UNINOVE
MATERIAL DE APOIO
CURSO:
PROFESSOR:
ALUNO: TURMA:
1º SEMESTRE - 2007
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A Língua pode ser definida como um código formado por signos (palavras) e leis
combinatórias usados por uma mesma comunidade.
Por sua vez, a linguagem serve como instrumento de comunicação que faz uso de um
código, permitindo, assim, a interação entre as pessoas - é a atividade comunicativa.
As linguagens apresentam características próprias de composição para adequarem-se
aos veículos específicos, aos receptores, às épocas e às situações determinadas - são os
diversos tipos de linguagem: linguagem de teatro, linguagem de programação, linguagem de
cinema, linguagem popular.
Há inúmeros tipos de linguagem: a fala, os gestos, o desenho, a pintura, a música, a
dança, o código Morse, o código de trânsito.
As linguagens podem ser organizadas em dois grupos: a linguagem verbal, modelo de
todas as outras, e as linguagens não verbais. A linguagem verbal é aquela que tem por unidade
a palavra; as linguagens não verbais têm outros tipos de unidade, como o gesto, o movimento,
a imagem.
Cada indivíduo pode fazer uso próprio e personalizado da língua, dando origem à fala,
embora esta prática deva estar sempre condicionada às regras socialmente estabelecidas da
língua.
Nesse sentido convém ressaltar que a colocação das palavras na frase e a mudança de
relação entre elas são fatores de mudança de significado. Além disso, a leitura dos sinais de
pontuação é também significativa, influenciando todo o significado de um enunciado.
O português empregado pelas pessoas que têm acesso à escola e aos meios
de instrução difere do português empregado pelas pessoas privadas de
escolaridade. Algumas classes sociais, assim, dominam uma forma de língua
que goza prestígio, enquanto outras são vitimas de preconceito por empregarem
estilos menos prestigiados. Cria-se, dessa maneira, uma modalidade de língua -
Social a norma culta -, que deve ser adquirida durante a vida escolar e cujo domínio é
solicitado como modo de ascensão profissional e social.
Do ponto de vista estritamente lingüístico, não há nada nas variedades lingüísticas que
permita considerá-las boas ou ruins, melhores ou piores, feias ou bonitas, primitivas ou
elaboradas.
Dino Preti, autor e professor da PUC-SP, em reportagem na Folha de S.Paulo, afirma
não haver mais linguagens puras ou padrões melhores ou piores. “O que existem são
variações. A linguagem culta é ideal em certas condições e, em outras, não. Até palavrão é
ideal algumas vezes.” O falante culto, afirma, não é o que conhece a gramática, mas o que
sabe se adaptar às variações de linguagem, de acordo com cada situação. “Uma coisa é o
especialista usar ‘deletar’ entre colegas, outra é ostentar o fato de ser um técnico em
computação.” (Folha de S.Paulo, 24 jun. de 2003.)
Seja na fala seja na escrita, a linguagem de uma pessoa pode variar, ou seja, passar de
culta ou padrão à coloquial ou até mesmo à vulgar. O gramático Evanildo Bechara ensina que
é preciso ser “poliglota de nossa língua”. Poliglota é a pessoa que fala várias línguas. No caso,
ser poliglota do português significa ter domínio do maior número possível de variedades
lingüísticas e saber utilizá-las nas mais diferentes situações.
A linguagem culta é aquela utilizada pelas pessoas de instrução, niveladas pela escola.
Ela é mais restrita, pois constitui privilégio e conquista cultural de um número reduzido de
falantes.
Já a linguagem coloquial pode ser considerada um tipo de linguagem espontânea, ou
seja, utilizada para satisfazer as necessidades vitais do falante sem muita preocupação com
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as formas lingüísticas. É a língua cotidiana, que comete pequenos – mas perdoáveis – deslizes
gramaticais.
A linguagem vulgar, porém, é própria das pessoas sem instrução. É natural, expressiva,
livre de convenções sociais.
O primeiro mito que deve ser desfeito na relação entre fala e escrita é o de que a fala é
o lugar da informalidade, da liberdade, do dizer tudo e da forma que quiser, e a escrita, por sua
vez, é o lugar da realização formal, controlada e bem elaborada.
“A perspectiva da dicotomia estrita tem o inconveniente de
considerar a fala como o lugar do erro e do caos gramatical,
tomando a escrita como o lugar da norma e do bom uso da
língua. Seguramente, trata-se de uma visão a ser rejeitada”.
(Marcuschi, 2001: 28)
Na verdade, fala e escrita são duas realizações possíveis de uma mesma língua que
tanto podem ser elaboradas quanto informais. O que determinará o grau maior ou menor de
formalidade é o contexto em que o falante ou escritor estará inserido.
O que existe é uma maior valorização da escrita pela sociedade, justamente pelo fato
de esta ser aprendida e desenvolvida em uma instituição social que é a escola. Entretanto,
assim como a fala não possui uma propriedade negativa, a escrita também não é uma
modalidade privilegiada, ou seja, não existe superioridade de uma modalidade em relação à
outra.
Sendo assim, fala e escrita são duas práticas sociais que se realizam em um continuum
e não de maneira dicotômica.
“Isso equivale a dizer que tanto a fala como a escrita apresentam
um continuum de variações, ou seja, a fala varia e a escrita varia.
Assim, a comparação deve tomar como critério básico de análise
uma relação fundada no continuum dos gêneros textuais para
evitar as dicotomias estritas”. (Ibidem: 42)
As diferenças entre língua oral e língua escrita permitem traçar um quadro contrativo
dos componentes básicos dessas modalidades.
EXERCÍCIOS
1. O articulista Luiz Nassif em seu artigo “O FMI vem aí. Viva o FMI”, publicado na revista
Ícaro, utilizou o registro culto típico do jornalismo, utilizando, inclusive, expressões típicas da
linguagem técnica dos economistas. Entretanto, fez uso também de expressões informais. Leia
o trecho abaixo e resolva as questões propostas a seguir.
“Países já chegam ao FMI com todos esses impasses, denotando a incapacidade de
suas elites de chegarem a fórmulas consensuais para enfrentar a crise – mesmo porque
essas fórmulas implicam prejuízos aos interesses de alguns grupos poderosos. Aí a
burocracia do FMI deita e rola. Há, em geral, economistas especializados em
determinadas regiões do globo. Mas, na maioria das vezes, as fórmulas aplicadas aos
países são homogêneas, burocráticas, de quem está por cima da carne-seca e não quer
saber de limitações de ordem social ou política.(...) Sem os recursos adicionais do
Fundo, a travessia de 1999 seria um inferno, com as reservas cambiais se esvaindo e o
país sendo obrigado ou a fechar sua economia ou a entrar em parafuso. O desafio será
produzir um acordo que obrigue, sim, o governo e Congresso a acelerarem as formas
essenciais.” ( Ícaro, 170, outubro de 1998 – questão adaptada do vestibular da
Unicamp)
a) Transcreva as expressões que caracterizam a variante técnica da linguagem.
b) Transcreva as expressões que têm características de informalidade.
c) Substitua essas expressões apresentadas no nível coloquial por outras típicas da linguagem
formal.
2. Abaixo, temos a simulação de uma entrevista para a ocupação de um cargo numa empresa.
É nítido nesta entrevista o uso de duas variações lingüísticas bem marcadas pelos
interlocutores. A nossa atividade é assumir o papel do entrevistado e tentar adequar o nível de
linguagem ao da entrevistadora.
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- Bom dia. Sente-se, por favor, preciso fazer algumas perguntas para o senhor a fim de saber
se está devidamente qualificado para a nossa empresa.
- Ah. Falô, na boa.
- Qual o nome do Sr., por favor?
- José Carlos, mas o pessoal lá de casa e da rua me chama de zé.
- Muito bem Sr. José Carlos, temos uma vaga para o cargo de Assistente Administrativo, mas
precisamos que o candidato tenha domínio de algumas habilidades.
- Certo! É só perguntar.
- O Sr. Possui algum conhecimento na área de informática? Nos dias de hoje ela é
imprescindível para qualquer profissional da área administrativa.
- Sim, eu manjo bastante de informática, você sabe, aqueles programas de sempre: Window,
Word, Excel, esses baratos todos.
- O Sr. costuma acessar a Internet? Conhece as principais ferramentas desse instrumento de
comunicação?
- OH! Nossa! Eu costumo viajar bastante na Internet, conheço muitos sites.
- Qual o grau de escolaridade do Sr.?
- Bem, eu estudei Administração Geral numa faculdade e agora tô pensando em me
especializar em Marketing.
- O Sr. fala algum idioma: inglês, espanhol?
- Bem, fiz um cursinho de espanhol rápido por causa do barato do Mercosul né. Inglês só no
the book is on the table.
- O Sr. é casado? Qual sua Idade?
- Não, por enquanto tô fora... Só namoro mesmo! Tô com 25 anos.
- Qual a sua experiência profissional? O Sr. já trabalhou numa empresa de grande porte como
esta?
- AH! pra falar a verdade eu trabalhei sempre como boy em empresas pequenas, mas o meu
último trampo foi numa distribuidora de medicamentos - empresa grande.
- E quais eram as atividades do Sr. nessa empresa?
- Nossa! Eu fazia um pouco de tudo. Às vezes fazia umas coisas no departamento pessoal,
depois fui para o financeiro, passei uns meses também no CPD... rodei bastante por lá.
- Muito bem Sr. José Carlos, estou com os dados do Sr. aqui. Assim que tivermos uma posição
entramos em contato. Bom dia.
- Certo, bom dia, mas o trampo é meu?
(Texto elaborado pelo Professor Jorge Torresan)
apreendido e que se estabeleça comunicação, mesmo que a correspondência não seja absoluta
e um mesmo tipo de mecanismo assuma contornos específicos em cada tipo de linguagem.
A utilização de recursos não-verbais na comunicação é freqüente e exige que o leitor
esteja atento a essas formas de interação que, muitas vezes tomam o lugar dos textos verbais -
ou a eles se associam -com o objetivo de produzir sentido de maneira mais rápida e eficiente –
é o caso das tabelas, dos gráficos, dos sinais de trânsito, charges.
Observe a mensagem transmitida com a charge abaixo:
(http://www.patodelaranja.com/colunistas/clauro/cla_070205.php)
5. GRAMÁTICA DE USO
APRESSAR Acelerar
APREÇAR Perguntar ao ajustar o preço de
TAXA Imposto
TACHA Prego
COMPRIMENTO Extensão
CUMPRIMENTO Saudação
DESTRATAR Insultar
DISTRATAR Desfazer contrato
POR QUE – Utilizado no início de frases interrogativas. Com sentido de razão / motivo
pelo(a) qual.
Por que você não foi à festa?
Gostaria de saber por que você não foi à festa.
PORQUÊ – Com valor substantivo, precedido de determinante. Pode ser substituído por motivo.
Quero saber o porquê de tanta gritaria.
A FIM DE ou AFIM?
ONDE ou AONDE?
CERCA DE – Indica arredondamento (perto de, coisa de, por volta de, em torno de,
aproximadamente)
Cerca de 10 mil pessoas compareceram à manifestação.
Obs: Não usar para números exatos. Ex.: “Cerca de 543 pessoas...”
A ou HÁ?
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A PAR ou AO PAR?
MENOS ou MENOS?
MÁS – Ruins.
Essas pessoas são muito más.
MAL ou MAU?
• A forma A NÍVEL DE dita com tanta propriedade não existe, portanto deve ser
eliminada ou substituída por EM RELAÇÃO A, NO QUE DIZ RESPEITO A.
• A expressão EM NÍVEL DE pode ser usada quando for possível estabelecer níveis
/patamares em relação ao que se fala.
• Prefira seguramente:
Eu, como (ou na posição de) responsável pelo departamento... (CORRETO)
A PRINCÍPIO ou EM PRINCÍPIO?
EM CORES
Conserta-se TV em cores.
NA RUA
EM DOMICÍLIO ou A DOMICÍLIO?
DIA-A-DIA – Cotidiano.
Isso é freqüente no nosso dia-a-dia.
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SE NÃO ou SENÃO?
AO ENCONTRO DE ou DE ENCONTRO A?
EXERCÍCIOS
1. Preencha os espaços com por que, por quê, porque ou porquê:
a)__________________você pretende sair mais cedo?
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“Os habitantes de certas comunidades, como algumas da Síria e da África, consideram o amor
como um empecilho ao sucesso de um casamento. Para eles, a vida em comum é assunto
muito sério para ser tratado por jovens inexperientes. Pessoas apaixonadas não estão
capacitadas a discutir assuntos tão pouco românticos como ‘status’ social, multiplicação de
fortunas, saúde, linguagem familiar e meios de sobrevivência. Sentimentos amorosos e atração
física são fatores secundários quando se trata de arranjos de interesse social ⎯ como é o
casamento para aqueles povos. À família cabe, portanto, todos os acertos para o matrimônio, e
o namoro é um assunto à parte, um divertimento próprio para a juventude.”
(Livro da Vida. Enciclopédia Semanal Ilustrada nº 5)
Portanto temos:
Tópico frasal: “Os habitantes de certas comunidades, como algumas da Síria e da África,
consideram o amor como um empecilho ao sucesso de um casamento”.
Desenvolvimento:
Palavra Chave: são aquelas que estão mais de perto associadas especificamente ao assunto do
texto, podendo aparecer repetidas e algumas vezes na forma de sinônimos. A identificação das
palavras-chave através do skimming (estratégia ou procedimento que consiste em lançar os
olhos rapidamente sobre o texto, numa breve leitura para captar o assunto geral apenas, se esse
for o objetivo da leitura) leva-nos a ter uma identificação do assunto no texto.
Podemos escrever sobre qualquer assunto, porém, não podemos fazê-lo de maneira não
planejada. Portanto precisamos de um planejamento:
1- levantamento sobre qual assunto iremos escrever;
2- determinar qual o objetivo do texto e
3- antecipar sua conclusão, para podermos trilhar um caminho uniforme sobre o
assunto.
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Observe:
Evidentemente, toda dissertação está voltada para um determinado assunto. Amplo e
genérico, o assunto deverá sofrer uma delimitação. Tomemos, exemplificativamente, o assunto
namoro. Diante da amplitude que este tema encerra, poderemos delimitá-lo, restringi-lo sob
enfoques diversos, e, que esteja de acordo com meu objetivo em tratar do assunto.
→ O namoro antigo;
Namoro → O namoro o casamento;
→ O namoro como fonte de conhecimento.
Objetivo: mostrar que o namoro atua, também, como fator de estabilidade e de conhecimento
entre os jovens.
Uma vez fixado o objetivo, é chegado o momento de elaborarmos o tópico frasal. Esta
pode ser constituído de uma ou mais orações com a função específica de traduzir,
verbalmente, o objetivo escolhido. Algumas vezes, só poderemos reconhecer o objetivo após
a leitura integral do parágrafo. O tópico frasal, geralmente, abre o parágrafo dissertativo
introduzindo a idéia central (objetivo) a ser, posteriormente, desenvolvida. Com ela, o
parágrafo tem condições de receber um desenvolvimento que, respeitando os limites fixados
no objetivo, facilite ao leitor a compreensão de como o assunto fora delimitado. Vejamos, no
caso, uma possibilidade de tópico frasal:
Tópico frasal: Preenchendo funções psicológicas importantes, o namoro atua, também, como
fator de estabilidade e de conhecimento entre os jovens.
O tópico frasal, pela sua própria condição de declaração genérica, passa a depender de
justificações ou argumentos (desenvolvimento) que lhe confiram aceitabilidade. Dessa
forma, ele precisa ser desenvolvido com a apresentação de fatos, exemplos, argumentos que
lhe dêem a necessária sustentação.
DESENVOLVIMENTO
1- Desenvolvimento:
1.1. A descoberta dos problemas e das incertezas do sexo oposto.
1.2. A definição da própria identidade.
Tópico frasal
Desenvolvimento
CONCLUSÃO:
TÓPICO FRASAL
[Preenchendo funções psicológicas importantes, o namoro atua também, como
fator de estabilidade e de conhecimento entre os jovens.] DESENVOLVIMENTO
[1- É através dele que o rapaz e a moça descobrem as incertezas e os problemas
que afligem o sexo oposto.] [2- Convivendo e repartindo as experiências, os jovens
acabam por definir a própria identidade.] CONCLUSÃO [Assim sendo, não
podemos considerar o namoro como um mero passatempo social, pois, assim
entendendo, estaríamos ignorando a benéfica contribuição que presta à
estabilidade e ao desenvolvimento emotivo dos nossos jovens.] A conclusão é a fase
final do ato dissertativo. Freqüentemente, fecha o parágrafo dissertativo retomando a
idéia expressa no tópico frasal. Outras vezes a conclusão apresenta uma idéia nova
traduzindo conseqüências, implicações e mesmo interrogações em relação ao assunto
abordado.
Na Europa, claro. Pois, no Brasil, a conclusão melancólica é que o tema não deve sequer
ser suscitado
O médico Bernard Kouchner, ministro da Saúde da França, é das pessoas mais respeitadas do
país. Com certeza é a mais respeitada do governo, dona de autoridade moral construída ao
longo de uma vida de dedicação aos doentes, feridos e carentes. Kouchner foi um dos
fundadores, em 1971, da organização Médicos sem Fronteiras, contemplada, em 1999, com o
Prêmio Nobel da Paz. Como médico sem fronteira, esteve nos lugares onde menos valia a
pena estar, e nos momentos em que menos valia a pena se deslocar até eles – Vietnã, Camboja,
Biafra, Líbano, El Salvador, Honduras. Quer dizer: menos valia a pena para uma pessoa
comum. Para ele, como pessoa incomum, só valiam a pena esses lugares, e só em ocasiões em
que estivessem assolados por guerras, fomes ou pestes.
Na semana passada, Kouchner reavivou uma polêmica ao revelar, numa entrevista publicada
pela revista holandesa Vrij Nederland, que "muitas vezes" praticou a eutanásia, nos anos 70, à
época em que assistia vítimas de guerra no Vietnã e no Líbano. "Quando as pessoas sofriam
muito e eu sabia que iam morrer, eu as ajudava", disse. Kouchner dava-lhes injeção de
morfina, "muita morfina". "São pessoas das quais me lembro muito bem", acrescentou. "Todos
os médicos do mundo conhecem esse tipo de pessoa." Eutanásia – é essa a palavra? Kouchner
não admite que se chame de eutanásia aquilo que praticou. "Tratava-se de cuidados paliativos
em período de guerra e de forma alguma de práticas programadas, do tipo reivindicado por
associações em favor 'do direito de morrer com dignidade'", diz ele. Os pacientes de que fala
não eram doentes de câncer ou Aids que pedissem para morrer. Sobre esses casos, o médico
francês se diz aberto à discussão. Ele convida a um debate – e um debate "sem arrogância, sem
certezas nem posições ideológicas".
A diferença entre os "cuidados paliativos" de que fala Kouchner e a eutanásia é sutil. Deve-se
possivelmente à sua própria experiência de médico de guerra. Ele não enfrentava doentes num
hospital de país desenvolvido, com tempo para pensar, avaliar o caso sob todos os ângulos,
conferenciar com os parentes, além de com o próprio paciente, e marcar dia e hora para o
desenlace, como já vinha acontecendo havia algum tempo na Holanda, de forma informal, e
ultimamente ganhou amparo legal. Seus casos eram de um desespero urgente. Ocorriam nas
circunstâncias mais adversas, nos locais mais precários. De toda forma, as declarações de
Kouchner tendem a relançar na França um debate que há três anos esteve na ordem do dia, por
força das aventuras e desventuras de Christine Malèvre – jovem enfermeira que admitiu ter
abreviado a vida de cerca de trinta pacientes do hospital onde trabalhava, em Mantes-la-Jolie,
nos arredores de Paris. Christine Malèvre, que está na iminência de ter seu caso apreciado na
Justiça, agiu de forma arbitrária e insensata, talvez criminosa, não se duvida, ao atribuir-se a
decisão de encaminhar os pacientes à morte. Mas o fez por compaixão. Por isso, ganhou a
compreensão da opinião pública.
eliminação das crianças que nasciam defeituosas, em nome do aprimoramento da raça) mexe
com os recônditos do ser humano mais ainda que o do aborto. O aborto, muitos países
permitem. A eutanásia, só a Holanda. "Será que o homem ocidental quer tornar-se senhor de
sua própria morte?", perguntava um documento divulgado há alguns anos pela Igreja Católica
da Holanda, a maior adversária das práticas que, de tanto amiudar-se, acabaram legalizadas no
país. Em outras palavras, a escolha da hora e da modalidade equivaleria a uma intolerável
dessacralização da morte, indicativa da prepotência do homem contemporâneo.
E nós com isso? Nós, brasileiros, que temos a ver com esse debate? Nada. Rigorosamente
nada. O Brasil não está no ponto nem de cogitar em eutanásia, por uma questão de base: ela só
é admissível numa sociedade estruturada e igualitária como a holandesa, consciente dos
próprios direitos, respeitadora dos alheios, com instituições sólidas e regras iguais para todos.
O nosso é um país com hospitais que matam os pacientes por descuidos tão aterradores quanto
usar água envenenada no processamento da hemodiálise, como aconteceu em Pernambuco, e –
para chegar mais perto do assunto em tela – com profissionais tão desqualificados quanto o
enfermeiro que eliminava pacientes para ganhar dinheiro de funerárias, como ocorreu no Rio
de Janeiro. Não se trata de ambiente onde a eutanásia possa ser minimamente administrável. O
tema não é apenas complexo. Só faz sentido numa sociedade madura e sadia. Eis então a
conclusão melancólica, quando se depara com discussões como a suscitada por Kouchner: isso
não é para o nosso bico. Ficar fora delas é mais um preço a pagar pelo subdesenvolvimento.
Parágrafo 1
Idéia principal/ tópico frasal: O médico Bernard Kouchner é uma das pessoas mais
respeitadas da França.
Desenvolvimento:
1. Bernard Kouchner possui uma longa história de dedicação aos doentes, feridos e
carentes.
2. Kouchner foi um dos fundadores da organização Médicos sem Fronteiras.
3. A organização ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 1999.
4. Como médico sem fronteira, esteve em lugares que enfrentavam tragédias como a
fome, a guerra ou a peste.
5. Kouchner é pessoa incomum.
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h) Conclusão
i) Síntese dos argumentos:
j) Síntese do artigo
l) Apresentação geral do texto e do objetivo do autor:
m) Argumentação do autor
n) Conclusão do autor.
7. PARAGRAFAÇÃO
(Adaptado de D’Amaral, Teresa Costa. Deficientes e o Direito ao Trabalho Jornal: O Globo Rio, 3 de setembro de
1999.)
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EXERCÍCIOS
Viver em sociedade
Assunto: Futebol
Delimitação do assunto: exportação de profissionais de futebol.
Objetivo: Mostrar que, apesar do fracasso do nosso futebol nas últimas copas, o Brasil é o país
que mais tem exportado profissionais desse esporte (1978).
Parágrafo 1
Tópico-frasal: Apesar do fracasso do Brasil nas últimas copas, nenhum outro país tem
exportado tantos profissionais do futebol.
Desenvolvimento:
1- a possibilidade de uma seleção brasileira apenas com craques exportados.
Parágrafo 2
Tópico-frasal: Os Estados Unidos e os países árabes são hoje os grandes importadores do
nosso futebol.
Desenvolvimento:
1- A importante contribuição de Pelé na implantação do “soccer” (como é chamado nosso
futebol nos EUA).
2- O entusiasmo dos árabes pelos métodos de treinamento e de preparação física dos
brasileiros.
Parágrafo 3
Tópico-frasal: Antes do “boom” do time do Cosmos (EUA) e do petróleo, nossos craques
costumavam carimbar seu passaporte em outras paragens.
Desenvolvimento:
1- Anos trinta: exportação para O Uruguai e Argentina.
Conclusão: Hoje, entretanto, Europa, Estados Unidos e países árabes disputam a nossa
mercadoria altamente valorizada no mercado mundial: profissionais de futebol, “made in
Brazil”.
8. O PARÁGRAFO CHAVE
O primeiro parágrafo do texto deve ser criativo, deve atrair a atenção do leitor. Assim
é preciso evitar expressões desgastadas como: nos dias de hoje, hoje em dia, atualmente, a
cada dia que passa, desde os primórdios, desde épocas remotas, no mundo de hoje, na
atualidade, o mundo em que vivemos.
Para auxiliar seu trabalho, observe abaixo dezoito formas de começar um texto,
sugeridas pelo professor Antônio Carlos Viana.
O mito, entre os primitivos, é uma forma de se situar no mundo, isto é, de encontrar o seu
lugar entre os demais seres da natureza. É um modo ingênuo, fantasioso, anterior a toda
reflexão e não-crítico de estabelecer algumas verdades que não só explicam parte dos
fenômenos naturais ou mesmo a construção cultural, mas que dão também, as formas da ação
humana.
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda & MARTINS, Maria Helena Pires. Temas de Filosofia.
São Paulo, Moderna, 1992. p. 62.
3. Divisão
(tema: exclusão social)
Ao dizer que há duas convicções errôneas, fica logo clara a direção que o
parágrafo vai tomar. O autor terá de explicitá-las na frase seguinte.
4. Oposição
(tema: a educação no Brasil)
As duas primeiras frases criam uma oposição (de um lado / de outro) que
estabelecerá o rumo da argumentação.
Também se pode criar uma oposição dentro da frase, como neste exemplo:
Vários motivos me levaram a este livro. Dois se destacam pelo grau de envolvimento:
raiva e esperança. Explico-me: raiva por ver o quanto a cultura ainda é vista como algo
supérfluo em nossa terra; esperança por observar quantos movimentos culturais têm
acontecido em nossa história, e quase sempre como forma de resistência e/ou transformação.
(...)
FEIJÓ, Martin César. O que é política cultural. São Paulo, Brasiliense, 1985. p. 7.
5. Alusão histórica
(tema: globalização)
6. Uma pergunta
(tema: saúde no Brasil)
Será que é com novos impostos que a saúde melhorará no Brasil? Os contribuintes já estão
cansados de tirar dinheiro do bolso para tapar um buraco que parece não ter fim. A cada ano,
somos lesados por novos impostos para alimentar um sistema que só parece piorar.
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8. Adjetivação
(tema a educação no Brasil)
A adjetivação inicial será a base para desenvolver o tema. O autor dirá, nos
parágrafos seguintes, por que acha a política educacional do governo equivocada e pouco
racional.
9. Citação
(tema: política demográfica)
“As pessoas chegam ao ponto de uma criança morrer e os pais não chorarem mais,
trazerem a criança, jogarem num bolo de mortos, virarem as costas e irem embora.” O
comentário, do fotógrafo Sebastião Salgado, falando sobre o que viu em Ruanda, é um acicate
no estado de letargia ética que domina algumas nações do Primeiro Mundo.
DI FRANCO, Carlos Alberto. Jornalismo, ética e qualidade. Rio de Janeiro, Vozes,
1995. p. 73.
A criação inicial facilita a continuidade do texto, pois ela é retomada pela palavra
comentário da segunda frase.
Para Marx a religião é o ópio do povo. Raymond Aron deu o troco: marxismo é o ópio dos
intelectuais. Mas nos Estudos Unidos o ópio do povo é mesmo ir às compras. Como as modas
americanas são contagiosas, é bom ver de que se trata.
Cláudio de Moura e Castro, Veja, 13 nov. 1996.
Esse recurso deve ser usado quando não sabemos textualmente a citação. É melhor
citar de forma indireta que de forma errada.
12. Comparação
(tema: reforma agrária)
O tema da reforma agrária está presente há bastante tempo nas discussões sobre os
problemas mais graves que afetam o Brasil. Numa comparação entre o movimento pela
abolição da escravidão no Brasil, no final do século passado e, atualmente, o movimento pela
reforma agrária, podemos perceber algumas semelhanças. Como na época da abolição da
escravidão existiam elementos favoráveis e contrários a ela, também hoje há os que são a
favor e os que são contra a implantação da reforma agrária no Brasil.
OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Introdução à sociologia. São Paulo, Ática, 1991. p. 101.
O corriqueiro adágio de que o pior cego é o que não quer ver se aplica com perfeição na
análise sobre o atual estágio da mídia: desconhecer ou tentar ignorar os incríveis avanços
tecnológicos de nossos dias, e supor que eles não terão reflexos profundos no futuro dos
jornais é simplesmente impossível.
Jayme Sirotsky, Folha de S. Paulo, 5 dez. 1995.
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Sempre que você usar esse recurso, não escreva o provérbio simplesmente. Faça um
comentário sobre ele para quebrar a idéia de lugar-comum que todos eles trazem. No exemplo
acima, o autor diz “o corriqueiro adágio” e assim demonstra que está consciente de que está
partindo de algo por demais conhecido.
14. Ilustração
(tema: aborto)
Você pode começar narrando um fato para ilustrar o tema. Veja que a coesão do
parágrafo seguinte se faz de forma fácil: a palavra tema retoma a questão que vai ser discutida.
O que se deve observar nesse tipo de introdução são os paralelismos que dão equilíbrio
às diversas frases nominais. A estrutura de cada frase deve ser semelhante.
Quem assistiu ao filme A rainha Margot, com a deslumbrante Isabelle Adjani, ainda deve
ter os fatos vivos na memória. Na madrugada de 24 de agosto de 1572, as tropas do rei da
França, sob as ordens de Catarina de Médicis, a rainha-mãe e verdadeira governante,
desencadearam uma das mais tenebrosas carnificinas da História. (...)
Desse horror a História do Brasil está praticamente livre. (...)
Veja, 25 out. 1995.
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(tema: ética)
Mas o que significa, afinal, esta palavra, que virou bandeira da juventude? Com certeza
não é algo que se refira somente à política ou às grandes decisões do Brasil e do mundo.
Segundo Tarcísio Padilha, ética é um estudo filosófico da ação e da conduta humanas cujos
valores provêm da própria natureza do homem e se adaptam às mudanças da história e da
sociedade.
O Globo, 13 set. 1992.
As duas primeiras frases criam no leitor certa expectativa em relação ao tema que
se mantém em suspenso até a terceira frase. Pode-se também construir todo o primeiro
parágrafo omitindo o tema, esclarecendo-o apenas no parágrafo seguinte.
(VIANA. Antônio Carlos et alii. Roteiro de Redação – lendo e argumentando. 1 ed. São Paulo.
Scipione, 2004.)
EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES
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1. Dadas as idéias centrais, desenvolva os parágrafos abaixo tentando, inclusive, concluir tais
idéias.
2. Dadas as conclusões, escreva o início do parágrafo expondo a idéia principal a ser tratada e
o seu desenvolvimento. Indique a técnica usada para iniciar os parágrafos.
a)__________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
_______________________________________________________ por isso o Brasil está
nestas condições!
b)__________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
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__________ É justamente diante de tudo isso que precisamos urgentemente reorganizar toda a
estrutura das vias públicas da cidade de São Paulo.
Segundo Fiorin & Platão (1995), um dos aspectos mais intrigantes da leitura de um
texto é a verificação de que ele pode dizer coisas que parece não estar dizendo: além das
informações explicitamente enunciadas, existem outras que ficam subentendidas ou
pressupostas. Para realizar uma leitura eficiente, o leitor deve captar tanto os dados explícitos
quanto os implícitos.
Leitor perspicaz é aquele que consegue ler nas entrelinhas. Caso contrário, ele pode
passar por cima de significados importantes ou decisivos ou – o que é pior – pode concordar
com coisas que rejeitaria se as percebesse.
Não é preciso dizer que alguns tipos de texto exploram, com malícia e com intenções
falaciosas, esses aspectos subentendidos e pressupostos.
Pressupostos são aquelas idéias não expressas de maneira explícita, mas que o leitor
pode perceber a partir de certas palavras ou expressões contidas na frase.
Observe:
Fiz faculdade, mas aprendi alguma coisa.
Porém ao ligar essas duas informações com um “mas” comunica também de modo
implícito sua crítica ao sistema de ensino superior, pois a frase passa a transmitir a idéia de
que nas faculdades não se aprende nada.
Na leitura e interpretação de um texto, é muito importante detectar os pressupostos,
pois seu uso é um dos recursos argumentativos utilizados intenção de levar o leitor a aceitar o
que está sendo comunicado.
EXERCÍCIOS
1. Encontre os pressupostos (dados que não são colocados em discussão) nos trechos
abaixo:
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A burocracia da terra
O modelo agrário brasileiro, embora com inúmeros defeitos, possui uma característica
que merece ser destacada, elogiada e preservada: a produção agropecuária brasileira é a última
atividade econômica ainda totalmente nas mãos de brasileiros. Pouco se fala disso, mas o fato
é que não encontramos multinacionais responsáveis por qualquer parcela significativa da
produção. Também não encontramos, no campo, as famigeradas empresas estatais. Embora
existam multinacionais proprietárias de terra, o percentual de produção rural em suas mãos
não é significativo. A produção rural, na verdade, é o reduto final da livre iniciativa brasileira.
Com a nossa economia cada vez mais estatizada e desnacionalizada, a agropecuária
permaneceu uma atividade essencialmente de brasileiros.
Temos certeza de que esta parcela da população, hoje responsável pela produção rural
do país, é simpática a medidas que enriqueçam o trabalhador rural e favoreçam a justiça
social. Somos todos a favor de medidas que facilitem o acesso à propriedade rural, tornando
um maior número de brasileiros proprietários e produtores. Somos todos a favor de medidas
que aumentem a produtividade no campo. Somos todos contra, enfim, a especulação com
terras, a ociosidade, o desperdício. Não é o produtor rural quem lucra com isso, e sim o
especulador, quase sempre alheio à atividade produtiva.
Repudiamos, porém, a planejada reforma agrária da Nova República da maneira como
foi apresentada pelo diretor do INCRA, senhor José Gomes da Silva, e por seu superior
hierárquico, o ministro Nelson Ribeiro. Autoritária e de critérios arbitrários, fatalmente levará
a uma crescente estatização da atividade rural no país - e isso quer dizer que chegarão ao
campo a ineficiência, a burocracia e a corrupção hoje encontradas em quase todas as outras
atividades já estatizadas.
CAMARGO NETO, Pedro de. - Veja, 7 ago. 1985.
Um texto não é uma unidade construída por uma soma de sentenças, mas pelo
encadeamento, pelo sentido, pelas relações entre as idéias que criam uma trama de
significados a que damos o nome de textualidade. Esse encadeamento é a coesão textual.
Uma das maneiras de se alcançar a coesão textual se dá pela recuperação de elementos
de uma oração em orações posteriores. Observe:
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Pedi uma cerveja. Uma cerveja veio sem gelo. / Pedi uma cerveja a qual veio sem gelo.
Prefira:
Pedi uma cerveja que veio sem gelo. / Pedi uma cerveja. Ela veio sem gelo.
Oposição de idéias
Mas, porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto, não etc.
Alternativas, escolhas
Ou, ou...ou, ora...ora, já...já, quer...quer, seja...seja
Conformidade de um
pensamento com outro Conforme, segundo, consoante
Conseqüência De sorte que, de modo que, de forma que, sem que, tanto que
etc.
Verossimilhança
Na verdade
Similaridade
Igualmente, também da mesma forma, assim como
Exemplo
Por exemplo, para ilustrar
EXERCÍCIOS
3. Faça o mesmo exercício, agora apenas uma vez, obedecendo às indicações entre
parênteses.
a) O fogo é, paradoxalmente, um importante regenerador de matas naturais. (idéia
principal)
b) O fogo destrói a matéria orgânica necessária à formação do humo do solo. (oposição
à primeira)
c) O fogo destrói o excesso de material combustível acumulado no chão. (causa da
primeira)
4. Reescreva o texto (ou não texto porque ainda não apresenta coesão) de maneira a
torná-lo coeso.
As revendedoras de automóveis não estão mais equipando os automóveis para vender
os automóveis mais caro. O cliente vai à revendedora de automóveis com pouco dinheiro e, se
tiver de pagar mais caro pelo automóvel, desiste de comprar o automóvel e as revendedoras
têm prejuízo.
5. Complete as lacunas de modo a tornar os textos claros e coesos.
RESUMO
Resumo é uma condensação fiel das idéias ou dos fatos contidos no texto. Resumir um
texto significa reduzi-lo ao seu esqueleto essencial sem perder de vista três elementos:
O resumo é, pois, uma redução do texto original, procurando captar suas idéias essenciais,
na progressão e no encadeamento em que aparecem no texto.
Quem resume deve exprimir, em estilo objetivo, os elementos essenciais do texto. Por isso
não cabem, num resumo, comentários ou julgamentos ao que está sendo condensado.
Muitas pessoas julgam que resumir é reproduzir frases ou partes de frases do texto
original, construindo uma espécie de "colagem". Essa "colagem " de fragmentos do texto
original não é um resumo. Resumir é apresentar, com as próprias palavras, os pontos
relevantes de um texto. A reprodução de frases do texto, em geral, atesta que ele não foi
compreendido.
Para elaborar um bom resumo, é necessário compreender antes o conteúdo global do texto.
Não é possível ir resumindo à medida que se vai fazendo a primeira leitura.
É evidente que o grau de dificuldade para resumir um texto depende basicamente de dois
fatores:
1. Ler uma vez o texto ininterruptamente, do começo ao fim. Já vimos que um texto não é um
aglomerado de frases: sem ter noção do conjunto, é mais difícil entender o significado preciso
de cada uma das partes.
Essa primeira leitura deve ser feita com a preocupação de responder genericamente à
seguinte pergunta: do que trata o texto?
2. Uma segunda leitura é sempre necessária. Mas esta, com interrupções, com o lápis na mão,
para compreender melhor o significado de palavras difíceis (se preciso, recorra ao dicionário)
e para captar o sentido de frases mais complexas (longas, com inversões, com elementos
ocultos). Nessa leitura, deve-se ter a preocupação sobretudo de compreender bem o sentido
das palavras relacionais, responsáveis pelo estabelecimento das conexões (assim, isto, isso,
aquilo, aqui, lá, daí, seu, sua, ele, ela, etc.).
3. Num terceiro momento, tentar fazer uma segmentação do texto em blocos de idéias que
tenham alguma unidade de significação.
Ao resumir um texto pequeno, pode-se adotar como primeiro critério de segmentação a
divisão em parágrafos. Pode ser que se encontre uma segmentação mais ajustada que a 18 dos
parágrafos, mas como início de trabalho, o parágrafo pode ser um bom indicador.
Quando se trata de um texto maior (o capítulo de um livro, por exemplo) é conveniente
adotar um critério de segmentação mais funcional, o que vai depender de cada texto (as
oposições entre os personagens, as oposições de espaço, de tempo).
Em seguida, com palavras abstratas e mais abrangentes, tenta-se resumir a idéia ou as
idéias centrais de cada fragmento.
4. Dar a redação final com suas palavras, procurando não só condensar os segmentos mas
encadeá-los na progressão em que se sucedem no texto e estabelecer as relações entre eles.
Na verdade, por que desejamos, quase todos nós, aumentar nossa renda? À
primeira vista, pode parecer que desejamos bens materiais. Mas, na verdade, os desejamos
principalmente para impressionar o próximo. Quando um homem muda-se para uma casa
maior num bairro melhor, reflete que gente de “mais classe" visitará sua esposa, e que alguns
pobretões deixarão de freqüentar seu lar. Quando manda o filho a um bom colégio ou a uma
universidade cara, consola-se das pesadas mensalidades e taxas pensando nas distinções
sociais que tais escolas conferem a pais e filhos. Em toda cidade grande. seja na América ou
na Europa, casas iguaizinhas a outras são mais caras num bairro que noutro, simplesmente
porque o bairro é mais chique. Uma das nossas paixões mais potentes o desejo de ser
admirado e respeitado. No pé em que estão as coisas, a admiração e o respeito são conferidos
aos que parecem ricos. Esta é a razão principal de as pessoas quererem ser ricas. Efetiva-
mente,os bens adquiridos pelo dinheiro desempenham papel secundário. Vejamos, por
exemplo, um milionário, que não consegue distinguir um quadro de outro, mas adquiriu uma
galeria de antigos mestres com auxílio de peritos. O único prazer que lhe dão os quadros é
pensar que se sabe quanto pagou por eles; pessoalmente, ele gozaria mais, pelo sentimento, se
comprasse cromos de Natal, dos mais piegas, que, porém, não lhe satisfazem tanto a vaidade.
41
Tudo isso pode ser diferente, e o tem sido em muitas sociedades. Em épocas
aristocráticas, os homens eram admirados pelo nascimento. Em alguns círculos de Paris, os
homens são admirados pelo seu talento artístico ou literário, por estranho que pareça. Numa
universidade teuta é possível que um homem seja admirado pelo seu saber. Na índia, os santos
são admirados; na China, os sábios. O estudo dessas sociedades divergentes demonstra a
correção de nossa análise, pois em todas encontramos grande percentagem de homens
indiferentes ao dinheiro, contanto que tenham o suficiente para se sustentar, mas que desejam
ardentemente a posse dos méritos pelos quais, no seu meio, se conquista o mérito.
(RUSSELL, Bertrand. Ensaios céticos. 2. ed. São Paulo, Nacional, 1957. p. 67-8. In: FIORIN, José Luiz & SAVIOLI,
Francisco Platão. (1995). Para entender o texto: leitura e redação. 11. ed. São Paulo: Ática.)
Resumo do texto
I - Idéia geral do texto
Busca da admiração e do respeito, uma das fortes paixões do homem
II - Segmentação do texto
Critério: tipo de objeto a ser adquirido
IV – Redação final
O homem cobiça a riqueza não para usufruir dos bens materiais que ela possibilita, mas
para alcançar admiração e prestígio, uma das mais fortes paixões do homem.
Assim como nossa sociedade persegue a riqueza porque ele confere prestígio, outras
perseguem outros indicadores de prestígio: o nascimento, o talento artístico, o saber, a
santidade.
(FIORIN, José Luiz & SAVIOLI, Francisco Platão. (1995). Para entender o texto: leitura
e redação. 11. ed. São Paulo: Ática.)
Bibliografia
42
ABAURRE, Maria Luiza et alii. (2003). Português: língua e literatura. 2. ed. São Paulo:
Moderna.
ABREU, Ântônio Suarez. (2001). Curso de Redação.11ª ed. São Paulo: Ática.
CASTRO, Adriane Belluci Belório de et alii .(2000). Os degraus da leitura. São Paulo: Edusc.
FARACO, Carlos Alberto & TEZZA, Cristóvão. Prática de texto: língua portuguesa para
nossos estudantes. 7. ed. Petrópolis: Vozes,1999.
FIORIN, José Luiz & SAVIOLI, Francisco Platão. Para entender o texto: leitura e redação.
11. ed. São Paulo: Ática, 1995.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. 2. ed. São
Paulo: Cortez, 2001.
PACHECO, Agnelo de Carvalho. A dissertação: teoria e prática. 19 ed. São Paulo: Atual,
1988.
SAVIOLI, Francisco Platão et alii. Coleção Anglo de Ensino. São Paulo: Anglo, 2004.
SOBRAL, João Jonas Veiga. Redação: Escrevendo com prática. São Paulo: Iglu, 1997.
TERRA, Ermani & NICOLA, José de.( Gramática, literatura e redação. São Paulo: Scipione,
1997.
VIANA. Antônio Carlos et alii. Roteiro de Redação – lendo e argumentando. 1 ed. São Paulo.
Scipione, 2004.
43
AULA INICIAL
Os leitores são, por natureza, dorminhocos. Gostam de ler dormindo. Autor que os
queira conservar não deve ministrar-lhes o mínimo susto. Apenas as eternas frases feitas.
“A vida é um fardo” – isto, por exemplo, pode se repetir sempre. E acrescentar
impunemente: “disse Bias”. Bias não faz mal a ninguém, como aliás os outros sete sábios da
Grécia, pois todos os sete, como há vinte séculos já se queixava Plutarco, eram uns
verdadeiros chatos. Isto para ele Plutarco. Mas, para o grego comum da época, deviam ser a
delícia e a tábua de salvação das conversas.
Pois não é mesmo tão bom falar e pensar sem esforço? O lugar-comum é a base da
sociedade, e a sua filosofia, a segurança das instituições. Ninguém é levado a sério com idéias
originais.
Já não é a primeira vez, por exemplo, que um figurão qualquer declara em entrevista:
“O Brasil não fugirá ao seu destino histórico!”
O êxito da tirada, a julgar pelo destaque que ele dá à imprensa é sempre infalível,
embora o leitor semi-desperto possa desconfiar que isso não quer dizer coisa alguma, pois
nada foge mesmo ao seu destino histórico, seja um império que desaba ou uma barata
esmagada.
( QUINTANA, Mário . Caderno H. Porto Alegre: Globo, 1983. p.52.)
I - Observe os textos abaixo e identifique a região em que cada um dos assaltos teria ocorrido:
1. Ei, bichim . Isso é um assalto . Arriba os braços e num se bula ....e num faça
munganga. Arrebola o dinheiro no mato e não faça pantim se não enfio a peixeira no
teu bucho e boto teu fato pra fora:. Perdão meu Padim Ciço, mas é que eu tô com uma
fome da moléstia.
2. Ô sô, prestenção: isso é um assarto, uai: Levanta os braço e fica quetin quesse trem na
minha mão tá cheio de bala . Mió passá logo os trocados que eu num tô bão hoje. Vai
andando, uai! Ta esperando o que , uai!
3. O gurí, ficas atento:. Báh, isso é um assalto:. Levantas os braços e te aquieta, tchê !
Não tentes nada e cuidado que esse facão corta uma barbaridade, tchê. Passa as pilas
prá cá ! E te manda a la cria, senão o quarenta e quatro fala.
5. Ô meu rei . (longa pausa ) Isso é um assalto . (longa pausa ) Levanta os braços, mas
não se avexe não .(longa pausa ) Se num quiser nem precisa levantar, pra num ficar
cansado:. Vai passando a grana, bem devagarinho (longa pausa ) Num repara se o
berro está sem bala, mas é pra não ficar muito pesado:. Não esquenta, meu irmãozinho
( longa pausa ) Vou deixar teus documentos na encruzilhada.
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6. Ôrra, meu:. Isso é um assalto, meu . Alevanta os braços, meu:. Passa a grana logo,
meu! Mais rápido, meu, que eu ainda preciso pegar a bilheteria aberta pa comprar o
ingresso do jogo do Curintia, meu: Pô, se manda, meu:.
7. Querido povo brasileiro, estou aqui no horário nobre da TV para dizer que no final do
mês, aumentaremos as seguintes tarifas: Energia, Água, Esgoto, Gás, Passagem de
ônibus, IPTU, IPVA, Licenciamento de veículos, Seguro Obrigatório, Gasolina,
Álcool, Imposto de Renda, IPI, CMS, PIS, COFINS, mas não se preocupe, somos
PENTA!!!!
(http://www.osvigaristas.com.br/textos/listas/84.html)
Para: Gerente
Na próxima sexta-feira, aproximadamente às 17h, o Cometa Halley estará nesta área. Trata-se
de um evento que ocorre a cada 78 anos. Assim, por favor, reúnam os funcionários no pátio da
fenômeno a eles. Se estiver chovendo, não poderemos ver o raro espetáculo a olho nu, sendo
assim, todos deverão se dirigir ao refeitório, onde será exibido o filme Documentário sobre o
Cometa Halley.
De: Gerente
Para: Supervisor
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Por ordem do Diretor-Presidente, na sexta-feira às 17h, o Cometa Halley vai aparecer sobre a
fábrica, a olho nu. Se chover, por favor, reúnam os funcionários, todos com capacete de
segurança e os encaminhem ao refeitório, onde o raro fenômeno terá lugar, o que acontece a
cada 78 anos.
De: Supervisor
A convite de nosso querido Diretor, o cientista Halley, 78 anos, vai aparecer nu às 17h no
refeitório da fábrica, usando capacete, pois vai ser apresentado um filme sobre o raro problema
Para: Mestre
Na sexta-feira às 17h, O Diretor, pela primeira vez em 78 anos, vai aparecer nu no refeitório
da fábrica para filmar o Halley, o cientista famoso e sua equipe. Todo mundo deve estar lá de
capacete, pois vai ser apresentado um show sobre a segurança na chuva. O Diretor levará a
De: Mestre
Para: Funcionários
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Todo mundo nu, sem exceção, deve estar com os seguranças no pátio da fábrica na próxima
sexta-feira, às 17h, pois o Diretor e o Sr. Halley, guitarrista famoso, estarão lá para mostrar o
raro filme Dançando na Chuva. Caso comece a chover mesmo, é para ir ao refeitório de
Aviso Geral
Nesta sexta-feira, o Chefe da Diretoria vai fazer 78 anos e liberou geral para festa às 17h no
refeitório. Vão estar lá, pago pelo manda-chuva, Bill Halley e seus cometas. Todo mundo vai
estar nu e de capacete, porque a banda é muito louca e o rock vai rolar até o pátio, mesmo com
chuva.
(http://www.marcolino.com.br/modules.php?name=News&file=article&sid=17)
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ALIMENTAÇÃO TEMÁTICA
Que ganhos concretos uma empresa obtém ao conquistar uma certificação de qualidade?
O aperfeiçoamento da gestão e dos processos de produção é o principal ponto positivo, a médio prazo.
Outros ganhos imediatos são melhor comunicação interna, rastreabilidade de processos, foco no cliente,
indicadores permeados nos setores, entre muitos outros.
(http://notitia.truenet.com.br/desafio21/newstorm.notitia.apresentacao.ServletDeNoticia?codigoDaNoticia
=1873&dataDoJornal=atual)
É um equívoco pensar que investimento e compromisso de longo prazo são armadilhas nos campos
pessoal e profissional.
Jovens profissionais, em grande maioria, associam vínculos sólidos com empresas e instituições à
impossibilidade de tentar outras alternativas. Prevalece o equívoco de que investimento e compromisso
de longo prazo são armadilhas para bloquear o indispensável acesso à diversidade de experiências
provisórias. Se alguma proposta lhes parece mais interessante, facilmente se desengajam e rompem com
os frágeis elos em vigor.
Esse comportamento não se restringe ao campo profissional. Para o sociólogo polonês Zigmunt Bauman,
trata-se do padrão de relacionamento da líquida sociedade moderna. Sua característica é o
estabelecimento de laços frouxamente atados, exatamente para serem desfeitos à medida que mudem os
cenários. Entregues aos próprios sentidos e valores descartáveis, homens e mulheres não se dispõem a
sustentar relações que exijam encargos e tensões.
A líquida razão moderna confunde compromissos duradouros com opressão e engajamentos com
dependência incapacitante. Destitui a importância dos vínculos para reforçar as conexões. Estas, ao
menor sinal de desconforto, podem ser cortadas, rompidas, deletadas. Passa a busca da novidade a
representar, para as relações pessoais e profissionais, o que os últimos lançamentos significam para a
cultura de consumo. Bem-sucedidos são aqueles que sabem fazer uso da rotatividade para prevenir o
tédio.
Na vida pessoal, parceiros sucessivos (às vezes simultâneos) são alinhados como se fizessem parte de
um catálogo. Na vida social, companheiros se reduzem aos que compartilham das sensações fugazes da
compra e da venda. Nas atividades profissionais, o oportunismo, o carreirismo e os atentados à ética
triunfam sobre os valores que têm, no trabalho, expressão da dignidade humana e do comprometimento
com o bem-estar social.
O anterior modelo conformista, que sugeria submissão dos trabalhadores às imposições dos
empregadores, cede agora lugar ao exercício da liberdade individual sem responsabilidade. Uma grande
ilusão: o imediatismo e a esperança de grandes recompensas em curto prazo. Ilusão incrustada na
cultura e disseminada, também, por meio de recomendações e práticas de muitos especialistas e
organizações. Fere a ética, fragmenta a rota profissional, leva ao caminho da frustração, do descrédito e
do isolamento social.
O anterior modelo conformista, que sugeria submissão, deu lugar ao exercício da liberdade individual sem
responsabilidade.
Eliene Rodrigues,
Psicanalista, Sócia da Trajeto Consultoria,
empresa integrante da Rede Gestão.
(http://notitia.truenet.com.br/desafio21/newstorm.notitia.apresentacao.ServletDeNoticia?codig
oDaNoticia=1873&dataDoJornal=atual)
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2. Autor:
O autor do texto é Roberto Pompeu de Toledo. A revista não oferece nenhuma informação
sobre ele, o que dificulta o processo de levantamento de hipóteses e de expectativa por parte
do leitor.
3. Tema:
O autor elege como tema de seu texto a eutanásia.
4. Recorte:
Interessa ao autor discutir a eutanásia a partir do seu aspecto polêmico.
5. Tipo de texto:
O tipo de texto é o argumentativo, pois pretende fundamentalmente apresentar um ponto de
vista acerca da eutanásia e argumentar em sua defesa.
6. Gênero:
O gênero textual utilizado pelo autor é o artigo de opinião, freqüentemente publicado em
revistas e jornais.
7. Objetivo fundamental:
O autor pretende, com seu texto, argumentar sobre a idéia de que a eutanásia é um tema
extremamente polêmico, pois pode ser aceitável em certas condições, mas inaceitável em
outras.
Parágrafo 1
Idéia principal/ tópico frasal: O médico Bernard Kouchner é uma das pessoas mais
respeitadas da França.
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Desenvolvimento:
8. Bernard Kouchner possui uma longa história de dedicação aos doentes, feridos e
carentes.
9. Kouchner foi um dos fundadores da organização Médicos sem Fronteiras.
10. A organização ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 1999.
11. Como médico sem fronteira, esteve em lugares que enfrentavam tragédias como a
fome, a guerra ou a peste.
12. Kouchner é pessoa incomum.
Parágrafo 2
Idéia principal/ tópico frasal: Kouchner reavivou uma polêmica ao revelar em entrevista que
praticou a eutanásia.
Desenvolvimento:
13. Kouchner aplicava injeção de morfina quando os feridos das guerras do Vietnã e do11
Líbano sofriam muito e não tinham a menor condição de se recuperar.
14. Kouchner não admite que se chame de eutanásia aquilo que praticou; tratava-se de
cuidados paliativos.
15. Os doentes de Kouchner não eram condenados que pediam para morrer com
dignidade, eram pessoas que enfrentavam situações adversas que não lhes ofereciam a
menor possibilidade de salvação.
16. Em condições diferentes das que enfrentou, Kouchner diz-se aberto ao debate, desde
que seja realizado sem arrogância, sem certezas, nem posições ideológicas.
Parágrafo 3
Idéia principal/ tópico frasal: A diferença entre ‘cuidados paliativos’ e eutanásia é sutil.
Desenvolvimento:
17. Kouchner não enfrentava doentes num hospital de país desenvolvido, como a
Holanda, por exemplo, com tempo para pensar, avaliar o caso sob todos os ângulos,
conferenciar com os parentes e com o próprio paciente.
18. Os casos de Kouchner eram de um desespero urgente. Ocorriam nas circunstâncias
mais adversas, nos locais mais precários.
19. As declarações de Kouchner tendem a relançar um debate que já esteve em pauta
quando a enfermeira Christine Malévre admitiu ter praticado a eutanásia.
20. Christine Malèvre ganha compreensão da opinião pública ao justificar seu ato com o
argumento da compaixão.
Parágrafo 4
Idéia principal/tópico frasal: O debate da eutanásia mexe com recônditos do ser humano
mais do que o do aborto.
Desenvolvimento:
21. Muitos países já permitem o aborto.
22. Apenas a Holanda permite a eutanásia.
23. Apesar de a Igreja Católica colocar-se contrariamente à eutanásia, a Holanda a
legalizou.
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Parágrafo 5
Idéia principal/ tópico frasal: O Brasil não está no ponto nem de cogitar em eutanásia.
25. A eutanásia só é admissível em sociedade estruturada e igualitária como a holandesa.
26. O nosso é um país com hospitais que matam por descuido e por despreparo dos
profissionais da saúde.
27. O Brasil não se trata de ambiente em que a eutanásia possa ser minimamente
administrável.
28. O tema da eutanásia, além de complexo, só faz sentido numa sociedade madura e
sadia.
Conclusão: Ficar fora das discussões sobre a eutanásia é mais um preço que o Brasil tem de
pagar por conta de seu subdesenvolvimento.
Síntese do artigo
1) Argumentação do autor:
Para Toledo, a experiência de Kouchner permite traçar uma sutil distinção entre
eutanásia e cuidados paliativos: em se tratando de condições adversas e subumanas, a
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3) Conclusão do autor:
Em virtude de tamanha polêmica, o autor questiona: como o Brasil pode se comportar
diante dela? E apresenta a resposta: não pode. Para Toledo, um país que não garante a vida de
seu povo, como é o caso do Brasil, não pode tratar de sua morte. O debate sobre a eutanásia só
faz sentido em sociedades maduras e sadias.
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