos
– Parônimos: são palavras que se assemelham na grafia e na pronúncia, mas se divergem no significado.
Exemplos: absolver (perdoar) e absorver (aspirar); aprender (tomar conhecimento) e apreender (capturar).
– Homônimos: são palavras com significados diferentes, mas que divergem na pronúncia. Exemplos: “gosto”
(substantivo) e “gosto” (verbo gostar) / “este” (ponto cardeal) e “este” (pronome demonstrativo).

Classe, estrutura, formação e significação de vocábulos

CLASSE DE PALAVRAS
— Definição
As classes gramaticais são grupos de palavras que organizam o estudo da gramática. Isto é, cada palavra
existente na língua portuguesa condiz com uma classe gramatical, na qual ela é inserida em razão de sua
função. Confira abaixo as diversas funcionalidades de cada classe gramatical.
— Artigo
É a classe gramatical que, em geral, precede um substantivo, podendo flexionar em número e em gênero.
A classificação dos artigos
– Artigos definidos: servem para especificar um substantivo ou para se referirem a um ser específico por já
ter sido mencionado ou por ser conhecido mutuamente pelos interlocutores. Eles podem flexionar em número
(singular e plural) e gênero (masculino e feminino).
– Artigos indefinidos: indicam uma generalização ou a ocorrência inicial do representante de uma dada
espécie, cujo conhecimento não é compartilhado entre os interlocutores, por se tratar da primeira vez em que
aparece no discurso. Podem variar em número e gênero.
Observe:

NÚMERO/GÊNERO MASCULINO FEMININO EXEMPLOS


Preciso de um pedreiro.
Singular Um Uma
Vi uma moça em frente à casa.
Localizei uns documentos antigos.
Plural Umas Umas
Joguei fora umas coisas velhas.
Outras funções do artigo
– Substantivação: é o nome que se dá ao fenômeno de transformação de adjetivos e verbos em substantivos
a partir do emprego do artigo. Observe:  
– Em “O caminhar dela é muito elegante.”, “caminhar”, que teria valor de verbo, passou a ser o substantivo
do enunciado.
– Indicação de posse: antes de palavras que atribuem parentesco ou de partes do corpo, o artigo definido
pode exprimir relação de posse. Por exemplo: “No momento em que ela chegou, o marido já a esperava.”  
Na frase, o artigo definido “a” esclarece que se trata do marido do sujeito “ela”, omitindo o pronomes pos-
sessivo dela.
– Expressão de valor aproximado: devido à sua natureza de generalização, o artigo indefinido inserido antes
de numeral indica valor aproximado. Mais presente na linguagem coloquial, esse emprego dos artigos indefi-
nidos representa expressões como “por volta de” e “aproximadamente. Observe: “Faz em média uns dez anos
que a vi pela última vez.” e Acrescente aproximadamente umas três ou quatro gotas de baunilha.”

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Contração de artigos com preposições
Os artigos podem fazer junção a algumas preposições, criando uma única palavra contraída. A tabela abaixo
ilustra como esse processo ocorre:

— Substantivo
Essa classe atribui nome aos seres em geral (pessoas, animais, qualidades, sentimentos, seres mitológicos
e espirituais). Os substantivos se subdividem em:
– Próprios ou Comuns: são próprios os substantivos que nomeiam algo específico, como nomes de pessoas
(Pedro, Paula) ou lugares (São Paulo, Brasil). São comuns os que nomeiam algo na sua generalidade (garoto,
caneta, cachorro).
– Primitivos ou derivados: se não for formado por outra palavra, é substantivo primitivo (carro, planeta); se
formado por outra palavra, é substantivo derivado (carruagem, planetário).
– Concretos ou abstratos: os substantivos que nomeiam seres reais ou imaginativos, são concretos (cavalo,
unicórnio); os que nomeiam sentimentos, qualidades, ações ou estados são abstratos.  
– Substantivos coletivos: são os que nomeiam os seres pertencentes ao mesmo grupo. Exemplos: manada
(rebanho de gado), constelação (aglomerado de estrelas), matilha (grupo de cães).  
— Adjetivo
É a classe de palavras que se associa ao substantivo para alterar o seu significado, atribuindo-lhe
caracterização conforme uma qualidade, um estado e uma natureza, bem como uma quantidade ou extensão
à palavra, locução, oração ou pronome.
Os tipos de adjetivos
– Simples e composto: com apenas um radical, é adjetivo simples (bonito, grande, esperto, miúdo, regular);
apresenta mais de um radical, é composto (surdo-mudo, afrodescendente, amarelo-limão).  
– Primitivo e derivado: o adjetivo que origina outros adjetivos é primitivo (belo, azul, triste, alegre); adjetivos
originados de verbo, substantivo ou outro adjetivo são classificados como derivados (ex.: substantivo morte →
adjetivo mortal; verbo lamentar → adjetivo lamentável).
– Pátrio ou gentílico: é a palavra que indica a nacionalidade ou origem de uma pessoa (paulista, brasileiro,
mineiro, latino).  
O gênero dos adjetivos
– Uniformes: possuem forma única para feminino e masculino, isto é, não flexionam seu termo. Exemplo:
“Fred é um amigo leal.” / “Ana é uma amiga leal.”  
– Biformes: os adjetivos desse tipo possuem duas formas, que variam conforme o gênero. Exemplo: “Menino
travesso.”/”Menina travessa”.

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O número dos adjetivos
Por concordarem com o número do substantivo a que se referem, os adjetivos podem estar no singular ou
no plural. Assim, a sua composição acompanha os substantivos. Exemplos: pessoa instruída → pessoas
instruídas; campo formoso → campos formosos.
O grau dos adjetivos
Quanto ao grau, os adjetivos se classificam em comparativo (compara qualidades) e superlativo (intensifica
qualidades).
– Comparativo de igualdade: “O novo emprego é tão bom quanto o anterior.”  
– Comparativo de superioridade: “Maria é mais prestativa do que Luciana.”
– Comparativo de inferioridade: “O gerente está menos atento do que a equipe.”   
– Superlativo absoluto: refere-se a apenas um substantivo, podendo ser:
• Analítico: “A modelo é extremamente bonita.”
• Sintético: “Pedro é uma pessoa boníssima.”
– Superlativo relativo: refere-se a um grupo, podendo ser de:
• Superioridade - “Ela é a professora mais querida da escola.”
• Inferioridade - “Ele era o menos disposto do grupo.”  
Pronome adjetivo
Recebem esse nome porque, assim como os adjetivos, esses pronomes alteram os substantivos aos quais
se referem. Assim, esse tipo de pronome flexiona em gênero e número para fazer concordância com os subs-
tantivos. Exemplos: “Esta professora é a mais querida da escola.” (o pronome adjetivo esta determina o subs-
tantivo comum professora).
Locução adjetiva
Uma locução adjetiva é formada por duas ou mais palavras, que, associadas, têm o valor de um único adje-
tivo. Basicamente, consiste na união preposição + substantivo ou advérbio. Exemplos:
– Criaturas da noite (criaturas noturnas).
– Paixão sem freio (paixão desenfreada).
– Associação de comércios (associação comercial).
— Verbo
É a classe de palavras que indica ação, ocorrência, desejo, fenômeno da natureza e estado. Os verbos se
subdividem em:
– Verbos regulares: são os verbos que, ao serem conjugados, não têm seu radical modificado e preservam
a mesma desinência do verbo paradigma, isto é, terminado em “-ar” (primeira conjugação), “-er” (segunda
conjugação) ou “-ir” (terceira conjugação).  Observe o exemplo do verbo “nutrir”:
– Radical: nutr (a parte principal da palavra, onde reside seu significado).
– Desinência: “-ir”, no caso, pois é a terminação da palavra e, tratando-se dos verbos, indica pessoa (1a,
2a, 3a), número (singular ou plural), modo (indicativo, subjuntivo ou imperativo) e tempo (pretérito, presente ou
futuro). Perceba que a conjugação desse no presente do indicativo: o radical não sofre quaisquer alterações,
tampouco a desinência. Portanto, o verbo nutrir é regular: Eu nutro; tu nutre; ele/ela nutre; nós nutrimos; vós
nutris; eles/elas nutrem.
– Verbos irregulares: os verbos irregulares, ao contrário dos regulares, têm seu radical modificado quando
conjugados e/ou têm desinência diferente da apresentada pelo verbo paradigma. Exemplo: analise o verbo di-
zer conjugado no pretérito perfeito do indicativo: Eu disse; tu dissestes; ele/ela disse; nós dissemos; vós disses-
tes; eles/elas disseram. Nesse caso, o verbo da segunda conjugação (-er) tem seu radical, diz, alterado, além
de apresentar duas desinências distintas do verbo paradigma”. Se o verbo dizer fosse regular, sua conjugação
no pretérito perfeito do indicativo seria: dizi, dizeste, dizeu, dizemos, dizestes, dizeram.

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FLEXÃO VERBAL
1) Número: singular ou plural
Ex.: ando, andas, anda → singular
andamos, andais, andam → plural
2) Pessoas: são três.
a) A primeira é aquela que fala; corresponde aos pronomes eu (singular) e nós (plural).
Ex.: escreverei, escreveremos.
b) A segunda é aquela com quem se fala; corresponde aos pronomes tu (singular) e vós (plural).
Ex.: escreverás, escrevereis.
c) A terceira é aquela acerca de quem se fala; corresponde aos pronomes ele ou ela (singular) e eles ou
elas (plural).
Ex.: escreverá, escreverão.
3) Modos: são três.
a) Indicativo: apresenta o fato verbal de maneira positiva, indubitável. Ex.: vendo.
b) Subjuntivo: apresenta o fato verbal de maneira duvidosa, hipotética. Ex.: que eu venda.
c) Imperativo: apresenta o fato verbal como objeto de uma ordem. Ex.: venda!
4) Tempos: são três.
a) Presente: falo
b) Pretérito:
- Perfeito: falei
- Imperfeito: falava
- Mais-que-perfeito: falara
Obs.: O pretérito perfeito indica uma ação extinta; o imperfeito, uma ação que se prolongava num determina-
do ponto do passado; o mais-que-perfeito, uma ação passada em relação a outra ação, também passada. Ex.:
Eu cantei aquela música. (perfeito)
Eu cantava aquela música. (imperfeito)
Quando ele chegou, eu já cantara. (mais-que-perfeito)
c) Futuro:
- Do presente: estudaremos
- Do pretérito: estudaríamos
Obs.: No modo subjuntivo, com relação aos tempos simples, temos apenas o presente, o pretérito imperfeito
e o futuro (sem divisão). Os tempos compostos serão estudados mais adiante.
5) Vozes: são três.
a) Ativa: o sujeito pratica a ação verbal.
Ex.: O carro derrubou o poste.
b) Passiva: o sujeito sofre a ação verbal.
- Analítica ou verbal: com o particípio e um verbo auxiliar.
Ex.: O poste foi derrubado pelo carro.
- Sintética ou pronominal: com o pronome apassivador se.
Ex.: Derrubou-se o poste.

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Obs.: Estudaremos bem o pronome apassivador (ou partícula apassivadora) na sétima lição: concordância
verbal.
c) Reflexiva: o sujeito pratica e sofre a ação verbal; aparece um pronome reflexivo. Ex.: O garoto se machu-
cou.
Formação do Imperativo
1) Afirmativo: tu e vós saem do presente do indicativo menos a letra s; você, nós e vocês, do presente do
subjuntivo.
Ex.: Imperativo afirmativo do verbo beber
Bebo → beba
bebes → bebe (tu) bebas
bebe beba → beba (você)
bebemos bebamos → bebamos (nós)
bebeis → bebei (vós) bebais
bebem bebam → bebam (vocês)
Reunindo, temos: bebe, beba, bebamos, bebei, bebam.
2) Negativo: sai do presente do subjuntivo mais a palavra não.
Ex.: beba
bebas → não bebas (tu)
beba → não beba (você)
bebamos → não bebamos (nós)
bebais → não bebais (vós)
bebam → não bebam (vocês)
Assim, temos: não bebas, não beba, não bebamos, não bebais, não bebam.
Observações:
a) No imperativo não existe a primeira pessoa do singular, eu; a terceira pessoa é você.
b) O verbo ser não segue a regra nas pessoas que saem do presente do indicativo. Eis o seu imperativo:
- Afirmativo: sê, seja, sejamos, sede, sejam.
- Negativo: não sejas, não seja, não sejamos, não sejais, não sejam.
c) O tratamento dispensado a alguém numa frase não pode mudar. Se começamos a tratar a pessoa por
você, não podemos passar para tu, e vice-versa.
Ex.: Pede agora a tua comida. (tratamento: tu)
Peça agora a sua comida. (tratamento: você)
d) Os verbos que têm z no radical podem, no imperativo afirmativo, perder também a letra e que aparece
antes da desinência s.
Ex.: faze (tu) ou faz (tu)
dize (tu) ou diz (tu)
e) Procure ter “na ponta da língua” a formação e o emprego do imperativo. É assunto muito cobrado em
concursos públicos.
Tempos Primitivos e Tempos Derivados
1) O presente do indicativo é tempo primitivo. Da primeira pessoa do singular sai todo o presente do sub-
juntivo.

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Ex.: digo → que eu diga, que tu digas, que ele diga etc.
dizes
diz
Obs.: isso não ocorre apenas com os poucos verbos que não apresentam a desinência o na primeira pessoa
do singular.
Ex.: eu sou → que eu seja.
eu sei → que eu saiba.
2) O pretérito perfeito é tempo primitivo. Da segunda pessoa do singular saem:
a) o mais-que-perfeito.
Ex.: coubeste → coubera, couberas, coubera, coubéramos, coubéreis, couberam.
b) o imperfeito do subjuntivo.
Ex.: coubeste → coubesse, coubesses, coubesse, coubéssemos, coubésseis, coubessem.
c) o futuro do subjuntivo.
Ex.: coubeste → couber, couberes, couber, coubermos, couberdes, couberem.
3) Do infinitivo impessoal derivam:
a) o imperfeito do indicativo.
Ex.: caber → cabia, cabias, cabia, cabíamos, cabíeis, cabiam.
b) o futuro do presente.
Ex.: caber → caberei, caberás, caberá, caberemos, cabereis, caberão.
c) o futuro do pretérito.
Ex.: caber → caberia, caberias, caberia, caberíamos, caberíeis, caberiam.
d) o infinitivo pessoal.
Ex.: caber → caber, caberes, caber, cabermos, caberdes, caberem.
e) o gerúndio.
Ex.: caber → cabendo.
f) o particípio.
Ex.: caber → cabido.
Tempos Compostos
Formam-se os tempos compostos com o verbo auxiliar (ter ou haver) mais o particípio do verbo que se quer
conjugar.
1) Perfeito composto: presente do verbo auxiliar mais particípio do verbo principal.
Ex.: tenho falado ou hei falado → perfeito composto do indicativo tenha falado ou haja falado → perfeito
composto do subjuntivo.
2) Mais-que-perfeito composto: imperfeito do auxiliar mais particípio do principal.
Ex.: tinha falado → mais-que-perfeito composto do indicativo.
tivesse falado → mais-que-perfeito composto do subjuntivo.
3) Demais tempos: basta classificar o verbo auxiliar.
Ex.: terei falado → futuro do presente composto (terei é futuro do presente).

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Verbos Irregulares Comuns em Concursos
É importante saber a conjugação dos verbos que seguem. Eles estão conjugados apenas nas pessoas,
tempos e modos mais problemáticos.
1) Compor, repor, impor, expor, depor etc.: seguem integralmente o verbo pôr.
Ex.: ponho → componho, imponho, deponho etc.
pus → compus, repus, expus etc.
2) Deter, conter, reter, manter etc.: seguem integralmente o verbo ter.
Ex.: tivermos → contivermos, mantivermos etc.
tiveste → retiveste, mantiveste etc.
3) Intervir, advir, provir, convir etc.: seguem integralmente o verbo vir.
Ex.: vierem → intervierem, provierem etc.
vim → intervim, convim etc.
4) Rever, prever, antever etc.: seguem integralmente o verbo ver.
Ex.: vi → revi, previ etc.
víssemos → prevíssemos, antevíssemos etc.
Observações:
- Como se vê nesses quatro itens iniciais, o verbo derivado segue a conjugação do seu primitivo. Basta con-
jugar o verbo primitivo e recolocar o prefixo. Há outros verbos que dão origem a verbos derivados. Por exemplo,
dizer, haver e fazer. Para eles, vale a mesma regra explicada acima.
Ex.: eu houve → eu reouve (e não reavi, como normalmente se fala por aí).
- Requerer e prover não seguem integralmente os verbos querer e ver. Eles serão mostrados mais adiante.
5) Crer, no pretérito perfeito do indicativo: cri, creste, creu, cremos, crestes, creram.
6) Estourar, roubar, aleijar, inteirar etc.: mantém o ditongo fechado em todos os tempos, inclusive o presente
do indicativo. Ex.: A bomba estoura. (e não estóra, como normalmente se diz).
7) Aderir, competir, preterir, discernir, concernir, impelir, expelir, repelir:
a) presente do indicativo: adiro, aderes, adere, aderimos, aderimos, aderem.
b) presente do subjuntivo: adira, adiras, adira, adiramos, adirais, adiram.
Obs.: Esses verbos mudam o e do infinitivo para i na primeira pessoa do singular do presente do indicativo
e em todas do presente do subjuntivo.
8) Aguar, desaguar, enxaguar, minguar:
a) presente do indicativo: águo, águas, água; enxáguo, enxáguas, enxágua.
b) presente do subjuntivo: águe, águes, águe; enxágue, enxágues, enxágue.
9) Arguir, no presente do indicativo: arguo, argúis, argúi, arguimos, arguis, argúem.
10) Apaziguar, averiguar, obliquar, no presente do subjuntivo: apazigúe, apazigúes, apazigúe, apaziguemos,
apazigueis, apazigúem.
11) Mobiliar:
a) presente do indicativo: mobílio, mobílias, mobília, mobiliamos, mobiliais, mobíliam.
b) presente do subjuntivo: mobílie, mobílies, mobílie, mobiliemos, mobilieis, mobíliem.
12) Polir, no presente do indicativo: pulo, pules, pule, polimos, polis, pulem.
13) Passear, recear, pentear, ladear (e todos os outros terminados em ear)
a) presente do indicativo: passeio, passeias, passeia, passeamos, passeais, passeiam.

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b) presente do subjuntivo: passeie, passeies, passeie, passeemos, passeeis, passeiem.
Observações:
- Os verbos desse grupo (importantíssimo) apresentam o ditongo ei nas formas rizotônicas, mas apenas nos
dois presentes.
- Os verbos estrear e idear apresentam ditongo aberto.
Ex.: estreio, estreias, estreia; ideio, ideias, ideia.
14) Confiar, renunciar, afiar, arriar etc.: verbos regulares.
Ex.: confio, confias, confia, confiamos, confiais, confiam.
Observações:
- Esses verbos não têm o ditongo ei nas formas rizotônicas.
- Mediar, ansiar, remediar, incendiar, odiar e intermediar, apesar de terminarem em iar, apresentam o ditongo
ei.
Ex.: medeio, medeias, medeia, mediamos, mediais, medeiam, medeie, medeies, medeie, mediemos, me-
dieis, medeiem.
15) Requerer: só é irregular na 1ª pessoa do singular do presente do indicativo e, consequentemente, em
todo o presente do subjuntivo.
Ex.: requeiro, requeres, requer
requeira, requeiras, requeira
requeri, requereste, requereu
16) Prover: conjuga-se como verbo regular no pretérito perfeito, no mais-que-perfeito, no imperfeito do sub-
juntivo, no futuro do subjuntivo e no particípio; nos demais tempos, acompanha o verbo ver.
Ex.: Provi, proveste, proveu; provera, proveras, provera; provesse, provesses, provesse etc.
provejo, provês, provê; provia, provias, provia; proverei, proverás, proverá etc.
17) Reaver, precaver-se, falir, adequar, remir, abolir, colorir, ressarcir, demolir, acontecer, doer são verbos
defectivos. Estude o que falamos sobre eles na lição anterior, no item sobre a classificação dos verbos. Ex.:
Reaver, no presente do indicativo: reavemos, reaveis.
— Pronome
O pronome tem a função de indicar a pessoa do discurso (quem fala, com quem se fala e de quem se fala),
a posse de um objeto e sua posição. Essa classe gramatical é variável, pois flexiona em número e gênero. Os
pronomes podem suplantar o substantivo ou acompanhá-lo; no primeiro caso, são denominados “pronome
substantivo” e, no segundo, “pronome adjetivo”. Classificam-se em: pessoais, possessivos, demonstrativos,
interrogativos, indefinidos e relativos.
Pronomes pessoais
Os pronomes pessoais apontam as pessoas do discurso (pessoas gramaticais), e se subdividem em
pronomes do caso reto (desempenham a função sintática de sujeito) e pronomes oblíquos (atuam como
complemento), sendo que, para cada o caso reto, existe um correspondente oblíquo.

CASO RETO CASO OBLÍQUO


Eu Me, mim, comigo.
Tu Te, ti, contigo.
Ele Se, o, a , lhe, si, consigo.
Nós Nós, conosco.
Vós Vós, convosco.
Eles Se, os, as, lhes, si, consigo.

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Observe os exemplos:
– Na frase “Maria está feliz. Ela vai se casar.”, o pronome cabível é do caso reto. Quem vai se casar? Maria.  
– Na frase “O forno? Desliguei-o agora há pouco. O pronome “o” completa o sentido do verbo. Fechei o que?
O forno.
Lembrando que os pronomes oblíquos o, a, os, as, lo, la, los, las, no, na, nos e nas desempenham apenas
a função de objeto direto.  
Pronomes possessivos
Esses pronomes indicam a relação de posse entre o objeto e a pessoa do discurso.

PESSOA DO
PRONOME
DISCURSO
1a pessoa – Eu Meu, minha, meus, minhas
2 pessoa – Tu
a
Teu, tua, teus, tuas
3 pessoa – Ele / Ela
a
Seu, sua, seus, suas
Exemplo: “Nossos filhos cresceram.” → o pronome indica que o objeto pertence à 1ª pessoa (nós).
Pronomes de tratamento
Tratam-se de termos solenes que, em geral, são empregados em contextos formais — a única exceção é o
pronome você. Eles têm a função de promover uma referência direta do locutor para interlocutor (parceiros de
comunicação).
São divididos conforme o nível de formalidade, logo, para cada situação, existe um pronome de tratamento
específico. Apesar de expressarem interlocução (diálogo), à qual seria adequado o emprego do pronome na
segunda pessoa do discurso (“tu”), no caso dos pronomes de tratamento, os verbos devem ser usados na 3a
pessoa.

Pronomes demonstrativos
Sua função é indicar a posição dos seres no que se refere ao tempo, ao espaço e à pessoa do discurso –
nesse último caso, o pronome determina a proximidade entre um e outro. Esses pronomes flexionam-se em
gênero e número.

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PESSOA DO DISCURSO PRONOMES POSIÇÃO
Os seres ou objetos estão pró-
1a pessoa Este, esta, estes, estas, isto.
ximos da pessoa que fala.

Os seres ou objetos estão


2 pessoa
a
Esse, essa, esses, essas, isso. próximos da pessoa com quem
se fala.

Aquele, aquela, aqueles, aque-


3a pessoa De quem/ do que se fala.
las, aquilo.
Observe os exemplos:
“Esta caneta é sua?”
“Esse restaurante é bom e barato.”
Pronomes Indefinidos
Esses pronomes indicam indeterminação ou imprecisão, assim, estão sempre relacionados à 3ª pessoa do
discurso. Os pronomes indefinidos podem ser variáveis (flexionam conforme gênero e número) ou invariáveis
(não flexionam). Analise os exemplos abaixo:
– Em “Alguém precisa limpar essa sujeira.”, o termo “alguém” quer dizer uma pessoa de identidade indefinida
ou não especificada.
– Em “Nenhum convidado confirmou presença.”, o termo “nenhum” refere-se ao substantivo “convidado” de
modo vago, pois não se sabe de qual convidado se trata.
– Em “Cada criança vai ganhar um presente especial.”, o termo “cada” refere-se ao substantivo da frase
“criança”, sem especificá-lo.
– Em “Outras lojas serão abertas no mesmo local.”, o termo “outras” refere-se ao substantivo “lojas” sem
especificar de quais lojas se trata.
Confira abaixo a tabela com os pronomes indefinidos:

CLASSIFICAÇÃO PRONOMES INDEFINIDOS


Muito, pouco, algum, nenhum, outro, qualquer, certo, um, tanto, quanto,
VARIÁVEIS
bastante, vários, quantos, todo.

INVARIÁVEIS Nada, ninguém, cada, algo, alguém, quem, demais, outrem, tudo.

Pronomes relativos
Os pronomes relativos, como sugere o nome, se relacionam ao termo anterior e o substituem, ou seja, para
prevenir a repetição indevida das palavras em um texto. Eles podem ser variáveis (o qual, cujo, quanto) ou
invariáveis (que, quem, onde).
Observe os exemplos:
– Em “São pessoas cuja história nos emociona.”, o pronome “cuja” se apresenta entre dois substantivos
(“pessoas” e “história”) e se relaciona àquele que foi dito anteriormente (“pessoas”).
– Em “Os problemas sobre os quais conversamos já estão resolvidos.” , o pronome “os quais” retoma o
substantivo dito anteriormente (“problemas”).

CLASSIFICAÇÃO PRONOMES RELATIVOS


O qual, a qual, os quais, cujo, cuja, cujos, cujas,
VARIÁVEIS
quanto, quanta, quantos, quantas.
INVARIÁVEIS Quem, que, onde.

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Pronomes interrogativos
Os pronomes interrogativos são palavras variáveis e invariáveis cuja função é formular perguntas diretas e
indiretas. Exemplos:
“Quanto vai custar a passagem?” (oração interrogativa direta)
“Gostaria de saber quanto custará a passagem.” (oração interrogativa indireta)

CLASSIFICAÇÃO PRONOMES INTERROGATIVOS


VARIÁVEIS Qual, quais, quanto, quantos, quanta, quantas.
INVARIÁVEIS Quem, que.
— Advérbio
É a classe de palavras invariável que atua junto aos verbos, aos adjetivos e mesmo aos advérbios, com
o objetivo de modificar ou intensificar seu sentido, ao adicionar-lhes uma nova circunstância. De modo geral,
os advérbios exprimem circunstâncias de tempo, modo, vlugar, qualidade, causa, intensidade, oposição,
aprovação, afirmação, negação, dúvida, entre outras noções. Confira na tabela:

CLASSIFICAÇÃO PRINCIPAIS TERMOS EXEMPLOS


Bem, mal, assim, melhor, pior, “Coloquei-o cuidadosamente
depressa, devagar. Grande parte no berço.”
ADVÉRBIO DE MODO das palavras que terminam em
“-mente”, como cuidadosamente, “Andou depressa por causa
calmamente, tristemente. da chuva.”
“O carro está fora.”
“Procurei pelas chaves aqui
Perto, longe, dentro, fora, aqui, e acolá, mas elas estavam aqui,
ADVÉRBIO DE LUGAR
lá, atrás. na gaveta”
“Demorou, mas chegou lon-
ge.”
Antes, depois, hoje, ontem, “Sempre que precisar de
ADVÉRBIO DE TEMPO amanhã, sempre, nunca, cedo, algo, basta chamar-me.” “Cedo
tarde ou tarde, far-se-á justiça.”
“Eles formam um casal tão
ADVÉRBIO DE INTEN- Muito, pouco, bastante, tão, bonito!”
SIDADE demais, tanto “Elas conversam demais!”
“Você saiu muito depressa.”
Sim e decerto; palavras afirma-
“Decerto passaram por aqui.”
tivas com sufixo “-mente” (certa-
ADVÉRBIO DE AFIR-
mente, realmente). Palavras como “Claro que irei!”
MAÇÃO
claro e positivo podem ser advér-
“Entendi, sim.”
bio, dependendo do contexto
Não e nem; palavras como “Jamais reatarei meu namoro
negativo, nenhum, nunca, jamais, com ele.”
ADVÉRBIO DE NEGA-
entre outras, podem ser advér-
ÇÃO “Sequer pensou para falar.”
bio de negação, dependendo do
contexto. “Não pediu ajuda.”

Talvez, quiçá, porventura, e “Quiçá seremos recebidas.”


palavras que expressem dúvida, “Provavelmente, sairei mais
ADVÉRBIO DE DÚVIDA cedo.”
acrescidas do sufixo “: -mente”,
como possivelmente. “Talvez eu saia cedo.”

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“Por que vendeu o livro?”
(Oração interrogativa direta, que
Quando, como, onde, aonde, indica causa)
donde, por que; esse advérbio
“Quando posso sair?” (oração
ADVÉRBIO DE INTER- pode indicar circunstâncias de
interrogativa direta que indica
ROGAÇÃO modo, tempo, lugar e causa; é
tempo)
usado somente em frases interro-
gativas diretas ou indiretas. “Explica como você fez is-
so.”(oração interrogativa indireta,
que indica modo.
— Conjunção
As conjunções integram a classe de palavras que tem a função de conectar os elementos de um enunciado
ou oração e, com isso, estabelecer uma relação de dependência ou de independência entre os termos ligados.
Em função dessa relação entre os termos conectados, as conjunções podem ser classificadas, respectivamente
e de modo geral, como coordenativas ou subordinativas. Em outras palavras, as conjunções são um vínculo
entre os elementos de uma sentença, atribuindo ao enunciado maior clareza e precisão.
– Conjunções coordenativas: observe o exemplo:
Eles ouviram os pedidos de ajuda. Eles chamaram o socorro.” – “Eles ouviram os pedidos de ajuda e
chamaram o socorro.”
No exemplo, a conjunção “e” estabelece uma relação de adição ao enunciado, ao conectar duas orações
em um mesmo período: além de terem ouvido os pedidos de ajuda, chamaram o socorro. Perceba que não há
relação de dependência entre ambas as sentenças, e que, para fazerem sentido, elas não têm necessidade uma
da outra. Assim, classificam-se como orações coordenadas, e a conjunção que as relaciona, como coordenativa.
– Conjunções subordinativas: analise este segundo caso:
Não passei na prova, apesar de ter estudado muito.”
Neste caso, temos uma locução conjuntiva (duas palavras desempenham a função de conjunção). Além
disso, notamos que o sentido da segunda sentença é totalmente dependente da informação que é dada
na primeira. Assim, a primeira oração recebe o nome de oração principal, enquanto a segunda, de oração
subordinada. Logo, a conjunção que as relaciona é subordinativa.
Classificação das conjunções
Além da classificação que se baseia no grau de dependência entre os termos conectados (coordenação e
subordinação), as conjunções possuem subdivisões.
– Conjunções coordenativas: essas conjunções se reclassificam em razão do sentido que possuem cinco
subclassificações, em função o sentido que estabelecem entre os elementos que ligam. São cinco:

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Conjunções subordinativas: com base no sentido construído entre as duas orações relacionadas, a conjunção
subordinativa pode ser de dois subtipos:
1 – Conjunções integrantes: introduzem a oração que cumpre a função de sujeito, objeto direto, objeto
indireto, predicativo, complemento nominal ou aposto de outra oração. Essas conjunções são que e se.
Exemplos:
“É obrigatório que o senhor compareça na data agendada.”
“Gostaria de saber se o resultado sairá ainda hoje.”
2 – Conjunções adverbiais: introduzem sintagmas adverbiais (orações que indicam uma circunstância
adverbial relacionada à oração principal) e se subdividem conforme a tabela abaixo:

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Numeral
É a classe de palavra variável que exprime um número determinado ou a colocação de alguma coisa dentro
de uma sequência. Os numerais podem ser: cardinais (um, dois, três...), ordinais (primeiro, segundo, terceiro...),
fracionários (meio, terço, quarto...) e multiplicativos (dobro, triplo, quádruplo...). Antes de nos profundarmos em
cada caso, vejamos o emprego dos numerais e suas três principais finalidades:

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1 – indicar leis e decretos: nesses casos, emprega-se o numeral ordinal somente até o número nono;
após, devem ser utilizados os numerais cardinais. Exemplos: Parágrafo 9° (parágrafo nono); Parágrafo 10°
(Parágrafo 10).
2 – indicar os dias do mês: nessas situações, empregam-se os numerais cardinais, sendo que a única
exceção é a indicação do primeiro dia do mês, para a qual deve-se utilizar o numeral ordinal. Exemplos:
dezesseis de outubro; primeiro de agosto.
3 – indicar capítulos, séculos, reis e papas: após o substantivo emprega-se o numeral ordinal até o décimo;
após o décimo utiliza-se o numeral cardinal. Exemplos: capítulo X (décimo); século IV (quarto); Henrique VIII
(oitavo), Bento XVI (dezesseis).
Os tipos de numerais
– Cardinais: são os números em sua forma fundamental e exprimem quantidades.
Exemplos: um dois, dezesseis, trinta, duzentos, mil.
– alguns deles flexionam em gênero (um/uma, dois/duas, quinhentos/quinhentas).
– alguns números cardinais variam em número, como é o caso: milhão/milhões, bilhão/bilhões, trilhão/
trilhões, e assim por diante.
– a palavra ambos(as) é considerada um numeral cardinal, pois significa os dois/as duas. Exemplo: Antônio
e Pedro fizeram o teste, mas os dois/ambos foram reprovados.
– Ordinais: indicam ordem de uma sequência (primeiro, segundo, décimo, centésimo, milésimo…), isto é,
apresentam a ordem de sucessão e uma série, seja ela de seres, de coisas ou de objetos.
– os numerais ordinais variam em gênero (masculino e feminino) e número (singular e plural). Exemplos:
primeiro/primeira, primeiros/primeiras, décimo/décimos, décima/décimas, trigésimo/trigésimos, trigésima/
trigésimas.
– alguns numerais ordinais possuem o valor de adjetivo. Exemplo: A carne de segunda está na promoção.
– Fracionários: servem para indicar a proporções numéricas reduzidas, ou seja, para representar uma parte
de um todo. Exemplos: meio ou metade (½), um quarto (um quarto (¼), três quartos (¾), 1/12 avos.
– os números fracionários flexionam-se em gênero (masculino e feminino) e número (singular e plural).
Exemplos: meio copo de leite, meia colher de açúcar; dois quartos do salário-mínimo.
– Multiplicativos: esses numerais estabelecem relação entre um grupo, seja de coisas ou objetos ou coisas,
ao atribuir-lhes uma característica que determina o aumento por meio dos múltiplos. Exemplos: dobro, triplo,
undécuplo, doze vezes, cêntuplo.
– em geral, os multiplicativos são invariáveis, exceto quando atuam como adjetivo, pois, nesse caso, passam
a flexionar número e gênero (masculino e feminino). Exemplos: dose dupla de elogios, duplos sentidos.
– Coletivos: correspondem aos substantivos que exprimem quantidades precisas, como dezena (10
unidades) ou dúzia (12 unidades).
– os numerais coletivos sofrem a flexão de número: unidade/unidades, dúzia/dúzias, dezena/dezenas,
centena/centenas.
— Preposição
Essa classe de palavras tem o objetivo de marcar as relações gramaticais que outras classes (substantivos,
adjetivos, verbos e advérbios) exercem no discurso. Por apenas marcarem algumas relações entre as unidades
linguísticas dentro do enunciado, as preposições não possuem significado próprio se isoladas no discurso. Em
razão disso, as preposições são consideradas classe gramatical dependente, ou seja, sua função gramatical
(organização e estruturação) é principal, embora o desempenho semântico, que gera significado e sentido,
esteja presente, apenas possui um menor valor.

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Classificação das preposições
Preposições essenciais: só aparecem na língua propriamente como preposições, sem outra função. São
elas:

– Exemplo 1) ”Luís gosta de viajar.” e “Prefiro doce de coco.” Em ambas as sentenças, a preposição de man-
teve-se sempre sendo preposição, apesar de ter estabelecido relação entre unidades linguísticas diferentes,
garantindo-lhes classificações distintas conforme o contexto.
– Exemplo 2) “Estive com ele até o reboque chegar.” e “Finalizei o quadro com textura.” Perceba que nas
duas fases, a mesma preposição tem significados distintos: na primeira, indica recurso/instrumento; na segun-
da, exprime companhia. Por isso, afirma-se que a preposição tem valor semântico, mesmo que secundário ao
valor estrutural (gramática).
Classificação das preposições
– Preposições acidentais: são aquelas que, originalmente, não apresentam função de preposição, porém, a
depender do contexto, podem assumir essa atribuição. São elas:

Exemplo: ”Segundo o delegado, os depoimentos do suspeito apresentaram contradições.” A palavra “segun-


do”, que, normalmente seria um numeral (primeiro, segundo, terceiro), ao ser inserida nesse contexto, passou
a ser uma preposição acidental, por tem o sentido de “de acordo com”, “em conformidade com”.
Locuções prepositivas
Recebe esse nome o conjunto de palavras com valor e emprego de uma preposição. As principais locuções
prepositivas são constituídas por advérbio ou locução adverbial acrescido da preposição de, a ou com. Confira
algumas das principais locuções prepositivas.

— Interjeição
É a palavra invariável ou sintagma que compõem frases que manifestam por parte do emissor do enunciado
uma surpresa, uma hesitação, um susto, uma emoção, um apelo, uma ordem, etc., por parte do emissor do
enunciado. São as chamadas unidades autônomas, que usufruem de independência em relação aos demais
elementos do enunciado. As interjeições podem ser empregadas também para chamar exigir algo ou para
chamar a atenção do interlocutor e são unidades cuja forma pode sofrer variações como:
– Locuções interjetivas: são formadas por grupos e palavras que, associadas, assumem o valor de interjeição.
Exemplos: “Ai de mim!”, “Minha nossa!” Cruz credo!”.

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– Palavras da língua: “Eita!” “Nossa!”
– Sons vocálicos: “Hum?!”, “Ué!”, “Ih…!”
Os tipos de interjeição
De acordo com as reações que expressam, as interjeições podem ser de:

ESTRUTURA E FORMAÇÃO DE PALAVRAS


As palavras são formadas por estruturas menores, com significados próprios. Para isso, há vários processos
que contribuem para a formação das palavras.
Estrutura das palavras
As palavras podem ser subdivididas em estruturas significativas menores - os morfemas, também chama-
dos de elementos mórficos:
– radical e raiz;
– vogal temática;
– tema;
– desinências;
– afixos;
– vogais e consoantes de ligação.
Radical: Elemento que contém a base de significação do vocábulo.
Exemplos
VENDer, PARTir, ALUNo, MAR.
Desinências: Elementos que indicam as flexões dos vocábulos.
Dividem-se em:
Nominais
Indicam flexões de gênero e número nos substantivos.
Exemplos
pequenO, pequenA, alunO, aluna.
pequenoS, pequenaS, alunoS, alunas.
Verbais

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Indicam flexões de modo, tempo, pessoa e número nos verbos
Exemplos
vendêSSEmos, entregáRAmos. (modo e tempo)
vendesteS, entregásseIS. (pessoa e número)
Indica, nos verbos, a conjugação a que pertencem.
Exemplos
1ª conjugação: – A – cantAr
2ª conjugação: – E – fazEr
3ª conjugação: – I – sumIr
Observação
Nos substantivos ocorre vogal temática quando ela não indica oposição masculino/feminino.
Exemplos
livrO, dentE, paletó.
Tema: União do radical e a vogal temática.
Exemplos
CANTAr, CORREr, CONSUMIr.
Vogal e consoante de ligação: São os elementos que se interpõem aos vocábulos por necessidade de eu-
fonia.
Exemplos
chaLeira, cafeZal.
Visão geral: a formação de palavras que integram o léxico da língua baseia-se em dois principais processos
morfológicos (combinação de morfemas): a derivação e a composição.
Derivação: é a formação de uma nova palavra (palavra derivada) com base em uma outra que já existe na
língua (palavra primitiva ou radical).
1 – Prefixal por prefixação: um prefixo ou mais são adicionados à palavra primitiva.

PREFIXO PALAVRA PRIMITIVA PALAVRA DERIVADA


inf fiel infiel
sobre carga sobrecarga
2 – Sufixal ou por sufixação: é a adição de sufixo à palavra primitiva.

PALAVRA
SUFIXO PALAVRA DERIVADA
PRIMITIVA
gol leiro goleiro
feliz mente felizmente
3 – Prefixal e sufixal: nesse tipo, a presença do prefixo ou do sufixo à palavra primitiva já é o suficiente para
formação de uma nova palavra.

PALAVRA
PREFIXO SUFIXO PALAVRA DERIVADA
PRIMITIVA
inf feliz – Infeliz
– feliz mente Felizmente
des igual – desigual
– igual dade igualdade

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4 – Parassintética: também consiste na adição de prefixo e sufixo à palavra primitiva, porém, diferentemente
do tipo anterior, para existência da nova palavra, ambos os acréscimos são obrigatórios. Esse processo parte
de substantivos e adjetivos para originar um verbo.

PREFIXO PALAVRA PRIMITIVA SUFIXO PALAVRA DERIVADA


em pobre cer empobrecer
em trist ecer estristecer
5 – Regressiva: é a remoção da parte final de uma palavra primitiva para, dessa forma, obter uma palavra
derivada. Esse origina substantivos a partir de formas verbais que expressam uma ação. Essas novas palavras
recebem o nome de deverbais. Tal composição ocorre a partir da substituição da terminação verbal formada
pela vogal temática + desinência de infinitivo (“–ar” ou “–er”) por uma das vogais temáticas nominais (-a, -e,-o).”

VERBO RADICAL DESINÊNCIA VOGAL TEMÁTICA SUBSTANTIVO


debater debat er e debate
sustentar sustent ar o sustento
vender vend er a venda
6 – Imprópria (ou conversão): é o processo que resulta na mudança da classe gramatical de uma palavra
primitiva, mas não modifica sua forma. Exemplo: a palavra jantar pode ser um verbo na frase “Convidaram-me
para jantar”, mas também pode ser um substantivo na frase “O jantar estava maravilhoso”.
Composição: é o processo de formação de palavra a partir da junção de dois ou mais radicais. A composição
pode se realizar por justaposição ou por aglutinação.   
– Justaposição: na junção, não há modificação dos radicais. Exemplo: passa + tempo - passatempo; gira +
sol = girassol.  
– Aglutinação: existe alteração dos radicais na sua junção. Exemplo: em + boa + hora = embora; desta +
arte = destarte.
SIGNIFICAÇÃO DE VOCÁBULOS.
Visão Geral: o significado das palavras é objeto de estudo da semântica, a área da gramática que se dedica
ao sentido das palavras e também às relações de sentido estabelecidas entre elas.
Denotação e conotação
Denotação corresponde ao sentido literal e objetivo das palavras, enquanto a conotação diz respeito ao
sentido figurado das palavras. Exemplos:
“O gato é um animal doméstico.”
“Meu vizinho é um gato.”
No primeiro exemplo, a palavra gato foi usada no seu verdadeiro sentido, indicando uma espécie real de
animal. Na segunda frase, a palavra gato faz referência ao aspecto físico do vizinho, uma forma de dizer que
ele é tão bonito quanto o bichano.
Hiperonímia e hiponímia
Dizem respeito à hierarquia de significado. Um hiperônimo, palavra superior com um sentido mais abrangente,
engloba um hipônimo, palavra inferior com sentido mais restrito.
Exemplos:
– Hiperônimo: mamífero: – hipônimos: cavalo, baleia.
– Hiperônimo: jogo – hipônimos: xadrez, baralho.
Polissemia e monossemia
A polissemia diz respeito ao potencial de uma palavra apresentar uma multiplicidade de significados, de
acordo com o contexto em que ocorre. A monossemia indica que determinadas palavras apresentam apenas
um significado. Exemplos:

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– “Língua”, é uma palavra polissêmica, pois pode por um idioma ou um órgão do corpo, dependendo do
contexto em que é inserida.
– A palavra “decalitro” significa medida de dez litros, e não tem outro significado, por isso é uma palavra
monossêmica.

Sinonímia e antonímia
A sinonímia diz respeito à capacidade das palavras serem semelhantes em significado. Já antonímia se refere
aos significados opostos. Desse modo, por meio dessas duas relações, as palavras expressam proximidade e
contrariedade.
Exemplos de palavras sinônimas: morrer = falecer; rápido = veloz.
Exemplos de palavras antônimas: morrer x nascer; pontual x atrasado.
Homonímia e paronímia
A homonímia diz respeito à propriedade das palavras apresentarem: semelhanças sonoras e gráficas,
mas distinção de sentido (palavras homônimas), semelhanças homófonas, mas distinção gráfica e de sentido
(palavras homófonas) semelhanças gráficas, mas distinção sonora e de sentido (palavras homógrafas). A
paronímia se refere a palavras que são escritas e pronunciadas de forma parecida, mas que apresentam
significados diferentes. Veja os exemplos:
– Palavras homônimas: caminho (itinerário) e caminho (verbo caminhar); morro (monte) e morro (verbo
morrer).
– Palavras homófonas: apressar (tornar mais rápido) e apreçar (definir o preço); arrochar (apertar com força)
e arroxar (tornar roxo).
– Palavras homógrafas: apoio (suporte) e apoio (verbo apoiar); boto (golfinho) e boto (verbo botar); choro
(pranto) e choro (verbo chorar) .
– Palavras parônimas: apóstrofe (figura de linguagem) e apóstrofo (sinal gráfico), comprimento (tamanho) e
cumprimento (saudação).

Derivação e composição

Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi abordado em tópicos anteriores.

A oração e seus termos. A estruturação do período

Definição: sintaxe é a área da Gramática que se dedica ao estudo da ordenação das palavras em uma frase,
das frases em um discurso e também da coerência (relação lógica) que estabelecem entre si. Sempre que
uma frase é construída, é fundamental que ela contenha algum sentido para que possa ser compreendida pelo
receptor. Por fazer a mediação da combinação entre palavras e orações, a sintaxe é essencial para que essa
compreensão se efetive. Para que se possa compreender a análise sintática, é importante retomarmos alguns
conceitos, como o de frase, oração e período. Vejamos:
Frase
Trata-se de um enunciado que carrega um sentido completo que possui sentido integral, podendo ser
constituída por somente uma ou várias palavras podendo conter verbo (frase verbal) ou não (frase nominal).
Uma frase pode exprimir ideias, sentimentos, apelos ou ordens. Exemplos: “Saia!”, “O presidente vai fazer seu
discurso.”, “Atenção!”, “Que horror!”.

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A ordem das palavras: associada à pontuação apropriada, a disposição das palavras na frase também é
fundamental para a compreensão da informação escrita, e deve seguir os padrões da Língua Portuguesa.
Observe que a frase “A professora já vai falar.” Pode ser modificada para, por exemplo, “Já vai falar a professora.”
, sem que haja prejuízo de sentido. No entanto, a construção “Falar a já professora vai.” , apesar da combinação
das palavras, não poderá ser compreendida pelo interlocutor.
Oração
É uma unidade sintática que se estrutura em redor de um verbo ou de uma locução verbal. Uma frase pode
ser uma oração, desde que tenha um verbo e um predicado; quanto ao sujeito, nem sempre consta em uma
oração, assim como o sentido completo. O importante é que seja compreensível pelo receptor da mensagem.
Analise, abaixo, uma frase que é oração com uma que não é.
1 – Silêncio!”: É uma frase, mas não uma oração, pois não contém verbo.
2 – “Eu quero silêncio.”: A presença do verbo classifica a frase como oração.
Unidade sintática (ou termo sintático): a sintaxe de uma oração é formada por cada um dos termos, que,
por sua vez, estabelecem relação entre si para dar atribuir sentido à frase. No exemplo supracitado, a palavra
“quero” deve unir-se às palavras “Eu” e “silêncio” para que o receptor compreenda a mensagem. Dessa forma,
cada palavra desta oração recebe o nome de termo ou unidade sintática, desempenhando, cada qual, uma
função sintática diferente.
Classificação das orações: as orações podem ser simples ou compostas. As orações simples apresentam
apenas uma frase; as compostas apresentam duas ou mais frases na mesma oração. Analise os exemplos
abaixo e perceba que a oração composta tem duas frases, e cada uma tem seu próprio sentido.
– Oração simples: “Eu quero silêncio.”
– Oração composta: “Eu quero silêncio para poder ouvir o noticiário”.
Período
É a construção composta por uma ou mais orações, sempre com sentido completo. Assim como as orações,
o período também pode ser simples ou composto, que se diferenciam em razão do número de orações que
apresenta: o período simples contém apenas uma oração, e o composto mais de uma. Lembrando que a oração
é uma frase que contém um verbo. Assim, para não ter dúvidas quanto à classificação, basta contar quantos
verbos existentes na frase.
– Período simples: “Resolvo esse problema até amanhã.” - apresenta apenas um verbo.
– Período composto: Resolvo esse problema até amanhã ou ficarei preocupada.” - contém dois verbos.

— Análise Sintática
É o nome que se dá ao processo que serve para esmiuçar a estrutura de um período e das orações que
compõem um período.
Termos da oração: é o nome dado às palavras que atribuem sentido a uma frase verbal. A reunião desses
elementos forma o que chamamos de estrutura de um período. Os termos essenciais se subdividem em:
essenciais, integrantes e acessórios. Acompanhe a seguir as especificidades de cada tipo.
1 – Termos Essenciais (ou fundamentais) da oração
Sujeito e Predicado: enquanto um é o ser sobre quem/o qual se declara algo, o outro é o que se declara
sobre o sujeito e, por isso, sempre apresenta um verbo ou uma locução verbal, como nos respectivos exemplos
a seguir:
Exemplo: em “Fred fez um lindo discurso.”, o sujeito é “Fred”, que “fez um lindo discurso” (é o restante da
oração, a declaração sobre o sujeito).
Nem sempre o sujeito está no início da oração (sujeito direto), podendo apresentar-se também no meio da
fase ou mesmo após o predicado (sujeito inverso). Veja um exemplo para cada um dos respectivos casos:
“Fred fez um lindo discurso.”

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“Um lindo discurso Fred fez.”
“Fez um lindo discurso, Fred.”
– Sujeito determinado: é aquele identificável facilmente pela concordância verbal.
– Sujeito determinado simples: possui apenas um núcleo ligado ao verbo. Ex.: “Júlia passou no teste”.
– Sujeito determinado composto: possui dois ou mais núcleos. Ex.: “Júlia e Felipe passaram no teste.”
– Sujeito determinado implícito: não aparece facilmente na oração, mas a frase é dotada de entendimento.
Ex.: “Passamos no teste.” Aqui, o termo “nós” não está explícito na oração, mas a concordância do verbo o
destaca de forma indireta.
– Sujeito indeterminado: é o que não está visível na oração e, diferente do caso anterior, não há concordância
verbal para determiná-lo.
Esse sujeito pode aparecer com:
– Verbo na 3a pessoa do plural. Ex.: “Reformaram a casa velha”.
– Verbo na 3a pessoa do singular + pronome “se”: “Contrata-se padeiro.”».
– Verbo no infinitivo impessoal: “Vai ser mais fácil se você estiver lá.”
– Orações sem sujeito: são compostas somente por predicado, e sua mensagem está centralizada no verbo,
que é impessoal. Essas orações podem ter verbos que constituam fenômenos da natureza, ou os verbos ser,
estar, haver e fazer quando indicativos de fenômeno meteorológico ou tempo. Observe os exemplos:
“Choveu muito ontem”.
“Era uma hora e quinze”.
– Predicados Verbais: resultam da relação entre sujeito e verbo, ou entre verbo e complementos. Os verbos,
por sua vez, também recebem sua classificação, conforme abaixo:
– Verbo transitivo: é o verbo que transita, isto é, que vai adiante para passar a informação adequada. Em
outras palavras, é o verbo que exige complemento para ser entendido. Para produzir essa compreensão, esse
trânsito do verbo, o complemento pode ser direto ou indireto. No primeiro caso, a ligação direta entre verbo e
complemento. Ex.: “Quero comprar roupas.”. No segundo, verbo e complemento são unidos por preposição.
Ex.: “Preciso de dinheiro.”
– Verbo intransitivo: não requer complemento, é provido de sentido completo. São exemplos: morrer, acordar,
nascer, nadar, cair, mergulhar, correr.
– Verbo de ligação: servem para expressar características de estado ao sujeito, sendo eles: estado
permanente (“Pedro é alto.”), estado de transição (“Pedro está acamado.”), estado de mutação (“Pedro esteve
enfermo.”), estado de continuidade (“Pedro continua esbelto.”) e estado aparente (“Pedro parece nervoso.”).
– Predicados nominais: são aqueles que têm um nome (substantivo ou adjetivo) como cujo núcleo significativo
da oração. Ademais, ele se caracteriza pela indicação de estado ou qualidade, e é composto por um verbo de
ligação mais o predicativo do sujeito.
– Predicativo do sujeito: é um termo que atribui características ao sujeito por meio de um verbo. Exemplo:
em “Marta é inteligente.”, o adjetivo é o predicativo do sujeito “Marta”, ou seja, é sua característica de estado
ou qualidade. Isso é comprovado pelo “ser” (é), que é o verbo de ligação entre Marta e sua característica atual.
Esse elemento não precisa ser, obrigatoriamente, um adjetivo, mas pode ser uma locução adjetiva, ou mesmo
um substantivo ou palavra substantivada.
– Predicado Verbo-Nominal: esse tipo deve apresentar sempre um predicativo do sujeito associado a uma
ação do sujeito acrescida de uma qualidade sua. Exemplo: “As meninas saíram mais cedo da aula. Por isso,
estavam contentes.
O sujeito “As meninas” possui como predicado o verbo “sair” e também o adjetivo “contentes”. Logo, “estavam
contentes” é o predicativo do sujeito e o verbo de ligação é “estar”.

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2 – Termos integrantes da oração
Basicamente, são os termos que completam os verbos de uma oração, atribuindo sentindo a ela. Eles
podem ser complementos verbais, complementos nominais ou mesmo agentes da passiva.
– Complementos Verbais: como sugere o nome, esses termos completam o sentido de verbos, e se
classificam da seguinte forma:
– Objeto direto: completa verbos transitivos diretos, não exigindo preposição.
– Objeto indireto: complementam verbos transitivos indiretos, isto é, aqueles que dependem de preposição
para que seu sentido seja compreendido.
Quanto ao objeto direto, podemos ter:
– Um pronome substantivo: “A equipe que corrigiu as provas.”
– Um pronome oblíquo direto: “Questionei-a sobre o acontecido.”
– Um substantivo ou expressão substantivada: “Ele consertou os aparelhos.»
– Complementos Nominais: esses termos completam o sentido de uma palavra, mas não são verbos; são
nomes (substantivos, adjetivos ou advérbios), sempre seguidos por preposição. Observe os exemplos:
– “Maria estava satisfeita com seus resultados.” – observe que “satisfeita” é adjetivo, e “com seus resultados”
é complemento nominal.
– “O entregador atravessou rapidamente pela viela. – “rapidamente” é advérbio de modo.
– “Eu tenho medo do cachorro.” – Nesse caso, “medo” é um substantivo.
– Agentes da Passiva: são os termos de uma oração que praticam a ação expressa pelo verbo, quando este
está na voz passiva. Assim, estão normalmente acompanhados pelas preposições de e por. Observe os exem-
plos do item anterior modificados para a voz passiva:
– “Os resultados foram motivo de satisfação de Maria.”
– “O cachorro foi alvo do meu medo.”
– “A viela foi atravessada rapidamente pelo entregador.”
3 – Termos acessórios da oração
Diversamente dos termos essenciais e integrantes, os termos acessórios não são fundamentais o sentido da
oração, mas servem para complementar a informação, exprimindo circunstância, determinando o substantivo
ou caracterizando o sujeito. Confira abaixo quais são eles:
– Adjunto adverbial: são os termos que modificam o sentido do verbo, do adjetivo ou do advérbio. Analise
os exemplos:
“Dormimos muito.”
O termo acessório “muito” classifica o verbo “dormir”.
“Ele ficou pouco animado com a notícia.”
O termo acessório “pouco” classifica o adjetivo “animado”
“Maria escreve bastante bem.”
O termo acessório “bastante” modifica o advérbio “bem”.
Os adjuntos adverbiais podem ser:
– Advérbios: pouco, bastante, muito, ali, rapidamente longe, etc.
– Locuções adverbiais: o tempo todo, às vezes, à beira-mar, etc.
– Orações: «Quando a mercadoria chegar, avise.” (advérbio de tempo).

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– Adjunto adnominal: é o termo que especifica o substantivo, com função de adjetivo. Em razão disso, pode
ser representado por adjetivos, locuções adjetivas, artigos, numerais adjetivos ou pronomes adjetivos. Analise
o exemplo:
“O jovem apaixonado presenteou um lindo buquê à sua colega de escola.”
– Sujeito: “jovem apaixonado”
– Núcleo do predicado verbal: “presenteou”
– Objeto direto do verbo entregar: “um lindo buquê”
– Objeto indireto: “à amiga de classe” – Adjuntos adnominais: no sujeito, temos o artigo “o” e “apaixonado”,
pois caracterizam o “jovem”, núcleo do sujeito; o numeral “um” e o adjetivo “lindo” fazem referência a “buquê”
(substantivo); o artigo “à” (contração da preposição + artigo feminino) e a locução “de trabalho” são os adjuntos
adnominais de “colega”.
– Aposto: é o termo que se relaciona com o sujeito para caracterizá-lo, contribuindo para a complementação
uma informação já completa. Observe os exemplos:
“Michael Jackson, o rei do pop, faleceu há uma década.”
“Brasília, capital do Brasil, foi construída na década de 1950.”
– Vocativo: esse termo não apresenta relação sintática nem com sujeito nem com predicado, tendo sua
função no chamamento ou na interpelação de um ouvinte, e se relaciona com a 2a pessoa do discurso. Os
vocativos são o receptor da mensagem, ou seja, a quem ela é dirigida. Podem ser acompanhados de interjeições
de apelo. Observe:
“Ei, moça! Seu documento está pronto!”
“Senhor, tenha misericórdia de nós!”
“Vista o casaco, filha!”
— Estudo da relação entre as orações
Os períodos compostos são formados por várias orações. As orações estabelecem entre si relações de
coordenação ou de subordinação.
– Período composto por coordenação: é formado por orações independentes. Apesar de estarem unidas por
conjunções ou vírgulas, as orações coordenadas podem ser entendidas individualmente porque apresentam
sentidos completos. Acompanhe a seguir a classificação das orações coordenadas:
– Oração coordenada aditiva: “Assei os salgados e preparei os doces.”
– Oração coordenada adversativa: “Assei os salgados, mas não preparei os doces.”
– Oração coordenada alternativa: “Ou asso os salgados ou preparo os doces.”
– Oração coordenada conclusiva: “Marta estudou bastante, logo, passou no exame.”
– Oração coordenada explicativa: “Marta passou no exame porque estudou bastante.”
– Período composto por subordinação: são constituídos por orações dependentes uma da outra. Como as
orações subordinadas apresentam sentidos incompletos, não podem ser entendidas de forma separada. As
orações subordinadas são divididas em substantivas, adverbiais e adjetivas. Veja os exemplos:
– Oração subordinada substantiva subjetiva: “Ficou provado que o suspeito era realmente o culpado.”
– Oração subordinada substantiva objetiva direta: “Eu não queria que isso acontecesse.”
– Oração subordinada substantiva objetiva indireta: “É obrigatório de que todos os estudantes sejam
assíduos.”
– Oração subordinada substantiva completiva nominal: “Tenho expectativa de que os planos serão melhores
em breve!”
– Oração subordinada substantiva predicativa: “O que importa é que meus pais são saudáveis.”

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– Oração subordinada substantiva apositiva: “Apenas saiba disto: que tudo esteja organizado quando eu
voltar!”
– Oração subordinada adverbial causal: “Não posso me demorar porque tenho hora marcada na psicóloga.”
– Oração subordinada adverbial consecutiva: “Ficamos tão felizes que pulamos de alegria.”
– Oração subordinada adverbial final: “Eles ficaram vigiando para que nós chegássemos a casa em
segurança.”
– Oração subordinada adverbial temporal: “Assim que eu cheguei, eles iniciaram o trabalho.”
– Oração subordinada adverbial condicional: “Se você vier logo, espero por você.»
– Oração subordinada adverbial concessiva: “Ainda que estivesse cansado, concluiu a maratona.”
– Oração subordinada adverbial comparativa: “Marta sentia como se ainda vivesse no interior.”
– Oração subordinada adverbial conformativa: “Conforme combinamos anteriormente, entregarei o produto
até amanhã.”
– Oração subordinada adverbial proporcional: “Quanto mais me exercito, mais tenho disposição.”
– Oração subordinada adjetiva explicativa: “Meu filho, que passou no concurso, mudou-se para o interior.”
– Oração subordinada adjetiva restritiva: “A aluna que esteve enferma conseguiu ser aprovada nas provas.”

As classes de palavras: aspectos morfológicos, sintáticos e estilísticos

Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi abordado em tópicos anteriores.

Linguagem figurada

Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi abordado em tópicos anteriores.

Pontuação

— Visão Geral
O sistema de pontuação consiste em um grupo de sinais gráficos que, em um período sintático, têm a
função primordial de indicar um nível maior ou menor de coesão entre estruturas e, ocasionalmente, manifestar
as propriedades da fala (prosódias) em um discurso redigido. Na escrita, esses sinais substituem os gestos e
as expressões faciais que, na linguagem falada, auxiliam a compreensão da frase.
O emprego da pontuação tem as seguintes finalidades:
– Garantir a clareza, a coerência e a coesão interna dos diversos tipos textuais;
– Garantir os efeitos de sentido dos enunciados;
– Demarcar das unidades de um texto;
– Sinalizar os limites das estruturas sintáticas.

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— Sinais de pontuação que auxiliam na elaboração de um enunciado
Vírgula
De modo geral, sua utilidade é marcar uma pausa do enunciado para indicar que os termos por ela isolados,
embora compartilhem da mesma frase ou período, não compõem unidade sintática. Mas, se, ao contrário,
houver relação sintática entre os termos, estes não devem ser isolados pela vírgula. Isto quer dizer que, ao
mesmo tempo que existem situações em que a vírgula é obrigatória, em outras, ela é vetada. Confira os casos
em que a vírgula deve ser empregada:
• No interior da sentença
1 – Para separar elementos de uma enumeração e repetição:

ENUMERAÇÃO
Adicione leite, farinha, açúcar, ovos, óleo e chocolate.
Paguei as contas de água, luz, telefone e gás.

REPETIÇÃO
Os arranjos estão lindos, lindos!
Sua atitude foi, muito, muito, muito indelicada.
2 – Isolar o vocativo
“Crianças, venham almoçar!”
“Quando será a prova, professora?”
3 – Separar apostos
“O ladrão, menor de idade, foi apreendido pela polícia.”
4 – Isolar expressões explicativas:
“As CPIs que terminaram em pizza, ou seja, ninguém foi responsabilizado.”
5 – Separar conjunções intercaladas
“Não foi explicado, porém, o porquê das falhas no sistema.”
6 – Isolar o adjunto adverbial anteposto ou intercalado:
“Amanhã pela manhã, faremos o comunicado aos funcionários do setor.”
“Ele foi visto, muitas vezes, vagando desorientado pelas ruas.”
7 – Separar o complemento pleonástico antecipado:
“Estas alegações, não as considero legítimas.”
8 – Separar termos coordenados assindéticos (não conectadas por conjunções)
“Os seres vivos nascem, crescem, reproduzem-se, morrem.”
9 – Isolar o nome de um local na indicação de datas:
“São Paulo, 16 de outubro de 2022”.
10 – Marcar a omissão de um termo:
“Eu faço o recheio, e você, a cobertura.” (omissão do verbo “fazer”).
• Entre as sentenças
1 – Para separar as orações subordinadas adjetivas explicativas
“Meu aluno, que mora no exterior, fará aulas remotas.”
2 – Para separar as orações coordenadas sindéticas e assindéticas, com exceção das orações iniciadas
pela conjunção “e”:

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“Liguei para ela, expliquei o acontecido e pedi para que nos ajudasse.”
3 – Para separar as orações substantivas que antecedem a principal:
“Quando será publicado, ainda não foi divulgado.”
4 – Para separar orações subordinadas adverbiais desenvolvidas ou reduzidas, especialmente as que
antecedem a oração principal:

Reduzida Por ser sempre assim, ninguém dá atenção!


Desenvolvida Porque é sempre assim, já ninguém dá atenção!
5 – Separar as sentenças intercaladas:
“Querida, disse o esposo, estarei todos os dias aos pés do seu leito, até que você se recupere por completo.”
• Antes da conjunção “e”
1 – Emprega-se a vírgula quando a conjunção “e” adquire valores que não expressam adição, como
consequência ou diversidade, por exemplo.
“Argumentou muito, e não conseguiu convencer-me.”
2 – Utiliza-se a vírgula em casos de polissíndeto, ou seja, sempre que a conjunção “e” é reiterada com com
a finalidade de destacar alguma ideia, por exemplo:
“(…) e os desenrolamentos, e os incêndios, e a fome, e a sede; e dez meses de combates, e cem dias de
cancioneiro contínuo; e o esmagamento das ruínas...” (Euclides da Cunha)
3 – Emprega-se a vírgula sempre que orações coordenadas apresentam sujeitos distintos, por exemplo:
“A mulher ficou irritada, e o marido, constrangido.”
O uso da vírgula é vetado nos seguintes casos: separar sujeito e predicado, verbo e objeto, nome de
adjunto adnominal, nome e complemento nominal, objeto e predicativo do objeto, oração substantiva e oração
subordinada (desde que a substantivo não seja apositiva nem se apresente inversamente).
Ponto
1 – Para indicar final de frase declarativa:
“O almoço está pronto e será servido.”
2 – Abrevia palavras:
– “p.” (página)
– “V. Sra.” (Vossa Senhoria)
– “Dr.” (Doutor)
3 – Para separar períodos:
“O jogo não acabou. Vamos para os pênaltis.”
Ponto e Vírgula
1 – Para separar orações coordenadas muito extensas ou orações coordenadas nas quais já se tenha
utilizado a vírgula:
“Gosto de assistir a novelas; meu primo, de jogos de RPG; nossa amiga, de praticar esportes.”
2 – Para separar os itens de uma sequência de itens:
“Os planetas que compõem o Sistema Solar são:
Mercúrio;
Vênus;
Terra;
Marte;

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Júpiter;
Saturno;
Urano;
Netuno.”
Dois Pontos
1 – Para introduzirem apostos ou orações apositivas, enumerações ou sequência de palavras que explicam
e/ou resumem ideias anteriores.
“Anote o endereço: Av. Brasil, 1100.”
“Não me conformo com uma coisa: você ter perdoado aquela grande ofensa.”
2 – Para introduzirem citação direta:
“Desse estudo, Lavoisier extraiu o seu princípio, atualmente muito conhecido: “Nada se cria, nada se perde,
tudo se transforma’.”
3 – Para iniciar fala de personagens:
“Ele gritava repetidamente:
– Sou inocente!”
Reticências
1 – Para indicar interrupção de uma frase incompleta sintaticamente:
“Quem sabe um dia...”
2 – Para indicar hesitação ou dúvida:
“Então... tenho algumas suspeitas... mas prefiro não revelar ainda.”
3 – Para concluir uma frase gramaticalmente inacabada com o objetivo de prolongar o raciocínio:
“Sua tez, alva e pura como um foco de algodão, tingia-se nas faces duns longes cor-de-rosa...” (Cecília -
José de Alencar).
4 – Suprimem palavras em uma transcrição:
“Quando penso em você (...) menos a felicidade.” (Canteiros - Raimundo Fagner).
Ponto de Interrogação
1 – Para perguntas diretas:
“Quando você pode comparecer?”
2 – Algumas vezes, acompanha o ponto de exclamação para destacar o enunciado:
“Não brinca, é sério?!”
Ponto de Exclamação
1 – Após interjeição:
“Nossa Que legal!”
2 – Após palavras ou sentenças com carga emotiva
“Infelizmente!”
3 – Após vocativo
“Ana, boa tarde!”
4 – Para fechar de frases imperativas:
“Entre já!”

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Parênteses
a) Para isolar datas, palavras, referências em citações, frases intercaladas de valor explicativo, podendo
substituir o travessão ou a vírgula:
“Mal me viu, perguntou (sem qualquer discrição, como sempre)
quem seria promovido.”
Travessão
1 – Para introduzir a fala de um personagem no discurso direto:
“O rapaz perguntou ao padre:
— Amar demais é pecado?”
2 – Para indicar mudança do interlocutor nos diálogos:
“— Vou partir em breve.
— Vá com Deus!”
3 – Para unir grupos de palavras que indicam itinerários:
“Esse ônibus tem destino à cidade de São Paulo — SP.”
4 – Para substituir a vírgula em expressões ou frases explicativas:
“Michael Jackson — o retorno rei do pop — era imbatível.”
Aspas
1 – Para isolar palavras ou expressões que violam norma culta, como termos populares, gírias, neologismos,
estrangeirismos, arcaísmos, palavrões, e neologismos.
“Na juventude, ‘azarava’ todas as meninas bonitas.”
“A reunião será feita ‘online’.”
2 – Para indicar uma citação direta:
“A índole natural da ciência é a longanimidade.” (Machado de Assis)

Exercícios

1. CESGRANRIO - PNMO (ELETRONUCLEAR)/ELETRONUCLEAR/Especialista em Proteção Radiológi-


ca/2022
Assunto: Significação de vocábulo e expressões
Texto
Maria José
Paulo Mendes Campos
Faz um ano que Maria José morreu. Era meiga quase sempre, violenta quando necessário. Eu era menino
e apanhava de um companheiro maior, quando ela me gritou da sacada se eu não via a pedra que marcava o
gol. Dei uma pedrada no outro e acabei com a briga por milagre.
Visitava os miseráveis, internava indigentes enfermos, devotava-se ao alívio de misérias físicas e morais
do próximo, estudava o mistério teológico, exigia sempre o mais difícil de si mesma, comungava todos os dias,
ingressou na Ordem Terceira de São Francisco. Mas nunca deixou de ter na gaveta o revólver que havia re-
cebido, menina- e-moça, das mãos do pai, e que empunhou no quintal noturno, perseguindo um ladrão, para
espanto de meus cinco anos.

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Já perto dos setenta anos, ela explicava para um amigo meu que tinha chegado à humildade da velhice;
já não se importava com quem tentasse ofendê-la, mas conservava o revólver para a defesa dos filhos e dos
netos.
Tratou-me com a dureza e o carinho que mereciam a rebeldia e o verdor da minha meninice. Ensinou- me
a ler as primeiras sentenças; me falava do Cura d’Ars e nos dois Franciscos, o de Sales e o de Assis; apresen-
tou-me aos contos de Edgar Poe e aos poemas de Baudelaire; dizia-me sorrindo versos de Antônio Nobre que
havia decorado quando menina; discutia comigo as ideias finais de Tolstoi; escutava maternalmente meus con-
tos toscos. Quando me desgarrei nos primeiros envolvimentos adolescentes, Maria José, com irônico afeto, me
repetia a advertência de Drummond: “Paulo, sossegue, o amor é isso que você está vendo: hoje beija, amanhã
não beija, depois de amanhã é domingo e segunda-feira ninguém sabe o que será”.
Logo que me fiz homenzinho, deixou a dureza e se fez minha amiga: nada me perguntava, adivinhava tudo.
Terna e firme, nunca lhe vi a fraqueza da pieguice. Com o gosto espontâneo da qualidade das coisas, re-
nunciou às vaidades mais singelas. Sensível, alegre, aprendeu a encarar o sofrimento de olhos lúcidos. Fiel à
disciplina religiosa, compreendia celestialmente as almas que perdiam o rumo. Fé, Esperança e Caridade eram
para ela a flecha e o alvo das criaturas.
Tornara-se tão íntima da substância terrestre – a dor – que se fazia difícil para o médico saber o que sentia;
acabava dizendo que doía um pouco, por delicadeza.
Capaz de longos jejuns e abstinências, já no final da vida, podia acompanhar um casal amigo a Copacaba-
na, passar do bar da moda ao restaurante diferente, beber dois cafés ou três uísques em santa serenidade e
aceitar com alegria o prato exótico.
Gostava das pessoas erradas, consumidas de paixão, admirava São Paulo e Santo Agostinho, acreditava
que era preciso se fazer violência para entrar no reino celeste.
Poucas horas antes de morrer, pediu um conhaque e sorriu, destemida e doce, como quem vai partir para
o céu. Santificara-se. Deus era o dia e a noite de seu coração, o Pai, a piedade, o fogo do espírito. Perdi quem
me amava e perdoava, quem me encomendava à compaixão do Criador e me defendia contra o mundo de
revólver na mão.
Em “escutava maternalmente meus contos toscos” (parágrafo 4), a palavra toscos pode ser substituída, sem
a alteração de seu significado no contexto, por
(A) criativos
(B) malfeitos
(C) primorosos
(D) incompletos
(E) sofisticados
2. CESGRANRIO - PNS (ELETRONUCLEAR)/ELETRONUCLEAR/Administrador/2022
Assunto: Significação de vocábulo e expressões
Texto
Entulho eletrônico: risco iminente para a saúde e o ambiente
Os resíduos de equipamentos eletroeletrônicos (lixo eletroeletrônico) são, por definição, produtos que têm
componentes elétricos e eletrônicos e que, por razões de obsolescência (perspectiva ou programada) e impos-
sibilidade de conserto, são descartados pelos consumidores. Os exemplos mais comuns são televisores e equi-
pamentos de informática e telefonia, mas a lista inclui eletrodomésticos, equipamentos médicos, brinquedos,
sistemas de alarme, automação e controle.
Obsolescência programada é a decisão intencional de fabricar um produto que se torne obsoleto ou não fun-
cional após certo tempo, para forçar o consumidor a comprar uma nova geração desse produto. Já a obsoles-
cência perspectiva é uma forma de reduzir a vida útil de produtos ainda funcionais. Nesse caso, são lançadas
novas gerações com aparência inovadora e pequenas mudanças funcionais, dando à geração em uso aspecto
de ultrapassada, o que induz o consumidor à troca.

Apostila gerada especialmente para: FERNANDA DE SOUZA GONCALVES 092.263.489-01


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O lixo eletroeletrônico é mais um desafio que se soma aos problemas ambientais da atualidade. O consu-
midor raramente reflete sobre as consequências do consumo crescente desses produtos, preocupando- se em
satisfazer suas necessidades. Afinal, eletroeletrônicos são tidos como sinônimos de melhor qualidade de vida,
e a explosão da indústria da informação é uma força motriz da sociedade, oferecendo ferramentas para rápi-
dos avanços na economia e no desenvolvimento social. O mundo globalizado impõe uma constante busca de
informações em tempo real, e a sua interação com novas tecnologias traz maiores oportunidades e benefícios,
segundo estudo da Organização das Nações Unidas (ONU). Tudo isso exerce um fascínio irresistível para os
jovens.
Dois aspectos justificam a inclusão dos eletroeletrônicos entre as preocupações da ONU: as vendas cres-
centes, em especial nos mercados emergentes (inclusive o Brasil), e a presença de metais e substâncias tóxi-
cas em muitos componentes, trazendo risco à saúde e ao meio ambiente. Segundo a ONU, são gerados hoje
150 milhões de toneladas de lixo eletroeletrônico por ano, e esse tipo de resíduo cresce a uma velocidade três
a cinco vezes maior que a do lixo urbano.
No trecho “Tudo isso exerce um fascínio irresistível para os jovens.” (parágrafo 3), a palavra que apresenta
o sentido contrário ao da palavra destacada é
(A) atração
(B) encanto
(C) repulsa
(D) sedução
(E) embevecimento
3. CESGRANRIO - PNS (ELETRONUCLEAR)/ELETRONUCLEAR/Administrador/2022
Assunto: Significação de vocábulo e expressões
Texto
Entulho eletrônico: risco iminente para a saúde e o ambiente
Os resíduos de equipamentos eletroeletrônicos (lixo eletroeletrônico) são, por definição, produtos que têm
componentes elétricos e eletrônicos e que, por razões de obsolescência (perspectiva ou programada) e impos-
sibilidade de conserto, são descartados pelos consumidores. Os exemplos mais comuns são televisores e equi-
pamentos de informática e telefonia, mas a lista inclui eletrodomésticos, equipamentos médicos, brinquedos,
sistemas de alarme, automação e controle.
Obsolescência programada é a decisão intencional de fabricar um produto que se torne obsoleto ou não fun-
cional após certo tempo, para forçar o consumidor a comprar uma nova geração desse produto. Já a obsoles-
cência perspectiva é uma forma de reduzir a vida útil de produtos ainda funcionais. Nesse caso, são lançadas
novas gerações com aparência inovadora e pequenas mudanças funcionais, dando à geração em uso aspecto
de ultrapassada, o que induz o consumidor à troca.
O lixo eletroeletrônico é mais um desafio que se soma aos problemas ambientais da atualidade. O consu-
midor raramente reflete sobre as consequências do consumo crescente desses produtos, preocupando- se em
satisfazer suas necessidades. Afinal, eletroeletrônicos são tidos como sinônimos de melhor qualidade de vida,
e a explosão da indústria da informação é uma força motriz da sociedade, oferecendo ferramentas para rápi-
dos avanços na economia e no desenvolvimento social. O mundo globalizado impõe uma constante busca de
informações em tempo real, e a sua interação com novas tecnologias traz maiores oportunidades e benefícios,
segundo estudo da Organização das Nações Unidas (ONU). Tudo isso exerce um fascínio irresistível para os
jovens.
Dois aspectos justificam a inclusão dos eletroeletrônicos entre as preocupações da ONU: as vendas cres-
centes, em especial nos mercados emergentes (inclusive o Brasil), e a presença de metais e substâncias tóxi-
cas em muitos componentes, trazendo risco à saúde e ao meio ambiente. Segundo a ONU, são gerados hoje
150 milhões de toneladas de lixo eletroeletrônico por ano, e esse tipo de resíduo cresce a uma velocidade três
a cinco vezes maior que a do lixo urbano.

Apostila gerada especialmente para: FERNANDA DE SOUZA GONCALVES 092.263.489-01


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AFONSO, J. C. Revista Ciência Hoje, n. 314, maio 2014. São Paulo: SBPC. Disponível em: https://cienciaho-
je.periodicos.capes. gov.br/storage/acervo/ch/ch_314.pdf. Adaptado.
No 3o parágrafo, no trecho “a explosão da indústria da informação é uma força motriz da sociedade”, a pa-
lavra destacada pode ser substituída, sem prejuízo de sentido, por
(A) infalível
(B) obrigatória
(C) abrangente
(D) imprescindível
(E) impulsionadora
4. CESGRANRIO - Esc BB/BB/Agente Comercial/2021
Assunto: Predicado
O que é o QA e por que ele pode ser mais importante que o QI no mercado de trabalho
Há algum tempo, se você quisesse avaliar as perspectivas de alguém crescer na carreira, poderia con-
siderar pedir um teste de QI, o quociente de inteligência, que mede indicadores como memória e habilidade
matemática.
Mais recentemente, passaram a ser avaliadas outras letrinhas: o quociente de inteligência emocional (QE),
uma combinação de habilidades interpessoais, autocontrole e comunicação. Não só no mundo do trabalho, o
QE é visto como um kit de habilidades que pode nos ajudar a ter sucesso em vários aspectos da vida.
Tanto o QI quanto o QE são considerados importantes para o sucesso na carreira. Hoje, porém, à medida
que a tecnologia redefine como trabalhamos, as habilidades necessárias para prosperar no mercado de traba-
lho também estão mudando. Entra em cena então um novo quociente, o de adaptabilidade (QA), que considera
a capacidade de se posicionar e prosperar em um ambiente de mudanças rápidas e frequentes.
O QA não é apenas a capacidade de absorver novas informações, mas de descobrir o que é relevante,
deixar para trás noções obsoletas, superar desafios e fazer um esforço consciente para mudar. Esse quociente
envolve também características como flexibilidade, curiosidade, coragem e resiliência.
Amy Edmondson, professora de Administração da Harvard Business School, diz que é a velocidade vertigi-
nosa das mudanças no mercado de trabalho que fará o QA vencer o QI. Automatiza-se facilmente qualquer fun-
ção que envolva detectar padrões nos dados (advogados revisando documentos legais ou médicos buscando
o histórico de um paciente, por exemplo), diz Dave Coplin, diretor da The Envisioners, consultoria de tecnologia
sediada no Reino Unido. A tecnologia mudou bastante a forma como alguns trabalhos são feitos, e a tendência
continuará. Isso ocorre porque um algoritmo pode executar essas tarefas com mais rapidez e precisão do que
um humano.
Para evitar a obsolescência, os trabalhadores que cumprem essas funções precisam desenvolver novas
habilidades, como a criatividade para resolver novos problemas, empatia para se comunicar melhor e respon-
sabilidade.
Edmondson diz que toda profissão vai exigir adaptabilidade e flexibilidade, do setor bancário às artes. Di-
gamos que você é um contador. Seu QI o ajuda nas provas pelas quais precisa passar para se qualificar; seu
QE contribui na conexão com um recrutador e depois no relacionamento com colegas e clientes no emprego.
Então, quando os sistemas mudam ou os aspectos do trabalho são automatizados, você precisa do QA para
se acomodar a novos cenários.
Ter QI, mas nenhum QA, pode ser um bloqueio para as habilidades existentes diante de novas maneiras de
trabalhar. No mundo corporativo, o QA está sendo cada vez mais buscado na hora da contratação. Uma coisa
boa do QA é que, mesmo que seja difícil mensurá-lo, especialistas dizem que ele pode ser desenvolvido.
Como diz Edmondson: “Aprender a aprender é uma missão crítica. A capacidade de aprender, mudar, cres-
cer, experimentar se tornará muito mais importante do que o domínio de um assunto.”
A frase em que o verbo apresenta a mesma predicação que o verbo ocorrer em “Isso ocorre porque um
algoritmo pode executar essas tarefas” (parágrafo 5) é:

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(A) “Entra em cena então um novo quociente”. (parágrafo 3)
(B) “Esse quociente envolve também características como flexibilidade, curiosidade, coragem e resiliência.”
(parágrafo 4)
(C) “A tecnologia mudou bastante a forma como alguns trabalhos são feitos”. (parágrafo 5)
(D) “você é um contador.” (parágrafo 7)
(E) “Seu QI o ajuda nas provas”. (parágrafo 7)
5. CESGRANRIO - PNMO (ELETRONUCLEAR)/ELETRONUCLEAR/Especialista em Proteção Radiológi-
ca/2022
Assunto: Orações subordinadas adverbiais
Texto
Maria José
Paulo Mendes Campos
Faz um ano que Maria José morreu. Era meiga quase sempre, violenta quando necessário. Eu era menino
e apanhava de um companheiro maior, quando ela me gritou da sacada se eu não via a pedra que marcava o
gol. Dei uma pedrada no outro e acabei com a briga por milagre.
Visitava os miseráveis, internava indigentes enfermos, devotava-se ao alívio de misérias físicas e morais
do próximo, estudava o mistério teológico, exigia sempre o mais difícil de si mesma, comungava todos os dias,
ingressou na Ordem Terceira de São Francisco. Mas nunca deixou de ter na gaveta o revólver que havia re-
cebido, menina- e-moça, das mãos do pai, e que empunhou no quintal noturno, perseguindo um ladrão, para
espanto de meus cinco anos.
Já perto dos setenta anos, ela explicava para um amigo meu que tinha chegado à humildade da velhice;
já não se importava com quem tentasse ofendê-la, mas conservava o revólver para a defesa dos filhos e dos
netos.
Tratou-me com a dureza e o carinho que mereciam a rebeldia e o verdor da minha meninice. Ensinou- me
a ler as primeiras sentenças; me falava do Cura d’Ars e nos dois Franciscos, o de Sales e o de Assis; apresen-
tou-me aos contos de Edgar Poe e aos poemas de Baudelaire; dizia-me sorrindo versos de Antônio Nobre que
havia decorado quando menina; discutia comigo as ideias finais de Tolstoi; escutava maternalmente meus con-
tos toscos. Quando me desgarrei nos primeiros envolvimentos adolescentes, Maria José, com irônico afeto, me
repetia a advertência de Drummond: “Paulo, sossegue, o amor é isso que você está vendo: hoje beija, amanhã
não beija, depois de amanhã é domingo e segunda-feira ninguém sabe o que será”.
Logo que me fiz homenzinho, deixou a dureza e se fez minha amiga: nada me perguntava, adivinhava tudo.
Terna e firme, nunca lhe vi a fraqueza da pieguice. Com o gosto espontâneo da qualidade das coisas, re-
nunciou às vaidades mais singelas. Sensível, alegre, aprendeu a encarar o sofrimento de olhos lúcidos. Fiel à
disciplina religiosa, compreendia celestialmente as almas que perdiam o rumo. Fé, Esperança e Caridade eram
para ela a flecha e o alvo das criaturas.
Tornara-se tão íntima da substância terrestre – a dor – que se fazia difícil para o médico saber o que sentia;
acabava dizendo que doía um pouco, por delicadeza.
Capaz de longos jejuns e abstinências, já no final da vida, podia acompanhar um casal amigo a Copacaba-
na, passar do bar da moda ao restaurante diferente, beber dois cafés ou três uísques em santa serenidade e
aceitar com alegria o prato exótico.
Gostava das pessoas erradas, consumidas de paixão, admirava São Paulo e Santo Agostinho, acreditava
que era preciso se fazer violência para entrar no reino celeste.
Poucas horas antes de morrer, pediu um conhaque e sorriu, destemida e doce, como quem vai partir para
o céu. Santificara-se. Deus era o dia e a noite de seu coração, o Pai, a piedade, o fogo do espírito. Perdi quem
me amava e perdoava, quem me encomendava à compaixão do Criador e me defendia contra o mundo de
revólver na mão.

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No trecho: “Mas nunca deixou de ter na gaveta o revólver que recebera, menina-e-moça, das mãos do pai,
e que empunhou no quintal noturno, perseguindo um ladrão”, (parágrafo 2), a oração destacada pode ser subs-
tituída, sem prejuízo de seu significado, por
(A) por isso perseguia um ladrão.
(B) enquanto perseguia um ladrão.
(C) embora perseguisse um ladrão.
(D) desde que perseguisse um ladrão.
(E) por mais que perseguisse um ladrão.
6. CESGRANRIO - Esc BB/BB/Agente de Tecnologia/2021
Assunto: Orações subordinadas adverbiais
Lições após um ano de ensino remoto na pandemia
No momento em que se tornam ainda mais complexas as discussões sobre a volta às aulas presenciais, o
ensino remoto continua a ser a rotina de muitas famílias, atualmente.
Mas um ano sem precedentes na história veio acompanhado de lições inéditas para professores, alunos
e estudiosos. Diante do pouco acesso a planos de dados ou a dispositivos, a alternativa de muitas famílias e
professores tem sido se conectar regularmente via aplicativos de mensagens.
Uma pesquisa apontou que 83% dos professores mantinham contato com seus alunos por meio dos aplica-
tivos de mensagens, muito mais do que pelas próprias plataformas de aprendizagem. Esse uso foi uma grande
surpresa, mas é porque não temos outras ferramentas de massificação. A maior parte do ensino foi feita pelo
celular e, geralmente, por um celular compartilhado (entre vários membros da família), o que é algo muito de-
safiador.
Outro aspecto a ser considerado é que, felizmente, mensagens direcionadas são uma forma relativamente
barata de comunicação. A importância de cultivar interações entre os estudantes, mesmo que eles não estejam
no mesmo ambiente físico, também é uma forma de motivá-los e melhorar seus resultados. Recentemente,
uma pesquisadora afirmou que “Aprendemos que precisamos dos demais: comparar estratégias, falar com
alunos, com outros professores e dar mais oportunidades de trabalho coletivo, mesmo que seja cada um na
sua casa. Além disso, a pandemia ressaltou a importância do vínculo anterior entre escolas e comunidades”.
Embora seja difícil prever exatamente como o fechamento das escolas vai afetar o desenvolvimento futuro
dos alunos, educadores internacionais estimam que estudantes da educação básica já foram impactados. É
preciso pensar em como agrupar esses alunos e averiguar os que tiveram ensino mínimo ou nulo e decidir
como enfrentar essa ruptura, com aulas ou encontros extras, com anos (letivos) de transição.
IDOETA, P.A. 8 lições após um ano de ensino remoto na pan demia. Disponível em: <https://educacao.uol.
com.br/noticias/ bbc/2021/04/24/8-licoes-apos-um-ano-de-ensino-remoto-na- pandemia. htm>. Acesso em: 21
jul. 2021. Adaptado.
No trecho “A importância de cultivar interações entre os estudantes, mesmo que eles não estejam no mes-
mo ambiente físico” (parágrafo 4), a expressão destacada estabelece com a oração principal a relação de
(A) condição
(B) concessão
(C) comparação
(D) conformidade
(E) proporcionalidade

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7. CESGRANRIO - TBN (CEF)/CEF/”Sem Área”/2021
Assunto: Orações subordinadas adverbiais
Relacionamento com o dinheiro
Desde cedo, começamos a lidar com uma série de situações ligadas ao dinheiro. Para tirar melhor proveito
do seu dinheiro, é muito importante saber como utilizá-lo da forma mais favorável a você. O aprendizado e a
aplicação de conhecimentos práticos de educação financeira podem contribuir para melhorar a gestão de nos-
sas finanças pessoais, tornando nossas vidas mais tranquilas e equilibradas sob o ponto de vista financeiro.
Se pararmos para pensar, estamos sujeitos a um mundo financeiro muito mais complexo que o das gera-
ções anteriores. No entanto, o nível de educação financeira da população não acompanhou esse aumento de
complexidade. A ausência de educação financeira, aliada à facilidade de acesso ao crédito, tem levado muitas
pessoas ao endividamento excessivo, privando-as de parte de sua renda em função do pagamento de presta-
ções mensais que reduzem suas capacidades de consumir produtos que lhes trariam satisfação.
Infelizmente, não faz parte do cotidiano da maioria das pessoas buscar informações que as auxiliem na ges-
tão de suas finanças. Para agravar essa situação, não há uma cultura coletiva, ou seja, uma preocupação da
sociedade organizada em torno do tema. Nas escolas, pouco ou nada é falado sobre o assunto. As empresas,
não compreendendo a importância de ter seus funcionários alfabetizados financeiramente, também não inves-
tem nessa área. Similar problema é encontrado nas famílias, nas quais não há o hábito de reunir os membros
para discutir e elaborar um orçamento familiar. Igualmente entre os amigos, assuntos ligados à gestão finan-
ceira pessoal muitas vezes são considerados invasão de privacidade e pouco se conversa em torno do tema.
Enfim, embora todos lidem diariamente com dinheiro, poucos se dedicam a gerir melhor seus recursos.
A educação financeira pode trazer diversos benefícios, entre os quais, possibilitar o equilíbrio das finanças
pessoais, preparar para o enfrentamento de imprevistos financeiros e para a aposentadoria, qualificar para o
bom uso do sistema financeiro, reduzir a possibilidade de o indivíduo cair em fraudes, preparar o caminho para
a realização de sonhos, enfim, tornar a vida melhor.
No trecho do parágrafo 3 “As empresas, não compreendendo a importância de ter seus funcionários alfabe-
tizados financeiramente, também não investem nessa área”, a oração destacada tem valor semântico de
(A) causa
(B) proporção
(C) alternância
(D) comparação
(E) consequência
8. CESGRANRIO - Tec Cien (BASA)/BASA/Tecnologia da Informação/2021
Assunto: Orações reduzidas
Medo da eternidade
Jamais esquecerei o meu aflitivo e dramático contato com a eternidade. Quando eu era muito pequena ain-
da não tinha provado chicles e mesmo em Recife falava-se pouco deles. Eu nem sabia bem de que espécie de
bala ou bombom se tratava. Mesmo o dinheiro que eu tinha não dava para comprar: com o mesmo dinheiro eu
lucraria não sei quantas balas. Afinal minha irmã juntou dinheiro, comprou e ao sairmos de casa para a escola
me explicou:
— Tome cuidado para não perder, porque esta bala nunca se acaba. Dura a vida inteira.
— Como não acaba?
— Parei um instante na rua, perplexa.
— Não acaba nunca, e pronto.
Eu estava boba: parecia-me ter sido transportada para o reino de histórias de príncipes e fadas. Peguei a
pequena pastilha cor-de-rosa que representava o elixir do longo prazer. Examinei-a, quase não podia acreditar
no milagre. Eu que, como outras crianças, às vezes tirava da boca uma bala ainda inteira, para chupar depois,

Apostila gerada especialmente para: FERNANDA DE SOUZA GONCALVES 092.263.489-01


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só para fazê-la durar mais. E eis-me com aquela coisa cor-de-rosa, de aparência tão inocente, tornando possí-
vel o mundo impossível do qual eu já começara a me dar conta. Com delicadeza, terminei afinal pondo o chicle
na boca.
— E agora que é que eu faço?
— Perguntei para não errar no ritual que certamente deveria haver.
— Agora chupe o chicle para ir gostando do docinho dele, e só depois que passar o gosto você começa a
mastigar. E aí mastiga a vida inteira. A menos que você perca, eu já perdi vários. Perder a eternidade? Nunca.
O adocicado do chicle era bonzinho, não podia dizer que era ótimo. E, ainda perplexa, encaminhávamo-nos
para a escola.
— Acabou-se o docinho. E agora?
— Agora mastigue para sempre.
Assustei-me, não sabia dizer por quê. Comecei a mastigar e em breve tinha na boca aquele puxa-puxa cin-
zento de borracha que não tinha gosto de nada. Mastigava, mastigava. Mas me sentia contrafeita. Na verdade
eu não estava gostando do gosto. E a vantagem de ser bala eterna me enchia de uma espécie de medo, como
se tem diante da ideia de eternidade ou de infinito. Eu não quis confessar que não estava à altura da eternidade.
Que só me dava aflição. Enquanto isso, eu mastigava obedientemente, sem parar. Até que não suportei mais,
e, atravessando o portão da escola, dei um jeito de o chicle mastigado cair no chão de areia.
— Olha só o que me aconteceu!
— Disse eu em fingidos espanto e tristeza.
— Agora não posso mastigar mais! A bala acabou!
— Já lhe disse, repetiu minha irmã, que ele não acaba nunca. Mas a gente às vezes perde. Até de noite a
gente pode ir mastigando, mas para não engolir no sono a gente prega o chicle na cama. Não fique triste, um
dia lhe dou outro, e esse você não perderá.
Eu estava envergonhada diante da bondade de minha irmã, envergonhada da mentira que pregara dizendo
que o chicle caíra da boca por acaso. Mas aliviada. Sem o peso da eternidade sobre mim.
LISPECTOR, Clarice. Medo da eternidade.
A frase que guarda o mesmo sentido do trecho “Até que não suportei mais, e, atravessando o portão da
escola, dei um jeito de o chicle mastigado cair no chão de areia.” é:
(A) Até que não suportei mais, e, como atravessei o portão da escola, dei um jeito de o chicle mastigado cair
no chão de areia.
(B) Até que não suportei mais, e, já que atravessei o portão da escola, dei um jeito de o chicle mastigado cair
no chão de areia.
(C) Até que não suportei mais, e, para que atravessasse o portão da escola, dei um jeito de o chicle masti-
gado cair no chão de areia.
(D) Até que não suportei mais, e, embora atravessasse o portão da escola, dei um jeito de o chicle mastigado
cair no chão de areia.
(E) Até que não suportei mais, e, quando atravessei o portão da escola, dei um jeito de o chicle mastigado
cair no chão de areia.
9. CESGRANRIO - Tec Ban (BASA)/BASA/2022
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
Maior fronteira agrícola do mundo está no bioma amazônico”,
diz pesquisador da Embrapa

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O Brasil é um dos poucos países no mundo com a possibilidade de ampliar áreas com a agropecuária. De
fato, um estudo da ONU mostra que o país será o grande responsável por produzir os alimentos necessários
para atender os mais de 9 bilhões de pessoas que habitarão o planeta em 2050. De acordo com pesquisadores
da Embrapa, a região possui potencial e áreas para ampliação sustentável da agricultura. Portanto, a respon-
sabilidade do agricultor brasileiro é muito grande.
A região amazônica se mostra promissora para a agricultura, pois ela é rica em um insumo fundamental, a
água. Estados como Rondônia e Acre têm municípios que recebem até 2.800 milímetros de chuvas por ano. E
isso proporciona a qualidade e a possibilidade de semear mais de uma cultura por ano.
Entretanto, as críticas internacionais, quanto ao uso e à ampliação da agricultura na região amazônica, são
um limitante para a exploração dessas áreas. Para cada nova área aberta para a agricultura, parte deveria ser
obrigatoriamente destinada à preservação ambiental, segundo as exigências dos países que compram nossos
produtos agrícolas.
De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, o emprego adequado da vírgula está plenamente
atendido em:
(A) A criação de animais para a produção de alimentos, é de grande importância para o sustento de milhares
de famílias.
(B) A floresta Amazônica, apesar de parecer homogênea, possui muitas diferenças na sua vegetação.
(C) A melhor maneira de proteger as povoações situadas nas margens dos rios, é procurar soluções que
impeçam o comércio ilegal.
(D) O estado do Amazonas apresenta, a maior população indígena do Brasil com aproximadamente trinta
mil habitantes.
(E) O número de estudiosos preocupados com o futuro do planeta, aumentou devido ao aquecimento global.
10. CESGRANRIO - Tec Cien (BASA)/BASA/Tecnologia da Informação/2022
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
Uma cena
É de manhã. Não num lugar qualquer, mas no Rio. E não numa época qualquer, mas no outono. Outono
no Rio. O ar é fino, quase frio, as pedras portuguesas da calçada estão úmidas. No alto, o céu já é de um azul
escandaloso, mas o sol oblíquo ainda não conseguiu vencer os prédios e arrasta seus raios pelo mar, pelas
praias, por cima das montanhas, longe dali. Não chegou à rua. E, naquele trecho, onde as amendoeiras tran-
çam suas copas, ainda é quase madrugada.
Mesmo assim, ela já está lá – como se à espera do sol.
É uma senhora de cabelos muito brancos, sentada em sua cadeira, na calçada. Na rua tranquila, de pouco
movimento, não passa quase ninguém a essa hora, tão de manhãzinha. Nem carros, nem pessoas. O que há
mais é o movimento dos porteiros e dos pássaros. Os primeiros, com suas vassouras e mangueiras, conver-
sando sobre o futebol da véspera. Os segundos, cantando – dentro ou fora das gaiolas.
Mas, mesmo com tão pouco movimento, a senhora já está sentada muito ereta, com seu vestido estampa-
do, de corte simples, suas sandálias. Tem o olhar atento, o sorriso pronto a cumprimentar quem surja. No braço
da cadeira de plástico branco, sua mão repousa, mas também parece pronta a erguer -se num aceno, quando
alguém passar.
É uma cena bonita, eu acho. Cena que se repete todos os dias. Parece coisa de antigamente.
Parece. Não fosse por um detalhe. A senhora, sentada placidamente em sua cadeira na calçada, observan-
do as manhãs, está atrás das grades.
Meu irmão, que foi morar fora do Brasil e ficou 15 anos sem vir aqui, ao voltar só teve um choque: as gra-
des. Nada mais o impressionou, tudo ele achou normal. Fez comentários vagos sobre as árvores crescidas no
Aterro, sobre o excesso de gente e carros, tudo sem muita ênfase. Mas e essas grades, me perguntou, por que
todas essas grades? E eu, espantada com seu espanto, eu que de certa forma já me acostumara à paisagem
gradeada, fiquei sem saber o que dizer.

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Penso nisso agora, ao passar pela rua e ver aquela senhora. Todos os dias, o porteiro coloca ali a cadeira
para que ela se sente, junto ao jardim, em frente à portaria, por trás da proteção do gradil pintado com tinta cor
de cobre. E essa cena tão singela, de sabor tão antigo, se desenrola assim, por trás de barras de ferro, que
mesmo sendo de alumínio para não enferrujar são de um ferro simbólico, que prende, constrange, restringe.
Eu, da calçada, vejo-a sempre por entre as tiras verticais de metal, sua figura frágil me fazendo lembrar os
passarinhos que os porteiros guardam nas gaiolas, pendurados nas árvores.
De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, o emprego adequado da vírgula está plenamente
atendido em:
(A) O outono que o Rio nos oferece, tem um ar fino, quase frio.
(B) Uma senhora de cabelos muito brancos, ficava sentada, em uma cadeira.
(C) Ele se incomodou, com as grades do Rio.
(D) Todos os dias que passo pelo Aterro vejo, as árvores cada vez mais crescidas.
(E) O porteiro, que prende passarinhos em gaiolas, não vê que o outono fica mais lindo quando estamos
livres.
11. CESGRANRIO - PNMO (ELETRONUCLEAR)/ELETRONUCLEAR/Especialista em Proteção Radiológi-
ca/2022
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
Texto
Maria José
Paulo Mendes Campos
Faz um ano que Maria José morreu. Era meiga quase sempre, violenta quando necessário. Eu era menino
e apanhava de um companheiro maior, quando ela me gritou da sacada se eu não via a pedra que marcava o
gol. Dei uma pedrada no outro e acabei com a briga por milagre.
Visitava os miseráveis, internava indigentes enfermos, devotava-se ao alívio de misérias físicas e morais
do próximo, estudava o mistério teológico, exigia sempre o mais difícil de si mesma, comungava todos os dias,
ingressou na Ordem Terceira de São Francisco. Mas nunca deixou de ter na gaveta o revólver que havia re-
cebido, menina- e-moça, das mãos do pai, e que empunhou no quintal noturno, perseguindo um ladrão, para
espanto de meus cinco anos.
Já perto dos setenta anos, ela explicava para um amigo meu que tinha chegado à humildade da velhice;
já não se importava com quem tentasse ofendê-la, mas conservava o revólver para a defesa dos filhos e dos
netos.
Tratou-me com a dureza e o carinho que mereciam a rebeldia e o verdor da minha meninice. Ensinou- me
a ler as primeiras sentenças; me falava do Cura d’Ars e nos dois Franciscos, o de Sales e o de Assis; apresen-
tou-me aos contos de Edgar Poe e aos poemas de Baudelaire; dizia-me sorrindo versos de Antônio Nobre que
havia decorado quando menina; discutia comigo as ideias finais de Tolstoi; escutava maternalmente meus con-
tos toscos. Quando me desgarrei nos primeiros envolvimentos adolescentes, Maria José, com irônico afeto, me
repetia a advertência de Drummond: “Paulo, sossegue, o amor é isso que você está vendo: hoje beija, amanhã
não beija, depois de amanhã é domingo e segunda-feira ninguém sabe o que será”.
Logo que me fiz homenzinho, deixou a dureza e se fez minha amiga: nada me perguntava, adivinhava tudo.
Terna e firme, nunca lhe vi a fraqueza da pieguice. Com o gosto espontâneo da qualidade das coisas, re-
nunciou às vaidades mais singelas. Sensível, alegre, aprendeu a encarar o sofrimento de olhos lúcidos. Fiel à
disciplina religiosa, compreendia celestialmente as almas que perdiam o rumo. Fé, Esperança e Caridade eram
para ela a flecha e o alvo das criaturas.
Tornara-se tão íntima da substância terrestre – a dor – que se fazia difícil para o médico saber o que sentia;
acabava dizendo que doía um pouco, por delicadeza.

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Capaz de longos jejuns e abstinências, já no final da vida, podia acompanhar um casal amigo a Copacaba-
na, passar do bar da moda ao restaurante diferente, beber dois cafés ou três uísques em santa serenidade e
aceitar com alegria o prato exótico.
Gostava das pessoas erradas, consumidas de paixão, admirava São Paulo e Santo Agostinho, acreditava
que era preciso se fazer violência para entrar no reino celeste.
Poucas horas antes de morrer, pediu um conhaque e sorriu, destemida e doce, como quem vai partir para
o céu. Santificara-se. Deus era o dia e a noite de seu coração, o Pai, a piedade, o fogo do espírito. Perdi quem
me amava e perdoava, quem me encomendava à compaixão do Criador e me defendia contra o mundo de
revólver na mão.
Considerando-se o emprego da vírgula, a frase que está de acordo com o padrão formal escrito da língua é
(A) Eu que era frágil, sentia-me seguro, em sua presença.
(B) Todos os dias, Maria José lia poemas para seu filho.
(C) Seu desejo, era sempre, estar por perto para me proteger.
(D) Maria José era uma mulher terna e, ao mesmo tempo firme.
(E) Nem ela, nem o médico, nem eu, esperávamos aquele desfecho, triste.
12. CESGRANRIO - PNS (ELETRONUCLEAR)/ELETRONUCLEAR/Administrador/2022
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
O emprego da vírgula está plenamente de acordo com as exigências da norma-padrão da Língua Portugue-
sa em:
(A) Caso sejam priorizadas medidas de proteção ao meio ambiente, a substituição dos lixões por uma forma
adequada para tratar o lixo será benéfica.
(B) Em todo o mundo há uma preocupação com a maneira de descartar o lixo por isso, é sempre preferível
corrigir nossos hábitos.
(C) O aterro sanitário apresenta inúmeras vantagens, como a redução da poluição porém, há desvantagens,
como o seu alto custo.
(D) O lixo eletrônico encontrado, em televisores, rádios, geladeiras, celulares, pilhas compromete a saúde
pública.
(E) O lixo hospitalar decorrente do atendimento médico a seres humanos ou animais, acarreta muitos pro-
blemas de saúde pública.
13. CESGRANRIO - Tec Cien (BASA)/BASA/Tecnologia da Informação/2021
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
Medo da eternidade
Jamais esquecerei o meu aflitivo e dramático contato com a eternidade. Quando eu era muito pequena ain-
da não tinha provado chicles e mesmo em Recife falava-se pouco deles. Eu nem sabia bem de que espécie de
bala ou bombom se tratava. Mesmo o dinheiro que eu tinha não dava para comprar: com o mesmo dinheiro eu
lucraria não sei quantas balas. Afinal minha irmã juntou dinheiro, comprou e ao sairmos de casa para a escola
me explicou:
— Tome cuidado para não perder, porque esta bala nunca se acaba. Dura a vida inteira.
— Como não acaba?
— Parei um instante na rua, perplexa.
— Não acaba nunca, e pronto.
Eu estava boba: parecia-me ter sido transportada para o reino de histórias de príncipes e fadas. Peguei a
pequena pastilha cor-de-rosa que representava o elixir do longo prazer. Examinei-a, quase não podia acreditar
no milagre. Eu que, como outras crianças, às vezes tirava da boca uma bala ainda inteira, para chupar depois,

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só para fazê-la durar mais. E eis-me com aquela coisa cor-de-rosa, de aparência tão inocente, tornando possí-
vel o mundo impossível do qual eu já começara a me dar conta. Com delicadeza, terminei afinal pondo o chicle
na boca.
— E agora que é que eu faço?
— Perguntei para não errar no ritual que certamente deveria haver.
— Agora chupe o chicle para ir gostando do docinho dele, e só depois que passar o gosto você começa a
mastigar. E aí mastiga a vida inteira. A menos que você perca, eu já perdi vários. Perder a eternidade? Nunca.
O adocicado do chicle era bonzinho, não podia dizer que era ótimo. E, ainda perplexa, encaminhávamo-nos
para a escola.
— Acabou-se o docinho. E agora?
— Agora mastigue para sempre.
Assustei-me, não sabia dizer por quê. Comecei a mastigar e em breve tinha na boca aquele puxa-puxa cin-
zento de borracha que não tinha gosto de nada. Mastigava, mastigava. Mas me sentia contrafeita. Na verdade
eu não estava gostando do gosto. E a vantagem de ser bala eterna me enchia de uma espécie de medo, como
se tem diante da ideia de eternidade ou de infinito. Eu não quis confessar que não estava à altura da eternidade.
Que só me dava aflição. Enquanto isso, eu mastigava obedientemente, sem parar. Até que não suportei mais,
e, atravessando o portão da escola, dei um jeito de o chicle mastigado cair no chão de areia.
— Olha só o que me aconteceu!
— Disse eu em fingidos espanto e tristeza.
— Agora não posso mastigar mais! A bala acabou!
— Já lhe disse, repetiu minha irmã, que ele não acaba nunca. Mas a gente às vezes perde. Até de noite a
gente pode ir mastigando, mas para não engolir no sono a gente prega o chicle na cama. Não fique triste, um
dia lhe dou outro, e esse você não perderá.
Eu estava envergonhada diante da bondade de minha irmã, envergonhada da mentira que pregara dizendo
que o chicle caíra da boca por acaso. Mas aliviada. Sem o peso da eternidade sobre mim.
A frase que apresenta todas as vírgulas corretamente empregadas, de acordo com a norma-padrão da lín-
gua portuguesa, é:
(A) A menina que descobriu o chicle, também experimentou, a possibilidade da eternidade.
(B) São consideradas maravilhosas, aquelas histórias de príncipes e fadas, que vivem eternamente.
(C) Aproveitou, a textura, o sabor docinho do chicle, e ainda o comparou com o mundo impossível da eter-
nidade.
(D) Muitas crianças, quando se deparam com o desconhecido, passam a fantasiar sobre ele na tentativa de
entendê-lo.
(E) Quando as crianças sonham, em serem príncipes, princesas e fadas, elas fantasiam sobre viverem feli-
zes para sempre.
14. CESGRANRIO - Esc BB/BB/Agente Comercial/2021
Assunto: Pontuação (ponto, vírgula, travessão, aspas, parênteses etc)
A palavra salário vem mesmo de “sal”?
Vem. A explicação mais popular diz que os soldados da Roma Antiga recebiam seu ordenado na forma de
sal. Faz sentido. O dinheiro como o conhecemos surgiu no século 7 a.C., na forma de discos de metal precioso
(moedas), e só foi adotado em Roma 300 anos depois
Antes disso, o que fazia o papel de dinheiro eram itens não perecíveis e que tinham demanda garantida:
barras de cobre (fundamentais para a fabricação de armas), sacas de grãos, pepitas de ouro (metal favorito
para ostentar como enfeite), prata (o ouro de segunda divisão) e, sim, o sal.

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Num mundo sem geladeiras, o cloreto de sódio era o que garantia a preservação da carne. A demanda por
ele, então, tendia ao infinito. Ter barras de sal em casa funcionava como poupança. Você poderia trocá-las pelo
que quisesse, a qualquer momento.
As moedas, bem mais portáteis, acabariam se tornando o grande meio universal de troca – seja em Roma,
seja em qualquer outro lugar. Mas a palavra “salário” segue viva, como um fóssil etimológico.
Só há um detalhe: não há evidência de que soldados romanos recebiam mesmo um ordenado na forma de
sal. Roma não tinha um exército profissional no século 4 a.C. A força militar da época era formada por cidadãos
comuns, que abandonavam seus afazeres voluntariamente para lutar em tempos de guerra (questão de sobre-
vivência).
A ideia de que havia pagamentos na forma de sal vem do historiador Plínio, o Velho (um contemporâneo de
Jesus Cristo). Ele escreveu o seguinte: “Sal era uma das honrarias que os soldados recebiam após batalhas
bem-sucedidas. Daí vem nossa palavra salarium.” Ou seja: o sal era um bônus para voluntários, não um salário
para valer. Quando Roma passou a ter uma força militar profissional e permanente, no século 3 a.C., o soldo já
era mesmo pago na forma de moedas.
VERSIGNASSI, A. A palavra salário vem mesmo de “sal” VC S/A, São Paulo: Abril, p. 67, Jun. 2021. Adap-
tado.
O período em que o sinal de dois pontos é empregado para introduzir uma enumeração, como no trecho que
segue “demanda garantida” (parágrafo 2), é:
(A) A remuneração faz parte do conjunto de ganhos de um prestador de serviço; ou seja: todos os ganhos
auferidos pela pessoa compõem sua remuneração.
(B) As horas extras, o vale-transporte e o plano de saúde podem fazer parte da remuneração: muitos traba-
lhadores escolhem seus empregos com base nessas vantagens.
(C) O gerente informou aos candidatos como seria a remuneração pelos serviços: “O valor mensal vai de-
pender de diversos itens, a serem combinados.”
(D) Muitos itens já fizeram papel de dinheiro: o sal, usado até hoje por tribos da Etiópia, a cachaça, utilizada
no Brasil colonial, e o bacalhau, antes usado na Escandinávia.
(E) O tabaco também já foi usado como moeda de troca: no século XVIII, o estado americano de Virginia
adotou esse método.
15. CESGRANRIO - Tec Cien (BASA)/BASA/Tecnologia da Informação/2022
Assunto: Coerência. Coesão (Anáfora, Catáfora, Uso dos Conectores - Pronomes relativos, Conjunções etc)
Uma cena
É de manhã. Não num lugar qualquer, mas no Rio. E não numa época qualquer, mas no outono. Outono
no Rio. O ar é fino, quase frio, as pedras portuguesas da calçada estão úmidas. No alto, o céu já é de um azul
escandaloso, mas o sol oblíquo ainda não conseguiu vencer os prédios e arrasta seus raios pelo mar, pelas
praias, por cima das montanhas, longe dali. Não chegou à rua. E, naquele trecho, onde as amendoeiras tran-
çam suas copas, ainda é quase madrugada.
Mesmo assim, ela já está lá – como se à espera do sol.
É uma senhora de cabelos muito brancos, sentada em sua cadeira, na calçada. Na rua tranquila, de pouco
movimento, não passa quase ninguém a essa hora, tão de manhãzinha. Nem carros, nem pessoas. O que há
mais é o movimento dos porteiros e dos pássaros. Os primeiros, com suas vassouras e mangueiras, conver-
sando sobre o futebol da véspera. Os segundos, cantando – dentro ou fora das gaiolas.
Mas, mesmo com tão pouco movimento, a senhora já está sentada muito ereta, com seu vestido estampa-
do, de corte simples, suas sandálias. Tem o olhar atento, o sorriso pronto a cumprimentar quem surja. No braço
da cadeira de plástico branco, sua mão repousa, mas também parece pronta a erguer -se num aceno, quando
alguém passar.
É uma cena bonita, eu acho. Cena que se repete todos os diasa. Parece coisa de antigamente.

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Parece. Não fosse por um detalhe. A senhora, sentada placidamente em sua cadeira na calçada, observan-
do as manhãs, está atrás das grades.
Meu irmão, que foi morar fora do Brasil e ficou 15 anos sem vir aqui, ao voltar só teve um choque: as gra-
des. Nada mais o impressionou, tudo ele achou normal. Fez comentários vagos sobre as árvores crescidas no
Aterro, sobre o excesso de gente e carros, tudo sem muita ênfase. Mas e essas grades, me perguntou, por que
todas essas grades? E eu, espantada com seu espanto, eu que de certa forma já me acostumara à paisagem
gradeadab, fiquei sem saber o que dizer.
Penso nisso agora, ao passar pela rua e ver aquela senhora. Todos os dias, o porteiro coloca ali a cadeira
para que ela se sentec, junto ao jardim, em frente à portaria, por trás da proteção do gradil pintado com tinta
cor de cobre. E essa cena tão singela, de sabor tão antigo, se desenrola assim, por trás de barras de ferro, que
mesmo sendo de alumínio para não enferrujar são de um ferro simbólico, que prende, constrange, restringed.
Eu, da calçada, vejo-a sempre por entre as tiras verticais de metal, sua figura frágil me fazendo lembrar os
passarinhos que os porteiros guardam nas gaiolas, pendurados nas árvorese.
A frase na qual o que cumpre somente a função de promover a continuidade do texto sem acumular a fun-
ção de retomar um antecedente é:
(A) “Cena que se repete todos os dias”.
(B) “eu que de certa forma já me acostumara à paisagem gradeada”.
(C) “Todos os dias, o porteiro coloca ali a cadeira para que ela se sente”.
(D) “são de um ferro simbólico, que prende, constrange, restringe.”
(E) “os passarinhos que os porteiros guardam nas gaiolas, pendurados nas árvores.”
16. CESGRANRIO - PNS (ELETRONUCLEAR)/ELETRONUCLEAR/Administrador/2022
Assunto: Coerência. Coesão (Anáfora, Catáfora, Uso dos Conectores - Pronomes relativos, Conjunções etc)
Texto
Entulho eletrônico: risco iminente para a saúde e o ambiente
Os resíduos de equipamentos eletroeletrônicos (lixo eletroeletrônico) são, por definição, produtos que têm
componentes elétricos e eletrônicos e que, por razões de obsolescência (perspectiva ou programada) e impos-
sibilidade de conserto, são descartados pelos consumidores. Os exemplos mais comuns são televisores e equi-
pamentos de informática e telefonia, mas a lista inclui eletrodomésticos, equipamentos médicos, brinquedos,
sistemas de alarme, automação e controle.
Obsolescência programada é a decisão intencional de fabricar um produto que se torne obsoleto ou não fun-
cional após certo tempo, para forçar o consumidor a comprar uma nova geração desse produto. Já a obsoles-
cência perspectiva é uma forma de reduzir a vida útil de produtos ainda funcionais. Nesse caso, são lançadas
novas gerações com aparência inovadora e pequenas mudanças funcionais, dando à geração em uso aspecto
de ultrapassada, o que induz o consumidor à troca.
O lixo eletroeletrônico é mais um desafio que se soma aos problemas ambientais da atualidade. O consu-
midor raramente reflete sobre as consequências do consumo crescente desses produtos, preocupando- se em
satisfazer suas necessidades. Afinal, eletroeletrônicos são tidos como sinônimos de melhor qualidade de vida,
e a explosão da indústria da informação é uma força motriz da sociedade, oferecendo ferramentas para rápi-
dos avanços na economia e no desenvolvimento social. O mundo globalizado impõe uma constante busca de
informações em tempo real, e a sua interação com novas tecnologias traz maiores oportunidades e benefícios,
segundo estudo da Organização das Nações Unidas (ONU). Tudo isso exerce um fascínio irresistível para os
jovens.
Dois aspectos justificam a inclusão dos eletroeletrônicos entre as preocupações da ONU: as vendas cres-
centes, em especial nos mercados emergentes (inclusive o Brasil), e a presença de metais e substâncias tóxi-
cas em muitos componentes, trazendo risco à saúde e ao meio ambiente. Segundo a ONU, são gerados hoje
150 milhões de toneladas de lixo eletroeletrônico por ano, e esse tipo de resíduo cresce a uma velocidade três
a cinco vezes maior que a do lixo urbano.

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AFONSO, J. C. Revista Ciência Hoje, n. 314, maio 2014. São Paulo: SBPC. Disponível em: https://cienciaho-
je.periodicos.capes. gov.br/storage/acervo/ch/ch_314.pdf. Adaptado.
No texto, o referente do termo ou expressão em destaque está corretamente explicitado, entre colchetes,
no trecho:
(A) “Nesse caso, são lançadas novas gerações com aparência inovadora e pequenas mudanças funcionais.”
[obsolescência programada] - parágrafo 2
(B) “O consumidor raramente reflete sobre as consequências do consumo crescente desses produtos”. [lixo
eletroeletrônico] - parágrafo 3
(C) “preocupando-se em satisfazer suas necessidades.” [consumidor] - parágrafo 3
(D) “e sua interação com novas tecnologias traz maiores oportunidades e benefícios”. [constante busca] -
parágrafo 3
(E) “e esse tipo de resíduo cresce a uma velocidade” [substâncias tóxicas] - parágrafo 4
17. CESGRANRIO - Tec Ban (BASA)/BASA/2022
Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
“Maior fronteira agrícola do mundo está no bioma amazônico”,
diz pesquisador da Embrapa
O Brasil é um dos poucos países no mundo com a possibilidade de ampliar áreas com a agropecuária. De
fato, um estudo da ONU mostra que o país será o grande responsável por produzir os alimentos necessários
para atender os mais de 9 bilhões de pessoas que habitarão o planeta em 2050. De acordo com pesquisadores
da Embrapa, a região possui potencial e áreas para ampliação sustentável da agricultura. Portanto, a respon-
sabilidade do agricultor brasileiro é muito grande.
A região amazônica se mostra promissora para a agricultura, pois ela é rica em um insumo fundamental, a
água. Estados como Rondônia e Acre têm municípios que recebem até 2.800 milímetros de chuvas por ano. E
isso proporciona a qualidade e a possibilidade de semear mais de uma cultura por ano.
Entretanto, as críticas internacionais, quanto ao uso e à ampliação da agricultura na região amazônica, são
um limitante para a exploração dessas áreas. Para cada nova área aberta para a agricultura, partedeveria ser
obrigatoriamente destinada à preservação ambiental, segundo as exigências dos países que compram nossos
produtos agrícolas.
POPOV, Daniel. Canal Rural. Disponível em: https://www.canalrural. com.br/projeto-soja-brasil/noticia/maior-
-fronteira-agricola- -mundo-amazonia-embrapa/. 19 set. 2019. Acesso em: 30 nov. 2021. Adaptado.
De acordo com o texto, para atender às exigências internacionais, o país deve
(A) conscientizar os agricultores da necessidade de ampliar seus negócios.
(B) diversificar os tipos de culturas que exigem a utilização de muita água.
(C) garantir a destinação de terras a atividades de preservação ambiental.
(D) liberar as áreas de cultivo de produtos agrícolas na região amazônica.
(E) restringir as terras amazônicas ao desenvolvimento da pecuária.
18. CESGRANRIO - Tec Cien (BASA)/BASA/Tecnologia da Informação/2022
Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
Uma cena
É de manhã. Não num lugar qualquer, mas no Rio. E não numa época qualquer, mas no outono. Outono
no Rio. O ar é fino, quase frio, as pedras portuguesas da calçada estão úmidas. No alto, o céu já é de um azul
escandaloso, mas o sol oblíquo ainda não conseguiu vencer os prédios e arrasta seus raios pelo mar, pelas
praias, por cima das montanhas, longe dali. Não chegou à rua. E, naquele trecho, onde as amendoeiras tran-
çam suas copas, ainda é quase madrugada.
Mesmo assim, ela já está lá – como se à espera do sol.

Apostila gerada especialmente para: FERNANDA DE SOUZA GONCALVES 092.263.489-01


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É uma senhora de cabelos muito brancos, sentada em sua cadeira, na calçada. Na rua tranquila, de pouco
movimento, não passa quase ninguém a essa hora, tão de manhãzinha. Nem carros, nem pessoas. O que há
mais é o movimento dos porteiros e dos pássaros. Os primeiros, com suas vassouras e mangueiras, conver-
sando sobre o futebol da véspera. Os segundos, cantando – dentro ou fora das gaiolas.
Mas, mesmo com tão pouco movimento, a senhora já está sentada muito ereta, com seu vestidoestampado,
de corte simples, suas sandálias. Tem o olhar atento, o sorriso pronto a cumprimentar quem surja. No braço
da cadeira de plástico branco, sua mão repousa, mas também parece pronta a erguer -se num aceno, quando
alguém passar.
É uma cena bonita, eu acho. Cena que se repete todos os dias. Parece coisa de antigamente.
Parece. Não fosse por um detalhe. A senhora, sentada placidamente em sua cadeira na calçada, observan-
do as manhãs, está atrás das grades.
Meu irmão, que foi morar fora do Brasil e ficou 15 anos sem vir aqui, ao voltar só teve um choque: as gra-
des. Nada mais o impressionou, tudo ele achou normal. Fez comentários vagos sobre as árvores crescidas no
Aterro, sobre o excesso de gente e carros, tudo sem muita ênfase. Mas e essas grades, me perguntou, por que
todas essas grades? E eu, espantada com seu espanto, eu que de certa forma já me acostumara à paisagem
gradeada, fiquei sem saber o que dizer.
Penso nisso agora, ao passar pela rua e ver aquela senhora. Todos os dias, o porteiro coloca ali a cadeira
para que ela se sente, junto ao jardim, em frente à portaria, por trás da proteção do gradil pintado com tinta cor
de cobre. E essa cena tão singela, de sabor tão antigo, se desenrola assim, por trás de barras de ferro, que
mesmo sendo de alumínio para não enferrujar são de um ferro simbólico, que prende, constrange, restringe.
Eu, da calçada, vejo-a sempre por entre as tiras verticais de metal, sua figura frágil me fazendo lembrar os
passarinhos que os porteiros guardam nas gaiolas, pendurados nas árvores.
SEIXAS, Heloisa. Contos mínimos. Rio de Janeiro: Record, 2001.
Esse texto, que se inicia a partir do cotidiano de uma velha senhora que tem por hábito sentar-se na calçada
observando as manhãs, constrói uma crítica
(A) ao abandono dos idosos que, na velhice, se veem sozinhos, sem o apoio e o carinho de sua família.
(B) ao excesso de pessoas e carros nas ruas, que somente é percebido por quem se afasta da cidade por
um tempo e retorna.
(C) às cenas diárias que repetem costumes do passado, que há muito já deveriam ter sido abandonados
pela população.
(D) às grades, que hoje dominam o cenário das cidades e que foram sendo colocadas aos poucos ao redor
de todos nós.
(E) às autoridades de segurança pública, que não atuam em prol do direito de ir e vir, sem riscos, da popu-
lação.
19. CESGRANRIO - Tec Cien (BASA)/BASA/Tecnologia da Informação/2022
Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
Uma cena
É de manhã. Não num lugar qualquer, mas no Rio. E não numa época qualquer, mas no outono. Outono
no Rio. O ar é fino, quase frio, as pedras portuguesas da calçada estão úmidas. No alto, o céu já é de um azul
escandaloso, mas o sol oblíquo ainda não conseguiu vencer os prédios e arrasta seus raios pelo mar, pelas
praias, por cima das montanhas, longe dali. Não chegou à rua. E, naquele trecho, onde as amendoeiras tran-
çam suas copas, ainda é quase madrugada.
Mesmo assim, ela já está lá – como se à espera do sol.a
É uma senhora de cabelos muito brancos, sentada em sua cadeira, na calçada. Na rua tranquila, de pouco
movimento, não passa quase ninguém a essa hora, tão de manhãzinha. Nem carros, nem pessoas. O que há
mais é o movimento dos porteiros e dos pássaros. Os primeiros, com suas vassouras e mangueiras, conver-
sando sobre o futebol da véspera. Os segundos, cantando – dentro ou fora das gaiolas.

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Mas, mesmo com tão pouco movimento, a senhora já está sentada muito ereta, com seu vestido estampa-
do, de corte simples, suas sandálias. Tem o olhar atento, o sorriso pronto a cumprimentar quem surja. No braço
da cadeira de plástico branco, sua mão repousa, mas também parece pronta a erguer -se num aceno, quando
alguém passar.b
É uma cena bonita, eu acho. Cena que se repete todos os dias. Parece coisa de antigamente.
Parece. Não fosse por um detalhe. A senhora, sentada placidamente em sua cadeira na calçada, observan-
do as manhãs, está atrás das grades.
Meu irmão, que foi morar fora do Brasil e ficou 15 anos sem vir aqui, ao voltar só teve um choque: as gra-
desd. Nada mais o impressionou, tudo ele achou normal. Fez comentários vagos sobre as árvores crescidas no
Aterro, sobre o excesso de gente e carros, tudo sem muita ênfase. Mas e essas grades, me perguntou, por que
todas essas grades? E eu, espantada com seu espanto, eu que de certa forma já me acostumara à paisagem
gradeada, fiquei sem saber o que dizer.
Penso nisso agora, ao passar pela rua e ver aquela senhorae. Todos os dias, o porteiro coloca ali a cadeira
para que ela se sente, junto ao jardim, em frente à portaria, por trás da proteção do gradil pintado com tinta cor
de cobre. E essa cena tão singela, de sabor tão antigo, se desenrola assim, por trás de barras de ferro, que
mesmo sendo de alumínio para não enferrujar são de um ferro simbólico, que prende, constrange, restringe.
Eu, da calçada, vejo-a sempre por entre as tiras verticais de metal, sua figura frágil me fazendo lembrar os
passarinhos que os porteiros guardam nas gaiolas, pendurados nas árvores. O texto apresenta-se dividido em
dois momentos: o primeiro, em que o narrador descreve minuciosamente a cena observada; e o segundo, em
que o narrador se aproxima mais do leitor, estabelecendo, com ele, uma quase conversa e colocando-se expli-
citamente no texto. O início do segundo momento se dá com o trecho:
(A) “Mesmo assim, ela já está lá – como se à espera do sol.”
(B) “No braço da cadeira de plástico branco, sua mão repousa, mas também parece pronta a erguer-se num
aceno, quando alguém passar.”
(C) “É uma cena bonita, eu acho.”
(D) “Meu irmão, que foi morar fora do Brasil e ficou 15 anos sem vir aqui, ao voltar só teve um choque: as
grades.”
(E) “Penso nisso agora, ao passar pela rua e ver aquela senhora.”
20. CESGRANRIO - PNMO (ELETRONUCLEAR)/ELETRONUCLEAR/Especialista em Proteção Radiológi-
ca/2022
Assunto: Interpretação de Textos (compreensão)
Texto
Maria José
Paulo Mendes Campos
Faz um ano que Maria José morreu. Era meiga quase sempre, violenta quando necessário. Eu era menino
e apanhava de um companheiro maior, quando ela me gritou da sacada se eu não via a pedra que marcava o
gol. Dei uma pedrada no outro e acabei com a briga por milagre.
Visitava os miseráveis, internava indigentes enfermos, devotava-se ao alívio de misérias físicas e morais
do próximo, estudava o mistério teológico, exigia sempre o mais difícil de si mesma, comungava todos os dias,
ingressou na Ordem Terceira de São Francisco. Mas nunca deixou de ter na gaveta o revólver que havia re-
cebido, menina- e-moça, das mãos do pai, e que empunhou no quintal noturno, perseguindo um ladrão, para
espanto de meus cinco anos.
Já perto dos setenta anos, ela explicava para um amigo meu que tinha chegado à humildade da velhice;
já não se importava com quem tentasse ofendê-la, mas conservava o revólver para a defesa dos filhos e dos
netos.

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Tratou-me com a dureza e o carinho que mereciam a rebeldia e o verdor da minha meninice. Ensinou- me
a ler as primeiras sentenças; me falava do Cura d’Ars e nos dois Franciscos, o de Sales e o de Assis; apresen-
tou-me aos contos de Edgar Poe e aos poemas de Baudelaire; dizia-me sorrindo versos de Antônio Nobre que
havia decorado quando menina; discutia comigo as ideias finais de Tolstoi; escutava maternalmente meus con-
tos toscos. Quando me desgarrei nos primeiros envolvimentos adolescentes, Maria José, com irônico afeto, me
repetia a advertência de Drummond: “Paulo, sossegue, o amor é isso que você está vendo: hoje beija, amanhã
não beija, depois de amanhã é domingo e segunda-feira ninguém sabe o que será”.
Logo que me fiz homenzinho, deixou a dureza e se fez minha amiga: nada me perguntava, adivinhava tudo.
Terna e firme, nunca lhe vi a fraqueza da pieguice. Com o gosto espontâneo da qualidade das coisas, re-
nunciou às vaidades mais singelas. Sensível, alegre, aprendeu a encarar o sofrimento de olhos lúcidos. Fiel à
disciplina religiosa, compreendia celestialmente as almas que perdiam o rumo. Fé, Esperança e Caridade eram
para ela a flecha e o alvo das criaturas.
Tornara-se tão íntima da substância terrestre – a dor – que se fazia difícil para o médico saber o que sentia;
acabava dizendo que doía um pouco, por delicadeza.
Capaz de longos jejuns e abstinências, já no final da vida, podia acompanhar um casal amigo a Copacaba-
na, passar do bar da moda ao restaurante diferente, beber dois cafés ou três uísques em santa serenidade e
aceitar com alegria o prato exótico.
Gostava das pessoas erradas, consumidas de paixão, admirava São Paulo e Santo Agostinho, acreditava
que era preciso se fazer violência para entrar no reino celeste.
Poucas horas antes de morrer, pediu um conhaque e sorriu, destemida e doce, como quem vai partir para
o céu. Santificara-se. Deus era o dia e a noite de seu coração, o Pai, a piedade, o fogo do espírito. Perdi quem
me amava e perdoava, quem me encomendava à compaixão do Criador e me defendia contra o mundo de
revólver na mão.
Disponível em: https://cronicabrasileira.org.br/cronicas/7173/maria- jose. Acesso em: 05 fev. 2022.
No texto, o narrador apresenta Maria José ao leitor, descrevendo- a a partir de aspectos subjetivos, como
em:
(A) “Faz um ano que Maria José morreu.” (parágrafo 1)
(B) “Visitava os miseráveis, internava indigentes enfermos” (parágrafo 2)
(C) “comungava todos os dias” (parágrafo 2)
(D) “apresentou-me aos contos de Edgar Poe e aos poemas de Baudelaire” (parágrafo 4)
(E) “Terna e firme, nunca lhe vi a fraqueza da pieguice.” (parágrafo 6)

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Gabarito

1 B
2 C
3 E
4 A
5 B
6 B
7 A
8 E
9 B
10 E
11 B
12 A
13 D
14 D
15 C
16 C
17 C
18 D
19 C
20 E

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