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Instituto Superior de Gestão de Negócios de Gaza

Licenciatura em Direito

Direito constitucional

Estudantes

Dinis Tiago Michaque


Wilson Chemane
Rui Nuvunga
Hemidio Modlane
Cláudio Ncumbe

Xai-xai, Maio de 2022


Instituto Superior de Gestão e Negocio de Gaza

Licenciatura em Direito

Direito constitucional

Trabalho a ser apresentado ao Instituto Superior


de Gestão e Negocio de Gaza, como requisito
para aprovação na Cadeira de Metodologia de
Investigação Cientifica, sob orientação do Dr.
Romão Capossa.

Xai-xai, Maio de 2022


Índice
1. INTRODUÇÃO........................................................................................................................2

2. CONTEXTUALIZAÇÃO........................................................................................................3

3. REFERENCIAL TEÓRICO.....................................................................................................5

3.1 O ensino do direito constitucional em Moçambique........................................................5

3.2 Princípios do Direito Constitucional.................................................................................5

3.3 As divisões do direito constitucional................................................................................6

3.4 Características do direito constitucional...........................................................................8

3.5 Relações do direito constitucional com os ramos do direito.............................................9

3.6 As ciências afins e auxiliares do direito constitucional..................................................10

4. CONCLUSÃO........................................................................................................................11

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................................12
1. INTRODUÇÃO
Os seres humanos, por viverem em sociedade, necessitam de regras e princípios que possibilitem
o convívio entre as pessoas, permitindo a evolução, a harmonia e a paz nas relações sociais, o
Direito é justamente esse conjunto de normas, estabelecidas com essa finalidade
(BARTOLOMEU, 2011).

Toda ciência, para ser bem estudada, precisa ser dividida, ter as suas partes claramente
discriminadas. A primeira divisão que encontramos na história da Ciência do Direito é a feita
pelos romanos, entre Direito Público e Privado, segundo o critério da utilidade pública ou
particular da relação: o primeiro diria respeito às coisas do Estado, enquanto que o segundo seria
pertinente ao interesse de cada um (CARILHO, 2009).

Para Barroso (2014), a ordem jurídica é, pois, a ordem social regulada ou constituída pelo
Direito, ou seja, por um conjunto de normas gerais, abstratas e imperativas, cuja observância
pode ser assegurada de forma coerciva pelo Estado. A sociedade é, ao mesmo tempo, a forma de
vida por excelência do Homem e uma realidade ordenada pelo Direito. De facto, o meio social
ordenado em que vive o homem (a sociedade) é instituído pelo Direito, através da definição de
regras de conduta e padrões de comportamento individual e coletivo e de um sistema
organizativo em que se estrutura e funciona a sociedade (FERRAJOLI, 2015). O presente
trabalho tem como objetivo enfatizar de forma resumida a relevância no sentido geral da área de
direito, enfatizando a sua estruturação, divisão e características.
2. CONTEXTUALIZAÇÃO
Barroso (2011), descreve o movimento de evolução do Direito no sentido da elaboração de
normas constitucionais, iniciando com as seguintes palavras:

“No princípio era a força. Cada um por si. Depois vieram a família, as tribos, a sociedade
primitiva. Os mitos e os deuses múltiplos, ameaçadores, vingativos. Os líderes religiosos tornam-
se chefes absolutos. Antiguidade profunda, pré-bíblica, época de sacrifícios humanos, guerras,
perseguições, escravidão. Na noite dos tempos, acendem-se as primeiras luzes: surgem as leis,
inicialmente morais, depois jurídicas. Regras de conduta que reprimem os instintos, a barbárie,
disciplinam as relações interpessoais e, claro, protegem a propriedade. Tem início o processo
civilizatório. Uma aventura errante, longa, inacabada. Uma história sem fim”.

Segundo Feliciano (2014), o Direito público divide-se em interno e externo. No Direito Público
Interno encontra-se a União, os Estados, os municípios, as empresas públicas, as autarquias, as
sociedades de economia mista. De outro Norte, no Direito externo estão os governos estrangeiros,
as organizações estrangeiras de qualquer natureza que tenham constituído, dirijam ou tenham
investido em funções públicas.

O Direito Constitucional, no contexto da sua inserção no Direito em geral, consiste no sistema de


princípios e de normas que regulam a organização, o funcionamento e os limites do poder público
do Estado, assim como estabelecem os direitos das pessoas que pertencem à respetiva
comunidade política.

A terminologia utilizada “Direito Constitucional” acabaria por se cristalizar com o tempo e é hoje
a designação mais utilizada um pouco por todo o Mundo, sendo igualmente reconhecida em
múltiplas instituições internacionais e comparatísticas. Esta denominação é diretamente tributária
da palavra “Constituição”, que se apresentou coeva do nascimento deste novo setor do Direito
Público a partir do século XVIII. Assim sendo, o Direito Constitucional representa a síntese dos
princípios e das normas que se condensam (pelo menos, maioritariamente) na Constituição
enquanto ato cimeiro do Estado e da sua Ordem Jurídica, podendo ser simplesmente definido
como o “Direito do Estado na Constituição”.
A expressão “Direito Constitucional” surgiu em França e na Itália, aquando da elaboração dos
primeiros manuais que, nos respetivos contextos de receção do Constitucionalismo Liberal, se
dedicaram ao estudo científico deste ramo do Direito, nesse esforço se evidenciando o nome de
Pellegrino Rossi. Esta conclusão não exclui, no entanto, que num momento inicial aquela
expressão tivesse sofrido a concorrência de outras designações, como foi o que sucedeu com a de
Direito Político (AMERICO, 1999).
3. REFERENCIAL TEÓRICO
3.1 O ensino do direito constitucional em Moçambique
Para Luís (2006), A Ciência do Direito Constitucional de Moçambique está numa fase de enorme
desenvolvimento, em grande medida esse esforço se justificando pela aprovação da CRM, que
assinalou a definitiva estabilização jurídico-constitucional do país. Não que antes os debates
constitucionais ou os estudos sobre o Direito Constitucional não se tivessem realizado, até por
força da transição democrática que se iniciaria em 1990, a qual se consolidaria, depois de
algumas vicissitudes, com o surgimento daquele texto constitucional em 2004.

Para Cistac (2009), o ensino e a investigação do Direito em Moçambique encontram-se em


expansão, sendo este o curso normalmente mais pretendido no acesso ao ensino superior, muitas
instituições oferecem Direito nos diversos ciclos, sendo lecionados tanto em instituições públicas
como privadas. Não parece deslocado frisar a importância, a qualidade e o dinamismo da Escola
Superior de Direito do Instituto Superior de Ciências e Tecnologia de Moçambique, com todos os
graus académicos que a área do Direito conhece: licenciatura, mestrado e doutoramento
(Gouveia, 1994).

3.2 Princípios do Direito Constitucional


Os princípios do Direito Constitucional estão elencados juntos aos princípios fundamentais da
Constituição, a saber:

A soberania do Estado;
A cidadania;
A dignidade da pessoa humana;
Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
O pluralismo jurídico.
3.3 As divisões do direito constitucional
O direito constitucional social

O conjunto dos princípios e das normas constitucionais que versam os direitos


fundamentais das pessoas em relação ao poder público, quer nos seus aspetos gerais, quer
nos seus aspetos de especialidade;

O direito constitucional económico, financeiro e fiscal

O conjunto dos princípios e das normas constitucionais que cuidam da organização da


vida económica, medindo os termos da intervenção do poder público, no plano dos
regimes económico, financeiro e fiscal;

O direito constitucional organizatório

O conjunto dos princípios e das normas constitucionais que fixam a disciplina do poder
público, no modo como se organiza e funciona, bem como nas relações que nascem entre
as suas estruturas;

O direito constitucional garantístico

O conjunto dos princípios e das normas constitucionais que estabelecem os mecanismos


destinados à proteção da Constituição e à defesa da sua prevalência sobre os atos jurídico-
públicos que lhe sejam contrários.

O direito constitucional internacional

Parcela do Direito Constitucional que traça as relações jurídico-internacionais do Estado,


simultaneamente do ponto de vista da participação na formação e na incorporação do
Direito Internacional Público no Direito Interno e do prisma dos critérios que orientam a
ação do Estado nas grandes questões que se colocam à sociedade internacional, sem ainda
esquecer as peculiares relações que os Estados hoje já ostentam com algumas
organizações internacionais de cunho supranacional.
O direito constitucional dos direitos fundamentais

Parcela do Direito Constitucional que é atinente à regulação dos direitos fundamentais das
pessoas frente ao poder público, nos pontos relativos à sua positivação, regime de
exercício e mecanismos de defesa, dimensão que se concretiza tanto na generalidade
quanto na especialidade dos seus diversos tipos;

O direito constitucional económico

Parcela do Direito Constitucional que orienta a organização da economia, tanto no seu


estrito âmbito privado, como nos instrumentos que ao poder público se consente para na
mesma intervir;

O direito constitucional ambiental

Parcela do Direito Constitucional que, recebendo a influência crescente da necessidade da


proteção do ambiente, que se mostra transversal a toda a Ordem Jurídica, confere direitos
aos cidadãos e impõe deveres e esquemas de atuação ao poder público;

O direito constitucional eleitoral

Parcela do Direito Constitucional que se organiza em torno da eleição como modo fulcral
de designação dos governantes, quer numa perspetiva funcional atendendo à dinâmica do
procedimento eleitoral e dos momentos em que se desdobra quer numa perspetiva estática
levando em consideração o direito de sufrágio e a possibilidade de os cidadãos poderem
democraticamente influenciar a vida do Estado;

O direito constitucional dos partidos políticos

Parcela do Direito Constitucional que equaciona o estatuto jurídico dos partidos políticos,
não apenas na sua conexão com os órgãos do poder público, mas também enquanto
singular expressão da liberdade política, no plano dos vários direitos fundamentais de
intervenção política;
O direito constitucional parlamentar

Parcela do Direito Constitucional que define o estatuto do Parlamento, na sua estrutura e


modo de funcionamento, sem esquecer as relações que mantém com outros órgãos do
poder público, máximo com o Governo;

O direito constitucional procedimental

Parcela do Direito Constitucional que disciplina os termos por que se desenrola o


procedimento legislativo, na sua marcha tramitacional no âmbito da produção dos atos
jurídico-públicos de feição procedimental, máxime dos atos legislativos;

Direito constitucional regional (ou autonómico)

Parcela do Direito Constitucional que incide no estatuto constitucional das regiões


autónomas, expressando-se nos órgãos e competências respetivas, bem como na produção
dos atos jurídico-públicos que lhe são próprios;

O direito constitucional processual

Parcela do Direito Constitucional que se reserva ao estabelecimento dos mecanismos


processuais de fiscalização da constitucionalidade das leis, genericamente associados à
ideia de justiça constitucional;

3.4 Características do direito constitucional


 Supremacia;

 Transversalidade;

 Politicidade;

 Estadualidade;

 Legalismo;
 Fragmentarismo;

3.5 Relações do direito constitucional com os ramos do direito


As relações mais intensas são entre o Direito Constitucional e os diversos ramos do Direito
Público, o que bem se explica por aquele desenvolver o estatuto do poder público, ainda que em
relação com os cidadãos, sendo de exemplificar os seguintes casos, com vários pontos de
sobreposição regulativa (JORGE, 2012).

O Direito Administrativo: sendo o Direito Administrativo o setor jurídico que estabelece a


organização e o funcionamento da Administração Pública, bem como as suas relações com os
administrados, relaciona- -se com o Direito Constitucional porque lhe pede uma intervenção na
fixação das grandes linhas orientadoras dos seus principais temas, como sejam a organização
administrativa, com realce para a posição do Estado-Administração, os direitos fundamentais dos
administrados, as diversas manifestações do poder administrativo ou os termos da intervenção
jurisdicional na averiguação da juridicidade administrativa;

O Direito Internacional Público: se o Direito Internacional Público é o setor do Direito que


estabelece as normas e os princípios que disciplinam a organização e a atividade dos membros da
sociedade internacional, enquanto atuam nessa órbita e assistidos de poder público, ao Direito
Constitucional compete a definição da relevância desse Direito na Ordem Interna, não só no
modo da sua inserção e no respetivo lugar hierárquico, bem como os diversos poderes das
pessoas coletivas internas no que respeita à participação nas relações internacionais, com a
natural relevância que é dada ao Estado, entidade mais proeminente nas relações internacionais.

O Direito Penal: sendo o Direito Penal o setor jurídico que, de um modo mais drástico, sanciona
os comportamentos humanos através da respetiva criminalização, aplicando aos infratores penas
privativas de liberdade, para além dos casos das medidas de segurança, é indesmentível que o
Direito Penal só se pode estabelecer em razão dos bens jurídicos que são recortados pelo Direito
Constitucional no plano do catálogo dos direitos fundamentais consagrados, sinal da proteção
mais relevante que a comunidade política quis fixar;
O Direito Judiciário: pedindo-se ao Direito Judiciário o estabelecimento da organização e do
funcionamento das instituições que exercem o poder judicial, na sua vertente institucional,
regista-se a conexão de ser ao Direito Constitucional que se atribui a definição fundamental do
enquadramento de tal poder, bem como da respetiva organização, no contexto mais vasto dos
diversos poderes do Estado;

O Direito Financeiro: representando o Direito Financeiro o setor jurídico que disciplina a


atividade jurídico-financeira das entidades públicas, ele mostra uma íntima conexão com o
Direito Constitucional na medida em que se estabelecem as prioridades fundamentais ao nível da
estrutura do Orçamento do Estado, bem como das receitas e das despesas de diversos organismos
públicos em geral, para além dos mecanismos de controlo, político e jurídico, daquela mesma
atividade;

3.6 As ciências afins e auxiliares do direito constitucional


Ciência Política:

Teoria Geral do Estado:

Sociologia Política

a História das Ideias Políticas e a História Política:

Filosofia Política:

Política Constitucional:

Análise Económica do Direito Constitucional (ou o Constitucionalismo Económico)


4. CONCLUSÃO
A nível das fontes do Direito em geral, o Direito Constitucional expressa ainda uma específica
tendência no modo como se sublinha a importância relativa de uma delas na produção das normas
e dos princípios constitucionais, sendo influenciado por uma conceção legalista. Inevitavelmente
que o Direito Constitucional assenta numa visão de cunho legalista, pois que o acento tónico, na
relevância que é conferida às respetivas possíveis fontes normativas, recai sobre a lei, sendo até
este setor do Direito o resultado de uma intenção particular de disciplinar o poder público, bem
como os espaços de autonomia das pessoas que o mesmo serve. A Finalidade do estudo de direito
constitucional se resume em regular as relações humanas, a fim de que haja paz e prosperidade no
seio social, impedindo a desordem ou o crime. Sem o Direito estaria a sociedade em constante
processo de contestação, onde a lei do mais forte imperaria sempre, num verdadeiro caos. De um
modo geral o estudo de direito é de importância fundamental para a vida em sociedade. É ele
quem detém o poder de regular as atitudes de modo a buscar o apaziguamento social. Utiliza-se
de seus meios para a aplicação de suas leis com base em sanções.

 
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 BARROSO, Luís Roberto. Direito constitucional, p. 140. 2011.


 FERRAJOLI, Luigi. A democracia através dos direitos: o constitucionalismo garantista
como modelo teórico e como projeto político. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015, p.
46. Ibid., p. 47.
 José Norberto Carrilho, Coletânea de Legislação Constitucional, Maputo, 2009.

 Luís Barbosa Rodrigues, Sílvia Alves e João Nguenha, Constituição da República de


Moçambique e Legislação Constitucional, Coimbra, 2006.
 Feliciano Barreiras Duarte, As Constituições Jurídico-Políticas dos Estados-Membros da
CPLP, Lisboa, 2014.
 Jorge Bacelar Gouveia, Legislação de Direito Constitucional, Maputo, 1994, e As
Constituições dos Estados de Língua Portuguesa, 4ª ed., Coimbra, 2011.
 AAVV, Estudos de Direito Constitucional Moçambicano – contributos para reflexão,
Maputo, 2012.
 Américo Simango, Introdução à Constituição Moçambicana, Lisboa, 1999.
 Gilles Cistac, História da evolução constitucional da Pátria Amada, Maputo, 2009.
 Jorge Bacelar Gouveia, Direito Constitucional de Língua Portuguesa – Caminhos de um
Constitucionalismo singular, Coimbra, 2012, Manual de Direito Constitucional, I e II
vols., 5ª ed., Coimbra, 2013, e Direito Constitucional de Moçambique, Lisboa-Maputo,
2015.
 MOÇAMBIQUE, República Popular de Constituição da República Popular de
Moçambique (1975), Publicada pelo Boletim da República, 1ª Série - nº 1, de 25 de Junho
de 1975.

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