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Pernambuco - PMPE
Soldado
Língua Portuguesa
Leitura e Interpretação de textos. ....................................................................................................................................1
Aspectos semânticos do vocabulário da língua (noções de polissemia, sinonímia e antonímia). ........................3
Relações coesivas e semânticas (de causalidade, temporalidade, finalidade, condicionalidade, finalidade,
comparação, oposição, adição, conclusão, explicação, etc.) entre orações, períodos ou parágrafos, indicados
pelos vários tipos de expressões conectivas ou sequenciadores (conjunções, preposições, advérbios, etc.) ....4
Expressão escrita: divisão silábica, ortografia e acentuação (v. Reforma Ortográfica vigente). ...........................6
Traços semânticos de radicais, prefixos e sufixos. Pronomes de tratamento. Normas da flexão dos verbos
regulares e irregulares. Formação de Palavras: Derivação, Composição, Hibridismo, etc. ................................ 13
Efeitos de sentido decorrentes do emprego expressivo dos sinais de Pontuação. ............................................... 21
Padrões de concordância verbal e nominal. ................................................................................................................ 23
Padrões de regência verbal e nominal. ......................................................................................................................... 26
Emprego do sinal indicador de crase. ........................................................................................................................... 30
Questões notacionais da língua: Por que, por quê, porque ou porquê; Mal ou mau; Mais ou mas; Meio ou meia;
Onde ou aonde; Estar ou está. ........................................................................................................................................ 32
Figuras de linguagem. ...................................................................................................................................................... 32
Matemática
Função; ..................................................................................................................................................................................1
Progressão Aritmética; Progressão Geométrica; ...........................................................................................................9
Juros simples e compostos; ............................................................................................................................................ 12
Análise combinatória; ...................................................................................................................................................... 14
Probabilidade. ................................................................................................................................................................... 17
Geografia
Formação territorial de Pernambuco. 1.1 Processos de formação. 1.2 Mesorregiões. 1.3 Microrregiões. 1.4
Regiões de Desenvolvimento – RD. ...................................................................................................................................1
2. Aspectos físicos. 2.1 Clima. 2.2 Vegetação. 2.3 Relevo. 2.4 Hidrografia. .................................................................6
3. Aspectos Humanos e indicadores sociais. 3.1 População. 3.2 Economia. 3.3 O espaço rural de Pernambuco.
3.4 Urbanização em Pernambuco. 3.5 Movimentos culturais em Pernambuco. 4. A questão Ambiental em
Pernambuco. .........................................................................................................................................................................7
História
Ocupação pré-colonial do atual Estado de Pernambuco: Ocupação Pré-Histórica de Pernambuco;
Características socioculturais das populações indígenas que habitavam o território do atual estado de
Pernambuco, antes dos primeiros contatos euro-americanos.....................................................................................1
A Capitânia de Pernambuco: a “Guerra dos Bárbaros”; a lavoura açucareira e mão de obra escrava; a Guerra
dos Mascates; as instituições eclesiásticas e a sociedade colonial; Insurreição Pernambucana. ..........................4
A Província de Pernambuco no I e II Reinado: Pernambuco no contexto da Independência do
Brasil;Movimentos Liberais: Confederação do Equador e Revolução Praieira;O tráfico transatlântico de
escravos para terras pernambucanas;Cotidiano e formas de resistência escrava em Pernambuco;Crise da
Lavoura canavieira;A participação dos políticos pernambucanos no processo de emancipação/abolição da
escravatura. ........................................................................................................................................................................ 10
Pernambuco Republicano: Voto de Cabresto e Política dos governadores;Pernambuco sob a interventoria de
Agamenon Magalhães; Movimentos sociais e repressão durante a Ditadura Civil-Militar (1964-1985) em
Pernambuco;Herança afro-descente em Pernambuco;Processo político em Pernambuco (2001-2015)......... 12
Língua Portuguesa 1
esse sistema, mais duas capitais já estão com o projeto pronto Considerando a relação entre o título e a imagem, é correto
em 2013: Recife e Goiânia. A ideia do compartilhamento é concluir que um dos temas diretamente explorados no cartum é
semelhante em todas as cidades. Em Porto Alegre, os usuários (A) o aumento da circulação de ciclistas nas vias públicas.
devem fazer um cadastro pelo site. O valor do passe mensal é (B) a má qualidade da pavimentação em algumas ruas.
R$ 10 e o do passe diário, R$ 5, podendo-se utilizar o sistema (C) a arbitrariedade na definição dos valores das multas.
durante todo o dia, das 6h às 22h, nas duas modalidades. Em (D) o número excessivo de automóveis nas ruas.
todas as cidades que já aderiram ao projeto, as bicicletas estão (E) o uso de novas tecnologias no transporte público.
espalhadas em pontos estratégicos.
A cultura do uso da bicicleta como meio de locomoção 04. Considere o cartum de Douglas Vieira.
não está consolidada em nossa sociedade. Muitos ainda não Televisão
sabem que a bicicleta já é considerada um meio de transporte,
ou desconhecem as leis que abrangem a bike. Na confusão de
um trânsito caótico numa cidade grande, carros, motocicletas,
ônibus e, agora, bicicletas, misturam-se, causando, muitas vezes,
discussões e acidentes que poderiam ser evitados.
Ainda são comuns os acidentes que atingem ciclistas. A
verdade é que, quando expostos nas vias públicas, eles estão
totalmente vulneráveis em cima de suas bicicletas. Por isso
é tão importante usar capacete e outros itens de segurança. A
maior parte dos motoristas de carros, ônibus, motocicletas e
caminhões desconhece as leis que abrangem os direitos dos
ciclistas. Mas muitos ciclistas também ignoram seus direitos
e deveres. Alguém que resolve integrar a bike ao seu estilo de
vida e usá-la como meio de locomoção precisa compreender (http://iiiconcursodecartumuniversitario.blogspot.com.br.
que deverá gastar com alguns apetrechos necessários para Adaptado)
poder trafegar. De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro,
as bicicletas devem, obrigatoriamente, ser equipadas com É correto concluir que, de acordo com o cartum,
campainha, sinalização noturna dianteira, traseira, lateral e nos (A) os tipos de entretenimento disponibilizados pelo livro ou
pedais, além de espelho retrovisor do lado esquerdo. pela TV são equivalentes.
(Bárbara Moreira, http://www.eusoufamecos.net. Adaptado) (B) o livro, em comparação com a TV, leva a uma imaginação
mais ativa.
01. De acordo com o texto, o uso da bicicleta como meio de (C) o indivíduo que prefere ler a assistir televisão é alguém
locomoção nas metrópoles brasileiras que não sabe se distrair.
(A) decresce em comparação com Holanda e Inglaterra (D) a leitura de um bom livro é tão instrutiva quanto assistir
devido à falta de regulamentação. a um programa de televisão.
(B) vem se intensificando paulatinamente e tem sido (E) a televisão e o livro estimulam a imaginação de modo
incentivado em várias cidades. idêntico, embora ler seja mais prazeroso.
(C) tornou-se, rapidamente, um hábito cultivado pela
maioria dos moradores. Leia o texto para responder às questões:
(D) é uma alternativa dispendiosa em comparação com os
demais meios de transporte. Propensão à ira de trânsito
(E) tem sido rejeitado por consistir em uma atividade
arriscada e pouco salutar. Dirigir um carro é estressante, além de inerentemente
perigoso. Mesmo que o indivíduo seja o motorista mais seguro
02. A partir da leitura, é correto concluir que um dos do mundo, existem muitas variáveis de risco no trânsito, como
objetivos centrais do texto é clima, acidentes de trânsito e obras nas ruas.
(A) informar o leitor sobre alguns direitos e deveres do E com relação a todas as outras pessoas nas ruas? Algumas
ciclista. não são apenas maus motoristas, sem condições de dirigir, mas
(B) convencer o leitor de que circular em uma bicicleta é também se engajam num comportamento de risco – algumas até
mais seguro do que dirigir um carro. agem especificamente para irritar o outro motorista ou impedir
(C) mostrar que não há legislação acerca do uso da bicicleta que este chegue onde precisa.
no Brasil. Essa é a evolução de pensamento que alguém poderá
(D) explicar de que maneira o uso da bicicleta como meio de ter antes de passar para a ira de trânsito de fato, levando um
locomoção se consolidou no Brasil. motorista a tomar decisões irracionais.
(E) defender que, quando circular na calçada, o ciclista deve Dirigir pode ser uma experiência arriscada e emocionante.
dar prioridade ao pedestre. Para muitos de nós, os carros são a extensão de nossa
personalidade e podem ser o bem mais valioso que possuímos.
03. Considere o cartum de Evandro Alves. Dirigir pode ser a expressão de liberdade para alguns, mas
Afogado no Trânsito também é uma atividade que tende a aumentar os níveis de
estresse, mesmo que não tenhamos consciência disso no
momento.
Dirigir é também uma atividade comunitária. Uma vez que
entra no trânsito, você se junta a uma comunidade de outros
motoristas, todos com seus objetivos, medos e habilidades ao
volante. Os psicólogos Leon James e Diane Nahl dizem que um
dos fatores da ira de trânsito é a tendência de nos concentrarmos
em nós mesmos, descartando o aspecto comunitário do ato de
dirigir.
Como perito do Congresso em Psicologia do Trânsito, o
Dr. James acredita que a causa principal da ira de trânsito não
são os congestionamentos ou mais motoristas nas ruas, e sim
como nossa cultura visualiza a direção agressiva. As crianças
aprendem que as regras normais em relação ao comportamento
(http://iiiconcursodecartumuniversitario.blogspot.com.br) e à civilidade não se aplicam quando dirigimos um carro. Elas
podem ver seus pais envolvidos em comportamentos de disputa
Língua Portuguesa 2
ao volante, mudando de faixa continuamente ou dirigindo em Antônimos: são palavras de significação oposta. Exemplos:
alta velocidade, sempre com pressa para chegar ao destino. - Ordem e anarquia.
Para complicar as coisas, por vários anos psicólogos - Soberba e humildade.
sugeriam que o melhor meio para aliviar a raiva era descarregar - Louvar e censurar.
a frustração. Estudos mostram, no entanto, que a descarga de - Mal e bem.
frustrações não ajuda a aliviar a raiva. Em uma situação de ira
de trânsito, a descarga de frustrações pode transformar um A antonímia pode originar-se de um prefixo de sentido
incidente em uma violenta briga. oposto ou negativo. Exemplos: Bendizer/maldizer, simpático/
Com isso em mente, não é surpresa que brigas violentas antipático, progredir/regredir, concórdia/discórdia, explícito/
aconteçam algumas vezes. A maioria das pessoas está implícito, ativo/inativo, esperar/desesperar, comunista/
predisposta a apresentar um comportamento irracional quando anticomunista, simétrico/assimétrico, pré-nupcial/pós-nupcial.
dirige. Dr. James vai ainda além e afirma que a maior parte das
pessoas fica emocionalmente incapacitada quando dirige. O que Polissemia: Uma palavra pode ter mais de uma significação.
deve ser feito, dizem os psicólogos, é estar ciente de seu estado A esse fato linguístico dá-se o nome de polissemia. Exemplos:
emocional e fazer as escolhas corretas, mesmo quando estiver - Mangueira: tubo de borracha ou plástico para regar as
tentado a agir só com a emoção. plantas ou apagar incêndios; árvore frutífera; grande curral de
(Jonathan Strickland. Disponível em: http://carros.hsw.uol.com.br/ gado.
furia-no-transito1 .htm. Acesso em: 01.08.2013. Adaptado) - Pena: pluma, peça de metal para escrever; punição; dó.
- Velar: cobrir com véu, ocultar, vigiar, cuidar, relativo ao véu
05. Tomando por base as informações contidas no texto, é do palato.
correto afirmar que Podemos citar ainda, como exemplos de palavras
(A) os comportamentos de disputa ao volante acontecem à polissêmicas, o verbo dar e os substantivos linha e ponto, que
medida que os motoristas se envolvem em decisões conscientes. têm dezenas de acepções.
(B) segundo psicólogos, as brigas no trânsito são causadas
pela constante preocupação dos motoristas com o aspecto Questões
comunitário do ato de dirigir.
(C) para Dr. James, o grande número de carros nas ruas é 01. McLuhan já alertava que a aldeia global resultante das
o principal motivo que provoca, nos motoristas, uma direção mídias eletrônicas não implica necessariamente harmonia,
agressiva. implica, sim, que cada participante das novas mídias terá um
(D) o ato de dirigir um carro envolve uma série de envolvimento gigantesco na vida dos demais membros, que terá
experiências e atividades não só individuais como também a chance de meter o bedelho onde bem quiser e fazer o uso que
sociais. quiser das informações que conseguir. A aclamada transparência
(E) dirigir mal pode estar associado à falta de controle das da coisa pública carrega consigo o risco de fim da privacidade
emoções positivas por parte dos motoristas. e a superexposição de nossas pequenas ou grandes fraquezas
morais ao julgamento da comunidade de que escolhemos
Respostas participar.
1. (B) / 2. (A) / 3. (D) / 4. (B) / 5. (D) Não faz sentido falar de dia e noite das redes sociais, apenas
em número de atualizações nas páginas e na capacidade dos
usuários de distinguir essas variações como relevantes no
Aspectos semânticos do conjunto virtualmente infinito das possibilidades das redes. Para
vocabulário da língua (noções achar o fio de Ariadne no labirinto das redes sociais, os usuários
de polissemia, sinonímia e precisam ter a habilidade de identificar e estimar parâmetros,
antonímia). aprender a extrair informações relevantes de um conjunto finito
de observações e reconhecer a organização geral da rede de que
participam.
O fluxo de informação que percorre as artérias das redes
Sinônimos: são palavras de sentido igual ou aproximado. sociais é um poderoso fármaco viciante. Um dos neologismos
Exemplo: recentes vinculados à dependência cada vez maior dos jovens
- Alfabeto, abecedário. a esses dispositivos é a “nomobofobia” (ou “pavor de ficar sem
- Brado, grito, clamor. conexão no telefone celular”), descrito como a ansiedade e o
- Extinguir, apagar, abolir, suprimir. sentimento de pânico experimentados por um número crescente
- Justo, certo, exato, reto, íntegro, imparcial. de pessoas quando acaba a bateria do dispositivo móvel ou
Na maioria das vezes não é indiferente usar um sinônimo quando ficam sem conexão com a Internet. Essa informação,
pelo outro. Embora irmanados pelo sentido comum, os como toda nova droga, ao embotar a razão e abrir os poros da
sinônimos diferenciam-se, entretanto, uns dos outros, por sensibilidade, pode tanto ser um remédio quanto um veneno
matizes de significação e certas propriedades que o escritor não para o espírito.
pode desconhecer. Com efeito, estes têm sentido mais amplo, (Vinicius Romanini, Tudo azul no universo das redes.
aqueles, mais restrito (animal e quadrúpede); uns são próprios Revista USP, no 92. Adaptado)
da fala corrente, desataviada, vulgar, outros, ao invés, pertencem
à esfera da linguagem culta, literária, científica ou poética As expressões destacadas nos trechos – meter o bedelho
(orador e tribuno, oculista e oftalmologista, cinzento e cinéreo). / estimar parâmetros / embotar a razão – têm sinônimos
A contribuição Greco-latina é responsável pela existência, adequados respectivamente em:
em nossa língua, de numerosos pares de sinônimos. Exemplos: a) procurar / gostar de / ilustrar
- Adversário e antagonista. b) imiscuir-se / avaliar / enfraquecer
- Translúcido e diáfano. c) interferir / propor / embrutecer
- Semicírculo e hemiciclo. d) intrometer-se / prezar / esclarecer
- Contraveneno e antídoto. e) contrapor-se / consolidar / iluminar
- Moral e ética.
- Colóquio e diálogo. 02. A entrada dos prisioneiros foi comovedora (...) Os
- Transformação e metamorfose. combatentes contemplavam-nos entristecidos. Surpreendiam-
- Oposição e antítese. se; comoviam-se. O arraial, in extremis, punhalhes adiante,
naquele armistício transitório, uma legião desarmada,
O fato linguístico de existirem sinônimos chama-se sinonímia, mutilada faminta e claudicante, num assalto mais duro que o
palavra que também designa o emprego de sinônimos. das trincheiras em fogo. Custava-lhes admitir que toda aquela
gente inútil e frágil saísse tão numerosa ainda dos casebres
Língua Portuguesa 3
bombardeados durante três meses. Contemplando-lhes os - Palavras de transição: são palavras responsáveis pela
rostos baços, os arcabouços esmirrados e sujos, cujos molambos coesão do texto, estabelecem a interrelação entre os enunciados
em tiras não encobriam lanhos, escaras e escalavros – a vitória (orações, frases, parágrafos), são preposições, conjunções,
tão longamente apetecida decaía de súbito. Repugnava aquele alguns advérbios e locuções adverbiais.
triunfo. Envergonhava. Era, com efeito, contraproducente
compensação a tão luxuosos gastos de combates, de reveses e de Veja algumas palavras e expressões de transição e seus
milhares de vidas, o apresamento daquela caqueirada humana – respectivos sentidos:
do mesmo passo angulhenta e sinistra, entre trágica e imunda, - inicialmente (começo, introdução)
passando-lhes pelos olhos, num longo enxurro de carcaças e - primeiramente (começo, introdução)
molambos... - primeiramente (começo, introdução)
Nem um rosto viril, nem um braço capaz de suspender - antes de tudo (começo, introdução)
uma arma, nem um peito resfolegante de campeador domado: - desde já (começo, introdução)
mulheres, sem-número de mulheres, velhas espectrais, - além disso (continuação)
moças envelhecidas, velhas e moças indistintas na mesma - do mesmo modo (continuação)
fealdade, escaveiradas e sujas, filhos escanchados nos quadris - acresce que (continuação)
desnalgados, filhos encarapitados às costas, filhos suspensos - ainda por cima (continuação)
aos peitos murchos, filhos arrastados pelos braços, passando; - bem como (continuação)
crianças, sem-número de crianças; velhos, sem-número de - outrossim (continuação)
velhos; raros homens, enfermos opilados, faces túmidas e - enfim (conclusão)
mortas, de cera, bustos dobrados, andar cambaleante. - dessa forma (conclusão)
- em suma (conclusão)
(CUNHA, Euclides da. Os sertões: campanha de Canudos. - nesse sentido (conclusão)
Edição Especial. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1980.) - portanto (conclusão)
- afinal (conclusão)
Em qual das alternativas abaixo NÃO há um par de sinônimos? - logo após (tempo)
a) Armistício – destruição - ocasionalmente (tempo)
b) Claudicante – manco - posteriormente (tempo)
c) Reveses – infortúnios - atualmente (tempo)
d) Fealdade – feiura - enquanto isso (tempo)
e) Opilados – desnutridos - imediatamente (tempo)
- não raro (tempo)
Respostas - concomitantemente (tempo)
01. B\02. A - igualmente (semelhança, conformidade)
- segundo (semelhança, conformidade)
- conforme (semelhança, conformidade)
Relações coesivas e semânticas - quer dizer (exemplificação, esclarecimento)
(de causalidade, temporalidade, - rigorosamente falando (exemplificação, esclarecimento).
finalidade, condicionalidade, Ex.: A prática de atividade física é essencial ao nosso
finalidade, comparação, cotidiano. Assim sendo, quem a pratica possui uma melhor
qualidade de vida.
oposição, adição, conclusão,
explicação, etc.) entre orações, - Coesão por referência: existem palavras que têm a função
períodos ou parágrafos, de fazer referência, são elas:
indicados pelos vários tipos - pronomes pessoais: eu, tu, ele, me, te, os...
de expressões conectivas ou - pronomes possessivos: meu, teu, seu, nosso...
- pronomes demonstrativos: este, esse, aquele...
sequenciadores (conjunções, - pronomes indefinidos: algum, nenhum, todo...
preposições, advérbios, etc.) - pronomes relativos: que, o qual, onde...
- advérbios de lugar: aqui, aí, lá...
Língua Portuguesa 4
Questões Os cortes obrigaram a OMS a fazer escolhas difíceis. A agência
passou a dar mais ênfase à luta contra enfermidades globais
01. crônicas, como doenças coronárias e diabetes. O departamento
Texto 1 – Bem tratada, faz bem de respostas a epidemias e pandemias foi dissolvido e integrado
a outros. Muitos profissionais experimentados deixaram seus
Sérgio Magalhães, O Globo cargos.
Pesa contra o órgão da ONU, de todo modo, a demora para
O arquiteto Jaime Lerner cunhou esta frase premonitória: “O reconhecer a gravidade da situação. Seus esforços iniciais foram
carro é o cigarro do futuro.” Quem poderia imaginar a reversão limitados e mal liderados.
cultural que se deu no consumo do tabaco? O surto agora atingiu proporções tais que já não é mais
Talvez o automóvel não seja descartável tão facilmente. Este possível enfrentá-lo de Genebra, cidade suíça sede da OMS.
jornal, em uma série de reportagens, nestes dias, mostrou o Tornou-se crucial estabelecer um comando central na África
privilégio que os governos dão ao uso do carro e o desprezo ao Ocidental, com representantes dos países afetados.
transporte coletivo. Surpreendentemente, houve entrevistado Espera-se também maior comprometimento das potências
que opinou favoravelmente, valorizando Los Angeles – um caso mundiais, sobretudo Estados Unidos, Inglaterra e França,
típico de cidade rodoviária e dispersa. que possuem antigos laços com Libéria, Serra Leoa e Guiné,
Ainda nestes dias, a ONU reafirmou o compromisso desta respectivamente.
geração com o futuro da humanidade e contra o aquecimento A comunidade internacional tem diante de si um desafio
global – para o qual a emissão de CO2 do rodoviarismo é agente enorme, mas é ainda maior a necessidade de agir com rapidez.
básico. (A USP acaba de divulgar estudo advertindo que a Nessa batalha global contra o ebola, todo tempo perdido conta
poluição em São Paulo mata o dobro do que o trânsito.) a favor da doença.
O transporte também esteve no centro dos protestos de
junho de 2013. Lembremos: ele está interrelacionado com a (Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/
moradia, o emprego, o lazer. Como se vê, não faltam razões para opiniao/2014/09/1512104-editorial-corrida-contra-o-ebola.shtml:
o debate do tema. Acesso em: 08/09/2014)
“Como se vê, não faltam razões para o debate do tema.” Assinale a opção em que se indica, INCORRETAMENTE, o
referente do termo em destaque.
Substituindo o termo destacado por uma oração
desenvolvida, a forma correta e adequada seria: (A) “quase US$ 1 bilhão de seu orçamento bianual” (5º§) –
organização
(A) para que se debatesse o tema; (B) “A agência passou a dar mais ênfase” (6º§) – OMS
(B) para se debater o tema; (C) “Pesa contra o órgão da ONU”(7º§) – OMS
(C) para que se debata o tema; (D) “Seus esforços iniciais foram limitados” (7º§) – gravidade
(D) para debater-se o tema; da situação
(E) para que o tema fosse debatido. (E) “A comunidade tem diante de si” (10º§) – comunidade
internacional
02. “A USP acaba de divulgar estudo advertindo que a
poluição em São Paulo mata o dobro do que o trânsito”. 4. Leia o texto para responder a questão.
A oração em forma desenvolvida que substitui correta e
adequadamente o gerúndio “advertindo” é: As cotas raciais deram certo porque seus beneficiados são,
sim, competentes. Merecem, sim, frequentar uma universidade
(A) com a advertência de; pública e de qualidade. No vestibular, que é o princípio de
(B) quando adverte; tudo, os cotistas estão só um pouco atrás. Segundo dados do
(C) em que adverte; Sistema de Seleção Unificada, a nota de corte para os candidatos
(D) no qual advertia; convencionais a vagas de medicina nas federais foi de 787,56
(E) para advertir. pontos. Para os cotistas, foi de 761,67 pontos. A diferença
entre eles, portanto, ficou próxima de 3%. IstoÉ entrevistou
03. Texto III - Corrida contra o ebola educadores e todos disseram que essa distância é mais do que
razoável. Na verdade, é quase nada. Se em uma disciplina tão
Já faz seis meses que o atual surto de ebola na África concorrida quanto medicina um coeficiente de apenas 3%
Ocidental despertou a atenção da comunidade internacional, separa os privilegiados, que estudaram em colégios privados,
mas nada sugere que as medidas até agora adotadas para refrear dos negros e pobres, que frequentaram escolas públicas, então
o avanço da doença tenham sido eficazes. é justo supor que a diferença mínima pode, perfeitamente, ser
Ao contrário, quase metade das cerca de 4.000 contaminações igualada ou superada no decorrer dos cursos. Depende só da
registradas neste ano ocorreram nas últimas três semanas, disposição do aluno. Na Universidade Federal do Rio de Janeiro
e as mais de 2.000 mortes atestam a força da enfermidade. A (UFRJ), uma das mais conceituadas do País, os resultados do
escalada levou o diretor do CDC (Centro de Controle e Prevenção último vestibular surpreenderam. “A maior diferença entre
de Doenças) dos EUA, Tom Frieden, a afirmar que a epidemia as notas de ingresso de cotistas e não cotistas foi observada
está fora de controle. no curso de economia”, diz Ângela Rocha, pró-reitora da UFRJ.
O vírus encontrou ambiente propício para se propagar. “Mesmo assim, essa distância foi de 11%, o que, estatisticamente,
De um lado, as condições sanitárias e econômicas dos países não é significativo”.
afetados são as piores possíveis. De outro, a Organização (www.istoe.com.br)
Mundial da Saúde foi incapaz de mobilizar com celeridade
um contingente expressivo de profissionais para atuar nessas Para responder a questão, considere a passagem – A
localidades afetadas. diferença entre eles, portanto, ficou próxima de 3%.
Verdade que uma parcela das debilidades da OMS se explica
por problemas financeiros. Só 20% dos recursos da entidade O pronome eles tem como referente:
vêm de contribuições compulsórias dos países-membros – o (A) candidatos convencionais e cotistas.
restante é formado por doações voluntárias. (B) beneficiados.
A crise econômica mundial se fez sentir também nessa área, (C) dados do Sistema de Seleção Unificada.
e a organização perdeu quase US$ 1 bilhão de seu orçamento (D) dados do Sistema de Seleção Unificada e pontos.
bianual, hoje de quase US$ 4 bilhões. Para comparação, o CDC (E) pontos.
dos EUA contou, somente no ano de 2013, com cerca de US$ 6
bilhões.
Língua Portuguesa 5
05. Leia os quadrinhos para responder a questão. Acento Tônico
Na emissão de uma palavra de duas ou mais sílabas, percebe-
se que há uma sílaba de maior intensidade sonora do que as
demais.
calor - a sílaba lor é a de maior intensidade.
faceiro - a sílaba cei é a de maior intensidade.
sólido - a sílaba só é a de maior intensidade.
Obs.: a presença da sílaba de maior intensidade nas palavras,
em meio à sílabas de menor intensidade, é um dos elementos
que dão melodia à frase.
Um enunciado possível em substituição à fala do terceiro Classificação da sílaba quanto à intensidade
quadrinho, em conformidade com a norma- padrão da língua -Tônica: é a sílaba pronunciada com maior intensidade.
portuguesa, é: - Átona: é a sílaba pronunciada com menor intensidade.
(A) Se você ir pelos caminhos da verdade, leve um capacete. - Subtônica: é a sílaba de intensidade intermediária. Ocorre,
(B) Caso você vá pelos caminhos da verdade, lembra-se de principalmente, nas palavras derivadas, correspondendo à
levar um capacete. tônica da palavra primitiva.
(C) Se você se mantiver nos caminhos da verdade, leve um
capacete. Classificação das palavras quanto à posição da sílaba
(D) Caso você se mantém nos caminhos da verdade, lembre tônica
de levar um capacete. De acordo com a posição da sílaba tônica, os vocábulos
(E) Ainda que você se mantêm nos caminhos da verdade, da língua portuguesa que contêm duas ou mais sílabas são
leva um capacete. classificados em:
- Oxítonos: são aqueles cuja sílaba tônica é a última. Exemplos:
Respostas avó, urubu, parabéns
01. (C)/02. (C)/03. (D)/04. (A)/05. (C) - Paroxítonos: são aqueles cuja sílaba tônica é a penúltima.
Exemplos: dócil, suavemente, banana
- Proparoxítonos: são aqueles cuja sílaba tônica é a
Expressão escrita: divisão antepenúltima. Exemplos: máximo, parábola, íntimo
silábica, ortografia e acentuação
(v. Reforma Ortográfica vigente). Saiba que:
- São palavras oxítonas, entre outras: cateter, mister, Nobel,
novel, ruim, sutil, transistor, ureter.
Divisão Silábica - São palavras paroxítonas, entre outras: avaro, aziago,
boêmia, caracteres, cartomancia, celtibero, circuito, decano,
Sílaba filantropo, fluido, fortuito, gratuito, Hungria, ibero, impudico,
inaudito, intuito, maquinaria, meteorito, misantropo, necropsia
A palavra amor está dividida em grupos de fonemas (alguns dicionários admitem também necrópsia), Normandia,
pronunciados separadamente: a - mor. A cada um desses grupos pegada, policromo, pudico, quiromancia, rubrica, subido (a).
pronunciados numa só emissão de voz dá-se o nome de sílaba. - São palavras proparoxítonas, entre outras: aerólito, bávaro,
Em nossa língua, o núcleo da sílaba é sempre uma vogal: não bímano, crisântemo, ímprobo, ínterim, lêvedo, ômega, pântano,
existe sílaba sem vogal e nunca há mais do que uma vogal em trânsfuga.
cada sílaba. Dessa forma, para sabermos o número de sílabas - As seguintes palavras, entre outras, admitem dupla
de uma palavra, devemos perceber quantas vogais tem essa tonicidade: acróbata/acrobata, hieróglifo/hieroglifo, Oceânia/
palavra. Atenção: as letras i e u (mais raramente com as letras e Oceania, ortoépia/ortoepia, projétil/projetil, réptil/reptil,
e o) podem representar semivogais. zângão/zangão.
Questões:
Classificação das palavras quanto ao número de sílabas
- Monossílabas: possuem apenas uma sílaba. Exemplos: mãe, 01-Assinale o item em que a divisão silábica é incorreta:
flor, lá, meu; A) gra-tui-to;
- Dissílabas: possuem duas sílabas. Exemplos: ca-fé, i-ra, a-í, B) ad-vo-ga-do;
trans-por; C) tran-si-tó-ri-o;
- Trissílabas: possuem três sílabas. Exemplos: ci-ne-ma, pró- D) psi-co-lo-gi-a;
xi-mo, pers-pi-caz, O-da-ir; E) in-ter-stí-cio.
- Polissílabas: possuem quatro ou mais sílabas. Exemplos:
a-ve-ni-da, li-te-ra-tu-ra, a-mi-ga-vel-men-te, o-tor-ri-no-la-rin- 02-Assinale o item em que a separação silábica é incorreta:
go-lo-gis-ta. A) psi-có-ti-co;
B) per-mis-si-vi-da-de;
Divisão Silábica C) as-sem-ble-ia;
Na divisão silábica das palavras, cumpre observar as D) ob-ten-ção;
seguintes normas: E) fa-mí-lia.
- Não se separam os ditongos e tritongos. Exemplos: foi-ce,
a-ve-ri-guou; 03-Assinale o item em que todos os vocábulos têm as sílabas
- Não se separam os dígrafos ch, lh, nh, gu, qu. Exemplos: cha- corretamente separadas:
ve, ba-ra-lho, ba-nha, fre-guês, quei-xa; A) al-dei-a, caa-tin-ga , tran-si-ção;
- Não se separam os encontros consonantais que iniciam B) pro-sse-gui-a, cus-tó-dia, trans-ver-sal;
sílaba. Exemplos: psi-có-lo-go, re-fres-co; C) a-bsur-do, pra-ia, in-cons-ci-ên-cia;
- Separam-se as vogais dos hiatos. Exemplos: ca-a-tin-ga, fi- D) o-ccip-tal, gra-tui-to, ab-di-car;
el, sa-ú-de; E) mis-té-ri-o, ap-ti-dão, sus-ce-tí-vel.
- Separam-se as letras dos dígrafos rr, ss, sc, sç xc. Exemplos:
car-ro, pas-sa-re-la, des-cer, nas-ço, ex-ce-len-te; 04-Assinale o item em que todas as sílabas estão
- Separam-se os encontros consonantais das sílabas internas, corretamente separadas:
excetuando-se aqueles em que a segunda consoante é l ou r. A) a-p-ti-dão;
Exemplos: ap-to, bis-ne-to, con-vic-ção, a-brir, a-pli-car. B) so-li-tá-rio;
C) col-me-i-a;
Língua Portuguesa 6
D) ar-mis-tí-ci-o; 3) Após a sílaba inicial “me-”.
E) trans-a-tlân-ti-co. Exemplos: mexer, mexerica, mexicano, mexilhão
Exceção: mecha
05- Assinale o item em que a divisão silábica está errada:
A) tran-sa-tlân-ti-co / de-sin-fe-tar; 4) Em vocábulos de origem indígena ou africana e nas palavras
B) subs-ta-be-le-cer / de-su-ma-no; inglesas aportuguesadas.
C) cis-an-di-no / sub-es-ti-mar; Exemplos: abacaxi, xavante, orixá, xará, xerife, xampu
D) ab-di-ca-ção / a-bla-ti-vo;
E) fri-is-si-mo / ma-ci-is-si-mo. 5) Nas seguintes palavras:
bexiga, bruxa, coaxar, faxina, graxa, lagartixa, lixa, lixo, puxar,
Respostas rixa, oxalá, praxe, roxo, vexame, xadrez, xarope, xaxim, xícara, xale,
01-E / 02-C / 03-E / 04-B / 05-C xingar, etc.
O Alfabeto Emprega-se o G:
O alfabeto da língua portuguesa é formado por 26 letras. Cada 1) Nos substantivos terminados em -agem, -igem, -ugem
letra apresenta uma forma minúscula e outra maiúscula. Veja: Exemplos: barragem, miragem, viagem, origem, ferrugem
Exceção: pajem
a A (á) b B (bê)
c C (cê) d D (dê) 2) Nas palavras terminadas em -ágio, -égio, -ígio, -ógio, -úgio
e E (é) f F (efe) Exemplos: estágio, privilégio, prestígio, relógio, refúgio
g G (gê ou guê) h H (agá)
i I (i) j J (jota) 3) Nas palavras derivadas de outras que se grafam com g
k K (cá) l L (ele) Exemplos: engessar (de gesso), massagista (de massagem),
m M (eme) n N (ene) vertiginoso (de vertigem)
o O (ó) p P (pê)
q Q (quê) r R (erre) 4) Nos seguintes vocábulos:
s S (esse) t T (tê) algema, auge, bege, estrangeiro, geada, gengiva, gibi, gilete,
u U (u) v V (vê) hegemonia, herege, megera, monge, rabugento, vagem.
w W (dáblio) x X (xis)
y Y (ípsilon) z Z (zê) Emprega-se o J:
1) Nas formas dos verbos terminados em -jar ou -jear
Observação: emprega-se também o ç, que representa o Exemplos:
fonema /s/ diante das letras: a, o, e u em determinadas palavras. arranjar: arranjo, arranje, arranjem
despejar: despejo, despeje, despejem
Emprego das letras K, W e Y gorjear: gorjeie, gorjeiam, gorjeando
Utilizam-se nos seguintes casos: enferrujar: enferruje, enferrujem
a) Em antropônimos originários de outras línguas e seus viajar: viajo, viaje, viajem
derivados.
Exemplos: Kant, kantismo; Darwin, darwinismo; Taylor, 2) Nas palavras de origem tupi, africana, árabe ou exótica
taylorista. Exemplos: biju, jiboia, canjica, pajé, jerico, manjericão, Moji
b) Em topônimos originários de outras línguas e seus 3) Nas palavras derivadas de outras que já apresentam j
derivados. Exemplos:
Exemplos: Kuwait, kuwaitiano. laranja- laranjeira loja- lojista lisonja -
lisonjeador nojo- nojeira
c) Em siglas, símbolos, e mesmo em palavras adotadas como cereja- cerejeira varejo- varejista rijo- enrijecer
unidades de medida de curso internacional. jeito- ajeitar
Exemplos: K (Potássio), W (West), kg (quilograma), km
(quilômetro), Watt. 4) Nos seguintes vocábulos:
berinjela, cafajeste, jeca, jegue, majestade, jeito, jejum, laje,
Emprego de X e Ch traje, pegajento
Emprega-se o X:
1) Após um ditongo. Emprego das Letras S e Z
Exemplos: caixa, frouxo, peixe Emprega-se o S:
Exceção: recauchutar e seus derivados 1) Nas palavras derivadas de outras que já apresentam s no
radical
2) Após a sílaba inicial “en”.
Exemplos: enxame, enxada, enxaqueca Exemplos:
Exceção: palavras iniciadas por “ch” que recebem o prefixo análise- analisar catálise- catalisador
“en-” casa- casinha, casebre liso- alisar
Exemplos: encharcar (de charco), enchiqueirar (de chiqueiro),
encher e seus derivados (enchente, enchimento, preencher...) 2) Nos sufixos -ês e -esa, ao indicarem nacionalidade, título
ou origem
Língua Portuguesa 7
Exemplos: Emprego de S, Ç, X e dos Dígrafos Sc, Sç, Ss, Xc, Xs
burguês- burguesa inglês- inglesa Existem diversas formas para a representação do fonema /S/.
chinês- chinesa milanês- milanesa Observe:
Língua Portuguesa 8
Emprega-se o E: Disse o Padre Antonio Vieira: “Estar com Cristo em qualquer
1) Em sílabas finais dos verbos terminados em -oar, -uar lugar, ainda que seja no inferno, é estar no Paraíso.”
Exemplos:
magoar - magoe, magoes “Auriverde pendão de minha terra,
continuar- continue, continues Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que à luz do sol encerra
2) Em palavras formadas com o prefixo ante- (antes, anterior) As promessas divinas da Esperança…”
Exemplos: antebraço, antecipar (Castro Alves)
2) Medial, como integrante dos dígrafos ch, lh, nh Observação: esses nomes escrevem-se com inicial minúscula
Exemplos: flecha, telha, companhia quando são empregados em sentido geral ou indeterminado.
Exemplo:
3) Final e inicial, em certas interjeições Todos amam sua pátria.
Exemplos: ah!, ih!, eh!, oh!, hem?, hum!, etc.
Emprego FACULTATIVO de letra maiúscula:
4) Em compostos unidos por hífen, no início do segundo a) Nos nomes de logradouros públicos, templos e edifícios.
elemento, se etimológico Exemplos:
Exemplos: anti-higiênico, pré-histórico, super-homem, etc. Rua da Liberdade ou rua da Liberdade
Igreja do Rosário ou igreja do Rosário
Observações: Edifício Azevedo ou edifício Azevedo
1) No substantivo Bahia, o “h” sobrevive por tradição. Note que
nos substantivos derivados como baiano, baianada ou baianinha 2) Utiliza-se inicial minúscula:
ele não é utilizado. a) Em todos os vocábulos da língua, nos usos correntes.
Exemplos:
2) Os vocábulos erva, Espanha e inverno não possuem a carro, flor, boneca, menino, porta, etc.
letra “h” na sua composição. No entanto, seus derivados eruditos
sempre são grafados com h. Veja: b) Nos nomes de meses, estações do ano e dias da semana.
herbívoro, hispânico, hibernal. Exemplos:
janeiro, julho, dezembro, etc.
Emprego das Iniciais Maiúsculas e Minúsculas segunda, sexta, domingo, etc.
1) Utiliza-se inicial maiúscula: primavera, verão, outono, inverno
a) No começo de um período, verso ou citação direta.
Exemplos: c) Nos pontos cardeais.
Língua Portuguesa 9
Exemplos: Exemplos:
Percorri o país de norte a sul e de leste a oeste.
Estes são os pontos colaterais: nordeste, noroeste, sudeste, Conjunção
A situação agravou-se
sudoeste. que indica
porque ninguém reclamou.
explicação ou
Observação: quando empregados em sua forma absoluta, os causa
Ninguém mais o espera,
pontos cardeais são grafados com letra maiúscula. Porque porque ele sempre se atrasa.
Exemplos:
Nordeste (região do Brasil) Conjunção de
Exemplos:
Ocidente (europeu) Finalidade –
Oriente (asiático) equivale a “para
Não julgues porque não te
que”, “a fim de
julguem.
Lembre-se: que”.
Depois de dois-pontos, não se tratando de citação direta, usa-
Função de
se letra minúscula. Exemplos:
substantivo
Exemplo:
– vem
“Chegam os magos do Oriente, com suas dádivas: ouro, Não é fácil encontrar o
acompanhado
incenso, mirra.” (Manuel Bandeira) Porquê porquê de toda confusão.
de artigo ou
pronome
Emprego FACULTATIVO de letra minúscula: Dê-me um porquê de sua
a) Nos vocábulos que compõem uma citação bibliográfica. saída.
Exemplos:
Crime e Castigo ou Crime e castigo
1. Por que (pergunta)
Grande Sertão: Veredas ou Grande sertão: veredas
2. Porque (resposta)
Em Busca do Tempo Perdido ou Em busca do tempo perdido
3. Por quê (fim de frase: motivo)
4. O Porquê (substantivo)
b) Nas formas de tratamento e reverência, bem como em
nomes sagrados e que designam crenças religiosas.
Emprego de outras palavras
Exemplos:
Senão: equivale a “caso contrário”, “a não ser”: Não fazia coisa
Governador Mário Covas ou governador Mário Covas
nenhuma senão criticar.
Papa João Paulo II ou papa João Paulo II
Se não: equivale a “se por acaso não”, em orações adverbiais
Excelentíssimo Senhor Reitor ou excelentíssimo senhor reitor
condicionais: Se não houver homens honestos, o país não sairá
Santa Maria ou santa Maria.
desta situação crítica.
c) Nos nomes que designam domínios de saber, cursos e
Tampouco: advérbio, equivale a “também não”: Não
disciplinas.
compareceu, tampouco apresentou qualquer justificativa.
Exemplos:
Tão pouco: advérbio de intensidade: Encontramo-nos tão
Português ou português
pouco esta semana.
Línguas e Literaturas Modernas ou línguas e literaturas
modernas
Trás ou Atrás = indicam lugar, são advérbios.
História do Brasil ou história do Brasil
Traz - do verbo trazer.
Arquitetura ou arquitetura
Vultoso: volumoso: Fizemos um trabalho vultoso aqui.
Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/fono/
Vultuoso: atacado de congestão no rosto: Sua face está
fono24.php
vultuosa e deformada.
Questões
Emprego do Porquê
Orações 01. Que mexer o esqueleto é bom para a saúde já virou
Interrogativas Exemplo: até sabedoria popular. Agora, estudo levanta hipóteses sobre
........................ praticar atividade física..........................benefícios
(pode ser Por que devemos nos para a totalidade do corpo. Os resultados podem levar a novas
substituído por: preocupar com o meio terapias para reabilitar músculos contundidos ou mesmo para
Por por qual motivo, ambiente? .......................... e restaurar a perda muscular que ocorre com o
Que por qual razão) avanço da idade.
(Ciência Hoje, março de 2012)
Exemplo:
Equivalendo As lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e
a “pelo qual” Os motivos por que não respectivamente, com:
respondeu são desconhecidos. (A) porque … trás … previnir
(B) porque … traz … previnir
Exemplos: (C) porquê … tras … previnir
(D) por que … traz … prevenir
Você ainda tem coragem de (E) por quê … tráz … prevenir
Final de
Por perguntar por quê?
frases e seguidos
Quê 02.
de pontuação
Você não vai? Por quê?
Língua Portuguesa 10
Considerando a ortografia e a acentuação da norma- Os monossílabos em destaque classificam-se como tônicos;
padrão da língua portuguesa, as lacunas estão, correta e os demais, como átonos (que, em, de).
respectivamente, preenchidas por:
(A) mal ... por que ... intuíto Os Acentos Gráficos
(B) mau ... por que ... intuito
(C) mau ... porque ... intuíto acento agudo (´) – Colocado sobre as letras “a”, “i”, “u” e
(D) mal ... porque ... intuito sobre o “e” do grupo “em” - indica que estas letras representam
(E) mal ... por quê ... intuito as vogais tônicas de palavras como Amapá, caí, público, parabéns.
Sobre as letras “e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre aberto.
03. Assinale a alternativa que preenche, correta e Ex.: herói – médico – céu(ditongos abertos)
respectivamente, as lacunas do trecho a seguir, de acordo com
a norma-padrão. acento circunflexo (^) – colocado sobre as letras “a”, “e” e
Além disso, ___certamente ____entre nós ____do fenômeno da “o” indica, além da tonicidade, timbre fechado:
corrupção e das fraudes. Ex.: tâmara – Atlântico – pêssego – supôs
(A) a … concenso … acerca
(B) há … consenso … acerca acento grave (`) – indica a fusão da preposição “a” com
(C) a … concenso … a cerca artigos e pronomes.
(D) a … consenso … há cerca Ex.: à – às – àquelas – àqueles
(E) há … consenço … a cerca
trema (¨) – De acordo com a nova regra, foi totalmente
04. Assinale a alternativa cujas palavras se apresentam abolido das palavras. Há uma exceção: é utilizado em palavras
flexionadas de acordo com a norma-padrão. derivadas de nomes próprios estrangeiros.
(A) Os tabeliãos devem preparar o documento. Ex.: mülleriano (de Müller)
(B) Esses cidadões tinham autorização para portar fuzis.
(C) Para autenticar as certidãos, procure o cartório local. til (~) – indica que as letras “a” e “o” representam vogais
(D) Ao descer e subir escadas, segure-se nos corrimãos. nasais.
(E) Cuidado com os degrais, que são perigosos! Ex.: coração – melão – órgão – ímã
Como podemos observar, mediante todos os exemplos água – pônei – mágoa – jóquei
mencionados, os vocábulos possuem mais de uma sílaba, mas
em nossa língua existem aqueles com uma sílaba somente: Regras especiais:
são os chamados monossílabos, que, quando pronunciados,
apresentam certa diferenciação quanto à intensidade. Os ditongos de pronúncia aberta “ei”, “oi” ( ditongos abertos),
que antes eram acentuados, perderam o acento de acordo com
Tal diferenciação só é percebida quando os pronunciamos a nova regra, mas desde que estejam em palavras paroxítonas.
em uma dada sequência de palavras. Assim como podemos
observar no exemplo a seguir: Cuidado: Se os ditongos abertos estiverem em uma
palavra oxítona (herói) ou monossílaba (céu) ainda são
“Sei que não vai dar em nada, seus segredos sei de cor”. acentuados. Mas caso não forem ditongos perdem o acento.
Ex.:
Língua Portuguesa 11
Antes Agora Não se acentuam mais as palavras homógrafas que antes
assembléia assembleia eram acentuadas para diferenciá-las de outras semelhantes
idéia ideia (regra do acento diferencial). Apenas em algumas exceções,
jibóia jiboia como:
apóia (verbo apoiar) apoia
A forma verbal pôde (terceira pessoa do singular do
Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos, acompanhados pretérito perfeito do modo indicativo) ainda continua
ou não de “s”, haverá acento: sendo acentuada para diferenciar-se de pode (terceira
Ex.: saída – faísca – baú – país – Luís pessoa do singular do presente do indicativo). Ex:
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se vierem 04. Assinale a alternativa correta.
precedidas de vogal idêntica:
xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba A) “Contrário” e “prévias” são acentuadas por serem
paroxítonas terminadas em ditongo.
As formas verbais que possuíam o acento tônico na raiz, com B) Em “interruptor” e “testaria” temos, respectivamente,
“u” tônico precedido de “g” ou “q” e seguido de “e” ou “i” não encontro consonantal e hiato.
serão mais acentuadas. Ex.: C) Em “erros derivam do mesmo recurso mental” as palavras
grifadas são paroxítonas.
Antes Depois D) Nas palavras “seguida”, “aquele” e “quando” as partes
apazigúe (apaziguar) apazigue destacadas são dígrafos.
argúi (arguir) argui E) A divisão silábica está correta em “co-gni-ti-va”, “p-si-có-
lo-ga” e “a-ci-o-na”.
Acentuam-se os verbos pertencentes à terceira pessoa do
plural de: 05. Todas as palavras abaixo são hiatos, EXCETO:
Língua Portuguesa 12
No caso dos nomes terminados em –r e –z, a desinência de
Traços semânticos de radicais, plural assume a forma -es:
mar/mares;
prefixos e sufixos. Pronomes revólver/revólveres;
de tratamento. Normas da cruz/cruzes.
flexão dos verbos regulares
e irregulares. Formação Desinências verbais: em nossa língua, as desinências
de Palavras: Derivação, verbais pertencem a dois tipos distintos. Há aqueles que indicam
o modo e o tempo (desinências modo-temporais) e aquelas que
Composição, Hibridismo, etc. indicam o número e a pessoa dos verbos (desinência número-
pessoais):
cant-á-va-mos
Estrutura e formação das palavras cant-á-sse-is
cant: radical
Observe as seguintes palavras: cant: radical
escol-a -á-: vogal temática
escol-ar -á-: vogal temática
escol-arização
escol-arizar -va-: desinência modo-temporal(caracteriza o pretérito
sub-escol-arização imperfeito do indicativo)
-sse-: desinência modo-temporal (caracteriza o pretérito
Percebemos que há um elemento comum a todas elas: a imperfeito do subjuntivo)
forma escol-. Além disso, em todas há elementos destacáveis, -mos: desinência número-pessoal (caracteriza a primeira
responsáveis por algum detalhe de significação. Compare, por pessoa do plural)
exemplo, escola e escolar: partindo de escola, formou-se escolar -is: desinência número-pessoal (caracteriza a segunda
pelo acréscimo do elemento destacável: ar. pessoa do plural)
Por meio desse trabalho de comparação entre as diversas
palavras que selecionamos, podemos depreender a existência Vogal temática
de diferentes elementos formadores. Cada um desses elementos Observe que, entre o radical cant- e as desinências verbais,
formadores é uma unidade mínima de significação, um elemento surge sempre o morfema –a.
significativo indecomponível, a que damos o nome de morfema. Esse morfema, que liga o radical às desinências, é chamado
de vogal temática. Sua função é ligar-se ao radical, constituindo
Classificação dos morfemas: o chamado tema. É ao tema (radical + vogal temática) que se
Radical acrescentam as desinências. Tanto os verbos como os nomes
Há um morfema comum a todas as palavras que estamos apresentam vogais temáticas.
analisando: escol-.
É esse morfema comum – o radical – que faz com que as Vogais temáticas nominais: São -a, -e, e -o, quando átonas
consideremos palavras de uma mesma família de significação – finais, como em mesa, artista, busca, perda, escola, triste, base,
os cognatos. O radical é a parte da palavra responsável por sua combate. Nesses casos, não poderíamos pensar que essas
significação principal. terminações são desinências indicadoras de gênero, pois a mesa,
escola, por exemplo, não sofrem esse tipo de flexão. É a essas
Afixos vogais temáticas que se liga a desinência indicadora de plural:
Como vimos, o acréscimo do morfema – ar - cria uma mesa-s, escola-s, perda-s. Os nomes terminados em vogais
nova palavra a partir de escola. De maneira semelhante, tônicas (sofá, café, cipó, caqui, por exemplo) não apresentam
o acréscimo dos morfemas sub e arização à forma escol vogal temática.
criou subescolarização. Esses morfemas recebem o nome de
afixos. Vogais temáticas verbais: São -a, -e e -i, que caracterizam
Quando são colocados antes do radical, como acontece três grupos de verbos a que se dá o nome de conjugações.
com sub, os afixos recebem o nome de prefixos. Quando, como Assim, os verbos cuja vogal temática é -a pertencem à primeira
arização, surgem depois do radical os afixos são chamados conjugação; aqueles cuja vogal temática é -e pertencem à
de sufixos. segunda conjugação e os que têm vogal temática -i pertencem à
Prefixos e sufixos, além de operar mudança de classe terceira conjugação.
gramatical, são capazes de introduzir modificações de
significado no radical a que são acrescentados. primeira conjug. segunda conjug. terceira conjug.
govern-a-va estabelec-e-sse defin-i-ra
Desinências atac-a-va cr-e-ra imped-i-sse
Quando se conjuga o verbo amar, obtêm-se formas como realiz-a-sse mex-e-rá g-i-mos
amava, amavas, amava, amávamos, amáveis, amavam. Essas
modificações ocorrem à medida que o verbo vai sendo flexionado Vogal ou consoante de ligação
em número (singular e plural) e pessoa (primeira, segunda ou As vogais ou consoantes de ligação são morfemas que
terceira). Também ocorrem se modificarmos o tempo e o modo surgem por motivos eufônicos, ou seja, para facilitar ou mesmo
do verbo (amava, amara, amasse, por exemplo). possibilitar a leitura de uma determinada palavra. Temos um
Podemos concluir, assim, que existem morfemas que indicam exemplo de vogal de ligação na palavra escolaridade: o - i - entre
as flexões das palavras. Esses morfemas sempre surgem no fim os sufixos -ar- e -dade facilita a emissão vocal da palavra. Outros
das palavras variáveis e recebem o nome de desinências. Há exemplos: gasômetro, alvinegro, tecnocracia, paulada, cafeteira,
desinências nominais e desinências verbais. chaleira, tricota.
Desinências nominais: indicam o gênero e o número dos Processos de formação de palavras:
nomes. Para a indicação de gênero, o português costuma opor as 1-) Composição
desinências -o/-a: garoto/garota; menino/menina. Haverá composição quando se juntarem dois ou mais
radicais para formar nova palavra. Há dois tipos de composição;
Para a indicação de número, costuma-se utilizar o justaposição e aglutinação.
morfema –s, que indica o plural em oposição à ausência de 1.1-) Justaposição: ocorre quando os elementos que
morfema, que indica o singular: garoto/garotos; garota/garotas; formam o composto são postos lado a lado, ou seja, justapostos:
menino/meninos; menina/meninas. Corre-corre, guarda-roupa, segunda-feira, girassol.
Língua Portuguesa 13
1.2-) Aglutinação: ocorre quando os elementos que - Siglas: As siglas são formadas pela combinação das
formam o composto se aglutinam e pelo menos um deles perde letras iniciais de uma sequência de palavras que constitui um
sua integridade sonora: Aguardente (água + ardente), planalto nome. Por exemplo:IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
(plano + alto), pernalta (perna + alta), vinagre (vinho + acre) Estatística); IPTU (Imposto Predial, Territorial e Urbano).
As siglas escrevem-se com todas as letras maiúsculas, a não
Derivação por acréscimo de afixos ser que haja mais de três letras e a sigla seja pronunciável sílaba
É o processo pelo qual se obtêm palavras novas (derivadas) por sílaba. Por exemplo: Unicamp, Petrobras.
pela anexação de afixos à palavra primitiva. A derivação pode
ser: prefixal, sufixal e parassintética. Questões
1-) Prefixal (ou prefixação): a palavra nova é obtida por
acréscimo de prefixo. 01. Assinale a opção em que todas as palavras se formam
In------ --feliz des----------leal pelo mesmo processo:
Prefixo radical prefixo radical A) ajoelhar / antebraço / assinatura
B) atraso / embarque / pesca
2-) Sufixal (ou sufixação): a palavra nova é obtida por C) o jota / o sim / o tropeço
acréscimo de sufixo. D) entrega / estupidez / sobreviver
Feliz---- mente leal------dade E) antepor / exportação / sanguessuga
Radical sufixo radical sufixo
02. A palavra “aguardente” formou-se por:
3-) Parassintética: a palavra nova é obtida pelo acréscimo A) hibridismo
simultâneo de prefixo e sufixo (não posso retirar o prefixo nem o B) aglutinação
sufixo que estão ligados ao radical, pois a palavra não “existiria”). C) justaposição
Por parassíntese formam-se principalmente verbos. D) parassíntese
En-- -----trist- ----ecer E) derivação regressiva
Prefixo radical sufixo
03. Que item contém somente palavras formadas por
en----- ---tard--- --ecer justaposição?
prefixo radical sufixo A) desagradável - complemente
B) vaga-lume - pé-de-cabra
Outros tipos de derivação C) encruzilhada - estremeceu
D) supersticiosa - valiosas
Há dois casos em que a palavra derivada é formada sem que E) desatarraxou - estremeceu
haja a presença de afixos. São eles: a derivação regressiva e a
derivação imprópria. 04. “Sarampo” é:
A) forma primitiva
1-) Derivação regressiva: a palavra nova é obtida por B) formado por derivação parassintética
redução da palavra primitiva. Ocorre, sobretudo, na formação C) formado por derivação regressiva
de substantivos derivados de verbos. Exemplo: A pesca está D) formado por derivação imprópria
proibida. (pescar). Proibida a caça. (caçar) E) formado por onomatopeia
2-) Derivação imprópria: a palavra nova (derivada) 05.As palavras são formadas através de derivação
é obtida pela mudança de categoria gramatical da palavra parassintética em
primitiva. Não ocorre, pois, alteração na forma, mas tão somente A)infelizmente, desleal, boteco, barraco.
na classe gramatical. B)ajoelhar, anoitecer, entristecer, entardecer.
Não entendi o porquê da briga. (o substantivo porquê deriva C)caça, pesca, choro, combate.
da conjunção porque) D)ajoelhar, pesca, choro, entristecer.
Seu olhar me fascina! (o verbo olhar tornou-se, aqui,
substantivo) Respostas
01. (B) / 2. (B) / 3. (B) / 4. (C) / 5. (B)
Outros processos de formação de palavras:
Pronome de Tratamento
- Hibridismo: é a palavra formada com elementos oriundos
de línguas diferentes. Quando nos dirigimos às pessoas do nosso convívio diário
automóvel (auto: grego; móvel: latim) utilizamos uma linguagem mais informal, mais íntima. Ao passo
sociologia (socio: latim; logia: grego) que, se formos nos dirigir a alguém que possui um prestígio social
sambódromo (samba: dialeto africano; dromo: grego) mais alto ou um grau hierárquico mais elevado, necessariamente
Fonte: http://www.brasilescola.com/gramatica/estrutura-e- temos que utilizar uma linguagem mais formal. Lembrando que
formacao-de-palavras-i.htm isto prevalece tanto para a escrita quanto para a fala.
Para isto, podemos usufruir de um completo aparato no
- Abreviação vocabular, cujo traço peculiar manifesta- que se refere às normas gramaticais e à maneira correta de
se por meio da eliminação de um segmento de uma palavra como e onde utilizá-las. E fazendo parte deste aparato, estão
no intuito de se obter uma forma mais reduzida, geralmente os pronomes, os quais pertencem às dez classes gramaticais e
aquelas mais longas. Vejamos alguns exemplos: possuem a função de acompanhar ou substituir o nome, ou seja,
o próprio substantivo, relacionando-o à pessoa do discurso.
metropolitano – metrô É importante lembrarmos que eles representam a forma pela
extraordinário – extra qual nos atribuímos às pessoas, como já foi dito anteriormente.
otorrinolaringologista – otorrino São eles:
telefone – fone
pneumático – pneu Vossa Alteza V. A. príncipes, duques
Vossa Eminência V. Ema.(s) cardeais
- Onomatopeia: Consiste em criar palavras, tentando Vossa Reverendíssima V. Revma.(s) sacerdotes e bispos
imitar sons da natureza ou sons repetidos. Por exemplo: zum- Vossa Excelência V. Ex.ª (s) altas autoridades e
zum, cri-cri, tique-taque, pingue-pongue, blá-blá-blá. oficiais-generais
Vossa Magnificência V. Mag.ª (s) reitores de universidades
Vossa Majestade V. M. reis e rainhas
Língua Portuguesa 14
Vossa Majestade Imperial V. M. I. Imperadores a – O uso do pronome possessivo implica em uma duplicidade
Vossa Santidade V. S. Papa de sentido? Relate.
Vossa Senhoria V. S.ª (s) tratamento cerimonioso b – Reescreva-a eliminando esta ocorrência de modo a torná-
Vossa Onipotência V. O. Deus la clara e objetiva.
Também são pronomes de tratamento o senhor, a senhora 03. Preencha as lacunas utilizando corretamente os
e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” são empregados no pronomes demonstrativos:
tratamento cerimonioso; “você” e “vocês”, no tratamento a - _________ é a pessoa da qual lhe falei.
familiar. Você e vocês são largamente empregados no português b – Não conseguiremos encontrar ________________estimados
do Brasil; em algumas regiões , a forma tu é de uso frequente, professores, pois eles já não trabalham mais aqui.
em outras, é muito pouco empregada. Já a forma vós tem uso c – Empreste-me _____________livro? Há muito tento encontrá-
restrito à linguagem litúrgica, ultraformal ou literária. lo.
d- Olha! Quem são _____________________convidados que
Observações: acabaram de chegar?
a) Vossa Excelência X Sua Excelência : os pronomes e - ___________ foi o aluno destaque deste ano, desejas
de tratamento que possuem “Vossa (s)” são empregados em entrevistá-lo?
relação à pessoa com quem falamos.
Por exemplo: 04. Assinale o item em que há erro no emprego do pronome
Espero que V. Ex.ª, Senhor Ministro, compareça a este demonstrativo:
encontro. a – ( ) Paulo, que é isso que você leva?
b - ( ) “Amai vossos irmãos”! são essas as verdadeiras
Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito da pessoa. palavras de amor.
Por Exemplo: c - ( ) Trinta de dezembro de 1977! Foi significativo para
Todos os membros da C.P.I. afirmaram que Sua Excelência, o mim esse dia.
Senhor Presidente da República, agiu com propriedade. d – ( ) Pedro, esse livro que está com José é meu.
- Os pronomes de tratamento representam uma forma e – ( ) Não estou de acordo com aquelas palavras que José
indireta de nos dirigirmos aos nossos interlocutores. Ao pronunciou.
tratarmos um deputado por Vossa Excelência, por exemplo,
estamos nos endereçando à excelência que esse deputado 05. Observe o trecho no qual encontra-se empregado o
supostamente tem para poder ocupar o cargo que ocupa. pronome de tratamento de forma correta. Logo em seguida
atente-se para o que se pede:
b) 3ª pessoa: embora os pronomes de tratamento se dirijam
à 2ª pessoa, toda a concordância deve ser feita com a 3ª pessoa. “-Vossa Excelência, por obséquio, queira falar mais alto, que
Assim, os verbos, os pronomes possessivos e os pronomes não ouvi bem – e apontava agoniado, um dos deputados mais
oblíquos empregados em relação a eles devem ficar na 3ª pessoa. próximos.” (Fernando Sabino)
Por exemplo:
Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas promessas, Qual o pronome de tratamento seria utilizado no caso de nos
para que seus eleitores lhe fiquem reconhecidos. dirigirmos às seguintes pessoas:
a- Papa _____________________________
c) Uniformidade de Tratamento: quando escrevemos ou b – Ao reitor de uma universidade _________________________
nos dirigimos a alguém, não é permitido mudar, ao longo do c – A um amigo mais íntimo, convidando-o para um passeio
texto, a pessoa do tratamento escolhida inicialmente. Assim, ____________________
por exemplo, se começamos a chamar alguém de “você”, não d – A um rei ou uma rainha _____________________________
poderemos usar “te” ou “teu”. O uso correto exigirá, ainda, verbo e – A uma autoridade ligada ao mundo da política
na terceira pessoa. ______________________________
Por exemplo:
Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos teus Respostas
cabelos. (errado)
Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos seus 01.
cabelos. (correto) a – Encontrei-a passeando no shopping.
Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos teus b – Deixe-me sossegada, pois preciso descansar.
cabelos. (correto) c – Desejas ir conosco?
d - De hoje em diante está tudo terminado entre nós.
Fontes: DUARTE, Vânia Maria Do Nascimento. “Pronomes de e - Entreguei o livro hoje, portanto poderás pegá-lo.
Tratamento”; Brasil Escola. Disponível em <http://brasilescola.uol.com.
br/gramatica/pronomes-tratamento.htm>. Acesso em 10 de fevereiro 02.
de 2016. a- Sim, o uso dos pronomes possessivos quando utilizados
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf46.php de forma inadequada incide de forma negativa na clareza
do discurso, muitas vezes demarcado pela ambiguidade. No
Questões caso em questão, o uso do pronome “sua” remete ao seguinte
questionamento: trata-se da irmã de Marcos ou de André?
01. Como sabemos, a língua escrita requer uma linguagem
que esteja de acordo com a norma padrão. Assim sendo, as b – No intuito de atribuir clareza ao enunciado, esse deve ser
frases a seguir pertencem a um nível mais coloquial. Reescreva- assim expresso: Marcos, o André saiu com a irmã dele.
as procurando adequá-las à forma correta:
a – Encontrei ela passeando no shopping. 03.
b – Deixa eu sossegada, pois preciso descansar. a - Esta é pessoa da qual lhe falei.
c – Desejas ir comigo e com minha irmã? b – Não conseguiremos encontrar aqueles estimados
d - De hoje em diante está tudo terminado entre eu e você. professores, pois eles já não trabalham mais aqui.
e - Entreguei o livro hoje, portanto poderás pegar ele. c – Empreste-me esse livro? Há muito tento encontrá-lo.
d- Olha! Quem são aqueles convidados que acabaram de
02. Da oração que segue, propõe-se que seja feita uma análise chegar?
e, posteriormente, responda às questões que a ela se refere: e – Este foi o aluno destaque deste ano, desejas entrevistá-
lo?
Marcos, o André saiu com sua irmã!
Língua Portuguesa 15
04. (C) - Impessoais: são os verbos que não têm sujeito.
Normalmente, são usados na terceira pessoa do singular. Os
05. principais verbos impessoais são:
a – Vossa Santidade a) haver, quando sinônimo de existir, acontecer, realizar-se
b – Vossa Magnificência ou fazer (em orações temporais).
c - Você Havia poucos ingressos à venda. (Havia = Existiam)
d – Vossa Majestade Houve duas guerras mundiais. (Houve = Aconteceram)
e – Vossa Excelência Haverá reuniões aqui. (Haverá = Realizar-se-ão)
Deixei de fumar há muitos anos. (há = faz)
Verbo
b) fazer, ser e estar (quando indicam tempo)
Verbo é a classe de palavras que se flexiona em pessoa, Faz invernos rigorosos no Sul do Brasil.
número, tempo, modo e voz. Pode indicar, entre outros Era primavera quando a conheci.
processos: ação (correr); estado (ficar); fenômeno (chover); Estava frio naquele dia.
ocorrência (nascer); desejo (querer).
O que caracteriza o verbo são as suas flexões, e não os seus c) Todos os verbos que indicam fenômenos da natureza
possíveis significados. Observe que palavras como corrida, são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, trovejar, amanhecer,
chuva e nascimento têm conteúdo muito próximo ao de alguns escurecer, etc. Quando, porém, se constrói, “Amanheci mal-
verbos mencionados acima; não apresentam, porém, todas as humorado”, usa-se o verbo “amanhecer” em sentido figurado.
possibilidades de flexão que esses verbos possuem. Qualquer verbo impessoal, empregado em sentido figurado,
deixa de ser impessoal para ser pessoal.
Estrutura das Formas Verbais Amanheci mal-humorado. (Sujeito desinencial: eu)
Do ponto de vista estrutural, uma forma verbal pode Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos)
apresentar os seguintes elementos: Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu)
a) Radical: é a parte invariável, que expressa o significado
essencial do verbo. Por exemplo: d) São impessoais, ainda:
fal-ei; fal-ava; fal-am. (radical fal-) 1. o verbo passar (seguido de preposição), indicando tempo.
Ex.: Já passa das seis.
b) Tema: é o radical seguido da vogal temática que indica a 2. os verbos bastar e chegar, seguidos da preposição de,
conjugação a que pertence o verbo. Por exemplo: fala-r indicando suficiência. Ex.:
São três as conjugações: Basta de tolices. Chega de blasfêmias.
1ª - Vogal Temática - A - (falar) 3. os verbos estar e ficar em orações tais como Está bem,
2ª - Vogal Temática - E - (vender) Está muito bem assim, Não fica bem, Fica mal, sem referência
3ª - Vogal Temática - I - (partir) a sujeito expresso anteriormente. Podemos, ainda, nesse caso,
classificar o sujeito como hipotético, tornando-se, tais verbos,
c) Desinência modo-temporal: é o elemento que designa o então, pessoais.
tempo e o modo do verbo. 4. o verbo deu + para da língua popular, equivalente de “ser
Por exemplo: possível”. Por exemplo:
falávamos ( indica o pretérito imperfeito do indicativo.) Não deu para chegar mais cedo.
falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjuntivo.) Dá para me arrumar uns trocados?
d) Desinência número-pessoal: é o elemento que designa - Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito, conjugam-se
a pessoa do discurso ( 1ª, 2ª ou 3ª) e o número (singular ou apenas nas terceiras pessoas, do singular e do plural.
plural). A fruta amadureceu.
falamos (indica a 1ª pessoa do plural.) As frutas amadureceram.
falavam (indica a 3ª pessoa do plural.)
Obs.: os verbos unipessoais podem ser usados como verbos
Observação: o verbo pôr, assim como seus derivados pessoais na linguagem figurada:
(compor, repor, depor, etc.), pertencem à 2ª conjugação, pois a Teu irmão amadureceu bastante.
forma arcaica do verbo pôr era poer. A vogal “e”, apesar de haver Entre os unipessoais estão os verbos que significam vozes de
desaparecido do infinitivo, revela-se em algumas formas do animais; eis alguns:
verbo: põe, pões, põem, etc. bramar: tigre
bramir: crocodilo
Formas Rizotônicas e Arrizotônicas cacarejar: galinha
Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura dos coaxar: sapo
verbos com o conceito de acentuação tônica, percebemos com cricrilar: grilo
facilidade que nas formas rizotônicas, o acento tônico cai no
radical do verbo: opino, aprendam, nutro, por exemplo. Nas Os principais verbos unipessoais são:
formas arrizotônicas, o acento tônico não cai no radical, mas sim 1. cumprir, importar, convir, doer, aprazer, parecer,
na terminação verbal: opinei, aprenderão, nutriríamos. ser (preciso, necessário, etc.).
Cumpre trabalharmos bastante. (Sujeito: trabalharmos
Classificação dos Verbos bastante.)
Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover.)
Classificam-se em: É preciso que chova. (Sujeito: que chova.)
a) Regulares: são aqueles que possuem as desinências 2. fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo, seguidos da
normais de sua conjugação e cuja flexão não provoca alterações conjunção que.
no radical.
Faz dez anos que deixei de fumar. (Sujeito: que deixei de
Por exemplo: canto cantei cantarei cantava cantasse fumar.)
b) Irregulares: são aqueles cuja flexão provoca alterações Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não vejo Cláudia.
no radical ou nas desinências. (Sujeito: que não vejo Cláudia)
Por exemplo: faço fiz farei fizesse Obs.: todos os sujeitos apontados são oracionais.
c) Defectivos: são aqueles que não apresentam conjugação
completa. Classificam-se em impessoais, unipessoais e pessoais. - Pessoais: não apresentam algumas flexões por motivos
morfológicos ou eufônicos. Por exemplo:
Língua Portuguesa 16
verbo falir. Este verbo teria como formas do presente do Pretérito Mais-que-Perfeito Composto: tinha sido.
indicativo falo, fales, fale, idênticas às do verbo falar - o que Futuro do Pretérito simples: eu seria, tu serias, ele seria,
provavelmente causaria problemas de interpretação em certos nós seríamos, vós seríeis, eles seriam.
contextos. Futuro do Pretérito Composto: terei sido.
verbo computar. Este verbo teria como formas do presente do Futuro do Presente: eu serei, tu serás, ele será, nós seremos,
indicativo computo, computas, computa - formas de sonoridade vós sereis, eles serão.
considerada ofensiva por alguns ouvidos gramaticais. Essas Futuro do Pretérito Composto: Teria sido.
razões muitas vezes não impedem o uso efetivo de formas
verbais repudiadas por alguns gramáticos: exemplo disso é SER - Modo Subjuntivo
o próprio verbo computar, que, com o desenvolvimento e a
popularização da informática, tem sido conjugado em todos os Presente: que eu seja, que tu sejas, que ele seja, que nós
tempos, modos e pessoas. sejamos, que vós sejais, que eles sejam.
Pretérito Imperfeito: se eu fosse, se tu fosses, se ele fosse,
d) Abundantes: são aqueles que possuem mais de uma se nós fôssemos, se vós fôsseis, se eles fossem.
forma com o mesmo valor. Geralmente, esse fenômeno costuma Pretérito Mais-que-Perfeito Composto: tivesse sido.
ocorrer no particípio, em que, além das formas regulares Futuro Simples: quando eu for, quando tu fores, quando ele
terminadas em -ado ou -ido, surgem as chamadas formas for, quando nós formos, quando vós fordes, quando eles forem.
curtas (particípio irregular). Observe: Futuro Composto: tiver sido.
Língua Portuguesa 17
Infinitivo Pessoal: por estar eu, por estares tu, por estar ele, Pretérito Mais-que-Perfeito Simples: eu tivera, tu tiveras,
por estarmos nós, por estardes vós, por estarem eles. ele tivera, nós tivéramos, vós tivéreis, eles tiveram.
Pretérito Mais-que-Perfeito Composto: tinha tido.
Formas Nominais Futuro do Presente Simples: eu terei, tu terás, ele terá, nós
Infinitivo: estar teremos, vós tereis, eles terão.
Gerúndio: estando Futuro do Presente: terei tido.
Particípio: estado Futuro do Pretérito Simples: eu teria, tu terias, ele teria,
nós teríamos, vós teríeis, eles teriam.
ESTAR - Formas Nominais Futuro do Pretérito composto: teria tido.
Língua Portuguesa 18
apesar de se encontrarem na pessoa idêntica à do sujeito, - Pretérito Imperfeito - Expressa um fato ocorrido num
exercem funções sintáticas. momento anterior ao atual, mas que não foi completamente
Por exemplo: terminado. Por exemplo: Ele estudava as lições quando foi
Eu me feri. = Eu(sujeito) - 1ª pessoa do singular me (objeto interrompido.
direto) - 1ª pessoa do singular - Pretérito Perfeito (simples) - Expressa um fato ocorrido
num momento anterior ao atual e que foi totalmente terminado.
Modos Verbais Por exemplo: Ele estudou as lições ontem à noite.
- Pretérito Perfeito (composto) - Expressa um fato que teve
Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas pelo início no passado e que pode se prolongar até o momento atual.
verbo na expressão de um fato. Em Português, existem três Por exemplo: Tenho estudado muito para os exames.
modos: - Pretérito-Mais-Que-Perfeito - Expressa um fato ocorrido
Indicativo - indica uma certeza, uma realidade. Por exemplo: antes de outro fato já terminado. Por exemplo: Ele já tinha
Eu sempre estudo. estudado as lições quando os amigos chegaram. (forma
Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade. Por composta) Ele já estudara as lições quando os amigos chegaram.
exemplo: Talvez eu estude amanhã. (forma simples)
Imperativo - indica uma ordem, um pedido. Por - Futuro do Presente (simples) - Enuncia um fato que deve
exemplo: Estuda agora, menino. ocorrer num tempo vindouro com relação ao momento atual.
Por exemplo: Ele estudará as lições amanhã.
Formas Nominais - Futuro do Presente (composto) - Enuncia um fato que deve
ocorrer posteriormente a um momento atual, mas já terminado
Além desses três modos, o verbo apresenta ainda formas antes de outro fato futuro. Por exemplo: Antes de bater o sinal,
que podem exercer funções de nomes (substantivo, adjetivo, os alunos já terão terminado o teste.
advérbio), sendo por isso denominadas formas nominais. - Futuro do Pretérito (simples) - Enuncia um fato que pode
Observe: ocorrer posteriormente a um determinado fato passado. Por
- a) Infinitivo Impessoal: exprime a significação do verbo exemplo: Se eu tivesse dinheiro, viajaria nas férias.
de modo vago e indefinido, podendo ter valor e função de - Futuro do Pretérito (composto) - Enuncia um fato que
substantivo. Por exemplo: Viver é lutar. (= vida é luta) poderia ter ocorrido posteriormente a um determinado fato
É indispensável combater a corrupção. (= combate à) passado. Por exemplo: Se eu tivesse ganho esse dinheiro, teria
O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presente viajado nas férias.
(forma simples) ou no passado (forma composta). Por exemplo:
É preciso ler este livro. Era preciso ter lido este livro. 2. Tempos do Subjuntivo
b) Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às três - Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no momento
pessoas do discurso. Na 1ª e 3ª pessoas do singular, não atual. Por exemplo: É conveniente que estudes para o exame.
apresenta desinências, assumindo a mesma forma do impessoal; - Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado, mas
nas demais, flexiona- -se da seguinte maneira: posterior a outro já ocorrido. Por exemplo: Eu esperava que
ele vencesse o jogo.
2ª pessoa do singular: Radical + ES Ex.: teres(tu)
1ª pessoa do plural: Radical + MOS Ex.:termos (nós) Obs.: o pretérito imperfeito é também usado nas construções
2ª pessoa do plural: Radical + DES Ex.:terdes (vós) em que se expressa a ideia de condição ou desejo. Por exemplo:
3ª pessoa do plural: Radical + EM Ex.:terem (eles) Se ele viesse ao clube, participaria do campeonato.
- Pretérito Perfeito (composto) - Expressa um fato totalmente
Por exemplo: terminado num momento passado. Por exemplo: Embora tenha
Foste elogiado por teres alcançado uma boa colocação. estudado bastante, não passou no teste.
- Futuro do Presente (simples) - Enuncia um fato que pode
- c) Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como adjetivo ou ocorrer num momento futuro em relação ao atual. Por exemplo:
advérbio. Por exemplo: Quando ele vier à loja, levará as encomendas.
Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (função de Obs.: o futuro do presente é também usado em frases que
advérbio) indicam possibilidade ou desejo. Por exemplo: Se ele vier à loja,
Nas ruas, havia crianças vendendo doces. (função adjetivo) levará as encomendas.
Na forma simples, o gerúndio expressa uma ação em curso; - Futuro do Presente (composto) - Enuncia um fato posterior
na forma composta, uma ação concluída. Por exemplo: ao momento atual mas já terminado antes de outro fato
Trabalhando, aprenderás o valor do dinheiro. futuro. Por exemplo: Quando ele tiver saído do hospital, nós o
Tendo trabalhado, aprendeu o valor do dinheiro. visitaremos.
Língua Portuguesa 19
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS 1ª /2ª e 3ª conj.
cantaSTES vendeSTES partISTES STES CANTAR VENDER PARTIR
cantaRAM vendeRAM partiRAM AM cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S
Pretérito mais-que-perfeito cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíssemos SSE MOS
1ª conj. / 2ª conj. / 3ª conj. /Desin. Temp. /Desin. Pess. cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
1ª/2ª e 3ª conj. cantaSSE vendeSSEM partiSSEM SSE M
CANTAR VENDER PARTIR - -
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø Futuro do Subjuntivo
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS -STE da 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito, obtendo-
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M desinência temporal -R mais a desinência de número e pessoa
correspondente.
Pretérito Imperfeito do Indicativo
1ª conj. / 2ª conj. / 3ª conj. / Des. temp. /Desin. pess.
1ª conjugação / 2ª conjugação / 3ª conjugação 1ª /2ª e 3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR CANTAR VENDER PARTIR
cantAVA vendIA partIA cantaR vendeR partiR Ø
cantAVAS vendIAS partAS cantaRES vendeRES partiRES R ES
CantAVA vendIA partIA cantaR vendeR partiR R Ø
cantÁVAMOS vendÍAMOS partÍAMOS cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantÁVEIS vendÍEIS partÍEIS cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantAVAM vendIAM partIAM cantaREM vendeREM PartiREM R EM
Língua Portuguesa 20
cantar vender partir
cantarES venderES partirES Efeitos de sentido decorrentes do
cantar vender partir emprego expressivo dos sinais
cantarMOS venderMOS partirMOS
cantarDES venderDES partirDES de Pontuação.
cantarEM venderEM partirEM
Pontuação
Questões
Os sinais de pontuação são marcações gráficas que servem
01. Considere o trecho a seguir. É comum que objetos
para compor a coesão e a coerência textual além de ressaltar
___ esquecidos em locais públicos. Mas muitos transtornos
especificidades semânticas e pragmáticas. Vejamos as principais
poderiam ser evitados se as pessoas ______ a atenção voltada
funções dos sinais de pontuação conhecidos pelo uso da língua
para seus pertences, conservando-os junto ao corpo. Assinale a
portuguesa.
alternativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas
do texto.
Ponto
(A) sejam … mantesse
1- Indica o término do discurso ou de parte dele.
(B) sejam … mantivessem
- Façamos o que for preciso para tirá-la da situação em que
(C) sejam … mantém
se encontra.
(D) seja … mantivessem
- Gostaria de comprar pão, queijo, manteiga e leite.
(E) seja … mantêm
- Acordei. Olhei em volta. Não reconheci onde estava.
02. Na frase –… os níveis de pessoas sem emprego estão
apresentando quedas sucessivas de 2005 para cá. –, a locução
2- Usa-se nas abreviações - V. Exª. - Sr.
verbal em destaque expressa ação
(A) concluída.
Ponto e Vírgula ( ; )
(B) atemporal.
1- Separa várias partes do discurso, que têm a mesma
(C) contínua.
importância.
(D) hipotética.
- “Os pobres dão pelo pão o trabalho; os ricos dão pelo pão
(E) futura.
a fazenda; os de espíritos generosos dão pelo pão a vida; os de
nenhum espírito dão pelo pão a alma...” (VIEIRA)
03. Sem querer estereotipar, mas já estereotipando: trata--
se de um ser cujas interações sociais terminam, 99% das vezes,
2- Separa partes de frases que já estão separadas por
diante da pergunta “débito ou crédito?”. Nesse contexto, o verbo
vírgulas.
estereotipar tem sentido de
- Alguns quiseram verão, praia e calor; outros montanhas, frio
(A) considerar ao acaso, sem premeditação.
e cobertor.
(B) aceitar uma ideia mesmo sem estar convencido dela.
(C) adotar como referência de qualidade.
3- Separa itens de uma enumeração, exposição de motivos,
(D) julgar de acordo com normas legais.
decreto de lei, etc.
(E) classificar segundo ideias preconcebidas.
- Ir ao supermercado;
- Pegar as crianças na escola;
04. Assinale a alternativa contendo a frase do texto na qual a
- Caminhada na praia;
expressão verbal destacada exprime possibilidade.
- Reunião com amigos.
(A) ... o cientista Theodor Nelson sonhava com um sistema
capaz de disponibilizar um grande número de obras literárias...
Dois pontos
(B) Funcionando como um imenso sistema de informação
1- Antes de uma citação
e arquivamento, o hipertexto deveria ser um enorme arquivo
- Vejamos como Afrânio Coutinho trata este assunto:
virtual.
(C) Isso acarreta uma textualidade que funciona por
2- Antes de um aposto
associação, e não mais por sequências fixas previamente
- Três coisas não me agradam: chuva pela manhã, frio à tarde
estabelecidas.
e calor à noite.
(D) Desde o surgimento da ideia de hipertexto, esse conceito
está ligado a uma nova concepção de textualidade...
3- Antes de uma explicação ou esclarecimento
(E) Criou, então, o “Xanadu”, um projeto para disponibilizar
- Lá estava a deplorável família: triste, cabisbaixa, vivendo a
toda a literatura do mundo...
rotina de sempre.
05. Está adequada a correlação entre tempos e modos
4- Em frases de estilo direto
verbais na frase:
Maria perguntou:
(A) Os que levariam a vida pensando apenas nos valores
- Por que você não toma uma decisão?
absolutos talvez façam melhor se pensassem no encanto dos
pequenos bons momentos.
Ponto de Exclamação
(B) Há até quem queira saber quem fosse o maior bandido
1- Usa-se para indicar entonação de surpresa, cólera, susto,
entre os que recebessem destaque nos popularescos programas
súplica, etc.
da TV.
- Sim! Claro que eu quero me casar com você!
(C) Não admira que os leitores de Manuel Bandeira gostam
tanto de sua poesia, sobretudo porque ela não tenha aspirações
2- Depois de interjeições ou vocativos
a ser metafísica.
- Ai! Que susto!
(D) Se os adeptos da fama a qualquer custo levarem em
- João! Há quanto tempo!
conta nossa condição de mortais, não precisariam preocupar-se
com os degraus da notoriedade.
Ponto de Interrogação
(E) Quanto mais aproveitássemos o que houvesse de grande
Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres.
nos momentos felizes, menos precisaríamos nos preocupar com
“- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur Azevedo)
conquistas superlativas.
Reticências
1- Indica que palavras foram suprimidas.
Respostas
- Comprei lápis, canetas, cadernos...
1-B / 2-C / 3-E / 4-B / 5-E
Língua Portuguesa 21
2- Indica interrupção violenta da frase. a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo que pudesse
“- Não... quero dizer... é verdad... Ah!” ajudar a revelar quem era a sua dona.
(C) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, embora
3- Indica interrupções de hesitação ou dúvida experimentasse a sensação de violar uma intimidade, procurou
- Este mal... pega doutor? a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo que pudesse
ajudar a revelar quem era a sua dona.
4- Indica que o sentido vai além do que foi dito (D) Diante da testemunha, o homem, abriu a bolsa e, embora
- Deixa, depois, o coração falar... experimentasse a sensação de violar uma intimidade, procurou
a esmo entre as coisinhas, tentando, encontrar algo que pudesse
Vírgula ajudar a revelar quem era a sua dona.
Não se usa vírgula (E) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, embora,
*separando termos que, do ponto de vista sintático, ligam-se experimentasse a sensação de violar uma intimidade, procurou
diretamente entre si: a esmo entre as coisinhas, tentando, encontrar algo que pudesse
ajudar a revelar quem era a sua dona.
a) entre sujeito e predicado.
Todos os alunos da sala foram advertidos. 02. Assinale a opção em que está corretamente indicada a
Sujeito predicado ordem dos sinais de pontuação que devem preencher as lacunas
da frase abaixo:
b) entre o verbo e seus objetos. “Quando se trata de trabalho científico ___ duas coisas devem
O trabalho custou sacrifício aos realizadores. ser consideradas ____ uma é a contribuição teórica que o trabalho
V.T.D.I. O.D. O.I. oferece ___ a outra é o valor prático que possa ter.
A) dois pontos, ponto e vírgula, ponto e vírgula
c) entre nome e complemento nominal; entre nome e adjunto B) dois pontos, vírgula, ponto e vírgula;
adnominal. C) vírgula, dois pontos, ponto e vírgula;
A surpreendente reação do governo contra os sonegadores D) pontos vírgula, dois pontos, ponto e vírgula;
despertou reações entre os empresários. E) ponto e vírgula, vírgula, vírgula.
adj. adnominal nome adj. adn. complemento nominal
03. Os sinais de pontuação estão empregados corretamente
Usa-se a vírgula: em:
A) Duas explicações, do treinamento para consultores
- Para marcar intercalação: iniciantes receberam destaque, o conceito de PPD e a construção
a) do adjunto adverbial: O café, em razão da sua abundância, de tabelas Price; mas por outro lado, faltou falar das metas de
vem caindo de preço. vendas associadas aos dois temas.
b) da conjunção: Os cerrados são secos e áridos. Estão B) Duas explicações do treinamento para consultores
produzindo, todavia, altas quantidades de alimentos. iniciantes receberam destaque: o conceito de PPD e a construção
c) das expressões explicativas ou corretivas: As indústrias de tabelas Price; mas, por outro lado, faltou falar das metas de
não querem abrir mão de suas vantagens, isto é, não querem abrir vendas associadas aos dois temas.
mão dos lucros altos. C) Duas explicações do treinamento para consultores
iniciantes receberam destaque; o conceito de PPD e a construção
- Para marcar inversão: de tabelas Price, mas por outro lado, faltou falar das metas de
a) do adjunto adverbial (colocado no início da oração): vendas associadas aos dois temas.
Depois das sete horas, todo o comércio está de portas fechadas. D) Duas explicações do treinamento para consultores
b) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos iniciantes, receberam destaque: o conceito de PPD e a construção
pesquisadores, não lhes destinaram verba alguma. de tabelas Price, mas, por outro lado, faltou falar das metas de
c) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de maio vendas associadas aos dois temas.
de 1982. E) Duas explicações, do treinamento para consultores
iniciantes, receberam destaque; o conceito de PPD e a construção
- Para separar entre si elementos coordenados (dispostos de tabelas Price, mas por outro lado, faltou falar das metas, de
em enumeração): vendas associadas aos dois temas.
Era um garoto de 15 anos, alto, magro.
A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e animais. 04. Assinale a alternativa em que o período, adaptado da
revista Pesquisa Fapesp de junho de 2012, está correto quanto à
- Para marcar elipse (omissão) do verbo: regência nominal e à pontuação.
Nós queremos comer pizza; e vocês, churrasco. (A) Não há dúvida que as mulheres ampliam, rapidamente,
seu espaço na carreira científica ainda que o avanço seja mais
- Para isolar: notável em alguns países, o Brasil é um exemplo, do que em
outros.
- o aposto: (B) Não há dúvida de que, as mulheres, ampliam rapidamente
São Paulo, considerada a metrópole brasileira, possui um seu espaço na carreira científica; ainda que o avanço seja mais
trânsito caótico. notável, em alguns países, o Brasil é um exemplo!, do que em
outros.
- o vocativo: (C) Não há dúvida de que as mulheres, ampliam rapidamente
Ora, Thiago, não diga bobagem. seu espaço, na carreira científica, ainda que o avanço seja mais
notável, em alguns países: o Brasil é um exemplo, do que em
Questões outros.
(D) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapidamente
01. Assinale a alternativa em que a pontuação está seu espaço na carreira científica, ainda que o avanço seja mais
corretamente empregada, de acordo com a norma-padrão da notável em alguns países – o Brasil é um exemplo – do que em
língua portuguesa. outros.
(A) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, embora, (E) Não há dúvida que as mulheres ampliam rapidamente,
experimentasse, a sensação de violar uma intimidade, procurou seu espaço na carreira científica, ainda que, o avanço seja mais
a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo que pudesse notável em alguns países (o Brasil é um exemplo) do que em
ajudar a revelar quem era a sua dona. outros.
(B) Diante, da testemunha o homem abriu a bolsa e, embora
experimentasse a sensação, de violar uma intimidade, procurou
Língua Portuguesa 22
05. Assinale a alternativa em que a frase mantém-se correta Observação:
após o acréscimo das vírgulas. - No caso da referida expressão aparecer repetida ou
(A) Se a criança se perder, quem encontrá-la, verá na pulseira associada a um verbo que exprime reciprocidade, o verbo,
instruções para que envie, uma mensagem eletrônica ao grupo necessariamente, deverá permanecer no plural: Mais de um
ou acione o código na internet. aluno, mais de um professor contribuíram na campanha de
(B) Um geolocalizador também, avisará, os pais de onde o doação de alimentos.
código foi acionado. Mais de um formando se abraçaram durante as solenidades
(C) Assim que o código é digitado, familiares cadastrados, de formatura.
recebem automaticamente, uma mensagem dizendo que a
criança foi encontrada. 6) Quando o sujeito for composto da expressão “um dos
(D) De fabricação chinesa, a nova pulseirinha, chega primeiro que”, o verbo permanecerá no plural: Esse jogador foi um dos
às, areias do Guarujá. que atuaram na Copa América.
(E) O sistema permite, ainda, cadastrar o nome e o telefone
de quem a encontrou e informar um ponto de referência 7) Em casos relativos à concordância com locuções
pronominais, representadas por “algum de nós, qual de vós,
Resposta quais de vós, alguns de nós”, entre outras, faz-se necessário nos
1-C 2-C 3-B 4-D 5-E atermos a duas questões básicas:
- No caso de o primeiro pronome estar expresso no plural,
o verbo poderá com ele concordar, como poderá também
Padrões de concordância verbal concordar com o pronome pessoal: Alguns de nós o receberemos.
e nominal. / Alguns de nós o receberão.
- Quando o primeiro pronome da locução estiver expresso
no singular, o verbo permanecerá, também, no singular: Algum
Concordância Verbal de nós o receberá.
Ao falarmos sobre a concordância verbal, estamos nos 8) No caso de o sujeito aparecer representado pelo pronome
referindo à relação de dependência estabelecida entre um termo “quem”, o verbo permanecerá na terceira pessoa do singular
e outro mediante um contexto oracional. Desta feita, os agentes ou poderá concordar com o antecedente desse pronome:
principais desse processo são representados pelo sujeito, que no Fomos nós quem contou toda a verdade para ela. / Fomos
caso funciona como subordinante; e o verbo, o qual desempenha nós quem contamos toda a verdade para ela.
a função de subordinado.
Dessa forma, temos que a concordância verbal caracteriza- 9) Em casos nos quais o sujeito aparece realçado pela palavra
se pela adaptação do verbo, tendo em vista os quesitos “número “que”, o verbo deverá concordar com o termo que antecede essa
e pessoa” em relação ao sujeito. Exemplificando, temos: O aluno palavra: Nesta empresa somos nós que tomamos as decisões. /
chegou Em casa sou eu que decido tudo.
Temos que o verbo apresenta-se na terceira pessoa do
singular, pois faz referência a um sujeito, assim também expresso 10) No caso de o sujeito aparecer representado por
(ele). Como poderíamos também dizer: os alunos chegaram expressões que indicam porcentagens, o verbo concordará com o
atrasados. numeral ou com o substantivo a que se refere essa porcentagem:
Temos aí o que podemos chamar de princípio básico. 50% dos funcionários aprovaram a decisão da diretoria. / 50%
Contudo, a intenção a que se presta o artigo em evidência é do eleitorado apoiou a decisão.
eleger as principais ocorrências voltadas para os casos de sujeito Observações:
simples e para os de sujeito composto. Dessa forma, vejamos: - Caso o verbo aparecer anteposto à expressão de
porcentagem, esse deverá concordar com o numeral: Aprovaram
Casos referentes a sujeito simples a decisão da diretoria 50% dos funcionários.
- Em casos relativos a 1%, o verbo permanecerá no singular:
1) Em caso de sujeito simples, o verbo concorda com o 1% dos funcionários não aprovou a decisão da diretoria.
núcleo em número e pessoa: O aluno chegou atrasado. - Em casos em que o numeral estiver acompanhado de
determinantes no plural, o verbo permanecerá no plural: Os
2) Nos casos referentes a sujeito representado por 50% dos funcionários apoiaram a decisão da diretoria.
substantivo coletivo, o verbo permanece na terceira pessoa do
singular: A multidão, apavorada, saiu aos gritos. 11) Nos casos em que o sujeito estiver representado por
Observação: pronomes de tratamento, o verbo deverá ser empregado na terceira
- No caso de o coletivo aparecer seguido de adjunto adnominal pessoa do singular ou do plural: Vossas Majestades gostaram das
no plural, o verbo permanecerá no singular ou poderá ir para o homenagens. Vossa Majestade agradeceu o convite.
plural: Uma multidão de pessoas saiu aos gritos.
Uma multidão de pessoas saíram aos gritos. 12) Casos relativos a sujeito representado por substantivo
próprio no plural se encontram relacionados a alguns aspectos
3) Quando o sujeito é representado por expressões partitivas, que os determinam:
representadas por “a maioria de, a maior parte de, a metade de, - Diante de nomes de obras no plural, seguidos do verbo ser,
uma porção de, entre outras”, o verbo tanto pode concordar este permanece no singular, contanto que o predicativo também
com o núcleo dessas expressões quanto com o substantivo esteja no singular: Memórias póstumas de Brás Cubas é uma
que a segue: A maioria dos alunos resolveu ficar. A maioria criação de Machado de Assis.
dos alunos resolveram ficar. - Nos casos de artigo expresso no plural, o verbo também
permanece no plural: Os Estados Unidos são uma potência
4) No caso de o sujeito ser representado por expressões mundial.
aproximativas, representadas por “cerca de, perto de”, o verbo - Casos em que o artigo figura no singular ou em que ele nem
concorda com o substantivo determinado por elas: Cerca de aparece, o verbo permanece no singular: Estados Unidos é uma
vinte candidatos se inscreveram no concurso de piadas. potência mundial.
5) Em casos em que o sujeito é representado pela expressão Casos referentes a sujeito composto
“mais de um”, o verbo permanece no singular: Mais de
um candidato se inscreveu no concurso de piadas. 1) Nos casos relativos a sujeito composto de pessoas
gramaticais diferentes, o verbo deverá ir para o plural, estando
relacionado a dois pressupostos básicos:
Língua Portuguesa 23
- Quando houver a 1ª pessoa, esta prevalecerá sobre as (C) Caberiam notar as muitas razões pelas quais os cachorros
demais: Eu, tu e ele faremos um lindo passeio. nos atraem.
- Quando houver a 2ª pessoa, o verbo poderá (D) Há de ser diversas as razões pelas quais os cachorros nos
flexionar na 2ª ou na 3ª pessoa: Tu e ele sois primos. atraem.
Tu e ele são primos. (E) Existe mesmo muitas razões pelas quais os cachorros
nos atraem.
2) Nos casos em que o sujeito composto aparecer anteposto
ao verbo, este permanecerá no plural: O pai e seus dois 03. Uma pergunta
filhos compareceram ao evento.
Frequentemente cabe aos detentores de cargos de
3) No caso em que o sujeito aparecer posposto ao verbo, este responsabilidade tomar decisões difíceis, de graves
poderá concordar com o núcleo mais próximo ou permanecer consequências. Haveria algum critério básico, essencial, para
no plural: Compareceram ao evento o pai e seus dois filhos. amparar tais escolhas? Antonio Gramsci, notável pensador
Compareceu ao evento o pai e seus dois filhos. e político italiano, propôs que se pergunte, antes de tomar a
decisão: - Quem sofrerá?
4) Nos casos relacionados a sujeito simples, porém com Para um humanista, a dor humana é sempre prioridade a se
mais de um núcleo, o verbo deverá permanecer no singular: considerar.
Meu esposo e grande companheiro merece toda a felicidade do (Salvador Nicola, inédito)
mundo.
O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se no
5) Casos relativos a sujeito composto de palavras sinônimas singular para preencher adequadamente a lacuna da frase:
ou ordenado por elementos em gradação, o verbo poderá (A) A nenhuma de nossas escolhas ...... (poder) deixar de
permanecer no singular ou ir para o plural: Minha vitória, corresponder nossos valores éticos mais rigorosos.
minha conquista, minha premiação são frutos de meu esforço. (B) Não se ...... (poupar) os que governam de refletir sobre o
/ Minha vitória, minha conquista, minha premiação é fruto de peso de suas mais graves decisões.
meu esforço. (C) Aos governantes mais responsáveis não ...... (ocorrer)
Questões tomar decisões sem medir suas consequências.
(D) A toda decisão tomada precipitadamente ...... (costumar)
01. A concordância realizou-se adequadamente em qual sobrevir consequências imprevistas e injustas.
alternativa? (E) Diante de uma escolha, ...... (ganhar) prioridade,
(A) Os Estados Unidos é considerado, hoje, a maior potência recomenda Gramsci, os critérios que levam em conta a dor
econômica do planeta, mas há quem aposte que a China, em humana.
breve, o ultrapassará.
(B) Em razão das fortes chuvas haverão muitos candidatos 04. Em um belo artigo, o físico Marcelo Gleiser, analisando a
que chegarão atrasados, tenho certeza disso. constatação do satélite Kepler de que existem muitos planetas
(C) Naquela barraca vendem-se tapiocas fresquinhas, pode com características físicas semelhantes ao nosso, reafirmou sua
comê-las sem receio! fé na hipótese da Terra rara, isto é, a tese de que a vida complexa
(D) A multidão gritaram quando a cantora apareceu na (animal) é um fenômeno não tão comum no Universo.
janela do hotel! Gleiser retoma as ideias de Peter Ward expostas de modo
persuasivo em “Terra Rara”. Ali, o autor sugere que a vida
02. “Se os cachorros correm livremente, por que eu não microbiana deve ser um fenômeno trivial, podendo pipocar até
posso fazer isso também?”, pergunta Bob Dylan em “New em mundos inóspitos; já o surgimento de vida multicelular na
Morning”. Bob Dylan verbaliza um anseio sentido por todos Terra dependeu de muitas outras variáveis físicas e históricas,
nós, humanos supersocializados: o anseio de nos livrarmos o que, se não permite estimar o número de civilizações
de todos os constrangimentos artificiais decorrentes do fato extra terráqueas, ao menos faz com que reduzamos nossas
de vivermos em uma sociedade civilizada em que às vezes nos expectativas.
sentimos presos a uma correia. Um conjunto cultural de regras Uma questão análoga só arranhada por Ward é a da
tácitas e inibições está sempre governando as nossas interações inexorabilidade da inteligência. A evolução de organismos
cotidianas com os outros. complexos leva necessariamente à consciência e à inteligência?
Uma das razões pelas quais os cachorros nos atraem é o fato Robert Wright diz que sim, mas seu argumento é mais
de eles serem tão desinibidos e livres. Parece que eles jogam matemático do que biológico: complexidade engendra
com as suas próprias regras, com a sua própria lógica interna. complexidade, levando a uma corrida armamentista entre
Eles vivem em um universo paralelo e diferente do nosso - um espécies cujo subproduto é a inteligência.
universo que lhes concede liberdade de espírito e paixão pela Stephen J. Gould e Steven Pinker apostam que não. Para
vida enormemente atraentes para nós. Um cachorro latindo ao eles, é apenas devido a uma sucessão de pré-adaptações e
vento ou uivando durante a noite faz agitar-se dentro de nós coincidências que alguns animais transformaram a capacidade
alguma coisa que também quer se expressar. de resolver problemas em estratégia de sobrevivência. Se
Os cachorros são uma constante fonte de diversão para rebobinássemos o filme da evolução e reencenássemos o
nós porque não prestam atenção as nossas convenções sociais. processo mudando alguns detalhes do início, seriam grandes as
Metem o nariz onde não são convidados, pulam para cima chances de não chegarmos a nada parecido com a inteligência.
do sofá, devoram alegremente a comida que cai da mesa. Os
cachorros raramente se refreiam quando querem fazer alguma (Adaptado de Hélio Schwartsman. Folha de S. Paulo,
coisa. Eles não compartilham conosco as nossas inibições. Suas 28/10/2012)
emoções estão ã flor da pele e eles as manifestam sempre que
as sentem. A frase em que as regras de concordância estão plenamente
(Adaptado de Matt Weistein e Luke Barber. Cão que respeitadas é:
late não morde. Trad. de Cristina Cupertino. S.Paulo: Francis, (A) Podem haver estudos que comprovem que, no passado,
2005. p 250) as formas mais complexas de vida - cujo habitat eram oceanos
ricos em nutrientes - se alimentavam por osmose.
A frase em que se respeitam as normas de concordância (B) Cada um dos organismos simples que vivem na natureza
verbal é: sobrevivem de forma quase automática, sem se valerem de
(A) Deve haver muitas razões pelas quais os cachorros nos criatividade e planejamento.
atraem. (C) Desde que observe cuidados básicos, como obter energia
(B) Várias razões haveriam pelas quais os cachorros nos por meio de alimentos, os organismos simples podem preservar
atraem. a vida ao longo do tempo com relativa facilidade.
Língua Portuguesa 24
(D) Alguns animais tem de se adaptar a um ambiente cheio de e) Anexo, incluso, próprio, obrigado
dificuldades para obter a energia necessária a sua sobrevivência 1 - Concordam com o substantivo a que se referem.
e nesse processo expõe- se a inúmeras ameaças. As cartas estão anexas.
(E) A maioria dos organismos mais complexos possui um A bebida está inclusa.
sistema nervoso muito desenvolvido, capaz de se adaptar a Precisamos de nomes próprios.
mudanças ambientais, como alterações na temperatura. Obrigado, disse o rapaz.
05. De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, a f) Um(a) e outro(a), num(a) e noutro(a)
concordância verbal está correta em: 1 - Após essas expressões o substantivo fica sempre no
(A) Ela não pode usar o celular e chamar um taxista, pois singular e o adjetivo no plural.
acabou os créditos. Renato advogou um e outro caso fáceis.
(B) Esta empresa mantêm contato com uma rede de táxis Pusemos numa e noutra bandeja rasas o peixe.
que executa diversos serviços para os clientes.
(C) À porta do aeroporto, havia muitos táxis disponíveis para g) É bom, é necessário, é proibido
os passageiros que chegavam à cidade. 1- Essas expressões não variam se o sujeito não vier
(D) Passou anos, mas a atriz não se esqueceu das calorosas precedido de artigo ou outro determinante.
lembranças que seu tio lhe deixou. Canja é bom. / A canja é boa.
(E) Deve existir passageiros que aproveitam a corrida de táxi É necessário sua presença. / É necessária a sua presença.
para bater um papo com o motorista. É proibido entrada de pessoas não autorizadas. / A entrada
é proibida.
Respostas
01. C\02. A\03. C\04. E\05. C h) Muito, pouco, caro
1- Como adjetivos: seguem a regra geral.
Concordância Nominal Comi muitas frutas durante a viagem.
Pouco arroz é suficiente para mim.
Concordância nominal é que o ajuste que fazemos aos Os sapatos estavam caros.
demais termos da oração para que concordem em gênero e
número com o substantivo. Teremos que alterar, portanto, o 2- Como advérbios: são invariáveis.
artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome. Além disso, temos Comi muito durante a viagem.
também o verbo, que se flexionará à sua maneira. Pouco lutei, por isso perdi a batalha.
Comprei caro os sapatos.
Regra geral: O artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome
concordam em gênero e número com o substantivo. i) Mesmo, bastante
- A pequena criança é uma gracinha. 1- Como advérbios: invariáveis
- O garoto que encontrei era muito gentil e simpático. Preciso mesmo da sua ajuda.
Fiquei bastante contente com a proposta de emprego.
Casos especiais: Veremos alguns casos que fogem à regra
geral mostrada acima. 2- Como pronomes: seguem a regra geral.
Seus argumentos foram bastantes para me convencer.
a) Um adjetivo após vários substantivos Os mesmos argumentos que eu usei, você copiou.
1 - Substantivos de mesmo gênero: adjetivo vai para o plural
ou concorda com o substantivo mais próximo. j) Menos, alerta
- Irmão e primo recém-chegado estiveram aqui. 1- Em todas as ocasiões são invariáveis.
- Irmão e primo recém-chegados estiveram aqui. Preciso de menos comida para perder peso.
Estamos alerta para com suas chamadas.
2 - Substantivos de gêneros diferentes: vai para o
plural masculino ou concorda com o substantivo mais próximo. k) Tal Qual
- Ela tem pai e mãe louros. 1- “Tal” concorda com o antecedente, “qual” concorda com o
- Ela tem pai e mãe loura. consequente.
As garotas são vaidosas tais qual a tia.
3 - Adjetivo funciona como predicativo: vai obrigatoriamente Os pais vieram fantasiados tais quais os filhos.
para o plural.
- O homem e o menino estavam perdidos. l) Possível
- O homem e sua esposa estiveram hospedados aqui. 1- Quando vem acompanhado de “mais”, “menos”, “melhor”
ou “pior”, acompanha o artigo que precede as expressões.
b) Um adjetivo anteposto a vários substantivos A mais possível das alternativas é a que você expôs.
1 - Adjetivo anteposto normalmente concorda com o mais Os melhores cargos possíveis estão neste setor da empresa.
próximo. As piores situações possíveis são encontradas nas favelas da
Comi delicioso almoço e sobremesa. cidade.
Provei deliciosa fruta e suco.
2 - Adjetivo anteposto funcionando como predicativo: m) Meio
concorda com o mais próximo ou vai para o plural. 1- Como advérbio: invariável.
Estavam feridos o pai e os filhos. Estou meio (um pouco) insegura.
Estava ferido o pai e os filhos.
2- Como numeral: segue a regra geral.
c) Um substantivo e mais de um adjetivo Comi meia (metade) laranja pela manhã.
1- antecede todos os adjetivos com um artigo.
Falava fluentemente a língua inglesa e a espanhola. n) Só
2- coloca o substantivo no plural. 1- apenas, somente (advérbio): invariável.
Falava fluentemente as línguas inglesa e espanhola. Só consegui comprar uma passagem.
Língua Portuguesa 25
Questões frases não ambíguas, que expressem efetivamente o sentido
desejado, que sejam corretas e claras.
01. Indique o uso INCORRETO da concordância verbal ou
nominal: Regência Verbal
(A) Será descontada em folha sua contribuição sindical.
(B) Na última reunião, ficou acordado que se realizariam Termo Regente: VERBO
encontros semanais com os diversos interessados no assunto.
(C) Alguma solução é necessária, e logo! A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre
(D) Embora tenha ficado demonstrado cabalmente a os verbos e os termos que os complementam (objetos diretos e
ocorrência de simulação na transferência do imóvel, o pedido objetos indiretos) ou caracterizam (adjuntos adverbiais).
não pode prosperar. O estudo da regência verbal permite-nos ampliar nossa
(E) A liberdade comercial da colônia, somada ao fato de D. capacidade expressiva, pois oferece oportunidade de
João VI ter também elevado sua colônia americana à condição de conhecermos as diversas significações que um verbo pode
Reino Unido a Portugal e Algarves, possibilitou ao Brasil obter assumir com a simples mudança ou retirada de uma preposição.
certa autonomia econômica. Observe:
A mãe agrada o filho. -> agradar significa acariciar, contentar.
02. Aponte a alternativa em que NÃO ocorre silepse (de A mãe agrada ao filho. -> agradar significa “causar agrado ou
gênero, número ou pessoa): prazer”, satisfazer.
(A) “A gente é feito daquele tipo de talento capaz de fazer a
diferença.” Logo, conclui-se que “agradar alguém” é diferente de
(B) Todos sabemos que a solução não é fácil. “agradar a alguém”.
(C) Essa gente trabalhadora merecia mais, pois acordam às
cinco horas para chegar ao trabalho às oito da manhã. Saiba que:
(D) Todos os brasileiros sabem que esse problema vem de O conhecimento do uso adequado das preposições é um
longe... dos aspectos fundamentais do estudo da regência verbal (e
(E) Senhor diretor, espero que Vossa Senhoria seja mais também nominal). As preposições são capazes de modificar
compreensivo. completamente o sentido do que se está sendo dito. Veja os
exemplos:
03. A concordância nominal está INCORRETA em: Cheguei ao metrô.
(A) A mídia julgou desnecessária a campanha e o Cheguei no metrô.
envolvimento da empresa.
(B) A mídia julgou a campanha e a atuação da empresa No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no segundo
desnecessária. caso, é o meio de transporte por mim utilizado. A oração “Cheguei
(C) A mídia julgou desnecessário o envolvimento da empresa no metrô”, popularmente usada a fim de indicar o lugar a que se
e a campanha. vai, possui, no padrão culto da língua, sentido diferente. Aliás, é
(D) A mídia julgou a campanha e a atuação da empresa muito comum existirem divergências entre a regência coloquial,
desnecessárias. cotidiana de alguns verbos, e a regência culta.
04. Complete os espaços com um dos nomes colocados nos Para estudar a regência verbal, agruparemos os verbos de
parênteses. acordo com sua transitividade. A transitividade, porém, não é
(A) Será que é ____ essa confusão toda? (necessário/ um fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de diferentes
necessária) formas em frases distintas.
(B) Quero que todos fiquem ____. (alerta/ alertas)
(C) Houve ____ razões para eu não voltar lá. (bastante/ Verbos Intransitivos
bastantes) Os verbos intransitivos não possuem complemento. É
(D) Encontrei ____ a sala e os quartos. (vazia/vazios) importante, no entanto, destacar alguns detalhes relativos
(E) A dona do imóvel ficou ____ desiludida com o inquilino. aos adjuntos adverbiais que costumam acompanhá-los.
(meio/ meia) a) Chegar, Ir
Normalmente vêm acompanhados de adjuntos adverbiais
05. Quanto à concordância nominal, verifica-se ERRO em: de lugar. Na língua culta, as preposições usadas para
(A) O texto fala de uma época e de um assunto polêmicos. indicar destino ou direção são: a, para.
(B) Tornou-se clara para o leitor a posição do autor sobre o Fui ao teatro.
assunto. Adjunto Adverbial de Lugar
(C) Constata-se hoje a existência de homem, mulher e
criança viciadas. Ricardo foi para a Espanha.
(D) Não será permitido visita de amigos, apenas a de Adjunto Adverbial de Lugar
parentes. b) Comparecer
Respostas O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido
por em ou a.
01. D\02. D\03. B Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o último
jogo.
04. a) necessária b) alerta c) bastantes d) vazia e) meio
Verbos Transitivos Diretos
05. C Os verbos transitivos diretos são complementados por
objetos diretos. Isso significa que não exigem preposição para
o estabelecimento da relação de regência. Ao empregar esses
Padrões de regência verbal e verbos, devemos lembrar que os pronomes oblíquos o, a, os,
nominal. as atuam como objetos diretos. Esses pronomes podem assumir
as formas lo, los, la, las (após formas verbais terminadas em -r,
-s ou -z) ou no, na, nos, nas (após formas verbais terminadas em
Regência Verbal e Nominal sons nasais), enquanto lhe e lhes são, quando complementos
verbais, objetos indiretos.
Dá-se o nome de regência à relação de subordinação que São verbos transitivos diretos, dentre outros: abandonar,
ocorre entre um verbo (ou um nome) e seus complementos. abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar, admirar,
Ocupa-se em estabelecer relações entre as palavras, criando adorar, alegrar, ameaçar, amolar, amparar, auxiliar, castigar,
Língua Portuguesa 26
condenar, conhecer, conservar,convidar, defender, eleger, estimar, Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe.
humilhar, namorar, ouvir, prejudicar, prezar, proteger, respeitar, Paguei minhas contas. / Paguei-as.
socorrer, suportar, ver, visitar. Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes.
Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente como o
verbo amar: Informar
Amo aquele rapaz. / Amo-o. - Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto
Amo aquela moça. / Amo-a. indireto ao se referir a pessoas, ou vice-versa.
Amam aquele rapaz. / Amam-no. Informe os novos preços aos clientes.
Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la. Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os novos
preços)
Obs.: os pronomes lhe, lhes só acompanham esses verbos para
indicar posse (caso em que atuam como adjuntos adnominais). - Na utilização de pronomes como complementos, veja as
Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto) construções:
Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua carreira) Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos preços.
Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau humor) Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou sobre
eles)
Verbos Transitivos Indiretos Obs.: a mesma regência do verbo informar é usada para os
Os verbos transitivos indiretos são complementados por seguintes: avisar, certificar, notificar, cientificar, prevenir.
objetos indiretos. Isso significa que esses verbos exigem uma
preposição para o estabelecimento da relação de regência. Comparar
Os pronomes pessoais do caso oblíquo de terceira pessoa que Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite as
podem atuar como objetos indiretos são o “lhe”, o “lhes”, para preposições “a” ou “com” para introduzir o complemento
substituir pessoas. Não se utilizam os pronomes o, os, a, as como indireto.
complementos de verbos transitivos indiretos. Com os objetos Comparei seu comportamento ao (ou com o) de uma criança.
indiretos que não representam pessoas, usam-se pronomes
oblíquos tônicos de terceira pessoa (ele, ela) em lugar dos Pedir
pronomes átonos lhe, lhes. Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente na forma
de oração subordinada substantiva) e indireto de pessoa.
Os verbos transitivos indiretos são os seguintes: Pedi-lhe favores.
a) Consistir - Tem complemento introduzido pela Objeto Indireto Objeto Direto
preposição “em”.
A modernidade verdadeira consiste em direitos iguais para Pedi-lhe que mantivesse em silêncio.
todos. Objeto Indireto Oração Subordinada Substantiva
b) Obedecer e Desobedecer - Possuem seus complementos Objetiva Direta
introduzidos pela preposição “a”.
Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais. Saiba que:
Eles desobedeceram às leis do trânsito. 1) A construção “pedir para”, muito comum na linguagem
c) Responder - Tem complemento introduzido pela cotidiana, deve ter emprego muito limitado na língua culta. No
preposição “a”. Esse verbo pede objeto indireto para indicar “a entanto, é considerada correta quando a palavra licença estiver
quem” ou “ao que” se responde. subentendida.
Respondi ao meu patrão. Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em casa.
Respondemos às perguntas. Observe que, nesse caso, a preposição “para” introduz uma
Respondeu-lhe à altura. oração subordinada adverbial final reduzida de infinitivo (para
Obs.: o verbo responder, apesar de transitivo indireto ir entregar-lhe os catálogos em casa).
quando exprime aquilo a que se responde, admite voz passiva 2) A construção “dizer para”, também muito usada
analítica. Veja: popularmente, é igualmente considerada incorreta.
O questionário foi respondido corretamente.
Todas as perguntas foram respondidas satisfatoriamente. Preferir
d) Simpatizar e Antipatizar - Possuem seus complementos Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto
introduzidos pela preposição “com”. indireto introduzido pela preposição “a”. Por Exemplo:
Antipatizo com aquela apresentadora. Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais.
Simpatizo com os que condenam os políticos que governam Prefiro trem a ônibus.
para uma minoria privilegiada. Obs.: na língua culta, o verbo “preferir” deve ser usado sem
termos intensificadores, tais como: muito, antes, mil vezes, um
Verbos Transitivos Diretos e Indiretos milhão de vezes, mais. A ênfase já é dada pelo prefixo existente
Os verbos transitivos diretos e indiretos são acompanhados no próprio verbo (pre).
de um objeto direto e um indireto. Merecem destaque, nesse
grupo: Mudança de Transitividade versus Mudança de
Significado
Agradecer, Perdoar e Pagar
São verbos que apresentam objeto direto Há verbos que, de acordo com a mudança de transitividade,
relacionado a coisas e objeto indireto relacionado a pessoas. apresentam mudança de significado. O conhecimento das
Veja os exemplos: diferentes regências desses verbos é um recurso linguístico
Agradeço aos ouvintes a audiência. muito importante, pois além de permitir a correta interpretação
Objeto Indireto Objeto Direto de passagens escritas, oferece possibilidades expressivas a
Cristo ensina que é preciso perdoar o pecado ao pecador. quem fala ou escreve. Dentre os principais, estão:
Obj. Direto Objeto Indireto
Paguei o débito ao cobrador. AGRADAR
Objeto Direto Objeto Indireto 1) Agradar é transitivo direto no sentido de fazer carinhos,
acariciar.
- O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito com Sempre agrada o filho quando o revê. / Sempre o agrada
particular cuidado. Observe: quando o revê.
Agradeci o presente. / Agradeci-o. Cláudia não perde oportunidade de agradar o gato. / Cláudia
Agradeço a você. / Agradeço-lhe. não perde oportunidade de agradá-lo.
Perdoei a ofensa. / Perdoei-a.
Língua Portuguesa 27
2) Agradar é transitivo indireto no sentido de causar agrado IMPLICAR
a, satisfazer, ser agradável a. Rege complemento introduzido 1) Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos:
pela preposição “a”.
O cantor não agradou aos presentes. a) dar a entender, fazer supor, pressupor
O cantor não lhes agradou. Suas atitudes implicavam um firme propósito.
2) Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter 2) Como transitivo direto e indireto, significa comprometer,
como ambição. envolver
Aspirávamos a melhores condições de vida. (Aspirávamos a Implicaram aquele jornalista em questões econômicas.
elas)
Obs.: como o objeto direto do verbo “aspirar” não é pessoa, Obs.: no sentido de antipatizar, ter implicância, é transitivo
mas coisa, não se usam as formas pronominais átonas “lhe” indireto e rege com preposição “com”.
e “lhes” e sim as formas tônicas “a ele (s)”, “ a ela (s)”. Veja o Implicava com quem não trabalhasse arduamente.
exemplo:
Aspiravam a uma existência melhor. (= Aspiravam a ela) PROCEDER
1) Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo,
ASSISTIR ter cabimento, ter fundamento ou portar-se, comportar-se,
1) Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, prestar agir. Nessa segunda acepção, vem sempre acompanhado de
assistência a, auxiliar. Por Exemplo: adjunto adverbial de modo.
As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos. As afirmações da testemunha procediam, não havia como
As empresas de saúde negam-se a assisti-los. refutá-las.
Você procede muito mal.
2) Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, presenciar,
estar presente, caber, pertencer. 2) Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a preposição”
de”) e fazer, executar (rege complemento introduzido pela
Exemplos: preposição “a”) é transitivo indireto.
Assistimos ao documentário. O avião procede de Maceió.
Não assisti às últimas sessões. Procedeu-se aos exames.
Essa lei assiste ao inquilino. O delegado procederá ao inquérito.
Obs.: no sentido de morar, residir, o verbo “assistir” é
intransitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de lugar QUERER
introduzido pela preposição “em”. 1) Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter
Assistimos numa conturbada cidade. vontade de, cobiçar.
Querem melhor atendimento.
CHAMAR Queremos um país melhor.
1) Chamar é transitivo direto no sentido de convocar,
solicitar a atenção ou a presença de. 2) Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição,
Por gentileza, vá chamar sua prima. / Por favor, vá chamá-la. estimar, amar.
Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes. Quero muito aos meus amigos.
Ele quer bem à linda menina.
2) Chamar no sentido de denominar, apelidar pode Despede-se o filho que muito lhe quer.
apresentar objeto direto e indireto, ao qual se refere predicativo
preposicionado ou não. VISAR
A torcida chamou o jogador mercenário. 1) Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mirar,
A torcida chamou ao jogador mercenário. fazer pontaria e de pôr visto, rubricar.
A torcida chamou o jogador de mercenário. O homem visou o alvo.
A torcida chamou ao jogador de mercenário. O gerente não quis visar o cheque.
CUSTAR 2) No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como
1) Custar é intransitivo no sentido de ter determinado valor objetivo, é transitivo indireto e rege a preposição “a”.
ou preço, sendo acompanhado de adjunto adverbial. O ensino deve sempre visar ao progresso social.
Frutas e verduras não deveriam custar muito. Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar
público.
2) No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransitivo ou Questões
transitivo indireto.
Muito custa viver tão longe da família. 01. Todas as alternativas estão corretas quanto ao emprego
Verbo Oração Subordinada Substantiva Subjetiva correto da regência do verbo, EXCETO:
Intransitivo Reduzida de Infinitivo (A) Faço entrega em domicílio.
(B) Eles assistem o espetáculo.
Custa-me (a mim) crer que tomou realmente aquela atitude. (C) João gosta de frutas.
Objeto Oração Subordinada Substantiva Subjetiva (D) Ana reside em São Paulo.
Indireto Reduzida de Infinitivo (E) Pedro aspira ao cargo de chefe.
Obs.: a Gramática Normativa condena as construções que 02. Assinale a opção em que o verbo
atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado por pessoa. chamar é empregado com o mesmo sentido que
Observe o exemplo abaixo: apresenta em __ “No dia em que o chamaram de Ubirajara,
Custei para entender o problema. Quaresma ficou reservado, taciturno e mudo”:
Forma correta: Custou-me entender o problema. (A) pelos seus feitos, chamaram-lhe o salvador da pátria;
(B) bateram à porta, chamando Rodrigo;
(C) naquele momento difícil, chamou por Deus e pelo Diabo;
Língua Portuguesa 28
(D) o chefe chamou-os para um diálogo franco; Paralelo a
(E) mandou chamar o médico com urgência. Agradável a
Escasso de
03. A regência verbal está correta na alternativa: Parco em, de
(A) Ela quer namorar com o meu irmão. Alheio a, de
(B) Perdi a hora da entrevista porque fui à pé. Essencial a, para
(C) Não pude fazer a prova do concurso porque era de menor. Passível de
(D) É preferível ir a pé a ir de carro. Análogo a
Fácil de
04. Em todas as alternativas, o verbo grifado foi empregado Preferível a
com regência certa, exceto em: Ansioso de, para, por
(A) a vista de José Dias lembrou-me o que ele me dissera. Fanático por
(B) estou deserto e noite, e aspiro sociedade e luz. Prejudicial a
(C) custa-me dizer isto, mas antes peque por excesso; Apto a, para
(D) redobrou de intensidade, como se obedecesse a voz do Favorável a
mágico; Prestes a
(E) quando ela morresse, eu lhe perdoaria os defeitos. Ávido de
Generoso com
05. A regência verbal está INCORRETA em: Propício a
(A) Proibiram-no de fumar. Benéfico a
(B) Ana comunicou sua mudança aos parentes mais íntimos. Grato a, por
(C) Prefiro Português a Matemática. Próximo a
(D) A professora esqueceu da chave de sua casa no carro da Capaz de, para
amiga. Hábil em
(E) O jovem aspira à carreira militar. Relacionado com
Compatível com
Respostas Habituado a
01. B\02. A\03. D\04. B\05. D Relativo a
Contemporâneo a, de
Regência Nominal Idêntico a
É o nome da relação existente entre um nome (substantivo, Advérbios
adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse nome. Essa Longe de Perto de
relação é sempre intermediada por uma preposição. No estudo
da regência nominal, é preciso levar em conta que vários nomes Obs.: os advérbios terminados em -mente tendem a seguir
apresentam exatamente o mesmo regime dos verbos de que o regime dos adjetivos de que são formados: paralela a;
derivam. Conhecer o regime de um verbo significa, nesses casos, paralelamente a; relativa a; relativamente a.
conhecer o regime dos nomes cognatos. Observe o exemplo: Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61.php
Verbo obedecer e os nomes correspondentes: todos regem
complementos introduzidos pela preposição «a”.Veja: Questões
Língua Portuguesa 29
05. Com relação à Regência Nominal, indique a alternativa Informei o ocorrido à senhora. (Informei o ocorrido ao senhor.)
em que esta foi corretamente empregada. Peça à própria Cláudia para sair mais cedo. (Peça ao próprio
(A) A colocação de cartazes na rua foi proibida. Cláudio para sair mais cedo.)
(B) É bom aspirar ao ar puro do campo.
(C) Ele foi na Grécia. 4-) diante de numerais cardinais:
(D) Obedeço o Código de Trânsito. Chegou a duzentos o número de feridos
Daqui a uma semana começa o campeonato.
Respostas
01. D\02. A\03. D\04. D\05. A Casos em que a crase SEMPRE ocorre:
Língua Portuguesa 30
Retornarei à São Paulo dos bandeirantes. = Se a palavra distância não estiver especificada, a
mesmo que, pela regrinha acima, seja a do “VOLTO DE” crase não pode ocorrer.
Irei à Salvador de Jorge Amado. Por exemplo:
Os militares ficaram a distância.
Crase diante dos Pronomes Demonstrativos Aquele (s), Gostava de fotografar a distância.
Aquela (s), Aquilo Ensinou a distância.
Dizem que aquele médico cura a distância.
Haverá crase diante desses pronomes sempre que o termo Reconheci o menino a distância.
regente exigir a preposição “a”. Por exemplo:
Observação: por motivo de clareza, para evitar ambiguidade,
Refiro-me a + aquele atentado. pode-se usar a crase.
Preposição Pronome Veja:
Gostava de fotografar à distância.
Refiro-me àquele atentado. Ensinou à distância.
Dizem que aquele médico cura à distância.
O termo regente do exemplo acima é o verbo transitivo
indireto referir (referir-se a algo ou alguém) e exige preposição, Casos em que a ocorrência da crase é FACULTATIVA
portanto, ocorre a crase. Observe este outro exemplo:
1-) diante de nomes próprios femininos:
Aluguei aquela casa. Observação: é facultativo o uso da crase diante de nomes
próprios femininos porque é facultativo o uso do artigo. Observe:
O verbo “alugar” é transitivo direto (alugar algo) e não exige Paula é muito bonita. Laura é minha amiga.
preposição. Logo, a crase não ocorre nesse caso. A Paula é muito bonita. A Laura é minha amiga.
Veja outros exemplos:
Dediquei àquela senhora todo o meu trabalho. Como podemos constatar, é facultativo o uso do artigo
Quero agradecer àqueles que me socorreram. feminino diante de nomes próprios femininos, então podemos
Refiro-me àquilo que aconteceu com seu pai. escrever as frases abaixo das seguintes formas:
Não obedecerei àquele sujeito.
Entreguei o cartão a Paula. Entreguei o cartão a
Crase com os Pronomes Relativos A Qual, As Quais Roberto.
Entreguei o cartão à Paula. Entreguei o cartão ao
A ocorrência da crase com os pronomes relativos a qual e as Roberto.
quais depende do verbo. Se o verbo que rege esses pronomes
exigir a preposição «a», haverá crase. É possível detectar a 2-) diante de pronome possessivo feminino:
ocorrência da crase nesses casos utilizando a substituição do Observação: é facultativo o uso da crase diante de
termo regido feminino por um termo regido masculino. pronomes possessivos femininos porque é facultativo o uso do
Por exemplo: artigo. Observe:
A igreja à qual me refiro fica no centro da cidade. Minha avó tem setenta anos. Minha irmã está
O monumento ao qual me refiro fica no centro da cidade esperando por você.
A minha avó tem setenta anos. A minha irmã está
Caso surja a forma ao com a troca do termo, ocorrerá a crase. esperando por você.
Veja outros exemplos:
São normas às quais todos os alunos devem obedecer. Sendo facultativo o uso do artigo feminino diante de
Esta foi a conclusão à qual ele chegou. pronomes possessivos femininos, então podemos escrever as
Várias alunas às quais ele fez perguntas não souberam frases abaixo das seguintes formas:
responder nenhuma das questões.
A sessão à qual assisti estava vazia. Cedi o lugar a minha avó. Cedi o lugar a meu avô.
Cedi o lugar à minha avó. Cedi o lugar ao meu avô.
Crase com o Pronome Demonstrativo “a”
3-) depois da preposição até:
A ocorrência da crase com o pronome Fui até a praia. ou Fui até à praia.
demonstrativo “a” também pode ser detectada através da Acompanhe-o até a porta. ou Acompanhe-o até à porta.
substituição do termo regente feminino por um termo regido A palestra vai até as cinco horas da tarde. ou
masculino. A palestra vai até às cinco horas da tarde.
Veja:
Minha revolta é ligada à do meu país. Questões
Meu luto é ligado ao do meu país.
As orações são semelhantes às de antes. 01. No Brasil, as discussões sobre drogas parecem limitar-
Os exemplos são semelhantes aos de antes. se ______aspectos jurídicos ou policiais. É como se suas únicas
Suas perguntas são superiores às dele. consequências estivessem em legalismos, tecnicalidades
Seus argumentos são superiores aos dele. e estatísticas criminais. Raro ler ____respeito envolvendo
Sua blusa é idêntica à de minha colega. questões de saúde pública como programas de esclarecimento
Seu casaco é idêntico ao de minha colega. e prevenção, de tratamento para dependentes e de reintegração
desses____ vida. Quantos de nós sabemos o nome de um médico
A Palavra Distância ou clínica ____quem tentar encaminhar um drogado da nossa
própria família?
Se a palavra distância estiver especificada, determinada, a
crase deve ocorrer. (Ruy Castro, Da nossa própria família. Folha de S.Paulo,
Por exemplo: 17.09.2012. Adaptado)
Sua casa fica à distância de 100 Km daqui. (A palavra está
determinada) As lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e
Todos devem ficar à distância de 50 metros do palco. (A respectivamente, com:
palavra está especificada.) (A) aos … à … a … a
(B) aos … a … à … a
(C) a … a … à … à
Língua Portuguesa 31
(D) à … à … à … à Assinale a alternativa que preenche, correta e
(E) a … a … a … a respectivamente, as lacunas do texto, de acordo com a norma-
padrão da língua portuguesa.
02. Leia o texto a seguir. A) à … à … à
Foi por esse tempo que Rita, desconfiada e medrosa, correu B) a … a … à
______ cartomante para consultá-la sobre a verdadeira causa do C) a … à … à
procedimento de Camilo. Vimos que ______ cartomante restituiu- D) à … à ... a
lhe ______ confiança, e que o rapaz repreendeu-a por ter feito o E) a … à … a
que fez.
(Machado de Assis. A cartomante. In: Várias histórias. Rio de Respostas
Janeiro: Globo, 1997, p. 6) 1-B / 2-A / 3-B / 4-A / 5-D
03 “Nesta oportunidade, volto ___ referir-me ___ problemas já Caro(a) Candidato(a), esse assunto já foi abordado no
expostos ___ V. Sª ___ alguns dias”. decorrer da nossa apostila.
a) à - àqueles - a - há
b) a - àqueles - a - há
c) a - aqueles - à - a Figuras de linguagem.
d) à - àqueles - a - a
e) a - aqueles - à - há
Língua Portuguesa 32
Exemplo: “Supondo o espírito humano uma vasta concha, o Antonomásia: Ocorre antonomásia quando designamos
meu fim, Sr. Soares, é ver se posso extrair pérolas, que é a razão.” uma pessoa por uma qualidade, característica ou fato que a
distingue.
Metonímia: Ocorre metonímia quando há substituição de
uma palavra por outra, havendo entre ambas algum grau de Na linguagem coloquial, antonomásia é o mesmo que apelido,
semelhança, relação, proximidade de sentido ou implicação alcunha ou cognome, cuja origem é um aposto (descritivo,
mútua. Tal substituição fundamenta-se numa relação objetiva, especificativo etc.) do nome próprio.
real, realizando-se de inúmeros modos:
Exemplos:
- A causa pelo efeito e vice-versa: “E ao rabi simples(1), que a igualdade prega,
Rasga e enlameia a túnica inconsútil;
“E assim o operário ia *1 Cristo
Com suor e com cimento* Pelé (= Edson Arantes do Nascimento)
Erguendo uma casa aqui O poeta dos escravos (= Castro Alves)
Adiante um apartamento.” O Dante Negro (= Cruz e Souza)
*Com trabalho. O Corso (= Napoleão)
- O lugar de origem ou de produção pelo produto: Alegoria: A alegoria é uma acumulação de metáforas
referindo-se ao mesmo objeto; é uma figura poética que
Comprei uma garrafa do legítimo porto*. consiste em expressar uma situação global por meio de outra
*O vinho da cidade do Porto. que a evoque e intensifique o seu significado. Na alegoria, todas
as palavras estão transladadas para um plano que não lhes é
- O autor pela obra: comum e oferecem dois sentidos completos e perfeitos – um
referencial e outro metafórico.
Ela parecia ler Jorge Amado*.
*A obra de Jorge Amado. Exemplo: “A vida é uma ópera, é uma grande ópera. O tenor
- O abstrato pelo concreto e vice-versa: e o barítono lutam pelo soprano, em presença do baixo e dos
comprimários, quando não são o soprano e o contralto que
Não devemos contar com o seu coração*. lutam pelo tenor, em presença do mesmo baixo e dos mesmos
*Sentimento, sensibilidade. comprimários. Há coros numerosos, muitos bailados, e a
orquestra é excelente… (Machado de Assis)
Sinédoque: Ocorre sinédoque quando há substituição de
um termo por outro, havendo ampliação ou redução do sentido 2) FIGURAS DE HARMONIA
usual da palavra numa relação quantitativa. Encontramos
sinédoque nos seguintes casos: Chamam-se figuras de som ou de harmonia os efeitos
produzidos na linguagem quando há repetição de sons ou, ainda,
- O todo pela parte e vice-versa: quando se procura “imitar”sons produzidos por coisas ou seres.
“A cidade inteira (1) viu assombrada, de queixo caído, o As figuras de linguagem de harmonia ou de som são:
pistoleiro sumir de ladrão, fugindo nos cascos (2) de seu cavalo.”
*1 O povo. 2 Parte das patas. a) aliteração c) assonância
b) paronomásia d) onomatopéia
- O singular pelo plural e vice-versa:
Aliteração: Ocorre aliteração quando há repetição da
O paulista (3) é tímido; o carioca (4), atrevido. mesma consoante ou de consoantes similares, geralmente em
*3 Todos os paulistas. 4 Todos os cariocas. posição inicial da palavra.
- O indivíduo pela espécie (nome próprio pelo nome comum): Exemplo: “Toda gente homenageia Januária na janela.”
Para os artistas ele foi um mecenas (5). Assonância: Ocorre assonância quando há repetição da
*5 Protetor. mesma vogal ao longo de um verso ou poema.
Sinestesia: A sinestesia consiste na fusão de sensações Onomatopeia: Ocorre quando uma palavra ou conjunto de
diferentes numa mesma expressão. Essas sensações podem ser palavras imita um ruído ou som.
físicas (gustação, audição, visão, olfato e tato) ou psicológicas Exemplo: “O silêncio fresco despenca das árvores.
(subjetivas). Veio de longe, das planícies altas,
Dos cerrados onde o guaxe passe rápido…
Exemplo: “A minha primeira recordação é um muro velho, no Vvvvvvvv… passou.”
quintal de uma casa indefinível. Tinha várias feridas no reboco
e veludo de musgo. Milagrosa aquela mancha verde [sensação 3) FIGURAS DE PENSAMENTO
visual] e úmida, macia [sensações táteis], quase irreal.” (Augusto
Meyer) As figuras de pensamento são recursos de linguagem que se
referem ao significado das palavras, ao seu aspecto semântico.
Língua Portuguesa 33
São figuras de linguagem de pensamento: Um frio inteligente (…) percorria o jardim…” (Clarice
Lispector)
a) antítese d) apóstrofe g) paradoxo
b) eufemismo e) gradação h) hipérbole Perífrase: Ocorre perífrase quando se cria um torneio de
c) ironia f) prosopopéia i) perífrase palavras para expressar algum objeto, acidente geográfico ou
situação que não se quer nomear.
Antítese: Ocorre antítese quando há aproximação de
palavras ou expressões de sentidos opostos. Exemplo: “Cidade maravilhosa
Cheia de encantos mil
Exemplo: “Amigos ou inimigos estão, amiúde, em posições Cidade maravilhosa
trocadas. Uns nos querem mal, e fazem-nos bem. Outros nos Coração do meu Brasil.” (André Filho)
almejam o bem, e nos trazem o mal.” (Rui Barbosa)
4) FIGURAS DE SINTAXE
Apóstrofe: Ocorre apóstrofe quando há invocação de uma
pessoa ou algo, real ou imaginário, que pode estar presente As figuras de sintaxe ou de construção dizem respeito a
ou ausente. Corresponde ao vocativo na análise sintática e é desvios em relação à concordância entre os termos da oração,
utilizada para dar ênfase à expressão. sua ordem, possíveis repetições ou omissões.
Elas podem ser construídas por:
Exemplo: “Deus! ó Deus! onde estás, que não respondes?” a) omissão: assíndeto, elipse e zeugma;
(Castro Alves) b) repetição: anáfora, pleonasmo e polissíndeto;
c) inversão: anástrofe, hipérbato, sínquise e hipálage;
Paradoxo: Ocorre paradoxo não apenas na aproximação d) ruptura: anacoluto;
de palavras de sentido oposto, mas também na de idéias que e) concordância ideológica: silepse.
se contradizem referindo-se ao mesmo termo. É uma verdade
enunciada com aparência de mentira. Oxímoro (ou oximoron) é Portanto, são figuras de linguagem de construção ou sintaxe:
outra designação para paradoxo. a) assíndeto e) elipse i) zeugma
b) anáfora f) pleonasmo j) polissíndeto
Exemplo: “Amor é fogo que arde sem se ver; c) anástrofe g) hiperbato l) sínquise
É ferida que dói e não se sente; d) hipálage h) anacoluto m) silepse
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;” (Camões) Assíndeto: Ocorre assíndeto quando orações ou palavras
deveriam vir ligadas por conjunções coordenativas, aparecem
Eufemismo: Ocorre eufemismo quando uma palavra ou justapostas ou separadas por vírgulas.
expressão é empregada para atenuar uma verdade tida como
penosa, desagradável ou chocante. Exigem do leitor atenção maior no exame de cada fato, por
exigência das pausas rítmicas (vírgulas).
Ex:“E pela paz derradeira(1) que enfim vai nos redimir
Deus lhe pague” (Chico Buarque) Exemplo: “Não nos movemos, as mãos é que se estenderam
*1 paz derradeira: morte pouco a pouco, todas quatro, pegando-se, apertando-se,
fundindo-se.” (Machado de Assis)
Gradação: Ocorre gradação quando há uma seqüência de
palavras que intensificam uma mesma idéia. Elipse: Ocorre elipse quando omitimos um termo ou
oração que facilmente podemos identificar ou subentender no
Exemplo: “Aqui… além… mais longe por onde eu movo o contexto. Pode ocorrer na supressão de pronomes, conjunções,
passo.” (Castro Alves) preposições ou verbos. É um poderoso recurso de concisão e
dinamismo.
Hipérbole: Ocorre hipérbole quando há exagero de uma
idéia, a fim de proporcionar uma imagem emocionante e de Exemplo: “Veio sem pinturas, em vestido leve, sandálias
impacto. coloridas.”
1 Elipse do pronome ela (Ela veio) e da preposição de (de
Exemplo: “Rios te correrão dos olhos, se chorares!” (Olavo sandálias…)
Bilac)
Zeugma: Ocorre zeugma quando um termo já expresso na
Ironia: Ocorre ironia quando, pelo contexto, pela entonação, frase é suprimido, ficando subentendida sua repetição.
pela contradição de termos, sugere-se o contrário do que as
palavras ou orações parecem exprimir. A intenção é depreciativa Exemplo: “Foi saqueada a vida, e assassinados os partidários
ou sarcástica. dos Felipes.” 1
1 Zeugma do verbo: “e foram assassinados…”
Exemplo: “Moça linda, bem tratada,
três séculos de família, Anáfora: Ocorre anáfora quando há repetição intencional de
burra como uma porta: palavras no início de um período, frase ou verso.
um amor.” (Mário de Andrade)
Exemplo: “Depois o areal extenso…
Prosopopéia: Ocorre prosopopéia (ou animização ou Depois o oceano de pó…
personificação) quando se atribui movimento, ação, fala, Depois no horizonte imenso
sentimento, enfim, caracteres próprios de seres animados a Desertos… desertos só…” (Castro Alves)
seres inanimados ou imaginários.
Pleonasmo: Ocorre pleonasmo quando há repetição da
Também a atribuição de características humanas a seres mesma ideia, isto é, redundância de significado.
animados constitui prosopopéia o que é comum nas fábulas
e nos apólogos, como este exemplo de Mário de Quintana: “O a) Pleonasmo literário: É o uso de palavras redundantes para
peixinho (…) silencioso e levemente melancólico…” reforçar uma ideia, tanto do ponto de vista semântico quanto
do ponto de vista sintático. Usado como um recurso estilístico,
Exemplos: “… os rios vão carregando as queixas do caminho.” enriquece a expressão, dando ênfase à mensagem.
(Raul Bopp)
Língua Portuguesa 34
Exemplo: “Iam vinte anos desde aquele dia b) Silepse de número: Ocorre quando há discordância
Quando com os olhos eu quis ver de perto envolvendo o número gramatical (singular ou plural).
Quando em visão com os da saudade via.” (Alberto
de Oliveira) Exemplo: Corria gente de todos lados, e gritavam.” (Mário
Barreto)
“Ó mar salgado, quando do teu sal
São lágrimas de Portugal” (Fernando Pessoa) c) Silepse de pessoa: Ocorre quando há discordância entre o
sujeito expresso e a pessoa verbal: o sujeito que fala ou escreve
b) Pleonasmo vicioso: É o desdobramento de ideias que se inclui no sujeito enunciado.
já estavam implícitas em palavras anteriormente expressas.
Pleonasmos viciosos devem ser evitados, pois não têm valor de Exemplo: “Na noite seguinte estávamos reunidas algumas
reforço de uma idéia, sendo apenas fruto do descobrimento do pessoas.” (Machado de Assis)
sentido real das palavras.
Questões
Exemplos: subir para cima, entrar para dentro, repetir de
novo, ouvir com os ouvidos, hemorragia de sangue, monopólio 01. Ao dizer que os shoppings são “cidades”, o autor do texto
exclusivo, breve alocução, principal protagonista faz uso de um tipo de linguagem figurada denominada
(A) metonímia.
Polissíndeto: Ocorre polissíndeto quando há repetição (B) eufemismo.
enfática de uma conjunção coordenativa mais vezes do que exige (C) hipérbole.
a norma gramatical ( geralmente a conjunção e). É um recurso (D) metáfora.
que sugere movimentos ininterruptos ou vertiginosos. (E) catacrese.
Exemplo: “Vão chegando as burguesinhas pobres, 02. Identifique a figura de linguagem presente na tira
e as criadas das burguesinhas ricas seguinte:
e as mulheres do povo, e as lavadeiras da redondeza.”
(Manuel Bandeira)
Exemplo: “Tão leve estou (1) que nem sombra tenho.” (Mário
Quintana)
*1 Estou tão leve…
Língua Portuguesa 35
05. No verso “Essa dor doeu mais forte”, pode-se perceber a
presença de uma figura de linguagem denominada:
(A) ironia
(B) pleonasmo
(C) comparação
(D) metonímia
Respostas
01. D\02. D\03. B\04. D\05. B
Anotações
Língua Portuguesa 36
MATEMÁTICA
Função;
Função Injetora: Quando para n elementos distintos do
domínio apresentam imagens também distintas no
contradomínio. Exemplo:
FUNÇÃO DO 1º GRAU OU FUNÇÃO AFIM OU POLINOMIAL
DO 1º GRAU
Função Identidade
Se a = 1 e b = 0, então y = x. Quando temos este caso
chamamos a função de identidade, notamos que os valores de
x e y são iguais, quando a reta corta os quadrantes ímpares
e y = - x, quando corta os quadrantes pares.
A reta que representa a função identidade é denominada
de bissetriz dos quadrantes ímpares:
Matemática 1
Exemplo: Através do gráfico da função notamos que:
A função f : [1; 3] → [3; 5], definida por f(x) = x + 2, é uma -Para função é crescente o ângulo formado entre a reta da
função bijetora. função e o eixo x (horizontal) é agudo (< 90º) e
- Para função decrescente o ângulo formado é obtuso (> 90º).
Referências
BIANCHINI, Edwaldo; PACCOLA, Herval – Matemática Volume 1 – Editora
Moderna
FACCHINI, Walter – Matemática Volume Único – 1ª Edição - Editora
Saraiva:1996
Questões
Matemática 2
03. Resposta: D.
35 = - 4x + 15 → - 4x = 20 → x = - 5
Matemática 3
Vértice da parábola Onde:
Toda parábola tem um ponto de ordenada máxima ou x1 e x2 são as raízes da função.
ponto de ordenada mínima, a esse ponto denominamos
vértice. Dado por V (xv , yv). Valor máximo e valor mínimo da função definida por
um polinômio do 2º grau
- Se a > 0, o vértice é o ponto da parábola que tem ordenada
mínima. Nesse caso, o vértice é chamado ponto de mínimo e
a ordenada do vértice é chamada valor mínimo da função;
- Se a < 0, o vértice é o ponto da parábola que tem ordenada
máxima. Nesse caso, o vértice é ponto de máximo e a
ordenada do vértice é chamada valor máximo da função.
- Eixo de simetria
É aquele que dado o domínio a imagem é a mesma. Isso faz
com que possamos dizer que a parábola é simétrica a reta que
passa por xv, paralela ao eixo y, na qual denominamos eixo de
simetria. Vamos entender melhor o conceito analisando o
exemplo: y = x2 + 2x – 3 (início do assunto).
Atribuímos valores a x, achamos valores para y. Temos Raízes ou zeros da função definida por um polinômio
que: do 2º grau
f (-3) = f (1) = 0 As raízes ou zeros da função quadrática f(x) = ax2 + bx + c
f (-2) = f (0) = -3 são os valores de x reais tais que f(x) = 0, ou seja são valores
que deixam a função nula. Com isso aplicamos o método de
Conjunto Domínio e Imagem resolução da equação do 2º grau.
Toda função com Domínio nos Reais (R) que possui a > 0, ax2 + bx + c = 0
sua concavidade está voltada para cima, e o seu conjunto
imagem é dado por: A resolução de uma equação do 2º grau é feita com o
−∆ −∆ auxílio da chamada “fórmula de Bháskara”.
𝑰𝒎 = {𝒚 ∈ 𝑹| 𝒚 ≥ } 𝒐𝒖 𝑰𝒎 = [ ; +∞[
𝟒𝒂 𝟒𝒂
b
x , onde, = b2 – 4.a.c
2.a
As raízes (quando são reais), o vértice e a intersecção com
o eixo y são fundamentais para traçarmos um esboço do
gráfico de uma função do 2º grau.
Logo se a < 0, a concavidade estará voltada para baixo, o Forma fatorada das raízes: f (x) = a (x – x1) (x – x2).
seu conjunto imagem é dado por: Esta fórmula é muito útil quando temos as raízes e
−∆ −∆ precisamos montar a sentença matemática que expresse a
𝑰𝒎 = {𝒚 ∈ 𝑹| 𝒚 ≤ } 𝒐𝒖 𝑰𝒎 = ]−∞; ] função.
𝟒𝒂 𝟒𝒂
Estudo da variação do sinal da função
Estudar o sinal de uma função quadrática é determinar os
valores reais de x que tornam a função positiva, negativa ou
nula.
Abaixo podemos resumir todos os valores assumidos pela
função dado a e Δ (delta).
Observe que:
Matemática 4
Quando Δ > 0, o gráfico corta e tangencia o eixo x em dois Sabendo-se que a função quadrática que descreve esse
pontos distintos, e temos duas raízes reais distintas. arco é f(x) = – x²+ c, e que V = (0; 0,81), pode-se afirmar que a
Quando Δ = 0, o gráfico corta e tangencia o eixo dos x em ̅̅̅̅ , em metros, é igual a
distância 𝐴𝐵
um ponto e temos duas raízes iguais. (A) 2,1.
Quando Δ < 0, o gráfico não corta e não tangencia o eixo (B) 1,8.
dos x em nenhum ponto e não temos raízes reais. (C) 1,6.
(D) 1,9.
Exemplo: (E) 1,4.
Considere a função quadrática representada pelo gráfico Respostas
abaixo, vamos determinar a sentença matemática que a define.
01. Resposta: A.
Vamos calcular a distância total, fazendo t = 0:
100−02
𝑑(0) = = 100𝑘𝑚
0+1
Matemática 5
- f é injetora
- f(x) > 0 , ⍱ x Є lR X Y
- f é continua e diferenciável em lR -3 1
- A função é estritamente decrescente. 8
- limx→ -∞ ax = + ∞ -2 1
- limx→ +∞ ax = 0 4
- y = 0 é assíntota horizontal -1 1
2
Função exponencial 0 1
a>1 1 2
2 4
3 8
- Domínio = lR
- Contradomínio = lR+
- f é injetiva
- f(x) > 0 , ⍱ x Є lR
- f é continua e diferenciável em lR
- A função é estritamente crescente.
- limx→ +∞ ax = + ∞
- limx→ -∞ ax = 0
Questões
- y = 0 é assíntota horizontal
01. As funções exponenciais são muito usadas para
Propriedades da Função Exponencial
modelar o crescimento ou o decaimento populacional de uma
Se a, x e y são dois números reais quaisquer e k é um
determinada região em um determinado período de tempo. A
número racional, então:
função 𝑃(𝑡) = 234 . (1,023)𝑡 modela o comportamento de
- ax ay= ax + y
uma determinada cidade quanto ao seu crescimento
- ax / ay= ax - y
populacional em um determinado período de tempo, em que P
- (ax) y= ax.y
é a população em milhares de habitantes e t é o número de
- (a b)x = ax bx
anos desde 1980.
- (a / b)x = ax / bx
Qual a taxa média de crescimento populacional anual dessa
- a-x = 1 / ax
cidade?
(A) 1,023%
Estas relações também são válidas para exponenciais de
(B) 1,23%
base e (e = número de Euller = 2,718...)
(C) 2,3%
- y = ex se, e somente se, x = ln(y)
(D) 0,023%
- ln(ex) =x
(E) 0,23%
- ex+y= ex.ey
- ex-y = ex/ey
02. Uma população P cresce em função do tempo t (em
- ex.k = (ex)k
anos), segundo a sentença 𝑷 = 𝟐𝟎𝟎𝟎 . 𝟓𝟎,𝟏 .𝒕 . Hoje, no instante
t = 0, a população é de 2 000 indivíduos. A população será de
A Constante de Euler
50 000 indivíduos daqui a
Existe uma importantíssima constante matemática
(A) 20 anos.
definida por
(B) 25 anos.
e = exp(1)
(C) 50 anos.
O número e é um número irracional e positivo e em função
(D) 15 anos.
da definição da função exponencial, temos que:
(E) 10 anos.
Ln(e) = 1
Respostas
Este número é denotado por e em homenagem ao
matemático suíço Leonhard Euler (1707-1783), um dos
01. Resposta: C.
primeiros a estudar as propriedades desse número.
𝑃(𝑡) = 234 . (1,023)𝑡
O valor deste número expresso com 40 dígitos decimais, é:
Primeiramente, vamos calcular a população inicial,
e= 2,718281828459045235360287471352662497757
fazendo t = 0:
Se x é um número real, a função exponencial exp(.) pode
𝑃(0) = 234 . (1,023)0 = 234 . 1 = 234 mil
ser escrita como a potência de base e com expoente x, isto é:
Agora, vamos calcular a população após 1 ano, fazendo t =
ex = exp(x)
1:
𝑃(1) = 234 . (1,023)1 = 234 . 1,023 = 239,382
Construção do Gráfico de uma Função Exponencial
Por fim, vamos utilizar a Regra de Três Simples:
Exemplo:
População %
234 --------------- 100
Vamos construir o gráfico da função 𝑦 = 2 𝑥
239,382 ------------ x
234.x = 239,382 . 100
Vamos atribuir valores a x, para que possamos traçar os
x = 23938,2 / 234
pontos no gráfico.
x = 102,3%
Matemática 6
102,3% = 100% (população já existente) + 2,3% 0
625𝑥 > 0 ⟹ 𝑥 > ⟹𝑥>0
(crescimento) 625
Voltando à equação temos:
02. Resposta: A. 42
7log 5 625𝑥 = 42 ⟹ log 5 625𝑥 = ⟹ log 5 625𝑥 = 6
𝟓𝟎𝟎𝟎𝟎 = 𝟐𝟎𝟎𝟎 . 𝟓𝟎,𝟏 .𝒕 7
𝟓𝟎𝟎𝟎𝟎
𝟓𝟎,𝟏 .𝒕 =
𝟐𝟎𝟎𝟎 Aplicando a mesma propriedade que aplicamos nos casos
𝟓𝟎,𝟏 .𝒕 = 𝟓𝟐 anteriores e desenvolvendo os cálculos temos: Como 25
Vamos simplificar as bases (5), sobrando somente os satisfaz a condição de existência, então S = {25} é o conjunto
expoentes. Assim: solução da equação. Se quisermos recorrer a outras
0,1 . t = 2 propriedades dos logaritmos também podemos resolver este
t = 2 / 0,1 exercício assim:
t = 20 anos ⇒ log 5 𝑥 = 2 ⟺ 52 = 𝑥 ⟺ 𝑥 = 25
Segundo a definição de logaritmo nós sabemos que: Neste caso vamos fazer um pouco diferente. Primeiro
log 2 𝑥 = 3 ⟺ 23 = 𝑥 vamos solucionar a equação e depois vamos verificar quais são
as condições de existência: Então x = -2 é um valor candidato
Logo x é igual a 8: 23 = x ⇒ x = 2.2.2 ⇒ x = 8 à solução da equação. Vamos analisar as condições de
existência da base -6 - x:
De acordo com a definição de logaritmo o logaritmando Veja que embora x ≠ -7, x não é menor que -6, portanto x =
deve ser um número real positivo e já que 8 é um número real -2 não satisfaz a condição de existência e não pode ser solução
positivo, podemos aceitá-lo como solução da equação. A esta da equação. Embora não seja necessário, vamos analisar a
restrição damos o nome de condição de existência. condição de existência do logaritmando 2x: 2x > 0 ⇒ x > 0
log 𝑥 100 = 2 Como x = -2, então x também não satisfaz esta condição de
existência, mas não é isto que eu quero que você veja. O que eu
Pela definição de logaritmo a base deve ser um número quero que você perceba, é que enquanto uma condição diz que
real e positivo além de ser diferente de 1. Então a nossa x < -6, a outra diz que x > 0. Qual é o número real que além de
condição de existência da equação acima é que: x ϵ R*+ - {1} ser menor que -6 é também maior que 0?
Como não existe um número real negativo, que sendo
Em relação a esta segunda equação nós podemos escrever menor que -6, também seja positivo para que seja maior que
a seguinte sentença: zero, então sem solucionarmos a equação nós podemos
log 𝑥 100 = 2 ⟺ 𝑥 2 = 100 perceber que a mesma não possui solução, já que nunca
conseguiremos satisfazer as duas condições simultaneamente.
Que nos leva aos seguintes valores de x: O conjunto solução da equação é portanto S = { }, já que não
𝑥 = −10 existe nenhuma solução real que satisfaça as condições de
𝑥 2 = 100 ⟹ 𝑥 = ±√100 ⟹ {
𝑥 = 10 existência da equação.
Note que x = -10 não pode ser solução desta equação, pois
Função Logarítmica
este valor de x não satisfaz a condição de existência, já que -10
A função logaritmo natural mais simples é a função
é um número negativo.
y=f0(x)=lnx. Cada ponto do gráfico é da forma (x, lnx) pois a
Já no caso de x = 10 temos uma solução da equação, pois
ordenada é sempre igual ao logaritmo natural da abscissa.
10 é um valor que atribuído a x satisfaz a condição de
existência, visto que 10 é positivo e diferente de 1.
7log 5 625𝑥 = 42
Matemática 7
Representação da Função Logarítmica no Plano
Cartesiano
Podemos representar graficamente uma função
logarítmica da mesma forma que fizemos com a função
exponencial, ou seja, escolhendo alguns valores para x e
montando uma tabela com os respectivos valores de f(x).
Depois localizamos os pontos no plano cartesiano e traçamos
a curva do gráfico. Vamos representar graficamente a função
𝑓(𝑥) = log 𝑥 e como estamos trabalhando com um logaritmo
de base 10, para simplificar os cálculos vamos escolher para x
alguns valores que são potências de 10:
0,001, 0,01, 0,1, 1, 10 e 2.
O domínio da função ln é R*+=]0,∞[ e a imagem é o
conjunto R=]-∞,+∞[.
Temos então seguinte a tabela:
O eixo vertical é uma assíntota ao gráfico da função. De fato, o
gráfico se aproxima cada vez mais da reta x=0
O que queremos aqui é descobrir como é o gráfico de uma x y = log x
função logarítmica natural geral, quando comparado ao 0,001 y = log 0,001 = -3
gráfico de y=ln x, a partir das transformações sofridas por esta 0,01 y = log 0,01 = -2
função. Consideremos uma função logarítmica cuja expressão 0,1 y = log 0,1 = -1
é dada por y=f1(x)=ln x+k, onde k é uma constante real. A
1 y = log 1 = 0
pergunta natural a ser feita é: qual a ação da constante k no
gráfico dessa nova função quando comparado ao gráfico da 10 y = log 10 = 1
função inicial y=f0(x)=ln x ?
Ainda podemos pensar numa função logarítmica que seja
dada pela expressão y=f2(x)=a.ln x onde a é uma constante
real, a 0. Observe que se a=0, a função obtida não será
logarítmica, pois será a constante real nula. Uma questão que
ainda se coloca é a consideração de funções logarítmicas do
tipo y=f3(x)=ln(x+m), onde m é um número real não nulo. Se
g(x)=3.ln(x-2) + 2/3, desenhe seu gráfico, fazendo os gráficos
intermediários, todos num mesmo par de eixos.
y=a.ln(x+m)+k
Matemática 8
Se a > 1 temos uma função logarítmica crescente, E = log10 + log (2 x 5)
qualquer que seja o valor real positivo de x. No gráfico da E = log10 + log10
função ao lado podemos observar que à medida que x E = 2 log10
aumenta, também aumenta f(x) ou y. Graficamente vemos que E=2
a curva da função é crescente. Também podemos observar
através do gráfico, que para dois valor de x (x1 e x2), que
log 𝑎 𝑥2 > log 𝑎 𝑥1 ⟺ 𝑥2 > 𝑥1 , isto para x1, x2 e a números reais Progressão Aritmética;
positivos, com a > 1. Progressão Geométrica;
- Função Logarítmica Decrescente
SEQUÊNCIAS
Matemática 9
permite a determinação de cada termo conhecendo-se o seu . . . . . .
antecedente. Essa forma de apresentação de uma sucessão é . . . . . .
chamada lei de recorrências. . . . . . .
n° termo é:
Exemplo: 𝐚𝐧 = 𝐚𝟏 + (𝐧 − 𝟏). 𝐫
- Escrever os cinco primeiros termos de uma sequência em
que: Fórmula da soma dos n primeiros termos:
a1 = 3 e an+1 = 2an – 4 , em que n ∈ N*.
(𝐚𝟏 + 𝐚𝐧 ). 𝐧
Teremos: o primeiro termo já foi dado. 𝐒𝐧 =
- a1 = 3 𝟐
- se n = 1 ⇒ a1+1 = 2.a1 – 4 ⇒ a2 = 2.3 – 4 ⇒ a2 = 6 – 4 = 2 Propriedades:
- se n = 2 ⇒ a2+1 = 2.a2 – 4 ⇒ a3 = 2.2 – 4 ⇒ a3 = 4 – 4 = 0 1- Numa P.A. a soma dos termos equidistantes dos
- se n = 3 ⇒ a3+1 = 2.a3 – 4 ⇒ a4 = 2.0 – 4 ⇒ a4 = 0 – 4 = - 4 extremos é igual à soma dos extremos.
- se n = 4 ⇒ a4+1 = 2.a4 – 4 ⇒ a5 = 2.(-4) – 4 ⇒ a5 = - 8 – 4 = - Exemplo: (2, 8, 14, 20, 26, 32, 38,......)
12
Observações
1) Devemos observar que a apresentação de uma
sequência através do termo geral é mais pratica, visto que
podemos determinar um termo no “meio” da sequência sem a
necessidade de determinarmos os termos intermediários,
como ocorre na apresentação da sequência através da lei de
recorrências.
- como podemos observar neste exemplo, temos um
2) Algumas sequências não podem, pela sua forma
número ímpar de termos. Neste caso sobrou um termo no
“desorganizada” de se apresentarem, ser definidas nem pela
meio (20) que é chamado de termo médio e é igual a metade
lei das recorrências, nem pela formula do termo geral. Um
da soma dos extremos. Porém, só existe termos médio se
exemplo de uma sequência como esta é a sucessão de números
houver um número ímpar de termos.
naturais primos que já “destruiu” todas as tentativas de se
encontrar uma formula geral para seus termos.
P.G. – PROGRESSÃO GEOMETRICA
3) Em todo exercício de sequência em que n ∈ N*, o
primeiro valor adotado é n = 1. No entanto de no enunciado Definição: é uma sequência numérica em que cada termo,
estiver n > 3, temos que o primeiro valor adotado é n = 4. a partir do segundo termo, é igual ao termo anterior
Lembrando que n é sempre um número natural. multiplicado por uma constante que é chamada de razão (q).
A Matemática estuda dois tipos especiais de sequências, Como em qualquer sequência os termos são chamados de
uma delas a Progressão Aritmética. a1, a2, a3, a4,.......,an,....
PROGRESSÃO ARITMÉTICA (P.A.)
Cálculo da razão: a razão de uma P.G. é dada pelo
quociente de um termo qualquer pelo termo imediatamente
Definição: é uma sequência numérica em que cada termo,
anterior a ele.
a partir do segundo termo, é igual ao termo anterior somado 𝑎 𝑎 𝑎 𝑎
𝑞 = 2 = 3 = 4 = ⋯……… = 𝑛
com uma constante que é chamada de razão (r). 𝑎1 𝑎2 𝑎3 𝑎𝑛−1
Como em qualquer sequência os termos são chamados de
a1, a2, a3, a4,.......,an,.... Exemplos:
- (3, 6, 12, 24, 48,...) é uma PG de primeiro termo a1 = 3 e
Cálculo da razão: a razão de uma P.A. é dada pela razão q = 2
−9 −9
diferença de um termo qualquer pelo termo imediatamente - (-36, -18, -9, , ,...) é uma PG de primeiro termo a1 = -
2 4
anterior a ele. 1
36 e razão q =
r = a2 – a1 = a3 – a2 = a4 – a3 = a5 – a4 = .......... = an – an – 1 2
5 5
- (15, 5, , ,...) é uma PG de primeiro termo a1 = 15 e razão
3 9
Exemplo: 1
q=
- (5, 9, 13, 17, 21, 25,......) é uma P.A. onde a1 = 5 e razão r = 3
4 - (- 2, - 6, -18, - 54, ...) é uma PG de primeiro termo a1 = - 2
e razão q = 3
Classificação: uma P.A. é classificada de acordo com a
razão. Classificação: uma P.G. é classificada de acordo com o
primeiro termo e a razão.
1- Se r > 0 ⇒ a P.A. é crescente. 1- Crescente: quando cada termo é maior que o anterior.
2- Se r < 0 ⇒ a P.A. é decrescente. Isto ocorre quando a1 > 0 e q > 1 ou quando a1 < 0 e 0 < q < 1.
3- Se r = 0 ⇒ a P.A. é constante. 2- Decrescente: quando cada termo é menor que o
anterior. Isto ocorre quando a1 > 0 e 0 < q < 1 ou quando a1 <
Fórmula do Termo Geral 0 e q > 1.
Em toda P.A., cada termo é o anterior somado com a razão, 3- Alternante: quando cada termo apresenta sinal
então temos: contrário ao do anterior. Isto ocorre quando q < 0.
1° termo: a1 4- Constante: quando todos os termos são iguais. Isto
2° termo: a2 = a1 + r ocorre quando q = 1. Uma PG constante é também uma PA de
3° termo: a3 = a2 + r = a1 + r + r = a1 + 2r razão r = 0. A PG constante é também chamada de PG
4° termo: a4 = a3 + r = a1 + 2r + r = a1 + 3r estacionaria.
5° termo: a5 = a4 + r = a1 + 3r + r = a1 + 4r 5- Singular: quando zero é um dos seus termos. Isto ocorre
6° termo: a6 = a5 + r = a1 + 4r + r = a1 + 5r quando a1 = 0 ou q = 0.
Matemática 10
Fórmula do termo geral meio (8) que é chamado de termo médio e é igual a raiz
Em toda P.G. cada termo é o anterior multiplicado pela quadrada do produto dos extremos. Porém, só existe
razão, então temos: termos médio se houver um número ímpar de termos.
1° termo: a1
2° termo: a2 = a1.q Questões
3° termo: a3 = a2.q = a1.q.q = a1q2
4° termo: a4 = a3.q = a1.q2.q = a1.q3 01. Descubra o 99º termo da P.A. (45, 48, 51,...)
5° termo: a5 = a4.q = a1.q3.q = a1.q4 (A) 339
. . . . . (B) 337
. . . . . (C) 333
. . . . . (D) 331
Matemática 11
Logo: No juros simples o juro de cada intervalo de tempo sempre
a30 = 8 + (30/2) - 1 = 8 + 15 - 1 = 22 e é calculado sobre o capital inicial emprestado ou aplicado.
a55 = 10 + [(55 + 1)/2] - 1 = 37
E, portanto: Chamamos de simples os juros que são somados ao capital
a30 + a55 = 22 + 37 = 59. inicial no final da aplicação.
C = Capital
i = taxa
JUROS t = tempo
Matemática 12
02. Mirtes aplicou um capital de R$ 670,00 à taxa de juros mais comum de juros compostos na Economia. Na verdade, o
simples, por um período de 16 meses. Após esse período, o uso de juros simples não se justifica em estudos econômicos.
montante retirado foi de R$ 766,48. A taxa de juros praticada De uma forma genérica, teremos para um capital C,
nessa transação foi de: aplicado a uma taxa de juros compostos (i) durante o período
(A) 9% a.a. (t):
(B) 10,8% a.a. M = C (1 + i)t
(C) 12,5% a.a.
(D) 15% a.a. Saiba mais!!!
03. Qual o valor do capital que aplicado por um ano e meio, (1+i)t ou (1+i)n é conhecido como fator de
a uma taxa de 1,3% ao mês, em regime de juros simples resulta acumulação de capital (FC) e o seu inverso,
em um montante de R$ 68.610,40 no final do período?
(A) R$ 45.600,00 1/(1+i)n é o fator de atualização de capital (FA).
(B) R$ 36.600,00
(C) R$ 55.600,00
(D) R$ 60.600,00
Graficamente temos, que o crescimento do
Respostas
principal(capital) segundo juros simples é LINEAR,
CONSTANTE enquanto que o crescimento segundo juros
01. Resposta: E.
compostos é EXPONENCIAL, GEOMÉTRICO e, portanto tem um
C = 1.000.000,00
crescimento muito mais "rápido".
M = 1.240.000,00
t = 12 meses
i=?
M = C.(1+it) → 1240000 = 1000000(1 + 12i) → 1 + 12i =
1240000 / 1000000 → 1 + 12i = 1,24 → 12i = 1,24 – 1 → 12i =
0,24 → i = 0,24 / 12 → i = 0,02 → i = 0,02x100 → i = 2% a.m
Como não encontramos esta resposta nas alternativas,
vamos transformar, uma vez que sabemos a taxa mensal:
Um bimestre tem 2 meses → 2 x 2 = 4% a.b.
Um trimestre tem 3 meses → 2 x 3 = 6% a.t.
Um semestre tem 6 meses → 2 x 6 = 12% a.s.
Um ano tem 1 ano 12 meses → 2 x 12 = 24% a.a.
02. Resposta: B.
Pelo enunciado temos: - O montante após 1º tempo é igual tanto para o regime de
C = 670 juros simples como para juros compostos;
i=? - Antes do 1º tempo o montante seria maior no regime de
n = 16 meses juros simples;
M = 766,48 - Depois do 1º tempo o montante seria maior no regime
Aplicando a fórmula temos: M = C.(1+in) → 766,48 = 670 de juros compostos.
(1+16i) → 1 + 16i = 766,48 / 670 →1 + 16i = 1,144 → 16i =
1,144 – 1 → 16i = 0,144 → i = 0,144 / 16 → i = 0,009 x 100 → i Juros Compostos e Logaritmos
= 0,9% a.m. Para resolução de algumas questões que envolvam juros
Observe que as taxas das alternativas são dadas em ano, compostos, precisamos ter conhecimento de conceitos de
logo como 1 ano tem 12 meses: 0,9 x 12 = 10,8% a.a. logaritmos, principalmente aquelas as quais precisamos achar
o tempo/prazo. É muito comum ver em provas o valor dado do
03. Resposta: C. logaritmo para que possamos achar a resolução da questão.
C=?
n = 1 ano e meio = 12 + 6 = 18 meses Exemplo:
i = 1,3% a.m = 0,013 Expresse o número de períodos t de uma aplicação, em
M = 68610,40 função do montante M e da taxa de aplicação i por período.
Aplicando a fórmula: M = C (1+in) → 68610,40 = C Solução:
(1+0,013.18) → 68610,40 = C (1+0,234) → C = 68610,40 = Temos M = C(1+i)t
C.1,234 → C = 68610,40 / 1,234 → C = 55600,00. Logo, M/C = (1+i)t
Pelo que já conhecemos de logaritmos, poderemos
JUROS COMPOSTOS escrever:
t = log (1+ i ) (M/C) . Portanto, usando logaritmo decimal
No regime exponencial de juros (ou juros compostos) é (base 10), vem:
incorporado ao capital não somente os juros referentes a cada
período, mas também os juros sobre os juros acumulados até 𝐥𝐨𝐠⟨𝑴|𝑪⟩ 𝐥𝐨𝐠 𝑴 − 𝐥𝐨𝐠 𝑪
o momento anterior. Pode-se falar que é um comportamento 𝒕= =
𝐥𝐨𝐠(𝟏 + 𝒊) 𝐥𝐨𝐠(𝟏 + 𝒊)
equivalente a uma progressão geométrica (PG), pela qual os
juros incidem sempre sobre o saldo apurado no início do Temos também da expressão acima que: t.log(1 + i) = logM
período correspondente (e não unicamente sobre o capital – logC
inicial). É o que chamamos no linguajar habitual de “juros
sobre juros”. Deste exemplo, dá para perceber que o estudo dos
Na prática, as empresas, órgãos governamentais e juros compostos é uma aplicação prática do estudo dos
investidores particulares costumam reinvestir as quantias logaritmos.
geradas pelas aplicações financeiras, o que justifica o emprego
Matemática 13
Fica a dica!!! 𝑀1 = 10000(1 + 𝑖)2 𝑀2 = 20000(1 + 𝑖)1
M1+M2 = 384000
- Em juros simples quando a taxa de juros(i) estiver em 38400 = 10000(1 + 𝑖)2 + 20000(1 + 𝑖) (: 400)
unidade diferente do tempo(t), pode-se colocar na mesma 96 = 25(1 + 2𝑖 + 𝑖 2 ) + 50 + 50𝑖
unidade de (i) ou (t). 96 = 25 + 50𝑖 + 25𝑖 2 + 50 + 50𝑖
25𝑖 2 + 100𝑖 − 21 = 0
Têm se uma equação do segundo grau, usa-se então a
- Em juros compostos é preferível colocar o (t) na
fórmula de Bháskara:
mesma unidade da taxa (i). ∆= 1002 − 4 ∙ 25 ∙ (−21) = 12100
−100±110
𝑖=
50
−100+110 10
Referências 𝑖1 = = = 0,2
MARIANO, Fabrício – Matemática Financeira para Concursos – 3ª Edição – 50 50
−100−110
Rio de Janeiro: Elsevier,2013. 𝑖2 = = −4,4 (𝑛ã𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑣é𝑚)
50
SAMANEZ, Carlos P. Matemática Financeira: aplicações à análise de
investimentos. 4 Edição. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006.
É correto afirmar que a taxa é de 20%
Questões
01. Um capital foi aplicado por um período de 3 anos, com Análise combinatória;
taxa de juros compostos de 10% ao ano. É correto afirmar que
essa aplicação rendeu juros que corresponderam a,
exatamente:
(A) 30% do capital aplicado. ANÁLISE COMBINATÓRIA
(B) 31,20% do capital aplicado.
(C) 32% do capital aplicado. A Análise Combinatória é a parte da Matemática que
(D) 33,10% do capital aplicado. desenvolve meios para trabalharmos com problemas de
contagem.
02. José Luiz aplicou R$60.000,00 num fundo de
investimento, em regime de juros compostos, com taxa de 2% PRINCÍPIO ADITIVO E MULTIPLICATIVO
ao mês. Após 3 meses, o montante que José Luiz poderá sacar (PRINCÍPIO FUNDAMENTAL DA CONTAGEM-PFC)
é
(A) R$63.600,00. O princípio aditivo é quando tendo possibilidade
(B) R$63.672,48. distintas as quais precisamos adicionar as possibilidades.
(C) R$63.854,58. Vejamos o exemplo:
(D) R$62.425,00.
(E) R$62.400,00.
Matemática 14
1! = 1
Exemplo:
De quantas maneiras podemos organizar 8 alunos em uma
fila.
Observe que vamos utilizar a mesma quantidade de alunos
na fila nas mais variadas posições:
2) Para ir da sua casa (cidade A) até a casa do seu de um - Arranjo simples: agrupamentos simples de n elementos
amigo Pedro (que mora na cidade C) João precisa pegar duas distintos tomados(agrupados) p a p. Aqui a ordem dos seus
conduções: A1 ou A2 ou A3 que saem da sua cidade até a B elementos é o que diferencia.
e B1 ou B2 que o leva até o destino final C. Vamos montar o Exemplo:
diagrama da árvore para avaliarmos todas as possibilidades: Dados o conjunto S formado pelos números S= {1,2,3,4,5,6}
quantos números de 3 algarismos podemos formar com este
conjunto?
De forma resumida, e rápida podemos também montar Observe que 123 é diferente de 321 e assim
através do princípio multiplicativo o número de sucessivamente, logo é um Arranjo.
possibilidades: Se fossemos montar todos os números levaríamos muito
tempo, para facilitar os cálculos vamos utilizar a fórmula do
arranjo.
Pela definição temos: A n,p (Lê-se: arranjo de n elementos
tomados p a p).
Então:
𝒏!
𝑨𝒏, 𝒑 =
(𝒏 − 𝒑)!
2 x 3 = 6
Utilizando a fórmula:
3) De sua casa ao trabalho, Silvia pode ir a pé, de ônibus Onde n = 6 e p = 3
ou de metrô. Do trabalho à faculdade, ela pode ir de ônibus, n! 6! 6! 6.5.4.3!
An, p = → A6,3 = = = = 120
metrô, trem ou pegar uma carona com um colega. (n − p)! (6 − 3)! 3! 3!
De quantos modos distintos Silvia pode, no mesmo dia, ir Então podemos formar com o conjunto S, 120 números
de casa ao trabalho e de lá para a faculdade? com 3 algarismos.
Matemática 15
combinação do arranjo é que a ordem dos elementos não é o número de elementos, n, e as vezes em que o mesmo
importante. elemento aparece.
Exemplo: 𝒏!
𝑷𝒏(∝,𝜷,𝜸,… ) = …
Uma escola tem 7 professores de Matemática. Quatro deles 𝜶! 𝜷! 𝜸!
deverão representar a escola em um congresso. Quantos
grupos de 4 professores são possíveis?
Com α + β + γ + ... ≤ n
Exemplo:
Quantos são os anagramas da palavra ARARA?
n=5
α = 3 (temos 3 vezes a letra A)
β = 2 (temos 2 vezes a letra R)
210 210
= = = 35 grupos de professores
3.2.1 6
- Combinação circular: aqui os elementos estão dispostos O total de posições é 5! e cada 5 representa uma só
em uma circunferência. Exemplo: permutação circular. Assim, o total de permutações circulares
Considerando dez pontos sobre uma circunferência, será dado por:
quantas cordas podem ser construídas com extremidades em 5! 5.4!
dois desses pontos? 𝑃𝑐 5 = = = 4! = 4.3.2.1 = 24
5 5
Referências
IEZZI, Gelson – Matemática – Volume Único
FILHO, Begnino Barreto; SILVA,Claudio Xavier da – Matemática – Volume
Único - FTD
BOSQUILHA, Alessandra - Minimanual compacto de matemática: teoria e
prática: ensino médio / Alessandra Bosquilha, Marlene Lima Pires Corrêa, Tânia
Cristina Neto G. Viveiro. -- 2. ed. rev. -- São Paulo: Rideel, 2003.
Questões
Matemática 16
(B) 240 Onde n = 12 e p = 3
(C) 360 n! 12! 12!
Cn, p = → C12,3 = =
(D) 480 (n − p)! p! (12 − 3)! 3! 9! 3!
12.11.10.9! 1320 1320
03. Com 12 fiscais, deve-se fazer um grupo de trabalho com = = = = 220
9! 3! 3.2.1 6
3 deles. Como esse grupo deverá ter um coordenador, que
pode ser qualquer um deles, o número de maneiras distintas Como cada um deles pode ser o coordenado, e no grupo
possíveis de se fazer esse grupo é: tem 3 pessoas, logo temos 220 x 3 = 660.
(A) 4
(B) 660 04. Resposta: A.
(C) 1 320 Teremos 8 peças com números iguais.
(D) 3 960
05. Resposta: C.
Anagramas de RENATO
O número de peças do heptaminó é ______
(A) 36. 6.5.4.3.2.1=720
(B) 40. Anagramas de JORGE
(C) 45. _____
(D) 49. 5.4.3.2.1=120
(E) 56.
720
Razão dos anagramas: =6
120
05. Renato é mais velho que Jorge de forma que a razão Se Jorge tem 20 anos, Renato tem 20+6=26 anos
entre o número de anagramas de seus nomes representa a
diferença entre suas idades. Se Jorge tem 20 anos, a idade de
Renato é
(A) 24. Probabilidade.
(B) 25.
(C) 26.
(D) 27.
PROBABILIDADE
(E) 28.
A teoria das probabilidades surgiu no século XVI, com o
Respostas
estudo dos jogos de azar, tais como jogos de cartas e roleta.
Atualmente ela está intimamente relacionada com a Estatística
01. Resposta: B.
e com diversos ramos do conhecimento.
A questão trata-se de princípio fundamental da contagem,
logo vamos enumerar todas as possibilidades de fazermos o
Definições:
pedido:
A teoria da probabilidade é o ramo da Matemática que
6 x 4 x 4 x 5 = 480 maneiras.
cria e desenvolve modelos matemáticos para estudar os
experimentos aleatórios. Alguns elementos são necessários
02. Resposta: C.
para efetuarmos os cálculos probabilísticos.
Pelo enunciado precisa ser um número maior que 4000,
- Experimentos aleatórios: fenômenos que apresentam
logo para o primeiro algarismo só podemos usar os números
resultados imprevisíveis quando repetidos, mesmo que as
4,5 e 6 (3 possibilidades). Como se trata de números distintos
condições sejam semelhantes.
para o segundo algarismo poderemos usar os números (0,1,2,3
Exemplos:
e também 4,5 e 6 dependo da primeira casa) logo teremos 7 –
a) lançamento de 3 moedas e a observação das suas faces
1 = 6 possibilidades. Para o terceiro algarismos teremos 5
voltadas para cima
possibilidades e para o último, o quarto algarismo, teremos 4
b) jogar 2 dados e observar o número das suas faces
possibilidades, montando temos:
c) abrir 1 livro ao acaso e observar o número da suas faces.
Matemática 17
S = {(c,c,c); (c,c,k); (c,k,k); (c,k,c); (k,k,k,); (k,c,k); (k,c,c); A: quando lançamos um dado, o número na face voltada
(k,k,c)}, onde o número de elementos do espaço amostral n(A) para cima é par.
=8 A = {2,4,6}
B: quando lançamos um dado, o número da face voltada
- Evento: é qualquer subconjunto de um espaço amostral para cima é divisível por 5.
(S); muitas vezes um evento pode ser caracterizado por um B = {5}
fato. Indicamos pela letra E. Os eventos A e B são mutuamente exclusivos, pois A ∩ B =
Ø.
Exemplo: 𝐧(𝐄)
𝐏(𝐄) =
a) no lançamento de 3 moedas: 𝐧(𝐒)
E1→ aparecer faces iguais
E1 = {(c,c,c);(k,k,k)} Sendo 0 ≤ P(E) ≤ 1 e S um conjunto equiprovável, ou seja,
O número de elementos deste evento E1 é n(E1) = 2 todos os elementos têm a mesma “chance de acontecer.
Onde:
E2→ aparecer coroa em pelo menos 1 face n(E) = número de elementos do evento E.
E2 = {(c,c,k); (c,k,k); (c,k,c); (k,k,k,); (k,c,k); (k,c,c); (k,k,c)} n(S) = número de elementos do espaço amostral S.
Logo n(E2) = 7
Exemplo:
Veremos agora alguns eventos particulares: Lançando-se um dado, a probabilidade de sair um número
- Evento certo: que possui os mesmos elementos do ímpar na face voltada para cima é obtida da seguinte forma:
espaço amostral (todo conjunto é subconjunto de si mesmo); S = {1, 2, 3, 4, 5, 6} n(S) = 6
E = S. E = {1, 3, 5} n(E) = 3
E: a soma dos resultados nos 2 dados ser menor ou igual a
12. n(E) 3 1
P(E) = = = = 0,5 𝑜𝑢 50%
n(S) 6 2
- Evento impossível: evento igual ao conjunto vazio.
E: o número de uma das faces de um dado ser 7. Probabilidade da união de dois eventos
E: Ø Vamos considerar A e B dois eventos contidos em um
mesmo espaço amostral A, o número de elementos da reunião
- Evento simples: evento que possui um único elemento. de A com B é igual ao número de elementos do evento A
E: a soma do resultado de dois dados ser igual a 12. somado ao número de elementos do evento B, subtraindo o
E: {(6,6)} número de elementos da intersecção de A com B.
P (A U B) =
P(A) + P(B) – P
(A ∩ B)
E: {(1,1), (1,2), (1,3), (1,4), (1,5), (1,6), (2,1), (2,2), (2,3)
(2,4), (2,5), (2,6)}
Como, C = S – E
C = {(3,1), (3,2), (3,3), (3,4), (3,5), (3,6), (4,1), (4,2), (4,3), Para eventos mutuamente exclusivos, onde A ∩ B = Ø, a
(4,4), (4,5), (4,6), (5,1), (5,2), (5,3), (5,4), (5,5), (5,6), (6,1), equação será:
(6,2), (6,3), (6,4), (6,5), (6,6)}
Matemática 18
Exemplo: - Eventos independentes: dois eventos A e B de um
A probabilidade de que a população atual de um país seja espaço amostral S são independentes quando P(A|B) = P(A) ou
de 110 milhões ou mais é de 95%. A probabilidade de ser 110 P(B|A) = P(B). Sendo os eventos A e B independentes, temos:
milhões ou menos é de 8%. Calcule a probabilidade de ser 110
milhões. P (A ∩ B) = P(A). P(B)
Sendo P(A) a probabilidade de ser 110 milhões ou mais:
P(A) = 95% = 0,95 Exemplo:
Sendo P(B) a probabilidade de ser 110 milhões ou menos: Lançando-se simultaneamente um dado e uma moeda,
P(B) = 8% = 0,08 determine a probabilidade de se obter 3 ou 5 na dado e cara na
P (A ∩ B) = a probabilidade de ser 110 milhões: P (A ∩ B) moeda.
=? Sendo, c = coroa e k = cara.
P (A U B) = 100% = 1
Utilizando a regra da união de dois eventos, temos: S = {(1,c), (1,k), (2,c), (2,k), (3,c), (3,k), (4,c), (4,k), (5,c),
P (A U B) = P(A) + P(B) – P (A ∩ B) (5,k), (6,c), (6,k)}
1 = 0,95 + 0,08 - P (A ∩ B) Evento A: 3 ou 5 no dado
P (A ∩ B) = 0,95 + 0,08 - 1 A = {(3,c), (3,k), (5,c), (5,k)}
P (A ∩ B) = 0,03 = 3% 4 1
𝑃(𝐴) = =
12 3
Probabilidade condicional
Vamos considerar os eventos A e B de um espaço amostral Evento B: cara na moeda
S, definimos como probabilidade condicional do evento A, B = {(1,k), (2,k), (3,k), (4,k), (5,k), (6,k)}
𝐴 6 1
tendo ocorrido o evento B e indicado por P(A | B) ou 𝑃 ( ), a 𝑃(𝐵) = =
𝐵
12 2
razão:
Os eventos são independentes, pois o fato de ocorrer o
𝒏(𝑨 ∩ 𝑩) 𝑷(𝑨 ∩ 𝑩) evento A não modifica a probabilidade de ocorrer o evento B.
𝑷(𝑨|𝑩) = =
𝒏(𝑩) 𝑷(𝑩) Com isso temos:
P (A ∩ B) = P(A). P(B)
Lemos P (A | B) como: a probabilidade de A “dado que” ou 1 1 1
“sabendo que” a probabilidade de B. 𝑃(𝐴 ∩ 𝐵) = . =
3 2 6
Exemplo:
No lançamento de 2 dados, observando as faces de cima, Observamos que A ∩ B = {(3,k), (5,k)} e a P (A ∩ B) poder
para calcular a probabilidade de sair o número 5 no primeiro ser calculada também por:
dado, sabendo que a soma dos 2 números é maior que 7. 𝑛(𝐴 ∩ 𝐵) 2 1
Montando temos: 𝑃(𝐴 ∩ 𝐵) = = =
𝑛(𝑆) 12 6
S = {(1,1), (1,2), (1,3), (1,4), (1,5), (1,6), (2,1), (2,2), (2,3), No entanto nem sempre chegar ao n(A ∩ B) nem sempre é
(2,4), (2,5), (2,6), (3,1), (3,2), (3,3), (3,4), (3,5), (3,6), (4,1), fácil dependendo do nosso espaço amostral.
(4,2), (4,3), (4,4), (4,5), (4,6), (5,1), (5,2), (5,3), (5,4), (5,5),
(5,6), (6,1), (6,2), (6,3), (6,4), (6,5), (6,6)} Lei Binomial de probabilidade
Evento A: o número 5 no primeiro dado. Vamos considerar um experimento que se repete n
A = {(5,1), (5,2), (5,3), (5,4), (5,5), (5,6)} número de vezes. Em cada um deles temos:
P(E) = p , que chamamos de probabilidade de ocorrer o
Evento B: a soma dos dois números é maior que 7. evento E com sucesso.
B = {(2,6), (3,5), (3,6), (4,4), (4,5), (4,6), (5,3), (5,4), (5,5), P(𝐸̅ ) = 1 – p , probabilidade de ocorrer o evento E com
(5,6), (6,2), (6,3), (6,4), (6,5), (6,6)} insucesso (fracasso).
A ∩ B = {(5,3), (5,4), (5,5), (5,6)} A probabilidade do evento E ocorrer k vezes, das n que o
P (A ∩ B) = 4/36 experimento se repete é dado por uma lei binomial.
P(B) = 15/36
Logo:
4
𝑃(𝐴 ∩ 𝐵) 36 4 36 4
𝑃(𝐴|𝐵) = = = . =
𝑃(𝐵) 15 36 15 15
36
Matemática 19
𝒏 Os organizadores, então, decidiram fazer um exame
𝒑 = ( ) . 𝒑𝒌 . 𝒒𝒏−𝒌
𝒌 antidoping. Foram propostos três modos diferentes para
escolher os atletas que irão realizá-lo:
A lei binomial deve ser aplicada nas seguintes condições: Modo I: sortear três atletas dentre todos os participantes;
Modo II: sortear primeiro uma das equipes e, desta, sortear
- O experimento deve ser repetido nas mesmas condições três atletas;
as n vezes. Modo III: sortear primeiro três equipes e, então, sortear
- Em cada experimento devem ocorrer os eventos E e 𝐸̅ . um atleta de cada uma dessas três equipes.
- A probabilidade do E deve ser constante em todas as n
vezes. Considere que todos os atletas têm igual probabilidade de
- Cada experimento é independente dos demais. serem sorteados e que P(I), P(II) e P(III) sejam as
probabilidades de o atleta que utilizou a substância proibida
Exemplo: seja um dos escolhidos para o exame no caso do sorteio ser
Lançando-se uma moeda 4 vezes, qual a probabilidade de feito pelo modo I, II ou III. Comparando-se essas
ocorrência 3 caras? probabilidades, obtém-se
Está implícito que ocorrerem 3 caras deve ocorrer uma (A) P(I) < P(III) < P(II)
coroa. Umas das possíveis situações, que satisfaz o problema, (B) P(II) < P(I) < P(III)
pode ser:
(C) P(I) < P(II) = P(III)
(D) P(I) = P(II) < P(III)
(E) P(I) = P(II) = P(III)
Temos que:
n=4
k=3 03. Em uma central de atendimento, cem pessoas
1 1 receberam senhas numeradas de 1 até 100. Uma das senhas é
̅̅̅ = 1 −
𝑃(𝐸) = , 𝑃(𝐸)
2 2 sorteada ao acaso.
Qual é a probabilidade de a senha sorteada ser um número
Logo a probabilidade de que essa situação ocorra é dada de 1 a 20?
por: (A) 1/100
1 3 1 1 (B) 19/100
( ) . (1 − ) , como essa não é a única situação de ocorre
2 2 (C) 20/100
3 caras e 1 coroa. Vejamos: (D) 21/100
(E) 80/100
Respostas
4! 4
𝑃4 3!.1! = =( )
3! .1! 3 01. Resposta: D.
=4 A probabilidade de nenhum dos três alunos responder à
pergunta feita pelo entrevistador é
0,70 . 0,70 . 0,70 = 0,343 = 34,3%
Portanto, a possibilidade dele ser entendido é de: 100% –
Podemos também resolver da seguinte forma: (43) 34 ,3% = 65,7%
1 3 1 1
maneiras de ocorrer o produto ( ) . (1 − ) , portanto: 02. Resposta: E.
2 2
4 1 3 1 1 1 1 1 Em 20 equipes com 10 atletas, temos um total de 200
𝑃(𝐸) = ( ) . ( ) . (1 − ) = 4. . = atletas, dos quais apenas um havia utilizado substância
3 2 2 8 2 4
proibida.
A probabilidade desse atleta ser um dos escolhidos pelo:
Questões
Modo I é
1 199 198 3
01. Em uma escola, a probabilidade de um aluno 𝑃(𝐼) = 3 ∙ ∙ ∙ =
compreender e falar inglês é de 30%. Três alunos dessa escola, 200 199 198 200
que estão em fase final de seleção de intercâmbio, aguardam, Modo II é
em uma sala, serem chamados para uma entrevista. Mas, ao 1 1 9 8 3
invés de chamá-los um a um, o entrevistador entra na sala e 𝑃(𝐼𝐼) = ∙3∙ ∙ ∙ =
20 10 9 8 200
faz, oralmente, uma pergunta em inglês que pode ser
respondida por qualquer um dos alunos. Modo III é
A probabilidade de o entrevistador ser entendido e ter sua 1 19 18 1 10 10 3
pergunta oralmente respondida em inglês é 𝑃(𝐼𝐼𝐼) = 3 ∙ ∙ ∙ ∙ ∙ ∙ =
20 19 18 10 10 10 200
(A) 23,7%
(B) 30,0% A equipe dele pode ser a primeira, a segunda ou a terceira
(C) 44,1% a ser sorteada e a probabilidade dele ser o sorteado na equipe
(D) 65,7% é 1/10
(E) 90,0% P(I)=P(II)=P(III)
Matemática 20
GEOGRAFIA
munidos de armas de fogo, foices, paus e flechas derrotaram
numa emboscada 1.900 holandeses bem armados e bem
treinados. Foram quase 10 anos de conflito, com destaque para
as duas Batalhas de Guararapes, até que em janeiro de 1654 os
holandeses se renderam. O movimento foi um marco
importante para o Brasil, tanto militarmente, com a
consolidação das táticas de guerrilha e emboscada, quanto
sócio politicamente, com o aumento da miscigenação entre as
três raças (negro africano, branco europeu e índio nativo) e o
começo de um sentimento de nacionalidade.
Formação territorial de A ocupação dos holandeses fez Recife prosperar, onde se
estabeleceram muitos comerciantes e mascates, enquanto
Pernambuco. 1.1 Processos de Olinda continuava a ser o reduto dos senhores de engenho.
formação. 1.2 Mesorregiões. Devido a divergências quanto à demarcação de novas vilas, em
1.3 Microrregiões. 1.4 Regiões 1710, os moradores de Olinda invadem o Recife, dando início
a chamada Guerra dos Mascates. O líder da ocupação,
de Desenvolvimento – RD. Bernardo Vieira de Melo entrou para a história quando sugeriu
que Pernambuco se tornasse uma república. Essa foi a
primeira vez que se falou em república no país. O conflito só
terminou com a chegada, em 1711, do novo governador da
Pernambuco: Uma terra altiva, de muitos movimentos região.
nativistas que tiveram impacto histórico determinante
para o Brasil.1 O Império
Em 1817, Pernambuco tentou proclamar-se independente
O Início de Portugal, mas o movimento foi derrotado. A Revolução
Em 1501, quando a expedição do navegador Gaspar de Praeira, em 1848, questionava o regime monárquico, e já
Lemos fundou feitorias no litoral da colônia portuguesa, na pregava a República. Joaquim Nabuco, um dos maiores
recém descoberta América, teve início o processo de símbolos do Abolicionismo, iniciou a pregação das ideias no
colonização de Pernambuco, uma das primeiras áreas Recife. Os pernambucanos se orgulham de sua participação
brasileiras a ter ativa colonização portuguesa. altiva na História do Brasil, sempre mantendo altos ideais
Entre os anos de 1534 e 1536, Dom João III, então rei de libertários.
Portugal, instalou o sistema de Capitanias Hereditárias no
Brasil, que consistia na doação de um lote de terras, chamado A República
Capitania, a um Donatário (português), a quem caberia Com o advento da República, Pernambuco procura ampliar
explorar, colonizar as terras, fundar povoados, arrecadar sua rede industrial, mas continua marcado pela tradicional
impostos e estabelecer as regras do local. Dentre os primeiros exploração do açúcar. O Estado moderniza suas relações
14 lotes distribuídos por D. João III estava a Capitania de trabalhistas e lidera movimentos para o desenvolvimento do
Pernambuco, ou Capitania de Nova Lusitânia, como seu Nordeste, como no momento da criação da Sudene. A partir de
Donatário, Duarte Coelho, a batizou. Dessa forma, em 1535, meados da década de 60, Pernambuco começa a reestruturar
Duarte Coelho se estabeleceu no local onde fundou a vila de sua economia, ampliando a rede rodoviária até o sertão e
Olinda e espalhou os primeiros engenhos da região. Até então, investindo em polos de investimento no interior do Estado. Na
os ocupantes do território eram os índios Tabajaras. última década, consolidam-se os setores de ponta da economia
pernambucana, sobretudos aqueles atrelados ao setor de
A Colônia serviços (turismo, informática, medicina) e estabelece-se uma
No período colonial, Pernambuco torna-se um grande tendência constante de modernização da administração
produtor de açúcar e durante muitos anos é responsável por pública.
mais de metade das exportações brasileiras. Pernambuco
torna-se a mais promissora das capitanias da Colônia 1.2 Mesorregiões
Portuguesa na América. Tal prosperidade chamou a atenção
dos holandeses, que, entre 1630 e 1654, ocuparam toda a
região, sob o comando da Companhia das Índias Ocidentais,
tendo como representante o Conde Mauricio de Nassau, que
por ter incendiado Olinda, estabeleceu-se no Recife, fazendo-a
capital do Brasil holandês. Nassau traz para Pernambuco uma
forma de administrar inovadora. Realiza inúmeras obras de
urbanização, amplia a lavoura da cana e assegura a liberdade
de culto.
No período holandês, é fundada no Recife a primeira
sinagoga das Américas. Amante das artes, Nassau tem na sua
equipe inúmeros artistas, como Frans Post e Albert Eckhrout,
pioneiros na documentação visual da paisagem brasileira e do
cotidiano dos seus habitantes.
A partir de 1645 teve início um movimento de luta popular
contra o domínio holandês de Pernambuco: a Insurreição
Pernambucana. A primeira vitória importante dos insurretos Disponível em:
https://www.google.com.br/search?q=mesorregioes+de+pernambuco&sa=X&esp
se deu no Monte das Tabocas, hoje localizado no município de v=2&biw=1366&bih=667&tbm=isch&tbo=u&source=univ&ved=0ahUKEwi3pLa8i
Vitória de Santo Antão, onde 1.200 insurretos mazombos sDLAhXFQpAKHdHNDHIQsAQIKw#imgrc=lRc6U37CU6GDJM%3A.
Geografia 1
A divisão geopolítica de uma região dá-se pela influência Na microrregião da Mata Setentrional Pernambucana
socioeconômica das atividades de sua população. (Zona da Mata Norte): Goiana, Carpina, Timbaúba e Paudalho;
Conferindo o mapa, podemos perceber que Pernambuco Na microrregião da Mata Meridional Pernambucana (Zona
está organizado em 5 Mesorregiões: da Mata Sul): Palmares, Escada, Sirinhaém e Barreiros.
Metropolitana do Recife; A Zona da Mata Pernambucana estende-se por uma área de
Zona da Mata; 8.738 km2, limitando-se ao norte com a Paraíba, ao sul com
Agreste de Pernambuco; Alagoas, ao leste com a Região Metropolitana do Recife e ao
Sertão Pernambucano; oeste com o Agreste. Com uma população estimada em
São Francisco. 1.193.661 habitantes.
A Zona da Mata foi a porta de entrada dos europeus em
Mesorregião do São Francisco: Pernambuco, pois antes de existir a Região Metropolitana do
A mesorregião do São Francisco Pernambucano é formada Recife, todas as cidades do leste pernambucano eram
por duas microrregiões e abrange 15 municípios. integrantes dessa mesorregião antes de vigorar a Lei
Petrolina é a capital regional dessa mesorregião, que além Complementar número 14, que criou outra mesorregião. A
de possuir um importante porto fluvial e um aeroporto região é servida pelas rodovias federais BR-232, BR-101 e BR-
internacional para exportações, é um polo agroindustrial, 408. O nome "Zona da Mata" refere-se ao que os portugueses
financeiro e comercial. viram desde o litoral, uma faixa de Mata Atlântica. O revelo é
Localiza-se no centro sul do estado de Pernambuco. Faz ondulado e argiloso, com alturas variando entre o litoral ao
divisa com os estados do Piauí, Bahia e Alagoas. interior, aumentando a altura para o interior.
A mesorregião é circundada pela margem esquerda do Rio A mesorregião é cortada pelos rios mais importantes do
São Francisco, o qual faz divisa natural com o Estado da Bahia. estado, como o Rio Capibaribe, o Rio Ipojuca e o Rio Ipanema.
Graças ao rio, a região apresenta uma desenvolvida Além de rios de menor extensão como o Rio Siriji.
agricultura irrigada, a qual põe Pernambuco como um dos A vegetação é composta por Mata Atlântica, que incluem
maiores produtores e exportadores de frutas do país. árvores de médio e grande porte e gramíneas, com uma rica
A vegetação nativa é composta por Caatinga. fauna.
Geografia 2
01. Microrregião do Alto Capibaribe: Atualmente Fernando de Noronha constitui um distrito
A Microrregião do Alto Capibaribe é uma subdivisão da estadual de Pernambuco, e é gerida por um administrador-
Mesorregião do Agreste Pernambucano, no estado de geral designado pelo governo do estado.
Pernambuco, formada por 9 municípios. Em sua maioria, são Após uma campanha liderada pelo ambientalista José
municípios agrícolas rurais, com exceção de Santa Cruz do Truda Palazzo Júnior, em 14 de outubro de 1988 a maior parte
Capibaribe, Surubim e Toritama, que detém 70% da do arquipélago foi declarada Parque Nacional, com cerca de
urbanização da microrregião. O município de Santa Cruz do 11,270 ha, para a proteção das espécies endêmicas lá
Capibaribe se urbanizou rapidamente a partir dos anos 1970, existentes e da área de concentração dos golfinhos rotadores
com os polos de confecção compostos por microempresas. (Stenella longirostris), que se reúnem diariamente na Baía dos
Possui o clima mais seco do agreste de Pernambuco, semi- Golfinhos — o lugar de observação mais regular da espécie em
árido e compõe os meses chuvosos: fevereiro - junho, havendo todo o planeta. No ano de 2001 a UNESCO declarou Fernando
vegetação de caatinga hiper-xerófila, típica da região do de Noronha Patrimônio Natural da Humanidade.
vizinho cariri paraibano; O centro comercial de Fernando de Noronha é a Vila dos
Remédios, que não é considerada capital por ser a ilha um
02. Microrregião do Araripe: distrito estadual. A administração do Parque Nacional está
A Microrregião do Araripe é formada por dez municípios, atualmente a cargo do Instituto Chico Mendes de Conservação
tem mais de 11% da área do estado. Seu clima é o semi-árido, da Biodiversidade (ICMBio).
e a vegetação é predominantemente de xerófilas. Apenas na
região da Chapada do Araripe o clima é diferenciado - ameno e 05. Microrregião do Garanhuns:
com índices pluviométricos maiores. Na economia da A Microrregião de Garanhuns é composta por dezenove
microrregião, tem grande destaque a produção de gesso - no municípios, tem mais de 5% da área estadual (5183 km²).
Polo Gesseiro do Araripe, que compreende os municípios de A economia é baseada na criação de gado de leite e de
Araripina, Ipubi, Trindade, Bodocó e Ouricuri. Neste polo é corte. A agricultura praticada é de subsistência.
produzido 95% do gesso consumido em todo o Brasil. A O comércio na região tem suas maiores concentrações em
maioria do gesso retirado das jazidas do polo gesseiro é Garanhuns e Lajedo, Garanhuns que também é um polo
processado em Araripina, Ipubi e Trindade. Grandes reservas turístico importante da região, devido ao clima de
do minério gipsita ainda encontra-se intactas nos municípios temperaturas baixas, Os Municípios mais importantes e
de Ipubi e Bodocó. Tendo nos mesmos uma garantia de populosos da Microrregião de Garanhuns são: Garanhuns
continuidade do sistema produtivo por mais alguns séculos. 136.057 hab, Bom Conselho 45.503 hab e Lajedo 36.628 hab.
Geografia 3
Há também alguma presença de cultura de agricultura de passagem para os transportes de carga e pessoas vindas do
subsistência. Nordeste e Sudeste do país.
É também a cidade mais populosa. São José do Belmonte é
10. Microrregião do Médio Capibaribe: a segunda cidade mais importante, com reservas de minérios
A microrregião do Médio Capibaribe é composta por dez de ferro.
municípios, sendo Limoeiro o de maior população.
A economia é basicamente de pecuária mista e de corte. 15. Microrregião do Sertão de Moxotó:
A agricultura praticada é de subsistência. A microrregião do Sertão do Moxotó é formada por 7
municípios, tem clima semi-árido e pequena economia, em sua
11. Microrregião de Pajeú: maioria concentrada na cidade de Arcoverde, que detém
A Microrregião do Pajeú, ao norte do estado de aproximadamente 50% da população urbana, e 1/3 do total da
Pernambuco, é composta por dezessete municípios, tem clima microrregião.
semiárido na maioria de seu território, sendo exceção a área Arcoverde, situada entre a capital do estado e o extremo
de brejo de altitude, que compõe, por exemplo, a cidade de oeste dele, é um importante centro comercial, educacional, de
Triunfo, ponto mais alto do estado com mil duzentos e saúde e de entidades governamentais do Sertão.
sessenta metros. Arcoverde, com 68.793 habitantes, é o município mais
Tem a agropecuária mais desenvolvida do sertão populoso.
brasileiro. O município menos populoso é Betânia, com 12 003
A pequena atividade econômica da microrregião é em sua habitantes.
maioria movimentada pelo comércio, seguido da A área média dos sete municípios que compõem a
agropecuária. microrregião é de 1.292 km², sendo que Sertânia possui a
Na região de brejo de altitude, a atividade agrícola tem maior área territorial entre estes, com 2.421,511 km², seguido
mais diversidade, inclusive fruticultura. por Custódia, com 1 404,100 km². Os dois menores municípios
Nas regiões baixas, a pecuária caprina e bovina prevalece em área territorial são Arcoverde e Manari, com 353 km² e 406
e a agricultura predominante é a de subsistência. km², respectivamente.
A cidade mais populosa é Serra Talhada, seguida de O município que apresenta o maior Produto interno bruto,
Afogados da Ingazeira, São José do Egito e Tabira. O Vale do de acordo com dados econômicos de 2013 do Instituto
Pajeú está retratado no livro de Luís Cristóvão dos Santos, Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é Uberlândia, com
Caminhos do Pajeú. R$ 774,463 milhões. Já o município com menor Produto
O nome da Microrregião, vem do Rio Pajeú, que tem sua interno bruto é Betânia, com R$ 59,250 milhões.
nascente na cidade de Brejinho - PE e serpenteia dezessete
cidades em seu percurso. 16. Microrregião do Suape:
A Microrregião de Suape é formada pelos municípios de
12. Microrregião de Petrolina: Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca. Sua principal atividade
A Microrregião de Petrolina localiza-se nas proximidades econômica é relacionada ao porto de Suape, o maior do
do Rio São Francisco, no estado de Pernambuco. Nordeste e o segundo maior do país. Também há diversas
É formada por oito municípios, ocupando mais de 15% do indústrias, especialmente do ramo petroquímico no município
território do estado. do Cabo, e intenso polo turístico nas praias do município de
Sua economia é bastante privilegiada pela umidade trazida Ipojuca.
pelo Rio São Francisco e da irrigação a partir dele, e pela
localização da microrregião - ela equidista das mais 17. Microrregião do Vale do Ipanema:
importantes regiões metropolitanas do Nordeste - Recife, A microrregião do Vale do Ipanema é formada por 6
Fortaleza e Salvador, com as quais faz intensas trocas municípios, sendo Buíque e Águas Belas os mais populosos.
comerciais, em especial através do aeroporto de Petrolina, Tem clima semi-árido e área de 5.274 km².
reformado para voos regulares e recebimento de grandes A economia é de pecuária extensiva e lavouras de
aviões de carga nos anos 2000. subsistência.
A cidade de Petrolina é a mais importante, têm indústrias
e comércio presentes. População de 433 mil habitantes. 18. Microrregião do Vale do Ipojuca:
A microrregião do Vale do Ipojuca é uma subdivisão do
13. Microrregião do Recife: estado brasileiro de Pernambuco.
A Microrregião do Recife é formada por oito municípios, Localiza-se na Mesorregião do Agreste Pernambucano, ao
incluindo a capital de mesmo nome e o município mais antigo longo da bacia hidrográfica do rio Ipojuca.
do estado, Patrimônio Cultural da Humanidade, Olinda.
Tem economia baseada em comércio, serviços e indústria. 19. Microrregião de Santo Antão:
Os polos industriais estão concentrados na capital, e em A Microrregião da Vitória de Santo Antão é formada por
Jaboatão dos Guararapes, Paulista e Abreu e Lima. cinco municípios.
Sua população é de 3.397.469 habitantes, numa área total A densidade demográfica da microrregião é de 187,09
de 1.250,3 km² e densidade demográfica de 2.717,32 habitantes por km², mais do dobro da média estadual.
habitantes/km². Seu município mais importante é o de mesmo nome,
Vitória de Santo Antão, importante centro comercial do
14. Microrregião do Salgueiro: interior pernambucano, distante cerca de 42km da capital.
A microrregião de Salgueiro é uma microrregião da A microrregião é economicamente dependente do cultivo
mesorregião do Sertão Pernambucano. Localiza-se na região de cana-de-açúcar da região.
central do estado e possui uma área de 8.834 km². Formada
por 7 municípios, tem clima semiárido e vegetação de
xerófilas.
Sua economia é baseada em pecuária extensiva e
agricultura de subsistência.
Salgueiro é a cidade mais importante - cortada
horizontalmente pela BR-232 e verticalmente pela BR-116, é
Geografia 4
1.4 Regiões de Desenvolvimento – RD2 Cumaru;
Feira Nova;
Relação dos municípios, por Região de Frei Miguelinho;
Desenvolvimento: João Alfredo;
Limoeiro;
Região de Desenvolvimento: Agreste Central: Machados;
Municípios: Orobo;
Agrestina; Passira;
Alagoinha; Salgadinho;
Altinho; Santa Cruz do Capibaribe;
Barra de Guabiraba; Santa Maria do Cambuca;
Belo Jardim; São Vicente Férrer;
Bezerros; Surubim;
Bonito; Taquaritinga do Norte;
Brejo da Madre de Deus; Toritama;
Cachoeirinha; Vertente do Lério;
Camocim de São Felix; Vertentes.
Caruaru;
Cupira; Região de Desenvolvimento: Mata Norte:
Gravatá; Municípios:
Ibirajuba; Aliança;
Jatáuba; Buenos Aires;
Lagoa dos Gatos; Camutanga;
Panelas; Carpina;
Pesqueira; Chã de Alegria;
Poção; Condado;
Riacho das Almas; Ferreiros;
Sairé; Glória do Goitá;
Sanharó; Goiana;
São Bento do Uma; Itambé;
São Caitano; Itaquitinga;
São Joaquim do Monte; Lagoa do Carro;
Tacaimbó. Lagoa de Itaenga;
Macaparana;
Região de Desenvolvimento: Agreste Meridional: Nazaré da Mata;
Municípios: Paudalho;
Águas Belas; Timbaúba;
Angelim; Tracunhaém;
Bom Conselho; Vicência.
Brejão;
Buíque; Região de Desenvolvimento: Mata Sul:
Caetés; Municípios:
Calçado; Água Preta;
Canhotinho; Amaraji;
Capoeiras; Barreiros;
Correntes; Belém de Maria;
Garanhuns; Catende;
Iati; Chã Grande;
Itaíba; Cortes;
Jucatí; Escada;
Jupi; Gameleira;
Jurema; Jaqueira;
Lagoa do Ouro; Joaquim Nabuco;
Lajedo; Maraial;
Palmeirina; Palmares;
Paranatama; Pombos;
Pedra; Primavera;
Saloá; Quipapá;
São João; Ribeirão;
Terezinha; Rio Formoso;
Tupanatinga; São Benedito do Sul;
Venturosa. Sirinhaém;
São José da Coroa Grande;
Região de Desenvolvimento: Agreste Setentrional: Tamandaré;
Municípios: Vitória de Santo Antão;
Bom Jardim; Xexéu.
Casinhas;
http://www.bde.pe.gov.br/visualizacao/Visualizacao_formato2.aspx?CodInforma
cao=798&Cod=1.
Geografia 5
Região de Desenvolvimento: Metropolitana: Calumbi;
Municípios: Carnaíba;
Abreu e Lima; Flores;
Aracoiaba; Iguaraci;
Cabo de Santo Agostinho; Ingazeira;
Camaragibe; Itapetim;
Fernando Noronha; Quixaba;
Igarassu; Santa Cruz da Baixa Verde;
Ipojuca; Santa Terezinha;
Itamaracá; São José do Egito;
Itapissuma; Serra Talhada;
Jaboatão dos Guararapes; Solidão;
Moreno; Tabira;
Olinda; Triunfo;
Paulista; Tuparetama.
Recife;
São Lourenço da Mata. Região de Desenvolvimento: Sertão do São Francisco:
Municípios:
Região de Desenvolvimento: Sertão Central: Afrânio;
Municípios: Cabrobó;
Cedro; Dormentes;
Mirandiba; Lagoa Grande;
Parnamirim; Orocó;
Salgueiro; Petrolina;
São José do Belmonte; Santa Maria da Boa Vista.
Serrita;
Terra Nova;
Verdejante.
2. Aspectos físicos. 2.1
Região de Desenvolvimento: Sertão de Itaparica: Clima. 2.2 Vegetação. 2.3
Municípios: Relevo. 2.4 Hidrografia.
Belém de São Francisco;
Carnaubeira da Penha;
Floresta;
Itacuruba;
Jatobá; O Estado de Pernambuco é uma das unidades da Federação
Petrolândia; brasileira localizada na região Nordeste, ocupa uma área de
Tacaratu. 98.146,315 km2. Esse espaço geográfico abrange diversas
paisagens, constituídas a partir da interação entre os
Região de Desenvolvimento: Sertão do Araripe: elementos naturais, sendo que os principais são: relevo, clima,
Municípios: vegetação e hidrografia.3
Araripina; Em Pernambuco são identificadas duas características
Bodoco; climáticas: o clima tropical e o semi-árido. O clima tropical
Exu; ocorre nas áreas litorâneas denominadas de zona da mata. A
Granito; temperatura é elevada, a média anual é de 24°C. Quanto aos
Ipubi; índices pluviométricos, a média anual é de 1.500 mm. Nas
Moreilândia; áreas que predominam o clima semi-árido as temperaturas
Ouricuri; são elevadas em boa parte do ano (cerca de 26°) e a quantidade
Santa Cruz; de chuva é reduzida, algo em torno de 600 mm ao ano.
Santa Filomena; No clima, Pernambuco está inserido na Zona Intertropical
Trindade. apresentando predominantemente temperaturas altas,
podendo variar no quadro climático devido à interferência do
Região de Desenvolvimento: Sertão do Moxotó: relevo e das massas de ar. No Recife, por exemplo, a
Municípios: temperatura média é de 25ºc, com máximas de 32º. Já em
Arcoverde; cidades do interior, nos meses de inverno – entre maio e julho
Betânia; – as temperaturas podem baixar consideravelmente, podendo
Custódia; chegar, em alguns locais, até a 8ºc, a exemplo de Triunfo e
Ibimirim; Garanhuns, Sertão e Agreste respectivamente.4
Inajá;
Manari; 2.2 Vegetação
Sertânia.
O Estado também é dotado de uma vegetação muito
Região de Desenvolvimento: Sertão do Pajeú: diversificada, com matas, manguezais e cerrados, além da
Municípios: grande presença da caatinga.
Afogados da Ingazeira; A cobertura vegetal do estado é composta por vegetação
Brejinho; Litorânea, floresta Tropical e Caatinga.
3FRANCISCO, Wagner De Cerqueira E. "Aspectos naturais do Estado de 4Governo do Estado de Pernambuco. Geografia. Disponível em:
Pernambuco"; Brasil Escola. Disponível em http://www.pe.gov.br/conheca/geografia/.
<http://brasilescola.uol.com.br/brasil/aspectos-naturais-estado-
pernambuco.htm>.
Geografia 6
A vegetação Litorânea predomina em áreas muito praias. O relevo é linear em sua maioria, sendo de planície
próximas ao oceano, por isso são identificadas vegetações litorânea - com alguns pontos, sobretudo no Recife, no nível do
rasteiras, coqueiros, mangues e em alguns casos arbustos. mar - e, à medida que vai se entrando para o interior, tem picos
A floresta Tropical é onde originalmente abrigava a de montanhas que ultrapassam os 1000 metros de altitude.
floresta Atlântica. A Zona da Mata é marcada por formações onduladas,
E por fim, na região do agreste e do sertão do estado o que caracterizadas como “domínio dos mares-de-morro”. É lá,
predomina é a vegetação da Caatinga. inclusive, que na transição com o Agreste é localizada a Serra
das Russas que, na verdade, é a borda ocidental do Planalto da
2.3 Relevo Borborema, que corta alguns estados da Região Nordeste. O
Agreste localiza-se sobre este planalto, sua altitude média é de
O relevo do estado é formado basicamente por três tipos: 400m, podendo passar dos 1000m nos pontos mais elevados.
planície costeira, planalto e depressão. A estrutura geológica predominante é a cristalina, sendo
Grande parte do território estadual, cerca de 76%, possui responsável, junto com o clima semi-árido, por formações
um relevo relativamente plano, não ultrapassa os 600 metros abruptas (pedimentos e pediplanos).
de altitude. No Sertão as cotas altimétricas decrescem em direção ao
As planícies se encontram em áreas próximas ao litoral. Rio São Francisco formando, em relação ao Planalto da
À medida que se afasta do litoral a altitude aumenta, pode Borborema, uma área de depressão relativa. As formações
atingir até 1.200 metros. geomorfológicas predominantes são os inselbergues, serras e
O planalto de Borborema possui cerca de 600 metros de chapadas, estas últimas aparecendo em áreas sedimentares.
altitude, mas existem áreas onde a média de altitude é de 800 Na Microrregião do Pajeú, próximo ao Município de Triunfo,
metros, como a Chapada do Araripe. localiza-se o Pico do Papagaio com 1.260 metros, no limite com
A depressão relativa ocorre nas proximidades do planalto o sudoeste da Paraíba.5
de Borborema, isso quer dizer a área está altimetricamente
abaixo das áreas periféricas (planalto). 2.4 Hidrografia
Composto por planícies e serras, Pernambuco registra Na hidrografia, existe a forte presença de rios – sobretudo
áreas geograficamente bem demarcadas. na Região Metropolitana do Recife (RMR) que conta com 14
municípios.
Há, também, muitas barragens de contenção de enchentes
e abastecimento populacional como Tapacurá, Carpina,
Jucazinho, entre outras.
Os principais rios do estado são o Capibaribe e Beberibe,
Ipojuca, Uma, Pajeú, Jaboatão e São Francisco, este último
extremamente importante do desenvolvimento do Sertão,
uma vez que possibilita a distribuição de águas nas regiões
secas.
Maracaípe
A hidrografia pernambucana é formada por vários rios,
mas, sem dúvida, o principal é o São Francisco, uma vez que o
mesmo é fundamental para a irrigação e demais atividades do
sertanejo nordestino.
Existem ainda os rios: Capibaribe, Ipojuca, Una, Pajeú e
Jaboatão.
3. Aspectos Humanos e
Morro do Pico - Fernando de Noronha indicadores sociais. 3.1
População. 3.2 Economia. 3.3
O espaço rural de
Pernambuco. 3.4 Urbanização
em Pernambuco. 3.5
Movimentos culturais em
Pernambuco. 4. A questão
Vista do Alto da Sé – Olinda Ambiental em Pernambuco.
Com 98.311 km², Pernambuco é um dos 27 estados
brasileiros. Localizado no centro leste da Região Nordeste, tem
sua costa banhada pelo Oceano Atlântico. O estado faz limite
O pernambucano é batalhador e por isso vencedor. Uma
com a Paraíba, Ceará, Alagoas, Bahia e Piauí. Também faz parte
gente que luta por seus ideais e conquistas.6
do território pernambucano, o arquipélago de Fernando de
É um estado rico e miscigenado.
Noronha, a 545 km da costa. São 185 municípios - com um total
Pernambuco é o sétimo estado mais populoso do Brasil,
de 8.796.032 habitantes - e tem a cidade do Recife como sua
com 8.796.032, o que corresponde a aproximadamente 4,6%
capital.
da população brasileira, distribuídos em 185 municípios.
Apesar de ser um dos menores estados da Federação em
Cerca de 80,2% dos habitantes do estado moram em zonas
extensão territorial, o estado possui paisagens variadas:
urbanas.
serras, planaltos, brejos, semi-aridez no interior, e belíssimas
5Governo do Estado de Pernambuco. Geografia. Disponível em: 6Governo do Estado de Pernambuco. População. Disponível em:
http://www.pe.gov.br/conheca/geografia/. http://www.pe.gov.br/conheca/geografia/..
Geografia 7
A densidade demográfica estadual é de 89,5 hab./km². transformação de minerais, confecções, químico,
Conforme dados do IBGE, a composição étnica da petroquímico, farmacêutico, mobiliário, transporte e de
população pernambucana é constituída por pardos (53,3%), energia. Recife, capital pernambucana, possui um moderno
brancos (40,4%), negros (4,9%) e índios (0,5%), de acordo polo de informática, que concentra mais de 200 empresas e
com o Censo 2010 do IBGE. realiza negócios comerciais que atingem mais de 100 milhões
Os povos e a diversidade caminham de mãos dadas desde de reais por ano.
o início da formação do Estado de Pernambuco. O setor de serviços, responsável por 73,3% do PIB
Heterogeneidade é a palavra que descreve o povo estadual, é impulsionado pelo turismo e pelo comércio. O
pernambucano. Na sua formação, o Estado teve um elevado estado possui 187 quilômetros de praia de areia fina e água
número de imigrantes. São portugueses, italianos, espanhóis, esverdeada, com destaque para Tamandaré e Porto de
árabes, judeus, japoneses, alemães, holandeses e ingleses. Galinhas. Outro grande destino dos turistas é o arquipélago de
Além das fortes influências africana e, claro, indígenas. Fernando de Noronha, considerado patrimônio natural da
Trata-se de um caldeirão cultural de riqueza ímpar, humanidade pela Organização das Nações Unidas para a
traduzida no jeito de ser de uma gente que aprendeu, desde Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).
sempre, a lutar por liberdade. O espírito guerreiro e o amor Um fator negativo das atividades desenvolvidas em
pela terra vêm desde os primórdios. Foi esta garra que fez com Pernambuco refere-se à plantação de maconha. O polígono da
que os pernambucanos se unissem para derrubar o domínio maconha, como é conhecida a região pernambucana localizada
holandês no estado em 1645, quando teve início a Insurreição na fronteira com Bahia e Alagoas, é um dos principais locais de
Pernambucana. O movimento foi o responsável pelo começo cultivo de maconha no Brasil.
de um sentimento conhecido como pernambucanidade.
Povo festeiro, acolhedor e trabalhador, dedicado à arte de Exportações e Importações de Pernambuco:
receber bem e de cultivar as tradições. Este é o pernambucano.
Que tem orgulho de carregar a bandeira do Estado no peito, Exportações:
símbolo maior dessa cultura. Mas esse estado não é apenas a Açúcar de cana: 26%.
tradição: é também o espaço da modernidade e das expressões Plástico, borracha e seus produtos: 16%.
contemporâneas no campo das artes, da tecnologia, da Mangas e uvas frescas: 14%.
arquitetura, da música, da dança, do teatro, da culinária. Materiais/aparelhos elétricos e eletrônicos: 8%.
A distribuição populacional no estado ocorre de maneira Combustíveis e lubrificantes para embarcações e
desproporcional, os centros urbanos localizados próximos ao aeronaves: 6%.
litoral concentram um elevado percentual da população Crustáceos: 4%.
pernambucana, enquanto que o sertão é pouco povoado. O IDH Outros: 26%.
(Índice de Desenvolvimento Humano) do estado é 0,718. Os
indicadores sociais apresentam uma expectativa de vida de Importações:
67,1 anos, a mortalidade infantil apresenta índices elevados Produtos das indústrias químicas: 26%.
35,7 óbitos a cada mil nascidos vivos; a taxa de analfabetismo Derivados de petróleo: 17%.
é de 17,6%. Trigo e farinha de trigo: 7%.
Recife, capital pernambucana, abriga uma população de Máquinas e equipamentos: 7%.
aproximadamente 1,5 milhão de pessoas, em uma extensão Alimentos: 6%.
territorial de 219 km².7 Mate: 6%.
Adubos e fertilizantes: 4%.
3.2 Economia Equipamentos médico-hospitalares: 3%.
Outros: 24%.
Essa unidade federativa tem apresentado elevado
desenvolvimento econômico, fato constatado no aumento Turismo em Pernambuco:8
anual do Produto Interno Bruto (PIB) estadual. Em 2017, o PIB Uma das principais vocações econômicas do estado, o
pernambucano atingiu a marca de R$ 172,3 bilhões. turismo gera emprego e renda em todas as regiões. São praias
Historicamente, Pernambuco tinha na agricultura sua paradisíacas, de Norte a Sul, monumentos, cidades, calor e frio.
principal atividade econômica, sendo a cana-de-açúcar o Um estado rico que contempla a todos e recebe seus turistas
produto de maior destaque. No entanto, nas últimas três sempre com o maior prazer.
décadas esse cenário mudou totalmente, o setor de serviços Do Litoral ao Sertão, Pernambuco é só beleza. É o destino
passou a ser o elemento fundamental para a geração de certo para quem procura o melhor das riquezas naturais do
receitas. A atual composição do PIB estadual é a seguinte: Nordeste, com um extenso e apreciado litoral de águas mornas
e cristalinas. Os cenários convidativos de praias paradisíacas
Agropecuária: 4,8%. como Tamandaré e Porto de Galinhas são apenas alguns dos
Indústria: 21,9%. inúmeros atrativos se sobressai, ainda, na magnitude e
Serviços: 73,3%. importância histórica de suas tradições culturais, como os
festejos carnavalescos e juninos.
A agricultura estadual baseia-se no cultivo de cana-de- O litoral com cerca de 187 km de extensão, entre praias e
açúcar, porém está sendo substituída pelas plantações de falésias, zonas urbanas e locais praticamente intocados,
rosas, gladíolo e crisântemo, na Zona da Mata; e pela representa o principal atrativo turístico do Estado. Sem falar
fruticultura irrigada, especialmente na região de Petrolina, no belíssimo arquipélago de Fernando de Noronha,
onde se produz uva, manga, melancia e banana. O estado frequentado por brasileiros e estrangeiros durante todas as
também produz feijão, mandioca, cebola, milho e algodão. épocas do ano.
A pecuária, por sua vez, é composta por rebanhos bovinos Pernambuco tem umas das igrejas mais antigas do Brasil,
(2.122.191 de cabeças) e caprinos (1.685.845). localizada no município de Igarassu, na Região Metropolitana
A indústria tem apresentado desenvolvimento em razão do Recife. A igreja dedicada a São Cosme e Damião, que data de
dos constantes investimentos nos segmentos de 1535, faz parte de um Centro Histórico com 396 m² tombados
7FRANCISCO, Wagner De Cerqueira E. "Aspectos da população de Pernambuco "; 8Governo do Estado de Pernambuco. Turismo.
Brasil Escola.<http://brasilescola.uol.com.br/brasil/aspectos-populacao- <http://www.pe.gov.br/conheca/turismo/>
pernambuco.htm>.
Geografia 8
pelo IPHAN. Um dos mais antigos e bem conservados 3.3 O espaço rural de Pernambuco
conjuntos arquitetônicos, civil e religioso do Estado.
Ainda na Região Metropolitana do Recife as atrações são Território Rural do Agreste Meridional de
inúmeras. O Recife Antigo, bairro mais tradicional da capital Pernambuco9
pernambucana, polo cultural e de animação, é ponto de O Território Rural denominado por Agreste Meridional de
visitação imperdível para o turista. São bares, restaurantes, Pernambuco abrange uma área de 13.153 km2, está localizado
boates, feirinha de artesanato, além do marco zero da cidade e em parte da Mesorregião do Agreste Pernambucano e Sertão
da primeira sinagoga das Américas, a Kahal Zur Israel, Pernambucano. Atualmente é composto por 20 municípios:
construída em 1637 por judeus que vieram de Amsterdã para Águas Belas, Buíque, Iati, Ibimirim, Inajá, Itaíba, Pedra,
viver no Recife. A capital do Estado também se destaca pelo Venturosa, Angelim, Bom Conselho, Caetés, Capoeiras,
pioneirismo na cinematografia e por ser berço de talentos Garanhuns, Ibirajuba, Manarí, Paranatama, Saloá, São Bento do
criativos e empreendedores e todos os anos a cidade do Recife Una, Terezinha e Tupanatinga.
se transforma no palco do cinema nacional. No CINE PE são De acordo com informações do IBGE (2010), o contingente
exibidos os melhores filmes brasileiros da temporada e estão populacional do território se apresenta com 587.086
presentes cineastas que fizeram nome no cinema nacional, habitantes, dos quais 257.840 residem na área rural, o que
assim como jovens realizadores, produtores, atores e atrizes, corresponde a 42,7% do total. Com IDH médio de 0,60 esse
uma vitrine da sétima arte que já entrou no calendário rural é composto por agricultores familiares e patronais,
nacional. famílias assentadas, comunidades quilombolas, terras
O Sítio Histórico de Olinda é uma atração à parte para os indígenas, dentre outros.
sedentos de cultura. Um dos mais importantes conjuntos O Território enquadra-se na categoria de rural, seguindo-
arquitetônicos do país, Olinda recebeu o título de Patrimônio se o critério estabelecido por Veiga (2002), pois apresenta
Cultural da Humanidade, concedido pela Unesco, e de primeira uma população média de 29.354 habitantes e uma densidade
capital brasileira da cultura. Os antigos casarios e as de 44,77 habitantes por km2, ou seja, uma população média
charmosas ladeiras contribuem para o charme da cidade, que menor do que 50.000 habitantes e uma densidade inferior a
também é palco de uma das festas mais populares do Brasil: o 80,0 habitantes por km2.
Carnaval. Dentre os seus municípios, Garanhuns destaca-se
No Agreste pernambucano está o paraíso dos esportes apresentando uma acentuada população urbana, com uma
radicais. Bonito, com oito quedas d’água que variam de 2 a 30 taxa de 89,1%, já os municípios de Paranatama, Manari e
metros de altura, proporciona aos aventureiros, trilhas, Caetés revelam-se, com taxas de 79,1%, 78,9%, e 71,7% da
arvorismos, trekkings e rapéis de tirar o fôlego. Formadas população rural respectivamente, revelando assim, uma certa
pelas águas do Rio Verdinho e riacho Águas Vermelhas, as heterogeneidade no território. Além disso, vale ressaltar, que
cachoeiras de Bonito compõem uma das mais belas paisagens o município de Garanhuns centraliza economicamente o
do Estado. Agreste Meridional e se estabelece pela importância como
Também no agreste pernambucano um dos atrativos é o polo regional.
clima. A cidade de Gravatá, a 80 km do Recife, está a uma Quanto aos indicadores sociais, observa-se uma grande
altitude de 447 metros. Nos meses de junho e julho, as baixas amplitude relativa ao IDH-M (Índice de Desenvolvimento
temperaturas, as atividades que caracterizam a vida no campo Humano Municipal) entre os municípios. Os municípios de
e a gastronomia local atraem milhares de visitantes. Nas Garanhuns, de Venturosa e de São Bento do Una apresentam
cidades de maior altitude, no chamado Planalto da Borborema, os maiores IDH-M, com 0,69; 0,63 e 0,62 respectivamente. Já
o frio inspirou eventos culturais como o Festival de Inverno de os municípios de Manari e Caetés apresentam os menores IDH-
Garanhuns. O município, a 230 km do Recife, sedia há mais de M com 0,47 e 0,52. Tais informações revelam também a
vinte anos um dos maiores festivais de música do estado. ocorrência de uma acentuada disparidade na qualidade de
O sertão do estado também tem um sítio de clima vida entre os municípios do Território.
diferenciado. A 1.004 metros de altitude fica a cidade de As áreas rurais do Território são reconhecidas
Triunfo, a mais alta do território pernambucano, onde todos os economicamente pela presença da pecuária leiteira. No
anos acontece a Festa do Estudante, com grupos de teatro de entanto, as pequenas propriedades rurais, de cunho familiar,
dança, e o Festival de Cinema, no Cine Teatro Guarany, um que exploram principalmente as culturas do feijão e da
prédio tombado pelo patrimônio histórico. mandioca, apresentam grande relevância socioeconômica
Pernambuco tem ainda a Feira de Caruaru, a maior feira para a região, revelando nesse conjunto as principais
livre do mundo, considerada patrimônio imaterial do Brasil atividades de exploração das áreas rurais. Historicamente,
pelo IPHAN; o Teatro de Nova Jerusalém, o maior teatro ao ar esse arranjo formou-se ao longo dos anos, pois o Agreste
livre do mundo onde, todos os anos, é encenado o espetáculo constituiu-se como o local de produção de alimentos para o
da Paixão de Cristo; o Parque Nacional da Serra do Catimbau, abastecimento interno da região Nordeste, em face da cultura
entre o Agreste e o Sertão pernambucano, formado por um expansionista e exportadora da cana-de-açúcar.
complexo de serras, vales e rochas sedimentares, distribuídos A velha estrutura coronelista, ainda reflete sobre a atual
em 90 mil hectares, que impressiona pela grandiosidade e estrutura agrária e sobre as relações sociais de dependência e
primitivismo; a Serra Negra, em Bezerros, situada em uma subordinação que insiste em permanecer em diversos
altitude de 960 metros com temperatura de até 9º C, cercada municípios desse Território. Dessa forma perpetua-se a ação
por uma reserva ecológica, que faz da sua beleza um cenário política de comando sobre a população e cargos, de uma forma
para cartão postal; o Vale do São Francisco, com suas dezenas geral, atuando em diversos segmentos e instituições públicas.
de vinícolas, local ideal para os amantes de um bom vinho. Os festejos juninos apresentam-se como a expressão
Pernambuco está sempre de braços abertos para receber máxima da cultura, porém as tradições folclóricas tendem a se
os turistas. Além da riqueza natural, dispõe de moderna e perder no tempo, em face da homogeneização dos costumes,
capacitada rede hoteleira. Sem falar na hospitalidade sem igual principalmente relacionado à música, com os grupos
do povo pernambucano. eletrônicos de forró. Trabalhar as ruralidades ainda presentes
requer um árduo e constante desafio, para que não se perca
tanto cultural como economicamente, uma vez que esses
Geografia 9
valores são descontruídos pela aquisição de novos hábitos convergência da população vinda desde os locais mais
impostos pelos meios de dominação e imposição de valores recônditos das áreas rurais. Ao se misturarem com os
externos. moradores das cidades estabelecem a comercialização da
Atrelado a isso nota-se a insatisfatória presença de produção das atividades produtivas e contribuem para o
estrutura das políticas públicas, relacionadas ao nível incremento do comércio. A feira-livre é uma tradição
educacional, principalmente nas formações iniciais das nordestina, existente em toda a região.
crianças, no apoio à assistência das atividades produtivas e na As histórias sobre o legendário Lampião e o mundo do
preservação e exploração sustentável das riquezas naturais e cangaço são retratadas em formas de cordel e encontra no
arqueológicas. Município de Serra Talhada, cidade natal, o ponto de referência
com o museu sobre essa figura que percorria essas terras com
Território Rural do Sertão do Pajeú de Pernambuco sua tropa, deixando atônita e aterrorizada a população do
A região sertaneja pernambucana possui características sertão nordestino.
peculiares intrínsecas a sua geografia e dentro desse contexto Quanto as infraestruturas existentes e destinadas para
surge a divisão em três territórios: O Território do Araripe, o esse território, ressalta-se a precariedade das estradas que
Território do São Francisco e o Território do Sertão do Pajeú. interligam os municípios, com significativa falta de
Em relação a esse último, destacamos a denominação “Pajeú” conservação e apoio o que resulta na deficiência dos sistemas
devido a referência ao Rio Pajeú que atravessa parte dos de transportes coletivos. As obras dos canais da transposição
municípios que compõem o Território, revelando significativa do Rio São Francisco (integração de bacias hidrográficas)
importância para o povoamento dessa parte do Sertão de estão sendo realizadas e cortam parte desse território, mas são
Pernambuco. vistas pela população como algo externo ao seu cotidiano e que
O Território do Sertão do Pajeú é composto por 20 aparentemente não lhe trarão resultados satisfatórios e
municípios, divididos em 3 microrregiões: esperanças para o futuro.
a) MICRORREGIÃO DE SÃO JOSÉ DO EGITO, composta
pelos municípios de Brejinho, Itapetim, Santa Terezinha, São 3.4 Urbanização em Pernambuco
José do Egito e Tuparetama;
b) MICRORREGIÃO DE AFOGADOS, composta pelos A urbanização no Nordeste iniciou-se no período
municípios de Afogados da Ingazeira, Carnaúba, Iguaraci, colonial, mas só se intensificou ao longo das últimas
Quixaba, Sertânia, Solidão e Tabira; décadas.10
c) MICRORREGIÃO DE SERRA TALHADA, composta pelos O processo de Urbanização no Nordeste caracterizou-se,
municípios de Calumbi, Flores, Mirandiba, Santa Cruz da Baixa principalmente, por ter se manifestado de forma e período
Verde, São José do Belmonte, Serra Talhada e Triunfo. distintos das demais regiões brasileiras, iniciando-se no
Dados históricos revelam que o início da exploração período colonial e conhecendo um relativo declínio
econômica do Sertão Pernambucano ocorreu através da justamente quando o restante do país intensificou o processo
atividade pecuária. Estudos sobre essa questão informam que de metropolização.
tal fato foi decorrente da proibição, por parte da coroa Para compreendermos melhor como ocorreu – e ainda
portuguesa, da exploração da pecuária nas áreas próximas ao ocorre – a urbanização nordestina, primeiramente é
litoral (Zona da Mata) da capitania de Pernambuco que se necessário compreender o que é, propriamente, a expressão
destinavam apenas para o cultivo da cana-de-açúcar. Assim, urbanização. Essa expressão designa o crescimento das
induzia-se o deslocamento do gado para o Sertão, seguindo o cidades em relação ao crescimento do campo, ou seja, só há
caminho inverso das águas do Rio São Francisco e dos seus urbanização quando o crescimento da população e do espaço
afluentes, tendo o Rio Pajeú como um deles. Tal fato trouxe das cidades é superior ao crescimento da população e do
para a região, juntamente com o gado, o povoamento dessas espaço do meio rural.
terras, a formação de latifúndios, ocupando extensas áreas e as Além do mais, é preciso considerar a heterogeneidade do
formas de convivência. espaço dessa região, que só é concebida em um conjunto a
As relações de poder foram organizadas a partir da partir das divisões regionais brasileiras ocorridas ao longo do
formação das estruturas fundiárias e delas surgiram as século XX. Antes disso, o Nordeste era entendido como uma
cidades sertanejas, tendo na figura do dono das terras e do área com diversas regiões e atividades, possuindo um litoral,
gado a expressão do poder autoritário e paternalista que ainda por exemplo, economicamente mais dinâmico e um Agreste e
permanece. Atualmente, algumas poucas mudanças pontuais Sertão em fase de evolução.
são percebidas e de alguma forma buscam alterar o quadro Como já frisamos, a região Nordeste foi a primeira a se
político e econômico dessa região. urbanizar no Brasil, em virtude do fato de ela abrigar as
A mistura racial está presente e provém tanto dos primeiras localidades colonizadas e onde se instalaram as
habitantes naturais, indígenas, quanto do processo de principais atividades econômicas brasileiras. Estabeleceu-se,
escravidão com a chegada dos negros e dos embates e fugas primeiramente, a cultura da cana-de-açúcar, consolidando a
dos portugueses e holandeses vindos das regiões litorâneas. formação do chamado “Nordeste Açucareiro”, que contrastava
Essa mistura de raça traz consigo também a mistura de em relação às demais atividades regionais. Esse contexto
culturas expressadas pelas danças e músicas, pela poesia e nos favoreceu o crescimento de cidades como Salvador e Recife,
hábitos alimentares adaptados à sobrevivência no semi-árido que eram, respectivamente, os centros político e econômico do
da caatinga. Nordeste Açucareiro.
A caprinocultura e a ovinocultura são atividades de grande A partir do século XVIII, houve um declínio dessa atividade
relevância econômica nos municípios desse território, muito em função da competição da produção de açúcar no Caribe, o
em face da rusticidade e adaptação dos animais às condições que se intensificou com o crescimento econômico da produção
do ambiente do semi-árido nordestino. Em relação às de café na região Sudeste. Em oposição, no século XIX, as faixas
atividades da agricultura predominam os cultivos de milho, do Agreste e do Sertão intensificaram a produção de algodão e
feijão e mandioca que fazem parte da dieta básica do sertanejo. as atividades pecuaristas, formando o “Nordeste algodoeiro-
Os dias de feira-livre constituem-se no ponto de referência pecuarista”, o que propiciou o crescimento de algumas cidades
para as negociações mais diversas, presencia-se a nessa região.
Geografia 10
Ao longo do século XX, estabeleceu-se a formação do de Caruaru, no agreste, é o ponto central onde acontecem 30
chamado “Nordeste cacaueiro”, consolidando o crescimento dias de festa - todo o mês de junho. É a terra do forró, do
regional que, em particular, favoreceu o desenvolvimento de xaxado, do mestre Vitalino, da famosa “Feira de Caruaru”, do
cidades baianas, com destaque para Itabuna e Ilhéus. Alto do Moura, entre outros. Mas não só é nesta cidade, onde
Porém, em linhas gerais, a região Nordeste conheceu um acontecem os festejos. Da capital ao interior são muitas as
intenso declínio econômico e, consequentemente, urbano ao homenagens ao Santo.
longo dos séculos XIX e XX. Por outro lado, regiões como o Na Zona da Mata, tanto a Norte quanto a Sul, o destaque
Sudeste cresceram cada vez mais e urbanizaram-se. Desse fica para os maracatus. De baque solto ou de baque virado. De
modo, justamente quando as taxas de emigrações no Nordeste influência africana, eles têm muita força nesta região devido à
acentuavam-se, as regiões urbanas nas demais localidades grande presença de engenhos de cana de açúcar. No período
proliferavam-se. Apesar disso, algumas metrópoles, como colonial, os escravos vindos da África para trabalhar a
Recife e Fortalezam, formavam-se em função das migrações produção do açúcar trouxeram os costumes para cá.
internas, em que povos do Sertão partiam em direção às faixas Antigamente, muitas dessas movimentações aconteciam às
litorâneas economicamente mais desenvolvidas. escondidas ou na senzala. Com o passar dos anos e a liberdade
Assim, atualmente, ao contrário do que ocorre nas demais dos negros, a cultura foi incorporada como um todo. E hoje é
regiões, principalmente no Centro-Oeste, no Sudeste e no Sul, um dos nossos destaques. E entre as cidades, Nazaré da Mata
que apresentam uma acentuada queda em suas taxas de desponta como uma das que mais concentra maracatus.
crescimento urbano, o Nordeste passa a se urbanizar cada vez Tudo isso é apenas uma demonstração da rica cultura de
mais, elevando o crescimento de suas regiões metropolitanas. Pernambuco. Uma cultura que orgulha os pernambucanos, que
Isso ocorre, principalmente, em função do atual estágio de é passada de geração em geração, levada para todos os cantos
desconcentração industrial em curso no Brasil. do mundo, mas que só pode ser sentida em sua alma em nosso
Dados do IBGE apontam que, na década de 1960, a Estado. Por isso, para conhecer um pouco mais do que o povo
população rural do Nordeste somava quase o dobro da pernambucano tem a oferecer não basta estudar e ler...
população urbana: mais de 14 mil contra pouco mais de 7 mil Tem que experimentar. Isso é Pernambuco.
habitantes, respectivamente. Na década de 1980, a população
das cidades finalmente superou a população do campo. 4. A questão Ambiental em Pernambuco
Segundo o Censo Demográfico de 2010, a população
urbana nordestina é de 38.821.246 pessoas, enquanto, no Núcleos de Educação Ambiental - Pernambuco12
meio rural, o número é de 14.260.704 habitantes. Tais Nas grandes cidades o crescimento urbano tem se dado
números servem, afinal, para desmitificar a ideia de que o quase sem nenhum planejamento, tendo em vista,
Nordeste é essencialmente rural. É claro que, não diferente do principalmente, a dificuldade de se estabelecer uma política de
que ocorre no restante do país, essa urbanização é acesso ao uso do solo pelas camadas de baixa renda.
extremamente concentrada, principalmente nas cidades do Nas grandes cidades o crescimento urbano tem se dado
litoral, com destaque para algumas exceções, como a cidade de quase sem nenhum planejamento, tendo em vista,
Imperatriz, no Maranhão. principalmente, a dificuldade de se estabelecer uma política de
acesso ao uso do solo pelas camadas de baixa renda.
3.5 Movimentos culturais em Pernambuco A Região Metropolitana de Recife, que compreende os
Nossa cultura é rica, verdadeira referência para o mundo. municípios de Recife, Olinda, Abreu e Lima, Cabo, Camaragibe,
São muitos os movimentos - maracatu, frevo, caboclinho, o Igarassu, Itamaracá, Itapissuma, Ipojuca, Moreno, Paulista e
forró, entre outros - que fazem de Pernambuco um caldeirão São Lourenço da Mata, apresenta uma densidade demográfica
cultural.11 em torno de 1264 hab/km2. Dentro desse quadro, constata-se
Pernambuco é, antes de tudo, um estado marcado pela uma gama de problemas tais como: desemprego, falta de
diversidade cultural. E tem uma população que respira e moradia, acarretando a formação de grandes favelas,
valoriza a sua cultura, passando de geração em geração. Não principalmente em área de encostas de morro, falta de
por acaso, o estado é conhecido no país como um dos que têm saneamento básico e saúde precária.
a cena cultural mais viva, construída a partir da contribuição É neste contexto, que o Núcleo de Educação Ambiental da
de índios, portugueses, holandeses, judeus, africanos, entre Representação do IBAMA em Pernambuco, vem
outros. É celeiro de poetas, artistas plásticos e músicos desenvolvendo atividades de Educação Ambiental de forma
reconhecidos em todo mundo, sem falar nos seus movimentos, interdisciplinar que tornem possível práticas concretas nas
no carnaval, no São João, em nossa cultura. Isso é Pernambuco. áreas de educação, sociologia, política e gestão ambiental,
O carnaval, por exemplo, é a maior festa. Não só dos embaçadas nas experiências dos envolvidos nos trabalhos,
pernambucanos, mas de todos que visitam o estado na época como nas realidades regionais, objetivando a formação da
dessa democrática festa – seja na capital, nas praias, no consciência crítica das populações, para resgatar as condições
interior. Tem o maracatu, o caboclinho, o coco de roda, a e meios de intervir, junto com as instituições governamentais,
ciranda e o maior de todos os representantes - o frevo! O ritmo, por uma possível melhoria de qualidade de vida. Assim, as
aliás, é único e teve origem no próprio estado. Na festa, além ações educativas do NEA, baseiam-se num trabalho de
das ladeiras de Olinda, do fervor do Recife Antigo, tem também Educação Ambiental Comunitário, abrangendo os municípios
o Galo da Madrugada, o maior bloco de rua do mundo (segundo de Abreu e Lima, Camaragibe, Carnaíba, Rio Formoso,
o Guinness Book). Tamandaré. Municípios estes que apresentam problemas
No interior, seja no Sertão ou no Agreste, há outros ambientais graves como deteriorização e erosão dos solos
movimentos culturais. produtivos, contaminação dos recursos hídricos, devastação
Os caretas de Triunfo (cidade sertaneja a 600km do da vegetação nativa, uso indevido de agrotóxicos, pesca
Recife); os Papangus de Bezerros (agreste, 90km da capital) predatória e falta de saneamento básico que evidenciam a
que no carnaval promovem uma grande festa nas ruas do necessidade de ações de educação ambiental, envolvendo
município. todos os segmentos sociais da comunidade, para mediante
Pernambuco também é a terra do São João. O período uma ação conjunta, serem encontradas soluções adequadas.
junino no estado é um dos mais tradicionais do país. A cidade
Geografia 11
Questões 05. (BRASILESCOLA) Analise as afirmativas sobre as
características econômicas de Pernambuco e marque (V) para
01. (PM/PE – Soldado - UPENET/IAUPE/ Adaptada) as verdadeiras e (F) para as falsas.
Sobre as regiões de Pernambuco, analise as afirmações abaixo. (A) O setor de serviços é o principal responsável pelo PIB
I. Na Zona da Mata, o clima é quente e úmido; o relevo se de Pernambuco, impulsionado pelo turismo e pelo comércio.
caracteriza por apresentar colinas convexas, que surgem (B). Importante atividade econômica nos séculos
dominantemente em terrenos cristalinos da porção oriental anteriores, a agricultura não contribui mais para o PIB
do estado, principalmente na Mata Sul assim como apresenta estadual.
médias anuais de chuvas superiores a 1.800mm, com (C) O setor industrial está em constante expansão, com
temperaturas anuais em torno de 24ºC. destaque para os segmentos de transformação de minerais,
II. No Sertão, sobretudo a partir de Arcoverde, o relevo se confecção, petroquímico e farmacêutico.
mostra com predominância de superfície aplainada, (D) Apesar do potencial turístico do estado, essa atividade
denominado de pediplanos, com relevos residuais, também é pouco desenvolvida, sobretudo pela falta de estrutura
conhecidos como inselbergues. Apresenta precipitações hoteleira.
anuais iguais ou inferiores a 800mm. Também são
encontradas “ilhas de umidade”, ou brejos, onde se observam Gabarito
índices de chuvas em torno de 900 a 1.000 mm.
III. O Agreste marca a transição entre a Zona da Mata e o 01.A / 02.E / 03.D / 04.B / 05.VFVF
Sertão. A policultura e a pecuária de corte são as principais
atividades econômicas. Os rios são predominantemente Questões da Prova Anterior
perenes, sendo constatados, apenas, pela forma do leito e pela
existência de alguns poços. 01. Considerando a divisão territorial de Pernambuco
Somente está CORRETO o que se afirma em por municípios e observando o quadro a seguir sobre taxa
(A) I e II. de alfabetização por mesorregião, assinale a alternativa
(B) II e III. CORRETA.
(C) I e III.
(D) II.
(E) III.
Geografia 12
02. Sobre as características e especificidades das (D) No Sertão Pernambucano e na Mesorregião do São
Regiões de Desenvolvimento - RD do Estado de Francisco, em razão do declínio do cultivo de algodão
Pernambuco, analise os itens abaixo: herbáceo, tem-se a ascensão dos plantios da mandioca e da
cana-de-açúcar que se constituem como as principais culturas
I. A RD do São Francisco concentra o PIB mais elevado das referidas mesorregiões, tanto no que diz respeito à área
do Estado de Pernambuco e se caracteriza pela tendência de plantada como ao valor da produção.
expansão da ocupação humana em razão dos incentivos (E) Na Mata Pernambucana, em razão de as terras se
promovidos pelos gestores públicos para o desenvolvimento encontrarem estruturadas sob a forma de pequenas
do maior polo industrial de confecções do estado e propriedades, observa-se uma distribuição equilibrada das
crescimento da fruticultura, sobretudo para abastecimento áreas destinadas ao plantio da cana-de-açúcar, do feijão, da
interno. mandioca e do milho.
II. Pode-se observar, na RD da Mata Sul, uma tendência 04. Sobre o relevo de Pernambuco, assinale a
de diversificação e ampliação das atividades econômicas, a alternativa CORRETA.
partir da implementação de projetos indutores do (A) As planícies costeiras localizam-se na porção Leste de
desenvolvimento dos quais se destacam a instalação do Polo Pernambuco do Grupo Barreiras e são modeladas por cursos
Farmacoquímico de Pernambuco e uma unidade da Fábrica de fluviais, como o de São Francisco, e demais rios igualmente
Automóveis Fiat no Município de Goiana. intermitentes.
III. A RD Metropolitana possui o maior quantitativo (B) Os compartimentos regionais do relevo de
populacional e apresenta maior concentração de Pernambuco são, em sua maioria, caracterizados por cotas
empreendimentos econômicos, com destaque para os que se altimétricas superiores a 1.500m de altitude.
originaram com a instalação do Complexo Industrial e (C) Inselbergues são relevos residuais encontrados nas
Portuário de Suape, que tem atraído diversos investimentos, planícies costeiras e nos tabuleiros costeiros de Pernambuco.
inclusive os do setor imobiliário nas localidades próximas ao (D) Depressões sertanejas localizam-se nas regiões de
referido empreendimento. interface entre o Planalto da Borborema e as planícies
IV. Na RD do Agreste Setentrional, especialmente nos costeiras.
Municípios de Santa Cruz do Capibaribe e Toritama, observa- (E) No semiárido de Pernambuco, é comum a presença de
se um significativo crescimento dos centros urbanos em razão, superfícies aplainadas, conhecidas como pediplanos.
sobretudo, dos incentivos ao polo industrial de confecções.
05. Em junho de 2010, o Estado de Pernambuco foi
acometido por uma catástrofe resultante de altas taxas de
Estão CORRETOS apenas
precipitação pluviométrica em curto espaço de tempo.
A) I e II.
Considerando os aspectos físicos de Pernambuco, analise
B) I, II e IV.
as proposições abaixo:
C) II e III.
D) III e IV.
E) I, III e IV. I. Uma forte onda de leste atingiu o Estado, acarretando
enxurradas violentas, sobretudo nos rios Una e Jaboatão. O
03. Considerando as características do espaço rural fenômeno trouxe sérias consequências como inundação e
pernambucano e o quadro a seguir que apresenta algumas destruição em várias regiões, em diferentes municípios.
das principais culturas desenvolvidas em Pernambuco, no II. Os Municípios de Barreiros e Palmares foram
que se refere à área plantada em hectares e ao valor da exemplos da destruição decorrente das fortes chuvas. Deve-se
produção em mil reais, assinale a alternativa CORRETA. destacar o fato de ambas as cidades localizarem-se na Zona da
Mata, região que apresenta uma das maiores isoietas médias
anuais de Pernambuco.
III. As atividades antrópicas potencializam os efeitos de
grandes eventos de precipitação pluviométrica, na medida em
que atuam com o desmatamento de locais próximos aos rios,
impermeabilização do solo e ocupação desordenada em áreas
de risco geológico.
IV. As perdas e os danos decorrentes de eventos
chuvosos de grande magnitude podem ser minimizados, na
medida em que sejam retiradas todas as obras de contenção
de águas, como as barragens, extinguindo a vulnerabilidade de
regiões com alto volume hídrico represado.
Geografia 13
Anotações
Geografia 14
HISTÓRIA
notação da interação inseto-planta. Os fósseis da "Formação de
Santana", um dos setores geológicos da Bacia do Araripe mais
ricos em vestígios de peixes, evidenciam a época em que boa
parte do Nordeste era um imenso mar continental, entre 112 e
99 milhões de anos atrás.
Ao lado de muitos outros documentos fósseis, os do
Araripe, em especial os de Santana, dão uma contribuição
importante à Teoria da Evolução de Darwin sobre o ritmo dos
acontecimentos na evolução biológica, hoje em estreita
sintonia com a pesquisa genética mais avançada. Além dos
sedimentos do Cretáceo, também existem depósitos jurássicos
mais antigos, como troncos fossilizados de árvores. Há ainda
Ocupação pré-colonial do sítios arqueológicos que atestam uma ocupação humana do
período neolítico (utensílios de pedra, cerâmica, pinturas
atual Estado de Pernambuco: rupestres, com 5 a 7 mil anos).
Ocupação Pré-Histórica de A região é também uma das maiores produtoras de gipsita
Pernambuco; Características do país.
socioculturais das populações Vale do Catimbau
indígenas que habitavam o Aproximadamente 12 mil anos, durante a transição entre
território do atual estado de os períodos Pleistoceno e Holoceno, boa parte do território
brasileiro já estava ocupado por grupos de caçadores e
Pernambuco, antes dos coletores pré-históricos.
primeiros contatos euro- Esses grupos são divididos pelos arqueólogos em
americanos. tradições, estabelecidas de acordo com os resquícios de sua
cultura material. À tradição Nordeste pertenciam aqueles que
possuíam indústria lítica e faziam pinturas rupestres. Há mais
ou menos 7 mil anos atrás, esse grupo foi substituído pelas
Apesar de contabilizarmos a idade do Brasil como 515 tribos da tradição Agreste, caracterizadas pela tradição
anos, desde a chegada dos portugueses em 22 de abril de 1500, guerreira. É a esse período de transição que remonta a
já existiam habitantes neste território, com histórias, línguas, presença humana mais antiga de que se tem notícia no Parque
culturas e religiões próprias. Nacional do Vale do Catimbau. Em 1970 foi descoberto um
Em Pernambuco não foi diferente. O esqueleto datado de 6.800 anos em um abrigo utilizado como
nome Pernambuco vem do tupi Paranãpuka, que significa cemitério. Atualmente está em exposição no Museu Municipal
"buraco de mar", expressão com a qual os índios conheciam a de Buíque.
foz do rio Santa Cruz, que separa a ilha de Itamaracá do Segundo pesquisadores da UFPE, os antigos habitantes do
continente, ao norte do Recife. Daí, caminhou para suas formas lugar eram grupos caçadores-coletores do Período Holoceno
primitivas Perñabuquo e Fernambouc, já denominando o que não apresentavam domínio da cerâmica e moravam em
porto do Recife e fazendo-se presente nos mapas portugueses. cavernas (tanto é que, das cerca de 200 grutas e cavernas
Sobre a origem dos povos indígenas pernambucanos, existentes no Vale, pelo menos 28 guardam vestígios de
existem ao menos duas teorias sobre sua chegada ao sepultamentos). Dos 23 sítios arqueológicos com grafismos
continente americano. A versão tradicional aponta para a rupestres já catalogados pelo IPHAN no Parque, o maior e mais
travessia do estreito de Bering, entre a Sibéria e o Alasca, entre importante é o Alcobaça, situado em um paredão rochoso com
12 e 15 mil anos atrás. A partir da chegada ao Alasca, os povos configuração de anfiteatro. Lá foram encontradas pinturas
teriam se dispersado por todo o continente americano, no rupestres em um painel de 60m, ocupando uma área de 50m
sentido Norte-Sul. de extensão com largura variando entre 2 e 3m. Já a pedra da
Após pesquisas realizadas na Serra da Capivara, no Estado Concha apresenta um painel de 2,3m por 1,5m, abrigando
do Piauí, a arqueóloga Niède Guidon encontrou indícios de que inscrições com figuras humanas, animais e desenhos
o continente seria habitado a partir de pelo menos 50 mil anos geométricos em tons ocre. São imagens isoladas que não
atrás, alcançando a América através da travessia do oceano compõem cenas, com predominância da tradição Agreste.
Pacífico. A pesquisa da arqueóloga ainda é tema de discussões Acredita-se que foram utilizados nas pinturas pigmentos
e debates, pois mesmo com a datação feita através do Carbono metálicos e não metálicos misturados a pigmentos orgânicos,
14, que possui grande precisão, muitos argumentam que os como genipapo e urucum.
restos de fogueira atribuídos aos povos que habitavam a
região fossem na verdade restos de queimadas naturais. Furna do Estrago
Entre os principais destaques na área arqueológica do A Furna do Estrago, abrigo sob rocha localizado no
Estado de Pernambuco estão: Município de Brejo da Madre de Deus, é um dos mais
importantes sítios arqueológicos do Brasil. Formado pelo
Chapada do Araripe desabamento de um grande bloco de rocha granítica no sopé
A Chapada do Araripe é uma das mais importantes áreas da Serra da Boa Vista durante as glaciações, o abrigo foi
para o estudo geológico de Pernambuco, com 8 mil km² de preenchido por blocos de rocha e sedimentos soltos pelo
superfície e uma altitude média de 600m na divisa com o intemperismo físico, transportados em violentas precipitações
Ceará, consistindo em um dos principais sítios do Período torrenciais. Constituído por um único salão de 125m² de área
Cretáceo do mundo. coberta, com abertura voltada para nordeste, o abrigo é
Na região, destacam-se a concentração de diversos tipos de bastante arejado, seco e iluminado, e diante dele se estende um
fósseis e formações geológicas, que começaram a ser patamar delimitado por grandes blocos de rocha granítica,
explorados nos primeiros anos do século XIX, com registros alguns contendo arte rupestre. Da sucessiva utilização do sítio
entre 110 e 70 milhões de anos, em excepcional estado de como habitação por grupos caçadores-coletores numa
preservação e diversidade. Na Chapada do Araripe encontram- sequência temporal de aproximadamente 10 mil anos,
se mais de um terço de todos os registros de pterossauros do resultou uma estratigrafia em que predominam as lentes de
mundo, mais de 20 ordens diferentes de insetos e a única
História 1
fogueiras superpostas, formando pacotes de cinzas, e ocupando a Serra do Comunati, situada ao norte da atual
sedimentos finos, soltos, secos, de cor parda, contendo restos cidade de Águas Belas. Por esta época foi criado o aldeamento
alimentares e artefatos de pedra e osso. do Ipanema, cujas terras seriam doadas aos índios "Carnijós"
Há cerca de 2 mil anos, a Furna passou a ser utilizada como pelo Governo Imperial através de Carta Régia nº 33 em 05 de
cemitério. Os depósitos feitos pelo homem desde o início do junho de 1705, com duas léguas de terras em quadra.
Holoceno foram intensamente perturbados com a abertura de Os Fulni-ô são o único grupo do Nordeste que conseguiu
dezenas de fossas funerárias. Apenas uma área próxima do manter viva e ativa sua própria língua - o Ia-tê - assim como
fundo do abrigo permaneceu intacta e foi tomada para estudos. um ritual a que chamam Ouricuri, que atualmente realizam no
Da ocupação do sítio como cemitério foram encontrados maior sigilo.
83 esqueletos humanos em bom estado de conservação. As
condições ambientais favoreceram a rápida desidratação da O ritual do Ouricuri
matéria orgânica e a preservação da pele, dos cabelos e do Os preparativos para a mudança para a aldeia do Ouricuri
cérebro em alguns indivíduos, bem como do artesanato em se iniciam nas últimas semanas do mês de agosto. Todos os
palha utilizado no ritual funerário. É de notar a persistência de Fulni-ô que trabalham fora de Águas Belas, como funcionários,
um padrão de sepultamento em que os corpos eram colocados professores, policiais, durante a primeira semana do ritual
na posição fletida (fetal), amarrados com cipós e embrulhados pedem licença para se ausentarem do trabalho e se
em esteiras de folhas de palmeira, compondo verdadeiros concentrarem na aldeia do Ouricuri; os que podem aí
fardos funerários. Os recém-nascidos eram depositados em permanecem sem sair durante todo o ritual.
pequenos cestos ou em espatas de palmeiras e não levavam Todos os Fulni-ô têm como norma a proibição de falar do
adornos, ao passo que os adultos estavam acompanhados de ritual. Os anciãos asseguram que aqueles que infringiram esta
colares e alguns levavam flautas ósseas e tacapes. norma tiveram morte estranha. Sem dúvida esta é uma
Entre os povos que ainda habitam Pernambuco, advertência para evitar a quebra do sigilo.
sobreviventes dos massacres e doenças, estão: Uma parte do que acontece na aldeia do Ouricuri é de
domínio público. Sabemos assim que existem áreas onde as
Atikum mulheres não podem entrar, embora elas tenham
Há vários registros antigos de índios habitando a região da conhecimento das atividades que se realizam nesses lugares.
serra do Umã, As primeiras visitas de representantes do Durante a noite os homens dormem separados das mulheres,
Serviço de Proteção ao Índio àquele grupo ocorreram entre estas nas casas e aqueles nos galpões. Durante os meses do
1943 e 1945, conforme depoimento de índios Atikum, quando ritual está proibido manter relações sexuais dentro da aldeia
funcionários desse órgão estiveram na área para assisti-los do Ouricuri. Embora não se pratique uma abstinência sexual
dançarem o "toré". A realização do "toré" seria o Indicador de absoluta, respeita-se o lugar sagrado do ritual, mantendo este
que os habitantes daquela serra do sertão pernambucano tipo de relações fora da aldeia. Está proibido também tomar
eram "índios", o que Ihes daria então o direito de receberem bebidas alcoólicas, escutar música, e inclusive assobiar.
assistência do SPI (Serviço de Proteção ao Índio). Em 1949 foi Quando um Fulni-ô na cidade ou na aldeia do Posto Indígena
criado o Posto Indígena Aticum, posteriormente denominado toma alguma bebida alcoólica, não pode ir à aldeia do Ouricuri.
Padre Nelson, na aldeia Alto da Serra. Documentos do SPI dão Por esse motivo nesta época evitam tomar qualquer bebida
conta que antes da Instalação do posto, a prefeitura de Floresta embriagante. No dizer de alguns anciãos no ritual rezam e
cobrava Imposto ou foro dos índios pelo uso da terra, e oram pelo bem de todos, pois asseguram que sua religião é
fazendeiros vizinhos acostumavam utilizar as terras da serra bastante parecida com a religião católica.
como pastagem de gado. Teria sido através de intervenções do
SPI junto à prefeitura, que os índios conseguiram a suspensão Pankará
da cobrança do Imposto. O povo Pankará, semelhante a outros povos situados na
Na serra do Umã prevalece um solo de tipo argiloso, em região Nordeste, passou por um processo histórico não linear,
contraposição ao arenoso característico do sertão que a caracterizado pelo fluxo constante de grupos indígenas nos
rodeia. A vegetação na serra é predominantemente arbustiva, sertões do Pajeú e adjacências como consequência do esbulho
sendo que em alguns trechos despontam árvores de maior de suas terras por tradicionais invasores presentes no cenário
porte. As capoeiras são uma constante na paisagem local. político desde o período colonial, retratando, de certo modo, o
Quanto à fauna, destacam-se gaviões, corujas, tiús, pebas, contexto de dominação política e econômica presente nessa
tatus, cangambás, cobras, preás, tamanduás, caititus e jacus. região até os dias atuais.
Dos frutos silvestres, destacam-se o umbu e o maracujá. As Todo o período do século XVII até início do século XVIII foi
frutas cultivadas são as seguintes, por ordem de quantidade: marcado pela expansão da pecuária nos Vales do Pajeú e São
banana, manga, caju, mamão, pinha, goiaba, jaca, coco, laranja, Francisco promovida pela Casa da Torre, comandada pelos
limão. Há uma boa produção de mel também. Garcia D’Ávila. Neste período, descendentes de fundadores da
A agricultura, base da economia Atikum, faz com que as Casa da Torre concederam a familiares dotes de terras por
roças de mandioca, fava, milho, feijão, arroz, mamona e todo o riacho do Pajeú, estabelecendo-se as primeiras
algodão sejam também uma constante na paisagem da Serra fazendas sob o controle de famílias de coronéis.
do Umã. Acrescenta-se a isso o plantio de maconha (Cannabis Em decorrência, durante todo o século XVIII é comum
sativa) que, apesar de não fazer parte de uma agricultura encontrar referências sobre os índios dessa região como
Atikum, soma-se ao panorama geral, uma vez que a serra, bem “revoltados”, “dispersos”, “ladrões de gado”, “bárbaros”. As
como os municípios de Carnaubeira da Penha e Floresta se perseguições e guerras contra os índios se estenderam até o
inserem no chamado "polígono da maconha", que engloba século XIX. Neste período também se legaliza o domínio
vários municípios do sertão pernambucano. territorial das famílias tradicionais através do Registro de
No mais, vale mencionar que prevalecem as habitações de Terras – Lei Imperial de 1850, para garantir a propriedade
taipa e alvenaria, ocorrendo também as de palha. imobiliária; as do atual município de Floresta foram
registradas, pela primeira vez, em 1858
Fulni-ô
O domínio dos Fulni-ô sobre as terras de Águas Belas é Pankararu
bastante antigo, e desenvolve-se profundamente imbricado Os Pankararu fazem parte do grupo mais amplo de “índios
com o antigo aldeamento que originaria o núcleo urbano de do sertão” ou Tapuia, caracterizado historicamente por
Águas Belas. Desde o século XVIII têm--se notícias de índios oposição aos Tupis da costa e ao Jê dos cerrados à oeste. Muito
História 2
pouco estudados etnográfica e linguisticamente, pode-se colonizadores. Muitas aldeias foram extintas e as terras logo
apenas inferir sobre seus movimentos pré-coloniais, quando registradas em nome de fazendeiros.
aparentemente foram expulsos do litoral pela expansão no Desde muito tempo conflitos entre os Xukuru e os
sentido Norte/Sul dos Tupis e, encontrando resistência para o fazendeiros e políticos locais são constantes, mas sua
avanço à Oeste, pela presença do Jê, se estabeleceram no sub- intensificação se deu especialmente com o início do processo
médio São Francisco. demarcatório de suas terras em 1989.
Os primeiros contatos sistemáticos do grupo foram Ocorrida entre os anos de 1650 e 1720, a Guerra dos
estabelecidos com missionários que no início do século XVII Bárbaros envolveu os colonizadores e os povos nativos
avançavam de Santo Antônio da Glória/BA, sertão adentro, em chamados Tapuia e teve como palco uma área que
busca de mais almas para a conversão. correspondia em termos atuais a um território que inclui os
Um pequeno brejo, formado pela vaga aberta em meio aos sertões nordestinos, desde a Bahia até o Maranhão. A
últimos contrafortes da Serra de Tacaratu (mais conhecida denominação Tapuia foi dada pelos cronistas da época, e
pela população local como Serra Grande), ganha a forma de um perpetuada pela historiografia oficial, aos grupos indígenas
anfiteatro, com sua cabeceira à leste abrindo-se no sentido com diversidade linguística e cultural que habitavam o
oeste em direção às margens do São Francisco. Este pequeno interior, em distinção aos Tupi, que falavam a língua geral e se
"oásis verdejante", que serviu para a localização do fixaram no litoral. Estudos atuais demonstram que esses povos
aldeamento de Brejo dos Padres, é um ponto avançado do pertenceram aos seguintes grupos culturais: os Jê, os Tarairiu,
agreste em plena área sertaneja, contrastante com a paisagem os Cariri e os grupos isolados e sem classificação. Entre eles
em torno, marcada por uma pecuária ultra extensiva e podem ser citados os Sucurú, os Bultrim, os Ariu, os Pega, os
articulada, até meados do século XX, a uma agricultura de Panati, os Corema, os Paiacu, os Janduí, os Tremembé, os Icó,
subsistência em geral pouco expressiva. os Carateú, os Carati, os Pajok, os Aponorijon, os Gurgueia, que
As mudanças de infraestrutura decorrentes da instalação lutaram ora contra ora a favor dos colonizadores de acordo
das UHE de Paulo Afonso e Itaparica na década de 1980 e com as estratégias que visavam à sua sobrevivência.
mesmo antes, quando das frustradas tentativas de irrigação Um dos exemplos deu-se com a "Confederação dos Cariris",
das margens do São Francisco pelo DNOCS na década de 1930, que durou de 1683 - 1713, na qual nativos do Rio Grande do
atenuam o contraste entre o Brejo e seus arredores, onde se Norte e principalmente do Ceará, e alguns de Pernambuco,
sucedem cidades e áreas de irrigação. Piauí e Parnaíba se uniram em uma confederação para
Na seção central da Terra Indígena encontramos uma terra enfrentar o conquistador branco.
bastante úmida e escura, alimentada por quatro fontes d'água Os cariris ocupavam a vastíssima região compreendida
que nascem na cabeceira dos contrafortes e que, antes das entre a margem esquerda do Rio São Francisco e as quebradas
obras de canalização realizadas ao longo da década de 1990, das serras do Araripe e da Ibiapaba. Habitavam o sertão mas,
formavam um pequeno rio que escorria até a estreita saída ao longo dos rios e de suas cabeceiras, estendiam-se até as
desse anfiteatro, procurando desembocar, quando a seca proximidades da costa ou para lá se dirigiam de outubro a
permitia, no São Francisco. Uma região rica em fruteiras, em novembro, para a colheita do caju, que usavam como alimento
especial as mangueiras, goiabeiras e pinhas, que podem e na fabricação do vinho denominado mocororó.
complementar a renda familiar de seus moradores em épocas Em face da gravidade da situação, dos pedidos de socorro
menos secas. Como a qualidade do solo permite plantar de que lhe chegavam das zonas conflagradas, não dispondo de
tudo, desde o milho e os diferentes tipos de feijão até a cana, forças suficientes para reprimir a revolta, frei Manuel da
introduzida ali em inícios do século XIX, e que por muito tempo Ressurreição, então no governo-geral do Brasil, decidiu
alimentou pequenos engenhos de índios, não-índios e do SPI requisitar bandeirantes de São Paulo e de São Vicente, para
na fabricação de "mel", garapa e rapadura. acabar com a anarquia.
A presença dos paulistas não evitou que a guerra entre os
Truká brancos e os silvícolas confederados se dilatasse anos seguidos
Os Truká vivem na Ilha da Assunção no médio rio São das fronteiras do Rio Grande do Norte ao interior do Ceará. Os
Francisco no município de Cabrobó estão estimados em 3.463 Baiacus foram os mais terríveis e constantes inimigos dos
e tem seu território com uma superfície de 5.769ha. A aldeia colonizadores na zona do baixo Jaguaribe.
da Assunção foi fundada provavelmente em 1722, e ficava No ano de 1713 a Confederação mostrou-se ainda viva na
situada em uma grande ilha com esse mesmo nome revolta geral desencadeada pelos Baiacus, Anacés,
A Terra Indígena Truká está inserida em região conhecida Jaguaribaras, Acriús, Canindés e Jenipapos, que forçaram os
como “Polígono da Maconha” e os índios vêm denunciando o Tremembés a segui-los.
uso indevido de suas terras para esse plantio. A vila do Aquiraz, então sede da Capitania, foi
Suas principais atividades produtivas estão voltadas para inopinadamente atacada. Na sua defesa morreram 200
a agricultura e a pesca. Assim elencam os produtos que pessoas. O resto da população fugiu, defendendo-se como pode
cultivam, destacando a importância do milho em sua tradição: pelo caminho, que se semeou de mortos, indo acolher-se à
“Nós plantamos cebola, arroz, manga, macaxeira, mandioca, proteção dos canhões da fortaleza de Nossa Senhora da
goiaba, coco, coentro, alface, tomate, melancia, pimentão, Assunção na foz do Pajeú.
pimentinha, cachi, cenoura, beterraba e milho. Quando nós Entrou então em ação o famoso regimento de ordenanças
dizemos: ‘só milho!’ é uma expressão de que está tudo bem”. do coronel João de Barros Braga. Essa cavalaria, vestida de
Os Truká também coletam e eventualmente caçam. couro como os vaqueiros e composta de homens conhecedores
do terreno em que pisavam, bem como do modo de guerrear
Xukuru dos indígenas, exterminou-se em violentíssima guerra de
Os Xukuru habitam um conjunto de montanhas, conhecido morte, que subiu pelo vale do Jaguaribe ao do Cariri e aos
como Serra do Ororubá, no estado de Pernambuco. Os confins piauienses.
registros sobre esses índios datam do século XVI e desde então Assim, acabou melancolicamente a terrível Confederação
indicavam que a sua ocupação nessa região já sofria dos Cariris que durante 30 anos trouxe em sobressalto as
transformações devido aos violentos processos de gentes que iam povoando e civilizando as terras do Rio Grande
expropriação de suas terras. Documentos relativos ao período do Norte e do Ceará.
colonial atestam essa invasão por parte dos portugueses e
registram que a antiga Vila de Cimbres, hoje uma aldeia
xukuru, foi palco de conflitos entre os Xukuru e os
História 3
os colonizadores também entraram em conflito entre si pelas
A Capitânia de terras e mão de obra escrava nativa, atraindo os mais variados
Pernambuco: a “Guerra dos setores da sociedade colonial em formação, tais como: os
sesmeiros, os moradores, os religiosos, os bandeirantes, os
Bárbaros”; a lavoura foreiros, os vaqueiros, os rendeiros, os capitães-mores, os
açucareira e mão de obra mestres de campo.
escrava; a Guerra dos Embora tenha tido uma longa duração, cerca de setenta
anos, e tenha sido contemporânea à existência do quilombo
Mascates; as instituições dos Palmares, a Guerra dos Bárbaros pouco aparece na
eclesiásticas e a sociedade historiografia, sendo praticamente desconhecida. A omissão
colonial; Insurreição dessa guerra nos livros didáticos e os raros livros de
estudiosos especialistas sobre o episódio revelam o desprezo
Pernambucana. dado ao tema da resistência indígena e do violento processo de
conquista lusitano no sertão nordestino.
Guerra dos Bárbaros – O terrível genocídio que a Genericamente denominado de Guerra aos Bárbaros, esse
História oficial não conseguiu esconder1 conflito armado de caráter genocida também foi chamado de
Em 4 de agosto de 1699, o bandeirante paulista, Guerra do Recôncavo (em menção ao recôncavo baiano, onde
comandante de Terço (companhia militar criada para aconteceram as primeiras lutas armadas), Guerra do Açu (em
combater os indígenas) e mestre de campo Manuel Álvares de referência à região do Açu, no Rio Grande do Norte, onde
Moraes Navarro foi responsável pelo assassinato de 400 índios ocorreram os principais conflitos) e Confederação dos Cariris
Paiacu e a prisão de 250, incluindo crianças e mulheres, (por terem sido esses grupos indígenas um dos mais
habitantes da ribeira do Jaguaribe. combatentes).
Sob o pretexto de combater povos indígenas, inimigos dos A designação “bárbaros” era dada pelos colonizadores e
colonizadores, entre eles os Carateú, os Icó e os Carati, bem cronistas da época aos povos nativos que habitavam à região e
como procurar aliados, chegou ao rancho dos Paiacu ofereciam resistência à ocupação do território pelos
acompanhado de 130 homens armados e mais de 200 índios portugueses. Essa terminologia etnocêntrica convinha ao
de Terço. Transmitiu aos Paiacu, índios de paz e quase todos discurso colonizador que propagava a catequese e a
batizados, uma comunicação amistosa, convidando-os a “civilização” dos povos indígenas nos moldes culturais do
participar de um combate, com os Janduí, já previamente europeu ocidental. Eram descritos como povos selvagens,
aliados ao regimento. De forma dissimulada, instigou bestiais, infiéis, traiçoeiros, audaciosos, intrépidos, canibais,
discórdias entre as tribos Paiacu e Janduí, inimigas poligâmicos, enfim, “índios-problema”, pois não se deixavam
tradicionais, entregando armas e munições a estas últimas evangelizar e civilizar. Eram, portanto, considerados os
para atacar as primeiras. Seu intuito era poder escravizar principais obstáculos à efetiva colonização.
indígenas e tomar suas terras, com a desculpa de que estariam Essa imagem reforçou os argumentos do conquistador de
em guerra. impetrar uma “guerra justa” para extirpar os “maus” costumes
Sem nada saber, como se acolhe um aliado, os Paiacu nativos, satisfazendo tanto as necessidades de utilização de
receberam-no e sua comitiva com festa. Quando começaram as mão de obra pelos colonos quanto à garantia aos missionários
danças e folgares, como se isso significasse um código, do sucesso na imposição da catequese. O resultado foi a criação
soldados da tropa e índios Janduí iniciaram a matança cujo de dispositivos legais que legitimavam uma guerra de
desforço foi o cruento massacre dos indígenas. extermínio. É isso que nos confirma o documento datado
Meses depois do ocorrido, em carta ao governador geral, de 1713, quando os povos nativos já estavam drasticamente
Navarro relatou os “bons serviços” que tinha feito. Segundo reduzidos ou aprisionados e aldeados, no qual o governador
ele, executara apenas mais uma “guerra justa” contra os índios de Pernambuco insiste ser “necessário continuar a guerra até
que estavam rebelados há décadas. Como Navarro, outros extinguirem estes bárbaros de todo ou do menor ficarão
bandeirantes agiram de forma brutal contra os indígenas na reduzidos a tão pouco número que ainda que se queiram
região. Esse é um entre tantos episódios dramáticos da história debelar o não possam fazer”.
colonial brasileira que compõe parte da importante, mas não Embora o resultado dessa guerra tenha sido catastrófica
conhecida, Guerra dos Bárbaros. para os povos nativos da região, é importante destacar a sua
Ocorrida entre os anos de 1650 e 1720, a Guerra dos tenaz resistência, que retardou o processo de conquista da
Bárbaros envolveu os colonizadores e os povos nativos terra pelos colonos nos sertões nordestinos por quase dois
chamados Tapuia e teve como palco uma área que séculos. Os Tapuia desenvolveram uma forma de luta singular
correspondia em termos atuais a um território que inclui os na história da resistência indígena no Brasil. Apesar de um
sertões nordestinos, desde a Bahia até o Maranhão. A passado caracterizado por conflitos internos entre as diversas
denominação Tapuia foi dada pelos cronistas da época, e tribos, esses povos conseguiram, através de uma série de
perpetuada pela historiografia oficial, aos grupos indígenas alianças, alcançar um certo grau de coesão na sua luta contra o
com diversidade linguística e cultural que habitavam o colonizador que desejava remover os habitantes indígenas da
interior, em distinção aos Tupi, que falavam a língua geral e se região para povoá-la de gado (foi o pastoreio que permitiu a
fixaram no litoral. Estudos atuais demonstram que esses povos ocupação econômica, pelos colonizadores, em todo o interior
pertenceram aos seguintes grupos culturais: os Jê, os Tarairiu, do Nordeste).
os Cariri e os grupos isolados e sem classificação. Entre eles A partir do século XVII, a pecuária foi paulatinamente
podem ser citados os Sucurú, os Bultrim, os Ariu, os Pega, os sendo levada para o interior da região, espalhando-se pelo
Panati, os Corema, os Paiacu, os Janduí, os Tremembé, os Icó, agreste e alcançando o sertão. A criação de gado permitiu a
os Carateú, os Carati, os Pajok, os Aponorijon, os Gurgueia, que ascensão econômica e social de alguns habitantes do local, e a
lutaram ora contra ora a favor dos colonizadores de acordo Guerra dos Bárbaros tornou-se um meio para alcançar esse
com as estratégias que visavam à sua sobrevivência. fim, pois, por seu intermédio, conquistava-se o direito a
Se por um lado a guerra envolveu diversos povos sesmarias, condição essencial para a montagem de uma
indígenas, muitos deles inimigos tradicionais, por outro lado fazenda de gado. A resistência indígena foi a maior barreira à
1 PIRES, MARIA IDALINA. Guerra dos Bárbaros – O Terrível genocídio que a http://www.editoracontexto.com.br/blog/guerra-dos-barbaros-o-terrivel-
História oficial não conseguiu esconder. Editora Contexto.< genocidio-que-a-historia-oficial-nao-conseguiu-esconder/>
História 4
expansão da pecuária, pois ela só se desenvolveu, ampliando o Ao todo, estima-se que desembarcaram 853.833 africanos
seu mercado, após o final do conflito, quando as terras estavam em Pernambuco durante o período de vigência do tráfico e 260
“limpas” dos indígenas. mil, ou 30%, entre 1801 e 1850, perfazendo uma média de 5
Essas sangrentas lutas da chamada Guerra dos Bárbaros, mil desembarcados por ano. Comparativamente, nos séculos
que dizimaram e desestruturaram muitas tribos indígenas, XVII e XVIII a média era de 2.500 e 3.300 por ano,
têm um rico significado histórico no quadro da ocupação dos respectivamente.
sertões nordestinos na época colonial, representando um dos Dados recentes apontam que o comércio de escravos em
mais terríveis genocídios que a História oficial não conseguiu Pernambuco era amplamente praticado pelos residentes da
esconder. região, visto que boa parte dos navios que aportavam em
Recife haviam partido do mesmo porto.
A cana-de-açúcar Os escravos capturados na África eram provenientes de
Houveram muitos motivos para a escolha da cana como várias situações:
produto da colônia, entre eles a ocorrência do solo de massapê,
que é propício para o cultivo da cana-de-açúcar. Além disso, - poderiam ser prisioneiros de guerra;
era um produto muito bem cotado no comércio europeu. As - punição para indivíduos condenados por roubo,
primeiras mudas de cana-de-açúcar chegaram no início da assassinato, feitiçaria ou adultério;
ocupação efetiva do território brasileiro, trazidas por Martim - indivíduos penhorados como garantia de pagamento de
Afonso de Souza em 1533 e plantadas no primeiro engenho, dívidas;
construído em São Vicente. - raptos em pequenas vilas ou mesmo troca de um membro
Os principais centros de produção açucareira do Brasil da comunidade por alimentos;
localizavam-se nos atuais estados de Pernambuco, Bahia e São A maior parte dos escravos vindos da África Centro-
Paulo. A ocupação do Brasil no Século XVI esteve Ocidental era fornecida por chefes políticos ou mercadores.
profundamente ligada à indústria açucareira. A economia de A proveniência dos escravos percorria toda a costa oeste
plantation possui relação intensa com os interesses dos da África, passando por Cabo Verde, Congo, Quíloa e Zimbábue.
proprietários de terras que lucravam enormemente com as Dividiam-se em três grupos: sudaneses, guinenos-
culturas de exportação. sudaneses muçulmanos e bantus. Cada um desses grupos
O latifúndio, isto é, a grande propriedade rural, formou-se representava determinada região do continente e tinha um
nesse período, tendo consequências até os dias de hoje. A destino característico no desenrolar do comércio.
produção da cana-de-açúcar também contribuiu para a Os sudaneses dividiam-se em três subgrupos: iorubas,
vinculação dependente do país em relação ao exterior, a gegês e fanti-ashantis. Esse grupo tinha origem do que hoje é
monocultura de exportação e a escravidão e suas representado pela Nigéria, Daomei e Costa do Ouro e seu
consequências. A colônia portuguesa de exploração prosperou destino geralmente era a Bahia.
graças ao sucesso comercial da produção da cana-de-açúcar. Já os bantus, grupo mais numeroso, dividiam-se em dois
O senhor de engenho, que era proprietário do complexo de subgrupos: angola-congoleses e moçambiques. A origem desse
produção de açúcar, ou engenho desfrutava de admirável grupo estava ligada ao que hoje representa Angola, Zaire e
status social. Os engenhos eram compostos de amplas Moçambique (correspondestes ao centro-sul do continente
propriedades de terras ganhas através da cessão de sesmarias. africano) e rinha como destino Maranhão, Pará, Pernambuco,
O senhor de engenho e sua família moravam na casa-grande – Alagoas, Rio de Janeiro e São Paulo.
local onde ele desempenhava sua autoridade junto aos seus, Os guineanos-sudaneses muçulmanos dividiam-se em
cumprindo seu papel de patriarca. quatro subgrupos: fula, mandinga, haussas e tapas. Esse grupo
Em 1630 os holandeses invadiram o nordeste da colônia, tinha a mesma origem e destino dos sudaneses, a diferença
na região de Pernambuco, que era a maior produtora na época. estava no fato de serem convertidos ao islamismo.
Durante sua permanência no Brasil, os holandeses adquiriram
o conhecimento de todos os aspectos técnicos e Cotidiano e formas de resistência escrava em
organizacionais da indústria açucareira. Esses conhecimentos Pernambuco
criaram as bases para a implantação e desenvolvimento de A violência legal e sistematicamente utilizada pelo branco
uma indústria concorrente, de produção de açúcar em grande como meio de submeter o escravo, gerava o medo, mas
escala, na região do Caribe. A concorrência imposta pelos também a revolta e formas de resistência por parte dos
holandeses, que haviam sido expulsos pelos portugueses, fez escravos submetidos a tais castigos cruéis. A reação do escravo
com o Brasil perdesse o monopólio que exercia mercado assumiu várias formas.
mundial do açúcar, levando a produção a entrar em declínio. O aborto foi frequentemente provocado pelas escravas
para não verem seus filhos na mesma situação degradante
O tráfico transatlântico de escravos para terras delas e também como meio de prejudicar o senhor, sempre
pernambucanas interessado no aumento do número de crias.
Ao todo, embarcaram em navios negreiros mais de 12,5 A reação pelo suicídio era uma forma do escravo em se
milhões de africanos, 5 milhões destes com destino ao Brasil. libertar das condições subumanas em que vivia. O suicídio
Este tráfico movimentava, entre outras atividades, a indústria estava geralmente ligado a um momento de medo ou impasse
naval e o sistema financeiro e creditício europeus em que o escravo se via indefeso diante da repressão do
É evidente a importância do Recife como centro de tráfico branco, sendo comum escravos se matarem após terem
de escravos, sendo o Recife o quinto maior centro organizado agredido ou matado um branco.
de tráfico transatlântico de escravos do mundo. A rebeldia consistia a resposta do negro à violência do
A mão de obra negra era empregada no cultivo da cana, sistema escravista. Rebeldia está também respondida com
mais comum na Zona da Mata, extensa área próxima da costa violência pelos escravos. Eram comuns os casos em que
com clima quente e úmido, na criação de animais no Sertão, feitores, senhores e seus familiares são estrangulados,
região mais a oeste em Pernambuco e de clima semiárido que asfixiados, esfaqueados ou simplesmente mortos a pancada
abastecia com essa criação a área açucareira. Também era pelos escravos.
utilizada no Agreste, região intermediária entre Zona da Mata O ódio do escravo era pelo senhor e pelo feitor, mas
e Sertão. No Agreste, foi desenvolvida a pecuária e diversas também por suas famílias, pois era um modo indireto de
culturas alimentares; o algodão também se fez presente nessa atingi-los. A freqüência de ataques e homicídios cometidos por
região a partir da segunda metade do século XVIII.
História 5
escravos levou muitas vezes o governo brasileiro a promulgar que se tem registro é o João Batista, um dos maiores líderes da
leis duras, inclusive a pena de morte. história do quilombo, assassinado em emboscada cruel na
A forma de resistência escrava mais temida pelos senhores cidade de Igarassú, chamada ainda na época de Maricota,
era a fuga seguida da formação de aldeamentos coletivos, os ficando sua morte como marco crucial para a destruição total
quilombos. A fuga era para o escravo a solução mais simples do Catucá em 18 setembro 1835.
contra a violência da dominação branca. O trabalho Os relatos da existência dos quilombos do Catucá estão
compulsório e excessivo, as precárias condições de ainda hoje no Arquivo público estadual de Pernambuco, em
subsistência, a degradação e o controle constante a que manuscritos, jornais da época, documentos de terras, mapas e
estavam submetidos predispunham os escravos a evasão, relatórios da polícia provinciana e documentos de todo o
facilitada pela grande extensão de terras sem ocupação efetiva século XIX.
no país. O espaço do Catucá ainda é de Malunguinho, por existirem
Em relação aos quilombos, Palmares foi a maior rebelião muitos cultos de Jurema nas localidades do quilombo, ele é
contra a escravidão na América portuguesa. Tal quilombo conhecido até hoje como o Rei das Matas. É uma importante
promoveu assaltos a engenhos e povoações, incitou fugas em divindade neste culto, pois sua presença marca a abertura dos
massa e resistiu por um século à repressão das autoridades caminhos e a defesa da casa. Malunguinho ora estava em
coloniais. O mocambo provocou tamanha inquietação na elite Olinda, ora era visto em Goiana, sendo estes aspectos difíceis
que a própria monarquia portuguesa tentou, por diversas de se entender, e justificados pela relação do Catucá com os
vezes, negociar com os rebeldes, propondo-lhes a alforria. Mas segredos da fé negra e indígena. Assumindo o papel do
foi apenas lançando mão de um exército de 6 mil homens que mensageiro entre os mundos e o guardião, que continua até
o quilombo foi aniquilado, nos últimos anos do século XVII. hoje na luta por liberdade, pois esta condição mesmo após
Após ser destruído, Palmares continuou a existir, como o morte é um eterno vir a ser, agregando novos Malungos para
símbolo de uma ameaça, para a elite da capitania de sua eterna guerra por direitos iguais para todos.
Pernambuco. O medo que os colonizadores sentiam ao pensar
na possibilidade de que outro Palmares pudesse existir levou Crise da Lavoura canavieira
senhores e autoridades de toda a colônia a buscar formas de Na segunda metade do século XIX, a Zona da Mata de
reprimir os cativos em caso de fuga. Em função disso, os Pernambuco passou por significativas mudanças nas relações
capitães-do-mato, homens livres cuja profissão era capturar sociais de produção fruto dos investimentos do capital
escravos fugidos, foram se tornando cada vez mais comuns. industrial e financeiro em seu território. Dois aspectos foram
Ademais, diversas milícias foram criadas, de forma temporária relevantes neste processo: a implantação das ferrovias na
ou permanente, com o objetivo de destruir mocambos. região agrícola canaviera e o surgimento dos engenhos
centrais e das usinas de açúcar que, pouco a pouco,
Quilombo de Catucá e Malinguinho2 substituindo os tradicionais engenhos banguês, tornaram-se
A liberdade e a terra eram o sonho dos Malunguinhos. No os principais espaços de produção da agroindústria
século XIX, parte das terras localizadas em Olinda eram açucareira.
improdutivas, fator que desencadeou a luta pelo Os engenhos tipo “bangüê” eram movidos a tração
desenvolvimento agrário. Unidos pelos mesmos ideais, grupos humana, animal (engenho trapiche) ou rodas-d´água (engenho
de resistência como os canoeiros que transportavam água real) e produziam açúcar mascavo (demerara), que depois era
limpa para o centro da província se uniram a negros, índios e submetido a um processo de alvejamento utilizando argila,
inúmeros refugiados. O quilombo sempre foi um local de destinado à exportação. Os engenhos que produziam rapadura
agregação e tolerância, recebendo pessoas das mais diversas para ser vendida no mercado interno eram denominados de
crenças e etnias. Pernambuco no século XIX viveu vários engenhocas.
movimentos políticos. Da Revolução de Goiana, a Junta de Era comum o ditado que para se ter um bom engenho,
Beberibe (1821), a Rebelião dos Romas (1829) e outros eram necessárias, em ordem de importância: boas terras, para
movimentos de libertação. Um dos movimentos de maior plantio; água para acionar moendas; matas próximas, para
representatividade foi o dos negros do Quilombo de suprimento de lenha; 50 peças de bons escravos, para limpeza
Malunguinho, quilombo "urbano ou semiurbano", localizado de área e plantio da cana-de-açúcar e 50 juntas de bois, para
nas terras conhecidas atualmente, como Engenho Utinga no transporte da cana-de-açúcar.
município de Abreu e Lima, liderava outros quilombos da Mata Registros indicam que de 1842 a 1852 foram instalados
Norte, tornando-se o principal centro estratégico de 137 engenhos em Pernambuco, tendo como novidades as
resistência. tecnologias em cozimento e as centrífugas, desenvolvidas por
Entre os anos de 1814 a 1837, implementaram várias Alfredo e Eduardo Mornay. Em 1852 foram substituídas as
ações contra o poder local constituído, naquele momento caixas de madeira pelos sacos de pano para o transporte do
fragilizado pelos conflitos internos pelo poder e soberania. Os açúcar.
Malunguinhos desenvolveram técnicas de guerrilha, Em Pernambuco, por volta de 1870 - 1890 apareceram as
conhecidas até hoje, como os estrepes, espécie de lança, feita usinas, em substituição aos engenhos e meio aparelhos,
em madeira bem afiada, que enterradas em buracos buscando fazer frente ao mercado europeu, que explorava a
escondidos na mata, continham os invasores dos quilombos, cultura da beterraba e da cana-de-açúcar das Antilhas e Cuba,
desenvolviam e organizavam ações de colaboração mutua com então colônia espanhola. Observa-se que de 1874 a 1884
outros quilombos. foram implantadas seis usinas, sendo a primeira delas a de São
Enfrentado inúmeras adversidades, superioridade bélica e Francisco da Várzea, em 1875.
política dos colonizadores e do poder local, que protagonizam A partir de então os engenhos deram lugar às usinas, que
sangrentas batalhas contra os refugiados, estes homens e utilizavam o poder econômico para barganharem preços de
mulheres lutaram com dignidade para desenvolver a vida fornecimento, chegando muitas a adquirirem e fecharem as
social e econômica negra da época. fábricas dos engenhos, ficando com a posse das terras para o
Malunguinho Histórico - Malunguinho é o título dado aos cultivo da cana-de-açúcar.
líderes quilombolas pernambucanos que no século XIX fizeram O desenvolvimento da cultura da cana e da produção de
ferver a capital na luta por seus direitos. O último Malunguinho açúcar transposto do Brasil para as Antilhas após a expulsão
História 6
dos holandeses do Nordeste, provocou uma melhoria nas nobres e desprezavam as pessoas que viviam do comércio. Por
técnicas de produção e na qualidade do produto. O fato causou isso, apelidaram os recifenses de mascates.
um impacto sobre a região que continuou, até o início do Em 1710, o rei de Portugal elevou o Recife à categoria de
século XIX, a cultivar a cana crioula, a usar a mão-de-obra vila. Em novembro do mesmo ano, os olindenses invadiram a
manual - o arado só foi introduzido em meados do século XIX - antiga freguesia, destruíram o pelourinho recém-construído e
e a produzir o açúcar bruto, de baixa qualidade. nomearam um novo governador.
Lançaram, então, um manifesto no qual faziam uma série
Insurreição em Pernambuco de exigências, como a anulação do ato que criava a vila do
Com a Restauração em Portugal, a Holanda logo se voltou Recife, a não-fixação de novos tributos e a extinção das dívidas
contra a mesma, ocupando Angola, colônia portuguesa na dos senhores de engenho junto aos comerciantes.
África, em 1641. Um dos líderes da revolta, Bernardo Vieira de Melo, chegou
Três anos depois, acabou tomando outras medidas que a sugerir que Pernambuco se separasse de Portugal e adotasse
causaram insatisfação geral entre os pernambucanos: o a república como regime de governo.
afastamento de Maurício de Nassau do governo da colônia A proposta era muito avançada para a época: pela primeira
holandesa e a cobrança de dívidas atrasadas que haviam sido vez alguém formulava a ideia de emancipar parte da colônia
contraídas por senhores de engenho na Companhia das Índias dos laços que a prendiam a Portugal.
Ocidentais. Tudo isso levou à revolta da população de A reação dos mascates veio em junho de 1711. Seguiu-se
Pernambuco que, sob a liderança de João Fernandes Vieira, um período de intensos combates, com vitórias de ambos os
comerciante e senhor de engenho, se lançou à luta armada lados.
contra o domínio holandês. As hostilidades só tiveram fim com a nomeação, pelo rei de
A luta, conhecida como Insurreição Pernambucana, teve Portugal, de um novo governador.
início em 1645 e se estendeu por nove anos. Bernardo Vieira de Melo e outros líderes de Olinda foram
Quase toda a população luso-brasileira da região foi presos e tiveram seus bens confiscados.
mobilizada: grupos de índios comandados por Filipe Camarão, Confirmado na condição de vila, o Recife acabaria
batalhões de escravos sob a liderança de Henrique Dias e conquistando a supremacia sobre sua irmã e rival.
colonos de origem europeia, chefiados por Vidal de Negreiros
e outros líderes. A sociedade no Brasil colonial
Pela primeira vez na história da colônia, índios, escravos e
colonos, unidos por um forte sentimento nativista – de apego
à terra natal -, formaram um só grupo de resistência para
defender um objetivo comum: expulsar o invasor holandês.
As armas luso-brasileiras venceram vários confrontos,
sendo os mais importantes as batalhas de Guararapes de 1648
e de 1649.
Somente em 1651 Portugal tomou a decisão de enviar
ajuda aos combatentes luso-brasileiros em Pernambuco.
Enquanto isso, a Holanda se envolvia em um conflito com a
Inglaterra pela hegemonia do comércio marítimo
internacional, o que dificultou seu apoio às autoridades
holandesas em terras americanas.
Com a conjuntura internacional a seu favor, os
combatentes luso-brasileiros sitiaram Recife.
Em janeiro de 1654, os holandeses assinaram sua rendição
e se retiraram de Pernambuco. Fonte: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/
Sete anos depois, a título de compensação, Portugal
entregou à Holanda o Ceilão e as ilhas Molucas, além de pagar A imagem acima é uma representação da organização
uma indenização de 4 milhões de cruzados. social no Brasil colonial:
No topo da pirâmide estavam os senhores de engenho,
A Guerra dos Mascates além de grandes proprietários de terras e escravos,
Entre 1710 e 1711, nova crise eclodiu entre os colonos, dominavam a economia e a política, exercendo poder sobre
dessa vez em Pernambuco (após Revolta no Maranhão). sua família e sobre outras pessoas que viviam em seus
A causa imediata do conflito, que ficou conhecido como domínios sob sua proteção – os agregados -. Era a chamada
Guerra dos Mascates, foi o descontentamento dos senhores de família patriarcal.
engenho residentes em Olinda com a elevação do Recife à Na camada intermediária estavam os homens livres, como
condição de vila. religiosos, feitores, capatazes, militares, comerciantes,
O Recife era uma freguesia (espécie de bairro) artesãos e funcionários públicos. Alguns possuíam terras e
subordinada a Olinda. Desde a ocupação holandesa, conhecia escravos, porém não exerciam grande influência
rápido desenvolvimento, graças sobretudo ao movimento de individualmente, principalmente em relação à economia.
seu porto. Na base estava a maior parte da população, que era
Em Olinda, principal vila da capitania pernambucana, composta de africanos e índios escravizados (sendo os índios
residiam muitos senhores de engenho na região. No Recife, em a primeira tentativa de escravidão). Os escravos não eram
contrapartida, moravam os comerciantes, geralmente vistos como pessoas com direito a igualdade. Eram
portugueses. considerados propriedade dos senhores e faziam
A relação entre comerciantes e senhores de engenho era praticamente todo o trabalho na colônia. Os escravos nas
conflituosa. Embora fossem homens ricos, os donos de zonas rurais não tinham nenhum direito na sociedade e
engenho precisavam, com certa frequência, contrair começavam a trabalhar desde crianças.
empréstimos junto aos comerciantes do Recife, pois estes A sociedade colonial brasileira foi um reflexo da própria
movimentavam grandes somas de dinheiro em suas estrutura econômica, acompanhando suas tendências e
atividades. Os donos de terras, em geral, consideravam-se mudanças. Suas características básicas, entretanto, definiram-
se logo no início da colonização segundo padrões e valores do
História 7
colonizador português. Assim, a sociedade do Nordeste Dentro desses engenhos exerciam trabalhos como:
açucareiro do século XVI, essencialmente ruralizada, mestres de açúcar, feitores, banqueiro, caixeiro, purgador,
patriarcal, elitista, escravista e marcada pela imobilidade caldeireiro e médico (que também era dentista e
social, é a matriz sobre a qual se assentarão as modificações farmacêutico), funções que tinham um pagamento e que
dos séculos seguintes. variava ao longo da colheita, do serviço e até mesmo do
No século XVIII, a sociedade brasileira conheceu engenho em que se prestava o serviço, o feitor-mor é quem
transformações expressivas. O crescimento populacional, a recebia a soldada mais alta. Com a utilização da mão de obra
intensificação da vida urbana e o desenvolvimento de outras escrava muitos trabalhos deixaram de existir, como os
atividades econômicas para atender a essa nova realidade, barqueiros, vaqueiros e levadeiros, com a substituição dos
resultaram indubitavelmente da mineração. Embora ainda trabalhadores livres por escravos especializados. Os
conservasse o seu caráter elitista, a sociedade do século XVIII trabalhadores livres começaram a priorizar o trabalho
era mais aberta, mais heterogênea e marcada por uma relativa artesanal como carpinteiro, ferreiro, sapateiro, ourives e
mobilidade social, portanto mais avançada em relação à alfaiates.
sociedade rural e escravista dos séculos XVI e XVII. Os trabalhadores livres não possuíram uma estrutura
Os folguedos e festas populares das camadas mais pobres social configurada. Por conta da instabilidade, pelo trabalho
conviviam com os saraus e outros eventos sociais da camada esporádico, incerto e aleatório, o vadio não possuía um
dominante. Com relação a esta, o hábito de se locomover trabalho fixo. Porém, a qualquer hora poderia ser utilizado em
em cadeirinhas ou redes transportadas por escravos, alguma coisa, considerados como uma espécie de exército de
evidencia o aparecimento do escravo urbano, com destaque reserva da escravidão, uma mão-de-obra alternativa.
para os chamados negros de ganho3.
A resistência à escravidão
Escravos e homens livres na Colônia Onde quer que tenha existido escravidão, houve
No Brasil colonial a mão de obra escrava foi utilizada resistência escrava. No Brasil os escravizados criaram diversas
amplamente. A escravidão está presente na formação do país, maneiras de resistência ao sistema escravista durante os
desde os índios aos negros que chegavam em navios, a quase quatro séculos em que a escravidão existiu entre nós. A
utilização do trabalho escravo se deu pela intenção de resistência poderia assumir diversos aspectos: fazendo “corpo
maximizar lucros através da super exploração do trabalho e do mole” na realização das tarefas, sabotagens, roubos,
trabalhador. Apesar da ampla utilização do trabalho escravo, sarcasmos, suicídios, abortos, fugas e formação de quilombos.
este não foi o único. Uma parte da sociedade era livre, Qualquer tipo de afronta à propriedade senhorial por parte do
composta de trabalhadores livres, que no início eram escravizado deve ser considerada como uma forma de
portugueses condenados ao exílio na América como punição. resistência ao sistema escravista.
Ser livre na colônia significava não ser escravo, já que Perdigão Malheiro, que foi um importante jurista do século
mesmo sendo livres, os mais pobres eram marginalizados e XIX, entendia a fuga como parte essencial do sistema
tinham poucas chances de ascensão sendo privados de exigir escravista. Existe uma concordância geral entre os estudiosos
melhores situações econômicas. No grupo de trabalhadores da escravidão com a opinião de Malheiro, de que a fuga foi um
livres estavam os desgredados portugueses, escravos forros aspecto típico do escravismo. Onde quer que tenha existido
(libertos), os mestiços e os pardos. Os homens livres formavam escravidão, foram comuns as fugas, os anúncios nos jornais
um grupo bastante variado em que a posição social e o serviço buscando fugitivos e também a figura do capitão-do-mato.
eram diversos e boa parte desses homens tinham condição Após a fuga, o escravizado poderia tentar se esconder nas
semelhante à de escravos. matas, onde frequentemente formavam quilombos, ou ainda
O cultivo do açúcar e os engenhos motivaram essa variação tentar se misturar na densa população africana e
de posição dos trabalhadores livres, em que os senhores de afrodescendente que habitava os núcleos urbanos, tentando se
engenhos consideravam estar no topo da sociedade. A divisão passar por livre ou por liberto. Tendo fugido um escravizado,
da terra através das sesmarias4 beneficiava os mais abastados o seu senhor acionava toda uma rede de informantes para
que se tornavam os grandes proprietários e arrendavam uma descobrir o seu paradeiro. Anunciava a fuga nos jornais locais,
parte para colonos que não possuíam condições para ter sua oferecendo recompensas àquele que desse notícias precisas
própria terra, denominando assim os senhores de engenhos sobre o esconderijo ou localização do fugitivo e,
(produtores de açúcar) e os agricultores (produtores de cana). frequentemente, pagava um capitão-do-mato para trazer o
As relações entre senhores de engenho e agricultores, unidos escravizado de volta.
pelo interesse e pela dependência em relação ao mercado A fuga representou um modo significativo no processo de
internacional, formaram o setor açucareiro. resistência ao cativeiro e de autoafirmação da condição
A ideia de colônia construída por duas categorias humana do escravizado em oposição ao sistema escravista. Em
(senhores e escravos), priorizando as relações de produção e primeiro plano provocava um abalo do ponto de vista
forças produtivas, escondeu uma sociedade bem mais ampla, econômico, tanto de posse quanto de produção por vários
de um universo social açucareiro, em que viviam motivos: porque o escravizado deixava de trabalhar enquanto
trabalhadores do campo e semi-livres que exerciam trabalhos estava fugido, deixando, portanto, de gerar lucro para o seu
como mercadores, roceiros, artesãos, oficiais e lavradores de senhor; também por não haver garantia de que o escravizado
roças. A partir do século XVIII a colônia tinha uma população fosse ser apreendido e, caso não fosse, o senhor perdia o
de libertos e libertas que originavam pequenos proprietários capital nele investido; e, por último, porque pagar as diárias de
de terras de etnias diversas: brancos pobres, negros libertos, um Capitão-do-Mato não era barato. Em segundo plano, a fuga
mestiços, artesãos e trabalhadores livres. não era apenas um simples ato de rebeldia, significava a
O autor Stuart B. Schwartz detalha sobre os trabalhadores tentativa de usufruir de um espaço de liberdade, ainda que, na
livres assalariados dos engenhos, voltando seus estudos para maior parte das vezes fosse passageira. Sendo uma afronta
o Engenho Sergipe, trabalhadores que recebiam a soldada por direta ao poder senhorial, os escravizados fugitivos, quando
dia ou tarefa, que ao longo do tempo sofreu declinações e apreendidos, recebiam um castigo exemplar. As punições aos
diminuições dos salários. escravizados apreendidos após uma fuga eram extremamente
3Escravos que repassavam todos os ganhos de seu trabalho aos seus donos. era da Coroa e os beneficiários, deviam cumprir uma série de exigências para
4Sesmarias nada mais eram do que pedaços de terra doados a beneficiários para garantir sua posse. Diferentemente das capitanias, ela não podiam ser divididas
que estes a cultivassem. Assim como no exemplo das capitanias, a posse real ainda em novos lotes.
História 8
severas, podendo às vezes, o castigo exemplar recebido instrumento de legitimação da colonização, inculcando na
resultar em sua morte. população ideias de obediência total ao Estado português. Os
As motivações que levavam um escravizado a fugir eram jesuítas impunham um padrão educacional europeu, que
variadas e nem todas as fugas tinham por objetivo se livrar do desvalorizava completamente os aspectos culturais dos índios
domínio senhorial. Existiam as fugas reivindicatórias, como e dos negros. Quanto às mulheres, mesmo das famílias mais
aquelas que fizeram os escravos do engenho Santana de Ilhéus, abastadas, raramente recebiam instrução escolar, e esta
nas quais os escravizados buscaram mudanças no exercício da limitava-se às aulas de boas maneiras e de prendas
escravidão dentro do engenho, ou quando o escravizado fugia domésticas. As crianças escravas, por sua vez, estavam
após ser vendido para um outro senhor. Fazendo isto, o excluídas do processo educacional, não tendo acesso às
escravizado pressionava o seu comprador para devolvê-lo ao escolas.
seu antigo senhor, pois sabia que nenhum senhor gostaria de
ter entre os seus escravizados um fugitivo contumaz. De forma A religião no Brasil colônia
contrária, às vezes, o escravizado fugia à procura de um outro A origem do processo de ocupação territorial do Brasil,
senhor que o comprasse; caso o seu senhor não aceitasse a serviu também para as intenções da igreja católica.
negociação, ele poderia continuar fugindo e, portanto, dando Os portugueses que vieram para o Brasil estavam inseridos
prejuízos e maus exemplos, até que seu senhor resolvesse no ideal de cruzada, adotando o catolicismo como insígnia do
vendê-lo. poder da coroa.
Existiam também as fugas temporárias. Era comum a fuga Diante desta ideia, todo o não católico era considerado um
por alguns dias, quando em geral o escravizado ficava nas inimigo em potencial, a não aceitação da fé em cristo era vista
imediações da moradia de seu senhor, às vezes para cumprir como contestação do poder do rei e afronta direta a todo
obrigações religiosas, outras para visitar parentes separados português, uma motivação que incentivou, dentre outros
pela venda, outras, ainda, para fazer algum “bico” e, com o fatores, o extermínio dos indígenas, vistos como pagãos e
dinheiro, completar o valor da alforria. infiéis.
Havia também o outro lado da moeda, em que o gentil era
Os Quilombos visto como potencialmente um servo da coroa e de Deus, desde
Os quilombos ou mocambos existiram desde a época que tivesse a devida instrução. Essa ideia era defendida por
colonial até os últimos anos do sistema escravista e, assim muitos jesuítas, como o padre Manuel da Nóbrega, conhecido
como as fugas, foram comuns em todos os lugares em que por defender o direito de liberdade dos nativos cristianizados.
existiu escravidão. A formação de quilombos pressupõe um Para ele, “se o gentio fosse senhorado ou despejado” de sua
tipo específico de fuga, a fuga rompimento, cujo objetivo maior terra, “com pouco trabalho e gasto”, a coroa portuguesa “teria
era a liberdade. Essa não era uma alternativa fácil a ser grossas rendas nestas terras”; sendo necessário reduzir os
seguida, pois significava viver sendo perseguido não apenas índios a “vassalagem”.
como um escravo fugido, mas como criminoso. Dentro deste contexto, a construção de igrejas passou a
O quilombo mais conhecido no Brasil foi Palmares. delimitar a conquista territorial, garantindo a soberania do
Palmares foi um quilombo formado no século XVII, na Serra da Estado.
Barriga, região entre os estados de Alagoas e Pernambuco.
Localizado numa área de difícil acesso, os aquilombados A religiosidade africana
conseguiram formar um Estado com estrutura política, militar, Vigiados de perto por seus senhores e fiscalizados pelos
econômica e sociocultural, que tinha por modelo a organização eclesiásticos católicos, na qualidade de escravos, considerados
social de antigos reinos africanos. Calcula-se que Palmares utensílios de trabalho a semelhança de uma ferramenta, os
chegou a possuir uma população de 30 mil pessoas. africanos foram obrigados a aceitar a fé em cristo como
Depois da abolição definitiva da escravidão no Brasil, em símbolo da submissão aos europeus e a coroa portuguesa.
1888, as comunidades negras deram outro sentido ao termo No entanto, elementos das religiões africanas
“Quilombo”, não sendo mais utilizado como forma de luta e sobreviveram se ocultando em meio à simbologia cristã.
resistência ao cativeiro, mas sim como morada e sobrevivência Associações de caráter locais, as irmandades negras
da família negra em pequenas comunidades, onde seus valores contribuíram para forjar a polissemia e sincretismo religioso
culturais eram preservados. Tais comunidades receberam brasileiro.
diferentes nomeações: remanescentes de quilombos, Impedidos de frequentar espaços que expressavam a
quilombos, mocambos, terra de preto, comunidades negras religião católica dos brancos, as irmandades representavam
rurais, ou ainda comunidades de terreiro. uma das poucas formas de associação permitidas aos negros
no contexto colonial.
Educação As irmandades negras surgiram como forma de conferir
A história da educação no Brasil tem início com a vinda dos status e proteção aos seus membros, sendo responsáveis pela
padres jesuítas no final da primeira metade do século XVI, construção de capelas, organização de festas religiosas e pela
inaugurando a primeira, mais longa e a mais importante fase compra de alforrias de seus irmãos, oficialmente auxiliando a
dessa história, observando que a sua relevância encontra-se ação da igreja e demonstrando a eficácia da cristianização da
nas consequências resultantes para a cultura e civilização população escravizada.
brasileiras. Entretanto, ao organizarem-se, geralmente em torno da
Os jesuítas se dedicaram à pregação da fé católica e ao devoção a um santo especifico a qual assumiu múltiplos
trabalho educativo. Logo perceberam que não seria possível significados, incorporando ritos e cultos aos deuses africanos,
converter os índios à fé católica sem que soubessem ler e permitiu o nascimento de religiões afro-brasileiras como o
escrever. De Salvador a obra jesuítica estendeu-se para o sul e, acotundá, o candomblé e o calundu.
em 1570, vinte e um anos depois da sua chegada, já eram Muitos indivíduos que oficialmente cultuavam, por
compostos por cinco escolas de instrução elementar (Porto exemplo, São José, na capela erguida pela irmandade negra,
Seguro, Ilhéus, São Vicente, Espírito Santo e São Paulo de dentro do âmbito do acotundá, clandestinamente dançavam
Piratininga) e três colégios (Rio de Janeiro, Pernambuco e em frente a uma imagem semelhante ao som do tambor em
Bahia). casas simples com paredes de barro cobertas de capim,
A educação era privilégio das classes abastadas, pois as utilizando palavras extraídas de textos católicos, mescladas a
famílias tradicionais faziam questão de terem um doutor um dialeto da Costa da Mina (atual Gana).
(médico ou advogado) e um padre. Era usada como
História 9
Um sincretismo que se tornaria típico do povo brasileiro, O movimento rebelde contou com o apoio incondicional da
também presente no candomblé, onde o rito do deus africano população do Recife, mas durou apenas 74 dias. Em 19 de maio
Coura e a devoção a Nossa Senhora do Rosário se fundiram, de 1817, tropas reais enviadas por mar e por terra pelo
fornecendo um valioso exemplo da simbiose religiosa no governo do Rio de Janeiro ocuparam a capital de Pernambuco,
Brasil. desencadeando intensa repressão. Os principais líderes do
movimento foram presos e sumariamente executados.
Os judeus Seguiram-se nove meses de prisões, julgamentos e execuções.
Perseguidos pelo Tribunal do Santo Oficio na Europa, os Em 1820, com a eclosão da Revolução do Porto, alguns presos
judeus sempre estiveram em situação de perigo iminente, remanescentes foram anistiados. Entre eles estavam frei
sendo obrigados a converterem-se ao cristianismo em Joaquim do Amor Divino Caneca e Antônio Carlos Ribeiro de
Portugal. Andrada – irmão de José Bonifácio de Andrada e Silva -, que
Aos olhos do Estado os convertidos passaram a ser logo seria eleito um dos representantes do Brasil nas Cortes de
considerados cristãos-novos, vigiados de perto pela Lisboa.
Inquisição, sofrendo preconceitos e perseguições esporádicas.
O Brasil se transformou na terra prometida para os
cristãos-novos portugueses, compelidos a migrarem para A Província de Pernambuco
novas terras em além-mar. no I e II Reinado: Pernambuco
Foi uma saída viável à recusa da aceitação de sua fé no
reino, tendo em vista o fato da Inquisição nunca ter se
no contexto da Independência
instalado por aqui, embora tenham sido instituídas visitações do Brasil; Movimentos
do Santo Oficio em 1591, 1605, 1618, 1627, 1763 e 1769. Liberais: Confederação do
Alojados sobretudo na Bahia, em Pernambuco, na Paraíba
e no Maranhão; os cristãos-novos recém-chegados
Equador e Revolução Praieira;
integraram-se rapidamente, ocupando cargos nas Câmaras O tráfico transatlântico de
Municipais, em atividades administrativas, burocráticas e escravos para terras
comerciais, destacando-se também como senhores de
engenho, algo impensável em Portugal.
pernambucanas; Cotidiano e
formas de resistência escrava
Sem a Inquisição em seus calcanhares, os cristãos-novos em Pernambuco; Crise da
continuaram a exercer práticas judaicas no interior de seus
lares, mantendo vivos os laços familiares e comunitários
Lavoura canavieira; A
clandestinamente, ao mesmo tempo, adotando uma postura participação dos políticos
publica católica, respondendo a uma necessidade de adesão, pernambucanos no processo
participação e identificação.
de emancipação/abolição da
Revolução em Pernambuco (1817) escravatura.
Em 6 de março de 1817 eclodiu no Recife uma revolta de
grandes proporções. Senhores de terra, padres, diversos
militares de prestígio e comerciantes participavam do
movimento, que se propagou rapidamente pela cidade e pôs Candidato(a). Tópicos como “Crise da Lavoura Canavieira”
em fuga o governador de Pernambuco. e “Tráfico Transatlântico de escravos” foram abordados
O rápido êxito da revolta decorreu de um conjunto de anteriormente nos primeiros tópicos da apostila.
fatores, como a difusão das ideias iluministas, liberais e
republicanas entre as classes dominantes da região e a
O Império5
insatisfação popular com o aumento dos impostos
Em 1817, Pernambuco tentou proclamar-se independente
estabelecido pelo governo para custear as invasões da Guiana
de Portugal, mas o movimento foi derrotado. A Revolução
Francesa e da Banda Oriental do Rio da Prata.
Praeira, em 1848, questionava o regime monárquico, e já
No dia 8 de março, os revolucionários formaram um
pregava a República. Joaquim Nabuco, um dos maiores
governo provisório, republicano, integrado por cinco
símbolos do Abolicionismo, iniciou a pregação das idéias no
membros – representando a agricultura, o comércio, o clero, a
magistratura e os militares – e assessorado por um Conselho Recife. Os pernambucanos se orgulham de sua participação
de Estado. Prontamente, emissários do governo recém-criado altiva na História do Brasil, sempre mantendo altos ideais
foram em busca de apoio à sua causa em outras províncias e libertários.
em alguns países, como Estados Unidos, Argentina e
Inglaterra. Na Paraíba, formou-se um governo revolucionário Pernambuco, 1824
que também se declarou independente de Portugal. A dissolução da Constituinte e a imposição de uma Carta
Enquanto isso, no Recife, os rebeldes adotavam uma Lei constitucional sem consulta à nação desencadearam uma onda
Orgânica, destinada a regulamentar os poderes da República de protestos entre as elites e as camadas médias urbanas de
diversas províncias. Em Pernambuco, onde ainda não tinham
de Pernambuco. Inspirada na Declaração dos Direitos do
se apagado inteiramente as chamas da insurreição de 1817, a
Homem e do Cidadão da Revolução Francesa, a Lei Orgânica
insatisfação assumiu a forma de rebelião. No dia 2 de julho de
deveria vigorar até a convocação de uma Assembleia
1824, líderes liberais de diversos setores da sociedade
Constituinte, que desse ao novo país uma Constituição
uniram-se para proclamar uma República na região. Entre os
definitiva. Até lá, ficavam estabelecidos como princípios
básicos a forma republicana de governo e a liberdade de revoltosos estavam o frei Joaquim do Amor Divino Rabelo e
consciência, de opinião e de imprensa. O trabalho escravo, Caneca, que havia participado do levante de 1817, o jornalista
entretanto, foi mantido. Cipriano Barata, participante da Conjuração Baiana de 1798, e
membros da aristocracia agrária, como Manuel de Carvalho
Pais de Andrade. Logo depois, a província obteve o apoio da
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História 10
Paraíba, do Rio Grande do Norte e do Ceará, com os quais Chichorro da Gama foi destituído e o conservador mineiro
constituiu a Confederação do Equador. Herculano Ferreira Pena assumiu o cargo.
Assim como em 1817, a jovem República despertou o A resposta do Partido da Praia foi pegar em armas para
entusiasmo da população. Mas também como em 1817, os derrubar o governo. Começava a Revolução Praieira.
revolucionários não chegaram a abolir o trabalho escravo e a Do Recife, o movimento se propagou para a Zona da Mata
repressão do governo central logo se fez sentir. Em setembro (região em que se concentravam os engenhos de açúcar), onde
de 1824, tropas comandadas pelo brigadeiro Francisco de um líder popular, Pedro Ivo, mobilizou boiadeiros, pequenos
Lima e Silva, com o apoio da esquadra do almirante inglês arrendatários, escravos libertos, caboclos e índios, ao lado de
Cochrane, sufocaram a insurreição. Vários líderes do soldados profissionais. Com eles, passou a fustigar as forças do
movimento foram condenados à morte, entre eles frei Caneca, governo. Os rebeldes chegaram a ocupar parte do Recife, mas
o mais popular dos revolucionários. não conseguiram depor o governo conservador. Para divulgar
A Cabanagem (1835 – 1840) suas ideias, no dia 1º de janeiro de 1849 lançaram o Manifesto
Com uma população de cerca de 100 mil habitantes, o Pará ao mundo, no qual reivindicavam o sufrágio universal, a
era um foco de tensões desde o período da independência. Em nacionalização do comércio varejista, a autonomia provincial,
1834, o governador Bernardo Lobo de Sousa tentou esmagar a a liberdade de imprensa e a extinção do poder Moderador. Não
oposição prendendo alguns de seus líderes. A resposta dos propunham, contudo, a formação de uma República e, assim
oposicionistas foi dada entre 6 e 7 de janeiro de 1835, quando como nas rebeliões de 1817 e 1824, silenciaram sobre a
um grupo de rebeldes ocupou Belém, depois de uma noite de questão do trabalho escravo.
tiroteios. O governador foi executado e o poder passou para as No início de 1850, o governo central conseguiu sufocar a
mãos dos cabanos, assim chamados porque a maioria dos revolta, empregando tropas regulares apoiadas nas forças da
revoltosos eram trabalhadores rurais que moravam em Guarda Nacional. Depois de um ano e alguns meses de combate
cabanas, às margens dos rios. em toda a província, Pedro Ivo e outros líderes praieiros foram
O chefe do governo cabano, Félix Antônio Malcher, presos e a “paz imperial” voltou a reinar em Pernambuco.
representava os proprietários rurais e queria manter o Pará
como província do Império. Outros líderes, como Eduardo A participação dos políticos pernambucanos no
Angelim e Antônio Vinagre, porém, mais ligados às camadas processo de emancipação/abolição da escravatura6.
populares, pregavam a ruptura de todos os laços com o poder
central. Joaquim Aurélio Barreto Nabuco de Araújo nasce em 19 de
Esses líderes depuseram Malcher e, depois de algumas agosto de 1849, no Recife, em família tradicional e abastada.
lutas com forças da Regência, foram obrigados a abandonar Seu pai, José Thomaz Nabuco de Araújo Filho, quando do seu
Belém em julho de 1835. nascimento, juiz e deputado, e sua mãe, Ana Benigna de Sá
No mês seguinte, à frente de 3 mil cabanos, eles retomaram Barreto Nabuco de Araújo, irmã do marquês do Recife. Ainda
a capital e proclamaram a República, desligando-se do criança, sua família vai morar na Corte, no Rio de Janeiro,
Império. enquanto Joaquim Nabuco permanece em Massangana, no
Nove meses depois, em maio de 1836, a Regência engenho de sua madrinha, Ana Rosa Falcão de Carvalho. Ali
conseguiu esmagar a rebelião. Alguns grupos de revoltosos conhece, desde cedo, a escravidão de perto, contra a qual iria
esconderam-se no interior da província e conseguiram resistir lutar anos depois.
até 1840, quando foram definitivamente derrotados. Durante Em 1857, com a morte de sua madrinha, muda-se para a
todo o conflito, morreram cerca de 40 mil pessoas. residência dos pais, no Rio, realizando seus estudos escolares
em Nova Friburgo e no Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro. Em
A Revolução Praieira (1848) 1866, inicia o curso de Direito na Faculdade do Largo de São
Entre as províncias do Nordeste, Pernambuco se destacava Francisco. Logo se destaca como respeitável orador. Transfere
por sua forte economia açucareira e por longa tradição de seu curso para o Recife em 1869, voltando para a cidade natal.
revoltas políticas, que começaram com a luta contra os Após formar-se bacharel em Direito na Faculdade do
holandeses, em meados do século XVII. Recife, Joaquim Nabuco retorna em 1870 ao Rio de Janeiro
Em 1848, uma nova revolta eclodiu na região. De caráter para advogar no escritório de seu pai. Escreve também para o
liberal e federalista, o movimento ficaria conhecido como jornal “A Reforma”, defendendo a monarquia. Passa o ano de
Revolução Praieira. Os líderes dos revoltosos pertenciam à 1872 na Europa, com o dinheiro angariado na venda de um
facção mais radical dos liberais. engenho herdado de sua madrinha. Os contatos políticos e
Como seu ponto mais frequente de reunião era a sede do intelectuais feitos nesse ano serão importantes para Joaquim
Diário Novo, localizada na Rua da Praia, no Recife, o grupo Nabuco em sua futura carreira.
passou a ser chamado de Partido da Praia, nome do qual Em 1876 é nomeado adido nos Estados Unidos, seu
derivaria o da própria revolução. primeiro cargo público, que serviu para ampliar ainda mais
No Recife, uma das fontes de descontentamento popular sua rede de relacionamentos internacional. Sua carreira
era o domínio que os portugueses ainda exerciam sobre o política começa logo em seguida, em 1878, quanto é eleito
comércio local, para muitos a causa do alto custo de vida e do deputado geral pela província de Pernambuco. Já no início de
desemprego urbano. A situação levava os pernambucanos a seu mandato, posiciona-se fortemente contra a escravidão,
exigir a nacionalização do comércio. Além disso, a insatisfação enfrentando o gabinete Sinimbu, que era do seu próprio
também era crescente em relação à crise da economia partido. Tal posicionamento o leva a derrota nas eleições de
açucareira, o que criva um clima de críticas generalizadas à 1880, perdendo o apoio partidário. Parte, então, para a
política imperial. Europa, trabalhando em Londres como advogado e
A partir de 1844, os liberais estiveram no governo da representante do Jornal do Commercio do Rio de Janeiro. É na
província durante quatro anos. Em 1848, os conservadores capital inglesa que Joaquim Nabuco escreve uma de suas
subiram ao poder no Rio de Janeiro, formando um novo principais obras: “O abolicionismo” (1884).
gabinete. Como era praxe, nomearam conservadores para Voltando ao Brasil, é eleito deputado por Pernambuco,
presidir as províncias. Em Pernambuco, o presidente liberal defendendo veementemente a abolição da escravatura. Em
1885, atua fortemente pelo projeto de lei de libertação dos
História 11
sexagenários, apesar de considerá-lo bastante tímido. Em O fim da importação de escravos estimulou o tráfico
1888, tem audiência particular com o papa Leão XIII, quando interprovincial: para saldar suas dívidas com especuladores e
relatou as mazelas da escravidão no Brasil. Ainda em 1888, traficantes, os senhores dos decadentes engenhos do Nordeste
alinha-se ao Gabinete João Alfredo, recém-empossado, a fim de e do Recôncavo Baiano passaram a vender, a preços elevados,
abolir a escravidão. Tal apoio é essencial para a aprovação da suas peças (escravos) para as prósperas lavouras do vale do
Lei Áurea, em 13 de maio. Paraíba e outras zonas cafeeiras. Forçados pela escassez e
Casa-se em abril de 1889 com Evelina Torres Soares encarecimento do trabalhador escravo, vários cafeicultores
Ribeiro, filha do barão de Inhoã, no Rio de Janeiro, com quem paulistas começaram a trazer colonos europeus para suas
tem cinco filhos. fazendas, como fizera o senador Nicolau de Campos Vergueiro,
Com a proclamação da República, Joaquim Nabuco em 1847, numa primeira experiência mal sucedida. A mão-de-
abandona a política, uma vez que era fervoroso defensor da obra assalariada, porém, só se tornaria importante na
monarquia, apesar de muito criticá-la. Volta, então, à economia brasileira depois de 1880, quando o governo
Inglaterra, agora com sua família, permanecendo por alguns imperial passou a subvencionar e a regularizar a imigração, e
anos. De volta ao Rio de Janeiro, mas sempre afastado da os proprietários rurais se adaptaram ao sistema de contrato de
política, produz obra vastíssima; tanto livros, como artigos colonos livres. Mais de 1 milhão de europeus (dos quais cerca
para jornais e revistas. Escreve sobre temas atuais e de 600 mil italianos) imigraram para o Brasil em fins do século
internacionais, além da fiel defesa da monarquia. Em 1897, XIX.
funda, com diversos outros intelectuais, a Academia Brasileira A extinção do tráfico negreiro liberou subitamente grande
de Letras. soma de capitais que afluíram para outras atividades
Em 1900, finalmente aceita a participar do governo econômicas. Entre 1850 e 1860, foram fundadas 62 empresas
republicano, assumindo o posto de enviado extraordinário e industriais, 14 bancos, três caixas econômicas, 20 companhias
ministro plenipotenciário em missão especial em Londres. A de navegação a vapor, 23 companhias de seguros e oito
sua função específica era defender o Brasil, junto à Inglaterra, estradas de ferro.
a respeito dos limites da Guiana Inglesa. Em 1901, assume o A cidade do Rio de Janeiro, o grande empório do comércio
cargo de embaixador do Brasil em Londres. de café, modernizou-se rapidamente: suas ruas foram
Em 1905, com a criação da embaixada brasileira em calçadas, criaram-se serviços de limpeza pública e de
Washington, Joaquim Nabuco é transferido para a capital transportes urbanos, e redes de esgoto e de água. A geração de
norte-americana. Torna-se próximo do então presidente dos empresários capitalistas que surgiu nesse período teve em
Estados Unidos, Theodor Roosevelt. Defende, junto do Irineu Evangelista de Sousa, barão e depois visconde de Mauá,
presidente e de seu secretário de Estado, uma política pan- sua figura mais representativa. Em 1844, o ministro da
americana, com destaque para a chamada “doutrina Monroe”. Fazenda, Manuel Alves Branco, contrariando os interesses dos
Tal posicionamento de Joaquim Nabuco leva-o a organizar a 3ª comerciantes e industriais ingleses, colocou em vigor novas
Conferência Pan-americana, realizada no Rio de Janeiro. tarifas alfandegárias que variavam em torno de 30%, o dobro,
Em 1910, falece Joaquim Nabuco, a serviço do governo portanto, das anteriores. Embora visasse a solucionar a
brasileiro como embaixador, em Washington. carência de recursos financeiros do governo imperial, essa
Não há qualquer tipo de dúvida em relação à importância medida teve efeitos protecionistas: ao tornar mais caros os
de Joaquim Nabuco para a história do país. A qualidade produtos importados, favorecia a fabricação de similares
intelectual de sua obra aliada a sua atuação política levaram o nacionais.
jurista pernambucano a diversas posições de destaque no
século XIX. Sua origem privilegiada, apesar de levá-lo ao
conservadorismo, quando da defesa da monarquia, não foi Pernambuco Republicano:
capaz, entretanto, de cegá-lo para a questão social mais
importante de seu tempo, a escravidão. Com base em seus
Voto de Cabresto e Política
sólidos conhecimentos jurídicos, Joaquim Nabuco foi peça dos governadores;
fundamental para a promulgação da Lei Áurea, pondo fim a um Pernambuco sob a
triste capítulo da história nacional.
interventoria de Agamenon
Tráfico negreiro, lutas abolicionistas e fim da Magalhães; Movimentos
escravidão sociais e repressão durante a
Tentando atrair o capital do tráfico para a industrialização,
a Inglaterra extinguiu o comércio de escravos (1807) e passou
Ditadura Civil-Militar (1964-
a mover intensa campanha internacional contra o tráfico 1985) em Pernambuco;
negreiro. Nas negociações do reconhecimento da Herança afro-descente em
independência do Brasil, a Inglaterra condicionara o seu apoio
à extinção do tráfico e forçara Dom Pedro I a assinar, em 1826,
Pernambuco; Processo
um convênio no qual se comprometia a extingui-lo em três político em Pernambuco
anos. Cinco anos depois, a regência proibiu a importação de (2001-2015).
escravos (1831), mas a oposição dos grandes proprietários
rurais impediu que isso fosse levado à prática. Estimulado pela
crescente procura de mão-de-obra para a lavoura cafeeira, o
O Coronelismo
tráfico de escravos aumentou: desembarcaram no Brasil
Durante o período regencial, espaço entre a abdicação de
19.453 escravos em 1845, 60 mil em 1848 e 54 mil em 1849.
D. Pedro I e a coroação de D. Pedro II, diversas revoltas e
Os navios ingleses perseguiam os navios negreiros até
tentativas de separação e instalação de uma república
dentro das águas e dos portos brasileiros, o que deu origem a
aconteceram no Brasil. Sem condições de controlar todas as
vários atritos diplomáticos entre o governo imperial e o
revoltas, o governo regencial, pela sugestão de Diogo Feijó,
britânico. Finalmente, em 4 de setembro de 1850, foi
criou a Guarda Nacional, com o propósito de defender a
promulgada a Lei da Extinção do Tráfico Negreiro, mais
constituição, a integridade, a liberdade e a independência do
conhecida como Lei Eusébio de Queirós. Em 1851, entraram
Império Brasileiro. Sua criação desorganiza o Exército, e
3.827 escravos no Brasil, e apenas 700 no ano seguinte.
começa a se constituir no país uma força armada vinculada
diretamente à aristocracia rural, com organização
História 12
descentralizada, composta por membros da elite agrária e seus de Sérgio Nunes Magalhães e de Antônia de Godói Magalhães.
agregados. Para compor os quadros da Guarda nacional era Seu pai foi juiz de direito e deputado federal por Pernambuco
necessário possuir amplos direitos políticos, ou seja, pelas em 1914 e 1915, eleito com o apoio de Hermes da Fonseca e
determinações constitucionais, poderiam fazer parte dela José Gomes Pinheiro Machado, em oposição a Emídio Dantas
apenas aqueles que dispusessem de altos ganhos anuais. Barreto. Seu irmão Sérgio Nunes de Magalhães foi deputado
Com a criação da Guarda e suas exigências para federal pelo Distrito Federal e depois pelo estado da
participação, surgiram os coronéis, que eram grandes Guanabara entre 1955 e 1964, quando teve seu mandato
proprietários rurais que compravam suas patentes militares cassado devido à vitória do movimento político-militar que
do Estado. Na prática, eles foram responsáveis pela derrubou o presidente João Goulart.
organização de milícias locais, responsáveis por manter a Agamenon Magalhães realizou os primeiros estudos em
ordem pública e proteger os interesses privados daqueles que sua cidade natal e, por sugestão de seu pai, ingressou em
as comandavam. O coronelismo esteve profundamente seguida no Seminário de Olinda, onde foi companheiro de
enraizado no cenário político brasileiro do século XIX e início Temístocles Cavalcanti e Olímpio de Melo. Reconhecendo a
do século XX. falta de vocação para o sacerdócio, deixou o seminário depois
Após o fim da República da Espada, os grupos ligados ao de dois anos e se transferiu para o Colégio Arquidiocesano,
setor agrário ganharam força na política nacional, gerando onde concluiu o curso de humanidades em 1912. Matriculou-
uma maior relevância para os coronéis no controle dos se então na Faculdade de Direito de Recife, bacharelando-se
interesses e na manutenção da ordem social. Como em dezembro de 1916.
comandantes de forças policiais locais, os coronéis Iniciou sua carreira profissional como promotor público
configuravam-se como uma autoridade quase inquestionável em São Lourenço da Mata (PE), função que exerceu durante
nas áreas rurais. um ano. Ingressando na política, foi eleito deputado estadual
A autoridade do coronel, além de usada para manter a em 1918 na legenda do Partido Republicano Democrata (PRD),
ordem social, era exercida principalmente durante as eleições, liderado pelo governador Manuel Borba (1915-1919), com
para garantir que o candidato ou grupo político que ele quem estabeleceu fortes vínculos. Começou então a participar
representasse saísse vencedor. A oposição ao comando do de debates políticos através da imprensa e, no ano seguinte,
coronel poderia resultar em violência física, ameaças e tornou-se redator-chefe de A Ordem e redator de A Província,
perseguições, o que fazia com que muitos votassem a jornais de Recife. Escreveu em 1921 a tese O Nordeste
contragosto, para evitar as consequências de discordar da brasileiro, que lhe assegurou a aprovação no concurso para a
autoridade local, gerando uma prática conhecida como Voto cadeira de geografia geral do Ginásio Pernambucano, hoje
de Cabresto. Colégio Estadual de Pernambuco, a qual ocuparia de 1924 a
1932.
Nas eleições de março de 1922, participou da campanha da
Reação Republicana, movimento que patrocinou a candidatura
de Nilo Peçanha à presidência da República, afinal derrotado
pelo situacionista Artur Bernardes. Reeleito deputado
estadual nesse mesmo ano na legenda do PRD, tornou-se
primeiro-secretário da Assembleia Legislativa até o ano
seguinte, quando conquistou um mandato na Câmara Federal
para a legislatura iniciada em 3 de maio de 1924. Reeleito em
1927, sempre na legenda do PRD, apresentou no ano seguinte,
sem êxito, um projeto de criação de um instituto de
aposentadoria e pensões para os comerciários.
A charge do gaúcho Alfredo Storni feita em 1927 critica uma prática
Em junho de, 1929, na preparação das eleições
bastante utilizada durante a República Velha, conhecida como voto de cabresto. presidenciais de março de 1930, as forças situacionistas de
Na imagem, a mulher, identificada como soberania, pergunta ao político se o Minas Gerais e do Rio Grande do Sul organizaram a Aliança
eleitor, caracterizado como burro de carga e preso a um cabresto, trata-se do “Zé Liberal, que contou com a adesão do governo da Paraíba no
Besta”, ao passo em que o político que o conduz responde que na verdade é o “Zé
Burro”. mês seguinte. Dessa articulação nasceu a chapa oposicionista
às eleições presidenciais, formada por Getúlio Vargas e João
Na república velha, o sistema eleitoral era muito frágil e Pessoa, apoiada em Pernambuco pelo PRD e o Partido
fácil de ser manipulado. Os coronéis compravam votos para Democrático local, que formaram a Frente Liberal. Ao mesmo
seus candidatos ou trocavam votos por bens materiais. Como tempo em que se engajava na campanha eleitoral, essa frente
o voto era aberto, os coronéis mandavam os capangas para os participou dos entendimentos voltados para a preparação de
locais de votação, com o objetivo de intimidar os eleitores e um levante armado contra o governo federal, defendido por
ganhar os votos. As regiões controladas politicamente pelos setores da Aliança Liberal e oficiais ligados ao movimento
coronéis eram conhecidas como currais eleitorais. tenentista.
Os coronéis costumavam alterar votos, sumir com urnas e Agamenon Magalhães defendeu a Aliança Liberal em
até mesmo patrocinavam a prática do voto fantasma. Este discurso pronunciado no dia 12 de agosto de 1929 na Câmara
último consistia na falsificação de documentos para que e, durante a campanha, publicou vários artigos na imprensa
pessoas pudessem votar várias vezes ou até mesmo utilizar o pernambucana contra os governos estadual e federal,
nome de falecidos nas votações. chefiados respectivamente por Estácio Coimbra e Washington
Dessa forma, a vontade política do coronel era atendida, Luís. Seu mandato parlamentar terminou em 31 de dezembro
garantindo que seus candidatos fossem eleitos em nível de 1929. No mês seguinte, os aliancistas organizaram a
municipal e também estadual, e garantindo também chamada Caravana Liberal, que deveria percorrer todo o Norte
participação na esfera federal. do país. Ao chegar em Recife, a caravana se dividiu, tendo
Agamenon acompanhado os integrantes que, liderados por
Agamenon Magalhães7 João Batista Luzardo e Paulo Duarte, foram incumbidos de
Agamenon Sérgio de Godói Magalhães nasceu em Vila Bela, fazer a propaganda oposicionista nos estados do Rio Grande
atual Serra Talhada (PE), no dia 5 de novembro de 1893, filho do Norte, Ceará e Piauí.
História 13
A vitória da chapa situacionista liderada por Júlio Prestes presidente da República pelos constituintes e passou a compor
foi considerada fraudulenta pela oposição, acirrando o clima seu novo ministério, pedindo então ao interventor de
de tensão existente no país. Os preparativos para um levante Pernambuco que indicasse um nome para ocupar a pasta do
armado foram intensificados, e o assassinato de João Pessoa Trabalho, Indústria e Comércio. Lima Cavalcanti escolheu
em 26 de julho de 1930 fez com que novos setores aderissem Agamenon Magalhães, que substituiu Joaquim Pedro Salgado
à pregação revolucionária. Filho em 25 de julho de 1934, tornando-se no período seguinte
O movimento foi deflagrado em 3 de outubro em Minas o principal intermediário do governo pernambucano junto ao
Gerais e no Rio Grande do Sul, e na madrugada do dia seguinte Executivo federal.
eclodiu na Paraíba, obtendo completo êxito nas suas primeiras Ainda em 1934, Agamenon defendeu a tese O Estado e a
operações. Apenas meia hora depois da tomada da capital realidade contemporânea, conquistando a cadeira de direito
paraibana, uma coluna composta de cerca de 80 homens público e constitucional da Faculdade de Direito de Recife. Sua
fortemente armados partiu para Recife, que foi ocupada no dia atuação no Ministério do Trabalho e as atividades posteriores
5 com o apoio de grupos locais. Agamenon Magalhães na vida pública impediram-no contudo de exercer o
participou ativamente do levante na capital pernambucana, magistério, reduzindo-se sua atuação a apenas uma aula no
cujas primeiras ações militares de envergadura foram as curso de introdução à ciência do direito.
tomadas do 21º Batalhão de Caçadores e do depósito de armas
e munições da 7ª Região Militar (7ª RM), situado no bairro da Ministro do Trabalho
Soledade. Com a fuga do governador Estácio Coimbra, Carlos A gestão de Agamenon Magalhães no Ministério do
de Lima Cavalcanti foi empossado pelos revolucionários na Trabalho foi marcada, segundo Edgar Carone, por uma postura
chefia do governo estadual, recebendo desde o início todo o autoritária e anticomunista. Ao mesmo tempo, Agamenon
apoio de Agamenon. defendeu ardentemente o fortalecimento do sindicalismo no
O avanço das forças revolucionárias em todo o país levou à país como instância coordenadora da integração capital-
deposição do presidente Washington Luís em 24 de outubro trabalho, o que implicou o aperfeiçoamento da legislação
por oficiais de alta patente lotados no Rio de Janeiro, então trabalhista e a consolidação do sistema previdenciário. Nessa
Distrito Federal. Formou-se então uma junta militar que atividade, Agamenon projetou-se rapidamente no cenário
entregou o poder ao Governo Provisório, chefiado por Getúlio nacional, iniciando uma trajetória política que provocou seu
Vargas, em 3 de novembro. afastamento gradativo de Lima Cavalcanti, cujo prestígio junto
ao governo federal decrescia. O ministro do Trabalho passou
Na Constituinte de 1934 então a ser o principal nome de que Vargas dispunha para
O regime de exceção implantado depois da vitória da implementar sua política em Pernambuco, sendo acusado pelo
Revolução de 1930 produziu tensões crescentes em alguns interventor de tentar marginalizá-lo e centralizar as
estados, que resultaram na Revolução Constitucionalista de informações, assumindo todos os compromissos e tomando
1932, deflagrada em São Paulo. Depois da vitória militar sobre decisões em nome do estado. A candidatura de Agamenon ao
os paulistas, o Governo Provisório convocou para 3 de maio de governo de Pernambuco chegou a ser veiculada por seus
1933 eleições para a formação da Assembléia Nacional correligionários, mas não foi concretizada, pois os partidários
Constituinte. Agamenon Magalhães foi um dos articuladores de Lima Cavalcanti obtiveram maioria na Assembleia
do Partido Social Democrático (PSD) de Pernambuco, fundado Constituinte estadual que, em 15 de abril de 1935, concedeu
em 19 de dezembro de 1932, e nessa legenda foi eleito ao interventor um mandato de governador.
deputado à Constituinte, que se reuniu a partir de novembro O distanciamento de Lima Cavalcanti em relação ao
de 1933. governo federal aumentou depois do fracassado Levante
Participando de quase todos os debates em pauta, Comunista deflagrado em Natal, Recife e no Rio de Janeiro em
Agamenon foi o parlamentar de maior destaque da bancada novembro de 1935, ocasião em que o governador de
pernambucana, dedicando atenção especial ao tema da Pernambuco estava na Europa. Mesmo assim, foi acusado por
organização política do país. Defendeu ardorosamente a seus adversários de envolvimento com a revolta, pois havia em
adoção do regime parlamentarista, “expressão maior da seu secretariado dois adeptos da proscrita Aliança Nacional
democracia”, afirmando que o presidencialismo era “a Libertadora (ANL), frente política que estava sob hegemonia
ditadura permanente”. Manifestou-se contra a separação dos comunistas. Compartilhando dessas suspeitas, Agamenon
absoluta dos poderes Legislativo e Executivo, que deveriam ter foi encarregado por Vargas de documentar as denúncias e
funções coordenadas, inclusive no tocante à atuação dos indícios, apresentados principalmente pelo deputado Eurico
ministérios. Ressaltou a necessidade de os governos Sousa Leão. A batalha no Judiciário foi longa e o promotor
concederem maior atenção ao crédito agrícola, facilitarem o Honorato Himalaia Virgulino chegou a pedir a prisão
acesso à propriedade da terra para os lavradores e planejarem preventiva de Lima Cavalcanti, que seria finalmente absolvido
a produção de alimentos de acordo com o potencial de cada pelo Tribunal de Segurança Nacional em 17 de agosto de 1937.
região. Sua defesa da intervenção estatal abrangia também Depois do Levante Comunista, o governo federal,
todas as outras esferas da vida econômica e social, divergindo preocupado em reprimir mobilizações operárias no país,
assim do liberalismo apregoado por alguns setores presentes passou a ter no Ministério do Trabalho um importante centro
na Constituinte. de formulação e aplicação de políticas de controle do
Agamenon Magalhães votou a favor da emenda que movimento sindical. Entre 1935 e 1937, período em que viveu
tornava obrigatória a filiação das diversas categorias a maior parte do tempo sob estado de sítio e estado de guerra,
profissionais a sindicatos, definidos como órgãos responsáveis Agamenon interveio regularmente nas entidades de
pela defesa do trabalho, e combateu a prorrogação dos trabalhadores, nomeando para sua direção sindicalistas
mandatos dos deputados constituintes para a primeira favoráveis ao governo. Ao mesmo tempo, defendeu o
legislatura ordinária posterior à promulgação da Constituição. cumprimento da legislação social, instituiu o sistema de
Em ambos os casos, sua posição foi vitoriosa. seguro contra acidentes de trabalho, criou o Serviço de
Além da sua atuação parlamentar, Agamenon atuou como Identificação Profissional, regulamentou a profissão de
intermediário nas divergências surgidas entre a bancada químico e encaminhou um projeto de lei racionalizando as
pernambucana e o interventor federal no estado, Carlos de empresas de seguro e criando o Instituto Federal de
Lima Cavalcanti, com quem manteve estreitas relações nesse Resseguros. Datam também desse período duas leis
período. Em 17 de julho de 1934, um dia depois da importantes: a de nacionalização do trabalho (que obrigava as
promulgação da nova Carta, Getúlio Vargas foi eleito empresas a contratarem pelo menos 2/3 de sua mão-de-obra
História 14
entre brasileiros) e a que assegurou ao empregado da do Sul, São Paulo e Distrito Federal Vargas nomeou militares
indústria ou do comércio uma indenização quando fosse para essa função e, em Pernambuco, a fim de diminuir o peso
dispensado sem justa causa ou sem que existisse prazo de Lima Cavalcanti, formou um triunvirato composto pelo
estipulado para o término do contrato. governador, o coronel Amaro de Azambuja Vilanova
Em janeiro de 1936, Agamenon criou comissões (comandante da 7ª RM) e o comandante Ildefonso Castilho
compostas de empregados e empregadores com o objetivo de (capitão dos portos). Pouco depois, colocou a Brigada Militar
elaborar estudos para a adoção do salário mínimo. Nesse local sob controle federal.
mesmo ano, participou da elaboração do anteprojeto de Em 5 de novembro, dias antes do golpe de Estado,
criação da Justiça do Trabalho. Agamenon teve uma reunião com todos os gerentes de fábrica
Entretanto, essas duas medidas só seriam implementadas do Rio de Janeiro para transmitir instruções do governo sobre
durante a vigência do Estado Novo (1937-1945). Em 31 de a propaganda contra o comunismo a ser desenvolvida de
dezembro de 1936, Agamenon criou o Instituto de forma sistemática junto à classe operária. Ficou então acertado
Aposentadoria e Pensões dos Industriários (IAPI). que os trabalhadores seriam obrigados a ouvir diariamente,
em todas as empresas, antes de entrar no serviço, uma
No Ministério da Justiça exposição de cinco a dez minutos sobre os perigos do
Em 7 de janeiro de 1937, Agamenon assumiu comunismo. No dia 10 de novembro o golpe foi deflagrado sob
interinamente o cargo de ministro da Justiça e Negócios a liderança de Vargas e com o apoio das forças armadas e de
Interiores em substituição a Vicente Rao, acumulando essa todo o gabinete, à exceção de Odilon Braga, ministro da
pasta com a do Trabalho. No mês seguinte, o governador Agricultura.
baiano Juraci Magalhães e outros líderes políticos do Nordeste Com a implantação do Estado Novo, que provocou o
indicaram, com o apoio de muitos antigos integrantes do fechamento dos órgãos legislativos do país e a suspensão das
movimento tenentista, o paraibano José Américo de Almeida eleições, Carlos de Lima Cavalcanti foi afastado do governo de
como candidato às eleições presidenciais previstas para Pernambuco, sendo substituído interinamente pelo coronel
janeiro de 1938. Apesar de apoiar oficiosamente José Américo Azambuja Vilanova. Agamenon Magalhães, um dos principais
contra o governador paulista Armando de Sales Oliveira, artífices do novo regime, recebeu mensagens de
também candidato, Vargas não demonstrou entusiasmo pela congratulações de representantes de diversos segmentos
questão sucessória, deixando perceber suas intenções sociais de Pernambuco e de outros estados, tendo expresso
continuístas. Agamenon, o general Pedro Aurélio de Góis nessa época sua aversão à democracia liberal e sua crítica à
Monteiro, então chefe do Estado-Maior do Exército (EME), e Declaração universal dos direitos do homem: “Assegurar todas
outros líderes políticos e militares apoiavam essas liberdades é dizer morra de fome; a essa democracia não
incondicionalmente o presidente. darei o meu voto, a minha colaboração, porque contra ele
Lima Cavalcanti, enfraquecido na esfera federal e clama a minha consciência de cristão.” No dia 25 de novembro,
pressionado pela possibilidade de Agamenon concorrer ao foi substituído no Ministério do Trabalho por Valdemar Falcão,
governo do estado, retardou seu posicionamento público sendo nomeado interventor federal em Pernambuco, cargo
sobre a sucessão presidencial, apesar de nutrir interesse desde que assumiu em 3 de dezembro. Em seu discurso de posse,
o início por um candidato que representasse as forças políticas pronunciado na sacada do palácio do governo, usou uma
nordestinas. Concedeu seu apoio a José Américo em 20 de expressão que se tornaria célebre: “Vim para criar a emoção
maio de 1937, depois que o diretório central do PSD do Estado Novo.”
pernambucano resolveu aderir a essa campanha. Entretanto, o
grupo partidário de Agamenon, fiel à política getulista Na interventoria de Pernambuco
contrária ao reforço das candidaturas, provocou uma cisão no Embora afirmasse que a situação do estado era tranquila,
partido. Quatro deputados federais (de um total de 15) e cinco pouco depois de sua posse Agamenon telegrafou
estaduais (de um total de 27) ficaram ao lado do ministro do sigilosamente a Vargas para informar a existência de 269
Trabalho, enquanto o governador conseguiu o apoio dos presos políticos considerados comunistas. Recebeu em
restantes. seguida 40% dos cinco mil contos de linha especial de crédito
Agamenon transmitiu o cargo de ministro da Justiça a José aberta pelo governo federal para a repressão ao comunismo
Carlos de Macedo Soares em 3 de junho de 1937, em todos os estados, deflagrando um cerrado combate à
permanecendo na pasta do Trabalho. Em 18 de agosto oposição, inclusive às antigas forças situacionistas, que foram
seguinte, transformou a Caixa de Aposentadoria e Pensões dos completamente marginalizadas de todos os centros de poder.
Trabalhadores em Trapiche e Armazéns de Café, criada em A consolidação do novo esquema político dominante ocorreu
maio de 1934, no Instituto de Aposentadoria e Pensões dos através da nomeação, em todos os níveis, de funcionários
Empregados em Transportes e Cargas (Iapetec). Nessa época, comprometidos com o regime recém-implantado.
junto com Francisco Ao contrário de Lima Cavalcanti, que valorizava o caráter
Campos, Gustavo Capanema, Góis Monteiro e outros, técnico da atuação das diversas secretarias, Agamenon
participou de debates sobre a proposição de uma reforma ressaltava a função política desses órgãos, bem como das
constitucional que permitisse a reeleição de Vargas para a entidades classistas, buscando reforçar sua lealdade ao Estado
presidência da República. Esse caminho, contudo, se Novo. Em dezembro de 1937, criou o Conselho Legislativo e de
desdobrou em uma articulação golpista que entrou em sua fase Economia do Estado, órgão consultivo da administração
final em 30 de setembro de 1937, com a divulgação pelo EME pública e composto de quatro seções (legislativa, de economia,
do chamado Plano Cohen, pretensamente elaborado pelos de reforma financeira e tributária e de ensino técnico e
comunistas para a tomada violenta do poder. Conforme profissional), nomeando pessoas de sua inteira confiança para
comprovação posterior, tratava-se de um documento forjado, exercer essas funções. Mesmo assim, o processo de
utilizado pela alta cúpula militar e a chefia do governo para centralização das decisões governamentais provocou em
favorecer o golpe de Estado. pouco tempo o esvaziamento desse órgão, que veio a assumir
Em 1º de outubro, a Câmara dos Deputados aprovou o um papel decorativo. Segundo Dulce Pandolfi, a máquina
pedido de nova decretação do estado de guerra, que fora administrativa pernambucana tornou-se autoritária,
suspenso em junho. O decreto foi assinado por Vargas no dia repressiva e excessivamente voltada para a doutrinação
seguinte. Mais uma vez, a execução do estado de guerra ficou a político-ideológica da população. Com efeito, a divulgação das
cargo dos governadores, com exceção dos estados onde as obras e realizações do Estado Novo em Pernambuco foi
forças de oposição eram significativas. Assim, no Rio Grande
História 15
considerada pelo governo federal um exemplo para os demais pensões do Ministério do Trabalho, procurando assim
estados. fortalecer a sindicalização operária. Os fundos da liga
Com o objetivo de reforçar a propaganda oficial, Agamenon advinham inicialmente de donativos do próprio governo
fundou em 1938 o jornal Folha da Manhã, que saía em duas estadual, sindicatos, empresas e particulares,
edições diárias e tinha uma coluna permanente intitulada complementados mais tarde, em 1940, com uma verba federal
“Agamenon Magalhães escreve”, reproduzida também em de quatro mil contos anuais.
diversos órgãos de imprensa nos principais estados da Para superar as resistências dos proprietários de terrenos
Federação. O interventor mantinha assim um contato em que as novas habitações seriam construídas, Agamenon
permanente com a opinião pública, respondendo a indagações propôs que eles construíssem as casas com financiamento da
que os leitores lhe enviavam por correspondência sobre Caixa Econômica e depois as vendessem aos habitantes dos
diversos temas: cultura, política, problemas administrativos mocambos. Depois de uma ampla campanha de propaganda, o
etc. Além disso, Agamenon dispunha de um programa diário Departamento de Saúde Pública iniciou a interdição e, em
na Rádio Clube de Pernambuco. Ainda em maio de 1938, seguida, a expropriação de milhares de barracos, buscando
quando o interventor no estado do Rio de Janeiro, Ernâni sempre o apoio da opinião pública e das próprias famílias
Amaral Peixoto, tentou organizar a Legião Nacional, partido desapropriadas. Segundo dados oficiais, nos seus quatro
político de âmbito nacional e de cunho cooperativista, primeiros anos de existência a Liga Social contra o Mocambo
Agamenon apoiou a iniciativa, ao lado de Benedito Valadares, construiu 5.707 casas na capital e 8.109 no interior,
Ademar de Barros e Osvaldo Cordeiro de Farias. O projeto quantidade claramente insuficiente para erradicar os 45 mil
sofreu contudo restrições por parte do general Góis Monteiro barracos recenseados em 1937. Agamenon recebeu diversas
e não chegou a se concretizar. críticas por essa iniciativa, destacando-se a do intelectual
Detentor da confiança de Vargas e consciente de que podia oposicionista Gilberto Freire, que considerava a obra
contar com a liberação de recursos federais significativos para demagógica.
seu estado, Agamenon costumava usar a expressão: Prosseguindo em sua política de apoio irrestrito ao Estado
“Pernambuco cose-se com as próprias linhas.” Seu programa Novo, Agamenon organizou em dezembro de 1939 uma
de governo considerava prioritárias a urbanização da capital e grande exposição nacional que recebeu elogios do governo
a recuperação do mundo rural, destacando também os federal, especialmente do ministro do Trabalho, Valdemar
problemas de habitação popular, educação, saúde pública e o Falcão.
setor rodoviário. Preocupado em ampliar sua base social entre A grave seca que chegou a atingir 2/3 do território
os trabalhadores, aproximou-se rapidamente dos centros pernambucano durante o primeiro semestre de 1942 levou o
educativos operários, criados por um grupo católico pouco governo estadual a organizar, junto com as prefeituras e
antes da implantação do Estado Novo, coordenados por Mílton cooperativas, um plano de emergência que incluiu a criação de
de Pontes. O projeto desses centros era dar aos operários um serviço de distribuição de sementes para os habitantes de
instrução primária e profissional, educação trabalhista e áreas não atingidas e o reforço do serviço de vacinação e
cívica, e assistência médica e odontológica, desenvolvendo assistência médica aos flagelados. Entretanto, o interventor
intensa propaganda anticomunista e ressaltando a não considerava a seca o único grande obstáculo ao
necessidade de cooperação entre os órgãos de representação desenvolvimento da agricultura pernambucana. Segundo ele,
classista e o poder público. o latifúndio improdutivo precisava ser energicamente
O governo de Agamenon incentivou sistematicamente a combatido pelo governo através de uma legislação especial
população, através dos meios de comunicação, a cultivar que estabelecesse um imposto territorial progressivo sobre as
gêneros alimentícios e estabeleceu um acordo com os áreas não cultivadas. Por sugestão de Agamenon, Vargas
usineiros do estado segundo o qual 5% da área ocupada pelos assinou em 26 de janeiro de 1943 um decreto fixando em 20%
canaviais seriam destinados à plantação de culturas de no primeiro ano e 50% nos subsequentes o imposto para
subsistência. No próprio decreto de financiamento da lavoura propriedades improdutivas, mas os efeitos práticos dessa
canavieira foi definido que seriam fornecidas sementes ao medida foram insignificantes.
trabalhador rural para o cultivo das roças no interior dos O interventor em Pernambuco foi também um dos
terrenos das usinas. Outra iniciativa nesse setor foi o incentivo articuladores da criação, em 31 de janeiro de 1943, de três
à criação de cooperativas de pequenos produtores, que grandes federações sindicais de trabalhadores das regiões
começaram a se multiplicar em 1938, atingiram o número de Norte-Nordeste do país, com sede em Recife. Até então apenas
52 em maio de 1939 (com nove mil filiados) e chegaram a cem os sindicatos patronais tinham experimentado esse grau
em 1941 (com 20 mil filiados). Esse sistema facilitava a superior de organização.
distribuição de sementes para o lavrador, ajudava a governo a
redefinir a produção agrícola do estado e aperfeiçoava o A Resistencia e os movimentos sociais em Pernambuco
processo de concessão de crédito, pois o grande proprietário
recorria à Carteira Agrícola do Banco do Brasil e o pequeno às A Igreja
cooperativas assistidas e controladas pelo governo estadual. A Igreja Católica teve seu apogeu na resistência e oposição
Essas entidades passaram a financiar a atuação do Serviço à ditadura na pessoa de Dom Hélder Câmara que no dia 12 de
de Açudagem e Irrigação, criado para executar obras de março de 1964 foi designado para ser arcebispo de Olinda e
pequeno porte. Agamenon criou também a Cooperativa de Recife, Pernambuco.
Produtores de Leite, a Usina de Pasteurização e diversas Dom Helder estabeleceu uma clara resistência ao regime
estações e postos de pecuária nos municípios, incentivando militar. Tornou-se líder contra o autoritarismo e pelos direitos
ainda a formação de várias outras cooperativas de leite. humanos. Não hesitou em utilizar todos os meios de
A questão da habitação popular mereceu especial atenção comunicação para denunciar a injustiça. Pregava no Brasil e no
do governo de Agamenon que criou, em 12 de julho de 1939, a exterior uma fé cristã comprometida com os anseios dos
Liga Social contra o Mocambo, hoje Serviço Social contra o empobrecidos. Foi perseguido pelos militares por sua atuação
Mocambo, com o objetivo de construir casas que seriam social e política, sendo acusado de comunismo. Foi chamado
compradas a prazo pela população favelada, de acordo com o de "Arcebispo Vermelho". Foi-lhe negado o acesso aos meios
nível de renda de cada família. Agamenon afirmava que todo de comunicação social após a decretação do AI-5, sendo
cidadão deveria ser proprietário de sua moradia e deu proibido inclusive qualquer referência a ele. Desconhecido da
prioridade na aquisição de casas aos trabalhadores opinião pública nacional, fez frequentes viagens ao exterior,
sindicalizados e contribuintes dos institutos de previdência e onde divulgou amplamente suas ideias e denúncias de
História 16
violações de direitos humanos no Brasil. Foi adepto e (B) contaram com a ativa participação de homens negros,
promotor do movimento de não-violência ativa. Em 1984, ao pondo em risco a manutenção da escravidão na região.
completar 75 anos, apresentou sua renúncia. Em 15 de julho (C) dominaram Pernambuco e o norte da colônia,
de 1985, passou o comando da Arquidiocese a Dom José decretando o fim dos privilégios da Companhia do Grão-Pará e
Cardoso Sobrinho. Maranhão.
(D) propuseram a independência e a república,
O Movimento Estudantil congregando proprietários, comerciantes e pessoas das
No ano de 1965, o Movimento Estudantil em Pernambuco camadas populares.
ainda se achava bastante dividido em relação ao governo (E) implantaram um governo de terror, ameaçando o
militar. Militantes de direita e de esquerda se digladiavam na direito dos pequenos proprietários à livre exploração da terra.
tentativa de alcançar a hegemonia entre o seu grupo. Com
avaliações opostas sobre a situação nacional, tentavam ganhar 03. A Guerra dos Mascates, nos primórdios do século XVIII,
adeptos para seus pontos de vista. marcou o processo de decadência política de Olinda dentro da
Os ‘liberais’ festejavam a sua revolução que havia conjuntura do Pernambuco colonial. Esse evento se insere
restaurado a democracia sem derramamento de sangue no dentro do contexto de:
Brasil. Os estudantes da esquerda demonstravam o caráter (A) afirmação política do Recife após os benefícios
opressor do Regime Militar, que destituíra um governo econômicos e estruturais, advindos da presença holandesa
democrático, violentamente, com o assassinato de dois durante o século XVII.
estudantes. Enquanto os ‘liberais’ diziam que o povo (B) migração em massa da nobreza açucareira olindense
reclamava por falta de esclarecimento, pois, além de ter tido para o Recife nassoviano.
sua segurança garantida, conheceriam o progresso com o novo (C) colapso da indústria açucareira no fim do século XVII,
regime, os oposicionistas diziam que a ‘revolução salvadora’ provocado pelo fim do financiamento batavo após a
tivera um caráter de manutenção do status quo. Portanto, Restauração Pernambucana.
afirmavam que só uma revolução popular poderia acabar com (D) perda de prestígio político de Olinda frente à coroa
a situação de pobreza em que vivia grande parte do povo portuguesa, em consequência do apoio prestado aos
brasileiro. holandeses durante a guerra de Restauração.
E) desestruturação da nobreza açucareira olindense,
Questões provocada pelo desgaste militar das sucessivas derrotas para
os holandeses.
01. A prosperidade da produção açucareira no Brasil
chamou a atenção dos holandeses que, em 1630, invadiram 04. Sobre a Confederação do Equador, considere as
Pernambuco, maior produtor de açúcar da época. Os afirmativas abaixo.
flamengos passaram então a trabalhar no local, adquirindo a I. A Confederação do Equador foi um importante
experiência necessária do cultivo da cana-de-açúcar para, após movimento de oposição à Constituição Outorgada por D.Pedro
sua expulsão, poderem utilizar este aprendizado, e foi o que I e às práticas absolutistas.
aconteceu. II. A manutenção da escravidão significava que a
Após a expulsão, foram para as Antilhas, onde Confederação não buscava a igualdade para todos, apenas,
prosseguiram com a cultura do açúcar, passando a ser durante para os proprietários.
os séculos XVII e XVIII, concorrentes do Brasil no III. Era pretensão dos confederados convidar príncipes
abastecimento do mercado europeu. europeus para governar a província emancipada de
Quando o açúcar brasileiro perdeu força no mercado Pernambuco.
internacional, uma nova etapa da economia brasileira vem a se IV. Era objetivo do movimento proclamar a república em
consolidar. Pernambuco.
Essa etapa é marcada, especialmente, pela expansão rumo
Estão CORRETAS
(A) ao Centro-Oeste, em busca de campos férteis, o que
constituiu o ciclo do café. (A) I, II e III.
(B) ao litoral do Sul, em busca de ouro e pérolas, o que (B) I, II e IV.
constituiu o ciclo do ouro. (C) I, III e IV.
(C) ao Centro-Norte do país, em busca de pasto, o que (D) II, III e IV.
constituiu o ciclo do gado. (E) I, II, III e IV.
(D) à região Nordeste, em busca de plantas para
extrativismo, o que constituiu o ciclo do pau-brasil. 05. A chamada Revolução de 1817, em Pernambuco,
(E) às áreas interioranas, em busca de ouro e pedras causou abalos na dominação portuguesa. Em relação aos
preciosas, o que constituiu o ciclo da mineração rebeldes pernambucanos, é CORRETO afirmar que
(A) receberam apoio expressivo das províncias vizinhas.
02. “Eis que uma revolução, proclamando um governo (B) combatiam a escravidão e o comércio monopolista.
absolutamente independente da sujeição à corte do Rio de (C) contaram com a participação pouco significativa do
Janeiro, rebentou em Pernambuco, em março de 1817.É um clero.
assunto para o nosso ânimo tão pouco simpático que, se nos (D) conseguiram tornar Pernambuco independente antes
fora permitido [colocar] sobre ele um véu, o deixaríamos fora de 1822.
do quadro que nos propusemos tratar.” (E) foram ajudados por forças militares inglesas e norte-
F. A. Varnhagen. História geral do Brasil, 1854. americanas
História 17
Questões da Prova Anterior (A) Igualdade, Liberdade Política, Xenofobismo,
Anticomunismo.
01. Leia os textos a seguir: (B) Liberdade Política, Igualdade, Estado Mínimo,
Descentralização Política.
Texto I (C) Anticomunismo, Educação Libertária, Xenofilismo,
“A cultura Afrodescendente tem sido muitas vezes Nacionalismo.
reificada, apresentada como um repertório inerte de tradições, (D) Estado Mínimo, Educação Libertária, Xenofilismo,
como se não estivesse enraizada em processos culturais Antissemitismo.
dinâmicos e em ambientes sociais desiguais...”. (E) Nacionalismo, Xenofobismo, Anticomunismo,
LIMA, I. M. de F.; GUILLEN, I. C. M. Cultura afro-descendente no Recife: Antissemitismo.
maracatus, valentes e catimbós. Recife: Bagaço, 2007. p. 39.
Em relação aos valores e à ideologia defendidos pelo 04. A chamada Guerra dos Mascates, episódio ocorrido
Estado Novo, do qual Agamenon Magalhães, em nível em Pernambuco, entre 1710 e 1711, foi um conflito entre
estadual, era um de seus maiores representantes, assinale diferentes elites político-econômicas, localizadas em
a alternativa CORRETA. Olinda e Recife, resultando na ascensão da elite mercantil
de Recife.
História 18
A) Em 1711, as autoridades coloniais puseram fim ao
conflito, reafirmando o status de Recife enquanto vila, o que
conferiu à elite dessa povoação os meios para consolidar seu
poder político na capitania, mediante cargos na câmara Anotações
municipal da nova vila.
B) Os mercadores do Recife foram politicamente apoiados,
em sua revolta contra o poderio dos senhores olindenses, por
diversos grupos sociais livres de Recife e Olinda assim como
por um pequeno número de escravos.
C) A Guerra dos Mascates foi um conflito político entre
senhores de engenho e mercadores de grande porte em
Pernambuco do início do século XVIII que se estendeu por
outras províncias do atual Nordeste, como o Ceará e o Rio
Grande do Norte.
D) Os mercadores do Recife, em sua ânsia por liberdade,
proclamaram a República em 1711, proclamação, entretanto,
revogada pelas autoridades coloniais.
E) Em 1711, as autoridades coloniais puseram fim ao
conflito, elevando o Recife à categoria de vila, mas dando à elite
olindense a primazia sobre os cargos da nova câmara
municipal do Recife.
Gabarito
01 – D / 02 – E / 03 – B / 04 – A / 05 – A
História 19
História 20
DIREITOS E GARANTIAS
FUNDAMENTAIS
mulheres, porém, permitindo as diferenciações realizadas nos
termos da Constituição.
Artigo 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de IV- é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos anonimato;
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à Este inciso garante a liberdade de manifestação de
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos pensamento, até como uma resposta à limitação desses
termos seguintes: direitos no período da ditadura militar. Não somente por este
O artigo 5º da Constituição da República Federativa do inciso, mas por todo o conteúdo, que a Constituição da
Brasil de 1988 pode ser caracterizado como um dos mais República Federativa de 1988 consagrou-se como a
importantes constantes do arcabouço jurídico brasileiro. Tal “Constituição Cidadã”. Um ponto importante a ser citado neste
fato se justifica em razão de que este apresenta, em seu bojo, a inciso é a proibição do anonimato. Cabe ressaltar que a adoção
proteção dos bens jurídicos mais importantes para os de eventuais pseudônimos não afetam o conteúdo deste inciso,
cidadãos, quais sejam: vida, liberdade, igualdade, mas tão somente o anonimato na manifestação do
segurança e propriedade. pensamento.
A relação extensa de direitos individuais estabelecida no
art. 5º da Constituição tem caráter meramente enunciativo, V- é assegurado o direito de resposta, proporcional ao
não se trata de rol taxativo. Existem outros direitos agravo, além da indenização por dano material, moral ou à
individuais resguardados em outras normas previstas na imagem;
própria Constituição (por exemplo, o previsto no art. 150, O referido inciso traz, em seu bojo, uma norma
contendo garantias de ordem tributária). assecuratória de direitos fundamentais, onde se encontra
assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além
Vamos acompanhar em seguida o que prevê os demais da indenização correspondente ao dano causado. Um exemplo
dispositivos da norma: corriqueiro da aplicação deste inciso encontra-se nas
propagandas partidárias, quando um eventual candidato
I- homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos realiza ofensas ao outro. Desta maneira, o candidato ofendido
termos desta Constituição; possui o direito de resposta proporcional à ofensa, ou seja, a
O inciso supracitado traz, em seu bojo, um dos princípios resposta deverá ser realizada nos mesmos parâmetros que a
mais importantes existentes no ordenamento jurídico ofensa. Assim, se a resposta deverá possuir o mesmo tempo
brasileiro, qual seja, o princípio da isonomia ou da igualdade. que durou a ofensa, deverá ocorrer no mesmo veículo de
Tal princípio igualou os direitos e obrigações dos homens e comunicação em que foi realizada a conduta ofensiva. Não
LIV- ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem LVIII- o civilmente identificado não será submetido à
o devido processo legal; identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei;
Este inciso denota o princípio constitucional do devido A regra admitida pelo Texto Constitucional é que o
processo legal. Vislumbra-se que para que haja um processo indivíduo já identificado civilmente não deverá ser submetido
legal, há necessidade da observância do contraditório e da à outra identificação, para fins criminais. Todavia, o inciso
ampla defesa. Além disso, não poderão ser utilizadas provas supracitado, traz, em sua parte final, uma exceção à regra,
ilícitas bem como julgamento por autoridade incompetente. admitindo a identificação criminal aos civilmente
Assim, como é possível perceber, o princípio do devido identificados, desde que haja previsão legal.
processo legal abrange vários outros princípios, visando, desta
maneira, chegar a um provimento jurisdicional satisfativo. Atualmente, a Lei nº 12.037/2009, traz em seu artigo
3º, as hipóteses em que o civilmente identificado deverá
LV- aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e proceder à identificação criminal. São elas:
aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla – o documento apresentar rasura ou tiver indício de
defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; falsificação;
Neste inciso estamos diante dos princípios do – o documento apresentado for insuficiente para
contraditório e da ampla defesa. Esses princípios, identificar cabalmente o indiciado;
definitivamente, são dois dos mais importantes existentes no – o indiciado portar documentos de identidade
ordenamento jurídico. É importante salientar que o distintos, com informações conflitantes entre si;
contraditório e a ampla defesa devem ser observados não – a identificação criminal for essencial às investigações
somente em processos judiciais, mas também nos policiais, segundo despacho da autoridade judiciária
administrativos. competente, que decidirá de ofício ou mediante
Todavia, existem questões controversas acerca do representação da autoridade policial, do Ministério Público
contraditório e da ampla defesa. Uma delas diz respeito ao ou da defesa;
inquérito policial, onde para alguns doutrinadores não há que – constar de registros policiais o uso de outros nomes
se cogitar a aplicação destes princípios, já que no inquérito ou diferentes qualificações;
inexiste acusação, sendo este apenas um instrumento – o estado de conservação ou a distância temporal ou da
administrativo tendente à coleta de provas que visem embasar localidade da expedição do documento apresentado
a propositura da ação penal pelo membro do Ministério impossibilite a completa identificação dos caracteres
Público. essenciais.
LVI- são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por
meios ilícitos; LIX- será admitida ação privada nos crimes de ação pública,
A Constituição ao explicitar serem inadmissíveis no se esta não for intentada no prazo legal;
processo, as provas obtidas por meios ilícitos, diz respeito às O inciso LIX consagra a possibilidade de ajuizamento da
provas adquiridas em violação a normas constitucionais ou ação penal privada subsidiária da pública. Preliminarmente,
legais. Em outras palavras: prova ilícita é a que viola regra de antes de tecer quaisquer comentários acerca dessa espécie de
direito material, seja constitucional ou legal, no momento de ação, cabe ressaltar que as ações penais se dividem em: ações
sua obtenção (ex.: confissão mediante tortura). Por outro lado, penais públicas e ações penais privadas.
as provas que atingem regra de direito processual, no As ações penais públicas, que possuem o Ministério
Público como legitimado privativo na sua proposição, se
Direitos e Garantias Fundamentais 9
dividem em ações penais públicas incondicionadas e ações flagrante não pressupõe a existência de ordem escrita e
penais públicas condicionadas. fundamentada de juiz competente, pois este tipo de prisão
As ações penais públicas incondicionadas independem de pode ser realizada por qualquer pessoa.
qualquer espécie de condição para a sua propositura. Neste Já a segunda maneira é a prisão realizada por ordem
caso, se o membro do Ministério Público, após a análise do caso escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente
concreto, se convencer da ocorrência de crime, deverá (ou seja, mandado de prisão). É importante ressaltar que
oferecer a denúncia, peça processual inaugural da ação penal. existem outras espécies de prisão, tais como: prisão
Neste caso, o membro do Ministério Público poderá iniciar a preventiva e prisão temporária. Essas prisões para se
ação penal sem a necessidade de obediência de qualquer efetivarem, necessitam da existência de um mandado de
condição. prisão assinado pelo juiz competente.
Noutro passo, as ações penais condicionadas dependem da Em que pese à garantia de que ninguém será preso senão
obediência de algumas condições para que o Ministério através das hipóteses supracitadas, cabe ressaltar que para os
Público possa oferecer a denúncia, e assim, dar início à ação militares existem algumas ressalvas. De acordo com a parte
penal que levará a uma sentença penal que poderá ter cunho final do inciso comentado, os militares poderão ser presos em
condenatório ou absolutório. As condições a serem obedecidas razão de transgressão militar ou pelo cometimento de crime
são as seguintes: representação do ofendido e requisição do militar, previstos em lei.
Ministro da Justiça.
É importante salientar que os crimes onde seja necessário LXII- a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre
o ajuizamento de ação penal pública condicionada e os de ação serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à
penal privada serão expressamente dispostos. Assim, família ou à pessoa por ele indicada;
podemos chegar à conclusão de que, subtraídos os crimes de Este inciso demonstra alguns dos direitos do preso, dentre
ação penal pública condicionada e os crimes de ação penal eles a comunicação à família ou pessoa por ele indicada.
privada, os demais serão de ação penal pública Ademais, é importante salientar que o juiz competente
incondicionada. também será comunicado para que tome as medidas cabíveis.
Os crimes de ação penal privada são aqueles em que o
Estado transferiu a titularidade do ajuizamento da ação ao LXIII- o preso será informado de seus direitos, entre os quais
ofendido, ou seja, à vítima do crime. o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da
A ação penal privada se divide em algumas espécies, mas família e de advogado;
vamos nos ater à ação penal privada subsidiária da pública, Neste inciso, outros direitos do preso estão presentes,
objeto do inciso em estudo. quais sejam: o de permanecer calado, de assistência da família
Essa espécie de ação penal privada irá entrar em cena e de advogado. O primeiro deles trata da possibilidade do
quando o Ministério Público, legitimado privativamente ao preso permanecer calado, haja vista que este não é obrigado a
exercício da ação penal pública, ficar inerte, não agir, como por produzir prova contra si. Ademais, os outros garantem que
exemplo, deixar de oferecer a denúncia. seja assegurado este a assistência de sua família e de um
Assim, em caso de inércia do Ministério Público, o próprio advogado.
ofendido poderá ajuizar a ação penal. Cabe ressaltar, no
presente caso, que mesmo havendo a inércia do Ministério LXIV- o preso tem direito a identificação dos responsáveis
Público e o eventual ajuizamento da ação pelo ofendido, a por sua prisão ou por seu interrogatório policial;
legitimidade privativa no ajuizamento da ação penal conferida Este inciso visa à identificação das pessoas ou autoridades
ao Ministério Público não é transferida. responsáveis pela prisão ou pelo interrogatório, pois com a
identificação destes há facilidade de responsabilização em
LX- a lei só poderá restringir a publicidade dos atos caso de eventuais atos abusivos cometidos contra o preso.
processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social
o exigirem; LXV- a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela
A regra, de acordo com o artigo 93, inciso IX, da autoridade judiciária;
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, é a Este inciso é de extrema relevância, pois permite o
publicidade de todos os atos processuais. Contudo o inciso LX, relaxamento da prisão do indivíduo que porventura tenha
dispõe que poderá haver restrição da publicidade dos atos sofrido cerceamento em sua liberdade por uma prisão que
processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse esteja eivada de ilegalidade. Esta ilegalidade pode ocorrer por
social o exigirem. Um exemplo do presente caso diz respeito às diversos motivos, como por exemplo, nulidades, abuso de
questões referentes ao Direito de Família (ex.: ação de autoridade no ato da prisão, dentre outros.
reconhecimento de paternidade). Desta maneira, comprovada a ilegalidade da prisão, o
relaxamento desta é medida indispensável, ou seja, deverá ser
LXI- ninguém será preso senão em flagrante delito ou por libertado o indivíduo do cárcere.
ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária
competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime LXVI- ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando
propriamente militar, definidos em lei; a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança;
A liberdade é um direito do cidadão constitucionalmente Diferentemente do inciso anterior, onde a prisão
tutelado. Porém, a prisão constitui uma das restrições à encontrava-se eivada de ilegalidade, aqui estamos diante de
aplicabilidade do direito à liberdade. Este inciso explicita que prisão legalmente realizada, sem ocorrência de nulidades,
ninguém será preso, senão em flagrante delito ou por ordem vícios ou abusos. Todavia, o Código de Processo Penal
escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, brasileiro admite que o indivíduo responda ao processo pelo
salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente crime que cometeu em liberdade, desde que, previamente,
militar, definidos em lei. De acordo com este inciso só existem efetue o pagamento de fiança. Contudo, existem outros casos
duas maneiras de se efetuar a prisão de um indivíduo. A em que é admissível a liberdade provisória, sem o pagamento
primeira se dá através da prisão em flagrante, ou seja, quando, de fiança.
em regra, o indivíduo é flagrado praticando o crime. É Cabe ressaltar que a liberdade provisória com o
importante salientar que existem diversas espécies de prisão pagamento de fiança constitui dever tanto do Juiz de Direito
em flagrante, todavia, nos ateremos somente ao gênero para como do Delegado de Polícia, (sendo deste somente nos casos
entendimento deste inciso. Cabe ressaltar que a prisão em de infração cuja pena privativa de liberdade máxima não seja
1 BERTRAMELLO, Rafael Grandulpho. Os Direitos Sociais: conceito, finalidade 3 COMPARATO, Fábio Konder. A Afirmação Histórica dos Direitos Humanos.
e teorias. 2013; Disponível em: 7ª ed. Rev. E atual. – São Paulo: Saraiva, 2010, p. 65 e ss.
http://rafaelbertramello.jusbrasil.com.br/artigos/121943093/os-direitos- 4 FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Direitos Humanos Fundamentais. 11ª
sociais-conceito-finalidade-e-teorias, acesso em 17/06/2015. ed. Rev. E aum. – São Paulo: Saraiva, 2009, pp. 42-43.
2 O estamento constitui uma forma de estratificação social com camadas mais 5 COMPARATO, Fábio Konder. A Afirmação Histórica dos Direitos Humanos.
fechadas do que classes sociais, e mais abertas do que as castas, ou seja, possui 7ª ed. Rev. E atual. – São Paulo: Saraiva, 2010, p. 77.
maior mobilidade social que no sistema de castas, e menor mobilidade social do 6 LAFER, Celso. A Reconstrução dos Direitos Humanos: um diálogo com o
que no sistema de classes sociais. É um tipo de estratificação ainda presente em pensamento de Hannah Arendt. – São Paulo: Cia das Letras, 2009 (7ª reimpressão),
algumas sociedades. Nessas sociedades, do presente ou do passado, o indivíduo p. 128.
desde o nascimento está obrigado a seguir um estilo de vida predeterminado, 7 SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 32ª ed. Rev.
reconhecidas por lei e geralmente ligadas ao conceito de honra, embora exista E atual. – São Paulo: Malheiros Editores, 2009, p. 285.
alguma mobilidade social.
8 FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Direitos Humanos Fundamentais. 11ª 12 BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 27ª ed. Atual. – São
ed. Rev. E aum. – São Paulo: Saraiva, 2009, p. 50. Paulo: Malheiros Editores, 2012, pp. 582-583.
9 TAVARES, André Ramos. Curso de Direito Constitucional. 10ª ed. Rev. E atual. 13 BARROSO, Luís Roberto. Curso de Direito Constitucional Contemporâneo: os
– São Paulo: Saraiva, 2012, p. 837. conceitos fundamentais e a construção do novo modelo. 3ª ed. – São Paulo: Saraiva,
10 BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de Direito Constitucional. 6ª ed. Rev. E atual. 2011, p. 329.
– São Paulo: Saraiva, 2011, p. 789. 14 DIDIER JR, Fredie – Org. Ações Constitucionais. 6ª ed. Rev., ampl. E atual. –
11 BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de Direito Constitucional. 6ª ed. Rev. E atual. Salvador: Editora Juspodivm, 2012, p. 21.
– São Paulo: Saraiva, 2011, p. 790.
15 SARLET, Ingo Wolfgang. A Eficácia Horizontal dos Direitos Fundamentais: constitucional brasileira, deverá incluir os direitos à educação fundamental, à
uma teoria geral dos direitos fundamentais na perspectiva constitucional. 10ª ed. saúde básica, à assistência no caso de necessidade e ao acesso à justiça”.
Rev. Atual. E ampl. – Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2009, 287. 17 ADI 1.484/DF, Rel. Min. Celso de Mello.
16 BARROSO, Luís Roberto. Curso de Direito Constitucional Contemporâneo: os 18 PAULO, Vicente. Resumo de direito constitucional descomplicado/Vicente
conceitos fundamentais e a construção do novo modelo. 3ª ed. – São Paulo: Saraiva, Paulo, Marcelo Alexandrino. 6ª ed. – São Paulo: Método, 2012, p. 101.
2011, p. 202. Cf., a propósito, Ana Paula de Barcellos, A eficácia jurídica dos 19 Apud José Afonso da Silva, Comentário Contextual à Constituição. 8ª ed.,
princípios constitucionais: o princípio da dignidade da pessoa humana, 2002, p. atual. Até a Emenda Constitucional 70, de 22.12.2011. – São Paulo: Malheiros
305: “Esse núcleo, no tocante aos elementos matérias da dignidade, é composto Editores, 2012, p. 188.
pelo mínimo existencial, que consiste em um conjunto de prestações mínimas sem 20 SILVA, José Afonso da. Comentário Contextual à Constituição. 8ª ed., atual.
as quais se poderá afirmar que o indivíduo se encontra em situação de indignidade Até a Emenda Constitucional 70, de 22.12.2011. – São Paulo: Malheiros Editores,
(...) Uma proposta de concretização do mínimo existencial, tendo em conta a ordem 2012, p. 189.
21 SILVA, José Afonso da. Comentário Contextual à Constituição. 8ª ed., atual. 22 RE 559.646-AgR, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 7-6-2011, Segunda
Até a Emenda Constitucional 70, de 22.12.2011. – São Paulo: Malheiros Editores, Turma, DJE de 24-6-2011.
2012, p. 649.