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Quanto à definição de coautor e partícipe adota-se, em regra, a teoria

monista. 
Correta. regra: Combatente, em regra, os coautores e os partícipes respondem
pelo mesmo crime, na medida de sua culpabilidade. Aqui, estamos diante da
Teoria Monista.
Nos crimes funcionais, a condição de servidor público do autor não se
comunica ao partícipe não funcionário, se este desconhecia a condição

daquele.
Correta. Perfeito! A qualidade de funcionário público é circunstância de caráter
pessoal que, nos crimes funcionais, é elementar, comunicando-se àqueles que,
embora não sejam funcionários, participem da empreitada criminosa. Todavia,
para que o particular responda como coautor ou partícipe do crime funcional, a
circunstância deve ser do seu conhecimento.
Autoria colateral: dois agentes que, desconhecendo as condutas de cada
um, agem convergindo para o mesmo resultado.
Correta. Combatente, na autoria colateral (chamada ainda de imprópria), o
resultado realiza-se por conta de um só comportamento, não obstante existirem
dois. Todavia, não há adesão dos comportamentos.
A teoria do domínio do fato não permite que a mera posição de um agente na
escala hierárquica sirva para demonstrar ou reforçar o dolo da conduta.
Correta. É esse o entendimento do STF: o superior hierárquico não pode ser
punido com base na teoria do domínio do fato, se não tiver sido demonstrado o
dolo (2ª Turma. Info 880).

Ainda que o crime não seja tentado, a instigação ao seu cometimento será
punível. 
Incorreta. Atenção à letra da lei! Art. 31: o ajuste, a determinação ou instigação
e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime
não chega, pelo menos, a ser tentado.

O crime de mão própria é aquele que exige uma situação de fato ou de direito
diferenciada por parte do sujeito ativo.
A alternativa está errada. Guerreiro(a),conforme entendimento doutrinário [1],
o crime de mão própria é aquele que somente pode ser praticado pelo
sujeito expressamente indicado pelo tipo penal, como por exemplo, o delito de
falso testemunho. Portanto, a alternativa trouxe o conceito errado do delito de mão
própria.
O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio não são puníveis, se o delito
não for ao menos tentado.
A alternativa está certa. Combatente, nos termos do art. 31 do CP, verifica-se que
o ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio precisam sair da esfera
mental do autor para que seja punido, portanto ele tem que dar início aos atos
executórios para ser punido.
Sendo a participação de menor importância, a pena pode ser reduzida de 1/6 a
1/3.
A alternativa está certa. Guerreiro(a),conforme o § 1º do art. 29 do CP, quem tiver
participação de menor importância, pode ser beneficiado com diminuição de
pena de 1/6 a 1/3
Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este
cominadas, na medida de sua culpabilidade.
A alternativa está certa. Guerreiro(a),destaca-se a alternativa trouxe a disposição
do caput do art. 29 do CP, consagrando a teoria unitária ou monista adotada
pelo Código Penal.
Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo
quando elementares do crime.
A alternativa está certa. Guerreiro, verifique candidato que a alternativa trouxe a
disposição do art. 30 do CP, afirmando que a punição dos agentes participantes
do delito é individualizada, consagrando o princípio
constitucional de individualização da pena.

Situação hipotética: Após diversas provocações de Marta, Ana pretende se vingar.


Ana chama suas amigas Bruna e Tainá, a fim de dar uma lição em Marta. De forma
consciente e voluntária, planejam “pegar” Marta na saída do trabalho. Ao chegarem no
local, Tainá segura Marta, enquanto Ana e Bruna desferem socos e chutes em Marta,
causando lesões corporais. Assertiva: Se as lesões forem de natureza leve, Ana,
Tainá e Bruna irão responder pelo crime de lesão corporal leve, previsto no art.
129, caput, do Código Penal, em concurso de pessoas.
Vamos ao conteúda da questão: Ana, Bruna e Tainá agiram em coautoria, de
forma consciente e voluntária, realizando o verbo-núcleo do tipo penal, previsto
no art. 129, caput, do CP, isto é, ofenderam a integridade corporal de Marta.
Tainá segurou Marta para garantir a execução das lesões, agindo em coautoria
parcial, enquanto Ana e Bruna praticaram a mesma conduta típica, agindo
em coautoria direta.
Tendo em vista que o Código Penal adota a teoria monista, todas irão responder
pelo mesmo crime.
O item está certo.
COMPLEMENTAÇÃO DA RESPOSTA:
O que se entende por coautoria?
Guerreiro(a), o coautor é aquele que colabora com o autor para a prática do crime,
sendo necessário que haja consciência e voluntariedade dos agentes para a
realização do verbo-núcleo do tipo.
O que se entende por coautoria parcial e direta?
Na coautoria parcial, cada um dos agentes realiza atos executórios diversos, mas
que somados resultam na consumação do crime.
Já na coautoria direta, todos praticam a mesma conduta típica. 
ATENÇÃO!
Campeã(o), admite-se a coautoria nos crimes próprios, desde que os agentes
possuam a qualidade exigida pela lei. Caso não possuam, devem ter ciência de que
o outro agente age nessa qualidade.
Não se admite a coautoria nos crimes de mão-própria, só podendo ser praticados
pelo sujeito descrito pela lei.
Admite-se coautoria nos crimes culposos , contanto que sejam preenchidos os
1

requisitos do concurso de agente.


TEMA POLÊMICO!
Concurseiro(a), embora o entendimento majoritário da doutrina e das bancas seja
que não há coautoria nos crimes omissivos, ainda existe divergência.
Alguns autores entendem que não há possibilidade concurso de agentes (coautoria e
participação), pois todas as pessoas praticam crime, de maneira autônoma;
A doutrina minoritária entende que pode haver concurso de pessoas, na modalidade
de coautoria.
A doutrina majoritária entende que é possível participação, mas não coautoria,
nos crimes omissivos.
DOUTRINA!
Combatente, sobre a teoria monista, ensina Rogério Sanches: “Para essa
teoria, ainda que o fato criminoso tenha sido praticado por vários agentes, conserva-
se único e indivisível, sem qualquer distinção entre os sujeitos” .
2

Também conhecida como monística ou unitária, é a teoria adotada pelo Código


Penal brasileiro.
PODE CAIR NA PROVA!
Candidato(a), vejamos como a CESPE cobrou uma questão acerca do assunto:
(CESPE - 2018 - STM - Analista Judiciário - Área Judiciária) Inexiste, no ordenamento
jurídico, a possibilidade de as condições e circunstâncias de caráter pessoal de um
agente se comunicarem com as de outro agente que seja coautor de um crime.
Gabarito comentado: campeã(o), existe sim, com base no art. 30 do CP, a
possibilidade de as condições e circunstâncias de caráter pessoal de um agente
se comunicarem com a do coautor.
Podemos dizer que existe três regras, acerca da comunicabilidade:
1) As elementares se comunicam-se aos demais agentes, desde que conhecidas por
eles;
2) As circunstâncias objetivas (caráter real) comunicam-se, desde que conhecidas
por eles;
3) As circunstâncias subjetivas (caráter pessoal), jamais se comunicam.
O item está errado.
TOME NOTA!
Código Penal
Art. 30. Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter
pessoal, salvo quando elementares do crime.
COAUTORIA – DIRETA - Todos praticam a mesma conduta típica. ADMITE :
Crimes próprios/ Crimes culposos.
PARCIAL - Cada um dos agentes realiza atos executórios diversos,
mas que somados resultam na consumação do crime. NÃO ADMITE : Crimes
de mão-própria./ Crimes omissivos
Eduarda com o intuito de causar lesões corporais leves em Amanda, pediu para
sua amiga Katia praticar o crime. Ao realizá-lo, Katia se lembra de uma injúria que
Amanda cometeu contra ela. Neste momento, com raiva, pega um tijolo para atirar
em Amanda, objetivando causar lesões graves. Ocorre que, por conta da “tijolada”,
Amanda ficou incapacitada permanentemente para o trabalho (lesão
gravíssima). Assertiva: Eduarda responderá por lesão corporal leve, enquanto
Katia responderá por lesão corporal grave com aumento de pena até a metade.
Ocorreu a cooperação dolosamente distinta prevista no art. 29 §2º, do CP, e
aplicando tal dispositivo: Eduarda responderá por lesão leve (crime que se dispôs
a praticar, menos grave).
Katia responderá pelo crime de lesão corporal grave (crime que se dispôs a
praticar, menos grave) com aumento de pena até a metade, pois era previsível
resultado mais grave.
No caso em questão, ocorreu crime preterdoloso e a CESPE entende
pela aplicabilidade da cooperação dolosamente distinta nos crimes
preterdolosos.
O item está certo.
 
COMPLEMENTAÇÃO DA RESPOSTA:
O que se entende por cooperação dolosamente distinta?
Quando ambos os agentes resolvem praticar determinado crime, mas durante a
execução, um pratica crime mais grave.
Qual solução se aplica para os casos de cooperação dolosamente distinta?
Se o concorrente quis praticar crime menos grave, aplica-se a pena do crime
menos grave.
Se o concorrente quis praticar crime menos grave, mas o resultado mais grave
era previsível, aplica-se a pena menos grave com aumento de pena até a
metade.
PODE CAIR NA PROVA!
Este é um tema que cai bastante em provas, sendo cobrado por diversas bancas.
Vejamos aqui, como a CESPE cobrou as questões acerca do assunto:
“Para um coautor cujas ações tiverem resultado em crime mais grave, apesar de
ele ter desejado participar de crime de menor gravidade, a pena aplicada deve ser
a referente ao crime menos grave, que deve ser aumentada até a metade no caso
de o resultado mais grave ter sido previsível quando as ações foram realizadas.".
Gabarito: Certo.
Candidato, a participação dolosamente distinta, prevista no art. 29 §2º, do CP,
prevê que: Se o concorrente quis praticar o crime menos grave, mas
sendo previsível o resultado mais grave, aplica-se a pena menos grave com a
pena aumentada até a metade. 
“Hugo e Ivo planejaram juntos o furto de uma residência. Sem o conhecimento de
Hugo, Ivo levou consigo um revólver para garantir o sucesso da empreitada
criminosa. Enquanto Hugo subtraia os bens do escritório, Ivo foi surpreendido na
sala por um morador e acabou matando-o com um tiro. Nessa situação hipotética,
Ivo responderá por latrocínio, e Hugo, apenas pelo crime de furto.”
Gabarito: Certo.
A questão está certa, pois a questão fala que Ivo levou revólver sem o
conhecimento de Hugo, por isso não houve resultado previsível. Hugo
também não contribuiu para que Ivo matasse o morador.
Com base no art. 29 §2º, do CP, Hugo responderá pelo crime menos grave, o
furto.
TEMA POLÊMICO!
A cooperação dolosamente distinta também é chamada de “participação em
crime menos grave”. Assim, considerando o tema participação, surge a seguinte
polêmica: Há participação em crime culposo?
A Doutrina entende que não cabe participação dolosa em crime culposo.
Justificativa: Não há unidade de vontades entre os agentes, tampouco vínculo
subjetivo do resultado.
No tocante a participação culposa no crime culposo, parte da doutrina entende
que é possível, mas a doutrina majoritária e o STJ entendem que não
cabe nenhum tipo de participação em crime culposo.
DOUTRINA!
Rogerio Greco, observa que: “Deve ser frisado, portanto, que  a expressão ‘quis
participar de crime menos grave’ não diz respeito exclusivamente à
participação em sentido estrito, envolvendo somente os casos de instigação e
cumplicidade, mas sim em sentido amplo, abrangendo todos aqueles que,
de qualquer modo, concorrem para o crime, estando aí incluídos autores (ou co-
autores) e partícipes.”1

QUADRO ESQUEMÁTICO!
Observe com atenção.
COOPERAÇÃO DOLSOAMENTE
DISTINTA
CRIME MENOS GRAVE CRIME MAIS GRAVE
Quis praticar crime menos grave sem Se o crime mais grave foi previsto e
prever resultado mais grave: Aplica- aceito, responde pelo crime mais
se o crime menos grave. grave
Quis praticar crime menos grave, mas
o resultado mais grave
era previsível: Aplica-se o crime
menos grave com aumento até a
metade
Aplica-se
para autores, coautores e partícipes.

TOME NOTA!
Art. 29, Código Penal: Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide
nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade.
(...)
§2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á
aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter
sido previsível o resultado mais grave.
(...)
Art. 129, Código Penal: Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
(...)
§2º Se resulta:
I - Incapacidade permanente para o trabalho;
(...)
Pena - reclusão, de dois a oito anos.

a) A alternativa está correta. Guerreiro(a), o Código Penal, em seu art. 29,


adota a teoria monista em relação ao concurso de pessoas, pois ele estabelece a
existência de apenas um crime para todos os agentes que concorrem para a sua
prática, porém na medida da sua culpabilidade (parte final, art. 29, CP).
O prévio ajuste é requisito indispensável para caracterizar o concurso de
pessoas?
b) A alternativa está errada. Candidato(a), a armadilha está no termo prévio ajuste,
pois esse requisito não é necessário. O que é requisito necessário é o liame
subjetivo entre os agentes, ou seja, é indispensável que todos os agentes atuem
conscientes de que estão reunidos para a prática da mesma infração penal. 
c) A alternativa está errada. Concurseiro(a), a relação entre os agentes não é de
acessoriedade, pois a função desenvolvida por cada um deles é determinante para
a obtenção do resultado. A coautoria se caracteriza pela imprescindibilidade da
contribuição de cada um deles.
Em regra, a teoria adota pela doutrina em relação ao autor do crime é a
Teoria Subjetiva ou Unitária?
d) A alternativa está errada. Fique esperto(a)! A teoria adotada é a teoria objetiva
formal ou restritiva, em que autor é quem realiza a ação nuclear típica e partícipe
quem concorre de qualquer forma para o crime
e) A alternativa está errada. Guerreiro(a), a coautoria é compatível com os crimes
próprios.
COMPLEMENTAÇÃO DA RESPOSTA:
Quando se fala em concurso de pessoas quais requisitos são indispensáveis
para sua caracterização?
1) Pluralidade de agentes e de condutas: existência de dois ou mais agentes
que empreendem condutas relevantes.
2) Relevância causal das condutas: as condutas realizadas devem ter
relevância causal. Se algum dos agentes praticar ato sem eficácia causal, não
haverá concurso de pessoas.
3) Liame subjetivo entre os agentes: todos os agentes atuam com consciência
que estão reunidos para a prática da mesma infração penal.
4) Identidade de infração penal: todos os agentes devem contribuir para o
mesmo evento.
A teoria monista é a regra em relação ao concurso de pessoas, existe
exceção a essa teoria?
Guerreiro(a), ROGÉRIO SANCHES instrui que, a adoção da teoria monista
representa um princípio da justiça, pois impõe imputação equivalente a todos os
que concorreram para o mesmo fato. Porém, a teoria pluralista está,
excepcionalmente, prevista no Código Penal.
Exemplo: o crime de aborto praticado por terceiro com o consentimento da
gestante, apesar de concorrem para o mesmo crime (aborto), a gestante responde
pelo art. 124 e o provocador pelo art. 126, ambos do Código Penal.
QUADRO ESQUEMÁTICO!
Guerreiro(a), é importante diferenciar as duas condutas, previstas pela doutrina:

CONCURSO DE PESSOAS

AUTORIA COAUTORIA
Autor é quem realiza o núcleo do tipo Caracteriza-se pela existência de dois
penal. Já o partícipe é quem de ou mais autores unidos entre si pela
qualquer modo concorre para o crime, busca do mesmo resultado.
sem praticar o núcleo do tipo.
A teoria do domínio do fato é adotada É admitida em crimes próprios. 
no caso de autoria mediata.
Exemplo: aquele que efetua disparos Exemplo: João e José, por motivo
de arma de fogo em alguém, matando- torpe, efetuam disparos de arma de
o, é autor do crime de homicídio. fogo contra Miguel, causando a morte
Aquele que empresta a arma de fogo deste. Ambos são coautores do crime.
para essa finalidade é partícipe de tal
crime.

TOME NOTA!
Código Penal
Art. 29. Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este
cominadas, na medida de sua culpabilidade.
§1º. Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de
um sexto a um terço.
§2º. Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á
aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter
sido previsível o resultado mais grave.
(...)
Art. 124. Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque:
Pena: detenção, de um a três anos.
(...)
Art. 126. Provocar aborto com o consentimento da gestante:
Pena: reclusão, de um a quatro anos.

De acordo com a teoria extensiva, autor ou partícipe é aquele que, de qualquer


modo, contribui para a produção do resultado, não havendo qualquer distinção
entre eles?
De acordo com a doutrina de Cezar Roberto Bitencourt, o conceito extensivo de
autor “tem como fundamento dogmático a ideia básica da teoria da equivalência das
condições, de tal forma que sob o prisma naturalístico da causalidade não se distingue
a autoria da participação”.
Assim, todo aquele que contribui de alguma forma para o resultado é considerado
autor. Nesse contexto, o instigador e o cúmplice seriam considerados autores, já
que não se distingue a importância da contribuição de cada um deles. [1]

O item está certo.


COMPLEMENTAÇÃO DA RESPOSTA:
Concurseiro, o autor, em princípio, é o sujeito que pratica a conduta expressa
pelo núcleo do tipo penal. É o que mata, provoca aborto, induz alguém a suicidar-se,
constrange, subtrai, sequestra, destrói ou corrompe, praticando o verbo do tipo penal.
DOUTRINA!
Guerreiro(a), com o fim de conceituar o que é autor, a doutrina apresenta várias
teorias. Cleber Masson, as divide da seguinte forma: [2]

1) Teoria Subjetiva ou Unitária: não diferencia autor de partícipe. Se fundamenta na


teoria da equivalência dos antecedentes, ou conditio sine qua non, uma vez que quem
de qualquer modo contribui para a produção do resultado criminoso é considerado seu
autor.
2) Teoria Extensiva: igualmente não distingue autor de partícipe, utilizando-se da
teoria da equivalência dos antecedentes. Entretanto, mitiga seus resultados, admitindo
a diminuição de pena, estabelecendo graus diversos de autoria.
3) Teoria Objetiva ou Dualista: distingue autor de partícipe. Subdivide-se em:
3.1)Teoria Objetivo Formal: autor é quem realiza o núcleo do tipo penal.
Exemplo: homicídio, quem mata. É a teoria adotada pelo Código Penal.
3.2) Teoria Objetivo-material: autor é quem contribui de modo mais importante na
produção do resultado, e não necessariamente quem pratica o verbo do tipo penal.
3.3) Teoria do Domínio do Fato:  autor é quem possui o controle sobre o domínio final
do fato, decidindo sob seu modo, condições, momento de concretização. Foi criada
por Hans Welzel em 1939, para se ocupar da posição intermediária entre as teorias
objetiva e subjetiva. Admite a figura do partícipe. Só tem aplicação em crimes
dolosos.
Quais os requisitos necessários para a configuração do concurso de agentes?
São cinco de acordo com a doutrina de Cleber Masson: [3]

1) Pluralidade de agentes culpáveis.


2) Relevância causal das condutas para a produção do resultado.
3) Vínculo subjetivo.
4) Unidade de infração penal para todos os agentes.
5) Existência de fato punível.
A conduta de cada agente deve ser, de qualquer modo, relevante para a produção do
resultado, podendo essa contribuição ser pessoal, física ou moral, direta ou indireta,
comissiva ou omissiva, anterior ou simultânea ao resultado. [4]

O que é coautoria?
É uma forma de concurso de agentes, caracterizado pela existência de dois ou mais
autores em consórcio para a busca do mesmo resultado. Ambos praticam o núcleo do
tipo penal.
A coautoria pode ser classificada como:
1) Coautoria Parcial ou funcional: quando vários agentes praticam atos diversos que
quando somados, produzem o resultado criminoso desejado.
Exemplo: A segura B, enquanto C lhe corta a mão para pegar o brigadeiro.
2) Coautoria Direta ou Material: se configura quando os agentes praticam atos
idênticos, na busca do resultado.
Exemplo: duas mulheres golpeiam uma terceira a vassouradas, para pegar um
brigadeiro.  
O que é coautoria sucessiva?
É aquela que ocorre quando a conduta é iniciada por um autor de forma solitária, no
entanto se consuma com a colaboração de outra pessoa. Não existe prévio ajuste,
mas se forma uma junção de forças na produção do resultado.
Em quais tipos de crime a norma de extensão ou de adequação típica do artigo
29 é necessária?
Nos crimes unissubjetivos ou de concurso eventual, que são aqueles que apesar de
poderem ser praticados por um só agente, admitem a coautoria ou participação.
Vejamos o tipo penal de homicídio (art. 121, CP). Pode ser realizado a tiros, mas nada
impede que outro sujeito segure a vítima para que o comparsa a mate a facadas.
Assim, não somente quem mata (núcleo do tipo) é considerado autor do delito, mas
também quem contribui, como no exemplo dado.
PODE CAIR NA PROVA!
Concurseiro(a), esse é um tema recorrente em provas, como já aconteceu no
concurso do MP-GO em 2019, na prova que foi anulada em decorrência de problemas
no dia do concurso. Isso pode ocorrer candidato, portanto, o preparo intelectual e
emocional deve ser considerado.
Veja como o tema foi cobrado:
(MPE-GO – 2019 – MPE-GO – PROMOTOR DE JUSTIÇA) A teoria extensiva da
autoria fundamenta-se na causação do resultado, sendo autor quem dá causa ao
evento. Em princípio, autor é aquele que causa a modificação do mundo externo.
Certo ou Errado
Gabarito comentado: campeã(o), de acordo com a teoria extensiva da autoria, autor
é quem contribui de algum modo para o resultado do delito, não existindo qualquer
diferenciação entre autor, coautor e partícipe.
O item está certo.
Foi adotada a teoria unitária, pela qual todos os que tomarem parte em um delito
devem ser tratados como autores e estarão incursos nas mesmas penas,
inexistindo a figura da participação?
A alternativa está errada. A teoria unitária não foi adotada pelo CP. Tome cuidado,
concurseiro(a), para não se confundir em relação à teoria monista, que preconiza que
o crime, ainda que praticado por várias pessoas em colaboração, continua único,
indivisível. A teoria unitária diz respeito ao conceito de autoria, enquanto a monista diz
respeito à aplicação da pena.
Na teoria extensiva ou material-objetiva, autor é todo aquele que contribui, de
qualquer modo, para a produção do resultado, persistindo a figura do partícipe?
A alternativa está errada. Campeã(o), na teoria extensiva, não existe a figura do
partícipe, sendo essa a pegadinha da alternativa.
A teoria restritiva ou formal-objetiva adotada pelo nosso Código Penal após a
reforma de 1984. Essa teoria distingue autor de partícipe, estabelecendo como
critério distintivo a prática ou não de elementos do tipo?
A alternativa está correta. Combatente, segundo o professor Rogério Greco:
“(...) Para aqueles que adotam um conceito restritivo, autor seria somente aquele
que praticasse a conduta descrita no núcleo do tipo penal. Todos os demais que, de
alguma forma, o auxiliassem, mas que não viessem a realizar a conduta narrada pelo
verbo do tipo penal seriam considerados partícipes.”
Haverá a incidência de autoria mediata quando alguém cumprir ordens de um
grupo criminoso organizado?
A alternativa está errada. Guerreiro(a), na verdade, trata-se da “autoria de escritório”.
É uma outra modalidade de autoria trazida por Zaffaroni e Pierangeli:
“(...) pressupõe uma ‘máquina de poder’, que pode ocorrer tanto num Estado em que
se rompeu com toda a legalidade, como numa organização paraestatal (um Estado
dentro do Estado), ou como uma máquina de poder autônoma ‘mafiosa’, por exemplo.”
A autoria de escritório seria o caso, então, em que alguém cumpre ordens de um
grupo criminoso organizado. Não se trata de hipótese de autoria mediata, pois
aquele que cumpre as ordens emanadas do chefe da organização, o faz tendo o
domínio funcional do fato que lhe fora atribuído.
Foi adotada a teoria do domínio do fato, pela qual se distingue autores de
partícipes, porém, o conceito de autoria abrange não só aqueles que realizam a
conduta descrita no tipo como também os que têm controle pleno do desenrolar
do fato criminoso?
A alternativa está errada. Fique ligado(a)! Muito embora a teoria do domínio do fato
possua indiscutível relevância, principalmente, no que toca ao chamado “autor
mediato”, figura melhor explicada abaixo, essa teoria não foi adotada como regra,
configurando exceção que incide apenas em determinadas situações.
COMPLEMENTAÇÃO DA RESPOSTA:
Candidato(a), em caráter excepcional, poderá incidir a teoria do domínio do fato, que
considera como autor, além daquele que pratica os atos de execução, a pessoa que
tiver controle pleno do desenrolar do fato criminoso.
A principal hipótese de cabimento dessa teoria ocorre na figura do autor mediato, que
seria uma espécie de mandante, quando o executor não tem plena consciência do ato.
Exemplo: alguém entrega veneno para uma criança e pede para ela colocar no copo
da vítima, sendo, assim, autor mediato do homicídio doloso. Quem responderá como
autor será a pessoa que entregou o veneno para matar a vítima, pois a
criança não tinha consciência ou vontade de praticá-lo.
DOUTRINA!
Concurseiro(a), atente-se aos entendimentos doutrinários:
1) Sobre a teoria do domínio do fato, seguem as palavras de André Estefam: “Como
diz Fernando Capez, ‘o executor atua sem vontade ou consciência, considerando-se,
por essa razão, que a conduta principal foi realizada pelo autor mediato’. (...) Por
outro lado, a teoria do domínio do fato não pode ser aceita em sua integralidade
porque não é possível identificar com clareza, em grande número de casos, quando
uma pessoa tem ou não o controle completo da situação.” . [1]

2) É o que esclarece CAPEZ: “Hans Welzel entende que a teoria do domínio do fato
parte da teoria restritiva, adotando um critério objetivo-subjetivo, segundo o qual autor
é aquele que detém o controle final do fato, dominando toda a realização delituosa,
com plenos poderes para decidir sobre sua prática, interrupção e circunstâncias" .[2]
3) Por fim, Nucci esclarece que: “A teoria do domínio do fato não foi adotada
expressamente pelo nosso Código Penal, só se admite nos crimes dolosos e
comissivos, não nos crimes culposos ou funcionais, prevalecendo, inclusive, a teoria
formal restritiva do conceito de autor, segunda a qual o "autor é quem realiza a figura
típica ao passo que o partícipe é aquele que comete ações fora do tipo, ficando
praticamente impunes, não fosse a regra de extensão que os torna responsáveis” . [3]

JURISPRUDÊNCIA!
Campeã(o), é necessário conhecer também as decisões jurisprudenciais:
“3. Cumpre ressaltar, por relevante, que, em tema de concurso de agentes, a autoria
pode se revelar de diversas maneiras, não se restringindo à prática do verbo contido
no tipo penal. Assim, é possível, por exemplo, que um dos agentes seja o responsável
pela idealização da empreitada criminosa; outro, pela arregimentação de comparsas;
outro, pela obtenção dos instrumentos e meios para a prática da infração; e, outro,
pela execução propriamente dita. Assim, desde cada um deles - ajustados e
voltados dolosamente para o mesmo fim criminoso - exerça domínio sobre o
fato, responderá na medida de sua culpabilidade” . [4]

PODE CAIR NA PROVA!


Combatente, este é um tema que cai frequentemente em provas, e é cobrado por
diversas bancas. Por exemplo, veja como a banca CESPE cobrou o tema.
(CESPE - 2020 - TJ-PA - Auxiliar Judiciário - Adaptada) Em regra, consideram-se
autores de um delito aqueles que praticam diretamente os atos de execução, e
partícipes aqueles que atuam induzindo, instigando ou auxiliando a ação dos autores
principais. No entanto, é possível que um agente, ainda que não participe diretamente
da execução da ação criminosa, possa ter o controle de toda a situação, determinando
a conduta de seus subordinados. Nessa hipótese, ainda que não seja executor do
crime, o agente mandante poderá ser responsabilizado criminalmente. Essa
possibilidade de responsabilizar o mandante pelo crime decorre da teoria do domínio
do fato.
Certo ou Errado
Gabarito comentado: guerreiro(a), descreveu a autoria mediata, reconhecida
na teoria do domínio do fato.
O item está certo. 
QUADRO ESQUEMÁTICO!
Candidato(a), vejamos as principais diferenças e modalidades dos institutos:

TEORIA DO DOMÍNIO DO FATO

DOMÍNIO FUNCIONAL
DOMÍNIO DA AÇÃO DOMÍNIO DA VONTADE
DO FATO
Trata da autoria imediata. Trata da autoria Trata da coautoria.
da mediata.
O agente realiza a O agente (autor Os agentes do delito
conduta típica na sua intelectual) se utiliza de atuam por meio de divisão
própria pessoa. um inimputável como de tarefas.
instrumento para a prática
da conduta típica.
Exemplo: Mário treina o Exemplo: Mário, médico, Mesmo que os agentes
seu cachorro Yoshi para se vale do enfermeiro não pratiquem todas as
atacar a jugular de Yoshi, sem que ele saiba, condutas tidas como
pessoas até a morte, para aplicar injeção letal e elementares do tipo,
planejando matar Luigi. devem responder por ele.
Ao chegar no dia
matar seu inimigo,
planejado, Mário profere o
Pikachu, que está
comando para que seu
hospitalizado.
cachorro ataque a vítima e
Luigi morre.
Prestigia-se o acordo de
vontades, não tanto as a
efetiva prática da conduta.
Exemplo: Mário, Luigi e
Yoshi se juntam para
assaltar a Casa da Moeda
de seu país. Mário, o
mentor, ficará escondido
numa casa aguardando os
demais e cuidando da
logística. Yoshi e Luigi
efetivamente praticam o
assalto.

TOME NOTA!
Código Penal
Art. 29. Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este
cominadas, na medida de sua culpabilidade.

Segundo a teoria unitária, nem todo aquele que causa o resultado é autor do


delito. O agente pode causar o resultado e, mesmo assim, não realizar os
elementos do tipo?
 a assertiva trouxe o conceito restritivo de autor, segundo o qual nem todo aquele
que causa o resultado é autor do delito. O agente pode causar o resultado (segundo a
teoria da equivalência dos antecedentes causais) e, mesmo assim, não realizar os
elementos do tipo.
Segundo a teoria predita, o autor, além de causar o resultado, realiza o tipo penal, ao
passo que o partícipe contribui na causação do resultado, mas não realiza os
elementos típicos. As normas que regulam a participação são causas de extensão de
pena. Se inexistentes, o partícipe ficaria impune.
Por outro lado, para a teoria unitária do conceito de autor, todo aquele que concorre
de alguma forma para o fato é autor. Não distingue autor de partícipe. Possui
fundamento na teoria da equivalência dos antecedentes causais.
Exemplo: no crime de homicídio, são considerados autores tanto aquele que efetua o
disparo (ato de matar) como aquele que fornece a arma desejando auxiliar na
execução do crime, ou seja, não há diferença entre autor e partícipe, pois todos são
autores, já que deram causa ao resultado.
O item está errado.
COMPLEMENTAÇÃO DA RESPOSTA:
Guerreiro(a), convém ressaltar que existem diversas teorias que buscam fornecer o
conceito de autor. É importante saber diferenciar cada uma delas, conforme veremos
mais adiante.
Quais são as teorias sobre a autoria?
1) Unitária: não diferencia o autor do partícipe. Autor é aquele que de qualquer
modo contribuir para a produção de um resultado penalmente relevante.
2) Extensiva: também não distingue o autor do partícipe. Todavia, admite causas de
diminuição da pena para estabelecer diversos graus de autoria.
3) Restritiva: subdivide-se em objetivo-formal, objetivo-material e teoria
do domínio do fato.
ATENÇÃO!
Qual a teoria adotada pelo Código Penal?
Concurseiro(a), o art. 29, caput, do CP, acolheu a teoria restritiva, no prisma objetivo-
formal.
Tal concepção, diferencia autor e partícipe:
Autor é aquele que realiza o núcleo do tipo penal. Já o partícipe é quem de qualquer
modo concorre para o crime, sem executar a conduta criminosa.
Exemplo: José mata Maria após ser instigado por João. Este não praticou o ato
executório de matar, tendo apenas instigado, mas, mesmo assim, concorreu para o
crime. Sendo assim, ambos respondem pelo delito descrito no art. 121 do CP, sendo
José autor e João partícipe.
JURISPRUDÊNCIA!
Guerreiro(a), veja este julgado sobre o tema ora em comento: “Aquele que se associa
a comparsa para a prática de roubo, sobrevindo a morte da vítima, responde pelo
crime de latrocínio, ainda que não tenha sido o autor do disparo fatal ou que sua
participação se revele de menor importância.
Exemplo: João e Pedro combinaram de roubar um carro utilizando arma de fogo. Eles
abordaram, então, Ricardo e Maria quando o casal entrava no veículo que estava
estacionado. Os assaltantes levaram as vítimas para um barraco no morro. Pedro
ficou responsável por vigiar o casal no cativeiro enquanto João realizaria outros crimes
utilizando o carro subtraído. Depois de João ter saído, Ricardo e Maria tentaram fugir e
Pedro atirou nas vítimas, que acabaram morrendo. João pretendia responder apenas
por roubo majorado (art. 157, § 2º, I e II) alegando que não participou nem queria a
morte das vítimas, devendo, portanto, ser aplicado o art. 29, § 2º, do CP.
O STF, contudo, não acatou a tese. Isso porque João assumiu o risco de produzir
resultado mais grave, ciente de que atuava em crime de roubo, no qual as vítimas
foram mantidas em cárcere sob a mira de arma de fogo”. [1]

PODE CAIR NA PROVA!


Campeã(o), este é um tema recorrentemente cobrado em provas, veja como foi
cobrado:
(Delegado de Polícia 2018 CESPE - Adaptada) De acordo com a teoria objetivo-
subjetiva, o autor do delito é aquele que tem o domínio final sobre o fato criminoso
doloso.
Gabarito comentado: combatente, perceba que, na teoria objetivo-
subjetiva ou teoria do domínio do fato, o autor não é somente aquele que realiza a
figura típica, mas também aquele indivíduo que detém o controle finalístico sobre o
domínio final do fato, ou seja, determina a forma de execução do crime, o seu início,
suspensão e também as demais condições da infração penal, independentemente da
realização do verbo núcleo do tipo.
Muitos candidatos erraram esta questão, pois não sabiam que a teoria do domínio do
fato também é conhecida como teoria objetivo-subjetiva. Portanto, cuidado
redobrado com os sinônimos na hora do estudo.
O item está certo.
QUADRO ESQUEMÁTICO!
Candidato(a), sobre as teorias que tentam explicar a autoria, vejamos:

AUTORIA

 TEORIA RESTRITIVA EXTENSIVA  OBJETIVO-


SUBJETIVA
OBJETIVO-FORMAL OBJETIVO-
MATERIAL
Autor é Autor é quem   Autor é quem
quem realiza o núcleo do presta a possui o controle
tipo penal contribuição Não distingue autor e participe sobre o domínio
objetiva mais final do fato
relevante para
a produção do
resultado
 Partícipe é quem  Participe é Todos que colaboraram para a Participe é quem
concorre para o quem concorre prática do fato são autores concorre para o
crime sem praticar o de crime sem possuir o
núcleo do tipo penal forma menos controle final do fato
relevante e sem realizar o
núcleo do tipo
 Majoritariamente adotad Não importa Possui fundamento na teoria Também chamada
a quem realizou o da equivalência dos antecedentes de Teoria do
núcleo do tipo causais Domínio do Fato
penal

Caracteriza-se a autoria mediata quando duas pessoas ou mais, imputáveis, sem


vínculo subjetivo, praticam determinada conduta delituosa buscando o mesmo
objetivo, porém o resultado pode ocorrer em virtude do comportamento de
apenas uma delas?
o erro está na expressão “autoria mediata”, quando o correto seria “autoria
colateral”.
Na autoria mediata, o autor domina vontade alheia e, desse modo, se serve de
outra pessoa para atuar como instrumento.
Já na autoria colateral várias pessoas executam o fato (contexto fático
único) sem qualquer vínculo subjetivo entre elas.
Exemplo: Policiais de duas viaturas distintas, sem acordo ou vínculo entre
eles, abusivamente, disparam contra vítima comum, que vem a falecer em razão de
um dos disparos.
No exemplo dado cada agente responde pelo que fez, ou seja, não há uma obra
comum.
O item está errado.
COMPLEMENTAÇÃO DA RESPOSTA:
Combatente, a questão aborda o instituto jurídico autoria colateral, que ocorre
quando dois ou mais agentes possuem igual intenção de obter um determinado
resultado criminoso, sem que, contudo, um conheça a vontade do outro.
O objetivo pode ser alcançado pela ação apenas de um ou de ambos os agentes. O
agente que for responsável pela produção do resultado responderá pelo crime
consumado, ao passo que o outro responderá pelo crime tentado. 
No caso de dúvida, ambos respondem pela tentativa (in dubio pro reo), pois os
agentes não podem responder pelo resultado mais grave, uma vez que um deles
estaria sendo responsabilizado por um fato que não cometeu .
1

O STF  já se pronunciou sobre a questão afirmando ser inadmissível o


2

reconhecimento de que um agente teria praticado o delito na forma tentada e o outro,


na forma consumada, por força do art. 29, CP (teoria monista ou
unitária), ressalvadas as exceções para as quais a lei prevê expressamente a
aplicação da teoria pluralista.
IMPORTANTE!
Em se tratando de autoria colateral, existe concurso de pessoas?
Concurseiro(a), não, a doutrina  é pacífica em afirmar que cada sujeito responde pelo
3

fato que pratica, isoladamente, não sendo possível a existência de coautoria.


A autoria colateral ocorre quando duas ou mais pessoas, desconhecendo a
intenção uma da outra, praticam determinada conduta visando o mesmo resultado,
ou seja, não há vínculo subjetivo entre elas (crimes autônomos).
O autor que manda seu animal atacar a vítima pratica autoria mediata?
Não, ele pratica autoria imediata, visto que o animal não é racional, ou seja,
é apenas um instrumento da conduta delituosa do autor.
Além disso, cabe destacar que na Lei da Organização Criminosa (art. 2º, § 3º da Lei
12.850/2013), a pena será agravada para quem exerce o comando individual ou
coletivo da organização criminosa, mesmo que não pratique pessoalmente atos de
execução.
Esse dispositivo acaba por afastar de certa forma a teoria restritiva sob o prisma
objetivo-formal, e adota a teoria do domínio do fato, uma vez que estabelece que
aquele que tem o domínio final da ação responde pelo crime e tem a sua pena
agravada.
TEMA POLÊMICO!
Professor, admite-se autoria mediata ao executor inimputável?
1ª Corrente: Sim, pois o "homem de trás" é quem define a atuação criminosa
do executor inimputável (majoritária) .
4

2ª Corrente: Não, pois somente existiria uma probabilidade de que


o inimputável exerceria a conduta antes definida, pois a falta de reprovabilidade da
conduta do interposto não dá o domínio do fato ao determinador .
5

DOUTRINA!
Em regra, campeã(o), nos crimes de mão própria, não se pode falar em coautoria,
pois o verbo do núcleo do tipo exige atuação pessoal do agente.
Exemplo: falso testemunho.
Há casos em que a ação pode ser praticada pelo autor de mão própria e ainda por
um terceiro, sendo que, neste caso, surge a possibilidade da coautoria .
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Exemplo: infanticídio.
É possível coautoria da mulher no crime de estupro?
Sim, diante da teoria do domínio do fato, a mulher pode ser coautora
intelectual, coautora executora (do verbo constranger) ou coautora funcional.
Só não pode evidentemente ser coautora executora do verbo manter conjunção
carnal.
E se o agente imediato (executor) também atuar com dolo?
Será punido como partícipe do homicídio, na modalidade de induzimento.
Fica afastada a autoria mediata, mas não a participação.
JURISPRUDÊNCIA!
Candidato(a), o STF  pacificou a desnecessidade, para a configuração da coautoria
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delitiva, de que cada um dos agentes tenha praticado todos os atos


fraudulentos que caracterizaram a gestão fraudulenta de instituição financeira.
A corte afirma que, pela divisão de tarefas, cada coautor fica incumbido da realização
de determinadas condutas, cujo objetivo é a realização do delito.
Cabe ressaltar que, por força da teoria do domínio do fato, uma participação
importante (como a de quem dá ordens para a realização de condutas
criminosas) poderá ser considerada como autoria e não como participação, mesmo
que o autor não pratique o núcleo do tipo penal.
O STJ  também se pronunciou no sentido de que, mediante o ajuste de
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vontades pactuado entre os executores, a divisão de tarefas, e a finalidade de juntos


cometerem um crime, configura-se o domínio funcional do fato, logo
serão coautores do fato em sua integralidade, e não, pela parte que o executaram.
Essa responsabilidade penal é chamada de responsabilidade
conjunta ou imputação recíproca.
A 8ª turma do TRF4  considerou como autor mediato do crime de uso de documento
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falso (art. 304, CP) pessoa que forneceu os documentos falsos para que terceiros de
boa-fé o utilizassem em seu nome.
PODE CAIR NA PROVA!
Cuidado, guerreiro(a), pois esse assunto costuma ser muito cobrado pelas bancas.
Veja a assertiva:
(CESPE/CEBRASPE – 2019 – Juiz Substituto - TJ-PR - Adaptada) A respeito de
autoria e participação no âmbito penal, é correto afirmar que a autoria colateral é
aquela em que há pluralidade de agentes e liame subjetivo entre eles para a
realização da conduta.
Certo ou Errado
Gabarito comentado: campeã(o), na autoria colateral há pluralidade de agentes, mas
não há liame subjetivo entre eles. Assim, pela ausência de vínculo subjetivo, não
há concurso de pessoas e sim autoria colateral. Aquele que deu causa ao
resultado responde pelo crime consumado e o que não deu causa responde
pelo crime tentado.
O item está errado.
QUADRO ESQUEMÁTICO!
Candidato(a), fique atento quanto as diferenças encontradas na doutrina.
CONCURSO DE PESSOAS

AUTOR MEDIATO PARTÍCIPE


Sua conduta é a principal. Sua conduta é acessória.
Detém o domínio do fato. Não detém o domínio do fato.
Não realiza o núcleo do tipo. Não realiza o núcleo do tipo.
Hipóteses: Hipóteses:

1ª: Coação moral irresistível e 1ª: Auxilia na execução do crime sem ter


obediência hierárquica (art. tal conhecimento.
22, CP).
2ª: Colabora materialmente com a prática de
2ª: Erros (de tipo e de infração penal.
proibição) escusáveis
causados por terceiro (arts. 3ª: Colabora dolosamente para prática de
20, §2º, e 21, CP). conduta delituosa, mesmo que o
autor não tenha consciência deste favorecime
3ª: Executor inimputável (art. nto.
62, III, CP).
Pena: Pena:

1ª: Coação moral irresistível e É aplicada à medida da culpabilidade do agente


obediência hierárquica (art. 22, (art. 29, CP).
CP): Só é punível o autor da
coação ou da ordem. Poderá ser diminuída de 1/6 a 1/3 em caso de
2ª: Erros (de tipo e de proibição) participação de menor importância (art. 29,
escusáveis causados por §1º, CP)
terceiro:
Poderá ser aumentada até 1/2, na hipótese de
Pune-se o terceiro na ter sido previsível o resultado mais grave (art.
forma culposa (art. 20, §2º, 29, §2º, CP).
CP).

O erro, se inevitável, isenta de
pena;
se evitável, poderá diminuí-la 
de 1/6 a 1/3 (art. 21, CP).

3ª: Executor inimputável.

Poderá ser agravada para
o autor (art. 62, III, CP).
Exemplo: um agente secreto Exemplo: Joseph leva Adolph até a casa da
mata uma pessoa por vítima, e depois que Adolph mata a vítima,
determinação de seu superior. Joseph não só o ajuda a fugir, como também
O superior é autor mediato e joga o cadáver no mar. Neste caso, Joseph será
responde pelo homicídio. o partícipe no homicídio e autor no crime
Nesse caso o autor de ocultação de cadáver.
imediato (o agente
secreto) também responde pelo
crime, porque se tratava
de ordem manifestamente
ilegal. Embora tenha atuado
com dolo, em razão da estrutura
de poder não há como afastar o
domínio do agente mediato
sobre a vontade do executor.
Por isso é
que não fica descartada a auto
ria mediata.

BIZU!
Concurseiro(a), requisitos para o concurso de pessoas:
VIPER
Vínculo subjetivo (liame)
Identidade de infração penal
Pluralidade de agentes
Existência de fato punível
Relevância causal das condutas
TOME NOTA!
Código Penal
Art. 20. O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de
crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.
§ 2º. Responde pelo crime o terceiro que determina o erro.
(...)
Art. 21. O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato,
se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminui-la de um sexto a um terço.
Art. 22. Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a
ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da
coação ou da ordem.
(...)
Art. 29. Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este
cominadas, na medida de sua culpabilidade.
Art. 29 § 1º. Se a participação for de menor importância, a
pena pode ser diminuída de um sexto a um terço.
Art. 29 § 2º. Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-
lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de
ter sido previsível o resultado mais grave.
(...)
Art. 62. A pena será ainda agravada em relação ao agente que:
III. instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade ou não-
punível em virtude de condição ou qualidade pessoal;

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