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Apresentação da Disciplina

Em tempos de fáceis teorias e ainda de um modelo inadequado de educação no


Brasil, faz-se necessário um espaço para uma nova matriz científica, que possa explorar as
possibilidades teóricas das diversas concepções e métodos de ensino.
Seguindo esse parâmetro, a proposta desta disciplina é fornecer ao aluno do
treinamento de Formação de Peritos e Assistentes Técnicos não apenas as noções
fundamentais sobre o fenômeno jurídico, como também possibilitar sua visão construtiva e
crítica do direito.
Assim, notamos a necessidade dos peritos judiciais e assistentes técnicos enquanto
responsáveis diretos por influenciar o poder judiciário em suas decisões e na resolução dos
conflitos sociais, compreender a sistemática do ordenamento jurídico vigente que refletirá
certamente em seu desempenho profissional.
Sob este aspecto, importante demonstrar os inúmeros ramos do Direito que tem
reflexo direto sobre as atividades de peritos e assistentes: Direito Tributário, Direito do
Trabalho, Direito Administrativo, Direito Ambiental, Direito Econômico, Direito do
Consumidor, Direito Penal, Direito Empresarial, Direito Civil, Direito Internacional além de
outros ramos cuja perícia também interfere diretamente como meio de prova.
Assim, a disciplina de Introdução do Direito tem o objetivo de fornecer ao aluno
uma visão global do Direito e a correlação entre Direito, o processo e a perícia como meio de
prova.
Nesse contexto, nos primeiros estudos de uma nova ciência, é comum ao aluno
sentir-se com dificuldades, em função dos novos métodos, conceitos e diante do próprio
sistema que até então desconhece.
Contudo, essas primeiras dificuldades, em especial com as novas terminologias,
devem ser superadas e enfrentadas para que o desenvolvimento do raciocínio jurídico possa
ser aplicado no campo da ciência de atuação do perito ou assistente e do Direito.
O objetivo geral deste treinamento jurídico para o curso de formação de peritos e
assistentes técnicos é contribuir com a formação dos alunos de forma a torná-lo capaz de
compreender o Estado, as Leis Instituídas, as Instituições, o Ordenamento Jurídico e seus
desdobramentos em nossa realidade.
Assim, o aluno alcançará aptidão cognitiva para resolução de casos práticos
utilizando-se do preparo teórico adquirido e segurança suficiente para o desempenho
profissional a partir da informação formação que absorveu ao longo do curso.

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SUMÁRIO

1. Introdução à Ciência Jurídica .................................................................................................. 4


1.1 Ordem jurídica, formação da sociedade e o novos direitos ....................................................... 4
1.2 Escolas do pensamento jurídico ................................................................................................ 7
1.2.1 Escola Jusnaturalista ............................................................................................................... 7
1.2.2 Escola positivista .................................................................................................................... 8
1.3 Concepcões da palavra direito ................................................................................................... 8
1.4 Interpretação e integração das normas jurídicas ........................................................................ 9
1.4.1 Interpretação das Normas Jurídicas ........................................................................................ 9
1.4.2 Integração das Normas Jurídicas .......................................................................................... 10
2. Direito Público e Privado ........................................................................................................ 11
2.1 Ramos do Direito Público ....................................................................................................... 12
2.1.1 Direito Constitucional e Administrativo............................................................................... 13
2.1.2 Direito econômico, financeiro e tributário ........................................................................... 14
2.1.3 Direito penal e processual..................................................................................................... 15
2.1.4 Direito da seguridade social ................................................................................................. 17
2.3 Ramos do direito privado ........................................................................................................ 17
2.3.1 Direito civil e comercial ....................................................................................................... 18
2.3.2 Direito trabalhista ................................................................................................................. 18
3. Direito Civil .............................................................................................................................. 19
3.2 Princípios Fundamentais do Código Civil ............................................................................... 20
3.3.1 Capacidade de direito e capacidade de exercício ................................................................. 22
3.2 As pessoas jurídicas de direito público e privado.................................................................... 23
4. Direito Constitucional ............................................................................................................. 25
4.1 Noções da teoria geral do Estado ............................................................................................ 26
4.1.1 Elementos Formadores do Estado ........................................................................................ 27
4.1.2 Formas de Estado ................................................................................................................. 29
4.1.3 Formas de Governo .............................................................................................................. 30
4.1.4 Sistemas de Governo ............................................................................................................ 30
4.2 Fundamentos da República Federativa do Brasil .................................................................... 31
4.3 Direitos e garantias fundamentais............................................................................................ 33

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Introdução ao Direito

1. Introdução à Ciência Jurídica

Conteúdo

 Ordem jurídica, formação da sociedade e o novos direitos


 Escolas do Pensamento Jurídico
 Escola Jusnaturalista
 Escola positivista
 Concepcões da palavra “Direito”
 Interpretação e integração das normas jurídicas
 Interpretação das Normas Jurídicas
 Integração das Normas Jurídicas

Objetivos

Após estudar este tema o aluno deverá ser capaz de:


a. Relacionar o conceito de Sociedade à necessidade da existência do Direito;
b. Discorrer sobre as mais importantes Escolas do Pensamento Jurídico;
c. Identificar as diferentes concepções da palavra Direito;
d. Compreender quais os métodos e interpretação e integração das normas jurídicas.

Introdução

Este primeiro capítulo, intitulado “Introdução à Ciência Jurídica” terá uma missão
fundamental: romper todos os preconceitos daqueles que pensam que estudar Direito é
sinônimo de compreender um emaranhado de leis, ter que livros e códigos intermináveis.
Definitivamente, não!
A idéia principal é mostrar neste capítulo – e também nos demais – que o Direito é
uma ciência que, quer você goste ou não, é imprescindível que você conheça, pois ninguém
pode se dissociar ou se eximir de respeitar as leis e as regras do nosso país.
Embora este seja um dos capítulos mais teóricos dessa disciplina (Introdução ao
Direito) não deixe buscar em cada um dos conceitos apresentados algum raciocínio prático
que possa ajudar você, a compreender melhor a sociedade em que vivemos.

1.1 Ordem jurídica, formação da sociedade e o novos direitos

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O Direito é o regulador das relações humanas no interior da sociedade, defendendo a
própria forma em que esta sociedade está constituída e permitindo que cada cidadão busque
exatamente aquilo que é seu.
Há, inclusive, uma expressão em latim muito conhecida no meio jurídico, “Ubi
societas, ibi Jus”, que significa “onde há sociedade, há o direito”. Isso está plenamente
correto!
A vida do homem em sociedade só é possível por conta de existirem regras, leis que
disciplinam os atos humanos. Não fossem as leis, viveríamos na mais completa barbárie!
Além disso, o Direito vem sempre consolidar, por suas normas, as instituições
criadas pelo homem e vigentes em dado momento histórico. As instituições mudam, evoluem.
Cabe ao Direito fixá-las, para que a sociedade se sinta segura, para que as regras sociais, uma
vez estabelecidas, sejam seguidas, sem sustos para os cidadãos em suas relações.
Desta forma, o Direito assume uma função verdadeiramente social, pois, embora as
ideologias variem e a sociedade se transforme, ele perdura consolidando normas e protegendo
interesses estabelecidos.
Mas quais interesses da sociedade são atendidos pelo Direito?

- Pacificação dos conflitos;


INTERESSES - Permitir que as pessoas tenham o que é seu de direito;
SOCIAIS - Reparar injustiças;
- Diminuição da criminalidade e de práticas ilícitas;
- Lutar pelos direitos garantidos e não efetivados.

O DIREITO tem por objetivo fundamental


atender aos interesses da SOCIEDADE, a exemplo
de alguns deles que foram acima listados.

Fonte: SOUZA, E. E. de. Administração. Ribeirão Preto: Editora COC, 2009.

Com as mudanças históricas que ocorrem na sociedade com o passar do tempo, o


Direito acaba demonstrando todo o seu caráter dinâmico e inovador, já que ele também se
renova, acatando novas diretrizes para satisfazer as atuais necessidades sociais e,
consequentemente, permitindo o surgimento de novos ramos de sua ciência.
Este é o caso dos chamados “Novos Direitos”, como os Direitos Difusos, Direitos
Coletivos, Direitos Sociais e Direitos Humanos.
Os Direitos Difusos são aqueles que, sendo indivisíveis e indisponíveis, podem ser
usufruídos por um número indeterminável de pessoas, por recaírem sobre bens de toda a
coletividade, como por exemplo o meio ambiente, o patrimônio cultural, etc.
Nessa categoria, os sujeitos tem um médio nível de organização, todos ligados a uma
relação-base. Esse vínculo tem carga nitidamente social e política, que de certa forma
“politiza” o próprio Direito, o mesmo que a razão liberal tenta “despolitizar”, abstrair.
Já os Direitos Coletivos são compostos por interesses comuns a uma coletividade e
pessoas e a elas somente, quando exista um vínculo jurídico entre os componentes do grupo,
como por exemplo: a sociedade mercantil, a família, os entes profissionais, o sindicato. São,
assim, interesses comuns, nascidos em função de uma relação base que une os membros das
respectivas comunidades e que, não se confundindo com interesses estritamente individuais
de cada sujeito, merece sua identificação própria.

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No âmbito dos Direitos Difusos põe-se em destaque hoje a questão ambiental, pois
que ela envolve o trato jurídico as próprias condições básicas da vida sobre a Terra. O direito
ambiental, pois, liga-se intimamente ao direito à vida. A realização plena do direito de viver
implica que seja assegurado a toda pessoa efetivamente dispor dos meios apropriados de
subsistência e de um padrão de vida decente.

IMPORTANTE!
O direito a um ambiente sadio salvaguarda a vida
humana, tanto sob o aspecto da existência física e saúde
quanto em termos da dignidade desta existência, ou seja,
a qualidade de vida. Por isso, o meio ambiente constitui
atualmente um patrimônio do povo. Em sua abrangência,
o direito ambiental transcende as fronteiras de qualquer
país, pois os problemas relativos à camada de ozônio, à
poluição marítima, às grandes florestas etc., dizem
respeito não somente a um povo, mas aos povos do
mundo todo.
Fonte: SOUZA, E. E. de. Administração. Ribeirão Preto: COC, 2009.

O termo singular Direito Social pode ser definido como sendo o conjunto de normas
que disciplinam o organismo social com o objetivo de obter o equilíbrio da vida em
sociedade. É, portanto, aquele direito que brota de modo espontâneo no grupo social, como
por exemplo, as normas consuetudinárias. Em sentido mais estrito ou específico, pode ser
considerado aquele direito que rege as relações trabalhistas, resolvendo a questão social ao
procurar restabelecer o equilíbrio social através da proteção do trabalhador e de seus
dependentes. São direitos típicos do século XX, da globalização, dos conflitos de massa.
Exemplos de Direitos Sociais são os que abrangem os direitos do trabalho,
incluindo: o próprio direito ao trabalho, o direito a uma remuneração justa, o direito de
sindicalização, o direito ao repouso e ao lazer, o direito ao bem estar e à previdência social
(que se desdobra em direito à seguridade social). Outros exemplos de Direitos Sociais são: os
direitos especiais da infância e maternidade, o direito à educação e cultura, os direitos
relativos á família (direitos à proteção do Estado, direito ao casamento, direito de orientar a
educação dos filhos), os direitos em relação ao próprio Estado (direito de participar do
governo, direito de voto, etc.).
O termo Direitos Humanos pode ser definido como sendo o conjunto de normas
substantivas contidas na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (lavrada na França,
em 1789) e na Declaração Universal dos Direitos do Homem (Carta das Nações Unidas de
1948, em que o Brasil é um dos signatários) e não nas normas constitucionais, arrolando os
direitos elementares à dignidade humana, sejam eles civis, políticos, econômicos, sociais ou
culturais, aplicáveis aos homens individualmente ou como membros da sociedade. Tais
normas constitucionais restringem o poder estatal por constituírem uma limitação ao
Legislativo, Executivo e Judiciário que devem, por sua vez, respeitar os direitos humanos.
Mais adiante voltaremos a falar sobre isso.
Em resumo: Pode-se observar que todos estes Direitos (Difusos, Coletivos, Sociais e
Humanos) marcam uma nova perspectiva à própria Ciência do Direito, em termos de uma
superação do caráter individualista das ações jurídicas (o julgamento de questões em essência
individuais) pela valorização do social, do coletivo, da cidadania participativa. Esta orientação
evidencia uma tendência democrática no campo da justiça, pois possibilita um envolvimento
mais efetivo das populações na gestão dos problemas coletivos, além do que, segundo o texto

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constitucional, o Estado já não pode ser omisso ante os problemas conexos aos direitos
econômicos, sociais e culturais – diferentemente do que acontecia no sistema jurídico
tradicional.

Para Guardar:

DIREITOS DIFUSOS DIREITOS COLETIVOS DIREITOS SOCIAIS DIREITOS HUMANOS

Fonte: SOUZA, E. E. de. Administração. Ribeirão Preto: COC, 2009.

1.2 Escolas do pensamento jurídico

Ao longo dos anos, a evolução do pensamento jurídico foi acompanhada pelo


surgimento de diversas Escolas de pensadores que buscaram, cada qual ao seu modo, explicar
o porquê do Direito, ou seja, de onde nasce e para onde evolui o Direito.
Evidentemente que são inúmeras as Escolas do Pensamento Jurídico, de modo que
não há interesse aqui de que seja feita uma abordagem de todas elas. Trataremos das duas
principais Escolas: A Escola do Direito Natural ou Naturalista e a Escola do Direito Positivo
ou Positivista.

1.2.1 Escola Jusnaturalista

A Escola Naturalista prega a força do chamado Direito Natural que é considerado o


conjunto de valores contidos no íntimo da natureza humana. É aquilo que corresponde ao
sentimento de justiça da comunidade (independe da vontade humana). Ou seja, o Direito
Natural existe antes mesmo da própria lei, decorrendo dos valores de Justiça da cada ser
humano.
Não há dúvida de que o direito natural foi fator essencial ao progresso das
instituições jurídicas da velha Roma. Já na Idade Média – amplamente dominada pela Igreja –
prevaleceu a idéia de que os princípios componentes do direito natural eram frutos da
inteligência divina.
O surgimento da modernidade permitiu que os documentos históricos e religiosos
fossem interpretados sob uma outra ótica: a racionalidade. Abandona-se a idéia de que os
fundamentos do direito natural decorriam da natureza das coisas e da vontade Deus,
passando-se a aceitar a idéia de que o direito natural é fruto da razão humana. Na realidade os
princípios que constituem o direito natural formam a concepção do que seja, segundo a razão
humana, o justo por natureza. Aliás, o homem, por natureza, é um ser justo. Há exceções, é
claro, mas, como regra, a idéia de justiça é inerente ao homem.

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Atualmente, o direito natural deve ser aceito, senão na plenitude de suas idéias e
postulados, ao menos como instrumento complementar do direito positivo para que, juntos,
possam dar coerência ao ordenamento jurídico vigente.

1.2.2 Escola positivista

Em contraposição à idéia de que o Direito decorre de um conjunto de valores


inerentes ao próprio homem, surge a Escola Positivista com o intuito de firmar a tese de que o
Direito não é outra coisa senão a expressão clara da Lei.
Vale dizer que o termo Lei surge aqui para designar as normas de conduta legisladas
ou provenientes do costume, que disciplinam as relações humanas. Nesse aspecto percebe-se
que o conceito de direito positivo é bastante amplo, pois alcança não só o direito em vigor,
como o que está fora de vigência, direito histórico, direito costumeiro.

IMPORTANTE!

O positivismo jurídico (...) exalta o valor segurança,


enquanto o jusnaturalismo não se revela tão inflexível
quanto a este valor, por se achar demais comprometido
com os ideais de justiça e envolvido com as aspirações
dos direitos humanos (NADER, 2008).

Em resumo: O direito positivo tem por base o ordenamento jurídico, as leis de modo
geral. Trata-se de uma tentativa de se transformar o estudo do direito numa verdadeira ciência
que viesse a ter as mesmas características das ciências físico-matemáticas, naturais e sociais.
Ou seja, para a solução de um determinado caso concreto, basta procurar a lei que exatamente
se encaixa para a resolução daquele conflito.

A atual fase de desenvolvimento do Direito é chamada de Pós-


positivista: uma superação da Escola Positivista do Direito. Trata-se do
reconhecimento de que o Direito não é – e nunca será! – uma ciência
matemática, pois a idéia de Justiça está amplamente impregnada de fatores
sociais, peculiares de cada caso concreto, e que impossibilita o tratamento do
Direito como sendo uma ciência exata. O Direito passa, nesta nova fase, a ser
interpretado à luz dos princípios – de força normativa reconhecida – e que
contribuem para dar maior coerência ao ordenamento jurídico.
F
Fonte: SOUZA, E. E. de. Administração. Ribeirão Preto: COC, 2009.

1.3 Concepções da palavra direito

Antes de pensarmos nas concepções do Direito é preciso compreender a origem do


vocábulo “Direito”. Para tanto devemos nos valer de duas correntes distintas que tentam
justificar a utilização do vocábulo “Direito”, vejamos:

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 Directum ou Rectum: Para alguns a palavra “Direito” seria originária do termo
latino directum ou rectum que significam aquilo que é reto, aquilo que é conforme
uma régua.

 Jus: Para outros, porém, o vocábulo “Direito” seria originário do termo latino jus
que significa simplesmente “direito”. Assim, outras palavras ligadas ao termo jus
como jussum ou justum, estariam ligadas à idéia de Direito, pois significam,
respectivamente, “mandar, ordenar” e “o que é conforme a justiça”.

Deixando um pouco de lado a discussão quanto à origem do vocábulo “Direito”, a


doutrina se dedica a traçar as inúmeras Concepções do Direito, a saber: Direito como ciência,
Direito como justo, Direito como norma, Direito como faculdade e Direito como fato social.
A seguir analisaremos rapidamente cada uma delas.

a. Direito como ciência: Prega a afirmação do Direito como um ramo do


conhecimento científico.
b. Direito como justo: O Direito seria fruto de um conjunto de valores que permitem
equacionar os conflitos. O Direito seria exigência da Justiça.
c. Direito como norma: Decorre do direito positivo (normas elaboradas, leis) e
também das normas do direito natural (valores e princípios anteriores à própria
lei). É também conhecida como Direito Objetivo.
d. Direito como faculdade: O Direito decorreria da prerrogativa ou faculdade de
agir de cada um. É também conhecida como Direito Subjetivo.
e. Direito como fato social: O Direito seria um aspecto, um setor da vida social.

1.4 Interpretação e integração das normas jurídicas

Nós estudamos até agora o que é o Direito, quais Escolas tentaram explicar o
fenômeno jurídico, além de analisarmos as principais concepções da palavra Direito. Resta
agora, para fecharmos este primeiro capítulo, compreendermos dois processos
importantíssimos: a interpretação das normas jurídicas (estabelecendo a sua forma de
aplicação) e a integração das normas jurídicas (que visa a preencher as lacunas do
ordenamento jurídico).

1.4.1 Interpretação das Normas Jurídicas

A interpretação das normas jurídicas, para que possa ser corretamente compreendida,
deve ser vista como uma verdadeira arte: a arte de extrair da norma a vontade expressada pelo
legislador quando da sua elaboração. Trata-se de um processo interpretativo permanente, por
meio do qual os operadores do Direito constroem e reconstroem o direito e a realidade. Esse
processo de interpretação do Direito é também chamado de Hermenêutica Jurídica.

IMPORTANTE!
A hermenêutica jurídica tem por objeto o estudo e a
sistematização dos processos aplicáveis para determinar
o sentido e o alcance das expressões do direito. A
hermenêutica é a teoria científica da arte de interpretar
(MAXIMILIANO, 2006).

Fonte: SOUZA, E. E. de. Administração. Ribeirão Preto: COC, 2009.

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O processo de edição da norma é um momento de criação do direito. A hermenêutica
representa um outro momento. Etimologicamente é um vocábulo derivado do grego
hermeneuein, comumente tida como filosofia da interpretação.
A atividade do hermeneuta é, assim, construtiva, e não meramente interpretativa; a
idéia de ir conhecendo um trabalho que ainda se constrói.
Vale salientar ainda que um erro muito comum seja falar-se em interpretação e
integração do Direito, quando, na realidade, o que se interpreta e se aplica é a Lei!
Para tanto, utilizamo-nos dos métodos de aplicação do Direito para definir qual a lei
(regra) aplicável no caso concreto. Os critérios são:
a) temporalidade: a lei mais nova prefere à mais antiga;
b) especialidade: a lei especial prefere à mais geral;
c) hierarquia das leis: baseia-se no sistema pela qual uma lei busca seu fundamento
de validade em outra norma superior.

1.4.2 Integração das Normas Jurídicas

O processo de integração das normas jurídicas está relacionado à idéia de que é


impossível que o legislador preveja, por mais cauteloso que ele seja, todos os fatos e
acontecimentos da vida real que devem merecer proteção do Direito.
É possível que ao tentar solucionar determinado caso, o juiz não encontre no
ordenamento jurídico lei específica que possibilite por fim ao conflito. Neste caso, deverá o
magistrado se valer dos meios de integração da norma jurídica, quais sejam: a analogia
(utilização de uma norma para resolver um caso semelhante àquele para o qual foi
especificamente criada), o costume (são as regras sociais resultantes de uma prática reiterada
e prolongada, o que acarreta numa certa convicção de obrigatoriedade, conforme cada cultura
específica ou sociedade), os princípios gerais do direito (são regras oriundas da lógica
natural das coisas e do ser humano e que acabam por orientar a compreensão do sistema
jurídico, auxiliando o juiz no momento de decidir determinado caso concreto) e a equidade (é
o processo por meio do qual o intérprete/juiz pode solucionar o caso utilizando-se de seus
valores de Justiça).

Conclusões

Chegamos ao final do primeiro capítulo da disciplina Introdução ao Direito. Com ele


você pode entender um pouco melhor o fenômeno do surgimento do Direito, as principais
Escolas que se propuseram a explicar o pensamento jurídico, bem como a atual tendência
domina a ciência do direito.
Na sequência, traçamos as inúmeras concepções do Direito, o que permitiu que vocês
compreendessem que o surgimento Direito pode encontrar explicação e fundamento em
situações distintas (como ciência, como justo, como norma, como faculdade e como fato
social).
Por fim, apresentamos os processos de interpretação e integração das normas
jurídicas, processos com os quais o intérprete/juiz resolve os casos concretos e, assim,
promove a paz social.

Expansão de Conhecimentos

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Os temas relatados neste capítulo podem ser estudados com mais propriedade na
obra de Introdução ao estudo do Direito, do autor Paulo Nader, 31 ed. São Paulo: Forense,
2009.

Exercícios

1. Discorra sobre os chamados “Novos Direitos”.

2. Estabeleça uma correlação entre as Escolas do Pensamento Jurídico e as


Concepções do Direito.

3. Explique o que vem a ser hermenêutica jurídica.

Introdução ao Direito
2. Direito Público e Privado

Conteúdo
 Ramos do Direito Público
 Direito Constitucional e Administrativo
 Direito econômico, financeiro e tributário
 Direito penal e processual
 Direito da seguridade social
 Ramos do direito privado
 Direito civil e empresarial
 Direito trabalhista

Objetivos

Após estudar este tema o aluno deverá ser capaz de:


e. Compreensão a distinção entre o direito público e privado;
f. Discorrer de forma específica sobre cada ramo do direito.

Introdução

A partir da compreensão do direito como um conjunto de normas que disciplinará as


relações sociais em um determinado grupo, parte-se para a divisão do próprio direito. Existem
várias formas de se classificar o direito, contudo adotaremos aqui a mais simples delas, ou
seja, a divisão do direito em dois grandes grupos: o direito público e o direito privado.
Nesse contexto, são de direito público aquelas normas e atuações onde o Estado ou
entidades públicas se encontram presentes como tais, ou seja, exercendo seu poder.Do mesmo
modo, as normas de direito público podem regular ações dentro de um mesmo país, ou as
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relações do país com indivíduos. Assim, o que caracteriza essas normas é a especial presença
do poder estatal.
Por outro lado, o direito privado representa as normas que regulam as relações entre
pessoas. Nesse sentido, são de direito privado as ações em que o estado atua como particular,
sem usar sua condição de poder.
Importante ressaltar ainda, essa divisão se justifica por existirem diferentes níveis de
relação jurídica entre os cidadãos, entre si e entre esses e o Estado.
O autor Hely Lopes Meirelles1 retrata que o Direito Público pode ser dividido em
Interno e Externo. O Direito Público Interno tem como objeto a regulação dos interesses
estatais e sociais. O Direito Público Externo, por sua vez, tem como objetivo reger as relações
entre os Estados soberanos e as atividades individuais internacionalmente.
Em suma, as relações de direito privado podem ser compreendidas como uma
relação que ocorre no sentido horizontal. Já no direito público, encontramos a verticalidade
nas relações jurídicas, porquanto, o Poder Público encontra-se em uma posição de
superioridade frente aos particulares em função da manutenção do interesse público ou do
bem comum.
Por fim, a busca pela compreensão da natureza dos principais ramos do direito, o
direito público e privado, deve ser pautada na verificação da preponderância dos interesses em
questão. Assim, predominando-se os interesses particulares, tem-se o direito privado.
Todavia, na predominância dos interesses que afetariam toda a coletividade, teríamos o direito
público.
Veremos a seguir a idéia central de cada ramo do direito.

2.1 Ramos do Direito Público

Conforme já estudado, o direito Nacional pode ser dividido em Público e Privado. O


primeiro retrata uma organização do Estado, regidas por normas de ordem pública, ou seja,
normas que não podem ser alteradas pela simples vontade das partes. Temos, por exemplo,
que obrigação de pagar determinado tributo é considerada norma de ordem pública.
Veremos que o Direito Público pode ser dividido da seguinte forma: Direito
Constitucional, Administrativo, Econômico, Financeiro, Tributário, Da Seguridade Social e
Processual (Trabalhista, Civil, Penal).
Estudaremos a seguir cada um desses ramos do direito modo mais aprofundado.
Os ramos do Direito Público podem ser assim representados:

1
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 24. ed. São Paulo: Malheiros, 1999. p. 31-2.

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constitucional

econômico e
administrativo
financeiro

DIREITO
PÚBLICO
penal tributário

Seguridade
processual
social

Fonte: SOUZA, E. E. de. Administração. Ribeirão Preto: Editora COC, 2009.

2.1.1 Direito Constitucional e Administrativo

O direito constitucional pode ser compreendido como um ramo do direito público


que estuda as regras estruturais do Estado, relativas à organização político-estatal, definindo o
regime político, a forma de Estado e delimitando a relação do Estado e o povo por meio do
reconhecimento de garantias e direitos fundamentais.
Vale lembrar, o direito constitucional é a esfera da ordenação estatal que se relaciona
intimamente com os demais ramos do direito, coordenando-os e traçando sua base estrutural.
Da mesma forma, o direito constitucional é considerado o marco inicial de todo direito do
Estado.
Já a expressão Constituição possui vários sentidos. Assim, em sentido lógico-
jurídico, segundo o autor Hans kelsen, a Constituição é a norma hipotética fundamental. Essa
concepção jurídica positiva é o conjunto de normas que regulam a criação de outras normas,
ou seja, é a lei em seu mais alto grau2.
O Estado é o principal objeto do direito constitucional. A noção jurídica de Estado
apoia-se em quatro elementos básicos: território, povo, governo e soberania. Contudo,
estudaremos de forma mais detalhada, tendo-se em vista a importância do tema, no último
capítulo.
O direito administrativo, por sua vez, mantém relações concretas com o direito
constitucional, pois atua junto aos agentes, os órgãos e as pessoas jurídicas administrativas,
que de alguma forma atuam ou fazem parte da administração pública, e ainda às atividades de
natureza pública referentes à atuação do Estado.
Nesse sentido, o conceito que permanece no tempo sobre direito administrativo e
que embasou as demais obras doutrinárias brasileiras, é do autor Hely Lopes Meirelles.
Segundo o autor, o direito administrativo “sintetiza-se no conjunto harmônico de princípios
jurídicos que regem as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direita e
imediatamente os fins desejados pelo Estado3”.
Note que a esse ramo do direito público cumpre a função de atuar nas formas de
relacionamento entre os particulares e a administração pública. Por consequência, o Estado

2
KELSEN, Hans, Teoria Pura do Direito, tradução de João Baptista Machado, 2ª ed. Coimbra: Armênio
Amado Editora, 1962, v. 1. p. 2, 7.
3
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 16ª ed. Revista dos Tribunais, 1991, p. 24.

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tem a finalidade de promover o bem-estar da coletividade, e para alcançar seu objetivo, deve
apresentar uma estrutura bem definida de poder, cuja função cabe ao Direito Constitucional.
A idéia central do direito administrativo se observa na prestação do serviço público,
ou seja, na atividade estatal dirigida à satisfação das necessidades coletivas de ordem
fundamental como o abastecimento de água, o transporte, a energia elétrica4, etc.
Cabe ressaltar ainda, não há um código específico de direito administrativo, o que se
verifica além das normas estampadas na Constituição Federal, são legislações esparsas e
códigos como o de água, pesca, caça, florestal, minas etc.

2.1.2 Direito econômico, financeiro e tributário

Esses três ramos do direito foram agrupados num mesmo tópico com finalidade de
informar ao leitor que embora possuam pontos semelhantes, são ramos autônomos do direito e
como tal devem ser estudados.
Começaremos com o direito econômico.
A ordem econômica é fundada na valorização do trabalho humano e na livre
iniciativa. A expressão “ordem econômica” deve ser compreendida em função da substituição
da economia liberal pela economia intervencionista.
Nesse contexto, o direito econômico é considerado um ramo do direito público que
estuda o conjunto de regras, princípios e instituições que visam à intervenção do Estado no
domínio econômico. Referida intervenção tem, por sua vez, a finalidade de regular o mercado
de forma direta ou indireta. A primeira ocorre, por exemplo, quando o Estado se utiliza de
sociedades de economia mista e das empresas públicas para realização de seus fins. Já a
intervenção indireta pode ser notada quando o Estado apoia a atividade econômica dos
particulares.
Inserido no estudo do direito econômico, a Constituição Federal traz em seu artigo
192, as diretrizes do Sistema Financeiro Nacional, senão vejamos: “O sistema financeiro
nacional, estruturado de forma a promover o desenvolvimento equilibrado do País e a servir
aos interesses da coletividade, em todas as partes que o compõem, abrangendo as cooperativas
de crédito, será regulado por leis complementares...”.
Prosseguindo nesse contexto, veremos que é constituído Sistema Financeiro
Nacional do Conselho Monetário Nacional, do Banco Central do Brasil, do Banco do Brasil,
do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e das demais instituições financeiras
públicas e privadas. Além dessa divisão, a lei n. 4.595 de 31 de dezembro de 1964, também
nos traz algumas atribuições do Conselho Monetário Nacional: a) regular o valor intero da
moeda; b) adaptar o volume dos meios de pagamento às necessidades da economia; c)
orientar a aplicação de recursos das instituições financeiras públicas e privadas entre outras.
Por outro lado, é importante citar também o papel do Banco Central do Brasil, que é
considerado uma autarquia federal e tem dentre outras, as seguintes finalidades: a) emitir
papel moeda e metálica; b) receber os recolhimentos compulsórios e voluntários das
instituições financeiras; c) efetuar empréstimos às instituições financeiras bancárias.
Por fim, o estudo das políticas urbanas, agrárias e fundiárias também ingressa no
campo de estudo do direito econômico.
Passamos nesse momento para o estudo do direito financeiro.
Veremos que as despesas públicas, a receita pública, o crédito público e orçamento
público são alguns dos objetos de estudo do direito financeiro.
O Direito Financeiro é um ramo autônomo da ciência do direito, conforme se
verifica no inciso I, do artigo 24 da Constituição Federal, e é representado por um conjunto de

4
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 16ª ed. Revista dos Tribunais, 1991, p. 24.

14
princípios e regras que buscam regular a atividade financeira do Estado. Entre as atividades
que o Estado desenvolve, tutelando necessidades públicas, algumas são essenciais (segurança
pública, prestação jurídica, etc.) outras complementares, protegendo outros itens
(secundários), exercidas através de concessionárias.
A finalidade da atividade financeira é a realização dos serviços públicos e o
atendimento das necessidades públicas, ou seja, as necessidades coletivas encampadas pelo
poder político, inseridas no ordenamento jurídico. Logo, a atividade financeira encontra-se
pautada em três necessidades públicas principais: prestação de serviço, exercício do poder de
polícia e intervenção econômica.
Outros temas como a lei de responsabilidade fiscal (lei complementar n. 101 de 04
de maio de 2000) e os precatórios são analisados pelo direito financeiro.
Certamente você já ouviu falar em precatório5, mas por vezes não sabe conceituá-lo.
Assim, precatório nada mais é do que uma requisição feita pelo juiz da execução ao
presidente do tribunal, para saldar débito a que foi condenada. Em suma, precatório é o
documento em que se pede alguma coisa.
O último ramo do direito deste item é o direito tributário, que pode ser considerado
como um conjunto de princípios e regras que regem o poder fiscal do Estado, representado
pela instituição, arrecadação e fiscalização de tributos devidos pelos indivíduos ao governo.
A doutrina jurídica tributária é rica nos conceitos de tributo, contudo, cabe aqui
trazermos a definição da lei, regulamentada no art. 3ºdo Código Tributário Nacional, senão
vejamos: “Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se
possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante
atividade administrativa plenamente vinculada”.
Explicando melhor, tributo é “toda prestação pecuniária compulsória”, ou seja,
obrigatória, imposta pelo Estado no uso de seu poder de império. Deve ser cobrado em
“moeda ou cujo valor nela se possa exprimir”, logo o pagamento do tributo não poderá ser em
bens, por exemplo. Ainda, para se configurar o tributo, tal cobrança não poderá representar
sanção a ato ilícito, ou seja, tributo não é multa e multa não é tributo. Ainda, o tributo só
poderá ser criado por lei ou ato normativo com força equivalente (medida provisória).
E por fim, a autoridade tributária não pode analisar se aconselhável ou conveniente
cobrar determinado tributo, porquanto a cobrança deverá ser feita de forma vinculada, sem
margem de discricionariedade do administrador, fiscal, auditor ou procurador.
Note-se ainda, que tributo é o gênero dos quais são espécies os impostos, as taxas, as
contribuições de melhoria. Há autores nacionais que entendem que os empréstimos
compulsórios e as contribuições de melhorias embora integrantes da categoria taxas e
impostos, também se enquadram como espécies do gênero tributo.

2.1.3 Direito penal e processual

O Direito Penal é o ramo do direito público que regula o poder punitivo do Estado,
bem como as normas jurídicas que ligam o crime à pena, disciplinando as relações jurídicas
daí resultantes.
O princípio base do Direito Penal chamado de Reserva Legal é retratado o artigo 5º,
inciso XXXIX, da Constituição Federal, “não há crime sem lei anterior que o defina, nem
pena sem prévia cominação legal”. Outros princípios nos informam que a lei penal é

5
PINTO, Sérgio Pinto. Instituições de direito público e privado. 9ª ed. São Paulo: Atlas. 2009. p.145.

15
irretroativa, contudo poderá retroagir para beneficiar o réu. Tal princípio assegura que
ninguém seja punido por fato atípico. Típico é o fato que se molda a conduta descrita na lei
penal. Daí decorre que o conjunto de normas penais incriminadoras é taxativo e não
exemplificativo.
Outro ponto estudado pelo Direito Penal refere-se ao crime consumado e tentado. De
forma bem simples, é consumado o crime quando estão presentes todos os elementos de sua
definição legal (O criminoso passa pelas seguintes etapas cogitação, preparação, execução e
consumação). Por outro lado, o crime é tentado quando o agente percorre toda a trajetória do
crime até a execução, e, uma vez iniciada a execução, não se consuma o resultado típico
(crime) "por razões alheias à vontade do agente", ou seja, não ocorre o resultado.
Ainda, a infração penal pode ser praticada por dolosa, ou seja, o agente pratica a
conduta buscando alcançar o resultado criminoso, há intenção criminosa. Pode, entretanto, o
indivíduo praticar uma conduta culposa, ou sem intenção do resultado criminosa. A culpa
pode decorrer de ato imprudente (é um ato positivo, há uma ação do agente, como por
exemplo, dirigir um veículo com excesso de velocidade), negligente (nesta modalidade de
culpa existe uma omissão, deixar de fazer algo, como não utilizar o cinto de segurança ou não
dar manutenção nos freios do veículo) e fruto de imperícia (a imperícia se verifica em alguém
que está autorizado a praticar o ato determinado, contudo não de forma específica pois não é
perito. É o caso do médico clínico geral que resolve realizar uma cirurgia plástica e causa
lesões no paciente).
Vale dizer também, aplica-se ao Direito Penal o princípio da intervenção mínima,
que orienta e limita o poder incriminador do Estado, preconizando que a criminalização de
uma conduta só se legitima se constituir meio necessário para a proteção de determinado bem
jurídico. Logo, se para o restabelecimento da ordem jurídica violada forem suficientes
medidas civis ou administrativas, são estas que devem ser empregadas e não as penais. Por
essa razão, diz-se ser o Direito Penal a “ultima ratio”, isto é, deve atuar somente quando os
demais ramos do direito revelarem-se ineficazes ou incapazes de dar a tutela devida a bens
relevantes do indivíduo e da própria sociedade.
Por fim, o direito processual é o ramo do direito público que regula as atividades do
poder judiciário e das partes em conflito no decorrer do processo judicial. Pode ser dividido
em Direito Processual Civil, Processual Penal, Processual do Trabalho e Processual Militar.
Em suma, dentre as várias formas de soluções dos conflitos, o processo se apresenta
como um instrumento para a resolução imparcial dos conflitos que se verificam na vida social,
composto, por três sujeitos: o autor e o réu nos pólos contrastantes da relação processual,
como sujeitos parciais; e, como sujeito imparcial, o juiz representando o interesse coletivo
orientado para a justa resolução do litígio. No entanto, não se esgotou o rol de sujeitos
processuais: órgãos auxiliares da justiça, intervenção de terceiros, advogado.
O juiz é considerado sujeito imparcial do processo, investido de autoridade para
dirimir a lide (conflito). Como a jurisdição é função estatal, não pode o juiz eximir-se de atuar
no processo. Desse modo, com o objetivo de dar ao juiz condições para o exercício de suas
funções, lhe são atribuídos alguns poderes: a) administrativos: ou de polícia para assegurar a
ordem e o decoro e b) jurisdicionais, que se desenvolvem no próprio processo, subdividindo-
se em poderes meios (ordinatórios, ou simples andamento processual, e os instrutórios, que se
referem à formação do convencimento do juiz) e poderes fins (que compreendem os
decisórios e os de execução).
Assim, inserido na Organização judiciária brasileira verificamos que são órgãos do
Poder Judiciário:

a) Supremo Tribunal Federal


b) Superior Tribunal de Justiça

16
c) Tribunal Superior do Trabalho, os tribunais e juízes do trabalho;
d) Tribunais Regionais Federais e juízes federais
e) Tribunais e juízes eleitorais
f) Tribunais e juízes militares
g) Tribunais e juízes dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios

Ademais, todos os poderes de que dispõe o juiz revestem-se da forma de poderes-


deveres, porquanto lhe são conferidos para a defesa de interesses do próprio Estado, como um
instrumento de prestação de serviço aos litigantes.

2.1.4 Direito da seguridade social

O Direito da Seguridade Social representa o conjunto de princípios e normas tem por


objetivo estabelecer um sistema de garantias aos indivíduos contra atos que dificultem ou
impeçam o provimento de suas necessidade básicas, como direito à saúde, assistência social e
a previdência social.
A Seguridade Social, dessa forma, divide-se em três grandes áreas: Previdência
Social, Saúde e Assistência Social. A fruição das prestações da Previdência é condicionada ao
pagamento de contribuições sociais, requisito inexistente quanto à Saúde e à Assistência
Social, cujos benefícios e serviços podem ser gozados sem necessidade de qualquer
contribuição específica. Contudo, é indispensável que todo benefício ou serviço criado ou
ampliado nestas duas últimas áreas tenha a origem de seu financiamento já determinada, sob
pena de inconstitucionalidade.
Não há absolutamente qualquer exceção a este princípio: todo e qualquer benefício e
serviço da seguridade têm como requisito prévio para sua instituição e ampliação a
determinação de sua fonte de custeio. A diferença é que a Previdência adota regime
essencialmente contributivo, constituindo o recolhimento das contribuições sociais condição
indispensável para o acesso às prestações por ela ofertadas, enquanto que na Saúde e na
Assistência não há necessidade desta contribuição direta dos usuários, sendo o financiamento
realizado por meio de outros recursos, como as contribuições sociais.

2.3 Ramos do direito privado

As normas de ordem privada ou do direito privado, envolvem as relações entre


particulares, como por exemplo, normas contratuais oriundas da manifestação da vontade dos
interessados. Assim, o Direito Privado é o que diz respeito aos interesses dos cidadãos no
relacionamento recíproco e às normas contratuais utilizadas entre particulares, manifestando a
vontade das partes e vigorando como lei entre os contratantes.
Divide-se o Direito Privado em: Direito Civil, Comercial e do Trabalho.
Vale ressaltar, alguns autores consideram o Direito do Trabalho como pertencente à
categoria do Direito Público.
Logo, temos que a divisão clássica do Direito Privado pode ser representada da
seguinte forma:

17
civil

DIREITO
PRIVADO

Empresarial trabalhista

Fonte: SOUZA, E. E. de. Administração. Ribeirão Preto: Editora COC, 2009.

2.3.1 Direito civil e comercial

O direito civil é o ramo do direito privado que rege as relações entre os particulares,
disciplinando a vida das pessoas desde a concepção até a morte, regulamentando as relações
de família e patrimoniais no âmbito da sociedade. O código Civil vigente é dividido, por sua
vez, em duas partes, a parte geral e especial.
A parte geral do código civil, trata dos temas ligados às pessoas naturais, jurídicas,
do domicílio, dos bens e sua classificação, dos fatos e atos jurídicos, dos atos ilícitos, da
prescrição e decadência e por fim, dos meios prova.
Por outro lado, a parte especial do Código Civil em vigor divide-se em cinco livros:
o direito das obrigações, o direito de empresa, o direito das coisas ou reais, direito de família e
o direito das sucessões.
Outros temas relativos ao direito civil será analisado com mais profundidade no
capítulo seguinte.
Conforme estudamos acima, o Código Civil trouxe em sua parte especial um livro
específico chamado de Direito de Empresa, para regular as relações dos atos de comércio e as
indivíduos praticam profissionalmente tais atos. Os conceitos de empresa, empresário,
estabelecimento comercial, as modalidade de sociedades existentes no Brasil, os títulos de
crédito como o cheque, a duplicata e o instituto da falência e da recuperação de empresa são
alguns dos temas que esse ramo do direito estuda.

2.3.2 Direito trabalhista

O Direito do Trabalho é o ramo da ciência do direito que disciplina as normas, as


instituições jurídicas e os princípios que inerentes às relações de trabalho subordinado,
determinam os seus sujeitos e as organizações destinadas à proteção desse trabalho em sua
estrutura e atividade.
É importante dizer, que não é apenas o conjunto de leis, mas de normas jurídicas,
entre as quais os contratos coletivos, e não regula apenas as relações entre empregados e
empregadores num contrato de trabalho, mas se preocupa desde a sua preparação com a
aprendizagem até as consequências complementares, como a organização profissional.
Ainda, o direito do trabalho busca efetivar a melhoria das condições de pactuação da
força de trabalho na ordem socioeconômica, com a modernização da legislação de forma
progressista e caráter democrático.

18
Conclusões

O estudo deste capítulo permitiu que vocês tivessem uma melhor compreensão dos
ramos que compõem o direito público e privado. Logo, como visto, colecionamos apenas as
idéias centrais de cada instituto do direito e o aprofundamento nos estudos caberá você!
Assim, não perca tempo e busque em nossa bibliografia, bem como na doutrina nacional
outras obras jurídicas que tratam de forma específica de cada um dos ramos do direito
analisado.

Expansão de Conhecimentos

Algumas obras jurídicas como “Instituições de direito público e privado, do autor


Sérgio Pinto Martins, publicada pela Editora Atlas, que está 9º edição, ano de 2009, é uma
boa indicação para você complementar seus estudos”.

Exercícios

4. Explique qual a diferença entre o direito público e privado.

5. Você seria capaz de, com as suas palavras, explicar o objeto de estudo do direito
financeiro, econômico e tributário?

Introdução ao Direito
3. Direito Civil

Conteúdo

 Fontes do direito
 Princípios fundamentais do código civil
 Capacidade de direito e capacidade de exercício
 As pessoas jurídicas de direito público e privado
 Teoria geral dos contratos
 Da formação e extinção dos contratos

Objetivos

O ensino de Direito Civil e dos demais conceitos fundamentais tem por finalidade habilitar
o futuro administrador ao exercício consciente e responsável da profissão, mediante
conhecimento de cada um dos dispositivos do Código Civil e leis complementares, dos
textos fundamentais da doutrina nacional e estrangeira, da jurisprudência, preparando-o
gradualmente, para complementar os conhecimentos básicos adquiridos em aulas teóricas e
práticas com o desembaraço necessário para o desempenho das funções que o aguardam.

Introdução

19
Nesse capítulo estudaremos alguns pontos do direito civil que tem extrema
relevância para o futuro administrador de empresas. A compreensão de alguns conceitos como
o de pessoa jurídica, bens e contratos, integram, muitas vezes, as atividades rotineiras desse
profissional.
Por isso, há um capítulo específico para esse tema.
Ainda, um dos pontos de maior importância para o entendimento do direito civil, é o
estudo dos princípios que formam o espírito código civil vigente. Logo, as simples noções dos
princípios da eticidade, socialidade e operabilidade devem ser avaliadas com muita cautela e
atenção.

3.1 Fontes do direito

A expressão fonte tem o significado de nascente, ou seja o local donde brota algo.
Então, a utilização da expressão “fontes do direito”, nada mais do que a determinação da
origem do direito.
As fontes podem ser classificadas em diretas e indiretas. As fontes diretas ou
imediatas enquadram-se a lei e costume. Já as fontes indiretas ou mediatas elencam-se a
analogia e os princípios gerais do direito.
Por outro lado, a doutrina, a jurisprudência e a equidade são consideradas fontes
auxiliares de interpretação do direito.
Há na doutrina nacional quem adote a classificação de fonte material do direito, ou
seja, é representado pelas relações da própria sociedade que os fornece alguns elementos
como: materiais (psicológico, filosófico) e históricos (retrata a conduta do homem no tempo).
Enfim, a teoria das fontes do direito é um instrumento de suma importância para
regular o aparecimento contínuo e plural das normas de comportamento.

3.2 Princípios Fundamentais do Código Civil

De 1916 até 09 de janeiro de 2003, o código civil teve sua vigência, e foi pautado
num espírito individualista, machista, conservador e formalista, características que
expressavam a época de sua elaboração.
Todavia, com o advento do Código Civil em vigor, lei n. 10.406/2002, outros
avanços poderiam ter ocorrido, o fundamento para sua confecção levou em consideração os
princípios da eticidade, socialidade e operabilidade.
Vamos verificar cada um desses princípios:

3.2.1 Eticidade

O formalismo do Código Civil anterior restringia a atividade do juiz que se tornava,


em muitos casos, mero cumpridor das leis.
Com o surgimento do Código Civil de 2002, por meio do princípio da eticidade,
houve um abandono da formalidade e tecnicismo exacerbados, sem a preocupação da perfeita
subsunção entre fatos e normas. O sistema de cláusulas gerais surgiu, dando mais liberdade ao
intérprete, o qual deverá se nortear pela moralidade, ética, bons costumes e boa-fé objetiva.
A boa fé objetiva em uma relação contratual exprime uma norma ética de conduta
pelo qual os contratantes são obrigados a honrar, podendo ser mesmo antes do contrato,
durante sua realização ou depois.

20
Em suma, a boa fé objetiva impõe deveres anexos, como por exemplo, o dever de
informação. Assim, imagine que o advogado quando realiza um contrato de prestação de
serviços jurídicos com seu cliente, mesmo que não conste expressamente neste contrato,
deverá prestar todas as informações sobre a viabilidade daquela ação, ou seja, as
possibilidades do cliente vencer o processo. Logo, o dever de informação, neste caso, cabe ao
advogado pois expressa o espírito do código civil no âmbito do princípio da boa fé objetiva.
Esse princípio tem por objetivo valorizar o ser humano na sociedade, o que se dá
mediante a efetivação dos princípios constitucionais, em especial o da dignidade da pessoa
humana.

3.2.2 Socialidade

Por socialidade, devemos entender o abandono do individualismo do código civil


anterior em prol da vida comunitária ou da coletividade. Esse princípio se manifesta, por
exemplo, por meio da função social do contrato, que é um dos corolários do direito civil-
constitucional.
Insere-se nesse princípio a possibilidade do juiz, quando autorizado pela lei, pautar-
se na equidade para aplicação do direito no caso concreto. Em outras palavras, a equidade
significa um abrandamento dos rigores da lei. Assim, quando um indivíduo da sociedade
pratica um ato com um pequeno grau de culpa mas causa um dano muito grande, o juiz
poderá reduzir equitativamente a indenização que o sujeito, autor do fato, deverá pagar ao
indivíduo que sofreu o dano.

3.2.3 Operabilidade

Esse último princípio informador do Novo Código Civil tem por objetivo tornar o
código civil facilmente operável, ou seja, permitir que grande parcela da população possa
utilizá-lo. Do mesmo modo, a idéia desse princípio foi tentar solucionar ou esclarecer pontos
obscuros que existia no código anterior.
Nesse contexto, a separação de alguns institutos como negócio jurídico e ato
jurídico, a divisão mais coerente entre prescrição e decadência entre outros, forma formas de
elaborar um código mais operável.

3.3 Noções de personalidade jurídica e bens

A personalidade jurídica é a aptidão genérica para adquirir direitos e contrair


obrigações, e como veremos, seu conceito se assemelha com o de capacidade de direito. A
personalidade jurídica inicia-se com o nascimento com vida, ainda que o recém-nascido venha
a falecer instantes depois, pois estão ressalvados desde a concepção os direitos do nascituro.
Outro instituto jurídico regulado pelo código civil são os bens e sua classificação. Os
bens podem ser definidos como tudo aquilo que traz utilidade em favor do ser humano. Já em
seu sentido jurídico, bens são as coisas materiais ou imateriais que têm valor econômico e que
podem servir de objeto a uma relação jurídica.

Os bens podem ser classificados da seguinte forma:

A) Os considerados em si mesmos:

- corpóreos: que são os físicos como uma cadeira e incorpóreos ou imateriais são os
bens abstratos como um direito.

21
- móveis: que podem ser transportados de um local para outro, sem alterar sua
substância, como os veículos e imóveis: são os que não podem ser transportados, sem que seja
alterada a sua substância:

a) por natureza (o solo, o mar);


b) por acessão, como as construções;
c) por destinação, como os utensílios agrícolas.

- Fungíveis: podem ser substituídos por outros da mesma espécie, qualidade e


quantidade (ex.: uma saca de feijão) e infungíveis não podem ser substituídos.
- Consumíveis: deixam de existir à medida que são usados, como os alimentos e
inconsumíveis, bens duráveis como um veículo.
- Divisíveis: podem ser repartidos, como um queijo e indivisíveis não podem ser
divididos sem prejudicar sua integridade, como uma obra de arte.
- Singulares: podem ser individualizados, como um livro e coletivos são os
considerados na sua totalidade como uma biblioteca.

B) Bens reciprocamente considerados:

- Principal: existe sobre si, abstrata ou concretamente; acessórias são as coisas que
dependem da existência do principal e a ele estão vinculadas como os galhos em relação à
árvore;
Os bens acessórios são divididos, por sua vez, em:

I) frutos;
II) produtos;
III) rendimentos;

IV) benfeitorias: que podem ser necessárias, como na necessidade de conservação de


um imóvel; úteis, como os melhoramentos e voluptuárias, que envolvem o
embelezamento do bem.

C) Bens públicos e particulares

- Bens públicos são os pertencentes à União, Estados e municípios e particulares são


os bens das pessoas físicas e jurídicas pertencente à iniciativa privada.

A classificação de bens públicos, em função de sua importância, subdivide-se ainda


em:
a) bens de uso comum do povo: são os bens públicos cuja utilização não se submete
a qualquer impedimento, como as ruas, praças e praias;
b) bens de uso especial: são bens públicos cuja fruição, por título especial, e na
forma da lei, é atribuída a determinada pessoa e também utilizado pelo poder público, como é
o caso do prédio das escolas públicas;
c) bens dominicais: são os bens públicos em que não existe uma utilização direita do
povo, mas que integra o patrimônio do Estado, como os terrenos da marinha.

3.3.1 Capacidade de direito e capacidade de exercício

22
O primeiro artigo do código civil em vigor, lei n. 10.406/2002, vem nos informar
que “toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil”. Assim, esse artigo relata que
qualquer pessoa possui a chamada capacidade de direito ou de gozo. Em outras palavras, é
titular de direitos e deveres, contudo o exercício desses direitos pode sofrer restrição. Logo,
possibilidade de exercício desses direitos está relacionado a capacidade de exercício ou de
fato.
Desse modo, um indivíduo da sociedade que tem 16 anos de idade possui uma
incapacidade de exercício relativa, ou seja, alguns atos da vida civil estará autorizado a
praticar (por exemplo votar). Contudo, outros atos como conseguir habilitação para dirigir,
não poderá, pois a lei exige 18 anos de idade.
Assim, a capacidade de direitos e deveres é adquirida com o nascimento com vida,
mas a capacidade de exercício desses direitos depende de outros requisitos, como a
maioridade alcançada aos 18 anos e citada no exemplo acima. Essa incapacidade, como dito, é
relativa.
Em outros casos, o código civil elenca algumas situações em que a incapacidade do
indivíduo será absoluta, ou seja, não poderá praticar atos da vida civil como uma compra e
venda, por exemplo, sob pena desse ato ser nulo. Tal situação se aplica aos menores de 16 aos
ou às pessoas que por enfermidade mental não tem o discernimento necessário para a prática
desses atos.

3.2 As pessoas jurídicas de direito público e privado

A pessoa jurídica nasce a partir da necessidade de personalizar o grupo de pessoas,


dando-lhe personalidade própria para que possa realizar seus fins. Nessa linha de raciocínio a
pessoa jurídica pode ser conceituada como sendo um grupo humano, criado pela lei e que
possui personalidade jurídica própria.
Desse modo, a vontade humana, a observância dos requisitos da lei para sua criação
e a licitude do seu objeto formam os pressupostos básicos para o surgimento e a existência da
pessoa jurídica.
As pessoas jurídicas podem ser de direito público externo ou interno e de direito
privado.
As pessoas jurídicas de direito público interno são dividas da seguinte forma:

a) União
b) Estados
c) Distrito Federal
d) Municípios
e) Autarquias
f) Associações públicas
g) e outras entidades de caráter público criadas por lei

Já as pessoas jurídicas de direito público externo são consideradas os Estados


estrangeiros e as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público, como a
Organização das Nações Unidas (ONU) e Organização dos Estados Americanos (OEA) e
outras.
Por outro lado, são de Direito Privado: as associações, as sociedades, as fundações,
as organizações religiosas e os partidos políticos.

23
É Importante ressaltar que começa a existência legal das pessoas jurídicas de Direito
Privado com a inscrição de seus contratos, atos constitutivos, estatutos ou compromissos em
seu registro peculiar, regulado por lei especial.

3.4 Teoria geral dos contratos

O contrato pode ser considerado um negócio jurídico bilateral, ou seja, realizado por
duas ou mais pessoas e cujo objeto pode exprimir uma obrigação dar, fazer ou não fazer e que
altera, cria ou extingue um direito.
A regra é o que contrato tem força de lei entre as partes.
Ressalte-se, a existência do princípio da autonomia privada, decorrendo dele a
liberdade de contratar e a liberdade contratual. A primeira diz respeito à liberdade de estipular
contratos e a segunda, sobre a liberdade de determinar o conteúdo deste.
A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do
contrato, como vimos no princípio da socialidade.
Cabe dizer quanto a formação dos contratos, que é legalmente possível a elaboração
de contrato de adesão. Nesta modalidade de contrato, uma das partes impõe todas as cláusulas
sem que a outra parte possa participar ou discutir. Embora válido, quando houver cláusulas
ambíguas, sua interpretação se fará em favor do aderente.

3.4.1 Da formação e extinção dos contratos

Nem sempre a formação do contrato se dá instantaneamente. Na fase das tratativas


ou negociações preliminares, as partes não se obrigam (devendo-se observar a boa-fé). A
minuta, por sua vez, é instrumento usado nesta fase, mas não tem efeito jurídico, pois não se
formou o consenso. As partes ainda estão determinando o conteúdo da vontade negocial.
O contrato preliminar é forma de se vincular juridicamente, pois ambas as partes se
obrigam a formar o futuro contrato. É, pois, bem diferente da minuta. O contrato preliminar
deve ter todas as informações e requisitos necessários essenciais ao contrato futuro. Gera
obrigação de fazer o contrato e a obrigação de declarar vontade.
Por meio da disciplina do contrato preliminar, entre os arts. 462 e 466 do código
civil em vigor, praticamente, o contrato preliminar tem os efeitos de um contrato definitivo,
cabendo, inclusive, suprimento judicial da declaração de vontade da parte inadimplente.
A fase de formação do contrato, propriamente dita, ocorre com a oferta, ou proposta.
Esta obriga quem a fez, embora possa ser objeto de retratação, conforme as hipóteses legais.
Do mesmo modo, caso aquele que fez a oferta não a cumprir, não havendo retratação, poderá
incorrer no pagamento de perdas e danos.
Por fim, com a aceitação, dá-se a conclusão ou formação do contrato.
De outro lado, a forma natural de extinção do contrato é por meio de sua execução,
ou seja, de seu cumprimento. Incluam-se aí a consignação em pagamento, o pagamento com
sub-rogação, a dação, a compensação e outras formas, satisfativas ou não, de extinção das
obrigações.
Os contratos por tempo indeterminado podem se extinguir por denúncia, forma de
resilição unilateral. A resilição bilateral se dá pelo distrato, que exige acordo de vontade das
partes. A resilição unilateral também pode ocorrer por resgate, renúncia e revogação. Estes
últimos têm exemplo no contrato de mandato.
Ainda, extinguem-se os contratos também por cessação, ou morte de uma das partes,
se a obrigação for personalíssima ou se o contrato o previr.

24
Nos contratos de execução continuada, se a prestação de uma das partes tornar-se
excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos
extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato.

Conclusão

Iniciamos nossos estudos nesse capítulo por meio da verificação das fontes do
direito. Seguimos com a compressão do espírito coletivo, pautado na boa fé objetiva e na
probidade que forma os pilares do código civil em vigor e se expressa por meio dos de três
princípios. Esses princípios são classificados como a eticidade, socialidade e operabilidade.
Ainda, aprendemos que capacidade de direito é inerente a todo ser humano, mas a capacidade
de exercício não o é. Em seguida conceituamos a pessoa jurídica e citamos os exemplos das
pessoas jurídicas de direito privado e de direito público externo e interno. Passamos ainda, por
um estudo mais detalhado quanto a classificação dos bens até chegarmos à teoria geral dos
contratos, sua formação e extinção.

Expansão de Conhecimentos

O autor Carlos Roberto Gonçalves, no volume III (contratos e atos unilaterais) de


sua coleção de direito civil, 7º edição - 2009, publicada pela editora saraiva, nos apresenta
uma obra bem completa sobre o direito contratual que será de muita utilidade para o
profissional de administração de empresas.

Exercícios

6. Conceitue pessoa jurídica, indicando quais suas divisões ou classificações.

7. Explique como pode se dar a formação e extinção dos contratos?

Introdução ao Direito
4. Direito Constitucional

Conteúdo
 Noções da teoria geral do Estado
 Elementos Formadores do Estado
 Formas de Estado
 Formas de governo
 Sistemas de governo
 Fundamentos da República Federativa do Brasil
 Direitos e garantias fundamentais
Objetivos

Após estudar este tema o aluno deverá ser capaz de:


g. Saber qual é o objeto de estudo do Direito Constitucional;
h. Dizer o que é a figura do Estado e quais os seus elementos principais;
i. Diferenciar as Formas de Estado, as Formas de Governo e os Sistemas de Governo;
j. Situar o Estado brasileiro dentro das classificações apresentadas;
25
k. Discorrer sobre a importância dos princípios e do estudo dos direitos fundamentais.
Introdução
O termo Direito Constitucional, que teve origem com o movimento denominado
constitucionalismo, surgiu como o modelo político-jurídico do Estado Liberal. Isso fez com
que as Constituições Liberais, ou seja, as constituições aprovadas durante esse período,
trouxessem um conteúdo por demais impregnado pelos valores do pensamento liberal.
Posteriormente, o Direito Constitucional se desenvolveu, especialmente após a
transição do Estado Liberal para o Estado Social, no início do século XX. A partir daí a
Constituição, atendendo aos clamores sociais que tanto lutavam por uma igualdade que fosse
além da que constava no papel, passaram a prever um rol de direitos sociais e culturais que
exigiam uma atuação direita do Estado para sua efetivação. Era o surgimento do Estado
Social.
Essa evolução do conceito de Estado está diretamente ligada à evolução das
Constituições e, assim, do próprio Direito Constitucional.
É imprescindível, portanto, que o aluno tenha muito evidente essa ligação entre
Estado, Constituição e Direito Constitucional.
Já avisamos, pois, de antemão que as páginas seguintes devem ser lidas sempre com
um olhar histórico e sempre tentando perceber o quanto que a Constituição de um país é
importante na vida de cada um de nós.
Aos estudos, portanto!

4.1 Noções da teoria geral do Estado

Após analisarmos os aspectos introdutórios da ciência jurídica, compreendermos a


distinção em os ramos do direito público e do direito privado e traçarmos algumas idéias
sobre conceitos jurídicos fundamentais, resta-nos dispensar nossa atenção ao tema do direito
constitucional.
Ao estudar o capítulo 2 desta apostila, foi possível perceber que o direito
constitucional é uma disciplina pertencente ao ramo do direito público, pois seu conteúdo se
relaciona essencialmente com o estudo da Lei Fundamental que estrutura e organiza o Estado:
a Constituição.
A Constituição, como se verá adiante, é um documento formal que, entre outras
coisas, sistematiza os poderes do Estado, estabelece os direitos e deveres dos indivíduos, e
fixa relações e competências de forma permanente e genérica.
É imprescindível, nos dias atuais, a compreensão de que a Constituição – como Lei
Máxima do Estado – é a fonte de validade para todo o ordenamento jurídico. Ou seja, todas as
outras leis, decretos e atos normativos devem estar em consonância com o que estabelece a
Constituição.
O quadro abaixo esclarece a relação de legalidade existente entre os indivíduos e as
leis de modo geral, bem como destaca a relação de constitucionalidade que deve haver entre
as leis e a Constituição Federal. Vejamos:

CONSTITUIÇÃO
FEDERAL
CONSTITUCIONALIDADE 26
LEIS
LICITUDE
Fonte: SOUZA, A. E. de. Administração. Ribeirão Preto: Editora COC, 2009.

Fonte: SOUZA, E. E. de. Administração. Ribeirão Preto: COC, 2009.

O quadro analisado nos permite concluir que os indivíduos estão abaixo das leis e
devem, portanto, respeitá-las; ou seja, os indivíduos devem praticar seus atos respeitando o
que estabelecem as leis (relação de legalidade). Já as leis, por sua vez, ao serem elaboradas,
não podem prever regra que esteja em desacordo com o que estabelece a Constituição Federal.
Isso porque as leis devem encontrar na Constituição o seu fundamento de validade para que
seja mantida uma relação de constitucionalidade entre as leis e a Constituição Federal.
Portanto, uma lei que estabeleça, por exemplo, a pena de morte para os crimes contra
a vida, é uma lei que fere a Constituição, logo, é uma lei inconstitucional.
Uma outra coisa que se pode verificar do quadro acima é a utilização da palavra
licitude para designar um gênero do qual legalidade e constitucionalidade são espécies.
Licitude é a obediência direta ou indireta à Constituição. Obedecemos a Constituição de
forma direta quando cumprimos os termos dos seus próprios artigos. Por outro lado,
obedecemos a Constituição de forma indireta quando observamos o disposto em uma lei que
esteja de acordo com a Constituição.
Vale frisar, porém, que nem todo ato legal é lícito, já que se a lei for inconstitucional,
licito será o ato ilegal.
Pois bem, o que se fez até agora foi mostrar a que a Constituição é a Lei Maior do
Estado, por conta disso, deve ser plenamente respeitada. Mas nada se falou sobre o que se
entende por Estado. Afinal, já que a Constituição tem, dentre outras características, a de traçar
as regras de organização do Estado, o vem a ser o Estado? Quais os seus elementos
formadores? É o que veremos a seguir.

4.1.1 Elementos Formadores do Estado

O homem é por natureza um ser gregário; logo, para que consiga se desenvolver e
progredir, a vida em grupo é fundamental. Desde o seu surgimento o homem procurou
desenvolver suas atividades em grupo. Eram grupos de pessoas que se uniam por terem
interesses comuns: a mesma forma de caçar, a adoração aos mesmos deuses e aos mesmos
rituais, a vida estabelecida na mesma região, etc. Essa idéia de pessoas unidas por interesses
comuns corresponde ao conceito de comunidade.
No entanto, com o tempo essas comunidades começaram a se desentender, a brigar
entre si, especialmente pela disputa de regiões e de determinados bens matérias. Foi preciso,
assim, o estabelecimento de regras para disciplinar esses grupos de pessoas unidas por
interesses comuns, ou seja, essas comunidades. Com isso chegamos ao conceito de sociedade:

SOCIEDADE = COMUNIDADES + REGRAS


Fonte: SOUZA, E. E. de. Administração. Ribeirão Preto: COC, 2009.

27
O conceito de sociedade deve ser extraído, portanto, da noção de indivíduos unidos
por interesses comuns cuja convivência é disciplinada por regras.
Ocorre que essas regras podem ser de quatro espécies diferentes: regras físicas ou
geográficas, regras culturais, regras morais e regras jurídicas. Cada uma dessas idéias dará
origem a um conceito diferente, vejamos:

a. Indivíduos unidos por interesses comuns disciplinados por regras físicas ou


geográficas: corresponde ao conceito de PAÍS.
b. Indivíduos unidos por interesses comuns disciplinados por regras culturais:
corresponde ao conceito de NAÇÃO.
c. Indivíduos unidos por interesses comuns disciplinados por regras morais:
corresponde ao conceito de PÁTRIA.
d. Indivíduos unidos por interesses comuns disciplinados por regras jurídicas:
corresponde ao conceito de ESTADO.

Enfim, chegamos ao conceito de Estado.


Estado corresponde, sim, ao conjunto de indivíduos unidos por interesses comuns
disciplinados por regras jurídicas, mas este é um conceito incompleto. Estado é isso, mas não
apenas isso, pois falta nessa definição descrever os três elementos formadores do Estado:
povo, território e soberania.

POVO

Corresponde ao conjunto de pessoas naturais subordinadas às regras jurídicas do


Estado, ou melhor, é o grupo de pessoas que mantém vínculo jurídico permanente com o
Estado num determinado território. É o elemento humano de um Estado.
O conceito de povo está ligado diretamente ao instituto da nacionalidade que consiste
no vínculo político-jurídico e liga um indivíduo ao Estado.
Outra observação importante a ser feita é que o conceito de povo não pode ser
confundido com o conceito de população. Isso porque a noção de população abrange todas as
pessoas que definitivamente habitam um determinado território, sejam eles nacionais ou
estrangeiras, ou seja, corresponde mais a um conceito de ordem demográfica.

TERRITÓRIO

É o espaço físico ou funcional de alcance das regras jurídicas do Estado.


Corresponde ao elemento material do Estado em que um determinado povo exerce seus
direitos e o Estado, dentro de suas fronteiras, exerce plenos poderes. É o âmbito de validade
do ordenamento jurídico (leis), submetendo todas as suas determinações.
O estudioso deve ter em mente que a expressão território, cunhada nesse conceito,
abrange, além do espaço terrestre, o espaço aéreo, o mar territorial, a plataforma continental,
navios e aeronaves militares em qualquer localização, e navios e aeronaves civis em alto mar
ou espaço aéreo internacional.

SOBERANIA

28
É a não subordinação do ordenamento jurídico do Estado aos demais ordenamentos
jurídicos do mundo. Corresponde ao poder político supremo e independente, ou seja, expressa
a supremacia na ordem interna e representa a independência na ordem externa.

IMPORTANTE!

Conceito de Estado: Estado é uma instituição abstrata


organizada social, jurídica e politicamente, caracterizada
por um povo que ocupa um território definido e é
comandado por um governo soberano. Vale lembrar que,
como regra, a lei máxima de um Estado é a uma
Constituição escrita.

Fonte: SOUZA, E. E. de. Administração. Ribeirão Preto: COC, 2009.

4.1.2 Formas de Estado

O tema das formas de Estado está relacionado à forma de organização política do


território. Trocando em miúdos, é a distribuição de poder dentro do território. Se no território
houve apenas um poder político central, teremos o modelo de Estado Unitário. Por outro lado,
se dentro do mesmo território tivemos mais de um poder político, ou seja, poderes políticos
distintos, estaremos diante do modelo de Estado Federado. Vejamos algumas características
de cada um deles:
Estado Unitário: É caracterizado pela “centralização política”, sendo considerado o
tipo de Estado mais comum. A forma de Estado Unitário é aquela em que as três funções do
Estado (Executiva, Legislativa e Jurisdicional) não se distribuem por entre entidades menores
e autônomas; elas concentram-se num único pólo de poder: a capital. Ex: Portugal, Uruguai,
Espanha, França, Itália, etc.
Estado Federal (ou Federação de Estados): É aquela em que as três funções do
Estado se distribuem por entre entidades menores e autônomas chamadas de entes federados.
No Brasil são entes federados: União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
Essa forma de Estado, nascida nos EUA, é uma forma de organização do Estado em
que se faz uma descentralização política e administrativa.

ESTADO FEDERADO

BRASIL

ESTADO UNITÁRIO

URUGUAI

Fonte: SOUZA, E. E. de. Administração. Ribeirão Preto: COC, 2009.

29
4.1.3 Formas de Governo

O conceito de forma de governo tem relação direta com a forma como se dá a


instituição do poder dentro do Estado. Diz respeito também ao modo como se relacionam
governantes e governados. Duas são as formas de governo amplamente difundidas, vejamos:
Forma Monárquica de Governo: Trata-se da forma de governo que tem como
características principais: vitaliciedade, hereditariedade e irresponsabilidade política (não
responsabilização do chefe do Estado).
Forma Republicana de Governo: Trata-se da forma de governo em que os
mandatos são temporários, pois os governantes são escolhidos mediante eleições periódicas e
há responsabilidade do chefe do Estado.
Para Guardar:

REPÚBLICA MONARQUIA
Vitaliciedade Mandatos Temporários
Hereditariedade Eleições Periódicas
Irresponsabilidade do Chefe de Estado Responsabilidade do Chefe de Estado
Exemplo: BRASIL Exemplo: INGLATERRA
Fonte: SOUZA, E. E. de. Administração. Ribeirão Preto: COC, 2009.

4.1.4 Sistemas de Governo

Como se sabe, o Estado possui três poderes: Poder Executivo, Poder Legislativo e
Poder Judiciário. Porém, modernamente tem-se preferido dizer que o Estado dispõe de três
funções e não três poderes, pois o poder do Estado é uno e indivisível. Para fins didáticos, no
entanto, continuaremos a utilizar os termos Poder Executivo, Poder Legislativo e Poder
Judiciário.
Essa explicação foi necessária, pois o conceito de sistema de governo está
diretamente ligado à maneira com que o Poder Legislativo se relaciona com o Poder
Executivo. Tratam-se formas que identificam, em relação ao tempo, o prazo para o exercício
das chefias de poderes.
Dependendo da maneira como se estabelece esse relacionamento, com maior
colaboração ou maior independência entre eles, podemos falar em sistema presidencialista
de governo ou sistema parlamentarista de governo.
Sistema Presidencialista de Governo: O sistema presidencialista existe somente
quando a forma de governo adotada é a República. É o sistema de governo em que a Chefia
de Estado e a Chefia de Governo são representados por um só órgão, o Presidente da
República. Aliás, o próprio nome “presidencialismo” já revela força da figura do Presidente
neste sistema de governo. O Presidente escolhe livremente os Ministros e sempre é eleito com
prazo determinado, independentemente de estar cumprindo seu plano de governo tem até o
final do mandato para governar.
Sistema Parlamentarista de Governo: Trata-se do sistema de coordenação entre as
funções do Estado. É o sistema de governo com dupla chefia, ou seja, a com a presença de um
Chefe de Estado (representado pelo Rei ou Presidente) e de um Chefe de Governo
(representado pelo Primeiro Ministro). Essa composição do Executivo em Chefe de Estado e
Chefe de Governo possui relação de coordenação com o Parlamento. O Chefe de Governo é
indicado pelo Chefe de Estado e deverá apresentar o plano de governo ao Parlamento. Os
Parlamentares (que podem destituir o Primeiro Ministro – exercendo função executiva –
podem ser dissolvidos pelo Chefe de Estado).
30
Vale frisar que o Primeiro Ministro não é eleito, exerce o mandato sem prazo certo e
pode ser destituído: a) Se perder a maioria parlamentar ou; b) pela moção de desconfiança
(responsabilidade política).
Observação: Além desses dois sistemas de governo mais tradicionais, existe
também o Sistema Diretorial ou Convencional no qual as funções exercidas pelo Legislativo
e Executivo acabam definitivamente se confundindo, pois o poder de gerir o Estado – que nos
outros dois sistemas é exercido pelos Chefes de Estado e de Governo – passa a se concentrar
totalmente no parlamento local.

Para Guardar:

PRESIDENCIALISMO PARLAMENTARISMO

O Presidente da República é o chefe do Poder No Poder Executivo temos a figura do Rei ou do


Executivo exercendo as funções de Chefe de Estado e Presidente da República como Chefe de Estado e do
Chefe de Governo. Primeiro Ministro como Chefe de Governo.
Os poderes Executivo e Legislativo são O Rei indica o Primeiro Ministro e o Parlamento
independentes. aprova ou não a indicação. O Primeiro Ministro pode,
no entanto, dissolver o Parlamento.

Fonte: SOUZA, E. E. de. Administração. Ribeirão Preto: COC, 2009.

4.2 Fundamentos da República Federativa do Brasil

Depois de termos analisado detalhadamente as Formas de Estado, as Formas de


Governo e os Sistemas de Governo, podemos agora situar o Brasil dentro das classificações
estudadas, bem como compreender as particularidades e os fundamentos do Estado brasileiro.
Para tanto, iremos nos valer do artigo 1º da Constituição Federal de 1988 que assim
dispõe:

Art. 1º. A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de
Direito e tem como fundamentos: I – a soberania; II – a cidadania; III – a dignidade da
pessoa humana; IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V – o pluralismo
político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

A leitura do artigo acima nos permite concluir que o legislador, ao elaborar a


Constituição Federal, definiu já no seu primeiro artigo que o Brasil teria a Forma Federativa
de Estado, a República Democrática como Forma de Governo e o Presidencialismo como
Sistema de Governo.
A Federação Brasileira é composta pela União, estados-membros, Distrito Federal
e Municípios; todos esses entes federados são pessoas jurídicas de direito público que gozam
de autonomia federativa (possuem poder de se auto-organizar, possuem competências
legislativas próprias e dispõem de autonomia financeira), mas não possuem soberania; logo,
não podem se dissolver, ou seja, se separar da Federação.
É possível ainda colher do artigo 1º da Constituição Federal o chamado Princípio do
Pacto Federativo, consistente na idéia de que a República Federativa do Brasil é formada
pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal.

31
Quanto à forma de governo, como se sabe, o Brasil é uma República. Trata-se de
forma de governo que tem como principal característica a obrigatória alternância de poder.

Embora pareça cansativo analisar os termos constantes do artigo 1º da


Constituição Federal, esse estudo é fundamental para a fixação dos conceitos
que foram vistos nos tópicos anteriores. Caso surja alguma dúvida, volte e leia
novamente as páginas anteriores, certo?
Fonte: SOUZA, E. E. de. Administração. Ribeirão Preto: COC, 2009.

Passaremos agora, ainda no art. 1º da Constituição Federal, para a análise dos


fundamentos da República Federativa do Brasil, que são: a soberania, a cidadania, a dignidade
da pessoa humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo político.
Vejamos detalhadamente cada um deles:
Soberania: O conceito de soberania já foi visto quando estudamos os elementos
formadores do Estado. Trata-se da idéia de que o poder do Estado brasileiro, internamente,
está acima de todas as outras manifestações de poder. Já na esfera internacional o Estado
brasileiro é independente, ou seja, não se submete às regras de nenhum outro Estado, ao
contrário, encontra-se em condição de igualdade com os demais Estados.
Cidadania: A idéia de cidadania cunhada pelo legislador é a de que os indivíduos
possam participar da vida política do Estado. Ou seja, possam votar e serem votados, possam
controlar os atos praticados pelos representantes dos poderes do Estado, possam exigir que os
representantes eleitos cumpram com os compromissos assumidos em campanha eleitoral.
Enfim, o conceito de cidadania diz respeito ao reconhecimento do indivíduo como pessoa
integrada na sociedade estatal além de titular de direitos políticos.
Dignidade da pessoa humana: Por conta do famoso princípio da dignidade da
pessoa humana o Estado brasileiro se apresenta como uma organização centrada no ser
humano. Todo o funcionamento estatal deve ter por última finalidade o homem, o seu bem
estar.
Nós estudaremos mais adiante que, com base nesse princípio, ao homem deve ser
garantido um mínimo de direitos, sem os quais não se pode falar em vida digna. Trata-se do
chamado princípio de proteção ao mínimo existencial, que tem como fundamento o princípio
da dignidade da pessoa humana.
Somente excepcionalmente poderão ser feitas limitações ao exercício dos direitos
fundamentais do homem, mas sempre sem menosprezar a necessária estima que merecem
todas as pessoas enquanto seres humanos. Todo o título dos princípios fundamentais estão
protegendo a dignidade da pessoa humana, por isso é considerado um sobreprincípio, ou seja,
um princípio que está acima de todos os outros princípios.
Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa: Este fundamento da República
Federativa do Brasil é a confirmação de que o nosso Estado fez opção pelo capitalismo, mas,
ao mesmo tempo, nas relações entre capital e trabalho será reconhecido o valor social do
trabalho. É importante lembrar também que a palavra trabalho, tratada nesse fundamento, não
engloba somente o trabalhador subordinado, mas também aquele autônomo e o empregador,
enquanto empreendedor do crescimento do país.
Pluralismo político: O fundamento expressado pelo pluralismo político indica o
desejo de que a sociedade brasileira de participar dos processos de formação da vontade geral.
Trata-se do reconhecimento do quanto é importante a pluralidade de idéias, coletividades,
crenças, doutrinas e partidos políticos. A garantia do pluralismo político tem por objetivo
afirmar-se a ampla e livre participação popular nos destinos políticos do país, garantindo a
liberdade de convicção filosófica e, também, a possibilidade de organização e participação em

32
partidos políticos. A negação ao pluralismo político é característica típica dos regimes
ditatoriais.

4.3 Direitos e garantias fundamentais

Chegamos, enfim, ao ponto mais importante no estudo do Direito Constitucional: a


compreensão dos direitos e garantias fundamentais.
É evidente que o propósito dessa disciplina não é torná-los especialistas em todos os
aspectos do direito constitucional. Ao contrário, o que se pretende aqui é plantar a idéia firme
em cada um de vocês do quanto é imprescindível a compreensão – ainda que mínima – da
verdadeira importância de uma Constituição na vida das pessoas. E essa compreensão pode
ser realmente percebida quando se estuda os direitos e garantias fundamentais.

IMPORTANTE!
Os direitos e garantias fundamentais surgiram na época
da Revolução Francesa, especialmente com a Declaração
dos Direitos do Homem, em 1789. Correspondem, na
verdade, a um grupo de direitos que tinham por
finalidade limitar a atuação do Estado em favor da
liberdade do indivíduo.
Fonte: SOUZA, E. E. de. Administração. Ribeirão Preto: COC, 2009.

É importante traçarmos, desde já, a diferença entre as expressões “direitos


fundamentais” e “garantias fundamentais”, pois é equivocado pensar que não há qualquer
distinção entre elas. Vejamos:

DIREITOS FUNDAMENTAIS GARANTIAS FUNDAMENTAIS

Direitos Fundamentais são faculdades Garantias Fundamentais correspondem a


colocadas à disposição das pessoas, sejam elas verdadeiros instrumentos de proteção dos direitos
físicas ou jurídicas, pelo ordenamento jurídico de um fundamentais. Ou seja, são instrumentos postos à
Estado para que possam gozar de seus bens, ou seja, disposição das pessoas com o objetivo de efetivar o
desfrutarem dos bens declarados no texto uso, o gozo e a fruição dos direitos fundamentais.
constitucional, ou deixarem de exercer/fazer algo Assim, as garantias fundamentais servem para
porque lhes é proibido. preservar o direito das pessoas de verem respeitados
É importante lembrar também os direitos seus direitos fundamentais. As garantias servem para
fundamentais podem ser individuais ou coletivos, a dar efetividade aos direitos fundamentais.
depender do fato de dizerem respeito a apenas uma
ou mais pessoas.

Fonte: SOUZA, E. E. de. Administração. Ribeirão Preto: COC, 2009.

Durante anos e anos os doutrinadores discutiram – e ainda discutem – quais seriam


as principais características dos direitos fundamentais. Embora este seja um tema em
constante evolução, tem-se, hoje, como unânimes, as seguintes características (MORAES,
2003):

a. Imprescritibilidade: não prescrevem, ou seja, não desaparecem com o decurso do


tempo.

33
b. Inalienabilidade: não podem ser vendidos nem transferidos para outrem.
c. Irrenunciabilidade: em regra, as pessoas não podem abrir mão dos direitos e
garantias de forma definitiva. Admite-se, em casos raros, a simples desistência.
d. Inviolabilidade: não são passíveis de violações, pois o direito de um nasce quando
o direito do outro termina, ou seja, é violado.
e. Universalidade: podem ser opostos contra todos, ou seja, devem abranger todos
os indivíduos, indistintamente.
f. Efetividade: podem usufruídos a qualquer momento sem a necessidade de
intervenção do Estado.
g. Interdependência: os direitos fundamentais são independentes, mas formam entre
si um conjunto de direitos e deveres, uma rede de intersecções que facilita sejam
atingidas suas finalidades.
h. Complementaridade: não se pode interpretar os direitos fundamentais de forma
isolada. Isso porque uns completam os outros devido às garantias constitucionais.

Na sequência, listaremos alguns dos direitos fundamentais contidos no artigo 5º da


Constituição Federal. É um rol extenso, mas que merece ser lido – mais de uma vez,
inclusive! –, pois isso permitirá que vocês, aos poucos, comecem a ter idéia do quanto a
Constituição Federal impacta de forma direita e indireta na vida de cada um de nós.

- Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
- Homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta
Constituição;
- Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de
lei;
- Ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;
- É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
- É assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por
dano material, moral ou à imagem;
- É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre
exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de
culto e as suas liturgias;
- É assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades
civis e militares de internação coletiva;
- Ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção
filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos
imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
- É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação,
independentemente de censura ou licença;

34
- São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação;
- A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para
prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;
- É inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados
e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas
hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou
instrução processual penal;
- É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as
qualificações profissionais que a lei estabelecer;
- É assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando
necessário ao exercício profissional;
- É livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer
pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;
- Todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público,
independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião
anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à
autoridade competente; É plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a
de caráter paramilitar;
- A criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de
autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento; As
associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades
suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;
Ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado; As
entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para
representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;
- É garantido o direito de propriedade; A propriedade atenderá a sua função social; A
lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade
pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro,
ressalvados os casos previstos nesta Constituição; No caso de iminente perigo
público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada
ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;
- Aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução
de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
- São assegurados, nos termos da lei: a) a proteção às participações individuais em
obras coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades
desportivas; b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que
criarem ou de que participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas
representações sindicais e associativas;
- A lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua
utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos
nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o
desenvolvimento tecnológico e econômico do País;

35
- É garantido o direito de herança; A sucessão de bens de estrangeiros situados no
País será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos
brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do "de cujus";
- O Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;
- Todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse
particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob
pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à
segurança da sociedade e do Estado;
- São a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: a) o direito de
petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de
poder; b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e
esclarecimento de situações de interesse pessoal;
- A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; A
lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
- Não haverá juízo ou tribunal de exceção; É reconhecida a instituição do júri, com a
organização que lhe der a lei, assegurados: a) a plenitude de defesa; b) o sigilo das
votações; c) a soberania dos veredictos; d) a competência para o julgamento dos
crimes dolosos contra a vida; não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena
sem prévia cominação legal;
- A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
- A lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades
fundamentais; A prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível,
sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;
- A lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática
da tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os
definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores
e os que, podendo evitá-los, se omitirem; Constitui crime inafiançável e
imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem
constitucional e o Estado Democrático;
- Nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o
dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos
sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;
- A lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes: a)
privação ou restrição da liberdade; b) perda de bens; c) multa; d) prestação social
alternativa; e) suspensão ou interdição de direitos;
- Não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do
art. 84, XIX; b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e)
cruéis;
- A pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do
delito, a idade e o sexo do apenado; É assegurado aos presos o respeito à integridade
física e moral; Às presidiárias serão asseguradas condições para que possam
permanecer com seus filhos durante o período de amamentação;
- Nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum,
praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito

36
de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei; Não será concedida extradição de
estrangeiro por crime político ou de opinião;
- Ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;
- Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;
- Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
- São inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;
- Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória;
- Ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada
de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime
propriamente militar, definidos em lei; A prisão de qualquer pessoa e o local onde se
encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso
ou à pessoa por ele indicada;
- O preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado,
sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado; O preso tem direito à
identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial; A
prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária;
- Ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade
provisória, com ou sem fiança; Não haverá prisão civil por dívida, salvo a do
responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e
a do depositário infiel;
- Conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de
sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso
de poder; Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo,
não amparado por "habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsável pela
ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no
exercício de atribuições do Poder Público; Conceder-se-á mandado de injunção
sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos
e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania
e à cidadania; Conceder-se-á "habeas-data": a) para assegurar o conhecimento de
informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de
dados de entidades governamentais ou de caráter público; b) para a retificação de
dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
- Qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato
lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o
autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;
- O Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem
insuficiência de recursos; O Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim
como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença;
- São gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei: a) o registro civil
de nascimento; b) a certidão de óbito;
- São gratuitas as ações de "habeas-corpus" e "habeas-data", e, na forma da lei, os
atos necessários ao exercício da cidadania.
37
- A todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do
processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.

Conclusões

O estudo deste capítulo permitiu que vocês tivessem uma melhor compreensão do
Direito Constitucional. Respeitando-se os aspectos históricos – que, nesta disciplina, são
muito importantes –, buscou-se traçar uma visão também prática, distante do dogmatismo e
mais próxima da Constituição que pode ser constatada no dia-a-dia das pessoas.
O Direito Constitucional é um ramo do direito cuja compreensão depende
diretamente de conceitos ligados à teoria geral do Estado. Por esse motivo vocês tiveram
acesso aos principais conceitos ligados à formação e à organização do Estado.
Estejam certos de que todos os brasileiros, indistintamente, devem lutar para que os
inúmeros direitos previstos na nossa Constituição deixem as frias linhas do papel escrito e
passem, definitivamente, a se efetivar na vida das pessoas.
É preciso que cada um de nós tenha “vontade de Constituição”, ou seja, que cada um
de nós contribua de alguma forma para que ela seja efetivada.
Lutemos por isso, portanto!

Expansão de Conhecimentos

O obra do autor DALLARI, D. de A. Elementos de teoria geral do estado. 27ª ed. São
Paulo: Saraiva, 2007, enriquecerá seus estudos.

Exercícios

8. Discorra sobre como foi possível a partir da idéia de “comunidade” (pequenos


grupos de pessoas) se conseguiu chegar ao conceito de Estado. É possível, de
alguma forma, relacionar esses conceitos?

9. Você seria capaz de, com as suas palavras, explicar os elementos formadores do
Estado?

10. Leia novamente o rol de direitos fundamentais previstos pela Constituição


Federal de 1988 a todas as pessoas. Na sequência, responda: É possível falar que
nossa Constituição é plenamente respeitada, ou seja, todos os direitos ali
previstos são amplamente garantidos? Justifique sua resposta.

REFERÊNCIAS

ALBERGARIA, B. Instituições de direito para cursos de administração, ciências


contábeis, economia, comércio exterior e ciências sociais. São Paulo: Atlas, 2008.

BETIOLI, Bento. A. Introdução ao direito. 10ª ed. São Paulo: Saraiva, 2008.

DALLARI, D. de A. Elementos de teoria geral do estado. 27ª ed. São Paulo: Saraiva, 2007.

38
DINIZ, M. H. Compêndio de introdução à ciência do direito. 19ª ed. São Paulo: Saraiva,
2008.

FERRAZ JUNIOR, T. S. A ciência do direito. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 1980.

KELSEN, Hans, Teoria Pura do Direito, tradução de João Baptista Machado, 2ª ed.
Coimbra: Armênio Amado Editora, 1962, v. 1. p. 2, 7.

MARTINS, Sérgio Pinto. Instituições de direito público e privado. 8ª ed. São Paulo: Atlas,
2008.

MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 16ª ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 1991.

______. ______. 24ª ed. São Paulo: Malheiros, 1999.

MONTORO, A. F. Introdução à ciência do direito. 25ª ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2000.

NADER, P. Introdução ao estudo do direito. 25ª ed. São Paulo: Forense, 2008.

REALE, M. Lições preliminares de direito. 27ª ed. São Paulo: Saraiva, 2003.

SOUZA, E. E. de. Administração. Ribeirão Preto: COC, 2009.

ORGANIZE-SE

Atividade Data
Participação nos Fóruns ___/_____/____ ____/____/____ ____/____/____
___/_____/____ ____/____/____ ____/____/____
Atividades Avaliativas ___/_____/____ ____/____/____ ____/____/____
___/_____/____ ____/____/____ ____/____/____
Prova Eletrônica ___/_____/____ ____/____/____ ____/____/____
___/_____/____ ____/____/____ ____/____/____
Prova Presencial ___/_____/____ ____/____/____ ____/____/____

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___/_____/____ ____/____/____ ____/____/____

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