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19/09/2021 15:05 Disciplina Portal

Direito Penal Aplicado I

Aula 3 - Aplicação da lei penal no tempo e no


espaço
INTRODUÇÃO

Nesta aula, analisaremos os preceitos inicias da teoria do crime e verificaremos as formas de conceituá-lo, em especial
estudaremos o conceito analítico, que também será explorado nas próximas aulas.

Além disso, vamos analisar os sujeitos da infração penal e enfrentar a controvérsia acerca da possibilidade da pessoa
jurídica ser autora de crime. Ao final, ainda verificaremos a classificação que a doutrina faz dos crimes.

OBJETIVOS

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Definir teoria do crime;

Analisar o exato conceito de infração penal como gênero da qual o crime e a contravenção penal são espécie;

Identificar os sujeitos dos crimes, tanto ativo quanto passivo;

Descrever a classificação doutrinária dos crimes.

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Fonte da Imagem:

Consolidação da teoria do delito


O conceito de infração penal é o pressuposto do estudo de muitos outros institutos do Direito Penal. Contudo, por mais
que pareça uma tarefa simples, conceituá-la é complexo. Muitos estudiosos se debruçaram e até dispensaram energia
em estudar o exato conceito de infração penal e sua relação com outros institutos.

Logo, entender essa metodologia científica é crucial para quem pretende compreender o conceito de infração penal,
que pode ser estudado sobre os aspectos:

material ou substancial;
formal ou legal e;
analítico.

CONCEITOS DE INFRAÇÃO PENAL

Material ou substancial

A infração penal, neste aspecto, é toda ação ou omissão humana voluntária que lesa ou expõe a perigo de lesão bens
penalmente relevantes.

Considerando o mal produzido em relação


ao bem jurídico tutelado pela norma penal, o
legislador deve incriminar apenas as

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condutas penalmente relevantes,


desprezando condutas que não colocam em
risco o bem que a norma visa proteger.
Leitura
,

Para ler sobre os conceitos de infração penal material ou substancial, clique aqui. (galeria/aula3/docs/a01.pdf)

FORMAL OU LEGAL

Art. 1º Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer
alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente,
pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente. (Lei de Introdução ao Código Penal –
Decreto – Lei nº 3914/41).

Desse comando normativo se extrair a conclusão de que, para ser crime, de acordo com este critério, basta haver a
cominação de pena de reclusão ou detenção, isoladamente, alternativamente ou cumulativamente com pena
pecuniária (multa).

Dessa forma, se o preceito secundário do crime contiver a expressão “reclusão” ou “detenção”, estaremos diante de um
crime. Pouco importa se a norma penal está prevista no código penal ou em legislação especial, se tiver a culminação
dessas duas espécies de pena será classificada como crime.

Preceitos de um crime
,

Preceito primário: Conduta incriminada (como, por exemplo, matar alguém).,


,
Preceito secundário: Pena é a reclusão, de seis a
vinte anos.,
,
Exemplo,
,
Homicídio simples,
,
Art. 121. Matar alguém: preceito primário.,
,
Pena: reclusão, de seis a vinte anos:
preceito secundário.,
,
No mesmo dispositivo, o art. 1º da LICP estabelece que será contravenção penal quando culminar pena de
prisão simples, que, isoladamente, cumulativamente ou alternativamente, tem pena pecuniária (multa).,
,
É importante ressaltar
que as contravenções penais são espécies de infração penal de menor gravidade e, portanto, estipulam uma pena pequena.,
,
As
contravenções penais estão estabelecidas em uma lei própria (e não no código penal): Decreto-lei nº 3.688
(//www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3688.htm),  de 3 de outubro de 1941.

Prisão simples

O art. 6º da Lei de Contravenções Penais (LCP) define o que vem a ser “prisão simples”.

Em resumo:

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Leitura
,

Para ler mais sobre as Diferenças entre os crimes das contravenções penais, clique aqui. (galeria/aula3/docs/a02.pdf)

ANALÍTICO

Neste conceito, o fundamento repousa nos elementos que formam a estrutura do crime. Portanto, precisamos antes
entender um pouco mais sobre esses elementos.

FATO TÍPICO
É a perfeita adequação da conduta humana voluntária à conduta incriminada pela norma penal, ou seja, conduta se enquadra
perfeitamente ao modelo abstrato de lei penal (tipicidade). Nesse elemento se faz a subsunção da conduta à norma penal
incriminadora.

ILÍCITO
É tudo que é contrário à lei, no nosso caso à lei penal. Então, o fato será ilícito quando houver uma norma penal proibindo a prática
daquela conduta.

CULPABILIDADE
A culpabilidade é a reprovabilidade pessoal pela realização de uma ação ou omissão típica e ilícita.

PUNIBILIDADE
O poder/dever que tem o estado de aplicar a pena àquele que tenha praticado uma infração penal é denominado ius puniendi
(direito de punir). A punibilidade, então, é consequência do crime. Diz-se punível a conduta que pode receber pena.

CORRENTES DOUTRINARIAS

Como não se trata de uma ciência exata, o direito compreende várias formas de se analisar e concluir sobre uma
circunstância.

Aqui não poderia ser diferente, pois existem correntes doutrinarias que defendem ser o conceito de infração penal
dividido de várias formas em diversas quantidades de elementos:

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1ª Corrente
2ª Corrente
3ª Corrente

Divide o conceito de crime em dois Conceitua o crime como fato típico, Por derradeiro, existem quem defenda
elementos, sendo crime o fato típico ilícito e culpável, firmando uma divisão quadripartida do conceito
lícito e ilícito, sendo a culpabilidade posicionamento para a punibilidade de crime. Para estes, o crime é
apenas um pressuposto para que é pressuposto de aplicação da composto em 4 elementos: fato típico,
aplicação da pena. pena e não do componente do próprio ilícito, culpável e punível.

conceito de crime.

Um dos grandes adeptos a essa


Argumenta que, mesmo um fato que corrente é o doutrinador Basileu
tenha sofrido da prescrição da Garcia, citado na obra de Nucci. Esse
punibilidade (perda do Estado do conceito quadripartido, foi superado e
direito de punir uma pessoa por não é mais adotado, pois a
decurso de lapso temporal excessivo, punibilidade do autor é consequência
conforme previsto na lei (glossário)), do crime e não faz parte de seus
essa é a teoria mais difundida e elementos constitutivos.
aceita pela doutrina e jurisprudência.
Atenção
,

Essas teorias devem ser estudadas com conjunto com as teorias da ação, em especial as teorias da causalidade e do finalismo.
Entretanto, esse tema será abordado profundamente em outra aula.

SUJEITOS DA INFRAÇÃO PENAL

São pessoas ou entes que se relacionam com a prática delituosa. Dividem-se em sujeitos ativos e passivos.

Ativo (glossário) Passivo


(glossário)

Atenção
,

Pessoa jurídica pode ser sujeito ativo de crime?


,
,
O entendimento que prevalece é no sentido de que pessoa jurídica pode sim ser sujeito ativo de crime, mas, por óbvio, não serão
quaisquer crimes que a PJ poderá praticar (//romulomoreira.jusbrasil.com.br/artigos/121938875/o-stf-e-a-responsabilidade-
penal-da-pessoa-juridica).,
,
Os crimes possíveis de serem praticados pela PJ são os crimes ambientais. Nesse sentido, o artigo
225, § 3º, da CF/1988, que prevê essa responsabilidade da PJ, encontra-se regulamentado no artigo 3° e parágrafo único da Lei nº
9.605/1998, que prevê expressamente a responsabilidade penal da pessoa jurídica, concomitantemente com os agentes físicos
integrantes de sua estrutura orgânica (//www.direitonet.com.br/artigos/exibir/9019/A-responsabilidade-penal-das-pessoas-
juridicas).

CLASSIFICAÇÃO DAS INFRAÇÕES PENAIS

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Fonte da Imagem:

Os crimes são classificados pela doutrina de acordo com suas características, recebendo denominações próprias.

Entre a classificação de crimes, temos crime material, formal, de mera conduta, comissivo ou omissivo, entre outros.
Leitura
,

Para ler mais sobre esses e outros crimes, clique aqui. (galeria/aula3/docs/a03.pdf)

1 - Assinale a alternativa correta:

A) São considerados crimes próprios os delitos que podem ser realizados por qualquer pessoa. Enquanto nos crimes comuns
exige-se sujeito ativo especial ou qualificado.

B) São considerados crimes comuns os delitos que podem ser realizados por qualquer pessoa. Enquanto nos crimes próprios
exige-se sujeito ativo especial ou qualificado.

C) São considerados crimes comuns aqueles que são habitualmente realizados. Enquanto os crimes próprios são os realizados
com menor frequência.

D) São considerados crimes próprios aqueles que são habitualmente realizados. Enquanto os crimes comuns são os realizados
com menor frequência.

Justificativa

2 - Quanto aos crimes instantâneos, considere as seguintes afirmações:

I - São aqueles cuja consumação se dá com uma única conduta;

II - Produzem efeitos prolongados no tempo;

III - Não produzem efeitos prolongados no tempo;

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IV - São aqueles cuja consumação exige qualidade especial do agente.

A) As assertivas I e III estão corretas.

B) As assertivas I, III e IV estão corretas.

C) As assertivas II e IV estão corretas.

D) As assertivas I, II e IV estão corretas.

Justificativa

3 - Assinale a alternativa CORRETA, em relação aos crimes de dano:

A) São os que se consumam com a efetiva lesão a um bem jurídico tutelado.

B) Trata da ocorrência de um prejuízo perceptível pelos sentidos humanos.

C) Constituem um dano efetivo ao bem jurídico protegido pela norma penal.

D) Todas as afirmações estão incorretas.

Justificativa

4 - Assinale a alternativa CORRETA:

A) Crime de perigo são os crimes que não se consumam.

B) Crime de perigo está relacionado com a audácia dos bandidos.

C) Crime de perigo são os que contenham, para a consumação, a mera probabilidade de haver um dano.

D) Crime de perigo são aqueles que definem os crimes contra a vida ou a integridade física.

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Justificativa

Glossário
NA LEI

Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no § 1o do art. 110 deste Código, regula-se
pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se: (Redação dada pela Lei nº 12.234, de 2010).
I - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze;

II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito anos e não excede a doze;

III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e não excede a oito;

IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e não excede a quatro;

V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, não excede a dois;

VI - em 3 anos, se o máximo da pena é inferior a 1 ano.

SUJEITO ATIVO

É aquela pessoa ou ente que pratica a infração penal. É a pessoa que realiza, direta ou indiretamente, a conduta criminosa,
isoladamente ou em concurso com outra ou outras pessoas.

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Os autores e coautores realizam de forma direta a conduta enquanto o partícipe (e o autor indireto ou mediato) realiza de forma
indireta.
Os animais não podem ser sujeitos ativos de crime, nem mesmo quando são utilizados por humanos para as práticas delituosas,
pois, nesse caso, servirão apenas como uma ferramenta para o crime do humano (por exemplo, ao utilizar um cachorro para
lesionar alguém, o dono do cachorro que será responsabilizado pelas lesões causadas pelo animal).

SUJEITO PASSIVO

É o titular do bem jurídico protegido pela norma penal que é atingido pela ação criminosa. Pode ser denominado de vítima ou
ofendido.

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