UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE

Faculdade de Filosofia
Departamento de Graduação

Manuel Francisco Honwana

Conceitos básicos da Administração Pública

Trabalho de reflexão apresentado à

Unidade Curricular de Administração e
Gestão Pública na Faculdade de
Filosofia da UEM como requisito parcial
de avaliação.

Docente:
Mestre Salvador Jeremias Nwanatata

Maputo
Abril de 2023
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CONCEITOS BÁSICOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

1. Estado (elementos, perspectiva teórica e função)

Estado é definido como uma entidade soberana que possui controle político sobre um
território e sua população, e que é responsável por exercer autoridade em nome do
bem comum. Envolve uma variedade de instituições, estruturas e processos políticos,
incluindo o governo, o poder legislativo, o poder judiciário e as agências
administrativas.

Embora existam diversas definições de Estado na literatura acadêmica, a maioria dos

estudiosos concorda que o Estado é uma instituição fundamental para a organização
e governança das sociedades modernas, e que desempenha um papel crucial na
promoção do bem-estar e da segurança dos cidadãos. "O Estado é a instituição
política que detém o monopólio do uso legítimo da força em um território, tendo como
objetivo garantir a segurança, a ordem e o bem-estar da população" (WEBER, 2014:
47).

O Estado é caracterizado por sua capacidade de fazer cumprir a lei, colectar impostos
e realizar funções de bem-estar social, como a prestação de serviços públicos, a
regulação da economia e a protecção dos direitos humanos. Outros aspectos
importantes do Estado incluem sua capacidade de conduzir relações internacionais,
estabelecer políticas de defesa e segurança nacional e promover o desenvolvimento
económico e social.

a) Os elementos do Estado são quatro: i) o povo - população protegida e governada

pelo Estado; ii) o território - área geográfica sobre a qual o Estado exerce seu poder;
iii) a soberania - poder absoluto do Estado sobre seu território e povo; e iv) o governo
- estrutura política e administrativa responsável pela tomada de decisões e
implementação de políticas públicas. Esses elementos são interdependentes e
fundamentais para a existência e funcionamento do Estado.

b) Há várias perspectivas teóricas sobre o Estado na literatura acadêmica, cada uma

com suas próprias abordagens e ênfases. De forma breve, podemos considerar
alguns exemplos:
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Liberalismo: enfatiza um Estado limitado e a liberdade individual;

Marxismo: enfatiza que o Estado é uma ferramenta da classe dominante para manter
sua hegemonia;
Anarquismo: enfatiza que o Estado é uma instituição opressiva que deve ser abolido.
Realismo: enfatiza o poder e a segurança na política internacional e que o Estado é a
principal unidade de análise nessa arena.
Neo-institucionalismo: enfatiza a importância das instituições e regras na política e na
sociedade e que o Estado é necessário para fornecer um quadro regulatório e legal.

c) As funções do Estado variam de acordo com as diferentes perspectivas e modelos

teóricos, mas em geral podem ser divididas em três categorias: funções essenciais,
funções de bem-estar social e funções económicas: i) essenciais (manutenção da
ordem pública, defesa nacional e administração da justiça); ii) de bem-estar social
(políticas públicas para garantir educação, saúde, habitação e segurança social) e iii)
econômicas (promoção do desenvolvimento econômico, regulação e supervisão dos
setores econômicos, estímulo à produção e ao comércio).

2. Diferença entre agente público, funcionário público e funcionário do estado

Pode-se assumir que a diferença entre estes conceitos está ligada ao tipo de vínculo
de emprego que estes assumem com o estado, embora haja possibilidades de
variação do significado dos conceitos mediante a legislação vigente em determinado
país. Agente público é um termo mais amplo que engloba todas as pessoas que
exercem uma função pública, enquanto funcionário público é uma categoria específica
de agente público com vínculo empregatício e regime jurídico próprio. Já funcionário
do Estado é um termo mais abrangente que inclui todas as pessoas que prestam
serviços ao Estado, incluindo os funcionários públicos.

3. O Aparelho do Estado
O conceito de "Aparelho de Estado" é uma expressão que foi cunhada pelo filósofo
francês Louis Althusser, em sua obra "Aparelhos Ideológicos do Estado" (1970), onde
ele define o aparelho de Estado como "um conjunto de instituições que funcionam
como uma unidade orgânica, para assegurar a reprodução das relações de produção
existentes".
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Althusser acreditava que o Estado é uma instituição fundamental na reprodução das

relações de poder na sociedade, e que o aparelho de Estado é o instrumento utilizado
para manter a dominação da classe dominante. Ele divide o aparelho de Estado em
dois tipos: o aparelho repressivo, que é composto pelas forças armadas, polícia,
tribunais, prisões, etc; e o aparelho ideológico, que é composto pelas igrejas, escolas,
família, partidos políticos, meios de comunicação, entre outros.

Entretanto, para Sérgio Abranches, "o aparelho de Estado é a estrutura que garante
a ordem, assegura a continuidade institucional, arbitra conflitos e organiza a ação
governamental" (ABRANCHES, 1988). Ele é composto pelos poderes Executivo,
Legislativo e Judiciário, além de outras entidades que desempenham funções públicas
importantes, como as autarquias, empresas estatais e as forças armadas.

Desta forma, aparelho de Estado se refere à estrutura organizacional, institucional e

legal que forma o conjunto das entidades, órgãos e instituições que exercem a
autoridade do Estado. Embora tenha sido inicialmente formulado por Althusser como
um instrumento de dominação de classe, o conceito é mais amplo e pode ser utilizado
para compreender a organização e o funcionamento do Estado de forma geral.

4. Empresa Pública
Uma empresa pública é uma empresa que pertence ao Estado e que tem como
objetivo prestar serviços públicos ou produzir bens que sejam de interesse coletivo.
Segundo o jurista, Hely Lopes Meirelles, "empresa pública é a entidade dotada de
personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio próprio e capital exclusivo
do Estado, criada por lei para a exploração de atividade econômica que o governo
seja levado a exercer, por força ou imposição das exigências coletivas".

Uma empresa pública pode ser criada pelo governo para actuar em diversas áreas,
como transporte, energia, comunicações, entre outras.

Dentre as características das empresas públicas, destacam-se a sua criação por lei,
a submissão a regime jurídico misto (público e privado), a possibilidade de atuação
em diversos setores econômicos e a necessidade de autorização legislativa para a
sua privatização ou extinção.
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5. Função Púbica
A função pública é o conjunto de actividades e responsabilidades desempenhadas
pelos agentes públicos no exercício da administração pública. De acordo com a
Constituição da República, a função pública é exercida com base nos princípios da
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.

Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro, em sua obra "Direito Administrativo", a função
pública pode ser definida como "o conjunto de atividades exercidas pelo Estado, ou
por delegação, tendentes a atender a interesses coletivos".

Dessa forma, a função pública engloba as actividades de interesse coletivo realizadas

pelos agentes públicos, seja no âmbito do Poder Executivo, Legislativo ou Judiciário.
Essas atividades têm como finalidade atender às necessidades da sociedade,
promover o bem-estar dos cidadãos e garantir a efetividade dos direitos fundamentais.