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Capítulo 5: Parte 1
Capítulo 5
Teoria do delito
Teoria do delito
5.1 – O caráter fragmentário do Direito Penal
Uma das principais características do direito penal reside em sua fragmentariedade. Apesar da
multiplicidade de atos ilícitos existentes, apenas uma pequena parcela interessa a esse ramo do
direito; tal parcela compreende os atos que ofendem de modo mais grave os bens jurídicos
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Capítulo 5: Parte 1
LEITURA
Para entender a teoria do delito, é importante estudar a sua evolução ao longo dos anos. Se for o
seu primeiro contato com o assunto, recomendamos a leitura do capítulo 5 da obra Manual de
Direito Penal: Parte Geral, Gustavo Junqueira e Patricia Vanzolini ou, para um estudo mais
aprofundado, a partir do capítulo 12 da obra Tratado de Direito Penal, volume 1, de Cezar Roberto
Bitencourt.
Nossa legislação não apresenta, atualmente, um conceito de crime, como ocorria nos Códigos
anteriores (1830 e 1890). Há tempos o legislador se deu conta de que a tarefa de definir esse
Os penalistas, então, na tentativa de cumprir essa árdua missão, apresentam uma série de
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Capítulo 5: Parte 1
Tradicionalmente, os conceitos analíticos têm sido o foco central da preocupação dos juristas
brasileiros.
Do ponto de vista material, crime pode ser definido como toda ação ou omissão consciente,
voluntária e dirigida a uma finalidade, que cria um risco juridicamente proibido e relevante a bens
Formalmente, crime é a conduta proibida por lei, com ameaça de pena criminal (prisão, pena
alternativa ou multa).
Como se antecipou acima, boa parte de nossa doutrina tem sublinhado a importância do conceito
analítico. Sob o pretexto de investigar quais os elementos constitutivos do crime, duas grandes
teorias despontam no Brasil, a primeira defendendo que crime é o fato típico, antijurídico (ou ilícito)
e culpável (teoria tripartida); a outra sustentando ser tal ilícito o fato típico e antijurídico (ou ilícito)
(teoria bipartida).
ATENÇÃO
Não se pode ignorar a existência de autores asseverando que crime é o fato típico, antijurídico,
culpável e punível. Essa visão, contudo, tem pouco prestígio na doutrina, porquanto se assenta em
uma premissa frágil: a punibilidade não pode ser considerada elemento do crime, já que lhe é algo
exterior. Note que por punibilidade entende-se a possibilidade jurídica de aplicação da sanção penal.
É possível, diante disso, que um crime tenha ocorrido, mas, por fatores alheios à conduta delitiva,
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Capítulo
Assim, se5:
umParte 1 cometido há muito tempo, provavelmente o seu responsável não
crime foi
mais possa ser punido porque o fato terá sido atingido pela prescrição (causa extintiva da
punibilidade — art. 107, IV, do CP). O crime, entretanto, subsiste, apesar da extinção da
punibilidade.
EXEMPLO
Indivíduo A mata o indivíduo B em 1980, mas a autoria desse delito só vem a ser descoberta em
2005. O homicídio prescreve em 20 anos (CP, art. 109, I); logo, essa descoberta tardia impedirá a
punição do culpado (A). A prescrição obsta a aplicação da pena, na medida em que extingue a
punibilidade, mas não apaga o crime, que inegavelmente ocorreu (ou será possível afirmar que, com
Resta, agora, considerar as duas teorias mais aceitas no Brasil. Antes, porém, cabe uma advertência.
“Clássico” o autor que diz ser o crime fato típico, ilícito e culpável, e;
Embora tais designações sejam correntes, não são precisas. A aceitação da teoria finalista da ação
(que revolucionou o direito penal da metade do século passado) não implica necessariamente a
Há, nesse sentido, diversos “finalistas” que defendem ser o crime fato típico, antijurídico e culpável;
Por esse motivo, devem-se reservar as qualificações “clássicos” e “finalistas” para se referir aos
da teoria finalista da ação (e normativa pura da culpabilidade), que serão estudadas abaixo.
CURIOSIDADE
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Capítulo 5: Parte
No Brasil, seguindo 1
o caminho inicialmente trilhado por René Ariel Dotti e Damásio de Jesus, há
vários juristas, como Julio Fabbrini Mirabete, Luiz Flávio Gomes e Fernando Capez, que se filiam
Outros, porém, como Heleno Cláudio Fragoso, Cezar Roberto Bitencourt e Francisco de Assis
Toledo, estão entre os adeptos da tese segundo a qual crime é fato típico, antijurídico e
culpável.
predominante na doutrina, apesar de haver vários adeptos da corrente bipartida no Brasil. Quase a
REFLEXÃO
A expressão “sistemas penais” é pouco utilizada pela doutrina brasileira. Muitos preferem referir-se
a “teorias penais”. Assim, por exemplo, diz-se com mais frequência “teoria clássica” do que “sistema
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Na definição de Kant, sistema é a “unidade dos múltiplos conhecimentos sobre uma ideia”
a b c d
e teleológico (Roxin), dentro dos quais se desenvolveu a (moderna) teoria da imputação objetiva.
No final do século XIX, inicialmente com Franz von Liszt, depois com Beling e Radbruch, surgiu o
sistema clássico. Graças às suas teorias, grandes avanços foram conquistados. Um dos mais
marcantes foi afastar de vez a responsabilidade penal objetiva, já que esses penalistas erigiram o
dolo e a culpa a elementos essenciais do crime, sem os quais ele não existe.
Essa doutrina teve grande influência do positivismo científico, na medida em que buscava examinar
No dizer de Roxin,
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comprováveis.
O fato típico, para os clássicos, era composto de: ação; tipicidade (ou seja, adequação perfeita entre
o fato humano e o modelo legal abstrato — Beling); resultado (visto como modificação causal no
mundo exterior provocada pela conduta); e nexo de causalidade (vínculo que une a conduta ao
resultado).
ATENÇÃO
Ação;
Tipicidade;
Resultado;
Nexo causal.
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A ilicitude ou antijuridicidade era consequência inerente à tipicidade (todo fato típico
presume-se ilícito); aquela, contudo, não ocorria quando o fato típico fosse cometido sob o
Além disso, entendia-se que tais excludentes, por serem exclusivamente objetivas, dispensavam,
para sua constatação, a presença de elementos subjetivos, vale dizer, agia em legítima defesa
mesmo aquele que desconhecesse totalmente a existência de uma agressão injusta contra si ou
terceiro.
EXEMPLO
Por exemplo: Indivíduo A mata o indivíduo B por vingança, justamente no momento em que este se
encontrava prestes a matar C, fato desconhecido pelo homicida A; embora objetivamente A tenha
salvado a vida de C, não matou por ciência, mas por pura vingança; para os clássicos, A teria agido
em legítima defesa de terceiro, porquanto é irrelevante para tais fins verificar sua intenção.
A culpabilidade era vista como o vínculo psicológico que une o autor ao fato, por meio do dolo ou da
culpa. Tinha como pressuposto a imputabilidade, entendida à época como capacidade de ser
culpável (ou seja, de reunir maturidade intelectual suficiente para agir dolosa ou culposamente). Era
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ATENÇÃO
Capítulo 5: Parte 1
Muitas das ideias elaboradas pelos clássicos ainda são defendidas nos dias de hoje, dentre elas a
A B C D E F
Os autores clássicos entendiam que a ação, em sentido amplo, subdividia-se em ação em sentido
estrito (ex., um fazer) e omissão (não fazer). Ambas eram consideradas causais (teoria causal ou
naturalista da ação), ou seja, tanto a ação propriamente dita (fazer) quanto a omissão (não fazer)
causalidade. Trata-se de um nada, e do nada, nada vem (ex nihilo, nihil). Não se pode dizer que o
não agir é causa real e efetiva de algum evento. Quem não age, quando muito, deixa de interferir
numa relação de causalidade preexistente, mas não cria uma por si só. A pessoa que assiste a
um homicídio praticado por desconhecido e nada faz, seja por medo, seja por indiferença, não
pode ser considerada responsável pela morte da vítima, a não ser que possua algum dever
jurídico de impedir esse resultado (como o policial). Essa pessoa não cria a relação de
causalidade que leva ao óbito, embora possa nela intervir de algum modo (ex.: gritando por
socorro, empurrando o atirador para que erre o alvo etc.). Ao policial, entretanto, será imputada
a responsabilidade criminal pela morte no momento de sua omissão. O que diferencia a pessoa
comum do policial nessa situação não é o comportamento, pois ambos podiam agir e se
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omitiram, mas o fato de o agente da lei, diferentemente das demais pessoas, ter o dever jurídico
Capítulo 5: Parte 1
de agir e de evitar o resultado. A omissão penalmente relevante, portanto, não é causal, mas
normativa, é dizer, funda-se na existência de um dever jurídico (ou normativo) de agir visando
afastar o resultado.
SISTEMA CLÁSSICO
Aspecto
crime
Culpabilidade
Fato típico (elementos que o Ilicitude ou
(pressuposto:
compõem) antijuridicidade
imputabilidade)
Muitos dos equívocos acima destacados foram desde logo percebidos pela doutrina alemã, que
procurou reelaborar alguns conceitos com vistas a aperfeiçoar a teoria do crime. Nesse sentido,
Reinhard Frank reformulou a noção de culpabilidade, visando melhor adequá-la aos problemas
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A pessoa que falsifica um documento sob ameaça de morte exercida com emprego de arma
de fogo, embora cometa um crime e aja dolosamente (de modo consciente e voluntário),
não tem escolha na situação concreta, pois, se não agir dessa forma, morrerá.
Não podemos exigir do réu um comportamento diferente (ou seja, que não cometa crime), quando,
na situação em que ele se encontrava, teríamos agido do mesmo modo. Nessas situações
excepcionais, o réu deve ser absolvido, entendendo-se que sua conduta não foi censurável.
LEITURA
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Capítulo 5: Parte
Edmund mezger 1
e o Direito Penal de seu tempo, de Francisco Muñoz Conde. A obra trata da
ATENÇÃO
Imputabilidade;
Dolo ou culpa;
Exigibilidade de conduta diversa.
deveria ser composta por um novo elemento: a exigibilidade de conduta diversa (só age
Ao lado do novo elemento, havia outros dois conhecidos: dolo ou culpa e imputabilidade (antes vista
COMENTÁRIO
seguintes elementos:
a) Imputabilidade;
b) Dolo ou culpa;
Note-se que o sistema neoclássico tem como pilares, além da nova teoria da culpabilidade citada, a
teoria causal ou naturalista da ação (oriunda do sistema clássico, até então inalterada).
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Capítulo
Com 5: Parte
isso percebe-se que1Frank solucionou apenas um dos problemas encontrados no sistema
Procurou-se, ainda, resolver a questão do erro de proibição (o qual ocorre quando uma pessoa
EXEMPLO
Por exemplo, alguém se apodera de um relógio perdido na rua acreditando ter o direito de se
apropriar do bem, com base no dito popular “achado não é roubado”, desconhecendo que a lei pune
esse ato, que configura o crime de apropriação de coisa achada — art. 169, parágrafo único, II, do
CP).
No sistema anterior não havia solução satisfatória para tal situação. Com o escopo de dar uma
teoria do dolus malus e, com uma roupagem atualizada para a época, criaram o chamado “dolo
híbrido ou normativo”. Trata-se do dolo que exige a presença de três elementos: consciência,
vontade e consciência da ilicitude do comportamento. Assim, aquele que age sem ter consciência da
ilicitude de sua conduta não age dolosamente. No exemplo acima proposto, o agente seria absolvido
por falta de dolo. Tal solução, todavia, não ficou isenta de questionamentos.
Ao afirmar que o dolo contém a consciência da ilicitude, corre-se o sério risco de tornar
criada numa grande favela, que não teve acesso à educação e viveu no meio da violência e
da marginalidade como se isso fosse o normal. É possível que ela não veja mal algum na
venda de certa quantidade de droga para se sustentar. Pode até considerar esse
Esse sujeito, então, nunca seria punido criminalmente pelo tráfico de drogas que cometesse, pois a
falta de consciência individual da ilicitude conduziria, consoante a teoria acima exposta, à ausência
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SISTEMA NEOCLÁSSICO
Aspecto
crime
Culpabilidade
compõem)
1)
Estará sempre presente,
Imputabilidade
1) Conduta (ação) salvo quando o fato típico
2) Dolo ou
2) Resultado for praticado sob o abrigo
culpa
3) Nexo causal de alguma excludente de
3) Exigibilidade
4) Tipicidade ilicitude (legítima defesa,
de conduta
estado de necessidade etc.)
diversa
Em 1931, em sua obra Causalidade e Omissão, Welzel rompe definitivamente com os sistemas
anteriores. Partindo de uma premissa extraída de lições da psicologia, Welzel percebe que a
COMENTÁRIO
Como já se destacou acima, as pessoas, em função de seus conhecimentos prévios sobre as relações
de causa e efeito, podem antever, dentro de certos limites, as consequências possíveis de seus atos,
dirigindo-os a uma finalidade que pretendam atingir. Ninguém age sem ter, por detrás, alguma
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intenção, por mais singela que seja. Sendo assim, não se concebe como a conduta humana
Capítulo 5: Parte 1
penalmente relevante possa ser analisada sem a intenção que a moveu (esse o fundamento da
Os clássicos incorriam nesse equívoco quando reservavam o exame do dolo para a culpabilidade, e
O dolo, elemento indicativo da intenção perseguida pelo agente, não pode ser analisado somente no
Como consequência, o penalista mencionado passou a sustentar que o dolo e a culpa deveriam fazer
ATENÇÃO
A teoria finalista de Welzer retira dolo e culpa da culpabilidade e a torna componente do fato típico.
Assim, graficamente:
SISTEMA FINALISTA
Culpabilidade
a compõem)
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Capítulo 5: Parte 1 1)
2) Resultado 2) (...)
(...)
3) Nexo causal 3) Exigibilidade
4) Tipicidade de conduta
diversa
Hans Welzel notou, também, que o dolo deve possuir apenas dois elementos: consciência e vontade
(“dolo natural” ou “dolo neutro”). A consciência da ilicitude deve ser retirada do dolo e mantida na
culpabilidade, mas não como consciência atual (individual), e sim como consciência potencial da
Dolo e culpa, como se observa, deslocaram-se para o fato típico, o que motivou o surgimento de um
As ideias desse autor resultaram em duas novas teorias: teoria finalista da ação e teoria normativa
Antes de prosseguir, convém uma última e breve advertência: rotular alguém de “clássico” ou
“finalista”, portanto, equivale a identificá-lo como seguidor da teoria causal da ação e psicológica da
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Capítulo
Sustenta que 5: Parte
a ação não 1
é mero acontecer causal, mas sim um acontecer final. A finalidade está
sempre presente porque o homem, graças ao seu saber causal (conhecedor das leis da causa e
Acompanhe o exemplo a seguir, confirmando que o dolo está na ação e não na culpabilidade.
EXEMPLO
O art. 124 do CP tipifica o crime de autoaborto. Trata-se de delito punido apenas na forma dolosa.
Logo, se uma gestante ingere, acidentalmente, um comprimido, desconhecendo seu efeito abortivo,
não responderá pelo crime. Pergunta-se, então, por quê? E a resposta evidente é: porque o fato é
atípico (a lei não pune o aborto culposo). Adotando-se o sistema clássico, entretanto, teríamos um
fato típico e antijurídico, pois a falta de dolo, nesse sistema, não conduz à atipicidade do
comportamento, mas leva à exclusão da culpabilidade. Na prática, significa que o Ministério Público,
por esse sistema, mesmo após constatar com absoluta segurança que a mãe não agiu dolosamente,
deveria denunciá-la pelo crime do art. 124 do CP, cabendo ao juiz (com base no art. 415 do CPP) ou
ao Júri absolvê-la. Com o sistema finalista, entretanto, tal absurdo pode ser evitado. Quando o
membro do MP conclui categoricamente que não houve dolo, tem diante de si um fato atípico, com
CURIOSIDADE
Capítulo
Graças 5:finalista,
à teoria Parte 1 foi possível diferenciar um fato típico de crime doloso e outro de crime
culposo (afinal, o dolo e a culpa saíram da culpabilidade e se agregaram ao fato típico, ao lado da
ATENÇÃO
Imputabilidade;
Exigibilidade de conduta diversa;
FATO TÍPICO
Tipicidade
Previsibilidade objetiva do
resultado
5.6.2.2 – Ilicitude
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Capítulo
No âmbito da5: Partedestaca-se
ilicitude, 1 a seguinte inovação: com a importância conferida à finalidade da
conduta, passou-se a sustentar que todas as causas excludentes de ilicitude possuem um elemento
subjetivo, ao lado dos requisitos objetivos exigidos por lei. Assim, na legítima defesa, além da
existência de uma agressão injusta, atual ou iminente, a direito próprio ou alheio, que se refute
moderadamente com os meios necessários (CP, art. 25), é preciso que a pessoa aja com a intenção
5.6.2.3 – Culpabilidade
Como se viu, a retirada do dolo e da culpa da culpabilidade promoveu sua reestruturação, passando
a) Imputabilidade;
porquanto implicam um juízo de valor (daí o nome teoria normativa pura da culpabilidade).
O elemento potencial consciência da ilicitude não constitui, propriamente, uma novidade. De fato, foi
ele destacado do dolo, onde se encontrava até então. No sistema anterior, o dolo compunha-se de
(“dolo híbrido ou normativo”). A partir do finalismo, passou a conter somente os dois primeiros
elementos (“dolo natural” ou “neutro”). A consciência da ilicitude, por sua vez, permaneceu na
COMENTÁRIO
Com outras palavras, a simples falta de compreensão acerca do caráter ilícito do fato não mais é
suficiente para isentar o agente de responsabilidade penal. Quando isso ocorrer, justificar-se-á tão
somente uma redução da pena. Só haverá isenção total da pena quando a pessoa, além de
em que viveu e foi criada, de alcançar tal compreensão. Da mesma forma: se o sujeito não sabia que
agia ilicitamente, mas tinha condições de sabê-lo, merecerá uma pena menor; se, contudo, essa
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pessoa, por mais inteligente e atenta que fosse, nunca teria tido condições de perceber a ilicitude do
Capítulo 5: Parte 1
comportamento, não responderá criminalmente pelo ato. Nossa legislação adotou essa sistemática,
LEITURA
A teoria social da ação pode ser enquadrada dentro do sistema finalista, uma vez que incorpora boa
parte de seus postulados. Foi concebida visando suplantar o conceito finalista e, por essa razão,
agregou um elemento até então inexistente ao conceito de ação, qual seja, a relevância social.
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Capítulo
Tal concepção5: Parte
não 1 muitos adeptos, dentre outros motivos, pelo fato de que a teoria social
angariou
da ação faz com que condutas socialmente aceitas constituam irrelevantes penais, o que, em última
CAPÍTULO 5
Teoria do delito
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CAP.
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