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Câmara de Artur Nogueira - SP

Auxiliar Administrativo

Língua Portuguesa

Interpretação de textos diversos. ................................................................................... 1


Principais tipos e gêneros textuais e suas funções......................................................... 2

Língua Portuguesa
Semântica: sinônimos, antônimos, sentido denotativo e sentido conotativo. ................ 6
Emprego e diferenciação das classes de palavras: substantivo, adjetivo, numeral, pro-
nome, artigo, verbo, advérbio, preposição e conjunção. Tempos, modos e flexões ver-
bais.................................................................................................................................. 7
Flexão de substantivos e adjetivos (gênero e número)................................................... 14
Pronomes de tratamento. ............................................................................................... 17
Colocação pronominal. ................................................................................................... 19
Concordâncias verbal e nominal. ................................................................................... 21
Conhecimentos de regência verbal e regência nominal. ............................................... 23
Crase. ............................................................................................................................. 26
Ortografia (conforme Novo Acordo vigente).................................................................... 27
Pontuação. ..................................................................................................................... 28
Acentuação..................................................................................................................... 33
Figuras de linguagem. .................................................................................................... 35
Funções da linguagem.................................................................................................... 40
Vícios de linguagem. ...................................................................................................... 42
Discursos direto, indireto e indireto livre......................................................................... 45
Exercícios........................................................................................................................ 49
Gabarito........................................................................................................................... 71
Interpretação de textos diversos

Compreender um texto trata da análise e decodificação do que de fato está escrito, seja das frases ou das
ideias presentes. Interpretar um texto, está ligado às conclusões que se pode chegar ao conectar as ideias
do texto com a realidade. Interpretação trabalha com a subjetividade, com o que se entendeu sobre o texto.
Interpretar um texto permite a compreensão de todo e qualquer texto ou discurso e se amplia no entendi-
mento da sua ideia principal. Compreender relações semânticas é uma competência imprescindível no merca-
do de trabalho e nos estudos.
Quando não se sabe interpretar corretamente um texto pode-se criar vários problemas, afetando não só o
desenvolvimento profissional, mas também o desenvolvimento pessoal.
Busca de sentidos
Para a busca de sentidos do texto, pode-se retirar do mesmo os tópicos frasais presentes em cada pará-
grafo. Isso auxiliará na apreensão do conteúdo exposto.
Isso porque é ali que se fazem necessários, estabelecem uma relação hierárquica do pensamento defendi-
do, retomando ideias já citadas ou apresentando novos conceitos.
Por fim, concentre-se nas ideias que realmente foram explicitadas pelo autor. Textos argumentativos não
costumam conceder espaço para divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas entrelinhas. Deve-se
ater às ideias do autor, o que não quer dizer que o leitor precise ficar preso na superfície do texto, mas é funda-
mental que não sejam criadas suposições vagas e inespecíficas.
Importância da interpretação
A prática da leitura, seja por prazer, para estudar ou para se informar, aprimora o vocabulário e dinamiza o
raciocínio e a interpretação. A leitura, além de favorecer o aprendizado de conteúdos específicos, aprimora a
escrita.
Uma interpretação de texto assertiva depende de inúmeros fatores. Muitas vezes, apressados, descuida-
mo-nos dos detalhes presentes em um texto, achamos que apenas uma leitura já se faz suficiente. Interpretar
exige paciência e, por isso, sempre releia o texto, pois a segunda leitura pode apresentar aspectos surpreen-
dentes que não foram observados previamente. Para auxiliar na busca de sentidos do texto, pode-se tam-
bém retirar dele os tópicos frasais presentes em cada parágrafo, isso certamente auxiliará na apreensão do
conteúdo exposto. Lembre-se de que os parágrafos não estão organizados, pelo menos em um bom texto, de
maneira aleatória, se estão no lugar que estão, é porque ali se fazem necessários, estabelecendo uma relação
hierárquica do pensamento defendido, retomando ideias já citadas ou apresentando novos conceitos.
Concentre-se nas ideias que de fato foram explicitadas pelo autor: os textos argumentativos não costumam
conceder espaço para divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas entrelinhas. Devemos nos ater às
ideias do autor, isso não quer dizer que você precise ficar preso na superfície do texto, mas é fundamental que
não criemos, à revelia do autor, suposições vagas e inespecíficas. Ler com atenção é um exercício que deve
ser praticado à exaustão, assim como uma técnica, que fará de nós leitores proficientes.
Diferença entre compreensão e interpretação
A compreensão de um texto é fazer uma análise objetiva do texto e verificar o que realmente está escrito
nele. Já a interpretação imagina o que as ideias do texto têm a ver com a realidade. O leitor tira conclusões
subjetivas do texto.
Gêneros Discursivos
Romance: descrição longa de ações e sentimentos de personagens fictícios, podendo ser de comparação
com a realidade ou totalmente irreal. A diferença principal entre um romance e uma novela é a extensão do tex-
to, ou seja, o romance é mais longo. No romance nós temos uma história central e várias histórias secundárias.

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Conto: obra de ficção onde é criado seres e locais totalmente imaginário. Com linguagem linear e curta,
envolve poucas personagens, que geralmente se movimentam em torno de uma única ação, dada em um só
espaço, eixo temático e conflito. Suas ações encaminham-se diretamente para um desfecho.

Novela: muito parecida com o conto e o romance, diferenciado por sua extensão. Ela fica entre o conto e
o romance, e tem a história principal, mas também tem várias histórias secundárias. O tempo na novela é ba-
seada no calendário. O tempo e local são definidos pelas histórias dos personagens. A história (enredo) tem um
ritmo mais acelerado do que a do romance por ter um texto mais curto.

Crônica: texto que narra o cotidiano das pessoas, situações que nós mesmos já vivemos e normalmente é
utilizado a ironia para mostrar um outro lado da mesma história. Na crônica o tempo não é relevante e quando
é citado, geralmente são pequenos intervalos como horas ou mesmo minutos.

Poesia: apresenta um trabalho voltado para o estudo da linguagem, fazendo-o de maneira particular, refle-
tindo o momento, a vida dos homens através de figuras que possibilitam a criação de imagens.

Editorial: texto dissertativo argumentativo onde expressa a opinião do editor através de argumentos e fatos
sobre um assunto que está sendo muito comentado (polêmico). Sua intenção é convencer o leitor a concordar
com ele.
Entrevista: texto expositivo e é marcado pela conversa de um entrevistador e um entrevistado para a ob-
tenção de informações. Tem como principal característica transmitir a opinião de pessoas de destaque sobre
algum assunto de interesse.
Cantiga de roda: gênero empírico, que na escola se materializa em uma concretude da realidade. A cantiga
de roda permite as crianças terem mais sentido em relação a leitura e escrita, ajudando os professores a iden-
tificar o nível de alfabetização delas.

Receita: texto instrucional e injuntivo que tem como objetivo de informar, aconselhar, ou seja, recomendam
dando uma certa liberdade para quem recebe a informação.

Principais tipos e gêneros textuais e suas funções

Tipos e genêros textuais


Os tipos textuais configuram-se como modelos fixos e abrangentes que objetivam a distinção e definição
da estrutura, bem como aspectos linguísticos de narração, dissertação, descrição e explicação. Eles apre-
sentam estrutura definida e tratam da forma como um texto se apresenta e se organiza. Existem cinco tipos
clássicos que aparecem em provas: descritivo, injuntivo, expositivo (ou dissertativo-expositivo) dissertativo e
narrativo. Vejamos alguns exemplos e as principais características de cada um deles.
Tipo textual descritivo
A descrição é uma modalidade de composição textual cujo objetivo é fazer um retrato por escrito (ou não)
de um lugar, uma pessoa, um animal, um pensamento, um sentimento, um objeto, um movimento etc.
Características principais:
• Os recursos formais mais encontrados são os de valor adjetivo (adjetivo, locução adjetiva e oração adjeti-
va), por sua função caracterizadora.
• Há descrição objetiva e subjetiva, normalmente numa enumeração.
• A noção temporal é normalmente estática.

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• Normalmente usam-se verbos de ligação para abrir a definição.
• Normalmente aparece dentro de um texto narrativo.
• Os gêneros descritivos mais comuns são estes: manual, anúncio, propaganda, relatórios, biografia, tutorial.
Exemplo:
Era uma casa muito engraçada
Não tinha teto, não tinha nada
Ninguém podia entrar nela, não
Porque na casa não tinha chão
Ninguém podia dormir na rede
Porque na casa não tinha parede
Ninguém podia fazer pipi
Porque penico não tinha ali
Mas era feita com muito esmero
Na rua dos bobos, número zero
(Vinícius de Moraes)
Tipo textual injuntivo
A injunção indica como realizar uma ação, aconselha, impõe, instrui o interlocutor. Chamado também de
texto instrucional, o tipo de texto injuntivo é utilizado para predizer acontecimentos e comportamentos, nas leis
jurídicas.
Características principais:
• Normalmente apresenta frases curtas e objetivas, com verbos de comando, com tom imperativo; há tam-
bém o uso do futuro do presente (10 mandamentos bíblicos e leis diversas).
• Marcas de interlocução: vocativo, verbos e pronomes de 2ª pessoa ou 1ª pessoa do plural, perguntas re-
flexivas etc.
Exemplo:
Impedidos do Alistamento Eleitoral (art. 5º do Código Eleitoral) – Não podem alistar-se eleitores: os que
não saibam exprimir-se na língua nacional, e os que estejam privados, temporária ou definitivamente dos direi-
tos políticos. Os militares são alistáveis, desde que oficiais, aspirantes a oficiais, guardas-marinha, subtenentes
ou suboficiais, sargentos ou alunos das escolas militares de ensino superior para formação de oficiais.
Tipo textual expositivo
A dissertação é o ato de apresentar ideias, desenvolver raciocínio, analisar contextos, dados e fatos, por
meio de exposição, discussão, argumentação e defesa do que pensamos. A dissertação pode ser expositiva ou
argumentativa.
A dissertação-expositiva é caracterizada por esclarecer um assunto de maneira atemporal, com o objetivo
de explicá-lo de maneira clara, sem intenção de convencer o leitor ou criar debate.
Características principais:
• Apresenta introdução, desenvolvimento e conclusão.
• O objetivo não é persuadir, mas meramente explicar, informar.
• Normalmente a marca da dissertação é o verbo no presente.
• Amplia-se a ideia central, mas sem subjetividade ou defesa de ponto de vista.
• Apresenta linguagem clara e imparcial.
Exemplo:

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O texto dissertativo consiste na ampliação, na discussão, no questionamento, na reflexão, na polemização,
no debate, na expressão de um ponto de vista, na explicação a respeito de um determinado tema.
Existem dois tipos de dissertação bem conhecidos: a dissertação expositiva (ou informativa) e a argumen-
tativa (ou opinativa).
Portanto, pode-se dissertar simplesmente explicando um assunto, imparcialmente, ou discutindo-o, parcial-
mente.
Tipo textual dissertativo-argumentativo
Este tipo de texto — muito frequente nas provas de concursos — apresenta posicionamentos pessoais e
exposição de ideias apresentadas de forma lógica. Com razoável grau de objetividade, clareza, respeito pelo
registro formal da língua e coerência, seu intuito é a defesa de um ponto de vista que convença o interlocutor
(leitor ou ouvinte).
Características principais:
• Presença de estrutura básica (introdução, desenvolvimento e conclusão): ideia principal do texto (tese);
argumentos (estratégias argumentativas: causa-efeito, dados estatísticos, testemunho de autoridade, citações,
confronto, comparação, fato, exemplo, enumeração...); conclusão (síntese dos pontos principais com sugestão/
solução).
• Utiliza verbos na 1ª pessoa (normalmente nas argumentações informais) e na 3ª pessoa do presente do
indicativo (normalmente nas argumentações formais) para imprimir uma atemporalidade e um caráter de ver-
dade ao que está sendo dito.
• Privilegiam-se as estruturas impessoais, com certas modalizações discursivas (indicando noções de pos-
sibilidade, certeza ou probabilidade) em vez de juízos de valor ou sentimentos exaltados.
• Há um cuidado com a progressão temática, isto é, com o desenvolvimento coerente da ideia principal,
evitando-se rodeios.
Exemplo:
A maioria dos problemas existentes em um país em desenvolvimento, como o nosso, podem ser resolvidos
com uma eficiente administração política (tese), porque a força governamental certamente se sobrepõe a pode-
res paralelos, os quais – por negligência de nossos representantes – vêm aterrorizando as grandes metrópoles.
Isso ficou claro no confronto entre a força militar do RJ e os traficantes, o que comprovou uma verdade simples:
se for do desejo dos políticos uma mudança radical visando o bem-estar da população, isso é plenamente pos-
sível (estratégia argumentativa: fato-exemplo). É importante salientar, portanto, que não devemos ficar de
mãos atadas à espera de uma atitude do governo só quando o caos se estabelece; o povo tem e sempre terá
de colaborar com uma cobrança efetiva (conclusão).
Tipo textual narrativo
O texto narrativo é uma modalidade textual em que se conta um fato, fictício ou não, que ocorreu num de-
terminado tempo e lugar, envolvendo certos personagens. Toda narração tem um enredo, personagens, tempo,
espaço e narrador (ou foco narrativo).
Características principais:
• O tempo verbal predominante é o passado.
• Foco narrativo com narrador de 1ª pessoa (participa da história – onipresente) ou de 3ª pessoa (não par-
ticipa da história – onisciente).
• Normalmente, nos concursos públicos, o texto aparece em prosa, não em verso.
Exemplo:
Solidão
João era solteiro, vivia só e era feliz. Na verdade, a solidão era o que o tornava assim. Conheceu Maria,
também solteira, só e feliz. Tão iguais, a afinidade logo se transforma em paixão. Casam-se. Dura poucas se-
manas. Não havia mesmo como dar certo: ao se unirem, um tirou do outro a essência da felicidade.

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Nelson S. Oliveira
Fonte: https://www.recantodasletras.com.br/contossurreais/4835684
Gêneros textuais
Já os gêneros textuais (ou discursivos) são formas diferentes de expressão comunicativa. As muitas for-
mas de elaboração de um texto se tornam gêneros, de acordo com a intenção do seu produtor. Logo, os gê-
neros apresentam maior diversidade e exercem funções sociais específicas, próprias do dia a dia. Ademais,
são passíveis de modificações ao longo do tempo, mesmo que preservando características preponderantes.
Vejamos, agora, uma tabela que apresenta alguns gêneros textuais classificados com os tipos textuais que
neles predominam.

Tipo Textual Predo- Gêneros Textuais


minante
Diário
Relatos (viagens, históricos, etc.)
Biografia e autobiografia
Notícia
Descritivo Currículo
Lista de compras
Cardápio
Anúncios de classificados
Receita culinária
Bula de remédio
Injuntivo Manual de instruções
Regulamento
Textos prescritivos
Seminários
Palestras
Conferências
Expositivo Entrevistas
Trabalhos acadêmicos
Enciclopédia
Verbetes de dicionários
Editorial Jornalístico
Carta de opinião
Dissertativo-argu- Resenha
Artigo
mentativo Ensaio
Monografia, dissertação de mestrado e tese
de doutorado
Romance
Novela
Crônica
Narrativo Contos de Fada
Fábula
Lendas

Sintetizando: os tipos textuais são fixos, finitos e tratam da forma como o texto se apresenta. Os gêneros
textuais são fluidos, infinitos e mudam de acordo com a demanda social.

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Semântica: sinônimos, antônimos, sentido denotativo e sentido conotativo

Visão Geral: o significado das palavras é objeto de estudo da semântica, a área da gramática que se dedica
ao sentido das palavras e também às relações de sentido estabelecidas entre elas.
Denotação e conotação
Denotação corresponde ao sentido literal e objetivo das palavras, enquanto a conotação diz respeito ao
sentido figurado das palavras. Exemplos:
“O gato é um animal doméstico.”
“Meu vizinho é um gato.”
No primeiro exemplo, a palavra gato foi usada no seu verdadeiro sentido, indicando uma espécie real de
animal. Na segunda frase, a palavra gato faz referência ao aspecto físico do vizinho, uma forma de dizer que
ele é tão bonito quanto o bichano.
Hiperonímia e hiponímia
Dizem respeito à hierarquia de significado. Um hiperônimo, palavra superior com um sentido mais abrangente,
engloba um hipônimo, palavra inferior com sentido mais restrito.
Exemplos:
– Hiperônimo: mamífero: – hipônimos: cavalo, baleia.
– Hiperônimo: jogo – hipônimos: xadrez, baralho.
Polissemia e monossemia
A polissemia diz respeito ao potencial de uma palavra apresentar uma multiplicidade de significados, de
acordo com o contexto em que ocorre. A monossemia indica que determinadas palavras apresentam apenas
um significado. Exemplos:
– “Língua”, é uma palavra polissêmica, pois pode por um idioma ou um órgão do corpo, dependendo do
contexto em que é inserida.
– A palavra “decalitro” significa medida de dez litros, e não tem outro significado, por isso é uma palavra
monossêmica.

Sinonímia e antonímia
A sinonímia diz respeito à capacidade das palavras serem semelhantes em significado. Já antonímia se refere
aos significados opostos. Desse modo, por meio dessas duas relações, as palavras expressam proximidade e
contrariedade.
Exemplos de palavras sinônimas: morrer = falecer; rápido = veloz.
Exemplos de palavras antônimas: morrer x nascer; pontual x atrasado.
Homonímia e paronímia
A homonímia diz respeito à propriedade das palavras apresentarem: semelhanças sonoras e gráficas,
mas distinção de sentido (palavras homônimas), semelhanças homófonas, mas distinção gráfica e de sentido
(palavras homófonas) semelhanças gráficas, mas distinção sonora e de sentido (palavras homógrafas). A
paronímia se refere a palavras que são escritas e pronunciadas de forma parecida, mas que apresentam
significados diferentes. Veja os exemplos:
– Palavras homônimas: caminho (itinerário) e caminho (verbo caminhar); morro (monte) e morro (verbo
morrer).
– Palavras homófonas: apressar (tornar mais rápido) e apreçar (definir o preço); arrochar (apertar com força)
e arroxar (tornar roxo).

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– Palavras homógrafas: apoio (suporte) e apoio (verbo apoiar); boto (golfinho) e boto (verbo botar); choro
(pranto) e choro (verbo chorar) .
– Palavras parônimas: apóstrofe (figura de linguagem) e apóstrofo (sinal gráfico), comprimento (tamanho) e
cumprimento (saudação).

Emprego e diferenciação das classes de palavras: substantivo, adjetivo, numeral, pro-


nome, artigo, verbo, advérbio, preposição e conjunção. Tempos, modos e flexões verbais

CLASSES DE PALAVRAS
Substantivo
São as palavras que atribuem nomes aos seres reais ou imaginários (pessoas, animais, objetos), lugares,
qualidades, ações e sentimentos, ou seja, que tem existência concreta ou abstrata.
Classificação dos substantivos

SUBSTANTIVO SIM- Olhos/água/


PLES: apresentam muro/quintal/caderno/
um só radical em sua macaco/sabão
estrutura.
SUBSTANTIVOS Macacos-prego/
COMPOSTOS: são porta-voz/
formados por mais pé-de-moleque
de um radical em sua
estrutura.
SUBSTANTIVOS PRI- Casa/
MITIVOS: são os que mundo/
dão origem a outras população
palavras, ou seja, ela é /formiga
a primeira.
SUBSTANTIVOS DERI- Caseiro/mundano/popu-
VADOS: são formados lacional/formigueiro
por outros radicais da
língua.
SUBSTANTIVOS PRÓ- Rodrigo
PRIOS: designa deter- /Brasil
minado ser entre outros /Belo Horizonte/Estátua
da mesma espécie. São da Liberdade
sempre iniciados por
letra maiúscula.
SUBSTANTIVOS biscoitos/ruídos/estre-
COMUNS: referem-se las/cachorro/prima
qualquer ser de uma
mesma espécie.
SUBSTANTIVOS CON- Leão/corrente
CRETOS: nomeiam /estrelas/fadas
seres com existência /lobisomem
própria. Esses seres /saci-pererê
podem ser animadoso
ou inanimados, reais ou
imaginários.

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SUBSTANTIVOS ABS- Mistério/
TRATOS: nomeiam bondade/
ações, estados, qua- confiança/
lidades e sentimentos lembrança/
que não tem existência amor/
própria, ou seja, só alegria
existem em função de
um ser.
SUBSTANTIVOS CO- Elenco (de atores)/
LETIVOS: referem-se acervo (de obras artísti-
a um conjunto de seres cas)/buquê (de flores)
da mesma espécie,
mesmo quando em-
pregado no singular e
constituem um substan-
tivo comum.
NÃO DEIXE DE PESQUISAR A REGÊNCIA DE
OUTRAS PALAVRAS QUE NÃO ESTÃO AQUI!

Flexão dos Substantivos


• Gênero: Os gêneros em português podem ser dois: masculino e feminino. E no caso dos substantivos
podem ser biformes ou uniformes
– Biformes: as palavras tem duas formas, ou seja, apresenta uma forma para o masculino e uma para o
feminino: tigre/tigresa, o presidente/a presidenta, o maestro/a maestrina
– Uniformes: as palavras tem uma só forma, ou seja, uma única forma para o masculino e o feminino. Os
uniformes dividem-se em epicenos, sobrecomuns e comuns de dois gêneros.
a) Epicenos: designam alguns animais e plantas e são invariáveis: onça macho/onça fêmea, pulga macho/
pulga fêmea, palmeira macho/palmeira fêmea.
b) Sobrecomuns: referem-se a seres humanos; é pelo contexto que aparecem que se determina o gênero:
a criança (o criança), a testemunha (o testemunha), o individuo (a individua).
c) Comuns de dois gêneros: a palavra tem a mesma forma tanto para o masculino quanto para o feminino:
o/a turista, o/a agente, o/a estudante, o/a colega.
• Número: Podem flexionar em singular (1) e plural (mais de 1).
– Singular: anzol, tórax, próton, casa.
– Plural: anzóis, os tórax, prótons, casas.
• Grau: Podem apresentar-se no grau aumentativo e no grau diminutivo.
– Grau aumentativo sintético: casarão, bocarra.
– Grau aumentativo analítico: casa grande, boca enorme.
– Grau diminutivo sintético: casinha, boquinha
– Grau diminutivo analítico: casa pequena, boca minúscula.
Adjetivo
É a palavra variável que especifica e caracteriza o substantivo: imprensa livre, favela ocupada. Locução
adjetiva é expressão composta por substantivo (ou advérbio) ligado a outro substantivo por preposição com o
mesmo valor e a mesma função que um adjetivo: golpe de mestre (golpe magistral), jornal da tarde (jornal
vespertino).

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Flexão do Adjetivos
• Gênero:
– Uniformes: apresentam uma só para o masculino e o feminino: homem feliz, mulher feliz.
– Biformes: apresentam uma forma para o masculino e outra para o feminino: juiz sábio/ juíza sábia, bairro
japonês/ indústria japonesa, aluno chorão/ aluna chorona.
• Número:
– Os adjetivos simples seguem as mesmas regras de flexão de número que os substantivos: sábio/ sábios,
namorador/ namoradores, japonês/ japoneses.
– Os adjetivos compostos têm algumas peculiaridades: luvas branco-gelo, garrafas amarelo-claras, cintos
da cor de chumbo.
• Grau:
– Grau Comparativo de Superioridade: Meu time é mais vitorioso (do) que o seu.
– Grau Comparativo de Inferioridade: Meu time é menos vitorioso (do) que o seu.
– Grau Comparativo de Igualdade: Meu time é tão vitorioso quanto o seu.
– Grau Superlativo Absoluto Sintético: Meu time é famosíssimo.
– Grau Superlativo Absoluto Analítico: Meu time é muito famoso.
– Grau Superlativo Relativo de Superioridade: Meu time é o mais famoso de todos.
– Grau Superlativo Relativo de Inferioridade; Meu time é menos famoso de todos.
Artigo
É uma palavra variável em gênero e número que antecede o substantivo, determinando de modo particular
ou genérico.
• Classificação e Flexão do Artigos
– Artigos Definidos: o, a, os, as.
O menino carregava o brinquedo em suas costas.
As meninas brincavam com as bonecas.
– Artigos Indefinidos: um, uma, uns, umas.
Um menino carregava um brinquedo.
Umas meninas brincavam com umas bonecas.
Numeral
É a palavra que indica uma quantidade definida de pessoas ou coisas, ou o lugar (posição) que elas ocupam
numa série.
• Classificação dos Numerais
– Cardinais: indicam número ou quantidade:
Trezentos e vinte moradores.
– Ordinais: indicam ordem ou posição numa sequência:
Quinto ano. Primeiro lugar.
– Multiplicativos: indicam o número de vezes pelo qual uma quantidade é multiplicada:
O quíntuplo do preço.
– Fracionários: indicam a parte de um todo:

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Dois terços dos alunos foram embora.
Pronome
É a palavra que substitui os substantivos ou os determinam, indicando a pessoa do discurso.
• Pronomes pessoais vão designar diretamente as pessoas em uma conversa. Eles indicam as três pessoas
do discurso.

Pronomes Retos Pronomes Oblíquos


Pessoas do Discurso
Função Subjetiva Função Objetiva
1º pessoa do singular Eu Me, mim, comigo
2º pessoa do singular Tu Te, ti, contigo
3º pessoa do singular Ele, ela, Se, si, consigo, lhe, o,
a
1º pessoa do plural Nós Nos, conosco
2º pessoa do plural Vós Vos, convosco
3º pessoa do plural Eles, elas Se, si, consigo, lhes,
os, as
• Pronomes de Tratamento são usados no trato com as pessoas, normalmente, em situações formais de
comunicação.

Pronomes de Tratamento Emprego


Você Utilizado em situações informais.
Senhor (es) e Senhora (s) Tratamento para pessoas mais velhas.
Usados para pessoas com alta autori-
Vossa Excelência
dade
Usados para os reitores das Universi-
Vossa Magnificência
dades.
Empregado nas correspondências e
Vossa Senhoria
textos escritos.
Vossa Majestade Utilizado para Reis e Rainhas
Utilizado para príncipes, princesas,
Vossa Alteza
duques.
Vossa Santidade Utilizado para o Papa
Vossa Eminência Usado para Cardeais.
Utilizado para sacerdotes e religiosos
Vossa Reverendíssima
em geral.
• Pronomes Possessivos referem-se às pessoas do discurso, atribuindo-lhes a posse de alguma coisa.

Pessoa do Discurso Pronome Possessivo


1º pessoa do singular Meu, minha, meus, mi-
nhas
2º pessoa do singular teu, tua, teus, tuas
3º pessoa do singular seu, sua, seus, suas
1º pessoa do plural Nosso, nossa, nossos,
nossas
2º pessoa do plural Vosso, vossa, vossos,
vossas
3º pessoa do plural Seu, sua, seus, suas

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• Pronomes Demonstrativos são utilizados para indicar a posição de algum elemento em relação à pes-
soa seja no discurso, no tempo ou no espaço.

Pronomes Demonstra-
Singular Plural
tivos
esta, essa, estas, essas,
Feminino
aquela aquelas
este, esse, estes, esses,
Masculino
aquele aqueles
• Pronomes Indefinidos referem-se à 3º pessoa do discurso, designando-a de modo vago, impreciso, inde-
terminado. Os pronomes indefinidos podem ser variáveis (varia em gênero e número) e invariáveis (não variam
em gênero e número).

Classificação Pronomes Indefinidos


algum, alguma, alguns, algumas, nenhum, nenhuma, nenhuns, nenhu-
mas, muito, muita, muitos, muitas, pouco, pouca, poucos, poucas, todo, toda,
Variáveis todos, todas, outro, outra, outros, outras, certo, certa, certos, certas, vário,
vária, vários, várias, tanto, tanta, tantos, tantas, quanto, quanta, quantos,
quantas, qualquer, quaisquer, qual, quais, um, uma, uns, umas.
Invariáveis quem, alguém, ninguém, tudo, nada, outrem, algo, cada.
• Pronomes Interrogativos são palavras variáveis e invariáveis utilizadas para formular perguntas diretas e
indiretas.

Classificação Pronomes Interrogativos


qual, quais, quanto, quantos, quanta, quan-
Variáveis
tas.
Invariáveis quem, que.
• Pronomes Relativos referem-se a um termo já dito anteriormente na oração, evitando sua repeti-
ção. Eles também podem ser variáveis e invariáveis.

Classificação Pronomes Relativos


o qual, a qual, os quais, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas, quanto, quanta,
Variáveis
quantos, quantas.
Invariáveis quem, que, onde.
Verbos
São as palavras que exprimem ação, estado, fenômenos meteorológicos, sempre em relação ao um deter-
minado tempo.
• Flexão verbal
Os verbos podem ser flexionados de algumas formas.
– Modo: É a maneira, a forma como o verbo se apresenta na frase para indicar uma atitude da pessoa que
o usou. O modo é dividido em três: indicativo (certeza, fato), subjuntivo (incerteza, subjetividade) e imperativo
(ordem, pedido).
– Tempo: O tempo indica o momento em que se dá o fato expresso pelo verbo. Existem três tempos no
modo indicativo: presente, passado (pretérito perfeito, imperfeito e mais-que-perfeito) e futuro (do presente e do
pretérito). No subjuntivo, são três: presente, pretérito imperfeito e futuro.
– Número: Este é fácil: singular e plural.
– Pessoa: Fácil também: 1ª pessoa (eu amei, nós amamos); 2º pessoa (tu amaste, vós amastes); 3ª pessoa
(ele amou, eles amaram).

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• Formas nominais do verbo
Os verbos têm três formas nominais, ou seja, formas que exercem a função de nomes (normalmente, subs-
tantivos). São elas infinitivo (terminado em -R), gerúndio (terminado em –NDO) e particípio (terminado em –DA/
DO).
• Voz verbal
É a forma como o verbo se encontra para indicar sua relação com o sujeito. Ela pode ser ativa, passiva ou
reflexiva.
– Voz ativa: Segundo a gramática tradicional, ocorre voz ativa quando o verbo (ou locução verbal) indica
uma ação praticada pelo sujeito. Veja:
João pulou da cama atrasado
– Voz passiva: O sujeito é paciente e, assim, não pratica, mas recebe a ação. A voz passiva pode ser ana-
lítica ou sintética. A voz passiva analítica é formada por:
Sujeito paciente + verbo auxiliar (ser, estar, ficar, entre outros) + verbo principal da ação conjugado no
particípio + preposição por/pelo/de + agente da passiva.
A casa foi aspirada pelos rapazes
A voz passiva sintética, também chamada de voz passiva pronominal (devido ao uso do pronome se) é
formada por:
Verbo conjugado na 3.ª pessoa (no singular ou no plural) + pronome apassivador «se» + sujeito pa-
ciente.
Aluga-se apartamento.
Advérbio
É a palavra invariável que modifica o verbo, adjetivo, outro advérbio ou a oração inteira, expressando uma
determinada circunstância. As circunstâncias dos advérbios podem ser:
– Tempo: ainda, cedo, hoje, agora, antes, depois, logo, já, amanhã, tarde, sempre, nunca, quando, jamais,
ontem, anteontem, brevemente, atualmente, à noite, no meio da noite, antes do meio-dia, à tarde, de manhã,
às vezes, de repente, hoje em dia, de vez em quando, em nenhum momento, etc.
– Lugar: Aí, aqui, acima, abaixo, ali, cá, lá, acolá, além, aquém, perto, longe, dentro, fora, adiante, defronte,
detrás, de cima, em cima, à direita, à esquerda, de fora, de dentro, por fora, etc.
– Modo: assim, melhor, pior, bem, mal, devagar, depressa, rapidamente, lentamente, apressadamente, fe-
lizmente, às pressas, às ocultas, frente a frente, com calma, em silêncio, etc.
– Afirmação: sim, deveras, decerto, certamente, seguramente, efetivamente, realmente, sem dúvida, com
certeza, por certo, etc.
– Negação: não, absolutamente, tampouco, nem, de modo algum, de jeito nenhum, de forma alguma, etc.
– Intensidade: muito, pouco, mais, menos, meio, bastante, assaz, demais, bem, mal, tanto, tão, quase, ape-
nas, quanto, de pouco, de todo, etc.
– Dúvida: talvez, acaso, possivelmente, eventualmente, porventura, etc.
Preposição
É a palavra que liga dois termos, de modo que o segundo complete o sentido do primeiro. As preposições
são as seguintes:

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Conjunção
É palavra que liga dois elementos da mesma natureza ou uma oração a outra. As conjunções podem ser
coordenativas (que ligam orações sintaticamente independentes) ou subordinativas (que ligam orações com
uma relação hierárquica, na qual um elemento é determinante e o outro é determinado).
• Conjunções Coordenativas

Tipos Conjunções Coordenativas


Aditivas e, mas ainda, mas também, nem...
contudo, entretanto, mas, não obstante, no entanto, porém,
Adversativas
todavia...
Alternativas já…, já…, ou, ou…, ou…, ora…, ora…, quer…, quer…
assim, então, logo, pois (depois do verbo), por conseguinte,
Conclusivas
por isso, portanto...
Explicativas pois (antes do verbo), porquanto, porque, que...
• Conjunções Subordinativas

Tipos Conjunções Subordinativas


Causais Porque, pois, porquanto, como, etc.
Embora, conquanto, ainda que, mesmo que, posto
Concessivas
que, etc.
Se, caso, quando, conquanto que, salvo se, sem que,
Condicionais
etc.
Conforme, como (no sentido de conforme), segundo,
Conformativas
consoante, etc.
Para que, a fim de que, porque (no sentido de que),
Finais
que, etc.
Proporcionais À medida que, ao passo que, à proporção que, etc.
Quando, antes que, depois que, até que, logo que,
Temporais
etc.
Que, do que (usado depois de mais, menos, maior,
Comparativas
menor, melhor, etc.
Que (precedido de tão, tal, tanto), de modo que, De
Consecutivas
maneira que, etc.
Integrantes Que, se.
Interjeição
É a palavra invariável que exprime ações, sensações, emoções, apelos, sentimentos e estados de espírito,
traduzindo as reações das pessoas.
• Principais Interjeições

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Oh! Caramba! Viva! Oba! Alô! Psiu! Droga! Tomara! Hum!
Dez classes de palavras foram estudadas agora. O estudo delas é muito importante, pois se você tem bem
construído o que é e a função de cada classe de palavras, não terá dificuldades para entender o estudo da
Sintaxe.

Flexão de substantivos e adjetivos (gênero e número)

Reflexão do Substantivo
Os substantivos apresentam variações ou flexões de gênero (masculino/feminino), de número (plural/sin-
gular) e de grau (aumentativo/diminutivo).
Gênero (masculino/feminino)
Na língua portuguesa há dois gêneros: masculino e feminino. A regra para a flexão do gênero é a troca de o
por a, ou o acréscimo da vogal a, no final da palavra: mestre, mestra.
Formação do Feminino
O feminino se realiza de três modos:
- Flexionando-se o substantivo masculino: filho, filha / mestre, mestra / leão, leoa;
- Acrescentando-se ao masculino a desinência “a” ou um sufixo feminino: autor, autora / deus, deusa / côn-
sul, consulesa / cantor, cantora / reitor, reitora.
- Utilizando-se uma palavra feminina com radical diferente: pai, mãe / homem, mulher / boi, vaca / carneiro,
ovelha / cavalo, égua.
Substantivos Uniformes
- Epicenos: designam certos animais e têm um só gênero, quer se refiram ao macho ou à fêmea. – jacaré
macho ou fêmea / a cobra macho ou fêmea.
- Comuns de dois gêneros: apenas uma forma e designam indivíduos dos dois sexos. São masculinos ou
femininos. A indicação do sexo é feita com uso do artigo masculino ou feminino: o, a intérprete / o, a colega /
o, a médium / o, a pianista.
- Sobrecomuns: designam pessoas e têm um só gênero para homem ou a mulher: a criança (menino, me-
nina) / a testemunha (homem, mulher) / o cônjuge (marido, mulher).
Alguns substantivos que mudam de sentido, quando se troca o gênero:
o lotação (veículo) - a lotação (efeito de lotar);
o capital (dinheiro) - a capital (cidade);
o cabeça (chefe, líder) - a cabeça (parte do corpo);
o guia (acompanhante) - a guia (documentação).
São masculinos: o eclipse, o dó, o dengue (manha), o champanha, o soprano, o clã, o alvará, o sanduíche,
o clarinete, o Hosana, o espécime, o guaraná, o diabete ou diabetes, o tapa, o lança-perfume, o praça (soldado
raso), o pernoite, o formicida, o herpes, o sósia, o telefonema, o saca-rolha, o plasma, o estigma.
São femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a aluvião, a análise, a cal, a gênese, a entorse, a faringe, a
cólera (doença), a cataplasma, a pane, a mascote, a libido (desejo sexual), a rês, a sentinela, a sucuri, a usu-
capião, a omelete, a hortelã, a fama, a Xerox, a aguardente.
Número (plural/singular)
Acrescentam-se:
- S – aos substantivos terminados em vogal ou ditongo: povo, povos / feira, feiras / série, séries.

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- S – aos substantivos terminados em N: líquen, liquens / abdômen, abdomens / hífen, hífens. Também:
líquenes, abdômenes, hífenes.
- ES – aos substantivos terminados em R, S, Z: cartaz, cartazes / motor, motores / mês, meses. Alguns ter-
minados em R mudam sua sílaba tônica, no plural: júnior, juniores / caráter, caracteres / sênior, seniores.
- IS – aos substantivos terminados em al, el, ol, ul: jornal, jornais / sol, sóis / túnel, túneis / mel, meles, méis.
Exceções: mal, males / cônsul, cônsules / real, reais.
- ÃO – aos substantivos terminados em ão, acrescenta S: cidadão, cidadãos / irmão, irmãos / mão, mãos.
Trocam-se:
- ão por ões: botão, botões / limão, limões / portão, portões / mamão, mamões.
- ão por ãe: pão, pães / charlatão, charlatães / alemão, alemães / cão, cães.
- il por is (oxítonas): funil, funis / fuzil, fuzis / canil, canis / pernil, pernis.
- por eis (paroxítonas): fóssil, fósseis / réptil, répteis / projétil, projéteis.
- m por ns: nuvem, nuvens / som, sons / vintém, vinténs / atum, atuns.
- zito, zinho - 1º coloca-se o substantivo no plural: balão, balões. 2º elimina-se o S + zinhos.
Balão – balões – balões + zinhos: balõezinhos.
Papel – papéis – papel + zinhos: papeizinhos.
Cão – cães - cãe + zitos: Cãezitos.
Alguns substantivos terminados em X são invariáveis (valor fonético = cs): os tórax, os tórax / o ônix, os ônix
/ a fênix, as fênix / uma Xerox, duas Xerox / um fax, dois fax.
Substantivos terminados em ÃO com mais de uma forma no plural:
aldeão, aldeões, aldeãos;
verão, verões, verãos;
anão, anões, anãos;
guardião, guardiões, guardiães;
corrimão, corrimãos, corrimões;
ancião, anciões, anciães, anciãos;
ermitão, ermitões, ermitães, ermitãos.
Metafonia - apresentam o “o” tônico fechado no singular e aberto no plural: caroço (ô), caroços (ó) / imposto
(ô), impostos (ó).
Substantivos que mudam de sentido quando usados no plural: Fez bem a todos (alegria); Houve sepa-
ração de bens. (Patrimônio); Conferiu a féria do dia. (Salário); As férias foram maravilhosas. (Descanso).
Substantivos empregados somente no plural: Arredores, belas-artes, bodas (ô), condolências, cócegas,
costas, exéquias, férias, olheiras, fezes, núpcias, óculos, parabéns, pêsames, viveres, idos, afazeres, algemas.
Plural dos Substantivos Compostos
Somente o segundo (ou último) elemento vai para o plural:
- palavra unida sem hífen: pontapé = pontapés / girassol = girassóis / autopeça = autopeças.
- verbo + substantivo: saca-rolha = saca-rolhas / arranha-céu = arranha-céus / bate-bola = bate-bolas /
guarda-roupa = guarda-roupas / guarda-sol = guarda-sóis.
- elemento invariável + palavra variável: sempre-viva = sempre-vivas / abaixo-assinado = abaixo-assina-
dos / recém-nascido = recém-nascidos / ex-marido = ex-maridos / autoescola = autoescolas.
- palavras repetidas: o reco-reco = os reco-recos / o tico-tico = os tico-ticos / o corre-corre = os corre-corres.

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- substantivo composto de três ou mais elementos não ligados por preposição: o bem-me-quer = os
bem-me-queres / o bem-te-vi = os bem-te-vis / o fora-da-lei = os fora-da-lei / o ponto-e-vírgula = os ponto e
vírgulas / o bumba meu boi = os bumba meu bois.
- quando o primeiro elemento for: grão, grã (grande), bel: grão-duque = grão-duques / grã-cruz = grã-cru-
zes / bel-prazer = bel-prazeres.
Somente o primeiro elemento vai para o plural:
- substantivo + preposição + substantivo: água de colônia = águas-de-colônia / mula-sem-cabeça = mu-
las-sem-cabeça / pão-de-ló = pães-de-ló / sinal-da-cruz = sinais-da-cruz.
- quando o segundo elemento limita o primeiro ou dá ideia de tipo, finalidade: samba-enredo = sam-
bas-enredo / pombo-correio = pombos-correio / salário-família = salários-família / banana-maçã = bananas-ma-
çã / vale-refeição = vales-refeição (vale = ter valor de, substantivo+especificador)
Os dois elementos ficam invariáveis quando houver:
- verbo + advérbio: o ganha-pouco = os ganha-pouco / o cola-tudo = os cola-tudo / o bota-fora = os bota-
-fora
- os compostos de verbos de sentido oposto: o entra-e-sai = os entra-e-sai / o leva-e-traz = os leva-e-traz
/ o vai-e-volta = os vai-e-volta.
Os dois elementos, vão para o plural:
- substantivo + substantivo: decreto-lei = decretos-leis / abelha-mestra = abelhas-mestras / tia-avó = tias-
-avós / tenente-coronel = tenentes-coronéis / redator-chefe = redatores-chefes.
- substantivo + adjetivo: amor-perfeito = amores-perfeitos / capitão-mor = capitães-mores / carro-forte =
carros-fortes / obra-prima = obras-primas / cachorro-quente = cachorros-quentes.
- adjetivo + substantivo: boa-vida = boas-vidas / curta-metragem = curtas-metragens / má-língua = más-
-línguas /
- numeral ordinal + substantivo: segunda-feira = segundas-feiras / quinta-feira = quintas-feiras.
Composto com a palavra guarda só vai para o plural se for pessoa: guarda-noturno = guardas-noturnos
/ guarda-florestal = guardas-florestais / guarda-civil = guardas-civis / guarda-marinha = guardas-marinha.
Plural dos nomes próprios personalizados: os Almeidas / os Oliveiras / os Picassos / os Mozarts / os
Kennedys / os Silvas.
Plural das siglas, acrescenta-se um s minúsculo: CDs / DVDs / ONGs / PMs / Ufirs.
Flexões do Adjetivo
Como palavra variável, sofre flexões de gênero, número e grau:
Gênero
- uniformes: têm forma única para o masculino e o feminino. Funcionário incompetente = funcionária incom-
petente.
- biformes: troca-se a vogal “o” pela vogal “a” ou com o acréscimo da vogal “a” no final da palavra: ator fa-
moso = atriz famosa / jogador brasileiro = jogadora brasileira.
Os adjetivos compostos recebem a flexão feminina apenas no segundo elemento: sociedade luso-brasileira
/ festa cívico-religiosa / são – sã.
Às vezes, os adjetivos são empregados como substantivos ou como advérbios: Agia como um ingênuo.
(adjetivo como substantivo: acompanha um artigo). A cerveja que desce redondo. (adjetivo como advérbio:
redondamente).
Número
O plural dos adjetivos simples flexiona de acordo com o substantivo a que se referem: menino chorão = me-
ninos chorões / garota sensível = garotas sensíveis.

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- quando os dois elementos formadores são adjetivos, só o segundo vai para o plural: questões político-par-
tidárias, olhos castanho-claros, senadores democrata-cristãos.
- composto formado de adjetivo + substantivo referindo-se a cores, o adjetivo cor e o substantivo perma-
necem invariáveis, não vão para o plural: terno azul-petróleo = ternos azul-petróleo (adjetivo azul, substantivo
petróleo); saia amarelo-canário = saias amarelo-canário (adjetivo, amarelo; substantivo canário).
- as locuções adjetivas formadas de cor + de + substantivo, ficam invariáveis: papel cor-de-rosa = papéis
cor-de-rosa / olho cor-de-mel = olhos cor-de-mel.
- são invariáveis os adjetivos raios ultravioleta / alegrias sem-par, piadas sem-sal.

Pronomes de tratamento.

PRONOMES DE TRATAMENTO
Os pronomes de tratamento são expressões usadas para as pessoas com quem se fala. Pronomes de 2ª
pessoa, empregados com verbo na 3ª pessoa. Estes pronomes são formas de reverência a pessoas pelas suas
qualidades ou cargos que ocupam.
– Abade, prior, superior, visitador de ordem religiosa - Paternidade - Revmo. Dom (Padre);
– Abadessa - Caridade - Revma. Madre;
– Almirante - Excelência - Exmo. Sr. Almirante;
– Arcebispo - Excelência e Reverendíssima - Exmo. e Revmo. Dom;
– Arquiduque - Alteza - A Sua Alteza Arquiduque;
– Bispo - Excelência e Reverendíssima - Exmo. E Revmo. Dom;
– Brigadeiro - Excelência - Exmo. Sr. Brigadeiro;
– Cardeal - Eminência e Reverendíssima - Emmo. E Revmo. Cardeal Dom;
– Cônego - Reverendíssima - Revmo. Sr. Côn.;
– Cônsul - Senhoria (Vossa Senhoria) - Ilmo. Sr. Cônsul;
– Coronel - Senhoria - Ilmo. Sr. Cel.;
– Deputado - Excelência - Exmo. Sr. Deputado;
– Desembargador - Excelência - Exmo. Sr. Desembargador;
– Duque - Alteza (Sereníssimo Senhor) - A Sua Alteza Duque;
– Embaixador - Excelência - Exmo. Sr. General;
– Frade - Reverendíssima - Revmo. Sr. Fr.;
– Freira - Reverendíssima - Revma. Ir.;
– General - Excelência - Exmo. Sr. General;
– Governador de Estado - Excelência - Exmo. Sr. Governador;
– Imperador - Majestade (Senhor) - A Sua Majestade Imperador;
– Irmã (Madre, Sóror) - Reverendíssima - Rema. Ir. (Madre, Sóror);
– Juiz - Excelência (Meritíssimo Juiz) - Exmo. Sr. Dr.;
– Major - Senhoria - Ilmo. Sr. Major;
– Marechal - Excelência - Emo. Sr. Marechal;
– Ministro - Excelência - Exmo. Sr. Ministro;

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– Monsenhor - Reverendíssima - Revmo. Sr. Mons.;
– Padre - Reverendíssima - Revmo. Sr. Padre;
– Papa - Santidade (Santíssimo Padre), Beatitude - A Sua Santidade Papa (Ao Beatíssimo Padre);
– Patriarca - Excelência, Reverendíssima e Beatitude - Exmo. E Revmo. Dom (Ao Beatíssimo Padre);
– Prefeito - Excelência - Exmo. Sr. Prefeito;
– Presidente de Estado - Excelência - Exmo. Sr. Presidente;
– Príncipe, Princesa - Alteza (Sereníssimo Senhor, Sereníssima Senhor) - A Sua Alteza Príncipe (ou Prin-
cesa);
– Rei, Rainha - Majestade (Senhor, Senhora) - A Sua Majestade Rei (ou Rainha);
– Reitor (de Universidade) - Magnificência (Magnífico Reitor) - Exmo. Sr. Reitor;
– Reitor (de Seminário) - Reverendíssimo - Revmo. Sr. Pe.;
– Secretário de Estado - Excelência - Exmo. Sr. Secretário;
– Senador - Excelência - Exmo. Sr. Senador;
– Tenente Coronel - Senhoria - Ilmo. Sr. Ten. Cel.;
– Vereador - Excelência - Ilmo. Sr. Vereador;
– Demais autoridades, oficiais e particulares, chefes de seção, presidentes de bancos, órgãos de
segundo escalão do governo - Senhoria - Ilmo. Sr.;

— Abreviatura das Formas de Tratamento


A forma por extenso demonstra maior respeito, geralmente é a mais utilizada, principalmente em correspon-
dência dirigida ao Presidente da República.
No entanto, qualquer forma de tratamento pode ser escrita por extenso.
— Pronomes de Tratamento mais usados nas Redações Oficiais
1. Autoridades de Estado
Civis

Pronome de tratamento Abreviatura Usado para


Presidente da República, Senadores da República,
Ministro de Estado, Governadores, Deputados Fede-
Vossa Excelência V. Ex.ª
rais e Estaduais, Prefeitos, Embaixadores, Vereadores,
Cônsules, Chefes das Casas Civis e Casas Militares
Vossa Magnificência V. Mag.ª. Reitores de Universidade
Diretores de Autarquias Federais, Estaduais e Munici-
Vossa Senhoria V. S.ª pais
Judiciárias

Pronome de tratamento Abreviatura Usado para


Desembargador da Justiça, curador,
Vossa Excelência V. Ex.ª promotor
Meritíssimo Juiz M. Juiz Juízes de Direito

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Militares

Pronome de tratamento Abreviatura Usado para


Oficiais generais (até
Vossa Excelência V. Ex.ª coronéis)
Vossa Senhoria V. S.A. Outras patentes militares
2. Autoridades Eclesiásticas

Pronome de tratamento Abreviatura Usado para


Vossa Santidade V. S. Papa
Vossa Eminência Reve- V. Em.ª Revm.ª Cardeais, arcebispos e bispos
rendíssima
Abades, superiores de conventos, outras auto-
Vossa Reverendíssima V. Revmª ridades eclesiásticas e sacerdotes em geral
3. Autoridades Monárquicas

Pronome de tratamento Abreviatura Usado para


Reis e Impera-
Vossa Majestade V. M. dores
Vossa Alteza V. A. Príncipes
4. Outros Títulos

Pronome de tratamento Abreviatura Usado para


Vossa Senhoria V. S.ª Dom
Doutor Dr. Doutor
Comenda-
Comendador Com.
dor
Professor Prof. Professor
http://www.pucrs.br/manua
Na Correspondência Pública, costuma-se usar V.Sª para pessoa de categoria igual ou inferior, e V. Exª para
pessoa de categoria superior.
Consultor geral, Chefe de Estado, Chefe de gabinetes Legislativo e demais autoridades recebem como
pronome de tratamento Vossa Senhoria. Como vocativo - quando se dirige a autoridade (forma adequada ao
Cargo): Usa-se “Senhor”.
Todos os tratamentos podem aparecer na forma oblíqua, após dirigir-se a uma autoridade. Podemos, sem
temor de erro, dizer: “Formulamos-lhe”, “pedimos-lhe”, vemos na sua pessoa”, em vez de formulamos a V. Sª.,
ou a V.Exª., etc.

Colocação pronominal

A colocação do pronome átono está relacionada à harmonia da frase. A tendência do português falado no
Brasil é o uso do pronome antes do verbo – próclise. No entanto, há casos em que a norma culta prescreve o
emprego do pronome no meio – mesóclise – ou após o verbo – ênclise.
De acordo com a norma culta, no português escrito não se inicia um período com pronome oblíquo átono.
Assim, se na linguagem falada diz-se “Me encontrei com ele”, já na linguagem escrita, formal, usa-se “Encon-
trei-me’’ com ele.

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Sendo a próclise a tendência, é aconselhável que se fixem bem as poucas regras de mesóclise e ênclise.
Assim, sempre que estas não forem obrigatórias, deve-se usar a próclise, a menos que prejudique a eufonia
da frase.
Próclise
Na próclise, o pronome é colocado antes do verbo.
Palavra de sentido negativo: Não me falou a verdade.
Advérbios sem pausa em relação ao verbo: Aqui te espero pacientemente.
Havendo pausa indicada por vírgula, recomenda-se a ênclise: Ontem, encontrei-o no ponto do ônibus.
Pronomes indefinidos: Ninguém o chamou aqui.
Pronomes demonstrativos: Aquilo lhe desagrada.
Orações interrogativas: Quem lhe disse tal coisa?
Orações optativas (que exprimem desejo), com sujeito anteposto ao verbo: Deus lhe pague, Senhor!
Orações exclamativas: Quanta honra nos dá sua visita!
Orações substantivas, adjetivas e adverbiais, desde que não sejam reduzidas: Percebia que o observavam.
Verbo no gerúndio, regido de preposição em: Em se plantando, tudo dá.
Verbo no infinitivo pessoal precedido de preposição: Seus intentos são para nos prejudicarem.
Ênclise
Na ênclise, o pronome é colocado depois do verbo.
Verbo no início da oração, desde que não esteja no futuro do indicativo: Trago-te flores.
Verbo no imperativo afirmativo: Amigos, digam-me a verdade!
Verbo no gerúndio, desde que não esteja precedido pela preposição em: Saí, deixando-a aflita.
Verbo no infinitivo impessoal regido da preposição a. Com outras preposições é facultativo o emprego de
ênclise ou próclise: Apressei-me a convidá-los.
Mesóclise
Na mesóclise, o pronome é colocado no meio do verbo.
É obrigatória somente com verbos no futuro do presente ou no futuro do pretérito que iniciam a oração.
Dir-lhe-ei toda a verdade.
Far-me-ias um favor?
Se o verbo no futuro vier precedido de pronome reto ou de qualquer outro fator de atração, ocorrerá a pró-
clise.
Eu lhe direi toda a verdade.
Tu me farias um favor?
Colocação do pronome átono nas locuções verbais
Verbo principal no infinitivo ou gerúndio: Se a locução verbal não vier precedida de um fator de próclise,
o pronome átono deverá ficar depois do auxiliar ou depois do verbo principal.
Exemplos:
Devo-lhe dizer a verdade.
Devo dizer-lhe a verdade.
Havendo fator de próclise, o pronome átono deverá ficar antes do auxiliar ou depois do principal.
Exemplos:

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Não lhe devo dizer a verdade.
Não devo dizer-lhe a verdade.
Verbo principal no particípio: Se não houver fator de próclise, o pronome átono ficará depois do auxiliar.
Exemplo: Havia-lhe dito a verdade.
Se houver fator de próclise, o pronome átono ficará antes do auxiliar.
Exemplo: Não lhe havia dito a verdade.
Haver de e ter de + infinitivo: Pronome átono deve ficar depois do infinitivo.
Exemplos:
Hei de dizer-lhe a verdade.
Tenho de dizer-lhe a verdade.
Observação
Não se deve omitir o hífen nas seguintes construções:
Devo-lhe dizer tudo.
Estava-lhe dizendo tudo.
Havia-lhe dito tudo.

Concordâncias verbal e nominal

Visão Geral: sumariamente, as concordâncias verbal e nominal estudam a sintonia entre os componentes
de uma oração.
– Concordância verbal: refere-se ao verbo relacionado ao sujeito, sendo que o primeiro deve,
obrigatoriamente, concordar em número (flexão em singular e plural) e pessoa (flexão em 1a, 2a, ou 3a pessoa)
com o segundo. Isto é, ocorre quando o verbo é flexionado para concordar com o sujeito.
– Concordância nominal: corresponde à harmonia em gênero (flexão em masculino e feminino) e número
entre os vários nomes da oração, ocorrendo com maior frequência sobre os substantivos e o adjetivo. Em
outras palavras, refere-se ao substantivo e suas formas relacionadas: adjetivo, numeral, pronome, artigo. Tal
concordância ocorre em gênero e pessoa
Casos específicos de concordância verbal
Concordância verbal com o infinitivo pessoal: existem três situações em que o verbo no infinitivo é fle-
xionado:
I – Quando houver um sujeito definido;
II – Sempre que se quiser determinar o sujeito;
III – Sempre que os sujeitos da primeira e segunda oração forem distintos.
Observe os exemplos:
“Eu pedir para eles fazerem a solicitação.”
“Isto é para nós solicitarmos.”
Concordância verbal com o infinitivo impessoal: não há flexão verbal quando o sujeito não for definido,
ou sempre que o sujeito da segunda oração for igual ao da primeira oração, ou mesmo em locuções verbais,
com verbos preposicionados e com verbos imperativos.
Exemplos:
“Os membros conseguiram fazer a solicitação.”

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“Foram proibidos de realizar o atendimento.”
Concordância verbal com verbos impessoais: nesses casos, verbo ficará sempre em concordância com
a 3a pessoa do singular, tendo em vista que não existe um sujeito.
Observe os casos a seguir:
– Verbos que indicam fenômenos da natureza, como anoitecer, nevar, amanhecer.
Exemplo: “Não chove muito nessa região” ou “Já entardeceu.»
– O verbo haver com sentido de existir. Exemplo: “Havia duas professoras vigiando as crianças.”
– O verbo fazer indicando tempo decorrido. Exemplo: “Faz duas horas que estamos esperando.”
Concordância verbal com o verbo ser: diante dos pronomes tudo, nada, o, isto, isso e aquilo como sujeito,
há concordância verbal com o predicativo do sujeito, podendo o verbo permanecer no singular ou no plural:
– “Tudo que eu desejo é/são férias à beira-mar.”
– “Isto é um exemplo do que o ocorreria.” e “Isto são exemplos do que ocorreria.”
Concordância verbal com pronome relativo quem: o verbo, ou faz concordância com o termo precedente
ao pronome, ou permanece na 3a pessoa do singular:
– “Fui eu quem solicitou.» e “Fomos nós quem solicitou.»
Concordância verbal com pronome relativo que: o verbo concorda com o termo que antecede o pronome:
– “Foi ele que fez.» e “Fui eu que fiz.»
– “Foram eles que fizeram.” e “Fomos nós que fizemos.»
Concordância verbal com a partícula de indeterminação do sujeito se: nesse caso, o verbo cria
concordância com a 3a pessoa do singular sempre que a oração for constituída por verbos intransitivos ou por
verbos transitivos indiretos:
– «Precisa-se de cozinheiro.” e «Precisa-se de cozinheiros.”
Concordância com o elemento apassivador se: aqui, verbo concorda com o objeto direto, que desempe-
nha a função de sujeito paciente, podendo aparecer no singular ou no plural:
– Aluga-se galpão.” e “Alugam-se galpões.”
Concordância verbal com as expressões a metade, a maioria, a maior parte: preferencialmente, o verbo
fará concordância com a 3° pessoa do singular. Porém, a 3a pessoa do plural também pode ser empregada:
– “A maioria dos alunos entrou” e “A maioria dos alunos entraram.”
– “Grande parte das pessoas entendeu.” e “Grande parte das pessoas entenderam.”
Concordância nominal muitos substantivos: o adjetivo deve concordar em gênero e número com o
substantivo mais próximo, mas também concordar com a forma no masculino plural:
– “Casa e galpão alugado.” e “Galpão e casa alugada.”
– “Casa e galpão alugados.” e “Galpão e casa alugados.”
Concordância nominal com pronomes pessoais: o adjetivo concorda em gênero e número com os
pronomes pessoais:
– “Ele é prestativo.” e “Ela é prestativa.”
– “Eles são prestativos.” e “Elas são prestativas.”
Concordância nominal com adjetivos: sempre que existir dois ou mais adjetivos no singular, o substantivo
permanece no singular, se houver um artigo entre os adjetivos. Se o artigo não aparecer, o substantivo deve
estar no plural:
– “A blusa estampada e a colorida.” e “O casaco felpudo e o xadrez.”
– “As blusas estampada e colorida.” e “Os casacos felpudo e xadrez.”

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Concordância nominal com é proibido e é permitido: nessas expressões, o adjetivo flexiona em gênero
e número, sempre que houver um artigo determinando o substantivo. Caso não exista esse artigo, o adjetivo
deve permanecer invariável, no masculino singular:
– “É proibida a circulação de pessoas não identificadas.” e “É proibido circulação de pessoas não identificadas.”
– “É permitida a entrada de crianças.” e “É permitido entrada de crianças acompanhadas.”
Concordância nominal com menos: a palavra menos permanece é invariável independente da sua atua-
ção, seja ela advérbio ou adjetivo:
– “Menos pessoas / menos pessoas”.
– “Menos problema /menos problemas.”
Concordância nominal com muito, pouco, bastante, longe, barato, meio e caro: esses termos instauram
concordância em gênero e número com o substantivo quando exercem função de adjetivo:
– “Tomei bastante suco.” e “Comprei bastantes frutas.”
– “A jarra estava meia cheia.” e “O sapato está meio gasto”.
– “Fizemos muito barulho.” e “Compramos muitos presentes.”

Conhecimentos de regência verbal e regência nominal

Visão geral: na Gramática, regência é o nome dado à relação de subordinação entre dois termos. Quando,
em um enunciado ou oração, existe influência de um tempo sobre o outro, identificamos o que se denomina
termo determinante, essa relação entre esses termos denominamos regência.
— Regência Nominal
É a relação entre um nome o seu complemento por meio de uma preposição. Esse nome pode ser um
substantivo, um adjetivo ou um advérbio e será o termo determinante.
O complemento preenche o significado do nome, cujo sentido estaria impreciso ou ambíguo se não fosse
pelo complemento.
Observe os exemplos:
“A nova entrada é acessível a cadeirantes.”
“Eu tenho o sonho de viajar para o nordeste.”
“Ele é perito em investigações como esta.”
Na primeira frase, adjetivo “acessível” exige a preposição a, do contrário, seu sentido ficaria incompleto. O
mesmo ocorre com os substantivos “sonho“ e “perito”, nas segunda e terceira frases, em que os nomes exigem
as preposições de e em para completude de seus sentidos. Veja nas tabelas abaixo quais são os nomes que
regem. Veja nas tabelas abaixo quais são os nomes que regem uma preposição para que seu sentido seja
completo.

REGÊNCIA COM A PREPOSIÇÃO A


acessível a cego a fiel a nocivo a
agradável a cheiro a grato a oposto a
alheio a comum a horror a perpendicular a
análogo a contrário a idêntico a posterior a
anterior a desatento a inacessível a prestes a
apto a equivalente a indiferente a surdo a
atento a estranho a inerente a visível a

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avesso a favorável a necessário a
REGÊNCIA COM A PREPOSIÇÃO POR
admiração por devoção por responsável por
ansioso por respeito por

REGÊNCIA COM A PREPOSIÇÃO DE


sedento
amante de cobiçoso de digno de inimigo de natural de de
seguro
amigo de contemporâneo de dotado de livre de obrigação de de
sonho
ávido de desejoso de fácil de longe de orgulhoso de de
capaz de diferente de impossível de louco de passível de
cheio de difícil de incapaz de maior de possível de

REGÊNCIA COM A PREPOSIÇÃO EM


doutor em hábil em interesse em negligente em primeiro em
exato em incessante em lento em parco em versado em
firme em indeciso em morador em perito em

REGÊNCIA COM A PREPOSIÇÃO PARA


apto para essencial para mau para
bastante para impróprio para pronto para
bom para inútil para próprio para

REGÊNCIA COM A PREPOSIÇÃO COM


amoroso com compatível com descontente com intolerante com
aparentado com cruel com furioso com liberal com
caritativo com cuidadoso com impaciente com solícito com
— Regência Verbal
Os verbos são os termos regentes, enquanto os objetos (direto e indireto) e adjuntos adverbiais são os
termos regidos. Um verbo possui a mesma regência do nome do qual deriva.
Observe as duas frases:
I – “Eles irão ao evento.” O verbo ir requer a preposição a (quem vai, vai a algum lugar), e isso o classifica
como verbo transitivo direto; “ao evento” são os termos regidos pelo verbo, isto é, constituem seu complemento.  
II – “Ela mora em região pantanosa.” O verbo morar exige a preposição em (quem mora mora em algum
lugar), portanto, é verbo transitivo indireto.  

No sentido de / pela REGE


VERBO EXEMPLO
transitividade PREPOSIÇÃO?
ajudar, dar assistência NÃO “Por favor, assista o time.”
ver SIM “Você assistiu ao jogo?”
Assistir
“Assiste aos cidadãos o direito de
pertencer SIM protestar.”

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valor, preço NÃO “Esse imóvel custa caro.”
Custar desafio, dano, peso SIM “Dizer a verdade custou a ela.”
moral
fundamento / verbo NÃO “Isso não procede.”
instransitivo
Proceder
“Essa conclusão procede de muito
origem SIM vivência.”
finalidade, objetivo SIM “Visando à garantia dos direitos.”
Visar
avistar, enxergar NÃO “O vigia logo visou o suspeito.”
desejo NÃO “Queremos sair cedo.”
Querer
estima SIM “Quero muito aos meus sogros.”
pretensão SIM “Aspiro a ascensão política.”
Aspirar absorção ou NÃO “Evite aspirar fumaça.”
respiração
consequência / verbo “A sua solicitação implicará alteração do
NÃO
Implicar transitivo direto meu trajeto.”
insistência, birra SIM “Ele implicou com o cachorro.”
convocação NÃO “Chame todos!”
“Chamo a Talita de Tatá.”
Chamar Rege complemento, “Chamo Talita de Tatá.”
apelido com e sem
preposição “Chamo a Talita Tatá.”
“Chamo Talita Tatá.”
o que se paga NÃO “Paguei o aluguel.”
Pagar
a quem se paga SIM “Pague ao credor.”
quem chega, chega
Chegar a algum lugar / verbo SIM “Quando chegar ao local, espere.”
transitivo indireto
quem obedece a algo
Obedecer / alguém / transitivo SIM “Obedeçam às regras.”
indireto
Esquecer verbo transitivo direito NÃO “Esqueci as alianças.”
... exige um
verbo transitivo direito complemento
Informar “Informe o ocorrido ao gerente.”
e indireto, portanto... sem e outro com
preposição
quem vai vai a algum
Ir lugar / verbo transitivo SIM “Vamos ao teatro.”
indireto
Quem mora em algum “Eles moram no interior.”
Morar lugar (verbo transitivo SIM
indireto) (Preposição “em” + artigo “o”).
verbo transitivio
Namorar NÃO “Júlio quer namorar Maria.”
direito
verbo bi transitivo
Preferir SIM “Prefira assados a frituras.”
(direto e indireto)
quem simpatiza
simpatiza com
Simpatizar SIM “Simpatizei-me com todos.”
algo/ alguém/ verbo
transitivo indireto

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Crase

Definição: na gramática grega, o termo quer dizer “mistura “ou “contração”, e ocorre entre duas vogais,
uma final e outra inicial, em palavras unidas pelo sentido. Basicamente, desse modo: a (preposição) + a (artigo
feminino) = aa à; a (preposição) + aquela (pronome demonstrativo feminino) = àquela; a (preposição) + aquilo
(pronome demonstrativo feminino) = àquilo. Por ser a junção das vogais, a crase, como regra geral, ocorre dian-
te de palavras femininas, sendo a única exceção os pronomes demonstrativos aquilo e aquele, que recebem
a crase por terem “a” como sua vogal inicial. Crase não é o nome do acento, mas indicação do fenômeno de
união representado pelo acento grave.
A crase pode ser a contração da preposição a com:
– O artigo feminino definido a/as: “Foi à escola, mas não assistiu às aulas.”
– O pronome demonstrativo a/as: “Vá à paróquia central.”
– Os pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo: “Retorne àquele mesmo local.”
– O a dos pronomes relativos a qual e as quais: “São pessoas às quais devemos o maior respeito e consi-
deração”.
Perceba que a incidência da crase está sujeita à presença de duas vogais a (preposição + artigo ou prepo-
sição + pronome) na construção sintática.
Técnicas para o emprego da crase

1 – Troque o termo feminino por um masculino, de classe semelhante. Se a combinação ao aparecer, ocor-
rerá crase diante da palavra feminina.
Exemplos:
“Não conseguimos chegar ao hospital / à clínica.”
“Preferiu a fruta ao sorvete / à torta.”
“Comprei o carro / a moto.”
“Irei ao evento / à festa.”

2 – Troque verbos que expressem a noção de movimento (ir, vir, chegar, voltar, etc.) pelo verbo voltar. Se
aparecer a preposição da, ocorrerá crase; caso apareça a preposição de, o acento grave não deve ser empre-
gado.
Exemplos:
“Vou a São Paulo. / Voltei de São Paulo.”
“Vou à festa dos Silva. / Voltei da Silva.”
“Voltarei a Roma e à Itália. / Voltarei de Roma e da Itália.”

3 – Troque o termo regente da preposição a por um que estabeleça a preposição por, em ou de. Caso essas
preposições não se façam contração com o artigo, isto é, não apareçam as formas pela(s), na(s) ou da(s), a
crase não ocorrerá.
Exemplos:
“Começou a estudar (sem crase) – Optou por estudar / Gosta de estudar / Insiste em estudar.”
“Refiro-me à sua filha (com crase) – Apaixonei-me pela sua filha / Gosto da sua filha / Votarei na sua filha.”
“Refiro-me a você. (sem crase) – Apaixonei-me por você / Gosto de você / Penso em você.”

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4 – Tratando-se de locuções, isto é, grupo de palavras que expressam uma única ideia, a crase somente
deve ser empregada se a locução for iniciada por preposição e essa locução tiver como núcleo uma palavra
feminina, ocorrerá crase.
Exemplos:
“Tudo às avessas.”
“Barcos à deriva.”

5 – Outros casos envolvendo locuções e crase:


Na locução «à moda de”, pode estar implícita a expressão “moda de”, ficando somente o à explícito.
Exemplos:
“Arroz à (moda) grega.”
“Bife à (moda) parmegiana.”
Nas locuções relativas a horários, ocorra crase apenas no caso de horas especificadas e definidas: Exemplos:
“À uma hora.”
“Às cinco e quinze”.

Ortografia (conforme Novo Acordo vigente).

— Definições
Com origem no idioma grego, no qual orto significa “direito”, “exato”, e grafia quer dizer “ação de escrever”,
ortografia é o nome dado ao sistema de regras definido pela gramática normativa que indica a escrita correta
das palavras. Já a Ortografia Oficial se refere às práticas ortográficas que são consideradas oficialmente como
adequadas no Brasil. Os principais tópicos abordados pela ortografia são: o emprego de acentos gráficos que
sinalizam vogais tônicas, abertas ou fechadas; os processos fonológicos (crase/acento grave); os sinais de
pontuação elucidativos de funções sintáticas da língua e decorrentes dessas funções, entre outros.  
Os acentos: esses sinais modificam o som da letra sobre a qual recaem, para que palavras com grafia
similar possam ter leituras diferentes, e, por conseguinte, tenham significados distintos.  Resumidamente, os
acentos são agudo (deixa o som da vogal mais aberto), circunflexo (deixa o som fechado), til (que faz com que
o som fique nasalado) e acento grave (para indicar crase).
O alfabeto: é a base de qualquer língua. Nele, estão estabelecidos os sinais gráficos e os sons representados
por cada um dos sinais; os sinais, por sua vez, são as vogais e as consoantes.  
As letras K, Y e W: antes consideradas estrangeiras, essas letras foram integradas oficialmente ao alfabeto
do idioma português brasileiro em 2009, com a instauração do Novo Acordo Ortográfico. As possibilidades da
vogal Y e das consoantes K e W são, basicamente, para nomes próprios e abreviaturas, como abaixo:  
– Para grafar símbolos internacionais e abreviações, como Km (quilômetro), W (watt) e Kg (quilograma).
– Para transcrever nomes próprios estrangeiros ou seus derivados na língua portuguesa, como Britney,
Washington, Nova York.  
Relação som X grafia: confira abaixo os casos mais complexos do emprego da ortografia correta das
palavras e suas principais regras:
«ch” ou “x”?: deve-se empregar o X nos seguintes casos:
– Em palavras de origem africana ou indígena. Exemplo: oxum, abacaxi.  
– Após ditongos. Exemplo: abaixar, faixa.
– Após a sílaba inicial “en”. Exemplo: enxada, enxergar.

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– Após a sílaba inicial “me”. Exemplo: mexilhão, mexer, mexerica.   
s” ou “x”?: utiliza-se o S nos seguintes casos:
– Nos sufixos “ese”, “isa”, “ose”. Exemplo: síntese, avisa, verminose.
– Nos sufixos “ense”, “osa” e “oso”, quando formarem adjetivos. Exemplo: amazonense, formosa, jocoso.
– Nos sufixos “ês” e “esa”, quando designarem origem, título ou nacionalidade. Exemplo: marquês/marque-
sa, holandês/holandesa, burguês/burguesa.
– Nas palavras derivadas de outras cujo radical já apresenta “s”. Exemplo: casa – casinha – casarão; análise
– analisar.
Porque, Por que, Porquê ou Por quê?
– Porque (junto e sem acento): é conjunção explicativa, ou seja, indica motivo/razão, podendo substituir o
termo pois. Portanto, toda vez que essa substituição for possível, não haverá dúvidas de que o emprego do
porque estará correto. Exemplo: Não choveu, porque/pois nada está molhado.  
– Por que (separado e sem acento): esse formato é empregado para introduzir uma pergunta ou no lugar de
“o motivo pelo qual”, para estabelecer uma relação com o termo anterior da oração. Exemplos: Por que ela está
chorando? / Ele explicou por que do cancelamento do show.  
– Porquê (junto e com acento): trata-se de um substantivo e, por isso, pode estar acompanhado por artigo,
adjetivo, pronome ou numeral. Exemplo: Não ficou claro o porquê do cancelamento do show.  
– Por quê (separado e com acento): deve ser empregado ao fim de frases interrogativas. Exemplo: Ela foi
embora novamente. Por quê?  
Parônimos e homônimos
– Parônimos: são palavras que se assemelham na grafia e na pronúncia, mas se divergem no significado.
Exemplos: absolver (perdoar) e absorver (aspirar); aprender (tomar conhecimento) e apreender (capturar).
– Homônimos: são palavras com significados diferentes, mas que divergem na pronúncia. Exemplos:
“gosto” (substantivo) e “gosto” (verbo gostar) / “este” (ponto cardeal) e “este” (pronome demonstrativo).

Pontuação

— Visão Geral
O sistema de pontuação consiste em um grupo de sinais gráficos que, em um período sintático, têm a
função primordial de indicar um nível maior ou menor de coesão entre estruturas e, ocasionalmente, manifestar
as propriedades da fala (prosódias) em um discurso redigido. Na escrita, esses sinais substituem os gestos e
as expressões faciais que, na linguagem falada, auxiliam a compreensão da frase.
O emprego da pontuação tem as seguintes finalidades:
– Garantir a clareza, a coerência e a coesão interna dos diversos tipos textuais;
– Garantir os efeitos de sentido dos enunciados;
– Demarcar das unidades de um texto;
– Sinalizar os limites das estruturas sintáticas.

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— Sinais de pontuação que auxiliam na elaboração de um enunciado
Vírgula
De modo geral, sua utilidade é marcar uma pausa do enunciado para indicar que os termos por ela isolados,
embora compartilhem da mesma frase ou período, não compõem unidade sintática. Mas, se, ao contrário,
houver relação sintática entre os termos, estes não devem ser isolados pela vírgula. Isto quer dizer que, ao
mesmo tempo que existem situações em que a vírgula é obrigatória, em outras, ela é vetada. Confira os casos
em que a vírgula deve ser empregada:
• No interior da sentença

1 – Para separar elementos de uma enumeração e repetição:

ENUMERAÇÃO
Adicione leite, farinha, açúcar, ovos, óleo e
chocolate.
Paguei as contas de água, luz, telefone e gás.

REPETIÇÃO
Os arranjos estão lindos, lindos!
Sua atitude foi, muito, muito, muito indelicada.

2 – Isolar o vocativo
“Crianças, venham almoçar!”
“Quando será a prova, professora?”

3 – Separar apostos
“O ladrão, menor de idade, foi apreendido pela polícia.”

4 – Isolar expressões explicativas:


“As CPIs que terminaram em pizza, ou seja, ninguém foi responsabilizado.”

5 – Separar conjunções intercaladas


“Não foi explicado, porém, o porquê das falhas no sistema.”

6 – Isolar o adjunto adverbial anteposto ou intercalado:


“Amanhã pela manhã, faremos o comunicado aos funcionários do setor.”
“Ele foi visto, muitas vezes, vagando desorientado pelas ruas.”

7 – Separar o complemento pleonástico antecipado:


“Estas alegações, não as considero legítimas.”

8 – Separar termos coordenados assindéticos (não conectadas por conjunções)


“Os seres vivos nascem, crescem, reproduzem-se, morrem.”

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9 – Isolar o nome de um local na indicação de datas:
“São Paulo, 16 de outubro de 2022”.

10 – Marcar a omissão de um termo:


“Eu faço o recheio, e você, a cobertura.” (omissão do verbo “fazer”).
• Entre as sentenças

1 – Para separar as orações subordinadas adjetivas explicativas


“Meu aluno, que mora no exterior, fará aulas remotas.”

2 – Para separar as orações coordenadas sindéticas e assindéticas, com exceção das orações iniciadas
pela conjunção “e”:
“Liguei para ela, expliquei o acontecido e pedi para que nos ajudasse.”

3 – Para separar as orações substantivas que antecedem a principal:


“Quando será publicado, ainda não foi divulgado.”

4 – Para separar orações subordinadas adverbiais desenvolvidas ou reduzidas, especialmente as que


antecedem a oração principal:

Reduzida Por ser sempre assim, ninguém dá atenção!


Desenvolvida Porque é sempre assim, já ninguém dá atenção!

5 – Separar as sentenças intercaladas:


“Querida, disse o esposo, estarei todos os dias aos pés do seu leito, até que você se recupere por completo.”
• Antes da conjunção “e”

1 – Emprega-se a vírgula quando a conjunção “e” adquire valores que não expressam adição, como
consequência ou diversidade, por exemplo.
“Argumentou muito, e não conseguiu convencer-me.”

2 – Utiliza-se a vírgula em casos de polissíndeto, ou seja, sempre que a conjunção “e” é reiterada com com
a finalidade de destacar alguma ideia, por exemplo:
“(…) e os desenrolamentos, e os incêndios, e a fome, e a sede; e dez meses de combates, e cem dias de
cancioneiro contínuo; e o esmagamento das ruínas...” (Euclides da Cunha)

3 – Emprega-se a vírgula sempre que orações coordenadas apresentam sujeitos distintos, por exemplo:
“A mulher ficou irritada, e o marido, constrangido.”
O uso da vírgula é vetado nos seguintes casos: separar sujeito e predicado, verbo e objeto, nome de
adjunto adnominal, nome e complemento nominal, objeto e predicativo do objeto, oração substantiva e oração
subordinada (desde que a substantivo não seja apositiva nem se apresente inversamente).

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Ponto

1 – Para indicar final de frase declarativa:


“O almoço está pronto e será servido.”

2 – Abrevia palavras:
– “p.” (página)
– “V. Sra.” (Vossa Senhoria)
– “Dr.” (Doutor)

3 – Para separar períodos:


“O jogo não acabou. Vamos para os pênaltis.”
Ponto e Vírgula

1 – Para separar orações coordenadas muito extensas ou orações coordenadas nas quais já se tenha
utilizado a vírgula:
“Gosto de assistir a novelas; meu primo, de jogos de RPG; nossa amiga, de praticar esportes.”

2 – Para separar os itens de uma sequência de itens:


“Os planetas que compõem o Sistema Solar são:
Mercúrio;
Vênus;
Terra;
Marte;
Júpiter;
Saturno;
Urano;
Netuno.”
Dois Pontos

1 – Para introduzirem apostos ou orações apositivas, enumerações ou sequência de palavras que explicam
e/ou resumem ideias anteriores.
“Anote o endereço: Av. Brasil, 1100.”
“Não me conformo com uma coisa: você ter perdoado aquela grande ofensa.”

2 – Para introduzirem citação direta:


“Desse estudo, Lavoisier extraiu o seu princípio, atualmente muito conhecido: “Nada se cria, nada se perde,
tudo se transforma’.”

3 – Para iniciar fala de personagens:


“Ele gritava repetidamente:

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– Sou inocente!”
Reticências

1 – Para indicar interrupção de uma frase incompleta sintaticamente:


“Quem sabe um dia...”

2 – Para indicar hesitação ou dúvida:


“Então... tenho algumas suspeitas... mas prefiro não revelar ainda.”

3 – Para concluir uma frase gramaticalmente inacabada com o objetivo de prolongar o raciocínio:
“Sua tez, alva e pura como um foco de algodão, tingia-se nas faces duns longes cor-de-rosa...” (Cecília -
José de Alencar).

4 – Suprimem palavras em uma transcrição:


“Quando penso em você (...) menos a felicidade.” (Canteiros - Raimundo Fagner).
Ponto de Interrogação

1 – Para perguntas diretas:


“Quando você pode comparecer?”

2 – Algumas vezes, acompanha o ponto de exclamação para destacar o enunciado:


“Não brinca, é sério?!”
Ponto de Exclamação

1 – Após interjeição:
“Nossa Que legal!”

2 – Após palavras ou sentenças com carga emotiva


“Infelizmente!”

3 – Após vocativo
“Ana, boa tarde!”

4 – Para fechar de frases imperativas:


“Entre já!”
Parênteses
a) Para isolar datas, palavras, referências em citações, frases intercaladas de valor explicativo, podendo
substituir o travessão ou a vírgula:
“Mal me viu, perguntou (sem qualquer discrição, como sempre)
quem seria promovido.”

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Travessão

1 – Para introduzir a fala de um personagem no discurso direto:


“O rapaz perguntou ao padre:
— Amar demais é pecado?”

2 – Para indicar mudança do interlocutor nos diálogos:


“— Vou partir em breve.
— Vá com Deus!”

3 – Para unir grupos de palavras que indicam itinerários:


“Esse ônibus tem destino à cidade de São Paulo — SP.”

4 – Para substituir a vírgula em expressões ou frases explicativas:


“Michael Jackson — o retorno rei do pop — era imbatível.”
Aspas

1 – Para isolar palavras ou expressões que violam norma culta, como termos populares, gírias, neologismos,
estrangeirismos, arcaísmos, palavrões, e neologismos.
“Na juventude, ‘azarava’ todas as meninas bonitas.”
“A reunião será feita ‘online’.”

2 – Para indicar uma citação direta:


“A índole natural da ciência é a longanimidade.” (Machado de Assis)

Acentuação

— Definição
A acentuação gráfica consiste no emprego do acento nas palavras grafadas com a finalidade de estabelecer,
com base nas regras da língua, a intensidade e/ou a sonoridade das palavras. Isso quer dizer que os acentos
gráficos servem para indicar a sílaba tônica de uma palavra ou a pronúncia de uma vogal. De acordo com as
regras gramaticais vigentes, são quatro os acentos existentes na língua portuguesa:
– Acento agudo: Indica que a sílaba tônica da palavra tem som aberto. Ex.: área, relógio, pássaro.
– Acento circunflexo: Empregado acima das vogais “a” e” e “o”para indicar sílaba tônica em vogal fechada.
Ex.: acadêmico, âncora, avô.
– Acento grave/crase: Indica a junção da preposição “a” com o artigo “a”. Ex: “Chegamos à casa”. Esse
acento não indica sílaba tônica!

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– Til: Sobre as vogais “a” e “o”, indica que a vogal de determinada palavra tem som nasal, e nem sempre
recai sobre a sílaba tônica. Exemplo: a palavra órfã tem um acento agudo, que indica que a sílaba forte é “o”
(ou seja, é acento tônico), e um til (˜), que indica que a pronúncia da vogal “a” é nasal, não oral. Outro exemplo
semelhante é a palavra bênção.  
— Monossílabas Tônicas e Átonas
Mesmo as palavras com apenas uma sílaba podem sofrer alteração de intensidade de voz na sua pronún-
cia. Exemplo: observe o substantivo masculino “dó” e a preposição “do” (contração da preposição “de” + artigo
“o”).  Ao comparar esses termos, percebermos que o primeiro soa mais forte que o segundo, ou seja, temos
uma monossílaba tônica e uma átona, respectivamente. Diante de palavras monossílabas, a dica para identifi-
car se é tônica (forte) ou fraca átona (fraca) é pronunciá-las em uma frase, como abaixo:
“Sinto grande dó ao vê-la sofrer.”
“Finalmente encontrei a chave do carro.”
Recebem acento gráfico:  
– As monossílabas tônicas terminadas em: -a(s) → pá(s), má(s); -e(s) → pé(s), vê(s); -o(s) → só(s), pôs.
– As monossílabas tônicas formados por ditongos abertos -éis, -éu, -ói. Ex: réis, véu, dói.
Não recebem acento gráfico:
– As monossílabas tônicas: par, nus, vez, tu, noz, quis.
– As formas verbais monossilábicas terminadas em “-ê”, nas quais a 3a pessoa do plural termina em “-eem”.
Antes do novo acordo ortográfico, esses verbos era acentuados. Ex.: Ele lê → Eles lêem leem.
Exceção! O mesmo não ocorre com os verbos monossilábicos terminados em “-em”, já que a terceira pessoa
termina em “-êm”. Nesses caso, a acentuação permanece acentuada. Ex.: Ele tem → Eles têm; Ele vem → Eles
vêm.
Acentuação das palavras Oxítonas
As palavras cuja última sílaba é tônica devem ser acentuadas as oxítonas com sílaba tônica terminada em
vogal tônica -a, -e e -o, sucedidas ou não por -s. Ex.: aliás, após, crachá, mocotó, pajé, vocês. Logo, não se
acentuam as oxítonas terminadas em “-i” e “-u”. Ex.: caqui, urubu.
Acentuação das palavras Paroxítonas
São classificadas dessa forma as palavras cuja penúltima sílaba é tônica. De acordo com a regra geral,
não se acentuam as palavras paroxítonas, a não ser nos casos específicos relacionados abaixo. Observe as
exceções:
– Terminadas em -ei e -eis. Ex.: amásseis, cantásseis, fizésseis, hóquei, jóquei, pônei, saudáveis.
– Terminadas em -r, -l, -n, -x e -ps. Ex.: bíceps, caráter, córtex, esfíncter, fórceps, fóssil, líquen, lúmen, réptil,
tórax.  
– Terminadas em -i e -is. Ex.: beribéri, bílis, biquíni, cáqui, cútis, grátis, júri, lápis, oásis, táxi.
– Terminadas em -us. Ex.: bônus, húmus, ônus, Vênus, vírus, tônus.  
– Terminadas em -om e -ons. Ex.: elétrons, nêutrons, prótons.
– Terminadas em -um e -uns. Ex.: álbum, álbuns, fórum, fóruns, quórum, quóruns.  
– Terminadas em -ã e -ão. Ex.: bênção, bênçãos, ímã, ímãs, órfã, órfãs, órgão, órgãos, sótão, sótãos.  
Acentuação das palavras Proparoxítonas
Classificam-se assim as palavras cuja antepenúltima sílaba é tônica, e todas recebem acento, sem exceções.
Ex.: ácaro, árvore, bárbaro, cálida, exército, fétido, lâmpada, líquido, médico, pássaro, tática, trânsito.

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Ditongos e Hiatos
Acentuam-se:
– Oxítonas com sílaba tônica terminada em abertos “_éu”, “_éi” ou “_ói”, sucedidos ou não por “_s”. Ex.:
anéis, fiéis, herói, mausoléu, sóis, véus.
– As letras “_i” e “_u” quando forem a segunda vogal tônica de um hiato e estejam isoladas ou sucedidas por
“_s” na sílaba. Ex.: caí (ca-í), país (pa-ís), baú (ba-ú).
Não se acentuam:
– A letra “_i”, sempre que for sucedida por de “_nh”. Ex.: moinho, rainha, bainha.
– As letras “_i” e o “_u” sempre que aparecerem repetidas. Ex.: juuna, xiita. xiita.
– Hiatos compostos por “_ee” e “_oo”. Ex.: creem, deem, leem, enjoo, magoo.
O Novo Acordo Ortográfico
Confira as regras que levaram algumas palavras a perderem acentuação em razão do Acordo Ortográfico
de 1990, que entrou em vigor em 2009:
1 – Vogal tônica fechada -o de -oo em paroxítonas.
Exemplos: enjôo – enjoo; magôo – magoo; perdôo – perdoo; vôo – voo; zôo – zoo.
2 – Ditongos abertos -oi e -ei em palavras paroxítonas.
Exemplos: alcalóide – alcaloide; andróide – androide; alcalóide – alcaloide; assembléia – assembleia;
asteróide – asteroide; européia – europeia.
3 – Vogais -i e -u precedidas de ditongo em paroxítonas.
Exemplos: feiúra – feiura; maoísta – maoista; taoísmo – taoismo.
4 – Palavras paroxítonas cuja terminação é -em, e que possuem -e tônico em hiato.
Isso ocorre com a 3a pessoa do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo. Exemplos: deem; lêem –
leem; relêem – releem; revêem.
5 – Palavras com trema: somente para palavras da língua portuguesa. Exemplos: bilíngüe – bilíngue;
enxágüe – enxágue; linguïça – linguiça.
6 – Paroxítonas homógrafas: são palavras que têm a mesma grafia, mas apresentam significados
diferentes. Exemplo: o verbo PARAR: pára – para. Antes do Acordo Ortográfico, a flexão do verbo “parar” era
acentuada para que fosse diferenciada da preposição “para”.
Atualmente, nenhuma delas recebe acentuação. Assim:
Antes: Ela sempre pára para ver a banda passar. [verbo / preposição]
Hoje: Ela sempre para para ver a banda passar. [verbo / preposição]

Figuras de linguagem

As figuras de linguagem ou de estilo são empregadas para valorizar o texto, tornando a linguagem mais
expressiva. É um recurso linguístico para expressar de formas diferentes experiências comuns, conferindo ori-
ginalidade, emotividade ao discurso, ou tornando-o poético.
As figuras de linguagem classificam-se em
– figuras de palavra;
– figuras de pensamento;
– figuras de construção ou sintaxe.

35
Figuras de palavra
Emprego de um termo com sentido diferente daquele convencionalmente empregado, a fim de se conseguir
um efeito mais expressivo na comunicação.
Metáfora: comparação abreviada, que dispensa o uso dos conectivos comparativos; é uma comparação
subjetiva. Normalmente vem com o verbo de ligação claro ou subentendido na frase.
Exemplos
...a vida é cigana
É caravana
É pedra de gelo ao sol.
(Geraldo Azevedo/ Alceu Valença)
Encarnado e azul são as cores do meu desejo.
(Carlos Drummond de Andrade)
Comparação: aproxima dois elementos que se identificam, ligados por conectivos comparativos explícitos:
como, tal qual, tal como, que, que nem. Também alguns verbos estabelecem a comparação: parecer, asseme-
lhar-se e outros.
Exemplo
Estava mais angustiado que um goleiro na hora do gol, quando você entrou em mim como um sol no quintal.
(Belchior)
Catacrese: emprego de um termo em lugar de outro para o qual não existe uma designação apropriada.
Exemplos
– folha de papel
– braço de poltrona
– céu da boca
– pé da montanha
Sinestesia: fusão harmônica de, no mínimo, dois dos cinco sentidos físicos.
Exemplo
Vem da sala de linotipos a doce (gustativa) música (auditiva) mecânica.
(Carlos Drummond de Andrade)
A fusão de sensações físicas e psicológicas também é sinestesia: “ódio amargo”, “alegria ruidosa”, “paixão
luminosa”, “indiferença gelada”.
Antonomásia: substitui um nome próprio por uma qualidade, atributo ou circunstância que individualiza o
ser e notabiliza-o.
Exemplos
O filósofo de Genebra (= Calvino).
O águia de Haia (= Rui Barbosa).
Metonímia: troca de uma palavra por outra, de tal forma que a palavra empregada lembra, sugere e retoma
a que foi omitida.
Exemplos
Leio Graciliano Ramos. (livros, obras)
Comprei um panamá. (chapéu de Panamá)
Tomei um Danone. (iogurte)

36
Alguns autores, em vez de metonímia, classificam como sinédoque quando se têm a parte pelo todo e o
singular pelo plural.
Exemplo
A cidade inteira viu assombrada, de queixo caído, o pistoleiro sumir de ladrão, fugindo nos cascos de seu
cavalo. (singular pelo plural)
(José Cândido de Carvalho)
Figuras Sonoras
Aliteração: repetição do mesmo fonema consonantal, geralmente em posição inicial da palavra.
Exemplo
Vozes veladas veludosas vozes volúpias dos violões, vozes veladas.
(Cruz e Sousa)
Assonância: repetição do mesmo fonema vocal ao longo de um verso ou poesia.
Exemplo
Sou Ana, da cama,
da cana, fulana, bacana
Sou Ana de Amsterdam.
(Chico Buarque)
Paronomásia: Emprego de vocábulos semelhantes na forma ou na prosódia, mas diferentes no sentido.
Exemplo
Berro pelo aterro pelo desterro berro por seu berro pelo seu
[erro
quero que você ganhe que
[você me apanhe
sou o seu bezerro gritando
[mamãe.
(Caetano Veloso)
Onomatopeia: imitação aproximada de um ruído ou som produzido por seres animados e inanimados.
Exemplo
Vai o ouvido apurado
na trama do rumor suas nervuras
inseto múltiplo reunido
para compor o zanzineio surdo
circular opressivo
zunzin de mil zonzons zoando em meio à pasta de calor
da noite em branco
(Carlos Drummond de Andrade)
Observação: verbos que exprimem os sons são considerados onomatopaicos, como cacarejar, tiquetaque-
ar, miar etc.

37
Figuras de sintaxe ou de construção
Dizem respeito a desvios em relação à concordância entre os termos da oração, sua ordem, possíveis re-
petições ou omissões.
Podem ser formadas por:
omissão: assíndeto, elipse e zeugma;
repetição: anáfora, pleonasmo e polissíndeto;
inversão: anástrofe, hipérbato, sínquise e hipálage;
ruptura: anacoluto;
concordância ideológica: silepse.
Anáfora: repetição da mesma palavra no início de um período, frase ou verso.
Exemplo
Dentro do tempo o universo
[na imensidão.
Dentro do sol o calor peculiar
[do verão.
Dentro da vida uma vida me
[conta uma estória que fala
[de mim.
Dentro de nós os mistérios
[do espaço sem fim!
(Toquinho/Mutinho)
Assíndeto: ocorre quando orações ou palavras que deveriam vir ligadas por conjunções coordenativas
aparecem separadas por vírgulas.
Exemplo
Não nos movemos, as mãos é
que se estenderam pouco a
pouco, todas quatro, pegando-se,
apertando-se, fundindo-se.
(Machado de Assis)
Polissíndeto: repetição intencional de uma conjunção coordenativa mais vezes do que exige a norma gra-
matical.
Exemplo
Há dois dias meu telefone não fala, nem ouve, nem toca, nem tuge, nem muge.
(Rubem Braga)
Pleonasmo: repetição de uma ideia já sugerida ou de um termo já expresso.
Pleonasmo literário: recurso estilístico que enriquece a expressão, dando ênfase à mensagem.
Exemplos
Não os venci. Venceram-me
eles a mim.
(Rui Barbosa)

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Morrerás morte vil na mão de um forte.
(Gonçalves Dias)
Pleonasmo vicioso: Frequente na linguagem informal, cotidiana, considerado vício de linguagem. Deve ser
evitado.
Exemplos
Ouvir com os ouvidos.
Rolar escadas abaixo.
Colaborar juntos.
Hemorragia de sangue.
Repetir de novo.
Elipse: Supressão de uma ou mais palavras facilmente subentendidas na frase. Geralmente essas palavras
são pronomes, conjunções, preposições e verbos.
Exemplos
Compareci ao Congresso. (eu)
Espero venhas logo. (eu, que, tu)
Ele dormiu duas horas. (durante)
No mar, tanta tormenta e tanto dano. (verbo Haver)
(Camões)
Zeugma: Consiste na omissão de palavras já expressas anteriormente.
Exemplos
Foi saqueada a vila, e assassina dos os partidários dos Filipes.
(Camilo Castelo Branco)
Rubião fez um gesto, Palha outro: mas quão diferentes.
(Machado de Assis)
Hipérbato ou inversão: alteração da ordem direta dos elementos na frase.
Exemplos
Passeiam, à tarde, as belas na avenida.
(Carlos Drummond de Andrade)
Paciência tenho eu tido...
(Antônio Nobre)
Anacoluto: interrupção do plano sintático com que se inicia a frase, alterando a sequência do processo lógi-
co. A construção do período deixa um ou mais termos desprendidos dos demais e sem função sintática definida.
Exemplos
E o desgraçado, tremiam-lhe as pernas.
(Manuel Bandeira)
Aquela mina de ouro, ela não ia deixar que outras espertas botassem as mãos.
(José Lins do Rego)
Hipálage: inversão da posição do adjetivo (uma qualidade que pertence a um objeto é atribuída a outro, na
mesma frase).
Exemplo

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...em cada olho um grito castanho de ódio.
(Dalton Trevisan)
...em cada olho castanho um grito de ódio)
Silepse
Silepse de gênero: Não há concordância de gênero do adjetivo ou pronome com a pessoa a que se refere.
Exemplos
Pois aquela criancinha, longe de ser um estranho...
(Rachel de Queiroz)
V. Ex.a parece magoado...
(Carlos Drummond de Andrade)
Silepse de pessoa: Não há concordância da pessoa verbal com o sujeito da oração.
Exemplos
Os dois ora estais reunidos...
(Carlos Drummond de Andrade)
Na noite do dia seguinte, estávamos reunidos algumas pessoas.
(Machado de Assis)
Silepse de número: Não há concordância do número verbal com o sujeito da oração.
Exemplo
Corria gente de todos os lados, e gritavam.
(Mário Barreto)

Funções da linguagem

A linguagem é uma ferramenta fundamental para a comunicação humana. Ela está presente em todas as
esferas da sociedade e é utilizada de diferentes formas, de acordo com as condições de produção e recepção
social. Nesse contexto, a norma ortográfica é uma das convenções mais importantes, pois é responsável por
padronizar a escrita da língua portuguesa e garantir a sua compreensão por diferentes públicos.
— Finalidade da linguagem
A linguagem é utilizada para diferentes finalidades, que variam de acordo com a situação comunicativa. Em
um contexto formal, por exemplo, a linguagem é utilizada para transmitir informações objetivas e claras. Já em
um contexto informal, a linguagem pode ser utilizada para estabelecer vínculos afetivos e emocionais entre os
interlocutores.
— Função da linguagem
A função da linguagem está relacionada à intenção do falante ao utilizar a linguagem em determinado con-
texto. De acordo com Roman Jakobson, há seis funções da linguagem: emotiva, conativa, referencial, metalin-
guística, fática e poética.
A função emotiva da linguagem é aquela em que o emissor expressa suas emoções e sentimentos. A função
conativa da linguagem é aquela em que o emissor busca influenciar o receptor a fazer algo. A função referencial
da linguagem é aquela em que o emissor transmite informações objetivas sobre o mundo. A função metalinguís-
tica da linguagem é aquela em que o emissor utiliza a linguagem para falar sobre a própria linguagem. A função

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fática da linguagem é aquela em que o emissor busca estabelecer e manter o contato com o receptor. E, por fim,
a função poética da linguagem é aquela em que o emissor utiliza a linguagem de forma artística, valorizando a
sonoridade, a beleza e a criatividade.
— Funcionamento da norma ortográfica
A norma ortográfica é um conjunto de regras que padroniza a escrita da língua portuguesa. Ela é fundamen-
tal para garantir a compreensão dos textos escritos por diferentes públicos, bem como para a preservação da
língua. No entanto, a norma ortográfica não é imutável e pode sofrer alterações ao longo do tempo.
A ortografia é baseada em um sistema de grafias e sons, ou seja, cada letra representa um som específico
na língua. Essa relação entre grafias e sons é chamada de correspondência fonema-grafema. Além disso, a
norma ortográfica estabelece regras para a acentuação, pontuação, uso de maiúsculas e minúsculas, entre
outras convenções.
— A apropriação da norma ortográfica
A norma ortográfica é um conjunto de regras que estabelecem a escrita correta das palavras. Ela é funda-
mental para garantir a compreensão do texto e a comunicação entre as pessoas. Porém, é importante ressaltar
que a norma ortográfica não é um fim em si mesma, mas um meio para a comunicação efetiva. Assim, a sua
apropriação deve ser entendida como um processo que visa facilitar a compreensão do texto e não como um
fim em si mesmo.
A apropriação da norma ortográfica é um processo que envolve a compreensão das regras ortográficas e
a sua aplicação na escrita. Isso inclui a compreensão da estrutura das palavras, das regras de acentuação, da
pontuação e do uso correto das letras maiúsculas e minúsculas. Além disso, é importante considerar as parti-
cularidades da língua portuguesa, como as variações regionais e as palavras estrangeiras.
Para que a apropriação da norma ortográfica seja efetiva, é necessário que ela seja contextualizada. Isso
significa que as regras ortográficas devem ser ensinadas de acordo com as condições de produção e recepção
social da linguagem. Por exemplo, é importante que os estudantes compreendam que a escrita formal é dife-
rente da escrita informal e que cada uma delas tem suas próprias regras ortográficas.
A norma ortográfica é um instrumento importante para a comunicação escrita, mas é importante lembrar que
ela é apenas um dos elementos que compõem a linguagem. É necessário considerar também a adequação do
uso da língua de acordo com a situação comunicativa, o contexto social e as intenções comunicativas.
O uso das linguagens de acordo com suas condições de produção e recepção social é um tema fundamental
para a educação. É necessário que os estudantes compreendam que a linguagem não é um mero instrumento
de comunicação, mas uma forma de expressão que reflete as relações sociais e culturais em que está inserida.
A norma ortográfica é um aspecto importante da linguagem escrita, mas não pode ser vista como um fim
em si mesma. A sua apropriação deve ser contextualizada e compreendida como um meio para a comunicação
efetiva. Além disso, é importante considerar a diversidade linguística e cultural do país e valorizar as diferentes
formas de expressão que fazem parte da nossa identidade.
Em resumo, a educação linguística deve priorizar a compreensão da linguagem como um fenômeno com-
plexo e multifacetado, que envolve aspectos sociais, culturais, políticos e históricos. A valorização da diversida-
de linguística e a apropriação consciente da norma ortográfica são elementos fundamentais para a formação
de cidadãos críticos e reflexivos, capazes de se expressar com clareza e efetividade em diferentes situações
comunicativas.

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Vícios de linguagem

Vícios de Linguagem1 são todos os desvios da norma gramatical. Esses podem ocorrer nos variados níveis
da linguagem: fonológico (som), morfológico (forma), sintático (frase) e semântico (sentido).
— Barbarismo
São erros produzidos por inobservância das regras semânticas, ortográficas e flexionadas, são eles:
– Ortoépicos: são os erros de pronúncia das palavras.
Ex.: eu robo /ó/, em vez de eu roubo.
– Ortográficos: são erros de ortografia.
Ex.: magestade (em vez de majestade), xuxu (em vez de chuchu)
Importante: Algumas palavras não constituem barbarismo ortográfico por possuírem dupla grafia:

Abdômen ou abdome Catorze ou quatorze


Afeminado ou efemi- Degelar ou desgelar
nado
Aluguel ou aluguer Derrubar ou derribar
Apostila ou apostilha Flauta ou frauta
Arrebentar ou rebentar Hidravião ou hidroavião
Infarto, enfarto ou
Arrebitar ou rebitar enfarte
Assoalho ou soalho Loiro ou louro
Assobio ou assovio Nenê ou neném
Assoprar ou soprar Rasto ou rastro
Bêbado ou bêbedo Trilhão ou trilião
Observação: as palavras em negrito são as que
prevalecem por causa de sua origem.
– Prosódicos: são os erros provocados por alteração da posição da sílaba tônica.
Ex.: interim (em vez de ínterim), púdico (em vez de pudico).
– Semânticos: são as palavras empregadas com impropriedade vocabular.
Ex.: Vamos retificar tudo na seção de amanhã. (Vamos ratificar tudo na sessão de amanhã.)
– Flexionais: são erros que se cometem ao se flexionar um vocábulo seja em número, grau, gênero ou
pessoa.
Ex.: barzinhos (em vez de “barezinhos”); o óculos (em vez de “os óculos”).
— Solecismos
São os erros produzidos pela inobservância das regras de sintaxe, que podem ser:
– De regência
Ex.: Chego em casa cedo e vou na festa da Martinha. (Chego a casa cedo e vou à festa da Martinha.);
– De concordância
Ex.: Mora duas casa depois das minhas irmã. (duas casas – minhas irmãs);
– De colocação
Ex.: Havia dito-me mentiras e loucuras (Havia-me dito...);
1 SCHICAIR. Nelson M. Gramática do Português Instrumental. 2ª. ed Niterói: Impetus, 2007.

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— Ambiguidade ou Anfibologia
Ocorrência de duplo sentido na frase. Exemplos:
A senhora idosa viu o incêndio do prédio.
Dona Marta ficou em frente à escada rolante parada.
— Preciosismo
Linguagem rebuscada, com prejuízo da clareza. Exemplos:
O servilismo ao Código Apriorístico é de mister significância à plebe.
Ou seja: A obediência à Constituição é fundamental ao desenvolvimento da população.
A eloquente verborragia de teus ditames balouçam minha inerme consciência.
Ou seja: A fácil capacidade de falar e impor suas vontades embaralham meu pouco conhecimento.
— Plebeísmo
Linguagem vulgar, coloquialismo típico de quem não possui escolaridade. É o contrário do preciosismo.
Exemplo:
Eu tô achando que vô si dá bem no concurso.
Ou seja: Eu tenho certeza de que conseguirei passar no concurso.
— Redundância, Pleonasmo Vicioso ou Tautologia
É a mera repetição de palavra ou expressão. Exemplos:
Solicito, por favor, a gentileza de enviar-me o documento solicitado.
Há muito tempo atrás ...
Agradeça a Deus por comer essa comida, meu filho.
Exemplos de Tautologias consagradas:

elo de ligação infiltrar para dentro


acabamento final acabar de uma vez
certeza absoluta superávit positivo
número exato vandalismo criminoso
prêmio extra conviver junto
ganhar grátis encarar de frente
juntamente com enfrentar de cara
expressamente proibido fato real
em duas metades iguais multidão de pessoas
há anos atrás amanhecer o dia
hemorragia de sangue criança nova
monopólio exclusivo refazer tudo de novo
vereador da cidade compartilhar conosco
outra alternativa surpresa inesperada
girar em torno completamente vazio
— Cacofonia
Efeito desagradável decorrente de construção mal elaborada na oralidade.
– Cacófato: encontro de sílabas de dois ou mais vocábulos, ocasionando formação de outro sentido,
inconveniente ou pejorativo.
Ex.: Amo ela desde que vi ela e beijei a boca dela!

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Reescritura: Eu a amo desde que a vi e beijei sua boca.
– Colisão: sequência de consoantes iguais.
Ex.: Se se estuda, aprende-se certo;
Reescritura: Caso estude, é certo que aprenda.
– Eco: terminação repetida.
Ex.: a) Decida se formicida ou germicida é bactericida, Cida!
b) A gente sente que a mente latente está descontente.
– Hiato: vogais sucessivas.
Ex.: a) Não vai à aula à tarde?
b) Exegese é esse esplendor?
– Obscuridade: Consiste em construir a frase de tal modo que o sentido se torne obscuro, embaraçado,
ininteligível, confuso.
Exemplos:
Foi evitada uma efusão de sangue inútil. Sangue é inútil? Reflita.
(em vez de “efusão inútil de sangue”).
– Parequema: Consiste em principiar uma palavra com sílaba igual ou muito semelhante à última sílaba da
palavra antecedente.
Exemplos: Cama macia; capa parda; sempre presente; alegre grito.
– Arcaísmo: Consiste em utilizar-se de palavra ou expressão que, apesar de correta, está em desuso.
Exemplos: Frecha (em vez de flecha); cousa (em vez de coisa); panegírico (em vez de elogio).
– Neologismo: Palavra ou expressão nova introduzida na língua por questões estilísticas. Costumam-se
classificar os neologismos em:
– Extrínsecos: são os estrangeirismos. Exemplos:
Fazer um “background”;
Pedir “login” e senha.
– Intrínsecos ou Vernáculos: são formados com os recursos da própria língua culta ou popular.
Os de origem culta subdividem-se em:
1 – Científicos/técnicos: taxímetro (redução: táxi), telespectador, aeromoça, penicilina, televisão, comunista
e etc.
2 – Literários ou artísticos: tigresa, sesquiorelhal, paredro (= pessoa importante, prócer), vesperal e etc.
Observação: Os neologismos populares são gírias: “Sacar” (entender, saber do assunto); “a pampa” (muito);
legal (excelente); biruta, ccom certeza, etc.

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Discursos direto, indireto e indireto livre

Discurso direto
É a fala da personagem reproduzida fielmente pelo narrador, ou seja, reproduzida nos termos em que foi
expressa.
— Bonito papel! Quase três da madrugada e os senhores completamente bêbados, não é?
Foi aí que um dos bêbados pediu:
— Sem bronca, minha senhora. Veja logo qual de nós quatro é o seu marido que os outros querem ir para
casa.
(Stanislaw Ponte Preta)
Observe que, no exemplo dado, a fala da personagem é introduzida por um travessão, que deve estar ali-
nhado dentro do parágrafo.
O narrador, ao reproduzir diretamente a fala das personagens, conserva características do linguajar de cada
uma, como termos de gíria, vícios de linguagem, palavrões, expressões regionais ou cacoetes pessoais.
O discurso direto geralmente apresenta verbos de elocução (ou declarativos ou dicendi) que indicam quem
está emitindo a mensagem.
Os verbos declarativos ou de elocução mais comuns são:
acrescentar
afirmar
concordar
consentir
contestar
continuar
declamar
determinar
dizer
esclarecer
exclamar
explicar
gritar
indagar
insistir
interrogar
interromper
intervir
mandar
ordenar, pedir
perguntar
prosseguir

45
protestar
reclamar
repetir
replicar
responder
retrucar
solicitar
Os verbos declarativos podem, além de introduzir a fala, indicar atitudes, estados interiores ou situações
emocionais das personagens como, por exemplo, os verbos protestar, gritar, ordenar e outros. Esse efeito pode
ser também obtido com o uso de adjetivos ou advérbios aliados aos verbos de elocução: falou calmamente,
gritou histérica, respondeu irritada, explicou docemente.
Exemplo:
— O amor, prosseguiu sonhadora, é a grande realização de nossas vidas.
Ao utilizar o discurso direto – diálogos (com ou sem travessão) entre as personagens –, você deve optar
por um dos três estilos a seguir:
Estilo 1:
João perguntou:
— Que tal o carro?
Estilo 2:
João perguntou: “Que tal o carro?” (As aspas são optativas)
Antônio respondeu: “horroroso” (As aspas são optativas)
Estilo 3:
Verbos de elocução no meio da fala:
— Estou vendo, disse efusivamente João, que você adorou o carro.
— Você, retrucou Antônio, está completamente enganado.
Verbos de elocução no fim da fala:
— Estou vendo que você adorou o carro — disse efusivamente João.
— Você está completamente enganado — retrucou Antônio.
Os trechos que apresentam verbos de elocução podem vir com travessões ou com vírgulas. Observe os
seguintes exemplos:
— Não posso, disse ela daí a alguns instantes, não deixo meu filho. (Machado de Assis)
— Não vá sem eu lhe ensinar a minha filosofia da miséria, disse ele, escarrachando-se diante de mim. (Ma-
chado de Assis)
— Vale cinquenta, ponderei; Sabina sabe que custou cinquenta e oito. (Machado de Assis)
— Ainda não, respondi secamente. (Machado de Assis)
Verbos de elocução depois de orações interrogativas e exclamativas:
— Nunca me viu? perguntou Virgília vendo que a encarava com insistência. (Machado de Assis)
— Para quê? interrompeu Sabina. (Machado de Assis)
— Isso nunca; não faço esmolas! disse ele. (Machado de Assis)
Observe que os verbos de elocução aparecem em letras minúsculas depois dos pontos de exclamação e
interrogação.

46
Discurso indireto
No discurso indireto, o narrador exprime indiretamente a fala da personagem. O narrador funciona como
testemunha auditiva e passa para o leitor o que ouviu da personagem. Na transcrição, o verbo aparece na ter-
ceira pessoa, sendo imprescindível a presença de verbos dicendi (dizer, responder, retrucar, replicar, perguntar,
pedir, exclamar, contestar, concordar, ordenar, gritar, indagar, declamar, afirmar, mandar etc.), seguidos dos
conectivos que (dicendi afirmativo) ou se (dicendi interrogativo) para introduzir a fala da personagem na voz do
narrador.
A certo ponto da conversação, Glória me disse que desejava muito conhecer Carlota e perguntou por que
não a levei comigo.
(Ciro dos Anjos)
Fui ter com ela, e perguntei se a mãe havia dito alguma coisa; respondeu-me que não.
(Machado de Assis)
Discurso indireto livre
Resultante da mistura dos discursos direto e indireto, existe uma terceira modalidade de técnica narrativa,
o chamado discurso indireto livre, processo de grande efeito estilístico. Por meio dele, o narrador pode, não
apenas reproduzir indiretamente falas das personagens, mas também o que elas não falam, mas pensam,
sonham, desejam etc. Neste caso, discurso indireto livre corresponde ao monólogo interior das personagens,
mas expresso pelo narrador.
As orações do discurso indireto livre são, em regra, independentes, sem verbos dicendi, sem pontuação
que marque a passagem da fala do narrador para a da personagem, mas com transposições do tempo do ver-
bo (pretérito imperfeito) e dos pronomes (terceira pessoa). O foco narrativo deve ser de terceira pessoa. Esse
discurso é muito empregado na narrativa moderna, pela fluência e ritmo que confere ao texto.
Fabiano ouviu o relatório desconexo do bêbado, caiu numa indecisão dolorosa. Ele também dizia palavras
sem sentido, conversa à toa. Mas irou-se com a comparação, deu marradas na parede. Era bruto, sim senhor,
nunca havia aprendido, não sabia explicar-se. Estava preso por isso? Como era? Então mete- se um homem
na cadeia por que ele não sabe falar direito?
(Graciliano Ramos)
Observe que se o trecho “Era bruto, sim” estivesse um discurso direto, apresentaria a seguinte formulação:
Sou bruto, sim; em discurso indireto: Ele admitiu que era bruto; em discurso indireto livre: Era bruto, sim.
Para produzir discurso indireto livre que exprima o mundo interior da personagem (seus pensamentos, de-
sejos, sonhos, fantasias etc.), o narrador precisa ser onisciente. Observe que os pensamentos da personagem
aparecem, no trecho transcrito, principalmente nas orações interrogativas, entremeadas com o discurso do
narrador.
Transposição de discurso
Na narração, para reconstituir a fala da personagem, utiliza-se a estrutura de um discurso direto ou de um
discurso indireto. O domínio dessas estruturas é importante tanto para se empregar corretamente os tipos de
discurso na redação.
Os sinais de pontuação (aspas, travessão, dois-pontos) e outros recursos como grifo ou itálico, presentes no
discurso direto, não aparecem no discurso indireto, a não ser que se queira insistir na atribuição do enunciado
à personagem, não ao narrador. Tal insistência, porém, é desnecessária e excessiva, pois, se o texto for bem
construído, a identificação do discurso indireto livre não oferece dificuldade.

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Discurso Direto
• Presente
A enfermeira afirmou:
– É uma menina.
• Pretérito perfeito
– Já esperei demais, retrucou com indignação.
• Futuro do presente
Pedrinho gritou:
– Não sairei do carro.
• Imperativo
Olhou-a e disse secamente:
– Deixe-me em paz.
Outras alterações
• Primeira ou segunda pessoa
Maria disse:
– Não quero sair com Roberto hoje.
• Vocativo
– Você quer café, João?, perguntou a prima.
• Objeto indireto na oração principal
A prima perguntou a João se ele queria café.
• Forma interrogativa ou imperativa
Abriu o estojo, contou os lápis e depois pergun-
tou ansiosa:
– E o amarelo?
• Advérbios de lugar e de tempo
aqui, daqui, agora, hoje, ontem, amanhã
• Pronomes demonstrativos e possessivos
essa(s), esta(s)
esse(s), este(s)
isso, isto
meu, minha
teu, tua
nosso, nossa

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Discurso Indireto
• Pretérito imperfeito
A enfermeira afirmou que era uma menina.
• Futuro do pretérito
Pedrinho gritou que não sairia do carro.
• Pretérito mais-que-perfeito
Retrucou com indignação que já esperara (ou
tinha esperado) demais.
• Pretérito imperfeito do subjuntivo
Olhou-a e disse secamente que o deixasse em
paz.
Outras alterações
• Terceira pessoa
Maria disse que não queria sair com Roberto
naquele dia.
• Objeto indireto na oração principal
A prima perguntou a João se ele queria café.
• Forma declarativa
Abriu o estojo, contou os lápis e depois pergun-
tou ansiosa pelo amarelo.
lá, dali, de lá, naquele momento, naquele dia, no
dia anterior, na véspera, no dia seguinte, aquela(s),
aquele(s), aquilo, seu, sua (dele, dela), seu, sua
(deles, delas)

Exercícios

1. (PREFEITURA DE ARACRUZ - ES – CONTADOR - IBADE - 2019)


LEMBRANÇA E ESQUECIMENTO
“Como é antigo o passado recente!” Gostaria que a frase fosse minha, mas ela é de Nelson Rodrigues numa
crônica de “A Menina sem Estrela”. Também fico perplexa com esse fenômeno rápido e turbulento que é o tem-
po da vida. Não são poucas as vezes em que me volto para algum acontecimento acreditando que ele ainda é
atual e descubro que ele faz parte do passado para outros. Um exemplo é quando, em sala de aula, refiro-me
a eventos que se passaram nos anos 70 e meus alunos me olham como se eu falasse da Idade Média... E eu
nem contei para eles que andei de bonde!
A distância entre nós não é apenas uma questão de gerações. Eles nasceram em um mundo já transformado
pela tecnologia e pela informática. Uma transformação que começou nos anos 50 e que não nos trouxe somente
mais eletrodomésticos e aparelhos digitais. Ela instalou uma transformação radical do nosso modo de vida.
Mudou o mundo e mudou o jeito de viver. Mudou o jeito de namorar, de vestir, de procurar emprego, de
andar na rua e de se locomover pela cidade. Mudou o corpo. Mudou o jeito de escrever, de estudar, de morar e
de se divertir. Mudou o valor da vida, do dinheiro e das pessoas...
Outros tempos. E, quando um jeito de viver muda, ele não tem volta. Não se pode ter a experiência dele
nunca mais. Por isso, meus alunos e eu só podemos compartilhar o tempo atual. Não podemos compartilhar
um tempo que, para eles, é passado, mas, para mim, ainda é presente. Os fatos de 30 anos atrás não são
passado na minha vida. Para mim, meu passado não passou e minha história não envelhece. Minha memória

49
pode alcançar os acontecimentos que vivi a qualquer momento, e posso revivê-los como se ocorressem agora.
Mas, se eu os narrar, quem me ouve não pode, como eu, vivenciá-los. Por isso, para meus alunos, são contos
o que para mim é vida.
Mas é assim que corre o rio da vida dos homens, transformando em palavras o que hoje é ação. Se não
forem narrados, os acontecimentos e os nossos feitos passam sem deixar rastros. Faladas ou escritas, são as
palavras que salvam o já vivido e o conservam entre nós. Salvam os feitos e os acontecimentos da sua total
desintegração no esquecimento.
A memória do já vivido e a sua narração numa história é o que possibilita a construção da História e das
nossas histórias pessoais. Só os feitos e os acontecimentos narrados em histórias são capazes de salvaguar-
dar nossa existência e nossa identidade.
Só conservados pela lembrança é que os feitos e os acontecimentos podem entrar no tempo e fazer parte
de um passado. Recente ou antigo.
(CRITELLI, Dulce. In cronicasbrasil.blogspot.com/search/ label/Dulce%20 Critelli)
O título “Lembrança e esquecimento” constitui uma antítese que está relacionada a uma oposição de ideias
presentes no texto, correspondente:
(A) as gerações mais velhas e os mais jovens.
(B) os feitos e acontecimentos passados e a vida presente.
(C) a geração dos professores e a geração dos alunos.
(D) as mudanças do passado e a permanência do presente.
(E) o passado narrado e o passado sem narração.

2. (CORE-MT – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – INSTITUTO EXCELÊNCIA – 2019)


Morte
Sou, em princípio, contra a pena de morte, mas admito algumas exceções. Por exemplo: pessoas que con-
tam anedotas como se fossem experiências reais vividas por elas e só no fim você descobre que é anedota.
Estas deviam ser fuziladas.
Todos os outros crimes puníveis com a pena capital, na minha opinião, têm a ver, de alguma maneira, com
telefone.
Cadeira elétrica para as telefonistas que perguntam: “Da onde?”
Forca para pessoas que estendem o polegar e o dedinho ao lado da cabeça quando querem imitar um telefone.
Curiosamente, uma mímica desenvolvida há pouco. Ninguém, misericordiosamente, tinha pensado nela antes, embora
o telefone, o polegar e o mindinho existam há anos.
Garrote vil para os donos de telefone celular em geral e garrote seguido de desmembramento para os donos
de telefone celular que gostam de falar no meio de multidões e fazem questão de que todos saibam que se
atrasou para a reunião porque o furúnculo infeccionou. Claro, a condenação só viria depois de um julgamento,
mas com o Aristides Junqueira na defesa.
(L. F. Veríssimo, “Morte”, Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, 22/12/1994. Caderno Opinião, p. 11)
O texto lido é uma crônica. Assinale a alternativa em que a definição contraria a justificativa inicial:
(A) Porque se ocupa em relatar e expor determinada pessoa, objeto, lugar ou acontecimento.
(B) Porque é um tipo de texto narrativo curto, geralmente, produzido para meios de comunicação, por exem-
plo, jornais, revistas, etc.
(C) Porque se encarrega de expor um tema ou assunto por meio de argumentações.
(D) Porque é um tipo de texto que apresenta uma linguagem simples.
(E) Nenhuma das alternativas.

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3. (PREFEITURA DE ARACRUZ - ES - PROFESSOR DE CIÊNCIA - IBADE - 2019)
CUIDEM DOS GAROTOS

1. O problema de Bruno está resolvido. Rapidamente, mas não poderia se diferente: raras vezes um com-
portamento criminoso é identificado e provado em pouco tempo com tanta abundância de provas, tanta escas-
sez de atenuantes. O ex-goleiro e ex-ídolo do Flamengo mostrou ser tudo que um atleta popular não pode ser.

2. Seus ex-patrões, e não falo só do flamengo, bem que poderiam fazer um exame de consciência e pergun-
tar a si mesmos se, antes de matar a companheira com repugnantes requintes de violência, Bruno já não teria
dado sinais ou mesmo provas de que alguma coisa estava errada com ele.

3. Talvez não, mas o que está mesmo em questão é a possível necessidade de uma política preventiva a
respeito dos jogadores.

4. Profissionais do futebol não são funcionários comuns de uma empresa. Ao assinarem contrato com o
clube, passam a ser parte de sua história e de sua imagem, o que significa tanto compromisso como honra – e
implica responsabilidades especiais, dentro das quatro linhas e fora delas.

5. A condição de ídolo popular tem tantas responsabilidades quanto prazeres. Sei que estou apenas citando
lugares-comuns, o que pode ser cansativo para o leitor, mas peço um pouco de paciência: eles só ficam
comuns por serem verdadeiros e resistirem ao tempo.

6. O Flamengo agiu com rapidez e eficiência, tanto quanto a polícia, no caso do Bruno, mas o torcedor tem o
direito de perguntar: o que o clube e os outros estão dispostos a fazer, não para reagir a episódios semelhantes,
mas simplesmente para evitá-los?

7. É comum, e absolutamente desejável, que rapazes, muitos ainda adolescentes, mostrem nos gramados
um grau de excelência no exercício da profissão prematuro e incomum em outras profissões. As leis da
concorrência mandam que sejam regiamente pagos por isso, mas o sucesso antes da maturidade tem riscos
óbvios. Talvez deva partir dos clubes, tanto por razões éticas como em defesa de sua própria imagem, a
iniciativa de preparar suas jovens estrelas para a administração correta do sucesso. Dá trabalho com certeza,
mas, em prazo não muito longo, trata-se da defesa de seus interesses e de seu patrimônio, sem falar no aspec-
to ético de uma política nesse sentido.

8. O caso de Bruno é, obviamente, uma aberração. Não conheço outro craque assassino, mas não faltam
exemplos de bons jogadores que jogaram fora suas carreiras e não foram cidadãos exemplares – ou pelo
menos cidadãos comuns – por absoluta incompetência na administração do êxito. Principalmente porque o
sucesso no esporte costuma chegar muito antes do que acontece com outras profissões.

9. Bruno não foi formado no Flamengo. A ele chegou pronto, para o melhor e para o pior. O que fez de sua
vida não é culpa do clube, mas serve como advertência para todos os clubes,

10. Cartolas, cuidem de seu patrimônio, cuidem de seus garotos.


Luiz Garcia – Cronista do Jornal O Globo Falecido em abril de 2018

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A crônica é um tipo de texto:
(A) narrativo longo.
(B) narrativo curto.
(C) descritivo curto.
(D) descritivo longo.
(E) expositivo.

4. (Prefeitura de Piracicaba - SP - Professor - Educação Infantil - VUNESP - 2020)


Escola inclusiva
É alvissareira a constatação de que 86% dos brasileiros concordam que há melhora nas escolas quando se
incluem alunos com deficiência.
Uma década atrás, quando o país aderiu à Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e as-
sumiu o dever de uma educação inclusiva, era comum ouvir previsões negativas para tal perspectiva generosa.
Apesar das dificuldades óbvias, ela se tornou lei em 2015 e criou raízes no tecido social.
A rede pública carece de profissionais satisfatoriamente qualificados até para o mais básico, como o ensino
de ciências; o que dizer então de alunos com gama tão variada de dificuldades.
Os empecilhos vão desde o acesso físico à escola, como o enfrentado por cadeirantes, a problemas de
aprendizado criados por limitações sensoriais – surdez, por exemplo – e intelectuais.
Bastaram alguns anos de convívio em sala, entretanto, para minorar preconceitos. A maioria dos entrevis-
tados (59%), hoje, discorda de que crianças com deficiência devam aprender só na companhia de colegas na
mesma condição.
Tal receptividade decerto não elimina o imperativo de contar com pessoal capacitado, em cada estabeleci-
mento, para lidar com necessidades específicas de cada aluno. O censo escolar indica 1,2 milhão de alunos
assim categorizados. Embora tenha triplicado o número de professores com alguma formação em educação
especial inclusiva, contam-se não muito mais que 100 mil deles no país. Não se concebe que possa haver um
especialista em cada sala de aula.
As experiências mais bem-sucedidas criaram na escola uma estrutura para o atendimento inclusivo, as
salas de recursos. Aí, ao menos um profissional preparado se encarrega de receber o aluno e sua família para
definir atividades e de auxiliar os docentes do período regular nas técnicas pedagógicas.
Não faltam casos exemplares na rede oficial de ensino. Compete ao Estado disseminar essas iniciativas
exitosas por seus estabelecimentos. Assim se combate a tendência ainda existente a segregar em salas es-
peciais os estudantes com deficiência – que não se confunde com incapacidade, como felizmente já vamos
aprendendo.
(Editorial. Folha de S.Paulo, 16.10.2019. Adaptado)
Assinale a alternativa em que, com a mudança da posição do pronome em relação ao verbo, conforme
indicado nos parênteses, a redação permanece em conformidade com a norma-padrão de colocação dos pro-
nomes.
(A) ... há melhora nas escolas quando se incluem alunos com deficiência. (incluem-se)
(B) ... em educação especial inclusiva, contam-se não muito mais que 100 mil deles no país. (se contam)
(C) Não se concebe que possa haver um especialista em cada sala de aula. (concebe-se)
(D) Aí, ao menos um profissional preparado se encarrega de receber o aluno... (encarrega-se)
(E) ... que não se confunde com incapacidade, como felizmente já vamos aprendendo. (confunde-se)

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5. (Prefeitura de Caranaíba - MG - Agente Comunitário de Saúde - FCM - 2019)
Dieta salvadora
A ciência descobre um micróbio adepto de um
alimento abundante: o lixo plástico no mar.
O ser humano revelou-se capaz de dividir o átomo, derrotar o câncer e produzir um “Dom Quixote”. Só não
consegue dar um destino razoável ao lixo que produz. E não se contenta em brindar os mares, rios e lagoas
com seus próprios dejetos. Intoxica-os também com garrafas plásticas, pneus, computadores, sofás e até car-
caças de automóveis. Tudo que perde o uso é atirado num curso d’água, subterrâneo ou a céu aberto, que se
encaminha inevitavelmente para o mar. O resultado está nas ilhas de lixo que se formam, da Guanabara ao
Pacífico.
De repente, uma boa notícia. Cientistas da Grécia, Suíça, Itália, China e dos Emirados Árabes descobriram
em duas ilhas gregas um micróbio marinho que se alimenta do carbono contido no plástico jogado ao mar.
Parece que, depois de algum tempo ao sol e atacado pelo sal, o plástico, seja mole, como o das sacolas, ou
duro, como o das embalagens, fica quebradiço – no ponto para que os micróbios, de guardanapo ao pescoço,
o decomponham e façam a festa. Os cientistas estão agora criando réplicas desses micróbios, para que eles
ajudem os micróbios nativos a devorar o lixo. Haja estômago.
Em “A Guerra das Salamandras”, romance de 1936 do tcheco Karel Čapek (pronuncia-se tchá-pek), um
explorador descobre na costa de Sumatra uma raça de lagartos gigantes, hábeis em colher pérolas e construir
diques submarinos. Em troca das pérolas que as salamandras lhe entregam, ele lhes fornece facas para se de-
fenderem dos tubarões. O resto, você adivinhou: as salamandras se reproduzem, tornam-se milhões, ocupam
os litorais, aprendem a falar e inundam os continentes. São agora bilhões e tomam o mundo.
Não quero dizer que os micróbios comedores de lixo podem se tornar as salamandras de Čapek. É que, no
livro, as salamandras aprendem a gerir o mundo melhor do que nós. Com os micróbios no comando, nossos
mares, pelo menos, estarão a salvo.
Ruy Castro, jornalista, biógrafo e escritor brasileiro. Folha de S. Paulo. Caderno Opinião, p. A2, 20 mai. 2019.
Os pronomes pessoais oblíquos átonos, em relação ao verbo, possuem três posições: próclise (antes do
verbo), mesóclise (no meio do verbo) e ênclise (depois do verbo).
Avalie as afirmações sobre o emprego dos pronomes oblíquos nos trechos a seguir.
I – A próclise se justifica pela presença da palavra negativa: “E não se contenta em brindar os mares, rios e
lagoas com seus próprios dejetos.”
II – A ênclise ocorre por se tratar de oração iniciada por verbo: “Intoxica-os também com garrafas plásticas,
pneus, computadores, sofás e até carcaças de automóveis.”
III – A próclise é sempre empregada quando há locução verbal: “Não quero dizer que os micróbios comedo-
res de lixo podem se tornar as salamandras de Čapek.”
IV – O sujeito expresso exige o emprego da ênclise: “O ser humano revelou-se capaz de dividir o átomo,
derrotar o câncer e produzir um ‘Dom Quixote’”.
Está correto apenas o que se afirma em
(A) I e II.
(B) I e III.
(C) II e IV.
(D) III e IV.

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6. (Prefeitura de Birigui - SP - Educador de Creche - VUNESP - 2019)
Certo discurso ambientalista tradicional recorrentemente busca indícios de que o problema ambiental seja
universal (e de fato é), atemporal (nem tanto) e generalizado (o que é desejável). Alguma ingenuidade concei-
tual poderia marcar o ambientalismo apologético; haveria dilemas ambientais em todos os lugares, tempos,
culturas. É a bambificação(*) da natureza. Necessária, no entanto, como condição de sobrevivência. Há quem
tenha encontrado normas ambientais na Bíblia, no Direito grego, e até no Direito romano. São Francisco de
Assis, nessa linha, prosaica, seria o santo padroeiro das causas ambientais; falava com plantas e animais.
A proteção do meio ambiente seria, nesse contexto, instintiva, predeterminando objeto e objetivo. Por outro
lado, e este é o meu argumento, quando muito, e agora utilizo uma categoria freudiana, a pretensão de prote-
ção ambiental seria pulsional, dado que resiste a uma pressão contínua, variável na intensidade. Assim, numa
dimensão qualitativa, e não quantitativa, é que se deveria enfrentar a questão, que também é cultural. E que
culturalmente pode ser abordada.
O problema, no entanto, é substancialmente econômico. O dilema ambiental só se revela como tal quando
o meio ambiente passa a ser limite para o avanço da atividade econômica. É nesse sentido que a chamada
internalização da externalidade negativa exige justificativa para uma atuação contra-fática.
Uma nuvem de problematização supostamente filosófica também rondaria a discussão. Antropocêntricos
acreditam que a proteção ambiental seria narcisística, centrada e referenciada no próprio homem. Os geocên-
tricos piamente entendem que a natureza deva ser protegida por próprios e intrínsecos fundamentos e caracte-
rísticas. Posições se radicalizam.
A linha de argumento do ambientalista ingênuo lembra-nos o “salto do tigre” enunciado pelo filósofo da cultu-
ra Walter Benjamin, em uma de suas teses sobre a filosofia da história. Qual um tigre mergulhamos no passado,
e apenas apreendemos o que interessa para nossa argumentação. É o que se faz, a todo tempo.
(Arnaldo Sampaio de Moraes Godoy. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2011. Acesso em: 10.08.2019.
Adaptado)
(*) Referência ao personagem Bambi, filhote de cervo conhecido como “Príncipe da Floresta”, em sua saga
pela sobrevivência na natureza.
Assinale a alternativa que reescreve os trechos destacados empregando pronomes, de acordo com a nor-
ma-padrão de regência e colocação.
Uma nuvem de problematização supostamente filosófica também rondaria a discussão. / Alguma ingenui-
dade conceitual poderia marcar o ambientalismo apologético.
(A) ... lhe rondaria ... o poderia marcar
(B) ... rondá-la-ia ... poderia marcar ele
(C) ... rondaria-a ... podê-lo-ia marcar
(D) ... rondaria-lhe ... poderia o marcar
(E) ... a rondaria ... poderia marcá-lo

7. (CESGRANRIO – BNDES – ADVOGADO – 2004) No título do artigo “A tal da demanda social”, a classe
de palavra de “tal” é:
(A) pronome;
(B) adjetivo;
(C) advérbio;
(D) substantivo;
(E) preposição.

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8. Assinale a alternativa que apresenta a correta classificação morfológica do pronome “alguém” (l. 44).

(A) Pronome demonstrativo.


(B) Pronome relativo.
(C) Pronome possessivo.
(D) Pronome pessoal.
(E) Pronome indefinido.

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9. Em relação à classe e ao emprego de palavras no texto, na oração “A abordagem social constitui-se em
um processo de trabalho planejado de aproximação” (linhas 1 e 2), os vocábulos sublinhados classificam-se,
respectivamente, em

(A) preposição, pronome, artigo, adjetivo e substantivo.


(B) pronome, preposição, artigo, substantivo e adjetivo.
(C) conjunção, preposição, numeral, substantivo e pronome.
(D) pronome, conjunção, artigo, adjetivo e adjetivo.
(E) conjunção, conjunção, numeral, substantivo e advérbio.

10. IF-MT – PROFESSOR DO ENSINO BÁSICO TÉCNICO E TECNOLÓGICO – IF-MT – 2020


Em relação ao acento gráfico diferencial, marque a alternativa correta.
(A) No passado, ela não pode estudar, por isso é importante que haja a Educação de Jovens e Adultos.
(B) Na atualidade, toda criança póde ter acesso à educação básica, todavia, o que não há é a garantia de
sua permanência.
(C) É uma grande conquista. Estou feliz pôr você. Agora, pode colher os frutos.
(D) Os participantes da assembléia chegaram cedo, pois eles tem muito a decidir.
(E) Devido às fortes chuvas dos últimos dias, a defesa civil mantém o estado de alerta.

11. SEE-AC – PROFESSOR EJA – FUNCAB – 2018


O belo texto adiante, de autoria do jornalista acriano Elson Martins, é parte da apresentação do portal ele-
trônico do governo do Acre. Leia-o, atentamente, e responda às questões propostas a seguir.

“Eu gosto de comparar o mapa do Acre com uma grande e colorida borboleta de asas abertas pairando no
espaço. Sinto orgulho dessa comparação. Afinal, aprendi ao longo da vida que minha terra é incomum: pelos
povos (seringueiros e índios) que a ocuparam e desenvolveram, pela riqueza e exuberância de sua floresta, e
por sua história cheia de bravura e sentimento.

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Quando criança eu desenhava o mapa em folhas de papel almaço imaginando a beleza dos rios e lagos, a
floresta densa, os cheiros da natureza, os mitos e as histórias dos que viviam entranhados nesse mundo mági-
co. Na fase  adulta, posso   ampliar essa acreanidade: sonho com um Acre amazônico por excelência, que se
desenvolva valorizando suas tradições e tudo que a floresta nos ensinou e ensina.”
As palavras MÁGICO e AMAZÔNICO estão corretamente acentuadas, já que ambas são:
(A) Paroxítonas terminadas em vogal.
(B) Oxítonas terminadas em vogal tônica.
(C) Paroxítonas.
(D) Proparoxítonas.
(E) Oxítonas no singular.

12. PREFEITURA DE CAMPOS NOVOS-SC – SECRETÁRIO ESCOLAR – FEPESE – 2019


Analise as frases abaixo, em conformidade com o acordo ortográfico da Língua Portuguesa vigente.
– Os ......................nas Sagradas Escrituras.
– Os fatos .................. poder para modificar as palavras.
Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas do texto.
(A) fieis creem • tem.
(B) fieis creem • têm.
(C) fieis crêem • tem.
(D) fiéis creem • têm.
(E) fiéis crêem • têm

13. CRQ 9a REGIÃO-PR — AUXILIAR ADMINISTRATIVO — FUNDATEC — 2018


Instrução: A questão refere-se ao texto abaixo. Os destaques ao longo do texto está citado na questão.
Contar mentirinhas vicia o cérebro, revela estudo
Por Felipe Germano Bruno Garatton

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(http://super.abril.com.br/comportamento/contar-mentirinhas-vicia-o-cerebro– Adaptação)
Em relação às letras e aos fonemas de palavras do texto, analise as afirmações que seguem e assinale C,
se corretas, ou I, se incorretas.
( ) O vocábulo ‘expor’ é grafado com X, porém, esse fonema tem som de S. A palavra ‘e_trair’ segue a
mesma grafia.
( ) A palavra ‘consistia’ tem o mesmo número de letras e fonemas.
( ) As palavras ‘pequenos’ e ‘sequência’ possuem dígrafos consonantais.
A ordem correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é:
(A) C – C – C.
(B) C – C – I.
(C) I – C – C.
(D) I – I – I.
(E) C – I – I.

14. PREFEITURA DE SONORA-MS – ASSISTENTE DE ADMINISTRAÇÃO – MS CONCURSOS – 2019


Quanto à significação das palavras, marque a alternativa correta em relação aos itens:

1 – Homônimos: são palavras que apresentam significados diferentes, mas que são pronunciadas da mes-
ma forma, como cem e sem.

2 – Parônimos: grafia(escrita) parecida, fonética(som) parecido, significado diferente: comprimento e cum-


primento.

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3 – Ortoepia: é o emprego correto da acentuação tônica das palavras, ela está ligada à oralidade: côndor
(errado), condor (correto).

4 – Prosódia: é o estudo da correta pronúncia das palavras, ocupa-se não só da correta pronúncia dos fo-
nemas, mas também do ritmo e entoação delas.
(A) Apenas 1 e 2 estão corretos.
(B) Apenas 1, 2 e 3 estão corretos.
(C) Apenas 2, 3 e 4 estão corretos.
(D) 1, 2, 3 e 4 estão corretos.

15. CODEBA – GUARDA PORTUÁRIO – FGV – 2018


O Manual de Redação da Presidência da República lista uma série de vocábulos que devem ser escritos
com “e” e não com “i”.
Assinale a opção que apresenta um erro ortográfico
(A) granjear / falsear.
(B) frear / delapidar.
(C) antecipar / despender.
(D) hastear / prevenir.
(E) rarear / sanear.

16. CONSÓRCIO DE TRAIRÍ-RN – ADMINISTRADOR – FUNCERN – 2018


Assinale a opção em que está corretamente indicada a ordem dos sinais de pontuação que preencham,
RESPECTIVAMENTE, as lacunas da seguinte frase:
“Quando se trata de eleição ___ duas coisas devem ser observadas ____ uma é o projeto político proposto
pelo candidato ___ a outra é o posicionamento dele ante as demandas populares.”
(A) dois pontos – vírgula – ponto e vírgula.
(B) ponto e vírgula – vírgula – vírgula.
(C) vírgula – dois pontos – ponto e vírgula.
(D) vírgula – vírgula – ponto e vírgula.

17. PREFEITURA DE ARAPIRACA-AL – PROFESSOR DE MATEMÁTICA – PREF. DE ARAPIRACA – 2018


Quanto à significação das palavras, marque a alternativa correta em relação aos itens:
Assinale a alternativa que explicita a sequência de sinais de pontuação correspondente à confissão do amor
do eu-lírico por Helena, com base no poema anônimo abaixo:
Se consultar a razão digo que amo Beatriz Não Helena cuja bondade ser humano não teria Não aspiro à
mão de Laura que não tem pouca beldade (Texto adaptado).
(A) vírgula, interrogação, exclamação, vírgula, ponto final, vírgula, ponto final.
(B) vírgula, ponto final, vírgula, ponto final, vírgula, exclamação.
(C) vírgula, interrogação, exclamação, vírgula, interrogação, exclamação, vírgula, interrogação.
(D) ponto e vírgula, interrogação, exclamação, vírgula, interrogação, exclamação, vírgula, ponto final.
(E) ponto e vírgula, interrogação, exclamação, ponto final, interrogação, exclamação, ponto final.

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18. SEE-AC – PROFESSOR DE LINGUAGENS – FUNCAB – 2018
O texto adiante é uma adaptação da matéria “Índia Yawanawá vence preconceito e faz revolução feminina
na floresta”, originalmente publicada por Mariana Sanches, em O GLOBO, em outubro de 2014. Leia-o, atenta-
mente, e responda às questões propostas a seguir.

“Índia Yawanawá vence preconceito e faz revolução feminina na floresta”


A voz é mansa. O tom é baixo. A fala é pausada. Rucharlo Yawanawá, de 35 anos, conversa como se a tran-
quilidade a habitasse. Nunca encara o interlocutor nos olhos, não gesticula, não grita ou gargalha. Seus modos
contrastam com a revolução que liderou em sua própria vida e na tribo Yawanawá. Emuma aldeia nomeio da
densa FlorestaAmazônica e distante sete horas de barco do município acriano mais próximo, Rucharlo se tor-
nou a primeira mulher pajé - líder espiritual - de seu povo e, talvez, do país. É um raríssimo caso de liderança
espiritual indígena feminina no Brasil.
O xamã ou pajé é, ao lado do cacique, a maior autoridade de um grupo indígena. No caso dos Yawanawá,
são eles os guardiões dos conhecimentos da tribo, desde a medicina até as artes. Acredita-se que tenham
dons sobrenaturais - de adivinhação, de cura e até mesmo de matar inimigos telepaticamente. Fazem também
a interlocução entre os vivos e os ancestrais. Segundo a sabedoria indígena, são os espíritos que ensinam ao
pajé os segredos mágicos. [...] Tais comunicações acontecem em rituais em que os líderes espirituais tomam
ayahuasca (chamada por eles de uni) e inalamrapé (umamistura de tabaco empó e da casca moída de uma
árvore amazônica chamada por eles de tsunu).
O efeito alucinógeno e estimulante das substâncias permitiria aos xamãs entrar no mundo dos mortos e nos
sonhos das pessoas doentes. As doenças, segundo os Yawanawá, sempre têm explicação espiritual. E é o
xamã quem descobre a causa do problema nessas incursões oníricas [...].
O processo para se tornar líder espiritual é, assim como o uso da ayahuasca, milenar. Até 2005, era també-
mexclusivamentemasculino [...].
No período da reclusão, Rucharlo começou a desenhar as revelações que recebia. Sem conhecer as le-
tras, ela se fazia entender e registrava seu aprendizado por rabiscos. De tão bonitos, seus quadros já foram
expostos em museus no Rio de Janeiro e em Minas Gerais. Com o tempo também descobriu que tinha o dom
de “sentir o cheiro das doenças”, como descreve - habilidade fundamental para qualquer curandeiro.Mas, no
processo, também chegoumuito perto damorte. [...].
- Eu tinha que provar que era capaz. Sabia que era minha missão colocar as mulheres em um novo patamar,
eu tinha que resistir - afirmaRucharlo [...].
Na crença indígena, pajés são seres evoluídos, a meio caminho entre os vivos e os mortos. Por isso falam
vagarosamente e não encaram um olhar. Se o mundo de Rucharlo mudou depois de sua experiência, ela tam-
bémmudou a tribo e omundo das de mais mulheres da aldeia.
“Em uma aldeia no meio da densa Floresta Amazônica e distante sete horas de barco do município acria-
no mais próximo,Rucharlo se tornou a primeira mulher pajé – líder espiritual – de seu povo ....’’
Nesse trecho, a jornalista utilizou dois tipos de sinais de pontuação: a vírgula e o travessão. Assinale a al-
ternativa na qual seu uso está respectiva e corretamente justificado.

60
(A) Separa o adjunto adverbial de lugar antecipado; destaca uma expressão.
(B) Separa o predicado; indica a mudança de interlocutor.
(C) Separa o adjunto adverbial de modo antecipado; indica uma pausa.
(D) Separa uma oração intercalada; introduz o fim do período.
(E) Separa a oração principal; isola o complemento verbal.

19. CÂMARA DE PILÕEZINHOS-PB – AGENTE ADMINISTRATIVO – CPCON – 2019


O Manual de Redação da Presidência da República recomenda o emprego do padrão culto da linguagem.
Assinale a alternativa cuja concordância verbal está INADEQUADA conforme as orientações da norma culta.
(A) No programa do concurso havia mais de dez assuntos para estudar.
(B) Precisam-se de professores qualificados para melhorar a educação no Brasil.
(C) Fazia mais de três anos que ele havia deixado de estudar.
(D) Nos comentários das provas, choveram críticas para o professor.
(E) Vendem-se apostilas com questões de concurso comentadas.

20. CÂMARA DE CERRO CORÁ-RN – AGENTE ADMINISTRATIVO – CPCON – 2020


A linguagem usada nos documentos oficiais deve estar de acordo com a norma culta da língua. Nesse
sentido, marque a alternativa em que a concordância verbal esteja DE ACORDO com a norma culta vigente na
língua portuguesa.
(A) Haviam muitas perguntas e poucas respostas para a causa do acidente.
(B) Precisam-se de funcionários qualificados, por isso é importante contratar os aprovados no concurso.
(C) Já fazem anos que haviam neste local árvores e flores. Hoje, só há ervas daninhas.
(D) Existe na atualidade diferentes tipos de inseticidas prejudiciais à saúde do homem.
(E) Durante as apresentações teatrais choveram aplausos para a garotinha que cantava para seus colegas.

21. CÂMARA DE MANGARATIBA-RJ – REDATOR LEGISLATIVO – ACCESS – 2020


Na Redação Oficial, os pronomes possessivos apresentam certas peculiaridades quanto às concordâncias
verbal, nominal e pronominal. Embora se refiram a segunda pessoa gramatical (à pessoa com quem se fala),
levam a concordância para a terceira pessoa. (Fonte: Manual de Redação da Presidência da República.
(3ª Edição, revista, atualizada e ampliada, 2018)
Com base nessa informação, selecione a opção que apresenta a concordância correta.
(A) Vossa Senhoria designará o substituto.
(B) Vossa Senhoria designará seu substituto.
(C) Vossa Senhoria designará teu substituto.
(D) Vossa Senhoria designará vosso substituto.
(E) Vossa Senhoria designar-lhe-á vL.

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22. PREFEITURA DE LAGUNA-SC – MÉDICO – UNESC – 2019
É bastante comum encontrarmos placas de trânsito, de propaganda ou anúncios de loja com erros ortográ-
ficos ou desvios da norma padrão. Por descuido ou falta de conhecimento, as pessoas escrevem o que querem
divulgar ou anunciar e não pedem revisão de seus escritos.

Veja esta placa. Identifique a alternativa que faz uma afirmativa correta.
(A) A expressão “Bem Vindo” está grafada corretamente pois após o acordo ortográfico esta expressão não
tem mais hífen.
(B) A letra “a” funciona como preposição e artigo, por isso deveria receber acento grave.
(C) Na placa não encontramos nenhum desvio com relação à norma padrão.
(D) Em “Cidade das Flores” a preposição “das” também deveria estar escrita com letra maiúscula.

23. PREFEITURA DE SÃO JOSÉ-SC – DENTISTA DA FAMÍLIA – IESES – 2019


Leia o diálogo a seguir: - Luiz, (1) _________ os enfermeiros chegaram tão molhados? - (2) ________vie-
ram (3)_____pé. - Perderam o ônibus? - Sim, e estavam (4) _______, sem guarda-chuvas.Veja esta placa.
Identifique a alternativa que faz uma afirmativa correta.
Assinale a alternativa que preencha corretamente os espaços vazios, de acordo com as regras de ortografia
e uso de crase vigentes:
(A) (1) por que – (2) porquê – (3) à – (4) desprevinidos.
(B) (1) por que – (2) porque – (3) a – (4) desprevenidos.
(C) (1) por quê – (2) porque – (3) à – (4) disprevenidos.
(D) (1) porque – (2) por que – (3) a – (4) desprivenidos.

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24. PREFEITURA DE ESTÂNCIA VELHA-RS – PROFESSOR – FUNDATEC – 2018

Assinale a alternativa que completa, correta e respectivamente, as lacunas das linhas 07, 14, 18 e 26.
(A) Faz – maltratada – à – Há
(B) Fazem – mal-tratada – à – Têm
(C) Faz – maltratada – a – Existe
(D) Fazem – mal tratada – há – Tem
(E) Faz – mau tratada – a – Existem
Leia o texto abaixo para responder a questão.
A lama que ainda suja o Brasil
Fabíola Perez(fabiola.perez@istoe.com.br)
A maior tragédia ambiental da história do País escancarou um dos principais gargalos da conjuntura po-
lítica e econômica brasileira: a negligência do setor privado e dos órgãos públicos diante de um desastre de
repercussão mundial. Confirmada a morte do Rio Doce, o governo federal ainda não apresentou um plano de
recuperação efetivo para a área (apenas uma carta de intenções). Tampouco a mineradora Samarco, controla-
da pela brasileira Vale e pela anglo-australiana BHP Billiton. A única medida concreta foi a aplicação da multa
de R$ 250 milhões – sendo que não há garantias de que ela será usada no local. “O leito do rio se perdeu e a
calha profunda e larga se transformou num córrego raso”, diz Malu Ribeiro, coordenadora da rede de águas da
Fundação SOS Mata Atlântica, sobre o desastre em Mariana, Minas Gerais. “O volume de rejeitos se tornou
uma bomba relógio na região.”

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Para agravar a tragédia, a empresa declarou que existem riscos de rompimento nas barragens de Ger-
mano e de Santarém. Segundo o Departamento Nacional de Produção Mineral, pelo menos 16 barragens de
mineração em todo o País apresentam condições de insegurança. “O governo perdeu sua capacidade de apa-
relhar órgãos técnicos para fiscalização”, diz Malu. Na direção oposta
Ao caminho da segurança, está o projeto de lei 654/2015, do senador Romero Jucá (PMDB-RR) que
prevê licença única em um tempo exíguo para obras consideradas estratégicas. O novo marco regulatório da
mineração, por sua vez, também concede prioridade à ação de mineradoras. “Ocorrerá um aumento dos confli-
tos judiciais, o que não será interessante para o setor empresarial”, diz Maurício Guetta, advogado do Instituto
Sócio Ambiental (ISA). Com o avanço dessa legislação outros danos irreversíveis podem ocorrer.
FONTE: http://www.istoe.com.br/reportagens/441106_A+LA MA+QUE+AINDA+SUJA+O+BRASIL

25. Observe as assertivas relacionadas ao texto lido:


I. O texto é predominantemente narrativo, já que narra um fato.
II. O texto é predominantemente expositivo, já que pertence ao gênero textual editorial.
III. O texto é apresenta partes narrativas e partes expositivas, já que se trata de uma reportagem.
IV. O texto apresenta partes narrativas e partes expositivas, já se trata de um editorial.
Analise as assertivas e responda:
(A) Somente a I é correta.
(B) Somente a II é incorreta.
(C) Somente a III é correta
(D) A III e IV são corretas.

26. PM-MT – SARGENTO DA POLÍCIA MILITAR – PM-MT – 2021

(Armandinho. http://tirasbeck.blogspot.com.br Acesso em 30/01/2021)


Na tira, há três palavras homófonas heterográficas: cestas, sestas e sextas. Sobre a significação das pala-
vras (sinônimas, antônimas, homônimas, polissêmicas, conotativas e denotativas), assinale a afirmativa correta.
(A) Na frase Os antagonistas de um partido político nem sempre se posicionam como adversários, depende
de seus interesses políticos, há exemplo de antonímia.
(B) Na frase A descrição da obra, feita pelo crítico, revelou toda discrição que ele usou para não ferir susce-
tibilidades, há exemplo de homonímia perfeita.
(C) Na frase As luzes a serem encontradas no paraíso contrastam com as trevas do inferno, há exemplo de
sinonímia.
(D) Na frase Todos sabem que aquele político passou a nadar em ouro após assumir alto posto, há exemplo
de conotação.
(E) Na frase No final do filme, o facínora conseguiu sair da cela, colocou uma sela em um cavalo e fugiu em
disparada., há exemplo de homonímia homográfica.

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27. PREFEITURA DE SONORA-MS – ASSISTENTE DE ADMINISTRAÇÃO – MS CONCURSOS – 2019
Quanto à significação das palavras, marque a alternativa correta em relação aos itens:

1 – Homônimos: são palavras que apresentam significados diferentes, mas que são pronunciadas da mes-
ma forma, como cem e sem.

2 – Parônimos: grafia(escrita) parecida, fonética(som) parecido, significado diferente: comprimento e cum-


primento.

3 – Ortoepia: é o emprego correto da acentuação tônica das palavras, ela está ligada à oralidade: côndor
(errado), condor (correto).

4 – Prosódia: é o estudo da correta pronúncia das palavras, ocupa-se não só da correta pronúncia dos fo-
nemas, mas também do ritmo e entoação delas.
(A) Apenas 1 e 2 estão corretos.
(B) Apenas 1, 2 e 3 estão corretos.
(C) Apenas 2, 3 e 4 estão corretos.
(D) 1, 2, 3 e 4 estão corretos.

28. PREFEITURA DE CHUPINGUAIA-RO – ASSISTENTE SOCIAL – MS CONCURSOS – 2020


Correlacione as colunas, sobre a significação das palavras e assinale a alternativa correta.
COLUNA I
A – Sinônimos.
B – Antônimos.
C – Homônimos.
D – Parônimos.
E – Polissemia.
F – Conotação.
G – Denotação.
COLUNA II.
(1) Comprei um anel de ouro.
(2) Descrição e discrição.
(3) Contraveneno e antídoto.
(4) Pena (pluma) e pena (dó).
(5) Aço (substantivo) e asso (verbo).
(6) Meu vizinho nadava em ouro.
(7) Bendizer e maldizer.
(A) A (7) - B (3) - C (5) - D (1) - E (2) - F (4) - G (6).
(B) A (3) - B (7) - C (2) - D (5) - E (4) - F (6) - G (1).
(C) A (3) - B (7) - C (5) - D (2) - E (4) - F (6) - G (1).
(D) A (3) - B (7) - C (5) - D (2) - E (4) - F (1) - G (6).

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29. PREFEITURA DE SANTANA DO DESERTO-MG – FISIOTERAPEUTA– 2019
INSTRUÇÃO: Leia, com atenção, o texto abaixo para responder à questão que se segue.
A zica do Planalto
Zica com “c” é uma gíria brasileira que significa mau agouro, azar, maldição, momento de baixoastral, quan-
do tudo dá errado. A origem da palavra não se sabe ao certo, mas há quem jure que seria uma contração da
palavra ziquizira. Faz sentido. Não tem nada a ver com a zika, triste doença transmitida pelo mosquito Aedes
aegypti. Triste porque infecta o cérebro de bebês no útero materno, triste porque atesta nossa incompetência de
país subdesenvolvido diante do mosquito que também transmite a dengue, triste porque pode atingir 1,5 milhão
de pessoas no Brasil neste ano, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Cada fala da presidente Dilma Rousseff sobre a zika vira uma festa para humoristas e um constrangimento
para a maioria da população – não, claro, para os militantes dilmistas, que a perdoam sempre e atribuem esses
lapsos à pressão da dieta argentina ou da “inquisição medieval” contra ela e contra Lula. Dilma já chamou o
mosquito de vírus. Dilma já chamou a zika de vetor. Dilma já disse que a doença é transmitida por ovos infec-
tados por vírus. Dilma já inventou um outro inseto que seria especializado em zika, e que não seria o mesmo
da dengue.
Dilma também disse que “o Brasil não parou e nem vai parar” – e não vai mesmo parar de piorar enquanto
ela achar que o inferno são os outros. A microcefalia do Planalto não permite que criatura e criador caiam na
real. Dilma e Lula estão juntos na saúde e na doença, na alegria e na tristeza. Juntos no idioma maltratado.
Juntos na solidariedade a Zé Dirceu, o consultor-modelo que mais voou em jatinhos de empreiteiros e lobistas,
abastecidos por propinas. Juntos no discurso de perseguição da “mídia”, da Lava Jato e dos delatores premia-
dos.
Pode continuar a trocar o ministro da Saúde, o ministro da Fazenda, o ministro do Planejamento, o ministro
da Educação (aliás, por onde anda Aloizio Mercadante, qual será seu bloco escolar este ano?). De nada vai
adiantar essa dança das cadeiras ministeriais para agradar a um ou outro partido. Não são eles os mosquitos
vetores que contaminaram o Brasil com uma ziquizira da qual será muito difícil sair. O da Saúde, Marcelo Cas-
tro, formado em psiquiatria, depois de espalhar piadinhas de mau gosto com mulheres grávidas, cometeu o
pecado fatal: foi sincero. Marcelo Castro disse que o Brasil “está perdendo feio” a guerra contra o mosquito – e
isso é o fim da picada, não é, presidente?
Dilma não convive com a sinceridade. Seu governo não erra. Aliás, “se erra”, como admitiu há alguns me-
ses, erra pouco e sem maldade – e tudo tem conserto. Erra porque foi vítima. Suas amigas, do gênero Erenice
Guerra, também sempre acertam. Se erram, é por ingenuidade ou por falta de memória. A ex-ministra Erenice
é ingênua, dá para sentir. E nem lembra quem pagou viagens aéreas dela. Dilma também já se esqueceu de
muitas canetadas nessa roda-viva de Petrobras, Casa Civil, Presidência da República. Seu problema não foi
o mosquito, mas a mosca azul.
Para a mosca azul não há antídoto nem vacina. A mosca, num passe de mágica, tira as contas do vermelho
num gráfico ilusório, com a sua, a nossa ajuda. Uns bilhões do FGTS aqui, outros da CPMF ali, e pronto. O país
fica cor-de-rosa, a cor dos programas eleitorais do PT. Só que não, a conta não fecha mesmo assim, porque o
Estado brasileiro é voraz e gigantesco. Não há foco na redução do tamanho. Só no aumento de taxas, impostos
e contas de serviços públicos. A dívida pública federal terminou 2015 em R$ 2.793 trilhões. A dívida – assim
como o Brasil – não vai parar.
Diante do Conselhão de quase uma centena de empresários, empreendedores, banqueiros e autoridades
– sem a presença incômoda da imprensa –, Dilma lançou um plano de sete medidas para liberar R$ 83 bilhões
em crédito para habitação, agricultura, infraestrutura, pequenas e médias empresas. A maior parte desse di-
nheiro viria do FGTS. Crédito para um país em recessão, que não acredita na capacidade do governo para en-
frentar a crise. Dilma disse que, para “a travessia a um porto seguro”, a CPMF é “a melhor solução disponível”.
Não existe nem espaço para o crédito moral, quando se vê Lula, o fiador de Dilma, acuado por delações
que o envolvem em reformas milionárias e obscuras de imóveis como o tríplex do Guarujá ou o sítio de Atibaia
– hoje amaldiçoados. Na vida real, os juros batem recorde e famílias endividadas precisam refinanciar seus dé-
bitos porque não podem lançar mão do dinheiro alheio. O Solaris não nasce para todos. A zica que contaminou
o país tem origem na Capital.
(Disponível em : https://oglobo.globo.com/epoca/colunas-e-blogs/ruth-de)

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Considere o trecho: “Zica com “c” é uma gíria brasileira que significa mau agouro, azar, maldição, momento
de baixo-astral, quando tudo dá errado. A origem da palavra não se sabe ao certo, mas há quem jure que seria
uma contração da palavra ziquizira. Faz sentido. Não tem nada a ver com a zika, triste doença transmitida pelo
mosquito Aedes aegypti. ” (Parágrafo 1º)
Tendo em vista a significação das palavras, é CORRETO afirmar que as palavras negritadas são:
(A) Homônimas homógrafas.
(B) Parônimas.
(C) Homônimas homófonas.
(D) Sinônimas.

30. PREFEITURA DE PORCIÚNCULA-RJ – GUARDA CIVIL MUNICIPAL – GUALIMP – 2019


Com base na significação das palavras, assinale a alternativa que representa corretamente palavras homó-
grafas heterofônicas:
(A) Leste (verbo) - leste (substantivo).
(B) Acender (atear fogo) - ascender (subir).
(C) Ruço (pardacento, grisalho) - russo (natural da Rússia).
(D) Atuar (agir) - atoar (rebocar).

31. (AL-AP - AUXILIAR LEGISLATIVO - AUXILIAR OPERACIONAL – FCC – 2020)


Retrato
Eu não tinha este rosto de hoje,
Assim calmo, assim triste, assim magro,
Nem estes olhos tão vazios,
Nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
Tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha este coração
Que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
Tão simples, tão certa, tão fácil:
− Em que espelho ficou perdida
a minha face?
(Cecília Meirelles)
− Em que espelho ficou perdida a minha face? (3ª estrofe)
Caso a frase acima seja transposta para o discurso indireto, o elemento sublinhado assumirá a seguinte
forma:
(A) ficasse.
(B) ficará.
(C) ficou.
(D) ficava.
(E) ficara.

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32. ( PREFEITURA DE CARANAÍBA - MG – AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE – FCM – 2019)
Texto
“Linguagem é a expressão individual e social do ser humano e, ao mesmo tempo, o elemento comum que
possibilita o processo comunicativo entre os sujeitos que vivem em sociedade.”(CEREJA & MAGALHÃES,
2013, p.13).

Tendo por base o conceito veiculado no Texto, qual tipo de linguagem apresenta-se na tirinha?
(A) Oral.
(B) Verbal.
(C) Escrita.
(D) Não verbal.

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33. (CREMERJ - AGENTE ADMINISTRATIVO – IDIB – 2019)

O tipo textual predominante no texto de Martha Medeiros é:


(A) argumentativo, pois o seu principal interesse é a discussão de um determinado tema, apresentando ar-
gumentos que ratifiquem a opinião defendida.
(B) descritivo, pois apresenta a descrição pormenorizada do que se pode considerar como “ocasião espe-
cial”.
(C) narrativo, pois seu objetivo é contar uma história, valendo-se de uma sequência de acontecimentos.
(D) injuntivo, pois visa ao fornecimento de informações que condicionem a conduta do leitor

34. PREFEITURA DE BARRETOS-SP – AGENTE DE COMUNICAÇÃO SOCIAL – VUNESP – 2018


Assinale a alternativa em que tanto a concordância quanto a regência estão de acordo com a norma-padrão
da língua.
(A) Consciente que tudo que escrevia, inclusive as mensagens nas redes sociais, eram lidos pelo pai, pas-
sou a censurar-se.

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(B) Divulgados nos principais jornais do país, o escândalo atingiu em cheio a vida das pessoas que ele mais
se dedicava.
(C) Foi feito, naquele caso, diversas tentativas de acordo para resolver o conflito que as partes estavam
envolvidas.
(D) Escrever e falar com clareza sobre quaisquer temas é uma das exigências impostas àqueles profissio-
nais atuantes nas mídias.
(E) Estando ciente que os atestados foram anexados ao e-mail, os funcionários deram prosseguimento do
inquérito.

35. MPE-GO – SECRETÁRIO AUXILIAR – MPE-GO – 2018


Elas estavam ____ cansadas quando chegaram ____ dormitório. Assinale a alternativa que completa esse
enunciado de acordo com a norma culta.
(A) meias – ao
(B) meia – no
(C) meio – ao
(D) meia – no
(E) meio - no

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Gabarito

1 E
2 C
3 B
4 D
5 A
6 E
7 A
8 E
9 B
10 E
11 D
12 D
13 E
14 A
15 B
16 C
17 A
18 A
19 B
20 E
21 B
22 B
23 B
24 A
25 C
26 A
27 A
28 C
29 C
30 A
31 E
32 D
33 A
34 D
35 C

71

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