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AULA 4

INFRAÇÃO PENAL,
CRIME/DELITO E
CONTRAVENÇÃO
PENAL
INFRAÇÃO PENAL,
CRIME DELITO E
CONTRAVENÇÃO
No presente tópico, iniciaremos o estudo do crime
em si. Até então, fizemos uma análise do Direito Penal de
forma genérica. Estudamos os princípios constitucionais
aplicáveis ao direito penal, bem como dissecamos a aplicação
da lei penal no tempo e no espaço.
É chegada a hora de nos determos ao objeto central
de estudos do Direito Penal, O CRIME. Além disso o assunto
é recorrente na doutrina, tribunais, e bastante cobrado em
provas, motivo pelo qual exige uma especial atenção do
aluno.
Introdução
No Brasil, INFRAÇÃO PENAL, na verdade, é gênero de que são
espécies o crime (também chamado de delito) e a contravenção penal. Ambas
espécies representam uma violação ao direito, contudo são diferentes por uma
opção do legislador.
Decidiu-se chamar contravenção penal aquelas condutas de menor
gravidade, cuja repressão é mais branda. As contravenções penais estão
descritas e normatizadas no Dec. Lei 3.688/1941.
Por sua vez os crimes ou delitos estão espalhados na parte especial do
Código Penal e na legislação Extravagante (lei de drogas, estatuto do
desarmamento, código de trânsito, etc...).
ESPÉCIES DE SANÇÃO PENAL

 Pena: destinada aos imputáveis;

 Medidas de Segurança: destinada aos semi-


imputáveis e inimputáveis. (Art. 26 CPB, §§1º e 2º)
ESPÉCIES DE PENA

 a prisão ( pena privativa de liberdade);


 a pena de multa;
 Restritiva de direitos;
 a prestação de serviços à comunidade, entre outras
ESPÉCIES DE PENA (ART. 32 CPB)

Art. 32 - As penas são:

I - privativas de liberdade;
II - restritivas de direitos;
III - de multa.
RECLUSÃO

Reclusão é prevista para crimes mais


graves e com penas mais altas, quanto ao
regime de cumprimento da pena deverá
ser inicialmente fechado, semi-aberto ou
aberto, e normalmente é cumprida em
estabelecimentos de segurança máxima ou
media. (Ex. Homícidio, Estupro, Roubo,
Tráfico de Drogas).
DETENÇÃO

Detenção é aplicada para


condenações mais leves e não
admite que o inicio do
cumprimento seja no regime
fechado. (Ex. Crime de trânsito,
Crimes contra honra).
PRISÃO SIMPLES

Prisão simples – É prevista na lei de


contravenções penais (Dec. 3.688/41) como
pena para condutas descritas como
contravenções, que são infrações penais de
menor lesividade. O cumprimento ocorre sem
rigor penitenciário em estabelecimento especial
ou seção especial de prisão comum, em regime
aberto ou semi-aberto. Somente são admitidos
os regimes aberto e semi-aberto, para a prisão
simples.
Artigo 33 CPB

Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime


fechado, semi-aberto ou aberto. A de detenção, em regime
semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a
regime fechado.
§ 1º - Considera-se:

a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento de


segurança máxima ou média;

b) regime semi-aberto a execução da pena em colônia agrícola,


industrial ou estabelecimento similar;

c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou


estabelecimento adequado.
Lei das Contravenções Penais - Decreto Lei nº 3.688, de 3 de outubro de
1941. DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À PESSOA

Art. 1º Aplicam-se as contravenções às regras gerais do Código Penal,


sempre que a presente lei não disponha de modo diverso.
Art. 2º A lei brasileira só é aplicável à contravenção praticada no território
nacional.
Art. 3º Para a existência da contravenção, basta a ação ou omissão
voluntária. Deve-se, todavia, ter em conta o dolo ou a culpa, se a lei faz
depender, de um ou de outra, qualquer efeito jurídico.
Art. 4º Não é punível a tentativa de contravenção.
Art. 5º As penas principais são:
I – prisão simples.
II – multa.
Crime e Contravenção possuem regramentos
distintos, é o que se percebe logo no art. 1º da
Lei de Introdução ao Código Penal:

● “Art 1º Considera-se crime a infração penal que a


lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer
isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente
com a pena de multa; contravenção, a infração
penal a que a lei comina, isoladamente, pena de
prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa
ou cumulativamente.”
Abaixo, algumas diferenças entre crime e contravenção penal:

CRIME CONTRAVENÇÃO

Pena privativa de liberdade Reclusão, detenção e/ou multa Prisão simples e/ou multa

Ação Penal Ação Penal Privada e Ação Penal Apenas ação penal pública
Pública (condicionada e incondicionada.
incondicionada)

Tentativa admite Não admite

Limite da pena 40 anos 5 anos

Extraterritorialidade admite não admite

Ignorância ou errada O desconhecimento da lei é inescusável; serve


no máximo como desconhecimento da pena.
compreensão da lei (art. 21 do CP)
SUJEITOS DO CRIME e OBJETO MATERIAL

1. Sujeito Ativo

Sujeito ativo é aquela pessoa que pratica a infração penal.


Qualquer pessoa física maior de 18 anos pode praticar crime. Não custa
lembrar que adolescentes entre 12 e 18 anos não cometem crime, mas ato
infracional.
Animais em geral jamais podem ser sujeitos ativos de crime,
podendo contudo figurarem como instrumento para cometimento. Ex:
Mévio solta seu cachorro feroz e o orienta a atacar Tício, seu desafeto.
O que acontece com as pessoas jurídicas? Podem figurar como
sujeitos ativos de crimes? A dúvida surge pelo fato de a pessoa jurídica
ser ente diverso de seus sócios e a ela, por sua natureza, não se pode
impor pena privativa de liberdade.
A Constituição Federal, contudo, já indica a possibilidade da pessoa
jurídica figurar como sujeito ativo em uma infração penal. Vejamos o art. 225 §
3º:

§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio


ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a
sanções penais e administrativas, independentemente da
obrigação de reparar os danos causados.

Assim sendo, a própria Constituição prevê a possibilidade de a pessoa jurídica praticar


crimes. Por óbvio as penalidades a ela serão adaptadas a sua realidade, como faz a lei de crimes
ambientais, que prevê como pena, por exemplo a proibição de contratação como poder público por
determinado período.
APROFUNDANDO: Pesquise a respeito da teoria da dupla imputação, referindo-se a
responsabilização penal das pessoas jurídicas.
2. Sujeito Passivo

Sujeito passivo é a pessoa que teve o bem jurídico violado, podendo ser
física (maior ou menor de idade) ou jurídica (pública ou privada).
01 Podem ainda figurar como sujeitos passivos entes indeterminados ex.
liberdade religioasa, família, ordem pública, como a coletividade.

02 Sujeito passivo, existe ainda a diferença entre sujeito passivo


constante (mediato ou formal) e sujeito passivo eventual
(Imediato ou material).

03 ● Mediato: será sempre o Estado, mantenedor da ordem


pública e da paz social.
● Imediato: é o titular imediato, titular do bem jurídico
violado, a vítima.
Objeto Material
Trata-se da pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta
criminosa. É o caso por exemplo da coisa subtraída no crime de furto ou
a pessoa ferida no crime de lesão corporal. Pergunta-se contudo se todo
crime possui um objeto material??
A resposta só pode ser negativa, haja vista que, em certos
delitos, a conduta não recai sobre coisa ou pessoa. Exemplo disso são os
crimes omissivos, como a omissão de socorro bem como o crime de
falso testemunho.
O mesmo não ocorre com o objeto jurídico, que é o bem
jurídico protegido pela norma. Não há crime que não proteja um bem
jurídico, motivo pelo qual TODO CRIME POSSUI UM OBJETO
JURÍDICO.
Memorize…

Doutrina classifica o crime em COMUM, PRÓPRIO ou de


MÃO PRÓPRIA conforme a condição especial ou não do ofendido.
Ainda é possível dividir o crime em bicomum ou bipróprio, quando
tanto sujeito passivo quanto ativo são comuns ou próprios.

ATENÇÃO! O morto não é titular de direitos, sendo punido,


contudo os delitos contra os mortos. No caso, a vítima é a coletividade.
O Código Penal prevê expressamente a proibição de calúnia contra os
mortos (art. 138 § 2º), figurando como sujeito passivo a sua família.
CRIMES COMUNS
Os crimes comuns, em relação ao sujeito ativo, são aqueles
crimes que podem ser praticados por qualquer pessoa, ou seja, não
exigem nenhuma qualidade ou característica especial do autor do
crime.

Nesse mesmo sentido, o crime também poderá ser comum em


relação ao sujeito passivo, à vítima, tratando-se agora do crime que
pode ser praticado contra qualquer pessoa.
CRIMES PRÓPRIOS

Os crimes próprios (também chamados de especiais) são


aqueles em que se exige uma qualidade ou característica especial do
sujeito ativo.

Dessa forma, somente aquele que possui esse elemento especial


determinado em lei poderá praticar esse crime. Ex. Bigamia art.235,
Peculato Art. 312 CPB
CRIMES DE MÃO PRÓPRIA
Por fim, temos o crime de mão própria, também chamado de crime
de atuação pessoal ou de conduta infungível.

Estes são aqueles crimes em que somente uma pessoa determinada


pode praticar a conduta, sendo necessária para isso, ainda, uma situação
especial, e quedando impossível a existência de coautores. Somente essa
pessoa pode cometer esse crime, ninguém pode fazê-lo por ela ou junto
com ela.
RESUMINDO
“Não adianta dizer: "Estamos fazendo o melhor que podemos".

Temos que conseguir o que quer que seja necessário. ”

Winston Churchill

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