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UNIVERSIDADE ABERTA ISCED

FACULDADE DE DIREITO

“TRABALHO DE CAMPO”

OS EFEITOS DA DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE

Estudante: Dioclêncio Augusto Nhamposse

Código: 31210503

Xai-xai, Março de 2024


“TRABALHO DE CAMPO”

OS EFEITOS DA DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE

Estudante: Dioclêncio Augusto Nhamposse

Código: 31210503

Trabalho de campo de Direitos Justiça Constituciona

a ser submetido ao Curso de Coordenação de

Licenciatura em Direito no ISCED.

Xai-xai, Março de 2024


INDICE
1. CAPITULO I: INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 4
2. Justificativa ...................................................................................................................................... 4
3. Objetivos ......................................................................................................................................... 4
4. Metodologia .................................................................................................................................... 5
5. CAPITULO II: REVISÃO LITERÁRIA DO TRABALHO DE CAMPO ......................................................... 6
OS EFEITOS DA DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE ............................................................. 6

Fiscalização Preventiva........................................................................................................................ 6

Fiscalização Abstrata Sucessiva ........................................................................................................... 7

Fiscalização Concreta Sucessiva .......................................................................................................... 8

6. CAPITULO III: CONCLUSÃO .............................................................................................................. 9


7. CAPITULO IV: REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 10
1. CAPITULO I: INTRODUÇÃO

Nos países onde o controle de constitucionalidade das leis é exercido a posteriori, questões
concernentes à natureza e aos efeitos da decisão que declara a inconstitucionalidade são
incansavelmente debatidas na doutrina e na jurisprudência. A constituição como norma suprema
do ordenamento jurídico não tem valor enquanto não houver entidades com poderes para fazer
valer essa qualidade de norma suprema do ordenamento jurídico. É justamente por esse facto que
a própria constituição estabelece várias formas destinadas a garantir que seja salvaguardada a sua
supremacia, fixando bases que garantam o cumprimento das suas normas, incluindo no processo
de feitura das normas ordinárias que devem obediência à Constituição. Juntamente com essas
bases, também foram estabelecidas várias formas de fiscalização da constitucionalidade para
garantir que normas já aprovadas possam ser submetidas ao crivo da constituição. A doutrina
distingue entre vícios formais e vícios materiais. São vícios formais aqueles que incidem sobre o
acto normativo em si, independentemente do seu conteúdo, mas atendendo apenas ao processo
seguido para a sua expressão externa. Sem entrar na discussão doutrinária profunda sobre a
matéria, pode dizer-se que a consequência necessária da inconstitucionalidade das leis é a nulidade
absoluta, pois é princípio fundamental na maioria das legislações, incluindo a moçambicana, a
prevalência das normas hierarquicamente superiores sobre as inferiores.

1.1. Justificativa
De acordo com a Constituição da Republica de Moçambique (CRM), o Conselho Constitucional tem
como competências, entre outras, apreciar e declarar, com força obrigatória geral, a
inconstitucionalidade das leis e a ilegalidade dos actos normativos dos órgãos do Estado, em
qualquer momento da sua vigência.

1.2. Objetivos
Objectivo geral
O presente trabalho tem como objetivo principal, Contribuir para a compreensão dos efeitos da
declaração de inconstitucionalidade.

Objectivo específico

 Conhecer a Constituição da República e sua garantia;


 Descrever os procedimentos da Fiscalização Preventiva, Abstrata Sucessiva e Concreta
Sucessiva.

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1.3. Metodologia
O presente trabalho teve como metodologia uma pesquisa bibliográfica e exploratória, onde
com auxílio da internet buscou-se manuais com intuito de ter uma visão nítida dos principais
aspetos inerentes ao tema, e com a leitura minuciosa do material adquirido no portal Google
académico, foi possível compilar o presente estudo.

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2. CAPITULO II: REVISÃO LITERÁRIA DO TRABALHO DE CAMPO

2.1. OS EFEITOS DA DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE


Ao abrigo do artigo 70º da Lei n.º 2/2022, de 21 de Janeiro, Lei Orgânica do Conselho Constitucional,
a declaração de inconstitucionalidade ou de ilegalidade com força obrigatória geral produz efeitos
desde a entrada em vigor da norma declarada inconstitucional ou ilegal e determina a repristinação
das normas revogadas. Nos casos em que a inconstitucionalidade ou ilegalidade é declarada por
infração a uma norma constitucional ou legal posterior, a declaração de inconstitucionalidade só
produz efeitos desde a entrada em vigor da norma posterior que ditou a alteração que dá lugar à
inconstitucionalidade ou ilegalidade. É o que estabelece o n.º 2 do artigo 70º da Lei Orgânica do
Conselho Constitucional. Nada mais cristalino e justo. É que se o que dá lugar à
inconstitucionalidade ou ilegalidade é uma norma que surgiu posteriormente àquela que é objeto
de escrutínio, implica que antes da entrada em vigor da norma que justifica a inconstitucionalidade
ou ilegalidade, a norma ilegal era incólume, por isso, não há espaço para que os efeitos da
declaração de inconstitucionalidade ou de ilegalidade da norma se retrotraiam a um período em
que a norma que justifica a inconstitucionalidade ou ilegalidade não existia. Neste caso, a nova
norma é que torna caduca a anterior por inconstitucionalidade ou ilegalidade com a entrada da
nova, razão de os efeitos da inconstitucionalidade ou ilegalidade apenas se retrotraírem até à
entrada em vigor dessa norma. É claro que para as situações em que a nova norma torna caduca a
anterior, sempre devem ser ressalvadas situações de leis especiais e leis temporárias, em relação
às quais, nos termos do artigo 7º do Código Civil, não dão lugar à caducidade ou derrogação das
leis anteriores sobre a mesma matéria regulada. Mas nos casos de declaração de
inconstitucionalidade ou ilegalidade de leis especiais ou temporárias, os efeitos já serão fixados nos
termos gerais do nº 1 do artigo 70º da Lei Orgânica do Conselho Constitucional o que, no nosso
entender, dá lugar à aplicação do regime geral que era regulado pela norma especial.

2.2. Fiscalização Preventiva


O Presidente da República tem solicitado com frequência ao Conselho Constitucional a verificação
preventiva das leis aprovadas pela Assembleia da República e submetidas à promulgação e, em
muitos casos, a sua iniciativa é motivada por inquietações que lhe são transmitidas por
organizações da sociedade civil ou por outros órgãos do Estado, como o Procurador-Geral da
República, ou, ainda, pela falta de consenso, entre a maioria e a minoria, sobre a
constitucionalidade da lei, revelada no momento da sua discussão e aprovação na Assembleia da
República. Entre estas solicitações de verificação de inconstitucionalidade aparecem leis aprovadas
pelo Parlamento por iniciativa do Governo, que é chefiado pelo próprio Presidente da República.

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Quando o Conselho Constitucional declara a inconstitucionalidade de uma lei em processo de
controlo preventivo, o efeito da decisão é o veto obrigatório e devolução da lei à Assembleia da
República para reapreciação (artigo 245, n.º 5 da CRM). Nestes termos, podemos afirmar que, no
quadro da separação dos poderes, o Conselho Constitucional contribui para o funcionamento do
mecanismo de interdependência ou dos checks and balances na relação entre o Poder Legislativo
e o Poder Executivo. Além disso, considerando que o Presidente da República é, por um lado, o
chefe do partido maioritário no Parlamento, por outro, chefe do Governo, percebe-se que ele, ao
solicitar a verificação preventiva da constitucionalidade, assume-se como Chefe do Estado e
garante da Constituição, distanciando-se, deste modo, do seu partido e do Poder Executivo. O
exercício reiterado, pelo Presidente da República, da iniciativa de fiscalização preventiva da
constitucionalidade de leis, aprovadas pela maioria parlamentar com que se identifica
politicamente, é um sinal não só de confiança ao Conselho Constitucional como também de um
clima de bom relacionamento entre os dois órgãos.

2.3. Fiscalização Abstrata Sucessiva


Decorre das disposições do artigo 244 da CRM vigente. Para Rodigues, F. (2013, p.188) “a
fiscalização abstracta de inconstitucionalidade ou de ilegalidade é aquela que é feita
independentemente da aplicação da norma ao caso concreto”. Esta legitimidade é atribuída as
determinas figuras cuja sua enumeração é em nossa opinião taxativa porém não sucessiva, no
sentido de que não segue a ordem descrita no nº. 2, do artigo ora citado, mas que quaisquer órgãos
ali mencionados podem desde que reúnam os fundamentos para o efeito solicitar junto ao
Conselho Constitucional a declaração de inconstitucionalidade de determinada norma. Podem
solicitar a fiscalização sucessiva abstrata da constitucionalidade a seguinte sujeitada:

 O Presidente da República;
 O presidente da Assembleia da República;
 Um terço, pelo menos, dos deputados da Assembleia da Republica;
 O Procurador – Geral da República;
 O Provedor de Justiça e por fim;
 Dois mil cidadãos.
Pelo que, fora dos sujeitos processuais acima mencionados nenhuma outra pode solicitar
apreciação sucessiva abstraída da Constitucionalidade das normas judiciadas junto ao Conselho

Constitucional.

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2.4. Fiscalização Concreta Sucessiva
Na fiscalização sucessiva concreta, o legislador constituinte determina no artigo 213 que “ Nos
feitos submetidos ao julgamento, os tribunais não podem aplicar leis ou princípios que ofendam a
Constituição”. Esta ocorre única e exclusivamente nos tribunais no âmbito da aplicação das normas
pode juiz. O legislador proíbe aos Juízes a aplicabilidade de normas que sejam contrárias a
Constituição, devendo ser remetidos ao Conselho Constitucional sempre que assim se manifestar.
Os processos de fiscalização concreta da constitucionalidade são raros, contando-se apenas quatro
processos desde 2003, dos quais três iniciados pelo Tribunal Administrativo e o outro por um
Tribunal Aduaneiro. Em nenhum dos casos foi declarada a inconstitucionalidade ou a ilegalidade,
mas as decisões do Conselho Constitucional neste âmbito têm contribuído para clarificar a
delimitação da competência em razão da matéria entre os tribunais especializados e os tribunais
comuns.

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3. CAPITULO III: CONCLUSÃO

A inconstitucionalidade é um estado - estado de conflito entre a lei e a Constituição - e a revogação


é o efeito desse estado. O tribunal declara a inconstitucionalidade e, em consequência desta,
reconhece a revogação. O efeito da declaração de inconstitucionalidade tem uma lógica sui generis
e o desenvolvimento prático da sua implementação depende muito da orientação que é fixada e
aprofundada pela jurisprudência. Neste caso, conforme amplamente se demonstrou, a
possibilidade de apreciação de inconstitucionalidade de normas revogadas é permitida em Portugal
considerando a lógica do efeito da declaração de inconstitucionalidade e o efeito da revogação que
pode não eliminar todos os vícios que a norma criou quando vigorou, desde que preenchidos os
pressupostos lógicos referidos. Contudo, orientação diversa tem o Conselho Constitucional da
República de Moçambique, pois sempre que a norma tiver sido derrogada ou tiver sido já revogada,
declara não haver importância para uma decisão de mérito sem discorrer sobre a importância ou
não da eliminação dos efeitos da inconstitucionalidade ou ilegalidade da norma, considerando ao
facto de que a declaração de inconstitucionalidade ou ilegalidade tem efeito prospetivo e pode ser
preponderante na eliminação do mal que foi criado pela inconstitucionalidade ou ilegalidade, o que
no nosso entender, constitui um desamparo constitucional. Por conseguinte, urge uma nova
orientação na fiscalização da constitucionalidade para garantir que uma norma que seja
inconstitucional ou ilegal e que tenha produzido efeitos e a sua revogação não tenha eliminado os
efeitos que ainda podem ser eliminados, o que pressupõe, como já referido, a existência de um
interesse relevante na eliminação dos efeitos da inconstitucionalidade ou ilegalidade.

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4. CAPITULO IV: REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA

BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de direito constitucional. 8. ed., São Paulo: Saraiva, 1986.

CANOTILHO, Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. 7ª Edição. Coimbra:

Almedina, 2003.

GOUVEIA, Jorge Bacelar (2005). Manual de Direito Constitucional, Apud António Chuva, et al.

(2012). Estudos de Direito Constitucional Moçambicano – Contributos para a reflexão. CFJJFDUEM-


ISCTEM, Maputo, pág. 467

https://pt.wikipedia.org/wiki/Constitui%C3%A7%C3%A3o

MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 9 ed. São Paulo: Atlas, 2001.

MENDES, Gilmar Ferreira. Controle de constitucionalidade. In: BRANCO, P. G. G.; COELHO,

I. M.; MENDES, G. M. Curso de direito constitucional. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

MIRANDA, Jorge. Manual de Direito Constitucional. Tomo V: Atividade Constitucional do

Estado. 3.ª Edição, Coimbra Editora, 2004.

MIRANDA, Jorge. Manual de direito constitucional. Coimbra: Coimbra Ed., 2001.

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