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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância


Trabalho de Campo

Tema:

A FUNÇÃO DO ESTADO NO CONTROLO DOS ÓRGÃOS ADMINISTRATIVO DO ESTADO

Nome do Estudante: Ernesto Chico Binze


Código de Estudante:708200781

Curso: Licenciatura em Administração pública


Disciplina: Direito Administrativo
Ano de frequência: 3º Ano

dr. Esio Cebola Magaio


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1. INTRODUÇÃO

O Estado Social de Direito, é um Estado prestador de serviços, um Estado que assiste os


cidadãos.
É a partir das ideias de Estado de Direito, como Estado baseado na garantia dos Direitos
dos cidadãos, através do respeito pela legalidade, que se lhe irá atribuir personalidade
jurídica. O Estado passa a ser uma pessoa coletiva, pois subordina-se ao sistema
normativo. São reconhecidos direitos fundamentais aos cidadãos perante o Estado.
O Estado é, assim, formado por uma coletividade que institui um poder político no seu
território, com vista a prosseguir vários fins, através de um conjunto de competências
constantes na Constituição. Os fins do Estado dão origem a entes jurídicos para a sua
prossecução e fazem com que se desenvolvam atividades, funções do Estado. As quais
se dividem em várias funções:

-funções primárias (função política e função legislativa)

-funções secundárias (função administrativa e função jurisdicional). A função do Estado


será, deste modo, uma tarefa, um fim do Estado com vista às necessidades coletivas.
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2. ESTADO

Ao buscarmos o conceito de Estado percebemos que existem divergências entre as


correntes teóricas. Assim optamos pelas definições se seguem para fins do nosso estudo,
o que não impede que você pesquise outras formulações nas indicações bibliográficas.

Estado é o espaço maior de ordenamento político, onde se busca a racionalidade


(sempre inatingível) do sistema capitalista, por meio de um conjunto, relativamente
diversificado, de instituições (Engels, 1966; Burdeau, 1970; Carnoy, 1990).

Para Marx e Engels, o Estado é a ordem jurídica e política que regula um sistema de
dominação: do homem pelo homem, segundo Weber, de uma classe por outra. O Estado
é o lugar institucionalizado para tratar da gestão e da vida em sociedade. Constitui-se
num poder central, supremo e soberano em sua trajetória histórica. Ao observarmos
estas definições percebemos o Estado enquanto organização.

Como um conjunto de instituições encarregadas do monopólio do uso da violência.


Também há a idéia de que o Estado ao agregar as diversas organizações, se define como
uma estrutura política e organizacional formada pelos seguintes elementos:

• Poder político soberano;

• Um povo, organizado em sociedade; • Um território onde se dá a base física sobre a


qual se estende a jurisdição do poder.

• Um governo, através do qual se manifesta o poder soberano do Estado.

• Expressa - se com ordenamento jurídico impositivo, isto é, conjunto das normas e


leis.

O Estado é permanente, é parte da sociedade, possui estrutura política e organizacional


que se sobrepõe à sociedade, ao tempo em que dela faz parte. A sociedade, por sua vez,
é a fonte real de poder do Estado, na medida em que estabelece os limites e as condições
para o exercício desse poder pelos governantes. É um conjunto das relações sociais de
conflito entre classes, grupos em defesa dos seus interesses particulares atuantes num
processo histórico.
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3. GOVERNO

RODRIGUES M. M. A. – (2010) “Por Governo entendemos o conjunto de indivíduos


que orientam os rumos da sociedade, pois ocupam posições na cúpula do Estado”.

O Governo, por sua vez, é o núcleo decisório do Estado, formado por membros da elite
política, os quais estão encarregados da gestão pública. Possui caráter transitório nas
democracias, isto é, os que ocupam os cargos governamentais devem, por princípio, ser
substituídos periodicamente de acordo com as preferências da sociedade.

4. PODER

O objeto do nosso estudo é o poder que o homem exerce sobre o homem com fins
políticos. Em RODRIGUES M. M. A. (2010) – “Max Weber (1864 – 1920) poder é a
probabilidade de um ator social (a burocracia, por exemplo) levar a sua vontade adiante
apesar das resistências que ela enfrenta, isto é, mesmo que esteja em oposição à vontade
do outro”.

5. POLÍTICA PÚBLICA

RODRIGUES M.M.A. (2010) – “Política pública é um processo que vai além da


política social, é um caminho em que os diversos grupos que compõem a sociedade –
cujos interesses, valores e objetivos são divergentes – tomam decisões coletivas, que
condicionam o conjunto dessa sociedade.”

A política pública aparece na sociedade vinculada ao modo capitalista de produção e


reprodução, principalmente, pelo reconhecimento da existência da questão social que
permeia as relações sociais, o que consequentemente, em seu contexto conduz para a
criação de medidas de proteção social. O conceito de política pública tem as suas
variações de acordo com o enfoque teórico adotado e o contexto onde se aplica. Então
vale pesquisar e conhecer as várias definições encontradas no âmbito das Ciências
Sociais para uma melhor compreensão. Desta maneira, você irá ampliar o seu olhar. Até
porque as políticas afetam as nossas vidas em vários aspectos. Para elas são definidos
recursos, os quais são pagos pela sociedade, por meio dos tributos, além disto,
estabelecem regras para comportamentos e conflitos, ordenam mercados, burocracia e
também benefícios.
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Na medida em que você der continuidade ao seu estudo irá entender este universo, ou
seja, irá começar a discernir a razão de algumas políticas serem adotadas, e outras não.
Também entenderá as ações de governo diante de determinados problemas. Você
entrará em contato com as causas e conseqüências das decisões públicas. Aprofundar
este tema pode ser muito instigante, além de útil no que se refere a sua participação e
avaliação, principalmente porque você enquanto cidadão poderá contribuir na atividade
de controle social.

6. O DESENVOLVIMENTO DO ESTADO

Como surgiu o Estado? Vamos olhar para duas hipóteses que você irá encontrar na
bibliografia. Uma delas diz que o Estado surgiu de um processo histórico resultado da
complexidade da sociedade e da divisão em classes, e que ele foi criado para assegurar o
sistema de classes vigente. A outra hipótese menciona que o Estado surgiu de um
contrato entre os homens no qual eles renunciam a uma parte da sua liberdade para
poderem contar com uma autoridade que, usa a força para manter a ordem, garantir os
direitos de propriedade e garantir a execução dos contratos

As condições para que um Estado exista são as seguintes:

a) Uma sociedade ordenada em nível nacional;

b) Uma sociedade organizada com base na relação entre capital e trabalho, com
riquezas, bens privados dos proprietários dos meios de produção, que por meio da força
de trabalho, produzem mercadorias e geram lucros para estes proprietários;

c) Jurisdição política por meio da força coercitiva sobre o território e a sociedade com a
finalidade de manter a ordem social;

d) Existência de movimento ético – político contrário à ordem social e política (luta de


classes); e) O surgimento de teorias e estratégias sociopolíticas reformadoras do
capitalismo e do Estado;

f) Excedente econômico crescente e que possa ser socialmente distribuído sem ameaçar
a ordem capitalista. Lembre-se que o Estado enquanto organização criada pela
sociedade (seja ela oligárquica, liberal, sócio-democrata, entre outras) baseiase nos
princípios democrático e participativo. É consolidado pela Constituição Federal. Tem
como finalidade o interesse público.
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É o ator norteador das ações e decisões desenvolvidas por meio das funções estatais
que culminam nas políticas públicas e regras sociais.

Também é importante compreender que o Estado se diferencia conforme o momento


histórico, o contexto sociocultural, portanto não possui um conceito absoluto e
universal.

7. OS PODERES DO ESTADO

O Estado exerce o seu poder por meio da intervenção no ordenamento da sociedade, em


ações jurídicas, sociais e administrativas. A ação da Administração Pública possui
interface com o exercício do governo.

As Funções do Estado O Estado tem por objetivo alcançar o interesse público, mediante
o uso de poderes conferidos pela ordem jurídica. Estas funções são divididas em
legislativa (ou normativa), a administrativa (ou executiva) e a jurisdicional. Também
existem atos, que não se enquadram em nenhuma delas, e que terminam por compor a
função política.

 Função legislativa - é aquela função exercida pelo Poder Legislativo por meio da
edição de normas gerais e abstratas, que inovam na ordem jurídica e estão subordinadas
diretamente à constituição. Dela não fazem parte as medidas provisórias e as leis
delegadas;

Função jurisdicional - é atribuída exclusivamente ao Estado para resolução de conflitos


de interesses com força de coisa julgada. É exercida pelo Poder Judiciário, pois,
somente suas decisões tornam-se imutáveis (transitam em julgado) depois de esgotados
os recursos ou depois de ultrapassado o prazo para sua interposição. Trata-se de um
sistema da jurisdição única, nele todas as matérias podem ser apreciadas, pois é o único
poder competente para decidi-las de modo definitivo.

 Função administrativa - é a função que o Estado exerce no interior de uma estrutura e


regime hierárquico, e que no sistema constitucional brasileiro se caracteriza pelo fato de
serem desempenhados por comportamentos infralegais ou, excepcionalmente,
submissos todos ao controle da legalidade pelo Poder Judiciário. A função
administrativa é a única passível de ser exercida por particulares que recebem uma
delegação para a prestação de serviços públicos. Ela está presente em todos os poderes,
sendo mais utilizada no Poder Executivo.
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As funções do Estado permeiam a manutenção da ordem, da segurança interna e a


garantia da defesa externa, por isto mantém o aparato de segurança pública constituído
por uma força policial e militar pública. Exerce o monopólio legítimo do uso da força
ou da coerção organizada. A manutenção da ordem pelo Estado exige regulamentação
jurídica para aplicar as regras estabelecidas para a solução de conflitos, a aplicação da
justiça, a imposição de sanções. O Estado estabelece o ordenamento jurídico a partir das
relações com a sociedade. Também tem o papel de estabelecer e cobrar tributos e
administrar recursos.

8. O PAPEL SOCIAL DO ESTADO

O Estado é oriundo da Sociedade. É um fenômeno histórico, não possui neutralidade e


nem é pacífico. É um conjunto de relações sociais, fruto do processo histórico e das
forças sociais, nascidas dos grupos de interesses.

Possui em seu contexto, dinâmica e mudanças nas relações sociais e na estrutura da


sociedade. BRAVO, M.I.S. e PEREIRA, P. A.P. (2008), p. 26. – “No capitalismo, a
política social é um dos principais meios pacíficos de regulação de vida coletiva, ao
lado das leis, da propaganda, das honrarias, dos louvores e do apelo a valores morais”.

Então é possível compreender que a vida em sociedade é permeada pelos conflitos entre
os interesses individuais e coletivos. Nesta luta as pessoas buscam formas de
organização e regulação social. MARSHALL. (1963) p. 291 – “A conquista dos direitos
civis, sob o princípio da liberdade individual, marcou o século o século XVIII. Os
direitos políticos, sob o princípio da liberdade política, foram à conquista do século
XIX. Os direitos sociais, sob o princípio do bem – estar social vem marcando o século
XX”. Como estas questões surgem neste cenário? Na sociedade européia, no século
XIX, com o avanço dos movimentos populares socialistas, aparecem muitos
questionamentos sobre o papel do Estado.

O dilema em perspectiva de que a pobreza e a riqueza são partes do mesmo sistema, e


que os problemas sociais são decorrentes desta forma de organizar a sociedade. Então
entra em cena o debate sobre a questão social. De um lado estavam os socialistas
lutando por um progresso social, através do socialismo contra a economia de mercado, e
de outro, os reformistas destacando a produtividade do sistema capitalista. Estes
defendiam a intervenção do Estado nas ações do mercado. Os conservadores por outro
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lado demandavam apoio e estímulo ao mercado e prestação de serviços sociais as


pessoas incapacitadas de trabalhar.

Assim, o Estado Social é compreendido como a adaptação do Estado às condições


sociais e econômicas da civilização industrial e pós - industrial. A partir de 1936,
Keynes, preocupado em compreender a crise de 1929-1932 (A grande Depressão)
defendeu a intervenção do Estado com a perspectiva de estimular o sistema de
produção, em sua obra Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda (1936), a qual vai
ao encontro da concepção do Estado de Bem Estar. Sua teoria apresenta a conexão entre
Estado e Sociedade. O Estado passa a orientar e controlar e orientar o sistema
econômico com a preocupação de racionalizar os impactos dos meios de produção e dos
critérios de redistribuição de rendas.

9.1. O GOVERNO

O Governo é o conjunto de órgãos e atividades exercidas no sentido de conduzir


politicamente o Estado, definindo suas diretrizes supremas. É diferente da
Administração Pública em sentido estrito, que tem a função de realizar concretamente
as diretrizes traçadas pelo Governo. Portanto, enquanto o Governo age com ampla
discricionariedade, a Administração Pública atua de modo subordinado. Governar é
"controlar, comandar, dirigir, conduzir". Quem está no Governo sempre exerce o poder
político. O poder de um chefe de Governo (presidente eleito) é legítimo e
institucionalizado.

10. A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Administrar significa prestar serviço, executá-lo, dirigir, governar, exercer a vontade


com o objetivo de obter um resultado útil, além de elaborar um programa de ação e
executá-lo. Há ainda outra distinção que os autores costumam fazer, a partir da idéia de
que administrar compreende planejar e executar: A Administração Pública refere-se a
uma realidade menos abrangente que o Estado.

A ação administrativa é quem desempenha o papel de conquistar os meios para o


reforço do poder do Estado. Também oportuniza o exercício do poder governamental.
Vale ressaltar que a administração pública coloca os atos do governo em execução,
conforme a competência de cada órgão e de seus agentes, com maior ou menor
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autonomia. Trata-se de atividade neutra vinculada à norma técnica ou a lei, com conduta
hierarquizada:

A imparcialidade da Administração Pública na atuação com os particulares, que, porém,


se torna em parcialidade, quando as entidades públicas do Estado tomam iniciativas de
realização das necessidades coletivas, prosseguindo o interesse público e, por isso,
agindo como partes; o princípio da subsidiariedade, em que a aproximação às
populações é essencial para que o Estado desempenhe corretamente os seus fins e as
suas tarefas, sendo que, neste contexto, surgem dois fenómeno, o da descentralização
(delegação de poderes ou atribuições públicas a entidades infra-estatais, que, assim,
também vão exercer a função administrativa a nível territorial) e o da desconcentração
(pluralidade de órgãos do Estado consoante a divisão em funções e competências, a
diferente nível hierárquico ou não, e num âmbito central ou local).

Relativamente a estes dois fenómenos, há dois tipos de limites a ter em conta:

- Os limites materiais (a eficácia da Administração)

-Os limites orgânicos (manifestam a estrutura hierárquica das pessoas


coletivas públicas).
Estamos, neste ponto, perante duas aceções da Administração Pública, a Administração
em sentido material e a Administração em sentido orgânico. A primeira será a
Administração Pública como atividade dos serviços públicos e agentes administrativos
levada a cabo na prossecução do interesse da coletividade, com vista à satisfação das
suas necessidades. A segunda, por seu turno, será a Administração Pública como o
sistema de órgãos, serviços e agentes do Estado, assim como as restantes pessoas
coletivas públicas que asseguram a satisfação das necessidades coletivas.

Apesar de o Estado ser a pessoa coletiva pública que desempenha a


atividade administrativa sob a direção do Governo, que é o órgão principal da
administração do Estado, verifica-se que o Estado exerce esta sua competência de várias
formas:
-Na Administração direta, em que há uma centralização administrativa, pois trata-se de
órgãos e serviços do Estado, centrais ou periféricos e integrados na sua pessoa coletiva;
-Na Administração indireta, onde, por outro lado, existe uma descentralização, pois
quem prossegue os fins do Estado são pessoas coletivas distintas do Estado.
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-Já no caso da Administração autónoma, ela prossegue interesses públicos próprios das
pessoas que a constituem.

11. CONCLUSÃO

O Controle Interno se configura em um importantíssimo aliado do gestor, pois sua


atuação independente dentro do órgão permite uma base de dados segura, objetiva e
impessoal para a tomada de decisão, de maneira a estimular a governança a executar
atos de maneira eficaz com foco na coletividade.

Para que o controle interno alcance êxito ficou constatado que é preciso superar as
dificuldades na sua implantação, de forma a favorecer a conscientização dos
administradores públicos das vantagens de um sistema usado de forma correta, para o
bom andamento da instituição.

É fundamental que as ações de controle interno sejam aperfeiçoadas de forma contínua


e permanente para que se possam atingir níveis satisfatórios de desempenho e busca de
qualidade superior nos serviços oferecidos aos cidadãos. Na administração Pública os
mecanismos de controle existentes previnem o erro, a fraude e o desperdício, trazendo
benefícios à sociedade. 
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12. REFERÊNCIAS

CARVALHO, J.M. Cidadania no Brasil: O Longo Caminho. 5. Ed. Rio de Janeiro:


Civilização Brasileira, 2004.

CHIAVENATO IDALVERTO. Administração Geral e Pública. 6. Ed. Rio de Janeiro:


Elsevier, 2006. MONTANO, C. Terceiro Setor e Questão Social: Critica ao Padrão
Emergente de Intervenção Social. 2. Ed. São Paulo;

Cortez, 2003 NOGUEIRA, M. A. Um Estado Para a Sociedade Civil: Temas Éticos e


Políticos. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2005. PIRES VALDEMIR. Orçamento
Participativo. São Paulo: Manole, 2001.

RICO ELIZABETH DE MELHO; RAICHELIS RAQUEL. Gestão Social Uma Questão


em Debate. São Paulo: Iee-Puc Sp, 1999.

BEHRNG ELAINE ROSSETTI; BOSCHETTI IVANETE. Política Social


Fundamentos e Histó1ria. 2. Ed. São Paulo: Cortez, 2006.

BRAVO MARIA INES SOUZA; PEREIRA POTYARA A.P. Política Social e


Democracia. 4. Ed. São Paulo: Cortez, 2008.

DURÃO JORGE E S. Política de Assistencia Social: São Paulo: Cortez, 1998.

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