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UNIVERSIDADE SÃO TOMÁS DE MOÇAMBIQUE

CURSO DE LICENCIATURA EM DIREITO

DIREITO TGDC I

TURMA: 2L3LDR1T

Sujeitos de Direito

Discentes:

 Lisefa Guambe
 Neusa Tamele
 Neusa Zaulo
 Reginalda Munguambe
 Valquíria Mate
UNIVERSIDADE SÃO TOMÁS DE MOÇAMBIQUE

Sujeitos de Direito

Docente: Dr. Virgílio Carvalho

Maputo aos, 15 de Abril de 2022


ÍNDICE
Resumo............................................................................................................................................4
Introdução........................................................................................................................................5
OBJECTIVO....................................................................................................................................6
Objectivo geral.............................................................................................................................6
Objectivo específico.....................................................................................................................6
Conceito...........................................................................................................................................6
Sujeitos de Direito........................................................................................................................6
Personalidade Juridica..................................................................................................................6
Capacidade...................................................................................................................................7
Capacidade Juridica.....................................................................................................................7
Capacidade de Exercícios............................................................................................................7
Incapacidade Juridica...................................................................................................................7
Capacidade negocial....................................................................................................................8
Capacidade Delitual.....................................................................................................................8
Incapacidade Negocial.................................................................................................................9
A Legitimidade e a Disponibilidade Juridica..................................................................................9
Legitimidade Juridica...................................................................................................................9
Disponibilidade Juridica..............................................................................................................9
Problemas de existência de Direitos e obrigações sem sujeito......................................................10
Modalidade de Sujeito de Direito..................................................................................................11
Pessoas Singulares.....................................................................................................................11
Direitos de personalidade...........................................................................................................12
Pessoas Colectivas.....................................................................................................................12
Substracto da pessoa colectiva...................................................................................................13
Órgãos........................................................................................................................................13
Reconhecimento: modalidades..................................................................................................14
Fim da pessoa colectiva.............................................................................................................14
Objecto da pessoa colectiva.......................................................................................................14
Conclusão......................................................................................................................................15
BIBLIOGRAFIA...........................................................................................................................16
Resumo
No presente trabalho iremos fazer uma viagem em torno do sujeito do direito onde numa
primeira fase demos os objectivos do trabalho, o conceito da pessoa do direito e de uma forma
muito abstrata falamos da personalidade juridica segundos vários autores a capacidade juridica e
as suas incapacidades de forma resumida falamos capacidade negocial, capacidade delitual e a as
incapacidades negociais, de uma forma muito simples falamos da legitimidade e disponibilidade
jurídica onde exploramos vários autores e por fim a modalidade juridica onde exploramos muitos
sobre as pessoas singulares e colectivas.
Introdução
O ser humano sempre foi o principal elemento das Ciências Jurídicas. O Direito sempre se
pautou por regulamentar o convívio do homem em sociedade, suas relações sociais. Assim, faz-
se necessário determinar quem são os sujeitos habilitados a integrar os polos de uma relação
jurídica, ou seja, a quem podem ser assegurados direitos e atribuídos deveres. Para tanto, a
legislação civil brasileira estabelece que são sujeitos de direito e deveres não só as pessoas
naturais, mas também as pessoas jurídicas.
Os animais, apesar de serem protegidos pelo Direito, não são sujeitos de direito. Logo, não
podem, em próprio nome, receber herança ou serem beneficiados por doações, como se sujeitos
de direito fossem.
Muito embora, no atual estágio de desenvolvimento da modernidade, despontem propostas para a
produção de paradigmas alternativos que buscam resgatar a dieletricidade do próprio processo de
conhecimento, pode-se dizer que tais transformações abalaram, mas não romperam
definitivamente com o padrão dominante da ciência moderna ocidental. Deslocando-se estas
análises do processo de conhecimento para a questão específica da ciência jurídica, constata-se
que o direito, como as demais disciplinas, tem seu ponto de par tida atrelado a um certo tipo de
reflexão teológica e metafísica.
OBJECTIVO
Objectivo geral
 Estudar os sujeitos de Direito
Objectivo específico
 Compreender as capacidades e as incapacidades das pessoas jurídicas

Conceito
Sujeitos de Direito
No âmbito jurídico, a expressão “sujeito de direito” é utilizada para definir esse cidadão e
engloba não apenas pessoas físicas, mas entidades coletivas, empresas, associações civis e
organizações não-governamentais.
Os Sujeitos de Direito são os entes susceptíveis de serem titulares de direito e obrigações, de
serem titulares de relações jurídicas. São sujeitos de direito as pessoas, singulares e colectivas.
É importante referir que os sujeitos de direito podem ser de dois tipos:
 Sujeitos de direito individuais, que são os cidadãos individuais que são capazes de
adquirir direitos e obrigações. Também são conhecidos como pessoas naturais ou físicas.
 Sujeitos de direitos colectivos, que são aqueles que se constituem como pessoas jurídicas.
Personalidade Juridica
A personalidade jurídica consiste na susceptibilidade de uma pessoa individual ou colectiva ser
sujeito de direitos ou obrigações jurídicas. Art. 66º/1 CC.
Fala-se pois, de personalidade para exprimir a qualidade ou condição jurídica do ente em causa –
ente que pode ter ou não ter personalidade.
Segundo Maria Helena Diniz
A pessoa jurídica é a unidade de pessoas naturais ou de patrimônios, que visa à consecução de
certos fins, reconhecida pela ordem jurídica como sujeito de direitos e obrigações.”.
Segundo Fábio Ulhoa Coelho
Pessoa jurídica é o sujeito de direito personificado não humano. É também chamada de pessoa
moral. Como sujeito de direito, tem aptidão para titularizar direitos e obrigações. Por ser
personificada, está autorizada a praticar os atos em geral da vida civil — comprar, vender, tomar
emprestado, dar em locação etc. —, independentemente de específicas autorizações da lei.
Finalmente, como entidade não humana, está excluída da prática dos atos para os quais o atributo
da humanidade é pressuposto, como casar, adotar, doar órgãos e outros.
Segundo Clóvis Bevilácqua (1929, p.58)
Todos os agrupamentos de homens que, reunidos para um fim, cuja realização procuram,
mostram ter vida própria, distinta da dos indivíduos que os compõem, e necessitando, para a
segurança dessa vida, de uma proteção particular do direito.
Capacidade
É a medida de direitos e obrigações de que uma pessoa é susceptível.
Capacidade Juridica
É a medida de direitos e vinculações de que uma pessoa é susceptível, art. 67º CC, traduzindo
esta inerência, estabelece que “as pessoas podem ser sujeitos de quaisquer relações jurídicas,
salvo disposição legal em contrário: nisto consiste na sua Capacidade Jurídica”.
Podemos identificar duas perspectivas diferentes da capacidade jurídica: a da simples imputação
de direitos e vinculações (capacidade de gozo) e a actuação jurídica que estes envolvem para
terem sentido, falando-se aqui de capacidade de exercício. A capacidade de exercício consiste
assim na medida dos direitos e das obrigações que uma pessoa pode exercer e cumprir por si,
pessoal e livremente. Tal como a capacidade de gozo, a capacidade de exercício é igualmente
aplicável a pessoas singulares e a pessoas colectivas, ainda que, quanto a estas últimas, surjam
algumas especialidades.
Capacidade de Exercícios
É a idoneidade para actuar juridicamente, exercendo direitos ou cumprindo deveres, adquirindo
direitos ou assumindo obrigações, por acto próprio e exclusivo ou mediante um representante
voluntário ou procurador, isto é, um representante escolhido pelo próprio representado. A pessoa,
dotada da Capacidade de Exercício de direitos, age pessoalmente, isto é, não carece de ser
substituída, na prática dos actos que movimentam a sua esfera jurídica, por um representante
legal, e age autonomamente, isto é, não carece de consentimento, anterior ou posterior ao acto,
de outra.
Quando esta capacidade de actuar pessoalmente e autonomamente falta, estamos perante a
Incapacidade de Exercício de direitos. Esta pode ser específica ou genérica. A Capacidade para o
exercício de direitos ou Capacidade de agir consiste na aptidão para pôr em movimento a
Capacidade Jurídica por actividade própria sem necessidade de se ser representado ou assistido
por outrem.
Para Sílvio Rodrigues, “afirmar que o homem tem personalidade é o mesmo que dizer que ele
tem capacidade para ser titular de direitos”. O direito civil pátrio encaixou o conceito de
capacidade ao de personalidade, assim pode-se dizer que a capacidade é a medida da
personalidade, ou seja, para alguns a capacidade é plena e para outros é limitada.
Incapacidade Juridica
São as pessoas que não estão aptas ao exercício ou gozo de seus direitos. A incapacidade pode
ser genérica ou específica:
 A Incapacidade de Exercício genérica- é quando uma pessoa não pode praticar todos os
actos.
 A Incapacidade de Exercício específica, é quando uma pessoa não pode praticar alguns
actos.
São incapazes os menores, interditos, os inabilitados, as pessoas a que se refere o art 131 do CC,
os falidos e insolvente. Os menores e interditos a que de refere o art 131 do CC sofrem de uma
incapacidade genérica, os inabilitados a que se refere o art 131 do CC, os falidos e insolventes
são incapazes em princípio apenas no plano patrimonial. (Prof. Manuel de Andrade)
Menoridade art 123 do CC
A incapacidade dos menores começa com o seu nascimento e cessa aos dezoito anos (sistema
genérico).
O sistema genérico divide-se em: sistema genérico rígido, em que a idade funciona como uma
fronteira inelutável entre a capacidade e a incapacidade. E o sistema genérico gradativo, em que
há uma ideia de evolução progressiva. Diminuição da incapacidade com a progressão do tempo.
A pessoa vai-se tornando mais capaz.
Capacidade negocial
Que é a exigência da capacidade de direito, acrescida de um plus, necessária ao exercício de um
ato (por exemplo para vender uma casa, por procuração, além da pessoa ser maior, deve ser
alfabetizado para conseguir outorgar a procuração). Esta noção reporta-se à referência das
noções mais genéricas, de Capacidade Jurídica e de capacidade para o exercício dos direitos no
domínio dos negócios jurídicos. É no domínio dos negócios jurídicos que assumem particular
importância as noções de capacidade e incapacidade.
O negócio jurídico tem de ser entendido como um acto de vontade pelo qual os particulares
ordenaram os seus interesses. No entanto à necessidade de uma exteriorização dessa vontade
resultando do acto negocial. Esta exteriorização, representa uma auto-ordenação de interesses,
porque vai-se tentar projectar na esfera jurídica de outrem a vontade, isto de modo a que se
apreenda a vontade.
Capacidade Delitual
 Capacidade delitual situa-se no campo da responsabilidade civil por factos ilícitos e a falta do
livre exercício da vontade e a falta de discernimento apenas funciona, e presuntivamente, para os
menores de sete anos e interditos por anomalia psíquica. Pode haver uma capacidade, mas faltar
a outra.
Daquela responsabilidade emergente da violação culposa de um direito ou de um interesse
legalmente protegido, a designada capacidade delitual. E os menores (quem não tenha
completado dezoito anos -art. 122º C.Civil) carecem efectivamente de capacidade para o
exercício de direitos, como se dispõe no art. 123º C.Civil. A imputabilidade é um dos
pressupostos da responsabilidade civil – art. 488° C.Cïvil.
Há casos em que a própria lei presume a falta de imputabilidade de determinadas pessoas: os
menores de sete anos e os interditos por anomalia psíquica – n° 2 do citado art. 488º.
Mas não decorre automaticamente desta presunção legal que os menores com mais de sete anos e
os simples inabilitados sejam sempre responsáveis.
Incapacidade Negocial
 A incapacidade negocial de gozo- provoca a nulidade dos negócios jurídicos respectivos
e é insuprível, isto é, os negócios a que se refere não podem ser concluídos por outra
pessoa em nome do incapaz, nem por este com autorização de outra entidade.
 A incapacidade negocial de exercício- provoca a anulabilidade dos negócios jurídicos
respectivos e é suprível, não podendo os negócios a que se refere ser realizados pelo
incapaz ou por seu procurador, mas podendo sê-lo através dos meios destinados
justamente ao suprimento da incapacidade. Estes meios destinados justamente ao
suprimento da Incapacidade de Exercício são: o instituto da representação legal (ex. art.
124º, 125º/2, 139º CC) e o instituto da assistência (ex. art. 153º CC).

A Legitimidade e a Disponibilidade Juridica


Legitimidade Juridica
A legitimidade enquadra-se no campo do exercício jurídico. O exercício jurídico lato senso
corresponde, na definição de MENEZES CORDEIRO, a uma atuação humana relevante para o
Direito, sendo, em sentido estrito, a concretização, por um sujeito de uma situação jurídica, ativa
ou passiva, que lhe tenha sido conferida, ou melhor, reconhecida, pelo Direito. Como defende
MENEZES CORDEIRO para se falar em exercício é necessário que estejamos perante um
sujeito, sendo o exercício jurídico decorrente de uma decisão do agente, da pessoa. Como
disposto no art 73 do CC “As acções relativas à defesa do nome podem ser exercidas não só prol
respectivo titular, como, depois da morte dele, pelas referidas no n° 2 do art 71”.
No exercício jurídico existe uma aplicação das normas e factos que presenteiam uma dada
posição jurídica, mais ou menos inconsciente, resultando desse modo de atuação uma nova
situação jurídica.
A legitimidade distingue-se, desde logo, da titularidade. A titularidade constitui a face estática da
legitimidade. A titularidade é, segundo PEDRO LEITÃO PAIS VASCONCELOS uma figura
complexa, que não constitui um verdadeiro conceito jurídico, sendo apenas um atribuído à
imputação de uma posição jurídica a um sujeito, no âmbito de uma determinada situação
jurídica. Para este Autor, uma pessoa é titular de uma posição jurídica quanto é sujeito da
situação na qual integra essa posição, independentemente de esta ser ativa ou passiva, ou seja, ser
titular é o mesmo que ser sujeito numa situação jurídica ou ocupar uma posição jurídica.
Disponibilidade Juridica
A disponibilidade é o fundamento que permite o acesso e o uso constante dos dados, informações
e dos locais em que estiverem inseridos (banco de dados, sistemas, recursos do sistema, redes
etc.), quando for necessário e pelas pessoas autorizadas. Em outras palavras, a disponibilidade
assegura o acesso de forma íntegra e integral, sempre que necessário, para as pessoas
previamente autorizadas.

Problemas de existência de Direitos e obrigações sem sujeito


(Controvérsia Doutrinária sobre os Direitos sem Sujeito)
Havendo, por exemplo, a situação de atribuição de bens, na sucessão “mortis causa” a um
nascituro ou mesmo a um concepturo, dar-nos-ia a entender que desde o momento da morte até
ao nascimento do sucessor beneficiário (herdeiro ou legatário), os direitos sobre os referidos bens
ficam sem titular activo. Situações como essa, no entanto, remeter-nos-iam a uma clara ideia de
haver direitos, porém, sem sujeito.
Sobre esta problemática, surgiram algumas doutrinas que se dividiram quanto à existência ou não
de direitos sem sujeito, das quais temos:
 Autores como Windescheid defendem a existência de direitos sem sujeitos, e para eles
não há quaisquer dificuldades em compreender tal situação.
 Por outro lado, Manuel de Andrade e Mota Pinto8 negam tal possibilidade, pois, para
eles, falar de direitos sem sujeito, tratar-se-ia, na verdade, de um absurdo lógico. Para
defenderem essa posição, fundamentaram-se afirmando que “todo poder, em que o direito
subjectivo se traduz, tem de pertencer a determinado sujeito, visto que, todo o poder
implica necessariamente um titular; todo dever pressupõe um suporte”. Sobre o exemplo
inicialmente dado, explicam que nesses casos, seriam estados de vinculação de certos
bens, em vista do surgimento futuro de uma pessoa com um direito sobre eles.
 Orlando de Carvalho, Castro Mendes e Oliveira Ascensão entendem não haver
inconveniência ou obstáculo lógico na admissibilidade dos direitos sem sujeito.
Defendem que essas situações são provisórias, durante as quais a relação se mantém
duma forma imperfeita, ou seja, há uma indeterminação transitória do titular.
 Maria Helena Diniz verifica que "não são somente os entes personalizados que podem
exercer direitos e vincular-se a deveres. Por isso nada obsta que a lei especial venha a
reconhecer direitos a certos entes sem personaliza-los
  Miguel Reale, que diz não considerar o nascituro sujeito de direitos, se contradiz
claramente ao dizer que "aos incapazes e mesmo aos nascituros correspondem direitos
Numa reflexão académica sobre a problemática, posso concordar com a primeira posição
defendida, segundo o qual podem sim existir direitos sem sujeito. Visto que na própria lei são
atribuídos direitos a entes já concebidos, mas ainda não nascidos. Nota-se que até ao momento
do nascimento, esses entes não são considerados pessoas em termos jurídicos, porém, podem ser
titulares de direitos, embora alguns destes direitos são tidos como meras expectativas, como
acontece com os direitos patrimoniais, que são condicionados com o nascimento dos seus
titulares.
Podem existir direitos sem sujeito propriamente dito, como nos casos da herança jacente (estado
da herança sem herdeiros para reclamá-la) e do nascituro (que, apesar de possuir alguns direitos,
não possui personalidade). Em ambos os casos, entretanto, há uma expectativa de que haverá
titulares para tais direitos, quando um herdeiro aparecer ou quando o indivíduo nascer com vida,
respectivamente.

Modalidade de Sujeito de Direito


Pessoas Singulares
A categoria da pessoa singular é própria do homem. No que toca à personalidade, o
Ordenamento Jurídico português, sobretudo a Constituição, no art. 13º/2, não admite qualquer
desigualdade ou privilégio em razão de nenhum dos aspectos lá focados.
A personalidade, nos termos do art. 66º/1 CC, adquire-se no momento do nascimento completo e
com vida.
Adquire-se Personalidade Jurídica quando há vida, independentemente do tempo que se está
vivo. A durabilidade não tem importância para a Personalidade Jurídica, geralmente, o “ponto”
de referência para o começo da Personalidade Jurídica é a constatação da existência de
respiração. Isto porque a respiração vem significar o começo de vida.
Condição jurídica dos nascituros
A lei parece atribuir direitos a pessoas ainda não nascidas – os nascituros. Isto quer para os
nascituros já concebidos, como para os ainda não concebidos – os concepturos. A lei permite que
se façam doações aos nascituros concebidos ou não concebidos (art. 952º CC) e se defiram
sucessões – sem qualquer restrição, quanto aos concebidos (art. 2033º/1 CC) e apenas
testamentária e contratualmente, quando aos não concebidos (art. 2033º/2 CC). A lei admite
ainda o reconhecimento dos filhos concebidos fora do matrimónio (arts. 1847º, 1854º, 1855 CC).
No entanto, o art. 66º/2, estabelece que os direitos reconhecidos por lei aos nascituros dependem
do seu nascimento.
Termo da personalidade jurídica
a) Morte: nos termos do art. 68º/1 CC, a personalidade cessa com a morte. No momento da
morte, a pessoa perde, assim, os direitos e deveres da sua esfera jurídica, extinguindo-se
os de natureza pessoal e transmitindo-se para seus sucessores mortis causa os de natureza
patrimonial. Mas, os direitos de personalidade gozam igualmente de proteção depois da
morte do respectivo titular (art. 71º/1 CC).
b) Presunção de coocorrência: nos termos do art. 68º/2 CC, “quando certo efeito jurídico
depender da sobrevivência de uma outra pessoa, presume-se em caso de dúvida, que uma
e outra falecem ao mesmo tempo”. Consagra-se, neste número, uma presunção de
coocorrência (isto é, mortes simultâneas) susceptível de prova em contrário – presunção
iuris tantum.
c) O desaparecimento da pessoa (art. 68º/3): “tem-se por falecida a pessoa cujo cadáver não
foi encontrado ou reconhecido, quando o desaparecimento se tiver dado em
circunstâncias que não permitam duvidar da morte dela”. Parece dever-se aplicar as
regras de morte presumida (arts. 114 seg. CC).
Direitos de personalidade
Designa-se por esta fórmula um certo número de poderes jurídicos pertencentes a todas as
pessoas, por força do seu nascimento. Toda a pessoa jurídica é efectivamente, titular de alguns
direitos e obrigações. Mesmo que, no domínio patrimonial lhe não pertençam por hipótese
quaisquer direitos – o que é praticamente inconcebível – sempre a pessoa é titular de um certo
número de direitos 17 absolutos, que se impõem ao respeito de todos os outros, incidindo sobre
os vários modos de ser físicos ou morais da sua personalidade. São chamados direitos de
personalidade (art. 70º seg. CC). São direitos gerais, extras patrimoniais e absolutos.
O prof. Castro Mendes faz uma divisão de direitos de personalidade: direitos referentes a
elementos internos, que são inerentes ao próprio titularem destes direitos, e são:
 Direitos do próprio corpo;
 Direitos da própria vida
 Direitos de liberdade;
 Direito à saúde;
 Direito à educação
Faz também referencia a elementos externos do indivíduo e que se prendem com a posição do
homem em relação à sociedade:
 Direito à honra;
 Direito à intimidade privada;
 Direito à imagem;
 Direito ao ambiente;
 Direito ao trabalho.
Depois faz referência a elementos instrumentais, que se encontram conexos com bens de
personalidade, o direito à habitação. E direitos referentes a elementos periféricos, art. 75º a 78º
CC.
Posição adoptada
Existem três componentes dos direitos relativos à personalidade:
 Direitos relativos a bens da personalidade física do homem,
 Direitos relativos a bens da personalidade moral do homem
 Direitos relativos a bens da Personalidade Jurídica
Pessoas Colectivas
São organizações constituídas por uma colectividade de pessoas ou por uma massa de bens,
dirigidos à realização de interesses comuns ou colectivos, às quais a ordem jurídica atribui a
Personalidade Jurídica.
É um organismo social destinado a um fim lícito que o Direito atribui a susceptibilidade de
direitos e vinculações. Trata-se de organizações integradas essencialmente por pessoas ou
essencialmente por bens, que constituem centros autónomos de relações jurídicas. Há, duas
espécies fundamentais de Pessoas Colectivas: as Corporações e as Fundações.
 As Corporações, têm um substracto integrado por um agrupamento de pessoas singulares
que visam um interesse comum, egoístico ou altruístico. Essas pessoas ou associados
organizam a corporação, dão-lhe assistência e cabe-lhe a sua vida e destino.
 As Fundações, têm um substracto integrado por um conjunto de bens adstrito pelo
fundador a um escopo ou interesse de natureza social. O fundador pode fixar, com a
atribuição patrimonial a favor da nova Fundação, as directivas ou normas de
regulamentação do ente fundacional da sua existência, funcionamento e destino.
A função económico-social do instituto da personalidade colectiva liga-se à realização de
interesses comuns ou colectivos, de carácter duradouro. Os interesses respeitantes a uma
pluralidade de pessoas, eventualmente a uma comunidade regional, nacional ou a género
humano, são uma realidade inegável: são os 37 referidos interesses colectivos ou comuns.
Alguns desses interesses são duradouros, excedendo a vida dos homens ou, em todo o caso,
justificando a criação de uma organização estável.
Substracto da pessoa colectiva
É o conjunto de elementos da realidade extra-jurídica, elevado à qualidade de sujeito jurídico
pelo reconhecimento. O substracto é imprescindível para a existência da Pessoa Colectiva
 Elemento Pessoal, verifica-se nas Corporações. É a colectividade de indivíduos que se
agrupam para a realização através de actividades pessoais e meios materiais de um
escopo ou finalidade comum. É o conjunto dos associados.
 Elemento Patrimonial, intervém nas Fundações. É o complexo de bens que o fundador
afectou à consecução do fim fundacional. Tal massa de bens designa-se habitualmente
por dotação.
Órgãos
Conjunto de poderes organizados e ordenados com vista à prossecução de um certo fim que se
procede à formulação e manifestação da vontade da Pessoa Colectiva, sendo assim que a Pessoa
Colectiva consegue exteriorizar a sua vontade (colectiva). Os actos dos órgãos da Pessoa
Colectiva têm efeitos meramente internos para a satisfação dos fins dessa Pessoa Colectiva.
A cada órgão são atribuídos poderes específicos segundo uma certa organização interna, que
envolve a determinação das pessoas que os vão exercer. Os titulares são os suportes funcionais
atribuídos a cada órgão, o qual denomina-se competência do órgão.
 Órgão individual – decide;
 Órgão deliberativo – delibera.
Estrutura e competência do órgão
Há duas classificações quanto á competência:
 Órgãos Activos: atende-se ao facto de os órgãos exprimirem uma vontade juridicamente
imputável à Pessoa Colectiva. Que se subdivide em órgãos internos e órgãos externos.
Cabe ao órgão formar a vontade da Pessoa Colectiva ou projectar para o exterior a
vontade da Pessoa Colectiva.
 Órgãos Consultivos: limita-se a preparar elementos informadores necessários à formação
da deliberação ou decisão final.
Reconhecimento: modalidades
A modalidade de atribuição da Personalidade Jurídica à Pessoa Colectiva, varia consoante a
categoria da mesma. O reconhecimento pode ser:
 Normativo: a Personalidade Jurídica da Pessoa Colectiva é atribuída por uma norma
jurídica a todas as entidades que preenchem certos requisitos inseridos nessa norma
jurídica.
 Individual, por Concessão ou Específico: verifica-se quando esse reconhecimento resulta
de um certo acto de autoridade, acto esse que é da Personalidade Jurídica uma entidade
concreta.
 Explícito: quando a norma legal ou o acto de autoridade contém específica ou
directamente a atribuição da personalidade.
Fim da pessoa colectiva
O fim, traduz-se na prossecução dos interesses humanos que são definidos quando se decide da
criação da Pessoa Colectiva. O fim tem de:
 Estar determinado: a exigência desta característica decorre da essência da sua existência;
 Ser comum ou colectivo: daqui resulta a possibilidade de se constituir uma Pessoa
Colectiva com fins egoísticos;
 Ser lícito: o fim da Pessoa Colectiva tem de satisfazer os requisitos legalmente definidos.
Objecto da pessoa colectiva
São os modos de acção através dos quais a Pessoa Colectiva prossegue o seu fim. O objecto
identifica-se com a actividade dos órgãos para que se atinja o escopo da Pessoa Colectiva
Reveste algumas características:
 Actividade lícita;
 Actividade duradoura.
Conclusão
Pode-se, a esta altura, fazer um seguro retorno à doutrina de Heck sobre o papel dos interesses na
decisão judicial a fim de definir que tipo de contribuição os mecanismos de solução heterônoma
do conflito podem contribuir para humanização destes direitos que estão à procura das raízes de
tutela. Diz o autor alemão, patrono da Jurisprudência dos Interesses: “Deve-se destacar que toda
decisão deve ser interpretada como uma delimitação de interesses contrapostos e como uma
estimação desses interesses, alcançada mediante juízos e ideias de valor. Esta regra vale tanto
para o juízo do leigo e para a livre criação jurídica quanto para a aplicação da lei e para a
complementação dependente.
O português Orlando de Carvalho vê duas grandes linhas que cabe à teoria civilística seguir:
“uma teoria, antes de tudo, da pessoa — melhor dizendo da pessoa do homem, com o primeiro
motor da regulamentação iure civili: uma teoria de intervenção nos interesses, concebendo o
Direito como um “serviço da vida", decerto diferenciado de outros processos de actuação (da
ética, da estética, da técnica, da política), mas não recluso em si mesmo como um saber
especulativo.
Cuidando das novas formas de pesquisas e de compreensão da realidade jurídica diz Lawrence
Friedman: “Os fatos crus são estes: doutrinas não crescem como plantas e animais. Pessoas em
sociedade as fazem, por alguma boa e suficiente razão; e depois as desfazem, as refazem. O
trabalho de quem quer conhecer a história das instituições jurídicas é procurar estas razões e com
base em princípios sociais explicar evolução e mudança.
BIBLIOGRAFIA
CAMPOS, Carlos. Sociologia e filosofia do direito. 3. Ed. Belo Horizonte: Del Rey, 1995.
CARVALHO, Orlando de. Para uma teoria geral da relação jurídica civil: a teoria geral da
relação jurídica — seu sentido e limites. 2. Ed atual. Coimbra: Centelha, 1981.
COSTA, Wille Duarte. Relação jurídica: conceito e estrutura. Belo Horizonte: Del Rey, 1994.
DE CUPIS, Adriano. Os direitos da personalidade. Lisboa: Morais, 1961.
FERRARA, Francisco. Teoria de Ias personas jurídicas. Madrid: Reus, 1929.
KELSEN, Hans. Teoria pura do direito. São Paulo: Martins Fontes, 1985.
MIRANDA, Pontes de. Tratado de direito privado. Rio de Janeiro: Borsoi, 1954, Parte Geral,
1.1, Introdução. Pessoas físicas e jurídicas.
Código Civil de Moçambique`

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