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Podemos conceituar infração penal como: Depois, surgiram os defensores da teoria tripartida do crime,
que entendiam que crime era o fato típico, ilícito e culpável. Essa
A conduta, em regra praticada por pessoa humana, que é a teoria que predomina no Brasil, embora haja muitos defenso-
ofende um bem jurídico penalmente tutelado, para a qual res da terceira teoria.
a lei estabelece uma pena, seja ela de reclusão, detenção,
prisão simples ou multa. A terceira e última teoria acerca do conceito analítico de crime
entende que este é o fato típico e ilícito, sendo a culpabilidade
Assim, um dos princípios que podemos extrair é o princípio da mero pressuposto de aplicação da pena. Ou seja, para esta
lesividade, que diz que só haverá infração penal quando a pes- corrente, o conceito de crime é bipartido (teoria bipartida), bas-
soa ofender (lesar) bem jurídico de outra pessoa. Assim, se uma tando para sua caracterização que o fato seja típico e ilícito.
pessoa pega um chicote e se auto-lesiona com mais de 100
chibatadas, a única punição que ela receberá é ficar com suas As duas últimas correntes possuem defensores e argumentos de
costas ardendo, pois a conduta é indiferente para o Direito Penal. peso. Entretanto, a que predomina ainda é a corrente tripartida.
Portanto, na prova objetiva, recomendo que adotem esta, a me-
A do qual decorrem duas espécies, infração penal é o gênero, nos que a banca seja muito explícita e vocês entenderem que
do qual decorrem duas espécies crime e contravenção.
eles claramente são adeptos da teoria bipartida, o que acho
Vamos dividir, desta forma, o nosso estudo. Primeiramente va- pouco provável.
mos analisar o crime (conceito e elementos). Depois, vamos
analisar o que diz a lei acerca das contravenções penais. Todos os três aspectos (material, legal e analítico) estão pre-
sentes no nosso sistema jurídico-penal. De fato, uma conduta
1.2. Conceito de Crime pode ser materialmente crime (furtar, por exemplo), mas não o
será se não houver previsão legal (não será legalmente crime).
Muito se buscou na Doutrina acerca disso, tendo surgido inúme- Poderá, ainda, ser formalmente crime (no caso da lei que citei,
ras posições a respeito. Vamos tratar das principais. que criminalizava a conduta de chorar em público), mas não o
será materialmente se não trouxer lesão ou ameaça a lesão de
O Crime pode ser entendido sob três aspectos: Material, legal e algum bem jurídico de terceiro. Desta forma:
analítico.
A prática de contravenção
Se cometido crime, tanto
no exterior não gera efeitos
no Brasil quanto no estran-
penais, inclusive para fins de
geiro, e vier o agente a
reincidência. Só há efeitos
cometer contravenção,
penais em relação à
haverá reincidência.
contravenção Logo, podemos perceber que a lei penal, assim como qualquer
praticada no Brasil! lei, somente produz efeitos durante o seu período de vigência. É
Tempo máximo de Tempo máximo de cumprimen- o que se chama de princípio da atividade da lei.
cumprimento de pena: to de pena: 05 anos.
30 anos. Em alguns casos, porém, a lei penal pode produzir efeitos e
atingir fatos ocorridos antes de sua entrada em vigor e, até mes-
Aplicam-se as hipóteses de mo, continuar produzindo efeitos mesmo após sua revogação.
extraterritorialidade (alguns Vamos analisá-los individualmente.
Não se aplicam as hipóteses
crimes cometidos no es-
de extraterritorialidade do art.
trangeiro, em determinadas Conflito de Leis penais no Tempo
7° do Código Penal.
circunstâncias, podem ser
julgados no Brasil) Ocorrendo a revogação de uma lei penal por outra, algumas
situações irão ocorrer, e as consequências de cada uma delas
Não se prendam a estas diferenças! Para o estudo desta aula o dependerão da natureza da norma revogadora.
que importa é saber que HÁ DIFERENÇAS PRÁTICAS entre
Lei nova incriminadora
ambos.
Nesse caso, a lei nova atribui caráter criminoso ao fato. Ou seja,
Portanto, crime e contravenção são termos relacionados à
até então, o fato não era crime. Nesse caso, a solução é bastan-
mesma categoria (infração penal), mas não se confundem,
te simples: A lei nova produzirá efeitos a partir de sua entrada
existindo diferenças práticas entre ambos.
em vigor, como toda e qualquer lei, seguindo a regra geral da
atividade da lei.
A Lei Penal, como toda e qualquer lei, entra no mundo jur dico Aqui, a lei posterior não inova no que se refere à natureza crimi-
em um determinado momento e vigora até sua revogação, regu- nosa do fato, pois a lei anterior já estabelecia que o fato era
lando todos os fatos praticados nesse nterim. Entretanto, nem considerado criminoso. No entanto, a lei nova estabelece uma
sempre as coisas são tão simples, surgindo situaç es verdadei- situação mais gravosa ao réu.
ramente excepcionais e complexas.
EXEMPLO: O crime de homicídio simples (art. 121 do CP) possui Lex Mitior ou Novatio legis in mellius
pena mínima de 06 e pena máxima de 20 anos. Imaginemos que
entrasse em vigor uma lei que estabelecesse que a pena para o A Lex mitior, ou novatio legis in mellius, ocorre quando uma lei
crime de homicídio seria de 10 a 30 anos. Nesse caso, a lei no- posterior revoga a anterior trazendo uma situação mais be-
va, embora não inove no que tange à criminalização do homicí- néfica ao réu. Nesse caso, em homenagem ao art. 5, XL da
dio, traz uma situação mais gravosa para o fato. Assim, produzi- Constituição, já transcrito, a lei nova retroage para alcançar os
rá efeitos somente a partir de sua vigência, não alcançando fatos ocorridos anteriormente à sua vigência. Essa previsão está
fatos pretéritos contida também no art. 2°, § único do CP.
A abolitio criminis ocorre quando uma lei penal incriminadora EXEMPLO: Suponhamos que Maria tenha praticado crime de
vem a ser revogada por outra, que prevê que o fato deixa de ser furto, cuja pena é de 1 a 04 anos de reclusão, e multa. Posteri-
considerado crime. ormente, sobrevém uma lei que estabelece que a pena passa a
ser de 02 a 06 anos de detenção, sem multa. Percebam que a lei
EXEMPLO: Suponhamos que a Lei ― ‖ preveja que é crime dirigir nova é mais benéfica pois extinguiu a pena de multa, e esta-
ve culo automotor so a influência de álcool. Vindo a Lei ―B‖ a beleceu o regime de detenção, mas é mais gravosa pois
determinar que dirigir veículo automotor sob a influência de álco- aumentou a pena mínima e a pena máxima.
ol não é crime, ocorreu o fenômeno da abolitio criminis.
Nesse caso, como avaliar se a lei é mais benéfica ou mais
Nesse caso, como a lei posterior deixa de considerar o fato gravosa?
crime, ela produzirá efeitos retroativos, alcançado os fatos
praticados mesmo antes de sua vigência, em homenagem ao E mais, será que é possível combinar as duas leis para se achar
art. 5, XL da Constituição Federal e ao art. 2° do Código Penal1. a solução mais benéfica para o réu? Duas correntes se forma-
ram:
É claro que quando uma lei deixa de considerar um determinado
1ª corrente: Não é possível combinar as leis penais para se
fato como crime, ela está beneficiando aquele praticou o fato e
que, porventura, esteja respondendo criminalmente por ele, ou extrair os pontos favoráveis de cada uma delas, pois o Juiz esta-
até mesmo, cumprindo pena em decorrência da condenação pelo ria criando uma terceira lei (Lex tertia), o que seria uma violação
fato. ao princípio da Separação dos Poderes, já que não cabe ao
Judiciário legislar. Essa é a TEORIA DA PONDERAÇÃO UNI-
Em casos tais, ocorre o que se chama de retroatividade da Lei, TÁRIA ou GLOBAL.
que passa a produzir efeitos sobre fatos ocorridos anteriormente
2ª corrente: É possível a combinação das duas leis, de forma a
à sua vigência.
selecionar os institutos favoráveis de cada uma delas, sem que
CUIDADO! Não confundam abolitio criminis com continuidade com isso se esteja criando uma terceira lei, pois o Juiz só estaria
típico-normativa. Em alguns casos, embora a lei nova revogue agindo dentro dos limites estabelecidos pelo próprio legislador.
Essa é a TEORIA DA PONDERAÇÃO DIFERENCIADA.
um determinado artigo que previa um tipo penal, ela simultanea-
mente insere esse fato dentro de outro tipo penal2. Neste caso O STF, embora tenha vacilado em alguns momentos, firmou
não há abolitio criminis, pois a conduta continua sendo conside- entendimento no sentido de que deve ser adotada a TEORIA
rada crime, ainda que por outro tipo penal3. DA PONDERAÇÃO UNITÁRIA, devendo ser aplicada apenas
uma das leis, em homenagem aos princípios da reserva legal e
da separação dos poderes do Estado. O STJ sempre adotou
1
Art. 5º (...)
esta posição.
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
E quem deve aplicar a nova lei penal mais benéfica ou a
[...]
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de
nova lei penal abolitiva?
considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos
penais da sentença condenatória. O Supremo Tribunal Federal (STF) firmou entendimento no sen-
tido de que DEPENDE DO MOMENTO:
2
A Lei 12.015/09 revogou o art. 214 do CP, que previa o crime de
atentado violento ao pudor. Entretanto, ao mesmo tempo, ampliou a
• Processo ainda em curso – Compete ao Juízo que está
descrição do tipo penal do estupro para abranger também a prática de conduzindo o processo.
atos libidinosos diversos da conjunção carnal, que era a descrição do tipo
penal de atentado violento ao pudor. Assim, o que a Lei 12.015/09 fez, • Processo já transitado em julgado – Compete ao Juízo da
não foi descriminalizar o Atentado Violento ao Pudor, mas dar a ele novo execução penal.
contorno jurídico, passando agora o fato a ser enquadrado como crime
de estupro, tendo, inclusive, previsto a mesma pena anteriormente Nos termos da súmula 611 do STF:
cominada ao Atentado Violento ao Pudor. Assim, não houve abolitio
criminis, pois o fato não deixou de ser crime, apenas passou a ser tratado
em outro tipo penal.
3
Código Penal (crime de roubo). Assim, apenas deixou de existir a lei
Imagine que a Lei ― ‖ preveja o crime de rou o a empresa de especial que previa pena diferenciada para este fato, passando o mesmo
transporte de valores, com pena de 4 a 12 anos. Posteriormente, entra a ser regido pelo tipo previsto no Código Penal. Pode-se dizer, no
em vigor a Lei ―B‖, que revoga e pressa e totalmente a Lei ― ‖. Pode-se entanto, que houve novatio legis in mellius, ou Lex mitior, que é a
dizer que o roubo a empresa de transporte de valores deixou de ser superveniência de lei mais benéfica.
crime? Claro que não, pois a conduta, o fato, está previsto no art. 157 do
SÚMULA Nº 611 José, pois a expiração da validade é o processo natural da lei
temporária.
Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao
Juízo das execuções a aplicação da lei mais benigna. 02 – O Governo entende que é um absurdo criminalizar tais
condutas que, na verdade, tem como única finalidade proteger
Mas e se a lei nova for revogada por outra lei mais gravosa? interesses econômicos de particulares e, em razão, disso, edita
uma nova Lei (após a expiração da lei temporária) que prevê a
Nesse caso, a lei mais gravosa não se aplicará aos fatos regidos descriminalização da conduta incriminada – Nesse caso, teremos
pela lei mais benéfica, pois isso seria uma retroatividade da lei abolitio criminis, e isso terá efeitos práticos para José. O mesmo
em prejuízo do réu. No momento em que a lei intermediária (a ocorreria se o Governo, ao invés de proceder à descriminaliza-
que revogou, mas foi revogada) entrou em vigor, passou a reger ção da conduta, tivesse abrandado a pena (lex mitior). Essa lei
os fatos ocorridos antes de sua vigência. Sobrevindo lei posterior iria retroagir.
mais grave, aplica-se a regra geral da irretroatividade da Lei em
relação a esta última. CUIDADO! Eu já vi este tema ser abordado das mais diversas
formas. Já vi Banca entendendo que a lei temporária será aplica-
da mesmo que sobrevenha lei nova, abolindo o crime. Isso é
complicado, porque traz insegurança ao candidato. Contudo, aí
vai meu conselho: Lei temporária produz efeitos após sua revo-
gação ―natural‖ (e piração do prazo de validade). Se houver
superveniência de lei abolitiva expressamente revogando a cri-
minalização prevista na lei temporária, ela não mais produzirá
efeitos. Assim, cuidado com a abordagem na prova.
No caso representado pelo esquema acima, a Lei B produzirá
OBS: Quando a lei é aplicada fora de seu período de vigência,
efeitos mesmo após sua revogação pela Lei C (em relação aos
diz-se que há extratividade. A extratividade pode ocorrer em
fatos praticados durante sua vigência e ANTES de sua vigência).
Nesse caso, diz-se que há a ULTRATIVIDADE DA LEI B. razão da ultratividade ou da retroatividade, a depender do caso.
A extratividade, portanto, é um gênero, que comporta duas espé-
Excepcional é a situação das leis intermitentes, que se dividem cies: retroatividade e ultratividade. BITENCOURT, Op. cit., p.
em leis excepcionais e leis temporárias. As leis excepcio- 207/209
nais são aquelas que são produzidas para vigorar durante de-
Tempo do crime
terminada situação. Por exemplo, estado de sítio, estado de
guerra, ou outra situação excepcional. Lei temporária é aquela
Para podermos aplicar corretamente a lei penal, é necessário
que é editada para vigorar durante determinado período, certo, saber quando se considerada praticado o delito. Três teorias
cuja revogação se dará automaticamente quando se atingir o buscam explicar quando se considera praticado o crime:
termo final de vigência, independentemente de se tratar de uma
situação normal ou excepcional do país. 1) Teoria da atividade – O crime se considera praticado quan-
do da ação ou omissão, não importando quando ocorre o re-
No caso destas leis, dado seu caráter transitório, o fato de sultado. É a teoria adotada pelo art. 4° do Código Penal,
estas leis virem a ser revogadas é irrelevante! Isso porque a
vejamos:
revogação é decorrência natural do término do prazo de vigência
da lei. Assim, aquele que cometeu o crime durante a vigência Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação
de uma destas leis responderá pelo fato, nos moldes em que ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.
previsto na lei, mesmo após o fim do prazo de duração da
norma. 2) Teoria do resultado – Para esta teoria, considera-se prati-
cado o crime quando da ocorrência do resultado, indepen-
Isso é uma questão de lógica, pois, se assim não o fosse, basta- dentemente de quando fora praticada a ação ou omissão.
ria que o réu procrastinasse o processo até data prevista para a
revogação da lei a fim de que fosse decretada a extinção de sua 3) Teoria da ubiquidade ou mista – Para esta teoria, conside-
punibilidade. Isso está previsto no art. 3° do Código Penal: ra-se praticado o crime tanto no momento da ação ou omis-
são quanto no momento do resultado.
Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decor-
rido o período de sua duração ou cessadas as circuns- Como vimos, nosso Código adotou a teoria da atividade co-
tâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado mo a aplicável ao tempo do crime. Isto representa sérios refle-
durante sua vigência. xos na aplicação da lei penal, pois esta depende da data do fato,
que, como vimos, é a data da conduta.
CUIDADO! Sempre se entendeu que a posterior revogação da lei
temporária não afetaria os fatos praticados durante sua vigência. OBS: Nos crimes permanentes, aplica-se a lei em vigor ao
Isso deve ser analisado com cautela. final da permanência delitiva, ainda que mais gravosa que a do
início. O mesmo ocorre nos crimes continuados, hipótese em
Existem duas hipóteses absolutamente distintas. que se aplica a lei vigente à época do último ato (crime) pra-
ticado. Essa tese está consagrada pelo STF, através do enun-
EXEMPLO – E iste uma Lei ― ‖ que diz que é crime vender ciado n° 711 da súmula de sua Jurisprudência:
qualquer cerveja que não seja a cerveja ―redonda‖ durante a
realização da Copa do Mundo no Brasil. Essa lei tem duração SÚMULA Nº 711
prevista até o dia da final da Copa. José foi preso em flagrante,
durante uma das semifinais da Copa do Mundo, vendendo a A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime
cerveja ―quadrada‖ e, portanto, praticando o crime previsto na Lei permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continui-
― ‖. dade ou da permanência.
Dessa situação, duas hipóteses podem ocorrer: Mas isso não ofende o princípio da irretroatividade da lei
mais gravosa? Não, pois neste caso NÃO HÁ RETROATIVI-
01 – Lei ― ‖ dei a de vigorar naturalmente porque se prazo de DADE. Neste caso, a lei mais grave está sendo aplicada a um
validade expirou – Nenhuma consequência prática em favor de
crime que ainda está sendo praticado, e não a um crime que já Aplicando tal princípio ao Direito Penal, a Doutrina entende que
foi praticado. se um crime for praticado a bordo de uma embarcação que se
encontre em ―passagem inocente‖, não será aplicável a lei brasi-
Aplicação da lei penal no espaço leira a este crime, desde que o crime em questão não afete ne-
nhum bem jurídico nacional. Ex.: Um americano mata um ho-
Tão importante quanto conhecer as minúcias referentes à aplica- landês dentro de um navio argentino em situação de passa-
ção da lei penal no tempo é conhecer as regras atinentes à lei gem inocente.
penal no espaço.
A Doutrina estende a aplicação do princípio também às aerona-
Toda lei é editada para vigorar num determinado tempo e num ves privadas em situação semelhante.
determinado espaço. No que tange à lei penal, via de regra ela
se aplica dentro do território do país em que foi editada, pois este CUIDADO! Este princípio só se aplica às embarcações ou aero-
é o limite do exercício da soberania de cada Estado. Ou seja, naves que utilizem o territ rio do Brasil como mera ―passagem‖.
nenhum Estado pode exercer sua soberania fora de seu territó- Se o Brasil é o destino da aeronave ou embarcação, não há
rio. aplicação do princípio. Assim, para que possamos trabalhar com
este princípio na prova, a questão deve deixar clara a situação
Vamos estudar, então, as regras referentes à aplicação da lei de “passagem inocente”.
penal no espaço.
Extraterritorialidade
Territorialidade
A extraterritorialidade é a aplicação da lei penal brasileira a um
Essa é a regra no que tange à aplicação da lei penal no espaço. fato criminoso que não ocorreu no território nacional.
Pelo princípio da territorialidade, aplica-se à lei penal aos
crimes cometidos no território nacional. Assim, não importa se o Pode se dar em razão de diversos princípios, que veremos a
crime foi cometido por estrangeiro ou contra vítima estrangeira. seguir:
Se cometido no território nacional, submete-se à lei penal brasi-
leira. Pelo princípio da personalidade ativa, aplica-se a lei penal brasi-
leira ao crime cometido por brasileiro, ainda que no exterior. As
É o que prevê o art. 5° do Código Penal: hipóteses de aplicação deste princípio estão previstas no art. 7°,
I, ―d‖ e II, ― ‖ do CPB:
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de con-
venções, tratados e regras de direito internacional, ao Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometi-
crime cometido no território nacional. dos no estrangeiro:
Assim, aos crimes praticados nestes locais aplica-se a lei brasi- a) entrar o agente no território nacional;
leira, pelo princípio da territorialidade.
b) ser o fato punível também no país em que foi pratica-
ATENÇÃO! Como sabemos, a Lei penal brasileira será aplicada do;
aos crimes cometidos a bordo de aeronaves ou embarcações
estrangeiras, mercantes ou de propriedade privada, desde que c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei
se encontrem no espaço aéreo brasileiro ou em pouso no territó- brasileira autoriza a extradição;
rio nacional, ou, no caso das embarcações, em porto ou mar
territorial brasileiro. d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não
ter aí cumprido a pena;
Contudo, a Doutrina aponta uma exceção à aplicação da lei
penal brasileira neste caso. Trata-se do PRINCÍPIO DA PAS- e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por
SAGEM INOCENTE. Este princípio, decorrente do Direito Inter- outro motivo, não! estar extinta a punibilidade, segundo
nacional Marítimo, estabelecido na Convenção de Montego Bay a lei mais favorável;
(1982), que foi assinada pelo Brasil, prevê que uma embarcação
de propriedade privada, de qualquer nacionalidade, possui o Assim, não basta que o crime tenha sido cometido por brasileiro,
direito de atravessar o território de uma nação, desde que não é necessário que as condições acima estejam presentes, ou
ameace a paz, a segurança e a boa ordem do Estado. seja: O fato deve ser punível também no local onde fora cometi-
do o crime; deve o agente entrar no território brasileiro; O crime
deve estar incluído no rol daqueles que autorizam extradição e
não pode o agente ter sido absolvido ou ter sido extinta sua pu- um crime praticado contra a figura do Presidente da República
nibilidade no estrangeiro. não fique impune, pois é mais que um crime contra a pessoa, é
um crime contra toda a nação.
Pelo princípio da personalidade passiva, aplica-se a lei brasilei-
ra aos crimes cometidos contra brasileiro, ainda que no exterior.
Nos termos do art. 7°, §3° do CPB:
Reparem, ainda, que não é qualquer crime cometido contra o
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime come- Presidente, mas somente aqueles que atentem contra sua
tido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, vida ou liberdade.
se, reunidas as condições previstas no parágrafo
anterior: Estas hipóteses dispensam outras condições, bastando que
tenha sido o crime cometido contra estes bens jurídicos. Aliás,
a) não foi pedida ou foi negada a extradição; será aplicada a lei brasileira ainda que o agente já tenha sido
condenado ou absolvido no exterior:
b) houve requisição do Ministro da Justiça.
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo
Percebam que, além das condições previstas para a aplicação a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no
do princípio da personalidade ativa, para a aplicação do princí- estrangeiro.
pio da personalidade passiva o Código prevê ainda outras
duas condições: Entretanto, para que seja evitado o cumprimento duplo de pena
(bis in idem), caso tenha sido o agente condenado no exterior, a
• Ter havido requisição do Ministro da Justiça pena a ser cumprida no Brasil será abatida da pena cumprida no
• Não ter sido pedida ou ter sido negada a extradição do es- exterior, o que se chama DETRAÇÃO PENAL. Nos termos do
trangeiro que praticou o crime. art. 8° do CPB:
Portanto, somente no caso do crime de genocídio será aplicado o Princípio da Justiça Universal
princípio do domicílio, devendo ser aplicada a lei brasileira ainda
que se trate crime cometido no estrangeiro por agente estrangei- Este princípio é utilizado para a aplicação da lei penal brasileira
ro contra vítima estrangeira, desde que o autor seja domiciliado desde que o Brasil, através de tratado internacional, tenha se
no Brasil. Alguns autores entendem que aqui se aplica o princí- obrigado a reprimir tal conduta. Tem previsão no art. 7°, II, a do
pio da Justiça Universal. CPB:
Princípio da Defesa ou da Proteção Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometi-
dos no estrangeiro:
Este princípio visa a garantir a aplicação da lei penal brasileira
aos crimes cometidos, em qualquer lugar e por qualquer agente, (...)
II - os crimes:
mas que ofendam bens jurídicos nacionais. Está previsto no
art. 7°, I, ―a, e c‖: a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a
reprimir;
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometi-
dos no estrangeiro: Como a previsão se encontra no inciso II do art. 7°, aplicam-se
as condições previstas no § 2°, como ingresso do agente no
I - os crimes:
território nacional, etc.
Exemplo: Se um cidadão mexicano comete um crime contra um Embora sob fundamentos diversos (Princípios diversos), todas as
cidadão alemão, a bordo de uma aeronave pertencente a uma hipóteses culminam no fenômeno da extraterritorialidade incondi-
empresa aérea brasileira, enquanto esta se encontra parada no cionada da lei penal brasileira.
aeroporto de Nova York, pelo Princípio da Bandeira, a este crime
poderá ser aplicada a lei brasileira, caso não seja julgado pelo A extraterritorialidade condicionada, por sua vez, está prevista
Judiciário americano. no art. 7°, II e § 3° do CP. Neste caso, a lei brasileira só será
aplicada ao fato de maneira subsidiária, ou seja, se não tiver
CUIDADO! Se, no exemplo anterior, o crime fosse cometido a havido julgamento do crime no estrangeiro. Além disso, é neces-
bordo de uma aeronave pertencente ao Brasil, por exemplo, o sário que o agente ingresse no território nacional, que o crime
avião oficial da Presidência da República, a lei penal brasileira esteja dentre aqueles pelos quais se admite extradição e que
seria aplicada não pelo Princípio da Bandeira, mas pelo Princí- haja a chamada dupla tipicidade (O fato tem que ser crime nos
pio da Territorialidade, regra geral, pois estas aeronaves são dois países).
consideradas território brasileiro por extensão! CUIDADO!
Entretanto, existe ainda a chamada extraterritorialidade hiper-
Lugar do Crime condicionada, que é a hipótese prevista no § 3° do art. 7º:
Para aplicarmos corretamente o que foi aprendido acerca da lei Art. 7º (...)
penal no espaço, precisamos saber, com exatidão, qual é o local
do crime. Para tanto, existem algumas teorias: § 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime come-
tido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se,
1) Teoria da atividade – Considera-se local do crime aquele em reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:
que a conduta é praticada. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
2) Teoria do resultado – Para esta teoria, não importa onde é Neste caso, além das condições anteriores, existem ainda duas
praticada a conduta, pois se considera como lugar do crime o outras condições:
local onde ocorre a consumação.
• Não ter sido pedida ou ter sido negada a extradição do infra-
3) Teoria mista ou da ubiquidade – Esta teoria prevê que tor
tanto o lugar onde se pratica a conduta quanto o lugar do re- • Ter havido requisição do Ministro da Justiça.
sultado são considerados como local do crime. , em seu art.
6°: Aplicação da Lei penal em relação às pessoas
Esta teoria é a adotada pelo Código Penal Os sujeitos do crime são aqueles que, de alguma forma, se rela-
cionam com a conduta criminosa. São basicamente de duas
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em ordens: Sujeito ativo e passivo.
que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte,
bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o Sujeito ativo:
resultado necessário estabelecer o local do crime para
fins de definição de qual lei (de que país) penal aplicar. Sujeito ativo é a pessoa que pratica a conduta descrita no
tipo penal. Entretanto, através do concurso de pessoas, ou
Só para finalizar, vou deixar de lambuja para vocês um macete concurso de agentes, é possível que alguém seja sujeito ativo
para gravarem as teorias adotadas para o tempo do crime e para de uma infração penal sem que realize a conduta descrita no
o lugar do crime: tipo penal.
Lugar = Ubiquidade
EXEMPLO: Pedro atira contra Paulo, vindo a causar-lhe a morte.
Pedro é sujeito ativo do crime de homicídio, previsto no art. 121
Tempo = Atividade
do Código Penal, isso não se discute. Mas também será sujeito
ativo do crime de homicídio, João, que lhe emprestou a arma e
Muita LUTA, meus amigos!! lhe encorajou a atirar. Embora João não tenha realizado a condu-
ta prevista no tipo penal, pois não praticou a conduta de ―matar
Extraterritorialidade condicionada, incondicionada e Hiper- alguém‖, au iliou material e moralmente Pedro a fazê-lo.
condicionada
Somente o ser humano, em regra, pode ser sujeito ativo de
Como estudamos, a regra na aplicação da lei penal brasileira é o uma infração penal. Os animais, por exemplo, não podem ser
princípio da territorialidade, em que se aplica a lei penal brasileira sujeitos ativos da infração penal, embora possam ser instrumen-
aos crimes cometidos no território nacional. tos para a prática de crimes.
Entretanto, existem algumas hipóteses em que se aplica a lei Modernamente, tem se admitido a RESPONSABILIDADE PE-
penal brasileira a crimes cometidos no exterior. Nestes casos, NAL DA PESSOA JURÍDICA, ou seja, tem se admitido que a
estamos diante do fenômeno da extraterritorialidade da lei pessoa jurídica seja considerada SUJEITO ATIVO DE INFRA-
penal. ÇÕES PENAIS.
Esta extraterritorialidade pode ser incondicionada ou condi- Embora boa parte da DOUTRINA discorde desta corrente, por
cionada. inúmeras razões, temos que estudá-la.
No primeiro caso ―incondicionada‖, como o pr prio nome diz, A Constituição de 1988 trouxe, em seu art. 225, § 3°, estabelece
não há qualquer condição. Basta que o crime tenha sido cometi- que:
do no estrangeiro. As hipóteses são poucas e já foram aqui estu-
§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao liares, bem como aos Chefes de Governo e Ministros das Rela-
meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ções Exteriores de outros países.
ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, inde-
pendentemente da obrigação de reparar os danos cau- Essa imunidade é IRRENUNCIÁVEL, exatamente por não per-
sados. tencer à pessoa, mas ao cargo que ocupa! Essa é a posição do
STF! Cuidado com isso!
Esse dispositivo é considerado o marco mais significativo para a
responsabilização penal da pessoa jurídica, para os que defen- Com relação aos cônsules (diferentes dos Diplomatas) a imuni-
dem essa tese. dade só é conferida aos atos praticados em razão do ofício, não
a qualquer crime. EXEMPLO: Se Yamazaki, cônsul do Japão no
Os opositores justificam sua tese sob o argumento, basicamen- Rio de Janeiro, no domingo, curtindo uma praia, agride um ven-
te, de que a pessoa jurídica não possui vontade, assim, a vonta- dedor de picolés por ter lhe dado o troco errado (carioca malan-
de seria sempre do seu dirigente, devendo este responder pelo dro...), responderá pelo crime, pois não se trata de ato praticado
crime, não a pessoa Jurídica não pode ter em seu estatuto a no exercício da função.
prática de crimes como objeto, todo crime cometido pela pessoa
jurídica seria um ato praticado com jurídica. Ademais, o dirigente Resumidamente:
só pode agir em conformidade com o estatuto social, o que sair
disso é excesso de poder, e como a Pessoa violação a seu esta- • IMUNIDADE TOTAL DE JURISDIÇÃO PENAL – Agentes
tuto, devendo o agente responder pessoalmente, não a Pessoa diplomáticos e seus familiares, bem como os membros do
Jurídica. pessoal administrativo e técnico da missão, assim como os
membros de suas famílias que com eles vivam, desde que
Muitos outros argumentos existem, para ambos os lados. Entre- não sejam nacionais do estado acreditado (no caso, o Brasil)
tanto, isto não é um livro de doutrina, mas um curso para concur- nem nele tenham residência permanente.
so, então o que vocês precisam saber é que o STF e o STJ
admitem a responsabilidade penal da pessoa jurídica em • IMUNIDADE DE JURISDIÇÃO PENAL em relação aos
todos os crimes ambientais (regulamentados pela lei ATOS PRATICADOS NO EXERCÍCIO DAS FUNÇÕES –
9.605/98)! Cônsules e membros do pessoal de serviço da missão diplo-
mática que não sejam nacionais do Estado acreditado nem
Com relação aos demais crimes, em tese, atribuíveis à pessoa nele tenham residência permanente.
jurídica (crimes contra o sistema financeiro, economia popular,
etc.), como não houve regulamentação da responsabilidade Imunidades Parlamentares
penal da pessoa jurídica, esta fica afastada, conforme entendi-
mento do STF e do STJ. Estão previstas na Constituição Federal, motivo pelo qual geral-
mente são mais bem estudadas naquela disciplina. Entretanto,
A Jurisprudência CLÁSSICA do STJ e do STF é no sentido como costumam ser cobradas também na matéria de Direito
de ADMITIR a responsabilidade penal da pessoa jurídica, Penal, vamos estudá-la ponto a ponto.
exigindo, entretanto, a punição simultânea da pessoa física cau-
sadora do dano, no que se convencionou chamar de TEORIA DA Trata-se de prerrogativas dos parlamentares, com vistas a se
DUPLA IMPUTAÇÃO. preservar a Instituição (Poder Legislativo) de ingerências exter-
nas. São duas as hipóteses de imunidades parlamentares: a)
CUIDADO! Apesar de esta ser a jurisprudência clássica do STF material (conhecida como real, ou ainda, inviolabilidade); b) for-
e do STJ, há alguns julgados recentes nos quais os referidos mal (ou processual ou ainda, adjetiva).
Tribunais dispensaram o requisito da dupla imputação. Não
podemos, ainda, considerar isto uma ―jurisprudência consolida- a) Imunidade material:
da‖ do STF e do STJ, mas talvez seja o indicativo de uma posi-
Trata-se de prerrogativa prevista no art. 53 da Constituição:
ção futura da Corte.
Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil
Em regra, a Lei Penal é aplicável a todas as pessoas indistinta-
e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras
mente. Entretanto, em relação a algumas pessoas, existem
e votos.
disposições especiais do Código Penal. São as chamadas
imunidades diplomáticas (diplomáticas e de chefes de governos Assim, o parlamentar não comete crime quando pratica estas
estrangeiros) e parlamentares (referentes aos membros do Poder condutas em razão do cargo (exercício da função). Entretanto,
Legislativo). não é necessário que o parlamentar tenha proferido as pala-
vras dentro do recinto (Congresso, Assembleia Legislativa,
Imunidades Diplomáticas
etc.), bastando que tenha relação com sua função (Pode ser
Estas imunidades se baseiam no princípio da reciprocidade, ou numa entrevista a um jornal local, etc.). ESSA É A POSIÇÃO DO
seja, o Brasil concede imunidade a estas pessoas, enquanto os STF A RESPEITO DO TEMA.
Países que representam conferem imunidades aos nossos re-
Quanto à natureza jurídica dessa imunidade (o que ela repre-
presentantes.
senta perante o Direito), há muita controvérsia na Doutrina, mas
Não há violação ao princípio constitucional da isonomia! Cuida- a posição que predomina é a de que se trata de fato atípico, ou
do! Pois a imunidade não é conferida em razão da pessoa imuni- seja, a conduta do parlamentar não chega sequer a ter enqua-
zada, mas em razão do cargo que ocupa. Ou seja, ela é de dramento na lei penal (Essa é a posição que vem sendo ado-
caráter funcional. Entenderam? tada pelo Supremo Tribunal Federal – STF).
Estas imunidades diplomáticas estão previstas na Convenção de Temos, ainda, a imunidade material dos vereadores, prevista
Viena, incorporada ao nosso ordenamento jurídico através do no art. 29, VIII da Constituição:
Decreto 56.435/65, que prevê imunidade total (em relação a
Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada
qualquer crime) aos Diplomatas, que estão sujeitos à Jurisdição
em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e
de seu país apenas. Esta imunidade se estende aos funcionários
aprovada por dois terços dos membros da Câmara Mu-
dos órgãos internacionais (quando em serviço!) e aos seus fami-
nicipal, que a promulgará, atendidos os princípios esta-
belecidos nesta Constituição, na Constituição do respec- EXEMPLO: Se um Senador está sendo processado, sendo o
tivo Estado e os seguintes preceitos: Senado comunicado pelo STF, somente um partido com re-
presentação no SENADO FEDERAL poderá tomar a iniciativa
(...) de pedir a sustação da ação penal, que será decidida pela Casa.
VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, A sustação deve ser decidida no prazo de 45 dias a contar do
palavras e votos no exercício do mandato e na circuns- recebimento do pedido pela Mesa Diretora da Casa. Caso o
crição do Município; (Renumerado do inciso VI, pela processo seja suspenso, suspende-se também a prescrição,
Emenda Constitucional nº 1, de 1992)! para evitar que o Parlamentar deixe de ser julgado ao término do
mandato.
Vejam que é necessário que o ato (no caso dos vereadores)
tenha sido praticado na circunscrição do município. Caso Havendo a sustação da ação penal em relação ao parlamentar, e
contrário, não haverá a incidência da proteção constitucional. tendo o processo outros réus que não sejam parlamentares, o
processo deve ser desmembrado, e os demais réus serão pro-
b) Imunidade formal cessados normalmente.
Esta imunidade não está relacionada à caracterização ou não de OBS: Cuidado, meu povo! No caso de crime cometido antes da
uma conduta como crime. Está relacionada à questões pro- diplomação não há essa regra. O STF não tem que comunicar a
cessuais, como possibilidade de prisão e seguimento de Casa e não há possibilidade de sustação do andamento do pro-
processo penal. Está prevista no art. 53, §§ 1° a 5° da Consti- cesso!
tuição da República.
Cuidado! Essas regras (referentes a ambas as espécies de
A primeira das hipóteses é a imunidade formal para a prisão. imunidades) são aplicáveis aos parlamentares estaduais (Depu-
Assim dispõe o art. 53, § 2° da Constituição: tados estaduais), por força do art. 27, § 1° da Constituição. Entre-
tanto, aos parlamentares municipais (vereadores) só se aplicam
§ 2º Desde a expedição do diploma, os membros do as imunidades materiais! Muito, mas muito cuidado com isso!
Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em Ah, e em qualquer caso, não abrangem os suplentes!
flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos
serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa Os parlamentares não podem renunciar a estas imunidades,
respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus pois, como disse antes, trata-se de prerrogativa inerente ao car-
membros, resolva sobre a prisão. go, não à pessoa. Entretanto, a Doutrina e a Jurisprudência
entendem que o parlamentar afastado para exercer cargo de
O STF entende que essa impossibilidade de prisão se refere Ministro ou Secretário de Estado NÃO mantém as imunida-
a qualquer tipo de prisão, inclusive as de caráter provisório, des, ou seja, ele perde a imunidade parlamentar (A súmula no
decretadas pelo Juiz. A única ressalva é a prisão em flagrante 04 do STF fora revogada!).INQ 725-RJ, rel. Ministra Ellen Gra-
pela prática de crime inafiançável. cie, 8.5.2002.(INQ-725) – Informativo 267 do STF.
Entretanto, recentemente, o STF decidiu que os parlamenta- Fiquem atentos! As imunidades parlamentares permanecem
res podem ser presos, além desta hipótese, no caso de sen- ainda que o país se encontre em estado de sítio. Entretanto, por
tença penal condenatória transitada em julgado, ou seja, na decisão de 2/3 dos membros da Casa, estas imunidades poderão
qual não cabe mais recurso algum. ser suspensas, durante o estado de sítio, em razão de ato prati-
cado pelo parlamentar FORA DO RECINTO. Assim, EM HIPÓ-
Continuando no caso da prisão em flagrante, os autos da prisão
TESE NENHUMA (NEM NO ESTADO DE SÍTIO), O PARLA-
serão remetidos à casa a qual pertencer o parlamentar, em até
MENTAR PODERÁ SER RESPONSABILIZADO POR ATO
24h, e esta decidirá, em votação aberta, por maioria absoluta de
PRATICADO NO RECINTO (aqueles atos previstos na Constitui-
seus membros, se a prisão é mantida ou não.
ção, é claro).
A imunidade se inicia com a diplomação do parlamentar e se
Sujeito Passivo
encerra com o fim do mandato.
O sujeito passivo nada mais é que aquele que sofre a ofensa
Já a imunidade formal para o processo, está prevista no §3°
causada pelo sujeito ativo. Pode ser de duas espécies:
do art. 53 da Constituição:
1) Sujeito passivo mediato ou formal – É o Estado, pois a ele
§ 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputa-
pertence o dever de manter a ordem pública e punir aqueles
do, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo
que cometem crimes. Todo crime possui o Estado como su-
Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que,
jeito passivo mediato, pois todo crime é uma ofensa ao Esta-
por iniciativa de partido político nela representado e pelo
do, à ordem estatuída;
voto da maioria de seus membros, poderá, até a deci-
são final, sustar o andamento da ação. 2) Sujeito passivo imediato ou material – É o titular do bem
jurídico efetivamente lesado. Por exemplo: A pessoa que
Assim, se um parlamentar cometer um crime após a diplomação
sofre a lesão no crime de lesão corporal (art. 129 do CP), o
e for denunciado por isso, o STF, se receber a denúncia, deverá
dono do carro roubado no crime de roubo (art. 157 do CP),
dar ciência à Casa a qual pertence o parlamentar (Câmara ou
etc.
Senado), e esta poderá, por iniciativa de algum partido político
que lá tenha representante, sustar o andamento da ação até o CUIDADO! O Estado também pode ser sujeito passivo ime-
término do mandato. diato ou material, nos crimes em que for o titular do bem jurídico
especificamente violado, como nos crimes contra a administra-
CUIDADO: Só quem pode tomar a iniciativa de pedir a sustação
ção pública, por exemplo.
da Ação penal é partido político que possua algum representante
NAQUELA CASA. As pessoas jurídicas também podem ser sujeitos passivos de
crimes. Já os mortos e os animais não podem ser sujeitos
passivos de crimes pois não são sujeitos de direito. Mas, e o
crime de vilipêndio a cadáver e os crimes contra a fauna?
Nesse caso, não são os mortos e os animais os sujeitos passivos
e sim, no primeiro caso, a família do morto, e no segundo caso, I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restitui-
toda a coletividade, pelo desequilíbrio ambiental. ções e a outros efeitos civis; (Incluído pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)
NINGUÉM PODE COMETER CRIME CONTRA SI MESMO! Ou
seja, ninguém pode ser, ao mesmo tempo, sujeito ativo e sujeito II - sujeitá-lo a medida de segurança. (Incluído pela Lei
passivo imediato de um crime (Parte da Doutrina entende que nº 7.209, de 11.7.1984)
isso é possível no crime de rixa, mas isso não é posição unâ-
nime). Parágrafo único - A homologação depende: (Incluído pe-
la Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES DO CP
a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da par-
Contagem de prazos te interessada; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Nos termos do art. 10 do CP: b) para os outros efeitos, da existência de tratado de ex-
tradição com o país de cuja autoridade judiciária ema-
Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do pra- nou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do
zo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calen- Ministro da Justiça. (Incluído pela Lei nº 7.209, de
dário comum. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
11.7.1984)
Assim, basicamente, podemos dividir os efeitos da sentença
Como se vê, a lei estabelece que os prazos previstos na Lei penal estrangeira em dois:
Penal sejam contados de forma a incluir o dia do começo.
Desta forma, se Bruno é condenado a um mês de prisão e o • Obrigação de reparar o dano (bem como restituições e
mandado é cumprido dia 10 de junho, essa data é considerada o outros efeitos civis) – Deve haver requerimento da parte in-
primeiro dia de cumprimento da pena, que irá se extinguir no dia teressada (em regra, a vítima ou seus sucessores).
09 de julho, independentemente de o mandado ter sido cumprido
no dia 10 de junho às 23h45min. Esse dia será computado • Sujeitar o infrator à medida de segurança – Existir tratado
como um dia inteiro para fins penais. de extradição entre o Brasil e o País em que foi proferida a
sentença OU, caso não exista, deve haver requisição do Mi-
O artigo diz, ainda, que se computam os prazos pelo calendá- nistro da Justiça.
rio comum (chamado de gregoriano), que é o que todos nós
utilizamos. Assim, no cômputo de meses não levam em conside- E a quem compete a homologação da sentença estrangeira
ração os dias de cada um (28, 29, 30 ou 31 dias). Se um sujeito para que produza seus efeitos no Brasil? Compete ao STJ,
é condenado a pena de um mês, e começa a cumpri-la no dia 05, nos termos do art. 105, I, i da Constituição Federal:
sua pena estará extinta no dia 04 do mês seguinte, independen-
temente de o mês ter quantos dias for, o que na prática, gera Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
algumas injustiças. Com relação aos anos, aplica-se a mesma
regra (não importa se o ano é bissexto ou não). I - processar e julgar, originariamente:
Com relação à pena de multa, obviamente, hoje se entende Súmula 420 do STF
como ―real‖ e não como ―cruzeiros‖. s fraç es que não se com-
NÃO SE HOMOLOGA SENTENÇA PROFERIDA NO ESTRAN-
putam são os centavos. Assim, ninguém pode ser condenado a
R$ 125,43. Serão desprezados os centavos. GEIRO SEM PROVA DO TRÂNSITO EM JULGADO.
Por fim, uma observação que se refere à aplicação da Lei Penal. Esta súmula é, digamos, desnecessária, eis que o art. 788, III do
O art. 12 diz que: Portanto, o Código Penal (sua parte geral) é CPP já exige o trânsito em julgado como condição para a homo-
aplicado subsidiariamente aos crimes previstos em lei espe- logação da sentença estrangeira.
cial, ou seja, primeiro se analisa se a lei especial contém alguma
regulamentação acerca do tema. Se não possuir, aplica-se a Percebam, por fim, que não há possibilidade de homologação
regulamentação presente no CP (Princípio da convivência das da sentença penal estrangeira para fins de cumprimento de
esferas autônomas). PENA. A aplicação de pena criminal é um ato de soberania do
Estado e, portanto, entende-se que não poderia um Estado (no
Eficácia da sentença estrangeira caso, o Brasil), aplicar a pena criminal imposta em outro país. Se
for o caso, poderia o Brasil proceder ao julgamento do infrator, no
Para que uma sentença penal estrangeira possa produzir seus Brasil.
efeitos no Brasil devem ser respeitadas as regras estabelecidas
no art. 9º do CP. INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO DA LEI PENAL
Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da Interpretar é extrair o sentido de alguma coisa. Quando inter-
lei brasileira produz na espécie as mesmas conseqüên- pretamos um texto, procuramos entender o que ele pretende nos
cias, pode ser homologada no Brasil para: (Redação dizer. A mesma coisa acontece com o texto da lei.
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Assim, quando o operador do Direito se depara com um texto A analogia por sua vez, não é uma técnica de interpretação da
legal, deve procurar extrair a vontade da lei (mens legis). Lei Penal. Trata-se de uma técnica integrativa, ou seja, aqui se
busca suprir a falta de uma lei. Lembrem-se disso! Não con-
São diversos os tipos de interpretação. Vejamos: fundir analogia com interpretação analógica!
• Autêntica – É aquela realizada pelo próprio legislador (tam- Na analogia, por não haver norma que regulamente o caso, o
bém é chamada de interpretação legislativa). POR EXEM- aplicador do Direito se vale de uma outra norma, parecida,
PLO: O art. 327 nos dá a definição de funcionário público pa- de forma a aplicá-la ao caso concreto, a fim de que este não
ra fins penais. Trata-se de uma interpretação feita pelo pró- fique sem solução.
prio legislador. A interpretação autêntica, por ser só uma in-
terpretação, aplica-se aos fatos passados, ainda que mais A analogia nunca poderá ser usada para prejudicar o réu
gravosa ao réu! Cuidado com isso! EXEMPLO: Imagine que (analogia in malam partem). Entretanto, é possível sua utiliza-
uma lei preveja que é crime o funcionário público dormir na ção em favor do réu (analogia in bonam partem). Ex.: O art.
repartição. Assim, vários funcionários estão sendo processa- 128, II do CP permite o aborto no caso de gravidez decorrente de
dos por crime. Posteriormente surge uma lei que diz que fun- estupro. Entretanto, imaginem que uma mulher engravidou so-
cionário público para fins penais engloba qualquer pessoa mente através de atos libidinosos diversos da conjunção carnal
que exerça função no poder público, inclusive estagiários. (sexo anal com ejaculação próximo à vagina). Até 2009 eram
Nesse caso, os eventuais estagiários que tenham dormido no crimes diversos, hoje a conduta passou a também ser considera-
trabalho poderão ser processados, porque a previsão de que do estupro. Assim, nada impedia que o aplicador do Direito en-
a conduta era crime já existia, o que não existia era uma lei tendesse possível à aplicação do art. 128, II ao caso dessa mu-
interpretando o conceito de funcionário público! lher, por ser analogia em favor do réu (mãe que comete o abor-
to), pois decorrente de situação extremamente parecida que não
• Doutrinária – É a interpretação realizada pelos estudiosos do possuía regulamentação legal.
Direito. Não tem força obrigatória, ou seja, o operador do Di-
reito não está obrigado a acatá-la, até porque existem inúme- Nesse último caso, houve aplicação da analogia in bonam par-
ros doutrinadores. A exposição de motivos do Código Pe- tem, considerada, ainda, analogia legal, pois se utilizou uma
nal é considerada interpretação Doutrinária. outra norma legal para suprir a lacuna. Nada impede, porém, a
analogia jurídica, que é aquela na qual o operador do Direito se
• Judicial – É aquela efetuada pelos membros do Poder Judi- vale de um princípio geral do Direito para suprir a lacuna.
ciário, através das decisões que proferem nos processos que
lhe são submetidos. Via de regra não vincula os operadores
do Direito, salvo em casos excepcionais (no próprio caso, em
razão da coisa julgada, e no caso de súmulas vinculantes edi-
tadas pelo STF);
Analogia
A terceira e última teoria acerca do conceito analítico de crime
entende que este é o fato típico e ilícito, sendo a culpabilidade
mero pressuposto de aplicação da pena. Ou seja, para esta
corrente, o conceito de crime é bipartido, bastando para sua
caracterização que o fato seja típico e ilícito.
- CONCEITO DE CRIME As duas últimas correntes possuem defensores e argumentos de
peso. Entretanto, a que predomina ainda é a corrente tripar-
O Crime é um fenômeno social, disso nenhum de vocês duvida. tida.
Entretanto, como conceituar o crime juridicamente?
Portanto, na prova objetiva, recomendo que adotem esta, a me-
Muito se buscou na Doutrina acerca disso, tendo surgido inúme- nos que a banca seja muito explícita e vocês entenderem que
ras posições a respeito. Vamos tratar das principais. eles claramente são adeptos da teoria bipartida, o que acho
pouco provável.
O Crime pode ser entendido sob três aspectos: Material, legal e
analítico. Todos os três aspectos (material, legal e analítico) estão
presentes no nosso sistema jurídico-penal. De fato, uma
Sob o aspecto material, crime é toda ação humana que lesa
conduta pode ser materialmente crime (furtar, por exemplo), mas
ou expõe a perigo um bem jurídico de terceiro, que, por sua
não o será se não houver previsão legal (não será legalmente
relevância, merece a proteção penal. Esse aspecto valoriza o
crime). Poderá, ainda, ser formalmente crime (no caso da lei que
crime enquanto conteúdo, ou seja, busca identificar se a conduta
citei, que criminalizava a conduta de chorar em público), mas não
é ou não apta a produzir uma lesão a um bem jurídico penalmen-
o será materialmente se não trouxer lesão ou ameaça a lesão de
te tutelado.
algum bem jurídico de terceiro.
Assim, se uma lei cria um tipo penal dizendo que é proibido cho-
Desta forma:
rar em público, essa lei não estará criando uma hipótese de
crime em seu sentido material, pois essa conduta NUNCA SERÁ Esse último conceito de crime (sob o aspecto analítico), é o
crime em sentido material, pois não produz qualquer lesão ou que vai nos fornecer os subsídios para que possamos estu-
exposição de lesão a bem jurídico de quem quer que seja. As- dar os elementos do crime (Fato típico, ilicitude e culpabili-
sim, ainda que a lei diga que é crime, materialmente não o será. dade).
Sob o aspecto legal, ou formal, crime é toda infração penal a O fato típico é o primeiro dos elementos do crime, sendo a tipici-
que a lei comina pena de reclusão ou detenção. Nos termos dade um de seus pressupostos. Vamos estudá-lo, então!
do art. 1° da Lei de Introdução ao CP:
II"-" FATOTÍPICO
Art 1° Considera-se crime a infração penal que a lei
comina pena de reclusão ou de detenção, quer isolada- O fato típico também se divide em elementos, são eles:
mente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena
de multa; contravenção, a infração penal a que a lei co- • Conduta humana (alguns entendem possível a conduta
mina, isoladamente, pena de prisão simples ou de mul- de pessoa jurídica
ta, ou ambas. alternativa ou cum ulati vamente. • Resultado naturalístico
• Nexo de causalidade
Percebam que o conceito aqui é meramente legal. Se a lei comi- • Tipicidade
nar a uma conduta a pena de detenção ou reclusão, cumulada
ou alternativamente com a pena de multa, estaremos diante de A) Conduta
um crime.
Três teorias buscam explicar a conduta: Teoria naturalística (ou
Por outro lado, se a lei cominar a apenas prisão simples ou mul- clássica), finalista e social.
ta, alternativa ou cumulativamente, estaremos diante de uma
contravenção penal. Para a teoria naturalística, conduta é a ação humana. Assim,
basta que haja movimento corporal para que exista conduta. Esta
Esse aspecto consagra o SISTEMA DICOTÔMICO adotado no teoria está praticamente abandonada, pois entende que não há
Brasil, no qual existe um gênero, que é a infração penal, e duas necessidade de se analisar a vontade do agente nesse momen-
espécies, que são o crime e a contravenção penal. Assim: to, guardando a análise da vontade (dolo ou culpa) para quando
do estudo da culpabilidade.
Vejam que quando se diz "infração penal", está se usando um
termo genérico, que pode tanto se referir a um "crime" ou a uma Para esta teoria, teríamos conduta, por exemplo, quando A, mais
"contravenção penal". O termo "delito", no Brasil, é sinônimo forte, empurra B, mais fraco, de forma que este esbarra em C,
de crime. que vem a cair de um prédio de 20 andares. Aqui, para os adep-
tos dessa corrente, B cometeu fato típico e ilícito, sendo o crime
O crime pode ser conceituado, ainda, sob um aspecto analí- excluído apenas quando analisada sua culpabilidade! Hoje prati-
tico, que o divide em partes, de forma a estruturar seu con- camente não é aceita no mundo.
ceito.
Para a teoria finalista, de HANS WELZEL, a conduta humana
Primeiramente surgiu a teoria quadripartida do crime, que en- (não consigo vislumbrar conduta de Pessoa Jurídica!) é a ação
tendia que crime era todo fato típico, ilícito, culpável e punível. voluntária dirigida a uma determinada finalidade. Assim:
Hoje é praticamente inexistente. Conduta = vontade + ação
Depois, surgiram os defensores da teoria tripartida do crime, Logo, retirando-se um dos elementos da conduta, esta não
que entendiam que crime era o fato típico, ilícito e culpável. existirá, o que acarreta a inexistência de fato típico.
Essa é a teoria que predomina no Brasil, embora haja muitos
defensores da terceira teoria.
EXEMPLO: João olha para Roberto e o agride, por livre espon- não responde por omissão de socorro (art. 135 do CP), mas
tânea vontade. Estamos diante de uma conduta (quis agir e responde pelo resultado ocorrido (por exemplo, a morte da pes-
agrediu) dolosa (quis o resultado). soa a quem ele deveria proteger).
Agora, se João dirige seu carro, vê Roberto e sem querer, o EXEMPLO: O Pai leva o filho de 04 anos à praia e o deixa brin-
atinge, estamos diante de uma conduta (quis dirigir e acabou cando à beira da água e sai para beber cerveja com os amigos.
ferindo) culposa (não quis o resultado). Quando retorna, vê que seu filho fora levado ao mar por um
maluco que pretendia mata- lo, tendo a criança morrido. Nesse
Vejam que a "vontade" a que me referi como elemento da condu- caso o Pai não responde por omissão de socorro, mas por homi-
ta é uma vontade de meramente praticar o ato que ensejou o cídio doloso consumado, pois tem a obrigação legal de cuidar do
crime, ainda que o resultado que se pretendesse não fosse ilícito. filho.
Quando a vontade (elemento da conduta) é dirigida ao fim
criminoso, o crime é doloso. Quando a finalidade é dirigida a Mas como se pode dizer que a conduta do pai matou o filho?
outro fim (que até pode ser criminoso, mas não aquele) o crime é
culposo. Porém, por enquanto vamos ficar apenas na "vontade" Tecnicamente falando, a conduta do pai não gerou a morte do
(desculpem o trocadilho) e estudar somente os elementos do fato filho. O que gerou a morte do filho foi o afogamento. Entretanto,
típico. pela teoria naturalístico-normativa, a ele é imputado o resulta-
do, em razão do seu descumprimento do dever de vigilância.
ESTA É A TEORIA ADOTADA PELO NOSSO CÓDIGO PENAL.
B) Resultado naturalístico
Vejamos os termos do art. 20 do CP:
O resultado naturalístico é a modificação do mundo real
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal provocada pela conduta do agente.
de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime
culposo, se previsto em lei. Entretanto, apenas nos crimes chamados materiais se exige
um resultado naturalístico. Nos crimes formais e de mera con-
Ora, se a lei prevê que o erro sobre um elemento do tipo duta não há essa exigência.
exclui o dolo, é porque entende que o dolo está no tipo (fato
típico), não na culpabilidade. Assim, a conduta é, necessaria- Os crimes formais são aqueles nos quais o resultado natura-
mente, voluntária. lístico pode ocorrer, mas a sua ocorrência é irrelevante para
o Direito Penal. Já os crimes de mera conduta são crimes em
No exemplo dado lá em cima, "B" não teria cometido fato típico, que não há um resultado naturalístico possível. Vou dar um
pois não houve conduta, já que não teve vontade alguma (nem exemplo de cada um dos três:
vontade dirigida ao resultado - dolo, nem vontade dirigida a outro
resultado - culpa). Nesse caso, estaríamos diante do que se • Crime material - Homicídio. Para que o homicídio seja con-
chama de coação física irresistível (vis absoluta), ou seja, B sumado, é necessário que a vítima venha a óbito. Caso isso
foi mero instrumento nas mãos de A, não tendo agido com von- não ocorra, estaremos diante de um homicídio tentado (ou le-
tade. sões corporais culposas);
Para terceira teoria, a teoria social, a conduta é a ação humana, • Crime formal - Extorsão (art. 158 do CP). Para que o crime
voluntária, que causa alguma espécie de abalo na relação do de extorsão se consume não é necessário que o agente ob-
agente com a sociedade, ou seja, deve ser uma conduta social- tenha a vantagem ilícita, bastando o constrangimento à víti-
mente relevante. Assim, um fato admitido pela sociedade ma;
(jogo do bicho), mesmo que tipificado, não poderia ensejar
conduta penal. Não é adotada no nosso sistema jurídico. • Crime de mera conduta - Invasão de domicílio. Nesse caso,
a mera presença do agente, indevidamente, no domicílio da
A conduta humana pode ser uma ação ou uma omissão. A vítima caracteriza o crime. Não há um resultado previsto para
questão é: Qual é o resultado naturalístico que advém de esse crime. Qualquer outra conduta praticada a partir daí
uma omissão? Naturalisticamente nenhum, pois do nada, nada configura crime autônomo (furto, roubo, homicídio, etc.).
surge. Assim, aquele que se omite na prestação de socorro a
alguém, pode estar cometendo o crime de omissão de socorro,
art. 135 do Código Penal (que é um crime formal, pois a morte
daquele a quem não se prestou socorro é irrelevante), não por- Observação
que causou a morte de alguém (até porque este resultado é
Além do resultado naturalístico (que nem sempre estará presen-
irrelevante e não fora diretamente provocado pelo agente), mas
te), há também o resultado jurídico (ou normativo), que é a lesão
porque descumpriu um comando legal.
ao bem jurídico tutelado pela norma penal. Esse resultado sem-
Entretanto, o art. 13, § 2° do CP diz o seguinte: pre estará presente! Cuidado com isso! Assim, se a banca [per-
guntar: "Há crime sem resultado jurídico?" A resposta é NÃO!
§2° - A omissão é penalmente relevante quando o omi-
tente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever C) Nexo de Causalidade
de agir incumbe a quem:
Nos termos do art. 13 do CP:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigi-
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime,
lância;
somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impe- causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocor-
dir o resultado; rido.
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da Assim, o nexo de causalidade pode ser entendido como o víncu-
ocorrência do resultado. lo que une a conduta do agente ao resultado naturalístico
ocorrido no mundo exterior. Portanto, só se aplica aos crimes
Esse artigo estabelece o crime omissivo impróprio. Nesses materiais!
crimes, quando o agente se omite na prestação do socorro ele
Algumas teorias existem acerca do nexo de causalidade: contra João, o mantando. Nesse caso, Pedro responderá somen-
te por homicídio tentado.
• TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DOS ANTECEDENTES (OU
DA CONDITIO SINE QUA NON) - Para esta teoria, é consi- Mas professor, você não disse que toda causa querida por
derada causa do crime toda conduta sem a qual o resultado quem pratica a conduta é causa do crime? Logo, nos dois
não teria ocorrido. Assim, para se saber se uma conduta é ou últimos casos, Pedro não teria querido a morte de João e
não causa do crime, devemos retirá-la do curso dos aconte- sua conduta não contribuiu para isso, já que a morte não
cimentos e ver se, ainda assim, o crime ocorreria (Processo teria ocorrido se ele não tivesse agido? Meus caros, aí é que
hipotético de eliminação de Thyrén). EXEMPLO: Marcelo está. Nessas hipóteses, o Código não adotou a teoria da equiva-
acorda de manhã, toma café, compra uma arma e encontra lência dos antecedentes, mas a TEORIA DA CAUSALIDADE
Júlio, seu desafeto, disparando três tiros contra ele, causan- ADEQUADA. Assim, os tiros desferidos por Pedro não foram
do-lhe a morte. Retirando-se do curso o café tomado por a causa adequada da morte de João, mas sim os ferimentos do
Marcelo, concluímos que o resultado teria ocorrido do mesmo acidente. Logo, ele não responde pelo crime de homicídio con-
jeito. Entretanto, se retirarmos a compra da arma do curso do sumado, mas apenas pelos atos praticados (homicídio tentado).
processo, o crime não teria ocorrido.
Entretanto, pode ocorrer de a concausa não produzir por si só o
O inconveniente claro desta teoria é que ela permite que se colo- resultado, mas se unir à conduta do agente e, juntas, produzirem
quem como causa situações absurdas, como a venda da arma o resultado. Essas são as chamadas causas relativamente
ou até mesmo o nascimento do agente, já que se os pais não independentes, que também pode ser preexistentes, conco-
tivessem colocado a criança no mundo, o crime não teria aconte- mitantes ou supervenientes. Mais uma vez, vou dar um exem-
cido. Isso é um absurdo! plo de cada uma das três e explicar quais os efeitos jurídico-
penais em relação ao agente:
Assim, para solucionar o prom lema, criou-se outro filtro que é
o dolo. Logo, só será considerada causa a conduta que é EXEMPLO I) Caio decide matar Maria, desferindo contra ela
indispensável ao resultado e que foi querida pelo agente. golpes de facão, causando-lhe a morte. Entretanto, Caio não
Assim, no exemplo anterior, o vendedor da arma não seria res- sabia que Maria era hemofílica, tendo a doença contribuído em
ponsabilizado, pois nada mais fez que vender seu produto, não grande parte para seu óbito. Nesse caso, embora a doença (con-
tendo a intenção (nem sequer imaginou) de ver a morte de Júlio. causa preexistente) tenha contribuído para o óbito, Caio res-
ponde por homicídio consumado.
Nesse sentido:
EXEMPLO II) Pedro resolve matar João, e começa disparar
CAUSA = conduta indispensável ao resultado + que tenha contra ele projéteis de arma de fogo. Assustado, João corre, e
sido prevista e querida por quem a praticou acaba atropelado por um caminhão. Nesse caso, o que causou o
resultado (a morte de João) foi a concausa concomitante (atrope-
Podemos dizer, então, que a causalidade aqui não é meramente lamento pelo caminhão), mas que só ocorreu em razão dos dis-
física, mas também, psicológica. paros efetuados por Pedro. Assim, Pedro responde por homi-
cídio consumado.
A) Crime doloso
• Dolo direto de primeiro grau - Trata-se do dolo comum, • Imperícia - Decorre do desconhecimento de uma regra
aquele no qual o agente tem a vontade direcionada para a técnica profissional. Assim, se o médico, após fazer todos
produção do resultado, como no caso do homicida que procu- os exames necessários, dá diagnóstico errado, concedendo
ra sua vítima e a mata com disparos de arma de fogo; alto ao paciente e este vem a óbito em decorrência da alta
concedida, não há negligência, pois o profissional médico
• Dolo direto de segundo grau - Também chamado de "dolo adotou todos os cuidados necessários, mas em decorrência
de consequências necessárias", se assemelha ao dolo de sua falta de conhecimento técnico, não conseguiu verificar
eventual, mas com ele não se confunde. Aqui o agente pos- qual o problema do paciente, o que acabou por ocasionar seu
sui uma vontade, mas sabe que para atingir sua finalidade, falecimento;
existem efeitos colaterais que irão NECESSARIAMENTE
lesar outros bens jurídicos. Diferentemente do dolo even- A punibilidade da culpa se fundamenta no desvalor do resultado
tual, aqui a ocorrência da lesão ao bem jurídico não visa- praticado pelo agente, embora o desvalor da conduta seja me-
do é certa, e não apenas provável. Imagine o caso de al- nor, pois não deriva de uma deliberada ação contrária ao direito.
guém que, querendo matar certo executivo, coloca uma bom-
ba no avião em que este se encontra. Ora, nesse caso, o O CP prevê o crime culposo 1m seu art. 18, II:
agente age com dolo de primeiro grau em face da vítima pre-
tendida, e dolo de segundo grau face aos demais ocupantes Art. 18 - Diz-se O crime: (Redação dada pela Lei n°
do avião, pois é certo que também morrerão, embora este 7.209, de 11.7.1984)
não seja o objetivo do agente;
Crime Culposo(Incluído pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984)
• Dolo geral, por erro sucessivo, ou aberratio causae -
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por
Ocorre quando o agente, acreditando ter alcançado seu obje-
imprudência, negligência ou imperícia. (Incluído pela Lei
tivo, pratica nova conduta, com finalidade diversa, mas de-
n° 7.209, de 11.7.1984)
pois se constata que esta última foi a que efetivamente cau-
sou o resultado. Trata-se de erro na relação de causalida- O crime culposo é composto de:
de, pois embora o agente tenha conseguido alcançar a
finalidade proposta, somente o alcançou através de outro • Uma conduta voluntária - Dirigida a um fim lícito, ou quando
meio, que não tinha direcionado para isso. Exemplo: Ima- ilícito, não é destinada à produção do resultado ocorrido;
gine a mãe que, querendo matar o próprio filho de 05 anos, o
estrangula e, com medo de ser descoberta, o joga num rio. • A violação a um dever objetivo de cuidado - Que pode se
Posteriormente a criança é encontrada e se descobre que a dar por negligência, imprudência ou imperícia;
vítima morreu por afogamento. Nesse caso, embora a mãe • Um resultado naturalístico involuntário - O resultado pro-
não tenha querido matar o filho afogado, mas por estrangu- duzido não foi querido pelo agente (salvo na culpa imprópria);
lamento, isso é irrelevante penalmente, importando apenas o
fato de que a mãe alcançou o fim pretendido (morte do filho), • Nexo causal - Relação de causa e efeito entre a conduta do
ainda que por outro meio, devendo, pois, responder por ho- agente e o resultado ocorrido no mundo fático;
micídio consumado;
• Tipicidade - O fato deve estar previsto como crime. Em re-
• Dolo antecedente, atual e subsequente - O dolo antece- gra, os crimes só podem ser praticados na forma dolosa, só
dente é o que se dá antes do início da execução da conduta. podendo ser punidos a título de culpa quando a lei expres-
O dolo atual é o que está presente enquanto o agente se samente determinar. Essa é a regra do § único do art. 18 do
mantém exercendo a conduta, e o dolo subsequente ocorre CP: Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei,
quando o agente, embora tendo iniciado a conduta com uma ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão
finalidade lícita, altera seu ânimo, passando a agir de forma quando o pratica dolosamente. (Incluído pela Lei n° 7.209, de
ilícita. Esse último caso é o que ocorre no caso, por exemplo, 11.7.1984);
do crime de apropriação indébita (art. 168 do CP), no qual o • Previsibilidade objetiva - O resultado ocorrido deve ser
agente recebe o bem de boa-fé, obrigando- se devolvê-lo, previsível mediante um esforço intelectual razoável. É cha-
mas, posteriormente, muda de idéia e não devolve o bem nas mada previsibilidade do homem médio. Assim, se uma pes-
condições ajustadas, passando a agir de maneira ilícita. soa comum, de inteligência mediana, seria capaz de prever
aquele resultado, está presente este requisito. Se o resultado
B) Crime culposo não for previsível objetivamente, o fato é um indiferente pe-
nal. Por exemplo: Se Mário, nas dunas de Natal, dá um chute
Se no crime doloso o agente quis o resultado, sendo este seu em João, a fim de causar-lhe lesões leves, e João vem a cair
objetivo, ou assumiu o risco de sua ocorrência, embora não fosse e bater com a cabeça sobre um motor de Bugre que estava
originalmente pretendido o resultado, no crime culposo a conduta enterrado sob a areia, vindo a falecer, Mário não responde
do agente é destinada a um determinado fim (que pode ser lícito por homicídio culposo, pois seria inimaginável a qualquer
ou não), tal qual no dolo eventual, mas pela violação a um de- pessoa prever que naquele local a vítima poderia bater com a
ver de cuidado, o agente acaba por lesar um bem jurídico de cabeça em algo daquele tipo e vir a falecer;
terceiro, cometendo crime culposo. A culpa, por sua vez, pode ser de diversas modalidades:
• Culpa consciente e inconsciente - Na culpa consciente, o
agente prevê o resultado como possível, mas acredita que
este não irá ocorrer. Na culpa inconsciente, o agente não
prevê que o resultado possa ocorrer. A culpa consciente se
aproxima muito do dolo eventual, pois em ambos o agen-
te prevê o resultado e mesmo assim age. Entretanto, a di-
ferença é que, enquanto no dolo eventual o agente assu-
me o risco de produzi-lo, não se importando com a sua Todos os elementos citados como sendo partes integrantes do
ocorrência, na culpa consciente o agente não assume o fato típico (conduta, resultado naturalístico, nexo de causalidade
risco de produzir o resultado, pois acredita, sinceramen- e tipicidade) são, no entanto, elementos do crime material
te, que ele não ocorrerá; consumado, que é aquele no qual se exige resultado naturalísti-
• Culpa própria e culpa imprópria - A culpa própria é aque- co e no qual este resultado efetivamente ocorre.
la na qual o agente NÃO QUER O RESULTADO criminoso.
É a culpa propriamente dita. Pode ser consciente, quando o Nos termos do art. 14 do CP:
agente prevê o resultado como possível, ou inconsciente,
Art. 14 - Diz-se o crime: (Redação dada pela Lei n°
quando não há essa previsão.
7.209, de 11.7.1984)
Na culpa imprópria, o agente quer o resultado, mas, por erro
inescusável, acredita que o está fazendo amparado por uma I - consumado, quando nele se reúnem todos os ele-
causa excludente da ilicitude ou da culpabilidade. É o caso mentos de sua definição legal; (Incluído pela Lei n°
do pai que, percebendo um barulho na madrugada, se levanta e 7.209, de 11.7.1984)
avista um vulto, determinando sua imediata parada. Como o vulto
continua, o pai dispara três tiros de arma de fogo contra a vítima, II - tentado, quando, iniciada a execução, não se con-
acreditando estar agindo em legítima defesa de sua família. No suma por circunstâncias alheias à vontade do agen-
entanto, ao verificar a vítima, percebe que o vulto era seu filho de te. (Incluído pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984)
16 anos que havia saído escondido para assistir a um show de
Rock no qual havia sido proibido de ir. Nesse caso, embora o Assim, nos crimes tentados, por não haver sua consumação
crime seja naturalmente doloso (pois o agente quis o resultado), (ocorrência de resultado naturalístico), não estarão presentes,
por questões de política criminal o Código determina que lhe seja em regra, os elementos "resultado" e "nexo de causalidade".
aplicada a pena correspondente à modalidade culposa. Nos
termos do art. 20, § 1° do CP: § 1° - É isento de pena quem, por Disse "em regra", porque pode acontecer que um crime tentado
erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação produza resultados, que serão analisados de acordo com a con-
de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isen- duta do agente e sua aptidão para produzi-los.
ção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível
como crime culposo. (Redação dada pela Lei n° 7.209, de EXEMPLO: Imaginem que Marcelo, visando à morte de Rodrigo,
11.7.1984) dispare cinco tiros de pistola contra ele. Rodrigo é baleado, fica
paraplégico, mas sobrevive.
■ Cuidado! Não existe a chamada "compensação de culpas"
no Direito Penal brasileiro. EXEMPLO: Imaginem que Júlio, Nesse caso, como o objetivo não era causar lesão corporal, mas
dirigindo seu veículo, avança o sinal vermelho e colide com o sim matar, o crime não foi consumado, pois a morte não ocorreu.
veículo de Carlos, que vinha na contramão. Ambos agiram Entretanto, não se pode negar que houve resultado naturalístico
com culpa e causaram-se lesões corporais. Nesse caso, am- e nexo causal, embora este resultado não tenha sido o pretendi-
bos respondem pelo crime de lesões corporais, um em face do pelo agente quando da prática da conduta criminosa.
do outro.
O crime consumado nós já estudamos, cabe agora analisar as
Há ainda a figura do crime preterdoloso (ou preterintencio- hipóteses de crime na modalidade tentada.
nal). O crime preterdoloso ocorre quando o agente, com vontade
de praticar determinado crime (dolo), acaba por praticar crime Como disse a vocês, pode ocorrer de uma conduta ser en-
mais grave, não com dolo, mas por culpa. Um exemplo clássico é quadrada em determinado tipo penal sem que sua prática
o crime de lesão corporal seguida de morte, previsto no art. 129, corresponda exatamente ao que prevê o tipo. No caso acima,
§ 3° do CP. Nesse crime o agente provoca lesões corporais na Marcelo responderá pelo tipo penal de homicídio (art. 121 do
vítima, mediante conduta dolosa. No entanto, em razão de sua CP), na modalidade tentada (art. 14, II do CP). Mas se vocês
imprudência na execução (excesso), acabou por provocar a analisarem, o art. 121 do CP diz "matar alguém".
morte da vítima, que era um resultado não pretendido (culpa). A
Doutrina distingue, no entanto, o crime preterdoloso do Marcelo não matou ninguém. Assim, como enquadrá-lo na
conduta prevista pelo art. 121? Isso é o que chamamos de
crime qualificado pelo resultado. Para a Doutrina, o crime
adequação típica mediata, conforme já estudamos.
qualificado pelo resultado é um gênero, do qual o crime preterdo-
loso é espécie. Um crime qualificado pelo resultado é aquele Na adequação típica mediata o agente não pratica exatamente a
no qual, ocorrendo determinado resultado, teremos a aplica- conduta descrita no tipo penal, mas em razão de uma outra
ção de uma circunstância quaiificadora. Aqui é irrelevante se norma que estende subjetiva ou objetivamente o alcance do
o resultado que qualifica o crime é doloso ou culposo. No delito tipo penal, ele deve responder pelo crime. Assim, no caso em
preterdoloso, o resultado que qualifica o crime é, necessari- tela, Marcelo só responde pelo crime em razão da existência de
amente, culposo. Ou seja, há dolo na conduta inicial e culpa uma norma que aumenta o alcance objetivo (relativo à conduta)
em relação ao resultado que efetivamente ocorre.
do tipo penal para abarcar também as hipóteses de tentativa (art.
EXEMPLO: Mariana agride Luciana com a intenção apenas de 14, II do CP). Tudo bem, galera? Vamos em frente!
lesioná-la (dolo de praticar o crime de lesão corporal). Contudo, O inciso II do art. 14 fala em "circunstâncias alheias à vontade
em razão da força empregada por Mariana, Luciana cai e bate do agente". Isso significa que o agente inicia a execução do
com a cabeça no chão, vindo a falecer. Mariana fica chocada, crime, mas em razão de fatores externos, o resultado não ocorre.
pois de maneira alguma pretendia a morte de Luciana. Nesse No caso concreto que citei, o fator externo, alheio à vontade de
caso, Mariana praticou o crime de lesão corporal seguida de Marcelo, foi provavelmente sua falta de precisão no uso da arma
morte, que é um crime preterdoloso (dolo na conduta inicial, mas de fogo e o socorro eficiente recebido por Rodrigo, que impediu
resultado obtido a título de culpa - sem intenção). sua morte.
O § único do art. 14 do CP diz: • Crimes de perigo abstrato - Como aqui também há crime
unissubsistente (não há fracionamento da execução do cri-
Art. 14 (...) me), não se admite tentativa;
• Contravenções penais - Não se admite tentativa, nos ter-
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune- mos do art. 4° do Decreto-Lei n° 3.688/41 (Lei das Contra-
se a tentativa com a pena correspondente ao crime con- venções penais);
sumado, diminuída de um a dois terços. (Incluído pela • Crimes de atentado (ou de empreendimento) - São crimes
Lei n° 7.209, de 11.7.1984) que se consideram consumados com a obtenção do resulta-
do ou ainda com a tentativa deste. Por exemplo: O art. 352 ti-
Desta forma, o crime cometido na modalidade tentada não é pifica o crime de "evasão", dizendo: "evadir-se ou tentar eva-
punido da mesma maneira que o crime consumado, pois embora dir-se"... Desta maneira, ainda que não consiga o preso se
o desvalor da conduta (sua reprovabilidade social) seja o mesmo evadir, o simples fato de ter tentado isto já consuma o crime;
do crime consumado, o desvalor do resultado (suas consequên- • Crimes habituais - Nestes crimes, o agente deve praticar
cias na sociedade) é menor, indiscutivelmente. Assim, diz-se diversos atos, habitualmente, a fim de que o crime se consu-
que o CP adotou a teoria dualística, realista ou objetiva da me. Entretanto, o problema é que cada ato isolado é um indi-
punibilidade da tentativa. ferente penal. Assim, ou o agente praticou poucos atos isola-
dos, não cometendo crime, ou praticou os atos de forma habi-
Mas qual o critério para aplicação da quantidade de diminui-
tual, cometendo crime consumado. Exemplo: Crime de cu-
ção (1/3 ou 2/3)? Nesse caso, o Juiz deve analisar a proximida-
randeirismo, no qual ou o agente pratica atos isolados, não
de de alcance do resultado. Quanto mais próxima do resultado
praticando crime, ou o faz com habitualidade, praticando cri-
chegar a conduta, menor será a diminuição da pena, e vice-
me consumado, nos termos do art. 284, I do CP.
versa. No exemplo acima, como Marcelo quase matou Rodrigo,
A) Crime impossível
chegando a deixá-lo paraplégico, a diminuição será a menor
possível (1/3), pois o resultado esteve perto de se consumar. Nos termos do Código Penal:
Entretanto, se
Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia
Marcelo tivesse errado todos os disparos, o resultado teria pas- absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do ob-
sado longe da consumação, devendo o Juiz aplicar a redução jeto, é impossível consumar-se o crime. (Redação dada
máxima. pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984)
A tentativa pode ser: Como podemos perceber, o crime impossível guarda seme-
lhanças com a tentativa, entretanto, com ela não se confun-
• Branca ou incruenta - quando o agente sequer atinge o
de.
objeto que pretendia lesar;
Na tentativa, propriamente dita, o agente inicia a execução do
• Vermelha ou cruenta - quando o agente atinge o objeto,
crime, mas por circunstâncias alheias à sua vontade o resultado
mas não obtém o resultado naturalístico esperado, em razão
não se consuma (art. 14, II do CPC).
de circunstâncias alheias à sua vontade;
No crime impossível, diferentemente do que ocorre na tentativa,
• Tentativa perfeita - O agente esgota completamente os
embora o agente inicie a execução do delito, JAMAIS o crime
meios de que dispunha para lesar o objeto material;
se consumaria, em hipótese nenhuma, ou pelo fato de que o
• Tentativa imperfeita - O agente, antes de esgotar toda a sua meio utilizado é completamente ineficaz ou porque o objeto ma-
potencialidade lesiva, é impedido por circunstâncias alheias. terial do crime é impróprio para aquele crime. Vou dar dois
Exemplo: Marcelo possui um revólver com 06 projéteis. Dis- exemplos:
para os 03 primeiros contra Rodrigo, mas antes de disparar o
EXEMPLO: Imaginem que Marcelo pretenda matar sua sogra
quarto é surpreendido pela chegada da Polícia Militar.
Maria. Marcelo chega, à surdina, de noite, e percebendo que
E possível a mescla de espécies de tentativa entre as duas pri- Maria dorme no sofá, desfere contra ela 10 facadas no peito. No
meiras com as duas últimas (cruenta e imperfeita, incruenta e entanto, no laudo pericial se descobre que Maria já estava morta,
imperfeita, etc.), mas nunca entre elas mesmas (cruenta e incru- em razão de um mal súbito que sofrera horas antes.
enta e perfeita e imperfeita), por questões lógicas.
Nesse caso, o crime é impossível, pois o objeto material (a so-
Em regra, todos os crimes admitem tentativa. Entretanto, não gra, Maria) não era uma pessoa, mas um cadáver. Logo, não há
admitem tentativa: como se praticar o crime de homicídio em face de um cadáver.
• Crimes culposos - Nestes crimes o resultado naturalístico No mesmo exemplo, imagine que Marcelo pretenda matar sua
não é querido pelo agente, logo, a vontade dele não é dirigida sogra a tiros e, surpreenda-a na servidão que dá acesso à casa.
a um fim ilícito e, portanto, não ocorrendo este, não há que se Entretanto, quando Marcelo aperta o gatilho, percebe que, na
falar em interrupção involuntária da execução do crime; verdade, foi enganado pelo vendedor, que o vendeu uma arma
• Crimes preterdolosos - Como nestes crimes existe dolo na de brinquedo.
conduta precedente e culpa na conduta seguinte, a conduta
Nesse último caso o crime é impossível, pois o meio utilizado por
seguinte é culposa, não se admitindo, portanto, tentativa;
Marcelo é completamente ineficaz para causar a morte da vítima.
• Crimes unissubsistentes - São aqueles que se produzem
mediante um único ato, não cabendo fracionamento de sua Em ambos os casos temos hipótese de crime impossível.
execução. Assim, ou o crime é consumado ou sequer foi ini-
ciada sua execução. EXEMPLO: Injúria. Ou o agente profere Diz-se que, no que se refere à punibilidade da tentativa, o nosso
a injúria e o crime está consumado ou ele sequer chega a CP adotou a teoria objetiva intermediária ou temperada, pois se
proferi-la, não chegando o crime a ser iniciado; entende que a tentativa sempre é punível, somente não o sendo
• Crimes omissivos próprios - Seguem a mesma regra dos quando houver inidoneidade total do objeto ou do meio empre-
crimes unissubsistentes, pois ou o agente se omite, e pratica gado.
o crime na modalidade consumada ou não se omite, hipótese
na qual não comete crime; Na verdade, o crime impossível é uma espécie de tentativa, com
a circunstância de que jamais poderá se tornar consumação,
face à impropriedade do objeto ou do meio utilizado. Por isso, assim vem a falecer, Poliana responde por homicídio con-
não se pode punir a tentativa nestes casos, eis que não houve sumado. Se, no entanto Jason não vem a óbito, Poliana não
lesão ou sequer exposição à lesão do bem jurídico tutelado, não responde por homicídio tentado (não há tentativa, lembram-
bastando para a punição do agente o mero desvalor da conduta, se?), mas por lesões corporais.
devendo haver um mínimo de desvalor do resultado.
No arrependimento eficaz é diferente. Aqui o agente já praticou
Cuidado! A ineficácia do meio ou a impropriedade do objeto todos os atos executórios que queria e podia, mas após isto, se
devem ser ABSOLUTAS, ou seja, em nenhuma hipótese, consi- arrepende do ato e adota medidas que acabam por impedir a
derando aquelas circunstâncias, o crime poderia se consumar. consumação do resultado.
Assim, se Márcio atira em José, com intenção de matá-lo, mas o
crime não se consuma porque José usava um colete à prova de Imagine que no exemplo anterior, Poliana tivesse disparado
balas, não há crime impossível, pois o crime poderia se consu- todos os tiros da pistola em Jason. Depois disso, Poliana se
mar. arrepende do que fez e providencia o socorro de Jason, que
sobrevive em razão do socorro prestado. Neste caso, teríamos
O STJ já decidiu que a presença de câmeras e dispositivos arrependimento eficaz.
eletrônicos de segurança em estabelecimentos comerciais
não afasta a possibilidade de consumação do crime de furto. Ambos os institutos estão previstos no art. 15 do CP:
Assim, se o agente tenta sair do local com um produto escondido
(furto), mas é detido pelos seguranças, não há crime impossível, Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de
pois havia uma possibilidade, ainda que pequena, de que ele prosseguir na execução ou impede que o resultado se
conseguisse burlar o sistema e causar o prejuízo ao bem jurídico produza, só responde pelos atos já praticados.(Redação
tutelado (patrimônio do estabelecimento). dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984)
Meus amigos, cuidado para não confundirem crime impossí- Para que estes institutos ocorram, é necessário que a con-
vel com crime putativo. O crime impossível é aquele que pode duta (desistência voluntária e arrependimento eficaz) impeça
ser cometido, em tese, mas que no caso concreto, face à absolu- a consumação do resultado. Se o resultado, ainda assim,
ta impropriedade do meio ou do objeto, nunca poderá se consu- vier a ocorrer, o agente responde pelo crime, incidindo, no
mar. entanto, uma atenuante de pena genérica, prevista no art. 65,
III, b do CP.
Já o crime putativo é aquele no qual o agente acredita estar
praticando crime, quando na verdade há um indiferente pe- A Doutrina entende que também HÁ DESISTÊNCIA VOLUN-
nal. O TÁRIA quando o agente deixa de prosseguir na execução
para fazê-la mais tarde, por qualquer motivo, por exemplo,
crime putativo pode ser de três espécies: putativo por erro de para não levantar suspeitas. Nesse caso, mesmo não sendo
tipo, erro de proibição e por obra do agente provocador. nobre o motivo da desistência, a Doutrina entende que há
desistência voluntária.
O crime putativo por erro c e tipo ocorre quando o agente supõe
estar praticando crime, mas na verdade não está, pois está au- Se o crime for cometido em concurso de pessoas e somente
sente um dos elementos do tipo. Por exemplo: Marcelo olha um um deles realiza a conduta de desistência voluntária ou ar-
belo relógio sobre a mesa no trabalho e o furta. Mais tarde des- rependimento eficaz, esta circunstância se comunica aos
cobre que o relógio era um presente deixado pelo chefe, ou seja, demais, pois como se trata de hipótese de exclusão da tipi-
o relógio era de sua propriedade. Assim, Marcelo acreditava cidade, o crime não foi cometido, respondendo todos ape-
estar furtando, mas por erro sobre o elemento do tipo "coisa nas pelos atos praticados até então.
alheia", fez com que na verdade o crime fosse meramente putati-
vo. C) Arrependimento posterior
O STF editou o verbete n° 145 da sua súmula de jurisprudência, O arrependimento posterior, por sua vez, não exclui o crime,
nesse sentido: "Não há crime quando a preparação do flagrante pois este já se consumou, mas é causa obrigatória de dimi-
pela polícia torna impossível a sua consumação". nuição de pena. Ocorre quando, nos crimes em que não há
violência ou grave ameaça à pessoa, o agente, até o recebi-
B) Desistência voluntária e arrependimento eficaz mento da denúncia ou queixa, repara o dano provocado ou
restitmi a coisa. Nos termos do art. 16 do CP:
Embora a Doutrina tenha se dividido quanto à definição da
natureza jurídica destes institutos, a Doutrina majoritária Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave
entende se tratar de causas de exclusão da tipicidade, pois ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coi-
não tendo ocorrido o resultado, e também não se tratando sa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato
de hipótese tentada, não há como se punir o crime nem a voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois
título de consumação nem a título de tentativa. terços. (Redação dada pela Lei n° 7.209, de 11.7.1984)
Na desistência voluntária o agente, por ato voluntário, desiste de EXEMPLO: Imagine o crime de dano (art. 163 do CP), no qual o
dar sequência aos atos executórios, mesmo podendo fazê-lo. agente quebra a vidraça de uma padaria, revoltado com o esgo-
Conforme a clássica FÓRMULA DE FRANK: tamento do pão francês naquela tarde. Nesse caso, se antes do
recebimento da queixa o agente ressarcir o prejuízo causado, ele
Na tentativa - O agente quer, mas não pode prosseguir. responderá pelo crime, mas a pena aplicada deverá ser diminuí-
da de um a dois terços.
Na desistência voluntária - O agente pode, mas não quer pros-
seguir. Vejam que não se aplica o instituto se o crime é cometido com
violência ou grave ameaça à pessoa.
Para que fique caracterizada a desistência voluntária, é necessá-
rio que o resultado não se consume em razão da desistência do A Doutrina entende que se a violência for culposa, pode ser
agente. aplicado o instituto. Assim, se o agente comete lesão corporal
culposa (violência culposa), e antes do recebimento da queixa
EXEMPLO: Se Patrícia dispara um tiro de pistola em Nelson paga todas as despesas médicas da vítima, presta todo o auxílio
e, podendo disparar mais cinco, não o faz, mas este mesmo necessário, deve ser aplicada a causa de diminuição de pena.
No caso de violência imprópria, a Doutrina se divide. A violência
imprópria é aquela na qual não há violência propriamente dita,
mas o agente reduz a vítima à impossibilidade de defesa (ex.
Amordaça e amarra o caixa da loja no crime de roubo). Parte da
Doutrina entende que o benefício pode ser aplicado, parte enten-
de que não pode.
O arrependimento posterior também se comunica aos demais Já vimos que a conduta deve ser considerada um fato típico para
agentes (coautores). que o primeiro elemento do crime esteja presente. Entretanto,
isso não basta.
A Doutrina entende, ainda, que se a vítima se recusar a receber
a coisa ou a reparação do dano, mesmo assim o agente deverá Uma conduta enquadrada como fato típico pode não ser ilícita
receber a causa de diminuição de pena. perante o direito. Assim, a antijuridicidade (ou ilicitude) é a
condição de contrariedade da conduta perante o Direito.
O quantum da diminuição da pena (um terço a dois terços) irá
variar conforme a celeridade com que ocorreu o arrependimento Estando presente o primeiro elemento (fato típico), presu-
e a voluntariedade deste ato. mese presente a ilicitude, devendo o acusado comprovar a
existência de uma causa de exclusão da ilicitude. Percebam,
Vamos sintetizar isso tudo? O quadro abaixo pode ajudar vocês assim, que uma das funções do fato típico é gerar uma presun-
na compreensão dos institutos da tentativa, da desistência volun- ção de ilicitude da conduta, que pode ser desconstituída diante
tária, do arrependimento eficaz e do arrependimento posterior: da presença de uma das causas de exclusão da ilicitude.
a) estado de necessidade;
b) legítima defesa;
c) exercício regular de um direito;
d) estrito cumprimento do dever legal.
Estado de necessidade
b) o fato necessitado (conduta do agente na qual ele sacrifica o Pode acontecer, e o agente permanece coberto pelo estado de
bem alheio para salvar o próprio ou do terceiro). necessidade. Ex.: Paulo atira em Mário, visando sua morte, para
tomar-lhe o último colete do navio. Entretanto, acerta João. Nes-
Entretanto, a situação de perigo deve: se caso, Paulo permanece acobertado pelo estado de necessi-
dade, pois se considera praticado o crime contra a vítima preten-
• Não ter sido criada voluntariamente pelo agente (ou seja, dida, não a atingida.
se foi ele mesmo quem deu causa, não poderá sacrificar o di-
reito de um terceiro a pretexto de salvar o seu). EXEMPLO: O MISERABILIDADE
agente provoca ao naufrágio de um navio e, para se salvar,
mata um terceiro, a fim de ficar com o último colete disponí- O STJ entende que a simples alegação de miserabilidade não
vel. gera o estado de necessidade para que seja excluída a ilicitude
do fato. Entretanto, em determinados casos, poderá excluir a
Nesse caso, embora os bens sejam de igual valor, a situação de culpabilidade, em razão da inexigibilidade de conduta diversa.
perigo foi criada pelo próprio agente, logo, ele não estará agindo
em estado de necessidade. Legítima defesa
• Perigo atual – O perigo deve estar ocorrendo. A lei não per- Nos termos do art. 25 do CP:
mite o estado de necessidade diante de um perigo futuro,
ainda que iminente; Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando
moderadamente dos meios necessários, repele injusta
• A situação de perigo deve estar expondo à lesão um bem agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
jurídico do próprio agente ou de um terceiro.
Parágrafo único. Observados os requisitos previstos
• O agente não pode ter o dever jurídico de impedir o resul- no caput deste artigo, considera-se também em legí-
tado. tima defesa o agente de segurança pública que re-
pele agressão ou risco de agressão a vítima mantida
Quanto à conduta do agente, ela deve ser: refém durante a prática de crimes.
• Inevitável – O bem jurídico protegido só seria salvo daquela O agente deve ter praticado o fato para repelir uma agressão.
maneira. Não havia outra forma de salvar o bem jurídico.
Contudo, há alguns requisitos:
• Proporcional – O agente deve sacrificar apenas bens jurídi-
cos de menor ou igual valor ao que pretende proteger. REQUISITOS PARA A CONFIGURAÇÃO DA LEGÍTIMA DE-
FESA
O estado de necessidade pode ser
• Agressão Injusta – Assim, se a agressão é justa, não há
• Agressivo – Quando para salvar seu bem jurídico o agente legítima defesa. Dessa forma, o preso que agride o carcereiro
sacrifica bem jurídico de um terceiro que não provocou a que o está colocando para dentro da cela não age em legíti-
situação de perigo. ma defesa, pois a agressão do carcereiro (empurrá-lo à força)
é justa.
• Defensivo – Quando o agente sacrifica um bem jurídico
de quem ocasionou a situação de perigo. • Atual ou iminente – A agressão deve estar acontecendo ou
prestes a acontecer. Veja que aqui, diferente do estado ne-
Pode ser ainda: cessidade, não há necessidade de que o fato seja atual, bas-
tando que seja iminente.
• Real – Quando a situação de perigo efetivamente existe;
Desta maneira, se Paulo encontra, em local ermo, Poliana, sua
• Putativo – Quando a situação de perigo não existe de fato, ex-mulher, que por vingança ameaçou matá-lo, e esta saca uma
apenas na imaginação do agente. Imaginemos que no caso arma, Paulo poderá repelir essa agressão iminente, pois ainda
do colete salva-vidas, ao invés de ser o último, existisse ain- que não tenha acontecido, não se pode exigir que Paulo aguarde
da uma sala repleta deles. Assim, a situação de perigo ape- Poliana começar a efetuar os disparos (absurdo!).
nas passou pela cabeça do agente, não sendo a realidade,
pois havia mais coletes. Nesse caso, o agente incorreu em • Contra direito próprio ou alheio – A agressão injusta pode
erro, que se for um erro escusável (o agente não tinha como estar acontecendo ou prestes a acontecer contra direito do
saber da existência dos outros coletes), excluirá a imputação próprio agente ou de um terceiro. Assim, se Paulo agride Ro-
do delito (a maioria da Doutrina entende que teremos exclu- berto porque ele está agredindo Poliana, não comete crime,
são da culpabilidade). Já se o erro for inescusável (o agente pois agiu em legítima defesa da integridade física de terceiro
era marinheiro há muito tempo, devendo saber que existia (Poliana).
Quando uma pessoa é atacada por um animal, em regra não com a agressão (erro sobre a pessoa), continuará amparado pela
age em legítima defesa, mas em estado de necessidade, pois excludente de ilicitude, pois o crime se considera praticado con-
os atos dos animais não podem ser considerados injustos. Entre- tra a pessoa visada, não contra a efetivamente atingida.
tanto, se o animal estiver sendo utilizado como instrumento
de um crime (dono determina ao cão bravo que morda a vítima), No caso de legítima defesa de terceiro, duas hipóteses podem
o agente poderá agir em legítima defesa. Entretanto, a legítima ocorrer:
defesa estará ocorrendo em face do dono (lesão ao seu patrimô-
nio, o cachorro), e não em face do animal. • O bem do terceiro que está sendo lesado é disponível
(bens materiais, etc.) – Nesse caso, o terceiro deve concor-
Com relação às agressões praticadas por inimputável, a Doutrina dar com que o agente atue em seu favor.
se divide, mas a maioria entende que nesse caso há legítima
defesa, e não estado de necessidade. • O bem do terceiro é indisponível (Vida, por exemplo) –
Nesse caso, o agente poderá repelir esta agressão ainda que
Na legítima defesa, diferentemente do que ocorre no estado de o terceiro não concorde com esta atitude, pois o bem agredi-
necessidade, o agredido (que age em legítima defesa) não é do é um bem de caráter indisponível.
obrigado a fugir do agressor, ainda que possa. A lei permite
que o agredido revide e se proteja, ainda que lhe seja possível Vocês devem ficar atentos a alguns pontos:
fugir!
• Não cabe legítima defesa real em face de legítima defesa
A reação do agente, por sua vez, deve ser proporcional. Ou seja, real, pois se o primeiro age em legítima defesa real, sua
os meios utilizados por ele devem ser suficientes e necessários a agressão não é injusta, o que impossibilita reação em legíti-
repelir a agressão injusta. ma defesa.
EXEMPLO: Se um ladrão furta uma caneta, a vítima não pode • Cabe legítima defesa real em face de legítima defesa
matar este ladrão para repelir esta agressão ao seu patrimônio, putativa. Assim, se A pensa estar sendo ameaçado por B e o
pois ainda que o meio utilizado seja suficiente para que o patri- agride (legítima defesa putativa), B poderá agir em legítima
mônio seja preservado, não é proporcional sacrificar a vida de defesa real. Isto porque a atitude de A não é justa, logo, é
alguém por causa de uma caneta. uma agressão injusta, de forma que B poderá se valer da le-
gítima defesa (A até pode não ser punido por sua conduta,
Mas nem se for uma Mont Blanc de R$ 5.000,00? Não!!! mas isso se dará pela exclusão da culpabilidade em razão da
legítima defesa putativa).
A legítima defesa pode ser:
• Se o agredido se excede, o agressor passa a poder agir em
• Agressiva – Quando o agente pratica um fato previsto como legítima defesa (legítima defesa sucessiva).
infração penal. Assim, se A agride B e este, em legítima de-
fesa, agride A, está cometendo lesões corporais (art. 129), • Sempre caberá legítima defesa em face de conduta que
mas não há crime, em razão da presença da causa excluden- esteja acobertada apenas por causa de exclusão da cul-
te da ilicitude. pabilidade (pois nesse caso a agressão é típica e ilícita, em-
• Defensiva – O agente se limita a se defender, não atacando bora não culpável).
nenhum bem jurídico do agressor.
• Própria – Quando o agente defende seu próprio bem jurídico. • NUNCA haverá possibilidade de legítima defesa real em
• De terceiro – Quando defende bem jurídico pertencente a face de qualquer causa de exclusão da ilicitude real.
outra pessoa.
• Real – Quando a agressão a iminência dela acontece, de
fato, no mundo real.
• Putativa – Quando o agente pensa que está sendo agredido
ou que esta agressão irá ocorrer, mas, na verdade, trata-se
de fruto da sua imaginação. Aqui, aplica-se o que foi dito
acerca do estado de necessidade putativo!
A legítima defesa não é presumida. Aquele que a alega deve
provar sua ocorrência, pois, como estudamos, a existência do
fato típico tem o condão de fazer presumir a ilicitude da conduta,
cabendo ao acusado provar a existência de uma das causas de
exclusão da ilicitude.Ocorre que o parágrafo único prevê uma
hipótese de legítima defesa de terceiro em que o agente de se-
gurança pública repele a agressão ou o risco de agressão em
desfavor do ofensor que mantém vítimas reféns. A norma não
precisaria existir, pois o caso nela previsto já está alcançado pelo
caput do art. 25 do CPB.
As descriminantes putativas são quaisquer situações nas O concurso de pessoas pode ser conceituado como a colabora-
quais o agente incida em erro por acreditar que está presen- ção de dois ou mais agentes para a prática de um delito ou
te uma situação que, se de fato existisse, tornaria sua ação contravenção penal.
legítima (a doutrina majoritária limita estes casos às exclu-
O concurso de pessoas é regulado pelos arts. 29 a 31 do CP:
dentes de ilicitude).
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o cri-
Imagine que o agente está numa casa de festas e ouça gritos de
me incide nas penas a este cominadas, na medida de
―fogo‖! Supondo haver um incêndio, corre atropelando pessoas,
sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
agredindo quem está na frente, para poder se salvar. Na verda-
11.7.1984)
de, tudo não passava de um trote. Nesse caso, o agente agrediu
pessoas (moderadamente, é claro), para se salvar, supondo § 1º - Se a participação for de menor importância, a pe-
haver uma situação que, se existisse (incêndio) justificaria a sua na pode ser diminuída de um sexto a um terço. (Reda-
conduta (estado de necessidade). Dessa forma, há uma descri- ção dada pela Lei no 7.209, de 11.7.1984)
minante putativa por estado de necessidade putativo (descrimi-
nante putativa). § 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de cri-
me menos grave, ser- lhe-á aplicada a pena deste; essa
NO DELITO PUTATIVO acontece EXATAMENTE O OPOSTO pena será aumentada até metade, na hipótese de ter si-
do que ocorre no erro de tipo, no erro de proibição e nas descri- do previsível o resultado mais grave. (Redação dada pe-
minantes putativas (seja de que natureza forem). O agente acre- la Lei no 7.209, de 11.7.1984)
dita que está cometendo o crime, quando, na verdade, está co-
metendo um INDIFERENTE PENAL. Circunstâncias incomunicáveis
EXEMPLO: Um cidadão, sem querer, esbarra no carro de um Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as con-
terceiro, causando danos no veículo. Com medo de ser preso, dições de caráter pessoal, salvo quando elementares do
foge. Na verdade, ele acredita que está cometendo crime de crime. (Redação dada pela Lei no 7.209, de 11.7.1984)
DANO CULPOSO, mas não sabe que o CRIME DE DANO
CULPOSO NÃO EXISTE. Portanto, há, aqui, DELITO PUTATI- Casos de impunibilidade
VO.
Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o au-
xílio, salvo disposição expressa em contrário, não são
puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser ten-
tado. (Redação dada pela Lei no 7.209, de 11.7.1984)
Contudo, como pelo conceito extensivo de autor não era possível 3 - Domínio funcional do fato - O agente desempenha uma
definir quem era autor e quem era partícipe, surgiu a teoria sub- função essencial e indispensável ao sucesso da empreitada
jetiva da participação, que considerava como autor aquele que criminosa, que é dividida entre os comparsas, cabendo a ca-
pratica o fato como pr prio, que quer o crime ―como próprio‖, da um uma parcela significativa, essencial e imprescindível.
como seu, e partícipe aquele que quer o fato como alheio, pratica
uma conduta acess ria ao ―crime de outra pessoa‖. Isso era Em todos estes casos, o agente será considerado autor do
fundamental para a fixação da pena de cada um, já que aos delito.
autores deveriam ser aplicadas penas, em tese, mais severas.
A teoria do domínio do fato, porém, não se aplica aos crimes
Como o conceito extensivo apresentou mais problemas que culposos, pois neste não há domínio final do fato, pois o fato final
soluções, surgiu o conceito restritivo de autor. Para esta teoria (resultado) não é buscado pelos agentes, que pretendiam outro
restritiva, autor e partícipe não se confundem. Autor será aquele resultado.
que praticar a conduta descrita no núcleo do tipo penal (subtrair,
matar, roubar, etc.). Todos os demais, que de alguma forma A teoria adotada pelo CP é a teoria objetivo-formal, conside-
prestarem colaboração (material ou moral), serão considerados rando autor aquele que realiza a conduta descrita no núcleo do
partícipes. Esta foi a teoria adotada pelo CP. tipo, já que denota sua ―vontade de autor‖ (animus auctoris), em
contraposição ―vontade de cola oração‖ do part cipe (animus
Agora que já sabemos que o CP diferencia autor e partícipe, socii). Entretanto, considera-se adotada a teoria do domínio
precisamos saber qual é o critério para se diferenciar um do do fato para os crimes em que há autoria mediata, autoria
outro. Três teorias surgiram.
intelectual, etc., de forma a complementar a teoria adotada.
A primeira teoria, a teoria objetivo-formal, estabelece que au- Esta é, portanto, a posição doutrinária a respeito da posição do
tor: é quem realiza a conduta prevista no núcleo do tipo, sendo CP sobre a diferença entre autor e partícipe.
partícipes todos os outros que colaboraram para isso, mas não
realizaram a conduta descrita no núcleo do tipo. Para esta teoria, Desta maneira, após entendermos quem seria considerado autor
por exemplo, no crime de homicídio, somente seria autor aquele do delito para o CP, podemos definir a coautoria como a espécie
que efetivamente praticasse a conduta de ―matar‖ alguém. Todos de concurso de pessoas na qual duas ou mais pessoas praticam
os outros colaboradores seriam partícipes. O grande problema a conduta descrita no núcleo do tipo penal. Assim, no crime de
desta teoria é considerar o autor intelectual (mandante) como roubo, se duas ou mais pessoas entram num banco, portando
partícipe, e não como autor. Mais que isso: Essa teoria não ex- armas, e anunciam um assalto, todas elas praticaram a conduta
plica o fenômeno da autoria mediata (quando alguém se vale de descrita no núcleo do tipo do art. 157, § 2°, I e II do CP (subtrair
um inimputável para cometer um crime). para si ou para outrem, mediante violência ou grave ameaça...).
Logo, todas são coautoras do delito.
A segunda teoria, a teoria objetivo-material, entende que autor
é quem colabora com participação de maior importância para o No mesmo e emplo, o motorista que fica do lado de fora (o ―pilo-
crime, e partícipe é quem colabora com participação reduzida, to de fuga‖) é considerado part cipe, pois em ora concorra para a
independentemente de quem pratica o núcleo do tipo (verbo que prática do delito, não pratica a conduta descrita no núcleo do tipo
descreve a conduta criminosa – matar, subtrair, etc.). penal. Contudo, para a teoria do domínio do fato o motorista é
autor, pois detém o controle funcional do fato (divisão de tarefas).
A terceira e última teoria, a teoria do domínio do fato, criada
pelo pai do finalismo, Hans Welzel, e posteriormente desenvolvi- Por outro lado, José, que apenas emprestou o carro para o rou-
da por Claus Roxin, defende que autor é todo aquele que pos- bo, não podendo influenciar, de alguma forma, no desfecho pos-
sui o domínio da conduta criminosa, seja ele o executor terior do delito (uma vez esgotada sua participação), é conside-
(quem pratica a conduta prevista no núcleo do tipo) ou não. Para rado partícipe.
esta teoria, o autor seria aquele que decide o trâmite do crime,
sua prática ou não, etc. Essa teoria explica, satisfatoriamente, o A coautoria pode ser funcional (ou parcial), que é aquela na
caso do mandante, por exemplo, que mesmo sem praticar o qual a conduta dos agentes são diversas e se somam, de forma
n cleo do tipo (―matar alguém‖), possui o dom nio do fato, pois a produzir o resultado. Assim, se Ricardo segura a vítima para
tem o poder de decidir sobre o rumo da prática delituosa. que Poliana a espanque, ambos são coautores do crime de lesão
corporal, mediante coautoria funcional.
Para esta teoria, o partícipe existe, e é aquele que contribui para
a prática do delito, embora não tenha poder de direção sobre a Porém, a coautoria pode ser, ainda, material (direta), que é a
conduta delituosa. O partícipe só controla a própria vontade, mas hipótese em que ambos os coautores realizam a mesma condu-
a não a conduta criminosa em si, pois esta não lhe pertence. ta. Assim, no exemplo acima, se Ricardo e Poliana espancassem
a vítima, ambos seriam coautores mediante coautoria material.
A teoria do domínio do fato tem por finalidade estabelecer uma
diferenciação entre autor e partícipe a partir da noção de “con- Obs: abaixo vou mostrar para vocês algumas hipóteses polêmi-
cas da aplicação do instituto da coautoria.
Admite-se a coautoria nos crimes próprios; • Teoria da acessoriedade mínima – Entende que a conduta
principal deva ser um fato típico, não importando se é ou não
Desde que ambos os agentes possuam a qualidade exigida pela um fato ilícito. EXEMPLO: Imagine que Marcio e João combi-
lei, ou que, aqueles que não a possuem, ao menos tenham ciên- nam de matar Paulo. Na data combinada para a execução,
cia de que o outro agente age nessa qualidade; Marcio guia o carro até o local e fica esperando do lado de fo-
ra. João se dirige até Paulo e, após uma discussão, Paulo
Não se admite a coautoria nos crimes de mão-própria; começa a agredir João, que na verdade mata Paulo em legí-
tima defesa. João matou Paulo em legítima defesa e não em
Pois são considerados de conduta infungível, só podendo ser razão do ajuste com Marcio (não tendo praticado fato ilícito,
praticados pelo sujeito especificamente descrito pela lei; mas apenas típico), mas por esta teoria, mesmo assim Mar-
cio responderia como partícipe do crime. Veja que João, de
OBS: Na autoria mediata não há concurso de pessoas entre
fato, matou Paulo. Contudo, o fato não é ilícito, pois João
autor mediato autor imediato, respondendo apenas o autor medi-
agiu em legítima defesa. Porém, para esta teoria, ainda que a
ato, que se valeu de alguém sem culpabilidade para a execução
conduta de João seja considerada apenas típica, mas não ilí-
do delito.
cita, Marcio deveria ser punido. O pior de tudo é que, neste
caso, Márcio, que não praticou a conduta seria punido, mas
OBS: Entretanto, é possível coautoria e também participação na
João seria absolvido pela legítima defesa.
autoria mediata, desde que haja colaboração entre os agentes
mediatos, CONTUDO , nunca haverá coautoria entre autor • Teoria da acessoriedade limitada – Exige que o fato prati-
mediato e autor imediato. cado (conduta principal) seja pelo menos uma conduta típica
e ilícita. Assim, no exemplo dado acima, a conduta do partíci-
OBS: Na coação física irresistível, não há autoria mediata, mas
pe Marcio não é punível, pois a conduta principal, apesar de
autoria direta, pois o agente que realiza a ação não possui con-
típica, não é ilícita. Veja que, para esta corrente Doutriná-
duta, já que não há vontade. Nesse caso, aquele que pratica a
ria, se o fato praticado pelo autor NÃO FOR ILÍCITO (Ain-
coação física irresistível é autor direto não imediato.
da que seja um fato típico), em razão de legítima defesa,
OBS: Admite-se a autoria mediata nos crimes próprios, mas não etc., o partícipe não deve ser punido;
nos crimes de mão própria (há alguns doutrinadores que enten-
• Teoria da acessoriedade máxima – Para esta teoria, o
dem ser possível).
partícipe só será punido se o fato for típico, ilícito e praticado
*Participação por agente culpável. Essa teoria faz exigência irrazoável, pois
a culpabilidade é uma questão pessoal do agente, não guar-
Conforme estudamos, no Brasil adotou-se o conceito restriti- dando relação com o fato. Assim, imagine que Carlos, maior
vo de autor e partícipe. Adotou-se, ainda, a teoria objetivo- de idade, seja partícipe de um roubo praticado por Lucas,
formal, de forma que podemos definir a participação como a menor de idade. Para esta corrente, Carlos não poderia
modalidade de concurso de pessoas na qual o agente colabora responder pelo roubo praticado (na qualidade de partíci-
para a prática delituosa, mas não pratica a conduta descrita no pe), pois Lucas (o autor principal) é inimputável (não tem
núcleo do tipo penal.
culpabilidade), sendo o fato apenas típico e ilícito, sem o
complemento da culpabilidade.
A participação pode ser:
• Teoria da hiperacessoriedade: Exige que, além de o fato
Moral – É aquela na qual o agente não ajuda materialmente ser típico e ilícito e o agente culpável, o autor tenha sido efe-
na prática do crime, mas instiga ou induz alguém a praticar tivamente punido para que o partícipe responda pelo crime. É
o crime. A instigação ocorre quando o partícipe age no psico- ainda mais irrazoável que a última. Imagine que José seja
lógico do autor do crime, reforçando a ideia criminosa, que já partícipe de um roubo praticado por Marcelo. No decorrer do
existe na mente deste. O induzimento, por sua vez, ocorre processo, Marcelo vem a falecer (o que gera a extinção da
quando o partícipe faz surgir a vontade criminosa na mente punibilidade de Marcelo, nos termos do CP). Para esta cor-
do autor, que não tinha pensado no delito;
rente, como houve extinção da punibilidade em relação a
Marcelo (o autor do delito), o partícipe (José) não poderá
Material – A participação material é aquela na qual o partíci- mais ser punido.
pe presta auxílio ao autor, seja fornecendo objeto para a prá-
tica do crime, seja fornecendo auxílio para a fuga, etc. É O Nosso CP não adotou expressamente nenhuma das quatro
também chamada de cumplicidade. Este auxílio não pode teorias , mas com certeza não adotou a teoria da acessoriedade
ser prestado após a consumação, salvo se o auxílio foi previ- mínima nem a teoria da hiperacessoriedade (as extremas).
amente ajustado.
A Doutrina entende que a teoria que mais se amolda ao nos-
so sistema é a teoria da acessoriedade limitada, exigindo que
Já que o partícipe não pratica a conduta descrita no núcleo
o fato seja somente típico e ilícito para que o partícipe responda
do tipo penal, como puni-lo?
A punibilidade do partícipe não
pelo crime.
pode ser realizada diretamente pela descrição do fato típico. De
fato, aquele que empresta uma arma para que alguém mate Obs: Questões interessantes em relação a participação
outra pessoa, não poderia responder por homicídio, pois o art.
121 do CP diz: ―matar alguém‖. quele que empresta a arma não A lei admite a redução da pena de 1/6 a 1/3 se a participação é
está ―matando‖, por isso se diz que não há, aqui, adequação de menor importância (art. 29, § 1° do CP). Isto não se aplica
típica imediata.
Contudo, a punibilidade do partícipe é possível às hipóteses de coautoria, mas apenas à participação;
porque há normas de extensão da adequação típica (no caso, o
art. 29 do CP), que permitem a extensão do raio de aplicação do A Doutrina admite a participação nos crimes comissivos por
tipo penal para aqueles que, de alguma forma, tenham contribuí- omissão, quando o partícipe devia e podia evitar o resultado (art.
do para o delito. Trata-se da chamada adequação típica media- 13, § 2° do CP).
ta.
Como a conduta do partícipe é considerada acessória em
relação à conduta do autor (que é principal), o partícipe é punido A participação inócua não se pune. Assim, se A empresta uma
em razão da Teoria da acessoriedade. faca a B, de forma a auxiliá-lo a matar C, e B mata C usando seu
revólver, a participação de A foi absolutamente inócua, pois em
Porém, existem quatro teorias da Acessoriedade; nada auxiliou no resultado. Da mesma forma, se A instiga B a
matar C, e B realiza a conduta porque já estava determinado a entrado na esfera de conhecimento dos demais agentes.
isso, a instigação promovida por A não teve qualquer eficácia, Imagine que A contrata B para matar C. B informa a A que
pois B já mataria C de qualquer forma.
usará de emboscada (portanto, homicídio qualificado, nos
termos do art. 121, § 2° do CP), e A concorda com isto. Nes-
Participação em cadeia é possível: Assim, se A empresta uma se caso, a circunstância o jetiva ―em oscada‖ (relativa ao
arma a B, para que este a empreste a C, a fim de que este último meio utilizado), se comunica, pois embora A não tenha usado
mate D, tanto A quanto B são partícipes do crime, por prestarem de emboscada, concordou com esta prática por B. Diversa-
auxílio material em cadeia.
mente, se B praticasse o crime mediante emboscada sem
nada comunicar ao mandante, A, esta circunstância não se
A participação em ação alheia ocorre quando o partícipe, sem comunicaria, por não ter entrado na esfera de conhecimento
qualquer liame subjetivo com o autor, contribui de maneira cul- de A;
posa para a prática do do delito. Assim, o funcionário público que
não tranca a porta da repartição ao final do expediente, e esta As elementares sempre se comunicam, sejam objetivas
vem a ser furtada por um particular na madrugada, responde por ou subjetivas – No entanto, mais uma vez se exige que es-
peculato culposo (art. 312, § 2° do CP), enquanto o particular tas elementares tenham entrado no âmbito de conhecimento
responde por furto. Não há concurso de pessoas pois falta o dos demais agentes. Imaginem que Júlio, servidor público,
liame subjetivo entre ambos (coerência de vontades). convida Marcelo a entrar na repartição onde trabalham, va-
lendo-se da condição de Júlio, para subtrair alguns computa-
Comunicabilidade das circunstâncias dores. Caso Marcelo conheça a condição de funcionário pú-
blico de Júlio, ambos respondem pelo crime de peculato-furto
O art. 30 do CP estabelece que: (art. 312, § 1° do CP). Caso Marcelo desconheça essa cir-
cunstância elementar, responde ele apenas pelo crime de fur-
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as con-
to, pois a ausência dessa circunstância faz desaparecer o
dições de caráter pessoal, salvo quando elementares do
crime de peculato-furto, mas a conduta ainda é punível como
crime. (Redação dada pela Lei no 7.209, de 11.7.1984)
furto comum.
Antes de estudarmos a comunicabilidade ou não das circunstân-
Não confundam coautoria com autoria colateral. Na coautoria,
cias, devemos diferenciar a mera circunstância da circunstância
elementar do crime. deve haver vínculo subjetivo ligando as condutas de ambos os
autores. Na ambos praticam o núcleo do tipo, mas um não age
A circunstância elementar é aquela que se refere a algo in- em acordo de vontades com o outro. Imaginem que A e B, desa-
dispensável para a caracterização do crime, Assim, a circuns- fetos de C, sem que um saiba da existência do outro, escondem-
tância ―alguém‖ no crime de homic dio, é uma elementar, pois se se atrás de árvores esperando a passagem de C, a fim de matá-
o fato for praticado contra um animal, por exemplo, não haverá lo. Quando C passa, ambos atiram, e C vem a óbito. Nesse caso,
homicídio. não houve coautoria, mas autoria colateral. Cuidado, imaginem
que o laudo identifique que apenas uma bala atingiu C, direto na
Por sua vez, a mera circunstância não é indispensável à caracte- cabeça, levando-o a óbito. Nesse caso, o laudo não conseguiu
rização do crime, pois apenas agregam um fato que, se presente, apontar de qual arma saiu a bala que matou C. Nesse caso,
aumenta ou diminui a pena. ssim, o ―motivo torpe‖ é uma cir- como não se pode definir quem efetuou o disparo fatal, ambos
cunstância não-elementar, ou mera circunstância, pois caso o respondem pelo crime de homicídio TENTADO, pois não se pode
fato seja praticado sem essa circunstância, continua a existir atribuir a nenhum deles o homicídio consumado, já que o laudo é
homicídio, no entanto, sem a qualificadora. inconclusivo quanto a isto. Este é o fenômeno da autoria incerta.
No entanto, se ambos estivessem agindo em conluio, com víncu-
Espécies de elementares e de circunstâncias : lo subjetivo, ou seja, se houvesse concurso de pessoas, ambos
responderiam por crime de homicídio CONSUMADO, pois nesse
Podem ser subjetivas (de caráter pessoal), quando relativas à caso seria irrelevante saber de qual arma partiu a bala que levou
pessoa do agente. É o caso da condição de funcionário público, C a óbito.
que é pessoal, pois se refere ao agente.
Cooperação dolosamente distinta
Podem ser, ainda, objetivas (ou de caráter real), quando se
referem ao fato criminoso em si, seu modus operandi, etc. Assim, A cooperação dolosamente distinta, também chamada de
o emprego de violência, no crime de roubo (art. 157 do CP) é ―participação em crime menos grave‖, ocorre quando am os os
uma elementar objetiva. agentes decidem praticar determinado crime, mas durante a
execução, um deles decide praticar outro crime, mais grave.
As condições pessoais não se confundem com as circuns- Nesse caso, aplica-se o art. 29, § 2° do CP:
tâncias ou elementares de caráter pessoal. As primeiras são
fatores pessoais do agente, que independem da prática da infra- Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o cri-
ção penal. Assim, o fato de o agente ser menor de 21 anos é me incide nas penas a este cominadas, na medida de
uma condição pessoal, e não uma circunstância de caráter pes- sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei no 7.209, de
soal, tampouco uma elementar. 11.7.1984)
Entretanto, se ficar comprovado que Camila podia prever que o Conceito e natureza
latrocínio era provável (se soubesse, por exemplo, que Herval
estava armado e que havia a possibilidade de ter seguranças na O concurso de crimes pode ser de três espécies: concurso
casa), a pena do crime de furto (não a do latrocínio!!) será au- formal, concurso material e crime continuado.
mentada até a metade.
A exata caracterização de cada um dos institutos é bastante
lei diz “até a metade”, logo, o aumento pode não chegar a importante, pois isso influenciará na adoção do sistema de apli-
esse patamar. O aumento de pena irá variar conforme o grau cação da pena.
de previsibilidade do crime mais grave para o qual Camila
Três também são os sistemas de aplicação da pena:
não se predispôs, mas era previsível.
OBS: CUIDADO MASTER! Existe uma questão muito controver- Sistema do cúmulo material–Aqui, ao agente é aplicada a
tida no que se refere ao concurso de pessoas, em se tratando de pena correspondente ao somatório das penas relativas a ca-
concurso de pessoas em crime culposo. da um dos crimes cometidos isoladamente. Foi adotado no
que tange ao concurso material (art. 69 do CP), no concurso
São muitas, MUITAS ideias diferentes. Cada autor inventa algu- formal impróprio ou imperfeito (art. 70, caput, 2° parte) e no
ma coisa para vender seu livro, certo? Bom, resumidamente, concurso de penas de multa (art. 72 do CP);
podemos definir a Doutrina majoritária da seguinte forma:
Sistema da exasperação – Foi acolhido no que se refere ao
COAUTORIA EM CRIMES CULPOSO – É possível, pois é concurso formal próprio ou perfeito (art. 70, caput, primeira
possível que duas pessoas, de comum acordo, resolvam praticar parte, do CP) e ao crime continuado (art. 71 do CP);
uma conduta imprudente, por exemplo. Ex.: Dois rapazes resol-
vem atirar um móvel do 10o andar de um prédio, sem intenção Sistema da absorção – Aplica-se somente a pena da infra-
de atingir ninguém, mas acabam lesionando uma pessoa. ção penal mais grave, dentre todas as praticadas, sem que
haja qualquer aumento. Foi adotado (jurisprudencialmente)
PARTICIPAÇÃO EM CRIME CULPOSO – Depende. Podemos em relação aos crimes falimentares.
estar falando de participação DOLOSA ou participação CULPO-
SA. Espécies:
DOLOSA – Não cabe participação dolosa em crime culposo, Concurso material (ou real) de crimes;
pois a Doutrina entende que não há ―unidade de vontades‖ entre
os agentes (um quer o resultado a título de dolo, e o outro, exe- Está regulado pelo art. 69 do CP:
cutor, é apenas um descuidado). ssim, não há ―v nculo su jeti-
vo‖ entre eles no que tange ao resultado. Logo, cada um respon- Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação
de por sua conduta. ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou
não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de
CULPOSA – É possível, pois é possível que alguém, por culpa, liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação
induza, instigue ou preste auxílio ao executor de uma conduta cumulativa de penas de reclusão e de detenção, execu-
tam ém culposa, e haveria ―unidade de vontades‖. ta-se primeiro aquela. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)
CUIDADO: O STJ entende que NÃO cabe nenhum tipo de
participação em crime culposo. Parte da Doutrina também § 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver
segue este entendimento. sido aplicada pena privativa de liberdade, não suspensa,
por um dos crimes, para os demais será incabível a
Obs:Por fim, o que é “multidão delinquente” ou “multidão substituição de que trata o art. 44 deste Código. (Reda-
criminosa”? São considerados pela doutrina como aqueles atos ção dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
em que inúmeras (incontáveis, uma multidão) pessoas praticam
o mesmo delito, agindo em concurso de pessoas, muitas vezes § 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direi-
sem um acordo prévio, mas cada uma aderindo tacitamente à tos, o condenado cumprirá simultaneamente as que fo-
conduta da outra. Ex.: Linchamentos, brigas de torcidas organi- rem compatíveis entre si e sucessivamente as demais.
zadas, saques a lojas ou a carretas tombadas, etc. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
A Doutrina sustenta que, mesmo nestes casos, têm-se CON- Nesse fenômeno, o agente pratica duas ou mais condutas e
CURSO DE PESSOAS, pois há vínculo subjetivo entre estas produz dois ou mais resultados. Pode ser homogêneo, quando
pessoas, ainda que tácito (não explícito). O agente que praticar o todos os crimes praticados são idênticos, ou heterogêneo, quan-
delito nestas condições, porém, deverá ter sua pena atenuada, do os crimes são diferentes.
nos termos do art. 65, e do CP, já que se trata de situação em
que há maior vulnerabilidade psicológica para que uma pessoa Esse cúmulo de penas deve ser aplicado pelo Juiz na hora da
venha a aderir a uma conduta criminosa. Por outro lado, os que sentença, se os processos tiverem sido reunidos por conexão, ou
promoverem, organizarem ou liderarem a conduta criminosa pelo Juiz da execução, caso tenham sido aplicadas as penas em
terão suas penas agravadas (art. 62, I do CP). processos diversos (nos termos do art. 66, III, a da LEP).
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omis- (...) Não há continuidade delitiva porque os crimes de falsifi-
são, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas cação de documento público e falsidade ideológica não são
condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras seme- da mesma espécie.
lhantes, devem os subseqüentes ser havidos como continuação
do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênti- (...)
cas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer
caso, de um sexto a dois terços. (Redação dada pela Lei no (AgRg no AREsp 311.775/SC, Rel. Ministra LAURITA VAZ,
7.209, de 11.7.1984) QUINTA TURMA, julgado em 27/05/2014, DJe 03/06/2014)
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, Entretanto, essa corrente entende que, além de serem tratados
cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o no mesmo dispositivo legal, devem tutelar o mesmo bem
juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta jurídico. Assim, roubo simples (art. 157) e latrocínio (art. 157, §
social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as 3° do CP) não seriam crimes da mesma espécie, pois o latrocínio
circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênti- tutela, ainda, o direito à vida, e não somente o patrimônio.
cas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as
O STJ já solidificou este entendimento:
regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Códi-
go.(Redação dada pela Lei no 7.209, de 11.7.1984) 1. Os crimes de roubo e latrocínio, apesar de serem do
mesmo gênero, não são da mesma espécie. No crime de
Duas teorias buscam explicar este instituto:
roubo, a conduta do agente ofende o patrimônio. No delito
Teoria da ficção jurídica – Para esta teoria, a continuidade de latrocínio, ocorre lesão ao patrimônio e à vida da vítima,
delitiva é uma ficção, pois, na verdade, existem diversos cri- não havendo homogeneidade de execução na prática dos
mes, tendo a Lei considerado os diversos atos como apenas um dois delitos, razão pela qual tem aplicabilidade a regra do
crime, para fins de aplicação da pena. Esta teoria foi desenvolvi- concurso material.
da por Francesco Carrara;
(...)
Teoria da realidade, ou da unidade real – Para esta teoria ,o
(HC 186.575/SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA,
crime continuado é, por sua própria natureza, um único delito,
julgado em 27/08/2013, DJe 04/09/2013)
não havendo que se falar em ficção jurídica.
Por fim, a semelhança entre os delitos deve obedecer à cone-
O nosso CP adotou a teoria da ficção jurídica, pois a conside-
xão de quatro gêneros: temporal, espacial, modal e ocasional.
ração dos diversos delitos como um único crime se dá apenas
para fins de aplicação da pena, tanto que, no que tange à A conexão temporal exige que os crimes tenham sido cometi-
prescrição, eles são considerados crimes autônomos, nos dos na mesma época. Mesma época não implica mesmo mo-
termos do art. 119 do CP. mento. A jurisprudência tem entendido que os crimes não podem
ter sido cometidos em um lapso temporal superior a 30 dias. No
Art. 119 - No caso de concurso de crimes, a extinção da punibili-
entanto, no que se refere aos crimes contra a ordem tributária, o
dade incidirá sobre a pena de cada um, isoladamente. (Redação
STF já entendeu que pode haver continuidade delitiva desde que
dada pela Lei no 7.209, de 11.7.1984)
os delitos tenham sido cometidos em lapso temporal não superior
Requisitos para a configuração do crime continuado: a 03 anos.
A Doutrina entende serem três os requisitos do crime continuado: A conexão espacial indica que, para que seja considerada con-
tinuidade delitiva, os crimes devem ser cometidos no mesmo
a) pluralidade de condutas; local. A Jurisprudência entende que a conexão espacial só estará
presente se os crimes forem cometidos na mesma cidade, ou,
b) pluralidade de crimes da mesma espécie; e no máximo, na mesma região metropolitana.
c) condições semelhantes de tempo, lugar, modo de execu- A conexão modal se verifica quando o agente pratica o crime
ção e outras semelhanças. sempre da mesma maneira, seja pelo modo de execução, pela
utilização de comparsas, etc.
Há divergência doutrinária quanto à necessidade de haver ou
não unidade de desígnio. A conexão ocasional não possui previsão expressa na Lei, mas
parte da Doutrina a entende como a necessidade de que os
A pluralidade de conduta decorre da redação do art. 71, que primeiros crimes tenham proporcionado uma ocasião que gerou
fala em ―mediante mais de uma ação ou omissão‖. a prática dos crimes subsequentes.
A pluralidade de crimes causa polêmica. O que seriam crimes Com relação à unidade de desígnios, ou seja, a necessidade
da mesma espécie? A Doutrina e a Jurisprudência não são de que todos os crimes praticados na verdade tenham sido par-
pacíficas. Parte minoritária entende que crimes da mesma espé- tes de um único projeto criminoso, a Doutrina é dividida, mas a
cie são aqueles que tutelam o mesmo bem jurídico. Assim, para maioria da Doutrina, bem como a Jurisprudência, entendem
essa corrente, furto, estelionato, apropriação indébita, etc., seri- ser necessária essa unidade de desígnios, de forma que a
am todos crimes da mesma espécie, pois seriam todos ―crimes mera reunião dos demais requisitos não configura a continuidade
contra o patrimônio‖. delitiva se os crimes foram praticados de maneira isolada, sem
nenhum vínculo entre eles. Isso significa que a maioria da Dou-
No entanto, a corrente que prevalece, inclusive no STJ, é a de trina e a Jurisprudência adotam a teoria objetivo-subjetiva,
que crimes da mesma espécie são aqueles tipificados pelo desprezando a teoria objetiva pura, que não prevê a necessidade
mesmo dispositivo legal, na forma simples, privilegiada ou de unidade de DESÍGNIOS.
qualificada, consumados ou tentados. Assim, seriam crimes
da mesma espécie roubo e roubo qualificado. Aplicação da pena no crime continuado
Existem três espécies de crime continuado: simples, qualificado aplicado a pena mínima, por exemplo (02 anos), acrescida de
e específico. Entretanto, em todos os casos se aplica o sistema determinado percentual decorrente da continuidade delitiva (1/4),
da exasperação. a prescrição é calculada tendo por base a pena aplicada, mas
sem computar o acréscimo decorrente da continuidade delitiva
No crime continuado simples, as penas dos delitos parcelares (apenas 02 anos, e não 02 anos + 1⁄4, que seria 02 anos e 06
são as mesmas. Exemplo: 10 furtos simples praticados em conti- meses).
nuidade delitiva. Nesse caso, aplica-se a pena de apenas um
deles, acrescida de 1/6 a 2/3 (varia conforme a quantidade de Para termos uma ideia de como isso influencia a prescrição, se
delitos). utilizássemos os ―dois anos e seis meses‖ como ase para o
cálculo da prescrição retroativa, ela ocorreria em 08 anos, por
No crime continuado qualificado, as penas dos delitos pratica- força do art. 109, IV do CP.
dos são diferentes, de modo que se aplica a pena do mais grave
deles, aumentada de 1/6 a 2/3.
Por fim, o crime continuado específico está previsto no § único Como devemos considerar a pena aplicada, sem o acréscimo (02
do art. 71 do CP: anos), a prescrição retroativa terá o prazo de 04 anos, por força
do art. 109, V do CP.
Art. 71 (...)
Esta previsão consta do verbete n° 497 da súmula do STF:
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas di-
ferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à QUANDO SE TRATAR DE CRIME CONTINUADO, A PRESCRI-
pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os ÇÃO REGULA-SE PELA PENA IMPOSTA NA SENTENÇA, NÃO
antecedentes, a conduta social e a personalidade do SE COMPUTANDO O ACRÉSCIMO DECORRENTE DA CON-
agente, bem como os motivos e as circunstâncias, au- TINUAÇÃO.
mentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a
mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as re-
gras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste
Código.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
SÚMULA 711
Os crimes contra a pessoa estão previstos no Título I da Parte VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts.
142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do
Especial do CP e podem ser divididos em seis grandes grupos: sistema prisional e da Força Nacional de Segurança
Pública, no exercício da função ou em decorrência
• Crimes contra a vida;
dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou paren-
• Lesões corporais;
te consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa
• Periclitação da vida e saúde;
condição: (Incluído pela Lei no 13.142, de 2015)
• Da Rixa;
• Crimes contra a honra; Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
• Crimes contra a Liberdade Individual
§ 2º-A Considera-se que há razões de condição de
Vamos estudar cada um destes subgrupos de crimes contra a sexo feminino quando o crime envolve: (Incluído pe-
pessoa isoladamente. la Lei nº 13.104, de 2015)
*Dos crimes contra a vida I - violência doméstica e familiar; (Incluído pela Lei
nº 13.104, de 2015)
Os crimes contra a vida são aqueles nos quais o bem jurídico
tutelado é a vida humana. A vida é o bem jurídico mais importan- II - menosprezo ou discriminação à condição de mu-
te do ser humano. Não é à toa que os crimes contra a vida são lher. (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
os primeiros crimes da parte especial do CP.
Homicídio culposo
A vida humana, para efeitos penais, pode ser tanto a vida intrau-
terina quanto a vida extrauterina, de forma que não só a vida de § 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de
quem já nasceu é tutelada, mas também será tutelada a vida 1965)
daqueles que ainda estão no ventre materno (nascituros).
Pena - detenção, de um a três anos.
Os arts. 121 a 123 cuidam da tutela da vida EXTRAUTERINA
(De quem já nasceu), enquanto os crimes dos arts. 124/127 Aumento de pena
tratam da tutela da vida INTRAUTERINA (Dos nascituros).
§ 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3
VAMOS LÁ; (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra
técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa
de prestar imediato socorro à vítima, não procura dimi-
Homicídio nuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar
prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é
O art. 121 do CP diz:
aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado
Homicídio simples
contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60
(sessenta) anos. (Redação dada pela Lei nº 10.741, de
Art. 121. Matar alguém:
2003)
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impuni- O bem jurídico tutelado, como disse, é a vida humana. O Homi-
cídio, entretanto, pode ocorrer nas seguintes modalidades: de tentativa, desde que, iniciada a execução, o crime não se
consume por circunstâncias alheias à vontade do agente.
a) Homicídio Simples;
b) Homicídio privilegiado (§1°);
O homicídio simples, ainda quando praticado por apenas uma
c) Homicídio qualificado (§2°);
pessoa MAS EM ATIVIDADE TÍPICA DE GRUPO DE EXTER-
MÍNIO É CRIME HEDIONDO (art. 1o, I da Lei 8.072/90).
d) Homicídio culposo (§3°);
e) Homicídio culposo majorado (§4°, primeira parte);
B) Homicídio privilegiado (§1°) 62930902337
f) Homicídio doloso majorado (§4°, segunda parte e §§ 6º e
7º); O Homicídio privilegiado possui as mesmas características do
homicídio simples, com a peculiaridade de que a motivação do
A) Homicídio simples crime, neste caso, é NOBRE. Ou seja, o crime é praticado em
circunstâncias nas quais a Lei entende que a conduta do agente
É aquele previsto no caput do art. 121 (“matar alguém”). O NÃO É TÃO GRAVE. Pode ocorrer em três situações:
sujeito ativo pode ser qualquer pessoa física, bem como
qualquer pessoa física pode ser sujeito passivo do delito. • Motivo de relevante valor social – Por exemplo, matar o
Entretanto, se o sujeito passivo for o Presidente da República, do estuprador do bairro.
Senado Federal, da Câmara dos Deputados ou do STF, e o ato
possuir cunho político, estaremos diante de um crime previsto na • Motivo de relevante valor MORAL – Por exemplo, matar por
Lei de Segurança Nacional (art. 29 da Lei 7.710/89). compaixão (eutanásia).
O tipo objetivo (conduta descrita como incriminada) é TIRAR A • Sob o domínio de violenta emoção, LOGO APÓS injusta
VIDA DE ALGUÉM. Mas para isso, precisamos saber quando se provocação da vítima – Agente pratica o crime movido por
inicia a vida humana. um sentimento de violenta raiva, imediatamente após a cri-
ação desse sentimento pela própria vítima. Ex.: Imagine
A vida humana se inicia com o início do parto. Para a maioria da que o marido mate a própria esposa após ela o ter xingado,
Doutrina, o início do parto (que gera início da vida) se dá com o afirmando que ele era um frouxo e fracassado, e que ela já
início do processo de parto, no qual o feto passa a ter contato teria dormido com toda a vizinhança. Nesse caso, se o mari-
com a vida extrauterina. do agir de supetão, dando-lhe um tiro, por exemplo, HÁ CRI-
ME DE HOMICÍDIO, mas em razão da provocação da vítima
Não há necessidade de que o feto seja viável , bastando que (injusta) que criou a violenta emoção no infrator, o crime é
fique provado que nasceu com vida, basta isso! privilegiado.
Assim, se for tirada a vida de alguém que ainda não nasceu Mas quais as consequências do crime privilegiado? A pena,
(ainda não há vida extrauterina, não há homicídio, podendo nesse caso, é diminuída de 1/6 a 1/3.
haver aborto).
CUIDADO! Se o crime for praticado em concurso de pessoas, a
Semelhantemente, se o fato for praticado contra quem já não tem circunstância pessoal (violenta emoção) não se comunica entre
mais vida (cadáver), estaremos diante de UM CRIME IMPOSSÍ- os agentes, respondendo por homicídio simples aquele que
VEL (Por absoluta impropriedade do objeto). não estava sob violenta emoção.
O homicídio pode ser praticado de forma livre (disparo de arma c) Homicídio qualificado
de fogo, facada, pancadas, etc.), podendo ser praticado de forma
comissiva (ação) ou omissiva (omissão). Como assim? Isso O homicídio qualificado é aquele para o qual se prevê uma
mesmo, pode ser que alguém responda por homicídio sem ter pena mais grave (12 a 30 anos), em razão da maior reprovabili-
agido, mas tendo se omitido. dade da conduta do agente. O homicídio será qualificado quando
for praticado:
EXEMPLO: Mãe que, mesmo sabendo que o padrasto irá matar
seu filho, nada faz para impedi-lo, ainda que pudesse agir para Mediante paga ou promessa de recompensa ou OUTRO MO-
evitar o crime sem prejuízo de sua integridade física. Neste caso, TIVO TORPE – Aqui se pune mais severamente o homicídio
se o padrasto vem a praticar o homicídio, e ficar provado que a praticado por motivo torpe, que é aquela motivação repugnante,
mãe sabia e nada fez para impedir, ela responderá por HOMICÍ- abjeta, dando-se, como exemplo, a realização do crime mediante
DIO DOLOSO (mesmo sem ter praticado qualquer ato!), na qua- paga ou promessa de recompensa. Trata-se do mercenário. Na
lidade de crime omissivo IMPRÓPRIO (recomendo a leitura modalidade de ―paga‖, o pagamento acontece antes. Na modali-
do art. 13, §2o do CP). dade ―promessa de recompensa‖, o pagamento deverá ocorrer
depois do crime, mas a sua efetiva concretização (do pagamen-
CUIDADO! O homicídio pode ser praticado, ainda, por meios to) é IRRELEVANTE. Aqui há o chamado concurso necessário,
psicológicos, não sendo obrigatório o uso de meios materiais. pois é imprescindível que pelo menos duas pessoas participem
(quem paga ou promete e quem executa).
EXEMPLO: Imagine que a filha, desejosa de ver sua mãe morta,
a fim de herdar seu patrimônio, e sabendo que a mãe possui OBS: Os Tribunais entendem que TANTO O MANDANTE
problemas cardíacos, simula uma situação de sequestro de seu QUANTO O EXECUTOR RESPONDEM PELA MODALIDADE
irmão caçula. A mãe, ao receber a ligação, tem um infarto do QUALIFICADA.
miocárdio, fulminante, vindo a óbito. Nesse caso, a conduta
dolosa e planejada da filha pode ser considerada homicídio, Doutrina diverge so re a natureza da ―recompensa‖, mas pre-
pois o meio foi hábil para alcançar o resultado pretendido. valece o entendimento de que deva ter natureza econômica,
embora a recompensa de outra natureza também possa ser
O elemento subjetivo é o dolo, não se exigindo qualquer finalida- enquadrada como ―outro motivo torpe‖ (Há interpretação ANA-
de específica de agir (dolo específico). Pode ser dolo direto ou LÓGICA aqui). ―vingança‖ pode ou não ser considerada moti-
dolo indireto (eventual ou alternativo). vo torpe, isso depende do caso concreto (posição dos Tribunais).
O crime se consuma quando a vítima vem a falecer, sendo, Por motivo fútil – Aqui temos o motivo banal, aquele no qual o
portanto, um crime material. Como o delito pode ser fracionado agente retira a vida de alguém por um motivo bobo, ridículo, ou
em vários atos (crime plurissubsistente), existe a possibilidade seja, há uma desproporção gigante entre o motivo do crime e o
bem lesado (vida). MOTIVO INJUSTO É DIFERENTE DE MOTI- exercida pelo agente. Se o crime não tem qualquer relação
VO FÚTIL. O motivo injusto é inerente ao homicídio (se fosse com a função pública exercida, não se aplica esta qualifica-
justo, não seria crime). A Doutrina majoritária entende que o dora!
crime praticado “S M M T V GUM‖ (ausência de motivo)
também é qualificado. O STJ, entretanto, vem firmando entendi- Além dos próprios agentes, o inciso VII relaciona também os
mento no sentido contrário, ou seja, de que seria homicídio parentes destes funcionários públicos (cônjuge, companheiro ou
simples. parente consanguíneo até terceiro grau). Assim, o homicídio
praticado contra qualquer destas pessoas, desde que guarde
Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou relação com a função pública do agente, será considerado quali-
outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar peri- ficado.
go comum – Aqui temos mais uma hipótese de INTERPRETA-
ÇÃO ANALÓGICA, pois o legislador dá uma série de exemplos E se houver mais de uma circunstância qualificadora (meio
e no final abre a possibilidade para que outras condutas seme- cruel motivo torpe, por exemplo)? Nesse caso, não existe
lhantes sejam punidas da mesma forma. Temos aqui, não uma HOMICÍDIO DUPLA OU TRIPLAMENTE QUALIFICADO .O cri-
qualificadora decorrente dos MOTIVOS DO CRIME, mas uma me é apenas qualificado. Se houver mais de uma qualificadora,
qualificadora decorrente dos MEIOS UTILIZADOS para a prática uma delas qualifica o crime, e a outra (ou outras) é considerada
do delito. outrina entende que a qualificadora do “empre- como agravante genérica (se houver previsão) ou circunstância
go de veneno” só incide se a vítima SABE QUE ESTÁ judicial desfavorável(art. 59 do CP), caso não seja prevista como
INGERINDO O VENENO Se a vítima NÃO souber, o crime AGRAVANTE , POSIÇÃO DO STF.
poderá ser qualificado pelo meio cruel.
E se o crime for, ao mesmo tempo, privilegiado e qualificado
OBS: A utilização de tortura como MEIO para se praticar o (praticado por relevante valor moral e mediante emprego
de
homicídio, qualifica o crime. Entretanto, se o agente pretende veneno, por exemplo)? Nesse caso, temos o chamado homicí-
TORTURAR (esse é o objetivo), mas se excede (culposamente) dio qualificado-privilegiado. Mas, CUIDADO! Isso só será
e acaba matando a vítima, NÃO HÁ HOMICÍDIO QUALIFICADO possível se a qualificadora for objetiva (relativa ao meio utiliza-
PELA TORTURA, mas TORTURA QUALIFICADA PELO RE- do), pois a circunstância privilegiadora é sempre subjetiva (relati-
SULTADO MORTE (art. 1°, §3° da Lei 9.455/97). va aos motivos do crime). Assim, um crime nunca poderá ser
praticado por motivo torpe e por motivo de relevante valo moral
À traição, de emboscada, ou qualquer outro meio que dificul- ou social, são coisas colidentes! O STF e o STJ entendem assim!
te ou torne impossível a defesa do ofendido – Nesse caso, o
crime é qualificado em razão, também, DO MEIO UTILIZADO OBS:E sendo o crime qualificado-privilegiado, será ele hedi-
,pois ele dificulta a defesa da vítima. ondo?
OBS: A idade da vítima (idoso ou criança, por exemplo), NÃO É NÃO, Pois sendo o motivo deste crime, um motivo nobre, embora
MEIO PROCURADO PELO AGENTE, LOGO não qualifica o a execução não o seja, o motivo prepondera sobre o meio utili-
crime, embora, no caso concreto, torne mais difícil a defesa, em zado, por analogia ao art. 67 do CP. POSIÇÃO MAJORITÁRIA .
alguns casos.
D) Homicídio culposo
Para assegurar a execução, ocultação, a impunidade ou
vantagem de outro crime – Aqui há o que chamamos de cone- O homicídio culposo ocorre não quando o agente quer a morte,
xão instrumental, ou seja, o agente pratica o homicídio para mas quando o agente pratica uma conduta direcionada a outro
assegurar alguma vantagem referente a outro crime, que pode fim (que pode ou não ser lícito), mas por inobservância de um
consistir na execução do outro crime, na ocultação do outro cri- dever de cuidado (negligência, imprudência ou imperícia), aca-
me, na impunidade do outro crime ou na vantagem do outro ba por causar a morte da pessoa.
crime. A conexão instrumental pode ser TELEOLÓGICA (asse-
gurar a execução FUTURA de outro crime) OU CONSE- A imprudência é a precipitação, é o ato praticado com afoba-
QUENCIAL (assegurar a ocultação, a impunidade ou a vantagem ção, típico dos AFOITOS. A negligência, por sua vez, é a im-
do outro crime, que JÁ OCORREU). O ―outro crime‖ NÃO PRE- prudência na forma omissiva, ou seja, é a ausência de precau-
CISA SER PRATICADO OU TER SIDO PRATICADO PELO ção. O agente deixa de fazer alguma coisa que deveria para
AGENTE, pode ter sido praticado por outra pessoa. evitar o ocorrido. Na imperícia, por sua vez, o agente comete o
crime por não possuir aptidão técnica para realizar o ato.
FEMINICÍDIO – Aqui teremos um homicídio qualificado em razão
de ter sido praticado contra mulher, em situação denominada de EXEMPLOS: Imagine que numa mesa de cirurgia, um MÉDICO-
―violência de gênero‖. Não asta, assim, que a v tima seja mu- CIRURGIÃO esqueça uma pinça na barriga do paciente, que
lher, deve ficar caracterizada a violência de gênero. Mas como vem a falecer em razão disso. Nesse caso, não houve imperícia,
se caracteriza a violência de gênero? O §2o-A do art. 121, pois o MÉDICO É APTO PARA REALIZAR A CIRURGIA, tendo
também incluído pela Lei 13.104/2015, estabelece que será havido negligência (o camarada não tomou os cuidados devidos
considerada violência de gênero quando o crime envolver vio- antes de dar os pontos na cirurgia). Houve, portanto, negligência.
lência doméstica e familiar ou menosprezo ou discriminação
Imaginem, agora, que no mesmo exemplo, o médico que realizou
à condição de mulher.
a conduta foi o clínico geral que não sabia fazer uma cirurgia, e
tenha feito algo errado no procedimento. Aqui sim teríamos impe-
rícia.
CONTRA AGENTES DE SEGURANÇA E DAS FORÇAS AR-
OBS: Não existe compensação de culpas! Assim, se a vítima
MADAS – O homic dio tam ém será considerado ―qualificado‖
também contribuiu para o resultado, o agente responde mesmo
quando for praticado contra integrantes das Forças Armadas
assim, mas essa circunstância (culpa da vítima) será considera-
(Marinha, Exército e Aeronáutica), das forças de segurança pú-
da em favor do réu na fixação da pena.
blica (Polícias federal, rodoviária federal, ferroviária federal, civil,
militar e corpo de bombeiros militar), dos agentes do sistema EXEMPLO: Imagine que Rodrigo esteja dirigindo sua Ferrari a
prisional (agentes penitenciários) e integrantes da Força Nacional 300 km/h na Av. Paulista, de madrugada, acreditando que não
de Segurança. Contudo, não basta que o homicídio seja pratica- vai atropelar ninguém, porque é muito ― om de roda‖ (Imprudên-
do contra alguma destas pessoas para que seja qualificado, é cia). Eis que, de repente, Nathalia atravessa a rua com o sinal
necessário que o crime tenha sido praticado em razão da função
fechado para ela (imprudência), vindo a ser atropelada por Ro- Instigação ou auxílio ao suicídio
drigo, falecendo. Nesse caso, Rodrigo responderá por homicídio
culposo, sim, mas o fato de Nathalia ter agido com culpa tam- Este crime está previsto no art. 122 do CP. Vejamos:
bém, será considerado favoravelmente a Rodrigo quando da
fi ação da pena ase (―comportamento da v tima‖, art. 59 do CP).
Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a pra-
CUIDADO! Apenas para fins de registro, o homicídio culposo na ticar automutilação ou prestar-lhe auxílio material para que o
direção de veículo automotor, desde o advento da Lei 9.503/97, é faça: (Redação dada pela Lei nº 13.968, de 2019)
crime previsto no art. 302 da referida lei (Código de Trânsi-
to).
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois)
e) Homicídio majorado
O homicídio pode ser majorado (ter a anos. (Redação dada pela Lei nº 13.968, de 2019)
pena aumentada) no caso de ter sido cometido em algumas
circunstâncias. São elas:
§ 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resul-
No homicídio culposo (aumento de 1/3): ta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, nos termos
dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Código: (Incluído pela Lei nº
Resulta de inobservância de regra técnica ou profissão, arte 13.968, de 2019)
ou ofício
Se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima
Não procura diminuir as consequências de seu ato
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. (Incluído pela
Foge para evitar prisão em flagrante
Lei nº 13.968, de 2019)
No homicídio doloso:
§ 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação re-
Se o crime for cometido contra pessoa menor de 14 anos ou sulta morte: (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
maior de 60 anos (aumento de 1/3)
Se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. (Incluído pela
prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermí-
Lei nº 13.968, de 2019)
nio (aumento de 1/3 até a metade)
Se o crime, no caso de FEMINICÍDIO, for praticado:
§ 3º A pena é duplicada: (Incluído pela Lei nº 13.968, de
a) durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao 2019)
parto;
b) contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60
(sessenta) anos ou com deficiência; I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fú-
c) na presença de descendente ou de ascendente da vítima til; (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
(aumento de 1/3 até a metade).
Perdão Judicial
§ 5o - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer
poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da infra- causa, a capacidade de resistência. (Incluído pela Lei nº 13.968,
ção atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção de 2019)
penal se torne desnecessária. (Incluído pela Lei no 6.416, de
24.5.1977)
§ 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é rea-
Em determinados crimes o Estado confere o perdão ao infra- lizada por meio da rede de computadores, de rede social ou
tor (Não confundir perdão judicial com perdão do ofendido), por transmitida em tempo real. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
entender que a aplicação da pena não é necessária. É o cha-
mado “perdão judicial”. É o que ocorre, por exemplo, no caso
de homicídio culposo no qual o infrator tenha perdido alguém § 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder
querido. ou coordenador de grupo ou de rede virtual. (Incluído pela Lei nº
13.968, de 2019)
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá
deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da infra-
ção atingirem o próprio agente de forma tão grave que a
§ 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em
sanção penal se torne desnecessária. (Incluído pela Lei
lesão corporal de natureza gravíssima e é cometido contra menor
nº 6.416, de 24.5.1977)
de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por enfermidade ou defi-
ciência mental, não tem o necessário discernimento para a práti-
ca do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer
Então, nesse caso, ocorrendo o perdão judicial, também estará resistência, responde o agente pelo crime descrito no § 2º do art.
extinta a punibilidade. Além disso, o art. 120 do CP diz que se 129 deste Código. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
houver o perdão judicial, esta sentença que concede o perdão
judicial não é considerada para fins de reincidência.
§ 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido
O perdão judicial, diferentemente do perdão do ofendido, contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem não tem o
não precisa ser aceito pelo infrator para produzir seus efei- necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qual-
tos. A sentença que concede o perdão judicial é declaratória da quer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o
extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito conde- agente pelo crime de homicídio, nos termos do art. 121 deste
natório (Conforme súmula n° 18 do STJ). Código. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
agente tenha induzido, instigado ou auxiliado a vítima a se matar,
O suicídio é a eliminação direta e voluntária da própria vida. O ou lesão corporal ou tentativa de lesão corporal (leve, grave ou
suicídio não é crime (ou sua tentativa), mas a conduta do gravíssima, a depender do resultado), se o agente tiver induzido,
terceiro que auxilia outra pessoa a se matar (material ou moral- instigado ou auxiliado a vítima a se automutilar. Daí, o legislador
mente) é crime. Ademais, o legislador também passou a conside- ter previsto no §6º que se a conduta do agente se volta contra
rar crime a conduta do terceiro de participar da automutilação de vítima menor de 14 anos, enferma ou deficiente mental sem
outrem. discernimento e a vítima sofre lesão corporal gravíssima, o crime
será de lesão corporal gravíssima. Da mesma forma, o §7º prevê
Aqui, a participação no suicídio ou na automutilação de outrem a responsabilidade penal do agente pelo crime de homicídio se a
não é uma conduta acessória (porque o suicídio não é crime!), vítima menor de 14 anos, enferma ou deficiente mental sem
mas conduta principal, ou seja, o próprio núcleo do tipo penal. discernimento vier a morrer. Esses parágrafos apenas positiva-
Assim, quem auxilia outra pessoa a se matar não é partícipe ram o que já era entendimento uniforme na doutrina acerca do
deste crime, mas AUTOR. tema.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, e é admitido o concur- O parágrafo quarto prevê outra causa de aumento de pena, caso
so de pessoas (duas ou mais pessoas se reunirem para auxilia- em que a pena será aumentada ATÉ o dobro. No parágrafo
rem outra a se suicidar). No entanto, somente a PESSOA QUE anterior, as causas de aumento de pana geram acréscimo da
POSSUA ALGUM DISCERNIMENTO pode ser sujeito passivo pena EM DOBRO, E NÃO ATÉ O DOBRO. A causa de aumento
do crime, eis que se a pessoa (suicida) não tiver qualquer dis- incide se o crime for cometido em ambiente virtual.
cernimento, estaremos diante de um homicídio, tendo o agente
se valido da ausência de autocontrole da vítima para induzi-la a O parágrafo quinto prevê causa de aumento de pena, caso em
se matar (sem que esta quisesse esse resultado). Pessoa sem que a pena será aumentada da metade, em desfavor do líder do
discernimento, a exemplo do doente mental inimputável e do ambiente virtual em que é praticado o crime. Observe-se que o
menor de 14 anos, não será vítima desse crime. agente que figurar como líder do ambiente virtual se sujeitará às
à causa de aumento de pena do parágrafo anterior e a esta cu-
EXEMPLO: Imagine que A, desejando a morte de B (um doente mulativamente.
mental, completamente alienado), o induz a se jogar do 20° an-
dar de um prédio, B, maluco (coitado!), se joga, achando que é o
―superman‖. Nesse caso, não houve instigação ou induzimento
ao suicídio, mas HOMICÍDIO, pois A se valeu da ausência de O motivo Se a vítima é menor ou tem diminuída a capacidade
discernimento de B para matá-lo. de resistência (Se a vítima não tem nenhum discernimento, é
homicídio, lembram-se?)
• induzimento – O agente faz nascer na vítima a ideia de se
matar.
Infanticídio
• Instigação – O agente reforça a ideia já existente na cabeça O infanticídio é o crime mediante o qual a mãe, sob influência
do estado puerperal, mata o próprio filho recém-nascido,
da vítima, que está pensando em se matar
durante ou logo após o parto:
• Auxílio – O agente presta algum tipo de auxílio material à
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o
vítima (empresta uma arma de fogo, por exemplo)
próprio filho, durante o parto ou logo após:
O elemento subjetivo exigido é o dolo, não sendo admitido na
Pena - detenção, de dois a seis anos.
forma culposa. É possível a prática do crime mediante dolo even-
tual. Imagine o pai que coloca a filha, jovem grávida, para fora de O objeto jurídico tutelado aqui também é a vida humana. Trata-
casa, sabendo que a filha é descontrolada e havia ameaçado se se, na verdade, de uma “espécie de homicídio” que recebe
matar, não se importando como resultado (não é pacífico na punição mais branda em razão da comprovação científica acerca
Doutrina). dos transtornos que o estado puerperal pode causar na mãe.
A consumação é bastante discutida na Doutrina, mas vem se O sujeito ativo, aqui, somente pode ser a mãe da vítima, e
fixando o seguinte entendimento: ainda, desde que esteja sob influência do estado puerperal
(CRIME PRÓPRIO). O sujeito passivo é o ser humano, recém-
• A vítima não morre e sofre apenas lesão leve ou nada
nascido, logo após o parto ou durante ele.
sofre – Crime consumado na forma simples (pena de 06 me-
ses a 02 anos de reclusão) CUIDADO! Embora seja crime próprio, é plenamente admissí-
vel o concurso de agentes, que responderão por infanticídio
• Vítima não morre, mas sofre lesões graves ou gravíssi-
(desde que conheçam a condição do agente, de mãe da vítima),
mas– Crime consumado na forma qualificada do parágrafo
nos termos do art. 30 do CP.
primeiro (pena de 01 a 03 anos de reclusão)
É necessário que a gestante pratique o fato sob a influência do
• Vítima morre – Crime consumado na forma qualificada do
estado puerperal e que esse estado emocional seja a causa do
parágrafo segundo (pena de 02 a 06 anos de reclusão)
fato. Mas até quando vai o estado puerperal? Não há certeza
O parágrafo terceiro prevê causas de aumento de pena, casos médica, devendo ser objeto de perícia no caso concreto.
O crime
em que a pena será aplicada em dobro. No primeiro caso, a só é admitido na forma dolosa (dolo direto e dolo eventual), não
causa de aumento de pena consiste em ter o agente praticado o sendo admitido na forma culposa. A pergunta que fica é: E se a
crime por motivo egoístico, torpe ou fútil. O motivo egoístico é mãe, durante o estado puerperal, culposamente mata o pró-
aquele que atende a um interesse exclusivo do próprio agente prio filho? Nesse caso, temos simplesmente um homicídio cul-
em clara afronta ao direito de terceiro. O motivo torpe é o abjeto. poso.
O motivo fútil, por seu turno, é o insignificante. A segunda causa
de aumento de pena se dá quando a vítima tem reduzida a ca- E se a mãe, por equívoco, acaba por matar filho de outra
pacidade de entendimento. Importante destacar que, como já pessoa (confunde com seu próprio filho)? Nesse caso, res-
dito, se a vítima não tiver nenhuma capacidade de discerni- ponde normalmente por infanticídio, como se tivesse praticado o
mento o crime será homicídio ou tentativa de homicídio, caso o delito efetivamente contra seu filho, por se tratar de erro sobre a
pessoa (nos termos do art. 20, §3o do CP).
O crime se consuma com a morte da criança e a tentativa é ple- Aqui, embora o aborto seja praticado por terceiro, há o consenti-
namente possível. mento da gestante. Trata-se da figura do camarada que praticou
o aborto na gestante, com a concordância ou a pedido desta.
Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento
A gestante responde pelo crime do art. 124 e o terceiro res-
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir ponde por este delito.
que outrem lho provoque:
Como disse a vocês, o consentimento só é válido (de forma a
Pena - detenção, de um a três anos. caracterizar ESTE crime) quando a gestante tem condições de
manifestar vontade. Quando a gestante não tiver condições de
Nesse caso, o sujeito ativo só pode ser a mãe (gestante). No manifestar a própria vontade, ou o faz em razão de ter sido en-
caso de estarmos diante da segunda hipótese (permitir que outra ganada pela fraude do agente, o crime cometido (pelo agente,
pessoa pratique o aborto em si), o crime é praticado somente não pela gestante) é o do art. 125, conforme podemos extrair da
pela mãe, respondendo o terceiro pelo crime do art. 126 (Exce- redação do art. 125 c/c art. 126, § único do CP.
ção à teoria monista, que é a teoria segundo a qual os compar-
sas devem responder pelo mesmo crime). Assim, este crime é O sujeito ativo aqui pode ser qualquer pessoa, COM EXCEÇÃO
um crime DE MÃO PRÓPRIA. DA PRÓPRIA GESTANTE! O sujeito passivo é apenas o feto.
O sujeito passivo é o feto (nascituro).
Como se vê, pode ser O elemento subjetivo aqui, como nos demais casos de aborto, é
praticado de duas formas distintas: SOMENTE O DOLO.
• Gestante pratica o aborto em si própria
O crime se consuma com a morte do feto, podendo ocorrer a
modalidade tentada, quando, embora praticada a conduta, o feto
• Gestante permite que outra pessoa pratique o aborto não falece, sobrevivendo.
nela.
OBS: Se no aborto provocado por terceiro (arts. 125 e 126), em
O crime só é punido na forma dolosa. Se o aborto é culposo, decorrência dos meios utilizados pelo terceiro, ou em decorrência
a gestante não comete crime (Ex.: Gestante pratica esportes do aborto em si, a gestante sofre lesão corporal grave, as penas
radicais, vindo a se acidentar e causar a morte do filho). são aumentadas de 1/3; se sobrevém a morte da gestante as
penas são duplicadas. Vejamos:
O crime se consuma com a morte do feto, é claro. A tentativa é
plenamente possível. Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anterio-
res são aumentadas de um terço, se, em conseqüência
Aborto praticado por terceiro sem o consentimento da ges- do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a
tante gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são
duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobre-
Nesse crime o terceiro pratica o aborto na gestante, sem que vém a morte.
esta concorde com a conduta. Vejamos o que diz o art. 125:
O aborto PRATICADO POR MÉDICO, quando for a única forma
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da de salvar a VIDA da gestante, ou QUANDO A GESTAÇÃO
gestante: Pena - reclusão, de três a dez anos. FOR DECORRENTE DE ESTUPRO (e houver prévia autorização
da gestante), NÃO É CRIME:
A conduta aqui é bem simples, não havendo muitas observações
a se fazer.
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:
Não é necessário que se trate de um médico, podendo ser prati-
cado por qualquer pessoa (CRIME COMUM). O sujeito passivo, Aborto necessário
aqui, como em todos os outros delitos de aborto, é o feto. Entre-
tanto, nesse crime específico também será vítima (sujeito I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
passivo) a gestante.
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
Embora o crime ocorra quando não houver o consentimento da
gestante, também ocorrerá o crime quando o consentimento for II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é prece-
prestado por quem não possua condições de prestá-lo (menor dido de consentimento da gestante ou, quando incapaz,
de 14 anos, ou alienada mental), ou se o parte do agente (infra- de seu representante legal.
tor). consentimento é obtido mediante fraude por O crime se
consuma com a morte do feto, sendo plenamente possível a Não se exige que haja sentença reconhecendo o estupro; basta
tentativa. que haja, ao menos, boletim de ocorrência registrado na Delega-
cia.
Se o agente pretende matar a mãe, sabendo que está grávida, e
ambos os resultados ocorrem, responderá por ambos os crimes OBS: Atualmente o STF entende que o aborto de fetos anencéfa-
(homicídio e aborto) em concurso. los (ou anencefálicos, ou seja, sem cérebro ou com má-formação
cerebral) não é crime, estando criada, jurisprudencialmente,mais
Aborto praticado com o consentimento da gestante uma exceção. Ver: ADPF 54 / DF (STF)
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da ges- Obs: Ação Penal
tante:
TODOS os crimes contra VIDA são de ação PENAL PÚBLICA
Pena - reclusão, de um a quatro anos. INCONDICIONADA.
Lesão corporal de natureza grave
Violência Doméstica (Incluído pela Lei nº 10.886, de
2004)
§ 1º Se resulta:
§ 9º Se a lesão for praticada contra ascendente, des-
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais cendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com
de trinta dias; quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevale-
cendo-se o agente das relações domésticas, de coabi-
II - perigo de vida; tação ou de hospitalidade: (Redação dada pela Lei nº
11.340, de 2006)
III - debilidade permanente de membro, sentido ou fun-
ção; Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Re-
dação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)
IV - aceleração de parto:
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1º a 3º deste artigo, se
Pena - reclusão, de um a cinco anos. as circunstâncias são as indicadas no § 9º deste artigo,
aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). (Incluído pela Lei
§ 2° Se resulta:
nº 10.886, de 2004)
I - Incapacidade permanente para o trabalho;
§ 11. Na hipótese do § 9º deste artigo, a pena será au-
II - enfermidade incurável; mentada de um terço se o crime for cometido contra
pessoa portadora de deficiência. (Incluído pela Lei nº
III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função; 11.340, de 2006)
Há, ainda, a figura da lesão corporal privilegiada, que ocorre em b) Por milícia privada ou grupo de extermínio.
duas situações:
ATENÇÃO:A Lei 13.142/15 incluiu o §12 no art. 129 do CP,
• Agente comete o crime movido por relevante valor moral trazendo uma NOVA CAUSA DE AUMENTO DE PENA. A pena
ou social, ou movido por violenta emoção, logo em se- será aumentada de 1/3 a 2/3 se o crime de lesões corporais for
guida à injusta provocação da vítima – A pena é diminuída praticado contra integrantes das Forças Armadas (Marinha,
de 1/6 a 1/3 (aplicam-se as mesmas considerações acerca do Exército e Aeronáutica), das forças de segurança pública (Polí-
homicídio privilegiado).
cias federal, rodoviária federal, ferroviária federal, civil, militar e
corpo de bombeiros militar), dos agentes do sistema prisional
• Não sendo graves as lesões: (agentes penitenciários) e integrantes da Força Nacional de
Segurança. Contudo, não basta que o crime seja praticado con-
a) Ocorrer a situação anterior; ou tra alguma destas pessoas para a causa de aumento de pena
seja aplicada, é necessário que o crime tenha sido praticado em
b) se tratar de lesões recíprocas entre infrator e ofendido
razão da função exercida pelo agente. Se o crime não tem
qualquer relação com a função pública exercida, não se
A lesão corporal na modalidade culposa está prevista no §6° aplica esta causa de aumento de pena!
do art. 129, e é praticada quando há violação a um dever objetivo
de cuidado (negligência, imprudência ou imperícia). Lembrando Além dos próprios agentes, o §12 relaciona também os parentes
que o crime de lesões corporais culposas em direção de veí- destes funcionários públicos (cônjuge, companheiro ou parente
culo automotor é crime especial, previsto no CTB, logo, não consanguíneo até terceiro grau). Assim, o crime de lesões corpo-
se aplica o CP nesse caso.
É possível, ainda, que havendo rais praticado contra qualquer destas pessoas, desde que guarde
lesão corporal culposa, o Juiz conceda o perdão judicial ao relação com a função pública do agente, será majorado (haverá
infrator, conforme também ocorre no homicídio culposo, quando aplicação da causa de aumento de pena).
as consequências do crime atingirem o infrator de tal forma que a
pena se torne desnecessária. Periclitação da vida e saúde
Finalizando o crime de lesões corporais o CP tra da violência Aqui o CP cuida de crimes de “perigo”, ou seja, atos praticados
doméstica. A violência doméstica é aquela praticada em face de pelo agente que, embora não causando danos, expõem a perigo
ascendente, descendente, irmão, cônjuge, companheiro, pessoa de dano outra ou outras pessoas. Temos aqui, portanto, crimes
com quem conviva, OU TENHA CONVIVIDO, ou, ainda, quando FORMAIS, pois a ocorrência do dano é irrelevante para a con-
o agente se prevalece de relações domésticas de convivência ou sumação destes delitos.
hospitalidade.
Alguns Doutrinadores entendem que há, nos crimes deste capítu-
Em casos como este, a pena é de 03 meses a 03 anos. Além lo, crimes de perigo concreto (em que se exige demonstração de
disso: quem sofreu a exposição real de perigo de dano) e crimes de
perigo abstrato (nos quais a lei presume que a conduta exponha
• SE O CRIME FOR QUALIFICADO (LESÕES GRAVES, a perigo de dano, não sendo necessário provar que alguém foi
GRAVÍSSIMAS OU MORTE) – A PENA É AUMENTADA DE exposto a este risco).
1/3.
O debate existe, pois parte da Doutrina entende que os crimes
• SE A VÍTIMA DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA, NO CASO DO de perigo abstrato não foram recepcionados pela Constituição,
§9°, É PORTADORA DE DEFICIÊNCIA (FÍSICA OU MEN- pois, pelo PRINCÍPIO DA LESIVIDADE, uma conduta só pode
TAL) – A PENA É AUMENTADA DE 1/3.
ser penalmente tutelada se causar dano ou pelo menos perigo
concreto de dano a alguém.
Em caso de violência doméstica, só se aplicam as disposições
específicas se a lesão for dolosa. Se a lesão for culposa, a regra Vamos analisar cada um dos delitos:
é a mesma das lesões comuns (não domésticas).
Perigo de Contágio venéreo
OBS: No crime de violência doméstica, é possível o enquadra- Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais
mento, por exemplo, da Babá, que se prevalece da convivência ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia vené-
com a criança para agredi-la.
rea, de que sabe ou deve saber que está contaminado:
OBS: Nos crimes de lesão corporal, a AÇÃO PENAL É PÚBLI- Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
CA INCONDICIONADA.
§ 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia: Pe-
No entanto, em caso de LESÃO LEVE OU LESÃO CORPO- na - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
RAL CULPOSA, A AÇÃO SERÁ PÚBLICA CONDICIONADA À
REPRESENTAÇÃO (art. 88 da Lei 9.099/95).
§ 2º - Somente se procede mediante representação.
Nesse crime, tutela-se a saúde da pessoa (alguns Doutrinadores mal), não se exigindo que o resultado ocorra (contaminação).
entendem que se tutela também a vida).
A tentativa é admissível.
Sujeito ativo e passivo podem ser qualquer pessoa. Parte da
Doutrina entende que o crime é próprio, pois exige do sujeito Se o resultado ocorrer, duas situações podem se mostrar:
ativo uma condição especial (estar contaminado com moléstia
grave que possa ser transmitida sexualmente). • A doença que contaminou a vítima causou lesão leve –
Nesse caso, fica absorvida pelo crime de perigo de contágio
O tipo objetivo (conduta) é a prática de relação sexual ou ato de moléstia grave.
libidinoso, por pessoa portadora de moléstia venérea com outra
pessoa, expondo-a a risco de se contaminar. • A doença que contaminou a vítima causou lesões graves
ou a morte – O agente responde por estes crimes (lesões
O CP não diz o que é moléstia venérea (NORMA PENAL EM corporais graves ou morte).
BRANCO), devendo a norma ser complementada, o que ocorre
mediante portaria do Ministério da Saúde. ELEMENTO SUBJETIVO ESPECÍFICO (OU DOLO ESPECÍFI-
CO OU ESPECIAL FIM DE AGIR)
É IRRELEVANTE SE A OUTRA PESSOA CONCORDA!
A ação penal aqui é PÚBLICA INCONDICIONADA.
A Doutrina entende que ela não pode dispor de sua saúde, sen-
do, portanto, irrelevante a anuência da vítima (CONTROVERTI- Perigo para a vida ou saúde de outrem
DO ISTO).
Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo
A efetiva contaminação é irrelevante para a consumação do direto e iminente:
delito, que se dá com a mera ocorrência da relação, que é o ato
que gera a exposição a perigo. A tentativa é possível, pois o Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não
crime é plurissubsistente. O elemento subjetivo exigido é o dolo constitui crime mais grave.
(direto ou eventual). Não se exige o dolo de QUERER CONTA-
MINAR (dolo específico), mas apenas o dolo de querer MANTER Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um
RELAÇÕES SEXUAIS, pouco importando se o agente quer ou terço se a exposição da vida ou da saúde de outrem a
não contaminar o parceiro. Não se admite na forma culposa. perigo decorre do transporte de pessoas para a presta-
ção de serviços em estabelecimentos de qualquer natu-
Embora não se exija um dolo específico do agente, caso o infra- reza, em desacordo com as normas legais. ( Incluído
tor possua intenção de efetivamente contaminar a vítima, incidirá pela Lei nº 9.777, de 29.12.1998)
a qualificadora do §1° (pena mais grave).
Trata-se da conduta da pessoa que, mediante qualquer ação ou
A ação penal neste crime é PÚBLICA CONDICIONADA À omissão, expõe a perigo a vida ou a saúde de outra pessoa.
REPRESENTAÇÃO. Pode ser na forma omissiva, como disse, quando o infrator deixa
de fazer algo para evitar a exposição de perigo (Patrão que deixa
OBS: A transmissão do vírus da AIDS não caracteriza este de fornecer equipamentos de segurança, por exemplo).
delito. Segundo a doutrina majoritária, tal conduta poderá carac-
terizar perigo de contágio de moléstia grave, lesão corporal grave Os sujeitos, ativo e passivo, podem ser quaisquer pessoas.
ou homicídio, a depender do dolo do agente e do resultado obti- O elemento subjetivo exigido é o dolo, mas não o dolo de causar
do (há FORTE divergência doutrinária). CUNHA, Rogério San- dano, e sim o dolo de expor a perigo (intenção meramente de
ches. Op. Cit., p. 122. praticar o ato que gera o perigo). Não se admite na forma culpo-
sa.
Perigo de contágio de moléstia grave
Se o agente pratica o ato como meio para obter um resultado
Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem mo- mais grave (tentativa de homicídio, por exemplo), responde pelo
léstia grave de que está contaminado, ato capaz de pro- crime mais grave (Trata-se, aqui, de um crime subsidiário, con-
duzir o contágio: forme podemos ver da redação do art., que fala ―se o fato não
constitui crime mais grave‖).
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
O crime se consuma com a mera exposição da vítima ao RISCO
O bem jurídico tutelado aqui também é a saúde da pessoa, en- DE DANO (perigo). Caso o resultado ocorra, duas hipóteses
tendendo alguns autores que a vida também é tutelada nesse podem ocorrer:
tipo penal.
• O resultado gera um delito mais grave – Responde pelo
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, desde que contamina- delito mais grave.
da com moléstia grave (crime PRÓPRIO). Essa é a posição
predominante. Sujeito passivo pode ser qualquer pessoa QUE • O resultado é menos grave do que o crime de exposição
NÃO ESTEJA CONTAMINADA PELA MESMA MOLÉSTIA. a perigo – Responde pelo crime de exposição a perigo.
O elemento subjetivo aqui exigido é o dolo, mas exige-se, ainda, Na forma comissiva (mediante uma ação), o crime é plurissubsis-
o chamado, que consiste numa vontade além da mera vontade tente (pode ser fracionado em vários atos), admitindo, portanto, a
de praticar o ato que expõe a perigo. Aqui o CP exige que o tentativa.
agente QUEIRA TRANSMITIR A DOENÇA. Havendo necessi-
dade de que o AGENTE QUEIRA O RESULTADO, NÃO CABE O crime possui, ainda, uma causa de aumento de pena, prevista
DOLO EVENTUAL, tampouco CULPA. no § único, que incidirá sempre que o crime ocorrer em decor-
rência de transporte irregular de pessoas para prestação de
Não se exige que o agente se utilize da relação sexual para serviços em estabelecimentos.
transmitir a moléstia grave, podendo ser QUALQUER MEIO
APTO PARA TRANSMITIR A DOENÇA. EXEMPLO: Transporte de ― oias-frias‖ na caçam a do cami-
nhão, sem qualquer proteção.
O crime se consuma com a mera realização do ato (crime for-
Abandono de incapaz
Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se
guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e
incapaz de defender-se dos riscos resultantes do aban- triplicada, se resulta a morte.
dono:
Pena - detenção, de seis meses a três anos. Aqui o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa (CRIME COMUM),
§ 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de nature- podendo ser qualquer pessoa, também, o sujeito passivo, desde
za grave: Pena - reclusão, de um a cinco anos. que se enquadre numa das situações previstas no tipo penal.
§ 2º - Se resulta a morte: Não há necessidade de que haja nenhum vínculo específico
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. entre os sujeitos.
Aumento de pena
§ 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se A conduta somente pode ser praticada na forma omissiva (Crime
de um terço: omissivo puro).
I - se o abandono ocorre em lugar ermo;
II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, Com relação ao CONCURSO DE AGENTES, a Doutrina se divi-
irmão, tutor ou curador da vítima. de:
III - se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos (Incluído
1 – Parte entende que NÃO HÁ POSSIBILIDADE DE COAU-
pela Lei nº 10.741, de 2003)
TORIA OU PARTICIPAÇÃO (Concurso de agentes), pois
TODAS AS PESSOAS PRATICAM O NÚCLEO DO TIPO, DE
A conduta punida aqui é a de deixar ao relento pessoa incapaz MANEIRA AUTÔNOMA.
que esteja sob a guarda do agente, de forma a proteger a vida e
2 – Outra parte da Doutrina entende que é possível tanto a coau-
a integridade daquele que não tem meio de se proteger.
toria quanto a participação, quando, por exemplo, duas pessoas
O crime é PRÓPRIO, pois se exige que o sujeito ativo tenha uma combinam de não socorrer a vítima, de forma que poderia haver
qualidade especial: Ter o dever de guarda e vigilância da pessoa concurso de pessoas, na modalidade de coautoria, mas é
abandonada. minoritário.
condição de ―incapaz‖ não é a mesma que se tem no direito 3 – A Doutrina ligeiramente majoritária entende que é possível
civil. Incapaz, para os fins deste delito é qualquer pessoa que PARTICIPAÇÃO, mas NÃO COAUTORIA.
não tenha condições de se proteger sozinha, seja ela incapaz
A Doutrina exige, ainda, que o sujeito ativo esteja PRESENTE na
civilmente ou não.
situação de perigo, ou seja, que esteja presenciando a situação
O elemento subjetivo é o dolo, consistente na intenção de aban- em que a vítima se encontra e deixe de prestar socorro, QUAN-
donar o incapaz, causando perigo a ele, ainda que não se pre- DO PODIA FAZER ISTO SEM CRIAR RISCO PARA SI. Assim,
tenda que com ele aconteça qualquer coisa. Não se admite na se o agente apenas sabe que outra pessoa está em risco, mas
forma culposa. não se move até o lugar para salvá-la, não há crime de omissão
de socorro (Só egoísmo mesmo, rs.).
Caso o agente tenha dolo de produzir algum dano (abando-
nou o incapaz para que lhe ocorresse algo de ruim, como a Além disso, aquele que causou a situação de perigo de dano,
morte), responderá pelo crime na modalidade tentada (caso NÃO RESPONDE PELO CRIME, pois seria um absurdo punir
o resultado não ocorra) ou consumada, caso o resultado alguém por criar uma situação e por não socorrer a vítima.
ocorra.
EXEMPLO: Imagine que A esfaqueie B, com vontade de matar, e
A consumação do delito se dá com o mero ato de abandonar o o veja agonizando, mas nada faça para salvá-lo. Nesse caso, A
incapaz, sendo indiferente, para a consumação do delito, a ocor- responderá apenas pelo homicídio (consumado ou tentado), mas
rência de algum dano. não pela omissão de socorro.
No entanto, caso ocorram lesões graves, ou morte, as penas O agente pode praticar a conduta de duas formas:
serão diferentes, conforme previsão dos §§ 1° e 2° do CP (For-
• Deixando de prestar o socorro imediato à pessoa
mas qualificadas pelo resultado).
• Caso não possa fazê-lo, deixando de comunicar à autori-
Poderá, ainda, haver uma causa de aumento de pena (de 1/3),
dade pública para que proceda ao socorro da pessoa
caso:
O AGENTE NÃO PODE ESCOLHER! Se ele tem condições de
• O abandono ocorra em local ermo (deserto)
� prestar o socorro, deve prestá-lo, não podendo escolher por
chamar o socorro da autoridade pública.
• O agente for ascendente (pai, mãe), descendente (filho,
neto), irmão, cônjuge, tutor ou curador da vítima, se a ví- O elemento subjetivo é o dolo (que pode ser direto ou eventual),
tima possuir mais de 60 anos não se admitindo na forma culposa.
Exposição ou abandono de recém-nascido O crime se consuma quando o agente efetivamente se omite
na prestação do socorro e, sendo um crime omissivo pró-
Omissão de socorro
prio, não admite tentativa.
Nos termos do art. 135 do CP:
Doutrina entende que no caso de ―criança a andonada ou
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possí- e traviada‖, o perigo é presumido (perigo concreto), devendo ser
vel fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou provada, nos demais casos, a efetiva exposição, da pessoa não
extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desampa- socorrida, a perigo.
ro ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses
O § único traz uma causa de aumento de pena, que estabele-
casos, o socorro da autoridade pública:
ce o aumento da pena em METADE, caso ocorra lesões graves
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. na pessoa que não foi socorrida, ou, no caso de sobrevir a
morte da pessoa não socorrida, a pena será TRIPLICADA.
A Doutrina exige que se comprove que o socorro (não prestado Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
pelo agente) tivesse o condão de evitar estes resultados para
que se apliquem as causas de aumento de pena. § 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é pra-
ticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos. (Inclu-
A omissão de socorro nos acidentes de trânsito (caso o ído pela Lei no 8.069, de 1990)
agente esteja envolvido no acidente) é regulada pelo CTB.
Caso o agente não tenha se envolvido no acidente, tendo ape- O crime de maus-tratos é um crime PRÓPRIO (só pode ser
nas presenciado pessoa que necessitava de ajuda por ter se praticado por quem detenha a guarda ou vigilância da vítima).
envolvido em acidente de trânsito, responde pelo art. 135 do
CP. Tutela-se, aqui, a saúde e a vida da pessoa sob guarda ou vigi-
lância de outrem.
EXEMPLO: José se envolve num acidente de trânsito com Julia-
na. Juliana fica em situação crítica, mas José, que saiu bem, se O elemento subjetivo exigido é o dolo, devendo haver A FINALI-
omite no socorro. Marcelo, que passava pelo local, também se DADE ESPECIAL DE AGIR (Dolo específico), consistente NA
omite. Nesse caso, José responde pelo delito previsto no CTB e INTENÇÃO DE EDUCAR, ENSINAR, TRATA OU CUSTODIAR.
Marcelo pelo delito do art. 135 do CP. Não se admite, obviamente, na forma culposa.
A omissão de socorro à pessoa idosa é crime específico O tipo objetivo (conduta incriminada) é PLURINUCLEAR, ou
previsto no Estatuto do Idoso. seja, o crime pode ser praticado de diversas maneiras diferentes:
Condicionamento de atendimento médico-hospitalar emer- Assim, se o agente, mediante alguma destas condutas, expõe a
gencial (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012). perigo de lesão (à saúde ou à vida) pessoa sob sua guarda, e o
faz, COM A INTENÇÃO específica prevista no tipo penal, comete
Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou o crime em estudo.
qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio de
formulários administrativos, como condição para o aten- O momento da consumação varia conforme cada uma das moda-
dimento médico-hospitalar emergencial: (Incluído pela lidades de conduta possíveis. Se a conduta for comissiva (prati-
Lei nº 12.653, de 2012). car alguma lesão), o crime se consuma com efetiva ocorrência
da lesão, podendo haver tentativa, em razão de ser o crime plu-
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e mul- rissubsistente, ou seja, é possível que o agente venha a ser
ta. (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012). impedido de consumar o delito no momento em que estava pres-
tes a praticá-lo.
Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se da
negativa de atendimento resulta lesão corporal de natu- Em se tratando de conduta omissiva, não há possibilidade
reza grave, e até o triplo se resulta a morte. (Incluído pe- de tentativa (deixar de alimentar, deixar de prestar cuidados
la Lei no 12.653, de 2012). básicos, etc.). A Doutrina majoritária exige, ainda, que no caso
de ―dei ar de alimentar‖a conduta seja HABITUAL,ou seja, deve
Ainda não há forte Doutrina sobre o tema, mas entende-se que o ocorrer frequentemente, não configurando o crime o castigo de
sujeito ativo, no caso, seria o responsável pelo estabelecimento. ―dei ar sem jantar‖, por e emplo.
É de se ressaltar que a conduta somente será típica no caso Os §§ 1° e 2° trazem hipóteses nas quais a conduta do agente
de se tratar de atendimento EMERGENCIAL. A exigência não acaba por causar lesões graves ou morte. No primeiro caso
precisa ser, necessariamente, de garantia financeira, pode se (lesões graves), a pena será de 1 a 4 anos. No segundo caso
tratar de exigência de preenchimento de formulários administrati- (morte) a pena será de 4 a 12 anos.
vos, de forma que se verifica que o tipo penal pretende abarcar
uma gama elevada de condutas. Mas e se o agente apenas causar lesões leves? Entende-se
que as lesões leves estão englobadas neste tipo penal, ficando
Percebam que o § único traz causa especial de aumento de absorvidas por ele. Assim, havendo lesões leves, a pena é a
pena, elevando-se a pena aplicada até o DOBRO no caso de prevista no caput do artigo.
LESÃO GRAVE e até o TRIPLO, no caso de MORTE.
O § 3° traz UMA CAUSA DE AUMENTO DE PENA, no caso de
Maus-tratos a vítima ser menor de 14 anos (a pena é aumentada 1/3).
Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa Ação penal
sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de
educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privan- Nos crimes de Periclitação da vida e saúde, somente o crime de
do-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer perigo de contágio de doença VENÉREA é crime de ação pe-
sujeitando- a a trabalho excessivo ou inadequado, quer nal CONDICIONADA à representação. TODOS OS DEMAIS
abusando de meios de correção ou disciplina: SÃO CRIMES DE AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA.
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza gra- O capítulo IV do Título I do CP pune apenas o crime de rixa, que
ve: pode ser conceituado como a briga, contenda, entre MAIS DE
DUAS PESSOAS, cada um agindo por conta própria, na qual há
Pena - reclusão, de um a quatro anos. prática de vias- de-fato ou violência recíproca. Aqui, o CP visa a
evitar que o delito fique impune, por não se saber quem deu
§ 2º - Se resulta a morte: início à briga (pois se não houvesse o crime de rixa, e não se
soubesse quem deu início às agressões, não seria possível con-
denar ninguém).
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa. Os crimes contra a honra são aqueles nos quais o bem jurídico
tutelado é a honra do ofendido, seja em sua dimensão subjetiva
Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de ou objetiva:
natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação na
rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos. Honra subjetiva – É o sentimento de apreço pessoal que a
pessoa tem de si mesma;
O elemento subjetivo, obviamente, é o dolo, não se punindo a
conduta culposa. Honra objetiva – É o apreço que os outros têm pela pessoa.
Parte da Doutrina entende que os participantes da rixa são, ao É ligada à imagem da pessoa perante o corpo social.
mesmo tempo, sujeito ativo e sujeito passivo do delito (em razão
das mútuas agressões). Contudo, eles nunca serão sujeitos Os crimes contra a honra são, nos termos do CP, três:
ativos e sujeitos passivos da mesma conduta criminosa.
Cada um será sujeito ativo na sua agressão e sujeito passivo • Calúnia
na agressão do outro. • Injúria
• Difamação
A Doutrina exige que haja três ou mais pessoas se agredindo
mutuamente. Se for possível definir dois grupos contendores Vamos estudar cada um deles individualmente e, após, veremos
(brigas de torcidas organizadas, por exemplo), cada grupo res- algumas disposições gerais, aplicáveis a todos eles.
ponderá pelas lesões corporais. Não é necessário contato físico
Calúnia
(pode ser praticado à distância, jogando pedras, paus, etc.).
A calúnia é a imputação falsa de crime a alguma pessoa, e está
Além disso, é plenamente possível o concurso de pessoas. Aliás,
prevista no art. 138 do CP. Vejamos:
o crime é de CONCURSO NECESSÁRIO, pois necessariamente
deve ser praticado por mais de duas pessoas. A participação Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente
pode ocorrer tanto na forma material (quem empresta um pedaço fato definido como crime:
de pau, por exemplo)
quanto moral (quem incentiva os conten-
dores). Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
O elemento subjetivo é o dolo de participar da rixa, salvo se É muito comum os leigos confundirem calúnia com injúria e difa-
entrar nela para separar os brigões. Não há previsão de modali- mação, mas vocês não
dade culposa.
Na calúnia, o bem jurídico tutelado é a HONRA OBJETIVA do
A consumação se dá com o início da rixa, ou com a entrada do ofendido, pois o que está em jogo é a sua imagem perante a
agente na rixa, com a efetiva troca de agressões ou vias-de-fato sociedade, perante o grupo que o rodeia.
entre os rixosos. A ocorrência de lesões é mero exaurimento,
irrelevante para a consumação do delito. Por ser crime que se O tipo objetivo é a conduta de imputar a alguém falsamente fato
consuma num único ato (unissubsistente), não há possibilidade definido como crime, e essa conduta pode ser praticada somen-
de tentativa. te na forma comissiva, não se admitindo na forma omissiva.
Entretanto, não se exige que seja realizada mediante palavras
O § único prevê a forma qualificada, que ocorrerá caso sobreve- (escritas ou faladas), podendo ser realizada mediante gestos,
nha a ALGUMA PESSOA (que participa ou não da rixa), lesão insinuações (calúnia reflexa), etc.
grave ou morte. Nesse caso, a pena será de seis meses a dois
anos. Ou seja, qualquer meio apto para provocar a calúnia é admissível
como forma de realização do núcleo do tipo penal.
Entretanto, todos os participantes da rixa respondem pela
forma qualificada ou somente aqueles (ou aquele) que efeti- A calúnia pode ocorrer quando o fato imputado não ocorreu ou
vamente causaram as lesões graves ou morte? É bastante quando mesmo tendo ocorrido, não foi o caluniado o seu au-
dividido na Doutrina, existindo várias posições. PREVALECE O tor.
ENTENDIMENTO DE QUE todos os participantes da rixa
respondem na modalidade qualificada. Qualquer pessoa, em regra, pode praticar o delito (sujeito
ativo). Entretanto, em alguns casos, algumas pessoas gozam de
Entendimento doutrinário majoritário: Se o agente que deu imunidade material, não praticando crime quando caluniam al-
causa à lesão ou morte for perfeitamente identificável, ele deverá guém no exercício da profissão (parlamentares, por exemplo). O
responder por este delito em concurso com a rixa SIMPLES. Os sujeito passivo também pode ser qualquer pessoa, não se exi-
demais respondem pela rixa qualificada. Há quem entenda que gindo nenhuma qualidade especial. Até os mortos podem ser
todo mundo responde pela rixa qualificada, apenas. caluniados (quando se atribui a eles a prática de crime quando
em vida, óbvio!), mas os sujeitos 9passivos, nesse caso, SÃO
A Doutrina (majoritária) entende que mesmo se o agente se SEUS FAMILIARES. Nos termos do § 2° do art. 138 do CP:
retirou da rixa antes da ocorrência da lesão grave ou morte,
responde pela forma qualificada, pois a sua conduta contribuiu Art. 138 (...)
para a existência da rixa. Entretanto, se o agente entrou na
rixa apenas após a ocorrência das lesões graves ou morte, § 2º - É punível a calúnia contra os mortos.
responde por rixa simples.
Mas, professor, então o inimputável não pode ser caluniado,
A ação penal é pública incondicionada. pois não comete crime? ERRADO! A Doutrina não é unânime,
mas mesmo aqueles que entendem que o crime é tripartido (fato
típico, ilícito e culpável) entendem que o inimputável pode ser que o direito que o sujeito ativo possui de provar que o fato que
caluniado, pois o art. 138 não diz ―imputar a alguém falsamente ele imputa ao sujeito passivo, de fato, ocorreu.
crime‖, mas diz ―imputar a alguém fato definido como crime‖.
Assim, não se exige que o ofendido seja culpável (imputável), Entretanto, existem casos em que não se admite a prova da
bastando que o fato que lhe está sendo imputado seja definido, verdade.
abstratamente, como crime.
Nos termos do §3° do art. 138:
O elemento subjetivo do tipo é o dolo, não se admitindo a
calúnia culposa. Entretanto, devo lembrar a vocês a figura do § 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:
dolo eventual. Assim, se alguém imputa a outrem fato definido
como crime, mesmo sem intenção de caluniá-lo, mas sabendo I - se, constituindo o fato imputado crime de ação priva-
que é provável que o fato não tenha ocorrido (dolo eventual), da, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrí-
pouco se importando com as consequências de seu ato, comete- vel;
rá o crime.
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indica-
Mas e se alguém não comete o crime com a intenção de das no nº I do art. 141;
caluniar, mas apenas para fazer uma brincadeira? Nesse
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o
caso, não há crime. É necessária a intenção de caluniar, não se
ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.
punindo a conduta daquele que age com intenção de brincar
(animus jocandi) ou de narrar o fato (caso da testemunha, por Assim, não se admite prova da verdade:
exemplo, que age com animus narrandi).
No caso de crime de ação penal privada, se não houve ainda
Se o agente imputa a si mesmo fato definido como crime, de sentença irrecorrível – Assim, se o ofendido ainda está res-
maneira falsa (autocalúnia), poderá estar praticando o crime de pondendo a processo criminal, não pode o caluniador alegar a
autoacusação falsa (art. 341 do CP), mas não calúnia! exceção da verdade
A calúnia contra o Presidente da República, por questões políti- No caso de a calúnia se dirigir ao Presidente da República ou
cas, configura crime contra a segurança nacional (Lei 7.170/83). chefe de governo estrangeiro.
O § 1° do art. 138 traz, ainda, a figura equiparada, que é a de No caso de crime de ação penal pública, CASO O CALUNIA-
propalar ou divulgar calúnia, sabendo que o fato é falso: DO JÁ TENHA SIDO ABSOLVIDO POR SENTENÇA PENAL
TRANSITADA EM JULGADO
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a
imputação, a propala ou divulga. Parte da Doutrina, com fundamento no art. 523 do CPP, vem
admitindo a chamada exceção de notoriedade, ou seja, é pos-
Nessa modalidade (equiparada), só se admite o dolo direto, e
sível ao caluniador provar que o fato que ele imputa ao ofendido
não eventual (pois o tipo diz ―sa endo falsa‖, o que e clui o dolo
já é do conhecimento de todos, não havendo, portanto, qualquer
eventual). O crime se consuma com a divulgação da calúnia a
lesividade em sua conduta.
um terceiro. Não basta, portanto, que somente o sujeito ativo e
o sujeito passivo tenham conhecimento da calúnia, pois, como Difamação
disse, tutela-se a honra objetiva, sendo necessário que alguém
além dos sujeitos da infração chegue a ter conhecimento da A difamação, à semelhança da calúnia, também tem como bem
calúnia, sob pena de termos um indiferente penal. jurídico tutelado a HONRA OBJETIVA do ofendido. Nos termos
do art. 139 do CP:
Trata-se de um CRIME FORMAL, não se exigindo que a honra
objetiva da vítima seja, de fato, atingida. Como assim? Imagine Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo
que o infrator impute ao sujeito passivo um fato definido como à sua reputação:
crime, levando ao conhecimento de algumas pessoas esse fato.
Imaginem, agora, que estas pessoas não acreditem no calu- Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
niador, pois sabem da retidão e da lisura do ofendido. Nesse
caso, não houve resultado naturalístico, pois a honra objetiva Reparem que há uma diferença BRUTAL em relação à calúnia.
do sujeito passivo não foi atingida. Aqui, o fato imputado ao ofendido não é crime, mas apenas
ofensivo à sua reputação.
ISSO É IRRELEVANTE PARA A CONSUMAÇÃO DO DELITO!
EXEMPLO: Imagine que Manoel espalhe para a vizinhança que
Ah, então quer dizer que não cabe tentativa? Cleiton anda saindo com um travesti (Nada contra, hein galera,
só que Cleiton é ―espada‖). Nesse caso, não haverá cal nia, pois
Eu não disse isso!! o fato não é crime, mas difamação.
Não se esqueçam de que é POSSÍVEL A TENTATIVA NOS O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. Temos, portanto, um
CRIMES FORMAIS!
CRIME COMUM. O sujeito passivo também pode ser qualquer
Mas como, se o crime se consuma com a prática da conduta, pessoa, não se exigindo qualquer qualidade da vítima.
não havendo resultado? Ora, sempre que pudermos fracionar a
conduta (iter criminis), poderemos ter tentativa. ! CUIDADO! Não se pune a difamação contra os mortos!
EXEMPLO: Imagine que Rodrigo encaminhe para Sabrina uma O tipo subjetivo aqui também é o dolo (direto ou eventual), não
carta contendo um fato calunioso em relação à Débora. Imagine, se admitindo a forma culposa.
agora, que Débora intercepte a carta antes que ela chegue ao
conhecimento de Sabrina (terceiro). Nesse caso, houve tentativa. A consumação também se dá quando UM TERCEIRO TOMA
CONHECIMENTO DO FATO DIFAMATÓRIO, independente-
Admite-se, neste crime, a chamada exceptio veritatis, ou, em mente de acreditar ou não no fato (lesão à honra objetiva).
bom Português , EXCEÇÃO DA VERDADE, que nada mais é
A tentativa é possível na forma escrita (fracionamento do iter § 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato,
criminis). que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se con-
siderem aviltantes:
CUIDADO! A exceção da verdade, aqui, SÓ É ADMITIDA SE O
OFENDIDO É FUNCIONÁRIO PÚBLICO e a difamação se refere Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além
ao exercício das funções. Nos termos do § único do art. 139: da pena correspondente à violência.
Parágrafo único - A exceção da verdade somente se É necessário que o agente, nesse crime, POSSUA A FINALI-
admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é DADE ESPECIAL DE AGIR (elemento subjetivo específico),
relativa ao exercício de suas funções. consistente na intenção de ofender. Imagine que Roberto dê
um tapa no rosto de Victor, apenas para machucá-lo, sem inten-
A exemplo do que ocorre no tipo de calúnia, no crime de difama- ção de ofender (animus injuriandi). Nesse caso, haverá apenas
ção, parte da Doutrina vem sustentando que não se deve punir lesão corporal, e não injúria, pois ausente a intenção de humi-
aquela pessoa que simplesmente repete o que todo mundo já lhar.
sabe (EXCEÇÃO DE NOTORIEDADE).
A Doutrina (majoritária) entende que há CONCURSO MATERIAL
Injúria entre o crime de lesão corporal e o crime de injúria se o agente
pretende praticar ambos (ou seja, se o agente quer lesionar e
Diferentemente dos dois primeiros tipos penais, a injúria não também quer injuriar). Se não há desígnios autônomos em
busca tutelar a honra objetiva, mas a HONRA SUBJETIVA DO relação a cada um dos resultados, o concurso será FOR-
OFENDIDO. MAL. Caso haja apenas vias-de-fato (tapa leve, sem lesões), a
contravenção (vias-de-fato) fica absorvida pela injúria.
Nos termos do art. 140 do CP:
O § 3°, por sua vez, traz a INJÚRIA QUALIFICADA, que é uma
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou modalidade de injúria para a qual a lei prevê uma pena mais
o decoro: grave, em razão da maior reprovabilidade da conduta.
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Vejamos:
EXEMPLO: Imagine que Ricardo ofenda Carol, chamando-a de § 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos re-
pobretona fedorenta. Nesse caso, o que está sendo violada não ferentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condi-
é a honra objetiva de Carol (sua imagem perante a sociedade), ção de pessoa idosa ou portadora de deficiência: (Re-
mas sua honra subjetiva (seu sentimento de apreço pessoal), dação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
pois a ofensa tem por finalidade fazê-la sentir-se inferior, diminu-
ída. Pena - reclusão de um a três anos e multa. (Incluído pe-
la Lei nº 9.459, de 1997)
Sujeito ativo e passivo também podem ser qualquer pessoa, não
se exigindo nenhuma qualidade especial. Aqui, a intenção do agente é ofender! Não confundam com o
crime de RACISMO, no qual o infrator pratica uma espécie de
Outra diferença gritante refere-se ao objeto da ofensa. Aqui não segregação, de forma a marginalizar determinada pessoa em
se trata de um FATO, mas da emissão de um conceito depre- razão de alguma condição pessoal (Crimes da Lei 7.716/89).
ciativo sobre o ofendido (piranha, fedorento, safado, etc.).
EXEMPLO: Se Marcela xinga Juliana, chamando-a de favelada
Aqui, diferentemente do que ocorre na difamação e na calúnia, fedorenta (origem da pessoa), pratica crime de injúria qualificada.
não se exige que um terceiro tome conhecimento da ofensa, pois Agora, imagine que Marcela proíba Juliana de adentrar em sua
o que se tutela é a honra subjetiva, sendo necessário que a pró- loja, aberta ao público, apenas pelo fato de esta pessoa ser ne-
pria VÍTIMA TOME CONHECIMENTO DAS OFENSAS. gra. Nesse caso, há racismo, pois a ofensa se dá de forma indi-
reta, mediante a prática de algum ato discriminatório.
Da mesma forma que os demais, o CRIME É FORMAL, ou seja,
se consuma com a chegada da ofensa ao conhecimento da víti- A Doutrina não admite o perdão judicial na injúria qualificada
ma, independentemente do fato de esta se sentir ou não ofendi- nem na injúria real.
da (resultado naturalístico dispensável). Da mesma forma, cabe
tentativa no caso de ofensa escrita.6688029 Disposições comuns
ATENÇÃO! Na injúria NUNCA se admite prova da verdade (ex- * Se o crime for cometido contra o Presidente da República ou
ceptio veritatis). chefe de governo estrangeiro, contra funcionário público (no
exercício da função), na presença de várias pessoas ou por
O § 1° estabelece duas hipóteses que a Doutrina classifica como meio que facilite a divulgação ou, ainda, contra pessoa maior
PERDÃO JUDICIAL. É o caso da provocação e da retorsão: de 60 anos ou deficiente (salvo no caso da injúria), a pena do
agente é aumentada em 1/3.
§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:
* Se o crime for cometido mediante paga ou promessa de re-
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou di-
compensa, a pena é aplicada em DOBRO.
retamente a injúria;
* A injúria ou difamação não é punível se realizada em juízo,
II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra
pela parte ou seu procurador (com a finalidade de defender
injúria.
seu direito), se decorre de mera crítica literária, artística ou
O § 2° traz o que se chama de INJÚRIA REAL, pois há contato científica (salvo se inequívoca intenção de injuriar), ou se rea-
físico, de forma que a intenção do agente seja humilhar o ofendi- lizada pelo funcionário público na avaliação e emissão de
do através do contato físico (tapa na cara humilhante, por exem- conceito acerca de informação que preste no exercício da
plo): função. Entretanto, quem dá publicidade à primeira e terceira
hipótese, responde pelo crime.
* Se o querelado (infrator) antes da sentença (da sentença de
primeiro grau!) se retrata da CALÚNIA OU DIFAMAÇÃO
(Não da injúria!) fica ISENTO DE PENA.
Aumento de pena
Se o crime é praticado mediante concurso de mais de três pes- Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante se-
soas ou há emprego de arma (qualquer arma, e não necessaria- questro ou cárcere privado:
Pena - reclusão, de um a
mente arma de fogo), a pena é aplicada em dobro, conforme §1°. três anos.
Se na execução o infrator se utilizar de violência, causando le- § 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos:
sões na vítima, responderá cumulativamente pelo constrangi-
mento ilegal e pela violência aplicada (§2°), em CONCURSO I - se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou
MATERIAL. companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta) anos;
(Redação dada pela Lei nº 11.106, de 2005)
Entretanto, o constrangimento (ato de coagir pessoa a fazer
alguma coisa que não queira) não é punido se praticado pelo II - se o crime é praticado mediante internação da vítima
médico, para salvar a vida do paciente (quando este não em casa de saúde ou hospital;
queira), ou se o agente impede o suicídio de alguém (§3°).
III - se a privação da liberdade dura mais de 15 (quinze)
(a) Ameaça
dias.
Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou ges- IV - se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito)
to, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal anos; (Incluído pela Lei nº 11.106, de 2005)
injusto e grave:
V - se o crime é praticado com fins libidinosos. (Incluído
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
pela Lei nº 11.106,
Parágrafo único - Somente se procede mediante repre-
sentação. § 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou
da natureza da detenção, grave sofrimento físico ou mo-
A ameaça é o crime pelo qual uma pessoa faz promessa de ral:
realização futura (é claro) de um mal grave e injusto a outra pes-
soa. O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa (crime comum), Pena - reclusão, de dois a oito anos.
sendo sujeito passivo também qualquer pessoa, exigindo-se,
apenas, que tenha capacidade de entender o caráter da ameaça
(potencialidade intimidativa).
Aqui se incrimina a conduta de quem priva a liberdade de loco-
Pode ser praticado de diversas maneiras (palavras, escritos, moção de outra pessoa. Sujeito ativo e passivo podem ser
gestos), podendo ser e pl cita (―Eu vou te matar‖) ou impl cita quaisquer pessoas.
(―Eu, se fosse você, faria um seguro de vida para sua fam lia...‖).
O crime pode ser praticado por ação, omissão e até mesmo por
Pode ser direta (quando se promete causar o mal à
promete fraude (o agente induz a vítima a erro). Devemos, entretanto,
causar mal a vítima da ameaça) ou indireta (quando se à terceira distinguir sequestro de cárcere privado:
pessoa).
• Sequestro – A privação da liberdade não implica em confi-
Por fim, a ameaça pode ser: namento da vítima em recinto fechado;
• Incondicionada – Quando o agente simplesmente ameaça
• Cárcere privado – É espécie do gênero sequestro, mas
de fazer o mal injusto e grave: ―Eu vou matar você!‖;
exige que a vítima fique confinada em recinto fechado.
O
• Condicionada – Quando o mal prometido pelo agente só elemento subjetivo é o dolo, consistente na vontade de privar
ocorrerá so determinadas condiç es: ―Se você não operar a vítima de sua liberdade. Se o crime tem outra finalidade,
meu filho direito, eu vou te matar‖ além da intenção de privar da liberdade, poderá configurar
outro crime (Por exemplo: Extorsão mediante sequestro).
O mal deve ser injusto, ou seja, contrário ao direito. Não come- Não há modalidade culposa.
O crime se consuma no mo-
te o crime, por exemplo, quem promete comparecer à dele- mento em que a vítima tem sua liberdade de ir e vir privada.
gacia para registrar ocorrência em face de seu agressor, Entretanto, por se tratar de crime permanente, a consumação
pois esse é um direito que lhe assiste. se prolonga no tempo, cessando apenas com a libertação da
vítima.
O mal deve ser, ainda, grave, ou seja, deve ser capaz de causar
verdadeiro temor na vítima. A gravidade deve ser analisada no E se durante esse tempo sobrevier lei mais grave? Aplica-se
caso concreto, pois cada pessoa tem uma sensibilidade própria, a lei mais grave, por ter entrado em vigor quando o crime
de forma que o que é ameaça grave para uma pessoa, poderá ainda estava se consumando. A questão hoje está sumulada
não o ser para outra. no STF (Súmula n° 711 do STF).
Os §§1° e 2° trazem duas
qualificadoras. A primeira incidirá no caso de o crime ser pratica-
O elemento subjetivo exigido é o dolo, consistente na VONTADE
do:
62930902337
DE AMEAÇAR, independentemente de o agente pretender, ou
não, cumprir a ameaça. Não se admite na forma culposa. Contra ascendente, descendente, cônjuge ou companhei-
A consumação se dá com a chegada da ameaça ao conhecimen- ro do infrator, ou contra pessoa maior de 60 anos
to da vítima. Em regra, não cabe tentativa, mas ela é admitida no Mediante internação em casa de saúde ou hospital
caso de ameaça escrita. Por mais de 15 dias
Contra menor de 18 anos
Parte da Doutrina (Minoritaríssima), entende que, na prática,
nunca cabe tentativa, pois como se trata de crime de AÇÃO Com fins libidinosos (sexuais)
Ocorrendo uma destas hipóte-
PENAL PÚBLICA CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO, a ses, a pena será de 2 a 5 anos.
A segunda qualificadora incide
vítima deveria tomar conhecimento da ameaça para poder repre-
no caso de resultar à vítima grave
sofrimento físico ou moral, impedir ou dificultar a saída destes do local
O §2° traz
EM RAZÃO DE MAUS-TRATOS OU DA NATUREZA DA PRI- uma causa de aumento de pena (aumenta-se a pena em me-
VAÇÃO DA LIBERDADE. Nesse caso, a pena será de 2 a 8 tade), caso o crime seja praticado contra criança ou adoles-
anos.
cente, ou por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, reli-
gião ou origem.
Redução à condição análoga à de escravo
Dos crimes contra a inviolabilidade do domicílio, da correspon-
Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de es- dência e dos segredos
cravo, quer submetendo- o a trabalhos forçados ou a
jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degra- Por se tratarem de crimes parecidos, vou abordá-los neste mes-
dantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer mo tópico, explicando-os através de um quadrinho esquemático.
meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com
o empregador ou preposto: (Redação dada pela Lei nº Tráfico de Pessoas (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016)
10.803, de 11.12.2003) (Vigência)
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da Art. 149-A. Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transfe-
pena correspondente à violência. (Redação dada pela rir, comprar, alojar ou acolher pessoa, mediante grave
Lei nº 10.803, de 11.12.2003) ameaça, violência, coação, fraude ou abuso, com a finali-
dade de: (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei
nº 10.803, de 11.12.2003)
I - cerceia o uso de qualquer I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo;
meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
de retê-lo no local de trabalho; (Incluído pela Lei nº
10.803, de 11.12.2003) II - submetê-la a trabalho em condições análogas à de es-
cravo; (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
II - mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou
se apodera de documentos ou objetos pessoais do tra- III - submetê-la a qualquer tipo de servidão; (Incluído pela
balhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho. (In- Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
cluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
IV - adoção ilegal; ou (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016)
§ 2º A pena é aumentada de metade, se o crime é co- (Vigência)
metido: (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
II - aposento ocupado de habitação coletiva; § 3º - Se o agente comete o crime, com abuso de fun-
ção em serviço postal, telegráfico, radioelétrico ou tele-
III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce fônico:
profissão ou atividade.
Pena - detenção, de um a três anos.
§ 5º - Não se compreendem na expressão "casa":
§ 4º - Somente se procede mediante representação,
I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação coleti- salvo nos casos do § 1º, IV, e do § 3º.
va, enquanto aberta, salvo a restrição do nº II do parágrafo an-
terior;
Art. 153 - Divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo de do- Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
cumento particular ou de correspondência confidencial, de (Incluído pela Lei no 9.983, de 2000)
que é destinatário ou detentor, e cuja divulgação possa pro-
§ 2º Quando resultar prejuízo para a Administração Pú-
duzir dano a outrem:
blica, a ação penal será incondicionada. (Incluído pela
Lei no 9.983, de 2000)
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Percebam que o crime do art. 153 é de ação penal pública
§ 1º Somente se procede mediante representação. (Parágra-
CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO, conforme consta no
fo único renumerado pela Lei nº 7 9.983, de 2000)
§1º. § 1º Na mesma pena incorre quem produz, oferece, dis-
tribui, vende ou difunde dispositivo ou programa de
Contudo, se dessa divulgação resulta dano à administração computador com o intuito de permitir a prática da condu-
pública, o crime será de AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICI- ta definida no caput. (Incluído pela Lei nº 12.737, de
ONADA. 2012) Vigência
Isso significa que, no primeiro caso, o MP necessitará de uma § 2º Aumenta-se a pena de um sexto a um terço se da
―autorização‖ da v tima para que possa denunciar o infrator (a invasão resulta prejuízo econômico. (Incluído pela Lei nº
chamada representação). No segundo caso, não há necessidade 12.737, de 2012) Vigência
desta representação.
§ 3º Se da invasão resultar a obtenção de conteúdo de
Finalizando os crimes de inviolabilidade dos segredos, temos o comunicações eletrônicas privadas, segredos comerci-
crime de violação de segredo profissional. Nos termos do art. 154 ais ou industriais, informações sigilosas, assim definidas
do CP: em lei, ou o controle remoto não autorizado do dispositi-
vo invadido: (Incluído pela Lei no 12.737, de 2012) Vi-
Art. 154 - Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de gência
que tem ciência em razão de função, ministério, ofício
ou profissão, e cuja revelação possa produzir dano a ou- Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
trem: multa, se a conduta não constitui crime mais grave. (In-
cluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Parágrafo único - Somente se procede mediante repre- § 4º Na hipótese do § 3º, aumenta-se a pena de um a
sentação. dois terços se houver divulgação, comercialização ou
transmissão a terceiro, a qualquer título, dos dados ou
Aqui temos um crime próprio, pois somente aquele que tem informações obtidos. (Incluído pela Lei nº 12.737, de
ciência do segredo em razão de função, ministério (Padre, 2012) Vigência
por exemplo), ofício ou profissão (médico), pode praticar o delito.
O sujeito passivo será aquele que for exposto a perigo de dano § 5º Aumenta-se a pena de um terço à metade se o cri-
com a divulgação do segredo, podendo ser qualquer pessoa. me for praticado contra: (Incluído pela Lei nº 12.737, de
2012) Vigência
• Dirigente máximo da administração direta e indireta fede- Existe ainda o capítulo VIII, mas este não prevê figuras típico-
penais, apenas estabelece algumas regrinhas gerais aplicá-
ral, estadual, municipal ou do DF
O art. 154-B, por fim, es-
veis aos crimes contra o patrimônio.
tabelece que a ação penal para este delito é, em regra, PÚ-
BLICA CONDICIONADA. Contudo, se o crime for cometido Vamos estudar os crimes contra o patrimônio dividindo-os de
contra a administração pública (direta ou indireta de qual- acordo com os capítulos do CP, para aperfeiçoarmos o aprendi-
quer esfera federativa), ou contra empresas concessioná- zado de vocês!
rias de serviços públicos, em que a ação penal será PÚ-
BLICA INCONDICIONADA. Furto
Furto qualificado
• Destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da CUIDADO! Muito se discutiu a respeito da possibilidade de apli-
coisa – Aquela conduta do agente que destrói ou rompe um cação, ao furto, da majorante prevista para o roubo, no que tange
obstáculo colocado de forma a impedir o furto (Há parcela da ao concurso de pessoas. Isso porque o concurso de pessoas, no
Doutrina que inclui, no conceito de obstáculo, os cães de roubo, apenas é causa de aumento de pena. Já no furto é causa
guarda.)
que qualifica o delito (mais grave, portanto). Assim, boa parte da
doutrina entendia que ao invés de aplicar a qualificadora o Juiz
Ex.: Quebra de cadeado. Se a violência for exercida contra o deveria apenas aumentar a pena, valendo- se, por analogia, da
próprio bem furtado, não há a qualificadora (ex.: Quebrar o causa de aumento de pena do roubo. Isso, contudo, foi rechaça-
vidro do carro para furtar o próprio carro). do pelo STJ, que editou o verbete sumular de no 442. Vejamos:
• Abuso de confiança, fraude, escalada ou destreza – No Súmula 442 do STJ
abuso de confiança o agente se aproveita da confiança nele
depositada, de forma que o proprietário não exerce vigilância É inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo concurso de
sobre o bem, por confiar no infrator. Na fraude o infrator em- agentes, a majorante do roubo.
prega algum artifício para enganar o agente e furtá-lo. Não se
deve confundir com o estelionato. No estelionato o agente OBS: Furto de folha de cheque em branco – Há divergência
emprega algum ardil, artifício para fazer com que a vítima lhe doutrinária e jurisprudencial a respeito. Entretanto, prevalece no
entregue a vantagem. Aqui o agente emprega o artifício para STJ o entendimento de que a mera subtração da folha de che-
criar a situação que lhe permita subtrair a coisa (ex.: Cama- que, em branco, não caracteriza furto, por possuir valor insig-
rada se veste de instalador da TV a Cabo para, mediante a nificante. Se o agente, entretanto, preenche a folha fraudulenta-
enganação realizada, adentrar na casa e furtar alguns per- mente e,
praticará o delito de estelionato. Neste caso, existem
tences). Na escalada o agente realiza um esforço fora do duas correntes (somente para aqueles que entendem que há
comum para superar uma barreira física (ex.: Saltar um muro caracterização do furto na subtração):
ALTO). Vale ressaltar, contudo, que a Doutrina entende que a
superação da barreira pode se dar de qualquer forma, não a) O estelionato absorve o furto;
apenas pelo alto (ex.: Escavação de um túnel subterrâneo),
desde que não ocorra a destruição da barreira (Neste caso, b) Há concurso material entre o furto e o estelionato. Embora
teríamos a qualificadora do rompimento de obstáculo). Na haja divergência, prevalece a tese de que o estelionato ab-
destreza o agente se vale de alguma habilidade peculiar (ex.: sorve o furto, neste caso.
Batedor de carteira, que furta com extrema destreza, sem ser
percebido). Vale ressaltar que se a vítima percebe a ação, o Furto de coisas perdidas, abandonadas e que nunca tiveram
agente responde por tentativa de furto simples, e não por ten- dono –
tativa de furto qualificado, pois o agente não agiu com destre-
a) Furto de coisas perdidas (res desperdicta) – Incabível, pois o
za alguma, já que sua ação foi notada.
agente, neste caso, pratica o crime de apropriação de coisa
• Chave falsa – Aqui o agente pratica o delito mediante o uso achada, prevista no art. 169, § único do CP;
de alguma chave falsificada. O conceito de ―chave falsa‖
b) Furto de coisas abandonadas e que nunca tiveram dono (res
abrange:
derelicta e res nullius, respectivamente) – Incabível, pois o
a) A cópia da chave verdadeira, mas obtida sem autorização agente, ao se apossar da coisa, torna-se seu dono, já que a
do dono; coisa não pertence a ninguém.
b) uma chave diversa da verdadeira, mas alterada com a Furto de coisa comum
finalidade de abrir a fechadura;
O art. 156 trata do FURTO DE COISA COMUM, vejamos:
c) Qualquer objeto capaz de abrir uma fechadura sem provo-
Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio,
car sua destruição (pode ser um grampo de cabelo, por
para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém,
exemplo).
a coisa comum:
A LIGAÇÃO DIRETA EM VEÍCULO NÃO É CONSIDERADA
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
CHAVE FALSA!
§ 1º - Somente se procede mediante representação.
Concurso de pessoas – Nessa hipótese o crime será qualifica-
do se praticado por duas ou mais pessoas em concurso de agen- § 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungí-
tes. SE O CRIME É PRATICADO POR ASSOCIAÇÃO CRIMI- vel, cujo valor não excede a quota a que tem direito o
NOSA (ANTIGA QUADRILHA OU BANDO), o STJ entende que agente.
todos respondem pelo furto qualificado pelo concurso de
pessoas + associação criminosa em concurso MATERIAL O crime aqui é, também, de furto, motivo pelo qual se aplicam as
(Entende que não há bis in idem). mesmas considerações relativas ao crime de furto comum.
No entanto, o crime aqui é PRÓPRIO (exige qualidade especi- de acessórios que, conjunta ou isoladamente, pos-
al do infrator), ou seja, somente pode ser cometido pela pessoa sibilitem sua fabricação, montagem ou emprego.
que possua uma daquelas características (seja sócio, condômi- (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
no, etc.). O sujeito passivo também só poderá ser alguma daque-
las pessoas. VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com
emprego de arma branca; (Incluído pela Lei nº
Vejam que a pena é menor que a do furto comum, exatamente 13964, de 2019)
porque a coisa não é de outrem (alheia), mas é comum, ou seja,
também é do infrator. § 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços):
(Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
Vejam, ainda, que se a coisa é FUNGÍVEL, e a subtração não
excede a quota-parte do infrator, não há crime. I – se a violência ou ameaça é exercida com empre-
go de arma de fogo; (Incluído pela Lei nº 3.654, de
Coisa fungível é aquela que pode ser substituída por outra da 2018)
mesma espécie, qualidade e quantidade, sem prejuízo algum
(exemplo: dinheiro). EXEMPLO: Imagine que três pessoas são II – se há destruição ou rompimento de obstáculo
condôminas de uma parcela em dinheiro no valor de R$ mediante o emprego de explosivo ou de artefato
90.000,00, possuindo cotas iguais (trinta mil para cada). Se um análogo que cause perigo comum.(Incluído pela Lei
dos condôminos furtar R$ 30.000,00 não comete crime, pois a nº 13.654, de 2018)
coisa é fungível e o montante não excede à sua cota-parte do
infrator, não há crime.
Coisa fungível é aquela que pode ser substituída por outra da § 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida
mesma espécie, qualidade e quantidade, sem prejuízo algum com emprego de arma de fogo de uso restrito ou
(exemplo: dinheiro). EXEMPLO: Imagine que três pessoas são proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no ca-
condôminas de uma parcela em dinheiro no valor de R$ put deste artigo. ; (Incluído pela Lei nº 13964, de
90.000,00, possuindo cotas iguais (trinta mil para cada). Se um 2019)
dos condôminos furtar R$ 30.000,00 não comete crime, pois a
coisa é fungível (dinheiro) e o montante não excede à sua cota-
parte. § 3º Se da violência resulta:(Redação dada pela Lei
nº 13.654, de 2018)
A ação penal é pública, MAS DEPENDE DE REPRESENTA-
ÇÃO DA VÍTIMA. I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7
(sete) a 18 (dezoito) anos, e multa; (Incluído pela Lei
Do roubo e da extorsão nº 13.654, de 2018)
Aqui se tutelam, além do patrimônio, a integridade física, mental II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30
e a vida da vítima, pois as condutas não violam somente o patri- (trinta) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 13.654, de
mônio destas, mas colocam em risco, também, estes bens jurídi- 2018)
cos.
BEM
O patrimônio e a integridade física e psí-
Vejamos cada um deles. JURÍDICO
quica da vítima.
TUTELADO
Roubo
SUJEITO Trata-se de crime comum, podendo ser
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para ATIVO praticado por qualquer pessoa.
outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa,
ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à im- Aquele que teve a coisa subtraída median-
possibilidade de resistência: SUJEITO te violência ou grave ameaça, ou ainda,
PASSIVO depois de ter sido reduzida à impossibilida-
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
de de defesa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de A conduta prevista é a de subtrair, PARA
subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou SI OU PARA OUTREM, coisa alheia mó-
grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do cri- vel, MEDIANTE VIOLÊNCIA, GRAVE
me ou a detenção da coisa para si ou para terceiro. AMEAÇA, OU APÓS REDUZIR A VÍTIMA
A UMA SITUAÇÃO DE IMPOSSIBILIDA-
§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade: DE DE DEFESA. Com relação à lesão ao
(Redação dada pela Lei nº 13.654, de 2018) patrimônio, aplicam-se as mesmas regras
ditas em relação ao furto. Mas, por se tratar
I – (revogado);(Redação dada pela Lei nº 13.654, de TIPO OBJETIVO de crime complexo, devemos analisar,
2018) (conduta) ainda, sob o aspecto da violência ou grave
ameaça à pessoa. A violência pode ser
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas; própria, quando o agente aplica força física
sobre a vítima, ou imprópria, quando aplica
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores alguma medida que torna a vítima indefesa
e o agente conhece tal circunstância. (Boa-noite-cinderela, por exemplo). Aqui
entende-se que não se aplica o privilégio
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha previsto para o furto e nem o princípio da
a ser transportado para outro Estado ou para o exterior; insignificância.
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restrin-
TIPO SUBJETIVO
gindo sua liberdade.
Dolo. Não se admite na forma culposa. O agente deverá possuir
VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou
o ânimo, a intenção de SE APODERAR DA COISA furtada, mento de pena.
MEDIANTE VIOLÊNCIA, GRAVE AMEAÇA OU REDUÇÃO DA
VÍTIMA À SITUAÇÃO DE IMPOSSIBILIDADE DE DEFESA. Não O §3°, por sua vez, traz o que se chama de ROUBO QUALIFI-
se admite na forma culposa. O roubo de uso é crime! Ou seja, o CADO PELO RESULTADO (Lesão corporal grave ou morte).
agente que rouba alguma coisa para somente usá-la e devolver, Não se exige que o resultado tenha sido querido pelo agente,
comete crime de roubo. Parte da Doutrina entende, entretanto, bastando que ele tenha agido pelo menos de maneira culposa
que nesse, caso, haveria apenas constrangimento ilegal ou le- em relação a eles (pois a redação do § diz: ―se da violência resul-
sões corporais, não havendo roubo (minoritário). ta...‖). Além disso, não incide essa QUALIFICADORA quando
o roubo é realizado mediante GRAVE AMEAÇA.
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
Ao crime de ROUBO QUALIFICADO PELO RESULTADO NÃO
O STF e o STJ adotam a teoria segundo a qual o crime se con- SE APLICAM AS MAJORANTES DO §2°.
suma quando o agente passa a ter o poder sobre a coisa, após
ter praticado a violência ou grave ameaça. Se o agente pratica a A segunda parte do roubo qualificado pelo resultado trata do
violência ou grave ameaça, mas não subtrai a coisa, o crime é LATROCÍNIO, que é o roubo qualificado pelo resultado MOR-
TENTADO. TE. Ele ocorrerá sempre que o agente, VISANDO A SUBTRA-
ÇÃO DA COISA, praticar a conduta (empregando violência) e
O §1° traz a figura do roubo IMPRÓPRIO. O roubo impróprio ocorrer (dolosa ou culposamente) a morte de alguém. Caso o
ocorre quando a violência ou ameaça é praticada APÓS A agente deseje a morte da pessoa, e, somente após realizar a
SUBTRAÇÃO DA COISA, como meio de garantir a impunidade conduta homicida, resolva furtar seus bens, estaremos diante
do crime ou assegurar o proveito do crime. de um HOMICÍDIO em concurso com FURTO.
EXEMPLO: Imagine que o agente subtraia uma TV de uma loja Quanto à consumação do latrocínio, muitas correntes também
de eletroeletrônicos. Até aí, nada de roubo, apenas furto. No surgiram, mas atualmente prevalece no STF o entendimento de
entanto, ao ser abordado pelos seguranças, já do lado de fora da que o crime de latrocínio se consuma com a ocorrência do resul-
loja, tenta fugir e acaba agredindo os seguranças, fugindo com a tado morte ainda que a subtração da coisa não tenha se consu-
coisa. Nesse caso, diz-se que o roubo é IMPRÓPRIO, pois a mado. Isso está na súmula n° 610 do STF:
grave ameaça ou violência é posterior, e não tem como finalida-
de efetivar a subtração (que já ocorreu), mas garantir a impuni- Súmula 610 do STF
dade ou a posse tranquila sobre o bem.
HÁ CRIME DE LATROCÍNIO, QUANDO O HOMICÍDIO SE
O § 2° prevê majorantes (causas de aumento de pena), que se CONSUMA, AINDA QUE NÃO REALIZE O AGENTE A SUB-
aplicam tanto ao roubo PRÓPRIO (caput) quanto ao roubo IM- TRAÇÃO DE BENS DA VÍTIMA.
PRÓPRIO. Algumas observações quanto às majorantes do §2°:
A ação penal, neste crime, É PÚBLICA INCONDICIONADA
O termo ―arma‖, no inciso VII, é considerado QUALQUER INS-
TRUMENTO QUE POSSA LESAR A INTEGRIDADE FÍSICA Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou
DESDE QUE NÃO SEJA MOVIDA A UMA AÇÃO PNEUMÁTI- grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para
CA PROVOCADA PELA EXPANSÃO DE GASES RESULTAN- outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar
TES DA QUEIMA DE UM PROPELENTE DE ALTA VELOCI- que se faça ou deixar fazer alguma coisa:
DADE, independentemente de ter sido fabricado para esse fim
(faca, por exemplo). Em se tratando de arma de fogo de uso Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
permitido, a majorante aplicável será a prevista no §2-A. Por § 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas,
fim, se se tratar de arma de fogo de uso restrito ou proibi- ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um
do, a majorante será a prevista no §2-B. terço até metade.
Ainda com relação à arma, a Doutrina e Jurisprudência enten- § 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência
dem que deve haver o USO EFETIVO DA ARMA ou, ao menos, o disposto no § 3º do artigo anterior.
o PORTE OSTENSIVO da arma. Se o agente está portando a
arma, mas a vítima não chega a ter conhecimento deste fato, não § 3º Se o crime é cometido mediante a restrição da li-
incide a causa de aumento de pena. berdade da vítima, e essa condição é necessária para a
obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclu-
são, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se re-
sulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as pe-
OBS:O USO DE ARMA DE BRINQUEDO NÃO GERA APLICA- nas previstas no art. 159, §§ 2º e 3º, respectivamente.
ÇÃO DA CAUSA DE AUMENTO DE PENA.
BEM JURÍDICO TUTELADO
É necessário que haja perícia para apurar a potencialidade
lesiva da arma? Em regra, sim. Contudo, se não for possível, as O patrimônio e a liberdade individual da vítima
demais provas podem ser utilizadas para comprovar o fato (Posi-
ção do STJ). SUJEITO ATIVO
Com relação à majorante do roubo praticado em concurso Trata-se de crime comum, podendo ser praticado por qualquer
de pessoas, e se estivermos diante de uma associação cri- pessoa.
minosa? O STJ entende que os agentes respondem tanto pelo
roubo com a causa de aumento de pena do concurso de SUJEITO PASSIVO
pessoas quanto pela associação criminosa, em concurso
MATERIAL. Aquele que teve a sua liberdade individual ou patrimônio lesados
pela conduta do agente. Pode ser qualquer pessoa.
O inciso V traz a hipótese na qual a vítima é privada de sua liber-
dade, sendo mantida em poder do criminoso. Temos aqui, na TIPO OBJETIVO (conduta)
verdade, a questão do ―refém‖. Havendo utilização de refém para
garantir sucesso na fuga, por exemplo, haverá a causa de au- qui o constrangimento é mero ―meio‖ para a o tenção da van-
tagem indevida. O ver o é ―constranger‖, que é sinônimo de
forçar, obrigar alguém a fazer o que não deseja. Não se confun- ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou
de com o delito de roubo, pois naquele o agente se vale da vio- preço do resgate:
lência ou grave ameaça para subtrair o bem da vítima. Neste o
agente se vale destes meios para fazer com que a vítima Pena - reclusão, de oito a quinze anos.
LHE ENTREGUE A COISA, ESPONTANEAMENTE, ou seja, § 1º Se o seqüestro dura mais de 24 (vinte e quatro) ho-
deve haver a colaboração da vítima. ras, se o seqüestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior
de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por
TIPO SUBJETIVO bando ou quadrilha.
Dolo. Não se admite na forma culposa. Se a vantagem for: Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.
Extorsão mediante sequestro A Doutrina não é unânime quanto a quem possa ser a vítima da
lesão grave ou morte. No entanto, a maioria da Doutrina entende
Art. 159 - Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si que o resultado (lesão grave ou morte) qualifica o crime, QUAL-
QUER QUE SEJA A PESSOA QUE SOFRA A LESÃO, ainda Art. 162 - Suprimir ou alterar, indevidamente, em gado
que não seja o próprio ou rebanho alheio, marca ou sinal indicativo de proprie-
dade:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e
sequestrado, mas desde que ocorra no contexto fático do delito multa.
de extorsão mediante sequestro.
Aqui se pune a conduta do agente que retira (suprime) ou altera
O §4° prevê a chamada DELAÇÃO PREMIADA, ou seja, um marca ou sinal referente à propriedade de gado ou rebanho
abatimento na pena daquele que delata os demais cúmplices alheio.
(redução de 1/3 a 2/3). É indispensável que dessa delação de-
corra uma facilitação na liberação do seqüestrado (Doutrina A Doutrina exige o dolo, mas não é pacífica quanto à necessida-
majoritária). de de dolo específico (especial fim de agir).
A ação pena será pública incondicionada. O crime se consuma com a mera realização da supressão ou
alteração da marca ou sinal, não havendo necessidade de que o
agente se apodere dos animais cujas marcas foram adulteradas.
Da usurpação No entanto, se o agente se apoderar dos animais, teremos o
crime de furto mediante fraude (art. 155, §4°, II do CP), que ab-
Os crimes previstos neste capítulo são pouco exigidos, motivo sorve este crime de usurpação. A tentativa é plenamente possí-
pelo qual abordaremos o tema de forma menos aprofundada vel.
que os crimes anteriores, para que vocês não tenham que estu-
dar aquilo que não será objeto de cobrança na prova. A ação penal será sempre pública incondicionada.
Alteração de limites Do dano
Art. 161 - Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou qual- Os crimes de dano são crimes nos quais não há necessidade de
quer outro sinal indicativo de linha divisória, para apro- um aumento patrimonial do agente, ou seja, não há necessidade
priar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel alheia: que ele se apodere de algo pertencente a outrem, bastando que
ele provoque um prejuízo à vítima. Vejamos:
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
(a) Dano
§ 1º - Na mesma pena incorre quem:
Usurpação de
águas
Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:
I - desvia ou represa, em proveito próprio ou de outrem, Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
águas alheias; Esbulho possessório
Dano qualificado
II - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou
mediante concurso de mais de duas pessoas, terreno ou Parágrafo único - Se o crime é cometido:
edifício alheio, para o fim de esbulho possessório.
I - com violência à pessoa ou grave ameaça;
§ 2º - Se o agente usa de violência, incorre também na
pena a esta cominada. II - com emprego de substância inflamável ou explosiva,
se o fato não constitui crime mais grave
§ 3º - Se a propriedade é particular, e não há emprego
de violência, somente se procede mediante queixa. III - contra o patrimônio da União, de Estado, do Dis-
trito Federal, de Município ou de autarquia, funda-
No crime previsto no caput do artigo é aquele no qual o agente, ção pública, empresa pública, sociedade de econo-
valendo-se do deslocamento ou supressão de alguma marca mia mista ou empresa concessionária de serviços
divisória, BUSCA SE APODERAR de bem imóvel que não lhe públicos;(Redação dada pela Lei nº 13.531, de 2017)
pertence (mas que é divisório com o seu).
IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável
É necessário o dolo específico, CONSISTENTE NA VONTA- para a vítima:
DE DE SE APODERAR DA COISA ALHEIA ATRAVÉS DA
CONDUTA. Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa,
além da pena correspondente à violência.
O §1° traz formas equiparadas, relativas à conduta daqueles que
realizam a usurpação de águas alheias, mediante o desvio ou O crime é comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa,
represamento (inciso I) e a conduta daqueles que promovem a tendo como sujeito passivo o proprietário ou possuidor do bem
invasão, mediante violência à pessoa, grave ameaça, ou concur- danificado. O condômino pode ser sujeito ativo, mas se a
so de MAIS DE DUAS PESSOAS (mínimo de três, então), DE coisa é fungível (substituível, como o dinheiro, por exemplo)
TERRENO OU EDIFÍCIO ALHEIO, COM O FIM DE ESBULHO e o agente deteriora apenas a sua cota-parte, não há crime,
POSSESSÓRIO. por analogia ao furto de coisa comum (Posição do STF).
Esbulhar a posse significa TOMAR A POSSE, retirar a posse de O tipo objetivo (conduta) pode ser tanto a destruição (danificação
quem a exerça sobre o bem. Se o agente se valer de violência, total), a inutilização (danificação, ainda que parcial, mas que
responde, ainda, pelo crime relativo à violência. torna o bem inútil) ou deterioração (danificação parcial do bem)
da coisa.
A ação penal, em regra, é PÚBLICA INCONDICIONADA. No
entanto, se a propriedade lesada for particular e não tiver havido O crime deve ser praticado na forma comissiva (ação). Nada
emprego de violência, A AÇÃO PENAL SERÁ PRIVADA (§3° do impede, contudo, que alguém responda pelo delito em razão de
art. 161). uma omissão, desde que seja o responsável por evitar o resulta-
do (ex.: Um vigia que vê alguém destruir o patrimônio que ele
Supressão ou alteração de marca em animais
deve zelar e nada faz, responderá pelo crime de dano, na forma
do art. 13, §2º do CP). Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Exige-se o dolo. NÃO HÁ CRIME DE DANO CULPOSO (não Aqui temos a conduta daquele que altera os aspectos (internos
havendo necessidade de qualquer especial fim de agir). ou externos) de algum local que esteja protegido por lei (um bem
tombado, por exemplo). Não há necessidade de deterioração ou
CUIDADO! O crime de ―pichação‖ é definido como CRIME CON- dano, mas é necessário que o agente altere o aspecto (aparên-
TRA O MEIO AMBIENTE (ambiente urbano), nos termos do art. cia) do local.
65 da Lei 9.605/98.
No entanto, este artigo também foi revogado pela Lei de Crimes
Aliás, este crime de dano é bastante genérico, ocorrendo apenas Ambientais, que trouxe, em seu art. 63, normatização acerca da
quando não houver uma hipótese específica. conduta.
EXEMPLO: Danificar objeto destinado a culto religioso. Esta Da apropriação indébita
conduta configura o crime do art. 208 do CP, e não o crime de
dano. Os crimes de apropriação indébita diferem dos crimes de furto e
roubo, pois aqui o agente POSSUI A POSSE SOBRE O BEM,
O crime se consuma com a ocorrência do dano. Não havendo a mas se RECUSA A DEVOLVÊ-LO ou REPASSÁ-LO a quem
ocorrência do dano, o crime será tentado. de direito. Ou seja, aqui o crime se dá pela INVERSÃO DO
ANIMUS DO AGENTE, QUE ANTES ESTAVE DE BOA-FÉ, e
O §1° do art. 163 traz algumas formas qualificadas do delito, que passa a estar de má-fé.
elevam a pena para seis meses a três anos, patamares bem
mais altos que os do caput do artigo. Apropriação indébita
Se o dano é praticado contra OBJETO TOMBADO pela autori- Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que
dade competente, em razão de seu valor histórico, artístico ou tem a posse ou a detenção:
arqueológico, o crime SERIA o do art. 165 do CP:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Art. 165 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada
pela autoridade competente em virtude de valor artísti- Aumento de pena
co, arqueológico ou histórico:
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agen-
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. te recebeu a coisa:
No entanto, CUIDADO! Este artigo foi TACITAMENTE REVO- I - em depósito necessário;
GADO pelo art. 62, I da Lei de Crimes Ambientais.
II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário,
Introdução ou abandono de animais em propriedade alheia inventariante, testamenteiro ou depositário judicial;
Art. 164 - Introduzir ou deixar animais em propriedade III - em razão de ofício, emprego ou profissão.
alheia, sem consentimento de quem de direito, desde
que o fato resulte prejuízo: Vejam que a coisa lhe foi entregue espontaneamente, e o
agente deveria devolvê-la, mas3não o faz. Há, portanto, viola-
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, ou multa. ção à confiança eu lhe fora depositada. O crime é comum, po-
dendo ser praticado por qualquer pessoa.
Percebam que o final da redação do artigo menciona que é
INDISPENSÁVEL A OCORRÊNCIA DE PREJUÍZO. Sim, pois a Trata-se, ainda, de crime genérico, podendo ser afastada sua
mera conduta do agente, por si só, não causa dano. Aqui pode- aplicação no caso de haver norma específica, como ocorre no
mos ter o que se chama de ―pastagem indevida‖, que é aquela caso de funcionário público que se apropria de bens que lhe
na qual se levam os animais para outro terreno, de propriedade foram confiados em razão da função (crime de peculato, art. 312
alheia, para pastar. do CP).
O crime é comum e pode ser praticado na modalidade ―introdu- A posse que o infrator tem sobre a coisa deve ser “ SV G A-
zir‖ ou ―dei ar‖ (manter) animais na propriedade alheia. O termo ”, ou seja, sem vigilância, decorrendo de confiança entre o
―sem o consentimento de quem de direito‖ é ELEMENTO NOR- dono da coisa e o infrator. Caso haja mera detenção (sem
MATIVO DO TIPO PENAL. Se houver o consentimento, não há relação de confiança entre dono e infrator) , estaremos diante
fato típico. do crime de furto.
O crime se consuma, como vimos, com a ocorrência do efetivo EXEMPLO: Caixa da loja que aproveita a distração do dono para
prejuízo. A Doutrina não é pacífica quanto à tentativa, mas a surrupiar alguns reais do caixa. Temos aqui, crime de furto. Não
maioria entende ser impossível, ao argumento de que o tipo há apropriação indébita.
exige o dano, de forma que, ou ele ocorre, ou o crime sequer é
tentado (É o que prevalece). A “detenção” apontada no tipo penal é aquela clássica do
Código Civil, ou seja, aquela decorrente de uma relação de
Alteração de local especialmente protegido
confiança entre o dono e o detentor.
Art. 166 - Alterar, sem licença da autoridade competen- O elemento exigido é o dolo, não se punindo a forma culposa.
te, o aspecto de local especialmente protegido por lei:
O crime se consuma com a inversão da intenção do agente.
A ação penal será, em todos os crimes de dano, PÚBLICA IN-
CONDICIONADA. No entanto, se o crime é o de dano simples A intenção, que antes era boa (a de apenas guardar a coisa),
(art. 163), ou se é praticado por motivo egoístico ou com prejuízo agora não é tão boa assim, pois se torna em intenção de ter a
considerável à vítima (163, § único, IV), ou no caso de introdução coisa como sua, se apoderar de algo que lhe fora confiado. Tra-
ou abandono de animais em propriedade alheia, o crime será de ta-se, portanto, de crime unissubsistente, sendo inviável a tenta-
AÇÃO PENAL PRIVADA: tiva (embora Doutrina minoritária entenda o contrário).
O §1° traz causas de aumento de pena (1/3), quando o agente lheu a tese segundo a qual o delito de apropriação indébita
tiver recebido a coisa em determinadas situações específicas. previdenciária prescinde do dolo específico, tratando- se de
crime omissivo próprio, que se perfaz com a mera omissão
Apropriação indébita previdenciária de recolhimento da contribuição previdenciária dentro do
prazo e das formas legais. Ressalva do entendimento da
Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as relatora.
contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e
forma legal ou convencional: 3. Agravo regimental improvido.
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (AgRg no REsp 1265636/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE
ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 04/02/2014, DJe
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem deixar de: 18/02/2014)
I - recolher, no prazo legal, contribuição ou outra impor- O crime se consuma no momento em que se exaure o prazo
tância destinada à previdência social que tenha sido para o repasse dos valores. Tratando-se de CRIME OMISSIVO
descontada de pagamento efetuado a segurados, a ter- PURO, não é possível o fracionamento da conduta, de forma
ceiros ou arrecadada do público; que É INCABÍVEL A TENTATIVA.
II - recolher contribuições devidas à previdência social O §1° traz formas equiparadas (assemelhadas), nas quais o
que tenham integrado despesas contábeis ou custos re- agente estará sujeito às mesmas penas previstas no caput do
lativos à venda de produtos ou à prestação de serviços; artigo.
III - pagar benefício devido a segurado, quando as res- Se o agente se arrepende e resolve a situação, declarando o
pectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados débito e pagando o que for necessário, ANTES DO INÍCIO DA
à empresa pela previdência social. AÇÃO FISCAL (a atividade desenvolvida pelo Fisco), estará
EXTINTA A PUNIBILIDADE, nos termos do §2° do art. 168-A.
§ 2º É extinta a punibilidade se o agente, espontanea-
mente, declara, confessa e efetua o pagamento das Entretanto, o STF e o STJ entendem que o pagamento, a qual-
contribuições, importâncias ou valores e presta as in- quer tempo (antes do trânsito em julgado) extingue a punibi-
formações devidas à previdência social, na forma defini- lidade.
da em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal.
O §3° traz o chamado ―perdão judicial‖, ao afirmar que o Juiz
§ 3º É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou apli- poderá deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa
car somente a d!e multa se o agente for primário e de (nesse último caso teremos um crime privilegiado) quando:
bons antecedentes, desde que:
• Réu seja primário e de bons antecedentes
I - tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes
de oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição • Tenha promovido, após o início da execução fiscal e antes do
social previdenciária, inclusive acessórios; ou / oferecimento da denúncia, o pagamento da contribuição so-
cial devida; ou
II - o valor das contribuições devidas, inclusive acessó-
rios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela pre- • O valor do débito seja igual ou inferior ao estabelecido pela
vidência social, administrativamente, como sendo o mí- previdência como sendo o mínimo para ajuizamento das
nimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. ações fiscais.
§ 4º - A faculdade prevista no § 3o deste artigo não se Ora, se o valor é insignificante para o Estado (previdência social)
aplica aos casos de parcelamento de contribuições cujo cobrá-lo do indivíduo, com muito mais razão será considerado
valor, inclusive dos acessórios, seja superior àquele es- insignificante para ensejar a punição penal.
Vem se entendendo
tabelecido, administrativamente, como sendo o mínimo que, neste último caso (débitos de valor insignificante), o FATO
para o ajuizamento de suas execuções fiscais. (Incluído É ATÍPICO, aplicando-se o princípio da insignificância.
pela Lei nº 13.606, de 2018)
Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força maior
O sujeito ativo aqui é o RESPONSÁVEL TRIBUTÁRIO, aquele
que por lei está obrigado a reter na fonte a contribuição previ- Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao
denciária ao INSS e repassá-la, mas não o faz. O sujeito passivo seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza:
é a UNIÃO.
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
A conduta é apenas uma: ―dei ar de repassar‖, ou seja, reter,
mas não repassar ao órgão responsável, os valores referentes às Parágrafo único - Na mesma pena incorre:
contribuições previdenciárias.
Apropriação de tesouro 2106922973
Trata-se de norma penal em branco, pois deve haver a comple-
mentação com as normas previdenciárias, que estabelecem o I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no
prazo para repasse das contribuições retidas pelo responsável todo ou em parte, da quota a que tem direito o proprietá-
tributário. rio do prédio;
O elemento subjetivo exigido é o dolo, não se punindo a conduta “Apropriação de coisa achada”
culposa, daquele que apenas se esqueceu de repassar as con-
tribuições. II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria,
total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou
Não se exige o dolo específico (Posição do STF e do STJ). legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade compe-
tente, dentro no prazo de 15 (quinze) dias.
A Terceira Seção desta Corte, no julgamento do EREsp
1296631/RN, da relatoria da ilustre Ministra Laurita Vaz, aco- Aqui se pune a conduta daquele que se apodera de algo que não
é seu, mas veio ao seu poder em razão de caso fortuito, força III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo
maior, ou erro, e não em razão da confiança depositada nele. credor ou por outro modo, a garantia pignoratícia, quan-
do tem a posse do objeto empenhado;
EXEMPLO: Imagine o caso de alguém que entrega uma merca-
doria em local errado. Se aquele que recebeu a mercadoria por Fraude na entrega de coisa
erro dela se apropriar, comete este crime.
IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de
Aplicam-se a este crime as demais disposições já faladas coisa que deve entregar a alguém;
acerca do crime de apropriação indébita.
Fraude para recebimento de indenização ou valor de
O § único traz duas hipóteses interessantes de apropriação indé- seguro
bita. A primeira é a da apropriação de tesouro, que pode ocorrer
quando alguém se apodera da parte relativa ao DONO DO PRÉ- V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa pró-
DIO (TERRENO) NO QUAL FOI ACHADO O TESOURO. pria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as
conseqüências da lesão ou doença, com o intuito de ha-
A segunda hipótese é a que muita gente não deve conhecer. ver indenização ou valor de seguro;
Também é crime se apoderar de algo que foi achado, desde que
esta coisa tenha sido perdida por alguém, caso o infrator não Fraude no pagamento por meio de cheque
entregue a coisa achada em 15 dias.
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em
Portanto, a má ima de que ―achado não é rou ado‖ até que está poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento.
certa, pois não há roubo, mas poderíamos alterá-la para “acha-
do é indebitamente apropriado” (rsrs). § 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é co-
metido em detrimento de entidade de direito público ou
O art. 170, por sua vez, estabelece que: de instituto de economia popular, assistência social ou
beneficência.
Art. 170 - Nos crimes previstos neste Capítulo, aplica-se
o disposto no art. 155, § 2º. O bem jurídico tutelado aqui é o patrimônio e a boa-fé que se
deve ter nas relações sociais. O sujeito ativo pode ser qualquer
Ora, o art. 155, §2° trata da possibilidade do furto privilegiado, pessoa, sendo, portanto, CRIME COMUM. O sujeito passivo
quando ocorrer em determinadas circunstâncias. Vejamos: pode ser tanto aquele que foi enganado pela fraude do agente ou
aquele que teve a efetiva lesão patrimonial (pois podem ser pes-
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a soas distintas).
coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão
pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou O elemento subjetivo exigido é O DOLO, e, além dele, se exige a
aplicar somente a pena de multa. finalidade especial de agir, consistente na intenção de obter
vantagem ilícita em detrimento (prejuízo) de outrem.
Estas disposições se aplicam aos delitos de apropriação indébita.
A vantagem perquirida pelo agente deve ser patrimonial (maioria
Do estelionato e outras fraudes da Doutrina), embora haja Doutrinadores que entendam que
pode ser qualquer vantagem.
Este capítulo cuida dos crimes de estelionato e fraudes diversas,
que são aqueles nos quais há lesão patrimonial, mas com a Temos aqui outro crime genérico, que terá sua aplicação afasta-
peculiaridade de que o infrator se vale de algum meio ardiloso da quando estivermos diante de um caso em que haja regula-
para obter a vantagem indevida em prejuízo da vítima. mentação em norma penal específica.
Estelionato E se o agente fraudar concurso público? A conduta, que an-
tes foi considerada atípica pelo STF, atualmente se encontra
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilíci- tipificada no art. 311-A do CPP (crime de fraude em certames de
ta, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém interesse público), incluído pela Lei 12.550/11.
em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio
fraudulento: E se o agente praticar o estelionato mediante a utilização de
documento falso?
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
O STJ e o STF entendem que se trata de concurso FORMAL.
§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o
prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto Uma terceira corrente, menos aceita nos Tribunais, entende que
no art. 155, § 2º. o crime de falso absorve o de estelionato, pois a pena daquele é
mais severa.
§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem: Disposição de
coisa alheia como própria No entanto, embora ambos entendam tratar-se de concurso
formal, entendem que se a potencialidade lesiva do falso se
I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou exaure no estelionato, o crime de estelionato absorve o fal-
em garantia coisa alheia como própria; so, que foi apenas um meio para a sua prática.
Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria Súmula 17 do STJ
II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia QUANDO O FALSO SE EXAURE NO ESTELIONATO, SEM
coisa própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, MAIS POTENCIALIDADE LESIVA, É POR ESTE ABSORVIDO.
ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante pa-
gamento em prestações, silenciando sobre qualquer O crime somente se consuma com a efetiva obtenção da vanta-
dessas circunstâncias; gem indevida com prejuízo a terceiro. A tentativa é plenamente
admissível.
Defraudação de penhor
E se o agente obtém um cheque da vítima? O crime é tenta- O ponto mais controvertido a respeito deste delito é o momento
do ou consumado? consumativo. Houve muita discussão a respeito de se tratar de
crime permanente ou de crime instantâneo de efeitos permanen-
Enquanto o agente não obtiver o valor prescrito no cheque, o tes.
crime ainda é tentado, apenas se consumando quando o agente
obtiver o valor constante no cheque (posição majoritária da Dou- Firmou-se entendimento no sentido de que tal delito possui natu-
trina). reza binária, e a consumação dependerá, portanto, do sujeito
ativo do delito:
O §1° prevê o ESTELIONATO PRIVILEGIADO, que é aquele
no qual o agente é PRIMÁRIO e o prejuízo é DE PEQUENO Momento consumativo para o próprio beneficiário dos valo-
VALOR. Nesse caso, o Juiz pode reduzir a pena ou aplicar so- res indevidos – Trata-se de crime permanente, que se ―renova‖
mente a pena de multa, CONFORME O ART. 155, §2°. a cada saque do benefício indevido.
Já o §2° prevê diversas formas pelas quais se pode praticar o Momento consumativo para terceira pessoa que participou
estelionato, e, em todas elas, o agente responderá pelas mes- do delito – Ocorre com o recebimento da vantagem indevida
mas penas previstas no caput. Algumas observações devem ser pela primeira vez (já que o delito de estelionato é material, pois o
feitas: tipo penal exige o efetivo recebimento da vantagem indevida),
seja pelo próprio ou por outra pessoa.
No inciso V (fraude contra seguro), o sujeito ativo é o segurado
(infrator) e o sujeito passivo é a seguradora, e não o próprio Este é o entendimento que foi solidificado pelo STJ e pelo STF:
segurado, embora a coisa destruída seja sua, pois o prejuízo
patrimonial, ao fim e ao cabo, será da seguradora, que deverá O delito de estelionato previdenciário capitulado no art. 171,
pagar o prejuízo. § 3.o, do Código Penal, segundo a jurisprudência pacificada
do Supremo Tribunal Federal, tem natureza binária. Assim,
Essa é a única das modalidades equiparadas que constitui cujo momento consumativo se protai no tempo, já que o Agente
CRIME FORMAL, pois se consuma com o emprego da fraude, tem o poder de fazer cessar, a qualquer tempo, a ação crimino-
independentemente da obtenção do recebimento da indenização sa. Por outro lado, pois todos os elementos do tipo penal são
de seguro. verificados no momento da conduta. Precedentes.
Se o agente repara o dano ANTES DO RECEBIMENTO DA Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem
DENÚNCIA, obsta o prosseguimento da ação penal (súmula 554 ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo
do STF). alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qual-
quer outro meio fraudulento:
A emissão de cheques sem fundos para pagamento de dívidas
de jogo NÃO CONFIGURA CRIME, pois estas dívidas não são Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
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passíveis de cobrança judicial, nos termos do art. 814 do CC. (...)
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá aquêle Aqui temos um crime no qual também há abuso de uma condição
que falsificar ou adulterar a escrituração do Livro de Re- de vulnerabilidade da vítima. O sujeito ativo pode ser qualquer
gistro de Duplicatas. pessoa. O sujeito passivo também pode ser qualquer pessoa,
desde que se enquadre numa das características estabelecidas
Aqui se pune a conduta daquele que emite fatura, duplicata ou (pessoa inexperiente, mentalmente inferior, etc.).
nota de venda que não corresponda à realidade. O sujeito ativo
será aquele que emite o título em desconformidade com a reali- A conduta é muito similar à anterior, com a diferença de que,
dade. O sujeito passivo será o sacado, quando aceita o título de aqui, o agente não induz a vítima a praticar ato jurídico, mas a
boa-fé ou o tomador, que é aquele desconta a duplicata. induz à prática de jogo ou aposta, ou à especulação com títulos
ou mercadorias, sabendo OU DEVENDO SABER que a opera-
Como esta redação foi dada pela Lei 8.137/90, excluindo a men- ção será ruinosa.
ção anterior a ―e pedir ou aceitar duplicata que não corresponda,
juntamente com a fatura respectiva, a uma venda efetiva de bens O elemento subjetivo exigido é o dolo, com a finalidade especial
ou a uma real prestação de serviço‖, parte da Doutrina entendeu de agir consistente na INTENÇÃO de obter proveito próprio ou
que a emissão de duplicata FRIA passou a ser fato atípico. En- alheio. Quando a lei fala em ―devendo sa er‖ esta elece uma
tretanto, a maioria da Doutrina e o STF entendem que a espécie de dolo eventual em relação à possibilidade de a opera-
emissão de duplicata fria não é fato atípico, pois se a lei pune ção à qual a vítima foi induzida ser ruinosa.
a conduta daquele que emite uma duplicata em desacordo parci-
al com a realidade, com muito mais razão este tipo penal pune O crime se consuma com a prática do jogo ou aposta ou com a
aquele que emite uma duplicata em COMPLETO DESACORDO especulação, independentemente da obtenção do proveito pelo
COM A REALIDADE. infrator. A tentativa é plenamente possível.
O elemento subjetivo exigido é o dolo, não existindo forma culpo- Fraude no comércio
sa.
Art. 175 - Enganar, no exercício de atividade comercial,
O crime se consuma com a mera emissão do título, não sendo o adquirente ou consumidor:
necessária sua colocação em circulação. Logo, mais dispensável I - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria
ainda é a efetiva obtenção da vantagem. A tentativa é possível. falsificada ou deteriorada;
II - entregando uma mercadoria por outra:
O § único traz a forma equiparada, que é a daquela pessoa que Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
falsifica ou adultera o livro de registro das duplicatas. Embora § 1º - Alterar em obra que lhe é encomendada a quali-
seja um crime de falsidade, a lei decidiu por bem colocá-la no dade ou o peso de metal ou substituir, no mesmo caso,
Título relativo aos crimes contra o patrimônio. O sujeito passivo pedra verdadeira por falsa ou por outra de menor valor;
aqui é o Estado! vender pedra falsa por verdadeira; vender, como precio-
so, metal de ou outra qualidade:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
§ 2º - É aplicável o disposto no art. 155, § 2º.
Abuso de incapazes
Art. 173 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, de ne- Aqui se busca tutelar a boa-fé nas relações comerciais, bem
cessidade, paixão ou inexperiência de menor, ou da ali- como o patrimônio daquele que for lesado. O sujeito ativo só
enação ou debilidade mental de outrem, induzindo qual- pode ser aquele que
quer deles à prática de ato suscetível de produzir efeito
jurídico, em prejuízo próprio ou de terceiro: EXERÇA A ATIVIDADE COMERCIAL (com habitualidade e
profissionalismo), sendo sujeito passivo somente o consumidor
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. ou adquirente.
Tutela-se aqui o patrimônio destas pessoas que possuem uma Parte da Doutrina entende que este artigo foi revogado pelas
fragilidade maior, ou seja, que estão mais vulneráveis a serem Leis 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor) e 8.137/90
enganadas. O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, mas o (Crimes contra a ordem tributária, econômica e contra as rela-
sujeito passivo só poderá ser uma das pessoas descritas no ções de consumo). Entretanto, para a maioria da Doutrina, ele
caput do artigo. continua em vigor, e deve ser aplicado como norma geral.
Havendo enquadramento em norma específica, ficará afastada
Na verdade, aqui não há propriamente fraude, mas abuso de sua aplicação.
uma condição de vulnerabilidade, sendo, portanto, dispensável o
emprego de algum meio ardiloso, pois a vítima é bastante vulne- A conduta pode ser praticada mediante a VENDA (somente esta
rável. forma comercial) de mercadoria FALSA OU DETERIORADA,
desde que tenha sido informado ao comprador que se tratava de
O elemento subjetivo, mais uma vez, é o dolo, não havendo mercadoria verdadeira ou perfeita. Caso o consumidor saiba que
forma culposa. A lei não exclui a possibilidade de DOLO EVEN- se trata de mercadoria falsa ou com defeito, e tenha pagado o
TUAL. preço a menor, sabendo disso, não há crime, pois não houve
lesão à boa-fé nos contratos.
O crime se consuma com a prática do ato pela vítima, pouco
importando se o agente aufere o proveito ou se a vítima vem a A segunda é aquela na qual o agente entrega uma mercadoria
ter efetivo prejuízo (Posição do STF). quando deveria entregar outra.
Art. 174 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, da O elemento subjetivo é somente o dolo, não havendo forma
inexperiência ou da simplicidade ou inferioridade mental culposa.
O crime se consuma com a efetiva entrega ou venda da merca- a ela relativo:
doria, através da fraude sobre a vítima. A tentativa é admitida.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, se o fato
O § 1 prevê uma forma qualificada do delito, que ocorrerá nas não constitui crime contra a economia popular.
hipóteses ali previstas, cuja pena será de UM A CINCO ANOS E
MULTA. § 1º - Incorrem na mesma pena, se o fato não constitui
crime contra a economia popular:
Já o §2° estabelece que se aplica o disposto no §2° do art. 155,
que nada mais é que a aplicação do PRIVILÉGIO, referente à I - o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por
possibilidade de diminuição de pena ou aplicação somente da ações, que, em prospecto, relatório, parecer, balanço ou
multa, nas hipóteses em que o réu seja primário e a lesão seja comunicação ao público ou à assembléia, faz afirmação
de pequeno valor. falsa sobre as condições econômicas da sociedade, ou
oculta fraudulentamente, no todo ou em parte, fato a
Outras fraudes
elas relativo;
Art. 176 - Tomar refeição em restaurante, alojar-se em II - o diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por
hotel ou utilizar-se de meio de transporte sem dispor de qualquer artifício, falsa cotação das ações ou de outros
recursos para efetuar o pagamento: Pena - detenção, de títulos da sociedade;
quinze dias a dois meses, ou multa.
III - o diretor ou o gerente que toma empréstimo à soci-
Parágrafo único - Somente se procede mediante repre- edade ou usa, em proveito próprio ou de terceiro, dos
sentação, e o juiz pode, conforme as circunstâncias, bens ou haveres sociais, sem prévia autorização da as-
deixar de aplicar a pena. sembléia geral;
Aqui se pune a conduta daquele que se alimenta, se hospeda ou IV - o diretor ou o gerente que compra ou vende, por
toma transporte, cujo pagamento deva se dar ao final do serviço conta da sociedade, ações por ela emitidas, salvo quan-
prestado, mas que NÃO DISPONHA DE RECURSOS PARA do a lei o permite;
PAGAR.
V - o diretor ou o gerente que, como garantia de crédito
O crime é COMUM, podendo ser praticado por qualquer pessoa. social, aceita em penhor ou em caução ações da própria
O sujeito passivo também poderá ser qualquer pessoa. sociedade;
s e press es ―restaurante‖ e ―hotel‖ devem ser interpretadas de VI - o diretor ou o gerente que, na falta de balanço, em
maneira e tensiva, de forma a a arcar ―motéis‖, ―pousadas‖, desacordo com este, ou mediante balanço falso, distri-
―lanchonetes‖, ― ares‖, etc. bui lucros ou dividendos fictícios;
CUIDADO! O agente não deve dispor dos recursos necessários. VII - o diretor, o gerente ou o fiscal que, por interposta
Caso o agente disponha dos recursos e se recuse a pagar, por pessoa, ou conluiado com acionista, consegue a apro-
algum motivo (ex.: má prestação do serviço), não há crime. Na vação de conta ou parecer;
verdade, ainda que o agente não possua nenhum motivo justo,
apenas se negando ao pagamento, não há crime, desde que VIII - o liquidante, nos casos dos ns. I, II, III, IV, V e VII;
tenha recursos para tal.
IX - o representante da sociedade anônima estrangeira,
Mas, e o que fazer se o agente não quiser pagar? O que resta autorizada a funcionar no País, que pratica os atos
é mover ação civil para cobrança dos valores devidos, nada mencionados nos ns. I e II, ou dá falsa informação ao
mais. Governo.
O elemento subjetivo exigido é o dolo, não se admitindo a forma § 2º - Incorre na pena de detenção, de seis meses a
culposa. Se há erro sobre um dos elementos do tipo, como sa- dois anos, e multa, o acionista que, a fim de obter van-
bemos, não há crime. Portanto, se o agente utiliza os serviços, tagem para si ou para outrem, negocia o voto nas deli-
acreditando possuir os recursos e, ao final, verifica que teve sua berações de assembléia geral.
carteira furtada, ou que deixou cair o dinheiro na rua, não pratica
crime. A conduta prevista no caput do artigo visa a proteger o patrimô-
nio e a boa-fé dos futuros sócios da sociedade por ações. O
A consumação é controvertida, mas a maioria da Doutrina enten- sujeito ativo SOMENTE PODE SER SÓCIO-FUNDADOR da
de que o crime é formal, consumando-se com a mera realização sociedade por ações.
das condutas, independentemente de haver efetivo prejuízo ou
do pagamento posterior da conta. No entanto, há posições em Sujeito passivo poderá ser qualquer pessoa.
contrário. A tentativa é admissível.
A conduta é a de fazer afirmação falsa ou ocultar FRAUDULEN-
A ação penal é PÚBLICA CONDICIONADA À REPRESENTA- TAMENTE fato relativo à sociedade por ações a ser constituída.
ÇÃO, e o Juiz pode conceder o PERDÃO JUDICIAL, nos ter- Portanto, são duas as condutas incriminadas no tipo penal do
mos do § único do artigo. caput.
Fraudes ou abusos na fundação ou administração de de O elemento subjetivo exigido é somente o dolo, não se admitindo
sociedades por ações forma culposa.
Fraudes e abusos na fundação ou administração de so- O crime se consuma com a mera realização das condutas (CRI-
ciedade por ações ME FORMAL), sendo irrelevante a efetiva ocorrência de prejuízo.
A tentativa é admissível somente na forma comissiva (Fazer
Art. 177 - Promover a fundação de sociedade por declaração falsa...).
ações, fazendo, em prospecto ou em comunicação ao
público ou à assembléia, afirmação falsa sobre a consti- O preceito secundário (aquele que prevê a sanção penal) diz
tuição da sociedade, ou ocultando fraudulentamente fato que só haverá crime se o fato não constituir crime contra a
economia popular. Na verdade, a Doutrina entende que os A ação penal é PRIVADA, nos termos do § único.
crimes contra a economia popular tutelam a coletividade, as boas
práticas na economia como direito de todos nós e, portanto, o Da receptação
crime que afetasse pessoas incertas e indeterminadas seria
crime contra a economia popular, e aquele que lesasse pessoas Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou
certas e determinadas seria este crime contra o patrimônio. ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe
ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de
O §1° prevê as formas equiparadas, que não se referem mais à boa-fé, a adquira, receba ou oculte:
fundação da sociedade por ações, mas à sua ADMINISTRA-
ÇÃO. Naquelas hipóteses, sendo uma figura equiparada ao Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
caput, aplicam-se as mesmas penas.
Receptação qualificada
O §2°, por sua vez, trata da conduta do acionista que negocia
seu voto nas assembleias, com a finalidade de obter vantagem § 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter
para si ou para outrem. Há necessidade, aqui, do dolo específico, em depósito, desmontar, montar, remontar, vender, ex-
referente à intenção de obter vantagem através da negociação por à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito
de seu voto. próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou
industrial, coisa que deve saber ser produto de crime
Emissão irregular de conhecimento de depósito ou warrant
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa
Art. 178 - Emitir conhecimento de depósito ou warrant,
§ 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do
em desacordo com disposição legal:
Pena - reclusão,
parágrafo anterior, qualquer forma de comércio irregular
de um a quatro anos, e multa.
ou clandestino, inclusive o exercício em residência.
O crime é COMUM, podendo ser praticado por qualquer pessoa.
§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou
Sujeito passivo será o endossatário do título, que ignore a sua
pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela con-
natureza de título emitido ilegalmente.
dição de quem a oferece, deve presumir- se obtida por
O conhecimento de depósito e o warrant são título emitidos por meio criminoso:
donos de estabelecimentos de guarda de mercadoria (geralmen-
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou
te, os armazéns-gerais) quando uma mercadoria é deixada no
ambas as penas.
estabelecimento, de forma que este título é representativo dos
bens ali deixados, podendo ser negociado pelo depositante no § 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido
mercado (pois possui valor econômico). ou isento de pena o autor do crime de que proveio a
coisa.
conduta é a de ―emitir‖, ou seja, p r em circulação o t tulo, sem
as formalidades legais. Trata-se de norma penal em branco, pois § 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário,
deve ser complementada por outra norma. pode o juiz, tendo em consideração as circunstâncias,
deixar de aplicar a pena. Na receptação dolosa aplica-
O elemento subjetivo exigido é o dolo, direto ou eventual.
se o disposto no § 2º do art. 155.
O crime se consuma com a mera emissão do conhecimento de
§ 6o Tratando-se de bens do patrimônio da União,
depósito ou warrant, não importando se há ou não prejuízo a
de Estado, do Distrito Federal, de Município ou de
terceiros. A tentativa NÃO É ADMITIDA, eis que o crime é
autarquia, fundação pública, empresa pública, soci-
UNISSUBSISTENTE .
edade de economia mista ou empresa concessioná-
ria de serviços públicos, aplica-se em dobro a pena
Fraude à execução
prevista no caput deste artigo. (Redação
Art. 179 - Fraudar execução, alienando, desviando, des- dada pela Lei nº 13.531, de 2017)
truindo ou danificando bens, ou simulando dívidas:
A figura prevista no caput do artigo possui como sujeito ativo
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. QUALQUER PESSOA, sendo, portanto, crime comum, exceto
Parágrafo único - Somente se procede mediante queixa. aquele que participou do crime anterior, pois a obtenção, pelo
cúmplice, da sua cota-parte no delito, não configura o crime de
Aqui se pune a conduta daquele que deliberadamente se desfaz
receptação, sendo considerada como PÓS-FATO IMPUNÍVEL
dos seus bens, seja alienando-os, desviando-os, destruindo-os
(Pós-factum impunível). O sujeito passivo pode ser o terceiro de
ou danificando-os, com a finalidade de FRUSTRAR A SATIS-
boa-fé que adquire o bem sem saber ser produto de crime ou a
FAÇÃO DO CRÉDITO QUE ESTÁ SENDO COBRADO EM
vítima do crime anterior.
SEDE DE EXECUÇÃO. A conduta pode ser praticada, ainda, na
modalidade de SIMULAÇÃO DE DÍVIDAS. A conduta (tipo objetivo) pode ser dividida em duas partes:
O sujeito ativo é o devedor que está sendo executado, e o sujeito • RECEPTAÇÃO PRÓPRIA (1° parte do caput do artigo) –
passivo será o credor prejudicado na satisfação do seu crédito. Aqui o agente sabe que a coisa é produto de crime e a adqui-
re, recebe, transporta, conduz ou oculta. NÃO É NECESSÁ-
O elemento subjetivo exigido é o dolo, consistente na vontade de
RIO AJUSTE, CONLUIO ENTRE O ADQUIRENTE (RE-
se desfazer dos seus bens ou simular dívidas, com a finalidade
CEPTADOR) E O VENDEDOR (O QUE PRATICOU O CRI-
de frustrar a solvência do crédito de seu credor.
ME ANTERIOR);
O crime se consuma quando o agente pratica efetivamente o ato
• RECEPTAÇÃO IMPRÓPRIA (2° parte do caput do artigo) –
de alienação ou destruição do bem, ou simula a existência das
Aqui o agente não adquire o bem, mas, sabendo que é pro-
dívidas, não importando se há o efetivo prejuízo.
duto de crime, INFLUI PARA QUE TERCEIRO DE BOA-FÉ
CUIDADO! Este crime só poderá ser praticado se JÁ ESTIVER O ADQUIRA, RECEBA OU OCULTE.
EM CURSO A AÇÃO NO JUÍZO CÍVEL, E JÁ TIVER SIDO O
E se a coisa for produto de ato infracional (praticado por
DEVEDOR CITADO, conforme posição da Jurisprudência.
adolescente) e não crime? Haverá o crime de receptação? A Entretanto, deve haver prova da ocorrência do crime anterior,
Doutrina majoritária entende que sim. ainda que não se exija a condenação de qualquer pessoa por
ele. Porém, se tiver havido a absolvição no CRIME ANTERIOR,
Somente a coisa móvel poderá ser objeto material do delito em razão do reconhecimento da INEXISTÊNCIA DE CRIME, da
(Posição adotada pelo STF). existência de circunstância que exclui o crime ou pelo fato de não
constituir infração penal, a receptação não será punível.
O elemento subjetivo exigido é o dolo, aliado ao dolo específico,
consistente na intenção de obter vantagem, ainda que para ter- O §5°, por sua vez, trata do PERDÃO JUDICIAL E DO PRIVI-
ceira pessoa. Se não houver intenção de obtenção de vantagem, LÉGIO. O perdão judicial pode ser aplicado somente à RE-
mas mera intenção de ajudar aquele que praticou o crime anteri- CEPTAÇÃO CULPOSA, caso o réu seja primário. Caso a recep-
or, poderemos estar diante do crime de FAVORECIMENTO tação seja dolosa, pode ser aplicada a norma prevista no §2° do
REAL (art. 349 do CP). art. 155 do CP (que trata do furto privilegiado).
A consumação, na RECEPTAÇÃO PRÓPRIA, se dá com a Por fim, o §6° nos traz uma causa de aumento de pena aplicável
efetiva inclusão da coisa na esfera de posse do agente à receptação SIMPLES, quando praticada em detrimento de
(CRIME MATERIAL). Já a RECEPTAÇÃO IMPRÓPRIA É CRI- bens das entidades ali discriminadas. Nestes casos, a pena
ME FORMAL, bastando que o infrator influencie o terceiro a será aplicada EM DOBRO.
praticar a conduta, pouco importando se este vem a praticá-la ou
não. A Doutrina só admite a tentativa na receptação própria (mas Aquele que comete QUALQUER DOS CRIMES CONTRA O
existem posições em contrário). PATRIMÔNIO é isento de pena se pratica o fato contra:
A receptação QUALIFICADA está prevista no § 1° do art. 180, e Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos
traz uma série de condutas que se assemelham à RECEPTA- crimes previstos neste título, em prejuízo:
ÇÃO PRÓPRIA, mas o artigo traz um rol de condutas bem maior.
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
A diferença na receptação qualificada é, basicamente, que a
conduta deva ter sido praticada NO EXERCÍCIO DE ATIVIDADE II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco
COMERCIAL, sendo, portanto, crime PRÓPRIO. A atividade legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural.
comercial se equipara qualquer forma de comércio, ainda que
irregular ou clandestino (camelôs), nos termos do §2°. A norma do inciso I se estende, também, àqueles que vivam em
União Estável.
O elemento subjetivo aqui é tanto o dolo DIRETO QUANTO O
DOLO EVENTUAL, pois a lei usa a e pressão ―deva sa er...‖. Este artigo cuida do que a doutrina chama de escusas absolu-
Entretanto, há um impasse. A receptação qualificada (mais gra- tórias.
ve) é punida até mesmo quando há apenas DOLO EVENTUAL,
já a receptação simples (própria e imprópria) só é punida a título Os crimes contra o patrimônio são, em regra, DE AÇÃO PENAL
de dolo direto. Assim, teríamos a possibilidade de aplicar uma PÚBLICA INCONDICIONADA. No entanto, caso sejam pratica-
pena mais grave àquele que apenas deveria saber (embora não dos contra determinadas pessoas, embora sejam puníveis, serão
soubesse) que a coisa era produto de crime e uma pena mais crimes de AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA À RE-
branda àquele que SABIA ser produto de crime. PRESENTAÇÃO. Vejamos o que diz o art. 182 do CP:
Os Tribunais estão bem divididos, ora julgando pela inconstituci- Art. 182 - Somente se procede mediante representação,
onalidade desta previsão (do §1°, relativa à penalidade mais se o crime previsto neste título é cometido em prejuízo:
grave), ora julgando pela constitucionalidade. No entanto, o STF
I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;
possui posição no sentido de que NÃO HÁ INCONSTITUCI-
ONALIDADE, tendo a lei buscado punir mais severamente aque- II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;
le que pratica receptação no exercício de atividade comercial ,
ainda que por dolo eventual, embora isso não exclua o dolo dire- III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.
to. O STJ corrobora isso:
Porém, se mesmo se enquadrando a vítima numa destas cir-
I. A jurisprudência desta Corte firmou entendimento no sentido de cunstâncias, o CRIME SERÁ DE AÇÃO PENAL PÚBLICA IN-
que "não se mostra prudente a imposição da pena prevista CONDICIONADA nos seguintes casos:
para a receptação simples em condenação pela prática de
receptação qualificada, pois a distinção feita pelo próprio Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos an-
legislador atende aos reclamos da sociedade que represen- teriores:
ta, no seio da qual é mais reprovável a conduta praticada no
exercício de atividade comercial" (STJ, EREsp 879.539/SP, I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral,
Rel. Ministro JORGE MUSSI, TERCEIRA SEÇÃO, DJe de quando haja emprego de grave ameaça ou violência à
11/04/2011). pessoa;
(AgRg no REsp 1172096/RS, Rel. Ministra ASSUSETE MAGA- III - se o crime é praticado contra pessoa com idade
LHÃES, SEXTA TURMA, julgado em 01/10/2013, DJe igual ou superior a 60 (sessenta) anos.
25/11/2013)
Vejam, portanto, que se o crime é praticado contra pessoa
O §3° prevê a receptação culposa, que ocorre quando o agente maior de 60 anos e se o crime é de roubo ou extorsão (ou
age com imprudência, adquirindo um bem em circunstâncias praticado com violência ou grave ameaça em geral), não se
anômalas, sem atentar para o fato e que é bem provável que aplica a regra dos arts. 181 e 182, que, no primeiro caso, traz
seja produto de crime. uma causa de imunidade absoluta (isenção de pena) e, no se-
gundo, que exige representação como condição de procedibili-
O §4° estabelece que a receptação seja punível ainda que seja dade da ação penal.
desconhecido ou isento de pena o autor do CRIME ANTERIOR.
O inciso II, por sua vez, retira do raio de aplicação dos arts. 181 e Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 11/9/2013.) – Informativo
182, a figura do comparsa, ou seja, se duas pessoas praticam o 528 do STJ
delito, os arts. 181 e 182 só se aplicam ao parente da vítima, e
não ao seu comparsa que não tenha vínculo com a vítima. • LATROCÍNIO – uma lesão patrimonial – mais de um resul-
tado morte – desígnios autônomos - concurso formal im-
Tópicos jurisprudenciais relevantes próprio: ―(...) Segundo a jurisprudência desta Corte, "tipifica-
se a conduta
do agente que, mediante uma só ação, dolo-
• Vedação à aplicação, no furto praticado em concurso de samente e com desígnios autônomos, pratica dois ou mais
agentes, da majorante do roubo (pois seria mais benéfica crimes, obtendo dois ou mais resultados, no art. 70, 2a parte,
que a
qualificadora prevista para o furto) – Súmula 442 do do Código Penal - concurso formal impróprio, aplicando-se as
STJ: ― inadmiss vel aplicar, no furto qualificado, pelo con- penas cumulativamente. Na compreensão do Superior Tribu-
curso de agentes, a majorante do rou o.‖
nal de Justiça, no caso de latrocínio (artigo 157, parágrafo 3o,
parte final, do Código Penal), uma única subtração patrimoni-
• Aplicação da pena no roubo – terceira fase – aplicação al, com quatro resultados morte, caracteriza concurso formal
das
majorantes (causas de aumento de pena – Necessida- impróprio" (REsp 1339987/MG, Rel. Ministro SEBASTIÃO
de de
fundamentação concreta – Súmula 443 do STJ: ―O REIS JÚNIOR, Rel. p/ Acórdão Ministra ASSUSETE MAGA-
aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de LHÃES, SEXTA TURMA,20/08/2013,
roubo circunstanciado exige fundamentação concreta, não
sendo suficiente para a sua exasperação a mera indicação do • Latrocínio – tentativa: ―(...)1. Nesta Corte, prevalece o en-
número de tendimento de que o crime de latrocínio tentado está caracte-
rizado quando, independente da natureza das lesões sofridas
* Roubo – Aplicação da majorante relativa ao emprego de
pela(s) vítima(s), há dolo de roubar e dolo de matar, e o resul-
arma de fogo – DESNECESSIDADE de perícia: ―(...)I. "Para tado agravador somente não ocorre por circunstâncias alhei-
a caracterização da majorante prevista no art. 157, § 2o, inci- as à vontade do agente. (...) (REsp 1414303/RS, Rel. Ministro
so I, do Código Penal, prescinde-se da apreensão e realiza- ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em
ção de perícia em arma utilizada na prática do crime de rou- 05/06/2014, DJe 25/06/2014)
bo, se por outros meios de prova restar evidenciado o seu
emprego. Precedentes do STF" (EREsp n. 961.863/RS, Rel.
p/ acórdão Min. Gilson Dipp, 3a Seção, DJe de 06.04.2011).
• ROUBO – LESÃO A PATRIMÔNIOS DISTINTOS – O STJ
Incidência à espécie da Súmula n. 168/STJ. (...) (AgRg nos
consolidou entendimento no sentido de que, em havendo le-
EAREsp 443.045/DF, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA,
são a patrimônios distintos (ainda que na mesma conduta),
TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 08/10/2014, DJe
haverá mais de um delito de roubo. Contudo, caso os bens
14/10/2014)
sejam de proprietários diversos mas estejam na posse de
• FURTO – Majorante do repouso noturno – aplicável tam- uma única pessoa, teremos crime único:
bém
no caso de furto praticado contra estabelecimento ―(...) Em rou o praticado no interior de ni us, o fato de a con-
comercial: ―(...)1. majorante prevista no art. 155, § 1o, do duta ter ocasionado violação de patrimônios distintos, o da
Código Penal incide na hipótese de furto praticado em esta- empresa de transporte coletivo e o do cobrador, não desca-
belecimento comercial no período do repouso noturno, em racteriza a ocorrência de crime único se todos os bens sub-
que há maior possibilidade de êxito na empreitada criminosa traídos estavam na posse do cobrador. É bem verdade que a
em razão da menor vigilância do bem, mais vulnerável à sub- jurisprudência do STJ e do STF entende que o roubo perpetrado
tração. Precedentes. 2. Recurso especial provido. (REsp com violação de patrimônios de diferentes vítimas, ainda que em
1193074/MG, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS um único evento, configura concurso formal de crimes, e não
MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 05/03/2013, DJe crime único. Todavia, esse mesmo entendimento não pode ser
15/03/2013)
aplicado ao caso em que os bens subtraídos, embora per-
tençam a pessoas distintas, estavam sob os cuidados de
• Furto – qualificadora do “rompimento de obstáculo” –
uma única pessoa, a qual sofreu a grave ameaça ou violência.
necessidade de perícia: ―(...) qualificadora do crime de fur- Precedente citado: HC 204.316-RS, Sexta Turma, DJe
to "rompimento de obstáculo e escalada", quando deixa ves- 19/9/2011. AgRg no REsp 1.396.144-DF, Rel. Min. Walter de
tígios (crime não transeunte), exige, de regra, o exame peri- Almeida Guilherme (Desembargador Convocado do TJ/SP),
cial para a sua comprovação, nos termos do art. 158 do Có- julgado em 23/10/2014. – Informativo 551 do STJ.
digo de Processo Penal. Precedentes. 4. Habeas corpus não
conhecido. Ordem parcialmente concedida, de ofício, para re-
tirar a qualificadora de rompimento de obstáculo e, conse- TÍTULO I
quentemente, reduzir a pena, nos termos do voto. (HC DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL
219.953/MS, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA, QUIN- (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
TA TURMA, julgado em 15/10/2013, DJe 21/10/2013)
Anterioridade da Lei
• Apropriação indébita previdenciária (art. 168-A) – Ausên- Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há
cia de necessidade do dolo específico: ―(...)Para a caracte- pena sem prévia cominação legal. (Redação dada pela Lei nº
rização do crime de apropriação indébita de contribuição pre- 7.209, de 11.7.1984)
videnciária (art. 168-A do CP), não há necessidade de com-
Lei penal no tempo
provação de dolo específico. Trata-se de crime omissivo pró-
prio, que se perfaz com a mera omissão de recolhimento de Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior
contribuição previdenciária no prazo e na forma legais. Des- deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução
necessária, portanto, a demonstração do animus rem sibi ha- e os efeitos penais da sentença condenatória. (Redação dada
bendi, bem como a comprovação do especial fim de fraudar a pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Previdência Social. Precedentes citados do STJ: (REsp Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo
1.172.349-PR, Quinta Turma, DJe 24/5/2012; e HC 116.461- favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que
PE, Sexta Turma, DJe 29/2/2012; Precedentes citados do decididos por sentença condenatória transitada em
STF: AP 516-DF, Pleno, DJe de 6/12/2010; e HC 96.092-SP, julgado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Primeira Turma, DJe de 1o/7/2009. EREsp 1.296.631-RN,
Lei excepcional ou temporária (Incluído pela Lei nº 7.209, § 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira
de 11.7.1984) depende do concurso das seguintes condições: (Incluído pela Lei
Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido nº 7.209, de 1984)
o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a a) entrar o agente no território nacional; (Incluído pela Lei nº
determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua 7.209, de 1984)
vigência. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) b) ser o fato punível também no país em que foi
Tempo do crime praticado; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei
ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do brasileira autoriza a extradição; (Incluído pela Lei nº 7.209, de
resultado.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) 1984)
Territorialidade d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de aí cumprido a pena; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por
cometido no território nacional. (Redação dada pela Lei nº 7.209, outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais
de 1984) favorável. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão § 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido
do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as
natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer condições previstas no parágrafo anterior: (Incluído pela Lei nº
que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações 7.209, de 1984)
brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, a) não foi pedida ou foi negada a extradição; (Incluído pela
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto- Lei nº 7.209, de 1984)
mar. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
b) houve requisição do Ministro da Justiça. (Incluído pela Lei
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes nº 7.209, de 1984)
praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras
de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no Pena cumprida no estrangeiro (Redação dada pela Lei nº
território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e 7.209, de 11.7.1984)
estas em porto ou mar territorial do Brasil.(Redação dada pela Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena
Lei nº 7.209, de 1984) imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é
Lugar do crime (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) computada, quando idênticas. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que
ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como Eficácia de sentença estrangeira (Redação dada pela Lei
onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.(Redação nº 7.209, de 11.7.1984)
dada pela Lei nº 7.209, de 1984) Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei
Extraterritorialidade (Redação dada pela Lei nº 7.209, de brasileira produz na espécie as mesmas conseqüências, pode
1984) ser homologada no Brasil para: (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no
estrangeiro: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições
e a outros efeitos civis; (Incluído pela Lei nº 7.209, de
I - os crimes: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
11.7.1984)
II - sujeitá-lo a medida de segurança.(Incluído pela Lei nº
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da 7.209, de 11.7.1984)
República; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
Parágrafo único - A homologação depende: (Incluído pela
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa
pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte
instituída pelo Poder Público; (Incluído pela Lei nº 7.209, de interessada; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
1984) b) para os outros efeitos, da existência de tratado de
c) contra a administração pública, por quem está a seu extradição com o país de cuja autoridade judiciária emanou a
serviço; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da
Justiça. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou
domiciliado no Brasil; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) Contagem de prazo (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
II - os crimes: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984) Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo.
Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a comum. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
reprimir; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
Frações não computáveis da pena (Redação dada pela
b) praticados por brasileiro; (Incluído pela Lei nº 7.209, de Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
1984)
Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa,
mercantes ou de propriedade privada, quando em território as frações de cruzeiro. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
estrangeiro e aí não sejam julgados. (Incluído pela Lei nº 7.209, 11.7.1984)
de 1984)
Legislação especial (Incluída pela Lei nº 7.209, de
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei 11.7.1984)
brasileira, ainda que absolvido ou condenado no
estrangeiro.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos Art. 18 - Diz-se o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209,
incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo de 11.7.1984)
diverso. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Crime doloso (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
TÍTULO II I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o
DO CRIME risco de produzi-lo;(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Relação de causalidade (Redação dada pela Lei nº 7.209, Crime culposo (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
de 11.7.1984)
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, imprudência, negligência ou imperícia. (Incluído pela Lei nº
somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa 7.209, de 11.7.1984)
a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém
pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o
Superveniência de causa independente (Incluído pela Lei pratica dolosamente. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
nº 7.209, de 11.7.1984)
Agravação pelo resultado (Redação dada pela Lei nº
§ 1º - A superveniência de causa relativamente 7.209, de 11.7.1984)
independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o
resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a pena,
praticou. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) só responde o agente que o houver causado ao menos
culposamente.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Relevância da omissão (Incluído pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984) Erro sobre elementos do tipo (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente
devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de
incumbe a quem:(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se
previsto em lei. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou
vigilância; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Descriminantes putativas (Incluído pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o
resultado; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente
justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena
ocorrência do resultado. (Incluído pela Lei nº 7.209, de quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime
11.7.1984) culposo.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 14 - Diz-se o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, Erro determinado por terceiro (Incluído pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984) de 11.7.1984)
Crime consumado (Incluído pela Lei nº 7.209, de § 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o
11.7.1984) erro. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos Erro sobre a pessoa (Incluído pela Lei nº 7.209, de
de sua definição legal; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 11.7.1984)
Tentativa (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as
por circunstâncias alheias à vontade do agente. (Incluído pela Lei condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra
nº 7.209, de 11.7.1984) quem o agente queria praticar o crime. (Incluído pela Lei nº
Pena de tentativa (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a Erro sobre a ilicitude do fato (Redação dada pela Lei nº
tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, 7.209, de 11.7.1984)
diminuída de um a dois terços.(Incluído pela Lei nº 7.209, de Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro
11.7.1984) sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável,
Desistência voluntária e arrependimento eficaz poderá diminuí-la de um sexto a um terço. (Redação dada pela
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente
prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando
só responde pelos atos já praticados.(Redação dada pela Lei nº lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa
7.209, de 11.7.1984) consciência. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Arrependimento posterior (Redação dada pela Lei nº Coação irresistível e obediência hierárquica (Redação
7.209, de 11.7.1984) dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em
ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de
recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da
agente, a pena será reduzida de um a dois terços. (Redação ordem.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Exclusão de ilicitude (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
Crime impossível (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
11.7.1984) Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é I - em estado de necessidade; (Incluído pela Lei nº 7.209,
impossível consumar-se o crime.(Redação dada pela Lei nº de 11.7.1984)
7.209, de 11.7.1984)
II - em legítima defesa;(Incluído pela Lei nº 7.209, de tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender
11.7.1984) o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício entendimento.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
regular de direito.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o
Excesso punível (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força
maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-
deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo. se de acordo com esse entendimento.(Redação dada pela Lei nº
(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 7.209, de 11.7.1984)
Estado de necessidade TÍTULO IV
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem DO CONCURSO DE PESSOAS
pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime
sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou incide nas penas a este cominadas, na medida de sua
alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir- culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
se. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o pode ser diminuída de um sexto a um terço. (Redação dada pela
dever legal de enfrentar o perigo. (Redação dada pela Lei nº Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
7.209, de 11.7.1984)
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será
ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços. aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) resultado mais grave. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
Legítima defesa 11.7.1984)
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando Circunstâncias incomunicáveis
moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as
atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.(Redação dada pela condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) crime. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no Casos de impunibilidade
caput deste artigo, considera-se também em legítima defesa
o agente de segurança pública que repele agressão ou risco Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio,
salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o
de agressão a vítima mantida refém durante a prática de
crime não chega, pelo menos, a ser tentado. (Redação dada pela
crimes. . (Incluído pela Lei 13.964/19) Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
TÍTULO III
DA IMPUTABILIDADE PENAL Concurso material
Inimputáveis Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-
ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que
tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de
o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. (Redação
entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Redução de pena § 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido
aplicada pena privativa de liberdade, não suspensa, por um dos
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois crimes, para os demais será incabível a substituição de que trata
terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental o art. 44 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era 11.7.1984)
inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento.(Redação dada § 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos,
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984). o condenado cumprirá simultaneamente as que forem compatí-
veis entre si e sucessivamente as demais. (Redação dada pela
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Menores de dezoito anos Concurso formal
Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omis-
inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na são, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe
legislação especial. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma
11.7.1984) delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até me-
Emoção e paixão tade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: (Redação ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anteri-
or.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - a emoção ou a paixão; (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984) Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria
cabível pela regra do art. 69 deste Código. (Redação dada pela
Embriaguez Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou Crime continuado
substância de efeitos análogos.(Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984) Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou
omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas
§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras seme-
completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao lhantes, devem os subseqüentes ser havidos como continuação
do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênti- § 3º - A desinternação, ou a liberação, será sempre
cas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer condicional devendo ser restabelecida a situação anterior
caso, de um sexto a dois terços. (Redação dada pela Lei nº se o agente, antes do decurso de 1 (um) ano, pratica fato
7.209, de 11.7.1984) indicativo de persistência de sua
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas dife- periculosidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
rentes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, 11.7.1984)
poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a
conduta social e a personalidade do agente, bem como os moti-
vos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, § 4º - Em qualquer fase do tratamento ambulatorial,
se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observa- poderá o juiz determinar a internação do agente, se essa
das as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste providência for necessária para fins curativos. (Redação
Código.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Exposição ou abandono de recém-nascido § 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a impu-
tação, a propala ou divulga.
Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar
desonra própria: § 2º - É punível a calúnia contra os mortos.
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: § 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:
Pena - detenção, de um a três anos. I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o
ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível;
§ 2º - Se resulta a morte:
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas
Pena - detenção, de dois a seis anos. no nº I do art. 141;
Omissão de socorro III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofen-
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível dido foi absolvido por sentença irrecorrível.
fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, Difamação
ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e
iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autori- Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à
dade pública: sua reputação:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
arma de fogo; (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018) CAPÍTULO III
II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante DA USURPAÇÃO
o emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo Alteração de limites
comum. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018) Art. 161 - Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou qualquer
§ 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida com outro sinal indicativo de linha divisória, para apropriar-se, no todo
emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido, aplica- ou em parte, de coisa imóvel alheia:
se em dobro a pena prevista no caput deste artigo. (Incluído Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
pela Lei 13.964/19)
§ 1º - Na mesma pena incorre quem:
§ 3º Se da violência resulta: (Redação dada pela Lei nº Usurpação de águas
13.654, de 2018)
I - desvia ou represa, em proveito próprio ou de outrem,
I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a águas alheias;
18 (dezoito) anos, e multa; (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
Esbulho possessório
II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta)
II - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou
anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
mediante concurso de mais de duas pessoas, terreno ou edifício
Extorsão alheio, para o fim de esbulho possessório.
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave § 2º - Se o agente usa de violência, incorre também na pena
ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida a esta cominada.
vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de
§ 3º - Se a propriedade é particular, e não há emprego de
fazer alguma coisa:
violência, somente se procede mediante queixa.
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
Supressão ou alteração de marca em animais
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou
Art. 162 - Suprimir ou alterar, indevidamente, em gado ou
com emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço até me-
rebanho alheio, marca ou sinal indicativo de propriedade:
tade.
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o
disposto no § 3º do artigo anterior. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 CAPÍTULO IV
o DO DANO
§ 3 Se o crime é cometido mediante a restrição da liber-
dade da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção Dano
da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:
(doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou
o
morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2 e 3 ,
o Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
respectivamente. (Incluído pela Lei nº 11.923, de 2009) Dano qualificado
Extorsão mediante seqüestro Parágrafo único - Se o crime é cometido:
Art. 159 - Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou I - com violência à pessoa ou grave ameaça;
para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do
II - com emprego de substância inflamável ou explosiva, se
resgate: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 (Vide Lei nº 10.446, de
o fato não constitui crime mais grave
2002)
III - contra o patrimônio da União, de Estado, do Distrito
Pena - reclusão, de oito a quinze anos. (Redação dada pela
Federal, de Município ou de autarquia, fundação pública, empre-
Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
sa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessio-
o
§ 1 Se o seqüestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, nária de serviços públicos; (Redação dada pela Lei nº 13.531, de
se o seqüestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (ses- 2017)
senta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadri-
IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para
lha. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 (Redação dada pela Lei nº
a vítima:
10.741, de 2003)
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, além
Pena - reclusão, de doze a vinte anos. (Redação dada pela
da pena correspondente à violência.
Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
Introdução ou abandono de animais em propriedade
alheia
§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza gra-
Art. 164 - Introduzir ou deixar animais em propriedade
ve: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
alheia, sem consentimento de quem de direito, desde que o fato
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos. (Reda- resulte prejuízo:
ção dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, ou multa.
§ 3º - Se resulta a morte: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
Dano em coisa de valor artístico, arqueológico ou histó-
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos. (Redação rico
dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
Art. 165 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada
§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente pela autoridade competente em virtude de valor artístico, arqueo-
que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do seqües- lógico ou histórico:
trado, terá sua pena reduzida de um a dois terços. (Redação
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
dada pela Lei nº 9.269, de 1996)
Alteração de local especialmente protegido
Extorsão indireta
Art. 166 - Alterar, sem licença da autoridade competente, o Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu
aspecto de local especialmente protegido por lei: poder por erro, caso fortuito ou força da natureza:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Ação penal Parágrafo único - Na mesma pena incorre:
Art. 167 - Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu pará- Apropriação de tesouro
grafo e do art. 164, somente se procede mediante queixa. I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no
CAPÍTULO V todo ou em parte, da quota a que tem direito o proprietário do
DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA prédio;
Apropriação indébita Apropriação de coisa achada
Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total
posse ou a detenção: ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no
prazo de quinze dias.
Aumento de pena
Art. 170 - Nos crimes previstos neste Capítulo, aplica-se o
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente disposto no art. 155, § 2º.
recebeu a coisa:
CAPÍTULO VI
I - em depósito necessário; DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES
II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, in- Estelionato
ventariante, testamenteiro ou depositário judicial;
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita,
III - em razão de ofício, emprego ou profissão. em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro,
Apropriação indébita previdenciária (Incluído pela Lei nº mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:
9.983, de 2000) Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos
Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as con- mil réis a dez contos de réis.
tribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou § 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o
convencional: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto no art.
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e mul- 155, § 2º.
ta. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) § 2º - Nas mesmas penas incorre quem:
o
§ 1 Nas mesmas penas incorre quem deixar de: (Incluído Disposição de coisa alheia como própria
pela Lei nº 9.983, de 2000)
I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em
I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importân- garantia coisa alheia como própria;
cia destinada à previdência social que tenha sido descontada de
pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria
público; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa
II – recolher contribuições devidas à previdência social que própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que
tenham integrado despesas contábeis ou custos relativos à ven- prometeu vender a terceiro, mediante pagamento em prestações,
da de produtos ou à prestação de serviços; (Incluído pela Lei nº silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias;
9.983, de 2000) Defraudação de penhor
III - pagar benefício devido a segurado, quando as respecti- III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo cre-
vas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa dor ou por outro modo, a garantia pignoratícia, quando tem a
pela previdência social. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) posse do objeto empenhado;
o
§ 2 É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, Fraude na entrega de coisa
declara, confessa e efetua o pagamento das contribuições, im- IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa
portâncias ou valores e presta as informações devidas à previ- que deve entregar a alguém;
dência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do
início da ação fiscal. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Fraude para recebimento de indenização ou valor de
o seguro
§ 3 É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar
somente a de multa se o agente for primário e de bons antece- V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou
dentes, desde que: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as conseqüências da
lesão ou doença, com o intuito de haver indenização ou valor de
I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de seguro;
oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição social previ-
denciária, inclusive acessórios; ou (Incluído pela Lei nº 9.983, de Fraude no pagamento por meio de cheque
2000) VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em
II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento.
seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, § 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometi-
administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento do em detrimento de entidade de direito público ou de instituto de
de suas execuções fiscais. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) economia popular, assistência social ou beneficência.
o o
§ 4 A faculdade prevista no § 3 deste artigo não se apli- Estelionato contra idoso
ca aos casos de parcelamento de contribuições cujo valor, inclu- o
§ 4 Aplica-se a pena em dobro se o crime for cometido
sive dos acessórios, seja superior àquele estabelecido, adminis-
contra idoso. (Incluído pela Lei nº 13.228, de 2015)
trativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas
execuções fiscais. (Incluído pela Lei nº 13.606, de 2018)
Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou § 5º Somente se procede mediante representação,
força da natureza salvo se a vítima for: . (Incluído pela Lei 13.964/19).
I - o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por ações,
I - a Administração Pública, direta ou indireta; que, em prospecto, relatório, parecer, balanço ou comunicação
II - criança ou adolescente; ao público ou à assembléia, faz afirmação falsa sobre as condi-
III - pessoa com deficiência mental; ou ções econômicas da sociedade, ou oculta fraudulentamente, no
IV - maior de 70 anos de idade ou incapaz. todo ou em parte, fato a elas relativo;
II - o diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por qual-
Duplicata simulada quer artifício, falsa cotação das ações ou de outros títulos da
sociedade;
Art. 172 - Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não
corresponda à mercadoria vendida, em quantidade ou qualidade, III - o diretor ou o gerente que toma empréstimo à sociedade
ou ao serviço prestado. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de ou usa, em proveito próprio ou de terceiro, dos bens ou haveres
27.12.1990) sociais, sem prévia autorização da assembléia geral;
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e mul- IV - o diretor ou o gerente que compra ou vende, por conta
ta. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990) da sociedade, ações por ela emitidas, salvo quando a lei o permi-
te;
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá aquêle que
falsificar ou adulterar a escrituração do Livro de Registro de Du- V - o diretor ou o gerente que, como garantia de crédito
plicatas. (Incluído pela Lei nº 5.474. de 1968) social, aceita em penhor ou em caução ações da própria socie-
dade;
Abuso de incapazes
VI - o diretor ou o gerente que, na falta de balanço, em
Art. 173 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, de neces- desacordo com este, ou mediante balanço falso, distribui lucros
sidade, paixão ou inexperiência de menor, ou da alienação ou ou dividendos fictícios;
debilidade mental de outrem, induzindo qualquer deles à prática
de ato suscetível de produzir efeito jurídico, em prejuízo próprio VII - o diretor, o gerente ou o fiscal que, por interposta pes-
ou de terceiro: soa, ou conluiado com acionista, consegue a aprovação de conta
ou parecer;
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
VIII - o liquidante, nos casos dos ns. I, II, III, IV, V e VII;
Induzimento à especulação
IX - o representante da sociedade anônima estrangeira,
Art. 174 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, da inexpe- autorizada a funcionar no País, que pratica os atos mencionados
riência ou da simplicidade ou inferioridade mental de outrem, nos ns. I e II, ou dá falsa informação ao Governo.
induzindo-o à prática de jogo ou aposta, ou à especulação com
títulos ou mercadorias, sabendo ou devendo saber que a opera- § 2º - Incorre na pena de detenção, de seis meses a dois
ção é ruinosa: anos, e multa, o acionista que, a fim de obter vantagem para si
ou para outrem, negocia o voto nas deliberações de assembléia
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. geral.
Fraude no comércio Emissão irregular de conhecimento de depósito ou
Art. 175 - Enganar, no exercício de atividade comercial, o "warrant"
adquirente ou consumidor: Art. 178 - Emitir conhecimento de depósito ou warrant, em
I - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria falsi- desacordo com disposição legal:
ficada ou deteriorada; Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
II - entregando uma mercadoria por outra: Fraude à execução
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. Art. 179 - Fraudar execução, alienando, desviando, destru-
§ 1º - Alterar em obra que lhe é encomendada a qualidade indo ou danificando bens, ou simulando dívidas:
ou o peso de metal ou substituir, no mesmo caso, pedra verda- Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
deira por falsa ou por outra de menor valor; vender pedra falsa
por verdadeira; vender, como precioso, metal de ou outra quali- Parágrafo único - Somente se procede mediante queixa.
dade: CAPÍTULO VII
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. DA RECEPTAÇÃO
Art. 221 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) § 2º - Se o crime, é cometido com emprego de violência,
grave ameaça ou fraude:
Concurso de rapto e outro crime
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, além da pena cor-
Art. 222 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) respondente à violência.
CAPÍTULO IV § 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se
DISPOSIÇÕES GERAIS também multa.
Art. 223 - (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009) Casa de prostituição
Art. 229. Manter, por conta própria ou de terceiro, estabe- Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
lecimento em que ocorra exploração sexual, haja, ou não, intuito Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem:
de lucro ou mediação direta do proprietário ou gerente: (Redação
dada pela Lei nº 12.015, de 2009) I - vende, distribui ou expõe à venda ou ao público qualquer
dos objetos referidos neste artigo;
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
II - realiza, em lugar público ou acessível ao público, repre-
Rufianismo sentação teatral, ou exibição cinematográfica de caráter obsce-
Art. 230 - Tirar proveito da prostituição alheia, participando no, ou qualquer outro espetáculo, que tenha o mesmo caráter;
diretamente de seus lucros ou fazendo-se sustentar, no todo ou III - realiza, em lugar público ou acessível ao público, ou
em parte, por quem a exerça: pelo rádio, audição ou recitação de caráter obsceno.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. CAPÍTULO VII
o
§ 1 Se a vítima é menor de 18 (dezoito) e maior de 14 DISPOSIÇÕES GERAIS
(catorze) anos ou se o crime é cometido por ascendente, padras- (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
to, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou Aumento de pena (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
curador, preceptor ou empregador da vítima, ou por quem assu-
miu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou Art. 234-A. Nos crimes previstos neste Título a pena é au-
vigilância: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) mentada: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. (Re- I – (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
dação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) II – (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
o
§ 2 Se o crime é cometido mediante violência, grave III - de metade, se do crime resultar gravidez; e (Incluído
ameaça, fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre pela Lei nº 12.015, de 2009)
manifestação da vontade da vítima: (Redação dada pela Lei nº
IV - de um sexto até a metade, se o agente transmite à viti-
12.015, de 2009)
ma doença sexualmente transmissível de que sabe ou deveria
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, sem prejuízo saber ser portador. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
da pena correspondente à violência. (Redação dada pela Lei nº
Art. 234-B. Os processos em que se apuram crimes defini-
12.015, de 2009)
dos neste Título correrão em segredo de justiça. (Incluído pela
Tráfico internacional de pessoa para fim de exploração Lei nº 12.015, de 2009)
sexual (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Art. 234-C. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.015, de
Art. 231. (Revogado pela Lei nº 13.344, de 2016)(Vigência) 2009)
Art. 231-A. (Revogado pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vi-
gência)
TÍTULO X
Art. 232 - (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009) DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA
Promoção de migração ilegal CAPÍTULO I
Art. 232-A. Promover, por qualquer meio, com o fim de ob- DA MOEDA FALSA
ter vantagem econômica, a entrada ilegal de estrangeiro em Moeda Falsa
território nacional ou de brasileiro em país estrangeiro: Incluído
Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda
pela Lei nº 13.445, de 2017 Vigência
metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou no estrangei-
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. In- ro:
cluído pela Lei nº 13.445, de 2017 Vigência
Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa.
§ 1º Na mesma pena incorre quem promover, por qualquer
§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria
meio, com o fim de obter vantagem econômica, a saída de es-
ou alheia, importa ou exporta, adquire, vende, troca, cede, em-
trangeiro do território nacional para ingressar ilegalmente em
presta, guarda ou introduz na circulação moeda falsa.
país estrangeiro. Incluído pela Lei nº 13.445, de 2017 Vigência
§ 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira,
§ 2º A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um ter-
moeda falsa ou alterada, a restitui à circulação, depois de conhe-
ço) se: Incluído pela Lei nº 13.445, de 2017 Vigência
cer a falsidade, é punido com detenção, de seis meses a dois
I - o crime é cometido com violência; ou Incluído pela Lei nº anos, e multa.
13.445, de 2017 Vigência
§ 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos, e mul-
II - a vítima é submetida a condição desumana ou degra- ta, o funcionário público ou diretor, gerente, ou fiscal de banco de
dante. Incluído pela Lei nº 13.445, de 2017 Vigência emissão que fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou emissão:
§ 3º A pena prevista para o crime será aplicada sem preju- I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado em
ízo das correspondentes às infrações conexas. Incluído pela lei;
Lei nº 13.445, de 2017 Vigência
II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada.
CAPÍTULO VI
DO ULTRAJE PÚBLICO AO PUDOR § 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular
moeda, cuja circulação não estava ainda autorizada.
Ato obsceno
Crimes assimilados ao de moeda falsa
Art. 233 - Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto
Art. 290 - Formar cédula, nota ou bilhete representativo de
ou exposto ao público:
moeda com fragmentos de cédulas, notas ou bilhetes verdadei-
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. ros; suprimir, em nota, cédula ou bilhete recolhidos, para o fim de
Escrito ou objeto obsceno restituí-los à circulação, sinal indicativo de sua inutilização; resti-
tuir à circulação cédula, nota ou bilhete em tais condições, ou já
Art. 234 - Fazer, importar, exportar, adquirir ou ter sob sua recolhidos para o fim de inutilização:
guarda, para fim de comércio, de distribuição ou de exposição
pública, escrito, desenho, pintura, estampa ou qualquer objeto Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
obsceno:
Parágrafo único - O máximo da reclusão é elevado a doze § 3º - Incorre na mesma pena quem usa, depois de altera-
anos e multa, se o crime é cometido por funcionário que trabalha do, qualquer dos papéis a que se refere o parágrafo anterior.
na repartição onde o dinheiro se achava recolhido, ou nela tem § 4º - Quem usa ou restitui à circulação, embora recibo de
fácil ingresso, em razão do cargo.(Vide Lei nº 7.209, de boa-fé, qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se
11.7.1984) referem este artigo e o seu § 2º, depois de conhecer a falsidade
Petrechos para falsificação de moeda ou alteração, incorre na pena de detenção, de seis meses a dois
Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou anos, ou multa.
o
gratuito, possuir ou guardar maquinismo, aparelho, instrumento § 5 Equipara-se a atividade comercial, para os fins do inci-
o
ou qualquer objeto especialmente destinado à falsificação de so III do § 1 , qualquer forma de comércio irregular ou clandesti-
moeda: no, inclusive o exercido em vias, praças ou outros logradouros
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. públicos e em residências. (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004)
Art. 292 - Emitir, sem permissão legal, nota, bilhete, ficha, Art. 294 - Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar
vale ou título que contenha promessa de pagamento em dinheiro objeto especialmente destinado à falsificação de qualquer dos
ao portador ou a que falte indicação do nome da pessoa a quem papéis referidos no artigo anterior:
deva ser pago: Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Art. 295 - Se o agente é funcionário público, e comete o
Parágrafo único - Quem recebe ou utiliza como dinheiro crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta
qualquer dos documentos referidos neste artigo incorre na pena parte.
de detenção, de quinze dias a três meses, ou multa. CAPÍTULO III
CAPÍTULO II DA FALSIDADE DOCUMENTAL
DA FALSIDADE DE TÍTULOS E OUTROS PAPÉIS PÚBLICOS Falsificação do selo ou sinal público
Falsificação de papéis públicos Art. 296 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:
Art. 293 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: I - selo público destinado a autenticar atos oficiais da União,
I – selo destinado a controle tributário, papel selado ou de Estado ou de Município;
qualquer papel de emissão legal destinado à arrecadação de II - selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito públi-
tributo; (Redação dada pela Lei nº 11.035, de 2004) co, ou a autoridade, ou sinal público de tabelião:
II - papel de crédito público que não seja moeda de curso Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
legal; § 1º - Incorre nas mesmas penas:
III - vale postal; I - quem faz uso do selo ou sinal falsificado;
IV - cautela de penhor, caderneta de depósito de caixa II - quem utiliza indevidamente o selo ou sinal verdadeiro em
econômica ou de outro estabelecimento mantido por entidade de prejuízo de outrem ou em proveito próprio ou alheio.
direito público;
III - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de marcas,
V - talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro documento logotipos, siglas ou quaisquer outros símbolos utilizados ou iden-
relativo a arrecadação de rendas públicas ou a depósito ou cau- tificadores de órgãos ou entidades da Administração Públi-
ção por que o poder público seja responsável; ca. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
VI - bilhete, passe ou conhecimento de empresa de trans- § 2º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime
porte administrada pela União, por Estado ou por Município: prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte.
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. Falsificação de documento público
o
§ 1 Incorre na mesma pena quem: (Redação dada pela Lei Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento públi-
nº 11.035, de 2004) co, ou alterar documento público verdadeiro:
I – usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papéis falsifi- Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
cados a que se refere este artigo; (Incluído pela Lei nº 11.035, de
2004) § 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime
prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte.
II – importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta,
guarda, fornece ou restitui à circulação selo falsificado destinado § 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento
a controle tributário; (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004) público o emanado de entidade paraestatal, o título ao portador
ou transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial,
III – importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda, man- os livros mercantis e o testamento particular.
tém em depósito, guarda, troca, cede, empresta, fornece, porta o
ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no § 3 Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inse-
exercício de atividade comercial ou industrial, produto ou merca- rir: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
doria: (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004) I – na folha de pagamento ou em documento de informa-
a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a contro- ções que seja destinado a fazer prova perante a previdência
le tributário, falsificado; (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004) social, pessoa que não possua a qualidade de segurado obriga-
tório;(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação tributária
determina a obrigatoriedade de sua aplicação. (Incluído pela Lei II – na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empre-
nº 11.035, de 2004) gado ou em documento que deva produzir efeito perante a previ-
dência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido
§ 2º - Suprimir, em qualquer desses papéis, quando legíti- escrita; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
mos, com o fim de torná-los novamente utilizáveis, carimbo ou
sinal indicativo de sua inutilização: III – em documento contábil ou em qualquer outro documen-
to relacionado com as obrigações da empresa perante a previ-
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. dência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter
constado. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
o
§ 4 Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documen- Uso de documento falso
o
tos mencionados no § 3 , nome do segurado e seus dados pes- Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou
soais, a remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de alterados, a que se referem os arts. 297 a 302:
prestação de serviços.(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.
Falsificação de documento particular (Redação dada
pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência Supressão de documento
Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento par- Art. 305 - Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício próprio
ticular ou alterar documento particular verdadeiro: ou de outrem, ou em prejuízo alheio, documento público ou parti-
cular verdadeiro, de que não podia dispor:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa, se o docu-
Falsificação de cartão (Incluído pela Lei nº 12.737, de mento é público, e reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o
2012) Vigência documento é particular.
Parágrafo único. Para fins do disposto no caput, equipa- CAPÍTULO IV
ra-se a documento particular o cartão de crédito ou débito. (Inclu- DE OUTRAS FALSIDADES
ído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
Falsificação do sinal empregado no contraste de metal
Falsidade ideológica precioso ou na fiscalização alfandegária, ou para outros fins
Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular, decla- Art. 306 - Falsificar, fabricando-o ou alterando-o, marca ou
ração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir sinal empregado pelo poder público no contraste de metal preci-
declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim oso ou na fiscalização alfandegária, ou usar marca ou sinal des-
de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre sa natureza, falsificado por outrem:
fato juridicamente relevante:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o docu-
mento é público, e reclusão de um a três anos, e multa, se o Parágrafo único - Se a marca ou sinal falsificado é o que
documento é particular. usa a autoridade pública para o fim de fiscalização sanitária, ou
para autenticar ou encerrar determinados objetos, ou comprovar
Parágrafo único - Se o agente é funcionário público, e co- o cumprimento de formalidade legal:
mete o crime prevalecendo-se do cargo, ou se a falsificação ou
alteração é de assentamento de registro civil, aumenta-se a pena Pena - reclusão ou detenção, de um a três anos, e multa.
de sexta parte. Falsa identidade
Falso reconhecimento de firma ou letra Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade
Art. 300 - Reconhecer, como verdadeira, no exercício de para obter vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou para
função pública, firma ou letra que o não seja: causar dano a outrem:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o docu- Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o
mento é público; e de um a três anos, e multa, se o documento é fato não constitui elemento de crime mais grave.
particular. Art. 308 - Usar, como próprio, passaporte, título de eleitor,
Certidão ou atestado ideologicamente falso caderneta de reservista ou qualquer documento de identidade
alheia ou ceder a outrem, para que dele se utilize, documento
Art. 301 - Atestar ou certificar falsamente, em razão de dessa natureza, próprio ou de terceiro:
função pública, fato ou circunstância que habilite alguém a obter
cargo público, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, Pena - detenção, de quatro meses a dois anos, e multa, se
ou qualquer outra vantagem: o fato não constitui elemento de crime mais grave.
Pena - detenção, de dois meses a um ano. Fraude de lei sobre estrangeiro
Falsidade material de atestado ou certidão Art. 309 - Usar o estrangeiro, para entrar ou permanecer no
território nacional, nome que não é o seu:
§ 1º - Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou certidão,
ou alterar o teor de certidão ou de atestado verdadeiro, para Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
prova de fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo Parágrafo único - Atribuir a estrangeiro falsa qualidade para
público, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou promover-lhe a entrada em território nacional: (Incluído pela Lei
qualquer outra vantagem: nº 9.426, de 1996)
Pena - detenção, de três meses a dois anos. Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. (Incluído
§ 2º - Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se, pela Lei nº 9.426, de 1996)
além da pena privativa de liberdade, a de multa. Art. 310 - Prestar-se a figurar como proprietário ou possui-
Falsidade de atestado médico dor de ação, título ou valor pertencente a estrangeiro, nos casos
em que a este é vedada por lei a propriedade ou a posse de tais
Art. 302 - Dar o médico, no exercício da sua profissão, bens: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
atestado falso:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e mul-
Pena - detenção, de um mês a um ano. ta. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
Parágrafo único - Se o crime é cometido com o fim de lucro, Adulteração de sinal identificador de veículo automo-
aplica-se também multa. tor (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
Reprodução ou adulteração de selo ou peça filatélica Art. 311 - Adulterar ou remarcar número de chassi ou qual-
Art. 303 - Reproduzir ou alterar selo ou peça filatélica que quer sinal identificador de veículo automotor, de seu componente
tenha valor para coleção, salvo quando a reprodução ou a altera- ou equipamento:(Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996))
ção está visivelmente anotada na face ou no verso do selo ou Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa. (Redação
peça: dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. § 1º - Se o agente comete o crime no exercício da função
Parágrafo único - Na mesma pena incorre quem, para fins pública ou em razão dela, a pena é aumentada de um ter-
de comércio, faz uso do selo ou peça filatélica. ço. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
§ 2º - Incorre nas mesmas penas o funcionário público que Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
contribui para o licenciamento ou registro do veículo remarcado Inserção de dados falsos em sistema de informa-
ou adulterado, fornecendo indevidamente material ou informação ções (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
oficial. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a
CAPÍTULO V inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados
(Incluído pela Lei 12.550. de 2011) corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da
DAS FRAUDES EM CERTAMES DE INTERESSE PÚBLICO Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida
(Incluído pela Lei 12.550. de 2011) para si ou para outrem ou para causar dano: (Incluído pela Lei nº
Fraudes em certames de interesse público (Incluído pe- 9.983, de 2000))
la Lei 12.550. de 2011) Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e mul-
Art. 311-A. Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o fim ta. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
de beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer a credibilidade Modificação ou alteração não autorizada de sistema de
do certame, conteúdo sigiloso de: (Incluído pela Lei 12.550. de informações (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
2011) Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de
I - concurso público; (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) informações ou programa de informática sem autorização ou
II - avaliação ou exame públicos; (Incluído pela Lei solicitação de autoridade competente: (Incluído pela Lei nº 9.983,
12.550. de 2011) de 2000)
III - processo seletivo para ingresso no ensino superior; Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e mul-
ou (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) ta. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
IV - exame ou processo seletivo previstos em lei: (Incluído Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até
pela Lei 12.550. de 2011) a metade se da modificação ou alteração resulta dano para a
Administração Pública ou para o administrado.(Incluído pela Lei
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (In- nº 9.983, de 2000)
cluído pela Lei 12.550. de 2011)
o
Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou docu-
§ 1 Nas mesmas penas incorre quem permite ou facilita, mento
por qualquer meio, o acesso de pessoas não autorizadas às
informações mencionadas no caput. (Incluído pela Lei 12.550. de Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de
2011) que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo,
o
total ou parcialmente:
§ 2 Se da ação ou omissão resulta dano à administração
pública: (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não consti-
tui crime mais grave.
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e mul-
ta. (Incluído pela Lei 12.550. de 2011) Emprego irregular de verbas ou rendas públicas
o
§ 3 Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o fato é co- Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diver-
metido por funcionário público. (Incluído pela Lei 12.550. de sa da estabelecida em lei:
2011) Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
TÍTULO XI Concussão
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indireta-
CAPÍTULO I mente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em
DOS CRIMES PRATICADOS razão dela, vantagem indevida:
POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO Pena - reclusão, de 2 a 8 anos, e multa (incluído pela
CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL Lei13964/19)
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, § 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social
valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega
tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito pró- na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autori-
prio ou alheio: za: (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (Reda-
ção dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público,
embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, § 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de
ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres
alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade públicos:
de funcionário. Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
Peculato culposo Corrupção passiva
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta
de outrem: ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-
Pena - detenção, de três meses a um ano. la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa
de tal vantagem:
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano,
se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e mul-
é posterior, reduz de metade a pena imposta. ta. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003)
IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não consti-
alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, merca- tui crime mais grave.
doria de procedência estrangeira, desacompanhada de docu- Sonegação de contribuição previdenciária (Incluído pela
mentação legal ou acompanhada de documentos que sabe se- Lei nº 9.983, de 2000)
rem falsos. (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social previden-
o
§ 2 Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos ciária e qualquer acessório, mediante as seguintes condu-
deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino tas: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residên- I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de docu-
cias. (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) mento de informações previsto pela legislação previdenciária
o
§ 3 A pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho segurados empregado, empresário, trabalhador avulso ou traba-
é praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial. (Redação lhador autônomo ou a este equiparado que lhe prestem servi-
dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) ços; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Contrabando II – deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da
Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibi- contabilidade da empresa as quantias descontadas dos segura-
da: (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) dos ou as devidas pelo empregador ou pelo tomador de servi-
ços; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 ( cinco) anos. (Incluído pe-
la Lei nº 13.008, de 26.6.2014) III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferi-
o
dos, remunerações pagas ou creditadas e demais fatos gerado-
§ 1 Incorre na mesma pena quem: (Incluído pela Lei nº res de contribuições sociais previdenciárias: (Incluído pela Lei nº
13.008, de 26.6.2014) 9.983, de 2000)
I - pratica fato assimilado, em lei especial, a contraban- Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e mul-
do; (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) ta. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
o
§ 1 É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente,
declara e confessa as contribuições, importâncias ou valores e
presta as informações devidas à previdência social, na forma Reingresso de estrangeiro expulso
definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fis- Art. 338 - Reingressar no território nacional o estrangeiro
cal. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) que dele foi expulso:
o
§ 2 É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar Pena - reclusão, de um a quatro anos, sem prejuízo de nova
somente a de multa se o agente for primário e de bons antece- expulsão após o cumprimento da pena.
dentes, desde que: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Denunciação caluniosa
I – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Art. 339. Dar causa à instauração de investigação policial,
II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, de processo judicial, instauração de investigação administrativa,
seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra al-
administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento guém, imputando-lhe crime de que o sabe inocente: (Redação
de suas execuções fiscais. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) dada pela Lei nº 10.028, de 2000)
o
§ 3 Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha de Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
pagamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00 (um mil, quinhen-
tos e dez reais), o juiz poderá reduzir a pena de um terço até a § 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se
metade ou aplicar apenas a de multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, serve de anonimato ou de nome suposto.
de 2000) § 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação é de
o prática de contravenção.
§ 4 O valor a que se refere o parágrafo anterior será reajus-
tado nas mesmas datas e nos mesmos índices do reajuste dos Comunicação falsa de crime ou de contravenção
benefícios da previdência social.(Incluído pela Lei nº 9.983, de
Art. 340 - Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe
2000)
a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter
CAPÍTULO II-A verificado:
(Incluído pela Lei nº 10.467, de 11.6.2002)
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA
Auto-acusação falsa
A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ESTRANGEIRA
Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de crime inexis-
Corrupção ativa em transação comercial internacional tente ou praticado por outrem:
Art. 337-B. Prometer, oferecer ou dar, direta ou indireta- Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa.
mente, vantagem indevida a funcionário público estrangeiro, ou a
Falso testemunho ou falsa perícia
terceira pessoa, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar
ato de ofício relacionado à transação comercial internacio- Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade
nal: (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em
processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo
Pena – reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e multa. (Incluí-
arbitral: (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
do pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um terço), se,
(Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência)
em razão da vantagem ou promessa, o funcionário público es-
o
trangeiro retarda ou omite o ato de ofício, ou o pratica infringindo § 1 As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o
dever funcional. (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) crime é praticado mediante suborno ou se cometido com o fim de
Tráfico de influência em transação comercial internaci- obter prova destinada a produzir efeito em processo penal, ou
onal (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) em processo civil em que for parte entidade da administração
pública direta ou indireta.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de
Art. 337-C. Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para 28.8.2001)
outrem, direta ou indiretamente, vantagem ou promessa de van- o
§ 2 O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no
tagem a pretexto de influir em ato praticado por funcionário públi-
processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara
co estrangeiro no exercício de suas funções, relacionado a tran-
a verdade.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
sação comercial internacional: (Incluído pela Lei nº 10467, de
11.6.2002) Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer
outra vantagem a testemunha, perito, contador, tradutor ou intér-
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e mul-
prete, para fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em
ta. (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
depoimento, perícia, cálculos, tradução ou interpretação: (Reda-
Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se o ção dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
agente alega ou insinua que a vantagem é também destinada a
Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa.(Redação
funcionário estrangeiro. (Incluído pela Lei nº 10467, de
dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
11.6.2002)
Funcionário público estrangeiro (Incluído pela Lei nº Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sexto a um
terço, se o crime é cometido com o fim de obter prova destinada
10467, de 11.6.2002)
a produzir efeito em processo penal ou em processo civil em que
Art. 337-D. Considera-se funcionário público estrangeiro, for parte entidade da administração pública direta ou indire-
para os efeitos penais, quem, ainda que transitoriamente ou sem ta. (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública em
Coação no curso do processo
entidades estatais ou em representações diplomáticas de país
estrangeiro. (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) Art. 344 - Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de
favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou
Parágrafo único. Equipara-se a funcionário público estran-
qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em
geiro quem exerce cargo, emprego ou função em empresas
processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral:
controladas, diretamente ou indiretamente, pelo Poder Público de
país estrangeiro ou em organizações públicas internacio- Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além da
nais. (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) pena correspondente à violência.
CAPÍTULO III Exercício arbitrário das próprias razões
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer § 2º - Se há emprego de violência contra pessoa, aplica-se
pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite: também a pena correspondente à violência.
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além § 3º - A pena é de reclusão, de um a quatro anos, se o cri-
da pena correspondente à violência. me é praticado por pessoa sob cuja custódia ou guarda está o
Parágrafo único - Se não há emprego de violência, somente preso ou o internado.
se procede mediante queixa. § 4º - No caso de culpa do funcionário incumbido da custó-
Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria, dia ou guarda, aplica-se a pena de detenção, de três meses a um
que se acha em poder de terceiro por determinação judicial ou ano, ou multa.
convenção: Evasão mediante violência contra a pessoa
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indiví-
Fraude processual duo submetido a medida de segurança detentiva, usando de
violência contra a pessoa:
Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência de processo
civil ou administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, Pena - detenção, de três meses a um ano, além da pena
com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito: correspondente à violência.
Parágrafo único - Se a inovação se destina a produzir efeito Art. 353 - Arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, do poder de
em processo penal, ainda que não iniciado, as penas aplicam-se quem o tenha sob custódia ou guarda:
em dobro. Pena - reclusão, de um a quatro anos, além da pena cor-
Favorecimento pessoal respondente à violência.
§ 1º - Se ao crime não é cominada pena de reclusão: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena
correspondente à violência.
Pena - detenção, de quinze dias a três meses, e multa.
Patrocínio infiel
§ 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, descendente,
cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento de pena. Art. 355 - Trair, na qualidade de advogado ou procurador, o
dever profissional, prejudicando interesse, cujo patrocínio, em
Favorecimento real juízo, lhe é confiado:
Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de co-autoria Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.
ou de receptação, auxílio destinado a tornar seguro o proveito do
crime: Patrocínio simultâneo ou tergiversação
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. Parágrafo único - Incorre na pena deste artigo o advogado
ou procurador judicial que defende na mesma causa, simultânea
Art. 349-A. Ingressar, promover, intermediar, auxiliar ou ou sucessivamente, partes contrárias.
facilitar a entrada de aparelho telefônico de comunicação móvel,
de rádio ou similar, sem autorização legal, em estabelecimento Sonegação de papel ou objeto de valor probatório
prisional. (Incluído pela Lei nº 12.012, de 2009). Art. 356 - Inutilizar, total ou parcialmente, ou deixar de resti-
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. (Incluído tuir autos, documento ou objeto de valor probatório, que recebeu
pela Lei nº 12.012, de 2009). na qualidade de advogado ou procurador:
Exercício arbitrário ou abuso de poder Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.
IV - efetua, com abuso de poder, qualquer diligência. Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa, além
da pena correspondente à violência.
Fuga de pessoa presa ou submetida a medida de segu-
rança Desobediência a decisão judicial sobre perda ou sus-
pensão de direito
Art. 351 - Promover ou facilitar a fuga de pessoa legalmente
presa ou submetida a medida de segurança detentiva: Art. 359 - Exercer função, atividade, direito, autoridade ou
múnus, de que foi suspenso ou privado por decisão judicial:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa.
§ 1º - Se o crime é praticado a mão armada, ou por mais de
uma pessoa, ou mediante arrombamento, a pena é de reclusão,
de dois a seis anos.
CAPÍTULO IV Aumento de despesa total com pessoal no último ano
DOS CRIMES CONTRA AS FINANÇAS PÚBLICAS do mandato ou legislatura (Incluído pela Lei nº 10.028, de
(Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) 2000)
Contratação de operação de crédito Art. 359-G. Ordenar, autorizar ou executar ato que acarrete
Art. 359-A. Ordenar, autorizar ou realizar operação de cré- aumento de despesa total com pessoal, nos cento e oitenta dias
dito, interno ou externo, sem prévia autorização legislativa: (Inclu- anteriores ao final do mandato ou da legislatura: (Incluído pela
ído pela Lei nº 10.028, de 2000) Lei nº 10.028, de 2000))
Pena – reclusão, de 1 (um) a 2 (dois) anos. (Incluído pela Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela
Lei nº 10.028, de 2000) Lei nº 10.028, de 2000)
Parágrafo único. Incide na mesma pena quem ordena, auto- Oferta pública ou colocação de títulos no mercado (In-
riza ou realiza operação de crédito, interno ou externo: (Incluído cluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
pela Lei nº 10.028, de 2000) Art. 359-H. Ordenar, autorizar ou promover a oferta pública
I – com inobservância de limite, condição ou montante esta- ou a colocação no mercado financeiro de títulos da dívida pública
belecido em lei ou em resolução do Senado Federal; (Incluído sem que tenham sido criados por lei ou sem que estejam regis-
pela Lei nº 10.028, de 2000) trados em sistema centralizado de liquidação e de custó-
dia: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
II – quando o montante da dívida consolidada ultrapassa o
limite máximo autorizado por lei. (Incluído pela Lei nº 10.028, de Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela
2000) Lei nº 10.028, de 2000)
a) A expressão excesso intensivo é usada para referir-se ao uso 13. Ano: 2016Banca: FUNCABÓrgão: PC-PAProva: Escrivão
imoderado de meios necessários, sendo que a expressão ex- de Polícia Civil - Cremílson foi denunciado pelo Ministério
cesso extensivo é usada para referir-se ao uso de meios Público por ter praticado lesão corporal de natureza grave.
desnecessários; No curso de ação penal, resta comprovado ser ele portador
b) A expressão excesso intensivo é usada para referir-se ao uso de enfermidade mental, o que determinou sua absolvição im-
de meios desnecessários, sendo que a expressão excesso própria. Isso significa que Cremílson:
extensivo é usada para referir-se ao uso imoderado de meios
necessários; a) era, ao tempo da sentença, inteiramente incapaz de compre-
c) Inexiste legítima defesa real de legítima defesa real; ender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo
d) Há possibilidade de legítima defesa real de legítima defesa com este entendimento.
putativa; b) era, ao tempo da ação. inteiramente incapaz de compreender
e) Há possibilidade de duas legítimas defesas putativas conco- o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
mitantes. este entendimento.
c) não era, ao tempo da sentença, inteiramente capaz de com-
10. Ano: 2014Banca: VUNESPÓrgão: PC-SPProva: Investiga- preender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acor-
dor de Polícia - Nos termos do C digo Penal, ―entende-se do com este entendimento.
em _____. ______ quem, usando moderadamente dos meios d) não era, ao tempo da sentença, inteiramente capaz de com-
necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a di- preender o caráter ilícito do fato, embora possuísse pela au-
reito seu ou de outrem‖. todeterminação.
e) não era, ao tempo da ação. inteiramente capaz de compre-
Assinale a alternativa que completa corretamente a afirmação. ender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo
com este entendimento.
a) estado de necessidade
b) estrito cumprimento de dever legal 14. Ano: 2016Banca: FCCÓrgão: SEGEP-MAProva: Técnico
c) legítima defesa da Receita Estadual - Arrecadação e Fiscalização de Mer-
d) exercício regular de direito cadorias em Trânsito - Conhecimentos Gerais - NÃO há
e) coação irresistível crime quando o agente pratica o fato típico descrito na lei pe-
nal
11. Ano: 2016Banca: CESPEÓrgão: PC-GOProva: Agente de
Polícia Substituto. - A respeito da aplicação da lei penal e a) mediante coação irresistível ou em estrita obediência a ordem
dos elementos e das causas de exclusão de culpabilidade, de superior hierárquico.
assinale a opção correta. b) por culpa, dolo eventual, erro sobre os elementos do tipo e
excesso justificado.
a) O princípio da legalidade pode ser desdobrado em três: prin- c) somente em estado de necessidade e legítima defesa.
cípio da reserva legal, princípio da taxatividade e princípio da d) mediante erro sobre a pessoal contra a qual o crime é prati-
retroatividade como regra, a fim de garantir justiça na aplica- cado, em concurso de pessoas culposo e nos casos de ex-
ção de qualquer norma. cesso doloso.
b) São excludentes de culpabilidade: inimputabilidade, coação e) em estado de necessidade, legítima defesa, em estrito cum-
física irresistível e obediência hierárquica de ordem não mani- primento do dever legal e no exercício regular de direito.
festamente ilegal.
c) Se ordem não manifestamente ilegal for cumprida por subor- 15. Ano: 2016Banca: COMPERVEÓrgão: Câmara de Natal -
dinado e resultar em crime, apenas o superior responderá RNProva: Guarda Legislativo. - Conforme a ideia de impu-
como autor mediato, ficando o subordinado isento por inexi- tabilidade penal, como condição para atribuir a alguém a apli-
gibilidade de conduta diversa. cação de uma pena, só pode sofrer a sanção aquele que, ao
d) Emoção e paixão são causas excludentes de culpabilidade. tempo da infração penal, tinha capacidade e autodetermina-
e) Em razão do princípio da legalidade, a analogia não pode ser ção para a análise do fato. Sobre esse tema, o Código Penal
usada em matéria penal. estabelece:
12. Ano: 2016Banca: FUNCABÓrgão: PC-PAProva: Escrivão a) a pena pode ser reduzida de dois terços, se o agente, por
de Polícia Civil - Afim de produzir prova em processo penal, embriaguez voluntária, não possuía, ao tempo da ação ou da
o Juiz de Direito de determinada comarca encaminha requisi- omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do
ção à Delegacia de Polícia local, ordenando que seja realiza- fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
da busca domiciliar noturna na casa de um réu. O Delegado b) é isento de pena o agente que, por embriaguez, voluntária ou
de Polícia designa, assim, uma equipe de agentes para o culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos, era,
cumprimento da medida, sendo certo que um dos agentes ao tempo da ação ou da omissão, totalmente incapaz de en-
questiona a legalidade do ato, dado o horário de seu cumpri- tender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo
mento. O Delegado confirma a ilegalidade. No entanto, sus- com esse entendimento.
tenta que a diligência deve ser realizada, uma vez que há im- c) a pena pode ser reduzida de um terço, se o agente, em virtu-
posição judicial para seu cumprimento. Com base apenas de de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento
nas informações constantes do enunciado, caso os agentes mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz
efetivem a busca domiciliar noturna: de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
acordo com esse entendimento
a) não agirão criminosamente, uma vez que atuam no estrito d) é isento de pena o agente que, por doença mental ou desen-
cumprimento do dever legal. volvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da
b) agirão criminosamente. ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o ca-
c) não agirão criminosamente. em virtude de coação moral ráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
irresistível. entendimento.
d) não agirão criminosamente, já que há mera obediência hie-
rárquica.
16. Ano: 2016Banca: IADESÓrgão: PC-DFProva: Perito Cri- c) embriaguez culposa completa proveniente da ingestão de
minal - Ciências Contabéis (+ provas) - No que se refere à álcool.
imputabilidade penal, em regra, o direito penal brasileiro ado- d) emoção.
ta o sistema e) paixão.
a) a lei penal mais grave não poderá ser aplicada: o ordenamen- 09. Ano: 2015Banca: CESPEÓrgão: TJ-DFTProva: Técnico
to jurídico não admite a novatio legis in pejus. Judiciário – Administrativa - Acerca do crime e da aplica-
b) a lei penal menos grave deverá ser aplicada, já que o crime ção da lei penal no tempo e no espaço, julgue o item que se
teve início durante a sua vigência e a legislação, em relação segue.
ao tempo do crime, aplica a teoria da atividade.
c) a lei penal mais grave deverá ser aplicada, pois a atividade A lei mais benéfica deve ser aplicada pelo juiz quando da pro-
delitiva prolongou-se até a entrada em vigor da nova legisla- lação da sentença — em decorrência do fenômeno da ultrati-
ção, antes da cessação da permanência do crime. vidade — mesmo já tendo sido revogada a lei que vigia no
d) a aplicação da pena deverá ocorrer na forma prevista pela momento da consumação do crime.
nova lei, dada a incidência do princípio da ultratividade da lei ( )CERTO ( )ERRADO
penal.
e) a aplicação da pena ocorrerá na forma prevista pela lei ante-
rior, mais branda, em virtude da incidência do princípio da ir-
retroatividade da lei penal. 10. Ano: 2015Banca: CESPEÓrgão: TCE-RNProva: Assessor
06. Ano: 2016Banca: VUNESPÓrgão: Prefeitura de Sertãozi- Técnico Jurídico - Cargo 2 - Acerca da aplicação da lei pe-
nho - SPProva: Procurador Municipal - Rosa Margarida, nal, dos princípios de direito penal e do arrependimento pos-
apaixonada por Carlos Flores, imaginando que se os dois terior, julgue o item a seguir.
convivessem por alguns dias, ele poderia se apaixonar, re-
solveu sequestrá-lo. Sendo assim, o privou da sua liberdade Pelo princípio da irretroatividade da lei penal, não é possível
e o levou para sua casa. Enquanto Carlos era mantido em ca- a aplicação de lei posterior a fato anterior à edição desta. É
tiveiro por Rosa, nova lei entrou em vigor, agravando a pena exceção ao referido princípio a possibilidade de retroatividade
do crime de sequestro. da lei penal benéfica que atenue a pena ou torne atípico o fa-
to, desde que não haja trânsito em julgado da sentença penal
condenatória.
( )CERTO ( )ERRADO b) não poderá ser punido pelo crime de ―desperd cio de água
tratada‖
11. Ano: 2015Banca: FCCÓrgão: TRE-APProva: Técnico Ju- c) s poderá ser punido pelo crime de ―desperd cio de água
diciário – Administrativa - Fausto foi condenado por sen- tratada‖ se houver nova edição da lei no pr imo per odo de
tença transitada em julgado por crime cometido em 2010, en- seca.
contrando-se em cumprimento da pena de 10 anos. Em 2015, d) s poderá ser punido pelo crime de ―deso ediência‖ em virtu-
entrou em vigor uma lei que não mais considera como crime de de não mais su sistir o crime de ―desperd cio de água tra-
a conduta que levou Fausto à prisão. Neste caso, Fausto tada‖.
e) poderá ser condenado pelo crime de ―desperd cio de água
a) será beneficiado pela nova lei, pois a lei penal retroage. tratada‖, no entanto esta condenação não poderá ser e ecu-
b) não será beneficiado pela nova lei, pois a Constituição Fede- tada.
ral garante a irretroatividade da lei penal.
c) será beneficiado pela nova lei apenas se esta favorecer ao 16. Ano: 2017Banca: FCCÓrgão: PC-APProva: Agente de
menos 10 condenados. Polícia - Mário e Mauro combinam a prática de um crime de
d) não será beneficiado pela nova lei, pois a Constituição garan- furto a uma residência. Contudo, sem que Mário saiba, Mauro
te a retroatividade apenas da lei civil. arma-se de um revólver devidamente municiado. Ambos, en-
e) não será beneficiado pois a nova lei não pode prejudicar a tão, ingressam na residência escolhida para subtrair os bens
coisa julgada. ali existentes. Enquanto Mário separava os objetos para sub-
tração, Mauro é surpreendido com a presença de um dos mo-
12. Ano: 2015Banca: FUNCABÓrgão: PC-ACProva: Perito radores que, ao reagir a ação criminosa, acaba sendo morto
Criminal - Observa-se nas leis temporárias que: por Mauro. Nesta hipótese
a) não adotam a regra da retroatividade benigna. a) Mário e Mauro responderão pela prática de latrocínio.
b) sua vigência depende da excepcionalidade que a gerou. b) Mário e Mauro responderão pela prática de furto.
c) não são ultra-ativas nem retroativas. c) Mário responderá pela prática de furto simples e Mauro res-
d) possuem a característica da retroatividade, sempre para ponderá pela prática de furto qualificado.
beneficiar o réu. d) Mário responderá apenas pelo furto e Mauro responderá pela
e) sua vigência é previamente fixada pelo legislador. prática dos crimes de porte ilegal de arma de fogo, furto e
homicídio.
13. Sobre a aplicação da lei penal, é correto afirmar que e) Mário responderá pela prática de furto e Mauro pelo crime de
a) em relação ao tempo do crime, o Código Penal, no artigo 4° , latrocínio.
adotou a teoria da ubiquidade.
b) para os crimes permanentes, aplica-se a lei nova, ainda que 17. Pedro, José e Alfredo integram uma organização criminosa
mais severa, pois é considerado tempo do crime todo o perí- que opera com tráfico de drogas e comete vários crimes na
odo em que se desenvolver a atividade criminosa. periferia de uma grande cidade brasileira. José ocupa uma
c) em relação ao lugar do crime, o Código Penal, no artigo 6° , posição mais alta na organização, sendo responsável por pu-
adotou a teoria da atividade. nir quem não correspondesse às expectativas do grupo. Cer-
d) a nova lei, que deixa de considerar criminoso determinado to dia, tendo Alfredo falhado na cobrança de uma dívida do
fato, cessa, em favor do agente, todos os efeitos penais e ci- tráfico, José, com a ajuda de Pedro, deu-lhe uma surra. Com
vis. o objetivo de se vingar de ambos, Alfredo armou um plano
e) o princípio da retroatividade da lei penal mais benéfica é para acabar com a vida de José e atribuir a responsabilidade
absoluto, previsto constitucionalmente, sobrepondo-se até a Pedro. Assim, durante um tiroteio entre integrantes da or-
mesmo à ultratividade das leis excepcionais ou temporárias. ganização criminosa e policiais, Alfredo, apontando na dire-
ção de José, que estava atrás de um arbusto, orientou Pedro
14. Ano: 2015Banca: CESPEÓrgão: TRE-GOProva: Analista a atirar nele, sob a alegação de que se tratava de um policial.
Judiciário - Área Judiciária - No que concerne à lei penal no O tiro atingiu José e Alfredo fugiu. Tendo percebido o erro,
tempo, tentativa, crimes omissivos, arrependimento posterior Pedro levou José ao hospital, o que evitou sua morte.
e crime impossível, julgue o item a seguir.
Considerando que, conforme o Código Penal, o crime de ho-
A revogação expressa de um tipo penal incriminador conduz micídio consiste em matar alguém e o crime de lesão corporal
a abolitio criminis, ainda que seus elementos passem a inte- em ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem, as-
grar outro tipo penal, criado pela norma revogadora. sinale a opção correta a respeito da responsabilização de Al-
( )CERTO ( )ERRADO fredo e Pedro na situação hipotética apresentada.
15. Ano: 2015Banca: VUNESPÓrgão: PC-CEProva: Inspetor a) Pedro não será responsabilizado pela prática de crime, em
de Polícia Civil de 1ª Classe - Em virtude da seca que asso- razão do erro sobre pessoa, e Alfredo responderá por tentati-
la o país, considere a hipótese em que seja promulgada uma va de homicídio.
Lei Federal ordinária que estabeleça como crime o desperdí- b) Alfredo será responsabilizado por tentativa de homicídio e
cio doloso ou culposo de água tratada, no período compreen- Pedro por lesão corporal.
dido entre 01 de novembro de 2014 e 01 de março de 2015. c) Nem Alfredo nem Pedro serão responsabilizados pela prática
Em virtude do encerramento da estiagem e volta à normali- de crime, já que Pedro impediu a morte de José.
dade, não houve necessidade de edição de nova lei ou alte- d) Tanto Pedro quanto Alfredo responderão por tentativa de
ração no prazo estabelecido na citada legislação. Nessa hipó- homicídio.
tese, o indivíduo A que em 02 de março de 2015 estiver sen- e) Pedro não será responsabilizado pela prática de crime, por
do acusado em um processo criminal por ter praticado o refe- estar configurada discriminante putativa, e Alfredo responde-
rido crime de ―desperd cio de água tratada‖, durante o per o- rá por lesão corporal.
do de vigência da lei,
18. Considerando os aspectos legais, doutrinários e jurispruden-
a) poderá ser condenado pelo crime de ―desperd cio de água ciais sobre a infração penal quanto aos elementos constituti-
tratada‖ ainda que o per odo indicado na lei que previu essa vos, às espécies e aos sujeitos, bem como à ilicitude, às ex-
conduta esteja encerrado. cludentes e ao excesso punível, à consumação e tentativa e
ao concurso de pessoas, assinale a opção correta.
c) o ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio são sempre
a) O concurso de agentes na realização de um crime pressupõe puníveis, ainda que o crime não venha a ser tentado.
sempre o prévio ajuste de vontades na consecução de um d) os crimes plurissubjetivos não admitem a coautoria e a parti-
resultado danoso desejado por todos. cipação.
b) Não será punível o excesso de legítima defesa se a pessoa e) se a participação for de menor importância, a pena pode ser
usar energia exagerada para repelir uma agressão atual ou diminuída de um sexto a um terço.
iminente, porque, em tais casos, não se pode exigir do ho-
mem médio agir moderadamente quando tomado de violenta 02. (Ano: 2018Banca: CESPEÓrgão: STMProva: Analista
emoção. Judiciário - Área Judiciária) Acerca dos institutos do erro
c) Diz-se antijurídica e, portanto, punível a título doloso toda de tipo, do erro de proibição e do concurso de pessoas, jul-
conduta contrária ao direito, ainda que praticada na crença gue o item subsequente.
sincera de se estar agindo com amparo em causa excludente
de ilicitude. Inexiste, no ordenamento jurídico, a possibilidade de as con-
d) São exemplos de excludentes de ilicitude a coação moral dições e circunstâncias de caráter pessoal de um agente se
irresistível, a legítima defesa, o estado de necessidade e o comunicarem com as de outro agente que seja coautor de um
exercício regular de um direito. crime.
e) Nos crimes materiais, a consumação só ocorre ante a produ- ( )CERTO ( )ERRADO
ção do resultado naturalístico, enquanto que, nos crimes for-
mais, este resultado é dispensável. 03. (Ano: 2017Banca: CONSULPLANÓrgão: TRE-RJProva:
Analista Judiciário - Área Administrativa) Quando dois
19. Ano: 2016Banca: FUNCABÓrgão: PC-PAProva: Escrivão agentes, embora convergindo suas condutas para a prática
de Polícia Civil - Sobre a participação em sentido estrito, é de determinado fato criminoso, não atuam unidos pelo liame
correto afirmar que: subjetivo, tem-se autoria
08. (Ano: 2017Banca: IBADEÓrgão: PC-ACProva: Agente de 12. (Ano: 2016Banca: CESPEÓrgão: TCE-PAProva: Auditor
Polícia Civil) São elementos caracterizadores do concurso de Controle Externo - Área Fiscalização – Direito) Cada
de pessoas (coautoria e participação em sentido estrito), en- item a seguir apresenta uma situação hipotética seguida de
tre outros: uma assertiva a ser julgada de acordo com o Código Penal,
com a legislação penal extravagante e com a jurisprudência
a) acordo de vontades entre os agentes e relevância causal das do STJ.
condutas.
b) pluralidade de agentes e acordo de vontades entre os agen- Pedro, funcionário público, solicitou a Maria a quantia de R$
tes. 10.000 para não lavrar auto de infração decorrente de ato ilí-
c) liame subjetivo e pluralidade de infrações penais. cito descoberto durante fiscalização fazendária. Ao perceber
d) pluralidade de agentes e pluralidade de infrações penais. que teria que pagar uma multa de mais de R$ 20.000, Maria
e) liame subjetivo e relevância causal das condutas. prontamente concordou com a proposta e realizou o paga-
mento. Nessa situação, Maria responderá como partícipe do
09. (Ano: 2017Banca: NUCEPEÓrgão: SEJUS-PIProva: Agen- delito de corrupção passiva, uma vez que, quanto ao concur-
te Penitenciário (Reaplicação) Em relação ao direito penal, so de agentes, o Código Penal adotou exclusivamente a teo-
quanto ao concurso de pessoas é CORRETO afirmar: ria unitária do crime.
( )CERTO ( )ERRADO
a) Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas
penas a este cominadas, não havendo distinção em razão da 13. (Ano: 2016 - Banca: CESPE - Órgão: PC-PE - Pro-
maior ou menor culpabilidade. va: Agente de Polícia) Roberto, Pedro e Lucas planejaram
b) Se a participação for de menor importância, a pena pode ser furtar uma relojoaria. Para a consecução desse objetivo, eles
diminuída de 1/5 (um quinto) a 1/2 (metade). passaram a vigiar a movimentação da loja durante algumas
c) Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos noites. Quando perceberam que o lugar era habitado pela
grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será au- proprietária, uma senhora de setenta anos de idade, que
mentada até a 1/3 (um terço), na hipótese de ter sido previsí- dormia, quase todos os dias, em um quarto nos fundos do es-
vel o resultado mais grave. tabelecimento, eles desistiram de seu plano. Certa noite de-
d) Não se comunicam as circunstâncias e as condições de cará- pois dessa desistência, sem a ajuda de Roberto, quando
ter pessoal, mesmo que elementares do crime. passavam pela frente da loja, Pedro e Lucas perceberam que
e) O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo a proprietária não estava presente e decidiram, naquele mo-
disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o mento, realizar o furto. Pedro ficou apenas vigiando de longe
crime não chega, pelo menos, a ser tentado. as imediações, e Lucas entrou na relojoaria com uma sacola,
quebrou a máquina registradora, pegou o dinheiro ali deposi-
10. (Ano: 2016Banca: CESPEÓrgão: PC-GOProva: Escrivão tado e alguns relógios, saiu em seguida, encontrou-se com
de Polícia Substituto) Considerando os aspectos legais, Pedro e deu-lhe 10% dos valores que conseguiu subtrair da
doutrinários e jurisprudenciais sobre a infração penal quanto loja.
aos elementos constitutivos, às espécies e aos sujeitos, bem
como à ilicitude, às excludentes e ao excesso punível, à con- Na situação hipotética descrita no texto CE1A04AAA,
sumação e tentativa e ao concurso de pessoas, assinale a
opção correta. a) Pedro e Lucas serão responsabilizados pelo mesmo tipo
penal e terão necessariamente a mesma pena.
a) O concurso de agentes na realização de um crime pressupõe b) o direito penal brasileiro não distingue autor e partícipe.
sempre o prévio ajuste de vontades na consecução de um c) Pedro, partícipe, terá pena mais grave que a de Lucas, autor
resultado danoso desejado por todos. do crime.
b) Não será punível o excesso de legítima defesa se a pessoa d) Roberto será considerado partícipe e, por isso, poderá ser
usar energia exagerada para repelir uma agressão atual ou punido em concurso de pessoas pelo crime praticado.
iminente, porque, em tais casos, não se pode exigir do ho- e) se a atuação de Pedro for tipificada como participação de
mem médio agir moderadamente quando tomado de violenta menor importância, a pena dele poderá ser diminuída.
emoção.
14. (Ano: 2016Banca: CESPEÓrgão: PC-PEProva: Escrivão e) O princípio da legalidade afasta a aplicação da interpretação
de Polícia) A respeito do concurso de pessoas, assinale a extensiva, mas permite a aplicação da analogia de forma am-
opção correta. pla e irrestrita.
a) Em relação à participação no concurso de pessoas, a legisla-
ção penal brasileira adota a teoria da acessoriedade mínima. 02. (Ano: 2018Banca: VUNESPÓrgão: PC-BAProva: Investi-
b) Situação hipotética: José, gerente de loja, mesmo ciente de gador de Polícia) Acácio, no dia 19 de fevereiro de 2018
que um dos vendedores subtraía dinheiro do caixa, nada fez (segunda-feira), foi vítima do crime de difamação. O ofensor
para impedir o crime, agindo sem liame subjetivo e intenção foi seu vizinho Firmino. Trata-se de crime de ação privada,
de obter vantagem econômica. Assertiva: Nessa situação, o cujo prazo decadencial (penal) para o oferecimento da peti-
gerente responderá em coautoria pelo crime de furto, com ção inicial é de 6 meses a contar do conhecimento da autoria
ação omissiva. do crime. Sobre a contagem do prazo, qual seria o último dia
c) Em se tratando de crimes plurissubjetivos, como, por exem- para o oferecimento da queixa-crime?
plo, o crime de rixa, não há que se falar em participação, já
que a pluralidade de agentes integra o tipo penal: todos são a) 17 de agosto de 2018 (sexta-feira).
autores. b) 18 de agosto de 2018 (sábado).
d) Situação hipotética: O motorista João e sua mulher, Maria, c) 19 de agosto de 2018 (domingo).
trafegavam por uma rodovia, quando ambos, deliberadamen- d) 20 de agosto de 2018 (segunda-feira).
te, deixaram de prestar socorro a uma pessoa gravemente fe- e) 21 de agosto de 2018 (terça-feira).
rida, sem que houvesse risco pessoal para qualquer um de-
les. João foi instigado por Maria, que estava no banco do ca- 03. (Ano: 2018Banca: VUNESPÓrgão: PC-BAProva: Investi-
rona, a não parar o veículo, e, por fim, em acordo de vonta- gador de Polícia) O Código Penal, no art. 23, elenca as cau-
des com Maria, assim efetivamente procedeu. Assertiva: sas gerais ou genéricas de exclusão da ilicitude. Sobre tais
Nessa situação, João responderá como autor pelo crime de excludentes, assinale a alternativa correta.
omissão de socorro e Maria será tida como inimputável.
a) Morador não aceita que funcionário público, cumprindo ordem
e) Haverá participação culposa em crime doloso na situação em
de juiz competente, adentre em sua residência para realizar
que um médico, agindo com negligência, fornece ao enfer-
busca e apreensão. Se o funcionário autorizar o arromba-
meiro substância letal para ser ministrada a um paciente, e o
mento da porta e a entrada forçada, responderá pelo crime
enfermeiro, embora percebendo o equívoco, decide ministrá-
de violação de domicílio.
la com a intenção de matar o paciente.
b) O estrito cumprimento do dever legal é perfeitamente compa-
15. (Ano: 2016Banca: CESPEÓrgão: TJ-AMProva: Juiz Subs- tível com os crimes dolosos e culposos.
tituto) Assinale a opção correta de acordo com a jurispru- c) Para a configuração do estado de necessidade, o bem jurídi-
co deve ser exposto a perigo atual ou iminente, não provoca-
dência do STJ.
do voluntariamente pelo agente.
d) O reconhecimento da legítima defesa pressupõe que seja
a) Diz-se tentado o latrocínio quando não se realiza plenamente
demonstrado que o agente agiu contra agressão injusta atual
a subtração da coisa, mas ocorre a morte da vítima.
ou iminente nos limites necessários para fazer cessar tal
b) Tendo o CP adotado a teoria monista, não há como punir
agressão.
diferentemente todos quantos participem direta ou indireta-
e) Deve responder pelo crime de constrangimento ilegal aquele
mente para a produção do resultado danoso.
que não sendo autoridade policial prender agente em flagran-
c) É impossível o concurso de pessoas nos crimes culposos,
te delito.
ante a ausência de vínculo subjetivo entre os agentes na pro-
dução do resultado danoso.
04. (Ano: 2018Banca: VUNESPÓrgão: PC-BAProva: Investi-
d) O crime de latrocínio não admite forma preterdolosa, conside-
gador de Polícia) Assinale a alternativa que indica a teoria
rando a exigência do animus necandi na conduta do agente.
adotada pela legislação quanto ao tempo do crime.
e) No crime de roubo praticado com pluralidade de agentes, se
apenas um deles usar arma de fogo e os demais tiverem ci- a) Retroatividade.
ência desse fato, todos responderão, em regra, pelo resulta- b) Atividade.
do morte, caso este ocorra, pois este se acha dentro do des- c) Territorialidade.
dobramento normal da conduta. d) Ubiquidade.
e) Extraterritorialidade.