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UNIDADE I

Fundamentos
da Ciência Política

Profa. Neusa Meirelles


Objetivos dessa Unidade

 Promover a reflexão, debate e discussão em torno da Ciência Política, disciplina


que fornece elementos para a compreensão de questões pertinentes ao exercício
e distribuição normativa e prática de poder em sociedade, instituições e processos
relacionados à cidadania e à democracia.

São questões centrais à disciplina:

 Qual a origem e o significado da palavra política e seus


sentidos ao longo do pensamento histórico?

 Qual a relação da política com o exercício, a distribuição


e a organização do poder na sociedade?
Política e seus sentidos 1

 Na Grécia clássica, a palavra política, derivada do grego (politikê), abrangia todos


os procedimentos relativos à pólis ou cidade-estado, portanto, abrangia a arte de
governar, de gerir o destino da cidade.

 Para Bobbio (2000:160) o termo política “é habitualmente empregado para indicar


a atividade ou conjunto de atividades que têm, de algum modo, como termo de
referência, a pólis, isto é, o Estado”.

 No âmbito da Filosofia, a política diz respeito ao


pensamento que ultrapassa limites do cotidiano, das
opiniões, mas que está associado a debates e aos
movimentos contemporâneos.
Política e seus sentidos 2

 Pertencem à esfera política todos os atos que envolvam ações previstas no


Estado e Governo, tais como comandar (ou proibir), legislar ou distribuir recursos.

 Nesse sentido, a política diz respeito ao poder (dentro e fora do Estado), às


ideologias, à representatividade, à participação nos assuntos públicos, etc.
Política, duas dimensões, como prática e como ciência

 A política pode ser tomada como uma prática do exercício do poder, no âmbito
do Estado e Governo (abrangendo a dimensão normativa e a pragmática).

 A política como ciência (Ciência Política) é uma das Ciências Sociais, ou seja,
o conhecimento sistemático e ordenado dos fenômenos e práticas referentes
às relações de poder.
Política, prática coletiva

 Consiste no conjunto de esforços empreendidos por indivíduos e segmentos


sociais, ao longo da história, visando participar do poder ou influenciar a
distribuição do poder.

 Por isso, a política não tem fins constantes ou um fim que compreenda a todos ou
ainda que possa ser considerado o único verdadeiro.

 Em síntese, afirma Norberto Bobbio (op. cit), “os fins da


política são tantos quantas as metas que um grupo
organizado se propõe, de acordo com os tempos
e as circunstâncias”.
Política, outras concepções

 Para uns, a política é vista como a solução que a sociedade oferece para suas
diferenças, seus conflitos e contradições, sem escondê-los.

 Segundo Castro e Falcão, “a política compreende relação de poder que, por


princípio, tende à busca do bem comum”.

 Para outros, a política está associada à atividade de profissionais (politólogos)


ou de especialistas investidos de poder.
Política e Estado

 A política e o Estado são estreitamente relacionados, mas não devem


ser identificados.

 Não é só o Estado que desenvolve o poder politico, mas também grupos políticos,
partidos, agremiações e grupos sociais.

 Portanto, nem todo poder que atua politicamente é um poder estatal, mas todo
poder político aspira sê-lo.
Política e poder

 Pode-se entender política como a arte, destreza, habilidade, ou perícia


em manejar assuntos delicados, atitudes estabelecidas com respeito
a determinados assuntos.

 A política, assim, inclui diferentes significados, mas todos de algum modo


relacionados com posse, manutenção ou distribuição do poder.
Interatividade

Tradicionalmente, de que trata a política?

a) A política é o poder do Estado desde os tempos modernos.


b) A política é o monopólio legítimo da força.
c) A política é o exercício da justiça sem o uso da força.
d) A política é a arte de governar, de gerir o destino da cidade.
e) A política é o exercício dos interesses particulares sobre os coletivos.
Resposta

Tradicionalmente, de que trata a política?

a) A política é o poder do Estado desde os tempos modernos.


b) A política é o monopólio legítimo da força.
c) A política é o exercício da justiça sem o uso da força.
d) A política é a arte de governar, de gerir o destino da cidade.
e) A política é o exercício dos interesses particulares sobre os coletivos.
Política e poder

 São múltiplas as relações entre política e poder. Por isso é possível entender
a política como luta pelo poder, manutenção e expansão do poder;
ou refletir sobre as instituições políticas por meio das quais o poder é exercido.

 Por exemplo, a política de trabalho de uma empresa é definida pela sua visão,
missão, valores e compromissos com os clientes, assim como a política de
contratação de pessoas com algum tipo de deficiência ou de mulheres solteiras
e sem filhos etc.
Ainda política e poder

 O poder político é instrumento para construção de um ideal coletivo, obtenção


de um bem comum. Assim, o poder político tem a singular capacidade de impor
condutas aos indivíduos e às organizações, mas não se pode excluir a existência
de oposição.

 A oposição é referente ao modo como é buscado este bem comum, sua definição,
embora haja maneiras diferentes de atingi-lo.
Política e poder, Hannah Arendt

 Segundo Hannah Arendt (1906-1975), “a política surge não no homem,


mas sim entre os homens”.

 Hannah Arendt se preocupa com a necessidade de se estabelecer uma ordem


em que o exercício do poder não se confunda com a violência.

 Os sistemas totalitários, cujo surgimento Hannah Arendt


muito bem analisou, são a forma mais extrema de
desnaturação da “coisa política”, haja vista que
suprimem por completo a liberdade humana.
Política e poder, século XX

 A política se tornou ainda mais importante ao longo do século XX, em face do


aumento e complexidade das sociedades, bem como do aumento da capacidade
de intervenção do homem graças ao avanço das novas tecnologias.

 Foram as decisões políticas que provocaram os eventos marcantes do século XX,


como as guerras mundiais, assim como a criação de organismos de pacificação,
como a Organização das Nações Unidas (ONU), em 1945.
Política e poder, século XXI

 Neste século XXI, a política também se insere em todos os aspectos da vida


humana. O terrorismo, o aquecimento global, o aumento da inclusão social,
revoltas sociais na Turquia, no Egito, na Grécia, na Espanha.

 Com tantos problemas, mais do que nunca é necessário compreender a política.


Interatividade

Quais as características de todo tipo de poder?

a) É sempre um fenômeno social e é sempre bilateral.


b) Exige sempre a força física e é monopólio do Estado.
c) É uma forma de justiça e é exercido pelos mais fortes.
d) É comum em governos não democráticos e tem força para deflagrar greves.
e) É legitimado pelo consentimento da maioria e é comum na democracia.
Resposta

Quais as características de todo tipo de poder?

a) É sempre um fenômeno social e é sempre bilateral.


b) Exige sempre a força física e é monopólio do Estado.
c) É uma forma de justiça e é exercido pelos mais fortes.
d) É comum em governos não democráticos e tem força para deflagrar greves.
e) É legitimado pelo consentimento da maioria e é comum na democracia.
A ciência política, relacionamentos

 Ela se relaciona com a Filosofia, com a Economia, Sociologia e com o Direito.

 As relações de poder e a ordem jurídica do Estado ambientam as preocupações


que fundamentam as investigações da Ciência Política.

 Tais investigações visam identificar finalidade e valores que embasam


o sistema político.
Fundamentos do poder político

Política e Filosofia Filosofia Política Doutrina do Estado: ética, ideias

Século XVII: fusão


Política e Economia Economia Política
Século XVIII: separação

Social: processo interativo


Política e Sociologia Sociologia Política
Política: social em sentido restrito

Teoria Geral Relações de poder


Política e Direito
do Estado (âmbito normativo)
A ciência política

 A ciência política evoluiu de forma consolidada pelo conhecimento sobre


a natureza do poder, buscando, assim, a elucidação das causas, da formação
e dos objetivos do poder.

 São objetos de estudo da ciência política as relações de poder,


a base ideológica e suas tendências.
Campos de pesquisa da ciência política

Uma tipologia geral de política corresponderia a quatro campos de pesquisa da


ciência política:

1. as instituições, como o Estado ou o governo, seu quadro social e seus atores;

2. os recursos, como o poder, a influência ou a autoridade, que são os meios


utilizados pelos atores;

3. os processos que constituem as atividades principais


às quais se consagram os atores;

4. as funções, como a resolução não violenta


dos conflitos.
O conceito de “sistema político”

 A utilização do conceito “sistema político” – em lugar de outros como


“governo”, “nação” ou “Estado” – reflete uma nova maneira de encarar
os fenômenos políticos.

 Os sistemas políticos incluem “todas as interações que afetam ou ameaçam


o uso da força física legítima”.

 Os sistemas políticos incluem não somente organizações


governamentais como os legislativos, cortes de justiça e
órgãos administrativos, mas todas as estruturas,
inclusive grupos familiares e sociais.
O conceito de Estado

 A palavra Estado surgiu para designar o status de poder na sociedade política.

 A unidade social básica na qual vivem as pessoas atualmente é o Estado nacional,


que se apresenta como corporação territorial de um povo constituído como nação.

 O conceito de Estado abrange instituição organizada de forma política, social e


jurídica, que ocupa território definido e tem sua lei predominante, geralmente
estabelecida nos termos expressos na Constituição.
O conceito de Estado

 O Estado atual, no Ocidente, é resultado de um longo e ininterrupto processo


(histórico, econômico e político) que se estende desde a Antiga Grécia.

 O objetivo declarado do Estado consiste na preservação da ordem e do bem


comum ou do bem público de certo povo situado em delimitado território.

 Todavia, o termo Estado é ambíguo e complexo; por


exemplo, denominam-se Estado diversas e distintas
formas atuais de organização política, tais como o Reino
Unido da Grã-Bretanha, os Emirados Árabes Unidos,
o Estado do Paraná e demais estados brasileiros
(Unidades da Federação).
O conceito de Estado (continuação)

 Desse modo, a etimologia do vocábulo “estado”, mais que definir com clareza
um objeto de estudo, suscita múltiplas interpretações, o que obriga à permanente
busca de dados necessários (históricos, sociológicos e jurídicos) para a explicação
do termo.
O conceito de Estado em uma abordagem jurídica

 Os elementos constitutivos do Estado abrangem o território, a população,


o povo e a nação.

 O território identifica a área geográfica física do globo terrestre que demarca


e delimita a atuação soberana do Estado.

 A população consiste no número de habitantes do território que mantêm vínculos


jurídicos com o Estado.

 O povo consiste na população desse Estado, enquadrada


sob o ordenamento estabelecido por esse Estado.
O conceito de Estado em uma abordagem jurídica (continuação)

 A nação significa especial comunidade de consciências unidas por uma postura


complexa, de natureza cultural e histórica (nacionalismo, identidade nacional).

 A nação e o Estado constituem entidades distintas da realidade. A nação é uma


comunidade étnica e cultural, enquanto o Estado é dimensão.
Interatividade

Quais são os elementos constitutivos do Estado?

a) O povo, a população, a cidade e estado federado.


b) O território, a cidade, os estados e o povo.
c) O território, a população, o povo e a nação.
d) O povo, a população, os bairros e a cidade.
e) Os distritos, os bairros, os estados e a população.
Resposta

Quais são os elementos constitutivos do Estado?

a) O povo, a população, a cidade e estado federado.


b) O território, a cidade, os estados e o povo.
c) O território, a população, o povo e a nação.
d) O povo, a população, os bairros e a cidade.
e) Os distritos, os bairros, os estados e a população.
Abordagens distintas ao focalizar o exercício do poder

 Aborda-se o poder de pontos de vista opostos. Do ponto de vista dos dominados,


como faz Étienne de La Boétie (1530-1563) com sua obra “Discurso da servidão
voluntária”.

 A partir do lugar de quem detém o poder, como descreve Nicolau Maquiavel


(1469-1527) no livro “O príncipe”.

 Muito embora seus conselhos sejam também instrumentos para o povo se


defender da tirania.
La Boétie

La Boétie viveu na França num período de absolutismo. Nesse regime, o rei,


encarnando o ideal nacional, possuía os atributos da soberania:

 poder de decretar leis;


 de prestar justiça;
 de arrecadar impostos;
 de manter um exército permanente;
 de nomear funcionários;
 de julgar os atentados contra o bem público, e
 detinha a autoridade real de justiceiro supremo.
Étienne de La Boétie

A monarquia absolutista da França tinha as mesmas características das demais:

 o poder absoluto do Rei, reconhecido como de direito;

 sua soberania é um legado divino, isto é, o Rei é o responsável apenas


perante Deus;

 o Rei tem todos os poderes – declarar a guerra e fazer a paz;

 o Rei é a lei viva – legisla, julga e suas decisões não


admitem apelação;

 o Rei é o senhor dos impostos e da justiça.


Étienne de La Boétie

 O absolutismo é um regime vivificado e unificado por um poderoso sentimento


de patriotismo.

Este patriotismo encontra campo para se expandir nos séculos XVI e XVII em virtude
de diversos fatores:

 grandes lutas contra os estrangeiros;

 novas relações econômicas;

 e a influência dos humanistas sobre os cortesãos


e os grandes burgueses.
Étienne de La Boétie, “Discurso da servidão voluntária”

 Obra que é um questionamento sobre as razões que levariam os povos a se


submeterem à vontade de um tirano.

 No âmbito do poder, o grande desafio de definir a política está em desvendar o


poder, pois a política nasce de uma relação de poder entre pessoas e a sociedade.

 Segundo La Boétie, são três as razões para a existência do poder:


o costume, a covardia e a manutenção da tirania.
A servidão é voluntária

 La Boétie afirma que são os próprios homens que se fazem dominar, pois, caso
quisessem sua liberdade de volta, precisariam apenas se rebelar para
reconquistá-la.

 Porém, muitas vezes os homens não querem reconquistar sua liberdade, pois se
sentem seguros sob a opressão de reis e príncipes.

 Assim, La Boétie discute a legitimidade do poder e critica


o autoritarismo, a introjeção de valores da submissão,
a vocação para a servidão se apresenta voluntária.
Liberdade e servidão

 As referências utilizadas por La Boétie têm por objetivo justificar e provar


seus argumentos em favor da liberdade e da amizade, contrários à servidão
e à obediência.

 Para provar as vantagens daquelas sobre estas, La Boétie faz inúmeras


referências a fatos antigos, contos, escritos e dizeres populares.
Os objetivos da obra de Boétie são:

 comprovar, por meio de argumentos incisivos e exemplos referenciais,


o estado de servidão em que se encontra a maioria dos homens de seu tempo;

 provar a diversidade entre a natureza humana e o estado de servidão


em que se encontra;

 determinar os fatores que ocasionam a servidão voluntária.


Étienne de La Boétie

 Já no título aparece a contradição do termo “servidão voluntária”, pois como


se pode servir de forma voluntária, isto é, sacrificando a própria liberdade
de espontânea vontade?
 A obra de La Boétie é essencialmente revolucionária sobre as possíveis
causas que levariam povos a se submeterem à vontade de um tirano.
 A obra é profundamente motivada pelo momento histórico em que se insere,
pois reflete, discute e se dirige à realidade francesa da época em que foi escrita.
 Apesar dessa aproximação, a obra não a compreende
a realidade, como e por que os homens perderam o
contato com sua natureza cultural europeia do século
XVIII, a noção que torna a liberdade como direito
natural do homem.
Para La Boétie

 A perda de identidade com a liberdade, é um “mau encontro”,


transformou a natureza humana de liberta em escrava.

 Todavia, a afeição pela liberdade e a luta por ela fazem parte


da essência humana, parte fundamental da existência humana.

 No decorrer de todo o texto, La Boétie fala para os dominados, expõe a face


covarde de ser dominado e também ressalta a validade de ser corajoso
e libertar-se dessa opressão.

 Para ilustrar seu pensamento, o autor utiliza histórias


contidas em textos gregos sobre liberdade.
A relação entre servidão, liberdade e natureza humana

 La Boétie focaliza essa relação levando ao estabelecimento de uma sociedade


sem interferência do Estado.

 La Boétie, ao falar da servidão, aconselha o povo para que dela se liberte. Para
o autor, a mais simples das ações seria omitir-se da obediência. Apenas o não
obedecer é a alavanca da não servidão e a consequente liberdade.

 Essa regra fundamental deixa entrever dois importantes


lados da questão: a vontade de servir e a fragilidade da
não obediência.
Por que servir?

 Se o homem prefere servir a ser livre, é preciso saber: por que prefere servir?

 Uma das explicações de La Boétie é de que, educado na servidão e afastado do


conhecimento, da sabedoria, o homem não conhece outra realidade senão aquela
em que se encontra.

 Portanto, para ele, um dos elementos que explica a servidão é o costume,


ou seja, a socialização.

 Outra razão é o desejo de participar da tirania. Isto é,


a submissão e a obediência podem funcionar como
extensão do poder do tirano, com a aspiração
de que no futuro eles – súditos – se tornarão tiranos.
Interatividade

Qual o objetivo da obra “Discurso da servidão voluntária”, de La Boétie?

a) Falar da divisão do poder e do Estado.


b) Falar das instituições e das funções do Estado.
c) Falar do governo e dos meandros do poder.
d) Falar do povo, tornando-o consciente de sua aspiração, a liberdade.
e) Falar do Estado e do exercício do poder político.
Resposta

Qual o objetivo da obra “Discurso da servidão voluntária”, de La Boétie?

a) Falar da divisão do poder e do Estado.


b) Falar das instituições e das funções do Estado.
c) Falar do governo e dos meandros do poder.
d) Falar do povo, tornando-o consciente de sua aspiração, a liberdade.
e) Falar do Estado e do exercício do poder político.
ATÉ A PRÓXIMA!
UNIDADE II

Fundamentos
da Ciência Política

Profa. Neusa Meirelles


A Antiguidade Clássica

 A Idade Antiga abrange o período delimitado entre o aparecimento da escrita e o


ano 476 da Era Cristã, quando se deu o fim do Império Romano do Ocidente.

 No Ocidente, marcado pela Grécia e Roma, as características originárias foram


mudadas de forma lenta, porém marcante, desde o surgimento das Cidades-
Estado gregas até os atuais Estados do mundo ocidental.

 A antiga Grécia é considerada como o berço do


pensamento sistemático sobre a política, ou sobre uma
ciência da política, variando em objetivos e métodos.
O surgimento do pensamento político na Grécia Antiga

 A “era de ouro” da Grécia, foi sob a liderança de Atenas, estendendo-se do século


IV a.C. ao VI a.C., mas o auge se deu no século V a.C., sobretudo o período do
governo de Péricles (444 a.C. a 429 a.C.) marcado pelo florescer da literatura,
arquitetura, ciência e, acima de tudo, da filosofia.

 Um tema central ao debate político na Atenas do século V, e que se projeta para


depois, chegando aos dias atuais, reside na discussão sobre a base do
poder político.
O sentido de política para os gregos do período clássico

 Para os gregos, política abrangia todos os fatos relacionados ao estado, tanto as


instituições como as atividades. Para eles, o governante não era considerado
divino nem indicado pelos deuses, mas sendo eleito pelos cidadãos.

 Na Grécia, não havia um só Estado grego, mas várias Cidades-Estados (polis, em


grego), sendo a maior parte constituída como república.
A vida na Cidade-estado

 No final do século VI a.C., em Atenas, Sólon legislador, instituíra várias mudanças


na legislação, tornando o sistema político mais democrático: com controle popular
sobre os tribunais, suspensão da prisão por dívida, etc. O legislador visava justiça
(equilíbrio) nas relações entre ricos e pobres, mas o conflito de caráter econômico
permaneceu, ou até foi acirrado, colocando as famílias tradicionais e ricas da
aristocracia em oposição aos comerciantes, aos quais interessava o
desenvolvimento naval e dinamização da economia.
 Conforme Baker (1978: 42) a vida da cidade-estado era
fundamentada na consciência de pertencimento a uma
cultura comum, e diz ele “os helenos estavam bastante
conscientes da sua unidade”, e citando Heródoto (VIII,
144), ele completa: “[Eles] Sabiam que tinham o mesmo
sangue e a mesma língua, deuses e sacrifícios em
comum, e costumes semelhantes”.
A democracia em questão na Grécia Clássica

 O sentimento de pertencer a uma cidade-estado favorecia o conflito entre cidades,


em especial entre os dois modelos de governo que ficaram na história: Atenas e
Esparta: Atenas, comercial, democrática, mas cujas instituições políticas não eram
estáveis, e Esparta, conservadora, politicamente estável, oligárquica e militar. Na
primeira, a tradição registra como valores fundamentais, a temperança, equilíbrio,
moderação e liberdade; na segunda, a coragem na guerra, disciplina e obediência.
A democracia em questão na Grécia Clássica

 O pensamento político grego focalizou a relação indivíduo como cidadão e cidade.


Daí a importância das especulações sobre o Estado, leis, regimes e justiça
formando a imagem de uma Atenas democrática; contudo, o “povo” que
participava das discussões políticas era constituído apenas pelos homens naturais
de Atenas com direitos de cidadania, excluídos os estrangeiros (depois incluídos,
sob certas condições), mulheres e escravos.
Questão central à teoria política grega

 A questão básica que atravessou a teoria política grega remetia à discussão sobre
a distância entre o ideal (as ideias, o Estado ideal, a teoria) e a realidade prática
das instituições e governos (as leis, as medidas de caráter prático, a política,
o governo).

 Essa discussão sobre a distância entre o ideal e a prática, a representação


e a realidade, atormenta filósofos, juristas e cientistas sociais até hoje.

 Ela se situa também na distância entre um princípio de


legalidade, que por definição é estabilizador, e o fluxo
das mudanças sociais e econômicas, que induzem
novas circunstâncias e condições.
Os sofistas, personagens dos “novos tempos”

 Na medida em que a vida na cidade-estado se tornou mais complexa, o elo ético


de pertencimento à polis tendeu a sofrer alteração. Assim também o sentido de
pertença à cidade, do qual os oligarcas e aristocráticos se valiam, visto que eram
cidadãos, passou a se contrapor à experiência vivida pelos homens comuns,
mercadores e outros que, não pertencendo à cidade, nela viviam e dependiam
de suas leis, normas e convenções vigentes.

 Por isso os “novos tempos” propiciaram a prática


dos sofistas, a difusão do hedonismo, individualismo,
convencionalismo e o ceticismo, posturas que passaram
a ser contrapostas aos valores morais que sustentavam
as ideias da tradição política.
Os sofistas

 Eles rechaçavam a ideia de uma verdade universal e os princípios abstratos de


justiça. Um deles, Protágoras, dizia que “o homem é a medida de todas as coisas”
e que cada indivíduo pode definir e estabelecer, de acordo com suas crenças e
desejos, o que é direito.

 As leis e as políticas de uma cidade grega provinham da discussão entre os


cidadãos conceitualmente iguais na Ágora, a praça de mercado, que também
servia, em geral, de arena política, e não do palácio de um déspota.

 Os sofistas sustentaram a razão individual como fonte de


todo conhecimento e destruíram velhos dogmas,
preparando o caminho para as doutrinas de Platão
e Aristóteles.
Ainda os sofistas

 No mundo aristocrático, o costume e a lei costumeira têm a força do Direito, são


normas imperativas cuja transgressão implica castigo. Com o passar do tempo, à
medida em que se perdia a memória da origem de um uso, o costume e as leis
não escritas passaram a ser considerados naturais.

 Os sofistas entendiam que a moral, a justiça, a religião, a política eram convenção,


portanto, poderiam ser ensinadas, mas isso seria impossível se fossem inatas,
ou naturais.
Interatividade

Sobre o regime democrático ateniense, é correto afirmar que:

a) Era baseado na eleição de representantes para as Assembleias Legislativas,


que se reuniam uma vez por ano na Ágora e deliberavam sobre os mais
variados assuntos.

b) Apenas os homens livres eram considerados cidadãos e participavam


diretamente das decisões tomadas na Cidade-Estado.

c) Os estrangeiros e as mulheres maiores de 21 anos


podiam participar livremente das decisões tomadas
nas assembleias da Cidade-Estado.
Interatividade

d) Era erroneamente chamado de democrático, pois negava a existência de


representantes eleitos pelo povo.

e) A inexistência de escravos em Atenas levava a uma participação quase total da


população da Cidade-Estado na política.
Resposta

Sobre o regime democrático ateniense, é correto afirmar que:

b) Apenas os homens livres eram considerados cidadãos e participavam


diretamente das decisões tomadas na Cidade-Estado.
Aspectos da “democracia” ateniense

 O fato de morar na mesma cidade não tornava seus habitantes igualmente


cidadãos. Desse privilégio eram excluídos os escravos, os estrangeiros
e as mulheres.

 Da mesma forma, nem todo homem livre, nascido na polis, podia participar da
administração da justiça ou ser membro da assembleia governante.
Outros aspectos da democracia ateniense

 A intensificação do sistema escravista acentuava a divisão do trabalho,


o artesanato e estimulava o comércio, a partir da necessidade de dar vazão
aos produtos excedentes.

 No século V a.C. teve início a guerra contra os persas e termina a campanha


do Peloponeso, o despotismo persa e a luta entre a democracia de Atenas
e a oligarquia de Esparta constituíram eventos que geraram estímulos
para a pesquisa política.

 Os filósofos gregos dirigiram sua atenção, a partir do


mundo natural, para o exame dos fatores políticos
e sociais.
Pensamento político, Ocidente e Oriente

 As instituições e o pensamento político no Oriente antigo tinham, como


característica marcante e geral, o caráter sacro e religioso do poder, sendo o
soberano considerado divino e filho dos deuses.

 As instituições e o pensamento político no Ocidente antigo apresentaram


características diferentes em relação ao Oriente antigo. O primordial governo
monárquico e religioso foi substituído, gradativamente, por governos republicanos.
Liberdade de pensamento e confronto político

 A liberdade de pensamento permitiu o confronto entre ideias políticas distintas, e a


busca pelo poder político, o que levou a uma luta entre a antiga camada social de
proprietários aristocráticos e a nova, formada por comerciantes influenciados por
ideias estrangeiras e com espírito predisposto à inovação.
 Esse quadro preparava caminho para a demagogia, com o surgimento de uma
série de mestres que aspiravam sensibilizar o espírito público, por meio da oratória
e da arte da controvérsia.
 Os sofistas representaram tendência desagregadora na
época: aspiravam proporcionar a instrução necessária
para que os jovens pudessem seguir com êxito a carreira
política, mas para eles a autoridade política se baseava
na força, dado o caráter egoísta dos homens,
e a desigualdade de suas capacidades.
Síntese das ideias dos sofistas

 Não acreditavam na natureza social do homem, concebiam o Estado apoiado em


um pacto de base individualista e artificial, logo a autoridade política era egoísta
por natureza.

 Estabeleceram a separação entre o direito e a moral, sustentando que a lei,


enquanto derivada da autoridade política, coagia e obrigava os homens, em muitos
casos, a trabalharem abertamente, contra as normas da razão.
Interatividade

Um aspecto importante da civilização grega da época residiu nos discursos proferidos


para obter a aprovação da maioria, Tais pronunciamentos deveriam conter
argumentos sólidos e persuasivos, induzindo alguns cidadãos a procurarem
aperfeiçoar a habilidade de discursar. Isso favoreceu o surgimento de um grupo de
filósofos que dominavam a arte da oratória. Esses filósofos ficaram conhecidos como:

a) Maniqueístas.
b) Hedonistas.
c) Epicuristas.
d) Sofistas.
e) Platônicos.
Resposta

Um aspecto importante da civilização grega da época residiu nos discursos proferidos


para obter a aprovação da maioria, Tais pronunciamentos deveriam conter
argumentos sólidos e persuasivos, induzindo alguns cidadãos a procurarem
aperfeiçoar a habilidade de discursar. Isso favoreceu o surgimento de um grupo de
filósofos que dominavam a arte da oratória. Esses filósofos ficaram conhecidos como:

a) Maniqueístas.
b) Hedonistas.
c) Epicuristas.
d) Sofistas.
e) Platônicos.
O idealismo de Platão

 Platão (427-347 a.C.) é considerado um dos primeiros filósofos políticos


que formulou a teoria de um Estado ideal abstrato.

 Ele realçou a educação como o princípio essencial ao sistema político, no âmbito


dos governos; portanto a ordem política consistia uma necessidade para a
realização da justiça no convívio social entre governados e governantes.

 Na ordem política, deveria haver cooperação entre as


partes para a realização da justiça, de modo que cada
parte cumpriria a sua atribuição para que
o todo resultasse beneficiado da
pertinente complementariedade.
O idealismo de Platão, a justiça

 O pensamento político de Platão está centrado na justiça, pois ela é a virtude que
mais integra o indivíduo ao Estado. A justiça é efetivada com o Estado
e no Estado.

 A justiça estaria associada à ordem política, ao passo que a desordem política


estaria associada à injustiça. Nesse sentido, Platão descreveu o que seria o
Estado ideal e, consequentemente, justo.

 O Estado ético de Platão consiste no meio para promover


a realização da felicidade geral, assim como alcançar a
virtude maior do bem comum. A justiça não é objeto
exclusivo do indivíduo, mas do Estado.
O idealismo de Platão, a ética

 Platão considerou impossível separar, de modo definitivo, ética e política.

 Segundo ele, a dimensão ética do homem não pode ser separada da sua
dimensão política.

 Platão desenvolveu como pensador e pretenso estadista, baseado em


conhecimento apurado e experiência observada, a concepção original de um
Estado ideal.
Platão, a virtude e o vício

 Platão enalteceu de forma ampla o pressuposto de que a virtude é o conhecimento


e o vício existe em função da ignorância.

 Em razão disso, ele afirmou que os males do Estado não cessarão para os seres
humanos antes que a raça dos puros e autênticos filósofos obtenha o poder, ou
que os chefes das cidades, por uma divina graça, passem a filosofar
de modo verdadeiro.
O idealismo de Platão, Estado ideal

 Segundo Platão, o Estado ideal deveria ser governado não por muitos
(democracia), uma vez que a multidão não saberia governar, mas pelos filósofos
(teocracia), pois eles contemplaram a verdade e estariam aptos a realizar essa
verdade no âmbito da sociedade.

 A constituição de um Estado ideal, forte e perdurável exigiria uma equipe de


homens disciplinados, prontos a atender aos desígnios do Estado.
O idealismo de Platão, Estado ideal

 Nada que fosse alheio ao Estado deveria absorver a vontade e a ação, ou distrair
o pensamento único desses homens devotados ao Estado.

 Em razão disso, ficava proibido a eles o apego particular a famílias e bens


temporais, que somente poderiam ser desfrutados em comum.

 O Estado devia significar, em alto nível, o que significa o ser humano


em nível menor.
Platão, Estado ideal e utopia

 Platão reconheceu que essa era uma situação utópica, mas foi além, a ponto de
sugerir que esses reis deveriam ser compelidos a assumir posições de poder de
modo a evitar o conflito e a injustiça inerentes às outras formas de governo.

 O Estado ideal deveria ficar sob a responsabilidade da mais evoluída casta de


governantes, imbuídos das melhores intenções e das melhores condições para
governar segundo a ideia do bem comum.
Platão, os reis filósofos

 Platão já havia demonstrado que, para ser bom, o Estado precisaria ser governado
pelos virtuosos mas, enquanto outros valorizavam o dinheiro ou a honra acima de
tudo, só os filósofos valorizavam o conhecimento e a sabedoria, portanto,
a virtude. Logo só os interesses dos filósofos beneficiariam o Estado,
portanto, os filósofos deveriam ser reis.

 Isso é o que os filósofos especialmente qualificados fariam para definir


o que constitui a vida digna e leva a uma vida verdadeiramente virtuosa,
em vez de uma simples imitação de exemplos individuais de virtude.
Platão, os reis filósofos

 Platão reconheceu que essa era uma situação utópica e prosseguiu dizendo: “ou
aqueles agora chamados reis devem genuína e adequadamente filosofar”,
sugerindo a urgência da educação da classe governante como proposta
para suas práticas.
Platão e os reis filósofos, continuação

 Pelo idealismo de Platão, o Estado deve significar, em nível maior, o que significa
o ser humano em nível menor.

 A sua obra “A República”, apresenta o Estado ideal de forma identificada com o


ser humano, demonstrando, em última análise, que todos somos o Estado.
Platão, homens e mulheres

 A indistinção entre homens e mulheres é relevante no pensamento de Platão, pois


todos deveriam participar da vida pública, tanto na esfera civil quanto na militar.

 A participação feminina nas classes superiores proporcionaria, segundo Platão,


uma integração plena e uma perspectiva de unificação da cidade, superando
eventuais contraposições entre homens e mulheres.
Platão, epistemologia

 No livro VII de “A República”, Platão ilustra o sua concepção sobre o processo de


conhecimento com uma metáfora, o “mito da caverna”: em que pessoas estão
acorrentadas nessa caverna desde a infância, e não podem ver a entrada, apenas
enxergam o fundo, no qual são projetadas as sombras das coisas que passam às
suas costas, onde há uma fogueira.

 Se um desses indivíduos conseguisse se soltar das


correntes para contemplar a luz do dia, os verdadeiros
objetos, ao regressar, relatando o que viu aos seus
antigos companheiros, esses o tomariam por louco ou
não acreditariam em suas palavras.
Platão, o “mito da caverna”

 O ponto de vista epistemológico, no “mito da caverna”, Platão vislumbrou que o ser


humano vive em contato permanente com dois tipos de realidade: a realidade
inteligível e a realidade sensível.

 A realidade inteligível, ou mundo das ideias, é imutável e igual a si mesma. A


realidade sensível, ou mundo empírico, significa todas as coisas que afetam os
sentidos do ser humano, sendo realidades dependentes e mutáveis que
expressam imagens das realidades inteligíveis.
Platão, teoria das ideias

 Nessa concepção de Platão, conhecida por teoria das ideias ou teoria das formas,
o mundo empírico (concreto), ou das imagens, percebido pelos sentidos é uma
pálida manifestação do mundo das ideias.

 As formas ideais ou ideias, como Platão as chamava, existiam em uma esfera fora
do mundo cotidiano, sendo acessíveis apenas por meio do raciocínio filosófico e
de indagações.
Platão, Obras

As principais obras de Platão são:

 “Críton” (399-387 a.C.)

 “A República” (380-360 a.C.)

 “Político”, “As leis” (355-347 a.C.)


Interatividade

Para Platão, a filosofia tem um fim prático e é capaz de resolver os grandes


problemas da vida. Assinale a alternativa correta:

a) A teoria das ideias não pode ser considerada uma chave de leitura aplicável a
todo pensamento platônico.

b) Platão desenvolveu uma ética racionalista que não considerava a vontade


elemento fundamental dentre os motivadores da ação.
Interatividade

c) Platão afirmou que o Estado ideal deveria ficar sob responsabilidade


da mais evoluída casta de governantes, os filósofos.

d) Platão acreditava que o conhecimento do bem era suficiente para motivar a


conduta de acordo com essa ideia (agir bem).

e) Para Platão, a essência das coisas é dada a partir da análise de suas causas
material e final.
Resposta

Para Platão, a filosofia tem um fim prático e é capaz de resolver os grandes


problemas da vida. Assinale a alternativa correta:

c) Platão afirmou que o Estado ideal deveria ficar sob responsabilidade


da mais evoluída casta de governantes, os filósofos.
O realismo de Aristóteles

 Aristóteles (384-322 a.C.) foi discípulo de Platão e, embora adotasse algumas


ideias dele, difere bastante do mestre pelo método e os pontos de vista que
aparecem em seu sistema político.

 Aristóteles era prático, lógico e sistemático. Suas ideias são o resultado de um


processo indutivo, partido do estudo científico e comparativo dos governos que
existiam em seu tempo.
Aristóteles, traços gerais

 Sua exposição, baseada na história e na observação, era clara e precisa, com


poucas nuances alegóricas e poéticas.

 Aristóteles construiu a política como uma ciência independente, tirando a ética do


campo da disciplina.

 Aristóteles estabeleceu que o fim último da ciência política é a busca do


bem comum.
Aristóteles, política e o Estado

 Aristóteles não traçou o perfil de um governo que servisse para todas as condições
sociais, ele defendeu a tese de que as constituições devem ser adaptadas às
necessidades de cada povo.

 Ao contrário de Platão, que considerava a moral como a ciência fundamental e da


qual faz parte a política, Aristóteles considerava a política como a ciência mais
importante, porque tinha como referência o Estado.
Aristóteles, a Política

 Para Aristóteles, a melhor forma de governo era aquela em que todos os


indivíduos atuassem na vida política.

 Embora tenha tido forte sentido prático, Aristóteles sempre considerou que a
política é uma ciência abstrata que busca o bem-estar total do homem.
Aristóteles, a Política

 Ele fez um estudo detalhado das complexas correntes que afetam a vida pública,
dos métodos de governo e dos meios utilizados para aplicar as reformas políticas,
de acordo com os diversos interesses em disputa e as circunstâncias variáveis de
cada período.

 Aristóteles escreveu seu livro “Política” depois de ter feito um estudo detalhado dos
governos mais importantes de seu tempo e das obras de pensadores que o
precederam, principalmente as de Platão.
Aristóteles, a Política

 A “Política”, mais que um trabalho sistemático de filosofia política, é um tratado


sobre a arte do governo, sugerindo medidas práticas para contornar
problemas futuros.

 Aristóteles encontrou a origem do Estado nos esforços do homem para satisfazer


seus desejos e necessidades individuais.

 A sociedade entre o homem e a mulher para perpetuação da espécie, do senhor e


do escravo para a produção de alimentos.
Aristóteles, o Estado

 A Cidade-Estado, de acordo com Aristóteles, era uma forma perfeita de


associação e como o homem por natureza é um animal político, somente pode
alcançar seus fins essenciais através do Estado.

 O Estado existe, assim, para satisfazer as necessidades intelectuais e morais dos


homens. A família ou comunidade doméstica, dentro do Estado, atende à
satisfação das necessidades físicas da vida.
Aristóteles, Estado e escravidão

 Segundo Aristóteles, o Estado se justifica de forma utilitária e,


seguindo o mesmo raciocínio, a escravidão se torna perfeitamente legal e natural.

 Como os homens diferem em poder físico e capacidade intelectual,


uns nasceram para senhores e outros para escravos.

 Os homens aptos para governar são aqueles dotados de altas condições


espirituais; os que têm somente vigor físico e entendimento pouco cultivado
não são aptos para dirigir, mas para cumprir ordens.
Aristóteles o Estado, a escravidão e a guerra

 A escravidão dos prisioneiros de guerra sempre foi justificada porque o triunfo na


batalha significava superioridade dos vencedores, mas isso não se aplica no caso
de homens inteligentes sofrerem as desventuras da guerra.

 Aristóteles acreditava que a unidade do Estado poderia ser obtida através de uma
organização adequada de diversos tipos individuais, e não pela submissão
partidária, abolição da propriedade privada e dos laços familiares,
como pensava Platão.
Aristóteles, Estado e cidadania

 Aristóteles definiu o Estado como uma organização coletiva de cidadãos e definiu


cidadão como o indivíduo que tem direito de participar do governo.

 Ele acreditava que o traço característico da cidadania consistia na participação dos


indivíduos nas assembleias, no exercício ativo dos direitos políticos.
Aristóteles, Estado e Governo

 Aristóteles distinguiu claramente os termos Estado e governo. O Estado, para ele,


estava integrado pelo corpo total dos cidadãos: o governo, por aqueles que
ordenam e regulam a vida daqueles, ocupam os postos públicos e exercem
o poder.

 O Estado ideal somente é possível partindo-se do pressuposto de que existia


também uma sociedade ideal. Caso fosse possível encontrar homens
proeminentes e extraordinários, a monarquia e a aristocracia seriam
as melhores formas de governo.
Aristóteles, a finalidade do Estado e o povo

 Aristóteles sustentava que a finalidade do Estado se concentra no bem-estar da


comunidade, e que o poder político tem que ser distribuído entre os cidadãos na
medida em que contribuam para a realização do Estado.

 O povo, atuando politicamente como unidade, é preferível à atuação de qualquer


de suas partes; logo, a autoridade deve residir, em última instância, no conjunto
dos cidadãos.
Aristóteles, ética e política

 Para ele, a política seria um desdobramento natural da ética.

 Enquanto a ética estaria orientada para a felicidade individual do ser humano, a


política estaria orientada para a felicidade coletiva da polis, a Cidade-Estado da
Grécia antiga.

 A política e a ética apareciam de forma integrada, assim como a constituição do


Estado como princípio máximo de uma congregação política, expressando sua
ordem e sua estrutura de conduta.
Aristóteles, ética, virtude e meio-termo

 A ética consistia na ciência das condutas, imprecisa visto que está focada em
aspectos que são passíveis de modificação.

 A ética não ficaria definida por aquilo que o ser humano é de modo essencial e
imutável. A ética ficaria definida por ações repetidas, disposições obtidas,
paradigmas apreendidos e hábitos que oportunizam as virtudes e os vícios
do ser humano.

 A virtude está associada ao meio-termo, e o vício ao


excesso ou à falta pertinente de alguma conduta.
Aristóteles, regimes políticos

 Aristóteles evidenciou três regimes políticos e três formas de governo.

 Os regimes políticos como monarquia, governo de um indivíduo a favor de todos;


a oligarquia, o governo de alguns poucos; e a democracia, o governo de todos.

 As formas de governo: a tirania é a monarquia corrupta; a aristocracia, governo de


alguns em favor de todos; a politeia é o governo por muitos em favor de todos.
Aristóteles, Liceu e obras

 Aristóteles trabalhou com Platão na Academia por 20 anos, porém em 335 a.C.
criou o Liceu, escola rival. Ao lecionar lá, formalizou suas ideias sobre as ciências,
a filosofia e a política.

 As principais obras de Aristóteles são: “Ética a Nicômaco” e “Política Retórica” (350


a.C.), dividida em 8 livros.
Interatividade

Com base no que foi estudado sobre o pensamento político de Aristóteles, aponte a
proposição correta:

a) A forma de vida mais adequada para o cidadão é aquela na qual todos os


habitantes da cidade, indistintamente participam da vida política, governando e
sendo governados.

b) O Estado nasce com o objetivo de proporcionar e gerar a relação entre


dominados e dominantes.
Interatividade

c) Aristóteles pensava na origem do Estado como um ato de mera convenção


sem vínculos com a natureza humana.

d) Para Aristóteles a família está presente no Estado, assim como na tese de que o
Estado deriva da família.

e) Os escritos de Aristóteles tratam da teoria das formas e das ideias.


Resposta

Com base no que foi estudado sobre o pensamento político de Aristóteles, aponte a
proposição correta:

d) Para Aristóteles a família está presente no Estado, assim como na tese de que o
Estado deriva da família.
ATÉ A PRÓXIMA!
UNIDADE III

Fundamentos
da Ciência Política

Profa. Neusa Meirelles


Roma e o pensamento republicano

Objetivos desta unidade:


 Analisar a contribuição do pensamento político romano para o desenvolvimento
das instituições políticas contemporâneas.

Questão inicial:
 Qual a herança deixada pelo pensamento político romano para a organização
política contemporânea?
A ascensão de Roma

 A República Aristocrática Romana foi fundada em torno de 510 a.C. com a derrota
de uma monarquia tirânica.

 Foi estabelecida uma forma de democracia representativa similar


ao modelo ateniense.

 Aos poucos, criou-se uma constituição, segundo a qual o governo seria liderado
por dois cônsules eleitos anualmente pelos cidadãos, com um senado de
representantes e magistrados para assessorá-los.
A ascensão de Roma

 Sob esse regime, a República cresceu em força, ocupando províncias na maior


parte da Europa. No entanto, no século I a.C. conflitos civis se espalharam pela
República por causa das diversas facções que lutavam pelo poder.

 Em 48 a.C. Júlio César assumiu o controle e se tornou imperador,


pondo fim à República.
Características da República Romana

 A República Romana foi fundada de modo similar às cidades-estado gregas.

Seu sistema de governo combinava elementos de três diferentes regimes:

 a monarquia (substituída por cônsules);


 a aristocracia (o senado);
 a democracia (a assembleia popular).
Características da República Romana

 Cada uma das distintas áreas de poder se equilibravam entre si.

 Este sistema de governo foi considerado pela maioria dos romanos como uma
forma ideal de governo que garantia a estabilidade e prevenia a tirania.
Características da República Romana

 Dois fatos importantes marcaram o período republicano de Roma:


a luta dos plebeus para conseguirem igualdade de direitos com os patrícios e a
formação do grande Império Romano por meio das conquistas militares.

 A grande desigualdade de direitos entre patrícios e plebeus provocou


uma série de lutas sociais em Roma, que duraram cerca de dois séculos.

 Uma nova magistratura foi instituída mais tarde, o Tribunato da Plebe,


que surgiu no auge dos conflitos sociais entre patrícios e plebeus.
Características da República Romana

A sociedade romana era hierarquizada e composta por:

 patrícios (minoria com domínio político e econômico);


 equestres (comerciantes);
 plebeus (homens livres);
 clientes (agregados dos patrícios); e os
 escravos (maior camada social).
Características da República Romana

Por meio do controle do poder e das instituições políticas, os patrícios buscavam


sempre se beneficiar, como, por exemplo:

 O domínio da política exercido pelos patrícios (donos de terras); e o

 Voto baseado em rendas (censitário).


Características da República Romana

 Com as guerras e as conquistas do Império Romano, ocorreu um aumento


da concentração de terras em posse dos patrícios, gerando a formação
de latifúndios;

 Houve, também, o aumento da quantidade de escravos (prisioneiros de guerras);

 Há o surgimento dos cavaleiros, grupo social novo composto por militares que
enriqueceram com as conquistas militares;

 e o aumento do êxodo rural, principalmente de


camponeses, provocado pelo uso excessivo
de mão de obra escrava no campo.
Características da República Romana

Por meio das revoltas, os plebeus conquistaram vários direitos sociais e políticos:

 fim da escravidão por dívidas;


 criação dos tribunos da plebe (direito a vetar decisões do senado que fossem
prejudiciais aos plebeus);
 igualdade civil (liberação de casamento entre plebeus e patrícios);
 igualdade religiosa (direito de atuarem como sacerdotes) e a ampliação de direitos
políticos (eleger representantes para diversos cargos políticos).
Características da República Romana

 Segundo Cícero, “O governo é jogado de um lado para o outro, como uma bola”
(Cícero 106-43 a.C.).

 Veja pela frase acima que a base da República Romana era a participação política
dos diferentes segmentos sociais no governo. Deste modo, o governo representa
a diversidade de interesses da sociedade romana.
Interatividade

A partir do século III, o Império Romano entrou em declínio. Com o fim das guerras
de conquista, esgotou-se a principal fonte fornecedora de escravos, seguiu-se uma
crise do escravismo, que abalou a economia e:

a) foram feitas grandes melhorias no sistema de esgotos e nos aquedutos


da cidade.
b) fez surgir o colonato e provocou o êxodo urbano.
c) o cristianismo tornou-se a religião oficial.
d) a religião romana foi formada, combinando diversos
cultos e várias influências.
e) sucederam-se diversas rebeliões de escravos,
conforme relata Spartaco, a comandada por Espártaco.
Resposta

A partir do século III, o Império Romano entrou em declínio. Com o fim das guerras
de conquista, esgotou-se a principal fonte fornecedora de escravos, seguiu-se uma
crise do escravismo, que abalou a economia e:

a) foram feitas grandes melhorias no sistema de esgotos e nos aquedutos


da cidade.
b) fez surgir o colonato e provocou o êxodo urbano.
c) o cristianismo tornou-se a religião oficial.
d) a religião romana foi formada, combinando diversos
cultos e várias influências.
e) sucederam-se diversas rebeliões de escravos,
conforme relata Spartaco, a comandada por Espártaco.
O pensamento de Cícero

 Marco Túlio Cícero (106-43 a.C.) destacou-se num período de agitação e guerras
que destruíram a República Romana (510 a.C. – 27 a.C.)

 Cícero é considerado um dos maiores oradores romanos e o último grande


defensor dos princípios da República.
O pensamento de Cícero

 De acordo com ele, o Estado é a consequência natural dos instintos sociais


do homem.

 Cícero vê o Estado como uma instituição política distinta da sociedade em geral,


pois destaca igualmente uma separação entre o Estado e o governo, reservando a
autoridade política suprema ao povo.
O pensamento de Cícero

 54-51 a.C. – Marco Túlio Cícero escreve Da república, baseado em A república, de


Platão, mas defende uma forma mais democrática de governo.

 Cícero era um árduo defensor do sistema republicano. Advertiu que o rompimento


da República provocaria a volta do ciclo destrutivo dos governos.
O pensamento de Cícero

 Cícero adota uma classificação de governo que distingue monarquia, aristocracia e


democracia. Cada uma das quais possui certas vantagens e estão submetidas a
um ciclo revolucionário que vai de forma pura a impura.

 Na sua opinião, o regime republicano de Roma constitui um exemplo admirável, no


qual é possível manter-se a estabilidade na vida política.
O pensamento de Cícero: os ciclos de governos

República

Aristocracia
Monarquia
ou povo

Tirania
Cícero e os ciclos destrutivos de governos

 Cícero defendia, então, a substituição da República pela monarquia;


em seguida, o poder poderia ser passado para um tirano;

 de um tirano, o poder poderia ser tomado pela aristocracia ou pelo povo;


e, do povo, seria conquistado pelos oligarcas ou tiranos, novamente.
O pensamento de Cícero

 Portanto, sem os controles e equilíbrios de uma constituição mista, o governo seria


“jogado de um lado para o outro, como uma bola.”

 Fiel às previsões de Cícero, Roma passou a ser controlada por um imperador,


Augusto, logo após a morte de César, e o poder foi passado dele para uma
sucessão de governos tirânicos.
O pensamento de Cícero

 Um dos principais méritos da obra de Cícero é a sua exposição do conceito de lei


natural, estabelecendo um sistema em que coloca em correspondência direta
os princípios da razão abstrata e da lei natural com a atividade da razão humana
e a legislação do Estado.
O pensamento de Cícero

 No tratado Das leis, que constitui um complemento do livro Da república, Cícero


persiste na sua concepção de que a lei positiva está baseada nos princípios da
razão natural, e qualquer disposição que apareça em oposição às leis da natureza
não possui força legal.
O pensamento de Cícero

 O mérito principal de Cícero está em ter transmitido ao mundo romano as ideias da


Grécia em suas obras, embora muitas vezes com propósitos diferentes.

 A obra de Cícero exerceu pouca influência na política de seu tempo, caracterizado


por animosidade das lutas internas e a crise de patriotismo.
O pensamento de Cícero

 Mas suas ideias sobre a justiça e a lei natural ficaram profundamente enraizadas
no pensamento jurídico de Roma e deixaram uma marca profunda nos juristas
posteriores à época imperial e nos primeiros escritores cristãos.

Suas obras:
 Da república;
 Das leis;
 Diálogo sobre a amizade.
Interatividade

“Para ganhar o favor popular, o candidato deve conhecer os eleitores por seu nome,
elogiá-los e bajulá-los, ser generoso, fazer propaganda e levantar-lhes a esperança
de um emprego no governo. [...]” Essas palavras de Cícero (106-43 a.C.) revelam:

a) a concessão de favores, por parte dos eleitores, para cativar os candidatos.


b) a necessidade de coagir o eleitorado para obter apoio.
c) a população desinteressada do poder econômico dos candidatos.
d) a existência de relações clientelistas.
e) a pequena importância das relações pessoais no
sucesso nas eleições.
Resposta

“Para ganhar o favor popular, o candidato deve conhecer os eleitores por seu nome,
elogiá-los e bajulá-los, ser generoso, fazer propaganda e levantar-lhes a esperança
de um emprego no governo. [...]” Essas palavras de Cícero (106-43 a.C.) revelam:

a) a concessão de favores, por parte dos eleitores, para cativar os candidatos.


b) a necessidade de coagir o eleitorado para obter apoio.
c) a população desinteressada do poder econômico dos candidatos.
d) a existência de relações clientelistas.
e) a pequena importância das relações pessoais no
sucesso nas eleições.
As bases do poder teocrático

 Desde o seu início, no século I a.C., o Império Romano cresceu em força,


estendendo-se por toda Europa, África Mediterrânea e Oriente Médio.

 No ápice de seu poder, a cultura imperial romana, com sua ênfase na


prosperidade e na estabilidade, ameaçava substituir os valores eruditos e
filosóficos associados às repúblicas de Atenas e Roma. Ao mesmo tempo,
o cristianismo se arraigava dentro do Império.
As bases do poder teocrático

 A partir do século III, o pensamento político foi dominado pela Igreja na Europa, e
a teoria política durante a Idade Média foi moldada pela teologia cristã.
O impacto do cristianismo

 O pensamento político passa a se subordinar ao dogma religioso, e as ideias da


Antiguidade Clássica foram negligenciadas.

 Santo Agostinho interpretou as ideias de Platão à luz da fé cristã, para examinar


questões tais como a diferença entre as leis divinas e humanas e, também, se
poderia haver algo como uma guerra justa.
O cristianismo como religião oficial

 Em 380, o cristianismo foi adotado como religião oficial do Império Romano e,


conforme o poder e a influência da Igreja cresciam, sua relação com o Estado
se tornou uma questão em disputa.

 Um fator primordial na substituição de ideias políticas pelo pensamento religioso


foi a ascensão do poder político da Igreja e do papado.

 A Europa medieval foi, de fato, governada pela Igreja,


uma situação que acabou sendo formalizada em 800 com
a criação do Sacro Império Romano, sob Carlos Magno.
O domínio do cristianismo

 A educação se tornou prerrogativa do clero, e a estrutura da sociedade foi


prescrita pela Igreja, não havendo muito espaço para discórdia.

 A Igreja Católica manteve o monopólio sobre o ensino por vários séculos na


Europa Medieval.

 O pensamento político foi dominado pela doutrina católica.


A crise do Sacro Império Romano

 A introdução do pensamento secular na vida intelectual teve como efeito a busca


de vários estados-nação de afirmarem sua independência, e os governantes
entraram em conflito com o papado.

 A autoridade da Igreja nos assuntos civis foi posta em xeque. Com o fim da Idade
Média, novas nações desafiavam a autoridade da Igreja e o povo passou a
questionar o poder dos monarcas.
Agostinho de Hipona (354-430) Santo Agostinho

 Aurélio Agostinho nasceu em Tagaste (na Argélia).


Seu pai era pagão e sua mãe, cristã.

 Estudou literatura latina e retórica em Cartago.

 Interessou-se por filosofia por meio das obras de Cícero.

 Em 373 mudou para Roma e passou a explorar a filosofia de Platão.

 Em 387 tornou-se cristão.

 Em 391 foi ordenado padre.


Principais obras de Agostinho

 O livre arbítrio (387-395).

 Confissões (397-401).

 Cidade de Deus (413-425).


Aspectos centrais ao pensamento de Agostinho

 Agostinho procurou integrar a filosofia clássica à religião e foi fortemente


influenciado por Platão, o que também formou a base de seu pensamento político.

 Como cidadão romano, Agostinho acreditava na tradição de um Estado sujeito ao


estado de direito, mas, como erudito, concordava com Aristóteles e Platão que a
meta do Estado deveria ser permitir ao povo viver uma vida digna e virtuosa.
O pensamento de Agostinho

 Para um cristão, viver uma vida digna e virtuosa era viver pelas leis divinas
prescritas pela Igreja.

 Agostinho acreditava que, na prática, poucos homens viviam de acordo com as leis
divinas, e a maioria vivia em pecado.

 Agostinho fazia uma distinção entre: civitas Dei (cidade de Deus) e civitas terrea
(cidade terrena).
O pensamento de Agostinho

 Na civitas terrea predominaria o pecado, Agostinho via que a influência da Igreja


no Estado seria o único meio de garantir que as leis da terra fossem feitas como
referência às leis divinas, permitindo ao povo viver na civitas Dei.

 A presença de leis justas distinguiria o Estado de um bando de ladrões. Segundo


Agostinho, os ladrões podem ter regras, mas estas não são justas.
O pensamento de Agostinho

 Mesmo na pecaminosa civitas terrea, a autoridade estatal pode garantir a ordem


por meio do estado de direito;

 A ordem é algo que todos têm razão em querer.


O pensamento de Agostinho: governantes e ladrões

Os estados têm um
Ladrões se reúnem sob
governante ou
um líder e têm regras
governo, e as leis
de disciplina e divisão
regulam a conduta e a
dos saques.
economia.

Os estados governados
por homens injustos Cada bando tem seu
declaram guerra aos próprio território e
seus vizinhos para rouba os territórios
conquistar territórios vizinhos.
e recursos.
Agostinho e a guerra justa

 A ênfase de Agostinho na justiça, com suas raízes na doutrina cristã,


também se aplicava aos assuntos da guerra.

 Acreditava que todas as guerras eram más e que atacar e saquear outros estados
era injusto.

 Fazia concessão à possibilidade de uma “guerra justa” travada por uma causa
justa, tal como a defesa do Estado contra uma agressão, ou para restaurar a paz,
apesar de dever ser enfrentada com remorso e só em última instância.
O pensamento de Agostinho

 Portanto, Agostinho defendia um Estado que vivesse de acordo com os princípios


cristãos. Seu pensamento foi delineado na obra A cidade de Deus, na qual
descreveu a relação entre o Império Romano e as leis divinas.
Interatividade

Qual a alternativa correta sobre iluminação divina?

a) A luz divina faz com que o homem conheça as verdades eternas em Deus,
as quais não estão no homem.
b) A luz divina atua imediatamente sobre o intelecto humano, torna-o ativo
para o conhecimento das verdades eternas, que estão no interior do homem.
c) A luz divina que faz o homem recordar as verdades eternas que a alma
possuía antes de se unir ao corpo.
d) As verdades eternas permanecem na alma mediante os
ciclos de reencarnação.
e) É possível ao ser humano obter o conhecimento
verdadeiro a respeito do mundo.
Resposta

Qual a alternativa correta sobre iluminação divina?

a) A luz divina faz com que o homem conheça as verdades eternas em Deus,
as quais não estão no homem.
b) A luz divina atua imediatamente sobre o intelecto humano, torna-o ativo
para o conhecimento das verdades eternas, que estão no interior do homem.
c) A luz divina que faz o homem recordar as verdades eternas que a alma
possuía antes de se unir ao corpo.
d) As verdades eternas permanecem na alma mediante os
ciclos de reencarnação.
e) É possível ao ser humano obter o conhecimento
verdadeiro a respeito do mundo.
Tomás D’Aquino (1225-1274) São Tomás de Aquino

 Tomás de Aquino nasceu na Itália e estudou na Universidade de Nápoles.

 Em 1244 ingressou na ordem dominicana.

 Por volta de 1259 lecionou em Nápoles e atuou como conselheiro de papa


em Roma.

 Em 1274 foi escolhido para participar do Concílio de Lyon, mas adoeceu e morreu
num acidente pelo caminho.
São Tomás de Aquino (1225-1274)

Principais obras:

 Scriptum super sententiis (1254-1256).

 Suma contra os gentios (1258-1260).

 Suma teológica (1267-1273).


Tomás de Aquino, aspectos de seu pensamento

 Tomás de Aquino tentou integrar as ideias de Aristóteles à teologia cristã;

 Levantou questões difíceis, como o direito divino dos reis e a questão da lei
secular x lei divina;

 É considerado o mais importante pensador cristão. Suas preocupações eram


primordialmente teológicas, mas como a Igreja era o poder político dominante,
a distinção entre teológico e político não era tão clara como hoje.
Aspectos do pensamento de Tomás de Aquino

 Tomás de Aquino defendia a integração entre o racional e o dogmático,


da filosofia com a teologia.

 Também se ocupou da questão do poder secular versus a autoridade divina


e do conflito entre Igreja e Estado, que crescia em vários países.
O pensamento de Tomás de Aquino

 O propósito do Estado é capacitar o povo a levar uma vida digna.

 Para ter autoridade, o soberano deve governar com justiça.

 O Estado só pode julgar a guerra necessária quando ela promove o bem e evita
o mal.

 A guerra só pode ser combatida com a autoridade do soberano ou governante.


O pensamento de Tomás de Aquino

 Para que uma guerra seja justa, é necessária uma causa justa.

 A guerra como proteção dos valores cristãos pode ser justificada.


O pensamento de Tomás de Aquino

A justiça como virtude:

 Ao examinar as questões políticas, enfatizava que a razão é tão importante ao


pensamento político quanto os argumentos teológicos;

 Incorporou às suas crenças cristãs a noção clássica grega de que o propósito do


Estado era promover a vida digna e virtuosa.
O pensamento de Tomás de Aquino

 A justiça era vista como a principal virtude política que sustentava toda a sua
filosofia. A noção de justiça era o elemento-chave da governança.

 Leis justas eram o que distinguia um bom governo de um mau, garantindo-lhe


a legitimidade para governar.

 A justiça determinava a moralidade das ações do Estado.


O pensamento de Tomás de Aquino

A guerra justa:

 apesar de o cristianismo pregar o pacifismo para os seus seguidores, às vezes era


necessário lutar para preservar ou restaurar a paz diante de uma agressão;

 no entanto, a guerra deveria ser defensiva, não preventiva e declarada apenas


depois de algumas condições serem cumpridas.
O pensamento de Tomás de Aquino

Os direitos da guerra:

 a única intenção justa para uma guerra justa é a restauração da paz;

 uma guerra justa só pode ser declarada sob a autoridade de um soberano;

 para que uma guerra seja combatida segundo uma causa justa, ela deve beneficiar
o povo.
O pensamento de Tomás de Aquino

 As regras de conduta justa numa guerra é que garantiriam a justiça da guerra.

 Para que os critérios da guerra justa fossem cumpridos, deveria haver um governo
adequadamente estabelecido, limitado por leis que garantissem a justiça de suas
ações, o que deveria ser, por sua vez, baseado na teoria da governança legítima,
levando em conta as demandas tanto da Igreja quando do Estado.
O pensamento de Tomás de Aquino

 Ao enfatizar a justiça como virtude essencial, Tomás de Aquino refletiu sobre o


papel da lei na sociedade. Seu interesse pelas regras formou a base de seu
pensamento político.

 Examinou as diferenças entre leis divinas e humanas e, por conseguinte, entre as


leis da Igreja e do Estado.
O pensamento de Tomás de Aquino

As leis.

Ele afirmava que:

 as leis criadas para nós mesmos e para as nossas sociedades devem ser
baseadas na lei natural que, por si só, é um reflexo da lei eterna que guia
todo o universo;

 a lei natural torna-se clara para nós pelo dom da razão


que nos foi dado por Deus; ela guia nosso
comportamento moral e ético.
O pensamento de Tomás de Aquino

Ele afirmava que:

 a lei eterna é divina, vinda diretamente de Deus. Ela governa o universo.

 as leis humanas quanto ao crime e ao castigo devem ser baseadas na razão para
que se relacionem aos valores que deduzimos da lei natural.
O pensamento de Tomás de Aquino

A comunidade:

 Assim como Aristóteles, Tomás de Aquino defende que o homem é, por natureza,
um “animal político”. A propensão de formar comunidades é algo que nos define
como humanos, diferentes de outros animais.

 Os humanos formam naturalmente unidades familiares, que se tornam vilas e


geram sociedades políticas.
O pensamento de Tomás de Aquino

 O papel da sociedade política era capacitar seus cidadãos a desenvolver a razão


e, por meio dela, adquirir o entendimento de um senso moral – em outras palavras,
a lei natural. Eles seriam, então, capazes de viver bem, de acordo com a lei natural
e, como cristãos, de acordo com a lei divina.
Influências do pensamento de Tomás de Aquino

 A convenção de Genebra consiste em quatro tratados assinados entre 1864 e


1949 – baseados nos conceitos de guerra justa –, que definem tratamento justo
aos soldados e aos civis em tempos de guerra.
Influências do pensamento de Tomás de Aquino

 A necessidade de lei humana se tornou um tema-chave no crescente conflito entre


a Igreja e os poderes seculares.

 Os critérios para uma guerra justa fundamentam as ações da Organização das


Nações Unidas, criada em 1945 com a intenção de manter a paz mundial.
Interatividade

Para Tomás de Aquino, filosofia e teologia são ciências distintas porque:

a) filosofia se funda no exercício da razão humana, a teologia na revelação divina.


b) filosofia é uma ciência complementar à teologia.
c) filosofia traz a compreensão da verdade, comprovável pela teologia.
d) a revelação é critério de verdade, por isso não se pode filosofar.
e) teologia é a mãe de todas as ciências, e a filosofia serve apenas para explicar
pontos de menor importância.
Resposta

Para Tomás de Aquino, filosofia e teologia são ciências distintas porque:

a) filosofia se funda no exercício da razão humana, a teologia na revelação divina.


b) filosofia é uma ciência complementar à teologia.
c) filosofia traz a compreensão da verdade, comprovável pela teologia.
d) a revelação é critério de verdade, por isso não se pode filosofar.
e) teologia é a mãe de todas as ciências, e a filosofia serve apenas para explicar
pontos de menor importância.
ATÉ A PRÓXIMA!
UNIDADE IV

Fundamentos
da Ciência Política

Profa. Neusa Meirelles


Unidade IV – a racionalização da política com Maquiavel

Objetivos desta unidade:

 Refletir sobre as bases do pensamento político desenvolvido por


Nicolau Maquiavel;

 Analisar a constituição do Estado Moderno.


Questões centrais desta unidade:

 A política deve ser impulsionada pela ética ou pela razão?

 Como deve agir um governante para conquistar, manter e ampliar o poder?

 É melhor que um governante seja temido ou amado?


Nicolau Maquiavel (1469-1527)

 Nasceu em Florença e estudou na Universidade de Florença. Como funcionário da


República de Florença, viajava pela Itália, França e Espanha para tratar de
assuntos diplomáticos.

Suas principais obras são:


 O príncipe (1513);
 Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio (1512-1519);
 A arte da guerra (1519-1520).

Além de outras obras sobre poesia e teatro, tais como:


 Mandrágora (1518).
Contexto histórico de Maquiavel

 Maquiavel viveu no começo do Renascimento, período turbulento, quando o


conceito medieval de um mundo cristão governado com orientação divina foi
substituído pela ideia de que os humanos poderiam controlar o seu próprio destino.

 Em sua época, Florença já era uma cidade-estado republicana. Porém, famílias


ricas e poderosas – como os Médici – buscavam ampliar sua influência.

 Em 1512, a família Médici assume o governo de Florença e Maquiavel é preso e


torturado por uma suposta conspiração.
O pensamento de Maquiavel

 Maquiavel desenvolveu uma abordagem não convencional ao estudo da teoria


política. Não pensou como a “sociedade deveria ser”, e sim como a sociedade é
em termos práticos e realistas.

 Não tratou a política como uma parte da filosofia moral ou ética.

 Ao contrário dos pensadores anteriores, ele não achava que o propósito do Estado
era nutrir a moralidade de seus cidadãos, preferindo vê-lo como a instituição que
garantisse o seu bem-estar e segurança.
A natureza humana para Maquiavel

 Maquiavel substituiu os conceitos de certo e errado por noções de utilidade,


necessidade, sucesso, perigo e dano. Ao colocar a utilidade acima da moralidade,
suas ideias para as qualidades desejáveis de um líder bem-sucedido se baseavam
na eficiência e na prudência em vez de qualquer ideologia ou retidão moral.

 Via a sociedade humana em termos terrenos, separados dos ideais religiosos


impostos pela igreja cristã.

 Parte do conceito de que os seres humanos são


naturalmente egoístas, de visão curta, volúvel e
facilmente enganáveis.
A natureza humana para Maquiavel

 A tendência humana de imitar em vez de pensar levava as pessoas a seguirem o


exemplo de um líder a agirem de modo cooperativo.

 A volatilidade e a credulidade permitem que as pessoas sejam facilmente


manipuladas por um líder habilidoso.
O pensamento de Maquiavel

 O bem-estar do Estado é responsabilidade do governante e deve ser buscado por


todos os meios possíveis, inclusive o engano e a intriga.

 A moralidade própria do governante é menos importante que o bem do Estado.


Ele será julgado pelos resultados mais do que pelos meios que usou.

 Portanto, um governante prudente não pode e não deve manter sua palavra.
Interatividade

Nicolau Maquiavel (1469 - 1527). Em O príncipe, ele dizia que:

a) o chefe de Estado deve ser um chefe de exército. O Estado em guerra deve


renunciar a todo sentimento de humanidade.
b) somente a autoridade ilimitada do soberano poderia manter a ordem interna de
uma nação.
c) na transformação do Estado Natural para o Estado Civil, legitima-se o poder
absoluto do rei.
d) o trono real não é o trono de um homem, mas o trono
do próprio Deus.
e) a liberdade política se encontra nos
governos moderados.
Resposta

Nicolau Maquiavel (1469 - 1527). Em O príncipe, ele dizia que:

a) o chefe de Estado deve ser um chefe de exército. O Estado em guerra deve


renunciar a todo sentimento de humanidade.
b) somente a autoridade ilimitada do soberano poderia manter a ordem interna de
uma nação.
c) na transformação do Estado Natural para o Estado Civil, legitima-se o poder
absoluto do rei.
d) o trono real não é o trono de um homem, mas o trono
do próprio Deus.
e) a liberdade política se encontra nos
governos moderados.
O Príncipe

 O livro foi escrito no estilo de guia prático para os líderes e dirigido a um novo
governante – é dedicado a um membro da poderosa família Médici.

 Analisa como a natureza humana básica poderia ser transformada e manipulada


para o bem do Estado. Voltou sua atenção às qualidades necessárias
para que um governante haja de forma prudente.
O Príncipe

 Maquiavel valorizava a qualidade romana de “virtude” como a de um líder motivado


pela ambição e pela busca da glória, propriedades quase opostas à virtude cristã
de modéstia.

 Defendia que o príncipe tivesse virtu – compreendida como ousadia,


disciplina e organização.
O Príncipe

 Maquiavel analisou a importância de o governante analisar uma situação


racionalmente antes de agir e basear essa ação não em como as pessoas
deveriam de fato ser, mas como elas vão se comportar, ou seja, em busca do
interesse próprio.

 Para Maquiavel, o conflito social é um desdobramento inevitável do egoísmo da


natureza humana. Para lidar com esse egoísmo, o líder deveria lançar mão das
táticas de guerra.
O Príncipe

 Apesar de acreditar que o homem é senhor de seu próprio destino, ele reconheceu
que também existe um componente de sorte em jogo, ao qual chamou de fortuna.

 O governante deveria lutar contra essa possibilidade, assim como contra a


volatilidade da natureza humana, a qual também passou a se relacionar à fortuna.

 Encarou a vida política como uma constante disputa entre os elementos da virtu
e da fortuna.
O Príncipe

 Ao analisar a política usando a teoria militar, Maquiavel concluiu que a essência da


maior parte da vida política seria a conspiração.

 Assim como a vitória na guerra depende de espionagem, inteligência,


contrainteligência e engano, o sucesso político exige segredos,
intriga e dissimulação.
O Príncipe

 A ideia de conspiração já era conhecida e praticada por muitos líderes políticos,


mas Maquiavel foi o primeiro no Ocidente a propor explicitamente uma teoria de
conspiração política.

 Se a intriga e a dissimulação não seriam justificáveis moralmente na vida privada,


elas seriam prudentes para o sucesso da liderança e desculpáveis quando usadas
para o bem comum.
O Príncipe

 Para moldar os aspectos indesejáveis da natureza humana, seria essencial que


um governante fosse enganoso e – longe da prudência – não honrasse a sua
palavra, já que, agindo assim, ele colocaria em risco o seu governo,
ameaçando a estabilidade do Estado.

 Para um líder compelido a lidar com os inevitáveis conflitos em seu caminho,


os fins de fato justificariam os meios.

 Segundo Maquiavel, o objetivo do governante deve ser


garantir o bem-estar e a segurança de seus cidadãos,
mas, para fazê-lo de modo eficiente, ele deve, às vezes,
usar do engano, da traição e da confidencialidade.
O Príncipe

 O sucesso de um príncipe como governante é julgado pelas consequências de


suas ações e seu benefício para o Estado, não por sua moralidade ou ideologia.

 Defende que o governante deve usar todos os meios necessários para garantir o
futuro do Estado.
O Príncipe

Na obra O príncipe temos a seguinte frase:

“Nas atitudes de todos os homens, sobretudo dos príncipes, em que não existe um
tribunal a que recorrer, o fim é o que importa. Trate, portanto, um príncipe de vencer
e conservar o Estado. Os meios que empregar serão sempre julgados honrosos
e louvados por todos, pois as massas se deixam levar por aparências e pelas
consequências dos fatos consumados, e o mundo é formado pelas massas.”
O Príncipe

O uso da força e da violência:

 se o uso da força e da violência é indefensável na vida privada, é desculpável


quando aplicado para o bem comum. Tal política cria o temor, que é um meio
de garantir a segurança do governante;

 o ideal seria que um líder fosse tanto amado como temido, mas, na realidade,
os dois raramente seguiriam juntos.

 O temor manteria o líder numa posição muito mais forte,


sendo portanto melhor para o bem-estar do Estado.
O Príncipe

 Para Maquiavel, governantes que conquistaram o poder por meio do exercício de


sua virtu estão numa posição muito mais segura, tendo derrotado qualquer
oposição e ganhado o respeito do povo. Mas, para preservar esse apoio e se
manter no poder, eles devem continuamente afirmar a sua autoridade.
Interatividade

Segundo O príncipe, de Maquiavel, toda cidade está dividida em dois


desejos opostos:
a) o desejo dos grandes de oprimir e comandar e o desejo do povo de não ser
oprimido nem comandado.
b) o desejo do povo de ser bem guiado e o desejo dos grandes de ser um bom
pastor para o povo.
c) o desejo do povo por um herói que os salve e a falta de vontade dos grandes
em serem heróis do povo.
d) o desejo dos grandes em oprimir e comandar e o desejo
do povo em participar um dia dessa opressão.
e) o desejo de governar a pólis, cidade-estado,
e o desejo de comandar o povo.
Resposta

Segundo O príncipe, de Maquiavel, toda cidade está dividida em dois


desejos opostos:
a) o desejo dos grandes de oprimir e comandar e o desejo do povo de não ser
oprimido nem comandado.
b) o desejo do povo de ser bem guiado e o desejo dos grandes de ser um bom
pastor para o povo.
c) o desejo do povo por um herói que os salve e a falta de vontade dos grandes
em serem heróis do povo.
d) o desejo dos grandes em oprimir e comandar e o desejo
do povo em participar um dia dessa opressão.
e) o desejo de governar a pólis, cidade-estado,
e o desejo de comandar o povo.
Discursos sobre Tito Lívio

 Embora O Príncipe seja voltado ao sucesso do futuro monarca, Maquiavel era um


estadista na República de Florença e, em seu texto menos conhecido Discursos
sobre Tito Lívio, defende fortemente a república em vez de qualquer outra forma
de monarquia ou oligarquia. Discursos sobre Tito Lívio é referente ao historiador
do século I a.C. que escreveu sobre Roma. Sua forma de governo favorita tinha
como modelo a República Romana: um misto de constituição e participação de
todos os cidadãos, protegidos por um exército, constituído pelos cidadãos em
oposição a uma milícia de mercenários. Isso protegeria a liberdade dos cidadãos
e diminuiria conflito entre o povo e elite governante.
Discursos sobre Tito Lívio

 A obra de Tito Lívio é dividida em décadas, num conjunto de 10 livros; no entanto,


Maquiavel analisa mais do que os 10 primeiros livros de Tito Lívio, o que reforçará
sua convicção da defesa da República.

 A fundação de uma república ou a reforma do Estado já existente exigiria


a presença de um líder com virtu e prudência adequadas.

 Apesar da necessidade de um líder forte e de meios


obtusos para começar, uma vez que tal sociedade
política fosse estabelecida, o governante poderia, então,
apresentar as leis e as regras necessárias para a
organização da república ideal.
Repercussões do pensamento de Maquiavel

 Maquiavel desafiou o domínio da igreja e das ideias convencionais


de moralidade política.

 Ao tratar a política como um estudo prático e não como uma questão filosófica ou
ética, Maquiavel substituiu a moralidade pela utilidade como o propósito do Estado.

 Maquiavel influenciou inúmeros líderes políticos ao longo da história, como


Henrique VIII, da Inglaterra, e Napoleão.

 Sua obra é a base do realismo político, com especial


importância para as relações internacionais.
Comportamento maquiavélico

 O termo “maquiavélico” entrou para o nosso vocabulário como representação da


ideia do político manipulador, traiçoeiro que, em geral, age em seu próprio
benefício e acredita que “os fins justificam os meios”.

 No entanto, essa interpretação é equivocada, simplista e, deforma o pensamento


de Maquiavel. É preciso analisar com mais atenção o impacto das inovações do
seu pensamento nas concepções políticas do seu tempo.

 Na verdade, Maquiavel causou uma grande revolução no


pensamento político. Portanto, ser maquiavélico é ser
assertivo, firme em seus propósitos, ponderar à luz da
razão, ser justo... responder.
A formação do Estado Moderno

 Definição de Estado: “organismo político administrativo que, como nação soberana


ou divisão territorial, ocupa um determinado território, é dirigido por um governo
próprio e se constitui pessoa jurídica de direito público, internacionalmente
reconhecida” (Dicionário Aurélio).

 O Estado envolve um povo e um poder político – dominação sobre os homens –,


englobando um conjunto de instituições (governo, forças armadas, funcionalismo
público etc.) que controlam e administram a nação.
O Estado Moderno

 O Estado unitário dotado de poder próprio, independente de outros poderes,


emergiu inicialmente na França, Inglaterra e na Espanha na segunda metade do
século XV. Mais tarde, alastrou-se para outros países, porém não de
modo universal.

 Diversos povos indígenas da África e da América desconheciam completamente


esta forma de organização política.
O Estado Moderno

 A primeira característica do Estado Moderno é a autonomia, ou seja, a plena


soberania do Estado que faz sua autoridade não depender de outra autoridade.

 A segunda característica é a distinção entre Estado e sociedade civil. O Estado se


torna uma organização distinta da sociedade civil, embora a expresse.

 A terceira característica é o fim da identificação absoluta entre o Estado


e o monarca.
O monopólio da força legítima

 Segundo o sociólogo Max Weber, o Estado é a instituição social que dispõe do


monopólio do emprego da força legítima sobre um determinado território.

 A expressão “força legítima” pressupõe que o Estado tem o direito de recorrer à


força sempre que seja necessário, e que esse direito é reconhecido pela
sociedade sobre a qual esse Estado exerce seu poder.
O monopólio da força legítima

 Em virtude de seu monopólio da força legítima, o Estado detém o poder supremo


na sociedade. Ele reserva a si o direito de impor e de obrigar aqueles que
discordam de suas decisões a cumprirem a lei.

 Qualquer outro uso da força ou coerção – por bandidos, criminosos, soldados


amotinados, grupos rebeldes – é ilegítimo e coibido pelo Estado.
O monopólio do uso da força legítima

 Quando o Estado não consegue eliminar os focos de violência e desrespeito à lei,


perde sua característica principal, a de fazer cumprir a lei.

 Isso ocorre quando o Estado não consegue debelar uma revolução ou uma
insurreição, ou quando não consegue impedir que certas áreas de seu território
fiquem à mercê de bandidos, como acontece hoje em São Paulo e Maranhão.
Componentes do Estado

Os três componentes mais importantes do Estado são:

 território – constitui sua base física, sobre a qual ele exerce sua jurisdição;

 população – é composta pelos habitantes do território que forma a base geográfica


do Estado;

 instituições políticas – os poderes executivo, legislativo e judiciário; o governo, que


é o grupo de pessoas colocadas à frente dos órgãos administrativos.
Estado e Nação

 Embora sejam às vezes utilizados como sinônimos, existem grandes diferenças


entre os conceitos de Estado e Nação. Nação é um conjunto de pessoas ligadas
entre si por laços permanentes de idioma, tradições, costumes e valores; é anterior
ao Estado e pode existir sem ele.

 Já o Estado pode compreender várias nações, como é o caso da Grã-Bretanha,


formada pela Escócia, País de Gales e Inglaterra.
Estado e Governo

 Estado é uma instituição social permanente, ou de longa duração – o Estado


monárquico constitucional na Inglaterra, por exemplo, subsiste desde 1688,
quando ocorreu a revolução gloriosa.

 Governo, em contrapartida, é apenas um componente transitório do Estado.


Assim, pode-se dizer que “o governo muda, mas o Estado continua”.
Interatividade

No século XVI, Maquiavel escreveu O príncipe, reflexão sobre a monarquia e a


função do governante. A manutenção da ordem social, segundo esse autor,
baseava-se na:

a) inércia do julgamento de crimes polêmicos.


b) onda em relação ao comportamento dos mercenários.
c) compaixão quanto à condenação de transgressões religiosas.
d) neutralidade diante da condenação dos servos.
e) conveniência entre o poder tirânico e a moral
do príncipe.
Resposta

No século XVI, Maquiavel escreveu O príncipe, reflexão sobre a monarquia e a


função do governante. A manutenção da ordem social, segundo esse autor,
baseava-se na:

a) inércia do julgamento de crimes polêmicos.


b) onda em relação ao comportamento dos mercenários.
c) compaixão quanto à condenação de transgressões religiosas.
d) neutralidade diante da condenação dos servos.
e) conveniência entre o poder tirânico e a moral
do príncipe.
Democracia

 Nas democracias representativas, o poder do Estado tem por base uma


Constituição livremente elaborada e aprovada por uma assembleia de pessoas
eleitas para esta finalidade, a Assembleia Constituinte. O Estado organizado desta
forma é chamado de Estado de Direito, pois nele ninguém está acima da lei.

 Uma das exigências da democracia é que haja independência e harmonia entre os


poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.

 Cada um deles deve fiscalizar o outro, garantindo para


que as leis e regras sejam aplicadas.
A democracia moderna

 A democracia moderna é indireta, pois os membros da comunidade não participam


das decisões pessoalmente, mas por meio de seus representantes escolhidos.

As bases da democracia moderna são:

 liberdade de constituir organizações e aderir a estas;


 liberdade de expressão;
 direito de voto;
 eleições livres e corretas.
As bases da democracia

 A base da democracia encontra-se no reconhecimento das coisas públicas,


separadas dos interesses particulares. Desse modo, aquele que ocupa o poder o
faz como representante do povo e, como tal, não é proprietário do poder, tendo em
vista que a democracia pressupõe sua rotatividade.

 Assim, é a aceitação do conflito como expressão das diferenças de opiniões


existentes na sociedade.
As bases da democracia

 Os grandes inimigos da democracia são aqueles que desvirtuam a própria política,


quando se voltam para a defesa de interesses particulares em detrimento dos
comuns e, também, a ausência de participação política da grande maioria da
população. Desse modo, requer o reconhecimento do valor da coisa pública,
separada dos interesses particulares, e a aceitação do conflito como expressão
das diferenças de opiniões existentes na sociedade;

 requer multiplicação dos órgãos representativos da


sociedade, como associações de bairro, os movimentos
organizados de estudantes, de gêneros, de ecologia, as
instituições sindicatos, partidos políticos, ordem dos
advogados etc.
A democracia na atualidade

 O número de países com governos democráticos tem aumentado rapidamente nos


últimos anos, devido aos efeitos da globalização e da comunicação de massa.
Porém, tem crescido o número de pessoas que perderam a confiança na
capacidade de os políticos e governos resolverem os problemas. A participação
política em sistemas eleitorais está diminuindo.
A democracia na atualidade

 Para analisar o desinteresse do povo pela política na atualidade, é preciso levar


em consideração que um terço da população vive abaixo da linha da pobreza e
tem a televisão como única fonte de informação. É importante discutir o papel dos
meios de comunicação de massa, que pouco têm contribuído para a informação do
cidadão, reduzindo a complexidade da vida política à fórmula de que “todos os
políticos são iguais”.
Participação política

 Todos nós estamos envolvidos totalmente na política, mesmo sem querer ou


saber. Portanto, a política é uma atividade que diz respeito à vida pública.
Fazemos política ao procurar defender os nossos interesses, como votar
nas eleições, atuar em movimentos sociais, comunitários, religiosos, nos sindicatos
ou partidos políticos. O homem político é aquele que atua na vida pública e
interfere nos rumos da sociedade.
Conclusão

 Ninguém escapa da política. Quem não se envolve diretamente nos


acontecimentos, se envolve indiretamente nas suas consequências, pois todo ato
humano em sociedade é político, inclusive o ato de omissão.
Interatividade

Nicolau Maquiavel foi diferente dos teólogos medievais e de seus contemporâneos


ao fundamentar as suas teorias políticas, porque partiu:

a) da Bíblia para fundamentar as suas teorias políticas.


b) do direito romano para a construção do seu pensamento político.
c) das obras dos filósofos greco-romanos para construir a sua teoria política.
d) da experiência real do seu tempo para fundamentar o seu pensamento político.
e) da experiência que teve na prisão no governo dos Médici.
Resposta

Nicolau Maquiavel foi diferente dos teólogos medievais e de seus contemporâneos


ao fundamentar as suas teorias políticas, porque partiu:

a) da Bíblia para fundamentar as suas teorias políticas.


b) do direito romano para a construção do seu pensamento político.
c) das obras dos filósofos greco-romanos para construir a sua teoria política.
d) da experiência real do seu tempo para fundamentar o seu pensamento político.
e) da experiência que teve na prisão no governo dos Médici.
ATÉ A PRÓXIMA!

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