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2021

Comentário ao Direito
Constitucional

RESUMO DE ALGUNS CONCEITOS


FRANKLIN DOS SANTOS
1

Índice
Introdução........................................................................................................................3
Introdução ao Direito Constitucional..........................................................................4
Estado...............................................................................................................................5
Historicidade…...........................................................................................................5
Conceito e Elementos do Estado..............................................................................6
Povo..............................................................................................................................7
Território......................................................................................................................8
Poder Político..............................................................................................................8
Sujeição do Estado e das demais Instituições ao Direito......................................9
Regimes, Formas De Governo, Sistemas Políticos.................................................9
Conceito:....................................................................................................................10
Tipos de Constituição..............................................................................................10
Constitucionalismo Francês....................................................................................11
Constitucionalismo norte americano.....................................................................12
Constitucionalismo Africano:.................................................................................12
Classificação das Constituições..................................................................................12
Poder Constituinte........................................................................................................13
Teorização de Emanuel Sieyés................................................................................15
As teorias sobre o poder Constituinte...................................................................16
supreme power:....................................................................................................16
Sieyès e o “Pouvoir Constituant”.......................................................................16
Procedimento Constituinte.........................................................................................16
Decisões pré-constituintes:..................................................................................17
Decisões Constituintes:........................................................................................17
Vinculação Jurídica Do Poder Constituinte..........................................................17
Princípios Constitucionais Da República De Angola Os Princípios Fundantes:
Dignidade Da Pessoa Humana E Princípio Republicano...................................18
Res Pública e Res Privata.........................................................................................18
Direitos Fundamentais.............................................................................................20
Dimensão Negativa E Dimensão Positiva: Limite Do Poder E
Responsabilidade Pelo Poder.................................................................................20

1
2

Princípio Normativo Autónomo............................................................................20


Garantia Da Administração Autónoma Local......................................................21
Os Subprincípios Concretizadores do Principio do Estado de Direito
Democrático...............................................................................................................21
Temos Ainda o Princípio da Representação popular..........................................22
Direitos Políticos dos cidadãos:..............................................................................22
ACTOS DA DEMOCRACIA.......................................................................................23
Eleição:.......................................................................................................................23
Referendo:..................................................................................................................23
Classificação dos Órgãos do Estado......................................................................23
Tribunais........................................................................................................................23
Tribunais:...................................................................................................................24
Tribunal Constitucional...........................................................................................24
Recurso Extraordinário DE Inconstitucionalidade..............................................24
Vícios geradores de Inconstitucionalidade...........................................................25
Prova Resolvida............................................................................................................26

Introdução

2
3

Para todos os iniciados em Direito, bem-vindos à licenciatura mais


precisa e rigorosa das ciências socias, eu particularmente gosto de lhe chamar
de Dogmática dos Princípios.
Neste primeiro ano do curso, serão impactados por duas grandes
cadeiras, são elas: Introdução ao Estudo de Direito e Direito Constitucional, é
nelas onde o verdadeiro significado de Direito está contido, uma que se
dedicará a introduzir conceitos, contar as histórias dos grandes eventos,
introduzir as escolas de pensamento jurídico e os grandes problemas envoltos a
ciência; a outra por sua vez, trata assuntos respeitantes ao intrínseco significado
do que é “ser” uma pessoa consciente e capaz de respeitar e fazer respeitar os
seus direitos, alguém que participa ativamente na escolha dos representantes,
tratando questões de fundo (o intrínseco significado do poder político e a
fundamento dos direitos), questões de forma (o modo de aquisição do poder e a
sua impugnação) e as questões respeitantes as vicititudes do direito.

Sobre esta última, O Direito Constitucional, é o nosso pequeno manual


que intitulamos como “Comentário”. Chamamos Comentário porque ele não é
doutrina sobre doutrina, apenas a interpretação dos factos na ótica dos leigos,
durante as próximas páginas aprenderemos então O Direito Constitucional.

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Introdução ao Direito Constitucional

Como todo bom estudante de direito desconfia, essa ciência só é possível


acontecer por causa das leis, qualquer comportamento, faculdade ou direito que
uma pessoa tenha ou possa invocar é sempre com base numa lei, então é justo
dizer que o fundamento dos direitos são as leis, mas então porque as leis teriam
tanto peso(?) o que as fundamenta(?)
R: uma outra lei, anterior e maior que estas chamada Constituição ou Lei
Fundamental.

Essa dita, lei fundamental tem que necessariamente pertencer a um


Estado ou país, porque esta é a única estrutura capaz de suportá-la. Mas um
Estado, não é só, é composto por vários grupos fixados num território e se
interrelacionando, estes grupos por sua vez, não existem só, são compostos por
pessoas. Todas essas se relacionando dentro do Estado e se regendo por uma
Constituição.

Por conta disso, é justo que o primeiro tema a se dar atenção em direito
Constitucional seja o Estado, porque é o Estado 1 a estrutura que suporta a
Constituição, sendo que não há Constituição se não houver Estado e, não há
Estado se não houver uma Constituição.

1
Povo, Território e Poder Político = Estado. Para efeitos introdutórios vamos tomar
equivalentes Estado, Nação e País, mas só na introdução.

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Estado

Historicidade…

Tudo começa com uma única pessoa num espaço geográfico amplo.
Volvido um tempo, uma segunda pessoa se junta a esta e, passam a coabitar e
se entre ajudar. Estes por sua vez, se reproduzem, gerando uma terceira pessoa
e surge assim uma família2.

O mesmo processo acontece em vários pontos do mesmo espaço, em


algum momento todos esses irão inevitavelmente se encontrar e se relacionar.
Para que o grupo possa se relacionar da melhor forma possível o melhor será se
instituir regras comuns3. Estas serão aplicadas a todos que estão naquele espaço
e os agentes novos que se juntarem e nisto consistiu ºa sociedade. Assim surgiu
o Estado no seu sentido amplo (todo povo e todo território).

Quando se denotou que as pessoas eram muitas e elas mesmos não


cabiam num só lugar para decidir sobre as diversas questões da sociedade,
teve-se a ideia de eleger representantes legítimos para decidirem em nome de
todos, assim de forma eclética e sofrendo muitas transformações ao longo do
tempo, surgiu o Estado em sentido restrito (Poder Político exercido por uma
parte menor, sobre a maioria), também chamado de Contrato Social, a troca de
direitos por deveres.

Sobre como o Estado em sentido restrito surgiu existe ainda outra teoria,
que é a defendida pela escola Anarcocapitalista 4, para eles o Estado teria
surgido a partir da teoria do Bandido Estancionário.
Para entender essa teoria, precisamos antes nos lembrar das três classes
que devem existir numa cidade justa para o filósofo Platão: a Classe dos
Artesões, dos Guerreiros e dos Sábios.
Segundo essa teoria, uma parte pequena da classe dos sábios, subornou a
classe dos guerreiros e dominaram toda a sociedade, fazendo estância no poder,
mais tarde, os personagens foram se substituindo e tomando várias formas ao
longo do tempo, sem nunca devolver o poder que fora assaltado por seus
ancestrais, a soberania individual.

2
A família é o primeiro grupo que a pessoa se insere e, portanto, é por excelência a primeira e a
mais importante de todas as instituições sociais.
3
Note que essa ideia basilar de “regras comuns” vai acabar sendo a Lei Fundamental.
4
Anarcocapitalismo (UNCAP) é uma filosofia política capitalista que pretende a eliminação do
Estado e a proteção à Soberania do individuo através da propriedade privada e do mercado
livre.

5
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Conceito e Elementos do Estado

Por definição o Estado é uma comunidade fixada sobre um território e que


dentro dele exerce o poder de forma soberana. Etimologicamente a palavra vem
do latim “status” e significa modo de estar, situação, condição.

A Expressão Estado pode ser tomada em dois sentidos, o primeiro é o


sentido amplo que engloba em si a totalidade do povo que é soberano e do
território que é independente; o segundo é o sentido restrito, neste, o Estado é
encardo como uma comunidade representativa que age em nome do interesse
da coletividade, sendo que a estes, cabe o exercício do poder.

O Estado tradicionalmente é composto por três elementos que serão


alvos da nossa abordagem inicial: Povo, Território e o Poder político.

Povo
É o primeiro elemento do Estado e, quele que é composto por pessoas.
Por conceito de povo, entendemos todas as pessoas que se encontram ligadas a
um Estado pelo vínculo de nacionalidade.

Importa desde já distinguir de população que trata-se de todas as


pessoas que se encontram no território de um Estado independente do vínculo
de nacionalidade.

Em Direito Constitucional, apenas o primeiro importa. A nível da nossa


lei fundamental são dois os artigos principais que falam sobre este primeiro
elemento do Estado e abrem igualmente espaço para duas temáticas, o primeiro
é o artigo 3º, cuja epígrafe “Soberania”.

Soberania é a faculdade que um povo tem de se autogovernar. A


soberania é do povo logo o poder de governar é do povo, mas na mesma
medida que a Constituição reconhece este direito, ela instrui como devemos
exercê-lo, é através do sufrágio5, pois, que o povo é soberano para votar em
quem lhe governa.
O número dois do mesmo artigo, fala sobre estes representantes
“Estado”, diz que exercem o poder sobre a totalidade do território e fala ainda
no número três sobre a jurisdição do Estado.

Em seguida, olha-se para o artigo 9º, onde falamos da Nacionalidade que


é o ato ou efeito de se vincular a um Estado por meio da afiliação. A própria
5
Voto

6
7

Constituição impõe que a nacionalidade possa ser originária (quando o cidadão


é nascido de pai e mãe angolanos e, aquele achado em território angolano sem
seus progenitores) e adquirida, todas as outras formas previstas pela
constituição ou pela lei para aquisição da nacionalidade.

Existem dois critérios para determinação da nacionalidade, critérios ius


soli e o critério ius sanguini o primeiro tem que ver com os cidadãos encontrados
em solo angolano ao passo que o segundo tem que ver com aqueles: resultam
do coito de pais angolanos ou de angolanos com estrangeiros. A nossa
Constituição prevê ambos os critérios.

A importância deste raciocínio sobre a originalidade ou derivação tem


que ver com a capacidade eleitoral, que é então um direito político que assiste a
todos os cidadãos que consiste por um lado na capacidade de ser eleito
(capacidade eleitoral passiva) e a capacidade de eleger (capacidade eleitoral
ativa).

Só quem é cidadão angolano de origem pode ser candidato a Presidente


da República, portanto a capacidade eleitoral ativa pode ser restringida ao
passo da capacidade eleitoral ativa que não pode ser de maneira alguma
restringida, por ser angolano maior de idade todos podem votar.

Território

Este é o segundo elemento do Estado e, portanto, trata-se do espaço


fronteiriço a que um povo exerce sua soberania. A nível da Lei fundamental,
podemos encontrar respaldo no art.5º onde fala das nossas fronteiras, como
estão definidas e como nos organizamos para fins administrativos e o nº4 do
art.12º onde fala de um impedimento absoluto que é a Instalação de bases
militares de outros Estados em território Angolano. Dentro dos limites
estabelecidos pelas nossas fronteiras, exercemos soberanamente sobre o espaço
Nacional que compreende, o solo, subsolo, território aéreo, marítimo e aquático.

Poder Político

Numa só palavra o poder político é a faculdade de transferência da


soberania e o exercício da mesma i.e. a vontade da maioria expressa através do
governante. Devido a magnitude de uma sociedade, este poder transferido,
revela-se através de outros poderes soberanos. A Constituição fala do Exercício
do Poder político, no seu artigo 4º, onde consigna que este seja exercido por

7
8

quem obtenha legitimidade6 mediante um processo eleitoral justo e


democraticamente exercido.

O que é um processo eleitoral justo, democraticamente exercido?


R: São eleições sufragadas de forma livre, igual, direta, secreta, pessoal,
intransmissível, transparente, justa, obedecendo os princípios gerais do direito e
basilares da constituição.

Essa abordagem geral, tem maior desdobramento no artigo 105º nº1, cuja
epígrafe é “Órgãos de Soberania”, são estes o Presidente da República (PR), a
Assembleia Nacional (AN) e os Tribunais. São estes órgãos de soberania e,
portanto, políticos porque é neles onde reside o poder popular e são estes que o
exercem democraticamente.

Tendo finalmente entendido o que é o Estado e quais os elementos que o


compõem, estamos então em condições de prosseguir, pois se entende que
aprender sobre o Estado, é o mínimo de conhecimento básico que um estudante
deve possuir para estar apto ao aprendizado de Direito Constitucional.

Sujeição do Estado e das demais Instituições ao Direito

A perentória ideia de lei, indica que está acima de qualquer pessoa, todos
somos obrigados a observar e obedecer a lei, só que este sentido não é só para
pessoas individuais, é também para pessoas coletivas, incluindo as pessoas
coletivas públicas7.
O Estado tem o direito de criar e cumprir o direito que ele mesmo criou e
posteriormente fazer cumprir esse mesmo direito pelos demais. Esse direito a
que se fala, é na verdade o elemento jurídico do poder político, que se traduz
num conjunto de regras e princípios, regras e princípios estes que devem estar
espelhados na Constituição.

Regimes, Formas De Governo, Sistemas Políticos

Antes de prosseguirmos é mestre entender a diferença existente entre


Regimes Políticos, Formas de Governo e, sistemas políticos de governo ou

6
Quem lhe é transferida a soberania.
7
Uma Pessoa Coletiva Pública é um órgão colegial, político ou administrativo, que exerce o
poder em nome do povo através da prossecução dos seus interesses que são por excelência os
interesses da comunidade.

8
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apenas sistemas políticos porque são as formas comuns de organização de um


Estado.

Forma de Governo, podemos entender como maneira como o Estado escolhe se


organizar, tem que necessariamente ver com o conjunto de instituições políticas
pelo qual um Estado se organiza para exercer o poder, baseado em princípios.
Ex.:Forma Republica de Governo (baseado na coisa pública); forma monárquica
de governo (baseado na ordenação divina do monarca).

Regimes Político, tem que ver necessariamente com a relação que se estabelece
entre todos os órgãos da sociedade que direta ou indiretamente influenciam no
exercício do poder. Assim quando um regime se diz aberto a comunicação entre
todos os órgãos que influenciam no poder é aberta e com base em direitos, ao
passo que quando se diz fechado, há uma barreira entre os diferentes atores
políticos, a sociedade civil e a mídia.

Sistemas Políticos de Governo, traduz-se no relacionamento que existem entre


os órgãos de soberania dentro de um Estado, podendo este ser Presidencialista,
Parlamentarista, Semipresidencialista ou semiparlamentar.

Assim podemos verificar uma variedade sobre vários aspetos nas formas
que os Estados se organizam que um mesmo Estado em diferentes épocas, quer
entre diferentes Estados, mas o comum é a sua sujeição ao Direito positivo, em
todos eles essa formulação e sujeição é imutável.

Até aqui, temos então de forma sintética espelhado o âmbito da cadeira,


ainda que de forma muito pouco abrangente, agora podemos partir para as
questões fundamentais, como: O que é o Direito Constitucional?

Conceito:

“É o conjunto de normas (regras e princípios) que recortam o contexto jurídico


correspondente à comunidade política como um todo e aí situam os indivíduos e os
grupos uns em face dos outros e perante o Estado-poder e que, ao mesmo tempo, definem
a titularidade do poder, os modos de formação e manifestação da vontade política, os
órgãos de que esta carece e os atos em que se concretiza” (Neto, 2017).

“É o ramo do Direito Público que expõe, interpreta e sistematiza os princípios e normas


fundamentais do Estado” (José Afonso da Silva).

9
10

O Conceito de Direito Constitucional é um conceito aberto e que


qualquer estudante pode empreender o seu, desde que fique implícito aquilo
que acaba traduzindo o conteúdo e o objeto do referido ramo do direito.

Relativamente ao Objeto do Direito Constitucional é constituído pelas


normas fundamentais da organização do Estado.
Estas são: as normas relativas à estrutura do Estado, forma de governo,
modo de aquisição e exercício do poder, estabelecimento de seus órgãos, limites
de atuação, direitos fundamentais do homem e respetivas garantias e regras
básicas da ordem económica e social.

Tipos de Constituição

A doutrina aponta para dois tipos de constituição, uma que é aprontada a partir
de coordenadas jurídico-científicas por Assembleia própria e que revela
expressamente a vontade do povo, sendo esta a Constituição Moderna ao
passo que a outra é depreendida dos costumes, da jurisprudência e da vontade
implícita do povo que é constatada a partir de princípios, essa é, portanto, a
Constituição Histórica.

Há três elementos indispensáveis a verificação de uma Constituição Moderna:


1. ordenação jurídico-política plasmada num documento escrito;
2. declaração, nessa carta escrita, de um conjunto de direitos fundamentais
e do respectivo modo de garantia;
3. organização do poder político segundo esquemas tendentes a torná-lo
um poder limitado e moderado.

A ideia de um texto Constitucional é naturalmente vista de forma norma por


um americano, mas outros Estados, revolucionários como Portugal ou Angola,
este só seria possível se se encontrasse o momento onde houve uma rutura
transformadora, por fim, essa ideia de Constituição, assim chamada, seria uma
ideia estranha para um inglês, cujos conceito é estrangeiro, mas a partir dos
direitos que se foram consolidando a partir da sua história tem-se o equivalente
a Constituição, a partir desta ideia é fácil entender então o que seria uma
Constituição histórica.

Constituição histórica: o conjunto de regras (escritas ou consuetudinárias) e de


estruturas institucionais conformadoras de uma dada ordem jurídicopolítica
num determinado sistema político-social.

Também a Constituição histórica pode ser vista em três momentos:

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1. garantia de direitos adquiridos fundamentais traduzida na garantia do


binómio subjectivo liberty and property;
2. estruturação corporativa dos direitos, pois eles pertenciam (pelo menos
numa primeira fase) aos indivíduos enquanto membros de um
estamento;
3. regulação destes direitos e desta estruturação através de contratos de
domínio do tipo da Magna Charta.

Constitucionalismo Francês

O que marca aqui é que a linha de evolução foi constitucional foi adjacente à da
Inglaterra, aqui se procurou expressamente quebrar com o regime anterior,
consolidando novas formulas de reveleção do poder e elaboração de conceitos
novos, procurando a afirmação da autonomia do individuo; e foi aqui onde
reclamou-se o direito de escrever uma lei base que fosse opunível a todas as
pessoas de todas as classes

Constitucionalismo norte americano


O que marcou esse constitucionalismo foi a consignação de um só povo,
mas não uma só nação; a constituição vista como um poder de defesa contra as
leis do legislador, onde veio nascer a ideia de democracia;

Constitucionalismo Africano:

Estão intimamente ligadas ao momento da descolonização e a afirmação do


nacionalismo positivo sendo, portanto, reflexo das constituições potencias
colonizadoras, obedecendo duas linhas conceituais:
1. As que surgiram pela via capitalista (Zaire, Togo, Camarões);
2. As que surgiram pela via socialista (Nigéria, Quénia, Angola).

Assim podemos identificar em 5 momentos o constitucionalismo africano:


1. Fase de imposição ou imitação (quando foi conquistada a soberania
por uma questão de familiaridade se optava por copiar a Constituição
da potência colonizadora ou daqueles que apoiavam a revolução);
2. Fase de crise (na grande maioria dos casos falhou);
3. Fase de procura de novos modelos constitucionais (estudos foram
feitos para se encontrar novos modelos);
4. Fase de transição democrática (sendo a democracia o padrão, todos
optaram por ela);

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5. Fase actual ou democrática (hoje se exerce a soberania legitimando


democraticamente os representantes).

Classificação das Constituições

Feita esta incursão histórica sobre as constituições, seus países paternais até ao
nosso continente, urge então classificar as constituições, mas antes mesmo que
avencemos a professora Mihaela Webba ensaia um conceito de Constituição
que para todos os efeitos é aqui refletido:

“A Constituição, também chamada de Lex Mater, Lei Fundamental, Magna Carta, Lei
Suprema do Estado, consiste num conjunto de normas jurídicas (princípios e regras),
escritas ou consuetudinárias (isto é costumeiras), que regulam o Estado, seus elementos
e órgãos, nomeadamente, os direitos fundamentais dos cidadãos (Povo), o espaço
geográfico pertença do Estado, suas regras e limites (Território), o sistema e a forma de
governo, o modo de aquisição, manutenção e o exercício do poder (Poder Político), bem
como o as garantias de efectividade e respeito da própria Constituição”. (Neto, 2017)

Há 3 critérios de classificação:

Quanto ao Conteúdo a Constituição pode ser formal, (consiste na criação um


texto normativo chamado Constituição) ou material (O conjunto de regras de
matéria Constitucional); quanto a sua forma ela pode ser escrita ou não escrita
e, finalmente quanto ao modo de elaboração ela pode ser histórica (resultando
de um processo de formação costumeira) ou dogmática (elaborada por um
parlamento que faz constar numa carta os seus direitos e deveres).

Poder Constituinte

O que é o Poder Constituinte?

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É o poder criador, gerador, garantidor ou poder de extinção de uma


Constituição cujo titular é o povo entendido como uma grandeza pluralista (na
medida que é composto pelas pessoas e pelos grupos sociais).

Quem é o titular?
O Titular é o povo que engloba os indivíduos, as instituições, as igrejas, grupos,
comunidades, associações, etc.

Qual é o procedimento de elaboração?

Primeiro deve-se expressamente constituir uma Assembleia Constituinte 8,


depois deve-se decidir se o procedimento para a aprovação da Constituição
deve caber ao povo por meio do referendo ou do plesbicito 9 ou se a própria
Assembleia deve decidir sobre a questão.

Quais São os limites?


R: Os limites são princípios basilares de Direito como A dignidade Humana, A
Justiça, a Igualdade e a Liberdade.

Quais os tipos?
O poder Constituinte pode ser originário ou derivado.

O Poder Constituinte Originário é o Poder capaz de estabelecer uma nova


ordem constitucional. Ele pode ser Histórico ou Revolucionário.
O Poder Constituinte histórico é a primeira vez que num país, que nunca
tenha sido dominado, a Constituição apareceu. Ex: A primeira Constituição
Alemã, da Libéria ou da Etiópia.
O Poder Constituinte Revolucionário, indica uma rutura entre uma
ordem Constitucional, que é substituída por outra. Ex: A Lei Constitucional
Angolana, rompeu com a Constituição Portuguesa que vigorava;

O Poder Constituinte Derivado, é produto do poder constituinte originário e


revela-se como o mecanismo que o povo tem para revisar a sua própria
constituição quando este já não se revê nela.

Este por sua vez pode ser: Derivado Reformador, consistindo na faculdade
transferida a uma Assembleia de reformar o texto constitucional, cujo os limites
nela contidos não podem ser ultrapassados. Ex.: Brasil e EUA

8
Uma Assembleia Constituinte é um grupo legítimo que funcionas através de prerrogativas de
poder transferidas pelo povo e têm a sua função de criar ou extinguir uma Constituição.
9
Referendo ou Plesbicito, com as devidas ressalvas, é uma consulta popular feita ao povo, que é
chamado a decidir sobre uma determinada questão por meio do voto.

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Derivado Revisional, se estabelece um tempo para que a Constituição possa ser


alvo de revisão, são as chamadas revisões ordinárias;
Derivado Decorrente, é quando a elaboração de uma Constituição decorre de
outra, tida como superior, vigorando ao mesmo tempo subordinando-se a
primeira à segunda. Acontece em países federados.

O Poder Constituinte derivado apresenta 5 limites: Procedimentais, Formais,


Matérias, Temporais e Circunstanciais.

Procedimentais: a Constituição impõe um procedimento para sua revisão, os


chamados protocolos, quando se viola esse protocolo estamos diante de uma
conduta inconstitucional que recebe o nome de Vício Procedimental 10.

Formais11, a Constituição impõe que a sua revisão deve ser feita mediante uma
Lei de revisão Constitucional. Se a iniciativa for do PR o nome é projeto, se for
da Assembleia o nome é proposta. Se algum ato não for conforme, geraria um
vício formal, porque não obedeceu a forma do ato;

Materiais, a Constituição limita a revisão a respeitar um conjunto de matérias


que espelham o modo como se revela, qualquer tentativa de rever estas
matérias gera vício material;
Temporais, a Constituição quando revisional, impõe um limite de tempo para
que possa ser revista ordinariamente se não se obedece gera um vício temporal,
mas no caso a constituição também prevê revisões extraordinárias por isso nem
se fala desse vício12
Circunstanciais, em determinadas circunstancias de modo a garantir a sua
efetividade a Constituição impede que seja alvo de revisão, são estas, na
vigência do Estado de Sitio, Guerra ou emergência, gerando assim em caso de
intento um vicio circunstancial.

Teorização de Emanuel Sieyés

Para O referido autor o paradigma social é: há três classes, o Clero, a Nobreza e


a plebe (o povo), cujos dois primeiros exercem domínio sobre o último.
Para ele uma reforma política só será possível se as outras duas classes se
reduzirem a nada e apenas o povo, que deve ser entendido com o legitimo
10
Este limite não é expressamente dito pela constituição, mas ele é tacitamente entendido.
11
A Palavra Formal, provêm de forma, aqui se procura saber a forma do ato ou o nome que
uma lei ou um procedimento terá.
12
A Única forma de se violar tal limite, seria se não havendo ao menos uma vez uma revisão
ordinária, se faça uma extraordinária, porque só pode haver exceção a uma regra se esta já se
tenha verificado ao menos uma vez.

14
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titular do poder constituinte, o assumir. Distingue ele poder constituinte, de


criar uma constituição e o poder constituído criado pela própria constituição.

Para ele o poder constituinte originário é inicial (antes dele não existe
outro); autónomo, porque só a ele cabe decidir quando e como fará a sua
constituição e, omnipotente, pois decide quais princípios e regras deverão ser
consagrados na sua constituição.

Sieyés e Rosseau representam a rutura do direito do monarca escrever as


cartas com normas constitucionais defendendo estes, a supremacia nacional e a
soberania como sendo do povo, cada um carrega uma parcela una e indivisível.

As teorias sobre o poder Constituinte

supreme power:

John Locke apresentou a teoria do supreme power, que pode ser depreendido
nos seguintes pilares:
1. O estado de natureza é de carácter social;
2. Esfera de Direitos antecedentes a formação de qualquer Estado
3. O poder supremo conferido à sociedade;
4. O contrato social povo legitima o legislador, mas esse esta limitado, não
arbitrário.
5. Só o povo, pode estabelecer uma constituição.

Sieyès e o “Pouvoir Constituant”

Podemos resumir esta teoria no seguinte:


1. Recorte de um poder constituinte da nação entendido como poder
originário e soberano;
2. Plena liberdade da nação para criar uma constituição, pois a nação ao
“fazer uma obra constituinte”.

Procedimento Constituinte

Quando se fala em procedimentos constituintes, fala-se dos


procedimentos por meio dos quais uma Constituição se serve para a sua
revelação, destacam-se assim dois tipos de procedimentos:
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1. As Decisões pré-constituintes;
2. As Decisões constituintes – o acto procedimental constituinte.

Decisões pré-constituintes:
Diz respeito ao conjunto de procedimentos ordinários, que precedem a
elaboração de uma constituição.
a. A Própria decisão de elaborar uma lei fundamental;
b. Leis Constitucionais provisorias de modo a dar a primeira forma ao
Estado.

Tomando-se ora decisões formais, ora materiais, chega-se ao seguintes


resultados:
1. Decisões de iniciativa de elaboração e aprovação;
2. Decisão atributiva do poder constituinte e definição do procedimento
jurídico de elaboração da nova constituição;
3. Leis constitucionais transitórias.

Decisões Constituintes:
A Decisões Constituintes são os atos, de facto, que visam formular uma
Constituição.
O primeiro procedimento é a constituição da Assembleia Constituinte que pode
ser:
a) Assembleia constituinte soberana (tem o poder de elaborar e aprovar);
b) Assembleia constituinte não soberana (elabora, mas não aprova);
c) Assembleia Constituinte e Convenções do Povo (Elabora e cada grupo
aprova).

Referendo constituinte e Procedimento constituinte direto, é quando o povo


aprova diretamente sem a intervenção de quaisquer representantes.
Vinculação Jurídica Do Poder Constituinte

O Poder Constituinte não pode assim o ser, se não respeitar os seguintes


princípios: princípio da independência, princípio da autodeterminação,
princípio da observância de direitos humanos. Desdobrando-se em dois
princípios fundantes13: Dignidade da Pessoa Humana e Princípio Republicano,
que são princípios fundantes do Estado Angolano.
13
Princípios Fundantes São o Conjunto de Princípios que fundam a ordem Constitucional de
um Estado, montando todo o aparelho político-democrático, pelo qual este se vai apresentar,
composto por um conjunto de subprincípios e, auxiliado por uma outra gama de princípios que
ajudam na sua materialização, recebendo estes últimos o nome de Princípios Fundamentais, que
seriam aqueles princípios que constam da lei fundamental e fazem deles resultar regimes
jurídicos ou normas.

16
17

Princípios Constitucionais Da República De Angola Os Princípios Fundantes:


Dignidade Da Pessoa Humana E Princípio Republicano

São dois os princípios fundantes do Estado Angolano, começaremos por


falar da dignidade da pessoa humana:
Para achar um conceito do que seria “Dignidade da Pessoa Humana” procure
pelo conceito ensaiado pelo professor Ingo Sarlet, eu apenas dedicarei esforços
a explicar o que é:
Todo ser, só por estar vivo, tem automaticamente o direito a vida e o
direito a tudo que precisa para se manter vivo, o que implica o
desenvolvimento. Pelo homem além da posse desses direitos possuir também a
consciência deles possui a obrigação moral de respeitá-los, assim funda-se o
Principio da Dignidade da Pessoa Humana.
O Conteúdo desse princípio são todos os direitos humanos que nos
compõem como pessoa, quando se afere sobre o mesmo, diz-se que somos
titulares de um conjunto de direitos, a zono de influencia destes mesmo direitos
compõe a nossa esfera jurídica.

Quanto a República, trata-se de uma comunidade que se autodetermina


ou seja, soberana, com um representação territorial, com os seus representantes
devidamente eleitos de forma justa e transparente e uma maioria legitimada
previamente limitada pelos direitos e garantias dos cidadãos.

Ambos os princípios depreendem-se do art. 1º da CRA. O princípio


republicano está intimamente ligado ao princípio da dignidade da pessoa
humana e este (princípio da dignidade da pessoa humana) só é compreensível
quando se vê um Estado que se baseia nele. A Dignidade limite o conteúdo
político do princípio republicano, lhe impondo uma barreira previa.

Res Pública e Res Privata

Angola desde já que consagra um princípio republicano por excelência, agindo


de acordo a prossecução do interesse pública (coisa pública) e no devido
respeito pelas posses que os particulares adquirem (coisa privada).

Dizer, Forma republicana de governo, lhe confere um conjunto de traços


caracterizadores:
 Incompatibilidade com o princípio monárquico;
 Estrutura política que garanta liberdades cívicas e políticas;

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 Catalogo de Liberdades: direitos de participação política e defesa


pessoal;
 Corpos territoriais autónomos e existência mais de uma pessoa coletiva
pública;
 Legitmação do Poder político baseado no povo, para o povo e pelo povo;
 Anti-privilegiético respeitante os princípios da Administração Pública.

“ o princípio republicano está intimamente ligado com princípio democrático que impõe
que se realizem eleições periodicamente; já o princípio republicano vai impôr os limites
ao poder, porque ninguém pode exercer um cargo político de forma vitalícia permitindo
que um maior número de cidadãos possa exercer esses cargos e impede que não haja
personalização e abusos de poder de conformidade com o Prof. Jorge Miranda “ (Neto,
2017).

Tendo abordado estes dois princípios seguimos então com os princípios


estruturantes da nossa ordem Constitucional:

Princípio Da Supremacia Da Constituição

Hans Kelsen foi seu percursor, que elaborou a famosa piramede das leis,
onde a Constituição se encontra no topo, trata-se de uma ideia de hegemonia ou
seja reconhecesse a constituição a supracapacidade enquanto força que se
impõe ao estado e aos seus atos normativos. Na CRA se encontra no art.6º
A Força e supremacia deste princípio consiste necessariamente na sua
obrigatoriedade.

Princípio do Estado de Direito Democrático

Encontra-se sagrado no art.2º da CRA e se desdobra num conjunto de


outros princípios que celebram a dignidade humana, que limitam o poder
político e que imbuem a administração ao povo legitimamente representado se
revelando este, num conjunto de normas dispersos por todo texto
constitucional.
Ex.: artigo 22.º à 75.º da CRA

Hoje este principio se encontra internacionalmente vinculado, na medida


que as novvas teorizações sobre os limites de um Estado já não passam só pelo
povo, mas também pelos princípios internacionais, pois, nenhum Estado existe
fora da sociedade internacional.

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Este Princípio, tem seus subprincípios concretizadores:

 Juridicidade;
 Constitucionalidade;
 Direitos Fundamentais.

Juridicidade: tem que ver com a Matéria, Procedimento e Forma, visando dar
resposta a questão do conteúdo, extensão e o modo de elaboração;

Constitucionalidade: celebra a ideia de que num Estado, deve existir uma


Constituição e deve ser absoluta impondo a todos o respeito.
a) Vinculação Do Legislador À Constituição;
b) Vinculação De Todos Os Actos Do Estado À Constituição;
c) Vinculação De Todos Os Actos Do Estado À Constituição;
d) Força Normativa da Constituição.

Direitos Fundamentais

Direitos Fundamentais são os direitos consagrados na lei fundamental de


um Estado e, são tradicionalmente direitos civis e políticos e resultam na sua
maioria do princípio da dignidade da pessoa humana e do princípio
Democrático, a CRA apresenta um vasto leque de direitos fundamentais que se
encontra disperso ao longo do texto, mas aqui aponta-se o regime que começa
no artigo 27º à 28º e vai até o 56º.

Dimensão Negativa E Dimensão Positiva: Limite Do Poder E Responsabilidade


Pelo Poder

Os três subprincípios conjugados revelam uma uma dimensão de


separação entre os poderes gorando a ideia de ordenação subjetiva e de
ordenação objetiva cujas revelam duas dimensões:
1. A separação como divisão, controlo e limite do poder (dimensão
negativa);
2. A separação como constitucionalização, ordenação e organização do
poder do Estado tendente a decisões funcionalmente eficazes e
materialmente justas (dimensão positiva).

Princípio Normativo Autónomo

A separação de poderes deve funcionar como um princípio normativo


autónomo na medida em que seja invocável na solução de conflitos e que seja

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fundamentador de incompatibilidades não sendo admitido que um mesmo


individuo exerça funções em mais que um poder.

Garantia Da Administração Autónoma Local

Este Princípio se encontra ligado ao princípio do estado de direito


democrático na medida que visa a descentralização dos poderes do Estado, por
um lado aproximando os serviços dos cidadãos e por outra permitindo a
existência de várias pessoas coletivas públicas.

Os Subprincípios Concretizadores do Principio do Estado de Direito


Democrático

 Princípio da legalidade da administração ─ nesta primeira dimensão se


analisam os princípios da supremacia e do prevalência da lei, rezando
que a Administração deverá se pautar na lei e, que nem um ato pode
superintender a lei.
 Princípio geral da segurança jurídica ─ A segurança e a proteção da
confiança exigem no fundo: (1) fiabilidade, clareza, racionalidade e
transparência dos actos do poder; (2) de forma que em relação a eles o
cidadão veja garantida a segurança nas suas disposições pessoais e nos
efeitos jurídicos dos seus próprios actos;
 Princípio da proibição do excesso ─ o seu fundamento é a regra da
rozoabilidade, qu
 e celebra então a ideia que a atuação da Administração deve ser no
mínimo necessária e tem que observar os direitos fundamentais.
Este por sua vez também possui subprincípios que o concretizam:
 Subprincípio da conformidade ou adequação de meios; que
diz que a medida aplicada para realização do interesse
público deve ser adequada ao fim; Ex.: para conter
manifestantes não são necessárias armas de fogo
 Subprincípio da Exigibilidade ou da Necessidade; o
cidadão tem o direito a menor desvantagem possível. Pode
ser temporal, material, pessoal
 Subprincípio da proporcionalidade em sentido restrito ou
da Justa Medida; segundo o mesmo deve se verificar se o
fim alcançado corresponde a medida utilizada.
 Proibição Por Defeito ou Insuficiência na Proteção; segundo
o qual visa proteger os particulares contra atos desmedidos

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por parte do Estado. Ex.: despejar alguém, deixando-o sem


teto.

Há ainda outros princípios como:


Princípio da proteção jurídica e das garantias processuais, Garantias Do
Procedimento Administrativo.

O Principio democrático celebra a ideia de autogovernação de um povo, esta


intimamente ligado aos direitos fundamentais e sua dimensão negativa que
consiste na formula de poppe que diz que a democracia nunca foi a soberania
do povo logo não depende do representante a efetivação de qualquer direito
não estando estes blindados.
O Principio democratico concretiza-se materialmente através da
soberania popular que transporta consigo sempre algumas dimensões:
1. Domínio político, legitimação popular, soberania do povo. Significando
Soberania Popular a vontade declarada do povo.

Temos Ainda o Princípio da Representação popular


(1) exercício jurídico, feito em nome do povo, por órgãos de soberania
do Estado;
(2) derivação directa ou indirecta da legitimação de domínio do
princípio da soberania popular;
(3) Exercício do poder com vista a prosseguir os fins ou interesses do
povo.
Direitos Políticos dos cidadãos:

Direito de sufrágio, Direito de acesso à cargos públicos.


Os direitos políticos menores:
a) Direito de petição (73.º)
b) Direito de informação política (52.º, n.º 1)
c) Direito de participação em actividades subordinadas do Estado.
Direitos de iniciativa:
a. O direito de acção popular (74.º)
b. O direito de iniciativa legislativa popular (167.º, n.º 5)
c. Direito de candidatura (54.º, 111.º, 146.º, 220.º n.º 5)

Relativamente ao exercício dos direitos políticos podemos destacar a


capacidade eleitoral ativa que consiste na irrestringível faculdade para escolher
os seus representes; em oposição a capacidade eleitoral passiva que consiste na
aptidão que um individuo apresenta para ser eleito como representante.
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É possível restringir a capacidade eleitoral ativa, mas a passiva não.

ACTOS DA DEMOCRACIA

Eleição: a) A CRA e seus princípios b) A administração eleitoral: TC e CNE (art.


107.º, 180.º e LOEG) c) A legislação eleitoral (Lei do Registo Eleitoral Oficioso,
LOEG, LCNE) d) Sistemas eleitorais em geral e) As candidaturas f) A campanha
eleitoral: procedimento; a liberdade de propaganda; o financiamento. g)
Procedimentos da eleição: a marcação da data das eleições (112.º) da CRA; a
propositura das candidaturas; (111.º da CRA) a constituição das assembleias de
voto; a votação; o apuramento.

Referendo:
É uma consulta popular feita ao povo, que decidi por meio do voto sobre
uma determinada questão, sendo objetivo o seu texto apenas admite que sejam
respondidos sim ou não e no máximo só apresenta 3 perguntas, as questões
barradas a referendo normalmente aparecem na Constituição ou na lei.

Classificação dos Órgãos do Estado


órgãos singulares e órgãos colegiais, órgãos simples e órgãos complexos, órgãos
electivos e órgãos não electivos, órgãos representativos e órgãos não
representativos, órgãos constitucionais e não constitucionais, órgãos de
existência obrigatória e órgãos de existência facultativa, órgãos deliberativos e
órgãos consultivos, órgãos a se e órgãos auxiliares, órgãos de competência
originária e órgãos de competência derivada, órgãos legislativos, governativos,
administrativos e jurisdicionais, órgãos de decisão e órgãos de controlo, de
fiscalização ou de garantia, órgãos externos e órgãos internos, órgãos políticos e
órgãos não políticos, órgãos primários e órgãos vicários, órgãos centrais e
órgãos locais, órgãos hierarquizados e órgãos não hierarquizados.

Tribunais

Tribunais:
Órgãos colegial com competências adversas em matéria da jurisdição
comum e das demais formas previstas na lei e na CRA. Em Angola podem ser:
 Tribunais de primeira instância, Tribunais de segunda instância ou
Tribunais da Relação;

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 Tribunais Superiores: Tribunal Supremo, Tribunal Constitucional,


Tribunal de Contas e Supremo Militar.

No geral, os princípios que concretizam a atividade de jurisdição são: Função


jurisdicional (art. 174.º) Independência dos Tribunais (artigo 175.º) Sistema
Jurisdicional (artigo 176.º) Decisões dos Tribunais (artigo 177.º) Autonomia
administrativa e financeira dos Tribunais (artigo 178.º) Estatuto dos
Magistrados Judiciais (artigo 179.º).

Tribunal Constitucional
É a instância jurisdicional com competência em matérias constitucionais.
Para entender o modo de eleição dos juízes, visite o art. 180 da CRA. O
Mandato de um juiz tem a duração de 7 anos.

Quanto a sua composição é composto por duas câmaras (órgãos colegiais), o PR


e o vice do tribunal são órgãos singulares e funciona em sessões de plenário e
em sessões de juízes de câmara.
Internamente são eles quem elaboram a sua orgânica, orçamento, definem o ano
judicial e ainda quem compõe seu quadro interno de pessoal.

Recurso Extraordinário DE Inconstitucionalidade

É uma figura processual legislativa que permite que a própria


constituição e demais atos legislativos sejam alvo de analise e posterior revisão
sempre que estes não são conformes a própria constituição ou a seu limites,
sendo que é função do Tribunal decidir sobre o mérito da questão.

Existem 3 modelos de fiscalização da Constituição: Unitário, de separação e o


Misto

Unitário: Segundo este, a verificação da constitucionalidade é uma função de


todos os tribunais sempre que tal surja em sede de seu processo, não havendo
exclusão.
De Separação: Segundo este modelo deve haver um órgão específico cuja
função é revisar a constitucionalidade das normas.
Misto: O modelo Misto consiste num complexo funcional pois abarca
características quer de um quer do outro.

Os sujeitos do controlo podem ser: Políticos ou Jurisdicional. O Jurisdicional:


difuso ou americano (Unitário) e austríaco (De Separação).

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Via de controle: Incidental, quando se cruza com a inconstitucionalidade a nível


de um processo; via principal, quando se pratica um ato que vise fiscalizar uma
norma.

Controlo Abstrato e Direto: O Abstrato é o controlo feito independente de


qualquer litigio ao passo que o segundo é a ideia de qualquer juiz poder decidir
sobre a inconstitucionalidade em sede uma ação judicial.

Quanto ao tempo ele pode ser preventivo (durante a formação do ato


inconstitucional) ou sucessivo (quando o ato já se encontra em vigor).
A legitimidade processual para solicitação da inconstitucionalidade depende da
lei.

Os efeitos podem ser absolutos ou entre particulares; para o futuro ou para o


passado, declarativos ou constitutivos.

A CRA adotou o sistema misto. Sendo o controlo abstrato preventivo previsto


no art. 227º e o sucessivo no art. 230º

Vícios geradores de Inconstitucionalidade

De acordo com Canotilho, a doutrina costuma distinguir entre vícios formais,


vícios materiais e vícios Procedimentais. Em oposição a George Miranda que
defende o vicio Orgânico, material e formal.

Prova Resolvida

Prova A
Das Seguintes frases escolha em cada número. A afirmação verdadeira
transcrevendo-a para a sua folha de prova, indicando a respectiva alínea e
fundamentando a sua escolha:

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 Em 1975 sob influência Austríaca Angola escolheu um sistema de


fiscalização difusa da Constitucionalidade;
 Em Angola todos os tribunais pertencem a Jurisdição Constitucional;
 Em Angola só o Tribunal Constitucional é um órgão de Justiça
Constitucional;
II°
 O princípio republicano prevê o exercício do poder político pelo
monarca de forma vitalícia;
 De acordo com o Princípio Republicano, ninguém pode exercer a título
vitalício qualquer cargo político de âmbito nacional, regional e local;
 A Forma Republicana de Governo recolhe e acentua a ideia de
privilégios no que respeita a definição dos princípios e critérios
ordenadores do acesso a função pública e aos cargos públicos;
III°
 Em Angola nunca se pode suscitar o incidente de
inconstitucionalidade;
 O Direito de Suscitar o Incidente de a inconstitucionalidade é um
meio de defesa jurisdicional;
 Entre nós está consagrada a figura da ação constitucional de defesa;
IV°
 A CRA não prevê expressamente o princípio da legalidade da
Administração e o Princípio da Responsabilidade do Estado por danos
causados ao cidadão;
 Em termos Concretos a dimensão do Estado de Direito não encontra
expressão juridico-constitucional no complexo de princípios e regras
dispersos pelo texto constitucional Angolano;
 A CRA não prevê implicitamente o princípio da legalidade da
Administração e o Princípio da Responsabilidade do Estado por danos
causados ao cidadãos;

Suponha que A PR estivesse no seu segundo mandato, e como PR do seu


partido político indicasse o seu filho B para cabeça de lista do seu partido.
Realizadas as eleições o filho do PR vence-as, tornando-se o novo PR.
Decorridos 2 mandatos, o Presidente B pretende uma nova reeleição para
um mandato de 5 anos e pretende rever a constituição no sentido de
permitir tal desiderato, mediante uma revisão constitucional ordinária. O
primeiro mandato do PR A e a primeira revisão Constitucional ordinária
foram realizadas em 2015.

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