Apontamentos da Introdução à Filosofia –Filosofia política.

12ª classe 2022

UNIDADE 2.
A CONVIVÊNCIA POLÍTICA ENTRE OS HOMENS

2.1 Noções Básicas

2.1.1 Política e Filosofia política
Definição da Política
Etimologicamente, «Política» (do grego pólis) significa «cidade» ou «cidade-estado». No
âmbito restrito, a Política diz respeito essencialmente ao Estado ou Nação – à conquista e
exercício do poder do Estado.
Assim, em outros termos, a política tem a ver com acções que lidam com os problemas que
grassam alguma colectividade humana, orientadas por valores éticos como a justiça, o bem-
estar comum, a ordem pública, a paz, a justiça, a harmonia, etc.

Definição da Filosofia Política: sua definição e relação com outras disciplinas

A Filosofia Política é um estudo reflexivo, crítico e sistemático dos fundamentos e princípios
gerais das relações de poder como um todo. É, portanto, uma disciplina da Filosofia como as
outras por si estudadas, com as quais procura compreender melhor a realidade humana e
social e conferir mais significado à existência.

Alguns problemas da Filosofia Política

A filosofia politica lida se com as seguintes questões práticas ou problemas: o que é o poder,
qual o seu fundamento e como se limita, o que é o Estado, qual a sua origem, organização,
melhor forma,função e finalidade específica, qual a natureza da acção política, as relações
entre o Estado e os indivíduos, entre o Estado e a Igreja, entre o Estado e os partidos
políticos

2.1.2 Relação Filosofia-Política

A política e a filosofia são duas realidades diferentes, por um lado, e inter-relacionadas, por
outro lado, devendo ter uma relação de complementaridade.
A filosofia interpreta, problematiza ou questiona e critica a racionalidade tipicamente política,
procurando iluminar e orientar a realidade política a partir da definição e compreensão dos
conceitos de política, estado, divisão de poderes, virtudes (como a justiça, a tolerância, a
felicidade, etc.) até ao esboço de formas ideais de governo e da convivência social.
A filosofia, portanto, desafia a política a ser mais transparente (a política não deve atender a
fins pouco claros nem usar meios obscuros), justa (a injustiça é uma das principais causas da
desordem social e a justiça é a principal razão, na linha de Platão, da felicidade, que por sua
vez é o principal segredo de uma sociedade bem ordenada, próspera e feliz), tolerante (a
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intolerância é uma das principais causas de dissensões e convulsões sociais. A filosofia,
habituada ao diálogo dialéctico, promove o respeito pelo direito do outro de ter uma opinião
divergente).

2.1.3 A Ética Política

Duas visões da relação entre ética e política são famosas: uma defende a redução da política à
moral ou da moral à política (visão monista) e outra defende a não redutibilidade de uma
noutra (visão dualista), restando responder ao problema da antinomia que esta última posição
levanta. Seja como for, hoje é geralmente defensável uma ética política. Uma política sem
ética é como uma política sem consciência, pelo que pode ser devastadora. Aliás, é na ética
que se encontram as bases de uma política sã, a justa legitimidade das relações de poder entre
governantes e governados, etc.

2.1.4 Estado-Nação e seus Elementos

A noção de Estado é variável. Estado é um aparelho orgânico que exerce funções soberanas
(defesa nacional, política, justiça, moeda, impostos, estradas e comunicações), bem como
importantes tarefas económicas e sociais (desenvolvimento económico, justiça social),
deixando espaço para a actividade privada dos seus membros, não interferindo ou
interferindo menos na vida afectiva, moral e religiosa dos seus membros.
O Estado é um organismo político e administrativo com um território, um governo, uma
personalidade jurídica e população próprios e que goza de reconhecimento internacional.

A nação é uma comunidade humana que partilha o mesmo território, a mesma origem, os
mesmos costumes, uma mesma língua, um sentimento ou consciência de pertença e um
sentido comum. A noção de Estado-nação, que substitui a de Cidade-Estado (polis) grega,
sintetiza as duas definições vistas e é a mais usada desde o Século XVI.

Governo diz respeito aos cidadãos que assumem cargos oficiais e a autoridade do Estado. O
governante é qualquer funcionário ou servidor público em cuja responsabilidade esteja,
oficialmente, algum cargo de direcção público. O governado é todo e qualquer cidadão de um
Estado sobre quem recaia a acção do governante. Dentro dos parâmetros legais e somente
neles, cabe ao governante dirigir e ao governado obedecer. Entretanto, propriamente falando,
governar é servir; ser governando é ser servido. Num Estado democrático, como
Moçambique, a autoridade emana do povo, a quem o Governo deve servir com zelo.
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Elemento indispensável de um Estado-nação é a constituição. Também chamada de Carta
Magna ou Lei-mãe, a Constituição é o conjunto de leis fundamentais e fundantes de um
Estado e que regula o relacionamento e funcionamento de todos os elementos constitutivos
do mesmo Estado. Moçambique, de acordo com a Constituição da República, é um Estado
de Direito, independente, soberano, democrático e de justiça social. De facto, reúne todos os
requisitos previamente enunciados para ser Estado. A bandeira, o emblema e o hino nacionais
são os símbolos da República de Moçambique.

2.1.5 Participação política dos cidadãos

A participação tem a ver com o exercício da cidadania consciente e madura, com consciência
cívica. Actualmente, uma democracia, quanto à participação ou ser representativa.
A participação política, que é regida por lei, é um dos indicadores da legitimidade e eficácia
da democracia. Qualquer decisão tomada pelos governantes, em que haja uma boa
participação dos demais cidadãos, é geralmente aceite pela maioria como uma decisão
própria, contrariamente a uma decisão imposta. Ademais, com uma participação efectiva, as
decisões tomadas tendem a ser melhores, para os cidadãos, do que aquelas impostas por uma
minoria ou por um só governante. Assim, uma boa participação, marcada pela criação de
consensos entre as diversas e divergentes ideias dos cidadãos, é sempre benéfica para o
Estado, cuja missão é procurar o bem comum.

2.1.6 Direitos Humanos e Justiça social

A ONU adoptou, assim, a 10 de Dezembro de 1948, a Declaração Universal dos Direitos
Humanos, que serviu de base para os tratados sobre direitos humanos, o Tratado
Internacional dos Direitos Civis e Políticos e o Tratado Internacional dos Direitos
Económicos, Sociais e Culturais, bem como serve de modelo para nações e cidadãos do
mundo inteiro.

É da responsabilidade do Estado garantir a justiça social. Não é por acaso que um dos
objectivos do nosso país, de acordo com a Constituição da República, é «a edificação de uma
sociedade de justiça social e a criação do bem-estar material, espiritual e de qualidade de vida
dos cidadãos». A forma de garantir a justiça social, ou seja de minimizar e compensar as
desigualdades sociais e propiciar condições de desenvolvimento económico de toda a
sociedade, divide pensadores e políticos. Por exemplo, o liberalismo defende a criação de
oportunidades e a protecção de iniciativas privadas como a melhor forma, o socialismo
advogam o intervencionismo estatal como garante da justiça social. A ideia de justiça social, ,
diz respeito à justiça distributiva, em substituição da justiça clássica ou comutativa.
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2.1.7 Estado de Direito e suas funções

As finalidadesdo Estado são várias e de distintas naturezas (militar, económica,

previdenciária, cultural, etc.), mas se podem resumir em garantir o bem-estar comum, com
vista a favorecer o desenvolvimento integral dos seus membros. As funções do Estado são
todas as acções que concorrem para a materialização do bem-comum e definem-se em
consonância com os três poderes do Estado, que os exercem. Assim, temos:
 Função Legislativaou normativa – corresponde ao Poder Legislativo ecompete-lhe a
elaboração das leis. Exemplo: Assembleia da República;
 Função Executivaou administrativa – materializada pelo Poder Executivo, cabe-lhe a
administração do Estado. Esta função materializa-se através da nomeação de funcionários,
colectas de impostos, etc.;
 Função Judiciáriaou jurisdicional – corporizada pelo Poder Judiciário, é responsável pela
interpretação e aplicação das leis. Exemplo: Tribunais.
As três funções do Estado ora apresentadas resultam da reformulação das inicialmente
.apresentadas por Aristóteles: consultiva, administrativa e judiciária, respectivamente

1.O que é filosofia política?

2.O que é politica
3.Qual é a relação existente entre a filosofia e a politica
4.Que problemas são levantados na filosofia política?
5.O que é Estado de Direito? E quais são as suas funções
6.De que maneira você pode participar na vida política?
7.Diferencie estado da nação e mencione os seus elementos.