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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE CIÊNCIAS POLICIAS SOCIAIS

As pessoas singulares, personalidade e o estado da pessoa, o começo e o fim da personalidade,


efeitos dos nascentivos, personalidade e capacidade jurídica, capacidade negociável de gozo,
exercício e de delitual, incapacidade de negociável, gozo e de exercícios e os meios de
suplementes gerais.

Estudantes:
Biter Sabino
Milena Esaquiel Vurenda
Nilza Inacio Nicodemos
Sheila Tadeu

Curso: Direito
Disciplina: Direito Civil
Ano: 2ᵒ Ano

Quelimane
Maio
2022
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE
FACULDADE DE CIÊNCIAS POLICIAS SOCIAIS

As pessoas singulares, personalidade e o estado da pessoa, o começo e o fim da personalidade,


efeitos dos nascentivos, personalidade e capacidade jurídica, capacidade negociável de gozo,
exercício e de delitual, incapacidade de negociável, gozo e de exercícios e os meios de
suplementes gerais.

Tutora: Silva Soares

Quelimane
Maio
2022
Índice
1. Introdução............................................................................................................................2
1.1. Objectivo Geral....................................................................................................................3
1.2. Metodologia do Trabalho .....................................................................................................3
2. Pessoas Singulares...............................................................................................................4
3. Personalidade e o estado da pessoa .....................................................................................6
4. O começo e o fim da personalidade ....................................................................................8
5. Efeitos prévios da personalidade.......................................................................................10
6. Situacao dos nascituros .....................................................................................................11
7. Personalidade e capacidade Juridica ................................................................................11
8. Capacidade negociavel de gozo e de exercio ....................................................................13
9. Capacidade delitual ...........................................................................................................14
10. Incapacidade negociavel....................................................................................................14
11. Incapacidade de gozo ........................................................................................................15
12. As incapacidades de exercio e os meios de suplementos gerais........................................15
13. Conclusão ......................................................................................................................16
14. Referências bibliográficas .............................................................................................17
1. Introdução

O presente trabalho da cadeira de Direito Civil, Falaremos sobre pessoas singulares,


personalidade e o estado da pessoa, o começo e o fim da personalidade, efeitos dos nascentivos,
personalidade e capacidade jurídica, capacidade negociável de gozo, exercício e de delitual,
falaremos também da incapacidade de negociável, gozo e de exercícios e os meios de
suplementes gerais.

A personalidade é, portanto, o conceito básico da ordem jurídica, que a estende a todos os


homens, consagrando-a na legislação civil e nos direitos constitucionais de vida, liberdade e
igualdade. O estado da pessoa é o traço distintivo dos indivíduos, é o modo particular de
existir. Uma situação jurídica resultante de certas qualidades inerentes à pessoa. A lei
moçambicana parece atribuir direitos a pessoas ainda não nascidas – os nascituros. Isto quer
para os nascituros já concebidos, como para os ainda não concebidos – os concepturos. A lei
permite que se façam doações aos nascituros concebidos ou não concebidos e se defiram
sucessões – sem qualquer restrição, quanto aos concebidos e apenas testamentária e
contratualmente, quando aos não concebidos.

A capacidade delitual situa-se no campo da responsabilidade civil por factos ilícitos e a falta
do livre exercício da vontade e a falta de discernimento apenas funciona, e presuntivamente,
para os menores de sete anos e interditos por anomalia psíquica. A pessoa natural, assim como
sua personalidade, têm fim com a morte. A morte tem como consequência a cessação de
certos direitos e de deveres de que o de cujus era titular. as pessoas tem capacidade de direito,
mas só à maioria a lei confere a capacidade de exercê-los pessoalmente. Sendo a capacidade
plena a regra, temos como excepção a incapacidade, com limitações actuando não como
sanções mas sim em carácter projectivo, visando evitar que o incapaz se prejudique em razão
de seu discernimento limitado.

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1.1.Objectivo Geral

O presente trabalho tem como objectivo geral conhecer as pessoas singulares, personalidade e
o estado da pessoa, o começo e o fim da personalidade, efeitos dos nascentivos, personalidade e
capacidade jurídica, capacidade negociável de gozo, exercício e de delitual, falaremos também
da incapacidade de negociável, gozo e de exercícios e os meios de suplementes gerais.

1.2.Metodologia do Trabalho

Segundo Marconi e Lakatos (2009), afirmam que: “A metodologia é o conjunto de


actividades sistemáticas e racionais que com maior segurança e economia, permite alcançar o
objectivo ou conhecimentos validos e verdadeiros traçando o caminho a ser seguido,
detectando erros e auxiliando as decisões do cientista”. Para este trabalho, a sua realização irá
obedecer as seguintes linhas de orientação metodológica”.

Metodologia trata-se de procedimentos a serem seguidos na realização de uma pesquisa.


Trata-se também de uma explicação minuciosa, detalhada, rigorosa e exacta de toda acção
desenvolvida no método de trabalho de pesquisa e pode ser entendida como caminhos pelos
quais o pesquisador irá usar para o alcance dos objectivos traçados.

Para a realização do presente trabalho de investigação, foi possível com ajuda das consultas
de alguns manuais ou bibliográficas digitais e não digitais, assim como alguns sites da internet
e na cadeira de Direito Civil, ensino a presencial. As mesmas obras estão devidamente citadas
no desenvolvimento deste trabalho e destacadas na bibliografia final.

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2. Pessoas Singulares
 A pessoa no Direito

O ser humano é um ser voluntária e iminentemente social, que se desenvolve em função das
relações sociais que estabelece com a sociedade em que está inserido.

De acordo com Pereira (2013), a sociedade é o resultado da associação de indivíduos que


apresentam interesses comuns e que procuram realizar esses objectivos em conjunto,
formando grupos de interesses. Os indivíduos realizam os seus interesses particulares através
de comportamentos concorrenciais, que envolvem uma permanente disputa de bens escassos,
e cooperando uns com os outros acabam por participar na realização dos interesses colectivos,
o que fazem de uma forma organizada e estruturada. No entanto, por vezes, acontece que o
Homem procura impor a sua vontade aos restantes elementos do grupo, originando,
consequentemente, momentos de tensão e até mesmo de conflito nas relações sociais. Daqui
se justifica o aparecimento da ordem jurídica.

Esta vida em sociedade exige, de uma forma natural, a presença e a tutela do Direito. A ordem
jurídica surge, assim, como um complexo conjunto de regras que procura regularizar a vida
em sociedade, para a tornar o mais justo, segura e harmoniosa possível (Oliveira, 2000).

Para Baptista (2002), pode-se dizer que o ser humano está envolvido numa ordem social
preexistente, onde, em regra, se verifica um ajustamento conforme da conduta dos indivíduos
a estruturas de ordem de comportamento que os envolvem e os dirigem em todas as suas
relações sociais, a que é chamado de Direito ou ordem jurídica. A ordem jurídica constitui,
assim, uma parte integrante e necessariamente complementar da ordem social global, ou seja,
participa da ordem social global e é co-construtiva dela.

Sendo o Direito uma ciência que pode ser definida como um conjunto ordenado de regras que
disciplinam a actividade humana, é decorrente desta relação entre o ser humano e o Direito,
que se considera o próprio Direito com um fenómeno de cariz social e humano. A designação
humana decorre do facto de sem Homens não existir qualquer ordem jurídica, dado que é o
Homem que é o criador e o destinatário das normas jurídicas. A designação social prende-se
com a circunstância da existência das normas jurídicas, que tem como objectivo regular a
relação do Homem em sociedade.

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Os sujeitos de Direito são os entes susceptíveis de serem titulares de direitos e de obrigações,
ou seja, de serem titulares de relações jurídicas, tal como previsto no art. 26.º da Constituição
da República Portuguesa, como são o caso, por exemplo, dos direitos à identidade pessoal, ao
bom nome e à reputação, à imagem, à palavra, à dignidade pessoal e à reserva de intimidade
da vida privada e familiar.

São sujeitos de Direito as pessoas, sejam elas pessoas singulares, sejam pessoas colectivas
(Pereira, 2013). Deste modo, para Mota e Monteiro (2005), ao lado dos seres humanos,
enquanto pessoas singulares, cuja personalidade jurídica é reconhecida por exigência
fundamental da dignidade humana, o ordenamento jurídico atribuem personalidade jurídica às
pessoas colectivas. Os sujeitos da relação jurídica não são apenas, portanto, as pessoas
singulares, mas também as pessoas colectivas, porque a personalidade jurídica, como meio
técnico de organização de interesses, pode ser atribuída pelo Direito a entes que não sejam
apenas as pessoas singulares ou os indivíduos humanos, já que não existe nenhum obstáculo
lógico ou ético que possa impedir uma solução.

 O ser humano enquanto pessoa jurídica

O conceito de personalidade jurídica, no seu significado substancial, deriva da própria


natureza humana e, assim sendo, poderíamos pensar que, na pureza do princípio, apenas o ser
humano poderia ser considerado pessoa jurídica, embora esta regra conheça diversas
excepções que resultam da circunstância do Direito atribuir igualmente essa qualidade às
pessoas colectivas (Pereira, 2013).

Para Ferreira (1990), a personalidade jurídica é iminente e virtual na pessoa humana. A


primeira consequência desta concepção de personalidade humana é a projecção no Direito da
personalidade jurídica.

De acordo com Menezes (2000), a personalidade das pessoas singulares corresponde à


qualidade que assume o homo sapiens quando age no palco do Direito. De um modo formal,
ela exprime a potencialidade que este tem de ser destinatário de normas jurídicas, ou de ser
titular de direitos e adstrito a obrigações.

Acrescenta Ferreira (1990) que a personalidade jurídica não é atribuída à pessoa humana,
uma vez que a personalidade jurídica da pessoa humana é-lhe imanente, decorre da sua
eminente dignidade.

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Refere ainda Pais (2006) que o Direito não tem poder nem legitimidade para atribuir a
personalidade individual, já que ele apenas se limita a constatar e a verificar a qualidade de
ser humano, daí que o Direito de Personalidade esteja relacionado com a posição das pessoas
humanas no Direito e com a consequente exigência da sua dignidade.

À personalidade jurídica é inerente a capacidade jurídica ou a capacidade de gozo de direitos,


tal como considera o art. 67.º do CC português, que estabelece que “as pessoas podem ser
sujeitos de quaisquer relações jurídicas, salvo disposição legal em contrário: nisto consiste a
capacidade jurídica”.

Percebe-se assim que a personalidade jurídica corresponde a uma aptidão para ser titular
autónomo das relações jurídicas e, nas pessoas singulares, esta aptidão é uma exigência do
direito à dignidade e ao respeito que se tem de reconhecer a todos os seres humanos e não
uma mera técnica de organização. Esta aptidão é, nas pessoas singulares, uma exigência do
Direito ao respeito e à dignidade que se deve reconhecer a todos os indivíduos. Por outro lado,
nas pessoas colectivas, trata-se de um processo técnico de organização das relações jurídicas
conexionadas com um dado (Mota & Monteiro, 2005).

3. Personalidade e o estado da pessoa


 Personalidade

Trata-se da aptidão, reconhecida pela ordem jurídica a alguém, para exercer direitos e contrair
obrigações ou deveres na ordem civil. A personalidade é, portanto, o conceito básico da
ordem jurídica, que a estende a todos os homens, consagrando-a na legislação civil e nos
direitos constitucionais de vida, liberdade e igualdade. Importa destacar que, afirmar que o
homem tem personalidade é o mesmo que dizer que ele tem capacidade para ser titular de
direitos, no entanto, embora se interpenetrem, a personalidade e a capacidade não se
confundem, uma vez que a capacidade pode sofrer limitação, enquanto a personalidade é um
valor, a capacidade é a projecção desse valor que se traduz em um quantum. Pode-se ser mais
ou menos capaz, mas não se pode ser mais ou menos pessoa (GONÇALVES, 2012).

 Estado da pessoa

Estado da pessoa é o traço distintivo dos indivíduos, é o modo particular de existir. Uma
situação jurídica resultante de certas qualidades inerentes à pessoa. O estado da pessoa pode

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ser analisado sob o aspecto individual ou físico (idade, sexo, saúde mental e física), civil
(solteira, casada, divorciada, viúva), familiar, social ou político (nacional ou estrangeiro).

Segundo o Código Civil, há estados que devem ser registrados ou averbados:

Art. 9º Serão registrados em registro público:


I - os nascimentos, casamentos e óbitos;
II - a emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz;
III - a interdição por incapacidade absoluta ou relativa;
IV - a sentença declaratória de ausência e de morte presumida. (Destacamos)

Art. 10. Far-se-á averbação em registro público:


I - das sentenças que decretarem a nulidade ou anulação do casamento, o divórcio, a
separação judicial e o restabelecimento da sociedade conjugal;
II - dos actos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou reconhecerem a filiação;
III - dos actos judiciais ou extrajudiciais de adopção. (Destacamos)

O estado da pessoa, é um importante traço distintivo dos indivíduos. São designações dadas
pelo Direito para delimitar as relações das pessoas, seja no campo familiar, social ou político.
O estado pode se distinguir em: estado civil, em que a pessoa pode ser classificada como
casada, solteira, divorciada, ou viúva; estado político, que diferencia as pessoas pelo fato de
serem nacionais, ou estrangeiros, e estado individual, que distingue os sexos feminino e
masculino, ou se refere ao fato da pessoa ser maior ou menor de idade (GONÇALVES, 2012).

O estado possui características interiores e exteriores. No se aspecto interno, pode-se dizer


que o estado da pessoa é indivisível (as pessoas não podem ter simultaneamente dois estados
civis), indisponível (o estado de cada um não pode ser repassado para ninguém) e
imprescritível (é um direito que poderá ser exercido a qualquer tempo) (GONÇALVES,
2012).
Em relação ao aspecto externo, pode-se dizer que o estado da pessoa é geral, pois deve ser
observado por qualquer pessoa, ou seja, seu efeito é válido em relação a qualquer um, pessoal,
que se refere a um indivíduo determinado, sendo característica exclusiva de uma pessoa, e é
de Ordem Pública, ou seja, são condições impostas por lei, para que seja resguardadas as
relações sociais, e o interesse público (GONÇALVES, 2012).

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4. O começo e o fim da personalidade
 Início da Personalidade

O artigo 7º da Lei de Introdução às Normas do Direito moçambicano (LINDM) dispõe que é a


lei do país em que a pessoa é domiciliada que determina as regras sobre o começo e o fim da
sua personalidade jurídica.

De acordo com o direito brasileiro, a personalidade inicia-se com a existência da pessoa.

Art. 2º A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida, mas a lei põe a
salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.

Em Moçambique, a personalidade jurídica começa no nascimento com vida, mesmo que essa
vida dure apenas alguns minutos e mesmo que o cordão umbilical não seja cortado. Mas,
o referido artigo fez surgir três correntes doutrinárias acerca do início da personalidade e dos
direitos do nascituro (aquele que foi concebido e ainda não nasceu). A Teoria Natalista, a
Teoria da Personalidade Condicional e a Teoria Concepcionista.

 Teoria natalista

De acordo com essa corrente, o início da personalidade se dá com o nascimento com vida. O
nascituro existe apenas como “pessoa em potência”.

A principal questão que se coloca para tal corrente é esta: se o nascituro não é pessoa, como
são assegurados seus direitos de personalidade?

Do ponto de vista prático, a teoria natalista nega ao nascituro seus direitos fundamentais,
relacionados com a sua personalidade, caso do direito à vida, à imagem, ou perceber
alimentos.

 Teoria da personalidade condicional (ou mista)

Na tentativa de resposta doutrinária para a referida questão, surge a Teoria da


Personalidade Condicionada. De acordo com essa corrente, a personalidade civil também se
inicia com o nascimento com vida. No entanto, o nascituro teria direitos, mas direitos
eventuais, ou seja, estão sujeitos a uma condição suspensiva: o nascimento.

A Teoria da Personalidade Condicional avançou em termos doutrinários ao garantir direitos


patrimoniais ao nascituro. No entanto, os direitos da personalidade não podem estar sujeitos à
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condição, termo ou encargo. Assim, nesse entendimento, o nascituro teria apenas
mera expectativa de direitos da personalidade.

É bom recordar: Condição suspensiva é o elemento acidental do negócio ou jurídico que


subordina a sua eficácia a evento futuro e incerto.

 Teoria concepcionista

A Teoria Concepcionista, tida como corrente majoritária, considera que o nascituro é pessoa
humana, tendo direitos resguardados pela lei desde sua concepção. Desse modo, o nascituro é
tido com uma existência e vida orgânica que independente de sua mãe. Os Tribunais, ao
reconhecerem o direito do nascituro à percepção ao seguro-obrigatório de acidente
(DEPVAT), reconheceram também sua personalidade jurídica desde a concepção.

O STF, ao reconhecer a constitucionalidade da permissão do uso de células-tronco para


pesquisa, também reconheceu a necessidade de resguardar os direitos dos embriões
fertilizados in vitro (ADIN 3510).

O STJ entende que o nascituro tem direito à indemnização por danos morais pela morte de seu
pai ocorrida antes do seu nascimento (Resp n. 931556/2008).

 Fim da Personalidade

De acordo com o Código Civil

Art. 6º A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos
ausentes, no caso em que a lei autoriza a abertura da sucessão definitiva.

A pessoa natural, assim como sua personalidade, têm fim com a morte. A morte tem como
consequência a cessação de certos direitos e de deveres de que o de cujus era titular.

O Código Civil admite a morte presumida com ou sem a decretação da ausência.

Art. 7º Pode ser declarada a morte presumida, sem a decretação de ausência:

I - Se for extremamente provável a morte de que estava em perigo de vida;


II - Se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até
dois anos após o término da guerra.

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5. Efeitos prévios da personalidade

De fato, é a personalidade atribuída a pessoa jurídica que torna o ente jurídico responsável e
titular dos fatos oriundos da sociedade. Quanto aos efeitos práticos, tem um entendimento que
pode ser considerado como rol dos efeitos da personificação, ou seja, da criação da
personalidade jurídica: (COELHO, 2003).

Com a constituição da pessoa jurídica forma-se um novo centro de direitos e deveres, dotado
de capacidade de direito e de fato, e de capacidade judicial;

a) Esse centro de direitos passa a ser autônomo em relação às pessoas naturais que o
constituem;
b) O destino econômico desse centro é distinto do destino econômico dos seus membros
participantes;
c) A autonomia patrimonial da pessoa jurídica faz com que não se confundam o
patrimônio desta com o de seus membros;
d) As relações jurídicas da pessoa jurídica são independentes das de seus membros,
existindo a possibilidade de se firmarem relações jurídicas entre a pessoa jurídica e um
ou mais de seus membros;
e) A responsabilidade civil da pessoa jurídica é independente da responsabilidade de seus
membros; (COELHO, 2003).

A maioria destes efeitos elencados no rol fazem menção praticamente expressa ao fato de que
o efeito principal é a separação das obrigações dos sócios com as da empresa, tornando-a um
ente exclusivo e, em tese, intocável (COELHO, 2003).

Os efeitos da personalidade jurídica estão estritamente ligados ao princípio da autonomia


patrimonial, uma vez que, se seus efeitos norteiam o entendimento de que o ente criado para
responder em nome da pessoa jurídica, quando devidamente registrado em órgão competente,
ela tem autonomia patrimonial para administrar seus bens (COELHO, 2003)

Com os efeitos, alguns doutrinadores elencam também algumas teorias ligadas a


personalidade jurídica.

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A teoria da ficção legal detalha que a pessoa jurídica é um conceito, ou seja, que é concedido
para o fim de facilitar algumas funções e direitos. Quem defende a teoria da ficção legal é
Savigny, respeitável jurista alemão do século XIX (Reale, 2002, p. 230),

Já na teoria da realidade técnica, conforme GONÇALVES (2014), a personalidade jurídica é


um atributo que o Estado concede a determinados grupos, que preencheram os requisitos
estabelecidos pela lei, sendo merecedores desse benefício.

6. Situacao dos nascituros

A lei mocambicana parece atribuir direitos a pessoas ainda não nascidas – os nascituros. Isto
quer para os nascituros já concebidos, como para os ainda não concebidos – os concepturos.

A lei permite que se façam doações aos nascituros concebidos ou não concebidos (art. 952º
CC) e se defiram sucessões – sem qualquer restrição, quanto aos concebidos (art. 2033º/1 CC)
e apenas testamentária e contratualmente, quando aos não concebidos (art. 2033º/2 CC).

A lei admite ainda o reconhecimento dos filhos concebidos fora do matrimónio (arts. 1847º,
1854º, 1855 CC).

No entanto, o art. 66º/2, estabelece que os direitos reconhecidos por lei aos nascituros
dependem do seu nascimento.

7. Personalidade e capacidade Juridica


 Personalidade

Conceito de pessoa: em consonância a doutrina dita como tradicional, “pessoa é o ente físico
ou colectivo susceptível de direitos e obrigações, sendo sinónimo de sujeito de direito”
(Diniz, 2001).

Sujeito de direito: é aquele que é “sujeito de um dever jurídico, de uma pretensão ou


titularidade jurídica, que é o poder de fazer valer, através de uma acção, o não-cumprimento
do dever jurídico, ou melhor, o poder de intervir na produção da decisão judicial” (Diniz,
2001).

Personalidade jurídica: toda pessoa é dotada de personalidade, é conceito básico da ordem


jurídica, que a estende a todos os homens indistintamente, consagrando-a na legislação civil e
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nos direito constitucionais de vida, liberdade e igualdade. É a qualidade jurídica que se revela
como condição preliminar de todos os direitos e deveres (Diniz, 2001).

Para Caio Mário da Silva Pereira, liga-se à pessoa a ideia de personalidade, que exprime a
aptidão genérica para adquirir direitos e contrair obrigações.

O conceito de personalidade está totalmente relacionado ao conceito de pessoa, pois àquele


que nasce com vida, torna-se uma pessoa, ou seja, adquire personalidade. Ser pessoa e
consequentemente adquirir personalidade, é pressuposto básico para inserção e actuação da
pessoa na ordem jurídica.

O CC de 2002 reconhece a personalidade para toda pessoa natural (ser humano), bem como
para certas entidades morais, denominadas pessoas jurídicas (agrupamentos humanos), que se
subordinam aos preceitos legais e se associam para melhor atingir seus objectivos sejam de
ordem económica ou social, como associações e sociedades, ou através de fundações,
constituídas de um património destinado a um fim determinado.

 Capacidade jurídica e legitimação:

Art. 1º, CC, “toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil”.

Para Amaral (2000), “afirmar que o homem tem personalidade é o mesmo que dizer que ele
tem capacidade para ser titular de direitos”. O direito civil pátrio encaixou o conceito de
capacidade ao de personalidade, assim pode-se dizer que a capacidade é a medida da
personalidade, ou seja, para alguns a capacidade é plena e para outros é limitada.

Assim sendo “para ser pessoa basta que o homem exista, e, para ser capaz, o ser humano
precisa preencher os requisitos necessários para agir por si, como sujeito ativo ou passivo de
uma relação jurídica. Eis porque os autores distinguem entre capacidade de direito ou de gozo
e capacidade de exercício ou de fato” (Amaral, 2000).

Capacidade de direito ou de gozo: é a que todos têm e adquirem ao nascimento com vida, não
pode ser recusada ao indivíduo, sob pena de se negar sua qualidade de pessoa. Pode ser
chamada também de capacidade de aquisição de direitos (Amaral, 2000).

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Todo ser humano possui a capacidade de direito, indistintamente, estendendo-se aos privados
de discernimento e as crianças, independentemente do seu grau de desenvolvimento mental,
podendo assim herdar, receber doações, etc.

Capacidade de fato ou de exercício ou de acção: é a aptidão para exercer por si só, os actos da
vida civil. Por faltarem para algumas pessoas requisitos como a maioridade, saúde,
desenvolvimento mental, a lei no intuito de protegê-las, exige a participação de outra pessoa,
que as represente ou assista.

Por isso os recém nascidos e amentais possuem apenas a capacidade de direito, mas não
capacidade de fato.

Aquele que possui as duas capacidades tem a chamada capacidade plena, já os que só tem a
de direito, tem a capacidade limitada, necessitando que outra pessoa o substitua ou complete
sua vontade, por essa razão são denominados incapazes.

Legitimação: é uma espécie de capacidade especial exigida em certas situações, é a aptidão


para a prática de determinados actos jurídicos, como por exemplo, o casado, excepto no
regime de separação absoluta de bens, de alienar imóveis sem outorga do outro cônjuge (art.
1.647, CC), ou os tutores ou curadores de dar em comodato os bens confiados a sua guarda
sem autorização especial (art. 580, CC), etc.

Não há que se confundir capacidade com legitimação, pois esta consiste em averiguar se uma
pessoa, perante determinada situação jurídica, tem ou não capacidade para estabelecê-la. É
como um plus que se agrega à capacidade em determinadas situações, é uma forma específica
de capacidade para determinados actos da vida civil (Amaral, 2000).

8. Capacidade negociavel de gozo e de exercio

Capacidade negocial, que é a exigência da capacidade de direito, acrescida de um plus,


necessária ao exercício de um acto (por exemplo para vender uma casa, por procuração, além
da pessoa ser maior, deve ser alfabetizado para conseguir outorgar a procuração).

A capacidade jurídica é a medida de direitos e vinculações de que uma pessoa é susceptível.


Podemos identificar duas perspectivas diferentes da capacidade jurídica: a da simples
imputação de direitos e vinculações (capacidade de gozo) e a da actuação jurídica que estes
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envolvem para terem sentido, falando-se aqui de capacidade de exercício. A capacidade de
exercício consiste assim na medida dos direitos e das obrigações que uma pessoa pode exercer
e cumprir por si, pessoal e livremente. Está pois em causa a forma como uma pessoa é
admitida a exercer certos direitos ou a cumprir determinadas obrigações. Tal como a
capacidade de gozo, a capacidade de exercício é igualmente aplicável a pessoas singulares e a
pessoas colectivas, ainda que, quanto a estas últimas, surjam algumas especialidades
significativas. O Código Civil só refere incidentalmente a capacidade de exercício, sem que a
defina expressamente (cfr. artigos 123.º, 130.º e 133.º).

A capacidade de exercício é um instituto autónomo da capacidade de gozo, incidindo sobre o


plano concreto de averiguar em que medida certa pessoa pode exercer os seus direitos ou
cumprir as obrigações a que está sujeita. Assim sendo, pode existir capacidade de gozo de
certos direitos, sem haver a correspondente capacidade de os exercer. É o que se passa
relativamente aos menores, aos interditos e aos inabilitados (cfr. artigos 123.º, 130.º e 133.º).

9. Capacidade delitual

A capacidade delitual situa-se no campo da responsabilidade civil por factos ilícitos e a falta
do livre exercício da vontade e a falta de discernimento apenas funciona, e presuntivamente,
para os menores de sete anos e interditos por anomalia psíquica.

10. Incapacidade negociavel

A inabilitação é tema importante para o direito empresarial. Quando se pensa no registro


perante a Junta Comercial, tem-se como requisito de capacidade o desimpedimento para
actividade negocial (Lei 10.406/2002, CC, artigos 972 e 973).

Os impedimentos podem ser exemplificados com o seguinte rol:

a) Inelegibilidade para cargo de administração ou de fiscalização em SA, ou seja, tanto


do Conselho de Administração quanto da Directoria, bem como do Conselho Fiscal
(Lei 6404/76, art. 147, § 1º e art. 162,)
b) Ser representante comercial, quando o falido não for reabilitado (Lei 4886/65, art.
4º,)
c) Inelegibilidade para o cargo de administrador de sociedades simples (Lei
10.406/2002, CC, art. 1011, § 1º)

14
d) Inelegibilidade para membro de Conselho Fiscal da Sociedade Limitada (Lei
10.406/2002, CC, art. 1011, § 1º, cf. 1066, § 1º)

Os efeitos da sentença penal no que tange aos crimes falimentares não são automáticos,
duram por cinco anos após a extinção da punibilidade (prescrição ou cumprimento da pena,
por exemplo), e são dotados de publicidade dado o registro que se faz na Junta Comercial
(Amador, 2012).

11. Incapacidade de gozo

A Incapacidade de Gozo não admite suprimento. Também a Incapacidade de Gozo reporta-se


à titularidade de direitos e vinculações de que uma pessoa pode gozar. Neste campo não é
viável suprir uma incapacidade.

12. As incapacidades de exercio e os meios de suplementos gerais

Todas as pessoas tem capacidade de direito, mas só à maioria a lei confere a capacidade de
exercê-los pessoalmente. Sendo a capacidade plena a regra, temos como excepção
a incapacidade, com limitações actuando não como sanções mas sim em carácter projectivo,
visando evitar que o incapaz se prejudique em razão de seu discernimento limitado (REAL,
2002).

O exercício dos direitos pressupõe consciência e vontade, subordinando-se a estas duas


faculdades. Quando estas se apresentam diminuídas, seja em carácter permanente ou transitório
— digamos, pela menoridade civil ou por um estado de embriaguez —, julga-se o
discernimento limitado, acarretando incapacidade. Esta, portanto, não precisa ser definitiva.
Abordaremos isto nas causas transitórias de incapacidade relativa, abaixo (REAL, 2002).

Vincula-se o discernimento e seus pressupostos, de consciência e vontade, a dois factores


objectivos, o da idade e da saúde psicológica, graduando-se esta incapacidade
em relativa ou absoluta dependendo de sua abrangência. Observa-se, na questão da idade, que
os idosos retêm sua capacidade, não configurando a velhice um enfraquecimento mental
automático (REAL, 2002).

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13. Conclusão

Terminando o trabalho conclui que a personalidade é, portanto, o conceito básico da ordem


jurídica, que a estende a todos os homens, consagrando-a na legislação civil e nos direitos
constitucionais de vida, liberdade e igualdade. O estado da pessoa é o traço distintivo dos
indivíduos, é o modo particular de existir. Uma situação jurídica resultante de certas
qualidades inerentes à pessoa. A lei moçambicana parece atribuir direitos a pessoas ainda não
nascidas – os nascituros. Isto quer para os nascituros já concebidos, como para os ainda não
concebidos – os concepturos. A lei permite que se façam doações aos nascituros concebidos
ou não concebidos e se defiram sucessões – sem qualquer restrição, quanto aos concebidos e
apenas testamentária e contratualmente, quando aos não concebidos.

A capacidade delitual situa-se no campo da responsabilidade civil por factos ilícitos e a falta
do livre exercício da vontade e a falta de discernimento apenas funciona, e presuntivamente,
para os menores de sete anos e interditos por anomalia psíquica. A pessoa natural, assim como
sua personalidade, têm fim com a morte. A morte tem como consequência a cessação de
certos direitos e de deveres de que o de cujus era titular. as pessoas tem capacidade de direito,
mas só à maioria a lei confere a capacidade de exercê-los pessoalmente. Sendo a capacidade
plena a regra, temos como excepção a incapacidade, com limitações actuando não como
sanções mas sim em carácter projectivo, visando evitar que o incapaz se prejudique em razão
de seu discernimento limitado.

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14. Referências bibliográficas

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