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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

FACULDADE DE DIREITO

Trabalho de Campo
Modulo de Direito Constitucional

Nome da Estudante: Zaida Lázaro Matecane

Maputo, Setembro de 2023

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Índice

Índice..........................................................................................................................................1
1. Introdução...........................................................................................................................2
2. Desenvolvimento....................................................................................................................3
2.1 As Formas de Estado........................................................................................................3
2.2 Fins e funções do Estado..................................................................................................4
2.2.1 Fins do Estado...............................................................................................................4
2.2.2 Funções do Estado.........................................................................................................5
2.3 Poderes do Estado.............................................................................................................6
2.4 Relação entre o Estado e a Constituição...........................................................................7
3. Considerações Finais..........................................................................................................9
4. Bibliografia.......................................................................................................................10

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1. Introdução

Um dos módulos do curso de Direito na Faculdade de Direito da Universidade UNISCED é o


de Direito Constitucional, ministrado no primeiro ano do curso aludido.

O presente trabalho de campo é parte das actividades lectivas adstritas aos estudantes nesta
cadeira e subordina-se ao tema: O Estado e a Constituição. Nele concentramos nas formas de
Estado, fins e funções do Estado, Poderes do Estado e, por fim, a relação entre o Estado e a
Constituição.

Em qualquer Estado, em qualquer época e lugar, encontra-se sempre um conjunto de regras


fundamentais, respeitantes à sua estrutura, à sua organização e à sua actividade - escritas ou
não escritas, em maior ou menor número, mais ou menos simples ou complexas. Encontra-se
sempre uma Constituição como expressão jurídica do enlace entre poder e comunidade
política ou entre sujeitos e destinatários do poder.

Para além da presente parte introdutória, este trabalho contém o índice acima, o
desenvolvimento depois da introdução e uma última parte constituída pelas considerações
finais.

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2. Desenvolvimento

2.1 As Formas de Estado

Para a compreensão das formas de Estado, deve-se, primeiro compreender o conceito de Estado que
é, segundo Sousa, uma colectividade, um povo fixo num determinado território que nele institui, por
autoridade própria, um poder político relativamente autónomo. A definição de Estado adoptada
parte de um tipo de Estado concreto: ‘‘ O Estado nacional soberano que, nascido na Europa, se
espalhou recentemente por todo o mundo ‘‘.por Bastos (1999).

Portanto, tomando em consideração a distinção entre Estado unitário e o Estado complexo, com base
na existência de um ou mais poderes políticos no mesmo Estado (sendo que, qualquer caso, só um
deles é soberano). O critério que está assim, na base da distinção é o do modo de o Estado dispor o
seu poder em face de outros poderes de igual natureza (em termos de coordenação e subordinação) e
quanto ao povo e ao território (que ficam sujeitos a um ou a mais de um poder político).

O Estado unitário pode ser Estado unitário centralizado e o Estado unitário regional. No
Estado unitário deve ser feita a distinção entre Estado unitário centralizado e Estado unitário
regional. No primeiro, existe apenas um poder político estadual, enquanto no segundo existe
um fenómeno de descentralização política. A descentralização política sempre a nível
territorial: são provinciais ou regionais que se tornam politicamente autónomas por os seus
órgãos desempenharem funções políticas, participarem ao lado dos órgãos estaduais, no
exercício de alguns poderes ou competências de carácter legislativo ou governativo.

O Estado complexo por seu turno, integra a união real e as federações. No Estado complexo
deve ser feita a distinção entre união real e federação. Na primeira, existe uma estrutura de
poderes políticos sobrepostos, enquanto na segunda existe uma estrutura de fusão de poderes
políticos das entidades componentes.

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2.2 Fins e funções do Estado

2.2.1 Fins do Estado


Os fins do Estado são objectivos prosseguidos pelo poder político do Estado. São
normalmente considerados três fins do Estado: segurança, justiça e bem-estar.

A segurança, tem várias facetas: a segurança interna, ou ordem interna, e a segurança externa,
ou defesa da colectividade perante o exterior; a segurança individual, proporcionada pela
definição, através de normas jurídicas executadas pelos órgãos do Estado, dos Direitos e
deveres reconhecidos a dado cidadão, e a segurança colectiva, enquanto realidade que
envolve toda a comunidade considerada.

A justiça visa a substituição, nas relações entre os homens, dos arbítrios por um conjunto de
regras capaz de consensualmente estabelecer uma nova ordem e, assim satisfazer uma
aspiração por todos sentidos.

O bem-estar, entendido como bem-estar económico, social e cultural que consiste na


promoção das condições de vida dos cidadãos em termos de garantir o acesso, em condições
sucessivamente aperfeiçoadas, a bens e serviços considerados fundamentais pela
colectividade, tais como bens económicos que permitam a elevação do nível de vida de
estratos sociais cada vez mais amplos, e serviços essenciais, por exemplo, os que contemplam
a educação, a saúde e a segurança social”.

Deve ser tida em consideração a distinção entre:

Justiça comutativa – parte de uma ideia de igualdade abstracta e formal, que em paridade de
circunstâncias, exige igualdade de tratamento e equivalência de prestações e
contraprestações.

Justiça distributiva – parte de uma ideia de igualdade material, o que implica que se forem
desiguais as características ou a situação em que cada um se encontra, a igualdade terá de ser
reposta pelo recurso à proporcionalidade ou a critérios de equitativa compensação, pois nada
há de mais injusto, acentuava-o já Aristóteles, do que tratar como igual o que é desigual.

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2.2.2 Funções do Estado

As funções do Estado como actividades desenvolvidas pelos órgãos do poder político do


Estado, tendo em vista a realização dos objectivos que se lhes encontram constitucionalmente
cometidos.

Sousa citado por Bastos (1999) propõe um esquema hierarquizado das funções do Estado:

Em primeiro lugar, a função constituinte, através da qual o poder político define as regras
essenciais da existência colectiva criando a lei das leis, a Constituição;

Em segundo lugar, a função de revisão constitucional, através da qual vai revendo a


Constituição para a adaptar ao devir colectivo;

Em terceiro lugar, as funções independentes, principais ou primárias, constituídas por:

A função política que traduz-se na definição e prossecução pelos órgãos do poder político
dos interesses essenciais da colectividade, realizando, em cada momento, as opções para o
efeito consideradas mais convenientes;

A função legislativa que corresponde à prática de actos provenientes de órgãos


constitucionalmente componentes e que revestem a forma externa de lei;

E, em quarto lugar, as funções dependentes, subordinadas ou secundárias, constituídas por: A


função jurisdicional que “…consiste no julgamento de litígios, resultantes de conflitos de
interesses privados, ou público e privados, bem como a punição da violação da Constituição e
das leis, através de órgãos entre si independentes, colocados numa posição de passividade e
imparcialidade, e cujos titulares (os juízes) são inamovíveis e, em princípio não podem ser
sancionados pela forma como exercem a sua actividade”.

A função administrativa que consiste na satisfação das necessidades colectivas que, por
virtude de prévia opção política ou legislativa se entende que incumbe ao Estado prosseguir,
encontrando-se tal tarefa cometida a órgãos interdependentes, dotados de iniciativa e de
parcialidade na realização do interesse público, e com titulares amovíveis e responsáveis
pelos seus actos.

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2.3 Poderes do Estado

Para Miranda (2000), o terceiro dos elementos que caracterizam o Estado é o exército do
poder político. Embora não se trate de uma característica exclusiva do Estado, importa
salientar que a forma mais comum e paradigmática de poder político é a que tem lugar no
âmbito dos Estados.

Portanto, o Estado é uma pessoa colectiva o que implica que seja destinta de cada uma das
pessoas físicas que compõem a comunidade e dos próprios governantes e susceptível de
entrar em relações jurídicas com outras entidades, tanto no domínio do Direito interno como
no do Direito Internacional, tanto sob a veste de Direito Público como sob a do Direito
privado.

Nestes termos, o poder político que se exerce nos Estados é:

Um poder constituinte, originário, que tem um fundamento próprio e que não está
dependente de qualquer outro poder;

Um poder de auto-organização, que tem por objectivo permanente e continuado a criação


de condições para a manutenção da segurança, a administração da justiça e a promoção do
bem-estar da comunidade politica;

Um poder de decisão que faz as opções consideradas adequadas à organização da vida da


comunidade politica, nomeadamente através da produção de regras jurídicas.

O poder político é exercido no âmbito do Estado por um conjunto de órgãos do Estado, que
são poderes constituídos e que devem autuar na estrita observância das competências
previstas na lei. Daqui resulta que o poder político que é exercido no âmbito do Estado está
limitado pelo Direito. Por um lado, e antes de mais, pelo Direito que é produzido
internamente por esse mesmo poder político. É, por outro lado, em termos externos, pelo
Direito Internacional.

A organização política implica, nestes termos, a distinção entre governantes, no âmbito do


povo. É, alias, de salientar que mesmo o modelo democrático de organização da sociedade
não implica que todos os cidadãos devem (e possam) participar directa e efectivamente nos
exercícios do poder político. Nesse sentido, afirma Miranda (2000) que não são simples as
relações entre os governantes e governados e configuração que patenteiam pode servir para
classificar os diferentes sistemas e regimes. Mas nenhum sistema político, por mais
democrático que seja, suprime a distinção; só a pode mitigar ou reordenar mais em coerência
com os princípios. ´
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O fundamental é, assim, que os governantes actuem tendo em consideração o interesse dos
governados e que os Direitos e vantagens resultantes do cargo sejam entendidos em termos
funcionais e não transformados em vantagens pessoais. Importa, ainda, distinguir os
governados entre cidadão activos, que são os titulares de Direitos políticos e cidadãos não
activos, que são aqueles que não têm capacidade de participação política, nomeadamente em
razão da idade.

2.4 Relação entre o Estado e a Constituição

Todo o Estado carece de uma Constituição como enquadramento da sua existência, base e
sinal da sua unidade, esteia de legitimidade e de legalidade. A Constituição em sentido
institucional torna patente o Estado como instituição, como algo de permanente para as
circunstâncias e dos detentores em concreto do poder. A Constituição é a lei suprema do
Estado (Lei Fundamental), que através do seu sistema de normas e princípios jurídicos,
estabelece a “estrutura básica” do Estado: reconhecendo um conjunto de Direitos, liberdades
e garantias dos cidadãos; e fixando as atribuições, as competências e, por conseguinte, os
limites de actuação do poder político.

Na sua dimensão material, a Constituição tem por objecto o estatuto jurídico do Estado, e
expressa um determinado conteúdo nas opções que transporta e determina. Nestes termos, a
Constituição material é composta pelo «conjunto de normas jurídicas fundamentais que
regem a estrutura, os fins e as funções do Estado, a organização, a titularidade, o exercício e o
controlo do poder político do Estado, bem como as respeitantes à fiscalização do acatamento
das normas enumeradas, em particular do acatamento pelo próprio poder político do Estado.

Na sua dimensão formal, a Constituição formal expressa a ideia de que, sendo um acto
legislativo, o mesmo ocupa uma posição suprema no ordenamento jurídico positivo. Por isso,
quando falamos em Constituição em sentido formal (ou Constituição formal), falamos no
«conjunto de normas jurídicas escritas, elaboradas por órgão dotado de poderes especiais
(assembleia constituinte), através de um processo específico», normalmente, diverso daquele
que gera as leis ordinárias, e que – porque ocupam um lugar cimeiro na hierarquia normativa
– condicionam ou exigem a conformidade dos restantes actos dos poderes constituídos – não
só das funções política e legislativa.

Quando falamos em Constituição em sentido instrumental (ou Constituição instrumental),


falamos no «texto único em que se compreendem as normas formalmente constitucionais».
Ou seja, o documento onde se inserem as normas constitucionais do Estado.
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Em suma, a relação entre o Estado e a Constituição é de complementaridade, pois a
Constituição de um Estado é a lei fundamental do Estado, contendo os princípios sobre os
quais se fundamenta o governo, sendo que, o Direito Constitucional moderno provém do
constitucionalismo, e remete-nos para a ideia de Estado constitucional, tendo em conta que o
Estado constitucional nasce da luta contra o Estado absoluto.

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3. Considerações Finais

Como foi visto neste trabalho, abordou-se sobre o Estado e a Constituição e nele discutimos
as formas de Estado, fins e funções do Estado, Poderes do Estado e, por fim, a relação entre o
Estado e a Constituição. Tornou-se relevante conceituar o Estado como sendo uma
colectividade, um povo fixo num determinado território que nele institui, por autoridade
própria, um poder político relativamente autónomo. Entendeu-se como Constituição, a lei
suprema do Estado, que através do seu sistema de normas e princípios jurídicos, estabelece a
“estrutura básica” do Estado: reconhecendo um conjunto de Direitos, liberdades e garantias
dos cidadãos; e fixando as atribuições, as competências e, por conseguinte, os limites de
actuação do poder político.

Ficou claro que, a segurança, a justiça e o bem-estar constituem os fins do Estado e são objectivos
prosseguidos pelo poder político do Estado. As funções do Estado, por seu turno, são as actividades
desenvolvidas pelos órgãos do poder político do Estado, tendo em vista a realização dos objectivos
que se lhes encontram constitucionalmente cometidos.

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4. Bibliografia

BASTOS, F. L,(1999) Ciência Política - Guia de Estudo. Lisboa: Associação Académica de


Lisboa.

MIRANDA, J. (2000) Manual de Direito Constitucional, Tomo II, Constituição, 4ªedição,


Coimbra: Editora Coimbra.

Internet

http://www.fd.ul.pt/Portals/0/Docs/Institutos/ICJ/LusCommun e/BastosFernando1.pdf

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