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CONVERSE COM O DELEGADO (1º EPISÓDIO)

PODER REQUISITÓRIO DO DELEGADO DE POLÍCIA

 Fundamentos legais:

- Art. 144, I e IV, §§1º e4º, CF.

- Art. 6º, III, CPP

- Art. 2º, § 2º, Lei 12.830/2013 – Investigação Criminal conduzida por Delegado de Polícia.

- Art. 15 da Lei 12.850/2013 – Lei de Organizações Criminosas

- Art. 17-B da Lei 9613/98 – Lei de Lavagem de Capitais

 Enunciados do II Encontro Nacional dos Delegados sobre Aperfeiçoamento da Democracia


e Direitos Humanos.

Enunciado 11

O Delegado de Polícia pode determinar todas as providências necessárias à elucidação de um


delito, incluindo-se a condução coercitiva de pessoas para prestar esclarecimentos, ainda que
sem mandado judicial ou estado de flagrância.

Enunciado 13

O poder requisitório do Delegado de Polícia abarca o prontuário médico que interesse à


investigação policial, não estando albergado por cláusula de reserva de jurisdição, sendo dever
do médico ou gestor de saúde atender à ordem no prazo fixado, sob pena de
responsabilização criminal.

Enunciado 14

O poder requisitório do Delegado de Polícia, que abrange informações, documentos e dados


que interessem à investigação policial, não esbarra em cláusula de reserva de jurisdição, sendo
dever do destinatário atender à ordem no prazo fixado, sob pena de responsabilização
criminal.

Jurisprudência do tema.

I - Não se confundem comunicação telefônica e registros telefônicos, que recebem, inclusive,


proteção jurídica distinta. Não se pode interpretar a cláusula do artigo 5º, XII, da CF, no sentido
de proteção aos dados enquanto registro, depósito registral (...) Ao proceder à pesquisa na
agenda eletrônica dos aparelhos devidamente apreendidos, meio material indireto de prova, a
autoridade policial, cumprindo o seu mister, buscou, unicamente, colher elementos de
informação hábeis a esclarecer a autoria e a materialidade do delito (STF, HC 91.867, Rel. Min.
Gilmar Mendes, 19/09/2012).

II - O fato de ter sido verificado o registro das últimas chamadas efetuadas e recebidas pelos
dois celulares apreendidos em poder do co-réu, cujos registros se encontravam gravados nos
próprios aparelhos, não configura quebra do sigilo telefônico (...) É dever da autoridade policial
apreender os objetos que tiver em relação com o fato, o que, no presente caso, significava
saber se os dados constantes da agenda dos aparelhos celulares teriam alguma relação com a
ocorrência investigada (STJ, HC 66.368, Rel. Min. Gilson Dipp, DP 29/06/2007).

III - Não há violação do artigo 5º, XII, da Constituição que (...) não se aplica ao caso, pois não
houve “quebra de sigilo das comunicações de dados (interceptação das comunicações), mas
sim apreensão da base física na qual se encontravam os dados, mediante prévia e
fundamentada decisão judicial (STF, RE 418.416, Rel. Min. Sepúlveda pertence, DJ
19/12/2006).

IV - O teor das comunicações efetuadas pelo telefone e os dados transmitidos por via telefônica
são abrangidos pela inviolabilidade do sigilo - artigo 5.º, inciso XII, da Constituição Federal -,
sendo indispensável a prévia autorização judicial para a sua quebra, o que não ocorre no que
tange aos dados cadastrais, externos ao conteúdo das transmissões telemáticas. [...] 11.
Habeas corpus não conhecido" (HC 247.331/RS, Sexta Turma, Rel. Min. Maria Thereza de Assis
Moura, DJe de 3/9/2014).

Cooperação Jurídica Internacional e o Delegado de Polícia.

Pedido de cooperação jurídica internacional no Brasil = DRCI (Departamento de Recuperação


de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional) – Ministério da Justiça.

Ver o Decreto 6282/2008.

No Brasil, o Ministério da Justiça foi designado para exercer o papel de Autoridade Central
para cooperação jurídica internacional, e o faz por meio do Departamento de Recuperação de
Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI) e do Departamento de Estrangeiros (DEEST),
nos termos do Decreto nº 6.061/2007. Ao DEEST compete analisar e tramitar os pedidos de
extradição e de transferência de pessoas condenadas. Ao DRCI cabe analisar e tramitar as
demais espécies de pedidos de cooperação jurídica internacional.

O Delegado de Polícia, Civil ou Federal, pode solicitar cooperação jurídica internacional?

Sim! Os mais recentes acordos ratificados pelo País definem como autoridade competente
para solicitar cooperação a “autoridade que conduz a investigação, o inquérito, a ação penal,
ou outro procedimento relacionado com a solicitação” (artigo 4 do Tratado entre a República
Federativa do Brasil e a República Popular da China sobre Assistência Judiciária Mútua em
Matéria Penal – Decreto n° 6.282/2008).
Salvo disposição em contrário prevista em tratado ou na legislação do Estado requerido, a
legitimidade para solicitar cooperação jurídica é determinada pela lei do Estado requerente.
Assim, se determinada autoridade pode solicitar alguma medida perante o judiciário nacional,
ela também o pode via cooperação jurídica. Por exemplo, estão habilitados a solicitar
cooperação jurídica para uma ampla gama de medidas, membros do Poder Judiciário, do
Ministério Público e da Polícia.

Fonte: Cartilha de Cooperação Jurídica Internacional em Matéria Penal – Ministério da Justiça


(anexa).

Artigos jurídicos sobre o tema.

https://jus.com.br/artigos/32089/poder-requisitorio-do-delegado-de-policia-e-sua-
abrangencia-no-atual-cenario-normativo

http://www.conjur.com.br/2016-fev-02/academia-policia-poder-requisitorio-delegado-
essencial-busca-verdade

Modelo de Peça de Requisição

Ofício nº ----- – DRE/SR/DPF/MG

Belo Horizonte/MG, 11 de fevereiro de 2016.

A Suas Senhorias os Senhores


Ze das Couves
Diretor da Concessionária
Aeroporto de Confins/MG

Assunto: requisição (faz)

Senhor responsável,

Com vistas a instrução de investigação policial em curso na


Polícia Civil, requisito, com fundamento no art. 2º, §2º, da Lei nº 12.830/2013 e
no art. 15 da Lei nº 12.850/2013, que forneça ao(s) Agente(s) de Polícia
portador(es) deste ofício acesso às imagens relativas ao desembarque de
passageiros dos vôos a seguir discriminados, fornecendo-lhe(s) cópias das
imagens que julgar(em) interessantes para a investigação de repressão ao
crime organizado em curso:

- Vôo XXXX, de XXXX, procedente de XXX;


- Vôo a ser identificado, de XXX, com previsão de chegada à partir das XXXh.

Esclarecemos, por oportuno, o caráter sigiloso desta requisição,


solicitando que não seja dada publicidade a esta diligência.

Atenciosamente,

Delegado de Polícia
Classe Especial

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