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UNIVERSIDADE DE BELAS

FACULDADE DE CIÊNCIAS SÓCIAS


INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO

PROMULGAÇÃO E REVOGAÇÃO DAS LEIS

DOCENTE: AURÉA ANTÓNIO

LUANDA,2024
PROMULGAÇÃO E REVOGAÇÃO DAS LEIS

Curso: Contabilidade e Gestão


Grupo Nº 2
Integrantes Processo Cotação
Jofânia Tavares 53703
Celso Vianna 53809
Teresa Gime 54035
Welma Sangulo 54369
Teresa de Sousa 56304
Edson Caetano 56058
Ivo Raúl 53526

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Agradecimentos

Em primeiro lugar, queremos expressar nossa profunda gratidão a nossa Docente cuja
competência e comprometimento incansável nos conduziram ao longo deste projeto
colaborativo. Seu estimulo e suporte foram de extrema importância para o êxito
alcançado.
Agradecemos também à organização que nos recebeu para o caso prático nas nossas
investigações e enriqueceram o nosso conhecimento, pois, foi crucial para elaboração do
nosso trabalho. Sem esquecer de Deus, fonte de sabedoria e inspiração, por nos conceder
a oportunidade de adquirir conhecimento e evoluir por intermédio deste desafio
acadêmico.

O nosso muito obrigado!

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EPÍGRAFE

Só tem o direito de criticar aquele que pretende ajudar.

Abraham Lincoln

LUANDA,2024

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INDÍCE
INTRODUÇÃO.............................................................................................................6
REVOGAÇÃO DAS LEIS............................................................................................7
PROCESSO LEGISLATIVO DE ELABORAÇÃO DAS LEIS...................................7
FASE DA INICIATIVA LEGISLATIVA.....................................................................8
LIMITES DA INICIATIVA LEGISLATIVA...............................................................8
REQUISITOS DA INICIATIVA LEGISLATIVA.......................................................9
FASE DA DISCUÇÃO E VOTAÇÃO..........................................................................9
MODALIDADES......................................................................................................9-10
FASE DA VOTAÇÃO..................................................................................................10
FASE DA PROMULGAÇÃO..................................................................................10-11
FASE DA PUBLICAÇÃO.............................................................................................11
ENTRADA EM VIGOR.................................................................................................11
CESSÃO DA VIGÊNCIA DAS LEIS.......................................................................11-12
-CADUCIDADE DAS LEIS...............................................................................12
-REVOGAÇÃO DAS LEIS................................................................................12
*REVOGAÇÃO EXPRESSA.................................................................12
*REVOGAÇÃO TÁCITA......................................................................12
*REVOGAÇÃO GLOBAL...............................................................12-13
ORGANIZAÇÃO DO PODER DO ESTADO..............................................................13
SEPARAÇÃO DOS PODERES.....................................................................................13
-PODER EXECUTIVO.................................................................................13-14
-PODER LEGISLATIVO...................................................................................14
-PODER JUDICIARIO..................................................................................14-15
*PROCURADORIA GERAL DA REPUBLICA....................................15
*O TRIBUNAL CONSTITUCIONAL....................................................15
*O CONSELHO SUPERIOR DE MAGISTRATURA JUDICIAL........15
*OS TRIBUNAIS....................................................................................15
CONCLUSÃO.................................................................................................................16
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS............................................................................17

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INTRODUÇÃO

No presente trabalho de Introdução ao Estudo do Direito, falaremos sobre Promulgação


e Revogação das Leis.
Lei é o conjunto de princípios que regem todos os seres, ou seja, é uma norma jurídica
criada e imposta na sociedade emanada de uma autoridade competente.
Promulgação é o instrumento que declara a existência da lei e ordena sua execução.
Emendas constitucionais são promulgadas pelas Mesas da Câmara e do Senado, em
sessão solene do Congresso. A promulgação das leis complementares e ordinárias é
feita pelo presidente da República, e ocorre simultaneamente com a sanção.
A revogação em Direito Público constitui um mecanismo, através do qual um ato
jurídico (lei, regulamento ou ato administrativo) cessa a sua eficácia em virtude da
posterior entrada em vigor de outro ato da mesma hierarquia ou de hierarquia superior
que incida sobre o mesmo objeto (material, territorial e pessoal) e prossiga os mesmos
fins.
Abordamos ainda o processo legislativo de elaboração das leis,
- quem pode propor uma lei?
- como se cria uma lei?
- como se aprova uma lei?
Abordamos também a divisão dos poderes do estado Angolano e as suas respectivas
competências.

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Revogação das leis

O ato revogado cessa a sua vigência, mas não desaparece da ordem jurídica. Apenas
deixa, em regra, de se aplicar para o futuro. E a prova disso é que o direito revogado
pode ser reposto em vigor (repristinação) seja por força do órgão competente que pode
aprovar um ato nesse mesmo sentido, seja, no plano das normas jurídicas, através de
uma decisão jurisdicional. Por exemplo, de acordo com o n.º 1 do art.º 282º da CRP, se
uma norma for declarada inconstitucional pelo Tribunal Constitucional com força
obrigatória geral, o direito que tenha sido revogado por essa norma inválida é
automaticamente reposto em vigor para evitar vazios normativos (lacunas).
Uma norma revogada pode produzir alguns efeitos jurídicos mesmo depois da sua
revogação, aplicando-se a situações e processos iniciados durante a sua vigência, por
razões de segurança jurídica, salvo se o direito novo não dispuser de forma diferente
(art.º 12.º do CC) desde que respeite o princípio da confiança. É, por conseguinte,
admissível que os tribunais competentes possam vir a declarar, com força obrigatória, a
invalidade de normas que tenham sido já revogadas, de forma a eliminar os seus efeitos
inválidos passados, presentes e mesmo futuros.
Designa-se por abrogação a revogação total de um ato e por derrogação a revogação de
apenas uma parte ou parcela do mesmo.

O PROCESSO LEGISLATIVO DE ELABORAÇÃO DAS LEIS

Em Angola, nos termos do RAN, as fases do procedimento ou processo legislativo


(artigo 175.º e ss) são cinco:
1.ª Fase da iniciativa;
2.ª Fase da discussão;
3.ª Fase da votação;
4.ª Fase da promulgação; e,
5.ª Fase da publicação.
* Entrada em vigor.
* Cessação da vigência da lei

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FASE DA INICIATIVA LEGISLATIVA

A iniciativa legislativa é ato através do qual se dá início ao procedimento legislativo e,


por isso, corresponde ao poder/direito de propor ou apresentar projeto ou proposta de
atos normativos. A iniciativa legislativa não se confunde com a competência legislativa,
uma vez que os titulares do poder/direito de iniciativa e da competência de aprovar não
precisam de coincidir.
Via de regra, quem tem iniciativa legislativa, não tem de ser o órgão competente para
aprovar e vice-versa. Outrossim, a iniciativa legislativa não é assimilável, não redutível
aos impulsos legiferantes uma vez que ela situa-se no interior do procedimento
legislativo, representa o seu primeiro passo; ao passo que os impulsos legiferantes
(legislativos) são fatores de natureza jurídica, política, social ou de outra ordem, que
determinam, estimulam ou condicionam a decisão de legislar.
No caso angolano, os titulares do poder/direito de iniciativa (artigos 167.º da CRA +
168.º da RAN) são:
- Deputados (projeto de lei)
- Grupos Parlamentares (projeto de lei)
-Presidente da República (proposta de lei)
-Grupo de cidadãos organizados e organizações representativas (n.º 5 do artigo 167.º da
CRA) INICIATIVA POPULAR, cujos termos e condições de exercício desse direito,
bem como da participação popular no procedimento legislativo a que derem origem,
estão ainda por definir em lei (inconstitucionalidade por omissão/impulso legiferante).
A iniciativa legislativa pode ser: reservada e concorrente (consoante o impulso para
desencadear a marcha do procedimento compete exclusivamente a certa entidade ou,
pelo contrário, é aberta a possibilidade de vários órgãos exercerem iniciativa legislativa
sobre a mesma matéria); geral e específica (quando pode ser exercida sobre todas as
matérias ou apenas em relação a determinadas matérias específicas) ou originária e
superveniente (quando o poder /direito de iniciativa é exercido num momento inicial, ou
quando consiste em apresentar projetos ou propostas de alteração, sugerindo emenda,
substituição, aditamento ou eliminação de iniciativas já exercidas).

LIMITES DA INICIATIVA LEGISLATIVA (artigo 167.º n.º 6 da CRA + artigos


170.º e 171.º do RAN)

Nos termos constitucionais e regimentares, a iniciativa legislativa conhece limites:


gerais e especiais. Por isso, não podem ser admitidos propostas de lei, projectos de lei e
propostas de alteração, que:
- Contrariem a CRA ou lei de hierarquia superior;
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- Não definam concretamente o sentido das modificações a introduzir na ordem
legislativa;
-Impliquem no ano fiscal em curso aumento das despesas ou diminuição das receitas
fixadas no OGE, salvo as leis de revisão do OGE.

REQUISITOS DA INICIATIVA LEGISLATIVA (artigo 174.º do RAN)

Os projetos e propostas de lei ou de resolução devem:


- Ser apresentados por escrito, em papel e em suporte informático;
- Ser redigidos e estruturados sob a forma de artigos;
- Ter uma designação que traduza, sinteticamente, o seu objecto principal;
- Ser precedido de um breve relatório de justificação ou exposição de motivos;
- Cumprir outras formalidades previstas na CRA e na lei (por ex.: apresentação da
memória descritiva das situações económicas, sociais, financeiras e políticas a que se
aplica; informação sobre os benefícios e as consequências da sua aplicação; resenha da
legislação vigente referente ao assunto e a que tenha de ser revogada).

FASE DA DISCUSSÃO E VOTAÇÃO


Esta fase consiste no exame do conteúdo do projeto ou da proposta de lei e na
deliberação sobre a sua aprovação ou rejeição.

MODALIDADES

A discussão e votação do projeto ou da proposta de lei reparte-se por três (3) atos ou
momentos distintos:
- Discussão na generalidade;
- Discussão na especialidade;
- Votação final global.
A discussão e votação na generalidade (artigo 191.º do RAN) ocorrem no Plenário da
AN e versam sobre os princípios, objetivos e linhas de força de cada projeto ou proposta
de lei.
O debate na generalidade inclui:
- A apresentação da iniciativa pelo proponente;
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- A apresentação do relatório/parecer pela Comissão pertinente; e,
- As intervenções dos Deputados.
A discussão e votação na especialidade (artigo 192.º do RAN), por seu turno, ocorre na
Comissão de Trabalho Especializada, em razão da matéria, e incide sobre a análise de
cada um dos artigos, número ou alínea do projeto ou da proposta de lei, podendo a
Comissão ou Comissões de Trabalho Especializadas deliberarem que incida sobre mais
de um artigo simultaneamente, ou por números, com fundamento na complexidade da
matéria ou das propostas de alteração apresentadas.
O debate na especialidade inclui: a apresentação do Relatório/parecer na especialidade,
seguida de debate, com a participação do proponente.
A votação na especialidade obedece a seguinte ordem:
- Proposta de eliminação;
- Proposta de substituição;
- Proposta de emenda;
- Texto discutido com as alterações já aprovadas;
- Proposta de aditamento ao texto votado.
Todavia, mesmo que a votação tenha sido realizada na Comissão de Trabalho
Especializada, em razão da matéria, o Plenário pode deliberar, a todo tempo, chamá-la a
si, a requerimento de pelo menos dez (10) Deputados.

FASE DA VOTAÇÃO

Finda a discussão e votação na especialidade realiza-se a votação final global em


reunião plenária. Esta votação não é precedida de discussão, podendo cada Grupo
Parlamentar produzir uma declaração de voto oral por tempo não superior a três
minutos, ou declaração de voto escrita por qualquer Deputado ou Grupo Parlamentar até
ao 3.º dia útil após a votação que lhe deu origem.
A votação (artigo 144.º da CRA + artigo 146.º do RAN), seja na generalidade, na
especialidade ou votação final global, é um direito e um dever para o Deputado. Por
isso, o Deputado presente não deve deixar de votar (FAVOR, CONTRA,
ABSTENÇÃO), nem deve retirar-se da sala sem autorização, quando anunciada a
votação, sob pena de responsabilidade disciplinar.

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FASE DA PROMULGAÇÃO (artigos 197.º, 198.º e 199.º do RAN)
Terminada a votação final global, feita a redação final do projeto ou da proposta de lei e
sem que sobre o mesmo haja reclamações do Presidente da República ou dos
Deputados, ou depois da solução das referidas reclamações, o texto é considerado
definitivo, assinado pelo Presidente da Assembleia Nacional, e enviado á Imprensa
Nacional para publicação, se se tratar de RESOLUÇÃO ou enviado ao Presidente da
República para PROMULGAÇÃO, se se tratar de lei.

FASE DA PUBLICAÇÃO

A publicação, obviamente, é feita no Diário da República (Imprensa Nacional). O envio


do documento é feito pelo Presidente da República, se se tratar de Lei; e pelo Presidente
da Assembleia Nacional, se se tratar de Resolução. Existe uma lei própria, nos termos
da qual a publicação é feita – Lei n.º 2/10, de 25 de Março (Da Publicação e do
Formulário dos Diplomas Legais).

ENTRADA EM VIGOR

Depois da lei ser publicada no Diário da República para a sua entrada em vigor, existe
um espaço de tempo. O número 2 do art. 5º CC, dispõe o seguinte:
"Entre a publicação e a vigência da lei decorrerá o tempo que a própria lei fixar ou, na
falta de fixação, o que for determinado em legislação especial. “A este tempo que
medeia entre a publicação e a entrada em vigor da lei, chama-se "Vacatio Legis".
Quando é que uma lei entra em vigor?
Por exemplo:
O Diário da República distribuído hoje tem a data de hoje, os diplomas nele publicados
têm a data de hoje que corresponde à data da publicação.Assim, se uma lei publicada no
Diário da República de hoje fixar uma data para entrar em vigor, por exemplo, esta lei
entra em vigor no dia 30/04/2024.Será nessa data que essa lei entra em vigor.Se uma lei
também publicada no Diário da República de hoje não fixar a data de sua entrada em
vigor esta lei entra em vigor no continente no 5º dia após a publicação não se contando
o dia da publicação (o dia de hoje).

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CESSAÇÃO DA VIGÊNCIA DAS LEIS
A lei mantém-se em vigor até que algo a faça cessar a sua vigência.
Como é que a lei deixa de vigorar? É o mesmo que dizer quando é que a lei deixa de
produzir efeitos jurídicos?
Esta matéria é tratada no art. 7º do CC.
A lei pode deixar de vigorar por:
–CADUCIDADE;
–REVOGAÇÃO.
Outra realidade diferente e que não põe termo à vigência da lei, é a suspensão de
vigência de lei, ou seja, a lei suspensa continua a existir na ordem jurídica, só que não
produz quaisquer efeitos.

CADUCIDADE
Consiste no termo de vigência da lei em consequência de um facto superveniente, que
pode ser a própria lei prever uma data de cessação de vigência, ou um prazo de duração
(leis temporárias). Ou ainda pelo desaparecimento definitivo da realidade a que a lei se
aplicava. Como por exemplo se desaparecesse completamente as espécies cinegéticas
no nosso país, a lei da caça deixava de vigorar.

REVOGAÇÃO
Consiste no termo da vigência da lei em consequência da entrada em vigor de uma lei
nova de valor hierárquico igual ou superior.
A revogação pode ser:
- REVOGAÇÃO EXPRESSA
Quando a lei nova declara quais os preceitos que deixam de vigorar. Por exemplo
quando a lei nova diz que são revogados ou os artigos de uma lei ou decreto-lei, quando
a lei nova diz que determinado diploma é revogado.

- REVOGAÇÃO TÁCITA
É quando a lei nova é incompatível com a lei anterior, neste caso prevalece a lei
posterior. Cabe ao interprete a descoberta dessa incompatibilidade. Por exemplo:
posteriormente a uma lei que estabelece um prazo de 5 anos propor certa acção, é
publicada outra lei fixando para o mesmo efeito, o prazo de três anos.

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-REVOGAÇÃO TOTAL
É quando um conjunto vasto de normas jurídicas, em regra um Código, cria uma
disciplina jurídica diversa da que anteriormente vigorava, independentemente de haver
ou não incompatibilidade com esta última.
Ainda no plano normativo, dispõe o n.º 3 do art.º 7º do CC que uma norma geral não
revoga norma especial, salvo se essa intenção revogatória tiver sido inequívoca por
parte do órgão competente pela aprovação do direito novo.

ORGANIZAÇÃO DO PODER DO ESTADO


A separação de poderes, tal como está prescrita na Constituição angolana (CRA), não se
assume como um conceito rígido, criador de compartimentos estanques. Obviamente,
cada poder tem as suas funções e atribuições próprias. Contudo, cada um dos poderes
está interdependente, querendo isto dizer que interage através daquilo que se chama
sistema de “checks and balances” (controlos e equilíbrios). Dispõe o artigo 2.º, n.º 1 da
Constituição que “a República de Angola é um Estado Democrático de Direito que tem
como fundamentos a separação de poderes e interdependência de funções”. Adianta o
artigo 105.º, n.º 3 que “os órgãos de soberania devem respeitar a separação e
interdependência de funções estabelecidas na Constituição”. E o artigo 236.º j) coloca a
separação e interdependência dos órgãos de soberania como limite material à revisão da
Constituição. Portanto, na dinâmica das relações entre os poderes, existe uma separação
que exige colaboração de acordo com vários mecanismos estabelecidos na Constituição
e na Lei.

SEPARAÇÃO DE PODERES
O estado goza de três poderes distintos (Artigo 105.º da CRA) que são:
–PODER EXECUTIVO (administrativo): Exercido pelo Presidente da República
(artigos 108.º 140º da CRA);
- PODER LEGISLATIVO: Exercido pela Assembleia da República e pelo Governo,
(artigos 141.º ao 173º da CRA);
- PODER JUDICIAL: EXERCIDO PELOS TRIBUNAIS. (artigos174.º ao 197.º da
CRA).

PODER EXECUTIVO
É neste sentido que a figura do presidente da República assume especial destaque
normativo, pois ele não é apenas o titular do poder executivo, mas também o chefe
deEstado (artigo 108.º, n.º 1 da CRA). E, como chefe de Estado, é alcandorado ao papel
de moderador. Um poder que equilibra os outros e atua como facilitador, como “ponte”,
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entre as variadas tensões político-legais. Esse papel também é atribuído ao presidente
da República de Angola. Aliás, basta ler o elenco de poderes que lhe é atribuído
enquanto chefe de Estado para perceber a amplitude do poder moderador. Como se
compreende a partir da leitura do artigo 119.º da CRA, temos um presidente a marcar
eleições, a designar membros do poder judicial, a indultar e comutar penas, a mandar
verificar a constitucionalidade dos atos legais do poder legislativo, etc. Não se trata,
consequentemente, de um mero responsável pelo poder executivo, situando-se num
patamar superior de garantia da unidade do país, zelando pelo bom funcionamento das
instituições. Acontece, contudo, que a atipicidade proclamada pelo legislador
constitucional angolano adulterou o conceito de Constant, pensado para o papel do rei
numa monarquia constitucional emergente, e criou um poder moderador bonapartista,
em que facticamente o presidente da República colocou o centro do poder.
O Presidente da República é o Chefe de Estado, o titular do Poder Executivo e o
Comandante-em-Chefe das Forças Armadas Angolanas. O Presidente da República
exerce o poder executivo, auxiliado por um Vice-Presidente, Ministros de Estado e
Ministros.
O Presidente da República promove e assegura a unidade nacional, a independência e a
integridade territorial do País e representa a Nação no plano interno e internacional.
Respeita e defende a Constituição, assegura o cumprimento das leis e dos acordos e
tratados internacionais, promove e garante o regular funcionamento dos órgãos do
Estado.
O Poder Executivo em Angola integra diversos órgãos singulares e colegiais que
auxiliam o Titular do Poder Executivo no exercício das suas atribuições previstas na
Lei. Dentre os Órgãos Colegiais Auxiliares do Presidente da República, destaca-se o
Conselho de Ministros e as respectivas Comissões.
O Conselho de Ministros é presidido pelo Presidente da República e composto pelo
Vice-Presidente, os Ministros de Estado, Ministros e Secretários de Estado nomeados
pelo Presidente.

PODER LEGISLATIVO
Exercido pela Assembleia da República e pelo Governo
A Assembleia Nacional é o parlamento angolano, constituído e regulado no título IV da
Constituição Angolana de 2010. De acordo com ela, é a representante do povo
angolano, tendo uma configuração unicameral. Em representação do povo angolano,
exerce os aspetos essenciais da soberania nacional: possui o poder legislativo, aprova o
Orçamento Geral do Estado, controla a ação do Governo e desempenha o resto das
funções que lhe atribui a Constituição.
PODER JUDICIAL
O Poder Judicial é composto pela Procuradoria Geral da República, Tribunal
Constitucional, Conselho Superior da Magistratura Judicial e Tribunais.
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Procuradoria Geral da República
A Procuradoria-Geral da República é uma instituição pública com a função de
representar o Estado, nomeadamente no exercício da acção penal, na defesa dos
interesses de outras pessoas singulares e colectivas, na defesa da legalidade no exercício
da função jurisdicional e na fiscalização da legalidade na fase de instrução preparatória
dos processos e no que toca ao cumprimento das penas. Por seu turno, o Ministério
Público é o órgão da Procuradoria-Geral República essencial à função jurisdicional do
Estado, integrado por todos os magistrados do Ministério Público nas suas diversas
categorias. A sua consagração na Lei Fundamental ocorre no capítulo IV, sob a epígrafe
“Poder Judicial”, máxime, nos artigos 185º a 191º da Constituição da República de
Angola.

O Tribunal Constitucional
O Tribunal Constitucional é responsável pela administração da justiça em matéria
jurídica e constitucional. É responsável por considerar se as leis ratificadas em tratados
internacionais e quaisquer normas são inconstitucionais, bem como considerar os
recursos de todas as decisões de outros tribunais que tenham sido evocadas durante o
julgamento por sua natureza constitucional.

O Conselho Superior da Magistratura Judicial


O Conselho Superior da Magistratura Judicial é o órgão constitucional ao qual compete
a superior gestão e a disciplina da Magistratura Judicial. É presidido pelo Juíz
Presidente do Tribunal Supremo e composto por 3 juristas nomeados pelo Presidente da
República; 5 juristas designados pela Assembleia Nacional e 10 juízes eleitos entre si,
pelos Magistrados Judiciais.

Os Tribunais
Os tribunais são órgãos de soberania dotados de poderes para administrar a justiça e
cumprir os deveres jurisdicionais. Devem garantir e zelar pelo cumprimento das leis e
pela proteção dos direitos.
Com a criação dos Tribunais, de Contas, Supremo Tribunal Militar e Constitucional, o
Tribunal Supremo apenas trata e se constitui na instância máxima da Jurisdição Comum
da República de Angola. Aliás, corolário disso mesmo é o que refere o n.º 1, do artigo
181.º, da Constituição, segundo o qual, “o Tribunal Supremo é a instância judicial
superior da jurisdição comum”. O Tribunal Supremo da República de Angola é
constituído pelo Presidente, Vice-Presidente e pelos demais Juízes Conselheiros.

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CONCLUSÃO

Concluímos que para a promulgação e revogação das leis é necessário que a


sua interpretação seja levada em consideração as relações existentes entre a lei a
interpretar e as outras leis, e ter também em conta todo o sistema jurídico.
Este elemento compreende os dados ou acontecimentos históricos, e elementos
teleológico para que expliquem a criação da lei.
E então socorre-se:
- À história do Direito, para, confrontar a lei que se pretende interpretar com leis
anteriores que regularam a mesma matéria;
- Aos estudos doutrinais em que o legislador se baseou para fazer a lei que se pretende
interpretar e por vezes recorrer a doutrinais e leis estrangeiras;
- Aos projetos e anteprojetos da lei;
- saber qual foi o objetivo em vista que motivou o legislador a elaborar a lei. Qual foi a
finalidade da lei e o que ela pretende alcançar.

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RFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

- CÓDIGO CIVIL, 6ª edição


-CONSTITUIÇÃO DA REPUBLICA DE ANGOLA,2021
-DIARIO DA REPUBLICA.

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