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O que é Teoria Geral do Estado?

Segundo Dalmo Dallari, a Teoria Geral do Estado é:

“uma disciplina de síntese, que sistematiza conhecimentos jurídicos,


filosóficos, sociológicos, políticos, históricos, antropológicos,
econômicos, psicológicos, valendo-se de tais conhecimentos para
buscar o aperfeiçoamento do Estado, concebendo-o ao mesmo
tempo, como um fato social e uma ordem, que procura atingir os
seus fins com eficácia e com justiça”.
Em resumo, Teoria Geral do Estado é o estudo do Estado sob todos os seus
aspectos, incluindo sua origem, organização, funcionamento e finalidades. Ou
seja, compreende tudo o que existe e pode influenciar o Estado.

Conceito de Estado – Teoria Geral do Estado


Primeiramente, cabe aqui ressaltar que ao estudarmos o Estado em Teoria
Geral do Estado, não estamos nos referindo aos estados-membros
da Constituição Federal, mas sim ao Estado como país.
O conceito de Estado segue em constante evolução desde a Antiguidade e,
embora a palavra Estado tenha tido sua primeira aparição na Itália, ela ainda
possuía um significado bastante impreciso.

Contudo, quem introduziu efetivamente a expressão na literatura foi


Maquiavel, em seu famoso livro “O príncipe”.

Mas, apesar de não ser uma tarefa fácil investigar com precisão o
aparecimento do significado de Estado, podemos dizer que, para a Teoria
Geral do Estado, o Estado é uma entidade com poder soberano para
governar um povo dentro de uma área territorial delimitada.
Outra definição conhecida e importante é a dada por Max Weber, que diz o
seguinte:

“O Estado é uma relação de homens dominando homens, relação


mantida por meio da violência legítima (isto é, considerada como
legítima). Ele é uma comunidade humana que pretende, com êxito,
o monopólio do uso legítimo da força física dentro de um
determinado território”.
Três posições para a formação do Estado
Para o jurista Dalmo Dallari, existem três posições para a formação do
Estado:
1) O Estado sempre existiu, desde que o homem habita o planeta Terra. Esta
posição afirma que o Estado está situado em um contexto de organização
social.
2) A sociedade humana existia antes mesmo do Estado. Ele surgiu para
atender às necessidades do grupo social.
3) O Estado age como uma sociedade política e é abastecido de algumas
características bem definidas.
Origem do Estado – Teoria Geral do Estado
Como vimos no tópico anterior, Estado pode ser definido como a organização
político-jurídica de uma sociedade para realizar o bem comum, com governo
próprio e território determinado. Com base nessa definição, para entendermos
em que momento o Estado se originou, é preciso entender duas teorias
importantes que tratam sobre a formação do Estado.

Teoria da Formação Natural do Estado


De acordo com esta teoria, o Estado se formou naturalmente e não por ato
voluntário

Teoria da Formação contratual do Estado


Esta teoria afirma que o Estado se originou de um acordo de vontades entre os
membros da sociedade.

Ou seja, parte do princípio de que a sociedade é estabelecida em comum


acordo para a busca do bem coletivo.
Para os contratualistas, a fase anterior ao estabelecimento do contrato social é
chamada de pré-social. Durante este período, a sociedade ainda não tinha se
formado e o homem vivia em seu estado natural. Não havia lei civil ou regras
para sustentar o convívio social, gerando conflitos.

Desta forma, ao pactuar o contrato social, o homem deixa de viver como um


ser natural e passa a viver como um ser que cria suas próprias leis, sua moral,
os costumes e um conjunto de instituições para que a convivência seja mais
pacífica e harmônica entre as pessoas.

Os principais teóricos desta teoria são: Thomas Hobbes, John Locke e


Rousseau. Cada um deles tem sua própria concepção sobre a motivação do
pacto social entre os homens.

Thomas Hobbes:
Para Hobbes, o “homem era o lobo do homem”, ou seja, o ser humano, em
seu estado natural, era violento e cruel e a convivência entre os seus
semelhantes era sempre pautada pela desconfiança e pelo medo.
Desta forma, o Estado foi criado para conter esta natureza caótica e tornar o
convívio entre os membros da sociedade minimamente suportável.

O pensador era a favor da monarquia e acreditava que o Estado deveria


manter as rédeas curtas, concentrando seu poder estatal e se utilizando do
meio da força para conter os membros da sociedade.

John Locke
De acordo com Locke, o estado de natureza era um período de total
igualdade entre todas as pessoas. Todos eram regidos por uma lei natural,
que garantia a posse sobre qualquer bem, inclusive sobre o mesmo. Essa
disputa pela posse de um mesmo bem gerava conflitos e a solução defendida
por ele foi a instituição de um estado civil, com leis e normas sociais que
regulamentavam a posse e coibiam os confrontos.
Contudo, ao contrário de Hobbes, Locke entendia que o Estado era uma
instituição que deveria ter limites bem definidos. Desta forma, o Estado não
deveria ter extrema força e deveria agir em conformidade com os limites do
direito à propriedade.
Rousseau:
Segundo Rousseau, o Estado civil foi criado de maneira ilegítima, de modo
que a sociedade civil, baseada na propriedade privada, era um meio de
corrupção do ser humano. Ele apoiava uma reformulação da sociedade, a fim
de que a vontade geral fosse atendida em um governo que prezasse pelo
bem social.
Causas determinantes do aparecimento do Estado:
a) Origem familiar ou patriarcal: Esta teoria afirma que o Estado se
originou após a ampliação de cada família primitiva existente.
b) Origem em atos de força: Esta teoria afirma que o Estado nasce pela
dominação de um grupo social com força superior sobre outro, mais fraco.
c) Origem em causas patrimoniais: Esta teoria pauta a origem do Estado em
relação ao acúmulo de riquezas individuais, pois a classe que detinha mais
poder econômico explorava a classe que não detinha.
d) Origem no desenvolvimento interno da sociedade: Esta causa
determinante afirma que o Estado se originou pelo desenvolvimento
espontâneo da sociedade.
Após essa contextualização, torna-se essencial aprendermos os elementos
básicos para a formação do Estado. Vamos entender quais são eles?

Elementos do Estado – Teoria Geral do Estado


Embora existam muitas classificações, para fins de concurso, vamos
considerar a classificação mais clássica. Esta classificação preleciona que a
formação do Estado possui três elementos:

a) Território

b) Povo

c) Soberania

Vamos entendê-los?

Território:
É considerado como a base geográfica controlada pelo Estado. É nesta base
territorial que vigoram as leis feitas por aquele Estado, ou seja, onde o Estado
exerce seu poder e autoridade (jurisdição).

O território de um Estado é formado pelas dimensões terrestres (solo,


subsolo), aéreas (espaço aéreo) e marítimas (águas internas e águas
litorâneas).

Povo:
Embora esta palavra depreenda diversos empregos semânticos, para a Teoria
Geral do Estado, “povo” pode ser definido como o conjunto de pessoas que
tem como característica a nacionalidade (brasileiros natos e naturalizados).

A Constituição Federal preleciona em seu Art. 1º, parágrafo único que o poder
emana do povo e é ele que detém o direito de escolher seus representantes.

Art. 1º. A República Federativa do Brasil… constitui-se em


Estado democrático de direito e tem como fundamentos:

(…)

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por


meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta
Constituição.”
Diferenças entre Povo, População e Nação:
É importante que o aluno não confunda os conceitos entre povo, população e
nação, pois, apesar de aparentarem ter o mesmo sentido, são distintos entre si.
Vamos ver?
População: Quantidade total de habitantes (ou residentes) em um Estado,
incluindo-se os estrangeiros. É um conceito mais amplo que o de povo.
Nação: Conjunto de pessoas que têm traços culturais em comum ou a mesma
tradição cultural, mesmo que tenham nacionalidade diferente. Exemplos
clássicos são a nação judaica, nação catalã, ciganos, palestinos etc.
Além destes conceitos, vale também estabelecer o conceito de cidadania, já
que algumas pessoas comumente confundem esses dois conceitos.

Cidadania: Condição que se realiza quando o cidadão tem acesso a todos os


direitos (direitos civis, direitos políticos e direitos sociais).
Soberania:
A soberania é um dos fundamentos da República Federativa do Brasil,
conforme Art. 1º, I da Constituição Federal.
“Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal,
constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos:

I – a soberania”.
Para fins de estudo, a soberania é o poder ou a capacidade que tem o Estado
de criar e aplicar suas próprias leis dentro do seu território.

Características da soberania:
a) Una ou única: O Estado soberano não admite a presença de outro poder
igual ou inferior ao seu. Pode admitir a presença de poderes menores, mas
subordinados ao poder soberano do Estado.
b) Indivisível: Não existe divisão de poderes. Isto é, não é o poder do Estado
que é dividido, mas as funções do Estado.
c) Inalienável: A soberania não pode ser retirada. Caso seja retirada, não
haverá mais Estado.
d) Imprescritível: Não prescreve, não tem data de validade.
Formas de Governo – Teoria Geral do Estado
A forma de governo é o modelo institucional de administrar uma
sociedade. Existem várias classificações, mas, para fins de concurso, vamos
nos basear na classificação que divide as formas de governo em monarquia e
república.
Monarquia:
Na monarquia, o governo é realizado por apenas uma pessoa (o Rei). Nesta
forma de governo, o povo não tem poder de escolha sobre quem o
representa. Desta forma, atroca de poder monárquico pode ser feita
deforma hereditária (os filhos assumem quando o pai morre) ou por
indicação (quando o rei não tem filhos, ele pode indicar um outro parente
como sucessor).
Tem como características a hereditariedade, a vitaliciedade e a
irresponsabilidade.
República:
A república é o regime em que o governante é eleito pelo povo.

Assim como a monarquia, ela pode estar vinculada a práticas governamentais


diferentes: a república aristocrática, a república presidencialista e a república
parlamentarista.

Tem como características:

 Eletividade
 Temporariedade
 Responsabilidade do Chefe de Estado.
Sistemas de Governo – Teoria Geral do Estado
É a forma como o poder político de um país é dividido e exercido. Eles
podem variar de acordo com a distribuição de funções entre os poderes
Executivo e Legislativo.
Os sistemas de governo são:

 Parlamentarismo
 Presidencialismo
Vamos conferir alguns detalhes de cada um deles?

Parlamentarismo:
Neste sistema de governo, há diferença entre chefe de governo e chefe de
Estado, que são escolhidos pelos parlamentares e não diretamente pelo povo.

Principais características:
a) Distinção entre chefe de estado e chefe de governo.

Exemplo: Inglaterra. O Chefe de Estado (Monarca) e o Chefe de Governo


(Primeiro-Ministro)
b) Chefe do Governo possui responsabilidade política

c) Possibilidade de dissolução do parlamento

d) Divisão orgânica dos poderes

e) Interdependência entre legislativo e executivo

Presidencialismo:
Neste sistema de governo, a chefia de governo e a chefia de Estado se
concentram na figura do Presidente. É caracterizado pela divisão orgânica dos
poderes, independência e harmonia entre os poderes e, geralmente, eleições
diretas pelo povo.

Principais características:
Neste sistema de governo, o Presidente da República:

a) Acumula as funções de chefe de Estado e Chefe de Governo.

b) Escolhido pelo povo.

c) Escolhido por um prazo determinado.

e) Tem poder de veto.

f) A chefia do Executivo é unipessoal, ou seja, exercida por uma só pessoa.

Formas de Estado – Teoria Geral do Estado


Formas de Estado é o modo que é distribuído geograficamente o poder
político. Uma das classificações mais importantes define que as formas de
estado podem ser:

 Estados Unitários
 Estados Compostos:
a) Confederação

b) Federação
Estados Unitários:
Formado por um único Estado, no qual apenas um poder central é a cúpula e o
núcleo do poder político.

Confederação:
A união entre os Estados Soberanos não perdem a autonomia do poder. Existe
direito de secessão.

Estados Federais ou Federação:


A federação é a união entre Estados, em que as unidades conservam
autonomia política e a soberania é transferida para o Estado Federal.

Principais características da Federação:


 A união faz nascer um novo Estado e, concomitantemente, aqueles que
aderiram à Federação perdem a condição de Estados (soberanos). Desta
forma, eles perdem a soberania, mas detém autonomia.
 A base jurídica do Estado Federal é uma Constituição e não um tratado.
 Não existe direito de secessão (separação). Na Constituição Federal
Brasileira, isto é bem claro nos seguintes artigos:
“Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal,
constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos (…)”
Art. 60. (…) § 4º Não será objeto de deliberação a proposta de
emenda tendente a abolir:
I – a forma federativa de Estado;
 Apenas o Estado Federal tem soberania. As unidades territoriais que
compõem o Estado Federal não possuem soberania, pois abdicaram
dela ao se unirem com o Estado Federal.
 No Estado Federal, as atribuições da União e das unidades federadas
são fixadas na Constituição, por meio de uma distribuição de
competências.
 A união e as unidades federadas compartilham o poder político,
resultando em uma descentralização do poder, típico da federação.
Regimes de Governo – Teoria Geral do Estado
Totalitarismo
É caracterizado pelo domínio absoluto dos governantes sobre a sociedade.
Neste regime, a interferência do Estado é completa.
Suas principais características são:
 Forte presença do militarismo
 Ações de doutrinação para promover as regras e a ideologia
 Repressão das liberdades individuais
 Utilização do medo para controle da população.
Democracia
É caracterizado pela participação dos cidadãos na política. Ao contrário do
regime totalitário, o Estado possui limitações.

Suas principais características são:

 Preza pelas liberdades individuais


 Igualdade de direitos políticos e sociais
 Pluripartidarismo
 Existência de uma Constituição para garantia dos direitos e deveres
 Pode ser representativa e participativa (direta)
Esquematizando:
Para não confundir tantos nomes e classificações, veja o esquema abaixo:

E no Brasil? – Teoria Geral do Estado


No Brasil, temos o seguinte esquema:

 Regime de governo é a DEMOCRACIA


 Forma de estado é a FEDERAÇÃO
 Forma de governo é REPÚBLICA
 Sistema de governo éPRESIDENCIALISMO.
Conclusão sobre Teoria Geral do Estado
Esperamos que esse pequeno resumo sobre Teoria Geral do Estado tenha sido
útil e que os ajudem na jornada rumo ao cargo público almejado.

Contudo, sempre é bom ressaltar que este artigo tem a finalidade de ser apenas
uma breve síntese sobre o assunto e não tem a pretensão de esgotá-lo ou de
suprir todo o conteúdo, mas sim de complementá-lo.
Para que vocês dominem a banca organizadora e se classifiquem no concurso
almejado é de grande importância que estudem pelas aulas em PDF dos
Cursos do Estratégia, pois o material constante nas aulas é completo e
formulado por professores de alto nível e plenamente gabaritados.
Conheçam também o Sistema de Questões do Estratégia. Afinal, a única
maneira de consolidar o conteúdo de maneira satisfatória e descobrir de que
forma os examinadores pensam é através da resolução de questões.
Um excelente estudo a todos e até a próxima!

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