Você está na página 1de 103

Câmara de Cuiabá-MT

1. Estado, governo e administração pública: conceitos, elementos, poderes e organização;


natureza, fins e princípios. ....................................................................................................... 1
2. Organização administrativa do Estado. 3. Administração direta e indireta. ................... 12
4. Agentes públicos: espécies e classificação, poderes, deveres e prerrogativas cargo,
emprego e função públicos. ................................................................................................... 37
5. Poderes administrativos. ............................................................................................... 43
6. Atos administrativos: conceitos, requisitos, atributos, classificação, espécies e invalidação.
............................................................................................................................................... 58
7. Controle e responsabilização da administração: controle administrativo, controle judicial,
controle legislativo, responsabilidade civil. ............................................................................. 75

Olá Concurseiro, tudo bem?

Sabemos que estudar para concurso público não é tarefa fácil, mas acreditamos na sua
dedicação e por isso elaboramos nossa apostila com todo cuidado e nos exatos termos do
edital, para que você não estude assuntos desnecessários e nem perca tempo buscando
conteúdos faltantes. Somando sua dedicação aos nossos cuidados, esperamos que você
tenha uma ótima experiência de estudo e que consiga a tão almejada aprovação.

Pensando em auxiliar seus estudos e aprimorar nosso material, disponibilizamos o e-mail


professores@maxieduca.com.br para que possa mandar suas dúvidas, sugestões ou
questionamentos sobre o conteúdo da apostila. Todos e-mails que chegam até nós, passam
por uma triagem e são direcionados aos tutores da matéria em questão. Para o maior
aproveitamento do Sistema de Atendimento ao Concurseiro (SAC) liste os seguintes itens:

01. Apostila (concurso e cargo);


02. Disciplina (matéria);
03. Número da página onde se encontra a dúvida; e
04. Qual a dúvida.

Caso existam dúvidas em disciplinas diferentes, por favor, encaminhar em e-mails separados,
pois facilita e agiliza o processo de envio para o tutor responsável, lembrando que teremos até
cinco dias úteis para respondê-lo (a).

Não esqueça de mandar um feedback e nos contar quando for aprovado!

Bons estudos e conte sempre conosco!

1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA


1. Estado, governo e administração pública: conceitos, elementos, poderes e
organização; natureza, fins e princípios.

ESTADO, GOVERNO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Entende-se o Estado como comunidade, soberania e nação, para utilizarmos categorias de hoje, dado
que o Estado é ao mesmo tempo Estado-comunidade, ou república, Estado-aparelho, ou principado, e
comunidade de gerações, ou nação. Por Estado entende-se a unidade administrativa de um território.
Não existe Estado sem território. O Estado é formado pelo conjunto de instituições públicas que
representam, organizam e atendem (ao menos em tese) os anseios da população que habita o seu
território. Entre essas instituições, podemos citar o governo, as escolas, as prisões, os hospitais públicos,
o exército, dentre outras.

Estado

É pessoa jurídica territorial soberana. O estado soberano, traz como regra, um governo que será o
elemento condutor, o povo que irá representar o componente humano e o território que é o espaço físico
que ele ocupa.
Compõem o território: solo, subsolo, águas interiores, o mar territorial e o espaço aéreo.
Quanto ao campo de atuação do Estado, este pode ocorrer no direito público ou no direito privado,
carregando consigo, a qualidade de Pessoa Jurídica de Direito Público, fazendo com que a teoria da
dupla personalidade do Estado já não seja mais assunto a ser discutido.
Foi com a evolução da noção do Estado que surgiu a figura do Estado de Direito, que traz a ideia de
que a Administração Pública, obedece ao direito posto, além dos demais sujeitos de direito que compõem
a sociedade, de modo resumido, entende-se que o Estado de Direito se submete ao regime de direito que
fora por ele mesmo instituído.

Elementos do Estado
Soberania é o poder supremo. No âmbito interno refere-se à capacidade de autodeterminação e, no
âmbito externo, é o privilégio de receber tratamento igualitário perante os outros países.
Nos Estados modernos ganha forças no Poder Constituinte, tendo em vista que ela envolve o poder
de alterar uma lei fundamental, como por exemplo a Constituição do Estado.
É entendida como a propriedade que tem um Estado de ser uma ordem suprema que deve a sua
validade a qualquer outra ordem superior. Na maioria das constituições trata-se de um poder escrito.
Sociedade é o conjunto de pessoas que compartilham propósitos, preocupações e costumes, e que
interagem entre si constituindo uma comunidade.
Território é a base espacial do poder jurisdicional do Estado onde este exerce o poder coercitivo
estatal sobre os indivíduos humanos, sendo materialmente composto pela terra firme, incluindo o subsolo
e as águas internas (rios, lagos e mares internos), pelo mar territorial, pela plataforma continental e pelo
espaço aéreo.
Povo é a população do Estado, considerada pelo aspecto puramente jurídico. É o grupo humano
encarado na sua integração numa ordem estatal determinada; é o conjunto de indivíduos sujeitos às
mesmas leis, são os súditos, os cidadãos de um mesmo Estado, detentores de direitos e deveres.
Nação é um grupo de indivíduos que se sentem unidos pela origem comum, pelos interesses comuns,
e principalmente, por ideias e princípios comuns. É uma comunidade de consciência, unidas por um
sentimento complexo, indefinível e poderosíssimo: o patriotismo.
Segundo Goffredo Telles Jr. A nação é entendida como a sociedade política cuja ideia a realizar é a
de constituir a mais alta condição social para as entidades que ela encerra melhor se aproximem de seus
respectivos fins.1
A nação é composta por ideia de bem comum e de ordem jurídica e por um povo que vive em
comunhão, mesmo que obedecendo essa nação.

1
Palaia, Nelson. Noções Essenciais de Direito. Editora: Saraiva,2011.

1
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
Administração pública

É a forma como o Estado governa, ou seja, como executa as suas atividades para o bem estar de seu
povo. Lembrando que povo são os habitantes de um determinado território. É organizada política, social
e juridicamente, ocupa um território definido, onde normalmente a lei máxima é uma constituição escrita,
e dirigida por um governo que possui soberania reconhecida tanto interna como externamente. Um Estado
soberano é sintetizado pela máxima: um governo, um povo, um território. O Estado é responsável pela
organização e pelo controle social, pois detém, segundo Max Weber, o monopólio da violência legítima
(coerção, especialmente a legal).
Em sentido formal, orgânico ou subjetivo, designa o conjunto de órgãos e outros agentes estatais,
que estejam no exercício da função administrativa, independentemente do poder a que pertençam (Poder
Executivo, Judiciário ou Legislativo ou a qualquer outro organismo estatal), devendo neste caso, ser
escrita em letra maiúscula. (Administração).
Já a administração em sentido material ou objetivo, acaba se confundindo com a função
administrativa, e pode ser considerada como a atividade administrativa realizada pelo Estado, que vai em
direção à defesa concreta do interesse público. Deve ser escrita com letra minúscula (administração).
A doutrina moderna considera quatro tarefas precípuas da Administração Pública, que são: a prestação
de serviços públicos, o exercício do poder de polícia, a regulação das atividades de interesse público e o
controle da atuação do Estado.
Desse modo, podemos entender a atividade administrativa como sendo aquela voltada para o bem
toda a coletividade, desenvolvida pelo Estado com a finalidade de privilegiar a coisa pública e as
necessidades da coletividade. A função administrativa é considerada um múnus público, que configura
uma obrigação ou dever para o administrador público que não será livre para atuar, já que deve
obediência ao direito posto, para buscar o interesse coletivo.

Governo

É o conjunto das funções necessárias à manutenção da ordem jurídica e da administração pública. A


palavra governo tem dois sentidos, coletivo e singular. O primeiro, como conjunto de órgãos que orientam
a vida política do Estado. O segundo, como poder executivo, órgão que exerce a função mais ativa na
direção dos negócios públicos. É um conjunto particular de pessoas que, em qualquer tempo, ocupam
posições de autoridade dentro de um Estado, que tem o objetivo de regrar uma sociedade política e
exercer autoridade. Neste sentido, os governos se revezam regularmente, ao passo que o Estado perdura
e só pode ser mudado com dificuldade e muito lentamente. O tamanho do governo vai variar de acordo
com o tamanho do Estado, e ele pode ser local, regional ou nacional.
O governo é a instância máxima de administração executiva, geralmente reconhecida como a liderança
de um Estado ou uma nação. É formado por dirigentes executivos do Estado e ministros.
Governo x Estado Os conceitos de Estado e Governo não podem ser confundidos, já que o Estado é
um povo situado em determinado território, que se sujeita a um governo. Assim merecem notoriedade:
povo, território e governo.
O governo é o elemento formador do Estado, não podendo com este se confundir. Pode-se dizer que
o governo é a cúpula diretiva do Estado que se organiza sob uma ordem jurídica por ele posta, a qual
consiste no complexo de regras de direito baseadas e fundadas na Constituição Federal.2
Com o decorrer dos tempos, a palavra governo, acabou sofrendo fortes mudanças, de modo que a
concepção clássica entendia que o governo era:

Sinônimo de Estado + somatória dos 3 poderes

Hoje essa ideia acabou sofrendo alterações, de forma que o governo, em sentido subjetivo é a cúpula
diretiva do Estado, que se responsabiliza pelo caminho dado as atividades estatais, eis que podemos
considerar, que nada mais é do que o conjunto de poderes e órgãos constitucionais
A forma de governo é a maneira como se dá a instituição do poder na sociedade e como se dá a
relação entre governantes e governados. Existem diversos tipos de governo, como anarquismo (quando
existe a ausência ou falta de governo), democracia (os cidadãos elegíveis participam igualmente),
ditadura (não há participação popular), monarquia (chefe de governo se mantém no cargo até a morte),
oligarquia (poder político concentrado em um pequeno número de pessoas), tirania (utilizada
normalmente em situações excepcionais) e outros.

2
Carvalho, Matheus. Manual de Direito Administrativo, editora: Jus Podivm , 2ª edição, 2015.

2
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
O sistema de governo não pode ser confundido com a forma de governo, pois a forma é o modo
como se relacionam os poderes e o sistema de governo é a maneira como o poder político é dividido e
exercido no âmbito de um Estado.
Segundo o jurista italiano Norberto Bobbio, a primeira vez que a palavra “estado” foi utilizada, com o
seu sentido contemporâneo, foi no livro Arte da Guerra, do imperador e general que fundou a dinastia dos
Sun Tzu e posteriormente no livro denominado O Príncipe, do diplomata e militar Nicolau Maquiavel.
Normalmente, grafa-se o vocábulo com letra maiúscula, a fim de diferenciá-lo de seus homônimos. Há,
entretanto, uma corrente de filósofos que defende sua escrita com minúscula, como em cidadania ou civil.
O objetivo não é ferir a definição tradicional de Estado, mas equiparar a grafia a outros termos não menos
importantes.
O reconhecimento da independência de um Estado em relação aos outros, permitindo ao primeiro
firmar acordos internacionais, é uma condição fundamental para estabelecimento da soberania. O Estado
pode também ser definido em termos de condições internas, especificamente (conforme descreveu Max
Weber, entre outros) no que diz respeito à instituição do monopólio do uso da violência.
O Estado é uma organização que conta com o monopólio da violência legítima (uso da força), pelo que
dispõe de instituições como as forças armadas, a polícia e os tribunais, pelo fato de assumir as funções
de governo, defesa, segurança e justiça, entre outras, num determinado território. O Estado de Direito é
aquele que enfoca a sua organização na divisão de poderes (Executivo, Legislativo e Judicial). É
importante esclarecer que os conceitos de Estado e governo não são sinônimos. Os governantes são
aqueles que, temporariamente, exercem cargos nas instituições que conformam o Estado.
O conceito parece ter origem nas antigas cidades-estados que se desenvolveram na Antiguidade, em
várias regiões do mundo, como na Suméria, na América Central e no Extremo Oriente. Em muitos casos,
estas cidades-estados foram a certa altura da história colocadas sob a tutela do governo de um reino ou
império, seja por interesses econômicos mútuos, seja por dominação pela força.
O Estado como unidade política básica no mundo tem, em parte, vindo a evoluir no sentido de um
supranacionalismo, na forma de organizações regionais, como é o caso da União Europeia. Os governos
são transitórios e apresentam diferentes formas, que variam de um lugar para outro, enquanto os Estados
são permanentes (ao menos enquanto durar o atual sistema capitalista).
Dessa forma, o governo seria apenas uma das instituições que compõem o Estado, com a função de
administrá-lo. Várias correntes filosóficas opõem-se à existência do Estado tal como o conhecemos. O
anarquismo, por exemplo, promove o total desaparecimento do Estado e a respectiva substituição pelas
associações livres e organizações participativas.
O marxismo, em contrapartida, considera que o Estado é uma ferramenta de domínio que se encontra
sob o controle da classe dominante. Como tal, aspira à sua destruição para que seja substituído por um
Estado Operário como parte constituinte da transição para o socialismo e o comunismo, onde já não será
necessário um Estado, uma vez superada a luta de classes (burguesia x proletariado).
A Nação, por outro lado, tem seu conceito ligado à identidade, à cultura e aos aspectos históricos. Por
nação entende-se um agrupamento ou organização de uma sociedade que partilha dos mesmos
costumes, características, idioma, cultura e que já possuem uma determinada tradição histórica. Alguns
autores chegam a afirmar que o Estado seria a institucionalização da Nação.
Entretanto, observa-se a existência de Estados com muitas nações - ou multinacionais - e algumas
nações sem Estado constituído. Existem nações sem Estado (nação palestina, nação basca) e Estados
que reúnem e abarcam várias nações. No Direito Administrativo contemporâneo, Governo é a expressão
que define o núcleo diretivo do Estado, alterável por eleições e responsável pela gerência dos interesses
estatais e pelo exercício do poder político. É a organização e autoridade governante de uma unidade
política. O poder de regrar uma sociedade política e o aparato pelo qual o corpo governante funciona e
exerce autoridade. O governo é usualmente utilizado para designar a instância máxima de administração
executiva, geralmente reconhecida como a liderança de um Estado ou uma nação. Os Estados que
possuem tamanhos variados podem ter vários níveis de Governo conforme a organização política daquele
país, como por exemplo o Governo local, regional e nacional. A forma de governo é a política base que
define como o Estado exerce o poder sobre a sociedade. O sistema de governo é a divisão do poder no
Estado. Há ainda o regime político, que é uma relação entre o governante e a força exercida entre ele.

Aristóteles (384-322 a.C.) na obra Política, dividiu o governo de três formas:

Monarquia: cujo governo tem caráter hereditário, visa o bem comum, como a obediência ás leis e ás
tradições. O governo cabe a uma única pessoa, que possui poderes não só para fazer as leis, como
também para aplicá-las. A forma distorcida da monarquia é a Tirania, na qual o governo é de um homem
só que ascende ao poder por meios ilícitos.

3
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
A escolha do monarca é feita com base em motivos históricos tradicionais, de modo que ele não se
preocupa em aparecer como representante da vontade do povo. Seu poder é extraordinário, sem ter
vínculo entre a sua escolha e a vontade dos governados.
O ponto importante é que ele não respondia pelos seus atos e podia ainda se tornar um imperador.

São formas de monarquia: absoluta e constitucional.

Na absoluta, não há limites jurídicos para o monarca, na constitucional, o rei sofre algumas limitações
jurídicas, mesmo que seja considerado o representante mais alto do Estado.
A Monarquia Constitucional se subdivide em pura (poder exercido diretamente pelo rei) e parlamentar
(o poder do rei é exercido através de seus ministros).
OBS: a monarquia mais conhecida é a hereditária, já que a escolha do sucessor, obedece à linha
hereditária, caracterizando-se pela vitaliciedade, hereditariedade e irresponsabilidade.
Surge a República, como oposta à Monarquia. O chefe do Estado passa a ser temporário e não
vitalício, eleito pelos governados, quer dizer, o povo, não tendo mais que se falar em hereditariedade.
Diferente do monarca, o chefe do Estado passa a ser responsável por seus atos, podendo ser processado,
com a perda do seu mandato.
A forma Republicana de governo existe em nosso país desde a Constituição de 1891. As
características enraizadas das regalias e prerrogativas de certas classes, com a vitaliciedade do soberano
e o nepotismo, não mais perduraria.
Aristocracia: o Estado é governado por um pequeno grupo de pessoas, que em tese, seria o grupo
ou classe mais apta a conduzir o Estado.
Na oligarquia quem governa são os mais poderosos, geralmente, os mais ricos, possuidores de títulos
de nobreza ou que conquistaram o poder pela força.
Segundo os filósofos gregos Platão e Aristóteles apenas os melhores cidadãos, os que fossem
superiores moral e intelectualmente, estariam aptos a atender os interesses da coletividade.
A aristocracia nasce como uma forma de governo que era contra à tirania e a oligarquia, porém a forma
de avaliar quem eram os melhores, acabou tendo caráter subjetivo, de modo que foi confundida com a
oligarquia.
São exemplos: os patrícios na Roma e nobres da Europa, no período da Idade Média.
Politéia: governo do povo, exercido com respeito ás leis e em benefício de todos. A forma distorcida
da Politéia é a Democracia, na qual a maioria exerce o poder, favorecendo preferencialmente os pobres
(POLIZEL, 2010). Apresentamos as formas puras de governo (Monarquia, Aristocracia e Politéia) que
forma propostas por Aristóteles, e também as formas impuras (Tirania, Oligarquia e Democracia).

No entanto, a Democracia, no ocidente, tem uma conotação mais expandida, por exemplo, para
Lincoln, a democracia “é o regime do povo, pelo povo e para o povo”. Hans Kelsen expande essa ideia
na liberdade de consciência, trabalho, religião, igualdade etc.
Podemos considerar o Estado moderno como uma sociedade com base territorial, dividida em
governantes e governados, com ambições, dentro do território que lhe é reconhecido e com supremacia
sobre todas as demais instituições. Estão sob seu domínio todas as formas de atividade cujo controle ele
julgue conveniente. Surge no auge da monopolização do poder do governante do estado.
Segundo Norbert Elias, o governo monopolista, fundamentado nos monopólios da tributação e da
violência física, atingira assim, nesse estágio particular, como monopólio pessoal de um único indivíduo,
sua forma consumada. Era protegido por uma organização de vigilância muito eficiente. O rei latifundiário,
que distribuía terras ou dízimos, tornara-se o rei endinheirado, que distribuía salários, e este fato dava à
centralização um poder e uma solidez nunca alcançados antes. O poder das forças centrífugas havia sido
finalmente quebrado. Todos os possíveis rivais do governante monopolista viram-se reduzidos a uma
dependência institucionalmente forte de sua pessoa. Não mais em livre competição, mas apenas numa
competição controlada pelo monopólio, apenas um segmento da nobreza, o segmento cortesão, concorria
pelas oportunidades dispensadas pelo governante monopolista, e ele vivia ao mesmo tempo sob a
constante pressão de um exército de reserva formado pela aristocracia do interior do país e por elementos
em ascensão da burguesia.
A corte era a forma organizacional dessa competição restrita. Com o surgimento de uma classe social
e econômica, formada de moradores da cidade, homens livres, comerciantes, banqueiros, estudiosos,
artesões, entre outras atribuições autônomas e sustentáveis, que conseguiram por meio de seus dotes e
por meio do pagamento de tributo de proteção aos senhores feudais formarem os burgos, vindo daí a
origem da expressão “burguês”. Este monopólio do poder, pelo soberano, afora a ingerência da Igreja, foi
evoluindo para o absolutismo ao mesmo tempo em que a classe burguesa igualmente evoluía, mas

4
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
achacada pelos altos tributos cobrados de todos os meios e de todos os lados, evoluindo para uma
situação, quem em torno do século XVIII já seria insustentável. Classifica-se a evolução do Estado de
Direito em:
a) Estado Liberal - Liberalismo é forma ao mesmo tempo racional e intuitiva de organização social em
que prevalece a vontade da maioria quanto à coisa pública, e que está livre de qualquer fundamento
filosófico ou religioso capaz de limitar ou impedir a liberdade individual e a igualdade de direitos, e no qual
o desenvolvimento e o bem estar social dependem da divisão do trabalho, do direito de propriedade, da
livre concorrência e do sentimento de fraternidade e responsabilidade filantrópica frente à diversidade de
aptidões e de recursos dos indivíduos. Surge com a revolução burguesa na França, suas características
básicas são a não intervenção do Estado na economia, igualdade formal, autonomia e divisão dos
poderes. A Constituição é tida como norma suprema e limitadora dos poderes públicos e garantidora de
direitos fundamentais individuais. Segundo parte da doutrina, nesse estado somente se fala nos direitos
de primeira geração que são aqueles que pregam a liberdade, também chamados de direitos individuais,
posto que protegem o cidadão contra os arbítrios e abusos do Estado.
b) Estado Social - Segundo La Bradbury (2006), a igualdade tão somente formal aplicada e o
absenteísmo do Estado Liberal em face das questões sociais, apenas serviram para expandir o
capitalismo, agravando a situação da classe trabalhadora, que passava a viver sob condições miseráveis.
O descompromisso com o aspecto social, agravado pela eclosão da Revolução Industrial, que submetia
o trabalhador a condições desumanas e degradantes, a ponto de algumas empresas exigirem o trabalho
diário do obreiro por doze horas ininterruptas, culminou com a Revolução Russa de 1917, conduzindo os
trabalhadores a se organizarem com o objetivo de resistir à exploração. Esse movimento configurava a
possibilidade de uma ruptura violenta com o Estado Liberal, devido à grande adesão de operários do
ocidente europeu. A burguesia, hesitante à expansão dos ideais pregados pela Revolução Russa, adotou
mecanismos que afastassem os trabalhadores da opção revolucionária, surgindo, então, o Estado Social,
com as seguintes características: intervenção do Estado na economia, aplicação do princípio da igualdade
material e realização da justiça social. A burguesia, agora detentora do poder político, passou a defender
o intervencionismo estatal no campo econômico e social, buscando acabar com a postura absenteísta do
Estado, preocupando-se com os aspectos sociais das classes desfavorecidas, conferindo-lhes uma
melhor qualidade de vida, com o único intuito de conter o avanço revolucionário. Para alcançar tal intento,
os capitalistas tiveram que substituir a igualdade formal (igualdade perante à lei), presente no Estado
Liberal, que apenas contribuiu para o aumento das distorções econômicas, pela igualdade material
(igualdade de fato), que almejava atingir a justiça social. O princípio da igualdade material ou substancial
não somente considera todas as pessoas abstratamente iguais perante a lei, mas se preocupa com a
realidade de fato, que reclama um tratamento desigual para as pessoas efetivamente desiguais, a fim de
que possam desenvolver as oportunidades que lhes assegura, abstratamente, a igualdade formal. Surge,
então, a necessidade de tratar desigualmente as pessoas desiguais, na medida de sua desigualdade. O
Estado Social (ou do Bem Estar), apesar de possuir uma finalidade diversa da estabelecida no Estado de
Direito, possuem afinidades, uma vez que utiliza do respeito aos direitos individuais, notadamente o da
liberdade, para construir os pilares que fundamentam a criação dos direitos sociais. Surgem, desta forma,
os “direitos de segunda geração”, que se situam no plano do ser, de conteúdo econômico e social, que
almejam melhorar as condições de vida e trabalho da população, exigindo do Estado uma atuação positiva
em prol dos explorados, compreendendo, dentre outros, o direito ao trabalho, à saúde, ao lazer, à
educação e à moradia, (La Bradbury, 2006). Carlos Ari Sundfeld sintetiza afirmando que: “O Estado torna-
se um Estado Social, positivamente atuante para ensejar o desenvolvimento (não o mero crescimento,
mas a elevação do nível cultural e a mudança social) e a realização da justiça social (é dizer, a extinção
das injustiças na divisão do produto econômico).”
c) Estado Democrático - Surge após a Segunda Guerra Mundial, dissociando-se das políticas
totalitárias como o nazismo e fascismo, sendo suas características principais a representatividade política
pelo voto do povo, detentor da soberania e uma Constituição não apenas limitadora de poderes e políticas
públicas, mas regulamentadora das prestações positivas do Estado em prol do cidadão e da coletividade.
Declara e assegura direitos fundamentais individuais e coletivos, tais como, direito a paz, ao meio
ambiente ecologicamente correto, às tutelas de liberdade do pensamento, expressão, autoria e
intimidade, o respeito e a autodeterminação dos povos, as políticas de reforma agrária e moradia popular,
os benefícios e aposentadorias previdenciários, a assistência social, entre outros, surgindo os direitos de
terceira geração e outros, denominados de quarta geração, ligados ao constante progresso científico e
tecnológico contemporâneo e outros fenômenos políticos como a globalização e a unificação dos países,
de modo à regular a cibernética, a informática, a biogenética, entre outros.

5
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
Reforma do Estado brasileiro e de seu aparelho

A reforma da Administração Pública visa a eficiência dos serviços que são prestados para os cidadãos,
com maior qualidade. Visa-se a redução de custos ao mesmo tempo em que promove-se a revisão e
aperfeiçoamento das rotinas, com a desburocratização e aplicação de metas e indicadores de
desempenho.
A reforma do aparelho do Estado é fundamental para que se assegure a estabilidade do plano real. O
que o governo visa é impedir o aumento dos gastos, sem que haja a perda da qualidade e eficiência dos
serviços prestados.
Com a melhoria da eficiência exige-se também a descentralização dos serviços, aproximando-se da
sociedade e do cidadão, retirando do Estado as atividades que possam ser melhor executadas por
entidades públicas.
Com a reforma do Estado poderão ocorrer mudanças na Constituição, permitindo ainda a revisão de
leis e normas, aplicando-se novos instrumentos de gestão e organização da administração.

Organização político-administrativa

O Estado brasileiro compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos


autônomos, nos termos da Constituição. Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou
desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais,
mediante aprovação da população diretamente interessada, através de plebiscito e do Congresso
Nacional, por lei complementar. A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios
far-se-á por lei estadual, dentro do período determinado por lei complementar federal e dependerá de
consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos
Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei. Passemos ao estudo
específico da Administração Pública.

Separação dos Poderes

O Estado brasileiro adotou a tripartição de poderes, assim são seus poderes o Legislativo, o Executivo
e o Judiciário, conforme se infere da leitura do art. 2º da Constituição Federal:

“São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o


Judiciário.”.
a) Poder Executivo: No exercício de suas funções típicas, pratica atos de chefia do Estado, de
Governo e atos de administração, ou seja, administra e executa o ordenamento jurídico vigente. É uma
administração direita, pois não precisa ser provocada. Excepcionalmente, no exercício de função atípica,
tem o poder de legislar, por exemplo, via medida provisória.
b) Poder legislativo: No exercício de suas funções típicas, é de sua competência legislar de forma
geral e abstrata, ou seja, legislar para todos. Tem o poder de inovar o ordenamento jurídico. Em função
atípica, pode administrar internamente seus problemas.
c) Poder judiciário: No exercício de suas funções típicas, tem o poder jurisdicional, ou seja, poder de
julgar as lides, no caso concreto. Sua atuação depende de provocação, pois é inerte.
A partir do momento que a controvérsia é julgada em decisão transitada em julgado, é impossível
modificá-la.
Como vimos, o governo é o órgão responsável por conduzir os interesses de uma sociedade. Em
outras palavras, é o poder diretivo do Estado.
Importante destacar o conceito de governo dado por Alexandre Mazza: “... é a cúpula diretiva do
Estado, responsável pela condução dos altos interesses estatais e pelo poder político, e cuja composição
pode ser modificada mediante eleições.3

O Governo organiza-se em:


Ministérios: órgãos subordinados ao presidente da República e que auxiliam nas atividades do Poder
Executivo.
Secretarias: também são subordinadas à presidência da República e estão relacionadas a assuntos
de interesses sociais.

3
MAZZA, Alexandre. Manual de direito administrativo/Alexandre Mazza. 4. Ed. São Paulo: Saraiva, 2014. p. 49

6
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
Conselhos: são responsáveis por recomendar diretrizes, tomar decisões relacionadas às políticas ou
administrar programas.
Agências reguladoras: fiscalizam os serviços públicos realizados pelas entidades privadas.

Pessoa Administrativa

É aquela que compõe a Administração Indireta, se vinculando a Administração Direta para realizarem
atividades de forma centralizada.

Princípios da administração pública

Como brevemente exposto acima, os princípios jurídicos orientam a interpretação e a aplicação de


outras normas. São verdadeiras diretrizes do ordenamento jurídico, guias de interpretação, às quais a
administração pública fica subordinada. Possuem um alto grau de generalidade e abstração, bem como
um profundo conteúdo axiológico e valorativo.
Os princípios da Administração Pública são regras que surgem como parâmetros para a interpretação
das demais normas jurídicas. Têm a função de oferecer coerência e harmonia para o ordenamento
jurídico. Encontram-se de maneira explícita ou não no texto da Constituição Federal. Os primeiros são,
por unanimidade, os chamados princípios expressos (ou explícitos), estão previstos no art. 37, caput, da
Constituição Federal. Os demais são os denominados princípios reconhecidos (ou implícitos), estes
variam de acordo com cada autor, sendo trabalhado, no presente estudo, apenas os princípios
reconhecidos pela doutrina majoritária e que são mais exigidos e concursos.
Assim, são os princípios expressos da Administração Pública os que estão inseridos no artigo 37
“caput” da Constituição Federal (CF): legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
Perfazem um total de cinco princípios, podendo ser facilmente memorizados através da palavra LIMPE,
vejam:

L (legalidade);
I (impessoalidade);
M (moralidade);
P (publicidade); e
E (eficiência).

Esses princípios têm natureza meramente exemplificativa, posto que representam apenas o mínimo
que a Administração Pública deve perseguir quando do desempenho de suas atividades. Exemplos de
princípios implícitos: supremacia do interesse público, razoabilidade, motivação, segurança das relações
jurídicas.
Ressaltamos que não há hierarquia entre os princípios (expressos ou não), visto que tais diretrizes
devem ser aplicadas de forma harmoniosa. Assim, a aplicação de um princípio não exclui a aplicação de
outro e nem um princípio se sobrepõe ao outros.
Os princípios da Administração abrangem a Administração Pública direta e indireta de quaisquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (art. 37 da CF/88).

1. Princípio da Legalidade: Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão
em virtude de lei (art. 5.º, II, da CF). O princípio da legalidade representa uma garantia para os
administrados, pois qualquer ato da Administração Pública somente terá validade se respaldado em lei.
Representa um limite para a atuação do Estado, visando à proteção do administrado em relação ao abuso
de poder.
O princípio em estudo apresenta um perfil diverso no campo do Direito Público e no campo do Direito
Privado. No Direito Privado, tendo em vista o interesse privado, as partes poderão fazer tudo o que a lei
não proíbe; no Direito Público, diferentemente, existe uma relação de subordinação perante a lei, ou seja,
só se pode fazer o que a lei expressamente autorizar.
Nesse caso, faz-se necessário o entendimento a respeito do ato vinculado e do ato discricionário, posto
que no ato vinculado o administrador está estritamente vinculado ao que diz a lei e no ato discricionário
o administrador possui uma certa margem de discricionariedade. Vejamos:
a. No ato vinculado, o administrador não tem liberdade para decidir quanto à atuação. A lei previamente
estabelece um único comportamento possível a ser tomado pelo administrador no fato concreto; não

7
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
podendo haver juízo de valores, o administrador não poderá analisar a conveniência e a oportunidade do
ato.
b. Ato discricionário é aquele que, editado debaixo da lei, confere ao administrador a liberdade para
fazer um juízo de conveniência e oportunidade.
A diferença entre o ato vinculado e o ato discricionário está no grau de liberdade conferido ao
administrador.
Tanto o ato vinculado quanto o ato discricionário só poderão ser reapreciados pelo Judiciário no tocante
à sua legalidade, pois o judiciário não poderá intervir no juízo de valor e oportunidade da Administração
Pública.
Importante também destacar que o princípio da legalidade, no Direito Administrativo, apresenta
algumas exceções: Exemplo:
a. Medidas provisórias: são atos com força de lei que só podem ser editados em matéria de
relevância e urgência. Dessa forma, o administrado só se submeterá ao previsto em medida provisória se
elas forem editadas dentro dos parâmetros constitucionais, ou seja, se presentes os requisitos da
relevância e da urgência;
b. Estado de sítio e estado de defesa: são momentos de anormalidade institucional. Representam
restrições ao princípio da legalidade porque são instituídos por um decreto presidencial que poderá
obrigar a fazer ou deixar de fazer mesmo não sendo lei.

2. Princípio da Impessoalidade Significa que a Administração Pública não poderá atuar


discriminando pessoas de forma gratuita, a Administração Pública deve permanecer numa posição de
neutralidade em relação às pessoas privadas. A atividade administrativa deve ser destinada a todos os
administrados, sem discriminação nem favoritismo, constituindo assim um desdobramento do princípio
geral da igualdade, art. 5.º, caput, CF.
Ex.: Quando da contratação de serviços por meio de licitação, a Administração Pública deve estar
estritamente vinculada ao edital, as regras devem ser iguais para todos que queiram participar da licitação.

3. Princípio da Moralidade A atividade da Administração Pública deve obedecer não só à lei, mas
também à moral.
A Lei n. 8.429/92, no seu art. 9.º, apresentou, em caráter exemplificativo, as hipóteses de atos de
improbidade administrativa; esse artigo dispõe que todo aquele que objetivar algum tipo de vantagem
patrimonial indevida, em razão de cargo, mandato, emprego ou função que exerce, estará praticando ato
de improbidade administrativa. São exemplos:
1. Usar bens e equipamentos públicos com finalidade particular;
2. Intermediar liberação de verbas;
3. Estabelecer contratação direta quando a lei manda licitar;
4. Vender bem público abaixo do valor de mercado;
5. Adquirir bens acima do valor de mercado (superfaturamento).

Os atos de improbidade podem ser combatidos através de instrumentos postos à disposição dos
administrados, são eles;
1. Ação Popular, art. 5.º, LXXIII, da CF; e
2 Ação Civil Pública, Lei n. 7347/85, art. 1.º.

4. Princípio da Publicidade É o dever atribuído à Administração, de dar total transparência a todos


os atos que praticar, ou seja, como regra geral, nenhum ato administrativo pode ser sigiloso.
A regra do princípio que veda o sigilo comporta algumas exceções, como quando os atos e atividades
estiverem relacionados com a segurança nacional ou quando o conteúdo da informação for resguardado
por sigilo (art. 37, § 3.º, II, da CF/88).
A publicidade, entretanto, só será admitida se tiver fim educativo, informativo ou de orientação social,
proibindo-se a promoção pessoal de autoridades ou de servidores públicos por meio de aparecimento de
nomes, símbolos e imagens. Exemplo: É proibido placas de inauguração de praças com o nome do
prefeito.

5. Princípio da Eficiência A Emenda Constitucional nº 19 trouxe para o texto constitucional o princípio


da eficiência, que obrigou a Administração Pública a aperfeiçoar os serviços e as atividades que presta,
buscando otimização de resultados e visando atender o interesse público com maior eficiência.

8
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
Para uma pessoa ingressar no serviço público, deve haver concurso público. A Constituição Federal
de 1988 dispõe quais os títulos e provas hábeis para o serviço público, a natureza e a complexidade do
cargo.
Para adquirir estabilidade, é necessária a eficiência (nomeação por concurso, estágio probatório etc).
E para perder a condição de servidor, é necessária sentença judicial transitada em julgado, processo
administrativo com ampla defesa e insuficiência de desempenho.

Há ainda outros princípios que a Administração Pública deve perseguir, dentre eles:

a) Princípio da Motivação: É o princípio mais importante, visto que sem a motivação não há o devido
processo legal.
No entanto, motivação, neste caso, nada tem a ver com aquele estado de ânimo. Motivar significa
mencionar o dispositivo legal aplicável ao caso concreto, relacionar os fatos que concretamente levaram
à aplicação daquele dispositivo legal.
Todos os atos administrativos devem ser motivados para que o Judiciário possa controlar o mérito do
ato administrativo quanto à sua legalidade. Para efetuar esse controle, devem-se observar os motivos
dos atos administrativos.
Hely Lopes Meirelles entende que o ato discricionário, editado sob a lei, confere ao administrador uma
margem de liberdade para fazer um juízo de conveniência e oportunidade, não sendo necessária a
motivação, porém, se houver tal motivação, o ato deverá condicionar-se à referida motivação. O
entendimento majoritário, no entanto, é de que, mesmo no ato discricionário, é necessária a motivação
para que se saiba qual o caminho adotado.

b) Princípio da Supremacia do Interesse Público sobre o Particular: Sempre que houver


necessidade de satisfazer um interesse público, em detrimento de um interesse particular, prevalece o
interesse público. São as prerrogativas conferidas à Administração Pública, porque esta atua por conta
dos interesses públicos.
O administrador, para melhor se empenhar na busca do interesse público, possui direitos que
asseguram uma maior amplitude e segurança em suas relações.
No entanto, sempre que esses direitos forem utilizados para finalidade diversa do interesse público, o
administrador será responsabilizado e surgirá o abuso de poder.

c) Indisponibilidade do Interesse Público: Os bens e interesses públicos são indisponíveis, ou seja,


não pertencem à Administração ou a seus agentes, cabendo aos mesmos somente sua gestão em prol
da coletividade. Veda ao administrador quaisquer atos que impliquem renúncia de direitos da
Administração ou que, injustificadamente, onerem a sociedade.
Impõe limitações ao Estado, correspondendo a uma contrapartida às prerrogativas estatais,
decorrentes da supremacia do interesse público sobre o particular. Assim, o Estado tem o poder de
desapropriar um imóvel (prerrogativa decorrente da supremacia do interesse público), porém, deverá
indenizar, como regra o proprietário, respeitando o direito à propriedade (limitação imposta ao Estado).

d) Continuidade do Serviço Público: Os serviços públicos por serem prestados no interesse da


coletividade devem ser adequados e seu funcionamento não deve sofrer interrupções. A Lei 8.987/95
(estabelece normas gerais sobre as concessões e permissões de serviços públicos) em seu art. 6º, dispõe
que serviço público adequado é aquele que atende a alguns requisitos, dentre eles, o da continuidade.
Porém, devemos ressaltar que isto não se aplicará às interrupções por situações de emergência ou
após aviso prévio - nos casos de segurança, ordem técnica ou inadimplência do usuário.
Ainda como decorrência da aplicação de tal princípio, a CF, em seu art. 37, VII, impõe que os limites
ao exercício de greve do servidor público sejam estabelecidos em lei específica.

e) Probidade Administrativa: A conduta do administrador público deve ser honesta, pautada na boa
conduta e na boa-fé. Ganhou status constitucional com a atual Constituição de 1988. O art. 37, §4º traz
as consequências de um ato de improbidade administrativa e o art. 85, V, dispõe que é crime de
responsabilidade do Presidente da República a prática de atos que atentem contra a probidade
administrativa. A improbidade administrativa é regulamentada pela Lei 8.428/92.

f) Autotutela: Decorre do princípio da legalidade. Por esse princípio a Administração pode controlar
seus próprios atos, anulando os ilegais (controle de legalidade) e revogando os inconvenientes ou
inoportunos (controle de mérito). De forma sucinta, é o princípio que autoriza que a Administração Pública

9
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
revise os seus atos e conserte os seus erros. Não deve ser confundido com a tutela administrativa que
representa a relação existente entre a Administração Direta e Indireta.

g) Razoabilidade e da Proporcionalidade: São tidos como princípios gerais de Direito, aplicáveis a


praticamente todos os ramos da ciência jurídica. No âmbito do Direito Administrativo encontram aplicação
especialmente no que concerne à prática de atos administrativos que impliquem restrição ou
condicionamento a direitos dos administrados ou imposição de sanções administrativas.
Funcionam como os maiores limitadores impostos à liberdade de atuação do administrador público, ou
seja, limitam a discricionariedade administrativa. Trata-se da aferição da adequação da conduta escolhida
pelo agente público à finalidade que a lei expressa.
Visa sempre analisar se a conduta do agente público foi razoável e se os fins atingidos foram
proporcionais a determinado caso em concreto.

h) Segurança Jurídica: O ordenamento jurídico vigente garante que a Administração deve interpretar
a norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada
aplicação retroativa de nova interpretação.
O princípio da segurança jurídica não veda que a Administração mude a interpretação dada
anteriormente sobre determinada norma administrativa, porém, veda que a Administração aplique
retroativamente essa nova interpretação.
Por força de tal princípio, por exemplo, veremos que a Administração Pública terá um prazo
decadencial de 5 anos para anular atos administrativos que beneficiem os seus destinatários, salvo se
comprovada a má-fé do administrador público.

Questões

01. (TRT /8ª Região (PA e AP) - Analista Judiciário - Área Administrativa - CESPE) A respeito dos
elementos do Estado, assinale a opção correta.
(A) Povo, território e governo soberano são elementos indissociáveis do Estado.
(B) O Estado é um ente despersonalizado.
(C) São elementos do Estado o Poder Legislativo, o Poder Judiciário e o Poder Executivo.
(D) Os elementos do Estado podem se dividir em presidencialista ou parlamentarista.
(E) A União, o estado, os municípios e o Distrito Federal são elementos do Estado brasileiro.

02. (IF/AP - Auxiliar em Administração - FUNIVERSA) No sistema de governo brasileiro, os chefes


do Poder Executivo (presidente da República, governadores e prefeitos) exercem, ao mesmo tempo, as
funções administrativa (Administração Pública) e política (governo). No entanto, são funções distintas,
com conceitos e objetivos bem definidos. Acerca de Administração Pública e governo, assinale a
alternativa correta.
(A) Administração Pública e governo são considerados sinônimos, visto que ambos têm como objetivo
imediato a busca da satisfação do interesse coletivo.
(B) As ações de Administração Pública têm como objetivo a satisfação do interesse público e são
voltadas à execução das políticas públicas.
(C) Administração Pública é a atividade responsável pela fixação dos objetivos do Estado, ou seja,
nada mais é que o Estado desempenhando sua função política.
(D) Governo é o conjunto de agentes, órgãos e pessoas jurídicas de que o Estado dispõe para colocar
em prática as políticas públicas.
(E) A Administração pratica tanto atos de governo (políticos) como atos de execução das políticas
públicas.

03. (STJ - Técnico Judiciário - Administrativa - CESPE) Julgue o item a seguir, acerca dos conceitos
de Estado, governo e administração pública.
A Presidência da República integra a administração pública federal direta.
( ) Certo ( )Errado

04. (MPOG - Atividade Técnica - Direito, Administração, Ciências Contábeis e Economia -


FUNCAB) A soberania, que permite afirmação na ordem externa,é atributo:
(A) da Administração Pública.
(B) do Governo.
(C) do Estado.

10
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
(D) do Poder Executivo.
(E) do Poder Judiciário.

05. (TJ/CE - Analista Judiciário - Área Administrativa - CESPE) No que se refere ao Estado,
governo e à administração pública, assinale a opção correta.
(A) O Estado liberal, surgido a partir do século XX, é marcado pela forte intervenção na sociedade e
na economia.
(B) No Brasil, vigora um sistema de governo em que as funções de chefe de Estado e de chefe de
governo não são concentradas na pessoa do chefe do Poder Executivo.
(C) A administração pública, em sentido estrito, abrange a função política e a administrativa.
(D) A administração pública, em sentido subjetivo, diz respeito à atividade administrativa exercida pelas
pessoas jurídicas, pelos órgãos e agentes públicos que exercem a função administrativa.
(E) A existência do Estado pode ser mensurada pela forma organizada com que são exercidas as
atividades executivas, legislativas e judiciais.

06. (SEGER/ES - Todos os Cargos - CESPE) Acerca de governo, Estado e administração pública,
assinale a opção correta.
(A) Atualmente, Estado e governo são considerados sinônimos, visto que, em ambos, prevalece a
finalidade do interesse público
(B) São poderes do Estado: o Executivo, o Legislativo, o Judiciário e o Ministério Público.
(C) Com base em critério subjetivo, a administração pública confunde-se com os sujeitos que integram
a estrutura administrativa do Estado.
(D) O princípio da impessoalidade traduz-se no poder da administração de controlar seus próprios
atos, podendo anulá-los, caso se verifique alguma irregularidade
(E) Na Constituição Federal de 1988 (CF), foi adotado um modelo de separação estanque entre os
poderes, de forma que não se podem atribuir funções materiais típicas de um poder a outro.

07. (UFAL - Auxiliar em Administração - COPEVE-UFAL) O termo Administração Pública, em


sentido estrito e objetivo, equivale
(A) às funções típicas dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
(B) à noção de governo.
(C) ao conceito de Estado.
(D) ao conceito de função administrativa.
(E) ao Poder Executivo.

08. (INSS - Perito Médico Previdenciário - CESPE) Acerca do direito administrativo, julgue os itens
a seguir.
Povo, território e governo soberano são elementos do Estado.
( ) Certo ( ) Errado

Gabarito

01.A / 02.B / 03.Certo / 04.C / 05.E / 06.C / 07.D / 08.Certo

Comentários

01. Resposta: A
Segundo Celso Antônio Bandeira De Mello, em sua obra: Curso de Direito Administrativo. São Paulo:
Malheiros Editores, 2010.
O Estado é uma pessoa jurídica territorial, composta dos elementos povo, território e governo
soberano. Esses três elementos são indissociáveis e indispensáveis para noção de um Estado
independente: o povo, em um dado território, organizado segundo sua livre e soberana vontade.

02. Resposta: B
Segundo Hely Lopes Meireles:
Governo em sentido formal, é o conjunto de Poderes e órgãos constitucionais; em sentido material, é
o complexo das funções estatais básicas;em sentido operacional; é a condução política dos negócios
públicos.Administração Pública- em sentido formal; é o conjuntos de órgãos instituídos para consecução
dos objetivos do Governo;em sentido materia, é o conjunto das funções necessárias ao serviços públicos

11
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
em geral; em acepção funcional, é o desempenho perene e sistemático, legal técnico, dos serviços
públicos do Estado ou por ele assumidos em benefícios da coletividade

03. Resposta: Certo


A Administração Pública Direta refere-se às pessoas políticas, que exercem suas funções por
intermédio de seus órgãos. Em âmbito federal temos a Presidência da República, Ministérios, Casa Civil,
entre outros, em âmbito estadual as Governadorias, Secretarias Estaduais, Procuradorias Estaduais, nos
municípios as Prefeituras, órgãos de assessoramento ao Prefeito, Secretarias Municipais e outros
diversos.

04. Resposta: C
O Estado é pessoa jurídica territorial soberana.
A soberania é o poder supremo. No âmbito interno refere-se à capacidade de autodeterminação e, no
âmbito externo, é o privilégio de receber tratamento igualitário perante os outros países.
Um Estado soberano tem como característica, um governo que é o elemento condutor, um povo, que
representa o componente humano e um território que é o espaço físico que ocupa.

05. Resposta: E
O Estado, sob o ponto de vista constitucional, é pessoa jurídica territorial soberana; é uma nação
politicamente organizada, dotada de personalidade jurídica própria, sendo pessoa jurídica de direito
público que contém seus elementos e três Poderes.
A organização do Estado é matéria constitucional no que concerne à divisão política do território
nacional, à estruturação dos Poderes, à forma de Governo, ao modo de investidura dos governantes, aos
direitos e garantias dos governados.

06. Resposta: C
De acordo com a definição proposta pela Prof.ª Maria Sylvia Di Pietro: Pode-se definir Administração
Pública, em sentido subjetivo, como o conjunto de órgãos e de pessoas jurídicas aos quais a lei atribui o
exercício da função administrativa do Estado.

07. Resposta: D
A Administração Pública em sentido objetivo (material ou funcional) relaciona-se ao conjunto de
atividades relacionadas à função administrativa do Estado. São consideradas atividades típicas da
Administração Pública: o fomento (estímulo à iniciativa privada), a polícia administrativa (atividade de
restrições aos direitos individuais), o serviço público (atividades destinadas a satisfazer as necessidades
da coletividade) e a intervenção (regulação e fiscalização estatal sobre as atividades econômicas).

08. Resposta: Certo


São elementos do Estado:
O povo que é o conjunto de pessoas submetidas à ordem jurídica estatal, que compreende o nacional
residente e o que está fora dele.
Território é o elemento material, espacial ou físico do Estado. Compreende a superfície do solo que o
Estado ocupa, seu mar territorial e o espaço aéreo (navio, aeronaves, embaixadas e consulados “fictos”).
Governo é a organização necessária ao exercício do poder político.

2. Organização administrativa do Estado. 3. Administração direta e indireta.

A Organização Administrativa é a parte do Direito Administrativo que estuda os órgãos e pessoas


jurídicas que a compõem, além da estrutura interna da Administração Pública.
Em âmbito federal, o assunto vem disposto no Decreto-Lei n. 200/67 que “dispõe sobre a organização
da Administração Pública Federal e estabelece diretrizes para a Reforma Administrativa”.
Para que as suas competências constitucionais sejam cumpridas, a Administração utiliza-se de duas
formas distintas: a descentralização e a desconcentração.
A análise desses dois institutos é basilar para considerar a organização interna da Administração
Pública.

12
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
Administração pública é o conjunto de órgãos, serviços e agentes do Estado que procuram satisfazer
as necessidades da sociedade, tais como educação, cultura, segurança, saúde, etc. Em outras palavras,
administração pública é a gestão dos interesses públicos por meio da prestação de serviços públicos,
sendo dividida em administração direta e indireta.

Administração Pública Direta


A Administração Pública Direta é o conjunto de órgãos públicos vinculados diretamente ao chefe da
esfera governamental que a integram. Não possuem personalidade jurídica própria, patrimônio e
autonomia administrativa e cujas despesas são realizadas diretamente por meio do orçamento da referida
esfera.
Assim, ela é responsável pela gestão dos serviços públicos executados pelas pessoas políticas via de
um conjunto de órgãos que estão integrados na sua estrutura.
Sua competência abarca os diversos órgãos que compõem a entidade pública por eles responsáveis.
Exemplos: Ministérios, Secretarias, Departamentos e outros que, como característica inerente da
Administração Pública Direta, não possuem personalidade jurídica, pois não podem contrair direitos e
assumir obrigações, haja vista que estes pertencem a pessoa política (União, Estado, Distrito Federal e
Municípios).
A Administração direta não possui capacidade postulatória, ou seja, não pode ingressar como autor ou
réu em relação processual. Exemplo: Servidor público estadual lotado na Secretaria da Fazenda que
pretende interpor ação judicial pugnando o recebimento de alguma vantagem pecuniária. Ele não irá
propor a demanda em face da Secretaria, mas sim em desfavor do Estado que é a pessoa política dotada
de personalidade jurídica para estar no outro polo da lide.

Dica para memorizar: Integram a Administração Pública Direta - MEDU

Administração Pública Indireta

São integrantes da Administração indireta as fundações, as autarquias, as empresas públicas e as


sociedades de economia mista.
Essas quatro pessoas são criadas para a prestação de serviços públicos ou para a exploração de
atividades econômicas, com o objetivo de aumentar o grau de especialidade e eficiência da prestação do
serviço público. Têm característica de autônoma na parte administrativa e financeiramente.
O Poder Público só poderá explorar atividade econômica a título de exceção em duas situações
previstas na CF/88, no seu art. 173:
- Para fazer frente à uma situação de relevante interesse coletivo;
- Para fazer frente à uma situação de segurança nacional.
O Poder Público não tem a obrigação de gerar lucro quando explora atividade econômica. Quando
estiver atuando na atividade econômica, entretanto, estará concorrendo em grau de igualdade com os
particulares, estando sob o regime do art. 170 da CF/88, inclusive quanto à livre concorrência.

Dica de Estudo: FASE


Fazem parte da Administração Pública Indireta:
F - FUNDAÇÕES PÚBLICAS
A - AUTARQUIAS
S - SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA
E - EMPRESA PÚBLICA

13
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
Questões

01. (CREF - 20ª Região/SE - Assistente Administrativo - Quadrix/2019) No que diz respeito à
redação oficial de documentos oficiais e às noções de administração pública, julgue o item a seguir.
A administração pública indireta é composta pelas autarquias, pelas fundações públicas, pelas
empresas públicas, pelas sociedades de economia mista e pelos serviços sociais.
( ) Certo ( ) Errado

02. (SEPLAG/SE - Guarda de Segurança do Sistema Prisional - IBADE/2018) Fazem parte da


Administração Pública Direta:
(A) fundações públicas.
(B) órgãos públicos.
(C) sociedades de economia mista.
(D) empresas públicas.
(E) autarquias.

03. (UNICAMP - Profissional para Assuntos Administrativos - VUNESP/2019) Assinale a


alternativa correta.
(A) As sociedades de economia mista possuem personalidade jurídica de direito público e integram a
administração pública direta.
(B) As empresas públicas possuem personalidade jurídica de direito público e integram a administração
pública direta e indireta.
(C) As fundações não possuem personalidade jurídica e integram a administração pública direta.
(D) As empresas públicas possuem personalidade jurídica de direito público e privado e integram
exclusivamente a administração pública direta.
(E) As autarquias possuem personalidade jurídica de direito público e integram a administração pública
indireta.

04. (Prefeitura de São Paulo/SP - Assistente de Gestão de Políticas Públicas I - CESPE). No que
se refere à administração pública direta e indireta, assinale a opção correta.
(A) As pessoas administrativas que formam a administração pública indireta são aquelas dotadas de
personalidade jurídica de direito público (como as autarquias e as fundações públicas).
(B) Na esfera municipal, a administração direta é formada pelos órgãos que compõem a prefeitura e a
câmara municipal, além das fundações e das empresas públicas de âmbito local.
(C) A administração indireta compreende as pessoas administrativas que, vinculadas à respectiva
administração direta, desempenham atividades administrativas de forma descentralizada.
(D) Tanto a administração direta quanto a indireta são compostas por órgãos e por pessoas jurídicas
administrativas, com a diferença de que todas as que integram a administração indireta estão submetidas
a regime de direito privado.
(E) O aspecto mais relevante que caracteriza a administração indireta é o fato de ela ser, ao mesmo
tempo, titular e executora de serviço público.

05. (CASAN - Advogado - INSTITUTO AOCP). Quanto à Administração Pública Indireta, assinale a
alternativa correta.
(A) Somente por lei específica poderá ser criada autarquia, empresa pública, sociedade de economia
mista e fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação.
(B) A criação de subsidiárias pelas empresas públicas e sociedades de economia mista, bem como
sua participação em empresas privadas, depende de autorização legislativa, exceto se já houver previsão
para esse fim na própria lei que instituiu a empresa de economia mista matriz, tendo em vista que a lei
criadora é a própria medida autorizadora.

14
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
(C) A fundação pública não pode ser extinta por ato do Poder Público.
(D) O chefe do Poder Executivo poderá, por decreto, extinguir empresa pública ou sociedade de
economia mista.
(E) A sociedade de economia mista poderá ser estruturada sob qualquer das formas admitidas em
direito.

06. (TJ/RS - Contador - FAURGS). A Administração Direta compreende


(A) as autarquias.
(B) as empresas públicas.
(C) as sociedades de economia mista.
(D) as fundações públicas.
(E) a presidência da república e os ministérios.

07. (Prefeitura de Cláudio/MG - Guarda Municipal - FUNDEP). Assinale a alternativa em que,


segundo o direito positivo brasileiro, todas as pessoas indicadas são componentes da Administração
Pública Indireta.
(A) Autarquia, fundação e organização social.
(B) Fundação, agência executiva e sociedade de propósitos específicos.
(C) Organização da sociedade civil de interesse público, conselho popular e consórcio público.
(D) Autarquia, sociedade de economia mista e empresa pública.

Gabarito

01.Errado / 02.B / 03.E / 04. C/ 05.B/ 06.E/ 07.D

Comentários

01. Resposta: Errado


Serviços sociais não integram a Administração Pública Indireta, logo, a assertiva está errada.

02. Resposta: B
Integra, a Administração Pública indireta as fundações públicas, as sociedades de economia mista, as
empresas públicas e as autarquias.

03. Resposta: E
(A) As sociedades de economia mista possuem personalidade jurídica de direito público e integram a
administração pública direta. Indireta.
(B) As empresas públicas possuem personalidade jurídica de direito público e integram a administração
pública direta e indireta. (apenas indireta)
(C) As fundações não possuem personalidade jurídica e integram a administração pública direta.
(indireta)
(D) As empresas públicas possuem personalidade jurídica de direito público e privado e integram
exclusivamente a administração pública direta. (indireta)
(E) As autarquias possuem personalidade jurídica de direito público e integram a administração
pública indireta.

04. Resposta: C
Segundo José dos Santos Carvalho Filho, a Administração Pública Indireta é o conjunto de pessoas
administrativas que, vinculadas à respectiva Administração direta, têm o objetivo de desempenhar as
atividades administrativas de forma descentralizada. (José dos Santos Carvalho Filho).

05. Resposta: B
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
( )
XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a criação de subsidiárias das entidades
mencionadas no inciso anterior, assim como a participação de qualquer delas em empresa privada;

15
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
Na ADIN 1.649-1 o STF firmou o seguinte entendimento: "é dispensável a autorização legislativa para
a criação de empresas subsidiárias, desde que haja previsão para esse fim na própria lei que instituiu a
empresa de economia mista matriz, tendo em vista que a lei criadora é a própria medida autorizadora".

06. Resposta: E
DL 200/67
Art. 4° A Administração Federal compreende:
I - A Administração Direta, que se constitui dos serviços integrados na estrutura administrativa da
Presidência da República e dos Ministérios.

07. Resposta: D
DL 200/67
Art. 4° A Administração Federal compreende:
I - A Administração Direta, que se constitui dos serviços integrados na estrutura administrativa da
Presidência da República e dos Ministérios.
II - A Administração Indireta, que compreende as seguintes categorias de entidades, dotadas de
personalidade jurídica própria:
a) Autarquias;
b) Empresas Públicas;
c) Sociedades de Economia Mista.
d) fundações públicas.

Centralização e Descentralização

A execução do serviço público poderá ser por:


Centralização: Quando a execução do serviço estiver sendo feita pela Administração direta do Estado
(ex.: Secretarias, Ministérios, departamentos etc.). Dessa forma, o ente federativo será tanto o titular como
o prestador do serviço público, o próprio estado é quem centraliza a atividade.
Descentralização: Quando estiver sendo feita por terceiros que não se confundem com a
Administração direta do Estado. Esses terceiros poderão estar dentro ou fora da Administração Pública
(são sujeitos de direito distinto e autônomo). Se estiverem dentro da Administração Pública, poderão ser
autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista (Administração indireta do
Estado). Se estiverem fora da Administração, serão particulares e poderão ser concessionários,
permissionários ou autorizados.
Assim, descentralizar é repassar a execução e a titularidade, ou só a execução de uma pessoa para
outra, não havendo hierarquia. Por exemplo, quando a União transferiu a titularidade dos serviços
relativos à seguridade social à autarquia INSS.
Na esfera federal, a Administração Direta ou Centralizada é composta por órgãos subordinados à
Presidência da República e aos Ministérios, como o Departamento da Polícia Federal, Secretaria do
Tesouro Nacional ou a Corregedoria-Geral da União.

16
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
Dica de DescEntralização: Distribuição
Externa
Cria ENtidades

Concentração e Desconcentração

Desconcentração (cria órgãos): consiste em técnica administrativa de distribuição de atribuições em


âmbito interno a fim de otimizar as prestações de serviços públicos. Pressupõe a criação de órgãos dentro
de uma mesma pessoa jurídica, no âmbito de sua própria estrutura. A desconcentração não cria nova
entidade, apenas órgãos, repartindo funções entre eles, a fim de tornar mais ágil e eficiente a prestação
dos serviços. Existe relação de hierarquia entre os órgãos.
Concentração (extingue órgãos): ao contrário da desconcentração, a concentração consiste em
técnica administrativa que promove a extinção de órgãos. Ou seja, ocorre quando a pessoa jurídica
integrante da Administração Pública extingue determinados órgãos de sua estrutura e os reúne em um
órgão central. As competências administrativas são realizadas pelo órgão central, sem distribuição interna
entre vários órgãos. Ex.: Secretaria de um Município que tinha em sua estrutura superintendências,
delegacias, agências ou postos de atendimento e os extingue por restrições orçamentárias, reunindo as
competências desempenhadas por cada um dentro da própria Secretaria, sem divisões internas.

Diferença entre Descentralização e Desconcentração

As duas figuras dizem respeito à forma de prestação do serviço público. Descentralização, entretanto,
significa transferir a execução de um serviço público para terceiros que não se confundem com a
Administração Direta e, cria-se NOVAS ENTIDADES. Já a desconcentração significa transferir a
execução de um serviço público de um órgão para o outro dentro da Administração Direta, permanecendo
está no centro.

Questões

01. (CORE/PE - Auxiliar Administrativo - INAZ do Pará/2019) O fenômeno jurídico que dá origem
aos órgãos administrativos é denominado desconcentração administrativa. Quanto a desconcentração
que pode ocorrer na Administração Direta do distrito federal, que nome deve ser dado ao órgão?
(A) Ministério.
(B) Autarquia.
(C) Empresa Mista.
(D) Fundação.
(E) Secretaria.

02. (Prefeitura de Londrina/PR - Procurador do Município - COPS-UEL/2019) Assinale a alternativa


que apresenta, corretamente, as principais distinções entre descentralização e desconcentração na
administração pública.
(A) Em caso da ocorrência da descentralização ou da desconcentração, as entidades ou os agentes
não estarão sujeitos ao controle da administração pública.
(B) A desconcentração exige a instituição de uma nova entidade autônoma, enquanto a
descentralização está relacionada à delegação de poderes através de lei da entidade descentralizadora.
(C) A entidade descentralizadora poderá instituir uma entidade autônoma para o exercício de funções
públicas relevantes, sem a necessidade de lei, enquanto a desconcentração exigirá a edição de lei
expressa a respeito.
(D) A descentralização somente poderá recair sobre entidades públicas, enquanto a desconcentração
poderá recair sobre as particulares.
(E) A descentralização impõe a exigência de lei da entidade descentralizadora criando entidade
autônoma, enquanto a desconcentração está relacionada à distribuição de competência no âmbito da
mesma entidade.

03. (Câmara de Serrana/SP - Procurador Jurídico - VUNESP/2019) A respeito da desconcentração,


é correto afirmar que
(A) é sinônimo de descentralização, porém ocorre na Administração Indireta.

17
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
(B) consiste na Administração Direta deslocar, distribuir ou transferir a prestação do serviço para a
Administração Indireta.
(C) foi vedada em recente decisão do Supremo Tribunal Federal com repercussão geral.
(D) consiste na Administração Direta deslocar, distribuir ou transferir a prestação do serviço para o
particular.
(E) se trata de forma de repartição interna da competência atribuída à entidade estatal e dela decorre
a criação de órgãos públicos.

04. (PC/ES - Perito Oficial Criminal - INSTITUTO AOCP/2019) Dentro da organização da


Administração Pública, pode-se conceituar o processo de desconcentração como
(A) a distribuição de competências entre órgãos dentro da mesma pessoa jurídica, a fim de permitir o
mais adequado e racional desempenho das atividades estatais.
(B) o fenômeno inerente à Administração Indireta, que consiste na criação de entidades para atividades
de fiscalização e regulação de um determinado setor.
(C) a prestação de serviço ao Poder Público, por meio de contrato de gestão ou termo de parceria com
empresas do setor privado.
(D) a transferência de poderes e atribuições para um sujeito distinto e autônomo do ente federativo
criador.
(E) o ato de criação de pessoas jurídicas meramente administrativas, sem a característica de ente
político.

Gabarito

01.E / 02.E / 03.E / 04.A

Comentários

01. Resposta: E
A alternativa correta é a letra “E” (Secretaria). Vale lembrar que os Ministérios são órgãos federais, da
União, no entanto, a questão pediu “órgãos do DF”. Os Estados, Municípios e o Distrito Federal têm
Secretarias. Já as Autarquias, Empresas Mistas e as Fundações, integram a Administração Indireta ou
descentralizada do Estado.

02. Resposta: E
A descentralização cria-se uma NOVA entidade. A desconcentração é uma distribuição interna, no
âmbito da mesma entidade (não cria nova entidade, pode criar órgãos).
DescOncentracao - ÓRGAO
DescENtralizacao - ENTIDADE

03. Resposta: E
A desconcentração consiste em técnica administrativa de distribuição de atribuições em âmbito interno
a fim de otimizar as prestações de serviços públicos. Pressupõe a criação de órgãos dentro de uma
mesma pessoa jurídica, no âmbito de sua própria estrutura.

04. Resposta: A
A desconcentração consiste em técnica administrativa de distribuição de atribuições em âmbito interno
a fim de otimizar as prestações de serviços públicos. Pressupõe a criação de órgãos dentro de uma
mesma pessoa jurídica, no âmbito de sua própria estrutura.

Feitas essas considerações iniciais, passamos à análise das pessoas jurídicas que compõem a
Administração Pública Indireta:

Autarquias

As autarquias são para executar as atividades típicas da Administração Pública. São pessoas jurídicas
de direito público criadas por lei para a prestação de serviços públicos, contando com capital
exclusivamente público. As autarquias são regidas integralmente por regras de direito público, podendo,
tão-somente, serem prestadoras de serviços e contando com capital oriundo da Administração Direta
(ex.: INCRA, INSS, DNER, Banco Central etc.).

18
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
Características: Temos como principais características das autarquias:
- Criação por lei: é exigência que vem desde o Decreto-lei nº 6 016/43, repetindo-se no Decreto-lei nº
200/67 e no artigo 37, XIX, da Constituição;
- Personalidade jurídica pública: ela é titular de direitos e obrigações próprios, distintos daqueles
pertencentes ao ente que a instituiu: sendo pública, submete-se a regime jurídico de direito público,
quanto à criação, extinção, poderes, prerrogativas, privilégios, sujeições;
- Capacidade de autoadministração: não tem poder de criar o próprio direito, mas apenas a
capacidade de se auto administrar a respeito das matérias especificas que lhes foram destinadas pela
pessoa pública política que lhes deu vida. A outorga de patrimônio próprio é necessária, sem a qual a
capacidade de autoadministração não existiria.
Pode-se compreender que ela possui dirigentes e patrimônio próprios.
- Especialização dos fins ou atividades: coloca a autarquia entre as formas de descentralização
administrativa por serviços ou funcional, distinguindo-a da descentralização territorial; o princípio da
especialização impede de exercer atividades diversas daquelas para as quais foram instituídas; e
- Sujeição a controle ou tutela: é indispensável para que a autarquia não se desvie de seus fins
institucionais.
- Liberdade Financeira: as autarquias possuem verbas próprias (surgem como resultado dos serviços
que presta) e verbas orçamentárias (são aquelas decorrentes do orçamento). Terão liberdade para
manejar as verbas que recebem como acharem conveniente, dentro dos limites da lei que as criou.
- Liberdade Administrativa: as autarquias têm liberdade para desenvolver os seus serviços como
acharem mais conveniente (comprar material, contratar pessoal etc.), dentro dos limites da lei que as
criou.

Classificação: há entendimentos doutrinários que apontam três fatores que de fato demarcam
diferenças entre as autarquias. São eles:
- O nível federativo: as autarquias podem ser federais, estaduais, distritais e municipais, conforme
instituídas pela União, Estados, Distrito Federal e pelos Municípios;
- Quanto ao objeto: dentro das atividades típicas do Estado, as que estão pré-ordenadas; e
- As autarquias podem ter diferentes objetivos: as autarquias assistenciais são aquelas que visam
a dispensar auxílio a regiões menos desenvolvidas, ou à categorias sociais específicas, para o fim de
minorar as desigualdades regionais e sociais, conforme artigo 3º, inciso III, da Constituição (ex.:
SUDENE).

Porém, há também os que classificam de acordo com os critérios abaixo:


- Tipo de atividade: econômicas, de crédito e industriais, de previdência e assistência, profissionais
ou corporativas;
- Capacidade administrativa: geográfica ou territorial e a de serviço ou institucional;
- Estrutura: fundações e corporativas; e
- Âmbito de atuação: federais, estaduais e municipais.
Quanto ao tipo de atividade elas ainda podem ser distribuídas em 5 grupos de classificação:
- Econômicas: são destinadas para incentivar a produção e controle de produtos. Como é o exemplo
do Instituto do Açúcar e do Álcool;
- De crédito e industriais: para gestão de recursos financeiros, bem como sua distribuição mediante
empréstimo. Atualmente foram substituídas por empresas públicas, como é o caso da Caixa Econômica
Federal;
- De previdência e assistência: para atividades de seguridade social. Como é o caso do INSS e o
IPESP;
- As profissionais ou corporativas: para fiscalizar as profissões;
- As culturais ou de ensino: universidades federais.

Patrimônio: as autarquias são constituídas por bens públicos, conforme dispõe o artigo 98, CC. Têm
as seguintes características:
a) São inalienáveis
b) impenhoráveis;
c) imprescritíveis
d) não oneráveis.

19
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
Pessoal: com o artigo 39 da Constituição, em sua redação vigente, as pessoas federativas (União,
Estados, DF e Municípios) ficaram com a obrigação de instituir, no âmbito de sua organização, regime
jurídico único para todos os servidores da administração direta, das autarquias e das fundações públicas.

Controle Judicial: as autarquias, por serem dotadas de personalidade jurídica de direito público,
podem praticar atos administrativos típicos e atos de direito privado (atípicos), sendo este último,
controlados pelo judiciário, por vias comuns adotadas na legislação processual, tal como ocorre com os
atos jurídicos normais praticados por particulares. Já os atos administrativos, possuem algumas
características especiais, pois eles são controlados pelo judiciário tanto por vias comuns, quanto pelas
especiais, como é o caso do mandado e da ação popular.
Necessário se faz destacar que os elementos do ato autárquico que resultam de valoração sobre a
conveniência e oportunidade da conduta, são excluídos de apreciação judicial, assim como os atos
administrativos em geral que trazem o regular exercício da função administrativa e são privativos dos
seus agentes administrativos.

Foro dos litígios judiciais: a fixação da competência varia de acordo com o nível federativo da
autarquia, por exemplo, os litígios comuns, onde as autarquias federais figuram como autoras, rés,
assistentes ou oponentes, têm suas causas processadas e julgadas na Justiça Federal, o mesmo foro
apropriado para processar e julgar mandados de segurança contra agentes autárquicos.
Quanto às autarquias estaduais e municipais, os processos em que encontramos como partes ou
intervenientes terão seu curso na Justiça Estadual comum, sendo o juízo indicado pelas disposições da
lei estadual de divisão e organização judiciárias.
Nos litígios decorrentes da relação de trabalho, o regime poderá ser estatutário ou trabalhista. Sendo
estatutário, o litígio será de natureza comum, as eventuais demandas deverão ser processadas e julgadas
nos juízos fazendários. Porém, se o litígio decorrer de contrato de trabalho firmado entre a autarquia e o
servidor, a natureza será de litígio trabalhista (sentido estrito), devendo ser resolvido na Justiça do
Trabalho, seja a autarquia federal, estadual ou municipal.

Responsabilidade civil: prevê a Constituição que as pessoas jurídicas de direito público respondem
pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros.
A regra contida no referido dispositivo, consagra a teoria da responsabilidade objetiva do Estado,
aquela que independe da investigação sobre a culpa na conduta do agente.

Prerrogativas autárquicas: as autarquias possuem algumas prerrogativas de direito público, sendo


elas:
- Imunidade tributária: previsto no art. 150, § 2 º, da CF, veda a instituição de impostos sobre o
patrimônio, a renda e os serviços das autarquias, desde que vinculados às suas finalidades essenciais
ou às que delas decorram. Podemos, assim, dizer que a imunidade para as autarquias tem natureza
condicionada.
- Impenhorabilidade de seus bens e de suas rendas: não pode ser usado o instrumento coercitivo
da penhora como garantia do credor.
- Imprescritibilidade de seus bens: caracterizando-se como bens públicos, não podem ser eles
adquiridos por terceiros através de usucapião.
- Prescrição quinquenal: dívidas e direitos em favor de terceiros contra autarquias prescrevem em 5
anos.
- Créditos sujeitos à execução fiscal: os créditos autárquicos são inscritos como dívida ativa e
podem ser cobrados pelo processo especial das execuções fiscais.
- Presunção de legitimidade de seus atos administrativos.
- Principais situações processuais específicas

As autarquias são consideradas como fazenda pública, razão pela qual, nos processos em que é parte,
tem prazo em dobro para recorrer (art. 183 do NCPC). Elas estão sujeitas ao duplo grau de jurisdição. A
defesa de autarquia em execução por quantia certa, fundada em título judicial, se formaliza em outros
apensos ao processo principal e por meio de embargos do devedor.

Art. 183. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e
fundações de direito público gozarão de prazo em dobro para todas as suas manifestações processuais,
cuja contagem terá início a partir da intimação pessoal.
§ 1º A intimação pessoal far-se-á por carga, remessa ou meio eletrônico.

20
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
§ 2º Não se aplica o benefício da contagem em dobro quando a lei estabelecer, de forma expressa,
prazo próprio para o ente público.

Chamamos a atenção com relação aos prazos:


A redação do Código de Processo Civil de 1973, previa prazo em dobro para a Fazenda Pública e
o Ministério Público se manifestarem e prazo em quádruplo para recorrer.
Com o novo Código de Processo de 2015, esse prazo sofreu modificações, de forma que o Ministério
Público, à Fazenda Pública e à Defensoria Pública gozam de prazo em dobro para manifestação nos
autos, exceto nos casos em que a lei estabelecer, de maneira expressa, outro prazo específico para
esses entes.
Entretanto, esse benefício da contagem do prazo em dobro, não se aplica ao ente público, Ministério
Público ou Defensoria Pública, quando a lei estabelecer, de forma expressa, prazo próprio para o ente
público. (art. 183, §2º, NCPC)

Contratos: os contratos celebrados pelas autarquias são de caráter administrativo e possuem as


cláusulas exorbitantes, que garantem à administração prerrogativas que o contratado comum não tem,
assim, dependem de prévia licitação, exceto nos casos de dispensa ou inexigibilidade e precisam
respeitar os trâmites da lei 8.666/1993, além da lei 10.520/2002, que institui a modalidade licitatória do
pregão para os entes públicos.
Isto acontece pelo fato de que por terem qualidade de pessoas jurídicas de direito público, as entidades
autárquicas relacionam-se com os particulares com grau de supremacia, gozando de todas as
prerrogativas estatais.

Autarquia de regime especial: é toda aquela em que a lei instituidora conferir privilégios específicos
e aumentar sua autonomia comparativamente com as autarquias comuns, sem infringir os preceitos
constitucionais pertinentes a essas entidades de personalidade pública. O que posiciona a autarquia de
regime especial são as regalias que a lei criadora lhe confere para o pleno desempenho de suas
finalidades específicas. 4
Assim, são consideradas autarquias de regime especial o Banco Central do Brasil, as entidades
encarregadas, por lei, dos serviços de fiscalização de profissões. Com a política governamental de
transferir para o setor privado a execução de serviços públicos, reservando ao Estado a regulamentação,
o controle e fiscalização desses serviços, houve a necessidade de criar na administração agências
especiais destinadas a esse fim.
OBS: havia discussão no mundo jurídico acerca do regime jurídico da OAB, se seria autarquia de
regime especial ou não. No julgamento da ADIn 3026/DF o STF decidiu que “a OAB não é uma entidade
da Administração Indireta da União. A Ordem é um serviço público independente, categoria ímpar no
elenco das personalidades jurídicas existentes no direito brasileiro”.

Agências executivas: trata-se de uma entidade já preexistente (autarquia ou fundação) que quando
cumprido os requisitos legais, recebe a qualificação de agência executiva. Estes requisitos estão previstos
na Lei 9.649/1998, conforme artigos 51 e 52, vejamos:
a) possuir um plano estratégico de reestruturação e de desenvolvimento institucional em andamento;
b) tiver celebrado contrato de gestão com o respectivo Ministério supervisor.
Podemos mencionar também duas características importantes tiradas dos artigos 51 e 52 da lei acima
mencionada, vejamos:
a) a formalização da qualificação da autarquia ou da fundação como agência executiva será feita por
decreto do Presidente da República; e
b) a entidade, qualificada como agência executiva, deverá implementar as metas definidas no contrato
de gestão, de acordo com os prazos e critérios de desempenho definidos no ajuste, e, em contrapartida,
receberá maior autonomia de gestão gerencial, orçamentária e financeira.
As agências executivas foram criadas por meio dos Decretos 2.487/98 e 2.488/98. Em síntese, prevê
que a qualificação de autarquia ou fundação como agência executiva poderá ser conferida mediante
iniciativa do Ministério supervisor, com anuência do Ministério da Administração Federal e Reforma do
Estado, que verificará o cumprimento, pela entidade candidata à qualificação, dos requisitos “a” e “b”
supramencionados.
Por visar a melhor eficiência das entidades autárquicas e fundacionais, as agencias executivas devem
passar por uma avaliação com base nos critérios de excelência do Prêmio Nacional de Qualidade, de

4
http://www.portaleducacao.com.br/direito/artigos/27676/autarquias-de-regime-especial

21
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
forma a terem a terem subsídios para elaborar um plano de reestruturação e de desenvolvimento
institucional.
Se for aprovado esse plano, a entidade celebrará um contrato de gestão com o Ministério encarregado
de exercer o controle administrativo sobre ela: nesse contrato, são definidas, entre outras coisas, as metas
a serem atingidas, a compatibilidade dos planos anuais com o orçamento da entidade, os meios
necessários à consecução, as medidas legais e administrativas a serem adotadas para assegurar maior
autonomia de gestão orçamentária, financeira e administrativa, as penalidades aplicáveis em caso de
descumprimento das metas, as condições para revisão, renovação e rescisão, a vigência5.
Com o contrato firmado, será qualificada por decreto a agência executiva. Importante esclarecer que,
caso haja descumprimento do plano estratégico, a entidade perderá a qualificação de agência executiva.
Acrescenta-se que, os dois decretos que se referem a agências executivas somente se aplicam à
esfera federal. Se Estados e Municípios quiserem adotar medida semelhante, deverão baixar as suas
próprias normas, observando o disposto no artigo 37, § 8o, da Constituição6.

Agências Reguladoras: as agências reguladoras foram criadas pelo Estado com a finalidade de tentar
fiscalizar as atividades das iniciativas privadas. Tratam-se de espécies do gênero autarquias, possuem
as mesmas características, exceto pelo fato de se submeterem a um regime especial. Seu escopo
principal é a regulamentação, controle e fiscalização da execução dos serviços públicos transferidos ao
setor privado.
São criadas por meio de leis e tem natureza de autarquia com regime jurídico especial, ou seja, é
aquela que a lei instituidora confere privilégios específicos e maior autonomia em comparação com
autarquias comuns, sem de forma alguma infringir preceitos constitucionais.
Algumas características que se destacam das Agências Reguladoras são:
- a sua relativa autonomia e independência;
* a investidura especial de seus dirigentes (“caput” do artigo 5° da Lei 9.986/2000)
* o mandato por prazo determinado; (parágrafo único do Artigo 5° da Lei 9.986/2000)
* e o período de quarentena após o término do mandato diretivo. (“caput do artigo 8° da Lei 9.986/2000)
As agências sujeitam-se ao processo administrativo (Lei 9.784/99, na esfera federal, além dos próprios
dispositivos das leis especificas).
Caso ocorra lesão ou ameaça de lesão de direito, a empresa concessionária poderá ir ao Judiciário.
Sua função é regular a prestação de serviços públicos, organizar e fiscalizar esses serviços a serem
prestados por concessionárias ou permissionárias.
Exemplos de Agências Reguladoras:
ANATEL (Agência Nacional de Telecomunicações);
ANP (Agência Nacional de Petróleo);
ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica);
ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil);
ANTT (Agência Nacional de Transportes terrestres);
ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária);
ANA (Agência Nacional de Águas);
ANCINE (Agência Nacional de Cinema);
Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários);
ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).

Agências executivas Agências reguladoras


Denominação atribuída por decreto a Denominação atribuída por lei a uma
autarquias ou fundações públicas no correr autarquia, quando da e criação desta última;
da existência delas;
Característica: contrato de gestão Característica: exercício do poder
temporária com órgão da administração regulador típico do Estado;
direta;
Pode haver desqualificação, a autarquia Não existe desqualificação;
ou fundação pública pode deixar de ser
agência executiva;

5
Di Pietro, Maria Sylvia Zanella, Direito Administrativo, 31ª Edição, 2018
6
Idem

22
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
O contrato de gestão é opcional, serve
Contrato de gestão é obrigatório à apenas se a agência reguladora desejar a
qualificação; qualificação de agência executiva, e não
influencia no exercício do poder regulador;
Qualquer autarquia (inclusive aquelas Uma agência reguladora é uma autarquia
classificadas como agência reguladora) ou assim instituída por lei - nenhuma autarquia
fundação de apoio pode optar por ser e muito menos fundação pública tem a opção
qualificada como agência executiva. de querer ser agência reguladora.

Questões

01. (TRT - 6ª Região - Técnico Judiciário - FCC/2018) Na hipótese de a Administração pública


estadual pretender descentralizar serviço de sua competência para atribuí-lo a pessoa jurídica ainda
inexistente, sujeita a regime jurídico administrativo e com personalidade de direito público,
(A) deve criar por lei específica autarquia, que passará a integrar a Administração pública indireta
estadual.
(B) deve obter autorização legislativa para criar autarquia, que integrará a Administração pública direta.
(C) pode criar autarquia ou empresa pública, a primeira instituída por lei e a segunda pelo registro de
seus atos constitutivos, ambas integrantes da Administração pública indireta.
(D) pode escolher entre criar autarquia, empresa pública ou sociedade de economia mista, todas por
lei específica, a última por lei complementar e as três integrantes da Administração pública indireta.
(E) deve criar por lei específica autarquia, que passará a integrar a Administração pública direta
estadual juntamente com o ente instituidor.

02. (PGE/PE - Assistente de Procuradoria - CESPE/2019) A respeito da administração pública


brasileira, julgue o item a seguir.
Autarquia pode ser criada por ato administrativo originário de ministério.
( )Certo ( )Errado

03. (CRN - 3ª Região - Advogado - IADES/2019) Assente, na jurisprudência do Supremo Tribunal


Federal (STF), os conselhos de fiscalização profissional, como o Conselho Regional de Nutrição, que têm
natureza jurídica de autarquias. A respeito da forma de criação e da capacidade legislativa para propor a
criação de autarquias, nos termos constitucionais, assinale a alternativa correta.
(A) Poderá ser criada autarquia somente por lei específica, de competência do chefe do Poder
Executivo.
(B) A autarquia é criada por meio de lei específica ou medida provisória de competência do chefe do
Poder Executivo.
(C) Poderá ser criada autarquia somente por decreto legislativo, sendo competente para tanto
quaisquer das casas do Poder Legislativo.
(D) A forma de criação de uma autarquia é livre, cabendo à lei de estruturação assim definir, havendo
competência concorrente para a proposição da lei.
(E) Somente por lei específica poderá ser autorizada a instituição de autarquia; a competência para a
referida lei é do Congresso Nacional.

04. (Prefeitura de Salvador/BA - Fiscal de Serviços Municipais - FGV/2019) Determinado município


baiano autoriza, por meio de lei, a instituição de uma autarquia com a finalidade de gerir o trânsito e os
estacionamentos públicos da região. Para preencher os cargos dessa autarquia, serão realizados
concursos públicos, e os empossados serão regidos pelo regime jurídico estatutário. Além disso, visando
a contenção de despesas, o Município irá convocar alguns empresários locais para participar do capital
da autarquia, deixando o Poder Público apenas com 51% do controle.
Em relação ao apresentado na situação, está de acordo com a legislação brasileira que dispõe sobre
as autarquias:
(A) A autorização da instituição da autarquia por lei, o uso do regime jurídico único estatutário para o
pessoal e a participação da iniciativa privada em seu capital.
(B) A autorização da instituição por lei da autarquia e a participação de empresários em seu capital.
(C) A autorização da instituição da autarquia por lei, o uso do regime jurídico estatutário para o pessoal.

23
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
(D) O uso do regime jurídico estatutário para o pessoal e a participação da iniciativa privada em seu
capital.
(E) O uso do regime jurídico estatutário para o pessoal.

Gabarito

01.A / 02.Errado / 03.A / 04.E

Comentários

01. Resposta: A
As autarquias fazem parte da administração pública indireta e, deve ser criadas por lei para a prestação
de serviços públicos.

02. Resposta: Errado


As autarquias são criadas apenas por lei, não é permitida a criação por meio de ato administrativo
originário de ministério.

03. Resposta: A
CF, art. 37, XIX - somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de
empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste
último caso, definir as áreas de sua atuação;

04. Resposta: E
O artigo 39, CF diz que as pessoas federativas (União, Estados, DF e Municípios) ficaram com a
obrigação de instituir, no âmbito de sua organização, regime jurídico único para todos os servidores da
administração direta, das autarquias e das fundações públicas.
Não está correta a autorização em lei, a autarquia é CRIADA por meio de lei e não autorizada. Ainda,
o capital da autarquia deve ser de 100% pública, não podendo e no dividi-la com o setor privado.

Fundações Públicas

Fundação é uma pessoa jurídica composta por um patrimônio personalizado, destacado pelo seu
instituidor para atingir uma finalidade específica. As fundações poderão ser tanto de direito público quanto
de direito privado. São criadas por meio de por lei específica cabendo à lei complementar, neste último
caso, definir as áreas de sua atuação.
As fundações que integram a Administração indireta, quando forem dotadas de personalidade de
direito público, serão regidas integralmente por regras de Direito Público. Quando forem dotadas de
personalidade de direito privado, serão regidas por regras de direito público e direito privado.
O patrimônio da fundação pública é destacado pela Administração direta, que é o instituidor para definir
a finalidade pública. Como exemplo de fundações, temos: IBGE (Instituto Brasileiro Geográfico
Estatístico); Universidade de Brasília; Fundação CASA; FUNAI; Fundação Memorial da América Latina;
Fundação Padre Anchieta (TV Cultura).

Características:
- Liberdade financeira;
- Liberdade administrativa;
- Dirigentes próprios;
- Patrimônio próprio: Patrimônio personalizado significa dizer que sobre ele recai normas jurídicas que
o tornam sujeito de direitos e obrigações e que ele está voltado a garantir que seja atingido a finalidade
para qual foi criado.

Não existe hierarquia ou subordinação entre a fundação e a Administração direta. O que existe é um
controle de legalidade, um controle finalístico.
As fundações governamentais, sejam de personalidade de direito público, sejam de direito privado,
integram a Administração Pública. A lei cria e dá personalidade para as fundações governamentais de
direito público. As fundações governamentais de direito privado são autorizadas por lei e sua
personalidade jurídica se inicia com o registro de seus estatutos.

24
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
As fundações são dotadas dos mesmos privilégios que a Administração direta, tanto na área tributária
(ex.: imunidade prevista no art. 150 da CF/88), quanto na área processual (ex.: prazo em dobro).
As fundações respondem pelas obrigações contraídas junto a terceiros. A responsabilidade da
Administração é de caráter subsidiário, independente de sua personalidade.
As fundações governamentais têm patrimônio público. Se extinta, o patrimônio vai para a
Administração indireta, submetendo-se as fundações à ação popular e mandado de segurança. As
particulares, por possuírem patrimônio particular, não se submetem à ação popular e mandado de
segurança, sendo estas fundações fiscalizadas pelo Ministério Público.

Diferença entre Autarquia e Fundações Públicas

Autarquia Fundação
Criação: ocorre por lei ordinária e Criação: ocorre por autorização legislativa e lei
específica complementar, o que permite definir a área de atuação.
Personificação: serviço público. Personificação: patrimônio.
Pessoa Jurídica: de direito público. Pessoa Jurídica: de direito público ou privado.
Funções: exerce função típica do
Funções: exerce funções atípicas do Estado.
Estado.
Natureza: administrativa Natureza: social

Questões

01. (TJ/DFT - Titular de Serviços de Notas e de Registros – CESPE/2019) Na hipótese de um ente


federado pretender instituir uma fundação pública de direito público, a criação dessa entidade deverá ser
formalizada por meio de
(A) lei ordinária, cabendo a decreto regulamentar definir as áreas de sua atuação.
(B) lei complementar, cabendo a lei ordinária definir as áreas de sua atuação.
(C) autorização em lei ordinária específica, cabendo a decreto regulamentar definir as áreas de sua
atuação.
(D) autorização em lei ordinária específica, cabendo a lei complementar definir as áreas de sua
atuação.
(E) autorização em lei complementar específica, cabendo a lei ordinária definir as áreas de sua
atuação.

02. (IBGE - Analista Censitário - Gestão e Infraestrutura - INSTITUTO AOCP/2019) De modo geral,
podemos conceituar a Administração Indireta como o conjunto de pessoas jurídicas (desprovidas de
autonomia política) que, vinculadas à administração direta, têm competência para o exercício, de forma
descentralizada, de atividades administrativas. Em relação ao tema, o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) é classificado como
(A) empresa pública.
(B) autarquia.
(C) fundação pública.
(D) sociedade de economia mista.
(E) entidade paraestatal.

03. (CRA/PR - Administrador I – Quadrix/2019) Quanto às noções básicas de administração pública,


julgue o item
Para que determinada fundação integre a Administração Pública, é indispensável que ela seja uma
pessoa jurídica de direito público.
( ) Certo ( ) Errado

Gabarito

01.D / 02.C / 03.Errado

25
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
Comentários

01. Resposta: D
Art. 37, XIX, CF - somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de
empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste
último caso, definir as áreas de sua atuação

02. Resposta: C
O IBGE (Instituto Brasileiro Geográfico Estatístico) é uma Fundação Pública.

03. Resposta: Errado


As fundações públicas porem ser de direito público ou privado.

Empresas Públicas

Empresas públicas são pessoas jurídicas de Direito Privado, e tem sua criação por meio de autorização
legal.

Atenção: são autorizadas por lei e não são criadas por lei.

As empresas públicas têm seu próprio patrimônio e seu capital é integralmente detido pela União,
Estados, Municípios ou pelo Distrito Federal, podendo contar com a participação de outras pessoas
jurídicas de direito público, ou também pelas entidades da administração indireta de qualquer das três
esferas de governo, porém, a maioria do capital deve ser de propriedade da União, Estados, Municípios
ou do Distrito Federal.

Foro Competente
A Justiça Federal julga as empresas públicas federais, enquanto a Justiça Estadual julga as empresas
públicas estaduais, distritais e municipais.

Objetivo
É a exploração de atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de
serviços, ainda que a atividade econômica esteja sujeita ao regime de monopólio da União ou preste
serviço público.

Se a empresa pública é prestadora de serviços públicos, por consequência está submetida a regime
jurídico público. Se a empresa pública é exploradora de atividade econômica, estará submetida a regime
jurídico igual ao da iniciativa privada.

Alguns exemplos de empresas públicas:


- BNDS (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social): Embora receba o nome de banco,
não trabalha como tal. A única função do BNDS é financiar projetos de natureza social. É uma empresa
pública prestadora de serviços públicos.
- EBCT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos): É prestadora de serviço público (art. 21, X, da
CF/88).
- Caixa Econômica Federal: Atua no mesmo segmento das empresas privadas, concorrendo com os
outros bancos. É empresa pública exploradora de atividade econômica.
- RadioBrás: Empresa pública responsável pela “Voz do Brasil”. É prestadora de serviço público.
As empresas públicas, independentemente da personalidade jurídica, têm as seguintes características:
- Liberdade financeira: Têm verbas próprias, mas também são contempladas com verbas
orçamentárias;
- Liberdade administrativa: Têm liberdade para contratar e demitir pessoas, devendo seguir as regras
da CF/88. Para contratar, deverão abrir concurso público; para demitir, deverá haver motivação.

Não existe hierarquia ou subordinação entre as empresas públicas e a Administração Direta,


independentemente de sua função. Poderá a Administração Direta fazer controle de legalidade e
finalidade dos atos das empresas públicas, visto que estas estão vinculadas àquela. Só é possível,
portanto, controle de legalidade finalístico.

26
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
A empresa pública será prestadora de serviços públicos ou exploradora de atividade econômica. A
CF/88 somente admite a empresa pública para exploração de atividade econômica em duas situações
(art. 173 da CF/88):
- Fazer frente a uma situação de segurança nacional;
- Fazer frente a uma situação de relevante interesse coletivo: A empresa pública deve obedecer aos
princípios da ordem econômica, visto que concorre com a iniciativa privada. Quando o Estado explora,
portanto, atividade econômica por intermédio de uma empresa pública, não poderão ser conferidas a ela
vantagens e prerrogativas diversas das da iniciativa privada (princípio da livre concorrência).
Cabe ressaltar que as Empresas Públicas são fiscalizadas pelo Ministério Público, a fim de saber se
está sendo cumprido o acordado.

Quanto à responsabilidade das empresas públicas, temos que:

Empresas públicas exploradoras de Empresas públicas prestadoras de serviço


atividade econômica público
A responsabilidade do Estado não existe, pois,
se essas empresas públicas contassem com
alguém que respondesse por suas obrigações,
Como o regime não é o da livre concorrência,
elas estariam em vantagem sobre as empresas
elas respondem pelas suas obrigações e a
privadas. Só respondem na forma do § 6.º do art.
Administração Direta responde de forma
37 da CF/88 as empresas privadas prestadoras
subsidiária. A responsabilidade será objetiva, nos
de serviço público, logo, se a empresa pública
termos do art. 37, § 6.º, da CF/88.
exerce atividade econômica, será ela a
responsável pelos prejuízos causados a terceiros
(art. 15 do CC);
Submetem-se a regime falimentar,
Não se submetem a regime falimentar, visto
fundamentando-se no princípio da livre
não estão em regime de concorrência.
concorrência.

Vale fazer uma ressalva quanto às empresas públicas prestadoras de serviço público, muitos
doutrinadores divergem se eles podem ou não falir. Trouxemos os entendimentos apontados por alguns
doutrinadores no sentido que essas empresas não se submetem ao regime falimentar. Vejamos:

Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro7, “As empresas públicas e sociedades de economia mista não
estão sujeitas à falência, conforme está expresso no artigo 2º da Lei nº 11.101 de 9-2- 2005 (Lei de
Falências). Essa lei deu tratamento diferente às empresas concessionárias e às empresas estatais
(sociedades de economia mista e empresas públicas). Estas últimas foram excluídas da abrangência da
lei (art. 2º, I). A diferença de tratamento tem sua razão de ser: é que as empresas estatais fazem parte
da Administração Pública indireta, administram patrimônio público, total ou parcialmente, dependem de
receitas orçamentárias ou têm receita própria, conforme definido em lei, e correspondem a forma diversa
de descentralização: enquanto as concessionárias exercem serviço público delegado por meio de
contrato, as empresas estatais são criadas por lei e só podem ser extintas também por lei. Sendo criadas
por lei, o Estado provê os recursos orçamentários necessários à execução de suas atividades, além de
responder subsidiariamente por suas obrigações.
Só cabe fazer uma observação: a lei falhou ao dar tratamento igual a todas as empresas estatais, sem
distinguir as que prestam serviço público (com fundamento no artigo 1 75 da Constituição) e as que
exercem Administração Indireta atividade econômica a título de intervenção (com base no artigo 1 73 da
Constituição). Estas últimas não podem ter tratamento privilegiado em relação às empresas do setor
privado, porque o referido dispositivo constitucional, no § 1 º, II, determina que elas se sujeitem ao mesmo
regime das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações.”
Também ensina Celso Antônio Bandeira de Mello:
“Quando se tratar de exploradoras de atividade econômica, então, a falência terá curso absolutamente
normal, como se de outra entidade mercantil qualquer se tratara. É que a Constituição, no art. 173, §1º,
II, atribui-lhes sujeição "ao regime jurídico próprio das empresas privadas inclusive quanto aos direitos e
obrigações civis, comerciais (...).”

7
DIREITO ADMINISTRATIVO, 27ª edição, editora ATLAS, 2014.

27
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
Para Jose dos Santos Carvalho Filho
“De plano, o dispositivo da Lei de Falências não parece mesmo consentâneo com a ratio inspiradora
do art. 173, § 1º, da Constituição Federal. De fato, se esse último mandamento equiparou sociedades de
economia mista e empresas públicas de natureza empresarial às demais empresas privadas, aludindo
expressamente ao direito comercial, dentro do qual se situa obviamente a nova Lei de Falências, parece
incongruente admitir a falência para estas últimas e não admitir para aquelas. Seria uma discriminação
não autorizada pelo dispositivo constitucional. Na verdade, ficaram as entidades paraestatais com
evidente vantagem em relação às demais sociedades empresárias, apesar de ser idêntico o objeto de
sua atividade. Além disso, se o Estado se despiu de sua potestade para atuar no campo econômico, não
deveria ser merecedor da benesse de estarem as pessoas que criou para esse fim excluídas do processo
falimentar.”

Para Hely Lopes Meirelles, o entendimento é o mesmo:


“A nova Lei de Falências (Lei 11.101, de 9.2.2005, que `regula a recuperação judicial, extrajudicial e a
falência do empresário e da sociedade empresária’) dispõe expressamente, no art. 2º, I, que ela não se
aplica às empresas públicas e sociedades de economia mista. Não obstante, a situação continuará a
mesma. Tal dispositivo só incidirá sobre as empresas governamentais que prestem serviço público; as
que exploram atividade econômica ficam sujeitas às mesmas regras do setor privado, nos termos do art.
173, §1º, II, da CF [...].”

Questões

01. (PC/ES - Perito Oficial Criminal - INSTITUTO AOCP/2019) A seguinte definição: “Pessoa jurídica
de direito privado administrada exclusivamente pelo poder público, instituída por um ente estatal, com a
finalidade prevista em lei e sendo de propriedade única do Estado.” se refere
(A) a entes do sistema “S”.
(B) à Fundação Pública.
(C) à Sociedade de Economia Mista.
(D) à Empresa Pública.
(E) à Agência Reguladora.

02. (MPC/PA - Assistente Ministerial de Controle Externo – CESPE/2019) Determinado governador


pretende que sejam criadas uma nova autarquia e uma nova empresa pública em seu estado.
Nessa situação, serão necessárias
(A) duas leis específicas: uma para a criação da autarquia e outra para a criação da empresa pública.
(B) uma lei específica para a criação da autarquia e outra para a autorização da instituição da empresa
pública.
(C) uma lei específica para a criação da empresa pública e outra para a autorização da instituição da
autarquia.
(D) autorizações legais na norma geral acerca da nova organização da administração pública estadual,
não havendo necessidade de a criação de nenhuma das entidades ser feita por lei.
(E) duas leis específicas: uma para a autorização da criação da empresa pública e outra para a
autorização da criação da autarquia.

03. (Prefeitura de Boa Vista/RR - Procurador Municipal – CESPE/2019) A respeito de improbidade


administrativa, processo administrativo e organização administrativa, julgue o item seguinte.
A criação de empresa pública é um exemplo de descentralização de poder realizado por meio de atos
de direito privado, ainda que a instituição da empresa pública dependa de autorização legislativa.
( ) Certo ( ) Errado

04. (ITAIPU BINACIONAL - Profissional de Nível Universitário Jr - NC-UFPR/2019) Com relação à


organização da Administração Pública brasileira, assinale a alternativa correta.
(A) A sociedade de economia mista será criada por lei específica e será constituída como sociedade
limitada ou como sociedade anônima.
(B) A autarquia poderá ser criada com personalidade jurídica de direito público ou com personalidade
jurídica de direito privado, no interesse da Administração.
(C) Toda empresa pública estará sujeita a supervisão ministerial.

28
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
(D) A sociedade de economia mista poderá ser criada com personalidade jurídica de direito público.
(E) A empresa pública será criada por lei específica e será constituída, obrigatoriamente, como
sociedade anônima.

Gabarito

01.D. / 02.B / 03.Certo / 04.C

Comentários

01. Resposta: C
Lei nº 13.303/2016. - Art. 3º Empresa pública é a entidade dotada de personalidade jurídica de direito
privado, com criação autorizada por lei e com patrimônio próprio, cujo capital social é integralmente detido
pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios.

02. Resposta: B
As autarquias são CRIADAS por lei específica. Já as Empresas Públicas não são criadas por lei, elas
são AUTORIZADAS POR LEI específica.

03. Resposta: Certo


As empresas públicas são um exemplo de descentralização do poder; podem ser realizadas por meio
de atos de direito privado, sendo que, em regra, as empresas públicas são de direito privado; e, por fim,
são autorizadas por lei.

04. Resposta: C
Diz respeito ao Controle Finalístico ou Supervisão Ministerial. É o controle que a Administração Direta
faz sobre a indireta, na finalidade de verificar se está sendo cumprido o que foi proposto.

Sociedade de Economia Mista

As sociedades de economia mista são pessoas jurídicas de Direito Privado, integrante da


Administração Pública Indireta, sua criação autorizada por lei, criadas para a prestação de serviços
públicos ou para a exploração de atividade econômica, contando com capital misto e constituídas somente
sob a forma empresarial de S/A (Sociedade Anônima).

As sociedades de economia mista são:


- Pessoas jurídicas de Direito Privado.
- Exploradoras de atividade econômica ou prestadoras de serviços públicos.
- Empresas de capital misto.
- Constituídas sob forma empresarial de S/A.
Veja alguns exemplos de sociedade mista:
a. Exploradoras de atividade econômica: Banco do Brasil.
b. Prestadora de serviços públicos: Petrobrás, Sabesp, Metrô, CDHU (Companhia de Desenvolvimento
Habitacional Urbano) e CPOS (Companhia Paulista de Obras e Serviços, empresa responsável pelo
gerenciamento da execução de contratos que envolvem obras e serviços públicos no Estado de São
Paulo).

Características
As sociedades de economia mista têm as seguintes características:
- Liberdade financeira;
- Liberdade administrativa;
- Dirigentes próprios;
- Patrimônio próprio.

Não existe hierarquia ou subordinação entre as sociedades de economia mista e a Administração


Direta, independentemente da função dessas sociedades. No entanto, é possível o controle de legalidade.
Se os atos estão dentro dos limites da lei, as sociedades não estão subordinadas à Administração Direta,
mas sim à lei que as autorizou.

29
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
As sociedades de economia mista integram a Administração Indireta e todas as pessoas que a
integram precisam de lei para autorizar sua criação, sendo que elas serão legalizadas por meio do registro
de seus estatutos.
A lei, portanto, não cria, somente autoriza a criação das sociedades de economia mista, ou seja,
independentemente das atividades que desenvolvam, a lei somente autorizará a criação das sociedades
de economia mista.
A Sociedade de economia mista, quando explora atividade econômica, submete-se ao mesmo regime
jurídico das empresas privadas, inclusive as comerciais. Logo, a sociedade mista que explora atividade
econômica submete-se ao regime falimentar. Sociedade de economia mista prestadora de serviço público
não se submete ao regime falimentar, visto que não está sob regime de livre concorrência.

Para maior complemento de seus estudos, trouxemos o que tem em comum e as diferenças
entre a empresa pública e a sociedade de economia mista

O que ambas te em comum:


a) criação e extinção autorizadas por lei;
b) personalidade jurídica de direito privado;
c) sujeição ao controle estatal;
d) derrogação parcial do regime de direito privado
por normas de direito público;
e) vinculação aos fins definidos na lei instituidora;
f) desempenho de atividade de natureza
econômica.

Diferenças:
Empresa Pública Sociedade de Economia Mista
Forma Jurídica: As sociedades de
Forma jurídica: As empresas públicas podem
economia mista utilizam-se da forma de
revestir-se de qualquer das formas previstas em
Sociedade Anônima (S/A), sendo regidas,
direito (sociedades civis, sociedades comerciais,
basicamente, pela Lei das Sociedades por
Ltda, S/A, etc).
Ações (Lei n° 6.404/1976).
Composição do capital: o capital é composto por Composição do Capital: o capital é
integrantes da Administração Pública, portanto é composto por recursos públicos e privados,
integralmente público. Dessa forma, não se permite a sendo, portanto as ações divididas entre a
participação de recursos particulares na formação de entidade governamental e a iniciativa
capital das empresas públicas. privada.
Foro processual: Será competente para julgamento
das empresas públicas federais, quando estas se Foro processual: Será competentes para
encontrarem nas condições de autoras, rés, julgamento das sociedades de economia
assistentes ou opoentes, exceto as de falência, as de federal a Justiça Estadual, não usufrui de
acidente do trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e privilégios da Justiça Federal.
à Justiça do Trabalho, à Justiça Federal.

Questão

01. (IF/AM - Assistente em Administração – IDECAN/2019) A organização administrativa da União


está cercada de entidades da chamada Administração Indireta, entre elas as empresas públicas e as
sociedades de economia mista. Nesse cenário, assinale a alternativa correta.
(A) Somente por lei complementar poderá ser criada uma empresa pública.
(B) As empresas públicas federais não podem ter participação em empresas privadas.
(C) As sociedades de economia mista devem oferecer um regime estatutário para os seus
empregados, que serão admitidos após regular concurso público de provas e títulos.
(D) A criação de subsidiária de sociedade de economia mista depende de autorização legislativa.
(E) Somente por lei complementar poderá ser criada uma sociedade de economia mista.

30
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
02. (CREF/11ª Região - Agente de Orientação e Fiscalização – Quadrix/2019) No que se refere à
administração indireta, julgue o item.
Sociedades de economia mista têm personalidade jurídica de direito privado e são criadas sob a forma
de sociedades anônimas, cujas ações com direito a voto pertençam, em sua maioria, à União, aos
estados, ao Distrito Federal, aos municípios ou à entidade da administração indireta.
( ) Certo ( ) Errado

03. (Prefeitura de Boa Vista/RR - Procurador Municipal - CESPE/2019) Julgue o item a seguir,
acerca das disposições constitucionais a respeito de direito administrativo.
A investidura em empregos públicos em sociedades de economia mista depende de prévia aprovação
em concurso público, mas não se estende a esse tipo de emprego a proibição constitucional de
acumulação remunerada de funções e cargos públicos.
( ) Certo ( ) Errado

Gabarito

01.D / 02.Certo / 03.Errado

Comentário

01. Resposta: D
Vejamos o que traz o artigo 37, inciso, da Constituição Federal: Art. 37. A administração pública direta
e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá
aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao
seguinte:
XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a criação de subsidiárias das entidades
mencionadas no inciso anterior, assim como a participação de qualquer delas em empresa privada;

02. Resposta: Certo


Art. 4º da Lei 13.303/2016
“Sociedade de economia mista é a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com
criação autorizada por lei, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam
em sua maioria à União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios ou a entidade da administração
indireta”.

03. Resposta: Errado


Constituição Federal - Artigo 37, XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e
abrange autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e
sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público;

ENTIDADES DE COOPERAÇÃO

Entidades Paraestatais e o Terceiro Setor

As Entidades Paraestatais possuem conceituação bastante confusa, os doutrinadores entram, em


diversas matérias, em contradição uns com os outros.
Celso Antônio Bandeira de Mello acredita que as sociedades de economia mista e as empresas
públicas não são paraestatais; sendo acompanhado por Marçal Justen Filho que acredita serem apenas
entidades paraestatais os serviços sociais autônomos.
Diferentemente do que eles acreditam, Hely Lopes Meirelles defende que as empresas públicas e as
sociedades de economia mista são paraestatais, juntamente com os serviços sociais autônomos. Hely
Lopes Meirelles diz que as entidades paraestatais podem ser lucrativas por serem empresariais. Já Ana
Patrícia Aguiar, Celso Antônio Bandeira de Mello e Marçal Justen Filho discordam dizendo que elas não
devem ser lucrativas.
As entidades paraestatais são fomentadas pelo Estado através de contrato social, quando são de
interesse coletivo. Não se submetem ao Estado porque são autônomas financeiramente e
administrativamente, porém, por terem relevância social e se tratar de capital público, integral ou misto,
sofrem fiscalização, para não fugirem dos seus fins.

31
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
Tem como objetivo a formação de instituições que contribuam com os interesses sociais através da
realização de atividades, obras ou serviços.
Quanto às espécies de entidades paraestatais, elas variam de doutrinador para doutrinador. Hely
Lopes Meirelles acredita que elas se dividem em empresas públicas, sociedades de economia mista e os
serviços sociais autônomos, diferente de Celso Antônio Bandeira de Mello, pois esse diz que as pessoas
privadas exercem função típica (não exclusiva do Estado), como as de amparo aos hipossuficientes, de
assistência social, de formação profissional.
Para Marçal Justen Filho elas são sinônimos de serviço social autônomo, voltadas à satisfação de
necessidades coletivas e supra individuais, relacionadas com questões assistenciais e educacionais.
Ana Patrícia Aguilar insere as organizações sociais na categoria de entidades paraestatais, por serem
pessoas privadas que atuam em colaboração com o Estado, "desempenhando atividade não lucrativa e
às quais o Poder Público dispensa especial proteção", recebendo, para isso, dotação orçamentária por
parte do Estado.
As Entidades Paraestatais prescinde de licitação, esse é o entendimento atual do STF. Como se tratam
de entidades sem fins lucrativos, que recebem recursos da União, não são obrigadas a licitarem, de
acordo com a Lei 8.666/1993, por não serem integrantes da Administração Pública, mas sim do terceiro
setor.
Essas entidades são muito parecidas com as organizações sociais e as OCISP (não precisam licitar),
esse é o entendimento do STF e TCU.
O fato de não precisarem licitarem não quer dizer que não serão fiscalizadas e responsabilizadas. A
fiscalização competirá ao TCU, respeitando os princípios da impessoalidade, moralidade e
economicidade. Contudo, não há impedimentos jurídicos para que o convênio ou contrato de repasse
observe a Lei 8.666/1993.
Seus empregados estão sujeitos ao regime Celetista, CLT. Têm que ser contratados através de
concurso público de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, ressalvadas as
nomeações para cargo em comissão.
A administração varia segundo a modalidade, civil ou comercial, que a lei determinar. Seus dirigentes
são estabelecidos na forma da lei ou do estatuto. Podendo ser unipessoal ou colegiada. Eles estão
sujeitos a mandado de segurança e ação popular.

Terceiro Setor

O primeiro setor é o governo, que é responsável pelas questões sociais. O segundo setor é o privado,
responsável pelas questões individuais. Com a falência do Estado, o setor privado começou a ajudar nas
questões sociais, através das inúmeras instituições que compõem o chamado terceiro setor. Ou seja, o
terceiro setor é constituído por organizações sem fins lucrativos e não governamentais, que tem como
objetivo gerar serviços de caráter público. Os principais personagens do terceiro setor são:
A) Fundações: São as instituições que financiam o terceiro setor, fazendo doações às entidades
beneficentes. No Brasil, temos também as fundações mistas que doam para terceiros e ao mesmo tempo
executam projetos próprios.
B) Entidades Beneficentes: São as operadoras de fato, cuidam dos carentes, idosos, meninos de
rua, drogados e alcoólatras, órfãos e mães solteiras; protegem testemunhas; ajudam a preservar o meio
ambiente; educam jovens, velhos e adultos; profissionalizam; doam sangue, merenda, livros, sopão; dão
suporte aos desamparados; cuidam de filhos de mães que trabalham; ensinam esportes; combatem a
violência; promovem os direitos humanos e a cidadania; cuidam de cegos, surdos-mudos; enfim, fazem
tudo.
C) Fundos Comunitários: As empresas doam para o Fundo Comunitário, sendo que os empresários
avaliam, estabelecem prioridades, e administram efetivamente a distribuição do dinheiro. Um dos poucos
fundos existente no Brasil, com resultados comprovados, é a FEAC, de Campinas.
D) Entidades Sem Fins Lucrativos: Infelizmente, muitas entidades sem fins lucrativos são, na
realidade, lucrativas ou atendem aos interesses dos próprios usuários. Um clube esportivo, por exemplo,
é sem fins lucrativos, mas beneficia somente os seus respectivos sócios.
E) ONGs Organizações Não Governamentais: Nem toda entidade beneficente ajuda prestando
serviços a pessoas diretamente. Uma ONG que defenda os direitos da mulher, fazendo pressão sobre
nossos deputados, está ajudando indiretamente todas as mulheres.

32
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
Serviços Sociais Autônomos

São pessoas jurídicas de direito privado, criados por intermédio de autorização legislativa. Tratam-se
de entes paraestatais de cooperação com o Poder Público, possuindo administração e patrimônio
próprios.
Para ficar mais fácil de compreender, basta pensar no sistema “S”, cujo o qual resulta do fato destas
entidades ligarem-se à estrutura sindical e terem sua denominação iniciada com a letra “S” – SERVIÇO.
Integram o Sistema “S:” SESI, SESC, SENAC, SEST, SENAI, SENAR e SEBRAE.
Estas entidades visam ministrar assistência ou ensino a algumas categorias sociais ou grupos
profissionais, sem fins lucrativos. São mantidas por dotações orçamentárias e até mesmo por
contribuições parafiscais.
Ainda que sejam oficializadas pelo Estado, não são partes integrantes da Administração direta ou
indireta, porém trabalham ao lado do Estado, seja cooperando com os diversos setores as atividades e
serviços que lhes são repassados.

Organizações Sociais

Criada pela Lei n. 9.637/98, organização social é uma qualificação especial outorgada pelo governo
federal a entidades da iniciativa privada, sem fins lucrativos, cuja outorga autoriza a fruição de vantagens
peculiares, como isenções fiscais, destinação de recursos orçamentários, repasse de bens públicos, bem
como empréstimo temporário de servidores governamentais. 8
As áreas de atuação das organizações sociais são ensino, pesquisa científica, desenvolvimento
tecnológico, proteção e preservação do meio ambiente, cultura e saúde. Desempenham, portanto,
atividades de interesse público, mas que não se caracterizam como serviços públicos stricto sensu, razão
pela qual é incorreto afirmar que as organizações sociais são concessionárias ou permissionárias.
Nos termos do art. 2º da Lei n. 9.637/98, a outorga da qualificação constitui decisão discricionária, pois,
além da entidade preencher os requisitos exigidos na lei, o inciso II do referido dispositivo condiciona a
atribuição do título a “haver aprovação, quanto à conveniência e oportunidade de sua qualificação como
organização social, do Ministro ou titular de órgão supervisor ou regulador da área de atividade
correspondente ao seu objeto social e do Ministro de Estado da Administração Federal e Reforma do
Estado”. Assim, as entidades que preencherem os requisitos legais possuem simples expectativa de
direito à obtenção da qualificação, nunca direito adquirido.
Evidentemente, o caráter discricionário dessa decisão, permitindo outorgar a qualificação a uma
entidade e negar a outro que igualmente atendeu aos requisitos legais, viola o princípio da isonomia,
devendo-se considerar inconstitucional o art. 2º, II, da Lei n. 9.637/98.
Na verdade, as organizações sociais representam uma espécie de parceria entre a Administração e a
iniciativa privada, exercendo atividades que, antes da Emenda 19/98, eram desempenhadas por
entidades públicas. Por isso, seu surgimento no Direito Brasileiro está relacionado com um processo de
privatização lato sensu realizado por meio da abertura de atividades públicas à iniciativa privada.
O instrumento de formalização da parceria entre a Administração e a organização social é o contrato
de gestão, cuja aprovação deve ser submetida ao Ministro de Estado ou outra autoridade supervisora da
área de atuação da entidade.
O contrato de gestão discriminará as atribuições, responsabilidades e obrigações do Poder Público e
da organização social, devendo obrigatoriamente observar os seguintes preceitos:
I – especificação do programa de trabalho proposto pela organização social, a estipulação das metas
a serem atingidas e os respectivos prazos de execução, bem como previsão expressa dos critérios
objetivos de avaliação de desempenho a serem utilizados, mediante indicadores de qualidade e
produtividade;
II – a estipulação dos limites e critérios para despesa com remuneração e vantagens de qualquer
natureza a serem percebidas pelos dirigentes e empregados das organizações sociais, no exercício de
suas funções;
III – os Ministros de Estado ou autoridades supervisoras da área de atuação da entidade devem definir
as demais cláusulas dos contratos de gestão de que sejam signatários.
A fiscalização do contrato de gestão será exercida pelo órgão ou entidade supervisora da área de
atuação correspondente à atividade fomentada, devendo a organização social apresentar, ao término de
cada exercício, relatório de cumprimento das metas fixadas no contrato de gestão.

8
MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. 4ª edição. Ed. Saraiva. 2014.

33
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
Se descumpridas as metas previstas no contrato de gestão, o Poder Executivo poderá proceder à
desqualificação da entidade como organização social, desde que precedida de processo administrativo
com garantia de contraditório e ampla defesa.
Por fim, convém relembrar que o art. 24, XXIV, da Lei n. 8.666/93 prevê hipótese de dispensa de
licitação para a celebração de contratos de prestação de serviços com a s organizações sociais,
qualificadas no âmbito das respectivas esferas de governo, para atividades contempladas no contrato de
gestão. Excessivamente abrangente, o art. 24, XXIV, da Lei n. 8.666/93, tem a sua constitucionalidade
questionada perante o Supremo Tribunal Federal na ADIn 1.923/98. Recentemente, foi indeferida a
medida cautelar que suspendia a eficácia da norma, de modo que o dispositivo voltou a ser aplicável.

Entidades de Apoio

As entidades de apoio fazem parte do Terceiro Setor e são pessoas jurídicas de direito privado, criados
por servidores públicos para a prestação de serviços sociais não exclusivos do Estado, possuindo vínculo
jurídico com a Administração direta e indireta.
Atualmente são prestadas no Brasil através dos serviços de limpeza, conservação, concursos
vestibulares, assistência técnica de equipamentos, administração em restaurantes e hospitais
universitários.
O bom motivo da criação das entidades de apoio é a eficiência na utilização desses entes. Através
delas, convênios são firmados com a Administração Pública, de modo muito semelhante com a
celebração de um contrato

Organização da Sociedade Civil de Interesse Público

OSCIP é um título fornecido pelo Ministério da Justiça do Brasil, cuja finalidade é facilitar o
aparecimento de parcerias e convênios com todos os níveis de governo e órgãos públicos (federal,
estadual e municipal) e permite que doações realizadas por empresas possam ser descontadas no
imposto de renda. OSCIPs são ONGs criadas por iniciativa privada, que obtêm um certificado emitido
pelo poder público federal ao comprovar o cumprimento de certos requisitos, especialmente aqueles
derivados de normas de transparência administrativas. Em contrapartida, podem celebrar com o poder
público os chamados termos de parceria, que são uma alternativa interessante aos convênios para ter
maior agilidade e razoabilidade em prestar contas.
Uma ONG (Organização Não-Governamental), essencialmente é uma OSCIP, no sentido
representativo da sociedade, OSCIP é uma qualificação dada pelo Ministério da Justiça no Brasil.
A lei que regula as OSCIPs é a nº 9.790, de 23 março de 1999. Esta lei traz a possibilidade das pessoas
jurídicas (grupos de pessoas ou profissionais) de direito privado sem fins lucrativos serem qualificadas,
pelo Poder Público, como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público - OSCIPs e poderem
com ele relacionar-se por meio de parceria, desde que os seus objetivos sociais e as normas estatutárias
atendam os requisitos da lei.
Um grupo recebe a qualificação de OSCIP depois que o estatuto da instituição, que se pretende formar,
tenha sido analisado e aprovado pelo Ministério da Justiça. Para tanto, é necessário que o estatuto atenda
a certos pré-requisitos que estão descritos nos artigos 1º, 2º, 3º e 4º da Lei nº 9.790/1999. Vejamos:
Art. 1º Podem qualificar-se como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público as pessoas
jurídicas de direito privado sem fins lucrativos que tenham sido constituídas e se encontrem em
funcionamento regular há, no mínimo, 3 (três) anos, desde que os respectivos objetivos sociais e normas
estatutárias atendam aos requisitos instituídos por esta Lei.
§ 1o Para os efeitos desta Lei, considera-se sem fins lucrativos a pessoa jurídica de direito privado que
não distribui, entre os seus sócios ou associados, conselheiros, diretores, empregados ou doadores,
eventuais excedentes operacionais, brutos ou líquidos, dividendos, bonificações, participações ou
parcelas do seu patrimônio, auferidos mediante o exercício de suas atividades, e que os aplica
integralmente na consecução do respectivo objeto social.
§ 2o A outorga da qualificação prevista neste artigo é ato vinculado ao cumprimento dos requisitos
instituídos por esta Lei.

Art. 2o Não são passíveis de qualificação como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público,
ainda que se dediquem de qualquer forma às atividades descritas no art. 3o desta Lei:
I - as sociedades comerciais;
II - os sindicatos, as associações de classe ou de representação de categoria profissional;

34
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
III - as instituições religiosas ou voltadas para a disseminação de credos, cultos, práticas e visões
devocionais e confessionais;
IV - as organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas fundações;
V - as entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar bens ou serviços a um círculo restrito
de associados ou sócios;
VI - as entidades e empresas que comercializam planos de saúde e assemelhados;
VII - as instituições hospitalares privadas não gratuitas e suas mantenedoras;
VIII - as escolas privadas dedicadas ao ensino formal não gratuito e suas mantenedoras;
IX - as organizações sociais;
X - as cooperativas;
XI - as fundações públicas;
XII - as fundações, sociedades civis ou associações de direito privado criadas por órgão público ou por
fundações públicas;
XIII - as organizações creditícias que tenham quaisquer tipo de vinculação com o sistema financeiro
nacional a que se refere o art. 192 da Constituição Federal.
Parágrafo único. Não constituem impedimento à qualificação como Organização da Sociedade Civil de
Interesse Público as operações destinadas a microcrédito realizadas com instituições financeiras na forma
de recebimento de repasses, venda de operações realizadas ou atuação como mandatárias. (Incluído
pela Lei nº 13.999, de 2020)

Art. 3o A qualificação instituída por esta Lei, observado em qualquer caso, o princípio da
universalização dos serviços, no respectivo âmbito de atuação das Organizações, somente será conferida
às pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujos objetivos sociais tenham pelo menos
uma das seguintes finalidades:
I - promoção da assistência social;
II - promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico;
III - promoção gratuita da educação, observando-se a forma complementar de participação das
organizações de que trata esta Lei;
IV - promoção gratuita da saúde, observando-se a forma complementar de participação das
organizações de que trata esta Lei;
V - promoção da segurança alimentar e nutricional;
VI - defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento
sustentável;
VII - promoção do voluntariado;
VIII - promoção do desenvolvimento econômico e social e combate à pobreza;
IX - experimentação, não lucrativa, de novos modelos sócio-produtivos e de sistemas alternativos de
produção, comércio, emprego e crédito;
X - promoção de direitos estabelecidos, construção de novos direitos e assessoria jurídica gratuita de
interesse suplementar;
XI - promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos humanos, da democracia e de outros valores
universais;
XII - estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias alternativas, produção e divulgação de
informações e conhecimentos técnicos e científicos que digam respeito às atividades mencionadas neste
artigo.
XIII - estudos e pesquisas para o desenvolvimento, a disponibilização e a implementação de
tecnologias voltadas à mobilidade de pessoas, por qualquer meio de transporte.
Parágrafo único. Para os fins deste artigo, a dedicação às atividades nele previstas configura-se
mediante a execução direta de projetos, programas, planos de ações correlatas, por meio da doação de
recursos físicos, humanos e financeiros, ou ainda pela prestação de serviços intermediários de apoio a
outras organizações sem fins lucrativos e a órgãos do setor público que atuem em áreas afins.

Art. 4o Atendido o disposto no art. 3o, exige-se ainda, para qualificarem-se como Organizações da
Sociedade Civil de Interesse Público, que as pessoas jurídicas interessadas sejam regidas por estatutos
cujas normas expressamente disponham sobre:
I - a observância dos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade,
economicidade e da eficiência;
II - a adoção de práticas de gestão administrativa, necessárias e suficientes a coibir a obtenção, de
forma individual ou coletiva, de benefícios ou vantagens pessoais, em decorrência da participação no
respectivo processo decisório;

35
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
III - a constituição de conselho fiscal ou órgão equivalente, dotado de competência para opinar sobre
os relatórios de desempenho financeiro e contábil, e sobre as operações patrimoniais realizadas, emitindo
pareceres para os organismos superiores da entidade;
IV - a previsão de que, em caso de dissolução da entidade, o respectivo patrimônio líquido será
transferido a outra pessoa jurídica qualificada nos termos desta Lei, preferencialmente que tenha o
mesmo objeto social da extinta;
V - a previsão de que, na hipótese de a pessoa jurídica perder a qualificação instituída por esta Lei, o
respectivo acervo patrimonial disponível, adquirido com recursos públicos durante o período em que
perdurou aquela qualificação, será transferido a outra pessoa jurídica qualificada nos termos desta Lei,
preferencialmente que tenha o mesmo objeto social;
VI - a possibilidade de se instituir remuneração para os dirigentes da entidade que atuem efetivamente
na gestão executiva e para aqueles que a ela prestam serviços específicos, respeitados, em ambos os
casos, os valores praticados pelo mercado, na região correspondente a sua área de atuação;
VII - as normas de prestação de contas a serem observadas pela entidade, que determinarão, no
mínimo:
a) a observância dos princípios fundamentais de contabilidade e das Normas Brasileiras de
Contabilidade;
b) que se dê publicidade por qualquer meio eficaz, no encerramento do exercício fiscal, ao relatório de
atividades e das demonstrações financeiras da entidade, incluindo-se as certidões negativas de débitos
junto ao INSS e ao FGTS, colocando-os à disposição para exame de qualquer cidadão;
c) a realização de auditoria, inclusive por auditores externos independentes se for o caso, da aplicação
dos eventuais recursos objeto do termo de parceria conforme previsto em regulamento;
d) a prestação de contas de todos os recursos e bens de origem pública recebidos pelas Organizações
da Sociedade Civil de Interesse Público será feita conforme determina o parágrafo único do art. 70 da
Constituição Federal.
Parágrafo único. É permitida a participação de servidores públicos na composição de conselho ou
diretoria de Organização da Sociedade Civil de Interesse Público.
Pode-se dizer que as OSCIPs são o reconhecimento oficial e legal mais próximo do que modernamente
se entende por ONG, especialmente porque são marcadas por uma extrema transparência administrativa.
Contudo ser uma OSCIP é uma opção institucional, não uma obrigação.
Em geral, o poder público sente-se muito à vontade para se relacionar com esse tipo de instituição,
porque divide com a sociedade civil o encargo de fiscalizar o fluxo de recursos públicos em parcerias. A
OSCIP é uma organização da sociedade civil que, em parceria com o poder público, utilizará também
recursos públicos para suas finalidades, dividindo dessa forma o encargo administrativo e de prestação
de contas.

Associações Públicas

Tratam-se de pessoas jurídicas de direito público, criadas por meio da celebração de um consórcio
público com entidades federativas.
Quando as entidades federativas fazem um consórcio público, elas terão a faculdade de decidir se
essa nova pessoa criada será de direito privado ou de direito público. Caso se trate de direito público,
caracterizar-se-á como Associação Pública. No caso de direito privado, não se tem um nome específico.
A finalidade da associação pública é estabelecer finalidades de interesse comum entre as entidades
federativas, estabelecendo uma meta a ser atingida.
Faz parte da administração indireta de todas as entidades federativas consorciadas.

Conselhos Profissionais

Trata-se de entidades que são destinadas ao controle e fiscalização de algumas profissões


regulamentadas. Eis que tem-se uma grande controvérsia, quanto à sua natureza jurídica.
O STF considera que como se trata de função típica do Estado, o controle e fiscalização do exercício
de atividades profissionais não poderia ser delegado a entidades privadas, em decorrência disso, chegou-
se ao entendimento que os conselhos profissionais possuem natureza autárquica.
Assim, não estamos diante de entes de colaboraçao, mas sim de pessoas jurídicas de direito público.
Fazendo-se um comparativo, a Constituição Federal não admite que esses conselhos tenham
personalidade jurídica de direito privado, gozando de prerrogativas que são conferidas ao Estado. Os
conselhos profissionais com natureza autárquica é uma forma de descentralizar a atividade administrativa
que não pode mais ser delegada a associações profissionais de caráter privado.

36
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
4. Agentes públicos: espécies e classificação, poderes, deveres e prerrogativas
cargo, emprego e função públicos.

AGENTES PÚBLICOS

Agente público é a pessoa física que presta serviços às Pessoas Jurídicas da Administração Pública
Direta ou Indireta, também são aqueles que exercem função pública, seja qual for a modalidade (mesário,
jurado, servidor público, etc.).
A denominação “agente público” é tratada como gênero das diversas espécies que vinculam o
indivíduo ao estado a partir da sua natureza jurídica. As espécies do agente público podem ser divididas
como do qual são espécies os agentes políticos, servidores públicos (servidores estatais, empregado
público, temporários e comissionados), particulares em colaboração, agentes militares e os agentes de
fato.
A Lei de Improbidade Administrativa (8.429/92) conceitua Agente Público, em seu artigo 2°, “Reputa-
se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem
remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou
vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior”.

Espécies

Para facilitar os estudos, antes de adentrarmos na explicação de cada espécie de Agente Público,
vejamos o quadro abaixo:

Percebam, agentes públicos abrangem todas as demais categorias, sendo que, servidores podem ser
os SERVIDORES Públicos (de Pessoas Jurídicas de Direito Público) e os EMPREGADOS Públicos (que
são os servidores de entes governamentais de Direito Privado.

Vamos analisar cada uma dessas categorias:

Agentes Políticos

Agentes políticos exercem uma função pública (pode cair em sua prova com a nomenclatura “munus
publico”) de alta direção do Estado. São os que ocupam lugar de comando e chefia de cada um dos
Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário). Ingressam em regra, por meio de eleições, desempenhando
mandatos fixos e quando termina o mandato a relação com o Estado também termina automaticamente.
A vinculação dos agentes políticos com o aparelho governamental não é profissional, mas institucional e
estatutária.
Os agentes políticos são, de acordo com Celso Antônio Bandeira de Melo, os titulares dos cargos
estruturais à organização política do País.
Licínia Rossi9 exemplifica separando por poderes:
9
ROSSI, L., Manual de Direito Administrativo, 4ª Edição, Editora Saraiva, 2018.

37
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
Poder Executivo: Presidente da República, Governadores, Prefeitos e seus respectivos vices.
Auxiliares Imediatos dos chefes do Poder Executivo (Ministros de Estado, Secretários Estaduais ou
Municipais).
Poder Legislativo: Senadores, Deputados Federais e Estaduais e Vereadores.
Poder Judiciário: Magistrados e membros do Ministério Público; Exercem funções e mandatos
temporários. Não são funcionários nem servidores públicos, exceto para fins penais, caso cometam
crimes contra a Administração Pública.
Os agentes políticos serão remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela única, vedado
o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie
remuneratória.

Servidores Públicos
Em sentido amplo, são pessoas físicas que prestam serviços ao Estado e às entidades da
Administração Indireta, com vínculo empregatício e mediante remuneração paga pelos cofres públicos.
Já os servidores públicos em sentido estrito, são aqueles que possuem uma relação com o regime
estatutário, que sejam ocupantes de cargos públicos efetivos ou em comissão e se submetam a regime
jurídico de direito público.
Os servidores públicos abrangem os servidores estatutários, empregados públicos, os servidores
temporários e os comissionados.

a) Servidores estatutários: são os ocupantes de CARGOS PÚBLICOS e estão sob o regime


estatutário. Quando nomeados, ingressam numa situação jurídica previamente definida, à qual se
submetem com o ato da posse. Assim, não tem como modificar as normas vigentes por meio de contrato
entre o servidor e a Administração, mesmo que com a concordância de ambos, por se tratar de normas
de ordem pública. Não há contrato de trabalho entre os estatutários e a Administração, há termo de posse.
Há para os servidores estatutários a pluralidade normativa, ou seja, cada Ente Federativo tem
autonomia para disciplinar suas normas estatutárias, sendo a escolha do regime estatutário do Chefe do
Executivo (artigo 61, §1°, II, ‘c’, CF). Ex. União, Lei 8.112/90, Estado de São Paulo, Lei 10.261/68.
A competência para julgar processos dos estatutários é a Justiça Comum, de acordo com a esfera de
cada um (Justiça Federal – estatutários federais, Justiça Estadual – estatutários estaduais e municipais).

b) Empregado público: são os contratados pelo regime CELETISTA, porém se submetem às normas
constitucionais quanto à investidura, acumulação de cargos, vencimentos, etc. Mesmo sendo celetistas,
há a necessidade da aprovação de concurso público e se submetem ao teto remuneratório.
Os empregados públicos são os que ocupam empregos na Administração Pública Indireta (empresas
públicas, sociedades de economia mista e fundações estatais de direito privado). Eles não gozam da
estabilidade, porém, a dispensa deve ser motivada.
A competência para julgar ações dos empregados públicos é da Justiça do Trabalho.

c) Temporários ou Regime Especial: são os contratados por tempo determinado, com base no artigo
37, IX, CF. Não ocupam cargos ou empregos públicos e não exige aprovação em concurso público, mas
a Administração Pública deve respeitar os princípios constitucionais da impessoalidade e da moralidade,
realizando um processo seletivo simplificado, conforme o artigo 3° da Le 8.745/93.
O trabalho temporário é regulado pela Lei nº 6.019/74 - é aquele prestado por pessoa física a uma
empresa para atender à necessidade transitória de substituição de seu pessoal regular e permanente ou
a acréscimo extraordinário de serviços.
Para que tenha a contratação de temporários, se faz necessária a existência de lei regulamentadora,
com a previsão dos casos de contratação, o prazo da contratação, a necessidade temporária e a
motivação do interesse público.
O contrato do trabalhador temporário deve ser feito de forma escrita, além de constar expressamente
a causa que enseja sua contratação. O temporário pode ser regido por legislação específica, não
necessariamente pela CLT.

d) Cargos em Comissão10: Cargos de provimento em comissão são aqueles de livre escolha,


nomeação e exoneração, de caráter provisório, destinando-se às atribuições de direção, chefia e
assessoramento, podendo recair ou não em servidor efetivo do Estado. Ao servidor ocupante

10
http://www.portaldoservidor.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=561

38
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
exclusivamente de cargo em comissão aplica-se o regime geral de previdência social previsto na
Constituição Federal, artigo 40, § 13.

Cargo, Emprego e Função Pública e Suas Formas de Remuneração


Cargo, emprego e função pública são tipos de vínculos de trabalho na Administração Pública ocupadas
por servidores públicos. A Constituição Federal, em vários dispositivos, emprega os vocábulos cargo,
emprego e função para designar realidades diversas, porém que existem paralelamente na
Administração.

Cargo público: é o lugar dentro da organização funcional da Administração Direta de suas autarquias
e fundações públicas que, ocupado por servidor público, submetidos ao regime estatuário, tem funções
específicas e remuneração fixada em lei ou diploma a ela equivalente. Todo cargo tem uma função,
porém, nem toda função pressupõe a existência de um cargo.
Para Melo11 são as mais simples e indivisíveis unidades de competência a serem titularizadas por um
agente. São criados por lei, previstos em número certo e com denominação própria.
Com efeito, as várias competências previstas na Constituição para a União, Estados e Municípios são
distribuídas entre seus respectivos órgãos, cada qual dispondo de determinado número de cargos
criados por lei, que lhes confere denominação própria, define suas atribuições e fixa o padrão de
vencimento ou remuneração.
Criar um cargo é oficializa-lo, atribuindo a ele denominação própria, número certo, funções
determinadas, etc. Somente se cria um cargo por meio de lei, logo cada Poder, no âmbito de suas
competências podem criar um cargo por meio da lei. No caso dos cargos públicos da União, o vencimento
é pago pelos cofres públicos, para provimento em caráter efetivo ou em comissão.
A transformação ocorre quando há modificação ou alteração na natureza do cargo de forma que, ao
mesmo tempo que o cargo é extinto, outro é criado. Somente se dá por meio de lei e há o aproveitamento
de todos os servidores quando o novo cargo tiver o mesmo nível e atribuições compatíveis com o anterior.
A extinção corresponde ao fim do cargo e também deve ser efetuada por meio de lei.
O art. 84, VI, “b” da CF traz exceção ao atribuir competência para o Presidente da República para
dispor, mediante decreto, sobre a extinção de funções ou cargos públicos quando vagos.

Empregos públicos: são núcleos de encargos de trabalho permanentes a serem preenchidos por
pessoas contratadas para desempenhá-los, sob relação jurídica trabalhista (CLT) e somente podem ser
criados por lei.

Função pública: é a atividade em si mesma, é a atribuição, as tarefas desenvolvidas pelos servidores.


São espécies:
a) Funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e
destinadas ás atribuições de chefia, direção e assessoramento;
b) Funções exercidas por contratados por tempo determinado para atender a necessidade temporária
de excepcional interesse público, nos termos da lei autorizadora, que deve advir de cada ente federado.

Poderes, Deveres e Prerrogativas

Poderes: são instrumentos usados pelos servidores públicos para que possam cumprir suas
finalidades. Ex. poder disciplinar e poder hierárquico. As atribuições dos poderes são de caráter geral,
dadas de forma geral à Administração Pública.

Deveres: em regra, está previsto em leis estatutárias. O servidor público tem o dever de agir e, esse
dever, é irrenunciável e tem como objetivo a garantia da continuidade dos serviços e atendimentos de
interesses públicos.
Deve ainda ser honesto (probidade), ser eficiente, prestar contas, ser assíduo e tratar a todos com
respeito e educação (dever de urbanidade).

Prerrogativas: são as vantagens, privilégios que os servidores públicos têm em razão do cargo, para
que possam agir em defesa dos interesses da coletividade. As prerrogativas envolvem mais diretamente
a ação concreta dos agentes públicos.

11
MELLO. Celso Antônio Bandeira. Curso de Direito Administrativo. Edição 29ª. 2012.

39
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
Agentes militares

São as pessoas físicas que prestam serviços à Forças Armadas (Marinha, Aeronáutica, Exército - art.
142, caput, e § 3º, CF, Polícias Militares, Corpo de Bombeiros - art. 42, CF).
Aqueles que compõem os quadros permanentes das forças militares possuem vinculação estatutária,
e não contratual, mas o regime jurídico é disciplinado por legislação específica diversa da aplicável aos
servidores civis. Tem vínculo estatutário sujeito a regime jurídico próprio, mediante remuneração paga
pelos cofres públicos.
Vale dizer que os militares fazem jus a algumas vantagens próprias do trabalhador privado: décimo
terceiro salário, salário-família, férias anuais remuneradas, licença à gestante, licença-paternidade e
assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até seis anos de idade em creches e
pré-escolas. E estão sujeitos a algumas normas próprias dos servidores públicos: teto salarial, limitações,
forma de cálculo dos acréscimos salariais e irredutibilidade de vencimentos12.

Particulares em colaboração / honoríficos

São prestadores de serviços ao Estado sem vinculação permanente de emprego e sem remuneração.
Essa categoria de agentes públicos pode ser prestada de diversas formas, segundo entendimento de
Celso Antônio Bandeira de Mello, se dá por:
a) requisitados de serviço: como mesários e convocados para o serviço militar (conscritos);
b) gestores de negócios públicos: são particulares que assumem espontaneamente uma tarefa
pública, em situações emergenciais, quando o Estado não está presente para proteger o interesse
público. Exemplo: socorrista de parturiente;
c) contratados por locação civil de serviços: é o caso, por exemplo, de jurista famoso contratado
para emitir um parecer;
d) concessionários e permissionários: exercem função pública por delegação estatal;
e) delegados de função ou ofício público: é o caso dos titulares de cartórios.

Importante destacar que os particulares em colaboração com a Administração, mesmo atuando


temporariamente e sem remuneração, podem praticar ato de improbidade administrativa (art. 2.º da Lei
n. 8.429/92) e, enquanto exercerem a função, são considerados funcionários públicos para fins penais,
respondendo, assim, pelos crimes que cometerem. A Administração Pública responde pelos danos
causados a terceiros por este agente, voltando-se, depois, contra o agente público delegado.

Agentes de fato

É o particular que sem vínculo formal e legítimo com o Estado exerce função pública, acreditando estar
de boa-fé e com o objetivo de atender o interesse público. Neste caso, não há investidura prévia nos
cargos, empregos e funções públicas.
Agente de fato putativo: é aquele que desempenha atividade pública com a presunção de que tem
legitimidade, mas há alguma ILEGALIDADE em sua INVESTIDURA. É aquele servidor que toma posse
sem cumprir algum requisito do cargo. Ex. uma pessoa para o concurso da magistratura, porém, ainda
carrega uma “DP” da faculdade que não tinha conhecimento.
Agentes de fato necessário: são os que atuam em situações de calamidade pública ou emergência.

Questões

01. (IF/MS - Tecnólogo em Gestão Pública - IF-MS/2019) Os agentes públicos são classificados pela
doutrina em diversas categorias, dentre as quais estão os agentes políticos. Sobre os agentes políticos,
assinale a alternativa CORRETA.
(A) Agente político é apenas aquele investido pelo voto popular.
(B) Os agentes políticos serão remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela única,
vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra
espécie remuneratória.
(C) Os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais, Distritais e Municipais não são considerados
agentes políticos.

12
DI PIETRO, M. S. Z., Direito Administrativo, 31° Edição, Editora Forense, 2018.

40
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
(D) São considerados agentes políticos o Presidente da República, os Governadores e os Prefeitos,
não recaindo esta condição sobre os seus respectivos vices.
(E) Não é possível a imputação de responsabilidade aos agentes políticos nos casos de irregularidades
grosseiras, avaliadas sob enfoque amplo, ocorrida na condução de assuntos de sua competência.

02. CRESS/SC - Assistente Administrativo Jr. - (Quadrix/2019) Quanto aos agentes e serviços
públicos, julgue o item.
É permitido o ingresso em cargo em comissão sem a prévia aprovação em concurso público.
( )Certo ( )Errado

03. (Câmara Legislativa do Distrito Federal -FCC/2018) O conceito de agente público na extensão
a este atualmente conferida pela Constituição da República, predica que:
(A) os militares, a partir da edição da Emenda Constitucional n° 20/98, não mais se enquadram na
definição de agentes públicos, sujeitos que estão a regime jurídico próprio, diverso dos servidores
públicos.
(B) os particulares que atuam em colaboração com a Administração, tais como aqueles convocados
para prestação de serviço eleitoral, são agentes públicos, na medida em que exercem função pública,
embora não se enquadrem na categoria de agente administrativo.
(C) são considerados agentes administrativos apenas os detentores de mandato eletivo e seus
auxiliares diretos, também denominados agentes políticos, diversamente dos agentes públicos que detém
vínculo funcional com a Administração, denominados servidores públicos.
(D) os ocupantes de cargo em comissão de livre nomeação e exoneração, assim como os temporários
e os empregados públicos são considerados agentes administrativos, em contraposição aos ocupantes
de cargo efetivo, cuja natureza do vínculo confere apenas a estes últimos a condição de agentes públicos.
(E) os agentes políticos ocupantes de cargo efetivo provido por meio de mandato eletivo não são
considerados servidores públicos para fins previdenciários, embora se enquadrem na categoria de
agentes administrativos.

04. (TJ/SP - Titular de Serviços de Notas e de Registros - VUNESP/2018). Com relação aos agentes
públicos, é correto afirmar:
(A) os servidores da administração pública direta, das autarquias e das fundações públicas são
agentes públicos.
(B) todos os agentes públicos são regidos pelo regime estatutário.
(C) as pessoas jurídicas podem ser agentes públicos.
(D) a regência pela legislação trabalhista exclui a situação jurídica de agente público.

05. (IF/PA - Auditor - IF-PA/2019) Agentes Públicos são todas as pessoas físicas incumbidas de
exercer alguma função estatal, seja de forma definitiva ou de forma transitória, esses agentes
desempenham suas funções nos órgãos aos quais estão vinculados, vale ressaltar que, os cargos e as
funções são independentes dos agentes. Em relação aos agentes públicos, assinale a alternativa
CORRETA:
(A) Agentes honoríficos: são os agentes públicos que se vinculam à Administração Pública Direta ou
às Autarquias por relações profissionais. Sujeitam-se à hierarquia funcional; são funcionários públicos
com regime jurídico único (estatutários); Respondem por simples culpa ou dolo pelos atos ilícitos civis,
penais ou administrativos que praticarem; Funcionários de para-estatais: não são agentes administrativos,
todavia seus dirigentes são considerados funcionários públicos; Funcionários das Fundações Públicas:
são agentes administrativo.
(B) Agentes Credenciados: são particulares que, por delegação do Estado, executam atividade ou
serviço público, em nome próprio, por conta e risco, mas sempre sob a fiscalização da administração
pública. Apesar de colaborarem com o Poder Público, os agentes delegados não são considerados
servidores públicos, pois não atuam em nome do Estado. A remuneração que recebem não é paga pelos
cofres públicos, mas sim pelos usuários do serviço. São os concessionários e permissionários de serviços
públicos, os leiloeiros, os tradutores públicos, entre outros.
(C) Agentes políticos: exercem atribuições constitucionais. Ocupam os cargos dos órgãos
independentes (que representam os poderes do Estado) e dos órgãos autônomos (que são os auxiliares
imediatos dos órgãos independentes). Exs.: Presidente da República, Senadores, Governadores,
Deputados, Prefeitos, Juízes, Ministros, etc. Exercem funções e mandatos temporários; Não são
funcionários nem servidores públicos, exceto para fins penais, caso cometam crimes contra a
Administração Pública.

41
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
(D) Agentes delegados: os agentes credenciados são os que recebem a incumbência da administração
para representá-la em determinado ato ou praticar certa atividade, mediante remuneração do Poder
Público credenciante. Como exemplo, podemos citar quando é atribuída a alguma pessoa a tarefa de
representar o Brasil em determinado evento internacional.
(E) Agentes administrativos: so cidadãos requisitados ou designados, em função da sua honra, de sua
condição cívica para, transitoriamente, colaborarem com o Estado mediante a prestação de serviços
específicos, não possuindo qualquer tipo de vínculo com a administração, atuando usualmente sem
remuneração. Enquanto desempenham a função pública, ficam momentaneamente inseridos na
hierarquia do órgão. Exemplos de agentes honoríficos são os jurados, mesários eleitorais e os membros
dos Conselhos Tutelares.

Gabarito

01.B / 02.Certo / 03.B / 04.A / 05.C

Comentários

01. Resposta: B
A alternativa correta corresponde ao texto constitucional, faz referência ao artigo 39, §4°. Os agentes
políticos serão remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela única, vedado o acréscimo
de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie
remuneratória.

02. Resposta: Certo


O cargo em comissão pode ser de livre nomeação da autoridade competente, logo, não precisa de
concurso público.

03.Resposta: B
Particulares em colaboração: os particulares em colaboração com a Administração constituem uma
classe de agentes públicos, em regra, sem vinculação permanente e remunerada com o Estado. São
agentes públicos, mas não integram a Administração e não perdem a característica de particulares.
Exemplos: jurados, recrutados para o serviço militar, mesário de eleição.

04. Resposta: A
Agente público é a pessoa física que presta serviços às Pessoas Jurídicas da Administração Pública
Direta ou Indireta (dentre as pessoas jurídicas da Administração Indireta, inclui as autarquias e as
fundações públicas), também são aqueles que exercem função pública, seja qual for a modalidade

05. Resposta: C
Agentes políticos exercem uma função de alta direção do Estado. Os agentes políticos são
remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer
gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória.

Classificação

Agentes administrativos: são servidores sujeitos a uma relação hierárquica com os agentes políticos,
isto é, são os servidores públicos propriamente ditos (ocupam cargo efetivo ou em comissão e respeitam
o estatuto da respectiva instituição na qual trabalham), os empregados públicos (trabalham em empresas
públicas e respeitam a legislação trabalhista) e os servidores temporários (contratados temporariamente
para suprirem necessidade temporária de excepcional interesse público).
Agentes delegados: pessoas que recebem a incumbência de executarem, por sua conta e risco, um
serviço público ou uma atividade de interesse público. Podem ser os notários, os registradores de imóveis,
os tradutores públicos, os concessionários ou permissionários de serviço público, entre outros.
Agentes credenciados: pessoas que representam a Administração Pública em um determinado
evento ou atividade.

42
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
Questões

01 (TJ/SP - Titular de Serviços de Notas e de Registros - VUNESP/2018). São agentes


administrativos os
(A) senadores, os deputados e os juízes.
(B) servidores investidos em cargos, empregos e funções públicas e os servidores contratados por
tempo determinado.
(C) militares e os vereadores municipais.
(D) servidores investidos em cargos, empregos e funções públicas, os ministros e os secretários de
estado.

02. (Câmara Legislativa do Distrito Federal - Consultor Legislativo - FCC/2018) O conceito de


agente público na extensão a este atualmente conferida pela Constituição da República, predica que
(A) os militares, a partir da edição da Emenda Constitucional n° 20/98, não mais se enquadram na
definição de agentes públicos, sujeitos que estão a regime jurídico próprio, diverso dos servidores
públicos.
(B) os particulares que atuam em colaboração com a Administração, tais como aqueles convocados
para prestação de serviço eleitoral, são agentes públicos, na medida em que exercem função pública,
embora não se enquadrem na categoria de agente administrativo.
(C) são considerados agentes administrativos apenas os detentores de mandato eletivo e seus
auxiliares diretos, também denominados agentes políticos, diversamente dos agentes públicos que detém
vínculo funcional com a Administração, denominados servidores públicos.
(D) os ocupantes de cargo em comissão de livre nomeação e exoneração, assim como os temporários
e os empregados públicos são considerados agentes administrativos, em contraposição aos ocupantes
de cargo efetivo, cuja natureza do vínculo confere apenas a estes últimos a condição de agentes públicos.
(E) os agentes políticos ocupantes de cargo efetivo provido por meio de mandato eletivo não são
considerados servidores públicos para fins previdenciários, embora se enquadrem na categoria de
agentes administrativos.

Gabarito

01.B / 02.B

Comentários

01. Resposta: B
Agentes administrativos são os agentes políticos, isto é, são os servidores públicos propriamente ditos
(os que são investidos em cargo, emprego e função pública), os empregados públicos e os servidores
temporários.

02. Resposta: B
Os particulares em colaboração não se enquadram nos agentes administrativos, muito embora são
agentes públicos, porém, enquanto estão exercendo a função pública.

5. Poderes administrativos.

PODERES E DEVERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Deveres da Administração Pública

Dever de Agir: o administrador público tem o dever de agir, ele tem por obrigação exercitar esse poder
em benefício da comunidade. Esse poder é irrenunciável. Ex.: O prefeito da cidade “X” não pode deixar
de praticar atos de seu dever funcional (zelar pelo meio ambiente, promover limpeza da cidade,
saneamento básico etc.).
O dever de agir tem o objetivo de garantira continuidade dos serviços e o atendimento do interesse
público. Vincula-se a este dever o de exercer com dedicação e zelo as atribuições do cargo, ser assíduo

43
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
e pontual, sem prévia autorização, não se ausentar do serviço, cumprido rigorosamente seu horário, não
realizar atividades de forma desidiosa, não exercer atividades, durante o horário de serviço, que não
sejam compatíveis ao seu cargo ou função.
CF, Art. 37, § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços
públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado
o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

Dever de Probidade ou Honestidade: é a boa-fé do agente público. A probidade é um elemento


essencial na conduta do agente público necessária à legitimidade (validade) do ato administrativo. O
administrador ao desempenhar suas atividades deve atuar em consonância (harmonia) com os princípios
da moralidade e da honestidade. É um dever pautado na ética e moral.
Em contrapartida, a improbidade relaciona-se ao ato praticado pelo administrador que importa
enriquecimento ilícito; lesão ao erário; ato decorrente de concessão ou aplicação indevida de benefício
financeiro ou tributário e aos atos que atenta contra os princípios da administração pública.
Importante ressaltar que a Administração poderá invalidar o ato administrativo praticado com lesão aos
bens e interesses da coletividade.
Vale mencionar o Art. 37, § 4º da CF “Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão
dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário,
na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível”.

Dever de Prestar Contas: É dever de todo administrador público prestar contas em decorrência da
gestão de bens e interesses alheios, nesse caso, de bens e interesses coletivos. É uma forma de realizar
a transparência dos gastos públicos. Ex. a cidade “X” recebe verba destinado à saúde, sendo assim terá
que ter uma prestação de contas por parte do responsável para falar o seguinte, olha eu gastei “Y” com
cirurgias, “Z” com insumos e assim por diante.
CF, Art. 70, Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada,
que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a
União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.

Dever de Eficiência: Cabe ao agente público realizar suas atribuições com presteza, perfeição e
rendimento funcional. Exige-se então uma boa administração.

Dever de Urbanidade: Significa13 tratar com educação e respeito os colegas de trabalho e o público
em geral. No local de trabalho, torna-se necessário manter ambiente adequado à realização das
atividades, para que estas não sejam interrompidas ou dificultadas por exasperações emocionais,
grosserias, ofensas verbais ou físicas.
Dever de Assiduidade: Ligado14 ao adequado desempenho das atribuições do cargo, significa a
imposição, ao servidor, de comparecimento ao local de trabalho, nos dias e horários determinados. Em
geral, inclui-se no dever de assiduidade o de pontualidade.

Poderes da Administração Pública

O poder administrativo representa uma prerrogativa especial de direito público (conjunto de normas
que disciplina a atividade estatal) outorgada aos agentes do Estado, no qual o administrador público para
exercer suas funções necessita ser dotado de alguns poderes.
Esses poderes podem ser definidos como instrumentos que possibilitam à Administração cumprir com
sua finalidade, contudo, devem ser utilizados dentro das normas e princípios legais que o regem.
Vale ressaltar que o administrador tem obrigação de zelar pelo dever de agir, de probidade, de prestar
contas e o dever de pautar seus serviços com eficiência.

Características e Subcaracterísticas dos Poderes Administrativos

Características
a) Obrigatoriedade: o administrador deve exercer os poderes obrigatoriamente, ou seja, o poder não
tem o exercício facultativo, não cabe ao administrador exercer juízo de valor sobre o exercício ou não do
poder.

13
MEDAUAR, Odete, Direito Administrativo Moderno, 21ª edição, 2018.
14
MEDAUAR, Odete, Direito Administrativo Moderno, 21ª edição, 2018.

44
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
b) Irrenunciabilidade: se o administrador público tem o dever de exercer o poder, ele não pode
renunciá-lo, já que essa atividade gerará benefícios para o bem comum. Fica mais claro quando
comparamos determinada situação, por ex. o particular tem o “poder de agir” facultativo, realiza a
atividade se quiser ou não, diferente quando o assunto é a atividade realizada pelo administrador público,
onde esse tem a obrigação de exercê-la.
Destacando que, se a Administração Pública deixar de exercê-lo haverá responsabilização por parte
do agente público;
c) Limitação legal: embora seja um poder irrenunciável e seu exercício seja obrigatório, o
administrador deve agir dentro dos limites legais, cumprir exatamente com o que a lei determina, sob
pena de ser responsabilizado.

Subcaracterísticas
a) Necessidade: o administrador deve, antes de agir, verificar se o ato é realmente necessário.
Ex.: 1º Determinada escola não cumpre com as regras de acessibilidade. É necessário fechá-la por
isso? Cidade X fará aniversário e a prefeitura realizará festa comemorativa. É necessário contratar cantor
famoso?
Tais decisões são de caráter subjetivo, tendo em vista a análise do gestor público da real necessidade
em agir, no entanto, cumpre ressaltar que em toda decisão administrativa deve ser demonstrada a sua
necessidade.
b) Proporcionalidade: o ato deve ser proporcional à situação. Ato proporcional é a determinação de
adequação.
c) Adequação: proporcionalidade e adequação caminham juntas, por isso muitas vezes se
confundem. O agente público somente age nos limites da lei quando suas ações são pautadas por essas
três subcaracterísticas (necessidade, proporcionalidade e adequação). A ausência de uma ou mais
implica em excesso de poder, que resulta em responsabilização.

Espécies de Poderes

Poder Vinculado: quando o poder é vinculado, o administrador não tem possibilidade de exercer juízo
de valor, ou seja, não tem campo de discricionariedade. Ocorre quando a lei determinada que se atue de
determinada forma, não dando escolha para o agente.
Ex.: licença para construir. Se um cidadão cumpre com todos os requisitos legais, a licença deve ser
concedida, assim a concessão da licença é ato vinculado, não cabendo ao agente público deixar de
concede-la. Também é exemplo de poder vinculado, o poder que tem o agente público de instaurar
processo administrativo para averiguação de irregularidades cometidas por um servidor.

Poder Discricionário: contrariamente ao poder vinculado, o poder discricionário é aquele em que o


agente público pode exercer juízo de valor, ou seja pode analisar a conveniência e a oportunidade do ato
a ser praticado. Embora haja esse grau de liberdade, o poder discricionário também é delimitado pela lei,
porque é a própria lei que confere esse poder ao administrador público.
São exemplos de poder discricionário: a nomeação para cargo em comissão, uma vez que o
administrador irá nomear aquele que é de sua confiança. Também é exemplo de poder discricionário a
aplicação de penalidades. Acima vimos que a instauração do processo administrativo é poder vinculado.
Uma vez sendo verificado o ilícito, o agente que assim atuou deve ser punido. No mais a lei confere
algumas espécies de sanções, então, cabe ao administrador, de acordo com o juízo de conveniência e
oportunidade, escolher qual punição será aplicada.

Questões

01. (DPE/RS - Defensor Público - FCC) Sobre os poderes administrativos, é correto afirmar:
(A) Os atos administrativos decorrentes do exercício do poder discricionário não são passíveis de
apreciação judicial.
(B) A possibilidade de o administrador interpretar a lei equivale ao exercício do poder administrativo
discricionário.
(C) O poder administrativo discricionário pressupõe que a norma legal apresente conceitos jurídicos
indeterminados, mas determináveis.
(D) A doutrina dos motivos determinantes estabelece que o administrador deve enunciar os motivos
de fato que ensejaram o ato administrativo discricionário.

45
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
(E) O motivo, como pressuposto do ato administrativo decorrente do poder discricionário, poderá vir
expresso em lei ou deixado à escolha do administrador.

02. (TJ/RJ- Analista Judiciário - FGV) Prefeito municipal praticou ato administrativo escolhendo, por
meio de critérios de oportunidade e conveniência, quais ruas da cidade serão asfaltadas nos próximos
meses. Foi-lhe permitido estabelecer tais prioridades a partir do poder administrativo:
(A) vinculado;
(B) hierárquico;
(C) normativo;
(D) discricionário;
(E) regulamentar.

Gabarito

01.E / 02.D

Comentários

01. Resposta: E
O poder discricionário é aquele que, editado debaixo da lei, confere ao administrador a liberdade para
fazer um juízo de conveniência e oportunidade. Assim, tem-se que o motivo é o porquê daquele ato
administrativo ser praticado, podendo estar tanto expresso na lei ou ser deixado á escolha do
administrador.

02. Resposta: D
A questão trata do poder discricionário onde estão presentes os critérios de conveniência e
oportunidade, isto é, há certa margem de liberdade quando da atuação do prefeito em escolher quais ruas
seriam asfaltadas nos próximos meses.

Poder Hierárquico: a Administração Pública é hierarquizada, ou seja, existe um escalonamento de


poderes entre as pessoas e órgãos. É pelo poder hierárquico que, por exemplo, um servidor está obrigado
a cumprir ordem emanada de seu superior desde que não sejam manifestamente ilegais. É também esse
poder que autoriza a delegação, a avocação, etc.
A lei é quem define as atribuições dos órgãos administrativos, bem como cargos e funções, de forma
que haja harmonia e unidade de direção. Percebam que o poder hierárquico vincula o superior e o
subordinado dentro do quadro da Administração Pública.

Compete ainda a Administração Pública:


a) editar atos normativos (resoluções, portarias, instruções), que tenham como objetivo ordenar a
atuação dos órgãos subordinados, pois refere-se a atos normativos que geram efeitos internos e não
devem ser confundidas com os regulamentos, por serem decorrentes de relação hierarquizada, não se
estendendo a pessoas estranhas;
b) dar ordens aos subordinados, com o dever de obediência, salvo para os manifestamente ilegais;
c) controlar a atividade dos órgãos inferiores, com o objetivo de verificar a legalidade de seus atos e o
cumprimento de suas obrigações, permitindo anular os atos ilegais ou revogar os inconvenientes, seja
ex. officio (realiza algo em razão do cargo sem nenhuma provocação) ou por provocação dos
interessados, através dos recursos hierárquicos;
d) avocar atribuições, caso não sejam de competência exclusiva do órgão subordinado;
e) delegação de atribuições que não lhe sejam privativas.

Podemos perceber que a relação hierárquica é acessória da organização administrativa, permitindo a


distribuição de competências dentro da organização administrativa.
Exemplo: quando a própria lei atribui uma competência, com exclusividade, a alguns órgãos
administrativos, principalmente os colegiados, excluindo a influência de órgãos superiores.

A relação hierárquica encontra-se da seguinte forma:


- gradua a competência de cada um;
- coordena relações;
- subordina uns aos outros; e

46
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
- é uma relação estabelecida entre órgãos.

Com base nestas peculiaridades, poder hierárquico pode ser definido como o vínculo que subordina
uns aos outros órgãos do Poder Executivo, ponderando a autoridade de cada um.

Di Pietro15: “Nos Poderes Judiciário e Legislativo não existe hierarquia no sentido de relação de
coordenação e subordinação, no que diz respeito às suas funções institucionais. No primeiro, há uma
distribuição de competências entre instâncias, mas uma funcionando com independência em relação à
outra; o juiz da instância superior não pode substituir-se ao da instância inferior, nem dar ordens ou
revogar e anular os atos por este praticados. Com a aprovação da Reforma do Judiciário pela Emenda
Constitucional nº 45/2004, cria-se uma hierarquia parcial entre o STF e todos os demais órgãos do Poder
Judiciário, uma vez que suas decisões sobre matéria constitucional, quando aprovadas como súmulas,
nos termos do artigo 103-A, introduzido na Constituição, terão efeito vinculante para todos. O mesmo
ocorrerá com as decisões definitivas proferidas em ações diretas de inconstitucionalidade e nas ações
declaratórias de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual (art. 102, § 2º). No
Legislativo, a distribuição de competências entre Câmara e Senado também se faz de forma que haja
absoluta independência funcional entre uma e outra Casa do Congresso.”

Ressaltando por fim que, mediante decreto, será de competência do Presidente da República (art. 84
CF/88) versar sobre a organização e funcionamento da Administração Pública Federal, mas caso implicar
o aumento das despesas ou até mesmo na criação e extinção de órgãos públicos, será mediante lei.

Questões

01. (ANS - Técnico em Regulação de Saúde Suplementar - FUNCAB) No tocante aos poderes
administrativos pode-se afirmar que a delegação e avocação decorrem do poder:
(A) hierárquico.
(B) discricionário.
(C) disciplinar.
(D) regulamentar.
(E) de polícia.

02. (MPOG - Atividade Técnica - FUNCAB). Delegação e avocação são institutos relacionados ao
poder interno e permanente da Administração Pública denominada:
(A) disciplinar.
(B) restritivo.
(C) policial.
(D) consultivo.
(E) hierárquico.

03. (Câmara Municipal de Caruaru/PE - Analista Legislativo - FGC) A Administração Pública


escalona, em plano vertical, seus órgãos e agentes com o objetivo de organizar a função administrativa,
por meio do poder
(A) disciplinar.
(B) de polícia.
(C) regulamentar.
(D) hierárquico.
(E) vinculado.

Gabarito

01.A / 02.E / 03.D

15
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 27ªed. São Paulo: Atlas, 2014.

47
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
Comentários

01. Resposta: A
O poder hierárquico é aquele conferido à autoridade administrativa para distribuir e escalonar funções
de seus órgãos, estabelecendo uma relação de coordenação e subordinação entre os servidores sob sua
chefia. Essa relação de subordinação (hierarquia) acarreta algumas consequências, como o dever de
obediência dos subordinados, a possibilidade de o superior delegar ou avocar atribuições e, também, a
de rever os atos dos seus subordinados.

02. Resposta: E
A avocação e a delegação são institutos que nascem do Poder Hierárquico:
a. Avocação: trata-se de forma de concentração de competência, na medida que o agente público
chama para si a competência de um subordinado. No Brasil, existe apenas a avocação vertical (de cima
para baixo). Tal espécie de avocação depende do vínculo de subordinação.
b. Delegação: trata-se de forma de distribuição de competência. O agente delega parte de sua
competência a um subordinado ou não subordinado, portanto, diferentemente da avocação, a delegação
não depende do vínculo de subordinação. É o caso, por exemplo, do oficial de justiça que cumpre os
mandados do colega que está de férias.

03. Resposta: D
É o de que dispõe o Executivo para distribuição e escalonamento das funções de seus órgãos, ordenar
e rever a atuação de seus agentes estabelecendo a relação de subordinação entre os servidores do seu
quadro de pessoal.

Poder Disciplinar: para que a Administração possa se organizar é necessário que haja a possibilidade
de aplicar sanções aos agentes que agem de forma ilegal. A aplicação de sanções para o agente que
infringiu norma de caráter funcional é exercício do poder disciplinar. Não se trata aqui de sanções penais
e sim de penalidades administrativas como advertência, suspensão, demissão, entre outras.
Estão sujeitos às penalidades os agentes públicos quando praticarem infração funcional, que é aquela
que se relaciona com a atividade desenvolvida pelo agente.
Acima vimos que a aplicação de sanção é ato discricionário, ou seja, cabe ao administrador público
verificar qual a sanção mais oportuna e conveniente para ser aplicada ao caso concreto. Para tanto ele
deve considerar as atenuantes e as agravantes, a natureza e a gravidade da infração, bem como os
prejuízos causados e os antecedentes do agente público.
É necessário que a decisão de aplicar ou não a sanção seja motivada para que se possa controlar sua
regularidade.

Questões

01. (MPE/RN -Técnico do Ministério Público Estadual - COMPERVE/2017) Os poderes inerentes à


Administração Pública são necessários para que ela sobreponha a vontade da lei à vontade individual, o
interesse público ao privado. Nessa perspectiva,
(A) no exercício do poder disciplinar, são apuradas infrações e aplicadas penalidades aos servidores
públicos sempre por meio de procedimento em que sejam asseguradas a ampla defesa e o contraditório.
(B) no exercício do poder normativo, são editados decretos regulamentares estabelecendo normas
ultra legem, inovando na ordem jurídica para criar direitos e obrigações.
(C) o poder de polícia, apesar de possuir o atributo da coercibilidade, carece do atributo da
autoexecutoriedade, de modo que a Administração Pública deve sempre recorrer ao judiciário para
executar suas decisões.
(D) o poder conferido à Administração Pública é uma faculdade que a Constituição e a lei colocam à
disposição do administrador, que o exercerá de acordo com sua livre convicção.

02. (PC/PE - Delegado de Polícia - CESPE) Acerca dos poderes e deveres da administração pública,
assinale a opção correta.
(A) A autoexecutoriedade é considerada exemplo de abuso de poder: o agente público poderá impor
medidas coativas a terceiros somente se autorizado pelo Poder Judiciário.
(B) À administração pública cabe o poder disciplinar para apurar infrações e aplicar penalidades a
pessoas sujeitas à disciplina administrativa, mesmo que não sejam servidores públicos.

48
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
(C) Poder vinculado é a prerrogativa do poder público para escolher aspectos do ato administrativo
com base em critérios de conveniência e oportunidade; não é um poder autônomo, devendo estar
associado ao exercício de outro poder.
(D) Faz parte do poder regulamentar estabelecer uma relação de coordenação e subordinação entre
os vários órgãos, incluindo o poder de delegar e avocar atribuições.
(E) O dever de prestar contas aos tribunais de contas é específico dos servidores públicos; não é
aplicável a dirigente de entidade privada que receba recursos públicos por convênio.

03. (MPOG - Atividade Técnica - FUNCAB) A aplicação da penalidade de demissão a um servidor


público exemplifica o exercício de um dos poderes da Administração Pública. O referido poder denomina-
se
(A) de polícia.
(B) disciplinar.
(C) hierárquico.
(D) regulamentar.
(E) delegatório.

04. (MJ - Gerente de Projetos em Tecnologia da Informação - FUNCAB) São poderes cujo exercício
tem efeitos apenas no âmbito interno da Administração Pública:
(A) hierárquico e regulamentar.
(B) hierárquico e disciplinar.
(C) disciplinar e regulamentar.
(D) regulamentar e de polícia.
(E) disciplinar e de polícia.

Gabarito

01.A / 02.B / 03.B / 04.B

Comentários

01. Resposta: A
O poder disciplinar é aquele conferido ao agente público para a aplicação de sanções aos agentes,
em decorrência de alguma infração disciplinar funcional. O poder disciplinar visa punir às pessoas sujeitas
à disciplina da Administração em razão da prática de infração administrativa, que deverão ser apuradas
através de processo administrativo, assegurando a ampla defesa e o contraditório.

02. Resposta: B
Poder disciplinar é o que cabe à administração Pública para apurar infrações e aplicar penalidades aos
servidores públicos e demais pessoas sujeitas à disciplina administrativa; é o caso dos estudantes de
uma escola pública.16

03. Resposta: B
Poder disciplinar é o poder atribuído a Administração Pública para aplicar sanções administrativas aos
seus agentes pela prática de infrações de caráter funcional. O poder disciplinar abrange somente as
sanções administrativas, como por exemplo, a advertência, a multa, a suspensão e a demissão.
Entretanto, não podemos esquecer que existem sanções penais e civis que podem ser aplicadas ao caso
concreto, embora não façam parte do poder disciplinar.

04. Resposta: B
Poder Hierárquico - É a relação de subordinação existente entre os vários órgãos e agentes
administrativos, com distribuição de funções e a gradação de autoridade de cada um. Lembrando que
não há hierarquia entre a administração direta e indireta.
Poder Disciplinar - O poder disciplinar é o poder-dever de punir internamente as infrações funcionais
dos servidores e demais pessoas sujeitas à disciplina dos órgãos e serviços da Administração. Não se
aplica penalidade administrativa sem o devido processo administrativo.

16
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 27ªed. São Paulo: Atlas, 2014.

49
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
Poder Regulamentar ou Poder Normativo: é o poder que tem os chefes do Poder Executivo de criar
regulamentos, de dar ordens e de editar decretos, com a finalidade de oferecer fiel execução à lei, sendo,
portanto, privativa dos Chefes do Executivo e, em princípio, indelegável.
Podemos dizer então que esse poder, são normas internas da Administração. Como exemplo temos a
seguinte disposição constitucional (art. 84, IV, CF/88):

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: [...]


IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua
fiel execução.

De acordo com Mazza17 “O poder regulamentar enquadra-se em uma categoria mais ampla
denominada poder normativo, que inclui todas as diversas categorias de atos gerais, tais como:
regimentos, instruções, deliberações, resoluções e portarias”.

A função do poder regulamentar é estabelecer detalhes quanto ao modo de aplicação de dispositivos


legais, dando maior clareza aos comandos gerais de caráter abstratos presentes na lei.
- Os atos gerais são os atos como o próprio nome diz, geram efeitos para todos (erga omnes); e
- O caráter abstrato é aquele onde há uma relação entre a circunstância ou atividade que poderá
ocorrer e a norma regulamentadora que disciplina eventual atividade.

Para Mazza18 “existem casos raros em que os atos regulamentares são gerais e concretos, como
ocorre com os regulamentos revogadores expedidos com a finalidade específica de extinguir ato
normativo anterior. Trata-se, nessa hipótese, de ato geral e concreto porque se esgota imediatamente
após cumprir a tarefa de revogar o regulamento pretérito”.

Tal privatividade, enunciada no art. 84, caput, da Constituição Federal, é coerente com a regra prevista
no art. 13, I, da Lei nº 9.784/99, segundo a qual não pode ser objeto de delegação a edição de atos de
caráter normativo. Entretanto, o parágrafo único do art. 84 da Constituição Federal prevê a possibilidade
de o Presidente da República delegar aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao
Advogado-Geral da União a competência para dispor, mediante decreto, sobre:

A) Organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa


nem criação ou extinção de órgãos públicos; e
B) Extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos.

Deve-se considerar as hipóteses do art. 84, parágrafo único, da CF, como os únicos casos admitidos
de delegação de competência regulamentar.
Cabe destacar que as agências reguladoras são legalmente dotadas de competência para estabelecer
regras disciplinando os respectivos setores de atuação. É o denominado poder normativo das agências.
Tal poder normativo tem sua legitimidade condicionada ao cumprimento do princípio da legalidade na
medida em que os atos normativos expedidos pelas agências ocupam posição de inferioridade em relação
à lei dentro da estrutura do ordenamento jurídico.
Além disso, convém frisar que não se trata tecnicamente de competência regulamentar porque a
edição de regulamentos é privativa do Chefe do Poder Executivo (art. 84, IV, da CF). Por isso, os atos
normativos expedidos pelas agências reguladoras nunca podem conter determinações, simultaneamente,
gerais e abstratas, sob pena de violação da privatividade da competência regulamentar.
Portanto, é fundamental não perder de vista dois limites ao exercício do poder normativo decorrentes
do caráter infralegal dessa atribuição, que são:
A) Os atos normativos não podem contrariar regras fixadas na legislação ou tratar de temas que não
foram objeto de lei anterior;
B) É vedada a edição, pelas agências, de atos administrativos gerais e abstratos.

Questões

01. (PC/AC - Escrivão de Polícia Civil - IBADE/2017) Considerando os Poderes e Deveres da


Administração Pública e dos administradores públicos, é correta a seguinte afirmação:

17
MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. Ed. Saraiva. 4ª edição. 2014.
18
MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. Ed. Saraiva. 4ª edição. 2014.

50
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
(A) O dever-poder normativo viabiliza que o Chefe do Poder Executivo expeça regulamentos para a
fiel execução de leis.
(B) O dever-poder de polícia, também denominado de dever-poder disciplinar ou dever-poder da
supremacia da administração perante os súditos, é a atividade da administração pública que, limitando
ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de
interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção
e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do
Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.
(C) Verificado que um agente público integrante da estrutura organizacional da Administração Pública
praticou uma infração funcional, o dever-poder de polícia autoriza que seu superior hierárquico aplique
as sanções previstas para aquele agente.
(D) O dever-poder de polícia pressupõe uma prévia relação entre a Administração Pública e o
administrado. Esta é a razão pela qual este dever-poder possui por fundamento a supremacia especial.
(E) A possibilidade do chefe de um órgão público emitir ordens e punir servidores que desrespeitem o
ordenamento jurídico não possui arrimo no dever-poder de polícia, mas sim no dever-poder normativo.

02. (Prefeitura de Rio de Janeiro/RJ - Administrador - RJ) Ao editar leis, o Poder Legislativo nem
sempre possibilita que elas sejam executadas. Cumpre, então, à Administração criar os mecanismos de
complementação das leis indispensáveis a sua efetiva aplicabilidade. Essa atividade é definida pela
doutrina como base do exercício do poder:
(A) regulamentar
(B) hierárquico
(C) disciplinar
(D) vinculado

03. (PC/PA - Escrivão de Polícia Civil - FUNCAB) No que se refere aos poderes da Administração
Pública, é correto afirmar que:
(A) praticado o ato por autoridade, no exercício de competência delegada, contra a autoridade
delegante caberá mandado de segurança, ou outra medida judicial, por ser detentora da competência
originária.
(B) o Poder regulamentar deverá ser exercido nos limites legais, sem inovar no ordenamento jurídico,
expedindo normas gerais e abstratas, permitindo a fiel execução das leis, minudenciando seus termos.
(C) o Poder Hierárquico é o escalonamento vertical típico da administração direta. Desta forma, a
aplicação de uma penalidade pelo poder executivo da União a uma concessionária de serviço público é
uma forma de manifestação deste Poder.
(D) tanto a posição da doutrina, quanto da jurisprudência são pacíficas sobre a possibilidade de edição
dos regulamentos autônomos, mesmo quando importarem em aumento de despesas.
(E) decorre do Poder Hierárquico a punição de um aluno de uma universidade pública pelo seu reitor,
uma vez que este é o chefe da autarquia educacional, sendo competência dele a punição dos alunos
faltosos.

04. (TRT 8ª Região (PA e AP) - Técnico Judiciário - CESPE) Assinale a opção correta, a respeito
dos poderes da administração.
(A) A autoexecutoriedade inclui-se entre os poderes da administração
(B) A existência de níveis de subordinação entre órgãos e agentes públicos é expressão do poder
discricionário
(C) Poder disciplinar da administração pública e poder punitivo do Estado referem-se à repressão de
crimes e contravenções tipificados nas leis penais.
(D) O poder regulamentar refere-se às competências do chefe do Poder Executivo para editar atos
administrativos normativos.
(E) O poder de polícia não se inclui entre as atividades estatais administrativas.

05. (TRE/RR - Técnico Judiciário - FCC) A edição de atos normativos de efeitos internos, com o
objetivo de ordenar a atuação dos órgãos subordinados decorre do poder
(A) disciplinar.
(B) regulamentar.
(C) hierárquico.
(D) de polícia.
(E) normativo.

51
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
Gabarito

01.A / 02.A / 03.B / 04.D / 05.C

Comentários

01. Resposta: A
O Poder Normativo ou Poder Regulamentar relaciona-se ao poder que a Administração possui em
editar atos para complementação da lei. Se regulamenta por Decreto, em obediência ao artigo 84, IV, CF.

02. Resposta: A
O exercício do poder regulamentar encontra fundamento no art. 84, IV, da Constituição Federal,
consistindo na competência atribuída aos Chefes de Poder Executivo para que editem normas gerais e
abstratas destinadas a detalhar as leis, possibilitando a sua fiel execução (regulamentos).

03. Resposta: B
De acordo com Alexandre Mazza, o poder regulamentar decorre do poder hierárquico e consiste na
possibilidade de os Chefes do Poder Executivo editarem atos administrativos gerais e abstratos, ou gerais
e concretos, expedidos para dar fiel execução à lei.

04. Resposta: D
O poder regulamentar é o poder conferido aos Chefes do Executivo para editar decretos e
regulamentos com a finalidade de oferecer fiel execução à lei. Temos como exemplo o art. 84, IV, CF/88.

05. Resposta: C
O Poder Normativo e o Regulamentar guardam algumas semelhanças com a função legislativa (apesar
de não se confundirem), pois de ambos emanam normas gerais e atos com efeitos erga omnes e
abstratos. Nisto diferem do Poder Hierárquico, que apesar de também editar normas gerais e atos
normativos, o faz direcionado aos subordinados, apenas, ou seja, carente do efeito erga omnes.

Poder de Polícia: é o poder conferido à Administração para condicionar, restringir e frenar o exercício
de direitos e atividades dos particulares em nome dos interesses da coletividade. Ex.: fiscalização.
Será considerado originário, o Poder de Polícia exercido pelas pessoas políticas do Estado, como é o
caso da União, Estados e Municípios. Por sua vez o poder delegado é aquele exercido pelas pessoas
pertencentes à Administração Indireta. Estes recebem o poder e o executam.

O art. 78 do Código Tributário Nacional assim conceitua poder de polícia:

Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou
disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de
interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção
e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do
Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.
Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado pelo
órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de
atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder.

O que autoriza o Poder Público a condicionar ou restringir o exercício de direitos e a atividade dos
particulares é a supremacia do interesse público sobre o interesse particular.
O poder de polícia se materializa por atos gerais ou atos individuais:

- Ato geral é aquele que não tem um destinatário específico. Exemplo: Ato que proíbe a venda de
bebidas alcoólicas a menores - atinge todos os estabelecimentos comerciais.
- Ato individual é aquele que tem um destinatário específico. Exemplo: Autuação de um
estabelecimento comercial específico por qualquer motivo de irregularidade, por exemplo, segurança.

O poder de polícia poderá atuar inclusive sobre o direito da livre manifestação do pensamento. Poderá
retirar publicações de livros do mercado ou alguma programação das emissoras de rádio e televisão

52
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
sempre que estes ferirem valores éticos e sociais da pessoa e da família. Exemplo: Livros que façam
apologia à discriminação racial, programas de televisão que explorem crianças, etc.
Os meios de atuação da Administração no exercício do poder de polícia compreendem os atos
normativos que estabelecem limitações ao exercício de direitos e atividades individuais e os atos
administrativos consubstanciados em medidas preventivas e repressivas, dotados de coercibilidade.
A competência surge como limite para o exercício do poder de polícia. Quando o órgão não for
competente, o ato não será considerado válido.
O limite do poder de atuação do poder de polícia não poderá divorciar-se das leis e fins em que são
previstos, ou seja, deve-se condicionar o exercício de direitos individuais em nome da coletividade. Neste
pensamento podemos indagar o seguinte, poder de polícia pode ser exercido por meio de atos vinculados
ou de atos discricionários, neste caso quando houver certa margem de apreciação deixada pela lei.

Limites19

Mesmo que o ato de polícia seja discricionário, a lei impõe alguns limites quanto à competência, à
forma, aos fins ou ao objeto.
Quanto à competência e procedimento (forma), observa-se as normas legais pertinentes, a lei.
Já em relação aos fins, o poder de polícia só deve ser exercido para atender ao interesse público. A
autoridade que fugir a esta regra incidirá em desvio de poder e acarretará a nulidade do ato com todas
as consequências nas esferas civil, penal e administrativa. O fundamento do poder de polícia é a
predominância do interesse público sobre o particular, logo, torna-se escuso qualquer benefício em
detrimento do interesse público.
Enquanto que o objeto (meio de ação), deve-se considerar o princípio da proporcionalidade dos meios
aos fins. O poder de polícia não deve ir além do necessário para a satisfação do interesse público que
visa proteger, pois sua finalidade é assegurar o exercício dos direitos individuais, condicionando-os ao
bem-estar social. Só poderá reduzi-los quando em conflito com interesses maiores da coletividade e na
medida estritamente necessária à consecução dos fins estatais.
Para os executores dos atos de polícia, pode não ser fácil o estabelecimento das linhas divisórias entre
a discricionariedade e a arbitrariedade. Mister se faz que os executores dos atos de polícia tenham
treinamento adequado, com bons conhecimentos dos direitos dos cidadãos, para se aterem aos limites
legais do poder de polícia, e não adotarem a arbitrariedade.
Um freio eficiente para deter a arbitrariedade é o bom senso nos atos de polícia. Bom senso na
verificação dos resultados de cada atitude. Bom senso na aplicação da coercitividade. Deve-se manter a
proporcionalidade entre a infração e o ato coercitivo, para não se extrapolar os limites estabelecidos.
Portanto, com os limites impostos à discricionariedade, o que se pretende é vedar qualquer
manifestação de arbitrariedade por parte do agente do poder de polícia. A intenção não é extinguir os
direitos individuais com as medidas administrativas referentes ao poder de polícia mas sim aplicar os
princípios da necessidade, proporcionalidade, eficácia e razoabilidade.

Extensão

Assim ensina Meirelles:


“A extensão do poder de polícia é hoje muito ampla, abrangendo desde a proteção à moral e aos bons
costumes, a preservação da saúde pública, a censura de filmes e espetáculos públicos, o controle das
publicações, a segurança das construções e dos transportes, a manutenção da ordem pública em geral,
até à segurança nacional em particular. Daí, encontramos nos Estados modernos, a polícia de costumes,
a polícia sanitária, a polícia das águas e da atmosfera, a polícia florestal, a polícia rodoviária, a policia de
trânsito, a polícia das construções, a polícia dos meios de comunicação e divulgação, a polícia política e
social, a polícia da economia popular, e outras que atuam sobre as atividades individuais que afetam ou
possam afetar os superiores interesses da coletividade, a que incumbe o Estado velar e proteger. Onde
houver interesse relevante da comunidade ou da Nação, deve haver, correlatamente, igual poder de
polícia para a proteção desse interesse público. É a regra sem exceção”.

Poder de Polícia Municipal

Conforme ensina Nelson Nery Costa20, o poder de polícia municipal deve ser entendido como o
conjunto de intervenções administrativas, restringindo direitos e liberdades dos munícipes, em favor dos
19
http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=8930
20
COSTA, Nelson Nery. Direito municipal brasileiro, 6ª ed. rev., atual. e ampl., Rio de Janeiro: Forense, 2014

53
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
interesses da coletividade. Tal poder não se presta para suprimir a cidadania local, mas reduzir os
interesses individuais em prol da coletividade.
O poder de polícia compete, privativamente, ao Município, quando dispõe das matérias previstas nos
incisos do art. 30 da Constituição Federal, em relação aos assuntos de interesse local, organiza e presta
os serviços locais, incluído o de transporte coletivo, promove o adequado ordenamento territorial, além
de outras matérias que lhes são pertinentes, bem como outras fixadas em Constituição Estadual.
Já em outras circunstâncias, tal poder compete concorrentemente com a União e com o Estado, nas
competências previstas nos incisos do art. 23 do texto constitucional federal, como cuidar da saúde e
assistência pública; proteger o meio ambiente e combater a poluição; promover programas de construção
de moradias; fomentar a produção agropecuária e organizar o abastecimento alimentar, dentre outra21.

Atuação da Fiscalização
De forma geral, portanto, os Municípios, através do poder de polícia, atuam na fiscalização de diversas
áreas, tais como, fiscalização de posturas municipais (Ex: autorização de funcionamento de
estabelecimentos comerciais e industriais; uso dos logradouros públicos; autorização e funcionamento de
eventos; shows; autorização e controle de propagandas e anúncios nas áreas públicas, etc.) fiscalização
de obras de construção civil e outras; fiscalização sanitária; fiscalização do meio ambiente; fiscalização
de transporte, dentre outras.

Política de Construções
O município, no exercício de poder de polícia, atua no sentido de coibir a ocupação desordenada de
área pública, bem como de construções em desacordo com as normas legais. Nesse sentido, compete à
Administração Pública, no uso do Poder de Polícia, impedir construções irregulares ou destituídas de
alvará de construção, por exemplo.
O controle administrativo das construções visa evitar e corrigir distorções no crescimento urbano, bem
como os seus efeitos negativos para o meio ambiente e para a qualidade de vida das pessoas.

Regulamentação Edilícia e Licenciamento em geral


Uma das espécies de manifestações do Poder de Polícia ou das limitações administrativas ao direito
de propriedade é denominada polícia edilícia (ou das edificações ou construções). Esta atuação busca
tornar mais segura e digna a vida nas cidades, regulando as construções públicas e particulares.
De acordo com Hely Lopes Meirelles22: “A polícia das construções se efetiva pelo controle técnico-
funcional da edificação particular, tendo em vistas as exigências de segurança, higiene e funcionalidade
da obra segundo a sua destinação e o ordenamento urbanístico da cidade, expresso nas normas de
zoneamento, uso e ocupação do solo urbano”.[
Para um eficaz exercício desse poder-dever do Município, impõe-se a realização de um processo
administrativo de licenciamento e de acompanhamento de construções, ampliações, reformas e
demolições bem como ações de vigilância contra obras clandestinas.
Por serem atividades que intervêm com a ordenação urbana, qualquer construção, ampliação, reforma
ou demolição precisa ser previamente licenciada pelo Poder Público Municipal. A licença é
frequentemente chamada de “alvará” de construção, reforma, ampliação ou demolição.
Durante os processos de regulamentação e licenciamento em geral são avaliados os impactos
positivos e negativos do empreendimento ou da construção na qualidade de vida da coletividade,
abrangendo aspectos tais como, uso e ocupação do solo, valorização imobiliária, geração de tráfego e
demanda por transporte público, ventilação e iluminação, paisagem urbana e patrimônio natural e cultural,
dentre outros fatores.

Política de Costumes
O poder de polícia não se limita apenas em assegurar a ordem pública, se estende suas ações a limitar
ou disciplinar direitos individuais, ajustando-os ao interesse e ao bem-estar público, conforme os
costumes locais.
Hoje, poderíamos dizer que o poder de polícia está, necessária e obrigatoriamente, atrelado às normas
constitucionais. O Estado é obrigado a agir com o objetivo de adequar o exercício dos direitos individuais
ao bem-estar geral.

21
COSTA, Nelson Nery. Direito municipal brasileiro, 6ª ed. rev., atual. e ampl., Rio de Janeiro: Forense, 2014
22
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Municipal Brasileiro, São Paulo: Malheiros, 1993, 6ª ed., p. 351.

54
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
Política de Meio Ambiente
O artigo 225 da Constituição Federal estabelece que diz que “todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-
se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações”.
Nesse sentido, o exercício do Poder de Polícia na fiscalização do meio ambiente, é essencial para a
prevenção de danos ambientais. Assim, dentre outras atribuições, compete ao município promover a
proteção do meio ambiente, em especial, da fauna e flora, controlar a poluição ambiental, bem como
controlar e fiscalizar as atividades e empreendimentos de que possam decorrer poluição ou agressão à
natureza, de forma a garantir a máxima efetividade à proteção ao meio ambiente.

Política de Higiene
Dentre as atribuições do Poder de Polícia está o dever de fiscalização das normas concernentes à
higiene, conforme disposto no artigo 78 do CTN.
Esta fiscalização em geral é realizada pela Vigilância Sanitária, que tem a missão de proteger à saúde
da população. Para tanto, a Vigilância Sanitária estabelece quais são as normas que devem ser
consideradas e respeitadas na produção, uso e circulação de produtos que apresentem algum tipo de
risco para a saúde das pessoas, bem como no funcionamento de bares, restaurantes, etc.
O transporte de alimentos, por exemplo, tem que ser feito em condições tais que protejam o produto
da deterioração ou contaminação e, por conseguinte, protejam a saúde daqueles que vão consumir.

Liberdades Públicas e o Poder de Polícia

Estes se referem aos atributos do poder de polícia. Os atributos do poder de polícia, é certo que
busca-se garantir a sua execução e a prioridade do interesse público. São eles: discricionariedade,
autoexecutoriedade e coercibilidade.

- Discricionariedade: a Administração Pública goza de liberdade para estabelecer, de acordo com


sua conveniência e oportunidade, quais serão os limites impostos ao exercício dos direitos individuais e
as sanções aplicáveis nesses casos. Também confere a liberdade de fixar as condições para o exercício
de determinado direito.
No entanto, a partir do momento em que são fixados esses limites, com suas posteriores sanções, a
Administração será obrigada a cumpri-las, ficando dessa maneira obrigada a praticar seus atos
vinculados.
Por exemplo: fixar o limite de velocidade para transitar nas vias públicas.

- Autoexecutoriedade: Não é necessário que o Poder Judiciário intervenha na atuação da


Administração Pública. No entanto, essa liberdade não é absoluta, pois compete ao Poder Judiciário o
controle desse ato.
Somente será permitida a autoexecutoriedade quando esta for prevista em lei, além de seu uso para
situações emergenciais, em que será necessária a atuação da Administração Pública.
Vale lembrar que a administração pública pode executar, por seus próprios meios, suas decisões, não
precisando de autorização judicial.

- Coercibilidade: Limita-se ao princípio da proporcionalidade, na medida que for necessária será


permitido o uso da força par cumprimento dos atos. A coercibilidade é um atributo que torna obrigatório o
ato praticado no exercício do poder de polícia, independentemente da vontade do administrado.

Polícia Administrativa - Polícia Judiciária23

Existe uma distinção clara entre o poder de polícia administrativa, ora tratada, e o poder de polícia
judiciária. O primeiro tem um caráter essencialmente preventivo, ou até mesmo educativo, enquanto o
segundo age de forma repressiva. O primeiro procura impedir as ações antissociais, e o segundo a punir
os infratores da lei penal, como diz Maria Sylvia Zanella di Pietro.
Isso não quer dizer que o poder de polícia administrativa não pode punir o infrator, como interditar um
estabelecimento ou embargar uma obra, ou mesmo apreender uma mercadoria deteriorada, mas as

23
TAUIL, Roberto Adolfo - “O Poder de Polícia e a Fiscalização Municipal” - disponível em: http://www.consultormunicipal.adv.br/novo/admmun/0030.pdf

55
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
punições são provocadas em razão de atos ilícitos administrativos, atos que afrontam a legislação
administrativa.
Quando, porém, a ação ilícita for de natureza penal, a competência de agir pertence à polícia judiciária.
Evidente, porém, que há situações em que o ilícito pode afrontar tanto a legislação administrativa
quanto penal, quando, então, a ação deflagrada, se não for conjunta, deve ter os seus resultados
comunicados ao outro poder policial, para que este cumpra a sua missão.
Não compete, assim, aos Agentes Fiscais de Poder de Polícia Administrativa intervir em ações ilícitas
de natureza exclusivamente penal, como, por exemplo, apreender mercadorias contrabandeadas,
roubadas ou falsificadas.
Tais ações são pertinentes aos policiais judiciários, a Polícia Militar ou Civil. O máximo que se permite
é uma ação desencadeada em conjunto, mas, mesmo assim, o auto de apreensão e o boletim de
ocorrência são documentos lavrados pela polícia judiciária. Do mesmo modo, não cabe aos policiais
judiciários ações puramente afetas aos agentes fiscais administrativos, como exigir a apresentação de
alvará dos estabelecimentos, ou exigir prova de pagamento de tributos. Tais exigências são ilegais e
arbitrárias, a não ser que façam parte de um processo penal em curso.

Uso e Abuso De Poder

Sempre que a Administração extrapolar os limites dos poderes aqui expostos, estará cometendo uma
ilegalidade. A ilegalidade traduz o abuso de poder que, por sua vez, pode ser punido judicialmente.
O abuso de poder pode gerar prejuízos a terceiros, caso em que a Administração será
responsabilizada. Todos os Poderes Públicos estão obrigados a respeitar os princípios e as normas
constitucionais, qualquer lesão ou ameaça, outorga ao lesado a possibilidade do ingresso ao Poder
Judiciário.
A responsabilidade do Estado se traduz numa obrigação, atribuída ao Poder Público, de compor os
danos patrimoniais causados a terceiros por seus agentes públicos tanto no exercício das suas atribuições
quanto agindo nessa qualidade.

Questões

01. (CFESS - Assistente Técnico Administrativo - CONSULPLAN/2017) Quando a Administração


Pública aplica penalidade de cassação da carteira de motorista ao particular que descumpre as regras de
direção de veículos configura-se o exercício do poder
(A) de polícia.
(B) disciplinar.
(C) ordinatório.
(D) regulamentar

02. (IF/BA - Assistente em Administração - FUNRIO) O poder de polícia tem atributos específicos e
peculiares ao seu exercício, sendo eles:
(A) discricionariedade, autoexecutoriedade e coercibilidade.
(B) imperatividade, direção e coercibilidade.
(C) objetividade, imperatividade e autoexecutoriedade.
(D) exclusividade, coercibilidade e objetividade.
(E) discricionariedade, tempestividade e direção.

03. (Prefeitura de Curitiba/PR - Procurador - UFPR) Sobre o poder de polícia, é correto afirmar:
(A) Um dos fundamentos do poder de polícia é o princípio da supremacia do interesse público sobre o
particular.
(B) O poder de polícia é uma das manifestações subjetivas da Administração Pública.
(C) O princípio da proporcionalidade é um dos limites impostos ao exercício do poder de polícia, porém
a ele (poder da polícia) não se aplica o princípio da motivação, por ser uma atividade de cunho
discricionário.
(D) São características do poder de polícia a coercibilidade, a autoexecutoriedade e a eficácia, esta
considerada como a relação entre o direito individual e o dano a ser prevenido.
(E) A competência do agente, por se situar no plano da eficácia da medida de polícia, deve ser
observada, sob pena de ilegalidade da atuação administrativa.

56
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
04. (Prefeitura de Rio Grande da Serra/SP - Procurador - IMES) São características inerentes ao
poder de polícia da Administração Pública:
(A) legalidade, impessoalidade e facultatividade.
(B) moralidade, coatividade e proporcionalidade.
(C) autoexecutoriedade, discricionariedade e coercibilidade.
(D) eficiência, imperatividade e derrogabilidade.

05. (PC/SE - Delegado de Polícia - CESPE/2018) Acerca do poder de polícia — poder conferido à
administração pública para impor limites ao exercício de direitos e de atividades individuais em função do
interesse público —, julgue o próximo item.
O poder de polícia é indelegável.
( ) Certo ( ) Errado
Gabarito

01.A / 02.A / 03.A / 04.C / 05. Errado

Comentários
01. Resposta: A
O Poder de Polícia: é o poder conferido à Administração para condicionar, restringir, frenar o exercício
de direitos e atividades dos particulares em nome dos interesses da coletividade.

02. Resposta: A
São atributos do Poder e Polícia:
- Discricionariedade: Consiste na livre escolha, pela Administração Pública, dos meios adequados para
exercer o poder de polícia, bem como, na opção quanto ao conteúdo, das normas que cuidam de tal
poder.
- Autoexecutoriedade: Possibilidade efetiva que a Administração tem de proceder ao exercício imediato
de seus atos, sem necessidade de recorrer, previamente, ao Poder Judiciário.
- Coercibilidade: É a imposição imperativa do ato de polícia a seu destinatário, admitindo-se até o
emprego da força pública para seu normal cumprimento, quando houver resistência por parte do
administrado.
- Atividade Negativa: Tendo em vista o fato de não pretender uma atuação dos particulares e sim sua
abstenção, são lhes impostas obrigações de não fazer.

03. Resposta: A
Para Celso Antônio Bandeira de Mello.
"Poder de Polícia é a atividade da Administração Pública, que expressa em atos normativos ou
concretos, de condicionar, com fundamento em sua supremacia geral e na forma da lei, a liberdade e a
propriedade dos indivíduos, mediante ação ora fiscalizadora, ora preventiva, ora repressiva, impondo
coercitivamente aos particulares um dever de abstenção (non facere) a fim de conformar-lhes os
comportamentos aos interesses sociais consagrados no sistema normativo."

04. Resposta: C
A discricionariedade se traduz na livre escolha pela Administração Pública, da oportunidade e
conveniência de exercer ou não o Poder de Polícia. A autoexecutoriedade é a faculdade de que dispõe a
Administração de decidir e executar diretamente sua decisão, por seus próprios meios, sem a intervenção
do Poder Judiciário. E a coercibilidade, que é a determinação por parte da própria Administração das
medidas de força que se tornarem necessárias para a execução do ato ou aplicação da penalidade
resultante do exercício do Poder de Polícia.

05.Resposta:Errado
O Poder de Polícia pode ser delegado nos casos de fiscalização e consentimento.

57
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
6. Atos administrativos: conceitos, requisitos, atributos, classificação, espécies
e invalidação.

ATO ADMINISTRATIVO

Conceito
Ato administrativo é toda manifestação lícita e unilateral de vontade da Administração ou de quem lhe
faça às vezes, que agindo nesta qualidade tenha por fim imediato adquirir, transferir, modificar ou extinguir
direitos e obrigações.
Os atos administrativos podem ser praticados pelo Estado ou por alguém que esteja em nome dele.
Logo, pode-se concluir que os atos administrativos não são definidos pela condição da pessoa que os
realiza. Tais atos são regidos pelo Direito Público.
Deve-se diferenciar o conceito de ato administrativo do conceito de ato da Administração. Este último
é ato praticado por órgão vinculado à estrutura do Poder Executivo.
Nem todo ato praticado pela Administração será ato administrativo, ou seja, há circunstâncias em que
a Administração se afasta das prerrogativas que possui, equiparando-se ao particular.
O que qualifica o ato como administrativo é o fato que sua repercussão jurídica produz efeitos a uma
determinada sociedade, devendo existir uma regulação pelo direito público. Para que esse ato seja
caracterizado, é necessário que ele seja emanado por um agente público, quer dizer, alguém que esteja
investido de múnus público, podendo atuar em nome da Administração.
Esse ato deve alcançar a finalidade pública, onde serão definidas prerrogativas, que diz respeito à
supremacia do interesse público sobre o particular, em virtude da indisponibilidade do interesse público.
Embora existam divergências, a doutrina mais moderna entende que os atos administrativos podem
ser delegados, assim os particulares recebem a delegação pelo Poder Público para prática dos referidos
atos.

Questões

01. (Câmara Municipal de Atibaia/SP - Advogado - CAIP-IMES) Assinale a alternativa incorreta.

Os atos administrativos:
(A) decorrem de manifestação bilateral de vontade da Administração Pública que, agindo nessa
qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos ou
impor obrigações aos administrados, apenas.
(B) decorrem de manifestação unilateral de vontade da Administração Pública no exercício da função
administrativa típica.
(C) decorrem de manifestação unilateral de vontade da Administração Pública que, agindo nessa
qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos ou
impor obrigações aos administrados ou a si própria.
(D) decorrem de manifestação unilateral de vontade da Administração Pública, portanto são de
exclusividade do Poder Executivo no exercício da função típica. Contudo, os demais poderes (Judiciário
e Legislativo) também podem exercê-los, atipicamente.

02. (CNMP -Técnico do CNMP FCC) Ato administrativo é:


(A) realização material da Administração em cumprimento de alguma decisão administrativa.
(B) sinônimo de fato administrativo.
(C) manifestação bilateral de poder da Administração pública que, agindo nessa qualidade, tenha por
fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir, declarar direitos e impor obrigações aos
administrados.
(D) manifestação unilateral de vontade da Administração pública que visa impor obrigações aos
administrados ou a si própria ou alguma realização material em cumprimento a uma decisão de si própria.
(E) manifestação unilateral de vontade da Administração pública que, agindo nessa qualidade, tenha
por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor
obrigações aos administrados ou a si própria.

Gabarito
01.A / 02.E

58
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
Comentários

01. Resposta: A
Os atos administrativos enquadram-se na categoria dos atos jurídicos. Logo, são manifestações
humanas, e não meros fenômenos da natureza. Ademais, são sempre manifestações unilaterais de
vontade (as bilaterais compõem os chamados contratos administrativos).

02. Resposta: E
Para Hely Lopes.
Ato Administrativo é toda manifestação unilateral de vontade da Administração Pública que, agindo
nessa qualidade, tenha por fim IMEDIATO adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar
direitos ou impor obrigações aos administrados ou a si própria.
Para Maria Sylvia.
É a declaração de vontade do Estado ou de quem o represente, que produz efeitos jurídicos imediatos,
com observância da lei, sob regime jurídico de direito público e se sujeita a controle do Poder Judiciário.
Para Celso Antônio.
É a declaração de vontade do Estado ou de lhe faça as vezes, no exercício de prerrogativas Públicas,
manifestada mediante providências jurídicas complementares da lei a título de lhe dar cumprimento e
sujeitas a controle de legitimidade dos órgãos jurisdicionais.

Requisitos / Elementos

São as condições necessárias para a existência válida do ato. Do ponto de vista da doutrina tradicional
(e majoritária nos concursos públicos), os requisitos dos atos administrativos são cinco:
Competência: o ato deve ser praticado por sujeito capaz, trata-se de requisito vinculado. Para que um
ato seja válido deve-se verificar se foi praticado por agente competente.
No Direito Administrativo quem define as competências de cada agente é a lei, que deverá limitar sua
atuação e fazer as atribuições de cada agente.
O ato deve ser praticado por agente público, assim considerado todo aquele que atue em nome do
Estado, podendo ser de qualquer título, mesmo que não ganhe remuneração, por prazo determinado ou
vínculo de natureza permanente.
Podem ser englobados como agentes, os agentes políticos, que são os detentores de mandatos
eletivos, secretários e ministros de Estado, considerando ainda os membros da magistratura e do
Ministério Público. Os atos ainda poderão ser praticados por particulares em colaboração com o poder
público, podendo se considerar aqueles que exercem função estatal, sem vínculo definido, como acontece
com jurados e mesários, por exemplo.
Além da competência para a prática do ato, se faz necessário que não exista impedimento e suspeição
para o exercício da atividade.
Deve-se ter em mente que toda a competência é limitada, não sendo possível um agente ter
competência ilimitada, tendo em vista o dever de observância da lei para definir os critérios de legitimação.
Objeto lícito: É o conteúdo do ato, o resultado que se visa receber com sua expedição. Todo e
qualquer ato administrativo tem por objeto a criação, modificação ou comprovação de situações jurídicas
referentes a pessoas, coisas ou atividades voltadas à ação da Administração Pública.
Forma: é o requisito vinculado que envolve a maneira de exteriorização e demais procedimentos
prévios que forem exigidos com a expedição do ato administrativo. Via de regra, os atos devem ser
escritos, permitindo de maneira excepcional atos gestuais, verbais ou provindos de forças que não sejam
produzidas pelo homem, mas sim por máquinas, que são os casos dos semáforos, por exemplo.
A forma específica se dá pelo fato de que os atos administrativos decorrem de um processo
administrativo prévio, que se caracterize por uma série de atos concatenados, com um propósito certo. A
exigência de forma para a prática dos atos da Administração Pública decorre do Princípio da Solenidade,
que pertence à atuação estatal, como forma de garantia de que os cidadãos serão contemplados com
essa ação.
Motivo: este integra os requisitos dos atos administrativos tendo em vista a defesa de interesses
coletivos. Por isso existe a teoria dos motivos determinantes;
O motivo será válido, sem irregularidades na prática do ato administrativo, exigindo-se que o fato
narrado no ato praticado seja real e tenha acontecido da forma como estava descrito na conduta estatal.
Difere-se de motivação, pois este é a explicação por escrito das razões que levaram à prática do ato.
Finalidade: o ato administrativo somente visa a uma finalidade, que é a pública; se o ato praticado
não tiver essa finalidade, ocorrerá abuso ou desvio de poder.

59
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
Questão

01. (DPE/PE - Estagiário de Direito - DPE-PE) São elementos do ato administrativo:


(A) presunção de legalidade, economicidade, eficiência e motivação.
(B) competência, forma e vinculação.
(C) presunção de legitimidade e impessoalidade.
(D) competência, forma, objeto, finalidade e motivo
(E) vinculação e discricionariedade.

Gabarito

01.D

Comentário

01. Resposta: D
Competência: o ato deve ser praticado por sujeito capaz, trata-se de requisito vinculado. Para que um
ato seja válido deve-se verificar se foi praticado por agente competente.
Finalidade: O ato administrativo somente visa a uma finalidade, que é a pública; se o ato praticado
não tiver essa finalidade, ocorrerá abuso de poder;
Forma: é o requisito vinculado que envolve a maneira de exteriorização e demais procedimentos
prévios que forem exigidos com a expedição do ato administrativo. Via de regra, os atos devem ser
escritos, permitindo de maneira excepcional atos gestuais, verbais ou provindos de forças que não sejam
produzidas pelo homem, mas sim por máquinas, que são os casos dos semáforos, por exemplo.
Motivo: Este integra os requisitos dos atos administrativos tendo em vista a defesa de interesses
coletivos. Por isso existe a teoria dos motivos determinantes;
Objeto lícito: É o conteúdo ato, o resultado que se visa receber com sua expedição. Todo e qualquer
ato administrativo tem por objeto a criação, modificação ou comprovação de situações jurídicas referentes
a pessoas, coisas ou atividades voltadas à ação da Administração Pública.

Atributos ou Características

São prerrogativas que existem por conta dos interesses que a Administração representa, são as
qualidades que permitem diferenciar os atos administrativos dos outros atos jurídicos. São eles:
Presunção de legitimidade: é a presunção de que os atos administrativos devem ser considerados
válidos, até que se demonstre o contrário, a bem da continuidade da prestação dos serviços públicos.
Isso não significa que os atos administrativos não possam ser contrariados, no entanto, o ônus da prova
é de quem alega.

60
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
O atributo de presunção de legitimidade confere maior agilidade à atuação administrativa, já que depois
da prática do ato, estará apto a produzir efeitos automaticamente, como se fosse válido, até que se
declare sua ilegalidade por decisão administrativa ou judicial.
Imperatividade: é o poder que os atos administrativos possuem de gerar unilateralmente obrigações
aos administrados, independente da concordância destes. É a prerrogativa que a Administração possui
para impor determinado comportamento a terceiros.
Exigibilidade ou coercibilidade: é o poder que possuem os atos administrativos de serem exigidos
quanto ao seu cumprimento sob ameaça de sanção.
Autoexecutoriedade: é o poder pelo qual os atos administrativos podem ser executados
materialmente pela própria administração, independentemente da atuação do Poder Judiciário.
Para a ocorrência da autoexecutoriedade é necessário a presença dos seguintes requisitos:
a) Quando a lei expressamente previr;
b) Quando estiver tacitamente prevista em lei (nesse caso deverá haver a soma dos seguintes
requisitos:
- situação de urgência; e
- inexistência de meio judicial idôneo capaz de, a tempo, evitar a lesão.
Tipicidade24: é o atributo pelo qual o ato administrativo deve corresponder a figuras previamente
definidas pela lei como aptas a produzir determinados efeitos. O presente atributo é uma verdadeira
garantia ao particular que impede a Administração de agir absolutamente de forma discricionária. Para
tanto, o administrador somente pode exercer sua atividade nos termos estabelecidos na lei, presente nos
atos unilaterais. Não existe tipicidade em atos bilaterais, já que não há imposição de vontade da
Administração perante a outra parte. É o caso dos contratos, onde a sua realização depende de aceitação
da parte contrária.

Questão

01. (DPE/RS - Defensor Público Sobre atos administrativos - FCC) É correto afirmar:
(A) A autoexecutoriedade é um atributo de alguns atos administrativos que autoriza a execução
coercitiva, independente da concorrência da função jurisdicional.
(B) A autoexecutoriedade constitui atributo dos atos administrativos negociais, que, como contratos,
dependem da concorrência de vontade do administrado.
(C) A arguição de invalidade de ato administrativo por vícios ou defeitos impede a imediata execução
e afasta a imperatividade.
(D) Todos os atos administrativos possuem como atributos a presunção de legitimidade, a
imperatividade e a autoexecutoriedade.
(E) A administração deverá fazer prova da legalidade do ato administrativo quando sobrevier
impugnação pelo destinatário.

Gabarito

01.A

Comentário

01. Resposta: A
A assertiva está plenamente correta já que a autoexecutoriedade autoriza a execução do administrativo
sem o aval do Poder Judiciário.

Elementos

O elemento quer dizer a parte que compõe um todo, e desta maneira é o que é externo ou antecedente
ao ato, não pode ser parte dele.
Desta maneira podemos considerar que elemento é o conteúdo e a forma.
Conteúdo: é a disposição sobre a coisa, o objeto. Desta maneira se distinguem entre si, não sendo
iguais. Tem relação com o que o ato dispõe, ou seja, o que o ato decide, opina, certifica, enuncia e altera
na ordem jurídica.

24
http://www.stf.jus.br/repositorio/cms/portalTvJustica/portalTvJusticaNoticia/anexo/Carlos_Barbosa_Atos_administrativos_Parte_1.pdf

61
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
Forma: diz respeito à exteriorização do ato administrativo, do conteúdo e pode ter ou não previsão em
lei.

Pressupostos

Existência, validade e eficácia25


A aceitação da divisão ternária dos planos lógicos do ato jurídico foi difundida no Brasil por Pontes de
Miranda, razão pela qual tem sido denominada de teoria tripartite ou pontesiana. Como todo ato jurídico,
o ato administrativo está sujeito a três planos lógicos distintos:
a) Plano da existência ou da perfeição: consiste no cumprimento do ciclo de formação do ato.
b) Plano da validade: envolve a conformidade com os requisitos estabelecidos pelo ordenamento
jurídico para a correta prática do ato administrativo.
O ato válido é aquele que foi criado em conformidade com as regras previamente estabelecidas na
legislação pertinente. Para que um ato seja avaliado como válido é necessário que ele exista, quer dizer,
seja perfeito.
A validade é a compatibilidade entre o ato jurídico e o disposto na norma. Assim, de acordo com o
silêncio da lei, não há atuação administrativa, tendo em vista a aplicação da estrita legalidade em matéria
de Direito Administrativo, não sendo permitido ao agente público atuar sempre que não haja vedação por
lei.26
No entanto, somente pode ser avaliada a validade de um ato, se ele for ao menos existente (perfeito),
tratando-se de segundo plano de análise dos atos administrativos. ·
c) Plano da eficácia: está relacionado com a aptidão do ato para produzir efeitos jurídicos.
A interação do ato administrativo com cada um dos três planos lógicos não repercute nos demais.
Constituem searas sistêmicas distintas e relativamente independentes.
A única exceção a tal independência reside na hipótese dos atos juridicamente inexistentes, caso em
que não se cogita de sua validade ou eficácia. Ato inexistente é necessariamente inválido e não produz
qualquer efeito.
A existência ou perfeição é o primeiro plano lógico do ato administrativo. Nesse plano é necessário a
verificação dos elementos e pressupostos que compõem seu ciclo de formação. Após isso e, se presentes
os requisitos, o ato passa a ser válido.
O ato administrativo é perfeito quando cumpre todos os trâmites previstos em lei para a constituição,
quando se esgota toda as etapas do processo constitutivo desse ato.
Quando o ato estiver perfeito, ele não pode ser retratável, porém pode ser revisado e até anulado, em
virtude do princípio administrativo da autotutela, previsto nas súmulas 346 e 473 do Supremo Tribunal
Federal.

OBS: o ato imperfeito será aquele que ainda está em formação, sem que se tenha concluído as
etapas estabelecidas em lei para que exista no ordenamento jurídico.

O destino natural do ato administrativo é ser praticado com a finalidade de criar, declarar, modificar,
preservar e extinguir direitos e obrigações.
Os atos administrativos produzem efeitos próprios efeitos próprios e impróprios.
Os efeitos próprios são aqueles típicos do ato, configurando o objeto ou o conteúdo da conduta
estatal. Desta forma, o efeito principal ou próprio de um ato de desapropriação é a perda do bem público
pelo particular.
Os efeitos impróprios ou atípicos são os que decorrem, de forma indireta, da prática do ato
administrativo, e se dividem em duas espécies, quais sejam: efeito reflexo e efeito prodrômico.

Vinculação e discricionariedade

No ato vinculado, o administrador não tem liberdade para decidir quanto à atuação. A lei previamente
estabelece um único comportamento possível a ser tomado pelo administrador no caso concreto; não
podendo haver juízo de valores, o administrador não poderá analisar a conveniência e a oportunidade do
ato.
Celso Antônio Bandeira de Mello dispõe que os atos vinculados seriam aqueles em que, por existir
prévia e objetiva tipificação legal do único possível comportamento da Administração em face de situação

25
MAZZA, Alexandre, Manual de Direito Administrativo, 4ª edição, 2014.
26
CARVALHO, Mateus. Manual de Direito Administrativo. Editora Jus Podivm, 2ª edição, 2015.

62
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
igualmente prevista em termos de objetividade absoluta, a Administração, ao expedi-los, não interfere
com apreciação subjetiva alguma. 27
O ato discricionário é aquele que, editado sob o manto da lei, confere ao administrador a liberdade
para fazer um juízo de conveniência e oportunidade. A diferença entre o ato vinculado e o ato
discricionário está no grau de liberdade conferido ao administrador. Tanto o ato vinculado quanto o ato
discricionário só poderão ser reapreciados pelo Judiciário no tocante à sua legalidade, pois o judiciário
não poderá intervir no juízo de valor e oportunidade da Administração Pública.

Questões

01. (TRT/14ª Região - Técnico Judiciário - FCC) Sobre atos administrativos, considere:
I. Os atos administrativos vinculados comportam anulação e revogação.
II. Em regra, os atos administrativos que integram um procedimento podem ser revogados.
III. A competência para revogar é intransferível, salvo por força de lei.

Está correto o que se afirma em


(A) III, apenas.
(B) I, II e III.
(C) I e III, apenas.
(D) I e II, apenas.
(E) II, apenas.

02. (PC/CE - Inspetor de Polícia Civil de 1ª Classe – VUNESP) Diz-se que os atos administrativos
são vinculados quando
(A) observam corretamente os princípios constitucionais da moralidade administrativa.
(B) a lei estabelece que, diante de determinados requisitos, a Administração deve agir de forma
determinada.
(C) o administrador público os pratica ultrapassando os limites regrados pelo sistema jurídico vigente.
(D) a autoridade competente deixa de observar dispositivo constitucional obrigatório, quando deveria
fazê-lo.
(E) a lei estabelece várias situações passíveis de apreciação subjetiva pela autoridade competente.

Gabarito

01.A / 02.B

Comentários

01. Resposta: A
I. Errado. Os atos administrativos vinculados não podem ser revogados, devem ser anulados quando
eivados de vícios. A revogação apenas é possível nos atos discricionários.
II. Errado. Os atos que INTEGRAM UM PROCEDIMENTO são atos vinculados, pois devem obedecer
a aquilo que está previsto em Lei. Logo, não podem ser revogados. Veja, cada ato novo ocorre a preclusão
do ato anterior.
Vou exemplificar:
Um procedimento administrativo é uma sequência de atos com objetivo de um ato final (Ex. as fases
da Licitação, é uma sequência de atos, com o objetivo de licitar compras ou execução de serviços
públicos).
Cada ato praticado passa para uma nova etapa do procedimento, o que ocorre a preclusão
administrativa do ato (ou da etapa) anterior.
Preclusão administrativa quer dizer que é impossível voltar a etapa anterior de um procedimento com
a finalidade de “rediscutir” as decisões lá tomadas.
III – Certo. Quando se trata de competência privativa da Administração Pública, a revogação implica
no juízo de conveniência e oportunidade. Para que a revogação seja feita por outro pessoal precisa de
expresso provimento legal.

27
MELLO, Celso Antonio Bandeira de – Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Malheiros, 26ª edição, 2009.

63
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
02. Resposta: B
Alexandre Mazza narra:
“Fala--se em poder vinculado ou poder regrado quando a lei atribui determinada competência definindo
todos os aspectos da conduta a ser adotada, sem atribuir margem de liberdade para o agente público
escolher a melhor forma de agir. Onde houver vinculação, o agente público é um simples executor da
vontade legal. O ato resultante do exercício dessa competência é denominado de ato vinculado. Exemplo
de poder vinculado é o de realização do lançamento tributário (art. 3º do CTN).”

Classificação

Quanto ao regramento
a) Atos vinculados: Possui todos seus elementos determinados em lei, não existindo possibilidade
de apreciação por parte do administrador quanto à oportunidade ou à conveniência. Cabe ao
administrador apenas a verificação da existência de todos os elementos expressos em lei para a prática
do ato. Caso todos os elementos estejam presentes, o administrador é obrigado a praticar o ato
administrativo; caso contrário, ele estará proibido da prática do ato.
b) Atos discricionários: O administrador pode decidir sobre o motivo e sobre o objeto do ato, devendo
pautar suas escolhas de acordo com as razões de oportunidade e conveniência. A discricionariedade é
sempre concedida por lei e deve sempre estar em acordo com o princípio da finalidade pública. O poder
judiciário não pode avaliar as razões de conveniência e oportunidade (mérito), apenas a legalidade, os
motivos e o conteúdo ou objeto do ato.

Quanto aos destinatários


a) Gerais: os atos gerais tem a finalidade de normatizar suas relações e regulam uma situação jurídica
que abrange um número indeterminado de pessoas, portanto abrange todas as pessoas que se
encontram na mesma situação, por tratar-se de imposição geral e abstrata para determinada relação.
Esses atos dependem de publicação para que possam produzir efeitos e devem prevalecer sobre a
vontade individual.
Exemplo: a Administração cria uma norma interna para que os servidores se reúnam todas as
segundas com o chefe. Como se percebe, o ato não individualiza nenhum sujeito específico, e será
aplicado de forma ampla a todos aqueles que estiverem nesse local.
b) Individuais: são aqueles destinados a um destinatário certo, impondo a norma abstrata ao caso
concreto. Nesse momento, seus destinatários são individualizados, pois a norma é geral restringindo seu
âmbito de atuação.
Não se fala em atividade em geral, mas sim de modo específico de quais agentes devem se submeter
às disposições da conduta.
Exemplo: promoção de servidor público

Quanto à abrangência dos efeitos (Alcance)


a) Internos: Destinados a produzir seus efeitos no âmbito interno da Administração Pública, não
atingindo terceiros, como as circulares e pareceres.
Via de regra, não dependem de publicação oficial, tendo em vista sua destinação interna aqueles que
estão vinculados à estrutura das entidades.
Exemplo: circular que exige que os servidores usem sapatos pretos fechados.
b) Externos: Têm como destinatárias pessoas além da Administração Pública, e, portanto, necessitam
de publicidade para que produzam adequadamente seus efeitos.
Exemplos: a fixação do horário de atendimento e a ocupação de bem privado pela Administração
Pública.

Quanto à supremacia do poder público (Objeto)


a) Atos de império: Atos onde o poder público age de forma imperativa sobre os administrados,
impondo-lhes obrigações. Exemplos de atos de império: A desapropriação e a interdição de atividades.
A Administração Pública atua com prerrogativa de poder público, valendo-se da supremacia do
interesse público sobre o privado. Aqui, o poder público impõe obrigações, aplica penalidades, sem que
se tenha que recorrer aos meios judiciais, em razão da aplicação das regras que exorbitam o direito
privado, em prol do interesse da coletividade.
Se os atos praticados contrariarem às normas vigentes, eles poderão ser anulados pela Administração
ou pelo Judiciário, podendo ainda ocorrer a sua revogação por motivos de interesse público, se forem
justificadas devidamente.

64
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
Exemplo: autos de infração, por descumprimento das normas de trânsito.
b) Atos de gestão: são aqueles realizados pelo poder público, sem as prerrogativas do Estado, sendo
que a Administração irá atuar em situação de igualdade com o particular. Nesses casos, a atividade será
regulada pelo direito privado, de modo que o Estado não irá se valer das prerrogativas que tenham relação
com a supremacia do interesse público.
Trata-se de condutas que não restringem ou ainda que não admitem que o ente estatal possa se valer
dos meios coercitivos para que haja uma execução.
Exemplo: a alienação de um imóvel público inservível.
c) Atos de expediente: São aqueles destinados a dar andamento aos processos e papéis que
tramitam no interior das repartições. Os atos de gestão (praticados sob o regime de direito privado).
Exemplo: contratos de locação em que a Administração é locatária) não são atos administrativos, mas
são atos da Administração. Para os autores que consideram o ato administrativo de forma ampla
(qualquer ato que seja da administração como sendo administrativo), os atos de gestão são atos
administrativos.

Quanto à formação
Os atos se dividem em simples, complexo e compostos.
a) Simples: depende de uma única manifestação. Assim, a manifestação de vontade de um único
órgão, mesmo que seja de órgão colegiado, torna o ato perfeito, portanto, a vontade para manifestação
do ato deve ser unitária, obtida através de votação em órgão colegiado ou por manifestação de um agente
em órgãos singulares.
b) Complexo: decorre da manifestação de dois ou mais órgãos; de duas ou mais vontades que se
unem para formar um único ato. Neste tipo, somam-se as vontades dos órgãos públicos independentes,
em mesmo nível de hierarquia, de modo que tenham a mesma força, não se falando em dependência de
uma relação com a outra. Aqui, os atos que formarão o ato complexo serão expedidos por órgãos públicos
distintos.
Exemplo: Decreto do prefeito referendado pelo secretário.
c) Composto: manifestação de dois ou mais órgãos, em que um edita o ato principal e o outro será
acessório. Como se nota, é composto por dois atos, geralmente decorrentes do mesmo órgão público,
em patamar de desigualdade, de modo que o segundo ato deve contar com o que ocorrer com o primeiro.
Exemplo: nomeação de ministro do Superior Tribunal feito pelo Presidente da República e que
depende de aprovação do Senado. A nomeação é o ato principal e a aprovação o acessório.

Quanto a manifestação de vontade


a) Atos unilaterais: Dependem de apenas a vontade de uma das partes. Exemplo: licença
b) Atos bilaterais: Dependem da anuência de ambas as partes. Exemplo: contrato administrativo;
c) Atos multilaterais: Dependem da vontade de várias partes. Exemplo: convênios.

Quanto à natureza do ato


a) Atos-regra: Traçam regras gerais (regulamentos).
b) Atos subjetivos: Referem-se a situações concretas, de sujeito determinado.
c) Atos-condição: Somente surte efeitos caso determinada condição se cumpra.

Quanto aos efeitos


a) Constitutivo: Gera uma nova situação jurídica aos destinatários. Pode ser outorgado um novo
direito, como permissão de uso de bem público, ou impondo uma obrigação, como cumprir um período
de suspensão.
Exemplo: autorização para uso de bem público a um particular que pretende montar um show na
cidade.
b) Declaratório: Simplesmente afirma ou declara uma situação já existente, seja de fato ou de direito.
Não cria, transfere ou extingue a situação existente, apenas a reconhece. Também é dito enunciativo. É
o caso da expedição de uma certidão de tempo de serviço.
c) Modificativo: Altera a situação já existente, sem que seja extinta, não retirando direitos ou
obrigações. A alteração do horário de atendimento da repartição é exemplo desse tipo de ato.
d) Extintivo: Pode também ser chamado desconstitutivo, é o ato que põe termo a um direito ou dever
existente. Cite-se a demissão do servidor público.

65
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
Quanto à validade
a) Válido: É o que atende a todos os requisitos legais: competência, finalidade, forma, motivo e objeto.
Pode estar perfeito, pronto para produzir seus efeitos ou estar pendente de evento futuro.
b) Nulo: É o que nasce com vício insanável, ou seja, um defeito que não pode ser corrigido. Não
produz qualquer efeito entre as partes. No entanto, em face dos atributos dos atos administrativos, ele
deve ser observado até que haja decisão, seja administrativa, seja judicial, declarando sua nulidade, que
terá efeito retroativo, ex tunc, entre as partes. Por outro lado, deverão ser respeitados os direitos de
terceiros de boa-fé que tenham sido atingidos pelo ato nulo.
Cite-se a nomeação de um candidato que não tenha nível superior para um cargo que o exija. A partir
do reconhecimento do erro, o ato é anulado desde sua origem. Porém, as ações legais eventualmente
praticadas por ele, durante o período em que atuou, permanecerão válidas.
c) Anulável: É o ato que contém defeitos, porém, que podem ser sanados, convalidados. Ressalte-se
que, se mantido o defeito, o ato será nulo; se corrigido, poderá ser "salvo" e passar a ser válido. Atente-
se que nem todos os defeitos são sanáveis, mas sim aqueles expressamente previstos em lei.
d) Inexistente: É aquele que apenas aparenta ser um ato administrativo, mas falta a manifestação de
vontade da Administração Pública. São produzidos por alguém que se faz passar por agente público, sem
sê-lo, ou que contém um objeto juridicamente impossível.
Os atos inexistentes não podem ser convalidados, sendo que os seus efeitos que já foram produzidos,
não poderão ser ressalvados, mesmo que em relação aos destinatários de boa-fé.
Exemplo do primeiro caso é a multa emitida por falso policial; do segundo, a ordem para matar alguém.

Quanto à exequibilidade
a) Perfeito: É aquele que completou seu processo de formação, estando apto a produzir seus efeitos.
Perfeição não se confunde com validade. Esta é a adequação do ato à lei; a perfeição refere-se às etapas
de sua formação.
b) Imperfeito: Não completou seu processo de formação, portanto, não está apto a produzir seus
efeitos, faltando, por exemplo, a homologação, publicação, ou outro requisito apontado pela lei.
c) Pendente: Para produzir seus efeitos, sujeita-se a condição ou termo, mas já completou seu ciclo
de formação, estando apenas aguardando o implemento desse acessório, por isso não se confunde com
o imperfeito. Condição é evento futuro e incerto, como o casamento. Termo é evento futuro e certo, como
uma data específica.
d) Consumado: É o ato que já produziu todos os seus efeitos, nada mais havendo para realizar.
Exemplifique-se com a exoneração ou a concessão de licença para doar sangue.

Quanto ao conteúdo, os atos administrativos podem ser classificados em autorização, licença,


admissão, permissão, aprovação, homologação, parecer e visto.
Autorização: ato administrativo unilateral, discricionário e precário pelo qual a Administração faculta
ao particular o uso de bem público (autorização de uso), ou a prestação de serviço público (autorização
de serviço público), ou o desempenho de atividade material, ou a prática de ato que, sem esse
consentimento, seriam legalmente proibidos (autorização como ato de polícia).
Licença: é o ato administrativo unilateral e vinculado pelo qual a Administração faculta àquele que
preencha os requisitos legais o exercício de uma atividade. A diferença entre licença e autorização é
nítida, porque o segundo desses institutos envolve interesse, “caracterizando-se como ato discricionário,
ao passo que a licença envolve direitos, caracterizando-se como ato vinculado”. Na autorização, o Poder
Público aprecia, discricionariamente, a pretensão do particular em face do interesse público, para outorga
ou não a autorização, como ocorre no caso de consentimento para porte de arma; na licença, cabe à
autoridade tão somente verificar, em cada caso concreto, se foram preenchidos os requisitos legais
exigidos para determinada outorga administrativa e, em caso afirmativo, expedir o ato, sem possibilidade
de recusa; é o que se verifica na licença para construir e para dirigir veículos automotores. A autorização
é ato constitutivo e a licença é ato declaratório de direito preexistente.
Admissão: é ato unilateral e vinculado pelo qual a Administração reconhece ao particular, que
preencha os requisitos legais, o direito à prestação de um serviço público. É ato vinculado, tendo em vista
que os requisitos para outorga da prestação administrativa são previamente definidos, de modo que todos
os que os satisfaçam tenham direito de obter o benefício. São exemplos a admissão nas escolas públicas,
nos hospitais e nos estabelecimentos de assistência social.
Permissão: em sentido amplo, designa o ato administrativo unilateral, discricionário, gratuito ou
oneroso, pelo qual a Administração Pública faculta a execução de serviço público ou a utilização privativa
de bem público. O seu objeto é a utilização privativa de bem público por particular ou a execução de
serviço público.

66
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
Aprovação: é ato unilateral e discricionário pelo qual se exerce o controle a priori ou a posteriori do
ato administrativo. No controle a priori, equivale à autorização para a prática do ato; no controle a
posteriori equivale ao seu referendo. É ato discricionário, porque o examina sob os aspectos de
conveniência e oportunidade para o interesse público; por isso mesmo, constitui condição de eficácia do
ato.
Homologação: é o ato unilateral e vinculado pelo qual a Administração Pública reconhece a legalidade
de um ato jurídico. Ela se realiza sempre a posteriori e examina apenas o aspecto de legalidade, no que
se distingue da aprovação. É o caso do ato da autoridade que homologa o procedimento da licitação.
Parecer: é o ato pelo qual os órgãos consultivos da Administração emitem opinião sobre assuntos
técnicos ou jurídicos de sua competência. O parecer pode ser facultativo, obrigatório e vinculante. O
parecer é facultativo quando fica a critério da Administração solicitá-lo ou não, além de não ser vinculante
para quem o solicitou. Se foi indicado como fundamento da decisão, passará a integrá-la, por
corresponder à própria motivação do ato. O parecer é obrigatório quando a lei o exige como pressuposto
para a prática do ato final. A obrigatoriedade diz respeito à solicitação do parecer (o que não lhe imprime
caráter vinculante). O parecer é vinculante quando a Administração é obrigada a solicitá-lo e a acatar a
sua conclusão. Por exemplo, para conceder aposentadoria por invalidez, a Administração tem que ouvir
o órgão médico oficial e não pode decidir em desconformidade com a sua decisão. Se a autoridade tiver
dúvida ou não concordar com o parecer, deverá pedir novo parecer. Apesar do parecer ser, em regra, ato
meramente opinativo, que não produz efeitos jurídicos, o STF tem admitido a responsabilização de
consultores jurídicos quando o parecer for vinculante para a autoridade administrativa, desde que
proferido com má-fé ou culpa.
Visto: é o ato administrativo unilateral pelo qual a autoridade competente atesta a legitimidade formal
de outro ato jurídico. Não significa concordância com o seu conteúdo, razão pela qual é incluído entre os
atos de conhecimento, que são meros atos administrativos e não encerram manifestações de vontade.
Exemplo de visto é o exigido para encaminhamento de requerimento de servidores subordinados a
autoridade de superior instância; a lei normalmente impõe o visto do chefe imediato, para fins de
conhecimento e controle formal, não equivalendo à concordância ou deferimento do seu conteúdo.

Quanto à forma, os atos administrativos podem ser classificados em decreto, resolução e portaria,
circular, despacho, alvará.
Decretos: São atos emanados pelos chefes do Poder Executivo, tais como, prefeitos, governadores e
o Presidente da República. Podem ser dirigidos abstratamente às pessoas em geral (decreto geral), ou a
pessoas, ou a um grupo de pessoas determinadas. (decreto individual). O decreto geral é ato normativo,
apresentado efeitos e conteúdos semelhantes à lei.
Resoluções e Portarias: São atos emanados por autoridades superiores, mas não os chefes do Poder
Executivo. Ou seja, é a forma pelo qual as autoridades de nível inferior aos Chefes do Poder Executivo
fixam normas gerais para disciplinar conduta de seus subordinados. Embora possam produzir efeitos
externos, as resoluções e portarias não podem contrariar os regulamentos e os regimentos, limitando-se
a explicá-los.
Circular: É o instrumento usado para a transmissão de ordens internas uniformes, incumbindo de
certos serviços ou atribuições a certos funcionários. É o ato que envolve a decisão da Administração
sobre assuntos de interesse individual ou coletivo submetido a sua apreciação.
Despacho: Quando a administração, por meio de um despacho, aprova parecer proferido por órgão
técnico sobre determinado assunto de interesse geral, este despacho é denominado de despacho
normativo. O despacho normativo deverá ser observado por toda administração, valendo como solução
para todos os casos que se encontram na mesma situação.
Alvará: é instrumento pelo qual a Administração se vale para conferir ao administrado uma licença ou
autorização. Ou seja, é o formato pelo qual são emitidas as licenças e autorizações. Como se pode notar,
enquanto as licenças e autorizações representam o conteúdo, o alvará representa a forma.

Questões

01. (SEJUS/PI - Agente Penitenciário – NUCEPE/2017) Assinale a alternativa CORRETA sobre os


atos administrativos.
(A) Atos individuais, também chamados de normativos, são aqueles que se voltam para a regulação
de situações jurídicas concretas, com destinatários individualizados, como instruções normativas e
regulamentos.
(B) Em razão do formalismo que o caracteriza, o ato administrativo deve sempre ser escrito, sendo
juridicamente insubsistentes comandos administrativos verbais.

67
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
(C) Aprovação é o ato unilateral e vinculado pelo qual a Administração Pública reconhece a legalidade
de um ato jurídico.
(D) Tanto os atos vinculados como os atos discricionários podem ser objeto de controle pelo Poder
Judiciário.
(E) Os provimentos são exclusivos dos órgãos colegiados, servindo especificamente para demonstrar
sua organização e seu funcionamento.

02. (UFRB - Assistente em Administração – FUNRIO) Quanto a seus destinatários, os atos


administrativos se classificam em
(A) simples e compostos.
(B) gerais e individuais.
(C) fechados e abertos.
(D) unilaterais e complexos.
(E) internos e especiais.

03. (IF-BA - Assistente em Administração - FUNRIO) O ato administrativo pelo qual os órgãos
consultivos da Administração emitem opinião sobre assuntos técnicos ou jurídicos de sua competência é
(A) a homologação.
(B) o visto.
(C) o parecer.
(D) o relatório.
(E) a declaração.

Gabarito

01.D / 02.B / 03.C

Comentários

01. Resposta: D
- Atos vinculados: Possui todos seus elementos determinados em lei, não existindo possibilidade de
apreciação por parte do administrador quanto à oportunidade ou à conveniência. Cabe ao administrador
apenas a verificação da existência de todos os elementos expressos em lei para a prática do ato. Caso
todos os elementos estejam presentes, o administrador é obrigado a praticar o ato administrativo; caso
contrário, ele estará proibido da prática do ato.
- Atos discricionários: O administrador pode decidir sobre o motivo e sobre o objeto do ato, devendo
pautar suas escolhas de acordo com as razões de oportunidade e conveniência. A discricionariedade é
sempre concedida por lei e deve sempre estar em acordo com o princípio da finalidade pública. O poder
judiciário não pode avaliar as razões de conveniência e oportunidade (mérito), apenas a legalidade, os
motivos e o conteúdo ou objeto do ato.

02. Resposta: B
Atos Gerais - São aqueles expedidos sem destinatários determinados, possuem finalidade normativa,
atingindo todos os sujeitos que se encontrem na mesma situação de fato, abrangida por seus preceitos.
Apresenta cunho normativo, não se sabe quem o ato vai atingir por não ter individualização. Ex.: Ato que
concede promoção a uma categoria profissional.
Atos Individuais – São aqueles voltados a destinatários certos. Apresenta cunho ordinário e
enunciativo, sem caráter normativo.
Ex: Secretaria de Esportes convoca seus diretores para participarem de reunião.

03. Resposta: C
O enunciado da questão apresenta o conceito de parecer sendo este o ato pelo qual os órgãos
consultivos da Administração emitem opiniões sobre assuntos de sua competência.

68
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
Espécies de ato administrativo28

a) Atos normativos: São aqueles que contém um comando geral do Executivo visando o cumprimento
de uma lei. Podem apresentar-se com a característica de generalidade e abstração (decreto geral que
regulamenta uma lei), ou individualidade e concreção (decreto de nomeação de um servidor).
Os atos normativos se subdividem em:
Regulamentos – São atos normativos posteriores aos decretos, que visam especificar as disposições
de lei, assim como seus mandamentos legais. As leis que não forem executáveis, dependem de
regulamentos, que não contrariem a lei originária. Já as leis auto-executáveis independem de
regulamentos para produzir efeitos.
- Regulamentos executivos: são os editados para a fiel execução da lei, é um ato administrativo que
não tem o foto de inovar o ordenamento jurídico, sendo praticado para complementar o texto legal. Os
regulamentos executivos são atos normativos que complementam os dispositivos legais, sem que ivovem
a ordem jurídica, com a criação de direitos e obrigações.
-Regulamentos autônomos: agem em substituição a lei e visam inovar o ordenamento jurídico,
determinando normas sobre matérias não disciplinadas em previsão legislativa. Assim, podem ser
considerados atos expedidos como substitutos da lei e não facilitadores de sua aplicação, já que são
editados sem contemplar qualquer previsão anterior.
Nosso ordenamento diverge acercada da possibilidade ou não de serem expedidos regulamentos
autônomos, em decorrência do princípio da legalidade.
Instruções normativas – Possuem previsão expressa na Constituição Federal, em seu artigo 87,
inciso II. São atos administrativos privativos dos Ministros de Estado.
Regimentos – São atos administrativos internos que emanam do poder hierárquico do Executivo ou
da capacidade de auto-organização interna das corporações legislativas e judiciárias. Desta maneira, se
destinam à disciplina dos sujeitos do órgão que o expediu.
Resoluções – São atos administrativos inferiores aos regimentos e regulamentos, expedidos pelas
autoridades do executivo.
Deliberações – São atos normativos ou decisórios que emanam de órgãos colegiados provenientes
de acordo com os regulamentos e regimentos das organizações coletivas. Geram direitos para seus
beneficiários, sendo via de regra, vinculadas para a Administração.

b) Atos ordinatórios: São os que visam a disciplinar o funcionamento da Administração e a conduta


funcional de seus agentes. Emanam do poder hierárquico, isto é, podem ser expedidos por chefes de
serviços aos seus subordinados. Logo, não obrigam aos particulares.

São eles:
Instruções – orientação do subalterno pelo superior hierárquico em desempenhar determinada
função;
Circulares – ordem uniforme e escrita expedida para determinados funcionários ou agentes;
Avisos – atos de titularidade de Ministros em relação ao Ministério;
Portarias – atos emanados pelos chefes de órgãos públicos aos seus subalternos que determinam a
realização de atos especiais ou gerais;
Ordens de serviço – determinações especiais dirigidas aos responsáveis por obras ou serviços
públicos;
Provimentos – atos administrativos intermos, com determinações e instruções em que a Corregedoria
ou os Tribunais expedem para regularização ou uniformização dos serviços;
Ofícios – comunicações oficiais que são feitas pela Administração a terceiros;
Despachos administrativos – são decisões tomadas pela autoridade executiva (ou legislativa e
judiciária, quando no exercício da função administrativa) em requerimentos e processos administrativos
sujeitos à sua administração.

c) Atos negociais: São todos aqueles que contêm uma declaração de vontade da Administração apta
a concretizar determinado negócio jurídico ou a deferir certa faculdade ao particular, nas condições
impostas ou consentidas pelo Poder Público.
Licença – ato definitivo e vinculado (não precário) em que a Administração concede ao Administrado
a faculdade de realizar determinada atividade.

28
http://domtotal.com/direito/pagina/detalhe/31774/especies-de-atos-administrativos-em-relacao-ao-conteudo

69
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
Autorização – ato discricionário e precário em que a Administração confere ao administrado a
faculdade de exercer determinada atividade.
Permissão - ato discricionário e precário em que a Administração confere ao administrado a faculdade
de promover certa atividade nas situações determinadas por ela;
Aprovação - análise pela própria administração de atividades prestadas por seus órgãos;
Visto - é a declaração de legitimidade de deerminado ato praticado pela própria Administração como
maneira de exequibilidade;
Homologação - análise da conveniência e legalidade de ato praticado pelos seus órgãos como meio
de lhe dar eficácia;
Dispensa - ato administrativo que exime o particular do cumprimento de certa obrigação até então
conferida por lei. Ex. Dispensa de prestação do serviço militar;
Renúncia - ato administrativo em que o poder Público extingue de forma unilateral um direito próprio,
liberando definitivamente a pessoa obrigada perante a Administração Pública. A sua principal
característica é a irreversibilidade depois de consumada.

d) Atos enunciativos: São todos aqueles em que a Administração se limita a certificar ou a atestar
um fato, ou emitir uma opinião sobre determinado assunto, constantes de registros, processos e arquivos
públicos, sendo sempre, por isso, vinculados quanto ao motivo e ao conteúdo.
Atestado - são atos pelos quais a Administração Pública comprova um fato ou uma situação de que
tenha conhecimento por meio dos órgãos competentes;
Certidão – tratam-se de cópias ou fotocópias fiéis e autenticadas de atos ou fatos existentes em
processos, livros ou documentos que estejam na repartição pública;
Pareceres - são manifestações de órgãos técnicos referentes a assuntos submetidos à sua
consideração.

e) Atos punitivos: São aqueles que contêm uma sanção imposta pela lei e aplicada pela
Administração, visando punir as infrações administrativas ou condutas irregulares de servidores ou de
particulares perante a Administração.
Esses atos são aplicados para aqueles que desrespeitam as disposições legais, regulamentares ou
ordinatórias dos bens ou serviços.
Quanto à sua atuação os atos punitivos podem ser de atuação externa e interna. Quando for interna,
compete à Administração punir disciplinarmente seus servidores e corrigir os serviços que contenham
defeitos, por meio de sanções previstas nos estatutos, fazendo com que se respeite as normas
administrativas.

Questões

01. (PC/CE - Delegado de Polícia Civil de 1ª Classe – VUNESP) São atos administrativos
ordinatórios, entre outros,
(A) os Decretos, os Despachos, os Regimentos e as Resoluções.
(B) os Despachos, os Avisos, as Portarias e as Ordens de Serviço.
(C) os Decretos, as Instruções, os Provimentos e os Regimentos.
(D) as Instruções, as Deliberações, as Portarias e os Regulamentos.
(E) os Regulamentos, as Instruções, os Regimentos e as Deliberações.

02. (TCE/GO - Analista de Controle Externo - FCC) Enzo, servidor público e chefe de determinada
repartição pública, na mesma data, editou dois atos administrativos distintos, quais sejam, uma certidão
e uma licença. No que concerne às espécies de atos administrativos, tais atos são classificados em
(A) ordinatórios e negociais, respectivamente.
(B) enunciativos.
(C) negociais.
(D) enunciativos e negociais, respectivamente.
(E) normativos e ordinatórios, respectivamente.

Gabarito

01.B/ 02.D.

70
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
Comentários

01. Resposta: B
Atos ordinatórios são aqueles que tem por objetivo disciplinar o funcionamento da Administração e a
conduta funcional dos seus agentes, representando exercício do poder hierárquico do Estado. São
espécies de atos ordinatórios: as portarias, as instruções, os avisos, as circulares, as ordens de serviço,
os ofícios e os despachos.

02. Resposta: D
Os atos praticados pelo servidor são atos enunciativos e negociais. Atos enunciativos: São todos
aqueles em que a Administração se limita a certificar ou a atestar um fato, ou emitir uma opinião sobre
determinado assunto, constantes de registros, processos e arquivos públicos, sendo sempre, por isso,
vinculados quanto ao motivo e ao conteúdo. Atos negociais: São todos aqueles que contêm uma
declaração de vontade da Administração apta a concretizar determinado negócio jurídico ou a deferir
certa faculdade ao particular, nas condições impostas ou consentidas pelo Poder Público.

Extinção do ato administrativo

Cassação Ocorre a extinção do ato administrativo quando o administrado deixa de preencher condição
necessária para permanência da vantagem, ou seja, o beneficiário descumpre condição indispensável
para manutenção do ato administrativo.
Exemplo: habilitação cassada porque o condutor ficou cego.29
Anulação ou invalidação (desfazimento) É a retirada, o desfazimento do ato administrativo em
decorrência de sua invalidade, ou seja, é a extinção de um ato ilegal, determinada pela Administração ou
pelo judiciário, com eficácia retroativa – ex tunc.
A anulação pode acontecer por via judicial ou por via administrativa. Ocorrerá por via judicial quando
alguém solicita ao Judiciário a anulação do ato. Ocorrerá por via administrativa quando a própria
Administração expede um ato anulando o antecedente, utilizando-se do princípio da autotutela, ou seja,
a Administração tem o poder de rever seus atos sempre que eles forem ilegais ou inconvenientes. Quando
a anulação é feita por via administrativa, pode ser realizada de ofício ou por provocação de terceiros.
A anulação de um ato não pode prejudicar terceiro de boa-fé.

Vejamos o que consta nas Súmulas 346 e 473 do STF:

SÚMULA 346
A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos.

SÚMULA 473
A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais,
porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade,
respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.

Um ponto muito discutido pela doutrina diz respeito ao caráter vinculado ou discricionário da anulação.
Os que defendem que deve-se anular (caráter vinculado), embasam esse entendimento no princípio da
legalidade e os que defendem como uma faculdade (caráter discricionário) invocam o princípio da
predominância do interesse público sobre o particular.
O entendimento por nós defendido é de que, em regra, a Administração, tem o dever de anular os atos
ilegais.
Revogação É a retirada do ato administrativo em decorrência da sua inconveniência ou inoportunidade
em face dos interesses públicos. Somente se revoga ato válido que foi praticado de acordo com a lei. A
revogação somente poderá ser feita por via administrativa.
Quando se revoga um ato, diz-se que a Administração perdeu o interesse na manutenção deste, ainda
que não exista vício que o tome. Trata-se de ato discricionário, referente ao mérito administrativo, por set
um ato legal, todos os atos já foram produzidos de forma lícita, de modo que a revogação não irá retroagir,
contudo mantem-se os efeitos já produzidos (ex nunc).

29
MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. 4ª edição. 2014.

71
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
Não há limite temporal para a revogação de atos administrativos, não se configurando a decadência,
no prazo quinquenal, tendo em vista o entendimento que o interesse público pode ser alterado a qualquer
tempo.
Não existe efeito repristinatório, ou seja, a retirada do ato, por razões de conveniência e oportunidade.

Convalidação ou sanatória É o ato administrativo que, com efeitos retroativos, sana vício de ato
antecedente, de modo a torná-lo válido desde o seu nascimento, ou seja, é um ato posterior que sana um
vício de um ato anterior, transformando-o em válido desde o momento em que foi praticado. Alguns
autores, ao se referir à convalidação, utilizam a expressão sanatória.
O ato convalidatório tem natureza vinculada (corrente majoritária), constitutiva, secundária, e eficácia
ex tunc.
Há alguns autores que não aceitam a convalidação dos atos, sustentando que os atos administrativos
somente podem ser nulos. Os únicos atos que se ajustariam à convalidação seriam os atos anuláveis.
Existem três formas de convalidação:
a) Ratificação: É a convalidação feita pela própria autoridade que praticou o ato;
b) Confirmação: É a convalidação feita por autoridade superior àquela que praticou o ato;
c) Saneamento: É a convalidação feita por ato de terceiro, ou seja, não é feita nem por quem praticou
o ato nem por autoridade superior.

Verificado que um determinado ato é anulável, a convalidação será discricionária, ou seja, a


Administração convalidará ou não o ato de acordo com a conveniência. Alguns autores, tendo por base
o princípio da estabilidade das relações jurídicas, entendem que a convalidação deverá ser obrigatória,
visto que, se houver como sanar o vício de um ato, ele deverá ser sanado. É possível, entretanto, que
existam obstáculos ao dever de convalidar, não havendo outra alternativa senão anular o ato.

Os obstáculos ao dever de convalidar são:


Impugnação do ato: Se houve a impugnação, judicial ou administrativa, não há que se falar mais em
convalidação. O dever de convalidar o ato só se afirma se ainda não houve sua impugnação.
Decurso de tempo: O decurso de tempo pode gerar um obstáculo ao dever de convalidar. Se a lei
estabelecer um prazo para a anulação administrativa, na medida em que o decurso de prazo impedir a
anulação, o ato não poderá ser convalidado, visto que o decurso de tempo o estabilizará – o ato não
poderá ser anulado e não haverá necessidade de sua convalidação.
Conversão É o ato administrativo que, com efeitos retroativos, sana vício de ato antecedente,
transformando-o em ato distinto, desde o seu nascimento, ou seja, aproveita o ato defeituoso como
ato válido de outra categoria. Exemplo: Concessão de uso sem prévia autorização legislativa; A
concessão é transformada em permissão de uso, que não precisa de autorização legislativa, para que
seja um ato válido – conversão.
Não se deve confundir a convalidação com a conversão do ato administrativo. O ato nulo, embora não
possa ser convalidado, poderá ser convertido, transformando-se em ato válido.
Prescrição O instituto da prescrição, entendida como a perda do direito de ação devido à inércia de
seu titular, também é reconhecido pela legislação pertinente ao Direito Administrativo.
Como regra, o prazo para interposição de recursos administrativos é de cinco dias.
Já o prazo para propositura de ações judiciais, tanto pela Administração quanto pelo administrado, em
regra é de cinco anos. Importante destacar que as hipóteses de suspensão e interrupção do prazo
prescricional previstas na legislação civil também são aplicáveis às ações judiciais pertinentes ao Direito
Administrativo.
Decadência A decadência (art. 207 do Código Civil), incide sobre direitos potestativos, que “são
poderes que a lei confere a determinadas pessoas de influírem, com uma declaração de vontade, sobre
situações jurídicas de outras, sem o concurso da vontade destas”, ou seja, quando a lei ou a vontade
fixam determinado prazo para serem exercidos e se não o forem, extingue-se o próprio direito material.
O instituto da decadência tem a mesma finalidade da prescrição, qual seja, garantir a segurança
jurídica. A decadência que decorre de prazo legal é de ordem pública, não podendo ser renunciada.
Entretanto, se o prazo decadencial for ajustado, por declaração unilateral de vontade ou por convenção
entre as partes, pode ser renunciado, que corresponderá a uma revogação da condição para o exercício
de um direito dentro de determinado tempo.
Para Hely Lopes Meirelles mais adequado seria considerar-se como de decadência administrativa os
prazos estabelecidos por diversas leis, para delimitar no tempo as atividades da Administração. E isso
porque a prescrição, como instituto jurídico, pressupõe a existência de uma ação judicial apta à defesa
de um direito. Contudo, a legislação, ao estabelecer os prazos dentro dos quais o administrado pode

72
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
interpor recursos administrativos ou pode a Administração manifestar-se, seja pela prática de atos sobre
a conduta de seus servidores, sobre obrigações fiscais dos contribuintes, ou outras obrigações com os
administrados, refere-se a esses prazos denominando-os de prescricionais.
Em suma, decadência administrativa ocorre com o transcurso do prazo, impedindo a prática de um ato
pela própria Administração.

ANULAÇÃO REVOGAÇÃO
Quando houver INTERESSE
Quando cabe? Quando houver DEFEITO
PÚBLICO
Por quem pode Pela ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Somente pela
Extinguir? OU PELO JUDICIÁRIO ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Efeitos Ex Nunc (não
Retroage? Efeitos Ex Tunc (retroage)
retroage)
Prazo para
5 anos Sem prazo
extinção

Questões

01. (SEJUS/PI - Agente Penitenciário – NUCEPE/2017) Sobre a revogação dos atos administrativos,
assinale a alternativa INCORRETA.
(A) Nem todos os atos administrativos podem ser revogados.
(B) A revogação de ato administrativo é realizada, ordinariamente, pelo Poder Judiciário, cabendo-lhe
ainda examinar os aspectos de validade do ato revogador.
(C) Considerando que a revogação atinge um ato que foi praticado em conformidade com a lei, seus
efeitos são ex nunc.
(D) Pode a Administração Pública se arrepender da revogação de determinado ato.
(E) O fundamento jurídico da revogação reside no poder discricionário da Administração Pública

02. (CONFERE - Assistente Administrativo VII - INSTITUTO CIDADES) A anulação do ato


administrativo:
(A) Pode ser decretada à revelia pelo administrador público.
(B) Pode ser decretada somente pelo poder judiciário, desde que exista base legal para isso.
(C) Pode ser decretada tanto pelo poder judiciário como pela administração pública competente.
(D) Não pode ser decretada em hipótese alguma, pois o ato administrativo tem força de lei.

03. (TJ/RS - Juiz de Direito Substituto – FAURGS) No que se refere aos atos administrativos,
assinale a alternativa correta.
(A) Em face de sua competência para apreciar a legalidade de quaisquer atos administrativos para fins
de registro, a declaração de invalidade ou anulação por vícios legais desses atos é exclusiva do Poder
Legislativo respectivo.
(B) O direito da Administração de anular seus próprios atos de que decorram efeitos favoráveis aos
destinatários prescreve em 3 (três) anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada
má-fé.
(C) A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode
revogá-los por motivos de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.
(D) Têm natureza política e são excluídos de apreciação pelo Poder Judiciário os atos administrativos
dotados de vinculação resultantes do exercício do poder de polícia administrativa que limitam ou
disciplinam direito, interesse ou liberdade dos administrados.
(E) Os atos administrativos eivados de vício que os tornem ilegais somente podem ser declarados
inválidos ou revogados pelo Poder Judiciário.

04. (DPE/MA - Defensor Público – FCC) No que tange à competência para revogar atos
administrativos, é correto afirmar que
(A) a revogação de atos que se sabem eivados de nulidade é possível, desde que devidamente
motivada por razões de interesse público.
(B) a competência para revogar é sempre delegável.
(C) atos já exauridos podem ser revogados, desde seja expressamente atribuído efeito retroativo ao
ato revocatório.

73
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
(D) atos ineficazes, porque ainda não implementada condição deflagradora de sua eficácia, estão
sujeitos à revogação.
(E) é possível revogar atos vinculados, desde que sua edição seja de competência autoridade que
editará o ato revocatório

05. (TRT - 18ª Região (GO)Prova: Juiz do Trabalho – FCC) No que tange à validade dos atos
administrativos
(A) é possível convalidar ato administrativo praticado com vício de finalidade, desde que se evidencie
que tal decisão não acarrete prejuízo a terceiros.
(B) todos os atos administrativos praticados com vício de competência devem ser anulados, pois se
trata de elemento essencial à validade dos atos administrativos.
(C) o descumprimento, pelo administrado, dos requisitos referentes ao desfrute de uma dada situação
jurídica, justifica a anulação do ato administrativo que gerou referida situação.
(D) a caducidade é a extinção de ato administrativo em razão da superveniência de legislação que
tornou inadmissível situação anteriormente consentida, com base na legislação então aplicável.
(E) os atos praticados por agente incompetente estão sujeitos à revogação pela autoridade que detém
a competência legal para sua prática.

Gabarito

01.B/ 02.C/ 03.C/ 04.D/ 05.D.

Comentários

01. Resposta: B
Revogação é a retirada do ato administrativo em decorrência da sua inconveniência ou inoportunidade
em face dos interesses públicos. Somente se revoga ato válido que foi praticado de acordo com a lei.

02. Resposta: C
A anulação do ato administrativo pode acontecer por via judicial ou por via administrativa. Ocorrerá por
via judicial quando alguém solicita ao Judiciário a anulação do ato. Ocorrerá por via administrativa quando
a própria Administração expede um ato anulando o antecedente, utilizando-se do princípio da autotutela.

03. Resposta: C
Súmula 473 STF
A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais,
porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade,
respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.

04. Resposta: D
Um ato administrativo pode ser ineficaz por algumas razões, ou não está formado ou foi extinto. Dessa
forma, os atos que apresentam condição deflagadora de eficácia, estão sujeitos à revogação.

05. Resposta: D
O Prof. José dos Santos Carvalho Filho cita o seguinte exemplo: "uma permissão para uso de um bem
público; se, supervenientemente, é editada lei que proíbe tal uso privativo por particular, o ato anterior, de
natureza precária, sofre caducidade, extinguindo-se."
Outro exemplo é apresentado pela Prof. Maria Sylvia Di Pietro: "a caducidade de permissão para
explorar parque de diversões em local que, em face da nova lei de zoneamento, tornou-se incompatível
com aquele tipo de uso".

74
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
7. Controle e responsabilização da administração: controle administrativo,
controle judicial, controle legislativo, responsabilidade civil.

CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

A Administração Pública se sujeita a controle por parte dos Poderes Legislativo e Judiciário, além de
exercer, ela mesma, o controle sobre os próprios atos.
Embora o controle seja atribuição estatal, o administrado participa dele à medida que pode e deve
provocar o procedimento de controle, não apenas na defesa de seus interesses individuais, mas também
na proteção do interesse coletivo.
A Emenda Constitucional nº 19/98 inseriu o § 3º no artigo 37, prevendo lei que discipline as formas de
participação do usuário na administração pública direta e indireta: é o chamado controle popular. Essa
lei ainda não foi promulgada.
Atualmente, uma instituição que desempenha importante papel no controle da Administração Pública
é o Ministério Público. Além da tradicional função de denunciar autoridades públicas por crimes no
exercício de suas funções, ainda atua como autor da ação civil pública, seja para defesa de interesses
difusos e coletivos, seja para repressão à improbidade administrativa.
O controle abrange a fiscalização e a correção dos atos ilegais e, em certa medida, dos inconvenientes
ou inoportunos.
Com base nesses elementos, Maria Sylvia Zanella di Pietro conceitua “o controle da Administração
Pública como o poder de fiscalização e correção que sobre ela exercem os órgãos dos Poderes Judiciário,
Legislativo e Executivo, com o objetivo de garantir a conformidade de sua atuação com os princípios que
lhe são impostos pelo ordenamento jurídico”.

Classificação

Vários critérios existem para classificar as modalidades de controle.


Quanto ao órgão que o exerce, o controle pode ser administrativo, legislativo ou judicial.

Conforme a origem: O controle ainda pode ser interno ou externo.


É interno o controle que cada um dos Poderes exerce sobre seus próprios atos e agentes. Exemplo:
os chefes que possuem controle sobre seus funcionários.
Exercido de forma integrada entre os Poderes com responsabilidade solidária dos responsáveis pelo
controle interno, assim que deixam de dar ciência ao TCU sobre alguma irregularidade que tenha ocorrido.

Art. 74, Constituição Federal Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma
integrada, sistema de controle interno com a finalidade de:
I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas de
governo e dos orçamentos da União;
II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão
orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal, bem como da
aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado;
III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres
da União;
IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional.
§ 1º Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou
ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob pena de responsabilidade solidária.
§ 2º Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei,
denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União.

É externo o controle exercido por um dos Poderes sobre o outro, como também o controle da
Administração Direta sobre a Indireta. Exemplo: quando o ato da Administração é anulado judicialmente.
A Constituição Federal prevê o controle externo a cargo do Congresso Nacional, com o auxílio do
Tribunal de Contas (art. 71) e o controle interno que cada Poder exercerá sobre seus próprios atos (arts.
70 e 74). No artigo 74 é prevista a responsabilidade solidária dos responsáveis pelo controle quando, ao
tomarem conhecimento de irregularidade, deixarem de dar ciência ao Tribunal de Contas.

75
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
Conforme o momento a ser exercido: Quanto ao momento em que se efetua, pode ser prévio,
concomitante ou posterior.
Controle prévio ou preventivo: é feito antes de se consumar a conduta administrativa.
Exemplo: a previsão constitucional de necessidade de autorização ou aprovação prévia do Congresso
Nacional para determinados atos do Poder Executivo (art. 49, II, III, XV, XVI e XVII; art. 52, III, IV e V).
Controle concomitante: acompanha a situação administrativa no momento em que ela se verifica.
Exemplo: o acompanhamento da execução orçamentária pelo sistema de auditoria.
Controle posterior ou corretivo: tem por finalidade a revisão de atos já praticados, para corrigi-los,
desfazê-los ou, somente, confirmá-los. Atinge atos como os de aprovação, homologação, anulação,
revogação ou convalidação. -
Exemplo: a anulação de um ato administrativo ilegal.

Conforme a amplitude: Quanto à amplitude, o controle pode ser hierárquico ou finalístico.


Para Hely Lopes Meirelles, é aquele “que resulta automaticamente do escalonamento vertical dos
órgãos do Executivo, em que os inferiores estão subordinados aos superiores”. O controle é hierárquico
sempre que os órgãos superiores (dentro de uma mesma estrutura hierárquica) possuírem competência
para controlar e fiscalizar os atos praticados por seus subordinados.
Por sua vez, o controle finalístico é o controle que é exercido pela Administração Direta sobre as
pessoas jurídicas integrantes da Administração Indireta. É um controle que depende de lei que o
estabeleça, determine os meios de controle, as autoridades responsáveis pela sua realização, bem como
as suas finalidades.

Conforme a natureza:
- Controle de legalidade: pode ser exercitado pela Administração de ofício ou mediante provocação,
o Legislativo apenas efetiva nos casos previstos na Constituição e o Judiciário de acordo com a ação
adequada. O ato que for ilegal ou ilegítimo pode ser anulado, mas nunca revogado.
- Controle do mérito: ocorre em virtude da verificação de conveniência e oportunidade da conduta
administrativa. Via de regra a competência para exercê-lo é da Administração, admitindo-se
excepcionalmente, se houver previsão na Constituição, o poder de controle conferido ao Legislativo, mas
não ao Judiciário.

Controle Administrativo

O controle administrativo é o que decorre da aplicação do princípio do autocontrole, ou autotutela, do


qual emerge o poder com idêntica designação (poder de autotutela). A Administração tem o dever de
anular seus próprios atos, quando eivados de nulidade, podendo revogá-los ou alterá-los, por
conveniência e oportunidade, respeitados, nessa hipótese, os direitos adquiridos. É o poder de
fiscalização e correção que a Administração Pública (em sentido amplo) exerce sobre sua própria
atuação, sob os aspectos de legalidade e mérito, por iniciativa própria ou mediante provocação.
O controle sobre os órgãos da Administração Direta é um controle interno e decorre do poder de
autotutela que permite à Administração Pública rever os próprios atos quando ilegais, inoportunos ou
inconvenientes, sendo amplamente reconhecido pelo Poder Judiciário (Súmulas 346 e 473 do STF).

Controle Administrativo Exercitado de Ofício: O controle é exercitado de ofício, pela própria


Administração, ou por provocação. Na primeira hipótese, pode decorrer de: fiscalização hierárquica;
supervisão superior; controle financeiro; pareceres vinculantes; ouvidoria; e recursos administrativos
hierárquicos ou de ofício.
a) fiscalização hierárquica: Procede do poder hierárquico, que faculta à Administração a
possibilidade de escalonar sua estrutura, vinculando uns a outros e permitindo a ordenação, coordenação,
orientação de suas atividades.
Delas derivam as prerrogativas ao superior hierárquico de delegar e avocar atribuições, assim também
o dever de obediência. A fiscalização hierárquica pode ser realizada a qualquer tempo, antes ou depois
da edição do ato, e independentemente de qualquer provocação.
b) supervisão superior: Difere da fiscalização hierárquica porque não pressupõe o vínculo de
subordinação, ficando limitada a hipóteses em que a lei expressamente admite a sua realização. No
âmbito da Administração Pública Federal é nominada de “supervisão ministerial” e aplicável às entidades
vinculadas aos ministérios
c) controle financeiro: O art. 74 da Constituição Federal determina que os Poderes mantenham
sistema de controle interno com a finalidade de “avaliar o cumprimento das metas previstas no plano

76
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
plurianual, a execução dos programas de governo e dos orçamentos da União; comprovar a legalidade e
avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos
órgãos e entidades da Administração Federal, bem como da aplicação de recursos públicos por entidades
de direito privado; exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos
e haveres da União; apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional”.
d) pareceres vinculantes: Trata-se de controle preventivo sobre determinados atos e contratos
administrativos realizado por órgão técnico integrante da Administração ou por órgão do Poder Executivo
(como ocorre com a Procuradoria-Geral do Estado).
e) ouvidoria: limita-se a proceder ao encaminhamento das reclamações que recebe. Ouvidoria tem-
se dedicado a receber reclamações de populares e usuários dos serviços públicos.
f) recursos administrativos hierárquicos ou de ofício: por vezes a lei condiciona a decisão ao
reexame superior, carecendo ser conhecida e eventualmente revista por agente hierarquicamente
superior àquele que decidiu. O reexame é decorrente do poder hierárquico, que consagra prerrogativas
próprias do agente superior (delegar atribuição, avocá-las, fiscalizar, rever decisões).

Controle Administrativo Exercitado Por Provocação: Nesta hipótese de controle interno, ou


administrativo (por provocação), pode decorrer de: direito de petição; pedido de reconsideração;
reclamação administrativa; e recurso administrativo.
a) direito de petição: A Constituição Federal assegura a todos, independentemente do pagamento de
taxas, “o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de
poder” (art. 5º, XXXIV, a).
O direito individual consagrado no inciso XXXIV é amplo, e seu exercício não reclama legitimidade ou
interesse comprovado. Pode, assim, ser a petição individual ou coletiva subscrita por brasileiro ou
estrangeiro, pessoa física ou jurídica, e ser endereçada a qualquer dos Poderes do Estado.
Enquanto o direito de petição é utilizado para possibilitar o acesso a informações de interesse coletivo,
o direito de certidão é utilizado para a obtenção de informações que dizem respeito ao próprio requerente.
O sigilo é lícito na administração pública em situações nas quais a publicidade possa acarretar lesão
a outro direito protegido constitucionalmente.
b) pedido de reconsideração: Próximo do recurso administrativo, o pedido de reconsideração abriga
requerimento que objetiva a revisão de determinada decisão administrativa. Diferentemente do “direito de
petição”, exige a demonstração de interesse daquele que o subscreve, podendo ser exercido por pessoa
física ou jurídica, brasileira ou estrangeira, desde que detentora de interesse. O prazo para sua
interposição deve estar previsto na lei que autoriza o ato; no seu silêncio, a prescrição opera-se em um
ano, contado da data do ato ou decisão.
c) reclamação administrativa: Trata-se de pedido de revisão que impugna ato ou atividade
administrativa. É a oposição solene, escrita e assinada, a ato ou atividade pública que afete direitos ou
interesses legítimos do reclamante. Dessas reclamações são exemplos a que impugna lançamentos
tributários e a que se opõe a determinada medida punitiva.
Esta modalidade de recurso administrativo tem a finalidade de conferir à oportunidade do cidadão
questionar a realização de algum ato administrativo.
As reclamações administrativas, na maioria das vezes são julgadas por um órgão especifico da
administração pública, criados com este intuito.
Caso não ocorra outro prazo previsto pela legislação, a reclamação deve ser interposta perante o órgão
da administração pública dentro de até um ano, contados da realização do ato eivado de vício.
A reclamação administrativa, de acordo com Meirelles:
“É a oposição expressa a atos da Administração que afetem direitos ou interesses legítimos do
administrado.”
O prazo interposto para interpor a reclamação administrativa é fatal e peremptório para o administrado,
permitindo que a Administração não tome conhecimento do pedido se feito fora do prazo determinado.
Porém, nada impede que a Administração reconheça a reclamação extemporaneamente, desde que
não tenha ocorrido a prescrição da ação e a reclamação seja procedente.
d) recurso administrativo: Recurso é instrumento de defesa, meio hábil de impugnação ou
possibilitador de reexame de decisão da Administração. Os recursos administrativos podem ser: a)
provocados ou voluntários; b) hierárquicos ou de ofício. Quanto aos efeitos: a) suspensivos; b) meramente
devolutivos.
Assim, recurso provocado é o interposto pelo interessado, pelo particular, devendo ser dirigido à
autoridade competente para rever a decisão, contendo a exposição dos fatos e fundamentos jurídicos da
irresignação.

77
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
O recurso implicará o exame da matéria já decidida, devendo tal decisão ser fundamentada, seja para
o acolhimento das razões recursais, seja para o não provimento do recurso (STF, RDA, 80/147). O
reexame será amplo, podendo ir além do pedido e mesmo ser decidido contra o recorrente (admite-se a
reformatio in pejus), salvo se se tratar de recurso hierárquico ou de ofício. Nada impede, ainda, que,
presente o recurso, julgue o administrador conveniente a revogação da decisão, ou a sua anulação, ainda
que o recurso não objetive tal providência. Os recursos sempre produzem efeitos devolutivos, permitindo
o reexame da matéria decidida (devolve à Administração a possibilidade de decidir), e excepcionalmente
produzirão efeitos suspensivos, obstando a execução da decisão impugnada.
O Recurso administrativo ou hierárquico é o pedido de reexame do ato dirigido à autoridade superior
à que o proferiu. Só podem recorrer os legitimados, que, segundo o artigo 58 da Lei federal 9784/99, são:
I - os titulares de direitos e interesses que forem parte no processo; II - aqueles cujos direitos ou interesses
forem indiretamente afetados pela decisão recorrida; III - organizações e associações representativas, no
tocante a direitos e interesses coletivos; IV - os cidadãos ou associações, quanto a direitos ou interesses
difusos. Pode-se, em tese, recorrer de qualquer ato ou decisão, salvo os atos de mero expediente ou
preparatórios de decisões.
O recurso hierárquico tem sempre efeito devolutivo e pode ter efeito suspensivo, se previsto em lei.
Atente-se que, se cabe recurso administrativo com efeito suspensivo e esse for interposto, é vedada a
impetração de mandado de segurança, conforme estabelece o art. 5º, I da Lei federal nº 1.533/51, que
regula o mandado de segurança, até que seja decidido.
O recurso hierárquico pode ser voluntário ou de ofício.
Na decisão do recurso, o órgão ou autoridade competente tem amplo poder de revisão, podendo
confirmar, desfazer ou modificar o ato impugnado. Entretanto, a reforma não pode impor ao recorrente
um maior gravame (reformatio in pejus).
Pedido de revisão é o recurso utilizado pelo servidor público punido pela Administração, visando ao
reexame da decisão, no caso de surgirem fatos novos suscetíveis de demonstrar a sua inocência. Pode
ser interposto pelo próprio interessado, por seu procurador ou por terceiros, conforme dispuser a lei
estatutária. É admissível até mesmo após o falecimento do interessado.

Coisa julgada administrativa: Quando inexiste, no âmbito administrativo, possibilidade de reforma


da decisão oferecida pela Administração Pública, está-se diante da coisa julgada administrativa. Esta não
tem o alcance da coisa julgada judicial, porque o ato jurisdicional da Administração Pública é tão-só um
ato administrativo decisório, destituído do poder de dizer do direito em caráter definitivo. Tal prerrogativa,
no Brasil, é só do Judiciário.
A imodificabilidade da decisão da Administração Pública só encontra consistência na esfera
administrativa. Perante o Judiciário, qualquer decisão administrativa pode ser modificada, salvo se
também essa via estiver prescrita.
Portanto, a expressão “coisa julgada”, no Direito Administrativo, não tem o mesmo sentido que no
Direito Judiciário. Ela significa apenas que a decisão se tornou irretratável pela própria Administração.

Controle Legislativo/Parlamentar

O controle legislativo, ou parlamentar, é exercido pelo Poder Legislativo (Congresso Nacional, Senado
Federal, Câmara dos Deputados, Assembleias Legislativas, Câmara Distrital e Câmara de Vereadores),
tendo em mira a administração desempenhada pelos Poderes Executivo e Judiciário.
O controle que o Poder Legislativo exerce sobre a Administração Pública limita-se às hipóteses
previstas na Constituição Federal. Alcança os órgãos do Poder Executivo, as entidades da Administração
Indireta e o próprio Poder Judiciário, quando executa função administrativa.
O exercício do controle constitui uma das funções típicas do Poder Legislativo, ao lado da função de
legislar.

Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI): As Comissões Parlamentares de Inquérito são


constituídas pelo Senado ou pela Câmara, em conjunto ou separadamente, para investigar fato
determinado e por prazo certo. Exige-se que o requerimento para a instalação contenha um terço de
adesão dos membros que compõem as Casas Legislativas, sendo suas conclusões encaminhadas,
quando for o caso, ao Ministério Público.
Têm-se, pois, os seguintes requisitos para a instalação de Comissão Parlamentar de Inquérito.
- Quanto à competência para constituí-la, pode ser:
a) do Congresso Nacional;
b) do Senado Federal;

78
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
c) da Câmara dos Deputados e, pelo princípio da simetria, das Assembleias Legislativas e da Câmara
de Vereadores.

- Quanto ao objeto:
a) qualquer fato certo e determinado relacionado ao exercício da função administrativa.

- Quanto à instalação e término:


a) pode ser instalada se contiver um terço da adesão dos membros das Casas Legislativas, como já
dissemos;
b) terá prazo certo e determinado para a conclusão, conquanto admita prorrogações.

- Quanto à natureza de seus atos:


a) tem amplo poder de investigação, similar à competência do Judiciário.

As Comissões detêm poderes de investigação, mas não competência para atos judiciais. Assim,
investigam com amplitude, mas não julgam e submetem suas conclusões ao Ministério Público.

Pedido de Informações: O controle exercido por “pedido de informações” está previsto no art. 50, §
2º, da Constituição Federal, podendo ser dirigido a ministro de Estado ou a qualquer agente público
subordinado à Presidência da República, a fim de aclarar matéria que lhe seja afeta. Tal pedido somente
pode ser formulado pelas Mesas da Câmara e do Senado, devendo ser atendido no prazo de trinta dias,
sujeitando o agente, no caso de descumprimento, a crime de responsabilidade. A norma é aplicável, por
simetria, aos Estados e Municípios.

Convocação de Autoridades: A Constituição Federal (art. 50) permite às Casas Legislativas e às


suas Comissões a convocação de ministros de Estado para prestarem esclarecimentos sobre matéria
previamente definida. Tais esclarecimentos, ou informações, deverão ser prestados pessoalmente e o
descumprimento, repetimos, pode corresponder à prática de crime de responsabilidade.
Nos Estados e Municípios, a Constituição Estadual e as Leis Orgânicas também disciplinam,
invariavelmente, a convocação de secretários municipais e dos dirigentes de autarquias, fundações,
sociedades de economia mista, empresas públicas ou outras entidades. Não há previsão constitucional
para a convocação do chefe do Executivo.

Fiscalização pelo Tribunal de Contas: A função desempenhada pelo Tribunal de Contas é técnica,
administrativa, e não jurisdicional. Apesar de auxiliar o Legislativo, detém autonomia e não integra a
estrutura organizacional daquele Poder.
A fiscalização não se restringe ao “controle financeiro”, mas inclui a fiscalização contábil, orçamentária,
operacional e patrimonial da Administração Pública direta e indireta, bem como de qualquer pessoa física
ou jurídica que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos (CF,
art. 70, parágrafo único).
O controle pode tanger a: legalidade, legitimidade, economicidade e aplicação de subvenções e
renúncia de receitas (CF, art. 70).
A Constituição Federal ampliou significativamente as atribuições das Cortes de Contas, dentre as quais
se destacam:
a) oferecer parecer prévio sobre contas prestadas anualmente pelo chefe do Poder Executivo;
b) examinar, julgando, as contas dos agentes públicos e administradores de dinheiros, bens e valores
públicos;
c) aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, sanções
previstas em lei;
d) fiscalizar repasses de recursos efetuados pela União a Estados, Distrito Federal ou a Municípios,
mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres;
e) conceder prazo para a correção de irregularidade ou ilegalidade;
f) realizar auditorias e inspeções de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e
patrimonial em qualquer unidade administrativa dos três Poderes, seja da Administração direta, seja da
indireta.
A atual Constituição Federal coloca o Tribunal de Contas como órgão integrante do Poder Legislativo,
já que a atribuição de fiscalizar faz parte das atribuições típicas do Poder Legislativo.

79
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
Outros afirmam que o TCU não pertence a nenhum dos Poderes e entendem que ele é um órgão
independente e autônomo, assim como o Ministério Público e que, ao auxiliar o Poder Legislativo, a ele
não se subordina.
Não obstante as várias interpretações constitucionais, o entendimento majoritário é no sentido de ser
o TCU um órgão de extração constitucional, independente e autônomo, que auxilia o Congresso Nacional
no exercício do controle externo.
Deste modo, o Tribunal de Contas auxilia o Poder Legislativo mas não o integra. Embora o nome sugira
que faça parte do Poder Judiciário, o TCU está administrativamente enquadrado no Poder Legislativo.
Essa é a posição adotada no Brasil, pois em outros países essa corte pode integrar qualquer dos outros
dois poderes. Sua situação é de órgão auxiliar do Congresso Nacional, e como tal exerce competências
de assessoria do Parlamento, bem como outras privativas.

Controle Judicial

O Direito brasileiro adotou o sistema de jurisdição una, pelo qual o Poder Judiciário tem o monopólio
da função jurisdicional, ou seja, do poder de apreciar, com força de coisa julgada, a lesão ou ameaça de
lesão a direitos individuais e coletivos (art. 5º, XXXV CF/88). Afastou, portanto, o sistema da dualidade
de jurisdição, em que, paralelamente ao Poder Judiciário, existem os órgãos de Contencioso
Administrativo, que exercem, como aquele, função jurisdicional sobre lides de que a Administração
Pública seja parte interessada.
O Poder Judiciário pode examinar os atos da Administração Pública, de qualquer natureza, sejam
gerais ou individuais, unilaterais ou bilaterais, vinculados ou discricionários, mas sempre sob o aspecto
da legalidade e da moralidade (art. 5º, LXXIII, e art. 37).
Quanto aos atos discricionários, sujeitam-se à apreciação judicial, desde que não invadam os aspectos
reservados à apreciação subjetiva da Administração, conhecidos sob a denominação de mérito
(oportunidade e conveniência).
Não há invasão do mérito quando o Judiciário aprecia os motivos, ou seja, os fatos que precedem a
elaboração do ato; a ausência ou falsidade do motivo caracteriza ilegalidade, suscetível de invalidação
pelo Poder Judiciário.
Os atos normativos do Poder Executivo, como Regulamentos, Resoluções, Portarias, só podem ser
invalidados pelo Judiciário por via de ADIN (Ação Direta de Inconstitucionalidade), cujo julgamento é de
competência do STF, quando se tratar de lei ou ato normativo federal ou estadual que contrarie a
Constituição Federal; e do Tribunal de Justiça, quando se tratar de lei ou ato normativo estadual ou
municipal que contrarie a Constituição do Estado.
Nos casos concretos, poderá o Poder Judiciário apreciar a legalidade ou constitucionalidade dos atos
normativos do Poder Executivo, mas a decisão produzirá efeitos apenas entre as partes, devendo ser
observada a norma do art. 97 da Constituição Federal, que exige maioria absoluta dos membros dos
Tribunais para a declaração de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público.
Com relação aos atos políticos, é possível também a sua apreciação pelo Poder Judiciário, desde que
causem lesão a direitos individuais ou coletivos.
Quanto aos atos interna corporis (atos administrativos que produzem efeitos internos), em regra, não
são apreciados pelo Poder Judiciário, porque se limitam a estabelecer normas sobre o funcionamento
interno dos órgãos; no entanto, se exorbitarem em seu conteúdo, ferindo direitos individuais e coletivos,
poderão também ser apreciados pelo Poder Judiciário.

Privilégios da Administração Pública: A Administração Pública, quando é parte em uma ação


judicial, usufrui de determinados privilégios não reconhecidos aos particulares:
1. Juízo privativo. Na esfera federal, é a Justiça Federal; excetuam-se apenas as causas referentes
à falência e as de acidente de trabalho (justiça comum) e as relativas à Justiça Eleitoral e Justiça do
Trabalho. Esse juízo privativo beneficia a União, entidade autárquica ou empresa pública, excluídas as
fundações de direito privado e as sociedades de economia mista.
2. Prazos dilatados. Pelo CPC/2015, a Fazenda Pública e o Ministério Público têm prazo em prazo
em dobro para manifestar-se nos autos. A Lei nº 9.469/97 estendeu igual benefício às autarquias e
fundações públicas.
OBS: o Ministério Público possui previsão no artigo 180, CPC e a Fazenda Pública no artigo 183.
3. Duplo grau de jurisdição. O art. 496 do CPC/2015 determina que está sujeita ao duplo grau de
jurisdição, não produzindo efeitos senão depois de confirmada pelo tribunal, a sentença proferida contra
a União, o Estado, o DF, o Municípios e as respectivas autarquias e fundações de direito público, bem

80
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
como a que julgar improcedente, no todo ou em parte, os embargos à execução de dívida ativa da
Fazenda Pública.
4. Processo especial de execução. O art. 100 da Constituição prevê processo especial de execução
contra a Fazenda Federal, Estadual e Municipal, e que abrange todas as entidades de direito público.
Esse processo não se aplica aos débitos de natureza alimentícia e aos pagamentos de obrigações
definidas em lei como de pequeno valor.
Conforme o dispositivo constitucional, o Presidente do Tribunal que proferir a decisão exequenda
expede ofício precatório à entidade devedora, que fará consignar no seu orçamento verba necessária ao
pagamento dos débitos constantes dos precatórios judiciais apresentados até 1º de julho, fazendo-se o
pagamento até o final do exercício seguinte, com atualização monetária.

Controle pelo Tribunal de Contas

O Tribunal de Contas é competente para realizar a fiscalização contábil, financeira, orçamentária,


operacional e patrimonial dos entes federativos, da Administração Pública direta e indireta, além das
empresas públicas e sociedades de economia mista que também estão sujeitas à fiscalização dos
Tribunais de Contas.

Composição dos Tribunais de Contas: O Tribunal de Contas da União é composto por nove
ministros que possuem as mesmas garantias, prerrogativas, vencimentos e impedimentos dos ministros
do STJ.
Os Tribunais de Contas dos Estados são formados conforme previsto nas Constituições Estaduais,
respeitando sempre a Constituição Federal. É integrado por sete conselheiros, sendo quatro escolhidos
pela Assembleia Legislativa e três pelo Governador do Estado (súmula 653 do STF).
Quanto à criação de Tribunais, Conselhos e órgãos de contas municipais, a Constituição Federal veda
a sua criação, no entanto, os municípios que possuíam estas instituições antes da Constituição de 1988
poderão mantê-las. Já para os municípios posteriores a ela terão o controle externo da Câmara Municipal
realizado com o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados e Ministério Público. Veja-se o dispositivo
constitucional:

Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo Municipal, mediante controle
externo, e pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo Municipal, na forma da lei.
§ 1º O controle externo da Câmara Municipal será exercido com o auxílio dos Tribunais de Contas dos
Estados ou do Município ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios, onde houver.

Competências30: Os Tribunais de contas tem competência fiscalizadora e a exercem por meio da


realização de auditorias e inspeções em entidades e órgãos da Administração Pública. Também é
competente para fiscalizar os procedimentos de licitações e, nesse caso, pode o Tribunal adotar medidas
cautelares com a finalidade de evitar futura lesão ao erário, bem como para garantir o cumprimento de
suas decisões.
Cabe destacar que é da alçada do Tribunal de Contas julgar as contas anuais dos administradores e
outros responsáveis pelo erário público.
Tem ainda o Tribunal a chamada competência sancionatória, ou seja, o poder de aplicar sanções em
caso de ilegalidades nas despesas e nas contas. Suas decisões tem natureza de título executivo.
A súmula 347 do Supremo Tribunal Federal reconheceu a competência do Tribunal de Contas para
apreciar a inconstitucionalidade de leis e atos do poder público, dessa forma suas atribuições não dizem
respeito somente à apreciação da legalidade, mas também da legitimidade do órgão e do princípio da
economicidade. Segue a súmula:

Súmula 347, STF. O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a
constitucionalidade das leis e dos atos do poder público.

Natureza jurídica dos Tribunais de Contas31: Os Tribunais de Contas têm taxinomia (natureza
jurídica) de órgãos públicos primários despersonalizados. São chamados de órgãos “primários” ou
“independentes” porque seu fundamento e estrutura encontram-se na própria
Constituição Federal, não se sujeitando a qualquer tipo de subordinação hierárquica ou funcional a
outras autoridades estatais
30
Texto baseado em artigo publicado em: http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=11198.
31
MAZZA, Alexandre, Manual de Direito Administrativo, editora; Saraiva, 4ª edição, 2014.

81
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
Simetria de regime entre os Tribunais de Contas e o Poder Judiciário: Embora não pertençam a
nenhum dos três Poderes, os Tribunais de Contas tiveram aspectos do seu regime jurídico
constitucionalmente aproximados a órgãos do Poder Judiciário. É o que se pode constatar da leitura dos
dispositivos abaixo transcritos:

“Art. 73. O Tribunal de Contas da União, integrado por nove Ministros, tem sede no Distrito Federal,
quadro próprio de pessoal e jurisdição em todo o território nacional, exercendo, no que couber, as
atribuições previstas no art. 96” (competência dos tribunais judiciários).

“Art. 73, § 3º Os Ministros do Tribunal de Contas da União terão as mesmas garantias, prerrogativas,
impedimentos, vencimentos e vantagens dos Ministros do Superior Tribunal de Justiça, aplicando-se lhes,
quanto à aposentadoria e pensão, as normas constantes do art. 40”

Competência fiscalizadora e corretiva em procedimentos licitatórios: O art. 113, § 2º, da Lei n.


8.666/93 confere aos Tribunais de Contas e demais órgãos integrantes do sistema de controle interno
competência para solicitar cópia de edital de licitação já publicado com o objetivo de realizar seu exame,
podendo também determinar a adoção de medidas corretivas de cumprimento obrigatório para todos os
órgãos e entidades da Administração Pública, desde que a solicitação seja motivada e casuística.

Tomada de contas ordinária e especial: A tomada de contas especial é um processo administrativo


devidamente formalizado, com rito próprio, para apurar responsabilidade por ocorrência de dano à
administração pública federal a fim de obter o respectivo ressarcimento. Essa dinâmica tem por base a
apuração de fatos, a quantificação do dano, a identificação dos responsáveis, nos termos do art. 2º da IN
TCU 71/2012.32

A instauração da tomada de contas especial, de acordo com o art. 8º da Lei 8.443/1992, tem por
pressuposto as seguintes irregularidades:
- omissão no dever de prestar contas;
- não comprovação da aplicação dos recursos repassados pela União;
- ocorrência de desfalque ou desvio de dinheiros, bens ou valores públicos;
- prática de qualquer ato ilegal, ilegítimo ou antieconômico de que resulte dano ao erário.

Em regra, a TCE deve ser instaurada pela autoridade competente do próprio órgão ou entidade
jurisdicionada (responsável pela gestão dos recursos), em face de pessoas físicas ou jurídicas que deram
causa ou concorreram para a materialização do dano, depois de esgotadas as medidas administrativas
internas com vista à recomposição do erário ou à elisão da irregularidade.
A TCE pode igualmente ser instaurada por recomendação dos órgãos de controle interno (art. 50, III,
da Lei 8.443/92) ou por determinação do próprio Tribunal, nos casos de omissão na prestação de contas
ou inércia na instauração da TCE pelo gestor. A TCE pode ser, ainda, oriunda de conversão de outros
processos de controle externo, tais como, denúncia, representação, inspeção, auditoria e processos de
registro de atos de pessoal (art. 47 da Lei 8.443/92).
Os processos instaurados nas demais instâncias deverão ser remetidos ao Tribunal de Contas da
União, no prazo máximo de cento e oitenta dias, a contar do término do exercício financeiro de sua
instauração, conforme o art. 11 da IN TCU 71/2012.
A TCE deve ser constituída por elementos fáticos e jurídicos suficientes à comprovação da ocorrência
do dano e à identificação dos agentes responsáveis pela sua materialização (pessoas físicas e ou
jurídicas). Assim, nos termos do art. 5º, § 1º, incisos I a III, os processos de TCE devem ser
fundamentados com os seguintes elementos:
I - descrição detalhada da situação que deu origem ao dano, lastreada em documentos, narrativas e
outros elementos probatórios que deem suporte à comprovação de sua ocorrência;
II - exame da suficiência e da adequação das informações, contidas em pareceres de agentes públicos,
quanto à identificação e quantificação do dano;
III - evidenciação da relação entre a situação que deu origem ao dano e a conduta ilegal, ilegítima ou
antieconômica da pessoa física ou jurídica a quem se imputa a obrigação de ressarcir os cofres públicos,
por ter causado ou concorrido para a ocorrência de dano.

32
http://portal.tcu.gov.br/contas/tomada-de-contas-especial/conheca-a-tomada-de-contas-especial.htm

82
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
Controle Social33

O controle social apresenta-se como uma forma de controle possivelmente eficaz e que traz qualidade
aos serviços públicos, uma vez que a decisão do povo é soberana em uma democracia.
A Sociedade controla a Administração Pública ou por mecanismos criados pela própria sociedade
dentro do Estado (controle governamental) ou fora dele (Controle Social). Assim, a Sociedade realiza o
controle da Administração Pública por meio do Controle Governamental e do Controle Social.
Controle Social será aqui entendido como a participação, individual ou coletiva, de cidadãos na
composição e no provocar dos órgãos administrativos, com base na legislação, para a defesa do
patrimônio público e dos direitos fundamentais idealizados pela Constituição Federal.

Questões

01. (TRE/PE - Técnico Judiciário - Área Administrativa - CESPE/2017) Assinale a opção correta a
respeito do controle da administração pública.
(A) As ações judiciais que tenham por objeto atos administrativos praticados por órgãos do Poder
Judiciário constituem exemplos de controle externo.
(B) Dada a presunção de legitimidade dos atos administrativos, não se pode falar em controle
preventivo desses atos.
(C) Por força do princípio da eficiência, não cabe falar em controle concomitante de um ato
administrativo, sob risco de entraves desnecessários à consecução do interesse público.
(D) O recurso administrativo ilustra o chamado controle provocado, que se opõe ao controle de ofício,
por ser deflagrado por terceiro
(E) O controle de legalidade é prerrogativa do controle judicial.

02. (TCE/PR - Conhecimentos Básicos - CESPE) A respeito do controle judicial dos atos
administrativos, assinale a opção correta.
(A) Em razão da presunção de legitimidade e autoexecutoriedade do ato administrativo, o controle
judicial deste se dá, em regra, posteriormente à sua edição, podendo, todavia, ocorrer de forma prévia, a
fim de evitar ameaça de lesão a direito.
(B) No ordenamento jurídico pátrio, inexiste hipótese em que o acesso ao Poder Judiciário somente
seja admitido após o esgotamento da instância administrativa.
(C) A ação de improbidade administrativa é meio de controle judicial de condutas de improbidade
praticadas no âmbito da administração pública, para as quais são previstas penalidades de cassação dos
direitos políticos, perda da função pública e ressarcimento ao erário, entre outras.
(D) Em razão do sistema do contencioso administrativo, adotado no Brasil, determinadas causas,
quando julgadas em última instância na esfera administrativa, não podem ser reapreciadas pelo Poder
Judiciário.
(E) Com base no princípio da inafastabilidade da jurisdição, o Poder Judiciário pode reapreciar o mérito
dos atos administrativos relativamente aos critérios de oportunidade e conveniência utilizados pelo
administrador público.

03. (Prefeitura de Matozinhos/MG - Advogado - FUMARC) Acerca do controle jurisdicional dos atos
da Administração Pública, é INCORRETO afirmar que
(A) o abuso de poder e o desvio de finalidade podem sujeitar o ato administrativo a controle jurisdicional
por meio de ações individuais ou coletivas, conforme os pressupostos de cada uma.
(B) o ato administrativo que imponha punição disciplinar pode ser sujeito a controle jurisdicional se for
emitido por autoridade incompetente.
(C) os atos administrativos vinculados são, em regra, sujeitos a controle jurisdicional.
(D) qualquer ato praticado pelo chefe da Administração Pública pode ser sujeito a controle jurisdicional,
ainda que expresse no seu mérito decisão discricionária.

04. (IF/AP - Auxiliar em Administração - FUNIVERSA) Acerca dos tipos e das formas de controle da
Administração Pública, é correto afirmar que o controle
(A) administrativo não pode ser exercido pelos Poderes Legislativo e Judiciário.
(B) exercido pelas comissões parlamentares de inquérito (CPI) é um exemplo de controle judicial.

33
https://www.administradores.com.br/artigos/negocios/o-controle-social-na-gestao-publica/110596/.

83
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
(C) administrativo, o controle legislativo e o controle judicial são formas de controle da Administração
Pública.
(D) popular ou social não é uma forma de controle aceita no regime jurídico brasileiro.
(E) administrativo é exercido exclusivamente pelo Poder Executivo.

05. (UFPB - Administrador - IDECAN) Quanto ao controle da administração pública, a autotutela


constitui espécie de controle:
(A) Judicial.
(B) Externo.
(C) Legislativo.
(D) Administrativo.

06. (IF/AP - Auxiliar em Administração - FUNIVERSA) No que se refere a controle interno e a


controle externo na Administração Pública, assinale a alternativa correta.
(A) O controle interno é exercido por um Poder em relação aos atos administrativos praticados por
outro Poder do Estado.
(B) A supervisão ministerial é um exemplo de controle externo da Administração Pública.
(C) O controle externo não permite harmonia entre os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário.
(D) O controle interno é feito por pessoas ou órgãos da Administração Pública.
(E) Existe hierarquia entre pessoas jurídicas distintas, por exemplo, uma autarquia federal é
subordinada à União.

07. (TJ/RS - Juiz de Direito Substituto - FAURGS) Acerca do controle externo e interno da
Administração Pública, assinale a alternativa correta.
(A) O controle externo dos Municípios onde não houver Tribunal de Contas ou Conselhos ou Tribunais
de Contas dos Municípios será exercido pelo respectivo Tribunal de Contas do Estado de cujas decisões
cabe recurso à Câmara Municipal.
(B) As agências reguladoras integram o sistema de controle externo da administração pública direta e
indireta como auxiliares do Tribunal de Contas.
(C) A Constituição Estadual, em função da autonomia dos Estados-membros, fixará o número de
Conselheiros do Tribunal de Contas do Estado.
(D) O Tribunal de Contas, como auxiliar do controle externo, a cargo do Poder Legislativo e dele
integrante, será organizado segundo o modelo constitucional das corporações legislativas respectivas.
(E) Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de controle
interno, com a finalidade de, entre outras, apoiar o controle externo no exercício da sua missão
institucional.

08. (Prefeitura de Caieiras/SP - Assistente de Patrimônio e Estoque - VUNESP) Os controles


administrativos na Administração Pública são verticais e horizontais, conforme a localização do órgão que
exerce o controle. Os controles horizontais são classificados como
(A) interno e externo.
(B) contábil e financeiro.
(C) financeiro e patrimonial.
(D) orçamentário e permanente.
(E) direto e indireto.

09. (UEG - Analista de Gestão Administrativa - Administração - FUNIVERSA) Em relação ao


controle interno e externo na administração pública brasileira, é correto afirmar que
(A) uma das funções dos tribunais e conselhos de contas é subsidiar as ações da auditoria
independente.
(B) o Poder Legislativo pode aprovar propostas de fiscalização e controle a serem implementadas pelo
controle interno das empresas estatais.
(C) o Tribunal de Contas da União está autorizado a fiscalizar as contas dos países que participem do
capital das empresas supranacionais.
(D) um dos objetivos da chamada “supervisão ministerial” é fiscalizar a aplicação e a utilização de
recursos públicos.
(E) as transferências constitucionais da União para os municípios são objeto de fiscalização pela União
e pelos respectivos estados.

84
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
10. (TCE/CE - Conselheiro Substituto (Auditor) - FCC) O controle jurisdicional de constitucionalidade
no Brasil apresenta como característica:
(A) O controle difuso no Brasil admite que qualquer juiz ou tribunal, a qualquer tempo, declare a
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo.
(B) As formas difusa e concentrada, sendo a primeira sempre na modalidade concreta e a segunda
sempre na modalidade abstrata.
(C) As ações diretas interventivas podem se apresentar na modalidade concentrada e concreta.
(D) O controle concentrado e abstrato apresenta, como regra geral, a anulabilidade das leis e atos
normativos sindicados.
(E) O Supremo Tribunal Federal, como “Guardião da Constituição”, detém o monopólio da declaração
da inconstitucionalidade de leis e atos normativos pela via abstrata.

11. (TRT - 4ª REGIÃO/RS - Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador Federal - FCC) Nas
hipóteses de controle jurisdicional de constitucionalidade existentes no sistema brasileiro, as decisões
possuem eficácia,
(A) subjetiva erga omnes e temporal ex tunc, em se tratando de controle concentrado, atingindo todos
os atos praticados desde a vigência da norma declarada inconstitucional, salvo limitação de tais efeitos
declarada pelo Supremo Tribunal Federal, nos termos da lei.
(B) subjetiva erga omnes e temporal ex tunc, em se tratando de controle difuso, atingindo todos os
atos anteriores à decisão, salvo limitação declarada pelo Supremo Tribunal Federal, nos termos da lei.
(C) subjetiva erga omnes e temporal ex nunc, em se tratando de controle concentrado, salvo a
possibilidade da atribuição de efeitos retroativos pelo Supremo Tribunal Federal, nos termos da lei.
(D) subjetiva intra partes e temporal ex nunc em se tratando de controle difuso, somente podendo
aplicar-se a atos anteriores à decisão se houver a suspensão da execução da lei pelo Senado Federal.
(E) subjetiva limitada aos legitimados para a propositura da ação e temporal ex tunc, em se tratando
de controle concentrado, alcançando todos os atos praticados desde a vigência da norma declarada
inconstitucional, salvo a limitação de tais efeitos pelo Supremo Tribunal Federal, nos termos da lei.

12. (TCE/PB - Procurador - CESPE) No exercício do controle político da administração pública,


compete;
(A) às CPIs apurar irregularidades e determinar sanções.
(B) ao Congresso Nacional sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder
regulamentar, sustando, se for o caso, seus efeitos independentemente de prévia manifestação do Poder
Judiciário.
(C) ao Senado Federal ou à Câmara dos Deputados — excetuadas suas comissões — convocar
titulares de órgãos diretamente subordinados à Presidência da República.
(D) privativamente ao Congresso Nacional e ao Senado Federal apreciar, a priori, os atos do Poder
Executivo.
(E) ao Senado Federal dispor, por proposta do presidente da República, sobre limites globais e
condições para a operação de créditos externo e interno da União, dos estados, dos municípios e do DF,
exceto das autarquias.

13. (TJ/CE - Técnico Judiciário - Área Administrativa - CESPE) Acerca do controle da administração
pública, assinale a opção correta.
(A) Controle legislativo é a prerrogativa atribuída ao Poder Legislativo de fiscalizar atos da
administração pública sob os critérios jurídicos, políticos e financeiros.
(B) O controle judicial incide sobre a atividade administrativa do Estado, seja qual for o Poder em que
esteja sendo desempenhada, de modo a alcançar os atos administrativos do Executivo, do Legislativo e
do próprio Judiciário.
(C) O controle da administração pública contempla os instrumentos jurídicos de fiscalização da atuação
dos agentes e órgãos públicos, não podendo haver controle sobre pessoas administrativas que compõem
a administração indireta, uma vez que aquelas são entes independentes.
(D) Um importante instrumento de controle administrativo é o direito de petição, que consiste na
obrigatoriedade que têm os indivíduos de formular pretensões aos órgãos públicos quando verificarem
uma irregularidade, sob pena de multa.
(E) Coisa julgada administrativa é a situação jurídica pela qual determinada decisão firmada pela
administração não mais pode ser modificada na via administrativa e judicial.

85
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
14. (TC/DF - Analista - CESPE) No que se refere ao controle da administração pública, julgue o item
que se segue.
O controle judicial dos atos da administração ocorre depois que eles são produzidos e ingressam no
mundo jurídico, não existindo margem, no ordenamento jurídico brasileiro, para que tal controle se dê a
priori.
( ) Certo ( ) Errado

15. (TJ/MT - Juiz - FMPRS) Com relação ao controle da Administração Pública, assinale a opção
correta.
(A) No exercício do controle externo, é possível tanto a revogação quanto a invalidação dos atos
administrativos.
(B) No exercício de suas funções, a Administração Pública sujeita-se a controle por parte do Poder
Legislativo e Poder Judiciário, além de exercer, ela mesma, o controle sobre os próprios atos.
(C) O controle exercido pelo Poder Legislativo está restrito às hipóteses previstas na Constituição
Federal e somente pode ocorrer no âmbito da Administração Pública Direta, Autarquias e Fundações
Públicas.
(D) O controle exercido pelo Poder Judiciário deverá ser precedido do esgotamento das vias
administrativas.
(E) O controle exercido pelo Poder Judiciário tanto pode revogar quanto invalidar os atos
administrativos; quanto aos efeitos, no primeiro caso, não retroage; no segundo, retroage.

Gabarito

01.D / 02.A / 03.D / 04.C / 05.D / 06.D / 07.E / 08.A / 09.D / 10.C / 11.A / 12.B / 13.B / 14.Errado /
15.B

Comentários

01. Resposta: D
Recurso é instrumento de defesa, meio hábil de impugnação ou possibilitador de reexame de decisão
da Administração. Os recursos administrativos podem ser: a) provocados ou voluntários; b) hierárquicos
ou de ofício. Quanto aos efeitos: a) suspensivos; b) meramente devolutivos.
Assim, recurso provocado é o interposto pelo interessado, pelo particular, devendo ser dirigido à
autoridade competente para rever a decisão, contendo a exposição dos fatos e fundamentos jurídicos da
irresignação.

02. Resposta: A
O controle exercido pelo Poder Judiciário será sempre um controle de legalidade ou legitimidade do
ato administrativo. Conceitua Di Pietro (2011), pois para a autora: “(...) pela autotutela o controle se exerce
sobre os próprios atos, com a possibilidade de anular os ilegais e revogar os inconvenientes ou
inoportunos, independentemente de recurso ao Poder Judiciário” (idem, p. 70). Como se nota, a autora
não procura excluir o Poder Judiciário de qualquer apreciação sobre os atos administrativos.

03. Resposta: D
O Poder Judiciário exerce controle sobre atos do Executivo, sendo que o controle será sempre de
legalidade ou legitimidade, e não de mérito. Assim, o resultado do controle jurisdicional deverá ser,
sempre, a anulação do ato controlado. Jamais sua revogação ou convalidação, sob pena de invasão do
mérito administrativo e, por conseguinte, violação do princípio da separação de poderes (art. 2º, CF/88).

04. Resposta: C
Com base nesses elementos, Maria Sylvia Zanella di Pietro conceitua “o controle da Administração
Pública como o poder de fiscalização e correção que sobre ela exercem os órgãos dos Poderes Judiciário,
Legislativo e Executivo, com o objetivo de garantir a conformidade de sua atuação com os princípios que
lhe são impostos pelo ordenamento jurídico”.

05. Resposta: D
O controle administrativo é reconhecido pela Súmula STF nº 473 e é decorrente do poder de autotutela.
Por meio do poder de autotutela, as entidades e órgãos da Administração Pública controlam e corrigem
a conveniência, a oportunidade e a legalidade dos seus próprios atos.

86
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
06. Resposta: D
Controle Interno: É exercido dentro de um mesmo Poder, seja o exercido por meio de órgãos
especializados, até entre órgãos da mesma entidade, quando se manifesta relação de hierarquia. Seja
entre entidades diferentes, como ocorre com o controle que a Administração direta exerce sobre a
administração indireta de um mesmo poder.

07. Resposta: E
Constituição Federal
Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de
controle interno com a finalidade de:
IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional.

08. Resposta: A
Os controles administrativos são denominados genericamente de controles internos. Fazem parte da
estrutura administrativa de cada poder, tendo por função acompanhar a execução dos seus atos,
indicando, em caráter opinativo, preventivo ou corretivo, ações a serem desempenhadas com vistas ao
atendimento da legislação. Já em relação ao poder executivo, os poderes que o controlam são os
controles legislativos e de contas, denominados controles externos, ou seja, são órgãos independentes
da administração, não participando, portanto, dos atos por ela praticados, pois cabe a eles exercer a
fiscalização. Esse conjunto de controles horizontais, internos e externos, é formalmente institucionalizado
por uma rede de órgãos autônomos.

09. Resposta: D
Decreto 200/67.
Art. 25. A supervisão ministerial tem por principal objetivo, na área de competência do Ministro de
Estado:
(...)
VIII - Fiscalizar a aplicação e utilização de dinheiros, valores e bens públicos.

10. Resposta: C
Em REGRA, no Brasil, o controle concentrado é abstrato e o controle concreto é difuso MAS existe
uma exceção: A ADINI, que, apesar de ser concentrada no caso em que algum dos 5 princípios
constitucionais sensíveis é ferido, caso esse em que, com representação do Procurador Geral da
República, o STF julga de forma concentrada um caso concreto.

11. Resposta: A
Decisão de mérito em ADI → Controle Concentrado ou Abstrato :
Efeitos:
1) Efeito retroativo (Ex-tunc)
2) Eficácia erga omnes
3) Efeito vinculante (Adm. Púb. E Poder Judiciário).
4) Efeito repristinatório
Modulação dos efeitos
1) Pressupostos
Segurança jurídica
Relevante interesse social
2) Aprovação → 2/3 dos membros do STF
3) Efeitos
Restringir os efeitos da declaração (efeito Ex-Nunc)
Eficácia somente após o transito em julgado
Eficácia somente em outro momento a ser fixado.

12. Resposta: B
Art. 49, Constituição Federal. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:
V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites
de delegação legislativa;
X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder Executivo,
incluídos os da administração indireta;".

87
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
13. Resposta: B
CORRETA - O controle judicial recai sobre a atividade administrativa do Estado, independente do
Poder em que esteja sendo desempenhada, podendo alcançar os atos administrativos do Legislativo,
Executivo, do Legislativo e Judiciário.

14. Resposta: Errado


Os atos da administração existem sobre um controle judicial, a priori, como por exemplo, o caso da
Ação Civil Pública, para o caso de agressão ao meio ambiente.

15. Resposta: B
A Administração Pública sujeita-se a controle por parte do Poder Legislativo e Poder Judiciário,
podendo exercer o controle sobre os próprios atos, no exercício de suas funções.

RESPONSABILIDADE CIVIL DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Por muito tempo o Estado não foi civilmente responsável por seus atos, estávamos na era do
Absolutismo em que o Rei era a figura suprema e, por isso, concentrava todo o poder em suas mãos. A
figura do rei era indissociável da figura do Estado e, em várias civilizações seu poder supremo era
fundamentado na vontade de Deus, por isso não se cogitava em responsabilizá-lo. Essa é a teoria da
irresponsabilidade do Estado.
Contudo, o funcionário do rei poderia ser responsabilizado quando o ato lesivo tivesse relação direta
com seu comportamento.
Somente no século XIX passou a se admitir a responsabilidade subjetiva do Estado. Esse tipo de
responsabilidade demanda uma análise sobre a intenção do agente pois, sem essa não se fala em
responsabilidade. Assim, por essa teoria, somente se responsabiliza o sujeito que age com dolo ou culpa.
Dado à ineficiência desse tipo de responsabilização surgiu a teoria da responsabilidade objetiva que
despreza a culpa, logo, haverá responsabilidade quando houver dano, ilícito e nexo causal.
Nexo causal é o liame subjetivo que une o dano ao ilícito, ou seja, à conduta.
Agora lhe pergunto... Você sabe me dizer onde ocorreu o primeiro caso de responsabilidade
civil do Estado?
Foi na França, quando um vagão ferroviário atingiu uma garota, sendo que esse caso ficou conhecido
como caso “Blanco”. Esse fato acabou comovendo a sociedade francesa e o Estado sofreu a
responsabilização pelo dano causado.
O estado, nessa época, agia apenas quando houvesse previsão legal específica para
responsabilidade.
Desde os tempos do Império que a Legislação Brasileira prevê a reparação dos danos causados a
terceiros pelo Estado, por ação ou omissão dos seus agentes. Problemas de omissão, abuso no
exercício de função e outros tipos de falhas sempre existiram no serviço público, o que é perfeitamente
plausível dadas as características da Administração Pública, tanto do ponto de vista da sua complexidade
quanto do seu gigantismo.
No Brasil, surgiu a criação do Tribunal de Conflitos, em 1.873, passando a evoluir à Responsabilidade
Subjetiva.
Quando falamos em responsabilidade extracontratual, devemos pensar que será excluída a
responsabilidade contratual, pois será regida por princípios próprios
As Constituições de 1824 (art. 179) e de 1891 (art. 82), já previam a responsabilização dos funcionários
públicos por abusos e omissões no exercício de seus cargos. Mas a responsabilidade era do funcionário,
vingando até aí, a teoria da irresponsabilidade do Estado.
Durante a vigência das Constituições de 1934 e 1937 passou a vigorar o princípio da
responsabilidade solidária, por ele o lesado podia mover ação contra o Estado ou contra o servidor, ou
contra ambos, inclusive a execução.
O Código Civil de 1916, em seu art. 15, já tratava do assunto, a saber: “As pessoas jurídicas de direito
público são civilmente responsáveis por atos dos seus representantes que nessa qualidade causem
danos a terceiros, procedendo de modo contrário ao direito ou faltando a dever prescrito por lei, salvo o
direito regressivo contra os causadores do dano”.
Entretanto, a figura da responsabilidade direta ou solidária do funcionário desapareceu com o advento
da Carta de 1946, que adotou o princípio da responsabilidade objetiva do Estado, com a possibilidade
de ação regressiva contra o servidor no caso de culpa. Note-se que, a partir da Constituição de 1967

88
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
houve um alargamento na responsabilização das pessoas jurídicas de direito público por atos de seus
servidores. Saiu a palavra interno, passando a alcançar tanto as entidades políticas nacionais, como as
estrangeiras.
Esse alargamento ampliou-se ainda mais com a Constituição de 1988, que estendeu a
responsabilidade civil objetiva às pessoas jurídicas de direito privado, prestadoras de serviços públicos,
os não essenciais, por concessão, permissão ou autorização.

Os tipos de responsabilidade civil

A responsabilidade civil pode demonstrar-se de diversas formas, espécies e tipos e podem ser
subjetiva, objetiva, pré-contratual, contratual, pós-contratual e extracontratual.

A. Subjetiva: A responsabilidade subjetiva difere-se da responsabilidade objetiva com relação à forma,


em ambas é exigido a reparação e indenização do dano causado, diferenciando-se com relação à
existência ou não de culpa por parte do agente que tenha causado dano à vítima.
Na responsabilidade subjetiva, o dano contra a vítima foi causado por culpa do agente, já na
responsabilidade objetiva, o fundamento está contido na teoria do risco, onde não se deve provar a culpa,
para que exista o dever de indenizar.
Para que o agente repare o dano causado é necessário a plena consciência do erro causado,
caracterizando, desta forma o dolo ou até mesmo a culpa por negligência, imprudência e imperícia.
Contudo, se o dano não tiver sido causado por dolo ou culpa do agente, compete à vítima suportar os
prejuízos, como se tivessem sido causados em virtude de caso fortuito ou força maior.
B. Objetiva: Na responsabilidade objetiva, o dano ocorre por uma atividade lícita, que apesar deste
caráter gera um perigo a outrem, ocasionando o dever de ressarcimento, pelo simples fato do implemento
do nexo causal. Para tanto, surgiu a teoria do risco para preencher as lacunas deixadas pela
culpabilidade, permitindo que o dano fosse reparado independente de culpa.
Para Rui Stoco: “a doutrina da responsabilidade civil objetiva, em contrapartida aos elementos
tradicionais (culpa, dano, vínculo de causalidade) determina que a responsabilidade civil assenta-se na
equação binária, cujos polos são o dano e a autoria do evento danoso. Sem considerar a imputabilidade
ou investigar a antijuricidade do evento danoso, o que importa, para garantir o ressarcimento, é a
averiguação de que se sucedeu o episódio e se dele proveio algum prejuízo, confirmando o autor do fato
causador do dano como o responsável.”34
C. Pré-contratual: O homem é um ser social e completo e devido a estas características, algumas
discordâncias acabam conflitando na sociedade, com opiniões, acordos e interesses opostos. Desta
forma, para que um contrato seja firmado é necessário um etapa preliminar em que as partes acordam
suas opiniões para chegar a um consenso, onde então será firmado um negócio jurídico.
O contrato gera responsabilidades e as partes contratantes reconhece essa obrigação a ser cumprida,
sob pena de responder juridicamente, seja por responsabilidade civil subjetiva ou objetiva.
Eis o entendimento de Lissandra de Ávila Lopes:
A responsabilidade pré-contratual também chamada de culpa in contrahendo, é a fase que precede a
verdadeira celebração do contrato e pode ser dividida de duas maneiras: a discussão pura e simples das
premissas do futuro contrato; momento de profunda negociação que possibilita o início de um contrato
preliminar, por meio da fixação antecipada das bases do contrato final, obrigando apenas os promitentes
contratantes a outorgarem a escritura definitiva conforme o previamente decidido no contrato inicial. No
primeiro caso, tem-se as suposições, os pactos preparatórios; no segundo, existe uma conjuntura
contratual definitiva, mesmo que a sua finalidade seja um contrato futuro.

O Código Civil, contempla em seus artigos 421 e 422:


Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato.
Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua
execução, os princípios de probidade e boa-fé.

O dano pré e pós-contratual, decorrem de um dever de comportamento ligado à figura dos sujeitos do
contrato, que é regido pelo princípio da boa –fé.
D. Contratual e Extracontratual: A responsabilidade contratual decorre da inexecução de um
contrato, unilateral ou bilateral, ou seja, foi quebrado o acordo de vontade entre as partes, o que acabou
causando um ilícito contratual. Esse pacto de vontades pode se dar de maneira tácita ou expressa, uma

34 STOCO, Rui. Responsabilidade civil e sua interpretação jurisdicional. 4. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1999.

89
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
das partes pretende ver sua solicitação atendida e a outra, da mesma forma, assume a obrigação de
cumpri-la, mesmo que seja de forma verbal.
A responsabilidade extracontratual relaciona-se com a prática de um ato ilícito que origine dano a
outrem, sem gerar vínculo contratual entre as partes, devendo a parte lesada comprovar além do dano a
culpa e o nexo de causalidade entre ambos, o que é difícil de se comprovar. Irá se preocupar com a
reparação dos danos patrimoniais.
Este tipo de responsabilidade caracteriza o estado democrático de direito, conferindo liberdade
individual em face da coletividade, através de leis.
A evolução da responsabilidade extracontratual do estado, se divide basicamente em três teorias, ou
seja, teoria da irresponsabilidade, teoria civilistas e teorias publicistas.
O que ambas tem em comum é que existe a obrigação de reparar o prejuízo, ou por violação a um
dever legal, ou por violação a um dever contratual.
O Código Civil distinguiu a responsabilidade contratual e extracontratual através de seus dispositivos
legais:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
[...]
Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização
monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.
[...]
Art. 395. Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der causa, mais juros, atualização dos
valores monetários segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.
[...]
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Ao observarem os dispositivos legais supracitados, Castro e Trad (2010) dizem que os arts. 186 e 927
abordam, de maneira genérica, a responsabilidade extracontratual, e os artigos 389 e 395, de forma
novamente genérica, abordam a responsabilidade contratual.

Questões

01. (SEJUDH/MT - Psicólogo – IBADE/2017) Acerca da responsabilidade civil do Estado, assinale a


opção correta.
(A) Será objetiva tanto em relação aos usuários do serviço quanto a terceiros não usuários,
(B) Na ação regressiva, o prazo prescricional será quinquenal.
(C) Nos casos de morte de detentos, é subjetiva.
(D) Incabível ação regressiva no caso de dolo e culpa do agente público.
(E) Tratando-se de ato omissivo. é objetiva porque exige dolo ou culpa.

02. (TER/PI - Analista Judiciário – Administrativa – CESPE) Acerca da responsabilidade civil do


Estado, assinale a opção correta.
(A) Se ato danoso for praticado por agente público fora do período de expediente e do desempenho
de suas funções, a responsabilidade do Estado será afastada.
(B) Os danos oriundos de ato jurisdicional ensejam a responsabilização direta e objetiva do juiz prolator
da decisão.
(C) Em razão do princípio da supremacia do interesse público, são vedados o reconhecimento da
responsabilidade e a reparação de dano extrajudicial pela administração.
(D) A responsabilidade objetiva de empresa concessionária de serviço público alcança usuários e não
usuários do serviço público.
(E) A responsabilidade objetiva do Estado não alcança atos que produzam danos aos seus próprios
agentes, hipótese em que sua responsabilidade será subjetiva.

03. (TCE/PR - Conhecimentos Básicos – CESPE) Assinale a opção correta, com referência ao
tratamento constitucional conferido à responsabilidade civil do Estado.
(A) A Constituição Federal de 1988 adota como regra a teoria do risco administrativo, segundo a qual
o Estado deve arcar com o risco inerente às numerosas atividades que desempenha, inclusive quando a
culpa do dano decorrer de conduta da própria vítima.

90
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
(A) A aplicação da responsabilidade objetiva independe da verificação do elemento culpa, de modo
que, demonstrados o prejuízo pelo lesado e a relação de causalidade entre a conduta estatal e a lesão
sofrida, o dever de indenizar poderá ser reconhecido mesmo que decorra de atos lícitos estatais.
(C) Diferentemente das pessoas jurídicas de direito público, as quais respondem objetivamente pelos
danos que seus agentes causarem a terceiros, é subjetiva a responsabilidade das pessoas jurídicas de
direito privado prestadoras de serviço público, em se tratando de danos causados a terceiros não usuários
do serviço.
(D) Por se tratar de atividade exercida em caráter privado, por delegação do poder público, o Estado
não responde por danos causados a terceiros por notários (tabeliães) e oficiais de registro.
(E) Segundo a Constituição Federal de 1988, o indivíduo que for condenado criminalmente em virtude
de sentença que contenha erro judiciário terá direito a reparação cível, desde que seja demonstrada a
conduta dolosa por parte do juiz da causa.

04. (DPU - Técnico em Assuntos Educacionais – CESPE) A respeito da responsabilidade civil do


Estado e das licitações, julgue o item subsequente.
Para a configuração da responsabilidade objetiva do Estado, é necessária a demonstração de culpa
ou dolo do agente público.
( ) Certo ( ) Errado

05. (Prefeitura de Barbacena/MG - Advogado – FCM) A respeito da responsabilidade civil


extracontratual da Administração Pública, pode-se afirmar que
(A) as autarquias estão submetidas ao princípio da responsabilidade civil subjetiva, conforme previsão
da Constituição Federal de 1988.
(B) na história das constituições republicanas brasileiras, jamais foi acolhida a teoria do risco integral
no tocante à responsabilidade civil do Estado.
(C) a teoria francesa da faute du service ou também denominada como falta do serviço caracteriza-se
como uma hipótese de responsabilidade civil objetiva.
(D) o direito de regresso, em face do agente público responsável pelo dano resultante em
responsabilidade civil do Estado, dá- se independentemente de existência de culpa ou dolo em sua
conduta, uma vez que a responsabilidade do agente é objetiva.

06. (ANS - Técnico Administrativo – FUNCAB) No que se refere à responsabilidade civil do Estado,
é correto afirmar que:
(A) A absolvição na esfera criminal, por qualquer motivo, de um agente público faz com que não haja
responsabilidade civil por parte do Estado, já que ambas as esferas são vinculadas.
(B) o prazo prescricional para a reparação dos danos causados pelo Estado é de 5 anos, conforme o
Código Civil Brasileiro de 2002.
(C) caso o particular venha a sofrer dano por parte do Estado, são cumuláveis as indenizações por
dano material e dano moral oriundos desse mesmo fato.
(D) não há previsão constitucional quanto à responsabilidade civil do Estado por atos jurisdicionais.
(E) somente as pessoas jurídicas de direito público responderão pelos danos que seus agentes, nessa
qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de
dolo ou culpa.

Gabarito

01.A/ 02.D/ 03.B/ 04. Errado/ 05.B/ 06.C.

Comentários

01. Resposta: A
Como supracitado no material para Rui Stoco: “a doutrina da responsabilidade civil objetiva, em
contrapartida aos elementos tradicionais (culpa, dano, vínculo de causalidade) determina que a
responsabilidade civil assenta-se na equação binária, cujos polos são o dano e a autoria do evento
danoso. Sem considerar a imputabilidade ou investigar a antijuricidade do evento danoso, o que importa,
para garantir o ressarcimento, é a averiguação de que se sucedeu o episódio e se dele proveio algum
prejuízo, confirmando o autor do fato causador do dano como o responsável.”35

35 STOCO, Rui. Responsabilidade civil e sua interpretação jurisdicional. 4. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1999.

91
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
02. Resposta: D
A responsabilidade civil objetiva das concessionárias, em razão do princípio da isonomia, se estende
aos usuários e aos não-usuários do serviço público. Assim entendeu o STF no informativo 557 (RE
591.874): O entendimento de que apenas os terceiros usuários do serviço gozariam de proteção
constitucional decorrente da responsabilidade objetiva do Estado, por terem o direito subjetivo de receber
um serviço adequado, contrapor-se-ia à própria natureza do serviço público, que, por definição, tem
caráter geral, estendendo-se, indistintamente, a todos os cidadãos, beneficiários diretos ou indiretos da
ação estatal.

03. Resposta: B
A responsabilidade do Estado é objetiva, mas o Estado pode deixa de responder ou ter a
responsabilidade diminuída se estiverem presentes as excludentes ou atenuente da responsabilidade:
Força maior, caso fortuito, culpa do terceiro ou da vítima.
A Constituição Federal de 1988 prevê a responsabilidade civil objetiva, ao estabelecer no seu artigo
37, § 6º, que: "As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços
públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado
o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa".

04. Resposta: Errado


Na responsabilidade objetiva, basta que exista o fato lesivo + nexo de causalidade entre o fato e o
dano. Dolo ou culpa do agente será necessário quando se estiver em sede de ação regressiva do estado
contra quem tenha causado o dano.

05. Resposta: B
TST - AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. AgR-
AIRR 6831520105030087 683-15.2010.5.03.0087 (TST). Data de publicação: 06/02/2013. Ementa:
ACIDENTE. RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA. CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA.
ROMPIMENTO DO NEXO DE CAUSALIDADE. Para a caracterização do dever de indenizar, mesmo em
se tratando de responsabilidade objetiva, devem estar presentes o dano e o nexo de causalidade entre
as funções desempenhadas e o acidente. A existência de culpa exclusiva da vítima rompe o próprio nexo
causal, uma vez que não se pode ter por decorrente das funções desempenhadas pelo autor um acidente
que ele causou por negligência ou imprudência própria. Em casos tais, não há dever de reparar, uma vez
que inaplicável à seara trabalhista a teoria do risco integral, salvo nos casos constitucionalmente previstos
(art. 21, XXIII, d e 225, § 3º, da CF - danos nucleares e ambientais). Agravo regimental a que se nega
provimento. [...]."

06. Resposta: C
Segundo a Súmula 37 STJ, é possível cumular pedido de danos morais e materiais na mesma ação:
"São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato."

Teorias da Responsabilidade Extracontratual do Estado

A. Teoria da irresponsabilidade: esta teoria entende que não era possível responsabilizar o Estado
pelos atos praticados. Serve mais como um contexto histórico, já que os agentes públicos, que eram
representantes do rei não podiam ser responsabilizados por seus atos. Esta teoria foi combatida por ser
injusta.
B. Teorias civilistas: tem como alicerce os ensinamentos do Direito Civil, baseando-se na ideia de
culpa
Surgindo, a partir de então, a teoria da culpa civil ou da responsabilidade subjetiva, ou seja, onde se
aceitava a responsabilidade do Estado desde que esta demonstrasse a culpa.
C. Teorias publicistas: foi responsável por mudar a “roupagem” da teoria da culpa, passando a existir
a teoria da culpa administrativa ou teoria da culpa do serviço. Não era mais necessário identificar o agente
que cometia a falha, sendo responsabilizado, era apenas suficiente a comprovação da falha do serviço
(culpa do serviço).
Surge então a teoria do risco integral ou administrativo ou teoria da responsabilidade objetiva, segundo
Maria Sylvia Zanella Di Pietro (2010 – p. 646), “a ideia de culpa é substituída pela de nexo de causalidade
entre o funcionamento do serviço público e o prejuízo sofrido pelo administrado”.
D. Pós-contratual: A responsabilidade pós-contratual caracteriza-se pela obrigação de
responsabilização aos prejuízos sucedidos após a extinção do contrato, independentemente do

92
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
adimplemento do dever. É resultante do inadimplemento de deveres de proteção, lealdade e proteção
que continuam existindo mesmo após a conclusão ou extinção do contrato celebrado entre as partes.
O artigo 422 do Código Civil, diante da dificuldade da aceitação da responsabilidade pós-contratual,
consagra mais uma vez o princípio da boa-fé.
Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua
execução, os princípios de probidade e boa-fé.

Teorias da responsabilidade objetiva do Estado (segundo Hely Lopes Meirelles):

a) teoria da culpa administrativa: a obrigação do Estado indenizar decorre da ausência objetiva do


serviço público em si. Não se trata de culpa do agente público, mas de culpa especial do Poder Público,
caracterizada pela falta de serviço público.
b) teoria do risco administrativo: a responsabilidade civil do Estado por atos comissivos ou
omissivos de seus agentes é de natureza objetiva, ou seja, dispensa a comprovação de culpa, bastando
assim a conduta, o fato danoso e o dano, seja ele material ou moral. Não se indaga da culpa do Poder
Público mesmo porque ela é inferida do ato lesivo da Administração.
Entretanto, é fundamental, que haja o nexo causal.
Deve-se atentar para o fato de que a dispensa de comprovação de culpa da Administração pelo
administrado não quer dizer que aquela esteja proibida de comprovar a culpa total ou parcial da vítima,
para excluir ou atenuar a indenização. Verificado o dolo ou a culpa do agente, cabe à fazenda pública
acionar regressivamente para recuperar deste, tudo aquilo que despendeu com a indenização da vítima.
Como se sabe, o Estado é realmente um sujeito político, jurídico e economicamente mais poderoso
que o administrado, gozando de determinadas prerrogativas que não se estendem aos demais sujeitos
de direito.
Em razão desse poder, o Estado teria que arcar com um risco maior, decorrente de suas inúmeras
atividades e, ter que responder por ele, trazendo, assim a teoria do Risco Administrativo.
Para excluir-se a responsabilidade objetiva, deverá estar ausente ao menos um dos seus elementos,
quais sejam conduta, dano e nexo de causalidade. A culpa exclusiva da vítima, caso fortuito e força maior
são excludentes de responsabilidade e se tratam de hipóteses de interrupção do nexo de causalidade.
c) Teoria do risco integral: a Administração responde invariavelmente pelo dano suportado por
terceiro, ainda que decorrente de culpa exclusiva deste, ou até mesmo de dolo. É a exacerbação da teoria
do risco administrativo que conduz ao abuso e à iniquidade social, com bem lembrado por Meirelles.
A Constituição Federal de 1988, em seu art. 37, § 6º, diz: “As pessoas jurídicas de direito público e as
de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa
qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de
dolo ou culpa”.
E no art. 5º, X, está escrito: “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”.
Vê-se por esse dispositivo que a indenização não se limita aos danos materiais. No entanto, há uma
dificuldade nos casos de danos morais na fixação do quantum da indenização, em vista da ausência de
normas regulamentadoras para aferição objetiva desses danos.
Neste contexto, a responsabilidade do Estado se traduz numa obrigação, atribuída ao Poder
Público, de compor os danos patrimoniais causados a terceiros por seus agentes públicos, tanto
no exercício das suas atribuições, quanto agindo nessa qualidade.
O Estado responde pelos danos causados com base no conceito de nexo de causalidade – na relação
de causa e efeito existente entre o fato ocorrido e as consequências dele resultantes.
Não se cogita a necessidade daquele que sofreu o prejuízo, comprovar a culpa ou o dolo, bastando
apenas a demonstração do nexo de causalidade, como se observou na leitura do art. 37, § 6º da
Constituição Federal.
Pessoas jurídicas de direito público são aquelas que integram a Administração (direta e indireta). As
empresas públicas e as sociedades de economia mista respondem quando estiverem prestando serviço
público.
Aquelas que exploram atividade econômica não se obrigam a responder de acordo com o art. 37, §
6.º, da Constituição Federal; sua responsabilidade equipara-se à das empresas privadas, ou seja, é
subjetiva, depende da demonstração de culpa.
Dessa forma, há pessoas que integram a Administração Pública e não respondem na forma do § 6.º
do art. 37 da Constituição Federal, contudo, existem pessoas que, embora não integrem a Administração
Pública, respondem a exemplo dos concessionários e permissionários que prestam serviços públicos.

93
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
Segundo Alexandre Mazza36, a teoria do risco integral, será aplicável no Brasil em situações
excepcionais, como:
a) acidentes de trabalho (infortunística): nas relações de emprego público, a ocorrência de eventual
acidente de trabalho impõe ao Estado o dever de indenizar em quaisquer casos, aplicando -se a teoria
do risco integral;
b) indenização coberta pelo seguro obrigatório para automóveis (DPVAT): o pagamento da
indenização do DPVAT é efetuado mediante simples prova do acidente e do dano decorrente,
independentemente da existência de culpa, haja ou não resseguro, abolida qualquer franquia de
responsabilidade do segurado (art. 5º da Lei n. 6.194/74);
c) atentados terroristas em aeronaves: por força do disposto nas Leis n. 10.309/2001 e n.
10.744/2003, a União assumiu despesas de responsabilidade civil perante terceiros na hipótese da
ocorrência de danos a bens e pessoas, passageiros ou não, provocados por atentados terroristas, atos
de guerra ou eventos correlatos, ocorridos no Brasil ou no exterior, contra aeronaves de matrícula
brasileira operadas por empresas brasileiras de transporte aéreo público, excluídas as empresas de táxi-
aéreo (art. 1º da Lei n. 10.744/2003). Tecnicamente, trata-se de uma responsabilidade estatal por ato de
terceiro, mas que se sujeita à aplicação da teoria do risco integral porque não prevê excludentes ao dever
de indenizar. A curiosa Lei n. 10.744/2003 foi uma resposta do governo brasileiro à crise no setor de
aviação civil após os atentados d e 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos. O objetivo dessa
assunção de responsabilidade foi reduzir o valor dos contratos de seguro obrigatórios para companhias
aéreas e que foram exorbitantemente majorados após o 11 de Setembro;
d) dano ambiental: por força do art. 225, §§ 2º e 3º, da Constituição Federal, há quem sustente que
a reparação de prejuízos ambientais causados pelo Estado seria submetida à teoria do risco integral.
Porém, considerando a posição majoritária entre os jus ambientalistas, é mais seguro defender em
concursos a aplicação da teoria do risco administrativo para danos ambientais;
e) dano nuclear: assim como ocorre com os danos ambientais, alguns administrativistas têm
defendido a aplicação da teoria do risco integral para reparação de prejuízos decorrentes da atividade
nuclear, que constitui monopólio da União (art. 177, V, da CF). Entretanto, a Lei de Responsabilidade Civil
por Danos Nucleares – Lei n. 6.653/77, prevê diversas excludentes que afastam o dever de o operador
nuclear indenizar prejuízos decorrentes de sua atividade, tais como: culpa exclusiva da vítima, conflito
armado, atos de hostilidade, guerra civil, insurreição e excepcional fato da natureza (arts. 6º e 8º).
Havendo excludentes previstas diretamente na legislação, impõe-se a conclusão de que a reparação de
prejuízos nucleares, na verdade, sujeita-se à teoria do risco administrativo.

Questões

01. (Prefeitura de Araguari/MG - Procurador Municipal – IADHED) Identifique a hipótese que não
corresponde a um dos pressupostos para a caracterização da responsabilização civil do Estado:
(A) Efeito danoso;
(B) Relação de causalidade;
(C) Regra do risco integral;
(D) Fato administrativo.

02. (TJM/SP - Juiz de Direito Substituto – VUNESP) A respeito da responsabilidade civil da


Administração, é possível afirmar que
(A) os órgãos e entidades públicas respondem diretamente pelos danos causados em decorrência da
divulgação não autorizada ou utilização indevida de informações sigilosas ou informações pessoais,
cabendo a apuração de responsabilidade funcional nos casos de dolo ou culpa.
(B) em caso de morte de torcedor em briga de torcidas, dentro do estádio de futebol, haverá o dever
de indenizar, ainda que demonstrada a culpa exclusiva da vítima.
(C) por ser objetiva a responsabilidade do Estado, deve este responder pelos danos causados por
policial militar que, em dia de folga, atropela pedestre com seu veículo, pois o agente público não se
despe dessa qualidade em função do regime de trabalho policial.
(D) o Estado tem o dever de indenizar a família de trabalhador assassinado na rua por um assaltante,
em virtude de falha na prestação do serviço de segurança pública, que é individualmente assegurado aos
cidadãos.

Mazza, Alexandre Manual de direito administrativo/Alexandre Mazza. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2014.

94
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
(E) em caso de cumprimento de mandado de reintegração de posse, quando foram utilizados os meios
necessários à execução da ordem, haverá responsabilidade em relação ao danos causados pelos
esbulhadores à propriedade privada, pois é objetiva a responsabilidade da Administração.

03. (MPOG - Atividade Técnica - Direito, Administração, Ciências Contábeis e Economia –


FUNCAB). A responsabilidade civil do Estado estará caracterizada mesmo que inexista:
(A) dano.
(B) dever originário.
(C) nexo causal.
(D) culpa.
(E) conduta.

04. (PC/GO - Papiloscopista – FUNIVERSA). A respeito da responsabilidade civil do Estado, assinale


a alternativa correta.
(A) As pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos apenas respondem
objetivamente perante os usuários dos serviços, sendo subjetiva a responsabilidade por danos causados
a não usuários dos serviços.
(B) O STJ decidiu, em sede de recurso repetitivo, que o prazo prescricional na hipótese de
responsabilidade civil do Estado é de 3 anos.
(C) O Estado responde por danos nucleares objetivamente, aplicando-se, nesta hipótese, a teoria do
risco integral.
(D) O Estado responderá objetivamente por atos praticados por seus agentes, aplicando-se em todo
caso a teoria do risco administrativo.
(E) O agente público responderá objetivamente pelos atos que causar nesta condição, cabendo ação
regressiva contra ele por parte do Estado.

05. (Prefeitura de Caieiras/SP - Assistente Legislativo - VUNESP) A responsabilidade dos agentes


públicos, quando, nesta qualidade, causam danos a terceiros, é:
(A) cumulativa e objetiva.
(B) individual e objetiva.
(C) concorrente e objetiva.
(D) regressiva e subjetiva.
(E) subsidiária e subjetiva.

Gabarito

01.C/ 02.A/ 03.D/ 04.C/ 05. D

Comentários

01. Resposta: C
Pela Teoria do Risco Integral, a Administração responde invariavelmente pelo dano suportado por
terceiro, ainda que decorrente de culpa exclusiva deste, ou até mesmo de dolo. É a exacerbação da teoria
do risco administrativo que conduz ao abuso e à iniquidade social, com bem lembrado por Meirelles.

02. Resposta: A
CF
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
( )
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos
responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito
de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

03. Resposta: D
O Brasil não adota a Teoria da Culpa. Valendo-se do art. 37, § 6º, da CF, o STF consagrou o
entendimento de que são os seguintes requisitos que compõem a responsabilidade civil no Brasil:

95
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
(a) dano; (b) alteridade do dano; (c) nexo causal; (d) ato estatal; (e) ausência de causa excludente da
responsabilidade estatal.

04. Resposta: C
Nesta teoria, a indenização é sustentada mesmo nos casos de culpa exclusiva da vítima, fato de
terceiro, caso fortuito e força maior. Portanto, não admite-se, quando diante da teoria do risco integral,
qualquer forma de excludente de irresponsabilidade. A teoria do risco integral vem sido aceita em casos
onde a atividade desenvolvida pelo Estado traz consigo um risco maior do que o normal, como por
exemplo, transporte aéreo e desenvolvimento de tecnologia nuclear.

05. Resposta: D
A responsabilidade dos agentes públicos é regressiva e subjetiva. É regressiva, uma vez que, primeiro,
as pessoas jurídicas indenizam os prejuízos causados a terceiros, depois, ingressam com ação judicial
contra os agentes se estes forem os causadores do dano. É subjetiva, porque, o servidor só indenizará
prejuízos que tenha causado em caso de dolo ou de culpa. (art. 37, §6º, da CF).

Relação de custódia

Podemos dizer que a relação de custódia são os danos causados a pessoas e bens submetidos a
relações de tratamentos especiais.
Os exemplos mais comuns são: o preso morto na cadeia por outro detento; a criança vítima de briga
dentro de escola pública; bens privados danificados em galpão da Receita Federal.
Segundo Mazza, nessas vinculações diferenciadas, a responsabilidade do Estado é mais acentuada
do que nas relações de sujeição geral, à medida que o ente público tem o dever de garantir a integridade
das pessoas e bens custodiados. Por isso, a responsabilidade estatal é objetiva inclusive quanto a atos
de terceiros.
Questão

01. (SAP e JUS/GO - Agente de Segurança Prisional – FUNIVERSA). Acerca da responsabilidade


civil do Estado, assinale a alternativa correta.
(A) O Estado possui responsabilidade objetiva nos casos de morte de preso sob a sua custódia,
independentemente da culpa dos agentes públicos.
(B) Em caso de suicídio de um detento, a responsabilidade do Estado é subjetiva.
(C) O Estado possui responsabilidade objetiva nos casos de morte de preso sob a sua custódia, mas
o fato de tratar-se de responsabilidade objetiva do Estado não dispensa a prova da culpa nesses casos.
(D) Em caso de suicídio de um detento, inexiste responsabilidade do Estado, pois este não tem a
obrigação de proteger os detentos contra si mesmos.
(E) O Estado possui responsabilidade subjetiva nos casos de homicídio de preso sob a sua custódia.

Gabarito

01.A.

Comentário

01. Resposta: A
INF. 520 STJ: A Administração Pública está obrigada ao pagamento de pensão e indenização por
danos morais no caso de morte por suicídio de detento ocorrido dentro de estabelecimento prisional
mantido pelo Estado. Nessas hipóteses, não é necessário perquirir eventual culpa da Administração
Pública. Na verdade, a responsabilidade civil estatal pela integridade dos presidiários é OBJETIVA. STJ.
2ª Turma. AgRg no REsp 1.305.259-SC, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 2/4/2013.

Responsabilidade por ação e por omissão do estado

O dano indenizável pode ser material e/ou moral e ambos podem ser requeridos na mesma ação, se
preencherem os requisitos expostos.
Aquele que é investido de competências estatais tem o dever objetivo de adotar as providências
necessárias e adequadas a evitar danos às pessoas e ao patrimônio.

96
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
Quando o Estado infringir esse dever objetivo e, exercitando suas competências, der oportunidades a
ocorrências do dano, estarão presentes os elementos necessários à formulação de um juízo de
reprovabilidade quanto a sua conduta. Não é necessário investigar a existência de uma vontade psíquica
no sentido da ação ou omissão causadoras do dano.
A omissão da conduta necessária e adequada consiste na materialização de vontade, defeituosamente
desenvolvida. Logo, a responsabilidade continua a envolver um elemento subjetivo, consiste na
formulação defeituosa da vontade de agir ou deixar de agir.
Não há responsabilidade civil objetiva do Estado, mas há presunção de culpabilidade derivada da
existência de um dever de diligência especial. Tanto é assim que, se a vítima tiver concorrido para o
evento danoso, o valor de uma eventual condenação será minimizado.
Essa distinção não é meramente acadêmica, especialmente porque a avaliação do elemento subjetivo
é indispensável, em certas circunstâncias, para a determinação da indenização devida.
A Constituição Federal de 1988, seguindo uma tradição estabelecida desde a Constituição Federal de
1946, determinou, em seu art. 37, §6º, a responsabilidade objetiva do Estado e responsabilidade subjetiva
do funcionário.
Em que pese a aplicação da teoria da responsabilidade objetiva ser adotada pela Constituição Federal,
o Poder Judiciário, em determinados julgamentos, utiliza a teoria da culpa administrativa para
responsabilizar o Estado em casos de omissão. Assim, a omissão na prestação do serviço público tem
levado à aplicação da teoria da culpa do serviço público (faute du service). A culpa decorre da omissão
do Estado, quando este deveria ter agido e não agiu. Por exemplo, o Poder Público não conservou
adequadamente as rodovias e ocorreu um acidente automobilístico com terceiros.
Com relação ao comportamento comissivo ou omissivo do Estado, importante destacar o que dispõe
MAZZA37 sobre o tema:
Existem situações em que o comportamento comissivo de um agente público causa prejuízo a
particular. São os chamados danos por ação. Noutros casos, o Estado deixa de agir e, devido a tal inação,
não consegue impedir um resultado lesivo. Nessa hipótese, fala-se me dano por omissão. Os exemplos
envolvem prejuízos decorrentes de assalto, enchente, bala perdida, queda de árvore, buraco na via
pública e bueiro aberto sem sinalização causando dano a particular. Tais casos têm em comum a
circunstância de inexistir um ato estatal causador do prejuízo.
(...)
Em linhas gerais, sustenta-se que o estado só pode ser condenado a ressarcir prejuízos atribuídos à
sua omissão quando a legislação considera obrigatória a prática da conduta omitida. Assim, a omissão
que gera responsabilidade é aquela violadora de um dever de agir. Em outras palavras, os danos por
omissão são indenizáveis somente quando configura omissão dolosa ou omissão culposa. Na omissão
dolosa, o agente público encarregado de praticar a conduta decide omitir-se e, por isso, não evita o
prejuízo. Já na omissão culposa, a falta de ação do agente público não decorre de sua intenção deliberada
em omitir-se, mas deriva da negligência na forma de exercer a função administrativa. Exemplo: policial
militar que adorme em serviço e, por isso, não consegue evitar furto a banco privado.

Questão

01. (Prefeitura de Natal/RN - Advogado – IDECAN) Para a doutrina e jurisprudência dominantes, a


Responsabilidade Civil do Estado é subjetiva quando:
(A) Houver dano ambiental.
(B) A sua conduta for omissiva.
(C) A sua conduta for comissiva.
(D) For o caso de danos nucleares.

Gabarito

01.B.

37 MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. Ed. Saraiva. 4ª edição. 2014.

97
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
Comentário

01. Resposta: B
Responsabilidade por omissão: Teoria da culpa administrativa ou da culpa do serviço. Depende de:
omissão + dever de agir + fato da natureza ou comportamento material de terceiro + dano + nexo entre o
dano e a omissão.

Requisitos para demonstração da responsabilidade do estado

Assim, pode-se afirmar que são requisitos para a demonstração da responsabilidade do Estado a ação
ou omissão (ato do agente público), o resultado lesivo (dano) e nexo de causalidade.
Dano: decorre da violação de um bem juridicamente tutelado, que pode ser patrimonial ou
extrapatrimonial.
Para que seja ressarcido deve ser certo, atual, próprio ou pessoal.
Insta dizer que o dano não é apenas patrimonial (atinge bens jurídicos que podem ser auferidos
pecuniariamente) ele também pode ser moral (ofende direitos personalíssimos que atingem integridade
moral, física e psíquica).
Logo, o dano que gera a indenização deve ser:
- Certo: É o dano real, efetivo, existente. Para requerer indenização do Estado é necessário que o
dano já tenha sido experimentado. Não se configura a possibilidade de indenização de danos que podem
eventualmente ocorrer no futuro.
- Especial: É o dano que pode ser particularizado, aquele que não atinge a coletividade em geral; deve
ser possível a identificação do particular atingido.
- Anormal: É aquele que ultrapassa as dificuldades da vida comum, as dificuldades do cotidiano.
- Direto e imediato: O prejuízo deve ser resultado direito e imediato da ação ou omissão do Estado,
sem quebra do nexo causal.

Reparação do dano – Ação de Indenização

Quanto à reparação do dano, esta pode ser obtida administrativamente ou mediante ação de
indenização junto ao Poder Judiciário. Para conseguir o ressarcimento do prejuízo, a vítima deverá
demonstrar o nexo de causalidade entre o fato lesivo e o dano, bem como o valor do prejuízo.
Uma vez indenizada a vítima, fica a pessoa jurídica com direito de regresso contra o responsável, isto
é, com o direito de recuperar o valor da indenização junto ao agente que causou o dano, desde que este
tenha agido com dolo ou culpa. Observe-se que não está sujeito a prazo prescricional a ação regressiva
contra o agente público que agiu com dolo ou culpa para a recuperação dos valores pagos pelos cofres
públicos, conforme inteligência do art. 37, parágrafo 5º da Constituição Federal:
§5º: A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente servidor ou
não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento.

Responsabilidade primária e subsidiária

A responsabilidade primária tem relação com a centralização, ou seja, com o fato de os entes da
federação atuarem de forma direta no alcance de seus objetivos, portanto, sem delegação.
Dessa forma se presentes os requisitos para a responsabilização do Estado, a responsabilidade será
primária.
De outra banda, encontra-se a responsabilidade subsidiária que está intimamente ligada com a
descentralização.
A descentralização ocorre quando os entes da federação atuam por meio dos órgãos da administração
indireta, ou seja, das autarquias, empresas públicas, etc, e das concessionárias e permissionárias.
Nesse caso se houver um dano causado por um desses órgãos, ele será responsabilizado civilmente
e, em não sendo suficiente o seu patrimônio para o pagamento da indenização, o Estado deverá fazê-lo,
por isso diz-se que a responsabilidade é subsidiária, porque o Estado só será responsável quando o
patrimônio do primeiro responsável não for o bastante para o cumprimento da indenização.

Causas excludentes e atenuantes da responsabilidade do estado

A responsabilidade do Poder Público não existirá ou será atenuada quanto a conduta da Administração
Pública não der causa ao prejuízo, ou concorrerem outras circunstâncias que possam afastar ou mitigar

98
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
sua responsabilidade. Em geral, são chamadas causas excludentes da responsabilidade estatal; a força
maior, o caso fortuito, a culpa exclusiva da vítima e a culpa de terceiro.
Nestes casos, não existindo nexo de causalidade entre a conduta da Administração e o dano ocorrido,
a responsabilidade estatal será afastada.
A força maior pode ser definida como um evento previsível ou não, porém excepcional e inevitável.
Em regra, não há responsabilidade do Estado, contudo existe a possibilidade de responsabilizá-lo
mesmo na ocorrência de uma circunstância de força maior, desde que a vítima comprove o
comportamento culposo da Administração Pública. Por exemplo, num primeiro momento, uma enchente
que causou danos a particulares pode ser entendida como uma hipótese de força maior e afastar a
responsabilidade Estatal, contudo, se o particular comprovar que os bueiros entupidos concorreram para
o incidente, o Estado também responderá, pois a prestação do serviço de limpeza pública foi deficiente.
O caso fortuito é um evento imprevisível e, via de consequência, inevitável. Alguns autores
diferenciam-no da força maior alegando que ele tem relação com o comportamento humano, enquanto a
força maior deriva da natureza. Outros, atestam não haver diferença entre ambos.
A regra é que o caso fortuito exclua a responsabilidade do Estado, contudo, se o dano for consequência
de falha da Administração, poderá haver a responsabilização. Ex: rompimento de um cabo de energia
elétrica por falta de manutenção ou por má colocação que cause a morte de uma pessoa.
Nos casos em que está presente a culpa da vítima, duas situações podem surgir:
a) O Estado não responde, desde que comprove que houve culpa exclusiva do lesado;
b) O Estado responde parcialmente, se demonstrar que houve culpa concorrente do lesado para a
ocorrência do dano.
Em caso de culpa concorrente, aplica-se o disposto no art. 945 do Código Civil:

Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será
fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano.

A culpa de terceiro ocorre quando o dano é causado por pessoa diferente da vítima e do agente público.
Observe-se que cabe ao Poder Público o ônus de provar a existência de excludente ou atenuante de
responsabilidade.
Responsabilidade Judicial: Também chamada de responsabilidade civil por ato do Judiciário. A regra
é a irresponsabilidade, ou seja, o Estado não responde pelos atos do Poder Judiciário. Há, contudo, uma
única exceção prevista no art 5.º, inc. LXXV, da Constituição Federal, veja-se:

LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do
tempo fixado na sentença;

O erro judicial configura-se quando a sentença é dada além dos limites fixados no ordenamento
jurídico. Quando a sentença é reformada em segunda instância, não há erro judicial.
A motivação da decisão serve para verificar se a sentença ultrapassa seus limites (consiste em
mencionar o dispositivo legal aplicável e relacionar os fatos que concretamente levaram à sua aplicação).
Se a pessoa fica presa além do tempo fixado na sentença, o Estado é sempre responsabilizado não
importando que a pessoa não tenha ingressado com a ação competente para a soltura no momento
cabível. Sequer pode-se falar em culpa concorrente, visto que é obrigação do Estado libertar a pessoa
após o cumprimento da pena.
Responsabilidade Legislativa: Também chamada de responsabilidade civil por ato do Legislativo. A
regra é que não haja responsabilização do Estado, havendo, porém três exceções:
- O Estado responde por leis inconstitucionais que causarem prejuízos a terceiros, desde que a
inconstitucionalidade tenha sido declarada pelo Supremo Tribunal Federal em sede de controle
concentrado de constitucionalidade
- O Estado responde pela omissão legislativa, ou seja, quando havia o dever de editar uma lei e o
Poder Legislativo não a fez de forma que essa omissão causou dano a alguém.
- Quando tratar-se de lei de efeito concreto, a saber, aquelas que destinam-se a regular
especificamente uma situação, ex: leis orçamentárias. Nesse caso, havendo dano, há o dever de
indenizar.
Responsabilidade dos Agentes Públicos: Com relação à responsabilidade dos agentes públicos,
podemos considerar que ao realizar funções públicas, os servidores públicos não estão desobrigados de
se responsabilizar por seus atos, podendo ser os atos públicos quanto aos atos administrativos, além dos
atos políticos, dependendo de sua função, cargo ou emprego.

99
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
Para a atividade administrativa, este tipo de responsabilidade é indispensável, ou seja, enquanto existir
exercício irregular de direito ou poder, a responsabilidade deve constar. Desta forma, mantem-se a
soberania e autenticidade dos órgãos públicos.
O entendimento pacificado do STF38 compreende que não é possível a propositura diretamente em
face do agente público causador do dano. Isso se dá, pelo fato que a Constituição Federal, em seu artigo
37, §6º, garante ao particular lesado o direito de ser indenizado pelos prejuízos que sofreu, concedendo
ao agente a garantia de só ser cobrado pelo Estado. Com isso, denominou-se a teoria da dupla garantia
(garantia à vítima e ao agente).

Art. 37. § 6° - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços
públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado
o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

Não se admite a propositura de ação per saltum da pessoa do agente, com base no princípio da
impessoalidade, já que não existe qualquer relação entre o agente público e o particular que foi lesado,
pelo fato que quando o agente causou o prejuízo, não o fez na condição de particular, mas sim em nome
do Estado.
O Estado terá direito de regresso contra o responsável, quando reparar o dano, ou seja, terá o direito
de recuperar o valor da indenização, juntamente com o agente que causou o dano.
Efetivamente, o direito de regresso, em sede de responsabilidade estatal, configura-se na pretensão
do Estado em buscar do seu agente, responsável pelo dano, a recomposição do erário, uma vez
desfalcado do montante destinado ao pagamento da indenização à vítima. Nesse aspecto, o direito de
regresso é o direito assegurado ao Estado no sentido de dirigir sua pretensão indenizatória contra o
agente responsável pelo dano, quando tenha este agido com culpa ou dolo.

A lei dos Servidores Públicos Federais, a famosa 8.112 de 90, vem e determina que o agente público
responde administrativo, penal e civilmente quando praticar irregularidades.
Afirma Alexandre Mazza, “Essa tríplice responsabilidade decorre de ato omissivo ou comissivo, doloso
ou culposo, que resulte em prejuízo ao erário ou a terceiros. Assim, o Estatuto reforça a aplicação da
teoria subjetiva para apuração da responsabilidade do servidor nas três esferas. Em princípio, os três
processos para apuração das responsabilidades civil, penal e administrativa são independentes, razão
pela qual as sanções civis, penais e administrativas poderão cumular-se. Entretanto, o art. 126 da Lei n.
8.112/90, afirma que a responsabilidade administrativa do servidor será afastada no caso de absolvição
criminal que negue a existência do fato ou sua autoria”.
Importante destacar que o art. 122, § 2º, do Estatuto prescreve que, em se tratando de dano causado
a terceiros, o servidor responderá perante a Fazenda Pública, em ação regressiva. Assim, a Lei n.
8.112/90 não admite propositura de ação indenizatória diretamente contra a pessoa do servidor público,
pois vincula sua responsabilização à ação regressiva.

Questões

01. (IPSMI - Procurador – VUNESP) A respeito da responsabilidade civil do Estado, é correto afirmar
que
(A) a responsabilidade civil das concessionárias por danos causados a terceiros na execução de
serviços públicos é subjetiva, ante a inexistência de relação contratual entre as partes.
(B) a prescrição da pretensão de responsabilidade civil por danos extracontratuais em face do Estado
prescreve no prazo de 3 (três) anos, conforme entendimento consolidado pelo Superior Tribunal de
Justiça.
(C) são pressupostos para a responsabilização extracontratual do Estado a existência de conduta
culposa ou dolosa de agente público, dano e nexo causal.
(D) a responsabilidade civil objetiva para o Estado, prevista na Constituição Federal, aplica-se
indistintamente às suas relações contratuais e extracontratuais.
(E) são causas excludentes do nexo de causalidade o fato exclusivo da vítima, o fato de terceiro e o
caso fortuito e força maior.

02. (TCE/RJ - Auditor Substituto – FGV) Acerca da responsabilidade civil extracontratual do Estado,
é correto afirmar que:

38 (RE 327904 / SP - SÃO PAULO. Julgamento:15/08/2006. Órgão Julgador: Primeira Turma)

100
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
(A) há responsabilidade do Estado por danos causados a particulares decorrentes de lei declarada
inconstitucional pelo Poder Judiciário;
(B) a responsabilidade civil das concessionárias e permissionárias de serviço público pressupõe a
existência de falha na prestação do serviço;
(C) o Estado é solidariamente responsável por quaisquer danos decorrentes de condutas das
concessionárias e permissionárias de serviços públicos;
(D) o direito de regresso é exercido pelo Estado contra seus agentes que, agindo no horário de
trabalho, tenham intencionalmente dado causa a danos a terceiros;
(E) a indenização devida pelo Estado à vítima deve ser proporcional ao grau de culpabilidade do agente
estatal causador do dano.

03. (CRO/PR - Procurador Jurídico – Quadrix) Sobre a responsabilidade civil do poder público,
assinale a alternativa incorreta.
(A) A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito público e das pessoas jurídicas de direito
privado prestadoras de serviço público é objetiva, baseada no risco administrativo.
(B) As pessoas jurídicas de direito público responderão pelos danos que seus agentes, nessa
qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de
dolo ou culpa.
(C) A responsabilidade civil do Estado e a responsabilidade criminal dos agentes públicos estão
intimamente ligadas. Assim, a absolvição do servidor no juízo criminal afasta a responsabilidade civil do
Estado.
(D) A responsabilidade civil do Estado, embora objetiva, pode ser afastada no caso de força maior,
caso fortuito ou culpa exclusiva da vítima.
(E) Em caso de culpa exclusiva da vítima, a responsabilidade civil do Estado será excluída. Em caso
de culpa concorrente, entretanto, a responsabilidade será mitigada, e os prejuízos serão compartilhados.

Gabarito

01.E/ 02. A/ 03.C

Comentários

01. Resposta: E
A responsabilidade do Poder Público não existirá ou será atenuada quanto a conduta da Administração
Pública não der causa ao prejuízo, ou concorrerem outras circunstâncias que possam afastar ou mitigar
sua responsabilidade. Em geral, são chamadas causas excludentes da responsabilidade estatal; a força
maior, o caso fortuito, a culpa exclusiva da vítima e a culpa de terceiro.
Nestes casos, não existindo nexo de causalidade entre a conduta da Administração e o dano ocorrido,
a responsabilidade estatal será afastada.

02. Resposta: A
O Estado responde pelo dano causado em decorrência de ato praticado com fundamento em lei
declarada inconstitucional. Contudo, o dever de indenizar o lesado por dano oriundo de ato legislativo ou
de ato administrativo decorrente de seu estrito cumprimento depende da declaração prévia e judicial da
inconstitucionalidade da lei correlata.

03. Resposta: C
A decisão penal, apurada por causa da responsabilidade penal do servidor, só terá reflexo na
responsabilidade civil do servidor se o ilícito penal tiver ocasionado prejuízo patrimonial (ilícito civil). A
responsabilidade civil do servidor será afastada se, no processo criminal, o servidor for absolvido por ter
sido declarada a inexistência do fato ou, quando o fato realmente existiu, não tenha sido imputada sua
autoria ao servidor.
Direito de Regresso ou Ação de Regresso

Nos casos em que se verificar a existência de culpa ou dolo na conduta do agente público causador
do dano (Art. 37, §6º, CF), poderá o Estado propor ação regressiva, com a finalidade de apurar a
responsabilidade pessoal do agente, sempre partindo-se do pressuposto de que o Estado já foi
condenado anteriormente.

101
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA
A entidade estatal que propuser a ação deverá demonstrar a ocorrência dos requisitos que comprovem
a responsabilidade do agente, ou seja, ato, dano, nexo e culpa ou dolo. Caso o elemento subjetivo,
representado pela culpa ou dolo, não esteja presente no caso concreto, haverá exclusão da
responsabilidade do agente público.
Note-se que a Administração Pública tem o dever de propor ação regressiva, em razão do princípio da
indisponibilidade. Outra questão importante é que não há prazo para propositura da ação regressiva, uma
vez que, por força do Art. 37, §5º da CF, esta é imprescritível.
Ensina mais Alexandre Mazza39: quando se tratar de dano causado por agente ligado a empresas
públicas, sociedades de economia mista, fundações governamentais, concessionários e permissionários,
isto é, para pessoas jurídicas de direito privado, o prazo é de três anos (art. 206, § 3º, V, do CC) contados
do trânsito em julgado da decisão condenatória.

São pressupostos para a propositura da ação regressiva:


1) condenação do Estado na ação indenizatória;
2) trânsito em julgado da decisão condenatória;
3) culpa ou dolo do agente;
4) ausência de denunciação da lide na ação indenizatória.

Importante ressaltar a denunciação à lide, que trata-se de uma ação secundária regressiva, podendo
ser feita tanto pelo autor como pelo réu, será citada e denunciada a pessoa contra quem o denunciante
tem pretensão indenizatória ou de reembolso.
É uma espécie de garantia, permitida nos casos em que o denunciante defende em face do terceiro
interveniente, seu direito de regresso alegado ou até mesmo um direito sub-rogado.

Questão

01. (TRE/MA - Técnico Judiciário – Administrativo – IESES). Sobre a responsabilidade civil do


Estado, é correto afirmar:
(A) A Constituição afasta expressamente o dever do Estado de indenizar o condenado por erro
judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença.
(B) A Constituição determina que o Estado somente responda por danos decorrentes de atos ilícitos,
já que os danos decorrentes de atividade lícita do Estado não são indenizáveis, até porque não poderá
haver direito à indenização se o Estado agir conforme a lei.
(C) A Constituição prevê a responsabilidade do Estado fundada na culpa do agente, cabendo ao
Estado a responsabilidade se comprovada a ação dolosa ou culposa do agente, a ocorrência do dano e
o nexo de causalidade.
(D) Com base no risco da atividade administrativa, a Constituição prevê a responsabilidade objetiva do
Estado, pelos danos que os seus agentes, nesta qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito
de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

Gabarito

01.D.

Comentário
01. Resposta: D
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
[...]
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos
responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito
de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

39 MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. 4ª edição. Ed. Saraiva. 2014.

102
1684464 E-book gerado especialmente para DANIEL MARTINEZ DA SILVA

Você também pode gostar