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DIREITO CONSTITUCIONAL
AULA 01
1.2 EVOLUÇÃO
1.2.1 – Constitucionalismo
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ganha uma forma, um formato que até então não tinha, que é o escrito. As constituições
serão formais, escritas e dogmáticas.
1.2.2 – Neoconstitucionalismo
I. Conceito
É um movimento pós segunda guerra mundial (segunda metade do século XX),
que tem como objetivo desenvolver um novo modo de compreender, interpretar e aplicar
o direito constitucional e as constituições. É também chamado de constitucionalismo
contemporâneo.
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para que se produza o mínimo de justiça. Robert Alexy, por exemplo, faz uso da fórmla de
Radbruch, para dizer que “a extrema injustiça não é direito”, pois se ficar caracterizada a
extrema injustiça esse direito é inválido.
Mas, ainda, o pós positivismo não desconsidera o direito posto, que confronta
com o jusnaturalismo. O pós positivismo, para sair das injustiças da legalidade estrita, não
irá sair do direito positivo para resolver os problemas deste. Não irá usar de categorias
metafísicas, ilusórias, com a ideia de que existe um direito que está acima do direito
positivo, que advém da natureza humana. O pós positivismo defende que o jusnaturalismo
é ilusão, por não ter o direito nada de natural; o direito é luta.
O pós positivismo vai além da legalidade estrita mas não irá desconsiderar o
direito posto, para que resolva o problema do direito positivo dentro do próprio direito
positivo e, para tanto, o pós positivismo defende uma reaproximação entre o direito e a
moral, o direito e a ética e o direito e a justiça. É possível um direito que seja justo, moral e
ético, ainda que sejam estes conceitos subjetivos e abstratos, mas que possuem um
conceito mínimo que todos conhecem dentro de sua comunidade1.
O marco teórico é um conjunto de teorias que dizem respeito à força normativa
da constituição, à expansão da jurisdição constitucional e de novos métodos de
interpretação, a chamada de nova hermenêutica constitucional.
III. Características
São seis características.
1. A Constituição como centro do ordenamento jurídico – a constituição passa
a ser o centro do ordenamento, deixa de ser algo paralelo. Com isso temos o movimento de
constitucionalização do direito. Todo o direito se constitucionaliza (não a toa matérias
como civil e penal trabalham com a sua constitucionalização) é o momento de
constitucionalização de todo o direito, a invasão das normas constitucionais. Essa idea de
invasão das normas constitucionais é o que pode ser chamado de ubiquidade
constitucional, já que o direito constitucional está em todos os lugares, o ordenamento se
constitucionalizou. Além disso, tem-se a filtragem constitucional, pois justamente todo
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John Rawls diria que “ até o ladrão que rouba um relógio do indivíduo sabe que está errado, mas ele vai
praticar a conduta, seja para fumar craque, traficar drogas, comer, ter bens de consumo, etc”. Conclui-se,
portanto, que existe um padrão mínimo de eticidade.
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ordenamento tem que passar pela constituição, é o que se entende por interpretação
conforme a constituição (ICC), pois qualquer norma jurídica só tem sentido e só é válida,
hoje, se for interpretada conforme a constituição.
Palavras-chaves: constitucionalização do direito; invação das normas constitucionais;
ubiquidade constitucional; filtragem constitucional e interpretação conforme a
constituição.
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Advém da doutrina alemã. Desembargador Ingo Sarlet desenvolve estudos acerca do tema.
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pois não tem só normas, tem princípios e estes são tão normas quanto as regras. O
princípios tinham antes uma função de integração, eram normas de natureza secundária,
de preenchimento de lacunas, só apareciam quando faltavam regras. Atualmente os
princípios são tão normas quanto as regras e isso deriva de autores como Dworkin e Alexy.
A ideia de que os princípios serem tão normas quanto as regras gera críticas de Lênio
Streck, que seria a aplicação do panprincipionalismo, que é afastar a regra existente ao caso
concreto para que se aplique o princípio, gerando uma forte discricionariedade.
Teoria das Fontes no neoconstitucionalismo - Temos o deslocamento de poder
do legislativo para judiciário. O judiciário passa a ser o protagonista de ações, passa a
participar de forma mais ativa da criação do direito, como a súmula vinculante e a teoria
dos precedentes trazido pelo Novo Código de Process Civil. Há um empoderamento do
poder judiciário.
Teoria da interpretação no neoconstitucionalismo – abandono relativo dos
métodos clássicos (literal, gramatical, histórico, teleológico, finalístico, sistemático) e o uso
de uma nova hermenêutica constitucional. Ainda não utilizados os métodos clássicos por
juízes e até pelo STF, mas houve um certo abandono relativo deles para o uso da nova
hermenêutica: princípio ou regra da proporcionalidade, ponderação ou sopesamento de
direitos, teorias da argumentação, a metódica normativa estruturante, teoria da
integridade, hermenêunitica filosófica, dentre outras.
1.2.3. Transconstitucionalismo
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Organização Mundial do Comércio, na Organização Mundial do Meio Ambiente e na
Organização Mundial da Saúde. Ou seja, vamos ter uma série de ordem jurídica discutindo
concomitantemente um problema de natureza constitucional.
Exemplo 2: ADPF 153, do tema justiça de transição, que envolve a passagem do
regime ditatorial para o regime democrático. O STF enfrentou esse tema em 2010,
julgando-a improcedente, e, ao mesmo tempo em que o STF estava decidindo sobre esse
tema, a Corte Interamericana de Direitos Humanos foi chamada ao caso Gomes Lund, e
disse que a lei de anistia do Brasil não pode ser empecilho para investigação e punição dos
agentes da repressão na época do regime militar no Brasil.
Qual ordem deve preponderar? A transnacional, a internacional, a
supranacional? Marcelo Neves irá dizer que não se pode defender a prevalência absoluta, a
priori, de uma ordem constitucional sempre sobre as outras, o que se deve trabalhar é com
diálogos entre as várias ordens, chamadas de pontes de transição entre as várias ordens,
conversação entre as ordens e quanto mais essas ordens entrarem em conexão, mais
decisões legítimas e justas poderão ser tomadas.
LEGITIMIDADE EFETIVIDADE
Constituição Normativa SIM SIM
Constituição Nominal SIM NÃO
Constituição Semântica NÃO SIM
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em seus textos as normas programáticas, que são aquelas que estabelecem programas,
tarefas e fins para o cumprimento pelo Estado e pela sociedade. Ex.: Constituição do Brasil
de 1988.
No entanto, nós temos hoje uma constituição dirigente, mas com um dirigismo
muito menos impositivo e mais reflexivo.
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Quanto ao sistema: principiológica.
Quanto a extensão: analítica.
Quanto a unidade documental: orgânica.
Também pode ser classificada como sendo uma constituição dúctil, dotada de
ductibilidade, que é uma definição de Gustavo Zagrebelsky, que é aquela que não
estabelece ou pré define uma forma de vida, mas que cria condições para que nós
possamos exercer os mais variados projetos de vida e as mais variadas concepções de vida
digna. A constituição de 1988 é dúctil. Ela é plural, é aberta, leve, típica de um estado
democrático de direito.
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