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3.1. Fato Típico: trata da adequação de um comportamento hu- Welzel sustentava que a causalidade exterior é cega, pois não
mano a elementos que estão previstos em uma norma penal. E analisa o querer interno do agente. Por seu turno, a finalidade,
tem os seguintes elementos: por ser guiada, é vidente.
No exemplo adotado em relação à teoria clássica, a resposta se-
ria diversa no tocante à teoria finalista. o comportamento de “A”
não poderia ser considerado penalmente relevante em face da
ausência de dolo ou culpa. Não haveria crime pela inexistência
do fato típico “matar alguém”.
Obs: Adota a teoria bipartite ou trpartite.
3.1.3. Nexo causal ou Relação de causalidade: Ligação entre a Causa independente é aquela capaz de produzir por si só o re-
conduta e o resultado. Só tem relevância nos crimes materias. sultado. Rompe o nexo causal. Pode ser de natureza absoluta ou
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, so- relativa:
mente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a « Causas absolutamente independente São aquelas que não
ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido se originam da conduta do agente, isto é, são absolutamente
§ 1.º A superveniência de causa relativamente independente ex- desvinculadas da sua ação ou omissão ilícita.
clui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fa- Ex 1: “A” efetua disparos de arma de fogo contra “B”, atingin-
tos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. do-o em regiões vitais. O exame necroscópico, todavia, conclui
§ 2.º A omissão é penalmente relevante quando o omitente de- ter sido a morte provocada pelo envenenamento anterior efetua-
via e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incum- do por “C”. (preexistente)
be a quem: Ex 2: “A” efetua disparos de arma de fogo contra “B” no mo-
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; mento em que o teto da casa deste último desaba sobre sua cabe-
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o re- ça. (concomitante)
sultado; Ex 3: “A” subministra dose letal de veneno a “B”, mas, antes
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência que se produzisse o efeito almejado, surge “C”, antigo desafeto
do resultado.
de “B”, que nele efetua inúmeros disparos de arma de fogo por permite ao magistrado, no caso concreto, decidir pela presença
todo o corpo, matando-o. (superveniente) ou não do dever de agir.
« Causas Relativamente independente: Originam-se da pró- -Poder de Agir: Poder de agir é a possibilidade real e
pria conduta efetuada pelo agente. Daí serem relativas, pois efetiva de alguém, na situação concreta e em conformidade
não existiriam sem a atuação criminosa. Entretanto, tais com o padrão do homem médio, evitar o resultado penalmente
causas são independentes. têm idoneidade para produzir, relevante. Ex: Um bombeiro tem o dever de impedir o afoga-
por si sós, o resultado. mento de uma criança em uma praia. Não pode agir, contudo, se
Ex 1: “A”, com ânimo homicida, efetua disparos de arma de fo- acidentalmente quebra suas duas pernas ao pisar em um buraco
go contra “B”, atingindo-a de raspão. Os ferimentos, contudo, cavado por crianças quando corria em direção à infante que
são agravados pela diabete da vítima, que vem a falecer. (relati- afundava.
vamente independente preexistente). =responde pelo resultado
Ex 2: “A” aponta uma arma de fogo contra “B”, o qual, assusta- Hipóteses de Dever de Agir:
do, corre em direção a movimentada via pública. No momento a) Tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância
em que é alvejado pelos disparos, é atropelado por um cami- Trata-se do dever legal, relativo às pessoas que, por lei, têm a
nhão, morrendo. (relativamente independente concomitante). = obrigação de impedir o resultado. É o que se dá com os pais em
responde pelo resultado relação aos filhos menores; os policiais no tocante aos indiví-
Ex 3: “A”, com a intenção de matar, efetua disparos de arma de duos em geral.
fogo contra “B”. Por má pontaria, atinge-o em uma das pernas,
não oferecendo risco de vida. Contudo, “B” é conduzido a um b) De outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o re-
hospital e, por imperícia médica, vem a morrer. (relativamente sultado
independente superveniente que NÃO produziu por si só o resul- A expressão “de outra forma” significa qualquer obrigação de
tado). = responde pelo resultado impedir o resultado que não seja decorrente da lei.
Ex 4: pessoa atingida por disparos de arma de fogo que, interna- É o que se convencionou chamar de “garante” ou “dever de
da em um hospital, falece não em razão dos ferimentos, e sim garantidor da não produção do resultado naturalístico”. Ex:
queimada por um incêndio que destrói toda a área dos enfermos; incumbe o dever de agir tanto ao professor de natação contrata-
Ferido que morre durante o trajeto para o hospital, em face de do para ensinar uma pessoa a nadar (negócio jurídico) como ao
acidente de tráfego que atinge a ambulância que o transportava. nadador experiente que convida um amigo iniciante a atravessar
(relativamente independente superveniente que produziu por si um canal de águas correntes e geladas (situação concreta da vi-
só o resultado). Responde pelos já praticados. da).
Omissão penalmente relevante: encontra-se disciplinada pelo c) Com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrên-
art. 13, § 2º. O dispositivo é aplicável somente aos crimes omis- cia do resultado
sivos impróprios, espúrios ou comissivos por omissão, isto é, Cuida-se da ingerência ou situação precedente. Ex: O mari-
aqueles em que o tipo penal descreve uma ação, mas a inércia nheiro que lança ao mar um tripulante do navio tem o dever de
do agente, que podia e devia agir para impedir o resultado natu- salvá-lo da morte. Se não o fizer, responde pelo homicídio.
ralístico, conduz à sua produção. são plurisubsistentes. Ex: mãe
que deixa de alimentar o filho para que este morra. 3) Teoria da imputação objetiva: A relação de causalidade so-
A expressão “penalmente relevante” significa que a omissão mente estaria caracterizada quando passadas 3 etapas:
não é típica, por não estar descrita pelo tipo penal, somente se
torna penalmente relevante quando presente o dever de agir.
Nos crimes omissivos impróprios, a omissão pode, com o dever
de agir, ser penalmente relevante. Por outro lado, nos crimes
omissivos próprios ou puros (são unisubsistentes), a omissão
sempre é penalmente relevante, pois se encontra descrita pelo ti-
tem por objetivo inicial conter os excessos da teoria do conditio
po penal, tal como nos arts. 135 e 269 do Código Penal.
sine qua non, de modo que o nexo de causalidade não pode ser
estabelecido, exclusivamente, por meio de uma relação de causa
e efeito.
o resultado não será imputado ao agente, quando:
a) Houver diminuição do risco: Ex: Suponhamos que A lance
uma flecha contra B, todavia C passa próximo de B e consegue
empurrálo, fazendo com que a flecha não o atinja. Decorre desta
conduta que B cai com o impacto do empurrão e se lesiona. Nes-
se caso C não responderá pelo resultado lesão, uma vez que ele
evitou um risco ainda maior. A conduta de C diminui o risco que
recai sobre B, pois, caso fosse atingido, poderia morrer.
Obs: O CP acolheu a teoria normativa. A omissão somente in-
teressa ao Direito Penal quando, diante da inércia do agente, o b) Criação de um risco juridicamente relevante: Ex: Supo-
ordenamento jurídico lhe impunha uma ação, um fazer (deve es- nhamos que A, desejando que seus pais morram, a fim de herdar
tar presente o dever de agir). todos os seus bens, compra duas passagens de avião na esperan-
ça que o avião caia e seus genitores morram. O avião cai, e os
-Dever de Agir: Há dois critérios acerca da fixação do pais de A morrem. Vejam que, mesmo querendo o resultado, A
dever de agir: legal e judicial. Para o critério legal, é a lei que não tem domínio sobre esse resultado (queda do avião), e sua
deve arrolar, taxativamente, as hipóteses do dever de agir (Por conduta não é capaz de criar um risco juridicamente relevante.
ele optou o legislador pátrio ao indicar nas alíneas “a”, “b” e
“c” do § 2.º do art. 13 do CP). Por sua vez, o critério judicial c) Aumento do risco permitido: Ex:Suponhamos que determi-
nado exportador de produtos explosivos, não seguindo a orienta-
ção do fabricante, exporte os produtos de maneira errada e o ca-
minhão exploda na rodovia matando quatro pessoas. Posterior- tude. Logo, a presunção é relativa, iuris tantum, pois um fato
mente se verifica que, mesmo transportando de maneira correta, típico pode ser lícito, desde que o seu autor demonstre ter agido
os produtos explodiriam, uma vez que não foram produzidos de acobertado por uma causa de exclusão da ilicitude.
modo correto. Percebam: mesmo que o exportador tivesse obser- • não há elementos e sim excludentes de ilicitude.
vado as instruções de manuseio, o resultado ainda assim poderia
ter ocorrido, razão pela qual ele não responderá pelo resultado,
pois sua conduta não incrementou o risco de sua ocorrência.