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Sumário
TÓPICO 1 – Constitucional.............................................................................................05
1.1 Constitucionalismo....................................................................................................05
1.3 Nacionalidade..........................................................................................................08
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2.4.7 Superior Tribunal de Justiça...............................................................................28
2.4.8 Reclamação.....................................................................................................28
3 Ações constitucionais................................................................................................29
4.1 Federação................................................................................................................34
5 Controle de constitucionalidade.................................................................................43
1 Constitucionalismo e direitos e
garantias fundamentais
1.1 Constitucionalismo
Conceito: o constitucionalismo pode ser entendido como um movimento de caráter político e
jurídico, verificado com maior vigor nos séculos XVIII e XIX, que, em reação ao absolutismo, pro-
punha a limitação do poder estatal por meio da edição de Constituições escritas.
Constituição é palavra que denota estrutura de algum objeto. Trata-se da estrutura do Estado,
que deveria ser moldado de tal modo que fosse limitado por normas jurídicas, evitando-se o
arbítrio típico da Idade Moderna. Essa ideia forjou a noção de Estado de Direito, ou seja, de
Estado submetido ao Direito.
O acirramento das desigualdades econômicas e sociais trouxe a noção de que caberia ao Estado
promover um mínimo de igualdade material, o que exigia uma série de ações e intervenções
nas relações econômicas. Assim, o desenvolvimento dos direitos sociais, de segunda geração,
transforma também o constitucionalismo, que, de liberal, passa a ser adjetivado de social, dan-
do início, entre o século XIX e o século XX, ao Estado social de Direito. Os primeiros exemplos
de documentos jurídicos desse tipo de constitucionalismo que proclama, dentre outros, o direito
do trabalho, à saúde, à educação e à previdência são as Constituições de Querétaro (México,
1917) e de Weimar (Alemanha, 1919).
Aos direitos de primeira e segunda geração foram adicionados os direitos difusos – terceira ge-
ração – como o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado e à paz. Apesar de terem
sido incorporados às Constituições, não houve a instituição de um novo tipo de constitucionalis-
mo. A doutrina tem utilizado a expressão neoconstitucionalismo para sustentar que, entre o fim
do século XX e o início do século XXI, houve uma grande mudança em razão da valorização dos
princípios constitucionais, utilizados na jurisdição constitucional para a produção de soluções
justas, para a efetivação de direitos fundamentais. Para fins de prova, mais do que discutir a
existência de um novo constitucionalismo, o que é bastante questionado por parcela dos autores,
importa associar as expressões neoconstitucionalismo e pós-positivismo às ideias narradas.
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No Brasil, o constitucionalismo também acompanhou esses passos, com a edição de oito Cons-
tituições escritas.
• Constituição dos Estados Unidos do Brasil (1937): outorgada por Getúlio Vargas e
conhecida como “polaca”, nunca chegou a viger plenamente. Isso porque previa um
dispositivo dizendo que deveria ser submetida à consulta popular, convocada pelo
Congresso. Ocorre que, com o Estado Novo, o Congresso Nacional foi fechado, e a
Constituição estabelecia que, enquanto essa circunstância permanecesse, todas as
competências congressuais seriam exercidas pelo presidente da República. Com base
nisso, Getúlio Vargas editou toda a legislação do período, até 1945, sem convocar a
consulta popular.
Para fins de prova, a leitura atenta de todo o art. 5º da CF é essencial. Há alguns pontos, porém,
que merecem menção especial.
• Abrangência do art. 5º: no caput do dispositivo, a Constituição estipula que todos são
iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos dos incisos. Note que o constituinte
disse menos do que deveria, pois esses direitos são garantidos a todos os brasileiros e a
todos os estrangeiros, não apenas os que residam no Brasil. Há proteção, também, às
pessoas jurídicas, desde que os direitos sejam compatíveis com a sua condição.
• Liberdade de consciência (inciso VI): todos têm liberdade de pensamento. Por conta
disso, o indivíduo pode também crer naquilo que quiser, bem como expressar o seu
pensamento livremente, independentemente de censura ou licença (incisos IV e IX). Veda-
se apenas o anonimato, assegurando-se também direito de resposta, em caso de ofensas,
bem como indenização por dano material, moral ou à imagem (inciso V). Além disso,
ninguém pode ser privado de direitos em razão de sua crença ou convicção, exceto se
as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir
prestação alternativa fixada em lei (inciso VIII – é o caso, por exemplo, do serviço militar
obrigatório).
• Direitos petição e certidão (inciso XXXIV): atente-se para a imunidade tributária presente
no dispositivo.
• Tratados e convenções sobre direitos humanos (§ 3º): se versarem sobre essa matéria
e forem aprovados, em cada casa do Congresso Nacional, em duplo turno, por 3/5 dos
membros, os tratados terão a mesma força de emendas constitucionais. Farão parte,
assim, do chamado bloco de constitucionalidade, podendo servir de parâmetro de
controle na jurisdição constitucional. O exemplo é a Convenção de Nova Iorque sobre os
Direitos das Pessoas com Deficiência.
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1.3 Nacionalidade
Nacionalidade é o vínculo que une o indivíduo a determinado Estado, e pode ser adquirida de
duas maneiras diversas.
»» Critérios:
·· Jus soli: origem territorial. Nacional é aquele que nasceu no território do Estado.
Típico de países que receberam forte imigração.
»» Brasil: adota como regra o jus soli, admitindo hipóteses de jus sanguinis. Assim, nos
termos da Constituição (art. 12), é brasileiro nato:
·· Nascidos no estrangeiro:
• Nacionalidade secundária
»» Brasileiro naturalizado
• Acesso a cargos públicos: art. 12, § 3º, CF. Note que o dispositivo veda o acesso
de brasileiros naturalizados a determinados cargos ligados, em geral, ao presidente da
República e àqueles que podem substituí-lo. Nesse sentido, é possível, por exemplo, que
brasileiro naturalizado seja deputado ou senador, mas não presidente da Câmara ou do
Senado. Além disso, a Constituição proíbe que brasileiros naturalizados sejam diplomatas,
oficiais das Forças Armadas ou Ministro de Estado da Defesa.
• Proteção contra extradição: art. 5º, LI, CF. Note que o brasileiro nato jamais poderá
ser extraditado. O brasileiro naturalizado, por sua vez, possui proteção menor, podendo
ser extraditado por crime comum cometido antes da naturalização ou por comprovado
envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes, na forma da lei. No último caso, para
fins de extradição, o envolvimento pode ocorrer antes ou depois da naturalização.
Quase nacionalidade (Português equiparado): o art. 12, § 1º, da CF, prevê que o português
com residência permanente no Brasil terá os “[...] direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos
previstos nesta Constituição”, se houver reciprocidade em favor de brasileiros em Portugal. Isso
significa que, atendidas as condições narradas, o português terá os mesmos direitos do brasileiro
naturalizado, sem precisar obter a naturalização.
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Quanto ao modo de exercício, a democracia pode ser direta ou indireta. A democracia direta
é aquela em que o povo participa da vida política de uma sociedade sem intermediários (re-
presentantes), ele por si exercerá o poder. Já a democracia indireta ocorre quando o poder em
uma sociedade é exercido por meio dos representantes do povo. Neste caso, o povo escolherá
os seus representantes para atuarem em seu nome. Atente-se que o Brasil adota a democracia
semidireta, que é concomitante à democracia representativa, e que também possui mecanismos
de participação direta, como a iniciativa de leis, o plebiscito e o referendo, segundo a previsão
do art. 14 da Constituição. Observe que se pode acrescentar, entre outros, a ação popular como
instrumento de participação popular.
Aquisição da cidadania
A cidadania designa o indivíduo dotado de capacidade eleitoral ativa, ou seja, aquele que pode
votar, e também o indivíduo dotado de capacidade eleitoral passiva, ou seja, aquele que pode
ser votado caso preencha as exigências legais.
A aquisição da cidadania, segundo a Constituição, ocorre por meio do alistamento eleitoral, isto
é, o indivíduo deve fazer a sua inscrição como eleitor perante a Justiça Eleitoral (título eleitoral).
Isso pressupõe a nacionalidade brasileira (não podem se alistar como eleitores os estrangeiros),
idade mínima de 16 anos e não ser conscrito durante o serviço militar obrigatório.
Não podem se alistar como eleitores os estrangeiros e os conscritos durante o serviço militar
obrigatório (art.14, §2° CF). Os conscritos são os nacionais convocados para o serviço militar
obrigatório, porém, caso se trate de serviço militar permanente, há a obrigação de realizar o
alistamento eleitoral.
A elegibilidade diz respeito à capacidade eleitoral passiva, a qual prevê a possibilidade de ser
eleito. Deve-se observar que nem sempre, da alistabilidade, decorre a elegibilidade. Isso porque
a Constituição (art. 14, §3° CF) é expressa quanto às condições de elegibilidade, sendo elas:
a nacionalidade brasileira; o pleno exercício dos direitos políticos; o alistamento eleitoral; o
domicílio eleitoral na circunscrição; a filiação partidária e a idade mínima para os cargos de
presidente e vice-presidente da República e senador (35 anos), governador e vice-governador de
Estado e do Distrito Federal (30 anos), deputado federal (21 anos), deputado estadual ou distrital
(21 anos), prefeito e vice-prefeito (21 anos); e juiz de paz (21 anos).
Ressalta-se que a Constituição (art. 14, §4°) prevê que os inalistáveis e os analfabetos são ine-
legíveis.
Inelegibilidades absolutas dizem respeito àquelas pessoas que não podem concorrer à eleição
alguma (art. 14, §4° CF). Desse modo, não podem exercer a capacidade eleitoral passiva os
inalistáveis (estrangeiros, conscritos durante o serviço militar obrigatório, menores de 16 anos e
os menores de 18 anos não alistados) e os analfabetos (lembre-se que o analfabeto tem direito à
alistabilidade e, portanto, direito de votar, mas não pode ser eleito, pois não possui capacidade
eleitoral passiva).
Inelegibilidades relativas são restrições específicas a certos tipos de cargos ou funções em que o
cidadão se encontra no momento da eleição.
• Restrição dos militares: o militar alistável é elegível, desde que, se contar com menos de
dez anos de serviço, afaste-se da atividade; e se contar com mais de dez anos de serviço,
será agregado pela autoridade superior; e, se eleito, passará automaticamente, no ato da
diplomação, para a inatividade (art. 14, §8°, CF).
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A LC nº 135/2010, conhecida como “Lei da Ficha Limpa”, inova com o amparo da constitu-
cionalidade já afirmada pelo STF em relação às inelegibilidades relativas. A partir da referida
Lei, entende-se que é inelegível o cidadão que tenha decisão condenatória proferida por órgão
judicial colegiado, mesmo que ainda não tenha ocorrido o trânsito em julgado. Outra novidade
trata-se da inelegibilidade daquele que for condenado, em decisão proferida por órgão cole-
giado da Justiça Eleitoral, por corrupção eleitoral, por captação ilícita de sufrágio, por doação,
captação ou gastos ilícitos de recursos de campanha ou por conduta vedada aos agentes públi-
cos em campanhas eleitorais que impliquem cassação do registro ou do diploma.
Já a reaquisição dos direitos políticos suspensos se dará automaticamente, com a cessação dos
motivos que determinaram a suspensão. Quanto à hipótese de perda dos direitos políticos por
cancelamento da naturalização, só será possível por meio de ação rescisória (prazo de dois anos
do trânsito em julgado).
Com a finalidade de impedir abusos no exercício dessas três funções, Montesquieu lança as ba-
ses de um sistema de freios e contrapesos que, com o tempo, vem sendo aperfeiçoado. Reconhe-
ce-se a independência dos três órgãos, que exercem cada uma das funções, mas os apresenta
subordinados a uma relação harmônica, na qual se estabelece uma relação de controle recípro-
co entre eles. Isso não significa o domínio de um em relação ao outro, mas sim uma consciente
colaboração entre eles.
As comissões permanentes, conhecidas como comissões temáticas, são as que subsistem através
das legislaturas, organizando-se em razão da matéria. A Comissão de Constituição, Justiça e
Cidadania, responsável pelo controle preventivo de constitucionalidade, é um exemplo.
As comissões parlamentares de inquérito (CPIs) são comissões temporárias (prazo certo), destina-
das a investigar fato certo e determinado, sendo aquele de relevante interesse para a vida pública
e a ordem constitucional, legal, econômica e social do País. Ela pode ser constituída nos âmbitos
federal, estadual, distrital e municipal. Além do fato determinado, para serem constituídas preci-
sam de um terço dos membros da respectiva casa e do prazo certo.
Nos termos da Constituição, as CPIs terão poderes de investigação próprios das autoridades ju-
diciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas. Não obstante, exercerem
poderes de investigação próprios das autoridades judiciais (exemplo: determinar a realização de
perícia), e deve-se respeitar a cláusula de reserva constitucional de jurisdição, segundo a qual
determinados atos só podem ser praticados pela autoridade judiciária, por exemplo, quebra do
sigilo das comunicações. Contudo, o Supremo Tribunal Federal, reconheceu não fazer parte da
referida cláusula a possibilidade de a CPI realizar as quebras dos sigilos: fiscal, de dados telefô-
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nicos e bancário. Por fim, as suas conclusões, se for o caso, serão encaminhadas ao Ministério
Público, que promoverá a responsabilidade civil e criminal dos infratores (art. 53, §3°, CF).
Existem, também, as chamadas comissões parlamentares mistas, formadas por Deputados e Se-
nadores, com o objetivo de atuarem conjuntamente na apreciação de determinados conteúdos,
como aqueles previstos nos arts. 62, §9°, 72 e 166, §1° da Constituição.
Imunidade material: os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quais-
quer de suas opiniões, palavras e votos. Isso significa que não serão responsabilizados nas ordens
civil e penal quando praticarem esses atos no exercício da função parlamentar. Por isso, também
é denominada como inviolabilidade ou imunidade absoluta. Esta prerrogativa proporciona a
representatividade da forma mais ampla possível, permitindo que os parlamentares defendam
as ideias pelas quais foram eleitos. Dessa forma, observe que há a necessidade do vínculo com
o exercício do mandato parlamentar (art. 53, caput, CF). Contudo, em relação aos vereadores,
essa proteção é restringida à circunscrição do Município (art. 29, VIII, CF).
Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos,
salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de 24
horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão
(art. 53, §2°, CF).
Recebida a denúncia contra Senador ou Deputado por crime ocorrido após a diplomação, o
Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político
nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o
andamento da ação (art. 53, §3°, CF). O pedido de sustação será apreciado pela Casa respecti-
va no prazo improrrogável de 45 dias do seu recebimento pela Mesa Diretora (art. 53, §4°, CF),
e a sustação do processo suspende a prescrição enquanto durar o mandato (art. 53, §5°, CF).
Foro por prerrogativa: os Deputados e Senadores Federais, desde a expedição do diploma, são
julgados perante o Supremo Tribunal Federal (art. 53, §1°, CF).
Isenção do serviço militar: a incorporação dos congressistas (mesmo se militares e ainda que
em tempo de guerra) às Forças Armadas depende da prévia licença da respectiva Casa legislati-
va, salvo se renunciarem ao mandato (art. 53, §7°, CF).
Além disso, também lhes é vedado, só que desde a posse: a. ser proprietários, controladores ou
diretores de empresa que goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito
público, ou nela exercer função remunerada; b. ocupar cargo ou função de que sejam demissí-
veis ad nutum nas entidades mencionadas no parágrafo anterior; c. patrocinar causa em que seja
interessada qualquer das entidades mencionadas no parágrafo anterior; d. ser titulares de mais
de um cargo ou mandato público eletivo.
Os casos que envolvem uma decisão por parte da Casa parlamentar são aqueles em que o par-
lamentar infringir as proibições estabelecidas no art. 54 CF (situações de incompatibilidades);
cujo procedimento for declarado incompatível com o decoro parlamentar; e que sofrer condena-
ção criminal em sentença transitada em julgado.
Os casos em que a perda do mandato será apenas declarada são, primeiramente, quando o
parlamentar deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das sessões ordi-
nárias da Casa a que pertencer, salvo licença ou missão por esta autorizada; que perder ou
tiver suspensos os direitos políticos; e quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos previstos
constitucionalmente.
É importante lembrar que o Supremo Tribunal Federal alterou sua jurisprudência e confirmou en-
tendimento do Tribunal Superior Eleitoral no sentido da perda do mandato por infidelidade parti-
dária, mesmo não sendo hipótese prevista entre as causas de perda de mandato apresentadas no
art. 55 da Constituição. Pondera o Ministro das Relações, Celso de Mello, que “[...] o ato de infi-
delidade, seja ao ético-político, representa um inadmissível ultraje ao princípio democrático e ao
exercício legítimo do poder, na medida em que migrações inesperadas, nem sempre motivadas
por razões justas, não só surpreendem o próprio corpo eleitoral e as agremiações partidárias de
origem [...], vindo até em clara fraude à vontade popular [...]” (MS 26.603-1/DF, 04.10.2007).
Note que não perderá o mandato o deputado ou senador investido no cargo de Ministro de Esta-
do, governador de Território, Secretário de Estado, do Distrito Federal, de Território, de Prefeitura
de Capital ou chefe de missão diplomática (o congressista poderá optar pela remuneração do
mandato). E, também, aquele licenciado pela respectiva Casa por motivo de doença, ou para
tratar, sem remuneração, de interesse particular, desde que, neste caso, o afastamento não ultra-
passe 120 dias por sessão legislativa.
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O Tribunal de Contas da União é composto de nove Ministros e tem sede no Distrito Federal.
Tem quadro próprio de pessoal e jurisdição (competência) em todo o território nacional e, no
que couber, exerce as atribuições previstas no art. 96 da CF (art. 73, caput da Constituição).
Os Ministros do Tribunal de Contas da União, não são magistrados, mas terão as mesmas ga-
rantias, prerrogativas, impedimentos, vencimentos e vantagens dos Ministros do Superior Tribunal
de Justiça, aplicando-lhes, quanto à aposentadoria e pensão, as normas constantes do art. 40
(art. 73, §3°, CF).
Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão nomeados dentre brasileiros que satisfaçam
os seguintes requisitos: a. maior de 35 e menor de 65 anos de idade; b. idoneidade moral e
reputação ilibada; c. notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou
de administração pública; d. mais de 10 anos de exercício de função ou de efetiva atividade
profissional que exija os conhecimentos já mencionados (art. 73, §1°, CF).
Deverão ser escolhidos da seguinte forma: 1/3 pelo presidente da República, com aprovação do
Senado, sendo dois alternadamente dentre auditores e membros do Ministério Público junto ao
Tribunal, indicados em lista tríplice pelo Tribunal, segundo os critérios de antiguidade e mereci-
mento; e 2/3 pelo Congresso Nacional.
Entre as atribuições previstas para o Tribunal de Contas da União, estão previstas no art. 71
da Constituição a apreciação das contas prestadas anualmente pelo presidente da República,
mediante parecer prévio, e, também, o julgamento das contas dos administradores e demais res-
ponsáveis por dinheiros, bens e valores da administração direta e indireta, incluídas as fundações
e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público Federal, e as contas daqueles que derem
causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público.
Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma da
lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União (art. 74,
§2°, CF).
As Constituições Estaduais disporão sobre os Tribunais de Contas respectivos, que serão integra-
dos por sete Conselheiros (art. 75, parágrafo único, CF). Poderão existir, também, os Tribunais
de Contas do Distrito Federal.
O Tribunal de Contas nos Municípios possui algumas particularidades. Primeiramente, o art. 31,
§4°, da Constituição vigente veda a criação de Tribunais, Conselhos ou órgãos de Contas Mu-
nicipais. Contudo, quando da criação da atual Constituição, alguns municípios, como o de São
Paulo, possuíam Tribunal de Contas Municipal, e, em relação a esses já existentes, a Constituição
de 1988 não proibiu que continuassem a existir. Já em relação aos Municípios que, à época
da promulgação da Constituição, não tinha o seu respectivo Tribunal de Contas Municipal, não
poderão mais criá-los. Nesses casos, ficará a cargo dos Tribunais de Contas dos respectivos
Estados. Por isso que, segundo a Constituição (art. 31, §1°), o controle externo da Câmara Mu-
nicipal será exercido com o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados ou do Município ou dos
Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios, onde houver.
As limitações formais são aquelas que dizem respeito ao processo legislativo que se deve obser-
var para a produção da emenda constitucional. O art. 60, incisos I, II e III, trata da iniciativa para
apresentar uma proposta de emenda constitucional, sendo, respectivamente: um terço, no míni-
mo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; do presidente da República;
de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se,
cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. A fase constitutiva encontra-se prevista
no §2°, segundo o qual a proposta será discutida e votada, em cada Casa do Congresso Na-
cional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos
dos respectivos membros. Observe que não há no processo de emenda a fase de Deliberação
Executiva. Por fim, a fase complementar é formada pela promulgação e publicação da Emenda
Constitucional. A emenda constitucional, nos termos do §3°, será promulgada pelas Mesas da
Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem.
Verifica-se que o §5° dispõe que a matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida
por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa.
A fase de iniciativa consiste na apresentação do projeto de lei por pessoa legitimada pela Cons-
tituição. Tem-se a iniciativa geral, ou competência concorrente, nas situações previstas pelo art.
61, caput e §2° da Constituição, e, também, a iniciativa reservada, quando apenas determinadas
autoridades podem apresentar projeto de lei, como a iniciativa privativa do presidente da Repú-
blica para as matérias do art. 61, §1° da Constituição.
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a sua aprovação pela Casa Iniciadora. A Casa Revisora pode rejeitar o projeto e, neste caso,
ele será arquivado, só podendo ser reapresentado na mesma sessão legislativa por manifestação
da maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas do Congresso Nacional (art. 67, CF).
Pode emendar o projeto e, neste caso, voltará para a apreciação da Casa Iniciadora, que ana-
lisará apenas as emendas feitas ao projeto inicial, e, também, pode aprovar o projeto, e neste
caso seguirá para a fase de deliberação executiva.
Por fim, a fase complementar é aquela em que se realiza a promulgação e a publicação da lei.
O projeto é promulgado pelo presidente da República, e se não o fizer, caberá ao presidente do
Senado. Se houver negativa deste, caberá ao Vice-presidente do Senado.
Nos casos dos projetos de lei de iniciativa do presidente da República, ele poderá solicitar urgên-
cia na apreciação (art. 64, §1°, CF).
Em seu §1° dispõe as matérias que não podem ser objeto de medida provisória, sendo elas: a.
relativa à nacionalidade, cidadania, direito políticos, partidos políticos e direito eleitoral; direi-
to penal, processual penal e processual civil; organização do Poder Judiciário e do Ministério
Público, a carreira e a garantia de seus membros; planos plurianuais, diretrizes orçamentárias,
orçamento e créditos adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, §3° da CF;
b. que vise a detenção ou o sequestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro ativo
financeiro; c. reservada a lei complementar; d. já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo
Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto do presidente da República.
O §11 prevê que, se não for editado o decreto legislativo a que se refere o §3° até sessenta dias
após rejeição ou perda de eficácia de medida provisória, as relações jurídicas constituídas e de-
correntes de atos praticados durante a sua vigência conservar-se-ão por ela regidas.
O §12 prevê que, aprovado projeto de lei de conservação alterando o texto original da medida
provisória, esta se manterá integralmente em vigor até que seja sancionado ou vetado o projeto.
A deliberação de cada uma das Casas do Congresso Nacional sobre o mérito das medidas provi-
sórias dependerá de juízo prévio sobre o atendimento de seus pressupostos constitucionais (§5°).
Se a medida provisória não for apreciada em até 45 dias contados de sua publicação, entrará
em regime de urgência, subsequentemente, em cada uma das Casas do Congresso Nacional,
ficando sobestadas, até que se ultime a votação, todas as demais deliberações legislativas da
Casa em que estiver tramitando.
Veda-se a reedição, na mesma sessão legislativa, de medida provisória que tenha sido rejeitada
ou que tenha perdido sua eficácia por decurso de prazo (§10).
Se a medida provisória for aprovada sem alteração em seu texto original, haverá a promulgação
pelo presidente da Mesa do Congresso Nacional para a publicação no Diário Oficial da União.
Se houver alteração no projeto de conversão da medida provisória, deverá ser seguido o proces-
so legislativo comum.
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2.2.5.7 Resolução
É uma espécie normativa, prevista no art. 59, VII, da Constituição, utilizada para tratar das com-
petências privativas de cada uma das Casas do Congresso Nacional (arts. 51 e 52 da CF). Não
está sujeita a sanção ou veto, sendo promulgada pela Mesa da casa que a editou. No caso de a
resolução ser ato do Congresso Nacional, será promulgada pela Mesa do Senado (art. 68, §2°,
da CF). Também utiliza-se a Resolução nas hipóteses constitucionalmente previstas nos arts. 68,
§2°, 52, X, e 155, §2°, IV, da CF).
Tendo em vista a forma federativa de Estado, o exercício do Poder Executivo divide-se nas esferas
federal, estadual, distrital e municipal.
Na esfera federal, é chefiado pelo presidente da República (cidadão brasileiro nato, idade mí-
nima de 35 anos – art.14, §3°, VI, “a”, CF), auxiliado pelo Vice-presidente e pelos Ministros de
Estado. Na esfera estadual, é chefiado pelo governador do Estado (cidadão brasileiro, idade mí-
nima de 30 anos – art. 14, §3°, VI, “b”, CF), auxiliado pelo Vice-governador e pelos Secretários
Estaduais. No Distrito Federal, tem-se o governador e Vice-governador, os quais são auxiliados
pelos Secretários Distritais. Na esfera municipal, é chefiado pelo prefeito do Município (cidadão
brasileiro, idade mínima de 21 anos – art. 14, §3°, VI, “c”, CF), auxiliado pelo Vice-prefeito e
pelos Secretários Municipais.
A direção dos Territórios Federais será realizada por governador, nomeado pelo presidente da
República, após a aprovação pelo Senado (arts. 33, §3°; 52, III, “c”, e 84, XIV, CF).
No Brasil, por determinação do art. 2° do ADCT, foi realizado plebiscito para a escolha do siste-
ma e da forma de governo, em que se afirmou o sistema presidencialista e a forma republicana
de governo.
Observe que, se ocorrer morte, desistência ou impedimento legal de candidato antes de reali-
zado o segundo turno, será convocado, dentre os remanescentes, o de maior votação. A posse
ocorrerá em 1° de janeiro do ano subsequente (art. 77 CF). O presidente e o Vice-presidente to-
marão posse em sessão do Congresso Nacional, prestando o compromisso de manter, defender
e cumprir a Constituição, observar as leis, promover o bem geral do povo brasileiro, sustentar
a união, a integridade e a independência do Brasil. Se decorridos dez dias da data fixada para
a posse e o presidente ou o Vice-presidente, salvo motivo de força maior, não tiver assumido o
cargo, este será declarado vago (art. 78, caput e parágrafo único).
As regras previstas para eleição, posse e sucessão do presidente da República aplicam-se, com
as devidas adaptações, aos governadores e Vice-governadores.
Aos prefeitos e Vice-prefeitos, também serão aplicadas as regras do art. 77 da Constituição. Con-
tudo, se nos casos de Municípios com mais de duzentos mil eleitores (art. 29, II, CF) a eleição ocor-
rer por meio do sistema majoritário de maioria absoluta, em relação aos Municípios com menos
de duzentos mil eleitores, deverá ser aplicado o sistema majoritário de eleição de maioria simples.
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Nesse sentido, entre as principais atribuições do presidente da república, compete a ele privati-
vamente:
• participar do processo legislativo: seja para iniciar o processo legislativo, na forma e nos
casos previstos na Constituição, seja para sancionar, promulgar e fazer publicar as leis,
bem como para expedir decretos e regulamentos para a sua fiel execução;
• atuar no plano internacional: para manter relações com Estados estrangeiros e acreditar
seus representantes diplomáticos, seja para celebrar tratados, convenções e atos
internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional;
Já o Conselho de Defesa Nacional atua nos assuntos relacionados com a soberania nacional e
a defesa do Estado democrático, competindo-lhe opinar nas hipóteses de declaração de guerra
e de celebração da paz, nos termos da Constituição; opinar sobre a decretação do estado de
defesa, do estado de sítio e intervenção federal; propor os critérios e as condições de utilização
de áreas indispensáveis à segurança do território nacional e opinar sobre seu efetivo uso, espe-
cialmente na faixa de fronteira e nas relacionadas com a preservação e a exploração dos recur-
sos naturais de qualquer tipo; e estudar, propor e acompanhar o desenvolvimento de iniciativas
necessárias a garantir a independência nacional e a defesa do Estado democrático.
Não é apenas o presidente que pode sofrer o processo de impeachment, mas também o Vice-
-presidente da República, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do
Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles, e também os
Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Con-
selho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da
União (art. 52, I e II, CF).
Nota-se que, se houver a instauração do processo pelo Senado Federal, o presidente da Re-
pública ficará suspenso de suas funções pelo período de 180 dias. Decorrido este prazo sem a
conclusão do julgamento, cessará o afastamento do presidente, sem prejuízo do regular prosse-
guimento do processo.
A condenação no processo de impeachment será proferida por 2/3 dos votos do Senado Federal
e ensejará a aplicação de penalidade de natureza política, a perda do cargo, com inabilitação,
por oito anos, para o exercício de função pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais
cabíveis (art. 52, parágrafo único, CF).
23
Tópicos em Direito 1
O processo para responsabilizar o presidente da República pela prática de crime comum é divi-
dido em duas fases: a. juízo de admissibilidade na Câmara dos Deputados; e b. julgamento pelo
Supremo Tribunal Federal. Admitida a acusação contra o presidente da República, por 2/3 da
Câmara dos Deputados, pela prática de infração penal comum, será ele submetido a julgamento
perante o Supremo Tribunal Federal (art. 86, CF).
Se a denúncia ou queixa-crime for recebida pelo Supremo Tribunal Federal, o presidente da Re-
pública ficará suspenso de suas atribuições pelo período de 180 dias. Decorrido o prazo sem que
se tenha concluído o julgamento, cessará o afastamento do presidente, sem prejuízo do regular
prosseguimento do processo. Em caso de condenação, a penalidade a ser aplicada a esses casos
é aquela prevista na norma penal.
Destaca-se a inexistência de foro privilegiado para as ações populares, ações civis públicas e
ações por ato de improbidade movidas contra o presidente da República.
A Justiça Federal, primeira instância, tem como competência o estabelecido no art. 109 da
Constituição, enquanto que a Justiça Estadual tem caráter residual. As justiças especializadas se
destacam pela matéria específica que envolve suas respectivas atuações. Nota-se que há autori-
zação constitucional para a criação de Juizados Especiais e da Justiça de Paz (art. 98, I e II, CF),
bem como para a criação da Justiça Militar Estadual (art. 125, §3°, CF).
O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têm jurisdição em todo o território nacio-
nal. Contudo, apenas as decisões do Supremo Tribunal Federal é que se sobrepõem a todas as
Justiças e os Tribunais.
Deve-se observar que nos tribunais com número superior a 25 julgadores, poderá ser constituído
órgão especial, com o mínimo de 11 e o máximo de 25 membros, para o exercício das atribuições
administrativas e jurisdicionais delegadas da competência do tribunal pleno, provendo-se metade
das vagas por antiguidade e a outra metade por eleição pelo tribunal pleno (art. 93, XI, CF).
O ingresso na carreira da magistratura, cujo cargo inicial será o de juiz substituto, ocorrerá me-
diante concurso público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do
Brasil em todas as fases, exigindo-se do bacharel em Direito, no mínimo, três anos de atividade
jurídica e obedecendo-se, nas nomeações, à ordem de classificação. A promoção de entrância
para entrância será, alternadamente, por antiguidade e merecimento, atendidas as normas pre-
vistas no art. 93, II, da Constituição.
• fim das férias coletivas no Judiciário (art. 93, XII, CF – “[...] a atividade jurisdicional
será ininterrupta, sendo vedado férias coletivas nos juízos e tribunais de segundo grau,
funcionando, nos dias em que não houver expediente forense normal, juízes em plantão
permanente”);
• não será promovido o juiz que, injustificadamente, retiver autos em seu poder além do
prazo legal, não podendo devolvê-los ao cartório sem o devido despacho ou decisão
(art. 93, II, “e”, CF);
25
Tópicos em Direito 1
• controle externo da magistratura e do Ministério Público, que será exercido pelos Conselhos
Nacionais da Magistratura (CNJ – art. 103-B, §1° a §7°) e do Ministério Público (CNMP
– art. 130-A, §1° a §5°);
• a federalização de crimes contra direitos humanos (art. 109, V-A e §5°, CF – “Nas
hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República,
com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados
internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante
o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de
deslocamento de competência para a Justiça Federal”);
• justiça itinerante e descentralizada (arts. 107, §2° e §3°, 115, §1° e §2°, 125, § 6° e §7°,
CF), e possibilidade de o Tribunal de Justiça propor a criação de varas especializadas para
dirimir conflitos fundiários, com competência exclusiva para questões agrárias (art. 126, CF);
Por ser órgão administrativo do Poder Judiciário, ressalta-se que ele não possui funções jurisdi-
cionais e, também, a ele não é permitido interferir nas funções típicas do Poder Judiciário. Ao
contrário, suas decisões podem ser controladas pelos órgãos jurisdicionais.
Compõe-se de 15 membros com mandato de dois anos, admitida uma recondução, sendo eles:
o presidente do Supremo Tribunal Federal; um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, indicado
pelo respectivo tribunal; um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, indicado pelo respectivo
tribunal; um desembargador de Tribunal de Justiça, indicado pelo Supremo Tribunal Federal;
um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal Federal; um juiz de Tribunal Regional Federal,
indicado pelo Superior Tribunal de Justiça; um juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal de
Justiça; um juiz de Tribunal Regional do trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho;
um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do trabalho; um membro do Ministério Pú-
blico da União, indicado pelo Procurador-Geral da República; um membro do Ministério Público
estadual, escolhido pelo Procurador-Geral da República dentre os nomes indicados pelo órgão
competente de cada instituição estadual; dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da
ordem dos Advogados do Brasil; dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputação ilibada,
indicados um pela Câmara dos Deputados e outro pelo Senado Federal (art. 103-B, CF).
O Conselho será presidido pelo presidente do Supremo Tribunal Federal e, nas suas ausências e
nos seus impedimentos, pelo Vice-presidente do Supremo Tribunal Federal. Os demais membros
do Conselho serão nomeados pelo presidente da República, depois de aprovada a escolha pela
maioria absoluta do Senado.
A vitaliciedade garante ao magistrado que só perderá o seu cargo por meio de decisão judicial
transitada em julgado. No primeiro grau de jurisdição, só será adquirida após dois anos de
exercício, dependendo, a perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz
estiver vinculado. Já no segundo grau, ela é garantida com o efetivo exercício (quinto constitu-
cional).
27
Tópicos em Direito 1
Compõe-se de 11 Ministros, escolhidos dentre cidadãos com mais de trinta e cinco e menos de
sessenta e cinco anos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada. Seus membros são
nomeados pelo presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta
do Senado Federal.
Sua competência divide-se em competência originária (art. 102, I, CF) e recursal, por meio de
recurso ordinário e recurso extraordinário (art. 102, II e III, CF).
Compõe-se de no mínimo 33 Ministros que serão nomeados pelo presidente da República, den-
tre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, de notável saber jurí-
dico e reputação ilibada, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado, sendo
1/3 dentre juízes dos Tribunais Regionais Federais e 1/3 dentre desembargadores dos Tribunais
de Justiça, indicados em lista tríplice elaborada pelo próprio Tribunal e, ainda, 1/3, em partes
iguais, dentre advogados e membros do Ministério Público Federal, Estadual, do Distrito Federal
e Territórios, alternadamente, indicados na forma do art. 94.
Sua competência divide-se em competência originária (art. 105, I, CF) e recursal, por meio de
recurso ordinário e recurso especial (art. 105, II e III, CF).
2.4.8 Reclamação
A reclamação tem por objetivo preservar a competência e garantir a autoridade das decisões do
Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça (arts. 102, I, “l”, e 105, I, “f”, CF).
Após a EC nº 45/04, que acrescentou o §3° ao art. 103-A, ela caberá, também, contra ato ad-
ministrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar.
Julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada,
e determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso.
Tem como objeto a proteção da liberdade de locomoção do indivíduo, cuja finalidade é fazer
cessar violência ou coação da liberdade, decorrente de abuso de poder e de ilegalidade. Nesse
sentido, é garantia individual que tem por objeto de proteção a liberdade de ir e vir das pessoas.
Quanto aos aspectos formais, salienta-se que esta garantia não exige formalidades para sua
impetração. Não há a exigência de capacidade postulatória nem dependência de representação
por advogado. É uma ação gratuita (art. 5°, LXXVII, CF). Contudo, deve-se ressaltar que, apesar
da informalidade que rege esse instrumento, não há possibilidade de impetração apócrifa, não
assinada pelo impetrante e que não contenha qualquer autenticação. Trata-se de ação sumarís-
sima e que, por isso, exige prova pré-constituída.
29
Tópicos em Direito 1
O órgão competente para apreciar a ação de habeas corpus será determinado de acordo com
a autoridade coatora.
Como condição de procedibilidade, observa-se que deve haver a recusa por parte dos bancos
de dados de entidades governamentais ou de caráter público e, também, a inexistência de sigilo
que comprometa à segurança do Estado e sociedade.
É importante frisar que, havendo decisão de indeferimento por parte da autoridade no prazo
legal, o requerente deve exigir a formalização da negativa do pleito. Isso significa que esse do-
cumento será fundamental para a interposição do habeas data no poder judiciário, sem o qual
o juízo ou tribunal não dará andamento ao processo, indeferindo liminarmente a peça inicial.
Por força do art. 5°, LXXVII, da Constituição, o requerimento administrativo e a ação de habeas
data são inteiramente gratuitos.
• Legitimidade ativa: qualquer pessoa, física ou jurídica, poderá ajuizar a ação constitucional
de habeas data para ter acesso às informações a seu respeito.
• Prazo para a impetração: não há prazo para impetração. Entretanto, uma vez dada
entrada com a ação de habeas data, o juiz notificará a autoridade para que ela preste
a(s) informação(s) no prazo improrrogável de 10 dias.
[...] conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado
por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder
for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder
Público.
• Direito líquido e certo: é aquele que pode ser comprovado, pelo julgador, tão logo a
impetração do mandado de segurança, não cabendo, assim, comprovação posterior, pois
não seria líquido e certo. Cabe salientar que o mandado de segurança deve apresentar-
se com prova pré-constituída, ou seja, reafirmando o fato de não haver possibilidade de
se juntar prova aos autos após a sua impetração. Neste sentido, é o direito comprovado
juntamente com a petição inicial. Também observa-se que a liquidez e certeza referem-
se a fatos (Súmula 625, STF). Entretanto, nada impede que o interessado procure outros
meios judiciais, tendo em vista que o mandado de segurança não obsta o acesso a
possíveis vias judiciais;
• Direito não amparável por habeas corpus ou habeas data: a utilização do Mandado de
Segurança é residual.
• Legitimidade passiva: é a autoridade coatora, a qual pode ser integrante do Poder Público
em qualquer grau, seja da Administração Direta ou Indireta, assim como delegatários de
funções públicas ou particulares que executem, a qualquer título, atividades, serviços e
obras públicas. Exemplo: universidades privadas.
• Prazo para a impetração: o prazo é decadencial de 120 dias, a contar da data em que
o interessado tiver conhecimento oficial do ato a ser impugnado. Não há suspensão ou
interrupção desse prazo.
31
Tópicos em Direito 1
Verifica-se, como hipótese de cabimento, que essa garantia constitucional tem por finalidade
efetivar direitos e liberdades constitucionais que não podem ser usufruídos em razão da falta de
norma regulamentadora. Em outras palavras, é utilizado quando há omissão normativa de nor-
ma constitucional de eficácia limitada, impedindo o exercício de um direito em caso concreto.
Ademais, deve-se lembrar que a omissão poderá ser parcial, sendo aquela em que a regulamen-
tação for insuficiente.
• Legitimidade ativa: qualquer pessoa (física ou jurídica). Alerta-se que a pessoa jurídica
de direito público também tem legitimidade ativa para a propositura de mandado de
injunção, e é necessária a atuação do advogado.
• Competência: será determinada com base na fonte de onde deveria ter emanado a norma
faltante (art. 102, I, “q”, II, “a”, art. 105, I, “h”, e art. 125, CF).
Observar a evolução da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal quanto à sua posição em rela-
ção às decisões proferidas em mandado de injunção. São elas: a. posição não concretista; b. posi-
ção concretista individual intermediária; c. posição concretista direta; d. posição concretista geral.
Qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao
patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao
meio ambiente e ao patrimônio histórico cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé,
isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência.
Tem como hipótese de cabimento: é utilizada na proteção de interesses difusos. Isso significa que
é garantia voltada à impugnar atos lesivos ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado
participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. Por
lesividade, deve-se entender, também, ilegalidade.
Cumpre observar que não é possível a sua utilização na defesa de interesses particulares, contra
atos jurisdicionais, contra lei em tese e tendo como finalidade o controle de constitucionalidade.
São duas as modalidades: repressiva e preventiva. Trata-se de ação popular repressiva quando
visa corrigir os atos danosos consumados. Ao contrário, será ação popular preventiva quando
ajuizada antes da consumação dos efeitos do ato lesivo.
• Legitimidade passiva: o agente público que praticou ou ato lesivo ao patrimônio público,
a entidade lesada e os beneficiários de tal ato.
33
Tópicos em Direito 1
Hipótese de cabimento: trata-se de instrumento utilizado para impedir danos ao meio ambiente,
ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico e
por infrações da ordem econômica, à ordem urbanística e à honra e dignidade de grupos raciais,
étnicos ou religiosos, protegendo-se, assim, os interesses difusos, coletivos e individuais homogê-
neos, desde que socialmente relevantes.
• Legitimidade ativa: Ministério Público, Defensoria Pública, União, Estados, Distrito Federal,
Municípios, autarquias, empresas públicas, fundações, sociedades de economia mista ou
associações constituídas há pelo menos um ano, nos termos da Lei Civil, que tenham por
fim a proteção de interesses difusos e coletivos.
• Competência: a ação civil pública deve ser proposta no foro do local onde ocorrer o
dano. Trata-se de natureza funcional e, portanto, absoluta e improrrogável.
A ação civil pública pode ser utilizada como instrumento de controle de constitucionalidade das
leis, desde que seja incidentalmente, ou seja, no curso de um processo concreto. Nesse caso, os
efeitos estarão vinculados às partes do processo. Cabe observar que, se a questão constitucional
for o objeto principal da demanda, não se admitirá a ação civil pública, pois os seus efeitos são
erga omnes, e desse modo haveria a equiparação aos efeitos do controle concentrado e usurpa-
ção da competência do Supremo Tribunal Federal (RCL 633-6, SP).
4.1 Federação
No estudo das formas de Estado, distingue-se claramente o Estado unitário do Estado federal. No
primeiro, existe um único centro de poder político, que pode criar e extinguir, de acordo com a
vontade de seus titulares, pessoas jurídicas para gerir serviços públicos locais, por exemplo. No
segundo, por sua vez, o poder político é descentralizado por força da Constituição Federal, que
prevê a existência de entes federativos autônomos, todos integrantes da federação, que repartem
competências entre eles.
A origem próxima da Federação pode ser encontrada na formação dos Estados Unidos da Amé-
rica, quando as treze colônias britânicas da América do Norte, lutando contra o que conside-
ravam arbítrio do rei inglês, declaram independência à metrópole (1776), tornando-se Estados
soberanos. A partir daí, unem esforços para vencer definitivamente a guerra estabelecida contra
os ingleses, formando, por exemplo, um exército comum. Ocorre que toda a atuação conjunta
estava regida por um tratado internacional (Artigos de Confederação), o qual poderia ser rompi-
do a qualquer momento pelos signatários.
Algum tempo depois do fim da guerra, buscando aprofundar e trazer maior estabilidade ao vín-
culo entre eles, os treze novos Estados abrem mão da soberania e retêm a autonomia para editar
a Constituição dos Estados Unidos da América. Com isso, há a criação de um novo Estado (EUA),
uma Federação composta pelos Estados-membros que aderiram, bem como por um novo ente,
a União, criada para desempenhar de modo centralizado certas tarefas.
34 Laureate- International Universities
Dos Estados Unidos da América, a Federação se espalhou pelo mundo, alcançando inclusive
o Brasil, conforme será analisado a seguir. Desse processo histórico, porém, são extraídos dois
conceitos diversos e muito relevantes para o estudo da Federação.
• Todos eles são pessoas jurídicas de direito público interno: entes federativos são
pessoas jurídicas – capazes, portanto, de direitos e deveres – compostas por órgãos,
como o Legislativo, o Executivo, o Judiciário e o Ministério Público. Juntos, os entes
federativos formam a federação.
• Todos eles são autônomos: União, Estados, Municípios e Distrito Federal têm poder
para criar as próprias normas jurídicas, nos limites dados pela Constituição Federal. A
autonomia atribui aos entes federativos três capacidades:
35
Tópicos em Direito 1
»» Atenção: nenhum ente federativo é soberano, nem a União, que também é autônoma.
A soberania é reconhecida apenas à federação, ou seja, à República Federativa do
Brasil como um todo. Nesse sentido, o artigo 1º, inciso I, do texto constitucional traz
explicitamente a soberania como fundamento da República Federativa do Brasil. Não
se pode confundir a União (parte) com a federação (todo), nem mesmo se utilizar
do fato de que a Constituição Federal confere à União competência para exercer as
relações exteriores (art. 21, I, CF) para sustentar sua soberania. A União, nesse aspecto,
representa a República Federativa do Brasil. Esta é que será, por exemplo, a signatária
do tratado internacional, figurando como pessoa jurídica de direito público externo.
• Não há subordinação hierárquica entre eles: todos têm poderes dados pela Constituição
Federal, que reparte as competências nos moldes estudados adiante. Assim, apesar de
a ordem jurídica da União ser aplicada no território brasileiro inteiro, isso não significa
que ela é hierarquicamente superior aos Estados e aos Municípios, já que cada um desses
entes trabalha com competências distintas.
• União
• Estados
• Municípios
»» Regidos pelas Leis Orgânicas Municipais, que devem obediência aos princípios fixados
na Constituição Estadual e na Constituição Federal.
ATENÇÃO: Não há Judiciário nem Ministério Público Municipal. Municípios que, antes
de 1988, tinham Tribunais ou Conselhos de Contas, podem mantê-los, sendo proibida a
criação de novos. Assim, nos Municípios que não tiverem Tribunais de Contas, a função
será desempenhada pelo Tribunal de Contas estadual (art. 31, §§ 2º e 4º, CF).
»» Regido pela Lei Orgânica do Distrito Federal, que deve obediência aos princípios da
Constituição Federal.
»» Não se confunde com Estados nem com Municípios, constituindo outra espécie de
ente federativo.
»» Não pode se dividir em Municípios, embora tenha cidades (como Brasília), que não
têm personalidade jurídica.
• Operações com Estados: a Constituição Federal prevê que os Estados podem incorporar-
se entre si (fusão), subdividir-se (cisão) ou desmembrar-se (partes que saem podem formar
outro Estado ou se anexar a Estado existente). O procedimento envolve três etapas:
»» oitiva das Assembleias Legislativas dos Estados envolvidos (art. 48, VI, CF): observe
que é obrigatório ouvir as Assembleias, mas a posição do órgão estadual não vincula
o Congresso Nacional;
37
Tópicos em Direito 1
das leis estaduais que criaram os novos Municípios por 24 meses, prazo no qual a União
poderia suprir a ausência normativa. Isso não ocorreu e acabou sendo editada a EC nº
57/2008, que inseriu o art. 96 no ADCT para convalidar Municípios criados até a decisão
do Supremo. Portanto, até que a lei complementar seja editada, a criação de novos
Municípios no Brasil é inválida.
»» processo de criação: a ser regulado por meio de lei complementar federal, deve
envolver, necessariamente, a oitiva das Assembleias Legislativas dos Estados envolvidos
(art. 48, VI, CF);
Atribuir competência é conferir poder. Quanto mais competência o ente federativo tiver, maior
será sua capacidade de participação na construção da ordem jurídica total. A repartição consti-
tucional de competências está estritamente ligada, assim, à maior ou menor autonomia dos entes
federativos, e, por tudo isso, é o tema mais importante a respeito de federação na preparação
para exames, sendo sempre objeto de questões.
A análise desse tema será feita com duas abordagens: primeiro, verificando os tipos de Estado
federal que podem existir, a depender da forma como as competências são distribuídas entre os
entes federativos. Segundo, estudando o modelo positivado na Constituição Federal de 1988.
• Quanto à formação
»» Federalismo dual: o termo vem da federação norte-americana, que tem como entes
federativos apenas a União e os Estados. Duas esferas, portanto, que exercem seus
poderes sem que as normas jurídicas produzidas por elas se comuniquem, já que
tratam de matérias distintas. A Constituição prevê temas que serão completamente
trabalhos pela União, sem a interferência dos Estados, e temas que serão integralmente
normatizados pelos Estados, sem atuação da União. Há, assim, competências
privativas (técnica conhecida como “repartição horizontal de competências”).
39
Tópicos em Direito 1
Competências privativas
»» privativas: atribuídas com exclusividade, mas delegáveis a outro ente federativo (ex:
art. 22, parágrafo único, CF);
»» aos Municípios: aquilo que estiver listado no artigo 30 da CF, que liga a competência
legislativa e material dos Municípios aos assuntos e serviços públicos de interesse
local (observe os incisos I e V). O interesse, aqui, não precisa ser exclusivamente local,
bastando que seja predominantemente local. É o caso, por exemplo, de transporte
coletivo nos limites do Município, de coleta de resíduos, de concessão de licenças
para funcionamento do comércio, bem como fixação do horário de funcionamento do
comércio local (Súmula Vinculante 38, STF).
»» aos Estados: aquilo que não couber à União nem aos Municípios mais a exploração
de serviços locais de canalizado mais a instituição de regiões metropolitanas,
aglomerações urbanas e microrregiões (art. 25, CF);
»» ao Distrito Federal: tudo aquilo que couber aos Estados e aos Municípios, tendo em
vista que não há Municípios no Distrito Federal (art. 32, § 1º, CF).
• Regulamentação constitucional
»» Competências comuns
»» Competências concorrentes
-- União: traz normas gerais sobre a matéria, ou seja, traz princípios, inicia o
tratamento do tema, não podendo esgotá-lo.
ATENÇÃO: Os Municípios não foram inseridos no art. 24. Todavia, o art. 30, inciso II, da
CF dá a eles competência para suplementar a legislação federal e a estadual no que
couber. Se a União não editar as normas gerais que lhe competem, os Estados exercerão
competência legislativa plena. Assim, eles trarão as normas gerais e as suplementares.
O mesmo pode fazer o Distrito Federal, apesar da ausência de previsão constitucional
no art. 24. Se, após essa atuação dos Estados, a União editar normas gerais a respeito
daquele tema, a lei federal suspenderá a eficácia da lei estadual, no que for contrário.
A lei estadual, portanto, não será revogada (art. 24, §§ 3º e 4º, CF). Observe que, se a
lei estadual contrariar a lei federal, ela será inconstitucional, não ilegal, uma vez que não
existe hierarquia entre elas, assim como não há entre os entes federativos.
41
Tópicos em Direito 1
• Federal – efetuada nos Estados e no DF, bem como nos Municípios localizados em
Território Federal. Tendo em vista que, hoje, os Territórios Federais não existem, não
é possível intervenção federal em Municípios. Suas hipóteses e procedimentos serão
analisados a seguir.
• Procedimento
»» Hipótese (art. 34, IV, CF): garantir o livre exercício do Poder Legislativo e do Poder
Executivo nas unidades da federação.
»» art. 34, IV + art. 36, I, CF: garantir o livre exercício do Poder Judiciário estadual
que estiver coagido. Depende de requisição do Supremo Tribunal Federal. Nesse
caso, como existe ordem, a decretação da intervenção pelo presidente da República é
vinculada. O restante do procedimento será idêntico ao da intervenção espontânea;
»» art. 34, VI + art. 36, II, CF: para prover execução de ordem ou decisão judicial.
Depende de requisição do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça
ou do Tribunal Superior Eleitoral. Havendo requisição, a decretação pelo presidente
da República é vinculada, sendo o restante do procedimento igual ao da intervenção
espontânea.
»» art. 34, VII + art. 36, III, CF: por violação aos princípios constitucionais sensíveis
ou recusa de execução de lei federal. Depende de provimento, pelo Supremo
Tribunal Federal, de representação interventiva apresentada pelo Procurador Geral
da República. Se provida a representação, o presidente da República seria obrigado
a decretar a intervenção (ato vinculado). Note que o decreto interventivo pode se
restringir a suspender a execução do ato impugnado, se isso bastar. Nesse caso,
dispensa apreciação pelo Congresso Nacional (art. 36, § 3º, CF). Se, contudo, isso
não bastar, nomeia interventor e toma outras medidas necessárias, submetendo ao
Congresso (art. 36, § 1º, CF).
5 Controle de constitucionalidade
43
Tópicos em Direito 1
a) Tipos de inconstitucionalidade
»» Subjetiva/orgânica
·· Ato normativo editado por sujeito diverso do previsto pela CF (ex: lei editada
pela União, quando a competência para isso é do Estado).
• Quanto ao momento
·· Controle preventivo
·· Controle repressivo
45
Tópicos em Direito 1
John Marshall, presidente da Suprema Corte, comanda a decisão sustentando que, apesar de
Marbury ter razão em seu pedido, a Corte não tinha competência para agir, já que os poderes
para julgar o writ foram concedidos por lei contrária à Constituição e, portanto, é nula. De toda
a fundamentação da decisão, foi possível construir o modelo estadunidense de controle de cons-
titucionalidade, com as características descritas a seguir.
Essas considerações são importantes porque o Brasil, a partir da República, implementou o con-
trole de constitucionalidade seguindo o modelo estadunidense. Sob a Constituição de 1988, o
controle incidental segue sendo intensamente utilizado, cabendo menção aos seguintes pontos:
»» Em regra, os julgamentos das causas, nos tribunais, ocorrem nas câmaras, turmas
ou seções. Quando arguida a inconstitucionalidade, o órgão fracionário verifica a
viabilidade do pedido. Se rejeita a arguição, o próprio órgão fracionário declara a
constitucionalidade da norma em questão e julga a causa. Se, porém, a admite a
arguição, suspende o julgamento do caso concreto e remete o incidente para o pleno
ou o órgão especial. Com a decisão do Após, segue a decisão do pleno e julga a
causa e as demais causas semelhantes.
»» ATENÇÃO:
• Recurso extraordinário
»» Introdução: o controle de constitucionalidade pela via incidental pode ser feito por
meio de qualquer veículo processual civil ou penal, em face de qualquer juiz ou
tribunal. O recurso extraordinário, porém, se destina especificamente a arguir questão
de constitucionalidade perante o STF, tribunal cuja função primordial é a guarda da
Constituição.
»» Hipóteses de cabimento (art. 102, III, CF): compete ao STF julgar, mediante recurso
extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão
recorrida:
·· julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição;
·· julgar válida lei local contestada em face de lei federal: note que, nessa hipótese,
não há controle de legalidade, mas de constitucionalidade. É que, no caso, cuida-
se de possível invasão da esfera de competência legislativa da União pelo Estado,
temas disciplinados pela Constituição Federal.
47
Tópicos em Direito 1
»» Pressupostos
·· Violação à Constituição
·· Tempestividade
»» Art. 52, X, CF: Compete ao Senado Federal, por meio de resolução, “[...] suspender
a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão
definitiva do STF”.
»» ATENÇÃO:
• Efeitos ex nunc: quando o modelo é desenvolvido por Hans Kelsen, os efeitos da decisão
que decretava a inconstitucionalidade eram ex nunc. Isso porque a retirada da norma do
ordenamento só produz efeitos a partir da decisão. Posteriormente, desenvolve-se a ideia
de modulação dos efeitos, de tal sorte que a Corte pode atribuir à decisão efeitos ex tunc,
ex nunc ou ainda pro futuro.
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Tópicos em Direito 1
• Competência: STF
• Legitimidade ativa
·· presidente da República
·· governador do Estado/DF
»» Pertinência temática
-- Mesa da AL/CLDF
-- governadores
·· Entidade de classe: apenas profissional, não segmento social (ex: UNE não tem
legitimidade).
• Objeto: “leis ou atos normativos federais ou estaduais” podem ser objeto do controle
de constitucionalidade principal, por ADI, perante o STF (art. 102, I, “a”). Trazendo
maiores detalhes:
·· decreto autônomo (art. 84, VI, CF): entendido também como decreto
regulamentando assunto na ausência total de lei;
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Tópicos em Direito 1
·· projeto de lei e lei aprovada mas não promulgada: pois não há ADI preventiva;
·· norma municipal: não pode ser objeto de ADI no STF. Cabe ADI nos Tribunais de
Justiça, em face das Constituições Estaduais;
• Procedimento
»» Petição inicial
»» Advogado Geral da União: será citado para efetuar a defesa do ato impugnado, em
15 dias. O AGU, na ADI, tem posição de curador da presunção de constitucionalidade
das leis e dos atos normativos. Não participa do procedimento para dar livre parecer,
pois não é fiscal da lei, como o Procurador Geral da República. Assim, o AGU não
pode sustentar a inconstitucionalidade da norma, salvo se o STF já tiver precedente
nesse sentido ou se o interesse da União colidir com a manutenção da norma.
·· Tem efeitos erga omnes e ex nunc, salvo se o STF entender que deve dar eficácia
retroativa. Além disso, tem efeito repristinatório, pois torna aplicável legislação
anterior, salvo expressa manifestação em contrário.
»» Decisão
·· Recursos e ação rescisória: não cabem contra a decisão, sendo admitida apenas
a interposição de embargos de declaração.
·· Efeitos: erga omnes (decisões definitivas de mérito têm eficácia contra todos e efeito
vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração
pública direta e indireta, nas três esferas federativas); e ex tunc (em regra).
Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO): a maioria das regras e, portanto,
das explicações dadas anteriormente para a ADI aplicam-se à ADO. Como peculiaridade, cabe
menção ao seguinte:
• Procedimento
»» Apresentada a petição inicial, os demais legitimados ativos que não provocaram o STF
podem se manifestar nos autos, pedindo a juntada de documentos e apresentando
memoriais.
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Tópicos em Direito 1
»» Medida cautelar
Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC): a maioria das regras e, portanto, das expli-
cações dadas anteriormente para a ADI aplicam-se à ADC. Como peculiaridade, cabe menção
ao que segue.
• Objeto: lei ou ato normativo federal. Note que, na ADI, o objeto engloba, também, atos
estaduais, o que não ocorre na ADC.
• Competência: STF
• Legitimidade ativa: a mesma da ADI. No projeto de lei que resultou na Lei nº 9882/99,
havia previsão para que qualquer pessoa pudesse ingressar com a ADPF. O dispositivo,
no entanto, foi vetado, remanescendo apenas a possibilidade de o interessado solicitar ao
PGR, mediante representação, a propositura.
• Objeto
»» Petição inicial: não será admitida ADPF quando houver qualquer outro meio eficaz
de sanar a lesividade (caráter subsidiário da arguição).
»» Medida cautelar
Representação/ADI Interventiva (IF): além das observações feitas no item relativo à interven-
ção federal, o estudo deve ser dirigido à Lei nº 12.562/11, que fixa as regras da representação
interventiva. Como questões essenciais, cita-se o seguinte.
• Competência: STF
• Pressupostos formais
»» Iniciativa
·· Mediante provocação:
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Tópicos em Direito 1
• Pressupostos materiais
• Efeito vinculante