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Justiça e Sociedade
Curso: Direito
Disciplina: Sociologia Judicial
Ano: 1ᵒ Ano
Quelimane
Março
2022
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE
FACULDADE DE CIÊNCIAS POLICIAS SOCIAIS
Justiça e Sociedade
Quelimane
Março
2022
Índice
1. Introdução.........................................................................................................................2
1.1. Objectivos.........................................................................................................................2
1.1.1. Objectivo Geral.................................................................................................................2
1.1.2 Objectivos Específicos .....................................................................................................2
1.2. Metodologia do Trabalho ....................................................................................................2
2. A relação entre o Poder Judicial e a sociedade ...................................................................3
2.1. Caracteristica o sistema judicial mocambicano...................................................................5
2.2. O papel desempenhado pelas instituições do direito na administração dos conflitos sociais
e na pacificação da sociedade.....................................................................................................6
2.3. Características do desempenho dos tribunais ......................................................................6
2.4. Acesso ao Direito e à justiça oficial em Moçambique ........................................................8
3. Conclusão ............................................................................................................................9
4. Referencias Bibliográficas ................................................................................................10
1. Introdução
O Poder Judiciário não é apenas um órgão do Estado. Ele deve ser um órgão do Estado a
serviço do cidadão. Equivoca-se o magistrado que se recusa à análise da lide sob o ponto de
vista ético adoptando como argumento o fato de ser membro de um Poder “apolítico”, uma
vez que não se fará justiça social apenas com a aplicação do direito positivo.
1.1.Objectivos
1.1.1. Objectivo Geral
1.2.Metodologia do Trabalho
Para a realização do presente trabalho de investigação, foi possível com ajuda das consultas
de alguns manuais ou bibliográficas digitais e não digitais, assim como alguns sites da
internet e manual da Sociologia Jurídica da UCM, ensino presencial. As mesmas obras estão
devidamente citadas no desenvolvimento deste trabalho e destacadas na referência
bibliografia final.
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2. A relação entre o Poder Judicial e a sociedade
Do Juiz Isolado
“No mais alto da escala está o juiz. Não existe um ofício mais elevado que o
seu, nem uma dignidade mais imponente. Os juízes são como os que pertencem
a uma ordem religiosa. Cada um deles tem que ser um exemplo de virtude, se
não quer que os crentes percam a fé.”
Somente com o reconhecimento dessa condição humana – de errar – restou facilitado, de uma
certa forma, o exercício da actividade jurisdicional, pois ao reconhecer que errar é humano,
foi possível ao Juiz perceber-se como órgão de representação comunitária e não apenas
representante de um órgão Estatal. Despindo-se o magistrado da personificação do justo que
lhe mantinha distante do mundo exterior, para vestir-se com a toga do aplicador, e,
principalmente, interpretador de leis, iniciou-se a aproximação com a comunidade
(RODRIGUES, 2006).
Do Juiz Cidadão
O “Juiz cidadão”, tido como aquele comprometido com seu dever social de protecção ao
jurisdicionado (seja ele autor ou réu) legitima-se perante a comunidade, não pelo poder da
toga mas pela maneira que pauta suas atitudes. Neutralidade não pode jamais ser confundida
com imparcialidade. O Juiz neutro (se é que isso é possível) é um ser apático a serviço
exclusivo da “fria letra da lei”, esquecendo-se que existem seres humanos encarnados nos
autores, réus, testemunhas, advogados e terceiros que atuam em cada processo e que poderão
ter suas vidas alteradas, dependendo da forma que o direito positivo seja aplicado. O juiz
imparcial assegura tratamento igualitário às partes mas reprime actos atentatórios contra a
dignidade da Justiça, não se submetendo à formas definitivas e conservadoras de pensamento
(RODRIGUES, 2006).
O Judiciário, em que pese não se tratar de Poder do Estado cujos membros sejam eleitos pelo
povo, deve agir como órgão democrático no sentido de permitir e incentivar a aproximação de
seus integrantes com o seio da comunidade em que atuam, de forma a que as decisões que
deles emanarem, sejam reflexos das expectativas desta sociedade em relação a esse Poder,
buscando o respeito à dignidade e valorização do trabalho do homem (RODRIGUES, 2006).
Deve o Juiz exigir do jurisdicionado uma conduta honrada, solidária, íntegra e honesta,
penalizando atitudes eivadas de má-fé. Em contrapartida, o cidadão deve exigir do Juiz o
respeito aos direitos sociais, uma postura comprometida com a análise justa do processo e
uma interpretação ética do litígio. A prevalência de preceitos valorizadores da dignidade
humana não pode ser tida como uma atitude proteccionista ao hipossuficiente ou contrária à
norma positiva. Em verdade, o artigo 1ºda Constituição Federal permeia como princípios
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fundamentais à implementação da ordem social democrática, a cidadania, a dignidade da
pessoa humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa. O parágrafo único do
mesmo artigo expõe:
“Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos
ou directamente, nos termos desta Constituição”. (Constituição Federal,
artigo 1º).
Desta forma, o Juiz trabalhista que dá ênfase ao valor social do trabalho e à dignidade da
pessoa humana está resguardando a segurança do direito e decidindo consoante a aspiração da
norma e não ao texto literal da lei. Nesse sentido, quando o julgador está a serviço do cidadão
– já que todo poder emana do povo –, personifica-se em um dos três poderes do Estado e
passa a ser instrumento de realização da vontade deste povo, proferindo decisões que visam
antes de tudo, restringir ou diminuir desigualdades económicas e sociais (RODRIGUES,
2006).
Segundo Rodrigues (2006), durante o conflito armado foi desenvolvido pela Frelimo, nas
zonas conquistadas nos anos de guerra colonial, um trabalho que, em 1978, resultou na
aprovação da Lei Orgânica dos Tribunais Populares, que criou os tribunais populares em
diferentes escalões territoriais. No topo da hierarquia estava o Tribunal Popular Supremo,
seguindo-se-lhe os Tribunais Populares Provinciais, Tribunais Populares Distritais enquanto,
na base ou 1.ª instância, estariam os Tribunais Populares de Bairro. No exercício judicial
participavam juízes profissionais e juízes eleitos. Os juízes eleitos são pessoas idóneas, eleitos
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pelas assembleias populares e exercendo funções verdadeiramente jurisdicionais, em
processos relativos a litígios penais, em que analisavam tanto a matéria de facto como a de
direito.
Ao abrir a justiça aos cidadãos, o efeito provocado foi justamente o inverso do pretendido
posto que o direito costumeiro subsistiu, visto este interligar-se com os princípios
fundamentais mencionados na Constituição. Logo, nem sempre era utilizado somente o direito
do Estado mas, também, o direito costumeiro para a resolução dos conflitos. Um dos
exemplos marcantes era a discriminação das mulheres, apesar da CRM1975 prever, no seu
artigo 26, a igualdade de direitos e deveres de todos os moçambicanos (RODRIGUES, 2006).
Segundo AMM (2004), o sistema moçambicano inclui três categorias diferentes de tribunais:
judiciais, administrativos e o Conselho Constitucional. Os tribunais judiciais (a principal
estrutura judiciária) compreendem o Tribunal Supremo juntamente com os tribunais
provinciais e distritais; o Tribunal Administrativo é, no momento, uma jurisdição
especializada que opera apenas em Maputo, sem representação ao nível regional ou local; e o
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Conselho Constitucional (que apesar do seu título é também um tribunal) é uma jurisdição
especializada para matérias constitucionais e eleitorais. Para além destes tribunais, que
aplicam a lei formal, existem ainda tribunais comunitários e autoridades tradicionais e
religiosas (mecanismos tradicionais de resolução de conflitos). Embora a Constituição de
2004 reconheça os tribunais comunitários e também, pela primeira vez, a existência de um
pluralismo jurídico em Moçambique, os mecanismos tradicionais de resolução de conflitos
são ignorados.
O art. 223 da Constituição de 2004 estabelece uma sistematização que pode ser enganadora:
a) O Tribunal Supremo;
b) O Tribunal Administrativo;
c) Os tribunais judiciais.
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2.4.Acesso ao Direito e à justiça oficial em Moçambique
Para Araújo e José (2007), o acesso ao direito e à justiça é um direito fundamental, cuja
limitação põe em causa a democracia e o exercício pleno da cidadania. A concepção liberal de
que o Estado tem e deve ter o monopólio de produção e administração do direito tem vindo a
ser questionada, quer pela antropologia e pela sociologia do direito, quer pelas dificuldades
com que os tribunais judiciais se têm debatido no sentido de garantir o acesso à justiça dos/as
cidadão/ãs. Se é hoje consensual que o pluralismo jurídico não descreve apenas um tipo de
países, tendendo a estar presente em todas as sociedades, em Moçambique, a realidade é
particularmente interessante pela quantidade e diversidade de ordens normativas e de
instâncias de resolução de conflitos que actuam no terreno, bem como pelas complexas
interligações que se estabelecem entre as mesmas. Neste texto, centrando-me no contexto
desse país, procuro analisar o papel das instâncias comunitárias de resolução de conflitos, que
compõem uma paisagem jurídica plural, na promoção do acesso à justiça.
Agrego as instâncias de resolução de conflitos que pretendo estudar na categoria a que atribuo
a designação de justiças comunitárias, por assentarem em formas de regulação com origem na
comunidade e privilegiarem meios de resolução de conflitos diferentes dos que
tradicionalmente são propostos pelos tribunais judiciais. As instâncias comunitárias
apresentam, contudo, configurações diversas, podendo ou não ter algum vínculo com as
instituições estatais ou outras; recorrer a formas de actuação e a direitos altamente
diversificados; e ser mais ou menos permeáveis à influência do direito e dos mecanismos do
Estado. Uso, assim, um conceito e uma definição suficientemente amplos que permitam uma
chegada ao terreno mais livre de preconceitos e ajudem a dar conta de uma realidade móvel e
diversificada, tantas vezes não previsível. Não procuro passar uma imagem romântica das
instâncias comunitárias de resolução de conflitos. Considero, aliás, imperativo avaliar se
contribuem para uma justiça mais democrática, mais próxima dos cidadãos, ou, pelo
contrário, para a criação de uma justiça «de segunda», reprodutora das desigualdades sociais
(Araújo &José, 2007).
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3. Conclusão
Terminado o trabalho conclui que a relação entre o sistema judiciário e a sociedade, através
da imprensa ou da opinião pública, como os julgamentos envolvendo casos rumorosos, ou de
outra forma a presença dos administradores técnicos do direito como formadores de opinião.
Nesse sentido, a Sociologia do Direito procura estudar as propostas de mudança legal
recentes, como a diminuição da imputabilidade penal, o aumento das penas, a pena de morte,
a união civil de homossexuais, o aumento do poder discricionário da polícia, etc.
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4. Referencias Bibliográficas
REALE, M. (1994). Uma Nova Ética para o Juiz. São Paulo: Revista dos Tribunais
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