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Apostila Prefeitura de Saquarema-RJ

ÍNDICE

Português .......................................................................................................... 1
Legislação Educacional .................................................................................. 90
Conhecimentos Gerais do Município ........................................................... 292
Conhecimentos Específicos .......................................................................... 340

Apostilas Domínio
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Língua Portuguesa

SUMÁRIO

1. Organização textual: interpretação dos sentidos construídos nos textos;


características de textos descritivos, narrativos e dissertativos; ............................. 1
Discursos direto e indireto; ............................................................................... 10
Elementos de coesão e coerência. ..................................................................... 13
2. Aspectos semânticos e estilísticos: sentido e emprego dos vocábulos; tempos,
modos e aspectos do verbo; uso dos pronomes; metáfora, metonímia, antítese,
eufemismo, ironia. ................................................................................................. 18
3. Aspectos morfológicos: reconhecimento, emprego e sentido das classes
gramaticais em textos; processos de formação de palavras; mecanismos de flexão dos
nomes e dos verbos................................................................................................ 25
4. Processos de constituição dos enunciados: coordenação, subordinação; ..... 50
Concordância verbal e nominal;........................................................................ 57
Regência verbal e nominal; ............................................................................... 60
Colocação e ordem de palavras na frase. .......................................................... 62
5. Sistema gráfico: ortografia; ........................................................................... 68
Regras de acentuação; ....................................................................................... 79
Uso dos sinais de pontuação. ............................................................................ 82
6. Funções da linguagem e elementos da comunicação. ................................... 86

Apostilas Domínio
Língua Portuguesa

questões desse tipo. A maioria delas irá


1. Organização textual: interpretação dos apresentar um texto e alternativas com
sentidos construídos nos textos; possíveis interpretações das ideias e
características de textos descritivos,
informações apresentadas pelo autor.
narrativos e dissertativos;
Apenas uma será a correta. Para isso, é
necessário confrontar as alternativas com o
texto em si e verificar se é aquilo mesmo
Para interpretar e compreender um texto, que está sendo dito.
é preciso lê-lo. Sim, isso parece óbvio, mas Existem vários tipos e gêneros de textos
não se trata de qualquer leitura. Um texto só que podem cair em perguntas de concursos
pode ser compreendido a partir de uma e é preciso estar preparado para todos.
leitura atenta, com calma, analisando todas Geralmente há a informação de onde o texto
as informações nele presentes. foi retirado, geralmente ao final. Assim,
Eis alguns significados da palavra caso não consiga identificar qual o tipo ou
interpretar, de acordo com o dicionário gênero do texto, essa informação será de
Priberam: grande ajuda.
- Fazer a interpretação de. O título também pode ajudar nesse
- Tomar (alguma coisa) em determinado sentido, uma vez que pode apresentar o
sentido. tema ou assunto que será abordado ao longo
- Explicar (a si próprio ou a outrem). do texto.
- Traduzir ou verter de uma língua para É interessante ter essa noção, porém não
outra. é o conhecimento do gênero ou tipo que
será determinante para uma boa
Ou seja, ao interpretar: interpretação. Todo texto apresenta alguma
- Tomamos a informação do texto em informação, que pode ser compreendida ao
determinado sentido; se realizar uma leitura atenta.
- Explicamos a nós mesmos aquilo que Até mesmo as imagens trazem
acabamos de ler; informações, não precisam ser apenas
- E traduzimos para nosso intelecto todas palavras. Tiras de jornais apresentam texto
as palavras que formam as informações do e imagem. É comum trazerem conteúdo
texto, realizamos a intelecção. bem-humorado ou de caráter crítico, com
toque de ironia.
Já compreender é o mesmo que Uma imagem sem qualquer texto pode
entender. Ou seja, quando interpretamos ser passível de interpretação. Caso seja a
um texto da maneira correta, imagem de alguém sorridente, é possível
compreendemos e entendemos a mensagem inferir se tratar de alguma coisa boa. As
que nos transmite. propagandas fazem isso com frequência,
Ter dificuldades em interpretar um texto pois as empresas querem seus produtos
pode gerar vários problemas, já que, todos associados a momentos felizes. Tipo o
os dias, nos deparamos com diversos textos, Natal, uma época festiva e em família, que
seja em jornais, panfletos, nos estudos e, acabou sendo associado à Coca-Cola,
sobretudo, na internet. E nesse mundo graças a muito marketing.
virtual as falhas em interpretar um texto já Uma notícia de jornal ou um artigo de
se tornaram uma piada, ou melhor, um opinião podem apresentar ideias que virão
meme. Duvida? Então dê uma olhada nos de encontro a nossas confecções e valores.
comentários de publicações em redes Às vezes o autor pode defender um
sociais, especialmente aquelas que posicionamento com o qual não
envolvam algum tipo de notícia. concordamos. Entretanto, nosso pessoal
Em um concurso público saber não deve entrar em jogo. Interpretar um
interpretar é essencial, visto que há muitas texto é entender aquilo que está escrito, não

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Língua Portuguesa

aquilo em que acreditamos. Sendo assim, O título do texto apresenta uma ideia
ao iniciar uma leitura, manter a neutralidade geral a respeito do tema principal que será
é crucial. abordado por ele.

Tópico Frasal Argumento


Um parágrafo é organizado a partir de O tópico frasal apresenta a ideia central.
uma ideia central e outras secundárias. O autor precisa defender essa ideia e, para
Quando o autor quer iniciar uma nova ideia, isso, se valerá da argumentação. Ele quer
ele inicia outro parágrafo. O tópico frasal convencer o leitor a comprar sua ideia.
normalmente inicia o parágrafo (é comum O autor pode recorrer ao argumento de
estar nos dois períodos iniciais) e nele está autoridade, quando faz uso de uma
contida a ideia principal, também chamada autoridade no assunto para defender sua
de tema (as ideias secundárias podem ser ideia, podendo ser uma pessoa importante,
chamadas de subtemas). ou uma instituição.
Pode fazer uso do argumento histórico,
Veja o parágrafo: remetendo sua ideia a fatos históricos que
“A pandemia acelerou o pagamento de tenham sentido com o que está sendo
compras com o celular, porque muita gente exposto.
optou pela modalidade sem contato para Também pode utilizar o argumento de
evitar tocar em dinheiro. A Apple tem uma exemplificação, que é pegar um fato
opção robusta de pagamentos eletrônicos há cotidiano para ilustrar sua ideia. É como as
mais de cinco anos com seu software Wallet lições de moral, pegar pelo exemplo de
para iPhone, que permite que as pessoas outrem.
façam compras com cartão de crédito e Existe o argumento de comparação,
carreguem documentos importantes como que justamente compara elementos para dar
cartão de embarque e dados de saúde”. força à argumentação.
(Disponível em: Como a atualização do iOS e do Android vai O argumento por apresentação de
mudar seu smartphone (msn.com). Adaptado.)
dados estatísticos pode ser muito útil, pois
A ideia principal (ou central) está logo apresenta dados concretos para fortalecer o
no início: A pandemia acelerou o argumento. Se o argumento é sobre a
pagamento de compras com o celular. E pobreza no Brasil, o número de pessoas que
logo após temos a secundária, uma vivem nessa situação pode fortalecer o
justificativa: porque muita gente optou pela argumento, mostrando que ele diz a
modalidade sem contato para evitar tocar verdade, pois está de acordo com os dados.
em dinheiro. Já o argumento por raciocínio lógico
O restante do parágrafo se desenvolve a está pautado na relação de causa e efeito. É
partir da ideia principal, tendo alguma seguir uma lógica do tipo “se isso aconteceu
relação com pagamentos com o celular. lá, acontecerá aqui também”.
Saber que a Apple tem uma opção As conjunções e os advérbios são muito
robusta de pagamentos eletrônicos com seu utilizados nas argumentações. Por exemplo,
software é uma informação até importante quando o autor desejar comparar algo,
e que se relaciona com o tema. Porém, saber poderá empregar tanto quanto.
que esse aplicativo também possibilita “O desemprego aumentou tanto quanto
carregar documentos importantes e dados a pobreza, ou seja, um tem relação com o
de saúde é um dado irrelevante para a ideia outro”.
principal, já que não se relaciona com
pagamentos de compras com celular. Ao Intertextualidade
realizar a releitura de um texto é Os pesquisadores atuais dizem que todo
interessante não perder tempo focando em texto apresenta intertextualidade, visto que
informações de pouca relevância. é quase impossível escrever um texto sem

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Língua Portuguesa

qualquer tipo de referência. Afinal, quando questão apresentar enunciados do tipo


escrevemos um texto, buscamos referências conclui-se, infere-se, será preciso inferir, ou
mentais de outros textos que já lemos. É seja, fazer uma dedução a partir de uma
preciso escrever uma notícia? Ah, então informação que não está explicita no texto.
vou pensar em uma notícia que já li e tentar Ou seja, tendo em vista tudo o que foi lido
escrever mais ou menos igual. no texto, o que será que o autor quis dizer?
Esses pesquisadores gostam de Mas é preciso que essa inferência tenha
complicar as coisas. Para simplificar, uma lógica, que esteja relacionada com o
vamos tomar a intertextualidade como uma texto.
referência mais explícita, quando o autor do De “Brasil está importando
texto, em sua escrita, faz referências a computadores moderníssimos” é possível
textos de outros autores. Pode ser feita por inferir que o Brasil não está produzindo
meio: computadores modernos em número
- Da citação: é dizer, nas mesmas suficiente, afinal, se a produção fosse
palavras, aquilo que outro autor disse. Seria suficiente, não haveria a necessidade de
uma citação direta. importação. É possível inferir também que
- Da paráfrase: é dizer aquilo que outro parte dos brasileiros está exigindo
autor disse, mas a partir das próprias computadores moderníssimos, pois é
palavras. Seria uma citação indireta. necessário haver demanda para importação.
- Da alusão: é um tipo de referência Mas não é possível inferir que os
vaga, indireta, com poucos detalhes que computadores importados são mais caros,
indicam se tratar de uma referência a outro pois o trecho não faz nenhuma menção a
autor. Geralmente, para “pegar” a alusão, é preços; ser importado não torna o
preciso ter um conhecimento prévio. computador necessariamente mais caro.
- Da paródia: uma paródia é uma Aliás, o assunto nem é preço, não há lógica.
releitura de uma obra, texto, personagem ou Pensar que algo é mais caro por ser
fato. Aparece de maneira cômica, com o importado é ler sem manter a neutralidade.
uso de deboche e ironia. O mais comum é
se parodiar algo famoso, conhecido. Pressupostos e Subentendidos
Os pressupostos e subentendidos estão
Informações explícitas na área dos implícitos. Para “pegá-los”, é
Estão expostas no texto, com todas as preciso ter um ponto, a partir de algo.
palavras. Ao ler, fica óbvia. Basta ler aquilo Sobre os pressupostos: Quando
que o autor do texto diz para compreender inferimos uma ideia de um texto, buscamos
e interpretar a informação. aquilo que está pressuposto e subentendido,
isto é, aquilo que está implícito. O autor não
Informações implícitas vai transmitir uma ideia completa, com
Para conseguir detectar as informações todas as informações explícitas, todavia, a
implícitas, o leitor deve deduzir aquilo que partir de certas palavras e expressões é
o autor quis dizer, mas não disse de maneira possível inferir a ideia. Uma ideia
explícita. Trata-se de ler nas entrelinhas. pressuposta não é dita explicitamente pelo
autor, mas espera-se que fique “óbvia” ao
Inferência leitor.
A inferência está relacionada a ideias Quando é dito “José parou de jogar
não explicitadas pelo autor. A questão de futebol”, podemos pressupor que José
um concurso pode pedir, por exemplo, para jogava futebol.
analisar a partir do ponto de vista do autor. É importante prestar atenção aos verbos.
Isso quer dizer que o candidato precisa Por exemplo, se o autor disser “Os
encontrar no texto aquilo que o autor disse, funcionários deixaram o emprego após o
literalmente e explicitamente. Quando pronunciamento do diretor”. O verbo deixar

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Língua Portuguesa

indica que, até antes do pronunciamento do Contexto


diretor, os funcionários estavam Um texto é produzido em um
trabalhando normalmente. determinado contexto. Por exemplo, um
Os advérbios, do mesmo modo. texto jornalístico é produzido na redação de
“Mariana também deixou a festa cedo”. O um jornal. Além disso, esse texto será
também indica que mais pessoas além de distribuído e lido em outros contextos. Da
Mariana deixaram a festa cedo. mesma forma um poema, seu contexto de
Os adjetivos. “Os profissionais produção e de recepção é outro.
qualificados conseguem emprego com Há também o contexto histórico. Um
maior facilidade”. O qualificados indica texto antigo pode apresentar muitas
que há profissionais que não são referências que dizem respeito ao tempo em
qualificados e que esses talvez não que foi produzido. O contexto dos dias
consigam emprego com tanta facilidade atuais já pode ser bem diferente. Basta
quanto os qualificados. pensar em alguns textos antigos que
Orações adjetivas. “Alunos que fizeram apresentam costumes que não fazem
silêncio foram premiados”. O que fizeram sentido hoje em dia. Não entender esse
silêncio indica que há alunos que não contexto pode prejudicar muito a
fizeram silêncio e que, provavelmente, não compreensão do texto e levar a
ganharam prêmio algum. interpretações errôneas.
Palavras denotativas. “Até mesmo Sem falar de certas palavras que podem
Gabriel conseguiu entregar a tempo”. O até deixar o leitor atual perdido. O
mesmo indica que havia poucas conhecimento histórico é muito importante,
expectativas em torno de Gabriel, e que assim como a compreensão desse contexto
outras pessoas conseguiram entregar a histórico de produção.
tempo.
Sobre os subentendidos: A informação Vamos supor que dois amigos estão
subentendida depende do contexto é está jogando um videogame de luta e um deles
ainda menos evidente. É preciso ler nas diz para seu personagem: “Acabe com ele”.
entrelinhas. Dentro desse contexto, não se trata de uma
Vamos supor que, em uma tira, um frase que incita à violência. Mas fossem
adulto, para um grupo de crianças, do que duas pessoas brigando na rua e um
elas estão brincando. A resposta é “de expectador gritando a mesma frase, aí sim
governo”. O adulto adverte para que não seria uma incitação à violência. Por isso é
façam bagunça. Elas então respondem que importante compreender o contexto dentro
não é preciso se preocupar, pois não vão do texto.
fazer absolutamente nada. Textos técnicos e teóricos, como artigos,
Dessa tira seria possível subentender que possuem uma linguagem técnica, mais
o governo não trabalha, pois quem não faz difícil, pois é produzido dentro do contexto
nada também não trabalha. Se as crianças científico, pensando em leitores que
estão brincando de governo e não estão entendem sobre o assunto. Diferente de um
fazendo nada, então o governo nada faz, jornal, que visa um público mais amplo,
não faz seu trabalho. variado.
Em um texto, uma ideia subentendida
pode dizer uma coisa, mas fica entendido Coerência Textual
que o leitor entenderá outra coisa. Se Um texto precisa ser organizado, com
alguém perguntar “Você tem horas?”, não suas ideias bem relacionadas. As ideias
quer dizer que você tenha horas secundárias precisam ter uma relação com
fisicamente, mas sim fica subentendido que a ideia principal, pois as secundárias não
a pessoa perguntou sobre as horas, que podem falar sobre um assunto que não tem
horas são. nada a ver com a principal. A boa

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Língua Portuguesa

organização das ideias faz com que o texto quando investido de liderança, faz, inventa,
seja coerente. aglutina e dinamiza massas de canalhas.
O texto coerente apresenta uma ordem e Façam a seguinte experiência: ponham um
ele não se contradiz. O autor não pode santo na primeira esquina. Trepado num
apresentar uma ideia em um parágrafo e, caixote, ele fala ao povo. Mas não
mais diante, dizer o contrário. Ele estaria convencerá ninguém, e repito: ninguém o
sendo incoerente. seguirá. Invertam a experiência e coloquem
Há questões de concursos que mesclam na mesma esquina, e em cima do mesmo
correção gramatical, reescrita de textos e caixote, um pulha indubitável.
coerência. Por exemplo: Instantaneamente, outros pulhas, legiões de
“Há a necessidade premente da pulhas, sairão atrás do chefe abjeto.
implantação de programas, projetos e (Nelson Rodrigues, “Assim é um líder”. O óbvio Ululante.
Adaptado)
atividades de conservação e uso de
energia”. É correto afirmar que, do ponto de vista
O trecho destacado poderia ser do autor: líderes são lembrados
substituído por urge a, visto que o sentido e especialmente por atos que ele classifica
a ideia seriam mantidos. Algo que urge tem como canalhice.
urgência, ou seja, necessidade. Logo no início o autor já diz que um líder
é um canalha. Depois apresenta alguns
Ponto de Vista do Autor líderes e os atos que cometeram,
Há textos impessoais, onde a opinião do “canalhices” para o autor. A seguir, diz que
autor não é expressa. Há também textos nos um santo não será seguido por ninguém,
quais a opinião do autor fica aparente, ou mas o canalha sim. Stalin, canalha para o
seja, textos nos quais o autor apresenta seu autor, não pode ser esquecido e, realmente,
ponto de vista sobre determinada coisa ou é um líder que não foi esquecido pela
assunto. história.
“O céu é azul”, isso é um fato. “O céu
está bonito hoje”, isso é uma opinião, o Tipos de Discursos no Texto
ponto de vista de quem está falando. Um Quando o autor realiza o discurso direto
fato é incontestável, uma opinião não, já em um texto, isso quer dizer que ele está
que outros podem discordar dela. escrevendo exatamente o que outra pessoa
Veja o texto de uma questão: disse. Por exemplo, quando o autor indica a
fala de uma personagem.
(Câmara de Taquaritinga - Técnico Quando o autor realiza o discurso
Legislativo - VUNESP) indireto, ele não diz exatamente o que a
personagem disse. Por exemplo: “Ela lhe
O líder é um canalha. Dirá alguém que falou sobre o caso ocorrido ontem”. O autor
estou generalizando. Exato: estou está dizendo sobre o que ela falou, porém
generalizando. Vejam, por exemplo, Stalin. não com as palavras expressas.
Ninguém mais líder. Lenin pode ser O discurso indireto livre é uma mistura
esquecido, Stalin, não. Um dia, os dos dois anteriores. Junto com a fala do
camponeses insinuaram uma resistência. narrador, a fala do personagem também é
Stalin não teve nem dúvida, nem pena. apresentada. Por exemplo: “O rapaz estava
Matou, de fome punitiva, 12 milhões de cansado. Poxa vida, como é duro viver
camponeses. Nem mais, nem menos: 12 assim. Por mais que lamentasse, ele não
milhões. Era um maravilhoso canalha e, conseguia fazer nada a respeito”. Veja que
portanto, o líder puro. em “Poxa vida, como é duro viver assim”
E não foi traído. Aí está o mistério que, temos a fala do personagem, e não mais a
realmente, não é mistério, é uma verdade do autor.
historicamente demonstrada: o canalha,

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Síntese Textual placas de trânsito, por exemplo. Grande


Realizar uma síntese textual é sintetizar parte delas possuem apenas desenhos que
as ideias do texto longo, ou seja, fazer um têm um significado completo. Sendo assim,
resumo, apresentando suas principais é possível adaptar um texto verbal para a
ideias. Apresenta um caráter mais pessoal, linguagem não-verbal e vice-versa. A
pois a escolha das informações mais linguagem não-verbal pode se dar por sons,
relevantes será feita por quem escreve a gestos, imagens, expressões faciais, cores,
síntese. É feita tendo como base aquilo que etc.
foi lido e compreendido de um texto. Não Há também textos que misturam ambas
há um aprofundamento nas ideias do texto as linguagens. Uma placa com um cachorro
e as ideias secundárias não devem ser e a frase “Cão Bravo!” é um exemplo. Isso
contempladas. significa para ter cuidado, pois na casa em
Apresenta vocabulário preciso e clareza, questão existe um cachorro grande, que
bem como a linguagem denotativa, ou seja, pode atacar e machucar alguém.
em seu sentido literal.
Dica
Adaptação Para tentar buscar as informações de um
Sintetizar um texto é realizar um tipo de texto, é interessante realizar algumas
adaptação. De um texto longo, ele se torna perguntas, como:
uma síntese das principais ideias. O resumo O quê?; Quem?; Como?; Quando?;
também é uma adaptação, pois apresenta o Onde?; Por quê?.
texto com poucas palavras, focando, O que foi dito no texto? Quem fez isso?
sobretudo, em sua intencionalidade. Há Como fez isso? Quando fez isso? Onde fez
obras literárias adaptadas, por exemplo, isso? Por que fez isso?
com linguagem mais simples ou mais atual Nem sempre é possível encontrar todas
(considerando os clássicos). Muitas versões as respostas, mas é uma dica que facilita
adaptadas são resumidas, apresentando bastante a compreensão, sobretudo de
apenas as situações principais de toda a notícias.
trama.
Uma adaptação pode ser pegar um texto De olho na ambuiguidade
e transformar sua estrutura. Apresentar as I. Um amigo dizia ao outro: – Sabe o que
mesmas ideias, mas de maneira diferente, é, rapaz? A minha mulher não me
com outras palavras e em outra ordem. compreende. E a tua? – Sei lá.
Muitos textos utilizados em questões de Nunca falei com ela a teu respeito.
concursos são adaptados, pois não caberiam
numa prova, já que são originalmente II. À noite, enquanto o marido lê jornal,
longos demais, e uma prova não é um livro! a esposa comenta: – Você já percebeu como
Nesse caso, o texto é adaptado com vive o casal que mora aí em frente?
objetivos didáticos. Parecem dois namorados! Todos os dias,
No caso de um concurso, os textos são quando chega em casa, ele traz flores para
verbais, pois fazem uso de palavras para ela, a abraça, e os dois ficam se beijando
transmitir sua mensagem, usam a apaixonadamente. Por que você não faz o
linguagem verbal. A linguagem verbal é mesmo: – Mas querida, eu mal conheço
dita ou escrita. essa mulher...
As palavras são signos, mas uma cor
também pode ser um signo. Como no caso III. Um sujeito vai visitar seu amigo e
do semáforo. A cor vermelha indica “pare”. leva consigo sua cadela. Na chegada, após
Não é preciso escrever com palavras para os cumprimentos, o amigo diz:
captar a mensagem. Essa é a linguagem
não-verbal, que pode aparecer também em

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Língua Portuguesa

– É melhor você não deixar que sua Os gêneros textuais que mais se
cadela entre nesta casa. Ela está cheia de apropriam do texto narrativo são:
pulgas. romances, contos, crônicas, biografias, etc.
– Ouviu, Laika? Não entre nessa casa, Podemos dividir o esquema narrativo
porque ela está cheia de pulgas! pode em:
- apresentação: apresenta uma situação
No primeiro item, tua diz respeito à estável;
mulher do interlocutor e teu diz respeito ao - complicação: uma força perturbadora,
interlocutor. Não há ambuiguidade, tudo é que instaura um desequilíbrio;
bastante compreensível. - clímax: o auge da narrativa, que
No segundo item, o mesmo foi determina o final;
empregado no sentido de por que você não - desfecho: retoma o equilíbrio.
faz o mesmo comigo?, mas sem o comigo a
expressão fica ambígua, pois pode também Basta pensar em um conto, no qual o
indicar fazer o mesmo que o homem que narrador, tanto em primeira ou terceira
mora em frente. É disso que sai o efeito de pessoa, narra uma história com personagens
humor. e seus feitos. Há um começo, um meio e um
No terceiro item, ela pode indicar tanto fim.
a cadela quanto a casa, por isso há Nesse tipo de texto, os tempos verbais
ambiguidade. Claro, quem tem pulgas é a mais empregados são o pretérito perfeito, o
cadela, mas o efeito de humor surge por pretérito imperfeito e o pretérito mais-que-
conta da ambiguidade, podemos entender perfeito do indicativo.
que é a casa que está cheia de pulgas. Os textos narrativos aparecem mais em
livros de ficção, romances, contos e
Texto Descritivo novelas. Podem aparecer em jornais
A finalidade desse tipo textual é também, no caso das crônicas. Mas é
descrever, objetivamente ou possível narrar uma história de maneira oral
subjetivamente, coisas, lugares, pessoas ou também.
situações. Consiste na exposição das
propriedades, qualidades e características, Texto Dissertativo
oferecendo ao leitor a possiblidade de O texto dissertativo, ou dissertativo-
visualização daquilo que está sendo argumentativo, é um texto opinativo, ou
apresentado (descrito). seja, apresenta ideias que são desenvolvidas
Os gêneros que mais se apropriam dessa por meio de estratégias argumentativas,
estrutura são: laudo, relatório, ata, guia de visando convencer o interlocutor. Os
viagem, etc. Sem falar nos textos literários, gêneros que mais fazem uso da estrutura
já que os autores descrevem os cenários, as dissertativa são: ensaio, carta
personagens, etc. argumentativa, dissertação, editorial, etc.
O tipo descritivo está presente em A argumentação deve ser coerente e
diversos gêneros. Até mesmo uma notícia consistente, expor os fatos, refletir sobre
pode, em algum momento, apresentar uma questão, apresentando justificativas.
descrição, do ambiente de onde o fato O tempo verbal mais utilizado nesse tipo
ocorreu, por exemplo. textual é o presente do indicativo, uma vez
que aborda um assunto presente no
Texto Narrativo contexto comunicativo no qual o
Possui, como principal característica, enunciador está situado.
uma narração, ou seja, esse tipo de texto É um tipo de texto bastante comum no
conta uma história, ficcional ou não, meio acadêmico, pois teses e dissertações
geralmente contextualizada em um tempo e desenvolvem ideias que são desenvolvidas
espaço, nos quais transitam personagens. com argumentos baseados em teóricos, em

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Língua Portuguesa

pesquisas, etc. Pode aparecer em jornais total de mortes em consequência dos 18


também, quando o editorial defende um tipos de câncer, a proporção de óbitos foi
ponto de vista sobre determinado assunto. 1,4 vezes maior entre os homens.
No caso do câncer de laringe, a diferença
Questões chegou a ser sete vezes maior. Além disso,
os óbitos relacionados a apenas oito das 18
01. (Órgão: Prefeitura de São Miguel tipologias selecionadas (pulmão, mama,
do Passa Quatro - Médico - próstata, estômago, esôfago, fígado,
OBJETIVA/2022) leucemia e sistema nervoso central)
representam mais de 80% de todos os
Estudo analisa morte por câncer falecimentos.
associada ____ exposição laboral O atlas apresenta uma análise do
problema nas cinco regiões brasileiras e
Estudo elaborado pelo Ministério da informações sobre atividades econômicas e
Saúde indica que, entre 1980 e 2019, mais situações de exposição. Há, ainda,
de 3 milhões de pessoas morreram no Brasil recomendações, como a importância da
por até 18 tipos de câncer que podem ter fiscalização dos processos e atividades com
sido causados pela exposição ____ potencial cancerígeno e a urgência de
produtos, substâncias ou misturas presentes estruturação de sistemas de informação e
em ambientes de trabalho. monitoramento capazes de gerar dados
Segundo o Atlas do Câncer Relacionado sobre os efeitos dos contaminantes
ao Trabalho no Brasil, ao longo de 39 anos, ambientais na saúde humana.
o Sistema de Informações sobre “Quando falamos de câncer relacionado
Mortalidade registrou 3.010.046 óbitos ao trabalho, estamos falando de agentes
decorrentes desses tipos de câncer. O químicos, físicos e biológicos que podem
resultado, segundo ____ equipe técnica, ser eliminados e substituídos. No Brasil,
poderia ser menor, caso mais ações isso constitui um problema, porque
tivessem sido feitas para controlar ou convivemos com agentes que já foram
eliminar a exposição dos trabalhadores banidos em outros países”, disse a gerente
____ agentes cancerígenos. da Unidade Técnica de Exposição
Após uma primeira versão do atlas, Ocupacional, Ambiental e Câncer do
publicada em 2018, os pesquisadores Instituto Nacional de Câncer (Inca).
voltaram a se debruçar sobre os registros (Fonte: Sul 21 - adaptado.)

nacionais de câncer de bexiga, esôfago,


estômago, fígado, glândula tireoide, De acordo com o texto, analisar os itens
laringe, mama, mesotélio, nasofaringe, abaixo:
ovário, próstata, rim e traqueia, brônquios e I. O atlas não apresenta uma análise
pulmões. Também são analisados o sistema individual das regiões do Brasil; traz
nervoso central e os casos de leucemias, informações mais relacionadas à
linfomas não Hodgkin, melanomas preocupação com as atividades econômicas
cutâneos e mielomas múltiplos. do país.
O objetivo do estudo é contribuir no II. Em 2015, estimativas globais
planejamento e na tomada de decisão nas apontavam que entre as vítimas de doenças
ações de vigilância em saúde do associadas ao trabalho, cerca de 30%
trabalhador. morreram em consequência de um tipo de
Segundo ____ estimativas globais, em câncer.
2015, cerca de 30% dos trabalhadores III. Os 18 tipos de câncer apontados no
vítimas de doenças associadas ao trabalho estudo matam mais os homens do que
morreram em consequência de um tipo de mulheres.
câncer também relacionado ao trabalho. Do

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Língua Portuguesa

Está(ão) CORRETO(S): caprichar na letra. Receita é uma coisa que


(A) Somente o item I. ele precisa fornecer - nenhum paciente se
(B) Somente o item III. considerará atendido se não levar uma
(C) Somente os itens II e III. receita. A receita satisfaz a voracidade de
(D) Todos os itens. nossa cultura pelo remédio, e está envolta
numa aura mística: é como se o doutor,
02. (TIBAGIPREV - Contador - através dela, acompanhasse o paciente.
FAFIPA/2022) Mágica ou não, a receita é, muitas vezes,
fornecida às pressas; daí a ilegibilidade.
Letra de médico Há um terceiro aspecto, mais obscuro e
delicado. É a relação ambivalente do
Na farmácia, presencio uma cena médico com aquilo que ele receita - a sua
curiosa, mas não rara: balconista e cliente dúvida quanto à eficácia (para o paciente,
tentam, inutilmente, decifrar o nome de um indiscutível) dos medicamentos. Uma
medicamento na receita médica. Depois de dúvida que cresce com o tempo, mas que é
várias hipóteses acabam desistindo. O sinal de sabedoria. Os velhos doutores
resignado senhor que porta a receita diz que sabem que a luta contra a doença não se
vai telefonar ao seu médico e voltará mais apoia em certezas, mas sim em tentativas:
tarde. "Letra de doutor", suspira o "dans la médicine comme dans l'amour, ni
balconista, com compreensível resignação. jamais, ni toujours", diziam os respeitados
Letra de médico já se tornou sinônimo de clínicos franceses: na medicina e no amor,
hieróglifo, de coisa indecifrável. "sempre" e "nunca" são palavras proibidas.
Um fato tanto mais intrigante quando se Daí a dúvida, daí a ansiedade da dúvida, da
considera que os médicos, afinal, passaram qual o doutor se livra pela escrita rápida. E
pelas mesmas escolas que outros pouco legível.
profissionais liberais. Exercício da [...]
caligrafia é uma coisa que saiu de moda,
mas todo aluno sabe que precisa escrever SCLIAR, Moacyr. A face oculta ? inusitadas e reveladoras
histórias da medicina. Porto Alegre: Artes e Ofícios, 2001.
legivelmente, quando mais não seja, para [adaptado]
conquistar a boa vontade dos professores. A
letra dos médicos, portanto, é produto de O texto traz suposições acerca dos
uma evolução, de uma transformação. Mas motivos pelos quais a caligrafia dos
que fatores estariam em jogo atrás dessa médicos seria fruto de uma evolução (ou
transformação? transformação). Sobre essas teorias,
Que eu saiba, o assunto ainda não foi assinale a alternativa que encontra
objeto de uma tese de doutorado, mas embasamento no texto:
podemos tentar algumas explicações. A
primeira, mais óbvia (e mais ressentida), (A) Uma das teorias se baseia na tese de
atribui os garranchos médicos a um doutorado e atribui a letra ilegível dos
mecanismo de poder. Doutor não precisa se médicos ao fato de sua suposta
fazer entender: são os outros, os seres superioridade intelectual em relação a
humanos comuns, que precisam se outros profissionais.
familiarizar com a caligrafia médica. (B) O autor acredita que médicos que
Quando os doutores se tornarem mais conscientemente escrevem de forma
humildes, sua letra ficará mais legível. ilegível não têm dúvidas sobre a eficácia
Pode ser isso, mas acho que não é só dos medicamentos que estão prescrevendo
isso. Há outros componentes: a urgência, (C) Uma das teses afirma que a "letra
por exemplo. Um doutor que atende ilegível' do médico se dá devido a correria
dezenas de pacientes num movimentado em que o médico fornece a receita, por ter
ambulatório de hospital não pode mesmo que atender muitos pacientes.

9
Língua Portuguesa

(D) Uma suposição levantada pelo autor direta, introduzida por um verbo dicendi.
é a de que os pacientes não dão Suas características são:
credibilidade a médicos que têm a letra - Também vem introduzido por verbo
legível, por isso, é necessário que a de dizer;
prescrição seja datilografada. - Aparece separado da fala do narrador
(E) Em uma das teorias, o fator por uma partícula introdutória, sendo as
humildade é descartado como fator conjunções que ou se as mais comuns;
predominante para a letra ilegível, sendo - Os pronomes, o tempo verbal e
questionado se todos os profissionais têm elementos que dependem de situação são
essa característica. determinados pelo contexto do narrador: o
verbo fica sempre na 3ª pessoa.
Gabarito
Vamos tomar como exemplo a fala de
01.C - 02.C uma determinada pessoa:

— Manuel, viajarei daqui uma semana!


Discursos direto e indireto;
Veja que os verbos e os elementos que
determinam uma situação (próxima
Discurso direto semana) são utilizados de maneira literal.
É o discurso no qual não há um narrador. No discurso direto são empregadas as
Na verdade, o narrador reproduz as palavras mesmas palavras que a pessoa utilizou.
de outra pessoa ou personagem, separando-
as das suas próprias. É caracterizado por: Agora, para o discurso indireto, vamos
- Ser introduzido por verbo que indica a tomar como exemplo uma fala sobre essa
fala de um personagem. Esses verbos são pessoa que vai viajar:
chamados de verbos de dizer, ou dicendi,
ou de anunciar (dizer, falar, exclamar, — Ele disse que viajaria dali a uma
perguntar, responder, retrucar, afirmar, semana.
falar, etc.). Tais verbos são normalmente
utilizados antes de uma declaração ou As palavras da pessoa não foram
pergunta; apresentadas de maneira literal. É preciso
- É comum, antes da fala do personagem, ter em mente que algo que já foi dito está no
aparecer alguns sinais tipográficos, como passado, por isso os verbos e elementos
dois pontos, travessão ou aspas; determinantes da situação devem ser
- Os pronomes, o tempo verbal e atualizados para o tempo do narrador.
palavras que dependem de situação são
empregados de forma literal, determinados Transformação do discurso direto em
pelo contexto. indireto
Para transformar o discurso direto em
Discurso indireto indireto, é comum ocorrerem mudanças no
É aquele no qual o narrador enuncia a tempo e/ou modo verbal.
fala. A fala de outra pessoa é apresentada Estou com fome. / Ele disse que estava
com as palavras do narrador ou do com fome.
enunciador do texto, isto é, o narrador (ou o Pintei diversos quadros. / Ela disse que
enunciador) vai "relatando uma história", havia pintado (pintara) vários quadros.
utilizando suas próprias palavras para fazer Descansarei bastante amanhã. / Ele
isso. As falas são apresentadas sob a forma disse que descansaria bastante no dia
de uma oração subordinada substantiva seguinte.

10
Língua Portuguesa

Eu não entregaria tua senha. / Ele disse No ano passado → No ano anterior
que não entregaria minha senha. (não há Dois dias atrás → Dois dias antes
mudança no tempo verbal)
Neste dia → Naquele dia
Quando eu era criança, eu corria pelo
quintal. / Ele disse que quando era criança, Aqui, aí, cá → Ali, lá
corria pelo quintal. (não há mudanças) Este, esta, isto → Aquele, aquela, aquilo

Certas modificações na construção da Exemplos:


oração são necessárias para que essa
transformação ocorra: Discurso direto: Eu vou tomar um
cafezinho.
Discurso direto → Discurso indireto Discurso indireto: Ele disse que ia
1ª ou 2ª pessoa → 3ª pessoa tomar um cafezinho.
Pronomes esse ou este → Pronome aquele
Discurso direto: Mãe, como é possível
Pronomes eu ou nós → Pronomes ele, ela,
a senhora ser tão bonita, tão magrinha e ter
eles, elas
cabelos com tanto brilho?
Pronomes meu, meus, minhas, minhas, Discurso indireto: O filho perguntou à
nosso, nossos, nossa, nossos → Pronomes mãe como era possível ela ser tão bonita,
seu, seus, sua, suas tão magrinha e ter os cabelos com tanto
Pronomes me, mim, comigo, nos, conosco brilho.
→ Pronomes ele, ela, eles, elas, lhe, lhes,
se, si, consigo, o, os, a, as Discurso direto: O borracheiro
Modo indicativo ou imperativo → Modo explicou-nos: — Os pneus se esvaziaram
subjuntivo com o uso, é fácil resolver este problema.
Presente → Pretérito imperfeito Discurso indireto: O borracheiro
explicou-nos que os pneus haviam
Pretérito perfeito → Pretérito mais-que-
esvaziado com o uso, e que era fácil
perfeito
resolver aquele problema.
Futuro do presente → Futuro do pretérito
Futuro do subjuntivo → Pretérito *Fica a dica!
imperfeito do subjuntivo Ao transpor uma frase do discurso direto
Frase imperativa ou interrogativa → Frase para o indireto, é preciso preservar o grau
declarativa de formalismo do original.
Se eu falo Eu não poderei ir ao Japão no
É preciso também ter em mente os próximo ano, não posso passar para o
marcadores de tempo em cada um dos discurso indireto dessa maneira Ele disse
discursos: que não vai poder ir ao Japão no ano
seguinte, pois o verbo auxiliar vou marca
Discurso direto → Discurso indireto uma informalidade que não está presente no
Hoje → No dia anterior (Naquele dia) original. Por isso correto seria Ele disse que
Agora → Naquele momento não poderia ir ao Japão no ano seguinte.
Amanhã → No dia seguinte
Discurso indireto livre
Depois de amanhã → Dois dias depois Ocorre uma espécie de fusão entre os
(Dali a dois dias) discursos direto e indireto. Por isso ocorre a
Ontem → No dia anterior presença de intervenções do narrador assim
Anteontem → Dois dias antes como de fala dos personagens.
No próximo ano → No ano seguinte Neste caso, não aparecem marcas que
denotem a mudança do discurso. Sendo

11
Língua Portuguesa

assim, é comum confundir a fala do Questões


narrador com a dos personagens, sobretudo
se tratando de um narrador onisciente, que 01. (MPE/SC - Analista - FGV/2022)
sabe tudo sobre todos os personagens. Suas Observe o seguinte segmento textual:
características são: “Ele abriu e fechou várias vezes o grosso
- As falas das personagens, realizadas livro, cada uma dessas vezes acompanhada
em 1ª pessoa, aparecem de forma de um palavrão. Finalmente ele se
espontânea no interior do discurso do recompôs, releu o parágrafo a consertar,
narrador, que ocorre na 3ª pessoa; gemeu. Bom, tudo bem, vamos lá!
- Não existem marcas que demonstrem – Vamos lá, falou em voz alta.
uma separação entre a fala do narrador e a Levantou-se e saiu da sala”.
fala do personagem;
- Não é introduzido por verbos de dizer, Nesse segmento de texto, o trecho que
muito menos por sinais de pontuação ou exemplifica o discurso indireto livre, é:
conjunções; (A) Ele abriu e fechou várias vezes o
- Às vezes pode ser difícil conseguir grosso livro;
observar os limites entre o início e o fim da (B) ...cada uma dessas vezes
voz do personagem, já que está presente no acompanhada de um palavrão;
interior da voz do narrador; (C) Bom, tudo bem, vamos lá!
- O discurso do narrador busca transmitir (D) Vamos lá, falou em voz alta;
o sentido do discurso da personagem. (E) Levantou-se e saiu da sala.

D. Aurora sacudiu a cabeça e afastou o 02. (SEFAZ/AM - Analista de


juízo temerário. Para que estar catando Tecnologia da Informação da Fazenda
defeitos no próximo? Eram todos irmãos. Estadual - FGV/2022) A frase a seguir está
(Graciliano Ramos). formulada no discurso indireto:
“Churchill respondeu com uma nota
D. Aurora sacudiu a cabeça e afastou o dizendo que não poderia comparecer
juízo temerário é a fala do narrador, ele está naquela noite.”
narrando o que a personagem fez. Em discurso direto, a nota de Churchill
Para que estar catando defeitos no deveria estar escrita do seguinte modo:
próximo? Eram todos irmãos é uma fala da (A) Não poderei comparecer esta noite.
personagem dentro da fala do narrador. Por (B) Naquela noite não poderei
ser onisciente, o narrador pode dizer até comparecer.
mesmo aquilo que está na mente das (C) Nesta noite não vou poder
personagens, por isso os pensamentos dela comparecer.
podem surgir dentro do discurso do (D) Não vou poder comparecer esta
narrador. noite.
(E) Essa noite não vou poder
Marcos avistou sua amada de longe e comparecer.
caminhou confiante. É isso, hoje é o dia!
Em Marcos avistou sua amada de longe Gabarito
e caminhou confiante o narrador relata os
passos do personagem. Em É isso, hoje é o 01.C - 02.A
dia!, temos a marca de uma fala do
personagem, dentro do discurso do
narrador.

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Língua Portuguesa

“alugar” e “visitar” foram praticadas pelo


Elementos de coesão e coerência. mesmo sujeito.
Seguindo a mesma lógica de inferência
de elementos do texto, o pronome
Um texto é uma unidade da língua em indefinido ALGUNS, presente na segunda
uso. Para que o texto seja um texto de fato, oração, reporta-se contextualmente ao
ele precisa apresentar e conter os fatores de substantivo APARTAMENTOS mencionado
textualidade, que são fatores internos anteriormente.
(coesão e coerência), e fatores externos, Logo, é possível afirmar que os
pragmáticos, como a intencionalidade, a enunciados apresentados possuem coesão
aceitabilidade, a informatividade, a entre si, como também, são coerentes, uma
situacionalidade e a intertextualidade. vez que o conjunto de ideias obtidos
São os fatores de textualidade que tornam estabelecem uma relação lógica.
uma sequência de orações um texto de fato. Retomando o exemplo citado, um
O texto é o produto final e os fatores de enunciado sem coerência seria:
textualidade são as ferramentas para se
atingir esse fim. “Alugarei um apartamento; tomei café
da manhã em alguns esta manhã”.
Coesão Textual
Para bem entendermos acerca da coesão Nesta segunda construção, não há
e coerência presente nos textos precisamos, sequência lógica entre as ideias, pois quem
primeiro, compreender que é por meio busca alugar um apartamento não vai até
destes recursos que partes separadas de um eles para tomar café da manhã. Podemos,
enunciado se conectam de forma portanto, afirmar que é um texto com ideias
compreensível e, assim, formam um só contraditórias, sendo incoerente.
enunciado transmissor de sentido. Há, ainda, outros dois princípios de
Antes de mais nada: coerência textual. Retomaremos aos
mecanismos que garantem a coesão aos
Vale a pena lembrar que os textos se enunciados, abordando os recursos
dividem em parágrafos com o intuito de denominados: referenciação, substituição e
apresentar o desenvolvimento das ideias. elipse.
Em cada um dos parágrafos deve existir A referenciação pode ocorrer em dois
uma ideia central a ser desenvolvida. Como níveis:
no texto geral, o parágrafo também se 1 - Referência pessoal – utilização de
organiza com introdução, desenvolvimento pronomes pessoais e possessivos para
e fim. Logo, ele precisa ser pensado de retomar vocábulos presentes. Exemplo:
modo a formar um conjunto coeso. Todos os alunos foram aprovados.
Agora, eles precisam entregar os
Examinemos o exemplo a seguir: documentos na data prevista.
A utilização do pronome pessoal “eles”
“Alugarei um apartamento; visitei tem por função retomar “todos os alunos”.
alguns esta manhã para conhecer a situação Por retomar um elemento já presente no
e localização”. enunciado, esta referenciação pode ser
caracterizada por anáfora.
Nos dois trechos acima, separados por
ponto e vírgula, a coesão textual encontra- 2- Referência demonstrativa – utilização de
se presente na continuidade da conjugação pronomes demonstrativos e advérbios.
do verbo em primeira pessoa do singular, Exemplo:
EU, assim, é possível inferir que as ações Arquivamos todos os documentos, com
exceção deste: folha de declaração de bens.

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Língua Portuguesa

O pronome demonstrativo “deste” faz Avançando nossos estudos, quando


referência ao vocábulo “documentos” e falamos em coesão, não podemos nos
antecipa uma exemplificação. Por antecipar esquecer, também, do uso de conjunções,
um elemento, esta referenciação pode ser elas são capazes de ligar as orações
caracterizada por catáfora. estabelecendo relações entre elas, ou seja,
garantem a coesão sequencial dos
Antes de mais nada: enunciados, por isso são, também,
Vale a pena lembrar que os pronomes chamados de nexos. A relação estabelecida
podem recuperar ideais ou elementos já entre os enunciados pode se dar em
expressos no texto. Deste modo, eles diferentes níveis, como:
variam de acordo com o gênero, pessoa e
número do substantivo que substituem. Aditivas: e; nem; não só... mas também.
- Os pronomes pessoais do caso reto Eles não gostam de ler nem de estudar.
são: eu; tu; ele; ela; nós; vós; eles; elas.
- Os pronomes pessoais do caso Adversativas: mas; porém; contudo;
oblíquo são: me; mim; comigo; te; ti; entretanto.
contigo; se; o; a; lhe; si; consigo; ele; ela; Lia bastante livros, mas não entendia
nos; nós; conosco; vos; vós; convosco; bem.
os; as; lhes; eles; elas.
- Os pronomes possessivos são: meu; Alternativas: ou... ou; ora... ora; quer...
minha; meus; minhas; teu; tua; teus; tuas; quer.
seu; sua; seus; suas; nosso; nossa; nossos; Ora quer mudar-se, ora quer ficar.
nossas; vosso; vossa; vossos; vossas.
Explicativas: porque; pois.
- A substituição atribui coesão aos textos Preciso revisar o conteúdo, pois a prova
evitando construções repetitivas. Assim, será semana que vem.
como estudado no tópico anterior –
referenciação – aqui os pronomes Conclusiva: logo; portanto; assim;
assumem, também, papel fundamental para então; por conseguinte.
a relação entre orações. Vejamos a seguir: O chão estava todo molhado, logo
choveu.
“Encontrei bons livros na biblioteca da
minha escola. Você os quer para estudar?” Comparativa: como; tal qual.
O enunciado acima, apresenta o uso do Ela era sozinha como sua mãe.
pronome pessoal “os” em substituição de
“bons livros”. Logo, ao optar pela Conformativa: conforme; segundo;
construção com o pronome, evitamos a como.
repetição do termo “bons livros” na frase. Conforme estava escrito, não abrimos
ontem.
- A elipse constitui-se como um recurso
em que ocorre a omissão de um termo da Condicional: se; caso.
frase que pode ser facilmente subentendido Se levantar cedo, conseguiremos bons
pelo contexto. Na frase “As rosas florescem lugares no ônibus.
em maio, as margaridas em agosto.” fica
claro que a construção da segunda oração Concessiva: embora; não obstante.
seria: as margaridas florescem em agosto. Ela era linda, embora se julgasse feia.
Identificamos, portanto, a elipse do verbo
“florescem”. Causal: porque; pois.
Porque não acredita na história, foi
investigar o ocorrido.

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Língua Portuguesa

Consecutiva: tal; tanto; tão. - Fui informada de que, meses antes, ele
Dedicou-se tanto ao emprego. mudara de São Paulo com a família toda.

Proporcional: quanto mais; à Futuro do presente: representa o fato


proporção que. como não concluído e o situa em um
Quanto mais ouvia, mais se momento posterior ao presente.
decepcionava. - Os trabalhadores não pagarão por isso.

Temporal: quando; enquanto. Há, ainda, uma outra construção


Quando chegaram a porta estava aberta. possível na qual podemos denominar
“modalidade hipotética” ou “modalidade
Final: para que; a fim de que. dubitativa”:
Estacione para que consigamos - Quem estará me ligando essa hora?
conversar direito.
Futuro do pretérito: apresenta fatos não
Para fechar nossos estudos sobre os concluídos e que se situam em 3 momentos
elementos de coesão, devemos retomar a diferentes – momento posterior ao passado
questão dos tempos e modos verbais, uma (categórico); momento simultâneo ao
vez que o uso adequado do verbo garante a passado (possível); simultâneo ao presente
coesão entre os elementos do enunciado. (universo hipotético).
Comecemos pelos tempos do modo - O ministro comunicou que
indicativo: renunciaria ao cargo. (posterior,
Presente – apresenta os fatos não categórico)
concluídos, em que o tempo do enunciado - Imaginei que eles estariam na frente de
coincide com o próprio momento da casa. (simultâneo ao passado, possível)
enunciação dos fatos. - Se eles estudassem um pouco mais,
- Moramos na rua das Acácias. eles seriam aprovados. (simultâneo ao
- Esta palavra se escreve de outra forma. presente, hipotético)

É, ainda, no tempo presente que se E, agora, passemos para os tempos do


expressam as verdades científicas. modo subjuntivo:
- Cometas são corpos de luz própria. Presente – indica um acontecimento
presente, porém duvidoso ou incerto.
Pretérito perfeito – apresenta os fatos - Talvez eu estude mais tarde.
concluídos, situando-os em um momento Pode, ainda, indicar um desejo.
anterior ao presente. - Espero que aprendam a lição.
- Ele morou nesta rua.
Ou em um momento anterior do futuro. Pretérito perfeito – indica um passado
- Assim que você desembarcar, envie incerto.
mensagem para dizer se chegou bem.
- Que tenham todos terminado a
Pretérito imperfeito – apresenta os fatos faculdade.
não concluídos, porém o ponto de
referência é o passado. Pretérito imperfeito – indica uma
- Em 1956, ele partia daquela cidade em hipótese ou condição.
busca de novas aventuras. - Se ele parasse de gritar, seria uma
pessoa querida.
Pretérito mais-que-perfeito: apresenta o
fato como concluído e o ponto de referência Pretérito mais-que-perfeito – indica uma
da ação é um tempo anterior ao passado. situação ocorrida no passado do passado.

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Língua Portuguesa

- Se tivessem procurado um pouco O homem estava com muita fome, mas


mais, teriam encontrado. não tinha dinheiro na carteira e por isso foi
ao banco e sacou uma determinada quantia
Futuro – indica um acontecimento futuro para utilizar. Em seguida, foi a um
em relação a outro também futuro. restaurante e almoçou. (Coerência correta)
- Quando ele morar sozinho, aprenderá O homem estava com muita fome, mas
preciosas lições. não tinha dinheiro na carteira. Foi a um
restaurante almoçar e em seguida foi ao
O parágrafo precisa ser desenvolvido em banco e sacou uma determinada quantia
torno de uma ideia central e apresentar um para utilizar. (Coerência incorreta)
raciocínio completo. Antes de finalizar, vale a pena entender
Quando o autor muda de parágrafo, ele que textos coerentes precisam apresentar
precisa conectar as ideias. É preciso ter uma boa continuidade temática, ou seja, os
cuidado para não quebrar o encadeamento assuntos precisam surgir de forma de forma
das ideias e prejudicar a clareza. organizada, sem que se crie a sensação de
É interessante compor o parágrafo com mudança de assunto repentina.
1
frases curtas e longas, pois, dessa forma, a Quando falamos em progressão
leitura acaba ganhando ritmo, ficando mais temática, estamos falando a respeito de um
fluída e agradável. procedimento empregado pelos
Para detectar um parágrafo, basta enunciadores para dar sequência a seus
observar a linha e a margem da página, já textos, orais ou escritos.
que a primeira linha do parágrafo começa É ela quem faz o texto avançar
com um recuo maior em relação à margem apresentando novas informações sobre
do que as demais linhas do texto. aquilo de que se fala, que é o tema.
O sinal gráfico que simboliza o Todo texto precisa de uma unidade
parágrafo é §. temática, ou seja, precisa manter o fio da
meada, e, ao mesmo tempo, precisa
Coerência Textual apresentar novas informações sobre o tema.
No tópico anterior, estudamos um dos O texto não pode falar a respeito de um
princípios da coerência, o princípio da não tema e simplesmente começar a falar a
contradição (sugiro que retome ao respeito de outro. Se o texto aborda o
momento anterior e revise tal princípio). futebol, ele precisa falar sobre diferentes
Neste momento, analisaremos mais dois aspectos do futebol, mas não pode começar
princípios fundamentais para a existência a falar sobre basquete (a menos que este
de coerência nos enunciados, o princípio da novo tema seja apresentado dentro de um
não tautologia e o princípio da relevância. argumento para defender determinado
A não tautologia admite a não ponto de vista).
redundância de informações presentes na A organização e hierarquização das
frase, mesmo que seja expressa por palavras unidades semânticas do texto se
diferentes. Veja o exemplo: Visitamos o concretizam através de dois eixos de
Canadá há cinco anos (coerência correta). informação, chamados de tema (tópico) e
Visitamos o Canadá há cinco anos atrás de rema (comentário).
(coerência incorreta). O tema do enunciado é aquilo que se
O princípio da relevância admite que as toma por base da comunicação, aquilo de
ideias devem estar relacionadas entre si, que se fala, e como rema aquilo que se diz
não podem ser apresentadas de forma sobre o tema. Isto é, o tema é uma
fragmentada para que não haja desvio no informação apresentada ou facilmente
sentido da mensagem. Exemplo: inferida a partir do contexto ou do próprio

1
https://bit.ly/3Cy5lbg

16
Língua Portuguesa

texto. O rema apresenta informação nova intencionalidade do autor pode ter sido
que é introduzida no texto. positiva, já que o texto não foi rejeitado.
A progressão do texto se dá pela A situacionalidade diz respeito ao
articulação entre esses eixos de informação. contexto de produção e de recepção de um
É possível manter um único tema e texto. Um texto sobre futebol é produzido
apresente sobre ele vários remas. Todavia, visando um público receptor que aprecia
também é possível que o tema principal se futebol. A aceitabilidade desse texto para
desdobre em subtemas ou subtópicos, que um público que não gosta de futebol seria
fazem o texto avançar. nula. Seria um texto fora de contexto, fora
É possível entender a progressão de situação. Um mesmo texto pode causar
temática no plano global do texto (qual é o impressões e produzir significados
tema geral, como é desdobrado em diferentes em situações diferentes.
parágrafos, de que característica trata cada A intertextualidade só será efetiva
um deles, introduzindo ou não novos dependendo dos fatores de produção e
subtemas). recepção. Se um autor colocar elementos de
Também é possível compreender a Machado de Assis dentro de seu texto e a
progressão temática no modo como os pessoa que ler esse texto não conhecer nada
temas e remas são encadeados em frases a respeito de Machado de Assis, a
que se sucedem no texto. Para dar um intertextualidade de nada valerá, pois os
exemplo, o tema de uma frase pode passar feitos de sentidos só ocorrerão caso o leitor
a ser o rema da frase seguinte e o rema desta consiga captar essa intertextualidade,
pode passar a ser o tema da seguinte. Assim, reconhecendo que elementos de Machado
ocorre a progressão temática linear. A de Assis estão presentes no texto.
progressão temática com tema constante Sobre a informatividade, é preciso
ocorre quando um mesmo tema se mantém considerar os conhecimentos prévios do
em sucessivas frases do texto. leitor e os novos conhecimentos trazidos
A manutenção e a progressão do tema pelo texto. É necessário haver um
são requisitos essenciais para a coesão e equilíbrio, pois um texto que apresenta
para a coerência textual. apenas informações novas ao leitor será de
É necessário que novas informações difícil compreensão, já que não haverá uma
sejam introduzidas no texto, pois isto dá âncora para esses novos conhecimentos.
uma sequência ao todo. Um texto que não Mas um texto que traz poucas informações
introduz aos poucos novas informações, novas se torna chato, pois não causará
argumentos e pontos de vista, torna-se um interesse, uma vez que o leitor já sabe tudo
texto chato, cansativo e repetitivo, além de aquilo.
irrelevante. Essa introdução de novas
informações é chamada de progressão Questões
semântica.
Um texto é escrito para alguém, para um 01. (Prefeitura de Córrego Novo -
receptor. O texto possui um produtor Fiscal Tributário - Máxima/2022)
(autor) e um receptor. “Portanto termino dizendo para vocês,
A intencionalidade de um texto diz homens e sociedade: "HOMENS
respeito àquilo que o produtor objetivava ao TAMBÉM ABORTAM". O modalizador
escrever o texto. Todo texto possui uma destacado iniciando o período pode ser
finalidade, a intenção do autor é atingir essa substituído sem prejuízo de sentido por:
finalidade. (A) No entanto;
A aceitabilidade tem a ver com o (B) Por conseguinte;
receptor do texto, aquele que lê. Um texto (C) Contato;
bem aceito é um texto lido e apreciado por (D) Porquanto.
muitos. Quando isso ocorre, a

17
Língua Portuguesa

02. (Prefeitura de Palhoça - Professor Certos sinônimos apresentam um


de Anos Finais - ESES/2022) Há um tipo sentido mais amplo, outros, mais restrito.
de coesão que é feita através de termos Há também contextos nos quais os
(normalmente os pronomes) que fazem sinônimos se encaixam melhor, como numa
referência a elementos anteriormente linguagem mais culta, literária ou científica.
citados. Sendo assim, na frase Pelé e Xuxa Quando falamos “oculista” e
são extremamente famosos. Esse foi o “oftalmologista”, pensamos no médico
principal jogador de futebol de todos os profissional dos olhos. Apesar de possuir o
tempos, e esta, apresentadora de mesmo significado, “oculista” é um termo
programas infantis, tem-se a chamada: menos científico e menos formal. O mesmo
(A) Coesão lexical. vale para “argênteo”, que significa o
(B) Coesão por elipse. mesmo que “prateado”, contudo, é
(C) Coesão por inclusão. empregado com maior frequência no
(D) Coesão referencial. contexto literário.
Outro exemplo é a palavra
Gabarito “transformação” e “metamorfose”. A
primeira apresenta um significado mais
01.B - 02.D amplo, a segunda, mais restrito. Quando
falamos “fulano passou por uma
metamorfose”, estamos fazendo uso de uma
2. Aspectos semânticos e estilísticos: de uma metáfora. Sim, metamorfose
sentido e emprego dos vocábulos; tempos, significa “transformação”, mas está mais
modos e aspectos do verbo; uso dos relacionada ao processo, por exemplo, da
pronomes; metáfora, metonímia, antítese,
lagarta se tornar borboleta.
eufemismo, ironia.
Certos sinônimos podem variar em grau.
Por exemplo, posso dizer “menina bonita”
e “menina linda”. Note, porém, que a
Caro(a) candidato(a), sobre os tempos, segunda opção apresenta um maior grau de
modos e aspectos do verbo e o uso dos beleza, já que “linda” está um pouco acima
pronomes, ver o tópico 3. de “bonita”.
Por outro lado, existem diversos pares
SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS sinônimos que são praticamente
“perfeitos”:
Sinônimo - adversário e antagonista;
A sinonímia é o fato linguístico de - alfabeto e abecedário;
existirem sinônimos. Essa palavra também - após e depois.
designa o emprego de sinônimos.
Quando falamos em sinônimos, estamos É interessante analisar o contexto no
falando sobre palavras que apresentam qual a palavra foi empregada e entender seu
sentido igual ou aproximado. Por exemplo: significado pela lógica e, claro, entendendo
Moço - Rapaz o significado da palavra.
Garota - Menina “As histórias falavam de deuses,
Bonito - Belo monstros, heróis, profetas, reis e rainhas, o
Morte - Falecimento personagem comum era apenas figurante.”
No contexto acima, a palavra em
Apesar de, na maioria das vezes, o uso destaque quer dizer “pessoa que ocupa um
de um ou outro ser indiferente, é preciso papel secundário ou insignificante”.
lembrar que há algumas diferenças entre os
significados, por vezes sutis. “Hoje vivemos o ápice de uma forma
social individualista”.

18
Língua Portuguesa

A palavra destacada, no contexto acima, “Conversou sobre Língua Portuguesa”.


apresenta o sentido de “grau mais elevado, (sobre tem valor de assunto, pois o assunto
culminância”. da conversa foi língua Portuguesa)
“Em vez disso, dê minha visão ao
“Ele não quer saber de sabichões de homem que nunca viu o nascer do sol, o
jornais, de cientistas e sua fala complexa, rosto de um bebê ou o amor nos olhos da
ele quer os seus coetâneos que estão no pessoa amada”.
YouTube.” Seria um sinônimo para a expressão
A palavra em destaque, no contexto destacada No lugar disso. Invés que não
acima, tem o sentido de “da mesma época, poderia ser utilizado, já que a preposição
contemporâneo”. utilizada foi de. Igual a isso também não
caberia, já que a expressão original indica
“O homem comum não se dobra aos algo diferente, não igual.
saberes tradicionais”.
Um sinônimo para a palavra acima Antônimo
destacada é curva, pois se dobrar e se A antonímia é uma relação de oposição
curvar possuem o mesmo sentido. entre o significado de dois termos. Sendo
assim, os antônimos são aquelas palavras
“Agora é a vez dele de desenhar a que apresentam significados opostos, ao
narrativa de como o mundo é.” contrário do que acontece com os
A palavra acima destacada poderia ser sinônimos.
substituída por delinear, pois, dentro desse Por exemplo:
contexto, apresentam o mesmo sentido, são Claro - Escuro
sinônimas. Delinear é desenhar traços, Quente - Frio
contornos, mas pode ter o sentido de Bom - Mau
planejar. Quem desenha uma narrativa, Bem - Mal
planeja uma narrativa.
A mesma dica sobre a contextualização
Esse sentido da palavra dentro do e grau (apresentada no uso dos sinônimos),
contexto é seu valor semântico. As vale para o uso dos antônimos. Por
preposições, por exemplo, podem exemplo, “destruído” e “quebrado” são
apresentar diferentes valores semânticos antônimos de “inteiro”. Podemos dizer que
em diferentes contextos. o segundo é um antônimo mais imediato,
“Consegui, com muito esforço, comprar todavia, o primeiro também é válido, mas
minha casa própria”. (com apresenta valor apresenta um maior grau. Algo destruído
de causa, pois a causa de conseguir a casa está arrasado, algo quebrado, por sua vez,
própria é com muito esforço) pode até ser consertado.
“Vou com meu tio Zé”. (com apresenta
valor de companhia, pois a pessoa vai Homônimo
junto com o tio Zé, na companhia dele) A homonímia ocorre quando palavras
“Me cortei com a navalha”. (com apresentam a mesma pronúncia, mas a
apresenta valor de instrumento, pois foi grafia, ou seja, a escrita é diferente, bem
com o instrumento navalha que me cortei) como seu significado.
“Moro a poucos metros da padaria”. (a O contexto do uso da palavra determina
apresenta valor de distância, pois marca a seu significado, por isso pode causar
distância entre a padaria e onde moro) ambiguidade, isto é, a compreensão de uma
“O livro está sobre a mesa.” (sobre tem frase pode ficar incerta, sem precisão.
sentido de lugar, pois sobre a mesa é o Podem ser homógrafos heterofônicos,
lugar onde o livro está) o que significa que a escrita é igual, mas há

19
Língua Portuguesa

diferenças na fala, sobretudo no timbre ou Polissemia


na intensidade das vogais: Ocorre quando uma palavra apresenta
pelo (de cabelo); pelo (per+o, pelo mais de um significado. Tais palavras são
caminho) polissêmicas.
apoio (substantivo); apoio (verbo, eu Um bom exemplo é a pena, que possui
apoio) vários significados: pluma (de pássaro);
Podem ser homófonos heterográficos, instrumento utilizado para escrever;
com escrita diferente, mas pronúncia igual: punição (cumprir a pena na prisão); dó (ter
consertar (arrumar, reparar); concertar pena de alguém).
(tocar música)
sela (de cavalo); cela (onde presos são Sentido Próprio e Figurado
colocados) Quando a palavra é utilizada em seu
Podem ser homófonos homográficos, sentido original, literal, então foi
com pronúncia e escrita iguais: empregada em seu sentido próprio. Quando
cedo (advérbio de tempo); cedo (verbo, a palavra é utilizada de modo simbólico,
ceder) fora de seu contexto original, ela está sendo
acordo (verbo, acordar); acordo utilizada em seu sentido figurado.
(substantivo, entendimento) A estrutura e feita de puro aço. (é feita
do metal)
Parônimo Ele tinha punhos de aço. (fora do
A paronímia acontece quando as contexto original, ninguém tem punhos de
palavras apresentam semelhanças na aço, mas há quem tenha punhos bem fortes,
pronúncia e na escrita. como o aço)
flagrante (de evidente); fragrante (de
perfumado) Denotação e Conotação
osso (substantivo, parte do corpo); ouço O uso de uma palavra pode denotar ou
(verbo ouvir) indicar somente uma coisa, seu sentido
próprio, sentido denotativo.
Hipônimo e Hiperônimo O Sol é uma estrela. (sentido literal da
O sentido das palavras pode apresentar palavra, apenas denota o astro)
uma hierarquia. A hiponímia é uma relação Mas o uso de uma palavra pode indicar
de restrição do sentido. Quando uma outros sentidos, evocar outras ideias. Essa
palavra é hipônimo de outra, isso quer dizer seria a conotação, sentido conotativo.
que seu sentido é um pouco mais restrito, Ele é meu sol. (pode indicar que a pessoa
que engloba menos noções. é a alegria da outra, assim como o Sol
A hiperonímia é uma relação de ilumina o dia, a pessoa ilumina a vida da
ampliação do sentido. Quando uma palavra outra)
é hiperônimo de outra, isso quer dizer que
seu sentido é um pouco mais amplo, que Metáfora
engloba mais noções. É uma comparação abreviada, que
Japão é hipônimo de país, pois a palavra dispensa o uso dos conectivos (=
Japão não pode englobar país, mas o conjunções) comparativos; é uma
contrário ocorre. Ou seja, Japão abarca comparação subjetiva. Normalmente vem
menos sentidos, dentro de uma hierarquia, com o verbo de ligação claro ou
que país. subentendido na frase.
País é hiperônimo de Japão, pois país - Comparação: Consiste em aproximar
pode englobar Japão, mas não o contrário. dois elementos que se identificam, ligados
Ou seja, país abarca mais sentidos, dentro por conectivos comparativos
de uma hierarquia, que Japão. explícitos: como, tal qual, tal como, que,
que nem.

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Língua Portuguesa

Também alguns verbos estabelecem a


comparação: parecer, assemelhar-se e - Eufemismo: É uma suavização da
outros. expressão de uma ideia triste ou
desagradável. O termo contundente acaba
- Catacrese: É o emprego de um termo sendo substituído por uma palavra ou
em lugar de outro para o qual não existe expressão mais branda, amena ou polida.
uma designação apropriada. Em vez de dizer “Meu tio morreu”, fala-
Exemplos se “Meu tio foi desta para melhor”.
– folha de papel Em vez de dizer “Ele foi fazer cocô”,
– braço de poltrona fala-se “Ele foi fazer suas necessidades”.
– céu da boca Em vez de dizer “Ela mentiu”, fala-se
“Ela faltou com a verdade”.
- Sinestesia: Consiste na fusão
harmônica de, no mínimo, dois dos cinco - Ironia: Acontece quando dizemos o
sentidos físicos. contrário daquilo que realmente pensamos,
A fusão de sensações físicas e geralmente com intenção sarcástica.
psicológicas também é sinestesia: “ódio “Nossa, mas que serviço maravilhoso!”
amargo", “alegria ruidosa", “paixão (ao ver um serviço que foi feito de maneira
luminosa", “indiferença gelada". ruim)
“Vejam só a honestidade desse
- Antonomásia ou perífrase: Consiste candidato: envolvido em três escândalos de
em substituir um nome próprio por uma corrupção!
qualidade, atributo ou circunstância que “Povo passando fome, falta emprego,
individualiza o ser e notabiliza-o. falta saúde; está tudo sob controle, segundo
Cidade Maravilhosa. (Rio de Janeiro) os economistas”.

- Metonímia: Consiste na troca de uma Questões


palavra por outra, de tal forma que a palavra
empregada lembra, sugere e retoma a que 01. (Prefeitura de Nova Hartz -
foi omitida. Auxiliar Administrativo -
Alguns autores, em vez de metonímia, OBJETIVA/2022) Assinalar a alternativa
classificam como sinédoque quando se que apresenta antônimos:
têm a parte pelo todo e o singular pelo (A) Débil - frágil.
plural. (B) Cômico - melancólico.
Autor pela obra: Ele adora Machado de (C) Certo - garantido.
Assis. (ele gosta da obra de Machado de (D) Triste - enfadado.
Assis, não do escritor)
Continente pelo conteúdo: Os amigos 02. (Prefeitura de Simão Dias -
tomaram duas latas de cerveja. (tomaram a Auxiliar de Serviços Gerais - Objetiva
cerveja e não as latas) Concursos/2022)
Parte pelo todo: O homem tem cem Em relação aos sinônimos das palavras,
cabeças de gato. (o homem tem cem bois) marcar C para as sentenças Certas, E para
Concreto pelo abstrato: Meu filho tem as Erradas e, após, assinalar a alternativa
ótima cabeça. (meu filho é inteligente, que apresenta a sequência CORRETA:
esperto) (_) “Fácil” é um sinônimo de
“laborioso”.
- Antítese: É a aproximação de palavras (_) “Ligeiro” é um sinônimo para
ou expressões com sentido oposto. “fugaz”
“Aquele casal é uma coisa: vivem numa (_) “Nocivo” é um sinônimo de
relação de amor e ódio”. “inócuo”.

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Língua Portuguesa

(A) C - E - C. Nunca houve tantos motivos para sentir


(B) E - C - E. medo. E isso está nos afetando. Segundo
(C) C - C - E. dados do Instituto Nacional de Saúde
(D) E - E - C. Mental dos EUA, 20,8% das pessoas têm
(E) E - C - C. transtorno de ansiedade, ou seja, passam o
tempo inteiro com medo de alguma coisa
Gabarito (pois a ansiedade nada mais é do que medo
antecipado, de algo que pode ou não
01.B - 02.B ocorrer). É dez vezes mais do que na década
de 1980. Mesmo que você não seja uma
FUNÇÃO TEXTUAL DOS delas, certamente já se sentiu incomodado
VOCÁBULOS por algum tipo de medo. Ele se tornou o
maior problema psicológico do nosso
As palavras podem desempenhar tempo - e virou parte do dia a dia de todo
diversas funções dentro de um texto. Há mundo.
palavras, ou classes de palavras, com Ter medo não é ruim. Nós só estamos
funções mais restritas, já outras, com aqui, afinal, porque nossos antepassados
funções mais diversas. eram medrosos e viviam fugindo do perigo.
Muitos editais costumam apresentar este O cérebro humano evoluiu para ser
tópico no conteúdo programático de Língua extremamente sensível a ele. Mas isso
Portuguesa e é interessante conhecer como aconteceu há milhares de anos, quando a
esse assunto é abordado nas provas. vida era muito diferente. Hoje, a quantidade
Basicamente a questão apresentará de situações e estímulos que podem nos
algum trecho de um texto com algumas causar receio é incalculavelmente maior.
alternativas com palavras destacadas. O Daí a explosão de medo na cabeça das
candidato deverá assinalar a questão que pessoas.
indica a correta função dessa palavra dentro Quando você anda pela rua pensando nas
desse texto. férias, o seu cérebro avançado está
decidindo para onde quer viajar. Mas o
(Prefeitura de Juazeiro Técnico cérebro instintivo, sem que você perceba,
Informática - AOCP) Assinale a também está a todo o vapor, de olho nas
alternativa correta quanto à função textual ameaças imediatas (um buraco no chão, por
dos vocábulos no texto. exemplo). Os dois são interligados, se
comunicam, influenciam um ao outro. Por
Estudos comprovam: sentimos dez vezes isso, os psicólogos preferem dividir a mente
mais medo do que nossos pais. O mundo em dois sistemas: o Sistema 1 e o Sistema
está mergulhado nele. Saiba como 2. Cada um é um conjunto de processos
chegamos a esse ponto. mentais envolvendo várias regiões do
cérebro.
Você acorda, escova os dentes, se veste, O Sistema 1 é essencial para a
sai para a rua. Pode ser atropelado, sobrevivência. É o instinto que nos permite
assaltado, empurrado no metrô. Se estiver reagir rapidamente a ameaças - seja uma
de carro, pode sofrer um acidente de cobra ou um ônibus que avança sobre a
trânsito - ou ficar preso no meio de uma faixa de pedestres bem na hora que você
enchente. Ao chegar ao escritório, seu chefe está atravessando. Já o Sistema 2 é o
olha estranho... Pode estar pensando em contrário: ele é o pensamento lento,
demiti-lo. Pode pegar gripe suína e morrer consciente, racional. A sua consciência
em dias. Os agrotóxicos da comida podem mora dentro dele. O problema é que o
estar envenenando você. O seu avião pode Sistema 1 usa regras rudimentares, muitas
cair. Você pode ser rejeitado. vezes erradas, para dosar o medo que vamos

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Língua Portuguesa

sentir das coisas. Por exemplo: quanto mais (A) Em “Ou seja: conforme cada pessoa
você se lembra (ou é lembrado) de uma absorve mais medo, ela também se torna
ameaça, mais medo o Sistema 1 produzirá, propagadora, espalha esse medo para os
independente do real perigo envolvido. E outros.”, o termo em destaque é utilizado
ele também é fortemente influenciado pelo para apresentar um contraste, uma oposição
medo que outras pessoas sentem (medo é à ideia do período anterior.
contagioso). Tudo isso nos leva a receios (B) Em “Já o Sistema 2 é o contrário: ele
exagerados e errados. é o pensamento lento, consciente,
Há inúmeros exemplos assim, de medo racional.”, o termo em destaque é utilizado
irracional. Como a mãe que tem medo que para dar uma maior explicação sobre o que
seu filho fume maconha, mas não vê foi dito anteriormente, além de expressar
problema se ele “encher a cara”, sendo que uma ideia de tempo.
o álcool é comprovadamente mais (C) Em “Nós só estamos aqui, afinal,
prejudicial à saúde. A pessoa que tem medo porque nossos antepassados eram medrosos
de usina nuclear, mas adora ir à praia se e viviam fugindo do perigo.”, o termo em
expor à radiação solar, algo muito mais destaque é utilizado para enfatizar que
arriscado (só o Brasil registra 120 mil casos nossos antepassados eram medrosos,
de câncer de pele por ano). intensificando essa ideia.
É por isso que existem tantos programas (D) Em “E ele também é fortemente
policiais e notícias sobre violência. influenciado pelo medo que outras pessoas
“Vivemos num mundo onde somos sentem”, o termo em destaque é utilizado
convocados a sentir medo. Na mídia, é para excluir o argumento dado
como se estivéssemos em perigo constante, anteriormente.
podendo ser assaltados em cada esquina”, (E) Em “Hoje, a quantidade de situações
diz Luís Fernando Saraiva, do Conselho e estímulos que podem nos causar receio é
Regional de Psicologia (CRP) de São incalculavelmente maior.”, o termo em
Paulo. destaque é utilizado para diferenciar a
Todo mundo propaga o medo. Mas não quantidade de situações que causam o medo
faz isso só por maldade ou interesse há milhares de anos e nos dias atuais.
próprio. “Se eu disser que há uma doença
mortal se espalhando na sala onde você Alternativa A - Incorreta
está, você sairá dela mesmo sem saber se é O termo não indica um contraste, que
verdade. E vai avisar as outras pessoas”, diz seria uma oposição ao que foi dito antes. Na
o publicitário dinamarquês Martin verdade, inicia uma explicação. Por
Lindstrom, autor de cinco livros sobre as exemplo, “Eu trabalho, ou seja, tenho um
táticas de manipulação usadas pelas emprego (Eu trabalho, isto é, tenho um
empresas. “Milhares de anos atrás, também emprego).
espalhávamos a notícia de uma planta
venenosa, porque isso aumentava a chance Alternativa B - Incorreta
de sobrevivência do grupo.” Ou seja: O termo em destaque indica um
conforme cada pessoa absorve mais medo, contraste. A palavra contrário ajuda a
ela também se torna propagadora, espalha indicar isso. Indica uma oposição entre o
esse medo para os outros. É uma reação Sistema 2 e o Sistema 1. Não há relação de
instintiva. tempo neste caso.
[...]
(Eduardo Szklarz, Revista Super Interessante, Ed. 331, abril de Alternativa C - Incorreta
2014. Texto adaptado, disponível em:
http://super.abril.com.br/comportamento/ medo-como-vencer- O termo em destaque indica uma relação
os-seus) de lógica de conclusão. “Sou brasileiro,
afinal, nasci no Brasil”. (Nasci no Brasil,
por isso sou brasileiro).

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Língua Portuguesa

Alternativa D - Incorreta acompanhando a neta enquanto a mãe


O termo em destaque adiciona mais um jantava no mesmo restaurante onde
argumento ao argumento anterior. “A casa estávamos.
era muito bonita e também arejada”. (além A senhora começou a puxar assunto
de bonita, a casa é também arejada) com meu filho, na tentativa de aproximar a
neta. Meu filho se mostrou aberto à
Alternativa E – Correta aproximação e ia respondendo tudo que a
O termo em destaque é um advérbio com senhora perguntava. Lá pelas tantas,
valor de tempo. Foi empregado para separar quando eu já estava surpreendida com a
o tempo passado do tempo presente, atual. quantidade de palavras que a senhora estava
entendendo do dialeto do meu filho, ele
(Prefeitura de Novo Hamburgo - decidiu pegar algo com a mão e mostrar
Agente Social - Instituto AOCP) para a senhora e para a pequena netinha o
quão forte ele era. Foi então que a senhora
ENTENDENDO DIALETOS soltou a frase: uau, como você é forte!
Ele respondeu com uma de suas frases
Clara Braga prediletas, aprendida por causa de seu
interesse e do vício do pai pelo universo dos
Quem já teve a oportunidade de conviver heróis: Hulk esmagaaaaaa! Mas ele não
minimamente com uma criança, sabe que o disse com um ar doce, ele disse como se
processo de aprender a falar pode render estivesse com raiva e de fato esmagando o
boas histórias. que estava na sua mão, tudo isso enquanto
As crianças, antes de desenvolverem olhava bem nos olhos na netinha da
100% dessa habilidade, parece que criam senhora.
um dialeto. E engana-se quem acha que o Eu fiquei um pouco assustada e com
dialeto de todas as crianças é igual e que, se receio do que viria depois, já dei um riso
você entende o que seu sobrinho ou meio sem graça e estava procurando uma
priminho fala, vai entender todas as desculpa para aquela frase nada acolhedora.
crianças. Porém, os santos do dialeto me salvaram.
O dialeto da criança é tão complexo que, Quando ouviu a frase a senhora logo
com exceção de poucas palavras que todas respondeu para meu filho: ah sim, você é
parecem falar de uma forma igual, só aquela forte porque come manga! Vou dar muita
criança fala aquela língua e só uma pessoa manga para minha netinha, assim ela fica
entende 100% do que está sendo dito: o ser forte como você!
que eu chamo de “pãe”. Fiquei aliviada com a interpretação que
“Pãe” seria a mistura do pai e da mãe, ela fez da frase que, para mim, ele tinha dito
pois raramente um dos dois entende tudo o com muita clareza. Muito melhor uma neta
que o filho está dizendo, eles podem comendo muita manga do que traumatizada
entender a frase toda pelo contexto, mas com um bebê que estava prestes a ficar
decifrar e compreender palavrinha por verde e esmagar as coisas ao redor. Acho
palavrinha, é um trabalho de grupo. que vou optar por mostrar para ele desenhos
Às vezes pode parecer complicada essa com frases mais amigáveis, ele está indo
coisa de não entender o que a criança está bem no processo da fala, mas talvez algo
querendo dizer, mas confiem, em alguns mais dócil ajude no processo de
momentos isso pode ser bom. socialização.
Outro dia estava em um restaurante com Disponível em:
<http://www.cronicadodia.com.br/2020/01/entendendo-
meu filho e, como toda criança, ele ficou dialetos-clara-braga.html>. Acesso em: 04 fev. 2020.
um tempo sentado e depois foi explorar a
redondeza. Fui acompanhando e, no
caminho, encontramos uma avó que estava

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Língua Portuguesa

Em relação à classificação morfológica e O termo em destaque é um advérbio de


à função textual dos vocábulos destacados, intensidade, com função de intensificar o
assinale a alternativa correta. grau de intensidade de pequeno.
(A) Em “As crianças, antes de
desenvolverem 100% dessa habilidade, (FUNPRESP/JUD - Advogado -
parece que criam um dialeto.”, a palavra Instituto AOCP) Considerando os
destacada é um adjetivo, pois caracteriza a aspectos linguísticos do texto de apoio e os
forma de falar das crianças. sentidos por eles expressos, julgue o
(B) Em “A senhora começou a puxar seguinte item.
assunto com meu filho [...]”, o termo em Em “Avançando nessa teoria
destaque é uma conjunção, já que serve para chegaríamos à conclusão de que tudo o que
unir duas orações. é coletivo resvala no pessoal.”, os
(C) Na frase “Ele respondeu com uma de vocábulos “que” pertencem a mesma classe
suas frases prediletas [...]”, a palavra gramatical e apresentam a mesma função
destacada é um advérbio, visto que textual: retomar um termo previamente
caracteriza “frases”. exposto na oração.
(D) No trecho “Fiquei aliviada com a ( ) Certo ( ) Errado
interpretação que ela fez da frase [...]”, o
termo em destaque é um adjetivo que Alternativa correta é: Errado
caracteriza momentaneamente a narradora. O primeiro que é uma conjunção
(E) No período “Quem já teve a integrante. Quando empregado no sentido
oportunidade de conviver minimamente de conjunção subordinativa integrante,
com uma criança, sabe que o processo de inicia orações substantivas.
aprender a falar pode render boas O segundo que é um pronome relativo,
histórias.”, o vocábulo é um advérbio que que retoma um termo anterior, no caso,
indica uma circunstância de lugar. tudo.

Alternativa A - Incorreta
A palavra dialeto é usada como 3. Aspectos morfológicos:
substantivo. O artigo indefinido um, que reconhecimento, emprego e sentido das
vem, antes, ajuda nesse caso. classes gramaticais em textos; processos
de formação de palavras; mecanismos de
flexão dos nomes e dos verbos.
Alternativa B - Incorreta
O termo em destaque é uma preposição,
que liga o verbo transitivo indireto puxar ao
objeto indireto meu filho. CLASSES DE PALAVRAS

Alternativa C - Incorreta As classes de palavras, ou classes


A palavra destacada é um adjetivo e tem gramaticais, classificam, agrupam e
a função de modificar o substantivo frases. apresentam as funções das palavras da
Língua Portuguesa. A análise de cada uma
Alternativa D - Correta das classes de maneira isolada faz parte da
O termo em destaque é um adjetivo que morfologia. A análise de seus usos e
caracteriza a narradora naquele momento. funções dentro de uma oração faz parte da
Está modificando o pronome pessoa sintaxe. Aqui você estará estudando tanto as
subentendido eu. classes de palavras no nível da morfologia
quanto no nível da sintaxe, ou seja, será um
Alternativa E - Incorreta estudo morfossintático. Para uma maior
compreensão da questão da sintaxe, é muito

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Língua Portuguesa

importante estudar também a oração e o Quando indicar um conjunto de uma


período. mesma espécie, temos um substantivo
O substantivo, o artigo, o adjetivo, o coletivo: matilha, rebanho, tripulação.
numeral, o pronome e o verbo são classes
variáveis, ou seja, flexionam. Costuma-se Algumas palavras podem se tornar
chamar, com exceção do verbo, a flexão substantivos quando um artigo vier antes
dessas classes de flexão nominal. A flexão delas:
verbal é, obviamente, a flexão dos verbos. O cair da noite é lindo. (o verbo, aqui,
As demais classes são invariáveis, ou não possui função de verbo, mas tornou-se
seja, não flexionam. um substantivo e sujeito da oração)
A bonita pensa que é quem? (o adjetivo
SUBSTANTIVO tornou-se substantivo)
Com o substantivo, nomeamos coisas e
seres em geral. São substantivos: nomes de Os substantivos podem flexionar em
pessoas, animais, coisas, lugares, vegetais, gênero: feminino e masculino. O mais
instituições. comum é o masculino terminar com o átono
Uma palavra de outra classe que e o feminino com a átono.
desempenhar alguma dessas funções terá a Existem substantivos sobrecomuns, que
equivalência de um substantivo. são aqueles que só possuem um gênero
O substantivo pode ser concreto quando tanto para o masculino, quanto para o
se refere a coisas reais, concretas. Quando feminino: a criança, a vítima, o algoz, o
o substantivo se refere a alguma ação, ação, cônjuge, etc.
qualidade ou estado (coisas que não são Existem os epicenos, que possuem
concretas), ele será abstrato. apenas um gênero para animais de ambos os
gato e árvore são concretos; sexos: a águia, a baleia, o besouro, o
consciência e instrução são abstratos. condor.
Existem aqueles com apenas um gênero
Quando for possível utilizar o para nomear coisas: o vento, a rosa, a
substantivo para se referir a uma totalidade alface, a alma, o livro.
ou a uma abstração, ele será comum. Caso Existem alguns que terminam com a mas
faça referência a um indivíduo em são masculinos: o clima, por exemplo.
específico, será próprio. Existem aqueles com apenas uma forma
homem, casa e país são comuns, pois para ambos os gêneros. O que indicará o
fazem referência a uma totalidade; gênero será o artigo que precede o
José, Londres e Brasil são próprios, pois substantivo: o agente, a agente; o jornalista,
José é um indivíduo único, e só há uma a jornalista; o artista, a artista; etc.
Londres, assim como um Brasil. Certos substantivos possuem formas
exclusivas para o masculino e para o
Quando o substantivo possui apenas um feminino, sendo pares opostos
radical, ele é simples: bola, cola. semanticamente: cabra/bode; boi/vaca;
Quando possui mais de um radical, é homem/mulher; cavalo/égua; etc.
composto: guarda-roupas, cachorro- Em muitos casos, o feminino acontece
quente. quando se suprime a vogal temática o ou e:
Quando o substantivo deriva de alguma mestre, mestra; lobo, loba.
palavra, ele é derivado: pedreiro, que Existem casos nos quais o masculino
deriva de pedra, ou seja, um substantivo termina em ão. O feminino pode aparecer
primitivo, visto que não deriva de nenhuma com ao: leão, leoa; pavão, pavoa; anfitrião,
outra palavra. anfitrioa (anfitriã); etc.
Com ã: cortesão, cortesã; alemão,
alemã; pagão, pagã; etc.

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Língua Portuguesa

Com ona: respondão, respondona; No caso dos substantivos compostos, o


valentão, valentona; solteirão; solteirona; plural pode ocorrer nos dois elementos
etc. unidos por hífen:
Existem casos que não seguem essas - Quando houver dois substantivos:
regras: cão/cadela; ladrão/ladra; tio-avô - tios-avôs
barão/baronesa; etc.
Alguns substantivos apresentam gênero - Quando houver um substantivo e um
duplo: a personagem, o personagem; a adjetivo:
pijama, o pijama; etc. água-viva - águas-vivas

Quando for masculino, é antecedido pelo - Quando houver um adjetivo e um


artigo o ou os. Caso seja feminino, pelos substantivo:
artigos a, as. curta-metragem - curtas-metragens
O menino.
A menina. - Quando houver um numeral e um
substantivo:
Também podem flexionar em número, terça-feira - terças-feiras
indicando singular ou plural. A letra s (às
vezes es) marca o plural. *Existem exceções à regra:
Menino, singular; grão-mestres, grã-cruzes, grã-finos,
Meninos, plural. terra-novas, claro-escuros (ou claros-
Quando terminar em vogal ou ditongo, o escuros), nova-iorquinos, os nova-
s marca o plural: pai, pais; café, cafés. trentinos, são-bernardos, são-joanenses,
Quando terminar em em, im, om, ou um, cavalos-vapor.
o s marca o plural: harém, haréns; capim,
capins; dom, dons; atum, atuns. (repare que A variação pode ocorrer apenas no
o m sai para a entrada de n + s). último elemento:
Quando terminar em r, z, n ou s, o es - Quando não houver hífen unindo as
marca o plural: lugar, lugares; paz, pazes; palavras:
abdômen, abdômenes (ou abdomens); girassol - girassóis
inglês, ingleses.
Quando terminar em al, el, ol, ul, o l dá - Quando houver um verbo e um
lugar para is: real, reais; anel, anéis; lençol, substantivo:
lençóis; paul, pauis. lava-louça - lava-louças
Quando terminar em il, caso seja tônico,
dá lugar para is, caso seja átono, para eis: - Quando houver palavra invariável e
fuzil, fuzis; réptil; répteis. uma variável:
Quando terminar em ão, o plural pode recém-nascido - recém-nascidos
ser marcado por:
ões: balão, balões; peão, peões; etc. - Quando a segunda palavra for uma
ãos: cidadão, cidadãos; grão, grãos; repetição da primeira:
acórdão, acórdãos; etc. bate-bate - bate-bates
ães: pão, pães; guardião, guardiães;
tabelião, tabeliães; etc. A variação pode acontecer somente no
Certos substantivos só são usados no primeiro elemento:
plural, como: óculos, núpcias, copas (naipe - Quando houver um substantivo, uma
de baralho), etc. preposição e outro substantivo:
No caso dos diminutivos -zinho e -zito, o mão-de-vaca - mãos-de-vaca
s deve sair para a entrada dos sufixos: pés,
pezinhos.

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Língua Portuguesa

- Quando o segundo elemento O substantivo possui algumas funções


determinar ou limitar o primeiro, apontando sintáticas dentro de um texto:
uma semelhança, um tipo ou fim, como se Sujeito: O cachorro subiu no sofá.
fosse um adjetivo: Predicativo do sujeito: Carla é
peixe-boi – peixes-boi professora.
Predicativo do objeto: A menina achou
Os dois elementos podem permanecer o moço bonito.
invariáveis: Objeto direto: Eu decifrei o enigma.
- Quando houver verbo e advérbio: Objeto indireto: Eu concordo com
o bota-fora - os bota-fora Maria.
Complemento nominal: Rita tem pavor
- Quando houver um verbo e um de abelhas.
substantivo no plural: Aposto: João, o pai, veio aqui.
o saca-rolhas - os saca-rolhas Vocativo: Garçom, traga mais uma
rodada!
Os substantivos também podem É empregado em locuções adjetivas:
flexionar em grau, aumentativo ou Estava com cólica de rim. (renal)
diminutivo. E em locuções adverbiais: Saiu de
O aumentativo indica um tamanho manhã.
maior, pode ser sintético, quando formado
por sufixos aumentativos: ARTIGO
ão: cavalão O artigo é uma palavra que é colocada
aça: barcaça antes do substantivo, determinando-o ou
alha: fornalha indeterminando-o.
açõ: ricaço O artigo pode ser definido: a, o, as, os:
ona: meninona A moça; O rapaz; As moças; Os rapazes.
uça: dentuça - Encontrei-me com o padre. (nessa
uço: dentuço firmação, o artigo define o padre, fia
subtendido se tratar de um conhecido, um
Caso o aumentativo ocorra com a ajuda padre em específico)
de um adjetivo como grande e semelhantes,
temos o aumentativo analítico: O artigo pode ser indefinido: uma, um,
Uma grande promoção; umas, uns:
Inteligência enorme. Uma coisa; Umas coisas; Um negócio;
Uns negócios.
O diminutivo indica que algo é menor, - Encontrei-me com um padre. (nesta
ou pode ser utilizado como forma afirmação, o artigo deixa o substantivo
carinhosa. indefinido, já que esse tal padre pode ser
Assim como o aumentativo, pode ser qualquer um, não sendo especificado)
sintético: *Os artigos indefinidos podem
inho: Marquinho transmitir uma ideia de imprecisão,
inha: casinha justamente por serem indefinidos.
ejo: vilarejo
Além de flexionar em número, os artigos
Pode também ser analítico, mas, neste também flexionam em gênero e devem
caso, com o adjetivo pequeno e estar de acordo com o gênero e número do
semelhantes: Você pode dar uma pequena substantivo:
entrada e dividir o restante. Masculino: no, nos, do, dos, ao, aos,
num, nuns, pelo, pelos.

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Língua Portuguesa

Feminino: na, nas, da, das, à, às, numa, O xadrez da camisa. (substantivação do
numas, pela, pelas. adjetivo, pois tornou-se termo nuclear da
oração, que no exemplo anterior era
A função sintática do artigo é a de camisa)
adjunto adnominal. Aparece junto ao
substantivo, concordando em número e Expressões formadas por uma ou mais
gênero. palavras podem ter a equivalência de um
Além disso, o artigo pode substantivar adjetivo, são chamadas de locução adjetiva:
certas classes de palavras, ou seja, faz com Presente de grego (preposição +
que certas palavras desempenhem papel de substantivo)
substantivo. Eixo de trás (preposição + advérbio)
O dourado é muito mais bonito que o
prateado. (dourado e prateado são O adjetivo pode flexionar em número,
adjetivos, mas, nesta frase, funcionam singular ou plural. O número estará de
como substantivos, pois há o artigo o acordo com o substantivo que ele modifica:
determinando-os) Chocolate gostoso; Chocolates gostosos.

ADJETIVO Quando terminar em vogal ou ditongo, o


É comum dizer que o adjetivo expressa s marca o plural: pobre, pobres; mau, maus.
uma qualidade, mas dizer que alguém é *Caso a terminação seja nasal, vogal ou
ruim não é bem uma qualidade. Sendo ditongo, o m dá lugar ao n + s: bom, bons;
assim, o mais correto seria dizer que o ruim; ruins.
adjetivo modifica o substantivo. Quando terminar em r, z ou s, o es marca
Menino (substantivo) o plural: espetacular, espetaculares; eficaz,
Menino alto (substantivo + adjetivo) eficazes; escocês, escoceses.
No primeiro exemplo é apenas menino, Quando terminar em al, ol, ul, o plural é
no segundo, menino alto, ou seja, o marcado por ais, óis, uis, respectivamente:
substantivo foi modificado pelo adjetivo. mortal, mortais; mongol, mongóis; azul,
azuis.
A posição do adjetivo pode dar um Quando terminar em el, éis marca o
significado distinto à frase: plural: cruel, cruéis. No caso dos átonos,
Pedro é um menino grande. (ele é um usa-se eis: inteligível, inteligíveis.
menino alto) Quando terminar em il, is marca o plural:
Pedro é um grande menino. (é um anil, anis. Quando for átono, usa-se eis:
menino com virtude, não se trata mais de fácil, fáceis.
altura) Quando terminar em ão, o plural fica em
ões: bonitão, bonitões. Mas existem
Um chinês velho meditava. (um chinês exceções, como alguns que terminam em
que é velho meditava, o núcleo é chinês, ães: alemães, charlatães, catalães. E outros
velho é determinante) que terminam em ãos: cristãos, pagãos,
Um velho chinês meditava. (um velho vãos.
que é chinês meditava, o núcleo é velho,
chinês é determinante) No caso dos adjetivos compostos,
formados por dois elementos, somente o
O adjetivo pode se tornar um substantivo último fica no plural:
quando um artigo o anteceder: Tecidos verde-escuros.
A camisa xadrez. (característica da *surdo-mudo é uma exceção, sendo
camisa, adjetivo, modificando o surdos-mudos, assim como cores que
substantivo) possuam no segundo elemento um

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Língua Portuguesa

substantivo, ficando ambos invariáveis: No caso do superlativo, ele pode ser


papéis verde-piscina. absoluto sintético quando apresentar um
grau elevado de certa qualidade:
O adjetivo flexiona em gênero, Meu pai é boníssimo. (bondade em um
masculino e feminino, de acordo com o grau elevado)
substantivo que modifica: Mas pode ser uma característica ruim, ou
Menino alto. talvez um defeito:
Menina alta. Aquele rapaz é burríssimo.
O superlativo pode ser absoluto
Certos adjetivos possuem a mesma analítico, quando palavras que indicam
forma para os dois gêneros, como os que intensidade são empregas, tais quais
terminam em u: hindu, zulu; os que extremamente, muito, etc.:
terminam em ês: cortês, descortês, montês A maçã é muito gostosa.
e pedrês; os que terminam em or: anterior, O dia está extremamente quente.
posterior, inferior, superior, interior,
multicor, incolor, sensabor, melhor, pior, Pode ser relativo, quando a qualidade do
menor. ser ou coisa se sobressair perante a um
*Para a regra acima, com exceção dos grupo:
adjetivos supracitados, basta colocar um a Pelé é o jogador mais lembrado do
na frente do masculino para torna-lo Santos. (de todos os jogadores que já
feminino: passam pelo clube, o mais lembrado deles é
Homem nu; Mulher nua; Pelé)
Homem escocês; Mulher escocesa; Esse é um caso de superlativo relativo
Homem trabalhador; Mulher de superioridade. Seria de inferioridade de
trabalhadora. a frase fosse: Pelé é o jogador menos
lembrado do Santos.
O adjetivo pode, ser uniforme, ou seja,
apresenta apenas uma forma para ambos os Arqui, extra, hiper e super também são
gêneros: formas de superlativo:
Garota exemplar; Garoto exemplar; Arqui-inimigo; extracurricular;
Escolha feliz; Lugar feliz. hipermercado; superelegante.

O adjetivo pode flexionar em grau, Bom, mal, grande e pequeno são


comparativo ou superlativo. adjetivos com comparativos e superlativos
Comparativo: faz uma comparação anômalos.
entre duas coisas referente a uma Comparativo de superioridade:
determinada qualidade, em grau inferior, melhor, pior, maior, menor.
igual ou superior: Superlativo relativo: ótimo, péssimo,
O pão custa menos que a carne. máximo, mínimo.
A prata brilha tanto quanto o ouro. Superlativo absoluto: o melhor, o pior,
O dólar vale mais que o real. o maior, o menor.

Tal comparação pode ocorrer entre duas Em termos sintáticos, no texto o adjetivo
qualidades de um mesmo ser ou coisa: pode desempenhar as funções de adjunto
O copo está menos vazio que cheio. adnominal ou de predicativo.
Jonas é tão orgulhoso quanto valente. Adjunto adnominal: o adjetivo
O copo está mais vazio que cheio. modifica o sujeito sem necessidade de
verbo.

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Língua Portuguesa

A moça bonita saiu para passear. (moça como os de 3ª pessoa. Ele vai; Você vai;
é núcleo do sujeito e o adjetivo bonita o Eles vão; Vocês vão.
modifica) *Estes também são chamados de
Predicativo do sujeito: o adjetivo pronomes retos, pois podem funcionar
modifica o sujeito por meio de um verbo. como sujeitos da oração: Eles queriam fazer
Joel ficou triste com o resultado. (triste bagunça.
modifica o substantivo Joel, que o sujeito Podem funcionar como predicativo
da oração) também: O problema sou eu.
Predicativo do objeto: o adjetivo
modifica o sujeito o objeto através por meio Os oblíquos funcionam como objetivos
de um verbo transitivo. ou complementos:
O turista achou o passeio maravilhoso. 1ª pessoa singular: me, mim, comigo;
(maravilhoso modifica o substantivo 2ª pessoa singular: te, ti, contigo;
passeio, que é o núcleo do objeto direto) 3ª pessoa singular: se, si, consigo, lhe, o,
a;
PRONOME 1ª pessoa plural: nos, conosco;
Em uma oração, o pronome pode: 2ª pessoa plural: vos, convosco;
- Representar um substantivo, sendo um 3ª pessoa plural: se, si, consigo, lhes, os,
pronome substantivo: as.
Havia um menino parado, que olhava Sintaticamente, no texto, ele, ela, nós,
para o outro lado da rua. (neste caso, o eles e elas podem exercer a função de:
pronome substituiu o substantivo, para, Agente da passiva: O almoço foi feito
assim, evitar sua repetição) por ele.
Sintaticamente, no texto pode apresentar Complemento nominal: Rita tinha
a função de: saudade de mim.
Sujeito: Ela é má. Complemento verbal: Solicitei a ela
Objeto indireto: Relatei o caso para mais empenho.
eles.
Já a, as, o, os podem ter a função de
- Pode acompanhar um substantivo, complemento do verbo transitivo direto.
sendo um pronome adjetivo: Marcos a abraçou.
Na minha visão, é uma má ideia. (o Lhe e lhes podem ter a função de
pronome determina o significado do complemento do verbo transitivo indireto.
substantivo, ou seja, não é qualquer visão, O menino lhe obedeceu com facilidade.
mas minha visão) Já me, te, se, no e vos podem ter a função
Sintaticamente, no texto pode apresentar de objeto direto ou objeto indireto.
a função de: Abraçou-me com carinho. (objeto
Adjunto adnominal: Meu bairro é direto)
sossegado. Obedeceu-nos sem chororô. (objeto
indireto)
Pronomes pessoais: indicam a pessoa
do discurso: *Os pronomes pessoais da 2ª pessoa não
1ª pessoa, quem fala: eu (singular), nós são mais usados, ou, quando são, não
(plural); apresentam a conjugação verbal correta. É
2ª pessoa, com quem se fala: tu mais comum utilizar você/vocês, que
(singular), vós (plural); equivalem à 3ª pessoa, mas se referem à 2ª
3ª pessoa, de quem ou de que se fala: ele, pessoa do discurso.
ela (singular), eles, elas (plural).
Você e vocês servem para indicar a 2ª Em relação à tonicidade, o pronome
pessoa do discurso, mas se comportam pode ser:

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Língua Portuguesa

Tônico: mim, ti, si; 1ª pessoa singular: meu, minha, meus,


Átonos: me, te, se, lhe, lhes, o, a, os, as, minhas;
nos, vos. 2ª pessoa singular: teu, tua, teus, tuas;
3ª pessoa singular: seu, sua, seus, suas;
Quando o pronome é da mesma pessoa e 1ª pessoa plural: nosso, nossa, nossos,
faz referência ao próprio sujeito da oração, nossas;
chama-se oblíquo reflexivo. Tirando o, a, 2ª pessoa plural: vosso, vossa, vossos,
os, as, lhe, lhes, os demais oblíquos podem vossas;
ser reflexivos: 3ª pessoa plural: seu, sua, seus, suas.
Maria fala de si o tempo todo. Podem exercer no texto, sintaticamente,
a função de adjunto adnominal ao
Pronomes de tratamento: são acompanharem o substantivo:
utilizados para se dirigir a pessoas de Minha rua é esburacada. (adjunto
maneira respeitosa, dependendo do grau de adnominal do sujeito)
formalidade ou do cargo exercido. Aquela é a minha rua. (adjunto
Vossa Alteza: príncipes, arquiduques, adnominal do predicativo do sujeito)
duques (abreviatura V.A.);
Vossa Eminência: Cardeais Pronomes demonstrativos: indicam
(abreviatura V.Em.ª); posição lugar ou a posição da pessoa do
Vossa Excelência: Altas autoridades do discurso.
Governo e das Forças Armadas (abreviatura Variáveis masculinos: este, estes, esse,
V.Ex.ª); esses, aquele, aqueles;
Vossa Magnificência: Reitores das Variáveis femininos: esta, estas, essa,
Universidades (abreviatura V.Mag.ª); essas, aquela, aquelas;
Vossa Majestade: Reis, imperadores Invariáveis: isto, isso, aquilo.
(abreviatura V.M.);
Vossa Excelência Reverendíssima: Indicando aquilo que está próximo:
Bispos e arcebispos (abreviatura V.Ex.ª Veja bem, estas são minhas mãos.
Rev.mª); (objeto próximo do falante)
Vossa Paternidade: Abades, superiores Pode indicar o tempo presente, ou que
de conventos (abreviatura V.P.); está próximo:
Vossa Reverência (V.Rev.ª) ou Vossa Esta semana será produtiva! (a semana
Reverendíssima (V.Rev.mª): Sacerdotes atual)
em geral;
Vossa Santidade: Papa (abreviatura Indicando aquilo que está próximo da
V.S.); pessoa a quem se fala:
Vossa Senhoria: funcionários públicos Veja bem, essas são suas mãos. (objeto
graduados, pessoas de cerimônia está próximo da pessoa a quem se fala)
(abreviatura V.S.ª). Pode indicar o tempo passado:
*Ao se referir na 2ª pessoa, a quem se Eu me lembro bem, esse dia foi maneiro.
fala, é utilizado o verbo na 3ª pessoa: (um dia que já se foi, está no passado)
Vossa Excelência é capaz de tomar sua
decisão sem interferências externas. Indicando algo que está longe de quem e
Ao se referir na 3ª pessoa, de quem se a quem se fala:
fala, o possessivo torna-se Sua: Aquele homem, perto do poste, é meu
Sua Alteza solicita uma reunião urgente vizinho.
com o cardeal. Indica um passado muito remota,
distante:
Pronomes possessivos: indicam posse e
se referem à pessoa do discurso.

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Língua Portuguesa

Os dinossauros viveram há milhões de Objeto direto: Rafael fez o curso, que


anos. Naquele tempo o planeta Terra era Marcos indicou. (Rafael fez o curso /
diferente. Marcos indicou o curso)
Objeto indireto: João falou sobre a
Os variáveis podem, no texto, ter a causa com a qual Rita simpatiza. (João
função sintática de um substantivo ou de falou sobre a causa / Rita simpatiza com a
um adjetivo. causa)
Minha casa é aquela. (predicativo) Adjunto adnominal: O rapaz cujo pai é
Esta tarefa é difícil. (adjunto adnominal) matemático quer ser literato. (O rapaz quer
Os invariáveis podem desempenhar a ser literato / O pai do rapaz é matemático)
função de um substantivo. Adjunto adverbial: Já visitei a cidade
Isso é perfeito. (sujeito) onde você vive. (Visitei a cidade / Você
Ele disse aquilo. (objeto direto) vive em uma cidade)
Ela necessita disso. (objeto indireto) Agente da passiva: O quadro que
Gabriela pintou ficou lindo. (O quadro é
Pronomes relativos: fazem referência a lindo / O quadro foi pintado por Gabriela)
um substantivo já mencionado.
Variáveis masculinos: o qual, os quais, Pronomes interrogativos: Fazem
cujo, cujos, quanto, quantos; referência à 3ª pessoa e são utilizados em
Variáveis femininos: a qual, as quais, frases interrogativas.
cuja, cujos, quanta, quantas; Por que fez isso?; Que horas são?; Quem
Invariáveis: quem, que, onde. disse?; Qual será seu pedido?; Quantos
anos tem?; Quantas horas serão
Cujo e cuja têm o mesmo valor de do necessárias?.
qual, da qual e só pode aparecer antes de
um substantivo sem artigo: O interrogativo quem pode funcionar
O apresentador, cujo nome não me como sujeito ou objeto indireto. Ou seja,
recordo, foi demitido. (O apresentador, do pode ter a função sintática de um
qual o nome não me recordo, foi demitido.) substantivo.
Quem falou isso? (sujeito)
Quem só pode ser utilizado com pessoas Quem produziu essa música? (objeto
e uma preposição sempre o antecede: direto)
Aquele moço, de quem meu pai nos
falou, abriu uma empresa. O interrogativo qual pode funcionar
como adjunto adnominal.
Onde equivale a em que: Qual carro é o seu?
A cidade onde nasci é pequena. (A
cidade em que nasci é pequena.). O interrogativo que pode funcionar com
adjunto adnominal, com função adjetiva.
Sintaticamente, no texto podem Que conversa foi essa? (que tipo de)
desempenhar a função de:
Sujeito: Fábio, que é esperto, venceu na O interrogativo quanto pode funcionar
vida. (Fábio venceu na vida / Fábio é como adjunto adnominal, acompanhando
esperto) um substantivo (como geralmente faz).
Predicativo: Caio é o profissional, que
muitos respeitam. (Caio é o profissional / Quantos cachorros ela tem?
Muitos respeitam o profissional)
Complemento nominal: Ele tem medo Pronome indefinido: faz referência à 3ª
que os gatos arranhem. (Ele tem medo de pessoa, seja no singular ou plural. Não faz
gato / Os gatos arranham) referência a algo em específico, por isso o

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Língua Portuguesa

indefinido. Indicam algo indeterminado, Quem me enviou esse presente?


impreciso. Por que te entregas a ele?
Alguém em casa?
Qualquer, cada, quem, ninguém, outro, - Em orações exclamativos ou que
algum, nenhum, muito são exemplos de indicam desejo:
pronomes indefinidos. Que Deus me acuda!
Sintaticamente, no texto podem ter a
função de um substantivo, caso - Em orações subordinadas
desempenhem a função de pronomes desenvolvidas, mesmo que seja uma
substantivos. conjugação oculta:
Alguém fez isso. (função de sujeito) Quando me vesti, ela já me esperava
Caso exerçam a função de um pronome toda pronta.
adjetivo, apresentaram a função sintática de
um adjetivo. - Preposição em e gerúndio:
Cada pessoa pensa o que quiser. Isso não está lhe fazendo bem.
(adjunto adnominal)
- Nem a ênclise, nem a próclise, ocorre
COLOCAÇÃO PRONOMINAL com particípios. A forma oblíqua regida de
preposição é utilizada quando o particípio
Ênclise estiver desacompanhado de auxiliar:
Quando o pronome átono vem depois do Dada a mim a redação, foi embora.
verbo:
Sujei-me - A próclise e a ênclise são aceitas com
infinitivos, todavia, há uma preferência pela
Próclise segunda:
Quando o pronome átono vem antes do Conta-me histórias para me
verbo: impressionar.
Eu me sujei. Para não irritá-la, saí de fininho.

Mesóclise - Se o pronome apresentar a forma o


Quando o pronome átono aparece no (principalmente no feminino a) e o
meio, só podendo ocorrer com formas do infinitivo estiver regido pela preposição a,
futuro do presente ou do futuro do pretérito: a ênclise é mais utilizada:
Sujar-me-ei; Sujar-me-ia Se me ouvisse, não continuaria a mimá-
lo.
Regras
- Verbo no futuro do presente ou futuro A próclise pode ocorrer também:
do pretérito: apenas próclise ou mesóclise: - Em advérbios (bem, mal, ainda, já,
Eu me limparia. sempre, só, talvez) ou em locuções
Eu me limparei. adverbiais que não tenham pausa os
Limpar-me-ei separando:
Limpar-me-ia Até mesmo ele, aos poucos, já me
parecia mais familiar.
Próclise obrigatória:
- Em orações com palavras negativas - Em orações com ordem inversa que
sem pausa entre tal palavra e o verbo: comecem com objeto direto ou predicativo:
Nunca a encontrei tão bela e serena. Fazem o que querem lá dentro; isso te
garanto.
- Em orações que começam por
pronomes ou advérbios de interrogação:

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Língua Portuguesa

- Quando o sujeito estiver anteposto ao Me fizeram de bobo. Não é o correto na


verbo com o numeral ambos ou pronomes norma culta
indefinidos: Fizeram-me de bobo. Esse é o correto.
Alguém lhe carregue daqui.
NUMERAL
- Em orações alternativas: Indica quantidade, ordem e lugar em
- Só há duas opções: ou as pegue ou as uma série. Pode ser:
pego eu. - Cardinal: os números básicos (um,
dois, três...), que indicam quantidade em si
- Quando houver uma pausa antes do mesma:
advérbio ou locução adverbial, usa-se Cinco e cinco são dez. (veja que neste
ênclise: caso os numerais funcionam como
Desde cedo, notou-se sua grande substantivos)
genialidade. Podem indicar também a quantidade de
algo, acompanhando o substantivo:
- Em locuções verbais com o verbo Três pratos de trigo para três tigres
principal no gerúndio ou infinitivo, usa-se famintos.
ênclise:
O policial veio interrogar-me. Flexiona em gênero os cardinais um e
dois, assim como as centenas a partir de
- Temos próclise com o verbo auxiliar duzentos:
quando temos: uma, duas; duzentos, duzentas.
Uma palavra negativa: Ninguém o
questiona aqui. Flexiona em número milhão, bilhão,
Advérbios ou pronomes de interrogação: etc.:
Que é que lhe podia ocorrer? Dois trilhões.
Orações que comecem com palavras
exclamativas ou que denotem desejo: Ele Ambos pode substituir os dois e flexiona
nos há de ajudar! em gênero:
Orações subordinadas desenvolvidas, Ambos os técnicos se estranharam.
mesmo que a conjugação esteja oculta: Foi perfurar uma orelha e acabou
Então virei à esquerda, onde o sujeito me perfurando ambas.
estava aguardando
- Ordinal: ordena, em uma série, uma
- Se não houver um elemento que atraia sucessão de seres ou coisas:
a próclise, a ênclise pode ocorrer ao verbo O piloto brasileiro foi o primeiro
auxiliar: colocado no Grande Prêmio.
Ia-me correndo atrás dele.
Podem flexionar em número e gênero:
- O pronome átono não pode fazer sexto, sexta; décimo, décima.
ênclise ao verbo principal que estiver no sextos, sextas; décimos, décimas.
particípio. Nesse caso, o ocorre a próclise
ou a ênclise com o verbo auxiliar: - Multiplicativo: indica o aumento
Tenho-o visitado diariamente, nunca proporcional de uma quantidade:
notou? Meu irmão tem o dobro da idade do meu
Dirija-se ao balcão, e tudo lhe será primo.
devolvido. Caso possua valor de substantivo, é
invariável. Quanto apresenta valor de
- Ao escrever, nunca inicie uma oração adjetivo, pode flexionar em número e
com um pronome oblíquo átono: gênero:

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Língua Portuguesa

Tomou três doses duplas de whisky. 3ª pessoa (singular): Ele canta / Você
canta
Os multiplicativos dúplice, tríplice e etc. 3ª pessoa (plural): Eles cantam / Vocês
podem variar em número: cantam
Formaram alianças tríplices. *Veja que as pessoas correspondem aos
pronomes pessoais.
- Fracionário: indica diminuição
proporcional de uma quantidade: Pode também flexionar em modo, que
Quitei três quintos do financiamento. são as diferentes formas de um verbo se
realizar:
O emprego dos fracionários deve Modo indicativo - expressa um fato
concordar com os cardinais quanto indicar certo:
número das partes: Vou amanhã.; Dormiram tarde.
O despertador marcava dez e um quinto. Modo imperativo - expressa ordem,
pedido, proibição ou conselho:
Meio ou meia deve concordar em gênero Venha aqui,; Não faça isso.; Sejam
com aquilo que a quantidade da fração está cuidadosos.
designando: Subjuntivo - expressa um fato possível,
Estava a um passo e meio de distância. hipotético, duvidoso:
Até às dez e meia da noite haverá tempo. É provável que faça sol.

- Coletivo: indicam um conjunto de seres Os verbos também possuem formas


ou coisas, dando o número exato: dezena, nominais, que são:
década, dúzia, novena, centena, cento, Infinitivo pessoal (quando houver
milhar, milheiro, par. sujeito) - É necessário repensarmos os
nossos hábitos.
Flexionam-se em número: Infinitivo impessoal (quando não
centena, centenas; par, pares. houver sujeito) - Eles pediram para
participar no trabalho.
Sintaticamente, em um texto o numeral Gerúndio - Estou estudando.
pode substituir um substantivo. Particípio - Havia estudado.
Sujeito: Dois é mais que um.
Predicativo do sujeito: O número da Os verbos apresentam a flexão de
sorte é treze. tempo. Existe o tempo presente, que indica
Objeto direto: Acertei duas respostas e que o fato ocorre no momento atual. Existe
ela acertou cinco. o tempo pretérito, que indica fato ocorrido
Pode ter a função de adjunto adnominal no passado. Existe o tempo futuro, que
quando acompanhar o substantivo. indica que o fato ainda vai ocorrer.
Dois funcionários chegaram tarde. No modo indicativo e no subjuntivo, o
pretérito divide-se em imperfeito, perfeito
VERBO e mais-que-perfeito.
Palavra que expressa ação, estado, fato No modo indicativo, o futuro divide-se
ou fenômeno. O verbo é indispensável na em do presente e do pretérito. No
organização do período. Na oração, sua subjuntivo, em simples e composto.
função obrigatória é a de predicado. O tempo presente é indivisível.
Pode flexionar em número e pessoa:
1ª pessoa (singular): Eu canto Vozes do verbo
1ª pessoa (plural): Nós cantamos Pode flexionar na voz. O fato que o
2ª pessoa (singular): Tu cantas verbo expressa pode ser representado na
2ª pessoa (plural): Vós cantais voz ativa, voz passiva ou voz reflexiva. Na

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Língua Portuguesa

voz ativa temos um objeto direto, que se *Os verbos são irregulares quando
torna o sujeito da voz passiva. No caso da apresentam alterações nos radicais e nas
voz reflexiva, tanto o objeto direto quanto terminações verbais.
o indireto são a mesma pessoa do sujeito. haver - houve: houve uma alteração no
Apenas os verbos transitivos permitem radical hav-, que virou houv-. O verbo
transformação de voz. haver é irregular
Ação praticada pelo sujeito, voz ativa: dar - dou: houve alteração na
Carla abriu o livro. terminação, -ar para -ou. O verbo dar é
Ação sofrida pelo sujeito, voz passiva: irregular.
O livro foi aberto por Carla. Alguns verbos, como os da 1ª
Ação praticada e sofrida pelo sujeito: conjugação com radicais terminados em g,
Carla cortou-se. precisam mudar de letra em certas
conjugações: chegar - cheguei. Essa é uma
A voz passiva pode ser expressa: necessidade gráfica, parar manter a
Com o verbo auxiliar ser e o particípio uniformidade da pronúncia. Caracteriza-se
do verbo que se deseja conjugar - O livro foi como uma discordância gráfica, não como
aberto por Carla. uma irregularidade verbal.
Ou com o pronome apassivador se e uma
terceira pessoa verbal, tanto no singular Defectivos - são verbos como abolir e
quanto no plural, que esteja em falir, que não possuem algumas formas.
concordância com o sujeito: Abundantes - apresentam duas ou mais
Não se vê uma nuvem no céu. (= não é formas equivalentes. A abundância
vista uma nuvem no céu) acontece do particípio. O verbo entregar,
por exemplo, possui os particípios
A voz reflexiva aparece quando formas entregado e entregue.
da voz ativa se juntam aos pronomes
oblíquos me, te, nos, vos e se (seja no A função do verbo pode ser a de
singular ou no plural): principal, que significa que o verbo
Eu me cortei. (Eu cortei a mim mesmo) mantém seu significado total:
Comi pão.
Quando o acento tônico recai no radical Quando o verbo é combinado com
de certas formas verbais, temos as formas formas nominais de um verbo principal,
rizotônicas: falam, andem, pergunte. constituindo uma conjugação composta do
Quando o acento tônico recai na mesmo, perde seu significado próprio. Esse
terminação, temos as formas verbo possui a função de auxiliar:
arrizotônicas: falamos, falemos. Tenho comido pão.
* Os auxiliares de uso mais comum são
Classificação ter, haver, ser e estar.
Os verbos são classificados em:
Regulares - acordar, beber e abrir são Estrutura do verbo
verbos regulares, pois a flexão dos mesmos O verbo possui um radical que é
segue um certo padrão. Podemos dizer que geralmente invariável, e uma terminação
falar pertence à 1ª conjugação, fazer, à 2ª, e que pode variar para indicar o modo e o
mentir à 3ª. tempo, a pessoa e o número:
Irregulares - são verbos que não fal- (radical) ar (terminação) = falar;
seguem esse padrão estabelecido pelos faz- (radical) er (terminação) = fazer;
regulares, como, por exemplo, averiguar, abr- (radical) ir (terminação) = abrir
haver, medir, etc.
Os verbos possuem uma vogal temática,
que indica a conjugação. Há também a

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Língua Portuguesa

desinência verbo-temporal, que expressa Futuro do presente: direi, dirás, dirá,


o modo e o tempo do verbo: em etc.
“falássemos” o elemento destacado no Futuro do pretérito: diria, dirias, diria,
verbo indica o tempo pretérito imperfeito etc.
do subjuntivo. Além disso, há a desinência Infinitivo pessoal: dizer, dizeres, dizer,
número-pessoal, que indica a pessoa e o etc.
número: em abrimos, a flexão -mos indica Gerúndio: dizendo
primeira pessoa do plural. Particípio: dito

Conjugação do verbo Presente do indicativo


Quando conjugamos um verbo, fazemos faço, fazes, fazeis
uso de todos os seus modos, tempos, Presente do subjuntivo: faço - faça,
pessoas, números e vozes. Conjugar é faças, faça, façamos, façais, façam.
agrupar as flexões do verbo de acordo com Imperativo afirmativo: fazes - faze;
uma ordem. Existem três conjugações, que fazeis -fazei.
são marcadas pela vogal temática:
1ª conjugação vogal temática a: Pretérito perfeito do indicativo
fal-a-r, and-a-r, cant-a-r. fizeram
2ª conjugação vogal temática e: Pretérito mais-que-perfeito do
faz-e-r, com-e-r, bat-e-r. indicativo: fizera, fizeras, fizera, etc.
3ª conjugação vogal temática i: Pretérito imperfeito do subjuntivo:
abr-i-r, part-i-r, sorr-i-r. fizesse, fizesses, fizesse, etc.
Futuro do subjuntivo: fizer, fizeres,
A vogal temática aparece com mais fizer, etc.
ênfase no infinitivo e os verbos nesse modo
terminam com uma vogal temática + sufixo Modo indicativo
r. Presente - expressa uma ação que ocorre
*O verbo pôr tem a terminação -or, não no tempo atual: Corro todos os dias.
possuindo a vogal temática no infinitivo. Pretérito perfeito - expressa uma ação
Por isso é considerado um verbo anômalo. concluída: Corri ontem.
Pretérito imperfeito - expressa uma
Os verbos apresentam tempos ação que ainda não foi acabada:
primitivos e derivados. Os primitivos são Antigamente não corria um dia sequer.
o: Pretérito mais-que-perfeito - expressa
- Presente do infinitivo impessoal - uma ação anterior a outra que já foi
falar, fazer, etc.; concluída: Correra pela manhã antes de ir à
- Presente do indicativo (1ª e 2ª pessoas escola.
do singular e 2ª pessoa do plural) - faço, Futuro do presente - expressa uma ação
faças, fazeis; que será realizada: Correrei amanhã cedo.
- Pretérito perfeito do indicativo (3ª Futuro do pretérito - expressa uma
pessoa do plural) - fizeram. ação futura em relação a outra, já concluída:
Falou que não correria hoje.
Os tempos derivados são formados com
o radical dos primitivos. Veja o tempo Modo subjuntivo
simples na voz ativa: Presente - expressa uma ação incerta no
Presente do infinitivo tempo atual: Que eles corram.
dizer Pretérito imperfeito - expressa o verbo
Pretérito imperfeito do indicativo: no passado que depende de uma ação
dizia, dizias, dizia, etc. também passada: Se ele corresse teria mais
vigor.

38
Língua Portuguesa

Futuro - expressa uma ação futura cuja ambos: Eles se beijaram. (ambos deram um
realização depende de outra ação: Quando beijo e receberam um beijo)
eles correrem ficarão cansados.
Verbo significativo: é o verbo que
Modo imperativo apresenta função sintática de núcleo do
É dividido em: predicado verbal ou verbo-nominal. Nestes
- Imperativo afirmativo - em sua casos, o verbo é a informação de maior
formação, a 2ª pessoa do singular e do relevância.
plural são derivadas das pessoas João comeu torta. (o verbo é a
correspondentes do presente do indicativo, informação mais relevante, sem ele a frase
retirando o s do final. As demais pessoas sequer faria sentido)
apresentam a mesma forma do presente do Esse tipo de verbo também pode ser
subjuntivo. chamado de pleno. Indicam ações
praticadas ou fenômenos da natureza.
- Imperativo negativo - as pessoas do Pode ser transitivo direto, ou seja,
apresentam a mesma forma daquelas do precisa de um complemento para fazer
presente do subjuntivo. sentido, mas não necessita
Afirmativo: Faça você. obrigatoriamente de uma preposição para se
Negativo: Não faça você. conectar ao objeto direto.
Pode ser transitivo indireto, ou seja,
Tempo Composto precisa de um complemento e necessita
Voz ativa - são antecedidos pelo verbo obrigatoriamente de uma preposição para se
ter ou pelo haver, seguidos do particípio do ligar ao objeto indireto e fazer sentido.
verbo principal: Tenho dormido pouco; Pode ser intransitivo, ou seja, não
Havíamos estado lá. necessita de complemento para fazer
Voz Passiva - são antecedidos pelo sentido e podem formar predicados por
verbo ter ou pelo haver + o verbo ser, conta própria.
seguidos do particípio do verbo principal: O cachorro comeu ração. (o verbo se liga
Tenho sido feito de bobo por ela; Ambos ao objeto direto, que é ração, sem
haviam sido vistos na rua. preposição)
Locução Verbal – é formada por um Eu fui a São Paulo. (o verbo se liga ao
verbo auxiliar seguido de gerúndio ou objeto indireto, que é São Paulo, com o uso
infinitivo do verbo principal: Eles devem de preposição)
iniciar os trabalhos a partir de amanhã; As Minha pipa caiu. (intransitivo, pois o
compras foram pagas à vista. verbo já apresenta sentido por si mesmo)
Em “As compras foram pagas à vista”, a
forma foram (verbo ser) é o auxiliar, e Verbo de ligação: apresenta a função
pagas o principal. sintática de predicado, ligando o sujeito ao
predicativo. Importante lembrar que o
Verbo pronominal: são conjugados em núcleo do predicado é um adjetivo, pois é a
conjunto com um pronome oblíquo átono informação mais relevante.
(me, te, se, nos, vos, se). Esse pronome Diferente dos verbos transitivos ou
oblíquo deve fazer referência à mesma intransitivos, não indica uma ação realizada
pessoa do sujeito. ou sofrida.
São verbos de ligação: ser, estar,
Essa conjugação pode ser reflexiva, permanecer, ficar, tornar-se, andar,
caso a ação recaia sobre o próprio sujeito: parecer, virar, continuar, viver.
Cortei-me. (o sujeito cortou a si mesmo) A mulher parece nervosa. (não apresenta
Ou pode ser recíproca, caso existam nenhum tipo de ação, mas sim liga o sujeito,
dois sujeitos na oração e a ação recaia sobre a mulher, ao predicativo, nervosa)

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Língua Portuguesa

Verbos que podem causar confusão Há muitos meses que ela não me visita.
Certas conjugações podem causar um nó (sentido de faz)
em nossa cabeça. Veja algumas delas:
Verbo intervir: Eu intervenho (presente Quando o verbo ter puder substituir o
do indicativo); Eu intervinha (pretérito verbo haver, deve aparecer na 3ª pessoa do
imperfeito do indicativo); Eu intervim singular, já que também será impessoal.
(pretérito perfeito do indicativo). Vale lembrar que o uso do ter no lugar do
Verbo gerir: Eu giro (presente do haver apresenta um pouco mais de
indicativo); Que eu gira; Que eles giram informalidade ao texto.
(presente do subjuntivo). Tem diversas montanhas nessa região.
Verbo intermediar: Eu intermedeio; (sentido de existem).
Eles intermedeiam (presente do indicativo); Teve muitas festas e celebrações durante
Que eu intermedeie (presente do o mês de junho. (sentido de aconteceram)
subjuntivo). Para organizar melhor o evento, terá
Verbo requerer: Eu requeiro (presente algumas reuniões na próxima semana.
do indicativo); Eu requeri (pretérito (sentido de será realizada)
perfeito do indicativo); Que eu requeira Tem muitos meses que ela não me visita.
(presente do subjuntivo). (sentido de faz)
Verbo reaver no pretérito perfeito do
indicativo: Eu reouve; Ele reouve; Eles “Eles haviam ficado tristes.”
reouveram. “Eles tinham ficado tristes.”
Verbo pôr: Eu punha (pretérito Na frase acima, o verbo haver foi
imperfeito do indicativo); Eu pus (pretérito empregado com sentido de ter. Nesse tipo
perfeito do indicativo); Eu pusera (pretérito de caso é possível usar haviam, pois não há
mais-que-perfeito do indicativo). impessoalidade.
Verbo manter: Eu mantive; Ele
manteve; Eles mantiveram (pretérito CONJUGAÇÃO DE ALGUNS
perfeito do indicativo). VERBOS REGULARES
Verbo ver: Quando eu vir; Quando ele Verbos: estudar; escrever; partir.
vir; Quando eles virem (futuro do Gerúndio: estudando; escrevendo;
subjuntivo). partindo.
Particípio Passado: estudado; escrito;
Ter e Haver partido.
Quando o verbo haver apresentar o Infinitivo: estudar; escrever; partir.
sentido de existir, acontecer, realizar-se e
fazer (este em orações que indiquem Presente do Indicativo
tempo), ele será impessoal. Ou seja, deve Eu: estudo; escrevo; parto.
ficar na 3ª pessoa do singular. Tu: estudas; escreves; partes.
Há diversas montanhas nessa região. Ele/Ela: estuda; escreve; parte.
(sentido de existem). Nós: estudamos; escrevemos; partimos.
Porque não há dúvidas de que, ao Vós: estudais; escreveis; partis.
desenhar, aquele homem estava Eles: estudam; escrevem; partem.
escrevendo. (sentido de existem)
Houve muitas festas e celebrações Pretérito Perfeito do Indicativo
durante o mês de junho. (sentido de Eu: estudei; escrevi; parti.
aconteceram) Tu: estudaste; escreveste; partiste.
Para organizar melhor o evento, haverá Ele/Ela: estudou; escreveu; partiu.
algumas reuniões na próxima semana. Nós: estudamos; escrevemos; partimos.
(sentido de será realizada) Vós: estudastes; escrevestes; partistes.
Eles: estudaram; escreveram; partiram.

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Língua Portuguesa

Pretérito Mais-Que-Perfeito do Se ele/ela: estudasse; escrevesse;


Indicativo partisse.
Eu: estudara; escrevera; partira. Se nós: estudássemos; escrevêssemos;
Tu: estudaras; escreveras; partiras. partíssemos.
Ele/Ela: estudara; escrevera; partira. Se vós: estudásseis; escrevêsseis;
Nós: estudáramos; escrevêramos; partísseis.
partíramos. Se eles: estudassem; escrevessem;
Vós: estudáreis; escrevêreis; partíreis. partissem.
Eles: estudaram; escreveram; partiram.
Futuro do Subjuntivo
Pretérito Imperfeito do Indicativo Quando eu: estudar; escrever; partir.
Eu: estudava; escrevia; partia. Quando tu: estudares; escreveres;
Tu: estudavas; escrevias; partias. partires.
Ele/Ela: estudava; escrevia; partia. Quando ele/ela: estudar; escrever;
Nós: estudávamos; escrevíamos; partir.
partíamos. Quando nós: estudarmos; escrevermos;
Vós: estudáveis; escrevíeis; partíeis. partirmos.
Eles: estudavam; escreviam; partiam. Quando vós: estudardes; escreverdes;
partirdes.
Futuro do Pretérito do Indicativo Quando eles: estudarem; escreverem;
Eu: estudaria; escreveria; partiria. partirem.
Tu: estudarias; escreverias; partirias.
Ele/Ela: estudaria; escreveria; partiria. Imperativo Afirmativo
Nós: estudaríamos; escreveríamos; --
partiríamos. estuda; escreve; parte Tu.
Vós: estudaríeis; escreveríeis; partiríeis. estude; escreva; parta Você.
Eles: estudariam; escreveriam; estudemos; escrevamos; partamos Nós.
partiriam. estudai; escrevei; parti Vós.
estudem; escrevam; partam Vocês.
Futuro do Presente do Indicativo
Eu: estudarei; escreverei; partirei. Imperativo Negativo
Tu: estudarás; escreverás; partirás. --
Ele/Ela: estudará; escreverá; partirá. Não estudes; escrevas; partas Tu.
Nós: estudaremos; escreveremos; Não estude; escreva; parta Você.
partiremos. Não estudemos; escrevamos; partamos
Vós: estudareis; escrevereis; partireis. Nós.
Eles: estudarão; escreverão; partirão. Não estudeis; escrevais; partais Vós.
Não estudem; escrevam; partam Vocês.
Presente do Subjuntivo
Que eu: estude; escreva; parta. Infinitivo Pessoal
Que tu: estudes; escrevas; partas. Por estudar; escrever; partir Eu.
Que ele/ela: estude; escreva; parta. Por estudares; escreveres; partires Tu.
Que nós: estudemos; escrevamos; Por estudar; escrever; partir Ele/Ela.
partamos. Por estudarmos; escrevermos; partirmos
Que vós: estudeis; escrevais; partais. Nós.
Que eles: estudem; escrevam; partam. Por estudardes; escreverdes; partirdes
Vós.
Pretérito Imperfeito do Subjuntivo Por estudarem; escreverem; partirem
Se eu: estudasse; escrevesse; partisse. Eles.
Se tu: estudasses; escrevesses; partisses.

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Língua Portuguesa

CONJUGAÇÃO DE ALGUNS Futuro do Presente do Indicativo


VERBOS IRREGULARES Eu: adequarei; serei; irei.
Verbos: adequar; ser; ir. Tu: adequarás; serás; irás.
Gerúndio: adequando; sendo; indo. Ele/Ela: adequará; será; irá.
Particípio Passado: adequado; sido; Nós: adequaremos; seremos; iremos.
ido. Vós: adequareis; sereis; ireis.
Infinitivo: adequar; ser; ir. Eles: adequarão; serão; irão.

Presente do Indicativo Presente do Subjuntivo


Eu: adéquo; sou; vou. Que eu: adéque; seja; vá.
Tu: adéquas; és; vais. Que tu: adéques; sejas; vás.
Ele/Ela: adéqua; é; vai. Que ele/ela: adéque; seja; vá.
Nós: adequamos; somos; vamos. Que nós: adequemos; sejamos; vamos.
Vós: adequais; sois; ides. Que vós: adequeis; sejais; vades.
Eles: adéquam; são; vão. Que eles: adéquem; sejam; vão.

Pretérito Perfeito do Indicativo Pretérito Imperfeito do Subjuntivo


Eu: adequei; fui; fui. Se eu: adequasse; fosse; fosse.
Tu: adequaste; foste; foste. Se tu: adequasses; fosses; fosses.
Ele/Ela: adequou; foi; foi. Se ele/ela: adequasse; fosse; fosse.
Nós: adequamos; fomos; fomos. Se nós: adequássemos; fôssemos;
Vós: adequastes; fostes; fostes. fôssemos.
Eles: adequaram; foram; foram. Se vós: adequásseis; fôsseis; fôsseis.
Se eles: adequassem; fossem; fossem.
Pretérito Mais-Que-Perfeito do
Indicativo Futuro do Subjuntivo
Eu: adequara; fora; fora. Quando eu: adequar; for; for.
Tu: adequaras; foras; foras. Quando tu: adequares; fores; fores.
Ele/Ela: adequara; fora; fora. Quando ele/ela: adequar; for; for.
Nós: adequáramos; fôramos; fôramos. Quando nós: adequarmos; formos;
Vós: adequáreis; fôreis; fôreis. formos.
Eles: adequaram; foram; foram. Quando vós: adequardes; fordes;
fordes.
Pretérito Imperfeito do Indicativo Quando eles: adequarem; forem; forem.
Eu: adequava; era; ia.
Tu: adequavas; eras; ias. Imperativo Afirmativo
Ele/Ela: adequava; era; ia. --
Nós: adequávamos; éramos; íamos. adéqua; sê; vai Tu.
Vós: adequáveis; éreis; íeis. adéque; seja; vá Você.
Eles: adequavam; eram; iam. adequemos; sejamos; vamos Nós.
adequai; sede; ide Vós.
Futuro do Pretérito do Indicativo adéquem; sejam; vão Vocês.
Eu: adequaria; seria; iria.
Tu: adequarias; serias; irias. Imperativo Negativo
Ele/Ela: adequaria; seria; iria. --
Nós: adequaríamos; seríamos; iríamos. Não adéques; sejas; vás Tu.
Vós: adequaríeis; seríeis; iríeis. Não adéque; seja; vá Você.
Eles: adequariam; seriam; iriam. Não adequemos; sejamos; vamos Nós.
Não adequeis; sejais; vades Vós.
Não adéquem; sejam; vão Vocês.

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Língua Portuguesa

Infinitivo Pessoal Quero saber onde está minha carteira.


Por adequar; ser; ir Eu.
Por adequares; seres; ires Tu. - Como? de modo:
Por adequar; ser; ir Ele/Ela. Como está seu pai?
Por adequarmos; sermos; irmos Nós.
Por adequardes; serdes; irdes Vós. - Quando? de tempo:
Por adequarem; serem; irem Eles. Quando será seu aniversário?

ADVÉRBIO Locução adverbial: são expressões, de


Possui a função de modificar o verbo, o uma ou mais palavras, que funcionam como
adjetivo ou o próprio advérbio. Dentro da advérbio. Podem ser formadas por uma
oração, sua função sintática é a de adjunto preposição + um substantivo, um adjetivo
adverbial. Pode ser classificado como: ou um advérbio: à noite; de repente; de
- De afirmação: sim, certamente, perto.
deveras, incontestavelmente, realmente, Mas podem ser mais complexas, como
efetivamente. palmo a palmo.
Da mesma forma que os advérbios, as
- De dúvida: talvez, quiçá, acaso, locuções adverbiais podem ser:
porventura, certamente, provavelmente, - De afirmação (ou dúvida):
decerto, certo. com certeza; sem dúvida

- De intensidade: assaz, bastante, bem, - De intensidade:


demais, mais, menos, muito, pouco, quanto, de pouco, de muito, etc.
quão, quase, tanto, tão, etc.
- De lugar:
- De lugar: abaixo, acima, adiante, aí, por aqui, à direita, etc.
além, ali, aquém, aqui, atrás, através, cá,
defronte, dentro, detrás, fora, junto, lá, - De modo:
longe, onde, perto, etc. de bom grado, à toa, etc.

- De modo: assim, bem, debalde, - De negação:


depressa, devagar, mal, melhor, pior e de maneira alguma, de modo algum, etc.
quase todos aqueles que terminam em -
mente: inteligentemente, pesadamente, etc. - De tempo:
de dia, à noite, etc.
- De negação: não, tampouco.
Quando o advérbio modifica o adjetivo,
- De tempo: agora, ainda, amanhã, o particípio isolado ou o advérbio, aparece
anteontem, antes, breve, cedo, depois, antes destes:
então, hoje, já, jamais, logo, nunca, ontem, Meio capenga, consegui atravessar o
outrora, sempre, tarde, etc. deserto.

Quando empregados em interrogações No caso dos advérbios de tempo e de


diretas ou indiretas, alguns advérbios lugar, podem aparecer antes ou depois do
podem ser classificados como verbo:
interrogativos: Outrora fora um lugar de glórias.
- Por que? de causa: Eu não consigo sair daqui.
Por que fez isso?
No caso dos advérbios de negação, vêm
- Onde? de lugar: sempre antes do verbo:

43
Língua Portuguesa

Não consegui completar os objetivos Falta: Estou sem grana.


propostos. Oposição: Jogou a torcida contra o
técnico.
PREPOSIÇÃO
Possuem a função de relacionar dois As preposições a, de e per podem se unir
termos de uma oração, fazendo com que o a outras palavras, formando uma única
sentido do primeiro (termo regente) seja outra. Quando essa união ocorre sem a
explicado ou completado pelo segundo perda de fonema, temos a combinação;
(termo regido). A preposição é uma palavra caso haja perda de fonema, o resultado é a
invariável. contração.
Sintaticamente, a preposição não - A preposição a pode se unir aos artigos
desempenha nenhuma função sintática na e pronomes demonstrativos o, os, ou com o
oração. Sua função é unir palavras. advérbio onde: ao, aos, aonde.
- “Vou a Paris” *Dica: onde indica lugar, aonde,
Vou (regente) movimento: Me lembro daquele lugar, onde
a (preposição) vivi na infância; Vou aonde você for. (vou
Paris (regido) a + onde)

Quando expressa por apenas um - As preposições a, de, em, per podem se


vocábulo, a preposição é simples; quando contrair com artigos, e algumas até mesmo
formada por dois ou mais vocábulos (sendo com pronomes e advérbios:
o último uma simples, normalmente de), é a + a = à; de + o = do; em + esse = nesse;
composta. per + a = pela.
Simples: a; ante; após, até; com; contra;
de; desde; em; entre; para; perante; CONJUNÇÃO
por(per); sem; sob; sobre; trás. Tem a função de ligar orações ou
palavras da mesma oração. São conectivos.
As preposições simples também são Uma conjunção é invariável.
chamadas de essenciais, para distingui-las Não desempenham função sintática na
de palavras de outras classes que podem oração. Quando utilizada em um período
acabar funcionando como proposições. São composto, faz com que haja uma relação de
as preposições acidentais: afora, coordenação ou subordinação entre as
conforme, consoante, durante, exceto, fora, orações que integram o período.
mediante, não obstante, salvo, segundo,
senão, tirante, visto, etc. Conjunção coordenativa: faz uma
ligação entre orações sem que uma dependa
Locuções prepositivas: são expressões da outra, ou seja, a segunda oração não
normalmente formadas por advérbio (ou completa o sentido da primeira. Pode ser:
locução adverbial) + preposição, e possuem Aditiva - indica a ideia de adição: e,
função de preposição. Alguns exemplos: nem, mas também, mas ainda, senão
abaixo de; apesar de; devido a; junto a. também, como também, bem como.
Comeu o bolo, bem como o brigadeiro.
Uma preposição isolada não apresenta (comeu o bolo + o brigadeiro)
um sentido, mas, dentro de uma oração, Meu cachorro não só rola, mas também
pode expressar: dá a patinha. (o cachorro rola e dá a patinha)
Assunto: Comentou sobre futebol.
Tempo: Caminhei durante dias. Adversativa - indica oposição,
Finalidade: Estudo para aprender. contraste: mas, porém, todavia, contudo, no
Lugar: Vivo em Brasília. entanto, entretanto.
Meio: Viajei de ônibus.

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Língua Portuguesa

O jogo estava bom, mas o time levou um Concessiva - inicia uma oração que
gol. (a segunda oração apresenta uma ideia indica uma concessão, um fato contrário:
contrária, que faz oposição à primeira = embora, conquanto, ainda que, mesmo que,
estava bom / ficou ruim) posto que, bem que, se bem que, apesar de
que, nem que, que.
Alternativa - indica alternativa, Coma, mesmo que apenas um pouco.
alternância: ou...ou, ora...ora, quer...quer, João se veste mal, embora seja rico.
seja...seja, nem...nem, já...já.
Ou você arruma um emprego ou você Condicional - inicia uma oração que
estuda. (quando um fato for cumprido, o apresenta uma hipótese ou condição
outro não poderá ser efetivado) necessária: se, caso, contanto que, salvo se,
sem que [no sentido de se não], dado que,
Conclusiva - indica uma conclusão, desde que, a menos que, a não ser que.
consequência: logo, pois, portanto, por Seria mais bonita, se fosse menos
conseguinte, por isso, assim, então. metida.
Carlos gastou tudo em apostas, por isso Hoje será um dia feliz, caso faça sol.
ficou pobre. (a primeira oração apresenta
um fato, a segunda, sua consequência) Conformativa - inicia uma oração que
indica conformidade: como, conforme,
Explicativa - indica explicação, motivo: segundo, consoante.
que, porque, pois, porquanto. As coisas não são como antigamente.
Vou dormir, pois estou caindo de sono.
(a segunda oração explica a primeira, ou Consecutiva - inicia uma oração que
seja, por estar muito cansado, vai dormir) indica consequência: que (quando
combinada com: tal, tanto, tão ou tamanho,
Conjunção subordinativa: faz uma presentes ou latentes na oração anterior), de
ligação de dependência, ou seja, o sentido forma que, de maneira que, de modo que,
da segunda oração dependerá da primeira. de sorte que.
Excetuando as integrantes, as Minha voz falhava tanto que mal podia
subordinativas iniciam orações que indicam falar.
circunstâncias.
Causal - apresenta ideia de causa: Final - inicia uma oração que exprime
porque, pois, porquanto, como [no sentido fim, finalidade: para que, a fim de que,
de porque], pois que, por isso que, já que, porque [no sentido de para que], que.
uma vez que, visto que, visto como, que. Trouxe a almofada para que se
O cachorro late porque é bravo. (a causa aconchegue.
de o cachorro latir é ele ser bravo) Troquei algumas peças a fim de que o
problema seja resolvido.
Comparativa - inicia uma oração que
termina o segundo elemento de uma Proporcional - inicia uma oração que
comparação: que, do que (depois de - mais, indica proporcionalidade: à medida que, ao
menos, maior, menor, melhor, pior), qual passo que, à proporção que, enquanto,
(depois de tal), quanto (depois de tanto), quanto mais... (mais), quanto mais... (tanto
como, assim como, bem como, como se, que mais), quanto mais... (menos), quanto
nem. mais... (tanto menos), quanto menos...
Era mais inteligente que forte. (menos), quanto menos... (tanto menos),
Nada me chateia tanto quanto uma quanto menos... (mais), quanto menos...
pessoa falsa. (tanto mais).

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Língua Portuguesa

Quanto menos pensava, menos se Locução interjectiva: duas ou mais


preocupava. (o fato de uma oração se palavras que, juntas, formam expressões
realiza de maneira simultânea ao da outra) que valem por interjeições: ai de mim!;
raios te partam!.
Temporal - inicia uma oração que *Note que as interjeições aparecem
indica tempo: quando, antes que, depois sempre acompanhadas por um ponto de
que, até que, logo que, sempre que, assim exclamação. São muito utilizadas em
que, desde que, todas as vezes que, cada vez histórias em quadrinhos ou na linguagem
que, apenas, mal, que [no sentido de desde literária.
que].
Veio me cumprimentar assim que me Questões
viu.
Agora que está chovendo, você quer sair 01. (TIBAGIPREV - Contador -
de casa. FAFIPA/2022) "[...] balconista e cliente
tentam, inutilmente, decifrar o nome de um
Integrante - inicia uma oração que pode medicamento na receita médica."
funcionar como substantivo. Quando o As palavras destacadas no trecho
verbo indicar certeza, utiliza-se que, anterior são classificadas, no seu contexto
quando indicar incerteza, se. de uso, respectivamente como:
Afirmo que sou inocente. (A) Advérbio, adjetivo e preposição.
Verifique se o gás está fechado. (B) Adjetivo, conjunção e substantivo.
(C) Substantivo, preposição e adjetivo.
Locução conjuntiva: no entanto, visto (D) Adjetivo, conjunção e substantivo.
que, desde que, se bem que, por mais que, (E) Substantivo, advérbio e adjetivo.
ainda quando, à medida que, logo que, a
fim de que, ao mesmo tempo que. 02. (Prefeitura de Viamão - Médico
Clínico Geral - FUNDATEC/2022) No
INTERJEIÇÃO excerto “O conceito vem, ainda que
É uma palavra ou locução utilizada para vagarosamente, ganhando destaque nas
exprimir uma emoção ou estado emotivo. mídias sociais e em rodas de conversas e
Uma mesma interjeição pode expressar debates”, a locução conjuntiva sublinhada
mais de uma reação emotiva, até mesmo exprime uma:
opostas. (A) Conformidade.
Sintaticamente, não desempenha função (B) Causa.
na oração. (C) Condição.
Alegria/satisfação: ah! oh! oba! opa! (D) Concessão.
Animação: avante! coragem! eia! (E) Comparação.
vamos!
Aplauso: bis! bem! bravo! viva! 03. (Prefeitura de Arroio do Padre -
Desejo: oh! oxalá! tomara! Técnico em Enfermagem -
Dor: ai! ui! OBJETIVA/2022) Na frase “Humanos
Espanto/surpresa: ah! chi! ih! oh! ué! queriam seus pets pintadinhos”, o verbo
uai! puxa! sublinhado está no tempo:
Impaciência: hum! hem! (A) Presente.
Invocação: alô! ó! olá! psiu! (B) Pretérito perfeito.
Silêncio: psiu! silêncio! (C) Pretérito imperfeito.
Suspensão: alto! basta! (D) Futuro do presente.
Terror: ui! uh!
Gabarito
01.E - 02.D - 03.C

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Língua Portuguesa

FORMAÇÃO DAS PALAVRAS de palavras de uma mesma família apareça


sob formas diversas, já que muitas
Veja: alterações ocorreram nas palavras ao longo
novo - novinho dos tempos. Povo e uma palavra que deriva
novos - novinhos do latim populus, e muitas palavras derivam
da forma pov-: repovoar, povoado,
Ambas as palavras iniciam por nov-. povoamento.
Trata-se do radical da palavra, uma parte Já o radical latim popul- ainda aparece
invariável. A parte final da palavra é em algumas palavras: popularidade,
variável, pois trata-se da desinência, que, popular.
nos substantivos, adjetivos e em alguns O adjetivo latim publicus correspondia a
pronomes, pode marcar o gênero e o populus, e sua forma public- está presente
número, e nos verbos, número e pessoa. em algumas palavras: publicidade, público.
- Cartas: desinência -s marca o plural.
- Linda: desinência -a marca o A derivação pode ocorrer:
feminino. Pelo acréscimo de um sufixo a um
- Andamos: desinência -mos marca a 1ª radical, sufixação - tenista, cachorrada,
pessoa do plural. pastelaria.
Pela anteposição de um prefixo a um
Um elemento, o afixo, pode se juntar ao radical, prefixação - incerto, desfazer, pré-
radical e modificar seu sentido. Aqueles história.
que aparecem antes do radical são os Pelo acréscimo de um prefixo e um
prefixos, os que aparecem depois, os sufixo a um radical, ao mesmo tempo,
sufixos. parassintética – encurtar (en + curta + ar),
Reaparecer (re- é um prefixo, modifica o empalidecer (em + pálido + ecer), anuviar
significado da palavra aparecer) (a + nuvem + ar).
Fibroso (-oso é um sufixo, modifica o *É comum (mas não regra) que verbos
significado da palavra fibra) formados a partir de um nome ou adjetivo
sejam formadas por parassíntese.
As palavras que dão origem a outras Pela troca da terminação de um verbo
novas, e que não são formadas por nenhuma por a, o ou e:
outra, são chamadas de primitivas: casa, cantar - canto; castigar - castigo; tocar -
flor, pedra. toque
Já as palavras que se originam de outra, A derivação pode ocorrer ainda pela
seja pelo acréscimo ao seu radical de um mudança da classe de uma palavra,
prefixo ou sufixo, são chamadas de denominada derivação imprópria. Neste
derivadas: casebre, florista, pedraria. caso, o significado da palavra é estendido.
Tanto as primitivas, quanto as derivadas, Adjetivos tornam-se substantivos: o
caso apresentem somente um radical, são azul, o belo.
chamadas de simples: tênis, tenista, ano, Particípios tornam-se substantivos ou
anuário. adjetivos: filho querido, um feito incrível.
Quando apresentam mais de um radical, Infinitivos tornam-se substantivos: o
são compostas: livre-pensador, pedra- cantar do pássaro, o bater dos sinos.
pomes. Substantivos tornam-se adjetivos:
As palavras que se formaram por jogador monstro, garota prodígio.
derivação ou composição, e que se agrupam Adjetivos tornam-se advérbios: comprar
ao redor de um radical comum, são barato, rir baixo.
chamadas de famílias de palavras. Palavras invariáveis tornam-se
Esse radical pode aparecer intacto em substantivos: o porquê disso, o sim, o não.
toda a família, mas é comum que o radical

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Língua Portuguesa

Substantivos próprios tornam-se palavras têm origem africana: iemanjá,


substantivos comuns: penduraram um judas quilombo, vatapá e marimbondo.
que seria malhado mais tarde.
Prefixos latinos
As palavras podem ser formadas por • ab-, abs-, a-: representam um
composição, que é a associação de duas ou afastamento, separação ou privação.
mais palavras ou dois ou mais radicais, Exemplos: abnegado, abdicar, abster-se,
formando uma nova palavra. aversão, afastar.
Pode ocorrer por justaposição, ou seja, • a-, ad-: representam uma aproximação,
com a união de duas ou mais palavras (ou passagem a um estado, uma tendência.
radicais) sem que a estrutura seja alterada. Exemplos: ajuntar, apodrecer, admirar,
Podem se unir com ou sem hífen: adjacente.
girassol, televisão, greco-romano. • ambi-: representa uma duplicidade ou
Pode ser que ocorra a aglutinação, ou uma dubiedade. Exemplos: ambiguidade,
seja, duas ou mais palavras (ou radicais) são ambivalente.
unidos com a supressão de um ou mais de • ante-: representa algo de antes,
um elemento fonético: anterior, uma antecedência. Exemplos:
planalto (plano alto), boquiaberto (boca antepor, antevéspera, antebraço.
aberto); cabisbaixo (cabeça + baixo). • bene-, bem-, ben-: sentido de bem, de
excelência. Exemplos: beneficente,
As palavras podem apresentar uma benevolência, bem-amado, benquerença.
simplificação em sua forma, ou redução, • circum-, circun-, circu-: indica algo
sem prejudicar o sentido: que está em redor, em torno. Exemplos:
Coca (Cola-Cola); pólio (poliomielite); circumpolar, circunlóquio,
Zé (José). circunavegação.
• cis-: indica algo que está do lado de cá,
Quando uma palavra é formada pela aquém. Exemplos: cisatlântico, cisplatino.
entrada de um elemento de línguas • com-, con-, co-: indica que está em
diferentes, temos palavras híbridas, companhia de, em concomitância.
formação por hibridismo: Exemplos: compadre, concidadão,
auto (grego) + móvel (latim) = confraternizar, colaborar, cooperar,
automóvel coautor.
• contra-: indica que está em direção
Muitas palavras de nosso idioma têm contrária, em oposição. Exemplos:
origem no latim do povo. Arena e areia contraindicado, contravenção,
apresentam o mesmo sentido. Arena vem contraofensiva.
do latim culto, areia do latim vulgar. • de-: indica algo que vai para baixo ou
Muitas palavras possuem sua origem no em separação. Exemplos: declínio,
grego. Por exemplo as palavras filantropo, decrescer, decompor.
que vem de filo (amigos) e antropo (ser • des-, dis-: indica uma negação, uma
humano); ou xenofobia, xeno (estrangeiro) ação contrária, uma separação, ou
e fobo (aversão). afastamento. Exemplos: desarmonia,
Do francês, vieram palavras como desonesto, desfazer, desterrar, dissociar.
glamour, menu, buquê, abajur. Nos últimos • ex-, es-, e-: representa um movimento
tempos, o inglês é que predomina. Do para fora, fuma unção ou estado anteriores,
inglês vieram tênis, uísque, bife, náilon. separação, conversão em. Exemplos:
Muitas palavras também derivam do expulsar, ex-ministro, esmigalhar, esgotar,
mundo árabe, como alfazema, alcorão e esfolar, emigrar, evaporar, ejetor.
muçulmano. Das línguas indígenas, temos, • extra-: indica algo fora de. Exemplos:
por exemplo, açaí, capim, arapuca. Outras extraordinário, extraviar, extraoficial.

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• in-, i-, en-, em-, e-: indica algo que vai • re-: indica algo para trás, uma
para dentro, uma conversão em, tornar. repetição, intensidade. Exemplos: regresso,
Exemplos: ingerir, imerso, engarrafar, retomar, reaver, remarcação, recomeçar,
empalidecer, engolir, embarcar, emudecer. revigorar.
• in-, im-, i-: indica negação, carência: • retro-: indica algo para trás. Exemplos:
infelicidade, impune, ilegível, ilegal, irreal, retrocesso, retroativo, retrocompatível.
irracional. • semi-: indica a metade, o meio.
• infra-: representa algo que está abaixo, Exemplos: semicírculo, semicerrar.
na parte inferior Exemplos: infravermelho, • sub-, sob-, so-: indica posição inferior,
infraestrutura, infra-renal. debaixo, deficiência, ação incompleta.
• inter-, entre-: representa uma posição Exemplos: subaquático, subscrição,
ou ação intermediária, uma ação recíproca subestimar, sobpor, soterrar, soerguer.
ou incompleta. Exemplos: • super-, sobre-: indica posição
intercomunicação, entreter, entrelinha, superior, em cima, depois, excesso.
entreabrir. Exemplos: supercílio, super-homem,
• intra-, intro-: indica que está dentro, superlotado, sobrecarga, sobreviver.
um movimento para dentro. Exemplos: • supra-: indica que está acima.
intramuscular, introduzir, introvertido. Exemplos: supradito, supracitado.
• justa-: indica uma proximidade, uma • trans-, tras-, tra-, tres-: indica que
posição ao lado. Exemplos: justafluvial, está além, através de. Exemplos:
justapor, justalinear. transatlântico, trasladar, tradição,
• male-, mal-: indica uma oposição a tresnoitar.
bene. Exemplos: malevolência, mal- • tri-, tris- representa três. Exemplos:
educado, mal-estar. triciclo, tricampeão, trisavô.
• multi-: indica ideia de "muitos". • ultra-: indica além de. Exemplos:
Exemplos: multinacional, multissecular. ultramarino, ultrapassar.
• ob-, o-: indica uma posição fronteira, • uni-: representa um. Exemplos:
uma oposição. Exemplos: objetivo, unicelular, unificar, uníssono.
objeção, obstáculo, opor. • vice-, vis-: indica substituição, no lugar
• pene-: representa ideia de quase. de, imediatamente inferior a. Exemplos:
Exemplos: penumbra, penúltimo, vice-versa, vice-prefeito, visconde.
península.
• per-: indica ideia de através de, de ação Prefixos gregos
completa. Exemplos: percorrer, perfazer, • a-, an-: indica negação, carência.
perfeito. Exemplos: ateu, acéfalo, anonimato,
• pluri-: indica ideia de multiplicidade, anarquia.
assim como multi-. Exemplos: pluricelular, • ana-: indica inversão, afastamento,
pluripartidário. decomposição. Exemplos: anagrama,
• post-, pos-, pós-: indica ideia de atrás anacronismo, analisar, anatomia.
ou de depois. Exemplos: póstumo, • anfi-: indica que está em torno de, uma
posteridade, pospor, pós-guerra, pós- duplicidade. Exemplos: anfiteatro, anfíbio,
escrito. anfibologia.
• pre-, pré-: indica algo que vem antes • anti-: indica uma oposição, que é
ou que está acima. Exemplos: prefixo, contra. Exemplos: antibiótico, anticristo,
pressupor, predominar, pré-escolar. antítese, antiaéreo.
• preter-: indica algo que vai além de. • apo-: indica uma separação, um
Exemplos: preterir, preterintencional. afastamento: apócrifo, apogeu.
• pro-, pró-: indica algo para a frente, • arqui-, arque-, arce-: indica uma
diante, em lugar de, em favor de. Exemplos: superioridade, primazia: arquipélago,
progresso, prosseguir, pró-paz. arquidiocese, arquétipo, arcebispo.

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• cata-: indica um movimento de cima Questões


para baixo. Exemplos, catarata, catarro,
catástrofe. 01. (Câmara Municipal de Taboão da
• di-: representa dois. Exemplos: dípode, Serra - Oficial Legislativo - Avança
dissílabo. SP/2022) A palavra “cabisbaixo” é formada
• dia-: indica algo através, por meio de. pelo processo de:
Exemplos: diâmetro, diálogo, diagnóstico. (A) prefixação.
• dis-: indica dificuldade, afecção. (B) aglutinação.
Exemplos: disenteria, dispneia. (C) sufixação.
• en-, em-: indica que está dentro, em (D) justaposição.
posição interna. Exemplos: encéfalo, (E) parassíntese.
empíreo.
• endo-: indica que está dentro, sentido 02. (Nova Odessa - Contador -
para dentro. Exemplos: endocarpo, MetroCapital Soluções/2022) As palavras
endovenoso, endosmose. couve-de-bruxelas e anuviar são formadas,
• epi-: indica algo que está sobre, em respectivamente, por
posição superior. Exemplos: epígrafe, (A) composição por aglutinação e
epiderme, epitáfio. composição por justaposição.
• eu-, ev-: indica o bem, bondade, (B) derivação parassintética e derivação
excelência. Exemplos: euforia, eucaristia, sufixal.
evangelho. (C) derivação regressiva e derivação
• ex-, exo-, ec-: indica que está fora, um imprópria.
movimento para fora. Exemplos: (D) composição por justaposição e
exorcismo, êxodo, eclipse, exoesqueleto. derivação parassintética.
• hemi-: indica meio, metade. Exemplos: (E) composição por justaposição e
hemisfério, hemiplegia. derivação prefixal e sufixal.
• hiper-: indica que está sobre, em
superioridade, que é demais, em excesso. Gabarito
Exemplos: hipérbole, hipertensão,
hipertrofia. 01.B - 02.D
• hipo-: indica que está sob, em posição
inferior, uma deficiência. Exemplo:
4. Processos de constituição dos
hipocrisia, hipótese, hipotenusa, enunciados: coordenação, subordinação;
hipotensão.
• meta-: indica uma mudança, atrás,
além, depois de, no meio. Exemplos: Frase
metamorfose, metáfora, metonímia, São enunciações que apresentam sentido
metacarpo. completo. Utilizamos frases para expressar
• para-: indica que está junto de, uma pensamentos e sentimentos.
proximidade, semelhança. Exemplos: Existem frases formadas por apenas uma
parasita, paradigma, parábola. palavra:
• peri-: indica que está em torno de. “Atenção!”
Exemplos: periferia, perímetro. “Silêncio!”
• pro-: indica que veio antes, uma
anterioridade. Exemplos: programa, Existem frases formadas por mais de
prólogo, prognóstico, próclise. uma palavra, podendo ou não conter um
• sin-, sim-, si-: indica uma reunião, um verbo:
conjunto, em simultaneidade. Exemplos: “Que droga!”
sintaxe, síntese, sinfonia, simpatia, sistema, “Pula a fogueira.!
simetria.

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Língua Portuguesa

Quando as frases não possuem verbo, o O período é uma frase organizada ao


que indica se tratar de uma frase é a redor de uma ou mais orações. Ele sempre
melodia, a pronúncia da frase. termina com uma pausa, marcada por
As frases que não possuem verbo são as ponto, ponto de interrogação, ponto de
frases nominais, as que possuem, as frases exclamação e, às vezes, até dois-pontos.
verbais. O período é simples quanto possui
apenas uma oração:
Os tipos de frases são: O menino jogava bola.
Exclamativas: funcionam para O período é composto quando possui
expressar uma emoção ou surpresa. O ponto mais de uma oração:
de exclamação marca esse tipo de frase, já Você sabe que ela confia em mim. (a
que são terminadas com ele. frase toda é um período, com duas orações:
“Que susto!” você sabe que / ela confia em mim)

Interrogativas: funcionam para O sujeito e o predicado são termos


expressar uma pergunta ou dúvida. O ponto essenciais da oração. O sujeito é sobre o que
de interrogação marca esse tipo de frase, já a declaração é feita, o predicado é aquilo
que são terminadas com ele. que se diz sobre o sujeito.
“Qual sabor?” O menino chutou a bola longe.
Sujeito: O menino
Declarativas: funcionam para expressar Predicado: chutou a bola longe.
uma declaração. O ponto final marca esse
tipo de frase, já que são terminadas com ele. Tanto o sujeito quanto o predicado
Podem ser afirmativas ou negativas. podem não estar expressos. Às vezes ficam
“Eu fiz isso”. (afirmativa) subentendidos pelo contexto. Em casos
“Eu não fiz isso”. (negativa) assim, o sujeito e o predicado são ocultos
ou elípticos:
Imperativas: assim como as Acordei com grande disposição. (o
exclamativas, são marcadas pelo ponto de sujeito só pode ser eu, por causa do verbo)
exclamação. Funcionam para expressar Na parede clara, duas manchas. (o verbo
uma ordem, pedido ou conselho. Podem ser haver fica subentendido, “havia duas
afirmativas ou negativas. O verbo vem no manchas na parede”.)
imperativo.
“Coma tudo!” (afirmativa) Na segunda pessoa, os sujeitos são: eu e
“Não coma tudo!” (negativa) tu no singular, nós e vós no plural.
Na terceira pessoa, o núcleo do sujeito
Oração é toda declaração que pode ser pode ser:
feita por meio de um verbo, evidente ou - Um substantivo: Jorge falava muito.
oculto. - Pronomes pessoais ele, ela (singular);
Uma frase pode conter uma ou mais eles, elas (plural): Ele estava sentado à
orações: mesa. / Elas estavam sentadas à mesa.
Eu comprei macarrão e molho. (apenas - Pronome demonstrativo, relativo,
uma forma verbal) interrogativo, ou indefinido: Quem quebrou
Eu comprei tomate e fiz o molho. (duas a vidraça? / Ninguém gostou da comida.
formas verbais) - Um numeral: Quando um não quer,
dois não insistem.
Importante não confundir oração e frase, - Palavra ou uma expressão
pois uma frase pode ser formada sem um substantivada: O corajoso enfrenta os
verbo, já a oração necessita de um verbo. desafios.

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Língua Portuguesa

- Uma oração: É inevitável que ele venha cantarolar; é ao mesmo tempo agente e
aqui hoje. paciente)

O sujeito é simples quando possui No caso do predicado, ele pode ser


somente um núcleo: nominal, verbal ou verbo-nominal.
A menina cantou alto. (o verbo faz - Nominal: formado por um verbo de
referência a apenas um sujeito) ligação com o predicativo do sujeito. Os
verbos de ligação estabelecem uma união
Quando há mais de um núcleo, o sujeito entre duas palavras ou expressões de caráter
é composto: nominal. Já o predicativo do sujeito é o
Farinha, açúcar, sal e fermento são os termo do predicado nominal que faz
ingredientes. (substantivos) referência direta ao sujeito.
Ele e eu escrevemos esta carta. Era músico e ator. (representado por
(pronomes) substantivo, ou pode ser por expressão
substantivada)
O sujeito será indeterminado quando o Ela ficou surpresa, sem palavras.
verbo não fazer referência a uma pessoa (representado por adjetivo ou locução
determinada ou quando não ficar claro adjetiva)
quem realiza a ação do verbo. Sempre fez tudo na casa. (representado
Anunciaram o vencedor. (terceira pessoa por pronome)
do plural, não é claro quem anunciou) Dois são os fatos principais do noticiado.
Não se fala sobre isso por aqui. (terceira (representado por numeral)
pessoa do singular, o verbo não se refere a O ruim é que gastei o dinheiro.
ninguém em específico) (representado por oração)

Quando o verbo for impessoal, a oração - Verbal: no caso do predicado verbal,


não terá sujeito. apresenta um verbo significativo como
Choveu hoje. (verbo impessoal, não dá sujeito, ou seja, verbos que apresentam uma
para atribuí-lo a um ser) nova ideia para o sujeito, podendo ser
Há algo de podre no Reino da transitivos ou intransitivos.
Dinamarca. (quando o verbo haver indicar Tarde, a moça dormiu. (verbo
“existir” ou tempo decorrido) intransitivo, não há necessidade de
Era tarde. (verbo ser, fazer e ir, complemento para o sentido)
indicando tempo em geral) Meu irmão gosta de jogos. (verbo
transitivo indireto, pois há a necessidade da
Caso o verbo indique uma ação do preposição, no caso, de, o verbo está ligado
sujeito, podemos ter um caso de atividade, a ela, não a jogos)
passividade ou atividade e passividade ao Pedro jogou bola. (verbo transitivo
mesmo tempo. direto, pois não há a necessidade de
Marcos apertou o botão do controle. (o preposição, o verbo faz ligação direta ao
sujeito Marcos realiza uma ação sobre o objeto bola)
controle por meio do verbo apertou;
Marcos é o agente) - Verbo-Nominal: é formado pela
A população periférica foi atingida pelo ligação do predicativo do sujeito com um
deslizamento. (o sujeito A população não verbo significativo
realiza ação, na verdade sofre a ação; o O homem respirou aliviado. (o verbo
sujeito é paciente) aliviar é um verbo significativo e está
Penteou-se às pressas cantarolando uma ligado a homem, já aliviado é uma
canção. (o sujeito ele está oculto, sofrendo qualificação)
a ação de vestir-se e realizando a ação de

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Língua Portuguesa

Termos Integrantes da Oração Quem dará esmola aos necessitados?


Algumas palavras podem completar o (expressão substantivada complementa o
sentido de outras. Algumas realizam essa verbo por uma ligação com preposição)
ligação ao substantivo, adjetivo ou Esqueceu-se de que havia combinado o
advérbio por meio de preposição, sendo horário. (oração complementa o verbo por
camadas de complementos nominais. As uma ligação com preposição)
palavras que fazem parte do sentido do
verbo são os complementos verbais. Agente da passiva: tem a função de
- Complemento nominal pode ser indicar quem pratica a ação sofrida ou
representado por: recebida pelo sujeito. Ocorre na voz
Substantivo (pode ser acompanhado por passiva.
modificadores): Antes de deixar o local foi filmado pela
O caso da mulher estrangeira chamou câmera de segurança. (substantivo indica
atenção. quem praticou a ação de filmar)
Expressão substantivada: Acabou aplaudido por todos. (pronome
Você gosta daquele pilantra? indica quem praticou a ação de aplaudir)
Oração: O homem foi agredido por ambos.
Tenho conhecimento de que fará o (numeral indica quem praticou a ação de
possível. agredir)
Numeral: O time foi formado por quem sabia do
A derrota de um é a conquista de todos. assunto. (oração indica quem praticou a
Pronome: ação de formar)
O sonho dele era viajar pela Europa.
Termos acessórios da oração: são
- Complemento verbal pode ser o termos que se unem a um verbo ou a um
objeto direto que complementa um verbo nome e lhes dão significado. São acessórios
transitivo direto. pois não são essenciais para a compreensão
Homens e mulheres narram histórias. do enunciado.
(substantivo complementa o verbo) Adjunto adnominal - apresenta valor
Os políticos nada fizeram. (o pronome de adjetivo, delimitando ou especificando o
complementa o verbo) valor do substantivo.
O trabalhador recebe 1200. (o numeral O projeto inicial foi aceito. (expresso por
complementa o verbo) adjetivo)
Tem um quê de mentira. (a palavra Estava com um bafo de onça. (expresso
substantivada complementa o verbo) por locução adjetiva)
O padre dizia que o pecado não Cessaram as inscrições. (expresso por
compensa. (a oração complementa o verbo) artigo definido)
Às vezes, um milagre acontece.
O complemento verbal pode ser o objeto (expresso por artigo indefinido)
indireto, que complementa um verbo Amanda nunca revelou este meu
transitivo indireto: segredo. (expresso por pronome adjetivo)
Falaram de diversos temas polêmicos. As duas irmãs ficaram contentes.
(substantivo complementa o verbo por uma (expresso por numeral)
ligação com preposição) A piada que lhe contei foi engraçada.
Discutia com todos. (pronome (expresso por oração)
complementa o verbo por uma ligação com
preposição) Adjunto adverbial - é um termo com
Rafael optou pelo primeiro. (numeral valor de advérbio, indicando fato expresso
complementa o verbo por uma ligação com pelo verbo ou intensificando seu sentido,
preposição)

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Língua Portuguesa

bem como o de um adjetivo ou de outro Finalizado, só havia uma opção: fazer o


advérbio. trabalho.
Eu jamais havia visto moça igual.
(representado por advérbio) O vocativo é um termo exclamativo e
De repente começou a respirar com que fica isolado do restante da frase. Ele
força ao meu ouvido. (representado por chama, invoca ou nomeia uma pessoa, algo.
locução ou expressão adverbial) Deus te abençoe, meu neto.
Como eu achasse muito pouco, irritou-
se. (representado por oração) Ordem dos termos na oração
Ordem direta: é mais comum em
Os adjuntos adverbiais podem ser: orações enunciativas ou declarativas.
De causa: A moça, por desejo de amar sujeito + verbo + objeto direto + objeto
e de paixão, escreveu uma carta ao amado. indireto
De companhia: Morei com meus pais ou
durante vinte anos. sujeito + verbo + predicativo
De concessão: Apesar de exausto, não se
entregou. “José estendeu a mão ao amigo”.
De dúvida: Talvez o documento fique Sujeito: José
pronto para sexta. Verbo: estendeu
De fim: Vou falar bem alto, para todos Objeto direto: a mão
me escutarem. Objeto indireto: ao amigo
De instrumento: Retirou os pelos com a
lâmina. “José é legal”.
De intensidade: Tenho estudado muito. Sujeito: José
De lugar: Eu estudo em Bauru. Verbo: é
De meio: Cheguei de moto do trabalho. Predicativo: legal
De modo: Ela baila com alegria.
De negação: Não quero mais estudar. Por razões estilísticas, é possível inverter
De tempo: Ontem o carteiro passou. essa ordem. O sujeito é realçado quando
aparece depois do verbo.
Aposto e vocativo “A terra onde cantam os rouxinóis”.
O aposto é um termo nominal que se liga
ao substantivo, ao pronome ou a um O predicativo, o objeto direto ou
elemento equivalente destes. Funciona para indireto e o adjunto adverbial são
explicar ou apreciar. Normalmente o aposto realçados quando aparecem antes do verbo.
e o termo ao qual faz referência aparecem “Pouco foi seu empenho.”
separados por vírgula, travessão ou dois- “Meu amor, tão singelo, a uma pessoa
pontos: ingrata entreguei”.
Ele, Pelé, é o rei do futebol. (o termo “A ele contava todos os seus segredos
entre vírgulas explica o pronome) mais profundos”.
Em algumas ocasiões, o aposto não “Aqui, perto da estrada, a alegria
ficará separado de seu termo por nenhuma impera.”
pontuação:
O mês de agosto. (de agosto explica o O verbo pode vir antes do sujeito:
mês, de qual mês se trata) - Em perguntas.
*Não confundir: O clima do Brasil. (do “O que faz você aqui?”
Brasil, neste caso, tem valor de adjetivo, ou - Quando a oração apresentar uma forma
seja, é um adjunto adnominal) verbal imperativa.
Uma oração pode representar o aposto: “Diga você, seu espertalhão.”

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Língua Portuguesa

- Quando a oração apresentar verbo na No caso da sindética, pode ser:


passiva pronominal. - Aditiva, com uma conjunção aditiva:
“Oferecia-se a refeição às onze.” Paulo e Roberto conversaram na escola e no
trabalho.
O predicativo pode aparecer antes do - Adversativa, com uma conjunção
verbo: adversativa: Demorou, mas chegou.
- Em orações interrogativas e - Alternativa, com uma conjunção
exclamativas: alternativa: Ou você estuda para a prova ou
“Que cantor seria esse?” você vai reprovar de ano.
“Que bonitos eram os dois quando - Conclusiva, com uma conjunção
pequenos.” conclusiva: O funcionário trabalhou bem,
- Em orações afetivas. portanto recebeu um bônus.
“Coragem, esse era o principal - Explicativa, com uma conjunção
diferencial dele!” explicativa: Não é preciso ficar com medo,
pois ele é manso.
Na voz passiva analítica, o particípio
pode aparecer antes do verbo auxiliar ser, A oração subordinada tem a função de
demonstrando um desejo. termo essencial, integrante ou acessório de
“Iluminados sejam aqueles que seguem outra oração. Podem ser substantivas,
o bom caminho”. adjetivas e adverbiais, visto que exercem
funções semelhantes às dos substantivos,
O período composto adjetivos e advérbios.
Em um período composto pode haver a - As substantivas podem ser iniciadas
oração principal, que é aquela que não por um pronome, um pronome indefinido
exerce função sintática em outra oração do ou advérbio interrogativo, mas o mais
mesmo período. Pode haver a oração comum é iniciarem pela conjunção
subordinada, aquela que exerce função integrante que. podem ser:
sintática em outra oração. Pode haver a Subjetivas, quando realizarem a função
oração coordenada, que nunca é termo de de sujeito: É capaz / que ela durma de novo.
outra, mas pode ter ligação com outra Objetivas diretas, quando realizarem a
coordenada em sua integridade. função de objeto direto: Nós queremos / que
A oração coordenada pode ser o Brasil se desenvolva.
assindética quando não apresentar Objetivas indiretas, quando realizarem
conectivo (Não quero ir embora,). Pode ser a função de objeto indireto: Lembro-me / de
sindética quando for ligada por uma que disse isso.
conjunção coordenativa. Completivas nominais, quando
Acordei, levantei, comi, dirigi, cheguei. realizarem a função de complemento
(os termos estão justapostos, sem ligação nominal: Tenho medo / de viajar à noite.
por conectivo, pois não é necessário para Predicativas, quando realizarem a
formar sentido, trata-se de uma assindética) função de predicativo: O bom é / que o
“Levantou-se, olhou sua obra com evento será sábado.
satisfação, andou cinco ou seis passos e, Apositivas, quando realizarem a função
novamente, se acocorou.” de aposto: Eu tinha um desejo: / que
No período acima, ocorrem quatro pudesse abrir uma empresa.
orações coordenadas entre si, e elas Agentes da passiva, quando realizaram
retomam o mesmo referente como sujeito a função de agente da passiva: As regras são
das ações expostas, que no caso está oculto. feitas / por quem manda.
O sujeito é Ele, pois ele levantou-se, ele
olhou sai obra, ele andou cinco ou seus No caso das orações subordinadas
passos e ele se acocorou. adjetivas, possuem a função de adjunto

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Língua Portuguesa

adnominal de um substantivo ou pronome Faremos a torta / conforme a receita


antecedente. O mais comum é iniciarem passada pela Ana Maria.
por um pronome relativo. Elas podem - Consecutivas, quando a conjunção for
depender de qualquer termo da oração, subordinativa consecutiva:
desde que o núcleo do mesmo seja um Trabalhou duro, / de modo que venceu
pronome ou substantivo. na vida.
Há cães / que rosnam, / cães / que latem, - Finais, quando a conjunção for
/ cães / que mordem. subordinativa final:
A subordinada adjetiva pode ser Estava pensando em estudar, / para que
restritiva, caso restrinja o significado do eu consiga passar no concurso.
substantivo ou pronome antecedente, - Proporcionais, quando a conjunção for
exercendo a função de adjunto adnominal. subordinativa proporcional:
São necessárias e indispensáveis para o À medida que o tempo passa, / ficamos
entendimento da frase. mais velhos.
Esse é um dos poucos pratos / que é - Temporais, quando a conjunção for
apreciado por todos os turistas. subordinativa temporal:
Pode ser também explicativa, ao Você saberá / quando for a hora.
acrescentar uma informação acessória,
esclarecendo ou ampliando sua Orações reduzidas
significação. Não são essenciais para o São orações subordinadas dependentes,
entendimento do sentido da frase. que não começam por pronome relativo
Carlos Alberto, / que é um ótimo nem por conjunção subordinativa.
atacante, / marcou o gol. Apresentam o verbo em uma das formas
nominais: o infinitivo, o gerúndio, ou o
As orações subordinadas adverbiais particípio.
realizam a função de adjunto adverbial de - De infinitivo: podem sem substantivas
outras orações. É comum serem iniciadas (objetivas diretas, objetivas indiretas,
por uma das conjunções subordinativas, completivas nominais, predicativas,
exceto as integrantes. De acordo com a apositivas); adjetivas; adverbiais (causais,
conjunção ou locução conjuntiva com que concessivas, condicionais, consecutivas,
iniciam, as subordinadas adverbiais podem finais, temporais).
ser classificadas como: A solução era / ficar em casa.
- Causais, quando a conjunção for
subordinativa causal: - De gerúndio: podem ser adjetivas; ou
Não comprou o lanche, / pois estava sem adverbiais (causais, concessivas,
dinheiro. condicionais).
- Comparativas, quando a conjunção Viu uma mulher / sorrindo.
for subordinativa comparativa:
Pedro é trabalhador tanto quanto - De particípio: podem ser adjetivas;
Alberto. adverbiais (temporais, causais, concessivas,
- Concessivas, quando a conjunção for condicionais).
subordinativa concessiva: Ocupado com um trabalho importante, /
Jonas quer jogar bola, / embora esteja esqueci de comer.
muito cansado.
- Condicionais, quando a conjunção for Questões
subordinativa condicional:
Se fosse barato, / não me incomodaria. 01. (Prefeitura de Córrego Novo -
- Conformativas, quando a conjunção Assistente Social - Máxima/2022) “Com
for subordinativa conformativa: os dias, Senhora, o leite na primeira vez
coalhou.” O termo destacado é:

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Língua Portuguesa

(A) Vocativo; - O adjetivo deve concordar com o


(B) Adjunto adnominal; substantivo mais próximo, quando teste
(C) Aposto; possuir sentido equivalente ou gradação:
(D) Núcleo do sujeito. Exalava muita raiva e rancor.

02. (Prefeitura de São Miguel do Passa Particularidades


Quatro - Médico - OBJETIVA/2022) Possível
Assinalar a alternativa que apresenta uma - Quando preceder de o mais, o menor,
oração cujo verbo tem como complemento o melhor, o pior (no singular):
um objeto indireto: Chegou o mais próximo possível.
(A) Ana e Carla tem mais uma chance.
(B) Ela é tão linda. - Quando preceder de os mais, os
(C) Essas notícias falam só a verdade. menores, os melhores, os piores (no
(D) Esses móveis precisam de conserto. plural):
Escolheu os melhores possíveis.
Gabarito
Incluso e Anexo
01.A - 02.D - O adjetivo concordará com o
substantivo ao qual se refere:
Envio-lhe inclusos (ou anexos) os
Concordância verbal e nominal; documentos.
*Em anexo é invariável:
Envio-lhe, em anexo, os documentos.
Concordância Nominal
É a relação estabelecida entre as palavras Leso
e o substantivo que as rege: Do adjetivo “lesado”, deve concordar
- Deve ocorrer concordância de gênero com o substantivo com o qual forma
e número entre o núcleo nominal e os palavra composta:
artigos, os pronomes indefinidos variáveis, O deputado cometeu crime de lesa-pátria
os demonstrativos, os possessivos, os
numerais cardinais e os adjetivos. Predicativo
- Quando o substantivo apresentar
- Adjetivo com dois ou mais sentido indeterminado, sem artigo, o
substantivos: adjetivo aparece no masculino:
- Em substantivos do mesmo gênero, o É proibido entrada.
adjetivo passa para o plural desse gênero ou
concorda com o mais próximo: - Quando o substantivo apresentar
Cabelo e bigode feitos (ou feito). sentido determinado, com artigo, o adjetivo
deve concordar com o substantivo:
- Em substantivos de gêneros diferentes, É necessária muita paciência.
o adjetivo passa ao masculino plural ou
concorda com o mais próximo: - Meio, de metade, pode variar:
Barba e bigode feitos (ou feito). Só contou meias verdades.

- Caso o adjetivo esteja anteposto aos - Meio, de advérbio, não varia:


substantivos, concordará com o substantivo Estava meio cansado.
mais próximo:
Mantenha feitas a barba e o bigode. - Muito, Pouco, Bastante, Tanto,
quando pronomes, podem variar:
Havia bastantes nuvens no céu.

57
Língua Portuguesa

*Quando advérbios, não variam: Rafael escreverá diversos romances e


Ficaram muito cansados. poesias.

- Só, quando adjetivo, pode variar - Caso seja sujeito composto, verbo no
Ele se sente só. plural:
Eles se sentem sós. Seu olhar e seu sorriso mexeram com
meu coração.
- Quando indicar exclusão, não pode
variar: - Caso um desses sujeitos aparecer
Só quem já passou por isso sabe. depois do verbo, então a concordância
ocorre com o núcleo mais próximo, ou fica
- As palavras pseudo, alerta, salvo, no plural:
exceto não são variáveis: Ainda imperavam (ou imperava) o ferro
Ele (ela) é um pseudointelectual. e o porrete.
É bom ficarmos alerta.
Salvo-condutos. - Se o sujeito for composto por pronomes
Exceto ele (eles). pessoais distintos, a concordância do verbo
se dará pela prioridade gramatical das
- Quite, de se livrar de algo, concorda pessoas:
com quem faz referência: Eu e você somos amigos.
Estamos quites com o banco. Tu e ele fazeis bem. Como o vós deixou
de ser utilizado, o mais comum, hoje, é “Tu
- As palavras obrigado, mesmo e e ele fazem bem”.
próprio devem concordar com o gênero e
número da pessoa a qual fazem referência: - Quando as expressões não só...mas
Muito obrigada. também, tanto/quanto estão relacionadas a
Ela mesma fez aquilo. sujeitos compostos, há a possibilidade de
Sim, ela, a própria. concordância tanto no singular quanto no
plural:
Importante lembrar que o artigo Tanto meu primo quanto seu pai
concorda com o substantivo: conseguiram (ou conseguiu) uma nova
Os gatos. casa.
A gata.
- Quando o sujeito composto, que estiver
Quando o pronome substitui o ligado por ou, indicar uma exclusão ou
substantivo, deve concordar com o mesmo: sinonímia, o verbo deve ficar no singular:
Rafael é um cara bacana. Ele é meu Carlos ou André será o vencedor.
amigo.
Maria e Gabriela são conhecidas. Elas - Mas se indicar uma inclusão ou
são minhas vizinhas. antonímia o verbo deve ficar no plural:
*Note que: o adjetivo deve concordar O bem e o mal estão presentes nas
com o substantivo. Quando o pronome pessoas.
substitui o substantivo, o adjetivo concorda
com o mesmo. - Caso indicar uma retificação, o verbo
dever concordar com o núcleo mais
Concordância Verbal próximo:
O verbo concorda em número e pessoa O técnico ou os jogadores darão
com o sujeito da oração. entrevista após o jogo.
- Com sujeito simples, concordância em
número e pessoa:

58
Língua Portuguesa

- Quando expressões do tipo a maioria - Quando ocorre sujeito nome de algo


de, a maior parte de + um nome representar (ou um dos pronomes nada, tudo, isso ou
o sujeteito, o verbo deve concordar no aquilo) + o verbo ser + predicativo no
singular para realçar o todo, ou no plural plural, o verbo ser fica no singular ou no
para realçar a ação individual: plural (o que comumente ocorre):
A maioria das pessoas quer um país Assim falou o professor: a pátria não é
melhor. ninguém, são todos.
A maioria das pessoas querem um país
melhor. - Caso os pronomes quem, que e o que
iniciem uma oração interrogativa, o verbo
Quando o referente do pronome relativo ser deverá concordar com o nome ou
que for, por exemplo, daqueles, o verbo vai pronome que o suceder:
para a 3ª pessoa do plural. Quem foram os eleitos?
Não sou daqueles que corre.
*Mas a concordância poderia ocorrer - Quando o primeiro termo (que é
com um daqueles. sujeito) for um substantivo e o segundo
Não sou um daqueles que correm. termo for um pronome pessoal, o verbo ser
vai concordar com o pronome pessoal:
- Quando houver o verbo ser + pronome As árvores somos nós.
pessoal + que, a concordância do verbo
ocorre com o pronome pessoal: - O verbo ser fica no singular em
Sou eu que faço isso. Somos nós que expressões como é muito, é pouco, é mais
fazemos isso. de, é tanto, é bastante que indicam um
preço, medida ou quantidade:
- Caso ocorra o verbo ser + pronome Hoje em dia cem reais é quase nada.
pessoal + quem, então o verbo concordará
com o pronome pessoal ou ficará na 3ª - Quando o verbo ser indicar data, hora
pessoa do singular: ou distância, deve concordar com o
Sou eu quem começo a dança. Sou eu predicativo:
quem começa a dança. São exatamente duas horas. Hoje são 20
de setembro.
- O verbo fica no plural quando os nomes
próprios locativos ou intitulativos forem - Quando temos a voz passiva sintética e
precedidos de artigo no plural. Do o pronome apassivador se, o verbo deve
contrário, fica no singular: concordar com o objeto direto aparente, que
Os Estados Unidos são uma potência é o sujeito paciente:
mundial. Observavam-se luzes.
Minas Gerais é um estado brasileiro.
- Quando o sujeito é indeterminado e
- Quando as expressões um dos e uma houver o pronome indeterminador do
das vier antes do pronome relativo, o verbo sujeito, o verbo aparece na 3ª pessoa do
fica no plural ou na 3ª pessoa do singular: singular:
Ele é um dos que mais jogou (ou Precisa-se de funcionários.
jogaram).
Questões
- Caso transmita a ideia de seletividade,
o verbo fica no singular: 01. (Prefeitura de Bom Conselho -
Aquele é um dos livros de Stephen King Técnico de Laboratório -
que virará filme este ano. UPENET/IAUPE/2022) Assinale a

59
Língua Portuguesa

alternativa cujo termo sublinhado NÃO Advérbios


indica exemplo de Concordância Nominal. rente a
(A) “...ele escreveria a famosa afirmação perto de
de que a vontade de ter fé...”
(B) “E que um dos métodos mais Regência Verbal
importantes para criar essa crença...” É a relação entre o verbo e seus termos
(C) “...ou com praticamente nenhuma complementares, que podem ser objetos
consciência.” diretos ou indiretos, ou entre os termos que
(D) “Este é o verdadeiro poder do caracterizam o verbo, como os adjuntos
hábito.” adverbiais.
(E) “...cria os mundos onde cada um de Um verbo pode ser intransitivo, o que
nós habita. ” significa que ele apresenta um sentido
completo, por isso não precisa de um
02. (Prefeitura de Pedras Altas - complemento. Mesmo que adjuntos
Tesoureiro - OBJETIVA/2022) Em adverbiais possam acompanhar alguns
relação à concordância verbal, assinalar a desses verbos, não podem ser considerados
alternativa CORRETA: como objetos.
(A) Haviam documentos guardados na O adjunto adverbial demonstra uma
gaveta circunstância, ou seja, tempo, intensidade,
(B) Os meninos não compreendeu modo, lugar, etc. Trata-se de um termo
aquele cartaz. acessório da oração e pode modificar um
(C) As alunas passaram na prova. verbo, um advérbio ou um adjetivo. Caso
(D) Existe muitas pessoas que gostam de seja retirado da oração, a estrutura sintática
verão. da mesma não é prejudicada, já que se trata
de um termo acessório.
Gabarito
- Ventou pouco ontem.
01.E - 02.C Ventou é um verbo impessoal
intransitivo, impessoal pois não há alguém
praticando a ação e intransitivo por
Regência verbal e nominal; apresentar um sentido completo. Ao falar
ventou, não há necessidade de
complemento, o sentido já fica
Regência Nominal compreensível.
É a relação entre um substantivo, Pouco ontem é um adjunto adverbial de
adjetivo ou advérbio e os termos por eles intensidade (pouco) e de tempo (ontem).
regidos. Uma preposição sempre será a Esse complemento não é necessário para o
intermediadora dessa relação. verbo, é apenas um termo acessório.
Exemplos:
Um verbo também pode ser transitivo,
Substantivos o que significa que ele precisa de um
união a, com, entre complemento para criar um sentido.
compaixão de, para com, por O verbo é transitivo direto quando é
respeito a, para com, com, por acompanhado de objeto direto e não requer
uma preposição para a regência.
Adjetivos - Faço crochê.
acessível a Faço é transitivo direto, pois não
compatível com apresenta um sentido. Quem faz, faz
desgostoso com, de alguma coisa. Faço! Tá, mas faz o quê? Por
atencioso com, para com isso há a necessidade do complemento,

60
Língua Portuguesa

nesse caso a pessoa faz crochê, que é o Alguns verbos e suas regências:
objeto direto, uma vez que não há uma Aspirar: se empregado no sentido de
preposição entre o verbo e o complemento. sorver, é transitivo direto.
“Aspirou o ar lentamente”.
Por outro lado, no caso dos verbos Caso seja usado no sentido de pretender,
transitivos indiretos, o complemento é transitivo indireto.
ocorre por meio de um objeto indireto. “Ele aspirava à carreira de jogador.”
Isso quer dizer que há a necessidade de uma
preposição para a regência desse verbo. Chamar: no sentido de convocar, é
- Voltei de Sergipe. transitivo direto.
Voltei é transitivo indireto, pois está “Pedro chamou o filho para dentro.”
ligado à preposição. Quem volta, volta de No sentido de invocar, é transitivo
algum lugar. Sergipe é objeto indireto, já indireto.
que sua relação com voltei ocorre “Chamou pela mãe”.
indiretamente, por meio da preposição de. No sentido de qualificar, é transitivo
direto.
Um verbo pode ser transitivo direto e “Acho que vou chamá-lo inocente”. (o
indireto. Em determinadas construções, o objeto direto vem com predicativo)
verbo pode precisar de um objeto direto e “Acho que vou chamá-lo de inocente”.
um indireto para fazer sentido. (pode vir precedido pela preposição de)
“Eu vou emprestar o livro a você”.
(objeto direto = o livro; objeto indireto = Ensinar: se utilizado com pessoas, é
a você) transitivo indireto, se utilizado com
“Agradeci o convite ao noivo”. (objeto coisas, transitivo direto.
direto = o convite; objeto indireto = ao “O professor ensinou aos alunos”.
noivo) “O professor deveria ter ensinado
aquilo”.
É importante prestar atenção, pois “O professor podia ensinar os alunos até
alguns verbos podem possuir mais de um que aprendessem tudo”. (aqui aquilo que é
sentido, mas a mesma grafia. Como assistir. ensinado é silenciado, por isso é transitivo
No sentido de observar, ele é transitivo direto)
indireto: Eu assisti ao jogo de futebol. No sentido de castigar, educar, é
Porém, no sentido de prestar assistência transitivo direto.
(ou acompanhar), pode ser transitivo direto: “Vou ensiná-lo agora mesmo!”
O médico assistiu o paciente.
Esquecer: no sentido de perder da
Pronome relativo lembrança, é transitivo direto.
Esses pronomes iniciam orações “Nunca esqueci o beijo que me deu”.
adjetivas. Caso o verbo, nesse tipo de Quando pronominal, pede a preposição
oração, precisar de uma preposição, ela de, sendo transitivo indireto.
deve aparecer antes do pronome relativo. “Eu me esqueci do dever de casa”.
O autor do qual sou fã venceu o Nobel.
(eu gosto do autor) Interessar: no sentido de dizer respeito
Este é o quadro a cujo pintor aludi. (aludi a, importar, ser proveitoso, ser do interesse
ao pintor) de, é transitivo direto ou indireto.
O bairro aonde foram é inóspito. (foram “Isso interessa a você?”.
a) “Eu pensei que isso não te interessasse”.
A cidade donde vinha é pouco No sentido de prender a atenção, é
conhecida. (vinha de) transitivo direto.

61
Língua Portuguesa

“O filme na televisão interessou o (E) Sérgio desobedecia seus avós, mas


garoto”. obedecia os pais.
No sentido de causar curiosidade, pode
ser direto e indireto. 02. (TJ/RS - Juiz Estadual -
“O anúncio conseguiu interessar toda a FAURGS/2022) Qual das expressões
população em suas promoções.” sublinhadas abaixo é um termo regido por
No sentido de ter interesse, é indireto um antecedente nominal?
podendo ser com a preposição em ou por: (A) Sêneca esforçou-se por mostrar.
“Ele não tinha interesse em (B) o autodomínio, pode ser trilhado por
matemática”. qualquer indivíduo.
“Ele se interessava por futebol”. (C) pode auxiliar os humanos a viver de
modo harmônico.
Responder: no sentido de dar resposta, (D) Ele nos mostra que estar preparado
é transitivo indireto em relação à para um revés da sorte é o caminho mais
pergunta. seguro.
“A partir da leitura do texto, responda à (E) tomam a realidade simplesmente por
questão”. aquilo que nossos olhos veem.
Para expressar resposta, é transitivo
direto. Gabarito
“Respondi todas as cartas”.
Pode ser direto e indireto. 01.A - 02.D
“Respondeu-lhe que planejava tomar
novos rumos no futuro”.
No sentido de replicar, é transitivo Colocação e ordem de palavras na frase.
indireto.
“Respondeu com igual ferocidade”.
Pode ser intransitivo. Muitos concursos costumam cobrar esse
“Perguntei, mas não responde.” assunto nos editais. O que normalmente é
Se utilizado com sentido de repetir um cobrado pelas questões das provas é um tipo
som, é intransitivo. de reescrita de frase, ou reorganização, de
“Um gato miou, outro respondeu”. uma maneira que o sentido original seja
No sentido de ser responsável, é mantido, bem como a correção gramatical.
transitivo indireto com preposição por. Sendo assim, não há como responder a
“O rapaz respondia pelo idoso”. questões desse tipo de maneira isolada. Tais
questões requerem do candidato o domínio
Questões de outros assuntos da Língua Portuguesa,
tais quais a concordância verbal e
01. (SEA/SC - Engenheiro - nominal, regência, pontuação, uso das
IBADE/2022) A alternativa em que a classes de palavras, oração e período, e por
regência verbal está de acordo com a norma aí vai. Nunca se sabe como a banca cobrará
culta da língua é: tal assunto, por isso é interessante estudar e
(A) Quero-lhe muito bem, por isso vou buscar compreender e fixar a maioria dos
assistir ao seu jogo. assuntos da gramática de nossa língua.
(B) Assim que lhe encontrar, aviso-lhe Vamos analisar uma questão de um
do acontecido. concurso:
(C) Marta esqueceu do compromisso e
não pagou ao pintor. (APEX - Analista - IADES) Quanto à
(D) Ela namora com Luís, mas prefere equivalência e à transformação de
mais suas amigas de farra do que ele. estruturas do texto, assinale a alternativa
que reescreve o período “A mistura da

62
Língua Portuguesa

população é como a nossa, e nós damos as Alternativa D - Incorreta


boas-vindas a esse fato porque a (D) A mistura da população é como a
miscigenação enriquece o país”, mantendo nossa miscigenação, e nós damos as boas-
o sentido original da informação. vindas a esse fato porque enriquece o país.
(A) A nossa mistura é como a população, No texto original, as boas-vindas são
e nós damos as boas-vindas à miscigenação dadas ao fato de a mistura da população ser
porque esse fato enriquece o país. como a nossa, e não pelo fato de a mistura
(B) A mistura da população é como a da população ser como a nossa
nossa, e a esse fato as boas-vindas são dadas miscigenação. O sentido foi alterado.
por nós porque o país é enriquecido pela
miscigenação. Alternativa E - Incorreta
(C) A população é uma mistura como a (E) A mistura é como a nossa população,
nossa, e nós damos as boas-vindas porque e nós damos as boas-vindas porque a
esse fato enriquece a miscigenação e o país. miscigenação enriquece esse fato e o país.
(D) A mistura da população é como a Já começa errado, pois o texto original
nossa miscigenação, e nós damos as boas- não diz que a mistura é como a população,
vindas a esse fato porque enriquece o país. e sim que a mistura da população é como a
(E) A mistura é como a nossa população, nossa. Além disso, a miscigenação apenas
e nós damos as boas-vindas porque a enriquece o país, não o fato e o país.
miscigenação enriquece esse fato e o país.
Alternativa B - Correta
“A mistura da população é / como a (B) A mistura da população é como a
nossa, / e nós damos as boas-vindas a esse nossa, e a esse fato as boas-vindas são dadas
fato / porque a miscigenação enriquece o por nós porque o país é enriquecido pela
país” miscigenação.
A mistura da população é: ela é o que? A mistura da população é como a nossa,
Ela é como a nossa. como no original.
Além disso, nós damos as boas-vindas a / e a esse fato as boas-vindas são dadas
esse fato, ou seja, à mistura da população. por nós, apenas houve uma alteração para a
E por qual motivo fazemos isso? Porque voz passiva, mas o sentido foi mantido.
a miscigenação (a mistura da população) / porque o país é enriquecido pela
enriquece o país. miscigenação, também na voz passiva, com
o sentido mantido.
Alternativa A - Incorreta
(A) A nossa mistura é como a população, Vamos analisar outra questão:
e nós damos as boas-vindas à miscigenação
porque esse fato enriquece o país. (HEMOPA - Patologia Clínica -
A mistura da população é como a nossa, IADES) Considerando a equivalência e
e não a nossa mistura é como a população. transformação de estruturas, assinale a
A expressão não tem o mesmo alcance, pois alternativa que reescreve a oração “Doador
ocorreu um reducionismo. de sangue, faça a atualização de seus dados
na Fundação Hemopa.”, mantendo a
Alternativa C - Incorreta correção gramatical e o sentido da
(C) A população é uma mistura como a informação.
nossa, e nós damos as boas-vindas porque (A) Doadores de sangue, faça a
esse fato enriquece a miscigenação e o país. atualização dos seus dados na Fundação
A mistura da população é como a nossa, Hemopa.
nunca foi dito que a população é uma (B) Na Fundação Hemopa, faça a
mistura. O sentido foi alterado atualização do doador de sangue e de seus
indevidamente. dados.

63
Língua Portuguesa

(C) Doador, faça a atualização de sangue Alternativa D - Incorreta


e de seus dados na Fundação Hemopa. (D) Faça a atualização do doador de
(D) Faça a atualização do doador de sangue, dos seus dados, na Fundação
sangue, dos seus dados, na Fundação Hemopa.
Hemopa. É para ser feita apenas a atualização dos
(E) Na Fundação Hemopa, doador de dados do doador, e não a atualização do
sangue, faça a atualização dos seus dados. doador em si.

Texto original: Alternativa E - Correta


Doador de sangue, faça a atualização de (E) Na Fundação Hemopa, doador de
seus dados na Fundação Hemopa. sangue, faça a atualização dos seus dados.
Na Fundação Hemopa, local correto.
Quem é o sujeito que deve fazer algo? O / doador de sangue, quem deve realizar a
doador de sangue. ação.
O que ele deve fazer? A atualização de / faça a atualização dos seus dados,
seus dados. aquilo que deve ser feito pelo doador de
Onde ele deve fazer isso? Na Fundação sangue na tal Fundação.
Hemopa.
Além de tudo isso, é interessante ter em
Alternativa A - Incorreta mente a ordem dos termos, se é direta ou
(A) Doadores de sangue, faça a indireta:
atualização dos seus dados na Fundação
Hemopa. Ordem Direta
Se o plural tivesse sido utilizado A estrutura da oração deve ser: Sujeito –
corretamente na frase toda, até poderia estar Verbo – Complemento (que pode ser objeto
correta, pois a estrutura e a equivalência direto ou indireto) – Adjunto Adverbial.
seriam mantidas, bem como a correção O carteiro entregou a encomenda ontem
gramatica. O problema é que o verbo fazer de manhã.
está conjugado de maneira errada. O correto Sujeito: o carteiro
seria façam, para concordar com doadores Verbo: entregou
de sangue. Complemento: a encomenda
Adjunto adverbial: ontem de manhã
Alternativa B - Incorreta
(B) Na Fundação Hemopa, faça a Ordem Indireta
atualização do doador de sangue e de seus Os termos da oração são deslocados.
dados. Ontem de manhã, o carteiro entregou a
A atualização do doador de sangue não encomenda.
deve ser feita, apenas a atualização dos
dados do doador de sangue. O começa até Voz Ativa
estava correto, pois a ação deve ser feita na A voz é ativa quando o sujeito realiza a
Fundação Hemopa. ação do verbo.
Eu pintei o quadro.
Alternativa C - Incorreta
(C) Doador, faça a atualização de sangue Voz Passiva
e de seus dados na Fundação Hemopa. A voz é passiva quando o sujeito recebe
O doador deve fazer apenas a a ação do verbo.
atualização dos seus dados, não a de O quadro foi pintado por mim.
sangue. Aliás, há como atualizar o sangue?
Voz Passiva Sintética: Formada por um
verbo transitivo direto (ou direto e

64
Língua Portuguesa

indireto) na terceira pessoa do singular ou Vamos supor que uma questão afirme
plural, somada ao pronome apassivador se. que a oração intercalada “[...] há muitos
Relatou-se uma notícia bombástica. anos responsável pelo sítio arqueológico
[...]” possa ser transposta para o final da
Voz Passiva Analítica: Formada por frase, sem ocasionar alterações de sentido
um verbo auxiliar (ser ou estar) somado ao texto.
com o particípio de um verbo transitivo Essa afirmação estaria errada. A frase
direto, ou direto e indireto. ficaria:
Uma notícia bombástica foi relatada. “Trouxe de volta a louça que a
arqueóloga franco-brasileira Niéde Guidon
Questão ensinou os locais a fazerem para terem uma
fonte de subsistência, há muitos anos
01. (SES/DF - Cardiologista - IADES) responsável pelo sítio arqueológico”.
No que se refere à equivalência e à Na frase original, a oração intercalada
transformação de estruturas do texto, tem ligação com Niéde Guidon, explica que
assinale a alternativa que reescreve o ela é responsável pelo sítio arqueológico há
período “Se oficializado pela medicina, o muitos anos. Já na frase com alteração, a
órgão pode ser considerado o maior do oração intercalada passar a estar
corpo humano (título que hoje é da pele).”, relacionada a uma fonte de subsistência,
mantendo a coerência e a coesão da uma explicação, pois seria essa fonte a
informação. responsável pelo sítio arqueológico há
(A) Conforme oficializado pela muitos anos. Desse modo, há sim uma
medicina, o órgão é considerado o maior do alteração de sentido, e bem grande.
corpo humano (título que hoje é da pele).
(B) Embora oficializado pela medicina, Esse tipo de assunto pode aparecer no
o órgão será considerado o maior do corpo edital como Reescrita de frases e
humano (título que hoje é da pele). parágrafos do texto, ou como
(C) Contanto que seja oficializado pela reestruturação textual. É basicamente a
medicina, o órgão poderá ser considerado o mesma coisa (corrigir palavras incorretas
maior do corpo humano (título que hoje é de um texto, pode ser um erro de ortografia,
da pele). de acentuação, ou de concordância, como
(D) Mesmo que seja oficializado pela plural, gênero). Como os concursos cobram
medicina, considera-se que ele é o maior o gênero culto, ou norma-padrão, claro que
órgão do corpo humano (título que hoje é essa correção deve acompanham tal norma,
da pele). ou seja, seguir as regras gramaticais.
(E) Quando oficializado pela medicina, Vamos ver como ele é cobrado nas
o órgão foi considerado o maior do corpo questões.
humano (título que hoje é da pele).
(CM/Cáceres - Jornalismo - UFMT) A
Gabarito frase A julgar pelas pesquisas de opinião,
tudo vai mal. pode ser reescrita de diversas
01.C maneiras, conservando-se o sentido.
Assinale a alternativa que NÃO apresenta
Vejamos um outro exemplo: reescrita com o mesmo sentido da original.
“Trouxe de volta a louça que a (A) De acordo com as pesquisas de
arqueóloga franco-brasileira Niéde Guidon, opinião, tudo vai mal.
há muitos anos responsável pelo sítio (B) Apesar das pesquisas de opinião,
arqueológico, ensinou os locais a fazerem tudo vai mal.
para terem uma fonte de subsistência”. (C) Considerando as pesquisas de
opinião, tudo vai mal.

65
Língua Portuguesa

(D) Haja vista as pesquisas de opinião, (A) O que são rios aéreos, brasileiros?
tudo vai mal. Maiores que o Rio Amazonas, são fluxos de
água que surgem da transpiração da
Alternativa A - Incorreta Floresta Amazônica.
A julgar pelas e de acordo com (B) Vocês sabem, brasileiros o que são,
apresentam a mesma função. É o mesmo rios aéreos? Fluxos de água, maiores que o
que dizer segundo tal coisa, tal coisa rio Amazonas, surgem da transpiração da
acontece. floresta Amazônica.
(C) Vocês sabem o que são rios aéreos,
Alternativa B – Correta brasileiros? Surgem da transpiração da
Apesar das indica uma ideia de Floresta, Amazônica e são, maiores que o
contraste. Na verdade, as pesquisas indicam rio Amazonas.
que tudo vai mal. Utilizar apesar das traria (D) Brasileiros, vocês, sabem o que são,
a ideia de que as pesquisas indicam o rios aéreos, os fluxos de água que surgem
contrário de tudo ir mal. da transpiração da Floresta Amazônica e
são, maiores que o rio Amazonas?
Alternativa C - Incorreta (E) Brasileiros o que são rios aéreos?
Considerando as tem o mesmo valor de Maiores, que o Rio Amazonas, são os
de acordo com e a julgar pelas. É uma fluxos de água que surgem da transpiração,
conclusão que se baseia na pesquisa. da Floresta Amazônica.

Alternativa D - Incorreta Alternativa A - Correta


Haja vista tem o mesmo sentido de tendo A primeira vírgula foi utilizada para
em vista. Ou seja, segundo as pesquisas, a isolar o vocativo, brasileiros.
julgar pelas, considerando as. A conclusão A segunda vírgula isola uma
leva em conta as pesquisas. comparação, um segmente com valor
comparativo, que é Maiores que o Rio
(Prefeitura de Barretos - Agente de Amazonas.
Controle de Vetores - VUNESP) Observe
a figura para responder à questão. Alternativa B - Incorreta
Brasileiros é um vocativo e deveria ser
isolado entre duas vírgulas, uma antes e
outra depois.
Não há uma justificativa para o emprego
da vírgula após são.

Alternativa C - Incorreta
A vírgula após amazônica está incorreta,
pois está isolando o adjetivo que modifica o
substantivo floresta.
A vírgula após o são está incorreta, pois
não há regra que justifique seu uso.

Alternativa D - Incorreta
A vírgula após vocês está separando o
sujeito de seu verbo, sabem.
A vírgula após o são está incorreta, pois
As frases reescritas, a partir da figura, não há regra que justifique seu uso. Em
apresentam versão correta quanto à ambos os casos.
pontuação em:

66
Língua Portuguesa

Alternativa E - Incorreta Algumas dicas para reescrever frases:


Uma vírgula deveria ser usada após Você pode reescrever modificando
brasileiros, para isolar o vocativo. palavras por outras que sejam sinônimas:
A vírgula após maiores está incorreta, Diversos cachorros entraram na casa do
pois atrapalha a comparação e nenhuma vizinho.
regra a justifica. Assim como a vírgula após Vários cães adentraram a casa do
transpiração. vizinho.

(PC/RJ - Inspetor de Polícia - FGV) Você pode modificar palavras por outras
Todas as frases abaixo foram reescritas na que sejam antônimas:
forma negativa, mantendo-se o sentido O homem era rico.
original; a forma adequada de reescritura O homem não era pobre.
está na frase:
(A) A empresa fracassou / A empresa Você pode substantivar um verbo:
não se desenvolveu; Trabalhará até que o problema se
(B) O time foi eliminado / O time não foi conclua
campeão; Trabalhará até a conclusão do problema.
(C) Essa atriz está envelhecendo / Essa *Ou fazer o inverso, trocar a
atriz não atua mais; substantivação pelo verbo.
(D) Proibiram-nos de sair do colégio /
Proibiram-nos que não entrássemos no Você pode mudar o tempo verbal:
colégio; Em 2002 o Brasil ganhou sua última
(E) Aquele filme me aborreceu / Aquele Copa.
filme não me agradou. Em 2002 o Brasil ganha sua última copa.

Alternativa A - Incorreta Você pode utilizar uma locução verbal:


Uma empresa fracassar não significa que Tomarei guaraná com goiabada para
ela não se desenvolveu. A segunda frase sobremesa.
não apresenta a forma negativa da primeira. Vou tomar guaraná com goiabada para
sobremesa.
Alternativa B - Incorreta *Pode fazer o inverso.
Para chegar às finais, um time não pode
ser eliminado. Quando chega à final o time Você pode utilizar o tempo composto:
pode perder a final, mas não ser eliminado. Eu fora um bom aluno quando criança.
Eu tinha sido um bom aluno quando
Alternativa C - Incorreta criança.
Envelhecer não impede um ator de atuar.
A segunda frase não é a negativa da Você pode trocar uma oração reduzida
primeira. por uma desenvolvida:
É recomendável economizar energia.
Alternativa D - Incorreta É recomendável que todos
Na primeira frase, foram proibidos de economizemos energia.
sair do colégio. Na segunda, foram *Pode ser feito o oposto.
proibidos de entrar no colégio.
Você pode trocar conjunções de mesmo
Alternativa E - Correta valor:
A segunda frase é a negativa da primeira, Fiz isso porque ela pediu.
pois um filme que não agrada é um filme Fiz isso pois ela pediu.
que aborrece, mas com a frase empregada
na forma negativa.

67
Língua Portuguesa

Em “A medicina preventiva tem como Questão


principal objetivo manter”, uma reescrita
possível seria 01. (MPE/GO - Secretário Auxiliar -
“O principal propósito da medicina MPE/GO/2022) “Platão alfinetou
preventiva é manter”. Diógenes, e este retorquiu com
Houve uma transformação da voz ativa serenidade”
em voz passiva analítica, mantendo o A frase acima manterá seu sentido
sentido original e a correção gramatical. básico caso se substituam os elementos
sublinhados, respectivamente, por:
Em “O que diferencia um abusivo (A) redarguiu − correspondeu −
loitering de uma apenas inocente ausência harmonia
de movimento depende da interpretação do (B) provocou − replicou − tranquilidade
guarda.”, uma reescrita possível seria (C) recriminou − interpôs − dignidade
“A depender da interpretação do guarda, (D) perturbou − rebateu – animosidade
se estabelece a distinção entre o abuso do
loitering e a mera falta de movimento”. Gabarito
A condição para a diferença entre um
loitering abusivo e uma inocente ausência 01.B
(ou falta) de movimento é a interpretação
do guarda. Ou seja, essa diferença depende
da interpretação do guarda. 5. Sistema gráfico: ortografia;

Também é possível reescrever frases


escritas de maneira incorreta, que não Alfabeto
seguem a norma culta, que estão incorretas A letra representa o som na escrita e o
gramaticalmente. conjunto de letras de um sistema de escrita
“O juiz julgou procedente a pretenção de forma o alfabeto.
adoção requerida pela família”. O alfabeto da Língua Portuguesa possui
O correto seria pretensão. 26 letras:
abcdefghijklmnopqrstuvwx
“Pais biológicos desistem de guarda e yz
STF reintera adoção”.
O correto seria reitera. Ordem alfabética
A ordem alfabética serve para organizar
“Atos contrários aos bons costumes palavras e nomes em geral em uma lista
incindem na perda da adoção”. alfabética, ou seja, numa sequência que se
O correto seria incidem. inicia no primeiro e vai até o último.
Essa ordem deve seguir a ordem das
“É fundamental analizar as motivações letras no alfabeto, ou seja, começa com a e
dos candidatos à adoção”. vai até o z, na ordem em que as letras
O correto seria analisar. aparecem no alfabeto (a, b, c, d, e...).
Para organizar essa ordem alfabética, é
Preste atenção às alternativas das preciso analisar se a palavra inicia com a
questões. A frase reescrita corretamente letra a, pois ele será o primeiro. Do
deve seguir as normas gramaticais, bem contrário, passa-se à próxima letra, no caso,
como respeitar a informação da frase b, e assim em diante.
original, apesentando a mesma ideia, Mas pode haver mais de uma palavra que
mesmo que com o uso de palavras se inicia com a letra a. Para saber qual vem
diferentes. primeiro, é só ver a próxima letra. A palavra

68
Língua Portuguesa

cuja segunda letra vier antes será o @ - arroba.


primeiro.
Alberto vem primeiro que Amanda, pois Uso do H
o l vem antes do m no alfabeto. Quando Em nossa língua, o h não representa
houver letras repetidas, basta usar essa nenhum som e é utilizado somente:
mesma regra. Por exemplo, Fernanda vem - No início de algumas palavras
primeiro que Fernando, pois a diferença hoje; havia
está na última letra e o a aparece antes do o
no alfabeto. - Ao final de interjeições:
ah! oh!
As letras a, e, i, o, u são vogais. As
demais são consoantes. - Em palavras compostas, quando o
segundo elemento, que começa por h, se
Emprega-se as letras k, w e y em apenas junta ao primeiro pelo uso do hífen:
dois casos: super-homem; pré-vestibular
- Ao transcrever nomes estrangeiros e
seus derivados: - Em dígrafos ch, lh, nh:
Willian; Mary; kafkiano chove; malha; lenha

- Quando abreviamos os símbolos de Abreviação


uso internacional: Existem palavras longas e temos pouco
kg (quilograma) tempo, pois vivemos de maneira acelerada.
km (quilômetro) Então, para falar ou escrever mais rápidos,
yd (jarda) acabamos por abreviar certas palavras, para
acelerar as coisas. A abreviação ocorre de
Símbolos de unidades: uma maneira que não cause prejuízo à
km - quilómetro; compreensão da palavra. É comum
km² - quilómetro quadrado; abreviarmos palavras de compostos greco-
kW - quilowatt; latinos, como:
mA - miliampere. fotografia (foto); automóvel (auto);
motocicleta (moto); quilograma (quilo).
Símbolos de moedas:
€ - euro; Abreviatura
£ - libra; Representa uma palavra por meio de
¥ - iene; suas sílabas iniciais ou letras. É possível
$ - cifrão, dólar; realizar uma abreviatura escrevendo a
¢ - centavo, cêntimo. primeira sílaba e a primeira letra + ponto
final abreviativo: núm. (número)
Símbolos matemáticos: Em uma palavra cuja segunda sílaba seja
< - menor; vogal, a abreviação se estende até a
≤ - menor ou igual; consoante seguinte: biol. (biologia)
≠ - diferente; O acento gráfico da primeira sílaba, se
× - vezes; houver, será preservado: fáb. (fábrica)
‰ - permilagem; Caso a segunda sílaba se inicie por duas
consoantes, estas devem ser preservadas:
Outros símbolos: gloss. (glossário)
& - e (comercial); Há ainda os casos que não obedecem a
§ - parágrafo; nenhuma regra em particular: Ltda.
# - cardinal (conhecido como hashtag na (limitada); apto. (apartamento); Cia.
internet); (Companhia); entre outros.

69
Língua Portuguesa

Siglas Trema
São as letras iniciais das palavras, ou Abolido pelo Acordo Ortográfico. Só é
partes iniciais, formando uma quase- utilizado em palavras estrangeiras, nomes
palavra. É comum utilizar siglas para próprios e seus derivados:
assinar um nome, em nomes de Günter Grass
organizações, partidos políticos, sociedades
culturais, estudantis, etc. Apóstrofo
MEC: Ministério da Educação. Indica que houve a supressão de um
FGV: Fundação Getúlio Vargas. fonema, normalmente uma vogal. Está
IBGE: Fundação Instituto Brasileiro de ligado ao modo de pronunciar as palavras
Geografia e Estatística. ou em palavras ligadas pela preposição de:
Detran: Departamento Estadual de copo d’água; anel d’ouro
trânsito.
Embrapa: Empresa Brasileira de Cedilha
pesquisa agropecuária. Aparece debaixo da letra c, antes de a, o
e u, representando a fricativa alveolar surda
Notações Léxicas /s/:
São sinais acessórios da escrita. calça; paçoca; açude

Acento agudo Hífen


- Assinala as vogais tônicas fechadas i e - Liga elementos de palavras compostas
u: ou derivadas por prefixação:
físico; açúcar pré-moldado; couve-flor

- Assinala as vogais tônicas abertas e - Une pronomes átonos a verbos:


semiabertas a, e e o: enviaram-me uma mensagem.
pálido; exército; herói
- Quando escrevemos e a linha termina,
Acento grave separa uma palavra em duas partes:
Indica a crase, que é a junção da Como é bom poder estudar e adquirir no-
preposição a com o artigo feminino a(s). -vos conhecimentos!
Para não repetir o a duas vezes, usa-se o a
com crase: Hífen e Palavras Compostas
Vou a a praia (a preposição + a artigo) O hífen é utilizado em palavras
Vou à praia compostas em que a união dos dois
elementos apresenta um sentido único,
Acento circunflexo todavia, cada elemento mantém sua própria
Indica as vogais tônicas semifechadas e independência, como acentuação própria.
e o, e a vogal tônica a seguida de consoante - Palavras compostas nas quais os
nasal: elementos perderam seu significado
mês; alô; tâmara próprio, formando um novo significado:
arco-íris; água-viva
Til
Utilizado sobre as letras a e o para - Palavras compostas cujo primeiro
indicar a nasalidade: elemento possui forma adjetiva:
mãe; melões latino-americano; sócio-histórico
*É um sinal gráfico, não um acento.
- Palavras compostas com radicais auto-
, neo-, proto-, pseudo- e semi-, caso o
próximo elemento começar com h:

70
Língua Portuguesa

proto-histórico; semi-humano - sota-, soto-, vice- e ex- (com o sentido


- Palavras compostas com o radical pan- de estado anterior):
ou circum-, quando o próximo elemento soto-ministro; vice-presidente; ex-atleta
começar por vogal, h, m ou n:
pan-americano; pan-helênico; circum- - pós-, pré- e pró-, quando possuírem
navegação acento e significado próprios:
pós-doutor; pré-escola; pró-ocidente
- Palavras compostas com bem, se o
próximo elemento necessitar ou possuir - Quando não houver acento, ocorre
autonomia: aglutinação com o radical seguinte:
bem-aventurança pospor; preestabelecido; procônsul

- Em palavras compostas com mal, se o - Se o segundo elemento iniciar com a


elemento seguinte começar com vogal ou h: mesma vogal com que o prefixo termina,
mal-entendido; mal-humorado ocorre o hífen:
intra-aurais; supra-auricular
- Palavras compostas com sem, além,
aquém e recém: G ou J?
sem-vergonha; além-mar; aquém- Não há uma regra geral que abarcará
fronteiras; recém-formado todos os usos dessas duas letras. Entretanto,
existem algumas regras que podem ajudar
- Quando o segundo elemento iniciar por em diversas situações:
vogal, r ou s, não há hífen, e o r e o s são
duplicados: Utiliza-se g:
autoajuda; paraquedas; autorregulagem; - Em substantivos que terminam em -
autossabotagem agem, -igem, -ugem (exceto pajem):
garagem; fuligem; ferrugem
Hífen e a Prefixação
- contra-, extra-, infra-, intra-, supra- e - Em palavras que terminam em -ágio,
ultra-, há hífen caso o elemento a seguir égio, -ígio, -ógio, -úgio:
inicie por h ou pela mesma vogal que estágio; egrégio; prodígio; relógio;
finaliza o prefixo: refúgio
contra-almirante; ultra-humano
- Em verbos quer terminam em -ger e -
- ante-, anti-, arqui- e sobre-, caso o gir:
elemento a seguir inicie por h ou pela proteger, fugir
mesma vogal que encerra o prefixo, há
hífen: - Em palavras que derivam de outras
arqui-inimigo; grafadas com g:
do contrário, antiepilético. garagista; fuliginoso

- super- e inter-, caso o elemento a Utiliza-se j:


seguir inicie por h ou r, haverá hífen: - Em palavras que derivam de outras
super-humano; inter-relações terminadas em -ja:
loja – lojista
- ab-, ad-, ob-, sob- e sub-, caso o cereja – cerejeira
elemento seguinte iniciar por r, haverá
hífen: - Em todas as formas da conjugação dos
sub-reino; ab-rogar verbos que terminam em -jar ou -jear:

71
Língua Portuguesa

viajar – viajo; viaje (viagem é um Letra Ç


substantivo) - Nunca aparece antes de e e i. É usado
despejar – despejo, despeje somente antes de a, o e u.

- Palavras cognatas ou que derivam de - Usado em palavras de origem indígena,


outras que possuam j: africana, árabe, italiana, francesa ou
nojo – nojento exótica:
jeito – jeitoso açaí - açúcar - muçarela - Moçambique

- Palavras de origem africana ou - Palavras com o sufixo -guaçu e -açu:


ameríndia (como o tupi-guarani) ou árabe: Paraguaçu Paulista - cupuaçu
pajé – canjica – jiló – Jericó
- Palavras que têm origem no radical to:
*Berinjela é o correto, sendo uma atento - atenção; exceto - exceção
palavra que gera dúvidas.
- Palavras que derivam de outras
R e RR terminadas em -tar e -tor:
- A sua pronúncia da letra r é marcada adotar – adoção; setor - seção
por tremer a língua quando se está entre
duas vogais. - Em adjetivos e substantivos que
- Quando estiver entre uma vogal e uma derivam do verbo ter e seus derivados:
consoante, deve ser pronunciada de forma deter - detenção
fraca.
- Pode iniciar palavras, e nesses casos - Em palavras que derivam de outras
sua pronúncia é forte, como se fosse rr. terminadas em -tivo:
introspectivo - introspecção
- Nenhuma palavra se inicia por rr.
- Sua pronúncia é forte, é o próprio nome - Na frente de ditongos:
da letra, mas feito com a garganta, sem feição
tremer a língua. *Quando o verbo terminar em r e a
- Aparece apenas entre duas vogais. palavra que será sua derivada remover esse
r:
C, Ç, S e SS reeducar – reeducação; importar -
Letra C importação
- Utilizada em palavras de origem
africana, árabe ou tupi: Letra S
cipó - cacique - Substantivos que derivam de verbos em
corr, d, nd, nt, pel, rg, rt, no radical:
- Em palavras que derivam de outras que concorrer - concurso; imergir - imersão
terminam com -te e -to:
marte - marciano; torto – torcido - Adjetivos pátrios ou títulos de nobreza
que terminem em -ês(a) e -ense:
- Após ditongos: paranaense – marquês
coice – foice
- Palavras que terminam em -oso e -isa:
- Palavras com terminações -ecer e - saboroso – fantasia
encer:
anoitecer - pertencer - Palavras que possuam o som de z e que
aparecem após um ditongo:
coisa - maisena

72
Língua Portuguesa

- Em substantivos que terminem em ase, - Depois do prefixo en:


ese, ise, ose: enxugar - enxaqueca
tese - mitose
*deslize e gaze são algumas exceções. - Em palavras que começam por me:
mexerica - mexer
- Em verbos que terminam com isar,
caso seu correspondente possuir s no - Em palavras de origem tupi, africana
radical: ou inglesa (mantendo a grafia orifinal):
liso - alisar xavante - xampu - xerife
*Exceções: catequizar - catequese,
batizar - batismo, hipnotizar - hipnose), O CH
sintetizar – síntese. - Utilizado em palavras de origem latina,
francesa, espanhola, italiana, alemã,
- Em palavras derivadas, caso a letra s inglesa, árabe:
seja parte do radical da palavra original, o chave - cheque - chope sanduíche
diminutivo ocorre com s:
Luís - Lusinho; mesa - mesinha - Em palavras derivadas que possuam
*Quando a palavra de origem não ch:
terminar em s, o z é utilizado: chifre – chifrada; encher - enchente
mané - manezinho; pé - pezinho
- Aumentativo ou diminutivo, sufixos -
O SS acho, -achão, -icho, -ucho
- Ocorre entre duas vogais e nunca deve rabicho - gorducho - bonachão
iniciar uma palavra.
- Após an, en, in, on, un:
- Aparece em verbos que terminam em gancho - encher - inchado - poncho -
primir, meter, mitir, cutir, ceder, gredir, escarafunchar
sed(i)ar:
impressão - imprimir; repercussão – Inicial Minúscula ou Maiúscula
repercutir; omissão - omitir Minúscula Inicial
- Comummente em todos os vocábulos
- Quando o prefixo termina em vogal e a da língua nos usos correntes;
próxima palavra começa com s: - Em nomes dos dias, meses, estações do
assimétrico - minissaia ano: terça-feira; domingo, janeiro; verão;
- Em títulos de obras literárias (depois do
O SC primeiro nome, que inicia por maiúscula, os
Pode ser um dígrafo. Nesse caso a outros vocábulos podem ser escritos com
unidade sonora se perde, representa apenas minúscula, a não ser os nomes próprios que
um som consonantal, que equivale a /s/. estejam presentes): Menino de Engenho ou
Quando ocorre, na separação silábica, o s e Menino de engenho, Árvore e Tambor ou
o c são separados: Árvore e tambor;
nas-cer - Nos usos de fulano, sicrano, beltrano.
*Ocorre com maior frequência em - Em pontos cardeais (todavia, não em
palavras mais cultas: suas abreviaturas); norte, sul (mas:
descender - ascender - consciência SW=sudoeste);
- Nos axiônimos e hagiônimos (neste
O “X” caso, opcionalmente, também pode ser
- Aparece após ditongo: utilizada letra maiúscula): senhor doutor
feixe - caixa Francisco Oliveira, bacharel Júlio Dantas;
santa Maria (ou Santa Maria);

73
Língua Portuguesa

- Em nomes que designam domínios do Porquês


saber, cursos e disciplinas (opcionalmente, Por que (separado e sem acento):
também com maiúscula): português (ou utilizado para fazer perguntas. Pode ser
Português), matemática (ou Matemática); substituído por por qual motivo, por qual
- Em cargos e títulos. razão.
Por que você fez isso? (por qual motivo
Maiúscula Inicial você fez isso?)
- Na primeira palavra de período ou
citação; Por quê (separado e com acento): deve
- Em substantivos próprios; ser usado no final de frases.
- Em nomes de épocas históricas, datas e Você fez isso por quê?
fatos importantes; Ele se irritou e nem disse por quê.
- Em nomes de altos cargos e dignidades; Quando aparece sozinho: Então é assim?
- Em nomes de altos conceitos religiosos Por quê?
ou políticos;
- Em títulos de revistas e jornais; Porque (junto e sem acento): é
- Nos topônimos, reais ou fictícios: utilizado em respostas e justificativas. Tem
Lisboa, Luanda, Maputo, Rio de Janeiro; o mesmo valor de em razão de, pois, devido
Atlântida; a.
- Nos nomes de seres antropomorfizados Eu me cansei porque você demorou
ou mitológicos: Adamastor; Netuno; muito. (Eu me cansei pois você demorou
- Nos nomes que designam instituições: muito)
Instituto de Pensões e Aposentadorias da
Previdência Social; Porquê (junto e com acento): Tem o
- Nos nomes de festas e festividades: mesmo valor de razão, motivo, causa. É
Natal, Páscoa; comum ser precedido de artigo.
- Nos pontos cardeais ou equivalentes, Eu queria saber o porquê de ele ter se
quando empregados absolutamente: cansado. (Eu queria saber o motivo de ele
Nordeste, por nordeste do Brasil, Norte, por ter se cansado).
norte de Portugal, Meio-Dia, pelo sul da
França ou de outros países, Ocidente, por Mal ou Mau
ocidente europeu, Oriente, por oriente Mal: é o oposto de bem.
asiático; Você está bem?
- Em siglas, símbolos ou abreviaturas Não, estou mal.
internacionais ou nacionalmente reguladas
com maiúsculas, iniciais ou mediais ou Mau: é o oposto de bom.
finais ou o todo em maiúsculas: FAO, Você é um homem bom.
NATO, ONU; H2O; Sr., V. Exa.; Não, eu sou um homem mau.
- Em expressões de tratamento;
- De modo opcional, em palavras Mais ou Mas
empregadas reverencialmente ou Mas: tem o mesmo valor de porém,
hierarquicamente, no começo de versos, em indicando uma oposição a uma ideia
categorizações de logradouros públicos: anterior.
(rua ou Rua da Liberdade, largo ou Largo Eu gosto dela, mas ela me cansa.
dos Leões), de templos (igreja ou Igreja do
Bonfim, templo ou Templo do Apostolado Mais: tem o valor de adição. É o
Positivista), de edifícios (palácio ou Palácio contrário de menos.
da Cultura, edifício ou Edifício Azevedo Ele é mais forte que eu.
Cunha).

74
Língua Portuguesa

Onde ou Aonde Funções do Como


Onde: indica lugar no qual / em que. - Função de substantivo: para exercer
A cidade onde nasci é grande. (A cidade esta função deve acompanhado de artigo,
na qual nasci é grande) adjetivo, pronome ou numeral.
“Já sabemos o como, agora falta saber o
Aonde: é a junção da preposição a + quando”.
onde. Deve ser empregado com verbos que
indicam movimento. - Função de verbo: a conjugação do
Vou aonde a vida me levar. verbo comer na 1ª pessoa do singular do
presente do indicativo é como.
A, há ou à “Eu como de tudo um pouco”.
A: pode ser um artigo feminino ou uma
preposição. - Função de pronome relativo:
A borboleta. (artigo feminino antes do normalmente acontece quando como ser
substantivo feminino) precedido de modo, forma, maneira e jeito,
O prédio fica a cem metros de distância apresentando o mesmo sentido de com o(a)
(preposição indicando distância) qual, pelo(a) qual, etc.
Vou ao trabalho daqui a 2h. (preposição “Não gosto do modo como ele me
que indica tempo futuro) chama.”
“Gosto do jeito como a professora
Há: verbo haver. Pode indicar tempo ensina”.
passado ou ter o sentido de existir.
Isso ocorreu há mil anos. - Função de advérbio: neste caso, pode
Há uma casa naquela rua. ser um advérbio de modo “Isso não ocorreu
como eu esperava.”; interrogativo de
À: junção de artigo com preposição, modo “Boa tarde. Como posso ajudá-lo?”;
formando crase. de intensidade (pode ser substituído por
Fui à missa. quanto ou quão) “Como é maravilhoso o
final da tarde”.
Ao encontro de ou De encontro a
Ao encontro de: significa que algo está - Função de preposição acidental: é
de acordo. comum acontecer quando como apresentar
Minha ideia foi ao encontro da sua. (as valor semântico de por, na condição de ou
ideias estão de acordo) na qualidade de.
“Como escritor, é meu dever escutar meu
De encontro a: indica algo que não está público leitor”.
de acordo. “E ela ainda saiu como a vítima da
Minha ideia foi de encontro à sua. (as história!”
ideias se opõem)
- Função de conjunção coordenativa
Afim ou Afim de aditiva: apresenta o valor de bem como.
Afim: indica semelhança, igualdade. “Não só canta, como dança”.
Para meu aniversário, convidarei apenas
os meus parentes e afins. - Função de conjunção subordinativa
causal: apresenta o valor de porque, no
Afim de: locução prepositiva que pode início de uma frase.
ser substituído por para. “Como guardamos dinheiro ao longo do
Vim aqui a fim de festejar. ano, fomos viajar no Natal”.
Também indica interesse: Estou a fim de
você. (estou interessado em você)

75
Língua Portuguesa

- Função de conjunção subordinativa O que pode se equivaler à preposição de


comparativa: apresenta o valor de tal qual. e, neste caso, seu uso ocorre no meio de
“Eu estudei como você, mas falhei.” uma locução verbal.
Eu não tenho que aturar tudo o que tenho
- Função de conjunção subordinativa que aturar nesta casa.
conformativa: apresenta valor de
conforme. As interjeições exprimem algum tipo de
“Como eu havia dito, não aceitarei emoção, como espanto ou admiração. O
menos que isso”. que pode funcionar como interjeição.
– Sim, os dois foram vistos juntos.
- Função de partícula expletiva ou de – Quê!
realce: tem essa função quando seu
emprego realçar uma ideia ou palavra O que pode modificar um adjetivo ou
dentro da frase. Em casos assim, o como advérbio, intensificando-os. Por isso pode
pode ser removido sem qualquer prejuízo apresentar a função de advérbio.
sintático. Que incrível é esse lugar!
“Sentiu como um aperto no peito e
precisou se sentar”. As conjunções coordenativas iniciam as
orações coordenadas e as conjunções
- Função de interjeição: aparece em subordinativas, as orações subordinadas. O
frases interrogativas ou exclamativas, para que pode apresentar a função dessas
expressar emoção. conjunções.
“Como?! Então ele realmente fez isso?” No caso da conjunção coordenativa,
ela pode ser aditiva, com o que, ao realizar
Funções do “que” a união de duas orações coordenadas,
A palavra que pode apresentar diversas exprimindo ideia de adição. Aparece entre
classificações dentro das classes de verbos repetidos.
palavras, podendo desempenhar a função Nossa, aquela sua amiga fala que fala!
de várias delas.
O que pode determinar ou substituir um A conjunção coordenativa também
substantivo, por isso pode exercer a função pode ser explicativa. Neste caso, o sentido
de pronome, que pode ser de: estabelecido pela união de duas orações é o
Pronome indefinido, quando apresentar de explicação. O comum é aparecer depois
um sentido vago. de um imperativo.
Que ânimo! Trabalhem, que a vida não está fácil! (o
Pronome interrogativo, quando que da explicativa pode ser substituído por
empregado em orações interrogativas. A porque ou pois).
pergunta pode ser feita somente com que ou
com a expressão o que. O que, quando empregado no sentido de
Que prato vamos escolher? (direta) conjunção subordinativa integrante,
Não sei que prato vamos escolher? inicia orações substantivas.
(indireta) A situação demonstra que a velha
Pronome relativo, quando retoma e política não tem fim.
substitui um termo antecedente, para evitar
sua repetição. Pode também unir duas No sentido de subordinativa integrante
orações e até mesmo introduzir uma oração consecutiva, apresenta a consequência de
subordinada adjetiva. algo expresso na outra oração. Além de unir
O prato que ele comeu é muito bom. orações adverbiais, aparece precedida de
Não disse / o que queria. intensificador (tanto, tão, tal, etc.)
Falou do que foi servido. Fazia tanto calor que suava litros.

76
Língua Portuguesa

A subordinativa adverbial inicia as frase que explicitará o sujeito ou o tornará


orações adverbiais. Pode ser comparativa implícito.
quando as orações estabelecem uma Rose se olhava no espelho. (Rose =
comparação. sujeito; se = objeto direto; olhava = verbo
Empenhava-se mais que o outro. transitivo direto)
Deu-se um carro novo de presente. (deu
A subordinativa adverbial pode ser = verbo transitivo direto indireto; se =
concessiva, ou seja, há uma ideia de objeto indireto; um carro novo de presente
concessão entre as orações. = objeto direto)
Que gritasse o mais alto, ele não se
abalaria. Quando o se apresentar uma relação de
reciprocidade, ou seja, dois ou mais seres
A subordinativa adverbial pode ser praticam e recebem uma ação ao mesmo
causal, ou seja, há uma ideia de causa e tempo, terá a função de pronome
consequência entre as orações. recíproco.
Irei à escola, que preciso estudar. Paulo e Andreia se beijaram.

A subordinativa adverbial pode ser Quando o se torna o sujeito paciente,


final, ou seja, há uma ideia finalidade entre apresenta a função de pronome
as orações. apassivador. Para isso, precisa ligar-se a
Segurei-lhe o braço que não caísse. um verbo transitivo direto ou transitivo
direto e indireto. O agente da passiva
O que pode funcionar como uma (aquele que pratica a ação sobre o sujeito
partícula expletiva ou de realce. Essa paciente), não existe. Por isso a construção
partícula não possui função sintática ou estará na voz passiva sintética. O verbo o
semântica, por isso sua retirada não verbo precisa concordar com o sujeito
representa prejuízo. Seu uso acarreta paciente (aquele que recebe a ação).
intensidade àquilo que se pretende Vendem-se ovos frescos. (vendem =
expressar. verbo transitivo direto; se = pronome
Quase que comprei por impulso. apassivador; ovos frescos = sujeito
Os quietos é que são os piores. (há a paciente)
possibilidade de utilizar também as A construção com o se apassivador pode
expressões é que, será que, foi que). ser transformada em voz passiva analítica.
É necessário usar o verbo ser ou estar +
O que pode ter função de substantivo. particípio.
Para isso, precisa ser precedido por artigo Ovos frescos são vendidos.
ou pronome, ou seja, ser determinado por
eles. Levará acento em todos os casos. Quando o se é empregado para tornar o
O quê do queijo. sujeito da oração indeterminado, ele tem a
Esta apostila tem um quê de sucesso. função de índice de indeterminação do
sujeito. Para isso ocorrer, o sujeito não
Funções do “se” deve estar nem explícito, nem subentendido
Assim como o que, o se também pelo contexto. Sempre ocorre na voz
apresenta diversas funções, dependendo de passiva, e normalmente com verbo
como for utilizado. Vamos conhecê-las. intransitivo, verbo transitivo indireto ou
Quando o se indicar uma ação do sujeito verbo de ligação.
ao próprio sujeito, terá a função de Sofre-se muito em São Paulo. (sofre =
pronome reflexivo. Esse tipo de pronome verbo intransitivo; se = índice de
desempenha, sintaticamente, a função de indeterminação do sujeito; muito =adjunto
objeto direto ou indireto. É o contexto da

77
Língua Portuguesa

adverbial de intensidade; em São Paulo Pode ser a de conjunção subordinativa


(adjunto adverbial de lugar) causal, que apresenta ideia de causa. Inicia
Precisa-se de padeiro. (precisa = verbo uma oração subordinada adverbial causal.
transitivo indireto; se = índice de Se você tem pressa, não fique enrolando.
indeterminação do sujeito; de padeiro = Pode ser a de conjunção subordinativa
objeto indireto) concessiva, que apresenta ideia de
concessão. Inicia uma oração adverbial
Quando o se estiver presente nos verbos concessiva.
pronominais, terá a função de parte Se o acesso à internet melhorou, a
integrante do verbo. Por acompanhar o qualidade da conexão tem deixado a
verbo, o pronome integrará o verbo em desejar.
todas as flexões. Dependendo do contexto,
o sujeito pode ser explícito ou implícito. A Questões
parte integrante não exerce nenhuma
função sintática. 01. (MPE/GO - Secretário Auxiliar -
Ela se tornou uma atriz famosa. (ela = MPE/GO/2022) Assinale a alternativa em
sujeito; se = parte integrante do verbo; que todas as palavras estão escritas de
tornou = verbo de ligação) forma correta:
Atrapalhava-se com a conversa (sujeito (A) garagem – genjiva – jilete
implícito; atrapalhava = verbo transitivo (B) vertigem – laranjinha – hegemonia
indireto; se = parte integrante do verbo; (C) gis – algema – estrangeiro
com a conversa = objeto indireto) (D) geito – vertiginoso - prodígio

Quando o se puder ser removido da 02. (Prefeitura de Juatuba - Assistente


construção sem acarretar em prejuízo Social - REIS & REIS/2022) Marque a
semântico e sem afetar sua estrutura alternativa que traz uma afirmação correta
sintática, apresentará a função de partícula sobre o uso das letras iniciais maiúsculas e
expletiva ou de realce. Para isso ocorrer, o minúsculas na frase a seguir.
se não pode ser parte integrante de um “A cidade de Brasília, capital do país, foi
verbo, um pronome reflexivo, uma projetada por Lúcio Costa e inaugurada no
partícula apassivadora ou índice de dia 21 de Abril de 1960.”
determinação do sujeito. (A) Todas as letras iniciais das palavras
Foi-se a época de abundância. (foi = são usadas adequadamente.
verbo intransitivo; a época = sujeito) (B) Há erro, pois a palavra “cidade” deve
ser escrita com inicial maiúscula.
O se pode exercer a função de (C) Há erro, pois a palavra “capital”
conjunção ao lugar duas orações. deve ser escrita com inicial maiúscula.
Pode ser a de conjunção subordinativa (D) Há erro, pois a palavra “Abril” deve
integrante, não apresentando valor ser escrita com inicial minúscula.
semântico, aparecendo no começo da
oração. Inicia uma oração subordinada Gabarito
substantiva.
Se ela cumprirá a promessa, ninguém 01.B - 02.D
pode afirmar.
Pode ser a de conjunção subordinativa
condicional, que apresenta ideia de
condição. Inicia uma oração subordinada
adverbial condicional.
Se ela cumprir sua promessa, informarei
a todos.

78
Língua Portuguesa

Quando uma palavra depende do acento


Regras de acentuação; tônico da palavra anterior, amparando-se na
mesma, temos a ênclise (ouvindo-te).
Quando ocorre o contrário, ou seja, a
Acentuação Tônica palavra átona se ampara na que vem depois,
O acento tônico indica a intensidade de temos a próclise (te peguei).
uma das sílabas de determinada palavra. A
sílaba que leva acento é denominada Os pronomes pessoais me, te, se, lhe, o,
tônica. As demais, que não apresentam a, nos, vos, lhes, os, as, estão relacionados
acentuação sensível, são chamadas de ao verbo dentro da frase, e podem aparecer
átonas. em próclise ou em ênclise.
Podemos classificar as palavras com Já o artigo definido (o, a, os, as), o
mais de uma sílaba, em relação ao acento indefinido (um, uns), os pronomes relativos
tônico, em: (que, quem), as preposições e conjunções
- Oxítonas: última sílaba é a mais forte monossilábicas aparecem apenas em
Jo-sé; ci-vil; cor-rói próclise.

- Paroxítonas: penúltima sílaba é a mais Acentuação Gráfica


forte Acento agudo (´): marca a sílaba tônica;
fe-li-ci-da-de; bên-ção; pro-i-bi-do empregado nas vogais abertas e
semiabertas.
- Proparoxítonas: a sílaba mais forte é a Acento circunflexo (^): utilizado em
antepenúltima vogais tônicas semifechadas: a, e e o.
ár-vo-re; bró-co-lis; pro-pa-ro-xí-to-na Trema (¨): a partir do Novo Acordo
Ortográfico, deixou de ser utilizado. Antes
As palavras com apenas uma única era colocado sobre a letra u para indicar que
sílaba são chadas de monossílabos, e podem ela deve ser pronunciada nos grupos gue,
ser classificados como átonos ou tônicos. gui, que, qui. Seu uso apenas continua em
- Átonos: são pronunciados com pouca palavras estrangeiras e derivadas.
intensidade, não possuindo autonomia Ex.: Müller, mülleriano.
fonética, se apoiando no vocábulo vizinho,
como se fossem uma sílaba átona deste. - Proparoxítonos
Exemplo: Envie-me / a carta / de Essa é a mais fácil. Todas as palavras
apresentação. proparoxítonas recebem acento gráfico.
Um monossílabo átono é uma palavra mé-di-co; al-co-ó-li-co; jor-na-lís-ti-co
vazia de sentido, tais quais: os artigos; os
pronomes oblíquos e suas combinações; - Oxítonas
elementos de ligação (preposições, São acentuadas as palavras oxítonas
conjunções); as formas de tratamento dom terminadas em:
(D. João), frei (Frei Caneca), são (São a: já; pá; ma-ra-já; a-na-nás
João). e: Pe-lé; pé; ca-fés
o: do-mi-nó; a-vô; a-vó
- Tônicos: possuem independência *as vogais acima podem estar ou não
fonética, são pronunciados com maior força seguidas de s.
e não precisam se apoiar em outro em: tam-bém; a-mém; nin-guém
vocábulo. ens: pa-ra-béns; há-réns; re-féns
Exemplos de monossílabos tônicos: é, si,
dó, eu, flor, etc. A mesma regra vale para as formas
verbais que terminam em s, r ou z que são
acompanhadas pelos pronomes lo, la, los,

79
Língua Portuguesa

las, uma vez que essas consoantes deixam a - Hiatos


cena para a entrada do pronome. Quando o i ou u tônicos não formar
fazer + la = fazê-la sílaba com a vogal anterior, deverão receber
repôs + lo = repô-lo acento agudo.
satisfez + las = satisfê-las sa-í-a; a-í; sa-ú-de; vi-ú-va

Sendo assim, oxítonas que terminam em Se essas vogais apareceram antes de nh,
i ou u, seguidas ou não de s, não levam nd, mb ou de qualquer consoante que não s
acento gráfico. (e que não se inicie em outra sílaba), não
a-li; u-ru-bu haverá acento.
*para esta regra, há algumas exceções ra-i-nha; a-in-da; Co-im-bra; ju-iz
em casos de hiato.
Os hiatos OO e EE não são acentuados.
- Paroxítonas a-bem-ço-o; vo-o; le-em; cre-em
São acentuadas apenas:
Aquelas que terminam em i ou u, - Outros Casos
seguidas de s ou não.
lá-pis; jú-ri As vogais tônicas i e u das paroxítonas,
* Os prefixos paroxítonos que terminam precedidas de ditongo decrescente, não
em i não levam acento: semideus serão acentuadas. Todavia, há acento nas
oxítonas.
Aquelas que terminam em ão, ãos, ã, ãs. fei-u-ra; Pi-a-uí
bên-ção; ór-gãos; í-mã; ór-fãs
- Não há acento no u tônico (em formas
Aquelas que terminam em l, r, n, ps, x. rizotônicas de verbos) precedido de g ou q
a-do-rá-vel; cór-tex; câ-non; bí-ceps; fê- e seguido de e ou i.
nix ar-gui; o-bli-que

Aquelas que terminam em um, uns. - As seguintes palavras deixaram de


ál-bum; ál-buns. receber acento por conta do Novo Acordo
Ortográfico:
Aquelas que terminam em ditongo oral. coa, do verbo coar;
jér-sei; tín-heis; fê-mea para, do verbo parar;
pela, do verbo pelar;
*Nem prefixos paroxítonos que pera, fruta;
terminam em r, muito menos as palavras pelo, do verbo pelar, ou referente a pelos
paroxítonas terminadas em ens, são corporais;
acentuados. polo, extremidade, jogo.
super-herói; nu-vens
- Permanecem as seguintes distinções:
- Ditongos pôr, verbo;
Não levam acento os ditongos abertos - por, preposição;
ei e -oi de palavras paroxítonas. quê, substantivo ou em final de frase;
as-sem-blei-a; ji-boi-a que, pronome, conjunção;
porquê, em final de frase ou
Por outro lado, os ditongos abertos -ei, - substantivo;
eu e -oi, em monossílabos tônicos e em porque, advérbio ou conjunção.
oxítonas, são acentuados. pôde, verbo poder no pretérito perfeito;
pa-péis; be-le-léu; he-rói pode, verbo poder no presente do
indicativo;

80
Língua Portuguesa

têm, verbo ter na terceira pessoa do Prosódia


plural do presente do indicativo; Trata-se da exata acentuação tônica das
tem, verbo ter na terceira pessoa do palavras. Quando o acento tônico é
singular do presente do indicativo; pronunciado de maneira incorreta, ocorre
vêm, verbo vir na terceira pessoa do uma silabada, ou acento prosódico.
plural do presente do indicativo; Por isso, é interessante ter em mente que:
vem, verbo vir na terceira pessoa do São oxítonas: aloés; mister; novel;
singular do presente do indicativo. refém; sutil.
São paroxítonas: alanos; efebo;
- Há distinção de acento em certos inaudito; pletora; ciclope; gratuito;
verbos, singular e plural, que está ligada à onagro; táctil; edito (lei); ibero; periferia;
diversidade de pronúncia: tulipa.
O pão contém glúten; São proparoxítonas: etíope; númida;
Os pães contêm glúten. êxodo; ômega; ágape; alcoólatra; bávaro;
lêvedo; zéfiro; hipódromo; protótipo.
- O acento fica facultativo em:
fôrma, substantivo; Em algumas palavras o acento prosódico
louvámos, verbo louvar no pretérito é incerto, oscilante, mesmo na língua culta.
perfeito do indicativo (no Brasil, usa-se sem Por exemplo: acrobata e acróbata;
acento, porém, em Portugal, utilizam o autópsia e autopsia; hieroglifo e hieróglifo;
acento). necrópsia e necropsia; ortoépia e ortoepia;
safári e safari; xerox e xérox.
Ortoépia
Trata-se da boa pronuncia das palavras, Questões
na fala. São preceitos da ortoépia:
- Uma perfeita emissão de vogais e 01. (MPE/GO - Secretário Auxiliar -
grupos vocálicos, enunciados de maneira MPE/GO/2022) Assinale a alternativa em
nítida, sem acréscimo, omissão ou alteração que a palavra deve receber o acento
de fonemas, com respeito ao timbre das circunflexo, de forma correta:
vogais tônicas. Por exemplo: (A) Vôo
moleque e chover, em vez de muleque e (B) Crêem
chuver. (C) Enjôo
feixe e queijo, em vez de fêxe e quêjo. (D) Pôde
roubo, em vez de róbo.
caranguejo, em vez de carangueijo. 02. (Prefeitura de Marco - Agente de
Comunitário de Saúde - ESP/CE/2022)
- Uma correta e nítida articulação de Assinale a alternativa que tem todas as
fonemas consonantais. Por exemplo: palavras acentuadas corretamente.
mulher e falar, em vez de mulhé e falá. (A) Lâmpada; café; bárbarie; cumplice.
companhia, em vez de compania. (B) Larápio; inconfidência; pitú; caída.
obter e ritmo, em vez de obiter e rítimo. (C) Distúrbio; cajú; cafuné;
contêmporaneo.
- Uma correta e adequada ligação de (D) Recíproco; barbárie; pélvis;
palavras na frase. Por exemplo: cúmplice.
Encontramos um túnel escuro, com cada
palavra pronunciada de maneira distinta, e Gabarito
não Encontramo/suntúne/lescuro.
01.D - 02.D

81
Língua Portuguesa

- Separa as orações coordenadas


Uso dos sinais de pontuação. sindéticas, menos aquelas introduzidas pela
conjunção e:
Terminara a refeição, mas continuava
Vírgula com fome.
Separa elementos de uma oração e
orações de um só período. No interior da - As orações coordenadas unidas pela
oração: conjunção e, e que possuem sujeito
- Separa elementos que desempenham a diferente, são separadas por vírgula:
mesma função sintática (complementos, A senhora sorria calidamente, e o
sujeito composto, adjuntos), caso não menino correspondia ao sorriso.
estejam unidos pelas conjunções e, ou e
nem: - Quando a conjunção e é reiterada, o
No céu fosco, pelo vão da janela, as comum é separar as orações introduzidas
estrelas ainda brilhavam. (C. D. de por ela:
Andrade) E nasce, e cresce, e vive, e falece.

- Separa elementos que desempenham - A conjunção adversativa mas deve vir


funções sintáticas variadas, visando realçá- no início da oração, diferente das demais,
los. que podem vir tanto no início como depois
- Isolando o aposto, ou outro elemento de um de seus termos. No primeiro caso, a
de valor simplesmente explicativo: vírgula ocorre antes da conjunção; já no
Jonas, o jogador, é um craque. segundo, é isolada por vírgulas:
Faça o que bem entender, mas saiba dos
- Isolando o vocativo: riscos.
Cara, desse jeito não dá. Faça o que bem entender, porém saiba
dos riscos.
- Isolando o adjunto adverbial Faça o que bem entender, saiba, todavia,
antecipado: dos riscos.
Depois de um belo almoço, retornei ao
trabalho. - Se a conjunção conclusiva pois estiver
proposta a um termo da oração a que
- Isolando os elementos repetidos: pertence, deverá ser isolada por vírgulas:
O pão está quentinho, quentinho. Veste roupas alviverdes; é, pois,
palmeirense.
A vírgula pode ser empregada no interior
da oração para: - Isola orações intercaladas:
- Separar, na datação, o nome do lugar: Caso eu vá mais cedo, pensou consigo,
Júnior Almeida, 09 de outubro de 2001. todos acharão esquisito.

- Indicar a supressão de uma palavra - Isola orações subordinadas adjetivas


(normalmente o verbo) ou de um grupo de explicativas:
palavras: Senhor, que lavras a terra, descanse um
Veio a chuva; com ela, o frio. pouco.

A vírgula entre orações. - Separa orações subordinadas


- Separa as orações coordenadas adverbiais, sobretudo se antepostas à
assindéticas: principal:
Deitava-me, dormia, sonhava. Quando meu irmão voltou da Europa,
trouxe presentes para a família.

82
Língua Portuguesa

- Separa orações reduzidas de particípio, Sr.


de gerúndio e de infinitivo, caso se Sra.
equivalham a orações adverbiais:
Escondido no canto, observava-os com - Na escrita, quando um grupo de ideias
atenção. é encerrado e quer-se passar para o
Não obtendo sucesso, entristeceu-se. seguinte, um novo parágrafo é iniciado. O
Ao abrir a porta, já sabia o que ponto parágrafo é o que marca essa
encontraria. mudança. Ele é o ponto que marca o fim do
parágrafo, com o próximo grupo de ideias
IMPORTANTE LEMBRAR tendo início na próxima linha, num novo
- Qualquer oração, ou termo de oração, parágrafo.
com valor puramente explicativo é
pronunciada entre pausas. Sendo assim, são - O ponto que finaliza o escrito é
isolados por vírgula. chamado de ponto final. É o último ponto,
- Os termos essenciais e integrantes da ao final do texto.
oração são interligados sem pausa. Desse
modo, não podem ser separados por Ponto e Vírgula
vírgula. Sendo assim, não se utiliza vírgula - É utilizado para separar orações
entre uma oração subordinada substantiva e coordenadas de certa extensão:
a sua principal. "Logo após pegou o pacote vermelho;
entregou seu conteúdo ao amigo, ficando
Ponto apenas com a embalagem”.
- Indica o fim de uma oração declarativa,
tanto a absoluta, quanto a derradeira de um - Utilizado para separar as séries ou
período composto: membros de frases já interiormente
Nada pode contra a seleção brasileira. separadas por vírgulas.
Nada pode contra essa equipe que encanta “Uns estudam, ralam, labutam; outros,
o mundo há gerações e gerações. descansam, curtem, viajam”.

- É utilizado ao final das orações - Usado para separar os diversos itens de


independentes, sendo chamado de ponto enunciados enumerativos (em leis,
simples. decretos, portarias, regulamentos, etc.).
Faz calor. Há chuva. Parece que o verão Art. 16. O direito à liberdade compreende os
começou. seguintes aspectos:
I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e
espaços comunitários, ressalvadas as restrições
- Ao final de cada oração ou período que, legais;
ligados pelo sentido, representarem II - opinião e expressão;
desdobramentos de somente uma ideia III - crença e culto religioso;
central (não desencadeando, portanto, IV - brincar, praticar esportes e divertir-se; (...)
(Estatuto da Criança e do Adolescente)
mudança do teor do conjunto).
“Cálido, o estio abrasava. No esplendor - A palavra que vem após o ponto e
cáustico do céu imaculado, o sol, dum vírgula deve ser minúscula, já que uma
brilho intenso de revérbero, parecia girar nova sentença não foi iniciada.
vertiginosamente, espalhando raios em
torno. Os campos amolentados, numa Dois Pontos
dormência canicular, recendiam a São utilizados:
coivaras...” (Coelho Neto) - Antes de uma citação:
Como afirma o artigo 2º do ECA:
- O ponto simples também é utilizado em “Considera-se criança, para os efeitos desta
abreviaturas: Lei, a pessoa até doze anos de idade

83
Língua Portuguesa

incompletos, e adolescente aquela entre - Ao final de perguntas indiretas, o ponto


doze e dezoito anos de idade”. de interrogação não é utilizado:
Quero saber quem foi. Perguntei quem
- Antes de apostos discriminativos. foi.
Duas coisas me impressionaram naquele
país: a educação do povo e a limpeza das Ponto de Exclamação
ruas. - Utilizado depois das interjeições,
locuções ou frases exclamativas:
- Antes de orações apositivas: Meu Deus! Que Susto!
Eu só peço o seguinte: tenha cuidado.
- Utilizado depois de um imperativo:
- Para indicar um esclarecimento, um Por aqui. Venha logo!
resultado, ou resumo do que foi dito:
Resumindo: faça tudo o que ele pediu. - Pode substituir a vírgula depois de um
*Os subtítulos de obras são marcados vocativo enfático:
por dois pontos, já que, geralmente, São Pedro! mande chuva para nós.
possuem um caráter explicativo.
Batman: O Cavaleiro das Trevas Reticências
Podem ser utilizadas:
- Para anunciar a fala de personagens nas - Para indicar, por parte do narrador ou
obras de ficção: personagem, uma pausa numa ideia
“Ela acudiu pálida e trêmula, cuidou que iniciada, mostrando que o mesmo passou a
me estivessem matando, apeou-me, afagou- outras considerações:
me, enquanto o irmão perguntava: — Se eu pego ele... Não contem nada
— Mana Glória, pois um tamanhão para ele, vamos deixar as coisas como estão
destes tem medo de besta mansa?” por enquanto.
(Machado de Assis)
- Para indicar uma hesitação, dúvida,
Ponto de Interrogação surpresa, ou inflexões emocionais daquele
- Utilizado no fim das orações ou frases que fala:
para indicar uma pergunta direta: Quis beijá-la... Não consegui... Comecei
Conte-me tudo. O que foi que ela fez? a tremer... e saí correndo...

- Pode ser utilizado entre parênteses, ao - Para indicar uma ideia incompleta ao
final de uma pergunta intercalada: final de uma frase:
Ontem o Corinthians (alguém Mas é isso: as marcas na sala, a taça
duvidada?) perdeu mais um jogo. sobre a mesa... Fui tapeado!

- Se a pergunta envolver dúvida, é - Para indicar uma interferência em um


comum utilizar reticências após o ponto de diálogo, por exemplo, quando um
interrogação: personagem está conversando e outro
E?... como pôde?... o Antônio?... interrompe sua fala:
— Ora, mas você não pode estar
- Caso a pergunta denote surpresa, ou pensando que eu...
não possua endereço nem resposta, utiliza- — É exatamente isso o que estou
se a combinação de interrogação e pensando, e digo mais...
exclamação: — Calma! Deixe-me explicar o caso!
Como é que é?!
- Para realçar uma palavra ou expressão,
a mesma pode vir “cercada” de reticências:

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Língua Portuguesa

E o cãozinho... Pobrezinho... Parece que Colchetes


ninguém quer adotar animais nesta cidade. São usados para:
- Na transcrição de textos alheios,
- Para indicar a supressão de um trecho indicar um acréscimo do autor, de caráter
de uma citação. complementar e didático:
É importante “[...] destacar que o “A [palavra] do meio é a correta”.
pesquisador há de tomar cuidado com o uso
de estrangeirismos, utilizando-os somente - Em uma referência bibliográfica, para
nos casos de indisponibilidade de indicar uma informação que não está
vocabulário equivalente na língua presente na obra:
portuguesa”. (MEDEIROS, 1999, p. 205) ALENCAR, José de. O Guarani. 2 ed.
Rio de Janeiro: B. L. Garnier Editor [1864].
Aspas
São utilizadas para: Travessão
- No início uma citação textual: - Indica o início da fala de uma
E disse Sigmund Freud: “o sonho é a personagem e também a mudança de
estrada real que conduz ao inconsciente”. interlocutor, daquele que fala:
— Então, como foi a festa?
- Dar ênfase ou evidenciar uma — Estava esplendida minha cara,
expressão: esplendida!
O tal “trabalho” que ele fez não vale um
centavo! - Isola, com travessão duplo, palavras ou
frases:
- Indicar estrangeirismos, gírias ou E ele fez — mesmo que sem vontade —
expressões: todo o dever de casa.
Ele estava meio que numa “bad”.
- Pode dar ênfase à parte final de uma
- Indicar o título de obras: frase:
O livro “Dom Casmurro” foi escrito por Por maiores que sejam os desejos e
Machado de Assis. necessidades, o povo só quer mesmo uma
coisa — um país melhor.
Parênteses
- Indicam, no texto, uma explicação ou Asterisco
reflexão referente àquilo que se diz: - Remete a uma nota de rodapé, ou, nos
E o meu irmão (aquele pestinha) dicionários, a um verbete.
quebrou o vaso que estava sobre a mesa. - Esconde um nome próprio que não se
quer mencionar:
- Indicam nota emocional, expressa O Sr. M* disse às pessoas...
geralmente de maneira exclamativa, ou
interrogativa: Questões
Havia a escola, que era azul e tinha
Um mestre mau, de assustador pigarro... 01. (MPE/GO - Secretário Auxiliar -
(Meu Deus! que é isto? que emoção a MPE/GO/2022) Assinale a frase escrita em
minha desconformidade com a norma-padrão da
Quando estas coisas tão singelas narro?) língua portuguesa quanto ao emprego da
(B. Lopes) vírgula.
*Também é usada para indicar o autor de (A) O presidente do procedimento
uma frase ou citação, como no exemplo investigatório criminal declarará, a
acima. qualquer tempo, seu impedimento ou
suspeição.

85
Língua Portuguesa

(B) Durante a tramitação da Função referencial


investigação, o interessado poderá arguir o Centrada no contexto (a referência ou o
impedimento ou a suspeição do presidente referente da mensagem) – é aquela que
do procedimento investigatório criminal. remete à realidade exterior; sua finalidade é
(C) A arguição de suspeição ou de informar o receptor. Tem como objetivo
impedimento será formalizada em peça transmitir uma mensagem de caráter
própria, acompanhada das respectivas informativo. O emissor da linguagem
razões, e instruída com a prova do fato referencial buscará termos objetivos para
constitutivo alegado, sob pena de não expressar o que quer dizer, fazendo uso de
conhecimento. uma linguagem direta, cujo conteúdo está
(D) Recebida a arguição será autuada, centrado no referente, ou seja, naquilo de
em apartado e apensada aos autos que se fala. É usada principalmente em
principais. textos de caráter objetivo e teor
informativo.
02. (Prefeitura de Nova Hartz -
Técnico de Enfermagem - Função emotiva ou expressiva
OBJETIVA/2022) Em relação à Centrada no emissor, o eu da
pontuação, assinalar a alternativa comunicação — é aquela que exterioriza o
CORRETA: estado psíquico do emissor, traduzindo suas
(A) Ele disse por, que estava com opiniões e emoções. Aparece, portanto, na
dúvidas sobre o conteúdo. primeira pessoa.
(B) Maria, e Cleide, disseram que iriam
buscar João na estação. Função fática
(C) Ele foi preso, visto que, ameaçou sua Centrada no canal da comunicação — é
esposa. aquela que tem por objetivo estabelecer o
(D) O presidente da empresa, Ramiro, contato com o receptor (“Olá, como vai?"),
disse que estávamos de folga. testar o funcionamento do canal (“Alô, está
me ouvindo?") ou prolongar o contato, na
Gabarito falta de outro conteúdo a comunicar (“Pois
é", “É fogo", “É" etc.):
01.D - 02.D
Função conativa ou apelativa
Centrada no receptor (tu ou você), a
6. Funções da linguagem e elementos da segunda pessoa da comunicação – é aquela
comunicação.
que tem por objetivo influir no
comportamento do receptor, por meio de
Funções e usos da linguagem um apelo ou ordem. Emprega verbos no
A classificação das funções da imperativo e vocativos. É utilizada
linguagem depende das relações principalmente em textos propagandísticos
estabelecidas entre elas e os elementos do e outros que visam a convencer o receptor a
circuito da comunicação. Baseando-se nos adotar alguma opinião ou comportamento.
seis elementos da comunicação, Roman
Jakobson elaborou um quadro das funções Função poética
da linguagem. Cada função é centrada em Centrada na mensagem, é aquela em
um dos seis elementos que compõem o que o essencial é a organização do texto (a
circuito da comunicação. O mensagem), por meio da seleção e
reconhecimento e a adequada utilização das arrumação de palavras, dos efeitos sonoros
funções são fundamentais tanto na e rítmicos, do jogo com figuras de
produção quanto no entendimento de linguagem e do aproveitamento de todo tipo
qualquer tipo de texto. de simetrias ou antissimétricas entre

86
Língua Portuguesa

palavras e frases. É utilizada quanto o interlocutor conheçam e tenham


principalmente em textos literários. acesso (por exemplo, fala [sons], escrita).
A função poética ocorre também em que
o discurso convencional recebe uma Questões
configuração nova, produzindo um efeito
estético inesperado (humor, impacto, 01.(FCC - SEDU-ES - Professor
estranheza). MaPB - Ensino Fundamental e Médio -
Língua Portuguesa – 2022) Para
Função metalinguística responder à questão, baseie-se nas quatro
Centrada no código, é aquela voltada estrofes abaixo, extraídas do poema
para a própria linguagem e seus elementos “Graciliano Ramos:”, de João Cabral de
(palavras, regras gramaticais, estruturas da Melo Neto. O poema é um tributo ao autor
mensagem etc.). Também corresponde à de Vidas secas, com cuja linguagem João
função metalinguística o comentário ou Cabral se mostra bastante identificado.
explicação de outros códigos e suas
mensagens (visuais, como a pintura ou o Graciliano Ramos:
cinema; sonoros, como a música etc.).
Falo somente com o que falo:
Elementos da comunicação com as mesmas vinte palavras
De acordo com os estudos linguísticos, girando ao redor do sol
existem seis elementos de comunicação que que as limpa do que não é faca
estão presentes em todos os atos [...]
comunicativos. Falo somente do que falo:
Quando não há um desses elementos, ou do seco e de suas paisagens,
quando são mal utilizados, é dito que ocorre Nordestes, debaixo de um sol
um ruído na comunicação, ou seja, a ali do mais quente vinagre
comunicação acaba não sendo bem- [...]
sucedida. Falo somente por quem falo:
Conhecer esses elementos pode garantir por quem existe nesses climas
o bom uso deles. Tais elementos são: condicionados pelo sol,
- Emissor (ou locutor): é aquele que pelo gavião e outras rapinas
elabora a mensagem, ou seja, quem diz. [...]
- Receptor (ou interlocutor): é pessoa Falo somente para quem falo:
a quem a mensagem se direciona, isto é, por quem padece sono de morto
quem ela é captada. e precisa um despertador
- Mensagem: é o texto, a estrutura acre, como o sol sobre o olho
textual, informação codificada, seja verbal
ou não verbal. Considerando-se o consagrado quadro
- Referente (ou contexto): trata-se do linguístico das funções da linguagem,
assunto que perpassa o ato comunicativo, verifica-se que, nesse poema, a função
sobre aquilo que a mensagem diz. (A) poética ocorre por conta da
- Canal (ou veículo): diz respeito ao regionalização e do caráter oral desse
meio pelo qual a mensagem é divulgada, discurso.
seu veículo condutor. Por exemplo, um (B) referencial apura-se pela invocação
jornal pode ser um canal para a transmissão do destinatário, que precisa ser despertado.
de uma notícia. (C) conativa representa-se no emprego
- Código: é a maneira como a mensagem abusivo de metáforas e metonímias.
está organizada, um conjunto de sinais
organizados de modo que tanto o locutor

87
Língua Portuguesa

(D) metalinguística é reconhecida na


tematização explícita da fala em curso.
(E) emotiva transparece na dissolução
do ritmo e na irregularidade da versificação.

02. (FGV - TJ-MS - Analista


Judiciário - Área Fim – 2022)
A linguagem tem múltiplas funções; a
frase abaixo em que a função da linguagem
empregada é a de abordar a própria
linguagem (metalinguagem) é:
(A) Para salvar seu crédito, você deve
esconder a sua ruína;
(B) Colhe as rosas enquanto estão vivas;
amanhã, já não estarão como hoje;
(C) Em geral, logo que uma coisa se
torna útil deixa de ser bela;
(D) Se você tiver que ser atropelado por
um carro, é melhor que seja por uma
Ferrari;
(E) O não produz inimigos; o sim, falsos
amigos.

Gabarito
01. D - 02. E

88
Legislação Educacional

SUMÁRIO

1. Estatuto da Criança e do Adolescente - Lei nº 8.069/90. ............................... 1


2. Lei de Diretrizes e Bases da Educação - Lei nº 9.394/96. ........................... 65
3. Lei Brasileira de Inclusão - Lei nº 13.146/15. ............................................. 94
4. Plano Nacional de Educação - Lei nº 13.005/14. ....................................... 127
5. Base Nacional Comum Curricular ............................................................. 154
6. Plano Municipal de Educação de Saquarema. ........................................... 179
7. Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Básica disponível em
http://portal.mec.gov.br/docman/julho-2013-pdf/13677-diretrizes-educacaobasica-
2013-pdf/fil ......................................................................................................... 198

Apostilas Domínio
Legislação Educacional

V - inserção em regime de semi-


1. Estatuto da Criança e do Adolescente -
liberdade;
Lei nº 8.069/90.
VI - internação em estabelecimento
educacional.
Quem é criança de acordo com o
Estatuto da Criança e Adolescente Internação
(ECA)? É medida que não comporta prazo
Considera-se criança, para os efeitos determinado, devendo sua manutenção ser
desta Lei, a pessoa até doze anos de idade reavaliada, mediante decisão
incompletos, e adolescente aquela entre fundamentada, no máximo a cada seis
doze e dezoito anos de idade. meses.

Direitos: OBS: Em nenhuma hipótese o período


- Direito à vida e a saúde; máximo de internação excederá a três anos.
- Do Direito à Liberdade, ao Respeito e
à Dignidade; Conselho Tutelar
- Direito à Convivência Familiar e O Conselho Tutelar é órgão permanente
Comunitária. e autônomo, não jurisdicional, encarregado
pela sociedade de zelar pelo cumprimento
Família Natural x Família Extensa e dos direitos da criança e do adolescente,
Ampliada definidos nesta Lei.
Entende-se por família natural a Em cada Município e em cada Região
comunidade formada pelos pais ou Administrativa do Distrito Federal haverá,
qualquer deles e seus descendentes. no mínimo, 1 (um) Conselho Tutelar como
órgão integrante da administração pública
Entende-se por família extensa ou local, composto de 5 (cinco) membros,
ampliada aquela que se estende para além escolhidos pela população local para
da unidade pais e filhos ou da unidade do mandato de 4 (quatro) anos, permitida
casal, formada por parentes próximos com recondução por novos processos de
os quais a criança ou adolescente convive e escolha.
mantém vínculos de afinidade e
afetividade. Perda ou Suspensão do Pátrio Poder
Familiar
Tutela O procedimento para a perda ou a
A tutela será deferida, nos termos da lei suspensão do pátrio poder poder familiar
civil, a pessoa de até 18 (dezoito) anos terá início por provocação do Ministério
incompletos, Público ou de quem tenha legítimo
interesse.
Ato Infracional
Considera-se ato infracional a conduta Crimes
descrita como crime ou contravenção penal. Os crimes apresentados entre os artigos
225 – 244 são de ação penal pública
Medidas Socioeducativas incondicionada.
Aplicam-se as medidas socieducativas
ao adolescente e são elas: Infrações
I - advertência; Estão disciplinadas entre os artigos 245
II - obrigação de reparar o dano; – 258.
III - prestação de serviços à comunidade;
IV - liberdade assistida;

1
Legislação Educacional

Abaixo segue a lei: Art. 4º É dever da família, da


comunidade, da sociedade em geral e do
LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE poder público assegurar, com absoluta
1990.1 prioridade, a efetivação dos direitos
referentes à vida, à saúde, à alimentação, à
Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do educação, ao esporte, ao lazer, à
Adolescente e dá outras providências. profissionalização, à cultura, à dignidade,
ao respeito, à liberdade e à convivência
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: familiar e comunitária.
Faço saber que o Congresso Nacional Parágrafo único. A garantia de
decreta e eu sanciono a seguinte Lei: prioridade compreende:
a) primazia de receber proteção e
Título I socorro em quaisquer circunstâncias;
Das Disposições Preliminares b) precedência de atendimento nos
serviços públicos ou de relevância pública;
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção c) preferência na formulação e na
integral à criança e ao adolescente. execução das políticas sociais públicas;
d) destinação privilegiada de recursos
Art. 2º Considera-se criança, para os públicos nas áreas relacionadas com a
efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de proteção à infância e à juventude.
idade incompletos, e adolescente aquela
entre doze e dezoito anos de idade. Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente
Parágrafo único. Nos casos expressos será objeto de qualquer forma de
em lei, aplica-se excepcionalmente este negligência, discriminação, exploração,
Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e violência, crueldade e opressão, punido na
um anos de idade. forma da lei qualquer atentado, por ação ou
omissão, aos seus direitos fundamentais.
Art. 3º A criança e o adolescente gozam
de todos os direitos fundamentais inerentes Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-
à pessoa humana, sem prejuízo da proteção se-ão em conta os fins sociais a que ela se
integral de que trata esta Lei, assegurando- dirige, as exigências do bem comum, os
se-lhes, por lei ou por outros meios, todas direitos e deveres individuais e coletivos, e
as oportunidades e facilidades, a fim de lhes a condição peculiar da criança e do
facultar o desenvolvimento físico, mental, adolescente como pessoas em
moral, espiritual e social, em condições de desenvolvimento.
liberdade e de dignidade.
Parágrafo único. Os direitos enunciados Título II
nesta Lei aplicam-se a todas as crianças e Dos Direitos Fundamentais
adolescentes, sem discriminação de
nascimento, situação familiar, idade, sexo, Capítulo I
raça, etnia ou cor, religião ou crença, Do Direito à Vida e à Saúde
deficiência, condição pessoal de
desenvolvimento e aprendizagem, condição Art. 7º A criança e o adolescente têm
econômica, ambiente social, região e local direito a proteção à vida e à saúde, mediante
de moradia ou outra condição que a efetivação de políticas sociais públicas
diferencie as pessoas, as famílias ou a que permitam o nascimento e o
comunidade em que vivem. desenvolvimento sadio e harmonioso, em
condições dignas de existência.
1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm, visitado em:
10.10.2022.

2
Legislação Educacional

Art. 8 o É assegurado a todas as gestação e a parto natural cuidadoso,


mulheres o acesso aos programas e às estabelecendo-se a aplicação de cesariana e
políticas de saúde da mulher e de outras intervenções cirúrgicas por motivos
planejamento reprodutivo e, às gestantes, médicos.
nutrição adequada, atenção humanizada à §9º A atenção primária à saúde fará a
gravidez, ao parto e ao puerpério e busca ativa da gestante que não iniciar ou
atendimento pré-natal, perinatal e pós-natal que abandonar as consultas de pré-natal,
integral no âmbito do Sistema Único de bem como da puérpera que não comparecer
Saúde. às consultas pós-parto.
§1º O atendimento pré-natal será § 10. Incumbe ao poder público garantir,
realizado por profissionais da atenção à gestante e à mulher com filho na primeira
primária. infância que se encontrem sob custódia em
§2º Os profissionais de saúde de unidade de privação de liberdade,
referência da gestante garantirão sua ambiência que atenda às normas sanitárias
vinculação, no último trimestre da gestação, e assistenciais do Sistema Único de Saúde
ao estabelecimento em que será realizado o para o acolhimento do filho, em articulação
parto, garantido o direito de opção da com o sistema de ensino competente,
mulher. visando ao desenvolvimento integral da
§3º Os serviços de saúde onde o parto for criança.
realizado assegurarão às mulheres e aos
seus filhos recém-nascidos alta hospitalar Art. 8º-A. Fica instituída a Semana
responsável e contrarreferência na atenção Nacional de Prevenção da Gravidez na
primária, bem como o acesso a outros Adolescência, a ser realizada anualmente
serviços e a grupos de apoio à na semana que incluir o dia 1º de fevereiro,
amamentação. com o objetivo de disseminar informações
§4º Incumbe ao poder público sobre medidas preventivas e educativas que
proporcionar assistência psicológica à contribuam para a redução da incidência da
gestante e à mãe, no período pré e pós-natal, gravidez na adolescência.
inclusive como forma de prevenir ou Parágrafo único. As ações destinadas a
minorar as consequências do estado efetivar o disposto no caput deste artigo
puerperal. ficarão a cargo do poder público, em
§5º A assistência referida no §4º deste conjunto com organizações da sociedade
artigo deverá ser prestada também a civil, e serão dirigidas prioritariamente ao
gestantes e mães que manifestem interesse público adolescente.
em entregar seus filhos para adoção, bem
como a gestantes e mães que se encontrem Art. 9º O poder público, as instituições e
em situação de privação de liberdade. os empregadores propiciarão condições
§6º A gestante e a parturiente têm direito adequadas ao aleitamento materno,
a 1 (um) acompanhante de sua preferência inclusive aos filhos de mães submetidas a
durante o período do pré-natal, do trabalho medida privativa de liberdade.
de parto e do pós-parto imediato. §1º Os profissionais das unidades
§7º A gestante deverá receber orientação primárias de saúde desenvolverão ações
sobre aleitamento materno, alimentação sistemáticas, individuais ou coletivas,
complementar saudável e crescimento e visando ao planejamento, à implementação
desenvolvimento infantil, bem como sobre e à avaliação de ações de promoção,
formas de favorecer a criação de vínculos proteção e apoio ao aleitamento materno e
afetivos e de estimular o desenvolvimento à alimentação complementar saudável, de
integral da criança. forma contínua.
§8º A gestante tem direito a
acompanhamento saudável durante toda a

3
Legislação Educacional

§2º Os serviços de unidades de terapia c) doença falciforme e outras


intensiva neonatal deverão dispor de banco hemoglobinopatias; (Incluída pela Lei nº
de leite humano ou unidade de coleta de 14.154, de 2021) Vigência
leite humano. d) fibrose cística; (Incluída pela Lei nº
14.154, de 2021) Vigência
Art. 10. Os hospitais e demais e) hiperplasia adrenal congênita;
estabelecimentos de atenção à saúde de (Incluída pela Lei nº 14.154, de 2021)
gestantes, públicos e particulares, são Vigência
obrigados a: f) deficiência de biotinidase; (Incluída
I - manter registro das atividades pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência
desenvolvidas, através de prontuários g) toxoplasmose congênita; (Incluída
individuais, pelo prazo de dezoito anos; pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência
II - identificar o recém-nascido mediante II – etapa 2: (Incluído pela Lei nº 14.154,
o registro de sua impressão plantar e digital de 2021) Vigência
e da impressão digital da mãe, sem prejuízo a) galactosemias; (Incluída pela Lei nº
de outras formas normatizadas pela 14.154, de 2021) Vigência
autoridade administrativa competente; b) aminoacidopatias; (Incluída pela Lei
III - proceder a exames visando ao nº 14.154, de 2021) Vigência
diagnóstico e terapêutica de anormalidades c) distúrbios do ciclo da ureia; (Incluída
no metabolismo do recém-nascido, bem pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência
como prestar orientação aos pais; d) distúrbios da betaoxidação dos ácidos
IV - fornecer declaração de nascimento graxos; (Incluída pela Lei nº 14.154, de
onde constem necessariamente as 2021) Vigência
intercorrências do parto e do III – etapa 3: doenças lisossômicas;
desenvolvimento do neonato; (Incluído pela Lei nº 14.154, de 2021)
V - manter alojamento conjunto, Vigência
possibilitando ao neonato a permanência IV – etapa 4: imunodeficiências
junto à mãe. primárias; (Incluído pela Lei nº 14.154, de
VI - acompanhar a prática do processo 2021) Vigência
de amamentação, prestando orientações V – etapa 5: atrofia muscular espinhal.
quanto à técnica adequada, enquanto a mãe (Incluído pela Lei nº 14.154, de 2021)
permanecer na unidade hospitalar, Vigência
utilizando o corpo técnico já existente.
§ 1º Os testes para o rastreamento de § 2º A delimitação de doenças a serem
doenças no recém-nascido serão rastreadas pelo teste do pezinho, no âmbito
disponibilizados pelo Sistema Único de do PNTN, será revisada periodicamente,
Saúde, no âmbito do Programa Nacional de com base em evidências científicas,
Triagem Neonatal (PNTN), na forma da considerados os benefícios do
regulamentação elaborada pelo Ministério rastreamento, do diagnóstico e do
da Saúde, com implementação de forma tratamento precoce, priorizando as doenças
escalonada, de acordo com a seguinte com maior prevalência no País, com
ordem de progressão: (Incluído pela Lei nº protocolo de tratamento aprovado e com
14.154, de 2021) Vigência tratamento incorporado no Sistema Único
I – etapa 1: (Incluído pela Lei nº 14.154, de Saúde. (Incluído pela Lei nº 14.154, de
de 2021) Vigência 2021) Vigência
a) fenilcetonúria e outras § 3º O rol de doenças constante do § 1º
hiperfenilalaninemias; (Incluída pela Lei nº deste artigo poderá ser expandido pelo
14.154, de 2021) Vigência poder público com base nos critérios
b) hipotireoidismo congênito; (Incluída estabelecidos no § 2º deste artigo. (Incluído
pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência

4
Legislação Educacional

§ 4º Durante os atendimentos de pré- tratamento cruel ou degradante e de maus-


natal e de puerpério imediato, os tratos contra criança ou adolescente serão
profissionais de saúde devem informar a obrigatoriamente comunicados ao
gestante e os acompanhantes sobre a Conselho Tutelar da respectiva localidade,
importância do teste do pezinho e sobre as sem prejuízo de outras providências legais.
eventuais diferenças existentes entre as §1º As gestantes ou mães que
modalidades oferecidas no Sistema Único manifestem interesse em entregar seus
de Saúde e na rede privada de saúde. filhos para adoção serão obrigatoriamente
(Incluído pela Lei nº 14.154, de 2021) encaminhadas, sem constrangimento, à
Vigência Justiça da Infância e da Juventude.
§2º Os serviços de saúde em suas
Art. 11. É assegurado acesso integral às diferentes portas de entrada, os serviços de
linhas de cuidado voltadas à saúde da assistência social em seu componente
criança e do adolescente, por intermédio do especializado, o Centro de Referência
Sistema Único de Saúde, observado o Especializado de Assistência Social (Creas)
princípio da equidade no acesso a ações e e os demais órgãos do Sistema de Garantia
serviços para promoção, proteção e de Direitos da Criança e do Adolescente
recuperação da saúde. deverão conferir máxima prioridade ao
§1º A criança e o adolescente com atendimento das crianças na faixa etária da
deficiência serão atendidos, sem primeira infância com suspeita ou
discriminação ou segregação, em suas confirmação de violência de qualquer
necessidades gerais de saúde e específicas natureza, formulando projeto terapêutico
de habilitação e reabilitação. singular que inclua intervenção em rede e,
§2º Incumbe ao poder público fornecer se necessário, acompanhamento
gratuitamente, àqueles que necessitarem, domiciliar.
medicamentos, órteses, próteses e outras
tecnologias assistivas relativas ao Art. 14. O Sistema Único de Saúde
tratamento, habilitação ou reabilitação para promoverá programas de assistência
crianças e adolescentes, de acordo com as médica e odontológica para a prevenção das
linhas de cuidado voltadas às suas enfermidades que ordinariamente afetam a
necessidades específicas. população infantil, e campanhas de
§3º Os profissionais que atuam no educação sanitária para pais, educadores e
cuidado diário ou frequente de crianças na alunos.
primeira infância receberão formação §1º É obrigatória a vacinação das
específica e permanente para a detecção de crianças nos casos recomendados pelas
sinais de risco para o desenvolvimento autoridades sanitárias.
psíquico, bem como para o §2º O Sistema Único de Saúde
acompanhamento que se fizer necessário. promoverá a atenção à saúde bucal das
crianças e das gestantes, de forma
Art. 12. Os estabelecimentos de transversal, integral e intersetorial com as
atendimento à saúde, inclusive as unidades demais linhas de cuidado direcionadas à
neonatais, de terapia intensiva e de mulher e à criança.
cuidados intermediários, deverão §3º A atenção odontológica à criança
proporcionar condições para a permanência terá função educativa protetiva e será
em tempo integral de um dos pais ou prestada, inicialmente, antes de o bebê
responsável, nos casos de internação de nascer, por meio de aconselhamento pré-
criança ou adolescente. natal, e, posteriormente, no sexto e no
décimo segundo anos de vida, com
Art. 13. Os casos de suspeita ou orientações sobre saúde bucal.
confirmação de castigo físico, de §4º A criança com necessidade de

5
Legislação Educacional

cuidados odontológicos especiais será Art. 18-A. A criança e o adolescente têm


atendida pelo Sistema Único de Saúde. o direito de ser educados e cuidados sem o
§ 5 º É obrigatória a aplicação a todas as uso de castigo físico ou de tratamento cruel
crianças, nos seus primeiros dezoito meses ou degradante, como formas de correção,
de vida, de protocolo ou outro instrumento disciplina, educação ou qualquer outro
construído com a finalidade de facilitar a pretexto, pelos pais, pelos integrantes da
detecção, em consulta pediátrica de família ampliada, pelos responsáveis, pelos
acompanhamento da criança, de risco para agentes públicos executores de medidas
o seu desenvolvimento psíquico. socioeducativas ou por qualquer pessoa
encarregada de cuidar deles, tratá-los,
Capítulo II educá-los ou protegê-los.
Do Direito à Liberdade, ao Respeito e Parágrafo único. Para os fins desta Lei,
à Dignidade considera-se:
I - castigo físico: ação de natureza
Art. 15. A criança e o adolescente têm disciplinar ou punitiva aplicada com o uso
direito à liberdade, ao respeito e à dignidade da força física sobre a criança ou o
como pessoas humanas em processo de adolescente que resulte em:
desenvolvimento e como sujeitos de a) sofrimento físico; ou
direitos civis, humanos e sociais garantidos b) lesão;
na Constituição e nas leis. II - tratamento cruel ou degradante:
conduta ou forma cruel de tratamento em
Art. 16. O direito à liberdade relação à criança ou ao adolescente que:
compreende os seguintes aspectos: a) humilhe; ou
I - ir, vir e estar nos logradouros públicos b) ameace gravemente; ou
e espaços comunitários, ressalvadas as c) ridicularize.
restrições legais;
II - opinião e expressão; Art. 18-B. Os pais, os integrantes da
III - crença e culto religioso; família ampliada, os responsáveis, os
IV - brincar, praticar esportes e divertir- agentes públicos executores de medidas
se; socioeducativas ou qualquer pessoa
V - participar da vida familiar e encarregada de cuidar de crianças e de
comunitária, sem discriminação; adolescentes, tratá-los, educá-los ou
VI - participar da vida política, na forma protegê-los que utilizarem castigo físico ou
da lei; tratamento cruel ou degradante como
VII - buscar refúgio, auxílio e formas de correção, disciplina, educação ou
orientação. qualquer outro pretexto estarão sujeitos,
sem prejuízo de outras sanções cabíveis, às
Art. 17. O direito ao respeito consiste na seguintes medidas, que serão aplicadas de
inviolabilidade da integridade física, acordo com a gravidade do caso:
psíquica e moral da criança e do I - encaminhamento a programa oficial
adolescente, abrangendo a preservação da ou comunitário de proteção à família;
imagem, da identidade, da autonomia, dos II - encaminhamento a tratamento
valores, idéias e crenças, dos espaços e psicológico ou psiquiátrico;
objetos pessoais. III - encaminhamento a cursos ou
programas de orientação;
Art. 18. É dever de todos velar pela IV - obrigação de encaminhar a criança
dignidade da criança e do adolescente, a tratamento especializado;
pondo-os a salvo de qualquer tratamento V - advertência.
desumano, violento, aterrorizante,
vexatório ou constrangedor.

6
Legislação Educacional

VI - garantia de tratamento de saúde §4º Será garantida a convivência da


especializado à vítima. (Incluído pela Lei nº criança e do adolescente com a mãe ou o pai
14.344, de 2022) privado de liberdade, por meio de visitas
Parágrafo único. As medidas previstas periódicas promovidas pelo responsável ou,
neste artigo serão aplicadas pelo Conselho nas hipóteses de acolhimento institucional,
Tutelar, sem prejuízo de outras pela entidade responsável,
providências legais. independentemente de autorização
judicial.
Capítulo III §5º Será garantida a convivência integral
Do Direito à Convivência Familiar e da criança com a mãe adolescente que
Comunitária estiver em acolhimento institucional.
§6º A mãe adolescente será assistida por
Seção I equipe especializada multidisciplinar.
Disposições Gerais
Art. 19-A. A gestante ou mãe que
Art. 19. É direito da criança e do manifeste interesse em entregar seu filho
adolescente ser criado e educado no seio de para adoção, antes ou logo após o
sua família e, excepcionalmente, em família nascimento, será encaminhada à Justiça da
substituta, assegurada a convivência Infância e da Juventude.
familiar e comunitária, em ambiente que §1º A gestante ou mãe será ouvida pela
garanta seu desenvolvimento integral. equipe interprofissional da Justiça da
§1º Toda criança ou adolescente que Infância e da Juventude, que apresentará
estiver inserido em programa de relatório à autoridade judiciária,
acolhimento familiar ou institucional terá considerando inclusive os eventuais efeitos
sua situação reavaliada, no máximo, a cada do estado gestacional e puerperal.
3 (três) meses, devendo a autoridade §2º De posse do relatório, a autoridade
judiciária competente, com base em judiciária poderá determinar o
relatório elaborado por equipe encaminhamento da gestante ou mãe,
interprofissional ou multidisciplinar, mediante sua expressa concordância, à rede
decidir de forma fundamentada pela pública de saúde e assistência social para
possibilidade de reintegração familiar ou atendimento especializado.
pela colocação em família substituta, em §3º A busca à família extensa, conforme
quaisquer das modalidades previstas no art. definida nos termos do parágrafo único do
28 desta Lei. art. 25 desta Lei, respeitará o prazo máximo
§2º A permanência da criança e do de 90 (noventa) dias, prorrogável por igual
adolescente em programa de acolhimento período.
institucional não se prolongará por mais de §4º Na hipótese de não haver a indicação
18 (dezoito meses), salvo comprovada do genitor e de não existir outro
necessidade que atenda ao seu superior representante da família extensa apto a
interesse, devidamente fundamentada pela receber a guarda, a autoridade judiciária
autoridade judiciária. competente deverá decretar a extinção do
§3º A manutenção ou a reintegração de poder familiar e determinar a colocação da
criança ou adolescente à sua família terá criança sob a guarda provisória de quem
preferência em relação a qualquer outra estiver habilitado a adotá-la ou de entidade
providência, caso em que será esta incluída que desenvolva programa de acolhimento
em serviços e programas de proteção, apoio familiar ou institucional.
e promoção, nos termos do §1º do art. 23, §5º Após o nascimento da criança, a
dos incisos I e IV do caput do art. 101 e dos vontade da mãe ou de ambos os genitores,
incisos I a IV do caput do art. 129 desta se houver pai registral ou pai indicado, deve
Lei. ser manifestada na audiência a que se refere

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Legislação Educacional

o §1º do art. 166 desta Lei, garantido o criança ou adolescente a fim de colaborar
sigilo sobre a entrega. para o seu desenvolvimento.
§ 6º Na hipótese de não comparecerem à §4º O perfil da criança ou do adolescente
audiência nem o genitor nem representante a ser apadrinhado será definido no âmbito
da família extensa para confirmar a de cada programa de apadrinhamento, com
intenção de exercer o poder familiar ou a prioridade para crianças ou adolescentes
guarda, a autoridade judiciária suspenderá o com remota possibilidade de reinserção
poder familiar da mãe, e a criança será familiar ou colocação em família adotiva.
colocada sob a guarda provisória de quem §5º Os programas ou serviços de
esteja habilitado a adotá-la. apadrinhamento apoiados pela Justiça da
§7º Os detentores da guarda possuem o Infância e da Juventude poderão ser
prazo de 15 (quinze) dias para propor a ação executados por órgãos públicos ou por
de adoção, contado do dia seguinte à data organizações da sociedade civil.
do término do estágio de convivência. §6º Se ocorrer violação das regras de
§8º Na hipótese de desistência pelos apadrinhamento, os responsáveis pelo
genitores - manifestada em audiência ou programa e pelos serviços de acolhimento
perante a equipe interprofissional - da deverão imediatamente notificar a
entrega da criança após o nascimento, a autoridade judiciária competente.
criança será mantida com os genitores, e
será determinado pela Justiça da Infância e Art. 20. Os filhos, havidos ou não da
da Juventude o acompanhamento familiar relação do casamento, ou por adoção, terão
pelo prazo de 180 (cento e oitenta) dias. os mesmos direitos e qualificações,
§9º É garantido à mãe o direito ao sigilo proibidas quaisquer designações
sobre o nascimento, respeitado o disposto discriminatórias relativas à filiação.
no art. 48 desta Lei.
§ 10. Serão cadastrados para adoção Art. 21. O pátrio poder poder familiar
recém-nascidos e crianças acolhidas não será exercido, em igualdade de condições,
procuradas por suas famílias no prazo de 30 pelo pai e pela mãe, na forma do que
(trinta) dias, contado a partir do dia do dispuser a legislação civil, assegurado a
acolhimento. qualquer deles o direito de, em caso de
discordância, recorrer à autoridade
Art. 19-B. A criança e o adolescente em judiciária competente para a solução da
programa de acolhimento institucional ou divergência.
familiar poderão participar de programa de
apadrinhamento. Art. 22. Aos pais incumbe o dever de
§1º O apadrinhamento consiste em sustento, guarda e educação dos filhos
estabelecer e proporcionar à criança e ao menores, cabendo-lhes ainda, no interesse
adolescente vínculos externos à instituição destes, a obrigação de cumprir e fazer
para fins de convivência familiar e cumprir as determinações judiciais.
comunitária e colaboração com o seu Parágrafo único. A mãe e o pai, ou os
desenvolvimento nos aspectos social, responsáveis, têm direitos iguais e deveres
moral, físico, cognitivo, educacional e e responsabilidades compartilhados no
financeiro. cuidado e na educação da criança, devendo
§ 2º Podem ser padrinhos ou madrinhas ser resguardado o direito de transmissão
pessoas maiores de 18 (dezoito) anos não familiar de suas crenças e culturas,
inscritas nos cadastros de adoção, desde que assegurados os direitos da criança
cumpram os requisitos exigidos pelo estabelecidos nesta Lei.
programa de apadrinhamento de que fazem
parte. Art. 23. A falta ou a carência de recursos
§3º Pessoas jurídicas podem apadrinhar materiais não constitui motivo suficiente

8
Legislação Educacional

para a perda ou a suspensão do pátrio poder Art. 27. O reconhecimento do estado de


poder familiar. filiação é direito personalíssimo,
§1º Não existindo outro motivo que por indisponível e imprescritível, podendo ser
si só autorize a decretação da medida, a exercitado contra os pais ou seus herdeiros,
criança ou o adolescente será mantido em sem qualquer restrição, observado o
sua família de origem, a qual deverá segredo de Justiça.
obrigatoriamente ser incluída em serviços e
programas oficiais de proteção, apoio e Seção III
promoção. Da Família Substituta
§ 2º A condenação criminal do pai ou da
mãe não implicará a destituição do poder Subseção I
familiar, exceto na hipótese de condenação Disposições Gerais
por crime doloso sujeito à pena de reclusão
contra outrem igualmente titular do mesmo Art. 28. A colocação em família
poder familiar ou contra filho, filha ou substituta far-se-á mediante guarda, tutela
outro descendente. ou adoção, independentemente da situação
jurídica da criança ou adolescente, nos
Art. 24. A perda e a suspensão do pátrio termos desta Lei.
poder poder familiar serão decretadas §1º Sempre que possível, a criança ou o
judicialmente, em procedimento adolescente será previamente ouvido por
contraditório, nos casos previstos na equipe interprofissional, respeitado seu
legislação civil, bem como na hipótese de estágio de desenvolvimento e grau de
descumprimento injustificado dos deveres e compreensão sobre as implicações da
obrigações a que alude o art. 22. medida, e terá sua opinião devidamente
considerada.
Seção II §2º Tratando-se de maior de 12 (doze)
Da Família Natural anos de idade, será necessário seu
consentimento, colhido em audiência.
Art. 25. Entende-se por família natural a §3º Na apreciação do pedido levar-se-á
comunidade formada pelos pais ou em conta o grau de parentesco e a relação
qualquer deles e seus descendentes. de afinidade ou de afetividade, a fim de
Parágrafo único. Entende-se por família evitar ou minorar as consequências
extensa ou ampliada aquela que se estende decorrentes da medida.
para além da unidade pais e filhos ou da §4º Os grupos de irmãos serão colocados
unidade do casal, formada por parentes sob adoção, tutela ou guarda da mesma
próximos com os quais a criança ou família substituta, ressalvada a comprovada
adolescente convive e mantém vínculos de existência de risco de abuso ou outra
afinidade e afetividade. situação que justifique plenamente a
excepcionalidade de solução diversa,
Art. 26. Os filhos havidos fora do procurando-se, em qualquer caso, evitar o
casamento poderão ser reconhecidos pelos rompimento definitivo dos vínculos
pais, conjunta ou separadamente, no fraternais.
próprio termo de nascimento, por §5º A colocação da criança ou
testamento, mediante escritura ou outro adolescente em família substituta será
documento público, qualquer que seja a precedida de sua preparação gradativa e
origem da filiação. acompanhamento posterior, realizados pela
Parágrafo único. O reconhecimento equipe interprofissional a serviço da Justiça
pode preceder o nascimento do filho ou da Infância e da Juventude,
suceder-lhe ao falecimento, se deixar preferencialmente com o apoio dos técnicos
descendentes. responsáveis pela execução da política

9
Legislação Educacional

municipal de garantia do direito à Subseção II


convivência familiar. Da Guarda
§6º Em se tratando de criança ou
adolescente indígena ou proveniente de Art. 33. A guarda obriga a prestação de
comunidade remanescente de quilombo, é assistência material, moral e educacional à
ainda obrigatório: criança ou adolescente, conferindo a seu
I - que sejam consideradas e respeitadas detentor o direito de opor-se a terceiros,
sua identidade social e cultural, os seus inclusive aos pais.
costumes e tradições, bem como suas § 1º A guarda destina-se a regularizar a
instituições, desde que não sejam posse de fato, podendo ser deferida, liminar
incompatíveis com os direitos ou incidentalmente, nos procedimentos de
fundamentais reconhecidos por esta Lei e tutela e adoção, exceto no de adoção por
pela Constituição Federal; estrangeiros.
II - que a colocação familiar ocorra § 2º Excepcionalmente, deferir-se-á a
prioritariamente no seio de sua comunidade guarda, fora dos casos de tutela e adoção,
ou junto a membros da mesma etnia; para atender a situações peculiares ou suprir
III - a intervenção e oitiva de a falta eventual dos pais ou responsável,
representantes do órgão federal responsável podendo ser deferido o direito de
pela política indigenista, no caso de representação para a prática de atos
crianças e adolescentes indígenas, e de determinados.
antropólogos, perante a equipe § 3º A guarda confere à criança ou
interprofissional ou multidisciplinar que irá adolescente a condição de dependente, para
acompanhar o caso. todos os fins e efeitos de direito, inclusive
previdenciários.
Art. 29. Não se deferirá colocação em §4º Salvo expressa e fundamentada
família substituta a pessoa que revele, por determinação em contrário, da autoridade
qualquer modo, incompatibilidade com a judiciária competente, ou quando a medida
natureza da medida ou não ofereça for aplicada em preparação para adoção, o
ambiente familiar adequado. deferimento da guarda de criança ou
adolescente a terceiros não impede o
Art. 30. A colocação em família exercício do direito de visitas pelos pais,
substituta não admitirá transferência da assim como o dever de prestar alimentos,
criança ou adolescente a terceiros ou a que serão objeto de regulamentação
entidades governamentais ou não- específica, a pedido do interessado ou do
governamentais, sem autorização judicial. Ministério Público.

Art. 31. A colocação em família Art. 34. O poder público estimulará, por
substituta estrangeira constitui medida meio de assistência jurídica, incentivos
excepcional, somente admissível na fiscais e subsídios, o acolhimento, sob a
modalidade de adoção. forma de guarda, de criança ou adolescente
afastado do convívio familiar.
Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tutela, §1º A inclusão da criança ou adolescente
o responsável prestará compromisso de em programas de acolhimento familiar terá
bem e fielmente desempenhar o encargo, preferência a seu acolhimento institucional,
mediante termo nos autos. observado, em qualquer caso, o caráter
temporário e excepcional da medida, nos
termos desta Lei.
§2º Na hipótese do §1º deste artigo a
pessoa ou casal cadastrado no programa de
acolhimento familiar poderá receber a

10
Legislação Educacional

criança ou adolescente mediante guarda, se restar comprovado que a medida é


observado o disposto nos arts. 28 a 33 desta vantajosa ao tutelando e que não existe
Lei. outra pessoa em melhores condições de
§3º A União apoiará a implementação de assumi-la.
serviços de acolhimento em família Art. 38. Aplica-se à destituição da tutela
acolhedora como política pública, os quais o disposto no art. 24.
deverão dispor de equipe que organize o
acolhimento temporário de crianças e de Subseção IV
adolescentes em residências de famílias Da Adoção
selecionadas, capacitadas e acompanhadas
que não estejam no cadastro de adoção. Art. 39. A adoção de criança e de
§4º Poderão ser utilizados recursos adolescente reger-se-á segundo o disposto
federais, estaduais, distritais e municipais nesta Lei.
para a manutenção dos serviços de §1º A adoção é medida excepcional e
acolhimento em família acolhedora, irrevogável, à qual se deve recorrer apenas
facultando-se o repasse de recursos para a quando esgotados os recursos de
própria família acolhedora. manutenção da criança ou adolescente na
família natural ou extensa, na forma do
Art. 35. A guarda poderá ser revogada a parágrafo único do art. 25 desta Lei.
qualquer tempo, mediante ato judicial §2º É vedada a adoção por procuração.
fundamentado, ouvido o Ministério §3º Em caso de conflito entre direitos e
Público. interesses do adotando e de outras pessoas,
inclusive seus pais biológicos, devem
Subseção III prevalecer os direitos e os interesses do
Da Tutela adotando.

Art. 36. A tutela será deferida, nos Art. 40. O adotando deve contar com, no
termos da lei civil, a pessoa de até 18 máximo, dezoito anos à data do pedido,
(dezoito) anos incompletos. salvo se já estiver sob a guarda ou tutela dos
Parágrafo único. O deferimento da tutela adotantes.
pressupõe a prévia decretação da perda ou
suspensão do pátrio poder poder familiar e Art. 41. A adoção atribui a condição de
implica necessariamente o dever de filho ao adotado, com os mesmos direitos e
guarda. deveres, inclusive sucessórios, desligando-
o de qualquer vínculo com pais e parentes,
Art. 37. O tutor nomeado por testamento salvo os impedimentos matrimoniais.
ou qualquer documento autêntico, § 1º Se um dos cônjuges ou concubinos
conforme previsto no parágrafo único do adota o filho do outro, mantêm-se os
art. 1.729 da Lei n o 10.406, de 10 de vínculos de filiação entre o adotado e o
janeiro de 2002 - Código Civil , deverá, no cônjuge ou concubino do adotante e os
prazo de 30 (trinta) dias após a abertura da respectivos parentes.
sucessão, ingressar com pedido destinado § 2º É recíproco o direito sucessório
ao controle judicial do ato, observando o entre o adotado, seus descendentes, o
procedimento previsto nos arts. 165 a 170 adotante, seus ascendentes, descendentes e
desta Lei. colaterais até o 4º grau, observada a ordem
Parágrafo único. Na apreciação do de vocação hereditária.
pedido, serão observados os requisitos
previstos nos arts. 28 e 29 desta Lei, Art. 42. Podem adotar os maiores de 18
somente sendo deferida a tutela à pessoa (dezoito) anos, independentemente do
indicada na disposição de última vontade, estado civil.

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Legislação Educacional

§ 1º Não podem adotar os ascendentes e de doze anos de idade, será também


os irmãos do adotando. necessário o seu consentimento.
§2º Para adoção conjunta, é
indispensável que os adotantes sejam Art. 46. A adoção será precedida de
casados civilmente ou mantenham união estágio de convivência com a criança ou
estável, comprovada a estabilidade da adolescente, pelo prazo máximo de 90
família. (noventa) dias, observadas a idade da
§ 3º O adotante há de ser, pelo menos, criança ou adolescente e as peculiaridades
dezesseis anos mais velho do que o do caso.
adotando. §1º O estágio de convivência poderá ser
§4º Os divorciados, os judicialmente dispensado se o adotando já estiver sob a
separados e os ex-companheiros podem tutela ou guarda legal do adotante durante
adotar conjuntamente, contanto que tempo suficiente para que seja possível
acordem sobre a guarda e o regime de avaliar a conveniência da constituição do
visitas e desde que o estágio de convivência vínculo.
tenha sido iniciado na constância do §2º A simples guarda de fato não
período de convivência e que seja autoriza, por si só, a dispensa da realização
comprovada a existência de vínculos de do estágio de convivência.
afinidade e afetividade com aquele não §2º -A. O prazo máximo estabelecido no
detentor da guarda, que justifiquem a caput deste artigo pode ser prorrogado por
excepcionalidade da concessão. até igual período, mediante decisão
§5º Nos casos do §4º deste artigo, desde fundamentada da autoridade judiciária.
que demonstrado efetivo benefício ao §3º Em caso de adoção por pessoa ou
adotando, será assegurada a guarda casal residente ou domiciliado fora do País,
compartilhada, conforme previsto no art. o estágio de convivência será de, no
1.584 da Lei n o 10.406, de 10 de janeiro de mínimo, 30 (trinta) dias e, no máximo, 45
2002 - Código Civil . (quarenta e cinco) dias, prorrogável por até
§6º A adoção poderá ser deferida ao igual período, uma única vez, mediante
adotante que, após inequívoca manifestação decisão fundamentada da autoridade
de vontade, vier a falecer no curso do judiciária.
procedimento, antes de prolatada a §3º -A. Ao final do prazo previsto no §3º
sentença. deste artigo, deverá ser apresentado laudo
fundamentado pela equipe mencionada no
Art. 43. A adoção será deferida quando §4º deste artigo, que recomendará ou não o
apresentar reais vantagens para o adotando deferimento da adoção à autoridade
e fundar-se em motivos legítimos. judiciária.
§4º O estágio de convivência será
Art. 44. Enquanto não der conta de sua acompanhado pela equipe interprofissional
administração e saldar o seu alcance, não a serviço da Justiça da Infância e da
pode o tutor ou o curador adotar o pupilo ou Juventude, preferencialmente com apoio
o curatelado. dos técnicos responsáveis pela execução da
política de garantia do direito à convivência
Art. 45. A adoção depende do familiar, que apresentarão relatório
consentimento dos pais ou do representante minucioso acerca da conveniência do
legal do adotando. deferimento da medida.
§ 1º. O consentimento será dispensado §5º O estágio de convivência será
em relação à criança ou adolescente cujos cumprido no território nacional,
pais sejam desconhecidos ou tenham sido preferencialmente na comarca de residência
destituídos do poder familiar . da criança ou adolescente, ou, a critério do
§ 2º. Em se tratando de adotando maior juiz, em cidade limítrofe, respeitada, em

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Legislação Educacional

qualquer hipótese, a competência do juízo Art. 48. O adotado tem direito de


da comarca de residência da criança. conhecer sua origem biológica, bem como
de obter acesso irrestrito ao processo no
Art. 47. O vínculo da adoção constitui- qual a medida foi aplicada e seus eventuais
se por sentença judicial, que será inscrita no incidentes, após completar 18 (dezoito)
registro civil mediante mandado do qual anos.
não se fornecerá certidão. Parágrafo único. O acesso ao processo
§ 1º A inscrição consignará o nome dos de adoção poderá ser também deferido ao
adotantes como pais, bem como o nome de adotado menor de 18 (dezoito) anos, a seu
seus ascendentes. pedido, assegurada orientação e assistência
§ 2º O mandado judicial, que será jurídica e psicológica.
arquivado, cancelará o registro original do
adotado. Art. 49. A morte dos adotantes não
§3º A pedido do adotante, o novo restabelece o pátrio poder poder familiar
registro poderá ser lavrado no Cartório do dos pais naturais.
Registro Civil do Município de sua
residência. Art. 50. A autoridade judiciária manterá,
§4º Nenhuma observação sobre a origem em cada comarca ou foro regional, um
do ato poderá constar nas certidões do registro de crianças e adolescentes em
registro. condições de serem adotados e outro de
§5º A sentença conferirá ao adotado o pessoas interessadas na adoção.
nome do adotante e, a pedido de qualquer § 1º O deferimento da inscrição dar-se-á
deles, poderá determinar a modificação do após prévia consulta aos órgãos técnicos do
prenome. juizado, ouvido o Ministério Público.
§6º Caso a modificação de prenome seja § 2º Não será deferida a inscrição se o
requerida pelo adotante, é obrigatória a interessado não satisfizer os requisitos
oitiva do adotando, observado o disposto legais, ou verificada qualquer das hipóteses
nos §§1º e 2º do art. 28 desta Lei. previstas no art. 29.
§7º A adoção produz seus efeitos a partir §3º A inscrição de postulantes à adoção
do trânsito em julgado da sentença será precedida de um período de preparação
constitutiva, exceto na hipótese prevista no psicossocial e jurídica, orientado pela
§6º do art. 42 desta Lei, caso em que terá equipe técnica da Justiça da Infância e da
força retroativa à data do óbito. Juventude, preferencialmente com apoio
§8º O processo relativo à adoção assim dos técnicos responsáveis pela execução da
como outros a ele relacionados serão política municipal de garantia do direito à
mantidos em arquivo, admitindo-se seu convivência familiar.
armazenamento em microfilme ou por §4º Sempre que possível e
outros meios, garantida a sua conservação recomendável, a preparação referida no §3º
para consulta a qualquer tempo. deste artigo incluirá o contato com crianças
§ 9º Terão prioridade de tramitação os e adolescentes em acolhimento familiar ou
processos de adoção em que o adotando for institucional em condições de serem
criança ou adolescente com deficiência ou adotados, a ser realizado sob a orientação,
com doença crônica. supervisão e avaliação da equipe técnica da
§ 10. O prazo máximo para conclusão da Justiça da Infância e da Juventude, com
ação de adoção será de 120 (cento e vinte) apoio dos técnicos responsáveis pelo
dias, prorrogável uma única vez por igual programa de acolhimento e pela execução
período, mediante decisão fundamentada da da política municipal de garantia do direito
autoridade judiciária. à convivência familiar.
§5º Serão criados e implementados
cadastros estaduais e nacional de crianças e

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Legislação Educacional

adolescentes em condições de serem § 13. Somente poderá ser deferida


adotados e de pessoas ou casais habilitados adoção em favor de candidato domiciliado
à adoção. no Brasil não cadastrado previamente nos
§6º Haverá cadastros distintos para termos desta Lei quando:
pessoas ou casais residentes fora do País, I - se tratar de pedido de adoção
que somente serão consultados na unilateral;
inexistência de postulantes nacionais II - for formulada por parente com o qual
habilitados nos cadastros mencionados no a criança ou adolescente mantenha vínculos
§5º deste artigo. de afinidade e afetividade;
§7º As autoridades estaduais e federais III - oriundo o pedido de quem detém a
em matéria de adoção terão acesso integral tutela ou guarda legal de criança maior de 3
aos cadastros, incumbindo-lhes a troca de (três) anos ou adolescente, desde que o
informações e a cooperação mútua, para lapso de tempo de convivência comprove a
melhoria do sistema. fixação de laços de afinidade e afetividade,
§8º A autoridade judiciária e não seja constatada a ocorrência de má-fé
providenciará, no prazo de 48 (quarenta e ou qualquer das situações previstas nos arts.
oito) horas, a inscrição das crianças e 237 ou 238 desta Lei.
adolescentes em condições de serem § 14. Nas hipóteses previstas no § 13
adotados que não tiveram colocação deste artigo, o candidato deverá comprovar,
familiar na comarca de origem, e das no curso do procedimento, que preenche os
pessoas ou casais que tiveram deferida sua requisitos necessários à adoção, conforme
habilitação à adoção nos cadastros estadual previsto nesta Lei.
e nacional referidos no §5º deste artigo, sob § 15. Será assegurada prioridade no
pena de responsabilidade. cadastro a pessoas interessadas em adotar
§9º Compete à Autoridade Central criança ou adolescente com deficiência,
Estadual zelar pela manutenção e correta com doença crônica ou com necessidades
alimentação dos cadastros, com posterior específicas de saúde, além de grupo de
comunicação à Autoridade Central Federal irmãos.
Brasileira.
§ 10. Consultados os cadastros e Art. 51. Considera-se adoção
verificada a ausência de pretendentes internacional aquela na qual o pretendente
habilitados residentes no País com perfil possui residência habitual em país-parte da
compatível e interesse manifesto pela Convenção de Haia, de 29 de maio de 1993,
adoção de criança ou adolescente inscrito Relativa à Proteção das Crianças e à
nos cadastros existentes, será realizado o Cooperação em Matéria de Adoção
encaminhamento da criança ou adolescente Internacional, promulgada pelo Decreto n o
à adoção internacional. 3.087, de 21 junho de 1999 , e deseja adotar
§ 11. Enquanto não localizada pessoa ou criança em outro país-parte da Convenção.
casal interessado em sua adoção, a criança §1º A adoção internacional de criança ou
ou o adolescente, sempre que possível e adolescente brasileiro ou domiciliado no
recomendável, será colocado sob guarda de Brasil somente terá lugar quando restar
família cadastrada em programa de comprovado:
acolhimento familiar. I - que a colocação em família adotiva é
§ 12. A alimentação do cadastro e a a solução adequada ao caso concreto;
convocação criteriosa dos postulantes à II - que foram esgotadas todas as
adoção serão fiscalizadas pelo Ministério possibilidades de colocação da criança ou
Público. adolescente em família adotiva brasileira,
com a comprovação, certificada nos autos,
da inexistência de adotantes habilitados
residentes no Brasil com perfil compatível

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Legislação Educacional

com a criança ou adolescente, após consulta autenticada da legislação pertinente,


aos cadastros mencionados nesta Lei; acompanhada da respectiva prova de
III - que, em se tratando de adoção de vigência;
adolescente, este foi consultado, por meios V - os documentos em língua estrangeira
adequados ao seu estágio de serão devidamente autenticados pela
desenvolvimento, e que se encontra autoridade consular, observados os tratados
preparado para a medida, mediante parecer e convenções internacionais, e
elaborado por equipe interprofissional, acompanhados da respectiva tradução, por
observado o disposto nos §§1º e 2 o do art. tradutor público juramentado;
28 desta Lei. VI - a Autoridade Central Estadual
§2º Os brasileiros residentes no exterior poderá fazer exigências e solicitar
terão preferência aos estrangeiros, nos complementação sobre o estudo
casos de adoção internacional de criança ou psicossocial do postulante estrangeiro à
adolescente brasileiro. adoção, já realizado no país de acolhida;
§3º A adoção internacional pressupõe a VII - verificada, após estudo realizado
intervenção das Autoridades Centrais pela Autoridade Central Estadual, a
Estaduais e Federal em matéria de adoção compatibilidade da legislação estrangeira
internacional. com a nacional, além do preenchimento por
§ 4º (Revogado) parte dos postulantes à medida dos
requisitos objetivos e subjetivos
Art. 52. A adoção internacional necessários ao seu deferimento, tanto à luz
observará o procedimento previsto nos arts. do que dispõe esta Lei como da legislação
165 a 170 desta Lei, com as seguintes do país de acolhida, será expedido laudo de
adaptações: habilitação à adoção internacional, que terá
I - a pessoa ou casal estrangeiro, validade por, no máximo, 1 (um) ano;
interessado em adotar criança ou VIII - de posse do laudo de habilitação,
adolescente brasileiro, deverá formular o interessado será autorizado a formalizar
pedido de habilitação à adoção perante a pedido de adoção perante o Juízo da
Autoridade Central em matéria de adoção Infância e da Juventude do local em que se
internacional no país de acolhida, assim encontra a criança ou adolescente,
entendido aquele onde está situada sua conforme indicação efetuada pela
residência habitual; Autoridade Central Estadual.
II - se a Autoridade Central do país de §1º Se a legislação do país de acolhida
acolhida considerar que os solicitantes assim o autorizar, admite-se que os pedidos
estão habilitados e aptos para adotar, de habilitação à adoção internacional sejam
emitirá um relatório que contenha intermediados por organismos
informações sobre a identidade, a credenciados.
capacidade jurídica e adequação dos §2º Incumbe à Autoridade Central
solicitantes para adotar, sua situação Federal Brasileira o credenciamento de
pessoal, familiar e médica, seu meio social, organismos nacionais e estrangeiros
os motivos que os animam e sua aptidão encarregados de intermediar pedidos de
para assumir uma adoção internacional; habilitação à adoção internacional, com
III - a Autoridade Central do país de posterior comunicação às Autoridades
acolhida enviará o relatório à Autoridade Centrais Estaduais e publicação nos órgãos
Central Estadual, com cópia para a oficiais de imprensa e em sítio próprio da
Autoridade Central Federal Brasileira; internet.
IV - o relatório será instruído com toda a §3º Somente será admissível o
documentação necessária, incluindo estudo credenciamento de organismos que:
psicossocial elaborado por equipe I - sejam oriundos de países que
interprofissional habilitada e cópia ratificaram a Convenção de Haia e estejam

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Legislação Educacional

devidamente credenciados pela Autoridade relatório será mantido até a juntada de cópia
Central do país onde estiverem sediados e autenticada do registro civil, estabelecendo
no país de acolhida do adotando para atuar a cidadania do país de acolhida para o
em adoção internacional no Brasil; adotado;
II - satisfizerem as condições de VI - tomar as medidas necessárias para
integridade moral, competência garantir que os adotantes encaminhem à
profissional, experiência e responsabilidade Autoridade Central Federal Brasileira cópia
exigidas pelos países respectivos e pela da certidão de registro de nascimento
Autoridade Central Federal Brasileira; estrangeira e do certificado de
III - forem qualificados por seus padrões nacionalidade tão logo lhes sejam
éticos e sua formação e experiência para concedidos.
atuar na área de adoção internacional; §5º A não apresentação dos relatórios
IV - cumprirem os requisitos exigidos referidos no §4º deste artigo pelo organismo
pelo ordenamento jurídico brasileiro e pelas credenciado poderá acarretar a suspensão
normas estabelecidas pela Autoridade de seu credenciamento.
Central Federal Brasileira. §6º O credenciamento de organismo
§4º Os organismos credenciados nacional ou estrangeiro encarregado de
deverão ainda: intermediar pedidos de adoção
I - perseguir unicamente fins não internacional terá validade de 2 (dois)
lucrativos, nas condições e dentro dos anos.
limites fixados pelas autoridades §7º A renovação do credenciamento
competentes do país onde estiverem poderá ser concedida mediante
sediados, do país de acolhida e pela requerimento protocolado na Autoridade
Autoridade Central Federal Brasileira; Central Federal Brasileira nos 60 (sessenta)
II - ser dirigidos e administrados por dias anteriores ao término do respectivo
pessoas qualificadas e de reconhecida prazo de validade.
idoneidade moral, com comprovada §8º Antes de transitada em julgado a
formação ou experiência para atuar na área decisão que concedeu a adoção
de adoção internacional, cadastradas pelo internacional, não será permitida a saída do
Departamento de Polícia Federal e adotando do território nacional.
aprovadas pela Autoridade Central Federal §9º Transitada em julgado a decisão, a
Brasileira, mediante publicação de portaria autoridade judiciária determinará a
do órgão federal competente; expedição de alvará com autorização de
III - estar submetidos à supervisão das viagem, bem como para obtenção de
autoridades competentes do país onde passaporte, constando, obrigatoriamente, as
estiverem sediados e no país de acolhida, características da criança ou adolescente
inclusive quanto à sua composição, adotado, como idade, cor, sexo, eventuais
funcionamento e situação financeira; sinais ou traços peculiares, assim como foto
IV - apresentar à Autoridade Central recente e a aposição da impressão digital do
Federal Brasileira, a cada ano, relatório seu polegar direito, instruindo o documento
geral das atividades desenvolvidas, bem com cópia autenticada da decisão e certidão
como relatório de acompanhamento das de trânsito em julgado.
adoções internacionais efetuadas no § 10. A Autoridade Central Federal
período, cuja cópia será encaminhada ao Brasileira poderá, a qualquer momento,
Departamento de Polícia Federal; solicitar informações sobre a situação das
V - enviar relatório pós-adotivo crianças e adolescentes adotados
semestral para a Autoridade Central § 11. A cobrança de valores por parte dos
Estadual, com cópia para a Autoridade organismos credenciados, que sejam
Central Federal Brasileira, pelo período considerados abusivos pela Autoridade
mínimo de 2 (dois) anos. O envio do Central Federal Brasileira e que não

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Legislação Educacional

estejam devidamente comprovados, é causa homologada pelo Superior Tribunal de


de seu descredenciamento. Justiça.
§ 12. Uma mesma pessoa ou seu cônjuge §2º O pretendente brasileiro residente no
não podem ser representados por mais de exterior em país não ratificante da
uma entidade credenciada para atuar na Convenção de Haia, uma vez reingressado
cooperação em adoção internacional. no Brasil, deverá requerer a homologação
§ 13. A habilitação de postulante da sentença estrangeira pelo Superior
estrangeiro ou domiciliado fora do Brasil Tribunal de Justiça.
terá validade máxima de 1 (um) ano,
podendo ser renovada. Art. 52-C. Nas adoções internacionais,
§ 14. É vedado o contato direto de quando o Brasil for o país de acolhida, a
representantes de organismos de adoção, decisão da autoridade competente do país
nacionais ou estrangeiros, com dirigentes de origem da criança ou do adolescente será
de programas de acolhimento institucional conhecida pela Autoridade Central
ou familiar, assim como com crianças e Estadual que tiver processado o pedido de
adolescentes em condições de serem habilitação dos pais adotivos, que
adotados, sem a devida autorização comunicará o fato à Autoridade Central
judicial. Federal e determinará as providências
§ 15. A Autoridade Central Federal necessárias à expedição do Certificado de
Brasileira poderá limitar ou suspender a Naturalização Provisório.
concessão de novos credenciamentos §1º A Autoridade Central Estadual,
sempre que julgar necessário, mediante ato ouvido o Ministério Público, somente
administrativo fundamentado. deixará de reconhecer os efeitos daquela
decisão se restar demonstrado que a adoção
Art. 52-A. É vedado, sob pena de é manifestamente contrária à ordem pública
responsabilidade e descredenciamento, o ou não atende ao interesse superior da
repasse de recursos provenientes de criança ou do adolescente.
organismos estrangeiros encarregados de §2º Na hipótese de não reconhecimento
intermediar pedidos de adoção da adoção, prevista no §1º deste artigo, o
internacional a organismos nacionais ou a Ministério Público deverá imediatamente
pessoas físicas. requerer o que for de direito para resguardar
Parágrafo único. Eventuais repasses os interesses da criança ou do adolescente,
somente poderão ser efetuados via Fundo comunicando-se as providências à
dos Direitos da Criança e do Adolescente e Autoridade Central Estadual, que fará a
estarão sujeitos às deliberações do comunicação à Autoridade Central Federal
respectivo Conselho de Direitos da Criança Brasileira e à Autoridade Central do país de
e do Adolescente origem.

Art. 52-B. A adoção por brasileiro Art. 52-D. Nas adoções internacionais,
residente no exterior em país ratificante da quando o Brasil for o país de acolhida e a
Convenção de Haia, cujo processo de adoção não tenha sido deferida no país de
adoção tenha sido processado em origem porque a sua legislação a delega ao
conformidade com a legislação vigente no país de acolhida, ou, ainda, na hipótese de,
país de residência e atendido o disposto na mesmo com decisão, a criança ou o
Alínea “c” do Artigo 17 da referida adolescente ser oriundo de país que não
Convenção, será automaticamente tenha aderido à Convenção referida, o
recepcionada com o reingresso no Brasil. processo de adoção seguirá as regras da
§1º Caso não tenha sido atendido o adoção nacional.
disposto na Alínea “c” do Artigo 17 da
Convenção de Haia, deverá a sentença ser

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Legislação Educacional

Capítulo IV IV – atendimento em creche e pré-escola


Do Direito à Educação, à Cultura, ao às crianças de zero a cinco anos de idade;
Esporte e ao Lazer V - acesso aos níveis mais elevados do
ensino, da pesquisa e da criação artística,
Art. 53. A criança e o adolescente têm segundo a capacidade de cada um;
direito à educação, visando ao pleno VI - oferta de ensino noturno regular,
desenvolvimento de sua pessoa, preparo adequado às condições do adolescente
para o exercício da cidadania e qualificação trabalhador;
para o trabalho, assegurando-se-lhes: VII - atendimento no ensino
I - igualdade de condições para o acesso fundamental, através de programas
e permanência na escola; suplementares de material didático-escolar,
II - direito de ser respeitado por seus transporte, alimentação e assistência à
educadores; saúde.
III - direito de contestar critérios § 1º O acesso ao ensino obrigatório e
avaliativos, podendo recorrer às instâncias gratuito é direito público subjetivo.
escolares superiores; § 2º O não oferecimento do ensino
IV - direito de organização e obrigatório pelo poder público ou sua oferta
participação em entidades estudantis; irregular importa responsabilidade da
V - acesso à escola pública e gratuita, autoridade competente.
próxima de sua residência, garantindo-se § 3º Compete ao poder público recensear
vagas no mesmo estabelecimento a irmãos os educandos no ensino fundamental, fazer-
que frequentem a mesma etapa ou ciclo de lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou
ensino da educação básica. (Redação dada responsável, pela frequência à escola.
pela Lei nº 13.845, de 2019)
Parágrafo único. É direito dos pais ou Art. 55. Os pais ou responsável têm a
responsáveis ter ciência do processo obrigação de matricular seus filhos ou
pedagógico, bem como participar da pupilos na rede regular de ensino.
definição das propostas educacionais.
Art. 56. Os dirigentes de
Art. 53-A. É dever da instituição de estabelecimentos de ensino fundamental
ensino, clubes e agremiações recreativas e comunicarão ao Conselho Tutelar os casos
de estabelecimentos congêneres assegurar de:
medidas de conscientização, prevenção e I - maus-tratos envolvendo seus alunos;
enfrentamento ao uso ou dependência de II - reiteração de faltas injustificadas e de
drogas ilícitas. (Incluído pela Lei nº 13.840, evasão escolar, esgotados os recursos
de 2019) escolares;
III - elevados níveis de repetência.
Art. 54. É dever do Estado assegurar à
criança e ao adolescente: Art. 57. O poder público estimulará
I - ensino fundamental, obrigatório e pesquisas, experiências e novas propostas
gratuito, inclusive para os que a ele não relativas a calendário, seriação, currículo,
tiveram acesso na idade própria; metodologia, didática e avaliação, com
II - progressiva extensão da vistas à inserção de crianças e adolescentes
obrigatoriedade e gratuidade ao ensino excluídos do ensino fundamental
médio; obrigatório.
III - atendimento educacional
especializado aos portadores de deficiência, Art. 58. No processo educacional
preferencialmente na rede regular de respeitar-se-ão os valores culturais,
ensino; artísticos e históricos próprios do contexto
social da criança e do adolescente,

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Legislação Educacional

garantindo-se a estes a liberdade da criação Art. 67. Ao adolescente empregado,


e o acesso às fontes de cultura. aprendiz, em regime familiar de trabalho,
aluno de escola técnica, assistido em
Art. 59. Os municípios, com apoio dos entidade governamental ou não-
estados e da União, estimularão e facilitarão governamental, é vedado trabalho:
a destinação de recursos e espaços para I - noturno, realizado entre as vinte e
programações culturais, esportivas e de duas horas de um dia e as cinco horas do dia
lazer voltadas para a infância e a juventude. seguinte;
II - perigoso, insalubre ou penoso;
Capítulo V III - realizado em locais prejudiciais à
Do Direito à Profissionalização e à sua formação e ao seu desenvolvimento
Proteção no Trabalho físico, psíquico, moral e social;
IV - realizado em horários e locais que
Art. 60. É proibido qualquer trabalho a não permitam a frequência à escola.
menores de quatorze anos de idade, salvo
na condição de aprendiz. (Vide Art. 68. O programa social que tenha por
Constituição Federal) base o trabalho educativo, sob
responsabilidade de entidade
Art. 61. A proteção ao trabalho dos governamental ou não-governamental sem
adolescentes é regulada por legislação fins lucrativos, deverá assegurar ao
especial, sem prejuízo do disposto nesta adolescente que dele participe condições de
Lei. capacitação para o exercício de atividade
regular remunerada.
Art. 62. Considera-se aprendizagem a § 1º Entende-se por trabalho educativo a
formação técnico-profissional ministrada atividade laboral em que as exigências
segundo as diretrizes e bases da legislação pedagógicas relativas ao desenvolvimento
de educação em vigor. pessoal e social do educando prevalecem
sobre o aspecto produtivo.
Art. 63. A formação técnico-profissional § 2º A remuneração que o adolescente
obedecerá aos seguintes princípios: recebe pelo trabalho efetuado ou a
I - garantia de acesso e frequência participação na venda dos produtos de seu
obrigatória ao ensino regular; trabalho não desfigura o caráter educativo.
II - atividade compatível com o
desenvolvimento do adolescente; Art. 69. O adolescente tem direito à
III - horário especial para o exercício das profissionalização e à proteção no trabalho,
atividades. observados os seguintes aspectos, entre
outros:
Art. 64. Ao adolescente até quatorze I - respeito à condição peculiar de pessoa
anos de idade é assegurada bolsa de em desenvolvimento;
aprendizagem. II - capacitação profissional adequada ao
mercado de trabalho.
Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior
de quatorze anos, são assegurados os Título III
direitos trabalhistas e previdenciários. Da Prevenção
Capítulo I
Art. 66. Ao adolescente portador de Disposições Gerais
deficiência é assegurado trabalho
protegido. Art. 70. É dever de todos prevenir a
ocorrência de ameaça ou violação dos
direitos da criança e do adolescente.

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Legislação Educacional

Art. 70-A. A União, os Estados, o VI - a promoção de espaços


Distrito Federal e os Municípios deverão intersetoriais locais para a articulação de
atuar de forma articulada na elaboração de ações e a elaboração de planos de atuação
políticas públicas e na execução de ações conjunta focados nas famílias em situação
destinadas a coibir o uso de castigo físico de violência, com participação de
ou de tratamento cruel ou degradante e profissionais de saúde, de assistência social
difundir formas não violentas de educação e de educação e de órgãos de promoção,
de crianças e de adolescentes, tendo como proteção e defesa dos direitos da criança e
principais ações: do adolescente.
I - a promoção de campanhas educativas VII - a promoção de estudos e pesquisas,
permanentes para a divulgação do direito da de estatísticas e de outras informações
criança e do adolescente de serem educados relevantes às consequências e à frequência
e cuidados sem o uso de castigo físico ou de das formas de violência contra a criança e o
tratamento cruel ou degradante e dos adolescente para a sistematização de dados
instrumentos de proteção aos direitos nacionalmente unificados e a avaliação
humanos; periódica dos resultados das medidas
II - a integração com os órgãos do Poder adotadas; (Incluído pela Lei nº 14.344, de
Judiciário, do Ministério Público e da 2022) Vigência
Defensoria Pública, com o Conselho VIII - o respeito aos valores da dignidade
Tutelar, com os Conselhos de Direitos da da pessoa humana, de forma a coibir a
Criança e do Adolescente e com as violência, o tratamento cruel ou degradante
entidades não governamentais que atuam na e as formas violentas de educação, correção
promoção, proteção e defesa dos direitos da ou disciplina; (Incluído pela Lei nº 14.344,
criança e do adolescente; de 2022) Vigência
III - a formação continuada e a IX - a promoção e a realização de
capacitação dos profissionais de saúde, campanhas educativas direcionadas ao
educação e assistência social e dos demais público escolar e à sociedade em geral e a
agentes que atuam na promoção, proteção e difusão desta Lei e dos instrumentos de
defesa dos direitos da criança e do proteção aos direitos humanos das crianças
adolescente para o desenvolvimento das e dos adolescentes, incluídos os canais de
competências necessárias à prevenção, à denúncia existentes; (Incluído pela Lei nº
identificação de evidências, ao diagnóstico 14.344, de 2022) Vigência
e ao enfrentamento de todas as formas de X - a celebração de convênios, de
violência contra a criança e o adolescente; protocolos, de ajustes, de termos e de outros
IV - o apoio e o incentivo às práticas de instrumentos de promoção de parceria entre
resolução pacífica de conflitos que órgãos governamentais ou entre estes e
envolvam violência contra a criança e o entidades não governamentais, com o
adolescente; objetivo de implementar programas de
V - a inclusão, nas políticas públicas, de erradicação da violência, de tratamento
ações que visem a garantir os direitos da cruel ou degradante e de formas violentas
criança e do adolescente, desde a atenção de educação, correção ou disciplina;
pré-natal, e de atividades junto aos pais e (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022)
responsáveis com o objetivo de promover a Vigência
informação, a reflexão, o debate e a XI - a capacitação permanente das
orientação sobre alternativas ao uso de Polícias Civil e Militar, da Guarda
castigo físico ou de tratamento cruel ou Municipal, do Corpo de Bombeiros, dos
degradante no processo educativo; profissionais nas escolas, dos Conselhos
Tutelares e dos profissionais pertencentes
aos órgãos e às áreas referidos no inciso II
deste caput, para que identifiquem

20
Legislação Educacional

situações em que crianças e adolescentes Art. 72. As obrigações previstas nesta


vivenciam violência e agressões no âmbito Lei não excluem da prevenção especial
familiar ou institucional; (Incluído pela Lei outras decorrentes dos princípios por ela
nº 14.344, de 2022) Vigência adotados.
XII - a promoção de programas
educacionais que disseminem valores Art. 73. A inobservância das normas de
éticos de irrestrito respeito à dignidade da prevenção importará em responsabilidade
pessoa humana, bem como de programas de da pessoa física ou jurídica, nos termos
fortalecimento da parentalidade positiva, da desta Lei.
educação sem castigos físicos e de ações de
prevenção e enfrentamento da violência Capítulo II
doméstica e familiar contra a criança e o Da Prevenção Especial
adolescente; (Incluído pela Lei nº 14.344, Seção I
de 2022) Vigência Da informação, Cultura, Lazer,
XIII - o destaque, nos currículos Esportes, Diversões e Espetáculos
escolares de todos os níveis de ensino, dos
conteúdos relativos à prevenção, à Art. 74. O poder público, através do
identificação e à resposta à violência órgão competente, regulará as diversões e
doméstica e familiar. (Incluído pela Lei nº espetáculos públicos, informando sobre a
14.344, de 2022) Vigência natureza deles, as faixas etárias a que não se
Parágrafo único. As famílias com recomendem, locais e horários em que sua
crianças e adolescentes com deficiência apresentação se mostre inadequada.
terão prioridade de atendimento nas ações e Parágrafo único. Os responsáveis pelas
políticas públicas de prevenção e proteção. diversões e espetáculos públicos deverão
afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à
Art. 70-B. As entidades, públicas e entrada do local de exibição, informação
privadas, que atuem nas áreas da saúde e da destacada sobre a natureza do espetáculo e
educação, além daquelas às quais se refere a faixa etária especificada no certificado de
o art. 71 desta Lei, entre outras, devem classificação.
contar, em seus quadros, com pessoas
capacitadas a reconhecer e a comunicar ao Art. 75. Toda criança ou adolescente terá
Conselho Tutelar suspeitas ou casos de acesso às diversões e espetáculos públicos
crimes praticados contra a criança e o classificados como adequados à sua faixa
adolescente. (Redação dada pela Lei nº etária.
14.344, de 2022) Vigência Parágrafo único. As crianças menores de
Parágrafo único. São igualmente dez anos somente poderão ingressar e
responsáveis pela comunicação de que trata permanecer nos locais de apresentação ou
este artigo, as pessoas encarregadas, por exibição quando acompanhadas dos pais ou
razão de cargo, função, ofício, ministério, responsável.
profissão ou ocupação, do cuidado,
assistência ou guarda de crianças e Art. 76. As emissoras de rádio e
adolescentes, punível, na forma deste televisão somente exibirão, no horário
Estatuto, o injustificado retardamento ou recomendado para o público infanto
omissão, culposos ou dolosos. juvenil, programas com finalidades
educativas, artísticas, culturais e
Art. 71. A criança e o adolescente têm informativas.
direito a informação, cultura, lazer, Parágrafo único. Nenhum espetáculo
esportes, diversões, espetáculos e produtos será apresentado ou anunciado sem aviso de
e serviços que respeitem sua condição sua classificação, antes de sua transmissão,
peculiar de pessoa em desenvolvimento. apresentação ou exibição.

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Legislação Educacional

Art. 77. Os proprietários, diretores, IV - fogos de estampido e de artifício,


gerentes e funcionários de empresas que exceto aqueles que pelo seu reduzido
explorem a venda ou aluguel de fitas de potencial sejam incapazes de provocar
programação em vídeo cuidarão para que qualquer dano físico em caso de utilização
não haja venda ou locação em desacordo indevida;
com a classificação atribuída pelo órgão V - revistas e publicações a que alude o
competente. art. 78;
Parágrafo único. As fitas a que alude este VI - bilhetes lotéricos e equivalentes.
artigo deverão exibir, no invólucro,
informação sobre a natureza da obra e a Art. 82. É proibida a hospedagem de
faixa etária a que se destinam. criança ou adolescente em hotel, motel,
pensão ou estabelecimento congênere,
Art. 78. As revistas e publicações salvo se autorizado ou acompanhado pelos
contendo material impróprio ou inadequado pais ou responsável.
a crianças e adolescentes deverão ser
comercializadas em embalagem lacrada, Seção III
com a advertência de seu conteúdo. Da Autorização para Viajar
Parágrafo único. As editoras cuidarão
para que as capas que contenham Art. 83. Nenhuma criança ou
mensagens pornográficas ou obscenas adolescente menor de 16 (dezesseis) anos
sejam protegidas com embalagem opaca. poderá viajar para fora da comarca onde
reside desacompanhado dos pais ou dos
Art. 79. As revistas e publicações responsáveis sem expressa autorização
destinadas ao público infanto-juvenil não judicial.
poderão conter ilustrações, fotografias, § 1º A autorização não será exigida
legendas, crônicas ou anúncios de bebidas quando:
alcoólicas, tabaco, armas e munições, e a) tratar-se de comarca contígua à da
deverão respeitar os valores éticos e sociais residência da criança ou do adolescente
da pessoa e da família. menor de 16 (dezesseis) anos, se na mesma
unidade da Federação, ou incluída na
Art. 80. Os responsáveis por mesma região metropolitana;
estabelecimentos que explorem b) a criança ou o adolescente menor de
comercialmente bilhar, sinuca ou 16 (dezesseis) anos estiver acompanhado:
congênere ou por casas de jogos, assim 1) de ascendente ou colateral maior, até
entendidas as que realizem apostas, ainda o terceiro grau, comprovado
que eventualmente, cuidarão para que não documentalmente o parentesco;
seja permitida a entrada e a permanência de 2) de pessoa maior, expressamente
autorizada pelo pai, mãe ou responsável.
crianças e adolescentes no local, afixando § 2º A autoridade judiciária poderá, a
aviso para orientação do público. pedido dos pais ou responsável, conceder
autorização válida por dois anos.
Seção II
Dos Produtos e Serviços Art. 84. Quando se tratar de viagem ao
exterior, a autorização é dispensável, se a
Art. 81. É proibida a venda à criança ou criança ou adolescente:
ao adolescente de: I - estiver acompanhado de ambos os
I - armas, munições e explosivos; pais ou responsável;
II - bebidas alcoólicas; II - viajar na companhia de um dos pais,
III - produtos cujos componentes autorizado expressamente pelo outro
possam causar dependência física ou através de documento com firma
psíquica ainda que por utilização indevida; reconhecida.

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Legislação Educacional

Art. 85. Sem prévia e expressa necessidades específicas de saúde ou com


autorização judicial, nenhuma criança ou deficiências e de grupos de irmãos.
adolescente nascido em território nacional
poderá sair do País em companhia de Art. 88. São diretrizes da política de
estrangeiro residente ou domiciliado no atendimento:
exterior. I - municipalização do atendimento;
II - criação de conselhos municipais,
Parte Especial estaduais e nacional dos direitos da criança
Título I e do adolescente, órgãos deliberativos e
Da Política de Atendimento controladores das ações em todos os níveis,
Capítulo I assegurada a participação popular paritária
Disposições Gerais por meio de organizações representativas,
segundo leis federal, estaduais e
Art. 86. A política de atendimento dos municipais;
direitos da criança e do adolescente far-se- III - criação e manutenção de programas
á através de um conjunto articulado de específicos, observada a descentralização
ações governamentais e não- político-administrativa;
governamentais, da União, dos estados, do IV - manutenção de fundos nacional,
Distrito Federal e dos municípios. estaduais e municipais vinculados aos
respectivos conselhos dos direitos da
Art. 87. São linhas de ação da política de criança e do adolescente;
atendimento: V - integração operacional de órgãos do
I - políticas sociais básicas; Judiciário, Ministério Público, Defensoria,
II - serviços, programas, projetos e Segurança Pública e Assistência Social,
benefícios de assistência social de garantia preferencialmente em um mesmo local,
de proteção social e de prevenção e redução para efeito de agilização do atendimento
de violações de direitos, seus agravamentos inicial a adolescente a quem se atribua
ou reincidências; autoria de ato infracional;
III - serviços especiais de prevenção e VI - integração operacional de órgãos do
atendimento médico e psicossocial às Judiciário, Ministério Público, Defensoria,
vítimas de negligência, maus-tratos, Conselho Tutelar e encarregados da
exploração, abuso, crueldade e opressão; execução das políticas sociais básicas e de
IV - serviço de identificação e assistência social, para efeito de agilização
localização de pais, responsável, crianças e do atendimento de crianças e de
adolescentes desaparecidos; adolescentes inseridos em programas de
V - proteção jurídico-social por acolhimento familiar ou institucional, com
entidades de defesa dos direitos da criança vista na sua rápida reintegração à família de
e do adolescente. origem ou, se tal solução se mostrar
VI - políticas e programas destinados a comprovadamente inviável, sua colocação
prevenir ou abreviar o período de em família substituta, em quaisquer das
afastamento do convívio familiar e a modalidades previstas no art. 28 desta Lei;
garantir o efetivo exercício do direito à VII - mobilização da opinião pública
convivência familiar de crianças e para a indispensável participação dos
adolescentes; diversos segmentos da sociedade.
VII - campanhas de estímulo ao VIII - especialização e formação
acolhimento sob forma de guarda de continuada dos profissionais que trabalham
crianças e adolescentes afastados do nas diferentes áreas da atenção à primeira
convívio familiar e à adoção, infância, incluindo os conhecimentos sobre
especificamente inter-racial, de crianças direitos da criança e sobre desenvolvimento
maiores ou de adolescentes, com infantil;

23
Legislação Educacional

IX - formação profissional com órgãos públicos encarregados das áreas de


abrangência dos diversos direitos da criança Educação, Saúde e Assistência Social,
e do adolescente que favoreça a dentre outros, observando-se o princípio da
intersetorialidade no atendimento da prioridade absoluta à criança e ao
criança e do adolescente e seu adolescente preconizado pelo caput do art.
desenvolvimento integral; 227 da Constituição Federal e pelo caput e
X - realização e divulgação de pesquisas parágrafo único do art. 4º desta Lei.
sobre desenvolvimento infantil e sobre §3º Os programas em execução serão
prevenção da violência. reavaliados pelo Conselho Municipal dos
Direitos da Criança e do Adolescente, no
Art. 89. A função de membro do máximo, a cada 2 (dois) anos, constituindo-
conselho nacional e dos conselhos estaduais se critérios para renovação da autorização
e municipais dos direitos da criança e do de funcionamento:
adolescente é considerada de interesse I - o efetivo respeito às regras e
público relevante e não será remunerada. princípios desta Lei, bem como às
resoluções relativas à modalidade de
Capítulo II atendimento prestado expedidas pelos
Das Entidades de Atendimento Conselhos de Direitos da Criança e do
Seção I Adolescente, em todos os níveis;
Disposições Gerais II - a qualidade e eficiência do trabalho
desenvolvido, atestadas pelo Conselho
Art. 90. As entidades de atendimento são Tutelar, pelo Ministério Público e pela
responsáveis pela manutenção das próprias Justiça da Infância e da Juventude;
unidades, assim como pelo planejamento e III - em se tratando de programas de
execução de programas de proteção e sócio- acolhimento institucional ou familiar, serão
educativos destinados a crianças e considerados os índices de sucesso na
adolescentes, em regime de: (Vide) reintegração familiar ou de adaptação à
I - orientação e apoio sócio-familiar; família substituta, conforme o caso.
II - apoio sócio-educativo em meio
aberto; Art. 91. As entidades não-
III - colocação familiar; governamentais somente poderão funcionar
IV - acolhimento institucional; depois de registradas no Conselho
V - prestação de serviços à comunidade; Municipal dos Direitos da Criança e do
VI - liberdade assistida; Adolescente, o qual comunicará o registro
VII - semiliberdade; e ao Conselho Tutelar e à autoridade
VIII - internação. judiciária da respectiva localidade.
§1º As entidades governamentais e não §1º Será negado o registro à entidade
governamentais deverão proceder à que:
inscrição de seus programas, especificando a) não ofereça instalações físicas em
os regimes de atendimento, na forma condições adequadas de habitabilidade,
definida neste artigo, no Conselho higiene, salubridade e segurança;
Municipal dos Direitos da Criança e do b) não apresente plano de trabalho
Adolescente, o qual manterá registro das compatível com os princípios desta Lei;
inscrições e de suas alterações, do que fará c) esteja irregularmente constituída;
comunicação ao Conselho Tutelar e à d) tenha em seus quadros pessoas
autoridade judiciária. inidôneas.
§2º Os recursos destinados à e) não se adequar ou deixar de cumprir
implementação e manutenção dos as resoluções e deliberações relativas à
programas relacionados neste artigo serão modalidade de atendimento prestado
previstos nas dotações orçamentárias dos expedidas pelos Conselhos de Direitos da

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Legislação Educacional

Criança e do Adolescente, em todos os direta ou indiretamente em programas de


níveis. acolhimento institucional e destinados à
§2º O registro terá validade máxima de 4 colocação familiar de crianças e
(quatro) anos, cabendo ao Conselho adolescentes, incluindo membros do Poder
Municipal dos Direitos da Criança e do Judiciário, Ministério Público e Conselho
Adolescente, periodicamente, reavaliar o Tutelar.
cabimento de sua renovação, observado o §4º Salvo determinação em contrário da
disposto no §1º deste artigo. autoridade judiciária competente, as
entidades que desenvolvem programas de
Art. 92. As entidades que desenvolvam acolhimento familiar ou institucional, se
programas de acolhimento familiar ou necessário com o auxílio do Conselho
institucional deverão adotar os seguintes Tutelar e dos órgãos de assistência social,
princípios: estimularão o contato da criança ou
I - preservação dos vínculos familiares e adolescente com seus pais e parentes, em
promoção da reintegração familiar; cumprimento ao disposto nos incisos I e
II - integração em família substituta, VIII do caput deste artigo.
quando esgotados os recursos de §5º As entidades que desenvolvem
manutenção na família natural ou extensa; programas de acolhimento familiar ou
III - atendimento personalizado e em institucional somente poderão receber
pequenos grupos; recursos públicos se comprovado o
IV - desenvolvimento de atividades em atendimento dos princípios, exigências e
regime de co-educação; finalidades desta Lei.
V - não desmembramento de grupos de §6º O descumprimento das disposições
irmãos; desta Lei pelo dirigente de entidade que
VI - evitar, sempre que possível, a desenvolva programas de acolhimento
transferência para outras entidades de familiar ou institucional é causa de sua
crianças e adolescentes abrigados; destituição, sem prejuízo da apuração de
VII - participação na vida da sua responsabilidade administrativa, civil e
comunidade local; criminal.
VIII - preparação gradativa para o §7º Quando se tratar de criança de 0
desligamento; (zero) a 3 (três) anos em acolhimento
IX - participação de pessoas da institucional, dar-se-á especial atenção à
comunidade no processo educativo. atuação de educadores de referência
§1º O dirigente de entidade que estáveis e qualitativamente significativos,
desenvolve programa de acolhimento às rotinas específicas e ao atendimento das
institucional é equiparado ao guardião, para necessidades básicas, incluindo as de afeto
todos os efeitos de direito. como prioritárias.
§2º Os dirigentes de entidades que
desenvolvem programas de acolhimento Art. 93. As entidades que mantenham
familiar ou institucional remeterão à programa de acolhimento institucional
autoridade judiciária, no máximo a cada 6 poderão, em caráter excepcional e de
(seis) meses, relatório circunstanciado urgência, acolher crianças e adolescentes
acerca da situação de cada criança ou sem prévia determinação da autoridade
adolescente acolhido e sua família, para fins competente, fazendo comunicação do fato
da reavaliação prevista no §1º do art. 19 em até 24 (vinte e quatro) horas ao Juiz da
desta Lei. Infância e da Juventude, sob pena de
§3º Os entes federados, por intermédio responsabilidade.
dos Poderes Executivo e Judiciário, Parágrafo único. Recebida a
promoverão conjuntamente a permanente comunicação, a autoridade judiciária,
qualificação dos profissionais que atuam ouvido o Ministério Público e se necessário

25
Legislação Educacional

com o apoio do Conselho Tutelar local, XIII - proceder a estudo social e pessoal
tomará as medidas necessárias para de cada caso;
promover a imediata reintegração familiar XIV - reavaliar periodicamente cada
da criança ou do adolescente ou, se por caso, com intervalo máximo de seis meses,
qualquer razão não for isso possível ou dando ciência dos resultados à autoridade
recomendável, para seu encaminhamento a competente;
programa de acolhimento familiar, XV - informar, periodicamente, o
institucional ou a família substituta, adolescente internado sobre sua situação
observado o disposto no §2º do art. 101 processual;
desta Lei. XVI - comunicar às autoridades
competentes todos os casos de adolescentes
Art. 94. As entidades que desenvolvem portadores de moléstias infecto-
programas de internação têm as seguintes contagiosas;
obrigações, entre outras: XVII - fornecer comprovante de
I - observar os direitos e garantias de que depósito dos pertences dos adolescentes;
são titulares os adolescentes; XVIII - manter programas destinados ao
II - não restringir nenhum direito que não apoio e acompanhamento de egressos;
tenha sido objeto de restrição na decisão de XIX - providenciar os documentos
internação; necessários ao exercício da cidadania
III - oferecer atendimento personalizado, àqueles que não os tiverem;
em pequenas unidades e grupos reduzidos; XX - manter arquivo de anotações onde
constem data e circunstâncias do
IV - preservar a identidade e oferecer atendimento, nome do adolescente, seus
ambiente de respeito e dignidade ao pais ou responsável, parentes, endereços,
adolescente; sexo, idade, acompanhamento da sua
V - diligenciar no sentido do formação, relação de seus pertences e
restabelecimento e da preservação dos demais dados que possibilitem sua
vínculos familiares; identificação e a individualização do
VI - comunicar à autoridade judiciária, atendimento.
periodicamente, os casos em que se mostre §1º Aplicam-se, no que couber, as
inviável ou impossível o reatamento dos obrigações constantes deste artigo às
vínculos familiares; entidades que mantêm programas de
VII - oferecer instalações físicas em acolhimento institucional e familiar.
condições adequadas de habitabilidade, § 2º No cumprimento das obrigações a
higiene, salubridade e segurança e os que alude este artigo as entidades utilizarão
objetos necessários à higiene pessoal; preferencialmente os recursos da
VIII - oferecer vestuário e alimentação comunidade.
suficientes e adequados à faixa etária dos
adolescentes atendidos; Art. 94-A. As entidades, públicas ou
IX - oferecer cuidados médicos, privadas, que abriguem ou recepcionem
psicológicos, odontológicos e crianças e adolescentes, ainda que em
farmacêuticos; caráter temporário, devem ter, em seus
X - propiciar escolarização e quadros, profissionais capacitados a
profissionalização; reconhecer e reportar ao Conselho Tutelar
XI - propiciar atividades culturais, suspeitas ou ocorrências de maus-tratos.
esportivas e de lazer;
XII - propiciar assistência religiosa
àqueles que desejarem, de acordo com suas
crenças;

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Legislação Educacional

Seção II Título II
Da Fiscalização das Entidades Das Medidas de Proteção
Capítulo I
Art. 95. As entidades governamentais e Disposições Gerais
não-governamentais referidas no art. 90
serão fiscalizadas pelo Judiciário, pelo Art. 98. As medidas de proteção à
Ministério Público e pelos Conselhos criança e ao adolescente são aplicáveis
Tutelares. sempre que os direitos reconhecidos nesta
Lei forem ameaçados ou violados:
Art. 96. Os planos de aplicação e as I - por ação ou omissão da sociedade ou
prestações de contas serão apresentados ao do Estado;
estado ou ao município, conforme a origem II - por falta, omissão ou abuso dos pais
das dotações orçamentárias. ou responsável;
III - em razão de sua conduta.
Art. 97. São medidas aplicáveis às
entidades de atendimento que Capítulo II
descumprirem obrigação constante do art. Das Medidas Específicas de Proteção
94, sem prejuízo da responsabilidade civil e
criminal de seus dirigentes ou prepostos: Art. 99. As medidas previstas neste
I - às entidades governamentais: Capítulo poderão ser aplicadas isolada ou
a) advertência; cumulativamente, bem como substituídas a
b) afastamento provisório de seus qualquer tempo.
dirigentes;
c) afastamento definitivo de seus Art. 100. Na aplicação das medidas
dirigentes; levar-se-ão em conta as necessidades
d) fechamento de unidade ou interdição pedagógicas, preferindo-se aquelas que
de programa. visem ao fortalecimento dos vínculos
II - às entidades não-governamentais: familiares e comunitários.
a) advertência; Parágrafo único. São também princípios
b) suspensão total ou parcial do repasse que regem a aplicação das medidas:
de verbas públicas; I - condição da criança e do adolescente
c) interdição de unidades ou suspensão como sujeitos de direitos: crianças e
de programa; adolescentes são os titulares dos direitos
d) cassação do registro. previstos nesta e em outras Leis, bem como
§1º Em caso de reiteradas infrações na Constituição Federal;
cometidas por entidades de atendimento, II - proteção integral e prioritária: a
que coloquem em risco os direitos interpretação e aplicação de toda e qualquer
assegurados nesta Lei, deverá ser o fato norma contida nesta Lei deve ser voltada à
comunicado ao Ministério Público ou proteção integral e prioritária dos direitos
representado perante autoridade judiciária de que crianças e adolescentes são
competente para as providências cabíveis, titulares;
inclusive suspensão das atividades ou III - responsabilidade primária e
dissolução da entidade. solidária do poder público: a plena
§2º As pessoas jurídicas de direito efetivação dos direitos assegurados a
público e as organizações não crianças e a adolescentes por esta Lei e pela
governamentais responderão pelos danos Constituição Federal, salvo nos casos por
que seus agentes causarem às crianças e aos esta expressamente ressalvados, é de
adolescentes, caracterizado o responsabilidade primária e solidária das 3
descumprimento dos princípios norteadores (três) esferas de governo, sem prejuízo da
das atividades de proteção específica. municipalização do atendimento e da

27
Legislação Educacional

possibilidade da execução de programas companhia dos pais, de responsável ou de


por entidades não governamentais; pessoa por si indicada, bem como os seus
IV - interesse superior da criança e do pais ou responsável, têm direito a ser
adolescente: a intervenção deve atender ouvidos e a participar nos atos e na
prioritariamente aos interesses e direitos da definição da medida de promoção dos
criança e do adolescente, sem prejuízo da direitos e de proteção, sendo sua opinião
consideração que for devida a outros devidamente considerada pela autoridade
interesses legítimos no âmbito da judiciária competente, observado o disposto
pluralidade dos interesses presentes no caso nos §§1º e 2 o do art. 28 desta Lei.
concreto;
V - privacidade: a promoção dos direitos Art. 101. Verificada qualquer das
e proteção da criança e do adolescente deve hipóteses previstas no art. 98, a autoridade
ser efetuada no respeito pela intimidade, competente poderá determinar, dentre
direito à imagem e reserva da sua vida outras, as seguintes medidas:
privada; I - encaminhamento aos pais ou
VI - intervenção precoce: a intervenção responsável, mediante termo de
das autoridades competentes deve ser responsabilidade;
efetuada logo que a situação de perigo seja II - orientação, apoio e acompanhamento
conhecida; temporários;
VII - intervenção mínima: a intervenção III - matrícula e frequência obrigatórias
deve ser exercida exclusivamente pelas em estabelecimento oficial de ensino
autoridades e instituições cuja ação seja fundamental;
indispensável à efetiva promoção dos IV - inclusão em serviços e programas
direitos e à proteção da criança e do oficiais ou comunitários de proteção, apoio
adolescente; e promoção da família, da criança e do
VIII - proporcionalidade e atualidade: a adolescente;
intervenção deve ser a necessária e V - requisição de tratamento médico,
adequada à situação de perigo em que a psicológico ou psiquiátrico, em regime
criança ou o adolescente se encontram no hospitalar ou ambulatorial;
momento em que a decisão é tomada; VI - inclusão em programa oficial ou
IX - responsabilidade parental: a comunitário de auxílio, orientação e
intervenção deve ser efetuada de modo que tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
os pais assumam os seus deveres para com VII - acolhimento institucional;
a criança e o adolescente; VIII - inclusão em programa de
X - prevalência da família: na promoção acolhimento familiar;
de direitos e na proteção da criança e do IX - colocação em família substituta.
adolescente deve ser dada prevalência às §1º O acolhimento institucional e o
medidas que os mantenham ou reintegrem acolhimento familiar são medidas
na sua família natural ou extensa ou, se isso provisórias e excepcionais, utilizáveis
não for possível, que promovam a sua como forma de transição para reintegração
integração em família adotiva; familiar ou, não sendo esta possível, para
XI - obrigatoriedade da informação: a colocação em família substituta, não
criança e o adolescente, respeitado seu implicando privação de liberdade.
estágio de desenvolvimento e capacidade §2º Sem prejuízo da tomada de medidas
de compreensão, seus pais ou responsável emergenciais para proteção de vítimas de
devem ser informados dos seus direitos, dos violência ou abuso sexual e das
motivos que determinaram a intervenção e providências a que alude o art. 130 desta
da forma como esta se processa; Lei, o afastamento da criança ou
XII - oitiva obrigatória e participação: a adolescente do convívio familiar é de
criança e o adolescente, em separado ou na competência exclusiva da autoridade

28
Legislação Educacional

judiciária e importará na deflagração, a familiar ou, caso seja esta vedada por
pedido do Ministério Público ou de quem expressa e fundamentada determinação
tenha legítimo interesse, de procedimento judicial, as providências a serem tomadas
judicial contencioso, no qual se garanta aos para sua colocação em família substituta,
pais ou ao responsável legal o exercício do sob direta supervisão da autoridade
contraditório e da ampla defesa. judiciária.
§3º Crianças e adolescentes somente §7º O acolhimento familiar ou
poderão ser encaminhados às instituições institucional ocorrerá no local mais
que executam programas de acolhimento próximo à residência dos pais ou do
institucional, governamentais ou não, por responsável e, como parte do processo de
meio de uma Guia de Acolhimento, reintegração familiar, sempre que
expedida pela autoridade judiciária, na qual identificada a necessidade, a família de
obrigatoriamente constará, dentre outros: origem será incluída em programas oficiais
I - sua identificação e a qualificação de orientação, de apoio e de promoção
completa de seus pais ou de seu social, sendo facilitado e estimulado o
responsável, se conhecidos; contato com a criança ou com o adolescente
II - o endereço de residência dos pais ou acolhido.
do responsável, com pontos de referência; §8º Verificada a possibilidade de
III - os nomes de parentes ou de terceiros reintegração familiar, o responsável pelo
interessados em tê-los sob sua guarda; programa de acolhimento familiar ou
IV - os motivos da retirada ou da não institucional fará imediata comunicação à
reintegração ao convívio familiar. autoridade judiciária, que dará vista ao
§4º Imediatamente após o acolhimento Ministério Público, pelo prazo de 5 (cinco)
da criança ou do adolescente, a entidade dias, decidindo em igual prazo.
responsável pelo programa de acolhimento §9º Em sendo constatada a
institucional ou familiar elaborará um plano impossibilidade de reintegração da criança
individual de atendimento, visando à ou do adolescente à família de origem, após
reintegração familiar, ressalvada a seu encaminhamento a programas oficiais
existência de ordem escrita e fundamentada ou comunitários de orientação, apoio e
em contrário de autoridade judiciária promoção social, será enviado relatório
competente, caso em que também deverá fundamentado ao Ministério Público, no
contemplar sua colocação em família qual conste a descrição pormenorizada das
substituta, observadas as regras e princípios providências tomadas e a expressa
desta Lei. recomendação, subscrita pelos técnicos da
§5º O plano individual será elaborado entidade ou responsáveis pela execução da
sob a responsabilidade da equipe técnica do política municipal de garantia do direito à
respectivo programa de atendimento e convivência familiar, para a destituição do
levará em consideração a opinião da criança poder familiar, ou destituição de tutela ou
ou do adolescente e a oitiva dos pais ou do guarda.
responsável. § 10. Recebido o relatório, o Ministério
§6º Constarão do plano individual, Público terá o prazo de 15 (quinze) dias
dentre outros: para o ingresso com a ação de destituição
I - os resultados da avaliação do poder familiar, salvo se entender
interdisciplinar; necessária a realização de estudos
II - os compromissos assumidos pelos complementares ou de outras providências
pais ou responsável; e indispensáveis ao ajuizamento da
III - a previsão das atividades a serem demanda.
desenvolvidas com a criança ou com o § 11. A autoridade judiciária manterá,
adolescente acolhido e seus pais ou em cada comarca ou foro regional, um
responsável, com vista na reintegração cadastro contendo informações atualizadas

29
Legislação Educacional

sobre as crianças e adolescentes em regime §6º São gratuitas, a qualquer tempo, a


de acolhimento familiar e institucional sob averbação requerida do reconhecimento de
sua responsabilidade, com informações paternidade no assento de nascimento e a
pormenorizadas sobre a situação jurídica de certidão correspondente.
cada um, bem como as providências
tomadas para sua reintegração familiar ou Título III
colocação em família substituta, em Da Prática de Ato Infracional
qualquer das modalidades previstas no art. Capítulo I
28 desta Lei. Disposições Gerais
§ 12. Terão acesso ao cadastro o
Ministério Público, o Conselho Tutelar, o Art. 103. Considera-se ato infracional a
órgão gestor da Assistência Social e os conduta descrita como crime ou
Conselhos Municipais dos Direitos da contravenção penal.
Criança e do Adolescente e da Assistência
Social, aos quais incumbe deliberar sobre a Art. 104. São penalmente inimputáveis
implementação de políticas públicas que os menores de dezoito anos, sujeitos às
permitam reduzir o número de crianças e medidas previstas nesta Lei.
adolescentes afastados do convívio familiar Parágrafo único. Para os efeitos desta
e abreviar o período de permanência em Lei, deve ser considerada a idade do
programa de acolhimento. adolescente à data do fato.

Art. 102. As medidas de proteção de que Art. 105. Ao ato infracional praticado
trata este Capítulo serão acompanhadas da por criança corresponderão as medidas
regularização do registro civil. previstas no art. 101.
§ 1º Verificada a inexistência de registro
anterior, o assento de nascimento da criança Capítulo II
ou adolescente será feito à vista dos Dos Direitos Individuais
elementos disponíveis, mediante requisição
da autoridade judiciária. Art. 106. Nenhum adolescente será
§ 2º Os registros e certidões necessários privado de sua liberdade senão em flagrante
à regularização de que trata este artigo são de ato infracional ou por ordem escrita e
isentos de multas, custas e emolumentos, fundamentada da autoridade judiciária
gozando de absoluta prioridade. competente.
§3º Caso ainda não definida a Parágrafo único. O adolescente tem
paternidade, será deflagrado procedimento direito à identificação dos responsáveis pela
específico destinado à sua averiguação, sua apreensão, devendo ser informado
conforme previsto pela Lei nº 8.560, de 29 acerca de seus direitos.
de dezembro de 1992.
§4º Nas hipóteses previstas no §3º deste Art. 107. A apreensão de qualquer
artigo, é dispensável o ajuizamento de ação adolescente e o local onde se encontra
de investigação de paternidade pelo recolhido serão incontinenti comunicados à
Ministério Público se, após o não autoridade judiciária competente e à família
comparecimento ou a recusa do suposto pai do apreendido ou à pessoa por ele indicada.
em assumir a paternidade a ele atribuída, a Parágrafo único. Examinar-se-á, desde
criança for encaminhada para adoção. logo e sob pena de responsabilidade, a
§5º Os registros e certidões necessários possibilidade de liberação imediata.
à inclusão, a qualquer tempo, do nome do
pai no assento de nascimento são isentos de Art. 108. A internação, antes da
multas, custas e emolumentos, gozando de sentença, pode ser determinada pelo prazo
absoluta prioridade. máximo de quarenta e cinco dias.

30
Legislação Educacional

Parágrafo único. A decisão deverá ser III - prestação de serviços à comunidade;


fundamentada e basear-se em indícios IV - liberdade assistida;
suficientes de autoria e materialidade, V - inserção em regime de semi-
demonstrada a necessidade imperiosa da liberdade;
medida. VI - internação em estabelecimento
educacional;
Art. 109. O adolescente civilmente VII - qualquer uma das previstas no art.
identificado não será submetido a 101, I a VI.
identificação compulsória pelos órgãos § 1º A medida aplicada ao adolescente
policiais, de proteção e judiciais, salvo para levará em conta a sua capacidade de
efeito de confrontação, havendo dúvida cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade
fundada. da infração.
§ 2º Em hipótese alguma e sob pretexto
Capítulo III algum, será admitida a prestação de
Das Garantias Processuais trabalho forçado.
§ 3º Os adolescentes portadores de
Art. 110. Nenhum adolescente será doença ou deficiência mental receberão
privado de sua liberdade sem o devido tratamento individual e especializado, em
processo legal. local adequado às suas condições.

Art. 111. São asseguradas ao Art. 113. Aplica-se a este Capítulo o


adolescente, entre outras, as seguintes disposto nos arts. 99 e 100.
garantias:
I - pleno e formal conhecimento da Art. 114. A imposição das medidas
atribuição de ato infracional, mediante previstas nos incisos II a VI do art. 112
citação ou meio equivalente; pressupõe a existência de provas suficientes
II - igualdade na relação processual, da autoria e da materialidade da infração,
podendo confrontar-se com vítimas e ressalvada a hipótese de remissão, nos
testemunhas e produzir todas as provas termos do art. 127.
necessárias à sua defesa; Parágrafo único. A advertência poderá
III - defesa técnica por advogado; ser aplicada sempre que houver prova da
IV - assistência judiciária gratuita e materialidade e indícios suficientes da
integral aos necessitados, na forma da lei; autoria.
V - direito de ser ouvido pessoalmente
pela autoridade competente; Seção II
VI - direito de solicitar a presença de Da Advertência
seus pais ou responsável em qualquer fase
do procedimento. Art. 115. A advertência consistirá em
admoestação verbal, que será reduzida a
Capítulo IV termo e assinada.
Das Medidas Sócio-Educativas
Seção I Seção III
Disposições Gerais Da Obrigação de Reparar o Dano

Art. 112. Verificada a prática de ato Art. 116. Em se tratando de ato


infracional, a autoridade competente poderá infracional com reflexos patrimoniais, a
aplicar ao adolescente as seguintes autoridade poderá determinar, se for o caso,
medidas: que o adolescente restitua a coisa, promova
I - advertência; o ressarcimento do dano, ou, por outra
II - obrigação de reparar o dano; forma, compense o prejuízo da vítima.

31
Legislação Educacional

Parágrafo único. Havendo manifesta oficial ou comunitário de auxílio e


impossibilidade, a medida poderá ser assistência social;
substituída por outra adequada. II - supervisionar a frequência e o
aproveitamento escolar do adolescente,
Seção IV promovendo, inclusive, sua matrícula;
Da Prestação de Serviços à III - diligenciar no sentido da
Comunidade profissionalização do adolescente e de sua
inserção no mercado de trabalho;
Art. 117. A prestação de serviços IV - apresentar relatório do caso.
comunitários consiste na realização de
tarefas gratuitas de interesse geral, por Seção VI
período não excedente a seis meses, junto a Do Regime de Semi-liberdade
entidades assistenciais, hospitais, escolas e
outros estabelecimentos congêneres, bem Art. 120. O regime de semi-liberdade
como em programas comunitários ou pode ser determinado desde o início, ou
governamentais. como forma de transição para o meio
Parágrafo único. As tarefas serão aberto, possibilitada a realização de
atribuídas conforme as aptidões do atividades externas, independentemente de
adolescente, devendo ser cumpridas autorização judicial.
durante jornada máxima de oito horas § 1º São obrigatórias a escolarização e a
semanais, aos sábados, domingos e feriados profissionalização, devendo, sempre que
ou em dias úteis, de modo a não prejudicar possível, ser utilizados os recursos
a frequência à escola ou à jornada normal existentes na comunidade.
de trabalho. § 2º A medida não comporta prazo
determinado aplicando-se, no que couber,
Seção V as disposições relativas à internação.
Da Liberdade Assistida
Seção VII
Art. 118. A liberdade assistida será Da Internação
adotada sempre que se afigurar a medida
mais adequada para o fim de acompanhar, Art. 121. A internação constitui medida
auxiliar e orientar o adolescente. privativa da liberdade, sujeita aos
§ 1º A autoridade designará pessoa princípios de brevidade, excepcionalidade e
capacitada para acompanhar o caso, a qual respeito à condição peculiar de pessoa em
poderá ser recomendada por entidade ou desenvolvimento.
programa de atendimento. § 1º Será permitida a realização de
§ 2º A liberdade assistida será fixada atividades externas, a critério da equipe
pelo prazo mínimo de seis meses, podendo técnica da entidade, salvo expressa
a qualquer tempo ser prorrogada, revogada determinação judicial em contrário.
ou substituída por outra medida, ouvido o § 2º A medida não comporta prazo
orientador, o Ministério Público e o determinado, devendo sua manutenção ser
defensor. reavaliada, mediante decisão
fundamentada, no máximo a cada seis
Art. 119. Incumbe ao orientador, com o meses.
apoio e a supervisão da autoridade § 3º Em nenhuma hipótese o período
competente, a realização dos seguintes máximo de internação excederá a três anos.
encargos, entre outros: § 4º Atingido o limite estabelecido no
I - promover socialmente o adolescente parágrafo anterior, o adolescente deverá ser
e sua família, fornecendo-lhes orientação e liberado, colocado em regime de semi-
inserindo-os, se necessário, em programa liberdade ou de liberdade assistida.

32
Legislação Educacional

§ 5º A liberação será compulsória aos VI - permanecer internado na mesma


vinte e um anos de idade. localidade ou naquela mais próxima ao
§ 6º Em qualquer hipótese a domicílio de seus pais ou responsável;
desinternação será precedida de autorização VII - receber visitas, ao menos,
judicial, ouvido o Ministério Público. semanalmente;
§7º A determinação judicial mencionada VIII - corresponder-se com seus
no §1º poderá ser revista a qualquer tempo familiares e amigos;
pela autoridade judiciária. IX - ter acesso aos objetos necessários à
higiene e asseio pessoal;
Art. 122. A medida de internação só X - habitar alojamento em condições
poderá ser aplicada quando: adequadas de higiene e salubridade;
I - tratar-se de ato infracional cometido XI - receber escolarização e
mediante grave ameaça ou violência a profissionalização;
pessoa; XII - realizar atividades culturais,
II - por reiteração no cometimento de esportivas e de lazer:
outras infrações graves; XIII - ter acesso aos meios de
III - por descumprimento reiterado e comunicação social;
injustificável da medida anteriormente XIV - receber assistência religiosa,
imposta. segundo a sua crença, e desde que assim o
§1º O prazo de internação na hipótese do deseje;
inciso III deste artigo não poderá ser XV - manter a posse de seus objetos
superior a 3 (três) meses, devendo ser pessoais e dispor de local seguro para
decretada judicialmente após o devido guardá-los, recebendo comprovante
processo legal. daqueles porventura depositados em poder
§ 2º. Em nenhuma hipótese será aplicada da entidade;
a internação, havendo outra medida XVI - receber, quando de sua
adequada. desinternação, os documentos pessoais
indispensáveis à vida em sociedade.
Art. 123. A internação deverá ser § 1º Em nenhum caso haverá
cumprida em entidade exclusiva para incomunicabilidade.
adolescentes, em local distinto daquele § 2º A autoridade judiciária poderá
destinado ao abrigo, obedecida rigorosa suspender temporariamente a visita,
separação por critérios de idade, inclusive de pais ou responsável, se
compleição física e gravidade da infração. existirem motivos sérios e fundados de sua
Parágrafo único. Durante o período de prejudicialidade aos interesses do
internação, inclusive provisória, serão adolescente.
obrigatórias atividades pedagógicas.
Art. 125. É dever do Estado zelar pela
Art. 124. São direitos do adolescente integridade física e mental dos internos,
privado de liberdade, entre outros, os cabendo-lhe adotar as medidas adequadas
seguintes: de contenção e segurança.
I - entrevistar-se pessoalmente com o
representante do Ministério Público; Capítulo V
II - peticionar diretamente a qualquer Da Remissão
autoridade;
III - avistar-se reservadamente com seu Art. 126. Antes de iniciado o
defensor; procedimento judicial para apuração de ato
IV - ser informado de sua situação infracional, o representante do Ministério
processual, sempre que solicitada; Público poderá conceder a remissão, como
V - ser tratado com respeito e dignidade; forma de exclusão do processo, atendendo

33
Legislação Educacional

às circunstâncias e consequências do fato, X - suspensão ou destituição do pátrio


ao contexto social, bem como à poder poder familiar .
personalidade do adolescente e sua maior Parágrafo único. Na aplicação das
ou menor participação no ato infracional. medidas previstas nos incisos IX e X deste
Parágrafo único. Iniciado o artigo, observar-se-á o disposto nos arts. 23
procedimento, a concessão da remissão e 24.
pela autoridade judiciária importará na
suspensão ou extinção do processo. Art. 130. Verificada a hipótese de maus-
tratos, opressão ou abuso sexual impostos
Art. 127. A remissão não implica pelos pais ou responsável, a autoridade
necessariamente o reconhecimento ou judiciária poderá determinar, como medida
comprovação da responsabilidade, nem cautelar, o afastamento do agressor da
prevalece para efeito de antecedentes, moradia comum.
podendo incluir eventualmente a aplicação Parágrafo único. Da medida cautelar
de qualquer das medidas previstas em lei, constará, ainda, a fixação provisória dos
exceto a colocação em regime de semi- alimentos de que necessitem a criança ou o
liberdade e a internação. adolescente dependentes do agressor.
(Incluído pela Lei nº 12.415, de 2011)
Art. 128. A medida aplicada por força da
remissão poderá ser revista judicialmente, a Título V
qualquer tempo, mediante pedido expresso Do Conselho Tutelar
do adolescente ou de seu representante Capítulo I
legal, ou do Ministério Público. Disposições Gerais

Título IV Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão


Das Medidas Pertinentes aos Pais ou permanente e autônomo, não jurisdicional,
Responsável encarregado pela sociedade de zelar pelo
cumprimento dos direitos da criança e do
Art. 129. São medidas aplicáveis aos adolescente, definidos nesta Lei.
pais ou responsável:
I - encaminhamento a serviços e Art. 132. Em cada Município e em cada
programas oficiais ou comunitários de Região Administrativa do Distrito Federal
proteção, apoio e promoção da família; haverá, no mínimo, 1 (um) Conselho
(Redação dada dada pela Lei nº 13.257, de Tutelar como órgão integrante da
2016) administração pública local, composto de 5
II - inclusão em programa oficial ou (cinco) membros, escolhidos pela
comunitário de auxílio, orientação e população local para mandato de 4 (quatro)
tratamento a alcoólatras e toxicômanos; anos, permitida recondução por novos
III - encaminhamento a tratamento processos de escolha. (Redação dada pela
psicológico ou psiquiátrico; Lei nº 13.824, de 2019)
IV - encaminhamento a cursos ou
programas de orientação; Art. 133. Para a candidatura a membro
V - obrigação de matricular o filho ou do Conselho Tutelar, serão exigidos os
pupilo e acompanhar sua frequência e seguintes requisitos:
aproveitamento escolar; I - reconhecida idoneidade moral;
VI - obrigação de encaminhar a criança II - idade superior a vinte e um anos;
ou adolescente a tratamento especializado; III - residir no município.
VII - advertência;
VIII - perda da guarda;
IX - destituição da tutela;

34
Legislação Educacional

Art. 134. Lei municipal ou distrital V - encaminhar à autoridade judiciária


disporá sobre o local, dia e horário de os casos de sua competência;
funcionamento do Conselho Tutelar, VI - providenciar a medida estabelecida
inclusive quanto à remuneração dos pela autoridade judiciária, dentre as
respectivos membros, aos quais é previstas no art. 101, de I a VI, para o
assegurado o direito a: adolescente autor de ato infracional;
I - cobertura previdenciária; VII - expedir notificações;
II - gozo de férias anuais remuneradas, VIII - requisitar certidões de nascimento
acrescidas de 1/3 (um terço) do valor da e de óbito de criança ou adolescente quando
remuneração mensal; necessário;
III - licença-maternidade; IX - assessorar o Poder Executivo local
IV - licença-paternidade; na elaboração da proposta orçamentária
V - gratificação natalina. para planos e programas de atendimento
Parágrafo único. Constará da lei dos direitos da criança e do adolescente;
orçamentária municipal e da do Distrito X - representar, em nome da pessoa e da
Federal previsão dos recursos necessários família, contra a violação dos direitos
ao funcionamento do Conselho Tutelar e à previstos no art. 220, § 3º, inciso II, da
remuneração e formação continuada dos Constituição Federal ;
conselheiros tutelares. XI - representar ao Ministério Público
para efeito das ações de perda ou suspensão
Art. 135. O exercício efetivo da função do poder familiar, após esgotadas as
de conselheiro constituirá serviço público possibilidades de manutenção da criança ou
relevante e estabelecerá presunção de do adolescente junto à família natural.
idoneidade moral. XII - promover e incentivar, na
comunidade e nos grupos profissionais,
Capítulo II ações de divulgação e treinamento para o
Das Atribuições do Conselho reconhecimento de sintomas de maus-tratos
em crianças e adolescentes.
Art. 136. São atribuições do Conselho XIII - adotar, na esfera de sua
Tutelar: competência, ações articuladas e efetivas
I - atender as crianças e adolescentes nas direcionadas à identificação da agressão, à
hipóteses previstas nos arts. 98 e 105, agilidade no atendimento da criança e do
aplicando as medidas previstas no art. 101, adolescente vítima de violência doméstica e
I a VII; familiar e à responsabilização do agressor;
II - atender e aconselhar os pais ou (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022)
responsável, aplicando as medidas previstas Vigência
no art. 129, I a VII; XIV - atender à criança e ao adolescente
III - promover a execução de suas vítima ou testemunha de violência
decisões, podendo para tanto: doméstica e familiar, ou submetido a
a) requisitar serviços públicos nas áreas tratamento cruel ou degradante ou a formas
de saúde, educação, serviço social, violentas de educação, correção ou
previdência, trabalho e segurança; disciplina, a seus familiares e a
b) representar junto à autoridade testemunhas, de forma a prover orientação
judiciária nos casos de descumprimento e aconselhamento acerca de seus direitos e
injustificado de suas deliberações. dos encaminhamentos necessários;
IV - encaminhar ao Ministério Público (Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022)
notícia de fato que constitua infração Vigência
administrativa ou penal contra os direitos XV - representar à autoridade judicial ou
da criança ou adolescente; policial para requerer o afastamento do
agressor do lar, do domicílio ou do local de

35
Legislação Educacional

convivência com a vítima nos casos de social da família.


violência doméstica e familiar contra a
criança e o adolescente; (Incluído pela Lei Art. 137. As decisões do Conselho
nº 14.344, de 2022) Vigência Tutelar somente poderão ser revistas pela
XVI - representar à autoridade judicial autoridade judiciária a pedido de quem
para requerer a concessão de medida tenha legítimo interesse.
protetiva de urgência à criança ou ao
adolescente vítima ou testemunha de Capítulo III
violência doméstica e familiar, bem como a Da Competência
revisão daquelas já concedidas; (Incluído
pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência Art. 138. Aplica-se ao Conselho Tutelar
XVII - representar ao Ministério Público a regra de competência constante do art.
para requerer a propositura de ação cautelar 147.
de antecipação de produção de prova nas
causas que envolvam violência contra a Capítulo IV
criança e o adolescente; (Incluído pela Lei Da Escolha dos Conselheiros
nº 14.344, de 2022) Vigência
XVIII - tomar as providências cabíveis, Art. 139. O processo para a escolha dos
na esfera de sua competência, ao receber membros do Conselho Tutelar será
comunicação da ocorrência de ação ou estabelecido em lei municipal e realizado
omissão, praticada em local público ou sob a responsabilidade do Conselho
privado, que constitua violência doméstica Municipal dos Direitos da Criança e do
e familiar contra a criança e o adolescente; Adolescente, e a fiscalização do Ministério
(Incluído pela Lei nº 14.344, de 2022) Público.
Vigência §1º O processo de escolha dos membros
XIX - receber e encaminhar, quando for do Conselho Tutelar ocorrerá em data
o caso, as informações reveladas por unificada em todo o território nacional a
noticiantes ou denunciantes relativas à cada 4 (quatro) anos, no primeiro domingo
prática de violência, ao uso de tratamento do mês de outubro do ano subsequente ao
cruel ou degradante ou de formas violentas da eleição presidencial.
de educação, correção ou disciplina contra §2º A posse dos conselheiros tutelares
a criança e o adolescente; (Incluído pela Lei ocorrerá no dia 10 de janeiro do ano
nº 14.344, de 2022) Vigência subsequente ao processo de escolha.
XX - representar à autoridade judicial ou §3º No processo de escolha dos
ao Ministério Público para requerer a membros do Conselho Tutelar, é vedado ao
concessão de medidas cautelares direta ou candidato doar, oferecer, prometer ou
indiretamente relacionada à eficácia da entregar ao eleitor bem ou vantagem
proteção de noticiante ou denunciante de pessoal de qualquer natureza, inclusive
informações de crimes que envolvam brindes de pequeno valor.
violência doméstica e familiar contra a
criança e o adolescente. (Incluído pela Lei Capítulo V
nº 14.344, de 2022) Vigência Dos Impedimentos
Parágrafo único. Se, no exercício de suas
atribuições, o Conselho Tutelar entender Art. 140. São impedidos de servir no
necessário o afastamento do convívio mesmo Conselho marido e mulher,
familiar, comunicará incontinenti o fato ao ascendentes e descendentes, sogro e genro
Ministério Público, prestando-lhe ou nora, irmãos, cunhados, durante o
informações sobre os motivos de tal cunhadio, tio e sobrinho, padrasto ou
entendimento e as providências tomadas madrasta e enteado.
para a orientação, o apoio e a promoção

36
Legislação Educacional

Parágrafo único. Estende-se o Art. 144. A expedição de cópia ou


impedimento do conselheiro, na forma certidão de atos a que se refere o artigo
deste artigo, em relação à autoridade anterior somente será deferida pela
judiciária e ao representante do Ministério autoridade judiciária competente, se
Público com atuação na Justiça da Infância demonstrado o interesse e justificada a
e da Juventude, em exercício na comarca, finalidade.
foro regional ou distrital.
Capítulo II
Título VI Da Justiça da Infância e da
Do Acesso à Justiça Juventude
Capítulo I Seção I
Disposições Gerais Disposições Gerais

Art. 141. É garantido o acesso de toda Art. 145. Os estados e o Distrito Federal
criança ou adolescente à Defensoria poderão criar varas especializadas e
Pública, ao Ministério Público e ao Poder exclusivas da infância e da juventude,
Judiciário, por qualquer de seus órgãos. cabendo ao Poder Judiciário estabelecer sua
§ 1º. A assistência judiciária gratuita será proporcionalidade por número de
prestada aos que dela necessitarem, através habitantes, dotá-las de infra-estrutura e
de defensor público ou advogado nomeado. dispor sobre o atendimento, inclusive em
§ 2º As ações judiciais da competência plantões.
da Justiça da Infância e da Juventude são
isentas de custas e emolumentos, ressalvada Seção II
a hipótese de litigância de má-fé. Do Juiz

Art. 142. Os menores de dezesseis anos Art. 146. A autoridade a que se refere
serão representados e os maiores de esta Lei é o Juiz da Infância e da Juventude,
dezesseis e menores de vinte e um anos ou o juiz que exerce essa função, na forma
assistidos por seus pais, tutores ou da lei de organização judiciária local.
curadores, na forma da legislação civil ou
processual. Art. 147. A competência será
Parágrafo único. A autoridade judiciária determinada:
dará curador especial à criança ou I - pelo domicílio dos pais ou
adolescente, sempre que os interesses responsável;
destes colidirem com os de seus pais ou II - pelo lugar onde se encontre a criança
responsável, ou quando carecer de ou adolescente, à falta dos pais ou
representação ou assistência legal ainda que responsável.
eventual. § 1º. Nos casos de ato infracional, será
competente a autoridade do lugar da ação
Art. 143. E vedada a divulgação de atos ou omissão, observadas as regras de
judiciais, policiais e administrativos que conexão, continência e prevenção.
digam respeito a crianças e adolescentes a § 2º A execução das medidas poderá ser
que se atribua autoria de ato infracional. delegada à autoridade competente da
Parágrafo único. Qualquer notícia a residência dos pais ou responsável, ou do
respeito do fato não poderá identificar a local onde sediar-se a entidade que abrigar
criança ou adolescente, vedando-se a criança ou adolescente.
fotografia, referência a nome, apelido, § 3º Em caso de infração cometida
filiação, parentesco, residência e, inclusive, através de transmissão simultânea de rádio
iniciais do nome e sobrenome. ou televisão, que atinja mais de uma
comarca, será competente, para aplicação

37
Legislação Educacional

da penalidade, a autoridade judiciária do extrajudiciais em que haja interesses de


local da sede estadual da emissora ou rede, criança ou adolescente;
tendo a sentença eficácia para todas as g) conhecer de ações de alimentos;
transmissoras ou retransmissoras do h) determinar o cancelamento, a
respectivo estado. retificação e o suprimento dos registros de
nascimento e óbito.
Art. 148. A Justiça da Infância e da
Juventude é competente para: Art. 149. Compete à autoridade
I - conhecer de representações judiciária disciplinar, através de portaria, ou
promovidas pelo Ministério Público, para autorizar, mediante alvará:
apuração de ato infracional atribuído a I - a entrada e permanência de criança ou
adolescente, aplicando as medidas cabíveis; adolescente, desacompanhado dos pais ou
II - conceder a remissão, como forma de responsável, em:
suspensão ou extinção do processo; a) estádio, ginásio e campo desportivo;
III - conhecer de pedidos de adoção e b) bailes ou promoções dançantes;
seus incidentes; c) boate ou congêneres;
IV - conhecer de ações civis fundadas d) casa que explore comercialmente
em interesses individuais, difusos ou diversões eletrônicas;
coletivos afetos à criança e ao adolescente, e) estúdios cinematográficos, de teatro,
observado o disposto no art. 209; rádio e televisão.
V - conhecer de ações decorrentes de II - a participação de criança e
irregularidades em entidades de adolescente em:
atendimento, aplicando as medidas a) espetáculos públicos e seus ensaios;
cabíveis; b) certames de beleza.
VI - aplicar penalidades administrativas § 1º Para os fins do disposto neste artigo,
nos casos de infrações contra norma de a autoridade judiciária levará em conta,
proteção à criança ou adolescente; dentre outros fatores:
VII - conhecer de casos encaminhados a) os princípios desta Lei;
pelo Conselho Tutelar, aplicando as b) as peculiaridades locais;
medidas cabíveis. c) a existência de instalações adequadas;
Parágrafo único. Quando se tratar de d) o tipo de frequência habitual ao local;
criança ou adolescente nas hipóteses do art. e) a adequação do ambiente a eventual
98, é também competente a Justiça da participação ou frequência de crianças e
Infância e da Juventude para o fim de: adolescentes;
a) conhecer de pedidos de guarda e f) a natureza do espetáculo.
tutela; § 2º As medidas adotadas na
b) conhecer de ações de destituição do conformidade deste artigo deverão ser
pátrio poder poder familiar , perda ou fundamentadas, caso a caso, vedadas as
modificação da tutela ou guarda; determinações de caráter geral.
c) suprir a capacidade ou o
consentimento para o casamento; Seção III
d) conhecer de pedidos baseados em Dos Serviços Auxiliares
discordância paterna ou materna, em
relação ao exercício do pátrio poder poder Art. 150. Cabe ao Poder Judiciário, na
familiar ; elaboração de sua proposta orçamentária,
e) conceder a emancipação, nos termos prever recursos para manutenção de equipe
da lei civil, quando faltarem os pais; interprofissional, destinada a assessorar a
f) designar curador especial em casos de Justiça da Infância e da Juventude.
apresentação de queixa ou representação,
ou de outros procedimentos judiciais ou

38
Legislação Educacional

Art. 151. Compete à equipe ordenar de ofício as providências


interprofissional dentre outras atribuições necessárias, ouvido o Ministério Público.
que lhe forem reservadas pela legislação Parágrafo único. O disposto neste artigo
local, fornecer subsídios por escrito, não se aplica para o fim de afastamento da
mediante laudos, ou verbalmente, na criança ou do adolescente de sua família de
audiência, e bem assim desenvolver origem e em outros procedimentos
trabalhos de aconselhamento, orientação, necessariamente contenciosos.
encaminhamento, prevenção e outros, tudo
sob a imediata subordinação à autoridade Art. 154. Aplica-se às multas o disposto
judiciária, assegurada a livre manifestação no art. 214.
do ponto de vista técnico.
Parágrafo único. Na ausência ou Seção II
insuficiência de servidores públicos Da Perda e da Suspensão do Pátrio
integrantes do Poder Judiciário poder Poder Familiar
responsáveis pela realização dos estudos
psicossociais ou de quaisquer outras Art. 155. O procedimento para a perda
espécies de avaliações técnicas exigidas por ou a suspensão do pátrio poder poder
esta Lei ou por determinação judicial, a familiar terá início por provocação do
autoridade judiciária poderá proceder à Ministério Público ou de quem tenha
nomeação de perito, nos termos do art. 156 legítimo interesse.
da Lei no 13.105, de 16 de março de 2015
(Código de Processo Civil) . Art. 156. A petição inicial indicará:
I - a autoridade judiciária a que for
Capítulo III dirigida;
Dos Procedimentos II - o nome, o estado civil, a profissão e
a residência do requerente e do requerido,
Seção I dispensada a qualificação em se tratando de
Disposições Gerais pedido formulado por representante do
Ministério Público;
Art. 152. Aos procedimentos regulados III - a exposição sumária do fato e o
nesta Lei aplicam-se subsidiariamente as pedido;
normas gerais previstas na legislação IV - as provas que serão produzidas,
processual pertinente. oferecendo, desde logo, o rol de
§ 1º É assegurada, sob pena de testemunhas e documentos.
responsabilidade, prioridade absoluta na
tramitação dos processos e procedimentos Art. 157. Havendo motivo grave, poderá
previstos nesta Lei, assim como na a autoridade judiciária, ouvido o Ministério
execução dos atos e diligências judiciais a Público, decretar a suspensão do pátrio
eles referentes. poder poder familiar , liminar ou
§ 2º Os prazos estabelecidos nesta Lei e incidentalmente, até o julgamento
aplicáveis aos seus procedimentos são definitivo da causa, ficando a criança ou
contados em dias corridos, excluído o dia adolescente confiado a pessoa idônea,
do começo e incluído o dia do vencimento, mediante termo de responsabilidade.
vedado o prazo em dobro para a Fazenda §1º Recebida a petição inicial, a
Pública e o Ministério Público. autoridade judiciária determinará,
concomitantemente ao despacho de citação
Art. 153. Se a medida judicial a ser e independentemente de requerimento do
adotada não corresponder a procedimento interessado, a realização de estudo social ou
previsto nesta ou em outra lei, a autoridade perícia por equipe interprofissional ou
judiciária poderá investigar os fatos e multidisciplinar para comprovar a presença

39
Legislação Educacional

de uma das causas de suspensão ou §4º Na hipótese de os genitores


destituição do poder familiar, ressalvado o encontrarem-se em local incerto ou não
disposto no § 10 do art. 101 desta Lei, e sabido, serão citados por edital no prazo de
observada a Lei n o 13.431, de 4 de abril de 10 (dez) dias, em publicação única,
2017 dispensado o envio de ofícios para a
§2º Em sendo os pais oriundos de localização.
comunidades indígenas, é ainda obrigatória
a intervenção, junto à equipe Art. 159. Se o requerido não tiver
interprofissional ou multidisciplinar possibilidade de constituir advogado, sem
referida no §1º deste artigo, de prejuízo do próprio sustento e de sua
representantes do órgão federal responsável família, poderá requerer, em cartório, que
pela política indigenista, observado o lhe seja nomeado dativo, ao qual incumbirá
disposto no §6º do art. 28 desta Lei. a apresentação de resposta, contando-se o
§ 3º A concessão da liminar será, prazo a partir da intimação do despacho de
preferencialmente, precedida de entrevista nomeação.
da criança ou do adolescente perante equipe Parágrafo único. Na hipótese de
multidisciplinar e de oitiva da outra parte, requerido privado de liberdade, o oficial de
nos termos da Lei nº 13.431, de 4 de abril justiça deverá perguntar, no momento da
de 2017. (Incluído pela Lei nº 14.340, de citação pessoal, se deseja que lhe seja
2022) nomeado defensor.
§ 4º Se houver indícios de ato de
violação de direitos de criança ou de Art. 160. Sendo necessário, a autoridade
adolescente, o juiz comunicará o fato ao judiciária requisitará de qualquer repartição
Ministério Público e encaminhará os ou órgão público a apresentação de
documentos pertinentes. (Incluído pela Lei documento que interesse à causa, de ofício
nº 14.340, de 2022) ou a requerimento das partes ou do
Ministério Público.
Art. 158. O requerido será citado para,
no prazo de dez dias, oferecer resposta Art. 161. Se não for contestado o pedido
escrita, indicando as provas a serem e tiver sido concluído o estudo social ou a
produzidas e oferecendo desde logo o rol de perícia realizada por equipe
testemunhas e documentos. interprofissional ou multidisciplinar, a
§1º A citação será pessoal, salvo se autoridade judiciária dará vista dos autos ao
esgotados todos os meios para sua Ministério Público, por 5 (cinco) dias, salvo
realização. quando este for o requerente, e decidirá em
§2º O requerido privado de liberdade igual prazo.
deverá ser citado pessoalmente. § 1º A autoridade judiciária, de ofício ou
§3º Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial a requerimento das partes ou do Ministério
de justiça houver procurado o citando em Público, determinará a oitiva de
seu domicílio ou residência sem o testemunhas que comprovem a presença de
encontrar, deverá, havendo suspeita de uma das causas de suspensão ou destituição
ocultação, informar qualquer pessoa da do poder familiar previstas nos arts. 1.637 e
família ou, em sua falta, qualquer vizinho 1.638 da Lei n o 10.406, de 10 de janeiro de
do dia útil em que voltará a fim de efetuar a 2002 (Código Civil) , ou no art. 24 desta
citação, na hora que designar, nos termos do Lei.
art. 252 e seguintes da Lei n o 13.105, de 16 §2º (Revogado) .
de março de 2015 (Código de Processo §3º Se o pedido importar em
Civil) . modificação de guarda, será obrigatória,
desde que possível e razoável, a oitiva da
criança ou adolescente, respeitado seu

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Legislação Educacional

estágio de desenvolvimento e grau de Seção III


compreensão sobre as implicações da Da Destituição da Tutela
medida.
§ 4º É obrigatória a oitiva dos pais Art. 164. Na destituição da tutela,
sempre que eles forem identificados e observar-se-á o procedimento para a
estiverem em local conhecido, ressalvados remoção de tutor previsto na lei processual
os casos de não comparecimento perante a civil e, no que couber, o disposto na seção
Justiça quando devidamente citados. anterior.
§5º Se o pai ou a mãe estiverem privados
de liberdade, a autoridade judicial Seção IV
requisitará sua apresentação para a oitiva. Da Colocação em Família Substituta

Art. 162. Apresentada a resposta, a Art. 165. São requisitos para a concessão
autoridade judiciária dará vista dos autos ao de pedidos de colocação em família
Ministério Público, por cinco dias, salvo substituta:
quando este for o requerente, designando, I - qualificação completa do requerente e
desde logo, audiência de instrução e de seu eventual cônjuge, ou companheiro,
julgamento. com expressa anuência deste;
§ 1º (Revogado) . II - indicação de eventual parentesco do
§2º Na audiência, presentes as partes e o requerente e de seu cônjuge, ou
Ministério Público, serão ouvidas as companheiro, com a criança ou
testemunhas, colhendo-se oralmente o adolescente, especificando se tem ou não
parecer técnico, salvo quando apresentado parente vivo;
por escrito, manifestando-se III - qualificação completa da criança ou
sucessivamente o requerente, o requerido e adolescente e de seus pais, se conhecidos;
o Ministério Público, pelo tempo de 20 IV - indicação do cartório onde foi
(vinte) minutos cada um, prorrogável por inscrito nascimento, anexando, se possível,
mais 10 (dez) minutos. uma cópia da respectiva certidão;
§3º A decisão será proferida na V - declaração sobre a existência de
audiência, podendo a autoridade judiciária, bens, direitos ou rendimentos relativos à
excepcionalmente, designar data para sua criança ou ao adolescente.
leitura no prazo máximo de 5 (cinco) dias. Parágrafo único. Em se tratando de
§4º Quando o procedimento de adoção, observar-se-ão também os
destituição de poder familiar for iniciado requisitos específicos.
pelo Ministério Público, não haverá
necessidade de nomeação de curador Art. 166. Se os pais forem falecidos,
especial em favor da criança ou
adolescente. tiverem sido destituídos ou suspensos do
poder familiar, ou houverem aderido
Art. 163. O prazo máximo para expressamente ao pedido de colocação em
conclusão do procedimento será de 120 família substituta, este poderá ser
(cento e vinte) dias, e caberá ao juiz, no formulado diretamente em cartório, em
caso de notória inviabilidade de petição assinada pelos próprios requerentes,
manutenção do poder familiar, dirigir dispensada a assistência de advogado.
esforços para preparar a criança ou o §1º Na hipótese de concordância dos
adolescente com vistas à colocação em pais, o juiz:
família substituta.
I - na presença do Ministério Público,
Parágrafo único. A sentença que decretar
ouvirá as partes, devidamente assistidas por
a perda ou a suspensão do poder familiar
advogado ou por defensor público, para
será averbada à margem do registro de
verificar sua concordância com a adoção,
nascimento da criança ou do adolescente.
no prazo máximo de 10 (dez) dias, contado

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Legislação Educacional

da data do protocolo da petição ou da Art. 168. Apresentado o relatório social


entrega da criança em juízo, tomando por ou o laudo pericial, e ouvida, sempre que
termo as declarações; e possível, a criança ou o adolescente, dar-se-
II - declarará a extinção do poder á vista dos autos ao Ministério Público, pelo
familiar. prazo de cinco dias, decidindo a autoridade
§2º O consentimento dos titulares do judiciária em igual prazo.
poder familiar será precedido de
orientações e esclarecimentos prestados Art. 169. Nas hipóteses em que a
pela equipe interprofissional da Justiça da destituição da tutela, a perda ou a suspensão
Infância e da Juventude, em especial, no do pátrio poder poder familiar constituir
caso de adoção, sobre a irrevogabilidade da pressuposto lógico da medida principal de
medida. colocação em família substituta, será
§3º São garantidos a livre manifestação observado o procedimento contraditório
de vontade dos detentores do poder familiar previsto nas Seções II e III deste Capítulo.
e o direito ao sigilo das informações. Parágrafo único. A perda ou a
§4º O consentimento prestado por modificação da guarda poderá ser decretada
escrito não terá validade se não for nos mesmos autos do procedimento,
ratificado na audiência a que se refere o §1º observado o disposto no art. 35.
deste artigo.
§5º O consentimento é retratável até a Art. 170. Concedida a guarda ou a tutela,
data da realização da audiência especificada observar-se-á o disposto no art. 32, e,
no §1º deste artigo, e os pais podem exercer quanto à adoção, o contido no art. 47.
o arrependimento no prazo de 10 (dez) dias, Parágrafo único. A colocação de criança
contado da data de prolação da sentença de ou adolescente sob a guarda de pessoa
extinção do poder familiar. inscrita em programa de acolhimento
§6º O consentimento somente terá valor familiar será comunicada pela autoridade
se for dado após o nascimento da criança. judiciária à entidade por este responsável
§7º A família natural e a família no prazo máximo de 5 (cinco) dias.
substituta receberão a devida orientação por
intermédio de equipe técnica Seção V
interprofissional a serviço da Justiça da Da Apuração de Ato Infracional
Infância e da Juventude, preferencialmente Atribuído a Adolescente
com apoio dos técnicos responsáveis pela
execução da política municipal de garantia Art. 171. O adolescente apreendido por
do direito à convivência familiar. força de ordem judicial será, desde logo,
encaminhado à autoridade judiciária.
Art. 167. A autoridade judiciária, de
ofício ou a requerimento das partes ou do Art. 172. O adolescente apreendido em
Ministério Público, determinará a flagrante de ato infracional será, desde
realização de estudo social ou, se possível, logo, encaminhado à autoridade policial
perícia por equipe interprofissional, competente.
decidindo sobre a concessão de guarda Parágrafo único. Havendo repartição
provisória, bem como, no caso de adoção, policial especializada para atendimento de
sobre o estágio de convivência. adolescente e em se tratando de ato
Parágrafo único. Deferida a concessão infracional praticado em co-autoria com
da guarda provisória ou do estágio de maior, prevalecerá a atribuição da
convivência, a criança ou o adolescente será repartição especializada, que, após as
entregue ao interessado, mediante termo de providências necessárias e conforme o
responsabilidade. caso, encaminhará o adulto à repartição
policial própria.

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Legislação Educacional

Art. 173. Em caso de flagrante de ato hipótese, exceder o prazo referido no


infracional cometido mediante violência ou parágrafo anterior.
grave ameaça a pessoa, a autoridade
policial, sem prejuízo do disposto nos arts. Art. 176. Sendo o adolescente liberado,
106, parágrafo único, e 107, deverá: a autoridade policial encaminhará
I - lavrar auto de apreensão, ouvidos as imediatamente ao representante do
testemunhas e o adolescente; Ministério Público cópia do auto de
II - apreender o produto e os apreensão ou boletim de ocorrência.
instrumentos da infração;
III - requisitar os exames ou perícias Art. 177. Se, afastada a hipótese de
necessários à comprovação da flagrante, houver indícios de participação
materialidade e autoria da infração. de adolescente na prática de ato infracional,
Parágrafo único. Nas demais hipóteses a autoridade policial encaminhará ao
de flagrante, a lavratura do auto poderá ser representante do Ministério Público
substituída por boletim de ocorrência relatório das investigações e demais
circunstanciada. documentos.

Art. 174. Comparecendo qualquer dos Art. 178. O adolescente a quem se


pais ou responsável, o adolescente será atribua autoria de ato infracional não
prontamente liberado pela autoridade poderá ser conduzido ou transportado em
policial, sob termo de compromisso e compartimento fechado de veículo policial,
responsabilidade de sua apresentação ao em condições atentatórias à sua dignidade,
representante do Ministério Público, no ou que impliquem risco à sua integridade
mesmo dia ou, sendo impossível, no física ou mental, sob pena de
primeiro dia útil imediato, exceto quando, responsabilidade.
pela gravidade do ato infracional e sua
repercussão social, deva o adolescente Art. 179. Apresentado o adolescente, o
permanecer sob internação para garantia de representante do Ministério Público, no
sua segurança pessoal ou manutenção da mesmo dia e à vista do auto de apreensão,
ordem pública. boletim de ocorrência ou relatório policial,
devidamente autuados pelo cartório judicial
Art. 175. Em caso de não liberação, a e com informação sobre os antecedentes do
autoridade policial encaminhará, desde adolescente, procederá imediata e
logo, o adolescente ao representante do informalmente à sua oitiva e, em sendo
Ministério Público, juntamente com cópia possível, de seus pais ou responsável,
do auto de apreensão ou boletim de vítima e testemunhas.
ocorrência. Parágrafo único. Em caso de não
§ 1º Sendo impossível a apresentação apresentação, o representante do Ministério
imediata, a autoridade policial encaminhará Público notificará os pais ou responsável
o adolescente à entidade de atendimento, para apresentação do adolescente, podendo
que fará a apresentação ao representante do requisitar o concurso das polícias civil e
Ministério Público no prazo de vinte e militar.
quatro horas.
§ 2º Nas localidades onde não houver Art. 180. Adotadas as providências a que
entidade de atendimento, a apresentação alude o artigo anterior, o representante do
far-se-á pela autoridade policial. À falta de Ministério Público poderá:
repartição policial especializada, o I - promover o arquivamento dos autos;
adolescente aguardará a apresentação em II - conceder a remissão;
dependência separada da destinada a III - representar à autoridade judiciária
maiores, não podendo, em qualquer para aplicação de medida sócio-educativa.

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Legislação Educacional

Art. 181. Promovido o arquivamento dos § 1º O adolescente e seus pais ou


autos ou concedida a remissão pelo responsável serão cientificados do teor da
representante do Ministério Público, representação, e notificados a comparecer à
mediante termo fundamentado, que conterá audiência, acompanhados de advogado.
o resumo dos fatos, os autos serão § 2º Se os pais ou responsável não forem
conclusos à autoridade judiciária para localizados, a autoridade judiciária dará
homologação. curador especial ao adolescente.
§ 1º Homologado o arquivamento ou a § 3º Não sendo localizado o adolescente,
remissão, a autoridade judiciária a autoridade judiciária expedirá mandado
determinará, conforme o caso, o de busca e apreensão, determinando o
cumprimento da medida. sobrestamento do feito, até a efetiva
§ 2º Discordando, a autoridade judiciária apresentação.
fará remessa dos autos ao Procurador-Geral
de Justiça, mediante despacho § 4º Estando o adolescente internado,
fundamentado, e este oferecerá será requisitada a sua apresentação, sem
representação, designará outro membro do prejuízo da notificação dos pais ou
Ministério Público para apresentá-la, ou responsável.
ratificará o arquivamento ou a remissão,
que só então estará a autoridade judiciária Art. 185. A internação, decretada ou
obrigada a homologar. mantida pela autoridade judiciária, não
poderá ser cumprida em estabelecimento
Art. 182. Se, por qualquer razão, o prisional.
representante do Ministério Público não § 1º Inexistindo na comarca entidade
promover o arquivamento ou conceder a com as características definidas no art. 123,
remissão, oferecerá representação à o adolescente deverá ser imediatamente
autoridade judiciária, propondo a transferido para a localidade mais próxima.
instauração de procedimento para aplicação § 2º Sendo impossível a pronta
da medida sócio-educativa que se afigurar a transferência, o adolescente aguardará sua
mais adequada. remoção em repartição policial, desde que
§ 1º A representação será oferecida por em seção isolada dos adultos e com
petição, que conterá o breve resumo dos instalações apropriadas, não podendo
fatos e a classificação do ato infracional e, ultrapassar o prazo máximo de cinco dias,
quando necessário, o rol de testemunhas, sob pena de responsabilidade.
podendo ser deduzida oralmente, em sessão
diária instalada pela autoridade judiciária. Art. 186. Comparecendo o adolescente,
§ 2º A representação independe de prova seus pais ou responsável, a autoridade
pré-constituída da autoria e materialidade. judiciária procederá à oitiva dos mesmos,
podendo solicitar opinião de profissional
Art. 183. O prazo máximo e qualificado.
improrrogável para a conclusão do § 1º Se a autoridade judiciária entender
procedimento, estando o adolescente adequada a remissão, ouvirá o
internado provisoriamente, será de quarenta representante do Ministério Público,
e cinco dias. proferindo decisão.
§ 2º Sendo o fato grave, passível de
Art. 184. Oferecida a representação, a aplicação de medida de internação ou
autoridade judiciária designará audiência colocação em regime de semi-liberdade, a
de apresentação do adolescente, decidindo, autoridade judiciária, verificando que o
desde logo, sobre a decretação ou adolescente não possui advogado
manutenção da internação, observado o constituído, nomeará defensor, designando,
disposto no art. 108 e parágrafo. desde logo, audiência em continuação,

44
Legislação Educacional

podendo determinar a realização de adolescente, a seus pais ou responsável,


diligências e estudo do caso. sem prejuízo do defensor.
§ 3º O advogado constituído ou o § 1º Sendo outra a medida aplicada, a
defensor nomeado, no prazo de três dias intimação far-se-á unicamente na pessoa do
contado da audiência de apresentação, defensor.
oferecerá defesa prévia e rol de § 2º Recaindo a intimação na pessoa do
testemunhas. adolescente, deverá este manifestar se
§ 4º Na audiência em continuação, deseja ou não recorrer da sentença.
ouvidas as testemunhas arroladas na
representação e na defesa prévia, cumpridas Seção V-A
as diligências e juntado o relatório da Da Infiltração de Agentes de Polícia
equipe interprofissional, será dada a palavra para a Investigação de Crimes contra a
ao representante do Ministério Público e ao Dignidade Sexual de Criança e de
defensor, sucessivamente, pelo tempo de Adolescente”
vinte minutos para cada um, prorrogável
por mais dez, a critério da autoridade Art. 190-A. A infiltração de agentes de
judiciária, que em seguida proferirá polícia na internet com o fim de investigar
decisão. os crimes previstos nos arts. 240 , 241 , 241-
A , 241-B , 241-C e 241-D desta Lei e nos
Art. 187. Se o adolescente, devidamente arts. 154-A , 217-A , 218 , 218-A e 218-B
notificado, não comparecer, do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro
injustificadamente à audiência de de 1940 (Código Penal) , obedecerá às
apresentação, a autoridade judiciária seguintes regras:
designará nova data, determinando sua I – será precedida de autorização judicial
condução coercitiva. devidamente circunstanciada e
fundamentada, que estabelecerá os limites
Art. 188. A remissão, como forma de da infiltração para obtenção de prova,
extinção ou suspensão do processo, poderá ouvido o Ministério Público;
ser aplicada em qualquer fase do II – dar-se-á mediante requerimento do
procedimento, antes da sentença. Ministério Público ou representação de
delegado de polícia e conterá a
Art. 189. A autoridade judiciária não demonstração de sua necessidade, o alcance
aplicará qualquer medida, desde que das tarefas dos policiais, os nomes ou
reconheça na sentença: apelidos das pessoas investigadas e, quando
I - estar provada a inexistência do fato; possível, os dados de conexão ou cadastrais
II - não haver prova da existência do que permitam a identificação dessas
fato; pessoas;
III - não constituir o fato ato infracional; III – não poderá exceder o prazo de 90
IV - não existir prova de ter o (noventa) dias, sem prejuízo de eventuais
adolescente concorrido para o ato renovações, desde que o total não exceda a
infracional. 720 (setecentos e vinte) dias e seja
Parágrafo único. Na hipótese deste demonstrada sua efetiva necessidade, a
artigo, estando o adolescente internado, critério da autoridade judicial.
será imediatamente colocado em liberdade. § 1 º A autoridade judicial e o Ministério
Público poderão requisitar relatórios
Art. 190. A intimação da sentença que parciais da operação de infiltração antes do
aplicar medida de internação ou regime de término do prazo de que trata o inciso II do
semi-liberdade será feita: § 1 º deste artigo.
I - ao adolescente e ao seu defensor; § 2 º Para efeitos do disposto no inciso I
II - quando não for encontrado o do § 1 º deste artigo, consideram-se:

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Legislação Educacional

I – dados de conexão: informações Art. 190-E. Concluída a investigação,


referentes a hora, data, início, término, todos os atos eletrônicos praticados durante
duração, endereço de Protocolo de Internet a operação deverão ser registrados,
(IP) utilizado e terminal de origem da gravados, armazenados e encaminhados ao
conexão; juiz e ao Ministério Público, juntamente
II – dados cadastrais: informações com relatório circunstanciado.
referentes a nome e endereço de assinante Parágrafo único. Os atos eletrônicos
ou de usuário registrado ou autenticado registrados citados no caput deste artigo
para a conexão a quem endereço de IP, serão reunidos em autos apartados e
identificação de usuário ou código de apensados ao processo criminal juntamente
acesso tenha sido atribuído no momento da com o inquérito policial, assegurando-se a
conexão. preservação da identidade do agente
§ 3 º A infiltração de agentes de polícia policial infiltrado e a intimidade das
na internet não será admitida se a prova crianças e dos adolescentes envolvidos.
puder ser obtida por outros meios.
Seção VI
Art. 190-B. As informações da operação Da Apuração de Irregularidades em
de infiltração serão encaminhadas Entidade de Atendimento
diretamente ao juiz responsável pela
autorização da medida, que zelará por seu Art. 191. O procedimento de apuração
sigilo. de irregularidades em entidade
Parágrafo único. Antes da conclusão da governamental e não-governamental terá
operação, o acesso aos autos será reservado início mediante portaria da autoridade
ao juiz, ao Ministério Público e ao delegado judiciária ou representação do Ministério
de polícia responsável pela operação, com Público ou do Conselho Tutelar, onde
o objetivo de garantir o sigilo das conste, necessariamente, resumo dos fatos.
investigações. Parágrafo único. Havendo motivo grave,
poderá a autoridade judiciária, ouvido o
Art. 190-C. Não comete crime o policial Ministério Público, decretar liminarmente o
que oculta a sua identidade para, por meio afastamento provisório do dirigente da
da internet, colher indícios de autoria e entidade, mediante decisão fundamentada.
materialidade dos crimes previstos nos arts.
240 , 241 , 241-A , 241-B , 241-C e 241-D Art. 192. O dirigente da entidade será
desta Lei e nos arts. 154-A , 217-A , 218 , citado para, no prazo de dez dias, oferecer
218-A e 218-B do Decreto-Lei nº 2.848, de resposta escrita, podendo juntar
7 de dezembro de 1940 (Código Penal) . documentos e indicar as provas a produzir.
Parágrafo único. O agente policial
infiltrado que deixar de observar a estrita Art. 193. Apresentada ou não a resposta,
finalidade da investigação responderá pelos e sendo necessário, a autoridade judiciária
excessos praticados. designará audiência de instrução e
julgamento, intimando as partes.
Art. 190-D. Os órgãos de registro e § 1º Salvo manifestação em audiência, as
cadastro público poderão incluir nos bancos partes e o Ministério Público terão cinco
de dados próprios, mediante procedimento dias para oferecer alegações finais,
sigiloso e requisição da autoridade judicial, decidindo a autoridade judiciária em igual
as informações necessárias à efetividade da prazo.
identidade fictícia criada. § 2º Em se tratando de afastamento
Parágrafo único. O procedimento provisório ou definitivo de dirigente de
sigiloso de que trata esta Seção será entidade governamental, a autoridade
numerado e tombado em livro específico. judiciária oficiará à autoridade

46
Legislação Educacional

administrativa imediatamente superior ao IV - por edital, com prazo de trinta dias,


afastado, marcando prazo para a se incerto ou não sabido o paradeiro do
substituição. requerido ou de seu representante legal.
§ 3º Antes de aplicar qualquer das
medidas, a autoridade judiciária poderá Art. 196. Não sendo apresentada a
fixar prazo para a remoção das defesa no prazo legal, a autoridade
irregularidades verificadas. Satisfeitas as judiciária dará vista dos autos do Ministério
exigências, o processo será extinto, sem Público, por cinco dias, decidindo em igual
julgamento de mérito. prazo.
§ 4º A multa e a advertência serão
impostas ao dirigente da entidade ou Art. 197. Apresentada a defesa, a
programa de atendimento. autoridade judiciária procederá na
conformidade do artigo anterior, ou, sendo
Seção VII necessário, designará audiência de
Da Apuração de Infração instrução e julgamento.
Administrativa às Normas de Proteção à Parágrafo único. Colhida a prova oral,
Criança e ao Adolescente manifestar-se-ão sucessivamente o
Ministério Público e o procurador do
Art. 194. O procedimento para requerido, pelo tempo de vinte minutos para
imposição de penalidade administrativa por cada um, prorrogável por mais dez, a
infração às normas de proteção à criança e critério da autoridade judiciária, que em
ao adolescente terá início por representação seguida proferirá sentença.
do Ministério Público, ou do Conselho
Tutelar, ou auto de infração elaborado por Seção VIII
servidor efetivo ou voluntário credenciado, Da Habilitação de Pretendentes à
e assinado por duas testemunhas, se Adoção
possível.
§ 1º No procedimento iniciado com o Art. 197-A. Os postulantes à adoção,
auto de infração, poderão ser usadas domiciliados no Brasil, apresentarão
fórmulas impressas, especificando-se a petição inicial na qual conste:
natureza e as circunstâncias da infração. I - qualificação completa;
§ 2º Sempre que possível, à verificação II - dados familiares;
da infração seguir-se-á a lavratura do auto, III - cópias autenticadas de certidão de
certificando-se, em caso contrário, dos nascimento ou casamento, ou declaração
motivos do retardamento. relativa ao período de união estável;
IV - cópias da cédula de identidade e
Art. 195. O requerido terá prazo de dez inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas;
dias para apresentação de defesa, contado V - comprovante de renda e domicílio;
da data da intimação, que será feita: VI - atestados de sanidade física e
I - pelo autuante, no próprio auto, mental
quando este for lavrado na presença do VII - certidão de antecedentes
requerido; criminais;
II - por oficial de justiça ou funcionário VIII - certidão negativa de distribuição
legalmente habilitado, que entregará cópia cível.
do auto ou da representação ao requerido,
ou a seu representante legal, lavrando Art. 197-B. A autoridade judiciária, no
certidão; prazo de 48 (quarenta e oito) horas, dará
III - por via postal, com aviso de vista dos autos ao Ministério Público, que
recebimento, se não for encontrado o no prazo de 5 (cinco) dias poderá:
requerido ou seu representante legal; I - apresentar quesitos a serem

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Legislação Educacional

respondidos pela equipe interprofissional ou por família acolhedora sejam preparados


encarregada de elaborar o estudo técnico a por equipe interprofissional antes da
que se refere o art. 197-C desta Lei; inclusão em família adotiva.
II - requerer a designação de audiência
para oitiva dos postulantes em juízo e Art. 197-D. Certificada nos autos a
testemunhas; conclusão da participação no programa
III - requerer a juntada de documentos referido no art. 197-C desta Lei, a
complementares e a realização de outras autoridade judiciária, no prazo de 48
diligências que entender necessárias. (quarenta e oito) horas, decidirá acerca das
diligências requeridas pelo Ministério
Art. 197-C. Intervirá no feito, Público e determinará a juntada do estudo
obrigatoriamente, equipe interprofissional a psicossocial, designando, conforme o caso,
serviço da Justiça da Infância e da audiência de instrução e julgamento.
Juventude, que deverá elaborar estudo Parágrafo único. Caso não sejam
psicossocial, que conterá subsídios que requeridas diligências, ou sendo essas
permitam aferir a capacidade e o preparo indeferidas, a autoridade judiciária
dos postulantes para o exercício de uma determinará a juntada do estudo
paternidade ou maternidade responsável, à psicossocial, abrindo a seguir vista dos
luz dos requisitos e princípios desta Lei. autos ao Ministério Público, por 5 (cinco)
§1º É obrigatória a participação dos dias, decidindo em igual prazo.
postulantes em programa oferecido pela
Justiça da Infância e da Juventude, Art. 197-E. Deferida a habilitação, o
preferencialmente com apoio dos técnicos postulante será inscrito nos cadastros
responsáveis pela execução da política referidos no art. 50 desta Lei, sendo a sua
municipal de garantia do direito à convocação para a adoção feita de acordo
convivência familiar e dos grupos de apoio com ordem cronológica de habilitação e
à adoção devidamente habilitados perante a conforme a disponibilidade de crianças ou
Justiça da Infância e da Juventude, que adolescentes adotáveis.
inclua preparação psicológica, orientação e §1º A ordem cronológica das
estímulo à adoção inter-racial, de crianças habilitações somente poderá deixar de ser
ou de adolescentes com deficiência, com observada pela autoridade judiciária nas
doenças crônicas ou com necessidades hipóteses previstas no § 13 do art. 50 desta
específicas de saúde, e de grupos de Lei, quando comprovado ser essa a melhor
irmãos. solução no interesse do adotando.
§2º Sempre que possível e §2º A habilitação à adoção deverá ser
recomendável, a etapa obrigatória da renovada no mínimo trienalmente mediante
preparação referida no §1º deste artigo avaliação por equipe interprofissional.
incluirá o contato com crianças e §3º Quando o adotante candidatar-se a
adolescentes em regime de acolhimento uma nova adoção, será dispensável a
familiar ou institucional, a ser realizado sob renovação da habilitação, bastando a
orientação, supervisão e avaliação da avaliação por equipe interprofissional.
equipe técnica da Justiça da Infância e da §4º Após 3 (três) recusas injustificadas,
Juventude e dos grupos de apoio à adoção, pelo habilitado, à adoção de crianças ou
com apoio dos técnicos responsáveis pelo adolescentes indicados dentro do perfil
programa de acolhimento familiar e escolhido, haverá reavaliação da
institucional e pela execução da política habilitação concedida.
municipal de garantia do direito à §5º A desistência do pretendente em
convivência familiar. relação à guarda para fins de adoção ou a
§3º É recomendável que as crianças e os devolução da criança ou do adolescente
adolescentes acolhidos institucionalmente depois do trânsito em julgado da sentença

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Legislação Educacional

de adoção importará na sua exclusão dos Art. 199. Contra as decisões proferidas
cadastros de adoção e na vedação de com base no art. 149 caberá recurso de
renovação da habilitação, salvo decisão apelação.
judicial fundamentada, sem prejuízo das
demais sanções previstas na legislação Art. 199-A. A sentença que deferir a
vigente. adoção produz efeito desde logo, embora
sujeita a apelação, que será recebida
Art. 197-F. O prazo máximo para exclusivamente no efeito devolutivo, salvo
conclusão da habilitação à adoção será de se se tratar de adoção internacional ou se
120 (cento e vinte) dias, prorrogável por houver perigo de dano irreparável ou de
igual período, mediante decisão difícil reparação ao adotando.
fundamentada da autoridade judiciária.
Art. 199-B. A sentença que destituir
Capítulo IV ambos ou qualquer dos genitores do poder
Dos Recursos familiar fica sujeita a apelação, que deverá
ser recebida apenas no efeito devolutivo.
Art. 198. Nos procedimentos afetos à
Justiça da Infância e da Juventude, Art. 199-C. Os recursos nos
inclusive os relativos à execução das procedimentos de adoção e de destituição
medidas socioeducativas, adotar-se-á o de poder familiar, em face da relevância das
sistema recursal da Lei n o 5.869, de 11 de questões, serão processados com prioridade
janeiro de 1973 (Código de Processo Civil) absoluta, devendo ser imediatamente
, com as seguintes adaptações: distribuídos, ficando vedado que aguardem,
I - os recursos serão interpostos em qualquer situação, oportuna
independentemente de preparo; distribuição, e serão colocados em mesa
II - em todos os recursos, salvo nos para julgamento sem revisão e com parecer
embargos de declaração, o prazo para o urgente do Ministério Público.
Ministério Público e para a defesa será
sempre de 10 (dez) dias; Art. 199-D. O relator deverá colocar o
III - os recursos terão preferência de processo em mesa para julgamento no
julgamento e dispensarão revisor; prazo máximo de 60 (sessenta) dias,
IV - (Revogado) contado da sua conclusão.
V - (Revogado) Parágrafo único. O Ministério Público
VI - (Revogado) será intimado da data do julgamento e
VII - antes de determinar a remessa dos poderá na sessão, se entender necessário,
autos à superior instância, no caso de apresentar oralmente seu parecer.
apelação, ou do instrumento, no caso de
agravo, a autoridade judiciária proferirá Art. 199-E. O Ministério Público poderá
despacho fundamentado, mantendo ou requerer a instauração de procedimento
reformando a decisão, no prazo de cinco para apuração de responsabilidades se
dias; constatar o descumprimento das
VIII - mantida a decisão apelada ou providências e do prazo previstos nos
agravada, o escrivão remeterá os autos ou o artigos anteriores.
instrumento à superior instância dentro de
vinte e quatro horas, independentemente de Capítulo V
novo pedido do recorrente; se a reformar, a Do Ministério Público
remessa dos autos dependerá de pedido
expresso da parte interessada ou do Art. 200. As funções do Ministério
Ministério Público, no prazo de cinco dias, Público previstas nesta Lei serão exercidas
contados da intimação. nos termos da respectiva lei orgânica.

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Legislação Educacional

Art. 201. Compete ao Ministério medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis;


Público: IX - impetrar mandado de segurança, de
I - conceder a remissão como forma de injunção e habeas corpus, em qualquer
exclusão do processo; juízo, instância ou tribunal, na defesa dos
II - promover e acompanhar os interesses sociais e individuais
procedimentos relativos às infrações indisponíveis afetos à criança e ao
atribuídas a adolescentes; adolescente;
III - promover e acompanhar as ações de X - representar ao juízo visando à
alimentos e os procedimentos de suspensão aplicação de penalidade por infrações
e destituição do pátrio poder poder familiar cometidas contra as normas de proteção à
, nomeação e remoção de tutores, curadores infância e à juventude, sem prejuízo da
e guardiães, bem como oficiar em todos os promoção da responsabilidade civil e penal
demais procedimentos da competência da do infrator, quando cabível;
Justiça da Infância e da Juventude; XI - inspecionar as entidades públicas e
IV - promover, de ofício ou por particulares de atendimento e os programas
solicitação dos interessados, a de que trata esta Lei, adotando de pronto as
especialização e a inscrição de hipoteca medidas administrativas ou judiciais
legal e a prestação de contas dos tutores, necessárias à remoção de irregularidades
curadores e quaisquer administradores de porventura verificadas;
bens de crianças e adolescentes nas XII - requisitar força policial, bem como
hipóteses do art. 98; a colaboração dos serviços médicos,
V - promover o inquérito civil e a ação hospitalares, educacionais e de assistência
civil pública para a proteção dos interesses social, públicos ou privados, para o
individuais, difusos ou coletivos relativos à desempenho de suas atribuições.
infância e à adolescência, inclusive os XIII - intervir, quando não for parte, nas
definidos no art. 220, § 3º inciso II, da causas cíveis e criminais decorrentes de
Constituição Federal ; violência doméstica e familiar contra a
VI - instaurar procedimentos criança e o adolescente. (Incluído pela Lei
administrativos e, para instruí-los: nº 14.344, de 2022) Vigência
a) expedir notificações para colher § 1º A legitimação do Ministério Público
depoimentos ou esclarecimentos e, em caso para as ações cíveis previstas neste artigo
de não comparecimento injustificado, não impede a de terceiros, nas mesmas
requisitar condução coercitiva, inclusive hipóteses, segundo dispuserem a
pela polícia civil ou militar; Constituição e esta Lei.
b) requisitar informações, exames, § 2º As atribuições constantes deste
perícias e documentos de autoridades artigo não excluem outras, desde que
municipais, estaduais e federais, da compatíveis com a finalidade do Ministério
administração direta ou indireta, bem como Público.
promover inspeções e diligências § 3º O representante do Ministério
investigatórias; Público, no exercício de suas funções, terá
c) requisitar informações e documentos livre acesso a todo local onde se encontre
a particulares e instituições privadas; criança ou adolescente.
VII - instaurar sindicâncias, requisitar § 4º O representante do Ministério
diligências investigatórias e determinar a Público será responsável pelo uso indevido
instauração de inquérito policial, para das informações e documentos que
apuração de ilícitos ou infrações às normas requisitar, nas hipóteses legais de sigilo.
de proteção à infância e à juventude; § 5º Para o exercício da atribuição de que
VIII - zelar pelo efetivo respeito aos trata o inciso VIII deste artigo, poderá o
direitos e garantias legais assegurados às representante do Ministério Público:
crianças e adolescentes, promovendo as a) reduzir a termo as declarações do

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Legislação Educacional

reclamante, instaurando o competente Art. 207. Nenhum adolescente a quem se


procedimento, sob sua presidência; atribua a prática de ato infracional, ainda
b) entender-se diretamente com a pessoa que ausente ou foragido, será processado
ou autoridade reclamada, em dia, local e sem defensor.
horário previamente notificados ou § 1º Se o adolescente não tiver defensor,
acertados; ser-lhe-á nomeado pelo juiz, ressalvado o
c) efetuar recomendações visando à direito de, a todo tempo, constituir outro de
melhoria dos serviços públicos e de sua preferência.
relevância pública afetos à criança e ao § 2º A ausência do defensor não
adolescente, fixando prazo razoável para determinará o adiamento de nenhum ato do
sua perfeita adequação. processo, devendo o juiz nomear substituto,
ainda que provisoriamente, ou para o só
Art. 202. Nos processos e procedimentos efeito do ato.
em que não for parte, atuará § 3º Será dispensada a outorga de
obrigatoriamente o Ministério Público na mandato, quando se tratar de defensor
defesa dos direitos e interesses de que cuida nomeado ou, sido constituído, tiver sido
esta Lei, hipótese em que terá vista dos indicado por ocasião de ato formal com a
autos depois das partes, podendo juntar presença da autoridade judiciária.
documentos e requerer diligências, usando
os recursos cabíveis. Capítulo VII
Da Proteção Judicial dos Interesses
Art. 203. A intimação do Ministério Individuais, Difusos e Coletivos
Público, em qualquer caso, será feita
pessoalmente. Art. 208. Regem-se pelas disposições
desta Lei as ações de responsabilidade por
Art. 204. A falta de intervenção do ofensa aos direitos assegurados à criança e
Ministério Público acarreta a nulidade do ao adolescente, referentes ao não
feito, que será declarada de ofício pelo juiz oferecimento ou oferta irregular:
ou a requerimento de qualquer interessado. I - do ensino obrigatório;
II - de atendimento educacional
Art. 205. As manifestações processuais especializado aos portadores de deficiência;
do representante do Ministério Público III – de atendimento em creche e pré-
deverão ser fundamentadas. escola às crianças de zero a cinco anos de
idade;
Capítulo VI IV - de ensino noturno regular, adequado
Do Advogado às condições do educando;
V - de programas suplementares de
Art. 206. A criança ou o adolescente, oferta de material didático-escolar,
seus pais ou responsável, e qualquer pessoa transporte e assistência à saúde do
que tenha legítimo interesse na solução da educando do ensino fundamental;
lide poderão intervir nos procedimentos de VI - de serviço de assistência social
que trata esta Lei, através de advogado, o visando à proteção à família, à maternidade,
qual será intimado para todos os atos, à infância e à adolescência, bem como ao
pessoalmente ou por publicação oficial, amparo às crianças e adolescentes que dele
respeitado o segredo de justiça. necessitem;
Parágrafo único. Será prestada VII - de acesso às ações e serviços de
assistência judiciária integral e gratuita saúde;
àqueles que dela necessitarem. VIII - de escolarização e
profissionalização dos adolescentes
privados de liberdade.

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Legislação Educacional

IX - de ações, serviços e programas de § 1º Admitir-se-á litisconsórcio


orientação, apoio e promoção social de facultativo entre os Ministérios Públicos da
famílias e destinados ao pleno exercício do União e dos estados na defesa dos interesses
direito à convivência familiar por crianças e direitos de que cuida esta Lei.
e adolescentes. § 2º Em caso de desistência ou abandono
X - de programas de atendimento para a da ação por associação legitimada, o
execução das medidas socioeducativas e Ministério Público ou outro legitimado
aplicação de medidas de proteção. poderá assumir a titularidade ativa.
XI - de políticas e programas integrados
de atendimento à criança e ao adolescente Art. 211. Os órgãos públicos legitimados
vítima ou testemunha de violência. poderão tomar dos interessados
§1º As hipóteses previstas neste artigo compromisso de ajustamento de sua
não excluem da proteção judicial outros conduta às exigências legais, o qual terá
interesses individuais, difusos ou coletivos, eficácia de título executivo extrajudicial.
próprios da infância e da adolescência,
protegidos pela Constituição e pela Lei. Art. 212. Para defesa dos direitos e
§2º A investigação do desaparecimento interesses protegidos por esta Lei, são
de crianças ou adolescentes será realizada admissíveis todas as espécies de ações
imediatamente após notificação aos órgãos pertinentes.
competentes, que deverão comunicar o fato § 1º Aplicam-se às ações previstas neste
aos portos, aeroportos, Polícia Rodoviária e Capítulo as normas do Código de Processo
companhias de transporte interestaduais e Civil.
internacionais, fornecendo-lhes todos os § 2º Contra atos ilegais ou abusivos de
dados necessários à identificação do autoridade pública ou agente de pessoa
desaparecido. (Incluído pela Lei nº 11.259, jurídica no exercício de atribuições do
de 2005) poder público, que lesem direito líquido e
certo previsto nesta Lei, caberá ação
Art. 209. As ações previstas neste mandamental, que se regerá pelas normas
Capítulo serão propostas no foro do local da lei do mandado de segurança.
onde ocorreu ou deva ocorrer a ação ou
omissão, cujo juízo terá competência Art. 213. Na ação que tenha por objeto o
absoluta para processar a causa, ressalvadas cumprimento de obrigação de fazer ou não
a competência da Justiça Federal e a fazer, o juiz concederá a tutela específica da
competência originária dos tribunais obrigação ou determinará providências que
superiores. assegurem o resultado prático equivalente
ao do adimplemento.
Art. 210. Para as ações cíveis fundadas
em interesses coletivos ou difusos, § 1º Sendo relevante o fundamento da
consideram-se legitimados demanda e havendo justificado receio de
concorrentemente: ineficácia do provimento final, é lícito ao
I - o Ministério Público; juiz conceder a tutela liminarmente ou após
II - a União, os estados, os municípios, o justificação prévia, citando o réu.
Distrito Federal e os territórios; § 2º O juiz poderá, na hipótese do
III - as associações legalmente parágrafo anterior ou na sentença, impor
constituídas há pelo menos um ano e que multa diária ao réu, independentemente de
incluam entre seus fins institucionais a pedido do autor, se for suficiente ou
defesa dos interesses e direitos protegidos compatível com a obrigação, fixando prazo
por esta Lei, dispensada a autorização da razoável para o cumprimento do preceito.
assembléia, se houver prévia autorização § 3º A multa só será exigível do réu após
estatutária. o trânsito em julgado da sentença favorável

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Legislação Educacional

ao autor, mas será devida desde o dia em Art. 219. Nas ações de que trata este
que se houver configurado o Capítulo, não haverá adiantamento de
descumprimento. custas, emolumentos, honorários periciais e
quaisquer outras despesas.
Art. 214. Os valores das multas
reverterão ao fundo gerido pelo Conselho Art. 220. Qualquer pessoa poderá e o
dos Direitos da Criança e do Adolescente servidor público deverá provocar a
do respectivo município. iniciativa do Ministério Público, prestando-
§ 1º As multas não recolhidas até trinta lhe informações sobre fatos que constituam
dias após o trânsito em julgado da decisão objeto de ação civil, e indicando-lhe os
serão exigidas através de execução elementos de convicção.
promovida pelo Ministério Público, nos
mesmos autos, facultada igual iniciativa aos Art. 221. Se, no exercício de suas
demais legitimados. funções, os juízos e tribunais tiverem
§ 2º Enquanto o fundo não for conhecimento de fatos que possam ensejar
regulamentado, o dinheiro ficará a propositura de ação civil, remeterão peças
depositado em estabelecimento oficial de ao Ministério Público para as providências
crédito, em conta com correção monetária. cabíveis.

Art. 215. O juiz poderá conferir efeito Art. 222. Para instruir a petição inicial, o
suspensivo aos recursos, para evitar dano interessado poderá requerer às autoridades
irreparável à parte. competentes as certidões e informações que
julgar necessárias, que serão fornecidas no
Art. 216. Transitada em julgado a
sentença que impuser condenação ao poder prazo de quinze dias.
público, o juiz determinará a remessa de
peças à autoridade competente, para Art. 223. O Ministério Público poderá
apuração da responsabilidade civil e instaurar, sob sua presidência, inquérito
administrativa do agente a que se atribua a civil, ou requisitar, de qualquer pessoa,
ação ou omissão. organismo público ou particular, certidões,
informações, exames ou perícias, no prazo
que assinalar, o qual não poderá ser inferior
Art. 217. Decorridos sessenta dias do a dez dias úteis.
trânsito em julgado da sentença § 1º Se o órgão do Ministério Público,
condenatória sem que a associação autora esgotadas todas as diligências, se convencer
lhe promova a execução, deverá fazê-lo o da inexistência de fundamento para a
Ministério Público, facultada igual propositura da ação cível, promoverá o
iniciativa aos demais legitimados. arquivamento dos autos do inquérito civil
ou das peças informativas, fazendo-o
Art. 218. O juiz condenará a associação fundamentadamente.
autora a pagar ao réu os honorários § 2º Os autos do inquérito civil ou as
advocatícios arbitrados na conformidade do peças de informação arquivados serão
§ 4º do art. 20 da Lei n.º 5.869, de 11 de remetidos, sob pena de se incorrer em falta
janeiro de 1973 (Código de Processo Civil) grave, no prazo de três dias, ao Conselho
, quando reconhecer que a pretensão é Superior do Ministério Público.
manifestamente infundada. § 3º Até que seja homologada ou
Parágrafo único. Em caso de litigância rejeitada a promoção de arquivamento, em
de má-fé, a associação autora e os diretores sessão do Conselho Superior do Ministério
responsáveis pela propositura da ação serão público, poderão as associações legitimadas
solidariamente condenados ao décuplo das apresentar razões escritas ou documentos,
custas, sem prejuízo de responsabilidade que serão juntados aos autos do inquérito ou
por perdas e danos. anexados às peças de informação.

53
Legislação Educacional

§ 4º A promoção de arquivamento será Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de


submetida a exame e deliberação do 1940 (Código Penal), para os crimes
Conselho Superior do Ministério Público, previstos nesta Lei, praticados por
conforme dispuser o seu regimento. servidores públicos com abuso de
§ 5º Deixando o Conselho Superior de autoridade, são condicionados à ocorrência
homologar a promoção de arquivamento, de reincidência. (Incluído pela Lei nº
designará, desde logo, outro órgão do 13.869. de 2019)
Ministério Público para o ajuizamento da Parágrafo único. A perda do cargo, do
ação. mandato ou da função, nesse caso,
independerá da pena aplicada na
Art. 224. Aplicam-se subsidiariamente, reincidência. (Incluído pela Lei nº 13.869.
no que couber, as disposições da Lei n.º de 2019)
7.347, de 24 de julho de 1985 .
Seção II
Título VII Dos Crimes em Espécie
Dos Crimes e Das Infrações
Administrativas Art. 228. Deixar o encarregado de
Capítulo I serviço ou o dirigente de estabelecimento
Dos Crimes de atenção à saúde de gestante de manter
Seção I registro das atividades desenvolvidas, na
Disposições Gerais forma e prazo referidos no art. 10 desta Lei,
bem como de fornecer à parturiente ou a seu
Art. 225. Este Capítulo dispõe sobre responsável, por ocasião da alta médica,
crimes praticados contra a criança e o declaração de nascimento, onde constem as
adolescente, por ação ou omissão, sem intercorrências do parto e do
prejuízo do disposto na legislação penal. desenvolvimento do neonato:
Pena - detenção de seis meses a dois
Art. 226. Aplicam-se aos crimes anos.
definidos nesta Lei as normas da Parte Parágrafo único. Se o crime é culposo:
Geral do Código Penal e, quanto ao Pena - detenção de dois a seis meses, ou
processo, as pertinentes ao Código de multa.
Processo Penal.
§ 1º Aos crimes cometidos contra a Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro
criança e o adolescente, independentemente ou dirigente de estabelecimento de atenção
da pena prevista, não se aplica a Lei nº à saúde de gestante de identificar
9.099, de 26 de setembro de 1995. (Incluído corretamente o neonato e a parturiente, por
pela Lei nº 14.344, de 2022) Vigência ocasião do parto, bem como deixar de
§ 2º Nos casos de violência doméstica e proceder aos exames referidos no art. 10
familiar contra a criança e o adolescente, é desta Lei:
vedada a aplicação de penas de cesta básica Pena - detenção de seis meses a dois
ou de outras de prestação pecuniária, bem anos.
como a substituição de pena que implique o Parágrafo único. Se o crime é culposo:
pagamento isolado de multa. (Incluído pela Pena - detenção de dois a seis meses, ou
Lei nº 14.344, de 2022) Vigência multa.

Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei Art. 230. Privar a criança ou o
são de ação pública incondicionada. adolescente de sua liberdade, procedendo à
sua apreensão sem estar em flagrante de ato
Art. 227-A Os efeitos da condenação infracional ou inexistindo ordem escrita da
prevista no inciso I do caput do art. 92 do autoridade judiciária competente:

54
Legislação Educacional

Pena - detenção de seis meses a dois Pena - reclusão de dois a seis anos, e
anos. multa.
Parágrafo único. Incide na mesma pena
aquele que procede à apreensão sem Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega
observância das formalidades legais. de filho ou pupilo a terceiro, mediante paga
ou recompensa:
Art. 231. Deixar a autoridade policial Pena - reclusão de um a quatro anos, e
responsável pela apreensão de criança ou multa.
adolescente de fazer imediata comunicação Parágrafo único. Incide nas mesmas
à autoridade judiciária competente e à penas quem oferece ou efetiva a paga ou
família do apreendido ou à pessoa por ele recompensa.
indicada:
Pena - detenção de seis meses a dois Art. 239. Promover ou auxiliar a
anos. efetivação de ato destinado ao envio de
criança ou adolescente para o exterior com
Art. 232. Submeter criança ou inobservância das formalidades legais ou
adolescente sob sua autoridade, guarda ou com o fito de obter lucro:
vigilância a vexame ou a constrangimento: Pena - reclusão de quatro a seis anos, e
Pena - detenção de seis meses a dois multa.
anos. Parágrafo único. Se há emprego de
violência, grave ameaça ou fraude:
Art. 233. (Revogado) Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito)
anos, além da pena correspondente à
Art. 234. Deixar a autoridade violência.
competente, sem justa causa, de ordenar a
imediata liberação de criança ou Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir,
adolescente, tão logo tenha conhecimento fotografar, filmar ou registrar, por qualquer
da ilegalidade da apreensão: meio, cena de sexo explícito ou
Pena - detenção de seis meses a dois pornográfica, envolvendo criança ou
anos. adolescente:
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito)
Art. 235. Descumprir, anos, e multa.
injustificadamente, prazo fixado nesta Lei §1º Incorre nas mesmas penas quem
em benefício de adolescente privado de agencia, facilita, recruta, coage, ou de
liberdade: qualquer modo intermedeia a participação
Pena - detenção de seis meses a dois de criança ou adolescente nas cenas
anos. referidas no caput deste artigo, ou ainda
quem com esses contracena.
Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação §2º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço)
de autoridade judiciária, membro do se o agente comete o crime:
Conselho Tutelar ou representante do I – no exercício de cargo ou função
Ministério Público no exercício de função pública ou a pretexto de exercê-la;
prevista nesta Lei: II – prevalecendo-se de relações
Pena - detenção de seis meses a dois domésticas, de coabitação ou de
anos. hospitalidade; ou
III – prevalecendo-se de relações de
Art. 237. Subtrair criança ou adolescente parentesco consanguíneo ou afim até o
ao poder de quem o tem sob sua guarda em terceiro grau, ou por adoção, de tutor,
virtude de lei ou ordem judicial, com o fim curador, preceptor, empregador da vítima
de colocação em lar substituto: ou de quem, a qualquer outro título, tenha

55
Legislação Educacional

autoridade sobre ela, ou com seu comunicar às autoridades competentes a


consentimento. ocorrência das condutas descritas nos arts.
240, 241, 241-A e 241-C desta Lei, quando
Art. 241. Vender ou expor à venda a comunicação for feita por:
fotografia, vídeo ou outro registro que I – agente público no exercício de suas
contenha cena de sexo explícito ou funções;
pornográfica envolvendo criança ou II – membro de entidade, legalmente
adolescente: constituída, que inclua, entre suas
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) finalidades institucionais, o recebimento, o
anos, e multa. processamento e o encaminhamento de
notícia dos crimes referidos neste
Art. 241-A. Oferecer, trocar, parágrafo;
disponibilizar, transmitir, distribuir, III – representante legal e funcionários
publicar ou divulgar por qualquer meio, responsáveis de provedor de acesso ou
inclusive por meio de sistema de serviço prestado por meio de rede de
informática ou telemático, fotografia, vídeo computadores, até o recebimento do
ou outro registro que contenha cena de sexo material relativo à notícia feita à autoridade
explícito ou pornográfica envolvendo policial, ao Ministério Público ou ao Poder
criança ou adolescente: Judiciário.
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) §3º As pessoas referidas no §2º deste
anos, e multa. artigo deverão manter sob sigilo o material
§1º Nas mesmas penas incorre quem: ilícito referido.
I – assegura os meios ou serviços para o
armazenamento das fotografias, cenas ou Art. 241-C. Simular a participação de
imagens de que trata o caput deste artigo; criança ou adolescente em cena de sexo
II – assegura, por qualquer meio, o explícito ou pornográfica por meio de
acesso por rede de computadores às adulteração, montagem ou modificação de
fotografias, cenas ou imagens de que trata o fotografia, vídeo ou qualquer outra forma
caput deste artigo. de representação visual:
§2º As condutas tipificadas nos incisos I Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três)
e II do §1º deste artigo são puníveis quando anos, e multa.
o responsável legal pela prestação do Parágrafo único. Incorre nas mesmas
serviço, oficialmente notificado, deixa de penas quem vende, expõe à venda,
desabilitar o acesso ao conteúdo ilícito de disponibiliza, distribui, publica ou divulga
que trata o caput deste artigo. por qualquer meio, adquire, possui ou
armazena o material produzido na forma do
Art. 241-B. Adquirir, possuir ou caput deste artigo.
armazenar, por qualquer meio, fotografia,
vídeo ou outra forma de registro que Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou
contenha cena de sexo explícito ou constranger, por qualquer meio de
pornográfica envolvendo criança ou comunicação, criança, com o fim de com
adolescente: ela praticar ato libidinoso:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três)
anos, e multa. anos, e multa.
§1º A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 Parágrafo único. Nas mesmas penas
(dois terços) se de pequena quantidade o incorre quem:
material a que se refere o caput deste I – facilita ou induz o acesso à criança de
artigo. material contendo cena de sexo explícito ou
§2º Não há crime se a posse ou o pornográfica com o fim de com ela praticar
armazenamento tem a finalidade de ato libidinoso;

56
Legislação Educacional

II – pratica as condutas descritas no utilizados na prática criminosa em favor do


caput deste artigo com o fim de induzir Fundo dos Direitos da Criança e do
criança a se exibir de forma pornográfica ou Adolescente da unidade da Federação
sexualmente explícita. (Estado ou Distrito Federal) em que foi
cometido o crime, ressalvado o direito de
Art. 241-E. Para efeito dos crimes terceiro de boa-fé.
previstos nesta Lei, a expressão “cena de §1º Incorrem nas mesmas penas o
sexo explícito ou pornográfica” proprietário, o gerente ou o responsável
compreende qualquer situação que envolva pelo local em que se verifique a submissão
criança ou adolescente em atividades de criança ou adolescente às práticas
sexuais explícitas, reais ou simuladas, ou referidas no caput deste artigo.
exibição dos órgãos genitais de uma criança §2º Constitui efeito obrigatório da
ou adolescente para fins primordialmente condenação a cassação da licença de
sexuais. localização e de funcionamento do
estabelecimento.
Art. 242. Vender, fornecer ainda que
gratuitamente ou entregar, de qualquer Art. 244-B. Corromper ou facilitar a
forma, a criança ou adolescente arma, corrupção de menor de 18 (dezoito) anos,
munição ou explosivo: com ele praticando infração penal ou
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) induzindo-o a praticá-la:
anos. Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro)
anos.
Art. 243. Vender, fornecer, servir, §1º Incorre nas penas previstas no caput
ministrar ou entregar, ainda que deste artigo quem pratica as condutas ali
gratuitamente, de qualquer forma, a criança tipificadas utilizando-se de quaisquer meios
ou a adolescente, bebida alcoólica ou, sem eletrônicos, inclusive salas de bate-papo da
justa causa, outros produtos cujos internet.
componentes possam causar dependência §2º As penas previstas no caput deste
física ou psíquica: artigo são aumentadas de um terço no caso
Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) de a infração cometida ou induzida estar
anos, e multa, se o fato não constitui crime incluída no rol do art. 1 o da Lei n o 8.072,
mais grave. de 25 de julho de 1990 .

Art. 244. Vender, fornecer ainda que Capítulo II


gratuitamente ou entregar, de qualquer Das Infrações Administrativas
forma, a criança ou adolescente fogos de
estampido ou de artifício, exceto aqueles Art. 245. Deixar o médico, professor ou
que, pelo seu reduzido potencial, sejam responsável por estabelecimento de atenção
incapazes de provocar qualquer dano físico à saúde e de ensino fundamental, pré-escola
em caso de utilização indevida: ou creche, de comunicar à autoridade
Pena - detenção de seis meses a dois competente os casos de que tenha
anos, e multa. conhecimento, envolvendo suspeita ou
confirmação de maus-tratos contra criança
Art. 244-A. Submeter criança ou ou adolescente:
adolescente, como tais definidos no caput Pena - multa de três a vinte salários de
do art. 2º desta Lei, à prostituição ou à referência, aplicando-se o dobro em caso de
exploração sexual: reincidência.

Pena – reclusão de quatro a dez anos e Art. 246. Impedir o responsável ou


multa, além da perda de bens e valores funcionário de entidade de atendimento o

57
Legislação Educacional

exercício dos direitos constantes nos incisos Pena – multa.


II, III, VII, VIII e XI do art. 124 desta Lei: § 1 º Em caso de reincidência, sem
Pena - multa de três a vinte salários de prejuízo da pena de multa, a autoridade
referência, aplicando-se o dobro em caso de judiciária poderá determinar o fechamento
reincidência. do estabelecimento por até 15 (quinze)
dias.
Art. 247. Divulgar, total ou § 2 º Se comprovada a reincidência em
parcialmente, sem autorização devida, por período inferior a 30 (trinta) dias, o
qualquer meio de comunicação, nome, ato estabelecimento será definitivamente
ou documento de procedimento policial, fechado e terá sua licença cassada.
administrativo ou judicial relativo a criança
ou adolescente a que se atribua ato Art. 251. Transportar criança ou
infracional: adolescente, por qualquer meio, com
Pena - multa de três a vinte salários de inobservância do disposto nos arts. 83, 84 e
referência, aplicando-se o dobro em caso de 85 desta Lei:
reincidência. Pena - multa de três a vinte salários de
§ 1º Incorre na mesma pena quem exibe, referência, aplicando-se o dobro em caso de
total ou parcialmente, fotografia de criança reincidência.
ou adolescente envolvido em ato
infracional, ou qualquer ilustração que lhe Art. 252. Deixar o responsável por
diga respeito ou se refira a atos que lhe diversão ou espetáculo público de afixar,
sejam atribuídos, de forma a permitir sua em lugar visível e de fácil acesso, à entrada
identificação, direta ou indiretamente. do local de exibição, informação destacada
§ 2º Se o fato for praticado por órgão de sobre a natureza da diversão ou espetáculo
imprensa ou emissora de rádio ou televisão, e a faixa etária especificada no certificado
além da pena prevista neste artigo, a de classificação:
autoridade judiciária poderá determinar a Pena - multa de três a vinte salários de
apreensão da publicação ou a suspensão da referência, aplicando-se o dobro em caso de
programação da emissora até por dois dias, reincidência.
bem como da publicação do periódico até
por dois números. (Expressão declarada Art. 253. Anunciar peças teatrais, filmes
inconstitucional pela ADIN 869). ou quaisquer representações ou
espetáculos, sem indicar os limites de idade
Art. 248. (Revogado) a que não se recomendem:
Pena - multa de três a vinte salários de
Art. 249. Descumprir, dolosa ou referência, duplicada em caso de
culposamente, os deveres inerentes ao reincidência, aplicável, separadamente, à
pátrio poder poder familiar ou decorrente casa de espetáculo e aos órgãos de
de tutela ou guarda, bem assim divulgação ou publicidade.
determinação da autoridade judiciária ou
Conselho Tutelar: Art. 254. Transmitir, através de rádio ou
Pena - multa de três a vinte salários de televisão, espetáculo em horário diverso do
referência, aplicando-se o dobro em caso de autorizado ou sem aviso de sua
reincidência. classificação: (Expressão declarada
inconstitucional pela ADI 2.404).
Art. 250. Hospedar criança ou Pena - multa de vinte a cem salários de
adolescente desacompanhado dos pais ou referência; duplicada em caso de
responsável, ou sem autorização escrita reincidência a autoridade judiciária poderá
desses ou da autoridade judiciária, em determinar a suspensão da programação da
hotel, pensão, motel ou congênere: emissora por até dois dias.

58
Legislação Educacional

Art. 255. Exibir filme, trailer, peça, adotadas, de pessoas ou casais habilitados à
amostra ou congênere classificado pelo adoção e de crianças e adolescentes em
órgão competente como inadequado às regime de acolhimento institucional ou
crianças ou adolescentes admitidos ao familiar.
espetáculo:
Pena - multa de vinte a cem salários de Art. 258-B. Deixar o médico, enfermeiro
referência; na reincidência, a autoridade ou dirigente de estabelecimento de atenção
poderá determinar a suspensão do à saúde de gestante de efetuar imediato
espetáculo ou o fechamento do encaminhamento à autoridade judiciária de
estabelecimento por até quinze dias. caso de que tenha conhecimento de mãe ou
gestante interessada em entregar seu filho
Art. 256. Vender ou locar a criança ou para adoção:
adolescente fita de programação em vídeo, Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais)
em desacordo com a classificação atribuída a R$ 3.000,00 (três mil reais).
pelo órgão competente: Parágrafo único. Incorre na mesma pena
Pena - multa de três a vinte salários de o funcionário de programa oficial ou
referência; em caso de reincidência, a comunitário destinado à garantia do direito
autoridade judiciária poderá determinar o à convivência familiar que deixa de efetuar
fechamento do estabelecimento por até a comunicação referida no caput deste
quinze dias. artigo.

Art. 257. Descumprir obrigação Art. 258-C. Descumprir a proibição


constante dos arts. 78 e 79 desta Lei: estabelecida no inciso II do art. 81:
Pena - multa de três a vinte salários de Pena - multa de R$ 3.000,00 (três mil
referência, duplicando-se a pena em caso de reais) a R$ 10.000,00 (dez mil reais);
reincidência, sem prejuízo de apreensão da Medida Administrativa - interdição do
revista ou publicação. estabelecimento comercial até o
recolhimento da multa aplicada.
Art. 258. Deixar o responsável pelo
estabelecimento ou o empresário de Disposições Finais e Transitórias
observar o que dispõe esta Lei sobre o
acesso de criança ou adolescente aos locais Art. 259. A União, no prazo de noventa
de diversão, ou sobre sua participação no dias contados da publicação deste Estatuto,
espetáculo: elaborará projeto de lei dispondo sobre a
Pena - multa de três a vinte salários de criação ou adaptação de seus órgãos às
referência; em caso de reincidência, a diretrizes da política de atendimento
autoridade judiciária poderá determinar o fixadas no art. 88 e ao que estabelece o
fechamento do estabelecimento por até Título V do Livro II.
quinze dias. Parágrafo único. Compete aos estados e
municípios promoverem a adaptação de
Art. 258-A. Deixar a autoridade seus órgãos e programas às diretrizes e
competente de providenciar a instalação e princípios estabelecidos nesta Lei.
operacionalização dos cadastros previstos
no art. 50 e no § 11 do art. 101 desta Lei: Art. 260. Os contribuintes poderão
Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) efetuar doações aos Fundos dos Direitos da
a R$ 3.000,00 (três mil reais). Criança e do Adolescente nacional,
Parágrafo único. Incorre nas mesmas distrital, estaduais ou municipais,
penas a autoridade que deixa de efetuar o devidamente comprovadas, sendo essas
cadastramento de crianças e de integralmente deduzidas do imposto de
adolescentes em condições de serem renda, obedecidos os seguintes limites:

59
Legislação Educacional

I - 1% (um por cento) do imposto sobre II - não poderá ser computada como
a renda devido apurado pelas pessoas despesa operacional na apuração do lucro
jurídicas tributadas com base no lucro real; real.
e
II - 6% (seis por cento) do imposto sobre Art. 260-A. A partir do exercício de
a renda apurado pelas pessoas físicas na 2010, ano-calendário de 2009, a pessoa
Declaração de Ajuste Anual, observado o física poderá optar pela doação de que trata
disposto no art. 22 da Lei n o 9.532, de 10 o inciso II do caput do art. 260 diretamente
de dezembro de 1997 . em sua Declaração de Ajuste Anual.
§ 1º - (Revogado) §1º A doação de que trata o caput poderá
§1º -A. Na definição das prioridades a ser deduzida até os seguintes percentuais
serem atendidas com os recursos captados aplicados sobre o imposto apurado na
pelos fundos nacional, estaduais e declaração:
municipais dos direitos da criança e do I - (VETADO);
adolescente, serão consideradas as II - (VETADO);
disposições do Plano Nacional de III - 3% (três por cento) a partir do
Promoção, Proteção e Defesa do Direito de exercício de 2012.
Crianças e Adolescentes à Convivência §2º A dedução de que trata o caput :
Familiar e Comunitária e as do Plano I - está sujeita ao limite de 6% (seis por
Nacional pela Primeira Infância. cento) do imposto sobre a renda apurado na
§2º Os conselhos nacional, estaduais e declaração de que trata o inciso II do caput
municipais dos direitos da criança e do do art. 260;
adolescente fixarão critérios de utilização, II - não se aplica à pessoa física que:
por meio de planos de aplicação, das a) utilizar o desconto simplificado;
dotações subsidiadas e demais receitas, b) apresentar declaração em formulário;
aplicando necessariamente percentual para ou
incentivo ao acolhimento, sob a forma de c) entregar a declaração fora do prazo;
guarda, de crianças e adolescentes e para III - só se aplica às doações em espécie;
programas de atenção integral à primeira e
infância em áreas de maior carência IV - não exclui ou reduz outros
socioeconômica e em situações de benefícios ou deduções em vigor.
calamidade. §3º O pagamento da doação deve ser
§ 3º O Departamento da Receita Federal, efetuado até a data de vencimento da
do Ministério da Economia, Fazenda e primeira quota ou quota única do imposto,
Planejamento, regulamentará a observadas instruções específicas da
comprovação das doações feitas aos Secretaria da Receita Federal do Brasil.
fundos, nos termos deste artigo. §4º O não pagamento da doação no
§ 4º O Ministério Público determinará prazo estabelecido no §3º implica a glosa
em cada comarca a forma de fiscalização da definitiva desta parcela de dedução, ficando
aplicação, pelo Fundo Municipal dos a pessoa física obrigada ao recolhimento da
Direitos da Criança e do Adolescente, dos diferença de imposto devido apurado na
incentivos fiscais referidos neste artigo. Declaração de Ajuste Anual com os
§5º Observado o disposto no §4º do art. acréscimos legais previstos na legislação.
3 o da Lei n o 9.249, de 26 de dezembro de §5º A pessoa física poderá deduzir do
1995, a dedução de que trata o inciso I do imposto apurado na Declaração de Ajuste
caput: Anual as doações feitas, no respectivo ano-
I - será considerada isoladamente, não se calendário, aos fundos controlados pelos
submetendo a limite em conjunto com Conselhos dos Direitos da Criança e do
outras deduções do imposto; e Adolescente municipais, distrital, estaduais
e nacional concomitantemente com a opção

60
Legislação Educacional

de que trata o caput, respeitado o limite houve avaliação, o nome, CPF ou CNPJ e
previsto no inciso II do art. 260. endereço dos avaliadores.

Art. 260-B. A doação de que trata o Art. 260-E. Na hipótese da doação em


inciso I do art. 260 poderá ser deduzida: bens, o doador deverá:
I - do imposto devido no trimestre, para I - comprovar a propriedade dos bens,
as pessoas jurídicas que apuram o imposto mediante documentação hábil;
trimestralmente; e II - baixar os bens doados na declaração
II - do imposto devido mensalmente e no de bens e direitos, quando se tratar de
ajuste anual, para as pessoas jurídicas que pessoa física, e na escrituração, no caso de
apuram o imposto anualmente. pessoa jurídica; e
Parágrafo único. A doação deverá ser III - considerar como valor dos bens
efetuada dentro do período a que se refere a doados:
apuração do imposto. a) para as pessoas físicas, o valor
constante da última declaração do imposto
Art. 260-C. As doações de que trata o art. de renda, desde que não exceda o valor de
260 desta Lei podem ser efetuadas em mercado;
espécie ou em bens. b) para as pessoas jurídicas, o valor
Parágrafo único. As doações efetuadas contábil dos bens.
em espécie devem ser depositadas em conta Parágrafo único. O preço obtido em caso
específica, em instituição financeira de leilão não será considerado na
pública, vinculadas aos respectivos fundos determinação do valor dos bens doados,
de que trata o art. 260. exceto se o leilão for determinado por
autoridade judiciária.
Art. 260-D. Os órgãos responsáveis pela
administração das contas dos Fundos dos Art. 260-F. Os documentos a que se
Direitos da Criança e do Adolescente referem os arts. 260-D e 260-E devem ser
nacional, estaduais, distrital e municipais mantidos pelo contribuinte por um prazo de
devem emitir recibo em favor do doador, 5 (cinco) anos para fins de comprovação da
assinado por pessoa competente e pelo dedução perante a Receita Federal do
presidente do Conselho correspondente, Brasil.
especificando:
I - número de ordem; Art. 260-G. Os órgãos responsáveis pela
II - nome, Cadastro Nacional da Pessoa administração das contas dos Fundos dos
Jurídica (CNPJ) e endereço do emitente; Direitos da Criança e do Adolescente
III - nome, CNPJ ou Cadastro de Pessoas nacional, estaduais, distrital e municipais
Físicas (CPF) do doador; devem:
IV - data da doação e valor efetivamente I - manter conta bancária específica
recebido; e destinada exclusivamente a gerir os
V - ano-calendário a que se refere a recursos do Fundo;
doação. II - manter controle das doações
§1º O comprovante de que trata o caput recebidas; e
deste artigo pode ser emitido anualmente, III - informar anualmente à Secretaria da
desde que discrimine os valores doados mês Receita Federal do Brasil as doações
a mês. recebidas mês a mês, identificando os
§2º No caso de doação em bens, o seguintes dados por doador:
comprovante deve conter a identificação a) nome, CNPJ ou CPF;
dos bens, mediante descrição em campo b) valor doado, especificando se a
próprio ou em relação anexa ao doação foi em espécie ou em bens.
comprovante, informando também se

61
Legislação Educacional

Art. 260-H. Em caso de descumprimento relação atualizada dos Fundos dos Direitos
das obrigações previstas no art. 260-G, a da Criança e do Adolescente nacional,
Secretaria da Receita Federal do Brasil dará distrital, estaduais e municipais, com a
conhecimento do fato ao Ministério indicação dos respectivos números de
Público. inscrição no CNPJ e das contas bancárias
específicas mantidas em instituições
Art. 260-I. Os Conselhos dos Direitos da financeiras públicas, destinadas
Criança e do Adolescente nacional, exclusivamente a gerir os recursos dos
estaduais, distrital e municipais divulgarão Fundos.
amplamente à comunidade:
I - o calendário de suas reuniões; Art. 260-L. A Secretaria da Receita
II - as ações prioritárias para aplicação Federal do Brasil expedirá as instruções
das políticas de atendimento à criança e ao necessárias à aplicação do disposto nos arts.
adolescente; 260 a 260-K.
III - os requisitos para a apresentação de
projetos a serem beneficiados com recursos Art. 261. A falta dos conselhos
dos Fundos dos Direitos da Criança e do municipais dos direitos da criança e do
Adolescente nacional, estaduais, distrital ou adolescente, os registros, inscrições e
municipais; alterações a que se referem os arts. 90,
IV - a relação dos projetos aprovados em parágrafo único, e 91 desta Lei serão
cada ano-calendário e o valor dos recursos efetuados perante a autoridade judiciária da
previstos para implementação das ações, comarca a que pertencer a entidade.
por projeto; Parágrafo único. A União fica autorizada
V - o total dos recursos recebidos e a a repassar aos estados e municípios, e os
respectiva destinação, por projeto atendido, estados aos municípios, os recursos
inclusive com cadastramento na base de referentes aos programas e atividades
dados do Sistema de Informações sobre a previstos nesta Lei, tão logo estejam criados
Infância e a Adolescência; e os conselhos dos direitos da criança e do
VI - a avaliação dos resultados dos adolescente nos seus respectivos níveis.
projetos beneficiados com recursos dos
Fundos dos Direitos da Criança e do Art. 262. Enquanto não instalados os
Adolescente nacional, estaduais, distrital e Conselhos Tutelares, as atribuições a eles
municipais. conferidas serão exercidas pela autoridade
judiciária.
Art. 260-J. O Ministério Público
determinará, em cada Comarca, a forma de Art. 263. O Decreto-Lei n.º 2.848, de 7
fiscalização da aplicação dos incentivos de dezembro de 1940 (Código Penal), passa
fiscais referidos no art. 260 desta Lei. a vigorar com as seguintes alterações:
Parágrafo único. O descumprimento do
disposto nos arts. 260-G e 260-I sujeitará os 1) Art. 121
infratores a responder por ação judicial .........................................................
proposta pelo Ministério Público, que § 4º No homicídio culposo, a pena é
poderá atuar de ofício, a requerimento ou aumentada de um terço, se o crime resulta
representação de qualquer cidadão. de inobservância de regra técnica de
profissão, arte ou ofício, ou se o agente
Art. 260-K. A Secretaria de Direitos deixa de prestar imediato socorro à vítima,
Humanos da Presidência da República não procura diminuir as consequências do
(SDH/PR) encaminhará à Secretaria da seu ato, ou foge para evitar prisão em
Receita Federal do Brasil, até 31 de outubro flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena
de cada ano, arquivo eletrônico contendo a é aumentada de um terço, se o crime é

62
Legislação Educacional

praticado contra pessoa menor de catorze direitos da criança e do adolescente nos


anos. meios de comunicação social.
Parágrafo único. A divulgação a que se
2) Art. 129 refere o caput será veiculada em linguagem
......................................................... clara, compreensível e adequada a crianças
§ 7º Aumenta-se a pena de um terço, se e adolescentes, especialmente às crianças
ocorrer qualquer das hipóteses do art. 121, com idade inferior a 6 (seis) anos.
§ 4º.
§ 8º Aplica-se à lesão culposa o disposto Art. 266. Esta Lei entra em vigor
no § 5º do art. 121. noventa dias após sua publicação.
Parágrafo único. Durante o período de
3) Art. vacância deverão ser promovidas
136......................................................... atividades e campanhas de divulgação e
§ 3º Aumenta-se a pena de um terço, se esclarecimentos acerca do disposto nesta
o crime é praticado contra pessoa menor de Lei.
catorze anos.
Art. 267. Revogam-se as Leis n.º 4.513,
4) Art. 213 de 1964, e 6.697, de 10 de outubro de 1979
......................................................... (Código de Menores), e as demais
Parágrafo único. Se a ofendida é menor disposições em contrário.
de catorze anos:
Pena - reclusão de quatro a dez anos. Brasília, 13 de julho de 1990; 169º da
Independência e 102º da República.
5) Art.
214......................................................... FERNANDO COLLOR
Parágrafo único. Se o ofendido é menor
de catorze anos: Questões
Pena - reclusão de três a nove anos.»
01. (Prefeitura de Louveira/SP -
Art. 264. O art. 102 da Lei n.º 6.015, de Professor de Educação Básica – Avança
31 de dezembro de 1973, fica acrescido do SP/2022) A precedência de atendimento
seguinte item: nos serviços públicos ou de relevância
"Art. 102 pública, assim como a preferência na
........................................................... formulação e na execução das políticas
sociais públicas, são condições
6º) a perda e a suspensão do pátrio poder. compreendidas pelo ECA, em seu artigo 4º,
" como:
A - Direitos à liberdade.
Art. 265. A Imprensa Nacional e demais B - Direitos ao respeito.
gráficas da União, da administração direta C - Garantias de prioridade.
ou indireta, inclusive fundações instituídas D - Garantias de segurança.
e mantidas pelo poder público federal E - Direitos e fins sociais.
promoverão edição popular do texto
integral deste Estatuto, que será posto à 02. (Prefeitura de Louveira/SP -
disposição das escolas e das entidades de Professor de Educação Básica –
atendimento e de defesa dos direitos da Avança/2022) O Estatuto da Criança e do
criança e do adolescente. Adolescente – ECA, em seu artigo 7º,
aponta que a criança e o adolescente têm
Art. 265-A. O poder público fará direito a proteção à vida e à saúde,
periodicamente ampla divulgação dos mediante:

63
Legislação Educacional

A - o acesso aos programas e às políticas E) O armazenamento doloso de fotografia,


de saúde da mulher e de planejamento por qualquer meio, que contenha cena de sexo
reprodutivo. explícito ou pornográfica envolvendo criança
B - fins sociais a que ela se dirige, as ou adolescente é crime do art. 241-B do ECA,
excetuando as hipóteses previstas no § 2o do
exigências do bem comum, os direitos e
referido art. 241-B do ECA.
deveres individuais e coletivos.
C - condição peculiar da criança e do 04. (PM-SP - VUNESP/2022) Assinale a
adolescente como pessoas em alternativa que corretamente contempla um
desenvolvimento. crime previsto na Lei nº 8.069/90 (Estatuto da
D - destinação privilegiada de recursos Criança e do Adolescente).
públicos nas áreas relacionadas com a A) Descumprir, dolosa ou culposamente, os
proteção à infância e à juventude. deveres inerentes ao poder familiar ou
E - a efetivação de políticas sociais decorrente de tutela ou guarda, bem assim
públicas que permitam o nascimento e o determinação da autoridade judiciária ou
desenvolvimento sadio e harmonioso, em Conselho Tutelar.
condições dignas de existência. B) Hospedar criança ou adolescente
desacompanhado dos pais ou responsável, ou
sem autorização escrita desses ou da autoridade
03. (MPE-SP - MPE/SP - 2022) Assinale a
judiciária, em hotel, pensão, motel ou
alternativa correta acerca dos crimes do
congênere.
Estatuto da Criança e do Adolescente.
C) Anunciar peças teatrais, filmes ou
A) Não existe um tipo penal no ECA acerca
quaisquer representações ou espetáculos, sem
da simulação de participação de criança ou
indicar os limites de idade a que não se
adolescente em cena de sexo explícito ou
recomendem.
pornográfica, devendo, para configuração de
D) Deixar a autoridade policial responsável
crime, existir a real participação de criança ou
pela apreensão de criança ou adolescente de
adolescente nesse tipo de cena.
fazer imediata comunicação à autoridade
B) O tipo penal do art. 228 do ECA (“Deixar
judiciária competente e à família do apreendido
o encarregado de serviço ou o dirigente de
ou à pessoa por ele indicada.
estabelecimento de atenção à saúde de gestante
de manter registro das atividades
desenvolvidas, na forma e prazos referidos no 05. (TJ-AP - FGV/2022) Stephany, criança
art. 10, bem como de fornecer à parturiente ou de 9 anos, aparece na escola com hematomas
a seu responsável, por ocasião da alta médica, pelo corpo e corrimento vaginal e revela para
declaração de nascimento, onde constem as sua professora do ensino fundamental,
intercorrências do parto e do desenvolvimento Carolina, que sofreu abuso sexual praticado
do neonato”) admite somente a forma dolosa e pelo seu padrasto, Ernesto. Após conversar com
não a culposa. a mãe e o padrasto, que desmentem a criança,
C) O tipo penal do art. 229 do ECA (“Deixar Carolina relata os fatos à diretora da escola,
o médico, enfermeiro ou dirigente de Margarida, que se abstém de noticiar a violação
estabelecimento de atenção à saúde de gestante de direitos ao órgão com atribuição.
de identificar corretamente o neonato e a Considerando o disposto na Lei nº
parturiente, por ocasião do parto, bem como 8.069/1990 (ECA), é correto afirmar que a
deixar de proceder aos exames referidos no art. diretora:
10 desta Lei”) admite somente a forma dolosa e A) praticou crime previsto no ECA e deveria
não a culposa. ter noticiado o fato ao juiz da Infância e
D) O tipo penal do art. 241-D do Estatuto da Juventude, conforme previsão legal;
Criança e do Adolescente, que trata do B) praticou infração administrativa prevista
aliciamento, assédio, instigação ou no ECA e deveria ter noticiado o fato ao
constrangimento, por qualquer meio de Conselho Tutelar, conforme previsão legal;
comunicação, possui como sujeito passivo a C) praticou crime previsto no ECA e deveria
criança ou o adolescente. ter noticiado o fato ao promotor de justiça,
conforme previsão legal;

64
Legislação Educacional

D) praticou infração administrativa prevista familiar, na convivência humana, no


no ECA e deveria ter noticiado o fato ao trabalho, nas instituições de ensino e
Conselho Municipal de Direitos da Criança e do pesquisa, nos movimentos sociais e
Adolescente, conforme previsão legal; organizações da sociedade civil e nas
E) não praticou crime ou infração
manifestações culturais.
administrativa previstos no ECA, na medida em
que, após a apuração dos fatos, não restou
§ 1º Esta Lei disciplina a educação
comprovado o abuso. escolar, que se desenvolve,
predominantemente, por meio do ensino,
06. (ISE-AC - IBADE/2021) O agente em instituições próprias.
socioeducativo que submete adolescente sob § 2º A educação escolar deverá vincular-
sua autoridade e vigilância a situação vexatória: se ao mundo do trabalho e à prática social.
A) não comete nenhum crime.
B) não comete nem crime, nem infração TÍTULO II
administrativa previstos no ECA. Dos Princípios e Fins da Educação
C) comete crime previsto no ECA. Nacional
D) comete infração administrativa prevista
no ECA.
Art. 2º A educação, dever da família e do
E) comete crime punido com pena de
reclusão.
Estado, inspirada nos princípios de
liberdade e nos ideais de solidariedade
Alternativas humana, tem por finalidade o pleno
desenvolvimento do educando, seu preparo
01.C (art.4º) para o exercício da cidadania e sua
02. E (art. 7º) qualificação para o trabalho.
03.E (artigos correspondente)
04.D (art. 231) Art. 3º O ensino será ministrado com
05.B (art. 245 c.c art. 13) base nos seguintes princípios:
06. C (art.232) I - igualdade de condições para o acesso
e permanência na escola;
II - liberdade de aprender, ensinar,
2. Lei de Diretrizes e Bases da Educação - pesquisar e divulgar a cultura, o
Lei nº 9.394/96. pensamento, a arte e o saber;
III - pluralismo de ideias e de
concepções pedagógicas;
LEI Nº 9.394, DE 20 DE IV - respeito à liberdade e apreço à
DEZEMBRO DE 19962 tolerância;
V - coexistência de instituições públicas
Estabelece as diretrizes e bases da e privadas de ensino;
educação nacional. VI - gratuidade do ensino público em
estabelecimentos oficiais;
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA VII - valorização do profissional da
Faço saber que o Congresso Nacional educação escolar;
decreta e eu sanciono a seguinte Lei: VIII - gestão democrática do ensino
público, na forma desta Lei e da legislação
TÍTULO I dos sistemas de ensino;
Da Educação IX - garantia de padrão de qualidade;
X - valorização da experiência extra-
Art. 1º A educação abrange os processos escolar;
formativos que se desenvolvem na vida

02 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm, visitado em:


10.10.2022.

65
Legislação Educacional

XI - vinculação entre a educação escolar, VIII - atendimento ao educando, em


o trabalho e as práticas sociais. todas as etapas da educação básica, por
XII - consideração com a diversidade meio de programas suplementares de
étnico-racial. material didático-escolar, transporte,
XIII - garantia do direito à educação e à alimentação e assistência à saúde;
aprendizagem ao longo da vida. IX – padrões mínimos de qualidade do
XIV - respeito à diversidade humana, ensino, definidos como a variedade e a
linguística, cultural e identitária das pessoas quantidade mínimas, por aluno, de insumos
surdas, surdo-cegas e com deficiência indispensáveis ao desenvolvimento do
auditiva. (Incluído pela Lei nº 14.191, de processo de ensino-aprendizagem
2021) adequados à idade e às necessidades
específicas de cada estudante, inclusive
TÍTULO III mediante a provisão de mobiliário,
Do Direito à Educação e do Dever de equipamentos e materiais pedagógicos
Educar apropriados; (Redação dada pela Lei nº
14.333, de 2022)
Art. 4º O dever do Estado com educação X – vaga na escola pública de educação
escolar pública será efetivado mediante a infantil ou de ensino fundamental mais
garantia de: próxima de sua residência a toda criança a
I - educação básica obrigatória e gratuita partir do dia em que completar 4 (quatro)
dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de anos de idade.
idade, organizada da seguinte forma: XI – alfabetização plena e capacitação
a) pré-escola; gradual para a leitura ao longo da educação
b) ensino fundamental; básica como requisitos indispensáveis para
c) ensino médio; a efetivação dos direitos e objetivos de
II - educação infantil gratuita às crianças aprendizagem e para o desenvolvimento
de até 5 (cinco) anos de idade; dos indivíduos. (Incluído pela Lei nº
14.407, de 2022)
III - atendimento educacional
especializado gratuito aos educandos com Art. 4º-A. É assegurado atendimento
deficiência, transtornos globais do educacional, durante o período de
desenvolvimento e altas habilidades ou internação, ao aluno da educação básica
superdotação, transversal a todos os níveis, internado para tratamento de saúde em
etapas e modalidades, preferencialmente na regime hospitalar ou domiciliar por tempo
rede regular de ensino; prolongado, conforme dispuser o Poder
IV - acesso público e gratuito aos Público em regulamento, na esfera de sua
ensinos fundamental e médio para todos os competência federativa. .
que não os concluíram na idade própria;
V - acesso aos níveis mais elevados do Art. 5º O acesso à educação básica
ensino, da pesquisa e da criação artística, obrigatória é direito público subjetivo,
segundo a capacidade de cada um; podendo qualquer cidadão, grupo de
VI - oferta de ensino noturno regular, cidadãos, associação comunitária,
adequado às condições do educando; organização sindical, entidade de classe ou
VII - oferta de educação escolar regular outra legalmente constituída e, ainda, o
para jovens e adultos, com características e Ministério Público, acionar o poder público
modalidades adequadas às suas para exigi-lo.
necessidades e disponibilidades, § 1º O poder público, na esfera de sua
garantindo-se aos que forem trabalhadores competência federativa, deverá:
as condições de acesso e permanência na I - recensear anualmente as crianças e
escola; adolescentes em idade escolar, bem como

66
Legislação Educacional

os jovens e adultos que não concluíram a consciência e de crença, o direito de,


educação básica; mediante prévio e motivado requerimento,
II - fazer-lhes a chamada pública; ausentar-se de prova ou de aula marcada
III - zelar, junto aos pais ou para dia em que, segundo os preceitos de
responsáveis, pela frequência à escola. sua religião, seja vedado o exercício de tais
§ 2º Em todas as esferas administrativas, atividades, devendo-se-lhe atribuir, a
o Poder Público assegurará em primeiro critério da instituição e sem custos para o
lugar o acesso ao ensino obrigatório, nos aluno, uma das seguintes prestações
termos deste artigo, contemplando em alternativas, nos termos do inciso VIII do
seguida os demais níveis e modalidades de caput do art. 5º da Constituição Federal.
ensino, conforme as prioridades I - prova ou aula de reposição, conforme
constitucionais e legais. o caso, a ser realizada em data alternativa,
§ 3º Qualquer das partes mencionadas no no turno de estudo do aluno ou em outro
caput deste artigo tem legitimidade para horário agendado com sua anuência
peticionar no Poder Judiciário, na hipótese expressa;
do § 2º do art. 208 da Constituição Federal, II - trabalho escrito ou outra modalidade
sendo gratuita e de rito sumário a ação de atividade de pesquisa, com tema,
judicial correspondente. objetivo e data de entrega definidos pela
§ 4º Comprovada a negligência da instituição de ensino.
autoridade competente para garantir o § 1º A prestação alternativa deverá
oferecimento do ensino obrigatório, poderá observar os parâmetros curriculares e o
ela ser imputada por crime de plano de aula do dia da ausência do aluno.
responsabilidade. § 2º O cumprimento das formas de
§ 5º Para garantir o cumprimento da prestação alternativa de que trata este artigo
obrigatoriedade de ensino, o Poder Público substituirá a obrigação original para todos
criará formas alternativas de acesso aos os efeitos, inclusive regularização do
diferentes níveis de ensino, registro de frequência.
independentemente da escolarização § 3º As instituições de ensino
anterior. implementarão progressivamente, no prazo
de 2 (dois) anos, as providências e
Art. 6º É dever dos pais ou responsáveis adaptações necessárias à adequação de seu
efetuar a matrícula das crianças na funcionamento às medidas previstas neste
educação básica a partir dos 4 (quatro) anos artigo.
de idade. § 4º O disposto neste artigo não se aplica
ao ensino militar a que se refere o art. 83
Art. 7º O ensino é livre à iniciativa desta Lei.
privada, atendidas as seguintes condições: TÍTULO IV
I - cumprimento das normas gerais da Da Organização da Educação
educação nacional e do respectivo sistema Nacional
de ensino;
II - autorização de funcionamento e Art. 8º A União, os Estados, o Distrito
avaliação de qualidade pelo Poder Público; Federal e os Municípios organizarão, em
III - capacidade de autofinanciamento, regime de colaboração, os respectivos
ressalvado o previsto no art. 213 da sistemas de ensino.
Constituição Federal. § 1º Caberá à União a coordenação da
política nacional de educação, articulando
Art. 7º-A Ao aluno regularmente os diferentes níveis e sistemas e exercendo
matriculado em instituição de ensino função normativa, redistributiva e supletiva
pública ou privada, de qualquer nível, é em relação às demais instâncias
assegurado, no exercício da liberdade de educacionais.

67
Legislação Educacional

§ 2º Os sistemas de ensino terão e os estabelecimentos do seu sistema de


liberdade de organização nos termos desta ensino.
Lei. § 1º Na estrutura educacional, haverá um
Conselho Nacional de Educação, com
Art. 9º A União incumbir-se-á de: funções normativas e de supervisão e
I - elaborar o Plano Nacional de atividade permanente, criado por lei.
Educação, em colaboração com os Estados, § 2° Para o cumprimento do disposto nos
o Distrito Federal e os Municípios; incisos V a IX, a União terá acesso a todos
II - organizar, manter e desenvolver os os dados e informações necessários de
órgãos e instituições oficiais do sistema todos os estabelecimentos e órgãos
federal de ensino e o dos Territórios; educacionais.
III - prestar assistência técnica e § 3º As atribuições constantes do inciso
financeira aos Estados, ao Distrito Federal IX poderão ser delegadas aos Estados e ao
e aos Municípios para o desenvolvimento Distrito Federal, desde que mantenham
de seus sistemas de ensino e o atendimento instituições de educação superior.
prioritário à escolaridade obrigatória,
exercendo sua função redistributiva e Art. 10. Os Estados incumbir-se-ão de:
supletiva; I - organizar, manter e desenvolver os
IV - estabelecer, em colaboração com os órgãos e instituições oficiais dos seus
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, sistemas de ensino;
competências e diretrizes para a educação II - definir, com os Municípios, formas
infantil, o ensino fundamental e o ensino de colaboração na oferta do ensino
médio, que nortearão os currículos e seus fundamental, as quais devem assegurar a
conteúdos mínimos, de modo a assegurar distribuição proporcional das
formação básica comum; responsabilidades, de acordo com a
IV-A - estabelecer, em colaboração com população a ser atendida e os recursos
os Estados, o Distrito Federal e os financeiros disponíveis em cada uma dessas
Municípios, diretrizes e procedimentos para esferas do Poder Público;
identificação, cadastramento e III - elaborar e executar políticas e
atendimento, na educação básica e na planos educacionais, em consonância com
educação superior, de alunos com altas as diretrizes e planos nacionais de
habilidades ou superdotação; educação, integrando e coordenando as
V - coletar, analisar e disseminar suas ações e as dos seus Municípios;
informações sobre a educação; IV - autorizar, reconhecer, credenciar,
VI - assegurar processo nacional de supervisionar e avaliar, respectivamente, os
avaliação do rendimento escolar no ensino cursos das instituições de educação superior
fundamental, médio e superior, em e os estabelecimentos do seu sistema de
colaboração com os sistemas de ensino, ensino;
objetivando a definição de prioridades e a V - baixar normas complementares para
melhoria da qualidade do ensino; o seu sistema de ensino;
VII - baixar normas gerais sobre cursos VI - assegurar o ensino fundamental e
de graduação e pós-graduação; oferecer, com prioridade, o ensino médio a
VIII - assegurar processo nacional de todos que o demandarem, respeitado o
avaliação das instituições de educação disposto no art. 38 desta Lei;
superior, com a cooperação dos sistemas VII - assumir o transporte escolar dos
que tiverem responsabilidade sobre este alunos da rede estadual.
nível de ensino; Parágrafo único. Ao Distrito Federal
IX - autorizar, reconhecer, credenciar, aplicar-se-ão as competências referentes
supervisionar e avaliar, respectivamente, os aos Estados e aos Municípios.
cursos das instituições de educação superior

68
Legislação Educacional

Art. 11. Os Municípios incumbir-se-ão rendimento dos alunos, bem como sobre a
de: execução da proposta pedagógica da
I - organizar, manter e desenvolver os escola;
órgãos e instituições oficiais dos seus VIII – notificar ao Conselho Tutelar do
sistemas de ensino, integrando-os às Município a relação dos alunos que
políticas e planos educacionais da União e apresentem quantidade de faltas acima de
dos Estados; 30% (trinta por cento) do percentual
II - exercer ação redistributiva em permitido em lei;
relação às suas escolas; IX - promover medidas de
III - baixar normas complementares para conscientização, de prevenção e de
o seu sistema de ensino; combate a todos os tipos de violência,
IV - autorizar, credenciar e supervisionar especialmente a intimidação sistemática
os estabelecimentos do seu sistema de (bullying), no âmbito das escolas;
ensino; X - estabelecer ações destinadas a
V - oferecer a educação infantil em promover a cultura de paz nas escolas
creches e pré-escolas, e, com prioridade, o XI - promover ambiente escolar seguro,
ensino fundamental, permitida a atuação adotando estratégias de prevenção e
em outros níveis de ensino somente quando enfrentamento ao uso ou dependência de
estiverem atendidas plenamente as drogas.
necessidades de sua área de competência e
com recursos acima dos percentuais Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de:
mínimos vinculados pela Constituição I - participar da elaboração da proposta
Federal à manutenção e desenvolvimento pedagógica do estabelecimento de ensino;
do ensino. II - elaborar e cumprir plano de trabalho,
VI - assumir o transporte escolar dos segundo a proposta pedagógica do
alunos da rede municipal. estabelecimento de ensino;
Parágrafo único. Os Municípios poderão III - zelar pela aprendizagem dos alunos;
optar, ainda, por se integrar ao sistema IV - estabelecer estratégias de
estadual de ensino ou compor com ele um recuperação para os alunos de menor
sistema único de educação básica. rendimento;
V - ministrar os dias letivos e horas-aula
Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, estabelecidos, além de participar
respeitadas as normas comuns e as do seu integralmente dos períodos dedicados ao
sistema de ensino, terão a incumbência de: planejamento, à avaliação e ao
I - elaborar e executar sua proposta desenvolvimento profissional;
pedagógica; VI - colaborar com as atividades de
II - administrar seu pessoal e seus articulação da escola com as famílias e a
recursos materiais e financeiros; comunidade.
III - assegurar o cumprimento dos dias
letivos e horas-aula estabelecidas; Art. 14. Os sistemas de ensino definirão
IV - velar pelo cumprimento do plano de as normas da gestão democrática do ensino
trabalho de cada docente; público na educação básica, de acordo com
V - prover meios para a recuperação dos as suas peculiaridades e conforme os
alunos de menor rendimento; seguintes princípios:
VI - articular-se com as famílias e a I - participação dos profissionais da
comunidade, criando processos de educação na elaboração do projeto
integração da sociedade com a escola; pedagógico da escola;
VII - informar pai e mãe, conviventes ou II - participação das comunidades
não com seus filhos, e, se for o caso, os escolar e local em conselhos escolares ou
responsáveis legais, sobre a frequência e equivalentes.

69
Legislação Educacional

Art. 15. Os sistemas de ensino II - privadas, assim entendidas as


assegurarão às unidades escolares públicas mantidas e administradas por pessoas
de educação básica que os integram físicas ou jurídicas de direito privado.
progressivos graus de autonomia III - comunitárias, na forma da lei
pedagógica e administrativa e de gestão § 1º As instituições de ensino a que se
financeira, observadas as normas gerais de referem os incisos II e III do caput deste
direito financeiro público. artigo podem qualificar-se como
confessionais, atendidas a orientação
Art. 16. O sistema federal de ensino confessional e a ideologia específicas.
compreende: § 2º As instituições de ensino a que se
I - as instituições de ensino mantidas referem os incisos II e III do caput deste
pela União; artigo podem ser certificadas como
II - as instituições de educação superior filantrópicas, na forma da lei.
mantidas pela iniciativa privada;
III - os órgãos federais de educação. Art. 20. As instituições privadas de
ensino se enquadrarão nas seguintes
Art. 17. Os sistemas de ensino dos categorias:
Estados e do Distrito Federal I - (Revogado)
compreendem: II - Revogado)
I - as instituições de ensino mantidas, III - (Revogado)
respectivamente, pelo Poder Público IV - (Revogado)
estadual e pelo Distrito Federal;
II - as instituições de educação superior TÍTULO V
mantidas pelo Poder Público municipal; Dos Níveis e das Modalidades de
III - as instituições de ensino Educação e Ensino
fundamental e médio criadas e mantidas CAPÍTULO I
pela iniciativa privada; Da Composição dos Níveis Escolares
IV - os órgãos de educação estaduais e
do Distrito Federal, respectivamente. Art. 21. A educação escolar compõe-se
Parágrafo único. No Distrito Federal, as de:
instituições de educação infantil, criadas e I - educação básica, formada pela
mantidas pela iniciativa privada, integram educação infantil, ensino fundamental e
seu sistema de ensino. ensino médio;
II - educação superior.
Art. 18. Os sistemas municipais de
ensino compreendem: CAPÍTULO II
I - as instituições do ensino fundamental, DA EDUCAÇÃO BÁSICA
médio e de educação infantil mantidas pelo Seção I
Poder Público municipal; Das Disposições Gerais
II - as instituições de educação infantil
criadas e mantidas pela iniciativa privada; Art. 22. A educação básica tem por
III – os órgãos municipais de educação. finalidades desenvolver o educando,
assegurar-lhe a formação comum
Art. 19. As instituições de ensino dos indispensável para o exercício da cidadania
diferentes níveis classificam-se nas e fornecer-lhe meios para progredir no
seguintes categorias administrativas: trabalho e em estudos posteriores.
I - públicas, assim entendidas as criadas Parágrafo único. São objetivos
ou incorporadas, mantidas e administradas precípuos da educação básica a
pelo Poder Público; alfabetização plena e a formação de
leitores, como requisitos essenciais para o

70
Legislação Educacional

cumprimento das finalidades constantes do III - nos estabelecimentos que adotam a


caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº progressão regular por série, o regimento
14.407, de 2022) escolar pode admitir formas de progressão
parcial, desde que preservada a sequência
Art. 23. A educação básica poderá do currículo, observadas as normas do
organizar-se em séries anuais, períodos respectivo sistema de ensino;
semestrais, ciclos, alternância regular de IV - poderão organizar-se classes, ou
períodos de estudos, grupos não-seriados, turmas, com alunos de séries distintas, com
com base na idade, na competência e em níveis equivalentes de adiantamento na
outros critérios, ou por forma diversa de matéria, para o ensino de línguas
organização, sempre que o interesse do estrangeiras, artes, ou outros componentes
processo de aprendizagem assim o curriculares;
recomendar. V - a verificação do rendimento escolar
§ 1º A escola poderá reclassificar os observará os seguintes critérios:
alunos, inclusive quando se tratar de a) avaliação contínua e cumulativa do
transferências entre estabelecimentos desempenho do aluno, com prevalência dos
situados no País e no exterior, tendo como aspectos qualitativos sobre os quantitativos
base as normas curriculares gerais. e dos resultados ao longo do período sobre
§ 2º O calendário escolar deverá os de eventuais provas finais;
adequar-se às peculiaridades locais, b) possibilidade de aceleração de
inclusive climáticas e econômicas, a estudos para alunos com atraso escolar;
critério do respectivo sistema de ensino,
sem com isso reduzir o número de horas c) possibilidade de avanço nos cursos e
letivas previsto nesta Lei. nas séries mediante verificação do
aprendizado;
Art. 24. A educação básica, nos níveis d) aproveitamento de estudos concluídos
fundamental e médio, será organizada de com êxito;
acordo com as seguintes regras comuns: e) obrigatoriedade de estudos de
I - a carga horária mínima anual será de recuperação, de preferência paralelos ao
oitocentas horas para o ensino fundamental período letivo, para os casos de baixo
e para o ensino médio, distribuídas por um rendimento escolar, a serem disciplinados
mínimo de duzentos dias de efetivo pelas instituições de ensino em seus
trabalho escolar, excluído o tempo regimentos;
reservado aos exames finais, quando VI - o controle de frequência fica a cargo
houver; da escola, conforme o disposto no seu
II - a classificação em qualquer série ou regimento e nas normas do respectivo
etapa, exceto a primeira do ensino sistema de ensino, exigida a frequência
fundamental, pode ser feita: mínima de setenta e cinco por cento do total
a) por promoção, para alunos que de horas letivas para aprovação;
cursaram, com aproveitamento, a série ou
fase anterior, na própria escola; VII - cabe a cada instituição de ensino
b) por transferência, para candidatos expedir históricos escolares, declarações de
procedentes de outras escolas; conclusão de série e diplomas ou
c) independentemente de escolarização certificados de conclusão de cursos, com as
anterior, mediante avaliação feita pela especificações cabíveis.
escola, que defina o grau de § 1º A carga horária mínima anual de que
desenvolvimento e experiência do trata o inciso I do caput deverá ser ampliada
candidato e permita sua inscrição na série de forma progressiva, no ensino médio,
ou etapa adequada, conforme para mil e quatrocentas horas, devendo os
regulamentação do respectivo sistema de sistemas de ensino oferecer, no prazo
ensino; máximo de cinco anos, pelo menos mil

71
Legislação Educacional

horas anuais de carga horária, a partir de 2 educação básica, sendo sua prática
de março de 2017. facultativa ao aluno:
§ 2o Os sistemas de ensino disporão I – que cumpra jornada de trabalho igual
sobre a oferta de educação de jovens e ou superior a seis horas;
adultos e de ensino noturno regular, II – maior de trinta anos de idade;
adequado às condições do educando, III – que estiver prestando serviço
conforme o inciso VI do art. 4º. militar inicial ou que, em situação similar,
estiver obrigado à prática da educação
Art. 25. Será objetivo permanente das física;
autoridades responsáveis alcançar relação IV – amparado pelo Decreto-Lei no
adequada entre o número de alunos e o 1.044, de 21 de outubro de 1969;
professor, a carga horária e as condições V – (VETADO)
materiais do estabelecimento. VI – que tenha prole.
Parágrafo único. Cabe ao respectivo § 4º O ensino da História do Brasil levará
sistema de ensino, à vista das condições em conta as contribuições das diferentes
disponíveis e das características regionais e culturas e etnias para a formação do povo
locais, estabelecer parâmetro para brasileiro, especialmente das matrizes
atendimento do disposto neste artigo. indígena, africana e europeia.
§ 5º No currículo do ensino fundamental,
Art. 26. Os currículos do ensino a partir do sexto ano, será ofertada a língua
fundamental e médio devem ter uma base inglesa.
nacional comum, a ser complementada, em § 6º As artes visuais, a dança, a música e
cada sistema de ensino e estabelecimento o teatro são as linguagens que constituirão
escolar, por uma parte diversificada, o componente curricular de que trata o § 2o
exigida pelas características regionais e deste artigo.
locais da sociedade, da cultura, da § 7º A integralização curricular poderá
economia e da clientela. incluir, a critério dos sistemas de ensino,
projetos e pesquisas envolvendo os temas
Art. 26. Os currículos da educação transversais de que trata o caput.
infantil, do ensino fundamental e do ensino § 8º A exibição de filmes de produção
médio devem ter base nacional comum, a nacional constituirá componente curricular
ser complementada, em cada sistema de complementar integrado à proposta
ensino e em cada estabelecimento escolar, pedagógica da escola, sendo a sua exibição
por uma parte diversificada, exigida pelas obrigatória por, no mínimo, 2 (duas) horas
características regionais e locais da mensais. § 9º Conteúdos relativos aos
sociedade, da cultura, da economia e dos direitos humanos e à prevenção de todas as
educandos. formas de violência contra a criança, o
§ 1º Os currículos a que se refere o caput adolescente e a mulher serão incluídos,
devem abranger, obrigatoriamente, o como temas transversais, nos currículos de
estudo da língua portuguesa e da que trata o caput deste artigo, observadas as
matemática, o conhecimento do mundo diretrizes da legislação correspondente e a
físico e natural e da realidade social e produção e distribuição de material didático
política, especialmente do Brasil. adequado a cada nível de ensino. (Redação
§ 2º O ensino da arte, especialmente em dada pela Lei nº 14.164, de 2021)
suas expressões regionais, constituirá § 9º-A. A educação alimentar e
componente curricular obrigatório da nutricional será incluída entre os temas
educação básica. transversais de que trata o caput.
§ 3º A educação física, integrada à § 10. A inclusão de novos componentes
proposta pedagógica da escola, é curriculares de caráter obrigatório na Base
componente curricular obrigatório da Nacional Comum Curricular dependerá de

72
Legislação Educacional

aprovação do Conselho Nacional de Art. 27. Os conteúdos curriculares da


Educação e de homologação pelo Ministro educação básica observarão, ainda, as
de Estado da Educação. seguintes diretrizes:
I - a difusão de valores fundamentais ao
Art. 26-A. Nos estabelecimentos de interesse social, aos direitos e deveres dos
ensino fundamental e médio, oficiais e cidadãos, de respeito ao bem comum e à
particulares, torna-se obrigatório o ensino ordem democrática;
sobre História e Cultura Afro-Brasileira. II - consideração das condições de
§ 1o O conteúdo programático a que se escolaridade dos alunos em cada
refere o caput deste artigo incluirá o estudo estabelecimento;
da História da África e dos Africanos, a luta III - orientação para o trabalho;
dos negros no Brasil, a cultura negra IV - promoção do desporto educacional
brasileira e o negro na formação da e apoio às práticas desportivas não-formais.
sociedade nacional, resgatando a
contribuição do povo negro nas áreas Art. 28. Na oferta de educação básica
social, econômica e política pertinentes à para a população rural, os sistemas de
História do Brasil. ensino promoverão as adaptações
§ 2º Os conteúdos referentes à História e necessárias à sua adequação às
Cultura Afro-Brasileira serão ministrados peculiaridades da vida rural e de cada
no âmbito de todo o currículo escolar, em região, especialmente:
especial nas áreas de Educação Artística e I - conteúdos curriculares e
de Literatura e História Brasileiras. § 3o metodologias apropriadas às reais
(VETADO) necessidades e interesses dos alunos da
zona rural;
Art. 26-A. Nos estabelecimentos de II - organização escolar própria,
ensino fundamental e de ensino médio, incluindo adequação do calendário escolar
públicos e privados, torna-se obrigatório o às fases do ciclo agrícola e às condições
estudo da história e cultura afro-brasileira e climáticas;
indígena. . III - adequação à natureza do trabalho na
§ 1º O conteúdo programático a que se zona rural.
refere este artigo incluirá diversos aspectos Parágrafo único. O fechamento de
da história e da cultura que caracterizam a escolas do campo, indígenas e quilombolas
formação da população brasileira, a partir será precedido de manifestação do órgão
desses dois grupos étnicos, tais como o normativo do respectivo sistema de ensino,
estudo da história da África e dos africanos, que considerará a justificativa apresentada
a luta dos negros e dos povos indígenas no pela Secretaria de Educação, a análise do
Brasil, a cultura negra e indígena brasileira diagnóstico do impacto da ação e a
e o negro e o índio na formação da manifestação da comunidade escolar.
sociedade nacional, resgatando as suas
contribuições nas áreas social, econômica e Seção II
política, pertinentes à história do Brasil. Da Educação Infantil
§ 2º Os conteúdos referentes à história e
cultura afro-brasileira e dos povos Art. 29. A educação infantil, primeira
indígenas brasileiros serão ministrados no etapa da educação básica, tem como
âmbito de todo o currículo escolar, em finalidade o desenvolvimento integral da
especial nas áreas de educação artística e de criança de até 5 (cinco) anos, em seus
literatura e história brasileiras. aspectos físico, psicológico, intelectual e
social, complementando a ação da família e
da comunidade.

73
Legislação Educacional

Art. 30. A educação infantil será IV - o fortalecimento dos vínculos de


oferecida em: família, dos laços de solidariedade humana
I - creches, ou entidades equivalentes, e de tolerância recíproca em que se assenta
para crianças de até três anos de idade; a vida social.
II - pré-escolas, para as crianças de 4 § 1º É facultado aos sistemas de ensino
(quatro) a 5 (cinco) anos de idade. desdobrar o ensino fundamental em ciclos.
§ 2º Os estabelecimentos que utilizam
Art. 31. A educação infantil será progressão regular por série podem adotar
organizada de acordo com as seguintes no ensino fundamental o regime de
regras comuns: progressão continuada, sem prejuízo da
I - avaliação mediante acompanhamento avaliação do processo de ensino-
e registro do desenvolvimento das crianças, aprendizagem, observadas as normas do
sem o objetivo de promoção, mesmo para o respectivo sistema de ensino.
acesso ao ensino fundamental; § 3º O ensino fundamental regular será
II - carga horária mínima anual de 800 ministrado em língua portuguesa,
(oitocentas) horas, distribuída por um assegurada às comunidades indígenas a
mínimo de 200 (duzentos) dias de trabalho utilização de suas línguas maternas e
educacional; processos próprios de aprendizagem.
III - atendimento à criança de, no § 4º O ensino fundamental será
mínimo, 4 (quatro) horas diárias para o presencial, sendo o ensino a distância
turno parcial e de 7 (sete) horas para a utilizado como complementação da
jornada integral; aprendizagem ou em situações
IV - controle de frequência pela emergenciais.
instituição de educação pré-escolar, exigida § 5º O currículo do ensino fundamental
a frequência mínima de 60% (sessenta por incluirá, obrigatoriamente, conteúdo que
cento) do total de horas; trate dos direitos das crianças e dos
V - expedição de documentação que adolescentes, tendo como diretriz a Lei no
permita atestar os processos de 8.069, de 13 de julho de 1990, que institui
desenvolvimento e aprendizagem da o Estatuto da Criança e do Adolescente,
criança. observada a produção e distribuição de
Seção III material didático adequado.
Do Ensino Fundamental § 6º O estudo sobre os símbolos
nacionais será incluído como tema
Art. 32. O ensino fundamental transversal nos currículos do ensino
obrigatório, com duração de 9 (nove) anos, fundamental.
gratuito na escola pública, iniciando-se aos
6 (seis) anos de idade, terá por objetivo a Art. 33. O ensino religioso, de matrícula
formação básica do cidadão, mediante: facultativa, é parte integrante da formação
I - o desenvolvimento da capacidade de básica do cidadão e constitui disciplina dos
aprender, tendo como meios básicos o horários normais das escolas públicas de
pleno domínio da leitura, da escrita e do ensino fundamental, assegurado o respeito
cálculo; à diversidade cultural religiosa do Brasil,
II - a compreensão do ambiente natural e vedadas quaisquer formas de proselitismo.
social, do sistema político, da tecnologia, § 1º Os sistemas de ensino
das artes e dos valores em que se regulamentarão os procedimentos para a
fundamenta a sociedade; definição dos conteúdos do ensino religioso
III - o desenvolvimento da capacidade de e estabelecerão as normas para a habilitação
aprendizagem, tendo em vista a aquisição e admissão dos professores.
de conhecimentos e habilidades e a § 2º Os sistemas de ensino ouvirão
formação de atitudes e valores; entidade civil, constituída pelas diferentes

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Legislação Educacional

denominações religiosas, para a definição IV - ciências humanas e sociais


dos conteúdos do ensino religioso. aplicadas.
§ 1º A parte diversificada dos currículos
Art. 34. A jornada escolar no ensino de que trata o caput do art. 26, definida em
fundamental incluirá pelo menos quatro cada sistema de ensino, deverá estar
horas de trabalho efetivo em sala de aula, harmonizada à Base Nacional Comum
sendo progressivamente ampliado o Curricular e ser articulada a partir do
período de permanência na escola. contexto histórico, econômico, social,
§ 1º São ressalvados os casos do ensino ambiental e cultural.
noturno e das formas alternativas de § 2º A Base Nacional Comum Curricular
organização autorizadas nesta Lei. referente ao ensino médio incluirá
§ 2º O ensino fundamental será obrigatoriamente estudos e práticas de
ministrado progressivamente em tempo educação física, arte, sociologia e filosofia
integral, a critério dos sistemas de ensino. § 3º O ensino da língua portuguesa e da
matemática será obrigatório nos três anos
Seção IV do ensino médio, assegurada às
Do Ensino Médio comunidades indígenas, também, a
utilização das respectivas línguas
Art. 35. O ensino médio, etapa final da maternas.
educação básica, com duração mínima de § 4º Os currículos do ensino médio
três anos, terá como finalidades: incluirão, obrigatoriamente, o estudo da
I - a consolidação e o aprofundamento língua inglesa e poderão ofertar outras
dos conhecimentos adquiridos no ensino línguas estrangeiras, em caráter optativo,
fundamental, possibilitando o preferencialmente o espanhol, de acordo
prosseguimento de estudos; com a disponibilidade de oferta, locais e
II - a preparação básica para o trabalho e horários definidos pelos sistemas de
a cidadania do educando, para continuar ensino.
aprendendo, de modo a ser capaz de se § 5º A carga horária destinada ao
adaptar com flexibilidade a novas cumprimento da Base Nacional Comum
condições de ocupação ou aperfeiçoamento Curricular não poderá ser superior a mil e
posteriores; oitocentas horas do total da carga horária do
III - o aprimoramento do educando como ensino médio, de acordo com a definição
pessoa humana, incluindo a formação ética dos sistemas de ensino.
e o desenvolvimento da autonomia § 6º A União estabelecerá os padrões de
intelectual e do pensamento crítico; desempenho esperados para o ensino
IV - a compreensão dos fundamentos médio, que serão referência nos processos
científico-tecnológicos dos processos nacionais de avaliação, a partir da Base
produtivos, relacionando a teoria com a Nacional Comum Curricular.
prática, no ensino de cada disciplina. § 7º Os currículos do ensino médio
deverão considerar a formação integral do
Art. 35-A. A Base Nacional Comum aluno, de maneira a adotar um trabalho
Curricular definirá direitos e objetivos de voltado para a construção de seu projeto de
aprendizagem do ensino médio, conforme vida e para sua formação nos aspectos
diretrizes do Conselho Nacional de físicos, cognitivos e socioemocionais.
Educação, nas seguintes áreas do § 8º Os conteúdos, as metodologias e as
conhecimento: formas de avaliação processual e formativa
I - linguagens e suas tecnologias; serão organizados nas redes de ensino por
II - matemática e suas tecnologias; meio de atividades teóricas e práticas,
III - ciências da natureza e suas provas orais e escritas, seminários, projetos
tecnologias; e atividades on-line, de tal forma que ao

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Legislação Educacional

final do ensino médio o educando § 6º A critério dos sistemas de ensino, a


demonstre: oferta de formação com ênfase técnica e
I - domínio dos princípios científicos e profissional considerará:
tecnológicos que presidem a produção I - a inclusão de vivências práticas de
moderna; trabalho no setor produtivo ou em
II - conhecimento das formas ambientes de simulação, estabelecendo
contemporâneas de linguagem. parcerias e fazendo uso, quando aplicável,
de instrumentos estabelecidos pela
Art. 36. O currículo do ensino médio legislação sobre aprendizagem
será composto pela Base Nacional Comum profissional;
Curricular e por itinerários formativos, que II - a possibilidade de concessão de
deverão ser organizados por meio da oferta certificados intermediários de qualificação
de diferentes arranjos curriculares, para o trabalho, quando a formação for
conforme a relevância para o contexto local estruturada e organizada em etapas com
e a possibilidade dos sistemas de ensino, a terminalidade
saber: § 7º A oferta de formações
I - linguagens e suas tecnologias; experimentais relacionadas ao inciso V do
II - matemática e suas tecnologias; caput, em áreas que não constem do
III - ciências da natureza e suas Catálogo Nacional dos Cursos Técnicos,
tecnologias; dependerá, para sua continuidade, do
IV - ciências humanas e sociais reconhecimento pelo respectivo Conselho
aplicadas; Estadual de Educação, no prazo de três
V - formação técnica e profissional. anos, e da inserção no Catálogo Nacional
§ 1o A organização das áreas de que trata dos Cursos Técnicos, no prazo de cinco
o caput e das respectivas competências e anos, contados da data de oferta inicial da
habilidades será feita de acordo com formação.
critérios estabelecidos em cada sistema de § 8º A oferta de formação técnica e
ensino. profissional a que se refere o inciso V do
I - (revogado); caput, realizada na própria instituição ou
II - (revogado); em parceria com outras instituições, deverá
III – (revogado). ser aprovada previamente pelo Conselho
§ 2º O ensino médio, atendida a Estadual de Educação, homologada pelo
formação geral do educando, poderá Secretário Estadual de Educação e
prepará-lo para o exercício de profissões certificada pelos sistemas de ensino.
técnicas. § 9º As instituições de ensino emitirão
§ 3º A critério dos sistemas de ensino, certificado com validade nacional, que
poderá ser composto itinerário formativo habilitará o concluinte do ensino médio ao
integrado, que se traduz na composição de prosseguimento dos estudos em nível
componentes curriculares da Base Nacional superior ou em outros cursos ou formações
Comum Curricular - BNCC e dos para os quais a conclusão do ensino médio
itinerários formativos, considerando os seja etapa obrigatória.
incisos I a V do caput. § 10. Além das formas de organização
§ 4º (Revogado) previstas no art. 23, o ensino médio poderá
§ 5º Os sistemas de ensino, mediante ser organizado em módulos e adotar o
disponibilidade de vagas na rede, sistema de créditos com terminalidade
possibilitarão ao aluno concluinte do ensino específica.
médio cursar mais um itinerário formativo § 11. Para efeito de cumprimento das
de que trata o caput exigências curriculares do ensino médio, os
sistemas de ensino poderão reconhecer
competências e firmar convênios com

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Legislação Educacional

instituições de educação a distância com I - articulada com o ensino médio;


notório reconhecimento, mediante as II - subsequente, em cursos destinados a
seguintes formas de comprovação: quem já tenha concluído o ensino médio.
I - demonstração prática; Parágrafo único. A educação
II - experiência de trabalho profissional técnica de nível médio deverá
supervisionado ou outra experiência observar:
adquirida fora do ambiente escolar; I - os objetivos e definições contidos nas
III - atividades de educação técnica diretrizes curriculares nacionais
oferecidas em outras instituições de ensino estabelecidas pelo Conselho Nacional de
credenciadas; IV - cursos oferecidos por Educação;
centros ou programas ocupacionais; II - as normas complementares dos
V - estudos realizados em instituições de respectivos sistemas de ensino;
ensino nacionais ou estrangeiras; III - as exigências de cada instituição de
VI - cursos realizados por meio de ensino, nos termos de seu projeto
educação a distância ou educação pedagógico.
presencial mediada por tecnologias.
§ 12. A oferta de formações Art. 36-C. A educação profissional
experimentais em áreas que não constem do técnica de nível médio articulada, prevista
Catálogo Nacional dos Cursos Técnicos no inciso I do caput do art. 36-B desta Lei,
dependerá, para sua continuidade, do será desenvolvida de forma:
reconhecimento pelo respectivo Conselho I - integrada, oferecida somente a quem
Estadual de Educação, no prazo de três já tenha concluído o ensino fundamental,
anos, e da inserção no Catálogo Nacional sendo o curso planejado de modo a
dos Cursos Técnicos, no prazo de cinco conduzir o aluno à habilitação profissional
anos, contados da data de oferta inicial da técnica de nível médio, na mesma
formação. instituição de ensino, efetuando-se
§ 12. As escolas deverão orientar os matrícula única para cada aluno;
alunos no processo de escolha das áreas de II - concomitante, oferecida a quem
conhecimento ou de atuação profissional ingresse no ensino médio ou já o esteja
previstas no caput. cursando, efetuando-se matrículas distintas
para cada curso, e podendo ocorrer:
Seção IV-A a) na mesma instituição de ensino,
Da Educação Profissional Técnica de aproveitando-se as oportunidades
Nível Médio educacionais disponíveis;
b) em instituições de ensino distintas,
Art. 36-A. Sem prejuízo do disposto na aproveitando-se as oportunidades
Seção IV deste Capítulo, o ensino médio, educacionais disponíveis;
atendida a formação geral do educando, c) em instituições de ensino distintas,
poderá prepará-lo para o exercício de mediante convênios de
profissões técnicas. Parágrafo único. A intercomplementaridade, visando ao
preparação geral para o trabalho e, planejamento e ao desenvolvimento de
facultativamente, a habilitação profissional projeto pedagógico unificado.
poderão ser desenvolvidas nos próprios
estabelecimentos de ensino médio ou em Art. 36-D. Os diplomas de cursos de
cooperação com instituições especializadas educação profissional técnica de nível
em educação profissional. médio, quando registrados, terão validade
nacional e habilitarão ao prosseguimento de
Art. 36-B. A educação profissional estudos na educação superior.
técnica de nível médio será desenvolvida Parágrafo único. Os cursos de educação
nas seguintes formas: profissional técnica de nível médio, nas

77
Legislação Educacional

formas articulada concomitante e informais serão aferidos e reconhecidos


subsequente, quando estruturados e mediante exames.
organizados em etapas com terminalidade,
possibilitarão a obtenção de certificados de CAPÍTULO III
qualificação para o trabalho após a DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
conclusão, com aproveitamento, de cada Da Educação Profissional e
etapa que caracterize uma qualificação para Tecnológica
o trabalho.
Art. 39. A educação profissional e
Seção V tecnológica, no cumprimento dos objetivos
Da Educação de Jovens e Adultos da educação nacional, integra-se aos
diferentes níveis e modalidades de
Art. 37. A educação de jovens e adultos educação e às dimensões do trabalho, da
será destinada àqueles que não tiveram ciência e da tecnologia.
acesso ou continuidade de estudos nos § 1º Os cursos de educação profissional
ensinos fundamental e médio na idade e tecnológica poderão ser organizados por
própria e constituirá instrumento para a eixos tecnológicos, possibilitando a
educação e a aprendizagem ao longo da construção de diferentes itinerários
vida. formativos, observadas as normas do
§ 1º Os sistemas de ensino assegurarão respectivo sistema e nível de ensino.
gratuitamente aos jovens e aos adultos, que § 2º A educação profissional e
não puderam efetuar os estudos na idade tecnológica abrangerá os seguintes cursos:
regular, oportunidades educacionais I – de formação inicial e continuada ou
apropriadas, consideradas as características qualificação profissional;
do alunado, seus interesses, condições de II – de educação profissional técnica de
vida e de trabalho, mediante cursos e nível médio;
exames. III – de educação profissional
§ 2º O Poder Público viabilizará e tecnológica de graduação e pós-
estimulará o acesso e a permanência do graduação.
trabalhador na escola, mediante ações § 3º Os cursos de educação profissional
integradas e complementares entre si. tecnológica de graduação e pós-graduação
§ 3º A educação de jovens e adultos organizar-se-ão, no que concerne a
deverá articular-se, preferencialmente, com objetivos, características e duração, de
a educação profissional, na forma do acordo com as diretrizes curriculares
regulamento. nacionais estabelecidas pelo Conselho
Nacional de Educação.
Art. 38. Os sistemas de ensino manterão
cursos e exames supletivos, que Art. 40. A educação profissional será
compreenderão a base nacional comum do desenvolvida em articulação com o ensino
currículo, habilitando ao prosseguimento de regular ou por diferentes estratégias de
estudos em caráter regular. educação continuada, em instituições
§ 1º Os exames a que se refere este artigo especializadas ou no ambiente de trabalho.
realizar-se-ão:
I - no nível de conclusão do ensino Art. 41. O conhecimento adquirido na
fundamental, para os maiores de quinze educação profissional e tecnológica,
anos; inclusive no trabalho, poderá ser objeto de
II - no nível de conclusão do ensino avaliação, reconhecimento e certificação
médio, para os maiores de dezoito anos. para prosseguimento ou conclusão de
§ 2º Os conhecimentos e habilidades estudos.
adquiridos pelos educandos por meios

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Legislação Educacional

Art. 42. As instituições de educação resultantes da criação cultural e da pesquisa


profissional e tecnológica, além dos seus científica e tecnológica geradas na
cursos regulares, oferecerão cursos instituição.
especiais, abertos à comunidade, VIII - atuar em favor da universalização
condicionada a matrícula à capacidade de e do aprimoramento da educação básica,
aproveitamento e não necessariamente ao mediante a formação e a capacitação de
nível de escolaridade. profissionais, a realização de pesquisas
pedagógicas e o desenvolvimento de
CAPÍTULO IV atividades de extensão que aproximem os
DA EDUCAÇÃO SUPERIOR dois níveis escolares.

Art. 43. A educação superior tem por Art. 44. A educação superior abrangerá
finalidade: os seguintes cursos e programas:
I - estimular a criação cultural e o (Regulamento)
desenvolvimento do espírito científico e do I - cursos sequenciais por campo de
pensamento reflexivo; saber, de diferentes níveis de abrangência,
II - formar diplomados nas diferentes abertos a candidatos que atendam aos
áreas de conhecimento, aptos para a requisitos estabelecidos pelas instituições
inserção em setores profissionais e para a de ensino, desde que tenham concluído o
participação no desenvolvimento da ensino médio ou equivalente;
sociedade brasileira, e colaborar na sua II - de graduação, abertos a candidatos
formação contínua; que tenham concluído o ensino médio ou
III - incentivar o trabalho de pesquisa e equivalente e tenham sido classificados em
investigação científica, visando o processo seletivo;
desenvolvimento da ciência e da tecnologia III - de pós-graduação, compreendendo
e da criação e difusão da cultura, e, desse programas de mestrado e doutorado, cursos
modo, desenvolver o entendimento do de especialização, aperfeiçoamento e
homem e do meio em que vive; outros, abertos a candidatos diplomados em
IV - promover a divulgação de cursos de graduação e que atendam às
conhecimentos culturais, científicos e exigências das instituições de ensino;
técnicos que constituem patrimônio da IV - de extensão, abertos a candidatos
humanidade e comunicar o saber através do que atendam aos requisitos estabelecidos
ensino, de publicações ou de outras formas em cada caso pelas instituições de ensino.
de comunicação; Parágrafo único. Os resultados do
V - suscitar o desejo permanente de processo seletivo referido no inciso II do
aperfeiçoamento cultural e profissional e caput deste artigo serão tornados públicos
possibilitar a correspondente concretização, pelas instituições de ensino superior, sendo
integrando os conhecimentos que vão sendo obrigatória a divulgação da relação nominal
adquiridos numa estrutura intelectual dos classificados, a respectiva ordem de
sistematizadora do conhecimento de cada classificação, bem como do cronograma
geração; das chamadas para matrícula, de acordo
VI - estimular o conhecimento dos com os critérios para preenchimento das
problemas do mundo presente, em vagas constantes do respectivo edital.
particular os nacionais e regionais, prestar § 1º O resultado do processo seletivo
serviços especializados à comunidade e referido no inciso II do caput deste artigo
estabelecer com esta uma relação de será tornado público pela instituição de
reciprocidade; ensino superior, sendo obrigatórios a
VII - promover a extensão, aberta à divulgação da relação nominal dos
participação da população, visando à classificados, a respectiva ordem de
difusão das conquistas e benefícios classificação e o cronograma das chamadas

79
Legislação Educacional

para matrícula, de acordo com os critérios o processo de reavaliação poderá resultar


para preenchimento das vagas constantes em redução de vagas autorizadas e em
do edital, assegurado o direito do candidato, suspensão temporária de novos ingressos e
classificado ou não, a ter acesso a suas notas de oferta de cursos.
ou indicadores de desempenho em provas, § 4º É facultado ao Ministério da
exames e demais atividades da seleção e a Educação, mediante procedimento
sua posição na ordem de classificação de específico e com aquiescência da
todos os candidatos. (Redação dada pela instituição de ensino, com vistas a
Lei nº 13.826, de 2019) resguardar os interesses dos estudantes,
§ 2º No caso de empate no processo comutar as penalidades previstas nos §§ 1º
seletivo, as instituições públicas de ensino e 3º deste artigo por outras medidas, desde
superior darão prioridade de matrícula ao que adequadas para superação das
candidato que comprove ter renda familiar deficiências e irregularidades constatadas.
inferior a dez salários mínimos, ou ao de § 5º Para fins de regulação, os Estados e
menor renda familiar, quando mais de um o Distrito Federal deverão adotar os
candidato preencher o critério inicial. critérios definidos pela União para
§ 3º O processo seletivo referido no autorização de funcionamento de curso de
inciso II considerará as competências e as graduação em Medicina.
habilidades definidas na Base Nacional
Comum Curricular. Art. 47. Na educação superior, o ano
letivo regular, independente do ano civil,
Art. 45. A educação superior será tem, no mínimo, duzentos dias de trabalho
ministrada em instituições de ensino acadêmico efetivo, excluído o tempo
superior, públicas ou privadas, com reservado aos exames finais, quando
variados graus de abrangência ou houver.
especialização. § 1o As instituições informarão aos
interessados, antes de cada período letivo,
Art. 46. A autorização e o os programas dos cursos e demais
reconhecimento de cursos, bem como o componentes curriculares, sua duração,
credenciamento de instituições de educação requisitos, qualificação dos professores,
superior, terão prazos limitados, sendo recursos disponíveis e critérios de
renovados, periodicamente, após processo avaliação, obrigando-se a cumprir as
regular de avaliação. respectivas condições, e a publicação deve
§ 1º Após um prazo para saneamento de ser feita, sendo as 3 (três) primeiras formas
deficiências eventualmente identificadas concomitantemente:
pela avaliação a que se refere este artigo, I - em página específica na internet no
haverá reavaliação, que poderá resultar, sítio eletrônico oficial da instituição de
conforme o caso, em desativação de cursos ensino superior, obedecido o seguinte:
e habilitações, em intervenção na a) toda publicação a que se refere esta
instituição, em suspensão temporária de Lei deve ter como título “Grade e Corpo
prerrogativas da autonomia, ou em Docente”;
descredenciamento. b) a página principal da instituição de
§ 2º No caso de instituição pública, o ensino superior, bem como a página da
Poder Executivo responsável por sua oferta de seus cursos aos ingressantes sob a
manutenção acompanhará o processo de forma de vestibulares, processo seletivo e
saneamento e fornecerá recursos adicionais, outras com a mesma finalidade, deve conter
se necessários, para a superação das a ligação desta com a página específica
deficiências. prevista neste inciso;
§ 3º No caso de instituição privada, além c) caso a instituição de ensino superior
das sanções previstas no § 1o deste artigo, não possua sítio eletrônico, deve criar

80
Legislação Educacional

página específica para divulgação das graduação nos mesmos padrões de


informações de que trata esta Lei; qualidade mantidos no período diurno,
d) a página específica deve conter a data sendo obrigatória a oferta noturna nas
completa de sua última atualização; instituições públicas, garantida a necessária
II - em toda propaganda eletrônica da previsão orçamentária.
instituição de ensino superior, por meio de
ligação para a página referida no inciso I; Art. 48. Os diplomas de cursos
III - em local visível da instituição de superiores reconhecidos, quando
ensino superior e de fácil acesso ao registrados, terão validade nacional como
público; prova da formação recebida por seu titular.
IV - deve ser atualizada semestralmente § 1º Os diplomas expedidos pelas
ou anualmente, de acordo com a duração universidades serão por elas próprias
das disciplinas de cada curso oferecido, registrados, e aqueles conferidos por
observando o seguinte: instituições não-universitárias serão
a) caso o curso mantenha disciplinas registrados em universidades indicadas
com duração diferenciada, a publicação pelo Conselho Nacional de Educação.
deve ser semestral; § 2º Os diplomas de graduação
b) a publicação deve ser feita até 1 (um) expedidos por universidades estrangeiras
mês antes do início das aulas; serão revalidados por universidades
c) caso haja mudança na grade do curso públicas que tenham curso do mesmo nível
ou no corpo docente até o início das aulas, e área ou equivalente, respeitando-se os
os alunos devem ser comunicados sobre as acordos internacionais de reciprocidade ou
alterações; equiparação.
V - deve conter as seguintes § 3º Os diplomas de Mestrado e de
informações: Doutorado expedidos por universidades
a) a lista de todos os cursos oferecidos estrangeiras só poderão ser reconhecidos
pela instituição de ensino superior; por universidades que possuam cursos de
b) a lista das disciplinas que compõem a pós-graduação reconhecidos e avaliados, na
grade curricular de cada curso e as mesma área de conhecimento e em nível
respectivas cargas horárias; equivalente ou superior.
c) a identificação dos docentes que
ministrarão as aulas em cada curso, as Art. 49. As instituições de educação
disciplinas que efetivamente ministrará superior aceitarão a transferência de alunos
naquele curso ou cursos, sua titulação, regulares, para cursos afins, na hipótese de
abrangendo a qualificação profissional do existência de vagas, e mediante processo
docente e o tempo de casa do docente, de seletivo.
forma total, contínua ou intermitente. Parágrafo único. As transferências ex
§ 2º Os alunos que tenham officio dar-se-ão na forma da lei.
extraordinário aproveitamento nos estudos,
demonstrado por meio de provas e outros Art. 50. As instituições de educação
instrumentos de avaliação específicos, superior, quando da ocorrência de vagas,
aplicados por banca examinadora especial, abrirão matrícula nas disciplinas de seus
poderão ter abreviada a duração dos seus cursos a alunos não regulares que
cursos, de acordo com as normas dos demonstrarem capacidade de cursá-las com
sistemas de ensino. proveito, mediante processo seletivo
§ 3º É obrigatória a frequência de alunos prévio.
e professores, salvo nos programas de
educação a distância. Art. 51. As instituições de educação
§ 4º As instituições de educação superior superior credenciadas como universidades,
oferecerão, no período noturno, cursos de ao deliberar sobre critérios e normas de

81
Legislação Educacional

seleção e admissão de estudantes, levarão VIII - aprovar e executar planos,


em conta os efeitos desses critérios sobre a programas e projetos de investimentos
orientação do ensino médio, articulando-se referentes a obras, serviços e aquisições em
com os órgãos normativos dos sistemas de geral, bem como administrar rendimentos
ensino. conforme dispositivos institucionais;
IX - administrar os rendimentos e deles
Art. 52. As universidades são dispor na forma prevista no ato de
instituições pluridisciplinares de formação constituição, nas leis e nos respectivos
dos quadros profissionais de nível superior, estatutos;
de pesquisa, de extensão e de domínio e X - receber subvenções, doações,
cultivo do saber humano, que se heranças, legados e cooperação financeira
caracterizam por: resultante de convênios com entidades
I - produção intelectual públicas e privadas.
institucionalizada mediante o estudo Parágrafo único. Para garantir a
sistemático dos temas e problemas mais autonomia didático-científica das
relevantes, tanto do ponto de vista científico universidades, caberá aos seus colegiados
e cultural, quanto regional e nacional; de ensino e pesquisa decidir, dentro dos
II - um terço do corpo docente, pelo recursos orçamentários disponíveis, sobre:
menos, com titulação acadêmica de I - criação, expansão, modificação e
mestrado ou doutorado; extinção de cursos;
III - um terço do corpo docente em II - ampliação e diminuição de vagas;
regime de tempo integral. III - elaboração da programação dos
Parágrafo único. É facultada a criação de cursos;
universidades especializadas por campo do IV - programação das pesquisas e das
saber. atividades de extensão;
V - contratação e dispensa de
Art. 53. No exercício de sua autonomia, professores;
são asseguradas às universidades, sem VI - planos de carreira docente.
prejuízo de outras, as seguintes atribuições: § 1º Para garantir a autonomia didático-
I - criar, organizar e extinguir, em sua científica das universidades, caberá aos
sede, cursos e programas de educação seus colegiados de ensino e pesquisa
superior previstos nesta Lei, obedecendo às decidir, dentro dos recursos orçamentários
normas gerais da União e, quando for o disponíveis, sobre:
caso, do respectivo sistema de ensino; I - criação, expansão, modificação e
II - fixar os currículos dos seus cursos e extinção de cursos;
programas, observadas as diretrizes gerais II - ampliação e diminuição de vagas;
pertinentes; III - elaboração da programação dos
III - estabelecer planos, programas e cursos;
projetos de pesquisa científica, produção IV - programação das pesquisas e das
artística e atividades de extensão; atividades de extensão;
IV - fixar o número de vagas de acordo V - contratação e dispensa de
com a capacidade institucional e as professores;
exigências do seu meio; VI - planos de carreira docente.
V - elaborar e reformar os seus estatutos § 2º As doações, inclusive monetárias,
e regimentos em consonância com as podem ser dirigidas a setores ou projetos
normas gerais atinentes; específicos, conforme acordo entre
VI - conferir graus, diplomas e outros doadores e universidades.
títulos; § 3º No caso das universidades públicas,
VII - firmar contratos, acordos e os recursos das doações devem ser dirigidos
convênios; ao caixa único da instituição, com

82
Legislação Educacional

destinação garantida às unidades a serem recursos suficientes para manutenção e


beneficiadas. desenvolvimento das instituições de
educação superior por ela mantidas.
Art. 54. As universidades mantidas pelo
Poder Público gozarão, na forma da lei, de Art. 56. As instituições públicas de
estatuto jurídico especial para atender às educação superior obedecerão ao princípio
peculiaridades de sua estrutura, da gestão democrática, assegurada a
organização e financiamento pelo Poder existência de órgãos colegiados
Público, assim como dos seus planos de deliberativos, de que participarão os
carreira e do regime jurídico do seu segmentos da comunidade institucional,
pessoal. local e regional.
§ 1º No exercício da sua autonomia, Parágrafo único. Em qualquer caso, os
além das atribuições asseguradas pelo docentes ocuparão setenta por cento dos
artigo anterior, as universidades públicas assentos em cada órgão colegiado e
poderão: comissão, inclusive nos que tratarem da
I - propor o seu quadro de pessoal elaboração e modificações estatutárias e
docente, técnico e administrativo, assim regimentais, bem como da escolha de
como um plano de cargos e salários, dirigentes.
atendidas as normas gerais pertinentes e os
recursos disponíveis; Art. 57. Nas instituições públicas de
II - elaborar o regulamento de seu educação superior, o professor ficará
pessoal em conformidade com as normas obrigado ao mínimo de oito horas semanais
gerais concernentes; de aulas. (Regulamento)
III - aprovar e executar planos,
programas e projetos de investimentos CAPÍTULO V
referentes a obras, serviços e aquisições em DA EDUCAÇÃO ESPECIAL
geral, de acordo com os recursos alocados
pelo respectivo Poder mantenedor; Art. 58. Entende-se por educação
IV - elaborar seus orçamentos anuais e especial, para os efeitos desta Lei, a
plurianuais; modalidade de educação escolar oferecida
V - adotar regime financeiro e contábil preferencialmente na rede regular de
que atenda às suas peculiaridades de ensino, para educandos com deficiência,
organização e funcionamento; transtornos globais do desenvolvimento e
VI - realizar operações de crédito ou de altas habilidades ou superdotação.
financiamento, com aprovação do Poder § 1º Haverá, quando necessário, serviços
competente, para aquisição de bens de apoio especializado, na escola regular,
imóveis, instalações e equipamentos; para atender às peculiaridades da clientela
VII - efetuar transferências, quitações e de educação especial.
tomar outras providências de ordem § 2º O atendimento educacional será
orçamentária, financeira e patrimonial feito em classes, escolas ou serviços
necessárias ao seu bom desempenho. especializados, sempre que, em função das
§ 2º Atribuições de autonomia condições específicas dos alunos, não for
universitária poderão ser estendidas a possível a sua integração nas classes
instituições que comprovem alta comuns de ensino regular.
qualificação para o ensino ou para a § 3º A oferta de educação especial, nos
pesquisa, com base em avaliação realizada termos do caput deste artigo, tem início na
pelo Poder Público. educação infantil e estende-se ao longo da
vida, observados o inciso III do art. 4º e o
Art. 55. Caberá à União assegurar, parágrafo único do art. 60 desta Lei.
anualmente, em seu Orçamento Geral,

83
Legislação Educacional

Art. 59. Os sistemas de ensino aos dados do cadastro e as políticas de


assegurarão aos educandos com desenvolvimento das potencialidades do
deficiência, transtornos globais do alunado de que trata o caput serão definidos
desenvolvimento e altas habilidades ou em regulamento.
superdotação:
I - currículos, métodos, técnicas, Art. 60. Os órgãos normativos dos
recursos educativos e organização sistemas de ensino estabelecerão critérios
específicos, para atender às suas de caracterização das instituições privadas
necessidades; sem fins lucrativos, especializadas e com
II - terminalidade específica para atuação exclusiva em educação especial,
aqueles que não puderem atingir o nível para fins de apoio técnico e financeiro pelo
exigido para a conclusão do ensino Poder Público.
fundamental, em virtude de suas Parágrafo único. O poder público
deficiências, e aceleração para concluir em adotará, como alternativa preferencial, a
menor tempo o programa escolar para os ampliação do atendimento aos educandos
superdotados; com deficiência, transtornos globais do
III - professores com especialização desenvolvimento e altas habilidades ou
adequada em nível médio ou superior, para superdotação na própria rede pública
atendimento especializado, bem como regular de ensino, independentemente do
professores do ensino regular capacitados apoio às instituições previstas neste artigo.
para a integração desses educandos nas
classes comuns; CAPÍTULO V-A
IV - educação especial para o trabalho, (Incluído pela Lei nº 14.191, de 2021)
visando a sua efetiva integração na vida em DA EDUCAÇÃO BILÍNGUE DE
sociedade, inclusive condições adequadas SURDOS
para os que não revelarem capacidade de
inserção no trabalho competitivo, mediante Art. 60-A. Entende-se por educação
articulação com os órgãos oficiais afins, bilíngue de surdos, para os efeitos desta Lei,
bem como para aqueles que apresentam a modalidade de educação escolar oferecida
uma habilidade superior nas áreas artística, em Língua Brasileira de Sinais (Libras),
intelectual ou psicomotora; como primeira língua, e em português
V - acesso igualitário aos benefícios dos escrito, como segunda língua, em escolas
programas sociais suplementares bilíngues de surdos, classes bilíngues de
disponíveis para o respectivo nível do surdos, escolas comuns ou em polos de
ensino regular. educação bilíngue de surdos, para
educandos surdos, surdo-cegos, com
Art. 59-A. O poder público deverá deficiência auditiva sinalizantes, surdos
instituir cadastro nacional de alunos com com altas habilidades ou superdotação ou
altas habilidades ou superdotação com outras deficiências associadas,
matriculados na educação básica e na optantes pela modalidade de educação
educação superior, a fim de fomentar a bilíngue de surdos. (Incluído pela Lei nº
execução de políticas públicas destinadas 14.191, de 2021)
ao desenvolvimento pleno das § 1º Haverá, quando necessário, serviços
potencialidades desse alunado. de apoio educacional especializado, como o
Parágrafo único. A identificação precoce atendimento educacional especializado
de alunos com altas habilidades ou bilíngue, para atender às especificidades
superdotação, os critérios e procedimentos linguísticas dos estudantes surdos.
para inclusão no cadastro referido no caput (Incluído pela Lei nº 14.191, de 2021)
deste artigo, as entidades responsáveis pelo § 2º A oferta de educação bilíngue de
cadastramento, os mecanismos de acesso surdos terá início ao zero ano, na educação

84
Legislação Educacional

infantil, e se estenderá ao longo da vida. III – trabalhadores em educação,


(Incluído pela Lei nº 14.191, de 2021) portadores de diploma de curso técnico ou
§ 3º O disposto no caput deste artigo será superior em área pedagógica ou afim.
efetivado sem prejuízo das prerrogativas de IV - profissionais com notório saber
matrícula em escolas e classes regulares, de reconhecido pelos respectivos sistemas de
acordo com o que decidir o estudante ou, no ensino, para ministrar conteúdos de áreas
que couber, seus pais ou responsáveis, e das afins à sua formação ou experiência
garantias previstas na Lei nº 13.146, de 6 de profissional, atestados por titulação
julho de 2015 (Estatuto da Pessoa com específica ou prática de ensino em unidades
Deficiência), que incluem, para os surdos educacionais da rede pública ou privada ou
oralizados, o acesso a tecnologias das corporações privadas em que tenham
assistivas. (Incluído pela Lei nº 14.191, de atuado, exclusivamente para atender ao
2021) inciso V do caput do art. 36;
V - profissionais graduados que tenham
Art. 60-B. Além do disposto no art. 59 feito complementação pedagógica,
desta Lei, os sistemas de ensino assegurarão conforme disposto pelo Conselho Nacional
aos educandos surdos, surdo-cegos, com de Educação.
deficiência auditiva sinalizantes, surdos Parágrafo único. A formação dos
com altas habilidades ou superdotação ou profissionais da educação, de modo a
com outras deficiências associadas atender às especificidades do exercício de
materiais didáticos e professores bilíngues suas atividades, bem como aos objetivos
com formação e especialização adequadas, das diferentes etapas e modalidades da
em nível superior. (Incluído pela Lei nº educação básica, terá como fundamentos:
14.191, de 2021) I – a presença de sólida formação básica,
Parágrafo único. Nos processos de que propicie o conhecimento dos
contratação e de avaliação periódica dos fundamentos científicos e sociais de suas
professores a que se refere o caput deste competências de trabalho;
artigo serão ouvidas as entidades II – a associação entre teorias e práticas,
representativas das pessoas surdas. mediante estágios supervisionados e
(Incluído pela Lei nº 14.191, de 2021) capacitação em serviço;
III – o aproveitamento da formação e
TÍTULO VI experiências anteriores, em instituições de
Dos Profissionais da Educação ensino e em outras atividades.

Art. 61. Consideram-se profissionais da Art. 62. A formação de docentes para


educação escolar básica os que, nela atuar na educação básica far-se-á em nível
estando em efetivo exercício e tendo sido superior, em curso de licenciatura plena,
formados em cursos reconhecidos, são: admitida, como formação mínima para o
exercício do magistério na educação
I – professores habilitados em nível infantil e nos cinco primeiros anos do
médio ou superior para a docência na ensino fundamental, a oferecida em nível
educação infantil e nos ensinos médio, na modalidade normal.
fundamental e médio; § 1º A União, o Distrito Federal, os
II – trabalhadores em educação Estados e os Municípios, em regime de
portadores de diploma de pedagogia, com colaboração, deverão promover a formação
habilitação em administração, inicial, a continuada e a capacitação dos
planejamento, supervisão, inspeção e profissionais de magistério.
orientação educacional, bem como com § 2º A formação continuada e a
títulos de mestrado ou doutorado nas capacitação dos profissionais de magistério
mesmas áreas; poderão utilizar recursos e tecnologias de
educação a distância.

85
Legislação Educacional

§ 3º A formação inicial de profissionais § 1º Terão direito de pleitear o acesso


de magistério dará preferência ao ensino previsto no caput deste artigo os
presencial, subsidiariamente fazendo uso de professores das redes públicas municipais,
recursos e tecnologias de educação a estaduais e federal que ingressaram por
distância. concurso público, tenham pelo menos três
§ 4º A União, o Distrito Federal, os anos de exercício da profissão e não sejam
Estados e os Municípios adotarão portadores de diploma de graduação.
mecanismos facilitadores de acesso e § 2º As instituições de ensino
permanência em cursos de formação de responsáveis pela oferta de cursos de
docentes em nível superior para atuar na pedagogia e outras licenciaturas definirão
educação básica pública. critérios adicionais de seleção sempre que
§ 5º A União, o Distrito Federal, os acorrerem aos certames interessados em
Estados e os Municípios incentivarão a número superior ao de vagas disponíveis
formação de profissionais do magistério para os respectivos cursos.
para atuar na educação básica pública § 3º Sem prejuízo dos concursos
mediante programa institucional de bolsa seletivos a serem definidos em regulamento
de iniciação à docência a estudantes pelas universidades, terão prioridade de
matriculados em cursos de licenciatura, de ingresso os professores que optarem por
graduação plena, nas instituições de cursos de licenciatura em matemática,
educação superior. física, química, biologia e língua
§ 6º O Ministério da Educação poderá portuguesa.
estabelecer nota mínima em exame
nacional aplicado aos concluintes do ensino Art. 63. Os institutos superiores de
médio como pré-requisito para o ingresso educação manterão:
em cursos de graduação para formação de I - cursos formadores de profissionais
docentes, ouvido o Conselho Nacional de para a educação básica, inclusive o curso
Educação - CNE. normal superior, destinado à formação de
§ 7º (VETADO). docentes para a educação infantil e para as
§ 8º Os currículos dos cursos de primeiras séries do ensino fundamental;
formação de docentes terão por referência a II - programas de formação pedagógica
Base Nacional Comum Curricular. para portadores de diplomas de educação
superior que queiram se dedicar à educação
Art. 62-A. A formação dos profissionais básica;
a que se refere o inciso III do art. 61 far-se- III - programas de educação continuada
á por meio de cursos de conteúdo técnico- para os profissionais de educação dos
pedagógico, em nível médio ou superior, diversos níveis.
incluindo habilitações tecnológicas.
Parágrafo único. Garantir-se-á formação Art. 64. A formação de profissionais de
continuada para os profissionais a que se educação para administração,
refere o caput, no local de trabalho ou em planejamento, inspeção, supervisão e
instituições de educação básica e superior, orientação educacional para a educação
incluindo cursos de educação profissional, básica, será feita em cursos de graduação
cursos superiores de graduação plena ou em pedagogia ou em nível de pós-
tecnológicos e de pós-graduação. graduação, a critério da instituição de
ensino, garantida, nesta formação, a base
Art. 62-B. O acesso de professores das comum nacional.
redes públicas de educação básica a cursos
superiores de pedagogia e licenciatura será Art. 65. A formação docente, exceto para
efetivado por meio de processo seletivo a educação superior, incluirá prática de
diferenciado. ensino de, no mínimo, trezentas horas.

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Legislação Educacional

Art. 66. A preparação para o exercício do TÍTULO VII


magistério superior far-se-á em nível de Dos Recursos financeiros
pós-graduação, prioritariamente em
programas de mestrado e doutorado. Art. 68. Serão recursos públicos
Parágrafo único. O notório saber, destinados à educação os originários de:
reconhecido por universidade com curso de I - receita de impostos próprios da
doutorado em área afim, poderá suprir a União, dos Estados, do Distrito Federal e
exigência de título acadêmico. dos Municípios;
II - receita de transferências
Art. 67. Os sistemas de ensino constitucionais e outras transferências;
promoverão a valorização dos profissionais III - receita do salário-educação e de
da educação, assegurando-lhes, inclusive outras contribuições sociais;
nos termos dos estatutos e dos planos de IV - receita de incentivos fiscais;
carreira do magistério público: V - outros recursos previstos em lei.
I - ingresso exclusivamente por concurso
público de provas e títulos; Art. 69. A União aplicará, anualmente,
II - aperfeiçoamento profissional nunca menos de dezoito, e os Estados, o
continuado, inclusive com licenciamento Distrito Federal e os Municípios, vinte e
periódico remunerado para esse fim; cinco por cento, ou o que consta nas
III - piso salarial profissional; respectivas Constituições ou Leis
IV - progressão funcional baseada na Orgânicas, da receita resultante de
titulação ou habilitação, e na avaliação do impostos, compreendidas as transferências
desempenho; constitucionais, na manutenção e
V - período reservado a estudos, desenvolvimento do ensino público.
planejamento e avaliação, incluído na carga § 1º A parcela da arrecadação de
de trabalho; impostos transferida pela União aos
VI - condições adequadas de trabalho. Estados, ao Distrito Federal e aos
§ 1º A experiência docente é pré- Municípios, ou pelos Estados aos
requisito para o exercício profissional de respectivos Municípios, não será
quaisquer outras funções de magistério, nos considerada, para efeito do cálculo previsto
termos das normas de cada sistema de neste artigo, receita do governo que a
ensino. transferir.
§ 2º Para os efeitos do disposto no § 5º § 2º Serão consideradas excluídas das
do art. 40 e no § 8º do art. 201 da receitas de impostos mencionadas neste
Constituição Federal, são consideradas artigo as operações de crédito por
funções de magistério as exercidas por antecipação de receita orçamentária de
professores e especialistas em educação no impostos.
desempenho de atividades educativas, § 3º Para fixação inicial dos valores
quando exercidas em estabelecimento de correspondentes aos mínimos estatuídos
educação básica em seus diversos níveis e neste artigo, será considerada a receita
modalidades, incluídas, além do exercício estimada na lei do orçamento anual,
da docência, as de direção de unidade ajustada, quando for o caso, por lei que
escolar e as de coordenação e autorizar a abertura de créditos adicionais,
assessoramento pedagógico. com base no eventual excesso de
§ 3º A União prestará assistência técnica arrecadação.
aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios na elaboração de concursos
públicos para provimento de cargos dos
profissionais da educação.

87
Legislação Educacional

§ 4º As diferenças entre a receita e a VII - amortização e custeio de operações


despesa previstas e as efetivamente de crédito destinadas a atender ao disposto
realizadas, que resultem no não nos incisos deste artigo;
atendimento dos percentuais mínimos VIII - aquisição de material didático-
obrigatórios, serão apuradas e corrigidas a escolar e manutenção de programas de
cada trimestre do exercício financeiro. transporte escolar.
§ 5º O repasse dos valores referidos
neste artigo do caixa da União, dos Estados, Art. 71. Não constituirão despesas de
do Distrito Federal e dos Municípios manutenção e desenvolvimento do ensino
ocorrerá imediatamente ao órgão aquelas realizadas com:
responsável pela educação, observados os I - pesquisa, quando não vinculada às
seguintes prazos: instituições de ensino, ou, quando efetivada
I - recursos arrecadados do primeiro ao fora dos sistemas de ensino, que não vise,
décimo dia de cada mês, até o vigésimo dia; precipuamente, ao aprimoramento de sua
II - recursos arrecadados do décimo qualidade ou à sua expansão;
primeiro ao vigésimo dia de cada mês, até o II - subvenção a instituições públicas ou
trigésimo dia; privadas de caráter assistencial, desportivo
III - recursos arrecadados do vigésimo ou cultural;
primeiro dia ao final de cada mês, até o III - formação de quadros especiais para
décimo dia do mês subsequente. a administração pública, sejam militares ou
§ 6º O atraso da liberação sujeitará os civis, inclusive diplomáticos;
recursos a correção monetária e à IV - programas suplementares de
responsabilização civil e criminal das alimentação, assistência médico-
autoridades competentes. odontológica, farmacêutica e psicológica, e
outras formas de assistência social;
Art. 70. Considerar-se-ão como de V - obras de infraestrutura, ainda que
manutenção e desenvolvimento do ensino realizadas para beneficiar direta ou
as despesas realizadas com vistas à indiretamente a rede escolar;
consecução dos objetivos básicos das VI - pessoal docente e demais
instituições educacionais de todos os níveis, trabalhadores da educação, quando em
compreendendo as que se destinam a: desvio de função ou em atividade alheia à
I - remuneração e aperfeiçoamento do manutenção e desenvolvimento do ensino.
pessoal docente e demais profissionais da
educação; Art. 72. As receitas e despesas com
II - aquisição, manutenção, construção e manutenção e desenvolvimento do ensino
conservação de instalações e equipamentos serão apuradas e publicadas nos balanços
necessários ao ensino; do Poder Público, assim como nos
III – uso e manutenção de bens e relatórios a que se refere o § 3º do art. 165
serviços vinculados ao ensino; da Constituição Federal.
IV - levantamentos estatísticos, estudos
e pesquisas visando precipuamente ao Art. 73. Os órgãos fiscalizadores
aprimoramento da qualidade e à expansão examinarão, prioritariamente, na prestação
do ensino; de contas de recursos públicos, o
V - realização de atividades-meio cumprimento do disposto no art. 212 da
necessárias ao funcionamento dos sistemas Constituição Federal, no art. 60 do Ato das
de ensino; Disposições Constitucionais Transitórias e
VI - concessão de bolsas de estudo a na legislação concernente.
alunos de escolas públicas e privadas;
Art. 74. A União, em colaboração com
os Estados, o Distrito Federal e os

88
Legislação Educacional

Municípios, estabelecerá padrão mínimo de disposto nesta Lei, sem prejuízo de outras
oportunidades educacionais para o ensino prescrições legais.
fundamental, baseado no cálculo do custo
mínimo por aluno, capaz de assegurar Art. 77. Os recursos públicos serão
ensino de qualidade. destinados às escolas públicas, podendo ser
Parágrafo único. O custo mínimo de que dirigidos a escolas comunitárias,
trata este artigo será calculado pela União confessionais ou filantrópicas que:
ao final de cada ano, com validade para o I - comprovem finalidade não-lucrativa e
ano subsequente, considerando variações não distribuam resultados, dividendos,
regionais no custo dos insumos e as bonificações, participações ou parcela de
diversas modalidades de ensino. seu patrimônio sob nenhuma forma ou
pretexto;
Art. 75. A ação supletiva e redistributiva II - apliquem seus excedentes
da União e dos Estados será exercida de financeiros em educação;
modo a corrigir, progressivamente, as III - assegurem a destinação de seu
disparidades de acesso e garantir o padrão patrimônio a outra escola comunitária,
mínimo de qualidade de ensino. filantrópica ou confessional, ou ao Poder
§ 1º A ação a que se refere este artigo Público, no caso de encerramento de suas
obedecerá a fórmula de domínio público atividades;
que inclua a capacidade de atendimento e a IV - prestem contas ao Poder Público dos
medida do esforço fiscal do respectivo recursos recebidos.
Estado, do Distrito Federal ou do Município § 1º Os recursos de que trata este artigo
em favor da manutenção e do poderão ser destinados a bolsas de estudo
desenvolvimento do ensino. para a educação básica, na forma da lei,
§ 2º A capacidade de atendimento de para os que demonstrarem insuficiência de
cada governo será definida pela razão entre recursos, quando houver falta de vagas e
os recursos de uso constitucionalmente cursos regulares da rede pública de
obrigatório na manutenção e domicílio do educando, ficando o Poder
desenvolvimento do ensino e o custo anual Público obrigado a investir prioritariamente
do aluno, relativo ao padrão mínimo de na expansão da sua rede local.
qualidade. § 2º As atividades universitárias de
§ 3º Com base nos critérios pesquisa e extensão poderão receber apoio
estabelecidos nos §§ 1º e 2º, a União poderá financeiro do Poder Público, inclusive
fazer a transferência direta de recursos a mediante bolsas de estudo.
cada estabelecimento de ensino,
considerado o número de alunos que TÍTULO VIII
efetivamente frequentam a escola. Das Disposições Gerais
§ 4º A ação supletiva e redistributiva não
poderá ser exercida em favor do Distrito Art. 78. O Sistema de Ensino da União,
Federal, dos Estados e dos Municípios se com a colaboração das agências federais de
estes oferecerem vagas, na área de ensino fomento à cultura e de assistência aos
de sua responsabilidade, conforme o inciso índios, desenvolverá programas integrados
VI do art. 10 e o inciso V do art. 11 desta de ensino e pesquisa, para oferta de
Lei, em número inferior à sua capacidade de educação escolar bilingue e intercultural
atendimento. aos povos indígenas, com os seguintes
objetivos:
Art. 76. A ação supletiva e redistributiva
prevista no artigo anterior ficará
condicionada ao efetivo cumprimento pelos
Estados, Distrito Federal e Municípios do

89
Legislação Educacional

I - proporcionar aos índios, suas III - desenvolver currículos e programas


comunidades e povos, a recuperação de específicos, neles incluindo os conteúdos
suas memórias históricas; a reafirmação de culturais correspondentes às respectivas
suas identidades étnicas; a valorização de comunidades;
suas línguas e ciências; IV - elaborar e publicar
II - garantir aos índios, suas sistematicamente material didático
comunidades e povos, o acesso às específico e diferenciado.
informações, conhecimentos técnicos e § 3º No que se refere à educação
científicos da sociedade nacional e demais superior, sem prejuízo de outras ações, o
sociedades indígenas e não-índias. atendimento aos povos indígenas efetivar-
se-á, nas universidades públicas e privadas,
Art. 78-A. Os sistemas de ensino, em mediante a oferta de ensino e de assistência
regime de colaboração, desenvolverão estudantil, assim como de estímulo à
programas integrados de ensino e pesquisa, pesquisa e desenvolvimento de programas
para oferta de educação escolar bilíngue e especiais. (Incluído pela Lei nº 12.416, de
intercultural aos estudantes surdos, surdo- 2011)
cegos, com deficiência auditiva
sinalizantes, surdos com altas habilidades Art. 79-A. (VETADO)
ou superdotação ou com outras deficiências
associadas, com os seguintes objetivos: Art. 79-B. O calendário escolar incluirá
(Incluído pela Lei nº 14.191, de 2021) o dia 20 de novembro como ‘Dia Nacional
I - proporcionar aos surdos a da Consciência Negra’.
recuperação de suas memórias históricas, a
reafirmação de suas identidades e Art. 79-C. A União apoiará técnica e
especificidades e a valorização de sua financeiramente os sistemas de ensino no
língua e cultura; (Incluído pela Lei nº provimento da educação bilíngue e
14.191, de 2021) intercultural às comunidades surdas, com
II - garantir aos surdos o acesso às desenvolvimento de programas integrados
informações e conhecimentos técnicos e de ensino e pesquisa. (Incluído pela Lei nº
científicos da sociedade nacional e demais 14.191, de 2021)
sociedades surdas e não surdas. (Incluído § 1º Os programas serão planejados com
pela Lei nº 14.191, de 2021) participação das comunidades surdas, de
instituições de ensino superior e de
Art. 79. A União apoiará técnica e entidades representativas das pessoas
surdas. (Incluído pela Lei nº 14.191, de
financeiramente os sistemas de ensino no 2021)
provimento da educação intercultural às § 2º Os programas a que se refere este
comunidades indígenas, desenvolvendo artigo, incluídos no Plano Nacional de
programas integrados de ensino e pesquisa. Educação, terão os seguintes objetivos:
§ 1º Os programas serão planejados com (Incluído pela Lei nº 14.191, de 2021)
audiência das comunidades indígenas. I - fortalecer as práticas socioculturais
§ 2º Os programas a que se refere este dos surdos e a Língua Brasileira de Sinais;
artigo, incluídos nos Planos Nacionais de (Incluído pela Lei nº 14.191, de 2021)
Educação, terão os seguintes objetivos: II - manter programas de formação de
I - fortalecer as práticas socioculturais e pessoal especializado, destinados à
a língua materna de cada comunidade educação bilíngue escolar dos surdos,
indígena; surdo-cegos, com deficiência auditiva
II - manter programas de formação de sinalizantes, surdos com altas habilidades
pessoal especializado, destinado à educação ou superdotação ou com outras deficiências
escolar nas comunidades indígenas; associadas; (Incluído pela Lei nº 14.191, de
2021)

90
Legislação Educacional

III - desenvolver currículos, métodos, II - concessão de canais com finalidades


formação e programas específicos, neles exclusivamente educativas;
incluídos os conteúdos culturais III - reserva de tempo mínimo, sem ônus
correspondentes aos surdos; (Incluído pela para o Poder Público, pelos concessionários
Lei nº 14.191, de 2021) de canais comerciais.
IV - elaborar e publicar
sistematicamente material didático Art. 81. É permitida a organização de
bilíngue, específico e diferenciado. cursos ou instituições de ensino
(Incluído pela Lei nº 14.191, de 2021) experimentais, desde que obedecidas as
§ 3º Na educação superior, sem prejuízo disposições desta Lei.
de outras ações, o atendimento aos
estudantes surdos, surdo-cegos, com Art. 82. Os sistemas de ensino
deficiência auditiva sinalizantes, surdos estabelecerão as normas de realização de
com altas habilidades ou superdotação ou estágio em sua jurisdição, observada a lei
com outras deficiências associadas efetivar- federal sobre a matéria.
se-á mediante a oferta de ensino bilíngue e Parágrafo único. (Revogado).
de assistência estudantil, assim como de
estímulo à pesquisa e desenvolvimento de Art. 83. O ensino militar é regulado em
programas especiais. (Incluído pela Lei nº lei específica, admitida a equivalência de
14.191, de 2021) estudos, de acordo com as normas fixadas
pelos sistemas de ensino.
Art. 80. O Poder Público incentivará o
desenvolvimento e a veiculação de Art. 84. Os discentes da educação
programas de ensino a distância, em todos superior poderão ser aproveitados em
os níveis e modalidades de ensino, e de tarefas de ensino e pesquisa pelas
educação continuada. respectivas instituições, exercendo funções
§ 1º A educação a distância, organizada de monitoria, de acordo com seu
com abertura e regime especiais, será rendimento e seu plano de estudos.
oferecida por instituições especificamente
credenciadas pela União. Art. 85. Qualquer cidadão habilitado
§ 2º A União regulamentará os requisitos com a titulação própria poderá exigir a
para a realização de exames e registro de abertura de concurso público de provas e
diploma relativos a cursos de educação a títulos para cargo de docente de instituição
distância. pública de ensino que estiver sendo
§ 3º As normas para produção, controle ocupado por professor não concursado, por
e avaliação de programas de educação a mais de seis anos, ressalvados os direitos
distância e a autorização para sua assegurados pelos arts. 41 da Constituição
implementação, caberão aos respectivos Federal e 19 do Ato das Disposições
sistemas de ensino, podendo haver Constitucionais Transitórias.
cooperação e integração entre os diferentes
sistemas. Art. 86. As instituições de educação
§ 4º A educação a distância gozará de superior constituídas como universidades
tratamento diferenciado, que incluirá: integrar-se-ão, também, na sua condição de
I - custos de transmissão reduzidos em instituições de pesquisa, ao Sistema
canais comerciais de radiodifusão sonora e Nacional de Ciência e Tecnologia, nos
de sons e imagens e em outros meios de termos da legislação específica.
comunicação que sejam explorados
mediante autorização, concessão ou
permissão do poder público;

91
Legislação Educacional

TÍTULO IX IV - integrar todos os estabelecimentos


Das Disposições Transitórias de ensino fundamental do seu território ao
sistema nacional de avaliação do
Art. 87. É instituída a Década da rendimento escolar.
Educação, a iniciar-se um ano a partir da § 4º (Revogado).
publicação desta Lei. § 5º Serão conjugados todos os esforços
§ 1º A União, no prazo de um ano a partir objetivando a progressão das redes
da publicação desta Lei, encaminhará, ao escolares públicas urbanas de ensino
Congresso Nacional, o Plano Nacional de fundamental para o regime de escolas de
Educação, com diretrizes e metas para os tempo integral.
dez anos seguintes, em sintonia com a § 6º A assistência financeira da União
Declaração Mundial sobre Educação para aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Todos. Municípios, bem como a dos Estados aos
§ 2º (Revogado). seus Municípios, ficam condicionadas ao
§ 3º Cada Município e, supletivamente, cumprimento do art. 212 da Constituição
o Estado e a União, deverá: Federal e dispositivos legais pertinentes
I – matricular todos os educandos a partir pelos governos beneficiados.
dos seis anos de idade, no ensino
fundamental, atendidas as seguintes Art. 87-A. (VETADO).
condições no âmbito de cada sistema de
ensino: Art. 88. A União, os Estados, o Distrito
a) plena observância das condições de Federal e os Municípios adaptarão sua
oferta fixadas por esta Lei, no caso de todas legislação educacional e de ensino às
as redes escolares; disposições desta Lei no prazo máximo de
b) atingimento de taxa líquida de um ano, a partir da data de sua publicação.
escolarização de pelo menos 95% (noventa § 1º As instituições educacionais
e cinco por cento) da faixa etária de sete a adaptarão seus estatutos e regimentos aos
catorze anos, no caso das redes escolares dispositivos desta Lei e às normas dos
públicas; e respectivos sistemas de ensino, nos prazos
c) não redução média de recursos por por estes estabelecidos.
aluno do ensino fundamental na respectiva § 2º O prazo para que as universidades
rede pública, resultante da incorporação dos cumpram o disposto nos incisos II e III do
alunos de seis anos de idade; art. 52 é de oito anos.
§ 3º O Distrito Federal, cada Estado e
Município, e, supletivamente, a União, Art. 89. As creches e pré-escolas
devem: existentes ou que venham a ser criadas
I – matricular todos os educandos a partir deverão, no prazo de três anos, a contar da
dos 6 (seis) anos de idade no ensino publicação desta Lei, integrar-se ao
fundamental; respectivo sistema de ensino.
I - (revogado);
a) (Revogado) Art. 90. As questões suscitadas na
b) (Revogado) transição entre o regime anterior e o que se
c) (Revogado) institui nesta Lei serão resolvidas pelo
II - prover cursos presenciais ou a Conselho Nacional de Educação ou,
distância aos jovens e adultos mediante delegação deste, pelos órgãos
insuficientemente escolarizados; normativos dos sistemas de ensino,
III - realizar programas de capacitação preservada a autonomia universitária.
para todos os professores em exercício,
utilizando também, para isto, os recursos da Art. 91. Esta Lei entra em vigor na data
educação a distância; de sua publicação.

92
Legislação Educacional

Art. 92. Revogam-se as disposições das C - Os currículos da educação infantil,


Leis nºs 4.024, de 20 de dezembro de 1961, do ensino fundamental e do ensino médio
e 5.540, de 28 de novembro de 1968, não devem ter base nacional comum, a ser
alteradas pelas Leis nºs 9.131, de 24 de complementada, em cada sistema de ensino
novembro de 1995 e 9.192, de 21 de e em cada estabelecimento escolar, por uma
dezembro de 1995 e, ainda, as Leis nºs parte diversificada, exigida pelas
5.692, de 11 de agosto de 1971 e 7.044, de características regionais e locais da
18 de outubro de 1982, e as demais leis e sociedade, da cultura, da economia e dos
decretos-lei que as modificaram e quaisquer educandos.
outras disposições em contrário. D - A educação física, integrada à
proposta pedagógica da escola, é
Brasília, 20 de dezembro de 1996; 175º componente curricular facultativo ao que
da Independência e 108º da República. cumpra jornada de trabalho igual ou
superior a quatro horas diárias.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO E - No currículo do ensino fundamental,
a partir do quinto ano, será ofertada a língua
Questões inglesa.

01. (Prefeitura de Louveira/SP - 03. (Prefeitura de Laranjal


Professor de Educação Básica - Paulista/SP - Professor de Educação
Avança/2022) Todas as alternativas, Básica - PEB II - Avança/2022) Conforme
abaixo, trazem incumbências dos previsto na Lei de Diretrizes e Bases da
Estabelecimentos de Ensino, frente à Educação Nacional (LDBEN 9394/96), a
Educação, com base no artigo 12 da LDB, educação básica, nos níveis fundamental e
exceto: médio, será organizada de acordo com as
A - administrar seu pessoal e seus seguintes regras comuns, EXCETO:
recursos materiais e financeiros. A - Nos estabelecimentos que adotam a
B - assegurar o cumprimento dos dias progressão regular por série, o regimento
letivos e horas-aula estabelecidas. escolar pode admitir formas de progressão
C - velar pelo cumprimento do plano de parcial, desde que preservada a sequência
trabalho de cada docente. do currículo, observadas as normas do
D - articular-se com as famílias e a respectivo sistema de ensino.
comunidade, criando processos de B - Poderão organizar-se classes, ou
integração da sociedade com a escola. turmas, com alunos de séries distintas, com
E- assumir o transporte escolar dos níveis equivalentes de adiantamento na
alunos da sua rede de abrangência. matéria, para o ensino de línguas
estrangeiras, artes, ou outros componentes
02. (Prefeitura de Louveira/SP - curriculares.
Professor de Educação Básica - Avança C - Os sistemas de ensino disporão sobre
SP/2022) Tomando os excertos da LDB a oferta de educação de jovens e adultos e
como base, considere a alternativa correta: de ensino noturno regular, adequado às
Alternativas condições do educando.
A - A educação básica é formada pela D - A carga horária mínima anual será de
educação infantil, ensino fundamental, duzentas horas para o ensino fundamental e
ensino médio, ensino profissionalizante e para o ensino médio, distribuídas por um
ensino tecnológico. mínimo de oitocentos dias de efetivo
B - A escola poderá reclassificar os trabalho escolar, excluído o tempo
alunos, exclusive quando se tratar de reservado aos exames finais, quando
transferências entre estabelecimentos houver.
situados no País e no exterior

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Legislação Educacional

E - O controle de frequência fica a cargo regulamentação do respectivo sistema de


da escola, conforme o disposto no seu ensino.
regimento e nas normas do respectivo
sistema de ensino, exigida a frequência Alternativas
mínima de setenta e cinco por cento do total
de horas letivas para aprovação 01.E – 02.C – 03.D – 04.B – 05.C

04. (Prefeitura de Porto Ferreira/SP -


3. Lei Brasileira de Inclusão - Lei nº
Professor de Educação Básica I - Nosso
13.146/15.
Rumo/2022) Tendo por base a Lei nº 9.394,
de 20 de dezembro de 1996, assinale a
alternativa que apresenta uma incumbência ESTATUTO DA PESSOA COM
dos docentes. DEFICIÊNCIA
A - Assegurar o cumprimento dos dias
letivos e horas-aula estabelecidas. A Lei nº 13.146, de 06 de julho de 2015,
B - Colaborar com as atividades de conhecida como a Lei Brasileira de
articulação da escola com as famílias e a Inclusão da Pessoa com Deficiência ou
comunidade. Estatuto da Pessoa com Deficiência, além
C - Organizar, manter e desenvolver os de definir variados conceitos, como
órgãos e instituições oficiais dos seus deficiência, acessibilidade, entre outros, e
sistemas de ensino. estabelecer variados direitos às pessoas
D - Coletar, analisar e disseminar com deficiência com o objetivo de
informações sobre a educação. promover a igualdade, a inclusão social e o
E - Estabelecer ações destinadas a exercício da cidadania, trouxe diversas
promover a cultura de paz nas escolas. alterações na legislação brasileira,
relacionadas ao direito administrativo,
05. (Prefeitura de Itapiranga/SC - como licitações e improbidade
Professor de Matemática - administrativa, ao direito urbanístico, entre
AMEOSC/2022) Entre as formas definidas outros.
pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional - LDB para que a classificação em LEI Nº 13.146, DE 6 DE JULHO DE
qualquer série ou etapa, exceto a primeira 2015.3
do ensino fundamental aconteça NÃO
consta: Institui a Lei Brasileira de Inclusão da
A - Por promoção, para alunos que Pessoa com Deficiência (Estatuto da
cursaram, com aproveitamento, a série ou Pessoa com Deficiência).
fase anterior, na própria escola.
B - Por transferência, para candidatos A PRESIDENTA DA REPÚBLICA
procedentes de outras escolas. Faço saber que o Congresso Nacional
C - Por determinação do representante decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
oficial das Secretarias Municipais de
Educação.
D - Independentemente de escolarização
anterior, mediante avaliação feita pela
escola, que defina o grau de
desenvolvimento e experiência do
candidato e permita sua inscrição na série
ou etapa adequada, conforme
3
Disponível em: 2018/2015/lei/l13146.htm Acesso: 10.10.2022
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-

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Legislação Educacional

LIVRO I § 2º O Poder Executivo criará


PARTE GERAL instrumentos para avaliação da deficiência.
TÍTULO I (Vide Lei nº 13.846, de 2019) (Vide Lei nº
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES 14.126, de 2021)
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 3º Para fins de aplicação desta Lei,
consideram-se:
Art. 1º É instituída a Lei Brasileira de I - acessibilidade: possibilidade e
Inclusão da Pessoa com Deficiência condição de alcance para utilização, com
(Estatuto da Pessoa com Deficiência), segurança e autonomia, de espaços,
destinada a assegurar e a promover, em mobiliários, equipamentos urbanos,
condições de igualdade, o exercício dos edificações, transportes, informação e
direitos e das liberdades fundamentais por comunicação, inclusive seus sistemas e
pessoa com deficiência, visando à sua tecnologias, bem como de outros serviços e
inclusão social e cidadania. instalações abertos ao público, de uso
Parágrafo único. Esta Lei tem como base público ou privados de uso coletivo, tanto
a Convenção sobre os Direitos das Pessoas na zona urbana como na rural, por pessoa
com Deficiência e seu Protocolo com deficiência ou com mobilidade
Facultativo, ratificados pelo Congresso reduzida;
Nacional por meio do Decreto Legislativo II - desenho universal: concepção de
nº 186, de 9 de julho de 2008 , em produtos, ambientes, programas e serviços
conformidade com o procedimento previsto a serem usados por todas as pessoas, sem
no § 3º do art. 5º da Constituição da necessidade de adaptação ou de projeto
República Federativa do Brasil , em vigor específico, incluindo os recursos de
para o Brasil, no plano jurídico externo, tecnologia assistiva;
desde 31 de agosto de 2008, e promulgados III - tecnologia assistiva ou ajuda
pelo Decreto nº 6.949, de 25 de agosto de técnica: produtos, equipamentos,
2009 , data de início de sua vigência no dispositivos, recursos, metodologias,
plano interno. estratégias, práticas e serviços que
objetivem promover a funcionalidade,
Art. 2º Considera-se pessoa com relacionada à atividade e à participação da
deficiência aquela que tem impedimento de pessoa com deficiência ou com mobilidade
longo prazo de natureza física, mental, reduzida, visando à sua autonomia,
intelectual ou sensorial, o qual, em independência, qualidade de vida e inclusão
interação com uma ou mais barreiras, pode social;
obstruir sua participação plena e efetiva na IV - barreiras: qualquer entrave,
sociedade em igualdade de condições com obstáculo, atitude ou comportamento que
as demais pessoas. limite ou impeça a participação social da
§ 1º A avaliação da deficiência, quando pessoa, bem como o gozo, a fruição e o
necessária, será biopsicossocial, realizada exercício de seus direitos à acessibilidade, à
por equipe multiprofissional e liberdade de movimento e de expressão, à
interdisciplinar e considerará: (Vigência) comunicação, ao acesso à informação, à
(Vide Decreto nº 11.063, de 2022) compreensão, à circulação com segurança,
I - os impedimentos nas funções e nas entre outros, classificadas em:
estruturas do corpo; a) barreiras urbanísticas: as existentes
II - os fatores socioambientais, nas vias e nos espaços públicos e privados
psicológicos e pessoais; abertos ao público ou de uso coletivo;
III - a limitação no desempenho de b) barreiras arquitetônicas: as existentes
atividades; e nos edifícios públicos e privados;
IV - a restrição de participação.

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Legislação Educacional

c) barreiras nos transportes: as existentes objetos existentes nas vias e nos espaços
nos sistemas e meios de transportes; públicos, superpostos ou adicionados aos
d) barreiras nas comunicações e na elementos de urbanização ou de edificação,
informação: qualquer entrave, obstáculo, de forma que sua modificação ou seu
atitude ou comportamento que dificulte ou traslado não provoque alterações
impossibilite a expressão ou o recebimento substanciais nesses elementos, tais como
de mensagens e de informações por semáforos, postes de sinalização e
intermédio de sistemas de comunicação e similares, terminais e pontos de acesso
de tecnologia da informação; coletivo às telecomunicações, fontes de
e) barreiras atitudinais: atitudes ou água, lixeiras, toldos, marquises, bancos,
comportamentos que impeçam ou quiosques e quaisquer outros de natureza
prejudiquem a participação social da pessoa análoga;
com deficiência em igualdade de condições IX - pessoa com mobilidade reduzida:
e oportunidades com as demais pessoas; aquela que tenha, por qualquer motivo,
f) barreiras tecnológicas: as que dificuldade de movimentação, permanente
dificultam ou impedem o acesso da pessoa ou temporária, gerando redução efetiva da
com deficiência às tecnologias; mobilidade, da flexibilidade, da
V - comunicação: forma de interação dos coordenação motora ou da percepção,
cidadãos que abrange, entre outras opções, incluindo idoso, gestante, lactante, pessoa
as línguas, inclusive a Língua Brasileira de com criança de colo e obeso;
Sinais (Libras), a visualização de textos, o X - residências inclusivas: unidades de
Braille, o sistema de sinalização ou de oferta do Serviço de Acolhimento do
comunicação tátil, os caracteres ampliados, Sistema Único de Assistência Social (Suas)
os dispositivos multimídia, assim como a localizadas em áreas residenciais da
linguagem simples, escrita e oral, os comunidade, com estruturas adequadas,
sistemas auditivos e os meios de voz que possam contar com apoio psicossocial
digitalizados e os modos, meios e formatos para o atendimento das necessidades da
aumentativos e alternativos de pessoa acolhida, destinadas a jovens e
comunicação, incluindo as tecnologias da adultos com deficiência, em situação de
informação e das comunicações; dependência, que não dispõem de
VI - adaptações razoáveis: adaptações, condições de autossustentabilidade e com
modificações e ajustes necessários e vínculos familiares fragilizados ou
adequados que não acarretem ônus rompidos;
desproporcional e indevido, quando XI - moradia para a vida independente da
requeridos em cada caso, a fim de assegurar pessoa com deficiência: moradia com
que a pessoa com deficiência possa gozar estruturas adequadas capazes de
ou exercer, em igualdade de condições e proporcionar serviços de apoio coletivos e
oportunidades com as demais pessoas, individualizados que respeitem e ampliem
todos os direitos e liberdades fundamentais; o grau de autonomia de jovens e adultos
VII - elemento de urbanização: com deficiência;
quaisquer componentes de obras de XII - atendente pessoal: pessoa, membro
urbanização, tais como os referentes a ou não da família, que, com ou sem
pavimentação, saneamento, encanamento remuneração, assiste ou presta cuidados
para esgotos, distribuição de energia básicos e essenciais à pessoa com
elétrica e de gás, iluminação pública, deficiência no exercício de suas atividades
serviços de comunicação, abastecimento e diárias, excluídas as técnicas ou os
distribuição de água, paisagismo e os que procedimentos identificados com
materializam as indicações do profissões legalmente estabelecidas;
planejamento urbanístico; XIII - profissional de apoio escolar:
VIII - mobiliário urbano: conjunto de pessoa que exerce atividades de

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Legislação Educacional

alimentação, higiene e locomoção do II - exercer direitos sexuais e


estudante com deficiência e atua em todas reprodutivos;
as atividades escolares nas quais se fizer III - exercer o direito de decidir sobre o
necessária, em todos os níveis e número de filhos e de ter acesso a
modalidades de ensino, em instituições informações adequadas sobre reprodução e
públicas e privadas, excluídas as técnicas planejamento familiar;
ou os procedimentos identificados com IV - conservar sua fertilidade, sendo
profissões legalmente estabelecidas; vedada a esterilização compulsória;
XIV - acompanhante: aquele que V - exercer o direito à família e à
acompanha a pessoa com deficiência, convivência familiar e comunitária; e
podendo ou não desempenhar as funções de VI - exercer o direito à guarda, à tutela,
atendente pessoal. à curatela e à adoção, como adotante ou
adotando, em igualdade de oportunidades
CAPÍTULO II com as demais pessoas.
DA IGUALDADE E DA NÃO
DISCRIMINAÇÃO Art. 7º É dever de todos comunicar à
autoridade competente qualquer forma de
Art. 4º Toda pessoa com deficiência tem ameaça ou de violação aos direitos da
direito à igualdade de oportunidades com as pessoa com deficiência.
demais pessoas e não sofrerá nenhuma Parágrafo único. Se, no exercício de suas
espécie de discriminação. funções, os juízes e os tribunais tiverem
§ 1º Considera-se discriminação em conhecimento de fatos que caracterizem as
razão da deficiência toda forma de violações previstas nesta Lei, devem
distinção, restrição ou exclusão, por ação remeter peças ao Ministério Público para as
ou omissão, que tenha o propósito ou o providências cabíveis.
efeito de prejudicar, impedir ou anular o
reconhecimento ou o exercício dos direitos Art. 8º É dever do Estado, da sociedade
e das liberdades fundamentais de pessoa e da família assegurar à pessoa com
com deficiência, incluindo a recusa de deficiência, com prioridade, a efetivação
adaptações razoáveis e de fornecimento de dos direitos referentes à vida, à saúde, à
tecnologias assistivas. sexualidade, à paternidade e à maternidade,
§ 2º A pessoa com deficiência não está à alimentação, à habitação, à educação, à
obrigada à fruição de benefícios profissionalização, ao trabalho, à
decorrentes de ação afirmativa. previdência social, à habilitação e à
reabilitação, ao transporte, à acessibilidade,
Art. 5º A pessoa com deficiência será à cultura, ao desporto, ao turismo, ao lazer,
protegida de toda forma de negligência, à informação, à comunicação, aos avanços
discriminação, exploração, violência, científicos e tecnológicos, à dignidade, ao
tortura, crueldade, opressão e tratamento respeito, à liberdade, à convivência familiar
desumano ou degradante. e comunitária, entre outros decorrentes da
Parágrafo único. Para os fins da proteção Constituição Federal, da Convenção sobre
mencionada no caput deste artigo, são os Direitos das Pessoas com Deficiência e
considerados especialmente vulneráveis a seu Protocolo Facultativo e das leis e de
criança, o adolescente, a mulher e o idoso, outras normas que garantam seu bem-estar
com deficiência. pessoal, social e econômico.

Art. 6º A deficiência não afeta a plena


capacidade civil da pessoa, inclusive para:
I - casar-se e constituir união estável;

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Legislação Educacional

Seção Única público adotar medidas para sua proteção e


Do Atendimento Prioritário segurança.

Art. 9º A pessoa com deficiência tem Art. 11. A pessoa com deficiência não
direito a receber atendimento prioritário, poderá ser obrigada a se submeter a
sobretudo com a finalidade de: intervenção clínica ou cirúrgica, a
I - proteção e socorro em quaisquer tratamento ou a institucionalização forçada.
circunstâncias; Parágrafo único. O consentimento da
II - atendimento em todas as instituições pessoa com deficiência em situação de
e serviços de atendimento ao público; curatela poderá ser suprido, na forma da lei.
III - disponibilização de recursos, tanto
humanos quanto tecnológicos, que Art. 12. O consentimento prévio, livre e
garantam atendimento em igualdade de esclarecido da pessoa com deficiência é
condições com as demais pessoas; indispensável para a realização de
IV - disponibilização de pontos de tratamento, procedimento, hospitalização e
parada, estações e terminais acessíveis de pesquisa científica.
transporte coletivo de passageiros e § 1º Em caso de pessoa com deficiência
garantia de segurança no embarque e no em situação de curatela, deve ser
desembarque; assegurada sua participação, no maior grau
V - acesso a informações e possível, para a obtenção de consentimento.
disponibilização de recursos de § 2º A pesquisa científica envolvendo
comunicação acessíveis; pessoa com deficiência em situação de
VI - recebimento de restituição de tutela ou de curatela deve ser realizada, em
imposto de renda; caráter excepcional, apenas quando houver
VII - tramitação processual e indícios de benefício direto para sua saúde
procedimentos judiciais e administrativos ou para a saúde de outras pessoas com
em que for parte ou interessada, em todos deficiência e desde que não haja outra
os atos e diligências. opção de pesquisa de eficácia comparável
§ 1º Os direitos previstos neste artigo são com participantes não tutelados ou
extensivos ao acompanhante da pessoa com curatelados.
deficiência ou ao seu atendente pessoal,
exceto quanto ao disposto nos incisos VI e Art. 13. A pessoa com deficiência
VII deste artigo. somente será atendida sem seu
§ 2º Nos serviços de emergência consentimento prévio, livre e esclarecido
públicos e privados, a prioridade conferida em casos de risco de morte e de emergência
por esta Lei é condicionada aos protocolos em saúde, resguardado seu superior
de atendimento médico. interesse e adotadas as salvaguardas legais
cabíveis.
TÍTULO II
DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS CAPÍTULO II
CAPÍTULO I DO DIREITO À HABILITAÇÃO E À
DO DIREITO À VIDA REABILITAÇÃO

Art. 10. Compete ao poder público Art. 14. O processo de habilitação e de


garantir a dignidade da pessoa com reabilitação é um direito da pessoa com
deficiência ao longo de toda a vida. deficiência.
Parágrafo único. Em situações de risco, Parágrafo único. O processo de
emergência ou estado de calamidade habilitação e de reabilitação tem por
pública, a pessoa com deficiência será objetivo o desenvolvimento de
considerada vulnerável, devendo o poder potencialidades, talentos, habilidades e

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Legislação Educacional

aptidões físicas, cognitivas, sensoriais, Art. 17. Os serviços do SUS e do Suas


psicossociais, atitudinais, profissionais e deverão promover ações articuladas para
artísticas que contribuam para a conquista garantir à pessoa com deficiência e sua
da autonomia da pessoa com deficiência e família a aquisição de informações,
de sua participação social em igualdade de orientações e formas de acesso às políticas
condições e oportunidades com as demais públicas disponíveis, com a finalidade de
pessoas. propiciar sua plena participação social.
Parágrafo único. Os serviços de que trata
Art. 15. O processo mencionado no art. o caput deste artigo podem fornecer
14 desta Lei baseia-se em avaliação informações e orientações nas áreas de
multidisciplinar das necessidades, saúde, de educação, de cultura, de esporte,
habilidades e potencialidades de cada de lazer, de transporte, de previdência
pessoa, observadas as seguintes diretrizes: social, de assistência social, de habitação,
I - diagnóstico e intervenção precoces; de trabalho, de empreendedorismo, de
II - adoção de medidas para compensar acesso ao crédito, de promoção, proteção e
perda ou limitação funcional, buscando o defesa de direitos e nas demais áreas que
desenvolvimento de aptidões; possibilitem à pessoa com deficiência
III - atuação permanente, integrada e exercer sua cidadania.
articulada de políticas públicas que
possibilitem a plena participação social da CAPÍTULO III
pessoa com deficiência; DO DIREITO À SAÚDE
IV - oferta de rede de serviços
articulados, com atuação intersetorial, nos Art. 18. É assegurada atenção integral à
diferentes níveis de complexidade, para saúde da pessoa com deficiência em todos
atender às necessidades específicas da os níveis de complexidade, por intermédio
pessoa com deficiência; do SUS, garantido acesso universal e
V - prestação de serviços próximo ao igualitário.
domicílio da pessoa com deficiência, § 1º É assegurada a participação da
inclusive na zona rural, respeitadas a pessoa com deficiência na elaboração das
organização das Redes de Atenção à Saúde políticas de saúde a ela destinadas.
(RAS) nos territórios locais e as normas do § 2º É assegurado atendimento segundo
Sistema Único de Saúde (SUS). normas éticas e técnicas, que
regulamentarão a atuação dos profissionais
Art. 16. Nos programas e serviços de de saúde e contemplarão aspectos
habilitação e de reabilitação para a pessoa relacionados aos direitos e às
com deficiência, são garantidos: especificidades da pessoa com deficiência,
I - organização, serviços, métodos, incluindo temas como sua dignidade e
técnicas e recursos para atender às autonomia.
características de cada pessoa com § 3º Aos profissionais que prestam
deficiência; assistência à pessoa com deficiência,
II - acessibilidade em todos os ambientes especialmente em serviços de habilitação e
e serviços; de reabilitação, deve ser garantida
III - tecnologia assistiva, tecnologia de capacitação inicial e continuada.
reabilitação, materiais e equipamentos § 4º As ações e os serviços de saúde
adequados e apoio técnico profissional, de pública destinados à pessoa com deficiência
acordo com as especificidades de cada devem assegurar:
pessoa com deficiência; I - diagnóstico e intervenção precoces,
IV - capacitação continuada de todos os realizados por equipe multidisciplinar;
profissionais que participem dos programas II - serviços de habilitação e de
e serviços. reabilitação sempre que necessários, para

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Legislação Educacional

qualquer tipo de deficiência, inclusive para III - aprimoramento e expansão dos


a manutenção da melhor condição de saúde programas de imunização e de triagem
e qualidade de vida; neonatal;
III - atendimento domiciliar IV - identificação e controle da gestante
multidisciplinar, tratamento ambulatorial e de alto risco.
internação;
IV - campanhas de vacinação; Art. 20. As operadoras de planos e
seguros privados de saúde são obrigadas a
V - atendimento psicológico, inclusive garantir à pessoa com deficiência, no
para seus familiares e atendentes pessoais; mínimo, todos os serviços e produtos
VI - respeito à especificidade, à ofertados aos demais clientes.
identidade de gênero e à orientação sexual
da pessoa com deficiência; Art. 21. Quando esgotados os meios de
VII - atenção sexual e reprodutiva, atenção à saúde da pessoa com deficiência
incluindo o direito à fertilização assistida; no local de residência, será prestado
VIII - informação adequada e acessível à atendimento fora de domicílio, para fins de
pessoa com deficiência e a seus familiares diagnóstico e de tratamento, garantidos o
sobre sua condição de saúde; transporte e a acomodação da pessoa com
IX - serviços projetados para prevenir a deficiência e de seu acompanhante.
ocorrência e o desenvolvimento de
deficiências e agravos adicionais; Art. 22. À pessoa com deficiência
X - promoção de estratégias de internada ou em observação é assegurado o
capacitação permanente das equipes que direito a acompanhante ou a atendente
atuam no SUS, em todos os níveis de pessoal, devendo o órgão ou a instituição de
atenção, no atendimento à pessoa com saúde proporcionar condições adequadas
deficiência, bem como orientação a seus para sua permanência em tempo integral.
atendentes pessoais; § 1º Na impossibilidade de permanência
XI - oferta de órteses, próteses, meios do acompanhante ou do atendente pessoal
auxiliares de locomoção, medicamentos, junto à pessoa com deficiência, cabe ao
insumos e fórmulas nutricionais, conforme profissional de saúde responsável pelo
as normas vigentes do Ministério da Saúde. tratamento justificá-la por escrito.
§ 5º As diretrizes deste artigo aplicam-se § 2º Na ocorrência da impossibilidade
também às instituições privadas que prevista no § 1º deste artigo, o órgão ou a
participem de forma complementar do SUS instituição de saúde deve adotar as
ou que recebam recursos públicos para sua providências cabíveis para suprir a ausência
manutenção. do acompanhante ou do atendente pessoal.

Art. 19. Compete ao SUS desenvolver Art. 23. São vedadas todas as formas de
ações destinadas à prevenção de discriminação contra a pessoa com
deficiências por causas evitáveis, inclusive deficiência, inclusive por meio de cobrança
por meio de: de valores diferenciados por planos e
I - acompanhamento da gravidez, do seguros privados de saúde, em razão de sua
parto e do puerpério, com garantia de parto condição.
humanizado e seguro;
II - promoção de práticas alimentares Art. 24. É assegurado à pessoa com
adequadas e saudáveis, vigilância alimentar deficiência o acesso aos serviços de saúde,
e nutricional, prevenção e cuidado integral tanto públicos como privados, e às
dos agravos relacionados à alimentação e informações prestadas e recebidas, por
nutrição da mulher e da criança; meio de recursos de tecnologia assistiva e
de todas as formas de comunicação
previstas no inciso V do art. 3º desta Lei.

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Legislação Educacional

Art. 25. Os espaços dos serviços de I - sistema educacional inclusivo em


saúde, tanto públicos quanto privados, todos os níveis e modalidades, bem como o
devem assegurar o acesso da pessoa com aprendizado ao longo de toda a vida;
deficiência, em conformidade com a II - aprimoramento dos sistemas
legislação em vigor, mediante a remoção de educacionais, visando a garantir condições
barreiras, por meio de projetos de acesso, permanência, participação e
arquitetônico, de ambientação de interior e aprendizagem, por meio da oferta de
de comunicação que atendam às serviços e de recursos de acessibilidade que
especificidades das pessoas com eliminem as barreiras e promovam a
deficiência física, sensorial, intelectual e inclusão plena;
mental. III - projeto pedagógico que
institucionalize o atendimento educacional
Art. 26. Os casos de suspeita ou de especializado, assim como os demais
confirmação de violência praticada contra a serviços e adaptações razoáveis, para
pessoa com deficiência serão objeto de atender às características dos estudantes
notificação compulsória pelos serviços de com deficiência e garantir o seu pleno
saúde públicos e privados à autoridade acesso ao currículo em condições de
policial e ao Ministério Público, além dos igualdade, promovendo a conquista e o
Conselhos dos Direitos da Pessoa com exercício de sua autonomia;
Deficiência. IV - oferta de educação bilíngue, em
Parágrafo único. Para os efeitos desta Libras como primeira língua e na
Lei, considera-se violência contra a pessoa modalidade escrita da língua portuguesa
com deficiência qualquer ação ou omissão, como segunda língua, em escolas e classes
praticada em local público ou privado, que bilíngues e em escolas inclusivas;
lhe cause morte ou dano ou sofrimento V - adoção de medidas individualizadas
físico ou psicológico. e coletivas em ambientes que maximizem o
desenvolvimento acadêmico e social dos
CAPÍTULO IV estudantes com deficiência, favorecendo o
DO DIREITO À EDUCAÇÃO acesso, a permanência, a participação e a
aprendizagem em instituições de ensino;
Art. 27. A educação constitui direito da VI - pesquisas voltadas para o
pessoa com deficiência, assegurados desenvolvimento de novos métodos e
sistema educacional inclusivo em todos os técnicas pedagógicas, de materiais
níveis e aprendizado ao longo de toda a didáticos, de equipamentos e de recursos de
vida, de forma a alcançar o máximo tecnologia assistiva;
desenvolvimento possível de seus talentos e VII - planejamento de estudo de caso, de
habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e elaboração de plano de atendimento
sociais, segundo suas características, educacional especializado, de organização
interesses e necessidades de aprendizagem. de recursos e serviços de acessibilidade e de
Parágrafo único. É dever do Estado, da disponibilização e usabilidade pedagógica
família, da comunidade escolar e da de recursos de tecnologia assistiva;
sociedade assegurar educação de qualidade VIII - participação dos estudantes com
à pessoa com deficiência, colocando-a a deficiência e de suas famílias nas diversas
salvo de toda forma de violência, instâncias de atuação da comunidade
negligência e discriminação. escolar;

Art. 28. Incumbe ao poder público


assegurar, criar, desenvolver, implementar,
incentivar, acompanhar e avaliar:

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Legislação Educacional

IX - adoção de medidas de apoio que caput deste artigo, sendo vedada a cobrança
favoreçam o desenvolvimento dos aspectos de valores adicionais de qualquer natureza
linguísticos, culturais, vocacionais e em suas mensalidades, anuidades e
profissionais, levando-se em conta o matrículas no cumprimento dessas
talento, a criatividade, as habilidades e os determinações.
interesses do estudante com deficiência; § 2º Na disponibilização de tradutores e
X - adoção de práticas pedagógicas intérpretes da Libras a que se refere o inciso
inclusivas pelos programas de formação XI do caput deste artigo, deve-se observar o
inicial e continuada de professores e oferta seguinte:
de formação continuada para o atendimento I - os tradutores e intérpretes da Libras
educacional especializado; atuantes na educação básica devem, no
XI - formação e disponibilização de mínimo, possuir ensino médio completo e
professores para o atendimento educacional certificado de proficiência na Libras;
especializado, de tradutores e intérpretes da (Vigência)
Libras, de guias intérpretes e de II - os tradutores e intérpretes da Libras,
profissionais de apoio; quando direcionados à tarefa de interpretar
XII - oferta de ensino da Libras, do nas salas de aula dos cursos de graduação e
Sistema Braille e de uso de recursos de pós-graduação, devem possuir nível
tecnologia assistiva, de forma a ampliar superior, com habilitação, prioritariamente,
habilidades funcionais dos estudantes, em Tradução e Interpretação em Libras.
promovendo sua autonomia e participação; (Vigência)
XIII - acesso à educação superior e à
educação profissional e tecnológica em Art. 29. (VETADO).
igualdade de oportunidades e condições
com as demais pessoas; Art. 30. Nos processos seletivos para
XIV - inclusão em conteúdos ingresso e permanência nos cursos
curriculares, em cursos de nível superior e oferecidos pelas instituições de ensino
de educação profissional técnica e superior e de educação profissional e
tecnológica, de temas relacionados à pessoa tecnológica, públicas e privadas, devem ser
com deficiência nos respectivos campos de adotadas as seguintes medidas:
conhecimento; I - atendimento preferencial à pessoa
XV - acesso da pessoa com deficiência, com deficiência nas dependências das
em igualdade de condições, a jogos e a Instituições de Ensino Superior (IES) e nos
atividades recreativas, esportivas e de lazer, serviços;
no sistema escolar; II - disponibilização de formulário de
XVI - acessibilidade para todos os inscrição de exames com campos
estudantes, trabalhadores da educação e específicos para que o candidato com
demais integrantes da comunidade escolar deficiência informe os recursos de
às edificações, aos ambientes e às acessibilidade e de tecnologia assistiva
atividades concernentes a todas as necessários para sua participação;
modalidades, etapas e níveis de ensino; III - disponibilização de provas em
XVII - oferta de profissionais de apoio formatos acessíveis para atendimento às
escolar; necessidades específicas do candidato com
XVIII - articulação intersetorial na deficiência;
implementação de políticas públicas. IV - disponibilização de recursos de
§ 1º Às instituições privadas, de acessibilidade e de tecnologia assistiva
qualquer nível e modalidade de ensino, adequados, previamente solicitados e
aplica-se obrigatoriamente o disposto nos escolhidos pelo candidato com deficiência;
incisos I, II, III, V, VII, VIII, IX, X, XI, XII, V - dilação de tempo, conforme
XIII, XIV, XV, XVI, XVII e XVIII do demanda apresentada pelo candidato com

102
Legislação Educacional

deficiência, tanto na realização de exame IV - disponibilização de equipamentos


para seleção quanto nas atividades urbanos comunitários acessíveis;
acadêmicas, mediante prévia solicitação e V - elaboração de especificações
comprovação da necessidade; técnicas no projeto que permitam a
VI - adoção de critérios de avaliação das instalação de elevadores.
provas escritas, discursivas ou de redação § 1º O direito à prioridade, previsto no
que considerem a singularidade linguística caput deste artigo, será reconhecido à
da pessoa com deficiência, no domínio da pessoa com deficiência beneficiária apenas
modalidade escrita da língua portuguesa; uma vez.
VII - tradução completa do edital e de § 2º Nos programas habitacionais
suas retificações em Libras. públicos, os critérios de financiamento
devem ser compatíveis com os rendimentos
CAPÍTULO V da pessoa com deficiência ou de sua
DO DIREITO À MORADIA família.
§ 3º Caso não haja pessoa com
Art. 31. A pessoa com deficiência tem deficiência interessada nas unidades
direito à moradia digna, no seio da família habitacionais reservadas por força do
natural ou substituta, com seu cônjuge ou disposto no inciso I do caput deste artigo, as
companheiro ou desacompanhada, ou em unidades não utilizadas serão
moradia para a vida independente da pessoa disponibilizadas às demais pessoas.
com deficiência, ou, ainda, em residência
inclusiva. Art. 33. Ao poder público compete:
§ 1º O poder público adotará programas I - adotar as providências necessárias
e ações estratégicas para apoiar a criação e para o cumprimento do disposto nos arts. 31
a manutenção de moradia para a vida e 32 desta Lei; e
independente da pessoa com deficiência. II - divulgar, para os agentes
§ 2º A proteção integral na modalidade interessados e beneficiários, a política
de residência inclusiva será prestada no habitacional prevista nas legislações
âmbito do Suas à pessoa com deficiência federal, estaduais, distrital e municipais,
em situação de dependência que não com ênfase nos dispositivos sobre
disponha de condições de acessibilidade.
autossustentabilidade, com vínculos
familiares fragilizados ou rompidos. CAPÍTULO VI
DO DIREITO AO TRABALHO
Art. 32. Nos programas habitacionais, Seção I
públicos ou subsidiados com recursos Disposições Gerais
públicos, a pessoa com deficiência ou o seu
responsável goza de prioridade na aquisição Art. 34. A pessoa com deficiência tem
de imóvel para moradia própria, observado direito ao trabalho de sua livre escolha e
o seguinte: aceitação, em ambiente acessível e
I - reserva de, no mínimo, 3% (três por inclusivo, em igualdade de oportunidades
cento) das unidades habitacionais para com as demais pessoas.
pessoa com deficiência; § 1º As pessoas jurídicas de direito
II - (VETADO); público, privado ou de qualquer natureza
III - em caso de edificação multifamiliar, são obrigadas a garantir ambientes de
garantia de acessibilidade nas áreas de uso trabalho acessíveis e inclusivos.
comum e nas unidades habitacionais no § 2º A pessoa com deficiência tem
piso térreo e de acessibilidade ou de direito, em igualdade de oportunidades com
adaptação razoável nos demais pisos; as demais pessoas, a condições justas e
favoráveis de trabalho, incluindo igual

103
Legislação Educacional

remuneração por trabalho de igual valor. deficiência restaurar sua capacidade e


§ 3º É vedada restrição ao trabalho da habilidade profissional ou adquirir novas
pessoa com deficiência e qualquer capacidades e habilidades de trabalho.
discriminação em razão de sua condição, § 2º A habilitação profissional
inclusive nas etapas de recrutamento, corresponde ao processo destinado a
seleção, contratação, admissão, exames propiciar à pessoa com deficiência
admissional e periódico, permanência no aquisição de conhecimentos, habilidades e
emprego, ascensão profissional e aptidões para exercício de profissão ou de
reabilitação profissional, bem como ocupação, permitindo nível suficiente de
exigência de aptidão plena. desenvolvimento profissional para ingresso
§ 4º A pessoa com deficiência tem no campo de trabalho.
direito à participação e ao acesso a cursos, § 3º Os serviços de habilitação
treinamentos, educação continuada, planos profissional, de reabilitação profissional e
de carreira, promoções, bonificações e de educação profissional devem ser dotados
incentivos profissionais oferecidos pelo de recursos necessários para atender a toda
empregador, em igualdade de pessoa com deficiência,
oportunidades com os demais empregados. independentemente de sua característica
§ 5º É garantida aos trabalhadores com específica, a fim de que ela possa ser
deficiência acessibilidade em cursos de capacitada para trabalho que lhe seja
formação e de capacitação. adequado e ter perspectivas de obtê-lo, de
conservá-lo e de nele progredir.
Art. 35. É finalidade primordial das § 4º Os serviços de habilitação
políticas públicas de trabalho e emprego profissional, de reabilitação profissional e
promover e garantir condições de acesso e de educação profissional deverão ser
de permanência da pessoa com deficiência oferecidos em ambientes acessíveis e
no campo de trabalho. inclusivos.
Parágrafo único. Os programas de § 5º A habilitação profissional e a
estímulo ao empreendedorismo e ao reabilitação profissional devem ocorrer
trabalho autônomo, incluídos o articuladas com as redes públicas e
cooperativismo e o associativismo, devem privadas, especialmente de saúde, de ensino
prever a participação da pessoa com e de assistência social, em todos os níveis e
deficiência e a disponibilização de linhas de modalidades, em entidades de formação
crédito, quando necessárias. profissional ou diretamente com o
empregador.
Seção II § 6º A habilitação profissional pode
Da Habilitação Profissional e ocorrer em empresas por meio de prévia
Reabilitação Profissional formalização do contrato de emprego da
pessoa com deficiência, que será
Art. 36. O poder público deve considerada para o cumprimento da reserva
implementar serviços e programas de vagas prevista em lei, desde que por
completos de habilitação profissional e de tempo determinado e concomitante com a
reabilitação profissional para que a pessoa inclusão profissional na empresa,
com deficiência possa ingressar, continuar observado o disposto em regulamento.
ou retornar ao campo do trabalho, § 7º A habilitação profissional e a
respeitados sua livre escolha, sua vocação e reabilitação profissional atenderão à pessoa
seu interesse. com deficiência.
§ 1º Equipe multidisciplinar indicará,
com base em critérios previstos no § 1º do
art. 2º desta Lei, programa de habilitação ou
de reabilitação que possibilite à pessoa com

104
Legislação Educacional

Seção III CAPÍTULO VII


Da Inclusão da Pessoa com Deficiência DO DIREITO À ASSISTÊNCIA
no Trabalho SOCIAL

Art. 37. Constitui modo de inclusão da Art. 39. Os serviços, os programas, os


pessoa com deficiência no trabalho a projetos e os benefícios no âmbito da
colocação competitiva, em igualdade de política pública de assistência social à
oportunidades com as demais pessoas, nos pessoa com deficiência e sua família têm
termos da legislação trabalhista e como objetivo a garantia da segurança de
previdenciária, na qual devem ser atendidas renda, da acolhida, da habilitação e da
as regras de acessibilidade, o fornecimento reabilitação, do desenvolvimento da
de recursos de tecnologia assistiva e a autonomia e da convivência familiar e
adaptação razoável no ambiente de comunitária, para a promoção do acesso a
trabalho. direitos e da plena participação social.
Parágrafo único. A colocação § 1º A assistência social à pessoa com
competitiva da pessoa com deficiência pode deficiência, nos termos do caput deste
ocorrer por meio de trabalho com apoio, artigo, deve envolver conjunto articulado
observadas as seguintes diretrizes: de serviços do âmbito da Proteção Social
I - prioridade no atendimento à pessoa Básica e da Proteção Social Especial,
com deficiência com maior dificuldade de ofertados pelo Suas, para a garantia de
inserção no campo de trabalho; seguranças fundamentais no enfrentamento
II - provisão de suportes de situações de vulnerabilidade e de risco,
individualizados que atendam a por fragilização de vínculos e ameaça ou
necessidades específicas da pessoa com violação de direitos.
deficiência, inclusive a disponibilização de § 2º Os serviços socioassistenciais
recursos de tecnologia assistiva, de agente destinados à pessoa com deficiência em
facilitador e de apoio no ambiente de situação de dependência deverão contar
trabalho; com cuidadores sociais para prestar-lhe
III - respeito ao perfil vocacional e ao cuidados básicos e instrumentais.
interesse da pessoa com deficiência
apoiada; Art. 40. É assegurado à pessoa com
IV - oferta de aconselhamento e de apoio deficiência que não possua meios para
aos empregadores, com vistas à definição prover sua subsistência nem de tê-la
de estratégias de inclusão e de superação de provida por sua família o benefício mensal
barreiras, inclusive atitudinais; de 1 (um) salário-mínimo, nos termos da
V - realização de avaliações periódicas; Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993 .
VI - articulação intersetorial das
políticas públicas; CAPÍTULO VIII
VII - possibilidade de participação de DO DIREITO À PREVIDÊNCIA
organizações da sociedade civil. SOCIAL

Art. 38. A entidade contratada para a Art. 41. A pessoa com deficiência
realização de processo seletivo público ou segurada do Regime Geral de Previdência
privado para cargo, função ou emprego está Social (RGPS) tem direito à aposentadoria
obrigada à observância do disposto nesta nos termos da Lei Complementar nº 142, de
Lei e em outras normas de acessibilidade 8 de maio de 2013 .
vigentes.

105
Legislação Educacional

CAPÍTULO IX Art. 44. Nos teatros, cinemas, auditórios,


DO DIREITO À CULTURA, AO estádios, ginásios de esporte, locais de
ESPORTE, AO TURISMO E AO espetáculos e de conferências e similares,
LAZER serão reservados espaços livres e assentos
para a pessoa com deficiência, de acordo
Art. 42. A pessoa com deficiência tem com a capacidade de lotação da edificação,
direito à cultura, ao esporte, ao turismo e ao observado o disposto em regulamento.
lazer em igualdade de oportunidades com § 1º Os espaços e assentos a que se refere
as demais pessoas, sendo-lhe garantido o este artigo devem ser distribuídos pelo
acesso: recinto em locais diversos, de boa
I - a bens culturais em formato acessível; visibilidade, em todos os setores, próximos
II - a programas de televisão, cinema, aos corredores, devidamente sinalizados,
teatro e outras atividades culturais e evitando-se áreas segregadas de público e
desportivas em formato acessível; e obstrução das saídas, em conformidade
III - a monumentos e locais de com as normas de acessibilidade.
importância cultural e a espaços que § 2º No caso de não haver comprovada
ofereçam serviços ou eventos culturais e procura pelos assentos reservados, esses
esportivos. podem, excepcionalmente, ser ocupados
§ 1º É vedada a recusa de oferta de obra por pessoas sem deficiência ou que não
intelectual em formato acessível à pessoa tenham mobilidade reduzida, observado o
com deficiência, sob qualquer argumento, disposto em regulamento.
inclusive sob a alegação de proteção dos § 3º Os espaços e assentos a que se refere
direitos de propriedade intelectual. este artigo devem situar-se em locais que
§ 2º O poder público deve adotar garantam a acomodação de, no mínimo, 1
soluções destinadas à eliminação, à redução (um) acompanhante da pessoa com
ou à superação de barreiras para a deficiência ou com mobilidade reduzida,
promoção do acesso a todo patrimônio resguardado o direito de se acomodar
cultural, observadas as normas de
acessibilidade, ambientais e de proteção do proximamente a grupo familiar e
patrimônio histórico e artístico nacional. comunitário.
§ 4º Nos locais referidos no caput deste
Art. 43. O poder público deve promover artigo, deve haver, obrigatoriamente, rotas
a participação da pessoa com deficiência de fuga e saídas de emergência acessíveis,
em atividades artísticas, intelectuais, conforme padrões das normas de
culturais, esportivas e recreativas, com acessibilidade, a fim de permitir a saída
vistas ao seu protagonismo, devendo: segura da pessoa com deficiência ou com
I - incentivar a provisão de instrução, de mobilidade reduzida, em caso de
treinamento e de recursos adequados, em emergência.
igualdade de oportunidades com as demais § 5º Todos os espaços das edificações
pessoas; previstas no caput deste artigo devem
II - assegurar acessibilidade nos locais atender às normas de acessibilidade em
de eventos e nos serviços prestados por vigor.
pessoa ou entidade envolvida na § 6º As salas de cinema devem oferecer,
organização das atividades de que trata este em todas as sessões, recursos de
artigo; e acessibilidade para a pessoa com
III - assegurar a participação da pessoa deficiência. (Vigência)
com deficiência em jogos e atividades § 7º O valor do ingresso da pessoa com
recreativas, esportivas, de lazer, culturais e deficiência não poderá ser superior ao valor
artísticas, inclusive no sistema escolar, em cobrado das demais pessoas.
igualdade de condições com as demais
pessoas.

106
Legislação Educacional

Art. 45. Os hotéis, pousadas e similares pedestres, devidamente sinalizadas, para


devem ser construídos observando-se os veículos que transportem pessoa com
princípios do desenho universal, além de deficiência com comprometimento de
adotar todos os meios de acessibilidade, mobilidade, desde que devidamente
conforme legislação em vigor. identificados.
§ 1º Os estabelecimentos já existentes § 1º As vagas a que se refere o caput
deverão disponibilizar, pelo menos, 10% deste artigo devem equivaler a 2% (dois por
(dez por cento) de seus dormitórios cento) do total, garantida, no mínimo, 1
acessíveis, garantida, no mínimo, 1 (uma) (uma) vaga devidamente sinalizada e com
unidade acessível. as especificações de desenho e traçado de
§ 2º Os dormitórios mencionados no § 1º acordo com as normas técnicas vigentes de
deste artigo deverão ser localizados em acessibilidade.
rotas acessíveis. § 2º Os veículos estacionados nas vagas
reservadas devem exibir, em local de ampla
CAPÍTULO X visibilidade, a credencial de beneficiário, a
DO DIREITO AO TRANSPORTE E À ser confeccionada e fornecida pelos órgãos
MOBILIDADE de trânsito, que disciplinarão suas
características e condições de uso.
Art. 46. O direito ao transporte e à § 3º A utilização indevida das vagas de
mobilidade da pessoa com deficiência ou que trata este artigo sujeita os infratores às
com mobilidade reduzida será assegurado sanções previstas no inciso XX do art. 181
em igualdade de oportunidades com as da Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997
demais pessoas, por meio de identificação e (Código de Trânsito Brasileiro) .
de eliminação de todos os obstáculos e § 4º A credencial a que se refere o § 2º
barreiras ao seu acesso. deste artigo é vinculada à pessoa com
§ 1º Para fins de acessibilidade aos deficiência que possui comprometimento
serviços de transporte coletivo terrestre, de mobilidade e é válida em todo o território
nacional.
aquaviário e aéreo, em todas as jurisdições,
consideram-se como integrantes desses Art. 48. Os veículos de transporte
serviços os veículos, os terminais, as coletivo terrestre, aquaviário e aéreo, as
estações, os pontos de parada, o sistema instalações, as estações, os portos e os
viário e a prestação do serviço. terminais em operação no País devem ser
§ 2º São sujeitas ao cumprimento das acessíveis, de forma a garantir o seu uso por
disposições desta Lei, sempre que houver todas as pessoas.
interação com a matéria nela regulada, a § 1º Os veículos e as estruturas de que
outorga, a concessão, a permissão, a trata o caput deste artigo devem dispor de
autorização, a renovação ou a habilitação de sistema de comunicação acessível que
linhas e de serviços de transporte coletivo. disponibilize informações sobre todos os
§ 3º Para colocação do símbolo pontos do itinerário.
internacional de acesso nos veículos, as § 2º São asseguradas à pessoa com
empresas de transporte coletivo de deficiência prioridade e segurança nos
passageiros dependem da certificação de procedimentos de embarque e de
acessibilidade emitida pelo gestor público desembarque nos veículos de transporte
responsável pela prestação do serviço. coletivo, de acordo com as normas técnicas.
§ 3º Para colocação do símbolo
Art. 47. Em todas as áreas de internacional de acesso nos veículos, as
estacionamento aberto ao público, de uso empresas de transporte coletivo de
público ou privado de uso coletivo e em passageiros dependem da certificação de
vias públicas, devem ser reservadas vagas acessibilidade emitida pelo gestor público
próximas aos acessos de circulação de responsável pela prestação do serviço.

107
Legislação Educacional

Art. 49. As empresas de transporte de relativas à acessibilidade, sempre que


fretamento e de turismo, na renovação de houver interação com a matéria nela
suas frotas, são obrigadas ao cumprimento regulada:
do disposto nos arts. 46 e 48 desta Lei. I - a aprovação de projeto arquitetônico
(Vigência) e urbanístico ou de comunicação e
informação, a fabricação de veículos de
Art. 50. O poder público incentivará a transporte coletivo, a prestação do
fabricação de veículos acessíveis e a sua respectivo serviço e a execução de qualquer
utilização como táxis e vans, de forma a tipo de obra, quando tenham destinação
garantir o seu uso por todas as pessoas. pública ou coletiva;
II - a outorga ou a renovação de
Art. 51. As frotas de empresas de táxi concessão, permissão, autorização ou
devem reservar 10% (dez por cento) de seus habilitação de qualquer natureza;
veículos acessíveis à pessoa com III - a aprovação de financiamento de
deficiência. (Vide Decreto nº 9.762, de projeto com utilização de recursos públicos,
2019) (Vigência) por meio de renúncia ou de incentivo fiscal,
§ 1º É proibida a cobrança diferenciada contrato, convênio ou instrumento
de tarifas ou de valores adicionais pelo congênere; e
serviço de táxi prestado à pessoa com IV - a concessão de aval da União para
deficiência. obtenção de empréstimo e de financiamento
§ 2º O poder público é autorizado a internacionais por entes públicos ou
instituir incentivos fiscais com vistas a privados.
possibilitar a acessibilidade dos veículos a
que se refere o caput deste artigo. Art. 55. A concepção e a implantação de
projetos que tratem do meio físico, de
Art. 52. As locadoras de veículos são transporte, de informação e comunicação,
obrigadas a oferecer 1 (um) veículo inclusive de sistemas e tecnologias da
adaptado para uso de pessoa com informação e comunicação, e de outros
deficiência, a cada conjunto de 20 (vinte) serviços, equipamentos e instalações
veículos de sua frota. (Vide Decreto nº abertos ao público, de uso público ou
9.762, de 2019) (Vigência) privado de uso coletivo, tanto na zona
Parágrafo único. O veículo adaptado urbana como na rural, devem atender aos
deverá ter, no mínimo, câmbio automático, princípios do desenho universal, tendo
direção hidráulica, vidros elétricos e como referência as normas de
comandos manuais de freio e de acessibilidade.
embreagem. § 1º O desenho universal será sempre
tomado como regra de caráter geral.
TÍTULO III § 2º Nas hipóteses em que
DA ACESSIBILIDADE comprovadamente o desenho universal não
CAPÍTULO I possa ser empreendido, deve ser adotada
DISPOSIÇÕES GERAIS adaptação razoável.
§ 3º Caberá ao poder público promover
Art. 53. A acessibilidade é direito que a inclusão de conteúdos temáticos
garante à pessoa com deficiência ou com referentes ao desenho universal nas
mobilidade reduzida viver de forma diretrizes curriculares da educação
independente e exercer seus direitos de profissional e tecnológica e do ensino
cidadania e de participação social. superior e na formação das carreiras de
Estado.
Art. 54. São sujeitas ao cumprimento das § 4º Os programas, os projetos e as
disposições desta Lei e de outras normas linhas de pesquisa a serem desenvolvidos

108
Legislação Educacional

com o apoio de organismos públicos de § 1º As construtoras e incorporadoras


auxílio à pesquisa e de agências de fomento responsáveis pelo projeto e pela construção
deverão incluir temas voltados para o das edificações a que se refere o caput deste
desenho universal. artigo devem assegurar percentual mínimo
§ 5º Desde a etapa de concepção, as de suas unidades internamente acessíveis,
políticas públicas deverão considerar a na forma regulamentar.
adoção do desenho universal. § 2º É vedada a cobrança de valores
adicionais para a aquisição de unidades
Art. 56. A construção, a reforma, a internamente acessíveis a que se refere o §
ampliação ou a mudança de uso de 1º deste artigo.
edificações abertas ao público, de uso
público ou privadas de uso coletivo deverão Art. 59. Em qualquer intervenção nas
ser executadas de modo a serem acessíveis. vias e nos espaços públicos, o poder público
§ 1º As entidades de fiscalização e as empresas concessionárias responsáveis
profissional das atividades de Engenharia, pela execução das obras e dos serviços
de Arquitetura e correlatas, ao anotarem a devem garantir, de forma segura, a fluidez
responsabilidade técnica de projetos, do trânsito e a livre circulação e
devem exigir a responsabilidade acessibilidade das pessoas, durante e após
profissional declarada de atendimento às sua execução.
regras de acessibilidade previstas em
legislação e em normas técnicas Art. 60. Orientam-se, no que couber,
pertinentes. pelas regras de acessibilidade previstas em
§ 2º Para a aprovação, o licenciamento legislação e em normas técnicas, observado
ou a emissão de certificado de projeto o disposto na Lei nº 10.098, de 19 de
executivo arquitetônico, urbanístico e de dezembro de 2000, nº 10.257, de 10 de
instalações e equipamentos temporários ou julho de 2001, e nº 12.587, de 3 de janeiro
permanentes e para o licenciamento ou a de 2012:
emissão de certificado de conclusão de obra I - os planos diretores municipais, os
ou de serviço, deve ser atestado o planos diretores de transporte e trânsito, os
atendimento às regras de acessibilidade. planos de mobilidade urbana e os planos de
§ 3º O poder público, após certificar a preservação de sítios históricos elaborados
acessibilidade de edificação ou de serviço, ou atualizados a partir da publicação desta
determinará a colocação, em espaços ou em Lei;
locais de ampla visibilidade, do símbolo II - os códigos de obras, os códigos de
internacional de acesso, na forma prevista postura, as leis de uso e ocupação do solo e
em legislação e em normas técnicas as leis do sistema viário;
correlatas. III - os estudos prévios de impacto de
vizinhança;
Art. 57. As edificações públicas e IV - as atividades de fiscalização e a
privadas de uso coletivo já existentes imposição de sanções; e
devem garantir acessibilidade à pessoa com V - a legislação referente à prevenção
deficiência em todas as suas dependências contra incêndio e pânico.
e serviços, tendo como referência as normas § 1º A concessão e a renovação de alvará
de acessibilidade vigentes. de funcionamento para qualquer atividade
são condicionadas à observação e à
Art. 58. O projeto e a construção de certificação das regras de acessibilidade.
edificação de uso privado multifamiliar § 2º A emissão de carta de habite-se ou
devem atender aos preceitos de de habilitação equivalente e sua renovação,
acessibilidade, na forma regulamentar. quando esta tiver sido emitida
(Regulamento) anteriormente às exigências de

109
Legislação Educacional

acessibilidade, é condicionada à observação ser observada para obtenção do


e à certificação das regras de acessibilidade. financiamento de que trata o inciso III do
art. 54 desta Lei.
Art. 61. A formulação, a implementação
e a manutenção das ações de acessibilidade Art. 65. As empresas prestadoras de
atenderão às seguintes premissas básicas: serviços de telecomunicações deverão
I - eleição de prioridades, elaboração de garantir pleno acesso à pessoa com
cronograma e reserva de recursos para deficiência, conforme regulamentação
implementação das ações; e específica.
II - planejamento contínuo e articulado
entre os setores envolvidos. Art. 66. Cabe ao poder público
incentivar a oferta de aparelhos de telefonia
Art. 62. É assegurado à pessoa com fixa e móvel celular com acessibilidade
deficiência, mediante solicitação, o que, entre outras tecnologias assistivas,
recebimento de contas, boletos, recibos, possuam possibilidade de indicação e de
extratos e cobranças de tributos em formato ampliação sonoras de todas as operações e
acessível. funções disponíveis.

CAPÍTULO II Art. 67. Os serviços de radiodifusão de


DO ACESSO À INFORMAÇÃO E À sons e imagens devem permitir o uso dos
COMUNICAÇÃO seguintes recursos, entre outros:
I - subtitulação por meio de legenda
Art. 63. É obrigatória a acessibilidade oculta;
nos sítios da internet mantidos por II - janela com intérprete da Libras;
empresas com sede ou representação III - audiodescrição.
comercial no País ou por órgãos de
governo, para uso da pessoa com Art. 68. O poder público deve adotar
deficiência, garantindo-lhe acesso às mecanismos de incentivo à produção, à
informações disponíveis, conforme as edição, à difusão, à distribuição e à
melhores práticas e diretrizes de comercialização de livros em formatos
acessibilidade adotadas acessíveis, inclusive em publicações da
internacionalmente. administração pública ou financiadas com
§ 1º Os sítios devem conter símbolo de recursos públicos, com vistas a garantir à
acessibilidade em destaque. pessoa com deficiência o direito de acesso
§ 2º Telecentros comunitários que à leitura, à informação e à comunicação.
receberem recursos públicos federais para § 1º Nos editais de compras de livros,
seu custeio ou sua instalação e lan houses inclusive para o abastecimento ou a
devem possuir equipamentos e instalações atualização de acervos de bibliotecas em
acessíveis. todos os níveis e modalidades de educação
§ 3º Os telecentros e as lan houses de que e de bibliotecas públicas, o poder público
trata o § 2º deste artigo devem garantir, no deverá adotar cláusulas de impedimento à
mínimo, 10% (dez por cento) de seus participação de editoras que não ofertem
computadores com recursos de sua produção também em formatos
acessibilidade para pessoa com deficiência acessíveis.
visual, sendo assegurado pelo menos 1 (um) § 2º Consideram-se formatos acessíveis
equipamento, quando o resultado os arquivos digitais que possam ser
percentual for inferior a 1 (um). reconhecidos e acessados por softwares
leitores de telas ou outras tecnologias
Art. 64. A acessibilidade nos sítios da assistivas que vierem a substituí-los,
internet de que trata o art. 63 desta Lei deve permitindo leitura com voz sintetizada,

110
Legislação Educacional

ampliação de caracteres, diferentes Art. 71. Os congressos, os seminários, as


contrastes e impressão em Braille. oficinas e os demais eventos de natureza
§ 3º O poder público deve estimular e científico-cultural promovidos ou
apoiar a adaptação e a produção de artigos financiados pelo poder público devem
científicos em formato acessível, inclusive garantir as condições de acessibilidade e os
em Libras. recursos de tecnologia assistiva.

Art. 69. O poder público deve assegurar Art. 72. Os programas, as linhas de
a disponibilidade de informações corretas e pesquisa e os projetos a serem
claras sobre os diferentes produtos e desenvolvidos com o apoio de agências de
serviços ofertados, por quaisquer meios de financiamento e de órgãos e entidades
comunicação empregados, inclusive em integrantes da administração pública que
ambiente virtual, contendo a especificação atuem no auxílio à pesquisa devem
correta de quantidade, qualidade, contemplar temas voltados à tecnologia
características, composição e preço, bem assistiva.
como sobre os eventuais riscos à saúde e à
segurança do consumidor com deficiência, Art. 73. Caberá ao poder público,
em caso de sua utilização, aplicando-se, no diretamente ou em parceria com
que couber, os arts. 30 a 41 da Lei nº 8.078, organizações da sociedade civil, promover
de 11 de setembro de 1990 . a capacitação de tradutores e intérpretes da
§ 1º Os canais de comercialização virtual Libras, de guias intérpretes e de
e os anúncios publicitários veiculados na profissionais habilitados em Braille,
imprensa escrita, na internet, no rádio, na audiodescrição, estenotipia e legendagem.
televisão e nos demais veículos de
comunicação abertos ou por assinatura CAPÍTULO III
devem disponibilizar, conforme a DA TECNOLOGIA ASSISTIVA
compatibilidade do meio, os recursos de
acessibilidade de que trata o art. 67 desta Art. 74. É garantido à pessoa com
Lei, a expensas do fornecedor do produto deficiência acesso a produtos, recursos,
ou do serviço, sem prejuízo da observância estratégias, práticas, processos, métodos e
do disposto nos arts. 36 a 38 da Lei nº 8.078, serviços de tecnologia assistiva que
de 11 de setembro de 1990 . maximizem sua autonomia, mobilidade
§ 2º Os fornecedores devem pessoal e qualidade de vida.
disponibilizar, mediante solicitação,
exemplares de bulas, prospectos, textos ou Art. 75. O poder público desenvolverá
qualquer outro tipo de material de plano específico de medidas, a ser renovado
divulgação em formato acessível. em cada período de 4 (quatro) anos, com a
finalidade de: (Regulamento)
Art. 70. As instituições promotoras de I - facilitar o acesso a crédito
congressos, seminários, oficinas e demais especializado, inclusive com oferta de
eventos de natureza científico-cultural linhas de crédito subsidiadas, específicas
devem oferecer à pessoa com deficiência, para aquisição de tecnologia assistiva;
no mínimo, os recursos de tecnologia II - agilizar, simplificar e priorizar
assistiva previstos no art. 67 desta Lei. procedimentos de importação de tecnologia
assistiva, especialmente as questões
atinentes a procedimentos alfandegários e
sanitários;
III - criar mecanismos de fomento à
pesquisa e à produção nacional de
tecnologia assistiva, inclusive por meio de

111
Legislação Educacional

concessão de linhas de crédito subsidiado e e a seu pedido, permissão para que a pessoa
de parcerias com institutos de pesquisa com deficiência seja auxiliada na votação
oficiais; por pessoa de sua escolha.
IV - eliminar ou reduzir a tributação da § 2º O poder público promoverá a
cadeia produtiva e de importação de participação da pessoa com deficiência,
tecnologia assistiva; inclusive quando institucionalizada, na
V - facilitar e agilizar o processo de condução das questões públicas, sem
inclusão de novos recursos de tecnologia discriminação e em igualdade de
assistiva no rol de produtos distribuídos no oportunidades, observado o seguinte:
âmbito do SUS e por outros órgãos I - participação em organizações não
governamentais. governamentais relacionadas à vida pública
Parágrafo único. Para fazer cumprir o e à política do País e em atividades e
disposto neste artigo, os procedimentos administração de partidos políticos;
constantes do plano específico de medidas II - formação de organizações para
deverão ser avaliados, pelo menos, a cada 2 representar a pessoa com deficiência em
(dois) anos. todos os níveis;
III - participação da pessoa com
CAPÍTULO IV deficiência em organizações que a
DO DIREITO À PARTICIPAÇÃO NA representem.
VIDA PÚBLICA E POLÍTICA
TÍTULO IV
Art. 76. O poder público deve garantir à DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA
pessoa com deficiência todos os direitos
políticos e a oportunidade de exercê-los em Art. 77. O poder público deve fomentar
igualdade de condições com as demais o desenvolvimento científico, a pesquisa e
pessoas. a inovação e a capacitação tecnológicas,
§ 1º À pessoa com deficiência será voltados à melhoria da qualidade de vida e
assegurado o direito de votar e de ser ao trabalho da pessoa com deficiência e sua
votada, inclusive por meio das seguintes inclusão social.
ações: § 1º O fomento pelo poder público deve
I - garantia de que os procedimentos, as priorizar a geração de conhecimentos e
instalações, os materiais e os equipamentos técnicas que visem à prevenção e ao
para votação sejam apropriados, acessíveis tratamento de deficiências e ao
a todas as pessoas e de fácil compreensão e desenvolvimento de tecnologias assistiva e
uso, sendo vedada a instalação de seções social.
eleitorais exclusivas para a pessoa com § 2º A acessibilidade e as tecnologias
deficiência; assistiva e social devem ser fomentadas
II - incentivo à pessoa com deficiência a mediante a criação de cursos de pós-
candidatar-se e a desempenhar quaisquer graduação, a formação de recursos
funções públicas em todos os níveis de humanos e a inclusão do tema nas diretrizes
governo, inclusive por meio do uso de de áreas do conhecimento.
novas tecnologias assistivas, quando § 3º Deve ser fomentada a capacitação
apropriado; tecnológica de instituições públicas e
III - garantia de que os pronunciamentos privadas para o desenvolvimento de
oficiais, a propaganda eleitoral obrigatória tecnologias assistiva e social que sejam
e os debates transmitidos pelas emissoras voltadas para melhoria da funcionalidade e
de televisão possuam, pelo menos, os da participação social da pessoa com
recursos elencados no art. 67 desta Lei; deficiência.
IV - garantia do livre exercício do direito § 4º As medidas previstas neste artigo
ao voto e, para tanto, sempre que necessário devem ser reavaliadas periodicamente pelo

112
Legislação Educacional

poder público, com vistas ao seu § 3º A Defensoria Pública e o Ministério


aperfeiçoamento. Público tomarão as medidas necessárias à
garantia dos direitos previstos nesta Lei.
Art. 78. Devem ser estimulados a
pesquisa, o desenvolvimento, a inovação e Art. 80. Devem ser oferecidos todos os
a difusão de tecnologias voltadas para recursos de tecnologia assistiva disponíveis
ampliar o acesso da pessoa com deficiência para que a pessoa com deficiência tenha
às tecnologias da informação e garantido o acesso à justiça, sempre que
comunicação e às tecnologias sociais. figure em um dos polos da ação ou atue
Parágrafo único. Serão estimulados, em como testemunha, partícipe da lide posta
especial: em juízo, advogado, defensor público,
I - o emprego de tecnologias da magistrado ou membro do Ministério
informação e comunicação como Público.
instrumento de superação de limitações Parágrafo único. A pessoa com
funcionais e de barreiras à comunicação, à deficiência tem garantido o acesso ao
informação, à educação e ao entretenimento conteúdo de todos os atos processuais de
da pessoa com deficiência; seu interesse, inclusive no exercício da
II - a adoção de soluções e a difusão de advocacia.
normas que visem a ampliar a
acessibilidade da pessoa com deficiência à Art. 81. Os direitos da pessoa com
computação e aos sítios da internet, em deficiência serão garantidos por ocasião da
especial aos serviços de governo eletrônico. aplicação de sanções penais.

LIVRO II Art. 82. (VETADO).


PARTE ESPECIAL
TÍTULO I Art. 83. Os serviços notariais e de
DO ACESSO À JUSTIÇA registro não podem negar ou criar óbices ou
CAPÍTULO I condições diferenciadas à prestação de seus
DISPOSIÇÕES GERAIS serviços em razão de deficiência do
solicitante, devendo reconhecer sua
Art. 79. O poder público deve assegurar capacidade legal plena, garantida a
o acesso da pessoa com deficiência à acessibilidade.
justiça, em igualdade de oportunidades com Parágrafo único. O descumprimento do
as demais pessoas, garantindo, sempre que disposto no caput deste artigo constitui
requeridos, adaptações e recursos de discriminação em razão de deficiência.
tecnologia assistiva.
§ 1º A fim de garantir a atuação da CAPÍTULO II
pessoa com deficiência em todo o processo DO RECONHECIMENTO IGUAL
judicial, o poder público deve capacitar os PERANTE A LEI
membros e os servidores que atuam no
Poder Judiciário, no Ministério Público, na Art. 84. A pessoa com deficiência tem
Defensoria Pública, nos órgãos de assegurado o direito ao exercício de sua
segurança pública e no sistema capacidade legal em igualdade de
penitenciário quanto aos direitos da pessoa condições com as demais pessoas.
com deficiência. § 1º Quando necessário, a pessoa com
§ 2º Devem ser assegurados à pessoa deficiência será submetida à curatela,
com deficiência submetida a medida conforme a lei.
restritiva de liberdade todos os direitos e § 2º É facultado à pessoa com
garantias a que fazem jus os apenados sem deficiência a adoção de processo de tomada
deficiência, garantida a acessibilidade. de decisão apoiada.

113
Legislação Educacional

§ 3º A definição de curatela de pessoa § 1º Aumenta-se a pena em 1/3 (um


com deficiência constitui medida protetiva terço) se a vítima encontrar-se sob cuidado
extraordinária, proporcional às e responsabilidade do agente.
necessidades e às circunstâncias de cada § 2º Se qualquer dos crimes previstos no
caso, e durará o menor tempo possível. caput deste artigo é cometido por
§ 4º Os curadores são obrigados a intermédio de meios de comunicação social
prestar, anualmente, contas de sua ou de publicação de qualquer natureza:
administração ao juiz, apresentando o Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco)
balanço do respectivo ano. anos, e multa.
§ 3º Na hipótese do § 2º deste artigo, o
Art. 85. A curatela afetará tão somente juiz poderá determinar, ouvido o Ministério
os atos relacionados aos direitos de Público ou a pedido deste, ainda antes do
natureza patrimonial e negocial. inquérito policial, sob pena de
§ 1º A definição da curatela não alcança desobediência:
o direito ao próprio corpo, à sexualidade, ao I - recolhimento ou busca e apreensão
matrimônio, à privacidade, à educação, à dos exemplares do material
saúde, ao trabalho e ao voto. discriminatório;
§ 2º A curatela constitui medida II - interdição das respectivas mensagens
extraordinária, devendo constar da sentença ou páginas de informação na internet.
as razões e motivações de sua definição, § 4º Na hipótese do § 2º deste artigo,
preservados os interesses do curatelado. constitui efeito da condenação, após o
§ 3º No caso de pessoa em situação de trânsito em julgado da decisão, a destruição
institucionalização, ao nomear curador, o do material apreendido.
juiz deve dar preferência a pessoa que tenha
vínculo de natureza familiar, afetiva ou Art. 89. Apropriar-se de ou desviar bens,
comunitária com o curatelado. proventos, pensão, benefícios, remuneração
ou qualquer outro rendimento de pessoa
Art. 86. Para emissão de documentos com deficiência:
oficiais, não será exigida a situação de Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro)
curatela da pessoa com deficiência. anos, e multa.
Parágrafo único. Aumenta-se a pena em
Art. 87. Em casos de relevância e 1/3 (um terço) se o crime é cometido:
urgência e a fim de proteger os interesses da I - por tutor, curador, síndico,
pessoa com deficiência em situação de liquidatário, inventariante, testamenteiro ou
curatela, será lícito ao juiz, ouvido o depositário judicial; ou
Ministério Público, de oficio ou a II - por aquele que se apropriou em razão
requerimento do interessado, nomear, de ofício ou de profissão.
desde logo, curador provisório, o qual
estará sujeito, no que couber, às disposições Art. 90. Abandonar pessoa com
do Código de Processo Civil . deficiência em hospitais, casas de saúde,
entidades de abrigamento ou congêneres:
TÍTULO II Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 3
DOS CRIMES E DAS INFRAÇÕES (três) anos, e multa.
ADMINISTRATIVAS Parágrafo único. Na mesma pena incorre
Art. 88. Praticar, induzir ou incitar quem não prover as necessidades básicas de
discriminação de pessoa em razão de sua pessoa com deficiência quando obrigado
deficiência: por lei ou mandado.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos,
e multa. Art. 91. Reter ou utilizar cartão
magnético, qualquer meio eletrônico ou

114
Legislação Educacional

documento de pessoa com deficiência § 4º Para assegurar a confidencialidade,


destinados ao recebimento de benefícios, a privacidade e as liberdades fundamentais
proventos, pensões ou remuneração ou à da pessoa com deficiência e os princípios
realização de operações financeiras, com o éticos que regem a utilização de
fim de obter vantagem indevida para si ou informações, devem ser observadas as
para outrem: salvaguardas estabelecidas em lei.
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 § 5º Os dados do Cadastro-Inclusão
(dois) anos, e multa. somente poderão ser utilizados para as
Parágrafo único. Aumenta-se a pena em seguintes finalidades:
1/3 (um terço) se o crime é cometido por I - formulação, gestão, monitoramento e
tutor ou curador. avaliação das políticas públicas para a
pessoa com deficiência e para identificar as
TÍTULO III barreiras que impedem a realização de seus
DISPOSIÇÕES FINAIS E direitos;
TRANSITÓRIAS II - realização de estudos e pesquisas.
§ 6º As informações a que se refere este
Art. 92. É criado o Cadastro Nacional de artigo devem ser disseminadas em formatos
Inclusão da Pessoa com Deficiência acessíveis.
(Cadastro-Inclusão), registro público
eletrônico com a finalidade de coletar, Art. 93. Na realização de inspeções e de
processar, sistematizar e disseminar auditorias pelos órgãos de controle interno
informações georreferenciadas que e externo, deve ser observado o
permitam a identificação e a caracterização cumprimento da legislação relativa à pessoa
socioeconômica da pessoa com deficiência, com deficiência e das normas de
bem como das barreiras que impedem a acessibilidade vigentes.
realização de seus direitos.
§ 1º O Cadastro-Inclusão será Art. 94. Terá direito a auxílio-inclusão,
administrado pelo Poder Executivo federal nos termos da lei, a pessoa com deficiência
e constituído por base de dados, moderada ou grave que:
instrumentos, procedimentos e sistemas I - receba o benefício de prestação
eletrônicos. continuada previsto no art. 20 da Lei nº
§ 2º Os dados constituintes do Cadastro- 8.742, de 7 de dezembro de 1993 , e que
Inclusão serão obtidos pela integração dos passe a exercer atividade remunerada que a
sistemas de informação e da base de dados enquadre como segurado obrigatório do
de todas as políticas públicas relacionadas RGPS;
aos direitos da pessoa com deficiência, bem II - tenha recebido, nos últimos 5 (cinco)
como por informações coletadas, inclusive anos, o benefício de prestação continuada
em censos nacionais e nas demais pesquisas previsto no art. 20 da Lei nº 8.742, de 7 de
realizadas no País, de acordo com os dezembro de 1993 , e que exerça atividade
parâmetros estabelecidos pela Convenção remunerada que a enquadre como segurado
sobre os Direitos das Pessoas com obrigatório do RGPS.
Deficiência e seu Protocolo Facultativo.
§ 3º Para coleta, transmissão e Art. 95. É vedado exigir o
sistematização de dados, é facultada a comparecimento de pessoa com deficiência
celebração de convênios, acordos, termos perante os órgãos públicos quando seu
de parceria ou contratos com instituições deslocamento, em razão de sua limitação
públicas e privadas, observados os funcional e de condições de acessibilidade,
requisitos e procedimentos previstos em imponha-lhe ônus desproporcional e
legislação específica. indevido, hipótese na qual serão observados
os seguintes procedimentos:

115
Legislação Educacional

I - quando for de interesse do poder escolaridade de aprendiz com deficiência


público, o agente promoverá o contato deve considerar, sobretudo, as habilidades e
necessário com a pessoa com deficiência competências relacionadas com a
em sua residência; profissionalização.
II - quando for de interesse da pessoa ...
com deficiência, ela apresentará solicitação § 8º Para o aprendiz com deficiência
de atendimento domiciliar ou fará com 18 (dezoito) anos ou mais, a validade
representar-se por procurador constituído do contrato de aprendizagem pressupõe
para essa finalidade. anotação na CTPS e matrícula e frequência
Parágrafo único. É assegurado à pessoa em programa de aprendizagem
com deficiência atendimento domiciliar desenvolvido sob orientação de entidade
pela perícia médica e social do Instituto qualificada em formação técnico-
Nacional do Seguro Social (INSS), pelo profissional metódica.” (NR)
serviço público de saúde ou pelo serviço
privado de saúde, contratado ou “Art. 433. ...
conveniado, que integre o SUS e pelas ...
entidades da rede socioassistencial I - desempenho insuficiente ou
integrantes do Suas, quando seu inadaptação do aprendiz, salvo para o
deslocamento, em razão de sua limitação aprendiz com deficiência quando
funcional e de condições de acessibilidade, desprovido de recursos de acessibilidade,
imponha-lhe ônus desproporcional e de tecnologias assistivas e de apoio
indevido. necessário ao desempenho de suas
atividades;
Art. 96. O § 6º -A do art. 135 da Lei nº ...” (NR)
4.737, de 15 de julho de 1965 (Código
Eleitoral), passa a vigorar com a seguinte Art. 98. A Lei nº 7.853, de 24 de outubro
redação: de 1989, passa a vigorar com as seguintes
alterações:
“Art. 135. ...
... “Art. 3º As medidas judiciais destinadas
§ 6º -A. Os Tribunais Regionais à proteção de interesses coletivos, difusos,
Eleitorais deverão, a cada eleição, expedir individuais homogêneos e individuais
instruções aos Juízes Eleitorais para indisponíveis da pessoa com deficiência
orientá-los na escolha dos locais de poderão ser propostas pelo Ministério
votação, de maneira a garantir Público, pela Defensoria Pública, pela
acessibilidade para o eleitor com União, pelos Estados, pelos Municípios,
deficiência ou com mobilidade reduzida, pelo Distrito Federal, por associação
inclusive em seu entorno e nos sistemas de constituída há mais de 1 (um) ano, nos
transporte que lhe dão acesso. termos da lei civil, por autarquia, por
...” (NR) empresa pública e por fundação ou
sociedade de economia mista que inclua,
Art. 97. A Consolidação das Leis do entre suas finalidades institucionais, a
Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto- proteção dos interesses e a promoção de
Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943 , passa direitos da pessoa com deficiência.
a vigorar com as seguintes alterações: ...” (NR)

“Art. 428. ... “Art. 8º Constitui crime punível com


... reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos e
§ 6º Para os fins do contrato de multa:
aprendizagem, a comprovação da

116
Legislação Educacional

I - recusar, cobrar valores adicionais, XVIII - quando o trabalhador com


suspender, procrastinar, cancelar ou fazer deficiência, por prescrição, necessite
cessar inscrição de aluno em adquirir órtese ou prótese para promoção de
estabelecimento de ensino de qualquer acessibilidade e de inclusão social.
curso ou grau, público ou privado, em razão ...” (NR)
de sua deficiência;
II - obstar inscrição em concurso público Art. 100. A Lei nº 8.078, de 11 de
ou acesso de alguém a qualquer cargo ou setembro de 1990 (Código de Defesa do
emprego público, em razão de sua Consumidor) , passa a vigorar com as
deficiência; seguintes alterações:
III - negar ou obstar emprego, trabalho
ou promoção à pessoa em razão de sua “Art. 6º ...
deficiência; ...
IV - recusar, retardar ou dificultar Parágrafo único. A informação de que
internação ou deixar de prestar assistência trata o inciso III do caput deste artigo deve
médico-hospitalar e ambulatorial à pessoa ser acessível à pessoa com deficiência,
com deficiência; observado o disposto em regulamento.”
V - deixar de cumprir, retardar ou (NR)
frustrar execução de ordem judicial
expedida na ação civil a que alude esta Lei; “Art. 43. ...
VI - recusar, retardar ou omitir dados ...
técnicos indispensáveis à propositura da § 6º Todas as informações de que trata o
ação civil pública objeto desta Lei, quando caput deste artigo devem ser
requisitados. disponibilizadas em formatos acessíveis,
§ 1º Se o crime for praticado contra inclusive para a pessoa com deficiência,
pessoa com deficiência menor de 18 mediante solicitação do consumidor.” (NR)
(dezoito) anos, a pena é agravada em 1/3
(um terço). Art. 101. A Lei nº 8.213, de 24 de julho
§ 2º A pena pela adoção deliberada de de 1991 , passa a vigorar com as seguintes
critérios subjetivos para indeferimento de alterações:
inscrição, de aprovação e de cumprimento
de estágio probatório em concursos “Art. 16. ...
públicos não exclui a responsabilidade I - o cônjuge, a companheira, o
patrimonial pessoal do administrador companheiro e o filho não emancipado, de
público pelos danos causados. qualquer condição, menor de 21 (vinte e
§ 3º Incorre nas mesmas penas quem um) anos ou inválido ou que tenha
impede ou dificulta o ingresso de pessoa deficiência intelectual ou mental ou
com deficiência em planos privados de deficiência grave;
assistência à saúde, inclusive com cobrança ...
de valores diferenciados. III - o irmão não emancipado, de
§ 4º Se o crime for praticado em qualquer condição, menor de 21 (vinte e
atendimento de urgência e emergência, a um) anos ou inválido ou que tenha
pena é agravada em 1/3 (um terço).” (NR) deficiência intelectual ou mental ou
deficiência grave;
Art. 99. O art. 20 da Lei nº 8.036, de 11 ...” (NR)
de maio de 1990 , passa a vigorar acrescido
do seguinte inciso XVIII: “Art. 77. ...
...
“Art. 20. ... § 2º ...
... ...

117
Legislação Educacional

II - para o filho, a pessoa a ele Art. 102. O art. 2º da Lei nº 8.313, de 23


equiparada ou o irmão, de ambos os sexos, de dezembro de 1991 , passa a vigorar
pela emancipação ou ao completar 21 (vinte acrescido do seguinte § 3º :
e um) anos de idade, salvo se for inválido
ou tiver deficiência intelectual ou mental ou “Art. 2º ...
deficiência grave; ...
... § 3º Os incentivos criados por esta Lei
§ 4º (VETADO). somente serão concedidos a projetos
...” (NR) culturais que forem disponibilizados,
sempre que tecnicamente possível, também
“Art. 93. (VETADO): em formato acessível à pessoa com
I - (VETADO); deficiência, observado o disposto em
II - (VETADO); regulamento.” (NR)
III - (VETADO);
IV - (VETADO); Art. 103. O art. 11 da Lei nº 8.429, de 2
V - (VETADO). de junho de 1992 , passa a vigorar acrescido
§ 1º A dispensa de pessoa com do seguinte inciso IX:
deficiência ou de beneficiário reabilitado da
Previdência Social ao final de contrato por “Art. 11. ...
prazo determinado de mais de 90 (noventa) ...
dias e a dispensa imotivada em contrato por IX - deixar de cumprir a exigência de
prazo indeterminado somente poderão requisitos de acessibilidade previstos na
ocorrer após a contratação de outro legislação.” (NR)
trabalhador com deficiência ou beneficiário
reabilitado da Previdência Social. Art. 104. A Lei nº 8.666, de 21 de junho
§ 2º Ao Ministério do Trabalho e de 1993 , passa a vigorar com as seguintes
Emprego incumbe estabelecer a sistemática alterações:
de fiscalização, bem como gerar dados e
estatísticas sobre o total de empregados e as “Art. 3º ...
vagas preenchidas por pessoas com ...
deficiência e por beneficiários reabilitados § 2º ...
da Previdência Social, fornecendo-os, ...
quando solicitados, aos sindicatos, às V - produzidos ou prestados por
entidades representativas dos empregados empresas que comprovem cumprimento de
ou aos cidadãos interessados. reserva de cargos prevista em lei para
§ 3º Para a reserva de cargos será pessoa com deficiência ou para reabilitado
considerada somente a contratação direta de da Previdência Social e que atendam às
pessoa com deficiência, excluído o regras de acessibilidade previstas na
aprendiz com deficiência de que trata a legislação.
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), ...
aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º § 5º Nos processos de licitação, poderá
de maio de 1943. ser estabelecida margem de preferência
§ 4º (VETADO).” (NR) para:
I - produtos manufaturados e para
“Art. 110-A. No ato de requerimento de serviços nacionais que atendam a normas
benefícios operacionalizados pelo INSS, técnicas brasileiras; e
não será exigida apresentação de termo de II - bens e serviços produzidos ou
curatela de titular ou de beneficiário com prestados por empresas que comprovem
deficiência, observados os procedimentos a cumprimento de reserva de cargos prevista
serem estabelecidos em regulamento.” em lei para pessoa com deficiência ou para

118
Legislação Educacional

reabilitado da Previdência Social e que Art. 107. A Lei nº 9.029, de 13 de abril


atendam às regras de acessibilidade de 1995 , passa a vigorar com as seguintes
previstas na legislação. alterações:
...” (NR)
“Art. 1º É proibida a adoção de qualquer
“Art. 66-A. As empresas enquadradas no prática discriminatória e limitativa para
inciso V do § 2º e no inciso II do § 5º do art. efeito de acesso à relação de trabalho, ou de
3º desta Lei deverão cumprir, durante todo sua manutenção, por motivo de sexo,
o período de execução do contrato, a origem, raça, cor, estado civil, situação
reserva de cargos prevista em lei para familiar, deficiência, reabilitação
pessoa com deficiência ou para reabilitado profissional, idade, entre outros,
da Previdência Social, bem como as regras ressalvadas, nesse caso, as hipóteses de
de acessibilidade previstas na legislação. proteção à criança e ao adolescente
Parágrafo único. Cabe à administração previstas no inciso XXXIII do art. 7º da
fiscalizar o cumprimento dos requisitos de Constituição Federal. ” (NR)
acessibilidade nos serviços e nos ambientes
de trabalho.” “Art. 3º Sem prejuízo do prescrito no art.
2º desta Lei e nos dispositivos legais que
Art. 105. O art. 20 da Lei nº 8.742, de 7 tipificam os crimes resultantes de
de dezembro de 1993 , passa a vigorar com preconceito de etnia, raça, cor ou
as seguintes alterações: deficiência, as infrações ao disposto nesta
Lei são passíveis das seguintes cominações:
“Art. 20. ... ...” (NR)
...
§ 2º Para efeito de concessão do “Art. 4º ...
benefício de prestação continuada, I - a reintegração com ressarcimento
considera-se pessoa com deficiência aquela integral de todo o período de afastamento,
que tem impedimento de longo prazo de mediante pagamento das remunerações
natureza física, mental, intelectual ou devidas, corrigidas monetariamente e
sensorial, o qual, em interação com uma ou acrescidas de juros legais;
mais barreiras, pode obstruir sua ...” (NR)
participação plena e efetiva na sociedade
em igualdade de condições com as demais Art. 108. O art. 35 da Lei nº 9.250, de 26
pessoas. de dezembro de 1995 , passa a vigorar
... acrescido do seguinte § 5º :
§ 9º Os rendimentos decorrentes de
estágio supervisionado e de aprendizagem “Art. 35. ...
não serão computados para os fins de ...
cálculo da renda familiar per capita a que se § 5º Sem prejuízo do disposto no inciso
refere o § 3º deste artigo. IX do parágrafo único do art. 3º da Lei nº
... 10.741, de 1º de outubro de 2003 , a pessoa
§ 11. Para concessão do benefício de que com deficiência, ou o contribuinte que
trata o caput deste artigo, poderão ser tenha dependente nessa condição, tem
utilizados outros elementos probatórios da preferência na restituição referida no inciso
condição de miserabilidade do grupo III do art. 4º e na alínea “c” do inciso II do
familiar e da situação de vulnerabilidade, art. 8º .” (NR)
conforme regulamento.” (NR)

Art. 106. (VETADO).

119
Legislação Educacional

Art. 109. A Lei nº 9.503, de 23 de Art. 110. O inciso VI e o § 1º do art. 56


setembro de 1997 (Código de Trânsito da Lei nº 9.615, de 24 de março de 1998 ,
Brasileiro) , passa a vigorar com as passam a vigorar com a seguinte redação:
seguintes alterações:
“Art. 56. ...
“Art. 2º ... ...
Parágrafo único. Para os efeitos deste VI - 2,7% (dois inteiros e sete décimos
Código, são consideradas vias terrestres as por cento) da arrecadação bruta dos
praias abertas à circulação pública, as vias concursos de prognósticos e loterias
internas pertencentes aos condomínios federais e similares cuja realização estiver
constituídos por unidades autônomas e as sujeita a autorização federal, deduzindo-se
vias e áreas de estacionamento de esse valor do montante destinado aos
estabelecimentos privados de uso coletivo.” prêmios;
(NR) ...
§ 1º Do total de recursos financeiros
“Art. 86-A. As vagas de estacionamento resultantes do percentual de que trata o
regulamentado de que trata o inciso XVII inciso VI do caput , 62,96% (sessenta e dois
do art. 181 desta Lei deverão ser sinalizadas inteiros e noventa e seis centésimos por
com as respectivas placas indicativas de cento) serão destinados ao Comitê
destinação e com placas informando os Olímpico Brasileiro (COB) e 37,04%
dados sobre a infração por estacionamento (trinta e sete inteiros e quatro centésimos
indevido.” por cento) ao Comitê Paralímpico
Brasileiro (CPB), devendo ser observado,
“Art. 147-A. Ao candidato com em ambos os casos, o conjunto de normas
deficiência auditiva é assegurada aplicáveis à celebração de convênios pela
acessibilidade de comunicação, mediante União.
emprego de tecnologias assistivas ou de ...” (NR)
ajudas técnicas em todas as etapas do
processo de habilitação. Art. 111. O art. 1º da Lei nº 10.048, de 8
§ 1º O material didático audiovisual de novembro de 2000 , passa a vigorar com
utilizado em aulas teóricas dos cursos que a seguinte redação:
precedem os exames previstos no art. 147
desta Lei deve ser acessível, por meio de “Art. 1º As pessoas com deficiência, os
subtitulação com legenda oculta associada idosos com idade igual ou superior a 60
à tradução simultânea em Libras. (sessenta) anos, as gestantes, as lactantes, as
§ 2º É assegurado também ao candidato pessoas com crianças de colo e os obesos
com deficiência auditiva requerer, no ato de terão atendimento prioritário, nos termos
sua inscrição, os serviços de intérprete da desta Lei.” (NR)
Libras, para acompanhamento em aulas
práticas e teóricas.” Art. 112. A Lei nº 10.098, de 19 de
dezembro de 2000 , passa a vigorar com as
“Art. 154. (VETADO).” seguintes alterações:

“Art. 181. ... “Art. 2º ...


... I - acessibilidade: possibilidade e
XVII - ... condição de alcance para utilização, com
Infração - grave; segurança e autonomia, de espaços,
...” (NR) mobiliários, equipamentos urbanos,
edificações, transportes, informação e
comunicação, inclusive seus sistemas e

120
Legislação Educacional

tecnologias, bem como de outros serviços e VI - elemento de urbanização: quaisquer


instalações abertos ao público, de uso componentes de obras de urbanização, tais
público ou privados de uso coletivo, tanto como os referentes a pavimentação,
na zona urbana como na rural, por pessoa saneamento, encanamento para esgotos,
com deficiência ou com mobilidade distribuição de energia elétrica e de gás,
reduzida; iluminação pública, serviços de
II - barreiras: qualquer entrave, comunicação, abastecimento e distribuição
obstáculo, atitude ou comportamento que de água, paisagismo e os que materializam
limite ou impeça a participação social da as indicações do planejamento urbanístico;
pessoa, bem como o gozo, a fruição e o VII - mobiliário urbano: conjunto de
exercício de seus direitos à acessibilidade, à objetos existentes nas vias e nos espaços
liberdade de movimento e de expressão, à públicos, superpostos ou adicionados aos
comunicação, ao acesso à informação, à elementos de urbanização ou de edificação,
compreensão, à circulação com segurança, de forma que sua modificação ou seu
entre outros, classificadas em: traslado não provoque alterações
a) barreiras urbanísticas: as existentes substanciais nesses elementos, tais como
nas vias e nos espaços públicos e privados semáforos, postes de sinalização e
abertos ao público ou de uso coletivo; similares, terminais e pontos de acesso
b) barreiras arquitetônicas: as existentes coletivo às telecomunicações, fontes de
nos edifícios públicos e privados; água, lixeiras, toldos, marquises, bancos,
c) barreiras nos transportes: as existentes quiosques e quaisquer outros de natureza
nos sistemas e meios de transportes; análoga;
d) barreiras nas comunicações e na VIII - tecnologia assistiva ou ajuda
informação: qualquer entrave, obstáculo, técnica: produtos, equipamentos,
atitude ou comportamento que dificulte ou dispositivos, recursos, metodologias,
impossibilite a expressão ou o recebimento estratégias, práticas e serviços que
de mensagens e de informações por objetivem promover a funcionalidade,
intermédio de sistemas de comunicação e relacionada à atividade e à participação da
de tecnologia da informação; pessoa com deficiência ou com mobilidade
III - pessoa com deficiência: aquela que reduzida, visando à sua autonomia,
tem impedimento de longo prazo de independência, qualidade de vida e inclusão
natureza física, mental, intelectual ou social;
sensorial, o qual, em interação com uma ou IX - comunicação: forma de interação
mais barreiras, pode obstruir sua dos cidadãos que abrange, entre outras
participação plena e efetiva na sociedade opções, as línguas, inclusive a Língua
em igualdade de condições com as demais Brasileira de Sinais (Libras), a visualização
de textos, o Braille, o sistema de sinalização
pessoas; ou de comunicação tátil, os caracteres
IV - pessoa com mobilidade reduzida: ampliados, os dispositivos multimídia,
aquela que tenha, por qualquer motivo, assim como a linguagem simples, escrita e
dificuldade de movimentação, permanente oral, os sistemas auditivos e os meios de
ou temporária, gerando redução efetiva da voz digitalizados e os modos, meios e
mobilidade, da flexibilidade, da formatos aumentativos e alternativos de
coordenação motora ou da percepção, comunicação, incluindo as tecnologias da
incluindo idoso, gestante, lactante, pessoa informação e das comunicações;
com criança de colo e obeso; X - desenho universal: concepção de
produtos, ambientes, programas e serviços
V - acompanhante: aquele que a serem usados por todas as pessoas, sem
acompanha a pessoa com deficiência, necessidade de adaptação ou de projeto
podendo ou não desempenhar as funções de específico, incluindo os recursos de
atendente pessoal; tecnologia assistiva.” (NR)

121
Legislação Educacional

“Art. 3º O planejamento e a urbanização básico, das calçadas, dos passeios públicos,


das vias públicas, dos parques e dos demais do mobiliário urbano e dos demais espaços
espaços de uso público deverão ser de uso público;
concebidos e executados de forma a torná- IV - instituir diretrizes para
los acessíveis para todas as pessoas, desenvolvimento urbano, inclusive
inclusive para aquelas com deficiência ou habitação, saneamento básico, transporte e
com mobilidade reduzida. mobilidade urbana, que incluam regras de
Parágrafo único. O passeio público, acessibilidade aos locais de uso público;
elemento obrigatório de urbanização e parte ...” (NR)
da via pública, normalmente segregado e
em nível diferente, destina-se somente à “Art. 41. ...
circulação de pedestres e, quando possível, ...
à implantação de mobiliário urbano e de § 3º As cidades de que trata o caput deste
vegetação.” (NR) artigo devem elaborar plano de rotas
acessíveis, compatível com o plano diretor
“Art. 9º ... no qual está inserido, que disponha sobre os
Parágrafo único. Os semáforos para passeios públicos a serem implantados ou
pedestres instalados em vias públicas de reformados pelo poder público, com vistas
grande circulação, ou que deem acesso aos a garantir acessibilidade da pessoa com
serviços de reabilitação, devem deficiência ou com mobilidade reduzida a
obrigatoriamente estar equipados com todas as rotas e vias existentes, inclusive as
mecanismo que emita sinal sonoro suave que concentrem os focos geradores de
para orientação do pedestre.” (NR) maior circulação de pedestres, como os
órgãos públicos e os locais de prestação de
“Art. 10-A. A instalação de qualquer serviços públicos e privados de saúde,
mobiliário urbano em área de circulação educação, assistência social, esporte,
comum para pedestre que ofereça risco de cultura, correios e telégrafos, bancos, entre
acidente à pessoa com deficiência deverá outros, sempre que possível de maneira
ser indicada mediante sinalização tátil de integrada com os sistemas de transporte
alerta no piso, de acordo com as normas coletivo de passageiros.” (NR)
técnicas pertinentes.”
Art. 114. A Lei nº 10.406, de 10 de
“Art. 12-A. Os centros comerciais e os janeiro de 2002 (Código Civil) , passa a
estabelecimentos congêneres devem vigorar com as seguintes alterações:
fornecer carros e cadeiras de rodas,
motorizados ou não, para o atendimento da “Art. 3º São absolutamente incapazes de
pessoa com deficiência ou com mobilidade exercer pessoalmente os atos da vida civil
reduzida.” os menores de 16 (dezesseis) anos.
I - (Revogado);
Art. 113. A Lei nº 10.257, de 10 de julho II - (Revogado);
de 2001 (Estatuto da Cidade) , passa a III - (Revogado).” (NR)
vigorar com as seguintes alterações:
“Art. 4º São incapazes, relativamente a
“Art. 3º ... certos atos ou à maneira de os exercer:
... ...
III - promover, por iniciativa própria e II - os ébrios habituais e os viciados em
em conjunto com os Estados, o Distrito tóxico;
Federal e os Municípios, programas de III - aqueles que, por causa transitória ou
construção de moradias e melhoria das permanente, não puderem exprimir sua
condições habitacionais, de saneamento vontade;

122
Legislação Educacional

Parágrafo único . A capacidade dos III - os ébrios habituais e os viciados em


indígenas será regulada por legislação tóxico;
especial.” (NR) IV - (Revogado);
...” (NR)
“Art. 228. ...
... “Art. 1.768. O processo que define os
II - (Revogado); termos da curatela deve ser promovido:
III - (Revogado); ...
... IV - pela própria pessoa.” (NR)
§ 1º ...
§ 2º A pessoa com deficiência poderá “Art. 1.769 . O Ministério Público
testemunhar em igualdade de condições somente promoverá o processo que define
com as demais pessoas, sendo-lhe os termos da curatela:
assegurados todos os recursos de tecnologia I - nos casos de deficiência mental ou
assistiva.” (NR) intelectual;
...
“Art. 1.518 . Até a celebração do III - se, existindo, forem menores ou
casamento podem os pais ou tutores incapazes as pessoas mencionadas no inciso
revogar a autorização.” (NR) II.” (NR)

“Art. 1.548. ... “Art. 1.771. Antes de se pronunciar


I - (Revogado); acerca dos termos da curatela, o juiz, que
...” (NR) deverá ser assistido por equipe
multidisciplinar, entrevistará pessoalmente
“Art. 1.550. ... o interditando.” (NR)
...
§ 1º ... “Art. 1.772. O juiz determinará, segundo
§ 2º A pessoa com deficiência mental ou as potencialidades da pessoa, os limites da
intelectual em idade núbia poderá contrair curatela, circunscritos às restrições
matrimônio, expressando sua vontade constantes do art. 1.782, e indicará curador.
diretamente ou por meio de seu responsável Parágrafo único. Para a escolha do
ou curador.” (NR) curador, o juiz levará em conta a vontade e
as preferências do interditando, a ausência
“Art. 1.557. ... de conflito de interesses e de influência
... indevida, a proporcionalidade e a
III - a ignorância, anterior ao casamento, adequação às circunstâncias da pessoa.”
de defeito físico irremediável que não (NR)
caracterize deficiência ou de moléstia grave
e transmissível, por contágio ou por “Art. 1.775-A . Na nomeação de curador
herança, capaz de pôr em risco a saúde do para a pessoa com deficiência, o juiz poderá
outro cônjuge ou de sua descendência; estabelecer curatela compartilhada a mais
IV - (Revogado).” (NR) de uma pessoa.”

“Art. 1.767. ... “Art. 1.777. As pessoas referidas no


inciso I do art. 1.767 receberão todo o apoio
I - aqueles que, por causa transitória ou necessário para ter preservado o direito à
permanente, não puderem exprimir sua convivência familiar e comunitária, sendo
vontade; evitado o seu recolhimento em
II - (Revogado); estabelecimento que os afaste desse
convívio.” (NR)

123
Legislação Educacional

Art. 115. O Título IV do Livro IV da § 5º Terceiro com quem a pessoa


Parte Especial da Lei nº 10.406, de 10 de apoiada mantenha relação negocial pode
janeiro de 2002 (Código Civil) , passa a solicitar que os apoiadores contra-assinem
vigorar com a seguinte redação: o contrato ou acordo, especificando, por
escrito, sua função em relação ao apoiado.
“TÍTULO IV § 6º Em caso de negócio jurídico que
Da Tutela, da Curatela e da Tomada de possa trazer risco ou prejuízo relevante,
Decisão Apoiada” havendo divergência de opiniões entre a
pessoa apoiada e um dos apoiadores, deverá
Art. 116. O Título IV do Livro IV da o juiz, ouvido o Ministério Público, decidir
Parte Especial da Lei nº 10.406, de 10 de sobre a questão.
janeiro de 2002 (Código Civil) , passa a § 7º Se o apoiador agir com negligência,
vigorar acrescido do seguinte Capítulo III: exercer pressão indevida ou não adimplir as
obrigações assumidas, poderá a pessoa
“CAPÍTULO III apoiada ou qualquer pessoa apresentar
Da Tomada de Decisão Apoiada denúncia ao Ministério Público ou ao juiz.
§ 8º Se procedente a denúncia, o juiz
Art. 1.783-A. A tomada de decisão destituirá o apoiador e nomeará, ouvida a
apoiada é o processo pelo qual a pessoa com pessoa apoiada e se for de seu interesse,
deficiência elege pelo menos 2 (duas) outra pessoa para prestação de apoio.
pessoas idôneas, com as quais mantenha § 9º A pessoa apoiada pode, a qualquer
vínculos e que gozem de sua confiança, tempo, solicitar o término de acordo
para prestar-lhe apoio na tomada de decisão firmado em processo de tomada de decisão
sobre atos da vida civil, fornecendo-lhes os apoiada.
elementos e informações necessários para § 10. O apoiador pode solicitar ao juiz a
que possa exercer sua capacidade. exclusão de sua participação do processo de
§ 1º Para formular pedido de tomada de tomada de decisão apoiada, sendo seu
decisão apoiada, a pessoa com deficiência e desligamento condicionado à manifestação
os apoiadores devem apresentar termo em do juiz sobre a matéria.
que constem os limites do apoio a ser § 11. Aplicam-se à tomada de decisão
oferecido e os compromissos dos apoiada, no que couber, as disposições
apoiadores, inclusive o prazo de vigência referentes à prestação de contas na
do acordo e o respeito à vontade, aos curatela.”
direitos e aos interesses da pessoa que
devem apoiar. Art. 117. O art. 1º da Lei nº 11.126, de
§ 2º O pedido de tomada de decisão 27 de junho de 2005 , passa a vigorar com a
apoiada será requerido pela pessoa a ser seguinte redação:
apoiada, com indicação expressa das
pessoas aptas a prestarem o apoio previsto “Art. 1º É assegurado à pessoa com
no caput deste artigo. deficiência visual acompanhada de cão-
§ 3º Antes de se pronunciar sobre o guia o direito de ingressar e de permanecer
pedido de tomada de decisão apoiada, o com o animal em todos os meios de
juiz, assistido por equipe multidisciplinar, transporte e em estabelecimentos abertos ao
após oitiva do Ministério Público, ouvirá público, de uso público e privados de uso
pessoalmente o requerente e as pessoas que coletivo, desde que observadas as
lhe prestarão apoio. condições impostas por esta Lei.
§ 4º A decisão tomada por pessoa ...
apoiada terá validade e efeitos sobre § 2º O disposto no caput deste artigo
terceiros, sem restrições, desde que esteja aplica-se a todas as modalidades e
inserida nos limites do apoio acordado. jurisdições do serviço de transporte coletivo

124
Legislação Educacional

de passageiros, inclusive em esfera apresentados no prazo de 1 (um) ano a


internacional com origem no território contar da entrada em vigor desta Lei.
brasileiro.” (NR)
Art. 121. Os direitos, os prazos e as
Art. 118. O inciso IV do art. 46 da Lei nº obrigações previstos nesta Lei não excluem
11.904, de 14 de janeiro de 2009 , passa a os já estabelecidos em outras legislações,
vigorar acrescido da seguinte alínea “k”: inclusive em pactos, tratados, convenções e
declarações internacionais aprovados e
“Art. 46. ... promulgados pelo Congresso Nacional, e
... devem ser aplicados em conformidade com
IV - ... as demais normas internas e acordos
... internacionais vinculantes sobre a matéria.
k) de acessibilidade a todas as pessoas. Parágrafo único. Prevalecerá a norma
...” (NR) mais benéfica à pessoa com deficiência.

Art. 119. A Lei nº 12.587, de 3 de janeiro Art. 122. Regulamento disporá sobre a
de 2012 , passa a vigorar acrescida do adequação do disposto nesta Lei ao
seguinte art. 12-B: tratamento diferenciado, simplificado e
favorecido a ser dispensado às
“Art. 12-B. Na outorga de exploração de microempresas e às empresas de pequeno
serviço de táxi, reservar-se-ão 10% (dez por porte, previsto no § 3º do art. 1º da Lei
cento) das vagas para condutores com Complementar nº 123, de 14 de dezembro
deficiência. de 2006 .
§ 1º Para concorrer às vagas reservadas
na forma do caput deste artigo, o condutor Art. 123. Revogam-se os seguintes
com deficiência deverá observar os dispositivos: (Vigência)
seguintes requisitos quanto ao veículo I - o inciso II do § 2º do art. 1º da Lei nº
utilizado: 9.008, de 21 de março de 1995 ;
I - ser de sua propriedade e por ele II - os incisos I, II e III do art. 3º da Lei
conduzido; e nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código
II - estar adaptado às suas necessidades, Civil);
nos termos da legislação vigente. III - os incisos II e III do art. 228 da Lei
§ 2º No caso de não preenchimento das nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código
vagas na forma estabelecida no caput deste Civil);
artigo, as remanescentes devem ser IV - o inciso I do art. 1.548 da Lei nº
disponibilizadas para os demais 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código
concorrentes.” Civil);
V - o inciso IV do art. 1.557 da Lei nº
Art. 120. Cabe aos órgãos competentes, 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código
em cada esfera de governo, a elaboração de Civil);
relatórios circunstanciados sobre o VI - os incisos II e IV do art. 1.767 da
cumprimento dos prazos estabelecidos por Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002
força das Leis nº 10.048, de 8 de novembro (Código Civil);
de 2000 , e nº 10.098, de 19 de dezembro de VII - os arts. 1.776 e 1.780 da Lei nº
2000 , bem como o seu encaminhamento ao 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código
Ministério Público e aos órgãos de Civil).
regulação para adoção das providências
cabíveis. Art. 124. O § 1º do art. 2º desta Lei
Parágrafo único. Os relatórios a que se deverá entrar em vigor em até 2 (dois) anos,
refere o caput deste artigo deverão ser contados da entrada em vigor desta Lei.

125
Legislação Educacional

Art. 125. Devem ser observados os 02. (FCEE-SC - FEPESE/2022) A Lei


prazos a seguir discriminados, a partir da nº 13.146, de 6 de julho de 2015, estabelece
entrada em vigor desta Lei, para o em seu art. 27 que:
cumprimento dos seguintes dispositivos: A educação constitui direito da pessoa
I - incisos I e II do § 2º do art. 28 , 48 com deficiência, assegurados sistema
(quarenta e oito) meses; educacional inclusivo em todos os níveis e
II - § 6º do art. 44, 84 (oitenta e quatro) ............................, de forma a alcançar o
meses; (Redação dada pela Lei nº 14.159, máximo desenvolvimento possível de seus
de 2021) talentos e habilidades físicas, sensoriais,
III - art. 45 , 24 (vinte e quatro) meses; intelectuais e sociais, segundo suas
IV - art. 49 , 48 (quarenta e oito) meses. características, interesses e necessidades de
aprendizagem.
Art. 126. Prorroga-se até 31 de Assinale a alternativa que completa
dezembro de 2021 a vigência da Lei nº corretamente a lacuna do texto.
8.989, de 24 de fevereiro de 1995 . A) condições de acesso
B) modalidades de ensino
Art. 127. Esta Lei entra em vigor após C) adoção de medidas de apoio
decorridos 180 (cento e oitenta) dias de sua D) aprendizado ao longo de toda a vida
publicação oficial . E) aprimoramento dos sistemas
educacionais
Brasília, 6 de julho de 2015; 194º da
Independência e 127º da República. 03. (Condesus-RS - OBJETIVA/2022)
Em conformidade com a Lei nº
DILMA ROUSSEF 13.146/2015 - Estatuto da Pessoa com
Deficiência, analisar a sentença abaixo:
Questões A acessibilidade é o direito que garante
à pessoa com deficiência ou com
01. Conforme disposto na Lei nº mobilidade reduzida viver de forma
13.146/2015 assinale a alternativa independente e exercer seus direitos de
INCORRETA. cidadania e de participação social (1ª parte).
A) A pessoa com deficiência tem As edificações públicas e privadas de uso
garantido o acesso ao conteúdo de todos os coletivo já existentes podem proporcionar
atos processuais de seu interesse, inclusive acessibilidade à pessoa com deficiência em
no exercício da advocacia. algumas de suas dependências e serviços,
B) O poder público deve assegurar o tendo como referência as normas de
acesso da pessoa com deficiência à justiça, acessibilidade vigentes (2ª parte).
em igualdade de oportunidades com as A sentença está:
demais pessoas, garantindo, sempre que A) Totalmente correta.
requeridos, adaptações e recursos de B) Correta somente em sua 1ª parte.
tecnologia assistiva. C) Correta somente em sua 2ª parte.
C) Os direitos da pessoa com deficiência D) Totalmente incorreta.
serão garantidos por ocasião da aplicação
de sanções penais. 04. (UFJF - FUNDEP/2022) Com base
D) Os direitos previstos neste artigo são no Estatuto da Pessoa com Deficiência, Lei
extensivos ao acompanhante da pessoa com nº 13.146I2015, para fins da aplicação da
deficiência ou ao seu atendente pessoal, Lei, é considerado comunicação a forma de
inclusive quanto ao disposto nos incisos VI interação dos cidadãos que engloba, exceto:
e VII deste artigo. A) As línguas, incluindo a Língua
Brasileira de Sinais (Libras).
B) Meios e formatos aumentativos e

126
Legislação Educacional

alternativos de comunicação.
4. Plano Nacional de Educação - Lei nº
C) O Braille.
13.005/14.
D) O sistema de sinalização ou de
comunicação tátil.
E) O capacitismo. LEI Nº 13.005, DE 25 DE JUNHO
DE 2014.4
05. (UFJF - FUNDEP/2022) Nos
termos vigentes da Lei Brasileira de Aprova o Plano Nacional de Educação -
Inclusão da Pessoa com Deficiência, Lei nº PNE e dá outras providências.
13.146I2015, em relação ao direito à
educação, não é incumbência do poder A PRESIDENTA DA REPÚBLICA
público assegurar, criar, desenvolver, Faço saber que o Congresso Nacional
implementar, incentivar, acompanhar e decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
avaliar:
A) Acesso da pessoa com deficiência, Art. 1º É aprovado o Plano Nacional de
em igualdade de condições, a jogos e a Educação - PNE, com vigência por 10 (dez)
atividades recreativas, esportivas e de lazer, anos, a contar da publicação desta Lei, na
no sistema escolar. forma do Anexo, com vistas ao
B) Oferta de profissionais de apoio cumprimento do disposto no art. 214 da
escolar. Constituição Federal.
C) Participação dos estudantes com
Art. 2º São diretrizes do PNE:
deficiência e de suas famílias nas diversas
I - erradicação do analfabetismo ;
instâncias de atuação da comunidade
II - universalização do atendimento
escolar.
escolar;
D) Acessibilidade para todos os
III - superação das desigualdades
estudantes, trabalhadores da educação e
educacionais, com ênfase na promoção da
demais integrantes da comunidade escolar
cidadania e na erradicação de todas as
às edificações, aos ambientes e às
formas de discriminação;
atividades inerentes a todas as modalidades,
IV - melhoria da qualidade da educação;
etapas e níveis de ensino.
V - formação para o trabalho e para a
E) Diagnóstico e intervenção precoces,
cidadania, com ênfase nos valores morais e
realizados por equipe multidisciplinar.
éticos em que se fundamenta a sociedade;
VI - promoção do princípio da gestão
Alternativas
democrática da educação pública;
VII - promoção humanística, científica,
01. D (Arts. 79, 80 e 81)
cultural e tecnológica do País;
02. D (Art. 27)
VIII - estabelecimento de meta de
03. B (Arts. 53 e 57)
aplicação de recursos públicos em educação
04. E (Art. 3º)
como proporção do Produto Interno Bruto -
05. E (Art. 28)
PIB, que assegure atendimento às
necessidades de expansão, com padrão de
qualidade e equidade;
IX - valorização dos (as) profissionais da
educação;
X - promoção dos princípios do respeito
aos direitos humanos, à diversidade e à
sustentabilidade socioambiental.

4
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
2014/2014/lei/l13005.htm, visitado em: 10.10.2022.

127
Legislação Educacional

Art. 3º As metas previstas no Anexo organizadas por ente federado e


desta Lei serão cumpridas no prazo de consolidadas em âmbito nacional, tendo
vigência deste PNE, desde que não haja como referência os estudos e as pesquisas
prazo inferior definido para metas e de que trata o art. 4º , sem prejuízo de outras
estratégias específicas. fontes e informações relevantes.
§ 3º A meta progressiva do investimento
Art. 4º As metas previstas no Anexo público em educação será avaliada no
desta Lei deverão ter como referência a quarto ano de vigência do PNE e poderá ser
Pesquisa Nacional por Amostra de ampliada por meio de lei para atender às
Domicílios - PNAD, o censo demográfico e necessidades financeiras do cumprimento
os censos nacionais da educação básica e das demais metas.
superior mais atualizados, disponíveis na § 4º O investimento público em
data da publicação desta Lei. educação a que se referem o inciso VI do
Parágrafo único. O poder público art. 214 da Constituição Federal e a meta 20
buscará ampliar o escopo das pesquisas do Anexo desta Lei engloba os recursos
com fins estatísticos de forma a incluir aplicados na forma do art. 212 da
informação detalhada sobre o perfil das Constituição Federal e do art. 60 do Ato das
populações de 4 (quatro) a 17 (dezessete) Disposições Constitucionais Transitórias,
anos com deficiência. bem como os recursos aplicados nos
programas de expansão da educação
Art. 5º A execução do PNE e o profissional e superior, inclusive na forma
cumprimento de suas metas serão objeto de de incentivo e isenção fiscal, as bolsas de
monitoramento contínuo e de avaliações estudos concedidas no Brasil e no exterior,
periódicas, realizados pelas seguintes os subsídios concedidos em programas de
instâncias: financiamento estudantil e o financiamento
I - Ministério da Educação - MEC; de creches, pré-escolas e de educação
II - Comissão de Educação da Câmara especial na forma do art. 213 da
dos Deputados e Comissão de Educação, Constituição Federal.
Cultura e Esporte do Senado Federal; § 5º Será destinada à manutenção e ao
III - Conselho Nacional de Educação - desenvolvimento do ensino, em acréscimo
CNE; aos recursos vinculados nos termos do art.
IV - Fórum Nacional de Educação. 212 da Constituição Federal, além de outros
§ 1º Compete, ainda, às instâncias recursos previstos em lei, a parcela da
referidas no caput: participação no resultado ou da
I - divulgar os resultados do compensação financeira pela exploração de
monitoramento e das avaliações nos petróleo e de gás natural, na forma de lei
respectivos sítios institucionais da internet; específica, com a finalidade de assegurar o
II - analisar e propor políticas públicas cumprimento da meta prevista no inciso VI
para assegurar a implementação das do art. 214 da Constituição Federal.
estratégias e o cumprimento das metas;
III - analisar e propor a revisão do Art. 6º A União promoverá a realização
percentual de investimento público em de pelo menos 2 (duas) conferências
educação. nacionais de educação até o final do
§ 2º A cada 2 (dois) anos, ao longo do decênio, precedidas de conferências
período de vigência deste PNE, o Instituto distrital, municipais e estaduais, articuladas
Nacional de Estudos e Pesquisas e coordenadas pelo Fórum Nacional de
Educacionais Anísio Teixeira - INEP Educação, instituído nesta Lei, no âmbito
publicará estudos para aferir a evolução no do Ministério da Educação.
cumprimento das metas estabelecidas no § 1º O Fórum Nacional de Educação,
Anexo desta Lei, com informações além da atribuição referida no caput :

128
Legislação Educacional

I - acompanhará a execução do PNE e o e os Municípios.


cumprimento de suas metas; § 6º O fortalecimento do regime de
II - promoverá a articulação das colaboração entre os Estados e respectivos
conferências nacionais de educação com as Municípios incluirá a instituição de
conferências regionais, estaduais e instâncias permanentes de negociação,
municipais que as precederem. cooperação e pactuação em cada Estado.
§ 2º As conferências nacionais de § 7º O fortalecimento do regime de
educação realizar-se-ão com intervalo de colaboração entre os Municípios dar-se-á,
até 4 (quatro) anos entre elas, com o inclusive, mediante a adoção de arranjos de
objetivo de avaliar a execução deste PNE e desenvolvimento da educação.
subsidiar a elaboração do plano nacional de
educação para o decênio subsequente. Art. 8º Os Estados, o Distrito Federal e
os Municípios deverão elaborar seus
Art. 7º A União, os Estados, o Distrito correspondentes planos de educação, ou
Federal e os Municípios atuarão em regime adequar os planos já aprovados em lei, em
de colaboração, visando ao alcance das consonância com as diretrizes, metas e
metas e à implementação das estratégias estratégias previstas neste PNE, no prazo de
objeto deste Plano. 1 (um) ano contado da publicação desta Lei.
§ 1º Caberá aos gestores federais, § 1º Os entes federados estabelecerão
estaduais, municipais e do Distrito Federal nos respectivos planos de educação
a adoção das medidas governamentais estratégias que:
necessárias ao alcance das metas previstas I - assegurem a articulação das políticas
neste PNE. educacionais com as demais políticas
§ 2º As estratégias definidas no Anexo sociais, particularmente as culturais;
desta Lei não elidem a adoção de medidas II - considerem as necessidades
adicionais em âmbito local ou de específicas das populações do campo e das
instrumentos jurídicos que formalizem a comunidades indígenas e quilombolas,
cooperação entre os entes federados, asseguradas a equidade educacional e a
podendo ser complementadas por diversidade cultural;
mecanismos nacionais e locais de III - garantam o atendimento das
coordenação e colaboração recíproca. necessidades específicas na educação
§ 3º Os sistemas de ensino dos Estados, especial, assegurado o sistema educacional
do Distrito Federal e dos Municípios inclusivo em todos os níveis, etapas e
criarão mecanismos para o modalidades;
acompanhamento local da consecução das IV - promovam a articulação
metas deste PNE e dos planos previstos no interfederativa na implementação das
art. 8º . políticas educacionais.
§ 4º Haverá regime de colaboração § 2º Os processos de elaboração e
específico para a implementação de adequação dos planos de educação dos
modalidades de educação escolar que Estados, do Distrito Federal e dos
necessitem considerar territórios étnico- Municípios, de que trata o caput deste
educacionais e a utilização de estratégias artigo, serão realizados com ampla
que levem em conta as identidades e participação de representantes da
especificidades socioculturais e linguísticas comunidade educacional e da sociedade
de cada comunidade envolvida, assegurada civil.
a consulta prévia e informada a essa
comunidade. Art. 9º Os Estados, o Distrito Federal e
§ 5º Será criada uma instância os Municípios deverão aprovar leis
permanente de negociação e cooperação específicas para os seus sistemas de ensino,
entre a União, os Estados, o Distrito Federal disciplinando a gestão democrática da

129
Legislação Educacional

educação pública nos respectivos âmbitos não elidem a obrigatoriedade de


de atuação, no prazo de 2 (dois) anos divulgação, em separado, de cada um deles.
contado da publicação desta Lei, § 3º Os indicadores mencionados no § 1º
adequando, quando for o caso, a legislação serão estimados por etapa, estabelecimento
local já adotada com essa finalidade. de ensino, rede escolar, unidade da
Federação e em nível agregado nacional,
Art. 10. O plano plurianual, as diretrizes sendo amplamente divulgados, ressalvada a
orçamentárias e os orçamentos anuais da publicação de resultados individuais e
União, dos Estados, do Distrito Federal e indicadores por turma, que fica admitida
dos Municípios serão formulados de exclusivamente para a comunidade do
maneira a assegurar a consignação de respectivo estabelecimento e para o órgão
dotações orçamentárias compatíveis com as gestor da respectiva rede.
diretrizes, metas e estratégias deste PNE e § 4º Cabem ao Inep a elaboração e o
com os respectivos planos de educação, a cálculo do Ideb e dos indicadores referidos
fim de viabilizar sua plena execução. no § 1º .
§ 5º A avaliação de desempenho dos (as)
Art. 11. O Sistema Nacional de estudantes em exames, referida no inciso I
Avaliação da Educação Básica, coordenado do § 1º , poderá ser diretamente realizada
pela União, em colaboração com os pela União ou, mediante acordo de
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, cooperação, pelos Estados e pelo Distrito
constituirá fonte de informação para a Federal, nos respectivos sistemas de ensino
avaliação da qualidade da educação básica e de seus Municípios, caso mantenham
e para a orientação das políticas públicas sistemas próprios de avaliação do
desse nível de ensino. rendimento escolar, assegurada a
§ 1º O sistema de avaliação a que se compatibilidade metodológica entre esses
refere o caput produzirá, no máximo a cada sistemas e o nacional, especialmente no que
2 (dois) anos: se refere às escalas de proficiência e ao
I - indicadores de rendimento escolar, calendário de aplicação.
referentes ao desempenho dos (as)
estudantes apurado em exames nacionais de Art. 12. Até o final do primeiro semestre
avaliação, com participação de pelo menos do nono ano de vigência deste PNE, o Poder
80% (oitenta por cento) dos (as) alunos (as) Executivo encaminhará ao Congresso
de cada ano escolar periodicamente Nacional, sem prejuízo das prerrogativas
avaliado em cada escola, e aos dados deste Poder, o projeto de lei referente ao
pertinentes apurados pelo censo escolar da Plano Nacional de Educação a vigorar no
educação básica; período subsequente, que incluirá
II - indicadores de avaliação diagnóstico, diretrizes, metas e estratégias
institucional, relativos a características para o próximo decênio.
como o perfil do alunado e do corpo dos
(as) profissionais da educação, as relações Art. 13. O poder público deverá instituir,
entre dimensão do corpo docente, do corpo em lei específica, contados 2 (dois) anos da
técnico e do corpo discente, a infraestrutura publicação desta Lei, o Sistema Nacional de
das escolas, os recursos pedagógicos Educação, responsável pela articulação
disponíveis e os processos da gestão, entre entre os sistemas de ensino, em regime de
outras relevantes. colaboração, para efetivação das diretrizes,
§ 2º A elaboração e a divulgação de metas e estratégias do Plano Nacional de
índices para avaliação da qualidade, como Educação.
o Índice de Desenvolvimento da Educação
Básica - IDEB, que agreguem os Art. 14. Esta Lei entra em vigor na data
indicadores mencionados no inciso I do § 1º de sua publicação.

130
Legislação Educacional

Brasília, 25 de junho de 2014; 193º da visando à expansão e à melhoria da rede


Independência e 126º da República. física de escolas públicas de educação
infantil;
DILMA ROUSSEFF 1.6) implantar, até o segundo ano de
vigência deste PNE, avaliação da educação
ANEXO infantil, a ser realizada a cada 2 (dois) anos,
com base em parâmetros nacionais de
METAS E ESTRATÉGIAS qualidade, a fim de aferir a infraestrutura
física, o quadro de pessoal, as condições de
Meta 1: universalizar, até 2016, a gestão, os recursos pedagógicos, a situação
educação infantil na pré-escola para as de acessibilidade, entre outros indicadores
crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de relevantes;
idade e ampliar a oferta de educação infantil 1.7) articular a oferta de matrículas
em creches de forma a atender, no mínimo, gratuitas em creches certificadas como
50% (cinquenta por cento) das crianças de entidades beneficentes de assistência social
até 3 (três) anos até o final da vigência deste na área de educação com a expansão da
PNE. oferta na rede escolar pública;
1.8) promover a formação inicial e
Estratégias: continuada dos (as) profissionais da
1.1) definir, em regime de colaboração educação infantil, garantindo,
entre a União, os Estados, o Distrito Federal progressivamente, o atendimento por
e os Municípios, metas de expansão das profissionais com formação superior;
respectivas redes públicas de educação 1.9) estimular a articulação entre pós-
infantil segundo padrão nacional de graduação, núcleos de pesquisa e cursos de
qualidade, considerando as peculiaridades formação para profissionais da educação,
locais; de modo a garantir a elaboração de
1.2) garantir que, ao final da vigência currículos e propostas pedagógicas que
deste PNE, seja inferior a 10% (dez por incorporem os avanços de pesquisas ligadas
cento) a diferença entre as taxas de ao processo de ensino-aprendizagem e às
frequência à educação infantil das crianças teorias educacionais no atendimento da
de até 3 (três) anos oriundas do quinto de população de 0 (zero) a 5 (cinco) anos;
renda familiar per capita mais elevado e as 1.10) fomentar o atendimento das
do quinto de renda familiar per capita mais populações do campo e das comunidades
baixo; indígenas e quilombolas na educação
1.3) realizar, periodicamente, em regime infantil nas respectivas comunidades, por
de colaboração, levantamento da demanda meio do redimensionamento da distribuição
por creche para a população de até 3 (três) territorial da oferta, limitando a nucleação
anos, como forma de planejar a oferta e de escolas e o deslocamento de crianças, de
verificar o atendimento da demanda forma a atender às especificidades dessas
manifesta; comunidades, garantido consulta prévia e
1.4) estabelecer, no primeiro ano de informada;
vigência do PNE, normas, procedimentos e 1.11) priorizar o acesso à educação
prazos para definição de mecanismos de infantil e fomentar a oferta do atendimento
consulta pública da demanda das famílias educacional especializado complementar e
por creches; suplementar aos (às) alunos (as) com
deficiência, transtornos globais do
1.5) manter e ampliar, em regime de desenvolvimento e altas habilidades ou
colaboração e respeitadas as normas de superdotação, assegurando a educação
acessibilidade, programa nacional de bilíngue para crianças surdas e a
construção e reestruturação de escolas, bem transversalidade da educação especial nessa
como de aquisição de equipamentos, etapa da educação básica;

131
Legislação Educacional

1.12) implementar, em caráter etapa na idade recomendada, até o último


complementar, programas de orientação e ano de vigência deste PNE.
apoio às famílias, por meio da articulação
das áreas de educação, saúde e assistência Estratégias:
social, com foco no desenvolvimento 2.1) o Ministério da Educação, em
integral das crianças de até 3 (três) anos de articulação e colaboração com os Estados,
idade; o Distrito Federal e os Municípios, deverá,
1.13) preservar as especificidades da até o final do 2º (segundo) ano de vigência
educação infantil na organização das redes deste PNE, elaborar e encaminhar ao
escolares, garantindo o atendimento da Conselho Nacional de Educação, precedida
criança de 0 (zero) a 5 (cinco) anos em de consulta pública nacional, proposta de
estabelecimentos que atendam a parâmetros direitos e objetivos de aprendizagem e
nacionais de qualidade, e a articulação com desenvolvimento para os (as) alunos (as) do
a etapa escolar seguinte, visando ao ensino fundamental;
ingresso do (a) aluno(a) de 6 (seis) anos de 2.2) pactuar entre União, Estados,
idade no ensino fundamental; Distrito Federal e Municípios, no âmbito da
1.14) fortalecer o acompanhamento e o instância permanente de que trata o § 5º do
monitoramento do acesso e da permanência art. 7º desta Le i, a implantação dos direitos
das crianças na educação infantil, em e objetivos de aprendizagem e
especial dos beneficiários de programas de desenvolvimento que configurarão a base
transferência de renda, em colaboração com nacional comum curricular do ensino
as famílias e com os órgãos públicos de fundamental;
assistência social, saúde e proteção à 2.3) criar mecanismos para o
infância; acompanhamento individualizado dos (as)
1.15) promover a busca ativa de crianças alunos (as) do ensino fundamental;
em idade correspondente à educação 2.4) fortalecer o acompanhamento e o
infantil, em parceria com órgãos públicos monitoramento do acesso, da permanência
de assistência social, saúde e proteção à e do aproveitamento escolar dos
infância, preservando o direito de opção da beneficiários de programas de transferência
família em relação às crianças de até 3 (três) de renda, bem como das situações de
anos; discriminação, preconceitos e violências na
1.16) o Distrito Federal e os Municípios, escola, visando ao estabelecimento de
com a colaboração da União e dos Estados, condições adequadas para o sucesso escolar
realizarão e publicarão, a cada ano, dos (as) alunos (as), em colaboração com as
levantamento da demanda manifesta por famílias e com órgãos públicos de
educação infantil em creches e pré-escolas, assistência social, saúde e proteção à
como forma de planejar e verificar o infância, adolescência e juventude;
atendimento; 2.5) promover a busca ativa de crianças
1.17) estimular o acesso à educação e adolescentes fora da escola, em parceria
infantil em tempo integral, para todas as com órgãos públicos de assistência social,
crianças de 0 (zero) a 5 (cinco) anos, saúde e proteção à infância, adolescência e
conforme estabelecido nas Diretrizes juventude;
Curriculares Nacionais para a Educação 2.6) desenvolver tecnologias
Infantil. pedagógicas que combinem, de maneira
articulada, a organização do tempo e das
Meta 2: universalizar o ensino atividades didáticas entre a escola e o
fundamental de 9 (nove) anos para toda a ambiente comunitário, considerando as
população de 6 (seis) a 14 (quatorze) anos e especificidades da educação especial, das
garantir que pelo menos 95% (noventa e escolas do campo e das comunidades
cinco por cento) dos alunos concluam essa indígenas e quilombolas;

132
Legislação Educacional

2.7) disciplinar, no âmbito dos sistemas incentivar práticas pedagógicas com


de ensino, a organização flexível do abordagens interdisciplinares estruturadas
trabalho pedagógico, incluindo adequação pela relação entre teoria e prática, por meio
do calendário escolar de acordo com a de currículos escolares que organizem, de
realidade local, a identidade cultural e as maneira flexível e diversificada, conteúdos
condições climáticas da região; obrigatórios e eletivos articulados em
2.8) promover a relação das escolas com dimensões como ciência, trabalho,
instituições e movimentos culturais, a fim linguagens, tecnologia, cultura e esporte,
de garantir a oferta regular de atividades garantindo-se a aquisição de equipamentos
culturais para a livre fruição dos (as) alunos e laboratórios, a produção de material
(as) dentro e fora dos espaços escolares, didático específico, a formação continuada
assegurando ainda que as escolas se tornem de professores e a articulação com
polos de criação e difusão cultural; instituições acadêmicas, esportivas e
2.9) incentivar a participação dos pais ou culturais;
responsáveis no acompanhamento das 3.2) o Ministério da Educação, em
atividades escolares dos filhos por meio do articulação e colaboração com os entes
estreitamento das relações entre as escolas federados e ouvida a sociedade mediante
e as famílias; consulta pública nacional, elaborará e
2.10) estimular a oferta do ensino encaminhará ao Conselho Nacional de
fundamental, em especial dos anos iniciais, Educação - CNE, até o 2º (segundo) ano de
para as populações do campo, indígenas e vigência deste PNE, proposta de direitos e
quilombolas, nas próprias comunidades; objetivos de aprendizagem e
2.11) desenvolver formas alternativas de desenvolvimento para os (as) alunos (as) de
oferta do ensino fundamental, garantida a ensino médio, a serem atingidos nos tempos
qualidade, para atender aos filhos e filhas de e etapas de organização deste nível de
profissionais que se dedicam a atividades ensino, com vistas a garantir formação
de caráter itinerante; básica comum;
2.12) oferecer atividades 3.3) pactuar entre União, Estados,
extracurriculares de incentivo aos (às) Distrito Federal e Municípios, no âmbito da
estudantes e de estímulo a habilidades, instância permanente de que trata o § 5º do
inclusive mediante certames e concursos art. 7º desta Lei, a implantação dos direitos
nacionais; e objetivos de aprendizagem e
2.13) promover atividades de desenvolvimento que configurarão a base
desenvolvimento e estímulo a habilidades nacional comum curricular do ensino
esportivas nas escolas, interligadas a um médio;
plano de disseminação do desporto 3.4) garantir a fruição de bens e espaços
educacional e de desenvolvimento culturais, de forma regular, bem como a
esportivo nacional. ampliação da prática desportiva, integrada
ao currículo escolar;
Meta 3: universalizar, até 2016, o 3.5) manter e ampliar programas e ações
atendimento escolar para toda a população de correção de fluxo do ensino
de 15 (quinze) a 17 (dezessete) anos e fundamental, por meio do
elevar, até o final do período de vigência acompanhamento individualizado do (a)
deste PNE, a taxa líquida de matrículas no aluno (a) com rendimento escolar defasado
ensino médio para 85% (oitenta e cinco por e pela adoção de práticas como aulas de
cento). reforço no turno complementar, estudos de
recuperação e progressão parcial, de forma
Estratégias: a reposicioná-lo no ciclo escolar de maneira
3.1) institucionalizar programa nacional compatível com sua idade;
de renovação do ensino médio, a fim de

133
Legislação Educacional

3.6) universalizar o Exame Nacional do como a distribuição territorial das escolas


Ensino Médio - ENEM, fundamentado em de ensino médio, de forma a atender a toda
matriz de referência do conteúdo curricular a demanda, de acordo com as necessidades
do ensino médio e em técnicas estatísticas e específicas dos (as) alunos (as);
psicométricas que permitam 3.12) desenvolver formas alternativas de
comparabilidade de resultados, articulando- oferta do ensino médio, garantida a
o com o Sistema Nacional de Avaliação da qualidade, para atender aos filhos e filhas de
Educação Básica - SAEB, e promover sua profissionais que se dedicam a atividades
utilização como instrumento de avaliação de caráter itinerante;
sistêmica, para subsidiar políticas públicas 3.13) implementar políticas de
para a educação básica, de avaliação prevenção à evasão motivada por
certificadora, possibilitando aferição de preconceito ou quaisquer formas de
conhecimentos e habilidades adquiridos discriminação, criando rede de proteção
dentro e fora da escola, e de avaliação contra formas associadas de exclusão;
classificatória, como critério de acesso à 3.14) estimular a participação dos
educação superior; adolescentes nos cursos das áreas
3.7) fomentar a expansão das matrículas tecnológicas e científicas.
gratuitas de ensino médio integrado à
educação profissional, observando-se as Meta 4: universalizar, para a população
peculiaridades das populações do campo, de 4 (quatro) a 17 (dezessete) anos com
das comunidades indígenas e quilombolas e deficiência, transtornos globais do
das pessoas com deficiência; desenvolvimento e altas habilidades ou
3.8) estruturar e fortalecer o superdotação, o acesso à educação básica e
acompanhamento e o monitoramento do ao atendimento educacional especializado,
acesso e da permanência dos e das jovens preferencialmente na rede regular de
beneficiários (as) de programas de ensino, com a garantia de sistema
transferência de renda, no ensino médio, educacional inclusivo, de salas de recursos
quanto à frequência, ao aproveitamento multifuncionais, classes, escolas ou
escolar e à interação com o coletivo, bem serviços especializados, públicos ou
como das situações de discriminação, conveniados.
preconceitos e violências, práticas
irregulares de exploração do trabalho, Estratégias:
consumo de drogas, gravidez precoce, em 4.1) contabilizar, para fins do repasse do
colaboração com as famílias e com órgãos Fundo de Manutenção e Desenvolvimento
públicos de assistência social, saúde e da Educação Básica e de Valorização dos
proteção à adolescência e juventude; Profissionais da Educação - FUNDEB, as
3.9) promover a busca ativa da matrículas dos (as) estudantes da educação
população de 15 (quinze) a 17 (dezessete) regular da rede pública que recebam
anos fora da escola, em articulação com os atendimento educacional especializado
serviços de assistência social, saúde e complementar e suplementar, sem prejuízo
proteção à adolescência e à juventude; do cômputo dessas matrículas na educação
3.10) fomentar programas de educação e básica regular, e as matrículas efetivadas,
de cultura para a população urbana e do conforme o censo escolar mais atualizado,
campo de jovens, na faixa etária de 15 na educação especial oferecida em
(quinze) a 17 (dezessete) anos, e de adultos, instituições comunitárias, confessionais ou
com qualificação social e profissional para filantrópicas sem fins lucrativos,
aqueles que estejam fora da escola e com conveniadas com o poder público e com
defasagem no fluxo escolar; atuação exclusiva na modalidade, nos
3.11) redimensionar a oferta de ensino termos da Lei nº 11.494, de 20 de junho de
médio nos turnos diurno e noturno, bem 2007 ;

134
Legislação Educacional

4.2) promover, no prazo de vigência níveis e modalidades de ensino, a


deste PNE, a universalização do identificação dos (as) alunos (as) com altas
atendimento escolar à demanda manifesta habilidades ou superdotação;
pelas famílias de crianças de 0 (zero) a 3 4.7) garantir a oferta de educação
(três) anos com deficiência, transtornos bilíngue, em Língua Brasileira de Sinais -
globais do desenvolvimento e altas LIBRAS como primeira língua e na
habilidades ou superdotação, observado o modalidade escrita da Língua Portuguesa
que dispõe a Lei nº 9.394, de 20 de como segunda língua, aos (às) alunos (as)
dezembro de 1996, que estabelece as surdos e com deficiência auditiva de 0
diretrizes e bases da educação nacional; (zero) a 17 (dezessete) anos, em escolas e
4.3) implantar, ao longo deste PNE, salas classes bilíngues e em escolas inclusivas,
de recursos multifuncionais e fomentar a nos termos do art. 22 do Decreto nº 5.626,
formação continuada de professores e de 22 de dezembro de 2005, e dos arts. 24 e
professoras para o atendimento educacional 30 da Convenção sobre os Direitos das
especializado nas escolas urbanas, do Pessoas com Deficiência, bem como a
campo, indígenas e de comunidades adoção do Sistema Braille de leitura para
quilombolas; cegos e surdos-cegos;
4.4) garantir atendimento educacional 4.8) garantir a oferta de educação
especializado em salas de recursos inclusiva, vedada a exclusão do ensino
multifuncionais, classes, escolas ou regular sob alegação de deficiência e
serviços especializados, públicos ou promovida a articulação pedagógica entre o
conveniados, nas formas complementar e ensino regular e o atendimento educacional
suplementar, a todos (as) alunos (as) com especializado;
deficiência, transtornos globais do 4.9) fortalecer o acompanhamento e o
desenvolvimento e altas habilidades ou monitoramento do acesso à escola e ao
superdotação, matriculados na rede pública atendimento educacional especializado,
de educação básica, conforme necessidade bem como da permanência e do
identificada por meio de avaliação, ouvidos desenvolvimento escolar dos (as) alunos
a família e o aluno; (as) com deficiência, transtornos globais do
4.5) estimular a criação de centros desenvolvimento e altas habilidades ou
multidisciplinares de apoio, pesquisa e superdotação beneficiários (as) de
assessoria, articulados com instituições programas de transferência de renda,
acadêmicas e integrados por profissionais juntamente com o combate às situações de
das áreas de saúde, assistência social, discriminação, preconceito e violência,
pedagogia e psicologia, para apoiar o com vistas ao estabelecimento de condições
trabalho dos (as) professores da educação adequadas para o sucesso educacional, em
básica com os (as) alunos (as) com colaboração com as famílias e com os
deficiência, transtornos globais do órgãos públicos de assistência social, saúde
desenvolvimento e altas habilidades ou e proteção à infância, à adolescência e à
superdotação; juventude;
4.6) manter e ampliar programas 4.10) fomentar pesquisas voltadas para o
suplementares que promovam a desenvolvimento de metodologias,
acessibilidade nas instituições públicas, materiais didáticos, equipamentos e
para garantir o acesso e a permanência dos recursos de tecnologia assistiva, com vistas
(as) alunos (as) com deficiência por meio da à promoção do ensino e da aprendizagem,
adequação arquitetônica, da oferta de bem como das condições de acessibilidade
transporte acessível e da disponibilização dos (as) estudantes com deficiência,
de material didático próprio e de recursos transtornos globais do desenvolvimento e
de tecnologia assistiva, assegurando, ainda, altas habilidades ou superdotação;
no contexto escolar, em todas as etapas,

135
Legislação Educacional

4.11) promover o desenvolvimento de superdotação de 0 (zero) a 17 (dezessete)


pesquisas interdisciplinares para subsidiar a anos;
formulação de políticas públicas 4.16) incentivar a inclusão nos cursos de
intersetoriais que atendam as licenciatura e nos demais cursos de
especificidades educacionais de estudantes formação para profissionais da educação,
com deficiência, transtornos globais do inclusive em nível de pós-graduação,
desenvolvimento e altas habilidades ou observado o disposto no caput do art. 207
superdotação que requeiram medidas de da Constituição Federal, dos referenciais
atendimento especializado; teóricos, das teorias de aprendizagem e dos
4.12) promover a articulação processos de ensino-aprendizagem
intersetorial entre órgãos e políticas relacionados ao atendimento educacional
públicas de saúde, assistência social e de alunos com deficiência, transtornos
direitos humanos, em parceria com as globais do desenvolvimento e altas
famílias, com o fim de desenvolver habilidades ou superdotação;
modelos de atendimento voltados à 4.17) promover parcerias com
continuidade do atendimento escolar, na instituições comunitárias, confessionais ou
educação de jovens e adultos, das pessoas filantrópicas sem fins lucrativos,
com deficiência e transtornos globais do conveniadas com o poder público, visando
desenvolvimento com idade superior à a ampliar as condições de apoio ao
faixa etária de escolarização obrigatória, de atendimento escolar integral das pessoas
forma a assegurar a atenção integral ao com deficiência, transtornos globais do
longo da vida; desenvolvimento e altas habilidades ou
4.13) apoiar a ampliação das equipes de superdotação matriculadas nas redes
profissionais da educação para atender à públicas de ensino;
demanda do processo de escolarização dos 4.18) promover parcerias com
(das) estudantes com deficiência, instituições comunitárias, confessionais ou
transtornos globais do desenvolvimento e filantrópicas sem fins lucrativos,
altas habilidades ou superdotação, conveniadas com o poder público, visando
garantindo a oferta de professores (as) do a ampliar a oferta de formação continuada e
atendimento educacional especializado, a produção de material didático acessível,
profissionais de apoio ou auxiliares, assim como os serviços de acessibilidade
tradutores (as) e intérpretes de Libras, necessários ao pleno acesso, participação e
guias-intérpretes para surdos-cegos, aprendizagem dos estudantes com
professores de Libras, prioritariamente deficiência, transtornos globais do
surdos, e professores bilíngues; desenvolvimento e altas habilidades ou
4.14) definir, no segundo ano de superdotação matriculados na rede pública
vigência deste PNE, indicadores de de ensino;
qualidade e política de avaliação e 4.19) promover parcerias com
supervisão para o funcionamento de instituições comunitárias, confessionais ou
instituições públicas e privadas que prestam filantrópicas sem fins lucrativos,
atendimento a alunos com deficiência, conveniadas com o poder público, a fim de
transtornos globais do desenvolvimento e favorecer a participação das famílias e da
altas habilidades ou superdotação; sociedade na construção do sistema
4.15) promover, por iniciativa do educacional inclusivo.
Ministério da Educação, nos órgãos de
pesquisa, demografia e estatística Meta 5: alfabetizar todas as crianças, no
competentes, a obtenção de informação máximo, até o final do 3º (terceiro) ano do
detalhada sobre o perfil das pessoas com ensino fundamental.
deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades ou

136
Legislação Educacional

Estratégias: conhecimento de novas tecnologias


5.1) estruturar os processos pedagógicos educacionais e práticas pedagógicas
de alfabetização, nos anos iniciais do ensino inovadoras, estimulando a articulação entre
fundamental, articulando-os com as programas de pós-graduação stricto sensu e
estratégias desenvolvidas na pré-escola, ações de formação continuada de
com qualificação e valorização dos (as) professores (as) para a alfabetização;
professores (as) alfabetizadores e com 5.7) apoiar a alfabetização das pessoas
apoio pedagógico específico, a fim de com deficiência, considerando as suas
garantir a alfabetização plena de todas as especificidades, inclusive a alfabetização
crianças; bilíngue de pessoas surdas, sem
5.2) instituir instrumentos de avaliação estabelecimento de terminalidade temporal.
nacional periódicos e específicos para aferir
a alfabetização das crianças, aplicados a Meta 6: oferecer educação em tempo
cada ano, bem como estimular os sistemas integral em, no mínimo, 50% (cinquenta
de ensino e as escolas a criarem os por cento) das escolas públicas, de forma a
respectivos instrumentos de avaliação e atender, pelo menos, 25% (vinte e cinco por
monitoramento, implementando medidas cento) dos (as) alunos (as) da educação
pedagógicas para alfabetizar todos os básica.
alunos e alunas até o final do terceiro ano
do ensino fundamental; Estratégias:
5.3) selecionar, certificar e divulgar 6.1) promover, com o apoio da União, a
tecnologias educacionais para a oferta de educação básica pública em tempo
alfabetização de crianças, assegurada a integral, por meio de atividades de
diversidade de métodos e propostas acompanhamento pedagógico e
pedagógicas, bem como o multidisciplinares, inclusive culturais e
acompanhamento dos resultados nos esportivas, de forma que o tempo de
sistemas de ensino em que forem aplicadas, permanência dos (as) alunos (as) na escola,
devendo ser disponibilizadas, ou sob sua responsabilidade, passe a ser
preferencialmente, como recursos igual ou superior a 7 (sete) horas diárias
educacionais abertos; durante todo o ano letivo, com a ampliação
5.4) fomentar o desenvolvimento de progressiva da jornada de professores em
tecnologias educacionais e de práticas uma única escola;
pedagógicas inovadoras que assegurem a 6.2) instituir, em regime de colaboração,
alfabetização e favoreçam a melhoria do programa de construção de escolas com
fluxo escolar e a aprendizagem dos (as) padrão arquitetônico e de mobiliário
alunos (as), consideradas as diversas adequado para atendimento em tempo
integral, prioritariamente em comunidades
abordagens metodológicas e sua pobres ou com crianças em situação de
efetividade; vulnerabilidade social;
5.5) apoiar a alfabetização de crianças do 6.3) institucionalizar e manter, em
campo, indígenas, quilombolas e de regime de colaboração, programa nacional
populações itinerantes, com a produção de de ampliação e reestruturação das escolas
materiais didáticos específicos, e públicas, por meio da instalação de quadras
desenvolver instrumentos de poliesportivas, laboratórios, inclusive de
acompanhamento que considerem o uso da informática, espaços para atividades
língua materna pelas comunidades culturais, bibliotecas, auditórios, cozinhas,
refeitórios, banheiros e outros
indígenas e a identidade cultural das equipamentos, bem como da produção de
comunidades quilombolas; material didático e da formação de recursos
5.6) promover e estimular a formação humanos para a educação em tempo
inicial e continuada de professores (as) para integral;
a alfabetização de crianças, com o

137
Legislação Educacional

6.4) fomentar a articulação da escola


com os diferentes espaços educativos,
culturais e esportivos e com equipamentos
públicos, como centros comunitários,
bibliotecas, praças, parques, museus,
teatros, cinemas e planetários; Estratégias:
6.5) estimular a oferta de atividades
voltadas à ampliação da jornada escolar de 7.1) estabelecer e implantar, mediante
alunos (as) matriculados nas escolas da rede pactuação interfederativa, diretrizes
pública de educação básica por parte das pedagógicas para a educação básica e a base
entidades privadas de serviço social nacional comum dos currículos, com
vinculadas ao sistema sindical, de forma direitos e objetivos de aprendizagem e
concomitante e em articulação com a rede desenvolvimento dos (as) alunos (as) para
pública de ensino; cada ano do ensino fundamental e médio,
6.6) orientar a aplicação da gratuidade de respeitada a diversidade regional, estadual
que trata o art. 13 da Lei nº 12.101, de 27 de e local;
novembro de 2009, em atividades de 7.2) assegurar que:
ampliação da jornada escolar de alunos (as) a) no quinto ano de vigência deste PNE,
das escolas da rede pública de educação pelo menos 70% (setenta por cento) dos (as)
básica, de forma concomitante e em alunos (as) do ensino fundamental e do
articulação com a rede pública de ensino; ensino médio tenham alcançado nível
6.7) atender às escolas do campo e de suficiente de aprendizado em relação aos
comunidades indígenas e quilombolas na direitos e objetivos de aprendizagem e
oferta de educação em tempo integral, com desenvolvimento de seu ano de estudo, e
base em consulta prévia e informada, 50% (cinquenta por cento), pelo menos, o
considerando-se as peculiaridades locais; nível desejável;
6.8) garantir a educação em tempo b) no último ano de vigência deste PNE,
integral para pessoas com deficiência, todos os (as) estudantes do ensino
transtornos globais do desenvolvimento e fundamental e do ensino médio tenham
altas habilidades ou superdotação na faixa alcançado nível suficiente de aprendizado
etária de 4 (quatro) a 17 (dezessete) anos, em relação aos direitos e objetivos de
assegurando atendimento educacional aprendizagem e desenvolvimento de seu
especializado complementar e suplementar ano de estudo, e 80% (oitenta por cento),
ofertado em salas de recursos pelo menos, o nível desejável;
multifuncionais da própria escola ou em 7.3) constituir, em colaboração entre a
instituições especializadas; União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios, um conjunto nacional de
6.9) adotar medidas para otimizar o indicadores de avaliação institucional com
tempo de permanência dos alunos na base no perfil do alunado e do corpo de
escola, direcionando a expansão da jornada profissionais da educação, nas condições de
para o efetivo trabalho escolar, combinado infraestrutura das escolas, nos recursos
com atividades recreativas, esportivas e pedagógicos disponíveis, nas
culturais. características da gestão e em outras
dimensões relevantes, considerando as
Meta 7: fomentar a qualidade da especificidades das modalidades de ensino;
educação básica em todas as etapas e 7.4) induzir processo contínuo de
modalidades, com melhoria do fluxo autoavaliação das escolas de educação
escolar e da aprendizagem de modo a básica, por meio da constituição de
atingir as seguintes médias nacionais para o instrumentos de avaliação que orientem as
Ideb: dimensões a serem fortalecidas,

138
Legislação Educacional

destacando-se a elaboração de 7.10) fixar, acompanhar e divulgar


planejamento estratégico, a melhoria bienalmente os resultados pedagógicos dos
contínua da qualidade educacional, a indicadores do sistema nacional de
formação continuada dos (as) profissionais avaliação da educação básica e do Ideb,
da educação e o aprimoramento da gestão relativos às escolas, às redes públicas de
democrática; educação básica e aos sistemas de ensino da
7.5) formalizar e executar os planos de União, dos Estados, do Distrito Federal e
ações articuladas dando cumprimento às dos Municípios, assegurando a
metas de qualidade estabelecidas para a contextualização desses resultados, com
educação básica pública e às estratégias de relação a indicadores sociais relevantes,
apoio técnico e financeiro voltadas à como os de nível socioeconômico das
melhoria da gestão educacional, à formação famílias dos (as) alunos (as), e a
de professores e professoras e profissionais transparência e o acesso público às
de serviços e apoio escolares, à ampliação e informações técnicas de concepção e
ao desenvolvimento de recursos operação do sistema de avaliação;
pedagógicos e à melhoria e expansão da 7.11) melhorar o desempenho dos alunos
infraestrutura física da rede escolar; da educação básica nas avaliações da
7.6) associar a prestação de assistência aprendizagem no Programa Internacional
técnica financeira à fixação de metas de Avaliação de Estudantes - PISA, tomado
intermediárias, nos termos estabelecidos como instrumento externo de referência,
conforme pactuação voluntária entre os internacionalmente reconhecido, de acordo
entes, priorizando sistemas e redes de com as seguintes projeções:
ensino com Ideb abaixo da média nacional;
7.7) aprimorar continuamente os
instrumentos de avaliação da qualidade do
ensino fundamental e médio, de forma a
englobar o ensino de ciências nos exames 7.12) incentivar o desenvolvimento,
aplicados nos anos finais do ensino selecionar, certificar e divulgar tecnologias
fundamental, e incorporar o Exame educacionais para a educação infantil, o
Nacional do Ensino Médio, assegurada a ensino fundamental e o ensino médio e
sua universalização, ao sistema de incentivar práticas pedagógicas inovadoras
avaliação da educação básica, bem como que assegurem a melhoria do fluxo escolar
apoiar o uso dos resultados das avaliações e a aprendizagem, assegurada a diversidade
nacionais pelas escolas e redes de ensino de métodos e propostas pedagógicas, com
para a melhoria de seus processos e práticas preferência para softwares livres e recursos
pedagógicas; educacionais abertos, bem como o
7.8) desenvolver indicadores específicos acompanhamento dos resultados nos
de avaliação da qualidade da educação sistemas de ensino em que forem aplicadas;
especial, bem como da qualidade da 7.13) garantir transporte gratuito para
educação bilíngue para surdos; todos (as) os (as) estudantes da educação do
7.9) orientar as políticas das redes e campo na faixa etária da educação escolar
sistemas de ensino, de forma a buscar obrigatória, mediante renovação e
atingir as metas do Ideb, diminuindo a padronização integral da frota de veículos,
diferença entre as escolas com os menores de acordo com especificações definidas
índices e a média nacional, garantindo pelo Instituto Nacional de Metrologia,
equidade da aprendizagem e reduzindo pela Qualidade e Tecnologia - INMETRO, e
metade, até o último ano de vigência deste financiamento compartilhado, com
PNE, as diferenças entre as médias dos participação da União proporcional às
índices dos Estados, inclusive do Distrito necessidades dos entes federados, visando a
Federal, e dos Municípios; reduzir a evasão escolar e o tempo médio de

139
Legislação Educacional

deslocamento a partir de cada situação criando, inclusive, mecanismos para


local; implementação das condições necessárias
7.14) desenvolver pesquisas de modelos para a universalização das bibliotecas nas
alternativos de atendimento escolar para a instituições educacionais, com acesso a
população do campo que considerem as redes digitais de computadores, inclusive a
especificidades locais e as boas práticas internet;
nacionais e internacionais; 7.21) a União, em regime de colaboração
7.15) universalizar, até o quinto ano de com os entes federados subnacionais,
vigência deste PNE, o acesso à rede estabelecerá, no prazo de 2 (dois) anos
mundial de computadores em banda larga contados da publicação desta Lei,
de alta velocidade e triplicar, até o final da parâmetros mínimos de qualidade dos
década, a relação computador/aluno (a) nas serviços da educação básica, a serem
escolas da rede pública de educação básica, utilizados como referência para
promovendo a utilização pedagógica das infraestrutura das escolas, recursos
tecnologias da informação e da pedagógicos, entre outros insumos
comunicação; relevantes, bem como instrumento para
7.16) apoiar técnica e financeiramente a adoção de medidas para a melhoria da
gestão escolar mediante transferência direta qualidade do ensino;
de recursos financeiros à escola, garantindo 7.22) informatizar integralmente a
a participação da comunidade escolar no gestão das escolas públicas e das secretarias
planejamento e na aplicação dos recursos, de educação dos Estados, do Distrito
visando à ampliação da transparência e ao Federal e dos Municípios, bem como
efetivo desenvolvimento da gestão manter programa nacional de formação
democrática; inicial e continuada para o pessoal técnico
7.17) ampliar programas e aprofundar das secretarias de educação;
ações de atendimento ao (à) aluno (a), em 7.23) garantir políticas de combate à
todas as etapas da educação básica, por violência na escola, inclusive pelo
meio de programas suplementares de desenvolvimento de ações destinadas à
material didático-escolar, transporte, capacitação de educadores para detecção
alimentação e assistência à saúde; dos sinais de suas causas, como a violência
7.18) assegurar a todas as escolas doméstica e sexual, favorecendo a adoção
públicas de educação básica o acesso a das providências adequadas para promover
energia elétrica, abastecimento de água a construção da cultura de paz e um
tratada, esgotamento sanitário e manejo dos ambiente escolar dotado de segurança para
resíduos sólidos, garantir o acesso dos a comunidade;
alunos a espaços para a prática esportiva, a 7.24) implementar políticas de inclusão
bens culturais e artísticos e a equipamentos e permanência na escola para adolescentes
e laboratórios de ciências e, em cada e jovens que se encontram em regime de
edifício escolar, garantir a acessibilidade às liberdade assistida e em situação de rua,
pessoas com deficiência; assegurando os princípios da Lei nº 8.069,
7.19) institucionalizar e manter, em de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança
regime de colaboração, programa nacional e do Adolescente;
de reestruturação e aquisição de 7.25) garantir nos currículos escolares
equipamentos para escolas públicas, conteúdos sobre a história e as culturas
visando à equalização regional das afro-brasileira e indígenas e implementar
oportunidades educacionais; ações educacionais, nos termos das Leis nºs
7.20) prover equipamentos e recursos 10.639, de 9 de janeiro de 2003, e 11.645,
tecnológicos digitais para a utilização de 10 de março de 2008, assegurando-se a
pedagógica no ambiente escolar a todas as implementação das respectivas diretrizes
escolas públicas da educação básica, curriculares nacionais, por meio de ações

140
Legislação Educacional

colaborativas com fóruns de educação para possibilitando a criação de rede de apoio


a diversidade étnico-racial, conselhos integral às famílias, como condição para a
escolares, equipes pedagógicas e a melhoria da qualidade educacional;
sociedade civil; 7.30) universalizar, mediante articulação
7.26) consolidar a educação escolar no entre os órgãos responsáveis pelas áreas da
campo de populações tradicionais, de saúde e da educação, o atendimento aos (às)
populações itinerantes e de comunidades estudantes da rede escolar pública de
indígenas e quilombolas, respeitando a educação básica por meio de ações de
articulação entre os ambientes escolares e prevenção, promoção e atenção à saúde;
comunitários e garantindo: o 7.31) estabelecer ações efetivas
desenvolvimento sustentável e preservação especificamente voltadas para a promoção,
da identidade cultural; a participação da prevenção, atenção e atendimento à saúde e
comunidade na definição do modelo de à integridade física, mental e emocional dos
organização pedagógica e de gestão das (das) profissionais da educação, como
instituições, consideradas as práticas condição para a melhoria da qualidade
socioculturais e as formas particulares de educacional;
organização do tempo; a oferta bilíngue na 7.32) fortalecer, com a colaboração
educação infantil e nos anos iniciais do técnica e financeira da União, em
ensino fundamental, em língua materna das articulação com o sistema nacional de
comunidades indígenas e em língua avaliação, os sistemas estaduais de
portuguesa; a reestruturação e a aquisição avaliação da educação básica, com
de equipamentos; a oferta de programa para participação, por adesão, das redes
a formação inicial e continuada de municipais de ensino, para orientar as
profissionais da educação; e o atendimento políticas públicas e as práticas pedagógicas,
em educação especial; com o fornecimento das informações às
7.27) desenvolver currículos e propostas escolas e à sociedade;
pedagógicas específicas para educação 7.33) promover, com especial ênfase, em
escolar para as escolas do campo e para as consonância com as diretrizes do Plano
comunidades indígenas e quilombolas, Nacional do Livro e da Leitura, a formação
incluindo os conteúdos culturais de leitores e leitoras e a capacitação de
correspondentes às respectivas professores e professoras, bibliotecários e
comunidades e considerando o bibliotecárias e agentes da comunidade para
fortalecimento das práticas socioculturais e atuar como mediadores e mediadoras da
da língua materna de cada comunidade leitura, de acordo com a especificidade das
indígena, produzindo e disponibilizando diferentes etapas do desenvolvimento e da
materiais didáticos específicos, inclusive aprendizagem;
para os (as) alunos (as) com deficiência; 7.34) instituir, em articulação com os
7.28) mobilizar as famílias e setores da Estados, os Municípios e o Distrito Federal,
sociedade civil, articulando a educação programa nacional de formação de
formal com experiências de educação professores e professoras e de alunos e
alunas para promover e consolidar política
popular e cidadã, com os propósitos de que de preservação da memória nacional;
a educação seja assumida como 7.35) promover a regulação da oferta da
responsabilidade de todos e de ampliar o educação básica pela iniciativa privada, de
controle social sobre o cumprimento das forma a garantir a qualidade e o
políticas públicas educacionais; cumprimento da função social da educação;
7.29) promover a articulação dos 7.36) estabelecer políticas de estímulo às
programas da área da educação, de âmbito escolas que melhorarem o desempenho no
local e nacional, com os de outras áreas, Ideb, de modo a valorizar o mérito do corpo
como saúde, trabalho e emprego, docente, da direção e da comunidade
assistência social, esporte e cultura, escolar.

141
Legislação Educacional

Meta 8: elevar a escolaridade média da atendimento desses (as) estudantes na rede


população de 18 (dezoito) a 29 (vinte e pública regular de ensino;
nove) anos, de modo a alcançar, no mínimo, 8.6) promover busca ativa de jovens fora
12 (doze) anos de estudo no último ano de da escola pertencentes aos segmentos
vigência deste Plano, para as populações do populacionais considerados, em parceria
campo, da região de menor escolaridade no com as áreas de assistência social, saúde e
País e dos 25% (vinte e cinco por cento) proteção à juventude.
mais pobres, e igualar a escolaridade média
entre negros e não negros declarados à Meta 9: elevar a taxa de alfabetização da
Fundação Instituto Brasileiro de Geografia população com 15 (quinze) anos ou mais
e Estatística - IBGE. para 93,5% (noventa e três inteiros e cinco
décimos por cento) até 2015 e, até o final da
Estratégias: vigência deste PNE, erradicar o
analfabetismo absoluto e reduzir em 50%
8.1) institucionalizar programas e (cinquenta por cento) a taxa de
desenvolver tecnologias para correção de analfabetismo funcional.
fluxo, para acompanhamento pedagógico
individualizado e para recuperação e Estratégias:
progressão parcial, bem como priorizar
estudantes com rendimento escolar 9.1) assegurar a oferta gratuita da
defasado, considerando as especificidades educação de jovens e adultos a todos os que
dos segmentos populacionais considerados; não tiveram acesso à educação básica na
8.2) implementar programas de idade própria;
educação de jovens e adultos para os 9.2) realizar diagnóstico dos jovens e
segmentos populacionais considerados, que adultos com ensino fundamental e médio
estejam fora da escola e com defasagem incompletos, para identificar a demanda
idade-série, associados a outras estratégias ativa por vagas na educação de jovens e
que garantam a continuidade da adultos;
escolarização, após a alfabetização inicial; 9.3) implementar ações de alfabetização
8.3) garantir acesso gratuito a exames de de jovens e adultos com garantia de
certificação da conclusão dos ensinos continuidade da escolarização básica;
fundamental e médio; 9.4) criar benefício adicional no
8.4) expandir a oferta gratuita de programa nacional de transferência de
educação profissional técnica por parte das renda para jovens e adultos que
entidades privadas de serviço social e de frequentarem cursos de alfabetização;
formação profissional vinculadas ao 9.5) realizar chamadas públicas
sistema sindical, de forma concomitante ao regulares para educação de jovens e
ensino ofertado na rede escolar pública, adultos, promovendo-se busca ativa em
para os segmentos populacionais regime de colaboração entre entes
considerados; federados e em parceria com organizações
8.5) promover, em parceria com as áreas da sociedade civil;
de saúde e assistência social, o 9.6) realizar avaliação, por meio de
acompanhamento e o monitoramento do exames específicos, que permita aferir o
acesso à escola específicos para os grau de alfabetização de jovens e adultos
segmentos populacionais considerados, com mais de 15 (quinze) anos de idade;
identificar motivos de absenteísmo e 9.7) executar ações de atendimento ao
colaborar com os Estados, o Distrito (à) estudante da educação de jovens e
Federal e os Municípios para a garantia de adultos por meio de programas
frequência e apoio à aprendizagem, de suplementares de transporte, alimentação e
maneira a estimular a ampliação do saúde, inclusive atendimento oftalmológico

142
Legislação Educacional

e fornecimento gratuito de óculos, em Meta 10: oferecer, no mínimo, 25%


articulação com a área da saúde; (vinte e cinco por cento) das matrículas de
9.8) assegurar a oferta de educação de educação de jovens e adultos, nos ensinos
jovens e adultos, nas etapas de ensino fundamental e médio, na forma integrada à
fundamental e médio, às pessoas privadas educação profissional.
de liberdade em todos os estabelecimentos
penais, assegurando-se formação específica Estratégias:
dos professores e das professoras e
implementação de diretrizes nacionais em 10.1) manter programa nacional de
regime de colaboração; educação de jovens e adultos voltado à
9.9) apoiar técnica e financeiramente conclusão do ensino fundamental e à
projetos inovadores na educação de jovens formação profissional inicial, de forma a
e adultos que visem ao desenvolvimento de estimular a conclusão da educação básica;
modelos adequados às necessidades 10.2) expandir as matrículas na
específicas desses (as) alunos (as); educação de jovens e adultos, de modo a
9.10) estabelecer mecanismos e articular a formação inicial e continuada de
incentivos que integrem os segmentos trabalhadores com a educação profissional,
empregadores, públicos e privados, e os objetivando a elevação do nível de
sistemas de ensino, para promover a escolaridade do trabalhador e da
compatibilização da jornada de trabalho dos trabalhadora;
empregados e das empregadas com a oferta 10.3) fomentar a integração da educação
das ações de alfabetização e de educação de de jovens e adultos com a educação
jovens e adultos; profissional, em cursos planejados, de
9.11) implementar programas de acordo com as características do público da
capacitação tecnológica da população educação de jovens e adultos e
jovem e adulta, direcionados para os considerando as especificidades das
segmentos com baixos níveis de populações itinerantes e do campo e das
escolarização formal e para os (as) alunos comunidades indígenas e quilombolas,
(as) com deficiência, articulando os inclusive na modalidade de educação a
sistemas de ensino, a Rede Federal de distância;
Educação Profissional, Científica e 10.4) ampliar as oportunidades
Tecnológica, as universidades, as profissionais dos jovens e adultos com
cooperativas e as associações, por meio de deficiência e baixo nível de escolaridade,
ações de extensão desenvolvidas em por meio do acesso à educação de jovens e
centros vocacionais tecnológicos, com adultos articulada à educação profissional;
tecnologias assistivas que favoreçam a 10.5) implantar programa nacional de
efetiva inclusão social e produtiva dessa reestruturação e aquisição de equipamentos
população; voltados à expansão e à melhoria da rede
9.12) considerar, nas políticas públicas física de escolas públicas que atuam na
de jovens e adultos, as necessidades dos educação de jovens e adultos integrada à
idosos, com vistas à promoção de políticas educação profissional, garantindo
de erradicação do analfabetismo, ao acesso acessibilidade à pessoa com deficiência;
a tecnologias educacionais e atividades 10.6) estimular a diversificação
recreativas, culturais e esportivas, à curricular da educação de jovens e adultos,
implementação de programas de articulando a formação básica e a
valorização e compartilhamento dos preparação para o mundo do trabalho e
conhecimentos e experiência dos idosos e à estabelecendo inter-relações entre teoria e
inclusão dos temas do envelhecimento e da prática, nos eixos da ciência, do trabalho, da
velhice nas escolas. tecnologia e da cultura e cidadania, de
forma a organizar o tempo e o espaço

143
Legislação Educacional

pedagógicos adequados às características Estratégias:


desses alunos e alunas; 11.1) expandir as matrículas de
10.7) fomentar a produção de material educação profissional técnica de nível
didático, o desenvolvimento de currículos e médio na Rede Federal de Educação
metodologias específicas, os instrumentos Profissional, Científica e Tecnológica,
de avaliação, o acesso a equipamentos e levando em consideração a
laboratórios e a formação continuada de responsabilidade dos Institutos na
docentes das redes públicas que atuam na ordenação territorial, sua vinculação com
educação de jovens e adultos articulada à arranjos produtivos, sociais e culturais
educação profissional; locais e regionais, bem como a
10.8) fomentar a oferta pública de interiorização da educação profissional;
formação inicial e continuada para 11.2) fomentar a expansão da oferta de
trabalhadores e trabalhadoras articulada à educação profissional técnica de nível
educação de jovens e adultos, em regime de médio nas redes públicas estaduais de
colaboração e com apoio de entidades ensino;
privadas de formação profissional 11.3) fomentar a expansão da oferta de
vinculadas ao sistema sindical e de educação profissional técnica de nível
entidades sem fins lucrativos de médio na modalidade de educação a
atendimento à pessoa com deficiência, com distância, com a finalidade de ampliar a
atuação exclusiva na modalidade; oferta e democratizar o acesso à educação
10.9) institucionalizar programa profissional pública e gratuita, assegurado
nacional de assistência ao estudante, padrão de qualidade;
compreendendo ações de assistência social, 11.4) estimular a expansão do estágio na
financeira e de apoio psicopedagógico que educação profissional técnica de nível
contribuam para garantir o acesso, a médio e do ensino médio regular,
permanência, a aprendizagem e a conclusão preservando-se seu caráter pedagógico
com êxito da educação de jovens e adultos integrado ao itinerário formativo do aluno,
articulada à educação profissional; visando à formação de qualificações
10.10) orientar a expansão da oferta de próprias da atividade profissional, à
educação de jovens e adultos articulada à contextualização curricular e ao
educação profissional, de modo a atender às desenvolvimento da juventude;
pessoas privadas de liberdade nos 11.5) ampliar a oferta de programas de
estabelecimentos penais, assegurando-se reconhecimento de saberes para fins de
formação específica dos professores e das certificação profissional em nível técnico;
professoras e implementação de diretrizes 11.6) ampliar a oferta de matrículas
nacionais em regime de colaboração; gratuitas de educação profissional técnica
10.11) implementar mecanismos de de nível médio pelas entidades privadas de
reconhecimento de saberes dos jovens e formação profissional vinculadas ao
adultos trabalhadores, a serem considerados sistema sindical e entidades sem fins
na articulação curricular dos cursos de lucrativos de atendimento à pessoa com
formação inicial e continuada e dos cursos deficiência, com atuação exclusiva na
técnicos de nível médio. modalidade;
11.7) expandir a oferta de financiamento
Meta 11: triplicar as matrículas da estudantil à educação profissional técnica
educação profissional técnica de nível de nível médio oferecida em instituições
médio, assegurando a qualidade da oferta e privadas de educação superior;
pelo menos 50% (cinquenta por cento) da 11.8) institucionalizar sistema de
expansão no segmento público. avaliação da qualidade da educação
profissional técnica de nível médio das
redes escolares públicas e privadas;

144
Legislação Educacional

11.9) expandir o atendimento do ensino instituições públicas de educação superior,


médio gratuito integrado à formação mediante ações planejadas e coordenadas,
profissional para as populações do campo e de forma a ampliar e interiorizar o acesso à
para as comunidades indígenas e graduação;
quilombolas, de acordo com os seus 12.2) ampliar a oferta de vagas, por meio
interesses e necessidades; da expansão e interiorização da rede federal
11.10) expandir a oferta de educação de educação superior, da Rede Federal de
profissional técnica de nível médio para as Educação Profissional, Científica e
pessoas com deficiência, transtornos Tecnológica e do sistema Universidade
globais do desenvolvimento e altas Aberta do Brasil, considerando a densidade
habilidades ou superdotação; populacional, a oferta de vagas públicas em
11.11) elevar gradualmente a taxa de relação à população na idade de referência
conclusão média dos cursos técnicos de e observadas as características regionais das
nível médio na Rede Federal de Educação micro e mesorregiões definidas pela
Profissional, Científica e Tecnológica para Fundação Instituto Brasileiro de Geografia
90% (noventa por cento) e elevar, nos e Estatística - IBGE, uniformizando a
cursos presenciais, a relação de alunos (as) expansão no território nacional;
por professor para 20 (vinte); 12.3) elevar gradualmente a taxa de
11.12) elevar gradualmente o conclusão média dos cursos de graduação
investimento em programas de assistência presenciais nas universidades públicas para
estudantil e mecanismos de mobilidade 90% (noventa por cento), ofertar, no
acadêmica, visando a garantir as condições mínimo, um terço das vagas em cursos
necessárias à permanência dos (as) noturnos e elevar a relação de estudantes
estudantes e à conclusão dos cursos por professor (a) para 18 (dezoito),
técnicos de nível médio; mediante estratégias de aproveitamento de
11.13) reduzir as desigualdades étnico- créditos e inovações acadêmicas que
raciais e regionais no acesso e permanência valorizem a aquisição de competências de
na educação profissional técnica de nível nível superior;
médio, inclusive mediante a adoção de 12.4) fomentar a oferta de educação
políticas afirmativas, na forma da lei; superior pública e gratuita prioritariamente
11.14) estruturar sistema nacional de para a formação de professores e
informação profissional, articulando a professoras para a educação básica,
oferta de formação das instituições sobretudo nas áreas de ciências e
especializadas em educação profissional matemática, bem como para atender ao
aos dados do mercado de trabalho e a défice de profissionais em áreas
consultas promovidas em entidades específicas;
empresariais e de trabalhadores 12.5) ampliar as políticas de inclusão e
de assistência estudantil dirigidas aos (às)
Meta 12: elevar a taxa bruta de matrícula estudantes de instituições públicas,
na educação superior para 50% (cinquenta bolsistas de instituições privadas de
por cento) e a taxa líquida para 33% (trinta educação superior e beneficiários do Fundo
e três por cento) da população de 18 de Financiamento Estudantil - FIES, de que
(dezoito) a 24 (vinte e quatro) anos, trata a Lei nº 10.260, de 12 de julho de
assegurada a qualidade da oferta e expansão 2001, na educação superior, de modo a
para, pelo menos, 40% (quarenta por cento) reduzir as desigualdades étnico-raciais e
das novas matrículas, no segmento público. ampliar as taxas de acesso e permanência na
educação superior de estudantes egressos
Estratégias: da escola pública, afrodescendentes e
12.1) otimizar a capacidade instalada da indígenas e de estudantes com deficiência,
estrutura física e de recursos humanos das transtornos globais do desenvolvimento e

145
Legislação Educacional

altas habilidades ou superdotação, de forma tecnológica e a melhoria da qualidade da


a apoiar seu sucesso acadêmico; educação básica;
12.6) expandir o financiamento 12.15) institucionalizar programa de
estudantil por meio do Fundo de composição de acervo digital de referências
Financiamento Estudantil - FIES, de que bibliográficas e audiovisuais para os cursos
trata a Lei nº 10.260, de 12 de julho de de graduação, assegurada a acessibilidade
2001, com a constituição de fundo às pessoas com deficiência;
garantidor do financiamento, de forma a 12.16) consolidar processos seletivos
dispensar progressivamente a exigência de nacionais e regionais para acesso à
fiador; educação superior como forma de superar
12.7) assegurar, no mínimo, 10% (dez exames vestibulares isolados;
por cento) do total de créditos curriculares 12.17) estimular mecanismos para
exigidos para a graduação em programas e ocupar as vagas ociosas em cada período
projetos de extensão universitária, letivo na educação superior pública;
orientando sua ação, prioritariamente, para 12.18) estimular a expansão e
áreas de grande pertinência social; reestruturação das instituições de educação
12.8) ampliar a oferta de estágio como superior estaduais e municipais cujo ensino
parte da formação na educação superior; seja gratuito, por meio de apoio técnico e
12.9) ampliar a participação financeiro do Governo Federal, mediante
proporcional de grupos historicamente termo de adesão a programa de
desfavorecidos na educação superior, reestruturação, na forma de regulamento,
inclusive mediante a adoção de políticas que considere a sua contribuição para a
afirmativas, na forma da lei; ampliação de vagas, a capacidade fiscal e as
12.10) assegurar condições de necessidades dos sistemas de ensino dos
acessibilidade nas instituições de educação entes mantenedores na oferta e qualidade da
superior, na forma da legislação; educação básica;
12.11) fomentar estudos e pesquisas que 12.19) reestruturar com ênfase na
analisem a necessidade de articulação entre melhoria de prazos e qualidade da decisão,
formação, currículo, pesquisa e mundo do no prazo de 2 (dois) anos, os procedimentos
trabalho, considerando as necessidades adotados na área de avaliação, regulação e
econômicas, sociais e culturais do País; supervisão, em relação aos processos de
12.12) consolidar e ampliar programas e autorização de cursos e instituições, de
ações de incentivo à mobilidade estudantil reconhecimento ou renovação de
e docente em cursos de graduação e pós- reconhecimento de cursos superiores e de
graduação, em âmbito nacional e credenciamento ou recredenciamento de
internacional, tendo em vista o instituições, no âmbito do sistema federal
enriquecimento da formação de nível de ensino;
superior; 12.20) ampliar, no âmbito do Fundo de
12.13) expandir atendimento específico Financiamento ao Estudante do Ensino
a populações do campo e comunidades Superior - FIES, de que trata a Lei nº
indígenas e quilombolas, em relação a 10.260, de 12 de julho de 2001, e do
acesso, permanência, conclusão e formação Programa Universidade para Todos -
de profissionais para atuação nessas PROUNI, de que trata a Lei nº 11.096, de
populações; 13 de janeiro de 2005, os benefícios
12.14) mapear a demanda e fomentar a destinados à concessão de financiamento a
oferta de formação de pessoal de nível estudantes regularmente matriculados em
superior, destacadamente a que se refere à cursos superiores presenciais ou a distância,
formação nas áreas de ciências e com avaliação positiva, de acordo com
matemática, considerando as necessidades regulamentação própria, nos processos
do desenvolvimento do País, a inovação conduzidos pelo Ministério da Educação;

146
Legislação Educacional

12.21) fortalecer as redes físicas de com deficiência;


laboratórios multifuncionais das IES e ICTs 13.5) elevar o padrão de qualidade das
nas áreas estratégicas definidas pela política universidades, direcionando sua atividade,
e estratégias nacionais de ciência, de modo que realizem, efetivamente,
tecnologia e inovação. pesquisa institucionalizada, articulada a
programas de pós-graduação stricto sensu ;
Meta 13: elevar a qualidade da educação 13.6) substituir o Exame Nacional de
superior e ampliar a proporção de mestres e Desempenho de Estudantes - ENADE
doutores do corpo docente em efetivo aplicado ao final do primeiro ano do curso
exercício no conjunto do sistema de de graduação pelo Exame Nacional do
educação superior para 75% (setenta e Ensino Médio - ENEM, a fim de apurar o
cinco por cento), sendo, do total, no valor agregado dos cursos de graduação;
mínimo, 35% (trinta e cinco por cento) 13.7) fomentar a formação de consórcios
doutores. entre instituições públicas de educação
superior, com vistas a potencializar a
Estratégias: atuação regional, inclusive por meio de
13.1) aperfeiçoar o Sistema Nacional de plano de desenvolvimento institucional
Avaliação da Educação Superior - integrado, assegurando maior visibilidade
SINAES, de que trata a Lei nº 10.861, de 14 nacional e internacional às atividades de
de abril de 2004, fortalecendo as ações de ensino, pesquisa e extensão;
avaliação, regulação e supervisão; 13.8) elevar gradualmente a taxa de
13.2) ampliar a cobertura do Exame conclusão média dos cursos de graduação
Nacional de Desempenho de Estudantes - presenciais nas universidades públicas, de
ENADE, de modo a ampliar o quantitativo modo a atingir 90% (noventa por cento) e,
de estudantes e de áreas avaliadas no que nas instituições privadas, 75% (setenta e
diz respeito à aprendizagem resultante da cinco por cento), em 2020, e fomentar a
graduação; melhoria dos resultados de aprendizagem,
13.3) induzir processo contínuo de de modo que, em 5 (cinco) anos, pelo
autoavaliação das instituições de educação menos 60% (sessenta por cento) dos
superior, fortalecendo a participação das estudantes apresentem desempenho
comissões próprias de avaliação, bem como positivo igual ou superior a 60% (sessenta
a aplicação de instrumentos de avaliação por cento) no Exame Nacional de
que orientem as dimensões a serem Desempenho de Estudantes - ENADE e, no
fortalecidas, destacando-se a qualificação e último ano de vigência, pelo menos 75%
a dedicação do corpo docente; (setenta e cinco por cento) dos estudantes
13.4) promover a melhoria da qualidade obtenham desempenho positivo igual ou
dos cursos de pedagogia e licenciaturas, por superior a 75% (setenta e cinco por cento)
meio da aplicação de instrumento próprio nesse exame, em cada área de formação
de avaliação aprovado pela Comissão profissional;
Nacional de Avaliação da Educação 13.9) promover a formação inicial e
Superior - CONAES, integrando-os às continuada dos (as) profissionais técnico-
demandas e necessidades das redes de administrativos da educação superior.
educação básica, de modo a permitir aos
graduandos a aquisição das qualificações Meta 14: elevar gradualmente o número
necessárias a conduzir o processo de matrículas na pós-graduação stricto
pedagógico de seus futuros alunos (as), sensu , de modo a atingir a titulação anual
combinando formação geral e específica de 60.000 (sessenta mil) mestres e 25.000
com a prática didática, além da educação (vinte e cinco mil) doutores.
para as relações étnico-raciais, a
diversidade e as necessidades das pessoas

147
Legislação Educacional

Estratégias: estímulo à inovação, bem como


14.1) expandir o financiamento da pós- incrementar a formação de recursos
graduação stricto sensu por meio das humanos para a inovação, de modo a buscar
agências oficiais de fomento; o aumento da competitividade das empresas
14.2) estimular a integração e a atuação de base tecnológica;
articulada entre a Coordenação de 14.12) ampliar o investimento na
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível formação de doutores de modo a atingir a
Superior - CAPES e as agências estaduais proporção de 4 (quatro) doutores por 1.000
de fomento à pesquisa; (mil) habitantes;
14.3) expandir o financiamento 14.13) aumentar qualitativa e
estudantil por meio do Fies à pós-graduação quantitativamente o desempenho científico
stricto sensu ; e tecnológico do País e a competitividade
14.4) expandir a oferta de cursos de pós- internacional da pesquisa brasileira,
graduação stricto sensu , utilizando ampliando a cooperação científica com
inclusive metodologias, recursos e empresas, Instituições de Educação
tecnologias de educação a distância; Superior - IES e demais Instituições
14.5) implementar ações para reduzir as Científicas e Tecnológicas - ICTs;
desigualdades étnico-raciais e regionais e 14.14) estimular a pesquisa científica e
para favorecer o acesso das populações do de inovação e promover a formação de
campo e das comunidades indígenas e recursos humanos que valorize a
quilombolas a programas de mestrado e diversidade regional e a biodiversidade da
doutorado; região amazônica e do cerrado, bem como
14.6) ampliar a oferta de programas de a gestão de recursos hídricos no semiárido
pós-graduação stricto sensu , especialmente para mitigação dos efeitos da seca e geração
os de doutorado, nos campi novos abertos de emprego e renda na região;
em decorrência dos programas de expansão 14.15) estimular a pesquisa aplicada, no
e interiorização das instituições superiores âmbito das IES e das ICTs, de modo a
públicas; incrementar a inovação e a produção e
14.7) manter e expandir programa de registro de patentes.
acervo digital de referências bibliográficas
para os cursos de pós-graduação, Meta 15: garantir, em regime de
assegurada a acessibilidade às pessoas com colaboração entre a União, os Estados, o
deficiência; Distrito Federal e os Municípios, no prazo
14.8) estimular a participação das de 1 (um) ano de vigência deste PNE,
mulheres nos cursos de pós-graduação política nacional de formação dos
stricto sensu , em particular aqueles ligados profissionais da educação de que tratam os
às áreas de Engenharia, Matemática, Física, incisos I, II e III do caput do art. 61 da Lei
Química, Informática e outros no campo nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996,
das ciências; assegurado que todos os professores e as
14.9) consolidar programas, projetos e professoras da educação básica possuam
ações que objetivem a internacionalização formação específica de nível superior,
da pesquisa e da pós-graduação brasileiras, obtida em curso de licenciatura na área de
incentivando a atuação em rede e o conhecimento em que atuam.
fortalecimento de grupos de pesquisa;
14.10) promover o intercâmbio Estratégias:
científico e tecnológico, nacional e 15.1) atuar, conjuntamente, com base em
internacional, entre as instituições de plano estratégico que apresente diagnóstico
ensino, pesquisa e extensão; das necessidades de formação de
14.11) ampliar o investimento em profissionais da educação e da capacidade
pesquisas com foco em desenvolvimento e de atendimento, por parte de instituições

148
Legislação Educacional

públicas e comunitárias de educação de articulação entre a formação acadêmica


superior existentes nos Estados, Distrito e as demandas da educação básica;
Federal e Municípios, e defina obrigações 15.9) implementar cursos e programas
recíprocas entre os partícipes; especiais para assegurar formação
15.2) consolidar o financiamento específica na educação superior, nas
estudantil a estudantes matriculados em respectivas áreas de atuação, aos docentes
cursos de licenciatura com avaliação com formação de nível médio na
positiva pelo Sistema Nacional de modalidade normal, não licenciados ou
Avaliação da Educação Superior - licenciados em área diversa da de atuação
SINAES, na forma da Lei nº 10.861, de 14 docente, em efetivo exercício;
de abril de 2004, inclusive a amortização do 15.10) fomentar a oferta de cursos
saldo devedor pela docência efetiva na rede técnicos de nível médio e tecnológicos de
pública de educação básica; nível superior destinados à formação, nas
15.3) ampliar programa permanente de respectivas áreas de atuação, dos (as)
iniciação à docência a estudantes profissionais da educação de outros
matriculados em cursos de licenciatura, a segmentos que não os do magistério;
fim de aprimorar a formação de 15.11) implantar, no prazo de 1 (um) ano
profissionais para atuar no magistério da de vigência desta Lei, política nacional de
educação básica; formação continuada para os (as)
15.4) consolidar e ampliar plataforma profissionais da educação de outros
eletrônica para organizar a oferta e as segmentos que não os do magistério,
matrículas em cursos de formação inicial e construída em regime de colaboração entre
continuada de profissionais da educação, os entes federados;
bem como para divulgar e atualizar seus 15.12) instituir programa de concessão
currículos eletrônicos; de bolsas de estudos para que os professores
15.5) implementar programas de idiomas das escolas públicas de
específicos para formação de profissionais educação básica realizem estudos de
da educação para as escolas do campo e de imersão e aperfeiçoamento nos países que
comunidades indígenas e quilombolas e tenham como idioma nativo as línguas que
para a educação especial; lecionem;
15.6) promover a reforma curricular dos 15.13) desenvolver modelos de
cursos de licenciatura e estimular a formação docente para a educação
renovação pedagógica, de forma a profissional que valorizem a experiência
assegurar o foco no aprendizado do (a) prática, por meio da oferta, nas redes
aluno (a), dividindo a carga horária em federal e estaduais de educação
formação geral, formação na área do saber profissional, de cursos voltados à
e didática específica e incorporando as complementação e certificação didático-
modernas tecnologias de informação e pedagógica de profissionais experientes.
comunicação, em articulação com a base
nacional comum dos currículos da Meta 16: formar, em nível de pós-
educação básica, de que tratam as graduação, 50% (cinquenta por cento) dos
estratégias 2.1, 2.2, 3.2 e 3.3 deste PNE; professores da educação básica, até o
15.7) garantir, por meio das funções de último ano de vigência deste PNE, e
avaliação, regulação e supervisão da garantir a todos (as) os (as) profissionais da
educação superior, a plena implementação educação básica formação continuada em
das respectivas diretrizes curriculares; sua área de atuação, considerando as
15.8) valorizar as práticas de ensino e os necessidades, demandas e
estágios nos cursos de formação de nível contextualizações dos sistemas de ensino.
médio e superior dos profissionais da
educação, visando ao trabalho sistemático

149
Legislação Educacional

Estratégias: rendimento médio ao dos (as) demais


16.1) realizar, em regime de profissionais com escolaridade equivalente,
colaboração, o planejamento estratégico até o final do sexto ano de vigência deste
para dimensionamento da demanda por PNE.
formação continuada e fomentar a
respectiva oferta por parte das instituições Estratégias:
públicas de educação superior, de forma 17.1) constituir, por iniciativa do
orgânica e articulada às políticas de Ministério da Educação, até o final do
formação dos Estados, do Distrito Federal e primeiro ano de vigência deste PNE, fórum
dos Municípios; permanente, com representação da União,
16.2) consolidar política nacional de dos Estados, do Distrito Federal, dos
formação de professores e professoras da Municípios e dos trabalhadores da
educação básica, definindo diretrizes educação, para acompanhamento da
nacionais, áreas prioritárias, instituições atualização progressiva do valor do piso
formadoras e processos de certificação das salarial nacional para os profissionais do
atividades formativas; magistério público da educação básica;
16.3) expandir programa de composição 17.2) constituir como tarefa do fórum
de acervo de obras didáticas, paradidáticas permanente o acompanhamento da
e de literatura e de dicionários, e programa evolução salarial por meio de indicadores
específico de acesso a bens culturais, da Pesquisa Nacional por Amostra de
incluindo obras e materiais produzidos em Domicílios - PNAD, periodicamente
Libras e em Braille, sem prejuízo de outros, divulgados pela Fundação Instituto
a serem disponibilizados para os Brasileiro de Geografia e Estatística -
professores e as professoras da rede pública IBGE;
de educação básica, favorecendo a 17.3) implementar, no âmbito da União,
construção do conhecimento e a dos Estados, do Distrito Federal e dos
valorização da cultura da investigação; Municípios, planos de Carreira para os (as)
16.4) ampliar e consolidar portal profissionais do magistério das redes
públicas de educação básica, observados os
eletrônico para subsidiar a atuação dos critérios estabelecidos na Lei nº 11.738, de
professores e das professoras da educação 16 de julho de 2008, com implantação
básica, disponibilizando gratuitamente gradual do cumprimento da jornada de
materiais didáticos e pedagógicos trabalho em um único estabelecimento
suplementares, inclusive aqueles com escolar;
formato acessível; 17.4) ampliar a assistência financeira
16.5) ampliar a oferta de bolsas de específica da União aos entes federados
estudo para pós-graduação dos professores para implementação de políticas de
e das professoras e demais profissionais da valorização dos (as) profissionais do
magistério, em particular o piso salarial
educação básica; nacional profissional.
16.6) fortalecer a formação dos
professores e das professoras das escolas Meta 18: assegurar, no prazo de 2 (dois)
públicas de educação básica, por meio da anos, a existência de planos de Carreira para
implementação das ações do Plano os (as) profissionais da educação básica e
Nacional do Livro e Leitura e da instituição superior pública de todos os sistemas de
de programa nacional de disponibilização ensino e, para o plano de Carreira dos (as)
de recursos para acesso a bens culturais profissionais da educação básica pública,
pelo magistério público. tomar como referência o piso salarial
nacional profissional, definido em lei
Meta 17: valorizar os (as) profissionais federal, nos termos do inciso VIII do art.
do magistério das redes públicas de 206 da Constituição Federal.
educação básica de forma a equiparar seu

150
Legislação Educacional

Estratégias: 18.7) priorizar o repasse de


18.1) estruturar as redes públicas de transferências federais voluntárias, na área
educação básica de modo que, até o início de educação, para os Estados, o Distrito
do terceiro ano de vigência deste PNE, 90% Federal e os Municípios que tenham
(noventa por cento), no mínimo, dos aprovado lei específica estabelecendo
respectivos profissionais do magistério e planos de Carreira para os (as) profissionais
50% (cinquenta por cento), no mínimo, dos da educação;
respectivos profissionais da educação não 18.8) estimular a existência de
docentes sejam ocupantes de cargos de comissões permanentes de profissionais da
provimento efetivo e estejam em exercício educação de todos os sistemas de ensino,
nas redes escolares a que se encontrem em todas as instâncias da Federação, para
vinculados; subsidiar os órgãos competentes na
18.2) implantar, nas redes públicas de elaboração, reestruturação e
educação básica e superior, implementação dos planos de Carreira.
acompanhamento dos profissionais
iniciantes, supervisionados por equipe de Meta 19: assegurar condições, no prazo
profissionais experientes, a fim de de 2 (dois) anos, para a efetivação da gestão
fundamentar, com base em avaliação democrática da educação, associada a
documentada, a decisão pela efetivação critérios técnicos de mérito e desempenho e
após o estágio probatório e oferecer, à consulta pública à comunidade escolar, no
durante esse período, curso de âmbito das escolas públicas, prevendo
aprofundamento de estudos na área de recursos e apoio técnico da União para
atuação do (a) professor (a), com destaque tanto.
para os conteúdos a serem ensinados e as
metodologias de ensino de cada disciplina; Estratégias:
18.3) realizar, por iniciativa do 19.1) priorizar o repasse de
Ministério da Educação, a cada 2 (dois) transferências voluntárias da União na área
anos a partir do segundo ano de vigência da educação para os entes federados que
deste PNE, prova nacional para subsidiar os tenham aprovado legislação específica que
Estados, o Distrito Federal e os Municípios,
mediante adesão, na realização de regulamente a matéria na área de sua
concursos públicos de admissão de abrangência, respeitando-se a legislação
profissionais do magistério da educação nacional, e que considere, conjuntamente,
básica pública; para a nomeação dos diretores e diretoras de
18.4) prever, nos planos de Carreira dos escola, critérios técnicos de mérito e
profissionais da educação dos Estados, do desempenho, bem como a participação da
Distrito Federal e dos Municípios, licenças comunidade escolar;
remuneradas e incentivos para qualificação 19.2) ampliar os programas de apoio e
profissional, inclusive em nível de pós- formação aos (às) conselheiros (as) dos
graduação stricto sensu ; conselhos de acompanhamento e controle
18.5) realizar anualmente, a partir do social do Fundeb, dos conselhos de
segundo ano de vigência deste PNE, por alimentação escolar, dos conselhos
iniciativa do Ministério da Educação, em regionais e de outros e aos (às)
regime de colaboração, o censo dos (as) representantes educacionais em demais
profissionais da educação básica de outros conselhos de acompanhamento de políticas
segmentos que não os do magistério; públicas, garantindo a esses colegiados
18.6) considerar as especificidades recursos financeiros, espaço físico
socioculturais das escolas do campo e das adequado, equipamentos e meios de
comunidades indígenas e quilombolas no transporte para visitas à rede escolar, com
provimento de cargos efetivos para essas vistas ao bom desempenho de suas funções;
escolas;

151
Legislação Educacional

19.3) incentivar os Estados, o Distrito Estratégias:


Federal e os Municípios a constituírem 20.1) garantir fontes de financiamento
Fóruns Permanentes de Educação, com o permanentes e sustentáveis para todos os
intuito de coordenar as conferências níveis, etapas e modalidades da educação
municipais, estaduais e distrital bem como básica, observando-se as políticas de
efetuar o acompanhamento da execução colaboração entre os entes federados, em
deste PNE e dos seus planos de educação; especial as decorrentes do art. 60 do Ato das
19.4) estimular, em todas as redes de Disposições Constitucionais Transitórias e
educação básica, a constituição e o do § 1º do art. 75 da Lei nº 9.394, de 20 de
fortalecimento de grêmios estudantis e dezembro de 1996, que tratam da
associações de pais, assegurando-se-lhes, capacidade de atendimento e do esforço
inclusive, espaços adequados e condições fiscal de cada ente federado, com vistas a
de funcionamento nas escolas e fomentando atender suas demandas educacionais à luz
a sua articulação orgânica com os conselhos do padrão de qualidade nacional;
escolares, por meio das respectivas 20.2) aperfeiçoar e ampliar os
representações; mecanismos de acompanhamento da
19.5) estimular a constituição e o arrecadação da contribuição social do
fortalecimento de conselhos escolares e salário-educação;
conselhos municipais de educação, como 20.3) destinar à manutenção e
instrumentos de participação e fiscalização desenvolvimento do ensino, em acréscimo
na gestão escolar e educacional, inclusive aos recursos vinculados nos termos do art.
por meio de programas de formação de 212 da Constituição Federal, na forma da
conselheiros, assegurando-se condições de lei específica, a parcela da participação no
funcionamento autônomo; resultado ou da compensação financeira
19.6) estimular a participação e a pela exploração de petróleo e gás natural e
consulta de profissionais da educação, outros recursos, com a finalidade de
alunos (as) e seus familiares na formulação cumprimento da meta prevista no inciso VI
dos projetos político-pedagógicos, do caput do art. 214 da Constituição Federal
currículos escolares, planos de gestão ;
escolar e regimentos escolares, assegurando 20.4) fortalecer os mecanismos e os
a participação dos pais na avaliação de instrumentos que assegurem, nos termos do
docentes e gestores escolares; parágrafo único do art. 48 da Lei
19.7) favorecer processos de autonomia Complementar nº 101, de 4 de maio de
pedagógica, administrativa e de gestão 2000, a transparência e o controle social na
financeira nos estabelecimentos de ensino; utilização dos recursos públicos aplicados
19.8) desenvolver programas de em educação, especialmente a realização de
formação de diretores e gestores escolares, audiências públicas, a criação de portais
bem como aplicar prova nacional eletrônicos de transparência e a capacitação
específica, a fim de subsidiar a definição de dos membros de conselhos de
critérios objetivos para o provimento dos acompanhamento e controle social do
cargos, cujos resultados possam ser Fundeb, com a colaboração entre o
utilizados por adesão. Ministério da Educação, as Secretarias de
Educação dos Estados e dos Municípios e
Meta 20: ampliar o investimento público os Tribunais de Contas da União, dos
em educação pública de forma a atingir, no Estados e dos Municípios;
mínimo, o patamar de 7% (sete por cento) 20.5) desenvolver, por meio do Instituto
do Produto Interno Bruto - PIB do País no Nacional de Estudos e Pesquisas
5º (quinto) ano de vigência desta Lei e, no Educacionais Anísio Teixeira - INEP,
mínimo, o equivalente a 10% (dez por estudos e acompanhamento regular dos
cento) do PIB ao final do decênio. investimentos e custos por aluno da

152
Legislação Educacional

educação básica e superior pública, em combate às desigualdades educacionais


todas as suas etapas e modalidades; regionais, com especial atenção às regiões
20.6) no prazo de 2 (dois) anos da Norte e Nordeste;
vigência deste PNE, será implantado o 20.10) caberá à União, na forma da lei, a
Custo Aluno-Qualidade inicial - CAQi, complementação de recursos financeiros a
referenciado no conjunto de padrões todos os Estados, ao Distrito Federal e aos
mínimos estabelecidos na legislação Municípios que não conseguirem atingir o
educacional e cujo financiamento será valor do CAQi e, posteriormente, do CAQ;
calculado com base nos respectivos 20.11) aprovar, no prazo de 1 (um) ano,
insumos indispensáveis ao processo de Lei de Responsabilidade Educacional,
ensino-aprendizagem e será assegurando padrão de qualidade na
progressivamente reajustado até a educação básica, em cada sistema e rede de
implementação plena do Custo Aluno ensino, aferida pelo processo de metas de
Qualidade - CAQ; qualidade aferidas por institutos oficiais de
20.7) implementar o Custo Aluno avaliação educacionais;
Qualidade - CAQ como parâmetro para o 20.12) definir critérios para distribuição
financiamento da educação de todas etapas dos recursos adicionais dirigidos à
e modalidades da educação básica, a partir educação ao longo do decênio, que
do cálculo e do acompanhamento regular considerem a equalização das
dos indicadores de gastos educacionais com oportunidades educacionais, a
investimentos em qualificação e vulnerabilidade socioeconômica e o
remuneração do pessoal docente e dos compromisso técnico e de gestão do
demais profissionais da educação pública, sistema de ensino, a serem pactuados na
em aquisição, manutenção, construção e instância prevista no § 5º do art. 7º desta
conservação de instalações e equipamentos Lei.
necessários ao ensino e em aquisição de
material didático-escolar, alimentação e Questões
transporte escolar;
20.8) o CAQ será definido no prazo de 3 01. (Prefeitura de Lajedo/PE -
(três) anos e será continuamente ajustado, Professor de Ensino Fundamental I -
com base em metodologia formulada pelo ADM&TEC/2022) Analise as afirmativas
Ministério da Educação - MEC, e a seguir:
acompanhado pelo Fórum Nacional de I. É dever do município, em relação ao
Educação - FNE, pelo Conselho Nacional seu plano de educação, garantir o
de Educação - CNE e pelas Comissões de atendimento das necessidades específicas
Educação da Câmara dos Deputados e de na educação especial, conforme
Educação, Cultura e Esportes do Senado determinado no Plano Nacional de
Federal; Educação, estabelecido pela Lei Federal nº
20.9) regulamentar o parágrafo único do 13.005, de 2014.
art. 23 e o art. 211 da Constituição Federal, II. A erradicação do analfabetismo é uma
no prazo de 2 (dois) anos, por lei diretriz do Plano Nacional de Educação,
complementar, de forma a estabelecer as conforme previsto na Lei Federal nº 13.005,
normas de cooperação entre a União, os de 2014, que deve ser assumida apenas
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, pelos órgãos do Governo Federal.
em matéria educacional, e a articulação do III. O Plano Nacional de Educação,
sistema nacional de educação em regime de estabelecido pela Lei Federal nº 13.005, de
colaboração, com equilíbrio na repartição 2014, determinou que a União deverá
das responsabilidades e dos recursos e promover a realização de pelo menos cinco
efetivo cumprimento das funções Conferências Nacionais de Educação ao
redistributiva e supletiva da União no longo do decênio.

153
Legislação Educacional

Marque a alternativa CORRETA: que define o conjunto orgânico e progressivo de


A - Nenhuma afirmativa está correta. aprendizagens essenciais que todos os alunos
B - Apenas uma afirmativa está correta. devem desenvolver ao longo das etapas e
C - Apenas duas afirmativas estão modalidades da Educação Básica, de modo a
que tenham assegurados seus direitos de
corretas.
aprendizagem e desenvolvimento, em
D - Todas as afirmativas estão corretas. conformidade com o que preceitua o Plano
Nacional de Educação (PNE). Este documento
02. (Prefeitura de São Miguel do Oeste normativo aplica-se exclusivamente à educação
/SC - Professor de Ciências - escolar, tal como a define o § 1º do Artigo 1º da
AMEOSC/2022) O Plano Nacional de Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
Educação - PNE possui suas diretrizes (LDB, Lei nº 9.394/1996), e está orientado
determinadas pela Lei nº 13.005/14 em seu pelos princípios éticos, políticos e estéticos que
artigo 8° o PNE informa que os Estados, o visam à formação humana integral e à
Distrito Federal e os Municípios deverão construção de uma sociedade justa, democrática
elaborar seus correspondentes planos de e inclusiva, como fundamentado nas Diretrizes
Curriculares Nacionais da Educação Básica
educação, ou adequar os planos já
(DCN).
aprovados em lei, em consonância com as Referência nacional para a formulação dos
diretrizes, metas e estratégias previstas na currículos dos sistemas e das redes escolares
Lei nº 13.005/14. Dessa forma, os entes dos Estados, do Distrito Federal e dos
federados estabelecerão nos respectivos Municípios e das propostas pedagógicas das
planos de educação algumas estratégias, instituições escolares, a BNCC integra a
marque abaixo a alternativa CORRETA. política nacional da Educação Básica e vai
A - Garantir o atendimento das contribuir para o alinhamento de outras
necessidades específicas, apenas da políticas e ações, em âmbito federal, estadual e
educação infantil. municipal, referentes à formação de
B - Assegurar a articulação das políticas professores, à avaliação, à elaboração de
conteúdos educacionais e aos critérios para a
sociais, políticas e financeiras,
oferta de infraestrutura adequada para o pleno
principalmente as internacionais. desenvolvimento da educação.
C - Promover a articulação Nesse sentido, espera-se que a BNCC ajude
interfederativa na implementação das a superar a fragmentação das políticas
políticas educacionais. educacionais, enseje o fortalecimento do
D - Considerar as necessidades regime de colaboração entre as três esferas de
específicas das populações mais governo e seja balizadora da qualidade da
vulneráveis, particularmente às crianças educação. Assim, para além da garantia de
que vivem em orfanatos, as das acesso e permanência na escola, é necessário
comunidades ciganas e da área circense. que sistemas, redes e escolas garantam um
patamar comum de aprendizagens a todos os
estudantes, tarefa para a qual a BNCC é
Alternativas
instrumento fundamental.
01.B – 02.C Ao longo da Educação Básica, as
aprendizagens essenciais definidas na BNCC
devem concorrer para assegurar aos estudantes
5. Base Nacional Comum Curricular o desenvolvimento de dez competências gerais,
que consubstanciam, no âmbito pedagógico, os
direitos de aprendizagem e desenvolvimento.
5
Na BNCC, competência é definida como a
1. Introdução mobilização de conhecimentos (conceitos e
A Base Nacional Comum Curricular procedimentos), habilidades (práticas,
A Base Nacional Comum Curricular cognitivas e socioemocionais), atitudes e
(BNCC) é um documento de caráter normativo valores para resolver demandas complexas da

5
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_v ersaofinal_site.pdf

154
Legislação Educacional

vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania conhecimentos, resolver problemas e exercer


e do mundo do trabalho. protagonismo e autoria na vida pessoal e
Ao definir essas competências, a BNCC coletiva.
reconhece que a “educação deve afirmar 6. Valorizar a diversidade de saberes e
valores e estimular ações que contribuam para vivências culturais e apropriar-se de
a transformação da sociedade, tornando-a mais conhecimentos e experiências que lhe
humana, socialmente justa e, também, voltada possibilitem entender as relações próprias do
para a preservação da natureza” (BRASIL, mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas
2013), mostrando-se também alinhada à ao exercício da cidadania e ao seu projeto de
Agenda 2030 da Organização das Nações vida, com liberdade, autonomia, consciência
Unidas (ONU). crítica e responsabilidade.
É imprescindível destacar que as 7. Argumentar com base em fatos, dados e
competências gerais da Educação Básica, informações confiáveis, para formular,
apresentadas a seguir, inter-relacionam-se e negociar e defender ideias, pontos de vista e
desdobram-se no tratamento didático proposto decisões comuns que respeitem e promovam os
para as três etapas da Educação Básica direitos humanos, a consciência socioambiental
(Educação Infantil, Ensino Fundamental e e o consumo responsável em âmbito local,
Ensino Médio), articulando-se na construção de regional e global, com posicionamento ético em
conhecimentos, no desenvolvimento de relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do
habilidades e na formação de atitudes e valores, planeta.
nos termos da LDB. 8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua
saúde física e emocional, compreendendo-se na
Competências Gerais da Educação Básica diversidade humana e reconhecendo suas
1. Valorizar e utilizar os conhecimentos emoções e as dos outros, com autocrítica e
historicamente construídos sobre o mundo capacidade para lidar com elas.
físico, social, cultural e digital para entender e 9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução
explicar a realidade, continuar aprendendo e de conflitos e a cooperação, fazendo-se
colaborar para a construção de uma sociedade respeitar e promovendo o respeito ao outro e
justa, democrática e inclusiva. aos direitos humanos, com acolhimento e
2. Exercitar a curiosidade intelectual e valorização da diversidade de indivíduos e de
recorrer à abordagem própria das ciências, grupos sociais, seus saberes, identidades,
incluindo a investigação, a reflexão, a análise culturas e potencialidades, sem preconceitos de
crítica, a imaginação e a criatividade, para qualquer natureza.
investigar causas, elaborar e testar hipóteses, 10. Agir pessoal e coletivamente com
formular e resolver problemas e criar soluções autonomia, responsabilidade, flexibilidade,
(inclusive tecnológicas) com base nos resiliência e determinação, tomando decisões
conhecimentos das diferentes áreas. com base em princípios éticos, democráticos,
3. Valorizar e fruir as diversas inclusivos, sustentáveis e solidários.
manifestações artísticas e culturais, das locais
às mundiais, e também participar de práticas Os Marcos Legais Que Embasam a
diversificadas da produção artístico-cultural. BNCC
4. Utilizar diferentes linguagens - verbal A Constituição Federal de 1988, em seu
(oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), Artigo 205, reconhece a educação como direito
corporal, visual, sonora e digital -, bem como fundamental compartilhado entre Estado,
conhecimentos das linguagens artística, família e sociedade ao determinar que
matemática e científica, para se expressar e a educação, direito de todos e dever do Estado e
partilhar informações, experiências, ideias e da família, será promovida e incentivada com a
sentimentos em diferentes contextos e produzir colaboração da sociedade, visando ao pleno
sentidos que levem ao entendimento mútuo. desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o
5. Compreender, utilizar e criar tecnologias
trabalho (BRASIL, 1988).
digitais de informação e comunicação de forma
crítica, significativa, reflexiva e ética nas
Para atender a tais finalidades no âmbito da
diversas práticas sociais (incluindo as
educação escolar, a Carta Constitucional, no
escolares) para se comunicar, acessar e
Artigo 210, já reconhece a necessidade de que
disseminar informações, produzir

155
Legislação Educacional

sejam “fixados conteúdos mínimos para o comunidade”, conforme destaca o Parecer


ensino fundamental, de maneira a assegurar CNE/CEB nº 7/2010.
formação básica comum e respeito aos valores Em 2014, a Lei nº 13.005/20147 promulgou
culturais e artísticos, nacionais e regionais” o Plano Nacional de Educação (PNE), que
(BRASIL, 1988). reitera a necessidade de
Com base nesses marcos constitucionais, a estabelecer e implantar, mediante pactuação
LDB, no Inciso IV de seu Artigo 9º, afirma que interfederativa [União, Estados, Distrito
cabe à União Federal e Municípios], diretrizes pedagógicas
estabelecer, em colaboração com os Estados, para a educação básica e a base nacional
o Distrito Federal e os Municípios, comum dos currículos, com direitos e objetivos
competências e diretrizes para a Educação de aprendizagem e desenvolvimento dos(as)
Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino alunos(as) para cada ano do Ensino
Médio, que nortearão os currículos e seus Fundamental e Médio, respeitadas as
conteúdos mínimos, de modo a assegurar diversidades regional, estadual e local (BRASIL,
formação básica comum (BRASIL, 1996). 2014).

Nesse artigo, a LDB deixa claros dois Nesse sentido, consoante aos marcos legais
conceitos decisivos para todo o anteriores, o PNE afirma a importância de uma
desenvolvimento da questão curricular no base nacional comum curricular para o Brasil,
Brasil. O primeiro, já antecipado pela com o foco na aprendizagem como estratégia
Constituição, estabelece a relação entre o que é para fomentar a qualidade da Educação Básica
básico-comum e o que é diverso em matéria em todas as etapas e modalidades (meta 7),
curricular: as competências e diretrizes são referindo-se a direitos e objetivos de
comuns, os currículos são diversos. O segundo aprendizagem e desenvolvimento.
se refere ao foco do currículo. Ao dizer que os Em 2017, com a alteração da LDB por força
conteúdos curriculares estão a serviço do da Lei nº 13.415/2017, a legislação brasileira
desenvolvimento de competências, a LDB passa a utilizar, concomitantemente, duas
orienta a definição das aprendizagens nomenclaturas para se referir às finalidades da
essenciais, e não apenas dos conteúdos educação:
mínimos a ser ensinados. Essas são duas noções Art. 35-A. A Base Nacional Comum
Curricular definirá direitos e objetivos de
fundantes da BNCC.
aprendizagem do ensino médio, conforme
A relação entre o que é básico-comum e o diretrizes do Conselho Nacional de Educação,
que é diverso é retomada no Artigo 26 da LDB, nas seguintes áreas do conhecimento [...]Art. 36.
que determina que § 1º A organização das áreas de que trata o
os currículos da Educação Infantil, do caput e das respectivas competências e
Ensino Fundamental e do Ensino Médio devem habilidades será feita de acordo com critérios
ter base nacional comum, a ser complementada, estabelecidos em cada sistema de ensino
em cada sistema de ensino e em cada (BRASIL, 2017).
estabelecimento escolar, por uma parte
diversificada, exigida pelas características Trata-se, portanto, de maneiras diferentes e
regionais e locais da sociedade, da cultura, da
intercambiáveis para designar algo comum, ou
economia e dos educandos (BRASIL, 1996).
seja, aquilo que os estudantes devem aprender
na Educação Básica, o que inclui tanto os
Essa orientação induziu à concepção do
saberes quanto a capacidade de mobilizá-los e
conhecimento curricular contextualizado pela
aplicá-los.
realidade local, social e individual da escola e
do seu alunado, que foi o norte das diretrizes
Os Fundamentos Pedagógicos da BNCC
curriculares traçadas pelo Conselho Nacional
Foco no Desenvolvimento de Competências
de Educação (CNE) ao longo da década de
O conceito de competência, adotado pela
1990, bem como de sua revisão nos anos 2000.
BNCC, marca a discussão pedagógica e social
Em 2010, o CNE promulgou novas DCN,
das últimas décadas e pode ser inferido no texto
ampliando e organizando o conceito de
da LDB, especialmente quando se estabelecem
contextualização como “a inclusão, a
as finalidades gerais do Ensino Fundamental e
valorização das diferenças e o atendimento à
do Ensino Médio (Artigos 32 e 35).
pluralidade e à diversidade cultural resgatando
e respeitando as várias manifestações de cada

156
Legislação Educacional

Além disso, desde as décadas finais do Nesse contexto, a BNCC afirma, de maneira
século XX e ao longo deste início do século explícita, o seu compromisso com a educação
XXI, o foco no desenvolvimento de integral. Reconhece, assim, que a Educação
competências tem orientado a maioria dos Básica deve visar à formação e ao
Estados e Municípios brasileiros e diferentes
países na construção de seus currículos. É esse desenvolvimento humano global, o que implica
também o enfoque adotado nas avaliações compreender a complexidade e a não
internacionais da Organização para a linearidade desse desenvolvimento, rompendo
Cooperação e Desenvolvimento Econômico com visões reducionistas que privilegiam ou a
(OCDE), que coordena o Programa dimensão intelectual (cognitiva) ou a dimensão
Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa, na afetiva. Significa, ainda, assumir uma visão
sigla em inglês), e da Organização das Nações plural, singular e integral da criança, do
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura adolescente, do jovem e do adulto -
(Unesco, na sigla em inglês), que instituiu o considerando-os como sujeitos de
Laboratório Latino-americano de Avaliação da
Qualidade da Educação para a América Latina aprendizagem - e promover uma educação
(LLECE, na sigla em espanhol). voltada ao seu acolhimento, reconhecimento e
Ao adotar esse enfoque, a BNCC indica que desenvolvimento pleno, nas suas singularidades
as decisões pedagógicas devem estar orientadas e diversidades. Além disso, a escola, como
para o desenvolvimento de competências. Por espaço de aprendizagem e de democracia
meio da indicação clara do que os alunos devem inclusiva, deve se fortalecer na prática
“saber” (considerando a constituição de coercitiva de não discriminação, não
conhecimentos, habilidades, atitudes e valores) preconceito e respeito às diferenças e
e, sobretudo, do que devem “saber fazer” diversidades.
(considerando a mobilização desses Independentemente da duração da jornada
conhecimentos, habilidades, atitudes e valores escolar, o conceito de educação integral com o
para resolver demandas complexas da vida qual a BNCC está comprometida se refere à
cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do construção intencional de processos educativos
mundo do trabalho), a explicitação das que promovam aprendizagens sintonizadas
competências oferece referências para o com as necessidades, as possibilidades e os
fortalecimento de ações que assegurem as interesses dos estudantes e, também, com os
aprendizagens essenciais definidas na BNCC. desafios da sociedade contemporânea. Isso
supõe considerar as diferentes infâncias e
O Compromisso com a Educação Integral juventudes, as diversas culturas juvenis e seu
A sociedade contemporânea impõe um olhar potencial de criar novas formas de existir.
inovador e inclusivo a questões centrais do Assim, a BNCC propõe a superação da
processo educativo: o que aprender, para que fragmentação radicalmente disciplinar do
aprender, como ensinar, como promover redes conhecimento, o estímulo à sua aplicação na
de aprendizagem colaborativa e como avaliar o vida real, a importância do contexto para dar
aprendizado. sentido ao que se aprende e o protagonismo do
No novo cenário mundial, reconhecer-se em estudante em sua aprendizagem e na construção
seu contexto histórico e cultural, comunicar-se, de seu projeto de vida.
ser criativo, analítico-crítico, participativo,
aberto ao novo, colaborativo, resiliente, O Pacto Interfederativo e a
produtivo e responsável requer muito mais do Implementação da BNCC
que o acúmulo de informações. Requer o Base Nacional Comum Curricular:
desenvolvimento de competências para Igualdade, Diversidade e Equidade
aprender a aprender, saber lidar com a No Brasil, um país caracterizado pela
informação cada vez mais disponível, atuar autonomia dos entes federados, acentuada
com discernimento e responsabilidade nos diversidade cultural e profundas desigualdades
contextos das culturas digitais, aplicar sociais, os sistemas e redes de ensino devem
conhecimentos para resolver problemas, ter construir currículos, e as escolas precisam
autonomia para tomar decisões, ser proativo elaborar propostas pedagógicas que considerem
para identificar os dados de uma situação e as necessidades, as possibilidades e os
buscar soluções, conviver e aprender com as interesses dos estudantes, assim como suas
diferenças e as diversidades. identidades linguísticas, étnicas e culturais.

157
Legislação Educacional

Nesse processo, a BNCC desempenha papel Além disso, BNCC e currículos têm papéis
fundamental, pois explicita as aprendizagens complementares para assegurar as
essenciais que todos os estudantes devem aprendizagens essenciais definidas para cada
desenvolver e expressa, portanto, a igualdade etapa da Educação Básica, uma vez que tais
educacional sobre a qual as singularidades aprendizagens só se materializam mediante o
devem ser consideradas e atendidas. Essa conjunto de decisões que caracterizam o
igualdade deve valer também para as currículo em ação. São essas decisões que vão
oportunidades de ingresso e permanência em adequar as proposições da BNCC à realidade
uma escola de Educação Básica, sem o que o local, considerando a autonomia dos sistemas
direito de aprender não se concretiza. ou das redes de ensino e das instituições
O Brasil, ao longo de sua história, escolares, como também o contexto e as
naturalizou desigualdades educacionais em características dos alunos. Essas decisões, que
relação ao acesso à escola, à permanência dos resultam de um processo de envolvimento e
estudantes e ao seu aprendizado. São participação das famílias e da comunidade,
amplamente conhecidas as enormes referem-se, entre outras ações, a:
desigualdades entre os grupos de estudantes - contextualizar os conteúdos dos
definidos por raça, sexo e condição componentes curriculares, identificando
socioeconômica de suas famílias. estratégias para apresentá-los, representá-los,
Diante desse quadro, as decisões exemplificá-los, conectá-los e torná-los
curriculares e didático-pedagógicas das significativos, com base na realidade do lugar e
Secretarias de Educação, o planejamento do do tempo nos quais as aprendizagens estão
trabalho anual das instituições escolares e as situadas;
rotinas e os eventos do cotidiano escolar devem - decidir sobre formas de organização
levar em consideração a necessidade de interdisciplinar dos componentes curriculares e
superação dessas desigualdades. Para isso, os fortalecer a competência pedagógica das
sistemas e redes de ensino e as instituições equipes escolares para adotar estratégias mais
escolares devem se planejar com um claro foco dinâmicas, interativas e colaborativas em
na equidade, que pressupõe reconhecer que as relação à gestão do ensino e da aprendizagem;
necessidades dos estudantes são diferentes. - selecionar e aplicar metodologias e
De forma particular, um planejamento com estratégias didático-pedagógicas diversificadas,
foco na equidade também exige um claro recorrendo a ritmos diferenciados e a conteúdos
compromisso de reverter a situação de exclusão complementares, se necessário, para trabalhar
histórica que marginaliza grupos - como os com as necessidades de diferentes grupos de
povos indígenas originários e as populações das alunos, suas famílias e cultura de origem, suas
comunidades remanescentes de quilombos e comunidades, seus grupos de socialização etc.;
demais afrodescendentes - e as pessoas que não - conceber e pôr em prática situações e
puderam estudar ou completar sua escolaridade procedimentos para motivar e engajar os alunos
na idade própria. Igualmente, requer o nas aprendizagens;
compromisso com os alunos com deficiência, - construir e aplicar procedimentos de
reconhecendo a necessidade de práticas avaliação formativa de processo ou de resultado
pedagógicas inclusivas e de diferenciação que levem em conta os contextos e as condições
curricular, conforme estabelecido na Lei de aprendizagem, tomando tais registros como
Brasileira de Inclusão da Pessoa com referência para melhorar o desempenho da
Deficiência (Lei nº 13.146/2015). escola, dos professores e dos alunos;
- selecionar, produzir, aplicar e avaliar
Base Nacional Comum Curricular e recursos didáticos e tecnológicos para apoiar o
Currículos processo de ensinar e aprender;
A BNCC e os currículos se identificam na - criar e disponibilizar materiais de
comunhão de princípios e valores que, como já orientação para os professores, bem como
mencionado, orientam a LDB e as DCN. Dessa manter processos permanentes de formação
maneira, reconhecem que a educação tem um docente que possibilitem contínuo
compromisso com a formação e o aperfeiçoamento dos processos de ensino e
desenvolvimento humano global, em suas aprendizagem;
dimensões intelectual, física, afetiva, social, - manter processos contínuos de
ética, moral e simbólica. aprendizagem sobre gestão pedagógica e

158
Legislação Educacional

curricular para os demais educadores, no Por fim, cabe aos sistemas e redes de ensino,
âmbito das escolas e sistemas de ensino. assim como às escolas, em suas respectivas
esferas de autonomia e competência, incorporar
Essas decisões precisam, igualmente, ser aos currículos e às propostas pedagógicas a
abordagem de temas contemporâneos que
consideradas na organização de currículos e afetam a vida humana em escala local, regional
propostas adequados às diferentes modalidades e global, preferencialmente de forma
de ensino (Educação Especial, Educação de transversal e integradora. Entre esses temas,
Jovens e Adultos, Educação do Campo, destacam-se: direitos da criança e do
Educação Escolar Indígena, Educação Escolar adolescente (Lei nº 8.069/1990), educação para
Quilombola, Educação a Distância), o trânsito (Lei nº 9.503/1997), educação
atendendo-se às orientações das Diretrizes ambiental (Lei nº 9.795/1999, Parecer CNE/CP
Curriculares Nacionais. No caso da Educação nº 14/2012 e Resolução CNE/CP nº 2/2012),
Escolar Indígena, por exemplo, isso significa educação alimentar e nutricional (Lei nº
11.947/2009), processo de envelhecimento,
assegurar competências específicas com base respeito e valorização do idoso (Lei nº
nos princípios da coletividade, reciprocidade, 10.741/2003), educação em direitos humanos
integralidade, espiritualidade e alteridade (Decreto nº 7.037/2009, Parecer CNE/CP nº
indígena, a serem desenvolvidas a partir de suas 8/2012 e Resolução CNE/CP nº 1/2012),
culturas tradicionais reconhecidas nos educação das relações étnico-raciais e ensino de
currículos dos sistemas de ensino e propostas história e cultura afro-brasileira, africana e
pedagógicas das instituições escolares. indígena (Leis nº 10.639/2003 e 11.645/2008,
Significa também, em uma perspectiva Parecer CNE/CP nº 3/2004 e Resolução
intercultural, considerar seus projetos CNE/CP nº 1/2004), bem como saúde, vida
familiar e social, educação para o consumo,
educativos, suas cosmologias, suas lógicas, educação financeira e fiscal, trabalho, ciência e
seus valores e princípios pedagógicos próprios tecnologia e diversidade cultural (Parecer
(em consonância com a Constituição Federal, CNE/CEB nº 11/2010 e Resolução CNE/CEB
com as Diretrizes Internacionais da OIT - nº 7/2010). Na BNCC, essas temáticas são
Convenção 169 e com documentos da ONU e contempladas em habilidades dos componentes
Unesco sobre os direitos indígenas) e suas curriculares, cabendo aos sistemas de ensino e
referências específicas, tais como: construir escolas, de acordo com suas especificidades,
currículos interculturais, diferenciados e tratá-las de forma contextualizada.
bilíngues, seus sistemas próprios de ensino e
aprendizagem, tanto dos conteúdos universais Base Nacional Comum Curricular e Regime
quanto dos conhecimentos indígenas, bem de Colaboração
como o ensino da língua indígena como Legitimada pelo pacto interfederativo, nos
primeira língua. termos da Lei nº 13.005/ 2014, que promulgou
É também da alçada dos entes federados o PNE, a BNCC depende do adequado
responsáveis pela implementação da BNCC o funcionamento do regime de colaboração para
reconhecimento da experiência curricular alcançar seus objetivos. Sua formulação, sob
existente em seu âmbito de atuação. Nas duas coordenação do MEC, contou com a
últimas décadas, mais da metade dos Estados e participação dos Estados do Distrito Federal e
muitos Municípios vêm elaborando currículos dos Municípios, depois de ampla consulta à
para seus respectivos sistemas de ensino, comunidade educacional e à sociedade,
inclusive para atender às especificidades das conforme consta da apresentação do presente
diferentes modalidades. Muitas escolas documento.
públicas e particulares também acumularam Com a homologação da BNCC, as redes de
ensino e escolas particulares terão diante de si a
experiências de desenvolvimento curricular e tarefa de construir currículos, com base nas
de criação de materiais de apoio ao currículo, aprendizagens essenciais estabelecidas na
assim como instituições de ensino superior BNCC, passando, assim, do plano normativo
construíram experiências de consultoria e de propositivo para o plano da ação e da gestão
apoio técnico ao desenvolvimento curricular. curricular que envolve todo o conjunto de
Inventariar e avaliar toda essa experiência pode decisões e ações definidoras do currículo e de
contribuir para aprender com acertos e erros e sua dinâmica.
incorporar práticas que propiciaram bons Embora a implementação seja prerrogativa
resultados. dos sistemas e das redes de ensino, a dimensão
e a complexidade da tarefa vão exigir que

159
Legislação Educacional

União, Estados, Distrito Federal e Municípios Educação Básica e em cada etapa da


somem esforços. Nesse regime de colaboração, escolaridade, como expressão dos direitos de
as responsabilidades dos entes federados serão aprendizagem e desenvolvimento de todos os
diferentes e complementares, e a União estudantes.
continuará a exercer seu papel de coordenação Na próxima página, apresenta-se a estrutura
do processo e de correção das desigualdades. geral da BNCC para as três etapas da Educação
A primeira tarefa de responsabilidade direta Básica (Educação Infantil, Ensino Fundamental
da União será a revisão da formação inicial e e Ensino Médio).
continuada dos professores para alinhá-las à Também se esclarece como as
BNCC. A ação nacional será crucial nessa aprendizagens estão organizadas em cada uma
iniciativa, já que se trata da esfera que responde dessas etapas e se explica a composição dos
pela regulação do ensino superior, nível no qual códigos alfanuméricos criados para identificar
se prepara grande parte desses profissionais. tais aprendizagens.
Diante das evidências sobre a relevância dos
professores e demais membros da equipe Competências Gerais da Base Nacional
escolar para o sucesso dos alunos, essa é uma Comum Curricular
ação fundamental para a implementação eficaz Ao longo da Educação Básica - na Educação
da BNCC. Infantil, no Ensino Fundamental e no Ensino
Compete ainda à União, como Médio -, os alunos devem desenvolver as dez
anteriormente anunciado, promover e competências gerais que pretendem assegurar,
coordenar ações e políticas em âmbito federal, como resultado do seu processo de
estadual e municipal, referentes à avaliação, à aprendizagem e desenvolvimento, uma
elaboração de materiais pedagógicos e aos formação humana integral que visa à
critérios para a oferta de infraestrutura construção de uma sociedade justa, democrática
adequada para o pleno desenvolvimento da e inclusiva.
educação. Na primeira etapa da Educação Básica, e de
Por se constituir em uma política nacional, a acordo com os eixos estruturantes da Educação
implementação da BNCC requer, ainda, o Infantil interações e brincadeira), devem ser
monitoramento pelo MEC em colaboração com assegurados seis direitos de aprendizagem e
os organismos nacionais da área - CNE, Consed desenvolvimento, para que as crianças tenham
e Undime. Em um país com a dimensão e a condições de aprender e se desenvolver.
desigualdade do Brasil, a permanência e a - Conviver
sustentabilidade de um projeto como a BNCC - Brincar
dependem da criação e do fortalecimento de - Participar
instâncias técnico-pedagógicas nas redes de - Explorar
ensino, priorizando aqueles com menores - Expressar
recursos, tanto técnicos quanto financeiros. - Conhecer-se
Essa função deverá ser exercida pelo MEC, em
parceria com o Consed e a Undime, respeitada Considerando os direitos de aprendizagem e
a autonomia dos entes federados. desenvolvimento, a BNCC estabelece cinco
A atuação do MEC, além do apoio técnico e campos de experiências, nos quais as crianças
financeiro, deve incluir também o fomento a podem aprender e se desenvolver.
inovações e a disseminação de casos de • O eu, o outro e o nós
sucesso; o apoio a experiências curriculares • Corpo, gestos e movimentos
inovadoras; a criação de oportunidades de • Traços, sons, cores e formas
acesso a conhecimentos e experiências de • Escuta, fala, pensamento e imaginação
outros países; e, ainda, o fomento de estudos e • Espaços, tempos, quantidades, relações e
pesquisas sobre currículos e temas afins. transformações

2. Estrutura da BNCC Em cada campo de experiências, são


Em conformidade com os fundamentos definidos objetivos de aprendizagem e
pedagógicos apresentados na Introdução deste desenvolvimento organizados em três grupos
documento, a BNCC está estruturada de modo por faixa etária.
a explicitar as competências que os alunos - Bebês (zero a 1 ano e 6 meses)
devem desenvolver ao longo de toda a

160
Legislação Educacional

- Crianças bem pequenas (1 ano e 7 meses a Respeitando as muitas possibilidades de


3 anos e 11 meses) organização do conhecimento escolar, as
- Crianças pequenas (4 anos a 5 anos e 11 unidades temáticas definem um arranjo dos
meses) objetos de conhecimento ao longo do Ensino
Fundamental adequado às especificidades dos
Na BNCC, o Ensino Fundamental está diferentes componentes curriculares. Cada
organizado em cinco áreas do conhecimento. unidade temática contempla uma gama maior
Essas áreas, como bem aponta o Parecer ou menor de objetos de conhecimento, assim
CNE/CEB nº 11/2010, “favorecem a como cada objeto de conhecimento se relaciona
comunicação entre os conhecimentos e saberes a um número variável de habilidades.
dos diferentes componentes curriculares” Vale destacar que o uso de numeração
(BRASIL, 2010). sequencial para identificar as habilidades de
Elas se intersectam na formação dos alunos, cada ano ou bloco de anos não representa uma
embora se preservem as especificidades e os ordem ou hierarquia esperada das
saberes próprios construídos e sistematizados aprendizagens. A progressão das
nos diversos componentes. aprendizagens, que se explicita na comparação
Nos textos de apresentação, cada área de entre os quadros relativos a cada ano (ou bloco
conhecimento explicita seu papel na formação de anos), pode tanto estar relacionada aos
integral dos alunos do Ensino Fundamental e processos cognitivos em jogo - sendo expressa
destaca particularidades para o Ensino por verbos que indicam processos cada vez
Fundamental - Anos Iniciais e o Ensino mais ativos ou exigentes - quanto aos objetos de
Fundamental - Anos Finais, considerando tanto conhecimento - que podem apresentar crescente
as características do alunado quanto as sofisticação ou complexidade -, ou, ainda, aos
especificidades e demandas pedagógicas dessas modificadores - que, por exemplo, podem fazer
fases da escolarização. referência a contextos mais familiares aos
Cada área de conhecimento estabelece alunos e, aos poucos, expandir-se para
competências específicas de área, cujo contextos mais amplos.
desenvolvimento deve ser promovido ao longo Também é preciso enfatizar que os critérios
dos nove anos. Essas competências explicitam de organização das habilidades descritos na
como as dez competências gerais se expressam BNCC (com a explicitação dos objetos de
nessas áreas. conhecimento aos quais se relacionam e do
Nas áreas que abrigam mais de um agrupamento desses objetos em unidades
componente curricular (Linguagens e Ciências temáticas) expressam um arranjo possível
Humanas), também são definidas competências (dentre outros). Portanto, os agrupamentos
específicas do componente (Língua Portuguesa, propostos não devem ser tomados como modelo
Arte, Educação Física, Língua Inglesa, obrigatório para o desenho dos currículos. A
Geografia e História) a ser desenvolvidas pelos forma de apresentação adotada na BNCC tem
alunos ao longo dessa etapa de escolarização. por objetivo assegurar a clareza, a precisão e a
As competências específicas possibilitam a explicitação do que se espera que todos os
articulação horizontal entre as áreas, alunos aprendam na Educação Básica,
perpassando todos os componentes fornecendo orientações para a elaboração de
curriculares, e também a articulação vertical, ou currículos em todo o País, adequados aos
seja, a progressão entre o Ensino Fundamental diferentes contextos.
- Anos Iniciais e o Ensino Fundamental - Anos
Finais e a continuidade das experiências dos Competências Gerais da Educação Básica
alunos, considerando suas especificidades. Ao longo da Educação Básica - na Educação
Para garantir o desenvolvimento das Infantil, no Ensino Fundamental e no Ensino
competências específicas, cada componente Médio -, os alunos devem desenvolver as dez
curricular apresenta um conjunto de competências gerais da Educação Básica, que
habilidades. Essas habilidades estão pretendem assegurar, como resultado do seu
relacionadas a diferentes objetos de processo de aprendizagem e desenvolvimento,
conhecimento - aqui entendidos como uma formação humana integral que vise à
conteúdos, conceitos e processos -, que, por sua construção de uma sociedade justa, democrática
vez, são organizados em unidades temáticas. e inclusiva.

161
Legislação Educacional

Na primeira etapa da Educação Básica, e de dos nove anos. Essas competências explicitam
acordo com os eixos estruturantes da Educação como as dez competências gerais se expressam
Infantil (interações e brincadeira), devem ser nessas áreas.
assegurados seis direitos de aprendizagem e Nas áreas que abrigam mais de um
desenvolvimento, para que as crianças tenham componente curricular (Linguagens e Ciências
condições de aprender e se desenvolver: Humanas), também são definidas competências
- Conviver. específicas do componente (Língua Portuguesa,
- Brincar. Arte, Educação Física, Língua Inglesa,
- Participar. Geografia e História) a ser desenvolvidas pelos
- Explorar. alunos ao longo dessa etapa de escolarização.
- Expressar. As competências específicas possibilitam a
- Conhecer-se. articulação horizontal entre as áreas,
Considerando os direitos de aprendizagem e perpassando todos os componentes
desenvolvimento, a BNCC estabelece cinco curriculares, e também a articulação vertical, ou
campos de experiências, nos quais as crianças seja, a progressão entre o Ensino Fundamental
podem aprender e se desenvolver: - Anos Iniciais e o Ensino Fundamental - Anos
- O eu, o outro e o nós. Finais e a continuidade das experiências dos
- Corpo, gestos e movimentos. alunos, considerando suas especificidades.
- Traços, sons, cores e formas. Para garantir o desenvolvimento das
- Escuta, fala, pensamento e imaginação. competências específicas, cada componente
- Espaços, tempos, quantidades, relações e curricular apresenta um conjunto de
transformações. habilidades. Essas habilidades estão
Em cada campo de experiências, são relacionadas a diferentes objetos de
definidos objetivos de aprendizagem e conhecimento - aqui entendidos como
desenvolvimento organizados em três grupos conteúdos, conceitos e processos -, que, por sua
por faixa etária. vez, são organizados em unidades temáticas.
- Bebês (zero a 1 ano e 6 meses) Respeitando as muitas possibilidades de
- Crianças bem pequenas (1 ano e 7 meses a organização do conhecimento escolar, as
3 anos e 11 meses) unidades temáticas definem um arranjo dos
- Crianças pequenas (4 anos a 5 anos e 11 objetos de conhecimento ao longo do Ensino
meses) Fundamental adequado às especificidades dos
diferentes componentes curriculares. Cada
Na BNCC, o Ensino Fundamental está unidade temática contempla uma gama maior
organizado em cinco áreas do conhecimento. ou menor de objetos de conhecimento, assim
Essas áreas, como bem aponta o Parecer como cada objeto de conhecimento se relaciona
CNE/CEB nº 11/2010, “favorecem a a um número variável de habilidades, conforme
comunicação entre os conhecimentos e saberes ilustrado a seguir.
dos diferentes componentes curriculares” Vale destacar que o uso de numeração
(BRASIL, 2010). Elas se intersectam na sequencial para identificar as habilidades de
formação dos alunos, embora se preservem as cada ano ou bloco de anos não representa uma
especificidades e os saberes próprios ordem ou hierarquia esperada das
construídos e sistematizados nos diversos aprendizagens. A progressão das
componentes. aprendizagens, que se explicita na comparação
Nos textos de apresentação, cada área de entre os quadros relativos a cada ano (ou bloco
conhecimento explicita seu papel na formação de anos), pode tanto estar relacionada aos
integral dos alunos do Ensino Fundamental e processos cognitivos em jogo - sendo expressa
destaca particularidades para o Ensino por verbos que indicam processos cada vez
Fundamental - Anos Iniciais e o Ensino mais ativos ou exigentes - quanto aos objetos de
Fundamental - Anos Finais, considerando tanto conhecimento - que podem apresentar crescente
as características do alunado quanto as sofisticação ou complexidade -, ou, ainda, aos
especificidades e demandas pedagógicas dessas modificadores - que, por exemplo, podem fazer
fases da escolarização. referência a contextos mais familiares aos
Cada área de conhecimento estabelece alunos e, aos poucos, expandir-se para
competências específicas de área, cujo contextos mais amplos.
desenvolvimento deve ser promovido ao longo

162
Legislação Educacional

Também é preciso enfatizar que os critérios todas as crianças de 4 e 5 anos em instituições


de organização das habilidades descritos na de Educação Infantil.
BNCC (com a explicitação dos objetos de Com a inclusão da Educação Infantil na
conhecimento aos quais se relacionam e do BNCC, mais um importante passo é dado nesse
agrupamento desses objetos em unidades processo histórico de sua integração ao
temáticas) expressam um arranjo possível conjunto da Educação Básica.
(dentre outros). Portanto, os agrupamentos
propostos não devem ser tomados como modelo A Educação Infantil no Contexto Da
obrigatório para o desenho dos currículos. A Educação Básica
forma de apresentação adotada na BNCC tem Como primeira etapa da Educação Básica, a
por objetivo assegurar a clareza, a precisão e a Educação Infantil é o início e o fundamento do
explicitação do que se espera que todos os processo educacional. A entrada na creche ou
alunos aprendam na Educação Básica, na pré-escola significa, na maioria das vezes, a
fornecendo orientações para a elaboração de primeira separação das crianças dos seus
currículos em todo o País, adequados aos vínculos afetivos familiares para se
diferentes contextos. incorporarem a uma situação de socialização
Também é preciso enfatizar que a estruturada.
organização das habilidades do Ensino Médio Nas últimas décadas, vem se consolidando,
na BNCC (com a explicitação da vinculação na Educação Infantil, a concepção que vincula
entre competências específicas de área e educar e cuidar, entendendo o cuidado como
habilidades) tem como objetivo definir algo indissociável do processo educativo. Nesse
claramente às aprendizagens essenciais a ser contexto, as creches e pré-escolas, ao acolher as
garantidas aos estudantes nessa etapa. vivências e os conhecimentos construídos pelas
crianças no ambiente da família e no contexto
3. A Etapa Da Educação Infantil de sua comunidade, e articulá-los em suas
A Educação Infantil na Base Nacional propostas pedagógicas, têm o objetivo de
Comum Curricular ampliar o universo de experiências,
A expressão educação “pré-escolar”, conhecimentos e habilidades dessas crianças,
utilizada no Brasil até a década de 1980, diversificando e consolidando novas
expressava o entendimento de que a Educação aprendizagens, atuando de maneira
Infantil era uma etapa anterior, independente e complementar à educação familiar -
preparatória para a escolarização, que só teria especialmente quando se trata da educação dos
seu começo no Ensino Fundamental. Situava- bebês e das crianças bem pequenas, que
se, portanto, fora da educação formal. envolve aprendizagens muito próximas aos dois
Com a Constituição Federal de 1988, o contextos (familiar e escolar), como a
atendimento em creche e pré-escola às crianças socialização, a autonomia e a comunicação.
de zero a 6 anos de idade torna-se dever do Nessa direção, e para potencializar as
Estado. Posteriormente, com a promulgação da aprendizagens e o desenvolvimento das
LDB, em 1996, a Educação Infantil passa a ser crianças, a prática do diálogo e o
parte integrante da Educação Básica, situando- compartilhamento de responsabilidades entre a
se no mesmo patamar que o Ensino instituição de Educação Infantil e a família são
Fundamental e o Ensino Médio. E a partir da essenciais. Além disso, a instituição precisa
modificação introduzida na LDB em 2006, que conhecer e trabalhar com as culturas plurais,
antecipou o acesso ao Ensino Fundamental para dialogando com a riqueza/diversidade cultural
os 6 anos de idade, a Educação Infantil passa a das famílias e da comunidade.
atender a faixa etária de zero a 5 anos. As Diretrizes Curriculares Nacionais da
Entretanto, embora reconhecida como Educação Infantil (DCNEI, Resolução
direito de todas as crianças e dever do Estado, a CNE/CEB nº 5/2009), em seu Artigo 4º,
Educação Infantil passa a ser obrigatória para as definem a criança como
crianças de 4 e 5 anos apenas com a Emenda
Constitucional nº 59/2009, que determina a sujeito histórico e de direitos, que, nas
obrigatoriedade da Educação Básica dos 4 aos interações, relações e práticas cotidianas que
17 anos. Essa extensão da obrigatoriedade é vivencia, constrói sua identidade pessoal e
incluída na LDB em 2013, consagrando coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja,
aprende, observa, experimenta, narra, questiona
plenamente a obrigatoriedade de matrícula de

163
Legislação Educacional

e constrói sentidos sobre a natureza e a diferentes linguagens e elaborando


sociedade, produzindo cultura (BRASIL, 2009). conhecimentos, decidindo e se posicionando.
- Explorar movimentos, gestos, sons,
Ainda de acordo com as DCNEI, em seu formas, texturas, cores, palavras, emoções,
Artigo 9º, os eixos estruturantes das práticas transformações, relacionamentos, histórias,
pedagógicas dessa etapa da Educação Básica objetos, elementos da natureza, na escola e fora
são as interações e a brincadeira, experiências dela, ampliando seus saberes sobre a cultura,
nas quais as crianças podem construir e em suas diversas modalidades: as artes, a
apropriar-se de conhecimentos por meio de suas escrita, a ciência e a tecnologia.
ações e interações com seus pares e com os - Expressar, como sujeito dialógico, criativo
adultos, o que possibilita aprendizagens, e sensível, suas necessidades, emoções,
desenvolvimento e socialização. sentimentos, dúvidas, hipóteses, descobertas,
A interação durante o brincar caracteriza o opiniões, questionamentos, por meio de
cotidiano da infância, trazendo consigo muitas diferentes linguagens.
aprendizagens e potenciais para o - Conhecer-se e construir sua identidade
desenvolvimento integral das crianças. Ao pessoal, social e cultural, constituindo uma
observar as interações e a brincadeira entre as imagem positiva de si e de seus grupos de
crianças e delas com os adultos, é possível pertencimento, nas diversas experiências de
identificar, por exemplo, a expressão dos cuidados, interações, brincadeiras e linguagens
afetos, a mediação das frustrações, a resolução vivenciadas na instituição escolar e em seu
de conflitos e a regulação das emoções. contexto familiar e comunitário.
Tendo em vista os eixos estruturantes das
práticas pedagógicas e as competências gerais Essa concepção de criança como ser que
da Educação Básica propostas pela BNCC, seis observa, questiona, levanta hipóteses, conclui,
direitos de aprendizagem e desenvolvimento faz julgamentos e assimila valores e que
asseguram, na Educação Infantil, as condições constrói conhecimentos e se apropria do
para que as crianças aprendam em situações nas conhecimento sistematizado por meio da ação e
quais possam desempenhar um papel ativo em nas interações com o mundo físico e social não
ambientes que as convidem a vivenciar desafios deve resultar no confinamento dessas
e a sentirem-se provocadas a resolvê-los, nas aprendizagens a um processo de
quais possam construir significados sobre si, os desenvolvimento natural ou espontâneo. Ao
outros e o mundo social e natural. contrário, impõe a necessidade de imprimir
intencionalidade educativa às práticas
Direitos de Aprendizagem e pedagógicas na Educação Infantil, tanto na
Desenvolvimento na Educação Infantil creche quanto na pré-escola.
- Conviver com outras crianças e adultos, em Essa intencionalidade consiste na
pequenos e grandes grupos, utilizando organização e proposição, pelo educador, de
diferentes linguagens, ampliando o experiências que permitam às crianças
conhecimento de si e do outro, o respeito em conhecer a si e ao outro e de conhecer e
relação à cultura e às diferenças entre as compreender as relações com a natureza, com a
pessoas. cultura e com a produção científica, que se
- Brincar cotidianamente de diversas traduzem nas práticas de cuidados pessoais
formas, em diferentes espaços e tempos, com (alimentar-se, vestir-se, higienizar-se), nas
diferentes parceiros (crianças e adultos), brincadeiras, nas experimentações com
ampliando e diversificando seu acesso a materiais variados, na aproximação com a
produções culturais, seus conhecimentos, sua literatura e no encontro com as pessoas.
imaginação, sua criatividade, suas experiências Parte do trabalho do educador é refletir,
emocionais, corporais, sensoriais, expressivas, selecionar, organizar, planejar, mediar e
cognitivas, sociais e relacionais. monitorar o conjunto das práticas e interações,
- Participar ativamente, com adultos e outras garantindo a pluralidade de situações que
crianças, tanto do planejamento da gestão da promovam o desenvolvimento pleno das
escola e das atividades propostas pelo educador crianças.
quanto da realização das atividades da vida Ainda, é preciso acompanhar tanto essas
cotidiana, tais como a escolha das brincadeiras, práticas quanto as aprendizagens das crianças,
dos materiais e dos ambientes, desenvolvendo realizando a observação da trajetória de cada

164
Legislação Educacional

criança e de todo o grupo - suas conquistas, interdependência com o meio. Por sua vez, na
avanços, possibilidades e aprendizagens. Por Educação Infantil, é preciso criar oportunidades
meio de diversos registros, feitos em diferentes para que as crianças entrem em contato com
momentos tanto pelos professores quanto pelas outros grupos sociais e culturais, outros modos
crianças (como relatórios, portfólios, de vida, diferentes atitudes, técnicas e rituais de
fotografias, desenhos e textos), é possível cuidados pessoais e do grupo, costumes,
evidenciar a progressão ocorrida durante o celebrações e narrativas. Nessas experiências,
período observado, sem intenção de seleção, elas podem ampliar o modo de perceber a si
promoção ou classificação de crianças em mesmas e ao outro, valorizar sua identidade,
“aptas” e “não aptas”, “prontas” ou “não respeitar os outros e reconhecer as diferenças
prontas”, “maduras” ou “imaturas”. Trata-se de que nos constituem como seres humanos.
reunir elementos para reorganizar tempos, - Corpo, gestos e movimentos - Com o corpo
espaços e situações que garantam os direitos de (por meio dos sentidos, gestos, movimentos
aprendizagem de todas as crianças. impulsivos ou intencionais, coordenados ou
espontâneos), as crianças, desde cedo,
Os Campos de Experiências exploram o mundo, o espaço e os objetos do seu
Considerando que, na Educação Infantil, as entorno, estabelecem relações, expressam-se,
aprendizagens e o desenvolvimento das brincam e produzem conhecimentos sobre si,
crianças têm como eixos estruturantes as sobre o outro, sobre o universo social e cultural,
interações e a brincadeira, assegurando-lhes os tornando-se, progressivamente, conscientes
direitos de conviver, brincar, participar, dessa corporeidade. Por meio das diferentes
explorar, expressar-se e conhecer-se, a linguagens, como a música, a dança, o teatro, as
organização curricular da Educação Infantil na brincadeiras de faz de conta, elas se comunicam
BNCC está estruturada em cinco campos de e se expressam no entrelaçamento entre corpo,
experiências, no âmbito dos quais são definidos emoção e linguagem. As crianças conhecem e
os objetivos de aprendizagem e reconhecem as sensações e funções de seu
desenvolvimento. Os campos de experiências corpo e, com seus gestos e movimentos,
constituem um arranjo curricular que acolhe as identificam suas potencialidades e seus limites,
situações e as experiências concretas da vida desenvolvendo, ao mesmo tempo, a consciência
cotidiana das crianças e seus saberes, sobre o que é seguro e o que pode ser um risco
entrelaçando-os aos conhecimentos que fazem à sua integridade física. Na Educação Infantil,
parte do patrimônio cultural. o corpo das crianças ganha centralidade, pois
A definição e a denominação dos campos de ele é o partícipe privilegiado das práticas
experiências também se baseiam no que pedagógicas de cuidado físico, orientadas para
dispõem as DCNEI em relação aos saberes e a emancipação e a liberdade, e não para a
conhecimentos fundamentais a ser propiciados submissão. Assim, a instituição escolar precisa
às crianças e associados às suas experiências. promover oportunidades ricas para que as
Considerando esses saberes e conhecimentos, crianças possam, sempre animadas pelo espírito
os campos de experiências em que se organiza lúdico e na interação com seus pares, explorar e
a BNCC são: vivenciar um amplo repertório de movimentos,
- O eu, o outro e o nós - É na interação com gestos, olhares, sons e mímicas com o corpo,
os pares e com adultos que as crianças vão para descobrir variados modos de ocupação e
constituindo um modo próprio de agir, sentir e uso do espaço com o corpo (tais como sentar
pensar e vão descobrindo que existem outros com apoio, rastejar, engatinhar, escorregar,
modos de vida, pessoas diferentes, com outros caminhar apoiando-se em berços, mesas e
pontos de vista. Conforme vivem suas cordas, saltar, escalar, equilibrar-se, correr, dar
primeiras experiências sociais (na família, na cambalhotas, alongar-se etc.).
instituição escolar, na coletividade), constroem - Traços, sons, cores e formas - Conviver
percepções e questionamentos sobre si e sobre com diferentes manifestações artísticas,
os outros, diferenciando-se e, simultaneamente, culturais e científicas, locais e universais, no
identificando- se como seres individuais e cotidiano da instituição escolar, possibilita às
sociais. Ao mesmo tempo que participam de crianças, por meio de experiências
relações sociais e de cuidados pessoais, as diversificadas, vivenciar diversas formas de
crianças constroem sua autonomia e senso de expressão e linguagens, como as artes visuais
autocuidado, de reciprocidade e de (pintura, modelagem, colagem, fotografia etc.),

165
Legislação Educacional

a música, o teatro, a dança e o audiovisual, entre deve partir do que as crianças conhecem e das
outras. Com base nessas experiências, elas se curiosidades que deixam transparecer. As
expressam por várias linguagens, criando suas experiências com a literatura infantil, propostas
próprias produções artísticas ou culturais, pelo educador, mediador entre os textos e as
exercitando a autoria (coletiva e individual) crianças, contribuem para o desenvolvimento
com sons, traços, gestos, danças, mímicas, do gosto pela leitura, do estímulo à imaginação
encenações, canções, desenhos, modelagens, e da ampliação do conhecimento de mundo.
manipulação de diversos materiais e de recursos Além disso, o contato com histórias, contos,
tecnológicos. Essas experiências contribuem fábulas, poemas, cordéis etc. propicia a
para que, desde muito pequenas, as crianças familiaridade com livros, com diferentes
desenvolvam senso estético e crítico, o gêneros literários, a diferenciação entre
conhecimento de si mesmas, dos outros e da ilustrações e escrita, a aprendizagem da direção
realidade que as cerca. Portanto, a Educação da escrita e as formas corretas de manipulação
Infantil precisa promover a participação das de livros. Nesse convívio com textos escritos,
crianças em tempos e espaços para a produção, as crianças vão construindo hipóteses sobre a
manifestação e apreciação artística, de modo a escrita que se revelam, inicialmente, em
favorecer o desenvolvimento da sensibilidade, rabiscos e garatujas e, à medida que vão
da criatividade e da expressão pessoal das conhecendo letras, em escritas espontâneas, não
crianças, permitindo que se apropriem e convencionais, mas já indicativas da
reconfigurem, permanentemente, a cultura e compreensão da escrita como sistema de
potencializem suas singularidades, ao ampliar representação da língua.
repertórios e interpretar suas experiências e - Espaços, tempos, quantidades, relações e
vivências artísticas. transformações - As crianças vivem inseridas
- Escuta, fala, pensamento e imaginação - em espaços e tempos de diferentes dimensões,
Desde o nascimento, as crianças participam de em um mundo constituído de fenômenos
situações comunicativas cotidianas com as naturais e socioculturais. Desde muito
pessoas com as quais interagem. As primeiras pequenas, elas procuram se situar em diversos
formas de interação do bebê são os movimentos espaços (rua, bairro, cidade etc.) e tempos (dia
do seu corpo, o olhar, a postura corporal, o e noite; hoje, ontem e amanhã etc.).
sorriso, o choro e outros recursos vocais, que Demonstram também curiosidade sobre o
ganham sentido com a interpretação do outro. mundo físico (seu próprio corpo, os fenômenos
Progressivamente, as crianças vão ampliando e atmosféricos, os animais, as plantas, as
enriquecendo seu vocabulário e demais transformações da natureza, os diferentes tipos
recursos de expressão e de compreensão, de materiais e as possibilidades de sua
apropriando-se da língua materna - que se torna, manipulação etc.) e o mundo sociocultural (as
pouco a pouco, seu veículo privilegiado de relações de parentesco e sociais entre as pessoas
interação. Na Educação Infantil, é importante que conhece; como vivem e em que trabalham
promover experiências nas quais as crianças essas pessoas; quais suas tradições e seus
possam falar e ouvir, potencializando sua costumes; a diversidade entre elas etc.). Além
participação na cultura oral, pois é na escuta de disso, nessas experiências e em muitas outras,
histórias, na participação em conversas, nas as crianças também se deparam,
descrições, nas narrativas elaboradas frequentemente, com conhecimentos
individualmente ou em grupo e nas implicações matemáticos (contagem, ordenação, relações
com as múltiplas linguagens que a criança se entre quantidades, dimensões, medidas,
constitui ativamente como sujeito singular e comparação de pesos e de comprimentos,
pertencente a um grupo social. avaliação de distâncias, reconhecimento de
Desde cedo, a criança manifesta curiosidade formas geométricas, conhecimento e
com relação à cultura escrita: ao ouvir e reconhecimento de numerais cardinais e
acompanhar a leitura de textos, ao observar os ordinais etc.) que igualmente aguçam a
muitos textos que circulam no contexto curiosidade. Portanto, a Educação Infantil
familiar, comunitário e escolar, ela vai precisa promover experiências nas quais as
construindo sua concepção de língua escrita, crianças possam fazer observações, manipular
reconhecendo diferentes usos sociais da escrita, objetos, investigar e explorar seu entorno,
dos gêneros, suportes e portadores. Na levantar hipóteses e consultar fontes de
Educação Infantil, a imersão na cultura escrita informação para buscar respostas às suas

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Legislação Educacional

curiosidades e indagações. Assim, a instituição da história de vida escolar de cada aluno do


escolar está criando oportunidades para que as Ensino Fundamental. Conversas ou visitas e
crianças ampliem seus conhecimentos do troca de materiais entre os professores das
mundo físico e sociocultural e possam utilizá- escolas de Educação Infantil e de Ensino
los em seu cotidiano. Fundamental - Anos Iniciais também são
importantes para facilitar a inserção das
Os Objetivos de Aprendizagem e crianças nessa nova etapa da vida escolar.
Desenvolvimento para a Educação Infantil Além disso, para que as crianças superem
Na Educação Infantil, as aprendizagens com sucesso os desafios da transição, é
essenciais compreendem tanto indispensável um equilíbrio entre as mudanças
comportamentos, habilidades e conhecimentos introduzidas, a continuidade das aprendizagens
quanto vivências que promovem aprendizagem e o acolhimento afetivo, de modo que a nova
e desenvolvimento nos diversos campos de etapa se construa com base no que os educandos
experiências, sempre tomando as interações e a sabem e são capazes de fazer, evitando a
brincadeira como eixos estruturantes. Essas fragmentação e a descontinuidade do trabalho
aprendizagens, portanto, constituem-se como pedagógico. Nessa direção, considerando os
objetivos de aprendizagem e desenvolvimento. direitos e os objetivos de aprendizagem e
Reconhecendo as especificidades dos desenvolvimento, apresenta-se a síntese das
diferentes grupos etários que constituem a etapa aprendizagens esperadas em cada campo de
da Educação Infantil, os objetivos de experiências. Essa síntese deve ser
aprendizagem e desenvolvimento estão compreendida como elemento balizador e
sequencialmente organizados em três grupos indicativo de objetivos a ser explorados em
por faixa etária, que correspondem, todo o segmento da Educação Infantil, e que
aproximadamente, às possibilidades de serão ampliados e aprofundados no Ensino
aprendizagem e às características do Fundamental, e não como condição ou pré-
desenvolvimento das crianças, conforme requisito para o acesso ao Ensino Fundamental.
indicado na figura a seguir. Todavia, esses
grupos não podem ser considerados de forma 4. A Etapa Do Ensino Fundamental
rígida, já que há diferenças de ritmo na O Ensino Fundamental no Contexto da
aprendizagem e no desenvolvimento das Educação Básica
crianças que precisam ser consideradas na O Ensino Fundamental, com nove anos de
prática pedagógica. duração, é a etapa mais longa da Educação
Básica, atendendo estudantes entre 6 e 14 anos.
A Transição da Educação Infantil Para o Há, portanto, crianças e adolescentes que, ao
Ensino Fundamental longo desse período, passam por uma série de
A transição entre essas duas etapas da mudanças relacionadas a aspectos físicos,
Educação Básica requer muita atenção, para cognitivos, afetivos, sociais, emocionais, entre
que haja equilíbrio entre as mudanças outros. Como já indicado nas Diretrizes
introduzidas, garantindo integração e Curriculares Nacionais para o Ensino
continuidade dos processos de aprendizagens Fundamental de Nove Anos (Resolução
das crianças, respeitando suas singularidades e CNE/CEB nº 7/2010), essas mudanças impõem
as diferentes relações que elas estabelecem com desafios à elaboração de currículos para essa
os conhecimentos, assim como a natureza das etapa de escolarização, de modo a superar as
mediações de cada etapa. Torna-se necessário rupturas que ocorrem na passagem não somente
estabelecer estratégias de acolhimento e entre as etapas da Educação Básica, mas
adaptação tanto para as crianças quanto para os também entre as duas fases do Ensino
docentes, de modo que a nova etapa se construa Fundamental: Anos Iniciais e Anos Finais.
com base no que a criança sabe e é capaz de A BNCC do Ensino Fundamental - Anos
fazer, em uma perspectiva de continuidade de Iniciais, ao valorizar as situações lúdicas de
seu percurso educativo. aprendizagem, aponta para a necessária
Para isso, as informações contidas em articulação com as experiências vivenciadas na
relatórios, portfólios ou outros registros que Educação Infantil. Tal articulação precisa
evidenciem os processos vivenciados pelas prever tanto a progressiva sistematização
crianças ao longo de sua trajetória na Educação dessas experiências quanto o desenvolvimento,
Infantil podem contribuir para a compreensão pelos alunos, de novas formas de relação com o

167
Legislação Educacional

mundo, novas possibilidades de ler e formular manifestos pelas crianças, de suas vivências
hipóteses sobre os fenômenos, de testá-las, de mais imediatas para que, com base nessas
refutá-las, de elaborar conclusões, em uma vivências, elas possam, progressivamente,
atitude ativa na construção de conhecimentos. ampliar essa compreensão, o que se dá pela
Nesse período da vida, as crianças estão mobilização de operações cognitivas cada vez
vivendo mudanças importantes em seu mais complexas e pela sensibilidade para
processo de desenvolvimento que repercutem apreender o mundo, expressar-se sobre ele e
em suas relações consigo mesmas, com os nele atuar.
outros e com o mundo. Como destacam as Nos dois primeiros anos do Ensino
DCN, a maior desenvoltura e a maior Fundamental, a ação pedagógica deve ter como
autonomia nos movimentos e deslocamentos foco a alfabetização, a fim de garantir amplas
ampliam suas interações com o espaço; a oportunidades para que os alunos se apropriem
relação com múltiplas linguagens, incluindo os do sistema de escrita alfabética de modo
usos sociais da escrita e da matemática, permite articulado ao desenvolvimento de outras
a participação no mundo letrado e a construção habilidades de leitura e de escrita e ao seu
de novas aprendizagens, na escola e para além envolvimento em práticas diversificadas de
dela; a afirmação de sua identidade em relação letramentos. Como aponta o Parecer CNE/CEB
ao coletivo no qual se inserem resulta em nº 11/2010, “os conteúdos dos diversos
formas mais ativas de se relacionarem com esse componentes curriculares [...], ao
coletivo e com as normas que regem as relações descortinarem às crianças o conhecimento do
entre as pessoas dentro e fora da escola, pelo mundo por meio de novos olhares, lhes
reconhecimento de suas potencialidades e pelo oferecem oportunidades de exercitar a leitura e
acolhimento e pela valorização das diferenças. a escrita de um modo mais significativo”
Ampliam-se também as experiências para o (BRASIL, 2010).
desenvolvimento da oralidade e dos processos Ao longo do Ensino Fundamental - Anos
de percepção, compreensão e representação, Iniciais, a progressão do conhecimento ocorre
elementos importantes para a apropriação do pela consolidação das aprendizagens anteriores
sistema de escrita alfabética e de outros e pela ampliação das práticas de linguagem e da
sistemas de representação, como os signos experiência estética e intercultural das crianças,
matemáticos, os registros artísticos, midiáticos considerando tanto seus interesses e suas
e científicos e as formas de representação do expectativas quanto o que ainda precisam
tempo e do espaço. Os alunos se deparam com aprender. Ampliam-se a autonomia intelectual,
uma variedade de situações que envolvem a compreensão de normas e os interesses pela
conceitos e fazeres científicos, desenvolvendo vida social, o que lhes possibilita lidar com
observações, análises, argumentações e sistemas mais amplos, que dizem respeito às
potencializando descobertas. relações dos sujeitos entre si, com a natureza,
As experiências das crianças em seu com a história, com a cultura, com as
contexto familiar, social e cultural, suas tecnologias e com o ambiente.
memórias, seu pertencimento a um grupo e sua Além desses aspectos relativos à
interação com as mais diversas tecnologias de aprendizagem e ao desenvolvimento, na
informação e comunicação são fontes que elaboração dos currículos e das propostas
estimulam sua curiosidade e a formulação de pedagógicas devem ainda ser consideradas
perguntas. O estímulo ao pensamento criativo, medidas para assegurar aos alunos um percurso
lógico e crítico, por meio da construção e do contínuo de aprendizagens entre as duas fases
fortalecimento da capacidade de fazer do Ensino Fundamental, de modo a promover
perguntas e de avaliar respostas, de argumentar, uma maior integração entre elas. Afinal, essa
de interagir com diversas produções culturais, transição se caracteriza por mudanças
de fazer uso de tecnologias de informação e pedagógicas na estrutura educacional,
comunicação, possibilita aos alunos ampliar sua decorrentes principalmente da diferenciação
compreensão de si mesmos, do mundo natural e dos componentes curriculares. Como bem
social, das relações dos seres humanos entre si destaca o Parecer CNE/CEB nº 11/2010, “os
e com a natureza. alunos, ao mudarem do professor generalista
As características dessa faixa etária dos anos iniciais para os professores
demandam um trabalho no ambiente escolar especialistas dos diferentes componentes
que se organize em torno dos interesses curriculares, costumam se ressentir diante das

168
Legislação Educacional

muitas exigências que têm de atender, feitas expressão das culturas juvenis, cujos traços são
pelo grande número de docentes dos anos mais visíveis, sobretudo, nas áreas urbanas mais
finais” (BRASIL, 2010). Realizar as densamente povoadas (BRASIL, 2010).
necessárias adaptações e articulações, tanto no
5º quanto no 6º ano, para apoiar os alunos nesse Há que se considerar, ainda, que a cultura
processo de transição, pode evitar ruptura no digital tem promovido mudanças sociais
processo de aprendizagem, garantindo-lhes significativas nas sociedades contemporâneas.
maiores condições de sucesso. Em decorrência do avanço e da multiplicação
Ao longo do Ensino Fundamental - Anos das tecnologias de informação e comunicação e
Finais, os estudantes se deparam com desafios do crescente acesso a elas pela maior
de maior complexidade, sobretudo devido à disponibilidade de computadores, telefones
necessidade de se apropriarem das diferentes celulares, tablets e afins, os estudantes estão
lógicas de organização dos conhecimentos dinamicamente inseridos nessa cultura, não
relacionados às áreas. Tendo em vista essa somente como consumidores. Os jovens têm se
maior especialização, é importante, nos vários engajado cada vez mais como protagonistas da
componentes curriculares, retomar e cultura digital, envolvendo-se diretamente em
ressignificar as aprendizagens do Ensino novas formas de interação multimidiática e
Fundamental - Anos Iniciais no contexto das multimodal e de atuação social em rede, que se
diferentes áreas, visando ao aprofundamento e realizam de modo cada vez mais ágil. Por sua
à ampliação de repertórios dos estudantes. vez, essa cultura também apresenta forte apelo
Nesse sentido, também é importante emocional e induz ao imediatismo de respostas
fortalecer a autonomia desses adolescentes, e à efemeridade das informações, privilegiando
oferecendo-lhes condições e ferramentas para análises superficiais e o uso de imagens e
acessar e interagir criticamente com diferentes formas de expressão mais sintéticas, diferentes
conhecimentos e fontes de informação. dos modos de dizer e argumentar característicos
Os estudantes dessa fase inserem-se em uma da vida escolar.
faixa etária que corresponde à transição entre Todo esse quadro impõe à escola desafios ao
infância e adolescência, marcada por intensas cumprimento do seu papel em relação à
mudanças decorrentes de transformações formação das novas gerações. É importante que
biológicas, psicológicas, sociais e emocionais. a instituição escolar preserve seu compromisso
Nesse período de vida, como bem aponta o de estimular a reflexão e a análise aprofundada
Parecer CNE/CEB nº 11/2010, ampliam-se os e contribua para o desenvolvimento, no
vínculos sociais e os laços afetivos, as estudante, de uma atitude crítica em relação ao
possibilidades intelectuais e a capacidade de conteúdo e à multiplicidade de ofertas
raciocínios mais abstratos. Os estudantes midiáticas e digitais. Contudo, também é
tornam-se mais capazes de ver e avaliar os fatos imprescindível que a escola compreenda e
pelo ponto de vista do outro, exercendo a incorpore mais as novas linguagens e seus
capacidade de descentração, “importante na modos de funcionamento, desvendando
construção da autonomia e na aquisição de possibilidades de comunicação (e também de
valores morais e éticos” (BRASIL, 2010). manipulação), e que eduque para usos mais
As mudanças próprias dessa fase da vida democráticos das tecnologias e para uma
implicam a compreensão do adolescente como participação mais consciente na cultura digital.
sujeito em desenvolvimento, com Ao aproveitar o potencial de comunicação do
singularidades e formações identitárias e universo digital, a escola pode instituir novos
culturais próprias, que demandam práticas modos de promover a aprendizagem, a
escolares diferenciadas, capazes de contemplar interação e o compartilhamento de significados
suas necessidades e diferentes modos de entre professores e estudantes.
inserção social. Conforme reconhecem as Além disso, e tendo por base o compromisso
DCN, é frequente, nessa etapa, da escola de propiciar uma formação integral,
observar forte adesão aos padrões de balizada pelos direitos humanos e princípios
comportamento dos jovens da mesma idade, o democráticos, é preciso considerar a
que é evidenciado pela forma de se vestir e necessidade de desnaturalizar qualquer forma
também pela linguagem utilizada por eles. Isso de violência nas sociedades contemporâneas,
requer dos educadores maior disposição para incluindo a violência simbólica de grupos
entender e dialogar com as formas próprias de sociais que impõem normas, valores e

169
Legislação Educacional

conhecimentos tidos como universais e que não Médio deve trabalhar. Está em jogo a recriação
estabelecem diálogo entre as diferentes culturas da escola que, embora não possa por si só
presentes na comunidade e na escola. resolver as desigualdades sociais, pode ampliar
Em todas as etapas de escolarização, mas de as condições de inclusão social, ao possibilitar
o acesso à ciência, à tecnologia, à cultura e ao
modo especial entre os estudantes dessa fase do
trabalho (Parecer CNE/CEB nº 5/201152;
Ensino Fundamental, esses fatores ênfases adicionadas).
frequentemente dificultam a convivência
cotidiana e a aprendizagem, conduzindo ao Para responder a essa necessidade de
desinteresse e à alienação e, não raro, à recriação da escola, mostra-se imprescindível
agressividade e ao fracasso escolar. Atenta a reconhecer que as rápidas transformações na
culturas distintas, não uniformes nem contínuas dinâmica social contemporânea nacional e
dos estudantes dessa etapa, é necessário que a internacional, em grande parte decorrentes do
escola dialogue com a diversidade de formação desenvolvimento tecnológico, atingem
e vivências para enfrentar com sucesso os diretamente as populações jovens e, portanto,
desafios de seus propósitos educativos. A suas demandas de formação. Nesse cenário
compreensão dos estudantes como sujeitos com cada vez mais complexo, dinâmico e fluido, as
histórias e saberes construídos nas interações incertezas relativas às mudanças no mundo do
com outras pessoas, tanto do entorno social trabalho e nas relações sociais como um todo
mais próximo quanto do universo da cultura representam um grande desafio para a
midiática e digital, fortalece o potencial da formulação de políticas e propostas de
escola como espaço formador e orientador para organização curriculares para a Educação
a cidadania consciente, crítica e participativa. Básica, em geral, e para o Ensino Médio, em
Nessa direção, no Ensino Fundamental - particular.
Anos Finais, a escola pode contribuir para o
delineamento do projeto de vida dos estudantes, As juventudes e o Ensino Médio
ao estabelecer uma articulação não somente Na direção de atender às expectativas dos
com os anseios desses jovens em relação ao seu estudantes e às demandas da sociedade
futuro, como também com a continuidade dos contemporânea para a formação no Ensino
estudos no Ensino Médio. Esse processo de Médio, as DCNEM/2011 explicitam a
reflexão sobre o que cada jovem quer ser no necessidade de não caracterizar o público dessa
futuro, e de planejamento de ações para etapa - constituído predominantemente por
construir esse futuro, pode representar mais adolescentes e jovens - como um grupo
uma possibilidade de desenvolvimento pessoal homogêneo, nem conceber a “juventude” como
e social. mero rito de passagem da infância à
maturidade. Ao contrário, defendem ser
5. A Etapa do Ensino Médio fundamental reconhecer
O Ensino Médio no contexto da Educação a juventude como condição sócio-histórico-
Básica cultural de uma categoria de sujeitos que
O Ensino Médio é a etapa final da Educação necessita ser considerada em suas múltiplas
Básica, direito público subjetivo de todo dimensões, com especificidades próprias que
cidadão brasileiro. Todavia, a realidade não estão restritas às dimensões biológica e
educacional do País tem mostrado que essa etária, mas que se encontram articuladas com
etapa representa um gargalo na garantia do uma multiplicidade de atravessamentos sociais e
direito à educação. Para além da necessidade de culturais, produzindo múltiplas culturas juvenis
ou muitas juventudes (Parecer CNE/CEB nº
universalizar o atendimento, tem-se mostrado
5/2011; ênfase adicionada).
crucial garantir a permanência e as
aprendizagens dos estudantes, respondendo às
Adotar essa noção ampliada e plural de
suas demandas e aspirações presentes e futuras.
juventudes significa, portanto, entender as
Como bem identificam e explicitam as
culturas juvenis em sua singularidade. Significa
Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino
não apenas compreendê-las como diversas e
Médio de 2011 (DCNEM/2011):
dinâmicas, como também reconhecer os jovens
Com a perspectiva de um imenso contingente
de adolescentes, jovens e adultos que se como participantes ativos das sociedades nas
diferenciam por condições de existência e quais estão inseridos, sociedades essas também
perspectivas de futuro desiguais, é que o Ensino tão dinâmicas e diversas.

170
Legislação Educacional

Considerar que há muitas juventudes fundamental, possibilitando o prosseguimento


implica organizar uma escola que acolha as de estudos;
diversidades, promovendo, de modo II - a preparação básica para o trabalho e a
intencional e permanente, o respeito à pessoa cidadania do educando, para continuar
aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar
humana e aos seus direitos. E mais, que garanta
com flexibilidade a novas condições de
aos estudantes ser protagonistas de seu próprio ocupação ou aperfeiçoamento posteriores;
processo de escolarização, reconhecendo-os III - o aprimoramento do educando como
como interlocutores legítimos sobre currículo, pessoa humana, incluindo a formação ética e o
ensino e aprendizagem. Significa, nesse desenvolvimento da autonomia intelectual e do
sentido, assegurar-lhes uma formação que, em pensamento crítico;
sintonia com seus percursos e histórias, IV - a compreensão dos fundamentos
permita-lhes definir seu projeto de vida, tanto científico-tecnológicos dos processos
no que diz respeito ao estudo e ao trabalho produtivos, relacionando a teoria com a prática,
como também no que concerne às escolhas de no ensino de cada disciplina.
estilos de vida saudáveis, sustentáveis e éticos.
Para formar esses jovens como sujeitos Garantir a consolidação e o aprofundamento
críticos, criativos, autônomos e responsáveis, dos conhecimentos adquiridos no Ensino
cabe às escolas de Ensino Médio proporcionar Fundamental é essencial nessa etapa final da
experiências e processos que lhes garantam as Educação Básica. Além de possibilitar o
aprendizagens necessárias para a leitura da prosseguimento dos estudos a todos aqueles que
realidade, o enfrentamento dos novos desafios assim o desejarem, o Ensino Médio deve
da contemporaneidade (sociais, econômicos e atender às necessidades de formação geral
ambientais) e a tomada de decisões éticas e indispensáveis ao exercício da cidadania e
fundamentadas. O mundo deve lhes ser construir “aprendizagens sintonizadas com as
apresentado como campo aberto para necessidades, as possibilidades e os interesses
investigação e intervenção quanto a seus dos estudantes e, também, com os desafios da
aspectos políticos, sociais, produtivos, sociedade contemporânea”, como definido na
ambientais e culturais, de modo que se sintam Introdução desta BNCC (p. 14; ênfases
estimulados a equacionar e resolver questões adicionadas).
legadas pelas gerações anteriores - e que se Para atingir essa finalidade, é necessário, em
refletem nos contextos atuais -, abrindo-se primeiro lugar, assumir a firme convicção de
criativamente para o novo. que todos os estudantes podem aprender e
alcançar seus objetivos, independentemente de
As finalidades do Ensino Médio na suas características pessoais, seus percursos e
contemporaneidade suas histórias. Com base nesse compromisso, a
A dinâmica social contemporânea nacional escola que acolhe as juventudes deve:
e internacional, marcada especialmente pelas • favorecer a atribuição de sentido às
rápidas transformações decorrentes do aprendizagens, por sua vinculação aos desafios
desenvolvimento tecnológico, impõe desafios da realidade e pela explicitação dos contextos
ao Ensino Médio. Para atender às necessidades de produção e circulação dos conhecimentos;
de formação geral, indispensáveis ao exercício • garantir o protagonismo dos estudantes em
da cidadania e à inserção no mundo do trabalho, sua aprendizagem e o desenvolvimento de suas
e responder à diversidade de expectativas dos capacidades de abstração, reflexão,
jovens quanto à sua formação, a escola que interpretação, proposição e ação, essenciais à
acolhe as juventudes tem de estar sua autonomia pessoal, profissional, intelectual
comprometida com a educação integral dos e política;
estudantes e com a construção de seu projeto de • valorizar os papéis sociais desempenhados
vida. pelos jovens, para além de sua condição de
Para orientar essa atuação, torna-se estudante, e qualificar os processos de
imprescindível recontextualizar as finalidades construção de sua(s) identidade(s) e de seu
do Ensino Médio, estabelecidas pela Lei de projeto de vida;
Diretrizes e Bases da Educação (LDB, Art. • assegurar tempos e espaços para que os
35)53: há mais de vinte anos, em 1996: estudantes reflitam sobre suas experiências e
I - a consolidação e o aprofundamento dos aprendizagens individuais e interpessoais, de
conhecimentos adquiridos no ensino modo a valorizarem o conhecimento, confiarem

171
Legislação Educacional

em sua capacidade de aprender, e identificarem identifiquem perspectivas e possibilidades,


e utilizarem estratégias mais eficientes a seu construam aspirações e metas de formação e
aprendizado; inserção profissional presentes e/ou futuras, e
• promover a aprendizagem colaborativa, desenvolvam uma postura empreendedora,
desenvolvendo nos estudantes a capacidade de ética e responsável para transitar no mundo do
trabalharem em equipe e aprenderem com seus trabalho e na sociedade em geral.
pares; e Nessa mesma direção, é também finalidade
• estimular atitudes cooperativas e do Ensino Médio o aprimoramento do
propositivas para o enfrentamento dos desafios educando como pessoa humana, considerando
da comunidade, do mundo do trabalho e da sua formação ética e o desenvolvimento da
sociedade em geral, alicerçadas no autonomia intelectual e do pensamento crítico.
conhecimento e na inovação. Tendo em vista a construção de uma sociedade
Essas experiências, como apontado, mais justa, ética, democrática, inclusiva,
favorecem a preparação básica para o trabalho sustentável e solidária, a escola que acolhe as
e a cidadania, o que não significa a juventudes deve ser um espaço que permita aos
profissionalização precoce ou precária dos estudantes:
jovens ou o atendimento das necessidades • conhecer-se e lidar melhor com seu corpo,
imediatas do mercado de trabalho. Ao seus sentimentos, suas emoções e suas relações
contrário, supõe o desenvolvimento de interpessoais, fazendo-se respeitar e
competências que possibilitem aos estudantes respeitando os demais;
inserir-se de forma ativa, crítica, criativa e • compreender que a sociedade é formada
responsável em um mundo do trabalho cada vez por pessoas que pertencem a grupos étnico-
mais complexo e imprevisível, criando raciais distintos, que possuem cultura e história
possibilidades para viabilizar seu projeto de próprias, igualmente valiosas, e que em
vida e continuar aprendendo, de modo a ser conjunto constroem, na nação brasileira, sua
capazes de se adaptar com flexibilidade a novas história;
condições de ocupação ou aperfeiçoamento • promover o diálogo, o entendimento e a
posteriores. Para tanto, a escola que acolhe as solução não violenta de conflitos,
juventudes precisa se estruturar de maneira a: possibilitando a manifestação de opiniões e
• garantir a contextualização dos pontos de vista diferentes, divergentes ou
conhecimentos, articulando as dimensões do opostos;
trabalho, da ciência, da tecnologia e da cultura; • combater estereótipos, discriminações de
• viabilizar o acesso dos estudantes às bases qualquer natureza e violações de direitos de
científicas e tecnológicas dos processos de pessoas ou grupos sociais, favorecendo o
produção do mundo contemporâneo, convívio com a diferença;
relacionando teoria e prática - ou o • valorizar sua participação política e social
conhecimento teórico à resolução de problemas e a dos outros, respeitando as liberdades civis
da realidade social, cultural ou natural; garantidas no estado democrático de direito; e
• revelar os contextos nos quais as diferentes • construir projetos pessoais e coletivos
formas de produção e de trabalho ocorrem, sua baseados na liberdade, na justiça social, na
constante modificação e atualização nas solidariedade, na cooperação e na
sociedades contemporâneas e, em especial, no sustentabilidade.
Brasil; Subjacente a todas essas finalidades, o
• proporcionar uma cultura favorável ao Ensino Médio deve garantir aos estudantes a
desenvolvimento de atitudes, capacidades e compreensão dos fundamentos científico-
valores que promovam o empreendedorismo tecnológicos dos processos produtivos,
(criatividade, inovação, organização, relacionando a teoria com a prática. Para tanto,
planejamento, responsabilidade, liderança, a escola que acolhe as juventudes, por meio da
colaboração, visão de futuro, assunção de articulação entre diferentes áreas do
riscos, resiliência e curiosidade científica, entre conhecimento, deve possibilitar aos estudantes:
outros), entendido como competência essencial • compreender e utilizar os conceitos e
ao desenvolvimento pessoal, à cidadania ativa, teorias que compõem a base do conhecimento
à inclusão social e à empregabilidade; e científico-tecnológico, bem como os
• prever o suporte aos jovens para que procedimentos metodológicos e suas lógicas;
reconheçam suas potencialidades e vocações,

172
Legislação Educacional

• conscientizar-se quanto à necessidade de A BNCC do Ensino Médio


continuar aprendendo e aprimorando seus A BNCC do Ensino Médio se organiza em
conhecimentos; continuidade ao proposto para a Educação
• apropriar-se das linguagens científicas e Infantil e o Ensino Fundamental, centrada no
utilizá-las na comunicação e na disseminação desenvolvimento de competências e orientada
desses conhecimentos; e pelo princípio da educação integral. Portanto, as
• apropriar-se das linguagens das competências gerais da Educação Básica
tecnologias digitais e tornar-se fluentes em sua orientam igualmente as aprendizagens dessa
utilização. etapa, como ilustrado no esquema a seguir,
Para atender a todas essas demandas de sejam as aprendizagens essenciais definidas
formação no Ensino Médio, mostra-se nesta BNCC, sejam aquelas relativas aos
imperativo repensar a organização curricular diferentes itinerários formativos - cujo
vigente para essa etapa da Educação Básica, detalhamento é prerrogativa dos diferentes
que apresenta excesso de componentes sistemas, redes e escolas, conforme previsto na
curriculares e abordagens pedagógicas distantes Lei nº 13.415/2017.
das culturas juvenis, do mundo do trabalho e As aprendizagens essenciais definidas na
das dinâmicas e questões sociais BNCC do Ensino Médio estão organizadas por
contemporâneas. áreas do conhecimento (Linguagens e suas
Na direção de substituir o modelo único de Tecnologias, Matemática e suas Tecnologias,
currículo do Ensino Médio por um modelo Ciências da Natureza e suas Tecnologias,
diversificado e flexível, a Lei nº 13.415/201754 Ciências Humanas e Sociais Aplicadas),
alterou a LDB, estabelecendo que conforme estabelecido no artigo 35-A da LDB.
O currículo do ensino médio será composto Desde que foram introduzidas nas
pela Base Nacional Comum Curricular e por DCNEM/1998 (Parecer CNE/CEB nº
itinerários formativos, que deverão ser 15/199856), as áreas do conhecimento têm por
organizados por meio da oferta de diferentes finalidade integrar dois ou mais componentes
arranjos curriculares, conforme a relevância
do currículo, para melhor compreender a
para o contexto local e a possibilidade dos
sistemas de ensino, a saber: complexa realidade e atuar nela. Essa
I - linguagens e suas tecnologias; organização
II - matemática e suas tecnologias; não exclui necessariamente as disciplinas,
III - ciências da natureza e suas tecnologias; com suas especificidades e saberes próprios
IV - ciências humanas e sociais aplicadas; historicamente construídos, mas, sim, implica o
V - formação técnica e profissional (LDB, fortalecimento das relações entre elas e a sua
Art. 36; ênfases adicionadas). contextualização para apreensão e intervenção
na realidade, requerendo trabalho conjugado e
cooperativo dos seus professores no
Essa nova estrutura do Ensino Médio, além
planejamento e na execução dos planos de
de ratificar a organização por áreas do ensino (Parecer CNE/CP nº 11/200957).
conhecimento - sem desconsiderar, mas
também sem fazer referência direta a todos os Na BNCC, para cada área do conhecimento,
componentes que compunham o currículo dessa são definidas competências específicas,
etapa -, prevê a oferta de variados itinerários articuladas às respectivas competências das
formativos, seja para o aprofundamento áreas do Ensino Fundamental, com as
acadêmico em uma ou mais áreas do adequações necessárias ao atendimento das
conhecimento, seja para a formação técnica e especificidades de formação dos estudantes do
profissional. Essa estrutura adota a flexibilidade Ensino Médio. Essas competências específicas
como princípio de organização curricular, o que de área do Ensino Médio também devem
permite a construção de currículos e propostas orientar a proposição e o detalhamento dos
pedagógicas que atendam mais adequadamente itinerários formativos relativos a essas áreas.
às especificidades locais e à multiplicidade de Relacionadas a cada uma dessas
interesses dos estudantes, estimulando o competências, são descritas habilidades a ser
exercício do protagonismo juvenil e desenvolvidas ao longo da etapa, além de
fortalecendo o desenvolvimento de seus habilidades específicas de Língua Portuguesa -
projetos de vida. componente obrigatório durante os três anos do
Ensino Médio, da mesma maneira que

173
Legislação Educacional

Matemática (LDB, Art. 35-A, § 3º). Todas as novos, ampliando o leque de recursos para
habilidades da BNCC foram definidas resolver problemas mais complexos, que
tomando-se como referência o limite de 1.800 exijam maior reflexão e abstração. Também
horas do total da carga horária da etapa (LDB, devem construir uma visão mais integrada da
Art. 35-A, § 5º). Matemática, da Matemática com outras áreas
As competências e habilidades da BNCC do conhecimento e da aplicação da Matemática
constituem a formação geral básica. Os à realidade.
currículos do Ensino Médio são compostos pela A área de Ciências da Natureza, no Ensino
formação geral básica, articulada aos itinerários Fundamental, propõe aos estudantes investigar
formativos como um todo indissociável, nos características, fenômenos e processos relativos
termos das DCNEM/2018 (Parecer CNE/CEB ao mundo natural e tecnológico, explorar e
nº 3/2018 e Resolução CNE/CEB nº 3/2018). compreender alguns de seus conceitos
fundamentais e suas estruturas explicativas,
A progressão das aprendizagens essenciais além de valorizar e promover os cuidados
do Ensino Fundamental para o Ensino Médio pessoais e com o outro, o compromisso com a
O conjunto das competências específicas e sustentabilidade e o exercício da cidadania. No
habilidades definidas para o Ensino Médio Ensino Médio, a área de Ciências da Natureza e
concorre para o desenvolvimento das suas Tecnologias oportuniza o aprofundamento
competências gerais da Educação Básica e está e a ampliação dos conhecimentos explorados na
articulado às aprendizagens essenciais etapa anterior. Trata a investigação como forma
estabelecidas para o Ensino Fundamental. Com de engajamento dos estudantes na
o objetivo de consolidar, aprofundar e ampliar aprendizagem de processos, práticas e
a formação integral, atende às finalidades dessa procedimentos científicos e tecnológicos, e
etapa e contribui para que os estudantes possam promove o domínio de linguagens específicas,
construir e realizar seu projeto de vida, em o que permite aos estudantes analisar
consonância com os princípios da justiça, da fenômenos e processos, utilizando modelos e
ética e da cidadania. fazendo previsões. Dessa maneira, possibilita
A área de Linguagens, no Ensino aos estudantes ampliar sua compreensão sobre
Fundamental, está centrada no conhecimento, a vida, o nosso planeta e o universo, bem como
na compreensão, na exploração, na análise e na sua capacidade de refletir, argumentar, propor
utilização das diferentes linguagens (visuais, soluções e enfrentar desafios pessoais e
sonoras, verbais, corporais), visando coletivos, locais e globais.
estabelecer um repertório diversificado sobre as A área de Ciências Humanas, tanto no
práticas de linguagem e desenvolver o senso Ensino Fundamental como no Ensino Médio,
estético e a comunicação com o uso das define aprendizagens centradas no
tecnologias digitais. No Ensino Médio, o foco desenvolvimento das competências de
da área de Linguagens e suas Tecnologias está identificação, análise, comparação e
na ampliação da autonomia, do protagonismo e interpretação de ideias, pensamentos,
da autoria nas práticas de diferentes linguagens; fenômenos e processos históricos, geográficos,
na identificação e na crítica aos diferentes usos sociais, econômicos, políticos e culturais. Essas
das linguagens, explicitando seu poder no competências permitirão aos estudantes
estabelecimento de relações; na apreciação e na elaborar hipóteses, construir argumentos e atuar
participação em diversas manifestações no mundo, recorrendo aos conceitos e
artísticas e culturais; e no uso criativo das fundamentos dos componentes da área. No
diversas mídias. Ensino Médio, com a incorporação da Filosofia
A área de Matemática, no Ensino e da Sociologia, a área de Ciências Humanas e
Fundamental, centra-se na compreensão de Sociais Aplicadas propõe o aprofundamento e a
conceitos e procedimentos em seus diferentes ampliação da base conceitual e dos modos de
campos e no desenvolvimento do pensamento construção da argumentação e sistematização
computacional, visando à resolução e do raciocínio, operacionalizados com base em
formulação de problemas em contextos procedimentos analíticos e interpretativos.
diversos. No Ensino Médio, na área de Nessa etapa, como os estudantes e suas
Matemática e suas Tecnologias, os estudantes experiências como jovens cidadãos
devem consolidar os conhecimentos representam o foco do aprendizado, deve-se
desenvolvidos na etapa anterior e agregar estimular uma leitura de mundo sustentada em

174
Legislação Educacional

uma visão crítica e contextualizada da Essa constante transformação ocasionada


realidade, no domínio conceitual e na pelas tecnologias, bem como sua repercussão
elaboração e aplicação de interpretações sobre na forma como as pessoas se comunicam,
as relações, os processos e as múltiplas impacta diretamente no funcionamento da
dimensões da existência humana. sociedade e, portanto, no mundo do trabalho. A
dinamicidade e a fluidez das relações sociais -
O projeto de vida seja em nível interpessoal, seja em nível
Na BNCC, o protagonismo e a autoria planetário - têm impactos na formação das
estimulados no Ensino Fundamental traduzem- novas gerações. É preciso garantir aos jovens
se, no Ensino Médio, como suporte para a aprendizagens para atuar em uma sociedade em
construção e viabilização do projeto de vida dos constante mudança, prepará-los para profissões
estudantes, eixo central em torno do qual a que ainda não existem, para usar tecnologias
escola pode organizar suas práticas. que ainda não foram inventadas e para resolver
Ao se orientar para a construção do projeto problemas que ainda não conhecemos.
de vida, a escola que acolhe as juventudes Certamente, grande parte das futuras profissões
assume o compromisso com a formação envolverá, direta ou indiretamente, computação
integral dos estudantes, uma vez que promove e tecnologias digitais.
seu desenvolvimento pessoal e social, por meio A preocupação com os impactos dessas
da consolidação e construção de transformações na sociedade está expressa na
conhecimentos, representações e valores que BNCC e se explicita já nas competências gerais
incidirão sobre seus processos de tomada de para a Educação Básica. Diferentes dimensões
decisão ao longo da vida. Dessa maneira, o que caracterizam a computação e as tecnologias
projeto de vida é o que os estudantes almejam, digitais são tematizadas, tanto no que diz
projetam e redefinem para si ao longo de sua respeito a conhecimentos e habilidades quanto
trajetória, uma construção que acompanha o a atitudes e valores:
desenvolvimento da(s) identidade(s), em • pensamento computacional: envolve as
contextos atravessados por uma cultura e por capacidades de compreender, analisar, definir,
demandas sociais que se articulam, ora para modelar, resolver, comparar e automatizar
promover, ora para constranger seus desejos. problemas e suas soluções, de forma metódica
Logo, é papel da escola auxiliar os e sistemática, por meio do desenvolvimento de
estudantes a aprender a se reconhecer como algoritmos;
sujeitos, considerando suas potencialidades e a • mundo digital: envolve as aprendizagens
relevância dos modos de participação e relativas às formas de processar, transmitir e
intervenção social na concretização de seu distribuir a informação de maneira segura e
projeto de vida. É, também, no ambiente escolar confiável em diferentes artefatos digitais - tanto
que os jovens podem experimentar, de forma físicos (computadores, celulares, tablets etc.)
mediada e intencional, as interações com o como virtuais (internet, redes sociais e nuvens
outro, com o mundo, e vislumbrar, na de dados, entre outros) -, compreendendo a
valorização da diversidade, oportunidades de importância contemporânea de codificar,
crescimento para seu presente e futuro. armazenar e proteger a informação;
• cultura digital: envolve aprendizagens
As tecnologias digitais e a computação voltadas a uma participação mais consciente e
A contemporaneidade é fortemente marcada democrática por meio das tecnologias digitais,
pelo desenvolvimento tecnológico. Tanto a o que supõe a compreensão dos impactos da
computação quanto as tecnologias digitais de revolução digital e dos avanços do mundo
informação e comunicação (TDIC) estão cada digital na sociedade contemporânea, a
vez mais presentes na vida de todos, não construção de uma atitude crítica, ética e
somente nos escritórios ou nas escolas, mas nos responsável em relação à multiplicidade de
nossos bolsos, nas cozinhas, nos automóveis, ofertas midiáticas e digitais, aos usos possíveis
nas roupas etc. Além disso, grande parte das das diferentes tecnologias e aos conteúdos por
informações produzidas pela humanidade está elas veiculados, e, também, à fluência no uso da
armazenada digitalmente. Isso denota o quanto tecnologia digital para expressão de soluções e
o mundo produtivo e o cotidiano estão sendo manifestações culturais de forma
movidos por tecnologias digitais, situação que contextualizada e crítica.
tende a se acentuar fortemente no futuro. Em articulação com as competências gerais,

175
Legislação Educacional

essas dimensões também foram contempladas pela Base Nacional Comum Curricular e por
nos objetivos de aprendizagem e itinerários formativos, que deverão ser
desenvolvimento da Educação Infantil e nas organizados por meio da oferta de diferentes
competências específicas e habilidades dos arranjos curriculares, conforme a relevância
para o contexto local e a possibilidade dos
diferentes componentes curriculares do Ensino
sistemas de ensino, a saber:
Fundamental, respeitadas as características I - linguagens e suas tecnologias;
dessas etapas. No Ensino Médio, por sua vez, II - matemática e suas tecnologias;
dada a intrínseca relação entre as culturas III - ciências da natureza e suas tecnologias;
juvenis e a cultura digital, torna-se IV - ciências humanas e sociais aplicadas;
imprescindível ampliar e aprofundar as V - formação técnica e profissional (LDB,
aprendizagens construídas nas etapas Art. 36; ênfases adicionadas).
anteriores. Afinal, os jovens estão
dinamicamente inseridos na cultura digital, não Nesse contexto, é necessário reorientar
somente como consumidores, mas se engajando currículos e propostas pedagógicas -
cada vez mais como protagonistas. Portanto, na compostos, indissociavelmente, por formação
BNCC dessa etapa, o foco passa a estar no geral básica e itinerário formativo (Resolução
reconhecimento das potencialidades das CNE/CEB nº 3/2018, Art. 10). Nesse processo
tecnologias digitais para a realização de uma de reorientação curricular, é imprescindível aos
série de atividades relacionadas a todas as áreas sistemas de ensino, às redes escolares e às
do conhecimento, a diversas práticas sociais e escolas:
ao mundo do trabalho. São definidas • orientar-se pelas competências gerais da
competências e habilidades, nas diferentes Educação Básica e assegurar as competências
áreas, que permitem aos estudantes: específicas de área e as habilidades definidas na
• buscar dados e informações de forma BNCC do Ensino Médio em até 1.800 horas do
crítica nas diferentes mídias, inclusive as total da carga horária da etapa, o que constitui a
sociais, analisando as vantagens do uso e da formação geral básica, nos termos do Artigo 11
evolução da tecnologia na sociedade atual, da Resolução CNE/CEB nº 3/2018;
como também seus riscos potenciais; • orientar-se pelas competências gerais da
• apropriar-se das linguagens da cultura Educação Básica para organizar e propor
digital, dos novos letramentos e dos itinerários formativos (Resolução CNE/CEB nº
multiletramentos para explorar e produzir 3/2018, Art. 12), considerando também as
conteúdos em diversas mídias, ampliando as competências específicas de área e habilidades
possibilidades de acesso à ciência, à tecnologia, no caso dos itinerários formativos relativos às
à cultura e ao trabalho; áreas do conhecimento.
• usar diversas ferramentas de software e Assim, na formação geral básica, os
aplicativos para compreender e produzir currículos e as propostas pedagógicas devem
conteúdos em diversas mídias, simular garantir as aprendizagens essenciais definidas
fenômenos e processos das diferentes áreas do na BNCC. Conforme as DCNEM/2018, devem
conhecimento, e elaborar e explorar diversos contemplar, sem prejuízo da integração e
registros de representação matemática; e articulação das diferentes áreas do
• utilizar, propor e/ou implementar soluções conhecimento, estudos e práticas de:
(processos e produtos) envolvendo diferentes I - língua portuguesa, assegurada às
tecnologias, para identificar, analisar, modelar comunidades indígenas, também, a utilização
e solucionar problemas complexos em diversas das respectivas línguas maternas;
II - matemática;
áreas da vida cotidiana, explorando de forma
III - conhecimento do mundo físico e natural
efetiva o raciocínio lógico, o pensamento e da realidade social e política, especialmente
computacional, o espírito de investigação e a do Brasil;
criatividade. IV - arte, especialmente em suas expressões
regionais, desenvolvendo as linguagens das
Currículos: BNCC e itinerários artes visuais, da dança, da música e do teatro;
As recentes mudanças na LDB, em função V - educação física, com prática facultativa
da Lei nº 13.415/2017, substituem o modelo ao estudante nos casos previstos em Lei;
único de currículo do Ensino Médio por um VI - história do Brasil e do mundo, levando
modelo diversificado e flexível: em conta as contribuições das diferentes
O currículo do ensino médio será composto culturas e etnias para a formação do povo

176
Legislação Educacional

brasileiro, especialmente das matrizes indígena, ecologia, nutrição, zoologia, dentre outros,
africana e europeia; considerando o contexto local e as
VII - história e cultura afro-brasileira e possibilidades de oferta pelos sistemas de
indígena, em especial nos estudos de arte e de ensino;
literatura e história brasileiras; IV - ciências humanas e sociais aplicadas:
VIII - sociologia e filosofia; aprofundamento de conhecimentos estruturantes
IX - língua inglesa, podendo ser oferecidas para aplicação de diferentes conceitos em
outras línguas estrangeiras, em caráter optativo, contextos sociais e de trabalho, estruturando
preferencialmente o espanhol, de acordo com a arranjos curriculares que permitam estudos em
disponibilidade da instituição ou rede de ensino relações sociais, modelos econômicos,
(Resolução CNE/CEB nº 3/2018, Art. 11, § 4º). processos políticos, pluralidade cultural,
historicidade do universo, do homem e natureza,
Os itinerários formativos - estratégicos para dentre outros, considerando o contexto local e as
a flexibilização da organização curricular do possibilidades de oferta pelos sistemas de
Ensino Médio, pois possibilitam opções de ensino;
V - formação técnica e profissional:
escolha aos estudantes - podem ser estruturados
desenvolvimento de programas educacionais
com foco em uma área do conhecimento, na inovadores e atualizados que promovam
formação técnica e profissional ou, também, na efetivamente a qualificação profissional dos
mobilização de competências e habilidades de estudantes para o mundo do trabalho,
diferentes áreas, compondo itinerários objetivando sua habilitação profissional tanto
integrados, nos seguintes termos das para o desenvolvimento de vida e carreira
DCNEM/2018: quanto para adaptar-se às novas condições
I - linguagens e suas tecnologias: ocupacionais e às exigências do mundo do
aprofundamento de conhecimentos estruturantes trabalho contemporâneo e suas contínuas
para aplicação de diferentes linguagens em transformações, em condições de
contextos sociais e de trabalho, estruturando competitividade, produtividade e inovação,
arranjos curriculares que permitam estudos em considerando o contexto local e as
línguas vernáculas, estrangeiras, clássicas e possibilidades de oferta pelos sistemas de ensino
indígenas, Língua Brasileira de Sinais (Resolução CNE/CEB nº 3/2018, Art. 12).
(LIBRAS), das artes, design, linguagens digitais,
corporeidade, artes cênicas, roteiros, produções Assim, a oferta de diferentes itinerários
literárias, dentre outros, considerando o formativos pelas escolas deve considerar a
contexto local e as possibilidades de oferta pelos realidade local, os anseios da comunidade
sistemas de ensino; escolar e os recursos físicos, materiais e
II - matemática e suas tecnologias:
humanos das redes e instituições escolares de
aprofundamento de conhecimentos estruturantes
para aplicação de diferentes conceitos forma a propiciar aos estudantes possibilidades
matemáticos em contextos sociais e de trabalho, efetivas para construir e desenvolver seus
estruturando arranjos curriculares que projetos de vida e se integrar de forma
permitam estudos em resolução de problemas e consciente e autônoma na vida cidadã e no
análises complexas, funcionais e não-lineares, mundo do trabalho. Para tanto, os itinerários
análise de dados estatísticos e probabilidade, devem garantir a apropriação de procedimentos
geometria e topologia, robótica, automação, cognitivos e o uso de metodologias que
inteligência artificial, programação, jogos favoreçam o protagonismo juvenil, e organizar-
digitais, sistemas dinâmicos, dentre outros, se em torno de um ou mais dos seguintes eixos
considerando o contexto local e as
estruturantes:
possibilidades de oferta pelos sistemas de
I - investigação científica: supõe o
ensino;
aprofundamento de conceitos fundantes das
III - ciências da natureza e suas tecnologias:
ciências para a interpretação de ideias,
aprofundamento de conhecimentos estruturantes
fenômenos e processos para serem utilizados em
para aplicação de diferentes conceitos em
procedimentos de investigação voltados ao
contextos sociais e de trabalho, organizando
enfrentamento de situações cotidianas e
arranjos curriculares que permitam estudos em
demandas locais e coletivas, e a proposição de
astronomia, metrologia, física geral, clássica,
intervenções que considerem o desenvolvimento
molecular, quântica e mecânica,
local e a melhoria da qualidade de vida da
instrumentação, ótica, acústica, química dos
comunidade;
produtos naturais, análise de fenômenos físicos
II - processos criativos: supõem o uso e o
e químicos, meteorologia e climatologia,
aprofundamento do conhecimento científico na
microbiologia, imunologia e parasitologia,

177
Legislação Educacional

construção e criação de experimentos, modelos, outras formas de interação e articulação entre


protótipos para a criação de processos ou diferentes campos de saberes específicos,
produtos que atendam a demandas para a contemplando vivências práticas e vinculando a
resolução de problemas identificados na educação escolar ao mundo do trabalho e à
sociedade; prática social e possibilitando o aproveitamento
III - mediação e intervenção sociocultural: de estudos e o reconhecimento de saberes
supõem a mobilização de conhecimentos de uma adquiridos nas experiências pessoais, sociais e
ou mais áreas para mediar conflitos, promover do trabalho (Resolução CNE/CEB nº 3/2018,
entendimento e implementar soluções para Art. 7, § 2º).
questões e problemas identificados na
comunidade; Áreas do Conhecimento: Linguagens,
IV - empreendedorismo: supõe a mobilização Matemática, Ciências Humanas, Ciências da
de conhecimentos de diferentes áreas para a Natureza e Ensino Religioso.
formação de organizações com variadas missões
Componentes Curriculares
voltadas ao desenvolvimento de produtos ou
prestação de serviços inovadores com o uso das Linguagens: Língua Portuguesa, Arte,
tecnologias (Resolução CNE/CEB nº 3/2018, Educação Física e Língua Inglesa (Língua
Art. 12, § 2º). Inglesa é apenas para os Anos Finais).
Matemática: Matemática.
O conjunto dessas aprendizagens (formação Ciências da Natureza: Ciências.
geral básica e itinerário formativo) deve atender Ciências Humanas: Geografia e História.
às finalidades do Ensino Médio e às demandas Ensino Religioso: Ensino Religioso.
de qualidade de formação na
contemporaneidade, bem como às expectativas Prezado(a) Candidato(a), caso queira
presentes e futuras das juventudes. Além disso, visualizar o documento na íntegra acessar o
deve garantir um diálogo constante com as link: <https://bit.ly/2uLz78O>.
realidades locais - que são diversas no imenso
território brasileiro e estão em permanente Questões
transformação social, cultural, política,
econômica e tecnológica -, como também com 01. (MGS - Monitor Educacional -
os cenários nacional e internacional. Portanto, IBFC/2022) Assinale a alternativa que
essas aprendizagens devem assegurar aos preencha corretamente a lacuna sobre a BNCC.
estudantes a capacidade de acompanhar e Na Base Nacional Comum Curricular
participar dos debates que a cidadania exige, (BRASÍLIA, 2018) as intervenções educativas
entendendo e questionando os argumentos que com relação às aprendizagens na Educação
apoiam as diferentes posições. Infantil manifestam a progressão ocorrida no
Para que a organização curricular a ser processo de ensino quando agrupamos
adotada - áreas, interáreas, componentes, “elementos para reorganizar tempos, espaços e
projetos, centros de interesse etc. - responda aos situações que garantam os direitos de
diferentes contextos e condições dos sistemas, aprendizagem de todas as crianças” por
das redes e das escolas de todo o País, é meio___________.
fundamental que a flexibilidade seja tomada A. do diálogo com os familiares em reuniões
como princípio obrigatório. B. da atividade utilizada por meio de uma
Independentemente da opção feita, é preciso única linguagem a cada bimestre
destacar a necessidade de “romper com a C. das observações e perguntas após cada
centralidade das disciplinas nos currículos e atividade prática
substituí-las por aspectos mais globalizadores e D. dos diversos registros, feitos em
que abranjam a complexidade das relações diferentes momentos tanto pelos professores
existentes entre os ramos da ciência no mundo quanto pelas crianças (como relatórios,
real” (Parecer CNE/CEB nº 5/2011). Para tanto, portfólios, fotografias, desenhos e textos)
é fundamental a adoção de tratamento
metodológico que favoreça e estimule o 02. (Prefeitura de Carmo - Professor
protagonismo dos estudantes, como também Educação Infantil e Ensino Fundamental -
que: GUALIMP/2022) Na primeira etapa da
evidencie a contextualização, a Educação Básica, e de acordo com os eixos
diversificação e a transdisciplinaridade ou estruturantes da Educação Infantil (interações e

178
Legislação Educacional

brincadeira), devem ser assegurados seis FRANCIANE MOTTA


direitos de aprendizagem e desenvolvimento, Prefeita
para que as crianças tenham condições de Plano Municipal de Educação da
aprender e se desenvolver. Cidade de Saquarema
Dentre os citados abaixo, assinale a
alternativa que não é um direito previsto na
BNCC:
Apresentação
A. Conviver. Desde que foi sancionado em nível
B. Expressar. federal o Plano Nacional de Educação,
C. Impor-se. coube a Estados e Municípios a tarefa de
D. Brincar. desenvolver em parceria com suas
lideranças locais e sua comunidade os
Gabarito Planos Estaduais e Municipais de Ensino.
Com a constituição de 1988 a
01.D - 02.C necessidade fez-se necessária a
formalização desses planos através de seu
6. Plano Municipal de Educação de Art. 214 que prevê:
Saquarema
Art. 214 - A lei estabelecerá o Plano
Nacional de Educação, de duração
LEI N° 1.053 DE 19 DE MARÇO DE plurianual, visando à articulação e ao
20106 desenvolvimento do ensino em seus
diversos níveis e à integração das ações do
Dispõe sobre o Plano Municipal de Poder Público que conduzam à:
Educação. I - erradicação do analfabetismo;
II - universalização do atendimento
A PREFEITA DO MUNICÍPIO DE escolar;
SAQUAREMA, Estado do Rio de Janeiro. 111- melhoria da qualidade do ensino;
Faço saber que a Câmara aprovou e eu IV - formação para o trabalho;
sanciono a seguinte Lei V - promoção humanística, científica e
tecnológica do País.'
Art. 1° - Fica aprovado o Plano
Municipal de Educação, nos termos do No município de Saquarema, por
documento em anexo. ocasião da formação dos grupos de
discussão para atender á CONAE
Art. 2° - Os Poderes constituídos, em (Conferência Nacional de Educação), a
articulação com as comunidades escolares e Secretaria Municipal de Educação e Cultura
a sociedade civil, procederão às avaliações (SMEC) convidou essa comissão para
periódicas da implantação do Plano estruturar o Plano Municipal de Educação
Municipal de Educação, que deverá ser da Cidade de Saquarema.
amplamente divulgado. Sendo assim, foi publicada a Portaria n°
04 de 27 de outubro de 2009, instituindo a
Art. 3° - Esta Lei entra em vigor na data comissão de elaboração do Plano Municipal
de sua publicação, revogadas as disposições de Educação da Cidade de Saquarema
em contrário. Saquarema, 19 de março de segundo a composição abaixo, abrigando a
2010. representatividade dos diversos segmentos
sociais envolvidos no propósito da
legitimação de uma educação pública de
qualidade no município:
6
https://www.ibam-concursos.org.br/documento/lo-1053-2010.pdf,
visitado em: 12.10.2022.

179
Legislação Educacional

Adriana Maria de Souza Cunha — Esse grupo recebeu orientações didático-


Diretor de Escola Municipal metodológicas da Professora Mestra, pela
Alessandra Xavier Ribeiro — Prof. Reg. Universidade Federal do Estado do Rio de
do 1° seg. do Ens. Fund. da Rede Municipal Janeiro, Cláudia Reis dos Santos e
Ana Ruth Hinsch da Silva — consolidou o presente documento em
Representante de Escola da Rede Estadual reuniões amplamente divulgadas para os
Anderson de Araújo Paula — participantes e devidamente registradas em
Representante do Parlamento Juvenil do atas que podem ser verificadas junto aos
Estado do RJ. representantes da SMEC. O texto final do
Célia Coelho Maciel — Representante documento foi aprovado peia comissão e
do Centro Social Madre Maria das Neves firmado por todos, tendo como objetivo
Clodoaldo Manoel de Deus — Técnico principal sua implantação nos próximos dez
da Sec. Municipal de Educação e Cultura anos, a partir de sua publicação pela
Damiane Câmara dos Vereadores.
Maria de Anchieta - Técnico da Sec.
Municipal de Educação e Cultura 1.1 – Histórico da Situação da cidade
David de Oliveira Silva — de Saquarema
Representante dos responsáveis de alunos Por ocasião do início da colonização
da Rede Municipal. brasileira, a região hoje denominada como
Delvira Barbosa de Azeredo - Técnico o Município de Saquarema e seus distritos
da Sec. Municipal de Educação e Cultura era habitada por índios nômades caçadores
Eliane Alves da Costa — Diretor do e coletores. Contudo com o avanço
Centro de Apoio a Inclusão Escolar do colonizador português, em 1530 D. João III,
Município. Rei de Portugal, em 1530, mandou uma
Fátima Cristina Proença da Silva - frota, sob o comando de Martim Afonso de
Técnico da Sec. Municipal de Educação e Souza, tomar posse do território demarcado
Cultura Gessildo pelo Tratado de Tordesilhas (1494)
Mendes Júnior - Prof. Reg. do 2° seg. do Saindo de Lisboa em 3 de dezembro de
Ens. Fund. da Rede Municipal Marcia 1530, chegou à Baia de Todos os Santos em
Lucia de Moraes Carvalho - Orientadora 13 de março de 1531, depois de ter se
Pedagógica da Rede Municipal dividido. Uma parte da frota dirigiu-se ao
Maria Cristina Morgado — Orientadora norte. No dia 17 do mesmo mês, Martim
Educacional da Rede Municipal Afonso de Souza reiniciou a viagem indo
Neusa Oliveira Vignoli — em direção ao sul e acabou por atracar em
Representante do SEPE frente ao Morro de Saquarema (morro da
Nícia da Costa Teixeira Giffoni - Igreja de Nossa Senhora de Nazareth), no
Conselho Municipal de Educação lugar onde hoje é a construção da Barra
Patricia Oliveira da Silva — Dir. Franca. A expedição foi recebida em sua
Adjunto de Escola da Rede Municipal maioria pelos índios Tamoyos que
Sônia Wania Cabral de Azeredo — denominavam a terra como soco-y-rema
Representante da Associação Pestalozzi de (lago sem conchas em tupi).
Saquarema Com a divisão do Brasil em capitanias
Valdinei Abreu da Silva - Técnico da hereditárias passou a região de Saquarema
Sec. Municipal de Educação e Cultura a pertencer ao citado Martin Afonso de
Victorino Aguiar de Medeiros - Prof. Souza, donatário da capitania de São
Reg. do 2° seg. do Ens. Fund. da Rede Vicente, mas as terras da região só vieram a
Municipal ser colonizadas em 1594, quando os padres
Wanilda de Amorim Silva - Técnico da da Ordem do Carmo construíram o
Sec. Municipal de Educação e Cultura Convento de Santo Alberto. Sendo assim, a
região passa a integrar o circuito de

180
Legislação Educacional

educação jesuítica implantada no período em virtude da viva oposição que a parte


colonial. conservadora da população ofereceu à idéia
Após a chegada dos Carmelitas, com o desse deslocamento. Vitoriosa a resistência
apoio dos padres jesuítas, houve a dos tradicionalistas que desejavam
possibilidade de concessão de novas conservar a matriz em seu primeiro lugar,
sesmarias nas redondezas. Daí, o iniciou-se, imediatamente, a construção do
incremento na criação de várias fazendas novo templo.
nas terras de Saquarema. A partir de 1660, Em 1841, passados, alguns anos da
Manoel Aguilar Moreira ergueu uma capela construção dessa nova matriz, tal era o
em honra a Nossa Senhora de Nazaré de progresso verificado na sede da freguesia, e
Saquarema. nas povoações circunvizinhas, que o
Hoje encontra-se no mesmo local a Visconde de Baependi, então vice-
Igreja-Matriz. Por pouco tempo depois de presidente da Província resolveu, por força
inaugurada foi ela reconhecida como capela da lei número 238, de 8 de maio desse ano,
curada e filial da Matriz de Nossa Senhora elevar a freguesia à categoria de município.
de Assunção de Cabo Frio. Em 1675, O artigo 1° dessa lei rezava:
estando já em situação precária o edifício da "Fica criada uma - vila - no arraial
capela, foi o seu prédio substituído. denominado- Nossa Senhora de
Pouco menos de um século mais tarde, Saquarema- conservando o mesmo titulo. A
em vista do progresso observado na nova vila ficará pertencendo à comarca de
localidade, o governo, a instância dos Cabo Frio".2
moradores da região, resolveu, por força de Instalada a vila, curta foi a sua
um alvará, datado de 12 de janeiro de 1755 existência, dezoito anos depois, por efeito
conceder ao Curato de Nossa Senhora de do Decreto número 1.128, de 6 de fevereiro
Nazaré de Saquarema, o procedimento de de 1859, retornou ela à categoria de
freguesia, constando das crônicas, ter sido Freguesia. Esse Decreto estava assim
seu 1° vigário o Padre Antônio Moreira. redigido: A sede do município de
Com o correr dos anos, prosperando a Saquarema fica transferida para o lugar de -
freguesia, e não condizendo mais a Mataruna - na freguesia de São Sebastião de
amplitude de seu templo com esse Araruama, e elevada à categoria de - vila -
progresso, os habitantes da margem com a denominação de Vila de Araruama, a
setentrional da Lagoa de Saquarema qual será instalada logo que os habitantes da
requereram permissão ao Bispo D. José localidade apresentarem casas preparadas e
Caetano da Silva Coutinho, em 1820 para mobiliadas a sua custa, para as sessões da
levantar nova matriz. Pediam, também, os Câmara Municipal e do juiz.
signatários desse documento, que o novo Os habitantes de Saquarema protestaram
templo fosse erguido, não no local onde se junto aos poderes competentes,
achava o antigo, na fronteira com mar, mas conseguiram que a localidade fosse, por
sim em um ponto mais central, que força do Decreto número 1.180 de 24 de
oferecesse maior facilidade de acesso ao julho de 1860, reintegrada na categoria de
povo. vila, durando assim, apenas um ano, os
Atendendo a essas ponderações e ao mau efeitos do decreto número 1.128, citado,
estado em que já se encontrava o templo que a espoliara desse título. A reinstalação
antigo, mandou o Bispo citado, por do município verificou-se a 29 de janeiro de
provisão de 12 de maio de 1820, que fosse 1861, entre grandes manifestações de
construída nova matriz no lugar júbilo, por parte de seus moradores.
denominado Boqueirão do Engenho, dentro Por essa época, já bem próspera era a
das 50 braças de terra que, para esse fim, agricultura em Saquarema, onde importante
doara o tenente José de Almeida. foi a contribuição do elemento negro
Entretanto, essa mudança não se verificou, escravizado. A crueldade com que eram

181
Legislação Educacional

tratados todos os escravos pelos antigos Municipal. De acordo com o IDEB (índice
fazendeiros locais, motivou um êxodo de Desenvolvimento da Educação Básica),
considerável de trabalhadores rurais, tão o município vem melhorando seu
cedo começaram a surtir efeitos as desempenho, mas ainda precisa acelerar
determinações abolicionistas contidas na esse desenvolvimento em busca das metas
Lei Áurea, promulgada em 1888 estabelecidas pelo Ministério da Educação,
Já no período republicano, em 3 de conforme podemos depreender do gráfico
janeiro de 1890, a Vila de Saquarema, abaixo:
atingiu sua completa maturidade, em
virtude de lhe ser conferida, nessa data, por
efeito do decreto número 28, elevou-se a
categoria de cidade. Em divisão territorial
datada de 1960 o município é constituído de
3 distritos: Saquarema, Bacaxá e Sampaio
Correa. Assim permanecendo em divisão
territorial datada de 2007

1.2 – O sistema Municipal de Ensino


Contando atualmente com 11.346 alunos
sendo atendidos em 46 escolas municipais,
5 creches municipais, 1 Centro de Apoio e No referido gráfico, as colunas em
Educação Escolar e 1 Lar das Crianças amarelo e verde dizem respeito ao índice
Especiais de Saquarema, a Rede Municipal esperado do município de forma
de Ensino vem buscando aprimorar a longitudinal até o ano de 2021 e as colunas
qualidade da educação que vem sendo em azul e vermelho referem-se aos índices
oferecida a população saquaremense, na alcançados até então. Em uma análise
estrutura que se segue abaixo: global do desempenho, pode-se perceber
O Sistema Municipal de Ensino de que no que tange os anos iniciais, o
Saquarema compõe-se: município alcançou em 2007, o índice
do Conselho Municipal de Educação; esperado em 2011 e, portanto tende a
da Secretaria Municipal de Educação e atingir sua meta principal antecipadamente.
Cultura Entretanto, há uma necessidade de
das Instituições Educacionais mantidas atenção especial aos índices observados os
pelo Poder Público Municipal, a saber: anos finais que entre os anos de 2005 e 2007
• 5 de Educação Infantil, modalidade sofreram decréscimo de 0,3 pontos e se
Creche; distanciaram na mesma proporção da meta
• 35 de Educação Infantil e de Ensino projetada para o ano de 2007. Torna-se
Fundamental; então um desafio ao município estabelecer
• 5 de Ensino Fundamental; um programa educacional que suplante esse
• 1 de Educação Especial; índice em um esforço conjunto do Poder
Total: 46Unidades Escolares Público Municipal e da Sociedade Civil
Organizada. Algumas diretrizes já foram
A Educação de Jovens e Adultos é colocadas em prática, sobretudo no que diz
oferecida em 5 escolas que abrigam respeito a permanência dos alunos na
também a modalidade de Ensino escola. O programa de transporte, além de
Fundamental. contar com o auxílio dos programas
Contudo, diante de alguns índices de governamentais estaduais e federais,
desenvolvimento da eficácia escolar, também conta com frota própria municipal,
diagnostica-se a necessidade de uma atendendo as mais diversas regiões do
atenção redobrada para a Educação município. Entretanto, outras medidas

182
Legislação Educacional

estruturais e pedagógicas precisam ser educação básica, tem como finalidade o


implementadas na região para atender essa desenvolvimento integral da criança até seis
demanda educacional. anos de idade, em seus aspectos físico,
psicológico, intelectual e social,
Diante desse quadro, a comissão de complementando a ação da família e da
elaboração decidiu ter como texto base para comunidade". A ratificação dessa
a Proposta do Plano Municipal de modalidade torna-se fundamental para o
Saquarema, os documentos preliminares desenvolvimento infantil desde a mais tenra
produzidos para a CONAE pelos vários idade. Historicamente, a Educação Infantil
grupos de discussão na cidade . Desta tem seus pressupostos analisados mais
forma, fica caracterizado que além da amplamente, a partir da década de 60 do
representatividade dos membros desta século passado e mais precisamente no
comissão, o caráter democrático do Brasil, a partir da década de 70.
documento que se legitima uma vez que seu A urbanização e a participação feminina
texto-base foi concebido com a participação no mercado de trabalho, de certa forma
da comunidade saquaremense em diversos impulsionou as modificações necessárias a
pólos de atuação, em seus diversos distritos. essa modalidade de ensino. Aliada a esse
A organização do documento apresenta quadro histórico-social nos deparamos com
a estrutura a saber: as teorias educacionais que ampliam a
Diagnóstico: Onde o panorama geral da mediação pedagógica na direção da
modalidade de ensino é apresentado assim primeira infância. Sendo assim, as
como as peculiaridades locais: Diretrizes Curriculares Nacionais
Diretrizes: Onde as orientações destinadas a Educação Infantil enunciam
emanadas pelos órgãos superiores e o através do Parecer CEB do CNE n.° 022/98,
encaminhamento filosófico se destaca que "as Diretrizes Curriculares Nacionais
Metas e objetivos: Onde ficam para a Educação Infantil contemplando o
determinados os objetivos a serem trabalho das creches para as crianças de O a
atingidos em um prazo máximo de até dez 3 anos e nas chamadas pré-escolas (...) para
anos, período de vigência do presente as de 4 a 6 anos, além de nortear as
plano. propostas curriculares e os projetos
pedagógicos, estabelece paradigmas para a
2. Níveis e Modalidade de Ensino própria concepção destes programas de
No sentido de atender as demandas cuidado e educação com qualidade".
diagnosticadas pelos diversos grupos de Portanto, o educar/cuidar toma-se um
discussão que produziram o documento binômio de extremada importância na
preliminar da CONAE na etapa municipal formação dos sujeitos. Cuidar e educar,
da Cidade de Saquarema, optou-se por assistir ou cuidar, assistir e educar durante
organizar as necessidades municipais a muito tempo foi a dicotomia instaurada no
partir das modalidades de ensino trabalho com crianças pequenas. Esta falsa
preconizadas pela Lei de Diretrizes e Bases dicotomia, assistir e/ou educar, produzida e
da Educação Nacional n° 9394/96, a saber: cultivada durante muito tempo, passou a
- Educação Infantil fazer parte das discussões sobre a
- Ensino Fundamental importância destes aspectos para o
- Educação de Jovens e Adultos desenvolvimento da criança pequena, e ao
- Educação Especial mesmo tempo significar e diferenciar os
- Educação Ambiental equipamentos conforme um ou outro
pressuposto.
2.1.1 - Diagnóstico No contexto atual, compreendemos que
Segundo a Lei 9394/96, em seu Art. 29. educar/cuidar são faces da mesma moeda
"A educação infantil, primeira etapa da no desenvolvimento pedagógico cotidiano

183
Legislação Educacional

da Educação Infantil, sobretudo na direito de atendimento especializado.


modalidade creche (atendendo as crianças 4. Assegurar que, em dois anos, todas
de O a 3 anos de idade). as instituições de educação infantil tenham
formulado seus projetos político
2.1.2 - Diretrizes: pedagógicos, com a participação de seus
A Educação Infantil como primeira profissionais de educação, com base nas
etapa da Educação Básica estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais ;
bases da personalidade humana, da 5. Aperfeiçoar, continuadamente, o
inteligência, da vida emocional, da sistema de acompanhamento, controle e
socialização. As primeiras experiências da supervisão nos estabelecimentos públicos e
vida são as que marcam mais privados que ministram Educação Infantil
profundamente os sujeitos. Quando buscando a adoção de medidas de melhoria
positivas, tendem a reforçar as atitudes da qualidade do atendimento;
futuras do ser humano, em todos os 6. Garantir recursos financeiros
aspectos. necessários à universalização do
Essa educação começa na família, na atendimento da demanda de pré-escola e o
comunidade e nas instituições, que vem se crescimento da oferta de vagas em creches
tornando cada vez mais necessária a na Rede Pública, acompanhando o
complementação educacional. crescimento populacional, priorizando-se
As diretrizes curriculares nacionais as áreas de IDH mais baixo e o atendimento
definidas pelo Conselho Nacional de aos alunos com necessidades educacionais
Educação e o Art. 9°, Inciso IV DA LDB especiais, transtornos globais e funcionais.
9394/96, determinam as normas dos 7. Implantar conselhos escolares e
sistemas de ensino dos estados e outras formas de participação da
municípios, para a elaboração das propostas comunidade escolar e local na busca da
pedagógicas para crianças de O a 5 anos. melhoria do funcionamento das instituições
O município de Saquarema conta hoje de Educação Infantil;
com o atendimento a 519 crianças na 8. Intensificar as ações integradas de
modalidade creche e 1529 alunos na atendimento à criança e à família,
modalidade pré-escola. Considerando a fortalecendo a macro função de políticas
necessidade de universalização nessa sociais e proporcionando um aumento na
modalidade de ensino, ficam estabelecidos qualidade e na eficiência dos serviços
os pressupostos prestados;
Estabelecer, no prazo de cinco anos,
2.1.3- Objetivos e metas: programas de orientação aos pais com
1. Ampliar a oferta de Educação filhos de O a 6 anos, com a colaboração dos
Infantil de forma a atender, em cinco anos, setores responsáveis pela educação, saúde e
a 30% das crianças de O até 3 anos, da assistência social, oferecendo informações
população residente em regiões de IDH necessárias ao pleno desenvolvimento
mais baixo e a 80% da população de 4 a 6 físico, emocional, cognitivo e social das
anos; crianças;
2. Atingir, em 10 anos, o atendimento 10. Autorizar o funcionamento das
a 60% das crianças de O a 3 anos, da instituições de educação infantil que
população residente em regiões de IDH cumpram os padrões essenciais de
mais baixo; infraestrutura básica adequada que,
3. Assegurar a partir da aprovação respeitando as diversidades da cidade,
deste Plano, que crianças portadoras de assegurem o atendimento às necessidades
necessidades educacionais especiais sejam do processo educativo de acordo com as
atendidas na rede regular de Creches e Pré- distintas faixas etárias, observando as
escolas, garantindo suas necessidades e o normas vigentes:

184
Legislação Educacional

a) Espaço interno, com iluminação, garantia de vaga em todas as Unidades de


insolação, ventilação, rede elétrica e Saúde oferecida pelo Poder Público
segurança, água potável, esgotamento Municipal, às crianças de O a 6 anos
sanitário; matriculadas na Rede Municipal de Ensino,
b) Instalações sanitárias e para a pelos seguintes especialistas:
higiene pessoal das crianças; fonoaudiólogo, fisioterapeuta.
c) Instalações para preparo e/ou psicomotricista. nutricionista. dentista.
serviço de alimentação; oftalmologista, psicólogo, assistente social
d) Ambiente interno e externo para o e outros
desenvolvimento das atividades, conforme
as diretrizes curriculares e a metodologia de 2.2 - Ensino Fundamental
Educação Infantil, incluindo o repouso, a 2.2.1- Diagnóstico:
expressão livre, o movimento e o Desde o Manifesto dos Pioneiros da
brinquedo; Educação, datado de 1932, há a
e) Mobiliário, equipamentos e preocupação do Estado em universalizar o
materiais pedagógicos; ensino, sobretudo o denominado pela LDB
f) Adequação às características das 9394/96. Ensino Fundamental. A
crianças especiais; constituição de 1988 em seu Artigo 208
11. Adaptar os prédios de Educação preconiza:
Infantil de modo que todos estejam
conforme aos padrões essenciais de Art. 208 - O dever do Estado com a
infraestrutura básica estabelecidos, no educação será efetivado mediante a
prazo de dez anos; garantia de:
12. Garantir a alimentação escolar para - ensino fundamental obrigatório e
as crianças atendidas na educação infantil, gratuito, assegurada, inclusive, sua oferta
nos estabelecimentos públicos com gratuita para todos os que a ele não tiveram
recursos próprios e colaboração financeira acesso na idade própria;
da União; II - progressiva universalização do
13. Assegurar o fornecimento de ensino médio gratuito;
materiais pedagógicos adequados às faixas III - atendimento educacional
etárias e às necessidades do trabalho especializado aos portadores de
educacional e especializado, de forma que, deficiência, preferencialmente na rede
em cinco anos, sejam atendidos os padrões regular de ensino;
essenciais de infraestrutura definidos; IV - educação infantil, em creche e pré-
14. Oferecer às entidades conveniadas escola, às crianças até 5 (cinco) anos de
ao Poder Público Municipal, que atendam idade;
Educação Infantil na modalidade Creche, V - acesso aos níveis mais elevados do
recursos financeiros de acordo com a ensino, da pesquisa e da criação artística,
possibilidade orçamentária do município à segundo a capacidade de cada um;
guiza de ajuda de custos que será VI - oferta de ensino noturno regular,
gerenciada pela Instituição e fiscalizada adequado às condições do educando;
pelos órgãos municipais competentes. VII - atendimento ao educando, no
15. Articular democraticamente as ensino fundamental, através de programas
ações municipais com as promovidas pelas suplementares de material didático-
esferas estadual e federal, visando à escolar, transporte, alimentação e
necessária integração dos Planos de assistência à saúde.
Educação, na Educação Infantil.
16. Tornar obrigatória a parceria com a Sendo assim, o ensino obrigatório em
Secretaria Municipal de Saúde, no que se todas as suas modalidades torna-se direito
refere ao atendimento/tratamento com público subjetivo. O esforço conjunto entre

185
Legislação Educacional

União, Estados e Municípios deve se escolar. O direito ao Ensino Fundamental


caracterizar pela prioridade a essa etapa da não se refere apenas a matrícula, mas ao
Educação Básica. ensino de qualidade, até a sua conclusão.
Cabe ressaltar ainda que no Brasil, m atraso no percurso escolar resultante
31,4% da população tem até três anos de da reprovação, repetência e evasão, sinaliza
estudo, 15% entre 8 e 10 anos, 14,9% de 11 para a necessidade de políticas
a 14 anos e somente 4,1% mais de 15 anos. educacionais destinadas a correção da
Portanto, é compreensível o esforço da distorção idade/série , pois a expressiva
nação, nestas últimas décadas, de suprir as presença de jovens, com mais de 14 anos no
lacunas neste nível de ensino (de 1991 até Ensino Fundamental, demanda a criação de
2001, a taxa de atendimento à faixa dos sete condições próprias para a aprendizagem
aos 14 anos foi ampliada de 79,42% para dessa faixa etária, adequadas à sua maneira
94,52%) e não só erradicar o analfabetismo, e usar o espaço, o tempo, os recursos
como afastar o fantasma do analfabetismo didáticos e as formas peculiares que a
funcional (que atinge, teoricamente, juventude tem de conviver.
aqueles que não concluíram os cinco A oferta qualitativa deverá, em
primeiros anos do Ensino Fundamental), decorrência regularizar os percursos
implantando ações para evitar a repetência escolares, permitindo que as crianças e
e o abandono escolar. Atualmente. os adolescentes permaneçam na escola o
alunos levam, em média, 10,4 anos para tempo mínimo e necessário para concluir
completar os nove anos de escolaridade essa etapa de ensino, eliminando mais
previstos para o Ensino Fundamental. rapidamente o analfabetismo e elevando
m nível de desempenho dos alunos gradativamente a escolaridade da
está abaixo do desejável, conforme população. A adequação da relação
verificamos nos índices medidos pelo idade/série poderá se dar a partir de
IDEB. Compreendemos, portanto que há estratégias do próprio Poder Público
necessidade de, após o salto quantitativo, Municipal, assim como de programas
promover o salto qualitativo do Ensino financiados por ele.
Fundamental, a fim de não assegurarmos Uma escola com atendimento em tempo
apenas o ingresso nas unidades escolares, integral, oportunizando orientação no
mas o sucesso de cada um desses alunos. cumprimento dos deveres escolares, na
m município de Saquarema atende prática de esportes, desenvolvimento de
5986 alunos do Ensino Fundamental nos atividades artísticas e alimentação
Anos Iniciais e 3049 nos Anos Finais, adequada, no mínimo com quatro refeições,
sendo o Ensino Regular obrigatório uma é um avanço significativo para diminuir as
prioridade nessa cidade. desigualdades sociais e ampliar
democraticamente as oportunidades de
2.2.2- Diretrizes: aprendizagem.
As diretrizes norteadoras da educação
fundamental estão contidas na Constituição 2.2.3 - Objetivos e metas
Federal, na Lei de Diretrizes e Bases da 1. Garantir o acesso e a permanência,
Educação Nacional e nas Diretrizes com sucesso, de todas as crianças na escola,
Curriculares para o Ensino Fundamental. estabelecendo, as regiões em que se
Como já estabelece o Plano Nacional de demonstrar necessário, programas
Educação de 2001, o Ensino Fundamental específicos, com a colaboração da União e
deverá atingir a sua universalização, sob a do Estado.
responsabilidade do Poder Público 2. Manter a duração de nove anos do
Municipal. Considerando a Ensino Fundamental obrigatório, com
indissociabilidade entre acesso, início aos seis anos de idade.
permanência e qualidade na educação

186
Legislação Educacional

3. Regularizar o fluxo escolar, g) Telefone e serviço de reprodução de


focalizando os seguintes aspectos: textos;
• Assegurar o sucesso do aluno na h) Informática e equipamento
escola, a partir de um trabalho pedagógico multimídia para ensino;
qualificado voltado para a constituição de i) Auditório;
conhecimentos e valores. A mudança j) Quadra coberta.
qualitativa para o aluno é quando ele se 5. A partir da vigência deste plano,
apropria da leitura, da escrita, de conceitos somente poderão ser construídas escolas
matemáticos, da perspectiva histórica e que atendam aos pré-requisitos de
geográfica e do olhar investigativo das infraestrutura. definidos no item anterior.
Ciências, o que deve acontecer nos anos 6. Assegurar que todas as escolas
iniciais da escolaridade. Portanto, a ênfase tenham seus projetos pedagógicos, com
nesses aspectos é um objetivo central do observância das Diretrizes Curriculares
trabalho neste primeiro segmento e que para o Ensino Fundamental. No que se
deverá ser aprofundado, por intermédio das refere às escolas da Rede Pública Municipal
áreas específicas no segundo segmento de Ensino, observar as orientações
• Criar mecanismos de apoio aos emanadas da Matriz Básica Curricular da
alunos que ingressam tardiamente na escola Cidade de Saquarema.
e àqueles que apresentam distorção 7. Potencializar e qualificar a
idade/série, garantindo instrumentos de discussão sobre os princípios da avaliação
monitoramento e avaliação desse processo; diagnóstica, processual, formativa e
• Estreitar a parceria com o prospectiva de forma comprometida com
Ministério Público e os Conselhos uma aprendizagem inclusiva.
Tutelares no combate à evasão: 8. Garantir a participação da
• Garantir a recuperação paralela aos comunidade na gestão das escolas.
alunos que apresentam algum tipo de 9. Prover as Salas de Leitura das
dificuldade no processo ensino- escolas de Ensino Fundamental de textos
aprendizagem; científicos, obras básicas de referência,
• Reduzir as taxas de repetência e livros e materiais didático-pedagógicos de
evasão contribuindo para diminuição das apoio ao professor e ao aluno.
desigualdades sociais; 10. Garantir, com a colaboração da
4. Garantir os padrões essenciais de União, o Programa de Alimentação Escolar,
infraestrutura para o Ensino Fundamental, bem com os níveis calórico-proteicos por
compatíveis com a realidade física de cada faixa etária.
estabelecimento, incluindo: 11. Garantir, no Ensino Fundamental,
a) Espaço, iluminação, insolação, que as escolas funcionem, no máximo em
ventilação. água potável, rede elétrica, dois turnos, sendo permitido ter um turno
segurança e temperatura ambiente; expandido para o atendimento ao Ensino de
b) Instalações sanitárias e para Jovens e Adultos.
higiene; 12. Assegurar a elevação progressiva
c) Espaço para esporte, recreação, do nível de desempenho dos alunos,
midiateca, biblioteca e/ou sala de leitura, e mediante programas de monitoramento
serviço de alimentação escolar; constante.
d) Adaptação dos edifícios escolares 13. Proceder à atualização do
para o atendimento dos alunos portadores mapeamento das crianças fora da escola,
de necessidades especiais: por bairro, a partir dos dados do Censo
e) Atualização e ampliação do acervo Nacional do IBGE, visando localizar a
de bibliotecas e/ou salas de leitura; demanda e garantir a universalização da
f) Mobiliário, equipamentos e oferta do ensino fundamental.
materiais pedagógicos;

187
Legislação Educacional

14. Orientar, sistematicamente, a ensino tem apresentado grande crescimento


escolha do livro didático, de acordo com os ano a ano (mais de 10%). Outro dado
princípios filosóficos e metodológicos, importante provém do Programa Nacional
coerentes com Matriz Básica Curricular da de Amostragem por Domicílio (Pnad), do
Cidade de Saquarema e o Projeto Político IBGE. a população de 25 anos ou mais, cuja
Pedagógico da Unidade Escolar média de escolaridade é de 6,1 anos, está
15. Apoiar e incentivar as retornando aos estudos: quase 3,7 milhões
representações/organizações estudantis nesta faixa etária (cerca de 55 do total)
como espaços de participação e exercício estavam na educação básica, em 2002.
da cidadania. Revelando a mobilização dos cidadãos no
sentido de requerer seu direito à educação,
2.3 - Educação de Jovens e Adultos a qualquer hora, em qualquer idade.

2.3.1- Diagnóstico 2.3.2- Diretrizes:


O nível fundamental deve ser oferecido A Educação de Jovens e Adultos se
gratuitamente pelo Estado a todos os que a coloca como prioridade social, para isso
ele não tiveram acesso na idade própria. estaremos definindo como diretrizes:
Apesar de se tratar de uma dívida histórica • Assegurar a oferta de educação,
do Estado com seus cidadãos, a tarefa é de ensino fundamental e médio, para jovens
tal magnitude que o regime de colaboração que a partir de 14 anos não tenham atingido
entre as diferentes esferas do governo e a sua escolaridade em idade compatível;
sociedade civil é imprescindível para o • Estimular o mapeamento da
sucesso da empreitada. Basta analisarmos população analfabeta visando localizar a
alguns dados disponibilizados pelo IBGE e demanda e programar a oferta de Educação
MEC: de Jovens e Adultos para essa população;
• No Brasil, existem 16,3 milhões de • Investir também no ensino
analfabetos absolutos, que correspondem a fundamental regular para que o
13,6% da população, taxa mais alta que a analfabetismo seja erradicado;
média geral da América Latina, de 11,7%. • Consolidar a Educação de Jovens e
Oito milhões de chefes de domicílio Adultos como direito constitucional de
brasileiros são analfabetos. todos, independente da idade;
• Segundo projeção do IPEA • Definir uma Política Nacional,
(Instituto de Pesquisas Econômicas Estadual e Municipal de EJA, articulando e
Aplicadas), chegaremos a 2020 com quatro fomentando ações, consolidando a área,
milhões, se continuarmos investindo em ampliando os esforços para novas
programas de erradicação. implantações;
• A UNESCO prevê, entretanto, que • Equacionar o atendimento ao
o Brasil não cumprirá o compromisso universo de analfabetos, analfabetos
assumido no Fórum Mundial da Educação funcionais e pessoas de escolaridade
de Dakar (2000), de colaborar para a descontinua;
redução, pela metade, da população • Criar banco de dados com índice de
mundial de 824 milhões de analfabetos até aproveitamento escolar em toda clientela
2015: o órgão acredita que teremos melhora EJA. 2.3.3- Objetivos e metas:
de, no máximo, 30 a 40%. 1- Ampliar a oferta de cursos de
O universo dos brasileiros adultos que Educação de Jovens e Adultos em caráter
necessitam voltar às salas de aula, portanto, presencial, quando necessário.
é imenso. Contudo, a EJA atende somente 2- Garantir e expandir os Programas
4.403.436 indivíduos, O índice dos que Municipais que ofereçam Educação de
estudam em instituições públicas é de 94%. Jovens e Adultos, de acordo com as
A boa notícia é que esta modalidade de Diretrizes Curriculares Nacionais,

188
Legislação Educacional

priorizando as áreas do município que 11- Garantir o ingresso na EJA a


apresentem IDH mais baixo. pessoas portadoras de deficiência,
3- Garantir que todas as ações expandindo o mesmo todo tipo de
desenvolvidas na Educação de Jovens e atendimento às necessidades educacionais
Adultos, no âmbito do Poder Executivo especiais, transtornos globais e funcionais
Municipal, sejam supervisionadas, oferecido aos alunos matriculados no
acompanhadas e coordenadas pela ensino regular.
Secretaria Municipal de Educação e Cultura 12- Garantir com a colaboração da
(SMEC). União, o Programa de Alimentação
4- Investir, permanentemente. na Escolar;
formação em serviço dos professores que 13- Garantir recursos técnicos,
atuam na Educação de Jovens e Adultos, didáticos e pedagógicos necessários ao
com ações variadas, priorizando a parceria funcionamento da Educação de Jovens e
com as Universidades, assim como Adultos no município.
Organizações da Sociedade Civil. 14- Garantir a Modalidade EJA para
5- Proceder ao mapeamento da todo o Ensino Fundamental.
demanda de Educação de Jovens e Adultos O município de Saquarema atende 582
a partir dos dados do Censo Nacional do alunos na modalidade EJA, contudo sua
IBGE, visando à ampliação da oferta desse demanda ainda não está totalmente
atendimento. atendida.
6- Incentivar a parceria entre
instâncias da sociedade civil e do Poder 2.4 – Educação Especial
Público Municipal para que sejam 2.4.1- Diagnóstico:
oferecidos cursos básicos de formação Tendo em vista o objetivo de inclusão
profissional para jovens e adultos social dos portadores de deficiências (610
matriculados na EJA. milhões em todo o mundo, sendo que 80%
7- Estimular, no âmbito da Cidade de nos países em desenvolvimento) e à
Saquarema, a articulação de políticas de garantia de seu direito à educação e cultura,
Educação de Jovens e Adultos com as de trabalho e lazer, a ONU, em 1990, editou a
geração de emprego e proteção contra o Resolução 45/91, da qual constam os
desemprego. princípios que devem pautar a construção
8- Articular, permanentemente, as de uma sociedade para todos. O prazo para
políticas de Educação de Jovens e Adultos que ela se torne real se esgota em 2010. O
com as políticas culturais do município, Brasil possui uma legislação avançada no
estimulando a ampliação do capital cultural tocante aos direitos dos portadores de
dos alunos. deficiências (ou necessidades especiais),
9- Assegurar a realização de mas ainda está longe de se tornar um
programas de formação continuada de modelo de sociedade inclusiva. A educação
professores que favoreçam a atuação desses inclusiva, porém, ao quebrar preconceitos e
profissionais, de acordo com as ensinar o convívio com a diferença, pode
necessidades, expectativas e contribuir de forma decisiva para que esta
especificidades de alunos jovens e adultos. utopia se aproxime da realidade.
10- Estabelecer parcerias com O Censo 2007 do IBGE, seguindo a
instituições de ensino superior que Classificação Internacional de
desenvolvam ações de ensino, pesquisa e Funcionalidade, Incapacidade e Saúde da
extensão na área de educação de jovens e OMS, constatou que existem, no Brasil,
adultos, favorecendo o desenvolvimento de 24,5 milhões de deficientes (14,5 por cento
projetos compromissados com a melhoria da população, bem mais que os 10%
do ensino na EJA tanto na educação básica estimados para cada grupo populacional):
quanto na educação superior. 8,3% têm problemas mentais; 4,1%, físicos;

189
Legislação Educacional

22,9%, motores; 48,1%, visuais e 16,7%, cerca de 10% das pessoas com deficiências
auditivos. Nove milhões estão em idade ainda estão fora do sistema escolar.
produtiva, somente 1,1 milhão exercem O município de Saquarema atende em
atividades remuneradas. Devido às sua rede 414 alunos com necessidades
barreiras que ainda condenam muitas destas educacionais especiais, contando com um
pessoas ao isolamento, elas também estão pólo de atendimento especializado, o
em desvantagem no que diz respeito ao CAIE- Centro de Apoio a inclusão Escolar.
acesso à educação: o percentual de não Contudo, a demanda do município ainda
alfabetizados entre brasileiros de zero a 17 não está totalmente atendida.
anos que portam alguma deficiência (cerca
de três milhões de pessoas) é o dobro que 2.4.2- Diretrizes:
entre não portadores. O último Relatório Destinada às pessoas com "necessidades
Situação da Infância Brasileira, do Unicef, especiais no campo da aprendizagem,
alerta que a taxa de analfabetismo entre originadas quer de deficiências física,
crianças de sete e 14 anos não deficientes é sensoriais, mental ou múltipla, quer de
de 11,7%, contra 22,4% entre as características como altas habilidades
deficientes. superdotação ou talentos" (PNE, p. 58), a
O Brasil tem tentado alterar esse quadro Educação Especial impõe uma politica de
e expandir o atendimento educacional a criação de condições efetivas nas classes
portadores de deficiências, sobretudo nas comuns do sistema regular de ensino nas
classes regulares, incentivando as escolas a salas de recursos, para inclusão desses
se adaptarem aos alunos com necessidades sujeitos à vida escolar e, consequentemente
especiais. A inclusão nas classes regulares na vida econômica e social.
é uma recomendação da LDB. Em 2001, Conforme as Diretrizes Nacionais para
uma resolução do Conselho Nacional de Educação Especial na Educação Básica
Educação instituiu as Diretrizes Nacionais (2001. p. 19) são considerados alunos com
para a Educação Especial na Educação necessidades educacionais especiais
Básica. O MEC elaborou, ainda, as aqueles que demonstrem dificuldades
"Adaptações Curriculares — estratégias acentuadas de aprendizagem ou limitação
para a educação de alunos com no processo de desenvolvimento global que
necessidades especiais", complementando dificultem o acompanhamento das
os PCNs. Também disponibiliza o atividades curriculares compreendidas em
"Programa nacional de capacitação de três grupos:
recursos humanos do ensino regular para 1. Aquelas não vinculadas a urna
atuar com alunos com necessidades causa orgânica específica;
especiais" a estados e municípios. 2. Aquelas relacionadas a condições,
Entidades como AACD e APAE capacitam disfunções, limitações ou deficiências;
professores do ensino regular, no qual se 3. Aquelas correspondentes a altas
encontram 30,3% dos 503.570 alunos habilidades/superdotação, grande
brasileiros portadores de deficiências (em facilidade de aprendizagem que leve a
1998, esse índice era 15%). O MEC dominar rapidamente os conceitos e que,
pretende que, até 2006, todas as escolas por ter condições de aprofundar e
públicas sejam inclusivas. enriquecer os conteúdos deve receber
desafios suplementares em classes comuns,
Apesar dos avanços, o setor público em salas de recursos ou em outros espaços
ainda deve muito aos portadores de definidos pelo sistema de ensino, para
deficiências. Dos 358.987 que estudam concluir em menor tempo a série ou etapa
exclusivamente em escolas e classes escolar.
especiais, somente 139.177 estão em Nesse entendimento a abrangência das
alguma instituição pública. Estima-se que políticas de interação e inclusão envolve

190
Legislação Educacional

não só os espaços escolares e dos para o pessoal da unidade escolar e, também


profissionais, mas também a participação para seus familiares e toda a Comunidade
da família e diversos segmentos sociais no Escolar. mediante um programa de
sentido de se construir e promover formação de usuários da língua.
mudanças no atendimento aos discentes 8- Em coerência com a política de
com necessidades educacionais especiais, inclusão, estabelecer padrões para
para o exercício da cidadania. adaptação de prédios e novas construções,
de acordo com as leis de acessibilidade
2.4.3- Objetivos e metas: vigentes.
1- Garantir a continuidade de oferta de 9- Garantir o cumprimento das normas
Educação Especial no Sistema Municipal do Conselho Municipal no que se refere à
de Ensino; Educação Especial.
2- Dar continuidade aos programas de 10- Ampliar o fornecimento e uso de
formação continuada para os professores da equipamentos, inclusive os de informática,
rede pública municipal, oferecendo cursos adaptados às necessidades especiais dos
sobre o atendimento especializado a alunos alunos.
com necessidades educacionais especiais, 11- Prover transporte escolar com as
transtornos globais e funcionais inclusive adaptações necessárias aos alunos que
com a utilização de diferentes mídias. apresentem dificuldade de locomoção.
3- Estimular parcerias entre as escolas 12- Assegurar a inclusão, no projeto
da rede particular, as universidades e as pedagógico das unidades escolares, do
instituições públicas e filantrópicas atendimento às necessidades educacionais
especializadas, para aperfeiçoamento dos especiais e transtornos globais e funcionais
profissionais que trabalham no atendimento de seus alunos, definindo os recursos
especializado a alunos com necessidades disponíveis.
educacionais especiais, transtornos globais 13- Definir, no prazo de cinco anos,
e funcionais. condições para a terminalidade específica
a. Oferecer formação específica para de educandos que não puderem atingir
profissionais da Educação em LIBRAS, níveis ulteriores de ensino.
Braille a Atendimento Educacional 14- Implementar programas específicos
Especializado. de atendimento a alunos com altas
4- Manter, na rede pública, a oferta de habilidades.
atendimentos educacionais especializados, 15- Garantir e ampliar o Atendimento
adequados às características e necessidades Educacional Especializado a partir do apoio
apresentadas individualmente pelos alunos, dos seguintes profissionais psicólogo,
ampliando-os quando necessário. As fonoaudiólogo, terapeuta educacional,
demais escolas que compõem o sistema psicopedagogo e assistente social.
municipal deverão seguir as normas do 16- Garantir a adequação da legislação
Conselho Municipal de Educação. municipal, no sentido de inserir no quadro
5- Ampliar, para as escolas públicas do funcional da SMEC os seguintes cargos:
município de Saquarema, a produção e psicólogo educacional, fonoaudiólogo
aquisição de livros didáticos e de literatura, educacional, terapeuta ocupacional,
em braille , para todos os alunos cegos e psicopedagogo e assistente social.
produzir livros adaptados para os alunos de 17- Garantir o processo de avaliação
visão subnormal. educacional dinâmico e ajustado as
6- Manter as escola equipadas com possibilidades de aprendizagem que
aparelhos de amplificação sonora para analisem o desempenho dos alunos em
surdos. relação aos aspectos quantitativos e ao seu
7- Garantir a utilização da língua processo individual de desenvolvimento.
brasileira de sinais para os alunos surdos,

191
Legislação Educacional

18- Garantir o passe livre no transporte Para consolidar essa concepção de


público para os alunos com necessidades educação ambiental, outra diretriz
especiais, estendendo esse direito a seu fundamental é o reconhecimento de que a
acompanhante. No que se refere à educação ambiental é um instrumento de
frequência escolar, garantir tratamento reflexão na escola e uma prática cidadã.
específico e atendimento no contra-turno. A escola precisa fortalecer as políticas
19- Garantir ao aluno oriundo de públicas que favoreçam a construção de
atendimento educacional especializado a projetos ambientais escolares que resgatem
inserção no mercado de trabalho, do processo pedagógico a capacidade de
oferecendo programas de qualificação viabilização.
profissional. É fundamental a inserção da dimensão
20- Assegurar o cumprimento da ambiental nos PPP, para o fortalecimento
legislação destinada a acessibilidade, da educação ambiental como política
garantindo as adaptações arquitetônicas nos pública, consolidando a função social da
prédios e espaços públicos e privados. educação que se compromete com a
a. Estabelecer parcerias institucionais ecologia.
para o desenvolvimento de programas Os projetos escolares deverão juntar-se
profissionalizantes para atender aos alunos em ações de parceria com outras
com necessidades educacionais especiais instituições, estímulo a mediação
da Rede Municipal de Ensino. pedagógica, reconhecimento dos múltiplos
b. Garantir anualmente no saberes, respeito a diversidade biológica e à
planejamento orçamentário municipal a diferença cultural e étnica, descentralização
destinação de recursos financeiros das ações, transversalização da educação
destinados ao atendimento das atividades ambiental em projetos e programas,
relacionadas a Educação Especial no currículos, respeito à autonomia e liberdade
âmbito do município. dos sujeitos, adoção de princípios à
construção de sociedades sustentáveis.
2.5 – Educação Ambiental
2.5.3- Objetivos e metas:
2.5.1- Diagnóstico 1. Promover a educação ambiental em
A preocupação com a diversidade todas as idades, níveis e modalidades como
ambiental é uma constatação notória. direito de toda a comunidade escolar;
É necessário um cuidado especial e, 2. Apoiar ações de educação
diante disso Saquarema promove algumas ambiental articuladas com projetos
ações para melhoria da qualidade de vida políticos pedagógicas das escolas, com o
através da preservação ambiental, porém envolvimento dos profissionais da rede, na
ainda as escolas têm dificuldade em conscientização;
contemplar no currículo a educação 3. Garantir meios e espaços
ambiental como ferramenta pedagógica. permanentes de divulgação, discussão e
O município de Saquarema, por se compartilhamento de vivências da
encontrar em região urbana e rural possui educação ambiental, garantindo recursos
responsabilidade compartilhada para através da promoção de parcerias com o
atingir as metas determinadas a nível órgãos públicos e privados.
nacional, através da Agenda 21. 4. Promover a discussão em 100% das
escolas em 2 anos, com culminância em
2.5.2- Diretrizes projetos semestrais, sobre alternativas de
A educação ambiental não pode ser vista sustentabilidade e superação de práticas que
como caráter neutro, é necessário pensá-la resultam em degradação socioambiental,
com o objetivo de proteger o ambiente no por meio de conferências inter-escolares
município de Saquarema. que promovam as discussões político-

192
Legislação Educacional

pedagógicas dos assuntos ambientais do 3.1.1— Diagnóstico


município e favoreçam a formação A atual sistemática de financiamento da
continuada em serviço; educação no Brasil tem por alicerce a
5. Implementar a educação ambiental Constituição Federal, a Nova LDB e a
nos currículos da educação em todas as legislação do FUNDEB.
etapas e níveis em 2 anos; A Constituição Federal garantiu um
6. Apoiar as escolas que apresentam grande avanço quando fixou percentual
iniciativas de educação ambiental; mínimo de aplicação de recursos públicos
7 Orientar 100% das escolas para que na na educação, para cada esfera de governo.
elaboração de seus projetos pedagógicos e A Nova LDB detalha estes parâmetros,
ambientais sejam ressaltados os aspectos definindo claramente o que é e o que não é
culturais, promovendo diálogos de saberes, despesa com educação. O FUNDEB por sua
cooperação e tolerância à diversidade vez tenta garantir a equidade da aplicação
existente; de recursos da educação em todo o território
8. Promover intercâmbios e diálogos nacional, através da definição de um valor
locais para facilitar a interação e mínimo por aluno, com recursos de um
possibilidade à aproximação e formação de fundo com a participação de todos os entes
uma ampla comunidade de aprendizagem federados e complementados pela União.
sobre assuntos ambientais; Apesar destes avanços, o investimento
9. Realizar anualmente uma campanha em educação no Brasil, em termos de
de mídia para dar visibilidade às diversas Percentual do Produto Interno Bruto ainda
atividades e vivências em educação esta longe de ser satisfatório. Isto
ambiental: particularmente agravado em momentos de
10. Apoiar parcerias entre as baixa atividade econômica, onde a
universidades e escolas no sentido de arrecadação de impostos não mantém o seu
oferecer oficinas e cursos fortalecendo o ritmo normal de crescimento para fazer face
saber cientifico nas unidades de ensino. às necessidades da educação.
A maior disponibilidade de recursos
3 - Elementos norteadores da para a educação pode se dar de duas formas:
educação através do aumento do valor aplicado na
Visando implementar a politica educação e na melhor qualidade do gasto
educacional saquaremense, além de criar as publico.
metas em cada nível ou modalidade de Em relação à aplicação de recursos é
ensino, faz-se necessário salientar alguns necessária uma vigilância da sociedade em
elementos que norteiam as práticas relação aos gastos mínimos exigidos por lei,
pedagógicas democrática e alinhadas com nas três esferas de governo.
as perspectivas educacionais do século A qualidade do gasto público está
XXI. relacionada diretamente com a Gestão,
Nesse sentido, tratar-se-à nesse conforme veremos a seguir.
documento dos elementos fundamentais "Quanto maior a qualidade da educação,
para que o fazer pedagógico tome seu lugar menor o seu custo. Esta afirmação,
de forma adequada e eficaz em cada aparentemente contraditória, se baseia em
Unidade Escolar do Sistema de Ensino da que quanto menor a qualidade do ensino,
Cidade de Saquarema. maior a evasão, maior a repetência e a
distorção idade/ série, levando ao
3.1 - Gestão Democrática e desperdício de vagas, espaço físico,
Financiamento da Educação professores, aumentando o custo por aluno.
Para se melhorar a qualidade é fundamental
a Valorização e Qualificação dos
Profissionais da Educação, pois somente

193
Legislação Educacional

com bons salários se poderá ter os melhores se garantir, sempre que possível à
profissionais do mercado de trabalho. Por autonomia da escola para executar estas
outro lado, quanto mais eficiente e eficaz despesas, pois é a escola que mais sabe o
for o sistema educacional, maiores serão as que é necessário comprar bem como e onde
condições de se melhorar o nível salarial do se pode fazer as maiores economias, na
professor. Portanto, a necessária medida em que a escola saiba quanto custa
valorização do profissional da educação o que está gastando. Portanto é importante
não pode vir dissociada do enfrentamento a existência de mecanismos que transfiram
das questões relativas a qualidade do recursos suficientes diretamente para as
ensino. escolas, como o PPDE do Governo Federal.
Outro aspecto que merece destaque é a Deve-se progressivamente ir repassando
de investimentos na área da educação. recursos e responsabilidades de forma a
Atualmente o número de vagas oferecidas é ampliar a autonomia financeira,
suficiente para atender a toda demanda capacitando o quadro de direção da escola
escolar. Porém a população do município se para a adequada gestão destes recursos.
encontra em expansão. Portanto, é `Também deve ser abordada a questão
necessário que o município preveja do ensino superior em nosso município. As
investimentos no ensino fundamental e administrações municipais, ao longo do
infantil e o estado no ensino médio, para tempo, têm trabalhado no sentido de
que se possa atender esta demanda. No que oportunizar ao saquaremense, a condição
se refere a equipamentos, ainda há uma de avançar em sua educação, porém ainda
grande carência nas escolas, principalmente estamos longe do ideal que seria termos em
no que se refere a informatização e nossa cidade a oferta da educação superior.
equipamentos esportivos e culturais, A gestão democrática deve ser
devendo-se prever investimentos para que implantada como fruto da construção de
no prazo estipulado, todas as unidades toda comunidade escolar e deve ser
educacionais tenham as condições físicas garantida e aprimorada. No núcleo da
adequadas as necessidades do ensino. discussão da gestão democrática, está a
Um ponto importante, no autonomia escolar, que deve ser
dimensionamento do gasto público com consolidada e ampliada. Através da
educação, é o ensino em tempo integral. autonomia administrativa, pela escolha de
Não resta dúvida de que o ensino em tempo diretores e coordenadores pela comunidade
integral favorece e enriquece o processo de escolar, bem como o funcionamento dos
ensino aprendizagem. No entanto temos de Conselhos Deliberativos Escolares; através
ser realistas. Se já são escassos os recursos da autonomia pedagógica, na formulação e
para educação em um turno, o que dirá para implementação dos PPP - Projetos
período integral. No entanto não podemos Políticos-Pedagógicos e PDDE — M -
perder esta perspectiva de vista, Programa Dinheiro Direto na Escola
direcionando-a à públicos específicos como Municipal, que garante autonomia
crianças em situação de risco ou financeira, com a transferência de recursos
desagregação familiar. diretamente para a escola. O gestor tem
Merece destaque também a questão do papel fundamental no sucesso da escola e
transporte escolar. Ano a ano o transporte deve ser incentivado e qualificado
escolar tem se apropriado de um percentual pedagógica e gerencialmente para melhor
maior dos recursos da educação. Quais as exercer esta função.
alternativas possíveis? De toda forma esta A autonomia escolar deve ser exercida
questão é uma das principais no dentro de um contexto maior, que são as
financiamento do ensino. diretrizes e objetivos definidos por um
Em relação aos recursos para custeio das Plano Municipal de Educação, através da
atividades de ensino, entende-se que deve Coordenação da Secretaria Municipal de

194
Legislação Educacional

Educação e Cultura e com o controle social apenas um rol de boas intenções, é


exercido pelo Conselho Municipal de fundamental que seja criado um Sistema
Educação e demais órgãos colegiados. Municipal de Avaliação da Educação em
Na gestão da qualidade, atualmente no Saquarema, e que este plano tenha objetivos
Brasil, observa-se uma preocupação maior bem concretos que possam ser avaliados
com o processo educacional do que com o anualmente através de indicadores de
resultado final da educação. Em outras inclusão dos não escolarizados, indicadores
palavras, a comunidade escolar (Secretarias de acesso e permanência e indicadores de
Estaduais e Municipais de Educação, qualidade.
professores, pais, alunos, sociedade) Assim poderemos direcionar e
discutem e se preocupam mais com as ações concentrar ações, recursos, esforços e
relativas ao processo educacional dedicação para que estes objetivos sejam
(construção de escolas, merenda escolar, atingidos.
salário de professor, bolsa-escola, etc) do
que com o resultado final, que é um aluno 3.1.2- Diretrizes
dotado de habilidades intelectuais e sociais a) O direito de todos a educação,
mínimas para exercer a sua cidadania. E através do pleno desenvolvimento da
claro que para termos um ensino de pessoa humana, seu preparo para o
qualidade, estas atividades-meio são exercício da cidadania e sua qualificação
fundamentais, mas quando elas ocorrem para o trabalho;
sem estar relacionadas a um objetivo final, b) E, conforme o Plano Nacional de
elas deixam de ser atividades meio para ser Educação:
um fim em si mesmas. É como um - Erradicação do Analfabetismo;
professor que se preocupasse apenas com a - Universalização do Atendimento
organização da sala e esquecesse a Escolar;
qualidade da aula para a aprendizagem do - Melhoria na Qualidade do Ensino;
aluno. - Formação para o Trabalho;
A maior dificuldade para se focar no - Formação Humanística, Científica e
resultado final na educação, sempre foi a Tecnológica.
dificuldade de se ter um parâmetro objetivo c) A Gestão Democrática no Ensino
e quantitativo através do qual se possa Público;
avaliar a qualidade da educação, afinal só se d) A Autonomia Escolar, nas esferas
gerencia aquilo que se pode medir, avaliar, Administrativa, Pedagógica e Financeira;
para ver se nossas ações estão corretas ou e) A Articulação e Cooperação com o
não e poder corrigi-las em direção ao nosso Governo Estadual e Federal;
objetivo. O Brasil, através do SAEB - f) A Valorização e Qualificação dos
Sistema de Avaliação da Educação Básica, Profissionais da Educação;
e posteriormente do IDEB — índice de g) A Eficiência e Transparência na
Desenvolvimento da Educação Básica, execução dos gastos públicos;
desenvolveu um meio estatístico de avaliar h) A Correta aplicação dos recursos
a qualidade da educação no Brasil. Sua destinados à educação, conforme a LDB;
metodologia pode ser facilmente adaptada a i) A Gestão que focalize a destinação
avaliação em um município, escola por de recursos para as atividades-fim, a
escola, estando inclusive o MEC aberto a descentralização, a autonomia da escola, a
parcerias desta natureza. Infelizmente, o equidade, o foco na aprendizagem e a
SAEB constatou que mais da metade dos participação da comunidade.
alunos do 5° ano no Brasil são analfabetos
funcionais. 3.1.3- Metas e Objetivos:
Para que ações contidas no Plano 1. Garantir a adequada aplicação dos
Municipal de Educação não se tornem recursos legalmente destinados a

195
Legislação Educacional

manutenção e desenvolvimento do ensino; 11. Definir indicadores qualitativos e


2. Garantir a autonomia pedagógica, quantitativos que possibilitem a avaliação
administrativa e financeira das escolas; contínua do Plano Municipal de Educação
3. Implantar em 5 anos, Sistema de a ser elaborado;
Avaliação de Qualidade do Ensino 12. Pactuar entre escola e Secretaria
4. Implementar política de Municipal de Educação e Cultura, com base
investimentos que garantam a oferta de nos indicadores do Plano Municipal de
vagas de forma equivalente ao crescimento Educação e nos Projetos Políticos
populacional, bem como o aparelhamento Pedagógicos e Planos de Desenvolvimento
das escolas, especialmente nas áreas de Escolar, metas de desempenho e metas de
informática, esportiva e cultural, de forma a resultado que devem ser aferidas
garantir um espaço adequado ao ensino e a periodicamente;
aprendizagem; 13. Colocar equipe técnica e
5. Garantir a correta aplicação dos pedagógica em todas as Unidades
recursos obrigatórios em Educação, através Escolares;
do controle social exercido pelos Conselhos 14. Disponibilizar transporte gratuito
de Educação, FUNDEB e Merenda Escolar, em lugares de difícil acesso para estudantes
bem como através de relatórios específicos da Educação Básica e Ensino Superior;
dos gastos com educação; 15. Investimento na formação inicial e
6. Garantir o acesso do aluno das áreas continuada dos profissionais da educação;
distantes a um ensino de qualidade, através 16. Instituir e regulamentar processo de
de formas viáveis e econômicas, seja avaliação institucional de qualidade
através do transporte escolar ou outras pedagógica e de utilização de recursos;
alternativas; 17. Realizar reavaliação da proposta
7. Assegurar a autonomia curricular desde a Educação Infantil ao
administrativa e pedagógica das escolas e Ensino Fundamental, com a participação da
ampliar sua autonomia financeira, através comunidade escolar;
do repasse direto de recursos para despesas 18. Formalizar a obrigatoriedade da
de manutenção e cumprimento de sua matrícula dos alunos da Educação Infantil,
proposta pedagógica; considerando a importância dessa etapa de
Implantar políticas de formação, ensino;
fortalecimento e qualificação dos 19. Promover parceria da Secretaria de
Conselhos Consultivos Escolares e das Saúde com a educação para propiciar a
Direções de Escolas, avaliação dos alunos por profissionais da
9. Apoiar tecnicamente as escolas na saúde, através de programas instalados
elaboração e execução dos PPP - Projetos preferencialmente nos bairros;
Político Pedagógico e PDE — Plano de 20. Realizar convênios que promovam
Desenvolvimento da Educação, programas de saúde preventiva direcionada
assegurando a participação da comunidade aos professores, principalmente emocional,
escolar no processo; social e vocal, como também aos demais
10. Implantar um sistema de profissionais da educação;
acompanhamento, controle, avaliação e 21. Manter constante parcerias com
supervisão da Educação, nos outros órgãos competentes como Conselhos
estabelecimentos públicos e privados, Tutelar e Promoção Social;
visando ao apoio técnico-pedagógico para a 22. Promover formação continuada
melhoria da qualidade e à garantia do direcionada a equipe de apoio
cumprimento dos padrões mínimos (merendeiras, inspetores, etc) visando a
estabelecidos pelas diretrizes nacionais e valorização e capacitação desses
municipais; profissionais;

196
Legislação Educacional

23. Organizar oferta de transporte que visam inovações para sua prática
gratuito para realização de atividades profissional.
extracurriculares e aulas práticas; Considerando que a valorização dos
24. Criar sítio na internet, em parceria profissionais da educação implica nos
com a prefeitura com dados sobre o Sistema seguintes requisitos:
Municipal de Ensino do Município de 1- Uma formação que assegure o
Saquarema sempre atualizados; desenvolvimento pessoal enquanto cidadão
25. Implementar sistema informatizado e profissional, e domínio dos
de forma que as escolas estejam ligadas conhecimentos necessários de trabalho
diretamente a SMEC; escolar;
26. Estabelecer sistema, ligado a 2- Um sistema de educação continuada
SMEC, que permita as escolas realizar que permita aos profissionais da educação
matriculas on-line; um crescimento constante de seu domínio
27. Garantir que o Conselho Municipal sobre a cultura letrada, dentro de uma visão
seja eleito pela comunidade, na maioria dos crítica e da perspectiva de um novo
seus membros; humanismo;
3- Salário condigno, competitivo no
3.2 – Formação Continuada mercado de trabalho com outras ocupações
que requerem nível equivalente de
3.2.1- Diagnóstico formação.
Entende-se por profissionais da O Plano Municipal de Educação propõe
Educação Básica o conjunto de Professores princípios que deverão nortear as ações de
que exercem atividades de docência ou formação e valorização dos profissionais da
suporte Pedagógico direto a tais atividades, educação. São eles:
incluídas as de Coordenação, a) Aplicação na integra do Plano de
Assessoramento Pedagógico e de Direção Cargos e Salários dos Profissionais da
Escolar e Funcionários Técnicos Educação com revisão anual;
Administrativo Educacional e Apoio b) Sólida formação teórica nos
Administrativo Educacional, que conteúdos específicos a serem ensinados na
desempenham atividades nas Unidades Educação Básica;
Escolares e na Administração Central do c) Ampla formação cultural, pesquisa
Sistema Público de Educação Básica. como princípio formativo;
d) Atividade docente como foco
3.2.2- Diretrizes formativo em contato com a realidade
A formação continuada é um dos escolar do início ao final do curso,
grandes avanços para os profissionais da integrando a teoria à prática pedagógica e
educação, pois através desta, podem ser vivência de formas de gestão democrática
adquiridos novos conhecimentos e assim do ensino;
atingir novas metas para uma boa e) Domínio e acesso as novas
aprendizagem. Para isso será necessária a tecnologias de comunicação, da informação
implementação de uma política pública e condições para integrá-las à prática de
condizente com as necessidades de nossa todos os funcionários da educação;
realidade, bem como a implantação de f) Conhecimento e aplicação das
melhores condições de trabalho nas escolas, diretrizes curriculares nacionais dos níveis
o que proporcionará avanço tecnológico, e modalidades
melhoria na qualidade de ensino e, da Educação Básica e análise dos temas
consequentemente, na qualidade de vida. atuais da sociedade, da cultura e da
Faz-se necessário uma política salarial economia.
condizente com a profissionalização, pois a Ressaltamos que a ação educativa no
atividade pedagógica exige buscas diárias interior da escola envolve a participação de

197
Legislação Educacional

todos os seus trabalhadores, portanto todos 02. São objetivos e metas para o Ensino
são profissionais de educação e nesse Fundamental, EXCETO:
sentido. a qualidade dos cursos de formação A- Garantir o acesso e a permanência,
desses profissionais que atuam nas áreas com sucesso, de todas as crianças na escola,
técnicas e administrativas também é de estabelecendo, as regiões em que se
fundamental importância para o demonstrar necessário, programas
desenvolvimento da qualidade da educação específicos, com a colaboração da União e
escolar de nosso município. do Estado.
B- Manter a duração de oito anos do
3.2.3- Objetivos e metas: Ensino Fundamental obrigatório, com
1 — Envidar esforços para que todos os início aos seis anos de idade.
professores de educação infantil e também C- Assegurar o sucesso do aluno na
os professores das séries iniciais do ensino escola, a partir de um trabalho pedagógico
fundamental possuam formação de nível qualificado voltado para a constituição de
superior. conhecimentos e valores.
2 - Garantir, que o Sistema Municipal de D - Criar mecanismos de apoio aos
Ensino mantenha, em conjunto com o alunos que ingressam tardiamente na escola
Estado, programa de formação continuada e àqueles que apresentam distorção
dos profissionais da educação, contando idade/série, garantindo instrumentos de
com a parceria das instituições de ensino monitoramento e avaliação desse processo;
superior que atuem neste município;
3- Garantir e atualizar o Plano de Alternativas
Cargos e Salários que valorize os 01. certo (3.2.1)
profissionais da educação com 02. A (2.2.3)
remuneração condizente com a importância
social da ação educativa;
4- Até o término da vigência do Plano 7. Diretrizes Curriculares Nacionais para
Municipal de Educação, somente admitir Educação Básica
disponível em
professores e demais profissionais de
http://portal.mec.gov.br/docman/julho-
educação que possuam as qualificações 2013-pdf/13677-diretrizes-educacao-
mínimas exigidas no art. 62 da LDB. basica-2013-pdf/file

Questões
7
Apresentação
01. Entende-se por profissionais da A Educação Básica de qualidade é um
Educação Básica o conjunto de Professores direito assegurado pela Constituição
que exercem atividades de docência ou Federal e pelo Estatuto da Criança e do
suporte Pedagógico direto a tais atividades, Adolescente. Um dos fundamentos do
incluídas as de Coordenação, projeto de Nação que estamos construindo,
Assessoramento Pedagógico e de Direção a formação escolar é o alicerce
Escolar e Funcionários Técnicos indispensável e condição primeira para o
Administrativo Educacional e Apoio exercício pleno da cidadania e o acesso aos
Administrativo Educacional, que direitos sociais, econômicos, civis e
desempenham atividades nas Unidades políticos. A educação deve proporcionar o
Escolares e na Administração Central do desenvolvimento humano na sua plenitude,
Sistema Público de Educação Básica. em condições de liberdade e dignidade,
( ) certo ( ) errado respeitando e valorizando as diferenças.

7
Brasil. Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais SEB, DICEI, 2013. Disponível em:
da Educação Básica/ Ministério da Educação. Secretária de Educação <http://portal.mec.gov.br/docman/julho-2013-pdf/13677-diretrizes-
Básica. Diretoria de Currículos e Educação Integral. - Brasília: MEC, educacao-basica-2013-pdf/file>

198
Legislação Educacional

Nesta publicação, estão reunidas as Infantil, Fundamental e Média, também


novas Diretrizes Curriculares Nacionais integram a obra as diretrizes e respectivas
para a Educação Básica. São estas diretrizes resoluções para a Educação no Campo, a
que estabelecem a base nacional comum, Educação Indígena, a Quilombola, para a
responsável por orientar a organização, Educação Especial, para Jovens e Adultos
articulação, o desenvolvimento e a em Situação de Privação de Liberdade nos
avaliação das propostas pedagógicas de estabelecimentos penais e para a Educação
todas as redes de ensino brasileiras. Profissional Técnica de Nível Médio. Além
A necessidade da atualização das disso, aqui estão presentes as diretrizes
Diretrizes Curriculares Nacionais surgiu da curriculares nacionais para a Educação de
constatação de que as várias modificações – Jovens e Adultos, a Educação Ambiental, a
como o Ensino Fundamental de nove anos Educação em Direitos Humanos e para a
e a obrigatoriedade do ensino gratuito dos Educação das Relações Étnico-Raciais e
quatro aos 17 anos de idade – deixaram as para o Ensino de História e Cultura Afro-
anteriores defasadas. Estas mudanças Brasileira e Africana.
ampliaram consideravelmente os direitos à É necessário destacar que a qualidade
educação das nossas crianças e expressa no conjunto dessas diretrizes
adolescentes e também de todos aqueles deve-se ao trabalho realizado pelo
que não tiveram oportunidade de estudar Conselho Nacional de Educação.
quando estavam nessa fase da vida. Diante Esperamos que esta publicação se torne
dessa nova realidade e em busca de um instrumento efetivo para reinvenção da
subsídios para a formulação de Novas educação brasileira e a construção de uma
Diretrizes Curriculares Nacionais, a Nação cada vez mais justa, solidária e capaz
Câmara da Educação Básica do Conselho de desenvolver todas as suas inúmeras
Nacional de Educação promoveu uma série potencialidades.
de estudos, debates e audiências públicas, Aloizio Mercadante - Ministro da
com a anuência e participação das entidades Educação
representativas dos dirigentes estaduais e
municipais, professores e demais Nos últimos anos, o Conselho Nacional
profissionais da educação, instituições de de Educação, no cumprimento de sua
formação de professores, mantenedoras do missão legal de assegurar a participação da
ensino privado e de pesquisadores da área. sociedade no aperfeiçoamento da educação
As Novas Diretrizes Curriculares da nacional, realizou uma série de estudos,
Educação Básica, reunidas nesta debates, seminários e audiências públicas
publicação, são resultado desse amplo que contaram com a participação dos
debate e buscam prover os sistemas sistemas de ensino, dos órgãos
educativos em seus vários níveis educacionais e sociedade civil. Esse
(municipal, estadual e federal) de trabalho resultou na atualização das
instrumentos para que crianças, diretrizes curriculares nacionais e na
adolescentes, jovens e adultos que ainda produção de novas e importantes
não tiveram a oportunidade, possam se orientações.
desenvolver plenamente, recebendo uma Na elaboração dessas diretrizes, o
formação de qualidade correspondente à Conselho Nacional de Educação contou
sua idade e nível de aprendizagem, com a contribuição dos seus conselheiros,
respeitando suas diferentes condições de representantes dos conselhos estaduais e
sociais, culturais, emocionais, físicas e municipais, técnicos e servidores do CNE,
étnicas. especialistas, pesquisadores, integrantes de
É por isto que, além das Diretrizes sistemas de ensino, técnicos do Ministério
Gerais para Educação Básica e das suas da Educação e representantes de entidades
respectivas etapas, quais sejam, a Educação representativas dos trabalhadores em

199
Legislação Educacional

educação que participaram dos seminários, Indicação CNE/CEB nº 3/2009 que propõe
debates e audiências públicas com o a elaboração de Diretrizes Nacionais para
objetivo de promover o aperfeiçoamento da os planos de carreira e remuneração dos
educação nacional, tendo em vista o funcionários da Educação Básica Pública.
atendimento às novas demandas É nossa expectativa que essas diretrizes
educacionais geradas pelas transformações possam inspirar as instituições
sociais e econômicas e pela acelerada educacionais e os sistemas de educação na
produção de conhecimentos. elaboração de suas políticas de gestão, bem
Tendo como propósito a disseminação como de seus projetos político-pedagógicos
desses importantes conhecimentos, o com vistas a garantir o acesso, a
Conselho Nacional de Educação, por meio permanência e o sucesso dos alunos
deste documento, coloca à disposição das resultante de uma educação de qualidade
instituições educativas e dos sistemas de social que contribua decisivamente para
ensino de todo o Brasil um conjunto de construção de uma sociedade mais justa e
Diretrizes Curriculares que articulam os mais fraterna.
princípios, os critérios e os procedimentos José Fernandes de Lima -Presidente do
que devem ser observados na organização e Conselho Nacional de Educação
com vistas à consecução dos objetivos da
Educação Básica. Prezado(a) Candidato(a), caso queira
Este volume contém os seguintes textos: visualizar o documento na íntegra acessar
Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais o link: <https://bit.ly/3VfxJX3>.
para a Educação Básica, Diretrizes
Curriculares Nacionais para Educação Questões
Infantil, Diretrizes Curriculares Nacionais
para o Ensino Fundamental de nove anos, 01. (SEDF - Professor Substituto -
Diretrizes Curriculares Nacionais para o Quadrix/2021) As Diretrizes Curriculares
Ensino Médio, Diretrizes Curriculares Nacionais são normas obrigatórias para a
Nacionais para a Educação Profissional educação básica que orientam o
Técnica de nível Médio, Diretrizes planejamento curricular das escolas e dos
Operacionais para o atendimento sistemas de ensino. Elas são discutidas,
educacional especializado na Educação concebidas e fixadas pelo Conselho
Básica, na modalidade Educação Especial, Nacional de Educação. Mesmo depois de o
Diretrizes Curriculares Nacionais para Brasil elaborar a Base Nacional Comum
Educação Escolar Indígena, Diretrizes Curricular, as Diretrizes continuam
Curriculares Nacionais para oferta de EJA valendo, pois os documentos são
em situação de privação de liberdade nos complementares; as Diretrizes dão a
estabelecimentos penais e Diretrizes estrutura, a Base, o detalhamento de
Curriculares Nacionais para Educação conteúdos e competências. Internet:
Escolar Quilombola. Contém ainda o <https://todospelaeducacao.org.br> (com
reexame do parecer que institui diretrizes adaptações).
operacionais para Educação de Jovens e Tendo o texto acima como referência
Adultos, Parecer que trata da proposta de inicial, julgue o item quanto às Diretrizes
fortalecimento e implementação do regime Curriculares Nacionais para o Ensino
de colaboração mediante arranjos de Fundamental de nove anos, para o Ensino
desenvolvimento da educação, Revisão da Médio e para a Educação de Jovens e
Resolução CNE/CEB nº 3/97 que fixa Adultos.
diretrizes para os novos Planos de Carreira Os componentes curriculares arte e
e de Remuneração para o Magistério dos educação física devem ser integrados com a
Estados, do Distrito Federal e dos proposta pedagógica das escolas, sendo sua
Municípios, Parecer que apreciou a prática obrigatória para os estudantes da

200
Legislação Educacional

educação básica. Porém, a prática da


educação física é facultativa para todos os
estudantes do ensino fundamental e do
ensino médio.
( ) Certo ( ) Errado

02. (Prefeitura de Jaguapitã/PR -


Professor - FAUEL/2020) Segundo as
Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educação Infantil, as instituições de
educação infantil devem criar
procedimentos para acompanhamento do
trabalho pedagógico e para avaliação do
desenvolvimento das crianças, sem objetivo
de seleção, promoção ou classificação,
garantindo-lhes:
A. A observação crítica e criativa das
atividades, das brincadeiras e interações das
crianças no cotidiano.
B. Desenhos feitos pelas crianças, que
permita às famílias conhecer o trabalho da
instituição junto às crianças e os processos
de desenvolvimento e aprendizagem da
criança na educação infantil.
C. Utilização de um único registro
realizado pelos pais (como por exemplo:
fotografias).
D. A retenção das crianças na educação
infantil quando necessário.

Gabarito

01.Errado - 02.A

201
Conhecimentos Gerais do Município

SUMÁRIO

Parte 1 - 1.1. Origem e dados históricos da região de Saquarema. Primeiras


ocupações, evolução histórica, econômica e administrativa: dados relevantes. .... 1
1.2. Informações básicas sobre área, altitude, clima, relevo; Sistemas costeiro,
lagunar e hidrográfico; Parques, unidades de conservação e áreas de proteção ambiental
da região. ................................................................................................................ 4
1.3. Localização do Município, população, limites municipais, distritos; vias de
acesso; Características urbanas; Atividades econômicas predominantes; Serviços
básicos. ................................................................................................................... 5
1.4. Patrimônio natural, histórico, material e imaterial. Datas comemorativas;
atrações, eventos e espaços de destaque do Município; Posição do Município na divisão
regional turística do Estado e sua classificação. ..................................................... 6
1.5. Aspectos e indicadores sociais, econômicos e financeiros. ........................ 9
Parte 2 - Aspectos da administração municipal de Saquarema conforme sua Lei
Orgânica: 1. Autonomia, poderes e símbolos municipais. Divisão administrativa do
Município. Competências municipais: privativas, comuns e suplementares. Vedações.
2. Organização dos poderes: Câmara e Prefeitura. 2.1. Câmara Municipal: funções,
competências privativas, posse, funcionamento. Conceitos sobre mandato, legislatura,
sessão legislativa, sessões ordinárias e extraordinárias; comissões permanentes e
especiais. Regimento Interno, Processo Legislativo. Mesa Diretora: membros, eleição,
atribuições e composição. Número de vereadores na Câmara Municipal de Saquarema.
Convocações da Câmara e prazo para os órgãos do poder executivo prestarem
informações e apresentarem documentos requisitados pela Câmara. 2.2. Prefeito
Municipal: Competências privativas, posse, substituição, proibições, licenças. Leis de
sua iniciativa. Auxiliares diretos. Julgamento de crimes e infrações do Prefeito. Atos
de competência do Prefeito e seus conteúdos específicos. 3. Atos municipais:
publicidade. Prazos da Câmara e da Prefeitura para o fornecimento de certidões aos
Apostilas
Domínio
Conhecimentos Gerais do Município

interessados. 4. Estrutura administrativa da Prefeitura: órgãos de administração direta


e indireta. 5. Fiscalização contábil e financeira; Controle interno e externo. 6. Tributos
municipais e administração tributária. Administração de bens patrimoniais e de obras
e serviços públicos. 7. Orçamento, suas leis e características, vedações, emendas e
execução orçamentária. ......................................................................................... 10

Apostilas
Domínio
Conhecimentos Gerais do Município

socoa-y-rema (lago sem conchas, na língua


Parte 1 - 1.1. Origem e dados históricos da indígena). Em outra versão, soco-rema
região de Saquarema. Primeiras significaria bando de socós, referindo-se a
ocupações, evolução histórica, econômica uma espécie de ave pernalta que abundava
e administrativa: dados relevantes
na lagoa.
Tendo abastecido seus navios, de água,
lenha e frutos nativos, Martim Afonso de
A história do desbravamento do
Souza prosseguiu em sua viagem na direção
território do atual Município de Saquarema
sul. Permaneceu na Baía de Guanabara por
teve início no princípio do século XVI,
cerca de oito meses, indo depois para São
poucos anos depois do descobrimento do
Paulo, onde fundou a primeira vila do
Brasil. Após 26 anos da expedição de
Brasil, em 1532, São Vicente.
Américo Vespúcio, que em 1503 aportou na
Em 1534 foram criadas as capitanias
região de Cabo Frio e ali permaneceu até o
hereditárias como forma de divisão
início de 1504, retornando a Portugal com
territorial e administrativa para promover a
um carregamento de pau brasil, D. João III,
colonização do Brasil. D. João III doou a
rei de Portugal, concebeu outra estratégia
Martim Afonso de Souza a Capitania de
de ocupação do novo território: estabelecer
São Vicente; que compreendia, inclusive;
pontos onde se provesse de mantimentos e
as terras da região de Saquarema.
homens e fundar uma colônia nas margens
No entanto, a ocupação efetiva do
do Rio da Prata1.
território terra continuava sendo
Para tanto, foi organizada uma frota
problemática, pelas grandes extensões das
composta de 2 naus, 1 galeão, 2 caravelas e
capitanias e pouco interesse dos donatários
400 pessoas, entre tripulantes e passageiros.
em se fixar em locais remotos sem qualquer
Por uma carta régia de 20 de novembro de
recurso para, inclusive, enfrentar ataques de
1530, confiou a direção dessa frota a
franceses e piratas que vinham à costa para
Martim Afonso de Souza, dando-lhe
explorar o pau brasil.
poderes extraordinários, entre os quais
Ao mesmo tempo que a presença dos
“tomar posse e colocar marcos em todo o
franceses se intensificava na região, o
território até a linha demarcada.”
tráfico prosperava com a ajuda dos
A frota zarpou do porto de Lisboa em 3
Tamoios. As desavenças entre os índios e
de dezembro de 1530, chegando à baía de
os portugueses teriam iniciado logo no
Todos os Santos em 13 de março de 1531.
início da colonização, quando as relações
No dia 17 deste mês, Martim Afonso de
começaram a se desgastar.
Souza reiniciou sua viagem para o sul.
A guerra travada entre portugueses e
Passados dias, após contornar o Cabo Frio,
Tamoios em 1575 foi consequência dessa
fundeou no Costão em frente ao antigo
situação, como parte dos inúmeros conflitos
'Morro do Sambaqui', hoje conhecido pelo
que concorreram para a morte e
nome de Morro do Canto.
escravização de milhares de indígenas no
Nesse local, encontrou regular número
período colonial. Em 1575, o governador
de índios Tamoios, obedientes à chefia de
do Rio de Janeiro, Antônio Salema,
um índio denominado 'Sapuguaçu'.
comandou um destacamento de 400
Habitavam choças construídas em troncos
homens das regiões da Baía de Guanabara,
de árvores e cobertas com palhas de tabua
São Vicente e Espírito Santo acrescido de
ou pita. Suas embarcações, feitas de um só
grande contingente de índios catequizados,
tronco, eram ligeiríssimas, causando pasmo
que seguiram por terra e mar em direção a
a rapidez e perícia com que eram dirigidas.
Cabo Frio.
Denominavam o local onde moravam de
Na ocasião, muitos franceses desertaram

1 Conhecimentos sobre o Município de Saquarema-RJ. Ibam Concursos. Visitado em 05.10.2022.


https://www.ibam-concursos.org.br/documento/conhec_saquarema.pdf.

1
Conhecimentos Gerais do Município

e após sangrentos embates, os Tamoios extinção em 1859, sendo seu território


foram vencidos. Salema chegou a matar anexado à vila de Cabo Frio e sua sede
mais de dois mil índios e escravizar mais de passando para Araruama.
quatro mil deles. Em meados do século XIX, um súbito
Outros números apontam para uma progresso provocado pelo avanço do café,
quantidade incontável de mortos e cifras de no entanto, fez com que Saquarema fosse
oito a dez mil tamoios escravizados. Salema restituída à condição de vila em 1860 com
dividiu as famílias indígenas, enviando uns a denominação de Nossa Senhora de
para São Vicente e outros para o Rio de Nazaré de Saquarema, com território
Janeiro”. desmembrado dos municípios de Cabo Frio
A esse respeito, é de referir a tese, e Araruama. Sua reinstalação ocorreu em
segundo a qual o embate teria ocorrido na 1861.
região de Saquarema, mais precisamente na Em 1890, a vila foi elevada à categoria
região de Sampaio Correa, então de cidade e sede do município com a
denominada Maranguá, segundo denominação de Saquarema pelo Decreto
reportagem do jornal de Saquarema, “O Estadual n.º 28, de 03-01-1890.
Saquá” (Ed. 240, 2019). Em 1892 foram criados os distritos de
Saquarema teve como núcleo inicial de Mato Grosso e Palmital e anexados ao novo
povoamento um lugar chamado Carmo, município de Saquarema. Ambos tiveram
onde, em 1594, padres da Ordem do Carmo suas denominações alteradas na primeira
obtiveram algumas sesmarias. Os religiosos metade do século XX: Em 1938, o distrito
iniciaram, logo ao chegar, a construção de de Palmital passou a denominar-se Bacaxá;
um convento que denominaram de Santo e em 1943, o distrito de Mato Grosso
Alberto, do qual existe apenas imagem em passou a denominar-se Maranguá,
um dos altares da atual igreja matriz. denominação alterada para Sampaio Correa
Após a chegada dos carmelitas, outras em1946.
sesmarias foram concedidas nas Com relação à economia local, cabe
redondezas, o que motivou a criação de destacar também o papel da mão de obra
várias fazendas nas terras de Saquarema. escrava, fundamental para a produção e o
Entre 1660 e 1662, Manoel Aguilar desenvolvimento da região, bem como os
Moreira e sua mulher Catarina mandaram maus tratos e a crueldade de seus senhores,
erigir, em torno de 1660, no outeiro à beira citados por vários autores. Nesse sentido,
do mar, debruçada sobre a orla da lagoa de deve ser registrado o episódio da revolta na
Saquarema, uma capela para os moradores fazenda Ipitangas e do Quilombo de
da localidade dedicada à Nossa Senhora de Bacaxá, ambos tendo como resultado os
Nazaré. Quinze anos depois, o prédio foi castigos e mortes dos envolvidos. Ao final,
substituído por outro de maiores a abolição e o êxodo dos trabalhadores
dimensões. Por volta de 1820 foi gerou um forte retrocesso na economia da
construída, sobre os alicerces da antiga região.
capela, a igreja de Nossa Senhora de Nazaré Também no século XIX, duas
com as feições que conhecemos Em 1755, expedições passaram pela região de
o povoado foi elevado à condição de Saquarema:
Freguesia, subordinada a Cabo Frio. A - Entre 1815 e 1817, o Príncipe
pesca era principal atividade local. Maximiliano de Wied-Neuwied, naturalista
Em 1841, foi desmembrada de Cabo Frio alemão, percorreu os atuais estados do Rio
e elevada à categoria de vila com a de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais e
denominação de Nossa Senhora de Nazaré Bahia e pernoitou nas fazendas Ipitangas,
de Saquarema. de propriedade de Francisco Leite Pereira
O desenvolvimento reduzido do de Andrade e Tiririca, de Francisco de
município, no entanto, determinou sua Macedo Freire de Azeredo Coutinho.

2
Conhecimentos Gerais do Município

- Nos anos 1830 Charles Darwin, O trecho da linha férrea Maricá - Cabo
naturalista britânico esteve em expedição frio teve suas atividades encerradas em
no Brasil e no entorno da Lagoa de Jaconé 1962.
fez descobertas e registros importantes
sobre rochas de praia (beachrocks), suas Usina Santa Luiza
características e propriedades. Criada em 1936, a S/A Agrícola Santa
Luiza ocupava cerca de 17 fazendas no
Principais eventos da primeira parte terceiro distrito de Saquarema, (atual
do século XX Sampaio Correa) . Em sua melhor fase,
produzia e exportava 1 milhão de sacas de
Estrada de Ferro Maricá açúcar, produção superada apenas por
A Estrada de Ferro Maricá (EFM) teve Campos dos Goytacazes, maior produtor do
seu primeiro trecho inaugurado em 1887, Estado do Rio.
ligando os municípios de São Gonçalo a A Usina produzia açúcar, álcool e
Maricá. Desde então, a ferrovia se tornou o melaço e para o escoamento de sua
principal meio de transporte da região, até produção tinha um trem próprio, com uma
então desprovida de outras vias de acesso e locomotiva a vapor e 8 vagões. Chegou a
com estradas vicinais precárias. empregar cerca de 4 mil trabalhadores,
No território de Saquarema foram movimentando a economia e o
construídas as estações de Sampaio Correa desenvolvimento do município de
(antiga Mato Grosso) e Bacaxá, em 1913. Saquarema e da região.
Buscava-se a realização do transporte de Foi fechada na década de 1970, restando
cargas em menor tempo e com maior no local as ruínas de suas duas torres e
segurança, além de ser um meio de outras edificações.
escoamento de produtos vindos do interior
fluminense, e de facilitar o acesso da Aeroporto
população à Niterói, então capital do Em 1937 a Força Aérea Brasileira – FAB
Estado. construiu um campo de pouso na restinga
A estação de trem de Bacaxá foi o do distrito-sede, com o propósito de ser
principal indutor do desenvolvimento do utilizado como ponto de defesa e vigilância
centro comercial de Saquarema. Ali era da costa na guerra que se anunciava
embarcada a produção local, ao mesmo (Segunda Guerra Mundial). Após o término
tempo que chegavam ao seus destinos os desta guerra, o campo de pouso e as duas
bens e itens da capital e das cidades casas da Aeronáutica construídas na praia
vizinhas. A população acorria para ver a então absolutamente deserta, passaram a
chegada e saída dos trens, o espaço se ficar subordinados à Escola de Cadetes da
animava, estabelecimentos eram abertos. A FAB e a serem utilizados para o
cidade crescia. treinamento de pilotos.
A partir dos anos 1950, teve início uma A partir de 1955, Saquarema começou a
política de abertura de estradas e se transformar, passando de um município
priorização do transporte rodoviário, que agro-pesqueiro e centro religioso de
nesse caso foi primeiramente traduzida com romarias para local de veraneio das
a pavimentação da RJ 106. camadas médias e médias baixas
A medida permitiu acesso mais fácil e metropolitanas. Essa função de local de
rápido aos municípios da Região dos Lagos veraneio passou a constituir o principal
e se tornou uma alternativa mais vetor de crescimento urbano, baseado na
competitiva em relação ao transporte doação de terras públicas do distrito-sede a
ferroviário. Posteriormente, ocorreram a veranistas metropolitanos de classes
abertura da BR 101 e a construção da Ponte médias, que ali edificaram residências
Rio Niteroi. secundárias, de veraneio.

3
Conhecimentos Gerais do Município

Através de tais doações a Prefeitura As matas de baixada foram quase


buscava desenvolver o local, baseada na totalmente suprimidas, inclusive as situadas
premissa de que urbanização significa nas margens dos rios, sendo substituídas
desenvolvimento. por pastagens. Todavia, boas parcelas de
Durante as décadas de 70 e 80, a Mata Atlântica podem ser vistas nas
especulação mobiliária desencadeou o montanhas e uma amostra valiosa de mata
veraneio que passou a ser a maior fonte de de restinga encontra-se preservada na
arrecadação dos municípios litorâneos, Reserva Ecológica de Jacarepiá.
como consequência, gerou a criação de O Município integra a Região
diversos loteamentos O processo de Hidrográfica IV (Lagos São João) do
parcelamento acelerado do solo e o Estado do Rio de Janeiro, conformando,
surgimento da atividade de veraneio com o com Maricá, uma área específica que reúne
fenômeno da "segunda residência", visível as bacias das lagoas de Saquarema, Jaconé
em todo litoral brasileiro, trouxe como e Jacarepiá e a área de restinga.
consequência a urbanização crescente e
desordenada, sem a necessária infra- Unidades de Conservação
estrutura básica de saneamento, Saquarema faz parte das seguintes
abastecimento de água e de um local para unidades de conservação estaduais.
disposição final dos resíduos sólidos.
Parque Estadual da Costa do Sol
Criação: Decreto Estadual nº 42.929 de
1.2. Informações básicas sobre área, 18 de abril de 2011.
altitude, clima, relevo; Sistemas costeiro,
Abrange os Municípios de Araruama,
lagunar e hidrográfico; Parques,
unidades de conservação e áreas de
Armação de Búzios, Arraial do Cabo, Cabo
proteção ambiental da região Frio, Saquarema e São Pedro da Aldeia.

APA de Massambaba
Área do Município em 2021 Criação: Decreto Estadual nº 9.529, de
352,130 km². 15 de dezembro de 1986. A Lei Estadual nº
6.128, de 28 de dezembro de 2011,
Clima modificou os limites na porção situada no
Tropical úmido. município de Saquarema.
Abrange os Municípios de Araruama,
Relevo Arraial do Cabo e Saquarema.
O relevo da região é constituído por
serras que formam um arco ao norte, Constam, ainda, do território municipal:
delimitando-a, por colinas e por amplas Reserva Ecológica de Jacarepiá –
baixadas formadas por restingas e material compreende um sistema de lagoa e terrenos
trazido pelos rios. Ali se encontram na alagadiços, isolados do mar pela Restinga
divisa com Rio Bonito as serras de Amar e de Massambaba. Situada em Villatur, bairro
Querer, Boa Esperança, Portela, Boqueirão, de Saquarema.
Catimbau e Tingui. Nos limites com Reserva Particular do Patrimônio
Tanguá, a serra Redonda e na divisa com Natural (RPPN) – categoria de unidade de
Maricá as serras de Jaconé, Ponta Negra e conservação de domínio privado, prevista
Urussanga. Além dessas, distinguem-se no Sistema Nacional de Unidades de
também as de Mato Grosso, Palmital e Conservação. No território de Saquarema
Castilhana. Seus pontos culminantes se existe uma RPPN, denominada Mato
localizam nas serras de Mato Grosso e Grosso, com 26, 11 ha.
Tingui. Nas baixadas dominam as lagoas e
extensos brejos periféricos.

4
Conhecimentos Gerais do Município

A sede municipal apresenta topografia


extremamente suave e caracteriza-se como
1.3. Localização do Município, população,
centro histórico constituído pelas áreas
limites municipais, distritos; vias de
acesso; Características urbanas; próximas à Igreja Matriz, implantada no
Atividades econômicas predominantes; século XVI, no alto do pontal rochoso, entre
Serviços básicos a Lagoa de Saquarema e o oceano.
O município tem os seguintes serviços
regulares de transporte de passageiros:
Conforme o Mapa das Regiões de ônibus intramunicipal, ônibus
Governo e Municípios do Estado (2019)11 intermunicipal (que atende também ao
e a Divisão Regional segundo as deslocamento entre bairros), táxi, serviço
mesorregiões, microrregiões geográficas e por aplicativo e ciclovia.
Municípios12, Saquarema tem a seguinte Na economia local, são destaques as
localização: atividades de comércio e serviços, a pesca e
- Região: Baixadas Litorâneas, a pecuária, a construção civil, bem como as
juntamente com os Municípios de iniciativas do poder local de apoio ao
Araruama, Armação dos Buzios, Arraial do pequeno produtor e de atração de
Cabo, Cabo Frio, Casemiro de Abreu, empreendimentos para o Polo de
Iguaba Grande, Rio das Ostras, São Pedro Desenvolvimento localizado em Sampaio
da Aldeia e Silva Jardim. Correa.
- Mesorregião: Baixadas. Recentemente, a Prefeitura firmou
- Microrregião: dos Lagos, da qual convenio com a FIPERJ visando
também fazem parte os Municípios de desenvolver e fomentar, de forma
Araruama, Armação dos Buzios, Arraial do sustentável, a pesca e a aquicultura no
Cabo, Cabo Frio, Iguaba Grande e São município.
Pedro da Aldeia. Em Sampaio Correa está o Horto
Limites municipais: Araruama, Maricá, Municipal, onde a Secretaria Municipal de
Rio Bonito e Tanguá. Agricultura, Abastecimento e Pesca
desenvolve um projeto de produção e
Distritos: O Município é formado por doação de mudas de plantas nativas,
três distritos: frutíferas e hortaliças.
1º - Sede. O Parque de Exposições do Município,
2º - Bacaxá. em Sampaio Correa, foi inaugurado em
3º - Sampaio Correa. abril de 2022.
Com relação ao turismo, Saquarema faz
População no último censo 2010: parte da categoria B no Mapa do Turismo
74.234 pessoas. brasileiro, ou seja, o segundo grau mais alto
População estimada para 2021: 91.938 de desempenho econômico do setor. No
pessoas. Plano Diretor de Turismo do Estado, foram
estabelecidas doze regiões o Município
Características urbanas
integra a região Costa do Sol, juntamente
Saquarema está situada a 100 km do Rio
com os Municípios de Araruama, Armação
de Janeiro. A RJ-106 é o principal acesso ao
dos Búzios, Arraial do Cabo, Cabo Frio,
município, tendo Maricá a oeste e
Carapebus, Casimiro de Abreu, Macaé,
Araruama a leste. A RJ-128 atravessa o
Maricá, Quissamã, Rio das Ostras, São
território no sentido sul-norte, alcançando a
Pedro da Aldeia.
Via Lagos (RJ 124) em Rio Bonito. A RJ-
O conjunto formado pela Região
118 liga o distrito de Sampaio Correia à
Metropolitana, a Costa do Sol, a Costa
localidade de Ponta Negra, em Maricá. O
Verde, a Serra Verde Imperial, as Agulhas
percurso litorâneo é servido pela RJ-102.
Negras e o Vale do Café é considerado

5
Conhecimentos Gerais do Município

estratégico para o desenvolvimento do Antônio de Bacaxá – Fundada em 17 de


turismo. Essas seis regiões apresentam abril de 1979, a banda pertence à cultura de
produtos e roteiros já consolidados ou com Saquarema. São ao todo 26 integrantes. Em
potencial de rápida consolidação, com geral, apresenta-se em eventos culturais,
vistas à comercialização. religiosos e desfiles cívicos. Rua Ernestina
Bravo.
1.4. Patrimônio natural, histórico, Espaços culturais
material e imaterial. Datas Casa de Cultura Walmir Ayala
comemorativas; atrações, eventos e
Funciona na antiga sede da câmara
espaços de destaque do Município;
municipal e prefeitura da cidade. Possui
Posição do Município na divisão regional
turística do Estado e sua classificação uma exposição permanente do acervo do
escritor e crítico de arte Walmir Ayala, que
morou em Saquarema. No espaço funciona
Patrimônio material a biblioteca municipal José Bandeira, com
Igreja Nossa Senhora de Nazareth – acervo de mais de 20 mil títulos.
Concluída no século XIX, anos 1830, e A casa também conta com o Teatro
majestosamente erguida sobre um Mário Lago, com capacidade para 162
penhasco, é um dos cartões-postais da pessoas e programação cultural variada. O
cidade. Também conhecida como igreja teatro tem um espaço, a Salarte, dedicado a
matriz de Saquarema. Considerado um dos exposições artísticas. Rua Cel. Madureira.
primeiros templos erguidos em devoção a
Nossa Senhora de Nazareth, a igreja possui Casa do Nós
nave única e um corredor lateral junto da Promove espetáculos teatrais que
torre sineira. Ao fundo fica o cemitério valorizam temas e tradições da região.
municipal, que abriga em uma pequena Quinzenalmente, acontece o Show das
capela a imagem da virgem achada pelos Ondas, um programa de auditório com
pescadores. Este culto veio de Portugal, da teatro, música, dança e poesia, aberto para
localidade de pescadores denominada quem quiser participar. Conta com um
Nazaré, em homenagem à cidade de teatro de bolso de 60 lugares e a Lona
nascimento da Virgem. Em geral, as igrejas Cultural Renato Aragão, onde acontecem
dedicadas à Nossa Senhora de Nazaré se os espetáculos teatrais e as sessões de
localizam sobre um rochedo à beira-mar e cinema.
devem ser vistas a grande distância, pois a O projeto é realizado em parceria com o
devoção está ligada à proteção dos Sesc-Rio e o grupo Nós do Morro e procura
navegantes e pescadores. Este parece ter expandir a experiência bem-sucedida do
sido o primeiro templo erguido no Brasil grupo que oferece cursos de formação nas
sob esta invocação de Nossa Senhora. Foi áreas de teatro e cinema para jovens do
tombada pelo Instituto Estadual do morro do Vidigal, no Rio de Janeiro. Rua
Patrimônio Cultural (Inepac) em 2001. Beatriz Amaral Pereira.

Praça Nossa Senhora de Nazareth Templo do Rock


Câmara Municipal - Construída no Exibe peças de roupas, discos, prêmios,
século XIX, foi a primeira sede da câmara livros, cartazes, filmes em VHS e outros
municipal e prefeitura da cidade de 1841 até materiais sobre a vida do cantor Serguei,
1978. Atualmente funciona no local a Casa morador de Saquarema e personalidade
de Cultura Walmir Ayala. emblemática da Região dos Lagos. A casa
cenográfica já recebeu mais de 20 mil
Patrimônio imaterial visitantes e retrata os anos 60 nos
Banda Sociedade Musical Santo ambientes, decoração e objetos expostos.

6
Conhecimentos Gerais do Município

Avenida Vila Mar, Itaúna. Aniversário da cidade - 08 de maio.


Santo Antônio – 13 de junho.
Círculo Artístico de Saquarema Festa da Padroeira, Nossa Senhora de
O Cacs elabora projetos culturais e Nazaré – 08 de setembro.
ambientais, promove festivais, exposições
de arte, feiras, concertos e mostras de Os distritos de Bacaxá e Sampaio Correa
cinema na cidade. No Lake's Shopping, têm como padroeiros, respectivamente,
Avenida Saquarema. Santo Antônio (13 de junho) e Nossa
Senhora da Conceição (8 de dezembro).
Destaques
Museu do Sambaqui da Beirada – É a Festas tradicionais
primeira exposição arqueológica ao ar livre Círio de Nazaré
de sambaquis no Brasil. Abriga esqueletos Teve sua 392º edição em 2022 e faz parte
indígenas, além de conchas, lâminas de das comemorações da festa da padroeira da
machado, cascas de ostras e restos de cidade. Conforme a Venerável Irmandade
cozinha, cercados e expostos ao público. de Nossa Senhora de Nazareth de
Datado de 4.520 anos, o sambaqui – palavra Saquarema, é o primeiro Círio de Nazaré do
de origem indígena que significa, em tupi, país, o que faz com que Saquarema seja o
tambá (concha) e ki (amontoado) – berço desta devoção no Brasil. Estima-se
constitui a mais antiga ocupação humana de que a cidade, por ocasião do Círio, receba
Saquarema. Os primitivos habitantes da um fluxo de romeiros e peregrinos em torno
região viviam em grupos familiares e de 200 mil fiéis. Ocorre entre os dias finais
confeccionavam armas, adornos e de agosto e 08 de setembro, dia da
instrumentos com pedras, ossos, dentes de padroeira, Nossa Senhora de Nazaré de
animais, conchas de moluscos e outros Saquarema.
materiais há muito desaparecidos.
Os sambaquis de Saquarema são Festa do Divino Espírito Santo
protegidos por lei federal e registrados pelo É realizada no dia de Pentecostes, sete
Centro Nacional de Arqueologia do semanas após o domingo de Páscoa. A
Instituto do Patrimônio Histórico e Folia do Divino já existia antes de 1769,
Artístico Nacional (IPHAN) no Cadastro mas a data ficou marcada devido à
Nacional de Sítios Arqueológicos15 por sua construção do coreto denominado Império
relevância arqueológica e fonte de do Divino (mais antigo do que a própria
conhecimento sobre a cultura do homem Igreja Matriz de Nossa Senhora de
pré-histórico brasileiro. Rua do Sambaqui Nazareth, datada de 1837), doada pelo
da Beirada – Barra Nova. fazendeiro Sr. Tomás Cotrim de Carvalho,
para abrilhantar a festa. A Folia do Divino
Coral Escola que Canta faz parte da cultura e da religiosidade do
O projeto é da escola municipal povo saquaremense, tendo mantido a
Presidente Castelo Branco. Composto por tradição da Benção da Mesa, uma espécie
40 alunas, costuma se apresentar em de banquete coletivo, quando se oferece
eventos nas datas comemorativas da cidade. frutas, pão e vinho aos devotos; este culto
religioso hoje é único no Estado do Rio de
Mirante da Cruz Janeiro.
Situado no Morro do Cruzeiro, Também se destacam no Município as
proporciona vista espetacular das lagoas e festas de Semana Santa, Corpus Christi,
serras da região. No Mirante encontra-se Santo Antonio, São João, São Pedro e
uma cruz metálica com 15 metros de altura, Nossa Senhora da Conceição Aparecida.
em memória da primeira missa celebrada
no Brasil Feriados e datas comemorativas.

7
Conhecimentos Gerais do Município

Surf sisal e folhas de bananeira, entre outros.


Conhecida como capital do surf, Praça Oscar Macedo Soares.
Saquarema sedia, além do “Saquarema Surf
Festival” campeonatos e torneios, nacionais Personalidades do Município
e internacionais, com recordes de público, José Pereira dos Santos, Barão de
em face tanto da beleza e qualidade de suas Saquarema
praias e ondas como pela ascensão do Fazendeiro no Município de Saquarema
esporte em nível mundial. e natural de Rio Bonito, era Tenente
Coronel da Guarda Nacional e Comendador
Outros Eventos da Imperial Ordem da Rosa. Muito
Canta Saquá influente na corte, foi determinante no
É um festival de corais realizado pela processo de emancipação do município de
Secretaria Municipal de Educação e Saquarema, juntamente com o Barão de
Cultura, que reúne entre 20 e 30 corais de Itaboraí e outros fazendeiros da região.
todo o estado. Em julho, na Praça Oscar Liderou a convocação de voluntários e
Macedo. donativos para a Guerra do Paraguai e
realizou benfeitorias em Saquarema. Doou
Poesia na Rua o prédio da Câmara ao Município, onde
O projeto é desenvolvido pelo Núcleo de exerceu funções de primeiro juiz substituto
Poesia Alberto de Oliveira, um grupo de e delegado de polícia. Humanista e pré
poetas, músicos e artistas que se reuniu para abolicionista, deixou, ao morrer (em 1874)
promover atividades literárias no município todos os seus bens para seus escravos.
e criou um sarau a céu aberto no calçadão
de Bacaxá, com varal de livros e poesias. Os José Bandeira
encontros são realizados toda terça-feira, Nascido em 1909, o pescador e poeta foi
nas chamadas Terças Poéticas. O público o autor do hino oficial do município.
pode participar apresentando poesias, Faleceu em 1989.
peças, músicas, depoimentos, filmes etc.
Alberto de OIiveira
Feira Cultural de Saquarema Poeta, nasceu em Saquarema, em abril
Reúne artistas, artesãos, pescadores e de 1857, e foi membro fundador da
agricultores que divulgam a cultura local, Academia Brasileira de Letras, além de
produtos regionais e incrementam o membro da Academia Fluminense de
agronegócio no município. Cerca de 40 Letras.. É considerado um dos precursores
barracas são montadas com artesanato, do parnasianismo no Brasil, ao lado de
comidas típicas e produtos agropecuários. Olavo Bilac e Raimundo Corrêa. Faleceu
Também acontecem mostras de literatura, em janeiro de 1937.
artes plásticas e turismo. O evento conta
com apresentações de dança, teatro, Francisco José de Oliveira Viana
concursos de moda e poesia, além de Sociólogo, professor e jurista, nasceu na
premiações. O evento inclui uma exposição localidade fluminense do Rio Seco de
de trabalhos feitos durante o ano por alunos Saquarema, em 1883. Autor de extensa
das escolas municipais. Em novembro, na obra, faleceu em 1951, após ingressar na
Praça Oscar Macedo Soares. Academia Brasileira de Letras e ter uma
participação ativa no governo Getúlio
Feira de Artesanato Vargas. Colaborou na escrita da legislação
Existe há mais de 30 anos e conta com a trabalhista promulgada durante o Estado
participação de artesãos de toda a cidade: há Novo. Sua casa em Niterói foi transformada
joalheria em prata, bijuterias, trabalhos em em museu, depois de sua morte.
couro, biscuit, cerâmica, cordoaria com

8
Conhecimentos Gerais do Município

Walmir Ayala município somam 96.


Foi poeta, romancista, memorialista, A estrutura administrativa municipal
teatrólogo, e crítico de arte. Autor de uma dispõe de 4.351 servidores, o que resulta em
obra bastante extensa em todos os gêneros, uma média de 48 funcionários por mil
inclusive para o público infanto juvenil, foi habitantes.
um dos escritores mais premiados de sua A receita total do município de
geração em todos os gêneros de sua Saquarema foi a 13ª do estado (em
atuação. Viveu por um período em comparação que não inclui a capital). Suas
Saquarema, até o final dos anos 1980. receitas correntes estão comprometidas em
63% com o custeio da máquina
Serguei administrativa.
Sergio Augusto Bustamante, cantor e Em relação às receitas vinculadas ao
compositor brasileiro, extravagante, petróleo, o município teve nelas 60% de sua
símbolo do rock performático, nasceu em receita corrente total, no ano de 2020, 3ª
1933 e iniciou sua carreira em 1966. Morou colocação no estado.
nos Estados Unidos, conviveu com Com relação aos itens Trabalho e
roqueiros lendários, era considerado o Rendimento em 2020, conforme o IBGE -
cantor oficial dos Hell’s Angels do Brasil. O salário médio mensal dos trabalhadores
A partir de 1982 passou a residir em formais está situado na faixa de 1,7 salários
Saquarema, tornando-se figura mínimos.
emblemática da Região dos Lagos. Faleceu - O quantitativo de pessoal ocupado é de
em 2019. 18.696 pessoas.
- O percentual da população ocupada é
de 20,6 %.
1.5. Aspectos e indicadores sociais,
econômicos e financeiros Questões

01. (Prefeitura de Saquarema/RJ –


Assistente Administrativo – CEPERJ)
Conforme dados do TCE, edição 2021 São municípios que, no Estado do Rio de
Com referência aos resíduos sólidos Janeiro, integram a mesma região de
urbanos, Saquarema integra o consórcio governo do Município de Saquarema:
público Lagos I e dispõe seus resíduos em A - Cabo Frio e Nova Friburgo.
aterro controlado. B - Maricá e Silva Jardim.
A cobertura de mata atlântica abrange C - Araruama e Arraial do Cabo.
17,05% do território municipal. D - Itaboraí e Rio Bonito.
O ensino infantil, fundamental e médio E - São Pedro da Aldeia e Tanguá.
de Saquarema teve 18.817 alunos
matriculados em 2020, uma variação de - 02. (Prefeitura de Saquarema/RJ –
2,9% em relação ao ano anterior. Quanto ao Assistente Administrativo – CEPERJ)
Índice de Desenvolvimento da Educação Não é um município que integre a Região
Básica, a rede municipal alcançou a meta das Baixadas Litorâneas:
estabelecida pelo Ministério da Educação A - Araruama.
somente nos anos iniciais do Ensino B - Casimiro de Abreu.
Fundamental. C - Saquarema.
Em Saquarema, a cobertura de atenção D - Armação de Búzios.
básica alcança 61% da população, os E - Macaé.
agentes comunitários de saúde atendem
57% e a saúde bucal beneficia 53%. Os 03. O clima predominante na região em
leitos destinados à internação hospitalar no que o município de Saquarema está

9
Conhecimentos Gerais do Município

localizado é: Parte 2 - Aspectos da administração


A - Tropical de Altitude. municipal de Saquarema conforme sua
B - Subtropical. Lei Orgânica: 1. Autonomia, poderes e
C - Semiárido. símbolos municipais. Divisão
D - Tropical úmido. administrativa do Município.
Competências municipais: privativas,
04. Oficialmente, Saquarema é comuns e suplementares. Vedações. 2.
composto por quantos distritos? Organização dos poderes: Câmara e
A - 3: Saquarema (Distrito sede), Bacaxá Prefeitura. 2.1. Câmara Municipal:
e Sampaio Correa. funções, competências privativas, posse,
B - 3: Saquarema (Distrito sede), Tanguá funcionamento. Conceitos sobre mandato,
e Sampaio Correa. legislatura, sessão legislativa, sessões
ordinárias e extraordinárias; comissões
C - 4: Saquarema (Distrito sede), permanentes e especiais. Regimento
Bacaxá, Sampaio Correa e Cabo Frio. Interno, Processo Legislativo. Mesa
D - 4: Saquarema (Distrito sede), Iguaba Diretora: membros, eleição, atribuições e
Grande, Sampaio Correa e Bacaxá. composição. Número de vereadores na
Câmara Municipal de Saquarema.
05. Oficialmente, a população de Convocações da Câmara e prazo para os
Saquarema é de: órgãos do poder executivo prestarem
A - 91.938 pessoas. informações e apresentarem documentos
B - 74.234 pessoas. requisitados pela Câmara. 2.2. Prefeito
C - 83.082 pessoas. Municipal: Competências privativas,
D - 91.223 pessoas. posse, substituição, proibições, licenças.
Leis de sua iniciativa. Auxiliares diretos.
Julgamento de crimes e infrações do
Alternativas
Prefeito. Atos de competência do Prefeito
e seus conteúdos específicos. 3. Atos
01 – C | 02 – E | 03 – D | 04 – A | 05 – B municipais: publicidade. Prazos da
Câmara e da Prefeitura para o
fornecimento de certidões aos
interessados. 4. Estrutura administrativa
da Prefeitura: órgãos de administração
direta e indireta. 5. Fiscalização contábil e
financeira; Controle interno e externo. 6.
Tributos municipais e administração
tributária. Administração de bens
patrimoniais e de obras e serviços
públicos. 7. Orçamento, suas leis e
características, vedações, emendas e
execução orçamentária.

LEI ORGÂNICA DO MUNICÍPIO


DE SAQUAREMA2

TÍTULO I
Da Organização Municipal
CAPÍTULO I
Do Município
Seção I
Disposições Gerais
2
https://www.saquarema.rj.leg.br/processo-legislativo/lei-organica-do- municipio-de-saquarema-2021/view - visitado em 12.10.2022.

10
Conhecimentos Gerais do Município

Art. 6º - São requisitos para a criação de


Art. 1º - O Município de Saquarema, Distrito, cumulativamente (Redação dada
pessoa jurídica de direito público interno, pela Emenda nº 005/2012).
no pleno uso de sua autonomia política, I - eleitorado de no mínimo 5 %do total
administrativa e financeira, reger-se-á por do Município e arrecadação, no último ano,
esta Lei Orgânica, votada e aprovada por de no mínimo 05 (cinco) milésimos por
sua Câmara Municipal. cento da arrecadação municipal de
impostos;
Art. 2º - São poderes municipais, II - existência, na povoação - sede, de
independentes e colaborativos entre si, o pelo menos, mil moradias, escola pública,
Legislativo e o Executivo. posto de saúde e posto policial.
Parágrafo único - São símbolos do Parágrafo único - A comprovação do
Município o Brasão, a Bandeira e o Hino, atendimento às exigências enumeradas
representativos de sua cultura e história. neste artigo far-se-á mediante:
a) declaração emitida pela Fundação
Art. 3º - Constituem patrimônio do Instituto Brasileiro de Geografia e
Município os seus direitos, os bens móveis Estatística, de estimativa de população;
e imóveis de seu domínio pleno direto ou b) certidão, emitida pelo Tribunal
útil, e a renda proveniente do exercício das Regional Eleitoral, certificando o número
atividades de sua competência e prestação de eleitores;
de serviços. c) certidão, emitida pelo agente
municipal de estatística ou repartição fiscal
Art. 4º - A sede do Município dá-lhe o do Município, certificando o número de
nome e tem categoria de cidade. moradias;
d) certidão, emitida pela Prefeitura ou
Seção II pelas Secretarias de Educação, de Saúde e
Da Divisão Administrativa do de Segurança Pública do Estado,
Município certificando a existência de escola pública e
dos postos de saúde e policial na povoação
Art. 5º - O Município poderá dividir - se, sede;
para fins administrativos em Distritos a e) certidão, emitida pelo órgão
serem criados, organizados, supridos ou fazendário, comprovado o valor da
fundidos após consulta plebiscitária à arrecadação de impostos da localidade a ser
população diretamente interessada transformada em Distrito.
observada a legislação estadual e o
atendimento aos requisitos estabelecidos no Art. 7º - Na fixação das divisas distritais
art. 6º desta Lei Orgânica. serão observadas as seguintes normas:
§ 1º - A criação do Distrito poderá
efetuar-se mediante dois ou mais Distritos, I - evitar-se-ão, tanto quanto possível,
que serão supridos, sendo dispensada, nessa formas assimétricas, estrangulamentos e
hipótese, a verificação dos requisitos do art. alongamentos exagerados;
6°desta Lei Orgânica. II - dar-se-á preferência, para a
§ 2° - A extinção do Distrito somente se delimitação, às linhas naturais, facilmente
efetuará mediante consulta plebiscitária à identificáveis;
população da área interessada. III - na existência de linhas naturais,
§ 3° - O Distrito terá o nome da utilizar-se-á linha reta, cujos extremos,
respectiva sede, categoria será de vila. pontos naturais ou não, sejam facilmente
identificáveis e tenham condições fixidez;

11
Conhecimentos Gerais do Município

IV - é vedada a interrupção de X - dispor sobre administração,


continuidade territorial do Município ou utilização e alienação dos bens públicos;
Distrito de origem. XI - organizar o quadro e estabelecer o
Parágrafo único - As divisas distritais regime jurídico e o plano de carreira dos
serão descritas trecho a trecho, salvo para servidores públicos;
evitar duplicidade. Nos trechos que XII - organizar e prestar, diretamente ou
coincidirem com os limites municipais. sob regime de concessão ou permissão, os
serviços públicos locais;
Art. 8º - A alteração de divisão XIII - planejar o uso e a ocupação do
administrativa do Município somente pode solo em seu território, especialmente em
ser feita quadrienalmente, no ao anterior ao sua zona urbana;
das eleições municipais. XIV - estabelecer normas de edificação,
de loteamento, de arruamento e de
Art. 9º - A instalação do Distrito se fará zoneamento urbano e rural, bem como as
perante o Juiz de Direito da Comarca, sede limitações urbanísticas convenientes à
do Distrito. ordenação de seu território, e de expansão
urbana observadas a Lei Federal e Estadual.
CAPÍTULO II XV - conceder e renovar licença para a
Da Competência do Município localização e funcionamento de
Seção I estabelecimentos industriais, comerciais,
Da competência Privativa prestadores de serviços e quaisquer outros;
XVI - cassar a licença que houver
Art. 10 - Ao Município compete prover concedido ao estabelecimento que se tornar
a tudo quanto diga respeito ao seu peculiar prejudicial à saúde, à higiene, ao sossego, à
interesse e ao bem-estar de sua população, segurança ou aos bons costumes, fazendo
cabendo-lhe, privativamente, dentre outras, cessar atividade ou determinando o
as seguintes atribuições: fechamento do estabelecimento;
I - legislar sobre assuntos de interesse XVII - estabelecer servidões
local; administrativas necessárias à realização de
II - elaborar o Plano Diretor seus serviços, inclusive à dos seus
III - elaborar o Plano Diretor de concessionários;
Desenvolvimento Integrado; XVIII - adquirir bens, inclusive
IV - criar, organizar e suprimir Distritos, mediante desapropriação;
observada a legislação estadual; XIX- regular a disposição, o traçado e as
V - manter, com a cooperação técnica e demais condições dos bens públicos de uso
financeira da União e do Estado, programas comum;
de educação pré-escolar e de ensino XX - regulamentar a utilização dos
fundamental e ainda; atendimento especial logradouros públicos e, especialmente no
aos que não frequentaram a escola na idade perímetro urbano, determinar o itinerário e
própria; os pontos de parada dos transportes
VI - elaborar o orçamento anual e coletivos;
plurianual de investimentos, bem como a XXI - fixar os locais de estacionamento
Lei de Diretrizes Orçamentárias de táxis e demais veículos;
VII - instituir e arrecadar tributos, bem XXII - conceder, permitir ou autorizar os
como aplicar as suas rendas; serviços de transporte coletivo e de táxis,
VIII - fixar, fiscalizar e cobrar tarifas ou fixando as respectivas tarifas;
preços públicos; XXIII - fixar e sinalizar as zonas de
IX - dispor sobre organização, silêncio, de trânsito e tráfego em condições
administração e execução dos serviços especiais;
locais;

12
Conhecimentos Gerais do Município

XXIV - disciplinar os serviços de carga c) transportes coletivos estritamente


e descarga e fixar a tonelagem máxima municipais;
permitida a veículos que circulem em vias d) iluminação pública;
públicas municipais; XXXVIII - regulamentar e padronizar o
XXV - tornar obrigatória a utilização da serviço de táxi, inclusive o uso de
estação rodoviária, quando vier; taxímetro;
XXVI - sinalizar as vias urbanas e as XXXIX - assegurar a expedição de
estradas municipais bem como certidões requeridas às repartições
regulamentar e fiscalizar sua utilização; administrativas municipais, para defesa de
XXVII - prover sobre a limpeza das vias direitos e esclarecimento de situações,
e logradouros públicos, remoção e destino estabelecendo os prazos de atendimento;
do lixo domiciliar e de outros resíduos de XL - prestar, com a cooperação técnica e
qualquer natureza; financeira da União e do Estado, serviços
XXVIII - ordenar as atividades, fixando de atendimento à saúde da população;
condições e horários para funcionamento de § 1° - As normas de loteamento e
estabelecimento industriais, comercias e de arruamento a que se refere ao inciso XIX
serviços, observadas as normas federais deste artigo deverão exigir reserva de área
pertinentes; destinadas a:
XXIX - dispor sobre os serviços a) zonas verdes e demais logradouros
funerários e de cemitérios; públicos;
XXX - regulamentar, licenciar, permitir, b) vias de tráfego e de passagem de
autorizar e fiscalizar a afixação de canalizações públicas, de esgotos e de
publicidade e propaganda, nos locais águas pluviais nos fundos dos vales;
sujeitos ao poder de polícia municipal; c) passagem de canalizações públicas de
XXXI - hospitalares de pronto-socorro, esgotos e de águas pluviais com largura
por seus próprios serviços ou mediante mínima de dois metros nos fundos de lotes,
convênio com instituição especializada; cujo desnível seja superior a um metro da
XXXII - organizar e manter os serviços frente ao fundo.
de fiscalização necessários ao exercício do § 2° - A lei complementar de criação de
seu poder de polícia administrativa; guarda municipal estabelecerá a
XXXIII - fiscalizar, nos locais de organização e competência dessa força
vendas, peso, medidas e condições auxiliar na proteção dos bens, serviços e
sanitárias dos gêneros alimentícios; instalações municipais.
XXXIV - dispor sobre o depósito de XLI - promover a integração, política
venda de animais e mercadorias social e cultural da Região dos Lagos,
apreendidos em decorrência de objetivando a união com os demais
transgressão da legislação municipal; Municípios no desenvolvimento e a solução
XXXV - dispor sobre registro, vacinação dos problemas regionais;
e captura de animais, com a finalidade XLII - manter contato com as entidades
perspícua de erradicar as moléstias de que representativas das comunidades situadas
possam ser portadores ou transmissores; na Região dos Lagos, autoridades das três
XXXVI - estabelecer e impor esferas de governo e quaisquer outras
penalidades por infração de suas leis e entidades nacionais e estrangeiras, cuja
regulamentos; atuação e objetivos sejam úteis à integração
XXXVII - promover os seguintes e desenvolvimento da região, estimulando o
serviços: associativismo e dando cumprimento ao
a) mercados, feiras e matadouros; disposto no inciso anterior;
b) construção e conservação de estradas XLIII - tornar obrigatório os plantões de
e caminhos municipais; Farmácias e Drogarias estabelecidas no

13
Conhecimentos Gerais do Município

Município, aos domingos e feriados tendo a XII - fomentar e desenvolver o turismo


Prefeitura a incumbência de organizá-las; no Município, através de programas
XLIV - tornar obrigatório o uso de lonas específicos.
ou assemelhados nos veículos que
estiverem trafegando em perímetro urbano Seção III
do Município transportando pedras Da competência Suplementar
britadas, areias, saibros ou assemelhados.
Art. 12. - Ficam Revogados o art. 12 e
Seção II seu § 1 ° do ato das disposições Transitórias
Da Competência Comum da Lei Orgânica do Município de
Saquarema.
Art. 11 - É da competência Parágrafo único - A competência
administrativa comum do Município, da prevista neste artigo será exercida em
União e do Estado, observada a lei relação às legislações federal e estadual no
complementar federal, o exercício das que digam respeito ao peculiar interesse
seguintes medidas: municipal, visando a adaptá-las à realidade
I - zelar pela guarda da Constituição, das local.
leis e das instituições, democráticas e
conservar o patrimônio público; CAPÍTULO III
II - cuidar da saúde e assistência pública, Das Vedações
da proteção e garantia das pessoas
portadoras de deficiência; Art. 13- Ao Município é vedado:
III - proteger os documentos, impedindo I - Estabelecer cultos religiosos ou
a evasão, a destruição e a descaracterização igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o
das obras e outros bens de valor histórico, funcionamento ou manter com eles ou seus
artístico e cultural, os monumentos, as representantes relações de dependência ou
paisagens naturais notáveis e os sítios aliança, ressalvada na forma da lei, a
arqueológicos; colaboração de interesse público;
IV - proporcionar os meios de acesso à II - recusar fé aos documentos públicos;
cultura, à educação e à ciência; III - criar distinções entre brasileiros ou
V - proteger o meio ambiente e combater preferência entre si;
a poluição em qualquer de suas formas; IV - subvencionar ou auxiliar de
VI - preservar as florestas, a fauna e a qualquer modo, com recursos pertencentes
flora; aos cofres públicos, quer pela imprensa,
VII - fomentar a produção agropecuária rádio, televisão, serviço de alto-falante ou
e organização do abastecimento alimentar; qualquer meio de comunicação,
VIII - promover o programa de propaganda político-partidária com fins
construção de moradias e a melhoria das estranhos à administração;
condições habitacionais e de saneamento V - manter a publicidade de atos,
básico; programas, obras, serviços e campanhas de
IX - combater as causas da pobreza e os órgão públicos que não tenham caráter
fatores de marginalização, promovendo a educativo, informativo ou de orientação
integração social dos setores social, assim como a publicidade da qual
desfavorecidos; constem nomes, símbolos que caracterizem
X - registrar, acompanhar e fiscalizar as promoção pessoal de autoridades ou
concessões de direitos de pesquisa e servidores públicos;
exploração de recursos hídricos e minerais VI - outorgar isenções e anistias fiscais,
em seu território; ou permitir a remissão de dívidas, sem
XI - estabelecer e implantar política de interesse público justificado, sob pena de
educação para segurança do trânsito; nulidade do ato;

14
Conhecimentos Gerais do Município

VII - exigir ou aumentar tributo sem lei contraprestação ou pagamento de preços ou


que o estabeleça; tarifas pelo usuário, nem exonera o
VIII - instituir tratamento desigual entre promitente comprador da obrigação de
contribuintes que se encontrem em situação pagar imposto relativamente ao bem
equivalente, proibida qualquer distinção em imóvel;
razão de ocupação profissional ou função § 3° - Fica Revogado conforme Emenda
por eles exercida, independentemente da n.° 01/92
denominação jurídica dos rendimentos
títulos ou direitos; TÍTULO II
IX - estabelecer diferença tributária entre Da Organização dos Poderes
bens e serviços, de qualquer natureza, em CAPITULO I
razão de sua procedência ou destino; Do Poder Legislativo
X - cobrar tributos: Seção I
a - Em relação a fatos geradores Da Câmara Municipal
ocorridos antes do início da vigência da lei
que os houver instituído ou aumentado; Art. 14 - O Poder Legislativo do
b - no mesmo exercício financeiro em Município é exercido pela Câmara
que haja sido publicada a lei que os instituiu Municipal.
ou aumentou; Parágrafo único - Cada legislatura terá a
XI - utilizar tributos com efeito de duração de quatro anos, compreendendo
confisco; cada ano uma sessão legislativa.
XII - estabelecer limitações ao tráfego de
pessoas ou bens, por meio de tributos, Art. 15 - A Câmara Municipal é
ressalvada a cobrança de pedágio pela composta de Vereadores eleitos pelo
utilização de vias conservadas pelo Poder sistema proporcional, com representante do
Público; povo, com mandato de quatro anos.
XIII - instituir impostos sobre: § 1 °- São condições de elegibilidade
a) patrimônio, renda ou serviço da para o mandato de Vereador, obedecendo
União, do Estado e de outros Municípios; os ditames do § 3°do art. 14 da Constituição
b) templos de qualquer outro culto; Federal.
c) patrimônio, renda ou serviços dos § 2° - O número de Vereadores será de
partidos políticos, inclusive suas fundações, 13(treze), observados os limites de que trata
das entidades sindicais dos trabalhadores, o inciso IV, art. 29, da Constituição Federal.
das instituições de educação e de
assistência, sem fins lucrativos, atendidos Art. 16 - A Câmara Municipal, reunir-se
ou requisitos da lei federal; anualmente, na sede do Município, de 15 de
d) livros, jornais, periódicos e papel fevereiro a 30 de junho e de 1° de agosto a
destinado à sua impressão; 15 de dezembro.
§ 1° - A vedação do inciso XIII, a, é § 1° - As reuniões marcadas para essas
extensiva às autarquias e às fundações datas serão transferidas para o primeiro dia
instituídas e mantidas pelo Poder Público, útil subsequente, quando recaírem em
no que se refere ao patrimônio, à renda, e sábados, domingos ou feriados.
aos serviços, vinculados às suas finalidades § 2° - A Câmara se reunirá em sessões
essenciais ou às delas decorrentes; ordinárias, extraordinárias só eles,
§ 2° - As vedações do inciso XIII, a, e do conforme dispuser o seu Regime Interno.
§ anterior não se aplicam ao patrimônio, à § 3° - A convocação extraordinária da
renda e aos serviços relacionados com Câmara Municipal far-se-á :
exploração de atividades econômicas I - Pelo Prefeito, quando este a entender
regidas pelas normas aplicáveis necessária;
empreendimentos privados, ou em que haja

15
Conhecimentos Gerais do Município

II - pelo Presidente da Câmara para o Parágrafo único - Considerar-se-á


compromisso e a posse do Prefeito e do presente à sessão o Vereador que assinar o
Vice- Prefeito; livro de presença até o início da Ordem do
III - pelo Presidente da Câmara ou a Dia, participar dos trabalhos do Plenário e
requerimento da maioria dos membros da das votações.
Casa, em caso de urgência ou interesse
público relevante; Seção II
IV - pela Comissão Representativa da Do Funcionalismo da Câmara
Câmara, conforme previsto no art.36, desta
Lei Orgânica. Art. 22 - A Câmara Municipal reunir-se-
§ 4° - Na sessão legislativa á logo após a posse, no primeiro ano da
extraordinária, a Câmara Municipal legislatura, sob a presidência do Vereador
somente deliberará sobre a matéria para a mais idoso, dentre os presentes, para
qual foi convocada. eleição de seu Presidente e de sua Mesa
§ 5° Fica suspenso o recesso parlamentar Diretora, por escrutínio aberto e maioria
compreendido entre os dias 01 de Julho de simples, considerando - se
2020 a 31 de Julho de 2020, durante o automaticamente empossados os eleitos; no
período da Pandemia, declarado pela caso de empate, ter-se-á por eleito o mais
Organização Nacional de Saúde - OMS. votado pelo povo. (Redação dada pela
(Nova Redação dada pela emenda N°14 de Emenda n.°011/2016.)
02 de Julho de 2020). § 1° - A posse ocorrerá em sessão
solene, que se realizará independentemente
Art. 17 - As deliberações da Câmara de número, sob a Presidência do vereador
serão tomadas por maioria de votos, mais idoso dentre os presentes.
presente a maioria de seus membros, salvo § 2° - O Vereador que não tomar posse
disposição em contrário constante na na sessão prevista no § anterior deverá fazê-
Constituição Federal e nesta Lei Orgânica. lo dentro do prazo de 15 (quinze) dias do
início do funcionamento normal da
Art. 18 - A sessão legislativa ordinária Câmara, sob pena de perda de mandato,
não será interrompida sem a deliberação salvo motivo justo, aceito pela maioria
sobre o projeto de lei orçamentária. absoluta dos membros da Câmara.
§ 3°- Imediatamente após a posse, os
Art. 19 - As sessões da Câmara deverão Vereadores reunir-se-ão sob a Presidência
ser realizadas em recinto destinado ao seu do mais idoso dentre os presentes e,
funcionamento, observado o disposto no havendo maioria absoluta dos membros da
art. 35, XII desta Lei Orgânica. Câmara, elegerão os componentes da Mesa,
§ 1°- Revogado pela Emenda nº que serão automaticamente empossado.
002/2004. § 4° - Inexistindo número legal, o
§ 2° - As sessões solenes poderão ser Vereador mais idoso dentre os presentes
realizadas fora do recinto da Câmara. permanecerá na presidência e convocará
sessões diárias, até que seja eleita a Mesa.
Art. 20 - As sessões serão públicas, salvo § 5° - A Eleição da Mesa Diretora da
deliberação em contrário, de dois terços Câmara, para o segundo Biênio, far-se-á no
(2/3) dos Vereadores, adotada em razão de dia 15 de Dezembro do segundo ano de
motivo relevante. cada Legislatura, com posse no dia 1º de
Janeiro do Ano subsequente.
Art. 21 - As sessões somente poderão ser § 6° - No ato da posse e ao término do
abertas com a presença de, no mínimo, um mandato os vereadores deverão fazer
terço (1/3) dos membros da Câmara. declaração de seus bens, as quais ficarão

16
Conhecimentos Gerais do Município

arquivadas na Câmara, constando das V - solicitar depoimento de qualquer


respectivas atas o seu resumo. autoridade ou cidadão;
VI - exercer, no âmbito de sua
Art. 23 - O mandato da Mesa Diretora competência, a fiscalização dos atos
será de dois anos, permitindo a recondução Executivo e da Administração Indireta.
de seus membros para qualquer cargo, na § 2°- As comissões especiais, criadas por
eleição imediatamente subsequente na deliberação do Plenário, serão destinadas
mesma legislatura. ao estudo de assuntos específicos e à
representação da Câmara em congressos,
Art. 24 - A Mesa da Câmara se compõe solenidades ou atos públicos.
do Presidente, do Vice-Presidente, do § 3° - Na formação das comissões,
Primeiro Secretário e segundo Secretário, assegurar-se-á, tanto quanto possível, a
os quais se substituirão nessa ordem. representação proporcional dos Partidos ou
§ 1° - Na constituição da Mesa é dos blocos parlamentares que participem da
assegurada, tanto quanto possível, a Câmara.
representação proporcional dos partidos ou § 4° - As comissões parlamentares de
dos blocos parlamentares que participam da inquérito, que terão poderes de
Casa. investigações próprios das autoridades
§ 2° - Na ausência dos membros da judiciais, além de outros previstos no
Mesa, o Vereador mais idoso assumirá a Regimento Interno da Casa, serão criadas
Presidência. pela Câmara Municipal, mediante
§ 3° - Qualquer componente da Mesa requerimento de um terço (1/3) dos seus
poderá ser destituído da mesma, pelo voto membros, para a apuração de fato
de dois terços (2/3 ) dos membros da determinado e por prazo certo, sendo suas
Câmara, quando faltoso, omisso ou conclusões, se for o caso, encaminhadas ao
ineficiente no desempenho de suas Ministério Público, para que promova a
atribuições regimentais, elegendo - se outro responsabilidade civil ou criminal dos
Vereador para a complementação do infratores.
mandato.
Art. 26 - A maioria, a minoria, as
Art. 25 - A Câmara terá comissões Representações Partidárias com número de
permanente e especiais. membros superior a 1/6 (um sexto) da
§ 1° - Às comissões permanentes em composição da Casa, e os blocos
razão da matéria de sua competência parlamentares terão Líder e Vice-Líder.
cabem: § 1° - A indicação dos Líderes será feita
I - Discutir e votar projeto de lei que em documento subscrito pelos membros
dispensar, na forma do Regimento Interno, das representações majoritárias,
a competência do Plenário, salvo se houver minoritárias, blocos parlamentares ou
recurso de um terço (1/3) dos membros da Partidos Políticos à Mesa, nas vinte e quatro
Casa; horas que se seguirem à instalação do
II - realizar audiências públicas com primeiro legislativo anual.
entidades da sociedade civil; § 2° - Os Líderes indicarão os receptivos
III - convocar os Secretários municipais Vice-Líderes, dando conhecimento à Mesa
ou Diretores equivalente: para prestar da Câmara dessa designação.
informações sobre assuntos inerentes a
suas atribuições; Art. 27 - Além de outras atribuições
IV - receber petições, reclamações, prevista no Regimento Interno, os Líderes
representações ou queixas de qualquer indicarão os representantes partidários nas
pessoa contra atos ou omissões das comissões da Câmara.
autoridades de entidades públicas;

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Conhecimentos Gerais do Município

Parágrafo único - Ausente ou impedido aos Secretários Municipais ou Diretores


o Líder, suas atribuições serão exercidas equivalentes, importando crimes de
pelo Vice-Líder. responsabilidades a recusa ou o não
atendimento no prazo de trinta dias, bem
Art. 28 - A Câmara Municipal, como a prestação de informação falsa.
observado o disposto nesta Lei Orgânica,
compete elaborar seu Regimento Interno, Art. 32 - À Mesa, dentre outras
dispondo sobre sua organização, política e atribuições, compete:
provimento de cargos de seus serviços e, I - tomar todas as medidas necessárias à
especialmente, sobre: regularidade dos trabalhos legislativos, e
I - Sua instalação e funcionamento; dirigir todos os serviços administrativos,
II - posse de seus membros; inclusive: nomear, contratar, promover,
III - eleição da Mesa, sua composição e comissionar, por em disponibilidade,
suas atribuições; demitir e exonerar servidores.
IV - número de reuniões mensais; II - propor projetos que criem ou
V - comissões; extinguem cargos nos serviços da Câmara e
VI - sessões; fixem os respectivos vencimentos;
VII - deliberações; III - apresentar projetos de resolução
VIII - todo e qualquer assunto de sua dispondo sobre remanejamento de verbas,
administração interna. através do aproveitamento total ou parcial
das consignações orçamentárias da Câmara,
Art. 29 - Por deliberação da maioria de com exceção das verbas destinadas ao
seus membros, a Câmara poderá convocar pessoal;
Secretário Municipal ou Diretor IV - promulgar a Lei Orgânica e suas
equivalente para, pessoalmente, prestar emendas;
informações acerca de assuntos V - representar junto ao Executivo, sobre
previamente estabelecidos. necessidades de economia interna;
Parágrafo único - A falta de VI - representar por decisão da Câmara
comparecimento do Secretário Municipal sobre a inconstitucionalidade de Lei ou ato
ou Diretor equivalente, sem justificativa municipal em face da Constituição
razoável, será considerado desacato à Estadual;
Câmara, e, se o Secretário ou Diretor for VII - elaborar e encaminhar ao Prefeito
Vereador licenciado, o não a proposta orçamentária da Câmara
comparecimento nas condições Municipal, até o dia 31 de agosto, aprovada
mencionadas caracterizará procedimento pelo plenário a ser incluída na proposta do
incompatível com a dignidade da Câmara, Município, e fazer, mediante ato, a
para instauração do respectivo processo, na discriminação analítica das dotações
forma da lei federal, e consequente respectivas, bem como alterá-las quando
cassação do mandato. necessário, se a proposta não for
encaminhada no prazo previsto, será
Art. 30 - O Secretário Municipal ou tomado com base o orçamento vigente para
Diretor equivalente, a seu pedido, poderá a Câmara Municipal;
comparecer perante o Plenário ou qualquer §1º - A Mesa Diretora decidirá sempre
comissão da Câmara para expor assunto e pela maioria de seus membros;
discutir projeto de lei ou qualquer outro ato §2º - A Mesa Diretora após deliberar
normativo relacionado com o seu serviço sobre a conveniência e oportunidade de
administrativo. praticar os atos descritos o inciso 1,
encaminhará a sua decisão ao Presidente
Art. 31 - A Mesa da Câmara poderá que baixará o ato correspondente no prazo
encaminhar pedidos escritos de informação máximo de 24 horas.

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Conhecimentos Gerais do Município

§3º - No caso de o Presidente não VI - Fazer publicar os atos da mesa, as


praticar o ato designado pela mesa no prazo resoluções, decreto legislativos e as leis que
de que trata o Parágrafo 2º a atribuição vier a promulgar;
passará a ser do Vice-Presidente em prazo VII - autorizar as despesas da Câmara
idêntico. que forem aprovadas pela Mesa Diretora,
§4º - No caso de empate nas deliberações assinando os cheques ou Ordem de
da Mesa Diretora o Plenário será pagamento em conjunto com o 1º ou 2º
imediatamente consultado para dirimir a Secretário, ficando a Mesa Diretora
questão. responsável por todos os atos .
VIII - declarar extinto o mandato do VIII - administrar os serviços da Câmara
Prefeito, do e dos Vereadores, no caso Municipal, fazendo lavrar os atos
previsto em Lei; pertinentes a essa área de gestão;
IX - apresentar ao plenário, até o dia 20 IX - solicitar, por decisão da maioria
de cada mês, o balanço relativo aos recursos absoluta da Câmara, intervenção no
recebidos e as despesas realizadas no mês município nos casos admitidos pela
anterior; Constituição Federal pela Constituição
X - requisitar o numerário destinado às Estadual;
despesas da Câmara; X - manter a ordem no recinto da
XI - designar comissões especiais nos Câmara, podendo solicitar a força
termos regimentais, observadas as necessária para esse fim;
indicações partidárias; XI - encaminhar para parecer prévio, a
XII - realizar audiências públicas com prestação de contas do Município ao
entidades da sociedade civil e com Tribunal de Contas do Estado ou órgão a
membros da comunidade; que for atribuída tal competência;
XIII - o Presidente da Câmara, ou quem XII - exercer, em substituição, a chefia
o substituir, somente manifestará o seu voto do executivo municipal nos casos previstos
nas seguintes hipóteses: em Lei;
a) na eleição da mesa diretora; XIII - mandar prestar informações por
b) quando a matéria exigir, para sua escrito e expedir certidões requeridas para
aprovação o voto favorável de defesa de direito e esclarecimento de
2 (dois terços) ou de maioria absoluta situações.
dos membros da Câmara;
c) quando ocorrer empate em qualquer Seção III
votação, no plenário. Das Atribuições da Câmara
Municipal
Art. 33 - Dentre outras deliberações,
compete ao Presidente da Câmara: Art. 34 - Compete à Câmara Municipal,
I - representar a Câmara em juízo fora com a sanção do Prefeito, dispor sobre
dele; todas as matérias de competência do
II - dirigir, executar e disciplinar os Município e, especialmente:
trabalhos legislativos da Câmara; I - autorizar isenções e anistias fiscais e
III - interpelar e fazer cumprir ó remissão de dívidas;
Regimento Interno; II - votar o orçamento anual e o
IV - promulgar as resoluções e decretos plurianual de investimentos, bem como
legislativos. autorizar a abertura de créditos
V - promulgar as leis com sanção tácita suplementares e especiais;
ou cujo veto tenha sido rejeitado pelo III - deliberar sobre obtenção e
Plenário desde que não aceita esta decisão, concessão de empréstimos e operações de
em tempo hábil pelo Prefeito; créditos, bem como a forma e os meios de
pagamentos;

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Conhecimentos Gerais do Município

IV - autorizar a concessão de auxílios e h) ao fomento da proteção agropecuária


subvenções; e à organização do abastecimento
V - autorizar a concessão de serviços alimentar;
públicos; i) à promoção de programas de
VI - autorizar a concessão de direito real construção de moradias, melhorando as
de uso de bens municipais; condições habitacionais e de saneamento
VII - autorizar a concessão básico;
administrativa de uso de bens municipais; j) ao combate as causas da pobreza e aos
VIII - autorizar a alienação de bens fatores de marginalização, promovendo a
imóveis; integração social dos setores
IX - autorizar a aquisição de bens desfavorecidos;
imóveis, salvo quando se tratar de doação k) ao registro, ao acompanhamento e a
sem encargo; fiscalização das concessões de pesquisa de
X - autorizar a criação, transformação e exploração dos recursos hídricos e minerais
extinção de cargos, em seu território;
empregos, funções públicas bem como l) ao estabelecimento e a implantação da
fixação dos respectivos vencimentos; política de educação para o trânsito;
XI - aprovar o plano diretor. m) a cooperação com a União e o Estado,
XII - Fica revogado conforme a emenda tendo em vista o equilíbrio do
n.°01/92 desenvolvimento e do bem-estar, atendidas
XIII - delimitar o perímetro urbano e a as normas fixadas em lei complementar
zona de expansão urbana do Município. federal;
XIV - autorizar a alteração da n) ao uso e ao armazenamento dos
denominação de próprios, vias e agrotóxicos, seus componentes e afins;
logradouros públicos; o) as políticas públicas do Município;
XV - estabelecer normas urbanísticas, XVII - guarda municipal destinada a
particularmente as relativas a zoneamento e proteger bens, serviços e instalações do
loteamento; Município;
XVI - delibera sobre assuntos de XIII - criação e organização e supressão
interesse local, inclusive suplementando a de Distritos, observados a legislação
legislação Federal e Estadual, notadamente estadual.
no que diz respeito:
a) à saúde, à assistência pública e à Art. 35 - Compete privativamente à
proteção e garantia das pessoas portadoras Câmara Municipal exercer as seguintes
de deficiência; atribuições, dentre outras:
b) à proteção de documentos, pobres e I - eleger sua Mesa;
outros bens de valor histórico, artístico e II - elaborar o Regimento Interno;
cultural, com os monumentos, as paisagens III - organizar os serviços
naturais notáveis e os sítios arqueológicos administrativos internos e prover os cargos
do município; respectivos;
c) a impedir a evasão, destruição e IV - propor a criação ou a extinção dos
descaracterização de obras de arte e outros cargos dos serviços administrativos
bens de valor histórico, artístico e cultural internos e a fixação dos respectivos
do Município; vencimentos;
d) abertura de meios de acesso à cultura, V - conceder licença ao Prefeito, ao
à educação e a ciência; Vice-Prefeito e aos Vereadores;
e) à proteção do meio ambiente ao VI - autorizar a ausentar-se do
combate à poluição; Município, por mais de vinte dias por
f) ao incentivo a indústria e ao comércio; necessidade de serviço;
g) criação de Distritos industriais;

20
Conhecimentos Gerais do Município

VII - tomar e julgar as contas do Prefeito, XVII- fiscalizar e controlar os atos do


deliberando sobre parecer do Tribunal de Poder Executivo, incluídos os da
Contas do Estado no prazo máximo de Administração Indireta;
sessenta (60) dias de seu recebimento, XX- O subsídio do Vereadores será
observando os seguintes preceitos: fixado pela Câmara Municipal, até
a) o parecer do Tribunal somente deixará Dezembro do último ano de cada
de prevalecer por decisão de dois terços 2/3 Legislatura, para a subsequente na forma do
dos membros da Câmara; inciso VI do art. 29 da Constituição Federal.
b) decorrido o prazo de sessenta dias, XXI - Os subsídios do Prefeito, do Vice-
sem deliberação pela Câmara as contas Prefeito e dos Secretários municipais serão
serão consideradas aprovadas ou rejeitadas, fixados por Lei de iniciativa da Câmara
de acordo com a conclusão do parecer do Municipal, observando o que dispõe os
Tribunal de Contas; artigos 29, V, 37, XI, 39, §4º, 150, II,153,
c) rejeitadas as contas, serão estas III e 153 § 2º da Constituição Federal.
imediatamente remetidas a Ministério a) a remuneração de que se trata este
Público para os fins de direito; inciso será atualizada pelo índice de
VIII - decretar a perda do mandato do inflação com a periodicidade estabelecida
Prefeito e dos Vereadores, nos casos no decreto legislativo e na resolução
indicados na Constituição Federal, nesta fixadores;
Lei Orgânica e na Legislação Federal b) a remuneração do Prefeito será
aplicáveis; composta de subsídios e verbas de
IX - Fica revogado conforme a emenda representação;
n.°01/92 c) a verba de representação do Prefeito
X- estabelecer e mudar temporariamente municipal não poderá exceder a dois terços
o local de suas reuniões; (2/3) de seus subsídios;
XI- convocar o Secretário do Município d) a verba de representação do Vice-
ou Diretor equivalente para prestar Prefeito não poderá exceder a metade do
esclarecimento, aprazando dia e hora para que for fixado para o Prefeito Municipal;
comparecimento; e) a remuneração dos Vereadores será
XII - deliberar sobre o atendimento e a dividida em parte fixa a parte variável
suspensão de suas reuniões; vedados acréscimo a qualquer título;
XIII - criar comissão parlamentar de f) a verba de representação do Presidente
inquérito sobre fato determinado e prazo da Câmara, que integra a remuneração não
certo, mediante requerimento de um terço poderá exceder a 2/3 (dois terços) da que for
de seus membros; fixada para o Prefeito Municipal;
XIV - conceder título de cidadão XXII - a remuneração dos Vereadores
honorário ou conferir homenagem a terá como limite máximo o valor percebido
pessoas que reconhecidamente tenham como remuneração do Prefeito Municipal;
prestado relevantes serviços ao Município XXIII - poderá ser prevista a
ou nele se destacado pela atuação exemplar remuneração para sessões extraordinárias,
na vida pública e particular, mediante desde que observado o limite fixado no
proposta pelo voto de dois terços (2/3) dos artigo anterior;
membros da Câmara; XXIV - a não fixação da remuneração do
XV - solicitar intervenção do Estado no Prefeito Municipal, do Vice-Prefeito e dos
Município; Vereadores até a data prevista nesta Lei
XVI - julgar o Prefeito, o Vice-Prefeito Orgânica implicará na responsabilidade
e os Vereadores, nos casos previstos em lei prevista nos crimes contra a administração
federal; pública.
Parágrafo único - No caso da não fixação
prevalecerá a remuneração prevista na

21
Conhecimentos Gerais do Município

Resolução anterior, da última legislatura, IV - autorizara o Prefeito a se ausentar


sendo aquele valor atualizado do Município por mais de vinte (20) dias;
monetariamente pelo índice oficial. V - convocar extraordinariamente a
XXV - a lei fixará critérios de Câmara em caso de urgência ou interesse
indenização de despesas de viagem do público relevante.
Prefeito, do Vice-Prefeito e dos § 1° - A Comissão Representativa,
Vereadores. constituída por número ímpar de
Parágrafo único - A indenização de que Vereadores, será presidida pelo Presidente
se trata este inciso não será considerada da Câmara.
com representação; § 2° - A Comissão Representativa,
XXVI - sustar os atos normativos do deverá apresentar relatório dos trabalhos
Poder Executivo que exorbitem do Poder por ela realizados, quando do reinicio do
regulamentar ou dos limites de delegação período de funcionamento ordinário da
legislativa; Câmara.
XXVII - dispor sobre sua organização,
funcionamento, polícia, criação, Art. 37 - Aos Vereadores aplica-se o
transformação ou extinção de cargos, disposto nos § 1°, 2°,3°,5°e 6° do art. 102
empregos e funções de seus serviços e fixar da Constituição Estadual.
a respectiva remuneração; Parágrafo único - Os Vereadores serão
XXVIII - autorizar referendo e convocar submetidos a julgamento perante o Juiz
plebiscito; competente da Comarca nos crimes comuns
XXIX - é fixado em 30 dias, prorrogável e de responsabilidade.
por igual período, desde que solicitado e
devidamente justificado o prazo para que os Art. 38 - É vedado ao Vereador:
responsáveis e os órgãos da administração I - desde a expedição do diploma:
direta, indireta e fundações públicas do a) firmar ou manter contrato com o
Município prestem as informações e Município, com suas autarquias, fundações,
encaminhem os documentos requisitados empresas públicas, sociedades de economia
pela Câmara Municipal na forma desta Lei mista ou com suas empresas
Orgânica. concessionárias de serviço público, salvo
quando o contrato obedecer a cláusulas
Art. 36 - Ao término de cada sessão uniformes;
legislativa à Câmara elegerá dentre seus b) aceitar cargo, emprego ou função no
membros, em votação secreta, uma âmbito da Administração Pública Direta ou
Comissão Representativa, cuja composição Indireta municipal, salvo mediante
reproduzirá, tanto quanto possível, a aprovação em concurso público e
proporcionalidade da representação observado o disposto no art. 86, I, IV e V
partidária ou dos blocos parlamentares da desta Lei Orgânica.
Casa, que funcionará nos interregnos das II - desde a posse:
sessões legislativas ordinárias com as a) ocupar cargo, função ou emprego, na
seguintes atribuições: Administração Pública Direta ou Indireta
I - reunir-se ordinariamente um vez por municipal, de que seja exonerável ad
semana e extraordinariamente sempre que nutum, salvo o cargo de Secretário
convocada pelo Presidente; Municipal ou Diretor equivalente, desde
II - zelar pelas prerrogativas do Poder que se licencie do exercício do mandato;
Legislativo; b) exercer outro cargo eletivo federal,
III - zelar pela observância da Lei estadual ou municipal;
Orgânica e dos direitos e garantias c) ser proprietário, controlador ou diretor
individuais; de empresa que goze de favor decorrente de
contrato com pessoa jurídica de direito

22
Conhecimentos Gerais do Município

público do Município, ou nela exercer Art. 40 - O Vereador poderá licenciar-se:


função remunerada; I - por motivo de doença;
d) patrocinar causa junto ao município II - para tratar, sem remuneração, de
em que seja interessada qualquer das interesse particular, desde que o
entidades a que se refere a alínea "a" do afastamento não ultrapasse cento e vinte
inciso I. (120) dias por sessão legislativa;
III - para desempenhar missões
Art. 39 - Perderá o mandato o Vereador: temporárias, de caráter cultural ou de
I - que infringir qualquer das proibições interesse do Município.
estabelecidas no artigo anterior; § 1 ° - Não perderá o mandato,
II - cujo procedimento for declarado considerando-se automaticamente
incompatível com o decoro parlamentar ou licenciado, o Vereador investido no cargo
atentatório às instituições vigentes; de Secretário Municipal ou Diretor
III - que utilizar-se do mandato para a equivalente, conforme previsto, no art. 38,
prática de atos de corrupção ou de inciso II, alínea "a "desta Lei Orgânica.
improbidade administrativa; § 2° - Ao Vereador licenciado nos
IV - que deixar de comparecer, em cada termos dos incisos I e III, a Câmara poderá
sessão legislativa anual, à terça parte das determinar o pagamento, no valor que
sessões ordinárias da Câmara , salvo estabelecer e na forma que especificar, de
doença, comprovada, licença ou missão auxílio-doença ou de auxílio especial.
autorizada pela edilidade; § 3° - O auxílio de que se trata o §
V - que fixar residência fora do anterior poderá ser fixado no curso da
Município; legislatura e não será computado para o
VI - que perder ou tiver suspensos os efeito de cálculo da remuneração dos
direitos políticos; Vereadores.
VII - quando o decretar a Justiça § 4°- A licença para tratar de interesse
Eleitoral, nos casos previstos na particular não será inferior a trinta dias (30)
Constituição Federal; dias e o Vereador não poderá reassumir o
VIII VIII - que sofrer condenação exercício do mandato antes do término da
criminal em sentença transitada em julgado. licença.
§ 1° - Além de outros casos definidos no § 5°- Independente de requerimento,
Regimento Interno da Câmara Municipal, considerar-se-á como licença o não
considerar-se-á incompatível com o decoro comparecimento às reuniões de Vereador,
parlamentar o abuso das prerrogativas Privado, temporariamente de sua liberdade,
asseguradas ao Vereador ou a percepção de em virtude de processo criminal em curso.
vantagens ilícitas ou imorais.
§ 2° - Nos casos incisos I, II, III, IV, V, Art. 41 - Dar-se-á convocação do
VI, VII e VIII a perda do mandato será Suplente de Vereador nos casos de vaga ou
declarada pela Câmara por voto aberto e de licença.
maioria absoluta, mediante provocação da § 1 ° - O Suplente convocado deverá
Mesa ou de Partido Político representado na tomar posse no prazo de quinze (15) dias,
Câmara, assegurada ampla defesa. contadas da data de convocação, salvo justo
(Redação dada pela Emenda nº 10/2014). motivo aceito pela Câmara, quando se
§ 3° - Nos casos previstos nos incisos IV prorrogará o prazo.
a VII, a perda será declarada pela Mesa da § 2° - Enquanto a vaga a que se refere o
Câmara, de ofício ou mediante aprovação § anterior não for preenchida, calcular-se-á
de qualquer de seus membros ou de Partido o quórum em função dos Vereadores
Político representado na Casa, assegurada remanescentes.
ampla defesa.

23
Conhecimentos Gerais do Município

Art. 42 - O exercício da Vereança se dará Câmara Municipal, observados os demais


de acordo com as determinações da termos de votação das leis ordinárias.
Constituição Federal. Parágrafo único - Serão leis
Parágrafo único - O Vereador ocupante complementares, dentre outras previstas
do cargo, emprego ou função pública nesta Lei Orgânica:
municipal é inamovível de ofício pelo I - Código Tributário do Município;
tempo de duração do seu mandato. II - Código de Obras;
III - Plano Diretor.
Seção IV IV - Código de Posturas;
Do Processo Legislativo V - Lei Instituidora do Regime Jurídico
dos Servidores Municipais;
Art. 43 - O processo Legislativo VI - Lei Orgânica Instituidora da Guarda
Municipal compreende a elaboração de: Municipal;
I - emendas á Lei Orgânica Municipal; VII - Lei de Criação de Cargos, Funções
II - leis complementares; ou Empregos Públicos.
III - leis ordinárias;
IV - leis delegadas; Art. 47 - São de iniciativa exclusiva do
V - resoluções; Prefeito as leis que disponham sobre:
VI - decretos legislativos. I - criação, transformação ou extinção de
cargos, funções ou empregos públicos na
Art. 44 - A Lei Orgânica Municipal administração direta e autárquica ou
poderá ser emendada mediante proposta: aumento de sua remuneração;
I - de um terço, no mínimo, dos membros II - servidores públicos, seu regime
da Câmara Municipal; jurídico, provimento de cargos, estabilidade
II - do Prefeito Municipal; e aposentadoria;
III - de iniciativa popular. III - criação, estruturação e atribuições
§ 1 ° - a proposta será votada em dois das Secretarias ou Departamentos
turnos com interstício mínimo de cinco equivalentes e órgãos da Administração
dias, e aprovada por dois terços dos Pública;
membros da Câmara Municipal. (Redação IV - matéria orçamentária, e a que
dada pela Emenda nº11/2016). autorize a abertura de créditos ou conceda
§ 2° - A Emenda à Lei Orgânica auxílios, prêmios e subvenções.
Municipal, será prorrogada pela mesa da Parágrafo único - Não será admitido
Câmara com respectivo número de ordem. aumento da despesa prevista nos projetos
§ 3° - A Lei Orgânica não poderá ser de iniciativa exclusiva do Prefeito
emendada na vigência de estado de sítio ou Municipal, ressalvado o disposto no inciso
de intervenção no Município e estado de IV, primeira parte, observado o disposto do
defesa. § 2° do art., 138 desta Lei Orgânica.

Art. 45 - A iniciativa das leis cabe a Art. 48 - É de competência exclusiva da


qualquer Vereador, ao Prefeito e ao Mesa da Câmara, a iniciativa das leis que
eleitorado que exercerá sob a forma de dispunham sobre:
moção articulada, subscrita, no mínimo por I - apresentar projeto de resolução
cinco por cento do total do número de dispondo sobre remanejamento de verbas
eleitores do Município. através do aproveitamento total ou parcial
das consignações orçamentárias da Câmara
Art. 46 - As leis complementares com exceção das verbas destinadas ao
somente serão aprovadas se obtiveram pessoal;
maioria absoluta dos votos dos membros da II - organização dos serviços
administrativos da Câmara, criação,

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Conhecimentos Gerais do Município

transformação ou extinção dos seus cargos, § 4° - Decorrido o prazo de quinze (15)


empregos e funções e fixação da respectiva dias, o silêncio do Prefeito importará
remuneração. sanção.
Parágrafo único - nos projetos de § 5° - Rejeitado o veto, será o projeto
competência exclusiva da Mesa da Câmara enviado ao Prefeito para a promulgação.
não serão admitidas emendas que § 6° - Esgotado sem deliberação o prazo
aumentem a despesa prevista, ressalvando o estabelecido no § 3°, o veto será colocado
disposto na parte final do inciso II, deste na Ordem do Dia da sessão imediata,
artigo, se assinada pela metade dos sobrestadas as demais proposições, até a
Vereadores. sua votação final, ressalvadas as matérias
de que trata o art. 49 desta Lei orgânica.
Art. 49 - O Prefeito poderá solicitar § 7° - A não promulgação da lei no prazo
urgência para apreciação de projetos de sua de quarenta e oito horas pelo Prefeito, nos
iniciativa. casos dos § 3° e 4°, criará para o Presidente
§ 1 °- Solicitada a urgência, a Câmara da Câmara a obrigação de fazê-lo em igual
deverá se manifestar em até trinta (30) dias prazo.
sobre a proposição, contados da data em
que for feita a solicitação. Art. 51 - As leis delegadas serão
§ 2°- Esgotado o prazo previsto no § elaborados pelo Prefeito, que deverá
anterior sem deliberação pela Câmara, será solicitar a delegação à Câmara Municipal.
a proposição incluída na Ordem do Dia, § 1 ° - Os atos de competência privativa
sobrestando- se as demais proposições, para da Câmara, a matéria reservada á lei
que se ultime a votação. complementar e os planos plurianuais e
§ 3°- O prazo do § 1° não corre no orçamentos não serão objeto de delegação.
período de recesso da Câmara nem se aplica § 2° - A delegação ao Prefeito será
os projetos de lei complementar. efetuada sob forma de decreto legislativo,
que especificará e seu conteúdo e os termos
Art. 50 - Aprovado o projeto de lei será de seu exercício.
este enviado ao prefeito, que, aquiescendo, § 3°- O decreto legislativo poderá
o sancionará. determinar a apreciação do projeto pela
§ 1° - O Prefeito considerando o projeto, Câmara que fará em votação única, vedada
no todo ou em parte inconstitucional ou a apresentação de emenda.
contrário ao interesse público vetá-lo à total
ou parcialmente, no prazo de quinze (15) Art. 52 - Os projetos de resolução
dias úteis, contados da data do recebimento, disporão sobre matérias de interesse interno
só podendo ser rejeitado pelo voto da da Câmara e os projetos de decreto
maioria absoluta dos Vereadores, em legislativo sobre os demais casos de sua
escrutínio aberto. (Redação dada pela competência privativa.
Emenda nº 10/2014). Parágrafo único - Nos casos de projeto
§ 2° - O veto somente abrangerá texto de decreto legislativo, considerar-se-á
integral de artigo, de §, de inciso ou de encerrada com a votação final a elaboração
alínea. da norma jurídica, que será promulgada
§ 3° - A apreciação do veto pelo plenário pelo Presidente da Câmara.
da Câmara será, dentro de 30(trinta) dias a
contar do seu recebimento, em uma só Art. 53 - A matéria constante de projeto
discussão e votação com parecer ou sem de lei rejeitado somente poderá constituir
ele, considerando-se rejeitado pelo voto da objeto, na mesma sessão legislativa,
maioria absoluta dos Vereadores, em mediante proposta da maioria dos membros
escrutínio secreto; da Câmara.

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Conhecimentos Gerais do Município

Seção V regularidade à realização da receita e da


Da Fiscalização Contábil, Financeira despesa;
e Orçamentária I - acompanhar as execuções de
programas de trabalho e do orçamento;
Art. 54 - A fiscalização contábil, II I - avaliar os resultados alcançados
financeira e orçamentária do Município pelos administradores;
será exercida pela Câmara Municipal, IV - verificar a execução dos contratos.
mediante controle externo, e pelos sistemas
de controle interno do Executivo, Art. 56 - As contas do Município ficarão,
instituídos em lei. a partir de 15 de abril de cada exercício,
§ 1 °- O controle externo da Câmara será durante 60 (sessenta) dias, anualmente, à
exercido com o auxílio do Tribunal de disposição de qualquer contribuinte, no
Contas do Estado ou órgão estadual a que horário de funcionamento da Câmara
for atribuída essa incumbência, e Municipal, em local de fácil acesso ao
compreenderá a apreciação das Contas do público, para exame e apreciação o qual
Prefeito e da Mesa da Câmara, o poderá questionar-lhe a legitimidade nos
acompanhamento das atividades termos da Lei.
financeiras e orçamentárias do Município, o § 1° - A consulta às contas municipais,
desempenho das funções de auditoria poderá ser feita por qualquer cidadão,
financeira e orçamentária, bem com o independente de requerimento, autorização
julgamento das contas dos administrativos ou despacho de qualquer autoridade.
e demais responsáveis por bens e valores § 2° - A consulta só poderá ser feita no
públicos. recinto da Câmara e haverá pelo menos 3
§ 2° - As contas do Prefeito e da Câmara (três ) cópias à disposição do público.
Municipal, prestadas anualmente, serão § 3°- A reclamação apresentada deverá:
julgadas pela Câmara dentro de quarenta e I - Ter a identificação e a qualificação do
cinco (45) dias após o recebimento do reclamante;
parecer prévio do Tribunal de Contas ou II - ser apresentada em 4(quatro) vias no
órgão estadual a que for atribuída essa protocolo da Câmara;
incumbência, considerando-se julgadas nos III - conter elementos e trocas nas quais
termos das conclusões desse parecer, se não se fundamenta o reclamante.
houver deliberação dentro desse prazo. § 4° - As vias da reclamação
§ 3°- Somente por decisão de dois terços apresentadas no protocolo da Câmara terão
dos membros da Câmara Municipal deixará a seguinte destinação:
de prevalecer o parecer emitido pelo I - a primeira via deverá ser encaminhada
Tribunal de Contas do Estado ou órgão pela Câmara ao Tribunal de Contas ou
estadual dessa missão. Órgão equivalente, mediante ofício:
§ 4°- As contas relativas à aplicação dos II - a Segunda via deverá anexada ás
recursos transferidos pela União e Estado contas à disposição do público pelo prazo
serão prestadas na forma da legislação que restar ao exame e apreciação;
federal e estadual em vigor, podendo o III - a terceira via se constitui em recibo
Município suplementar essas contas, sem do reclamante e deverá ser autenticada pelo
prejuízo de sua incisão na prestação anual servidor que a receber do protocolo;
de contas. IV - a Quarta via será arquivada na
Câmara Municipal;
Art. 55 - o Executivo manterá sistema de V - a anexação da segunda via, de que
controle interno, a fim de: trata o inciso II do § 4°deste artigo,
I - criar condições indispensáveis para independerá do despacho de qualquer
assegurar eficácia ao controle externo e autoridade e deverá ser feito no prazo de 48
(quarenta e oito) horas pelo servidor que as

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Conhecimentos Gerais do Município

tenha recebido no protocolo da Câmara sob Art. 61 - Substituirá o Prefeito, no caso,


a pena de suspensão, sem vencimentos, de impedimento e suceder-lhe-á, no de vaga
pelo prazo de 15 (quinze) dias. o Vice-Prefeito.
§ 1 °- O Vice-Prefeito não poderá se
Art. 57 - A Câmara Municipal enviará ao recusar a substituir o Prefeito, sobre pena de
reclamante cópia da correspondência que extinção do mandato.
encaminhou ao Tribunal de Contas ou § 2° - O Vice-Prefeito, além de outras
órgão equivalente. atribuições que lhe forem conferidas por lei,
auxiliará o Prefeito, sempre que por ele for
CAPÍTULO III convocado para missões especiais.
Do Poder Executivo
Seção I Art. 62 - Em caso de impedimento do
Do Prefeito e do Vice-Prefeito Prefeito e do, ou vacância do cargo
assumirá a administração municipal o
Art. 58 - O Poder Executivo Municipal é Presidente da Câmara.
exercido pelo Prefeito, auxiliado pelos
Secretários Municipais ou Diretores Art. 63 - Verificando-se a vacância do
equivalentes. cargo de prefeito e inexistindo Vice-
Parágrafo único - Aplica-se à Prefeito, observar-se-á o seguinte:
elegibilidade para o Prefeito e Vice-Prefeito I - ocorrendo a vacância nos três
o disposto no primeiros anos de mandato, dar- se-á
§ 1° do art. 15 desta Lei Orgânica e a eleição noventa (90) dias após sua abertura
idade mínima de vinte e um anos. cabendo aos eleitos completar o período
dos seus antecessores;
Art. 59 - A eleição do Prefeito e a do I - ocorrendo a vacância no último ano
Vice-Prefeito realizar-se-á de mandato, assumirá o
simultaneamente, nos termos estabelecidos Presidente da Câmara que completará o
no art. 29, incisos I e II da Constituição período.
Federal
Parágrafo único - A eleição do Prefeito Art. 64 - mandato do Prefeito e Vice-
importará a do Vice-Prefeito com ele Prefeito é de quatro anos, vedada a
registrado reeleição para o período subsequente, e terá
início em primeiro de janeiro do ano
Art. 60 - O Prefeito e Vice-Prefeito seguinte ao da sua eleição.
tomarão posse no dia 1 ° de janeiro do ano
subsequente à eleição em sessão da Câmara Art. 65 - o Prefeito e, quando no
Municipal, prestando o compromisso de exercício do cargo, não poderão, sem
manter, defender e cumprir a Lei Orgânica, licença da Câmara Municipal, ausentar-se
observar as leis da União, do Estado e do do Município por período superior a quinze
Município, promover o bem geral dos dias, sob pena de perda do cargo ou do
munícipes e exercer o cargo sob a mandato.
inspiração da democracia, da legitimidade e Parágrafo único - o prefeito
da legalidade. regularmente licenciado terá direito a
Parágrafo único - Decorridos dez (10) perceber a remuneração, quando:
dias da data fixada para a posse, o Prefeito I - impossibilitado de exercer o cargo,
ou Vice-Prefeito, salvo motivo de força por motivo de doença devidamente
maior, não tiver assumido o cargo, este será comprovada;
declarado vago. II - a serviço ou em missão de
representação do município.

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Conhecimentos Gerais do Município

III - a remuneração será estipulada na XI - prestar à Câmara, dentro de quinze


forma do inciso XXI, do Art. 35 desta Lei (15) dias as informações pela mesma
Orgânica. solicitadas, salvo prorrogação, a seu pedido
e por prazo determinado, nunca superior a
Art. 66 - na ocasião da posse e ao 15 dias, em face da complexidade da
término do mandato, o Prefeito e o farão matéria ou da dificuldade de obtenção nas
declarações de seus bens, as quais ficarão respectivas fontes, dos dados pleiteados;
arquivadas na Câmara, constando das XII - prover os serviços e obras da
respectivas Atas, o seu resumo. administração pública;
XIII - superintender a arrecadação dos
Seção II tributos, bem como a guarda e aplicação da
Das Atribuições do Prefeito receita, autorizando as despesas e
pagamentos dentro das responsabilidades
Art. 67 - Ao Prefeito como chefe da orçamentárias ou dos créditos votados pela
administração, compete dar cumprimento Câmara;
às deliberações da Câmara, dirigir, XIV - colocar à disposição da Câmara,
fiscalizar e defender os interesses do dentro de dez (10) dias de sua requisição, as
Município bem com adotar, de acordo com quantias que devem ser dispensadas, de
a Lei, todas as medidas administrativas de uma só vez e até o dia 20 de cada mês, os
utilidade pública, se exceder as verbas recursos correspondentes às suas dotações
orçamentárias. orçamentárias, compreendendo os créditos
suplementares e especiais;
Art. 68 - Compete ao Prefeito, XV - aplicar multas previstas em leis e
privativamente entre outras atribuições: contratos, bem com revê-las quando
I - a iniciativa das leis, na forma e casos impostas irregularmente;
previstos nesta Lei Orgânica; XVI - resolver sobre requerimentos,
II - representar o Município em Juízo e reclamações ou representações que lhe
fora dele; forem dirigidas;
III - sancionar, promulgar e fazer XVII - oficializar, obedecidas as normas
publicar leis aprovadas pela Câmara e urbanísticas aplicáveis, as vias e
expedir os regulamentos para sua fiel logradouros públicos, mediante
execução; denominação aprovada pela Câmara;
IV - Vetar, no todo ou em parte os XVIII - convocar extraordinariamente à
projetos de lei aprovados pela Câmara; Câmara quando o interesse da
V - Decretar, nos termos da lei, a administração o exigir;
desapropriação por necessidade ou XIX - aprovar projetos de edificação e
utilidade pública, ou por interesse social; planos de loteamento, arruamento e
VI - Expedir decretos, portarias e outros zoneamento urbano ou para fins urbanos;
atos administrativos; XX - apresentar, anualmente, a Câmara,
VII - enviar a Câmara os projetos de lei relatório circunstanciado sobre o estado das
relativos ao orçamento anual e ao plano obras e dos serviços municipais, bem como
plurianual do Município e suas autarquias; o programa da administração para o ano
VIII - encaminhar à Câmara, até l5 de seguinte;
abril, a prestação de contas, bem como os XXI - organizar os serviços internos das
balanços do exercício findo; repartições criadas por lei,
IX - encaminhar aos órgãos competentes sem exceder as verbas para tal
os planos de aplicação e as prestações de destinadas;
contas exigidas em lei; XXII - contrair empréstimos e realizar
X - fazer publicar os atos oficiais; operações de crédito, mediante prévia
autorização da Câmara;

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Conhecimentos Gerais do Município

XXIII - providenciar sobre a Art. 71 - As incompatibilidades


administração dos bens do Município e sua declaradas no art. 38, seus incisos e letras
alienação, na forma da lei; desta Lei Orgânica, estende-se no que
XXIV - organizar e dirigir, nos termos forem aplicáveis, ao Prefeito e aos
da lei, os serviços relativos às terras do Secretários Municipais ou Diretores
Município; equivalentes.
XXV - desenvolver o sistema;
XXVI - conceder auxílios, prêmios e Art. 72 - Até 30 (trinta) dias antes das
subvenções, nos limites das respectivas eleições municipais, o Prefeito Municipal
verbas orçamentárias e do plano de deverá preparar ao sucessor e para
distribuição, prévia e anualmente aprovado publicação imediata, relatório da situação
pela Câmara; da Administração Municipal que conterá,
XXVII - providenciar sobre o entre outras, informações atualizadas sobre:
incremento do ensino; I - dívidas do Município, por credor, com
XXVIII - solicitar o auxílio das as datas dos respectivos vencimentos,
autoridades policiais do Estado para a inclusive das dívidas a longo prazo e
garantia do comprimento de seus atos; encargos decorrentes de operações de
XXIX - solicitar, obrigatoriamente, crédito, informando sobre a capacidade da
autorização à Câmara para ausentar-se do Administração municipal realizar
Município por tempo superior a quinze (15) operações de crédito de qualquer natureza;
dias; II - mediadas necessárias à regularização
XXX - adotar providências para a das contas municipais perante o Tribunal de
conservação e salvaguarda do patrimônio Contas ou órgão equivalente, se for o caso;
municipal; XXXII - publicar, até trinta (30) III - prestações de contas de convênios
dias após o encerramento de cada bimestre, celebrados com organismos da União e do
relatório resumido da execução Estado, bem como do recebimento de
orçamentária; subvenções ou auxílios;
XXXI - fica revogado conforme a IV - situação dos contratos com
emenda n.°01/92 concessionárias e permissionárias de
serviços públicos;
Art. 69 - O Prefeito poderá delegar, por V - estado dos contratos de obras e
decreto, a seus auxiliares, as funções serviços em execução ou apenas
administrativas previstas nos incisos XII e formalizados, informando sobre o que foi
XXI do art. 68. Art. 69-A - O Prefeito realizado e pago e o que há por executar e
poderá delegar, por Decreto, ao Secretário pagar, com os prazos respectivos;
Municipal e ao Presidente de Autarquia, a VI - transferências a serem recebidas da
competência de ordenador de Despesas das União e do Estado por força de
respectivas contas de Gestão. (Redação mandamento constitucional ou de
dada pela Emenda nº 007/2013) convênios;
VII - projetos de lei de iniciativa do
Seção III Poder Executivo em curso na Câmara
Da Perda e Extinção do Mandato Municipal, para permitir que a nova
Administração decida quanto à
Art. 70 - É vedado ao Prefeito assumir conveniência de lhes dar prosseguimento,
outro cargo ou função na Administração acelerar seu andamento ou retirá-los;
Pública direta ou indireta, ressalvada a VIII - situação dos servidores do
posse em virtude de concurso público e Município, seu custo, quantidade e órgãos
observado o disposto no art. 86 I, IV e V em que estão lotados e em exercício.
desta Lei Orgânica.

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Conhecimentos Gerais do Município

Art. 73 - É vedado ao Prefeito Municipal II - os Subprefeitos.


assumir, por qualquer forma, Parágrafo único: Os cargos são de livre
compromissos financeiros para execução nomeação e demissão do Prefeito.
de programas ou projetos após o término do
seu mandato, não previstos na legislação Art. 78 - A lei municipal estabelecerá as
orçamentária. atribuições dos auxiliares diretos do
§ 1 ° - O disposto neste artigo não se Prefeito, definindo-lhes a competência,
aplica nos casos comprovados de deveres e responsabilidades.
calamidade pública.
§ 2° - Serão nulos e não produzirão Art. 79 - São condições essenciais para a
nenhum efeito os empenhos e atos investidura no cargo de Secretário ou
praticados em desacordo neste artigo, sem Diretor equivalente:
prejuízo da responsabilidade do Prefeito I - ser brasileiro;
Municipal. II - estar no exercício dos direitos
políticos;
Art. 74 - São crimes de responsabilidade III- ser maior de vinte e um anos.
do Prefeito os previstos em Lei Federal.
Parágrafo único - O Prefeito será Art. 80 - Além das atribuições fixadas
processado e julgado, nos crimes comuns e em lei, compete aos Secretários ou
de responsabilidade, perante o Tribunal de Diretores:
Justiça. I - subscrever atos, e regulamentos
referentes aos seus órgãos;
Art. 75 - São infrações político- II - expedir instruções para a boa
administrativas do Prefeito as previstas em execução das leis, decretos e regulamentos;
lei federal. III - apresentar ao Prefeito relatório
Parágrafo único - O Prefeito será anual dos serviços realizados por suas
julgado, pela prática de infrações político repartições;
administrativas, perante a Câmara. IV - comparecer à Câmara Municipal,
sempre que convocados pela mesma, para a
Art. 76 - Será declarado vago, pela prestação de esclarecimentos oficiais.
Câmara Municipal, o cargo de Prefeito § 1° - Os atos, decretos e regulamentos
quando: referentes aos serviços autônomos ou
I - ocorrer falecimento, renúncia ou autárquicos serão referendados pelo
condenação por crime funcional ou Secretário ou Diretor da Administração.
eleitoral; § 2°- O não comparecimento da
II - deixar de tomar posse, sem motivo autoridade prevista no caput deste artigo,
justo aceito pela Câmara, dentro do prazo fica o Prefeito no prazo de 15(quinze) dias
de dez (10) dias; obrigado a fazê-lo sob pena de
III - infringir as normas dos art. 38 e 65 responsabilidade político-administrativa.
a art. 68, XI, desta Lei Orgânica;
IV - perder ou tiver suspensos os direitos Art. 81 - Os Secretários ou Diretores são
políticos. solidariamente responsáveis com o Prefeito
pelos atos que assinarem, ordenarem ou
Seção IV praticarem.
Dos Auxiliares Diretos do Prefeito
Art. 82 - A competência do Subprefeito
Art.77 - São auxiliares direto do limitar-se-á ao Distrito para o qual foi
Prefeito: nomeado.
I - os Secretários Municipais ou Parágrafo único - Aos Subprefeitos,
Diretores equivalentes; como delegados do Executivo, compete:

30
Conhecimentos Gerais do Município

I - cumprir e fazer cumprir de acordo c) direito de revisão de provas quanto a


com as instruções recebidas do Prefeito, as erro material, por meio de recursos
leis, resoluções, regulamentos e demais atos requeridos em prazo não superior a 48
do Prefeito e da Câmara; horas, a contar da data de publicação dos
II - fiscalizar os serviços distritais; resultados;
III - atender as reclamações das partes e d) fica vedada a prova oral eliminatória.
encaminhá-las ao Prefeito, quando se tratar e) na prova de títulos contará, dentre
de matéria estranha às sua atribuições ou outros, a experiência profissional do
quando lhes for favorável a decisão candidato no serviço público, no mínimo de
proferida; 5%( cinco por cento) do total da pontuação
IV - indicar ao Prefeito as providências da prova; (Redação dada pela Emenda nº
necessárias ao Distrito; 009/2013).
V - prestar contas ao Prefeito f) será cobrado do candidato, além dos
mensalmente ou quando lhe forem conhecimentos gerais específicos,
solicitadas. conhecimentos sobre o município de
Saquarema, versar sobre história, geografia,
Art. 83 - O Subprefeito, em caso de legislação e demais características locais.
licença, ou impedimento, será substituído (Redação dada pela Emenda 009/2013)
por pessoa de livre escolha do Prefeito. III - o prazo de validade do concurso
público será de até dois anos prorrogável
Art. 84 - Os auxiliares diretos do Prefeito uma vez, por igual período;
farão declaração de bens no ato de posse e IV - durante o prazo improrrogável no
no término do exercício do cargo. edital de convocação, aquele aprovado em
concurso público de provas e títulos será
Seção V convocado com prioridade sobre novos
Da Administração Pública concursados para assumir cargo ou
emprego, na carreira;
Art.85 - A administração pública direta V - os cargos em comissão e as funções
ou indireta, de qualquer dos Poderes do de confiança serão exercidos,
Município, obedecerá aos princípios de preferencialmente, por servidores ocupante
legalidade, impessoalidade, moralidade, de cargo de carreira técnica ou profissional,
publicidade e, também ao seguinte: nos casos e condições previstas em lei;
I - os cargos, empregos e funções VI - é garantido ao servidor público civil
públicas são acessíveis aos brasileiros que o direito à livre associação sindical;
preencham os requisitos estabelecidos em VII - o direito de greve será exercido nos
lei; termos e nos limites definidos em lei
II - a investidura em cargo ou emprego complementar federal;
público depende de aprovação prévia em VIII - a lei reservará percentual dos
concurso público de provas ou de provas e cargos e empregos públicos para as pessoas
títulos, livre ressalvadas as nomeações para portadoras de deficiências e definirá os
cargo em comissão declarado em lei de critérios de sua admissão;
nomeação e exoneração. IX - a lei estabelecerá os casos de
Parágrafo único - Os regulamentos dos contratação por tempo determinado para
concursos públicos observarão o seguinte: atender à necessidade temporária de
a) correção de provas sem identificação excepcional interesse público;
dos candidatos; X - a revisão geral da remuneração dos
b) divulgação, concomitantemente com servidores da Administração direta e
o resultado, dos gabaritos das provas fundacional será feita com base em índice
objetivas; único, que garanta, no mínimo, a reposição

31
Conhecimentos Gerais do Município

das perdas causadas pela inflação e a entidades mencionadas no inciso anterior,


manutenção da remuneração real; assim como a participação de qualquer
XI - a lei fixará o limite e a relação de delas em empresa privada;
valores entre a maior e a menor XXI - ressalvados os casos especificados
remuneração dos servidores públicos, na legislação, as obras, serviços, compras e
observado, como limite máximo, os valores alienações serão contratados mediante
percebidos como remuneração, em espécie, processo de licitação pública que assegure
pelo Prefeito; igualdade de condições a todos os
XII - os vencimentos dos cargos do concorrentes, com cláusulas que
Poder Legislativo não poderão ser estabeleçam obrigações de pagamento,
superiores aos pagos pelo Poder Executivo; mantidas as condições efetivas da proposta,
XIII - é vedada a vincularão ou nos termos da lei, o qual somente permitirá
equiparação de vencimentos, para efeito de as exigências de qualificação técnica e
remuneração pessoal do serviço público, econômica indispensáveis à garantia do
ressalvado o disposto no inciso anterior e no cumprimento das obrigações
art. 87, § 1 °, desta Lei Orgânica; § 1 ° - A publicidade dos atos,
XIV - os acréscimos pecuniários programas, obras, serviços e campanha dos
percebidos por servidor público não serão órgãos públicos deverá ter caráter
computados nem acumulados, para fins de educativo, informativo ou de orientação
concessão de acréscimos anteriores, sob o social, dela não podendo constar nomes,
mesmo título ou idêntico fundamento; símbolos ou imagem que caracterizam em
XV - os vencimentos dos servidores promoção pessoal de autoridades ou
públicos são irredutíveis e a remuneração servidores públicos.
observará o que dispõem os art. 37, X1, § 2° - A não observância do disposto nos
X11;150,11;153, III;,e,153, § 2°, I da incisos II e III implicará a nulidade do ato e
Constituição Federal; a punição da autoridade responsável, nos
XVI - é vedada a acumulação termos da lei.
remunerada de cargos públicos, exceto § 3° - As reclamações relativas às
quando houver compatibilidade de prestações de serviços públicos serão
horários: disciplinadas por Lei.
a) a de dois cargos de professor; § 4 ° - Os atos de improbidade
b) a de um cargo de professor com outro administrativa importarão a suspensão dos
técnico ou científico; direitos políticos, a perda da função
c) a de dois cargos privativos de médico; pública, a disponibilidade de bens e o
XVII - a proibição de acumular, estende- ressarcimento ao erário, na forma e
se a empregos e funções e abrange gradação prevista em lei, sem prejuízo da
autarquias, empresas públicas, sociedades ação penal cabível.
de economia mista e fundações mantidas § 5°- A lei federal estabelecerá os prazos
pelo Poder Público; de prescrição para ilícitos praticados por
XVIII - a administração fazendária e qualquer agente, que causem prejuízos ao
seus serviços fiscais terão, dentro de suas erário, ressalvadas as respectivas ações de
áreas de competência e jurisdição, ressarcimento.
precedência sobre os demais setores § 6°- As pessoas jurídicas de direito
administrativos, na forma da lei; público e as de direito privado qualidade,
XIX - somente por lei específica poderão causarem a terceiros, assegurado o direito
ser criadas empresa pública, sociedade de de regresso contra o responsável nos casos
economia mista, autarquia ou fundação de dolo ou culpa.
pública;
XX - depende de autorização legislativa,
em cada caso, a criação de subsistiras das

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Conhecimentos Gerais do Município

Art. 86 - Ao servidor público e em Servidores Públicos Municipais de


exercício de mandato eletivo aplicam-se as Saquarema.
seguintes disposições: II- A servidora que adotar ou obtiver a
I - tratando-se de mandato eletivo guarda judicial de criança para fins de
federal, ou estadual, ficará afastado de seu adoção será concedida licença maternidade
cargo, emprego ou função; nos termos e prazos abaixo determinados:
II - investindo no mandato de Prefeito, a) No caso de adoção ou guarda judicial
será afastado de seu cargo, emprego ou de criança até 01(um) ano de idade, o
função, sendo-lhe facultado optar pela sua período de licença maternidade será de 180
remuneração; dias;
III - investindo no mandato de Vereador, b) No caso de adoção ou guarda judicial
havendo compatibilidade de horários, de criança maior der 01(um) ano de idade a
perceberá as vantagens de seu cargo, 4(quatro) anos de idade, o período de
emprego ou função, sem prejuízo da licença maternidade será de 90 dias;
remuneração do cargo eletivo, e, não c) No caso de adoção ou guarda judicial
havendo compatibilidade, será aplicada a de criança maior de 4(quatro) anos de idade
norma no inciso anterior; até 08(oito) anos de idade, o período de
IV - em qualquer caso que exija licença maternidade será de 45 dias;
afastamento para mandato eletivo, seu § 3° - O pagamento dos servidores do
tempo de serviço será contado para todos os Município será pago impreterivelmente até
efeitos legais, exceto para promoção por o quinto dia útil de cada mês subsequente;
merecimento; § 4° - O prazo do § anterior será
V - para efeito de benefício obrigatoriamente incluído no calendário
previdenciário, no caso de afastamento, os anual de pagamentos dos servidores
valores serão determinados como se no municipais.
exercício estivesse.
Art. 88 - O servidor será aposentado:
Seção VI I - por invalidez permanente, sendo os
Dos Servidores Públicos proventos integrais quando decorrentes de
acidentes em serviço, moléstia profissional
Art. 87 - O Município instituíra regime ou doença grave, contagiosa ou incurável,
único e planos de carreira para os servidores especificadas em lei, e proporcionais nos
da administração pública direta, das demais casos;
autarquias e das fundações públicas. II - compulsoriamente, aos setenta anos
§ 1° - A lei assegurará, aos servidores da de idade, com proventos proporcionais ao
administração direta, isonomia de tempo de serviço;
vencimentos para cargos de atribuições III- voluntariamente:
iguais ou assemelhadas do mesmo Poder, aos trinta e cinco anos de serviço, se
ou entre servidores dos Poderes Executivo homem, e aos trinta, de mulher, com
e Legislativo, ressalvadas as vantagens de proventos integrais;
caráter individual e as relativas à natureza a) aos trinta anos de efetivo exercício em
ou ao local de trabalho. funções de magistério, se professor, e vinte
§ 2°- Aplica-se a esses servidores o e cinco se professora, com proventos
disposto no art. 7°, IV, VI, VII, VIII, IX, integrais;
XII, XIII, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, b) aos trinta anos de serviço, se homem,
XXIII, XXX da Constituição Federal. e aos vinte e cinco, se mulher, com
I- Ao disposto no inciso XVIII, do art. proventos proporcionais a esse tempo;
7º da Constituição Federal, aplicar-se-á o c) aos sessenta e cinco anos de idade, se
prazo de 180(cento e oitenta) dias para homem, e aos sessenta, se mulher, com
licença maternidade no âmbito dos

33
Conhecimentos Gerais do Município

proventos proporcionais ao tempo de a indenização, aproveitando em outro cargo


serviço. ou posto em disponibilidade.
§ 1° - Lei complementar poderá § 3° - Extinto o cargo ou declarada sua
estabelecer exceções ao disposto no inciso desnecessidade, o servidor estável ficará
III, "a" e "c', no caso de exercício de em disponibilidade remunerada, até seu
atividades consideradas penosas, insalubres adequado aproveitamento em outro cargo.
ou perigosas.
§ 2° - A lei disporá sobre a aposentadoria Seção VII
em cargos ou empregos temporários. Da Segurança Pública
§ 3° - O tempo de serviço público
federal, estadual ou municipal será Art. 90 - O Município poderá constituir
computado integralmente para os efeitos de guarda municipal, força auxiliar destinada à
aposentadoria e de disponibilidade. proteção de seus bens, serviços e
§ 4° - É assegurada, para efeito de instalações, nos termos da lei
aposentadoria, a contagem recíproca do complementar.
tempo de serviço nas atividades públicas ou § 1 ° - A lei complementar de criação da
privadas, inclusive do tempo de trabalho guarda municipal disporá sobre acesso,
comprovadamente exercido na qualidade direitos, deveres, vantagens e regime de
de autônomo, fazendo-se a compensação trabalho, com base da hierarquia e
financeira segundo os critérios disciplina.
estabelecidos em lei. § 2° - A investidura nos casos de guarda
§ 5° - Os proventos da aposentadoria municipal far-se-á mediante concurso
serão revistos, na mesma proporção e na público de provas ou de provas e títulos.
mesma data, sempre que se modificar a § 3° 0 Município dentro de suas
remuneração dos servidores em atividade, necessidades poderá constituir a
sendo também estendidos aos inativos Coordenadoria Municipal de Defesa Civil -
qualquer benefícios, ou vantagens COMDEC - a ser regulamentada nos
posteriormente concedidos aos servidores termos da lei complementar.
em atividade, inclusive quando decorrentes
de transformação ou reclassificação do TÍTULO III
cargo ou função em que se deu a Da Organização Administrativa
aposentadoria, na forma da lei. Municipal
§ 6° - O benefício da pensão por morte CAPÍTULO 1
corresponderá a totalidade dos vencimentos Da Estrutura Administrativa
ou proventos do servidor falecido, até o
limite estabelecido em lei, observado o Art. 91 - A administração municipal é
disposto no parágrafo anterior. constituída dos órgãos integrados na
estrutura administrativa da Prefeitura e de
Art. 89 - São estáveis, após 2 (dois) anos entidades dotadas de personalidade jurídica
de efetivo exercício, aos servidores própria.
nomeados em virtude de concurso público. § 1 °- Os órgãos da administração direta
§ 1° - O servidor público estável só que compõem a estrutura administrativa da
perderá o cargo em virtude de sentença Prefeitura se organizam e se coordenam,
judicial transitada em julgado ou mediante atendendo aos princípios técnicos
processo administrativo em que lhe seja recomendáveis ao bom desempenho de suas
assegurada ampla defesa. atribuições.
§ 2° - Invalidada por sentença judicial a § 2° - As entidades dotadas de
demissão do servidor estável, será, ele personalidade jurídica própria que
reintegrado, e o eventual ocupante da vaga compõem a Administração Indireta do
reconduzido ao cargo de origem sem direito Município se classificam em:

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Conhecimentos Gerais do Município

I - autarquia é o serviço autônomo, Prefeitura ou da Câmara Municipal,


criado por lei, com personalidade jurídica conforme o caso.
de direito público, patrimônio e receita § 1°- "A escolha do órgão particular de
próprias, para executar atividades típicas da imprensa para a divulgação das Leis,
administração pública, que requeiram, para resoluções e atos administrativos far-se-á
seu melhor funcionamento, gestão através de atos vinculados as Leis
administrativa e financeira pertinentes a matéria, em que se levarão em
descentralizadas; conta os princípios da isonomia, da
II - empresa pública é a entidade dotada legalidade, da impessoalidade, da
de personalidade jurídica de direito moralidade, da publicidade, bem como do
privado, com patrimônio e capital exclusivo julgamento objetivo dos que lhe serão
do Município, criada por Lei, para correlatos".
prestação de serviços públicos comerciais § 2°- Nenhum ato produzirá efeito antes
ou industriais, podendo revestir-se de de sua publicação.
qualquer das formas admitidas em direito; § 3° - A publicação dos atos não
III - sociedade de economia mista é a normativos, pela imprensa, poderá ser
entidade dotada de personalidade jurídica resumida.
de direito privado, criada por Lei, para a
prestação de serviços públicos comerciais Art. 93 - O Prefeito fará publicar:
ou industriais, cujas ações com direito a I - diariamente, por edital, o movimento
voto pertençam, em sua maioria, ao de caixa do dia anterior, afixando-se no
Município ou a entidade da Administração quadro de avisos;
Indireta. II - mensalmente, o balancete resumido
IV - fundação pública - a entidade dotada da receita e da despesa;
de personalidade jurídica de direito II - anualmente, até 15 de março, pelo
privado, sem fins lucrativos, criada em órgão oficial do Estado, as contas de
virtude de autorização legislativa, para o administração, constituídas do balanço
desenvolvimento de atividades que não financeiro, do balanço patrimonial, do
exijam execução por órgão ou entidades de balanço orçamentário e demonstração das
direito público, com autonomia variações patrimoniais, em forma sintética.
administrativa, patrimônio próprio gerido
pelos respectivos órgãos de direção, e Seção II
funcionamento custeado por recursos do Dos Livros
Município e de outras fontes.
§ 3° - A entidade de que trata o inciso IV Art. 94 - O município manterá os livros
- do § 2°, adquire personalidade jurídica que forem necessários ao registro de seus
com a inscrição da escritura pública de sua serviços.
constituição no Registro Civil de Pessoas § 1 ° - Os livros serão abertos, rubricados
Jurídicas, não se lhe aplicando as demais e encerrados pelo Prefeito ou pelo
disposições do Código Civil concernentes Presidente da Câmara, conforme o caso, ou
às funções. por funcionário designado para tal fim.
§ 2° - Os livros referidos neste artigo
CAPÍTULO II poderão ser substituídos por ficha outro
Dos Atos Municipais sistema, convenientemente autenticado.
Seção I
Da Publicidade dos Atos Municipais Seção III
Dos Atos Administrativos
Art. 92 - A publicação das leis e atos
municipais far-se-á em órgão da imprensa Art. 95 - Os atos administrativos de
local ou regional ou por afixação na sede da competência do Prefeito devem ser

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Conhecimentos Gerais do Município

expedidos com obediência às seguintes Seção IV


normas: Das Proibições
I - Decreto, numerado em ordem
cronológica, nos seguintes casos: Art. 96 - O prefeito, o Vice-Prefeito, os
a) regulamentação em lei; Vereadores e os servidores municipais, bem
b) instituição, modificação ou extinção como as pessoas ligadas a qualquer deles
de atribuições não constantes de lei; por matrimônio ou parentesco, afim ou
c) regulamentação interna dos órgãos consanguíneo, até o segundo grau, ou por
que forem criados na administração adoção, não poderão contratar com o
municipal; Município, subsistindo a proibição até 6
d) abertura de créditos especiais e (seis) meses após findas as respectivas
suplementares, até o limite autorizado por funções.
lei, assim como de créditos extraordinários; Parágrafo único - Não se incluem nesta
e) declaração de utilidade pública ou proibição os contratos cujas cláusulas e
necessidade social, para fins de condições sejam uniformes para todos os
desapropriação ou de servidão interessados.
administrativa;
f) aprovação de regulamento ou de Art. 97 - A pessoa jurídica em débito
regimento das entidades que compõem a com o sistema de segurança social, como
administração municipal; estabelecido em lei federal, não poderá
g) permissão de uso dos bens contratar com o Poder Público municipal
municipais; nem dele receber benefícios ou incentivos
h) medidas executórias do Plano Diretor. fiscais ou creditícios.
i) normas de efeitos externos, não
privativos da lei; Seção V
j) fixação e alteração de preços. Das Certidões
II - Portaria, nos seguintes casos:
a) provimento e vacância dos cargos Art. 98 - A Prefeitura e a Câmara são
públicos e demais atos de efeitos obrigados a fornecer a qualquer
individuais; interessado, no prazo máximo de quinze
b) lotação e relotação nos quadros de (15) dias, certidões dos atos, contratos e
pessoal; decisões, desde que requeridas para fim de
c) abertura de sindicância e processos direito determinado, sob pena de
administrativos, aplicação de penalidades e responsabilidade da autoridade ou servidor
demais atos individuais de efeitos internos; que negar ou retardar a sua expedição. No
d) outros casos determinados em lei ou mesmo prazo deverão atender às
decreto. requisições se outro não for fixado pelo
III - Contrato, nos seguintes casos: Juiz.
a) admissão de servidores para serviços Parágrafo único - As certidões relativas
de caráter temporário, nos termos do art. 85, ao Poder Executivo serão fornecidas pelo
IX, desta Lei Orgânica; Secretário ou Diretor da Administração da
b) execução de obras e serviços Prefeitura, exceto as declaratórias de
municipais, nos termos da lei. Parágrafo efetivo exercício do Prefeito, que serão
único - Os atos constantes nos itens II e III fornecidas pelo Presidente da Câmara sem
deste artigo, poderão ser delegados. cobrança de qualquer taxa.

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Conhecimentos Gerais do Município

CAPÍTULO III Art. 101 - Constituem recursos Materiais


Dos Bens Municipais do Município seus direitos e bens de
Seção I qualquer natureza.

Art. 99 - Cabe ao Prefeito a Art. 102 - Os bens públicos municipais


administração dos bens municipais, são imprescritíveis, impenhoráveis,
respeitada a competência da Câmara quanto inalienáveis e imemoráveis, admitidas às
àqueles utilizados em seus serviços. exceções que a Lei estabelecer para os bens
do patrimônio disponível.
Art. 100 - Constituem patrimônio do § 1° - Os bens públicos tornar-se-ão
Município: indisponíveis ou disponíveis por meio,
I - os seus direitos; respectivamente, da afetação ou
II - os seus bens imóveis por natureza ou desafetação, nos termos da lei.
acessão física; § 2° - São indisponíveis todas as áreas
III - os bens móveis e imóveis que sejam destinadas por terceiros ao patrimônio
de seu domínio pleno, ou útil, na data da Municipal com finalidades específicas,
promulgação desta Lei Orgânica, ou á ele estabelecidas em gravame restritivo, por
pertençam; obrigatoriedade da Lei de parcelamento de
IV - a renda proveniente do exercício das solo urbano.
atividades de sua competência e exploração
dos seus serviços; Art. 103 - A alienação dos bens do
V - os bens que lhe vierem a ser Município, de suas autarquias e fundações
atribuídos por lei; públicas subordinadas à existência de
VI - os bens que se incorporem ao seu interesse público, expressamente
patrimônio por ato jurídico perfeito. justificado, será sempre procedida da
§ 1°- Entre os direitos do Município avaliação e observará o seguinte:
referidos no inciso I inclui-se o de I - quando imóveis, dependerá de
participação no resultado da exploração de autorização legislativa e concorrência, esta
petróleo ou gás natural, de recursos hídricos última dispensável até o valor máximo de
para geração de energia elétrica e de outros 300 UFIR's nos seguintes casos:
recursos minerais ou naturais de seu a) doação em pagamento;
território. b) permuta;
§ 2°- O patrimônio imobiliário do c) investidura
Município é constituído por: II - quando móveis, dependerá de
a) bens públicos de uso comum do povo; licitação, esta dispensável quando o valor
b) bens públicos de uso comum do povo for inferior a 300 UFIS nos seguintes casos:
decorrentes da execução da legislação a) doação, desde que, exclusivamente,
referente ao parcelamento do solo urbano; para fins de interesse social;
c) bens de uso especial, edifícios ou b) permuta;
terrenos, aplicados á serviço ou § 1° - A administração concederá direito
estabelecimento municipal; real de uso preferencialmente à venda de
d) bens públicos de uso comum do povo bens imóveis.
decorrentes da execução de projetos de § 2° - A doação com encargos poderá ser
urbanização aprovados, concluídos ou em objeto de licitação e de seu instrumento
execução; constarão os encargos, o prazo de
§ 3° - Os bens imóveis de propriedades cumprimento e a cláusula de reversão, sob
do Município não serão adquiridos por pena de nulidade.
usucapião.
Art. 104 - Os bens imóveis do Município
não podem ser objetos de doação nem de

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Conhecimentos Gerais do Município

utilização gratuita por terceiros, salvo, legislativa, seus empregados terão


mediante autorização do Prefeito, se o preferência, em igualdade de condições,
beneficiário for pessoa jurídica de direito para assumi-las sob a forma de
público interno, entidade componente de cooperativas.
sua administração indireta ou fundação § 7°- Formalidades previstas neste artigo
instituída pelo Município. poderão ser dispensadas no caso de imóveis
§ 1° - Exceto no caso de imóveis destinados ao assentamento de população
residenciais destinados à população de de baixa renda para fins de reformatura
baixa renda, através de órgão próprio urbana.
Municipal, a alienação, a título oneroso, de § 8° - É vedada a concessão de uso de
bens imóveis do Município ou de suas bem imóvel do Município à empresa
autarquias dependerá de autorização prévia privada com fins lucrativos, quando o bem
da Câmara Municipal, salvo nos casos possuir destinação social específica.
previstos em lei com previstos em Lei
complementar, e será precedida de licitação Art. 105 - Com prévia autorização e
dispensada quando o adquirente for pessoa mediante concessão de direito real de uso, o
referida neste artigo ou nos casos de dação Município poderá transferir áreas de seu
em pagamento, permuta ou investidura. patrimônio para implantação de industrias,
§ 2°- A venda aos proprietários de formação de distritos industriais ou
imóveis lindeiros de área urbana implantação de pólos de desenvolvimento
remanescente e inaproveitáveis para econômico e tecnológico, na forma da Lei.
edificações, resultantes de obras públicas, (Redação dada pela Emenda 006/2012).
dependerá apenas de prévia avaliação e Parágrafo único - A remuneração ou
autorização legislativa, dispensada a encargos pelo uso de bem imóvel municipal
licitação. As áreas resultantes de serão fixados em Unidade Padrão Fiscal do
modificações de alinhamento serão Município - UFIS.
alienadas nas mesmas condições, quer
sejam aproveitáveis ou não. Art. 106 - As áreas verdes, praças,
§ 3° - O disposto no § primeiro não se parques, jardins e unidades de conservação
aplica aos bens imóveis das sociedades de são Patrimônio público inalienável, sendo
economia mista e de suas subsidiárias, que proibida ainda sua concessão ou cedência,
não sejam de uso próprio para o bem como qualquer atividade ou
desenvolvimento de sua atividade nem aos empreendimento público ou privado que
que constituam exclusivamente objeto danifique ou altere suas características
dessa mesma atividade nem aos que originais.
constituam exclusivamente objeto dessa
mesma atividade. Seção II
§ 4° - As entidades beneficiárias de Dos Bens Imóveis
doação do Município ficam impedidas de
alienar bem imóvel que dela tenha sido Art. 107 - Conforme sua destinação, os
objeto. imóveis do Município são de uso comum,
§ 5° - No caso de o bem doado não mais uso especiais ou dominicais.
servir às finalidades que motivaram o ato de
disposição, reverterá ao domínio do Art. 108 - Admitir-se-á o uso de bens
Município, sem qualquer indenização, imóveis do Município por terceiros,
inclusive por benfeitorias de qualquer mediante concessão de uso real, permissão
natureza nele introduzidas. de uso ou cessão, na forma da Lei.
§ 6°- Na hipótese de privatização de
empresa pública ou sociedade de economia Art. 109 - A utilização e administração
mista, mediante expressa autorização dos bens públicos de uso especial, com

38
Conhecimentos Gerais do Município

mercados, matadouros, estações, recintos de finalidade causa necessária de extinção,


de espetáculos e campos de esportes, serão independentemente de qualquer outra.
feitas na forma da lei e regulamentos
respectivos. Art. 112 - A utilização de imóvel
§ 1° - A concessão de uso real tem municipal por funcionário ou empregado
caráter de direito real resolúvel e será público municipal será efetuada sob regime
outorgada após autorização legislativa e de permissão de uso cobrada a respectiva
avaliação prévia, mediante remuneração ou remuneração, por meio de desconto em
imposição de encargos, por tempo certo ou folha.
indeterminado, para fins específicos de § 1 ° - O servidor de que trata este artigo
urbanização, industrialização, edificação, será responsável pela guarda do imóvel e
cultivo da terra ou outra utilização de responderá administrativamente pelo uso
interesse comunitário e social, podendo o adverso daquele previsto no ato de
contrato ou termo administrativo ser levado permissão.
ao registro imobiliário competente. § 2°- Revogada a permissão de uso, ou
§ 2° - É dispensada a autorização implementado 0 seu termo, o servidor
legislativa e a avaliação prévia quando a desocupará o imóvel.
concessão se destinar ao assentamento de § 3°- Será sem ônus a utilização de
pessoas necessitadas, no atendimento de imóvel por servidor residente, o qual terá
programa habitacional de interesse social. noventa dias para desocupar o imóvel no
§ 3° - Exige-se autorização legislativa, caso de aposentadoria, relotação ou
dispensada avaliação prévia, quando; afastamento do cargo ou emprego por
I - a concessionária for pessoa jurídica de qualquer motivo.
direito público interno, entidade da § 4° - A obrigação de desocupação no
administração indireta ou fundacional prazo citado no § 3° - estende-se, no caso
mantida pelo Poder Público. de morte deste, aos dependentes do
II - A concessionária for entidade servidor.
educacional, cultural, religiosa, sindical, § 5° - Resolução das Secretarias que
fundacional privada, partido político, ou de contarem com servidores- residentes
finalidade social ou filantrópica, regulará a utilização de imóveis municipais
reconhecida como de utilidade pública, por estes.

Art. 110 - São cláusulas do contrato ou Seção III


termo de concessão, cessão ou permissão de Dos Bens Móveis
uso as que:
I - á construção ou benfeitoria realizada Art. 113 - Aplicam-se à cessão de uso de
no imóvel incorpora-se a este, tornando-se bens móveis municipais as regras dos
propriedade pública, sem direito á retenção artigos referentes aos Bens Imóveis.
ou indenização;
II - a par da satisfação da remuneração Art. 114 - Fica proibida a cessão de
ou dos encargos específicos, incube ao qualquer bem móvel do Município a
concessionário ou permissionário manter o particulares.
imóvel em condições adequados á sua
destinação, assim devendo restitui-lo. CAPÍTULO IV
Das Obras e Serviços Municipais
Art. 111 - A concessão, a cessão ou a
permissão de uso de imóvel municipal, Art. 115 - Nenhum empreendimento de
vincular-se-á atividade definida no contrato obras e serviços do Município poderá ter
ou termo respectivo, constituindo o desvio início sem prévia elaboração do plano

39
Conhecimentos Gerais do Município

respectivo, em que obrigatoriamente, locais, inclusive em órgãos da imprensa da


conste: capital do Estado, mediante edital ou
I - a viabilidade do empreendimento, sua comunicado resumido.
conveniência e oportunidade para o
interesse comum; Art. 117 - Os usuários estarão
II - os pormenores para sua execução; representados nas entidades prestadoras de
III - os recursos para o atendimento das serviços públicos na forma que dispuser a
respectivas despesas; legislação municipal, assegurando-se sua
IV - os prazos para seu início e participação em decisões relativas a:
conclusão, acompanhados da respectiva I - planos e programas de expansão dos
justificação. serviços;
§ 1 ° - Nenhuma obra, serviço ou II - revisão da base de cálculo dos custos
melhoramento, salvo casos de extrema operacionais;
urgência, será executada sem prévio III - política tarifária;
orçamento de seu custo. IV - mecanismos para atendimento de
§ 2° - As obras públicas poderão ser pedidos e reclamações dos usuários,
executadas pela Prefeitura, por suas inclusive para apuração de danos causados
autarquias e demais entidades da a terceiros.
administração indireta, e, por terceiros, Parágrafo único - Em se tratando de
mediante licitação. empresas concessionárias ou
§ 3° - As obras públicas a executar, permissionárias de serviços públicos, a
deverão ter placas afixadas em lugar visível obrigatoriedade mencionada neste artigo
com dizeres do seu custo e tempo de sua deverá constar do contrato de concessão ou
execução. permissão.

Art. 116 - A concessão de serviço Art. 118 - As entidades prestadoras de


público somente será efetivada com serviços são obrigadas, pelo menos um vez
autorização legal e mediante contrato, por ano, a dar ampla divulgação de sua
precedido de concorrência pública, sendo a atividades, informando, em especial, sobre
permissão outorgada por Decreto, planos de expansão, aplicação de recursos
precedido de licitação simplificada. financeiros e realização de programas de
§ 1 ° - Serão nulas de pleno direito as trabalho.
permissões, as concessões, bem com
quaisquer outros ajustes feitos em Art. 119 - Nos contratos de concessão ou
desacordo com o estabelecido neste artigo. permissão de serviços públicos serão
§ 2°- Os serviços permitidos ou estabelecidos entre outros:
concedidos ficarão sempre sujeitos a I - os direitos dos usuários, inclusive as
regulamentação e fiscalização do hipóteses de gratuidade;
Município, incumbido, aos que executem, II - as regras para remuneração do,
sua permanente atualização e adequação às capital e para garantir o equilíbrio
necessidades dos usuários. econômico e financeiro do contrato;
§ 3° - O Município poderá retomar, sem III - as normas que possam comprovar
indenização, os serviços permitidos ou eficiência no atendimento do interesse
concedidos, desde que executados em público, bem como permitir a fiscalização
desconformidade com o ato o contrato, bem pelo Município, de modo a manter o serviço
com aqueles que se revelarem insuficientes contínuo, adequado e acessível;
para o atendimento dos usuários. IV - as regras para orientar a revisão
§ 4° - As concorrências para concessão periódica das bases de cálculo dos custos
de serviço público deverão ser precedidas operacionais e de remuneração do capital,
de ampla publicidade, em jornais e rádios ainda que estipulada em contrato anterior;

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Conhecimentos Gerais do Município

V - a remuneração dos serviços II - transmissão, intervivos, a qualquer


prestados aos usuários diretos, assim como título, por ato oneroso, de bens imóveis, por
a possibilidade de cobertura dos custos por natureza ou acessão física, e direitos reais
cobrança a outros agentes beneficiados pela sobre imóveis, exceto os de garantia, bem
existência dos serviços; com cessão de direitos a sua aquisição;
VI - as condições de prorrogação, III - vendas a varejo de combustíveis
caducidade, rescisão e reversão da líquidos e gasosos, exceto óleo diesel;
concessão ou permissão. IV - serviços de quaisquer natureza, não
Parágrafo único - Na concessão ou compreendidos na competência do Estado,
permissão de serviços públicos, o definidos na lei complementar.
Município reprimirá qualquer forma de § 1 ° - O imposto previsto no inciso I
abuso do poder econômico, principalmente poderá ser progressivo, nos termos da lei,
as que visem à dominação do mercado, à de forma a assegurar o cumprimento da
exploração monopolística e ao aumento Fundação social da propriedade.
abusivo de lucros. § 2° - O imposto previsto no inciso II não
incide sobre transmissão de bens ou direitos
Art. 120 - As tarifas dos serviços incorporados ao patrimônio de pessoa
públicos deverão ser fixadas pelo jurídica em realização de capital, nem sobre
Executivo, tendo-se em vista a justa a transmissão de bens ou direitos
remuneração. decorrentes de fusão, incorporação, cisão
ou extinção de pessoa jurídica, salvo se,
Art. 121 - Nos serviços, obras e nesses casos, a atividade preponderante do
concessões do Município, bem como nas adquirente for a compra e venda desses
compras e alienações será adotada a bens ou direitos locação de bens imóveis ou
licitação, nos termos da lei. arredamento mercantil.
§ 3° - A lei determinará medidas para
Art. 122 - O Município poderá realizar, que os consumidores sejam esclarecidos
mediante convênio com o Estado, a União acerca dos impostos previstos nos incisos
ou entidades particulares, bem assim, III e IV.
através de consórcio, com outros
Municípios. Art. 125 - As taxas só poderão ser
instituídas por lei, em razão do exercício do
CAPÍTULO V Poder de Polícia ou pela utilização efetiva
Da Administração Tributária e ou potencial de serviços públicos,
Financeira específicos e divisíveis, prestados ao
Seção I contribuinte ou postos à disposição pelo
Dos Tributos Municipais Município.

Art. 123 - São tributos municipais os Art. 126 - A contribuição de melhoria,


impostos, as taxas e as contribuições de decorrente de obras públicas, será cobrada
melhoria, decorrentes de obras públicas, de todo contribuinte que tiver seu
instituídos por Lei Municipal, atendidos os patrimônio beneficiado pela realização da
princípios estabelecidos na Constituição obra, sendo o custo total desta rateado entre
Federal e nas normas gerais de direito os beneficiários.
tributário.
Art. 127 - Sempre que possível os
Art. 124 - São de competência do impostos terão caráter pessoal e serão
Município os impostos sobre: graduados segundo a capacidade
I - propriedade predial e territorial econômica do contribuinte, facultado à
urbana; administração municipal, especialmente

41
Conhecimentos Gerais do Município

para conferir efetividade a esses objetivos, Parágrafo único - As tarifas dos serviços
identificar, respeitados os direitos públicos deverão cobrir os seus custos,
individuais e nos termos da lei, o sendo reajustáveis quando se tornarem
patrimônio, os rendimentos e as atividades deficientes ou excedentes.
econômicas do contribuinte.
Parágrafo único - As taxas não poderão Art. 132 - Nenhum contribuinte será
ter base de calculo próprio de impostos. obrigado ao pagamento de qualquer tributo
lançado pela Prefeitura, sem prévia
Art. 128 - O Município poderá instituir notificação.
contribuição, cobrada de seus servidores, § 1 ° - Considera-se notificação a entrega
para o custeio, em benefício destes, de do aviso de lançamento no domicílio fiscal
sistemas de previdência e assistência social. do contribuinte, nos termos da legislação
federal pertinente.
Seção II § 2° - Do lançamento do tributo cabe
Da Receita e da Despesa recurso ao Prefeito, assegurado para sua
interposição no prazo de quinze (15) dias,
Art. 129 - A receita municipal, contados da notificação.
constituir-se-á da arrecadação dos tributos
municipais, da participação em tributos da Art. 133 - A despesa pública atenderá
União e do Estado, dos recursos resultantes aos princípios estabelecidos na
do Fundo de Participação do Municípios e Constituição Federal e ás normas de direito
da utilização de seus bens serviços, financeiro.
atividades e de outros ingressos.
Art. 134 - Nenhuma despesa será
Art. 130 - Pertencem ao Município: ordenada ou satisfeita sem que exista
I - o produto da arrecadação do imposto recurso disponível e crédito votado pela
da união sobre rendas e proventos de Câmara, salvo a que ocorrer por conta do
qualquer natureza, incidente da fonte, sobre crédito extraordinário.
rendimentos pagos, a qualquer título, pela
administração direta, autarquia e fundações Art. 135 - Nenhuma lei que crie ou
municipais; aumente despesa será sem que dela conste a
II - cinquenta por cento do produto da indicação do recurso para atendimento do
arrecadação do imposto da União sobre a correspondente cargo.
propriedade territorial rural, relativamente
aos imóveis situados no Município; Art. 136 - As disponibilidades de caixa
II - cinquenta por cento do produto da do Município, de suas autarquias e
arrecadação do imposto do Estado sobre a fundações e das empresas por ele
propriedade de veículos automotores controladas serão depositadas e aplicadas
licenciados no território municipal; em conta que incida correção monetária em
IV - vinte e cinco por cento do produto instituições financeiras oficiais, salvo os
da arrecadação do imposto do Estado sobre casos previstos em lei.
operações relativas á circulação de
mercadorias e sobre prestações de serviços Seção III
de transportes interestadual e Do Orçamento
intermunicipal de comunicação.
Art. 137 - A elaboração e a execução da
Art. 131 - A fixação dos preços públicos, lei orçamentária anual e plurianual de
devidos pela utilização de bens, serviços e investimentos obedecerá às regras
atividades municipais, será feita pelo estabelecidas na de Constituição Federal,
Prefeito mediante edição de decreto. na Constituição do Estado, nas normas de c

42
Conhecimentos Gerais do Município

Direito Financeiro e nos preceitos desta Lei I - o orçamento fiscal referente aos
Orgânica. poderes do Município, seus fundos, órgãos
Parágrafo único - O poder Executivo e entidades da administração direta e
publicará, até trinta dias após o A indireta;
encerramento de cada bimestre, relatório II - o orçamento de investimento das
resumido da execução I orçamentária. empresas em que o Município, direta ou
indiretamente, detenha a maioria do capital
Art. 138 - Os projetos de lei relativos ao social com direto voto;
plano plurianual, e ao orçamento anual e os III - o orçamento da seguridade social,
créditos adicionais serão apreciados pela abrangendo todas as entidades e órgãos a
Comissão permanente de Orçamentos e ela vinculados, da administração direta e
Finanças à qual caberá: indireta, bem com os fundos instituídos
I - Examinar e emitir parecer sobre os pelo Poder Público.
projetos e as contas apresentadas
anualmente pelo Prefeito Municipal; Art. 140 - O Prefeito enviará a Câmara,
I - examinar e emitir parecer sobre os no prazo consignado na lei complementar
planos e programas de investimentos e federal, a proposta de orçamento anual do
exercer a acompanhamento e fiscalização A Município para o exercício seguinte.
orçamentária, sem prejuízo de atuação das § 1 ° - O não cumprimento no disposto
demais Comissões da Câmara. no caput deste artigo implicará a elaboração
§ 1 ° - As emendas serão apresentadas na pela Câmara independente do envio da
Comissão, que escore elas emitirá parecer, proposta, da competente Lei de meios,
e apreciadas na forma regimental. tomando por base a lei orçamentária em
§ 2° - As emendas ao projeto de lei do vigor.
orçamento anua ou aos projetos que § 2°- O Prefeito poderá enviar
modifiquem somente podem ser aprovados mensagem à Câmara, para propor a
caso: modificação do projeto de lei orçamentária,
I - sejam compatíveis com o plano enquanto não iniciada a votação da parte
plurianual; que deseja alterar.
II - indiquem os recursos necessários,
admitidos apenas os provenientes de Art. 141 - A Câmara não enviando, no
anulação de despesas, excluídas as que prazo consignado na lei complementar
indicam e sobre: federal, o projeto da lei orçamentária à
a) dotações para pessoal e seus encargos; sanção, será promulgada como lei, pelo
b) serviço de dívida; ou Prefeito, o projeto originário do Executivo.
III sejam relacionados:
a) com a correção de erros ou omissões; Art. 142 - Rejeitado pela Câmara o
ou projeto de lei orçamentária anual,
b) com os dispositivos do texto do prevalecerá, para o ano seguinte, o
projeto de lei. orçamento do exercício em curso,
§ 3° - Os recursos que, em decorrência aplicando-se-lhe a atualização de valores.
de veto, emenda ou reedição do projeto de
lei orçamentária anual, ficarem sem Art. 143 - Aplicam-se ao projeto de lei
despesas correspondentes poderão ser orçamentária, no que não contrair o
utilizados, conforme o caso, mediante disposto nesta Seção, as regras do processo
crédito especiais ou suplementares, com legislativo.
prévia e específica autorização legislativa.
Art. 144 - O Município, para execução
Art. 139 - A lei orçamentária anua de projetos, programas, obras, serviços ou
corresponderá : despesas cuja execução se prolongue além

43
Conhecimentos Gerais do Município

de um exercício financeiro, deverá ' V- a abertura de crédito suplementar ou


elaborar orçamentos plurianuais de especial sem prévia autorização legislativa
investimentos. e sem indicação dos recursos
Parágrafo único - As dotações anuais dos correspondentes;
orçamentos plurianuais deverão ser VI - a transposição, o remanejamento ou
incluídas no orçamento de cada exercício, a transferência de recursos de uma
para utilização do respectivo crédito. categoria de programação para outra ou de
órgão para outro, sem prévia autorização
Art. 145 - O orçamento será uno, legislativa;
incorporando-se, obrigatoriamente, na VII - a concessão ou utilização de
receita, todos os tributos, rendas e créditos ilimitados;
suprimentos de fundos, e incluindo-se, VIII - a utilização, sem autorização
discriminadamente, da despesa, as dotações legislativa específica, de recursos dos
necessárias ao custeio de todos os serviços orçamentos fiscal e da seguridade social
municipais. para suprir necessidade ou cobrir déficit de
empresas, fundações e fundos, inclusive
Art. 146 - O orçamento não conterá dos mencionados no art. 139 desta Lei
dispositivo estranho à previsão da receita, Orgânica;
nem à fixação da despesa anteriormente de IX - a instituição de fundos de qualquer
créditos suplementares; natureza, sem prévia autorização
I - autorização para abertura de créditos legislativa.
suplementares; § 1 °- Nenhum investimento cuja
II - contratações de operações de crédito, execução ultrapasse um exercício
ainda que por antecipação da receita, nos financeiro poderá ser iniciado sem prévia
termos da lei. inclusão no plano plurianual, ou sem lei que
autorize a inclusão, sob pena de crime de
Art.147 - São vedados: responsabilidade.
I - o início de programas ou projetos não § 2° - Os créditos especiais e
incluídos na lei orçamentária anual; extraordinários terão vigência no exercício
II - a realização de despesas ou a financeiro em que forem autorizados, salvo
assunção de obrigações diretas que se o ato de autorização for promulgado nos
excedam os créditos orçamentários ou últimos quatro meses daquele exercício,
adicionais; caso em que, reabertos nos limites de seus
III - a realização de operações de crédito saldos, serão incorporados ao orçamento do
que excedam o montante das despesas de exercício financeiro subsequente.
capital, ressalvadas as autorizadas mediante § 3° - A abertura de crédito
créditos suplementares ou especiais com extraordinário somente será admitida para
finalidade precisa, aprovados pela Câmara atender despesas imprevisíveis e urgentes,
com maioria absoluta; como as decorrentes de calamidade pública.
IV - a vinculação da receita de impostos
a órgão, fundo ou despesas, ressalvadas a Art. 148 - Os recursos correspondentes
repartição do produto de arrecadação dos às dotações orçamentárias, compreendidos
impostos a que se referem ao art. 158 e 159 os créditos suplementares e especiais,
da Constituição Federal, a destinação de destinados à Câmara Municipal, ser-lhes-ão
recursos para manutenção e entregues até o dia 20 de cada mês.
desenvolvimento do ensino, como
determinado pelo art. 177 desta Lei Art. 149 - A despesa com pessoal ativo e
Orgânica e a prestação de garantias às inativo do Município não poderá exceder os
operações por antecipação de receita, limites estabelecidos em lei complementar.
prevista no art. 146,11 desta Lei Orgânica.

44
Conhecimentos Gerais do Município

Parágrafo único - A concessão de C - à viabilidade do empreendimento,


qualquer vantagem ou aumento de sua conveniência e oportunidade para o
remuneração, a criação de cargos ou interesse comum
alteração de estrutura de carreiras, bem D - às regras para remuneração do
como a admissão de pessoal, a qualquer capital e sobre a garantia do equilíbrio
título, pelos órgãos e entidades da econômico e financeiro do contrato
administração direta ou indireta, só poderão E - às regras para orientar a revisão
ser feitas se houver prévia dotação periódica das bases de cálculo dos custos
orçamentária suficiente para atender às operacionais e de remuneração do capital,
projeções de despesa de pessoal e aos ainda que estipulada em contrato anterior
acréscimos dela decorrentes.
03. (Pref. Saquarema/RJ - Gestor
(...) Público - CEPERJ) A Lei Orgânica do
Município de Saquarema, seguindo uma
Questões prática usual nos municípios, tratando dos
vereadores, diz que:
01.(Pref. Saquarema/RJ - Auxiliar de A - será suspenso do seu mandato por
Topografia - CEPERJ) Nos termos da Lei um ano aquele vereador que fixar
Orgânica do Município de Saquarema, residência fora do município
compete privativamente ao município: B - será suspenso por dois anos o
A - dispor sobre horário de vereador que fixar residência fora da
funcionamento e regime de pessoal nas Região dos Lagos
agências bancárias que se instalarem no C - perderá o mandato o vereador que
município fixar residência fora do município
B - legislar sobre transporte público D - é livre a fixação de residência do
municipal e gás canalizado vereador, cabendo-lhe apenas o
C - legislar sobre normas gerais de cumprimento do expediente normal
direito financeiro, licitações e contratações E - perderá o mandato o vereador que
no âmbito do município fixar residência fora do estado
D - manter, com a cooperação técnica e
financeira da União e do Estado, programas 04. (Pref. Saquarema/RJ - Arquiteto
de educação pré-escolar e de ensino - CEPERJ) Para responder à questão,
fundamental considere as disposições da Lei Orgânica
E - organizar o quadro e estabelecer o do Município de Saquarema.
regime jurídico e o plano de carreira dos
servidores públicos estaduais A acumulação remunerada de cargos
públicos é permitida na seguinte hipótese:
02. (Pref. Saquarema/RJ - Arquiteto A - um cargo de engenheiro com outro
- CEPERJ) O Artigo 115 do Capítulo IV - de arquiteto
das obras e serviços municipais da Lei B - dois cargos de professor
Orgânica do Município de Saquarema C - dois cargos de professor com outro
refere-se: cargo técnico
A - aos serviços permitidos ou D - um cargo de profissional da saúde
concedidos, sempre sujeitos a com outro cargo técnico ou científico
regulamentação e fiscalização do E - dois cargos técnicos ou científicos
Município com um de professor
B - aos mecanismos para atendimento de
pedidos e reclamações dos usuários, 05. (Pref. Saquarema/RJ - Auxiliar
inclusive para apuração de danos causados Disciplina - CEPERJ) Nos termos da Lei
a terceiros

45
Conhecimentos Gerais do Município

Orgânica Municipal, são símbolos do


município de Saquarema:
A- o brasão, a bandeira e o hino
B - a lagoa de Jaconé e a Restinga de
Massambaba
C - a bandeira, o hino e a Igreja de Santo
André
D - a Igreja de Nossa Senhora de
Nazareth e a bandeira do município
E - a Igreja de Nossa Senhora de
Nazareth, o brasão, a bandeira e o hino

Alternativas

01.D (Art. 10, V)


02.C (Art. 115)
03.C (Art. 39, V)
04.B (Art.85, XVI)
05.A Art. 2º, Parágrafo único)

46
Conhecimentos Específicos

SUMÁRIO

1. Teoria de Aprendizagem. 2. Desenvolvimento da criança (cognitivo, afetivo, motor


e perceptivo)........................................................................................................... 1
3. Avaliação ......................................................................................................... 14
4. Planejamento .................................................................................................... 25
5. Prática pedagógica e o processo de construção do conhecimento .................. 27
6. Interdisciplinaridade e projetos........................................................................ 57
7. Democratização da Escola Pública .................................................................. 63
8. Novas tendências e competências .................................................................... 67
9. Projeto Político Pedagógico ............................................................................. 79
10. Educação Inclusiva. 11. Atendimento educacional aos alunos com deficiência
.............................................................................................................................. 83
12. Bullying.......................................................................................................... 93
13. Legislação Educacional e suas atualizações: Constituição ........................... 96
LDB 9.394/96, PNE 2014, BNCC LBI, ECA e Plano Municipal de Educação de
Saquarema .......................................................................................................... 115
Atribuições do cargo de Professor Docente I .................................................... 115
14. Currículo na perspectiva da Inclusão/currículo adaptado ........................... 115
-

Apostilas
Domínio
Conhecimentos Específicos

resposta.
1. Teoria de Aprendizagem. 2.
Para Thorndike apud Pettenger e
Desenvolvimento da criança (cognitivo,
afetivo, motor e perceptivo)
Gooding, o padrão básico da aprendizagem
é uma resposta mecanicista às forças
externas. Um estímulo provoca uma
Principais Teorias de Aprendizagem resposta. Se a resposta é recompensada, é
As principais interpretações das aprendida.
questões relativas à natureza da Já para Skinner, a ênfase é dada à
aprendizagem remetem a um passado questão do controle do comportamento
histórico da filosofia e da psicologia. pelos reforços que ocorrem com a resposta
Diversas correntes de pensamento se ou após a mesma com o propósito de atingir
desenvolveram, definindo paradigmas metas específicas ou definir
educacionais como o empirismo, o inatismo comportamentos manifestos.
ou nativismo, os associacionistas, os As grandes escolas da corrente dos
teóricos de campo e os teóricos do Teóricos de Campo, são representadas, na
processamento da informação ou psicologia Gestalt pelos alemães Wertheimer, Koffka
cognitiva. e Köhler, e na Fenomenologia, por Combs
A corrente do empirismo tem como e Snygg, Pettenger e Gooding4. Nestas
princípio fundamental considerar que o ser escolas prevalece a concepção de que as
humano, ao nascer, é como uma "tábula pessoas são capazes de pensar, perceber e
rasa" e tudo deve aprender, desde as de responder a uma dada situação, de
capacidades sensoriais mais elementares acordo com as suas percepções e
aos comportamentos adaptativos, mas interpretações desta situação.
complexos Gaonac´h e Golder1. A mente é Diferentemente das primeiras, em que o
considerada inerte, e as ideias vão sendo comportamento é sequencial, do mais
gravadas a partir das percepções. Baseado simples ao mais complexo, nesta corrente,
neste pressuposto, a inteligência é o todo ou total é mais que a soma das partes.
concebida como uma faculdade capaz de Na Gestalt, o paradigma de
armazenar e acumular conhecimento. aprendizagem é a solução de problemas e
O inatismo ou nativismo argumenta que ocorre do total para as partes. Consiste
a maioria dos traços característicos de um também na organização dos padrões de
indivíduo é fixado desde o nascimento e percepção. Segundo Fialho5, na Gestalt há
que a hereditariedade permite explicar uma duas maneiras de se aprender a resolver
grande parte das diferenças individuais problemas: pelo aprendizado conduzido ou
físicas e psicológicas Gaonac´h e Golder2. pelo aprendizado pelo entendimento. Isto
As formas de conhecimento estão pré- significa que conforme a organização da
determinadas no sujeito que aprende. situação de aprendizagem, dirigida
Para os associacionistas, o principal (instrucionista) ou autodirigida (ativa), o
pressuposto consiste em explicar que o indivíduo aprende, entretanto, deve-se
comportamento complexo é a combinação promover situações de aprendizagem que
de uma série de condutas simples. Como sejam suficientemente ricas para que o
precursores desta corrente são de aprendiz possa fazer escolhas e estabelecer
pensamento pode-se citar Edward L. relações entre os elementos de uma
Thorndike e B.F. Skinner, Pettenger e situação. Escolher entre as quais para ele,
Gooding3 e suas respectivas teorias do aprendiz, conduza a uma estruturação
comportamento reflexo ou estímulo- eficaz de suas percepções e significados.

1
GAONAC’H, Daniel; GOLDER, Caroline. Profession Enseignant: na prática Educacional. São Paulo: EPU, 1977.
4
Manual de Psycolgie.pour Fenseignement. Paris: Hachette Education, Idem 4.
5
1995. FIALHO, Francisco Antonio Pereira. Sistemas de Educação à Distância.
2
Idem 2. UFSC. Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção.
3
PETTENGER, Owene, GOODING, C. Thomas. Teorias da aprendizagem Florianópolis, 1998. Notas de aula.

1
Conhecimentos Específicos

Os teóricos do Processamento da reflexivas. Os estudantes podem trabalhar


Informação ou Psicologia Cognitiva, de juntos na construção do entendimento e do
origem mais recente, reúnem diversas significado através de práticas relevantes.
abordagens. Estes teóricos estudam a mente O construtivismo é uma filosofia de
e a inteligência em termos de aprendizagem que descreve o que significa
representações mentais e processos saber alguma coisa, o que é a realidade. As
subjacentes ao comportamento observável. concepções tradicionais de aprendizagem
Consideram o conhecimento como sistema admitem que o conhecimento é um objeto,
de tratamento da informação. Segundo algo que pode ser transmitido do professor
Misukami6, uma abordagem cognitivista para o aluno.
implica em estudar cientificamente a O construtivismo propõe que o aluno
aprendizagem como um produto resultante participe ativamente do próprio
do ambiente, das pessoas ou de fatores aprendizado, mediante a experimentação, a
externos a ela. Como as pessoas lidam com pesquisa em grupo, o estimulo a dúvida e o
estímulos ambientais, organizam dados, desenvolvimento do raciocínio, entre outros
sentem e resolvem problemas, adquirem procedimentos. A partir de sua ação, vai
conceitos e empregam símbolos estabelecendo as propriedades dos objetos e
constituem, pois, o centro da investigação. construindo as características do mundo.
Em essência, na psicologia cognitiva, as
atividades mentais são o motor dos A Abordagem Construtivista de Jean
comportamentos. Piaget
Opondo-se à concepção behavorista, os As respostas às questões sobre a
teóricos cognitivos preocupam-se em natureza da aprendizagem de Piaget são
desvendar a "caixa preta" da mente dadas à luz de sua epistemologia genética,
humana. A noção de representação é central na qual o conhecimento se constrói pouco a
nestas pesquisas. A representação é pouco, à medida em que as estruturas
definida como toda e qualquer construção mentais e cognitivas se organizam, de
mental efetuada a um dado momento e em acordo com os estágios de desenvolvimento
um certo contexto. da inteligência.
Portanto, memória, percepção, A inteligência é antes de tudo adaptação.
aprendizagem, resolução de problemas, Esta característica se refere ao equilíbrio
raciocínio e compreensão, esquemas e entre o organismo e o meio ambiente, que
arquiteturas mentais são alguns dos resulta de uma interação entre assimilação
principais objetos de investigação da área, e acomodação.
cujas aplicações vêm sendo utilizadas na A assimilação e a acomodação são, pois,
construção de modelos explícitos em os motores da aprendizagem. A adaptação
formas de programas de computador intelectual ocorre quando há o equilíbrio de
(softwares), gráficos, arquiteturas ou outras ambas.
esquematizações do processamento mental, Segundo discorre Ulbritch7, a aquisição
em especial nos sistemas de Inteligência do conhecimento cognitivo ocorre sempre
Artificial. que um novo dado é assimilado à estrutura
Os princípios construtivistas fornecem mental existente que, ao fazer esta
um conjunto de diretrizes a fim de auxiliar acomodação modifica-se, permitindo um
projetistas e professores na criação de processo contínuo de renovação interna. Na
meios ambientes colaboracionistas organização cognitiva, são assimiladas o
direcionados ao ensino, que apoiem que as assimilações passadas preparam,
experiências autênticas, atraentes e para assimilar, sem que haja ruptura entre o

6
MISUKAMI, Maria da Graça Nicoletti. Ensino: as Abordagens do Construção do Conhecimento em Geometria Descritiva^ Florianópolis,
Processo. Temas Básicos de Educação e Ensino. São Paulo: EPU, 1986. 1997. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção). Coordenadoria de
7
ULBRICHT, Vânia Ribas. Modelagem de um Ambiente Hipermfdia de Pós-graduação, UFSC. p.20-25.

2
Conhecimentos Específicos

novo e o velho. tendência lúdica. Prevalece nesta fase


Pela assimilação, justificam-se as a transdução, modelo primitivo de
mudanças quantitativas do indivíduo, seu raciocínio, que se orienta de particular para
crescimento intelectual mediante a particular.
incorporação de elementos do meio a si A partir dos quatro anos o tipo
próprio. dominante de raciocínio é o
Pela acomodação, as mudanças denominado intuição, fundamentado na
qualitativas de desenvolvimento modificam percepção e que desconhece a
os esquemas existentes em função das reversibilidade e a conservação.
características da nova situação; juntas A criança ainda é incapaz de lidar como
justificam a adaptação intelectual e o dilemas morais, embora possua senso do
desenvolvimento das estruturas cognitivas. que é bom ou mal. O indivíduo apresenta
No sistema cognitivo do sujeito esses um comportamento egocêntrico, tendo um
processos estão normalmente em equilíbrio. papel limitado e a impossibilidade assumir
A perturbação desse equilíbrio gera um o papel de outras pessoas, é rígido (não
conflito ou uma lacuna diante do objeto ou flexível) que tem como ponto de referência
evento, o que dispara mecanismos de a própria criança. Ainda é latente a
equilibração. A partir de tais perturbações incapacidade de analisar vários aspectos de
produzem-se construções compensatórias uma dada situação.
que buscam novo equilíbrio, melhor do que Uma consequência deste egocentrismo é
o anterior. a incapacidade da criança de colocar seu
Assim, pode-se distinguir quatro próprio ponto de vista como igual aos
estágios de desenvolvimento lógico: demais. Desconhecendo a opinião alheia, o
Sensório Motor (0-2 anos) indivíduo não sente necessidade de
Tratando-se da fase inicial do justificar seus raciocínios perante outros.
desenvolvimento da vida, este nível é Operatório concreto (7-11 anos)
caracterizado como pré-verbal constituída Recebe este nome, já que a criança age
pela organização reflexiva e pela a sobre o mundo concreto, real e visível.
inteligência prática. Neste estágio a criança Surge o declínio do egocentrismo, sendo
baseia-se em esquemas motores para substituído pelo pensamento operatório
resolver seus problemas, que são (envolvendo vasta gama de informações
essencialmente práticos. Além disso, o externas à criança). O indivíduo pode,
indivíduo vive o momento presente sendo desde já, ver as coisas a partir da
incapaz de referir-se ao futuro, ou evocar o perspectiva dos outros.
passado. Surge os processos de pensamento
Durante esta fase os bebês começam a lógico, limitados, sendo capazes de
desenvolver símbolos mentais e utilizar serializar, ordenar e agrupar coisas em
palavras, um processo conhecido classes, com base em características
como simbolização. O bebê relaciona tudo comuns. Assim como a capacidade de
ao seu próprio corpo como se fosse o centro conservação e reversibilidade através da
do mundo observação real (o pensamento da criança
Pré-operatório (2-7 anos) ainda é de natureza concreta).
Este período é o que mais teve atenção O pensamento operatório é denominado
de Piaget. É caracterizado pela explosão concreto, pois a criança somente pensa
linguística e a utilização de símbolos. Dada corretamente se os exemplos ou materiais
a esta capacidade da linguagem, os que ela utiliza para apoiar o pensamento
esquemas de ação são interiorizados existem mesmo e podem ser observados.
(esquemas representativos ou simbólicos). Ela ainda não consegue pensar
Nota-se ainda a ausência de esquemas abstratamente, tendo como base
conceituais, assim como o predomínio da proposições e enunciados. Com o

3
Conhecimentos Específicos

desenvolvimento destas habilidades Dessa feita, a convivência social é


notamos aparecimento de esquemas fundamental para transformar o homem de
conceituais. ser biológico a ser humano social, e a
As crianças começam a desenvolver um aprendizagem que advém das relações
senso moral, juntamente com um código de sociais ajuda a construir os conhecimentos
valores. que dão suporte ao desenvolvimento.
Operatório formal (12 anos em diante) Para Vygotsky, o homem possui
Característica essencial a distinção natureza social, uma vez que nasce em um
entre o real e o possível. ambiente carregado de valores culturais: na
A criança se torna capaz de raciocinar ausência do outro, o homem não se faz
logicamente, mesmo se o conteúdo do seu homem. Partindo desse pressuposto, o
raciocínio é falso. Logo, surge a autor criou uma teoria de desenvolvimento
determinação da realidade tendo como base da inteligência, na qual afirma que o
o caráter hipotético-dedutivo, conhecimento é sempre intermediado.
representando a última aquisição mental Nessa perspectiva, a criança nasce
quando o adolescente se liberta do concreto. apenas com funções psicológicas
Assim o jovem obtém a capacidade de elementares e, a partir do aprendizado da
pensar abstratamente e compreender o cultura, essas funções se transformam em
conceito de probabilidade. funções psicológicas superiores.
Aparecimento da reversibilidade e sua Entretanto, essa evolução não se dá de
explicação mediante inversão ou negação e forma imediata e direta, as informações
comparada à reciprocidade de relações. recebidas do meio social são intermediadas,
de forma explícita ou não, pelas pessoas
A Abordagem Sócio Construtiva do que interagem com as crianças. É essa
Desenvolvimento Cognitivo de Lev intermediação que dá às informações um
Vygotsky caráter valorativo e significados sociais e
As inquietações de Vygotsky sobre o históricos.
desenvolvimento da aprendizagem e a As concepções de Vygotsky sobre o
construção do conhecimento perpassavam funcionamento do cérebro humano
pela produção da cultura, como resultado fundamentam-se em sua ideia de que as
das relações humanas. Por conta disso, ele funções psicológicas superiores são
procurou entender o desenvolvimento construídas ao longo da história social do
intelectual a partir das relações histórico- homem. Na sua relação com o mundo,
sociais, ou seja, buscou demonstrar que o mediada pelos instrumentos e símbolos
conhecimento é socialmente construído desenvolvidos culturalmente, o ser humano
pelas e nas relações humanas. cria as formas de ação que o distinguem de
Baseado nas teses do materialismo outros animais.
histórico, Vygotsky destacou que as origens Vale dizer que essas informações não
das formas superiores de comportamento são interiorizadas com o mesmo teor com
consciente deveriam ser buscadas nas que são recebidas, ou seja, elas sofrem uma
relações sociais que o sujeito mantém com reelaboração interna, uma linguagem
o mundo exterior, na atividade prática. Para específica em cada pessoa. Em outras
descobrir as fontes dos comportamentos palavras, cada processo de construção de
especificamente humanos, era preciso conhecimentos e desenvolvimento mental
libertar-se dos limites do organismo e possui características individuais e
empreender estudos que pudessem explicar particulares.
como os processos maturacionais Nesse sentido, significados
entrelaçam-se aos processos culturalmente socioculturais, historicamente produzidos,
determinados para produzir as funções são internalizados pelo homem de forma
psicológicas superiores típicas do homem. individual e, por isso, ganham um sentido

4
Conhecimentos Específicos

pessoal; “a palavra, a língua, a cultura de uma forma em outra, entrelaçando


relaciona-se com a realidade, com a própria fatores internos e externos e processos
vida e com os motivos de cada indivíduo”. adaptativos.
No processo de internalização, o que é
interpessoal, inicialmente, transforma-se A Abordagem de Henri Wallon
em intrapessoal. A gênese da inteligência para Wallon é
O nível de desenvolvimento real pode genética e organicamente social, ou seja, "o
ser entendido como referente àquelas ser humano é organicamente social e sua
conquistas que já estão consolidadas na estrutura orgânica supõe a intervenção da
criança, àquelas funções ou capacidades cultura para se atualizar" Dantas9. Nesse
que ela já aprendeu e domina, pois já sentido, a teoria do desenvolvimento
consegue utilizar sozinha, sem assistência cognitivo de Wallon é centrada na
de alguém mais experiente da cultura (pai, psicogênese da pessoa completa.
mãe, professor, criança mais velha etc.). O estudo de Wallon é evidenciado na
Este nível indica, assim, os processos criança contextualizada, onde o ritmo no
mentais da criança que já se estabeleceram; qual se sucedem as etapas do
ciclos de desenvolvimento que já se desenvolvimento é descontínuo, marcado
completaram. por rupturas, retrocessos e reviravoltas,
No entendimento de Vygotsky, a zona de provocando em cada etapa profundas
desenvolvimento potencial ou mediador é mudanças nas anteriores.
toda atividade e/ou conhecimento que a Nesse sentido, a passagem dos estágios
criança ainda não domina, mas que se de desenvolvimento não se dá linearmente,
espera que ela seja capaz de saber e/ou por ampliação, mas por reformulação,
realizar, independentemente de sua etnia, instalando-se no momento da passagem de
religião ou cultura. É justamente por isso uma etapa a outra, crises que afetam a
que as relações entre desenvolvimento e conduta da criança. Conflitos se instalam
aprendizagem ocupam lugar de destaque nesse processo e são de origem exógena
em sua obra. quando resultantes dos desencontros entre
A zona de desenvolvimento proximal é a as ações da criança e o ambiente exterior,
distância entre o que a criança já pode estruturado pelos adultos e pela cultura e
realizar sozinha e aquilo que ela somente é endógenos e quando gerados pelos efeitos
capaz de desenvolver com o auxílio de da maturação nervosa, Galvão10. Esses
alguém. Na zona de desenvolvimento conflitos são propulsores do
proximal, o aspecto fundamental é a desenvolvimento.
realização de atividade com o auxílio de um Estágio impulsivo-emocional (1°ano de
mediador. Por isso, segundo Vygotsky, essa vida): nesta fase predominam nas crianças
é a zona cooperativa do conhecimento. O as relações emocionais com o ambiente.
mediador ajuda a criança a concretizar o Trata-se de uma fase de construção do
desenvolvimento que está próximo, ou seja, sujeito, em que a atividade cognitiva se
ajuda a transformar o desenvolvimento acha indiferenciada da atividade afetiva.
potencial em desenvolvimento real. Nesta fase vão sendo desenvolvidas as
Fialho8 destaca que, para Vygotsky, o condições sensório-motoras (olhar, pegar,
desenvolvimento humano compreende um andar) que permitirão, ao longo do segundo
processo dialético, caracterizado pela ano de vida, intensificar a exploração
periodicidade, irregularidade no sistemática do ambiente.
desenvolvimento das diferentes funções, Estágio sensório-motor (um a três anos,
metamorfose ou transformação qualitativa aproximadamente): ocorre neste período
8
FIALHO, Francisco Antonio Pereira. Sistemas de Educação à Distância. segundo Wallon. In: TAILLE,Yves de la e et all. Piaget, Vigotsky, Waalon.
UFSC. Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção. Teorias Psicogenéticas em Discussão. São Paulo: Summus, 1992.
10
Florianópolis, 1998. Notas de aula. GALVÃO, Izabel. Henri Wallon. Uma concepção dialética do
9
DANTAS, Heloysa. Do ato motor ao ato mental: a gênese da inteligência desenvolvimento infantil. Petrópolis: Vozes,1995.

5
Conhecimentos Específicos

uma intensa exploração do mundo físico, B. A compreensão das coisas pelas


em que predominam as relações cognitivas crianças, em seus primeiros três anos de
com o meio. A criança desenvolve a vida, não depende dos outros, visto que elas
inteligência prática e a capacidade de se diferenciam do ambiente humano no
simbolizar. No final do segundo ano, a fala qual se encontram.
e a conduta representativa (função C. Antes de falar, a criança se comunica
simbólica) confirmam uma nova relação pela imitação, em um processo pelo qual
com o real, que emancipará a inteligência forma sua subjetividade e expressa seu
do quadro perceptivo mais imediato. Ou desejo de participar e de se diferenciar do
seja, ao falarmos a palavra "bola", a criança outro como sujeito próprio.
reconhecerá imediatamente do que se trata, D. As crianças só se comunicam e se
sem que precisemos mostrar o objeto a ela. constituem como sujeitos com significado
Dizemos então que ela já adquiriu a depois do surgimento da linguagem falada.
capacidade de simbolizar, sem a E. Wallon defende que toda criança
necessidade de visualizar o objeto ou a cresce de maneira linear, em determinados
situação a qual estamos nos referindo. estágios de desenvolvimento, nos quais se
Personalismo (três aos seis anos, desenvolve a partir de seus conflitos
aproximadamente): nesta fase ocorre a internos.
construção da consciência de si, através das
interações sociais, dirigindo o interesse da 02. (Prefeitura de Presidente
criança para as pessoas, predominando Prudente/SP - Diretor de Escola -
assim as relações afetivas. Há uma mistura VUNESP/2022) No decorrer do século
afetiva e pessoal, que refaz, no plano do XX, Piaget, Vygotsky e Wallon
pensamento, a indiferenciação inicial entre desenvolveram estudos psicogenéticos
inteligência e afetividade. sobre o desenvolvimento humano e a
Estágio categorial (seis anos): a criança aprendizagem que tiveram continuidade
dirige seu interesse para o conhecimento e com seus respectivos seguidores e que
a conquista do mundo exterior, em função permitiram uma maior compreensão desses
do progresso intelectual que conseguiu processos, os quais estão na base da relação
conquistar até então. Desta forma, ela pedagógica e de todo trabalho educativo.
imprime às suas relações com o meio uma Com apoio nas obras de Castorina e outros
maior visibilidade do aspecto cognitivo. (2005) e de La Taille, Oliveira e Dantas
Para Wallon, o mérito da Educação é (1992), pode-se afirmar corretamente que
desenvolver o máximo as potencialidades as contribuições desses teóricos
de cada indivíduo. É nesse mesmo A. se complementam harmonicamente:
indivíduo que devem ser buscadas as Wallon, sobre o desenvolvimento
possibilidades de superação, compensação psicomotor; Piaget com o cognitivo; e
e equilíbrio funcionais. Vygotsky, com o interativo-social.
B. partiram das mesmas questões mas
Questões chegaram a concepções que se contradizem
totalmente, obrigando os educadores a
01. (Prefeitura de Porto Ferreira/SP - optarem pela teoria de um deles.
Professor de Educação Básica I - Nosso C. convergiram para a explicação do
Rumo/2022) Assinale a alternativa correta desenvolvimento humano individual como
a respeito da teoria do desenvolvimento resultante da estimulação sociocultural:
segundo Henri Wallon. primeiro a parental e, depois, a vicinal, a
A. Para Wallon, a criança não é escolar e a social em geral.
essencialmente emocional, o que a leva a se D. consideram a função simbólica como
constituir rapidamente em um ser elemento fundamental no desenvolvimento
sociocognitivo. humano, pois ela possibilita a linguagem e

6
Conhecimentos Específicos

o pensamento e articula a dimensão habilidade e esperar a aprovação do adulto


biológica com a sociocultural. para prosseguir com suas descobertas.
E. partiram de pressupostos e questões ( ) Em relação aos objetivos cognitivos,
diferentes a respeito do desenvolvimento que surjam com ideias interessantes,
humano e concordam apenas na conclusão problemas e questões;
de que ele se dá por fases, das quais a ( ) A criança deve respeitar os
primeira é a sensório-motora. sentimentos e direitos dos outros e começar
a coordenar diferentes pontos de vista.
03. (Prefeitura de Guatambú/SC - Marque a sequência CORRETA:
Professor de Ensino Fundamental - A. F, V, V, F, V
FEPESE/2022) Qual dos autores, listados B. V, F, V, F, V
abaixo, ao tratar questões que abarcam a C. V, V, V, V, V
formação do pensamento lógico na criança, D. V, V, F, V, V
defende o pressuposto de que a matemática E. F, V, V, F, V.
é resultado do processo mental da criança
em relação ao cotidiano, arquitetado 05. (Prefeitura de Sombrio/SC -
mediante atividades de se pensar o mundo Auxiliar de Ensino de Educação Infantil
por meio da relação com objetos? - Inclusiva - PS Concursos/2022) Para
A. Luria Piaget, o indivíduo tende a um equilíbrio,
B. Piaget que está relacionado a um comportamento
C. Wallon adaptativo em relação à natureza, que por
D. Freinet sua vez sugere um sujeito de características
E. Leontiev biológicas inegáveis, as quais são fonte de
construção da inteligência. O
04. (Prefeitura de Sombrio/SC - desenvolvimento é caracterizado por um
Auxiliar de Ensino de Educação Infantil processo de sucessivas equilibrações. O
- Inclusiva - PS Concursos/2022) O desenvolvimento psíquico começa quando
pensamento de Jean Piaget (1896-1980), nascemos e segue até a maturidade, sendo
sua teoria epistemológica e biológica, tem comparável ao crescimento orgânico: como
fundamentado vários programas de este, orienta-se, essencialmente, para o
educação pré-escolar em vários países e, equilíbrio. Esse desenvolvimento, apesar de
também, no Brasil. Um dos conceitos contínuo, é caracterizado por determinadas
fundamentais que norteiam a proposta é o formas de pensar e agir em diferentes
construtivismo segundo Piaget, entendido idades, formas que o autor denominou
como “o processo pelo qual um indivíduo estágios e refletem os diferentes modos de
desenvolve sua própria inteligência a criança pensar ao longo de sua vida.
adaptativa e o conhecimento”. O objetivo Segundo Piaget, o desenvolvimento passa
principal consiste em propiciar o por quatro diferentes estágios:
desenvolvimento infantil levando em conta Marque a alternativa INCORRETA:
a totalidade da personalidade da criança e A. Sensório-motor
dando ênfase à autonomia intelectual e B. Pré-operacional
moral. Com base nessas informações, C. Operatório concreto
classifique os itens abaixo como D. Operatório formal.
Verdadeiros (V) ou Falsos (F): E. Zona de desenvolvimento proximal
( ) A criança deve sentir-se segura numa
relação não coercitiva com adultos; 06. (CELESC - Analista - Pedagogia -
( ) A criança deve ser independente, FEPESE/2022) Um dos conceitos centrais
alerta e curiosa; usar iniciativa na busca das presente no processo de aprendizagem e
curiosidades; desenvolvimento humano, defendido por
( ) A criança deve ter confiança em sua Vigotski, é denominado:

7
Conhecimentos Específicos

A. Mediação. leitor alguns aspectos mais gerais de suas


B. Linearidade. ideias, remetendo-o posteriormente aos
C. Homogeneidade. textos originais. Ao lado de Freud, o
D. Fragmentação. trabalho de Piaget representa hoje o que de
E. Equilibração. mais importante se produziu no século XX
no campo da Psicologia do
07. (Prefeitura de Pontes e desenvolvimento infantil, embora, a rigor,
Lacerda/MT - Psicólogo - Piaget não possa ser qualificado como
SELECON/2022) Para compreender a psicólogo do desenvolvimento.
relação entre pensamento e linguagem, Um primeiro aspecto geral que merece
Vigotsky analisou comparativamente os ser explicitado refere-se à concepção de
processos de aprendizagem pré-escolar e conhecimento proposta por Piaget. Um dos
escolar, atribuindo-lhes características pontos fundamentais desta concepção diz
distintas, a saber: respeito ao sentido atribuído por Piaget à
A. enquanto o primeiro baseia-se em palavra “conhecer”: organizar, estruturar e
conceitos espontâneos que apenas explicar o mundo em que vivemos -
descrevem a realidade particular, o segundo incluindo o meio físico, as ideias, os
é formado por conceitos científicos que, valores, as relações humanas, a cultura de
mais abstratos e gerais, explicam um um modo mais amplo - a partir do
conjunto de fenômenos. vivenciado. Se, para Piaget, o
B. a aprendizagem pré-escolar refere-se conhecimento se produz a partir da ação do
ao universo de signos familiares, e a sujeito sobre o meio em que vive, só se
aprendizagem escolar, a uma visão idealista constitui com a estruturação da experiência
da realidade em que as crianças interagem. que lhe permite atribuir significação. A
C. o período pré-escolar resume-se a um significação é o resultado da possibilidade
enfoque biológico mecanicista do de assimilação. Conhecer significa, pois,
comportamento. A etapa escolar, por sua inserir o objeto num sistema de relações, a
vez, é centrada na relação da criança com partir de ações executadas sobre esse
posicionamentos pré-determinados pela objeto.
orientação político-pedagógica das escolas. Para Piaget o conhecimento é fruto das
D. o estágio pré-escolar não implica trocas entre o organismo e o meio. Essas
qualquer relação com o meio circundante e trocas são responsáveis pela construção da
o pós-escolar é completamente própria capacidade de conhecer. Produzem
determinado por tal meio. estruturas mentais que, sendo orgânicas não
estão, entretanto, programadas no genoma,
Gabarito mas aparecem como resultado das
solicitações do meio ao organismo.
01.C - 02.D - 03.B - 04.D - 05.E - 06.A - A alteração organismo-meio ocorre
07.A através do que Piaget chama processo de
adaptação, com seus dois aspectos
Desenvolvimento Infantil complementares: a assimilação e a
acomodação. O conceito de adaptação
Teoria de Jean Piaget (1896-1980) surge, inicialmente, na obra de Piaget com
Apresentar a teoria de Piaget num texto o sentido que lhe é dado na Biologia
introdutório é tarefa especialmente difícil. clássica, lembrando um fluxo irreversível,
A complexidade desta abordagem teórica, vai se explicitando em momentos
diretamente relacionada à riqueza da posteriores de sua obra, quando adquire o
produção piagetiana e à natureza do temário sentido de equilíbrio progressivo,
abordado pelas pesquisas e reflexões desse finalmente, adquire o sentido de um
autor, apontam a necessidade de explicar ao processo dialético através do qual o

8
Conhecimentos Específicos

indivíduo desenvolve as suas funções mentais em diferentes momentos de sua


mentais, ao qual denomina “abstração construção. Tal funcionamento, explicitado
reflexiva”. Esta adaptação do ser humano na atividade das estruturas dinâmicas,
ao meio ambiente se realiza através da ação, produz, no nível estrutural, o que Piaget
elemento central da teoria piagetiana, denomina os estágios de desenvolvimento
indicando o centro do processo que cognitivo. Os estágios expressam as etapas
transforma a relação com o objeto em pelas quais se dá a construção do mundo
conhecimento. pela criança.
Ao tentar se adaptar ao meio ambiente o Para que se possa falar em estádio nos
indivíduo utiliza dois processos termos propostos por Piaget, é necessário,
fundamentais que compõem o sistema em primeiro lugar, que a ordem das
cognitivo a nível de seu funcionamento: a aquisições seja constante. Trata-se de uma
assimilação ou a incorporação de um ordem sucessiva e não apenas cronológica,
elemento exterior (objeto, acontecimento que depende da experiência do sujeito e não
etc.), num esquema sensório-motor do apenas de sua maturação ou do meio social.
sujeito e a acomodação, quer dizer, a Além desse critério, Piaget propõe outras
necessidade em que a assimilação se exigências básicas para caracterizar
encontra de considerar as particularidades estágios no desenvolvimento cognitivo:
próprias dos elementos a assimilar. No 1º) todo estágio tem de ser integrador, ou
sistema cognitivo do sujeito esses processos seja, as estruturas elaboradas em determinada
etapa devem tornar-se parte integrante das
estão normalmente em equilíbrio. A estruturas das etapas seguintes;
perturbação desse equilíbrio gera um 2º) um estágio corresponde a uma estrutura
conflito ou uma lacuna diante do objeto ou de conjunto que se caracteriza por suas leis de
evento, o que dispara mecanismos de totalidade e não pela justaposição de
equilibração. A partir de tais perturbações propriedades estranhas umas às outras;
3º) um estágio compreende, ao mesmo
produzem-se construções compensatórias tempo, um nível de preparação e um nível de
que buscam novo equilíbrio, melhor do que acabamento;
o anterior. Nas sucessivas desequilibrações 4º) é preciso distinguir, em uma sequência de
e reequilibrações o conhecimento exógeno estágios, o processo de formação ou gênese e as
é complementado pelas construções formas de equilíbrio final.
endógenas, que são incorporadas ao sistema
cognitivo do sujeito. Nesse processo, que Com estes critérios Piaget distinguiu
Piaget denomina processo de equilibração, quatro grandes períodos no
se constroem as estruturas cognitivas que o desenvolvimento das estruturas cognitivas,
sujeito emprega na compreensão dos intimamente relacionados ao
objetos, fatos e acontecimentos, levando ao desenvolvimento da afetividade e da
progresso na construção do conhecimento. socialização da criança: estágio da
inteligência sensório-motora (até,
Os estágios no desenvolvimento aproximadamente, os 2 anos); estágio da
cognitivo inteligência simbólica ou pré-operatória (2
A capacidade de organizar e estruturar a a 7-8 anos); estágio da inteligência
experiência vivida vem da própria atividade operatória concreta (7-8 a 11-12 anos); e
das estruturas mentais que funcionam estágio da inteligência formal (a partir,
seriando, ordenando, classificando, aproximadamente, dos 12 anos).
estabelecendo relações. Há um O desenvolvimento por estágios
isomorfismo entre a forma pela qual a sucessivos realiza em cada um deles um
criança organiza a sua experiência e a “patamar de equilíbrio” constituindo-se em
lógica de classes e relações. Os diferentes “degraus” em direção ao equilíbrio final:
níveis de expressão dessa lógica são o assim que o equilíbrio é atingido num ponto
resultado do funcionamento das estruturas a estrutura é integrada em novo equilíbrio

9
Conhecimentos Específicos

em formação. Os diversos estágios ou humano organizar a sua experiência na


etapas surgem, portanto, como construção do mundo: objeto, espaço,
consequência das sucessivas equilibrações causalidade e tempo.
de um processo que se desenvolve no
decorrer do desenvolvimento. Seguem o O estágio pré-operatório ou simbólico
itinerário equivalente a um “creodo” (2 a 6-7 anos)
(sequência necessária de desenvolvimento) O período pré-operatório realiza a
e supõem uma duração adequada para a transição entre a inteligência propriamente
construção das competências cognitivas sensório-motora e a inteligência
que os caracterizam, sendo que cada estádio representativa. Essa passagem não ocorre
resulta necessariamente do anterior e através de mutação brusca, mas de
prepara a integração do seguinte. transformações lentas e sucessivas. Ao
O “creodo” é, então, o caminho a ser atingir o pensamento representativo a
percorrido na construção da inteligência criança precisa reconstruir o objeto, o
humana, que vai do período sensório-motor tempo, o espaço, as categorias lógicas de
(0-2 anos) aos períodos simbólico ou pré- classes e relações nesse novo plano da
operatório (2-7 anos), lógico-concreto (7- representação. Tal reconstrução estende-se
12 anos) e formal (12 anos em diante). É dos dois aos doze anos, abrangendo os
preciso esclarecer que os estádios indicam estádios pré-operatório e operatório
as possibilidades do ser humano (sujeito concreto.
epistêmico), não dizendo respeito aos A primeira etapa dessa reconstrução, que
indivíduos (sujeitos psicológicos) em si Piaget denomina período pré-operatório, é
mesmos. A concretização ou realização dominada pela representação simbólica. A
dessas possibilidades dependerá do meio no criança não pensa, no sentido estrito desse
qual a criança se desenvolve, uma vez que termo, mas ela vê mentalmente o que evoca.
a capacidade de conhecer é resultado das O mundo para ela não se organiza em
trocas do organismo com o meio. Da categorias lógicas gerais, mas distribui-se
mesma forma, essa capacidade de conhecer em elementos particulares, individuais, em
depende, também, da organização afetiva, relação com sua experiência pessoal. O
uma vez que a afetividade e a cognição egocentrismo intelectual é a principal forma
estão sempre presentes em toda a adaptação assumida pelo pensamento da criança neste
humana. estádio. Seu raciocínio procede por
analogias, por transdução, uma vez que lhe
O estágio da inteligência sensório- falta a generalidade de um verdadeiro
motor (0 a 2 anos) raciocínio lógico.
O período sensório-motor é de O advento da capacidade de
fundamental importância para o representação vai possibilitar o
desenvolvimento cognitivo. Suas desenvolvimento da função simbólica,
realizações formam a base de todos os principal aquisição deste período, que
processos cognitivos do indivíduo. Os assume as suas diferentes formas - a
esquemas sensório-motores são as linguagem, a imitação diferida, a imagem
primeiras formas de pensamento e mental, o desenho, o jogo simbólico -
expressão, são padrões de comportamento compreendidos como diferentes meios de
que podem ser aplicados a diferentes expressão daquela função.
objetos em diferentes contextos. A Para Piaget a passagem da inteligência
evolução cognitiva da criança nesse período sensório-motora para a inteligência
pode ser descrita em seis sub estágios nos representativa se realiza pela imitação.
quais estabelecem-se as bases para a Imitar, no sentido estrito, significa
construção das principais categorias do reproduzir um modelo. Já presente no
conhecimento que possibilitam ao ser estágio sensório-motor, a imitação só vai se

10
Conhecimentos Específicos

interiorizar no sexto sub estágio, quando a ou simbólico próprio à experiência, de cada


criança pode praticar o “faz-de-conta”, agir criança.
“como se”, por imitação deferida ou Entre os 5 e 7 anos, período geralmente
imitação interiorizada. Interiorizando-se a chamado de “intuitivo”, ocorre uma
imitação, as imagens elaboram-se e tornam- evolução que leva a criança, pouco a pouco,
se substitutos dos objetos dados à à maior generalidade. Seu pensamento
percepção. O significante é, então, agora repousa sobre configurações
dissociado do significado, tornando representativas de conjunto mais amplas,
possível a elaboração do pensamento mas ainda está dominado por elas. A
representativo. intuição é uma espécie de ação realizada em
A inteligência tem acesso, então, ao pensamento e vista mental mente:
nível da representação, pela interiorização transvasar, encaixar, seriar, deslocar etc.
da imitação (que, por sua vez, é favorecida ainda são esquemas de ação aos quais a
pela instalação da função simbólica). A representação assimila o real. Mas a,
criança tem acesso, dessa forma, à intuição é, também, por outro lado, um
linguagem e ao pensamento. Ela pode pensamento imagístico, versando sobre
elaborar, igualmente, imagens que lhe configurações de conjunto e não mais sobre
permitem, de certa forma, transportar o simples coleções sincréticas, como no
mundo para a sua cabeça. período anterior.
Entre 2 e 5 anos, aproximadamente, a O pensamento da criança entre dois e
criança adquire a linguagem e forma, de sete anos é dominado pela representação
alguma maneira, um sistema de imagens. imagística de caráter simbólico. A criança
Entretanto, a palavra não tem ainda, para trata as imagens como verdadeiros
ela, o valor de um conceito; ela evoca uma substitutos do objeto e pensa efetuando
realidade particular ou seu correspondente relações entre imagens. A criança é capaz
imagístico. Tendo que reconstruir o mundo de, em vez de agir em atos sobre os objetos,
no plano representativo, ela o reconstrói a agir mentalmente sobre seu substituto ou
partir de si mesma. O egocentrismo imagem, que ela no meia. Proveniente da
intelectual está no auge dessa etapa. A interiorização da imitação, a representação
dominação do pensamento por imagens simbólica possui o caráter estático da
encerra a criança em si mesma. imitação, motivo pelo qual versa,
O pensamento imagístico egocêntrico, essencialmente, sobre as configurações, por
característico desta fase, pode ser oposição às transformações. Com a
observado no jogo simbólico, no qual a instalação das estruturas operatórias do
criança transforma o real ao sabor das período seguinte, a imagem vai ser
necessidades e dos desejos do momento. O subordinada às operações. Na passagem da
real é transformado pelo pensamento ação sensório-motora para a representação,
simbólico, na medida em que o jogo se pela imitação, é possível aprender melhor
desenvolve, ao sabor das exigências do as ligações entre as operações e a ação,
desejo expresso pelo jogo. É por isso que tornando mais compreensível a origem de
Piaget considera o jogo simbólico como o certos distúrbios dos processos figurativos:
egocentrismo no estado puro. espaço, tempo, esquema corporal etc.
Um pensamento assim dominado pelo
simbolismo essencialmente particular, O estágio operatório concreto (7 a 11-
pessoal e, por isso, incomunicável, não é 12 anos)
um pensamento socializado. Ele não Por volta dos sete anos a atividade
repousa em conceitos, mas no que Piaget cognitiva da criança torna-se operatória,
chama pré-conceitos, que são particulares, com a aquisição da reversibilidade lógica.
no sentido em que evocam realidades A reversibilidade aparece como uma
particulares, tendo seu correlato imagístico propriedade das ações da criança,

11
Conhecimentos Específicos

suscetíveis de se exercerem em pensamento matemáticas da lógica e da matemática, que


ou interiormente. O domínio da prolongam, em nível superior, a lógica
reversibilidade no plano da representação - natural do lógico e do matemático.
a capacidade de se representar uma ação e a
ação inversa ou recíproca que a anula - Teoria de Lev Semenovich Vygotsky
ajuda na construção de novos invariantes (1896-1934)
cognitivos, desta vez de natureza Na abordagem da Psicologia Sócio
representativa: conservação de Histórica, algumas categorias são centrais.
comprimento, de distâncias, de quantidades Para efeitos da análise duas delas se
discretas e contínuas, de quantidades físicas destacam e, por essa razão, serão
(peso, substância, volume etc.). O brevemente apresentadas. A primeira delas
equilíbrio das trocas cognitivas entre a é a de mediação, entendida como "uma
criança e a realidade, característico das instância que relaciona objetos, processos
estruturas operatórias, é muito mais rico e ou situações entre si ou, ainda, como um
variado, mais estável, mais sólido e mais conceito que designa um elemento que
aberto quanto ao seu alcance do que o viabiliza a realização de outro e que,
equilíbrio próprio às estruturas da embora distinto dele, garante a sua
inteligência sensório-motora. efetivação, dando-lhe concretude". Adotar
a categoria teórico metodológica da
O estágio das operações formais (11 a mediação implica não aceitar dicotomias e,
15-16 anos) sobretudo, tentar se aproximar das
Tanto as operações como as estruturas determinações que, dialeticamente,
que se constroem até aproximadamente os constituem o sujeito. É por meio da
onze anos, são de natureza concreta, mediação que se explica e se compreende
permanecem ligadas indissoluvelmente à como o homem, membro da espécie
ação da criança sobre os objetos. Entre os humana, só se torna humano nas relações
11 e os 15-16 anos, aproximadamente, as sociais que mantém com seus semelhantes
operações se desligam progressivamente do e com sua cultura. Nesse sentido, a escola,
plano da manipulação concreta. Como por meio de seus professores, exerce uma
resultado da experiência lógico matemática, mediação central na constituição dos
o adolescente consegue agrupar sujeitos-alunos, uma vez que é com seu
representações em estruturas equilibradas auxílio que eles conquistam novos saberes,
(ocorrendo, portanto, uma nova mudança apropriam-se de sua "humanidade" e
na natureza dos esquemas) e tem acesso a constroem, paulatinamente, formas
um raciocínio hipotético-dedutivo. Agora, próprias de pensar, sentir e agir.
poderá chegar a conclusões a partir de Uma segunda categoria importante a ser
hipóteses, sem ter necessidade de aqui discutida é a relação desenvolvimento-
observação e manipulação reais. Esta aprendizagem. Tendo Piaget como
possibilidade de operar com operações interlocutor, Vygotsky postula que o
caracteriza o período das operações ensino, quando adequadamente organizado,
formais, com o aparecimento de novas leva à aprendizagem, e essa última, por sua
estruturas intelectuais e, vez, impulsiona ciclos de desenvolvimento
consequentemente, de novos invariantes que até então estavam em estado
cognitivos. A mudança de estrutura, a embrionário: novas funções psicológicas
possibilidade de encontrar formas novas e superiores passam assim a existir. Esse
originais de organizar os esquemas não novo desenvolvimento, mais adiantado,
termina nesse período, mas continua se abre novas possibilidades de aprendizagem
processando em nível superior. As que, se vierem a ocorrer, impulsionarão
estruturas operatórias formais são o ponto mais uma vez o desenvolvimento,
de partida das estruturas lógico- permitindo novas aprendizagens e, assim,

12
Conhecimentos Específicos

sucessivamente. Nesse sentido, de uma pessoa pela interferência da outra é


aprendizagem e desenvolvimento fundamental em Vygotsky. Para este autor,
constituem uma unidade, visto um ser a zona de desenvolvimento proximal
constitutivo do outro, ou seja, um não é sem consiste na distância entre o nível de
o outro. desenvolvimento real e o nível de
Vygotsky afirma que a relação dos desenvolvimento potencial.
indivíduos com o mundo não é direta, mas Vygotsky expõe assim seu pensamento:
mediada por sistemas simbólicos, em que a [...] a aprendizagem não é, em si mesma,
linguagem ocupa um papel central, pois desenvolvimento; mas uma correta organização
da aprendizagem da criança conduz ao
além de possibilitar o intercâmbio entre os desenvolvimento mental, ativa todo um grupo de
indivíduos, é através dela que o sujeito processos de desenvolvimento, e esta ativação
consegue abstrair e generalizar o não poderia produzir-se sem a aprendizagem.
pensamento. Ou seja, "a linguagem
simplifica e generaliza a experiência, Vygotsky enfatiza a importância do
ordenando as instâncias do mundo real, brinquedo e da brincadeira do faz-de-conta
agrupando todas as ocorrências de uma para o desenvolvimento infantil. Tal
mesma classe de objetos, eventos, capacidade representa um passo importante
situações, sob uma mesma categoria para o desenvolvimento do pensamento,
conceituai cujo significado é compartilhado pois faz com que a criança se desvincule das
pelos usuários dessa linguagem" Oliveira . situações concretas e imediatas sendo capaz
O uso da linguagem como instrumento de abstrair. A imitação é uma situação
de pensamento supõe um processo de muito utilizada pelas crianças, porém não
internalização da linguagem, que ocorre de deve ser entendida como mera cópia de um
forma gradual, completando-se em fases modelo, mas uma reconstrução individual
mais avançadas da aquisição da linguagem. daquilo que é observado nos outros. Desta
Para Vygotsky, primeiro a criança utiliza a forma, é importante salientar que crianças
fala socializada, para se comunicar. Só mais também aprendem com crianças, em
tarde é que ela passará a usá-la como situações informais de aprendizado, por
instrumento de pensamento, com a função exemplo.
de adaptação social. Entre o discurso
socializado e o discurso interior há a fala Teoria de Henri Wallon (1879-1962)
egocêntrica, que é utilizada como apoio ao Wallon propôs o estudo integrado do
planejamento de sequências a serem desenvolvimento infantil, contemplando os
seguidas, auxiliando assim na solução de aspectos da afetividade, da motricidade e da
problemas. inteligência. Para ele, o desenvolvimento da
Vygotsky observa que a criança inteligência depende das experiências
apresenta em seu processo de oferecidas pelo meio e do grau de
desenvolvimento um nível que ele chamou apropriação que o sujeito faz delas. Neste
de real e outro potencial. O nível de sentido, os aspectos físicos do espaço, as
desenvolvimento real refere-se a etapas já pessoas próximas, a linguagem, bem como
alcançadas pela criança, isto é, a coisas que os conhecimentos presentes na cultura
ela já consegue fazer sozinha, sem a ajuda contribuem efetivamente para formar o
de outras pessoas. Já o nível de contexto de desenvolvimento. Wallon
desenvolvimento potencial diz respeito à assinala que o desenvolvimento se dá de
capacidade de desempenhar tarefas com a forma descontínua, sendo marcado por
ajuda de outros. Há atividades que a criança rupturas e retrocessos. A cada estágio de
não é capaz de realizar sozinha, mas poderá desenvolvimento infantil há uma
conseguir caso alguém lhe dê explicações, reformulação e não simplesmente uma
demonstrando como fazer. Essa adição ou reorganização dos estágios
possibilidade de alteração no desempenho anteriores, ocorrendo também um tipo

13
Conhecimentos Específicos

particular de interação entre o sujeito e o Questão


ambiente:
Estágio impulsivo-emocional (1°ano de 01. (Prefeitura de Conselheiro
vida): nesta fase predominam nas crianças Mairinck/PR - Professor(a) de Educação
as relações emocionais com o ambiente. Infantil - FAU/2022) A teoria do
Trata-se de uma fase de construção do desenvolvimento de Piaget tem como
sujeito, em que a atividade cognitiva se preocupação central o “sujeito epistêmico”,
acha indiferenciada da atividade afetiva. isto é, o estudo dos processos de
Nesta fase vão sendo desenvolvidas as pensamento presente desde a infância a
condições sensório-motoras (olhar, pegar, idade adulta. Para Piaget os períodos do
andar) que permitirão, ao longo do segundo desenvolvimento compreendem quatro
ano de vida, intensificar a exploração estágios. Quais estágios de Piaget
sistemática do ambiente. compreendem o desenvolvimento infantil
Estágio sensório-motor (um a três anos, na faixa etária em que as crianças estão na
aproximadamente): ocorre neste período educação infantil, ou seja, dos 0 aos 5 anos?
uma intensa exploração do mundo físico, A. Estágio sensório motor e estágio pré-
em que predominam as relações cognitivas operatório.
com o meio. A criança desenvolve a B. Estágio sensório motor e estágio
inteligência prática e a capacidade de operatório concreto.
simbolizar. No final do segundo ano, a fala C. Estágio pré-operatório e estágio
e a conduta representativa (função operatório formal.
simbólica) confirmam uma nova relação D. Estágio operatório concreto e estágio
com o real, que emancipará a inteligência operatório formal.
do quadro perceptivo mais imediato. Ou E. Nenhuma das alternativas anteriores.
seja, ao falarmos a palavra "bola", a criança
reconhecerá imediatamente do que se trata, Gabarito
sem que precisemos mostrar o objeto a ela. 01.A
Dizemos então que ela já adquiriu a
capacidade de simbolizar, sem a
necessidade de visualizar o objeto ou a 3. Avaliação
situação a qual estamos nos referindo.
Personalismo (três aos seis anos,
aproximadamente): nesta fase ocorre a A avaliação é um fenômeno que envolve
construção da consciência de si, através das múltiplos fatores, tanto conceituais quanto
interações sociais, dirigindo o interesse da metodológicos, pois desde muito tempo
criança para as pessoas, predominando passou por várias definições até chegar no
assim as relações afetivas. Há uma mistura âmbito educacional. Ela é uma atividade
afetiva e pessoal, que refaz, no plano do complexa que faz parte do cotidiano do
pensamento, a indiferenciação inicial entre estudante, do professor e das relações
inteligência e afetividade. escolares. Do estudante, porque tão
Estágio categorial (seis anos): a criança somente ele passa a ser alvo do sistema em
dirige seu interesse para o conhecimento e ser considerado apto ou não de suas
a conquista do mundo exterior, em função capacidades intelectuais e de seus níveis de
do progresso intelectual que conseguiu estudo. Do professor, porque perpassa pelas
conquistar até então. Desta forma, ela suas práticas de ensino e de suas
imprime às suas relações com o meio uma competências curriculares. E por fim, das
maior visibilidade do aspecto cognitivo. relações que são geradas entre esses
sujeitos no durante e após de cada ciclo de
aplicação dos mais variados instrumentos
avaliativos estabelecidos pelo sistema

14
Conhecimentos Específicos

educacional, com a visão de que “(…) ajuda da vida escolar dos estudantes. Trata-se de
o aluno aprender e o professor a ensinar” uma pesquisa qualitativa, que tem como
(PERRENOUD, 1993, p. 173). abordagem o método dialético, com base
Sendo assim, avaliar é imprescindível nos aportes teóricos de Hoffmann, Luckesi,
para o processo educativo, principalmente Perrenoud e outros estudiosos do tema.
para o professor “(…) refletir e analisar
sobre (…) o quanto o seu trabalho está Breve Relato Histórico da Avaliação
sendo eficiente (…)” (LUCKESI, 2003, p. Segundo Santos (2008), ao longo da
83). Por muito tempo, acreditou-se que a história, a prática avaliativa era realizada
avaliação surgiu para analisar a com base em um único objetivo: o controle.
aprendizagem dos alunos nas escolas, Isso se dava tanto através do exame, teste
entretanto, ela surgiu como um sistema de ou da avaliação (SANTOS, 2008, p. 02). Na
controle social-intelectual e passou por China, em 2.205 a.C., o imperador chinês
diversos conceitos como: exames, provas, Shun examinava seus oficiais para o
testes, até chegar na definição que temos exército utilizando critérios para os
hoje. selecionar, com o intuito de promovê-los ou
Segundo Hoffmann (1996), é importante demiti-los por meio de exames
que os estudantes tenham “o classificatórios (CHUERI, 2008, p. 54).
acompanhamento (…) em todos os Outras Informações semelhantes foram
momentos possíveis, para observar passo a trazidas por Weber nos idos de 1.200 a.C.,
passo seus resultados individuais” onde a avaliação era utilizada para
(HOFFMAN, 1996, p. 55). Entretanto, em “selecionar, entre sujeitos do sexo
meio a esse caminho, a avaliação tem sido masculino, aqueles que seriam admitidos
vista como um processo excludente ante a no serviço público” (ESTEBAN, 2003, p.
educação inclusiva. Isso porque ainda não 30) ou aqueles que tinham a possibilidade
conseguiu alcançar um patamar de de alcançar cargos de prestígio e poder. A
excelência no que tange às práticas intenção de utilização deste método era a de
avaliativas, tanto dos estudantes, que são manter o controle e a manutenção social dos
avaliados, quanto dos professores, que são indivíduos, não sendo utilizado como um
os responsáveis para realizar essa tarefa. instrumento de ação educativa.
Diante dessa premissa, este trabalho tem Como descrito por Luckesi (2003), o
por objetivo principal incitar acerca da exame era realizado por meio de provas
avaliação e suas influências no processo orais ou escritas, tanto no início do Século
ensino-aprendizagem dentro do âmbito XVI, com a pedagogia dos jesuítas para a
escolar com a seguinte questão: qual a divulgação da fé e por meio da educação,
influência da avaliação escolar no processo como no fim do Século XVII, onde o bispo
ensino e aprendizagem? protestante John Amós Comenius, em
Desse modo, retomaram-se discussões 1657, publicou a Didactica magna[3] e
ao longo do trabalho sobre o tema, com o passou a defender o exame como um espaço
intuito de refletir no desenvolvimento da de aprendizagem, sempre na intenção da
aprendizagem do educando junto aos prática da memorização, em que os alunos
professores por meio do processo tinham que reproduzir os seus resultados.
avaliativo. Além disso, visa entender que a
avaliação tem sido utilizada, muitas vezes, (…) tem a função de exame, pois
como forma de reter ou aprovar no sentido valoriza os aspectos cognitivos com ênfase
classificatório e que parte dos professores na memorização; a verificação dos
continua utilizando os mesmos resultados se dá através de provas orais ou
procedimentos. É importante considerar escritas, nos quais, os alunos devem
que o ato de avaliar faz parte do processo reproduzir exatamente aquilo que lhe foi
ensino-aprendizagem e, consequentemente, ensinado. A tradição dos exames escolares

15
Conhecimentos Específicos

que conhecemos hoje, em nossas escolas, suas necessidades para que a superação,
foi sistematizada nos séculos XVI e XVII, sempre transitória, do não saber, possa
com as configurações da atividade ocorrer. (ESTEBAN, 2003, p. 19).
pedagógica produzida pelos padres
Jesuítas (séc. XVI) e pelo Bispo John Amós Segundo Luckesi (2005, p. 93), “a escola
Comênio (fim do séc. XVI e primeira brasileira opera com a verificação e não
metade do séc. XVII). (LUCKESI, 2003, p. com a avaliação da aprendizagem”. Desse
16). modo, entende-se que a ideia da avaliação
formativa em relação aos currículos, surgiu
O termo avaliação educacional surgiu na através de Scrive em 1967 e foi ampliada
década de 1940 com Ralph Tyler. Na por Bloom em 1971, pelo pensamento
concepção de Tyler (1976), a avaliação da positivista, trazendo uma concepção de
aprendizagem tem por finalidade gerar avaliação por decisões instrucionais e
mudanças de comportamento nos alunos e técnicas voltadas para os objetivos
deve estar interligada à elaboração de um cognitivos e afetivos dos alunos (FERRAZ;
currículo com um controle de BELHOT, 2010). Entretanto, a avaliação
planejamento. No entanto, a consequência ainda continuava a mensurar
pedagógica desse modelo se resume conhecimentos e a levantar inúmeras
unicamente na verificação das mudanças discussões acerca da prática pedagógica.
ocorridas e estabelecidas pelo currículo, No Brasil, nas décadas de 60 a 80 Freire
sem nenhuma ligação ao desenvolvimento originou a pedagogia libertadora e propôs
educativo e sem significado das propostas uma avaliação com visão democrática com
pedagógicas e da qualidade do ensino, onde a participação do aluno no processo como
Vasconcelos (1995) faz uma observação de agente transformador. Freire (1991) coloca
que “a prática da avaliação escolar chega a que “um espaço de ensino-aprendizagem
um grau assustador de pressão sobre os será então um centro de debates de ideias,
alunos, levando a distúrbios físicos e soluções, reflexões, onde a organização
emocionais: mal-estar, dor de cabeça, popular vai sistematizando sua própria
“branco”, medo, angústia, insônia, experiência” (FREIRE, 1991, p. 16). Todos
ansiedade, decepção, introjeção de esses fatos históricos moldaram o campo da
autoimagem negativa” (VASCONCELOS, avaliação e, até hoje, são discutidos. Ainda
1995, p. 37) há suas influências, criando um conflito
O termo avaliação surgiu e passou a ser entre os métodos quantitativos ou
obrigatória a todos os programas sociais e qualitativos na discussão real sobre a
educativos, fazendo parte de outras áreas do avaliação. Lima (2004, p. 109) considera
saber. Entretanto, a prática de provas e que “a situação do exame se apresenta por
exames não se alterou desde o Século XVI, Ferrer como um tribunal inflexível, onde o
sendo considerada como instrumento de educando sofre tremendo interrogatório”.
constatação e mensuração.
As Dimensões da Ação Avaliativa e
Avaliar o aluno deixa de significar fazer suas Legalidades
um julgamento sobre a aprendizagem do Ao avaliar, o professor precisa atentar
aluno, para servir como momento capaz de para as diversas técnicas e instrumentos
revelar o que o aluno já sabe os caminhos para possibilitar o diagnóstico em sala de
que percorreu para alcançar o aula. É necessário compreender o que o
conhecimento demonstrado, seu processo estudante responde e como responde, tendo
de construção de conhecimentos, o que o em vista que a média final não é suficiente
aluno não sabe o que pode vir, a saber, o para definir os seus conhecimentos. É
que é potencialmente revelado em seu imprescindível a ação em busca de novos
processo, suas possibilidades de avanço e instrumentos que possam “caracterizar” o

16
Conhecimentos Específicos

aprendizado desse estudante e refletir até individualmente e assim, promover as


que ponto isso está colaborando com o seu intervenções pedagógicas necessárias, não
desempenho, ou seja, o que este sabe ou não como meio de classificação, que por muito
de um determinado assunto. Considerando tempo foi feita, uma vez que a escola não é
que a avaliação faz parte do processo e o a mesma de antigamente, afinal, os
implica, ela continua sendo o instrumento estudantes já fazem parte do processo,
utilizado pelo professor, que precisa mudar participando das ações pedagógicas.
sua postura em busca de novos dilemas para Considerando os aspectos legais, a LDB
o avaliar em sala de aula, sem que torne 9.394/96, que estabelece os princípios e as
seletivo o aprendizado. finalidades da educação brasileira,
contempla as questões da educação de
As práticas rotineiras da avaliação, a forma ampla quanto ao detalhamento do
superficialidade teórica no tratamento funcionamento do sistema educacional. E
dessas questões e as críticas de nesse caminho, o artigo 24 no item V diz
subjetividade possíveis inerentes ao respeito à avaliação com relevância aos
próprio processo provocaram, na maioria pontos qualitativos ao desempenho do
das escolas, o retorno ao uso das notas nos estudante e seus avanços na aprendizagem.
sistemas de classificação do estudante.
(HOFFMANN, 2001, p. 49). Art. 24. A educação básica, nos níveis
fundamental e médio, será organizada de
É importante considerar que as escolas acordo com as seguintes regras comuns:
ainda não conseguem enxergar os …
estudantes perante os saberes e a V - A verificação do rendimento escolar
capacidade de aprender na proporção de observará os seguintes critérios:
suas competências - conhecimentos a) avaliação contínua e cumulativa do
adquiridos na sua vida social e escolar e, desempenho do aluno, com prevalência dos
suas habilidades - de como essas aspectos qualitativos sobre os quantitativos
competências podem ser trabalhadas para e dos resultados ao longo do período sobre
enriquecer a aprendizagem. os de eventuais provas finais;
De acordo com Perrenoud (1999), a b) possibilidade de aceleração de estudos
avaliação deve ocorrer durante todo o para alunos com atraso escolar;
processo de ensino e aprendizagem, não c) possibilidade de avanço nos cursos e
somente ao final de provas. Para o autor “a nas séries mediante verificação do
avaliação quando é contínua propicia um aprendizado;
investimento significativo tanto na escola d) aproveitamento de estudos concluídos
como nos alunos e, é possível alcançar a com êxito;
excelência.” (PERRENOUD, 1999, p. 43). e) obrigatoriedade de estudos de
Com isso, a avaliação precisa ser entendida recuperação, de preferência paralelos ao
e tem sua significância em dois aspectos período letivo, para os casos de baixo
importantes: instrumento que procura rendimento escolar, a serem disciplinados
conhecer o quanto o estudante aprendeu (ou pelas instituições de ensino em seus
não) diante dos conteúdos trabalhados em regimentos. (BRASIL, 2005, p. 15).
sala de aula e durante o seu período de
escolaridade e, por outro, instrumento que Com base nas propostas pelos
deve subsidiar o professor com elementos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs)
para a reflexão à sua prática e assim definir é preciso superar a concepção tradicional
prioridades diante das ações educacionais que a muito se perdurou na história, como
que necessitam de maior atenção, pois a restrita “… ao julgamento sobre sucessos
partir da avaliação o professor pode ou fracasso do aluno”, e hoje, visa
averiguar as necessidades dos alunos compreendê-la como parte integrante e

17
Conhecimentos Específicos

intrínseca do processo educativo,” “… que Essa relação estabelecida por muitos


tem a função de alimentar, sustentar e anos colocou sempre o professor como o
orientar a intervenção pedagógica…” responsável por transmitir os conteúdos e
(BRASIL, MEC, 1997, p. 55), nas mais classificar os estudantes de acordo com o
diversas variações de aprendizagens. seu desempenho nas provas, testes ou
Quanto aos critérios de avaliação, eles avaliações. “Uma característica bastante
elevam às expectativas de aprendizagem, comum do ensino é o uso e o abuso da
sendo baseados nos objetivos e organização memorização. As escolas com essa
de conteúdos condizentes à disciplina ou característica são frequentemente chamadas
para o curso ou para o ciclo, com suas de tradicionais.” (MORETTO, 2005, p. 13).
particularidades em cada etapa do processo A avaliação, portanto, não se constitui em
e de acordo com determinada situação, matéria pronta e acabada, ela deve ser
prevendo estabelecer condições estruturais direcionada para o aprender e fazer, e vice-
e cognitivas, na qual os estudantes possam versa.
ter boas experiências para serem Para Haydt (2004):
conduzidos à progressão da socialização no
contexto de suas capacidades. A avaliação é um processo contínuo e
Portanto, vale ressaltar que a avaliação sistemático, portanto, ela não pode ser
só poderá ter eficiência se condizer ou esporádica nem improvisada, mas, ao
estiver relacionada às “… situações contrário, deve ser constante e planejada.
didáticas propostas aos conhecimentos Nessa perspectiva, a avaliação faz parte de
prévios dos alunos e aos desafios que estão um processo mais amplo que é o processo
em condições de enfrentar” (BRASIL, ensino-aprendizagem. (HAYDT, 2004, p.
1999, p. 81), visando o aprender das 13)
questões sociais, cognitivas e intelectuais
desse sujeito no âmbito escolar e assegurar Nesse sentido, o que se delineia é que a
o seu direito de aprendizagem como rege a avaliação tem que assumir um papel
lei. reflexivo, onde o professor tem a
possibilidade de estar retornando ao que
A Finalidade e os Tipos de Avaliação vem sendo realizado, oportunizando novas
no Contexto Escolar dimensões para sobressair os aspectos
A necessidade de avaliar sempre estará essenciais da eficiência e da eficácia.
presente no espaço escolar, muito embora Entretanto, se ela não for bem planejada
possa, com efeito eficaz naquilo que se poderá ser eficaz, mas não eficiente. Assim,
pode propor, a melhoria de todo o processo declara Moretto (2005):
educativo. Perrenoud (1993) considera que
a avaliação é um processo recíproco entre o A avaliação é eficaz quando o objetivo
aluno e o professor, onde este ensina e proposto pelo professor foi alcançado. A
aquele aprende, e “(…) a aprendizagem eficiência está relacionada ao objetivo e ao
nunca é linear, procedem por ensaios, por processo desenvolvido para alcançá-lo.
tentativas e erros, hipóteses, recuos e Diremos que a avaliação é eficiente quando
avanços.” (PERRENOUD, 1993, p. 173). o objetivo proposto é relevante e o processo
Entretanto, Luckesi (2005), reforça que “a para alcançá-lo é racional, econômico e
ação educativa centralizada na pessoa do útil. Portanto, para que a avaliação seja
professor foi o alicerce da pedagogia eficiente, é preciso que seja também eficaz.
tradicional”. (LUCKESI, 2005, p. 22). (MORETTO, 2005, p. 100).
Segundo o autor, na pedagogia tradicional,
o ensino é centrado no papel do professor, Apesar de tantas mudanças ocorridas na
cabendo ao aluno ser o receptor passivo de sociedade, pode-se observar, dentro das
informações. escolas, posturas latentes de uma educação

18
Conhecimentos Específicos

tradicional vista no século XVI, na qual a este um ponto crucial dentro do processo
avaliação é usada como instrumento de educativo.
punição, classificação e exclusão, onde a
prática do professor nesse parecer assume Avaliação Somativa
um papel determinante. Assim como a O sistema educacional, muitas vezes,
escola, os estudantes, já não são os mesmos tem se retido na avaliação “(…)
de outrora. Hoje eles têm a liberdade de disciplinadora, punitiva e discriminatória,
expor opiniões, poder de fala, levantar como decorrência, essencialmente, da ação
hipóteses e construir caminhos que os corretiva do professor” (HOFFMANN,
levem a desafiar seus conhecimentos, ou 1998, p. 87), já que ela tem a pretensão de
seja, mudar uma postura dentro do verificar aquilo que o estudante tem
paradigma educacional é conceber um aprendido durante o seu período escolar.
processo dialético de construção e acima de Dessa forma, se pressupõe que o aluno
tudo social, no qual o estudante faz parte. aprenda do mesmo modo, no mesmo tempo
Luckesi (2004) esclarece: e adquira os saberes suficientes para
enfrentar os anos seguintes, caso contrário,
O ato de avaliar a aprendizagem implica será reprovado para a próxima etapa de
em acompanhamento e reorientação ensino, repetindo, portanto, uma série até
permanente da aprendizagem. Ela se recuperar o que é ensinado na sala. A
realiza através de um ato rigoroso de influência dessa concepção somativa inclui
diagnóstico e reorientação da conteúdos, objetivos e notas atribuídas que
aprendizagem tendo em vista a obtenção determinam a aprovação ou não do aluno ao
dos melhores resultados possíveis, frente aprendizado estudado. Esse tipo de
aos objetivos que se tenha à frente. E, assim avaliação também chamada de
sendo, a avaliação exige um ritual de classificatória, se fundamenta em duas
procedimentos, que inclui desde o vertentes: a classificação, que determina a
estabelecimento de momentos no tempo, que nível de conhecimento o estudante
construção, aplicação e contestação dos atingiu até à etapa final de seus estudos com
resultados expressos nos instrumentos; as suas notas e, a aprovação, que o
devolução e reorientação das determina apto ou não a seguir em frente no
aprendizagens ainda não efetuadas. Para seu nível de aproveitamento.
tanto, podemos nos servir de todos os
instrumentos técnicos hoje disponíveis, A avaliação escolar, nessa perspectiva
contanto que a leitura e interpretação dos excludente, seleciona as pessoas, suas
dados seja feita sob a ótica da avaliação, culturas e seus processos de conhecimento,
que é de diagnóstico e não de classificação. desvalorizando saberes; fortalece a
(LUCKESI, 2004, p. 4). hierarquia que está posta contribuindo
para que diversos saberes sejam apagados,
Nesse modo, reitera-se que é necessário percam sua existência e se confirmem com
estar aberto às mudanças ocorridas no a ausência do conhecimento. (ESTEBAN,
mundo e consequentemente no contexto 2003, p. 15).
educacional. Em meio à toda essa
transformação, encontram-se sujeitos Hoffmann (1996) discorda que a
capazes de promover e estabelecer relações avaliação seja classificatória e faz uma
de aprendizagens. crítica de como se perdurou esse modo de
Atentar para a qualidade do ensino avaliar, considerando que “ensinou-se
requer conhecer os tipos de avaliação e o muito mais sobre como fazer provas e como
quanto eles influenciam, de forma atribuir médias, do que se trabalhou com o
predominante, na ação pedagógica, sendo significado dessa prática em benefício ao
educando e ao nosso próprio trabalho”

19
Conhecimentos Específicos

(HOFFMANN, 1996, p. 185). Seguindo a permitir analisar (…), de maneira


mesma vertente, Luckesi (2005) também frequente e interativa, o progresso dos
observa que “em vez de avaliação somativa, alunos, (…) e (…) para identificar o que
deveríamos usar a expressão “resultados eles aprenderam e o que ainda não
finais”, considerando que esses resultados aprenderam, para que venham a aprender
sempre serão positivos se efetivamente e para que reorganizem o trabalho
foram construídos como os resultados pedagógico. (VILLAS BOAS, 2006, p. 4-5).
desejados” (LUCKESI, 2005, p. 1).
Para tanto, vale salientar que por mais Considerando o que a autora menciona é
que um dia não exista nota ou conceito, é importante que o professor entenda que por
importante entender que a avaliação se faz meio deste tipo de avaliação poderá
necessária e é uma exigência formal do detectar e identificar as deficiências
sistema educacional e sempre haverá a apresentadas durante o ano letivo dos
necessidade de continuar existindo para estudantes, porque ela ocorre durante todo
possibilitar caminhos para o o processo de ensino. Haydt (2004)
desenvolvimento e amenizar as esclarece que essa avaliação exerce uma
problemáticas existentes no âmbito escolar. função de controle que “visa
fundamentalmente determinar se o aluno
Avaliação Formativa domina gradativa e hierarquicamente cada
De acordo com a LDB 9.394/96, no Art. etapa da instrução” e oferece “(…)
23, Item V, os estudantes devem ser informações sobre seu progresso na
avaliados de forma contínua, sendo aprendizagem fazendo-o conhecer seus
considerados os seus aspectos qualitativos avanços, bem como suas dificuldades, para
ao longo do período escolar e cabe ao poder superá-las” (HAYDT, 2004, p. 17), o
professor que os acompanhem. Diante que também permite ao professor a
disso, os estudantes passam a ser atendidos reestruturação e aperfeiçoamento de seu
de acordo com as suas falhas de trabalho didático. Vale lembrar que,
aprendizagem, as quais são lapidadas para segundo Sant’anna (2001), a modalidade de
o seu desempenho individual. Essa postura avaliação formativa tem a função de
condiz com a avaliação formativa e tem informar e não classificar como a anterior,
como influência as “(…) informações sobre já que ela informa o estudante e o professor
seu progresso na aprendizagem fazendo-o sobre os resultados que estão atingindo
conhecer seus avanços, bem como suas durante o progresso das atividades, além de
dificuldades, para poder superá-las (…)” apontar, localizar, discriminar deficiências
(HAYDT, 1997, p. 292-293), onde se busca e insuficiências, para eliminá-las e
pelo que falta aprender e o que precisa proporcionar o feedback de ação.
melhorar, com base nos erros e acertos
adquiridos no processo. Formativa tem como função informar o
Do ponto de vista de Villas Boas (2006), aluno e o professor sobre os resultados que
a avaliação formativa é a trajetória de estão sendo alcançados durante o
construção de aprendizagens, tanto do desenvolvimento das atividades; melhorar
estudante quanto do professor, pela o ensino e a aprendizagem; localizar,
possibilidade de analisar o progresso dos apontar, discriminar deficiências,
alunos quanto ao seu aprendizado. insuficiências, no desenvolvimento do
ensino-aprendizagem para eliminá-las;
Já a avaliação na concepção formativa proporcionar feedback de ação (leitura,
consiste no ato de avaliar tanto a trajetória explicações, exercícios) (SANT’ANNA,
de construção das aprendizagens e dos 2001, p. 34).
conhecimentos dos educandos, como
também o trabalho do professor, por

20
Conhecimentos Específicos

Nesse caminho, torna-se imprescindível uma ação de sondagem da situação e do


que o professor reveja a sua prática e desenvolvimento da aprendizagem, o que
compreenda que o estudante é capaz de pode contribuir na verificação do que o
melhorar os seus “erros” mediante as suas aluno aprendeu e como aprendeu em toda a
orientações pedagógicas. Avaliar requer sua trajetória escolar, possibilitando
renunciar a velhos paradigmas e conceber conhecer a realidade do processo de ensino-
alternativas de recuperação de falhas que aprendizagem através do conhecimento
muito tem afetado o processo educativo. prévio de cada estudante, suas habilidades
Para isso, é preciso que seja planejada com ou saberes já adquiridos.
o intuito de alcançar plenamente os Ainda segundo Luckesi (2003):
objetivos propostos desde o início do ano
letivo. A avaliação tem a tarefa de ser
diagnóstica, ou seja, deverá ser o
Avaliação Diagnóstica instrumento dialético do avanço, terá de ser
A atual prática da avaliação no contexto o instrumento da identificação de novos
escolar tem se apresentado com a função de rumos. A avaliação deverá verificar a
classificar e não diagnosticar como deveria aprendizagem não a partir dos mínimos
ser e, essa classificação, é definida em possíveis, mas sim a partir dos mínimos
números que somados se transformam em necessários. (LUCKESI, 2003, p. 43-44).
notas e determinam quem está apto a seguir
adiante nos anos escolares. Vale ressaltar A avaliação diagnóstica ou analítica se
que o professor precisa compreender o apresenta com três intenções. A primeira é
porquê está avaliando e para quê avaliar. diferenciar a realidade de cada estudante no
Portanto, é necessário que essa processo. Outra é constatar as habilidades
compreensão ocorra no intuito de conduzir desses estudantes. E, por fim, é identificar
o processo avaliativo da melhor forma, a por meio delas as causas de dificuldades
fim de reajustar os planos de ação através recorrentes na aprendizagem. Assim,
de uma reflexão sempre constante, crítica e entende-se que é fundamental criar
participativa. possibilidades através de instrumentos
Luckesi (2005) declara que: avaliativos usados em sala de aula, mas, no
entanto, “para que a avaliação diagnóstica
Para que a avaliação educacional seja possível, é preciso compreendê-la e
escolar assuma o seu verdadeiro papel de realizá-la comprometida com uma
instrumento dialético de diagnóstico para o concepção pedagógica” (LUCKESI, 2005,
crescimento, terá de se situar e estar a p. 82) e voltada para a construção de
serviço de uma pedagogia que esteja saberes dentro de um currículo participativo
preocupada com a transformação social e e crítico diante da sociedade em que se vive.
não com a sua conservação. (LUCKESI,
2005, p. 44). Avaliação e a Aprendizagem
Quando se fala em avaliação, logo se
Diante do exposto é preciso relaciona às expressões de se realizar
compreender que a avaliação deixará de ser provas, exames, notas, repetir ou seguir de
autoritária se o contexto dos modelos e das ano letivo. Essas expressões são resultado
práticas da educação deixarem de ser de uma concepção pedagógica que
autoritárias. Nessa ideia, a avaliação precisa perdurou por muitos anos, mas que ainda
ser comprometida com uma proposta reflete em nossos tempos, porque sempre
histórico-crítica, onde o estudante perceba esteve atrelada somente ao papel do
o seu papel na sociedade. Quando o professor no processo do ensino e não na
professor se utiliza desse tipo de avaliação, aprendizagem, onde o aluno sempre foi
tipo diagnóstica ou analítica, ele propõe visto como um ser receptivo. Todavia,

21
Conhecimentos Específicos

dentro de uma concepção mais moderna, a foram alcançados de acordo com as


educação visa um olhar de múltiplas individualidades, vivências, meio,
vivências, tendo em vista o características e totalidade de cada
desenvolvimento cognitivo, social e de indivíduo.
capacidades motoras nos estudantes. Nessa Do ponto de vista de Hoffmann (2001) a
abordagem, Freire (1999) considera que o “relação professor e aluno, via avaliação,
indivíduo é um ser ativo e participativo de constitui um momento de comunicação
seu próprio conhecimento. para os dois sujeitos, em que cada um deles
estará interpretando (…) e refletindo sobre
Se a possibilidade de reflexão sobre si, o conteúdo, (…) a efetivação da
sobre seu estar no mundo, associada aprendizagem” (HOFFMANN, 2001, p.
indiscutivelmente à sua ação sobre o 78). Com isso, pode-se considerar que a
mundo, não existe no ser, seu estar no aprendizagem acontece a partir do
mundo e se reduz a um não poder transpor momento em que o professor cria situações
os limites que lhe são impostos pelo próprio que priorizem o diálogo, bem como os
mundo, do que resulta que este ser não é estímulos que possam aguçar a curiosidade
capaz de compromisso. É um ser imerso no e indagações dos estudantes, para a busca e
mundo, no seu estar adaptado a ele e sem a criação de respostas que possam
ter dele consciência. (FREIRE, 1999, p. aprimorar o grau de sua aprendizagem. E
16). para que isto aconteça, faz-se necessário
que seja significativa, onde venha a
Para tanto, a avaliação tem seu valor e considerar as vivências anteriores, os
suas influências quando o estudante de fato diferentes tipos de relações entre
pode tomar conhecimento de seus acontecimentos e situações para
desempenhos e fracassos para continuar desencadear modificações de
avançando na construção de seus saberes e, comportamentos e contribuindo com as
assim, amadurecendo a cada fase de sua mais diversas situações no ambiente
vida. Ela contempla tantas dimensões e não escolar.
se reduz somente em lançar notas. A
avaliação da aprendizagem busca ir mais Se pretendermos uma outra
além da simples aplicação de testes ou compreensão do processo de avaliação, ou
provas. Ela verifica o desempenho do melhor, se o objetivo é que ela exerça o seu
estudante, no sentido de obter informações papel no processo de aprendizagem, como
que possam subsidiar a sua tomada de um meio e não um fim em si mesma,
consciência do professor, no sentido de primeiramente teremos que romper com o
criar e possibilitar soluções. Assim, como caráter classificatório e seletivo do sistema
declara Demo (1996), “a avaliação não é escolar da sociedade capitalista,
um fim em si. É expediente processual e redimensionando a avaliação no sentido de
metodológico, que recebe sua maior razão torná-la um auxiliar no desenvolvimento
de ser dos fins a que se destina.” (DEMO, dos alunos, possibilitando-lhes a
1996, p. 33). superação de dificuldades, não enfatizando
Nesse pressuposto, a avaliação resultado de aprendizagens (produto) em
deslumbra toda a educação. Ela perpassa detrimento do processo de aprendizagem.
por todos os trâmites escolares e influência (BERTAGNA, 2006, p. 77).
no fazer pedagógico e no fazer aprender. E,
se os movimentos da sociedade exigem um Partindo desse conceito, entende-se que
novo modelo de escola, isso não se difere essa postura de construção de
de um novo modelo para a constituição dos conhecimento retratado pela autora requer
processos avaliativos, tendo em vista que, uma mudança de concepção pedagógica, o
deve averiguar se os objetivos propostos que implica também uma mudança de

22
Conhecimentos Específicos

postura ao processo avaliativo. Tanto a compreender todas as etapas percorridas


avaliação quanto a ação pedagógica, em pelo estudante em sua fase de
suas totalidades, podem encontrar novos desenvolvimento, fazer o diagnóstico
caminhos que venham permitir que os sustentável e eficiente que possa levantar a
estudantes sejam impulsionados a assumir trajetória sobre: o que aprendeu, o que ele
um papel ativo frente ao processo educativo já sabe de informações, o que ele pode
e com isso desenvolver ainda mais melhorar, para que isso gere novos
aprendizagens, por isso a importância do conhecimentos que sejam desenvolvidos no
avaliar. processo de ensino e aprendizagem, que
deve ser dinâmico, sutil e em permanente
Por Que Avaliar? construção. Nessa trilha, a avaliação vem
A necessidade de avaliar sempre se fará como um caráter inclusivo, onde o
presente. Não importa a ocasião, norma ou estudante é estimulado a progredir cada vez
padrão. Não há como fugir dessa mais em busca de novos conhecimentos e
necessidade, apesar de que pode-se inferir ampliando sua visão de mundo. Os
que o processo de avaliação tem inúmeras professores precisam conhecer como se
finalidades e vai muito além do que tem se processa tudo isso, para assim adotar uma
apresentado, o intuito deve ser o de nova atuação pedagógica, como coloca
empregado, no sentido de conhecer melhor Delval (1998):
o estudante e buscar distinguir as suas
competências e habilidades, seus interesses Tentará estimular a atividade do
e o seu protagonismo, para que possa ser próprio sujeito, que é o fator fundamental
feito um planejamento assertivo e, assim, na construção do conhecimento. Para
gerir os resultados da avaliação como ponto tanto, deve-se partir dos problemas do
inicial para depois vir a constatar o que próprio ambiente para que o sujeito veja
realmente precisa ser aprendido por esse que o conhecimento não é apenas algo que
estudante. aparece nos livros, mas que serve,
Bicudo (2002) argumenta sobre os principalmente, para resolver problemas e
propósitos pelos quais a avaliação deve ser explicar coisas do seu interesse. (DELVAL,
promovida. Ela destaca que: 1998, p. 147).

A avaliação do aluno na sala de aula Desta feita, a ação avaliativa oferece


tem como propósito promover o informações para os educadores refletirem
aperfeiçoamento do ensino que vem sendo sobre a sua prática pedagógica, com a
oferecido. Avalia-se para identificar as intenção de identificar os conhecimentos
necessidades e prioridades, situar o prévios dos alunos para poder auxiliá-los no
próprio professor e o aluno no percurso seu processo de desenvolvimento. Ensinar
escolar. Nesse sentido, a primeira questão e avaliar precisam ter correspondência e
que orienta um planejamento avaliativo é deve ser feito num processo contínuo, onde
definir para que se está realizando uma vai questionar a forma ensinada, sua
avaliação. Que decisões precisam tomar. adequação às diversas maneiras de
Que subsídios espera-se obter do processo desenvolver as aprendizagens e levando em
avaliativo. (BICUDO, 2002, p. 144). consideração a contextualização dos fatos
históricos vividos pelos educandos, o que
Considerando que cada aluno tem suas influencia fortemente na sua forma de
peculiaridades é preciso entender que cada aprender. Para isso, é preciso que esse
um aprende de forma diferente, uns mais profissional se despeça de suas velhas
lentos, outros mais acelerados, mas todos armaduras e redirecione seu planejamento
aprendem. Esse é o ponto chave da questão para a flexibilidade e estratégias de ensino,
da pedagogia do aprendizado. É preciso pois “aprender significados e ensinar é

23
Conhecimentos Específicos

oportunizar esta construção”. (MORETO, que venham a colaborar para os ajustes das
2005, p. 58). aprendizagens.
Em termos de instrumentos avaliativos
Como Avaliar? como “(…), as provas, os seminários, as
Uma das perspectivas dentro do apresentações, entrevistas, observação,
processo de ensino é instituir práticas trabalhos, tarefas, exposições, diários, …,
avaliativas que focalize o estudante como exercícios em sala (…)” (CUNHA, 2014, p.
um todo, podendo ocorrer na liberdade de 11), estes podem incorporar a proposta da
expressão, oportunizando-o com projetos avaliação escrita com questões que possam
que visem sua participação nas construções vir a agregar na vida dos estudantes. Essa
e/ou produções de trabalhos, dispondo prática deve ser trabalhada com o intuito de
momentos de discussões acerca de promover criatividade, conscientização e
determinados assuntos e em diversas focalizando na importância da escrita para
atividades em que ele mesmo tome a compreensão textual. Outra possibilidade
iniciativas ou decisões e, com isso, é a avaliação oral, partindo da reflexão, do
promover o desenvolvimento de processo do ser no mundo, dos debates
capacidades para que o professor entenda o entre os indivíduos, da expressão visual e
que fazer diante dessas observações. corporal, com temáticas que possam ser
Hoffmann (1998) destaca que dentro da discutidas no contexto social, cultural e
prática avaliativa, o professor deve: político da sociedade. Um ponto de
destaque é que a prática da prova como
Oportunizar aos alunos muitos avaliação não precisa ser abolida
momentos para expressar suas ideias e definitivamente, desde que não seja vista
retomar dificuldades referentes aos como um único meio, mas sim como mais
conteúdos introduzidos e desenvolvidos; um instrumento a ser utilizado na
realizar muitas tarefas em grupo para que padronização de sistema avaliativo.
os próprios alunos se auxiliem nas Todavia, Cunha (2014) esclarece que:
dificuldades (princípio da interação entre
iguais), mas garantindo o Nesse sentido, o instrumento não pode
acompanhamento de cada aluno a partir de ser confundido com a avaliação, ele é uma
tarefas avaliativas individuais em todas as ferramenta didática, faz parte da
etapas do processo. (HOFFMANN, 1998, avaliação, mas os instrumentos por si só,
p. 125). não dizem nada. Eles só tem sentido para
aquele que os interpreta. A avaliação é esta
Partindo dessa premissa é necessário atividade de interpretação que se efetiva
buscar formas ousadas de avaliação. Não há enquanto investigação e reflexão sobre as
como fugir do modelo sistemático, pois ela informações apresentadas nos
precisa seguir padrões e regras para atender instrumentos. (CUNHA, 2014, p. 1 2).
o objetivo proposto, que é o aprendizado.
Modelo esse que precisa ser diferente É importante considerar que a avaliação
daquele modelo tradicional até hoje é necessária e fundamental para a melhoria
aplicado e exclusivo de provas, que sempre da educação, tanto no aprender quanto no
influenciou para definir quem seria ensinar, mas, as escolas, não devem
aprovado ou não, aprendeu isso ou aquilo, continuar agindo como meras máquinas de
mas que deve ser utilizado nas mais etiquetas, atribuindo apenas notas de zero a
diversas situações pedagógicas. Nisso, dez para tabular o aprendizado dos
Loch (2000) é bem clara quando diz que estudantes ou limitando-os em seus
avaliar “(…) não é dar notas, fazer médias, conhecimentos. Portanto, é preciso
reprovar ou aprovar os alunos” (LOCH, entender que acompanhar não é somente
2000, p. 31), mas sim a traçar mecanismos avaliar o que já foi alcançado de resultados,

24
Conhecimentos Específicos

mas também o que pode vir a ser alcançado


para melhorar as aptidões dentro ou fora da 4. Planejamento
sala de aula.

Questões Planejamento Escolar: Plano de


Ensino
01. (SEED/PR - Professor Pedagogo - O Plano de Ensino consiste na
CESPE/CEBRASPE - 2021) Avaliação organização do processo de trabalho a ser
formativa na escola desenvolvido Plano de Ensino no ano letivo
A - deve ser aplicada na fase inicial do em curso, em cada turma e em cada
ano para que o professor conheça os alunos disciplina específica. Deve considerar os
e o nível da turma. pressupostos estabelecidos no PPP , os
B - é o mesmo que avaliação tradicional, Parâmetros Curriculares Nacional (PCN) e
sendo estática e descontínua. Temas Transversais.
C - deve ser utilizada para classificar os Sua elaboração é da competência do
melhores e os piores alunos da turma. professor responsável pela disciplina ou
D - utiliza a prova escrita como única pela turma, e deve ocorrer assim que o
ferramenta. docente conhecer quais são as suas turmas.
E - é mais centrada nos processos de
aprendizagem do que na pessoa. Dimensão Legal: De acordo com o
Artigo 13, LDB, o plano de ensino deve
02. (Prefeitura de Palma Sola/SC - ser feito pelo docente
Professor de Inglês - AMEOSC - Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de:
2021) Relacione a coluna 1 com a coluna I - participar da elaboração da proposta
2: pedagógica do estabelecimento de ensino;
Coluna 1 II - elaborar e cumprir plano de trabalho,
(1)Avaliação Formativa. segundo a proposta pedagógica do
(2)Avaliação Diagnóstica. estabelecimento de ensino;
(3)Avaliação Somativa. III - zelar pela aprendizagem dos alunos;
Coluna 2 IV - estabelecer estratégias de
( )Corresponde as chamadas "provas", recuperação para os alunos de menor
podendo ser bimestrais, trimestrais, rendimento;
semestrais ou anuais. V - ministrar os dias letivos e horas-aula
( )É aplicada com o objetivo de conhecer estabelecidos, além de participar
a realidade do estudante e planejar ações integralmente dos períodos dedicados ao
pedagógicas. planejamento, à avaliação e ao
( )Realizada de maneira informal durante desenvolvimento profissional.
as aulas, no momento em que o professor(a) Requer que o Professor tenha
propõe debates e questionamentos. conhecimento prévio do Projeto Político
Após análise, assinale a alternativa que Pedagógico, pois será o Plano de Ensino
apresenta a sequência CORRETA. que viabilizará o desenvolvimento do PPP.
A - 2, 3, 1. O Plano de Ensino é o documento que
B - 1, 2, 3. organiza o ensino-aprendizagem em sala
C - 3, 2, 1. de aula por registrar o que se pensa fazer (de
D - 1, 3, 2. acordo com o PPP), como fazer, quando
fazer, com o quê fazer e com quem fazer.
Alternativas O Plano de Ensino é o registro escrito,
sistematizado e justificado das decisões
01 - E | 02 - C tomadas pelo docente. Auxilia na
organização do tempo e materiais

25
Conhecimentos Específicos

utilizados, permite uma avaliação do misturadas em um discurso onde falta


processo de ensino e aprendizagem, bem clareza;
como possibilita compreender a concepção - confusos: os Planos não contemplam
de ensino e aprendizagem e de avaliação do tudo e não oferecem uma visão clara do que
docente; e ainda pressupõe a reflexão da o professor realizará ao longo do ano e
prática educativa. quais objetivos ele pretende alcançar com
No processo de elaboração do Plano de cada turma;
Ensino, é imprescindível que cada - desarticulados: Os Planos não estão
professor considere as características de articulados com o Planejamento Escolar e
cada turma, os conteúdos específicos, o por esta razão caminham em direções
nível de rendimento esperado dos alunos, as opostas;
diretrizes e orientações curriculares - individualistas: os Planos não “
emitidas pela Secretaria de Estado de conversam” entre si, não apresentam pontos
Educação e, claro, o Projeto Pedagógico da de contato que possibilitem a prática da
Escola. interdisciplinaridade e o desenvolvimento
Para o conhecimento das características de Projetos conjuntos, pois cada
dos alunos, o professor pode consultar os tema/conteúdo é ensinado de forma
relatórios de sua vida escolar, preenchidos desconexa.
pelos professores do ano anterior, e Para que as metas de aprendizagem
complementar esses dados com uma sejam atingidas ao longo do ano é
avaliação diagnóstica que ele desenvolverá necessário que os Planos de Ensino
logo no início do ano letivo. caminhem na mesma direção e para isso
Cada disciplina possui sua será necessário que você enquanto
especificidade. Cada conteúdo, em função Gestor/Coordenador dê o “ tom”, forneça a
da sua natureza, exige tempo, estratégias e direção de como eles serão elaborados.
formas de abordagens diferentes. O respeito
a essas características implica que seja dado O Plano de Ensino apropriado deverá
a cada conteúdo o tratamento adequado às conter pelo menos os seguintes elementos:
suas peculiaridades, como a duração e o - definição das Expectativas de
ritmo dos fenômenos a serem estudados. Aprendizagem para cada segmento;
O Plano de Ensino deverá romper com a - definição do Sistema de Avaliação dos
tradicional linearidade, reforçando-se a Alunos;
transdisciplinaridade e poderá ser - detalhamento do Trabalho de Inclusão;
elaborado coletivamente pelos Professores - definição de um modelo de
de cada ano de escolaridade ou de cada Recuperação Paralela, Contínua e Final.
disciplina, com o apoio e orientação dos
Especialistas. Por esta razão faz-se necessário que a
Mas como atingir esse objetivo? O que Escola tenha um Modelo de Plano
vemos são Planos de Ensino que mais de Ensino que contemple não apenas os
parecem caminhar em direções opostas, elementos acima, mas também possa
dificultando o trabalho de articular-se com os demais Planos de
acompanhamento por parte do Ensino para o desenvolvimento de um
Coordenador que sofre um enorme desgaste trabalho multidisciplinar.
ao tentar “ decifrar” cada Plano que recebe
. Diferença entre Plano de ensino e
Os principais motivos que contribuem Plano de aula
para isso é porque os Planos de Ensino são: O trabalho do professor vai muito além
- desorganizados: as informações da presença na sala de aula, para ministrar
contidas nos Planos de Ensino geralmente uma boa aula é preciso de organização.
são desorganizadas pois estão todas Quem escolhe a docência como profissão

26
Conhecimentos Específicos

precisa de criatividade, muito estudo, C - As metas e objetivos do plano de aula


planejamento de curto e longo prazo, além podem ou não fazer parte do planejamento.
de outros requisitos. Esse trabalho tem D - A avaliação é algo sem nenhuma
início na elaboração do plano de ensino, importância no planejamento das aulas.
afinal ele é o mecanismo que norteia a
prática pedagógica, facilitando o 02. (Prefeitura de Araçoiaba da
desenvolvimento de uma disciplina Serra/SP - Professor de Educação Básica
curricular. III - OMNI 2021) O planejamento é um
Além disso, cada dia de aula também dos momentos importantes e indispensáveis
precisa ser roteirizado e planejado, por isso, da prática de todos os professores sendo
vamos mostrar a diferença nesses dois tipos definido por:
de planejamentos e falar sobre a A - um documento escrito.
importância de cada um. B - um processo de reflexão.
C - uma reunião de professores.
- Plano de ensino - Ele é o começo de D - um conjunto de atividades
tudo. O Plano de Ensino é o registro do educativas.
planejamento das ações pedagógicas a
serem executadas numa disciplina Alternativas
curricular em um determinado período
letivo. Ele orienta o trabalho docente, é com 01 - A | 02 - B
base no plano de ensino que o professor
prepara suas aulas.
5. Prática pedagógica e o processo de
Em síntese, para construir um plano de
construção do conhecimento
ensino, o professor deve se perguntar: O
que fazer? Como fazer? Quando fazer?
Com que fazer? e com quem fazer?
Práticas Educativas e Práticas
- Plano de aula - Enquanto o primeiro Pedagógicas
se refere a um planejamento macro, o plano É comum considerar que práticas
de aula é o roteiro de cada encontro. Ele é pedagógicas e práticas educativas sejam
importante pois explicita o que são os termos sinônimos e, portanto, unívocos. No
objetivos da aula, como serão atingidos e entanto, quando se fala de práticas
em quanto tempo. Funciona como uma guia educativas, faz-se referência a práticas que
que orienta o professor sobre seus ocorrem para a concretização de processos
objetivos. educacionais, ao passo que as práticas
pedagógicas se referem a práticas sociais
Questões que são exercidas com a finalidade de
concretizar processos pedagógicos. Fala-se,
01. (Prefeitura de Iraceminha/SC - então, de práticas da Educação e práticas da
Professor de Inglês - OMNI - 2021) Para Pedagogia. Contudo, Pedagogia e
que a aula seja efetivamente dada aos Educação são conceitos e práticas distintas?
alunos ela deve passar por um momento de Trata-se de conceitos mutuamente
planejamento da ação pelo professor. articulados, porém, com especificidades
Diante disso, abaixo estão algumas ações diferentes. Pode-se afirmar que a educação,
desse planejamento, marque a alternativa numa perspectiva epistemológica, é
CORRETA. o objeto de estudo da Pedagogia, enquanto,
A - Quais procedimentos serão adotados numa perspectiva ontológica, é um
durante a aula faz parte do planejamento. conjunto de práticas sociais que atuam e
B - A seleção de conteúdo não é influenciam a vida dos sujeitos, de modo
relevante para o planejamento de aula. amplo, difuso e imprevisível.

27
Conhecimentos Específicos

Por sua vez, a Pedagogia pode ser rígida à Pedagogia, ele também impõe um
considerada uma prática social que procura fechamento epistemológico a essa ciência,
organizar/compreender/transformar as de tal forma que, para ser ciência, teve que
práticas sociais educativas que dão sentido deixar de ser Pedagogia, em seu
e direção às práticas educacionais. Pode-se sentido lato, pois seu objeto - a educação -
dizer que a Pedagogia impõe um filtro de foi se restringindo à instrução, ao visível, ao
significado à multiplicidade de práticas que aparente, ao observável do ensino, e, assim,
ocorrem na vida das pessoas. A diferença é foi apreendida pela racionalidade científica
de foco, abrangência e significado, ou seja, da época.
a Pedagogia realiza um filtro nas Essa associação da Pedagogia às tarefas
influências sociais que, em totalidade, apenas instrucionais tem marcado um
atuam sobre uma geração. Essa filtragem, caminho de impossibilidades à prática
que é o mecanismo utilizado pela ação pedagógica. Como teoria da instrução, a
pedagógica, é, na realidade, um processo de Pedagogia contenta-se com a organização
regulação e, como tal, um processo da transmissão de informações, e, dessa
educativo. forma, a prática pedagógica - pressuposta a
Reitera-se, assim, Pedagogia como essa perspectiva teórica - será voltada à
prática social, que transmissão de conteúdos instrucionais. A
oferece/impõe/propõe/indica uma direção partir de diferentes configurações, essa
de sentido às práticas que ocorrem na Pedagogia, de base técnico-científica,
sociedade, realçando seu caráter alastrou-se pelo mundo com variadas
eminentemente político. No entanto, essa interpretações.
direção de sentido está cada vez mais Quando se afirma que as práticas
complexa e difusa na sociedade atual. pedagógicas são práticas que se realizam
Processos vinculados a mídias como TV, para organizar/potencializar/interpretar as
internet e redes sociais on-line passam a ter, intencionalidades de um projeto educativo,
no século atual, grande influência argumenta-se a favor de outra
educacional sobre as novas gerações, epistemologia da Pedagogia: uma
competindo com as escolas, que ficam em epistemologia crítico-emancipatória, que
desigualdade de condições. considera ser a Pedagogia uma prática
A escola e suas práticas pedagógicas têm social conduzida por um pensamento
tido dificuldades em mediar e potencializar reflexivo sobre o que ocorre nas práticas
as tecnologias da informação e educativas, bem como por um pensamento
comunicação. Como pode a Pedagogia crítico do que pode ser a prática educativa.
mediar tais influências? Como transformá- A grande diferença é a perspectiva de ser
las em processos pedagógicos numa crítica e não normativa; de ser práxis e não
perspectiva emancipadora? Como treinamento; de ser dialética e não linear.
educar/formar mediando tantas influências Nessa perspectiva, as práticas pedagógicas
educacionais? São questões que impõem realizam-se como sustentáculos à prática
um grande desafio às práticas pedagógicas docente, num diálogo contínuo entre os
e à Pedagogia: como incorporar nas práticas sujeitos e suas circunstâncias, e não como
escolares essa multiplicidade de influências armaduras à prática, que fariam com que
e trabalhar pedagogicamente a partir delas? esta perdesse sua capacidade de construção
de sujeitos.
Diferentes Concepções entre No entanto, constata-se que essa
Pedagogia e Práticas Pedagógicas epistemologia crítica da Pedagogia tem
Em pesquisa teórica realizada sobre a estado cada vez mais distante das práticas
epistemologia da Pedagogia, observou-se educativas contemporâneas. Segundo essa
que, desde o século 19, quando Herbart perspectiva, é possível falar em
preconiza o princípio de uma cientificidade esgotamento da racionalidade pedagógica.

28
Conhecimentos Específicos

A esfera da reflexão, do diálogo e da crítica intervenção da razão na construção do


parece cada vez mais ausente das práticas objeto vão marcar as diversas perspectivas
educativas contemporâneas, as quais estão das epistemologias que se inserem na
sendo substituídas por pacotes instrucionais tradição positivista".
prontos, cuja finalidade é, cada vez mais, Essa concepção parte de uma visão
preparar crianças e jovens para as mecanicista de mundo e de uma concepção
avaliações externas, a fim de galgarem um naturalista de homem; busca a neutralidade
lugar nos vestibulares universitários. A do pesquisador e tem como foco a
educação, rendendo-se à racionalidade explicação dos fenômenos.
econômica, não mais consegue dar conta de Em que pesem todas as diferenças das
suas possibilidades de formação e diversas abordagens dessa concepção, no
humanização das pessoas. estudo dos objetivos de sua ação
Como esses dois polos da racionalidade pedagógica é necessário lembrar que o
pedagógica são fundamentais à pressuposto positivista surge para laicizar a
compreensão da variabilidade de educação, difundir os valores burgueses,
interpretação do sentido de prática organizar a estabilidade social do Estado.
pedagógica, faz-se aqui uma digressão para Carrega, também, a intenção de organizar
especificar suas diferenças, destacando-se os processos de instrução com eficiência e
que, entre ambos os polos, há eficácia. Sua perspectiva é de normatizar e
um continuum de possibilidades: prescrever a prática, para fins sociais
relevantes (fins esses estabelecidos, em
Racionalidade Pedagógica Técnico- geral, exteriormente aos sujeitos que
Científica aprendem e ensinam). A partir do
A base teórica desta vertente inicia-se no pragmatismo, são realçadas as questões da
racionalismo empirista, encontrando democracia e do preparo para a vida social,
grande expressão no positivismo e em suas que talvez hoje estejam sendo representadas
várias vertentes - evolucionismo, pelo empenho na formação de
pragmatismo, tecnicismo, behaviorismo. competências e habilidades, subsidiando
Com base na confluência de diversas um pressuposto pré-requisito à participação
teorias cognitivas do conhecimento (desde social e às políticas de avaliação e de
Ausubel a Piaget, de Bruner e Gagné a regulação das práticas pedagógicas, agora
Wallon e Vygotsky, entre outros autores), inseridas na lógica neoliberal, com
há um desvio quer para a tecnologia discursos de inclusão social, que, no
educacional, quer para uma psicologia entanto, vêm fragilizando os processos
genética, que fundamentará a questão do formativos de construção de humanidade.
construtivismo na aprendizagem, A dupla lógica de
que Severino chama de transpositivismo. regulação/mercantilização é bem expressa
Um estudo dos pressupostos dessa por Gentili:
racionalidade mostra que, em sua raiz, essa Em suma, a saída que o neoliberalismo
concepção admite como válido apenas o encontra para a crise educacional é produto
conhecimento obtido por meio do método da combinação de uma dupla lógica
experimental-matemático, ocorrendo, centralizadora e descentralizadora:
portanto, uma ênfase no objeto e no centralizadora do controle pedagógico (em
princípio da objetividade. Abandona-se nível curricular, de avaliação do sistema e
qualquer possibilidade metafísica, uma vez de formação docente) e descentralização
que é impossível chegar às essências das dos mecanismos de financiamento e gestão
coisas; pode-se apenas chegar aos do sistema.
fenômenos, em sua manifestação empírica, Esta dupla lógica tem se mostrado cruel
por meio das luzes da razão. Segundo ao desenvolvimento de processos críticos
Severino, "os diferentes modos de de ensinar/aprender e tem produzido

29
Conhecimentos Específicos

rupturas profundas na racionalidade No que se refere aos objetivos de sua


pedagógica. ação pedagógica, a questão direcionada à
Pedagogia será a de formação de indivíduos
Racionalidade Pedagógica Crítico- “na e para a práxis”, conscientes de seu
Emancipatória papel na conformação e na transformação
A base desta concepção vem de da realidade sócio histórica, pressupondo
Heráclito a Hegel, chegando a Marx e sempre uma ação coletiva, ideologicamente
Engels. Segundo Severino, Hegel vincula a constituída, por meio da qual cada sujeito
historicidade ao logos, concebendo a toma consciência do que é possível e
própria realidade como dialética. necessário, a cada um, na formação e no
Feuerbach, Marx e Engels, conhecidos controle da constituição do modo coletivo
como neo-hegelianos, apropriam-se da de vida. É uma tarefa política, social e
metodologia dialética "enquanto lógica e emancipatória. A formação humana é
enquanto lei do processo histórico", valorizada no sentido das condições de
conforme Severino. Marx preocupa-se com superação da opressão, submissão e
a história das sociedades e concebe o alienação, do ponto de vista histórico,
conhecimento em associação às cultural ou político. Considere-se que a
configurações sociais. "Assim, o marxismo proposta de projetos político-pedagógicos,
subordina a questão epistemológica à como organizadores da esfera pedagógica
questão política", afirmando, inclusive, que da escola, parte dessa perspectiva teórica.
o logos só se sustenta enquanto estiver Infelizmente, esses projetos, inseridos
abastecendo e sustentando a práxis, nessa perspectiva crítica, estão cada vez
Severino. mais distanciados do coletivo de seus
A partir de Marx, houve diversos sujeitos e têm se apresentado de forma
desdobramentos, promovidos por autores burocrática e alheia a estes. Veiga, ao
como Lukács, Althusser, Gramsci, que diferenciar projetos pedagógicos de cunho
procuraram oferecer diversas perspectivas à regulatórios ou emancipatórios, afirma que:
dialética marxista. O projeto político-pedagógico, na esteira
O princípio básico dos pressupostos da da inovação regulatória ou técnica, está
racionalidade pedagógica crítico- voltado para a burocratização da instituição
emancipatória é a historicidade enquanto educativa, transformando-a em mera
condição para compreensão do cumpridora de normas técnicas e de
conhecimento. Ademais, a realidade se mecanismos de regulação convergentes e
constitui num processo histórico - atingido, dominadores.
a cada momento, por múltiplas Percebe-se, portanto, que falar de prática
determinações -, fruto das forças pedagógica é falar de uma concepção de
contraditórias que ocorrem no interior da Pedagogia e, além disso, do papel
própria realidade. relacional dessa ciência com o exercício da
Portanto, sujeito e objeto estão em prática docente. Dessa forma, só é possível
formação contínua e dialética, evoluindo ajuizar um conceito para práticas
por contradição interna, não de modo pedagógicas quando for definida a priori a
determinista, mas por meio da intervenção concepção de Pedagogia, de prática docente
dos homens mediante a prática. Marx e, fundamentalmente, a relação
propõe uma filosofia das práxis, uma vez epistemológica entre Pedagogia e prática
que o conhecimento, a reflexão e o trabalho docente.
não devem ser encarados para compreensão No presente artigo, considera-se que a
de sentido, mas para realização de ações Pedagogia e suas práticas são fundamentos
concretas com vistas à transformação do para o exercício da prática docente. Em se
social. considerando a importância de estudos
contemporâneos que reafirmam a nova

30
Conhecimentos Específicos

epistemologia da prática, na qual diferentes Uma questão recorrente que surge entre
pesquisadores sublinham a importância do alunos ou participantes de palestras refere-
sujeito-docente que elabora a realidade, se à seguinte dúvida: Toda prática docente
transformando-a e transformando-se no é prática pedagógica? Nem sempre! A
processo, afirma-se neste artigo que a prática docente configura-se como prática
prática pedagógica docente está pedagógica quando esta se insere na
profundamente relacionada aos aspectos intencionalidade prevista para sua ação.
multidimensionais da realidade local e Assim, um professor que sabe qual é o
específica, às subjetividades e à construção sentido de sua aula em face da formação do
histórica dos sujeitos individuais e aluno, que sabe como sua aula integra e
coletivos. A prática docente é uma prática expande a formação desse aluno, que tem a
relacional, mediada por múltiplas consciência do significado de sua ação, tem
determinações. Caldeira e Zaidan, uma atuação pedagógica diferenciada: ele
enfatizam os seguintes aspectos que dialoga com a necessidade do aluno, insiste
marcam as particularidades do professor no em sua aprendizagem, acompanha seu
contexto geral da prática pedagógica: "sua interesse, faz questão de produzir o
experiência, sua corporeidade, sua aprendizado, acredita que este será
formação, condições de trabalho e escolhas importante para o aluno.
profissionais". É possível afirmar que o professor que
está imbuído de sua responsabilidade
O Que São, Afinal, Práticas social, que se vincula ao objeto do seu
Pedagógicas? trabalho, que se compromete, que se
As práticas pedagógicas se organizam implica coletivamente ao projeto
intencionalmente para atender a pedagógico da escola, que acredita que seu
determinadas expectativas educacionais trabalho significa algo na vida dos alunos,
solicitadas/requeridas por uma dada tem uma prática docente pedagogicamente
comunidade social. Nesse sentido, elas fundamentada. Ele insiste, busca, dialoga,
enfrentam, em sua construção, um dilema mesmo que não tenha muitas condições
essencial: sua representatividade e seu valor institucionais para tal.
advêm de pactos sociais, de negociações e
deliberações com um coletivo. Ou seja, as Pedagogia e Práticas pedagógicas
práticas pedagógicas se organizam e se A pedagogia e suas práticas são da
desenvolvem por adesão, por negociação, ordem da práxis; assim ocorrem em meio a
ou, ainda, por imposição. Como já foi processos que estruturam a vida e a
realçado, essas formas de concretização das existência. A pedagogia caminha por entre
práticas produziram faces diferentes para a culturas, subjetividades, sujeitos e práticas.
perspectiva científica da Pedagogia. Caminha pela escola, mas a antecede,
Mas há que se lembrar de que mesmo as acompanha-a e caminha além. A pedagogia
grandes imposições sobre a organização das interpõe intencionalidades, projetos
práticas têm "tempo de validade". Se se alargados; a didática, paralelamente,
considerar a realidade social e sua natureza compromete-se a dar conta daquilo que se
essencialmente dialética, é preciso acreditar instituiu chamar de saberes escolares. A
na dinâmica posta pelas contradições: tudo lógica da didática é a lógica da produção da
se transforma; tudo é imprevisível; e a aprendizagem (nos alunos), a partir de
linearidade não cabe nos processos processos de ensino previamente
educativos. Certeau, sabiamente afirma que planejados. A prática da didática é,
as práticas nunca são totalmente reflexos de portanto, uma prática pedagógica, que
imposições - elas reagem, respondem, inclui a didática e a transcende.
falam e transgridem. Quando se fala em prática pedagógica,
refere-se a algo além da prática didática,

31
Conhecimentos Específicos

envolvendo: as circunstâncias da formação, intencionalidade uma vez que o próprio


os espaços-tempos escolares, as opções da sentido de práxis se configura por meio do
organização do trabalho docente, as estabelecimento de uma intencionalidade,
parcerias e expectativas do docente. Ou que dirige e dá sentido à ação, solicitando
seja, na prática docente estão presentes não uma intervenção planejada e científica
só as técnicas didáticas utilizadas, mas, sobre o objeto, com vistas à transformação
também, as perspectivas e expectativas da realidade social. Tais práticas, por mais
profissionais, além dos processos de planejadas que sejam, são imprevisíveis,
formação e dos impactos sociais e culturais pois nelas "nem a teoria, nem a prática tem
do espaço ensinante, entre outros aspectos anterioridade, cada uma modifica e revisa
que conferem uma enorme complexidade a continuamente a outra" (Carr).
este momento da docência. Dessa forma é possível perceber o perigo
O planejamento do ensino, por mais que ronda os processos de ensino quando
eficiente que seja, não poderá controlar a este se torna excessivamente técnico,
imensidão de aprendizagens possíveis que planejado e avaliado apenas em seus
cercam um aluno. Como saber o que o produtos finais. A educação se faz em
aluno aprendeu? Como planejar o próximo processo, em diálogos, nas múltiplas
passo de sua aprendizagem? Precisamos de contradições, que são inexoráveis, entre
planejamento prévio de ensino ou de sujeitos e natureza, que mutuamente se
acompanhamento crítico e dialógico dos transformam. Medir apenas resultados e
processos formativos dos alunos? produtos de aprendizagens, como forma de
Evidentemente, precisamos de ambos! avaliar o ensino, pode se configurar como
A contradição sempre está posta nos uma grande falácia.
processos educativos: o ensino só se As práticas pedagógicas devem se
concretiza nas aprendizagens que produz. E estruturar como instâncias críticas das
as aprendizagens, em seu sentido amplo, práticas educativas, na perspectiva de
bem estudadas pelos pedagogos transformação coletiva dos sentidos e
cognitivistas, decorrem de sínteses significados das aprendizagens.
interpretativas, realizadas nas relações O professor, no exercício de sua prática
dialéticas do sujeito com seu meio. Não são docente, pode ou não se exercitar
imediatas ou previsíveis; ocorrem mediante pedagogicamente. Ou seja, sua prática
interpretação pelo sujeito dos sentidos docente, para se transformar em prática
criados, das circunstâncias atuais e antigas, pedagógica, requer, pelo menos, dois
enfim: não há correlação direta entre ensino movimentos: o da reflexão crítica de sua
e aprendizagem. É quase possível dizer que prática e o da consciência das
as aprendizagens ocorrem sempre para intencionalidades que presidem suas
além, ou para aquém do planejado; ocorrem práticas. A consciência ingênua de trabalho
nos caminhos tortuosos, lentos, dinâmicos impede-o de caminhar nos meandros das
das trajetórias dos sujeitos. Radicalizando contradições postas e, além disso,
essa posição, Deleuze afirma que jamais impossibilita sua formação na esteira da
será possível saber e controlar como formação de um profissional crítico.
alguém aprende.
Os processos de concretização das Princípios da Prática Pedagógica
tentativas de ensinar e aprender ocorrem É interessante especificar os princípios
por meio das práticas pedagógicas. Estas que organizam uma prática pedagógica na
são vivas, existenciais, interativas e perspectiva crítica:
impactantes, por natureza. As práticas - As práticas pedagógicas organizam-se em
pedagógicas são aquelas que se organizam torno de intencionalidades previamente
para concretizar determinadas expectativas estabelecidas, e tais intencionalidades serão
educacionais. São práticas carregadas de

32
Conhecimentos Específicos

perseguidas ao longo do processo didático, de estabelece com o saber; mudar o enfoque


formas e meios variados. didático, as abordagens de interação, os
Na práxis, a intencionalidade rege os caminhos do diálogo.
processos. Para a filosofia
marxista, práxis é entendida como a relação - As práticas pedagógicas caminham por
dialética entre homem e natureza, na qual o entre resistências e desistências; caminham
homem, ao transformar a natureza com seu numa perspectiva dialética, pulsional,
trabalho, transforma a si mesmo. totalizante.
Marx e Engels afirmam, "que toda vida Quando o professor chega a um
social é essencialmente prática. Todos os momento de produzir um ensino em sala de
mistérios que dirigem a teoria para o aula, muitas circunstâncias estão presentes:
misticismo encontram sua solução na práxis desejos, formação, conhecimento do
humana e na compreensão dessa práxis". A conteúdo, conhecimento das técnicas
compreensão dessa práxis é tarefa didáticas, ambiente institucional, práticas
pedagógica. Kosik realça que a práxis é a de gestão, clima e perspectiva da equipe
esfera do ser humano; portanto, não é uma pedagógica, organização espaço-temporal
atividade prática contraposta à teoria: "é das atividades, infraestrutura,
determinação da existência como equipamentos, quantidade de alunos,
elaboração da realidade". Uma intervenção organização e interesse dos alunos,
pedagógica, como instrumento de conhecimentos prévios, vivências,
emancipação, considera a práxis uma forma experiências anteriores, enfim, há muitas
de ação reflexiva que pode transformar a variáveis. Muitas dessas circunstâncias
teoria que a determina, bem como podem induzir a boa interação e bom
transformar a prática que a concretiza. interesse e diálogo entre as variáveis do
Uma característica importante, analisada processo - aluno, professor e conhecimento
por Vásquez, é o caráter finalista da práxis, -, vistas, na perspectiva de Houssaye, como
antecipador dos resultados que se quer o triângulo pedagógico.
atingir, e esse mesmo aspecto é enfatizado Como atua o professor? Como aproveita
por Kosik, ao afirmar que na práxis "a os condicionantes favoráveis e anula os que
realidade humano-social se desvenda como não ajudarão na hora? Tudo exige do
o oposto ao ser dado, isto é, como professor reflexão e ação. Tudo exige um
formadora e ao mesmo tempo forma comportamento compromissado e atuante.
específica do ser humano". Talvez por isso Tudo nele precisa de empoderamento. As
o autor afirme que a práxis tanto é práticas impõem posicionamento, atitude,
objetivação do homem e domínio da força e decisão. Fundamentalmente, é
natureza como realização da liberdade exigido do professor que trabalhe com as
humana. Realce-se, portanto, que a práxis contradições. O professor está preparado
permite ao homem conformar suas para isso? A ausência da reflexão, o
condições de existência, transcendê-las e tecnicismo exagerado, as desconsiderações
reorganizá-las. "Só a dialética do próprio aos processos de contradição e de diálogo
movimento transforma o futuro", e essa podem resultar em espaços de
dialética carrega a essencialidade do ato engessamento das capacidades de
educativo, ou seja, a intencionalidade discutir/propor/mediar concepções
coletivamente organizada e em contínuo didáticas.
ajuste de caminhos e práticas. Talvez o A ausência do espaço pedagógico pode
termo mais adequado seja "insistência". O significar o crescimento do espaço de
professor não pode desistir do aluno; há que dificuldade ao diálogo. Sabe-se que o
insistir, ouvir, refazer, fazer de outro jeito; diálogo só ocorre na práxis, a qual requer e
acompanhar a lógica do aluno; descobrir e promove a ultrapassagem e a superação da
compreender as relações que esse aluno consciência ingênua em consciência crítica.

33
Conhecimentos Específicos

Assim, concordando com Freire, é possível O saber pedagógico só pode se constituir


acreditar que a superação da contradição "é a partir do próprio sujeito, que deverá ser
o parto que traz ao mundo este homem novo formado como alguém capaz de construção
não mais opressor; não mais oprimido, mas e de mobilização de saberes. A grande
homem libertando-se". Talvez a prática dificuldade em relação à formação de
pedagógica, absorvendo, compreendendo e professores é que, se quisermos ter bons
transformando as resistências e professores, teremos que formá-los como
resignações, possa mediar a superação sujeitos capazes de produzir
dessas, em processos de emancipação e conhecimentos, ações e saberes sobre a
aprendizagens. É conveniente apreender as prática. Não basta fazer uma aula; é preciso
reflexões de Imbert, que realçam a distinção saber por que tal aula se desenvolveu
entre prática e práxis, reafirmando o que daquele jeito e naquelas condições: ou seja,
vem sendo dito neste texto e atentando para é preciso compreensão e leitura da práxis.
a questão da autonomia e da perspectiva Quando um professor é formado de
emancipatória, inerente ao sentido de modo não reflexivo, não dialógico,
práxis: desconhecendo os mecanismos e os
Distinguir práxis e prática permite uma movimentos da práxis, não saberá
demarcação das características do potencializar as circunstâncias que estão
empreendimento pedagógico. Há, ou não, postas à prática. Ele desistirá e replicará
lugar na escola para uma práxis? Ou será fazeres. O sujeito professor precisa ser
que, na maioria das vezes, são, sobretudo, dialogante, crítico e reflexivo, bem como
simples práticas que nela se desenvolvem, ter consciência das intencionalidades que
ou seja, um fazer que ocupa o tempo e o presidem sua prática. Esse entendimento
espaço, visa a um efeito, produz um objeto está em par com a afirmativa de Imbert: "o
(aprendizagem, saberes) e um sujeito- movimento em direção ao saber e à
objeto (um escolar que recebe esse saber e consciência do formador não é outro senão
sofre essas aprendizagens), mas que em o movimento de apropriação de si mesmo".
nenhum momento é portador de autonomia.
Portanto, só a ação docente, realizada - As práticas pedagógicas trabalham
como prática social, pode produzir saberes, com e na historicidade; implicam tomadas
saberes disciplinares, saberes referentes a de decisões, de posições e se transformam
conteúdos e sua abrangência social, ou pelas contradições.
mesmo saberes didáticos, referentes às A questão primacial é que tais práticas
diferentes formas de gestão de conteúdos, não podem ser congeladas, reificadas e
de dinâmicas da aprendizagem, de valores e realizadas linearmente, porque são práticas
projetos de ensino. Realça-se o sentido de que se exercem na interação de sujeitos, de
saberes pedagógicos como aqueles que práticas e de intencionalidades. Enquanto o
permitem ao professor a leitura e a professor desconsiderar as especificidades
compreensão das práticas e que permitem dos processos pedagógicos e tratar a
ao sujeito colocar-se em condição de educação como produto e resultados, numa
dialogar com as circunstâncias dessa concepção ingênua da realidade, o
prática, dando-lhe possibilidade de pedagógico não irá se instalar, porque
perceber e auscultar as contradições e, nesses processos em que se pasteurizam a
assim, poder melhor articular teoria e vida e a existência não há espaço para o
prática. É possível, portanto, falar em imprevisível, o emergente, as interferências
saberes pedagógicos como saberes que culturais ou o novo.
possibilitam aos sujeitos construir As práticas pedagógicas estruturam-se
conhecimentos sobre a condução, a criação em mecanismos paralelos e divergentes de
e a transformação dessas mesmas práticas. rupturas e conservação. Enquanto diretrizes
de políticas públicas consideram a prática

34
Conhecimentos Específicos

pedagógica como mero exercício no sentido de a subjetividade construir a


reprodutor de fazeres e ações externos aos realidade, que se modifica mediante a
sujeitos, estas se perdem e muitos se interpretação coletiva. A educação permite
perguntam: por que não conseguimos sempre uma polissemia em sua função
mudar a prática? A prática não muda por semiótica, ou seja, nunca existe uma
decretos ou por imposições; ela pode mudar relação direta entre o significante
se houver o envolvimento crítico e observável e o significado. Assim, as
reflexivo dos sujeitos da prática. Sabe-se práticas pedagógicas serão, a cada
que a educação é uma prática social momento, expressão do momento e das
humana; é um processo histórico, circunstâncias atuais e sínteses provisórias
inconcluso, que emerge da dialeticidade que se organizam no processo de ensino.
entre homem, mundo, história e As situações de educação estão sempre
circunstâncias. Sendo um processo sujeitas às circunstâncias imprevistas, não
histórico, a educação não poderá ser planejadas e, dessa forma, os imprevistos
vivenciada por meio de práticas que acabam redirecionando o processo e,
desconsideram sua especificidade. Os muitas vezes, permitindo uma
sujeitos sempre apresentam resistências reconfiguração da situação educativa.
para lidar com imposições que não abrem Portanto, o trabalho pedagógico requer
espaço ao diálogo e à participação. Como espaço de ação e de análise ao não
alerta: planejado, ao imprevisto, à desordem
O conhecimento, pelo contrário, exige aparente, e isso deve pressupor a ação
uma presença curiosa do sujeito face ao coletiva, dialógica e emancipatória entre
mundo. Requer sua ação transformadora alunos e professores. Toda ação educativa
sobre a realidade. Demanda uma busca traz em seu fazer uma carga de
constante. Implica em invenção e em intencionalidade que integra e organiza sua
reinvenção. Reclama a reflexão crítica de práxis, convergindo, de maneira dinâmica e
cada um sobre o ato mesmo de conhecer, histórica, tanto as características do
pelo qual se reconhece conhecendo e, ao contexto sociocultural como as
reconhecer-se assim, percebe o "como" de necessidades e possibilidades do momento,
seu conhecer e os condicionamentos a que além das concepções teóricas e da
está submetido seu ato. consciência das ações cotidianas, num
Sabe-se que a educação, como prática amalgamar provisório que não permite que
social e histórica, transforma-se pela ação uma parte seja analisada sem referência ao
dos homens e produz transformações todo, tampouco sem este ser visto como
naqueles que dela participam. Dessa forma, síntese provisória das circunstâncias
é fundamental que o professor esteja parciais do momento.
sensibilizado a reconhecer que, ao lado das É por isso que se reafirma que práticas
características observáveis do fenômeno, pedagógicas requerem que o professor
existe um processo de transformação adentre na dinâmica e no significado da
subjetiva, que não apenas modifica as práxis, de forma a poder compreender as
representações dos envolvidos, mas produz teorias implícitas que permeiam as ações do
uma ressignificação na interpretação do coletivo de alunos. A prática precisa ser
fenômeno vivido, o que produzirá uma tecida e construída a cada momento e a cada
reorientação nas ações futuras. Por isso é circunstância, pois, como Certeau, neste
importante que o professor possa artigo acredita-se que a vida sempre escapa
compreender as transformações dos alunos, e se inventa de mil maneiras não
das práticas, das circunstâncias e, assim, autorizadas, com movimentos táticos e
possa também transformar-se em processo. estratégicos.
Destaca-se a necessidade de considerar o
caráter dialético das práticas pedagógicas,

35
Conhecimentos Específicos

Saberes para a prática educativa - pesquisa sem ensino. Hoje se fala muito no
Pedagogia da Autonomia professor pesquisador, mas isto não é uma
A questão da formação docente ao lado qualidade, pois faz parte da natureza da
da reflexão sobre a prática educativo prática docente a indagação, a busca, a
progressiva em favor da autonomia do ser pesquisa.
dos educandos é a temática que se incorpora Precisamos que o professor se perceba e
a análise de saberes fundamentais àquela se assuma como pesquisador. Pensar certo
prática e aos quais acrescente alguns que é uma exigência que os momentos do ciclo
me tenham escapado ou cuja importância gnosiológico impõem à curiosidade que,
não tenha percebido. tornando-se mais e mais
metodologicamente rigorosa, transforma-se
Não há Docência Sem Discência no que Paulo Freire chama de "curiosidade
Ensinar não é transferir conhecimentos e epistemológica". Ensinar exige respeito aos
conteúdos, nem formar é a ação pela qual saberes dos educandos. A escola deve
um sujeito criador dá forma, estilo ou alma respeitar os saberes dos educandos
a um corpo indeciso e acomodado. Não há socialmente construídos na prática
docência sem discência, as duas se comunitária - discutindo, também, com os
explicam, e seus sujeitos, apesar das alunos, a razão de ser de alguns deles em
diferenças, não se reduzem à condição de relação ao ensino dos conteúdos.
objeto um do outro. Quem ensina aprende Por que não aproveitar a experiência dos
ao ensinar e quem aprende ensina ao alunos que vivem em áreas descuidadas
aprender. Ensinar exige rigorosidade pelo poder público para discutir a poluição
metodológica. Ensinar não se esgota no dos riachos e dos córregos e os baixos
tratamento do objeto ou do conteúdo, níveis de bem-estar das populações, os
superficialmente feito, mas se alonga à lixões e os riscos que oferecem à saúde? Por
produção das condições em que aprender que não associar as disciplinas estudadas à
criticamente é possível. E estas condições realidade concreta, em que a violência é a
exigem a presença de educadores e de constante e a convivência das pessoas com
educandos criadores, investigadores, a morte é muito maior do que com a vida?
inquietos, curiosos, humildes e Ensinar exige criticidade. A superação, ao
persistentes. invés da ruptura, se dá na medida em que a
Faz parte das condições em que aprender curiosidade ingênua, associada ao saber
criticamente é possível a pressuposição, por comum, se crítica, aproximando-se de
parte dos educandos, de que o educador já forma cada vez mais metodologicamente
teve ou continua tendo experiência da rigorosa do objeto cognoscível, tornando-se
produção de saberes, e que estes, não curiosidade epistemológica.
podem ser simplesmente transferidos a eles. Muda de qualidade, mas não de essência,
Pelo contrário, nas condições de verdadeira e essa mudança não se dá automaticamente.
aprendizagem, tanto educandos quanto Essa é uma das principais tarefas do
educadores transformam-se em sujeitos do educador progressista - o desenvolvimento
processo de aprendizagem. Só assim da curiosidade crítica, insatisfeita, indócil.
podemos falar realmente de saber ensinado, Ensinar exige estética e ética. A necessária
em que o objeto ensinado é aprendido na promoção da ingenuidade à criticidade não
sua razão de ser. Percebe-se, assim, a pode ser feita sem uma rigorosa formação
importância do papel do educador, com a ética e estética. Decência e boniteza andam
certeza de que faz parte de sua tarefa de mãos dadas. Mulheres e homens, seres
docente não apenas ensinar os conteúdos, histórico-sociais, tornamo-nos capazes de
mas também ensinar a pensar certo - um comparar, de valorar, de intervir, de
professor desafiador, crítico. Ensinar exige escolher, de decidir, de romper. Por tudo
pesquisa. Não há ensino sem pesquisa e isso nós fizemos seres éticos. Só somos

36
Conhecimentos Específicos

porque estamos sendo. Estar sendo é a reflexão crítica sobre a prática. É pensando
condição, entre nós, para ser. Não é criticamente a prática de hoje ou de ontem
possível pensar os seres humanos longe da que se pode melhorar a próxima prática. O
ética. Quanto mais fora dela, maior a discurso teórico, necessário à reflexão
transgressão. Ensinar exige a crítica, tem de ser de tal modo concreto que
corporificação das palavras pelo exemplo. quase se confunda com a prática. Ensinar
Quem pensa certo está cansado de saber que exige o reconhecimento e a assunção da
palavras sem exemplo pouco ou nada identidade cultural. A questão da identidade
valem. Pensar certo é fazer certo (agir de cultural, com sua dimensão individual e da
acordo com o que pensa). classe dos educandos, cujo respeito é
Não há pensar certo fora de uma prática absolutamente fundamental na prática
testemunhal, que o rediz em lugar de educativa progressista, é problema que não
desdizê-lo. Não é possível ao professor pode ser desprezado. Tem a ver diretamente
pensar que pensa certo (de forma com a assunção de nós por nós mesmos. É
progressista), e, ao mesmo tempo, isto que o puro treinamento do professor
perguntar ao aluno se "sabe com quem está não faz, perdendo-se na estreita e
falando". Ensinar exige risco, aceitação do pragmática visão do processo.
novo e rejeição a qualquer forma de
discriminação. É próprio do pensar certo a Ensinar não é Transferir Conhecimento
disponibilidade ao risco, a aceitação do Ensinar não é transferir conhecimento,
novo que não pode ser negado ou acolhido mas criar as possibilidades para a sua
só porque é novo, assim como critério de própria construção. Quando o educador
recusa ao velho não é o cronológico. O entra em uma sala de aula, deve estar aberto
velho que preserva sua validade encarna a indagações, curiosidade e inibições dos
uma tradição ou marca uma presença no alunos: um ser crítico e inquiridor, inquieto
tempo continua novo. Faz parte igualmente em face da tarefa que tem - a de ensinar e
do pensar certo a rejeição mais decidida a não a de transferir conhecimento. Pensar
qualquer forma de discriminação. certo é uma postura exigente, difícil, às
A prática preconceituosa de raças, de vezes penosa, que temos de assumir diante
classes, de gênero ofende a substantividade dos outros e com os outros, em face do
do ser humano e nega radicalmente a mundo e dos fatos, ante nós mesmos. É
democracia. Ensinar exige reflexão crítica difícil, entre outras coisas, pela vigilância
sobre a prática. A prática docente crítica, constante que temos de exercer sobre nós
implicante do pensar certo, envolve o mesmos para evitar os simplismos, as
movimento dinâmico, dialético, entre o facilidades, as incoerências grosseiras.
fazer e o pensar sobre o fazer. É É difícil porque nem sempre temos o
fundamental que, na prática da formação valor indispensável para não permitir que a
docente, o aprendiz de educador assuma raiva que podemos ter de alguém vire
que o indispensável pensar certo não é raivosidade, gerando um pensar errado e
presente dos deuses nem se acha nos guias falso. É cansativo, por exemplo, viver a
de professores que, iluminados intelectuais, humildade, condição sine qua non do
escrevem desde o centro do poder. Pelo pensar certo, que nos faz proclamar o nosso
contrário, o pensar certo que supera o próprio equívoco, que nos faz reconhecer e
ingênuo tem de ser produzido pelo próprio anunciar a superação que sofremos. Sem
aprendiz, em comunhão com o professor rigorosidade metódica não há pensar certo.
formador. É preciso possibilitar que a Ensinar exige consciência do
curiosidade ingênua, através da reflexão inacabamento.
sobre a prática, vá tornando-se crítica. Na verdade, a inconclusão do ser é
Na formação permanente dos própria de sua experiência vital. Onde há
professores, o momento fundamental é o da

37
Conhecimentos Específicos

vida, há inconclusão, embora esta só seja educadores. Ensinar exige respeito à


consciente entre homens e mulheres. autonomia do ser educando. O professor, ao
A invenção da existência envolve desrespeitar a curiosidade do educando, o
necessariamente a linguagem, a cultura, a seu gosto estético, a sua inquietude, a sua
comunicação em níveis mais profundos e linguagem, ao ironizar o aluno, minimizá-
complexos do que ocorria e ocorre no lo, mandar que "ele se ponha em seu lugar"
domínio da vida, a espiritualização do ao mais tênue sinal de sua rebeldia legítima,
mundo, a possibilidade não só de ao se eximir do cumprimento de seu dever
embelezar, mas também de enfear o mundo; de propor limites à liberdade do aluno, ao
tudo isso inscreveria mulheres e homens se furtar do dever de ensinar, de estar
como seres éticos. Só os seres que se respeitosamente presente à experiência
tornaram éticos podem romper com a ética. formadora do educando, transgride os
É necessário insistir na problematização do princípios fundamentalmente éticos de
futuro e recusar sua inexorabilidade. nossa existência. É neste sentido que o
Ensinar exige o reconhecimento de ser professor autoritário afoga a liberdade do
condicionado "Gosto de ser gente, educando, amesquinhando o seu direito de
inacabado, sei que sou um ser ser curioso e inquieto.
condicionado, mas, consciente do Qualquer discriminação é imoral e lutar
inacabamento, sei que posso ir mais além contra ela é um dever, por mais que se
dele. Esta é a diferença profunda entre o ser reconheça a força dos condicionamentos a
condicionado e o ser determinado.... Afinal, enfrentar. A beleza de ser gente se acha,
minha presença no mundo não é a de quem entre outras coisas, nessa possibilidade e
se adapta, mas a de quem nele se insere". nesse dever de brigar. Saber que devo
E a posição de quem luta para não ser respeito à autonomia e à identidade do
apenas objeto, mas também sujeito da educando exige de mim uma prática em
história. Histórico-sócio-culturais, tudo coerente com este saber. Ensinar exige
tornamo-nos seres em quem a curiosidade, bom senso O exercício do bom senso, com
ultrapassando os limites que lhe são o qual só temos a ganhar, se faz no corpo da
peculiares no domínio vital, torna-se curiosidade. Neste sentido, quanto mais
fundante da produção do conhecimento. colocamos em prática, de forma metódica,
Mais ainda, a curiosidade é já o a nossa capacidade de indagar, de
conhecimento. Como a linguagem que comparar, de duvidar, de aferir, tanto mais
anima a curiosidade e com ela se anima, é eficazmente curiosos nós podemos tornar e
também conhecimento e não só expressão mais crítico se torna o nosso bom senso.
dele. Na verdade, seria uma contradição se, O exercício do bom senso vai superando
inacabado e consciente do inacabamento, o o que há nele de instintivo na avaliação que
ser humano não se inserisse em tal fazemos dos fatos e dos acontecimentos em
movimento. É neste sentido que, para que nos envolvemos. O meu bom senso não
mulheres e homens, estar no mundo me diz o que é, mas deixa claro que há algo
necessariamente significa estar com o que precisa ser sabido. É ele que, em
mundo e com os outros. É na inconclusão primeiro lugar, me diz não ser possível o
do ser, que se sabe como tal, que se funda a respeito aos educandos, se não se levar em
educação como processo permanente. consideração as condições em que eles vêm
Mulheres e homens se tornaram educáveis existindo, e os conhecimentos experienciais
na medida em que se reconheceram com que chegam à escola. Isto exige de
inacabados. mim uma reflexão crítica permanente sobre
O ideal é que, na experiência educativa, minha prática. O ideal é que se invente uma
educandos e educadores, juntos, forma pela qual os educandos possam
transformem este e outros saberes em participar da avaliação. E que o trabalho do
sabedoria. Algo que não é estranho a nós, professor deve ser com os alunos e não

38
Conhecimentos Específicos

consigo mesmo. O professor tem o dever de A) A existência de sujeitos


realizar sua tarefa docente. B) Um que, ensinando, aprende, e outro
Para isso, precisa de condições que, aprendendo, ensina (daí seu cunho
favoráveis, sem as quais se move menos gnosiológico);
eficazmente no espaço pedagógico. O C) A existência de objetos, conteúdos a
desrespeito a este espaço é uma ofensa aos serem ensinados e aprendidos;
educandos, aos educadores e à prática D) O uso de métodos, de técnicas, de
pedagógica. Ensinar exige humildade, materiais. Esta prática também implica, em
tolerância e luta em defesa dos direitos dos função de seu caráter diretivo, objetivos,
educadores. Como ser educador sem sonhos, utopias, ideais. Daí sua
aprender a conviver com os diferentes? politicidade, daí não ser neutra, ser artística
Como posso respeitar a curiosidade do e moral.
educando se, carente de humildade e da real
compreensão do papel da ignorância na Exige uma competência geral, um saber
busca do saber, temo revelar o meu de sua natureza e saberes especiais, ligados
desconhecimento? A luta dos professores à atividade docente. Como professor, se a
em defesa de seus direitos e de sua minha opção é progressista e sou coerente
dignidade deve ser entendida como um com ela, meu papel é contribuir para que o
momento importante de sua prática educando, seja o, artífice de sua formação.
docente, enquanto prática ética. Ainda que Devo estar atento à difícil caminhada da
a prática pedagógica seja tratada com heteronomia para a autonomia. "É assim
desprezo, não tenho por que desamá-la e que venho tentando ser professor,
aos educandos. Não tenho por que exercê- assumindo minhas convicções, disponível
la mal. Minha resposta à ofensa à educação ao saber, sensível à boniteza da prática
é a luta política consciente, crítica e educativa, instigado por seus desafios..."
organizada dos professores. Ensinar exige alegria e esperança.
Os órgãos de classe deveriam priorizar o O meu envolvimento com a prática
empenho de formação permanente dos educativa jamais deixou de ser feito com
quadros do magistério como tarefa alegria, o que não significa dizer que tenha
altamente política, e reinventar a forma de podido criá-la nos educandos. Parece-me
lutar. Ensinar exige apreensão da realidade. uma contradição que uma pessoa que não
Como professor, preciso conhecer as teme a novidade, que se sente mal com as
diferentes dimensões que caracterizam a injustiças, que se ofende com as
essência da minha prática. O melhor ponto discriminações, que luta contra a
de partida para estas reflexões é a impunidade, que recusa o fatalismo cínico e
inconclusão do ser humano. Aí radica a imobilizante não seja criticamente
nossa educabilidade, bem como a nossa esperançosa. Ensinar exige a convicção de
inserção num permanente movimento de que a mudança é possível.
busca. A nossa capacidade de aprender, de A realidade não é inexoravelmente esta
que decorre a de ensinar, implica a nossa e, está agora, e para que seja outra,
habilidade de apreender a substantividade precisamos lutar, viver a história como
de um objeto. Somos os únicos seres que, tempo de possibilidade, e não de
social e historicamente, nos tornamos determinação. O amanhã não é algo já
capazes de aprender. estabelecido, mas um desafio. Não posso,
Por isso aprender é uma aventura por isso, cruzar os braços. Esse é, aliás, um
criadora, muito mais rica do que meramente dos saberes primeiros, indispensáveis a
repetir a lição dada. Aprender é construir, quem pretende que sua presença se torne
reconstruir, constatar para mudar, o que não convivência. O mundo não é. O mundo está
se faz sem abertura ao risco e à aventura do sendo. O meu papel no mundo não é só o de
espírito. Toda prática educativa demanda: quem constata o que ocorre, mas também o

39
Conhecimentos Específicos

de quem intervém como sujeito de as liberdades, com que discute suas próprias
ocorrências. posições, com que aceita rever-se. Ensinar
Constato, não para me adaptar, mas para exige segurança, competência profissional
mudar. No fundo, as resistências orgânicas e generosidade - A segurança com que a
e culturais são manhas necessárias à autoridade docente se move implica uma
sobrevivência física e cultural dos outra, fundada na sua competência
oprimidos. É preciso, porém, que tenhamos profissional.
na resistência fundamentos para a nossa Nenhuma autoridade docente se exerce
rebeldia e não para a nossa resignação em ausente desta competência. O professor que
face das ofensas. Não é na resignação que não leva a sério sua formação, que não
nos afirmamos, mas na rebeldia em face das estuda, que não se esforça para estar à altura
injustiças. A rebeldia é ponto de partida, é de sua tarefa não tem força moral para
deflagração da justa ira, mas não é coordenar as atividades de sua classe. A
suficiente. incompetência profissional desqualifica a
A rebeldia, enquanto denúncia, precisa autoridade do professor. Outra qualidade
se alongar até uma posição mais radical e indispensável à autoridade, em suas
crítica, a revolucionária, fundamentalmente relações com a liberdade, é a generosidade.
anunciadora. Mudar é difícil, mas é Não há nada que inferiorize mais a tarefa
possível. Ensinar exige curiosidade. Como formadora da autoridade do que a
professor, devo saber que, sem a mesquinhez, a arrogância ao julgar os
curiosidade que me move, não aprendo nem outros e a indulgência ao se julgar, ou aos
ensino. A construção do conhecimento seus.
implica o exercício da curiosidade, o A arrogância que nega a generosidade
estímulo à pergunta, a reflexão crítica sobre nega também a humildade. O clima de
a própria pergunta. respeito que nasce de relações justas, sérias,
O fundamental é que professor e alunos humildes, generosas, em que a autoridade
saibam que a postura deles é dialógica, docente e as liberdades dos alunos se
aberta, curiosa, indagadora e não assumem eticamente, autentica o caráter
apassivada. A dialogicidade, no entanto, formador do espaço pedagógico. A
não nega a validade de momentos autoridade, coerentemente democrática,
explicativos, narrativos. O bom professor está convicta de que a disciplina verdadeira
faz da aula um desafio. Seus alunos cansam, não existe na estagnação, no silêncio dos
não dormem. Um dos saberes fundamentais silenciados, mas no alvoroço dos inquietos,
à prática educativo-crítica é o que me na dúvida que instiga, na esperança que
adverte da necessária promoção da desperta. Um esforço sempre presente à
curiosidade espontânea para a curiosidade prática da autoridade coerentemente
epistemológica. Resultado do equilíbrio democrática é o que a torna quase escrava
entre autoridade e liberdade, a disciplina de um sonho fundamental - o de persuadir
implica o respeito de uma pela outra, ou convencer a liberdade para a construção
expresso na assunção que ambas fazem de da própria autonomia, ainda que
limites que não podem ser transgredidos. reelaborando materiais vindos de fora de
si.
Ensinar é uma Especificidade É com a autonomia, penosamente
Humana construída e fundada na responsabilidade,
Creio que uma das qualidades essenciais que a liberdade vai preenchendo o espaço
que a autoridade docente democrática deve antes habitado pela dependência. O
revelar em suas relações com as liberdades fundamental no aprendizado do conteúdo é
dos alunos é a segurança em si mesma. É a a construção da responsabilidade da
segurança que se expressa na firmeza com liberdade que se assume. O essencial nas
que atua, com que decide, com que respeita relações entre autoridade e liberdade é a

40
Conhecimentos Específicos

reinvenção do ser humano no aprendizado sociais, históricos, de classe, de gênero, que


de sua autonomia. Nunca me foi possível nos marcam e a que nos achamos referidos.
separar dois momentos - o ensino dos Continuo aberto à advertência de Marx, a da
conteúdos da formação ética dos necessária radicalidade, que me faz sempre
educandos. O saber desta impossibilidade é desperto a tudo o que diz respeito à defesa
fundamental à prática docente. dos interesses humanos. Interesses
Quanto mais penso sobre a prática superiores aos de grupos ou de classes de
educativa, reconhecendo a pessoas. Não posso ser professor se não
responsabilidade que ela exige de nós, mais percebo cada vez melhor que, por não poder
me convenço do nosso dever de lutar para ser neutra, minha prática exige de mim uma
que ela seja realmente respeitada: Ensinar definição, uma tomada de posição, uma
exige comprometimento. Não posso ser ruptura. Exige que eu escolha entre isto e
professor sem me pôr diante dos alunos, aquilo.
sem revelar com facilidade ou relutância Não posso ser professor a favor de quem
minha maneira de ser, de pensar quer que seja e a favor de não importa o
politicamente. Não posso escapar à quê. Não posso ser professor a favor
apreciação dos alunos. E a maneira como simplesmente da Humanidade, frase de
eles me percebem tem importância capital uma qualidade demasiado contrastante com
para o meu desempenho. Daí, então, que a concretude da prática educativa. Sou
uma de minhas preocupações centrais deva professor a favor da decência contra o
ser a de procurar a aproximação cada vez despudor, a favor da liberdade contra o
maior entre o que digo e o que faço, entre o autoritarismo, da autoridade contra a
que pareço ser e o que realmente estou licenciosidade, da democracia contra a
sendo. Isto aumenta em mim os cuidados ditadura. Sou professor a favor da luta
com o meu desempenho. constante contra qualquer forma de
Se a minha opção é democrática, discriminação, contra a dominação
progressista, não posso ter uma prática econômica dos indivíduos ou das classes
reacionária, autoritária, elitista. Minha sociais, contra a ordem vigente que
presença de professor é, em si, política. inventou a aberração da miséria na fartura.
Enquanto presença, não posso ser uma Sou professor a favor da esperança que
omissão, mas um sujeito de opções. Devo me anima, apesar de tudo. Contra o
revelar aos alunos a minha capacidade de desengano que consome e imobiliza e a
analisar, de decidir, de optar e de romper, favor da boniteza de minha própria prática.
minha capacidade de fazer justiça, de não Tão importante quanto o ensino dos
falhar à verdade. Ético, por isso mesmo, conteúdos é a minha coerência na classe. A
tem que ser o meu testemunho. Ensinar coerência entre o que digo, o que escrevo e
exige compreender que a educação é uma o que faço. Ensinar exige liberdade e
forma de intervenção no mundo. Outro autoridade. O problema que se coloca para
saber de que 'não posso duvidar na minha o educador democrático é como trabalhar
prática educativo-crítica é que, como no sentido de fazer possível que a
experiência especificamente humana, a necessidade do limite seja assumida
educação é uma forma de intervenção no eticamente pela liberdade. Sem os limites, a
mundo. Intervenção esta que, além do liberdade se perverte em licença e a
conhecimento dos conteúdos, bem ou mal autoridade em autoritarismo. Por outro
ensinados e/ou aprendidos, implica tanto o lado, faz parte do aprendizado a assunção
esforço da reprodução da ideologia das consequências do ato de decidir.
dominante quanto o seu desmascaramento. Não há decisão que não seja seguida de
Nem somos seres simplesmente efeitos esperados, pouco esperados ou
determinados nem tampouco livres de inesperados. Por isso a decisão é um
condicionamentos genéticos, culturais, processo responsável. É decidindo que se

41
Conhecimentos Específicos

aprende a decidir. Não posso aprender a ser Se, na verdade, o sonho que nos anima é
eu mesmo se não decido nunca, porque há democrático e solidário, não é falando aos
sempre a sabedoria e a sensatez de meu pai outros, de cima para baixo, sobretudo,
e de minha mãe a decidir por mim. como se fôssemos os portadores da
Ninguém é autônomo primeiro para depois Verdade a ser transmitida aos demais, que
decidir. A autonomia vai se construindo na aprendemos a escutar, mas é escutando que
experiência. Ninguém é sujeito da aprendemos & falar com eles. Os sistemas
autonomia de ninguém. Por outro lado, de avaliação pedagógica de alunos e de
ninguém amadurece de repente. A gente vai professores vêm se assumindo cada vez
amadurecendo todo dia, ou não. A mais como discursos verticais, de cima para
autonomia é um processo, não ocorre em baixo, mas insistindo em passar por
data marcada. É neste sentido que uma democráticos. A questão que se coloca a
pedagogia da autonomia tem de estar nós é lutar em favor da compreensão e da
centrada em experiências estimuladoras da prática da avaliação, enquanto instrumento
decisão e da responsabilidade, ou seja, que de apreciação do que fazer, de sujeitos
respeitam a liberdade. Ensinar exige críticos a serviço, por isso mesmo, da
tomada consciente de decisões. Voltemos à libertação e não da domesticação.
questão central desta parte do texto - a Avaliação em que se estimule o falar a
educação, especificidade humana, como como caminho para o falar com. Quem tem
um ato de intervenção no mundo. o que dizer, tem igualmente o direito e o
Quando falo em educação como dever de dizê-lo. É preciso, porém, que o
intervenção me refiro tanto a que aspira a sujeito saiba não ser o único a ter algo a
mudanças radicais na sociedade, no campo dizer. Mais ainda, que esse algo, por mais
da economia, das relações humanas, da importante que seja, não é a verdade
propriedade, do direito ao trabalho, à terra, alvissareira por todos esperada.
à educação, à saúde, quanto a que, Por isso é que acrescento, quem tem o
reacionariamente, pretende imobilizar a que dizer deve assumir o dever de motivar,
História e manter a ordem injusta. E que de desafiar quem escuta, para que este diga,
dizer de educadores que se dizem fale, responda. É preciso enfatizar - ensinar
progressistas, mas de prática pedagógica- não é transferir a inteligência do objeto ao
política eminentemente autoritária? A raiz educando, mas instigá-lo no sentido de que,
mais profunda da politicidade da educação como sujeito cognoscente, torne-se capaz
se acha na educabilidade do ser humano, de inteligir e comunicar o inteligido. É
que se funda em sua natureza inacabada e neste sentido que se impõe a mim escutar o
da qual se tornou consciente. Inacabado e educando em suas dúvidas, em seus receios,
consciente disso, necessariamente o ser em sua incompetência provisória. E ao
humano se faria um ser ético, um ser de escutá-lo, aprendo a falar com ele. Aceitar
opção, de decisão. Um ser ligado a e respeitar a diferença é uma das virtudes
interesses e em relação aos quais tanto pode sem a qual a escuta não pode acontecer.
manter-se fiel à ética quanto pode Tarefa essencial da escola, como centro de
transgredi-la. Se a educação não pode tudo, produção sistemática de conhecimento, é
pode alguma coisa fundamental. Se a trabalhar criticamente a i das coisas e dos
educação não é a chave das mudanças, não fatos e a sua comunicabilidade. Ensinar
é também simplesmente reprodutora da exige reconhecer que a educação é
ideologia dominante. ideológica Saber igualmente fundamental à
O que quero dizer é que a educação nem prática educativa do professor é o que diz
é uma força imbatível a serviço da respeito à força, às vezes, maior do que
transformação da sociedade nem tampouco pensamos da ideologia. É o que nos adverte
é a perpetuação do status quo. de suas manhas, das armadilhas em que nos
faz cair.

42
Conhecimentos Específicos

A ideologia tem a ver diretamente com a sua imobilização. Debater o que se diz e o
ocultação da verdade dos fatos, com o uso que se mostra e como se mostra na televisão
da linguagem para penumbrar ou opacizar a me parece algo cada vez mais importante.
realidade, ao mesmo tempo em que nos Como educadores progressistas não
torna míopes. No exercício crítico de minha apenas não podemos desconhecer a
resistência ao poder da ideologia, vou televisão, mas devemos usá-la, sobretudo,
gerando certas qualidades que vão virando discuti-la. Não podemos nos pôr diante de
sabedoria indispensável à minha prática um aparelho de televisão entregues ou
docente. A necessidade desta resistência disponíveis ao que vier. Ensinar exige
crítica, por exemplo, me predispõe, de um querer bem aos educandos. O que dizer e o
lado, a uma atitude sempre aberta aos que esperar de mim, se, como professor,
demais, aos dados da realidade; de outro, a não me acho tomado por este outro saber, o
uma desconfiança metódica que me de que preciso estar aberto ao gosto de
defende de tornar-me absolutamente certo querer bem, às vezes, à coragem de querer
das certezas. Para me resguardar das bem aos educandos e à própria prática
artimanhas da ideologia não posso nem educativa de que participo. Na verdade,
devo me fechar aos outros, nem tampouco preciso descartar como falsa a separação
me enclausurar no ciclo de minha verdade. radical entre seriedade docente e
Pelo contrário, o melhor caminho para afetividade. A afetividade não se acha
guardar viva e desperta a minha capacidade excluída da cognoscibilidade.
de pensar certo, de ver com acuidade, de O que não posso, obviamente, permitir é
ouvir com respeito, por isso de forma que minha afetividade interfira no
exigente, é me deixar exposto às diferenças, cumprimento ético de meu dever de
é recusar posições dogmáticas, em que me professor no exercício de minha autoridade.
admita como dono da verdade. Não posso condicionar a avaliação do
Ensinar exige disponibilidade para o trabalho escolar de um aluno ao maior ou
diálogo nas minhas relações com os outros, menor bem querer que tenha por ele. É
que não fizeram necessariamente as preciso, por outro lado, reinsistir em que
mesmas opções que fiz, no nível da política, não se pense que a prática educativa vivida
da ética, da estética, da pedagogia, nem com afetividade e alegria prescinda da
posso partir do pressuposto que devo formação científica séria e da clareza
conquistá-los, não importa a que custo, nem política dos educadores. Nunca idealizei a
tampouco temer que pretendam conquistar- prática educativa. Em tempo algum a vi
me. É no respeito às diferenças entre mim e como algo que, pelo menos, parecesse com
eles, na coerência entre o que faço e o que um que fazer de anjos. Jamais foi fraca em
digo, que me encontro com eles. O sujeito mim a certeza de que vale a pena lutar
que se abre ao mundo e aos outros inaugura, contra os descaminhos que nos
com seu gesto, a relação dialógica em que obstaculizam de ser mais.
se confirma como inquietação e Como prática estritamente humana,
curiosidade, como inconclusão em jamais pude entender a educação como uma
permanente movimento na história. Como experiência fria, sem alma, em que os
ensinar, como formar sem estar aberto ao sentimentos e as emoções, os desejos e os
contorno geográfico, social, dos sonhos devessem ser reprimidos por uma
educandos? Com relação a meus alunos, espécie de ditadura racionalista. Jamais
diminuo a distância que me separa de suas compreendi a prática educativa como uma
condições negativas de vida na medida em experiência a que faltasse o rigor em que se
que os ajudo a aprender não importa que gera a necessária disciplina intelectual.
saber, o do torneio ou do cirurgião, com Estou convencido de que a rigorosidade, a
vistas à mudança do mundo, à superação séria disciplina intelectual, o exercício da
das estruturas injustas, jamais com vistas à curiosidade epistemológica não me faz

43
Conhecimentos Específicos

necessariamente um ser mal-amado, como me percebam me ajuda ou desajuda


arrogante, cheio de mim mesmo. Nem a no cumprimento de minha tarefa de
arrogância é sinal de competência nem a professor, aumenta em mim os cuidados
competência é causa de arrogância. Certos com meu desempenho. Se a minha opção é
arrogantes, pela simplicidade, se fariam democrática, progressista, não posso ter
gente melhor. uma prática reacionária, autoritária, elitista.
Não posso discriminar o aluno em nome de
Exigências do Ensinar nenhum motivo.
Ensinar Exige Segurança, Competência Devo revelar aos alunos a minha
Profissional e Generosidade capacidade de analisar, de comparar, a
O professor que não leve a sério sua avaliar, de decidir, de optar, de romper.
formação, que não estuda, que não se Minha capacidade de fazer justiça, de não
esforce para estar à altura de sua tarefa não falhar à verdade. Ético, por isso mesmo,
tem força moral para coordenar as tem que ser o meu testemunho.
atividades de sua classe. Há professoras
cientificamente preparados, mas Ensinar exige compreender que a
autoritários a toda prova. O que quero dizer Educação é uma Forma de Intervenção no
é que a incompetência profissional Mundo
desqualifica a autoridade do professor. Outro saber de que não posso duvidar
Outra qualidade indispensável à um momento sequer na minha prática
autoridade em suas relações com as educativo-crítica é o de que, como
liberdades é a generosidade, pois a experiência especificamente humana, a
arrogância que nega a generosidade nega educação é uma forma de intervenção no
também a humildade. A autoridade docente mundo.
autoritária, rígida, não conta com nenhuma Continuo bem aberto à advertência de
criatividade do educando. Não faz parte de Marx, a da necessária radicalidade que me
sua forma de ser, esperar, sequer, que o faz sempre desperto a tudo o que diz
educando revele o gosto de aventurar-se. respeito à defesa dos interesses humanos.
O educando que exercita sua liberdade Interesses superiores aos de puros grupos
ficará tão mais livre quanto mais eticamente ou de classes de gente.
vá assumindo a responsabilidade de suas Não posso ser professor se não percebo
ações. Decidir é romper e, para isso, preciso cada vez melhor que, por não poder ser
correr o risco. neutra, minha prática exige de mim uma
Assim, me movo como educador definição. (...). Sou professor a favor da
porque, primeiro, me movo como gente. decência contra o despudor, a favor da
Ensinar e, enquanto ensino, testemunhar liberdade contra o autoritarismo, da
aos alunos o quanto me é fundamental autoridade contra a licenciosidade, da
respeitá-los e respeitar-me são tarefas que democracia contra a ditadura de direita ou
jamais dicotomizei. Como professor, tanto de esquerda. Sou professor a favor da luta
lido com minha liberdade quanto com constante contra qualquer forma de
minha autoridade em exercício, mas discriminação, contra a dominação
também diretamente com a liberdade dos econômica dos indivíduos ou das classes
educandos, que devo respeitar, e com a sociais. Sou professor contra a ordem
criação de sua autonomia bem como com os capitalista vigente que inventou esta
anseios de construção da autoridade dos aberração: a miséria na fartura. Sou
educandos. professor a favor da esperança que me
anima apesar de tudo. Sou professor contra
Ensinar exige Comprometimento o desengano que me consome e imobiliza.
Saber que não posso passar Sou professor a favor da boniteza de minha
despercebido pelos alunos, e que a maneira própria prática, boniteza que dela some se

44
Conhecimentos Específicos

não cuido do saber que devo ensinar, se não educadores não importa de que escola,
brigo por este saber, se não luto pelas particular ou pública. É por isto que devo
condições materiais necessárias sem as lutar sem cansaço. Lutar pelo direito que
quais meu corpo, descuidado, corre o risco tenho de ser respeitado e pelo dever que
de se amofinar e de já não ser o testemunho tenho de reagir a que me destratem. Lutar
que deve ser de lutador pertinaz, que cansa, pelo direito que você, que me lê, professora
mas não desiste. Boniteza que se esvai de ou aluna, tem de ser você mesma e nunca,
minha prática se, cheio de mim mesmo, jamais, lutar por essa coisa impossível,
arrogante e desdenhoso dos alunos, não acinzentada e insossa que é a neutralidade.
canso de me admirar. O educador e a educadora críticos não
podem pensar que, a partir do curso que
Ensinar Exige Liberdade e Autoridade coordenam ou do seminário que lideram,
O que sempre deliberadamente recusei, podem transformar o país. Mas podem
em nome do próprio respeito à liberdade, demonstrar que é possível mudar. E isto
foi sua distorção em licenciosidade. O que reforça nele ou nela a importância de sua
sempre procurei foi viver em plenitude a tarefa político pedagógica.
relação tensa, contraditória e não mecânica,
entre autoridade e liberdade, no sentido de Ensinar Exige Saber Escutar
assegurar o respeito entre ambas, cuja Sempre recusei os fatalismos. Prefiro a
ruptura provoca a hipertrofia de uma ou de rebeldia que me confirma como gente e que
outra. jamais deixou de provar que o ser humano
A posição mais difícil, é maior do que mecanismos que o
indiscutivelmente correta, é a democrata, minimizam.
coerente com seu sonho solidário e Os sistemas de avaliação pedagógica de
igualitário. alunos e de professores vêm se assumindo
cada vez mais como discursos verticais, de
Ensinar Exige Tomada Consciente de cima para baixo, mais insistindo em passar
Decisões por democráticos. A questão que se coloca
Voltemos à questão central que venho a nós, enquanto professores e alunos
discutindo nesta parte do texto: a educação, críticos e amorosos da liberdade, não é,
especificidade humana, como um ato de naturalmente, ficar contra a avaliação, de
intervenção não está sendo usado com resto necessária, mas resistir aos métodos
nenhuma restrição semântica. Quando falo silenciadores com que ela vem sendo às
em educação como intervenção me refiro vezes realizada. A questão que se coloca a
tanto à que aspira a mudanças radicais na nós é lutar em favor da compreensão e da
sociedade, no campo da economia, das prática da avaliação enquanto instrumento
relações humanas, da propriedade, do de apreciação do que fazer de sujeitos
direito ao trabalho, à terra, à educação, à críticos a serviço, por isso mesmo, da
saúde, quanto à que, pelo contrário, libertação e não da domesticação.
reacionariamente pretende imobilizar a Por isso é que, acrescento, quem tem o
História e manter a ordem injusta. que dizer deve assumir o dever de motivar,
A educação não vira política por causa de desafiar quem escuta, no sentido de que,
da decisão deste ou daquele educador. Ela é quem escuta diga, fale, responda. É
política. O que devo pretender não é a intolerável o direito que se dá a si mesmo o
neutralidade da educação, mas a respeito, a educador autoritário de comportar-se como
toda prova, aos educandos, aos educadores proprietário da verdade.
e às educadoras. O respeito aos educadores Que me seja perdoada a reiteração, mas
e educadoras por parte da administração é preciso enfatizar, mais uma vez: ensinar
pública ou privada das escolas; o respeito não é transferir a inteligência do objeto ao
aos educandos assumido e praticado pelos educando, mas instigá-lo no sentido de que,

45
Conhecimentos Específicos

como sujeito cognoscente, se torne capaz de “Esse sujeito é um bom cara. É nordestino,
inteligir e comunicar o inteligido. É nesse mas é sério e prestimoso”.
“Você sabe com quem está falando?”
sentido que se impõe a mim escutar o “Que vergonha, homem se casar com
educando em suas dúvidas, em seus receios, homem, mulher se casar com mulher.”
em sua incompetência provisória. E ao “É isso, você vai se meter com gentinha, é o
escutá-lo, aprendo a falar com ele. que dá.”
“Quando negro não suja na entrada, suja na
saída.”
Ensinar Exige Reconhecer que a “O governo tem que investir mesmo é nas
Educação é Ideológica áreas onde mora gente que paga imposto.”
Há um século e meio Marx e Engels “Você não precisa pensar. Vote em fulano,
gritavam em favor da união das classes que pensa por você.”
trabalhadoras do mundo contra sua “Você, desempregado, seja grato. Vote em
quem ajudou você. Vote em fulano de tal.”
espoliação. Agora, necessária e urgente se “Está se vendo, pela cara, que se trata de
fazem a união e a rebelião das gentes contra gente fina, de trato, que tomou chá em pequeno
a ameaça que nos atinge, a dos à "fereza" da e não de um pé-rapado qualquer.”
ética do mercado. “O professor falou sobre a Inconfidência
Prefiro ser criticado como idealista e Mineira.”
“O Brasil foi descoberto por Cabral.”
sonhador inveterado por continuar, sem
relutar, a aposta no ser humano, a me bater
Assim, o melhor caminho para guardar
por uma legislação que o defenda contra as
viva e desperta a minha capacidade de
arrancadas agressivas e injustas de que
pensar certo, de ver com acuidade, de ouvir
transgride a própria ética.
com respeito, por isso de forma exigente, é
É exatamente por causa de tudo isso que
me deixar exposto às diferenças, é recusar
como professor, devo estar advertido do
posições dogmáticas, em que me admita
poder do discurso ideológico, começando
como proprietário da verdade.
pelo que proclama a morte das ideologias.
Na verdade, só ideologicamente posso
Ensinar Exige Disponibilidade Para o
matar as ideologias, mas é possível que não
Diálogo
perceba a natureza ideológica do discurso
Dessa forma, como professor não se
que fala de sua morte. No fundo, a ideologia
deve poupar oportunidades para
tem um poder de persuasão indiscutível. O
testemunhar aos alunos a segurança com
discurso ideológico nos ameaça de
que me comporto ao discutir um tema, ao
anestesiar a mente, de confundir, das coisas,
analisar um fato, ao expor minha posição
dos acontecimentos.
em face de uma decisão governamental, o
Não podemos escutar, sem um mínimo
mundo encurta, o tempo se dilui: o ontem
de reação crítica, discursos como estes:
“O negro é geneticamente inferior ao
vira agora; o amanhã já está feito. Tudo
branco. É uma pena, mas é isso o que a ciência muito rápido. Debater o que se diz e o que
nos diz.” se mostra e como se mostra na televisão me
“Em defesa de sua honra, o marido matou a parece algo cada vez mais importante.
mulher.” E como educadores e educadoras
“Que poderíamos esperar deles, uns
baderneiros, invasores de terra?”
progressistas não apenas não podemos
“Essa gente é sempre assim: damos-lhe os desconhecer a televisão mas devemos usá-
pés e logo quer as mãos.” la, sobretudo, discuti-la.
“Nós já sabemos o que o povo quer e do que O poder dominante, entre muitas, leva
precisa. Perguntar-lhe seria uma perda de mais uma vantagem sobre nós. É que, para
tempo.”
“O saber erudito a ser entregue às massas
enfrentar o ardil ideológico de que se acha
incultas é a sua salvação.” envolvida a sua mensagem na mídia, seja
“Maria é negra, mas é bondosa e nos noticiários, nos comentários aos
competente.” acontecimentos ou na linha de certos

46
Conhecimentos Específicos

programas, para não falar na propaganda e as outras espécies animais dá-se em


comercial, nossa mente ou nossa decorrência do trabalho.
curiosidade teria de funcionar Enquanto as outras espécies se adaptam
epistemologicamente todo o tempo. E isso a realidade satisfazendo suas necessidades,
não é fácil. o homem modifica a realidade pelo
trabalho, transformando-a para atender suas
Ensinar Exige Querer Bem aos necessidades que se vão complexificando
Educandos na medida do desenvolvimento de sua
A afetividade não se acha excluída da realidade. O trabalho, portanto, atividade
cognoscibilidade. O que não posso essencialmente humana, e o que caracteriza
obviamente permitir é que minha a natureza humana, construindo-a histórica
afetividade interfira no cumprimento ético e socialmente.
de meu dever de professor no exercício de E a atividade consciente, com finalidade
minha autoridade. Não posso condicionar a e intencionalidade de satisfação de suas
avaliação do trabalho escolar de um aluno necessidades, que o torna um ser
ao maior ou menor bem querer que tenha humanizado.
por ele. Concordando com Engels:
Assim, a alegria não chega apenas no “Os animais só podem utilizar a natureza e
encontro do achado mas faz parte do modifica-la apenas porque nela estão presentes.
Já o homem modifica a natureza e a obriga a
processo da busca. E ensinar e aprender não servi-lo, ou melhor: Domina-a. Analisando mais
podem dar-se fora da procura, fora da profundamente, não há dúvida de que a
boniteza e da alegria. diferença fundamental entre os homens e os
Dessa forma a rigosidade, a séria outros animais está na forca do trabalho”.
disciplina intelectual, o exercício da
curiosidade epistemológica não me faz O trabalho humano pode ser material ou
necessariamente um ser mal-amado, não material. No caso do trabalho material,
arrogante, cheio de mim mesmo. Ou, em sua produção é a garantia de subsistência, e
outras palavras, não é a minha arrogância a produção de objetos tendo o homem como
intelectual a que fala de minha rigorosidade sujeito. Já a produção não material se
científica. Nem a arrogância é sinal de caracteriza pelo trabalho produtor de ideias,
competência nem a competência é causa de valores, símbolos, conceitos, habilidades.
arrogância. Não nego a competência, por A educação e trabalho não material: não
outro lado, de certos arrogantes, mas produz resultados físicos (objetos) e seu
lamento neles a ausência de simplicidade produto não se separa nem de seu produtor,
que, não diminuindo em nada seu saber, os nem de seu consumidor. Significa dizer,
faria gente melhor. Gente mais gente. portanto, que a educação depende do
educador (produtor) para a consecução do
Fundamentos da Pedagogia Histórico- seu objetivo (produção) e não se realiza sem
crítica: O Homem e o Trabalho a presença ativa do seu consumidor
Para entender as implicações e as (educando).
possibilidades de um projeto educativo As duas categorias de trabalho (material
comprometido com a mudança da e não material) estão intimamente
sociedade, e preciso ter uma visão de ser relacionadas, pois o homem planeja,
humano e sua relação com o trabalho. antecipa mentalmente sua ação sobre o
O homem como espécie e um ser natural, objeto e, portanto, para a realização do
isto e, e um ser composto biologicamente, trabalho material, o homem realiza um
mas que não está acabado, pois sua trabalho não material.
constituição depende das suas relações No momento em que o modo de
sociais. A diferença entre a espécie humana produção capitalista inverte a posição do
homem em relação ao trabalho, ou seja, o

47
Conhecimentos Específicos

homem deixa de ser sujeito e passa a ser conteúdos e formas de assimilação dos
objeto, o trabalho se torna fragmentado e conhecimentos historicamente construídos.
perde seu sentido humanizado. Estão Consequentemente, significa contribuir
criadas as condições para o processo de para o projeto neoliberal que impede a ação
alienação. dos homens na realidade concreta.
A separação entre trabalhador e o Estas novas referências, apresentadas
produto de seu trabalho, ou seja, a divisão por discursos bastante sedutores, sobre
social do trabalho determina a alienação, valorização da pessoa e sua subjetividade,
pois torna o trabalho algo empobrecido e sobre a importância dos conhecimentos
que não enriquece o desenvolvimento adquiridos experiencial mente, sobre a
humano. Portanto, divisão social do criatividade da atividade docente, sobre a
trabalho significa colocar o homem como articulação entre aprendizagem e cotidiano,
mercadoria: sua produção representa seu representam, outrossim, estratégias para o
valor e seu valor só e considerado quando mais absoluto esvaziamento do trabalho
contribui para a acumulação do capital. educacional.
Segundo Marx: “O ser alheio ao qual Os professores já não mais precisarão
pertence o trabalho e o produto do trabalho, aprender o conhecimento historicamente
a serviço do qual está o trabalho e para cuja acumulado, pois já não mais precisarão
fruição está o produto do trabalho, só pode ensina-lo aos seus alunos, e ambos,
ser o homem mesmo. Se o produto do professores e alunos, cada vez mais
trabalho não pertence ao trabalhador, um empobrecidos de conhecimentos pelos
poder alheio estando frente a ele, então isto quais possam compreender e intervir na
só e possível pôr o produto do trabalho realidade, com maior facilidade, adaptar-
pertencer a um outro homem fora do se-ão a ela pela primazia da alienação.
trabalhador. Se a sua atividade lhe e
tormento, então tem que ser fruição a um Alienação docente: Implicações na
outro e a alegria de viver de um outro. Não Construção do Conhecimento
os deuses, não a natureza, só o homem E preciso não perder de vista que a
mesmo pode ser este poder alheio sobre os educação, apesar de sua fundamental
homens”. importância na conscientização das massas,
A sociedade capitalista tem colocado a não é redentora da humanidade, pois
escola como mecanismo que adapta seus pertence a um sistema de instituições
sujeitos a sociedade na qual estão inseridos. sociais, sendo necessário considerar que
Sendo assim, na sociedade capitalista a todos os fatores sociais agem (ou deveriam
escola tem a função social de manutenção agir) dialeticamente.
do sistema por meio das ideias e dos Para refletir sobre a atuação do
interesses da classe dominante, professor, e preciso considerar as condições
ocasionando o esvaziamento dos conteúdos concretas de realização de seu trabalho,
adequados e necessários a humanização e pois a idealização deve servir-nos como
de métodos igualmente adequados a aquilo que buscamos, mas deve ser pensada
apropriação da humanidade social e a partir daquilo que vivemos.
historicamente construída. Essa escola do Os esforços em manter o trabalho
capitalismo abre portas a todo tipo de pedagógico num ideário que desvaloriza o
organização não escolar, enfatiza a caráter político da educação imergem o
experiência e valoriza, por conseguinte o professor em práticas que, traduzindo sua
indivíduo particular e sua subjetividade. alienação particular, a reproduzem em seus
Se por um lado a história de vida é educandos partindo de práticas valorativas
fundamental na formação do sujeito em sua do cotidiano e que impedem a reflexão
totalidade, por outro lado a secundarizarão crítica e transformadora.
da educação escolar representa minimizar

48
Conhecimentos Específicos

E preciso compreender está imersão estabelecer um novo padrão de acumulação


acrítica em seu contexto histórico. A partir quanto para definir as formas concretas de
do final da década de 1980, aumentou a integração dentro da nova reorganização da
demanda pela escola, mas sua qualidade economia mundial.
não acompanhou o número de vagas
oferecidas, o que fez que os alunos Escola: Que espaço é esse?
provenientes de melhores condições A escola é uma instituição social, cujo
financeiras migrassem para as escolas papel especifico consiste em propiciar o
privadas; o professor teve sua formação acesso ao conhecimento sistematizado
esvaziada, deixando de ser valorizado daquilo que a humanidade já produziu e que
socialmente, os salários tiveram queda são necessárias as novas gerações para
vertiginosa, o que também contribuiu para possibilitar que avancem a partir do que já
a minimização do status do professor. Além foi construído historicamente.
disso, a culpabilizacao do professor pelos A escola pode tornar-se espaço de
males da escola coloca o educador em reprodução da sociedade capitalista ou pode
condição de ser necessário ou contribuir na transformação da sociedade
desnecessário, tanto para a classe dependendo do nível de participação nas
dominante como para a classe trabalhadora, decisões que os envolvidos têm (pais,
dependendo do projeto com o qual está alunos, professores), da maneira como os
comprometido. Esse comprometimento, conteúdos são selecionados (sua relevância
por sua vez, depende do nível de e caráter humanizado), da forma como são
consciência profissional do docente em discutidos, apresentados e inseridos no
relação ao seu poder de transformação na planejamento e como são ensinados. O
pratica pedagógica. professor e, portanto, peça-chave nessa
A crise das instituições educacionais é organização e sistematização do
uma crise da totalidade dos processos dos conhecimento.
quais a educação formal e apenas uma Nas diferentes teorias educacionais,
parte. A questão central da atual encontra-se a visão de escola, professor e
contestação das instituições educacionais aluno que norteia cada uma delas e
não são simplesmente o tamanho das consequentemente e possível reconhecer
classes, a inadequação das instalações de nesses modelos a manutenção do status quo
pesquisas, mas a razão de ser da própria ou a luta para fazer da escola um espaço
educação. democrático e contribuinte para as
A educação, portanto, está diretamente transformações da sociedade.
relacionada a organização social em suas
múltiplas relações. Daí decorrem os Teorias Não Críticas
interesses políticos e econômicos em Na sociedade capitalista, a educação tem
manter a educação em plano de menor duas funções:
importância. Preocupar-se com a educação A) Qualificação de mão de obra;
transformadora significa investir no sistema B) Formação para o controle político.
educacional e formar intelectuais Assim como já descrito anteriormente,
orgânicos. essas funções respondem a sociedade de
Porém, esse não é um projeto capitalista classes, pois em sua função de formação
e precisa ser compreendido em sua para o controle político serão preparados
essência, pois o neoliberalismo procura aqueles que determinarão os rumos da
mascará-lo com os conceitos de sociedade enquanto as mãos de obra
globalização, integração, flexibilidade, mantem a estrutura social.
competitividade etc., que são uma Todas as teorias deste grupo
imposição das novas formas de desempenharam e ainda desempenham
sociabilidade capitalista tanto para grande poder sobre as práticas pedagógicas

49
Conhecimentos Específicos

exercidas, tendo a ação da escola como a de respeito a individualidade, a atividade


adequação do indivíduo a sociedade. espontânea e as necessidades da vida
A chamada escola tradicional tem o cotidiana dos indivíduos.
ensino centrado na autoridade do professor, Os ideólogos da burguesia colocavam a
os conteúdos não estão relacionados a necessidade de educação de forma mais
realidade e o aluno deve aprender pela geral e, nesse sentido, cumpriam o papel de
repetição e memorização. No entanto, ao hegemonia, ou seja, de articular toda a
longo do tempo essa escola foi sendo sociedade em torno dos interesses que se
progressivamente criticada por não contrapunham a dominação feudal.
conseguir realizar seu desiderato de Enquanto a burguesia era revolucionaria,
universalização nem todos nela isso fazia sentido, quando ela se consolidou
ingressavam e mesmo os que ingressavam no poder, a questão principal já não era
nem sempre eram bem-sucedidos. superar a velha ordem, o Antigo Regime.
A educação tradicional esteve ligada a Este, com efeito, já fora superado, e a
fase revolucionaria da burguesia, burguesia, em consequência, já se tornara
defendendo o princípio de que todos os classe dominante; nesse momento, o
seres humanos nascem essencialmente problema principal da burguesia passa a ser
iguais, ou seja, nascem uma tabula rasa, que evitar as ameaças e neutralizar as pressões
se contrapunha a concepção medieval, para que se avance no processo
segundo a qual os seres humanos nasceriam revolucionário e se chegue a uma sociedade
essencialmente diferentes e defendia a socialista. A burguesia, então, torna-se
reforma da sociedade substituindo uma conservadora e passa a ter dificuldades ao
sociedade com base num suposto direito lidar com o problema da escola, pois a
natural por uma sociedade contratual” verdade e sempre revolucionaria. Enquanto
Essa escola, estava articulada a um a burguesia era revolucionaria, ela possuía
processo político de superação da Idade interesse na verdade. Quando passa a ser
Média e consolidação da burguesia e sua conservadora, a verdade então a incomoda,
ordem democrática no poder. choca-se com seus interesses. Isso ocorre
Não se podem ignorar as insuperáveis porque a verdade histórica evidencia a
limitações da pedagogia tradicional, as necessidade das transformações, as quais,
quais decorrem principalmente do fato de para a classe dominante - uma vez
que se trata de uma pedagogia burguesa e, consolidada no poder -, não são
como tal, desconsidera inteiramente a interessantes; ela tem interesse na
existência da luta de classes e suas perpetuação da ordem existente.
implicações para a produção e distribuição Dessa forma, a burguesia passa a propor
social do conhecimento, da mesma forma uma pedagogia que legitima a diferença
que transforma o conhecimento ensinado na entre os homens, a pedagogia da existência,
escola em algo destituído de historicidade. que vai contrapor-se ao movimento de
Mas não foi por essa razão que a escola libertação da humanidade em seu conjunto,
tradicional passou, no final do século XIX vai legitimar as desigualdades, legitimar a
e início do século XX, a ser alvo das críticas dominação, legitimar a sujeição, legitimar
dos defensores da “nova pedagogia. os privilégios. Nesse momento, a classe
Tais críticas tem sua origem social no revolucionaria e outra: não e mais a
fato de que a burguesia precisava recompor burguesia, e exatamente aquela classe que a
sua hegemonia e, nesse contexto, tornou-se burguesia explora.
necessário articular ideologicamente a A teoria educacional que toma corpo a
escola a uma perspectiva não mais centrada partir de então, a pedagogia nova, afirma
na socialização do conhecimento objetivo que os homens não são essencialmente
sobre a realidade natural e social, mas sim a iguais; os homens são essencialmente
uma concepção da escola como espaço de diferentes, e nós temos que respeitar as

50
Conhecimentos Específicos

diferenças entre os homens. Então há hegemonicamente, sendo diferentes


aqueles que tem mais capacidade e aqueles discursos variantes de uma mesma
que tem menos capacidade; há aqueles que concepção.
aprendem mais devagar; há aqueles que se O universo ideológico ao qual estão
interessam por isso e os que se interessam ligadas essas pedagogias e o neoliberalismo
por aquilo. e o pós-modernismo. Ainda que os
Em verdade, o que está por trás dessa intelectuais pós-modernos não aceitem essa
“aceitação” e a validação das desigualdades associação, e difícil não fazer essa
como algo natural e impossível de ser aproximação tendo em vista que
superado. compartilham de diversos aspectos que
Assim, o eixo da questão pedagógica, convergem para a ideologia da sociedade
antes centrado no conteúdo, no professor e capitalista.
na defectividade, agora se desloca para os Um aspecto que pode ser destacado e a
métodos ou processos pedagógicos, para o concepção de conhecimento para o
aluno e para a não defectividade, tratando- neoliberalismo e para o pós-modernismo.
se de uma teoria onde o importante não e No caso do primeiro, valoriza-se o
aprender, mas aprender a aprender. conhecimento tácito. Para o segundo, o
Segundo os preceitos da Escola Nova, a conhecimento e relativo, trata-se de uma
educação deve contribuir para que todos os construção mental individual ou coletiva
indivíduos sejam aceitos na sociedade com que não tem o poder de se apropriar
suas diferenças, sejam elas quais forem. objetivamente da realidade, reduzindo-se a
Assim, deslocou o eixo da questão sinais, convenções e práticas culturalmente
pedagógica do intelecto para o sentimento; justificadas. Trata-se do discurso de um
do aspecto logico para o psicológico; dos grupo, um significado compartilhado por
conteúdos cognitivos para os métodos ou um grupo social (daí pensar a escola como
processos pedagógicos; do professor para o espaço de negociação de significados e
aluno; do esforço para o interesse; da conteúdos e não como espaço de
disciplina para a espontaneidade; do transmissão assimilação de conhecimento).
diretivíssimo para o não diretivíssimo; da Analisando as definições de Vygotsky
quantidade para a qualidade; de uma para conceitos cotidianos e conceitos
pedagogia de inspiração filosófica centrada científicos, explica que os conceitos
na ciência da lógica para uma pedagogia de cotidianos estão relacionados à aparência,
inspiração experimental baseada ao imediatamente observável, que, de
principalmente nas contribuições da forma fragmentada e primária, é a
biologia e da psicologia. manifestação externa das coisas. Já os
Esse tipo de escola ficou restrito a conceitos científicos estão mediados por
pequenos grupos de elite e as redes oficiais, um conjunto (sistema) de conceitos e são
apesar de influenciadas por este novo compreendidos pela “análise científica”.
pensamento, não tinham condições Trata-se da essência das coisas de forma
(materiais inclusive) de acompanhar as complexa em oposição à aparência; é o
características do trabalho escola novista. diferencial da ciência: demonstrar as coisas
Como consequência, rebaixou-se o nível de em sua totalidade e complexidade pelas
ensino destinado a classe trabalhadora, que mediações teóricas abstratas.
não mais tinha na escola o espaço singular Para Saviani, a escola existe, pois, para
de acesso ao conhecimento elaborado, pois propiciar a aquisição dos instrumentos que
este ficou em segundo plano. possibilitam o acesso ao saber elaborado
Na atualidade, remontando ao (ciência), bem como o próprio acesso aos
movimento da pedagogia nova (ou rudimentos desse saber. As atividades da
escolanovismo), as pedagogias do escola básica devem organizar-se a partir
“aprender a aprender” têm se firmado dessa questão. Se chamarmos isso de

51
Conhecimentos Específicos

currículo, poderemos então afirmar que é a caminho para toda sorte de tergiversações,
partir do saber sistematizado que se inversões e confusões que terminam por
estrutura o currículo da escola elementar. descaracterizar o trabalho escolar.
Ora, o saber sistematizado, a cultura Para exemplificar essa
erudita, é uma cultura letrada. descaracterização, o autor recorre ao dia a
Daí que a primeira exigência para o dia das escolas, que passam todo o ano
acesso a esse tipo de saber seja aprender a letivo se dedicando a atividades que se
ler e escrever. tornam centrais, quando deveriam apenas
Além disso, é preciso conhecer também servir ao enriquecimento do currículo:
a linguagem dos números, a linguagem da Carnaval, Páscoa, Dia das Mães, Festas
natureza e a linguagem da sociedade. Está Juninas, Folclore, Semana da Pátria,
aí o conteúdo fundamental da escola Semana da Criança etc.
elementar: ler, escrever, contar, os O ano letivo encerra-se e estamos diante
rudimentos das ciências naturais e das da seguinte constatação: fez-se de tudo na
ciências sociais (história e geografia escola; encontrou-se tempo para toda
humanas). espécie de comemoração, mas muito pouco
O currículo escolar, na perspectiva do tempo foi destinado ao processo de
“aprender a aprender”, perde referência de transmissão-assimilação de conhecimentos
quais são os conteúdos a serem ensinados, sistematizados. Isto quer dizer que se
pois deve voltar-se às vivências e cultura perdeu de vista a atividade nuclear da
cotidiana do aluno. Os conhecimentos escola, isto é, a transmissão dos
historicamente construídos e acumulados instrumentos de acesso ao saber elaborado
na história humana são caracterizados [idem, ibidem].
negativamente como saberes Finalmente, na tendência tecnicista todo
descontextualizados e fragmentados, o sistema educacional é organizado por
porque não estão relacionados à vida especialistas “supostamente habilitados,
cotidiana. neutros, objetivos, imparciais”, cabendo ao
Para essas pedagogias, portanto, a professor executar técnicas que garantam a
educação não está centrada em adquirir aprendizagem de conteúdos que estão
conhecimento (domínio de conteúdos), mas restritos a informações técnicas, sem
sim no processo da aprendizagem. Os permitirem discussões que considerem
sujeitos são preparados para serem flexíveis outros pontos de vista. Tanto professores
e adaptáveis às necessidades do mercado; quanto alunos não são mais elementos
tornam-se dóceis aos desígnios do centrais do processo educativo, pois a
capitalismo; a exploração do homem pelo organização racional, que proporcione a
homem é naturalizada e a classe dominante eficiência e a produtividade, será o
isenta-se da responsabilidade de oferecer componente principal desta pedagogia
condições ao desenvolvimento máximo de preocupada em “formar indivíduos
todos os indivíduos. eficientes, isto é, aptos a dar sua parcela de
Em contraposição a esse posicionamento contribuição para o aumento da
de esvaziamento do currículo e de distorção produtividade da sociedade”.
das atividades nucleares da escola, Saviani
define currículo como o conjunto das Teorias Crítico Reprodutivistas
atividades nucleares desenvolvidas pela Nas teorias crítico-reprodutivistas, estão
escola. as teorias da escola como violência
E por que isto? Porque se tudo o que simbólica, da escola como aparelho
acontece na escola é currículo, se se apaga ideológico do Estado e da escola dualista.
a diferença entre curricular e A violência simbólica é exercida pelo
extracurricular, então tudo acaba poder de imposição das ideias transmitidas
adquirindo o mesmo peso; e abre-se por meio da comunicação cultural, da

52
Conhecimentos Específicos

doutrinação política e religiosa, das práticas América Latina, especialmente na década


esportivas, da educação escolar. de 1970). Porém, como chegam
Pierre Bourdieu e Jean-Claude Passeron, invariavelmente à conclusão de que a
sociólogos franceses, escreveram sobre o função própria da educação consiste na
fenômeno escolar. Os autores de Os reprodução da sociedade em que ela se
herdeiros (1964) e A reprodução (1970) insere, bem merecem a denominação de
deixam claro que a escola não é ‘teorias crítico-reprodutivistas’”. Nesse
desvinculada do contexto social em que sentido, essas teorias, ao mesmo tempo em
está inserida, mas sim marcada pelo sistema que desvelaram a articulação da educação
social e, portanto, sob o véu de com os interesses da burguesia, também
neutralidade, acaba por reproduzir as propagaram o pessimismo entre os
diferenças de classes, o que se traduz numa educadores, impactados com a
violência simbólica. Desta forma, a cultura impossibilidade de articular os sistemas de
torna-se instrumento de poder, pois ensino com os esforços de superação do
legitima a ordem vigente. problema da marginalidade.
A teoria da escola como aparelho
ideológico de Estado representa a reflexão Teorias Críticas
feita por Louis Althusser, filósofo francês, Designam teorias que fazem uma análise
a partir do pensamento de Marx, sobre a crítica da sociedade e, consequentemente,
seguridade da produção por meio da da educação, sendo que o posicionamento
garantia de reprodução de suas condições delas é de que a educação, como fenômeno
materiais. social, é determinada pelas classes sociais
As condições materiais que estão postas opostas, com interesses, valores e
na transformação da natureza em cultura se comportamentos diversos.
dão por meio da ideologia. A exploração e Podem-se localizar dois grandes grupos
a dominação de uma classe são veladas, de nas teorias críticas. No primeiro grupo, as
forma que a classe trabalhadora acredita propostas inspiradas nas concepções
serem valores universais aqueles impostos libertadora e libertária e no segundo, a
pela classe dominante. pedagogia crítico-social dos conteúdos e a
O Estado, como aparelho repressivo (em pedagogia histórico-crítica.
que o indivíduo respeita as leis para não ser No caso das teorias do primeiro grupo,
punido) e ideológico (instituições que pode-se afirmar que elas estão centradas
garantem a dominação pela ideologia), visa “no saber do povo e na autonomia de suas
garantir a ordem vigente, tendo como um de organizações [preconizando] uma educação
seus instrumentos a escola. autônoma e até certo ponto, à margem da
Roger Establet e Christian Baudelot, estrutura escolar”.
utilizando a matriz teórica marxista, Já nas teorias do segundo grupo, a
retomando Althusser e criticando Bourdieu centralidade está na educação escolar, com
e Passeron em alguns pontos, escrevem valorização do acesso da classe
sobre a divisão da escola e desenvolvem a trabalhadora ao conhecimento
teoria da escola dualista, na qual a sistematizado.
escolarização atende de maneiras diferentes Assim, essa tendência aglutinou
a burguesia e o proletariado, tendo, representantes cuja orientação teórica
portanto, a escola, a função de reproduzir as predominantemente se inspirava no
divisões sociais entre trabalho intelectual e marxismo, entendido, porém, com
trabalho manual. diferentes aproximações: uns mantinham
Esse grupo de teorias deve ser como referência a visão liberal,
considerado crítico porque compreende a interpretando o marxismo apenas pelo
educação em sua relação com a sociedade e ângulo da crítica às desigualdades sociais e
influenciou estudos sobre a educação (na da busca de igualdade de acesso e

53
Conhecimentos Específicos

permanência nas escolas organizadas com o mão, porém, da iniciativa do professor;


mesmo padrão de qualidade; outros se favorecerão o diálogo dos alunos entre si e
empenhavam em compreender os com o professor, mas sem deixar de
fundamentos do materialismo histórico, valorizar o diálogo com a cultura
buscando articular a educação com uma acumulada historicamente; levarão em
concepção que se contrapunha à visão conta os interesses dos alunos, os ritmos de
liberal. aprendizagem e o desenvolvimento
A pedagogia histórico-crítica pertence psicológico, mas sem perder de vista a
ao grupo empenhado em fundamentar-se no sistematização lógica dos conhecimentos,
materialismo histórico, contrapondo-se à sua ordenação e gradação para efeitos do
pedagogia liberal. Visto que este trabalho se processo de transmissão-assimilação dos
fundamenta nessa concepção, que se conteúdos cognitivos.
estruturou como alternativa ao A reflexão desenvolvida pela pedagogia
“negativismo pedagógico” que, preocupado histórico-crítica busca propor novos
em denunciar a reprodução capitalista caminhos, para que a crítica não seja
atribuiu ênfase ao papel reprodutor da esvaziada pela falta de soluções e
escola, seus fundamentos serão organização metodológica do pensamento.
explicitados. Sendo assim, os momentos propostos
A pedagogia histórico-crítica busca por esta formulação teórica serão a seguir
compreender a história a partir do seu explicitados:
desenvolvimento material, da determinação A) Ponto de partida da prática educativa
das condições materiais da existência (prática social): etapa na qual se deve levar
humana. em conta a realidade social do educando.
Nesse sentido, esta teoria pedagógica Neste primeiro momento, o professor
toma posição na luta de classes aliando-se tem uma “síntese precária”, pois há um
aos interesses dos dominados e surge em conhecimento e experiências em relação à
decorrência de necessidades postas pela prática social, mas seu conhecimento é
prática dos educadores nas condições limitado, pois ele ainda não tem claro o
atuais. A educação escolar tem caráter nível de compreensão dos seus alunos. Por
específico e central na sociedade, o papel do sua vez, a compreensão dos alunos é
professor é fundamental no ensino, o sincrética, fragmentada, sem a visão das
currículo deve ser organizado com base nos relações que formam a totalidade. O
conteúdos clássicos e a transmissão do primeiro momento do método articula--se
conhecimento é basilar. Desta forma, com o nível de desenvolvimento efetivo do
considera-se que na busca da superação das aluno, tendo em vista a adequação do
pedagogias tradicional e do “aprender a ensino aos conhecimentos já apropriados e
aprender” a pedagogia histórico- crítica se ao desenvolvimento iminente, no qual o
torna referência por sua coerência teórica e ensino deve atuar. Com isso se quer dizer
posicionamento ideológico. que esse momento deve, com base nas
Uma pedagogia articulada com os demandas da prática social (o que não é
interesses populares valorizará, pois, a sinônimo de demandas do cotidiano),
escola; não será indiferente ao que ocorre selecionar os conhecimentos
em seu interior; estará empenhada em que a historicamente construídos que devam ser
escola funcione bem; portanto, estará transmitidos, traduzidos em saber escolar.
interessada em métodos de ensino eficazes. O ponto de partida da prática educativa é a
Tais métodos situar-se-ão para além dos busca pela apropriação, por parte dos
métodos tradicionais e novos, superando alunos, das objetivações humanas.
por incorporação as contribuições de uns e É importante destacar que o saber das
de outros. Serão métodos que estimularão a crianças, baseado em suas experiências do
atividade e iniciativa dos alunos sem abrir cotidiano, pode contribuir para a

54
Conhecimentos Específicos

estruturação do início da ação pedagógica, C) Instrumentalização: momento de


mas não é condição para ela. Isto por duas oferecer condições para que o aluno adquira
razões: primeiro, porque as experiências o conhecimento. Tendo sido evidenciado o
dos alunos são baseadas no senso comum, objeto da ação educativa e feita a
referem-se ao conhecimento em si e a forma mobilização dos alunos para o conteúdo
de conhecimento que a escola deve dedicar- que está em questão, é preciso
se a desenvolver é o conhecimento para si. instrumentalizar os educandos para
A segunda razão, decorrente da equacionar os problemas levantados no
primeira, é que a escola, dedicando-se ao momento anterior, possibilitando-lhes, de
saber erudito, nem sempre encontrará nos posse dos instrumentos culturais que lhes
interesses imediatos e nos conhecimentos permitam compreender o fenômeno em
prévios dos alunos os conteúdos que a questão de forma mais complexa e sintética,
escola deve transmitir e isso não significa dar novas respostas aos problemas
que por isso não deva criar as necessidades colocados. A apropriação dos instrumentos
e oferecer os conhecimentos históricos e físicos e psicológicos permite a objetivação
elaborados. A experiência da vida cotidiana dos indivíduos, tornando “órgãos da sua
da criança deve ser levada em conta no individualidade” o que foi construído
processo de ensino-aprendizagem, no socialmente ao longo da história humana.
entanto o professor deve agir na A importância dessa instrumentalização
reestruturação qualitativa deste está em possibilitar o acesso da classe
conhecimento espontâneo, levando o aluno trabalhadora ao nível das relações de
a superá-lo por meio da apropriação do elaboração do conhecimento e não somente
conhecimento científico-teórico. sua produção.
B) Problematização: momento de D) A produção do saber é social, se dá
levantar as questões postas pela prática no interior das relações sociais: a
social. É a ocasião em que se toma evidente elaboração do saber implica expressar de
a relação escola-sociedade com as questões forma elaborada o saber que surge da
da prática social (que precisam ser prática social. Essa expressão elaborada
resolvidas) e os conhecimentos científicos e supõe o domínio dos instrumentos de
tecnológicos (que devem ser acionados. elaboração e sistematização. Daí a
Trata-se de colocar em xeque a forma e o importância da escola: se a escola não
conteúdo das respostas dadas à prática permite o acesso a esses instrumentos, os
social, questionando essas respostas, trabalhadores ficam bloqueados e
apontando suas insuficiências e impedidos de ascender ao nível da
incompletudes; demonstrar que a realidade elaboração do saber, embora continuem,
é composta por diversos elementos pela sua atividade prática real, a contribuir
interligados, que envolvem uma série de para a produção do saber.
procedimentos e ações que precisam ser E) Catarse: Momento culminante do
discutidas. processo educativo, quando o aluno
No momento da Problematização, o apreende o fenômeno de forma mais
professor precisa ter claro como orientará o complexa. Há uma transformação e a
desenvolvimento da aprendizagem, aprendizagem efetiva acontece.
baseando-se naquilo que já tem como É preciso dizer que a catarse não se dá
material da etapa anterior e seus objetivos em um ponto exclusivo, pois se trata da
de ensino. Além disso, seu planejamento síntese, que vai acontecendo de maneira
deve abordar as diversas dimensões do cada vez mais aprofundada. Na verdade, a
tema e evidenciar a importância daquele apresentação de “passos” é um recurso
conhecimento, fazendo-o ter sentido para o didático que foi utilizado para fazer
aluno. analogia às pedagogias tradicional e nova,
sendo mais adequado à pedagogia

55
Conhecimentos Específicos

histórico-crítica a menção a momentos, receituário, desvencilhada de seus


visto a interdependência existente entre as fundamentos teóricos, pois seu
etapas. São, portanto, momentos que se embasamento visa garantir aos dominados
articulam toda vez que se quer ensinar algo. aquilo que os dominantes dominam, de
A Problematização exige a forma que contribua para a luta pela
instrumentalização e esta nada será se não superação de sua condição de exploração, e
houver apropriação dos instrumentos. por isso não é concebível utilizar essa
O momento da catarse é parte do metodologia para a manutenção da ordem
processo de homogeneização, que se vigente.
efetiva enquanto superação da
heterogeneidade da vida cotidiana. Assim, Questões
a catarse opera uma mudança momentânea
na relação entre a consciência individual e 01. (Prefeitura de Jundiaí/SP - Diretor
o mundo, fazendo com que o indivíduo veja de Escola - VUNESP/2022) Segundo
o mundo de uma maneira diferente daquela Dahlberg, Moss e Pence (2019), aumentar a
própria ao pragmatismo e ao imediatismo autorreflexividade é algo que tem um papel
da vida cotidiana”. Essa mudança, sendo importante a desenvolver na prática
parte de um processo, é caracterizada pela pedagógica, pois possibilita expandir nosso
diferença qualitativa entre o antes e o horizonte social e construir outro
depois da catarse. Sendo assim, o momento relacionamento para a vida. Os autores
catártico modifica a relação do indivíduo apresentam a documentação pedagógica
com o conhecimento, saindo do sincretismo como um instrumento vital para a criação
caótico inicial para uma compreensão de uma prática pedagógica reflexiva e
sintética da realidade, relacionando-se democrática ressaltando que ela tem um
intencional e conscientemente com o papel fundamental, pois
conhecimento. Para Saviani, nesse A. consiste na observação da criança
momento ocorre a efetiva incorporação dos como um processo de classificá-la e
instrumentos culturais, transformados categorizá-la em relação a um esquema
agora em elementos ativos da geral de níveis e estágios
transformação social. desenvolvimentais.
F) Ponto de chegada da prática educativa B. compreende uma tecnologia de
(prática social modificada): o educando, normalização relacionada às construções da
tendo adquirido e sintetizado o criança como natureza e como reprodutora
conhecimento, tem entendimento e senso de conhecimento.
crítico para buscar seus objetivos de C. assume uma verdade objetiva,
maneira transformadora. externa, a qual pode ser registrada e
Quando o aluno problematiza a prática representada com precisão.
social e evolui da síncrese para a síntese, D. permite ao indivíduo assumir a
está no caminho da compreensão do responsabilidade pela construção dos seus
fenômeno em sua totalidade. O primeiro e o significados e chegar às suas próprias
quinto momento são a prática social, mas decisões sobre o que está acontecendo.
dilerem no sentido de que ao final do E. reivindica que aquilo que é
processo essa prática se modifica em razão documentado seja uma representação direta
da aprendizagem resultante da prática do que as crianças dizem e fazem, um relato
educativa, produzindo alterações na verdadeiro do que aconteceu.
qualidade e no tipo de pensamento (do
empírico ao teórico). 02. (IF/SP - Técnico em assuntos
É importante que a proposta educacionais - FUNDEP) Para Freire
metodológica da pedagogia histórico- (2001), a prática educativa é compreendida
crítica não seja incorporada como um como um exercício contínuo em prol da

56
Conhecimentos Específicos

produção e do desenvolvimento da Apesar disso, estudos têm revelado que


autonomia de educadores e educandos. Para a interdisciplinaridade ainda é pouco
a prática educativa comprometida com a conhecida. E é com o objetivo de contribuir
autonomia, é necessário, EXCETO: para o entendimento desse tema que
A. Querer bem aos educandos. apresentaremos a seguir um breve resumo
B. Ter disponibilidade para o diálogo. das principais concepções e controvérsias
C. Reconhecer que somos seres em torno desse tema.
determinados pelos condicionamentos Porém, antes de entrarmos na discussão
genéticos, sociais e culturais. sobre a interdisciplinaridade propriamente
D. Reconhecer que a educação é dita, precisamos distingui-la de outros
ideológica. termos que têm gerado uma série de
ambiguidades por expressarem ideias muito
Gabarito próximas entre si.

01.D - 02.C Níveis de interação entre as


disciplinas
Quando falamos em
6. Interdisciplinaridade e projetos interdisciplinaridade, estamos de algum
modo nos referindo a uma espécie de
interação entre as disciplinas ou áreas do
saber.
Interdisciplinaridade: o que é isso?
Todavia, essa interação pode acontecer
Segundo Ivani Fazenda, a
em níveis de complexidade diferentes. E é
interdisciplinaridade surgiu na França e na
justamente para distinguir tais níveis que
Itália em meados da década de 60, num
termos como multidisciplinaridade,
período marcado pelos movimentos
pluridisciplinaridade, interdisciplinaridade
estudantis que, dentre outras coisas,
e transdisciplinaridade foram criados.
reivindicavam um ensino mais sintonizado
Em seguida, discorreremos
com as grandes questões de ordem social,
sucintamente sobre cada um deles buscando
política e econômica da época.
esclarecer as distinções entre tais
A interdisciplinaridade teria sido uma
terminologias. Com isso, esperamos
resposta a tal reivindicação, na medida em
contribuir para um uso mais cuidadoso de
que os grandes problemas da época não
tais termos no cotidiano escolar.
poderiam ser resolvidos por uma única
A classificação apresentada abaixo é a
disciplina ou área do saber.
mais comum e foi proposta originalmente
No final da década de 60, a
por Eric Jantsch e sofreu algumas
interdisciplinaridade chegou ao Brasil e
adaptações de Hilton Japiassú (1976), um
logo exerceu influência na elaboração da
dos pioneiros da interdisciplinaridade no
Lei de Diretrizes e Bases Nº 5.692/71.
Brasil.
Desde então, sua presença no cenário
educacional brasileiro tem se intensificado
Multidisciplinaridade
e, recentemente, mais ainda, com a nova
A multidisciplinaridade representa o
LDB Nº 9.394/96 e com os Parâmetros
primeiro nível de integração entre os
Curriculares Nacionais (PCN).
conhecimentos disciplinares. Muitas das
Além de sua forte influência na
atividades e práticas de ensino nas escolas
legislação e nas propostas curriculares, a
se enquadram nesse nível, o que não as
interdisciplinaridade ganhou força nas
invalida. Mas, é preciso entender que há
escolas, principalmente no discurso e na
estágios mais avançados que devem ser
prática de professores dos diversos níveis
buscados na prática pedagógica.
de ensino.

57
Conhecimentos Específicos

Segundo Japiassú, a multidisciplinaridade determinante para diferenciar esses níveis


se caracteriza por uma ação simultânea de de interação entre as disciplinas.
uma gama de disciplinas em torno de uma
temática comum. Essa atuação, no entanto,
ainda é muito fragmentada, na medida em
que não se expl Jairo Gonçalves Carlos
Interdisciplinaridade no Ensino Médio: desafios e
potencialidades. PUCSP.
https://www.pucsp.br/prosaude/downloads/territorio/
o-que-e-interdisciplinaridade.pdf. Visitado em
13.10.2022 Interdisciplinaridade
ora a relação entre os conhecimentos Finalmente, a interdisciplinaridade
disciplinares e não há nenhum tipo de representa o terceiro nível de interação
cooperação entre as disciplinas. entre as disciplinas. E, segundo Japiassú, é
A Figura 1 é uma representação caracterizada pela presença de uma
esquemática desse tipo de interação, onde axiomática comum a um grupo de
cada retângulo representa o domínio disciplinas conexas e definida no nível
teórico-metodológico de uma disciplina. hierárquico imediatamente superior, o que
Observe que os conhecimentos são introduz a noção de finalidade.
estanques e estão todos num mesmo nível A Figura 3 ilustra com clareza a
hierárquico e, além disso, não há nenhuma existência de um nível hierárquico superior
“ponte” entre tais domínios disciplinares, o de onde procede a coordenação das ações
que sugere a inexistência de alguma disciplinares. Dessa forma, dizemos que na
organização ou coordenação entre tais interdisciplinaridade há cooperação e
conhecimentos. diálogo entre as disciplinas do
conhecimento, mas nesse caso se trata de
uma ação coordenada. Além do mais, essa
axiomática comum, mencionada por
Japiassú, pode assumir as mais variadas
formas. Na verdade, ela se refere ao
elemento (ou eixo) de integração das
Pluridisciplinaridade disciplinas, que norteia e orienta as ações
Na pluridisciplinaridade, diferentemente interdisciplinares.
do nível anterior, observamos a presença de Segundo os PCN, A
algum tipo de interação entre os interdisciplinaridade supõe um eixo
conhecimentos interdisciplinares, embora integrador, que pode ser o objeto de
eles ainda se situem num mesmo nível conhecimento, um projeto de investigação,
hierárquico, não havendo ainda nenhum um plano de intervenção. Nesse sentido, ela
tipo de coordenação proveniente de um deve partir da necessidade sentida pelas
nível hierarquicamente superior. escolas, professores e alunos de explicar,
Como o esquema da Figura 2 sugere, há compreender, intervir, mudar, prever, algo
uma espécie de ligação entre os domínios que desafia uma disciplina isolada e atrai a
disciplinares indicando a existência de atenção de mais de um olhar, talvez vários
alguma cooperação e ênfase à relação entre (BRASIL, 2002, p. 88-89, grifo do autor).
tais conhecimentos. Portanto, defendemos que a
Alguns estudiosos não chegam a interdisciplinaridade não deveria ser
estabelecer nenhuma diferença entre a considerada como uma meta
multidisciplinaridade e a obsessivamente perseguida no meio
pluridisciplinaridade, todavia, preferimos educacional simplesmente por força da lei,
considerá-la, pois a existência ou não de como tem acontecido em alguns casos. Pelo
cooperação e diálogo entre as disciplinas é contrário, ela pressupõe uma organização,

58
Conhecimentos Específicos

uma articulação voluntária e coordenada


das ações disciplinares orientadas por um
interesse comum. Nesse ponto de vista, a
interdisciplinaridade só vale a pena se for
uma maneira eficaz de se atingir metas
educacionais previamente estabelecidas e
compartilhadas pelos membros da unidade
escolar. Caso contrário, ela seria um
empreendimento trabalhoso demais para Conceitos de interdisciplinaridade
atingir objetivos que poderiam ser Embora tenhamos enfatizado na seção
alcançados de forma mais simples. anterior a variedade dos níveis de interação
entre as disciplinas, dentre os quais se
destaca a interdisciplinaridade.
Vale a pena dizer que, internamente, o
próprio conceito de interdisciplinaridade
apresenta os seus variantes, sendo um
conceito de caráter polissêmico.
Para ilustrar essa riqueza conceitual,
apresentamos a seguir uma classificação
dos tipos de interdisciplinaridade:
Transdisciplinaridade
A transdisciplinaridade representa um Interdisciplinaridade heterogênea
nível de integração disciplinar além da Vem a ser uma espécie de
interdisciplinaridade. Trata-se de uma enciclopedismo, baseada na “soma” de
proposta relativamente recente no campo informações procedentes de diversas
epistemológico. disciplinas.
Japiassú a define como sendo uma Pertencem a esse tipo os enfoques de
espécie de coordenação de todas as caráter enciclopédico, combinando
disciplinas e interdisciplinas do sistema de programas diferentemente dosados. Tais
ensino inovado, sobre a base de uma programas objetivavam garantir uma
axiomática geral. formação ampla e geral. Entretanto,
Como se pode observar na Figura 4, este segundo Japiassú (1976), as idéias gerais
é um tipo de interação onde ocorre uma são geradoras de imobilismo.
espécie de integração de vários sistemas
interdisciplinares num contexto mais amplo Pseudo-interdisciplinaridade
e geral, gerando uma interpretação mais O nexo de união é estabelecido em torno
holística dos fatos e fenômenos. de uma espécie de “metadisciplina”.
Agora que já distinguimos os diversos Neste caso existe uma estrutura de união,
níveis de interação entre as disciplinas, nos normalmente um modelo teórico ou um
deteremos à discussão e análise das marco conceitual, aplicado para trabalhar
concepções de interdisciplinaridade mais em disciplinas muito diferentes entre si.
comuns. Inclusive, discutiremos os pontos Dessa maneira, pertencem a esse tipo as
mais polêmicos e contraditórios que cercam diversas tentativas de utilização de certos
essa temática. instrumentos conceituais e de análise,
considerados epistemologicamente
“neutros”, para fins de associação das
disciplinas, todas devendo recorrer aos
mesmos instrumentos de análise que seriam
o denominador comum das pesquisas.

59
Conhecimentos Específicos

Por exemplo, na Idade Média, a numa real interação. O que se verifica é


Teologia foi considerada a ciência global à apenas uma conjugação de disciplinas por
qual todos os outros saberes se aglomeração, cada uma dando sua
subordinavam. Nos séculos XVI a XVII a contribuição, mas guardando a autonomia e
Filosofia toma a precedência e se torna o a integridade de seus métodos, de seus
modelo do verdadeiro conhecimento. Nos conceitos-chaves e de suas epistemologias.
séculos XVIII e XIX, a Física começou a
reinar absoluta entre as ciências como o Interdisciplinaridade unificadora
modelo perfeito da atividade científica. Procede de uma coerência bastante
Todas as outras ciências, para serem estreita dos domínios de estudo das
consideradas científicas, se obrigavam a disciplinas, havendo certa integração de
seguir o modelo da Física. No Século XX, seus níveis de integração teórica e dos
o modelo se deslocou para a Biologia. métodos correspondentes. Por exemplo,
Para Japiassú (1976), o emprego desses certos elementos e certas perspectivas da
instrumentos comuns não é suficiente para Biologia ganharam o domínio da Física
conduzir a um empreendimento para formar a Biofísica.
interdisciplinar. E é por isso que este tipo de Para Japiassú, essa é a forma legítima de
colaboração pode ser tachado de falso interdisciplinaridade. No entanto, como ele
interdisciplinar. mesmo afirma, esse nível de integração só
é atingível através da pesquisa científica.
Interdisciplinaridade auxiliar Na melhor das hipóteses, o que se poderia
Este tipo de associação consiste, fazer no ensino seria adaptar certos
essencialmente, no fato de uma disciplina aspectos dos novos campos científicos
tomar de empréstimo a uma outra seu interdisciplinares, como a Biofísica, e
método ou seus procedimentos. Em alguns explorar os seus fundamentos e as relações
casos, este tipo de interdisciplinaridade não entre tais conhecimentos disciplinares de
ultrapassa o domínio da ocasionalidade e maneira a gerar a compreensão de uma série
das situações provisórias. Em outros, é mais de fenômenos biofísicos, ou seja,
durável, na medida em que uma disciplina fenômenos que não seriam adequadamente
se vê constantemente forçada a empregar os compreendidos somente a partir da Física
métodos de outra, é o caso, por exemplo, da ou da Biologia.
pedagogia que constantemente precisa Quando falamos de interdisciplinaridade
recorrer à psicologia. Follari (1995) figura no ensino, não podemos deixar de
entre os estudiosos que questionam a considerar a contribuição dos PCN. Uma
validade dessa forma de análise mais cuidadosa desses documentos
interdisciplinaridade. nos revela a opção por uma concepção
instrumental de interdisciplinaridade.
Interdisciplinaridade compósita Na perspectiva escolar, a
É levada a efeito quando se trata de interdisciplinaridade não tem a pretensão de
resolver os grandes e complexos problemas criar novas disciplinas ou saberes, mas de
colocados pela sociedade atual: guerra, utilizar os conhecimentos de várias
fome, delinquência, poluição dentre outros. disciplinas para resolver um problema
Trata-se de reunir várias especialidades concreto ou compreender um fenômeno sob
para encontrar soluções técnicas tendo em diferentes pontos de vista. Em suma, a
vista resolver determinados problemas, interdisciplinaridade tem uma função
apesar das contingências históricas em instrumental. Trata-se de recorrer a um
constante mutação. Todavia, nem os saber útil e utilizável para responder às
domínios materiais nem tampouco os questões e aos problemas sociais
domínios de estudo dessas disciplinas, com contemporâneos (BRASIL, 2002, p. 34-36,
seus níveis de integração teórica, entram grifo nosso).

60
Conhecimentos Específicos

Particularmente, essa visão instrumental Com essa afirmação, fica claro que a
e utilitarista da interdisciplinaridade é o que interdisciplinaridade proposta nos PCN+
tem dado consistência e sustentação a essa assume como elemento ou eixo de
abordagem ao longo dos tempos. integração a prática docente comum voltada
Prova disso é o fato de que, no século para o desenvolvimento de competências e
XX, muito do desenvolvimento científico e habilidades comuns nos alunos. Essa
tecnológico proveio de pesquisas de caráter proposta é interessante, pois ela promove a
interdisciplinar feitas inicialmente com mobilização da comunidade escolar em
interesses meramente militares. É o caso do torno de objetivos educacionais mais
computador, da Internet, da bomba amplos, que estão acima de quaisquer
atômica, só para citar alguns casos. conteúdos disciplinares.
Esse posicionamento em favor da Dessa forma, essa proposta não gera a
perspectiva instrumental, entretanto, não descaracterização das disciplinas, a perda
encerra a ideia de interdisciplinaridade da autonomia por parte dos professores e,
apregoada nos PCN, sendo preciso recorrer com isso, não rompe com a disciplinaridade
aos PCN+ Ensino Médio, documentos que nas escolas, o que geraria uma verdadeira
trazem um conjunto de orientações confusão na organização escolar. Trata-se
educacionais complementares aos de uma prática que não dilui as disciplinas
Parâmetros Curriculares Nacionais, para no contexto escolar, mas que amplia o
que se tenha mais clareza sobre o assunto. trabalho disciplinar na medida em que
Com os PCN+, o conceito de promove a objetivos bem definidos.
interdisciplinaridade defendido na nova Há quem defenda que a
proposta curricular fica mais claro. Essa interdisciplinaridade possa ser praticada
nova proposta orienta a organização individualmente, ou seja, que um único
pedagógica da escola em torno de três professor possa ensinar sua disciplina numa
princípios orientadores, a saber: a perspectiva interdisciplinar. No entanto,
contextualização, a interdisciplinaridade e acreditamos que a riqueza da
as competências e habilidades. interdisciplinaridade vai muito além do
Um trabalho interdisciplinar, antes de plano epistemológico, teórico,
garantir associação temática entre metodológico e didático. Sua prática na
diferentes disciplinas - ação possível mas escola cria, acima de tudo, a possibilidade
não imprescindível -, deve buscar unidade do “encontro”, da “partilha”, da cooperação
em termos de prática docente, ou seja, e do diálogo e, por isso, somos partidários
independentemente dos temas/assuntos da interdisciplinaridade enquanto ação
tratados em cada disciplina isoladamente. conjunta dos professores.
Em nossa proposta, essa prática docente Fazenda (1994) fortalece essa ideia
comum está centrada no trabalho quando fala das atitudes de um “professor
permanentemente voltado para o interdisciplinar”:
desenvolvimento de competências e Entendemos por atitude interdisciplinar,
habilidades, apoiado na associação ensino- uma atitude diante de alternativas para
pesquisa e no trabalho com diferentes conhecer mais e melhor; atitude de espera
fontes expressas em diferentes linguagens, ante os atos consumados, atitude de
que comportem diferentes interpretações reciprocidade que impele à troca, que
sobre os temas/assuntos trabalhados em impele ao diálogo - ao diálogo com pares
sala de aula. Portanto, esses são os fatores idênticos, com pares anônimos ou consigo
que dão unidade ao trabalho das diferentes mesmo - atitude de humildade diante da
disciplinas, e não a associação das mesmas limitação do próprio saber, atitude de
em torno de temas supostamente comuns a perplexidade ante a possibilidade de
todas elas (BRASIL, 2002b, p. 21-22, grifo desvendar novos saberes, atitude de desafio
nosso). - desafio perante o novo, desafio em

61
Conhecimentos Específicos

redimensionar o velho - atitude de interdisciplinaridade em detrimento do


envolvimento e comprometimento com os epistemológico, pois, segundo ele, é
projetos e com as pessoas neles envolvidas, importante não se priorizar a perspectiva
atitude, pois, de compromisso em construir epistemológica, excessivamente valorizada
sempre da melhor forma possível, atitude pela modernidade, pois a referência
de responsabilidade, mas, sobretudo, de fundamental da existência humana é a
alegria, de revelação, de encontro, de vida prática.
(FAZENDA, 1994, p. 82). Assim, quando se discute a questão do
E mais, Fazenda (1994) chega a conhecimento pedagógico, ocorre forte
determinar o que seria uma sala de aula tendência em se colocar o problema [da
interdisciplinar: interdisciplinaridade] de um ponto de vista
Numa sala de aula interdisciplinar, a puramente epistemológico, com
autoridade é conquistada, enquanto na outra desdobramento no curricular.
é simplesmente outorgada. Numa sala de Mas entendo que é preciso colocá-lo sob
aula interdisciplinar a obrigação é alternada o ponto de vista da prática efetiva, concreta,
pela satisfação; a arrogância, pela histórica (SEVERINO, 1998, p. 33).
humildade; a solidão, pela cooperação; a Como enfatiza Severino, notamos que é
especialização, pela generalidade; o grupo preciso que a interdisciplinaridade se torne
homogêneo, pelo heterogêneo; a efetivamente uma prática nas escolas. E é
reprodução, pela produção do com essa perspectiva que propomos esse
conhecimento. [...] Numa sala de aula texto, com o objetivo de encorajar essa
interdisciplinar, todos se percebem e prática nas escolas e fundamentá-la num
gradativamente se tornam parceiros e, nela, princípio teórico básico. As possibilidades
a interdisciplinaridade pode ser aprendida e apresentadas acima ilustram, de certa
pode ser ensinada, o que pressupõe um ato forma, a complexidade e a riqueza
de perceber-se interdisciplinar. [...] Outra conceitual que cercam a
característica observada é que o projeto interdisciplinaridade e poderiam ser
interdisciplinar surge às vezes de um que já sintetizadas conforme o esquema abaixo:
possui desenvolvida a atitude
interdisciplinar e se contamina para os
outros e para o grupo. [...] Para a realização
de um projeto interdisciplinar existe a
necessidade de um projeto inicial que seja
suficientemente claro, coerente e detalhado,
a fim de que as pessoas nele envolvidas
sintam o desejo de fazer parte dele
(FAZENDA, 1994, p. 86-87). Enfim, muitas são as possibilidades
Fica evidente nas citações acima que, quando se trata de interdisciplinaridade,
para Fazenda, a interdisciplinaridade possui não há receitas a seguir. Os caminhos na
uma dimensão antropológica, no sentido de busca da interdisciplinaridade devem ser
impregnar e influenciar os trilhados pela equipe docente de cada
comportamentos, ações e projetos unidade escolar. O ponto de partida é
pedagógicos. Ou seja, para ela, a determinado pelos problemas escolares
interdisciplinaridade transcende o espaço compartilhados pelos professores e por sua
epistemológico, sendo incorporada aos experiência pedagógica. O destino é
valores e atitudes humanos que compõem o determinado pelos objetivos educacionais,
perfil profissional/pessoal do professor ou melhor, pelo projeto político pedagógico
interdisciplinar. da escola.
Da mesma forma, Severino (1998) dá
mais ênfase ao enfoque antropológico da

62
Conhecimentos Específicos

Questões D - Nas aulas de língua portuguesa, o


tema do bullying pode ser abordado por
01. (Prefeitura de Crato/CE - meio de análise de textos.
Pedagogo - CEV-URCA - 2021) Ivani E - O que torna o ensino interdisciplinar
Fazenda (2008, p. 21) afirma que "o diferente é a possibilidade de uma maior
conceito de interdisciplinaridade (...) compreensão da temática abordada, por
encontra-se diretamente ligado ao conceito meio de uma visão mais ampla do assunto,
de disciplina, onde a interpenetração ocorre e isso faz com que os alunos fiquem mais
sem a destruição básica às ciências críticos e reflexivos.
conferidos. Não se pode de forma alguma
negar a evolução do conhecimento Alternativas
ignorando sua história". Compreendida
assim, a Interdisciplinaridade: 01 - A | 02 - B
A - Promove a articulação entre as
disciplinas, com a manutenção dos
objetivos específicos de cada um, em
7. Democratização da Escola Pública
oposição à visão fragmentada do
conhecimento.
B - Possibilita o não reconhecimento de Democratização da Educação11
outras disciplinas. A democratização da educação faz
C - Contribui para a fragmentação das referência a um processo impulsionado
disciplinas. pelos sujeitos da educação, professores e
D - Promove a articulação das práticas professoras, estudantes e pais e mães de
exclusivamente conservadoras, com a família, e suas organizações sindicais e
manutenção do fazer individual, negando à sociais, para participarem na condução da
visão do todo. educação.
E - Promove a separação das disciplinas, Em sua definição, devemos apontar que,
mantém a manutenção da visão mais do que um conceito ou categoria,
fragmentada do conhecimento. trata-se de uma ideia orientadora da ação
dos sujeitos sociais envolvidos no processo
02. (Prefeitura de Vista Serrana/PB - educativo que durante os últimos 20 anos
Professor A - CONTEMAX - percorre praticamente todo o planeta.
2021) Sobre a interdisciplinaridade como Como se entende a democratização da
uma prática de ensino capaz de de educação? Ela tem sido identificada com o
desenvolver um processo de integração acesso universal e gratuito em todos os
entre conhecimentos de diferentes campos níveis educativos (desde o pré-escolar até a
do conhecimento, assinale a alternativa educação superior). Por volta da década de
INCORRETA: noventa do século passado e nos anos
A - Nas aulas de matemática, o tema do transcorridos deste século, a
bullying, por exemplo, poderia ser estudado democratização da educação, se bem se
por meio de dados estatísticos. refere ao acesso universal e a sua
B - A variedade de perspectivas sob um gratuidade, tem um sentido que extrapola
mesmo tema impossibilita ao aluno uma essa concepção. Neste momento, alude
compreensão de maior dimensão de cada mais à disputa por sua condução, mas uma
assunto. disputa para resistir aos processos que têm
C - Nas aulas de geografia, é possível caracterizado as políticas educativas
estudar em quais regiões o tema do bullying privatizadoras; e o transcendental é que tem
ocorre com maior frequência. transitado para a construção de uma

11
Texto adaptado de María de La Luz Arriaga Lemus, disponível em http://www.gestrado.org/

63
Conhecimentos Específicos

educação alternativa, para a emancipação, professoras e de suas organizações


uma educação pública cujo sentido seja a sindicais. Almeja que a democracia seja,
justiça social, diversa, multicultural, mais do que um conceito, uma forma de
autônoma, inclusiva, solidária, crítica, vida. A partir do momento em que os
científica, fundamental na construção de sujeitos da educação se apropriam dele,
identidade nacional e defesa da soberania converte-se em um exercício cotidiano de
dos povos. ação coletiva transformadora para a
Envolve assim três dimensões e três mudança social.
planos de ação. As dimensões fazem
referência a: A democratização da escola através
1) o acesso universal; da participação efetiva da comunidade
2) a gestão democrática das escolas e do escolar12
sistema educativo; Sabemos que uma escola só será
3) a transformação do sentido da democrática, a partir do momento em que a
educação para a democratização das comunidade escolar, representada pelos
sociedades. professores, funcionários, alunos e pais,
Os três planos de ação são: o local (aula, tomarem consciência da importância de seu
escola, comunidade, delegação ou seção papel na construção dessa democracia. A
sindical); o nacional (distintos níveis escola que se diz pública e democrática
escolares, sindicato e/ou sindicatos de um define-se como “comum a todos” (pública)
país) e o internacional. e “governada pelo povo” (democrática)
A democratização da educação sustenta- (LUFT, Celso Pedro, 1921). Na prática isso
se em uma concepção e na prática da não vem acontecendo, pois há pouco
democracia direta, que, por sua vez, baseia- interesse da comunidade escolar na tomada
se em uma série de mecanismos construídos de decisões, e isso é motivado porque a
pelas comunidades docentes, estudantis, de escola não favorece essa participação ou
pais, sindicatos e organizações sociais para ainda porque essa desconhece seus direitos
a autorrepresentação e para uma condução e não está consciente do “poder” que tem,
autogestionária. ou que poderia ter.
O que muda ao democratizar a Para a comunidade, participar da gestão
educação? As políticas privatizadoras da de uma escola significa inteirar-se e opinar
educação impuseram um modelo sobre os assuntos para os quais muitas
reducionista da mesma, ensinar “por vezes se encontra despreparada; significa
competências” e para responder provas todo um aprendizado político e
estandardizadas é a ordem que se dá aos organizacional (participar de reuniões,
professores. O papel das docentes e dos darem opiniões, anotar, fiscalizar, cumprir
docentes se reduz ao de meros repetidores decisões); mudar sua visão de direção de
de instruções e planos e programas de escola, passando a não esperar decisões
estudo elaborados sem sua participação. prontas para serem seguidas; significa,
Um objetivo dessas políticas é o controle enfim, pensar a escola não como um
dos professores por meio do esvaziamento organismo governamental, portanto
da profissão docente, há um espólio de sua externo, alheio, e sim como um órgão
identidade como educadores e uma público que deve ser não apenas fiscalizado
desvalorização de seu papel de líderes e controlado, mas dirigido pelos seus
sociais em suas comunidades. usuários. (HORA, 1994, p. 134)
A democratização da educação tende à Muitos autores escreveram e
mudança no sentido da educação, do papel concluíram que a escola só será
dela, da escola e dos professores e democrática quando houver a participação

12
Texto adaptado de Elaine Giunta e Clarice Schneider Linhares disponível em http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/

64
Conhecimentos Específicos

da comunidade escolar, como incentivar, sentido, é preciso buscar a participação da


trazer, convencer, e efetivar essa comunidade em geral, descentralizando as
participação? Muitas escolas tiveram decisões tomadas. Garantindo assim,
excelentes experiências no momento em diálogo e participação plena no ambiente
que conseguiram conscientizar a escolar.
comunidade escolar a participar das Neste sentido, baseada em fundamentos
decisões que a escola deveria tomar. de uma gestão democrática, aquela que se
organiza a partir da contribuição de todos os
Gestão escolar e os fundamentos que a envolvidos, a escola como instituição social
constituem13 tem acima de tudo, finalidades político-
Numa realidade assim estabelecida, pedagógicas, é essencial para a promoção
visualizamos a escola como instituição de uma educação democrática a
social, e percebemos como nos traz Canário participação na tomada de decisões de toda
(2007), que a escola é como uma a comunidade escolar.
organização viva, que constantemente se A gestão democrática da educação
altera, se modifica e se constrói. Neste formal está associada ao estabelecimento de
sentido, faz-se necessário pensar em uma mecanismos legais e institucionais e à
escola plural, com múltiplos agentes. organização de ações que desencadeiem a
Nesta perspectiva, as finalidades participação social: na formulação de
políticas e pedagógicas que norteiam o políticas educacionais; no planejamento; na
trabalho da gestão escolar, podem ser tomada de decisões; na definição do uso de
articuladas com inúmeras discussões e recursos e necessidades de investimento; na
decisões frente às ações, programas ou execução das deliberações coletivas; nos
projetos implementados pela escola. Neste momentos de avaliação da escola e da
contexto de discussões e articulações, surge política educacional. (LUCE e
a gestão democrática. MEDEIROS, 2008) Essas transformações
A gestão da educação, quando pensada afetam diretamente o campo educacional, e
numa perspectiva democrática, nos revela a daí surge à necessidade de criação de
necessidade de pensarmos numa escola que legislações específicas para a educação e
se caracterize não somente pelo gestor, mas uma fiscalização eficiente quanto às
que considere principalmente, a políticas públicas no setor educacional do
participação de todos os envolvidos. Neste país.
sentido, a gestão democrática no sistema Em decorrência a estes fatos, têm
educacional público abre possibilidades provocado uma nova atuação dos Estados
para que se construa uma escola pública de nacionais na organização das políticas
qualidade, que atenda aos interesses da públicas, por meio de um movimento de
maioria da população brasileira, além de repasse de poderes e responsabilidades dos
representar uma possibilidade de vivência e governos centrais para as comunidades
aprendizado da democracia, podendo, locais.
portanto, tomar um sentido diferenciado. No campo educacional, como um grande
(AZEVEDO, 2006, p. 510). exemplo destas transformações, podemos
Muitos autores consideram que para o considerar os movimentos que instituem a
bom andamento da gestão é preciso ter gestão escolar. Muitos teóricos discutem o
como princípio a gestão democrática. É a surgimento desta tendência: alguns autores
partir dela, que vislumbramos melhorias na defendem que este é um grande passo de
“qualidade da convivência humana, que se democratização e valorização da educação
constrói na cultura do povo e na sua - coerente com as reformas educacionais -
história” (BUSS, 2008, p. 23). Neste ou outros acreditam que é uma forma que

13
Texto adaptado de Shirlei de Souza Correa disponível em http://www.ucs.br/

65
Conhecimentos Específicos

os governantes encontraram para “aliviar- demonstra um olhar bastante minimalista


se de suas responsabilidades, transferindo quando descreve as incumbências das
poderes e funções para o nível local”. escolas. A elaboração e execução da
(BARROSO, 2000, p.45). proposta pedagógica, bem como a
A partir de processo de reestruturação administração de pessoal e de recursos
que a escola enquanto instituição também materiais e financeiros entre outros,
vivenciou, podemos observar que evidenciam que a prática da gestão se
profundas mudanças em termos políticos, consolida no espaço escolar.
econômicos e sociais ocasionaram grande A referida Lei dá atenção especial à
impacto em questões que orientam a gestão escolar e democrática visando um
organização do trabalho pedagógico novo olhar no setor educacional, sendo
desenvolvido no interior das escolas assim, são incumbências da gestão escolar.
públicas. Frente a estas questões, este estudo se
Ferreira, com uma visão mais ampla concretiza a partir de uma pesquisa
acerca das questões históricas no âmbito bibliográfica, tendo como principal
educacional, destaca que as reformas objetivo discutir a função e o papel do
educacionais ocorridas neste período se gestor escolar a partir das novas
caracterizam, sobretudo, por um conjunto concepções, reafirmadas pelas políticas
de transformações ocorridas na educação públicas, sobre a gestão democrática da
brasileira, reafirmando ainda, que estas educação, que procuram promover certa
estavam em “consonância com as reformas flexibilização e descentralização no âmbito
políticas e econômicas desenvolvidas para escolar, ou seja, busca incentivar maior
a inserção do país no contexto da participação do coletivo.
globalização. (FERREIRA, 2011, p. 3). Ferreira (2011) destaca frente a estes
Citado por muitos autores como um fatos, que a gestão escolar, evidenciada
marco na década de 90, quanto ao processo através da LDB, proporciona flexibilidade
de reestruturação do ensino brasileiro, às ações ora estabelecidas, garantindo
temos a LDB - Lei de Diretrizes e Bases, nº assim movimentos de autonomia frente aos
9394. Depois de promulgada em 1996, interesses e necessidades advindas do
efetivou importantes mudanças quanto à cotidiano escolar. Buss (2008) identifica a
administração pedagógica, financeira e terminologia gestão como vinda do verbo
administrativa da escola. Neste ínterim, latino gerere, que significa fazer, exercer,
tomava forma movimentos que instituíam a executar, administrar. Nesse sentido, volta-
gestão pedagógica. se a postura dialógica para o conceito de
A escola, enquanto instituição social e gestão como forma de governo da
política vêm passando por vários processos educação. A gestão é entendida também
e mudanças no conhecimento, organização como uma grande evolução do ato de
e formas de pensar. Essas mudanças dão administrar, buscando o trabalho coletivo e
novas características as nossas realidades abolindo o trabalho individual.
política, econômica e social. Com todas Instituído legalmente pela LDB, o termo
essas mudanças articuladas e trazidas à gestão escolar refere-se a um princípio
tona, a partir de documentos e legislações (constitucional) que regulamenta ou que
especificas, a escola viu-se, orienta as ações dentro do universo escolar.
obrigatoriamente, com a necessidade de se Dourado (2007), em artigo que trata das
adaptar aos novos tempos então instituídos. políticas e gestão da educação básica no
A gestão escolar neste contexto, ganhou Brasil, dando ênfase aos limites e
espaço de análise, de discussão e de perspectivas quanto a sua implantação,
implementação no interior das escolas. sinaliza que:
Como exemplo de gestão, podemos A gestão educacional tem natureza e
trazer a LDB de 1996, que no artigo 12, características próprias, ou seja, tem escopo

66
Conhecimentos Específicos

mais amplo do que mera aplicação dos a ação de agentes externos na formação do
métodos, técnicas e princípios da aluno, o primado do objeto de
administração empresarial, devido às suas conhecimento, a transmissão do saber
especificidades e aos fins a serem constituído na tradição e uma concepção
alcançados. Ou seja, a escola, entendida de ensino como impressão de imagens
como instituição social, tem sua lógica propiciadas ora pela palavra do professor
organizativa e suas finalidades demarcadas ora pela observação sensorial.
pelos fins político-pedagógicos que Esta tendência pedagógica surgiu então
extrapolam o horizonte custo-benefício no Brasil com os padres da Companhia de
stricto-sensu. (DOURADO, 1997, p. 924). Jesus, logo após a chegada dos portugueses.
Neste contexto, pautados em Buss Os jesuítas trouxeram todo um estilo de
(2008), podemos afirmar que a gestão ensinar consolidado, posteriormente, no
escolar se organiza precisamente a partir de ratio studiorium, seu manual de
três olhares, que tem por objetivo garantir o organização dos estudos, especialmente a
processo educacional, que são eles: a gestão partir do século XVII.
pedagógica com o objetivo maior o ensino De acordo com essa tendência
e a aprendizagem, a gestão de recursos pedagógica, a escola denominada
humanos que trabalha com toda tradicional, faz com que o aluno seja
comunidade escolar e a gestão educado para atingir sua plena realização
administrativa que é a parte física e através de seu próprio esforço. Sendo
burocrática da escola. assim, as diferenças de classe social não são
Nesta perspectiva democrática, percebe- consideradas e toda a prática escolar não
se a necessidade de existir integração entre tem nenhuma relação com o cotidiano do
todos os segmentos que compõem a escola, aluno. Quem garante seu aprendizado é o
o que caracteriza uma dinâmica próprio aluno através de seus esforços.
participativa na comunidade escolar. Quanto aos pressupostos de
Comunidade escolar aqui entendida quando aprendizagem, ou seja, como estas crianças
há a participação de pais, professores, aprendem, a ideia principal da escola para
alunos, funcionários, direção e esta tendência pedagógica é de que o ensino
administração. consiste em repassar os conhecimentos para
o espírito da criança, sendo acompanhada
de outra teoria, de que a capacidade de
8. Novas tendências e competências assimilação da criança é idêntica a do
adulto, sem levar em conta as
características próprias de cada idade. A
Tendências Pedagógicas criança é vista, assim, como um adulto em
Contemporâneas miniatura, apenas menos desenvolvida
(LIBÂNEO, 1992, p. 57-64).
Pedagogia tradicional Nesta concepção, o ensino é entendido
A pedagogia tradicional tem como como repasse de idéias do professor para a
objetivo transmitir uma separação dos cabeça do aluno; os alunos devem
conteúdos sociais para com a realidade, compreender o que o professor transmite,
neste modelo de tendência apenas o assim reproduzindo a matéria transmitida.
professor tem razão, é ele o centro das Tem-se uma aprendizagem mecânica,
atenções. Sua metodologia se baseia na automática e associativa.
memorização, tornando a aprendizagem (Dias, 2007) estabelece, então, uma
mecânica, passiva e repetitiva. ênfase na formação moral do aluno, em que
Para Libâneo (1992, p. 57-64): ele constitui seu caráter, pela chamada
A pedagogia tradicional caracteriza as “instrução educativa”. Nesta perspectiva, a
concepções de educação onde prepondera marginalidade é identificada com a

67
Conhecimentos Específicos

ignorância, o ser sem formação, ou na nova do ensino conforme os ritmos próprios de


sociedade burguesa, o marginal é o aprendizagem.
ignorante, ou seja, todo marginal se se Segundo Dias (2007), esta escola surgiu
caracteriza segundo esta tendência alguém como uma resposta à pedagogia tradicional,
sem conhecimento escolar adquirido. que já no final do século XIX, começou a
Segundo a LDB 9.394/96, com a ser questionada em seus princípios, por
divulgação das ideias de Piaget, Vygotsky e educadores que buscavam uma linha
Wallon, em um traje sócio histórico, tais pedagógica mais adequada às novas
teorias buscavam se unir com a linguagem necessidades mundiais. Defendia um clima
moderna, considerando-a como uma ação psicológico-democrático, onde o professor
sobre o modo de ver e pensar do homem é visto como “um auxiliar das
para o mundo. Tais aprofundamentos experiências”.
tentam construir uma realidade onde o O norte americano John Dewey,
home e o mundo esteja sincronizado retomando os valores originais da
formando-se então uma realidade Revolução Francesa, criou, na
fundamental de conhecimento. Universidade de Columbia, escolas
Pedagogia Tradicional é um modelo de experimentais onde procurou demonstrar a
educação onde o principal sujeito da ação é validade de seus princípios. Criou uma
o professor. Tendo este a função de instigar, pedagogia centrada no aluno e propôs: uma
acompanhar, criticar, observar, analisa pedagogia ativa, baseada na
educar culturalmente lecionar os experimentação, via permanente clima de
ensinamentos da materia ao qual foi pesquisa; um ensino pragmático, que
destinado através de suas aulas expositivas. alguns veem como utilitarista, onde ocorre
Os alunos por sua vez, neste modelo, ficam uma filtragem daquilo que, realmente, é
prestndo atenção aos ensinamentos, importante; ênfase no estudo dos processos
realizam exercicios e atividades repetitivas psicológicos de aprendizagem; ênfase nas
como forma de gravar o conhecimento e por diferenças entre os alunos e não na
fim reproduzir como forma de aprendizado igualdade; segundo Dewey os homens não
este cohecimento gravado. Segundo são iguais, reconhecendo que alguns são
(AZANHA, 2014) O professor expõe os mais capazes que outros; é o saber lidar com
conteúdos “oralmente”, seguindo passos as diferenças; proposta de escola enquanto
pré-determinados e fixos para todo e comunidade modelo a ser estendida a toda
qualquer contexto escolar. Pode-se dizer a sociedade (DIAS, 2007).
que aqui, o professor é “um organizador dos Após a publicação da LDB nº 9.394/96,
conteúdos e estratégias de ensino e, tem-se que a pedagogia renovada inclui
portanto, o guia exclusivo do processo várias correntes, que de uma forma ou de
educativo”. outra estão ligadas ao movimento da Escola
Nova ou da Escola Ativa, que embora
Pedagogia renovada admitam divergências, assumem um
Tem como base filosófica a concepção mesmo princípio norteador de valorização
humanista moderna: visão do homem do indivíduo como ser livre, ativo e social.
centrada na existência (DIAS, 2007, p.37). O centro da atividade escolar não é o
A pedagogia renovada, segundo Libâneo professor nem os conteúdos
(1992) agrupa correntes que advogam a disciplinadores, mas sim o aluno ativo e
renovação escolar, opondo-se a primeira e curioso. O mais importante aqui é o
tem como características: valorização da processo de aprendizagem e o professor é
criança, dotada de liberdade, iniciativa de um mero facilitador no processo de busca
interesses próprios e, por isso mesmo, de conhecimento do aluno, organizando e
sujeito da sua aprendizagem e agente do seu coordenando as situações de aprendizagem.
próprio desenvolvimento; individualização (AZANHA, 2014).

68
Conhecimentos Específicos

Essa tendência até hoje influencia muitas Pedagogia libertadora


práticas pedagógicas. Está diretamente ligado ao educador
A tendência renovada propõe um ensino Paulo Freire. Parte do princípio de que, em
que valoriza o aluno como sujeito do países periféricos ao capitalismo, existe
conhecimento, a experiência direta sobre o uma situação de dominação de classe
meio pela atividade; um ensino centrado no claramente estabelecida: opressão. O
aluno e no grupo. oprimido é levado a uma situação de
Segundo Saviani, 2007: submissão. Atribui sua situação a fatores
A tendência liberal renovada apresenta- divinos, naturais ou culpa própria (DIAS,
se, entre nós, em duas versões distintas: a 2007).
renovada progressivista, ou, pragmática, O objetivo de Paulo Freire é o “desvelar”
principalmente na forma difundida pelos da realidade, que inicia o processo de
pioneiros da educação nova, entre os quais conscientização para, posteriormente,
se destaca Anísio Teixeira, Montessori, restabelecer estratégias de ação organizada
Decroly e Piaget); a renovada não diretiva, para a mudança. Sua metodologia se baseia
orientada para os objetivos de auto no conceito do diálogo: forma de
realização e para as relações interpessoais, comunicação onde os participantes se
na formulação do psicólogo norte- apresentam como sujeitos do processo de
americano Carl Rogers (SAVIANI, 2007). conhecimento.
Paulo Freire não leva em consideração o
Pedagogia tecnicista papel informativo do ato de conhecimento
A pedagogia tecnicista tem como base na relação educativa, porém para ele, o
filosófica a concepção analítica: centrada conhecimento não é suficiente se não são
na análise lógica da linguagem educacional elaboradas novas teorias do conhecimento
e, em parte, na concepção humanista que possam caminhar lado a lado com o
moderna. Sua raiz se encontra no período aprendizado. Sua convicção se baseia
imediatamente após a segunda guerra principalmente no fato de que os oprimidos
mundial. Neste contexto surgiram teorias não puderem adquiri uma nova estrutura do
importantes sobre planejamento, que conhecimento que lhes dariam a chance de
enfatizavam a utilização de conceitos como reelaborar e reordenar seus próprios
utilitarismo, objetividade, eficiência, conhecimentos e/ou apropriar-se de
eficácia, técnica e outros. Estas teorias outros. (GADOTTI, 1988, p. 230 - 238).
foram muito importantes na superação dos Sendo assim, para Paulo Freire, a
problemas econômicos dos países pedagogia libertadora ultrapassa os limites
capitalistas e acabaram por espalhar-se, da pedagogia tradicional, pois além de
enquanto ideologia, por toda a sociedade, indagar a situação de oprimido, faz com que
inclusive na educação (DIAS, 2007). o mesmo busque sua libertação em um
Segundo Libâneo (1992), a tendência contexto amplo, de forma que o sujeito
liberal tecnicista acredita que a realidade obtenha uma consciência politica, critica
contém em si suas próprias leis, bastando econômica e social. (GADOTTI, 1988, p.
aos homens descobri-las e aplicá-las. Dessa 230-238).
forma, o essencial são as técnicas de
descoberta e aplicação. Ou seja, a Pedagogia libertária e crítico social
tecnologia é o meio eficaz de obter a dos conteúdos
maximização da produção e garantir um Corrente pouco difundida na prática
ótimo funcionamento da sociedade; a didática brasileira, especialmente por suas
educação é um recurso tecnológico por características anarquistas: eliminação de
excelência. toda e qualquer autoridade; inserção da
autogestão grupal. O saber deve circular
livremente numa troca de experiências que

69
Conhecimentos Específicos

acaba por caracterizar o saber como abordagens instrumental e conectiva,


produção essencialmente coletiva; observa- descritas por Rodrigues (2011).
se um vínculo indissolúvel entre didática e
política; coeducação dos sexos (DIAS, Perspectiva Associacionista
2007). A teoria associacionista antecede o
Esta tendência não tem proposta comportamentalismo ou o behaviorismo. É
explícita de Didática e muitos dos seus uma teoria inspirada na filosofia empirista
adeptos se recusam a admitir o papel dessa e positivista, tal teoria atribui ao ambiente
disciplina na formação de educadores. A em que vive as caracterizações humanas e
atividade escolar é centrada na discussão de privilegia a experiência como a fonte do
temas sociais e políticos, ou seja, um ensino conhecimento e formação dos hábitos
centrado na realidade social, em que comportamentais dos indivíduos, sendo
professores e alunos realizam a assim, o que determina o aprendizado e
problematização de determinado desenvolvimento do individuo segundo esta
fenômeno. Portanto, esta proposta libertária teoria são os fatores externos.
permanece, apenas, como um referencial Esta teoria foi criada por Edward
teórico (LIBÂNEO, 2002). Thorndike, segundo ele, “a aprendizagem
A Pedagogia Crítico-Social dos consiste na formação de ligações, conexões,
Conteúdos surge no final dos anos 70 e estimulo-resposta que se originam a partir
início dos 80 e é uma reação de alguns de impulsos diretos para a ação”. Para
educadores que não aceitam a pouca Thorndike, após perceber que várias
relevância que a pedagogia libertadora dá respostas eram dadas a uma mesma
ao aprendizado do chamado ‘saber situação resolveu realizar um experimento:
elaborado’, historicamente acumulado e (Thorndike, 1911):
que constitui o acervo cultural da Dentre as várias respostas dadas a uma
humanidade. Compreende que não basta ter mesma situação, as que forem
como conteúdo escolar as questões sociais acompanhadas ou seguidas de perto pela
atuais, mas é necessário que se possa ter o satisfação do animal, mantendo-se iguais
domínio de conhecimentos, habilidades e as demais condições, tornar-se-ão mais
capacidades para que os alunos possam firmemente conectadas à situação de modo
interpretar suas experiências de vida e que, quando esta ressurgir, tenderão a
defender seus interesses de classe reaparecer; as que forem acompanhadas
(LIBÂNEO, 1992). ou imediatamente seguidas por
desconforto, às demais condições
Teorias Pedagógicas Fundamentais mantendo-se iguais, terão enfraquecidas
em Educação a Distância suas conexões com tal situação, de forma
Segundo a abordagem de Greeno, que quando esta se repetir, elas terão
Collins e Resnick (1996) citados por Filatro menor tendência a ocorrer. Quanto maior
(2009, p.96-98), “o processo de ensino e a satisfação ou o desconforto, maior o
aprendizagem pode adquirir distintos fortalecimento ou enfraquecimento da
significados de acordo com o paradigma conexão. - Lei do Efeito (Thorndike, 1911).
teórico predominante, sendo assim, um Entre os anos de 1950 e 1960, impôs-se
modo possível de categorizar as teorias o movimento da instrução programada,
pedagógicas é organizá-las sob três grandes tendo em Skinner seu principal
perspectivas”. As perspectivas pedagógicas representante. Para Skinner, o resultado da
dominantes no cenário da educação a aprendizagem é uma mudança ou aquisição
distância são: associacionista, cognitiva e de comportamentos observáveis causados
situada e são descritas abaixo com base nos por estímulos externos ou ambientais -
considerações feitas por Filatro (2009); e as esses comportamentos observáveis é que
são os resultados da aprendizagem. Para

70
Conhecimentos Específicos

este autor, o melhor método de ensinar a O cognitivismo, cujas ideias baseiam-se


criança seria pelo ensino programado, na Teoria de Piaget, enfatiza a importância
baseado em duas premissas: necessidade de do conhecimento no desenvolvimento da
programar os reforços oferecidos ao aluno inteligência, ou seja, centra-se no fato de
para manter a intensidade de seu que o conhecimento é fruto da interação
comportamento e necessidade do uso de entre o sujeito e o mundo exterior, através
máquinas de ensinar, programas para de um processo permanente de construção
estimular a aprendizagem (LAKOMY, e reconstrução que resulta na formação das
2008). estruturas cognitivas. O ensino é, nessa
Segundo Filatro, (2009): perspectiva, a ação de potencializar e
A definição de objetivos específicos a ser favorecer a construção de estruturas
perseguida, a divisão da instrução em cognitivas. As situações externas só podem
pequenos passos, o estabelecimento de influenciar o desenvolvimento do indivíduo
padrões de comportamento desejados, o se ele já tiver construído estruturas
respeito ao ritmo de aprendizagem (esquemas cognitivos) que lhe permitam
individual para alcançar esses padrões e o assimilar essas situações, apropriar-se delas
feedback imediato desembocaram e empregá-las na construção de novos
primeiramente em livros e aparelhos tidos conhecimentos (FILATRO, 2009).
como ‘máquinas de ensinar’ e Pode-se dizer que:
posteriormente, a partir dos anos 1980, em À medida que a criança passa a
softwares educacionais que ofereciam uma interagir com o mundo ao seu redor, ela
alternativa tecnológica à educação começa a atuar e a modificar ativamente a
tradicional (FILATRO, 2009). realidade que a envolve. Atuar, no sentido
Mais recentemente, a abordagem de piagetiano, não envolve necessariamente
redes neurais sugere a análise do ações e movimentos externos e visíveis,
conhecimento em termos de concordância como acontece quando um bebê faz soar um
com regularidades nos padrões de chocalho, mas também atividades internas,
atividades. Ainda que não amplamente cognitivas e afetivas. Por exemplo, uma
aplicada em educação, apoiada na premissa criança está mentalmente ativa quando, na
de que aprender equivale a formar, solução de um problema, compara, ordena,
fortalecer e ajustar associações, essa classifica, conta ou faz deduções mentais
abordagem corrobora o desenvolvimento (LAKOMY, 2008, p. 31).
da instrução programada e de softwares que O modelo de aquisição e retenção de
reforçam conexões através de feedback conhecimento de Ausubel (citado por
imediato. Filatro, 2009), envolve os processos de
Filatro (2009) destaca que, essa subsunção, diferenciação progressiva,
perspectiva preocupa-se em enfatizar a aprendizagem superordenada e
aprendizagem ativa (aprender fazendo), reconciliação integrativa. Segundo o
com análise cuidadosa e feedback imediato referido teórico, para que a aprendizagem
de resultados e, sobretudo alinhamento de significativa ocorra em uma situação social
objetivos de aprendizagem, estratégias determinada, como a sala de aula, é
instrucionais e métodos para avaliação. necessário que novos conhecimentos se
relacionem significativamente com as
Perspectiva cognitiva ideias e informações já existentes na
O paradigma cognitivista “implica, estrutura cognitiva dos alunos. O uso de
dentre outros aspectos, se estudarem organizadores prévios e o sequenciamento
cientificamente a aprendizagem como de conteúdos são essenciais para o
sendo mais que um produto do ambiente, aperfeiçoamento da aprendizagem e
das pessoas ou de fatores que são externos solução de problemas.
ao aluno” (FILATRO, 2009, p.97).

71
Conhecimentos Específicos

A ênfase nos esquemas mentais desenvolvimento proximal, objeto de


estabelece, posteriormente, um novo atuação instrucional. Os instrumentos
modelo de processamento de informação, psicológicos ordenam e reposicionam a
baseado na comparação da mente humana informação, através da inteligência,
com a estrutura básica de funcionamento de memória e atenção. Os sistemas de
um computador. Tem-se que a mente, tal representação, como a fonética, os sistemas
qual um computador, recebe inicialmente gráficos e a linguagem (sistema de signos)
registros sensoriais que são processados em fazem a mediação instrumental, enquanto a
uma memória de curto prazo e depois mediação social ocorre pela interação
transferidos à memória de longo prazo. Na interpessoal. Os processos internos são
memória de longo prazo, os conhecimentos interiorizados pela formação da consciência
são armazenados na forma de esquemas, os desses processos (FILATRO, 2004).
quais são ativados e reestruturados no A teoria de Vygotsky apoia-se no
processo de aprendizagem e recuperados conceito de zona de desenvolvimento
quando necessário. proximal (ZDP) - em que a distância entre
No que diz respeito à concepção de o nível de desenvolvimento atual,
ensino, Dewey descreveu que a aquisição determinado pela solução independente de
do conhecimento é fruto de uma reflexão problemas, e o nível de desenvolvimento
sobre a experiência, que permite sua potencial, determinado pela solução de
reconstrução ou reorganização, a fim de problemas sob orientação de adultos ou em
lhes atribuir significado, e prepara o terreno colaboração com pares mais capazes. A
para novas experiências. Segundo esse ZDP implica um método para converter o
autor, a estrutura cognitiva (esquemas, prognóstico psicológico em
modelos mentais) do individuo fornece desenvolvimento real, através da educação.
significado e organização para as Para Vygotsky, “a instrução somente é boa
experiências e permite-lhe ir além da quando vai adiante do desenvolvimento,
informação dada. O conhecimento é um quando desperta e traz à vida aquelas
processo, não o acúmulo de sabedoria funções que estão em processo de
cientifica armazenada em livros-textos. maturação ou na zona de desenvolvimento
Para aprender conceitos e resolver proximal” (FILATRO, 2004, p.86).
problemas, os alunos devem ser colocados
diante de situações discrepantes, de modo Construtivismo a distância
que a aprendizagem se dê através da A teoria do construtivismo sócio
descoberta (GUEDES et al, 2008). interacionista (Vygotsky e Piaget) é
Indo além de concepções mais considerada por Resende (2005) como
individualizadas do construtivismo, possível de ser aplicada na prática
Vygotsky, psicólogo e filósofo russo, educativa à distância. Esta concepção
recupera as raízes sociais da aprendizagem explica o desenvolvimento humano como
significativa, oferecendo à educação a resultado da ação recíproca entre o
perspectiva socioconstrutivista da organismo e o meio, sendo sua
aprendizagem. Para ele, as funções compreensão importante como fundamento
psicológicas superiores são fruto do das tecnologias na educação,
desenvolvimento cultural, e não do principalmente porque uma das principais
desenvolvimento biológico. É a características da rede é a interatividade.
aprendizagem que sustenta o Esta teoria destaca-se pelas infinitas
desenvolvimento humano, não o inverso. A possibilidades nas interações sociais e nas
formação de processos superiores de mudanças de significados. O conceito de
pensamento se dá pela atividade zona de desenvolvimento proximal
instrumental e prática, em interação e proposto por Vygotsky é explicado por
cooperação social, na zona de Resende (2005, p.4) em um ambiente

72
Conhecimentos Específicos

computacional como uma “interação entre de uma variedade de tecnologias. Estes


pares permeada pela linguagem humana e ambientes e ferramentas construtivistas
da máquina, que potencializa o podem substituir o modelo de ensino à
desempenho intelectual porque força os distância controlado pelo professor, por
indivíduos a reconhecer e a coordenar as ambientes de trabalho contextualizados,
perspectivas conflitantes de um problema, estratégias de pensamento e discussão
construindo um novo conhecimento a partir através da mídia, que apoiem os processos
do seu nível de competência”. Ou seja, a de construção do conhecimento em
Internet potencializa a noção de interação ambientes a distância.
entre pessoas com diferentes níveis de O trabalho colaborativo com o apoio do
experiência a uma cultura tecnológica. computador (TCAC) é um campo de estudo
Sobre a abordagem piagetiana, Resende que apareceu nos anos 80 para ajudar
(2005, p.6) destacou três aspectos que grupos a estruturarem seus trabalhos
podem ser aplicados no modelo teórico da através do apoio às interações funcionais e
educação à distância: sociais dos mesmos. O TCAC desenvolveu
Os conhecimentos são construídos a softwares que proporcionam sistemas de
partir da atividade nas situações e ajuda, sistemas de apoio às decisões de
experiências vividas pelo aprendiz; o grupo, ferramentas de gerenciamento de
aprendiz ocupa o bojo do processo, no qual projetos, conferências eletrônicas e espaços
a aprendizagem acontece pela interação do de trabalhos compartilhados com consultas
aprendiz com os componentes do seu meio de multimídia.
ambiente, incluindo as informações O trabalho colaborativo com o apoio do
disponíveis; e o contexto de aprendizagem computador (TCAC) combina
desempenha um papel determinante, uma comunicações e tecnologias do computador
vez que a atividade do aprendiz está para apoio às várias atividades em grupos
inserida num meio ambiente que possibilite de tamanhos, permanência e estrutura
a apropriação do conhecimento. variados. As tecnologias de TCAC podem
Sobre estes aspectos, JONASSEN apoiar grupos através de um meio ambiente
(1998) destacou que o potencial de várias distribuído.
tecnologias, bem como os meios ambientes Exemplos de meios ambientes de TCAC
de aprendizagem interativa e as ferramentas incluem, segundo JONASSEN (1998):
cognitivas baseadas no computador têm • Jardim de Respostas - permite que
permitido novos enfoques pedagógicos a organizações de serviço de campo (hot-
ser considerados no desenho da line) desenvolvam bancos de dados com as
aprendizagem à distância. Essas perguntas mais comumente feitas,
tecnologias têm o potencial de afastar a incluindo redes de filiais, para ajudar os
educação à distância dos métodos usuários a encontrar as respostas que eles
instrucionais tradicionais, tanto em sala de desejam;
aula quanto a distância, em direção a uma • Colaborador - ferramenta de
aproximação da instrução centrada no multimídia para geração de ideias,
aluno, que não mais enfatiza o professor gerenciamento de projetos, documentos
como a fonte e o árbitro de todo o compartilhadores de informação na
conhecimento. organização de conferências;
JONASSEN (1998) propôs um número • Dominó - dirige e controla os
de recomendações específicas para o procedimentos da divisão de trabalho
emprego de tecnologias que visem a apoiar dentro de um escritório;
a aprendizagem construtivista em situação • In Concert - automaticamente rastreia e
de educação à distância. A aprendizagem distribui todas as tarefas num processo de
construtivista pode ser apoiada nos fluência de trabalho;
ambientes de educação à distância através

73
Conhecimentos Específicos

• Lotus Notes - integra multimídia, diálogo cooperativo permite que os


correio eletrônico, bancos de dados participantes experimentem similaridades e
distribuídos e seu gerenciamento; diferenças entre vários pontos de vista.
• Option Finder (Entocador de Opções) - Professores, materiais instrucionais e
sistema de encontros dá apoio para colegas de classe são vistos como fontes de
"brainstorming" (tempestade de ideias); informação e insights que podem ser
• Quitt (Colcha) - ferramentas para a consultados para resolver problemas reais.
produção de documentos colaboradores Valorizam-se as estratégias de ensino que
pela manipulação do ponto central dos permitem aos alunos aplicar diversas
hipertextos; perspectivas a um problema e assumir a
• Cruizer (Cruzador) - conecta os postura de que, para entender o ponto de
escritórios para interação informal - simula vista dos outros, é necessário dialogar, e
descida de corredores, conversas não apenas ouvir. Assim, a aprendizagem
improvisadas, esconderijos particulares; deve ocorrer em um ambiente social, não
• gIBIS - meios ambientes de hipertextos como uma ação privada, e precisa estar
(Conklin, Begemann, 1987) que fornecem situada em contextos realistas e que
uma estrutura de argumento (questão, interessam aos alunos.
posição e pontos centrais de argumento) aos Segundo a perspectiva situada, um aluno
quais os usuários adicionam comentários sempre estará sujeito às influências do
sobre um problema. ambiente social e cultural em que
Tem-se então, que de acordo com estas aprendizagem ocorre, o que também define,
teorias apresentadas, as tecnologias da pelo menos parcialmente, os resultados de
informação devem considerar a sua aprendizagem. Uma vez que o
necessidade de ambientes que promovam conhecimento se situa em práticas de
interações e experiências educativas. diferentes comunidades, os resultados de
sua aprendizagem envolvem as habilidades
Perspectiva situada de os indivíduos participarem com sucesso
A cognição situada tem seus dessas práticas. Isso pode ser visto como
pressupostos ligados aos princípios uma correção necessária de teorias de
socioconstrutivistas. Nela, o conhecimento aprendizagem em que tanto os níveis
está localizado na ação de pessoas e grupos, comportamentais quanto cognitivos de
ou seja, é distribuído socialmente. Enfatiza- analise se tornaram desconectados do
se o contexto social da aprendizagem, mas aspecto social (FILATRO, 2009).
esse contexto deve ser muito mais próximo
- ou idêntico- à situação na qual o aluno Abordagem instrumental
aplicará a aprendizagem adquirida Rodrigues (2011) destacou que a
(FILATRO, 2009). abordagem instrumental, adota o
Ou seja, aprender é muito mais a ação referencial teórico do behaviorismo e é
individual de obter informação geral a definida pelas concepções de ensino e
partir de um corpo de conhecimentos aprendizagem, que trazem embutidos os
descontextualizados. É um fenômeno conceitos de homem, sociedade, educação e
social, um processo dialético que envolve de comunicação. Caracteriza-se pelo estudo
interagir com outras pessoas, ferramentas e programado, pelo auto teste, pelo
o mundo físico (que existem dentro de um diagnóstico e pelo trabalho por simulação e
contexto histórico com significados, modelos. Ela concebe o receptor como um
linguagem e artefatos culturais próprios). indivíduo passivo e sujeito a modelações da
Interação social e colaboração são comunicação de massa, enfatizando o
componentes críticos para a aprendizagem. estudo individualizado. Assemelha-se,
A aprendizagem é tida como uma portanto, à “Educação Bancária”.
atividade inerentemente social, na qual o

74
Conhecimentos Específicos

Abordagem conectiva metodologias interativas, de


A abordagem conectiva, segundo acompanhamento individualizado e
Rodrigues (2011), é entendida como um processos avaliativos contextualizados,
processo de ensinar e aprender que tem a bem como o desenvolvimento da
comunicação como mediadora. aprendizagem de cunho colaborativo.
Caracterizar essa interatividade como rede
de conexões requer como suporte o Aplicação das teorias pedagógicas aos
pensamento complexo. Ou seja, articular e processos de treinamento e
organizar informações e conhecimentos desenvolvimento da EAD
requer uma reforma de pensamento que Martins (2009) relata que, o avanço
pressupõe um pensar complexo dos tecnológico dos meios de produção causou
processos de ensinar e aprender, levando-se impactos na forma como as pessoas
em consideração a rede de conexões em que aprendem dentro das organizações. O fator
o conhecimento é construído. Este tipo de humano ocupa a centralidade das propostas
abordagem não se define pelo uso do de desenvolvimento da organização,
computador ou de qualquer outra requerendo das empresas, a formulação de
tecnologia. novas estratégias gerenciais de políticas de
Numa abordagem de um processo pessoal. Do Estado, um amplo esforço de
comunicativo conectivo na EAD, há uma requalificação da força de trabalho.
mudança da função do professor, pois além O mundo corporativo se abre para um
do planejamento de cursos e estratégias, há novo patamar de treinamento e
sempre pré-requisitos de conhecimentos, desenvolvimento (T&D) quando o Brasil se
diferentes formas de aprender, já que os insere na economia globalizada e as
alunos podem acessar informações sem demandas por qualidade e produtividade
preparação e ajuda do professor. Nesse ditam o cenário concorrencial da empresa
sentido, alunos e professores desenvolverão nacional (MARTINS, 2009).
habilidades e capacidade de autonomia para Com a disseminação do modelo do TQM
recuperar e gerenciar dados. (total quality management), muitas
Os princípios da abordagem conectiva empresas passam a fazer investimentos
são flexibilidade, autonomia e diálogo que maciços na aprendizagem de funcionários.
são gerados pelas tensões nas relações A necessidade de melhor posicionamento
interpessoais e nas formas de gestão e de no mercado globalizado demarcou áreas de
comunicação, que promovem possíveis elevada competitividade como o setor de
articulações dos elementos da prática serviços financeiros e de saúde, o setor de
pedagógica: planejamento de tempo, alimentos e bebidas, de
metodologias e ferramentas de telecomunicações/TI e a indústria
comunicação, materiais didáticos e automobilística (MARTINS, 2009).
processos avaliativos (RODRIGUES, Não por acaso, esses setores da atividade
2011). econômica desenvolveram as primeiras
Segundo o autor, esta abordagem universidades corporativas, entendidas
evidencia a concepção de educação para a como guarda-chuvas estratégicos sob os
cidadania, na qual a qualidade, a quais convergem os esforços de
democratização e a inclusão são buscadas aprendizagem de uma empresa ou setor
como meta de todo e qualquer processo (EBOLI, 2004).
educacional, especialmente a EAD. Sendo As tecnologias de informação e
que a construção desta abordagem em EAD comunicação, cada vez mais, fazem com
implica assegurar o princípio da autonomia que a distinção entre ensino presencial e a
na especificidade didática de um distância desapareça. Uma simples
planejamento minucioso e flexível, na constatação disso pode ser feita quando se
adoção de linguagens diversificadas, de verifica o quanto ambas as modalidades

75
Conhecimentos Específicos

incorporam possibilidades, funções e Normalmente, os termos educação on-


atividades que eram típicas da outra. line, educação à distância e e-learning são
Aqueles que lidam com a EAD passaram a utilizados como termos sinônimos. No
perceber que ela pode ser melhor se entanto, há diferenças conceituais que não
possibilitar, entre outras coisas, a interação. podem ser ignoradas.
Na educação presencial, já se verifica que A educação a distância pode se realizar
todas as tecnologias podem ser utilizadas pelo uso de diferentes meios
para aprimorar o processo de ensino (correspondência postal ou eletrônica,
aprendizagem. Dessa forma, rádio, televisão, telefone, fax, computador,
gradativamente passa-se do ‘presencial’ ou Internet etc.), técnicas que possibilitem a
‘à distância’ para o ‘presencial mediado’, comunicação e abordagens educacionais;
ou melhor, para uma ‘aprendizagem baseia-se tanto na noção de distância física
mediada pelas tecnologias’; da entre o aluno e o professor como na
previsibilidade ao experimento e flexibilidade do tempo e na localização do
simulação; do ‘eu’ para o ‘nós’. aluno em qualquer espaço (...). Educação
Para Scott (2007), o novo ato de ensinar on-line é uma modalidade de educação a
ocorre por meio de processos contínuos de distância realizada via Internet, cuja
construção, interpretação e modificação das comunicação ocorre de formas sincrônicas
representações da realidade. Nesse e assincrônicas. Tanto pode utilizar a
contexto, a essência repousa nas internet para distribuir rapidamente as
experiências e nas negociações que se informações como pode fazer uso da
estabelecem no cotidiano, na prática. Com interatividade propiciada pela internet para
as comunidades, apesar das diferentes concretizar a interação entre as pessoas,
formas com que a aprendizagem ocorre, cuja comunicação pode se dar de acordo
torna-se possível fazer emergir soluções com distintas modalidades comunicativas
adequadas aos diversos problemas que se (EBOLI, 2004, p. 239).
apresentam. No entanto, há indissociabilidade entre
O novo contexto educacional, seja ele treinamento e os recursos de EAD. Na
formal ou empresarial, é impulsionado pela verdade, a EAD está trazendo para a área de
digitalização, que, por sua essência treinamento uma pedagogia cujo pilar de
inovadora, faz com que as práticas sustentação é a conectividade. Algumas
pedagógicas sejam repensadas, pois o possibilidades pedagógicas da
conhecimento e a aprendizagem passam a conectividade: aprendizagem assíncrona,
acontecer a todo o momento e por uma interatividade, conhecimento
imensa variedade de possibilidades, compartilhado (ou colaborativo), objetos de
sobretudo em função das mídias e aprendizagem, pílulas de conhecimento
tecnologias. Nelas, o papel dos atores - diagnóstico e mapeamento das
particularmente, professores e alunos-, o competências desenvolvidas.
tempo e o espaço tornam-se, cada vez, mais A guisa do que se estabeleceu no senso
relativos. comum, o Brasil não carece de ‘mais
As teorias pedagógicas nunca foram tão treinamento’ e sim de ‘melhor
intensamente desafiadas. Não é uma tarefa treinamento’: maior interatividade,
fácil para toda uma geração oriunda da era incentivo ao autodesenvolvimento, aliando
analógica incorporar a virtualização, conformação tecnológica e gosto pelo
praticar tamanha variedade de conceitos e, aprendizado. Os conteúdos devem produzir
simultaneamente, compreender que a TICs sentido para além do cotidiano da empresa.
e a Internet possibilitam à empresa o Ou seja, o aprendizado deve guardar
rompimento de barreiras clássicas do relação também com a vida das pessoas.
treinamento. Por outro lado, melhorar o treinamento
pressupõe aprimorar os mecanismos de

76
Conhecimentos Específicos

avaliação de resultados e de retorno sobre o Sendo assim, a pedagogia liberal é a


capital investido na formação de pessoal e, manifestação própria deste tipo de
nesse aspecto, a tecnologia oferece sociedade. A pedagogia liberal trabalha
inúmeros aparatos de controle e com a hipótese que a escola tem por função
mensuração da aprendizagem. preparar os indivíduos a desenvolverem
Evidentemente, o treinamento virtual papeis sociais, de acordo com as aptidões
não substitui o presencial. Essa falsa individuais.
dicotomia já está superada, pois se percebe O objetivo é demonstrar aos alunos que
que o espaço virtual está oferecendo a essa a escola vai além dos muros que a cercam é
área metodologias e ferramentas crescer para a cidadania, ser capaz de
tecnológicas de mensuração e avaliação de introduzir e levar para a comunidade o
resultados, um fator crítico de sucesso nos conhecimento adquirido ao longo de tal
programas de treinamento corporativo. processo educacional. Sendo assim, o papel
Em resumo, o treinamento deve estar da escola consiste na preparação intelectual
constantemente alinhado às necessidades e moral dos alunos, fazendo-os assumirem
das áreas de negócios e, simultaneamente, sua posição na sociedade. A escola passa
produzir significado nas pessoas em então a ter o compromisso com a cultura, os
situação de aprendizagem. Esse é o desafio. problemas sociais pertencentes à sociedade.
Por tudo isso, a EAD, com sua metodologia Na tendência liberal renovada
e seus recursos tecnológicos de progressista, a escola passa a ter a
aprendizagem, tem contribuído para mudar finalidade de se adequar as necessidades
o cenário do desenvolvimento de pessoas. individuais ao meio social e, para isso, ela
Certamente, uma das maiores deve se organizar de forma que os alunos
contribuições da EAD ao treinamento é o entendam o quanto possível, a vida.
incremento de soluções tecnológicas. Para O papel da escola para a tendência
Masie (2005), a emergência de novas liberal renovada não-diretiva acentua-se na
tecnologias aplicadas à educação formação de atitudes, preocupa-se bem
corporativa suscita o conceito de mais com os problemas psicológicos do que
aprendizagem extrema. Trata-se de com os pedagógicos ou sociais.
potencializar e acrescentar novas A tendência tecnicista trata a escola
abordagens às aulas e aos programas de como um sistema social harmônico,
treinamento para que as empresas possam orgânico e funcional, onde a escola, seria
lidar com a velocidade dos negócios e o uma modeladora de comportamento
impacto das constantes mudanças de humano, através de técnicas especificas. À
padrões tecnológicos nos vários ramos da educação escolar, passa a ter a competência
atividade empresarial. de organizar o processo de aquisição de
habilidades, atitudes e conhecimentos
O Papel da Escola nas Tendências específicos, uteis e necessários para que os
Pedagógicas indivíduos possam se interagir no sistema
Para analisar e desenvolver a abordagem global.
das tendências pedagógicas utilizou como O papel da escola em tendências
critério a posição que cada tendência adota pedagógicas é onde se inicia a criação do
em relação as finalidades sociais da escola. desenvolvimento, ou simplesmente onde se
A pedagogia liberal, apesar do termo inicia a fase de testes para averiguar o que
liberal, tal doutrina apareceu como pode ser feito e o que seria melhor se fosse
justificativa para o sistema capitalista, que feito, sendo assim as tendências
ao defender a permanência da liberdade e pedagógicas são os fatores que evidenciam
dos interesses individuais da sociedade, tais questões.
estabeleceu uma espécie de organização
social, denominada sociedade de classes.

77
Conhecimentos Específicos

Tendências Progressistas e o Papel da modificações instrumentais, com auxílio do


Escola meio. A escola receberá do aluno tudo
O termo “progressista”, geralmente é aquilo que ele aprendeu e exerceu no
usado para designar as tendências que, externo, participando e indagando o que viu
partindo de uma analise critica das e aprendeu para os conceitos escolares.
realidades sociais. A pedagogia O estilo de tal tendência tende a
progressista não pode institucionalizar em abominar qualquer tipo de intervenção que
uma sociedade capitalista, por isso ela passa seja implantada no aluno. Seu principal
a ser um instrumento de luta dos fundamento é criar um sistema auto
professores ao lado de outras praticas gestionário.
sociais.
A pedagogia progressista se destaca por Tendência Progressista “Critico
três tendências: a libertadora, mais Social dos Conteúdos”
conhecida como a pedagogia de Paulo O papel da escola na tendência
Freire, a libertária, que reúne os defensores progressista é de difundir conteúdos e
da autogestão pedagógica; a critico social tarefas primordiais pra o aprendizado. A
dos conteúdos que diferentemente das escola deve ser valorizada como
anteriores acentua a primazia dos conteúdos instrumento de apropriação do saber é o
no seu confronto com a realidade. melhor serviço que se presta aos interesses
populares, já que na própria escola se pode
Tendência Progressista Libertadora contribuir para que aja uma melhor
O papel da escola não seria indagar a distribuição e eliminar a seletividade social.
própria pedagogia, visto que a mesma tem De uma maneira geral, a escola tem
como sua principal marca a atuação “não- como objetivo construir um conhecimento
formal”. Porém, educadores a utilizam concreto para que o aluno, em sua fase
como um confronto de saberes entre alunos adulta, possa se tornar-se um bom
e professores, mediatizados pela realidade profissional dotado de iniciativa e conceitos
que apreendem e da qual extraem o próprios que o cerca.
conteúdo de aprendizagem, tal método,
procura atingir um nível de consciência Questões
dessa mesma realidade, a fim de atuarem,
num sentido amplo de comunicação social. 01. (Prefeitura de Santa
O principal mentor e idealizador desta Leopoldina/ES - Professor de
teoria é Paulo Freire, que coloca Matemática - IDCAP - 2021) Em relação
intrinsicamente o fator politico em sua às tendências pedagógicas, existe uma que
pedagogia, o que segundo ele mesmo disse, subordina educação à sociedade, onde a
que este caráter político impede que ela seja escola deve formar mão-de-obra para a
posta em pratica em termos sistemáticos, indústria. Marque a alternativa CORRETA.
nas instituições oficiais, na transformação A - Pedagogia progressista libertadora.
da sociedade. Sendo assim, o grande B - Pedagogia progressista critico-social
motivo de sua atuação se dar mais em nível dos conteúdos.
da educação extraescolar. C - Pedagogia liberal tecnicista.
D - Pedagogia liberal renovada
Tendência Progressista Libertária progressivista.
Segundo a tendência progressista E - Pedagogia progressista libertária.
literária, ela espera que o papel da escola
seja de exercer uma transformação na 02. (Prefeitura de Barra Bonita/SC -
personalidade dos alunos em um sentido Professor de Educação Infantil -
libertário e auto gestionário. Tendo como AMEOSC - 2021) Leia o trecho a seguir:
algumas ideias básicas introduzir

78
Conhecimentos Específicos

“As principais tendências pedagógicas situação presente e caminhos para melhorar


usadas na educação brasileira se dividem os pontos negativos. O PPP funciona como
em duas grandes linhas de pensamento um guia para as ações a serem
pedagógico. Uma linha se refere às desenvolvidas na escola.
___________________, que prepara os Esse documento tem elaboração anual
indivíduos para seus papeis sociais, já a obrigatória pela legislação, de acordo com
outra recebe o nome de a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
____________________, faz uma análise Nacional (LDBEN 9.394/96). Essa
crítica da sociedade.” obrigatoriedade tem como pano de fundo a
A alternativa que preenche as lacunas possibilidade de que todos os membros
corretamente é: envolvidos na comunidade escolar tenham
A - Tendências liberais, tendências acesso ao projeto, podendo dele participar e
tecnicistas. nele interferir sempre que necessário, a fim
B - Tendências liberais, tendências de que seja fruto de uma construção
progressistas. democrática.
C - Tendências progressistas, tendências
liberais. Importância do documento
D - Tendências progressistas, tendências Apesar de obrigatório, o projeto político-
liberais crítica dos conteúdos. pedagógico costuma ser ignorado por
muitos gestores, que não compreendem o
Alternativas seu alcance e, por isso, não dedicam a ele a
devida importância. As consequências para
01 - C | 02 - B quem incorre nessa prática são terríveis: o
documento é escrito às pressas, apenas para
o cumprimento da legislação, e serve de
enfeite na estante do diretor.
9. Projeto Político Pedagógico Esse é um grande equívoco que tem
como preço a diminuição ou a estagnação
da educação oferecida por aquela escola.
O projeto político-pedagógico, também Não é necessário grande esforço para
chamado de PPP, é um documento que perceber do que se trata e de como é
definirá diretrizes, metas e métodos para importante se dedicar com afinco à
que a instituição de ensino consiga atingir elaboração do projeto político-pedagógico.
os objetivos a que se propõe. O PPP visa Basta se ater às três palavras que formam o
melhorar a capacidade de ensino da escola conceito:
como uma entidade inserida em uma
sociedade democrática e de interações Projeto
políticas. Refere-se a um documento escrito que
O documento traz, em detalhes, todos os registra, de maneira formal, objetivos,
objetivos, diretrizes e ações que devem ser estratégias e métodos para a realização de
valorizados durante o processo educativo, determinadas ações. Dessa forma, escolas,
fim último da escola. Nesse sentido, o PPP creches, prefeituras e secretarias de
precisa expressar claramente a síntese das educação devem estabelecer essas metas e
exigências sociais e legais da instituição e propor meios de transformá-las em
os indicadores e expectativas de toda a realidade, com o envolvimento de toda a
comunidade escolar. comunidade escolar.
Em outras palavras, a cultura da escola
Político
precisa estar demonstrada nesse
Esse termo é fundamental, porque traz a
documento, no qual devem constar, com
função social da escola e a insere em um
clareza, os valores da instituição, sua

79
Conhecimentos Específicos

processo democrático e de interações colaboradores, família e de toda a


sociais. Notadamente, a escola também é comunidade escolar. É importante que ele
uma instituição política, e seu ensino seja preciso o suficiente para não deixar
precisa ter essa característica como norte dúvidas aos agentes da educação sobre
para formar cidadãos preocupados e como implementar as mudanças
responsáveis em relação ao mundo em que necessárias.
vivem. Um projeto político-pedagógico precisa
contemplar os seguintes itens:
Pedagógico
O termo “pedagógico” também serve Identificação da escola
para que a escola nunca se esqueça de que A identificação é o primeiro elemento a
todos os seus objetivos, métodos, técnicas e compor o projeto. Sugere-se que, nessa
estratégias devem ser voltados ao processo parte inicial, constem o nome e o CNPJ da
de ensino e aprendizagem, que decorre instituição, bem como o local em que ela
justamente do contato constante e cotidiano funciona. Também é indicado inserir o
com os alunos da instituição. nome da entidade mantenedora, do diretor e
do coordenador pedagógico.
Integração e democracia no processo É possível, ainda, colocar o nome dos
de elaboração membros participantes da equipe de
Cabe à escola construir sua proposta elaboração do PPP.
pedagógica, de modo a atender aos
membros da comunidade em que se Missão
localiza. Para atingir os resultados Na sequência, é descrita a missão da
esperados e necessários, o projeto político- escola: os valores, as crenças e os princípios
pedagógico precisa ser elaborado de forma sobre os quais se processa a educação
democrática e colaborativa. naquele ambiente. É interessante, nesse
Isso significa permitir e estimular a item, iniciar contando a história da
presença e a participação da comunidade, instituição, desde o seu surgimento, que
dos alunos, das famílias e de demais alterações sofreu ao longo do tempo etc.
agentes nos debates relacionados à fixação Isso é importante porque demonstra a
das metas e objetivos. Essa própria gênese desse princípios e valores citados no
integração entre diversos setores sociais no parágrafo anterior.
processo de produção e consolidação do Como eles tendem, ao longo do tempo, a
PPP já é, por si só, um exercício de se consolidar, essa é uma parte do PPP que
democracia que só tem a engrandecer o não precisa ser ajustada todos os anos — a
trabalho final e aprimorar os resultados das não ser que mudanças significativas
estratégias adotadas. venham a ocorrer na escola.
Com essa discussão participativa e
aberta, a equipe de gestão escolar, Contexto
prefeituras e secretarias de educação O contexto em que a escola está situada
tendem a cobrar mais de si mesmas, a fim e a comunidade que é atendida por ela são
de atingir os objetivos. Sendo assim, pontos fundamentais para a definição de
permitem-se também abrir espaço para as metas e objetivos no projeto político-
críticas construtivas da sociedade, o que faz pedagógico. A missão pouco significará se
com que os resultados sejam alcançados. não estiver condizente com a realidade da
instituição e das famílias que ela atende.
Como se constitui o PPP Por isso, faz-se necessário, para orientar
Se elaborado da maneira adequada, o as ações que serão desenvolvidas, conhecer
PPP adquire um caráter de guia, que indica o panorama da comunidade. Isso pode ser
o norte das ações de professores, alunos, feito de várias formas. A equipe de

80
Conhecimentos Específicos

elaboração do PPP pode, por exemplo, Lembre-se de que existe uma base
fazer um levantamento de dados utilizando curricular nacional, mas cada instituição
os documentos da matrícula dos alunos ou, tem liberdade para construir sua grade de
então, elaborar uma pesquisa, a fim de obter disciplinas de acordo com a cultura local.
informações mais específicas, como a Imprescindível se faz a colaboração dos
situação socioeconômica das famílias. professores, visto que o conhecimento
Aqui, também deve ser descrita a específico de cada área pode ajudar a
participação das famílias no processo de definir as diretrizes de toda a escola.
ensino e aprendizagem: o que se espera
delas e quais compromissos e parcerias elas Planos de ação
podem assumir com a escola. O PPP não é composto apenas por ideias
e propostas. Para que ele de fato funcione,
Dados sobre o aprendizado deve conter planos de ação, isto é, as
Muito interessa a pais e responsáveis estratégias que serão implantadas para
saber a média de aprovação de determinada atingir os objetivos. Devem ser elencadas as
série, por exemplo. Esse tipo de ações a serem desenvolvidas, os setores
informação, em conjunto com outros dados responsáveis pela execução das tarefas e os
internos da instituição, também deve recursos necessários para isso.
constar no PPP.
O número de alunos que a escola tem Erros comuns que escolas cometem ao
(total e por segmento), taxas de reprovação, elaborar o projeto
médias de notas e avaliações: todos esses Como vimos no primeiro tópico, o PPP
indicativos, aliados a dados mais amplos é um documento fundamental e deve estar
(regionais, municipais etc.), colaboram para presente e disponível para toda a
fortalecer a imagem e a transparência da comunidade educativa. Porém, elaborá-lo
gestão escolar. da forma adequada, com a participação de
todos os segmentos, é um desafio.
Recursos Alguns descuidos podem ser evitados, a
Quando se fala em recursos, o primeiro fim de fazer com que ele seja muito mais
pensamento que vem à mente é relacionado efetivo para a instituição de ensino.
à gestão financeira, certo? Mas ela é apenas Selecionamos alguns erros que sua escola
uma parte desse item, que inclui, ainda, pode e deve prevenir ao elaborar o projeto
recursos humanos, físicos e tecnológicos. político-pedagógico.
É fundamental que seja feita uma
descrição minuciosa da estrutura física, dos Projeto político-pedagógico feito por
colaboradores e dos recursos tecnológicos terceiros
de que a escola dispõe. Só assim será Como muitas escolas ainda não dão a
possível partir da realidade, com suas faltas devida atenção à elaboração do PPP, ou
e seus problemas, em busca de soluções pior, o negligenciam, reduzindo o
possíveis. documento à mera obrigação formal,
acabam por encomendar e comprar PPPs
Diretrizes pedagógicas prontos.
As diretrizes de um projeto assemelham- E esses documentos “terceirizados” são
se ao percurso de um caminho. Por onde elaborados por consultores ou especialistas
seguir, e como seguir, são as perguntas a de fora, o que não faz sentido algum, já que
serem feitas na hora de elaborar esse item eles não estão inseridos na realidade da
do PPP. Os conteúdos ministrados e o instituição. A comunidade precisa
método de ensino que a escola adota devem participar do processo para que ele seja
ser descritos. realmente eficaz.

81
Conhecimentos Específicos

“Reciclar” todos os anos o mesmo PPP ou trocam deliberadamente — o projeto


É verdade que ações que deram certo político-pedagógico por portfólios ou
merecem ser replicadas no futuro. No outros documentos institucionais de
entanto, não é o que muitas escolas fazem marketing. Esses documentos devem estar
com seus PPPs. É comum — e altamente presentes, mas não podem compreender
não recomendável — que algumas todo o PPP, muito menos substituí-lo.
instituições mantenham o mesmo projeto
por anos, sem se atentarem às mudanças Questões
econômicas, tecnológicas e até
socioculturais da comunidade. 01. (Prefeitura de Gaspar/SC -
Os gestores que são coniventes com essa Professor - Prefeitura de Gaspar -
prática fazem apenas pequenas 2021) O Projeto Político Pedagógico
modificações para enviar o documento (PPP) é norteador das ações da escola,
anualmente à secretaria municipal de ações intencionais, planejadas e construídas
educação. Quem paga por isso são os coletivamente. Sobre o PPP é
alunos e toda a comunidade. INCORRETO afirmar:
A - O PPP se relaciona com a autonomia
Dificultar e burocratizar o acesso ao da escola e com a capacidade que cada
projeto político-pedagógico escola tem de delinear sua própria
Infelizmente, é comum, também, que as identidade.
escolas, mesmo tendo o cuidado de elaborar B - A valorização dos profissionais da
seu PPP, o deixem guardado em arquivos educação e seu aperfeiçoamento
físicos ou em pastas de computador. A permanente, deve fazer parte do PPP.
transparência é fundamental. E esse C - A gestão democrática como princípio
documento precisa estar facilmente do PPP implica o repensar da estrutura de
disponível a todas as pessoas, de dentro ou poder da escola.
fora da escola. D - É chamado de Político porque na
Uma sugestão é imprimir o projeto e gestão pública o projeto está ligado a uma
deixá-lo em um lugar acessível ou, ainda, linha partidária e deve estar comprometida
enviá-lo por e-mail a pais, professores e com os direcionamentos do partido político.
funcionários.
02. (SEED/PR - Professor -
Não levar em conta conflitos de ideias CESPE/CEBRASPE - 2021) No que diz
em debates respeito ao projeto político-pedagógico
Durante as reuniões pedagógicas ou, (PPP), julgue os próximos itens.
também, nas discussões que eventualmente I O PPP é uma referência norteadora
surgirem na elaboração do PPP, podem para o trabalho de todas as unidades
emergir ideias contrastantes que escolares da rede de ensino.
provoquem conflitos. Não arquive um II O PPP sistematiza todas as ações
debate mal resolvido — incentive a propostas a serem realizadas pela escola.
chegada a um consenso de forma III Não é necessária a participação dos
democrática. profissionais da educação na elaboração do
Desse modo, cada sujeito participante PPP da escola.
desenvolverá um sentimento de IV Dispensa-se a participação da
pertencimento àquela comunidade, e saberá comunidade escolar na construção do PPP.
que sua participação foi relevante. V Mediante o PPP, a escola elabora e
executa sua proposta pedagógica.
Confundir os tipos de documentos Estão certos apenas os itens
Pode parecer um erro bobo, mas ainda A - II e IV.
existem muitas escolas que confundem — B - III e IV.

82
Conhecimentos Específicos

C - I, II e V. Qual a importância da educação


D - I, II, III e V. inclusiva?
E - I, III, IV e V. A escola muitas vezes representa o
primeiro contato social das crianças depois
Alternativas da família.
As diferenças de opiniões, crenças e
01 - D | 02 - C valores encontradas lá são bastante ricas
para formar o caráter de cada um desde
cedo.
10. Educação Inclusiva. 11. Atendimento Ao incluir alunos com necessidades
educacional aos alunos com deficiência distintas, esses pilares serão ainda mais
trabalhados no dia a dia das crianças.
Cada uma perceberá aos poucos algo que
O que é educação inclusiva?
está muito em alta hoje em dia: a
Incluir é integrar, abranger a todos, sem
singularidade do ser humano.
exceção.
Por isso, no contexto atual, esse tipo de
Uma educação inclusiva integra os
abordagem é fundamental para incentivar
alunos com necessidades especiais, em
as competências interpessoais e
escolas regulares, por meio de uma
socioemocionais.
abordagem humanística.
Ou seja, saber lidar com o outro, com sua
Essa visão entende que cada aluno tem
diversidade, ser mais adaptável e flexível às
suas particularidades e que elas devem ser
situações.
consideradas como diversidade e não como
Desenvolver um auto gerenciamento de
problema.
suas emoções, utilizando-as a seu favor.
Portanto, os alunos com necessidades
Tudo isso contribui para formar jovens e
educacionais especiais (NEE) fazem parte
adultos mais bem resolvidos e,
da rotina das escolas.
provavelmente, mais empáticos em relação
Inclusive, é considerado crime não
aos outros.
aceitá-los ou mesmo atendê-los em uma
A questão da diversidade e
sala de aula ou escola separada.
singularidade, quando incorporadas nas
No Plano Nacional de Educação
escolas, permite também que o bullying
brasileiro, são considerados alunos com
seja tratado em sua causa raiz.
NEE aqueles com deficiências visual e
Assim, uma educação com caráter
auditiva, deficiência intelectual, deficiência
inclusivo oferece uma visão de mundo
física, transtorno global de
diferenciada, fazendo com que o aluno saia
desenvolvimento (TGD) e altas
de sua bolha e passe a ter mais consciência
habilidades.
de quem o cerca.
A Unesco amplia esse conceito para
relações étnico-raciais e povos indígenas.
Quais são os cinco princípios da
Na educação inclusiva, os espaços são
educação inclusiva?
adaptados para o convívio de todos, assim
O princípio básico da educação voltada
como os materiais utilizados nas atividades.
à inclusão deriva do direito de acesso à
Mas ela não se limita a isso.
educação.
É uma educação que busca identificar
Ele é assegurado na Constituição
todo e qualquer obstáculo que o aluno possa
Federal de 1988 e reafirmado no ECA
enfrentar e eliminar as barreiras.
(Estatuto da Criança e do Adolescente).
Independentemente de qualquer
limitação, a criança deve frequentar a
escola e ter acesso a tudo que é

83
Conhecimentos Específicos

disponibilizado regularmente às outras estudos, mas, posteriormente, no mercado


crianças. de trabalho.
O segundo princípio dessa educação E quem convive com a diversidade muda
considera que toda pessoa é capaz de sua visão de mundo: as barreiras ficam
aprender. menores e o respeito e a empatia crescem, o
Isso não acontece no mesmo ritmo de que impacta todas as pessoas - professores,
indivíduo para indivíduo, nem utilizando os alunos, funcionários e familiares.
mesmos materiais, mas essa pluralidade faz Aos poucos, essa visão vai ganhando
cada ser humano único. mais adeptos, configurando uma quebra de
Por isso, incluir é reconhecer a paradigma histórica em nossa sociedade.
diversidade de aprendizado e, portanto, ser Para reforçar o que vimos até aqui,
incansável na busca de alternativas que vamos destacar individualmente cada um
favoreçam o aprender de múltiplas formas. dos princípios da educação com viés
Nesse sentido, uma pessoa cega, por inclusivo.
exemplo, consegue aprender perfeitamente,
usando seus outros sentidos, que são mais Toda pessoa tem o direito de acesso à
desenvolvidos. educação
É claro que, além do material em braille, O Artigo 26º da Declaração Universal
será preciso oferecer a ela atividades dos Direitos Humanos (DUDH) é bastante
diferenciadas, que estimulem seu claro sobre o tema:
desenvolvimento. “Todo ser humano tem direito à
Isso deve acontecer sempre tendo em instrução. A instrução será gratuita, pelo
vista objetivos de aprendizagem bem menos nos graus elementares e
definidos e que possam ser acompanhados fundamentais. A instrução elementar será
para avaliar se estão sendo eficientes. obrigatória. A instrução técnico-
Tudo representa um desafio enorme nas profissional será acessível a todos, bem
escolas. como a instrução superior, esta baseada no
O processo de aprendizagem deve ser mérito”.
trabalhado constantemente, sendo dinâmico Nesse sentido, o ensino precisa ser
e ao mesmo tempo integrado para garantir inclusivo e contemplar todas as pessoas,
o desenvolvimento de cada aluno. independentemente da existência de
Afinal, cada criança aprende de um jeito, necessidades educacionais especiais ou
independente de qualquer deficiência. não.
E esse é mais um dos princípios da Isso significa que todos devem ter acesso
educação com caráter inclusivo. ao sistema educacional sem empecilhos ou
Uns conseguem aprender mais através restrições devido às suas demandas de
da música, outros escrevendo, vivenciando aprendizado.
uma experiência, enfim, há diversas
formas. Toda pessoa aprende
Alguns professores, até sem O segundo princípio diz respeito ao
treinamento, já atuam instintivamente dessa reconhecimento das capacidades cognitivas
forma personalizada, obtendo resultados que os alunos possuem.
muito positivos com suas turmas. É preciso reconhecer que há diversidade
Portanto, os benefícios da inclusão são na maneira como os estudantes aprendem;
vários. entretanto, ela não representa um motivo
Quem era considerado especial e para subestimar a evolução de qualquer
marginalizado nas instituições de ensino pessoa.
passa a se integrar com a comunidade, A educação voltada à inclusão precisa
tendo as mesmas possibilidades, não só nos compreender as questões particulares
relacionadas a termos intelectuais,

84
Conhecimentos Específicos

sensoriais e físicos para, então, elaborar Onde e quando surgiu a educação


estratégias pedagógicas que consigam inclusiva?
atender às demandas dos alunos com NEE. Mundialmente, a diversidade e a
inclusão nas escolas teve como marco a
O processo de aprendizagem de cada Declaração de Salamanca, em 1994.
pessoa é singular Documentos anteriores da ONU falavam
A despeito de qualquer deficiência, todo da igualdade e direito de acesso, mas essa
estudante é único. declaração abordou em detalhes o tema de
Sobretudo a educação com caráter necessidades educativas especiais.
inclusivo deve ser capaz de compreender as Em síntese, o documento demandou que
singularidades dos processo do aprendizado os estados assegurassem que a educação de
individual. pessoas com deficiência fosse integrada ao
O desenvolvimento de cada pessoa sistema educacional.
precisa ser respeitado e, assim, a escola O documento ainda traz a noção da
deve criar as condições para que todos, sem singularidade do indivíduo ao afirmar que
exceção, se desenvolvam plenamente. “toda criança possui características,
interesses, habilidades e necessidades de
O convívio no ambiente escolar aprendizagem que são únicas”.
comum beneficia a todos No Brasil, apesar das discussões terem
A escola é um dos primeiros e mais iniciado na década de 70, foi apenas em
importantes espaços de socialização do ser 2001 que a inclusão começou a aparecer
humano. com mais frequência nos documentos.
Portanto, ela deve ser um ambiente de Naquele ano, o Plano Nacional de
acolhimento e humanização dos indivíduos. Educação (PNE) destacou que “o grande
Nesse sentido, os estudantes com avanço que a década da educação deveria
necessidades educacionais especiais produzir seria a construção de uma escola
precisam se sentir integrados à escola e inclusiva que garanta o atendimento à
respeitados em suas particularidades. diversidade humana”.
O adequado processo de inclusão traz A partir daí, vários avanços foram
benefícios para todos, uma vez que é capaz realizados, a exemplo de:
de promover a socialização tanto dos alunos - Formação de docentes voltados para a
com NEE, quanto daqueles que não diversidade.
possuem demandas específicas de - Reconhecimento da Língua Brasileira
aprendizado. de Sinais (Libras) como meio legal de
comunicação e expressão Ensino e
A educação inclusiva diz respeito a difusão do Braille.
todos Já em 2003, o MEC oficialmente
Quando falamos em inclusão, não se implementou o Programa Educação
trata apenas de incluir uma pessoa a um Inclusiva.
grupo restrito. No ano seguinte, apresentou o
O conceito abrange a adesão de todos os documento “O Acesso de Alunos com
que estão envolvidos no ensino. Deficiência às Escolas e Classes Comuns
Dessa forma, família, comunidade, da Rede Regular”, publicado pelo
educadores, gestores escolares e demais Ministério Público Federal.
pessoas relacionadas precisam fazer parte
deste processo. O que é Educação Especial?
Ao chegar até aqui, você já deve estar se
perguntando: quais as diferenças entre
educação especial e inclusiva?

85
Conhecimentos Específicos

A inclusiva abrange a especial, mas não Dessa forma, as necessidades


se limita a ela. relacionadas à audição precisam ser
Por anos, os governos se ocuparam entendidas em suas particularidades para
apenas da educação especial, crianças com que, então, a educação possa elaborar
necessidades especiais iam para instituições estratégias de inclusão, como o uso de
especializadas (como as APAEs). Libras.
No ensino especial, recebiam
tratamentos conforme suas necessidades, Cegueira e baixa visão
mas não socializavam com as crianças do O mesmo raciocínio usado acima pode
ensino regular. ser aplicado à cegueira e à baixa visão.
A educação com caráter inclusivo, Pessoas que têm ausência total de visão
conforme visto até aqui, amplia esse ou conseguem ter apenas alguma percepção
universo de possibilidades. luminosa são acometidas pela cegueira.
As crianças com necessidades especiais Neste caso, o uso de instrução em Braille
fazem parte do ambiente escolar regular. (sistema de escrita por pontos em relevo) ou
Suas necessidades, que demandam por sistemas de leitura de textos podem ser
cuidados especiais, continuam sendo requeridos durante o aprendizado.
atendidas com espaços e ferramentas Já a baixa visão é a redução significativa
diferenciadas, mas vai além disso. das capacidades visuais, que pode ser
Trata-se de incutir valores referentes à corrigida até certo nível por óculos e lentes
diversidade e o respeito à individualidade de contato.
na cultura das pessoas. Então, alunos com NEE relacionadas à
perda total ou parcial da visão precisam de
Quais são as necessidades especiais? abordagens próprias para que o aprendizado
Como vimos, o Plano Nacional de possa transcorrer da melhor maneira
Educação brasileiro relaciona alguns tipos possível.
de alunos que são considerados com NEE.
Logo abaixo, você confere com mais Déficit intelectual ou atraso cognitivo
detalhes as especificidades de cada um Limitações do funcionamento
deles. intelectual, dificuldades de aprendizagem,
além de problemas em tarefas
Surdez e deficiência auditiva comunicativas, relacionadas ao cuidado
É preciso esclarecer que existem pessoal e de relacionamento social podem
diferenças entre pessoas com surdez e ser sinais de déficit intelectual.
aquelas que têm deficiência auditiva. Existem variadas causas para o atraso
Os surdos não têm audição alguma em cognitivo, como: condições genéticas e
um dos ouvidos ou em ambos. problemas durante a gestação, no
Portanto, eles podem se comunicar nascimento ou de saúde, por exemplo.
usando a Língua Brasileira de Sinais, mais A escola deve compreender o grau de
conhecida como “Libras”. déficit intelectual do aluno e estudar
Já os indivíduos com deficiência maneiras para desenvolver as suas
auditiva são considerados parcialmente competências sociais, de rotina e de
surdos, tendo alguma capacidade de exploração do mundo à sua volta.
audição.
Assim, eles têm nível leve ou moderado Autismo
de surdez. O Transtorno do Espectro Autista (TEA)
As pessoas que possuem deficiência se manifesta, segundo o Ministério da
auditiva podem corrigi-la, em alguns casos, Saúde através de:
com aparelhos auditivos. - Desenvolvimento atípico.
- Manifestações comportamentais.

86
Conhecimentos Específicos

- Déficits na comunicação e na interação Entre as suas características, estão:


social. - Aptidão acadêmica específica.
- Padrões de comportamentos repetitivos - Capacidades psicomotoras.
e estereotipados. - Talento para artes.

Atualmente, existe um projeto de lei na No geral, elas podem ter um ritmo de


Câmara dos Deputados que trata sobre aprendizado mais acelerado em relação aos
temas relacionados diretamente à educação demais estudantes.
inclusiva para autistas. Por isso, a escola precisa criar táticas de
Entre as ideias, está a atuação aprendizado que sejam capazes de respeitar
interdisciplinar dos alunos com esta NEE. as especificidades de aprendizagem destes
alunos.
Transtorno do Déficit de Atenção e
Hiperatividade (TDAH) Deficiência física neuromotora
O TDAH é caracterizado pela falta de Pessoas com deficiência física
atenção, inquietação e impulsividade dos neuromotora sofreram, em algum momento
indivíduos que têm o transtorno de suas vidas, lesões nos centros e vias
neurológico, cujas causas são genéticas. nervosas que comandam os músculos.
Ele pode aparecer na infância e se Dessa maneira, elas apresentam
estender por toda a vida. problemas relacionados ao controle
Segundo Bruna Eduarda Rocha, muscular como fraqueza, paralisia ou falta
Mestranda em Educação: de coordenação.
“As crianças portadoras de TDAH Alguns dos quadros de deficiência física
possuem um ritmo próprio de neuromotora mais comuns são:
aprendizagem e o professor deve saber - Lesão cerebral: paralisia cerebral ou
respeitar esse ritmo, mas, para tanto, precisa deficiência neuromotora;
ser capacitado e treinado para lidar com este - Lesão medular: paraplegia e
fator diferente”. tetraplegias;
- Deficiências neuromusculares:
Dislexia miopatias, como distrofias musculares.
A dislexia está relacionada a
dificuldades específicas de leitura. Então, a educação desses estudantes com
Ela é caracterizada pela inabilidade de NEE precisa encontrar maneiras de integrar
decodificação e soletração, além de estas pessoas às atividades escolares de
disfluência quando o indivíduo tenta ler. forma plena e sempre respeitando as suas
Para especialistas, ela é um déficit no individualidades.
processamento fonológico. Algumas alternativas para isso são
Nesse sentido, a educação com viés rampas de acesso, corrimãos e pisos
inclusivo deve compreender as antiderrapantes.
necessidades educacionais especiais do
aluno disléxico buscando métodos para Lentidão na aprendizagem
compensar as suas dificuldades. Por fim, alunos que têm ritmo mais lento
Além disso, é importante gerar ações de durante o processo de aprendizado também
aprimoramento das suas habilidades de precisam de um olhar atento do ensino
leitura, sociais e comportamentais. inclusivo.
Neste caso, eles não apresentam outras
Altas habilidades / superdotação características que definem alguma
Pessoas com altas habilidades ou deficiência ou dislexia, por exemplo.
superdotação também precisam de atenção Entretanto, estes indivíduos aprendem
especial da educação voltada à inclusão. de maneira mais vagarosa do que os seus

87
Conhecimentos Específicos

colegas e, por isso, precisam de estratégias Ele deve oferecer as condições


que alcancem seu ritmo. necessárias para o seu pleno aprendizado,
como materiais, pessoal qualificado e
Quais são as práticas inclusivas? políticas de inclusão.
Para adotar qualquer prática inclusiva, é Adaptação das mesas e cadeiras para
preciso primeiro ter um projeto pedagógico estudantes que têm deficiências motoras e
voltado a esse público. contratação de professores que saibam usar
O objetivo é direcionar a escola para a Braille são exemplos que correspondem ao
promoção da diversidade e a equalização de papel da escola no contexto do ensino
oportunidades. inclusivo.
Isso significa pensar o processo
pedagógico de forma ampliada, antevendo Como as escolas podem trabalhar
as barreiras e preparando a estrutura e os uma política de educação inclusiva?
profissionais para atuar da melhor forma. O MEC elaborou a Política Nacional de
Educação Especial na Perspectiva da
Veja exemplos de práticas inclusivas Educação Inclusiva.
adotadas nas escolas: Este documento dá instruções para que
- Ambientes acessíveis. instituições adotem políticas educacionais
- Disponibilização de recursos e focadas na inclusão desde a educação
tecnologias especializados. infantil, passando pela educação de jovens
- Salas multifuncionais ou salas de e adultos e educação profissional, indo até
apoio. a educação de nível superior.
- Elaboração de aulas ativas que Entre as diretrizes apontadas, estão:
permitem a colaboração e cooperação entre - Formação do profissional que atuará na
os envolvidos. área.
- Flexibilização e adaptação curricular - Acesso aos espaços, aos recursos,
em favor da aprendizagem. pedagógicos e à comunicação.
- Avaliações que considerem o processo - Acessibilidade por meio da eliminação
e as habilidades desenvolvidas e não de barreiras na edificação.
somente o conteúdo.
Então, a escola precisa ter educadores
Obviamente, para colocar tudo isso em devidamente qualificados e um ambiente
prática, são necessários investimentos, escolar que permita o fácil acesso aos
além da formação continuada de recursos - tanto pedagógicos quanto físicos
professores e de toda rede de apoio das - da instituição de ensino.
escolas.
Como trabalhar com educação
Qual papel da escola na educação inclusiva?
inclusiva? Para ser um educador da área, é preciso
O ensino não se restringe às horas de ter qualificações específicas de educação
aula. inclusiva.
Afinal, há todo um contexto que prepara As diretrizes do MEC definem que
o aluno para o aprendizado. conhecimentos em Libras, Braille e
Família, comunidade e escola precisam comunicação alternativa, por exemplo,
trabalhar em conjunto a fim de que todos podem ser capacitações requeridas segundo
possam ter uma educação voltada à as demandas do aluno com NEE.
inclusão e com respeito às diferenças.
Nesse sentido, o ambiente escolar deve
estar preparado para receber e atender aos
alunos com NEE.

88
Conhecimentos Específicos

Como saber se o aluno precisa de anterior. O texto afirma que os alunos com
educação inclusiva? “deficiências físicas ou mentais, os que se
Para identificar a necessidade de uma encontrem em atraso considerável quanto à
educação com viés inclusivo, é necessário idade regular de matrícula e os
avaliar se o aluno tem alguma das superdotados deverão receber tratamento
necessidades especiais de ensino, como especial”. Essas normas deveriam estar de
deficiências físicas, motoras e de acordo com as regras fixadas pelos
aprendizado. Conselhos de Educação. Ou seja, a lei não
promovia a inclusão na rede regular,
Qual o papel da educação inclusiva na determinando a escola especial como
saúde emocional? destino certo para essas crianças.
A inclusão do indivíduo no ambiente
escolar é fundamental para melhorar a sua 1988 - Constituição Federal
socialização e, portanto, elevar a sua O artigo 208, que trata da Educação
autoestima. Básica obrigatória e gratuita dos 4 aos 17
Nesse sentido, uma educação realmente anos, afirma que é dever do Estado garantir
inclusiva pode gerar melhorias “atendimento educacional especializado
significativas à saúde emocional dos aos portadores de deficiência,
alunos. preferencialmente na rede regular de
ensino”. Nos artigos 205 e 206, afirma-se,
Qual papel da família na educação respectivamente, “a Educação como um
inclusiva? direito de todos, garantindo o pleno
O grupo familiar é crucial para que o desenvolvimento da pessoa, o exercício da
ensino possa ser plenamente aproveitado cidadania e a qualificação para o trabalho”
pelo estudante. e “a igualdade de condições de acesso e
Portanto, cabe à família dispor dos permanência na escola”.
recursos necessários à educação, fazer o
acompanhamento dos trabalhos e participar 1989 - Lei Nº 7.853
ativamente do progresso do estudante neste O texto dispõe sobre a integração social
contexto. das pessoas com deficiência. Na área da
Educação, por exemplo, obriga a inserção
Educação Inclusiva: Conheça o de escolas especiais, privadas e públicas, no
histórico da legislação sobre inclusão sistema educacional e a oferta, obrigatória e
1961 - Lei Nº 4.024 gratuita, da Educação Especial em
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação estabelecimento público de ensino.
Nacional (LDBEN) fundamentava o Também afirma que o poder público deve
atendimento educacional às pessoas com se responsabilizar pela “matrícula
deficiência, chamadas no texto de compulsória em cursos regulares de
“excepcionais” (atualmente, este termo está estabelecimentos públicos e particulares de
em desacordo com os direitos fundamentais pessoas portadoras de deficiência capazes
das pessoas com deficiência). Segue trecho: de se integrarem no sistema regular de
“A Educação de excepcionais, deve, no que ensino”. Ou seja: excluía da lei uma grande
for possível, enquadrar-se no sistema geral parcela das crianças ao sugerir que elas não
de Educação, a fim de integrá-los na são capazes de se relacionar socialmente e,
comunidade.” consequentemente, de aprender. O acesso a
material escolar, merenda escolar e bolsas
1971 - Lei Nº 5.692 de estudo também é garantido pelo texto.
A segunda lei de diretrizes e bases
educacionais do Brasil foi feita na época da
ditadura militar (1964-1985) e substituiu a

89
Conhecimentos Específicos

1990 - Lei Nº 8.069 1999 - Decreto Nº 3.298


Mais conhecida como Estatuto da O decreto regulamenta a Lei nº 7.853/89,
Criança e do Adolescente, a Lei Nº 8.069 que dispõe sobre a Política Nacional para a
garante, entre outras coisas, o atendimento Integração da Pessoa Portadora de
educacional especializado às crianças com Deficiência e consolida as normas de
deficiência preferencialmente na rede proteção, além de dar outras providências.
regular de ensino; trabalho protegido ao O objetivo principal é assegurar a plena
adolescente com deficiência e prioridade de integração da pessoa com deficiência no
atendimento nas ações e políticas públicas “contexto socioeconômico e cultural” do
de prevenção e proteção para famílias com País. Sobre o acesso à Educação, o texto
crianças e adolescentes nessa condição. afirma que a Educação Especial é uma
modalidade transversal a todos os níveis e
1994 - Política Nacional de Educação modalidades de ensino e a destaca como
Especial complemento do ensino regular.
Em termos de inclusão escolar, o texto é
considerado um atraso, pois propõe a 2001 - Lei Nº 10.172
chamada “integração instrucional”, um O Plano Nacional de Educação (PNE)
processo que permite que ingressem em anterior, criticado por ser muito extenso,
classes regulares de ensino apenas as tinha quase 30 metas e objetivos para as
crianças com deficiência que “(…) crianças e jovens com deficiência. Entre
possuem condições de acompanhar e elas, afirmava que a Educação Especial,
desenvolver as atividades curriculares “como modalidade de Educação escolar”,
programadas do ensino comum, no mesmo deveria ser promovida em todos os
ritmo que os alunos ditos “normais” diferentes níveis de ensino e que “a garantia
(atualmente, este termo está em desacordo de vagas no ensino regular para os diversos
com os direitos fundamentais das pessoas graus e tipos de deficiência” era uma
com deficiência). Ou seja, a política excluía medida importante.
grande parte dos alunos com deficiência do
sistema regular de ensino, “empurrando-os” 2001 - Resolução CNE/CEB Nº 2
para a Educação Especial. O texto do Conselho Nacional de
Educação (CNE) institui Diretrizes
1996 - Lei Nº 9.394 Nacionais para a Educação Especial na
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Educação Básica. Entre os principais
(LDB) em vigor tem um capítulo específico pontos, afirma que “os sistemas de ensino
para a Educação Especial. Nele, afirma-se devem matricular todos os alunos, cabendo
que “haverá, quando necessário, serviços de às escolas organizar-se para o atendimento
apoio especializado, na escola regular, para aos educandos com necessidades
atender às peculiaridades da clientela de educacionais especiais, assegurando as
Educação Especial”. Também afirma que condições necessárias para uma Educação
“o atendimento educacional será feito em de qualidade para todos”. Porém, o
classes, escolas ou serviços especializados, documento coloca como possibilidade a
sempre que, em função das condições substituição do ensino regular pelo
específicas dos alunos, não for possível a atendimento especializado . Considera
integração nas classes comuns de ensino ainda que o atendimento escolar dos alunos
regular”. Além disso, o texto trata da com deficiência tem início na Educação
formação dos professores e de currículos, Infantil, “assegurando- lhes os serviços de
métodos, técnicas e recursos para atender às educação especial sempre que se evidencie,
necessidades das crianças com deficiência, mediante avaliação e interação com a
transtornos globais do desenvolvimento e família e a comunidade, a necessidade de
altas habilidades ou superdotação. atendimento educacional especializado”.

90
Conhecimentos Específicos

2002 - Resolução CNE/CP Nº1/2002 2008 - Política Nacional de Educação


A resolução dá “diretrizes curriculares Especial na Perspectiva da Educação
nacionais para a formação de professores da Inclusiva
Educação Básica, em nível superior, curso Documento que traça o histórico do
de licenciatura, de graduação plena”. Sobre processo de inclusão escolar no Brasil para
a Educação Inclusiva, afirma que a embasar “políticas públicas promotoras de
formação deve incluir “conhecimentos uma Educação de qualidade para todos os
sobre crianças, adolescentes, jovens e alunos”.
adultos, aí incluídas as especificidades dos
alunos com necessidades educacionais 2008 - Decreto Nº 6.571
especiais”. Dispõe sobre o atendimento educacional
especializado (AEE) na Educação Básica e
2002 - Lei Nº 10.436/02 o define como “o conjunto de atividades,
Reconhece como meio legal de recursos de acessibilidade e pedagógicos
comunicação e expressão a Língua organizados institucionalmente, prestado
Brasileira de Sinais (Libras). de forma complementar ou suplementar à
formação dos alunos no ensino regular”. O
2005 - Decreto Nº 5.626/05 decreto obriga a União a prestar apoio
Regulamenta a Lei Nº 10.436, de 2002 técnico e financeiro aos sistemas públicos
(link anterior). de ensino no oferecimento da modalidade.
Além disso, reforça que o AEE deve estar
2006 - Plano Nacional de Educação em integrado ao projeto pedagógico da escola.
Direitos Humanos
Documento elaborado pelo Ministério 2009 - Resolução Nº 4 CNE/CEB
da Educação (MEC), Ministério da Justiça, O foco dessa resolução é orientar o
Unesco e Secretaria Especial dos Direitos estabelecimento do atendimento
Humanos. Entre as metas está a inclusão de educacional especializado (AEE) na
temas relacionados às pessoas com Educação Básica, que deve ser realizado no
deficiência nos currículos das escolas. contraturno e preferencialmente nas
chamadas salas de recursos multifuncionais
2007 - Plano de Desenvolvimento da das escolas regulares. A resolução do CNE
Educação (PDE) serve de orientação para os sistemas de
No âmbito da Educação Inclusiva, o ensino cumprirem o Decreto Nº 6.571.
PDE trabalha com a questão da
infraestrutura das escolas, abordando a 2011 - Decreto Nº 7.611
acessibilidade das edificações escolares, da Revoga o decreto Nº 6.571 de 2008 e
formação docente e das salas de recursos estabelece novas diretrizes para o dever do
multifuncionais. Estado com a Educação das pessoas
público-alvo da Educação Especial. Entre
2007 - Decreto Nº 6.094/07 elas, determina que sistema educacional
O texto dispõe sobre a implementação seja inclusivo em todos os níveis, que o
do Plano de Metas Compromisso Todos aprendizado seja ao longo de toda a vida, e
pela Educação do MEC. Ao destacar o impede a exclusão do sistema educacional
atendimento às necessidades educacionais geral sob alegação de deficiência. Também
especiais dos alunos com deficiência, o determina que o Ensino Fundamental seja
documento reforça a inclusão deles no gratuito e compulsório, asseguradas
sistema público de ensino. adaptações razoáveis de acordo com as
necessidades individuais, que sejam
adotadas medidas de apoio individualizadas
e efetivas, em ambientes que maximizem o

91
Conhecimentos Específicos

desenvolvimento acadêmico e social, de Educação Bilíngue de Surdos; e Diretoria


acordo com a meta de inclusão plena, e diz de Políticas para Modalidades
que a oferta de Educação Especial deve se Especializadas de Educação e Tradições
dar preferencialmente na rede regular de Culturais Brasileiras.
ensino.
2020 - Decreto N°10.502 - Política
2011 - Decreto Nº 7.480 Nacional de Educação Especial
Até 2011, os rumos da Educação Institui a chamada a Política Nacional de
Especial e Inclusiva eram definidos na Educação Especial: Equitativa, Inclusiva e
Secretaria de Educação Especial (Seesp), com Aprendizado ao Longo da Vida. Para
do Ministério da Educação (MEC). Hoje, a organizações da sociedade civil que
pasta está vinculada à Secretaria de trabalham pela inclusão das diversidades, a
Educação Continuada, Alfabetização, política representa um grande risco de
Diversidade e Inclusão (Secadi). retrocesso na inclusão de crianças e jovens
com deficiência, e de que a presente
2012 - Lei nº 12.764 iniciativa venha a substituir a Política
A lei institui a Política Nacional de Nacional de Educação Especial na
Proteção dos Direitos da Pessoa com Perspectiva Inclusiva (listada nesse
Transtorno do Espectro Autista. material, no ano de 2008), estimulando a
matrícula em escolas especiais, em que os
2014 - Plano Nacional de Educação estudantes com deficiência ficam
(PNE) segregados. Veja o posicionamento
A meta que trata do tema no atual PNE, completo da Rede Brasileira de Inclusão da
como explicado anteriormente, é a de Pessoa com Deficiência.
número 4. Sua redação é: “Universalizar,
para a população de 4 a 17 anos com Questões
deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades ou 01. (Prefeitura de Bom Conselho/PE -
superdotação, o acesso à educação básica e Professor - UPENET/IAUPE - 2022) A
ao atendimento educacional especializado, Escola Inclusiva é uma tendência
preferencialmente na rede regular de internacional do final do século XX, que se
ensino, com a garantia de sistema consolida como necessidade ao
educacional inclusivo, de salas de recursos atendimento das demandas sociais
multifuncionais, classes, escolas ou contemporâneas sendo, atualmente,
serviços especializados, públicos ou assegurada por legislação educacional. No
conveniados”. O entrave para a inclusão é a Brasil a Lei de Diretrizes e Bases da
palavra “preferencialmente”, que, segundo Educação Nacional, LDB nº 9.394/96 e as
especialistas, abre espaço para que as Diretrizes Curriculares Nacionais da
crianças com deficiência permaneçam Educação Básica de 13/07/2010 asseguram
matriculadas apenas em escolas especiais. a oferta de educação inclusiva no âmbito da
escola.
2019 - Decreto Nº 9.465 Nesse sentido, pode-se afirmar que o
Cria a Secretaria de Modalidades principal desafio para a escola é:
Especializadas de Educação, extinguindo a A. desenvolver uma pedagogia centrada
Secretaria de Educação Continuada, na criança e no adolescente, capaz de
Alfabetização, Diversidade e Inclusão desenvolver competências em todos, sem
(Secadi). A pasta é composta por três discriminação, respeitando suas diferenças.
frentes: Diretoria de Acessibilidade, B. dar conta da diversidade das crianças
Mobilidade, Inclusão e Apoio a Pessoas oferecendo respostas adequadas às suas
com Deficiência; Diretoria de Políticas de características e necessidades, solicitando

92
Conhecimentos Específicos

apoio de instituições e especialistas, quando físicas, intencionais e repetitivas, que


a família permitir. ocorrem sem motivação evidente e são
C. fortalecer uma escola e sociedade exercidas por um ou mais indivíduos,
democrática, justa e economicamente ativa causando dor e angústia, com o objetivo de
para os que apresentem bom desempenho. intimidar ou agredir outra pessoa sem ter a
D. garantir às crianças com necessidades possibilidade ou capacidade de se defender,
especiais e deficientes uma convivência sendo realizadas dentro de uma relação
participativa com outras crianças que desigual de forças ou poder.
possuem as mesmas necessidades O bullying se divide em duas categorias:
especiais. a) Bullying direto: que é a forma mais
E. desenvolver o princípio da integração comum entre os agressores masculinos e
com todos em classes especiais previsto no b) Bullying indireto: sendo essa a forma
Art. 58 da LDB. mais comum entre mulheres e crianças,
tendo como característica o isolamento
02. (Prefeitura de Foz do Iguaçu/PR - social da vítima. Em geral, a vítima teme
Secretário de Escola - FUNDATEC - o(a) agressor(a) em razão das ameaças ou
2022) De acordo com a LDBEN, sobre a mesmo a concretização da violência, física
educação especial, analise as assertivas ou sexual, ou a perda dos meios de
abaixo: subsistência.
I. A oferta de educação especial tem O bullying é um problema mundial,
início na educação infantil e estende-se ao podendo ocorrer em praticamente qualquer
longo da vida. contexto no qual as pessoas interajam, tais
II. Haverá, quando necessário, serviços como escola, faculdade/universidade,
de apoio especializado na escola regular, família, mas pode ocorrer também no local
para atender às peculiaridades da clientela de trabalho e entre vizinhos. Há uma
de educação especial. tendência de as escolas não admitirem a
III. Acesso igualitário aos benefícios dos ocorrência do bullying entre seus alunos; ou
programas sociais suplementares desconhecem o problema ou se negam a
disponíveis para o respectivo nível do enfrentá-lo. Esse tipo de agressão
ensino regular. geralmente ocorre em áreas onde a presença
Quais estão corretas? ou supervisão de pessoas adultas é mínima
A. Apenas I. ou inexistente. Estão inclusos no bullying
B. Apenas II. os apelidos pejorativos criados para
C. Apenas III. humilhar os colegas.
D. Apenas I e II. As pessoas que testemunham o bullying,
E. I, II e III. na grande maioria, alunos, convivem com a
violência e se silenciam em razão de
Alternativas temerem se tornar as “próximas vítimas” do
agressor. No espaço escolar, quando não
01.A - 02.E ocorre uma efetiva intervenção contra o
bullying, o ambiente fica contaminado e os
alunos, sem exceção, são afetados
12. Bullying negativamente, experimentando
sentimentos de medo e ansiedade.
As crianças ou adolescentes que sofrem
Bullying14 é um termo da língua inglesa bullying podem se tornar adultos com
(bully = “valentão”) que se refere a todas as sentimentos negativos e baixa autoestima.
formas de atitudes agressivas, verbais ou Tendem a adquirir sérios problemas de

14
CAMARGO, O."Bullying"; Brasil Escola. Disponível em http://brasilescola.uol.com.br.

93
Conhecimentos Específicos

relacionamento, podendo, inclusive, fundamentais.


contrair comportamento agressivo. Em Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à
liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas
casos extremos, a vítima poderá tentar ou humanas em processo de desenvolvimento e como
cometer suicídio. sujeitos de direitos civis, humanos e sociais
O(s) autor(es) das agressões geralmente garantidos na Constituição e nas leis. [...].
são pessoas que têm pouca empatia, Art. 17. O direito ao respeito consiste na
pertencentes às famílias desestruturadas, inviolabilidade da integridade física, psíquica e
moral da criança e do adolescente, abrangendo a
em que o relacionamento afetivo entre seus preservação da imagem, da identidade, da
membros tende a ser escasso ou precário. autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos
Por outro lado, o alvo dos agressores espaços e objetos pessoais.
geralmente são pessoas pouco sociáveis, Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da
com baixa capacidade de reação ou de fazer criança e do adolescente, pondo-os a salvo de
qualquer tratamento desumano, violento,
cessar os atos prejudiciais contra si e aterrorizante, vexatório ou constrangedor.
possuem forte sentimento de insegurança, o
que os impede de solicitar ajuda. A violação de quaisquer desses direitos
No Brasil, uma pesquisa realizada com afeta a dignidade do infanto-juvenil,
alunos de escolas públicas e particulares incidindo, portanto, em dano moral. Sendo
revelou que as humilhações típicas do assim, as vítimas de bullying poderão
bullying são comuns em alunos da 5ª e 6ª contender judicialmente pelo devido
séries. As três cidades brasileiras com ressarcimento, conforme orienta Mattia: O
maior incidência dessa prática são: Brasília, atentado ao direito à integridade moral gera
Belo Horizonte e Curitiba. a configuração de dano moral, que, no caso,
Os atos de bullying ferem princípios será pleiteado pela criança ou adolescente
constitucionais - respeito à dignidade da através de seu representante legal. A
pessoa humana - e ferem o Código Civil, indenização por dano moral não mais
que determina que todo ato ilícito que cause suscita dúvidas, é a consagração do dano
danos a outrem gera o dever de indenizar. moral direto, em face dos termos do
O responsável pelo ato de bullying pode princípio constitucional previsto no art. 5º,
também ser enquadrado no Código de X, que dispõe: “São invioláveis a
Defesa do Consumidor, tendo em vista que intimidade, a vida privada, a honra e a
as escolas prestam serviço aos imagem das pessoas, assegurando o direito
consumidores e são responsáveis por atos à indenização pelo dano material ou moral
de bullying que ocorram dentro do decorrente de sua violação.”
estabelecimento de ensino/trabalho. Mas, antes que o dano moral ao infanto-
juvenil efetivamente ocorra, temos o dever
O Bullying e os Direitos da Criança e de comunicar essa iminência ao Conselho
do Adolescente Tutelar que é o órgão - administrativo,
O Estatuto da Criança e do Adolescente municipal, permanente e autônomo -
positivou diversas garantias e medidas encarregado pela sociedade de zelar pelo
protetivas com o propósito de afiançar um cumprimento dos direitos da criança e do
desenvolvimento sadio aos infanto-juvenis. adolescente. O artigo 13 do Estatuto trata
O comportamento discriminatório e dessa obrigatoriedade de comunicação à
agressivo dos bullies atenta acintosamente autoridade competente no caso de
contra o respeito e a dignidade de suas conhecimento de maus tratos perpetrados
vítimas ferindo os direitos estatutários contra crianças e adolescentes. Aqueles que
transcritos abaixo: Estatuto. não o fizerem incorrerão na pena prevista
Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será
objeto de qualquer forma de negligência,
no art. 245: Estatuto.
discriminação, exploração, violência, crueldade e Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de
opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, castigo físico, de tratamento cruel ou degradante e
por ação ou omissão, aos seus direitos de maus-tratos contra criança ou adolescente serão

94
Conhecimentos Específicos

obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar inibem o crescimento da violência e da


da respectiva localidade, sem prejuízo de outras criminalidade infanto-juvenil.
providências legais.
No entanto, a intervenção deve ser
ponderada, na medida em que, se, por um
Quanto ao contexto em que está inserido
lado, deve fazer cessar a humilhação, por
o artigo 13 no Estatuto, Rossato, Lépore e
outro, deve estimular na vítima do bullying
Cunha pontuam que vale ressaltar que
a capacidade de autodefesa, evitando uma
apesar de alocado em meio a dispositivos
superproteção prejudicial.” Considerando o
que versam sobre o direito à saúde e
caráter multidisciplinar do tema em questão
obrigações dos profissionais dessa área, o
e a necessidade das escolas estarem
dever de comunicação de maus tratos
preparadas para lidar com a questão, Calhau
também se estende a outros profissionais, a
diz que atualmente um grande número de
exemplo de professores, responsáveis por
escolas mantém em seus quadros
estabelecimentos de ensino, dentre outros,
pedagogos e psicólogos, que, em sendo
conforme explicita a redação do art. 245 do
chamados para ajudar, poderão contribuir
Estatuto, que considera infração
muito com a solução dos problemas. A
administrativa o descumprimento dessa
orientação deve nortear a ação desses
determinação legal. Mesmo porque, em se
profissionais. Chamar a polícia e o
tratando de responsáveis por escolas de
Ministério Público, a meu ver, somente nos
ensino fundamental - etapa de ensino onde,
casos mais graves.
conforme pesquisa da PLAN BRASIL, se
A solução, dentro do possível, deve ser
verificou a maior incidência de bullying - a
conseguida compartilhando o problema
lei foi específica ao tratar do assunto:
“Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de
com o grupo de alunos, tendo em vista que
ensino fundamental comunicarão ao Conselho os alunos tendem a voltar a praticar os atos
Tutelar os casos de: de bullying assim que se colocarem sem
I - maus-tratos envolvendo seus alunos; [...].” supervisão. Sobre a atuação das escolas
II - reiteração de faltas injustificadas e de cabe, também, se necessário, reprimir atos
evasão escolar, esgotados os recursos escolares;
III - elevados níveis de repetência.
de indisciplina praticados por alunos e
aplicar as penalidades pedagógicas nos
Na cartilha lançada pelo Conselho casos previstos no regimento escolar ou
Nacional de Justiça encontramos a seguinte interno. Entretanto, deve esgotar todos os
orientação dada aos responsáveis pelos recursos sociopedagógicos a ela inerente,
estabelecimentos de ensino nos casos de inclusive ter uma equipe especializada de
bullying: A escola é corresponsável nos profissionais, como psicopedagogos e
casos de bullying, pois é lá onde os profissionais afins, para atuar de forma
comportamentos agressivos e preventiva nos distúrbios ou problemas de
transgressores se evidenciam ou se agravam aprendizagem. Porém, sendo inócua a
na maioria das vezes. A direção da escola tentativa de resolver o problema
(como autoridade máxima da instituição) diretamente com os alunos e esgotadas
deve acionar os pais, os Conselhos todas as possibilidades pertinentes ao caso
Tutelares, os órgãos de proteção à criança e concreto “é o caso de acionar o Conselho
ao adolescente etc. Caso não o faça poderá Tutelar e o Ministério Público.
ser responsabilizada por omissão. Em Finalmente, gostaríamos de destacar
situações que envolvam atos infracionais que, antes que seja necessário o
(ou ilícitos) a escola também tem o dever de acionamento das autoridades competentes,
fazer a ocorrência policial. Dessa forma, os a prevenção sempre será o melhor a ser feito
fatos podem ser devidamente apurados pelos estabelecimentos de ensino.
pelas autoridades competentes e os
culpados responsabilizados. Tais
procedimentos evitam a impunidade e

95
Conhecimentos Específicos

Questões sociedade no dia a dia destes jovens.


Quais estão corretas?
01. (IF/RJ - Administrador - A. Apenas I.
IUDS/2021) O Bullying é uma triste B. Apenas II.
realidade, em uma série de contextos. Para C. Apenas I e III.
coibir tais atos, foi criada a Política de D. I, II e III.
Combate à Intimidação Sistemática, por
meio da Lei 13.185/2015. Desta forma, Gabarito
tendo por referência a lei, acima citada,
analise as alternativas, abaixo, e assinale 01.A - 02.D
aquela que trouxer, incorretamente, um
trecho componente do conceito de
Bullying: 13. Legislação Educacional e suas
A. todo ato de violência física ou atualizações: Constituição
psicológica, intencional, repetitivo ou não.
B. ocorre sem motivação evidente.
C. praticado por indivíduo ou grupo, Constituição da República
contra uma ou mais pessoas, com o objetivo Federativa do Brasil de 1988
de intimidá-la ou agredi-la.
D. causando dor e angústia à vítima, em PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS15
uma relação de desequilíbrio de poder entre
as partes envolvidas. Os princípios são diferentes das normas,
tendo em vista a sua extensão interpretativa,
02. (Prefeitura de Tramandaí/RS - de modo generalizado. Já as normas regem
Pedagogo Orientador Educacional - situações específicas, tendo uma aplicação
FUNDATEC/2021) O bullying escolar é mais determinada.
uma problemática que por décadas vem Entre os artigos 1º a 4º da Constituição
sem sendo discutida, porém, pouco se Federal encontramos os princípios que
avança no que tange a soluções que possam servem de alicerce ao nosso ordenamento
efetivamente auxiliar nesse cenário. Nesse infraconstitucional.
sentido, surge a justiça restaurativa, que
tem como alternativas: Formas de Organização do Território
I. Pacificação e resolução de conflitos,
visto que observa a prática pedagógica na Temos quatro modelos de organização
escola, que por muito tempo era vista territorial do Estado no Direito Comparado
apenas como um transmissor de que, em sua maioria, perduram até os dias
conhecimento. atuais: Estado Unitário, Estado Regional,
II. A solução positiva dos conflitos Estado Autonômico e Estado Federal.
escolares, proporcionando convívio
harmônico entre os envolvidos e toda Forma de Governo
comunidade escolar.
III. O trabalho desempenhado com esta A forma de governo tem relação com o
solução para a prática do bullying escolar modo pelo qual o poder político é
traz como foco não apenas a vítima e o estabelecido e exercitado em determinado
agressor, mas toda comunidade envolvida, Estado, e como nele se relacionam os
a fim de evitar que esse problema governantes e governados. Estamos falando
transcenda os “muros da escola” e invada a de um sistema onde se define como se

1515
Motta, Sylvio. Direito Constitucional: teoria, jurisprudência
e questões / Sylvio Motta. - 29. ed. - Rio de Janeiro: Forense;
MÉTODO, 2021.

96
Conhecimentos Específicos

atinge o poder político no Estado e, ao A chefia do Poder Executivo no


mesmo tempo, a duração que permanece o Presidencialismo é monocrática, sendo o
mandatário. regime de governo adotado por nosso país,
já que o Presidente representa nosso país
Temos duas formas de governo: a em solo internacional.
República e a Monarquia. Há independência entre os Poder
Executivo e Legislativo. O chefe do Poder
República: é forma de governo que tem Executivo, uma vez investido em suas
como características a periodicidade do funções, permanece exercendo-as
mandato dos governantes; a eletividade independentemente da concordância do
como forma de condução aos cargos Poder Legislativo. No regime
políticos; a possibilidade de presidencialista, o chefe do Poder
responsabilização dos governantes pelos Executivo elabora seu plano de governo,
atos praticados no exercício do mandato; e fixa as diretrizes de sua atuação e os põem
o fato de que os governantes representam em prática independentemente da
diretamente o povo (forma adotada pelo concordância do Poder Legislativo,
Brasil). ressalvadas as matérias que dependem de
lei. Os membros deste Poder, mesmo que
Monarquia: por ela, os governantes não insatisfeitos com a atuação do chefe do
chegam ao poder por meio de eleições, mas Executivo, não podem negar-lhe o direito
sim por critérios hereditários, sanguíneos; de, durante o transcurso de seu mandato,
não exercem mandato a prazo certo, pois a dar efetividade ao seu programa de
investidura é vitalícia; não representam o trabalho. Também não podem impedi-lo de
povo, mas determinada estirpe, a família a exercer seu mandato até o final.
que pertencem; e não respondem perante o Por sua vez, os membros do Poder
povo pelos atos que praticam no exercício Legislativo atuam com independência em
do mandato. relação ao Poder Executivo. Seus
posicionamentos nas votações de projetos
Regime de Governo de lei e sua atuação parlamentar como um
todo independe de anuência do chefe do
O regime de governo também chamado Poder Executivo. Seus mandatos advêm da
de sistema de governo tem relação com os vontade popular, manifestada nas urnas, e
poderes Legislativo e Executivo, logo o não pode o chefe do Executivo impedi-los
presidencialista tem como característica a de exercê-los por discordar de sua atuação.
independência entre os poderes e o É incabível, nesse regime, a dissolução do
Executivo apresenta maior independência Poder Legislativo pelo chefe do Poder
em relação aos outros. Executivo.

No Presidencialismo, sistema típico da Neste sistema compete ao chefe do


forma de governo republicana, o chefe do Poder Executivo a execução do plano de
Poder Executivo concentra as funções de governo. Vale destacar que a anuência
chefe de Estado e de chefe de Governo. legislativa não quer dizer responsabilidade
Como chefe de Estado, representa o Estado solidária com o Poder Executivo, de modo
nas relações com outros Estados soberanos que deve ser visto como uma autorização
e organismos internacionais; como chefe de para que o chefe do Poder coloque em
Governo, trata de todos os assuntos prática sua visão de governo.
pertinentes à política interna de nosso País,
determinando os programas de atuação Fundamentos da República
governamental e o funcionamento da
Administração Pública federal. - Soberania: trata-se de um poder

97
Conhecimentos Específicos

político. Logo, Estado soberano é aquele Artigo 1º da Constituição versa sobre o


que respeita a integridade do território, do tema:
governo e da população dos demais Estados
da comunidade internacional, desde que Art. 1º A República Federativa do
estes respeitem, reciprocamente, a Brasil, formada pela união indissolúvel dos
integridade de seu território, povo e Estados e Municípios e do Distrito Federal,
governo. constitui-se em Estado Democrático de
Direito e tem como fundamentos:
- Cidadania: pressuposto dos direitos I - a soberania;
políticos conferidos aos brasileiros, natos II - a cidadania;
ou naturalizados, para participar da vida III - a dignidade da pessoa humana;
política de nosso Estado. IV - os valores sociais do trabalho e da
livre iniciativa; (Vide Lei nº 13.874, de
- Dignidade da Pessoa Humana: preceito 2019)
basilar que impõe o reconhecimento de que V - o pluralismo político.
o valor do indivíduo, enquanto ser humano, Parágrafo único. Todo o poder emana
prevalece sobre todos os demais. do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos
- Valores Sociais do Trabalho e da Livre- termos desta Constituição.
Iniciativa: estende-se ao trabalhador em
sentido estrito, que, mediante Separação dos Poderes
contraprestação pecuniária, coloca suas
forças à disposição de terceiro, o O poder é uno, de modo que aos três
empregador, a ele subordinando-se; o poderes temos uma divisão de caráter
trabalhador informal, que não mantém funcional. Cada uma das três funções
vínculo regular de emprego; bem como estatais são precípuas porém não exclusivas
aquele que opta por correr os riscos de seu por um dos Poderes.
próprio negócio, e assim lança-se ao
mercado em nome próprio. Função do Poder Executivo = de forma
típica executiva ou administrativa, possui
Quanto à livre-iniciativa, é fundamento ainda atribuição de caráter legislativo ao
que busca proteger o empreendedor, o editar medidas provisórias e jurisdicional
micro, pequeno ou macroempresário contra ao decidir processos de cunho
práticas ilícitas, abusivas, que tenham por administrativo.
intuito restringir a competitividade do Função do Poder Legislativo = de forma
mercado, alijando de seu âmbito os típica legisla e de forma atípica fiscaliza,
empreendedores com estrutura econômica além de administrar, quando por meio de
menos robusta. licitação celebra um contrato.
Função do Poder Judiciário = de forma
- Pluralismo Político: No Brasil, teremos típica exerce sua função jurisdicional, em
assegurada a coexistência de diversas que são solucionados litígios jurídicos, de
tendências ideológicas possibilitando ao forma atípica realiza atribuições de caráter
cidadão maior espectro de opções e imensa legislativo e administrativo.
variedade de caminhos sociais, econômicos
e políticos. Ressalte-se, no entanto, que o Art. 2º São Poderes da União,
princípio fundamental do pluralismo independentes e harmônicos entre si, o
político não se confunde com o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
pluripartidarismo, que apenas é uma das
espécies de sua manifestação. Art. 3º Constituem objetivos
fundamentais da República Federativa do

98
Conhecimentos Específicos

Brasil: direitos humanos no território do Estado.


I - construir uma sociedade livre, justa e
solidária; A igualdade entre os Estados é
II - garantir o desenvolvimento nacional; princípio de difícil aplicação prática, já que
III - erradicar a pobreza e a são evidentes as diferenças políticas,
marginalização e reduzir as desigualdades culturais, econômicas das diversas nações.
sociais e regionais; Uma leitura mais adequada do princípio nos
IV - promover o bem de todos, sem leva à conclusão de que ele impõe não um
preconceitos de origem, raça, sexo, cor, tratamento idêntico, pelo Brasil, a todos os
idade e quaisquer outras formas de países, mas um tratamento diferenciado na
discriminação. medida de suas disparidades, vedado o
estabelecimento de distinções que não
Princípios encontrem respaldo no texto constitucional.

O dispositivo enumera os valores que A defesa da paz e a solução pacífica


nortearão as ações de nosso Estado no dos conflitos são dois princípios
cenário internacional. intimamente relacionados, na verdade
complementares. O primeiro é de acepção
A independência nacional é valor que mais genérica, e abrange não só ações
deve ser interpretado por duas óticas negativas, de repúdio a conflitos armados já
diversas: o Brasil, ao manter suas relações deflagrados, mas também ações positivas,
internacionais, não poderá abrir mão da sua que objetivem evitar a explosão do conflito.
independência, da sua condição de nação Pode-se interpretá-lo em acepção ainda
soberana; por outra via, deverá reconhecer mais larga, de modo a abranger os direitos
tal condição aos Estados com que se fundamentais de terceira geração, calcados
relacionar, respeitando sua independência. na solidariedade, a exemplo do direito ao
desenvolvimento dos povos e à defesa do
A prevalência dos direitos humanos é meio ambiente ecologicamente equilibrado.
princípio aplicável não só em âmbito Já o segundo princípio, de sentido mais
internacional, mas principalmente dentro de estrito, aplica-se perante conflitos já
nossas fronteiras, em decorrência da deflagrados, impondo ao Brasil que auxilie
previsão da dignidade da pessoa humana na resolução das divergências que o
como fundamento de nosso Estado. No que ocasionaram mediante o uso de
toca à esfera internacional, significa o instrumentos pacíficos, a exemplo da
princípio que o Brasil evitará travar alguma arbitragem internacional.
relação jurídica com Estados que
desrespeitem os direitos humanos do seu O repúdio ao terrorismo e ao racismo,
povo ou do povo brasileiro. Por outro lado, apesar de mencionado à parte, é princípio
pode ser interpretado como uma vedação à que se pode considerar já previsto
formação de vínculos de qualquer natureza anteriormente neste dispositivo, nos incisos
com Estados que desprezem idêntico valor. VI (quem defende a paz não pode admitir o
terrorismo) e II (quem alça a prevalência
A autodeterminação dos povos e a não dos direitos humanos à condição de
intervenção reforçam a segunda aplicação princípio interno e externo não pode
do princípio da independência nacional, compactuar com o racismo). Gabriel Dezen
proibindo o Brasil de tomar parte em ações Junior, valendo-se de lição de Sotille, após
ofensivas à soberania de outro Estado, salvo esclarecer que não há definição jurídica
quando encontrar fundamento clara de terrorismo, afirma que ele
constitucional para tanto, como, por caracteriza-se “pelo uso de método
exemplo, assegurar a prevalência dos criminoso e violência, visando atingir um

99
Conhecimentos Específicos

fim determinado”. Quanto ao racismo, atuando, pois, de forma soberana.


temos a definição do art. 1o da Convenção
de 1966 da ONU, segundo o qual Abaixo segue o artigo da Constituição
A discriminação racial significará Federal sobre o tema:
qualquer distinção, exclusão, restrição ou
preferência baseadas em raça, cor, Art. 4º A República Federativa do Brasil
descendência ou origem nacional ou étnica rege-se nas suas relações internacionais
que tenha por objetivo ou efeito anular ou pelos seguintes princípios:
restringir o reconhecimento, gozo ou I - independência nacional;
exercício num mesmo plano, em igualdade II - prevalência dos direitos humanos;
de condições, de direitos humanos e III - autodeterminação dos povos;
liberdades fundamentais. IV - não-intervenção;
V - igualdade entre os Estados;
A cooperação entre os povos para o VI - defesa da paz;
progresso da humanidade é diretriz de VII - solução pacífica dos conflitos;
cunho genérico que, conforme o caso VIII - repúdio ao terrorismo e ao
concreto em que aplicada, pode servir de racismo;
justificativa para a relativização dos IX - cooperação entre os povos para o
conceitos de soberania e independência progresso da humanidade;
nacional, principalmente por parte do X - concessão de asilo político.
Estado brasileiro. Parágrafo único. A República
Federativa do Brasil buscará a integração
A concessão de asilo político é o último econômica, política, social e cultural dos
dos princípios regentes do Brasil em suas povos da América Latina, visando à
relações internacionais que se aplica em formação de uma comunidade latino-
âmbito geral, alcançando quaisquer americana de nações.
Estados, ou, melhor dizendo, os indivíduos
de qualquer Estado. Questões

O asilo político, também chamado asilo 01. (Prefeitura de São Marcos/RS -


diplomático, consiste no acolhimento de Professor - Geografia -
estrangeiro por parte de um Estado que não OBJETIVA/2022) Considerando-se a
o seu, em virtude de perseguição por ele Constituição Federal, são objetivos
sofrida em território estrangeiro. As causas fundamentais da República Federativa do
motivadoras dessa perseguição, ensejadora Brasil, EXCETO:
da concessão do asilo, em regra são: A - Construir uma sociedade livre,
dissidência política, livre manifestação do paritária e dependente.
pensamento ou, ainda, crimes relacionados B - Garantir o desenvolvimento
com a segurança do Estado, que não nacional.
configurem delitos no direito penal comum. C - Erradicar a pobreza e a
Na sistemática constitucional, a marginalização e reduzir as desigualdades
concessão de asilo político é competência sociais e regionais.
exclusiva do Presidente da República, que D - Promover o bem de todos, sem
pode decidir discricionariamente em um preconceitos de origem, raça, sexo, cor,
sentido ou outro. Diferentemente do que idade e quaisquer outras formas de
ocorre com a extradição, no asilo político discriminação.
não há participação do Poder Judiciário. É
ato privativo do Presidente da República, 02. (DPE/PB - Defensor Público -
que ao decidir o faz na condição de chefe de FCC/2022) Em relação ao texto expresso
Estado da República Federativa do Brasil, da Constituição da República Federativa do

100
Conhecimentos Específicos

Brasil, a dignidade da pessoa humana trabalho.


consiste em A terceira dimensão de direitos
A - direito individual e coletivo. fundamentais é chamada de direitos
B - direito e garantia fundamental. metaindividuais ou transindividuais, como
C - fundamento da República. o direito à paz, ao meio ambiente
D - objetivo fundamental. equilibrado.
E - princípio das relações internacionais. A quarta dimensão de direitos
fundamentais diz respeito à engenharia
Alternativas genética (patrimônio genético de cada
indivíduo), do qual se extraem direitos
01.A - 02.C como congelamento de embrião, pesquisas
com células-tronco, inseminação artificial,
Direitos e Garantias Fundamentais barriga de aluguel etc.
A quinta dimensão de direitos estão
Os direitos e garantias fundamentais são voltadas ao universo virtual. Sendo
termos que se distinguem, de modo que são conhecida como época do direito
direitos fundamentais os benefícios que cibernético e os famosos crimes virtuais.
possuem respaldo na Constituição Federal, A sexta dimensão de direitos
enquanto que as garantias fundamentais fundamentais está em fase de construção e
servem para exercícios dos direitos muitos entendem que busca-se a felicidade
fundamentais. nessa dimensão.
Os direitos fundamentais são dirigidos
não apenas as pessoas brasileiras, mas todas Dispositivos da Constituição Federal
aquelas que estejam no território nacional, sobre o tema:
sejam brasileiros, estrangeiros, que aqui
residam ou não. TÍTULO II
DOS DIREITOS E GARANTIAS
Eficácia FUNDAMENTAIS
CAPÍTULO I
Nos direitos fundamentais temos dois DOS DIREITOS E DEVERES
tipos de eficácia: vertical e horizontal. INDIVIDUAIS E COLETIVOS
Na eficácia vertical temos a imposição
de obrigações positivas ou negativas ao Art. 5º Todos são iguais perante a lei,
Estado. sem distinção de qualquer natureza,
Na eficácia horizontal temos o respeito garantindo-se aos brasileiros e aos
aos cidadãos com relação as demais pessoas estrangeiros residentes no País a
da sociedade. inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à
Dimensão dos Direitos Fundamentais propriedade, nos termos seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em
A primeira dimensão de direitos direitos e obrigações, nos termos desta
fundamentais buscava impor limites à Constituição;
atuação do Estado e à criação de um Estado II - ninguém será obrigado a fazer ou
liberal; conhecida como direito à prestação deixar de fazer alguma coisa senão em
negativa (non facere) do Estado. Exemplos: virtude de lei;
os direitos à liberdade, à vida. III - ninguém será submetido a tortura
A segunda dimensão de direitos nem a tratamento desumano ou
fundamentais é conhecida como direito à degradante;
prestação positiva (facere), dentre os quais IV - é livre a manifestação do
se destacam os direitos sociais como saúde, pensamento, sendo vedado o anonimato;

101
Conhecimentos Específicos

V - é assegurado o direito de resposta, XV - é livre a locomoção no território


proporcional ao agravo, além da nacional em tempo de paz, podendo
indenização por dano material, moral ou à qualquer pessoa, nos termos da lei, nele
imagem; entrar, permanecer ou dele sair com seus
VI - é inviolável a liberdade de bens;
consciência e de crença, sendo assegurado XVI - todos podem reunir-se
o livre exercício dos cultos religiosos e pacificamente, sem armas, em locais
garantida, na forma da lei, a proteção aos abertos ao público, independentemente de
locais de culto e a suas liturgias; autorização, desde que não frustrem outra
VII - é assegurada, nos termos da lei, a reunião anteriormente convocada para o
prestação de assistência religiosa nas mesmo local, sendo apenas exigido prévio
entidades civis e militares de internação aviso à autoridade competente;
coletiva; XVII - é plena a liberdade de associação
VIII - ninguém será privado de direitos para fins lícitos, vedada a de caráter
por motivo de crença religiosa ou de paramilitar;
convicção filosófica ou política, salvo se as XVIII - a criação de associações e, na
invocar para eximir-se de obrigação legal forma da lei, a de cooperativas independem
a todos imposta e recusar-se a cumprir de autorização, sendo vedada a
prestação alternativa, fixada em lei; interferência estatal em seu
IX - é livre a expressão da atividade funcionamento;
intelectual, artística, científica e de XIX - as associações só poderão ser
comunicação, independentemente de compulsoriamente dissolvidas ou ter suas
censura ou licença; atividades suspensas por decisão judicial,
X - são invioláveis a intimidade, a vida exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito
privada, a honra e a imagem das pessoas, em julgado;
assegurado o direito a indenização pelo XX - ninguém poderá ser compelido a
dano material ou moral decorrente de sua associar-se ou a permanecer associado;
violação; XXI - as entidades associativas, quando
XI - a casa é asilo inviolável do expressamente autorizadas, têm
indivíduo, ninguém nela podendo penetrar legitimidade para representar seus filiados
sem consentimento do morador, salvo em judicial ou extrajudicialmente;
caso de flagrante delito ou desastre, ou XXII - é garantido o direito de
para prestar socorro, ou, durante o dia, por propriedade;
determinação judicial; XXIII - a propriedade atenderá a sua
XII - é inviolável o sigilo da função social;
correspondência e das comunicações XXIV - a lei estabelecerá o
telegráficas, de dados e das comunicações procedimento para desapropriação por
telefônicas, salvo, no último caso, por necessidade ou utilidade pública, ou por
ordem judicial, nas hipóteses e na forma interesse social, mediante justa e prévia
que a lei estabelecer para fins de indenização em dinheiro, ressalvados os
investigação criminal ou instrução casos previstos nesta Constituição;
processual penal; XXV - no caso de iminente perigo
XIII - é livre o exercício de qualquer público, a autoridade competente poderá
trabalho, ofício ou profissão, atendidas as usar de propriedade particular, assegurada
qualificações profissionais que a lei ao proprietário indenização ulterior, se
estabelecer; houver dano;
XIV - é assegurado a todos o acesso à XXVI - a pequena propriedade rural,
informação e resguardado o sigilo da fonte, assim definida em lei, desde que trabalhada
quando necessário ao exercício pela família, não será objeto de penhora
profissional; para pagamento de débitos decorrentes de

102
Conhecimentos Específicos

sua atividade produtiva, dispondo a lei direitos e esclarecimento de situações de


sobre os meios de financiar o seu interesse pessoal;
desenvolvimento; XXXV - a lei não excluirá da apreciação
XXVII - aos autores pertence o direito do Poder Judiciário lesão ou ameaça a
exclusivo de utilização, publicação ou direito;
reprodução de suas obras, transmissível XXXVI - a lei não prejudicará o direito
aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa
XXVIII - são assegurados, nos termos da julgada;
lei: XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de
a) a proteção às participações exceção;
individuais em obras coletivas e à XXXVIII - é reconhecida a instituição do
reprodução da imagem e voz humanas, júri, com a organização que lhe der a lei,
inclusive nas atividades desportivas; assegurados:
b) o direito de fiscalização do a) a plenitude de defesa;
aproveitamento econômico das obras que b) o sigilo das votações;
criarem ou de que participarem aos c) a soberania dos veredictos;
criadores, aos intérpretes e às respectivas d) a competência para o julgamento dos
representações sindicais e associativas; crimes dolosos contra a vida;
XXIX - a lei assegurará aos autores de XXXIX - não há crime sem lei anterior
inventos industriais privilégio temporário que o defina, nem pena sem prévia
para sua utilização, bem como proteção às cominação legal;
criações industriais, à propriedade das XL - a lei penal não retroagirá, salvo
marcas, aos nomes de empresas e a outros para beneficiar o réu;
signos distintivos, tendo em vista o XLI - a lei punirá qualquer
interesse social e o desenvolvimento discriminação atentatória dos direitos e
tecnológico e econômico do País; liberdades fundamentais;
XXX - é garantido o direito de herança; XLII - a prática do racismo constitui
XXXI - a sucessão de bens de crime inafiançável e imprescritível, sujeito
estrangeiros situados no País será à pena de reclusão, nos termos da lei;
regulada pela lei brasileira em benefício do XLIII - a lei considerará crimes
cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou
que não lhes seja mais favorável a lei anistia a prática da tortura , o tráfico ilícito
pessoal do "de cujus"; de entorpecentes e drogas afins, o
XXXII - o Estado promoverá, na forma terrorismo e os definidos como crimes
da lei, a defesa do consumidor; hediondos, por eles respondendo os
XXXIII - todos têm direito a receber dos mandantes, os executores e os que,
órgãos públicos informações de seu podendo evitá-los, se omitirem;
interesse particular, ou de interesse (Regulamento)
coletivo ou geral, que serão prestadas no XLIV - constitui crime inafiançável e
prazo da lei, sob pena de responsabilidade, imprescritível a ação de grupos armados,
ressalvadas aquelas cujo sigilo seja civis ou militares, contra a ordem
imprescindível à segurança da sociedade e constitucional e o Estado Democrático;
do Estado; XLV - nenhuma pena passará da pessoa
XXXIV - são a todos assegurados, do condenado, podendo a obrigação de
independentemente do pagamento de taxas: reparar o dano e a decretação do
a) o direito de petição aos Poderes perdimento de bens ser, nos termos da lei,
Públicos em defesa de direitos ou contra estendidas aos sucessores e contra eles
ilegalidade ou abuso de poder; executadas, até o limite do valor do
b) a obtenção de certidões em patrimônio transferido;
repartições públicas, para defesa de XLVI - a lei regulará a individualização

103
Conhecimentos Específicos

da pena e adotará, entre outras, as será submetido a identificação criminal,


seguintes: salvo nas hipóteses previstas em lei;
a) privação ou restrição da liberdade; LIX - será admitida ação privada nos
b) perda de bens; crimes de ação pública, se esta não for
c) multa; intentada no prazo legal;
d) prestação social alternativa; LX - a lei só poderá restringir a
e) suspensão ou interdição de direitos; publicidade dos atos processuais quando a
XLVII - não haverá penas: defesa da intimidade ou o interesse social o
a) de morte, salvo em caso de guerra exigirem;
declarada, nos termos do art. 84, XIX; LXI - ninguém será preso senão em
b) de caráter perpétuo; flagrante delito ou por ordem escrita e
c) de trabalhos forçados; fundamentada de autoridade judiciária
d) de banimento; competente, salvo nos casos de
e) cruéis; transgressão militar ou crime
XLVIII - a pena será cumprida em propriamente militar, definidos em lei;
estabelecimentos distintos, de acordo com LXII - a prisão de qualquer pessoa e o
a natureza do delito, a idade e o sexo do local onde se encontre serão comunicados
apenado; imediatamente ao juiz competente e à
XLIX - é assegurado aos presos o família do preso ou à pessoa por ele
respeito à integridade física e moral; indicada;
L - às presidiárias serão asseguradas LXIII - o preso será informado de seus
condições para que possam permanecer direitos, entre os quais o de permanecer
com seus filhos durante o período de calado, sendo-lhe assegurada a assistência
amamentação; da família e de advogado;
LI - nenhum brasileiro será extraditado, LXIV - o preso tem direito à
salvo o naturalizado, em caso de crime identificação dos responsáveis por sua
comum, praticado antes da naturalização, prisão ou por seu interrogatório policial;
ou de comprovado envolvimento em tráfico LXV - a prisão ilegal será
ilícito de entorpecentes e drogas afins, na imediatamente relaxada pela autoridade
forma da lei; judiciária;
LII - não será concedida extradição de LXVI - ninguém será levado à prisão ou
estrangeiro por crime político ou de nela mantido, quando a lei admitir a
opinião; liberdade provisória, com ou sem fiança;
LIII - ninguém será processado nem LXVII - não haverá prisão civil por
sentenciado senão pela autoridade dívida, salvo a do responsável pelo
competente; inadimplemento voluntário e inescusável
LIV - ninguém será privado da liberdade de obrigação alimentícia e a do depositário
ou de seus bens sem o devido processo infiel;
legal; LXVIII - conceder-se-á "habeas-corpus"
LV - aos litigantes, em processo judicial sempre que alguém sofrer ou se achar
ou administrativo, e aos acusados em geral ameaçado de sofrer violência ou coação em
são assegurados o contraditório e ampla sua liberdade de locomoção, por
defesa, com os meios e recursos a ela ilegalidade ou abuso de poder;
inerentes; LXIX - conceder-se-á mandado de
LVI - são inadmissíveis, no processo, as segurança para proteger direito líquido e
provas obtidas por meios ilícitos; certo, não amparado por "habeas-corpus"
LVII - ninguém será considerado ou "habeas-data", quando o responsável
culpado até o trânsito em julgado de pela ilegalidade ou abuso de poder for
sentença penal condenatória; autoridade pública ou agente de pessoa
LVIII - o civilmente identificado não jurídica no exercício de atribuições do

104
Conhecimentos Específicos

Poder Público; administrativo, são assegurados a razoável


LXX - o mandado de segurança coletivo duração do processo e os meios que
pode ser impetrado por: garantam a celeridade de sua tramitação
a) partido político com representação (Vide ADIN 3392)
no Congresso Nacional; LXXIX - é assegurado, nos termos da lei,
b) organização sindical, entidade de o direito à proteção dos dados pessoais,
classe ou associação legalmente inclusive nos meios digitais. (Incluído pela
constituída e em funcionamento há pelo Emenda Constitucional nº 115, de 2022)
menos um ano, em defesa dos interesses de § 1º As normas definidoras dos direitos
seus membros ou associados; e garantias fundamentais têm aplicação
LXXI - conceder-se-á mandado de imediata.
injunção sempre que a falta de norma § 2º Os direitos e garantias expressos
regulamentadora torne inviável o exercício nesta Constituição não excluem outros
dos direitos e liberdades constitucionais e decorrentes do regime e dos princípios por
das prerrogativas inerentes à ela adotados, ou dos tratados
nacionalidade, à soberania e à cidadania; internacionais em que a República
LXXII - conceder-se-á "habeas-data": Federativa do Brasil seja parte.
a) para assegurar o conhecimento de § 3º Os tratados e convenções
informações relativas à pessoa do internacionais sobre direitos humanos que
impetrante, constantes de registros ou forem aprovados, em cada Casa do
bancos de dados de entidades Congresso Nacional, em dois turnos, por
governamentais ou de caráter público; três quintos dos votos dos respectivos
b) para a retificação de dados, quando membros, serão equivalentes às emendas
não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, constitucionais. (Vide ADIN 3392
judicial ou administrativo; § 4º O Brasil se submete à jurisdição de
LXXIII - qualquer cidadão é parte Tribunal Penal Internacional a cuja
legítima para propor ação popular que vise criação tenha manifestado adesão.
a anular ato lesivo ao patrimônio público
ou de entidade de que o Estado participe, à !!! Atenção para a inclusão do direito à
moralidade administrativa, ao meio proteção de dados pessoais, antes não era
ambiente e ao patrimônio histórico e constitucionalmente um direito
cultural, ficando o autor, salvo constitucional fundamental, portanto há
comprovada má-fé, isento de custas grandes chances de ser cobrado pelos
judiciais e do ônus da sucumbência; concursos.
LXXIV - o Estado prestará assistência
jurídica integral e gratuita aos que Questões
comprovarem insuficiência de recursos;
LXXV - o Estado indenizará o 01. (TRT 4ª REGIÃO - Técnico
condenado por erro judiciário, assim como Judiciário - FCC/2022) Diante do que
o que ficar preso além do tempo fixado na dispõe a Constituição Federal sobre os
sentença; direitos e garantias fundamentais,
LXXVI - são gratuitos para os A - é a todos assegurada,
reconhecidamente pobres, na forma da lei: independentemente do pagamento de taxas,
a) o registro civil de nascimento; a obtenção de certidões em repartições
b) a certidão de óbito; públicas, para defesa de direitos e
LXXVII - são gratuitas as ações de esclarecimento de situações de interesse
"habeas-corpus" e "habeas-data", e, na pessoal.
forma da lei, os atos necessários ao B - tendo em vista o princípio da
exercício da cidadania. inviolabilidade, não é admitido o ingresso
LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e na casa do indivíduo sem o consentimento

105
Conhecimentos Específicos

do morador, em nenhuma hipótese. fundamentais têm como destinatários não


C - é permitida a criação de tribunal apenas os brasileiros, mas também os
penal especial para o julgamento de crimes estrangeiros, residentes ou não no Brasil, e
hediondos que provoquem grande apátridas, caso se encontrem dentro do
repercussão social. território nacional.
D - o princípio do direito à duração D - Decisão recente do Supremo
razoável do processo aplica-se Tribunal Federal reconhece como
exclusivamente no âmbito judicial, não beneficiários dos direitos e garantias
havendo qualquer disposição a esse respeito fundamentais acolhidos pela Constituição
àqueles que tramitam no âmbito Federal de 1988 não somente os brasileiros
administrativo, por serem estes, e estrangeiros residentes no Brasil, mas
naturalmente, mais céleres. também os estrangeiros de passagem pelo
E - conceder-se-á mandado de segurança território brasileiro, desde que haja, nesse
sempre que a falta de norma caso, tratado internacional entre o Brasil e o
regulamentadora torne inviável o exercício país de origem do estrangeiro, para que ele
dos direitos e liberdades constitucionais e tenha preservados seus direitos.
das prerrogativas inerentes à nacionalidade, E - Uma análise sistematizada do texto
à soberania e à cidadania. constitucional permite afirmar que os
estrangeiros não residentes no Brasil são
02. (PC/RJ - Delegado de Polícia - detentores de direitos, limitados, no
CESPE-CEBRASPE/2022) O caput do entanto, àqueles que dizem respeito à vida
art. 5.º, iniciando o Título II da Constituição e à integridade física, em razão do que
Federal de 1988, referente aos direitos e dispõe o inciso III do art. 1.º da Carta
garantias fundamentais, estabelece, de Política, ao tratar da dignidade da pessoa
forma expressa, que todos são iguais humana como princípio fundamental da
perante a lei, sem distinção de qualquer República Federativa do Brasil.
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no Brasil Alternativas
determinados direitos. A respeito desse
assunto, assinale a opção correta. 01.A - 02.C
A - Embora o ordenamento jurídico
estabeleça que as pessoas jurídicas são Direitos Sociais
detentoras de personalidade jurídica, o
texto constitucional garante a plenitude de Os direitos sociais são considerados
direitos apenas às pessoas físicas. Sendo direitos fundamentais de segunda geração,
assim, as pessoas jurídicas têm seus direitos dependendo da atuação positiva dos
garantidos apenas com base na legislação poderes públicos. Logo, temos a vinculação
infraconstitucional. ao princípio da igualdade, de modo que o
B - O texto constitucional é claro ao Estado deve conferir aos mais necessitados
prever que apenas os estrangeiros condições dignas de existência, vivendo
residentes no Brasil dispõem de todos os sob um Estado Democrático de Direito.
direitos garantidos aos brasileiros. Assim, Busca-se a inserção das pessoas na vida
os estrangeiros não residentes no Brasil social, tendo acesso aos itens básicos de
estarão submetidos apenas ao ordenamento uma sociedade, como trazido no artigo 6º da
jurídico de seu país de origem. Constituição Federal:
C - Os direitos e garantias fundamentais
destinam-se à proteção do ser humano em Art. 6º São direitos sociais a educação,
sua totalidade. Assim, uma interpretação a saúde, a alimentação, o trabalho, a
teleológica e lógico-sistemática permite moradia, o transporte, o lazer, a
afirmar que os direitos e garantias segurança, a previdência social, a proteção

106
Conhecimentos Específicos

à maternidade e à infância, a assistência Direito dos Trabalhadores


aos desamparados, na forma desta
Constituição. Contemplado entre os artigos 7º a 11 da
Lei Maior, estes direitos dividem-se em:
Os direitos sociais dos trabalhadores em - relações individuais de trabalho (artigo
específico merece destaque, pois tem 7º) e
aplicação individual (art.7º) e também - relações coletivas de trabalho (artigos
coletiva (arts. 8º a 11) da Constituição 8º a 11).
Federal. Esmiuçando, no artigo 7º temos apenas a
contemplação dos trabalhadores urbanos e
Classificação dos Direitos Sociais16 rurais, além dos empregados domésticos, já
no artigo 8º encontramos a liberdade
a - direitos sociais do trabalhador: sindical, no artigo 9º o direito de greve, a
individuais e coletivos; participação laboral (art. 10) e de
b - direitos sociais referente à seguridade representação na empresa (art. 11).
social: à saúde, à previdência e à assistência
social; Vejamos os dispositivos constitucionais
c - (c) direitos sociais relativos à sobre o tema:
educação, à cultura e ao desporto;
d - direitos sociais relativos à moradia; Art. 7º São direitos dos trabalhadores
e - direitos sociais relativos ao lazer; urbanos e rurais, além de outros que visem
f - direitos sociais relativos à segurança; à melhoria de sua condição social:
g- direitos sociais relativos à família, à I - relação de emprego protegida contra
criança, ao adolescente e ao idoso, neles despedida arbitrária ou sem justa causa,
compreendidos a proteção à maternidade e nos termos de lei complementar, que
à infância; e preverá indenização compensatória, dentre
h - direitos sociais relativos aos índios. outros direitos;
II - seguro-desemprego, em caso de
Irrenunciabilidade desemprego involuntário;
III - fundo de garantia do tempo de
Os direitos sociais por pertencerem aos serviço;
direitos fundamentais possuem como IV - salário mínimo, fixado em lei,
característica peculiar a irrenunciabilidade, nacionalmente unificado, capaz de atender
não tendo que se falar em anulação por a suas necessidades vitais básicas e às de
vontade de uma relação trabalhista ou por sua família com moradia, alimentação,
interesse pessoal de algumas das partes. educação, saúde, lazer, vestuário, higiene,
transporte e previdência social, com
Sujeito(s) Passivo(s) reajustes periódicos que lhe preservem o
poder aquisitivo, sendo vedada sua
São sujeitos passivos os beneficiários vinculação para qualquer fim;
dos direitos sociais, especialmente e de V - piso salarial proporcional à extensão
modo peculiar aos que não conseguem de e à complexidade do trabalho;
modo próprio prover de alguns desses itens, VI - irredutibilidade do salário, salvo o
exemplo: moradia e alimentação. Aqui, disposto em convenção ou acordo coletivo;
esses sujeitos ficam à mercê do ente público VII - garantia de salário, nunca inferior
de modo amplo, ainda que contem com a ao mínimo, para os que percebem
ajuda de particulares. remuneração variável;
VIII - décimo terceiro salário com base

16
Adaptado de: Motta, Sylvio. Direito Constitucional: teoria, Forense; MÉTODO, 2021.
jurisprudência e questões / Sylvio Motta. - 29. ed. - Rio de Janeiro:

107
Conhecimentos Específicos

na remuneração integral ou no valor da dependentes desde o nascimento até seis


aposentadoria; anos de idade em creches e pré-escolas;
IX - remuneração do trabalho noturno XXV - assistência gratuita aos filhos e
superior à do diurno; dependentes desde o nascimento até 5
X - proteção do salário na forma da lei, (cinco) anos de idade em creches e pré-
constituindo crime sua retenção dolosa; escolas;
XI - participação nos lucros, ou XXVI - reconhecimento das convenções
resultados, desvinculada da remuneração, e acordos coletivos de trabalho;
e, excepcionalmente, participação na XXVII - proteção em face da automação,
gestão da empresa, conforme definido em na forma da lei;
lei; XXVIII - seguro contra acidentes de
XII - salário-família pago em razão do trabalho, a cargo do empregador, sem
dependente do trabalhador de baixa renda excluir a indenização a que este está
nos termos da lei; obrigado, quando incorrer em dolo ou
XIII - duração do trabalho normal não culpa;
superior a oito horas diárias e quarenta e XXIX - ação, quanto a créditos
quatro semanais, facultada a compensação resultantes das relações de trabalho, com
de horários e a redução da jornada, prazo prescricional de:
mediante acordo ou convenção coletiva de a) cinco anos para o trabalhador
trabalho; urbano, até o limite de dois anos após a
XIV - jornada de seis horas para o extinção do contrato;
trabalho realizado em turnos ininterruptos b) até dois anos após a extinção do
de revezamento, salvo negociação coletiva; contrato, para o trabalhador rural;
XV - repouso semanal remunerado, XXIX - ação, quanto aos créditos
preferencialmente aos domingos; resultantes das relações de trabalho, com
XVI - remuneração do serviço prazo prescricional de cinco anos para os
extraordinário superior, no mínimo, em trabalhadores urbanos e rurais, até o limite
cinqüenta por cento à do normal; de dois anos após a extinção do contrato de
XVII - gozo de férias anuais trabalho;
remuneradas com, pelo menos, um terço a a) (Revogada).
mais do que o salário normal; b) (Revogada).
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo XXX - proibição de diferença de
do emprego e do salário, com a duração de salários, de exercício de funções e de
cento e vinte dias; critério de admissão por motivo de sexo,
XIX - licença-paternidade, nos termos idade, cor ou estado civil;
fixados em lei; XXXI - proibição de qualquer
XX - proteção do mercado de trabalho discriminação no tocante a salário e
da mulher, mediante incentivos específicos, critérios de admissão do trabalhador
nos termos da lei; portador de deficiência;
XXI - aviso prévio proporcional ao XXXII - proibição de distinção entre
tempo de serviço, sendo no mínimo de trabalho manual, técnico e intelectual ou
trinta dias, nos termos da lei; entre os profissionais respectivos;
XXII - redução dos riscos inerentes ao XXXIII - proibição de trabalho noturno,
trabalho, por meio de normas de saúde, perigoso ou insalubre a menores de dezoito
higiene e segurança; e de qualquer trabalho a menores de
XXIII - adicional de remuneração para dezesseis anos, salvo na condição de
as atividades penosas, insalubres ou aprendiz, a partir de quatorze anos;
perigosas, na forma da lei; XXXIV - igualdade de direitos entre o
XXIV - aposentadoria; trabalhador com vínculo empregatício
XXV - assistência gratuita aos filhos e permanente e o trabalhador avulso

108
Conhecimentos Específicos

Parágrafo único. São assegurados à educação escolar, garantidos, na forma da


categoria dos trabalhadores domésticos os lei, planos de carreira, com ingresso
direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, exclusivamente por concurso público de
VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, provas e títulos, aos das redes públicas;
XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e VI - gestão democrática do ensino
XXXIII e, atendidas as condições público, na forma da lei;
estabelecidas em lei e observada a VII - garantia de padrão de qualidade.
simplificação do cumprimento das VIII - piso salarial profissional nacional
obrigações tributárias, principais e para os profissionais da educação escolar
acessórias, decorrentes da relação de pública, nos termos de lei federal.
trabalho e suas peculiaridades, os previstos IX - garantia do direito à educação e à
nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, aprendizagem ao longo da vida.
bem como a sua integração à previdência (Incluído pela Emenda Constitucional nº
social. 108, de 2020)
Parágrafo único. A lei disporá sobre as
Educação categorias de trabalhadores considerados
profissionais da educação básica e sobre a
A Educação faz parte da Ordem Social e fixação de prazo para a elaboração ou
está disciplinada entre os artigos 205 - 214 adequação de seus planos de carreira, no
da Constituição Federal. âmbito da União, dos Estados, do Distrito
Tanto a União quanto os Estados, o Federal e dos Municípios.
Distrito Federal e os Municípios
organizarão, em regime de colaboração, CAPÍTULO III
seus sistemas de ensino DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA E
A garantia que a União oferece em ramo DO DESPORTO
educacional é a oportunidade em iguais SEÇÃO I
condições com um padrão de qualidade de DA EDUCAÇÃO
ensino, conferindo ainda o financiamento
das instituições de ensino públicas. Art. 205. A educação, direito de todos e
Compete aos municípios a oferta do dever do Estado e da família, será
ensino infantil, de modo que Estados e promovida e incentivada com a
Distrito Federal cuidam do ensino colaboração da sociedade, visando ao
fundamental e médio. pleno desenvolvimento da pessoa, seu
preparo para o exercício da cidadania e
Princípios Constitucionais (art. 206, sua qualificação para o trabalho.
CF):
Art. 206. O ensino será ministrado com
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
base nos seguintes princípios: I - igualdade de condições para o acesso
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar,
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e
pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber;
o saber; III - pluralismo de ideias e de
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de
concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
instituições públicas e privadas de ensino; IV - gratuidade do ensino público em
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
estabelecimentos oficiais; V - valorização dos profissionais da
V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da

109
Conhecimentos Específicos

lei, planos de carreira, com ingresso ensino, da pesquisa e da criação artística,


exclusivamente por concurso público de segundo a capacidade de cada um;
provas e títulos, aos das redes públicas; VI - oferta de ensino noturno regular,
VI - gestão democrática do ensino adequado às condições do educando;
público, na forma da lei; VII - atendimento ao educando, no
VII - garantia de padrão de qualidade. ensino fundamental, através de programas
VIII - piso salarial profissional nacional suplementares de material didático-
para os profissionais da educação escolar escolar, transporte, alimentação e
pública, nos termos de lei federal. assistência à saúde.
IX - garantia do direito à educação e à VII - atendimento ao educando, em todas
aprendizagem ao longo da vida. as etapas da educação básica, por meio de
Parágrafo único. A lei disporá sobre as programas suplementares de material
categorias de trabalhadores considerados didático escolar, transporte, alimentação e
profissionais da educação básica e sobre a assistência à saúde.
fixação de prazo para a elaboração ou § 1º O acesso ao ensino obrigatório e
adequação de seus planos de carreira, no gratuito é direito público subjetivo.
âmbito da União, dos Estados, do Distrito § 2º O não-oferecimento do ensino
Federal e dos Municípios. obrigatório pelo Poder Público, ou sua
oferta irregular, importa responsabilidade
Art. 207. As universidades gozam de da autoridade competente.
autonomia didático-científica, § 3º Compete ao Poder Público
administrativa e de gestão financeira e recensear os educandos no ensino
patrimonial, e obedecerão ao princípio de fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar,
indissociabilidade entre ensino, pesquisa e junto aos pais ou responsáveis, pela
extensão. frequência à escola.
§ 1º É facultado às universidades
admitir professores, técnicos e cientistas Art. 209. O ensino é livre à iniciativa
estrangeiros, na forma da lei. privada, atendidas as seguintes condições:
§ 2º O disposto neste artigo aplica-se às I - cumprimento das normas gerais da
instituições de pesquisa científica e educação nacional;
tecnológica. II - autorização e avaliação de
qualidade pelo Poder Público.
Art. 208. O dever do Estado com a
educação será efetivado mediante a Art. 210. Serão fixados conteúdos
garantia de: mínimos para o ensino fundamental, de
I - educação básica obrigatória e maneira a assegurar formação básica
gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) comum e respeito aos valores culturais e
anos de idade, assegurada inclusive sua artísticos, nacionais e regionais.
oferta gratuita para todos os que a ela não § 1º O ensino religioso, de matrícula
tiveram acesso na idade própria; facultativa, constituirá disciplina dos
II - progressiva universalização do horários normais das escolas públicas de
ensino médio gratuito; ensino fundamental.
III - atendimento educacional § 2º O ensino fundamental regular será
especializado aos portadores de ministrado em língua portuguesa,
deficiência, preferencialmente na rede assegurada às comunidades indígenas
regular de ensino; também a utilização de suas línguas
IV - educação infantil, em creche e pré- maternas e processos próprios de
escola, às crianças até 5 (cinco) anos de aprendizagem.
idade;
V - acesso aos níveis mais elevados do Art. 211. A União, os Estados, o Distrito

110
Conhecimentos Específicos

Federal e os Municípios organizarão em 2020)


regime de colaboração seus sistemas de
ensino. Art. 212. A União aplicará, anualmente,
§ 1º A União organizará o sistema nunca menos de dezoito, e os Estados, o
federal de ensino e o dos Territórios, Distrito Federal e os Municípios vinte e
financiará as instituições de ensino cinco por cento, no mínimo, da receita
públicas federais e exercerá, em matéria resultante de impostos, compreendida a
educacional, função redistributiva e proveniente de transferências, na
supletiva, de forma a garantir equalização manutenção e desenvolvimento do ensino.
de oportunidades educacionais e padrão § 1º A parcela da arrecadação de
mínimo de qualidade do ensino mediante impostos transferida pela União aos
assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, ou pelos Estados aos
Municípios; respectivos Municípios, não é considerada,
§ 2º Os Municípios atuarão para efeito do cálculo previsto neste artigo,
prioritariamente no ensino fundamental e receita do governo que a transferir.
na educação infantil § 2º Para efeito do cumprimento do
§ 3º Os Estados e o Distrito Federal disposto no "caput" deste artigo, serão
atuarão prioritariamente no ensino considerados os sistemas de ensino federal,
fundamental e médio. estadual e municipal e os recursos
§ 4º Na organização de seus sistemas de aplicados na forma do art. 213.
ensino, os Estados e os Municípios § 3º A distribuição dos recursos públicos
definirão formas de colaboração, de modo assegurará prioridade ao atendimento das
a assegurar a universalização do ensino necessidades do ensino obrigatório, no que
obrigatório. se refere a universalização, garantia de
§ 4º Na organização de seus sistemas de padrão de qualidade e equidade, nos
ensino, a União, os Estados, o Distrito termos do plano nacional de educação.
Federal e os Municípios definirão formas § 4º Os programas suplementares de
de colaboração, de forma a assegurar a alimentação e assistência à saúde previstos
universalização, a qualidade e a equidade no art. 208, VII, serão financiados com
do ensino obrigatório. (Redação dada recursos provenientes de contribuições
pela Emenda Constitucional nº 108, de sociais e outros recursos orçamentários.
2020) § 5º A educação básica pública terá
como fonte adicional de financiamento a
§ 5º A educação básica pública atenderá contribuição social do salário-educação,
prioritariamente ao ensino regular. recolhida pelas empresas na forma da lei.
§ 6º A União, os Estados, o Distrito § 6º As cotas estaduais e municipais da
Federal e os Municípios exercerão ação arrecadação da contribuição social do
redistributiva em relação a suas escolas. salário-educação serão distribuídas
(Incluído pela Emenda Constitucional nº proporcionalmente ao número de alunos
108, de 2020) matriculados na educação básica nas
§ 7º O padrão mínimo de qualidade de respectivas redes públicas de ensino.
que trata o § 1º deste artigo considerará as (Incluído pela Emenda Constitucional nº
condições adequadas de oferta e terá como 53, de 2006)
referência o Custo Aluno Qualidade § 7º É vedado o uso dos recursos
(CAQ), pactuados em regime de referidos no caput e nos §§ 5º e 6º deste
colaboração na forma disposta em lei artigo para pagamento de aposentadorias e
complementar, conforme o parágrafo único de pensões. (Incluído pela Emenda
do art. 23 desta Constituição. (Incluído Constitucional nº 108, de 2020)
pela Emenda Constitucional nº 108, de § 8º Na hipótese de extinção ou de

111
Conhecimentos Específicos

substituição de impostos, serão redefinidos cada Estado e seus Municípios,


os percentuais referidos no caput deste proporcionalmente ao número de alunos
artigo e no inciso II do caput do art. 212-A, das diversas etapas e modalidades da
de modo que resultem recursos vinculados educação básica presencial matriculados
à manutenção e ao desenvolvimento do nas respectivas redes, nos âmbitos de
ensino, bem como os recursos atuação prioritária, conforme estabelecido
subvinculados aos fundos de que trata o nos §§ 2º e 3º do art. 211 desta
art. 212-A desta Constituição, em Constituição, observadas as ponderações
aplicações equivalentes às anteriormente referidas na alínea "a" do inciso X do caput
praticadas. (Incluído pela Emenda e no § 2º deste artigo; (Incluído pela
Constitucional nº 108, de 2020) Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
§ 9º A lei disporá sobre normas de
fiscalização, de avaliação e de controle das IV - a União complementará os recursos
despesas com educação nas esferas dos fundos a que se refere o inciso II do
estadual, distrital e municipal. (Incluído caput deste artigo; (Incluído pela
pela Emenda Constitucional nº 108, de Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
2020) V - a complementação da União será
equivalente a, no mínimo, 23% (vinte e três
Art. 212-A. Os Estados, o Distrito por cento) do total de recursos a que se
Federal e os Municípios destinarão parte refere o inciso II do caput deste artigo,
dos recursos a que se refere o caput do art. distribuída da seguinte forma: (Incluído
212 desta Constituição à manutenção e ao pela Emenda Constitucional nº 108, de
desenvolvimento do ensino na educação 2020)
básica e à remuneração condigna de seus a) 10 (dez) pontos percentuais no âmbito
profissionais, respeitadas as seguintes de cada Estado e do Distrito Federal,
disposições: (Incluído pela Emenda sempre que o valor anual por aluno
Constitucional nº 108, de 2020) (VAAF), nos termos do inciso III do caput
Regulamento deste artigo, não alcançar o mínimo
I - a distribuição dos recursos e de definido nacionalmente; (Incluído pela
responsabilidades entre o Distrito Federal, Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
os Estados e seus Municípios é assegurada b) no mínimo, 10,5 (dez inteiros e cinco
mediante a instituição, no âmbito de cada décimos) pontos percentuais em cada rede
Estado e do Distrito Federal, de um Fundo pública de ensino municipal, estadual ou
de Manutenção e Desenvolvimento da distrital, sempre que o valor anual total por
Educação Básica e de Valorização dos aluno (VAAT), referido no inciso VI do
Profissionais da Educação (Fundeb), de caput deste artigo, não alcançar o mínimo
natureza contábil; (Incluído pela definido nacionalmente; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 108, de 2020) Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
II - os fundos referidos no inciso I do c) 2,5 (dois inteiros e cinco décimos)
caput deste artigo serão constituídos por pontos percentuais nas redes públicas que,
20% (vinte por cento) dos recursos a que se cumpridas condicionalidades de melhoria
referem os incisos I, II e III do caput do art. de gestão previstas em lei, alcançarem
155, o inciso II do caput do art. 157, os evolução de indicadores a serem definidos,
incisos II, III e IV do caput do art. 158 e as de atendimento e melhoria da
alíneas "a" e "b" do inciso I e o inciso II do aprendizagem com redução das
caput do art. 159 desta Constituição; desigualdades, nos termos do sistema
(Incluído pela Emenda Constitucional nº nacional de avaliação da educação básica;
108, de 2020) (Incluído pela Emenda Constitucional nº
III - os recursos referidos no inciso II do 108, de 2020)
caput deste artigo serão distribuídos entre VI - o VAAT será calculado, na forma da

112
Conhecimentos Específicos

lei de que trata o inciso X do caput deste necessários para a garantia de sua
artigo, com base nos recursos a que se qualidade; (Incluído pela Emenda
refere o inciso II do caput deste artigo, Constitucional nº 108, de 2020)
acrescidos de outras receitas e de b) a forma de cálculo do VAAF
transferências vinculadas à educação, decorrente do inciso III do caput deste
observado o disposto no § 1º e artigo e do VAAT referido no inciso VI do
consideradas as matrículas nos termos do caput deste artigo; (Incluído pela
inciso III do caput deste artigo; Emenda Constitucional nº 108, de 2020)
(Incluído pela Emenda Constitucional nº c) a forma de cálculo para distribuição
108, de 2020) prevista na alínea "c" do inciso V do caput
VII - os recursos de que tratam os deste artigo; (Incluído pela Emenda
incisos II e IV do caput deste artigo serão Constitucional nº 108, de 2020)
aplicados pelos Estados e pelos Municípios d) a transparência, o monitoramento, a
exclusivamente nos respectivos âmbitos de fiscalização e o controle interno, externo e
atuação prioritária, conforme estabelecido social dos fundos referidos no inciso I do
nos §§ 2º e 3º do art. 211 desta caput deste artigo, assegurada a criação, a
Constituição; (Incluído pela Emenda autonomia, a manutenção e a consolidação
Constitucional nº 108, de 2020) de conselhos de acompanhamento e
VIII - a vinculação de recursos à controle social, admitida sua integração
manutenção e ao desenvolvimento do aos conselhos de educação; (Incluído
ensino estabelecida no art. 212 desta pela Emenda Constitucional nº 108, de
Constituição suportará, no máximo, 30% 2020)
(trinta por cento) da complementação da e) o conteúdo e a periodicidade da
União, considerados para os fins deste avaliação, por parte do órgão responsável,
inciso os valores previstos no inciso V do dos efeitos redistributivos, da melhoria dos
caput deste artigo; (Incluído pela indicadores educacionais e da ampliação
Emenda Constitucional nº 108, de 2020) do atendimento; (Incluído pela Emenda
IX - o disposto no caput do art. 160 desta Constitucional nº 108, de 2020)
Constituição aplica-se aos recursos XI - proporção não inferior a 70%
referidos nos incisos II e IV do caput deste (setenta por cento) de cada fundo referido
artigo, e seu descumprimento pela no inciso I do caput deste artigo, excluídos
autoridade competente importará em crime os recursos de que trata a alínea "c" do
de responsabilidade; (Incluído pela inciso V do caput deste artigo, será
Emenda Constitucional nº 108, de 2020) destinada ao pagamento dos profissionais
X - a lei disporá, observadas as da educação básica em efetivo exercício,
garantias estabelecidas nos incisos I, II, III observado, em relação aos recursos
e IV do caput e no § 1º do art. 208 e as previstos na alínea "b" do inciso V do caput
metas pertinentes do plano nacional de deste artigo, o percentual mínimo de 15%
educação, nos termos previstos no art. 214 (quinze por cento) para despesas de
desta Constituição, sobre: (Incluído capital; (Incluído pela Emenda
pela Emenda Constitucional nº 108, de Constitucional nº 108, de 2020)
2020) XII - lei específica disporá sobre o piso
a) a organização dos fundos referidos no salarial profissional nacional para os
inciso I do caput deste artigo e a profissionais do magistério da educação
distribuição proporcional de seus recursos, básica pública; (Incluído pela Emenda
as diferenças e as ponderações quanto ao Constitucional nº 108, de 2020)
valor anual por aluno entre etapas, XIII - a utilização dos recursos a que se
modalidades, duração da jornada e tipos de refere o § 5º do art. 212 desta Constituição
estabelecimento de ensino, observados as para a complementação da União ao
respectivas especificidades e os insumos Fundeb, referida no inciso V do caput deste

113
Conhecimentos Específicos

artigo, é vedada. (Incluído pela Emenda e apliquem seus excedentes financeiros em


Constitucional nº 108, de 2020) educação;
§ 1º O cálculo do VAAT, referido no II - assegurem a destinação de seu
inciso VI do caput deste artigo, deverá patrimônio a outra escola comunitária,
considerar, além dos recursos previstos no filantrópica ou confessional, ou ao Poder
inciso II do caput deste artigo, pelo menos, Público, no caso de encerramento de suas
as seguintes disponibilidades: (Incluído atividades.
pela Emenda Constitucional nº 108, de § 1º Os recursos de que trata este artigo
2020) poderão ser destinados a bolsas de estudo
I - receitas de Estados, do Distrito para o ensino fundamental e médio, na
Federal e de Municípios vinculadas à forma da lei, para os que demonstrarem
manutenção e ao desenvolvimento do insuficiência de recursos, quando houver
ensino não integrantes dos fundos referidos falta de vagas e cursos regulares da rede
no inciso I do caput deste artigo; pública na localidade da residência do
(Incluído pela Emenda Constitucional nº educando, ficando o Poder Público
108, de 2020) obrigado a investir prioritariamente na
II - cotas estaduais e municipais da expansão de sua rede na localidade.
arrecadação do salário-educação de que § 2º As atividades de pesquisa, de
trata o § 6º do art. 212 desta Constituição; extensão e de estímulo e fomento à
(Incluído pela Emenda Constitucional nº inovação realizadas por universidades e/ou
108, de 2020) por instituições de educação profissional e
III - complementação da União tecnológica poderão receber apoio
transferida a Estados, ao Distrito Federal e financeiro do Poder Público.
a Municípios nos termos da alínea "a" do
inciso V do caput deste artigo. (Incluído Art. 214. A lei estabelecerá o plano
pela Emenda Constitucional nº 108, de nacional de educação, de duração decenal,
2020) com o objetivo de articular o sistema
§ 2º Além das ponderações previstas na nacional de educação em regime de
alínea "a" do inciso X do caput deste artigo, colaboração e definir diretrizes, objetivos,
a lei definirá outras relativas ao nível metas e estratégias de implementação para
socioeconômico dos educandos e aos assegurar a manutenção e desenvolvimento
indicadores de disponibilidade de recursos do ensino em seus diversos níveis, etapas e
vinculados à educação e de potencial de modalidades por meio de ações integradas
arrecadação tributária de cada ente dos poderes públicos das diferentes esferas
federado, bem como seus prazos de federativas que conduzam a:
implementação. (Incluído pela Emenda I - erradicação do analfabetismo;
Constitucional nº 108, de 2020) II - universalização do atendimento
§ 3º Será destinada à educação infantil escolar;
a proporção de 50% (cinquenta por cento) III - melhoria da qualidade do ensino;
dos recursos globais a que se refere a IV - formação para o trabalho;
alínea "b" do inciso V do caput deste artigo, V - promoção humanística, científica e
nos termos da lei." (Incluído pela Emenda tecnológica do País.
Constitucional nº 108, de 2020) VI - estabelecimento de meta de
aplicação de recursos públicos em
Art. 213. Os recursos públicos serão educação como proporção do produto
destinados às escolas públicas, podendo interno bruto.
ser dirigidos a escolas comunitárias,
confessionais ou filantrópicas, definidas em Questões
lei, que:
I - comprovem finalidade não-lucrativa 01. (Prefeitura de Rio Claro/SP -

114
Conhecimentos Específicos

Professor de Educação Básica II - provas e títulos, aos das redes públicas.


Avança SP/2022) Em consonância com o
Art. 208 da Constituição Federal de 1988, o Alternativas
dever do Estado com a educação será
efetivado mediante a garantia de, 01.D - 02.E
EXCETO:
A - Acesso aos níveis mais elevados do
LDB 9.394/96, PNE 2014, BNCC LBI,
ensino, da pesquisa e da criação artística,
ECA e Plano Municipal de Educação de
segundo a capacidade de cada um. Saquarema
B - Atendimento ao educando, em todas
as etapas da educação básica, por meio de
programas suplementares de material Prezado(a) Candidato(a), tal conteúdo já
didático escolar, transporte, alimentação e foi previamente abordado no conteúdo de
assistência à saúde. Legislação Educacional.
C - Atendimento educacional
especializado aos portadores de deficiência,
preferencialmente na rede regular de Atribuições do cargo de Professor Docente
ensino. I
D - Educação básica obrigatória e
gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete)
anos de idade, assegurada sua oferta 17
Atuar no primeiro segmento do ensino
gratuita, apenas para os que a ela tiverem fundamental e de jovens e adultos e na
acesso na idade própria. educação infantil.
E - Progressiva universalização do
ensino médio gratuito.
14. Currículo na perspectiva da
02. (Prefeitura de Porto Ferreira /SP - Inclusão/currículo adaptado
Professor de Educação Básica I - Nosso
Rumo/2022) Segundo o Art. 205 da
Constituição da República Federativa do
Brasil de 1988, o ensino será ministrado O currículo adaptado para alunos com
com base em alguns princípios. São necessidades educativas especiais, ao
exemplos desses princípios, EXCETO: contrário de um currículo funcional, é
A - liberdade de aprender, ensinar, aquele que visa adaptar o currículo
pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e acadêmico para os alunos que, por suas
o saber. condições cognitivas, físicas e sensoriais,
B - garantia do direito à educação e à não demonstram condições de acompanhar
aprendizagem ao longo da vida. o currículo regular.
C - piso salarial profissional nacional Na maioria das vezes, ele se preocupa
para os profissionais da educação escolar em adaptar as habilidades relacionadas a
pública, nos termos de lei federal. leitura, escrita, cálculo, habilidades sociais
D - pluralismo de ideias e de concepções e de vida diária.
pedagógicas, e coexistência de instituições Os componentes de um currículo
públicas e privadas de ensino. adaptado se preocupam com a:
E - valorização dos profissionais da LINGUAGEM: leitura e escrita;
educação escolar, garantidos, na forma da SISTEMA DE CALENDÁRIO: prevê
lei, planos de carreira, com ingresso habilidades e competências que devem ser
preferencialmente por concurso público de adquiridos em cada etapa;

17
https://www.ibam-concursos.org.br/documento/anx1-pms.pdf

115
Conhecimentos Específicos

ESTRATÉGIAS DE ENSINO: uso de possibilidades da pessoa para participar na


metodologias diferentes de acordo com as vida cotidiana seja na escola, no trabalho,
necessidades dos alunos, como atividades nas atividades recreativas e na sociedade
em grupo e sistema de avaliação como um todo.
diferenciado; Ele deve ser apropriado a idade
NÍVEL APROPRIADO DE cronológica do aluno e ter como referência
CURRÍCULO: o que deve ser cobrado em a sua realidade social e um futuro orientado.
cada etapa; Sua filosofia está em proporcionar a todos
ESTILO DE APRENDIZAGEM: os alunos, e não somente aos que
tipos de atividades que mais favorecem a apresentam necessidades educativas
aprendizagem do aluno; especiais, o desenvolvimento de
EMOCIONAL: que seja emocionante e habilidades que podem beneficiá-los agora
significativo para o aluno; e no futuro e a interação, deste aluno, com
CENTRADO NA CRIANÇA: parte de colegas da mesma idade cronológica.
uma avaliação diagnóstica para a sua Desta forma, ele é centrado nas
elaboração e traça um plano necessidades atuais e futuras do aluno e, as
individualizado para o aluno; suas potencialidades e necessidades são
APROPRIADO: que respeite a idade avaliadas em termos de uma “análise
cronológica do aluno tanto nas atividades discrepante”, ou seja, a comparação é feita
como no grupo de convivência. entre as habilidades listadas no processo de
execução das tarefas e a performance do
Para elaborar este currículo se parte de indivíduo nestas habilidades.
uma avaliação diagnóstica que leva em As adaptações são realizadas a fim de
conta o nível cognitivo do aluno, a promover e aumentar a participação das
avaliação da linguagem e a adequação ao pessoas om deficiência em todas as
que é esperado para cada idade cronológica. atividades. As instruções, tarefas e
Os conceitos envolvidos, neste materiais são escolhidos de acordo com a
currículo, levam em conta combinações, idade cronológica e considerando o
classificações, sequenciações, habilidades ambiente escolar, familiar e social em que
organizacionais, habilidades motoras finas, este indivíduo está inserido.
socialização, leitura, escrita, matemática, Um currículo funcional engloba
ciências e estudos. atividades de vida diária,
trabalho/vocacional, recreação/lazer,
Currículo Funcional para Alunos que atividades da comunidade e educação
Apresentam Necessidades Educativas escolar regular.
Especiais Sua criação usa informações obtidas do
O currículo escolar, muitas vezes, não estudante e da família. O objetivo é criar um
atende as necessidades dos alunos que currículo altamente individualizado onde a
apresentam necessidades educativas pessoa seja capaz de transferir e generalizar
especiais pois não são currículos o aprendizado de uma situação para outra
funcionais. em uma sequência natural.
Um currículo funcional, muitas vezes O conteúdo do currículo não é pré-
chamado de currículo funcional ecológico, determinado pois ele preza uma instrução
pode ser definido como um meio que individualizada que leva em conta as
favorece a cada aluno o desenvolvimento diferentes performances, do indivíduo, em
de oportunidades para uma vida várias atividades diferenciadas.
independente, com dignidade e baseado no As atividades são desenvolvidas em
ambiente natural do aluno. sequências integradas respeitando os níveis
Ele visa identificar e desenvolver de dificuldades e dá ênfase a um ensino
habilidades visando aumentar as relevante e funcional. Ele visa desenvolver

116
Conhecimentos Específicos

atividade funcionais, que neste caso, são Quem deve fazer a adaptação
definidas como aquelas que envolvem curricular?
habilidades utilizadas imediatamente pelos O professor regente é o profissional mais
alunos após a aprendizagem e são úteis para indicado para estar à frente da adaptação
o dia a dia do indivíduo. curricular de sua própria disciplina.
Pelas suas características, este tipo de Claro que a colaboração da coordenação
currículo leva mais tempo para ser pedagógica e do atendimento educacional
elaborado, requer uma programação especializado fará a diferença, já que será
complexa, disponibilidade do envolvidos e preciso avaliar o aluno com deficiência para
escolha de habilidades que frequentemente entender necessidades específicas que
aconteçam no ambiente natural, ou seja, podem não estar visíveis na perspectiva do
que aconteçam em casa, na escola, no lazer professor regente em sala de aula.
e no trabalho.
Como fazer a adaptação curricular?
Adaptação curricular é obrigatória Não existe “todos aprendendo a mesma
por lei? coisa ao mesmo tempo”, isso é conto de
Sim, desde 1996 na Lei Nº 9.394. fadas. Todos aprendemos em velocidades
Confira o artigo 49: diferentes, de formas diferentes.
O grande segredo do sucesso escolar de
Art. 59. Os sistemas de ensino qualquer aluno é definir objetivos
assegurarão aos educandos com educacionais adequados para ele.
necessidades especiais: Trabalhar com objetivos errados geram
I - currículos, métodos, técnicas, muitos problemas para você e para seu
recursos educativos e organização aluno.
específicos, para atender às suas O aluno pode ficar extremamente
necessidades; entediado por trabalhar algo que ele já sabe
Mas em 2013 foi realizada uma alteração (o que acontece muito com alunos com altas
substituindo educandos com necessidades habilidades) ou pode se sentir
especiais por “educandos com deficiência” extremamente incapaz quando é exposto a
Hoje está dessa forma: conteúdos além do seu momento atual.
Em ambos os casos uma adaptação
Art. 59. Os sistemas de ensino curricular se faz necessária.
assegurarão aos educandos com Não existe motivo para trabalhar
deficiência, transtornos globais do assuntos que um aluno já domina, assim
desenvolvimento e altas habilidades ou como não existe motivos para trabalhar um
superdotação: assunto que está além do alcance de um
I - currículos, métodos, técnicas, aluno com dificuldades escolares.
recursos educativos e organização Aprendizado de verdade não é
específicos, para atender às suas superficial, não é “mais ou menos”, não é
necessidades; “para manter o aluno ocupado”.
Aqui você pode entender currículo Aprendizado de verdade é quando
específico como currículo adaptado, pois respeitamos o processo sequencial.
um currículo adaptado deve ser específico Primeiro aprende A, garantimos que ele
para atender a necessidade individual de um realmente aprendeu A, então só depois
aluno. ensinamos B.
Não adianta querer ensinar C para quem
não aprendeu A.

117
Conhecimentos Específicos

Prioridade: o currículo funcional e as avaliação pedagógica e o estabelecimento


habilidades pré-acadêmicas de adequações ou adaptações curriculares.
Crianças com deficiência precisam, na Alternativas
maioria dos casos, aprender os mesmos ( ) Certo
comportamentos que crianças sem atrasos ( ) Errado
no desenvolvimento aprendem com relativa
facilidade, de modo que muitas vezes nem 02. (SEDUC/AL - Professor Educação
se nota o quanto estão aprendendo a cada Especial - CESPE/CEBRASPE - 2021) A
dia. avaliação, no contexto da escola inclusiva,
Estamos falando de ensino, de aprender é um processo estritamente relacionado a
habilidades e comportamentos. Porém adaptações curriculares. A respeito dessa
ensinar as crianças com deficiência da temática, julgue o item seguinte. Tendo-se
mesma maneira que se ensina crianças sem como parâmetro o currículo regular, é
deficiência pode ser pouco efetivo. necessário exigir de diferentes sujeitos o
Um dos aspectos fundamentais para o mesmo desempenho, de forma que todos
sucesso de alunos com deficiência no tenham a mesma oportunidade para
âmbito escolar é o ensino sistemático e aprender.
simultâneo de habilidades em várias áreas ( ) Certo
do desenvolvimento. ( ) Errado
O que isso significa?
Muitos comportamentos podem ser Alternativas
ensinados ao mesmo tempo, desde que
estejam relacionados com áreas diferentes. 01 - Certo | 02 - Errado
Na escola, além de outras habilidades
básicas, é importante trabalhar com a
criança com deficiência atividades que
desenvolvam as habilidades pré-
acadêmicas: coordenação olho mão;
emparelhamento de objetos, figuras,
objetos e figuras; uso do lápis e tesoura,
pois são são fundamentais na realização de
atividades escolares, como por exemplo:
escrever, distinguir diferenças e
semelhanças, matemática, leitura e
compreensão.
Quando não priorizamos o que é
necessário para a vida do aluno, estamos
privando o aluno de se desenvolver, de
crescer.

Questões

01. (SEDUC/AL - Professor Educação


Especial - CESPE/CEBRASPE - 2021) A
avaliação, no contexto da escola inclusiva,
é um processo estritamente relacionado a
adaptações curriculares. A respeito dessa
temática, julgue o item seguinte. As
características específicas de alguns
quadros de deficiência dificultam a

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