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(2017/VUNESP/Câmara de Cotia – SP) A respeito do b) é permitido às partes, durante o curso do proces-


Inquérito Policial, assinale a alternativa correta. so, requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem
a) Nas ações penais públicas, condicionadas à repre- a prova, desde que o mandado de intimação e as
sentação, os inquéritos policiais podem ser iniciados questões a serem esclarecidas sejam encaminhados
por provocação das vítimas ou, de ofício, pela Auto- com antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo
ridade Policial. apresentar as respostas em laudo complementar.
b) O Delegado, encerrada as investigações, convenci- c) é nulo o exame realizado por um só perito, conside-
do da inexistência de crime, poderá determinar o rando-se impedido o que tiver funcionado, anterior-
arquivamento do inquérito policial. mente, na diligência de apreensão.
c) Nos inquéritos policiais que apuram crime de tráfico d) o assistente técnico atuará a partir de sua admissão
de pessoas, a Autoridade Policial poderá requisitar pelo juiz, sempre antes da conclusão dos exames e
diretamente às empresas prestadoras de serviço de elaboração do laudo pelo perito oficial, sendo as
telecomunicações, informações sobre posiciona- partes intimadas desta decisão.
mento de estações de cobertura, a fim de permitir
a localização da vítima ou do suspeito do delito em 99. (2017/VUNESP/TJ-SP) A legitimidade para a propositura
curso. de ação penal por crime contra a honra de servidor
d) Nas comarcas em que houver mais de uma circuns- público em razão do exercício de suas funções é
crição policial, diligências em circunscrição diversa a) exclusiva do Ministério Público, condicionada à re-
da que tramita o inquérito policial dependerá de presentação do ofendido.
expedição de carta precatória. b) concorrente do ofendido, mediante queixa, e do
e) As diligências requeridas pelo ofendido, no curso do Ministério Público, condicionada à representação
inquérito policial, serão ou não realizadas a juízo da do ofendido.
Autoridade Policial. c) concorrente do ofendido, mediante representação,
e do Ministério Público, mediante ação pública in-
96. (2017/VUNESP/TJ-SP) Cabe a substituição da prisão condicionada.
preventiva pela domiciliar quando o agente for d) exclusiva do ofendido, mediante queixa.
a) gestante ou mulher com filho de até 14 (quatorze)
anos incompletos. GABARITO
b) homem com filho de até 12 (doze) anos de idade
incompletos, caso seja o único responsável por seus 1. b 26. b 51. d 76. a
cuidados. 2. c 27. d 52. d 77. e
c) portador de doença grave, ainda que não se apre- 3. a 28. c 53. d 78. b
sente debilitado. 4. e 29. b 54. e 79. c
d) maior de sessenta anos. 5. c 30. e 55. a 80. e
6. b 31. d 56. d 81. e
97. (2017/VUNESP/TJ-SP) Durante o inquérito, o advogado 7. a 32. c 57. c 82. d
a) pode assistir a seus clientes investigados durante 8. e 33. e 58. e 83. a
a apuração de infrações, sob pena de nulidade ab- 9. b 34. d 59. b 84. c
soluta do respectivo interrogatório ou depoimen- 10. a 35. b 60. a 85. b
to e, subsequentemente, de todos os elementos 11. b 36. e 61. b 86. e
investigatórios e probatórios dele decorrentes ou 12. c 37. c 62. a 87. a
derivados, direta ou indiretamente, mas não pode 13. a 38. b 63. c 88. a
apresentar razões e quesitos. 14. d 39. e 64. c 89. c
b) não precisa apresentar procuração para examinar 15. d 40. a 65. c 90. b
autos sujeitos a sigilo, desde que ainda não conclu- 16. e 41. e 66. d 91. e
Noções de Direito Processual Penal

sos à autoridade. 17. e 42. e 67. e 92. e


c) pode ter delimitado, pela autoridade competente, 18. b 43. c 68. a 93. d
o acesso aos elementos de prova relacionados a 19. b 44. d 69. a 94. e
diligências em andamento e ainda não documenta- 20. c 45. a 70. d 95. e
das nos autos, quando houver risco de comprome- 21. b 46. c 71. e 96. b
timento da eficiência, da eficácia ou da finalidade 22. c 47. c 72. b 97. c
das diligências. 23. d 48. d 73. c 98. b
d) pode examinar, em qualquer instituição responsável 24. a 49. a 74. d 99. b
25. e 50. e 75. c
por conduzir a investigação, mesmo sem procuração,
autos de flagrante e de investigações de qualquer
natureza, findos ou em andamento, ainda que con-
clusos à autoridade, mas não pode copiar peças e
tomar apontamentos por meio digital.

98. (2017/VUNESP/TJ-SP) No que diz respeito ao exame de


corpo de delito e às perícias em geral, é correto afirmar
que
a) será facultada ao Ministério Público, ao assistente de
acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado
a indicação de assistente técnico, vedada, porém, a
formulação de quesitos.

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PCPR

SUMÁRIO

Noções de Legislação Penal Especial


Tráfico ilícito e uso indevido de drogas (Lei nº 11.343/2006)............................................................................................... 3

Crimes hediondos (Lei nº 8.072/1990)................................................................................................................................. 36

Crimes resultantes de preconceitos de raça ou de cor (Lei nº 7.716/1989)........................................................................ 27

Abuso de Autoridade (Lei nº 13.869/2019)....................................................................................................................... 125

Crimes de tortura (Lei nº 9.455/1997)............................................................................................................................... 107

Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/1990)................................................................................................. 40

Estatuto do desarmamento (Lei nº 10.826/2003)............................................................................................................... 16

Crimes previstos no Código de proteção e defesa do consumidor (Lei nº 8.078/1990).....................................................90

Crimes contra o meio ambiente (Lei nº 9.605/1998)........................................................................................................... 84

Juizados especiais (Lei nº 9.099/1995 e Lei nº 10.259/2001)............................................................................................ 101

Crimes previstos no Código de Trânsito Brasileiro (Lei nº 9.503/1997).............................................................................. 62

Interceptação telefônica (Lei nº 9.296/1996).................................................................................................................... 109

Lei nº 12.830/2013............................................................................................................................................................. 107

Pacote Anti-Crime............................................................................................................................................................... 111


Noções de Legislação Penal Especial
Fabrício Wagner Silva • Racquel Barros • Ravan Leão • Isaac Silva • Welma Maia

Fabrício Wagner Silva • substância capaz de causar dependência física ou


psíquica; e
LEI DE DROGAS – LEI Nº 11.343/2006 • tem que ter previsão legal (lei ou ato normativo/ad-
ministrativo da União).
Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre
Mas como faço para saber se a substância causa depen-
Drogas – Sisnad; prescreve medidas para prevenção do dência? A lista das substâncias que causa dependência é atu-
uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e de- alizada periodicamente, pois, a cada dia sai uma droga nova,
pendentes de drogas; estabelece normas para repressão à e esta lista é feita pelo Poder Executivo, através dos seus
produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas; define órgãos competentes. Só para que você possa entender de
crimes e dá outras providências. Toda a matéria referente a uma forma mais clara, o cigarro por exemplo, causa depen-
Drogas está nesta lei. dência, mas não está na lista, o que o torna uma droga lícita.
E quem faz essa lista? Para que você compreenda de uma
Evolução Legislativa forma mais simples, primeiramente vamos esclarecer que
estamos diante de uma lei norma penal em branco, ou seja,
A primeira lei sobre a matéria foi a Lei nº 6.368/1976, que depende de um complemento. Ela precisa de complemento.
tratava sobre medidas de prevenção e repressão ao tráfico Preceito primário -> precisa de complementação. Acontece
ilícito e uso indevido de substâncias entorpecentes ou que que as normas penais em branco podem ser homogêneas
determinava dependência física ou psíquica, e dava outras ou heterogêneas, qual será o caso da lei de drogas? Antes de
providências. Posteriormente a Lei n° 10.409 versava sobre adentrarmos na resposta, vamos explicar de forma sucinta
a prevenção, o tratamento, a fiscalização, o controle e a re- do que se trata a norma penal em branco.
pressão à produção, ao uso e ao tráfico ilícitos de produtos, Norma penal incriminadora, define a conduta criminosa
substâncias ou drogas ilícitas que causavam dependência e comina a pena. Conduta criminosa é o preceito primário,
física ou psíquica, assim elencados pelo Ministério da Saúde, enquanto que a pena é o preceito secundário. Norma penal
e dava outras providências. Ambas as leis foram revogadas em branco é aquela cuja definição da conduta é incomple-
pela Lei nº 11.343/2006, disposto no art. 75 da lei. ta, depende de um complemento, no caso em questão é
Com o advento da Lei nº 11.343/2006 foi criado o Siste- saber o que é droga. Conforme vimos, para fins desta lei,
ma Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas (Sisnard) e consideram‑se como drogas as substâncias ou os produtos
que, a partir de então, prescreve medidas para prevenção capazes de causar dependência, assim especificados em lei
do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e ou relacionados em listas atualizadas periodicamente pelo
dependentes de drogas; estabelece normas para repressão Poder Executivo da União. Mas para que você saiba a respos-
à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas e ta, importante esclarecer que a norma penal em branco será
define crimes. homogênea quando for o seu complemento tiver a mesma
Uma importante alteração na lei foi a substituição da natureza do preceito primário, ou seja, uma lei possui seu
terminologia “substâncias entorpecentes” pela terminologia complemento em outra lei. E será heterogênea quando o seu
“drogas”, que são as substâncias ou os produtos capazes complemento for originado por regramento legal diverso do
de causar dependência, assim especificados em lei ou rela- preceito primário, por exemplo lei sendo complementada
cionados em listas atualizadas periodicamente pelo Poder por ato administrativo.
Executivo da União. No caso da lei de drogas os crimes previstos estão con-
A lei de drogas está dividida em duas partes: uma de tidos em normas penais em branco heterogêneas, porque
caráter geral e outra de caráter penal (a partir do art. 28). a relação das drogas não está em lei e sim em ato adminis-

Noções de Legislação Penal Especial


Com tantas mudanças no decorrer dos tempos, qual o bem trativo da União.
jurídico protegido pela lei? O que a lei tutela? A proteção Até ser atualizada vale a portaria em vigor (Art. 66. Para
realizada pela lei é a saúde pública. A preocupação maior fins do disposto no parágrafo único do art. 1º desta Lei, até
na lei não é com a saúde individual e sim com a saúde da que seja atualizada a terminologia da lista mencionada no
coletividade. Enquanto a droga existe, circula, a saúde da preceito, denominam‑se drogas substâncias entorpecentes,
coletividade está em risco, não se restringindo à apenas psicotrópicas, precursoras e outras sob controle especial, da
quem faz uso da droga. Antes os crimes de drogas estavam no Portaria SVS/MS no 344, de 12 de maio de 1998). Esclarece
Código Penal, na parte Especial (redação original do código que a portaria está constantemente tendo suas modificações,
Penal: art. 181 – comércio, posse ou uso de entorpecentes porém a portaria permanece. Importante esclarecer que a
ou substância que determine dependência física ou psíquica). norma penal em branco heterogênea não afronta o princípio
Mas para que haja o crime previsto nesta legislação qual da legalidade.
o objeto material essencial à sua configuração? O objeto Caso concreto: em 2000 o diretor‑presidente da Anvisa
material trata‑se da pessoa ou a coisa sobre a qual recai a excluiu o cloreto de etila (lança‑perfume) da lista de drogas.
conduta criminosa. Todo crime tem objeto jurídico, porém, Porém, esta decisão precisava ser referendada pelo colegia-
nem todo crime tem objeto material. No caso da lei a conduta do. O colegiado derrubou essa exclusão mandando retornar
recai sobre a coisa, a droga, portanto este é o objeto mate- ao rol. Durante este período de retirada, ocorreu a Abolitio
rial. Já a saúde pública é o bem jurídico tutelado. Conforme Criminis de todas as condutas relacionadas ao cloreto de
mencionado, para que haja a incidência da lei de drogas etila (entendimento do STF).
importante e essencial é a presença da droga. E como verifica‑se se realmente é uma droga? Vimos em
Mas o que é essa droga que a lei menciona? Para que nosso cotidiano diversos nomes de várias drogas, porém não
uma substância seja considerada droga, devemos observar é este não usual que caracterizará a substância como sendo
dois requisitos: droga e sim o princípio ativo. Com isso, para ser droga basta

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a presença do princípio ativo, independente do nome que soluto de perigo ao bem jurídico. O perigo não precisa ser
se usa. Lembre‑se: tem que ter o seu princípio ativo. E onde provado, é presunção absoluta de perigo ao bem jurídico.
encontro esse princípio ativo? A própria portaria da Secreta- Não se exige prova em concreto do perigo ao bem jurídico.
ria da Vigilância Sanitária – SVS descreve este princípio ativo. Para exemplificar tal situação, traficante que é flagrado em
Ex.: uma pessoa foi encontrada com uma substância que sua residência com drogas e diz que estava bem guardada,
se aparenta com uma droga ilícita. Como ter a certeza de que sem acesso a ninguém, porém, o perigo é presumido pela lei.
realmente se trata de uma droga? Neste momento estamos
diante da prova da materialidade, que vai depender de Da Ação Penal
exame pericial, chamado exame químico toxicológico (Nome
técnico que se dá à perícia) que comprova a presença da Todos os crimes da lei de drogas são Ação Penal Pública
droga, o princípio ativo e a sua quantidade. Incondicionada. A lei não tratou sobre a Ação Penal, por isso,
quando a lei nada menciona será pública incondicionada.
Do Sujeito Ativo
Princípio da Insignificância
Regra geral: são comuns ou gerais, já que podem ser
É possível aplicar? Trazemos primeiramente do que se
praticados por qualquer pessoa (as pessoas jurídicas são
trata o Princípio da Insignificância, que diz respeito a uma
excluídas – estas só cometem crimes ambientais). Lembrando
causa supra legal de exclusão da tipicidade, o fato tem tipi-
que, quanto ao sujeito ativo, o crime pode ser ainda próprio
cidade formal mas falta tipicidade material. No tráfico de
ou de mão própria. Próprio: exige uma qualidade especial do
drogas não cabe a sua aplicação, é totalmente incompatível,
agente (ex.: crimes funcionais); de mão própria: não admite a
outrossim, ele é equiparado à hediondo. (art. 5º, XLIII, CF)
coautoria, só aquele agente pode praticar. Existe apenas uma
E no caso do art. 28º, porte/posse de droga para consu-
exceção, quando se trata de médico, dentista, farmacêutico
mo próprio? Doutrina e Jurisprudência tradicionais: todo e
ou enfermeiro, prevista no art. 38 que será trabalhado mais
qualquer crime da lei de drogas não poderá ser aplicado o
à frente. Neste caso trata‑se de crime próprio ou especial.
princípio da insignificância.
Conduta privativa do médico, do dentista, só eles podem
Hoje tem‑se admitido a sua aplicação (STF) – “Ao aplicar
fazer prescrição de receita e a ministração realizada pelo
o princípio da insignificância, a 1ª Turma concedeu habeas
farmacêutico e profissional de enfermagem. Estamos diante corpus para trancar procedimento penal instaurado contra o
de um crime culposo. Prescreve remédio com princípio ativo. réu e invalidar todos os atos processuais, desde a denúncia
Se fizer de forma dolosa é tráfico. até a condenação, por ausência de tipicidade material da
conduta imputada. No caso, o paciente fora condenado, com
Do Sujeito Passivo fulcro no art. 28, caput, da Lei nº 11.343/2006, à pena de
3 meses e 15 dias de prestação de serviços à comunidade
Tem que está relacionado com o bem jurídico tutelado. por portar 0,6 g de maconha” (HC 110.475/SC, rel. Min. Dias
Tem‑se o sujeito passivo direto (imediato, eventual) – que é Toffoli, 1ª Turma, j. 14/2/2012, noticiado no Informativo 655).
titular do bem jurídico, que neste caso é a coletividade e o O STJ possui jurisprudência em sentido contrário – “Não é
sujeito passivo indireto (mediato, constante) – sempre será possível afastar a tipicidade material do porte de substância
o Estado (as vezes o Estado configura como sujeito direto entorpecente para consumo próprio com base no princípio
e indireto; ex.: crimes contra a administração pública). Se da insignificância, ainda que ínfima a quantidade de droga
é contra a saúde da coletividade, logo o sujeito ativo é a apreendida” (RHC 35.920/DF, rel. Min. Rogerio Schietti Cruz,
coletividade. Neste caso são classificados como crimes va- 6ª Turma, j. 20/5/2014, noticiado no Informativo 541).
gos, ou seja, aquele que tem como sujeito passivo um ente Portanto, para o STF em regra não admite, mas já admitiu
destituído de personalidade jurídica. Não há uma pessoa e para o STJ não se admite.
determinada. Ex.: crimes de drogas, crimes de trânsito,
crimes contra a família. Dos Crimes e das Penas
Noções de Legislação Penal Especial

Do Elemento Subjetivo A partir de agora trataremos em específico dos crimes


previstos na lei de drogas. O art. 27 traz uma aplicação geral
Regra: São crimes dolosos, havendo uma única exceção: aos crimes desta lei.
art. 38, que podem ser culposos. É um dolo, porém exige‑se
um dolo específico (também chamado de elemento subjeti- Art. 27. As penas previstas neste Capítulo poderão
vo específico) é uma finalidade especifica, age com um fim ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem
específico. A maioria dos crimes não exige isso, adotam o como substituídas a qualquer tempo, ouvidos o
dolo genérico – binômio consciência (do que estou fazendo) Ministério Público e o defensor.
e vontade (de fazer).
Na lei de droga precisa de dolo específico, seja para Poderá aplicar sozinhas ou cumulativamente, porém, se
consumo pessoal seja para o tráfico, tem que ter uma fi- não cumprir as penas previstas não poderá ser convertida
nalidade específica. Só haverá crime culposo quando a lei em prisão.
prever expressamente.
Os crimes da lei de drogas são crimes de perigo abstrato, Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósi-
mas o que isso quer dizer? Primeiramente é importante to, transportar ou trouxer consigo, para consumo
esclarecer o que são crimes de perigo: são aqueles cujo a pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo
consumação se dá com a exposição do bem jurídico, com com determinação legal ou regulamentar será sub-
a exposição ao dano, não se exige a lesão do bem jurídico, metido às seguintes penas:
basta a probabilidade, o risco de dano ao bem jurídico. I – advertência sobre os efeitos das drogas;
No que tange ao crime de perigo abstrato, também II – prestação de serviços à comunidade;
chamado de crime de perigo presumido, consiste na prática III – medida educativa de comparecimento a pro-
da conduta descrita em lei que acarreta na presunção ab- grama ou curso educativo.

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Art. 28 inaugura o capítulo dos crimes e das penas. A pró- 430.105 QO/RJ), não houve descriminalização, o que houve
pria lei de drogas classificou essa conduta como sendo crime. foi uma despenalização, ou seja, deixou de existir a pena
A lei de drogas chama essas três situações de penas. Na lei principal que é a pena privativa de liberdade.
antiga tinha pena de detenção de até um ano para quem Acontece que para a doutrina majoritária, não houve
cometia o crime deste artigo, porém, a atual lei de drogas nem descriminalização e nem despenalização pois a pena
acabou com essa pena. Abrandou a pena. Quem pratica esse permaneceu. Por isso, a doutrina majoritária prefere a ter-
crime não perderá a liberdade. minologia da “descarcerização” – porque deixou de existir o
Algumas observações devem ser feitas: cárcere ou “desprisionalização” – porque deixou de existir a
• no caso da condenação com trânsito em julgado, ele prisão. Porém, está pendente no STF a questão da constitu-
não terá pena privativa de liberdade, diante disso não cionalidade do art. 28, interpretação conforme a Constituição
pode cumprir prisão provisória; Federal, para que haja a descriminalização mas que continue
• não admite lavratura de APF, não cabe temporária sendo ilícito, onde suas sanções seriam de outra natureza
também; diversa das infrações penais.
• não poderá ser preso a nenhum título nem provisório Estabeleceu o rito processual junto ao Juizado Especial
nem definitivo como pena. Criminal, logo é uma infração penal de menor potencial ofen-
sivo. No tocante à prescrição o art. 30 determina a aplicação
Estamos diante de uma infração penal de menor po- das regras do art. 107 do CP. A finalidade da LICP era apenas
tencial ofensivo. Deverá ser observado o art. 69 da Lei a de diferenciar os crimes das contravenções penais uma vez
nº 9.099/1995. Se recusar a assinar o termo circunstanciado que o CP e a LCP entraram em vigor simultaneamente, em
se comprometendo a comparecer, o delegado não poderá 1º de janeiro de 1942.
fazer nada, pois, não cabe nenhum tipo de prisão para isso. A LICP tem status de lei ordinária, pode ser modificada
Importante esclarecer que esta modalidade admite sim por outra lei ordinária (temos um conceito geral), como
tentativa. Antigamente a legislação tratava como “para uso aconteceu com a Lei de Drogas (temos um conceito especial,
próprio” a nova lei utiliza a terminologia “para consumo aplicado no caso de drogas). Quando a LICP entrou em vigor
pessoal” não existiam penas alternativas.

Do Princípio da Alteridade (Desdobramento do Da Figura Equiparada


Princípio da Lesividade) § 1º Às mesmas medidas submete‑se quem, para
seu consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plan-
Este princípio trata da questão da não punição de quem tas destinadas à preparação de pequena quantidade
se auto lesiona, o direito penal só se manifesta quando pas- de substância ou produto capaz de causar depen-
sa para a esfera de outrem. Daí se pergunta se estaríamos dência física ou psíquica.
diante de um crime que só prejudica quem está fazendo o
uso. Claus Roxin dizia: não há crime na conduta que preju- Através deste parágrafo foi solucionado um problema
dique somente quem a praticou. O crime deve ultrapassar a da legislação anterior, porque ou se falava que a conduta é
esfera de quem pratica. Porém, devemos ter em mente que atípica ou falava que era tráfico de drogas, quando se cultiva
os crimes da lei de droga são crimes contra a saúde pública, pequena quantidade para uso próprio.
ele atinge a uma coletividade.
Importante mencionar que não há crime no uso pretérito Atenção!
da droga, ou seja, se a droga já foi consumida não há mais
crime contra a saúde pública, perde relevância para o direito Art. 33, § 1º Nas mesmas penas incorre quem:
penal. Ao usuário não se aplica em hipótese alguma pena I – importa, exporta, remete, produz, fabrica, ad-
privativa de liberdade. No caso da multa é medida sancio- quire, vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem
natória para o não cumprimento das penas. em depósito, transporta, traz consigo ou guarda,

Noções de Legislação Penal Especial


ainda que gratuitamente, sem autorização ou em
Da Natureza Jurídica desacordo com determinação legal ou regulamen-
tar, matéria‑prima, insumo ou produto químico
A critério de informação, uma doutrina minoritária dizia destinado à preparação de drogas;
que o art. 28 não é crime nem contravenção penal. Seria uma II – semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autori-
infração penal sui generis (não podendo ser categorizada zação ou em desacordo com determinação legal
nem como crime nem como contravenção penal), tendo ou regulamentar, de plantas que se constituam em
em vista o conceito de crime da Lei de introdução ao CP – matéria‑prima para a preparação de drogas;
Decreto‑Lei nº 3.914 (art. 1º Considera‑se crime a infração III – utiliza local ou bem de qualquer natureza de que
penal que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, tem a propriedade, posse, administração, guarda ou
quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente vigilância, ou consente que outrem dele se utilize,
com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que ainda que gratuitamente, sem autorização ou em
a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de desacordo com determinação legal ou regulamen-
multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente), porém, tar, para o tráfico ilícito de drogas.
isso não foi aceito pela jurisprudência e doutrina majoritária.
Não poderia ser categorizada como crime e nem como Como diferenciar o art. 33 do art. 28 (critério para dife-
contravenção penal, já que não tinha previsão legal de re- renciar o usuário do tráfico) de forma mais clara?
clusão, detenção, multa e prisão simples. A lei disse que não Art. 33 é equiparado ao tráfico, tendo essa diferenciação
é, porém não falou o que é, disse que haveria uma descri- em relação ao art. 28, porém o próprio art. 28, §2º esclarece:
minalização do crime (deixou de ser crime – isso é diferente
da legalização que torna a conduta lícita), para esta doutrina § 2º Para determinar se a droga destinava‑se a
minoritária. O STF já reconheceu como sendo crime (RE consumo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à

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quantidade da substância apreendida, ao local e Nessa primeira fase leva‑se em conta a reprovabilidade
às condições em que se desenvolveu a ação, às cir- da conduta; e
cunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta 2ª fase: o juiz vai calcular o valor do dia‑multa com base
e aos antecedentes do agente. na capacidade econômica do agente que varia de 1/30 do
salário mínimo até três vezes o valor do salário mínimo.
Lembre‑se do critério subjetivo específico, a finalidade
específica: § 7º O juiz determinará ao Poder Público que colo-
que à disposição do infrator, gratuitamente, esta-
Art. 28 – finalidade: consumo de drogas, consumo belecimento de saúde, preferencialmente ambula-
pessoal. torial, para tratamento especializado.
Art. 33 – finalidade: aqui não há uma finalidade específi-
ca, um elemento subjetivo específico. Analisa apenas o dolo. A partir daqui passou a ver a questão do usuário como
E no caso de dúvida? Condena pelo art. 28, pelo crime um caso de saúde pública. Será analisado ao caso concreto,
menos grave, in dubio pro reo. pois as medidas do art. 28 podem surtir efeito.
A respeito das penas do art. 28, temos o seguinte:
I – advertência sobre os efeitos das drogas; Da Prescrição
II – prestação de serviços à comunidade;
III – medida educativa de comparecimento a programa O art. 30 traz a questão da prescrição nos crimes da lei
ou curso educativo. de drogas.

§ 3º As penas previstas nos incisos II e III do caput Art. 30. Prescrevem em 2 (dois) anos a imposição
deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de e a execução das penas, observado, no tocante à
5 (cinco) meses. interrupção do prazo, o disposto nos arts. 107 e
seguintes do Código Penal.
No caso da advertência não há que se falar em prazo,
apenas para a prestação de serviço e medida educativa. Vale ressaltar que a regra geral está prevista no art. 109
E se já foi condenado anteriormente pelo art. 28 gera CP e a regra específica da lei de drogas no art. 30, prescre-
reincidência? Sim, o § 4º descreve que em caso de reinci- vem em dois anos tanto a prescrição da pretensão punitiva,
dência, as penas previstas nos incisos II e III do caput deste quanto a prescrição da pretensão executória. Contudo são
artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 10 (dez) meses, observadas as causas interruptivas previstas no CP.
não cabendo em hipótese alguma a prisão.
E qual será o Rito Processual a ser seguido nos crimes
§ 5º A prestação de serviços à comunidade será da lei de drogas?
cumprida em programas comunitários, entidades Conforme já mencionado anteriormente, trata‑se de
educacionais ou assistenciais, hospitais, estabeleci- infração de menor potencial ofensivo, portanto irá seguir o
mentos congêneres, públicos ou privados sem fins rito sumaríssimo, compete, portanto, ao Juizados Especiais
lucrativos, que se ocupem, preferencialmente, da Criminais processar e julgar. Curioso observar na lei de dro-
prevenção do consumo ou da recuperação de usu- gas é que aos crimes não são dados nomes, estes são feitos
ários e dependentes de drogas. (grifo nosso) pela doutrina.

De preferência será colocado em locais em que existe Do Tráfico de Drogas


dependentes de drogas. Porém, o juiz poderá optar por outra
forma. Mas, e no caso de não cumprir com essas medidas, O que é tráfico de drogas? Importante saber neste
o que fazer? momento é que tráfico de drogas o art. 33, caput, o §1º e
art. 34. A respeito do art. 35 e 37 há uma discussão ainda na
Noções de Legislação Penal Especial

§ 6º Para garantia do cumprimento das medidas doutrina, prevalecendo que não se trata de tráfico.
educativas a que se refere o caput, nos incisos I, II
e III, a que injustificadamente se recuse o agente, Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, pro-
poderá o juiz submetê‑lo, sucessivamente a: duzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, ofe-
I – admoestação verbal; recer, ter em depósito, transportar, trazer consigo,
II – multa. guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo
ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem
Não pode aplicar multa direto, tem que seguir a ordem. autorização ou em desacordo com determinação
Primeiro aplica admoestação verbal, se não funcionar aplica legal ou regulamentar: (grifo nosso)
a multa. Essas duas não se tratam de penas, são formas, Pena – reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e
medidas de efetivação da pena, são aplicadas para o caso pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e qui-
de descumprimento de pena. nhentos) dias‑multa.
Admoestação verbal: coloquialmente falando trata‑se de
um puxão de orelha realizado pelo juiz, na prática não tem Ele possui 18 núcleos do tipo penal, estamos diante de
muito efeito. Nada mais é do que uma advertência verbal, um tipo misto alternativo, também chamado de crime de
pelo descumprimento da pena, e não sobre o efeito das ação múltipla ou de conteúdo variado. Necessário se fazer a
drogas como é no art. 28, I. distinção. Tipo penal misto cumulativo: quando a realização
Multa: diz respeito ao valor pecuniário a ser pago. Seu de mais de um verbo, mesmo que seja no mesmo contexto
valor é creditado no Fundo Nacional Antidrogas (art. 29). deve ensejar mais de um crime. Mais de um verbo terá mais
A fixação da multa se dá em duas fases (sistema bifásico): de um crime.
1ª fase: o juiz calcula o número de dias‑multa: varia Tipo penal misto alternativo: prática de mais de um verbo
entre 40 a 100. no mesmo contexto fático com o mesmo objeto material

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ensejará apenas um crime. Este conceito deve ser aplicado • em relação à conduta de “vender”: flagrante preparado
às outras condutas (tipos penais) desta lei. (não há crime); nesta modalidade não há crime porque
Qual a necessidade de diversos núcleos? O legislador o policial forçou, sem isso ele não venderia a droga;
tentou prever todas as possibilidades, situações ligadas ao • no tocante à conduta “ter em depósito”: o crime é
tráfico de drogas. Se o agente praticar duas ou mais con- permanente. O flagrante é válido. Aqui, independente
dutas contra o mesmo objeto material responde por um da ação do policial o traficante já tinha em depósito,
único crime, neste caso quando se fala do mesmo objeto portanto o flagrante é legítimo.
material estamos falando da mesma droga, daí sim haverá
um único crime. Se praticar com drogas diversas responde Da Dosimetria da Pena
por crimes em concurso. Ex.: importou maconha, vendeu
cocaína, estocou heroína, são três crimes de tráfico de dro- Deverá sempre ser analisado o caso concreto, cabendo
ga. Estamos tratando aqui do tráfico propriamente dito, ou ao juiz realizar a dosimetria.
seja, art. 33, caput.
Art. 42. O juiz, na fixação das penas, considerará,
Do Sujeito Ativo com preponderância sobre o previsto no art. 59 do
Código Penal, a natureza e a quantidade da subs-
tância ou do produto, a personalidade e a conduta
É crime comum ou geral, pode ser praticado por qualquer
social do agente.
pessoa, não necessita de uma qualificação determinada.
Quando se trata dos verbos prescrever e ministrar tería- No art. 59 do CP temos circunstancias judiciais, para a
mos um crime próprio, pois se aplica aos profissionais da área dosimetria da pena base. Não são ignoradas na lei de dro-
de saúde. Prevalece isto, porém, há uma certa questão que gas, além delas o juiz vai usar as circunstâncias judiciais do
se discute, sendo que para a prescrição é pacífico, já no que art. 42 desta lei preponderantemente. Primeiro o art. 42
diz respeito a ministrar há uma certa divergência quanto a depois o 59 CP.
ser profissional de saúde. São crimes que permitem tentativa, Na dosimetria da pena será observado o sistema trifásico,
porém é bastante difícil de ser configurada. ou seja, na aplicação da pena privativa de liberdade (primei-
ra fase com base nas circunstancias judiciais, segunda fase
Atenção! atenuantes e agravantes, e a terceira fase com causas de
diminuição e de aumento da pena).
Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta
Lei são aumentadas de um sexto a dois terços, se: Pena de Multa
II – o agente praticar o crime prevalecendo‑se de
função pública ou no desempenho de missão de Art. 43. Na fixação da multa a que se referem os
educação, poder familiar, guarda ou vigilância; arts. 33 a 39 desta Lei, o juiz, atendendo ao que
dispõe o art. 42 desta Lei, determinará o núme-
Não basta o crime ser praticado pelo funcionário público, ro de dias‑multa, atribuindo a cada um, segundo
ele tem que se aproveitar da sua função pública. Para exem- as condições econômicas dos acusados, valor não
plificar, funcionário que vende droga na sua folga sem se valer inferior a um trinta avos nem superior a 5 (cinco)
do cargo para nada – não incide. Diferentemente se o funcio- vezes o maior salário‑mínimo.
nário se vale da sua função como carcereiro e vende para os
detentos – incide. Outro exemplo se estiver na condição de Lembre‑se que no art. 28 a multa não é pena! Crimes na
educador, pai, ou está em guarda e vigilância – incide. Aqui lei de drogas estabelecem o mínimo e máximo de número de
estamos tratando de causas de aumento de pena. dias multa. É um sistema bifásico: número de dias multa e
valor de dias multa (com base na situação econômica do réu).
Elemento Normativo
Noções de Legislação Penal Especial
Art. 43. Parágrafo único. As multas, que em caso de
concurso de crimes serão impostas sempre cumu-
“Sem autorização ou em desacordo com determinação lativamente, podem ser aumentadas até o décuplo
legal ou regulamentar”. Se for perguntado se é possível co- se, em virtude da situação econômica do acusado,
mércio legal de drogas? A resposta é sim, exemplo, a vende considerá‑las o juiz ineficazes, ainda que aplicadas
de remédios, que possui princípios ativo da droga. no máximo.
Para que haja crime a conduta realizada tem que ser sem
autorização ou em desacordo com determinação legal ou No CP só pode aumentar até o triplo (Art. 60 – Na fixação
regulamentar. Ex.: venda de remédio com receita controlada, da pena de multa o juiz deve atender, principalmente, à situ-
já que tem princípio ativo da droga. Se vender sem receita ação econômica do réu. § 1º - A multa pode ser aumentada
controlada é tráfico de drogas. Se for além do que a receita até o triplo, se o juiz considerar que, em virtude da situação
permite responde o crime. econômica do réu, é ineficaz, embora aplicada no máximo).
Uma questão bastante polêmica e bastante cobrada nas Já na lei de drogas até 10 vezes.
provas é o caso do flagrante preparado. Exemplo típico: po-
licial se disfarça de usuário, compra a droga e prende quem Causa de Diminuição de Pena
vendeu, o que acontece? Esse flagrante é válido ou não? De
acordo com a Súmula 145 do STF: “Não há crime quando Há quem chame equivocadamente de tráfico privilegia-
a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a do, porém, não se trata de tráfico privilegiado e sim causa
sua consumação.” Neste caso, cuida‑se do crime de ensaio de diminuição de pena.
ou de experiência (crime impossível por obra do agente
provocador). Art. 33, § 4º Nos delitos definidos no caput e no
Devemos observar duas situações: § 1º deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de

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um sexto a dois terços, vedada a conversão em pe- pela prática de tráfico internacional de entorpecentes. A de-
nas restritivas de direitos, desde que o agente seja fesa pleiteava a aplicação da causa especial de diminuição
primário, de bons antecedentes, não se dedique do art. 33, §4º, da Lei nº 11.343/2006. A Turma considerou
às atividades criminosas nem integre organização que a atuação dos pacientes na condição de “mulas” não
criminosa. significaria, necessariamente, que integrassem organização
criminosa. No caso, eles seriam meros transportadores,
A expressão “vedada a conversão em penas restritivas o que não representaria adesão à estrutura de organização
de direitos” foi declarada inconstitucional pelo STF que de- criminosa” (HC 124.107/SP, Informativo 766)
cidiu em um caso concreto, individual. Neste caso, quando Em que pese julgados o que prevalece, porém, não é
o STF declarou a inconstitucionalidade da lei, em sede de pacífico é que não caberia a aplicação da diminuição da pena
controle difuso de constitucionalidade, essa decisão teve às “mulas”. A partir daí deve‑se verificar o caso concreto para
efeito inter partes. O STF comunicou ao Senado que editou ver se tem a concessão ou não do benefício, verificar se inte-
uma resolução para dar efeitos erga omnes (não é obrigado gra ou não a organização criminosa. A causa de diminuição
a fazer porém o fez), conforme Resolução nº 5/2012 (Art. 1º não existia na lei anterior, porém a pena era de 3 a 15 anos.
É suspensa a execução da expressão “vedada a conversão Já na lei nova existe a causa de diminuição de pena, porém
em penas restritivas de direitos” do § 4º do art. 33 da Lei a pena é de 5 a 15 anos.
nº 11.343, de 23 de agosto de 2006, declarada inconstitu- Poderia ser feito uma combinação de leis em crimes co-
cional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal metidos anterior a vigência da Lei nº 11.343/2006, ou seja,
nos autos do Habeas Corpus nº 97.256/RS.) aplicar a lei menor combinado com a diminuição de pena da
Em razão dessa resolução é possível a aplicação no tráfico outra lei? Em que pese a divergência que ocorreu, hoje tanto
de drogas a substituição de pena restritiva de liberdade pela o STF e STJ, dizem que admitir uma combinação de lei seria
pena restritiva de direitos. O STF decidiu que esse chamado uma lex tertia, ou seja, aplicaria uma terceira lei, estariam
tráfico acidental, trafico eventual, essa figura privilegiada criando uma terceira lei, usurpando a função do legislador,
(causa de diminuição da pena) não se equipara ao crime por isso não admitem.
hediondo. (Informativo 831 – HC 118.533)
O tráfico de drogas com diminuição da pena do 33, § 4º Figuras Equiparadas ao Tráfico
não se equipara aos crimes hediondos. Essa decisão reper-
cutiu no STJ que viu‑se obrigado a cancelar a súmula 512 No §1º temos o tráfico equiparado.
(“A aplicação da causa de diminuição de pena prevista no § 1º Nas mesmas penas incorre quem:
art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006 não afasta a hediondez I – importa, exporta, remete, produz, fabrica, ad-
do crime de tráfico de drogas”.) quire, vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem
Porém, a aplicação do § 4º depende de quatro requisitos em depósito, transporta, traz consigo ou guarda,
cumulativos: ainda que gratuitamente, sem autorização ou em
• agente primário; desacordo com determinação legal ou regulamen-
• de bons antecedentes; tar, matéria‑prima, insumo ou produto químico
• não se dedique a atividades criminosas; destinado à preparação de drogas;
• não integra organizações criminosas.
Quando se fala em “matéria‑prima, insumo ou produto
Sempre devem ser observados os requisitos. químico” não quer dizer droga, e sim aquilo que é destinado à
preparação de drogas. Este é o objeto material para configu-
Da Diminuição da Pena e Verificação da rar o crime. Esse objeto não precisa ter a natureza de droga,
Quantidade da Droga ou seja, não se exige que contenha o princípio ativo. Basta
que seja idôneo à produção da droga. Ex.: utilizar acetona
Duas questões importantes devem ser analisadas. destinada para refinar a cocaína.
A quantidade da droga impede que seja aplicada a diminui- 2ª Figura equiparada
Noções de Legislação Penal Especial

ção da pena? Para o STF: “A quantidade de drogas não consti- II – semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou
tui isoladamente fundamento idôneo para negar o benefício em desacordo com determinação legal ou regulamentar, de
da redução da pena” (HC 138.138/SP, Informativo 849). plantas que se constituam em matéria‑prima para a prepa-
A atividade criminosa deve ser exercida com exclusivida- ração de drogas;
de para inviabilizar diminuição da pena? Para o STJ: “Ainda
que a dedicação a atividades criminosas ocorra concomi- Não é necessário que a planta origine diretamente a
tantemente com o exercício de atividade profissional lícita, droga, não precisa necessariamente ter o princípio ativo da
é inaplicável a causa especial de diminuição de pena prevista droga. Só existe esse crime quando o agente pratica a con-
no art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006” (REsp 1.380.741/ duta sem autorização ou em desacordo com determinação
MG, Informativo 582). legal ou regulamentar.
A configuração do delito reclama a presença do elemento
Então para impedir o benefício, não necessariamente tem normativo “sem autorização ou em desacordo com determi-
que exercer a atividade exclusiva do tráfico, pode exercer nação legal ou regulamentar”. Art. 2º da Lei nº 1.343/2006:
outra atividade licita, mas se simultaneamente a essa ativi- “Ficam proibidas, em todo o território nacional, as drogas,
dade licita ele exerce o tráfico não tem direito ao benefício bem como o plantio, a cultura, a colheita e a exploração de
da diminuição da pena do art. 33, §4º. vegetais e substratos dos quais possam ser extraídas ou pro-
Outra questão bastante cobrada é a situação das famosas duzidas drogas, ressalvada a hipótese de autorização legal
“mulas” do tráfico (aquele que faz apenas o carregamento ou regulamentar, bem como o que estabelece a Convenção
da droga). Eles poderão ser beneficiados pela diminuição do de Viena, das Nações Unidas, sobre Substâncias Psicotró-
art. 33, § 4º, da Lei de Drogas? picas, de 1971, a respeito de plantas de uso estritamente
O entendimento da 1ª Turma do STF que concedeu “ha- ritualístico‑religioso. Parágrafo único. Pode a União autorizar
beas corpus” de ofício impetrado em favor de condenados o plantio, a cultura e a colheita dos vegetais referidos no

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caput deste artigo, exclusivamente para fins medicinais ou 3º figura equiparada
científicos, em local e prazo predeterminados, mediante fis- III – utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem
calização, respeitadas as ressalvas supramencionadas.” Basta a propriedade, posse, administração, guarda ou vigilância,
que funcione como matéria‑prima para a fabricação. Ex.: as ou consente que outrem dele se utilize, ainda que gratuita-
drogas sintéticas, utiliza‑se a planta para dar cor e cheiro. mente, sem autorização ou em desacordo com determinação
Com base nesta ideia, necessário observar o art. 243 legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas.
da Constituição Federal: “Art. 243. As propriedades rurais e Só vai haver quando utiliza para o tráfico de drogas. Se
urbanas de qualquer região do País onde forem localizadas for para uso pessoal não incide este inciso. Poderá ser um
culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de bem móvel ou imóvel. O crime aqui é doloso, pois, deve
trabalho escravo na forma da lei serão expropriadas e desti- saber o animus do agente. Ex.: pega o carro emprestado,
nadas à reforma agrária e a programas de habitação popular, quem empresta não sabe que será utilizado para o tráfico.
sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de Será através da análise do animus, que o juiz ao proferir
outras sanções previstas em lei, observado, no que couber, a sentença de mérito, decidirá sobre o perdimento do pro-
o disposto no art. 5º. Parágrafo único. Todo e qualquer bem duto, bem ou valor apreendido, sequestrado ou declarado
de valor econômico apreendido em decorrência do tráfico indisponível (art. 63).
ilícito de entorpecentes e drogas afins e da exploração de
trabalho escravo será confiscado e reverterá a fundo especial Art. 33
com destinação específica, na forma da lei.” § 2º Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso in-
devido de droga:
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa
Natureza Jurídica do art. 243, CF
de 100 (cem) a 300 (trezentos) dias‑multa.
Aqui fala em expropriação (que é sinônimo de desapro- Induzir: dar a ideia; Instigar: fomentar uma ideia já exis-
priação), que deve ter prévia e justa indenização em dinheiro. tente; Auxiliar: dar ajuda material.
Aqui não tem expropriação, aqui tem‑se confisco, a União Doutrinariamente tem‑se entendido que este crime
retira a terra, sem pagar nada. possui duas características:
• deve‑se dirigir a pessoa(s) determinada(s);
Art. 32. As plantações ilícitas serão imediatamente • para a sua consumação exige‑se que se consuma a
destruídas pelo delegado de polícia na forma do droga. Não basta a indução, instigação, auxilio para
art. 50-A, que recolherá quantidade suficiente para configurar.
exame pericial, de tudo lavrando auto de levanta-
mento das condições encontradas, com a delimita- Não é porque está inserido no art. 33 que trata de um
ção do local, asseguradas as medidas necessárias crime equiparado hediondo. Situação bastante discutida é
para a preservação da prova. a questão da marcha da maconha. O Supremo na ADI 4274/
§ 3º Em caso de ser utilizada a queimada para des- DF, Informativo 649, disse que a “Marcha da Maconha” não
truir a plantação, observar‑se‑á, além das cautelas caracteriza o crime do art. 33, § 2º, da Lei de Drogas, por duas
necessárias à proteção ao meio ambiente, o dis- razões: liberdade de expressão e manifestação do pensamen-
posto no Decreto no 2.661, de 8 de julho de 1998, to; só existe o crime quando o induzimento, o auxílio ou a
no que couber, dispensada a autorização prévia do instigar devem ser dirigidas a uma pessoa(s) determinada(s).
órgão próprio do Sistema Nacional do Meio Am-
biente – Sisnama. Art. 33, § 3º Oferecer droga, eventualmente e sem
§ 4º As glebas cultivadas com plantações ilícitas se- objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento,
rão expropriadas, conforme o disposto no art. 243 para juntos a consumirem:
da Constituição Federal, de acordo com a legislação Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano,
em vigor. e pagamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e

Noções de Legislação Penal Especial


quinhentos) dias‑multa, sem prejuízo das penas
A lei fala para destruir na hora, guardando o material ne- previstas no art. 28.
cessário para questões probatórias. Esta medida atingirá toda
a gleba de terra ou só a porção que é utilizado para plantar Chamado de cedente eventual. Também não é caracte-
a droga? O STF já se manifestou no sentido de que perde rizado como crime equiparado à hediondo. Trata‑se de uma
infração penal de menor potencial ofensivo.
toda a gleba de terra. O confisco atinge toda a propriedade.
Esse crime acabou com a polêmica da lei anterior, pois
E nos casos em que o proprietário resolve arrendar, alugar
antigamente prevalecia a ideia de que se o agente praticasse
a propriedade rural e desconhece o que o inquilino estar
essa conduta cometeria tráfico de drogas. Outra corrente
fazendo na propriedade. sustentava que a conduta era atípica. Por isso, mudou‑se em
Pergunta‑se: a responsabilidade do proprietário é objeti- razão do rigor excessivo em punir como traficante quem não
va ou subjetiva? No passado sustentava‑se a responsabilida- o era, para isso temos um crime específico agora.
de objetiva, isto é, mesmo arrendando a terra o proprietário Este tipo penal depende de quatro requisitos cumulativos
a perdia, pois se entendia que ele tinha a responsabilidade de que se observa no texto legal:
vigiar a propriedade. Porém há uma dificuldade na vigilância. • oferta eventual da droga;
Mas o STF mudou de entendimento: “A expropriação • oferta gratuita – sem lucro;
prevista no art. 243 da CF pode ser afastada, desde que o • o destinatário seja do relacionamento de quem oferece
proprietário comprove que não incorreu em culpa, ainda que a droga; e
in vigilando ou in elegendo (RE 635.336/PE, Informativo 851). • a droga é para consumo conjunto.
Neste caso será invertido o ônus da prova, já que presu-
me‑se que ele sabia que ali existia o plantio de drogas. Ele Ex.: levar lança‑perfume para o carnaval para cheirarem
deverá provar a sua inocência. juntos. Mas se ele passar e não cheirar, cairá no tráfico. Na

9
falta de qualquer desses requisitos estará configurado o Não haverá concurso, já que os instrumentos são meio
tráfico de drogas (art. 33, caput). preparatório para a fabricação das drogas. O art. 34 fica
absorvido.
Dos Equipamentos e Objetos Destinados ao
Tráfico Do Concurso de Crimes

Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, ofe- Muita atenção para quando configurará o concurso de
recer, vender, distribuir, entregar a qualquer título, crimes entre o Art. 33, caput, e art. 34.
possuir, guardar ou fornecer, ainda que gratuita- Para o STJ, responderá pelo crime de tráfico de drogas –
mente, maquinário, aparelho, instrumento ou art. 33 da Lei nº 11.343/2006 – em concurso com o crime
qualquer objeto destinado à fabricação, prepara- de posse de objetos e maquinário para a fabricação de dro-
ção, produção ou transformação de drogas, sem gas – art. 34 da Lei nº 11.343/2006 – o agente que, além de
autorização ou em desacordo com determinação ter em depósito certa quantidade de drogas ilícitas em sua
legal ou regulamentar: residência para fins de mercancia, possuir, no mesmo local
Pena – reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pa- e em grande escala, objetos, maquinário e utensílios que
gamento de 1.200 (mil e duzentos) a 2.000 (dois constituam laboratório utilizado para a produção, preparo,
mil) dias‑multa. fabricação e transformação de drogas ilícitas em grandes
quantidades.
Aqui tem‑se uma modalidade de tráfico. Tem‑se como Nessa situação, as circunstâncias fáticas demonstram ver-
finalidade incriminar condutas não abrangidas pelo art. 33, dadeira autonomia das condutas e inviabilizam a incidência
caput. Condutas relacionadas a maquinários destinados à do princípio da consunção. Sabe‑se que o referido princípio
produção de drogas. Não há o objeto material droga e sim tem aplicabilidade quando um dos crimes for o meio normal
o objeto destinado à preparação de droga, bem ou objeto para a preparação, execução ou mero exaurimento do delito
visado pelo agente, situação que fará com que este absorva
ligado ao processo de criação, fabricação de droga.
aquele outro delito, desde que não ofendam bens jurídicos
Ex.: possui um laboratório com todo o maquinário, porém
distintos. Dessa forma, a depender do contexto em que os
no momento não se tem a droga.
crimes foram praticados, será possível o reconhecimento da
Atenção: Se não tem droga, não aplica o art. 33, caput.
absorção do delito previsto no art. 34 – que tipifica conduta
Ressalta que não há crime quando se apreende um bem
que pode ser considerada como mero ato preparatório – pelo
ou objeto ligado ao uso da droga, sem que a droga exista. crime previsto no art. 33.
Ex.: cachimbo usado para usar crack. Contudo, para tanto, é necessário que não fique carac-
terizada a existência de contextos autônomos e coexistentes
Conflito de Normas e Princípio da Consunção aptos a vulnerar o bem jurídico tutelado de forma distinta.
Levando‑se em consideração que o crime do art. 34 visa
Para o STF ambos os preceitos buscariam proteger a coibir a produção de drogas, enquanto o art. 33 tem por
saúde pública e tipificariam condutas que – no mesmo objetivo evitar a sua disseminação, deve‑se analisar, para
contexto fático, evidenciassem o intento de traficância do fins de incidência ou não do princípio da consunção, a real
agente e a utilização dos aparelhos e insumos para essa lesividade dos objetos tidos como instrumentos destinados
mesma finalidade – poderiam ser consideradas meros atos à fabricação, preparação, produção ou transformação de
preparatórios do delito de tráfico previsto no art. 33, caput, drogas.
da Lei nº 11.343/2006” (HC 109.708/SP, Informativo 791). Relevante aferir, portanto, se os objetos apreendidos
Na mesma linha o STJ descreve que responderá apenas são aptos a vulnerar o tipo penal em tela quanto à coibição
pelo crime de tráfico de drogas – e não pelo mencionado da própria produção de drogas. Logo, se os maquinários e
crime em concurso com o de posse de objetos e maqui- utensílios apreendidos não forem suficientes para a produ-
nário para a fabricação de drogas, previsto no art. 34 da ção ou transformação da droga, será possível a absorção do
Lei nº 11.343/2006 – o agente que, além de preparar para crime do art. 34 pelo do art. 33, haja vista ser aquele apenas
Noções de Legislação Penal Especial

venda certa quantidade de drogas ilícitas em sua residência, meio para a realização do tráfico de drogas (como a posse
mantiver, no mesmo local, uma balança de precisão e um de uma balança e de um alicate – objetos que, por si sós,
alicate de unha utilizados na preparação das substâncias. De são insuficientes para o fabrico ou transformação de entor-
fato, o tráfico de maquinário visa proteger a saúde pública, pecentes, constituindo apenas um meio para a realização
ameaçada com a possibilidade de a droga ser produzida, do delito do art. 33).
ou seja, tipifica‑se conduta que pode ser considerada como Contudo, a posse ou depósito de maquinário e utensílios
mero ato preparatório. que demonstrem a existência de um verdadeiro laboratório
Portanto, a prática do crime previsto no art. 33, caput, voltado à fabricação ou transformação de drogas implica
da Lei de Drogas absorve o delito capitulado no art. 34 da autonomia das condutas, por não serem esses objetos meios
mesma lei, desde que não fique caracterizada a existência necessários ou fase normal de execução do tráfico de drogas”
de contextos autônomos e coexistentes aptos a vulnerar o (AgRg no AREsp 303.213/SP, Informativo 531).
bem jurídico tutelado de forma distinta” (REsp 1.196.334/ Esse julgado explica que o art. 34 será absorvido pelo
PR, Informativo 531). art. 33 quando os instrumentos encontrados em determina-
Para esses julgados, caso a polícia encontre apenas os do local forem suficientes para a produção da droga também
instrumentos utilizados para fabricação da droga, o agente existente naquele local. Em contrapartida, caso se apure que
responderá pelo crime previsto no art. 34 da Lei de Drogas. os instrumentos tenham capacidade de produzir mais drogas
Mas, se encontrar os instrumentos e a droga, o crime previsto do que aquelas que foram apreendidas, o agente responderá
no art. 34 será absorvido pelo delito contido no art. 33, caput. pelos dois crimes, em concurso.
No art. 34 não há droga. Mas se houver droga no labo- Não será absorvido quando aquele objeto ter capacidade
ratório, responderá pelo art. 33, caput, mesmo existindo os para produzir muito mais do que a droga está presente ali.
instrumentos, maquinários. Capacidade para renovar aquela produção, será concurso de
crimes pela capacidade de produzir mais drogas.

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Associação para o Tráfico Pena – reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e paga-
mento de 1.500 (mil e quinhentos) a 4.000 (quatro
Art. 35. Associarem‑se duas ou mais pessoas para mil) dias‑multa.
o fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer
dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 Financiar os crimes considerados como tráfico de drogas,
desta Lei: financiamento ou custeio. A quem se aplica este crime? É
Pena – reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e paga- imputado a quem? Esse tipo penal é aplicável ao chamado
mento de 700 (setecentos) a 1.200 (mil e duzentos) “financiamento ou custeio sem tráfico”. Caracteriza‑se como
dias‑multa. uma exceção à teoria unitária ou monista no concurso de
Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste pessoas (art. 29 caput, CP – Art. 29 – Quem, de qualquer
artigo incorre quem se associa para a prática reite- modo, concorre para o crime incide nas penas a este comi-
rada do crime definido no art. 36 desta Lei. nadas, na medida de sua culpabilidade).
O agente que responde pelo art. 36 não se envolve com
Neste crime de associação para o tráfico, não se admite o tráfico de drogas, ou seja, o agente não é traficante. Ex: A
tentativa. Trata‑se de um crime obstáculo. chega em B e pede emprestado R$ 500.000,00. B empresta
Crime obstáculo: vem do direito italiano. O legislador e sabe que será usado para o tráfico. Ele financia, mas não
pega um ato preparatório para um outro crime e o incrimina se envolve.
de forma autônoma. Ele antecipa a tutela penal. Em crime
obstáculo não se admite tentativa. Ou se associa e há crime Cuidado!
ou não se associa e não há crime. Autofinanciamento e art. 40, VII:

Distinção com o Art. 288 do CP – Associação Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta
Criminosa Lei são aumentadas de um sexto a dois terços, se:
VII – o agente financiar ou custear a prática do cri-
No crime do art. 35 da Lei de Drogas basta o envolvi- me.
mento de duas pessoas: Como se trata de crime de concurso
necessário, basta que um dos agentes seja maior e capaz. São causas de aumento de pena. Aqui é diferente do
O art. 288 do CP exige ao menos 3 pessoas. No crime do art. 36, o financiador participar, se envolve com o tráfico de
art. 35 da Lei de Drogas a intenção é a de cometer quaisquer droga. Ex.: dois traficantes e um financia a compra da droga,
dos crimes previstos nos arts. 33, caput, e § 1º, e 34 (classi- responderá pelo art. 33, caput, com aumento da pena.
ficados como tráfico de drogas). Essa é a jurisprudência pacífica no STJ: “Na hipótese
Caso os agentes se agrupem para cometer outros cri- de autofinanciamento para o tráfico ilícito de drogas, não
mes, aplica‑se o art. 288 do CP – associação criminosa, sem há concurso material entre os crimes de tráfico (art. 33,
prejuízo da aplicação da Lei nº 12.850/2013, na hipótese de caput, da Lei nº 11.343/2006) e de financiamento ao tráfico
organização criminosa. Ex.: roubo, furto, etc. Sem prejuízo (art. 36), devendo, nessa situação, ser o agente condenado
inclusive de ficar configurado a organização criminosa. O que às penas do crime de tráfico com incidência da causa de
nós temos aqui é o princípio da especialidade: agrupamento aumento de pena prevista no art. 40, VII. De acordo com a
para prática do art. 33, o §1º e o art. 34 é tráfico de drogas. doutrina especialista no assunto, denomina‑se autofinancia-
No crime do art. 35 da Lei de Drogas fala‑se em “rei- mento a situação em que o agente atua, ao mesmo tempo,
teradamente ou não”. Neste caso houve um equívoco do como financiador e como traficante de drogas. Posto isso,
legislador, pois toda associação reclama estabilidade e per- tem‑se que o legislador, ao prever como delito autônomo
manência. A união eventual caracteriza concurso de pessoas a atividade de financiar ou custear o tráfico (art. 36 da Lei
e não o crime autônomo de associação para o tráfico. Na nº 11.343/2006), objetivou – em exceção à teoria monista –
verdade pouco importa se é reiterado ou não. punir o agente que não tem participação direta na execução
Sabe‑se que, se o crime é de associação, toda associação no tráfico, limitando‑se a fornecer dinheiro ou bens para

Noções de Legislação Penal Especial


reclama um vínculo associativo, um ânimo associativo de subsidiar a mercancia, sem importar, exportar, remeter,
permanência, não existe associação de forma temporária, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda,
eventual, não reiterada, não seria associação para o tráfico, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guar-
seria concurso de pessoas. dar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer
A Jurisprudência é pacífica neste sentido, exige‑se o drogas ilicitamente. Observa‑se, ademais, que, para os casos
dolo de se associar com permanência e estabilidade para a de tráfico cumulado com o financiamento ou custeio da
caracterização do crime de associação para o tráfico, previs- prática do crime, expressamente foi estabelecida a aplicação
to no art. 35 da Lei nº 11.343/2006. Dessa forma, é atípica da causa de aumento de pena do art. 40, VII, da referida lei,
a conduta se não houver ânimo associativo permanente cabendo ressaltar, entretanto, que a aplicação da aludida
(duradouro), mas apenas esporádico (eventual)” (STJ – HC causa de aumento de pena cumulada com a condenação pelo
139.942/SP, Informativo 509). financiamento ou custeio do tráfico configuraria inegável
Portanto, a cláusula “reiteradamente ou não” não tem bis in idem. De outro modo, atestar a impossibilidade de
valor jurídico, tem que ser união estável e permanente. União aplicação daquela causa de aumento em casos de autofinan-
eventual é concurso de pessoas. É perfeitamente possível a ciamento para o tráfico levaria à conclusão de que a previsão
associação. Aqui o crime já está consumado, atinge a paz do art. 40, VII, seria inócua quanto às penas do art. 33, caput”
pública. (REsp 1.290.296/PR, Informativo 534).
Tem que analisar a manifestação de vontade do agente.
Financiamento ao Tráfico
Informante Colaborador
Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer
dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 Art. 37. Colaborar, como informante, com grupo,
desta Lei: organização ou associação destinados à prática de

11
qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e são causas de aumento, incide na terceira fase da dosimetria
§ 1º, e 34 desta Lei: da pena. E como foi visto podem levar à pena privativa de
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e pa- liberdade acima do máximo legal.
gamento de 300 (trezentos) a 700 (setecentos)
dias‑multa. Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta
Lei são aumentadas de um sexto a dois terços, se:
Para a caracterização desse crime não basta a colabora- I – a natureza, a procedência da substância ou do
ção com tráfico. Exige‑se que o agente colabore para o grupo, produto apreendido e as circunstâncias do fato evi-
organização ou associação voltados ao tráfico. O informante denciarem a transnacionalidade do delito;
não integra o grupo, organização ou associação, pois se in-
tegrasse ele responderia pelo art. 35 da Lei de Drogas. Um Aqui trata‑se do tráfico internacional de drogas. Pode
exemplo é a conduta do “fogueteiro”: STF – HC 106.155/RJ, ser transnacional pela natureza da droga (ex.: droga que só
Informativo 643. existe em outro país); pela procedência ou pelas circunstan-
cias, evidenciem que vieram de outro país. Não é um crime
E se for funcionário público? autônomo, responde pelo art. 33, caput c/c este artigo. Exige
Caso o informante seja funcionário público e tenha rece- a transposição dessa fronteira? Tem que entrar no Brasil para
bido vantagem indevida, ele responderá por dois crimes em aplicar a lei brasileira.
concurso material: art. 37 da Lei de Drogas e art. 317 do CP Mas e nos casos de enviar a droga para fora do Brasil?
(corrupção passiva), em concurso material. Ex.: policial cor- Não precisa do Brasil, se assim o fosse, se a droga sair, seria
rupto que sabe das operações e informa aos traficantes em muito difícil de aplicar a lei brasileira. Portanto, para incidir
troca de dinheiro. Tem que colaborar com o grupo, mas não essa majorante não é necessário a transposição da fronteira,
integrar o grupo (se integra o grupo responde pelo art. 35).
basta a presença de circunstancias indicativas de que a droga
seria levada ao exterior. E a quem compete julgar esse crime?
Associação para o Tráfico e Subsidiariedade Tácita
O tráfico internacional é de competência da Justiça Federal,
Diz o STJ: “Responderá apenas pelo crime de associação conforme art. 70, caput, da Lei de Drogas: “O processo e o
do art. 35 da Lei nº 11.343/2006 – e não pelo mencionado julgamento dos crimes previstos nos arts. 33 a 37 desta Lei, se
crime em concurso com o de colaboração como informante, caracterizado ilícito transnacional, são da competência da Jus-
previsto no art. 37 da mesma lei – o agente que, já integran- tiça Federal”. Com isso a denúncia será atribuição do Ministério
do associação que se destine à prática do tráfico de drogas, Público Federal e a investigação ficará a cargo da Polícia Federal.
passar, em determinado momento, a colaborar com esta E se enviarem pelos correios? E como fica a competência
especificamente na condição de informante. A configuração na hipótese de importação da droga pela via postal? A com-
do crime de associação para o tráfico exige a prática, reite- petência será do juízo federal do local da apreensão da subs-
rada ou não, de condutas que visem facilitar a consumação tância. A jurisprudência diz que na hipótese em que drogas
dos crimes descritos nos arts. 33, caput, e § 1º, e 34 da Lei enviadas via postal do exterior tenham sido apreendidas na
nº 11.343/2006, sendo necessário que fique demonstrado alfândega, competirá ao juízo federal do local da apreensão
o ânimo associativo, um ajuste prévio referente à formação da substância processar e julgar o crime de tráfico de drogas,
de vínculo permanente e estável. Por sua vez, o crime de ainda que a correspondência seja endereçada a pessoa não
colaboração como informante constitui delito autônomo, identificada residente em outra localidade. Isso porque a
destinado a punir específica forma de participação na em- conduta prevista no art. 33, caput, da Lei nº 11.343/2006
preitada criminosa, caracterizando‑se como colaborador constitui delito formal, multinuclear, que, para a consuma-
aquele que transmite informação relevante para o êxito das ção, basta a execução de qualquer das condutas previstas
atividades do grupo, associação ou organização criminosa no dispositivo legal, dentre elas o verbo “importar”, que
destinados à prática de qualquer dos crimes previstos nos carrega a seguinte definição: fazer vir de outro país, estado
arts. 33, caput e § 1º, e 34 da Lei nº 11.343/2006. ou município; trazer para dentro.
O tipo penal do art. 37 da referida lei (colaboração Logo, ainda que desconhecido o autor, despiciendo é o
Noções de Legislação Penal Especial

como informante) reveste‑se de verdadeiro caráter de seu reconhecimento, podendo‑se afirmar que o delito se
subsidiariedade, só ficando preenchida a tipicidade quando consumou no instante em que tocou o território nacional,
não se comprovar a prática de crime mais grave. De fato, entrada essa consubstanciada na apreensão da droga.
cuidando‑se de agente que participe do próprio delito de Ressalte‑se, por oportuno, que é firme o entendimento da
tráfico ou de associação, a conduta consistente em colaborar Terceira Seção do STJ no sentido de ser desnecessário, para
com informações já será inerente aos mencionados tipos. que ocorra a consumação da prática delituosa, a corres-
A referida norma incriminadora tem como destinatário o
pondência chegar ao destinatário final, por configurar mero
agente que colabora como informante com grupo, orga-
exaurimento da conduta.
nização criminosa ou associação, desde que não tenha ele
Dessa forma, em não havendo dúvidas acerca do lugar
qualquer envolvimento ou relação com atividades daquele
grupo, organização criminosa ou associação em relação ao da consumação do delito, da leitura do caput do art. 70 do
qual atue como informante. Se a prova indica que o agente CPP, torna‑se óbvia a definição da competência para o pro-
mantém vínculo ou envolvimento com esses grupos, conhe- cessamento e julgamento do feito, uma vez que é irrelevante
cendo e participando de sua rotina, bem como cumprindo o fato da droga estar endereçada a destinatário em outra
sua tarefa na empreitada comum, a conduta não se subsume localidade” (CC 132.897/PR, Informativo 543). Ex.: droga veio
ao tipo do art. 37, podendo configurar outros crimes, como dos EUA para o Brasil – foi interceptada pela alfândega – juízo
o tráfico ou a associação” (HC 224.849/RJ, Informativo 527). federal de onde foi apreendia, ainda que outro tenha sido o
endereço de destino. O juízo é o local de apreensão.
Causas de Aumento da Pena
II – o agente praticar o crime prevalecendo‑se de
As causas de aumento da pena não incidem nos crimes função pública ou no desempenho de missão de
dos arts. 28, 38 e 39, por expressa determinação legal. Se educação, poder familiar, guarda ou vigilância;

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O crime pode ser praticado por qualquer pessoa, mas Chamado de tráfico Interestadual. A droga é levada de um
para algumas pessoas incide esta causa de aumento da pena. Estado para outro estado/DF. Tanto o internacional quanto o
Se for funcionário público tem que se valer da função pública, interestadual aumentam a pena. Aqui também não se exige
para incidir a causa de aumento. Aqui o crime é doloso e é a transposição da fronteira.
punido com reclusão. Não se reclama, para incidência da majorante, a efetiva
O art. 92, incs. I e II, do CP trazem como efeitos da conde- transposição da fronteira. A lei se contenta com a presença
nação a perda do cargo ou função pública e a incapacidade de circunstâncias indicativas no sentido de que a droga seria
para o exercício do poder familiar. levada a outro Estado ou ao Distrito Federal (“A incidência da
causa de aumento de pena prevista na Lei nº 11.343/2006
Art. 92 – São também efeitos da condenação: (Re- [“Art. 40. As penas previstas nos artigos 33 a 37 desta Lei são
dação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984) aumentadas de um sexto a dois terços, se: (...) V – caracte-
I – a perda de cargo, função pública ou mandato ele- rizado o tráfico entre Estados da Federação ou entre estes e
tivo: a) quando aplicada pena privativa de liberdade o Distrito Federal”] não demanda a efetiva transposição da
por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes fronteira da unidade da Federação. Seria suficiente a reunião
praticados com abuso de poder ou violação de de- dos elementos que identificassem o tráfico interestadual,
ver para com a Administração Pública; b) quando que se consumaria instantaneamente, sem depender de
for aplicada pena privativa de liberdade por tempo um resultado externo naturalístico. Esse é o entendimento
superior a 4 (quatro) anos nos demais casos; da Primeira Turma, que, em conclusão de julgamento e
II – a incapacidade para o exercício do pátrio poder, por maioria, denegou a ordem em habeas corpus no qual
tutela ou curatela, nos crimes dolosos, sujeitos à se sustentava a não incidência da mencionada majorante,
pena de reclusão, cometidos contra filho, tutelado porque o agente teria adquirido a substância entorpecente
ou curatelado; no mesmo Estado em que fora preso. Segundo o Colegiado,
III – a infração tiver sido cometida nas dependências existiriam provas suficientes quanto à finalidade de consu-
ou imediações de estabelecimentos prisionais, de mar a ação típica, a saber: o paciente estava no interior de
ensino ou hospitalares, de sedes de entidades es- ônibus de transporte interestadual com bilhete cujo destino
tudantis, sociais, culturais, recreativas, esportivas, final seria outro Estado da Federação; e, a fase da intenção
ou beneficentes, de locais de trabalho coletivo, de e a dos atos preparatórios teriam sido ultrapassadas no mo-
recintos onde se realizem espetáculos ou diversões mento em que o agente ingressara no ônibus com a droga,
de qualquer natureza, de serviços de tratamento de a adentrar a fase de execução do crime” (STF – HC 122.791/
dependentes de drogas ou de reinserção social, de MS, Informativo 808).
unidades militares ou policiais ou em transportes No mesmo sentido o STJ: “(...) para a incidência da causa
públicos; de aumento prevista no art. 40, V, da Lei nº 11.343/2006, não
é necessária a efetiva transposição da fronteira interestadual,
Basta ser cometido na dependência do estabelecimento; bastando que fique evidenciado, pelos elementos de prova,
o simples fato de levar para o preso usar já é considerada que a droga transportada teria como destino localidade de
tráfico. O fundamento dessa majorante é a difusão do dano, outro estado da Federação” (HC 109.724/MS, Informativo
uma vez que possui maior potencialidade do delito. 481). Em um único crime de tráfico de drogas pode incidir
Estabelecimento prisional: a jurisprudência pacífica do ao mesmo tempo a causa de aumento da transnacionalidade
STF é no sentido de que basta que o crime seja cometido nas internacional e interestadual? Ex.: droga que veio da Bolívia –
dependências de estabelecimento prisional para autorizar chegou em SP (para chegar em SP passou por outros estados).
o aumento da pena. Não se exige que a droga seja desti- Depende:
nada à difusão (distribuição) dentro do estabelecimento. • se a droga, originária do exterior, destinar‑se à difusão
Os fundamentos repousam na extensão do dano e na maior a outro estado, podem ser aplicadas as duas majorante
potencialidade do delito. (tráfico internacional + tráfico interestadual); ou seja
Transporte público e alcance da majorante: a utilização vai para mais de um estado;

Noções de Legislação Penal Especial


de transporte público com a única finalidade de levar a droga • se a droga, vinda do exterior, destinar‑se a ficar em
ao destino, de forma oculta, sem o intuito de disseminá‑la somente um estado, apenas será aplicada a majorante
entre os passageiros ou frequentadores do local, não implica ligada ao tráfico internacional.
a incidência da causa de aumento de pena do inciso III do
artigo 40 da Lei nº 11.343/2006” (STJ – REsp 1.443.214/MS, Neste sentido diz o STJ: “No tráfico ilícito de entorpe-
Informativo 547). É também o entendimento do STF: HC centes, é inadmissível a aplicação simultânea das causas
109.538/MS, Informativo 666. especiais de aumento de pena relativas à transnacionali-
Antigamente, bastava o agente estar no meio de trans- dade e à interestadualidade do delito (art. 40, I e V, da Lei
porte público para incidir essa majorante, agora necessita ter nº 11.343/2006), quando não comprovada a intenção do
a intenção de distribuí‑la, disseminá‑la, pulverizá‑la. importador da droga de difundi‑la em mais de um estado do
território nacional, ainda que, para chegar ao destino final
IV – o crime tiver sido praticado com violência, grave pretendido, imperativos de ordem geográfica façam com
ameaça, emprego de arma de fogo, ou qualquer que o importador transporte a substância através de estados
processo de intimidação difusa ou coletiva; do país. De fato, sem a existência de elementos concretos
acerca da intenção do importador dos entorpecentes de
Associação para o tráfico de forma armada, traficantes pulverizar a droga em outros estados do território nacional,
que andam armados. Não necessariamente na venda tem não se vislumbra como subsistir a majorante prevista no
que estar armado. inciso V do art. 40 da Lei nº 11.343/2006 (Lei de Drogas) em
concomitância com a causa especial de aumento relativa à
V – caracterizado o tráfico entre Estados da Fede- transnacionalidade do delito (art. 40, I, da Lei de Drogas),
ração ou entre estes e o Distrito Federal; sob pena de bis in idem” (HC 214.942/MT, Informativo 586).

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VI – sua prática envolver ou visar a atingir crian- do produto do crime, no caso de condenação, terá
ça ou adolescente ou a quem tenha, por qualquer pena reduzida de um terço a dois terços.
motivo, diminuída ou suprimida a capacidade de
entendimento e determinação; Trata‑se de manifestação do Direito Penal, instituto cria-
do no direito alemão que consiste na entrega de um prêmio
Como fica essa majorante diante do crime de corrupção pelo Estado ao infrator colabore com o Estado. É uma forma
de menores (art. 244-B do ECA)? Aplicar‑se‑á princípio da de delação premiada, colaboração premiada. Esta colabora-
especialidade. É crime de corrupção de menores, ou seja, ção é possível tanto na fase do inquérito quanto na fase da
responderá pelo crime e por corrupção de menores, a cor- ação penal. Porém, este prêmio que a lei concede é muito
rupção é presumida. pequeno para estimular o infrator a colaborar, acabou se
Nos crimes do art. 33 a 37 da Lei de Drogas, quando o tornando ineficaz.
agente pratica o delito juntamente com um menor, não é Para que seja aplicada a diminuição da pena dependerá
possível aplicar o crime de corrupção de menores, pois essa de dois requisitos:
causa de aumento da pena do art. 40, VI, é incompatível com • identificação dos demais coautores ou partícipes do
o crime do art. 244-B do ECA, a norma especial afasta a norma crime;
geral, incidindo aqui o princípio da especialidade. A norma • deve colaborar na recuperação total ou parcial do
especial exclui a incidência da norma geral. produto do crime.
Neste sentido o STJ diz: “Na hipótese de o delito praticado
pelo agente e pelo menor de 18 anos não estar previsto nos Requisito básico para a colaboração: o crime ser prati-
cado por duas ou mais pessoas. Se for uma só, trata‑se de
arts. 33 a 37 da Lei de Drogas, o réu poderá ser condenado
confissão. Essa colaboração apenas poderá ser conhecida
pelo crime de corrupção de menores, porém, se a conduta es-
pelo juiz no momento da aplicação da pena. Essa confissão
tiver tipificada em um desses artigos (33 a 37), não será possí-
pressupõe uma condenação. Após condenar o juiz reduz
vel a condenação por aquele delito, mas apenas a majoração a pena.
da sua pena com base no art. 40, VI, da Lei nº 11.343/2006. No caso das organizações criminosas será aplicada a lei
O debate consistiu no enquadramento da conduta de adul- da organização criminosa, ademais, os benefícios que ela traz
to que pratica tráfico em concurso eventual com criança são muito mais incentivadores à colaboração, pois, os seus
ou adolescente. Para configuração do crime previsto no efeitos são melhores.
art. 244-B do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA),
basta a participação de menor de 18 anos no cometimento do Crime Culposo
delito, pois, de acordo com a jurisprudência do STJ, o crime
é formal e, por isso, independe da prova da efetiva corrup- Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, dro-
ção do menor (Súmula 500/STJ). Por sua vez, para incidir a gas, sem que delas necessite o paciente, ou fazê‑lo
majorante do art. 40, VI, da Lei de Drogas, faz‑se necessário em doses excessivas ou em desacordo com deter-
que, ao praticar os delitos previstos nos arts. 33 a 37, o réu minação legal ou regulamentar:
envolva ou vise atingir criança, adolescente ou quem tenha Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos,
capacidade de entendimento e determinação diminuída. e pagamento de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos)
Não se compartilha do entendimento no sentido de que, se dias‑multa.
a criança ou adolescente já estiverem corrompidos, não há Parágrafo único. O juiz comunicará a condenação
falar em corrupção de menores e de que responde o agente ao Conselho Federal da categoria profissional a que
apenas pelo crime de tráfico majorado, pois, de acordo com pertença o agente.
o entendimento do STJ, é irrelevante a prova da efetiva cor-
rupção do menor para que o acusado seja condenado pelo Conforme já comentamos, é o único crime culposo da lei
crime do ECA. A solução deve ser encontrada no princípio de drogas. É infração penal de menor potencial ofensivo, por
da especialidade. Assim, se a hipótese versar sobre concurso isso compete ao JECrim o seu processamento e julgamento.
de agentes envolvendo menor de dezoito anos com a prática Trata‑se de crime próprio ou especial. A conduta de prescre-
Noções de Legislação Penal Especial

de qualquer dos crimes tipificados nos arts. 33 a 37 da Lei ver só pode ser praticada por médico ou dentista.
de Drogas, afigura‑se juridicamente correta a imputação do A conduta de ministrar, além do médico e do dentista
delito em questão, com a causa de aumento do art. 40, VI. também pode ser praticada pelo enfermeiro ou farma-
Para os demais casos, aplica‑se o art. 244-B, do Estatuto da cêutico. Tem‑se a discussão de que qualquer pessoa possa
Criança e do Adolescente, conforme entendimento doutri- ministrar. Crime culposo previsto em um tipo fechado.
O tipo penal aberto apenas fala se o crime é culposo, já
nário” (REsp 1.622.781/MT, Informativo 595).
o tipo penal fechado, o legislador escreve expressamente
quando a culpa pode ocorrer. Via de regra os crimes culposos
VII – o agente financiar ou custear a prática do cri-
estão previstos em tipos penais abertos.
me. Três hipóteses em que a culpa pode ocorrer:
• o paciente não necessita da droga;
Essa majorante tem aplicabilidade restrita ao autofi- • o sujeito precisa da droga, mas ela é prescrita ou mi-
nanciamento – STJ: REsp. 1.290.296/PR, Informativo 534. nistrada em dose excessiva;
Só é aplicável ao traficante envolvido no tráfico. Se apenas • a droga é prescrita ou ministrada em desacordo com
financia e não está envolvido é art. 36. determinação legal ou regulamentar.
Colaboração Eficaz Condução de Embarcação ou Aeronave Após
Consumo de Droga
Art. 41. O indiciado ou acusado que colaborar volun-
tariamente com a investigação policial e o processo Art. 39. Conduzir embarcação ou aeronave após o
criminal na identificação dos demais coautores ou consumo de drogas, expondo a dano potencial a
partícipes do crime e na recuperação total ou parcial incolumidade de outrem:

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Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, prova. O juiz terá 10 dias para decidir, logo após o delegado
além da apreensão do veículo, cassação da habilita- terá o prazo de 15 dias para efetuar a destruição. O local
ção respectiva ou proibição de obtê‑la, pelo mesmo da destruição será vistoriado antes e depois da destruição,
prazo da pena privativa de liberdade aplicada, e pa- lavrando o auto circunstanciado pela autoridade policial.
gamento de 200 (duzentos) a 400 (quatrocentos) Deve‑se observar que os §§ 3º e 4º trata‑se de prisão em
dias‑multa. flagrante. Não sendo o caso de prisão em flagrante, deve ser
Parágrafo único. As penas de prisão e multa, apli- observado o art. 50-A.
cadas cumulativamente com as demais, serão de 4
(quatro) a 6 (seis) anos e de 400 (quatrocentos) a Art. 50-A. A destruição de drogas apreendidas sem
600 (seiscentos) dias‑multa, se o veículo referido a ocorrência de prisão em flagrante será feita por
no caput deste artigo for de transporte coletivo de incineração, no prazo máximo de 30 (trinta) dias
passageiros. contado da data da apreensão, guardando‑se
amostra necessária à realização do laudo definitivo,
É crime de perigo concreto, ou seja, a situação de perigo aplicando‑se, no que couber, o procedimento dos
deve ser provado no caso concreto, “expondo a dano poten- §§ 3º a 5º do art. 50.
cial a incolumidade de outrem”. Aeronave ou embarcação:
embarcação pode ser de qualquer porte. (se falasse em navio O inquérito policial, diferente do que ocorre no código de
seria de médio e grande porte). processo penal, será concluído no prazo de 30 (trinta) dias,
No caso de o agente ingerir drogas e utilizar o veículo se o indiciado estiver preso, e de 90 (noventa) dias, quando
automotor em via pública não se aplica o art. 39 da Lei de solto, podendo ser duplicados a critério do juiz, ouvido o MP,
Drogas, e sim o art. 306 do CTB (Conduzir veículo automotor
mediante justificativa da autoridade policial.
com capacidade psicomotora alterada em razão da influência
A razão da possibilidade de duplicação de prazo é em
de álcool ou de outra substância psicoativa que determine
razão da complexidade dos crimes dessa natureza, pois,
dependência. Penas – detenção, de seis meses a três anos,
muitas vezes envolvem organização criminosa e demanda
multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou
a habilitação para dirigir veículo automotor). mais tempo de investigação.

Aspectos Processuais da Lei de Drogas Procedimentos Especiais de Investigação

Procedimento Policial Deve‑se deixar claro que todos os meios tanto da lei de
drogas quanto do processo penal poderão ser utilizados. Em
Art. 50. Ocorrendo prisão em flagrante, a autorida- qualquer fase da persecução criminal, inquérito ou processo
de de polícia judiciária fará, imediatamente, comu- penal, serão permitidos os procedimentos investigatórios,
nicação ao juiz competente, remetendo‑lhe cópia mediante autorização judicial, ouvido o MP. E quais são os
do auto lavrado, do qual será dada vista ao órgão procedimentos especiais de investigação que a lei de droga
do Ministério Público, em 24 (vinte e quatro) horas. traz? Previsto no art. 53, I, II.
§ 1º Para efeito da lavratura do auto de prisão em
flagrante e estabelecimento da materialidade do I – a infiltração por agentes de polícia, em tarefas
delito, é suficiente o laudo de constatação da na- de investigação, constituída pelos órgãos especia-
tureza e quantidade da droga, firmado por perito lizados pertinentes;
oficial ou, na falta deste, por pessoa idônea. (grifo
nosso). São os casos em que o policial se disfarça, para obter
informações mais apurados de crimes e/ou crimes iminentes.
A autoridade policial deverá fazer uso do auto de consta-

Noções de Legislação Penal Especial


tação da natureza, feito de imediato, logo após a apreensão II – a não‑atuação policial sobre os portadores de
da droga. Porém, trata‑se de um laudo precário. Para a con- drogas, seus precursores químicos ou outros produ-
denação exige‑se o exame químico toxicológico, esse sim é tos utilizados em sua produção, que se encontrem
definitivo. Porém, se houve casos em que foram proferidas no território brasileiro, com a finalidade de identi-
sentenças com base no auto de constatação, principalmente ficar e responsabilizar maior número de integrantes
no caso de prisões em flagrantes.
de operações de tráfico e distribuição, sem prejuízo
da ação penal cabível.
§ 3º Recebida cópia do auto de prisão em flagran-
Parágrafo único. Na hipótese do inciso II deste arti-
te, o juiz, no prazo de 10 (dez) dias, certificará a
regularidade formal do laudo de constatação e go, a autorização será concedida desde que sejam
determinará a destruição das drogas apreendidas, conhecidos o itinerário provável e a identificação
guardando‑se amostra necessária à realização do dos agentes do delito ou de colaboradores.
laudo definitivo.
§ 4º A destruição das drogas será executada pelo Ação controlada, pede‑se autorização judicial para evi-
delegado de polícia competente no prazo de 15 tar que os agentes cometam improbidade administrativa.
(quinze) dias na presença do Ministério Público e Devemos observar com o estudo desta lei, um quantitativo
da autoridade sanitária. grande de jurisprudência, uma vez que a matéria tratada
ocorreu diversas modificações e algumas situações ainda
Deve ser observado os casos de propriedades que pos- estão pendentes de julgamento. Portanto, o estudo da lei
suem plantação de drogas, devendo ser eliminado no próprio em conjunto com a doutrina e jurisprudência atualizada é
local aquilo que não servirá de matéria probatória e contra- de extrema importância.

15
LEI Nº 10.826/2003 – ESTATUTO DO Da Parte Administrativa
DESARMAMENTO – LEI DE ARMAS
Existem dois sistemas previsto na legislação o Sinarm
A lei dispõe sobre registro, posse e comercialização de (Lei nº 10.826/2003) e o Sigma (Sistema de Gerenciamento
Militar de Armas) que é gerido pelo Exército. O Capítulo I do
armas de fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de Ar-
Estatuto do Desarmamento regulamenta o SINARM – Sistema
mas – Sinarm, define crimes e dá outras providências. Além
Nacional de Armas, órgão instituído no Ministério da Justiça,
da Lei nº 10.826/2003 o estudo deverá ser acompanhado à
no âmbito da polícia Federal, com circunscrição em todo o
luz da Constituição Federal, dos Decretos nº 5.123/2004 e território nacional.
nº 3.665/2000, Código Penal, Código de Processo Penal e em Devemos estar atentos que circunscrição não se confun-
especial súmulas e informativos do STF e STJ. de com jurisdição (esta, que quer dizer o poder de dizer o
Lembramos que o objetivo desse estudo é puramente direito realizado por juízes, desembargadores e ministros,
técnico, sem adentrar na discussão do referendo e nem na aquela diz respeito ao poder de atuação de um determinado
crítica sobre desarmar o cidadão ou não. Primeiramente órgão/pessoa em um espaço territorial). Até o ano de 2003
faremos uma abordagem panorâmica do presente estudo, o controle de armas era realizado pela Polícia Civil de cada
verificando as diversas leis que trataram e ainda tratam estado, DPC – Departamento de Produtos Controlados.
sobre o assunto. Dessa forma, como o Brasil vem tratando O SINARM, instituído no Ministério da Justiça, no âmbito
o combate ao crime referente às armas de fogo, seja de uso da Polícia Federal, tem circunscrição em todo o território
permitido, seja de uso restrito/proibido? nacional, é um grande banco de dados, cuja finalidade é
Evolução Legislativa: 1º – Lei de contravenções penais: manter um cadastro geral, integral e permanente das armas
art. 19. Este artigo continua valendo? Ele foi parcialmente de fogo importadas, produzidas e vendidas no país de sua
revogado, ou seja, derrogado no que diz respeito às armas de competência e o controle dos registros dessas armas. Para
fogo. Porém, para as armas brancas continua valendo. Arma ficar claro e de fácil memorização temos que o Sinarm auto-
branca são aquelas dotadas de ponta ou de gume (corte, fio). riza a expedição do porte de arma e a Polícia Federal expede,
2º – Lei nº 9.437/1997 – Chamada lei de armas de fogo: concede o porte de arma (só acontece após a autorização
deixaram de ser contravenções e passaram a ser crimes. pelo Sinarm), enquanto que o Ministério da Justiça (órgão
3º – Lei nº 10.826/2003 – Estatuto do Desarmamento: autônomo) foi o órgão responsável por instituir o Sinarm.
fruto de todo um processo de conscientização de retirada Importante esclarecer que a Polícia Federal, Polícia Ro-
doviária Federal, Polícia Ferroviária Federal e Departamento
das armas de fogo de circulação.
Penitenciário, são órgãos superiores do Ministério da Justiça.
Até 1997 o que valia era a Lei de Contravenções Penais,
Competências do Sinarm:
ou seja, portar ou possuir armas era uma mera contravenção
• identificar as características e a propriedade das armas
penal. Em 1997 passou a ter previsão legal de crimes com de fogo mediante um cadastro (quem é o dono da arma
pena de detenção. Em 2003 previu alguns como sendo cri- de fogo e/ou se já foi adquirida por alguém etc.);
mes graves, de grande relevância, sendo apenados também • identificar modificações e funcionamento das armas
com reclusão. de fogo. Se modificar a arma seja na sua característica
Passamos agora para o estudo da Lei nº 10.826/2003 seja na sua funcionalidade deverá ser informado ao
propriamente dita. A Lei nº 10.826/2003 (Estatuto do De- SINARM.
sarmamento) está dividida em três partes.
1ª parte: é administrativa, que trará de alguns conceitos, Ressalta que cada arma tem sua impressão digital, atra-
de alguns requisitos necessários a serem preenchidos, seja vés das impressões de raiamento e de microestriamento de
para evitar a prática do crime, seja para aplicar a lei penal, projétil disparado, conforme marcação e testes obrigatoria-
que vai do art. 1º até o art. 11. 2ª parte: trata dos crimes mente realizados pelo fabricante.
em específico, é a parte penal da lei, que engloba do art. 12
Noções de Legislação Penal Especial

ao 21. 3ª parte: traz as disposições gerais da lei. Nenhuma Observações


parte deverá ser excluída dos estudos, todas possuem a sua • O Estatuto do Desarmamento não se aplica às Forças
devida importância, conforme veremos a seguir. Armadas, se aplica somente às polícias e aos cidadãos,
De uma forma geral, podemos verificar que o bem jurídi- ou seja, não disciplina todo e qualquer agente público.
co tutelado por esta lei é a segurança da coletividade, tendo • O estatuto foi regulamento pelo Decreto nº 5.123/2004.
a finalidade de proteger a incolumidade/segurança pública, Algumas normas do estatuto precisavam de regula-
configurando no seu polo passivo o Estado ou a coletividade. mentação.
Veremos adiante que alguns tipos penais tutelam outros bens • Outra norma que deve ser observada é o Decreto
nº 3.665/2000, que dá nova redação ao Regulamento
jurídicos além da segurança da coletividade.
para a Fiscalização de Produtos Controlados (R-105).
Todos os crimes inclusive o crime de omissão previsto
É mais abrangente do que o Decreto nº 5.123/2004.
nesta lei, são crimes de perigo abstrato, ou seja, basta a
prática da conduta que se presume perigosa, para a incidên- O Estatuto traz vários conceitos no seu bojo a exemplo:
cia do ilícito penal. Também chamado de crime de perigo Art. 3º, II – Acessório de arma: artefato que, acoplado
presumido. É um crime de perigo e não de dano, no qual sua a uma arma, possibilita a melhoria do desempenho do ati-
consumação se dá com a mera exposição do bem jurídico rador, a modificação de um efeito secundário do tiro ou a
a uma probabilidade de sofrer dano, não exige a efetiva modificação do aspecto visual da arma.
produção de um dano, de uma lesão. Aqui, a lei presume Ex.: mira telescópica, silenciador, darão mais eficácia
de maneira absoluta uma situação de perigo, não cabendo no tiro.
prova em sentido contrário, ou que por outro lado, se fosse Art. 3º, XIII – Arma de fogo: arma que arremessa projé-
perigo concreto, a situação de perigo teria que ser provada. teis empregando a força expansiva dos gases gerados pela

16
combustão de um propelente confinado em uma câmara que, Para memorizar!
normalmente, está solidária a um cano que tem a função de Permitido: Sinarm. Restrito: no Exército (Sigma).
propiciar continuidade à combustão do propelente, além de Para que possa realizar o registro e ter a posse de uma
direção e estabilidade ao projétil. Se não se enquadrar neste arma de fogo é necessário superar algumas etapas:
conceito não é arma de fogo.
Art. 3º, LXIV – Munição: artefato completo, pronto para 1ª – Etapa: aquisição da arma de fogo. É a compra do
carregamento e disparo de uma arma, cujo efeito desejado modelo da arma de fogo que a pessoa tem interesse em
pode ser: destruição, iluminação ou ocultamento do alvo; adquirir.
efeito moral sobre pessoal; exercício; manejo; outros efeitos Como posso comprar uma arma de fogo? A pergunta
especiais. parece óbvia, mas a compra de uma arma de fogo não é
Ex.: munição de efeito sonoro, de efeito iluminativo, fu- realizada como se fosse um objeto qualquer em que você
mígena, de manejo, de efeito moral (controle de distúrbios, chega na loja, pede o produto, paga e leva para casa. Muito
bastante utilizada pelas forças policiais). pelo contrário, o procedimento é muito mais rigoroso e de-
Importante lembrar que, quando a norma necessitar de morado, aqui deverá ser observado os requisitos do art. 4º
complemento, é uma norma penal em branco podendo ser da Lei nº 10.826/2003 2, juntamente com o art. 28 do mesmo
homogênea ou heterogênea. diploma legal 3.
A Lei nº 10.826 é uma norma penal em branco (ou pri- A regra geral no Brasil é que o porte de arma é proibido.
mariamente remetidas, já que o seu complemento é oriundo Mas para toda a regra existe sempre uma exceção, que neste
de outra fonte legislativa, neste caso, são normas penais em caso encontra‑se no art. 6º da Lei nº 10.826/20034
branco heterogêneas), pois a integração é feita pelo Decreto Observações
nº 5.123/2004 e Decreto nº 3.665/2000. • A necessidade da comprovação de idoneidade, cer-
tidões negativas etc., não prejudica a presunção de
Da Competência para Julgar (Da Conexão) inocência, já que são critérios apenas impeditivos ou
permissivos para a aquisição ou não de arma de fogo.
Em regra, a competência será da Justiça Estadual (em que • O porte funcional se estende aos aposentados? Não.
Porque não exerce mais a função pública. O porte de
pese o sistema ser de âmbito nacional), uma vez que não há
arma de fogo está condicionado ao efetivo exercício
ofensa diretamente a bem, serviço ou interesse da União.
Se houver crime federal este irá atrair o crime estadual
havendo conexão, desta feita, se houver bem, serviço ou fogo importadas, produzidas e vendidas no país, de competência do SIGMA, e das
armas de fogo que constem dos registros próprios. § 1º Serão cadastradas no SIG-
interesse da União prevalece a especialidade da Justiça MA: I - as armas de fogo institucionais, de porte e portáteis, constantes de registros
Federal em detrimento da Justiça Estadual. (Info 507 STJ). próprios: a) das Forças Armadas; b) das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros
Militares; c) da Agência Brasileira de Inteligência; d) do Gabinete de Segurança
Institucional da Presidência da República; II - as armas de fogo dos integrantes das
Da Classificação das Armas de Fogo Forças Armadas, da Agência Brasileira de Inteligência e do Gabinete de Segurança
Institucional da Presidência da República, constantes de registros próprios; III - as
informações relativas às exportações de armas de fogo, munições e demais pro-
São divididas em 3 grupos: dutos controlados, devendo o Comando do Exército manter sua atualização; IV - as
• Armas de fogo de uso restrito: são as chamadas armas armas de fogo importadas ou adquiridas no país para fins de testes e avaliação
de uso exclusivo das Forças Armadas, de instituições técnica; V - as armas de fogo obsoletas. § 2º Serão registradas no Comando do
Exército e cadastradas no SIGMA: I - as armas de fogo de colecionadores, atiradores
de segurança pública e de pessoas físicas ou jurídicas e caçadores; II - as armas de fogo das representações diplomáticas.
habilitadas, devidamente autorizadas pelo Comando 2
Art. 4º Para adquirir arma de fogo de uso permitido o interessado deverá, além
de declarar a efetiva necessidade, atender aos seguintes requisitos: I – com-
do Exército (art. 11 do Decreto nº 5.123/2004), com provação de idoneidade, com a apresentação de certidões negativas de ante-
relação contida no art. 16 do Decreto nº 3.665/2000). cedentes criminais fornecidas pela Justiça Federal, Estadual, Militar e Eleitoral
Ex.: pistola 9mm, calibre 45, 357 magnum, fuzil, armas e de não estar respondendo a inquérito policial ou a processo criminal, que
poderão ser fornecidas por meios eletrônicos; II – apresentação de documento
automáticas de qualquer calibre (semiautomática pode comprobatório de ocupação lícita e de residência certa; III – comprovação de
ser de uso permitido). capacidade técnica e de aptidão psicológica para o manuseio de arma de fogo,

Noções de Legislação Penal Especial


• Armas de fogo de uso permitido: aquelas cuja utiliza- atestadas na forma disposta no regulamento desta Lei.
3
Art. 28. É vedado ao menor de 25 (vinte e cinco) anos adquirir arma de fogo,
ção pode ser autorizada a pessoas físicas e a pessoas ressalvados os integrantes das entidades constantes dos incisos I, II, III, V, VI, VII
jurídicas. A relação encontra‑se no art. 17 do Decreto e X do caput do art. 6º desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
4
Art. 6º É proibido o porte de arma de fogo em todo o território nacional,
nº 3.665/2000. salvo para os casos previstos em legislação própria e para: I – os integran-
Ex.: revolver até calibre 38, pistola até calibre 380, tes das Forças Armadas; II-  os integrantes de órgãos referidosnos inci-
armas de cano longo até o calibre 12. sos I, II, III, IV e V do caput do art. 144 da Constituição Federal e os da
Força Nacional de Segurança Pública (FNSP); III – os integrantes das guardas
Esta é a regra, são hipóteses que se enquadram um municipais das capitais dos Estados e dos Municípios com mais de 500.000 (qui-
cidadão comum. Pode ser autorizada a pessoas físicas nhentos mil) habitantes, nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei;
IV – os integrantes das guardas municipais dos Municípios com mais de 50.000
e jurídicas (Ex.: empresas de vigilância). (cinquenta mil) e menos de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, quando em
• Armas de fogo de uso proibido: são aquelas em que serviço; V – os agentes operacionais da Agência Brasileira de Inteligência e os
ninguém pode usar. Existe a vedação total ao uso. Não agentes do Departamento de Segurança do Gabinete de Segurança Institucional
da Presidência da República; VI – os integrantes dos órgãos policiais referidos
foram definidas no Decreto. no art. 51, IV, e no art. 52, XIII, da Constituição Federal; VII – os integrantes do
Ex: armas com capacidade nuclear. quadro efetivo dos agentes e guardas prisionais, os integrantes das escoltas
de presos e as guardas portuárias; VIII – as empresas de segurança privada e
de transporte de valores constituídas, nos termos desta Lei; IX – para os inte-
Registro e Porte de arma de fogo (art. 3º) grantes das entidades de desporto legalmente constituídas, cujas atividades
É obrigatório o registro das armas de fogo, que será re- esportivas demandem o uso de armas de fogo, na forma do regulamento desta
Lei, observando‑se, no que couber, a legislação ambiental; X – integrantes
alizado pelo Sinarm no caso das armas de uso permitido ou das Carreiras de Auditoria da Receita Federal do Brasil e de Auditoria‑Fiscal
pelo Exército no caso das armas de uso restrito (no Sistema do Trabalho, cargos de Auditor‑Fiscal e Analista Tributário; XI – os tribunais
do Poder Judiciário descritos no art. 92 da Constituição Federal e os Minis-
de Gerenciamento Militar de Armas – SIGMA.)1. térios Públicos da União e dos Estados, para uso exclusivo de servidores de
seus quadros pessoais que efetivamente estejam no exercício de funções de
1
Decreto nº 5.123/2004 – Art. 2º O SIGMA, instituído no Ministério da Defesa, no segurança, na forma de regulamento a ser emitido pelo Conselho Nacional de
âmbito do Comando do Exército, com circunscrição em todo o território nacional, Justiça – CNJ e pelo Conselho Nacional do Ministério Público – CNMP. (Incluído
tem por finalidade manter cadastro geral, permanente e integrado das armas de pela Lei nº 12.694, de 2012).

17
das funções institucionais por parte dos policiais, o registro autorizará o proprietário a manter a arma de fogo
motivo pelo qual não se estende aos policiais aposen- no interior de sua residência ou dependência desta, exclu-
tados. (Informativo 554 – Policiais civis aposentados sivamente, ou ainda em seu local de trabalho, desde que
não têm porte de arma. O porte de arma de fogo está seja ele o titular ou responsável legal do estabelecimento
condicionado ao efetivo exercício das funções institu- ou empresa (art. 5º). Ou seja, será autorizado a ter em casa
cionais por parte dos policiais, motivo pelo qual não ou nas suas dependências ou no local de trabalho desde que
se estende aos policiais aposentados). Informativo seja o dono. Não está autorizado a sair na rua com ela, para
nº 0554/STJ – O porte de arma de fogo a que têm isso, é necessário obter uma autorização específica. O fato
direito os policiais civis (arts. 6º da Lei nº 10.826/2003 de ter uma autorização para possuir não lhe dá o direito de
e 33 do Decreto nº 5.123/2014) não se estende aos transitar com ela, o cidadão possui a posse da arma. Mas para
policiais aposentados. Isso porque, de acordo com o que possa portá‑la, deverá ainda cumprir alguns requisitos.
art. 33 do Decreto nº 5.123/2004, que regulamentou 3ª etapa – Autorização para o porte de arma8. Poderá
o art. 6º da Lei nº 10.826/2003, o porte de arma de ser concedida em algumas hipóteses, seja em caso da função
fogo está condicionado ao efetivo exercício das funções do sujeito (art. 6º), ou então em decorrência da obtenção
institucionais por parte dos policiais, motivo pelo qual de autorização junto à Polícia Federal, após a anuência do
não se estende aos aposentados. (RMS 23.971-MT). SINARM, desde que preenchidos os requisitos legais (art. 10).
Está vinculado ao exercício da função. Para trazer consigo a arma de fogo em via pública ou
• No caso dos magistrados, estes são regidos pela Lei locais distintos, será necessário a autorização para o porte.
Orgânica da Magistratura, inclusive para o porte de (Art. 6º e seguintes). Esta autorização é fácil conseguir?
arma, que dispensa testes psicológicos e de capacidade Não, é extremamente burocrático e difícil de obter. Existem
técnica e revisão periódica de registro. Aptidão deles é situações em que é menos burocrático e fácil de conseguir
presumida, a prerrogativa deles decorre da LOMAN.5 o porte de arma, é o chamado porte funcional, que é dado
em razão da função que você exerce (juiz, promotor, dele-
Presente os requisitos exigidos pela lei, o Sinarm emitirá gado), porém precisa de cumprir a 1ª e 2ª etapas, conforme
autorização para a compra da arma de fogo6. Ressaltando já demonstramos acima.
que esta autorização é instranferível. Esta autorização ou a Qual a extensão e prazo de validade? O Art. 5º diz que
sua recusa deverá ser realizada no prazo de até 30 dias úteis, o certificado de Registro de Arma de Fogo, com validade
devidamente fundamentada. em todo o território nacional, autoriza o seu proprietário
Até aqui tudo certo, consegui a autorização para comprar a manter a arma de fogo exclusivamente no interior de sua
a arma, já posso pegar a arma e levar comigo? Não. Até aqui residência ou domicílio, ou dependência desses, ou, ainda,
eu só tenho uma autorização, faltando o registro. no seu local de trabalho, desde que seja ele o titular ou o
O que fazer então? De posse da autorização, é necessário responsável legal pelo estabelecimento ou empresa. (Lei
levar (com todo a documentação da arma) na Polícia Federal. nº 10.884/2004). O § 2º diz: os requisitos de que tratam os
incisos I, II e III do art. 4º deverão ser comprovados periodica-
2ª etapa – Do Registro da arma: o registro da arma mente, em período não inferior a três anos, na conformidade
deverá ser feito no órgão competente. do estabelecido no regulamento desta lei, para a renovação
E qual é o órgão competente? Vai depender do tipo do Certificado de Registro de Arma de Fogo.
de arma: A autorização para o porte pode ser concedida com
• Se arma de uso permitido: será realizado na Polícia eficácia temporária e territorial (art. 10, §1º), e perderá sua
Federal, após anuência do SINARM, com validade em eficácia se o portador for com ela detido ou abordado em
todo o território nacional. estado de embriaguez ou sob o efeito de substâncias quí-
• Se arma de uso restrito: deverá ser registrada no micas ou alucinógenas (art. 10, §2º). A perda é automática.
Comando do Exército7. Art. 16 do Decreto nº 5.123/2004 descreve que o Cer-
tificado de Registro de Arma de Fogo expedido pela Polícia
Resumidamente funciona assim: você precisa pedir o Federal, precedido de cadastro no SINARM, tem validade
em todo o território nacional e autoriza o seu proprietário
Noções de Legislação Penal Especial

registro da arma de fogo, vai requerer para Polícia Federal – a


PF encaminha para o SINARM – SINARM autorizando – a PF a manter a arma de fogo exclusivamente no interior de sua
vai expedir, conceder, após esse processo, se aprovado, você residência ou dependência desta, ou, ainda, no seu local de
terá um registro que lhe autoriza a ter a arma. trabalho, desde que seja ele o titular ou o responsável legal
A partir daí o cidadão poderá andar com a arma por onde pelo estabelecimento ou empresa. O registro tem que estar
ele quiser? Não, com esse tipo de autorização não. Explico, com validade em dia, de outro modo, o cidadão comete o
crime de posse ilegal de arma de fogo.
5
Informativo 782, Plenário: Rcl 11323 AgR/SP, rel. orig. Min. Rosa Weber, red. Finalmente obteve‑se o registro e a autorização, agora,
p/ o acórdão Min. Teori Zavascki, 22.4.2015. O Plenário julgou procedente a arma já está com o cidadão. Como proceder com o uso
pedido formulado em reclamação, para reconhecer como PRERROGATIVA DA
MAGISTRATURA a desnecessidade de submissão a certos requisitos gerais, da arma de fogo? A autorização para o porte não permite
aplicáveis a todas as outras pessoas, para obter o porte ou a renovação do o porte ostensivo da arma de fogo, ou de entrar ou com ela
porte de arma. A prerrogativa dos magistrados de portar arma de defesa pessoal permanecer em locais públicos ou com aglomeração de pes-
estaria prevista no art. 33, V, da LC 35/1979 – Loman, sendo‑lhes assegurado a
renovação simplificada de registros de propriedade de armas de defesa pessoal
(inscrição no SINARM), com dispensa dos testes psicológicos e de capacidade
técnica e da revisão periódica de registro. Esses requisitos para manter arma 8
Art. 10. A autorização para o porte de arma de fogo de uso permitido, em
de fogo estariam dispostos no art. 5º, § 2º, da Lei 10.826/2003. Quando existe todo o território nacional, é de competência da Polícia Federal e somente será
uma lei orgânica tratando de um determinado objeto, esta prevalecerá sobre a concedida após autorização do Sinarm. § 1º A autorização prevista neste artigo
lei. Hierarquicamente a Lei Ordinária (10.826) é superior à Lei Orgânica, porém poderá ser concedida com eficácia temporária e territorial limitada, nos termos
STF entendeu que a lei orgânica neste caso prevalece. Magistrados terão uma de atos regulamentares, e dependerá de o requerente: I – demonstrar a sua
renovação simplificada. O porte decorre da própria situação de magistrado. efetiva necessidade por exercício de atividade profissional de risco ou de ameaça
6
Art. 4º, § 1º O Sinarm expedirá autorização de compra de arma de fogo após à sua integridade física; II – atender às exigências previstas no art. 4º desta Lei;
atendidos os requisitos anteriormente estabelecidos, em nome do requerente III – apresentar documentação de propriedade de arma de fogo, bem como o
e para a arma indicada, sendo intransferível esta autorização. seu devido registro no órgão competente.§ 2º A autorização de porte de arma
7
Art. 27. Caberá ao Comando do Exército autorizar, excepcionalmente, a aquisi- de fogo, prevista neste artigo, perderá automaticamente sua eficácia caso o
ção de armas de fogo de uso restrito. Parágrafo único. O disposto neste artigo portador dela seja detido ou abordado em estado de embriaguez ou sob efeito
não se aplica às aquisições dos Comandos Militares de substâncias químicas ou alucinógenas.

18
soas (Decreto nº 5.123/2004, art. 26).9 A violação dessa regra [...]
importa na cassação da autorização e apreensão da arma de III – os integrantes das guardas municipais das capitais
fogo. Ostensivamente só policial, dificuldade de identificar dos Estados e dos Municípios com mais de 500.000
no caso de policial civil, tem que estar devidamente identifi- (quinhentos mil) habitantes, nas condições estabele-
cado. O porte de trânsito para desportistas, colecionadores e cidas no regulamento desta lei (arts. 40 e seguintes
caçadores será concedido pelo Comando do Exército (Decreto do Decreto nº 5.123/2004);
nº 5.123/2004, art. 32)10. O porte na categoria de “caçador de IV – os integrantes das guardas municipais dos Muni-
subsistência” poderá ser concedido pela Polícia Federal aos cípios com mais de 50.000 (cinquenta mil) e menos
residentes em áreas rurais, maiores de 25 anos que compro- de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, quando em
vem depender do emprego de arma de fogo para prover a serviço;
subsistência alimentar familiar, desde que se trate de arma [...]
portátil, de uso permitido, de tiro simples, com ou dois canos,
de alma lisa e de calibre igual ou inferior a 16 (art. 6º, §5º do • Aqueles quem tem o porte mesmo fora de serviço:
estatuto c/c art. 17 do Decreto nº 5.123/2004). art. 6, § 1º: As pessoas previstas nos incisos I, II, III, V
E se o cidadão não possuir o registro ou autorização e VI do caput deste artigo terão direito de portar arma
para o porte de arma, o que acontece? Se desrespeitou a de fogo de propriedade particular ou fornecida pela
lei criminal, comete uma infração penal. Que infração seria respectiva corporação ou instituição, mesmo fora de
essa? Depende, temos três situações possíveis: serviço, nos termos do regulamento desta Lei, com
• se a arma não possui registro, mas é de uso permitido – validade em âmbito nacional para aquelas constantes
art. 12 (posse ilegal de arma de fogo); dos incisos I, II, V e VI. (Lei nº 11.706/2008)
• se a arma não possui autorização, mas é de uso per- • Art. 6º, § 1º‑B. Os integrantes do quadro efetivo de
mitido – art. 14 (porte ilegal de arma de fogo); agentes e guardas prisionais poderão portar arma
• se a arma é de uso restrito, sem registro ou sem au- de fogo de propriedade particular ou fornecida pela
torização – art. 16 (porte ou posse ilegal de arma de respectiva corporação ou instituição, mesmo fora de
fogo). serviço, desde que estejam: I – submetidos a regime de
dedicação exclusiva; II – sujeitos à formação funcional,
Importante atentar para o fato do Registro e da Autori- nos termos do regulamento; e III – subordinados a
zação serem atos distintos. mecanismos de fiscalização e de controle interno.
• O art. 24 prevê que o Porte de Arma de Fogo é: pessoal,
Observações intransferível e revogável a qualquer tempo, sendo
• Info 587 – STJ: “é típica e antijurídica (alguns autores válido apenas com relação à arma nele especificada
chamam de ilícita)” a conduta de policial civil que, mesmo e com a apresentação do documento de identificação
autorizado a portar ou possuir arma de fogo, não observa as do portador. Ou seja, o porte é precário, podendo ser
imposições legais previstas no Estatuto do Desarmamento, revogado a qualquer tempo.
• O porte é para aquela arma específica.
que impõem registro das armas no órgão competente – RHC
70.141/RJ.
Antes de adentrarmos no estudo das infrações penais
Importante diferenciar a posse do porte de arma de fogo,
propriamente ditas, deveremos realizar algumas conside-
de forma simples e direta. Posse: só pode ter na sua casa
rações:
ou dependências ou no seu trabalho, se tiver a arma nestes
• os proprietários ou diretores responsáveis de empre-
locais sem o registro será posse ilegal. Porte: trata‑se de rol
sas de segurança privada e de transporte de valores,
taxativo, ou seja, a lei descreve todas as hipóteses. Deslocar deverão comunicar, perda, roubo, furto ou outras
com a arma de fogo. A regra é os integrantes do art. 144 da formas de extravio de armas de fogo, acessórios e
CF (Segurança Pública no Brasil: Polícia Judiciária, Polícia munições que estejam sob sua guarda, no prazo de
Militar, Corpo de Bombeiros Militar, Polícia Polícia Rodoviária 24 horas, à Polícia Civil (registra ocorrência policial) e
Federal, Polícia Ferroviária Federal (em extinção). A Guarda de comunicar à Polícia Federal, depois de ocorrido o

Noções de Legislação Penal Especial


Municipal está no rol, porém não faz parte da Segurança fato (art. 7º, §1º);
Pública, assim como agentes e guardas prisionais – a lei diz • se ele omitir, poderá responder pelo art. 13, parágrafo
(art. 6º). único (crime omisso próprio);
• este crime também é chamado de crime a prazo, em
• Em relação as guardas municipais11: razão do prazo que tem para realizar a conduta.
Art. 6º É proibido o porte de arma de fogo em todo o
território nacional, salvo para os casos previstos em legisla- E quando as autoridades estrangeiras vêm para o Brasil e
ção própria e para: trazem seus seguranças devidamente armados, como proce-
der? Sabemos que as autoridades competentes necessitam
9
Art. 26. O titular de porte de arma de fogo para defesa pessoal concedido nos ter conhecimento de todas as armas que estão no território
termos do art. 10 da Lei no 10.826, de 2003, não poderá conduzi‑la ostensi- nacional, diante disso, a autorização/permissão para o uso
vamente ou com ela adentrar ou permanecer em locais públicos, tais como dessas armas, será realizado pelo Ministério da Justiça.
igrejas, escolas, estádios desportivos, clubes, agências bancárias ou outros
locais onde haja aglomeração de pessoas em virtude de eventos de qualquer
natureza. (Redação dada pelo Decreto nº 6.715, de 2008). § 1º A inobservância Relação do Estatuto do Desarmamento com outras
do disposto neste artigo implicará na cassação do Porte de Arma de Fogo e
na apreensão da arma, pela autoridade competente, que adotará as medidas
Leis Especiais
legais pertinentes. § 2º Aplica‑se o disposto no §1º deste artigo, quando o
titular do Porte de Arma de Fogo esteja portando o armamento em estado Registro de Arma de Fogo e Lei Maria da Penha
de embriaguez ou sob o efeito de drogas ou medicamentos que provoquem
alteração do desempenho intelectual ou motor.
O art. 22. da Lei nº 11.340/2006 prevê que constatada
10
Art. 32. O Porte de Trânsito das armas de fogo de colecionadores e caçadores a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher,
será expedido pelo Comando do Exército. Parágrafo único. Os colecionadores nos termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato,
e caçadores transportarão suas armas desmuniciadas.
11
Observar a Portaria DPF nº 365 de 15/08/2006 que disciplina a autorização
ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes
para o porte de arma de fogo para os integrantes das Guardas Municipais. medidas protetivas de urgência, entre outras: I – suspensão

19
da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação • Possuir: estar na posse, fruir a posse, desfrutar, ter
ao órgão competente, nos termos da Lei nº 10.826, de 22 de em seu poder com ânimo de propriedade de arma de
dezembro de 2003. Ou seja, o juiz pode aplicar de imediato fogo, acessório ou munição.
medidas protetivas de urgência, e uma delas é a suspensão • Manter sob guarda: conservar a arma em seu poder
da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação e vigilância, em nome próprio ou para terceiro. Neste
ao órgão competente. caso não se trata de ocultar (esconder) para dificultar
sua localização, tendo em vista que esta prática tem
Observação qualificação própria.
• Se foi decretado a suspensão do registro por sentença • Da tentativa: é possível a tentativo neste caso.
judicial, mas o cidadão continua com a arma de fogo, • Crime de mera conduta (ou de simples atividade): não
será crime de posse/porte ilegal de arma de fogo. necessita de um resultado naturalístico, o tipo penal
se limita a descrever uma conduta ilícita, uma conduta
Partimos agora para o estudo direto da segunda parte da
criminosa, não importando para o que será utilizado.
lei, as figuras típicas. Mas antes, vamos esclarecer um ponto
de suma importância, para compreendermos ainda mais o Ex.: no crime de homicídio com arma de fogo (ilegal),
Estatuto do Desarmamento. temos dois crimes um de homicídio e outro de porte
O Estatuto prevê tipos penais preventivos, ou seja, ilegal de arma de fogo.
aqueles que criam crimes que geram um obstáculo para a • Tipo subjetivo (a manifestação de vontade do agen-
prática de outro, com o intuito de evitar um outro crime (Info te): é o dolo, vontade livre e consciente de possuir ou
493 – HC 211.823). Neste caso, o legislador antecipa a tutela manter sob guarda arma de fogo de uso permitido,
penal, ou seja, se vale de um ato preparatório para a prática de forma irregular (sem registro). Não há modalidade
de um crime e o incrimina de forma autônoma. culposa.
O porte nada mais é do que um mero ato preparatório • Elemento normativo: em desacordo com determina-
de um crime fim (para matar, roubar, coagir) e o incriminou ção legal ou norma regulamentar art. 3º e 5º da Lei
de forma autônoma. nº 10.826/2003 e art. 16 do Decreto nº 5.123/2004
(norma penal em branco).
Das Figuras Típicas e suas Respectivas Penas • Do elemento espacial: deve verificar o local onde
mantem a posse. Se no interior de sua residência ou
Posse de Arma de Uso Permitido dependência desta (espaço vinculado a residência de
acesso exclusivo do morador. Se for em área comum
Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, não configura), no seu local de trabalho, desde que
acessório ou munição, de uso permitido, em desacordo seja o titular ou o responsável legal do estabelecimen-
com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua to. Residência e trabalho fixo. Tirando essas hipóteses
residência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de será porte irregular de arma de fogo.
trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do
estabelecimento ou empresa:
Observações
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
• O STJ vem entendendo que a guarda de arma de fogo
Aqui, o sujeito possui irregularmente uma arma de fogo, com registro vencido (renovação a cada 3 anos), será
porque está faltando cumprir com algum requisito legal. uma mera irregularidade administrativa. Info. 572 –
Trata‑se de um crime de médio potencial ofensivo, permitin- Ação Penal (AP) 686/AP – Corte Especial.
do inclusive que haja a suspensão condicional do processo, • Apenas para critério de informação, existe um julgado
nos termos do art. 89 da Lei nº 9.099/1995. em sentido contrário RHC 60.611/DF – Info 570.
• De acordo com o STJ, não se pode confundir o delito
Importante saber! de posse irregular de arma de fogo com o de porte
• Objetividade jurídica: o bem jurídico tutelado será irregular de arma de fogo. Caracteriza‑se o delito de
Noções de Legislação Penal Especial

a incolumidade pública, segurança da coletividade/ posse irregular de arma de fogo quando ela estiver
segurança pública. guardada no interior da residência (ou dependência
• Objeto material: arma de fogo, acessório ou munição, desta) ou no trabalho do acusado, evidenciado o porte
de uso permitido, conforme fora destacado acima. ilegal se a apreensão ocorrer em local diverso. Ex.: O
• Sujeito ativo: por ser tratar de um crime comum (ou caminhão, ainda que seja instrumento de trabalho do
geral), o agente pode ser qualquer pessoa possuidora motorista, não pode ser considerado extensão de sua
de arma de fogo de uso permitido que nunca foi regis- residência, nem local de seu trabalho, mas apenas
trada ou cujo registro não foi renovado. Há quem diga instrumento de trabalho. Caminhão é instrumento e
que no caso do agente ser o titular ou responsável pelo não local de trabalho. (HC 172.525/MG).
estabelecimento ou empresa, seria crime próprio. • Entendimento do STJ: Na espécie, o paciente foi de-
• Sujeito passivo: o Estado/a coletividade. A doutrina nunciado pela suposta prática da conduta descrita no
chama de crime vago, ou seja, tem‑se como sujeito art. 12 da Lei nº 10.826/2003, por possuir irregular-
um ente sem personalidade jurídica. mente um revólver marca Taurus, calibre 38, número
• Da consumação: trata‑se de crime permanente, ou QK 591720, além de dezoito cartuchos de munição
seja, sua consumação se perdura no tempo, se prolon- do mesmo calibre. Todavia, no caso, a questão não
ga, enquanto estiver realizando o verbo está cometen- pode extrapolar a esfera administrativa, uma vez que
do o crime. Vincula‑se à inércia de não providenciar o ausente a imprescindível tipicidade material, pois,
registro ou em não renová‑lo. A prescrição só começa constatado que o paciente detinha o devido registro
a fruir quando cessar a permanência. Já a prisão em
flagrante é possível a qualquer tempo12. preso foi encontrado em estado de flagrância. Os tipos penais previstos nos
arts. 12 e 16 da Lei nº 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento) são crimes
12
Info 506 – STJ – HC 244.016/ES – “não é ilegal a prisão realizada por agentes permanentes e, de acordo com o art. 303 do CPP, o estado de flagrância nesse
públicos que não tenham competência para a realização do ato quando o tipo de crime persiste enquanto não cessada a permanência”.

20
da arma de fogo de uso permitido encontrada em sua Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para
residência, de forma que o Poder Público tinha com- impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa portadora
pleto conhecimento da posse do artefato em questão, de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja
podendo rastreá‑lo se necessário, inexiste ofensivi- sob sua posse ou que seja de sua propriedade:
dade na conduta. A mera inobservância da exigência Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.
de recadastramento periódico não pode conduzir à Trata‑se de infração penal de menor potencial ofensivo
estigmatizadora e automática incriminação penal. (pena máxima de dois anos).
Cabe ao Estado apreender a arma e aplicar a punição
administrativa pertinente, não estando em consonân- Importante saber!
cia com o Direito Penal moderno deflagrar uma ação • Objetividade Jurídica: o bem jurídico a ser tutelado é a
penal para a imposição de pena tão somente porque segurança pública (é sempre tutelada) e a integridade
o indivíduo, devidamente autorizado a possuir a arma física do menor de 18 anos e o portado de necessidade
pelo Poder Público, diga‑se de passagem, deixou de especial.
ir de tempos em tempos efetuar o recadastramento • Elemento subjetivo: culpa – modalidade negligência –
do artefato. Portanto, até mesmo por questões de inobservância do dever de cuidado. Núcleo – deixar
política criminal, não há como submeter o paciente às
de observar – Crime omissivo próprio. Típico caso de
agruras de uma condenação penal por uma conduta
negligência, deixa de adotar as cautelas necessárias,
que não apresentou nenhuma lesividade relevante
aos bens jurídicos tutelados pela Lei nº 10.826/2003, falta de cuidado.
não incrementou o risco e pode ser resolvida na via • Sujeito ativo: trata‑se de crime comum, ou seja,
administrativa. (HC 294.078/SP). Se tinha o registro e qualquer pessoa. Há quem diga que trata‑se de crime
deixou de renová‑lo o STJ está mitigando essa infração próprio, pois apenas o possuidor ou proprietário po-
penal, diz que é meramente infração administrativa. derá cometer.
Não configura relevante penal, tipicidade material, • Sujeito passivo: coletividade, menor de 18 (dezoito
formalmente é típico. anos) e o portador de deficiência mental.
• Corte Especial – Info – 572/STJ. Manter sob guarda, • Objeto material: arma de fogo.
no interior de sua residência, arma de fogo de uso • Consumação: os crimes culposos são materiais, depen-
permitido com registro vencido não configura o crime dem da produção de resultado naturalístico, não basta
do art. 12 da Lei nº 10.826/2003 (Estatuto do Desarma- acontecer somente a negligência, o menor ou portador
mento). O art. 12 do Estatuto do Desarmamento afirma de deficiência mental tem que se apoderar da arma de
que é objetivamente típico possuir ou manter sob guar- fogo (este é o resultado naturalístico). Também é um
da arma de fogo de uso permitido, em desacordo com crime de perigo abstrato.
determinação legal ou regulamentar, no interior de • Tentativa: crimes culposos não admitem tentativa.
residência. Entretanto, relativamente ao elemento sub- É um crime omisso próprio.
jetivo, não há dolo do agente que procede ao registro
e, depois de expirado prazo, é apanhado com a arma Informações adicionais
nessa circunstância. Portanto a decisão é absolutória, • Será aplicado os institutos da Lei nº 9.099/1995, em
por atipicidade. O STJ diz que o fato é atípico, não há razão da pena aplicável, logo a competência será do
dolo em atingir a segurança da coletividade. O Poder Juizado Especial Criminal.
Público tem todos os elementos para encontrar esta • Caberá transação penal (já que a pena máxima é de
arma. O princípio da subsidiariedade não autoriza esta 2 (dois) anos) e suspensão condicional do processo
interferência tão grave pela simples falta de serviço. (pena mínima de um ano).
• É possível o concurso de crimes – cabível, em tese, com
A Corte Especial se manifestou no sentido de que trata a posse dos art. 12 e art. 16, CP, a depender da arma.
de uma irregularidade administrativa; do contrário, todos Se a arma é regular (tem a posse regular, tem registro):
aqueles que porventura tiverem deixado expirar prazo se- se tiver registrada é art. 13. Se a arma for irregular:
melhante terão necessariamente de responder pelo crime,

Noções de Legislação Penal Especial


de uso permitido art. 12 c/c 13. Se for de uso restrito
o que é absolutamente desproporcional. Avulta aqui o caráter art. 16 c/c 13.
subsidiário e de ultima ratio do direito penal. Na hipótese,
• Do conflito aparente de normas: vimos no começo
além de se afastar da teleologia do objeto jurídico protegido,
do estudo as leis que tratam da matéria, porém fica
a saber, a administração e, reflexamente, a segurança e a paz
pública (crime de perigo abstrato), banaliza‑se a criminaliza- a dúvida se há conflito dessas normas? O art. 19, § 2,
ção de uma conduta em que o agente já fez o mais impor- letra c da Lei das Contravenções Penais ainda continua
tante, que é apor seu nome em um registro de armamento, em vigor somente em relação às armas brancas e as de
possibilitando o controle de sua circulação. (HC 294.078-SP). arremesso ou munição e em relação ao inexperiente
que se apodera da arma. Foi derrogado, no tocante a
Informações adicionais sobre o art. 12: arma de fogo. No que diz respeito as armas brancas
• é admitido o sursis processual, tendo em vista que ou outros tipos de artefatos (armas de arremesso,
a pena mínima é de 1 ano (art. 89, da Lei nº 9.099), munições) ainda está contida na lei de Contravenções,
suspensão condicional do processo; porque o art. 13 da Lei nº 10.826 não fez referência a
• a Ação Penal neste caso não depende de qualquer tipo munições ou acessórios, somente a arma de fogo.
de representação, ou seja, ela será uma Ação Pública
Incondicionada. Crime Equiparado (art. 13, Parágrafo Único)
O Parágrafo único é um crime diferente, porém recebe o
Omissão de Cautela mesmo tratamento do caput. Nas mesmas penas incorrem o
proprietário ou diretor responsável de empresa de segurança
Omissão: deixar de fazer, de realizar algo, ou seja, é um e transporte de valores que deixarem de registrar ocorrência
não fazer. policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo
Cautela: guardar, cuidar. ou outras formas de extravio de arma de fogo, acessório ou

21
munição que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte Da Pena
quatro) horas depois de ocorrido o fato.
A pena neste artigo é mais grave, respondendo por re-
Importante saber! clusão de 2 a 4 anos e multa.
• Objetividade Jurídica: veracidade do cadastro e dos Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançá-
registros das armas de fogo, perante o Sinarm e dos vel, salvo quando a arma de fogo estiver registrada em nome
órgãos competentes, respectivamente. do agente. Este parágrafo foi declarado inconstitucional.
• Sujeito Ativo: somente os proprietários ou diretores A inafiançabilidade é inconstitucional.
responsáveis de empresas de segurança e de trans- E o que diz a Adin 3.112-1? O Tribunal por maioria,
porte de valores, ou seja, estamos diante de um crime julgou procedente, em parte, a ação para declarar a incons-
próprio (especial), precisa de pessoa determinada para titucionalidade dos parágrafos únicos dos artigos 14, 15 e
a sua prática. do artigo 21 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003.
• Sujeito Passivo: a coletividade (estamos diante de um Insusceptibilidade de liberdade provisória quanto aos deli-
crime vago). tos elencados nos arts. 16, 17 e 18. Inconstitucionalidade
• Elemento Subjetivo: é o dolo. É necessário que o agen- reconhecida, visto que o texto magno não autoriza a prisão
te tome conhecimento do fato, ou seja do furto, roubo ex lege, em face dos princípios da presunção de inocência
ou extravio e se omita intencionalmente no dever de e da obrigatoriedade de fundamentação dos mandados de
registrar a ocorrência e comunicá‑lo à Polícia Federal prisão pela autoridade judiciária competente.
no prazo de 24 horas do fato. Os crimes inafiançáveis são unicamente os que a Cons-
tituição Federal prevê como tal, o legislador ordinário não
• Elemento temporal: necessário a omissão ocorrer após
pode fazer isto. A Constituição prevê que são os crimes he-
decorrido 24 (vinte e quatro) horas após a ocorrência
diondos e equiparados, tráfico, terrorismo, tráfico de drogas,
do fato (furto, roubo ou extravio), comunica à PF e
racismo e ação de grupos armados civis ou militares contra
registra na PC. O proprietário ou diretor deverá ser
a Ordem constitucional e o Estado Democrático.
responsável a ponto de saber todo o material bélico
que esteja sob sua responsabilidade. A conferência Importante Saber!
tem que ser diária. • Objetividade jurídica: busca tutelar a incolumidade/
• Consumação: crime instantâneo, consuma‑se com a segurança pública.
omissão no decurso do prazo; A doutrina chama de • Sujeito ativo: pode ser praticado por qualquer pessoa,
crime a prazo, pois irá se configurado após o decurso trata‑se de um crime comum ou geral.
do prazo. • Sujeito passivo: o Estado/coletividade.
• Tentativa: É inadmissível a tentativa. • Tipo Objetivo: vimos que neste artigo existe uma
pluralidade de núcleos (verbos, ações), contêm duas
Demais características se equiparam ao caput. ou mais possibilidades de práticas do artigo. Trata‑se
Mas as armas da empresa serão registradas em nome de um tipo misto alternativo de conteúdo variado.
de quem? Deverão estar registradas no nome da empresa • Tipo subjetivo: é o dolo.
e não no nome do proprietário/diretor, enviando inclusive • Tipo Material: arma de fogo, acessório ou munição –
a relação dos empregados que estão habilitados a portar somente de uso permitido.
armas ao Sinarm, no período de 6 em 6 meses. • Consumação: crime de mera conduta (basta realizar
um dos verbos), o agente consuma o delito no mo-
Do Porte Ilegal de Arma de Fogo mento em que realiza um dos verbos do tipo penal
em questão. Por ser crime de conteúdo variado (se ele
realiza diversos núcleos) no mesmo contexto é um só
Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em crime.
depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, em- • Tentativa: por se tratar de crime permanente, na
Noções de Legislação Penal Especial

prestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar maioria das condutas descritas, é inadmissível a forma
arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem tentada. Ressalta que alguns núcleos, verbos, permi-
autorização e em desacordo com determinação legal ou tem a tentativa tendo em vista que são instantâneos
regulamentar: Em que pese falar na nomenclatura porte, (fornecer, receber, emprestar, ceder), além disso, exi-
o art. 14 possui treze verbos, ou seja, 13 possíveis práticas gem a tradição da arma (instantâneos e materiais).
que podem incidir o art. 14. Não somente portar. • Elemento normativo do tipo: contido na expressão
Cuidado com a expressão “manter sob guarda”. Essa “sem a autorização e em desacordo com determinação
expressão quando aparece no art. 14 quer dizer que está em legal ou regulamentar”13.
locais diversos daqueles descritos no art. 12. Já o “manter • Sujeito ativo: crime comum, o agente pode ser qual-
sob guarda” do art. 12, deve ser realizado nos locais que o quer pessoa14.
próprio artigo descreve.
Ex.: duas pessoas que trabalham em estabelecimento 13
O crime de porte ilegal de arma, previsto no art. 14 da Lei n. 10.826/2003, é de
perigo abstrato, sendo irrelevante para a configuração do tipo penal que esteja
e tem uma arma não registrada no local, o dono responde ou não municiado o artefato. (...) é indiferente para a consumação do delito a
por posse ilegal, o outro responde por porte. Contador que demonstração de que a arma estaria apta para efetuar disparos, motivo pelo
presta serviço em um escritório em que o dono tem uma qual se torna inócua qualquer discussão acerca da validade do laudo pericial,
desnecessário para a adequação. (STJ, 3ª Seção, AgRg no REsp 1316918/RS,
arma não registrada, o dono responde por posse e ou outro DJe 1º/2/2013)
empregado responde por porte. 14
De acordo com o STJ, o crime previsto no artigo 14 da Lei 10.826/2003 é comum,
podendo ser cometido por qualquer pessoa. Não se exigindo qualquer quali-
É um crime de elevado potencial agressivo, o que torna dade especial do sujeito ativo, não há dúvidas de que se admite o concurso de
incompatível com os institutos da Lei nº 9.099/1995, não agentes no crime de porte ilegal de arma de fogo, não se revelando plausível o
entendimento pelo qual apenas aquele que efetivamente porta a arma de fogo
cabendo nem a suspensão condicional do processo e nem incorre nas penas do delito em comento. Ainda que apenas um dos agentes
a transação penal. esteja portando a arma de fogo, é possível que os demais tenham concorrido

22
E se dois indivíduos são encontrados em um carro com Ter em depósito: armazenar, estocar, manter a arma
uma arma de fogo ilegal, quem responde? Os dois irão res- em estoque.
ponder pelo porte ilegal de arma de fogo, ou seja, é possível Ceder, ainda que gratuitamente: transferir a posse da
o concurso de agentes, uma vez que o crime é comum, não arma para outra pessoa, sem qualquer ônus para esta, co-
exigindo nenhuma qualidade específica do agente, ainda locar à disposição.
que a arma esteja com apenas um dos agentes. Se houver Transportar: conduzir a arma de um lugar para outro
a demonstração do liame subjetivo de que houve uma con- (sem a autorização – sem guia de tráfego)15.
vergência objetiva entre os agentes, então há concurso de Emprestar: confiar a alguém gratuitamente o uso da
pessoas. Aplica‑se a teoria monista a luz do art. 29 do CP. arma, a qual será depois restituída ao seu possuidor; denota
De acordo com o STJ, é típica a conduta de portar auxílio recíproco. Contudo, se houver objetivo de lucro é
arma de fogo sem autorização ou em desconformidade aluguel (art. 17).
com determinação legal ou regulamentar por se tratar de Remeter: expedir, enviar, encaminhar a arma de fogo.
delito de perigo abstrato, cujo bem jurídico protegido é a Empregar: fazer efetivo uso da arma,
incolumidade pública, independentemente da existência de • se emprega unicamente para praticar crime mais grave,
qualquer resultado naturalístico (mesmo que ninguém seja este absorve o emprego (princípio da consunção); o
exposto a perigo pessoalmente). A classificação do crime de meio empregado é absorvido pelo meio fim;
porte ilegal de arma de fogo como de perigo abstrato traz, • se emprega a arma para fazer disparo em via pública
em seu arcabouço teórico, a presunção, pelo próprio tipo a esmo, responde só pelo art. 15 (crime mais grave)16;
penal, da probabilidade de vir a ocorrer algum dano pelo • se emprega para praticar outro crime menos grave
mau uso da arma. (ex.: ameaça – art. 147, CP), há concurso formal (entre
Se o indivíduo for flagrado portando um objeto eleito ameaça e emprego de arma) mas, há quem sustente
como arma de fogo, temos um fato provado – o porte do que o emprego absorve o crime menos grave.
instrumento – e o nascimento de duas presunções, quais
sejam: de que o objeto é de fato arma de fogo, bem como Manter sob guarda: defender, preservar, proteger ou
tem potencial lesivo. conservar a arma em local seguro, preservá‑la, fora das
E se o artefato estiver quebrado, ou seja, não funciona situações previstas no art. 12. Não se confunde com ocultar.
Ocultar: encobrir, disfarçar, dissimular, esconder a arma
como arma de fogo? Se o artefato estiver quebrado, sem
de fogo.
aptidão para disparar não será considerado arma de fogo.
Sem capacidade de lançar o projetil. Réu será absolvido por
Observações
atipicidade. (AgRg no AREsp 397.473/DF)
• O verbo é o mesmo da receptação (art. 180, CP), porém
E se tiver com duas ou mais armas? Quando houver
prevalece o princípio da especialidade por conta do
pluralidade de armas, é possível reconhecimento de crime
objeto material. De acordo com o STJ, quem furta ou
único, desde que sejam armas da mesma espécie, ou art. 14 rouba a arma e, depois a oculta, responde pelo crime
ou art. 16. patrimonial (furto ou roubo) em concurso com o porte
A pluralidade será aplicada na dosimetria da pena. Au- ou a posse irregular (se tiver dentro de casa é posse,
mentando a pena base. Mas a lesão ao bem jurídico é uma se for permitido art. 12, se for restrito art. 16. Senão,
só. Agora, se tiver duas armas de diferentes tipos haverá é porte, se for permitido art. 14, se for restrito art. 16).
pluralidade de crimes, será concurso formal, uma conduta • A conduta do empregado que deixa arma de fogo em
com prática de dois crimes, dois resultados. local de trabalho ou estabelecimento de empresa ca-
O STJ firmou entendimento de que é possível a unicidade racteriza a conduta prevista no artigo 14 desta Lei, na
de crimes, quando, no porte ilegal, há pluralidade de armas, modalidade de ter em depósito ou manter sob guarda.
equacionando‑se a reprimenda na fixação da pena‑base. • Info 581/STJ – o fato de o empregador obrigar seu
(HC 130.797/SP) empregado a portar arma de fogo durante o exercício
E se for uma arma de brinquedo? Não, a lei não previu. das atribuições de vigia não caracteriza coação moral

Noções de Legislação Penal Especial


O art. 26 proibiu a apenas a questão do comércio, venda, irresistível (art. 22 do CP) capaz de excluir a culpabili-
fabricação, mas quem porta não há criminalização. dade do crime de “porte ilegal de arma de fogo de uso
E se utiliza uma munição como colar? O STF considerou permitido” (art. 14 da Lei nº 10.826/2003) atribuído ao
atípica esta prática, quando utiliza a munição na forma de empregado que tenha sido flagrado portando, em via
pingente, desde que desacompanhada de arma de fogo. (HC
133.984/MG – Info 826). 15
O STJ (Info 540) entende que é típica (art. 14 da Lei 10.826/2003) a conduta do
praticante de tiro desportivo que transportava, municiada, arma de fogo de uso
Alguns conceitos importantes! permitido em desacordo com os termos de sua guia de tráfego, a qual autori-
zava apenas o transporte de arma desmuniciada. Em relação aos atiradores,
Portar: trazer a arma consigo sem a devida autorização. foi autorizado o porte apenas no momento em que a competição é realizada.
Deter: reter, conservar a arma em seu poder ou trazê‑la Nos indispensáveis trajetos para os estandes de tiro não se deferiu porte, mas
específica guia de tráfego. Daí a necessidade de cautelas no transporte. Nesse
consigo. contexto, em consideração ao fato de que a prática esportiva de tiro é atividade
Adquirir: obter a arma ilegalmente, por meio de uma que conta com disciplina legal, é plenamente possível o traslado de arma de
compra ou gratuitamente, com o ânimo de tornar‑se dono; fogo para a realização de treinos e competições, exigindo‑se, porém, além do
registro, a expedição de guia de tráfego (que não se confunde com o porte
conseguir. de arma) e respeito aos termos desta autorização. Não concordando com os
Fornecer: entregar de forma gratuita, onerosa ou clan- termos da guia, a lealdade recomendaria que o praticante de tiro desportivo
promovesse as medidas jurídicas cabíveis para eventualmente modificá‑la,
destinamente, dar. e não simplesmente que saísse com a arma municiada, ao arrepio do que
Receber: tomar ou entrar na posse, aceitar ou acolher vem determinando a autoridade competente sobre a matéria, o Exército. (RHC
arma de fogo. 34.579-RS).
16
A conduta de portar arma ilegalmente é absorvida pelo crime de roubo, quando,
ao longo da instrução criminal, restar evidenciado o nexo de dependência ou
de qualquer forma para a prática delituosa, motivo pelo qual devem responder de subordinação entre as duas condutas e que os delitos foram praticados em
na medida de sua participação, nos termos do artigo 29 do Código Penal. um mesmo contexto fático, incidindo, assim, o princípio da consunção. (HC
(HC 198.186/RJ) 178.561/DF)

23
pública, arma de fogo, após o término do expediente • Consumação: crime de mera conduta, o agente con-
laboral, no percurso entre o trabalho e a sua residência. suma o delito no momento em que realiza um dos
De fato, não parece aceitável admitir a tese de que o verbos do tipo penal em questão (no primeiro disparo
vigia estava sob influência de coação moral irresistível, ou acionamento). Lembrando que existem artefatos
porquanto, quando praticou a conduta proibida, ele que podem ser acionados sem armas. (Ex.: artefatos
estava fora do horário e do ambiente de trabalho, livre, de efeito moral);
portanto, da relação de subordinação que o obrigava a • Tentativa: a tentativa é cabível, como, por exemplo,
portar arma de fogo de modo ilegal. Sob esse prisma, se o tiro falhar, ou se o agente é impedido no exato
não há porque supor a indução do comportamento momento em que iria acionar o gatilho.
delitivo por força externa determinante, infligida pelo
empregador. A verdade é que não há espaço para Observações
aplicação da regra disposta no art. 22 do CP (“Se o • Subsidiariedade Expressa: “desde que essa conduta
fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita não tenha como finalidade a prática de outro crime”.
obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de Parte da doutrina sugere interpretação extensiva ao
superior hierárquico, só é punível o autor da coação dispositivo, pois o legislador teria dito menos do que
ou da ordem”). Assim, a inexigibilidade de conduta desejava.
diversa somente funciona como causa de exclusão da • Concurso aparente de normas: Porte e disparo:
culpabilidade quando proceder de forma contrária à lei Deve ser analisado o caso concreto, mas de maneira
se mostrar como única alternativa possível diante de geral ocorre assim:
determinada situação. Se há outros meios de solução – Se a arma é de uso permitido, ocorrendo disparo e
do impasse, a exculpante não se caracteriza. Ademais, porte ilegal (art. 14), o disparo (art. 15) absorve o
“importa não confundir, aqui, a atividade exercida pelo porte, por ser mais grave.
réu (vigia) com a de um vigilante (profissional contra- – Se a arma for de uso proibido ou restrito, o crime do
tado por estabelecimentos financeiros ou por empresa artigo 16 absorve o disparo de arma, por ser crime
especializada em prestação de serviços de vigilância e mais grave. Já que no art. 16 tem o verbo empregar,
transporte de valores), cuja categoria é regulamentada o disparo é uma forma de emprego.
pela Lei nº 7.102/1983, ao qual é assegurado o direito – Disparo de arma de fogo e periclitação da vida
de portar armas de fogo, quando em efetivo exercício (art. 132, Código Penal): disparo, mais grave, ab-
da profissão“ REsp 1.456.633-RS, Rel., DJe 13/4/2016. sorve o art. 132. Sendo o disparo em local aberto,
colocando em risco um número indeterminado de
Disparo de Arma de Fogo
pessoas, não há dúvida que o fato caracteriza disparo
de arma de fogo (art. 15).
Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em
• Se ele dispara para cometer um crime mais grave,
lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou
matar alguém, roubar etc, responderá pelo crime mais
em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como
grave, observado o princípio da consunção. O disparo
finalidade a prática de outro crime:
tem que ser para a prática do crime mais grave.
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
• Se o indivíduo realiza vários disparos no mesmo
(Elevado potencial ofensivo, pelos mesmos motivos do
art. 14) momento, isto irá ser levando em consideração na
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafian- dosimetria da pena.
çável. (Vide Adin 3112-1)
Posse ou Porte Ilegal de Arma de Fogo de Uso Restrito
Importante Saber!
• Objetividade jurídica: a incolumidade pública. Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber,
• Objeto material: arma de fogo ou munição. ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente,
Noções de Legislação Penal Especial

• Sujeito ativo: Crime comum/geral, o agente pode ser emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou
realizado qualquer pessoa. ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso proibido
• Sujeito passivo: o Estado ou a coletividade. ou restrito, sem autorização e em desacordo com determi-
• Tipo Objetivo: nação legal ou regulamentar:
– Disparar arma de fogo: atirar projéteis. Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
– Acionar munição: deflagrar cartucho ou projétil de Repete a mesma estrutura dos art. 12 e 14.
alguma outra forma. Porém, neste artigo, além da tutela da incolumidade
– Lugar habitado: onde reside um núcleo de pessoas pública, temos o caso de numeração raspada, onde se tutela
ou famílias ou adjacências (local próximo). Não ha- o controle dessas armas. Se raspou, suprimiu ou adulterou
verá crime se o disparo for feito em lugar desabitado não terá como o poder público controlar.
(Ex.: floresta, deserto, descampado, lugar ermo). O que muda então? Irá mudar em relação ao objeto ma-
– Via pública: local acessível a qualquer pessoa ou em terial, que em vez de ser arma de fogo de uso permitido, será
direção a ela – o disparo não é feito na via, mas em arma de fogo de uso restrito. Ou seja, o art. 16 engloba tanto
direção a ela, o disparo não necessariamente tem o art. 12 (verbo possuir) quanto o art. 14 (demais verbos).
que ser em via pública, mas sim em direção à via A aquisição e registro serão concedidos pelo comando
pública. do Exército.
• Elemento Subjetivo: é o dolo. Não se pune o disparo O Tipo Objetivo são as mesmas condutas previstas nos
acidental de arma de fogo sem vítimas (morte ou lesão artigos 12 e 14 deste estatuto, com a diferença no tocante ao
grave), por não estar prevista a modalidade culposa. objeto material, que, neste caso, é a arma de fogo, acessório
Poderá responder pelo resultado lesivo a título de ou munição de uso restrito.
culpa. O disparo tem que ser voluntário e consciente No parágrafo único encontramos formas equiparadas
(não é o disparo acidental). onde a conduta terá a mesma pena do art. 16 caput. I –

24
Suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de ticadas ensejam concurso material. Se fosse um tipo penal
identificação de arma de fogo ou artefato; suprimir (fazer de- misto alternativo, cometeria apenas um delito. VI – produzir,
saparecer, raspar) ou alterar (modificação ou remarcação) de recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar,
numeração ou qualquer sinal identificador da arma de fogo de qualquer forma, munição ou explosivo.
ou do artefato, com a intenção de impedir a identificação da Produzir: fabricar.
arma, retirando dessa forma o controle da arma. O objetivo Recarregar: possibilita a reutilização através do recarre-
aqui quando realizar esta conduta é para não identificar de gamento, aproveitando‑se na íntegra o cartucho anterior.
onde vem aquela arma. Reciclar: reutiliza a munição ou explosivo, aproveitan-
Como a identificação do sujeito praticante é de difícil do‑se da matéria prima.
comprovação, o sujeito responderá pelo art. 16, II – modi- Adulterar: modificar as características originais.
ficar as características de arma de fogo, de forma a torná‑la
equivalente a arma de fogo de uso proibido ou restrito ou • Art. 23 § 4º As instituições de ensino policial e as guar-
para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro das municipais referidas nos incisos III e IV do caput
autoridade policial, perito ou juiz. do art. 6º desta Lei e no seu § 7º poderão adquirir
Modificação (há duas finalidades distintas): insumos e máquinas de recarga de munição para o fim
1. O agente modifica as características da arma de fogo exclusivo de suprimento de suas atividades, mediante
de uso permitido, de modo a torná‑la equivalente à de uso autorização concedida nos termos definidos em regu-
proibido ou restrito. Responde por este crime aquele que lamento. V – vender, entregar ou fornecer, ainda que
modifica as características da arma, tornando‑a apta para gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição ou
o emprego militar, dando‑lhe características similares a explosivo a criança ou adolescente; e
material bélico ou aumentando‑lhe o calibre nominal. Ex.: • O artigo 242, do ECA (Lei nº 8.069/1990) continua apli-
serrar cano de espingardas, alterando suas características cável somente quanto as armas de natureza diversa,
iniciais, aumentar o calibre da arma. Quem serra responde que não sejam armas de fogo (arma branca).
neste inciso e quem porta responde pelo caput.
2. Modificação das características da arma para induzir a Comércio Ilegal de Arma de Fogo
erro a autoridade policial, perito ou juiz. Espécie de fraude
processual ou inovação artificiosa do instrumento de um Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir,
crime (tipo especial em relação ao artigo 347 do Código ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, adul-
Penal), basta ter a intenção de cometê‑lo. III – possuir, deti- terar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar,
ver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade
sem autorização ou em desacordo com determinação legal comercial ou industrial, arma de fogo, acessório ou munição,
ou regulamentar. sem autorização ou em desacordo com determinação legal
Pelo princípio da especialidade, este inciso prevalece ou regulamentar:
sobre o art. 253 do CP, no que tange aos artefatos explosi- Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
vos. Porém para gás toxico ou asfixiante o art. 253 continua Parágrafo único. Equipara‑se à atividade comercial
valendo. ou industrial, para efeito deste artigo, qualquer forma de
prestação de serviços, fabricação ou comércio irregular ou
Observações clandestino, inclusive o exercido em residência.
• Se possui apenas um componente do conteúdo incen- O tipo penal possui 14 verbos, bastando que o agente
diário, não incidirá este inciso, apenas se o artefato no exercício da atividade comercial, industrial, ainda que
estiver pronto (Ex.: coquetel molotov). IV – Portar, irregular ou clandestino, inclusive o exercido em residência
possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo, ou prestação de serviços (na forma do p.u.), realize uma das
com numeração, marca ou qualquer outro sinal de condutas previstas em lei.
identificação raspado, suprimido ou adulterado.
• O Plenário do STF (RHC 89.889/DF) entendeu que Importante Saber!

Noções de Legislação Penal Especial


o delito de que trata o inciso IV do parágrafo único • Tipo Subjetivo: é o dolo.
do art. 16 do Estatuto do Desarmamento é Política • Objeto material: Armas de fogo, acessórios ou muni-
Criminal de valorização do poder‑dever do Estado de ções
controlar as armas de fogo que circulam em nosso • Elemento normativo do tipo: Contido na expressão
País. Isso porque a supressão do número, marca, ou “sem a autorização e em desacordo com determinação
qualquer outro sinal identificador do artefato lesivo legal ou regulamentar”.
impede o seu cadastramento e controle.
• A função social do combate a este delito alcança qual- Observação
quer tipo de arma de fogo; e não apenas armamento • Parte da doutrina entende que é necessário para a con-
de uso restrito ou proibido. Tanto é assim que o porte figuração do delito em questão a prova da habitualida-
de arma de fogo com numeração raspada constitui de da atividade comercial ou industrial ou prestação
crime autônomo. Figura penal que, no caso, tem como de serviços, não podendo estas serem esporádicas, já
circunstância elementar o fato de a arma (seja ela de que a lei exige que seja no exercício, não havendo dis-
uso restrito ou não) estar com a numeração ou qual- tinção se arma é de uso permitido ou restrito, porque
quer outro sinal identificador adulterado, raspado ou no art. 19 irá incidir a causa de aumento da pena.
suprimido. (HC 99582/RS).
Observando o inciso I e o IV, temos a seguinte pergunta: Tráfico Internacional de Arma de Fogo
Se raspar e fornecer ou raspar e transporta essa arma, res-
ponde pelas duas? Sim, entende‑se que é concurso material, Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída
duas condutas duas lesões. do território nacional, a qualquer título, de arma de fogo,
Isso é um tipo pena misto cumulativo que quer dizer acessório ou munição, sem autorização da autoridade
que a lei estabeleceu várias condutas nucleares que se pra- competente:

25
Pena – reclusão de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. arma de fogo de uso permitido com numeração, mar-
O sujeito ativo neste caso poderá ser qualquer pessoa a ca ou qualquer outro sinal de identificação raspado,
praticar este crime. suprimido ou adulterado, praticado somente até 23
de outubro de 2005.
Observações
• No que concerne à facilitação da importação ou expor- Alguns julgados explicam esta questão. Na primeira fase
tação, se o sujeito ativo for funcionário público, não de abolitio, o legislador dizia no art. 30 que “Os possuidores
se aplica o disposto no artigo 318 do Código Penal. e proprietários de armas de fogo não registradas deverão,
Novamente, deve ser observado o princípio da espe-
sob pena de responsabilidade penal, no prazo de 180 (cento
cialidade. Ex.: tráfico de armas X contrabando (entra
com mercadorias ilegais no país)/descaminho (entra e oitenta) dias após a publicação desta Lei, solicitar o seu
com mercadorias legal sem recolher o tributo) – se for registro apresentando nota fiscal de compra ou a compro-
arma de fogo, pelo princípio da especialidade aplica‑se vação da origem lícita da posse, pelos meios de prova em
o art. 18. direito admitidos.”
• Se facilitar a entrada no país, sendo um agente alfan- Não dizia de uso permitido, ou seja, qualquer arma de
degário, responde pelo art. 18. fogo poderia ser objeto de regularização ou de entrega. E o
antigo art. 32 rezava que “Os possuidores e proprietários
Causas de Aumento de Pena de armas de fogo não registradas poderão, no prazo de 180
(cento e oitenta) dias após a publicação desta Lei, entregá‑las
O rol é taxativo, se não estiver na lei não haverá outra à Polícia Federal, mediante recibo e, presumindo‑se a boa‑fé,
causa de aumento. poderão ser indenizados, nos termos do regulamento desta
Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena Lei.” Em seu parágrafo único “Na hipótese prevista neste
é aumentada da metade se a arma de fogo, acessório ou artigo e no art. 31, as armas recebidas constarão de cadas-
munição forem de uso proibido ou restrito. tro específico e, após a elaboração de laudo pericial, serão
Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e encaminhadas, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas,
18, a pena é aumentada da metade se forem praticados por
ao Comando do Exército para destruição, sendo vedada sua
integrante dos órgãos e empresas referidas nos arts. 6º, 7º
e 8º desta Lei. (Irá aumentar a pena caso os agentes sejam utilização ou reaproveitamento para qualquer fim.”
as pessoas legalmente autorizadas para o porte de armas). Então, no primeiro momento era qualquer arma de
Art. 21. Os crimes previstos nos arts. 16, 17 e 18 são fogo, o legislador não fez qualquer distinção quanto a arma
insuscetíveis de liberdade provisória. (Vide Adin 3112-1, (permitido, restrito ou raspada (que é equiparada a arma de
anteriormente comentada). O dispositivo foi declarado uso restrito), até 23 de outubro de 2005.
inconstitucional. Jurisprudência do STJ entendeu que a Lei nº 10.826/2003,
nos art. 30 e art. 32, determinou que os possuidores e pro-
Abolitio Criminis prietários de armas de fogo não registradas deveriam, sob
pena de responsabilidade penal, no prazo de 180 (cento e
O que é abolitio criminis? oitenta) dias após a publicação da Lei, solicitar o seu registro
Em breves palavras diz respeito a modificação do tra- apresentando nota fiscal de compra ou a comprovação da
tamento legislativo a um determinado fato típico, ou seja, origem lícita da posse ou entregá‑las à Polícia Federal.
aquilo que era um fato típico se transforma em um fato Entre 23 de dezembro de 2003 e 23 de outubro de 2005,
atípico, extinguindo dessa forma a punibilidade. prazo identificado como vacatio legis indireta pela doutrina,
No caso do Estatuto do Desarmamento, temos a abolitio a simples conduta de possuir arma de fogo e munições, de
criminis temporária, prevista no art. 30.
uso permitido (art. 12) ou de uso restrito (art.16), não seria
No art. 30 tem‑se que os possuidores e proprietários de
crime.
arma de fogo de uso permitido ainda não registrada deverão
solicitar seu registro até o dia 31 de dezembro de 2008, me- A posse de arma de fogo com a numeração raspada e
Noções de Legislação Penal Especial

diante apresentação de documento de identificação pessoal munições, mesmo que de uso permitido, é equiparada à
e comprovante de residência fixa, acompanhados de nota posse de arma de fogo de uso restrito, para fins de reconhe-
fiscal de compra ou comprovação da origem lícita da posse cimento da abolitio criminis temporária. (HC 219.900/MG)
(deixou de herança), pelos meios de prova admitidos em O Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do REsp
direito, ou declaração firmada na qual constem as caracterís- nº 1.311.408/RN, representativo da controvérsia, firmou
ticas da arma e a sua condição de proprietário, ficando este entendimento no sentido de que o termo final da incidên-
dispensado do pagamento de taxas e do cumprimento das cia da abolitio criminis temporária constante dos arts. 30
demais exigências constantes dos incisos I a III do caput do e 32 da Lei nº 10.826/2003, no que se refere à conduta de
art. 4º desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) possuir armas de fogo de uso restrito ou de uso permitido
Houve uma prorrogação trazida pela Lei nº 11.922/200917, com a numeração suprimida ou raspada, recai sobre o dia 23
em que este prazo foi estendido até 31 de dezembro de 2009, de outubro de 2005, uma vez que tais hipóteses não foram
para a regularização das armas. alcançadas pela prorrogação do prazo de descriminalização
Então, de 2003 até 2005 foi o período para realização previsto na Lei nº 11.706/2008. (HC 298.819/RS).
do registro. Esse período é chamado pela doutrina abolitio
Já na segunda fase de abolitio temporária, de 2008 até
criminis temporária ou vacatio legis indireta.
2009, o legislador expressamente se referiu a arma de uso
Observações permitido (não alcança as armas de uso restrito nem as de
• Súmula 513/STJ: A abolitio criminis temporária prevista numeração raspada).
na Lei nº 10.826/2003 aplica‑se ao crime de posse de A primeira fase foi mais benéfica e a segunda mais restri-
ta, rigorosa. E qual o efeito disso? Entramos na questão da
17
Art. 20. Ficam prorrogados para 31 de dezembro de 2009 os prazos de que possibilidade ou não da retroatividade da abolitio criminis
tratam o § 3º do art. 5º e o art. 30, ambos da Lei no 10.826, de 22 de dezembro
de 2003. temporária.

26
Da Retroatividade da Abolitio Temporária LEI DE PRECONCEITO – LEI Nº 7.716/1989
Com base no art. 5º, inciso XL, da Constituição Federal Define os crimes resultantes de preconceito de raça ou
e no art. 2º, do Código Penal, a abolitio criminis temporária de cor.
deve retroagir para beneficiar o réu apenado pelo crime de A Lei de Preconceito foi instituída em um primeiro
posse de arma de fogo seja de uso permitido ou restrito, momento para proteger as pessoas do preconceito contra
com ou sem numeração suprimida, perpetrado na vigência raça e cor.
da Lei nº 9.437/1997. (HC 164.321/SP) Porém, com a entrada em vigor da Lei nº 9.459/1997,
Em respeito ao princípio da retroatividade da lei penal alteraram‑se os arts. 1º e 20 da Lei nº 7.716, de 5 de janeiro
mais benéfica, constitui constrangimento ilegal a manuten- de 1989, que passaram a vigorar com a seguinte redação:
ção de condenação por crime de posse de arma de fogo de
uso proibido ou restrito praticado antes da vigência da Lei Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes
resultantes de discriminação ou preconceito de raça,
nº 10.826/2003. (HC 237.722/SP).
cor, etnia, religião ou procedência nacional.
Quando o legislador faz referência à lei mais benéfica,
ele não faz restrição se ela é temporária ou não, ou seja, vai Acontece que, essa alteração não alcançou o preâmbulo,
retroagir pelo simples fato dela ser mais benéfica. que permaneceu com a redação inicial. Foi uma falha do le-
O STJ entende que a abolitio criminis temporária retroage gislador ordinário uma vez que o preâmbulo estava alinhado
alcançando fatos anteriores, inclusive previstos na antiga lei com o art. 1º que foi alterado.
de armas (Lei nº 9.437/1997), antes da Lei nº 10.826/2003. Nota‑se que houve uma mudança significativa da Lei,
Vale ressaltar que, existe um posicionamento em sentido uma vez que foi acrescentada a discriminação, bem como a
contrário no STF: a referida vacatio legis não tem o condão tutela da etnia, religião e da procedência nacional.
de retroagir, justamente por conta de sua eficácia tempo- O foco desta Lei é exatamente coibir a discriminação/
rária. (RHC 111637) preconceito de Raça, Cor, Etnia, Religião e Procedência
Porém, o Pretório Excelso fixou entendimento pela irre- Nacional.
troatividade do Estatuto do Desarmamento em relação aos Obs.: não há nesta Lei a questão da proteção à orientação
delitos de posse de arma de fogo cometidos antes da sua sexual e nem em relação a idade.
vigência. (HC 98.180, HC 90.995).
O ministro do STF Menezes Direito à época disse o se- Das Espécies Legislativas que Tratam sobre
guinte: “a lei temporária ou excepcional é dotada de ultra- Discriminação/Preconceito
tividade, ela não tem retroatividade, fazendo referência ao
art. 3º do código penal”. Da Constituição
Com isso, por ser temporária deve se submeter às regras
da lei temporária, aplicada para os fatos ocorridos na sua A Constituição Federal, no seu preâmbulo, já demonstra
vigência, ainda que o julgamento seja após a sua revogação. a preocupação no combate ao preconceito:
O que o STF fez: ele aplicou uma regra que é da lei tem-
porária e aplicou na abolitio criminis temporária. Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos
em Assembleia Nacional Constituinte para instituir
Mas porque a lei temporária não retroage? Porque regula
um Estado Democrático, destinado a assegurar o
um período específico e normalmente ela é gravosa. A ultra-
exercício dos direitos sociais e individuais, a liber-
tividade da lei gravosa da lei temporária, prevista no art. 3º, dade, a segurança, o bem‑estar, o desenvolvimento,
está previsto para que ela não seja uma lei inócuo. A mensa- a igualdade e a justiça como valores supremos de uma
gem do art. 3º é a ultratividade gravosa da lei temporária ou sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos...
excepcional, se assim não o fosse, não teria nenhum efeito. (grifo nosso)
Usar esse argumento para a lei benéfica, é ir de encontro
com a vontade do legislador ordinário e do constituinte. O preâmbulo não possui força cogente, não tem valor

Noções de Legislação Penal Especial


O STF inclusive, evita falar em abolitio criminis temporária, normativo, apenas se apresenta com relevante caráter
ele usa vacatio legis indireta. político‑ideológico retratando os principais objetivos do
Com isso, a Suprema Corte entendeu que a construção texto constitucional, já reconhecido pela Suprema Corte
jurisprudencial e doutrinária, conquanto inexistente previsão (STF ADI 2.076).
explícita de abolitio criminis, ou mesmo de que a eficácia
do delito previsto no art. 12 do Estatuto do Desarmamento Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada
estaria suspensa temporariamente, formou‑se no sentido de pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do
que, durante o prazo assinalado em lei, haveria presunção Distrito Federal, constitui‑se em Estado Democrático
de que o possuidor de arma de fogo irregular providenciaria de Direito e tem como fundamentos:
a normalização do seu registro (art. 30). III – a dignidade da pessoa humana; (considerado
como sendo um dos bens jurídicos tutelados por
Em conclusão, o STF reconheceu a irretroatividade da
esta lei).
norma inserida no art. 30 da Lei nº 10.826/2003 pela Medida
Provisória nº 417/2008, considerando penalmente típicas as Tem‑se entendido que esses crimes da Lei de Preconceito
condutas de posse de arma de fogo de uso permitido ocor- são crimes que atentam contra a humanidade, e não somente
ridas após 23 de junho de 2005 e anteriores a 31 de janeiro contra a honra da vítima, são crimes contra a humanidade.
de 2008. (RE 768494).
A 3ª parte da Lei nº 10.826/2003 que trata das disposi- Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da Repú-
ções gerais, alguns artigos já tiveram o seu devido comentário blica Federativa do Brasil:
acima. No que diz respeitos aos demais, deverá ser realizado IV – promover o bem de todos, sem preconceitos
a leitura do texto frio da lei, uma vez que o que se cobra des- de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras
ses artigos, quando cobra é exatamente o que a está na lei. formas de discriminação.

27
Percebe‑se que estes incisos estão reafirmando o pre- • XLII;
âmbulo e o objetivo aqui é eliminar quaisquer tipos de • XLIV, e
preconceito/discriminação. • XLIII – a Lei considerará crimes inafiançáveis e insusce-
Esta Lei não visa descrever todas as formas de precon- tíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico
ceito/discriminação, o seu objeto vai muito aquém da CF. ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e
O alcance da Lei de Preconceito é muito menor do que o os definidos como crimes hediondos, por eles respon-
que prevê a CF. dendo os mandantes, os executores e os que, podendo
Lembrando que sexo e idade não estão previstas na Lei evitá‑los, se omitirem;
nº 7.716/1989 (existe mandado legislativo que ainda não
foi cumprido). Em método mnemônico é o famoso: CH, 3T – crimes
Como essa questão é bastante cobrada em concursos, hediondos, tortura, tráfico de drogas e terrorismo.
vale a pena lembrá‑los de que esta Lei tutela apenas cinco A título de curiosidade, existe doutrina que menciona ser
contra a previsão da imprescritibilidade em nosso ordena-
tipos, quais sejam: raça, cor, etnia, religião, procedência mento jurídico, pois, é marca do autoritarismo. Esta posição
religiosa. vem crescendo bastante.
Entre as formas previstas na CF, Porém, no nosso ordenamento jurídico prevalece a po-
sição da previsão de crimes imprescritíveis.
Art. 3º (...) Em sede de matéria constitucional, importante saber
IV – promover o bem de todos, sem preconceitos que não temos normas constitucionais originárias que sejam
de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras inconstitucionais.
formas de discriminação. Inclusive, esse assunto foi levado ao STF em relação a
uma obra literária falando contra os Judeus. STF reforçou
Observe‑se que a Constituição Federal foi além da lei. essa imprescritibilidade – HC 82.424.
A pratica do racismo (raça) é imprescritível, porémm
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege‑se a Lei nº 7.716/1989 trouxe outras formas de preconceito/
nas suas relações internacionais pelos seguintes discriminação, em relação a cor, etnia, religião e procedência
princípios: nacional, (art. 1º).
Pergunta‑se: essas outras formas também seriam impres-
VIII – repúdio ao terrorismo e ao racismo; em todas critíveis? Temos duas correntes em relação a isso:
as suas formas. • Se não está previsto na CF não será imprescritível, seria
Art. 5º (...) analogia in malam partem;
VI – é inviolável a liberdade de consciência e de • STF e STJ: é uníssono que as outras formas também
crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos são imprescritíveis (STJ HC 143.147; STF HC 82424).
religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos
locais de culto e a suas liturgias; E em relação ao art. 5º XLII, abrange também o crime
VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de de injúria racial, mesmo a injúria consistindo na utilização
crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem
salvo se as invocar para eximir‑se de obrigação legal ou condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência
a todos imposta e recusar‑se a cumprir prestação (art. 140, § 3º)? Também há duas correntes:
alternativa, fixada em lei; • Posicionamento majoritário: Não, a vítima do racismo
XLI – a lei punirá qualquer discriminação atentatória é a humanidade; injuria racial: a vítima é o indivíduo
dos direitos e liberdades fundamentais; determinado;
• Com o advento da Lei nº 9.459/1997, introduzindo a
O inciso XLI trata -se de uma questão de lege ferenda, denominada injúria racial, criou‑se um delito no cená-
rio do racismo, portanto, imprescritível, inafiançável e
ou seja, de uma lei a ser criada, lei a ser feita pelo legislador sujeitos à pena de reclusão. (AgRg no Resp 686.965/
ordinário. DF – STJ). Há quem diga que isto é analogia in malam
Aproveitando a oportunidade, trazemos o conceito da partem.
Noções de Legislação Penal Especial

expressão de lege lata, que quer dizer: nos moldes da lei; de


acordo com a lei posta; lei promulgada; lei em vigor. A Lei nº 7.716/1989 tem aspecto penal, porém, na CF
diz que deverá punir, porém não diz que tem que ser uma
XLII – a prática do racismo constitui crime inafiançá- lei penal.
vel e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos Continuando as previsões legais sobre o tema.
termos da lei; Art. 7º da CF:

Lembre‑se que, sempre quando aparece a palavra crime, Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e
estaremos diante de um mandado de criminalização, ou seja, rurais, além de outros que visem à melhoria de sua
no caso, o racismo é: inafiançável, imprescritível e sujeito a condição social:
pena de reclusão. XXXI – proibição de qualquer discriminação no to-
A Constituição Federal possui duas previsões sobre cante a salário e critérios de admissão do trabalhador
portador de deficiência;” (grifo nosso)
imprescritibilidade:
• A 1ª é o racismo, conforme o inciso XLII; No tocante à discriminação ao salário: o legislador criou
• A 2º está prevista no Art. 5º, um tipo penal na Lei nº 7.716/1989:
XLIV – constitui crime inafiançável e imprescritível a Art. 4º Negar ou obstar emprego em empresa priva-
ação de grupos armados, civis ou militares, contra a da. Pena: reclusão de dois a cinco anos.
ordem constitucional e o Estado Democrático; § 1º Incorre na mesma pena quem, por motivo de
discriminação de raça ou de cor ou práticas resul-
Já sobre a inafiançabilidade a Constituição federal pos- tantes do preconceito de descendência ou origem
sui três: nacional ou étnica:

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III – proporcionar ao empregado tratamento dife- sequência, à manutenção de direitos separados para
renciado no ambiente de trabalho, especialmente diferentes grupos raciais e não prossigam após terem
quanto ao salário. sido alcançados os seus objetivos.
Artigo 4º. Os Estados Membros condenam toda pro-
Já o art. 227, CF: paganda e todas as organizações que se inspirem em
ideias ou teorias baseadas na superioridade de uma
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado raça ou de um grupo de pessoas de uma certa cor
assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com ou de uma certa origem étnica ou que pretendam
absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à ali- justificar ou encorajar qualquer forma de ódio e de
mentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, discriminação raciais, e comprometem‑se a adotar
à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à imediatamente medidas positivas destinadas a eli-
convivência familiar e comunitária, além de colocá‑los minar qualquer incitação a uma tal discriminação, ou
a salvo de toda forma de negligência, discriminação, quaisquer atos de discriminação com este objetivo,
exploração, violência, crueldade e opressão. (grifo tendo em vista os princípios formulados na Declara-
nosso) ção Universal dos Direitos do Homem e os direitos
expressamente enunciados no artigo V da presente
Toda a forma de discriminação é combatida com base Convenção, inter alia:
na Constituição Federal. Objetivo da CF é englobar toda e a) A declarar, como delitos puníveis por lei, qualquer
qualquer forma de discriminação. A lei penal não atende difusão de ideias baseadas na superioridade ou
em sua totalidade o que a CF prevê. Isso ocorreu por opção ódio raciais, qualquer incitamento à discriminação
do legislador. racial, assim como quaisquer atos de violência ou
provocação a tais atos, dirigidos contra qualquer
Da Declaração Universal dos Direitos do Homem raça ou qualquer grupo de pessoas de outra cor ou
(Tutela da Igualdade) de outra origem étnica, como também qualquer
assistência prestada a atividades racistas, inclusive
Artigo 2 seu financiamento.
1. Todo ser humano tem capacidade para gozar os
direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declara- Na Lei nº 7.716/1989 não tem a previsão “qualquer ato
ção, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, que venha materializar preconceito racismo”, não temos essa
cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra cláusula aberta na Lei, nem tão pouco temos a criminalização
natureza, origem nacional ou social, riqueza, nasci- do financiamento ao racismo, preconceito, discriminação,
mento, ou qualquer outra condição. (grifo nosso) apenas tem‑se o mandado convencional de criminalização,
mas o Brasil ainda não cumpriu.
Sexo, língua, opinião política ou de natureza, riqueza Nosso ordenamento fomenta alguma espécie de descri-
ou qualquer outra condição, não foram tratados na Lei minalização? Sim, a discriminação benigna ou positiva, que
nº 7.716/1989. são as ações afirmativas: a Lei nº 12.990/2014,
No cenário internacional, a tutela é muito mais ampla
do que o nosso ordenamento jurídico. Art. 1º Ficam reservadas aos negros 20% (vinte por
cento) das vagas oferecidas nos concursos públicos
Da Convenção Internacional sobre a Eliminação de para provimento de cargos efetivos e empregos pú-
Todas as Formas de Discriminação Racial (Promulgada blicos no âmbito da administração pública federal,
pelo Decreto nº 65.810/1969) das autarquias, das fundações públicas, das empresas
públicas e das sociedades de economia mista contro-
Artigo 1º ladas pela União, na forma desta Lei18.
§1. Para fins da presente Convenção, a expressão

Noções de Legislação Penal Especial


“discriminação racial” significará toda distinção, O que é a discriminação maligna ou negativa? É a que
exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, está prevista na Lei nº 7.716/1989, aquela que é considerada
cor, descendência ou origem nacional ou étnica que crime.
tenha por objeto ou resultado anular ou restringir o
reconhecimento, gozo ou exercício em um mesmo Do Âmbito de Incidência da Lei nº 7.716/1989
plano (em igualdade de condição) de direitos huma-
nos e liberdades fundamentais nos campos político, Art. 1º. Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes
econômico, social, cultural ou em qualquer outro resultantes de discriminação ou preconceito de raça,
campo da vida pública. (grifo nosso) cor, etnia, religião ou procedência nacional.

O Decreto não se preocupou com outras modalidades E em relação à orientação sexual? Há duas correntes:
que a CF prevê. • Nucci: diz que os homossexuais podem ser, para fins
de aplicação desta lei, considerados como grupo racial.
Artigo 1º Tendo em vista que toda a forma de discriminação do
§ 4. Não serão consideradas discriminação racial as ser humano é racismo.
medidas especiais tomadas com o único objetivo de
assegurar o progresso adequado de certos grupos 18
Aqui trouxe um exemplo de Ação Afirmativa, inclusive com prazo, para não gerar
a discriminação reversa ou inversa (é a discriminação contra os membros de
raciais ou étnicos ou de indivíduos que necessitem da um grupo dominante ou majoritário, em favor dos membros de uma minoria
proteção que possa ser necessária para proporcionar ou grupo historicamente desfavorecido. Os grupos podem ser definidos em
a tais grupos ou indivíduos igual gozo ou exercício termos de raça, gênero, etnia ou outros fatores.). Não é uma forma de descri-
minalização porem coloca prazo. STF: Aborda a questão de cotas raciais em
de direitos humanos e liberdades fundamentais, concursos públicos. Declarou constitucional, seguindo inclusive convenções
contanto que tais medidas não conduzam, em con- internacionais.

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• STF: o disposto no art. 20 da Lei nº 7.716/2016 tipifica étnicos individuais, coletivos e difusos e o combate à
o crime de discriminação ou preconceito considerada a discriminação e às demais formas de intolerância étnica.
raça, cor, etnia, religião ou a procedência nacional, não Parágrafo único. Para efeito deste Estatuto, consi-
alcançando a decorrente de opção sexual (Inquérito dera‑se:
3.590). I – discriminação racial ou étnico‑racial: toda distin-
ção, exclusão, restrição ou preferência baseada em
Da Lei nº 7.716/1989 raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica
que tenha por objeto anular ou restringir o reconheci-
Crime de racismo: em termos de lei, diz respeito não mento, gozo ou exercício, em igualdade de condições,
somente o preconceito de raça, mas também a cor, etnia, de direitos humanos e liberdades fundamentais nos
religião e de procedência nacional. campos político, econômico, social, cultural ou em
Sempre o STJ e STF entenderam que a expressão racismo qualquer outro campo da vida pública ou privada;
(imprescritível e inafiançável), seria crime tipificado unica- II – desigualdade racial: toda situação injustificada de
mente na Lei nº 7.716/1989. diferenciação de acesso e fruição de bens, serviços
Atualmente, o STJ trouxe uma decisão polêmica ao ana- e oportunidades, nas esferas pública e privada, em
lisar o crime de injúria racial (art. 140, § 3º do CP, também virtude de raça, cor, descendência ou origem nacional
chamada de injúria qualificada, injúria preconceituosa ou ou étnica;
injúria por preconceito), firmou o entendimento de que a III – desigualdade de gênero e raça: assimetria
palavra racismo prevista no art. 5º, inclui não somente os da
existente no âmbito da sociedade que acentua a
Lei nº 7.716/1989, mas também abrange o crime de injúria
distância social entre mulheres negras e os demais
racial do CP.
segmentos sociais;
Deixamos claro que a Lei nº 7.716/1989 não tipifica a
IV – população negra: o conjunto de pessoas que se
injúria preconceituosa, ela está prevista no Código Penal;
autodeclaram pretas e pardas, conforme o quesito
Para exemplificar, um sujeito ofendendo a dignidade ou
cor ou raça usado pela Fundação Instituto Brasileiro
o decoro de outrem em razão da sua raça, cor, etnia, será
de Geografia e Estatística (IBGE), ou que adotam
injúria preconceituosa (art. 140, § 3º do CP).
Injúria racial, para o STJ é sim racismo do art. 5º da CF. autodefinição análoga;
Vale lembrar que o único instituto penal que se aproxima V – políticas públicas: as ações, iniciativas e progra-
desta Lei de Preconceito é o art. 140, § 3º do CP. mas adotados pelo Estado no cumprimento de suas
atribuições institucionais;
Do Objeto da Lei VI – ações afirmativas: os programas e medidas es-
peciais adotados pelo Estado e pela iniciativa privada
Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes para a correção das desigualdades raciais e para a
resultantes de discriminação ou preconceito de raça, promoção da igualdade de oportunidades.
cor, etnia, religião ou procedência nacional.
Preconceito
Pergunta‑se: existe diferença entre discriminação e pre-
conceito? Há quem diga que não. Conceito ou sentimento (pré)concebido sem exame
Porém, para aqueles que entendem que sim, definem crítico ou razão. No contexto da Lei nº 7.716/1989, são
preconceito como sendo um conceito estático, e discrimi- concepções (pré)criadas por alguém, de modo a desqua-
nação um conceito dinâmico. lificar pessoas em razão de sua raça, cor, etnia, religião ou
Para esclarecer ainda mais esta diferença, temos: procedência nacional. Ex.: A julga que B é menos inteligente
• Preconceito: ele é ideológico (não gosta de pessoas e indigno de direitos por ser procedente de determinada
negras por serem negras, de brancos por serem bran- região do país.
Noções de Legislação Penal Especial

cos). Faz mal juízo de valor pela sua ideologia. Ex.: não
gosto de pessoas brancas/negras. Discriminação
• Discriminação: é mais grave, é o preconceito levado
na prática, seria o preconceito implementado em É dinâmica, é uma segregação, materialização do pre-
condutas. Ex.: não gosto de pessoas brancas/negras, conceito, uma exposição do preconceito.
por isso vou excluí‑las de alguma coisa.
Raça
E se o indivíduo sofreu ameaça em razão de preconceito?
Se ameaçou em razão de preconceito, tal ato não tem previsão Historicamente conceito atrelado as características físicas
na Lei nº 7.716/1989, então será aplicado o art. 147 do CP. e biológica. Conjunto de indivíduos cujos caracteres somá-
Igualmente, se caluniou, difamou, injuriou em razão da ticos, tais como a pele, a conformação do crânio e do rosto,
cor, raça, etnia, religião ou procedência nacional será aplica- o tipo de cabelo etc.; são semelhantes e se transmite por
do o CP (arts. 138, 139, 140, respectivamente). hereditariedade, embora variem de indivíduo para indivíduo.
Para que a compreensão desta Lei fique de forma mais Para fins históricos.
fácil, importante trazer à luz alguns conceitos:
Discriminação: previsto na Lei nº 12.288/2010 – Estatuto Cor
da Igualdade Racial.
Expressão cromática da pele de um indivíduo. Muitos
Art. 1º Esta Lei institui o Estatuto da Igualdade Racial, levam para a raça a cor da pele. A discriminação /precon-
destinado a garantir à população negra a efetivação ceito é fundada na cor da pele. Ex.: negro x branco; branco
da igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos x amarelo.

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Etnia acordar jovem, bonito, orgulhoso, rico e sendo um podero-
so americano e você vai acordar como safado, depravado,
População ou grupo social que apresenta relativa ho- repulsivo, canalha e miserável brasileiro.” O STJ reconheceu
mogeneidade cultural e linguística, compartilhando história crime de racismo neste caso. (RHC 19.166/RJ)
e origens; isto se formará uma nação. Em termos da nossa Com esses conceitos em mente, esclarecemos que a raça
cultura, quando de vale de etnia, ou preconceito étnico, humana é uma só, isso é científico. Culturalmente existe uma
podemos citar a questão indígena; passou a utilizar etnia tendência em ligar raça a questão de cor, de pele, questão
como sinônimo de raça. cromática, a exemplo do que ocorre no Brasil, porém, o que
devemos saber é que não existem distinções entre os homens
Coletividade de Indivíduos (HC 82424/RS STF).
Em se tratando de crimes de preconceito e discriminação
Refletia principalmente na língua e nas maneiras de agir. racial, a jurisprudência pátria passou a utilizar a expressão
Ex.: grupo social que apresenta homogeneidade cultural e etnia como sinônimo de raça. Ex.: tratou de forma discri-
linguística: comunidade indígena. minatória em razão do cabelo; pode‑se admitir o crime de
preconceito, desde que a conduta esteja presente na Lei
Religião nº 7.716/1989.
E se cometeu tortura em razão de preconceito/discrimi-
Crença na existência de uma força ou forças sobrenatu- nação? Se for tortura em razão de discriminação por raça ou
rais, superiores, consideradas como criadora do Universo, religião, será crime de tortura conforme a Lei nº 9.455/1997,
e que como tal devem ser adoradas e obedecidas, do qual art. 1º, I, alínea c; e não crime de racismo, pois está previsto
depende o ser humana e ao qual se deve respeito e obe- na Lei de Tortura.
diência. Culto ritualístico prestado a uma Divindade. Ex.: Não basta o indivíduo praticar uma conduta criminosa
católico – protestante – Desdenhar a religião alheia. de discriminação ou preconceito, tem que se verificar se a
Aqui há varias controvérsias, inclusive jurídica: há dou- conduta está tipificada na Lei, senão será crime de outro
trinadores que entendem que preconceito/discriminação instituto legal.
religiosa, na Lei, diz respeito ao sujeito ativo que pratica Nem todo e qualquer crime praticado por motivo de
uma determinada religião diferente da vítima, pratica o preconceito/discriminação irá incidir a Lei nº 7.716/1989.
crime previsto na Lei. Ex.: se ateu pratica a conduta da Lei
nº 7.716/1989 contra indivíduo que tenha alguma religião, Outras Formas de Discriminação
não haveria o crime para alguns doutrinadores, porque o
sujeito ativo não estaria imbuído da concepção religiosa. Estatuto do Idoso:
E vice‑versa. Religioso contra ateu. Lembrando que a Lei não
fez essa distinção. Art. 96. Discriminar pessoa idosa, impedindo ou
Portanto, prevalece que, como a Lei não faz especifica- dificultando seu acesso a operações bancárias,
ção, pode ter preconceito/discriminação quando um ateu for aos meios de transporte, ao direito de contratar ou
sujeito ativo e de outro lado alguém que professa alguma por qualquer outro meio ou instrumento necessário
religião. Ex.: ateu x cristão (ou outra religião). ao exercício da cidadania, por motivo de idade:
Se o ateu configurar no polo passivo, tendo em vista Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e
que o ateísmo não é religião, não poderá sofrer esse tipo multa.
de preconceito (majoritária). § 1º Na mesma pena incorre quem desdenhar, humi-
lhar, menosprezar ou discriminar pessoa idosa, por
Procedência Nacional qualquer motivo.
§ 2º A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se a
Origem nacional (incluindo a xenofobia) ou a regional: vítima se encontrar sob os cuidados ou responsabi-

Noções de Legislação Penal Especial


vai configurar o delito de preconceito da Lei n º 7.716/1989, lidade do agente. (grifo nosso)
de um nacional x estrangeiro e vice‑versa. “....por qualquer outro motivo”: se houver precon-
Outrossim, o nacional x nacional: este caso é mais cor- ceito/discriminação por qualquer motivo do idoso,
riqueiro acontecer. Ex.: nordestino x sulista ou vice e versa. inclusive em razão da orientação sexual, aplica‑se
(Doutrina e Jurisprudência Pacífica). o Estatuto do Idoso. Não há essa cláusula na Lei
E se forem da mesma região, (ex.: Ceará x Pernambuco)? nº 7.716/1989.
Também irá se aplicar a lei.
E se for da mesma unidade federada (mineiro x minei-
Lei nº 9.029/199519:
ro – Preconceito em razão do outro ser mineiro)? Também
configura o crime da mesma forma.
Art. 1º É proibida a adoção de qualquer prática
Outros casos que se aplicam a lei:
discriminatória e limitativa para efeito de acesso à
• Se for: branco x negro ou vice‑versa – também é pos-
relação de trabalho, ou de sua manutenção, por mo-
sível configurar delito de preconceito.
tivo de sexo, origem, raça, cor, estado civil, situação
• Negro x Negro: também pode acontecer.
familiar, deficiência, reabilitação profissional, idade,
• Em razão da nacionalidade: brasileira x paraguaia,
entre outros, ressalvadas, nesse caso, as hipóteses
argentina x brasileira.
de proteção à criança e ao adolescente previstas
no inciso XXXIII do art. 7º da Constituição Federal.;
Como exemplo, segue um caso concreto e de bastante
repercussão: em um voo de NY para RJ, onde havia um pas-
sageiro americano e dois comissários de bordo brasileiros, 19
Proíbe a exigência de atestados de gravidez e esterilização, e outras práticas
discriminatórias, para efeitos admissionais ou de permanência da relação
o passageiro falou para um dos comissários: “amanhã vou jurídica de trabalho, e dá outras providências.

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Art. 2º Constituem crime as seguintes práticas dis- • Nucci: A CF diz que a prática de racismo tem pena
criminatórias: de reclusão. Qualquer lei que disser o contrário será
I – a exigência de teste, exame, perícia, laudo, ates- considerada inconstitucional, no caso dessa lei por ser
tado, declaração ou qualquer outro procedimento anterior à CF será não‑recepcionada.
relativo à esterilização ou a estado de gravidez;
II – a adoção de quaisquer medidas, de iniciativa do Aspectos Gerais da Lei nº 7.716/1989
empregador, que configurem;
Dos Bens jurídicos Tutelados:
Lei nº 13.146/201520: • Primário: dignidade da pessoa humana e Igualdade;
• Secundário: a honra da pessoa que sofreu diretamente
Art. 88. Praticar, induzir ou incitar discriminação de a ação.
pessoa em razão de sua deficiência:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. Portanto, observa‑se que a lesão sofrida vai muito além
da esfera privada (da pessoa determinada), o crime quando
Lei nº 7.853/198921: cometido atinge a humanidade.
Do Sujeito Passivo: humanidade e pessoa física que
Art. 8º Constitui crime punível com reclusão de 2 sofreu.
(dois) a 5 (cinco) anos e multa: (Redação dada pela Sujeito ativos: crime comum, pode ser praticado por
Lei nº 13.146, de 2015). qualquer pessoa. (há quem diga que tem crimes nesta lei
III – negar ou obstar emprego, trabalho ou promoção que só pode ser praticado por pessoa determinada – ex.:
à pessoa em razão de sua deficiência; donos de estabelecimentos).
Elemento subjetivo: será doloso (vontade livre e cons-
Lei nº 9.455/199722: ciente de praticar a conduta criminosa da lei), não admite a
modalidade culposa.
Art. 1º Constitui crime de tortura: Elemento Subjetivo do Tipo: Não basta somente o dolo.
I – constranger alguém com emprego de violência Ex.: dono de estabelecimento que proíbe a entrada de
ou grave ameaça, causando‑lhe sofrimento físico alguém negro/branco, porém o motivo não foi em razão da
ou mental: cor, e sim porque não portava as vestimentas adequadas, até
c) em razão de discriminação racial ou religiosa; mesmo porque barrou outras pessoas pelo mesmo motivo,
independente da cor. Está claro, neste caso, que o motivo
Lei nº 7.437/198523: não foi discriminação em razão da cor. Não haverá, portanto,
crime de preconceito.
Praticamente repete todas as infrações penais da Lei Aqui deverá haver um cuidado, porém, em regra geral,
nº 7.716/1989. A diferença é que ela acrescenta duas formas tem haver o elemento subjetivo do tipo, ou seja, qual a fi-
de discriminação (sexo e estado civil) e trata essas infrações nalidade, o motivo que levou o agente a cometer a conduta
como contravenção penal. dolosa.
Porém, existem posicionamentos contrários, ou seja,
Art. 1º Constitui contravenção, punida nos termos quanto ao elemento subjetivo do tipo, há duas correntes:
desta lei, a prática de atos resultantes de preconceito • Sim, vontade de segregar, mostrar‑se superior a outro
de raça, de cor, de sexo ou de estado civil. ser humano. Animus jocandi (quando alguém profere
Art. 4º Recusar a venda de mercadoria em lojas de palavras, comentários degradantes, ofensivos, mas em
qualquer gênero ou o atendimento de clientes em tom de brincadeira) afasta o delito. Prevalece.
• Não, animus jocandi não afasta o delito.
Noções de Legislação Penal Especial

restaurantes, bares, confeitarias ou locais semelhan-


tes, abertos ao público, por preconceito de raça, de
cor, de sexo ou de estado civil. Porém, existem situações em que poderá configurar
outro delito. Ex.: gerente de banco impede idoso de realizar
Sobre esta Lei, fazemos a seguinte observação: ela foi a operação financeira, em razão da sua idade. Será crime
parcialmente revogada. Mas, ela continua vigente no que previsto no Estatuto do Idoso.
diz respeito à contravenção penal para os crimes de sexo e O que deve ser observado, para a incidência da Lei
estado civil? Sobre isso há duas correntes: nº 7.716/1989 é se o preconceito/discriminação é em relação
• Sim, apenas sobre os dois critérios não previstos na à raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
Lei nº 7.716/1989, sexo e estado civil. Com relação a Requisitos para incidir: vontade + previsão legal.
raça e cor foi revogada (posição do doutrinador Gabriel Da Consumação: consuma‑se no momento em que se
Habib); praticou o preconceito/discriminação. (Ex.: gerente deter-
mina que não entre no estabelecimento pessoa de deter-
20
Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da
minada cor, ou seja, a pessoa foi barrada e depois entrou
Pessoa com Deficiência). no estabelecimento. A consumação ocorreu no momento
21
Dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de deficiência, sua integração em que foi barrada.
social, sobre a Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora
de Deficiência – Corde, institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos Da Tentativa: é possível tentativa, porém é difícil de ser
ou difusos dessas pessoas, disciplina a atuação do Ministério Público, define provada.
crimes, e dá outras providências.
22
Define os crimes de tortura e dá outras providências. Lembrando que:
23
Inclui, entre as contravenções penais a prática de atos resultantes de precon- • todos os crimes de preconceito devem ser punidos em
ceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil, dando nova redação à Lei
nº 1.390, de 3 de julho de 1951 – Lei Afonso Arinos. consonância com o art. 1º da Lei nº 7.716/1989;

32
• todos os crimes ofendem o mesmo bem jurídico: a Dos Crimes em Espécies
dignidade da pessoa humana e a Igualdade;
• todos os crimes são só compatíveis com o dolo. Tem que ter o elemento subjetivo do tipo para todos os
crimes, ou seja, vontade de atingir a raça, cor, etnia, religião
Para que a Lei nº 7.716/1989 incida, deverá ser observa- e procedência nacional.
do a letra fria da Lei, por isso, importante realizar algumas
considerações fazendo referência com outras condutas Art. 3º Impedir ou obstar o acesso de alguém, devida-
criminosas, a saber: mente habilitado, a qualquer cargo da Administração
Direta ou Indireta, bem como das concessionárias de
• Preconceito X Crime com motivação preconceituosa: serviços públicos.
Se falar em crime de preconceito, trata‑se de crime Pena: reclusão de dois a cinco anos.
específico da Lei de preconceito/racismo, tem que estar
previsto, o rol é taxativo. O acesso aqui quer dizer se integrar, fazer parte de, diz
Ex.: A mata B em razão de preconceito, pela cor da pele. respeito ao acesso no sentido jurídico.
(Art. 121)
Neste caso, a Lei nº 7.716/1989 não traz o crime de A expressão “devidamente habilitada” é elemento nor-
homicídio (outros exemplos: lesão corporal, crimes patri- mativo do crime, ou seja, se não preencher os requisitos
moniais, sexuais, contra a honra) mesmo sendo imbuído de não haverá crime.
preconceito raça, cor, etnia, religião e procedência nacional. A Lei fala em cargo da Administração Direta e Indireta,
mas se a conduta for relacionada a emprego público, incide
• Preconceito X Injúria preconceituosa: a lei? Há duas correntes que tratam disso:
Para o STJ, a injúria preconceituosa, art. 140 § 3º, é ra- • Não, se não seria analogia in mala partem.
cismo nos termos do art. 5º da CF, ou seja, inafiançável e • Sim, pois é possível interpretação extensiva, porque o
imprescritível, mesmo sendo crime contra a honra subjetiva. espirito da lei é o mesmo.
Os crimes de preconceito da Lei nº 7.716/1989, observa-
do inclusive o art. 20, são todos, sem exceção, de Ação Penal Sujeito ativo: Neste caso é crime próprio porque precisa
Pública Incondicionada. estar em uma função específica.
Já os da Injúria preconceituosa são crimes de Ação Penal Sujeito Passivo: a humanidade e a vítima direta.
Pública Condicionada à Representação. Consumação: Crime é formal, ainda que a vítima supere
Na injúria temos raça, cor, etnia, religião, origem e mais todas as etapas, o crime já estará caracterizado.
duas: preconceito em razão da vítima ser idosa ou portadora Semelhante ao art. 3º, tem‑se o art. 13.
de deficiência.
Obs.: não há na lei penal nada sobre preconceito ou dis- Art. 13. Impedir ou obstar o acesso de alguém ao
criminação que venha qualificar como crime ou contravenção serviço em qualquer ramo das Forças Armadas.
penal a: Orientação sexual, classes e categorias econômicas Pena: reclusão de dois a quatro anos.
sociais e profissionais; política e filosofia de vida.
E se for policial militar ou bombeiro militar? Incidirá o
Demais Características de Suma Importância da Lei art. 3º da Lei nº 7.716/1989.
nº 7.716/1989 Existem muitas leis que preveem a questão da discri-
minação/preconceito, por isso a importância de verificar o
Qual a pena a ser aplicada? Pena de Reclusão (inafiançá- Conflito de Normas, se é aparente ou não.
veis e imprescritíveis (art. 5º XLII, HC 86.452).
Mas são todos crimes punidos com reclusão? De regra Lei nº 7.437/1985
geral sim. Porém deve ser observado o art. 4º, § 2º.

Noções de Legislação Penal Especial


A regra da competência para julgar e processar é da Art. 8º Obstar o acesso de alguém a qualquer cargo
justiça comum estadual ou federal (art. 109, CF)? Depende público civil ou militar, por preconceito de raça, de
do caso concreto. cor, de sexo ou de estado civil.
Se houver conexão ou continência com crime eleitoral, Pena – perda do cargo, depois de apurada a respon-
será julgado pela justiça eleitoral (Obs.: art. 121, CF; art. 35, sabilidade em inquérito regular, para o funcionário
II e art. 78, IV CPP). dirigente da repartição de que dependa a inscrição
Nenhum caso será julgado na justiça militar, pois nenhum no concurso de habilitação dos candidatos.
caso se trata de crime militar. Art. 9º Negar emprego ou trabalho a alguém em
Aprofundando sobre o tema, o STJ em importante jul- autarquia, sociedade de economia mista, empresa
gado, manifestou‑se sobre a atuação do Direito Penal para concessionária de serviço público ou empresa pri-
coibir às mais diversas formas de discriminação e preconcei- vada, por preconceito de raça, de cor, de sexo ou de
to, importante que os operadores do Direito não se deixem estado civil.
influenciar apenas pelo discurso politicamente correto que Pena: prisão simples, de 3 (três) meses a 1 (um) ano,
a questão da discriminação racial hoje envolve, tampouco e multa de 1 (uma) a 3 (três) vezes o maior valor de
pelo nem sempre legítimo clamor social por igualdade. (STJ referência (MVR), no caso de empresa privada; perda
REsp 911.183/SC). do cargo para o responsável pela recusa, no caso de
A exemplo disso, tem‑se a questão daqueles que utilizam autarquia, sociedade de economia mista e empresa
o humor, contando piadas. Neste caso, se tiver que ser apli- concessionária de serviço público.
cado, deverá ser observado o art. 20 da Lei nº 7.716/1989.
Superado as considerações gerais sobre a Lei, iniciaremos Prevalece a Lei nº 7.716/1989 (pelo critério da sucessi-
a parte que trata dos crimes em espécie. vidade): utiliza‑se a Lei nº 7.437/1989 especificamente no

33
tocante a preconceito resultante de sexo ou estado civil (para No caso do inciso III, se for diferente de salário haverá
quem entende que houve recepção desta lei). discriminação? Poderá incidir também, visto que aqui se fala
especialmente e não exclusivamente.
Outro Conflito Aparente
§ 2º Ficará sujeito às penas de multa e de prestação
Estatuto do Idoso: de serviços à comunidade, incluindo atividades de
promoção da igualdade racial, quem, em anúncios
Art. 100. Constitui crime punível com reclusão de 6 ou qualquer outra forma de recrutamento de tra-
(seis) meses a 1 (um) ano e multa: balhadores, exigir aspectos de aparência próprios
I – obstar o acesso de alguém a qualquer cargo pú- de raça ou etnia para emprego cujas atividades não
blico por motivo de idade; justifiquem essas exigências.

Lei nº 7.853/1989: E agora, aqui se tem mais dois tipos de penas, qual será
aplicada? Há dois entendimentos para este parágrafo:
Art. 8º Constitui crime punível com reclusão de 2 • sujeito ativo: só poderá ser condenado a multa e pres-
(dois) a 5 (cinco) anos e multa: tação de serviços à comunidade;
II – obstar inscrição em concurso público ou acesso • o sujeito ativo responde pelas penas de Reclusão,
de alguém a qualquer cargo ou emprego público, em multa e prestação de serviço à comunidade.
razão de sua deficiência;
Art. 5º Recusar ou impedir acesso a estabelecimento
Mesmo raciocínio acima visto, a questão de idade e de- comercial, negando‑se a servir, atender ou receber
ficiência não estão previstas na Lei nº 7.716/1989, aplica‑se cliente ou comprador.
cada lei ao caso concreto. Pena: reclusão de um a três anos.

Art. 3º Aqui diz respeito às lojas em geral. Geralmente esse


Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, por artigo é aplicado de forma subsidiária.
motivo de discriminação de raça, cor, etnia, religião
ou procedência nacional, obstar a promoção fun- Art. 6º Recusar, negar ou impedir a inscrição ou
cional. ingresso de aluno em estabelecimento de ensino
público ou privado de qualquer grau.
Pena: reclusão de três a cinco anos.
Aqui, trata‑se de impedir a ascensão na carreira, porém,
Parágrafo único. Se o crime for praticado contra
necessita preencher os requisitos.
menor de dezoito anos a pena é agravada de 1/3
(um terço).
Art. 4º Negar ou obstar emprego em empresa priva-
da. Pena: reclusão de dois a cinco anos. (grifo nosso)
Aqui engloba o ensino público ou privado de qualquer
grau (desde o infantil até a graduação).
E se for emprego público? Não incidem os arts. 3º,
Do Art. 7º ao 14º o acesso, neste caso, será o físico (im-
4º e 13.
pedir ingresso em determinado lugar).
Tem‑se entendido, pacificamente que, quando a conduta
imbuída de preconceito/discriminação raça, cor, etnia, reli- Art. 7º Impedir o acesso ou recusar hospedagem em
gião ou procedência nacional, se ela não estiver especificada hotel, pensão, estalagem, ou qualquer estabeleci-
na lei, em qualquer dos tipos taxativos, ou em outra lei, mas mento similar. Pena: reclusão de três a cinco anos.
o motivo do crime sendo o do art. 1º, aplicar‑se‑á o art. 20.
Noções de Legislação Penal Especial

Art. 8º Impedir o acesso ou recusar atendimento


em restaurantes, bares, confeitarias, ou locais se-
Art. 4º (...) melhantes abertos ao público. Pena: reclusão de
§ 1º Incorre na mesma pena quem, por motivo de um a três anos.
discriminação de raça ou de cor ou práticas resul- Art. 9º Impedir o acesso ou recusar atendimento em
tantes do preconceito de descendência ou origem estabelecimentos esportivos, casas de diversões, ou
nacional ou étnica: clubes sociais abertos ao público. Pena: reclusão de
um a três anos.
Não incidirá sobre motivação religiosa. Mas nos demais Art. 10. Impedir o acesso ou recusar atendimento em
artigos não se fala em nenhum deles, acontece que, deverá salões de cabeleireiros, barbearias, termas ou casas
ser levado em consideração o art. 1º. Nestes incisos, o legis- de massagem ou estabelecimento com as mesmas
lador quis especificar quais seriam abrangidos. finalidades. Pena: reclusão de um a três anos.

I – deixar de conceder os equipamentos necessários Especifica os estabelecimentos comerciais. Ex.: Recusa


ao empregado em igualdade de condições com os de admissão no quadro associativo de clube social, em razão
demais trabalhadores; de preconceito de raça ou de cor, caracteriza o tipo inserto
II – impedir a ascensão funcional do empregado ou do art. 9º da Lei nº 7.716, enquanto modo da conduta im-
obstar outra forma de benefício profissional; pedir, que lhe integra o núcleo. Recusar sem motivo. (STJ
III – proporcionar ao empregado tratamento dife- RHC 12.809/MG)
renciado no ambiente de trabalho, especialmente E se for algum estabelecimento não previsto do art. 7º
quanto ao salário. ao art. 10? Nesse caso, incidirá o art. 5º de forma residual.

34
Art. 11. Impedir o acesso às entradas sociais em caso não. Se não aparecer o elemento constitutivo do tipo
edifícios públicos ou residenciais e elevadores ou legal, não haverá crime.
escada de acesso aos mesmos: E se fizer saudação nazista? Em tese, o art. 20, caput,
Pena: reclusão de um a três anos. mas jamais o § 1º.
Apreender objetos que revelam a periculosidade efetiva
E se for um edifício empresarial, qual artigo se aplica? do agente e a potencialidade do risco à ordem pública com
De forma residual, será aplicado o art. 20. Ex.: proibição de a sua soltura (HC 102.955 STJ).
empregada doméstica usar elevador social. Tem que verificar
se o agente estava imbuído de preconceito/discriminação, § 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput é
e se agiu movido pelos cinco critérios taxativos. cometido por intermédio dos meios de comunicação
Ou seja, se o motivo for outro que não seja um dos cinco, social ou publicação de qualquer natureza:
como exemplo: preconceito por razão social, classe social, Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.
econômico, por ser empregada doméstica, não incidirá a Lei § 3º No caso do parágrafo anterior, o juiz poderá
nº 7.716/1989. determinar, ouvido o Ministério Público ou a pedido
deste, ainda antes do inquérito policial, sob pena de
Art. 12. Impedir o acesso ou uso de transportes pú- desobediência:
blicos, como aviões, navios barcas, barcos, ônibus, I – o recolhimento imediato ou a busca e apreensão
trens, metrô ou qualquer outro meio de transporte dos exemplares do material respectivo;
concedido. II – a cessação das respectivas transmissões radiofô-
Pena: reclusão de um a três anos. nicas, televisivas, eletrônicas ou da publicação por
qualquer meio;
Os meios de transportes aqui elencados são enumerati- III – a interdição das respectivas mensagens ou
vos e não taxativos. Qualquer outro meio de transporte pú- páginas de informação na rede mundial de compu-
blico. Quando se tratar de transporte particular não se aplica. tadores.
Art. 14. Impedir ou obstar, por qualquer meio ou Essas providências podem ocorrer durante o IP, processo
forma, o casamento ou convivência familiar e social. penal. Podendo ocorrer inclusive antes do Inquérito Policial
Pena: reclusão de dois a quatro anos. ter sido instaurado.
Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação Efeitos Condenatórios da Pena
ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou pro-
cedência nacional. Os §§ 3º e 4º fazem referência ao § 2º. Devemos ob-
Pena: reclusão de um a três anos e multa. servar que as penas são de dois tipos, automáticos e não
automáticos.
Todas as condutas não especificadas nos artigos ante-
Quais são os efeitos penais não automáticos, ou seja,
riores, incidirá o art. 20, quando agindo com preconceito/
depende da autoridade judicial se pronunciar? Os efeitos
discriminação e não esteja em lei especial.
não automáticos estão nos arts. 16 e 18:
E quando se tratar de ofensa verbal, como saber se vai
caracterizar a Lei nº 7.716/1989 ou o Código Penal? Se a
Art. 16. Constitui efeito da condenação a perda do
ofensa verbal proferida em razão do preconceito/discrimi-
cargo ou função pública, para o servidor público, e a
nação de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional e
suspensão do funcionamento do estabelecimento
for dirigida a vítima certa e determinada, sem transbordar
particular por prazo não superior a três meses.
a sua esfera, ou seja, não atinge os outros, teremos injúria
preconceituosa, aplicar‑se‑á o Código Penal. Ex.: A chama B
de macaco, atinge a uma pessoa específica. Só perderá se o juiz expressamente se pronunciar sobre
essa perda. Poderá ser instaurado PAD.

Noções de Legislação Penal Especial


Agora, se, por acaso, a sua intenção é de atingir não só
a pessoa, mas todos que têm as mesmas características,
incidirá a Lei nº 7.716/1989. Ex.: só podia ser negro mesmo Art. 17. (Vetado)
para fazer isso. Isso é uma ofensa que atinge a todas as Art. 18. Os efeitos de que tratam os arts. 16 e 17 desta
pessoas negras. Lei não são automáticos, devendo ser motivadamen-
te declarados na sentença.
Art. 20.
§ 1º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular Outra medida não automática é a suspensão do fun-
símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou cionamento do estabelecimento particular por prazo não
propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, superior a 3 (três) meses.
para fins de divulgação do nazismo. Dos efeitos automáticos (art. 20, § 4º):
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.
§ 4º Na hipótese do § 2º, constitui efeito da con-
Decisão do STF envolvendo nazismo e neonazismo: fazer denação, após o trânsito em julgado da decisão,
propaganda disso, incidirá o art. 20 da Lei nº 7.716/1989 a destruição do material apreendido.
(antissemitismo).
Preconceito contra judeus (STF 82.424): empregou ofen- Destruição automática do material apreendido do delito
sas de cunho nazista. cometido por intermédio dos meios de comunicação social
Não basta ser qualquer finalidade, tem que ser para ou publicação de qualquer natureza.
divulgação do nazismo para incidir este o § 1º.
E se não utilizar a cruz suástica ou gamada, mas com Atenção: o que mais se tem cobrado em provas, é o
finalidade de divulgação do nazismo, haverá crime? Neste art. 4º e o art. 20.

35
Racquel Barros Tentativa e Consumação
Como rege o caput do art. 1º da Lei nº 8.072/1990: São
LEI DE CRIMES HEDIONDOS considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipifi-
cados no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940
Lei nº 8.072, de 25 de Julho de 1990 - Código Penal, consumados ou tentados (...)”.
Qual o Tratamento Jurídico dado pela Prática de Crime
O que são Crimes Hediondos? Hediondo?

São os crimes que merecem maior reprovação por parte A prática de crime hediondo ou equiparado gera tratamento
do Estado, o termo hediondo, segundo o dicionário, guarda penal e processual penal mais gravoso do que de outros crimes,
relação com “o que provoca repulsa”. A Constituição Fede- essas diferenças foram estabelecidas pelo XLIII do art. 5º CF/88
ral, art. 5º inciso XLIII, considerou a necessidade de que lei como visto, e pela Lei nº 8.072/1990, como veremos a seguir.
infraconstitucional enumerasse os crimes a serem conside-
rados como hediondos, para isso, esclareceu que tais crimes Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura,
recebem tratamento penal e processual penal mais gravoso o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o
que os demais delitos. terrorismo são insuscetíveis de:

XLIII – a lei considerará crimes inafiançáveis e in- Anistia, graça e indulto;


suscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, A anistia, a graça e o indulto são, de acordo com Rogério San-
o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o ches, “espécies de renúncia estatal ao direito de punir do Estado”
terrorismo e os definidos como crimes hediondos, (Código Penal para concursos, 8ª Edição). São formas de extinção
por eles respondendo os mandantes, os executores da punibilidade, vedadas a quem comete um crime hediondo.
e os que, podendo evitá-los, se omitirem;     
Para esclarecer... Art. 107, II, CF.
O Brasil adotou o sistema legal de definição dos crimes
hediondos. Isso significa que é a lei quem define, de forma
ANISTIA GRAÇA INDULTO
exaustiva (taxativa, numerus clausus), quais são os crimes
hediondos. Esta lei é a de nº 8.072/1990, conhecida como É o “esquecimen- É a concessão de Concedido pelo
Lei dos Crimes Hediondos. to” jurídico de “perdão” pelo Presidente da Re-
A Lei nº 8.072/1990 traz, em seu art. 1º, o rol dos crimes uma ou mais infra- Presidente da Re- pública por meio
hediondos. ções. É concedida pública por meio de decreto, após
pelo Congresso de um decreto a condenação pe-
Nacional por meio um indivíduo que nal. É coletivo,
SISTEMAS DE DEFINIÇÃO DOS CRIMES HEDIONDOS de Lei Federal. recebeu uma con- pois possui um
SISTEMA SISTEMA SISTEMA É causa extintiva denação penal. caráter de gene-
LEGAL JUDICIAL MISTO da punibilidade. É causa extintiva ralidade, ou seja,
Cabe ao legisla- O juiz que ao apre- 1º O legislador Exclui os efeitos da punibilidade. abrange várias
dor, por meio de ciar o caso concre- apresenta rol da natureza penal Exclui os efeitos pessoas.
rol taxativo, enu- to decide se a in- exemplificativo da conduta. penais. É causa extintiva
merar quais os cri- fração é hedionda para crimes he- da punibilidade.
mes considerados ou não. diondos; Exclui os efeitos
hediondos. Crítica: (gera inse- 2º O juiz na aná- penais. ADI 2.795
Sistema adotado gurança jurídica). lise do caso con- MC/DF.
no Brasil. creto pode es-
Crítica: ignora a tabelecer fatos Fiança
possível gravida- assemelhados a A fiança é a garantia prestada pelo indiciado ou réu
Noções de Legislação Penal Especial

de de um crime crimes hedion- preso, para que responda ao inquérito ou ao processo em


no caso concreto. dos, merecedores liberdade.
de tratamento es- No entanto, é vedado o recolhimento de fiança para
pecífico dedicado concessão de liberdade provisória pela prática de crime
àqueles. Hipótese hediondo. Apesar disso, nada impede que seja concedida
de interpretação
judicialmente a liberdade provisória do sujeito quando não
analógica.
estiverem presentes os pressupostos da prisão preventiva,
Qual a Diferença entre Crime Hediondo e Hediondo sob pena de violação ao princípio da presunção de inocência.
Equiparado? A questão é que essa medida não ocorrerá mediante fiança.
Em consequência disso, por serem os crimes hediondos
Os crimes hediondos são aqueles definidos pelo art. 1º inafiançáveis, a autoridade policial não poderá decretar outra
da Lei 8.072/1990 de maneira taxativa, em razão da definição medida cautelar que não a prisão, pela prática de crime he-
legal adotada pelo Brasil. diondo, uma vez que, só poderia decretar medida cautelar di-
Os crimes equiparados a hediondos, que são o Tráfico de versa da prisão mediante pagamento de fiança, Art. 322 CPP.
Drogas (Lei nº 11.343/2006), Tortura (Lei nº 9.455/1997) e
Terrorismo, não se encontram elencados no rol taxativo do • A pena deverá ser cumprida inicialmente em regime
art. 1º, mas sua equiparação resulta do tratamento diferen- fechado
ciado disposto pelo art. 2º da Lei nº 8.072/1990 e inciso XLIII Pelo HC 111.840, o STF declarou inconstitucional tal
do art. 5º da CRFB. Esses crimes recebem o mesmo trata- dispositivo da Lei de crimes hediondos, Art. 2º § 1º da Lei
mento penal e processual penal destinado aos hediondos, nº 8.072/1990, considerando que a imposição automática
que será detalhado no ponto 3 do estudo. de regime inicial fechado pela prática de crime hediondo

36
desrespeita o princípio de individualização da pena e a fun- rados terá o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual
damentação das decisões judiciais. período, em caso de extrema e comprovada necessidade.
A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em face da
Progressão de regime representação da autoridade policial ou de requerimento
O texto inicial da Lei de Crimes hediondos em 1990 veda- do Ministério Público.
va a progressão de regime, devendo o condenado cumprir a
pena integralmente em regime fechado. No ano de 2006, o PRAZOS PARA PRISÃO TEMPORÁRIA
STF declarou inconstitucional tal vedação, HC 82.959, com
fundamento na garantia da individualização da pena, quan- CRIME NÃO HEDIONDO 5 DIAS, prorrogável por + 5 dias.
do a partir de então, passou a ser permitida a progressão CRIME HEDIONDO OU EQUIPARADO 30 DIAS, prorrogável
para esses casos, há época, nos termos do Art. 112 da Lei por + 30 dias.
de Execução Penal – que exige o cumprimento de 1/6 (um
sexto) da pena. Livramento condicional
Somente em 2007, com advento da Lei nº 11.464/2007, O Código Penal prevê a possibilidade de o juiz conceder
foi normatizada a progressão para crimes hediondos e es- livramento condicional, ou seja, antecipar a liberdade ao
tabelecido o critério de cumprimento de 2/5 (dois quintos) condenado a pena privativa de liberdade igual ou superior
da pena, se o apenado for primário, e de 3/5 (três quintos), a 2 (dois) anos - quando preenchidos alguns requisitos ob-
se reincidente, em crime de forma genérica, ou seja, não jetivos (cumprimento de mais de 1/3 da pena, para não
necessariamente em hediondo/equiparado, basta reinci- reincidentes e mais da metade da pena, para reincidentes)
dência genérica para que seja exigido o cumprimento de e requisitos subjetivos dispostos pelo art. 83 do código.
3/5 da pena. Diante disso, a Lei de crimes hediondos acrescentou ao
referido artigo o inciso V que estabelece critério diferencia-
PROGRESSÃO DE REGIME AOS do para o caso de crimes hediondos, que é o cumprimento
CONDENADOS POR CRIME HEDIONDO de mais de 2/3 (dois terços) da pena e a não reincidência
Texto da Lei Em decorrência Após Lei em crimes hediondos ou equiparados, ou seja, não pode ter
em 1980 do HC 82.959 – nº 11.464/2007 reincidência específica em hediondo/equiparado.
STF, antes da Lei
nº 11.464/2007 Atenção! Não é necessário que o crime cometido ante-
A pena será cum- Aplica-se a pro- 2/5 – réu primá- riormente seja idêntico ao crime posterior, basta que seja
prida integral- gressão nos ter- rio; hediondo/equiparado para efeito de reincidência e conse-
mente em regime mos do Art. 112 3/5 – réu rein- quente vedação ao livramento condicional.
fechado. da Lei nº 7.210 cidente (reinci-
(Lei de Execução dência genérica/
REQUISITOS OBJETIVOS
Penal). Súmula específica).
AO LIVRAMENTO CONDICIONAL
471/STJ. Cum-
primento de 1/6 CRIME NÃO HEDIONDO CRIME HEDIONDO
da pena, ou seja, Não Reincidente Não Reincidente
mesmo requisito reincidente reincidente específico
previsto p/ crimes específico/
não hediondos. reincidente
genérico
Além dos requisitos quanto ao tempo de cumprimento
+ de 1/3 + de ½ + de 2/3 Não cabe livra-
da pena, chamados requisitos objetivos, são previstos re-
da pena (metade) da pena mento condi-
quisitos subjetivos para progressão de regime, como o bom
da pena cional.
comportamento carcerário, atestado pelo Diretor do Presí-
dio. Podendo ainda o juiz da execução da pena determinar

Noções de Legislação Penal Especial


a realização de exame criminológico, tanto para os casos de Quanto à Substituição de Pena Privativa de Liberdade
progressão de regime em crime hediondo quanto para não por Restritiva de Direitos e Quanto ao Sursis, o que Diz a
hediondo. Súmula nº 439 – STJ. Lei dos Crimes Hediondos?
• Penas Restritivas de Direitos – São penas autônomas
Reincidência Específica em Crime Hediondo, o que é? e substituem as penas privativas de liberdade quando aten-
O criminoso que já foi condenado por um crime hedion- didos os requisitos do art. 44 do CP;
do/equiparado comete outro crime hediondo/equiparado • Suspensão Condicional da Pena – Sursis – A execução
será, para os efeitos da lei, considerado reincidente específico da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos,
em crime hediondo. poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde
que atendidos os requisitos especificados no art. 77 do CP.
Apelação em liberdade
É possível sim que o réu condenado por crime hediondo apele A Lei de Crimes Hediondos não fala a respeito do as-
em liberdade, a norma diz que em caso de sentença condenató- sunto, no entanto, com a alteração introduzida pela Lei
ria o juiz decidirá fundamentadamente se o réu poderá apelar nº11.464/2007, admitindo a progressão de regime, tornou-
em liberdade. Ou seja, a prisão cautelar, mesmo nos casos de -se possível a substituição da pena privativa de liberdade por
cometimento de crime hediondo, configura como exceção à restritiva de direito para crimes hediondos, nos termos do
regra da liberdade no ordenamento jurídico brasileiro. Em ra- Art. 44 do CP, já que o argumento para sua inadmissibilidade
zão do princípio da presunção de inocência, art. 5º, LVII, CF/88. se fundamentava no fato de a lei exigir o cumprimento da
pena em regime integralmente fechado. O mesmo vale para o
Prisão temporária e crimes hediondos sursis, desde que preenchidos os requisitos do art. 77 do CP.
A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei no 7.960, de Importante mencionar que a Lei de Drogas proíbe a con-
21 de dezembro de 1989, nos crimes hediondos ou equipa- versão da pena privativa de liberdade em restritiva de direito,

37
art. 44, caput e § 4º, do art. 33. No entanto, no ano de 2010 desprezando, menosprezando, desconsiderando a dignidade
o STF declarou como inconstitucionais tais dispositivos da da vítima enquanto mulher, como se as pessoas do sexo femi-
Lei de Drogas, naquilo que proíbe a substituição da privati- nino tivessem menos direitos do que as do sexo masculino.
va de liberdade em restritiva de direito, HC 97.256/RS. Tal
proibição, no entanto, persiste quanto à possibilidade de Feminicídio X Femicídio
sursis no caso de tráfico de drogas, também previsto pela • Femicídio significa praticar homicídio contra mulher
Lei nº 11.343/06, Informativo STF – 625, 1ª Turma. (matar mulher);
Em resumo... • Feminicídio significa praticar homicídio contra mulher
por “razões da condição de sexo feminino” (por razões
CRIME COMUM X CRIME HEDIONDO/EQUIPARADO de gênero).
CRIME HEDIONDO/
CRIME COMUM A nova Lei trata sobre feminicídio, ou seja, pune mais
EQUIPARADO
Em regra admite fiança. Não admite fiança. gravemente aquele que mata mulher por “razões da condi-
Admite Liberdade Provisória Admite Liberdade Provisória, ção de sexo feminino” (por razões de gênero). Não basta a
mediante fiança. mas não mediante fiança. vítima ser mulher.
Admite a concessão de anis- Não admite a concessão de
tia, graça e indulto. anistia, graça ou indulto. Sujeito ativo
Pode ser qualquer pessoa (trata-se de crime comum).
Prisão temporária por 5 dias, Prisão temporária por 30
O sujeito ativo do feminicídio normalmente é um homem,
prorrogável por mais 5. dias, prorrogável por mais
mas também pode ser mulher.
30.
Regime inicial fechado, se- Regime inicial fechado, aber- Sujeito passivo
miaberto ou aberto. to ou semiaberto.
Obrigatoriamente deve ser uma pessoa do sexo feminino
Admite a substituição da pri- Admite a substituição da pri- (criança, adulta, idosa, desde que do sexo feminino).
vativa de liberdade por res- vativa de liberdade por res- • Mulher que mata sua companheira homoafetiva: pode
tritiva de direito. (atendidos tritiva de direito (atendidos haver feminicídio se o crime foi por razões da condição
requisitos art. 44 do CP) requisitos art. 44 CP)
de sexo feminino.
Admite a concessão de sur- Admite a concessão de sur- • Homem que mata seu companheiro homoafetivo: não ha-
sis. sis, salvo p/ tráfico de dro- verá feminicídio porque a vítima deve ser do sexo femini-
gas.
no. Esse fato continua sendo, obviamente, homicídio.
O réu pode apelar em liber- O réu pode apelar em liber- Fonte: https://www.dizerodireito.com.br/2015/03/
dade, desde que a prisão dade, desde que a prisão comentarios-ao-tipo-penal-do.html
seja necessária. seja necessária.
Livramento Condicional Livramento Condicional II.II Homicídio praticado contra autoridade ou agente,
• Não reincidente: + 1/3 da • Não reincidente: + 2/3 da descrito nos arts. 142 e 144 CF, integrantes do sistema prisio-
pena pena nal e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da
• Reincidente: + ½ da pena • Reincidente: não poderá função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, compa-
ser concedido nheiro ou parente consanguíneo até o terceiro grau, em razão
Progressão de Regime Progressão de Regime dessa condição; (Incluído pela Lei nº 13.142/15, inciso VII).
• 1/6 da pena. • Primário: 2/5
• Reincidente (genérico/es- Atenção! Os crimes de homicídio simples, homicídio pri-
pecífico): 3/5 vilegiado ou homicídio qualificado – privilegiado não confi-
Associação criminosa, art. Associação criminosa na hi- guram crime de natureza hedionda. (STJ - HC 36317 / RJ).
Noções de Legislação Penal Especial

288 CP, pena: 1 a 3 anos. pótese qualificada pelo art.


8º da Lei de hediondos é de: • Lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129,
3 a 6 anos. § 2º CP) e lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3o
CP), quando praticadas contra autoridade ou agente descrito
Quais são os Crimes Hediondos Previstos pela Lei nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do
nº 8.072/1990? sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública,
no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra
I – Homicídio quando praticado em atividade típica de
grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até
(Art. 121, § 6º CP); terceiro grau, em razão dessa condição; (Incluído pela Lei
nº 13.142, de 2015);
II – Homicídio Qualificado (Art. 121, § 2º CP)
• Foram incluídos no rol das causas que qualificam o IV – Latrocínio, homicídio com objetivo de roubo, ou
homicídio, conforme art. 121, § 2º do CP: roubo seguido de morte (art. 157, § 3º, in fine CP);
Importante mencionar que o termo in fine resulta no fato
II.I Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104/2015), ca- de que só será considerado hediondo o roubo mediante vio-
racterizado como o homicídio contra a mulher por razões lência em sua forma prevista na parte final do parágrafo, ou
da condição de sexo feminino (inciso VI);
seja, quando houver resultado morte, sendo que, resultando
O que é feminicídio? tal violência em lesão corporal grave, não será considerado
crime hediondo;
Feminicídio é o homicídio doloso praticado contra a
mulher por “razões da condição de sexo feminino”, ou seja, V – Extorsão qualificada pela morte (Art. 158 § 2º CP);

38
VI – Extorsão mediante sequestro e na forma qualificada Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e
(art. 159, caput, e §§ 1o, 2o e 3o do CP); pagamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e qui-
Conforme a previsão legal, todas as formas de extorsão nhentos) dias-multa, sem prejuízo das penas previstas
mediante sequestro são consideradas hediondas, indepen- no art. 28.
dentemente da ocorrência de lesão grave ou morte da vítima.
Tráfico Privilegiado é Crime Hediondo?
VII – Estupro (art. 213, caput e §§ 1º e 2º do CP); Ocorre que o Art. 33 da Lei de Drogas prevê causa de
Assim como ocorre com a extorsão mediante sequestro, redução de pena em seu § 4º, que diz:
conforme a previsão legal, quaisquer formas de estupro são
consideradas como crime hediondo. § 4o Nos delitos definidos no caput e no § 1o deste
artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto
VIII – Estupro de vulnerável (art. 217 – A, caput e §§ 1º, a dois terços, desde que o agente seja primário, de
2º, 3º e 4º do CP); bons antecedentes, não se dedique às atividades cri-
minosas nem integre organização criminosa.
IX – Epidemia qualificada pelo resultado morte (art. 267,
§1º CP); Considerando o dispositivo, vamos exemplificar...
Donna foi condenada por crime de tráfico de drogas nos
X – Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de termos do Art. 33, caput, da Lei nº 11.343/2006, durante a
produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art. dosimetria da pena o juiz aplicou a pena mínima de 5 anos e,
273, caput e § 1o, § 1o-A e § 1o-B do CP); ao verificar que Donna é ré primária, de bons antecedentes,
não se dedica às atividades criminosas e não integra organi-
XI – Favorecimento da prostituição ou outra forma de zação criminosa, aplicou, ainda, a redução máxima de 2/3 da
exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulne- pena, sendo assim, Donna deverá cumprir pena de 1 ano e 8
rável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º); meses, para a qual é cabível a substituição por pena restritiva
de direito, nos termos do art. 44 do CP. Diante do caso, pode
XII – O crime de genocídio previsto nos arts. 1º, 2º e o Juiz aplicar a substituição da pena privativa de liberdade por
3º da Lei nº 2.889, de 1o de outubro de 1956; restritiva de direito e considerar hipótese de tipo de tráfico
privilegiado? Sendo que, ao considerar a aplicação da causa
XIII – O crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de diminuição da pena como tipo de tráfico privilegiado,
de uso restrito, previsto no art. 16 da Lei no 10.826, de 22 restaria afastada a hediondez equiparada, estabelecida para
de dezembro de 2003; o crime de tráfico de drogas, nos moldes do que ocorre com
o homicídio qualificado-privilegiado.
A Lei nº 13.497/2017 alterou a redação do parágrafo Em 2014 foi editada pelo STJ a Súmula nº 512 sobre o
único do art. 1º da Lei nº 8.072/1990, que passou a con- assunto: A aplicação da causa de diminuição de pena prevista
siderar como crime hediondo o delito de posse ou porte no art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006 não afasta a hediondez
ilegal de arma de fogo de uso restrito, previsto no art. 16 do crime de tráfico de drogas.
do Estatuto do Desarmamento. No entanto, tal entendimento foi superado pelo STF, que
As armas de uso restrito estão previstas no art. 16 do passou a considerar o tipo de tráfico privilegiado, afastando a
anexo do Decreto nº 3.665/2000. São exemplos: armas, mu- hediondez equiparada e consequentes vedações especifica-
nições, acessórios e equipamentos iguais ou que possuam das pela lei de crimes hediondos. STF. Plenário. HC 118533,
alguma característica do material bélico usado pelas Forças Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 23/06/2016.
Armadas nacionais; calibres .357 Magnum, 9 Luger, .38 Super
Auto, .40 S&W, .44 SPL, .44 Magnum, .45 Colt e .45 Auto; • Tortura (Lei nº 9.455/1997)

Noções de Legislação Penal Especial


armas de fogo automáticas de qualquer calibre. O art. 1º da lei de tortura descreve a conduta que pelas
Prevalece o entendimento de que tanto o caput como normas mencionadas é reconhecida como hediondez equi-
o parágrafo único do art. 16 da Lei nº 10.826/2003 são he- parada.
diondos.
Art. 1º Constitui crime de tortura:
Sobre os Crimes Equiparados a Hediondos I – constranger alguém com emprego de violência
ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou
Tráfico de Drogas (Lei nº 11.343/2006) mental:
Atente-se para o fato de que a Lei de Crimes hediondos a) com o fim de obter informação, declaração ou
estabelece que apenas o tráfico de drogas é equiparado a confissão da vítima ou de terceira pessoa;
hediondo (Art. 33, caput e § 1º), não sendo, portanto, todos b) para provocar ação ou omissão de natureza cri-
os crimes previstos pela Lei de Drogas equiparados a hedion- minosa;
dos, a exemplo dos §§ 2º e 3º do art. 33: c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
II – submeter alguém, sob sua guarda, poder ou auto-
§ 2o Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso in- ridade, com emprego de violência ou grave ameaça,
devido de droga:      a intenso sofrimento físico ou mental, como forma
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter pre-
de 100 (cem) a 300 (trezentos) dias-multa. ventivo.
§ 3o Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo Pena – reclusão, de dois a oito anos.
de lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa
a consumirem: presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento

39
físico ou mental, por intermédio da prática de ato não pelo art. 1º e lembrando que caso o condenado/investigado
previsto em lei ou não resultante de medida legal. se negue a permitir a coleta do material biológico, tal condu-
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, ta não acarretará qualquer prejuízo para ele, uma vez que,
quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, in- estará no exercício do direito constitucional de não produzir
corre na pena de detenção de um a quatro anos. prova contra si mesmo.

O destaque vai para a tortura por omissão, prevista no § Ravan Leão


2º do artigo, que não é considerado crime equiparado a he-
diondo em virtude da sua pena. Há para esses casos, ainda, a ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
possibilidade de concessão de liberdade provisória mediante
fiança, que será arbitrada pelo delegado (art. 322 do CPP). – LEI Nº 8.069/1990

Terrorismo Introdução
O delito está tipificado no artigo 20 da Lei nº 7.170/1983
- Lei de Segurança Nacional e visa à proteção da integridade Do Tratado Internacional de Direitos Humanos Sobre a
nacional, da Soberania Nacional, do regime representativo e Criança (qualquer pessoa com menos de 18 anos, segundo
democrático, da Federação, do Estado de Direito e da pessoa o art. 1º da Convenção dos Direitos da Criança) norma com
dos chefes da União. valor supra legal - STF.
O Decreto nº 99.710 de 21 de novembro de 1990 pro-
Associação Criminosa mulga a Convenção sobre os Direitos da Criança e define
O CP estabelece: Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais em seu art. 1º que criança é toda pessoa com menos de
pessoas, para o fim específico de cometer crimes:     
18 anos.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
A Lei Federal nº 8.069/1990 em suas Disposições Gerais,
No entanto, a Lei nº 8.072/1990 previu, em seu art. 8º
caput, que se os crimes a que se destina cometer a associa- arts. 1º ao 6º:
ção criminosa forem de natureza hedionda, então a pena • Doutrinas utilizadas no ECA: Proteção Integral X Situ-
será mais dura. ação Irregular – a primeira (atenção voltada a todas
crianças e adolescentes) é implícita no art. 227 CF e
Art. 8º Será de três a seis anos de reclusão a pena expressa art. 1º do ECA. E a segunda (atenção voltada
prevista no art. 288 do Código Penal, quando se tratar somente a crianças e adolescentes abandonados, víti-
de crimes hediondos, prática da tortura, tráfico ilícito mas de violência, moralmente abandonados e autores
de entorpecentes e drogas afins ou terrorismo. de infração penal) é expressamente prevista no Código
de Menores de 1979.
Dessa forma, embora o crime de associação criminosa • Definições: criança – menor de 12 anos; adolescente –
não seja hediondo ou equiparado, a Lei de Crimes Hediondos igual ou maior de 12 anos e menor de 18 anos; jovem
estabeleceu causa que qualifica essa conduta em seu art. 8º. adulto (termo doutrinário) – igual ou maior de 18 anos
e com menos de 21 anos.
Delação Premiada • Usufruto de todos direitos fundamentais, buscando
O mesmo art. 8º que estabelece uma qualificadora para
o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e
o crime de associação criminosa, prevê pelo parágrafo único
social garantida a liberdade e a dignidade.
causa de redução de pena, na hipótese de delação premiada
• Entes responsáveis por garantir a absoluta priorida-
que leve ao desmantelamento da associação criminosa. Ou
seja, é indispensável que haja o efetivo desmantelamento de no exercício dos direitos: VIDA, ALIMENTAÇÃO, LI-
Noções de Legislação Penal Especial

da associação criminosa para incidência da causa que di- BERDADE, LAZER, EDUCACÃO, PROFISSIONALIZAÇÃO,
minui a pena. ESPORTE, SAÚDE, CULTURA, (A) COMPLEMENTAÇÃO,
RESPEITO – CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA
Art. 8º, parágrafo único. O participante e o associado e DIGNIDADE (Mnemônico da professora Fernanda
que denunciar à autoridade o bando ou quadrilha, Gama: VALLE PESCAR CD). Tal garantia de prioridade
possibilitando seu desmantelamento, terá a pena está ligada a primazia no socorro em qualquer situação;
reduzida de um a dois terços. precedência no atendimento nos serviços públicos e
ou relevância pública. Ex.: hospitais ou filas de bancos
Identificação do Perfil Genético privados. Preferência no que tange às políticas públi-
A Lei n° 12.654/2012, que trata da coleta de material bio- cas e destinação privilegiada de recursos públicos para
lógico do investigado ou condenado, acrescentou o art. 9º-A a proteção à infância e juventude (art. 4º, parágrafo
à Lei de Execuções Penais, prevendo que os condenados por único).
crime praticado, dolosamente, com violência de natureza • Proibição de tratamento negligente, cruel, opressor,
grave contra pessoa, ou por qualquer dos crimes previstos
violento, surgindo aqui um mandamento legislativo
no art. 1º da Lei no 8.072/1990, serão submetidos, obri-
quanto a punição em lei quanto a conduta ativa ou
gatoriamente, à identificação do perfil genético, mediante
omissiva que viole tais direitos.
extração de DNA - ácido desoxirribonucleico, por técnica
adequada e indolor, a qual será armazenada em banco de • Método de interpretação do ECA: segue, segundo o
dados sigiloso. Tal dispositivo não se aplica aos hediondos promotor Guilherme Freire, o método teleológico, que
por equiparação, considerando que fala dos crimes elencados busca o fim da a norma e se destina ao da proteção

40
integral, então a lei manda levar em conta na sua apli- Diferenciação Jurídica entre os Termos do Direito Penal
cação para fins sociais. Cuidado: não é fim político, X ECA
literal, jurídico ou sociológico ou simbólico (art. 6).
• O ECA possui natureza principiológica. ECA
• Princípios constitucionais e positivados também no
ECA: Proteção Integral – implícito no art. 227 e expres- Criança: pessoa com menos
so no art. 3º do ECA. de 12 anos.
• Expressos em absoluta prioridade e brevidade, ex- Adolescente: pessoa de 12
cepcionalidade e respeito à condição peculiar de anos até antes de completar
LEIS PENAIS
pessoa em desenvolvimento, quando da aplicação 18 anos.
Jovem Adulto: pessoas com
de qualquer medida privativa da liberdade (art. 227, Adulto: pessoa com mais
18 e menos de 21 anos que
§ 3º, Inciso V). de 18 anos de idade.
cumprem medidas socioe-
• Outros princípios trazidos pela Lei nº 12.010/2009 na
ducativas por terem come-
1ª reforma sobre adoção (cabe ressaltar que em 2017 tido atos infracionais quando
ocorreu uma 2ª reforma feita pela Lei nº 13.509): adolescentes, ou seja, quan-
− Princípio da prevenção geral: é dever do Estado as- do tinham mais 12 anos e
segurar à criança e ao adolescente as necessidades menos de 18 anos.
básicas para seu pleno desenvolvimento (art. 54, I a 1. Crime e contravenção ATO INFRACIONAL
VIII) e prevenir a ocorrência de ameaça ou violação FLAGRANTE DE ATO INFRA-
desses direitos (art. 70). 2. Flagrante delito
CIONAL
− Princípio da prevenção especial: o Poder Público re- MANDADO DE BUSCA E
gulará, através de órgãos competentes, as diversões 3. Mandado de prisão
APREENSÃO
e espetáculos públicos (art. 74). MENOR DE 18 ANOS APRE-
− Princípio de atendimento integral: o menor tem 4. Maior de (18 anos) preso
ENDIDO
direito a atendimento total e irrestrito (vida, saúde, 5. Prisão provisória/preven-
educação, esporte, lazer, profissionalização etc.) ne- INTERNAÇÃO PROVISÓRIA
tiva ou temporária
cessários ao seu desenvolvimento (arts. 3º, 4º e 7º, ATRIBUIÇÃO DE ATO INFRA-
do ECA). 6. Imputação de crime
CIONAL
− Princípio da garantia prioritária: tem a primazia de MEDIDAS SOCIOEDUCATI-
receber proteção e socorro em quaisquer circuns- 7. Pena
VAS E OU PROTETIVAS
tâncias, assim como formulação e execução das 8. Inicial acusatória de Peça inicial de atribuição
políticas, sociais, públicas e destinação privilegiada imputação de crime- De- REPRESENTAÇÃO
de recursos públicos nas áreas relacionadas com a núncia
proteção à infância e à juventude (art. 4º, a, b, c, d). 9. Réu-acusado REPRESENTADO
− Princípio da proteção estatal: visa a sua formação AUDIÊNCIA DE APRESENTA-
biopsíquica, social, familiar e comunitária, através 10. Interrogatório
ÇÃO
de programas de desenvolvimento (art. 101). 11. Sumário de acusação e AUDIÊNCIA EM CONTINU-
− Princípio da prevalência dos interesses infanto-ju- de defesa AÇÃO
venis: na interpretação do estatuto, levar-se-ão em 12. Condenado SENTENCIADO

Noções de Legislação Penal Especial


conta os fins sociais a que ele se dirige, as exigências 13. REEDUCANDO SOCIOEDUCANDO
do bem comum, os direitos e deveres individuais
e coletivos, e sua condição peculiar de pessoa em Súmulas Envolvendo ECA – STJ E STF
desenvolvimento (art. 6º).
− Princípio da indisponibilidade dos direitos infanto- 1. Súmula nº 265: é necessária a oitiva do menor infrator
-juvenis: o reconhecimento do estado de filiação é antes de decretar-se a regressão da medida socioedu-
cativa.
direito personalíssimo, indisponível e imprescritível,
podendo ser exercido contra os pais ou seus herdei- 2. Súmula nº 338: a prescrição penal é aplicável nas me-
ros, sem qualquer restrição, observado o segredo de didas socioeducativas.
justiça (art. 27). 3. Súmula nº 342: no procedimento para aplicação de
− Princípio da sigilosidade: é vedada a divulgação de medida socioeducativa, é nula a desistência de outras
atos judiciais, policiais e administrativos que digam provas em face da confissão do adolescente.
respeito a crianças e adolescentes a que se atribua 4. Súmula nº 383: a competência para processar e julgar
autoria de ato infracional. as ações conexas de interesse de menor é, em princípio,
do foro do domicílio do detentor de sua guarda.
− Princípio da gratuidade: é garantido o acesso a toda
criança e adolescente à Defensoria Pública, ao Minis- 5. Súmula nº 492: o ato infracional análogo ao tráfico de
tério Público e ao Poder Judiciário, por quaisquer de drogas por si só não conduz obrigatoriamente à im-
posição de medida socioeducativa de internação do
seus órgãos, sendo a assistência judiciária gratuita adolescente.
prestada.

41
6. Súmula nº 500: a configuração do crime do art. 244-B coleta de leite humano (art. 9º, § 2º, Incluído pela Lei nº
do ECA independe da prova da efetiva corrupção do 13.257, de 2016).
menor, por se tratar de delito formal.
Da Obrigação das Instituições de Saúde
7. Súmula nº 108 do STF: a aplicação de medidas socioedu-
cativas ao adolescente, pela prática de ato infracional,
Os hospitais e demais estabelecimentos, públicos e par-
é da competência exclusiva do juiz.
ticulares, são obrigados a (art. 10):
8. Súmula Vinculante nº 11: só é lícito o uso de algemas em • manter registro nos prontuários individuais pelo prazo
casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de de dezoito anos;
perigo à integridade física própria ou alheia, por parte • identificar o recém-nascido pela impressão plantar e
do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade digital e a mãe pela impressão digital;
por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar,
• realizar exames visando o diagnóstico terapêutico de
civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade
da prisão ou do ato processual a que se refere, sem anormalidades no metabolismo e fornecer declaração
prejuízo da responsabilidade. de nascimento e intercorrências do parto;
• manter alojamento conjunto, possibilitando ao neo-
nato a permanência junto à mãe (art. 10).
Direitos Fundamentais (Arts. 7 ao 14)
Atenção! Esta obrigação é muito citada nos crimes e nas
Do Direito à Vida e à Saúde
infrações administrativas.
Alterações da Lei nº 13.257/2016):
• a criança e o adolescente com deficiência serão aten-
• Atualmente a norma remete a todas a mulheres o
didos, sem discriminação ou segregação, em suas ne-
direito a políticas de saúde da mulher, planejamento
cessidades gerais de saúde e específicas de habilitação
reprodutivo, nutrição adequada, atenção humanizada e reabilitação;
à gravidez, parto, puerpério, pré-natal, pós natal, via • incumbe ao poder público fornecer gratuitamente,
SUS. Antes somente a gestante era citada no artigo àqueles que necessitarem medicamentos, órteses,
(art. 8). próteses e outras tecnologias (§§ 1º, 2º);
• Hoje em dia o atendimento pré-natal é realizado por • os estabelecimentos de atendimento à saúde, inclu-
equipe da atenção primária, pois antes era preferí- sive as unidades neonatais, de terapia intensiva e de
vel que o médico do pré-natal fizesse o parto (§ 1º). cuidados intermediários, deverão proporcionar con-
Atenção! Há um prazo pra garantir a vinculação ao dições para a permanência em tempo integral de um
estabelecimento onde ocorrerá o parto, podendo a dos pais ou responsável, nos casos de internação de
mulher optar no último trimestre da gravidez (§ 2º) e, criança ou adolescente (art. 12);
ainda, haverá um uma alta responsável com contrar- • os casos de suspeita ou confirmação de castigo físico,
referência junto a atenção primária. de tratamento cruel ou degradante e de maus-tratos
• Assistência psicológica a gestante ou a mãe, no período contra criança ou adolescente serão obrigatoriamente
pré-natal e pós-natal, buscando evitar problemas no comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva loca-
estado puerperal, por exemplo, para evitar casos de lidade, sem prejuízo de outras providências legais (§
depressão pós-parto, bem como a mãe que deseje 1º);
entregar seu filho para adoção. • as gestantes ou mães que manifestem interesse em
• A gestante ou a parturiente tem direito a escolher um entregar seus filhos para adoção serão obrigatoria-
acompanhante, lembrando que o poder da escolha é mente encaminhadas, sem constrangimento, à Justiça
dela (§ 6º).
Noções de Legislação Penal Especial

da Infância e da Juventude (art. 13, incluído pela Lei


• Parto humanizado e fixação da cesariana dependerá nº 13.257, de 2016);
de motivos médicos (§ 8º). A lei trata da busca ativa, • obrigatoriedade da vacinação recomendada pelas
ou seja, o dever por parte do sistema de saúde de ir autoridades sanitárias (art. 14, § 1º).
atrás da gestante que não iniciar o pré-natal ou que
abandoná-lo. Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade
• Mãe privadas de liberdade que tenham seus filhos na
primeira infância terão direito a um ambiente saudá- O direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como
vel, via normas do SUS, para contato com seus filhos pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como
na primeira infância, definida na Lei nº 13.257/2016. sujeitos de direitos civis, humanos e sociais são garantidos
“Art. 2º Para os efeitos desta Lei, considera-se primeira na Constituição e nas leis (art. 15).
infância o período que abrange os primeiros 6 (seis) O direito à liberdade, previsto no art. 16, consiste em:
anos completos ou 72 (setenta e dois) meses de vida • ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços co-
da criança” ( § 10, art. 8º). munitários, ressalvadas as restrições legais;
• O poder público, as instituições e os empregadores • opinião e expressão;
devem dispor um local para aleitamento materno, • crença e culto religioso;
inclusive aos filhos de mães submetidas à medida • brincar, praticar esportes e divertir-se;
privativa de liberdade (art. 9º). • participar da vida familiar e comunitária, sem discri-
minação;
Os serviços de unidades de terapia intensiva neonatal • participar da vida política, na forma da lei;
deverão dispor de banco de leite humano ou unidade de • buscar refúgio, auxílio e orientação.

42
Muita atenção neste tópico, pois as bancas examina- O órgão de aplicação das medidas administrativas advin-
doras trocam o título desses direitos a fim de confundir o das da Lei da Palmada é o Conselho Tutelar, sem prejuízo
candidato. de outras providências legais, penal e cível. (Parágrafo único,
O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da inte- incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
gridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente,
abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer
autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos espaços e ob-
jetos pessoais (art. 17). Este direito visa o pleno desenvolvimento da criança e
adolescente, preparo para o exercício da cidadania e qua-
Lei da Palmada ou Menino Bernardo (Termos Doutri- lificação para o trabalho, assegurando-se a eles (art. 53):
nários) • igualdade de condições para o acesso e permanência
Tal dispositivo não criminaliza, apenas denota qual san- na escola;
ção jurídico-administrativa deve ser dada sem dispensar as • direito de ser respeitado por seus educadores;
sanções penais e civis. • direito de contestar critérios avaliativos, podendo
recorrer às instâncias escolares superiores;
• É dever de todos velar pela dignidade, pondo-os a • direito de organização e participação em entidades
salvo de qualquer tratamento desumano, violento, estudantis (incisos I ao V);
aterrorizante, vexatório ou constrangedor (art. 18). • acesso à escola pública e gratuita próxima de sua resi-
• Direito de serem educados e cuidados sem o uso de dência (princípio do georreferenciamento estudantil).
castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante,
como formas de correção, disciplina, educação ou É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do pro-
qualquer outro pretexto. Os sujeitos ativos de prote- cesso pedagógico, bem como participar da definição das
ção também são chamados, na doutrina, de garantes, propostas educacionais (parágrafo único, art. 53).
que podem ser os pais, integrantes da família am- É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente
pliada, responsáveis, agentes públicos executores de (art. 54, incisos I ao VII):
medidas socioeducativas ou qualquer pessoa encar- • ensino fundamental obrigatório e gratuito, inclusive
regada de cuidar, tratar, educar ou proteger a criança para os que a ele não tiveram acesso na idade própria;
ou adolescente (art. 18-A, incluído pela Lei nº 13.010, • progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade
de 2014). ao ensino médio;
• atendimento em creche e pré-escola às crianças de
zero a cinco anos de idade; acesso aos níveis mais
Definições trazidas pela Lei da Palmada:
elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística,
Para os fins desta Lei surgem as definições de:
segundo a capacidade de cada um;
• Castigo físico: ação de natureza disciplinar ou punitiva
• oferta de ensino noturno regular, adequado às condi-
aplicada com o uso da força física que resulte em:
ções do adolescente trabalhador;
− sofrimento físico; ou
• atendimento no ensino fundamental, através de pro-
− lesão.
gramas suplementares de material didático-escolar,
• Tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma
transporte, alimentação e assistência à saúde;
cruel de tratamento em relação à criança ou ao ado-
• o acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito pú-
lescente que:
blico subjetivo (art. 54, § 1º);
− humilhe; • o não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder
− ameace gravemente; ou público ou sua oferta irregular importa responsabili-
− ridicularize. dade da autoridade competente;

Noções de Legislação Penal Especial


• Os sujeitos ativos das violações e passivos quanto • os pais ou responsável têm a obrigação de matricular
ao recebimento das sanções jurídico-administrativas seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino (art. 55.)
(art. 18-B) são: os pais, os integrantes da família am-
pliada, os responsáveis, os agentes públicos executores Atenção! Os dirigentes de estabelecimentos de ensi-
de medidas socioeducativas ou qualquer pessoa en- no fundamental devem comunicar ao Conselho Tutelar os
carregada de cuidar da criança ou adolescente, sem casos de:
prejuízo de outras sanções cabíveis. • maus-tratos envolvendo seus alunos;
• reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar,
As medidas que podem ser aplicadas a esses sujeitos, esgotados os recursos escolares;
de acordo com a gravidade do caso são: • elevados níveis de repetência (art. 56).
• Sanções:
− encaminhamento a programa oficial ou comunitário Dos Produtos e Serviços
de proteção à família;
− encaminhamento a tratamento psicológico ou psi- Às crianças e aos adolescentes é proibida a venda de:
quiátrico; • armas, munições e explosivos (Estatuto do Desarma-
− encaminhamento a cursos ou programas de orien- mento);
tação; • bebidas alcoólicas (art. 242, crime);
− obrigação de encaminhar a criança a tratamento • produtos cujos componentes possam causar depen-
especializado; dência física ou psíquica ainda que por utilização in-
− advertência. devida;

43
• fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles que sem ao fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários
pelo seu reduzido potencial sejam incapazes de provo- (arts. 99 e 100).
car qualquer dano físico em caso de utilização indevida;
• revistas e publicações a que alude o art. 78; Medidas Específicas de Proteção (Art. 101 )
• bilhetes lotéricos e equivalentes (art. 81).
A aplicação de medidas específicas de proteção pelo
Também há a proibição de hospedagem em hotel, mo- Conselho Tutelar ocorre conforme o art. 101, incisos I ao VII,
tel, pensão ou estabelecimento congênere, salvo se autori- letra de lei (art. 136, I), porém, a doutrina e a jurisprudência,
zado ou acompanhado pelos pais ou responsável. analisando o art. 101, inciso VI, denota ao Conselho Tutelar
a aplicação das medidas previstas dos incisos I a VI do art.
Cuidado! Algumas questões podem denotar que essa 101, quando estabelecida pelo Juiz da Infância, ou seja, a
autorização requer documento registrado em cartório. Tal aplicação das medidas protetivas dos incisos I ao VI, assim,
afirmativa torna a questão errada. ficam excluídas as: de colocação em acolhimento institucio-
nal ou familiar, bem como a medida de colocação em família
Da Autorização para Viajar substituta (guarda, tutela e adoção).
São exclusivas do Juiz da Infância as medidas contidas
À criança é vedada a viagem além dos limites da comar- no art. 101, incisos VII, VIII e IX.
ca onde reside sem expressa autorização judicial, salvo se
estiver na companhia dos pais ou responsável. Momento de Aplicação
Circunstância de Inexigibilidade da Autorização:
• tratar-se de comarca contígua à da residência da crian- Constatadas quaisquer hipóteses do art. 98, a autoridade
ça, se na mesma unidade da Federação, ou incluída na competente poderá determinar, dentre outras, as seguintes
mesma região metropolitana; medidas:
• se a criança estiver acompanhada: • encaminhamento aos pais ou responsável, mediante
− de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, termo de responsabilidade;
comprovado documentalmente o parentesco; • orientação, apoio e acompanhamento temporários;
− de pessoa maior de idade, expressamente autoriza- • matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimen-
da pelo pai, mãe ou responsável. O juiz pode con- to oficial de ensino fundamental;
ceder a pedido dos pais ou responsável autorização • inclusão em serviços e programas oficiais ou comuni-
válida por dois anos (art. 83, §§ 1º, 2º). tários de proteção, apoio e promoção da família, da
criança e do adolescente;
Viagem ao Exterior • requisição de tratamento médico, psicológico ou psi-
A autorização é dispensável se a criança: quiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial;
• estiver acompanhada de ambos os pais ou responsável; • inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio,
• viajar na companhia de um dos pais, autorizada ex- orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
pressamente pelo outro através de documento com • acolhimento institucional;
firma reconhecida. (Muita atenção neste tópico, pois • inclusão em programa de acolhimento familiar;
as bancas retiram a necessidade de firma reconhecida, • colocação em família substituta.
o que torna a questão errada).
Do Direito à Profissionalização e à Proteção no Trabalho
Sem prévia e expressa autorização judicial, nenhuma
criança ou adolescente nascido em território nacional po- É proibido qualquer trabalho a menores de quatorze
derá sair do país em companhia de estrangeiro residente ou anos de idade, salvo na condição de aprendiz (art. 60).
Noções de Legislação Penal Especial

domiciliado no exterior (art. 84). Definição de Aprendizagem

Das Medidas de Proteção – Disposições Gerais É a formação técnico-profissional ministrada segundo as


diretrizes e bases da legislação de educação em vigor (art.
As medidas de proteção (art. 101) têm como órgãos 62) e segue os seguintes princípios:
aplicadores: • garantia de acesso e frequência obrigatória ao ensino
• Conselho Tutelar (art. 101, incisos I ao VII); e regular;
• Juiz da Infância (art. 101, incisos I ao X). • atividade compatível com o desenvolvimento do ado-
lescente;
As medidas de proteção ocorrem diante de direitos ame- • horário especial para o exercício das atividades.
açados ou violados:
• por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; Serão assegurados:
• por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável; • Bolsa de aprendizagem (art. 64) ao adolescente até
• em razão de sua conduta. quatorze anos de idade (este ponto encontra-se ex-
presso no ECA, porém foi tacitamente revogado pela
Das Medidas Específicas de Proteção (Art. 99) Emenda Constitucional nº 20, que altera o artigo 7º
dispondo:
Podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem
como substituídas a qualquer tempo. Levar-se-ão em conta XXXIII – proibição de trabalho noturno, perigoso
as necessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas que vi- ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer

44
trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na • Visitação a mãe e pai privado de liberdade (§ 4º ):
condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; este direito dar-se-á por meio de visitas periódicas
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, promovidas pelo responsável ou, nas hipóteses de
de 1998) acolhimento institucional, pela entidade responsável,
independentemente de autorização judicial (mudança
• Direitos trabalhistas e previdenciários ao adolescente ocorrida em 2014).
aprendiz, maior de quatorze anos (art. 65); • É garantida a convivência integral entre a mãe ado-
• Trabalho protegido ao adolescente portador de defi- lescente acolhida e seu filho. A mãe adolescente será
ciência (art. 66); assistida por equipe especializada multidisciplinar (§§
5º, 6º).
Da Vedação de Trabalho (Art. 67, incisos I,II,III e IV) • Ocorrerá encaminhamento da gestante ou mãe à Jus-
tiça da Infância em caso de entrega da criança, antes
Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime familiar ou logo após o nascimento, para adoção (art. 19-A,
de trabalho, aluno de escola técnica, assistido em entidade incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
governamental ou não-governamental, é vedado trabalho: • Oitiva por equipe interprofissional da Justiça da In-
• noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um fância e da Juventude: esta apresentará a relatório
dia e as cinco horas do dia seguinte; à autoridade judiciária, considerando, inclusive, os
• perigoso, insalubre ou penoso; eventuais efeitos do estado gestacional e puerperal.
• realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social; • Encaminhamento mediante sua expressa concordância
• realizado em horários e locais que não permitam a ao SUS e SUAS – de posse do relatório, a autoridade
frequência à escola. judiciária poderá determinar atendimento especiali-
zado.
Do Direito à Convivência Familiar e Comunitária • Prazo de busca à família extensa: definida nos termos
do parágrafo único, do art. 25 desta Lei, respeitará o
É direito da criança e do adolescente ser criado e edu- prazo máximo de 90 (noventa) dias, prorrogável por
cado no seio de sua família e, excepcionalmente, em família igual período (§ 3º, incluído pela Lei nº 13.509, de
substituta, (por meio de guarda, tutela ou adoção – Mnemô- 2017).
nico: GTA) em ambiente que garanta seu desenvolvimento • Haverá a decretação de extinção do poder familiar e
integral, segundo o art. 19, com alteração dada pela Lei nº colocação em família substituta (guarda provisória)
13.257, de 2016, pois foi retirada a expressão: livre da presen- por não existência de genitor e família extensa apta
ça de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes. a receber a guarda (§ 4º). Terá a guarda provisória
• Toda criança ou adolescente que estiver inserido em a pessoa ou casal habilitado a adotar a criança ou
programa de acolhimento familiar ou institucional adolescente ou entidade que desenvolva programa de
terá sua situação reavaliada, no máximo, a cada 3 acolhimento familiar ou institucional. (Incluído pela
(três) meses. Lei nº 13.509, de 2017)
• Manifestação da vontade de entregar para adoção
Atenção! Antes o prazo era de 6 meses, porém foi alte- após o nascimento da criança (§ 5º): a mãe ou ambos
rado pela Lei nº 13.509, de 2017. os genitores, se houver pai registral ou pai indicado,
deverão manifestar em audiência a que se refere o
• Cabe a autoridade judiciária competente, com base § 1º do art. 166 desta Lei, garantido o sigilo sobre a
em relatório elaborado por equipe interprofissional entrega. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
ou multidisciplinar, decidir de forma fundamentada • Não comparecimento do genitor ou família extensa

Noções de Legislação Penal Especial


pela possibilidade de reintegração familiar ou pela na audiência de manifestação da vontade de entregar
colocação em família substituta, em quaisquer das para adoção (§ 6º ): gera suspenção do poder familiar
modalidades previstas no art. 28 desta Lei (§ 1º ). da mãe, e a criança será colocada sob a guarda provi-
sória de quem esteja habilitado a adotá-la, lembrando
Do Prazo de Permanência do Acolhido que esta decisão é da autoridade judiciária. (Incluído
pela Lei nº 13.509, de 2017)
• Em se tratando de programa de acolhimento insti- • Prazo para propositura de ação de adoção por quem
tucional, o prazo não se prolongará por mais de 18 detém a guarda (§ 7º ): este prazo será de 15 (quinze)
(dezoito meses), salvo comprovada necessidade que dias, contados a partir do dia seguinte à data do tér-
atenda ao seu superior interesse, devidamente funda- mino do estágio de convivência. (Incluído pela Lei nº
mentada pela autoridade judiciária. Cuidado! O prazo 13.509, de 2017)
antes era de 2 (dois) anos. (Alteração dada pela Lei nº • Da desistência de entregar para adoção (§ 8º ): se após
13.509, de 2017) o nascimento da criança os genitores manifestarem
• Ato de manutenção ou reintegração: a família tem pre- a negativa em audiência ou perante a equipe inter-
ferência em relação a qualquer outra providência, caso profissional, eles permanecerão com a criança e será
em que esta será incluída em serviços e programas de determinado pela Justiça da Infância e da Juventude o
proteção, apoio e promoção, nos termos do § 1º do acompanhamento familiar pelo prazo de 180 (cento
art. 23, dos incisos I e IV do caput do art. 101 e dos e oitenta) dias. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
incisos I a IV do caput do art. 129 desta Lei. (Redação • Garantia de sigilo sobre o nascimento (§ 9º): esta ga-
dada pela Lei nº 13.257, de 2016) rantia respeita o disposto no art. 48 desta Lei. Este

45
artigo trata do direito do adotando saber sua origem mos direitos e qualificações, proibidas quaisquer de-
biológica após os 18 anos de idade. (Incluído pela Lei signações discriminatórias relativas à filiação.
nº 13.509, de 2017) • Igualdade de condições entre o pai e a mãe para exer-
• Prazo para que um recém-nascido seja cadastrado cício do poder familiar (art. 21): ao pai e a mãe, na
para adoção (§ 10): se não for procurado por sua fa- forma do que dispuser a legislação civil, é assegurado
mília no prazo de 30 (trinta) dias contados a partir do a qualquer deles o direito de, em caso de discordân-
dia do acolhimento, o recém-nascido será cadastrado cia, recorrer à autoridade judiciária competente para
para adoção. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) a solução da divergência.
• Programa de apadrinhamento (art. 19-B): se destina a • Do dever de sustento, guarda e educação do filhos
crianças e adolescentes sob acolhimento institucional menores (art. 22): este dever compete aos pais, ca-
ou familiar (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017). bendo-lhes, ainda, no interesse destes, a obrigação de
• Definição de apadrinhamento (§ 1º): consiste em cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais.
estabelecer e proporcionar aos apadrinhados ou afi- • Do Cuidado Compartilhado X Guarda Compartilhada
lhados, vínculos externos à instituição para fins de (Código Civil): São institutos distintos, pois a mãe e o
convivência familiar e comunitária e colaboração com pai, ou os responsáveis, têm direitos iguais e deveres
o seu desenvolvimento nos aspectos social, moral, físi- e responsabilidades compartilhados no cuidado e na
co, cognitivo, educacional e financeiro. (Incluído pela educação da criança, devendo ser resguardado o direi-
Lei nº 13.509, de 2017) to de transmissão familiar de suas crenças e culturas,
• Requisitos para ser padrinho ou madrinha (§ 2º): assegurados os direitos da criança estabelecidos nesta
− pessoas maiores de 18 (dezoito) anos não inscritas Lei.
nos cadastros de adoção, desde que cumpram os • Falta ou carência de recursos materiais (art. 23): não
requisitos exigidos pelo programa de apadrinhamen- constitui motivo suficiente para a perda ou a suspen-
to de que fazem parte (Incluído pela Lei nº 13.509, são do poder familiar. Não existindo outro motivo que
de 2017); por si só autorize a decretação da medida, a criança ou
− pessoas jurídicas a fim de colaborar para o seu de- o adolescente será mantido em sua família de origem, a
senvolvimento (§ 3º, incluído pela Lei nº 13.509, de qual deverá obrigatoriamente ser incluído em serviços
2017). e programas oficiais de proteção, apoio e promoção
• Perfil do apadrinhado ou afilhado (§ 4º): será defini- (§ 1º).
do no âmbito de cada programa de apadrinhamento, • Condenação Criminal X Destituição do Poder Fami-
sendo a prioridade para aqueles com remota possibi- liar (§ 2º): ao pai ou a mãe condenados não implica a
lidade de reinserção familiar ou colocação em família destituição do poder familiar. Exceção: crime doloso
adotiva. Os programas ou serviços de apadrinhamen- punido com reclusão, contra o próprio filho ou filha.
to apoiados pela Justiça da Infância e da Juventude (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014)
poderão ser executados por órgãos públicos ou por • Perda e suspensão do poder familiar é de compe-
organizações da sociedade civil (§ 5º). tência da autoridade judiciária (art. 24): cabe proce-
• Caso de violação das regras do apadrinhamento (§ dimento contraditório nos casos previstos na legisla-
6º ): os responsáveis pelo programa e pelos serviços ção civil, bem como na hipótese de descumprimento
de acolhimento deverão imediatamente notificar a injustificado dos deveres e obrigações a que alude o
autoridade judiciária competente (Incluído pela Lei nº art. 22.
13.509, de 2017)
• Tratamento isonômico ao filhos (havidos ou não da Segue abaixo quadro comparativo quanto à guarda, tute-
relação do casamento ou por adoção): terão os mes- la e adoção nas lições do professor Guilherme Freire.

GUARDA TUTELA ADOÇÃO


Gera uma obrigação de uma prestação, Tem os mesmos deveres da guarda em Modo de aquisição do poder familiar
Noções de Legislação Penal Especial

material, moral e educacional (art. 33). prestar material, moral e educacional do (art. 41) tendo o adotado os mesmos
tutelado e também gera o dever de ad- direitos que os filhos naturais sem
ministrar o patrimônio do tutelado. (ECA, qualquer distinção. O adotante dever
art. 36, parágrafo único combinado com o ter mais de 18 anos de idade e ser 16
art. 1.740 e 1.741 do Código Civil). anos mais velho que o adotado.
Não gera perda ou suspensão do poder Gera necessariamente a perda ou sus- É necessária a perda do poder familiar
familiar (arts. 20, 21 do ECA) e art. 1.634 pensão do poder familiar, conforme o dos pais biológicos ou responsáveis do
do Código Civil). art. 36, parágrafo único do ECA. adotado e esse pedido deve estar ex-
presso na ação de adoção.
O guardião pode se opor aos pais (art. 33).
Destinada a regularizar a posse de fato Destinada a dar proteção à criança ou Destinada a gerar outra família ao filho
da criança e do adolescente. adolescente quanto aos seus bens, em adotado gerando vínculo de paternida-
caso de ausência, herança pelo faleci- de e maternidade, o que é irrevogável.
mento dos seus pais ou responsáveis ou
ainda pela perda do poder familiar destes.
Em regra, é deferida em processos de tu- É possível a guarda no transcurso do pro- É possível guarda em processo de ado-
tela ou adoção ou em pedido autônomo cesso de tutela (art. 33). ção, salvo no caso de adoção estran-
na falta dos pais ou responsáveis (art. geira.
33), salvo caso de adoção estrangeira.

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Na jurisprudência que prevalece no STF Inclui direitos previdenciários atendi- Goza de plenos direitos previdenciários
e STJ, que corroboram com a CF e o ECA, dos os requisitos previstos na Lei nº como um filho biológico.
dispõe sobre direitos previdenciários. 8.213/1991, art. 16.
Porém, há de modo minoritário quem
não admita direitos previdenciários
por haver uma legislação especial que
trata do tema (STJ). O art. 16 da Lei nº
8.213/1991 que trata do planos e be-
nefícios da previdência não arrolou o
adolescente ou criança sob guarda.
Revogável (art. 35). Revogável (CC, art. 1.764, III) Irrevogável (art. 39) na letra de lei, po-
rém há jurisprudência que permite tal
revogação quando prevalece o superior
interesse da criança ou adolescente.
Não há mudança de nome. Não há mudança de nome. O adotado recebe o sobrenome do
adotante e pode modificar o prenome
(art. 47).

Lei Federal nº 8.069/1990 - Disposições Gerais, Muita atenção no caso de ato infracional ser descrito
Arts. 1º ao 6º como crime permanente, ou seja, aquele que a flagrância
perpassa pelo tempo, pois será considerada a idade do autor
TÍTULO III do ato infracional no momento que encerrar a permanên-
DA PRÁTICA DE ATO INFRACIONAL cia. Ex.: um adolescente de 15 anos comete ato infracional
análogo a sequestro, porém, a polícia somente consegue
CAPÍTULO I encerrar o referido ato quando ele já estiver com 19 anos,
Disposições Gerais nesse caso, a situação foge à regra que ele deveria responder
no âmbito do ECA, porém, por força do HC 150169 de SP,
Definição de Ato Infracional (Art. 103) deve ser aplicado o Código Penal ao caso, pois, nesse tipo
de situação considera-se flagrante no momento que cessa
Conduta (Ação ou Omissão) a permanência.
Descrita como crime ou contravenção penal (infração pe- Criança pode ser autora de ato infracional? Sim, com
nal, artigo 1º da Lei de Introdução ao Código Penal Brasileiro), consequências: medidas específicas de proteção do art. 101
isto é, quando houver o ajuste de fato e de direito ao que está (art. 105). No que tange à criança infratora, paira sobre ela o
descrito numa lei penal ou na Lei de Contravenções, ocorrerá princípio da irresponsabilidade jurídica que é diferente para o
o ato infracional, que, por sua vez, surge inicialmente no art. adolescente, o qual possui responsabilidade socioeducativa,
227, § 3º, IV da CF/88, determinando, assim, a apreciação do e do adulto que, por sua vez, possui responsabilidade penal.
princípio da brevidade e da condição peculiar da pessoa em O encaminhamento deve ser feito ao Conselho Tutelar
desenvolvimento, sem tratar, ainda, de questões como idade (art. 136, I, aplicando as medidas previstas no art. 101, I a
e responsabilização, porém trazendo um mandado de criação VII). Obs.: até então nem a CF nem o ECA trataram de qual
de Legislação Tutelar Específica , doravante ECA. medida jurídica de responsabilização seria dada ao adoles-
A Carta Magna, em seu art. 228, trouxe o patamar míni- cente. Surgindo, a partir do ECA, as Medidas Socioeducativas
mo de punição penal fixado em 18 anos de idade, tornando previstas no art. 112 e seguintes. Lembre-se: não há pre-
aqueles que tenham idade inferior a esta inimputáveis, ou tensão punitiva ao adolescente, há somente a denominada
seja, a eles não se aplicam leis penais. O mesmo foi repro- pretensão socioeducativa que tem natureza sancionatória,
duzido no ECA em seu art. 104, que impôs que as medidas porém preponderantemente pedagógica.
Em suma, a criança não é apreendida por ato infracional,

Noções de Legislação Penal Especial


desta lei devem ser aplicadas a crianças e adolescentes.
Cabe ressaltar que a vontade do legislador era que o contudo, o juiz da infância pode exarar mandado de busca
adolescente não fosse punido por crimes como um adulto, e apreensão da criança para colocá-la ou retirá-la do seio
porém o Estatuto não trouxe dispositivos jurídicos capazes familiar ou, até mesmo, para colocá-la em acolhimento ins-
de isentar o adolescente de receber medidas socioeducati- titucional, a fim de protegê-la de qualquer ameaça ou lesão
vas e a figura da prescrição, na qual o Estado, em virtude de aos seus direitos.
um decurso de tempo, não pode mais punir, bem como não
trouxe excludentes de ilicitude ou culpabilidade. CAPÍTULO II
Assim, a jurisprudência aplica os institutos que acabam Dos Direitos Individuais
por retirar a tipicidade, ilicitude ou culpabilidade quando
não isentam de pena. Por exemplo, ao adolescente infrator, Regra: é proibido privar adolescente de sua liberdade,
aplica-se a legítima defesa, a prescrição socioeducativa, erro salvo em 2 (duas) hipóteses: flagrante de ato infracional e
de tipo, além de diversos institutos da parte geral e do direito por ordem escrita e fundamentada de juiz (art. 106). É de
penal num todo, capazes de suavizar e proporcionar a correta bom tom lembrar que as hipóteses de flagrante prevista no
aplicação da restrição de liberdade. Direito Penal são aplicadas no Direito Infracional Juvenil, tais
Para a aplicação do ECA, considera-se a idade do ado- hipóteses serão doravante tratadas.
lescente à data do fato, trazendo, assim, um paralelo ao Então surge a primeira resposta estatal frente ao ato
princípio da atividade previsto na doutrina penal, pois esta infracional (privação da liberdade) em dois casos:
lei cria um momento para a análise do ato infracional. Posto • Flagrante de ato infracional (real, presumido, espe-
isso, infere-se que faltando 1(um) dia para que um adoles- rado, prorrogado/diferido, como previsto na Lei de
cente complete a maioridade penal ele responderá pelo que Drogas e Crime Organizado. Porém, o flagrante provo-
preconiza o ECA, pelo simples fato de ainda ser adolescente cado, forjado, urgido é inadmissível no Brasil (Súmula
(art. 104). nº 145 do STF) - crime impossível.

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• Ordem judicial de mandado de busca e apreensão re- atos do Estado. E em Processo Legal Processual, ligado aos
gulado pela nº Lei nº 12.594/2012, em seu art. 47, com chamados de princípios síntese, ou seja, aqueles que são
validade de 6 (seis) meses, permitida uma renovação. verdadeiros pilares do processo, tais como: ampla defesa,
contraditório, Juiz Natural, Duplo Grau de Jurisdição.
Atenção! Não confundir o mandado de apreensão com o
mandado de prisão que surte efeito em desfavor de adultos. CAPÍTULO IV
Das Medidas Socioeducativas
• Identificação dos responsáveis pela sua apreensão,
devendo ser informado acerca de seus direitos (art. Seção I
106, parágrafo único), o adolescente ou jovem adulto Disposições Gerais
(art. 2º, parágrafo único) apreendido tem o direito de
saber quem são as autoridades ou a pessoa, no caso É a resposta estatal frente ao ato infracional cometido
de flagrante facultativo, que o aprenderam. por adolescentes.
• Proibição de incomunicabilidade: a apreensão e lo-
cal que se encontre recolhido deverá ser comunica- Medidas Socioeducativas (art. 112)
do à autoridade judiciária competente e à família do Mnemônico: PALIIO (rol taxativo segundo a doutrina e
apreendido ou à pessoa por ele indicada. A regra é a a jurisprudência).
liberação imediata (art. 107, parágrafo único). • Prestação de Serviços à Comunidade;
• Internação antes da sentença: prazo de 45 dias (art. 108). • Advertência.
• Denominada como Internação Provisória, termo dou- • Liberdade Assistida;
trinário, também disposto na Resolução nº 165, art. 16, • Inserção em regime de semiliberdade;
onde é denominado como Decreto de Internação Cau- • Internação;
telar, art. 2º , inciso I da Resolução, e no art. 183 desta • Obrigação de reparar o dano; e
lei. Essa restrição de liberdade não pode ser confundida • Medidas protetivas (art. 101, incisos I a VI).
com a prisão preventiva ou temporária, pois é um insti-
tuto cautelar próprio do Direito Infracional Juvenil que É vedada a aplicação dos acolhimentos e colocação em
retira a liberdade do adolescente de modo temporário, famílias substitutas como medidas socioeducativas, mas
porém também tem um caráter pedagógico. nada obsta que estas sejam aplicadas exclusivamente como
• Fundamentação da decisão: basta a existência de medidas de proteção.
indícios suficientes de autoria e materialidade, para Ex.: um adolescente está cumprindo medida de semili-
ser demonstrada a necessidade imperiosa da medida. berdade, porém não possui família. Depois do trâmite legal,
Lembrando que aqui há uma fase de apuração do ato o juiz pode aplicar o acolhimento familiar ou institucional, ou
infracional, um instituto semelhante a investigação cri- colocá-lo em família substituta, pois, no momento que ele
minal no caso de adulto, assim, ainda não há como falar puder retornar para sua residência, terá uma dessa opções.
em um processo judicial socioeducativo que necessite
de prova de autoria e materialidade para aplicação das Dica! As medidas socioeducativas de prestação de servi-
medidas socioeducativa previstas no art. 112, salvo ços à comunidade, advertência, liberdade assistida, inser-
advertência. ção em regime de semiliberdade e obrigação de reparar o
• Vedação de identificação compulsória: órgãos, po- dado são denominadas na doutrina como Medidas Socio-
liciais, de proteção e judiciais, salvo, para efeito de educativas Próprias.
confrontação, havendo dúvida fundada.
• Atenção! Não confundir com a tão falada identificação Já as Medidas de Proteção permitidas (art. 101, incisos I
criminal. Adolescentes não cometem crime, assim não a VI), ao serem aplicadas, são denominadas como Medidas
Socioeducativas Impróprias.
podem passar pelo crivo de identificação imposto ao
A aplicação da medida socioeducativa levará em conta
adulto criminoso.
a sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravi-
dade da infração.
CAPÍTULO III
Noções de Legislação Penal Especial

Das Garantias Processuais


Atenção! Na Lei Sinase, no art. 1º, incisos I, II, III, são
tratados os objetivos que trouxeram mudanças (RID: repro-
Privação da Liberdade vação, integração social e desaprovação da conduta, § 1º).
Somente ocorrerá com o devido processo legal (art. 110) Nessa a apreciação poderá ser arguida a questão da exclu-
e possui as seguintes garantias: dente de ilicitude, excludente de culpabilidade, erro de tipo,
• pleno e formal conhecimento da atribuição de ato in- proibição etc.
fracional, mediante citação ou meio equivalente;
• igualdade na relação processual, podendo confrontar- Raro Direito Absoluto no Brasil – Proibição de Trabalho
-se com vítimas e testemunhas e produzir todas as Forçado (§ 2º)
provas necessárias à sua defesa; Cuidados com a saúde mental: doença ou deficiência
• defesa técnica por advogado; mental ensejará tratamento individual e especializado, em
• assistência judiciária gratuita e integral aos necessita- local adequado às suas condições (§ 3º). Aplica-se a este Capí-
dos, na forma da lei; tulo o disposto nos arts. 99 e 100, princípios de proteção. Não
• direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade confundir com incomunicabilidade o tratamento de saúde.
competente;
• direito de solicitar a presença de seus pais ou respon- Aplicação das Medidas Socioeducativas Previstas no Art.
sável em qualquer fase do procedimento (art. 111). 112 – PALIIO e Protetivas
Pressuposto: existência de provas suficientes da autoria
Dica! É importante ressaltar que, segundo a doutrina, e da materialidade da infração, ressalvada a hipótese de
o devido processo legal subdivide-se em Processo Legal remissão, nos termos do art. 127, pois esta gerará um tipo
Substantivo, isto é, aquele composto por todo escopo de de perdão e pode ser cumulada com qualquer medida so-
leis que devem ser razoáveis e racionais quanto se trata de cioeducativa, salvo internação e semiliberdade. A remissão

48
pode ser dada ao adolescente inclusive na apreciação de • Prazo: no que se adequar aplica-se o que o dispõe a
excludente de ilicitude, causa de isenção de sanção, como internação. São eles: não poder exceder três anos (§
embriaguez ou uso de drogas por caso fortuito e força maior, 3º, art. 121); reavaliação com tempo máximo a cada
atendendo aos requisitos do art. 26 do Código Penal, bem seis meses (§ 2º, art. 121); liberação compulsória aos
como da Lei de Drogas, contudo, tais dispositivos sempre 21 anos (§ 5º, art. 121).
serão utilizados em favor do adolescente.
Cabe ressaltar que a Medida Socioeducativa se diferen- É de bom tom ressaltar que o prazo da medida socio-
cia da Internação Provisória, pois nesta não é preciso pro- educativa de semiliberdade é implícito, utilizando os da
var a autoria e materialidade, basta que ocorram indícios internação, bem como no caso da liberação compulsória,
desses institutos. assim, muitas questões de concursos cobram essa temática,
A advertência segue a linha da internação provisória afirmando que tais institutos são expressos no que tange à
que, para a aplicação, necessita apenas de indícios suficien- semiliberdade, fato que ocorre literalmente na medida so-
tes de autoria e prova da materialidade (art. 114). cioeducativa de internação.
A medida de semiliberdade, igualmente a liberdade as-
Das Medidas Socioeducativas, PALIIO e Protetivas sistida e a prestação de serviços à comunidade, atua com
uma participação efetiva no quesito de autodisciplina do
Prestação de Serviços à Comunidade socioeducando, pois nessa medida ele fica sem vigilância
• Consiste: na realização de tarefas gratuitas de inte- dos agentes socioeducativos nas atividades escolares, profis-
resse geral. sionalizantes, dentre outras, entretanto, em algum período
• Prazo: não excede seis meses e oito horas por sema- ele retornará para a unidade predial de semiliberdade, lem-
na; dias: úteis, sábados, domingos ou feriados, porém brando que não há uma obrigatoriedade para que ele saia
não pode colidir com horário escolar e jornada normal durante o dia e retorne à noite, porém isso é o mais comum.
trabalho. Há ainda a denominada pela doutrina de semiliberdade
• Local de cumprimento: entidades assistenciais, hos- invertida, na qual durante o dia o adolescente recebe um
pitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres, forte acompanhamento dos profissionais do sistema socio-
bem como em programas comunitários ou governa- educativo e no período da noite ele retorna para sua resi-
mentais (art. 117). dência ou para a Unidade de Acolhimento Institucional, em
caso de socioeducando que não tenha vínculos familiares e
Advertência tenha recebido essa medida de proteção por parte do juiz.
• Consiste: em admoestação verbal reduzida a termo
e assinada (art. 115). Internação
• Prazo: não possui, pois se exaure no ato de aplicação. • Consiste: em medida privativa da liberdade.
• Local de aplicação: na própria audiência. • Tem com baliza os princípios da brevidade, excepcio-
nalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em
Liberdade Assistida desenvolvimento.
• Consiste: na medida em que sempre se afigurar a • Atividades externas: a critério da equipe técnica da
medida mais adequada para acompanhar, auxiliar e entidade, salvo expressa determinação judicial em
orientar. contrário (§ 7º).
• O juiz designará pessoa para acompanhar, que poderá • Prazo: não pode exceder três anos (§ 3º, art. 121).
ser indicada pela entidade ou programa (distinto da
• Reavaliação: tempo máximo a cada seis meses (§ 2º,
Lei Sinase, que em art. 13, inciso I, deu tal função ao
art. 121).
diferente da liberdade assistida).
• Liberação compulsória: aos 21 anos (§ 5º, art. 121) ou
• Prazo: mínimo de seis meses, podendo ser prorroga-
colocado em semiliberdade ou liberdade assistida.
do, revogado ou substituído a qualquer tempo. Para
tal, deve-se ouvir o Ministério Público.
• Orientador: pessoa designada pelo juiz. Esse profis- Não confundir a internação, medida socioeducativa que
sional passa a ser designado pelo gestor da unidade não pode exceder o prazo de três anos, com a internação
sanção (doutrina), medida restritiva de liberdade que ocor-

Noções de Legislação Penal Especial


onde ocorre a medida, conforme a Lei Sinase de 2012.
Atenção neste ponto. re nos casos de descumprimento de semiliberdade, liber-
• Funções do orientador com apoio e a supervisão da dade assistida, prestação de serviço à comunidade, obri-
autoridade competente: gação de reparar o dano, pois na internação o adolescente
− promover socialmente o adolescente e sua família, ou jovem adulto pode ficar internado por até três meses
fornecendo-lhes orientação e inserindo-os, se neces- (art. 122, III, § 1º).
sário, em programa oficial ou comunitário de auxílio
e assistência social; Causas de Aplicação de Medida Socioeducativa de In-
− supervisionar a frequência e o aproveitamento es- ternação:
colar do adolescente, promovendo, inclusive, sua • tratar-se de ato infracional cometido mediante grave
matrícula; ameaça ou violência a pessoa;
− diligenciar no sentido da profissionalização do ado- • por reiteração no cometimento de outras infrações
lescente e de sua inserção no mercado de trabalho; graves (na atualidade não se trabalha com quantidade
− apresentar relatório do caso (art. 119). de atos, conforme os Tribunais Superiores);
• por descumprimento reiterado e injustificável da me-
Inserção em Regime de Semiliberdade dida anteriormente imposta (a doutrina denomina in-
• Consiste: em uma medida que pode ser aplicada des- ternação sanção) e seu prazo não poderá ser superior
de o início, ou como forma de transição para o meio a 3 (três) meses, devendo ser decretada judicialmente
aberto, realização de atividades externas, indepen- após o devido processo legal.
dentemente de autorização judicial.
• É obrigatória a escolarização e a profissionalização e, Excepcionalidade da Internação
sempre que possível, devem ser utilizados os recursos Havendo outra medida adequada, essa deverá ser apli-
existentes na comunidade. cada. Essa medida, por ser privativa de liberdade segundo

49
o Estatuto, dever ser a ultima ratio, no que tange à respon- • Elementos de análise: circunstâncias do fato, contexto
sabilização do adolescente em virtude de sua característica social, personalidade e nível de participação no ato
que, mesmo sendo preponderantemente pedagógica, tem infracional (art. 126).
seu lado sancionatório, que em uma comparação imperfei- • Perdão do Promotor Exclui (PPE).
ta, no que tange ao quesito estrutural de uma unidade de
internação, possui verdadeiras celas. Remissão Judicial
A internação deve ser cumprida em entidade exclusiva • Momento: iniciado o procedimento de apuração.
para adolescentes, em local distinto daquele destinado ao • Órgão para concessão: juiz.
abrigo, com a devida separação por critérios de idade, com- • Consequências: gera a suspensão ou extinção.
pleição física e gravidade da infração. Na internação, inclu- • Elementos de análise: circunstâncias do fato, contexto
sive na provisória, serão obrigatórias atividades pedagógicas. social, personalidade e nível de participação no ato
infracional (art. 126, parágrafo único).
Proibição de Incomunicabilidade X Isolamento Discipli- • Perdão do Juiz Suspende ou Extingue (PJS EXTINGUE).
nar (Lei nº 12.594/2012, art. 15, IV, art. 8 § 2º) ou Isolamen-
to Proteção ( Lei nº 12. 594/2012, art. 16, § 2º) A Remissão não gera o reconhecimento nem a respon-
A incomunicabilidade é vedada pelo próprio ECA, porém sabilidade do autor e não conta como antecedentes de ato
a lei de execução da medida socioeducativa, Lei Sinase, prevê infracional. Pode incluir qualquer medida socioeducativa,
a possibilidade de isolar o adolescente, pois ele pode estar salvo internação e semiliberdade (art. 127). Também pode
sob risco de morte ou agressão nos casos de cometimento haver revisão judicial, caso seja incluída alguma medida so-
de ato infracional descritos como crimes contra a dignida- cioeducativa, sob pedido do adolescente, representante legal
de sexual, já que na subcultura infracional os adolescentes ou Ministério Público (art. 128), esses casos são chamados
não toleram conviver com outros que sejam autores de ato pela doutrina de remissão clausulada, como cita o promotor
infracional análogo a estupro, por exemplo, assim, surge a Guilherme Freire em seu livro ECA para Concursos.
possibilidade de isolamento que os separa dos demais, po-
rém não o torna incomunicável. TÍTULO IV
Haverá possibilidade suspensão temporária de visitas in- DAS MEDIDAS PERTINENTES AOS PAIS
clusive dos pais ou responsáveis, se existirem motivos sérios OU RESPONSÁVEL (ART. 129)
e fundados de sua prejudicialidade aos interesses do adoles-
cente. Ato que guarda a cláusula de reserva jurisdicional, isto Medidas Aplicáveis aos Pais ou Responsável
é, somente o juiz competente pode realizar tal suspensão.
Órgão de Aplicação:
Dever de Segurança e Contenção • Juiz: poderá aplicar todas.
Por se tratar de caso de uso da força, cabe ao Estado • Conselho Tutelar: poderá aplicar as que constam nos
buscar e zelar pela integridade física e mental dos internos. incisos I e VII.
Neste caso, permite-se o uso de equipamentos de prote- “I - encaminhamento a serviços e programas oficiais
ção, como algemas (Súmula nº 11 do STF), escudo acrílico e ou comunitários de proteção, apoio e promoção da
bastão tonfa em caso excepcionais, esgotados todos meios família; (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
II – inclusão em programa oficial ou comunitário de
de solução pacífica de conflitos (Lei nº 12.594/2012 impõe
auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxi-
métodos de gestão de crises art. 15, IV), além da previsão
cômanos;
de possibilidade de isolamento do socioeducando em casos
III – encaminhamento a tratamento psicológico ou
extremos de risco a sua integridade física, obrigando a co-
psiquiátrico;
municação do fato ao Ministério Público e ao juiz. Cuidado: IV – encaminhamento a cursos ou programas de orien-
não confunda isolamento de proteção ou sanção com inco- tação;
municabilidade, que, como já dito, é ato vedado pelo ECA. V – obrigação de matricular o filho ou pupilo e acom-
panhar sua frequência e aproveitamento escolar;
Obrigação de Reparar o Dano VI – obrigação de encaminhar a criança ou adolescente
Noções de Legislação Penal Especial

• Consiste: no ato de restituir a coisa, promover o res- a tratamento especializado;


sarcimento do dano, ou outra forma de compensar VII – advertência;
o prejuízo da vítima. Quando se tratar de atos infra- VIII – perda da guarda;
cionais com reflexos patrimoniais. IX – destituição da tutela;
• Havendo manifesta impossibilidade, a medida poderá X – suspensão ou destituição do poder familiar.
ser substituída por outra adequada (art. 116). Parágrafo único. Na aplicação das medidas previstas
nos incisos IX e X deste artigo, observar-se-á o disposto
Das medidas protetivas aplicadas pelo juiz não cabem nos arts. 23 e 24.”
acolhimento institucional ou familiar, nem colocação em
família substituta. Essas medidas têm a finalidade de atenuar a ameaça ou
lesão ao direito da criança e do adolescente e, para tanto,
CAPÍTULO V surgem várias possibilidades de cunho escolar ou de saúde,
Da Remissão além de situações drásticas, como a perda ou suspensão do
poder familiar. Deve-se ter cuidado com esse termo, pois as
A Remissão é definida pela doutrina como perdão mi- provas o chamam de pátrio poder e, dessa forma, torna a
nisterial e perdão judicial quanto ao cometimento do ato questão errada.
infracional.
Medida Cautelar de Afastamento do Agressor da Mo-
Remissão Ministerial ou Administrativa radia Comum
• Momento: antes de iniciar o procedimento de apuração. Em casos de maus tratos e abuso sexual realizados pelos
• Órgão para concessão: Ministério Público. pais ou responsáveis, estes poderão ser afastados do lar a
• Consequências: gera exclusão do processo. fim de proteger a criança ou adolescente. Tal afastamento

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pode ocorrer tão somente por ordem de juiz competente e, − expedir notificações;
para tanto, se necessário, será utilizada força por meio de − requisitar certidões de nascimento e de óbito de
órgãos policiais. criança ou adolescente quando necessário;
Outra medida aplicada pelo magistrado é a fixação pro- − assessorar o Poder Executivo local na elaboração da
visória de alimentos, ou seja, o juiz pode determinar o pa- proposta orçamentária para planos e programas de
gamento de pensão alimentícia de modo cautelar. atendimento dos direitos da criança e do adolescente;
− representar, em nome da pessoa e da família, contra
TÍTULO V a violação dos direitos previstos no art. 220, § 3º,
DO CONSELHO TUTELAR inciso II, da Constituição Federal;
− representar ao Ministério Público para efeito das
CAPÍTULO I ações de perda ou suspensão do poder familiar, após
Disposições Gerais esgotadas as possibilidades de manutenção da crian-
ça ou do adolescente junto à família natural;
Conselho Tutelar: − promover e incentivar, na comunidade e nos gru-
• Definição: órgão permanente. Não pode parar o aten-
pos profissionais, ações de divulgação e treinamento
dimento.
para o reconhecimento de sintomas de maus-tratos
• Autônomo: não sofre subordinação hierárquica.
em crianças e adolescentes.
• Não jurisdicional: só o juiz tem jurisdição. É encarre-
gado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos • No uso das atribuições: afastamento de criança e
direitos. A sociedade outorgou ao Conselho Tutelar a adolescente da família, comunicação imediata ao
defesa dos direitos previstos no ECA (art. 131). Ministério Público (parágrafo único, art. 136).
• Estrutura: no mínimo 1 (um) em cada Município e em Esse instituto não se confunde com a colocação em
cada Região Administrativa do Distrito Federal. família substituta ou acolhimento institucional ou fami-
• Alocação administrativa: órgão integrante da admi- liar, nem com a suspensão ou perda do poder familiar
nistração pública local. que são institutos próprios de aplicação pelo juiz.
• Composição: 5 (cinco) membros, escolhidos pela po- • Revisão das decisões do Conselho Tutelar: só o juiz
pulação local. pode rever o ato decisório do Conselheiro Tutelar, além
• Tempo de mandato: 4 (quatro) anos, permitida 1 disso, o pedido pode ser formulado por quem tenha
(uma) recondução, mediante novo processo de esco- interesse legítimo (art. 137).
lha (art. 132). • Da competência constante do art. 147: firma-se pelo
• Requisitos para candidatura: local da residência dos pais ou local onde se encon-
− reconhecida idoneidade moral; trem.
− idade superior a vinte e um ano;
− residir no município (art. 133). Atenção! Em se tratando de ato infracional, será com-
• Delegação a lei municipal e distrital: quanto ao local, petente o juiz do local da infração.
dia, horário e remuneração. Tema tratado na LOA: re-
cursos para funcionamento e remuneração e treina- • Do processo de escolha: será realizado sob a respon-
mento dos conselheiros (parágrafo único, art. 134). sabilidade do Conselho Municipal dos Direitos com a
• Direitos Sociais: fiscalização do Ministério Público.
− cobertura previdenciária; Ocorrerá em data unificada em todo o território na-
− gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas de 1/3 cional, no primeiro domingo do mês de outubro do
(um terço) do valor da remuneração mensal; ano subsequente ao da eleição presidencial. A posse
− licença-maternidade; ocorrerá no dia 10 de janeiro do ano subsequente ao
− licença-paternidade; processo de escolha.
− gratificação natalina. Ex.: a eleição presidencial ocorreu no 1º domingo de
• “Art. 135. O exercício efetivo da função de conselheiro
outubro de 2018, logo, o processo de escolha de con-
constituirá serviço público relevante e estabelecerá

Noções de Legislação Penal Especial


selheiro ocorrerá no 1º domingo de outubro de 2019,
presunção de idoneidade moral.”
e a posse no dia 10 janeiro de 2020.
• Atribuições do Conselho:
− atender nos casos previstos nos arts. 98 e 105, apli- • Prazo do mandato: 4 (quatro) anos.
cando as medidas previstas no art. 101, I a VII; • Proibições: é proibido o candidato doar, oferecer, pro-
− atender e aconselhar os pais ou responsável aplican- meter ou entregar ao eleitor bem ou vantagem pessoal
do as medidas previstas no art. 129, I a VII; de qualquer natureza, inclusive brindes de pequeno
− promover a execução de suas decisões, podendo valor.
para tanto: • Impedimentos: marido e mulher, ascendentes e des-
a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, cendentes, sogro e genro ou nora, irmãos, cunhados,
educação, serviço social, previdência, trabalho e se- durante o cunhadio, tio e sobrinho, padrasto ou ma-
gurança; drasta e enteado. Estende-se o impedimento, na forma
b) representar junto à autoridade judiciária nos casos deste artigo, em relação à autoridade judiciária e ao
de descumprimento injustificado de suas delibera- representante do Ministério Público com atuação na
ções. Justiça da Infância e da Juventude, em exercício na
− encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que comarca, foro regional ou distrital.
constitua infração administrativa ou penal contra os
direitos da criança ou adolescente; Do Acesso à Justiça em se Tratando de Crianças e Ado-
− encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua lescentes
competência;
− providenciar a medida estabelecida pela autoridade É garantido o acesso à Defensoria Pública, ao Ministério
judiciária, dentre as previstas no art. 101, de I a VI, Público e ao Poder Judiciário, por qualquer de seus órgãos
para o adolescente autor de ato infracional; (art. 141).

51
Da Assistência Judiciária Gratuita (§ 1º) É de bom tom ressaltar que o legislador não poderia
obrigar ao poder judiciário a criação da Justiça da Infância
Será prestada aos que dela necessitarem, através de de- e Juventude, pois haveria aqui um desrespeito à cláusula
fensor público ou advogado nomeado. pétrea da separação dos poderes, não podendo um poder
interferir no funcionamento do outro.
Da Isenção de Custas e Emolumentos (§ 2º)
Do Juiz (Art. 146)
Para as ações judiciais da competência da Justiça da In-
fância e da Juventude não haverá tal cobrança, ressalvada a A autoridade a que se refere esta Lei é o Juiz da Infância
hipótese de litigância de má-fé. Segundo Maria Delgado apud e da Juventude ou o juiz que exerce essa função, na forma
Maria Helena Diniz, é possível indicar as seguintes definições: da lei de organização judiciária local.
Custas: São as taxas remuneratórias autorizadas em lei A competência será determinada (art. 147, I, II e §1º):
e cobradas pelo poder público em decorrência dos serviços • pelo domicílio dos pais ou responsável;
prestados pelos serventuários da justiça para a realização dos • pelo lugar onde se encontre a criança ou adolescente
atos processuais e emolumentos devidos ao juiz. Tais custas à falta dos pais ou responsável;
são, em regra, pagas pela parte vencida, ante o princípio da • pelo lugar da ação ou omissão quando se tratar de ato
sucumbência. infracional, observadas as regras de conexão, continên-
Emolumentos: 1. Taxa. 2. Contribuição paga pelo que cia e prevenção.
se favorece de um serviço prestado por repartição pública.
3. Retribuição paga a serventuários públicos pelo exercício Atenção! Pode haver a delegação da execução das me-
de seu cargo, além do vencimento normal que recebe, ante didas tomadas pelo magistrado à autoridade competente
o fato de ter executado atos judiciais ou extrajudiciais, car- da residência dos pais ou responsável, ou do local onde se
torários etc. 4. Gratificação. 5. Lucro eventual de dinheiro. sediar a entidade que abrigar a criança ou adolescente (§ 2º).

Da Representação X Assistência pelos Pais, Tutores e Em caso de infração que utilize transmissão simultânea
Curadores (Art. 142) de rádio ou televisão, que atinja mais de uma comarca:
• será competente, para aplicação da penalidade, a auto-
Menores 16 anos serão representados e maiores de 16 ridade judiciária do local da sede estadual da emissora
e menores de 21 anos assistidos por seus pais, tutores ou ou rede;
curadores, na forma da legislação civil ou processual. • tendo a sentença eficácia para todas as transmissoras
Cabe ressaltar, que com o advento do Código Civil de ou retransmissoras do respectivo estado.
2002, a maioridade civil passa a ser de 18 anos por força do
art. 5º, sendo assim, mesmo não havendo essa alteração Da Competência da Justiça da Infância e Juventude
expressa no ECA, esse dispositivo está tacitamente revogado, (Art. 148)
lembrando que trata aqui dos atos da vida civil, com exce-
ção do parágrafo único do art. 2º desta lei que, excepcional- “I - conhecer de representações promovidas pelo Minis-
mente, aplica-se a pessoas com idade entre 18 e 21 anos, tério Público, para apuração de ato infracional atribuído a
isto é, aplica-se aos jovens adultos que cumprem medidas adolescente, aplicando as medidas cabíveis;
socioeducativas nessa idade por terem cometido atos infra- II – conceder a remissão, como forma de suspensão ou
cionais quando ainda eram adolescentes. Tal entendimento extinção do processo;
foi validado pela Ministra Laurita Vaz (STJ, no HC 180.066- RJ). III – conhecer de pedidos de adoção e seus incidentes;
IV – conhecer de ações civis fundadas em interesses
Curador Especial individuais, difusos ou coletivos afetos à criança e ao ado-
lescente, observado o disposto no art. 209;
Sempre que os interesses de crianças e adolescentes coli- V – conhecer de ações decorrentes de irregularidades em
direm com os de seus pais ou responsável, ou quando carecer entidades de atendimento, aplicando as medidas cabíveis;
de representação ou assistência legal ainda que eventual, VI – aplicar penalidades administrativas nos casos de
Noções de Legislação Penal Especial

haverá vedação de divulgação de informações de identifica- infrações contra norma de proteção à criança ou adolescente;
ção de criança e adolescente (art. 143). Havendo atribuição VII – conhecer de casos encaminhados pelo Conselho
de autoria de ato infracional, em qualquer procedimento, Tutelar, aplicando as medidas cabíveis.
suspeição ou, até mesmo após um processo socioeducativo, Parágrafo único. Quando se tratar de criança ou ado-
é vedada a divulgação de atos judiciais, policiais e adminis- lescente nas hipóteses do art. 98, é também competente a
trativos que lhes digam respeito. Justiça da Infância e da Juventude para o fim de:
Veda-se qualquer identificação mesmo se tratando de: a) conhecer de pedidos de guarda e tutela;
fotografia, referência ao nome, apelido, filiação, parentes- b) conhecer de ações de destituição do poder familiar,
co, residência e, inclusive, iniciais do nome e sobrenome perda ou modificação da tutela ou guarda; (Expressão subs-
(parágrafo único). Até mesmo a cópia sobre tais atos exigem tituída pela Lei nº 12.010, de 2009)
autorização judicial, devendo haver interesse e justificada a c) suprir a capacidade ou o consentimento para o ca-
finalidade dessas cópias. samento;
d) conhecer de pedidos baseados em discordância pa-
Da Justiça da Infância e da Juventude terna ou materna, em relação ao exercício do pátrio poder
poder familiar; (Expressão substituída pela Lei nº 12.010,
Criação facultativa de Justiça Especializada na Infância de 2009)
e Juventude (art. 145.) Os estados e o Distrito Federal po- e) conceder a emancipação, nos termos da lei civil, quan-
derão criar varas especializadas e exclusivas da infância e do faltarem os pais;
da juventude. f) designar curador especial em casos de apresentação
Cabe ao poder judiciário estabelecer sua proporcionali- de queixa ou representação, ou de outros procedimentos
dade por número de habitantes, dotá-las de infraestrutura e judiciais ou extrajudiciais em que haja interesses de criança
dispor sobre o atendimento, inclusive em plantões. ou adolescente;

52
g) conhecer de ações de alimentos; VIII – zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias
h) determinar o cancelamento, a retificação e o supri- legais assegurados às crianças e adolescentes, promovendo
mento dos registros de nascimento e óbito. as medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis;
Art. 149. Compete à autoridade judiciária: IX – impetrar mandado de segurança, de injunção e
Disciplinar, através de portaria, ou habeas corpus, em qualquer juízo, instância ou tribunal, na
Autorizar, mediante alvará: defesa dos interesses sociais e individuais indisponíveis afe-
I – a entrada e permanência de criança ou adolescente, tos à criança e ao adolescente;
desacompanhado dos pais ou responsável, em: X – representar ao juízo visando à aplicação de penali-
a) estádio, ginásio e campo desportivo; dade por infrações cometidas contra as normas de prote-
b) bailes ou promoções dançantes; ção à infância e à juventude, sem prejuízo da promoção da
c) boate ou congêneres; responsabilidade civil e penal do infrator, quando cabível;
d) casa que explore comercialmente diversões eletrô- XI – inspecionar as entidades públicas e particulares de
nicas; atendimento e os programas de que trata esta Lei, adotando
e) estúdios cinematográficos, de teatro, rádio e televisão. de pronto as medidas administrativas ou judiciais necessárias
II – a participação de criança e adolescente em: à remoção de irregularidades porventura verificadas;
a) espetáculos públicos e seus ensaios; XII – requisitar força policial, bem como a colaboração
b) certames de beleza. dos serviços médicos, hospitalares, educacionais e de assis-
§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, a autoridade tência social, públicos ou privados, para o desempenho de
judiciária levará em conta, dentre outros fatores: suas atribuições.
a) os princípios desta Lei; § 1º A legitimação do Ministério Público para as ações
b) as peculiaridades locais; cíveis previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas
c) a existência de instalações adequadas; mesmas hipóteses, segundo dispuserem a Constituição e
d) o tipo de frequência habitual ao local; esta Lei.
e) a adequação do ambiente a eventual participação ou § 2º As atribuições constantes deste artigo não excluem
frequência de crianças e adolescentes; outras, desde que compatíveis com a finalidade do Minis-
f) a natureza do espetáculo. tério Público.
§ 2º As medidas adotadas na conformidade deste artigo § 3º O representante do Ministério Público, no exercício
deverão ser fundamentadas, caso a caso, vedadas as deter- de suas funções, terá livre acesso a todo local onde se en-
minações de caráter geral.” contre criança ou adolescente.
§ 4º O representante do Ministério Público será respon-
Do Ministério Público sável pelo uso indevido das informações e documentos que
requisitar, nas hipóteses legais de sigilo.
“Art. 200. As funções do Ministério Público previstas nes- § 5º Para o exercício da atribuição de que trata o inci-
ta Lei serão exercidas nos termos da respectiva lei orgânica.” so VIII deste artigo, poderá o representante do Ministério
Competência do Ministério Público (Art. 201) Público:
“I - conceder a remissão como forma de exclusão do a) reduzir a termo as declarações do reclamante, ins-
processo; taurando o competente procedimento, sob sua presidência;
II – promover e acompanhar os procedimentos relativos b) entender-se diretamente com a pessoa ou autoridade
às infrações atribuídas a adolescentes; reclamada, em dia, local e horário previamente notificados
III – promover e acompanhar as ações de alimentos e os ou acertados;
procedimentos de suspensão e destituição do poder familiar, c) efetuar recomendações visando à melhoria dos servi-
nomeação e remoção de tutores, curadores e guardiães, bem ços públicos e de relevância pública afetos à criança e ao ado-
como oficiar em todos os demais procedimentos da com- lescente, fixando prazo razoável para sua perfeita adequação.
petência da Justiça da Infância e da Juventude; (Expressão Art. 202. Nos processos e procedimentos em que não for
substituída pela Lei nº 12.010, de 2009)
parte, atuará obrigatoriamente o Ministério Público na defesa
IV – promover, de ofício ou por solicitação dos inte-
dos direitos e interesses de que cuida esta Lei, hipótese em
ressados, a especialização e a inscrição de hipoteca legal e
que terá vista dos autos depois das partes, podendo juntar do-

Noções de Legislação Penal Especial


a prestação de contas dos tutores, curadores e quaisquer
cumentos e requerer diligências, usando os recursos cabíveis.
administradores de bens de crianças e adolescentes nas hi-
Art. 203. A intimação do Ministério Público, em qualquer
póteses do art. 98;
V – promover o inquérito civil e a ação civil pública para caso, será feita pessoalmente.
a proteção dos interesses individuais, difusos ou coletivos Art. 204. A falta de intervenção do Ministério Público
relativos à infância e à adolescência, inclusive os definidos acarreta a nulidade do feito, que será declarada de ofício
no art. 220, § 3º inciso II, da Constituição Federal; pelo juiz ou a requerimento de qualquer interessado.
VI – instaurar procedimentos administrativos e, para Art. 205. As manifestações processuais do representante
instruí-los: do Ministério Público deverão ser fundamentadas.”
a) expedir notificações para colher depoimentos ou es-
clarecimentos e, em caso de não comparecimento injustifi- Do Advogado
cado, requisitar condução coercitiva, inclusive pela polícia
civil ou militar; “Art. 206. A criança ou o adolescente, seus pais ou res-
b) requisitar informações, exames, perícias e documen- ponsável, e qualquer pessoa que tenha legítimo interesse
tos de autoridades municipais, estaduais e federais, da admi- na solução da lide poderão intervir nos procedimentos de
nistração direta ou indireta, bem como promover inspeções que trata esta Lei, através de advogado, o qual será intimado
e diligências investigatórias; para todos os atos, pessoalmente ou por publicação oficial,
c) requisitar informações e documentos a particulares e respeitado o segredo de justiça.
instituições privadas; Parágrafo único. Será prestada assistência judiciária in-
VII – instaurar sindicâncias, requisitar diligências inves- tegral e gratuita àqueles que dela necessitarem.
tigatórias e determinar a instauração de inquérito policial, Art. 207. Nenhum adolescente a quem se atribua a prá-
para apuração de ilícitos ou infrações às normas de proteção tica de ato infracional, ainda que ausente ou foragido, será
à infância e à juventude; processado sem defensor.

53
§ 1º Se o adolescente não tiver defensor, ser‑lhe‑á nome‑ como crimes dolosos ou culposos, pois o próprio ECA não
ado pelo juiz, ressalvado o direito de, a todo tempo, constituir possui tais institutos, assim, utiliza‑se da tipicidade remetida
outro de sua preferência. (art. 102).
§ 2º A ausência do defensor não determinará o adiamento Por fim, vale lembrar que o ECA se utiliza do processo pe‑
de nenhum ato do processo, devendo o juiz nomear substi- nal na parte que trata dos crimes cometidos contra crianças
tuto, ainda que provisoriamente, ou para o só efeito do ato. ou adolescentes, porém nada obsta que princípios do proces‑
§ 3º Será dispensada a outorga de mandato, quando se so penal possam ser utilizados na aferição do ato infracional,
tratar de defensor nomeado ou, sido constituído, tiver sido sempre buscando efetivar o supra princípio do Estatuto, que
indicado por ocasião de ato formal com a presença da au‑ é a proteção integral, além de garantir o superior interesse
toridade judiciária.” de adolescentes no procedimento que poderá ensejar as
medidas socioeducativas (art. 112), sobretudo, aqueles que
Da Apuração de Ato Infracional Atribuído a Adolescente têm o condão de privar ou restringir a liberdade, como a
Semiliberdade, e a mais gravosa, a Internação.
A doutrina, como leciona os professores Nucci e Guilher‑ A seguir haverá alguns esquemas relacionados às três
me Freire, afirma que neste ponto o ECA trata do processo fases de apuração do ato infracional. Tais esquemas surgem
socioeducativo, isto é, mesmo que o Estatuto não traga essa do trabalho grandioso desenvolvido pelo Ministério Público
denominação expressa, este título trata da sequência de atos do Estado do Rio Grande do Sul.
e procedimentos que serão utilizados desde a apreensão do • FASE POLICIAL.
adolescente até a sentença final, que poderá sentenciar o • FASE MINISTERIAL.
adolescente por autoria e materialidade de um ato infracio‑ • FASE JUDICIAL.
nal, podendo o juiz aplicar, assim, as medidas socioeducati‑
vas. Em uma comparação imperfeita, seria como se tivesse Essas fases demonstram o sequencial de atos realizados
o processo penal para chegar na condenação ou absolvição, por diversos atores do sistema de garantia de direitos de ado‑
porém o ECA traz uma série de nomenclaturas distintas que lescentes infratores, surgindo a partir da captura/apreensão
podem levar ao equívoco. Cabe ressaltar que a jurisprudên‑ do adolescentes, ratificação da apreensão pela autoridade
cia e a doutrina se socorrem da parte geral do Código Penal policial, atuação do Ministério Público, advogado, até chegar
para que se aplique institutos como excludentes de ilicitude no Magistrado da infância, para que se chegue na autoria e
(art. 23, CPB), erro de tipo (art. 20,CPB), tentativa (art. 14, materialidade do ato infracional ou na sua não realização,
CPB), desistência voluntária (art. 15, CPB), arrependimento que, por sua vez, pode ensejar uma das medidas socioe‑
posterior (art. 16), o próprio Nucci, em sua obra voltada para ducativas previstas no art. 112 desta lei ou, até mesmo, na
criança e adolescentes, afirma que devem ser analisados a aplicação do instituto da remissão ou no reconhecimento da
conduta e seus elementos nos atos infracionais descritos inocência do adolescente.
Prof. Ravan Leão

PROCEDIMENTO
PROCEDIMENTO DE APURAÇÃO
DE APURAÇÃO DE ATO INFRACIONAL
DE ATO INFRACIONAL – FASE POLICIAL
- FASE POLICIAL

APREENSÃO EM
FLAGRANTE – (Art. 172) AUTORIDADE POLICIAL
Notícia do Ato
Infracional
(Art. 177)
Informa ao adolescente seus direitos
comunicando o juiz, familiar ou pessoa indicada
(Arts. 106 e 107) (Arts. 230 e 231)

Cometido mediante violência ou Sem violência ou grave ameaça a pessoa


grave ameaça – (Art. 173) (Art. 173, parágrafo único)

Lavra auto de apreensão, ouve


Noções de LegisLação PeNaL esPeciaL

Lavra boletim de ocorrência circunstanciado


testemunha e adolescente
Boletim de Ocorrência
Apreende produto e instrumento do
crime requerendo exames ou perícias Apreende produto e instrumento do crime
requerendo exames ou perícias

Análise da possibilidade de liberação imediata


(Art. 234) Investiga Autoria
+ Materialidade
NÃO LIBERAÇÃO
Quando ato infracional grave e sua repercussão LIBERAÇÃO
social indicar internação para garantir segurança Quando o ato infracional não se revestir de
pessoal ou manutenção da ordem pública OU o gravidade. E comparecendo pais ou responsável
não comparecimento dos pais ou responsável (Art. 174)
(Art. 174)

Entrega o adolescente, mediante termo, aos pais ou


Autoridade policial encaminha adolescente ao Na impossibilidade responsável, para apresentação ao MP
Encaminha ao MP
MP com cópia do boletim ou auto apreensão encaminha-o para expediente policial
(Art. 175) entidade de atendimento investigatório
(relatório + documentos)

Ministério Público

MODELO ADVINDO DO MP
54
Prof. Ravan Leão Email: alvesdf1@gmail.com
Imagem 2- FluxogramaFLUXOGRAMA
Apuração APURAÇÃO
do Ato Infracional MP/RS -MP/RS
DO ATO INFRACIONAL FASE– FASE
MP MP

Ministério Público
Autuação prévia do auto
de apreensão, boletim de
ocorrência ou relatório
policial, pelo cartório
judicial, com informação
sobre os antecedentes.
.........................(Art. 179)

Sim

Não
O adolescente é apresentado?

MP ouve (informalmente)
o adolescente e, se O MP notifica os pais ou
possível, pais/responsável/ responsável para apresentar
vítima/testemunha o adolescente

Concede remissão com Promove o Arquivamento Oferece representação oral


ou sem ajuste de medida (Art. 181) ou escrita, requerendo ou
(concordância) Súmula não internação provisória
nº108-STJ (Art. 182)
(Art. 181) AUTORIDADE
JUDICIÁRIA

Discorda da Remissão ou
Homologa a remissão ou arquivamento Recebe ou rejeita a
arquivamento representação

Noções de LegisLação PeNaL esPeciaL


Arquiva, se for o caso, PROCURADOR-GERAL DE Instauração ação
determinando o JUSTIÇA socioeducativa ou
cumprimento da medida recurso (apelação)
acordada em sede de
remissão pelo MP

Ratifica Não Ratifica

Homologação pelo Juiz Oferece ou designa outro membro do


MP para apresentar representação

55
Prof. Ravan Leão

PROCEDIMENTO DE APURAÇÃO DE ATO INFRACIONAL ATRIBUIDO A ADOLESCENTE - FASE JUDICIAL

Representação Juiz

Se o adolescente
estiver internado. Recebe a representação.
Designa audiência de apresentação Se o adolescente não
§ 4° estiver internado.
e decide sobre a internação.
(Art. 184) (§ 1°)

Não encontra ou não


Cita o adolescente e requisita comparecem pais ou Cita o adolescente e cientifica pais
sua apresentação, notificando responsáveis, nomeia ou responsáveis, notificando-os
pais ou responsáveis. curador. para audiência de apresentação
acompanhados de advogado.

Se não encontra o adolescente,


Se o adolescente expede mandado de busca e
notificado não comparece, apreensão. Sobrestando o feito até
condução coercitiva. a efetiva apresentação.
(Art. 187) (§ 3°)

AUDIÊNCIA DE APRESENTAÇÃO
Oitiva do adolescente
Oitiva dos pais ou responsáveis
(Art. 186)

Ouvidas as partes, o juiz


concede remissão com ou
sem aplicação de medida.
Juiz não concede remissão.
Se necessário determina
diligências e estudo do caso.

Juiz extingue ou suspende


o processo. Defesa
Prévia.
Noções de LegisLação PeNaL esPeciaL

Audiência em Continuação
Vítima/Testemunhas/Relatório Técnico - Debates e Sentença (Art. 186, § 4°)

Se aplicou medida privativa de liberdade intima o


adolescente (se não encontrado, o pai ou responsável) e Se não aplicou medida privativa de
Defensor (Art. 190) liberdade íntima e Defensor.

Obs:
Art. 188. A remissão, como forma de extinção ou suspensão do processo, poderá ser aplicada em qualquer fase do
procedimento, antes da sentença.
Art. 183. O prazo máximo e improrrogável para a conclusão do procedimento, estando o adolescente internado
provisoriamente, será de quarenta e cinco dias. (Art. 235)
Fonte: MPERS

56
TÍTULO VII Pena - detenção de seis meses a dois anos.
DOS CRIMES E DAS INFRAÇÕES Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que pro-
ADMINISTRATIVAS cede à apreensão sem observância das formalidades legais.

CAPÍTULO I SUJEITO ATIVO: Crime comum. Qualquer pessoa pode ser


Dos Crimes o agente.
Art. 225. Este Capítulo dispõe sobre crimes praticados SUJEITO PASSIVO: Criança ou adolescente.
contra a criança e o adolescente, por ação ou omissão, sem CONDUTA: Interromper ou retirar, a liberdade por meio
prejuízo do disposto na legislação penal. de sua apreensão fora dos casos de flagrância ou por man-
Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos nesta Lei as dado de busca e apreensão emitido por Juiz de Direito da
normas da Parte Geral do Código Penal e, quanto ao pro- Infância e juventude.
cesso, as pertinentes ao Código de Processo Penal. ELEMENTO SUBJETIVO: Dolo.
Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei são de ação pú- CONSUMAÇÃO: Dar-se com a privação ou seja interrupção
blica incondicionada. ou retirada da liberdade.
TENTATIVA: Admite-se.
Seção II
Dos Crimes em Espécie Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela
apreensão de criança ou adolescente de fazer imediata co-
Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o dirigente municação à autoridade judiciária competente e à família
de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de man- do apreendido ou à pessoa por ele indicada:
ter registro das atividades desenvolvidas, na forma e prazo Pena - detenção de seis meses a dois anos.
referidos no art. 10 desta Lei, bem como de fornecer à par-
turiente ou a seu responsável, por ocasião da alta médica,
declaração de nascimento, onde constem as intercorrências SUJEITO ATIVO: Crime próprio. Agente tem de ser Autorida-
do parto e do desenvolvimento do neonato: de Policial, ou seja, Delegado de Polícia ou outra autoridade
Pena - detenção de seis meses a dois anos. policial legalmente designada, ex.: polícia legislativa.
Parágrafo único. Se o crime é culposo: SUJEITO PASSIVO: Criança ou adolescente.
Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa. CONDUTA: Não realizar a comunicação a Juiz, família ou
outra pessoa indicada pela criança ou adolescente.
SUJEITO ATIVO: Crime próprio. Deve o agente ser encarre- ELEMENTO SUBJETIVO: Dolo.
gado de serviço ou dirigente do estabelecimento de saúde. CONSUMAÇÃO: Mera omissão.
SUJEITO PASSIVO: Gestante ou parturiente. TENTATIVA: Não cabe, pois se trata de crime omissivo.
CONDUTA: Consiste no não realizar a ação prevista no art.
10, isto é, trata-se de crime omissivo. Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua au-
ELEMENTO SUBJETIVO: Dolo ou culpa. toridade, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangi-
mento:
CONSUMAÇÃO: Dar-se com a mera omissão. Pena - detenção de seis meses a dois anos.
TENTATIVA: Não cabe, pois trata-se de crime culposo.

Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de SUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa que possua a autori-
estabelecimento de atenção à saúde de gestante de identifi- dade, guarda ou vigilância. Ex.: pais, responsáveis legais,
car corretamente o neonato e a parturiente, por ocasião do professores, empregados, agente socioeducativos, policiais
parto, bem como deixar de proceder aos exames referidos durante a apreensão ou acompanhamento em delegacia
no art. 10 desta Lei: especializada.

Noções de Legislação Penal Especial


Pena - detenção de seis meses a dois anos. SUJEITO PASSIVO: Criança ou adolescente.
Parágrafo único. Se o crime é culposo: CONDUTA: Impor, sujeitar ou subordinar.
Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa. ELEMENTO SUBJETIVO: Dolo.
CONSUMAÇÃO: Com a efetiva realização da conduta.
SUJEITO ATIVO: Crime próprio. Na primeira modalidade TENTATIVA: Admite-se.
o agente deve ser médico, enfermeiro ou dirigente, já na
segunda modalidade o agente deve ser somente médico Art. 233. (Revogado pela Lei nº 9.455 de 7/4/1997)
que deixe de observar o art. 10, na obrigação de providen- Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa
ciar exames médicos. causa, de ordenar a imediata liberação de criança ou ado-
SUJEITO PASSIVO: Neonato e a parturiente. lescente, tão logo tenha conhecimento da ilegalidade da
CONDUTA: Consiste no não realizar a ação prevista no art. apreensão:
10, isto é, trata-se de crime omissivo. Pena - detenção de seis meses a dois anos.
CONSUMAÇÃO: Dar-se com a mera omissão.
ELEMENTO SUBJETIVO CONSUMAÇÃO: Dolo ou culpa. SUJEITO ATIVO: Crime próprio. O agente deve ser Juiz da
TENTATIVA: Não cabe, pois se trata de crime omissivo. Infância (art. 107, parágrafo único) ou Delegado de Polícia
(art. 174).
Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua liber- SUJEITO PASSIVO: Criança ou adolescente.
dade, procedendo à sua apreensão sem estar em flagrante CONDUTA: Crime omissivo consistente na abstenção a for-
de ato infracional ou inexistindo ordem escrita da autori- malidades legais quanto a apreensão.
dade judiciária competente: ELEMENTO SUBJETIVO: Dolo.

57
CONSUMAÇÃO: Dar-se com a não liberação sem justa SUJEITO PASSIVO: Criança ou adolescente.
causa. CONDUTA: Dar-se com a promessa ou a entrega do filho
TENTATIVA: Crime omissivo. Não permite tentativa. ou pupilo por meio de pagamento.
ELEMENTO SUBJETIVO: Dolo.
Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo fixado
CONSUMAÇÃO: Com a mera promessa ou efetivação de
nesta Lei em benefício de adolescente privado de liberdade:
Pena - detenção de seis meses a dois anos. entregar a criança ou adolescente ou pagar por elas.
TENTATIVA: Admite-se.
SUJEITO ATIVO: Crime próprio. Juiz da Infância, promotor Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato des-
da infância ou Delegado de polícia. tinado ao envio de criança ou adolescente para o exterior
SUJEITO PASSIVO: Adolescente. com inobservância das formalidades legais ou com o fito
CONDUTA: Consiste em um não fazer o cumprimento do de obter lucro:
prazo fixado na lei. Pena - reclusão de quatro a seis anos, e multa.
ELEMENTO SUBJETIVO: Dolo. Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave ame-
aça ou fraude: (Incluído pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003)
CONSUMAÇÃO: Dar-se com o efetivo descumprimento do
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da pena
prazo fixado em lei.
correspondente à violência.
TENTATIVA: Trata-se de crime omissivo não cabe. Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar
ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou
Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade ju- pornográfica, envolvendo criança ou adolescente: (Redação
diciária, membro do Conselho Tutelar ou representante do dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
Ministério Público no exercício de função prevista nesta Lei: Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
Pena - detenção de seis meses a dois anos. (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)

SUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa. SUJEITO ATIVO: Crime próprio. O agente será o diretor, fo-
SUJEITO PASSIVO: Juiz de Direito da infância, Promotor tografo ou produtor da cena. De acordo com § 1º, qualquer
de justiça da infância e Conselheiro Tutelar em atuação agenciador ou articulador para a consecução do delito é
funcional. considerado autor.
CONDUTA: Não permitir, dificultar, a ação funcional da SUJEITO PASSIVO: Criança ou adolescente.
autoridades citadas.
CONDUTA: Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar
ELEMENTO SUBJETIVO: Dolo. ou registrar, por qualquer meio.
CONSUMAÇÃO: Dar-se com o efetivo impedimento ou ELEMENTO SUBJETIVO: Dolo.
embaraço.
CONSUMAÇÃO: Consiste na participação da criança ou
TENTATIVA: Admite-se. adolescente no ato cênico.
Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de TENTATIVA: Admite-se.
quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem
judicial, com o fim de colocação em lar substituto: § 1º Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita,
Pena - reclusão de dois a seis anos, e multa. recruta, coage, ou de qualquer modo intermedeia a parti-
cipação de criança ou adolescente nas cenas referidas no
caput deste artigo, ou ainda quem com esses contracena.
SUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa, até mesmo pai e mãe, (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
se destituído o poder familiar ou não estando no exercício § 2º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente
regular de guarda judicial. comete o crime: (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
Noções de Legislação Penal Especial

SUJEITO PASSIVO: O guardião judicial. I – no exercício de cargo ou função pública ou a pretexto


CONDUTA: Retirar a criança ou adolescente do guardião, de exercê-la; (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
buscando colocar a criança ou adolescente em lar substi- II – prevalecendo-se de relações domésticas, de coabi-
tuto. Não havendo essa finalidade, aplica- se em regra o tação ou de hospitalidade; ou (Redação dada pela Lei nº
art. 249. 11.829, de 2008)
ELEMENTO SUBJETIVO: Dolo. III – prevalecendo-se de relações de parentesco consan-
guíneo ou afim até o terceiro grau, ou por adoção, de tutor,
CONSUMAÇÃO: Crime formal. Basta a mera retirada da curador, preceptor, empregador da vítima ou de quem, a
criança e do adolescente do poder do guardião para sua con- qualquer outro título, tenha autoridade sobre ela, ou com
figuração. Não depende da colocação em família substituta. seu consentimento. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
TENTATIVA: Admite-se. Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo
ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou
Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente: (Redação
pupilo a terceiro, mediante paga ou recompensa: dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa. Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem oferece (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
ou efetiva a paga ou recompensa.
SUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa.
SUJEITO ATIVO: Crime próprio. Agentes podem ser os pais,
guardiões judiciais ou tutores. O parágrafo único também SUJEITO PASSIVO: Criança ou adolescente.
coloca como autor o agente que oferece ou realiza o pa- CONDUTA: Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou
gamento. outro registro.

58
ELEMENTO SUBJETIVO: Dolo. SUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa.
CONSUMAÇÃO: Efetiva venda ou apena sua exposição a SUJEITO PASSIVO: Criança ou adolescente.
venda. CONDUTA: Execução do verbos arrolados no tipo penal:
TENTATIVA: Admite-se. adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, foto-
grafia, vídeo ou outra forma de registro.
Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, ELEMENTO SUBJETIVO: Dolo.
distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive
CONSUMAÇÃO: Mera realização dos verbos elencados no
por meio de sistema de informática ou telemático, fotogra- tipo penal.
fia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo ex-
plícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente: TENTATIVA: Admite-se.
(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
§ 3º As pessoas referidas no § 2º deste artigo deverão
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. (In-
manter sob sigilo o material ilícito referido. (Incluído pela Lei
cluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
nº 11.829, de 2008)
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei
Art. 241-C. Simular a participação de criança ou adoles-
nº 11.829, de 2008)
cente em cena de sexo explícito ou pornográfica por meio
I – assegura os meios ou serviços para o armazenamento
de adulteração, montagem ou modificação de fotografia,
das fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput deste
artigo; (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) vídeo ou qualquer outra forma de representação visual:
II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
computadores às fotografias, cenas ou imagens de que trata Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (In-
o caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) cluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
§ 2º As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1º deste
artigo são puníveis quando o responsável legal pela prestação SUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa.
do serviço, oficialmente notificado, deixa de desabilitar o SUJEITO PASSIVO: Criança ou adolescente.
acesso ao conteúdo ilícito de que trata o caput deste artigo. CONDUTA: Simular a participação de criança ou adoles-
(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) cente em cena de sexo explícito ou pornográfica por meio
de adulteração, montagem ou modificação de fotografia,
SUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa. vídeo ou qualquer outra forma de representação visual.
SUJEITO PASSIVO: Criança ou adolescente. ELEMENTO SUBJETIVO: Dolo.
CONDUTA: Execução do tipo penal. Oferecer, trocar, dispo- CONSUMAÇÃO: Execução dos núcleos do tipo penal.
nibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou divulgar por qual- TENTATIVA: Admite-se.
quer meio, inclusive por meio de sistema de informática ou
telemático, fotografia, vídeo ou outro registro. Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende,
ELEMENTO SUBJETIVO: Dolo. expõe à venda, disponibiliza, distribui, publica ou divulga
CONSUMAÇÃO: Efetiva realização dos verbos elencados por qualquer meio, adquire, possui ou armazena o material
no tipo penal. produzido na forma do caput deste artigo. (Incluído pela Lei
nº 11.829, de 2008)
TENTATIVA: Admite-se.
Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por
Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer qualquer meio de comunicação, criança, com o fim de com
meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro que con- ela praticar ato libidinoso: (Incluído pela Lei nº 11.829, de
tenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo 2008)
criança ou adolescente: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (In-
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. cluído pela Lei nº 11.829, de 2008)

Noções de Legislação Penal Especial


(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: (In-
§ 1º A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços) se cluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
de pequena quantidade o material a que se refere o caput I – facilita ou induz o acesso à criança de material con-
deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) tendo cena de sexo explícito ou pornográfica com o fim de
§ 2º Não há crime se a posse ou o armazenamento tem com ela praticar ato libidinoso; (Incluído pela Lei nº 11.829,
a finalidade de comunicar às autoridades competentes a de 2008)
ocorrência das condutas descritas nos arts. 240, 241, 241- II – pratica as condutas descritas no caput deste artigo
A e 241-C desta Lei, quando a comunicação for feita por: com o fim de induzir criança a se exibir de forma pornográ-
(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) fica ou sexualmente explícita. (Incluído pela Lei nº 11.829,
I – agente público no exercício de suas funções; (Incluído de 2008)
pela Lei nº 11.829, de 2008)
II – membro de entidade, legalmente constituída, que SUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa.
inclua, entre suas finalidades institucionais, o recebimento, SUJEITO PASSIVO: Criança.
o processamento e o encaminhamento de notícia dos crimes CONDUTA: Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por
referidos neste parágrafo; (Incluído pela Lei nº 11.829, de qualquer meio de comunicação, criança, com o fim de com
2008) ela praticar ato libidinoso.
III – representante legal e funcionários responsáveis de
ELEMENTO SUBJETIVO: Dolo.
provedor de acesso ou serviço prestado por meio de rede
de computadores, até o recebimento do material relativo à CONSUMAÇÃO: Execução dos verbos nucleares do tipo
notícia feita à autoridade policial, ao Ministério Público ou penal. Dispensa a execução do fim libidinoso.
ao Poder Judiciário. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) TENTATIVA: Admite-se.

59
Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a § 2º Constitui efeito obrigatório da condenação a cas-
expressão “cena de sexo explícito ou pornográfica” com- sação da licença de localização e de funcionamento do es-
preende qualquer situação que envolva criança ou adoles- tabelecimento. (Incluído pela Lei nº 9.975, de 23/6/2000)
cente em atividades sexuais explícitas, reais ou simuladas,
ou exibição dos órgãos genitais de uma criança ou adoles- SUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa.
cente para fins primordialmente sexuais. (Incluído pela Lei
nº 11.829, de 2008) SUJEITO PASSIVO: Criança ou adolescente.
Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou CONDUTA: Colocar criança e adolescente em situação de
entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente arma, prostituição.
munição ou explosivo: ELEMENTO SUBJETIVO: Dolo.
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos. (Redação dada CONSUMAÇÃO: Mera colocação na situação de prostitui-
pela Lei nº 10.764, de 12/11/2003) ção.
TENTATIVA: Admite-se.
SUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa.
SUJEITO PASSIVO: Criança ou adolescente. Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor
de 18 (dezoito) anos, com ele praticando infração penal
CONDUTA: Vender, fornecer, ainda que gratuitamente, ou
entregar, de qualquer forma. ou induzindo-o a praticá-la: (Incluído pela Lei nº 12.015,
de 2009)
ELEMENTO SUBJETIVO: Dolo. Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído
CONSUMAÇÃO: Dar-se com a venda ou oferecimento da pela Lei nº 12.015, de 2009)
arma, munição ou explosivo. § 1º Incorre nas penas previstas no caput deste artigo
TENTATIVA: Admite-se. quem pratica as condutas ali tipificadas utilizando- se de
quaisquer meios eletrônicos, inclusive salas de bate-papo
Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, da internet. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
ainda que gratuitamente, de qualquer forma, a criança ou § 2º As penas previstas no caput deste artigo são au-
a adolescente, bebida alcoólica ou, sem justa causa, outros mentadas de um terço no caso de a infração cometida ou
produtos cujos componentes possam causar dependência induzida estar incluída no rol do art. 1º da Lei nº 8.072, de
física ou psíquica: (Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015) 25 de julho de 1990. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa,
se o fato não constitui crime mais grave. (Redação dada pela
SUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa maior de 18 anos.
Lei nº 13.106, de 2015)
SUJEITO PASSIVO: Criança ou adolescente.
CONDUTA: Colocar criança ou adolescente para praticar
SUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa.
ato infracional diretamente ou praticar infração penal jun-
SUJEITO PASSIVO: Criança ou adolescente. tamente com criança ou adolescente.
CONDUTA: Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, ELEMENTO SUBJETIVO: Dolo.
ainda que gratuitamente, de qualquer forma.
CONSUMAÇÃO: Mera prática da infração penal em con-
ELEMENTO SUBJETIVO: Dolo. junto com criança ou adolescente ou induzi-las a praticar
CONSUMAÇÃO: Execução do núcleo do tipo penal. ato infracional.
TENTATIVA: Admite-se. TENTATIVA: Admite-se.

Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou Capítulo II


entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente fogos Das Infrações Administrativas
de estampido ou de artifício, exceto aqueles que, pelo seu
Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável por
Noções de Legislação Penal Especial

reduzido potencial, sejam incapazes de provocar qualquer


dano físico em caso de utilização indevida: estabelecimento de atenção à saúde e de ensino fundamen-
Pena – detenção de seis meses a dois anos, e multa. tal, pré-escola ou creche, de comunicar à autoridade com-
petente os casos de que tenha conhecimento, envolvendo
SUJEITO ATIVO: Qualquer pessoa. suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou
adolescente:
SUJEITO PASSIVO: Criança ou adolescente.
Pena - multa de três a vinte salários de referência, apli-
CONDUTA: Vender, fornecer, ainda que gratuitamente, ou cando-se o dobro em caso de reincidência.
entregar, fogos de estampido ou de artifício, exceto aqueles Art. 246. Impedir o responsável ou funcionário de en-
que pelo seu reduzido potencial sejam incapazes de pro- tidade de atendimento o exercício dos direitos constantes
vocar qualquer dano físico em caso de utilização indevida. nos incisos II, III, VII, VIII e XI do art. 124 desta Lei:
ELEMENTO SUBJETIVO: Dolo. Pena - multa de três a vinte salários de referência, apli-
TENTATIVA: Cabe. cando-se o dobro em caso de reincidência.
Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autoriza-
Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como tais ção devida, por qualquer meio de comunicação, nome, ato
definidos no caput do art. 2º desta Lei, à prostituição ou à ou documento de procedimento policial, administrativo ou
exploração sexual: (Incluído pela Lei nº 9.975, de 23/6/2000) judicial relativo a criança ou adolescente a que se atribua
Pena - reclusão de quatro a dez anos, e multa. ato infracional:
§ 1º Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o ge- Pena - multa de três a vinte salários de referência, apli-
rente ou o responsável pelo local em que se verifique a sub- cando-se o dobro em caso de reincidência.
missão de criança ou adolescente às práticas referidas no § 1º Incorre na mesma pena quem exibe, total ou parcial-
caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 9.975, de 23/6/2000) mente, fotografia de criança ou adolescente envolvido em

60
ato infracional, ou qualquer ilustração que lhe diga respeito determinar a suspensão da programação da emissora por
ou se refira a atos que lhe sejam atribuídos, de forma a per- até dois dias.
mitir sua identificação, direta ou indiretamente. Art. 255. Exibir filme, trailer, peça, amostra ou congêne-
§ 2º Se o fato for praticado por órgão de imprensa ou re classificado pelo órgão competente como inadequado às
emissora de rádio ou televisão, além da pena prevista neste crianças ou adolescentes admitidos ao espetáculo:
artigo, a autoridade judiciária poderá determinar a apreen- Pena - multa de vinte a cem salários de referência; na
são da publicação ou a suspensão da programação da emis- reincidência, a autoridade poderá determinar a suspensão
sora até por dois dias, bem como da publicação do periódico do espetáculo ou o fechamento do estabelecimento por até
até por dois números. (Expressão declara inconstitucional quinze dias.
pela ADIN 869-2) Art. 256. Vender ou locar a criança ou adolescente fita
Art. 248. (Revogado) de programação em vídeo, em desacordo com a classifica-
ção atribuída pelo órgão competente:
Conflito Aparente de Normas Pena - multa de três a vinte salários de referência; em
caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá deter-
Lei Complementar nº 150, art. 1º, parágrafo único: minar o fechamento do estabelecimento por até quinze dias.
“É vedada a contratação de menor de 18 (dezoito) anos Art. 257. Descumprir obrigação constante dos arts. 78
para desempenho de trabalho doméstico, de acordo com a e 79 desta Lei:
Convenção no182, de 1999, da Organização Internacional Pena - multa de três a vinte salários de referência, dupli-
do Trabalho (OIT) e com o Decreto no 6.481, de 12 de junho cando-se a pena em caso de reincidência, sem prejuízo de
de 2008. apreensão da revista ou publicação.
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplican- Art. 258. Deixar o responsável pelo estabelecimento
do-se o dobro em caso de reincidência, independentemente ou o empresário de observar o que dispõe esta Lei sobre
das despesas de retorno do adolescente, se for o caso.” o acesso de criança ou adolescente aos locais de diversão,
Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os deve- ou sobre sua participação no espetáculo:
res inerentes ao pátrio poder poder familiar ou decorrente Pena - multa de três a vinte salários de referência; em
de tutela ou guarda, bem assim determinação da autori- caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá deter-
dade judiciária ou Conselho Tutelar: (Expressão substituída minar o fechamento do estabelecimento por até quinze dias.
pela Lei nº 12.010, de 2009) Art. 258-A. Deixar a autoridade competente de pro-
Pena - multa de três a vinte salários de referência, apli- videnciar a instalação e operacionalização dos cadastros
cando-se o dobro em caso de reincidência. previstos no art. 50 e no § 11 do art. 101 desta Lei: (Incluído
Art. 250. Hospedar criança ou adolescente desacompa- pela Lei nº 12.010, de 2009)
nhado dos pais ou responsável, ou sem autorização escrita Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 (três
desses ou da autoridade judiciária, em hotel, pensão, motel mil reais). (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
ou congênere: (Redação dada pela Lei nº 12.038, de 2009). Art. 258-C. Descumprir a proibição estabelecida no inci-
Pena – multa. (Redação dada pela Lei nº 12.038, de 2009). so II do art. 81: (Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015)
§ 1º Em caso de reincidência, sem prejuízo da pena de Pena - multa de R$ 3.000,00 (três mil reais) a R$ 10.000,00
multa, a autoridade judiciária poderá determinar o fecha- (dez mil reais); (Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015)
mento do estabelecimento por até 15 (quinze) dias. (Incluído Medida Administrativa - interdição do estabelecimento
pela Lei nº 12.038, de 2009) comercial até o recolhimento da multa aplicada. (Redação
§ 2º Se comprovada a reincidência em período inferior dada pela Lei nº 13.106, de 2015)
a 30 (trinta) dias, o estabelecimento será definitivamente Art. 267. Revogam-se as Leis nº 4.513, de 1964, e 6.697,
fechado e terá sua licença cassada. (Incluído pela Lei nº de 10 de outubro de 1979 (Código de Menores), e as demais
12.038, de 2009) disposições em contrário.
Art. 251. Transportar criança ou adolescente, por qual-
quer meio, com inobservância do disposto nos arts. 83, 84 Brasília, 13 de julho de 1990; 169º da Independência e

Noções de Legislação Penal Especial


e 85 desta Lei: 102º da República.
Pena - multa de três a vinte salários de referência, apli-
cando-se o dobro em caso de reincidência. Da Infiltração de Agentes de Polícia
Art. 252. Deixar o responsável por diversão ou espetá-
culo público de afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à Seção V-A
entrada do local de exibição, informação destacada sobre Da Infiltração de Agentes de Polícia para a
a natureza da diversão ou espetáculo e a faixa etária espe- Investigação de Crimes contra a Dignidade
cificada no certificado de classificação: Sexual de Criança e de Adolescente
Pena - multa de três a vinte salários de referência, apli- (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
cando-se o dobro em caso de reincidência.
Art. 253. Anunciar peças teatrais, filmes ou quaisquer Art. 190-A. A infiltração de agentes de polícia na internet
representações ou espetáculos, sem indicar os limites de com o fim de investigar os crimes previstos nos arts. 240,
idade a que não se recomendem: 241, 241-A, 241-B, 241-C e 241-D desta Lei e nos arts. 154-A,
Pena - multa de três a vinte salários de referência, du- 217-A, 218, 218-A e 218-B do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
plicada em caso de reincidência, aplicável, separadamente, dezembro de 1940 (Código Penal), obedecerá às seguintes
à casa de espetáculo e aos órgãos de divulgação ou publi- regras: (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
cidade. I – será precedida de autorização judicial devidamente
Art. 254. Transmitir, através de rádio ou televisão, es- circunstanciada e fundamentada, que estabelecerá os limites
petáculo em horário diverso do autorizado ou sem aviso da infiltração para obtenção de prova, ouvido o Ministério
de sua classificação: Público; (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
Pena - multa de vinte a cem salários de referência; dupli- II – dar-se-á mediante requerimento do Ministério Pú-
cada em caso de reincidência a autoridade judiciária poderá blico ou representação de delegado de polícia e conterá

61
a demonstração de sua necessidade, o alcance das tarefas Isaac Silva
dos policiais, os nomes ou apelidos das pessoas investigadas
e, quando possível, os dados de conexão ou cadastrais que LEI Nº 9.503, DE 23 DE SETEMBRO DE 1997
permitam a identificação dessas pessoas; (Incluído pela Lei
nº 13.441, de 2017) Institui o Código de Trânsito Brasileiro.
III – não poderá exceder o prazo de 90 (noventa) dias,
sem prejuízo de eventuais renovações, desde que o total não CAPÍTULO I
exceda a 720 (setecentos e vinte) dias e seja demonstrada Disposições Preliminares
sua efetiva necessidade, a critério da autoridade judicial.
(Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) Art. 1º O trânsito de qualquer natureza nas vias terres-
§ 1º A autoridade judicial e o Ministério Público poderão tres do território nacional, abertas à circulação, rege‑se por
requisitar relatórios parciais da operação de infiltração antes este Código.
do término do prazo de que trata o inciso II do § 1º deste § 1º Considera‑se trânsito a utilização das vias por pes-
artigo. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) soas, veículos e animais, isolados ou em grupos, conduzidos
§ 2º Para efeitos do disposto no inciso I do § 1º deste ou não, para fins de circulação, parada, estacionamento e
artigo, consideram-se: (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) operação de carga ou descarga.
I – dados de conexão: informações referentes a hora,
data, início, término, duração, endereço de Protocolo de Comentário
Internet (IP) utilizado e terminal de origem da conexão; (In- Anexo I do CTB também define Trânsito – movimenta-
cluído pela Lei nº 13.441, de 2017) ção e imobilização de veículos, pessoas e animais nas vias
II – dados cadastrais: informações referentes a nome e terrestres.
endereço de assinante ou de usuário registrado ou auten-
ticado para a conexão a quem endereço de IP, identificação § 2º O trânsito, em condições seguras, é um direito de
de usuário ou código de acesso tenha sido atribuído no mo- todos e dever dos órgãos e entidades componentes do Sis-
mento da conexão. tema Nacional de Trânsito, a estes cabendo, no âmbito das
§ 3º A infiltração de agentes de polícia na internet não respectivas competências, adotar as medidas destinadas a
será admitida se a prova puder ser obtida por outros meios. assegurar esse direito.
(Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) § 3º Os órgãos e entidades componentes do Sistema
Art. 190-B. As informações da operação de infiltração Nacional de Trânsito respondem, no âmbito das respecti-
serão encaminhadas diretamente ao juiz responsável pela vas competências, objetivamente, por danos causados aos
autorização da medida, que zelará por seu sigilo. (Incluído cidadãos em virtude de ação, omissão ou erro na execução e
pela Lei nº 13.441, de 2017) manutenção de programas, projetos e serviços que garantam
Parágrafo único. Antes da conclusão da operação, o aces- o exercício do direito do trânsito seguro.
so aos autos será reservado ao juiz, ao Ministério Público e
ao delegado de polícia responsável pela operação, com o Comentário
objetivo de garantir o sigilo das investigações. (Incluído pela O direito a um trânsito seguro é dever dos órgãos do
Lei nº 13.441, de 2017) Sistema Nacional de Trânsito (SNT), que responderá objeti-
Art. 190-C. Não comete crime o policial que oculta a vamente por ação, omissão ou erro na execução.
sua identidade para, por meio da internet, colher indícios
de autoria e materialidade dos crimes previstos nos arts. § 4º (Vetado)
240, 241, 241-A, 241-B, 241-C e 241-D desta Lei e nos arts. § 5º Os órgãos e entidades de trânsito pertencentes ao
154-A, 217-A, 218, 218-A e 218-B do Decreto-Lei nº 2.848, Sistema Nacional de Trânsito darão prioridade em suas ações
de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal). (Incluído pela Lei à defesa da vida, nela incluída a preservação da saúde e do
nº 13.441, de 2017) meio‑ambiente.
Parágrafo único. O agente policial infiltrado que deixar de Art. 2º São vias terrestres urbanas e rurais as ruas, as ave-
Noções de Legislação Penal Especial

observar a estrita finalidade da investigação responderá pe- nidas, os logradouros, os caminhos, as passagens, as estradas
los excessos praticados. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) e as rodovias, que terão seu uso regulamentado pelo órgão
Art. 190-D. Os órgãos de registro e cadastro público po- ou entidade com circunscrição sobre elas, de acordo com as
derão incluir nos bancos de dados próprios, mediante pro- peculiaridades locais e as circunstâncias especiais.
cedimento sigiloso e requisição da autoridade judicial, as
informações necessárias à efetividade da identidade fictícia Parágrafo único. Para os efeitos deste Código, são consi-
criada. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) deradas vias terrestres as praias abertas à circulação pública,
Parágrafo único. O procedimento sigiloso de que trata as vias internas pertencentes aos condomínios constituídos
esta Seção será numerado e tombado em livro específico. por unidades autônomas e as vias e áreas de estacionamento
(Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) de estabelecimentos privados de uso coletivo.
Art. 190-E. Concluída a investigação, todos os atos eletrô-
nicos praticados durante a operação deverão ser registrados, Comentário
gravados, armazenados e encaminhados ao juiz e ao Mi- Anexo I do CTB define VIA – superfície por onde transi-
nistério Público, juntamente com relatório circunstanciado. tam veículos, pessoas e animais, compreendendo a pista,
(Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) a calçada, o acostamento, ilha e canteiro central.
Parágrafo único. Os atos eletrônicos registrados citados
no caput deste artigo serão reunidos em autos apartados e Art. 3º As disposições deste Código são aplicáveis a
apensados ao processo criminal juntamente com o inqué- qualquer veículo, bem como aos proprietários, condutores
rito policial, assegurando-se a preservação da identidade dos veículos nacionais ou estrangeiros e às pessoas nele
do agente policial infiltrado e a intimidade das crianças e expressamente mencionadas.
dos adolescentes envolvidos. (Incluído pela Lei nº 13.441, Art. 4º Os conceitos e definições estabelecidos para os
de 2017) efeitos deste Código são os constantes do Anexo I.

62
CAPÍTULO II Art. 8º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
Do Sistema Nacional de Trânsito organizarão os respectivos órgãos e entidades executivos de
trânsito e executivos rodoviários, estabelecendo os limites
Seção I circunscricionais de suas atuações.
Disposições Gerais Art. 9º O Presidente da República designará o ministério
ou órgão da Presidência responsável pela coordenação máxi-
Art. 5º O Sistema Nacional de Trânsito é o conjunto de ma do Sistema Nacional de Trânsito, ao qual estará vinculado
o CONTRAN e subordinado o órgão máximo executivo de
órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Fede-
trânsito da União.
ral e dos Municípios que tem por finalidade o exercício das
atividades de planejamento, administração, normatização,
pesquisa, registro e licenciamento de veículos, formação, ha- CAPÍTULO III
bilitação e reciclagem de condutores, educação, engenharia, Das Normas Gerais de Circulação e Conduta
operação do sistema viário, policiamento, fiscalização, julga-
mento de infrações e de recursos e aplicação de penalidades. Condutores de veículos – deveres e proibições
Art. 6º São objetivos básicos do Sistema Nacional de
Trânsito: Art. 26. Os usuários das vias terrestres devem:
I – estabelecer diretrizes da Política Nacional de Trânsi- I – abster‑se de todo ato que possa constituir perigo
to, com vistas à segurança, à fluidez, ao conforto, à defesa ou obstáculo para o trânsito de veículos, de pessoas ou de
ambiental e à educação para o trânsito, e fiscalizar seu animais, ou ainda causar danos a propriedades públicas ou
cumprimento; privadas;
II – fixar, mediante normas e procedimentos, a padro- II – abster‑se de obstruir o trânsito ou torná‑lo perigoso,
atirando, depositando ou abandonando na via objetos ou
nização de critérios técnicos, financeiros e administrativos
substâncias, ou nela criando qualquer outro obstáculo.
para a execução das atividades de trânsito;
III – estabelecer a sistemática de fluxos permanentes de Comentário
informações entre os seus diversos órgãos e entidades, a fim A infração para a inobservância das condutas acima está
de facilitar o processo decisório e a integração do Sistema. tipificada no artigo 172 do CTB.

Comentário Art. 27. Antes de colocar o veículo em circulação nas vias


Todas as atividades desenvolvidas no trânsito deverão públicas, o condutor deverá verificar a existência e as boas
ser exercidas por um órgão componente do SNT quer em condições de funcionamento dos equipamentos de uso obri-
âmbito municipal, estadual ou federal de acordo com as gatório, bem como assegurar‑se da existência de combustível
respectivas competências. suficiente para chegar ao local de destino.

Comentário
A infração para a inobservância das condutas acima está
Seção II
tipificada no artigo 230 IX do CTB.
Da Composição e da Competência
do Sistema Nacional de Trânsito Art. 28. O condutor deverá, a todo momento, ter do-
mínio de seu veículo, dirigindo‑o com atenção e cuidados
Art. 7º Compõem o Sistema Nacional de Trânsito os indispensáveis à segurança do trânsito.
seguintes órgãos e entidades:
I – o Conselho Nacional de Trânsito – CONTRAN, coorde- Comentário
nador do Sistema e órgão máximo normativo e consultivo; A infração para a inobservância das condutas acima está
II – os Conselhos Estaduais de Trânsito – CETRAN e o tipificada no artigo 169 do CTB.
Conselho de Trânsito do Distrito Federal – CONTRANDIFE,

Noções de Legislação Penal Especial


órgãos normativos, consultivos e coordenadores; Art. 29. O trânsito de veículos nas vias terrestres abertas
III – os órgãos e entidades executivos de trânsito da à circulação obedecerá às seguintes normas:
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; I – a circulação far‑se‑á pelo lado direito da via, admitin-
IV – os órgãos e entidades executivos rodoviários da do‑se as exceções devidamente sinalizadas;
II – o condutor deverá guardar distância de segurança
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
lateral e frontal entre o seu e os demais veículos, bem como
V – a Polícia Rodoviária Federal; em relação ao bordo da pista, considerando‑se, no momento,
VI – as Polícias Militares dos Estados e do Distrito Fe- a velocidade e as condições do local, da circulação, do veículo
deral; e e as condições climáticas;
VII – as Juntas Administrativas de Recursos de Infra-
ções – JARI. Comentário
Art. 7ºA. A autoridade portuária ou a entidade conces- A infração para a inobservância das regras acima está
sionária de porto organizado poderá celebrar convênios tipificada no artigo 192 do CTB.
com os órgãos previstos no art. 7º, com a interveniência
dos Municípios e Estados, juridicamente interessados, para III – quando veículos, transitando por fluxos que se cru-
o fim específico de facilitar a autuação por descumprimento zem, se aproximarem de local não sinalizado, terá preferência
da legislação de trânsito. de passagem:
§ 1º O convênio valerá para toda a área física do porto a) no caso de apenas um fluxo ser proveniente de rodo-
organizado, inclusive, nas áreas dos terminais alfandegados, via, aquele que estiver circulando por ela;
nas estações de transbordo, nas instalações portuárias pú- b) no caso de rotatória, aquele que estiver circulando
blicas de pequeno porte e nos respectivos estacionamentos por ela;
ou vias de trânsito internas. c) nos demais casos, o que vier pela direita do condutor;

63
Comentário a) nenhum condutor que venha atrás haja começado
A infração para a inobservância das regras acima está uma manobra para ultrapassá‑lo;
tipificada no artigo 215 do CTB. b) quem o precede na mesma faixa de trânsito não haja
indicado o propósito de ultrapassar um terceiro;
IV – quando uma pista de rolamento comportar várias c) a faixa de trânsito que vai tomar esteja livre numa
faixas de circulação no mesmo sentido, são as da direita extensão suficiente para que sua manobra não ponha em
destinadas ao deslocamento dos veículos mais lentos e de perigo ou obstrua o trânsito que venha em sentido contrário;
maior porte, quando não houver faixa especial a eles des- XI – todo condutor ao efetuar a ultrapassagem deverá:
tinada, e as da esquerda, destinadas à ultrapassagem e ao a) indicar com antecedência a manobra pretendida, acio-
deslocamento dos veículos de maior velocidade; nando a luz indicadora de direção do veículo ou por meio de
gesto convencional de braço;
Comentário b) afastar‑se do usuário ou usuários aos quais ultra-
As infrações por inobservância da regra acima estão passa, de tal forma que deixe livre uma distância lateral de
tipificadas nos artigos 184 e 185 do CTB. segurança;
c) retomar, após a efetivação da manobra, a faixa de
V – o trânsito de veículos sobre passeios, calçadas e nos trânsito de origem, acionando a luz indicadora de direção do
acostamentos, só poderá ocorrer para que se adentre ou veículo ou fazendo gesto convencional de braço, adotando
se saia dos imóveis ou áreas especiais de estacionamento; os cuidados necessários para não pôr em perigo ou obstruir
o trânsito dos veículos que ultrapassou;
Comentário XII – os veículos que se deslocam sobre trilhos terão
A infração para a inobservância da regra acima está preferência de passagem sobre os demais, respeitadas as
tipificada no artigo 193 do CTB. normas de circulação.
XIII – (Vetado)
VI – os veículos precedidos de batedores terão prio- § 1º As normas de ultrapassagem previstas nas alíne-
ridade de passagem, respeitadas as demais normas de as a e b do inciso X e a e b do inciso XI aplicam‑se à trans-
circulação; posição de faixas, que pode ser realizada tanto pela faixa da
VII – os veículos destinados a socorro de incêndio e esquerda como pela da direita.
salvamento, os de polícia, os de fiscalização e operação § 2º Respeitadas as normas de circulação e conduta esta-
de trânsito e as ambulâncias, além de prioridade de trân- belecidas neste artigo, em ordem decrescente, os veículos de
sito, gozam de livre circulação, estacionamento e parada, maior porte serão sempre responsáveis pela segurança dos
quando em serviço de urgência e devidamente identifica- menores, os motorizados pelos não motorizados e, juntos,
dos por dispositivos regulamentares de alarme sonoro e pela incolumidade dos pedestres.
iluminação vermelha intermitente, observadas as seguintes Art. 30. Todo condutor, ao perceber que outro que o
disposições: segue tem o propósito de ultrapassá‑lo, deverá:
a) quando os dispositivos estiverem acionados, indicando I – se estiver circulando pela faixa da esquerda, deslo-
car‑se para a faixa da direita, sem acelerar a marcha;
a proximidade dos veículos, todos os condutores deverão
II – se estiver circulando pelas demais faixas, manter‑se
deixar livre a passagem pela faixa da esquerda, indo para a
naquela na qual está circulando, sem acelerar a marcha.
direita da via e parando, se necessário;
Parágrafo único. Os veículos mais lentos, quando em fila,
b) os pedestres, ao ouvir o alarme sonoro, deverão
deverão manter distância suficiente entre si para permitir
aguardar no passeio, só atravessando a via quando o veículo
que veículos que os ultrapassem possam se intercalar na
já tiver passado pelo local;
fila com segurança.
c) o uso de dispositivos de alarme sonoro e de iluminação
Art. 31. O condutor que tenha o propósito de ultrapassar
vermelha intermitente só poderá ocorrer quando da efetiva
um veículo de transporte coletivo que esteja parado, efetu-
Noções de Legislação Penal Especial

prestação de serviço de urgência;


ando embarque ou desembarque de passageiros, deverá
d) a prioridade de passagem na via e no cruzamento deve-
reduzir a velocidade, dirigindo com atenção redobrada ou
rá se dar com velocidade reduzida e com os devidos cuidados
parar o veículo com vistas à segurança dos pedestres.
de segurança, obedecidas as demais normas deste Código;
Art. 32. O condutor não poderá ultrapassar veículos em
vias com duplo sentido de direção e pista única, nos trechos
Comentário em curvas e em aclives sem visibilidade suficiente, nas pas-
As infrações por inobservância das regras acima estão sagens de nível, nas pontes e viadutos e nas travessias de
tipificadas nos artigos 189 e 190 do CTB. pedestres, exceto quando houver sinalização permitindo a
ultrapassagem.
VIII – os veículos prestadores de serviços de utilidade pú- Art. 33. Nas interseções e suas proximidades, o condutor
blica, quando em atendimento na via, gozam de livre parada não poderá efetuar ultrapassagem.
e estacionamento no local da prestação de serviço, desde Art. 34. O condutor que queira executar uma manobra
que devidamente sinalizados, devendo estar identificados deverá certificar‑se de que pode executá‑la sem perigo para
na forma estabelecida pelo CONTRAN; os demais usuários da via que o seguem, precedem ou vão
IX – a ultrapassagem de outro veículo em movimento cruzar com ele, considerando sua posição, sua direção e sua
deverá ser feita pela esquerda, obedecida a sinalização velocidade.
regulamentar e as demais normas estabelecidas neste
Código, exceto quando o veículo a ser ultrapassado estiver Comentário
sinalizando o propósito de entrar à esquerda; As infrações por inobservância das regras de ultrapassa-
X – todo condutor deverá, antes de efetuar uma ultra- gem previstas do artigo 29 inc. IX ao artigo 34 estão tipificadas
passagem, certificar‑se de que: nos artigos 199, 202, 203, 205 e 211 do CTB.

64
Art. 35. Antes de iniciar qualquer manobra que implique de ultrapassar o veículo que segue à frente ou para indicar a
um deslocamento lateral, o condutor deverá indicar seu existência de risco à segurança para os veículos que circulam
propósito de forma clara e com a devida antecedência, por no sentido contrário;
meio da luz indicadora de direção de seu veículo, ou fazendo IV – o condutor manterá acesas pelo menos as luzes
gesto convencional de braço. de posição do veículo quando sob chuva forte, neblina ou
cerração;
Comentário V – O condutor utilizará o pisca‑alerta nas seguintes
A infração para a inobservância das regras acima está situações:
tipificada no artigo 196 do CTB. a) em imobilizações ou situações de emergência;
b) quando a regulamentação da via assim o determinar;
Parágrafo único. Entende‑se por deslocamento lateral a VI – durante a noite, em circulação, o condutor manterá
transposição de faixas, movimentos de conversão à direita, acesa a luz de placa;
à esquerda e retornos. VII – o condutor manterá acesas, à noite, as luzes de
Art. 36. O condutor que for ingressar numa via, proce- posição quando o veículo estiver parado para fins de em-
dente de um lote lindeiro a essa via, deverá dar preferência barque ou desembarque de passageiros e carga ou descarga
aos veículos e pedestres que por ela estejam transitando. de mercadorias.
Art. 37. Nas vias providas de acostamento, a conversão Parágrafo único. Os veículos de transporte coletivo regu-
à esquerda e a operação de retorno deverão ser feitas nos lar de passageiros, quando circularem em faixas próprias a
locais apropriados e, onde estes não existirem, o condutor eles destinadas, e os ciclos motorizados deverão utilizar‑se
deverá aguardar no acostamento, à direita, para cruzar a de farol de luz baixa durante o dia e a noite.
pista com segurança.
Comentário
Comentário As infrações por inobservância das regras acima estão
A infração para a inobservância das regras acima está tipificadas nos artigos 223, 224, 249, 250 e 251 do CTB.
tipificada no artigo 204 do CTB.
Art. 41. O condutor de veículo só poderá fazer uso de
Art. 38. Antes de entrar à direita ou à esquerda, em outra buzina, desde que em toque breve, nas seguintes situações:
via ou em lotes lindeiros, o condutor deverá: I – para fazer as advertências necessárias a fim de evitar
I – ao sair da via pelo lado direito, aproximar‑se o máximo acidentes;
possível do bordo direito da pista e executar sua manobra II – fora das áreas urbanas, quando for conveniente ad-
no menor espaço possível; vertir a um condutor que se tem o propósito de ultrapassá‑lo.
II – ao sair da via pelo lado esquerdo, aproximar‑se o
máximo possível de seu eixo ou da linha divisória da pista, Comentário
quando houver, caso se trate de uma pista com circulação A infração por inobservância das regras acima está tipi-
nos dois sentidos, ou do bordo esquerdo, tratando‑se de ficada no artigo 227 do CTB.
uma pista de um só sentido.
Parágrafo único. Durante a manobra de mudança de Art. 42. Nenhum condutor deverá frear bruscamente seu
direção, o condutor deverá ceder passagem aos pedestres veículo, salvo por razões de segurança.
e ciclistas, aos veículos que transitem em sentido contrário
pela pista da via da qual vai sair, respeitadas as normas de Velocidade
preferência de passagem.
Art. 43. Ao regular a velocidade, o condutor deverá ob-
Comentário servar constantemente as condições físicas da via, do veículo
As infrações por inobservância das regras acima estão e da carga, as condições meteorológicas e a intensidade do
tipificadas nos artigos 216 e 217 do CTB. trânsito, obedecendo aos limites máximos de velocidade
estabelecidos para a via, além de:

Noções de Legislação Penal Especial


Art. 39. Nas vias urbanas, a operação de retorno deverá I – não obstruir a marcha normal dos demais veículos
ser feita nos locais para isto determinados, quer por meio em circulação sem causa justificada, transitando a uma
de sinalização, quer pela existência de locais apropriados, velocidade anormalmente reduzida;
ou, ainda, em outros locais que ofereçam condições de II – sempre que quiser diminuir a velocidade de seu
segurança e fluidez, observadas as características da via, do veículo deverá antes certificar‑se de que pode fazê‑lo sem
veículo, das condições meteorológicas e da movimentação risco nem inconvenientes para os outros condutores, a não
de pedestres e ciclistas. ser que haja perigo iminente;
III – indicar, de forma clara, com a antecedência ne-
Comentário cessária e a sinalização devida, a manobra de redução de
As infrações por inobservância das regras acima estão velocidade.
tipificadas nos artigos 206 e 207 do CTB. Art. 44. Ao aproximar‑se de qualquer tipo de cruzamento,
o condutor do veículo deve demonstrar prudência especial,
Art. 40. O uso de luzes em veículo obedecerá às seguintes transitando em velocidade moderada, de forma que pos-
determinações: sa deter seu veículo com segurança para dar passagem a
I – o condutor manterá acesos os faróis do veículo, utilizando pedestre e a veículos que tenham o direito de preferência.
luz baixa, durante a noite e durante o dia nos túneis providos Art. 45. Mesmo que a indicação luminosa do semáforo
de iluminação pública e nas rodovias; lhe seja favorável, nenhum condutor pode entrar em uma in-
II – nas vias não iluminadas o condutor deve usar luz alta, terseção se houver possibilidade de ser obrigado a imobilizar
exceto ao cruzar com outro veículo ou ao segui‑lo; o veículo na área do cruzamento, obstruindo ou impedindo
III – a troca de luz baixa e alta, de forma intermitente e por a passagem do trânsito transversal.
curto período de tempo, com o objetivo de advertir outros Art. 46. Sempre que for necessária a imobilização tem-
motoristas, só poderá ser utilizada para indicar a intenção porária de um veículo no leito viário, em situação de emer-

65
gência, deverá ser providenciada a imediata sinalização de Art. 54. Os condutores de motocicletas, motonetas e
advertência, na forma estabelecida pelo CONTRAN. ciclomotores só poderão circular nas vias:
Art. 47. Quando proibido o estacionamento na via, I – utilizando capacete de segurança, com viseira ou
a parada deverá restringir‑se ao tempo indispensável para óculos protetores;
embarque ou desembarque de passageiros, desde que não II – segurando o guidom com as duas mãos;
interrompa ou perturbe o fluxo de veículos ou a locomoção III – usando vestuário de proteção, de acordo com as
de pedestres. especificações do CONTRAN.
Parágrafo único. A operação de carga ou descarga será Art. 55. Os passageiros de motocicletas, motonetas e
regulamentada pelo órgão ou entidade com circunscrição ciclomotores só poderão ser transportados:
sobre a via e é considerada estacionamento. I – utilizando capacete de segurança;
Art. 48. Nas paradas, operações de carga ou descarga e II – em carro lateral acoplado aos veículos ou em assento
nos estacionamentos, o veículo deverá ser posicionado no suplementar atrás do condutor;
sentido do fluxo, paralelo ao bordo da pista de rolamento III – usando vestuário de proteção, de acordo com as
e junto à guia da calçada (meio‑fio), admitidas as exceções especificações do CONTRAN.
devidamente sinalizadas. Art. 56. (Vetado)
§ 1º Nas vias providas de acostamento, os veículos pa- Art. 57. Os ciclomotores devem ser conduzidos pela di-
rados, estacionados ou em operação de carga ou descarga reita da pista de rolamento, preferencialmente no centro da
deverão estar situados fora da pista de rolamento. faixa mais à direita ou no bordo direito da pista sempre que
§ 2º O estacionamento dos veículos motorizados de duas não houver acostamento ou faixa própria a eles destinada,
rodas será feito em posição perpendicular à guia da calçada proibida a sua circulação nas vias de trânsito rápido e sobre
(meio‑fio) e junto a ela, salvo quando houver sinalização que as calçadas das vias urbanas.
determine outra condição. Parágrafo único. Quando uma via comportar duas ou
§ 3º O estacionamento dos veículos sem abandono do mais faixas de trânsito e a da direita for destinada ao uso
condutor poderá ser feito somente nos locais previstos exclusivo de outro tipo de veículo, os ciclomotores deverão
neste Código ou naqueles regulamentados por sinalização circular pela faixa adjacente à da direita.
específica.
Comentário
Comentário
As infrações por inobservância das regras de condução
As infrações por inobservância das regras de estacio-
de motocicletas, motonetas e ciclomotores estão tipificadas
namento e parada estão tipificadas nos artigos 181 para
nos artigos 244 do CTB.
estacionamento e 182,183do CTB por parada irregular.
Art. 58. Nas vias urbanas e nas rurais de pista dupla,
Art. 49. O condutor e os passageiros não deverão abrir
a porta do veículo, deixá‑la aberta ou descer do veículo sem a circulação de bicicletas deverá ocorrer, quando não houver
antes se certificarem de que isso não constitui perigo para ciclovia, ciclofaixa, ou acostamento, ou quando não for pos-
eles e para outros usuários da via. sível a utilização destes, nos bordos da pista de rolamento,
Parágrafo único. O embarque e o desembarque devem no mesmo sentido de circulação regulamentado para a via,
ocorrer sempre do lado da calçada, exceto para o condutor. com preferência sobre os veículos automotores.
Art. 50. O uso de faixas laterais de domínio e das áreas Parágrafo único. A autoridade de trânsito com circunscri-
adjacentes às estradas e rodovias obedecerá às condições de ção sobre a via poderá autorizar a circulação de bicicletas no
segurança do trânsito estabelecidas pelo órgão ou entidade sentido contrário ao fluxo dos veículos automotores, desde
com circunscrição sobre a via. que dotado o trecho com ciclofaixa.
Art. 51. Nas vias internas pertencentes a condomínios Art. 59. Desde que autorizado e devidamente sinalizado
constituídos por unidades autônomas, a sinalização de re- pelo órgão ou entidade com circunscrição sobre a via, será
gulamentação da via será implantada e mantida às expensas permitida a circulação de bicicletas nos passeios.
Noções de Legislação Penal Especial

do condomínio, após aprovação dos projetos pelo órgão ou


entidade com circunscrição sobre a via. Comentário
Art. 52. Os veículos de tração animal serão conduzidos A infração por inobservância das regras de condução de
pela direita da pista, junto à guia da calçada (meio‑fio) ou bicicletas está tipificada no artigo 255 do CTB.
acostamento, sempre que não houver faixa especial a eles
destinada, devendo seus condutores obedecer, no que Velocidade
couber, às normas de circulação previstas neste Código e
às que vierem a ser fixadas pelo órgão ou entidade com Art. 60. As vias abertas à circulação, de acordo com sua
circunscrição sobre a via. utilização, classificam‑se em:
Art. 53. Os animais isolados ou em grupos só podem I – vias urbanas:
circular nas vias quando conduzidos por um guia, observado a) via de trânsito rápido – aquela caracterizada por aces-
o seguinte: sos especiais com trânsito livre, sem interseções em nível,
I – para facilitar os deslocamentos, os rebanhos deverão sem acessibilidade direta aos lotes lindeiros e sem travessia
ser divididos em grupos de tamanho moderado e separados de pedestres em nível;
uns dos outros por espaços suficientes para não obstruir o b) via arterial – aquela caracterizada por interseções
trânsito; em nível, geralmente controlada por semáforo, com aces-
II – os animais que circularem pela pista de rolamento sibilidade aos lotes lindeiros e às vias secundárias e locais,
deverão ser mantidos junto ao bordo da pista. possibilitando o trânsito entre as regiões da cidade;
c) via coletora – aquela destinada a coletar e distribuir o
Comentário trânsito que tenha necessidade de entrar ou sair das vias de
A infração por inobservância das regras acima está tipi- trânsito rápido ou arteriais, possibilitando o trânsito dentro
ficada no artigo 247 do CTB. das regiões da cidade;

66
d) via local – aquela caracterizada por interseções em I – autorização expressa da respectiva confederação
nível não semaforizadas, destinada apenas ao acesso local desportiva ou de entidades estaduais a ela filiadas;
ou a áreas restritas; II – caução ou fiança para cobrir possíveis danos mate-
II – vias rurais: riais à via;
a) rodovias – via rural pavimentada; III – contrato de seguro contra riscos e acidentes em
b) estradas – via rural não pavimentada. favor de terceiros;
Art. 61. A velocidade máxima permitida para a via será IV – prévio recolhimento do valor correspondente aos
indicada por meio de sinalização, obedecidas suas caracte- custos operacionais em que o órgão ou entidade permis-
rísticas técnicas e as condições de trânsito. sionária incorrerá.
§ 1º Onde não existir sinalização regulamentadora, a ve- Parágrafo único. A autoridade com circunscrição sobre
locidade máxima será de: a via arbitrará os valores mínimos da caução ou fiança e do
I – nas vias urbanas: contrato de seguro.
a) oitenta quilômetros por hora, nas vias de trânsito
rápido: Comentário
b) sessenta quilômetros por hora, nas vias arteriais; A infração por inobservância das regras acima está tipi-
c) quarenta quilômetros por hora, nas vias coletoras; ficada no artigo 174 do CTB.
d) trinta quilômetros por hora, nas vias locais;
CAPÍTULO III‑A
II – nas vias rurais:
Da Condução de Veículos por Motoristas Profissionais
a) nas rodovias de pista dupla
1. 110 km/h (cento e dez quilômetros por hora) para Art. 67-C. É vedado ao motorista profissional dirigir por
automóveis, camionetas e motocicletas; mais de 5 (cinco) horas e meia ininterruptas veículos de
2. 90 km/h (noventa quilômetros por hora) para os transporte rodoviário coletivo de passageiros ou de trans-
demais veículos porte rodoviário de cargas.
3. (Revogado); § 1º Serão observados 30 (trinta) minutos para descanso
b) nas rodovias de pista simples dentro de cada 6 (seis) horas na condução de veículo de
1. 100 km/h (cem quilômetros por hora) para automó- transporte de carga, sendo facultado o seu fracionamento e
veis, camionetas e motocicletas; o do tempo de direção desde que não ultrapassadas 5 (cinco)
2. 90 km/h (noventa quilômetros por hora) para os horas e meia contínuas no exercício da condução. (Incluído
demais veículos; pela Lei nº 13.103, de 2015)
c) nas estradas: 60 km/h (sessenta quilômetros por hora). § 1ºA. Serão observados 30 (trinta) minutos para descan-
§ 2º O órgão ou entidade de trânsito ou rodoviário com so a cada 4 (quatro) horas na condução de veículo rodoviário
circunscrição sobre a via poderá regulamentar, por meio de de passageiros, sendo facultado o seu fracionamento e o do
sinalização, velocidades superiores ou inferiores àquelas tempo de direção.
estabelecidas no parágrafo anterior. § 2º Em situações excepcionais de inobservância justifica-
Art. 62. A velocidade mínima não poderá ser inferior à da do tempo de direção, devidamente registradas, o tempo
metade da velocidade máxima estabelecida, respeitadas as de direção poderá ser elevado pelo período necessário para
condições operacionais de trânsito e da via. que o condutor, o veículo e a carga cheguem a um lugar que
ofereça a segurança e o atendimento demandados, desde
Comentário que não haja comprometimento da segurança rodoviária.
As infrações por inobservância das regras acima estão § 3º O condutor é obrigado, dentro do período de 24
tipificadas nos artigos 218 para o excesso de velocidade e (vinte e quatro) horas, a observar o mínimo de 11 (onze)
219 para a velocidade mínima ambos do CTB. horas de descanso, que podem ser fracionadas, usufruídas
no veículo e coincidir com os intervalos mencionados no § 1º,
Art. 63. (Vetado) observadas no primeiro período 8 (oito) horas ininterruptas
Art. 64. As crianças com idade inferior a dez anos devem de descanso.
§ 4º Entende‑se como tempo de direção ou de condução

Noções de Legislação Penal Especial


ser transportadas nos bancos traseiros, salvo exceções regu-
lamentadas pelo CONTRAN. apenas o período em que o condutor estiver efetivamente
ao volante, em curso entre a origem e o destino.
Comentário § 5º Entende‑se como início de viagem a partida do veícu-
A infração por inobservância da regra acima está tipifi- lo na ida ou no retorno, com ou sem carga, considerando‑se
cada no artigo 168 do CTB. Resolução do Contran disciplina como sua continuação as partidas nos dias subsequentes
até o destino.
os equipamentos que as crianças deverão utilizar de acordo
§ 6º O condutor somente iniciará uma viagem após o
com sua idade.
cumprimento integral do intervalo de descanso previsto no
§ 3º deste artigo.
Art. 65. É obrigatório o uso do cinto de segurança para § 7º Nenhum transportador de cargas ou coletivo de
condutor e passageiros em todas as vias do território na- passageiros, embarcador, consignatário de cargas, operador
cional, salvo em situações regulamentadas pelo CONTRAN. de terminais de carga, operador de transporte multimodal de
cargas ou agente de cargas ordenará a qualquer motorista a
Comentário seu serviço, ainda que subcontratado, que conduza veículo
A infração por inobservância da regra acima está tipifi- referido no caput sem a observância do disposto no § 6º.
cada no artigo 167 do CTB. Art. 67-D. (Vetado)
Art. 67-E. O motorista profissional é responsável por
Art. 66. (Vetado) controlar e registrar o tempo de condução estipulado no
Art. 67. As provas ou competições desportivas, inclusive art. 67-C, com vistas à sua estrita observância
seus ensaios, em via aberta à circulação, só poderão ser rea- § 1º A não observância dos períodos de descanso esta-
lizadas mediante prévia permissão da autoridade de trânsito belecidos no art. 67-C sujeitará o motorista profissional às
com circunscrição sobre a via e dependerão de: penalidades daí decorrentes, previstas neste Código.

67
2º O tempo de direção será controlado mediante registra- b) onde não houver foco de pedestres, aguardar que
dor instantâneo inalterável de velocidade e tempo e, ou por o semáforo ou o agente de trânsito interrompa o fluxo de
meio de anotação em diário de bordo, ou papeleta ou ficha veículos;
de trabalho externo, ou por meios eletrônicos instalados no III – nas interseções e em suas proximidades, onde não
veículo, conforme norma do Contran. existam faixas de travessia, os pedestres devem atravessar
§ 3º O equipamento eletrônico ou registrador deverá a via na continuação da calçada, observadas as seguintes
funcionar de forma independente de qualquer interferência normas:
do condutor, quanto aos dados registrados. a) não deverão adentrar na pista sem antes se certificar
§ 4º A guarda, a preservação e a exatidão das informações de que podem fazê‑lo sem obstruir o trânsito de veículos;
contidas no equipamento registrador instantâneo inalterá- b) uma vez iniciada a travessia de uma pista, os pedestres
vel de velocidade e de tempo são de responsabilidade do não deverão aumentar o seu percurso, demorar‑se ou parar
condutor. sobre ela sem necessidade.
Art. 70. Os pedestres que estiverem atravessando a via
Comentário sobre as faixas delimitadas para esse fim terão prioridade
As regras a serem observadas pelos motoristas profis- de passagem, exceto nos locais com sinalização semafórica,
sionais estão todas neste capítulo, as infrações por inobser- onde deverão ser respeitadas as disposições deste Código.
vância das regras acima, mais especificamente o artigo 67-C Parágrafo único. Nos locais em que houver sinalização
estão tipificadas nos artigos 230 inc XXIII do CTB. semafórica de controle de passagem será dada preferência
aos pedestres que não tenham concluído a travessia, mesmo
em caso de mudança do semáforo liberando a passagem
CAPÍTULO IV dos veículos.
Dos Pedestres e Condutores de Art. 71. O órgão ou entidade com circunscrição sobre
Veículos não Motorizados a via manterá, obrigatoriamente, as faixas e passagens de
pedestres em boas condições de visibilidade, higiene, segu-
Art. 68. É assegurada ao pedestre a utilização dos rança e sinalização.
passeios ou passagens apropriadas das vias urbanas e dos
acostamentos das vias rurais para circulação, podendo a Comentário
autoridade competente permitir a utilização de parte da As infrações por inobservância das regras acima estão
tipificadas no artigos 170, 213 e 214 para condutores de
calçada para outros fins, desde que não seja prejudicial ao
veículos e 254 para os pedestres, tudo do CTB.
fluxo de pedestres.
§ 1º O ciclista desmontado empurrando a bicicleta
CAPÍTULO VII
equipara‑se ao pedestre em direitos e deveres.
Da Sinalização de Trânsito
§ 2º Nas áreas urbanas, quando não houver passeios ou
quando não for possível a utilização destes, a circulação de
Art. 80. Sempre que necessário, será colocada ao longo
pedestres na pista de rolamento será feita com prioridade da via, sinalização prevista neste Código e em legislação
sobre os veículos, pelos bordos da pista, em fila única, exceto complementar, destinada a condutores e pedestres, vedada
em locais proibidos pela sinalização e nas situações em que a utilização de qualquer outra.
a segurança ficar comprometida. § 1º A sinalização será colocada em posição e condições
§ 3º Nas vias rurais, quando não houver acostamento que a tornem perfeitamente visível e legível durante o dia e a
ou quando não for possível a utilização dele, a circulação de noite, em distância compatível com a segurança do trânsito,
pedestres, na pista de rolamento, será feita com prioridade conforme normas e especificações do CONTRAN.
sobre os veículos, pelos bordos da pista, em fila única, em § 2º O CONTRAN poderá autorizar, em caráter experi-
sentido contrário ao deslocamento de veículos, exceto em mental e por período prefixado, a utilização de sinalização
locais proibidos pela sinalização e nas situações em que a não prevista neste Código.
Noções de Legislação Penal Especial

segurança ficar comprometida. § 3º A responsabilidade pela instalação da sinalização


§ 4º (Vetado) nas vias internas pertencentes aos condomínios constituídos
§ 5º Nos trechos urbanos de vias rurais e nas obras de por unidades autônomas e nas vias e áreas de estaciona-
arte a serem construídas, deverá ser previsto passeio des- mento de estabelecimentos privados de uso coletivo é de
tinado à circulação dos pedestres, que não deverão, nessas seu proprietário.
condições, usar o acostamento. Art. 81. Nas vias públicas e nos imóveis é proibido colocar
§ 6º Onde houver obstrução da calçada ou da passagem luzes, publicidade, inscrições, vegetação e mobiliário que
para pedestres, o órgão ou entidade com circunscrição sobre possam gerar confusão, interferir na visibilidade da sinali-
a via deverá assegurar a devida sinalização e proteção para zação e comprometer a segurança do trânsito.
circulação de pedestres. Art. 82. É proibido afixar sobre a sinalização de trânsito
Art. 69. Para cruzar a pista de rolamento o pedestre to- e respectivos suportes, ou junto a ambos, qualquer tipo
mará precauções de segurança, levando em conta, principal- de publicidade, inscrições, legendas e símbolos que não se
mente, a visibilidade, a distância e a velocidade dos veículos, relacionem com a mensagem da sinalização.
utilizando sempre as faixas ou passagens a ele destinadas Art. 83. A afixação de publicidade ou de quaisquer
sempre que estas existirem numa distância de até cinquenta legendas ou símbolos ao longo das vias condiciona‑se à
metros dele, observadas as seguintes disposições: prévia aprovação do órgão ou entidade com circunscrição
I – onde não houver faixa ou passagem, o cruzamento da sobre a via.
via deverá ser feito em sentido perpendicular ao de seu eixo; Art. 84. O órgão ou entidade de trânsito com circuns-
II – para atravessar uma passagem sinalizada para pedes- crição sobre a via poderá retirar ou determinar a imediata
tres ou delimitada por marcas sobre a pista: retirada de qualquer elemento que prejudique a visibilidade
a) onde houver foco de pedestres, obedecer às indica- da sinalização viária e a segurança do trânsito, com ônus para
ções das luzes; quem o tenha colocado.

68
Art. 85. Os locais destinados pelo órgão ou entidade Art. 104. Os veículos em circulação terão suas condições
de trânsito com circunscrição sobre a via à travessia de de segurança, de controle de emissão de gases poluentes e
pedestres deverão ser sinalizados com faixas pintadas ou de ruído avaliadas mediante inspeção, que será obrigatória,
demarcadas no leito da via. na forma e periodicidade estabelecidas pelo CONTRAN para
Art. 86. Os locais destinados a postos de gasolina, ofici- os itens de segurança e pelo CONAMA para emissão de gases
nas, estacionamentos ou garagens de uso coletivo deverão poluentes e ruído.
ter suas entradas e saídas devidamente identificadas, na § 1º (Vetado)
forma regulamentada pelo CONTRAN. § 2º (Vetado)
Art. 86-A. As vagas de estacionamento regulamentado § 3º (Vetado)
de que trata o inciso XVII do art. 181 desta Lei deverão ser § 4º (Vetado)
sinalizadas com as respectivas placas indicativas de destina- § 5º Será aplicada a medida administrativa de retenção
ção e com placas informando os dados sobre a infração por aos veículos reprovados na inspeção de segurança e na de
estacionamento indevido. emissão de gases poluentes e ruído.
Art. 87. Os sinais de trânsito classificam‑se em: § 6º Estarão isentos da inspeção de que trata o caput,
I – verticais; durante 3 (três) anos a partir do primeiro licenciamento,
II – horizontais; os veículos novos classificados na categoria particular,
III – dispositivos de sinalização auxiliar; com capacidade para até 7 (sete) passageiros, desde que
IV – luminosos; mantenham suas características originais de fábrica e não
V – sonoros; se envolvam em acidente de trânsito com danos de média
VI – gestos do agente de trânsito e do condutor. ou grande monta.
Art. 88. Nenhuma via pavimentada poderá ser entregue § 7ºPara os demais veículos novos, o período de que
após sua construção, ou reaberta ao trânsito após a realiza- trata o § 6º será de 2 (dois) anos, desde que mantenham
ção de obras ou de manutenção, enquanto não estiver devi- suas características originais de fábrica e não se envolvam em
damente sinalizada, vertical e horizontalmente, de forma a acidente de trânsito com danos de média ou grande monta.
garantir as condições adequadas de segurança na circulação. Art. 105. São equipamentos obrigatórios dos veículos,
Parágrafo único. Nas vias ou trechos de vias em obras entre outros a serem estabelecidos pelo CONTRAN:
deverá ser afixada sinalização específica e adequada. I – cinto de segurança, conforme regulamentação espe-
Art. 89. A sinalização terá a seguinte ordem de preva- cífica do CONTRAN, com exceção dos veículos destinados
lência: ao transporte de passageiros em percursos em que seja
I – as ordens do agente de trânsito sobre as normas de permitido viajar em pé;
circulação e outros sinais; II – para os veículos de transporte e de condução escolar,
II – as indicações do semáforo sobre os demais sinais; os de transporte de passageiros com mais de dez lugares e
III – as indicações dos sinais sobre as demais normas os de carga com peso bruto total superior a quatro mil, qui-
de trânsito. nhentos e trinta e seis quilogramas, equipamento registrador
Art. 90. Não serão aplicadas as sanções previstas neste instantâneo inalterável de velocidade e tempo;
Código por inobservância à sinalização quando esta for in- III – encosto de cabeça, para todos os tipos de veículos
suficiente ou incorreta. automotores, segundo normas estabelecidas pelo CONTRAN;
§ 1º O órgão ou entidade de trânsito com circunscrição IV – (Vetado)
sobre a via é responsável pela implantação da sinalização, V – dispositivo destinado ao controle de emissão de
respondendo pela sua falta, insuficiência ou incorreta co- gases poluentes e de ruído, segundo normas estabelecidas
locação. pelo CONTRAN;
§ 2º O CONTRAN editará normas complementares no VI – para as bicicletas, a campainha, sinalização noturna
que se refere à interpretação, colocação e uso da sinalização. dianteira, traseira, lateral e nos pedais, e espelho retrovisor
do lado esquerdo;
Comentário VII – equipamento suplementar de retenção -  air
A Sinalização é indispensável para que se tenha um trân- bag frontal para o condutor e o passageiro do banco dian-

Noções de Legislação Penal Especial


sito organizado, devendo os condutores observar a preva- teiro.
lência, as condições de instalação e sua regularidade, já que § 1º O CONTRAN disciplinará o uso dos equipamentos
não é admitido sinalização não prevista no CTB. O anexo II obrigatórios dos veículos e determinará suas especificações
do CTB apresenta toda a sinalização que deve ser observada. técnicas.
§ 2º Nenhum veículo poderá transitar com equipamento
Seção II ou acessório proibido, sendo o infrator sujeito às penalidades
Da Segurança dos Veículos e medidas administrativas previstas neste Código.
§ 3º Os fabricantes, os importadores, os montadores,
Art. 103. O veículo só poderá transitar pela via quando os encarroçadores de veículos e os revendedores devem
atendidos os requisitos e condições de segurança estabele- comercializar os seus veículos com os equipamentos obriga-
cidos neste Código e em normas do CONTRAN. tórios definidos neste artigo, e com os demais estabelecidos
§ 1º Os fabricantes, os importadores, os montadores e pelo CONTRAN.
os encarroçadores de veículos deverão emitir certificado de § 4º O CONTRAN estabelecerá o prazo para o atendimen-
segurança, indispensável ao cadastramento no RENAVAM, to do disposto neste artigo.
nas condições estabelecidas pelo CONTRAN. § 5º A exigência estabelecida no inciso VII do caput deste
§ 2º O CONTRAN deverá especificar os procedimentos artigo será progressivamente incorporada aos novos projetos
e a periodicidade para que os fabricantes, os importadores, de automóveis e dos veículos deles derivados, fabricados,
os montadores e os encarroçadores comprovem o atendi- importados, montados ou encarroçados, a partir do 1º (pri-
mento aos requisitos de segurança veicular, devendo, para meiro) ano após a definição pelo Contran das especificações
isso, manter disponíveis a qualquer tempo os resultados dos técnicas pertinentes e do respectivo cronograma de im-
testes e ensaios dos sistemas e componentes abrangidos pela plantação e a partir do 5º (quinto) ano, após esta definição,
legislação de segurança veicular. para os demais automóveis zero quilômetro de modelos ou

69
projetos já existentes e veículos deles derivados. (Incluído CAPÍTULO XV
pela Lei nº 11.910, de 2009) Das Infrações
§ 6º A exigência estabelecida no inciso VII do caput deste
artigo não se aplica aos veículos destinados à exportação.
(Incluído pela Lei nº 11.910, de 2009) Art. 161. Constitui infração de trânsito a inobservância de
Art. 106. No caso de fabricação artesanal ou de modifi- qualquer preceito deste Código, da legislação complementar
cação de veículo ou, ainda, quando ocorrer substituição de ou das resoluções do CONTRAN, sendo o infrator sujeito às
equipamento de segurança especificado pelo fabricante, penalidades e medidas administrativas indicadas em cada
será exigido, para licenciamento e registro, certificado de artigo, além das punições previstas no Capítulo XIX.
segurança expedido por instituição técnica credenciada por Parágrafo único. As infrações cometidas em relação às
órgão ou entidade de metrologia legal, conforme norma resoluções do CONTRAN terão suas penalidades e medidas
elaborada pelo CONTRAN. administrativas definidas nas próprias resoluções.
Art. 107. Os veículos de aluguel, destinados ao transporte
individual ou coletivo de passageiros, deverão satisfazer, além Comentário
das exigências previstas neste Código, às condições técnicas e Este capítulo do CTB contempla todas as ações dos usuá-
aos requisitos de segurança, higiene e conforto estabelecidos
rios das vias que são consideradas infrações. Essas infrações
pelo poder competente para autorizar, permitir ou conceder
variam de acordo com sua gravidade de leve a gravíssima,
a exploração dessa atividade.
todas tendo como penalidade no mínimo a multa. Os agentes
Art. 108. Onde não houver linha regular de ônibus,
a autoridade com circunscrição sobre a via poderá autorizar, de trânsito encarregados da fiscalização utilizam os artigos
a título precário, o transporte de passageiros em veículo neste capítulo apresentados para sancionar os infratores.
de carga ou misto, desde que obedecidas as condições de Para cada infração de acordo com a sua natureza é compu-
segurança estabelecidas neste Código e pelo CONTRAN. tado uma pontuação da seguinte forma: gravíssima 7, grave
Parágrafo único. A autorização citada no caput não pode- 5, média 4 e leve 3, além do valor pecuniário.
rá exceder a doze meses, prazo a partir do qual a autoridade
pública responsável deverá implantar o serviço regular de Art. 162. Dirigir veículo:
transporte coletivo de passageiros, em conformidade com I – sem possuir Carteira Nacional de Habilitação, Permis-
a legislação pertinente e com os dispositivos deste Código. são para Dirigir ou Autorização para Conduzir Ciclomotor.
(Incluído pela Lei nº 9.602, de 1998) Infração – gravíssima;
Art. 109. O transporte de carga em veículos destinados Penalidade – multa (três vezes);
ao transporte de passageiros só pode ser realizado de acordo Medida administrativa – retenção do veículo até a apre-
com as normas estabelecidas pelo CONTRAN. sentação de condutor habilitado;
Art. 110. O veículo que tiver alterada qualquer de suas II – com Carteira Nacional de Habilitação, Permissão para
características para competição ou finalidade análoga só Dirigir ou Autorização para Conduzir Ciclomotor cassada ou
poderá circular nas vias públicas com licença especial da com suspensão do direito de dirigir:
autoridade de trânsito, em itinerário e horário fixados. Infração – gravíssima;
Art. 111. É vedado, nas áreas envidraçadas do veículo: Penalidade – multa (três vezes);
I – (Vetado) Medida administrativa – recolhimento do documento
II – o uso de cortinas, persianas fechadas ou similares nos de habilitação e retenção do veículo até a apresentação de
veículos em movimento, salvo nos que possuam espelhos condutor habilitado;
retrovisores em ambos os lados; III – com Carteira Nacional de Habilitação ou Permissão
III – aposição de inscrições, películas refletivas ou não, para Dirigir de categoria diferente da do veículo que esteja
painéis decorativos ou pinturas, quando comprometer a conduzindo:
segurança do veículo, na forma de regulamentação do CON- Infração – gravíssima;
TRAN. (Incluído pela Lei nº 9.602, de 1998) Penalidade – multa (duas vezes);
Parágrafo único. É proibido o uso de inscrição de caráter
Noções de Legislação Penal Especial

Medida administrativa – retenção do veículo até a apre-


publicitário ou qualquer outra que possa desviar a atenção sentação de condutor habilitado;
dos condutores em toda a extensão do para‑brisa e da tra- IV – (Vetado)
seira dos veículos, salvo se não colocar em risco a segurança
V – com validade da Carteira Nacional de Habilitação
do trânsito.
vencida há mais de trinta dias:
Art. 112. (Revogado pela Lei nº 9.792, de 1999)
Infração – gravíssima;
Art. 113. Os importadores, as montadoras, as encarroça-
doras e fabricantes de veículos e autopeças são responsáveis Penalidade – multa;
civil e criminalmente por danos causados aos usuários, a ter- Medida administrativa – recolhimento da Carteira Nacio-
ceiros, e ao meio ambiente, decorrentes de falhas oriundas nal de Habilitação e retenção do veículo até a apresentação
de projetos e da qualidade dos materiais e equipamentos de condutor habilitado;
utilizados na sua fabricação. VI – sem usar lentes corretoras de visão, aparelho auxiliar
de audição, de prótese física ou as adaptações do veículo
Comentário impostas por ocasião da concessão ou da renovação da
A segurança dos veículos é indispensável para que se licença para conduzir:
tenha um trânsito seguro, a falta de manutenção, a fabrica- Infração – gravíssima;
ção de veículos sem itens de segurança modernos, além de Penalidade – multa;
contribuir para a ocorrência de sinistros, aumenta as lesões Medida administrativa – retenção do veículo até o sa-
dos acidentados. O fabricante, o revendedor e o consumidor neamento da irregularidade ou apresentação de condutor
tem responsabilidade, por isso não se permite a utilização de habilitado.
equipamentos ou acessórios proibidos, películas refletivas Art. 163. Entregar a direção do veículo a pessoa nas
ou em desacordo, rebaixamento de veículo, entre outras condições previstas no artigo anterior:
modificações. Infração – as mesmas previstas no artigo anterior;

70
Penalidade – as mesmas previstas no artigo anterior; Art. 172. Atirar do veículo ou abandonar na via objetos
Medida administrativa – a mesma prevista no inciso III ou substâncias:
do artigo anterior. Infração – média;
Art. 164. Permitir que pessoa nas condições referidas Penalidade – multa.
nos incisos do art. 162 tome posse do veículo automotor e Art. 173. Disputar corrida:
passe a conduzi‑lo na via: Infração – gravíssima;
Infração – as mesmas previstas nos incisos do art. 162; Penalidade – multa (dez vezes), suspensão do direito de
Penalidade – as mesmas previstas no art. 162; dirigir e apreensão do veículo;
Medida administrativa – a mesma prevista no inciso III Medida administrativa – recolhimento do documento de
do art. 162. habilitação e remoção do veículo.
Art. 165. Dirigir sob a influência de álcool ou de qualquer Parágrafo único. Aplica‑se em dobro a multa prevista
outra substância psicoativa que determine dependência: no caput em caso de reincidência no período de 12 (doze)
Infração – gravíssima; meses da infração anterior.
Penalidade – multa (dez vezes) e suspensão do direito Art. 174. Promover, na via, competição, eventos organi-
de dirigir por 12 (doze) meses. zados, exibição e demonstração de perícia em manobra de
Medida administrativa – recolhimento do documento
veículo, ou deles participar, como condutor, sem permissão
de habilitação e retenção do veículo, observado o disposto
da autoridade de trânsito com circunscrição sobre a via:
no § 4º do art. 270 da Lei nº 9.503, de 23 de setembro de
Infração – gravíssima;
1997 – do Código de Trânsito Brasileiro.
Parágrafo único. Aplica‑se em dobro a multa prevista Penalidade – multa (dez vezes), suspensão do direito de
no caput em caso de reincidência no período de até 12 dirigir e apreensão do veículo;
(doze) meses. Medida administrativa – recolhimento do documento de
Art. 165-A. Recusar‑se a ser submetido a teste, exame habilitação e remoção do veículo.
clínico, perícia ou outro procedimento que permita certificar § 1º As penalidades são aplicáveis aos promotores e aos
influência de álcool ou outra substância psicoativa, na forma condutores participantes.
estabelecida pelo art. 277. § 2º Aplica‑se em dobro a multa prevista no caput em
Infração – gravíssima; caso de reincidência no período de 12 (doze) meses da
Penalidade – multa (dez vezes) e suspensão do direito infração anterior.
de dirigir por 12 (doze) meses. Art. 175. Utilizar‑se de veículo para demonstrar ou exibir
Medida administrativa – recolhimento do documento manobra perigosa, mediante arrancada brusca, derrapagem
de habilitação e retenção do veículo, observado o disposto ou frenagem com deslizamento ou arrastamento de pneus
no § 4º do art. 270. Infração – gravíssima;
Parágrafo único. Aplica‑se em dobro a multa prevista Penalidade – multa (dez vezes), suspensão do direito de
no caput em caso de reincidência no período de até 12 dirigir e apreensão do veículo;
(doze) meses Medida administrativa – recolhimento do documento de
Art. 166. Confiar ou entregar a direção de veículo a pes- habilitação e remoção do veículo.
soa que, mesmo habilitada, por seu estado físico ou psíquico, Parágrafo único. Aplica‑se em dobro a multa prevista
não estiver em condições de dirigi‑lo com segurança: no caput em caso de reincidência no período de 12 (doze)
Infração – gravíssima; meses da infração anterior.
Penalidade – multa. Art. 176. Deixar o condutor envolvido em acidente com
Art. 167. Deixar o condutor ou passageiro de usar o cinto vítima:
de segurança, conforme previsto no art. 65: I – de prestar ou providenciar socorro à vítima, podendo
Infração – grave; fazê‑lo;
Penalidade – multa; II – de adotar providências, podendo fazê‑lo, no sentido
Medida administrativa – retenção do veículo até coloca- de evitar perigo para o trânsito no local;

Noções de Legislação Penal Especial


ção do cinto pelo infrator. III – de preservar o local, de forma a facilitar os trabalhos
Art. 168. Transportar crianças em veículo automotor sem da polícia e da perícia;
observância das normas de segurança especiais estabeleci- IV – de adotar providências para remover o veículo do
das neste Código: local, quando determinadas por policial ou agente da auto-
Infração – gravíssima; ridade de trânsito;
Penalidade – multa; V – de identificar‑se ao policial e de lhe prestar infor-
Medida administrativa – retenção do veículo até que a mações necessárias à confecção do boletim de ocorrência:
irregularidade seja sanada.
Infração – gravíssima;
Art. 169. Dirigir sem atenção ou sem os cuidados indis-
Penalidade – multa (cinco vezes) e suspensão do direito
pensáveis à segurança:
de dirigir;
Infração – leve;
Penalidade – multa. Medida administrativa – recolhimento do documento
Art. 170. Dirigir ameaçando os pedestres que estejam de habilitação.
atravessando a via pública, ou os demais veículos: Art. 177. Deixar o condutor de prestar socorro à vítima
Infração – gravíssima; de acidente de trânsito quando solicitado pela autoridade
Penalidade – multa e suspensão do direito de dirigir; e seus agentes:
Medida administrativa – retenção do veículo e recolhi- Infração – grave;
mento do documento de habilitação. Penalidade – multa.
Art. 171. Usar o veículo para arremessar, sobre os pe- Art. 178. Deixar o condutor, envolvido em acidente sem
destres ou veículos, água ou detritos: vítima, de adotar providências para remover o veículo do
Infração – média; local, quando necessária tal medida para assegurar a segu-
Penalidade – multa. rança e a fluidez do trânsito:

71
Infração – média; Medida administrativa – remoção do veículo;
Penalidade – multa. X – impedindo a movimentação de outro veículo:
Art. 179. Fazer ou deixar que se faça reparo em veículo na Infração – média;
via pública, salvo nos casos de impedimento absoluto de sua Penalidade – multa;
remoção e em que o veículo esteja devidamente sinalizado: Medida administrativa – remoção do veículo;
I – em pista de rolamento de rodovias e vias de trânsito XI – ao lado de outro veículo em fila dupla:
rápido: Infração – grave;
Infração – grave; Penalidade – multa;
Penalidade – multa; Medida administrativa – remoção do veículo;
Medida administrativa – remoção do veículo; XII – na área de cruzamento de vias, prejudicando a
II – nas demais vias: circulação de veículos e pedestres:
Infração – leve; Infração – grave;
Penalidade – multa. Penalidade – multa;
Art. 180. Ter seu veículo imobilizado na via por falta de Medida administrativa – remoção do veículo;
combustível: XIII – onde houver sinalização horizontal delimitadora
Infração – média; de ponto de embarque ou desembarque de passageiros de
Penalidade – multa; transporte coletivo ou, na inexistência desta sinalização, no
Medida administrativa – remoção do veículo. intervalo compreendido entre dez metros antes e depois do
Art. 181. Estacionar o veículo: marco do ponto:
I – nas esquinas e a menos de cinco metros do bordo do Infração – média;
alinhamento da via transversal: Penalidade – multa;
Infração – média; Medida administrativa – remoção do veículo;
Penalidade – multa; XIV – nos viadutos, pontes e túneis:
Medida administrativa – remoção do veículo; Infração – grave;
II – afastado da guia da calçada (meio‑fio) de cinquenta Penalidade – multa;
centímetros a um metro: Medida administrativa – remoção do veículo;
Infração – leve; XV – na contramão de direção:
Penalidade – multa; Infração – média;
Medida administrativa – remoção do veículo; Penalidade – multa;
III – afastado da guia da calçada (meio‑fio) a mais de XVI – em aclive ou declive, não estando devidamente
um metro: freado e sem calço de segurança, quando se tratar de veí-
Infração – grave; culo com peso bruto total superior a três mil e quinhentos
Penalidade – multa; quilogramas:
Medida administrativa – remoção do veículo; Infração – grave;
IV – em desacordo com as posições estabelecidas neste Penalidade – multa;
Código: Medida administrativa – remoção do veículo;
Infração – média; XVII – em desacordo com as condições regulamentadas
Penalidade – multa; especificamente pela sinalização (placa – Estacionamento
Medida administrativa – remoção do veículo; Regulamentado):
V – na pista de rolamento das estradas, das rodovias, das Infração – grave;
vias de trânsito rápido e das vias dotadas de acostamento: Penalidade – multa;
Infração – gravíssima; Medida administrativa – remoção do veículo;
Penalidade – multa; XVIII – em locais e horários proibidos especificamente
Medida administrativa – remoção do veículo; pela sinalização (placa – Proibido Estacionar):
Noções de Legislação Penal Especial

VI – junto ou sobre hidrantes de incêndio, registro de Infração – média;


água ou tampas de poços de visita de galerias subterrâneas, Penalidade – multa;
desde que devidamente identificados, conforme especifica- Medida administrativa – remoção do veículo;
ção do CONTRAN: XIX – em locais e horários de estacionamento e parada
Infração – média; proibidos pela sinalização (placa – Proibido Parar e Estacio-
Penalidade – multa; nar):
Medida administrativa – remoção do veículo; Infração – grave;
VII – nos acostamentos, salvo motivo de força maior: Penalidade – multa;
Infração – leve; Medida administrativa – remoção do veículo.
Penalidade – multa; XX – nas vagas reservadas às pessoas com deficiência ou
Medida administrativa – remoção do veículo; idosos, sem credencial que comprove tal condição:
VIII – no passeio ou sobre faixa destinada a pedestre, Infração – gravíssima;
sobre ciclovia ou ciclofaixa, bem como nas ilhas, refúgios, Penalidade – multa
ao lado ou sobre canteiros centrais, divisores de pista de ro- Medida administrativa – remoção do veículo.
lamento, marcas de canalização, gramados ou jardim público: § 1º Nos casos previstos neste artigo, a autoridade de
Infração – grave; trânsito aplicará a penalidade preferencialmente após a
Penalidade – multa; remoção do veículo.
Medida administrativa – remoção do veículo; § 2º No caso previsto no inciso XVI é proibido abandonar
IX – onde houver guia de calçada (meio‑fio) rebaixada o calço de segurança na via.
destinada à entrada ou saída de veículos: Art. 182. Parar o veículo:
Infração – média; I – nas esquinas e a menos de cinco metros do bordo do
Penalidade – multa; alinhamento da via transversal:

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Infração – média; Infração – média;
Penalidade – multa; Penalidade – multa.
II – afastado da guia da calçada (meio‑fio) de cinquenta Art. 186. Transitar pela contramão de direção em:
centímetros a um metro: I – vias com duplo sentido de circulação, exceto para
Infração – leve; ultrapassar outro veículo e apenas pelo tempo necessário,
Penalidade – multa; respeitada a preferência do veículo que transitar em sentido
III – afastado da guia da calçada (meio‑fio) a mais de contrário:
um metro: Infração – grave;
Infração – média; Penalidade – multa;
Penalidade – multa; II – vias com sinalização de regulamentação de sentido
IV – em desacordo com as posições estabelecidas neste único de circulação:
Código: Infração – gravíssima;
Infração – leve; Penalidade – multa.
Penalidade – multa; Art. 187. Transitar em locais e horários não permitidos
V – na pista de rolamento das estradas, das rodovias, pela regulamentação estabelecida pela autoridade compe-
das vias de trânsito rápido e das demais vias dotadas de tente:
acostamento: I – para todos os tipos de veículos:
Infração – grave; Infração – média;
Penalidade – multa; Penalidade – multa;
VI – no passeio ou sobre faixa destinada a pedestres, Art. 188. Transitar ao lado de outro veículo, interrom-
nas ilhas, refúgios, canteiros centrais e divisores de pista de pendo ou perturbando o trânsito:
rolamento e marcas de canalização: Infração – média;
Infração – leve; Penalidade – multa.
Penalidade – multa; Art. 189. Deixar de dar passagem aos veículos precedidos
VII – na área de cruzamento de vias, prejudicando a de batedores, de socorro de incêndio e salvamento, de polí-
circulação de veículos e pedestres: cia, de operação e fiscalização de trânsito e às ambulâncias,
Infração – média; quando em serviço de urgência e devidamente identificados
Penalidade – multa; por dispositivos regulamentados de alarme sonoro e ilumi-
VIII – nos viadutos, pontes e túneis: nação vermelha intermitentes:
Infração – média; Infração – gravíssima;
Penalidade – multa; Penalidade – multa.
IX – na contramão de direção: Art. 190. Seguir veículo em serviço de urgência, estando
Infração – média; este com prioridade de passagem devidamente identificada
Penalidade – multa; por dispositivos regulamentares de alarme sonoro e ilumi-
X – em local e horário proibidos especificamente pela nação vermelha intermitentes:
sinalização (placa – Proibido Parar): Infração – grave;
Infração – média; Penalidade – multa.
Penalidade – multa. Art. 191. Forçar passagem entre veículos que, transitando
Art. 183. Parar o veículo sobre a faixa de pedestres na em sentidos opostos, estejam na iminência de passar um pelo
mudança de sinal luminoso: outro ao realizar operação de ultrapassagem:
Infração – média; Infração – gravíssima;
Penalidade – multa. Penalidade – multa (dez vezes) e suspensão do direito
Art. 184. Transitar com o veículo: de dirigir.
I – na faixa ou pista da direita, regulamentada como de Parágrafo único. Aplica‑se em dobro a multa prevista

Noções de Legislação Penal Especial


circulação exclusiva para determinado tipo de veículo, exceto no caput em caso de reincidência no período de até 12 (doze)
para acesso a imóveis lindeiros ou conversões à direita: meses da infração anterior.
Infração – leve; Art. 192. Deixar de guardar distância de segurança late-
Penalidade – multa; ral e frontal entre o seu veículo e os demais, bem como em
II – na faixa ou pista da esquerda regulamentada como relação ao bordo da pista, considerando‑se, no momento,
de circulação exclusiva para determinado tipo de veículo: a velocidade, as condições climáticas do local da circulação
Infração – grave; e do veículo:
Penalidade – multa. Infração – grave;
III – na faixa ou via de trânsito exclusivo, regulamentada Penalidade – multa.
com circulação destinada aos veículos de transporte público Art. 193. Transitar com o veículo em calçadas, passeios,
coletivo de passageiros, salvo casos de força maior e com passarelas, ciclovias, ciclofaixas, ilhas, refúgios, ajardina-
autorização do poder público competente: mentos, canteiros centrais e divisores de pista de rolamento,
Infração – gravíssima; acostamentos, marcas de canalização, gramados e jardins
Penalidade – multa e apreensão do veículo públicos:
Medida Administrativa – remoção do veículo. Infração – gravíssima;
Art. 185. Quando o veículo estiver em movimento, deixar Penalidade – multa (três vezes).
de conservá‑lo: Art. 194. Transitar em marcha à ré, salvo na distância
I – na faixa a ele destinada pela sinalização de regula- necessária a pequenas manobras e de forma a não causar
mentação, exceto em situações de emergência; riscos à segurança:
II – nas faixas da direita, os veículos lentos e de maior Infração – grave;
porte: Penalidade – multa.

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Art. 195. Desobedecer às ordens emanadas da autorida- Infração – leve;
de competente de trânsito ou de seus agentes: Penalidade – multa.
Infração – grave; Art. 206. Executar operação de retorno:
Penalidade – multa. I – em locais proibidos pela sinalização;
Art. 196. Deixar de indicar com antecedência, mediante II – nas curvas, aclives, declives, pontes, viadutos e túneis;
gesto regulamentar de braço ou luz indicadora de direção do III – passando por cima de calçada, passeio, ilhas, ajar-
veículo, o início da marcha, a realização da manobra de parar dinamento ou canteiros de divisões de pista de rolamento,
o veículo, a mudança de direção ou de faixa de circulação: refúgios e faixas de pedestres e nas de veículos não moto-
Infração – grave; rizados;
Penalidade – multa. IV – nas interseções, entrando na contramão de direção
Art. 197. Deixar de deslocar, com antecedência, o veículo da via transversal;
para a faixa mais à esquerda ou mais à direita, dentro da V – com prejuízo da livre circulação ou da segurança,
respectiva mão de direção, quando for manobrar para um ainda que em locais permitidos:
desses lados: Infração – gravíssima;
Infração – média; Penalidade – multa.
Penalidade – multa. Art. 207. Executar operação de conversão à direita ou à
Art. 198. Deixar de dar passagem pela esquerda, quando esquerda em locais proibidos pela sinalização:
solicitado: Infração – grave;
Infração – média; Penalidade – multa.
Penalidade – multa. Art. 208. Avançar o sinal vermelho do semáforo ou o de
Art. 199. Ultrapassar pela direita, salvo quando o veículo parada obrigatória:
da frente estiver colocado na faixa apropriada e der sinal de Infração – gravíssima;
que vai entrar à esquerda: Penalidade – multa.
Infração – média; Art. 209. Transpor, sem autorização, bloqueio viário com
Penalidade – multa. ou sem sinalização ou dispositivos auxiliares, deixar de aden-
Art. 200. Ultrapassar pela direita veículo de transporte trar às áreas destinadas à pesagem de veículos ou evadir‑se
coletivo ou de escolares, parado para embarque ou desem- para não efetuar o pagamento do pedágio:
barque de passageiros, salvo quando houver refúgio de
Infração – grave;
segurança para o pedestre:
Penalidade – multa.
Infração – gravíssima;
Art. 210. Transpor, sem autorização, bloqueio viário
Penalidade – multa.
policial:
Art. 201. Deixar de guardar a distância lateral de um
Infração – gravíssima;
metro e cinquenta centímetros ao passar ou ultrapassar
Penalidade – multa, apreensão do veículo e suspensão
bicicleta:
do direito de dirigir;
Infração – média;
Medida administrativa – remoção do veículo e recolhi-
Penalidade – multa.
Art. 202. Ultrapassar outro veículo: mento do documento de habilitação.
I – pelo acostamento; Art. 211. Ultrapassar veículos em fila, parados em ra-
II – em interseções e passagens de nível; zão de sinal luminoso, cancela, bloqueio viário parcial ou
Infração – gravíssima; qualquer outro obstáculo, com exceção dos veículos não
Penalidade – multa (cinco vezes). motorizados:
Art. 203. Ultrapassar pela contramão outro veículo: Infração – grave;
I – nas curvas, aclives e declives, sem visibilidade sufi- Penalidade – multa.
ciente; Art. 212. Deixar de parar o veículo antes de transpor
linha férrea:
Noções de Legislação Penal Especial

II – nas faixas de pedestre;


III – nas pontes, viadutos ou túneis; Infração – gravíssima;
IV – parado em fila junto a sinais luminosos, porteiras, Penalidade – multa.
cancelas, cruzamentos ou qualquer outro impedimento à Art. 213. Deixar de parar o veículo sempre que a respec-
livre circulação; tiva marcha for interceptada:
V – onde houver marcação viária longitudinal de divisão I – por agrupamento de pessoas, como préstitos, passe-
de fluxos opostos do tipo linha dupla contínua ou simples atas, desfiles e outros:
contínua amarela: Infração – gravíssima;
Infração – gravíssima; Penalidade – multa.
Penalidade – multa (cinco vezes). II – por agrupamento de veículos, como cortejos, forma-
Parágrafo único. Aplica‑se em dobro a multa prevista ções militares e outros:
no caput em caso de reincidência no período de até 12 (doze) Infração – grave;
meses da infração anterior. Penalidade – multa.
Art. 204. Deixar de parar o veículo no acostamento à Art. 214. Deixar de dar preferência de passagem a pe-
direita, para aguardar a oportunidade de cruzar a pista ou destre e a veículo não motorizado:
entrar à esquerda, onde não houver local apropriado para I – que se encontre na faixa a ele destinada;
operação de retorno: II – que não haja concluído a travessia mesmo que ocorra
Infração – grave; sinal verde para o veículo;
Penalidade – multa. III – portadores de deficiência física, crianças, idosos e
Art. 205. Ultrapassar veículo em movimento que integre gestantes:
cortejo, préstito, desfile e formações militares, salvo com Infração – gravíssima;
autorização da autoridade de trânsito ou de seus agentes: Penalidade – multa.

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IV – quando houver iniciado a travessia mesmo que não VII – ao aproximar‑se de locais sinalizados com advertên-
haja sinalização a ele destinada; cia de obras ou trabalhadores na pista;
V – que esteja atravessando a via transversal para onde VIII – sob chuva, neblina, cerração ou ventos fortes;
se dirige o veículo: IX – quando houver má visibilidade;
Infração – grave; X – quando o pavimento se apresentar escorregadio,
Penalidade – multa. defeituoso ou avariado;
Art. 215. Deixar de dar preferência de passagem: XI – à aproximação de animais na pista;
I – em interseção não sinalizada: XII – em declive;
a) a veículo que estiver circulando por rodovia ou ro- XIII – ao ultrapassar ciclista:
tatória; Infração – grave;
b) a veículo que vier da direita; Penalidade – multa;
II – nas interseções com sinalização de regulamentação XIV – nas proximidades de escolas, hospitais, estações
de Dê a Preferência: de embarque e desembarque de passageiros ou onde haja
Infração – grave; intensa movimentação de pedestres:
Penalidade – multa. Infração – gravíssima;
Art. 216. Entrar ou sair de áreas lindeiras sem estar ade- Penalidade – multa.
quadamente posicionado para ingresso na via e sem as pre- Art. 221. Portar no veículo placas de identificação em
cauções com a segurança de pedestres e de outros veículos: desacordo com as especificações e modelos estabelecidos
Infração – média; pelo CONTRAN:
Penalidade – multa. Infração – média;
Art. 217. Entrar ou sair de fila de veículos estacionados Penalidade – multa;
sem dar preferência de passagem a pedestres e a outros Medida administrativa – retenção do veículo para regu-
veículos: larização e apreensão das placas irregulares.
Infração – média; Parágrafo único. Incide na mesma penalidade aquele
Penalidade – multa. que confecciona, distribui ou coloca, em veículo próprio ou
Art. 218. Transitar em velocidade superior à máxima de terceiros, placas de identificação não autorizadas pela
permitida para o local, medida por instrumento ou equi- regulamentação.
pamento hábil, em rodovias, vias de trânsito rápido, vias Art. 222. Deixar de manter ligado, nas situações de aten-
arteriais e demais vias dimento de emergência, o sistema de iluminação vermelha
intermitente dos veículos de polícia, de socorro de incêndio
I – quando a velocidade for superior à máxima em até
e salvamento, de fiscalização de trânsito e das ambulâncias,
20% (vinte por cento):
ainda que parados:
Infração – média;
Infração – média;
Penalidade – multa;
Penalidade – multa.
II – quando a velocidade for superior à máxima em mais
Art. 223. Transitar com o farol desregulado ou com
de 20% (vinte por cento) até 50% (cinquenta por cento):
o facho de luz alta de forma a perturbar a visão de outro
Infração – grave; condutor:
Penalidade – multa; Infração – grave;
III – quando a velocidade for superior à máxima em mais Penalidade – multa;
de 50% (cinquenta por cento): Medida administrativa – retenção do veículo para re-
Infração – gravíssima; gularização.
Penalidade – multa [3 (três) vezes], suspensão imediata Art. 224. Fazer uso do facho de luz alta dos faróis em vias
do direito de dirigir e apreensão do documento de habili- providas de iluminação pública:
tação. Infração – leve;
Art. 219. Transitar com o veículo em velocidade inferior Penalidade – multa.

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à metade da velocidade máxima estabelecida para a via, Art. 225. Deixar de sinalizar a via, de forma a prevenir
retardando ou obstruindo o trânsito, a menos que as condi- os demais condutores e, à noite, não manter acesas as luzes
ções de tráfego e meteorológicas não o permitam, salvo se externas ou omitir‑se quanto a providências necessárias para
estiver na faixa da direita: tornar visível o local, quando:
Infração – média; I – tiver de remover o veículo da pista de rolamento ou
Penalidade – multa. permanecer no acostamento;
Art. 220. Deixar de reduzir a velocidade do veículo de II – a carga for derramada sobre a via e não puder ser
forma compatível com a segurança do trânsito: retirada imediatamente:
I – quando se aproximar de passeatas, aglomerações, Infração – grave;
cortejos, préstitos e desfiles: Penalidade – multa.
Infração – gravíssima; Art. 226. Deixar de retirar todo e qualquer objeto que
Penalidade – multa; tenha sido utilizado para sinalização temporária da via:
II – nos locais onde o trânsito esteja sendo controlado Infração – média;
pelo agente da autoridade de trânsito, mediante sinais so- Penalidade – multa.
noros ou gestos; Art. 227. Usar buzina:
III – ao aproximar‑se da guia da calçada (meio‑fio) ou I – em situação que não a de simples toque breve como
acostamento; advertência ao pedestre ou a condutores de outros veículos;
IV – ao aproximar‑se de ou passar por interseção não II – prolongada e sucessivamente a qualquer pretexto;
sinalizada; III – entre as vinte e duas e as seis horas;
V – nas vias rurais cuja faixa de domínio não esteja IV – em locais e horários proibidos pela sinalização;
cercada; V – em desacordo com os padrões e frequências estabe-
VI – nos trechos em curva de pequeno raio; lecidas pelo CONTRAN:

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Infração – leve; XXII – com defeito no sistema de iluminação, de sinaliza-
Penalidade – multa. ção ou com lâmpadas queimadas:
Art. 228. Usar no veículo equipamento com som em volu- Infração – média;
me ou frequência que não sejam autorizados pelo CONTRAN: Penalidade – multa.
Infração – grave; XXIII – em desacordo com as condições estabelecidas
Penalidade – multa; no art. 67-C, relativamente ao tempo de permanência do
Medida administrativa – retenção do veículo para re- condutor ao volante e aos intervalos para descanso, quando
gularização. se tratar de veículo de transporte de carga ou coletivo de
Art. 229. Usar indevidamente no veículo aparelho de passageiros: (Redação dada pela Lei nº 13.103, de 2015)
alarme ou que produza sons e ruído que perturbem o sossego Infração – média; (Redação dada pela Lei nº 13.103,
público, em desacordo com normas fixadas pelo CONTRAN: de 2015)
Infração – média; Penalidade – multa;
Penalidade – multa e apreensão do veículo; Medida administrativa – retenção do veículo para cum-
Medida administrativa – remoção do veículo. primento do tempo de descanso aplicável.
Art. 230. Conduzir o veículo: XXIV – (Vetado)
I – com o lacre, a inscrição do chassi, o selo, a placa ou § 1º Se o condutor cometeu infração igual nos últimos 12
qualquer outro elemento de identificação do veículo violado (doze) meses, será convertida, automaticamente, a penali-
ou falsificado; dade disposta no inciso XXIII em infração grave.
II – transportando passageiros em compartimento de § 2º Em se tratando de condutor estrangeiro, a liberação
carga, salvo por motivo de força maior, com permissão do veículo fica condicionada ao pagamento ou ao depósito,
da autoridade competente e na forma estabelecida pelo judicial ou administrativo, da multa.
CONTRAN; Art. 231. Transitar com o veículo:
III – com dispositivo antirradar; I – danificando a via, suas instalações e equipamentos;
IV – sem qualquer uma das placas de identificação; II – derramando, lançando ou arrastando sobre a via:
V – que não esteja registrado e devidamente licenciado; a) carga que esteja transportando;
VI – com qualquer uma das placas de identificação sem b) combustível ou lubrificante que esteja utilizando;
condições de legibilidade e visibilidade: c) qualquer objeto que possa acarretar risco de acidente:
Infração – gravíssima; Infração – gravíssima;
Penalidade – multa e apreensão do veículo; Penalidade – multa;
Medida administrativa – retenção do veículo para re-
Medida administrativa – remoção do veículo;
gularização;
VII – com a cor ou característica alterada;
III – produzindo fumaça, gases ou partículas em níveis
VIII – sem ter sido submetido à inspeção de segurança
superiores aos fixados pelo CONTRAN;
veicular, quando obrigatória;
IV – com suas dimensões ou de sua carga superiores
IX – sem equipamento obrigatório ou estando este ine-
aos limites estabelecidos legalmente ou pela sinalização,
ficiente ou inoperante; sem autorização:
X – com equipamento obrigatório em desacordo com o Infração – grave;
estabelecido pelo CONTRAN; Penalidade – multa;
XI – com descarga livre ou silenciador de motor de ex- Medida administrativa – retenção do veículo para re-
plosão defeituoso, deficiente ou inoperante; gularização;
XII – com equipamento ou acessório proibido; V – com excesso de peso, admitido percentual de to-
XIII – com o equipamento do sistema de iluminação e de lerância quando aferido por equipamento, na forma a ser
sinalização alterados; estabelecida pelo CONTRAN:
XIV – com registrador instantâneo inalterável de velocida- Infração – média;
de e tempo viciado ou defeituoso, quando houver exigência Penalidade – multa acrescida a cada duzentos quilogra-
desse aparelho; mas ou fração de excesso de peso apurado, constante na
Noções de Legislação Penal Especial

XV – com inscrições, adesivos, legendas e símbolos de seguinte tabela:


caráter publicitário afixados ou pintados no para‑brisa e em a) até 600 kg (seiscentos quilogramas) – R$ 5,32 (cinco
toda a extensão da parte traseira do veículo, excetuadas as reais e trinta e dois centavos);
hipóteses previstas neste Código; b) de 601 (seiscentos e um) a 800 kg (oitocentos quilo-
XVI – com vidros total ou parcialmente cobertos por gramas) – R$ 10,64 (dez reais e sessenta e quatro centavos);
películas refletivas ou não, painéis decorativos ou pinturas; c) de 801 (oitocentos e um) a 1.000 kg (mil quilogramas) –
XVII – com cortinas ou persianas fechadas, não autori- R$ 21,28 (vinte e um reais e vinte e oito centavos
zadas pela legislação; d) de 1.001 (mil e um) a 3.000 kg (três mil quilogramas) –
XVIII – em mau estado de conservação, comprometendo R$ 31,92 (trinta e um reais e noventa e dois centavos);
a segurança, ou reprovado na avaliação de inspeção de segu- e) de 3.001 (três mil e um) a 5.000 kg (cinco mil quilogra-
rança e de emissão de poluentes e ruído, prevista no art. 104; mas) – R$ 42,56 (quarenta e dois reais e cinquenta e seis
XIX – sem acionar o limpador de para‑brisa sob chuva: centavos
Infração – grave; e) acima de 5.001 kg (cinco mil e um quilogramas) – R$
Penalidade – multa; 53,20 (cinquenta e três reais e vinte centavos);
Medida administrativa – retenção do veículo para re- Medida administrativa – retenção do veículo e transbor-
gularização; do da carga excedente;
XX – sem portar a autorização para condução de escola- VI – em desacordo com a autorização especial, expedida
res, na forma estabelecida no art. 136: pela autoridade competente para transitar com dimensões
Infração – grave; excedentes, ou quando a mesma estiver vencida:
Penalidade – multa e apreensão do veículo; Infração – grave;
XXI – de carga, com falta de inscrição da tara e demais Penalidade – multa e apreensão do veículo;
inscrições previstas neste Código; Medida administrativa – remoção do veículo;

76
VII – com lotação excedente; Art. 239. Retirar do local veículo legalmente retido para
VIII – efetuando transporte remunerado de pessoas ou regularização, sem permissão da autoridade competente ou
bens, quando não for licenciado para esse fim, salvo casos de de seus agentes:
força maior ou com permissão da autoridade competente: Infração – gravíssima;
Infração – média; Penalidade – multa e apreensão do veículo;
Penalidade – multa; Medida administrativa – remoção do veículo.
Medida administrativa – retenção do veículo; Art. 240. Deixar o responsável de promover a baixa do
IX – desligado ou desengrenado, em declive: registro de veículo irrecuperável ou definitivamente des-
Infração – média; montado:
Penalidade – multa; Infração – grave;
Medida administrativa – retenção do veículo;
Penalidade – multa;
X – excedendo a capacidade máxima de tração:
Medida administrativa – Recolhimento do Certificado de
Infração – de média a gravíssima, a depender da relação
entre o excesso de peso apurado e a capacidade máxima de Registro e do Certificado de Licenciamento Anual.
tração, a ser regulamentada pelo CONTRAN; Art. 241. Deixar de atualizar o cadastro de registro do
Penalidade – multa; veículo ou de habilitação do condutor:
Medida Administrativa – retenção do veículo e transbor- Infração – leve;
do de carga excedente. Penalidade – multa.
Parágrafo único. Sem prejuízo das multas previstas nos Art. 242. Fazer falsa declaração de domicílio para fins de
incisos V e X, o veículo que transitar com excesso de peso ou registro, licenciamento ou habilitação:
excedendo à capacidade máxima de tração, não computado Infração – gravíssima;
o percentual tolerado na forma do disposto na legislação, Penalidade – multa.
somente poderá continuar viagem após descarregar o que Art. 243. Deixar a empresa seguradora de comunicar
exceder, segundo critérios estabelecidos na referida legisla- ao órgão executivo de trânsito competente a ocorrência de
ção complementar. perda total do veículo e de lhe devolver as respectivas placas
Art. 232. Conduzir veículo sem os documentos de porte e documentos:
obrigatório referidos neste Código: Infração – grave;
Infração – leve; Penalidade – multa;
Penalidade – multa; Medida administrativa – Recolhimento das placas e dos
Medida administrativa – retenção do veículo até a apre- documentos.
sentação do documento. Art. 244. Conduzir motocicleta, motoneta e ciclomotor:
Art. 233. Deixar de efetuar o registro de veículo no prazo I – sem usar capacete de segurança com viseira ou óculos
de trinta dias, junto ao órgão executivo de trânsito, ocorridas
de proteção e vestuário de acordo com as normas e especi-
as hipóteses previstas no art. 123:
ficações aprovadas pelo CONTRAN;
Infração – grave;
Penalidade – multa; II – transportando passageiro sem o capacete de segu-
Medida administrativa – retenção do veículo para re- rança, na forma estabelecida no inciso anterior, ou fora do
gularização. assento suplementar colocado atrás do condutor ou em
Art. 234. Falsificar ou adulterar documento de habilitação carro lateral;
e de identificação do veículo: III – fazendo malabarismo ou equilibrando‑se apenas
Infração – gravíssima; em uma roda;
Penalidade – multa e apreensão do veículo; IV – com os faróis apagados;
Medida administrativa – remoção do veículo. V – transportando criança menor de sete anos ou que
Art. 235. Conduzir pessoas, animais ou carga nas partes não tenha, nas circunstâncias, condições de cuidar de sua
externas do veículo, salvo nos casos devidamente autori- própria segurança:
zados: Infração – gravíssima;

Noções de Legislação Penal Especial


Infração – grave; Penalidade – multa e suspensão do direito de dirigir;
Penalidade – multa; Medida administrativa – Recolhimento do documento
Medida administrativa – retenção do veículo para trans- de habilitação;
bordo. VI – rebocando outro veículo;
Art. 236. Rebocar outro veículo com cabo flexível ou VII – sem segurar o guidom com ambas as mãos, salvo
corda, salvo em casos de emergência: eventualmente para indicação de manobras;
Infração – média; VIII – transportando carga incompatível com suas es-
Penalidade – multa. pecificações ou em desacordo com o previsto no § 2º do
Art. 237. Transitar com o veículo em desacordo com as
art. 139-A desta Lei;
especificações, e com falta de inscrição e simbologia neces-
IX – efetuando transporte remunerado de mercadorias
sárias à sua identificação, quando exigidas pela legislação:
Infração – grave; em desacordo com o previsto no art. 139-A desta Lei ou
Penalidade – multa; com as normas que regem a atividade profissional dos
Medida administrativa – retenção do veículo para re- mototaxistas:
gularização. Infração – grave;
Art. 238. Recusar‑se a entregar à autoridade de trânsito Penalidade – multa;
ou a seus agentes, mediante recibo, os documentos de ha- Medida administrativa – apreensão do veículo para
bilitação, de registro, de licenciamento de veículo e outros regularização.
exigidos por lei, para averiguação de sua autenticidade: § 1º Para ciclos aplica‑se o disposto nos incisos III, VII e
Infração – gravíssima; VIII, além de:
Penalidade – multa e apreensão do veículo; a) conduzir passageiro fora da garupa ou do assento
Medida administrativa – remoção do veículo. especial a ele destinado;

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b) transitar em vias de trânsito rápido ou rodovias, salvo Art. 251. Utilizar as luzes do veículo:
onde houver acostamento ou faixas de rolamento próprias; I – o pisca‑alerta, exceto em imobilizações ou situações
c) transportar crianças que não tenham, nas circunstân- de emergência;
cias, condições de cuidar de sua própria segurança. II – baixa e alta de forma intermitente, exceto nas se-
§ 2º Aplica‑se aos ciclomotores o disposto na alínea b do guintes situações:
parágrafo anterior: a) a curtos intervalos, quando for conveniente advertir
Infração – média; a outro condutor que se tem o propósito de ultrapassá‑lo;
Penalidade – multa. b) em imobilizações ou situação de emergência, como
§ 3º A restrição imposta pelo inciso VI do caput deste advertência, utilizando pisca‑alerta;
artigo não se aplica às motocicletas e motonetas que tra- c) quando a sinalização de regulamentação da via deter-
cionem semirreboques especialmente projetados para esse minar o uso do pisca‑alerta:
fim e devidamente homologados pelo órgão competente. Infração – média;
Art. 245. Utilizar a via para depósito de mercadorias, Penalidade – multa.
materiais ou equipamentos, sem autorização do órgão ou Art. 252. Dirigir o veículo:
entidade de trânsito com circunscrição sobre a via: I – com o braço do lado de fora;
Infração – grave; II – transportando pessoas, animais ou volume à sua
Penalidade – multa; esquerda ou entre os braços e pernas;
Medida administrativa – remoção da mercadoria ou do III – com incapacidade física ou mental temporária que
material. comprometa a segurança do trânsito;
Parágrafo único. A penalidade e a medida administrativa IV – usando calçado que não se firme nos pés ou que
incidirão sobre a pessoa física ou jurídica responsável. comprometa a utilização dos pedais;
Art. 246. Deixar de sinalizar qualquer obstáculo à livre V – com apenas uma das mãos, exceto quando deva fazer
circulação, à segurança de veículo e pedestres, tanto no sinais regulamentares de braço, mudar a marcha do veículo,
leito da via terrestre como na calçada, ou obstaculizar a via ou acionar equipamentos e acessórios do veículo;
indevidamente: VI – utilizando‑se de fones nos ouvidos conectados a
Infração – gravíssima; aparelhagem sonora ou de telefone celular;
Penalidade – multa, agravada em até cinco vezes, a crité- Infração – média;
rio da autoridade de trânsito, conforme o risco à segurança. Penalidade – multa.
Parágrafo único. A penalidade será aplicada à pessoa VII – realizando a cobrança de tarifa com o veículo em
física ou jurídica responsável pela obstrução, devendo a movimento:
Infração – média;
autoridade com circunscrição sobre a via providenciar a
Penalidade – multa.
sinalização de emergência, às expensas do responsável, ou,
Parágrafo único. A hipótese prevista no inciso V caracte-
se possível, promover a desobstrução.
rizar‑se‑á como infração gravíssima no caso de o condutor
Art. 247. Deixar de conduzir pelo bordo da pista de ro-
estar segurando ou manuseando telefone celular.
lamento, em fila única, os veículos de tração ou propulsão
Art. 253. Bloquear a via com veículo:
humana e os de tração animal, sempre que não houver
Infração – gravíssima;
acostamento ou faixa a eles destinados:
Penalidade – multa e apreensão do veículo;
Infração – média; Medida administrativa – remoção do veículo.
Penalidade – multa. Art. 253-A. Usar qualquer veículo para, deliberadamente,
Art. 248. Transportar em veículo destinado ao transporte interromper, restringir ou perturbar a circulação na via sem
de passageiros carga excedente em desacordo com o esta- autorização do órgão ou entidade de trânsito com circuns-
belecido no art. 109: crição sobre ela:
Infração – grave; Infração – gravíssima;
Penalidade – multa;
Noções de Legislação Penal Especial

Penalidade – multa (vinte vezes) e suspensão do direito


Medida administrativa – retenção para o transbordo. de dirigir por 12 (doze) meses;
Art. 249. Deixar de manter acesas, à noite, as luzes de Medida administrativa – remoção do veículo.
posição, quando o veículo estiver parado, para fins de em- § 1º Aplica‑se a multa agravada em 60 (sessenta) vezes
barque ou desembarque de passageiros e carga ou descarga aos organizadores da conduta prevista no caput.
de mercadorias: § 2º Aplica‑se em dobro a multa em caso de reincidência
Infração – média; no período de 12 (doze) meses.
Penalidade – multa. § 3º As penalidades são aplicáveis a pessoas físicas ou ju-
Art. 250. Quando o veículo estiver em movimento: rídicas que incorram na infração, devendo a autoridade com
I – deixar de manter acesa a luz baixa: circunscrição sobre a via restabelecer de imediato, se pos-
a) durante a noite; sível, as condições de normalidade para a circulação na via.
b) de dia, nos túneis providos de iluminação pública e Art. 254. É proibido ao pedestre:
nas rodovias; I – permanecer ou andar nas pistas de rolamento, exceto
c) de dia e de noite, tratando‑se de veículo de transporte para cruzá‑las onde for permitido;
coletivo de passageiros, circulando em faixas ou pistas a eles II – cruzar pistas de rolamento nos viadutos, pontes, ou
destinadas; túneis, salvo onde exista permissão;
d) de dia e de noite, tratando‑se de ciclomotores; III – atravessar a via dentro das áreas de cruzamento,
II – deixar de manter acesas pelo menos as luzes de salvo quando houver sinalização para esse fim;
posição sob chuva forte, neblina ou cerração; IV – utilizar‑se da via em agrupamentos capazes de per-
III – deixar de manter a placa traseira iluminada, à noite; turbar o trânsito, ou para a prática de qualquer folguedo,
Infração – média; esporte, desfiles e similares, salvo em casos especiais e com
Penalidade – multa. a devida licença da autoridade competente;

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V – andar fora da faixa própria, passarela, passagem Parágrafo único. Da decisão que decretar a suspensão ou
aérea ou subterrânea; a medida cautelar, ou da que indeferir o requerimento do
VI – desobedecer à sinalização de trânsito específica; Ministério Público, caberá recurso em sentido estrito, sem
Infração – leve; efeito suspensivo.
Penalidade – multa, em 50% (cinquenta por cento) do Art. 295. A suspensão para dirigir veículo automotor ou
valor da infração de natureza leve. a proibição de se obter a permissão ou a habilitação será
Art. 255. Conduzir bicicleta em passeios onde não seja sempre comunicada pela autoridade judiciária ao Conselho
permitida a circulação desta, ou de forma agressiva, em Nacional de Trânsito – CONTRAN, e ao órgão de trânsito
desacordo com o disposto no parágrafo único do art. 59: do Estado em que o indiciado ou réu for domiciliado ou
Infração – média; residente.
Penalidade – multa; Art. 296. Se o réu for reincidente na prática de crime pre-
Medida administrativa – remoção da bicicleta, mediante visto neste Código, o juiz aplicará a penalidade de suspensão
recibo para o pagamento da multa. da permissão ou habilitação para dirigir veículo automotor,
sem prejuízo das demais sanções penais cabíveis.
CAPÍTULO XIX Art. 297. A penalidade de multa reparatória consiste no
Dos Crimes de Trânsito pagamento, mediante depósito judicial em favor da vítima,
ou seus sucessores, de quantia calculada com base no dis-
Seção I posto no § 1º do art. 49 do Código Penal, sempre que houver
Disposições Gerais prejuízo material resultante do crime.
§ 1º A multa reparatória não poderá ser superior ao valor
Art. 291. Aos crimes cometidos na direção de veículos do prejuízo demonstrado no processo.
automotores, previstos neste Código, aplicam‑se as normas § 2º Aplica‑se à multa reparatória o disposto nos arts. 50
gerais do Código Penal e do Código de Processo Penal, se a 52 do Código Penal.
este Capítulo não dispuser de modo diverso, bem como § 3º Na indenização civil do dano, o valor da multa repa-
a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, no que couber. ratória será descontado.
§ 1º Aplica‑se aos crimes de trânsito de lesão corporal Art. 298. São circunstâncias que sempre agravam as pe-
culposa o disposto nos arts. 74, 76 e 88 da Lei nº 9.099, de nalidades dos crimes de trânsito ter o condutor do veículo
26 de setembro de 1995, exceto se o agente estiver: cometido a infração:
I – sob a influência de álcool ou qualquer outra substância I – com dano potencial para duas ou mais pessoas ou com
psicoativa que determine dependência; grande risco de grave dano patrimonial a terceiros;
II – participando, em via pública, de corrida, disputa ou II – utilizando o veículo sem placas, com placas falsas
competição automobilística, de exibição ou demonstração ou adulteradas;
de perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada III – sem possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de
pela autoridade competente; Habilitação;
III – transitando em velocidade superior à máxima permi- IV – com Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação
tida para a via em 50 km/h (cinquenta quilômetros por hora). de categoria diferente da do veículo;
§ 2º Nas hipóteses previstas no § 1º deste artigo, deve-
V – quando a sua profissão ou atividade exigir cuidados
rá ser instaurado inquérito policial para a investigação da
especiais com o transporte de passageiros ou de carga;
infração penal.
VI – utilizando veículo em que tenham sido adulterados
§ 3º (Vetado)
equipamentos ou características que afetem a sua segurança
§ 4º O juiz fixará a pena‑base segundo as diretrizes previs-
ou o seu funcionamento de acordo com os limites de veloci-
tas no art. 59 do Decreto‑Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de
dade prescritos nas especificações do fabricante;
1940 (Código Penal), dando especial atenção à culpabilidade
VII – sobre faixa de trânsito temporária ou permanente-
do agente e às circunstâncias e consequências do crime.
Art. 292. A suspensão ou a proibição de se obter a mente destinada a pedestres.
Art. 299. (Vetado)

Noções de Legislação Penal Especial


permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor
pode ser imposta isolada ou cumulativamente com outras Art. 300. (Vetado)
penalidades. Art. 301. Ao condutor de veículo, nos casos de acidentes
Art. 293. A penalidade de suspensão ou de proibição de de trânsito de que resulte vítima, não se imporá a prisão em
se obter a permissão ou a habilitação, para dirigir veículo flagrante, nem se exigirá fiança, se prestar pronto e integral
automotor, tem a duração de dois meses a cinco anos. socorro àquela.
§ 1º Transitada em julgado a sentença condenatória,
o réu será intimado a entregar à autoridade judiciária, em Comentário
quarenta e oito horas, a Permissão para Dirigir ou a Carteira Trata os artigos do 292 ao 301 da parte geral a ser apli-
de Habilitação. cada aos crimes de trânsito cometidos na direção de veículo
§ 2º A penalidade de suspensão ou de proibição de automotor, apresenta também circunstâncias agravantes e
se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo atenuantes para os criminosos de trânsito. Os crimes pro-
automotor não se inicia enquanto o sentenciado, por efeito priamente ditos estão a partir do artigo 302 do CTB.
de condenação penal, estiver recolhido a estabelecimento
prisional. Seção II
Art. 294. Em qualquer fase da investigação ou da ação Dos Crimes em Espécie
penal, havendo necessidade para a garantia da ordem
pública, poderá o juiz, como medida cautelar, de ofício, ou Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo
a requerimento do Ministério Público ou ainda mediante automotor:
representação da autoridade policial, decretar, em decisão Penas – detenção, de dois a quatro anos, e suspensão
motivada, a suspensão da permissão ou da habilitação para ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para
dirigir veículo automotor, ou a proibição de sua obtenção. dirigir veículo automotor.

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§ 1º No homicídio culposo cometido na direção de ve- Penas – detenção, de seis meses a um ano e multa, com
ículo automotor, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) à nova imposição adicional de idêntico prazo de suspensão
metade, se o agente: ou de proibição.
I – não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre o condena-
Habilitação; do que deixa de entregar, no prazo estabelecido no § 1º do
II – praticá‑lo em faixa de pedestres ou na calçada; art. 293, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de Habilitação.
III – deixar de prestar socorro, quando possível fazê‑lo Art. 308. Participar, na direção de veículo automotor, em
sem risco pessoal, à vítima do acidente; via pública, de corrida, disputa ou competição automobilís-
IV – no exercício de sua profissão ou atividade, estiver tica ou ainda de exibição ou demonstração de perícia em
conduzindo veículo de transporte de passageiros. manobra de veículo automotor, não autorizada pela autori-
§ 3º Se o agente conduz veículo automotor sob a influ- dade competente, gerando situação de risco à incolumidade
ência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa pública ou privada.
que determine dependência: Penas – detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos,
Penas – reclusão, de cinco a oitoanos, e suspensão ou multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou
proibição do direito de se obter a permissão ou a habilitação a habilitação para dirigir veículo automotor.
para dirigir veículo automotor. § 1º Se da prática do crime previsto no caput resultar
Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na direção de lesão corporal de natureza grave, e as circunstâncias de-
veículo automotor: monstrarem que o agente não quis o resultado nem assumiu
Penas – detenção, de seis meses a dois anos e suspensão o risco de produzi‑lo, a pena privativa de liberdade é de
ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, sem prejuízo das outras
dirigir veículo automotor. penas previstas neste artigo.
§ 1º Aumenta‑se a pena de 1/3 (um terço) à metade, se § 2º Se da prática do crime previsto no caput resultar
ocorrer qualquer das hipóteses do § 1º do art. 302. morte, e as circunstâncias demonstrarem que o agente não
§ 2º A pena privativa de liberdade é de reclusão de dois quis o resultado nem assumiu o risco de produzi‑lo, a pena
a cinco anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste privativa de liberdade é de reclusão de 5 (cinco) a 10 (dez)
artigo, se o agente conduz o veículo com capacidade psico- anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste artigo.
motora alterada em razão da influência de álcool ou de outra Art. 309. Dirigir veículo automotor, em via pública, sem
substância psicoativa que determine dependência, e se do a devida Permissão para Dirigir ou Habilitação ou, ainda, se
crime resultar lesão corporal de natureza grave ou gravíssima. cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano:
Art. 304. Deixar o condutor do veículo, na ocasião do Penas – detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
acidente, de prestar imediato socorro à vítima, ou, não po- Art. 310. Permitir, confiar ou entregar a direção de veículo
dendo fazê‑lo diretamente, por justa causa, deixar de solicitar automotor a pessoa não habilitada, com habilitação cassada
auxílio da autoridade pública: ou com o direito de dirigir suspenso, ou, ainda, a quem, por
Penas – detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se seu estado de saúde, física ou mental, ou por embriaguez,
o fato não constituir elemento de crime mais grave. não esteja em condições de conduzi‑lo com segurança:
Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste artigo o Penas – detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
condutor do veículo, ainda que a sua omissão seja suprida por Art. 310-A. (Vetado)
terceiros ou que se trate de vítima com morte instantânea Art. 311. Trafegar em velocidade incompatível com a
ou com ferimentos leves. segurança nas proximidades de escolas, hospitais, estações
Art. 305. Afastar‑se o condutor do veículo do local do de embarque e desembarque de passageiros, logradouros
acidente, para fugir à responsabilidade penal ou civil que estreitos, ou onde haja grande movimentação ou concen-
lhe possa ser atribuída: tração de pessoas, gerando perigo de dano:
Penas – detenção, de seis meses a um ano, ou multa. Penas – detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade Art. 312. Inovar artificiosamente, em caso de acidente
automobilístico com vítima, na pendência do respectivo
Noções de Legislação Penal Especial

psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou


de outra substância psicoativa que determine dependência procedimento policial preparatório, inquérito policial ou
Penas – detenção, de seis meses a três anos, multa e processo penal, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa,
suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habi- a fim de induzir a erro o agente policial, o perito, ou juiz:
litação para dirigir veículo automotor. Penas – detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
1º As condutas previstas no caput serão constatadas por: Parágrafo único. Aplica‑se o disposto neste artigo, ainda
I – concentração igual ou superior a 6 decigramas de ál- que não iniciados, quando da inovação, o procedimento
cool por litro de sangue ou igual ou superior a 0,3 miligrama preparatório, o inquérito ou o processo aos quais se refere.
de álcool por litro de ar alveolar; Art. 312-A. Para os crimes relacionados nos arts. 302
II – sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo a 312 deste Código, nas situações em que o juiz aplicar a
Contran, alteração da capacidade psicomotora. substituição de pena privativa de liberdade por pena res-
§ 2º A verificação do disposto neste artigo poderá tritiva de direitos, esta deverá ser de prestação de serviço à
ser obtida mediante teste de alcoolemia ou toxicológico, comunidade ou a entidades públicas, em uma das seguintes
exame clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal ou outros atividades:
meios de prova em direito admitidos, observado o direito I – trabalho, aos fins de semana, em equipes de resgate
à contraprova. dos corpos de bombeiros e em outras unidades móveis es-
§ 3º O Contran disporá sobre a equivalência entre os pecializadas no atendimento a vítimas de trânsito;
distintos testes de alcoolemia ou toxicológicos para efeito II – trabalho em unidades de pronto‑socorro de hospitais
de caracterização do crime tipificado neste artigo. da rede pública que recebem vítimas de acidente de trânsito
Art. 307. Violar a suspensão ou a proibição de se obter e politraumatizados;
a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor III – trabalho em clínicas ou instituições especializadas
imposta com fundamento neste Código: na recuperação de acidentados de trânsito

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IV – outras atividades relacionadas ao resgate, atendi- CAMINHONETE – veículo destinado ao transporte de
mento e recuperação de vítimas de acidentes de trânsito. carga com peso bruto total de até três mil e quinhentos
quilogramas.
Comentário CAMIONETA – veículo misto destinado ao transporte de
Trata os artigos do 302 ao 312-A dos crimes em espécie, passageiros e carga no mesmo compartimento.
com as consequências em termos de penas aplicadas pelo CANTEIRO CENTRAL – obstáculo físico construído como
juiz competente, sem prejuízo das sanções administrativas separador de duas pistas de rolamento, eventualmente
que poderão incorrer os autores dos crimes aqui previstos. substituído por marcas viárias (canteiro fictício).
Em síntese os crimes são: CAPACIDADE MÁXIMA DE TRAÇÃO – máximo peso que
Art. 302. Homicídio culposo. a unidade de tração é capaz de tracionar, indicado pelo
Art. 303. Lesão Corporal culposa. fabricante, baseado em condições sobre suas limitações de
Art. 304. Omissão de socorro. geração e multiplicação de momento de força e resistência
Art. 305. Evasão de local de acidente. dos elementos que compõem a transmissão.
Art. 306. Embriaguez. CARREATA – deslocamento em fila na via de veículos au-
Art. 307. Violação da suspensão do direito de dirigir. tomotores em sinal de regozijo, de reivindicação, de protesto
Art. 308. “Racha”, gerando perigo de dano. cívico ou de uma classe.
Art. 309. Inabilitado, gerando perigo de dano. CARRO DE MÃO – veículo de propulsão humana utilizado
Art. 310. Permitir, Confiar ou Entregar. no transporte de pequenas cargas.
Art. 311. Velocidade incompatível, gerando perigo CARROÇA – veículo de tração animal destinado ao trans-
de dano. porte de carga.
Art. 312. Inovar artificiosamente.
CATADIÓPTRICO – dispositivo de reflexão e refração da
Art. 312-A. Penas alternativas.
luz utilizado na sinalização de vias e veículos (olho‑de‑gato).
CHARRETE – veículo de tração animal destinado ao
ANEXO I
transporte de pessoas.
DOS CONCEITOS E DEFINIÇÕES
CICLO – veículo de pelo menos duas rodas a propulsão
humana.
Para efeito do Código de Trânsito Brasileiro adotam‑se
CICLOFAIXA – parte da pista de rolamento destinada
as seguintes definições:
ACOSTAMENTO – parte da via diferenciada da pista de à circulação exclusiva de ciclos, delimitada por sinalização
rolamento destinada à parada ou estacionamento de veícu- específica.
los, em caso de emergência, e à circulação de pedestres e CICLOMOTOR – veículo de duas ou três rodas, provido
bicicletas, quando não houver local apropriado para esse fim. de um motor de combustão interna, cuja cilindrada não
AGENTE DA AUTORIDADE DE TRÂNSITO – pessoa, civil exceda a cinquenta centímetros cúbicos (3,05 polegadas
ou policial militar, credenciada pela autoridade de trânsito cúbicas) e cuja velocidade máxima de fabricação não exceda
para o exercício das atividades de fiscalização, operação, a cinquenta quilômetros por hora.
policiamento ostensivo de trânsito ou patrulhamento. CICLOVIA – pista própria destinada à circulação de ciclos,
AR ALVEOLAR – ar expirado pela boca de um indiví- separada fisicamente do tráfego comum.
duo, originário dos alvéolos pulmonares. (Incluído pela Lei CONVERSÃO – movimento em ângulo, à esquerda ou à
nº 12.760, de 2012) direita, de mudança da direção original do veículo.
AUTOMÓVEL – veículo automotor destinado ao trans- CRUZAMENTO – interseção de duas vias em nível.
porte de passageiros, com capacidade para até oito pessoas, DISPOSITIVO DE SEGURANÇA – qualquer elemento que
exclusive o condutor. tenha a função específica de proporcionar maior segurança
AUTORIDADE DE TRÂNSITO – dirigente máximo de ór- ao usuário da via, alertando‑o sobre situações de perigo que
gão ou entidade executivo integrante do Sistema Nacional possam colocar em risco sua integridade física e dos demais
de Trânsito ou pessoa por ele expressamente credenciada. usuários da via, ou danificar seriamente o veículo.

Noções de Legislação Penal Especial


BALANÇO TRASEIRO – distância entre o plano vertical ESTACIONAMENTO – imobilização de veículos por tempo
passando pelos centros das rodas traseiras extremas e o superior ao necessário para embarque ou desembarque de
ponto mais recuado do veículo, considerando‑se todos os passageiros.
elementos rigidamente fixados ao mesmo. ESTRADA – via rural não pavimentada.
BICICLETA – veículo de propulsão humana, dotado de ETILÔMETRO – aparelho destinado à medição do teor
duas rodas, não sendo, para efeito deste Código, similar à alcoólico no ar alveolar. (Incluído pela Lei nº 12.760, de 2012)
motocicleta, motoneta e ciclomotor. FAIXAS DE DOMÍNIO – superfície lindeira às vias rurais,
BICICLETÁRIO – local, na via ou fora dela, destinado ao delimitada por lei específica e sob responsabilidade do ór-
estacionamento de bicicletas. gão ou entidade de trânsito competente com circunscrição
BONDE – veículo de propulsão elétrica que se move sobre a via.
sobre trilhos. FAIXAS DE TRÂNSITO – qualquer uma das áreas longitu-
BORDO DA PISTA – margem da pista, podendo ser de- dinais em que a pista pode ser subdividida, sinalizada ou não
marcada por linhas longitudinais de bordo que delineiam a por marcas viárias longitudinais, que tenham uma largura
parte da via destinada à circulação de veículos. suficiente para permitir a circulação de veículos automotores.
CALÇADA – parte da via, normalmente segregada e FISCALIZAÇÃO – ato de controlar o cumprimento das
em nível diferente, não destinada à circulação de veículos, normas estabelecidas na legislação de trânsito, por meio
reservada ao trânsito de pedestres e, quando possível, do poder de polícia administrativa de trânsito, no âmbito de
à implantação de mobiliário urbano, sinalização, vegetação circunscrição dos órgãos e entidades executivos de trânsito
e outros fins. e de acordo com as competências definidas neste Código.
CAMINHÃO‑TRATOR – veículo automotor destinado a FOCO DE PEDESTRES – indicação luminosa de permissão
tracionar ou arrastar outro. ou impedimento de locomoção na faixa apropriada.

81
FREIO DE ESTACIONAMENTO – dispositivo destinado a MANOBRA – movimento executado pelo condutor para
manter o veículo imóvel na ausência do condutor ou, no caso alterar a posição em que o veículo está no momento em
de um reboque, se este se encontra desengatado. relação à via.
FREIO DE SEGURANÇA OU MOTOR – dispositivo desti- MARCAS VIÁRIAS – conjunto de sinais constituídos de
nado a diminuir a marcha do veículo no caso de falha do linhas, marcações, símbolos ou legendas, em tipos e cores
freio de serviço. diversas, apostos ao pavimento da via.
FREIO DE SERVIÇO – dispositivo destinado a provocar a MICROÔNIBUS – veículo automotor de transporte cole-
diminuição da marcha do veículo ou pará‑lo. tivo com capacidade para até vinte passageiros.
GESTOS DE AGENTES – movimentos convencionais de MOTOCICLETA – veículo automotor de duas rodas, com
braço, adotados exclusivamente pelos agentes de autori- ou sem side‑car, dirigido por condutor em posição montada.
dades de trânsito nas vias, para orientar, indicar o direito MOTONETA – veículo automotor de duas rodas, dirigido
de passagem dos veículos ou pedestres ou emitir ordens, por condutor em posição sentada.
sobrepondo‑se ou completando outra sinalização ou norma MOTOR‑CASA (MOTOR‑HOME) – veículo automotor cuja
constante deste Código. carroçaria seja fechada e destinada a alojamento, escritório,
GESTOS DE CONDUTORES – movimentos convencionais comércio ou finalidades análogas.
de braço, adotados exclusivamente pelos condutores, para NOITE – período do dia compreendido entre o pôr‑do‑sol
orientar ou indicar que vão efetuar uma manobra de mu- e o nascer do sol.
dança de direção, redução brusca de velocidade ou parada. ÔNIBUS – veículo automotor de transporte coletivo com
ILHA – obstáculo físico, colocado na pista de rolamen- capacidade para mais de vinte passageiros, ainda que, em
to, destinado à ordenação dos fluxos de trânsito em uma virtude de adaptações com vista à maior comodidade destes,
interseção. transporte número menor.
INFRAÇÃO – inobservância a qualquer preceito da legis- OPERAÇÃO DE CARGA E DESCARGA – imobilização do
lação de trânsito, às normas emanadas do Código de Trân- veículo, pelo tempo estritamente necessário ao carrega-
sito, do Conselho Nacional de Trânsito e a regulamentação mento ou descarregamento de animais ou carga, na forma
estabelecida pelo órgão ou entidade executiva do trânsito. disciplinada pelo órgão ou entidade executivo de trânsito
INTERSEÇÃO – todo cruzamento em nível, entronca- competente com circunscrição sobre a via.
mento ou bifurcação, incluindo as áreas formadas por tais OPERAÇÃO DE TRÂNSITO – monitoramento técnico base-
cruzamentos, entroncamentos ou bifurcações. ado nos conceitos de Engenharia de Tráfego, das condições
INTERRUPÇÃO DE MARCHA – imobilização do veículo de fluidez, de estacionamento e parada na via, de forma
para atender circunstância momentânea do trânsito. a reduzir as interferências tais como veículos quebrados,
LICENCIAMENTO – procedimento anual, relativo a obri- acidentados, estacionados irregularmente atrapalhando o
gações do proprietário de veículo, comprovado por meio de trânsito, prestando socorros imediatos e informações aos
documento específico (Certificado de Licenciamento Anual). pedestres e condutores.
LOGRADOURO PÚBLICO – espaço livre destinado pela PARADA – imobilização do veículo com a finalidade e pelo
municipalidade à circulação, parada ou estacionamento de tempo estritamente necessário para efetuar embarque ou
veículos, ou à circulação de pedestres, tais como calçada, desembarque de passageiros.
parques, áreas de lazer, calçadões. PASSAGEM DE NÍVEL – todo cruzamento de nível entre
LOTAÇÃO – carga útil máxima, incluindo condutor e pas- uma via e uma linha férrea ou trilho de bonde com pista
sageiros, que o veículo transporta, expressa em quilogramas própria.
para os veículos de carga, ou número de pessoas, para os PASSAGEM POR OUTRO VEÍCULO – movimento de pas-
veículos de passageiros. sagem à frente de outro veículo que se desloca no mesmo
LOTE LINDEIRO – aquele situado ao longo das vias urba- sentido, em menor velocidade, mas em faixas distintas da via.
nas ou rurais e que com elas se limita. PASSAGEM SUBTERRÂNEA – obra de arte destinada à
LUZ ALTA – facho de luz do veículo destinado a iluminar transposição de vias, em desnível subterrâneo, e ao uso de
Noções de Legislação Penal Especial

a via até uma grande distância do veículo. pedestres ou veículos.


LUZ BAIXA – facho de luz do veículo destinada a iluminar PASSARELA – obra de arte destinada à transposição de
a via diante do veículo, sem ocasionar ofuscamento ou in- vias, em desnível aéreo, e ao uso de pedestres.
cômodo injustificáveis aos condutores e outros usuários da PASSEIO – parte da calçada ou da pista de rolamento,
via que venham em sentido contrário. neste último caso, separada por pintura ou elemento físico
LUZ DE FREIO – luz do veículo destinada a indicar aos separador, livre de interferências, destinada à circulação
demais usuários da via, que se encontram atrás do veículo, exclusiva de pedestres e, excepcionalmente, de ciclistas.
que o condutor está aplicando o freio de serviço. PATRULHAMENTO – função exercida pela Polícia Ro-
LUZ INDICADORA DE DIREÇÃO (pisca‑pisca) – luz do ve- doviária Federal com o objetivo de garantir obediência às
ículo destinada a indicar aos demais usuários da via que o normas de trânsito, assegurando a livre circulação e evitando
condutor tem o propósito de mudar de direção para a direita acidentes.
ou para a esquerda. PERÍMETRO URBANO – limite entre área urbana e área
LUZ DE MARCHA À RÉ – luz do veículo destinada a ilu- rural.
minar atrás do veículo e advertir aos demais usuários da via PESO BRUTO TOTAL – peso máximo que o veículo transmi-
que o veículo está efetuando ou a ponto de efetuar uma te ao pavimento, constituído da soma da tara mais a lotação.
manobra de marcha à ré. PESO BRUTO TOTAL COMBINADO – peso máximo
LUZ DE NEBLINA – luz do veículo destinada a aumentar transmitido ao pavimento pela combinação de um cami-
a iluminação da via em caso de neblina, chuva forte ou nhão‑trator mais seu semirreboque ou do caminhão mais o
nuvens de pó. seu reboque ou reboques.
LUZ DE POSIÇÃO (lanterna) – luz do veículo destinada a PISCA‑ALERTA – luz intermitente do veículo, utilizada
indicar a presença e a largura do veículo. em caráter de advertência, destinada a indicar aos demais

82
usuários da via que o veículo está imobilizado ou em situação trabalho agrícola, de construção e pavimentação e tracionar
de emergência. outros veículos e equipamentos.
PISTA – parte da via normalmente utilizada para a circu- ULTRAPASSAGEM – movimento de passar à frente de
lação de veículos, identificada por elementos separadores outro veículo que se desloca no mesmo sentido, em menor
ou por diferença de nível em relação às calçadas, ilhas ou velocidade e na mesma faixa de tráfego, necessitando sair
aos canteiros centrais. e retornar à faixa de origem.
PLACAS – elementos colocados na posição vertical, UTILITÁRIO – veículo misto caracterizado pela versatili-
fixados ao lado ou suspensos sobre a pista, transmitindo dade do seu uso, inclusive fora de estrada.
mensagens de caráter permanente e, eventualmente, va- VEÍCULO ARTICULADO – combinação de veículos acopla-
riáveis, mediante símbolo ou legendas pré‑reconhecidas e dos, sendo um deles automotor.
legalmente instituídas como sinais de trânsito. VEÍCULO AUTOMOTOR – todo veículo a motor de pro-
POLICIAMENTO OSTENSIVO DE TRÂNSITO – função pulsão que circule por seus próprios meios, e que serve
exercida pelas Polícias Militares com o objetivo de prevenir normalmente para o transporte viário de pessoas e coisas,
e reprimir atos relacionados com a segurança pública e ou para a tração viária de veículos utilizados para o trans-
de garantir obediência às normas relativas à segurança de porte de pessoas e coisas. O termo compreende os veículos
trânsito, assegurando a livre circulação e evitando acidentes. conectados a uma linha elétrica e que não circulam sobre
PONTE – obra de construção civil destinada a ligar mar- trilhos (ônibus elétrico).
gens opostas de uma superfície líquida qualquer. VEÍCULO DE CARGA – veículo destinado ao transporte
REBOQUE – veículo destinado a ser engatado atrás de de carga, podendo transportar dois passageiros, exclusive
um veículo automotor. o condutor.
REGULAMENTAÇÃO DA VIA – implantação de sinalização VEÍCULO DE COLEÇÃO – aquele que, mesmo tendo sido
de regulamentação pelo órgão ou entidade competente com fabricado há mais de trinta anos, conserva suas característi-
circunscrição sobre a via, definindo, entre outros, sentido de cas originais de fabricação e possui valor histórico próprio.
direção, tipo de estacionamento, horários e dias. VEÍCULO CONJUGADO – combinação de veículos, sendo
REFÚGIO – parte da via, devidamente sinalizada e pro- o primeiro um veículo automotor e os demais reboques ou
tegida, destinada ao uso de pedestres durante a travessia equipamentos de trabalho agrícola, construção, terraplena-
da mesma. gem ou pavimentação.
RENACH – Registro Nacional de Condutores Habilitados. VEÍCULO DE GRANDE PORTE – veículo automotor desti-
RENAVAM – Registro Nacional de Veículos Automotores. nado ao transporte de carga com peso bruto total máximo
RETORNO – movimento de inversão total de sentido da superior a dez mil quilogramas e de passageiros, superior a
direção original de veículos. vinte passageiros.
RODOVIA – via rural pavimentada. VEÍCULO DE PASSAGEIROS – veículo destinado ao trans-
SEMIRREBOQUE – veículo de um ou mais eixos que se porte de pessoas e suas bagagens.
apoia na sua unidade tratora ou é a ela ligado por meio de VEÍCULO MISTO – veículo automotor destinado ao trans-
articulação. porte simultâneo de carga e passageiro.
SINAIS DE TRÂNSITO – elementos de sinalização viária VIA – superfície por onde transitam veículos, pessoas e
que se utilizam de placas, marcas viárias, equipamentos de animais, compreendendo a pista, a calçada, o acostamento,
controle luminosos, dispositivos auxiliares, apitos e gestos, ilha e canteiro central.
destinados exclusivamente a ordenar ou dirigir o trânsito VIA DE TRÂNSITO RÁPIDO – aquela caracterizada por
dos veículos e pedestres. acessos especiais com trânsito livre, sem interseções em
SINALIZAÇÃO – conjunto de sinais de trânsito e disposi- nível, sem acessibilidade direta aos lotes lindeiros e sem
tivos de segurança colocados na via pública com o objetivo travessia de pedestres em nível.

Noções de Legislação Penal Especial


de garantir sua utilização adequada, possibilitando melhor
VIA ARTERIAL – aquela caracterizada por interseções
fluidez no trânsito e maior segurança dos veículos e pedestres
em nível, geralmente controlada por semáforo, com aces-
que nela circulam.
sibilidade aos lotes lindeiros e às vias secundárias e locais,
SONS POR APITO – sinais sonoros, emitidos exclusiva-
possibilitando o trânsito entre as regiões da cidade.
mente pelos agentes da autoridade de trânsito nas vias,
VIA COLETORA – aquela destinada a coletar e distribuir o
para orientar ou indicar o direito de passagem dos veículos
trânsito que tenha necessidade de entrar ou sair das vias de
ou pedestres, sobrepondo‑se ou completando sinalização
trânsito rápido ou arteriais, possibilitando o trânsito dentro
existente no local ou norma estabelecida neste Código.
das regiões da cidade.
TARA – peso próprio do veículo, acrescido dos pesos da
carroçaria e equipamento, do combustível, das ferramentas VIA LOCAL – aquela caracterizada por interseções em
e acessórios, da roda sobressalente, do extintor de incêndio nível não semaforizadas, destinada apenas ao acesso local
e do fluido de arrefecimento, expresso em quilogramas. ou a áreas restritas.
TRAILER – reboque ou semirreboque tipo casa, com duas, VIA RURAL – estradas e rodovias.
quatro, ou seis rodas, acoplado ou adaptado à traseira de VIA URBANA – ruas, avenidas, vielas, ou caminhos e
automóvel ou camionete, utilizado em geral em atividades similares abertos à circulação pública, situados na área ur-
turísticas como alojamento, ou para atividades comerciais. bana, caracterizados principalmente por possuírem imóveis
TRÂNSITO – movimentação e imobilização de veículos, edificados ao longo de sua extensão.
pessoas e animais nas vias terrestres. VIAS E ÁREAS DE PEDESTRES – vias ou conjunto de vias
TRANSPOSIÇÃO DE FAIXAS – passagem de um veículo de destinadas à circulação prioritária de pedestres.
uma faixa demarcada para outra. VIADUTO – obra de construção civil destinada a transpor
TRATOR – veículo automotor construído para realizar uma depressão de terreno ou servir de passagem superior.

83
Welma Maia em rota migratória, bem como produtos e objetos dela
oriundos, provenientes de criadouros não autorizados
LEI DOS CRIMES CONTRA O MEIO ou sem a devida permissão, licença ou autorização da
autoridade competente.
AMBIENTE
No caso de guarda doméstica de espécie silvestre não
A questão ambiental e, sobretudo, a tutela penal do meio
considerada ameaçada de extinção, pode o juiz, consideran-
ambiente ganharam destaque com o advento da Constituição
Federal de 1988 (art. 225, §3º) e, posteriormente, com a do as circunstâncias, deixar de aplicar a pena.
edição da Lei nº 9.605/1998, também conhecida como “Lei São espécimes da fauna silvestre todos aqueles perten-
de Crimes Ambientais – LCA”. centes às espécies nativas, migratórias e quaisquer outras,
aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu
Art. 225. ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do território bra-
[...] sileiro, ou águas jurisdicionais brasileiras.
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas
ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas Atenção!
físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrati- A pena é aumentada de metade, se o crime é praticado:
vas, independentemente da obrigação de reparar os • contra espécie rara ou considerada ameaçada de ex-
danos causados. tinção, ainda que somente no local da infração;
• em período proibido à caça;
Estudaremos primeiramente sobre os crimes ambientais, • durante a noite;
e posteriormente sobre as infrações administrativas contra • com abuso de licença;
o meio ambiente. • em unidade de conservação;
• com emprego de métodos ou instrumentos capazes
Crimes Contra o Meio Ambiente de provocar destruição em massa.
A pena é aumentada até o triplo, se o crime decorre do
A lei nº 9.605/1998 traz sanções penais aplicáveis espe- exercício de caça profissional.
cificamente aos tipos de condutas perpetradas. Referidas As disposições acima não se aplicam aos atos de pesca.
sanções são estabelecidas conforme o texto constitucional
e aplicadas de acordo com a natureza do agente, em atendi- 2) Exportar para o exterior peles e couros de anfíbios e
mento ao princípio da individualização da pena. De acordo répteis em bruto, sem a autorização da autoridade ambiental
com este princípio deverá existir estreita correspondência competente (art. 30).
entre a responsabilização da conduta do agente e a sanção Pena – reclusão, de um a três anos, e multa.
a ser aplicada, visando atingir as finalidades das penas, quais
sejam, a prevenção (especialmente) e a repressão. 3) Introduzir espécime animal no País, sem parecer
Vale destacar que a Lei nº 9.605/1998 limitou o exercício técnico oficial favorável e licença expedida por autoridade
da ação, para as infrações ambientais, a uma única espécie competente (art. 31).
de ação penal, qual seja: a ação penal pública incondiciona- Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa.
da, (art. 26, da LCA) a ser promovida pelo representante do
Ministério Público (art. 129, I, da CF e art. 100, § 1º, do CP). 4) Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar
As condutas caracterizadoras de crimes contra o meio animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou
ambiente estão descritas nos arts. 29 a 69-A da Lei nº exóticos (art. 32).
9.605/1998, que disponibilizamos logo após os comentários Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa.
Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência do-
Crimes contra a fauna Arts. 29 a 37 lorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos
Noções de Legislação Penal Especial

ou científicos, quando existirem recursos alternativos.


Crimes contra a flora Arts. 38 a 53
A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre
Poluição e outros crimes ambientais Art. 54 a 61 morte do animal.
Crimes contra o ordenamento urbano e Arts. 63 a 65
patrimônio cultural 5) Provocar, pela emissão de efluentes ou carreamento
Crimes contra a administração ambiental Arts. 66 a 69-A de materiais, o perecimento de espécimes da fauna aquáti-
ca existentes em rios, lagos, açudes, lagoas, baías ou águas
Dos Crimes contra a Fauna jurisdicionais brasileiras (Art. 33).
1) Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da Pena – detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas
fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida cumulativamente.
permissão, licença ou autorização da autoridade competen- Incorre nas mesmas penas:
te, ou em desacordo com a obtida (art. 29). • quem causa degradação em viveiros, açudes ou esta-
Pena – detenção de seis meses a um ano, e multa. ções de aquicultura de domínio público;
• quem explora campos naturais de invertebrados aquá-
Incorre nas mesmas penas: ticos e algas, sem licença, permissão ou autorização da
• quem impede a procriação da fauna, sem licença, au- autoridade competente;
torização ou em desacordo com a obtida; • quem fundeia embarcações ou lança detritos de qual-
• quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou quer natureza sobre bancos de moluscos ou corais,
criadouro natural; devidamente demarcados em carta náutica.
• quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guar-
da, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta 6) Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em
ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou lugares interditados por órgão competente (Art. 34):

84
Pena – detenção de um ano a três anos ou multa, ou 5) Provocar incêndio em mata ou floresta (Art. 41):
ambas as penas cumulativamente. Pena – reclusão, de dois a quatro anos, e multa.
Incorre nas mesmas penas quem: Se o crime é culposo, a pena é de detenção de seis meses
• pesca espécies que devam ser preservadas ou espéci- a um ano, e multa.
mes com tamanhos inferiores aos permitidos;
• pesca quantidades superiores às permitidas, ou me- 6) Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que
diante a utilização de aparelhos, petrechos, técnicas possam provocar incêndios nas florestas e demais formas
e métodos não permitidos; de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de assen-
• transporta, comercializa, beneficia ou industrializa tamento humano (Art. 42):
espécimes provenientes da coleta, apanha e pesca Pena – detenção de um a três anos ou multa, ou ambas
proibidas. as penas cumulativamente.

7) Pescar24 mediante a utilização de (art. 35): 7) Extrair de florestas de domínio público ou consideradas
• explosivos ou substâncias que, em contato com a água, de preservação permanente, sem prévia autorização, pedra,
produzam efeito semelhante; areia, cal ou qualquer espécie de minerais (Art. 44).
• substâncias tóxicas, ou outro meio proibido pela au- Pena – detenção, de seis meses a um ano, e multa.
toridade competente:
Pena – reclusão de um ano a cinco anos. 8) Cortar ou transformar em carvão madeira de lei, assim
classificada por ato do Poder Público, para fins industriais,
Atenção! energéticos ou para qualquer outra exploração, econômica
Não é crime o abate de animal, quando realizado: ou não, em desacordo com as determinações legais (Art. 45).
• em estado de necessidade, para saciar a fome do agen- Pena – reclusão, de um a dois anos, e multa.
te ou de sua família;
• para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação 9) Receber ou adquirir, para fins comerciais ou industriais,
predatória ou destruidora de animais, desde que legal madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal,
e expressamente autorizado pela autoridade compe- sem exigir a exibição de licença do vendedor, outorgada pela
tente; autoridade competente, e sem munir-se da via que deverá
• por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado acompanhar o produto até final beneficiamento (Art. 46):
pelo órgão competente. Pena – detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à ven-
Crimes contra a Flora da, tem em depósito, transporta ou guarda madeira, lenha,
1) Destruir ou danificar floresta considerada de preser- carvão e outros produtos de origem vegetal, sem licença
vação permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la válida para todo o tempo da viagem ou do armazenamento,
com infringência das normas de proteção (Art. 38). outorgada pela autoridade competente.
Pena – detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas
as penas cumulativamente. 10) Impedir ou dificultar a regeneração natural de flores-
Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade. tas e demais formas de vegetação:
Pena – detenção, de seis meses a um ano, e multa (Art.
2) Destruir ou danificar vegetação primária ou secundá- 48).
ria, em estágio avançado ou médio de regeneração, do Bioma 11) Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qualquer
Mata Atlântica, ou utilizá-la com infringência das normas de modo ou meio, plantas de ornamentação de logradouros
proteção (Art. 38-A). públicos ou em propriedade privada alheia (Art. 49):
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, ou multa, ou Pena – detenção, de três meses a um ano, ou multa, ou
ambas as penas cumulativamente. ambas as penas cumulativamente.
Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade. No crime culposo, a pena é de um a seis meses, ou multa.

3) Cortar árvores em floresta considerada de preserva- 12) Destruir ou danificar florestas nativas ou plantadas ou Noções de Legislação Penal Especial
ção permanente, sem permissão da autoridade competente vegetação fixadora de dunas, protetora de mangues, objeto
(art. 39): de especial preservação (Art. 50):
Pena – detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa.
as penas cumulativamente.
4) Causar dano direto ou indireto às Unidades de Con- 13) Desmatar, explorar economicamente ou degradar flo-
servação e às suas áreas circundantes, independentemente resta, plantada ou nativa, em terras de domínio público ou
de sua localização (Art. 40): devolutas, sem autorização do órgão competente (Art. 50-A).
Pena – reclusão, de um a cinco anos. Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos e multa.
Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade. Se a área explorada for superior a 1.000 ha (mil hectares),
a pena será aumentada de 1 (um) ano por milhar de hectare.
Atenção!
A ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas Atenção!
de extinção no interior das Unidades de Conservação Não é crime a conduta praticada quando necessária à
de Proteção Integral será considerada circunstância subsistência imediata pessoal do agente ou de sua fa-
agravante para a fixação da pena. mília.

24
Considera-se pesca todo ato tendente a retirar, extrair, coletar, apanhar, apre- 14) Comercializar motosserra ou utilizá-la em florestas
ender ou capturar espécimes dos grupos dos peixes, crustáceos, moluscos e e nas demais formas de vegetação, sem licença ou registro
vegetais hidróbios, suscetíveis ou não de aproveitamento econômico, ressalva-
das as espécies ameaçadas de extinção, constantes nas listas oficiais da fauna da autoridade competente (Art. 51).
e da flora. Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa.

85
15) Penetrar em Unidades de Conservação conduzindo Nas mesmas penas incorre quem:
substâncias ou instrumentos próprios para caça ou para ex- • abandona os produtos ou substâncias referidos no
ploração de produtos ou subprodutos florestais, sem licença caput ou os utiliza em desacordo com as normas am-
da autoridade competente (Art. 52): bientais ou de segurança;
Pena – detenção, de seis meses a um ano, e multa. • manipula, acondiciona, armazena, coleta, transporta,
reutiliza, recicla ou dá destinação final a resíduos pe-
Atenção! rigosos de forma diversa da estabelecida em lei ou
Nos crimes previstos acima, a pena é aumentada de um regulamento.
sexto a um terço se (Art. 53):
• do fato resulta a diminuição de águas naturais, a erosão Se o produto ou a substância for nuclear ou radioativa,
do solo ou a modificação do regime climático; a pena é aumentada de um sexto a um terço.
• o crime é cometido: Se o crime é culposo:
a) no período de queda das sementes; Pena – detenção, de seis meses a um ano, e multa.
b) no período de formação de vegetações;
c) contra espécies raras ou ameaçadas de extinção, ainda Atenção!
que a ameaça ocorra somente no local da infração; Nos crimes dolosos relativos aos crimes previstos acima,
d) em época de seca ou inundação; as penas serão aumentadas (Art. 58):
e) durante a noite, em domingo ou feriado. • de um sexto a um terço, se resulta dano irreversível à
flora ou ao meio ambiente em geral;
Da Poluição e outros Crimes Ambientais • de um terço até a metade, se resulta lesão corporal de
natureza grave em outrem;
1) Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais • até o dobro, se resultar a morte de outrem.
que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana,
ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição Essas penalidades somente serão aplicadas se do fato
significativa da flora (Art. 54): não resultar crime mais grave.
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Se o crime é culposo: 4) Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar,
Pena – detenção, de seis meses a um ano, e multa. em qualquer parte do território nacional, estabelecimentos,
obras ou serviços potencialmente poluidores, sem licença ou
Se o crime: autorização dos órgãos ambientais competentes, ou contra-
• tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a riando as normas legais e regulamentares pertinentes (Art. 60):
ocupação humana; Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa, ou ambas
• causar poluição atmosférica que provoque a retirada, as penas cumulativamente.
ainda que momentânea, dos habitantes das áreas afe-
tadas, ou que cause danos diretos à saúde da popula- 5) Disseminar doença ou praga ou espécies que possam
ção; causar dano à agricultura, à pecuária, à fauna, à flora ou aos
• causar poluição hídrica que torne necessária a inter- ecossistemas (Art. 61):
rupção do abastecimento público de água de uma co- Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa.
munidade;
• dificultar ou impedir o uso público das praias; Crimes contra o Ordenamento Urbano e o Patrimônio
• ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos Cultural
ou gasosos, ou detritos, óleos ou substâncias oleosas, 1) Destruir, inutilizar ou deteriorar (Art. 62).
em desacordo com as exigências estabelecidas em leis • bem especialmente protegido por lei, ato administra-
ou regulamentos: tivo ou decisão judicial;
Noções de Legislação Penal Especial

Pena – reclusão, de um a cinco anos. • arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca, ins-
Incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo ante- talação científica ou similar protegido por lei, ato ad-
rior quem deixar de adotar, quando assim o exigir a autori- ministrativo ou decisão judicial:
dade competente, medidas de precaução em caso de risco Pena – reclusão, de um a três anos, e multa.
de dano ambiental grave ou irreversível. Se o crime for culposo, a pena é de seis meses a um ano
de detenção, sem prejuízo da multa.
2) Executar pesquisa, lavra ou extração de recursos mi-
nerais sem a competente autorização, permissão, concessão 2) Alterar o aspecto ou estrutura de edificação ou local
ou licença, ou em desacordo com a obtida (Art. 55): especialmente protegido por lei, ato administrativo ou de-
Pena – detenção, de seis meses a um ano, e multa. cisão judicial, em razão de seu valor paisagístico, ecológico,
Nas mesmas penas incorre quem deixa de recuperar a turístico, artístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico,
área pesquisada ou explorada, nos termos da autorização, etnográfico ou monumental, sem autorização da autoridade
permissão, licença, concessão ou determinação do órgão competente ou em desacordo com a concedida (Art. 63):
competente. Pena – reclusão, de um a três anos, e multa.

3) Produzir, processar, embalar, importar, exportar, co- 3) Promover construção em solo não edificável, ou no
mercializar, fornecer, transportar, armazenar, guardar, ter em seu entorno, assim considerado em razão de seu valor pai-
depósito ou usar produto ou substância tóxica, perigosa ou sagístico, ecológico, artístico, turístico, histórico, cultural,
nociva à saúde humana ou ao meio ambiente, em desacordo religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental, sem
com as exigências estabelecidas em leis ou nos seus regu- autorização da autoridade competente ou em desacordo
lamentos (Art. 56): com a concedida (Art. 64).
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa. Pena – detenção, de seis meses a um ano, e multa.

86
4) Pichar ou por outro meio conspurcar edificação ou • Das Infrações Contra a Fauna: arts. 24 a 42;
monumento urbano (Art. 65): • Das Infrações Contra a Flora: arts. 43 a 60-A;
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. • Das Infrações Relativas à Poluição e outras Infrações
Se o ato for realizado em monumento ou coisa tombada Ambientais: arts. 61 a 71-A;
em virtude do seu valor artístico, arqueológico ou histórico, a • Das Infrações Contra o Ordenamento Urbano e o Pa-
pena é de 6 (seis) meses a 1 (um) ano de detenção e multa. trimônio Cultural: arts. 72 a 75;
• Das Infrações Administrativas Contra a Administração
Atenção! Ambiental: arts. 76 a 83;
Não constitui crime a prática de grafite realizada com o • Das Infrações Cometidas Exclusivamente em Unidades
objetivo de valorizar o patrimônio público ou privado me- de Conservação: ares. 84 a 93.
diante manifestação artística, desde que consentida pelo pro- As infrações ambientais são apuradas em processo ad-
prietário e, quando couber, pelo locatário ou arrendatário do ministrativo próprio, assegurado o direito de ampla defesa
bem privado e, no caso de bem público, com a autorização e o contraditório. Tal procedimento está disciplinado a partir
do órgão competente e a observância das posturas muni- do art. 94 do referido Decreto.
cipais e das normas editadas pelos órgãos governamentais Cabe aqui ressaltar que determinada conduta pode estar
responsáveis pela preservação e conservação do patrimônio tipificada tanto como crime quanto como infração adminis-
histórico e artístico nacional. trativa ambiental. Entretanto, determinada conduta que
esteja tipificada somente como crime ambiental também
Crimes contra a Administração Ambiental pode ser sancionada administrativamente, pois nesse caso
1) Fazer o funcionário público afirmação falsa ou en- houve inequívoca violação de uma “regra jurídica de uso,
ganosa, omitir a verdade, sonegar informações ou dados gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente”.
técnico-científicos em procedimentos de autorização ou de
Convém registrar que o agente autuante, ao lavrar o
licenciamento ambiental (Art. 66):
auto de infração, indicará as sanções observando sempre
Pena – reclusão, de um a três anos, e multa.
os seguintes critérios:
• gravidade dos fatos, tendo em vista os motivos da in-
2) Conceder o funcionário público licença, autorização ou
fração e suas consequências para a saúde pública e
permissão em desacordo com as normas ambientais, para
para o meio ambiente;
as atividades, obras ou serviços cuja realização depende de • antecedentes do infrator, quanto ao cumprimento da
ato autorizativo do Poder Público (Art. 67): legislação de interesse ambiental; e
Pena – detenção, de um a três anos, e multa. • situação econômica do infrator (no caso de multa).
Se o crime é culposo, a pena é de três meses a um ano
de detenção, sem prejuízo da multa. Espécies de Sanções Administrativas
3) Deixar, aquele que tiver o dever legal ou contratual A Lei nº 9.605/98 prevê as sanções administrativas am-
de fazê-lo, de cumprir obrigação de relevante interesse am- bientais no seu artigo 72, que dispõe:
biental (Art. 68).
Pena – detenção, de um a três anos, e multa. Art. 72. As infrações administrativas são punidas com
Se o crime é culposo, a pena é de três meses a um ano, as seguintes sanções, observado o disposto no art. 6°:
sem prejuízo da multa. I – advertência;
4) Obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do Poder Pú- II – multa simples;
blico no trato de questões ambientais (Art. 69). III – multa diária;
Pena – detenção, de um a três anos, e multa. IV – apreensão dos animais, produtos e subprodutos
da fauna e flora, instrumentos, petrechos, equipa-

Noções de Legislação Penal Especial


5) Elaborar ou apresentar, no licenciamento, concessão mentos ou veículos de qualquer natureza utilizados
florestal ou qualquer outro procedimento administrativo, na infração;
estudo, laudo ou relatório ambiental total ou parcialmente V – destruição ou inutilização do produto;
falso ou enganoso, inclusive por omissão (Art. 69-A): VI – suspensão de venda e fabricação do produto;
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. VII – embargo de obra ou atividade;
Se o crime é culposo: VIII – demolição de obra;
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos. IX – suspensão parcial ou total de atividades;
A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), X – (vetado)
se há dano significativo ao meio ambiente, em decorrência XI – restritiva de direitos.
do uso da informação falsa, incompleta ou enganosa.
Anote-se que se o infrator cometer, simultaneamente,
Infrações Administrativas Contra o Meio Ambiente duas ou mais infrações, ser-lhe-ão aplicadas, cumulativamen-
te, as sanções a elas cominadas.
De acordo com o art. 70 da LCA, “Considera-se infração
administrativa ambiental toda ação ou omissão que viole as Advertência
regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recupe- A advertência será aplicada pela inobservância das dispo-
ração do meio ambiente. sições da Lei nº 9.605/1998 e da legislação em vigor, ou de
É o Decreto Federal nº 6.514, de 22 de julho de 2008, preceitos regulamentares, sem prejuízo das demais sanções
que enumera, nos seus artigos 24 a 93, um rol exemplifica- previstas no artigo 72 da Lei de Crimes Ambientais.
tivo de infrações administrativas ambientais, organizados na Advertência pode ser conceituada como “a repreensão
seguinte disposição: de alguém em face da ocorrência ou risco de ocorrência de

87
um ato lesivo ao meio ambiente, com vistas a que seu autor III – custeio ou execução de programas e de projetos
tome providências para impedir o dano ou deixar de causá-lo”. ambientais desenvolvidos por entidades públicas de proteção
Trata-se de sanção administrativa repressiva aplicável, e conservação do meio ambiente; e
mediante a lavratura de auto de infração, para as infrações IV – manutenção de espaços públicos que tenham como
administrativas de menor lesividade ao meio ambiente, objetivo a preservação do meio ambiente.
garantidos a ampla defesa e o contraditório. Consideram-
-se infrações administrativas de menor lesividade ao meio Convém observar que a conversão de multa destinada à
ambiente “aquelas em que a multa máxima cominada não reparação de danos ou recuperação das áreas degradadas
ultrapasse o valor de R$ 1.000,00 (um mil reais), ou que, no pressupõe que o autuado apresente pré-projeto acompa-
caso de multa por unidade de medida, a multa aplicável não nhando o requerimento. Havendo decisão favorável ao pe-
exceda o valor referido.” (Art. 5º do Decreto nº 6.514/08). dido de conversão de multa, as partes celebrarão termo de
Ao ser lavrado o auto de infração deve haver a fixação compromisso, cuja assinatura implicará renúncia ao direito
do prazo para que a irregularidade seja sanada pelo infrator. de recorrer administrativamente. A assinatura do termo de
Caso o autuado, por negligência ou dolo, deixe de sanar as compromisso suspende a exigibilidade da multa aplicada.
irregularidades, o agente autuante certificará o ocorrido e Por fim, destaca-se que a conversão da multa não po-
derá ser concedida novamente ao mesmo infrator durante
aplicará a sanção de multa relativa à infração praticada, in-
o período de cinco anos, contados da data da assinatura do
dependentemente da advertência.
termo de compromisso.
A advertência pode ser cumulada com outras sanções
administrativas, de acordo com o artigo 6° do Decreto nº Multa diária
6.514/08. A multa diária será aplicada sempre que o cometimento
Por derradeiro, cabe observar que a autoridade am- da infração se prolongar no tempo, até a sua cessação ou
biental pode aplicar diretamente a multa ou outra sanção até a celebração de termo de compromisso de reparação ou
cabível, independentemente da incidência prévia de uma cessação dos danos.
advertência, pois a aplicação de sanção administrativa deve Ao verificar a infração administrativa ambiental, cabe ao
considerar a gravidade do fato e os antecedentes do infrator. agente competente lavrar o auto de infração indicando o
valor do dia-multa, além dos demais requisitos elencados
Multa simples no artigo 97 do Decreto nº 6.514/08. Esse valor não pode
A multa simples será aplicada sempre que o agente, por ser inferior a R$ 50,00 (cinquenta reais), nem superior a dez
negligência ou dolo: por cento do valor da multa simples máxima cominada para
• advertido por irregularidades que tenham sido pratica- a infração.
das, deixar de saná-las, no prazo assinalado por órgão Caso o autuado apresente ao órgão ambiental competen-
competente do SISNAMA ou pela Capitania dos Portos, te documentos que comprovem a regularização da situação
do Ministério da Marinha; que ensejou a lavratura do auto de infração, a multa diária
• opuser embaraço à fiscalização dos órgãos do SISNAMA deverá deixar de ser aplicada a partir daquela data. Todavia,
ou da Capitania dos Portos, do Ministério da Marinha. verificando-se que a situação não foi regularizada, a multa
diária voltará a ser imposta desde a data em que deixou de
Importa lembrar que a fixação do valor da multa deve ser aplicada, sendo notificado o autuado, sem prejuízo da
observar sobretudo a situação econômica do infrator, sem adoção de outras sanções previstas no Decreto 6.514/08.73
obviamente afastar outros critérios como a gravidade do fato A autoridade ambiental deverá, por ocasião do julgamen-
e os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da to do auto de infração, e em caso de procedência da autu-
legislação ambiental. ação, confirmar ou modificar o valor da multa-dia, decidir
O valor da multa (art. 9º do Decreto nº 6.514/08) será o período de sua aplicação e consolidar o montante devido
no mínimo de R$ 50,00 (cinquenta reais) e no máximo de pelo autuado para posterior execução.
R$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais). De acordo Os valores arrecadados em pagamento de multas diárias
por infração ambiental serão revertidos ao Fundo Nacional
Noções de Legislação Penal Especial

com o artigo 8° do Decreto nº 6.514/08, “a multa terá por


do Meio Ambiente, criado pela Lei nº 7.797/89, Fundo Naval,
base a unidade, hectare, metro cúbico, quilograma, metro
criado pelo Decreto nº 20.923/32, fundos estaduais ou mu-
de carvão-mdc, estéreo, metro quadrado, dúzia, estipe, cen-
nicipais de meio ambiente, ou correlatos, conforme dispuser
to, milheiros ou outra medida pertinente, de acordo com o
o órgão arrecadador.
objeto jurídico lesado.”
Os valores arrecadados em pagamento de multas por Non bis in idem
infração ambiental serão revertidos ao Fundo Nacional do De acordo com o artigo 76 da Lei nº 9.605/98, o paga-
Meio Ambiente, instituído pela Lei nº 7.797, de 10 de julho mento de multa imposta pelos Estados, Municípios, Distrito
de 1989, Fundo Naval, criado pelo Decreto nº 20.923, de Federal ou Territórios substitui a multa federal na mesma
8 de janeiro de 1932, fundos estaduais ou municipais de hipótese de incidência.
meio ambiente, ou correlatos, conforme dispuser o órgão Impõe-se ressaltar que somente o efetivo pagamento da
arrecadador. multa será considerado para efeito da substituição de que
Observa-se que a multa simples pode ser convertida em trata o artigo 76, não sendo admitida para esta finalidade
serviços de preservação, melhoria e recuperação da qualida- a celebração de termo de compromisso de ajustamento de
de do meio ambiente. De acordo com o artigo 140 do Decreto conduta ou outra forma de compromisso de regularização
nº 6.514/2008, são considerados serviços de preservação, da infração ou composição de dano, salvo se deste também
melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente: participar o órgão ambiental federal.
1 – execução de obras ou atividades de recuperação de
danos decorrentes da própria infração; Apreensão do produto e do instrumento de infração
II – implementação de obras ou atividades de recupe- administrativa ou de Crime Ambiental
ração de áreas degradadas, bem como de preservação e O artigo 72 da Lei nº 9.605/98 prevê como sanção admi-
melhoria da qualidade do meio ambiente; nistrativa ambiental:

88
IV – apreensão dos animais, produtos e subprodutos à recuperação da área degradada. Por óbvio, esse tipo de
da fauna e flora, instrumentos, petrechos, equipa- penalidade só pode alcançar a atividade que tenha condições
mentos ou veículos de qualquer natureza utilizados de se adequar às normas ambientais, pois caso contrário a
na infração; penalidade recomendada será a demolição.
Importante observar que o embargo de obra ou atividade
Inicialmente, é importante observar que, de acordo com restringe-se aos locais onde efetivamente caracterizou-se a
a regra geral do artigo 91 do Código Penal, a apreensão dos infração ambiental, não alcançando as demais atividades re-
instrumentos e dos produtos do crime é efeito da conde- alizadas em áreas não embargadas da propriedade ou posse
nação. ou não correlacionadas com a infração.
Todavia, no caso de infrações relacionadas ao meio am- A cessação das penalidades de suspensão e embargo
biente, não se espera a condenação do infrator para a reali- dependerá de decisão da autoridade ambiental após a apre-
zação da apreensão dos produtos e instrumentos da infração sentação, por parte do autuado, de documentação que re-
ou crime ambiental, tendo em vista muitas vezes tratar-se gularize a obra ou atividade.
de animais ou de produtos perecíveis. Assim, de acordo com O descumprimento total ou parcial de embargo ensejará
o artigo 25 da Lei de Crimes Ambientais, os produtos e ins- a aplicação cumulativa das seguintes sanções:
trumentos serão apreendidos logo que verificada a infração, • multa de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a R$ 1.000.000,00
dando-se a eles destinação estabelecida nos parágrafos 1 ° (um milhão de reais);
a 4° do mesmo artigo. • suspensão da atividade que originou a infração e da
Ainda estabelecendo um paralelo com o Código Penal, venda de produtos ou subprodutos criados ou produ-
verifica-se que o seu artigo 91, II, a, permite que haja confisco zidos na área ou local objeto do embargo infringido; e
de instrumento de crime como efeito da condenação quando • cancelamento de registros, licenças ou autorizações
o objeto, por si só, é ilícito , ou seja, quando é de fabrico, de funcionamento da atividade econômica j unto aos
alienação, uso, porte ou detenção ilícitos. Regra diversa é órgãos ambientais e de fiscalização.
aplicada nos casos de infrações ambientais, que permite o
confisco de qualquer instrumento utilizado, usualmente (e No caso de descumprimento ou violação do embargo, a
não eventualmente), na prática de infração ambiental, seja autoridade competente, além de adotar as medidas cabíveis,
lícito ou ilícito, como, por exemplo, caminhão que transporta deverá comunicar ao Ministério Público, no prazo máximo de
madeira ilegal. O objeto em si (caminhão) é lícito, mas se é setenta e duas horas, para que seja apurado o cometimento
utilizado usualmente na prática de crime ambiental, será de infração penal.
confiscado. Ademais, o órgão ou entidade ambiental promoverá a
divulgação dos dados do bem embargado e do respectivo
Destruicão ou inutilizacão do produto titular em lista oficial, especificando o exato local da área
Os produtos, inclusive madeiras, subprodutos e instru- embargada e informando que o auto de infração encontra-se
julgado ou pendente de julgamento.
mentos utilizados na prática da infração poderão ser destru-
Nos casos em que o responsável pela infração administra-
ídos ou inutilizados quando: I) a medida for necessária para
tiva ou o detentor do imóvel onde foi praticada a infração for
evitar o seu uso e aproveitamento indevidos nas situações
indeterminado, desconhecido ou de domicílio indefinido, será
em que o transporte e a guarda forem inviáveis em face das
realizada notificação da lavratura do termo de embargo me-
circunstâncias ou II) possam expor o meio ambiente a riscos
diante a publicação de seu extrato no Diário Oficial da União.
significativos ou comprometer a segurança da população e
dos agentes públicos envolvidos na fiscalização. Nesses casos,
Demolição de obra
o termo de destruição ou inutilização deverá ser instruído A sanção de demolição de obra poderá ser aplicada pela
com elementos que identifiquem as condições anteriores autoridade ambiental, após o contraditório e ampla defesa,
e posteriores à ação, bem como a avaliação dos bens des- quando: I) verificada a construção de obra em área ambien-
truídos. talmente protegida em desacordo com a legislação ambiental

Noções de Legislação Penal Especial


Tratando-se de apreensão de substâncias ou produtos ou II) quando a obra ou construção realizada não atenda às
tóxicos, perigosos ou nocivos à saúde humana ou ao meio condicionantes da legislação ambiental e não seja passível
ambiente, as medidas a serem adotadas, inclusive a destrui- de regularização.
ção, serão determinadas pelo órgão competente e correrão A demolição poderá ser feita pela administração ou pelo
a expensas do infrator. infrator, em prazo assinalado, após o julgamento do auto
Convém lembrar que os produtos da fauna não perecíveis de infração, sendo que as despesas pertinentes correrão a
serão destruídos ou doados a instituições científicas, culturais expensas do infrator. Oportuno registrar ainda que não será
ou educacionais. aplicada a penalidade de demolição quando, mediante laudo
técnico, for comprovado que o desfazimento poderá trazer
Suspensão de venda e fabricação do produto piores impactos ambientais que sua manutenção, caso em
Essa penalidade será aplicada quando o produto não que a autoridade ambiental, mediante decisão fundamen-
estiver obedecendo às prescrições legais ou regulamentares. tada, deverá, sem prejuízo das demais sanções cabíveis, im-
A suspensão de venda ou fabricação de produto constitui por as medidas necessárias à cessação e mitigação do dano
medida que visa a evitar a colocação no mercado de produtos ambiental.
e subprodutos oriundos de infração administrativa ao meio Regra geral, a sanção de demolição deve observar os
ambiente ou que tenha como objetivo interromper o uso princípios do contraditório e da ampla defesa. Entretanto,
contínuo de matéria-prima e subprodutos de origem ilegal. em situações especialíssimas, a demolição pode ser efetivada
no ato da fiscalização. Trata-se de medida extremada, que
Embargo de obra ou atividade só deve ser tomada em caso de irregularidade insanável, de
O embargo de obra ou atividade e suas respectivas áreas grave risco à saúde ou de agravamento de dano ambiental.
tem por objetivo impedir a continuidade do dano ambiental, Nesses casos, a demolição poderá ser feita pelo agente
propiciar a regeneração do meio ambiente e dar viabilidade autuante, por quem este autorizar ou pelo próprio infrator

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e deverá ser devidamente descrita e documentada, inclusive Busca Informatizada Avançar
com fotografias. As despesas para a realização da demolição
correrão às custas do infrator. O Decreto nº 6.514/08 veda, LEI Nº 8.078, DE 11 DE SETEMBRO DE 1990
entretanto, a demolição de edificações residenciais.
Dispõe sobre a proteção do
Suspensão Parcial ou total de atividades consumidor e dá outras provi-
dências.
A suspensão parcial ou total de atividades será aplicada
quando o produto, a obra, a atividade ou o estabelecimento O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congres-
não estiverem obedecendo às prescrições legais ou regula- so Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:
mentares. Constitui medida que visa a impedir a continuida-
de de processos produtivos em desacordo com a legislação TÍTULO I
ambiental. DOS DIREITOS DO CONSUMIDOR
A cessação das penalidades d e suspensão e embargo
dependerá d e decisão da autoridade ambiental após a apre- CAPÍTULO I
Disposições Gerais
sentação, por parte do autuado, de documentação que re-
gularize a obra ou atividade.
Art. 1º O presente código estabelece normas de proteção
Para Freitas, a distinção legal entre suspensão parcial e e defesa do consumidor, de ordem pública e interesse social,
total “foi oportuna, porque agora a autoridade administrativa nos termos dos arts. 5º, inciso XXXII, 170, inciso V, da Cons-
poderá sustar apenas as atividades poluentes de uma em- tituição Federal e art. 48 de suas Disposições Transitórias.
presa, permitindo que ela continue atuando nos setores não Art. 2º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que
poluentes. Inexiste prazo previsto para a suspensão. Logo, adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
pressupõe-se que somente ao cessar as atividades nocivas Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade
ao meio ambiente é que a suspensão acabará.” de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo
nas relações de consumo.
Restritiva de direitos Art. 3º Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, públi-
De acordo com o §8° do artigo 72 da Lei nº 9.605/98, as ca ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes
sanções restritivas de direito são: despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção,
• suspensão de registro, licença ou autorização; montagem, criação, construção, transformação, importação,
• cancelamento de registro, licença ou autorização; exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou
• perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais; prestação de serviços.
• perda ou suspensão da participação em linhas de fi- § 1º Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material
nanciamento em estabelecimentos oficiais de crédito; ou imaterial.
• proibição de contratar com a Administração Pública, § 2º Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado
pelo período de até três anos. de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natu-
reza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as
decorrentes das relações de caráter trabalhista.
O registro, licença ou autorização podem ser suspensos,
ou seja, sobrestados até que o empreendimento torne-se CAPÍTULO II
consentâneo com as condicionantes ambientais determina- Da Política Nacional de Relações de Consumo
das pelo órgão competente. O registro, licença ou autorização
podem ainda ser cancelados , termo genérico utilizado para Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem
designar o desfazimento volitivo do ato pela Administração por objetivo o atendimento das necessidades dos consu-
Pública. Segundo a melhor doutrina administrativista, deno- midores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a
mina-se cassação o desfazimento do ato em decorrência do proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua
Noções de Legislação Penal Especial

descumprimento de condições que permitem a sua manu- qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia
tenção. O objetivo é punir aquele que deixou de cumprir as das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios:
condições para a subsistência do aro. (Redação dada pela Lei nº 9.008, de 21/3/1995)
A perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais e I – reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor
a perda ou suspensão da participação em linhas de finan- no mercado de consumo;
ciamento são instrumentos econômicos de preservação II – ação governamental no sentido de proteger efetiva-
ambiental, na medida em que apenam as atividades que mente o consumidor:
não respeitam as normas de proteção ambiental. Seria no a) por iniciativa direta;
mínimo incoerente a concessão, pelo Poder Público, de be- b) por incentivos à criação e desenvolvimento de asso-
nefícios econômicos a empreendedores que degradam o ciações representativas;
meio ambiente. c) pela presença do Estado no mercado de consumo;
d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões ade-
A autoridade ambiental fixará o período de vigência das
quados de qualidade, segurança, durabilidade e desempenho.
sanções previstas neste artigo, observando os seguintes III – harmonização dos interesses dos participantes das
prazos: relações de consumo e compatibilização da proteção do con-
• até 3 (três) anos para a sanção de perda ou suspensão sumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico
da participação em linhas de financiamento em esta- e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se
belecimentos oficiais de crédito; funda a ordem econômica (art. 170, da Constituição Federal),
• até 1 (um) ano para as demais sanções. sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre
consumidores e fornecedores;
Em qualquer caso, a extinção da sanção fica condicio- IV – educação e informação de fornecedores e consu-
nada à regularização da conduta que deu origem ao auto midores, quanto aos seus direitos e deveres, com vistas à
de infração. melhoria do mercado de consumo;

90
V – incentivo à criação pelos fornecedores de meios efi- Parágrafo único. A informação de que trata o inciso III do
cientes de controle de qualidade e segurança de produtos e caput deste artigo deve ser acessível à pessoa com deficiên-
serviços, assim como de mecanismos alternativos de solução cia, observado o disposto em regulamento. (Incluído pela Lei
de conflitos de consumo; nº 13.146, de 2015)
VI – coibição e repressão eficientes de todos os abusos Art. 7º Os direitos previstos neste código não excluem
praticados no mercado de consumo, inclusive a concorrência outros decorrentes de tratados ou convenções internacionais
desleal e utilização indevida de inventos e criações industriais de que o Brasil seja signatário, da legislação interna ordinária,
das marcas e nomes comerciais e signos distintivos, que pos- de regulamentos expedidos pelas autoridades administrati-
sam causar prejuízos aos consumidores; vas competentes, bem como dos que derivem dos princípios
VII – racionalização e melhoria dos serviços públicos; gerais do direito, analogia, costumes e equidade.
VIII – estudo constante das modificações do mercado Parágrafo único. Tendo mais de um autor a ofensa, to-
de consumo. dos responderão solidariamente pela reparação dos danos
Art. 5º Para a execução da Política Nacional das Relações previstos nas normas de consumo.
de Consumo, contará o poder público com os seguintes ins-
trumentos, entre outros: CAPÍTULO IV
I – manutenção de assistência jurídica, integral e gratuita Da Qualidade de Produtos e Serviços,
para o consumidor carente; da Prevenção e da Reparação dos Danos
II – instituição de Promotorias de Justiça de Defesa do
Consumidor, no âmbito do Ministério Público; Seção I
III – criação de delegacias de polícia especializadas no Da Proteção à Saúde e Segurança
atendimento de consumidores vítimas de infrações penais
de consumo; Art. 8º Os produtos e serviços colocados no mercado de
IV – criação de Juizados Especiais de Pequenas Causas e consumo não acarretarão riscos à saúde ou segurança dos
Varas Especializadas para a solução de litígios de consumo; consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis
V – concessão de estímulos à criação e desenvolvimento em decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os
das Associações de Defesa do Consumidor. fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações
§ 1º (Vetado). necessárias e adequadas a seu respeito.
§ 1º Em se tratando de produto industrial, ao fabrican-
§ 2º (Vetado).
te cabe prestar as informações a que se refere este artigo,
através de impressos apropriados que devam acompanhar o
CAPÍTULO III
produto. (Redação dada pela Lei nº 13.486, de 2017)
Dos Direitos Básicos do Consumidor
§ 2º O fornecedor deverá higienizar os equipamentos e
utensílios utilizados no fornecimento de produtos ou servi-
Art. 6º São direitos básicos do consumidor: ços, ou colocados à disposição do consumidor, e informar, de
I – a proteção da vida, saúde e segurança contra os ris- maneira ostensiva e adequada, quando for o caso, sobre o
cos provocados por práticas no fornecimento de produtos risco de contaminação. (Incluído pela Lei nº 13.486, de 2017)
e serviços considerados perigosos ou nocivos; Art. 9º O fornecedor de produtos e serviços potencial-
II – a educação e divulgação sobre o consumo adequado mente nocivos ou perigosos à saúde ou segurança deverá
dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha informar, de maneira ostensiva e adequada, a respeito da
e a igualdade nas contratações; sua nocividade ou periculosidade, sem prejuízo da adoção
III – a informação adequada e clara sobre os diferentes de outras medidas cabíveis em cada caso concreto.
produtos e serviços, com especificação correta de quanti- Art. 10. O fornecedor não poderá colocar no mercado
dade, características, composição, qualidade, tributos inci- de consumo produto ou serviço que sabe ou deveria saber
dentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem; apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade à saúde
(Redação dada pela Lei nº 12.741, de 2012) ou segurança.

Noções de Legislação Penal Especial


IV – a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, § 1º O fornecedor de produtos e serviços que, poste-
métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como con- riormente à sua introdução no mercado de consumo, tiver
tra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento conhecimento da periculosidade que apresentem, deverá
de produtos e serviços; comunicar o fato imediatamente às autoridades competen-
V – a modificação das cláusulas contratuais que estabe- tes e aos consumidores, mediante anúncios publicitários.
leçam prestações desproporcionais ou sua revisão em ra- § 2º Os anúncios publicitários a que se refere o parágrafo
zão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente anterior serão veiculados na imprensa, rádio e televisão, às
onerosas; expensas do fornecedor do produto ou serviço.
VI – a efetiva prevenção e reparação de danos patrimo- § 3º Sempre que tiverem conhecimento de periculo-
niais e morais, individuais, coletivos e difusos; sidade de produtos ou serviços à saúde ou segurança dos
VII – o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com consumidores, a União, os Estados, o Distrito Federal e os
vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e mo- Municípios deverão informá-los a respeito.
rais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Art. 11. (Vetado)
Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados;
VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive Seção II
com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo Da Responsabilidade pelo Fato
civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou do Produto e do Serviço
quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias
de experiências; Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional
IX – (Vetado); ou estrangeiro, e o importador respondem, independente-
X – a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos mente da existência de culpa, pela reparação dos danos cau-
em geral. sados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto,

91
fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, § 1º Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta
apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua
como por informações insuficientes ou inadequadas sobre escolha:
sua utilização e riscos. I – a substituição do produto por outro da mesma espé-
§ 1º O produto é defeituoso quando não oferece a se- cie, em perfeitas condições de uso;
gurança que dele legitimamente se espera, levando-se em II – a restituição imediata da quantia paga, monetaria-
consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais: mente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos;
I – sua apresentação; III – o abatimento proporcional do preço.
II – o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam; § 2º Poderão as partes convencionar a redução ou am-
III – a época em que foi colocado em circulação. pliação do prazo previsto no parágrafo anterior, não podendo
§ 2º O produto não é considerado defeituoso pelo fato ser inferior a sete nem superior a cento e oitenta dias. Nos
de outro de melhor qualidade ter sido colocado no mercado. contratos de adesão, a cláusula de prazo deverá ser conven-
§ 3º O fabricante, o construtor, o produtor ou importador cionada em separado, por meio de manifestação expressa
só não será responsabilizado quando provar: do consumidor.
I – que não colocou o produto no mercado; § 3º O consumidor poderá fazer uso imediato das alterna-
II – que, embora haja colocado o produto no mercado, tivas do § 1º deste artigo sempre que, em razão da extensão
o defeito inexiste;
do vício, a substituição das partes viciadas puder comprome-
III – a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
ter a qualidade ou características do produto, diminuir-lhe o
Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos
valor ou se tratar de produto essencial.
termos do artigo anterior, quando:
I – o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador § 4º Tendo o consumidor optado pela alternativa do inci-
não puderem ser identificados; so I do § 1º deste artigo, e não sendo possível a substituição
II – o produto for fornecido sem identificação clara do seu do bem, poderá haver substituição por outro de espécie,
fabricante, produtor, construtor ou importador; marca ou modelo diversos, mediante complementação ou
III – não conservar adequadamente os produtos pere- restituição de eventual diferença de preço, sem prejuízo do
cíveis. disposto nos incisos II e III do § 1º deste artigo.
Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao § 5º No caso de fornecimento de produtos in natura, será
prejudicado poderá exercer o direito de regresso contra os responsável perante o consumidor o fornecedor imediato,
demais responsáveis, segundo sua participação na causação exceto quando identificado claramente seu produtor.
do evento danoso. § 6º São impróprios ao uso e consumo:
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independen- I – os produtos cujos prazos de validade estejam ven-
temente da existência de culpa, pela reparação dos danos cidos;
causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação II – os produtos deteriorados, alterados, adulterados,
dos serviços, bem como por informações insuficientes ou avariados, falsificados, corrompidos, fraudados, nocivos à
inadequadas sobre sua fruição e riscos. vida ou à saúde, perigosos ou, ainda, aqueles em desacordo
§ 1º O serviço é defeituoso quando não fornece a segu- com as normas regulamentares de fabricação, distribuição
rança que o consumidor dele pode esperar, levando-se em ou apresentação;
consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais: III – os produtos que, por qualquer motivo, se revelem
I – o modo de seu fornecimento; inadequados ao fim a que se destinam.
II – o resultado e os riscos que razoavelmente dele se Art. 19. Os fornecedores respondem solidariamente pe-
esperam; los vícios de quantidade do produto sempre que, respeita-
III – a época em que foi fornecido. das as variações decorrentes de sua natureza, seu conteúdo
§ 2º O serviço não é considerado defeituoso pela adoção líquido for inferior às indicações constantes do recipiente,
de novas técnicas. da embalagem, rotulagem ou de mensagem publicitária, po-
§ 3º O fornecedor de serviços só não será responsabili- dendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:
zado quando provar:
Noções de Legislação Penal Especial

I – o abatimento proporcional do preço;


I – que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste; II – complementação do peso ou medida;
II – a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. III – a substituição do produto por outro da mesma es-
§ 4º A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais
pécie, marca ou modelo, sem os aludidos vícios;
será apurada mediante a verificação de culpa.
IV – a restituição imediata da quantia paga, monetaria-
Art. 15. (Vetado)
mente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos.
Art. 16. (Vetado)
Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos § 1º Aplica-se a este artigo o disposto no § 4º do artigo
consumidores todas as vítimas do evento. anterior.
§ 2º O fornecedor imediato será responsável quando fizer
Seção III a pesagem ou a medição e o instrumento utilizado não estiver
Da Responsabilidade por Vício aferido segundo os padrões oficiais.
do Produto e do Serviço Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios
de qualidade que os tornem impróprios ao consumo ou lhes
Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo durá- diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da
veis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios disparidade com as indicações constantes da oferta ou men-
de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou sagem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternati-
inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes di- vamente e à sua escolha:
minuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da I – a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quan-
disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da do cabível;
embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respei- II – a restituição imediata da quantia paga, monetaria-
tadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o mente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos;
consumidor exigir a substituição das partes viciadas. III – o abatimento proporcional do preço.

92
§ 1º A reexecução dos serviços poderá ser confiada a Seção V
terceiros devidamente capacitados, por conta e risco do Da Desconsideração da Personalidade Jurídica
fornecedor.
§ 2º São impróprios os serviços que se mostrem inade- Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade ju-
quados para os fins que razoavelmente deles se esperam, rídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor,
bem como aqueles que não atendam as normas regulamen- houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei,
tares de prestabilidade. fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social.
Art. 21. No fornecimento de serviços que tenham por A desconsideração também será efetivada quando houver
objetivo a reparação de qualquer produto considerar-se-á im- falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade
plícita a obrigação do fornecedor de empregar componentes da pessoa jurídica provocados por má administração.
de reposição originais adequados e novos, ou que mante- § 1º (Vetado)
nham as especificações técnicas do fabricante, salvo, quanto § 2º As sociedades integrantes dos grupos societários e as
a estes últimos, autorização em contrário do consumidor. sociedades controladas, são subsidiariamente responsáveis
Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, con- pelas obrigações decorrentes deste código.
§ 3º As sociedades consorciadas são solidariamente res-
cessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de
ponsáveis pelas obrigações decorrentes deste código.
empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequa-
§ 4º As sociedades coligadas só responderão por culpa.
dos, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos.
§ 5º Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurí-
Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou dica sempre que sua personalidade for, de alguma forma,
parcial, das obrigações referidas neste artigo, serão as pes- obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos con-
soas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos sumidores.
causados, na forma prevista neste código.
Art. 23. A ignorância do fornecedor sobre os vícios de CAPÍTULO V
qualidade por inadequação dos produtos e serviços não o Das Práticas Comerciais
exime de responsabilidade.
Art. 24. A garantia legal de adequação do produto ou Seção I
serviço independe de termo expresso, vedada a exoneração Das Disposições Gerais
contratual do fornecedor.
Art. 25. É vedada a estipulação contratual de cláusula que Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equi-
impossibilite, exonere ou atenue a obrigação de indenizar param-se aos consumidores todas as pessoas determináveis
prevista nesta e nas seções anteriores. ou não, expostas às práticas nele previstas.
§ 1º Havendo mais de um responsável pela causação
do dano, todos responderão solidariamente pela reparação Seção II
prevista nesta e nas seções anteriores. Da Oferta
§ 2º Sendo o dano causado por componente ou peça in-
corporada ao produto ou serviço, são responsáveis solidários Art. 30. Toda informação ou publicidade, suficiente-
seu fabricante, construtor ou importador e o que realizou mente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de
a incorporação. comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos
ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou
Seção IV dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado.
Da Decadência e da Prescrição Art. 31. A oferta e apresentação de produtos ou serviços
devem assegurar informações corretas, claras, precisas, os-
Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou tensivas e em língua portuguesa sobre suas características,
de fácil constatação caduca em: qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, pra-
I – trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e zos de validade e origem, entre outros dados, bem como

Noções de Legislação Penal Especial


sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos
de produtos não duráveis;
consumidores.
II – noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço
Parágrafo único. As informações de que trata este artigo,
e de produtos duráveis.
nos produtos refrigerados oferecidos ao consumidor, serão
§ 1º Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir gravadas de forma indelével. (Incluído pela Lei nº 11.989,
da entrega efetiva do produto ou do término da execução de 2009)
dos serviços. Art. 32. Os fabricantes e importadores deverão assegurar
§ 2º Obstam a decadência: a oferta de componentes e peças de reposição enquanto não
I – a reclamação comprovadamente formulada pelo con- cessar a fabricação ou importação do produto.
sumidor perante o fornecedor de produtos e serviços até a Parágrafo único. Cessadas a produção ou importação, a
resposta negativa correspondente, que deve ser transmitida oferta deverá ser mantida por período razoável de tempo,
de forma inequívoca; na forma da lei.
II – (Vetado). Art. 33. Em caso de oferta ou venda por telefone ou
III – a instauração de inquérito civil, até seu encerra- reembolso postal, deve constar o nome do fabricante e en-
mento. dereço na embalagem, publicidade e em todos os impressos
§ 3º Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial utilizados na transação comercial.
inicia-se no momento em que ficar evidenciado o defeito. Parágrafo único. É proibida a publicidade de bens e ser-
Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação viços por telefone, quando a chamada for onerosa ao con-
pelos danos causados por fato do produto ou do serviço sumidor que a origina. (Incluído pela Lei nº 11.800, de 2008)
prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem Art. 34. O fornecedor do produto ou serviço é solidaria-
do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria. mente responsável pelos atos de seus prepostos ou repre-
Parágrafo único. (Vetado) sentantes autônomos.

93
Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou serviços recu- VIII – colocar, no mercado de consumo, qualquer produto
sar cumprimento à oferta, apresentação ou publicidade, o ou serviço em desacordo com as normas expedidas pelos
consumidor poderá, alternativamente e à sua livre escolha: órgãos oficiais competentes ou, se normas específicas não
I – exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos ter- existirem, pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ou
mos da oferta, apresentação ou publicidade; outra entidade credenciada pelo Conselho Nacional de Me-
II – aceitar outro produto ou prestação de serviço equi- trologia, Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro);
valente; IX – recusar a venda de bens ou a prestação de serviços,
III – rescindir o contrato, com direito à restituição de diretamente a quem se disponha a adquiri-los mediante
quantia eventualmente antecipada, monetariamente atua- pronto pagamento, ressalvados os casos de intermediação
lizada, e a perdas e danos. regulados em leis especiais; (Redação dada pela Lei nº 8.884,
de 11/6/1994)
Seção III X – elevar sem justa causa o preço de produtos ou servi-
Da Publicidade ços; (Incluído pela Lei nº 8.884, de 11/6/1994)
XI – Dispositivo incluído pela MPV nº 1.890-67, de
Art. 36. A publicidade deve ser veiculada de tal forma que 22/10/1999, transformado em inciso XIII, quando da con-
o consumidor, fácil e imediatamente, a identifique como tal. versão na Lei nº 9.870, de 23/11/1999;
XII – deixar de estipular prazo para o cumprimento de
Parágrafo único. O fornecedor, na publicidade de seus
sua obrigação ou deixar a fixação de seu termo inicial a seu
produtos ou serviços, manterá, em seu poder, para informa-
exclusivo critério; (Incluído pela Lei nº 9.008, de 21/3/1995)
ção dos legítimos interessados, os dados fáticos, técnicos e
XIII – aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do
científicos que dão sustentação à mensagem. legal ou contratualmente estabelecido;(Incluído pela Lei nº
Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva. 9.870, de 23/11/1999)
§ 1º É enganosa qualquer modalidade de informação ou XIV – permitir o ingresso em estabelecimentos comer-
comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente ciais ou de serviços de um número maior de consumidores
falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, ca- que o fixado pela autoridade administrativa como máximo;
paz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, (Incluído pela Lei nº 13.425, de 2017)
características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, Parágrafo único. Os serviços prestados e os produtos re-
preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços. metidos ou entregues ao consumidor, na hipótese prevista
§ 2º É abusiva, dentre outras a publicidade discrimina- no inciso III, equiparam-se às amostras grátis, inexistindo
tória de qualquer natureza, a que incite à violência, explo- obrigação de pagamento.
re o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de Art. 40. O fornecedor de serviço será obrigado a entregar
julgamento e experiência da criança, desrespeita valores ao consumidor orçamento prévio discriminando o valor da
ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a mão-de-obra, dos materiais e equipamentos a serem em-
se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde pregados, as condições de pagamento, bem como as datas
ou segurança. de início e término dos serviços.
§ 3º Para os efeitos deste código, a publicidade é enga- § 1º Salvo estipulação em contrário, o valor orçado terá
nosa por omissão quando deixar de informar sobre dado validade pelo prazo de dez dias, contado de seu recebimento
essencial do produto ou serviço. pelo consumidor.
§ 4º (Vetado) § 2º Uma vez aprovado pelo consumidor, o orçamento
Art. 38. O ônus da prova da veracidade e correção da obriga os contraentes e somente pode ser alterado mediante
informação ou comunicação publicitária cabe a quem as livre negociação das partes.
patrocina. § 3º O consumidor não responde por quaisquer ônus
ou acréscimos decorrentes da contratação de serviços de
Seção IV terceiros não previstos no orçamento prévio.
Das Práticas Abusivas Art. 41. No caso de fornecimento de produtos ou de
serviços sujeitos ao regime de controle ou de tabelamento de
Noções de Legislação Penal Especial

Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, preços, os fornecedores deverão respeitar os limites oficiais
dentre outras práticas abusivas: (Redação dada pela Lei nº sob pena de não o fazendo, responderem pela restituição da
8.884, de 11/6/1994) quantia recebida em excesso, monetariamente atualizada,
podendo o consumidor exigir à sua escolha, o desfazimento
I – condicionar o fornecimento de produto ou de serviço
do negócio, sem prejuízo de outras sanções cabíveis.
ao fornecimento de outro produto ou serviço, bem como,
sem justa causa, a limites quantitativos;
Seção V
II – recusar atendimento às demandas dos consumido- Da Cobrança de Dívidas
res, na exata medida de suas disponibilidades de estoque, e,
ainda, de conformidade com os usos e costumes; Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor inadim-
III – enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação plente não será exposto a ridículo, nem será submetido a
prévia, qualquer produto, ou fornecer qualquer serviço; qualquer tipo de constrangimento ou ameaça.
IV – prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consu- Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia in-
midor, tendo em vista sua idade, saúde, conhecimento ou devida tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao
condição social, para impingir-lhe seus produtos ou serviços; dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção mo-
V – exigir do consumidor vantagem manifestamente netária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável.
excessiva; Art. 42-A. Em todos os documentos de cobrança de dé-
VI – executar serviços sem a prévia elaboração de orça- bitos apresentados ao consumidor, deverão constar o nome,
mento e autorização expressa do consumidor, ressalvadas as o endereço e o número de inscrição no Cadastro de Pessoas
decorrentes de práticas anteriores entre as partes; Físicas – CPF ou no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica –
VII – repassar informação depreciativa, referente a ato CNPJ do fornecedor do produto ou serviço correspondente.
praticado pelo consumidor no exercício de seus direitos; (Incluído pela Lei nº 12.039, de 2009)

94
Seção VI mente pagos, a qualquer título, durante o prazo de reflexão,
Dos Bancos de Dados e Cadastros de Consumidores serão devolvidos, de imediato, monetariamente atualizados.
Art. 50. A garantia contratual é complementar à legal e
Art. 43. O consumidor, sem prejuízo do disposto no art. será conferida mediante termo escrito.
86, terá acesso às informações existentes em cadastros, fi- Parágrafo único. O termo de garantia ou equivalente deve
chas, registros e dados pessoais e de consumo arquivados ser padronizado e esclarecer, de maneira adequada em que
sobre ele, bem como sobre as suas respectivas fontes. consiste a mesma garantia, bem como a forma, o prazo e o
§ 1º Os cadastros e dados de consumidores devem ser lugar em que pode ser exercitada e os ônus a cargo do con-
objetivos, claros, verdadeiros e em linguagem de fácil com- sumidor, devendo ser-lhe entregue, devidamente preenchido
preensão, não podendo conter informações negativas refe- pelo fornecedor, no ato do fornecimento, acompanhado de
rentes a período superior a cinco anos. manual de instrução, de instalação e uso do produto em
§ 2º A abertura de cadastro, ficha, registro e dados pes- linguagem didática, com ilustrações.
soais e de consumo deverá ser comunicada por escrito ao
consumidor, quando não solicitada por ele. Seção II
§ 3º O consumidor, sempre que encontrar inexatidão nos Das Cláusulas Abusivas
seus dados e cadastros, poderá exigir sua imediata correção,
devendo o arquivista, no prazo de cinco dias úteis, comuni- Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláu-
car a alteração aos eventuais destinatários das informações sulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e
incorretas. serviços que:
§ 4º Os bancos de dados e cadastros relativos a consumi- I – impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsa-
dores, os serviços de proteção ao crédito e congêneres são bilidade do fornecedor por vícios de qualquer natureza dos
considerados entidades de caráter público. produtos e serviços ou impliquem renúncia ou disposição
§ 5º Consumada a prescrição relativa à cobrança de dé- de direitos. Nas relações de consumo entre o fornecedor
bitos do consumidor, não serão fornecidas, pelos respectivos e o consumidor pessoa jurídica, a indenização poderá ser
Sistemas de Proteção ao Crédito, quaisquer informações que limitada, em situações justificáveis;
possam impedir ou dificultar novo acesso ao crédito junto II – subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da
aos fornecedores. quantia já paga, nos casos previstos neste código;
§ 6º Todas as informações de que trata o caput deste III – transfiram responsabilidades a terceiros;
artigo devem ser disponibilizadas em formatos acessíveis, IV – estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abu-
inclusive para a pessoa com deficiência, mediante solicitação sivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exage-
do consumidor. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) rada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade;
Art. 44. Os órgãos públicos de defesa do consumidor V – (Vetado);
manterão cadastros atualizados de reclamações fundamen- VI – estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo
tadas contra fornecedores de produtos e serviços, devendo do consumidor;
divulgá-lo pública e anualmente. A divulgação indicará se a VII – determinem a utilização compulsória de arbitragem;
reclamação foi atendida ou não pelo fornecedor. VIII – imponham representante para concluir ou realizar
§ 1º É facultado o acesso às informações lá constantes outro negócio jurídico pelo consumidor;
para orientação e consulta por qualquer interessado. IX – deixem ao fornecedor a opção de concluir ou não o
§ 2º Aplicam-se a este artigo, no que couber, as mesmas contrato, embora obrigando o consumidor;
regras enunciadas no artigo anterior e as do parágrafo único X – permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente,
do art. 22 deste código. variação do preço de maneira unilateral;
Art. 45. (Vetado) XI – autorizem o fornecedor a cancelar o contrato uni-
lateralmente, sem que igual direito seja conferido ao con-
CAPÍTULO VI sumidor;
Da Proteção Contratual XII – obriguem o consumidor a ressarcir os custos de

Noções de Legislação Penal Especial


cobrança de sua obrigação, sem que igual direito lhe seja
Seção I conferido contra o fornecedor;
Disposições Gerais XIII – autorizem o fornecedor a modificar unilateralmente
o conteúdo ou a qualidade do contrato, após sua celebração;
Art. 46. Os contratos que regulam as relações de consu- XIV – infrinjam ou possibilitem a violação de normas
mo não obrigarão os consumidores, se não lhes for dada a ambientais;
oportunidade de tomar conhecimento prévio de seu conte- XV – estejam em desacordo com o sistema de proteção
údo, ou se os respectivos instrumentos forem redigidos de ao consumidor;
modo a dificultar a compreensão de seu sentido e alcance. XVI – possibilitem a renúncia do direito de indenização
Art. 47. As cláusulas contratuais serão interpretadas de por benfeitorias necessárias.
maneira mais favorável ao consumidor. § 1º Presume-se exagerada, entre outros casos, a van-
Art. 48. As declarações de vontade constantes de escritos tagem que:
particulares, recibos e pré-contratos relativos às relações de I – ofende os princípios fundamentais do sistema jurídico
consumo vinculam o fornecedor, ensejando inclusive execu- a que pertence;
ção específica, nos termos do art. 84 e parágrafos. II – restringe direitos ou obrigações fundamentais ine-
Art. 49. O consumidor pode desistir do contrato, no prazo rentes à natureza do contrato, de tal modo a ameaçar seu
de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento objeto ou equilíbrio contratual;
do produto ou serviço, sempre que a contratação de forne- III – se mostra excessivamente onerosa para o consumi-
cimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabeleci- dor, considerando-se a natureza e conteúdo do contrato, o in-
mento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio. teresse das partes e outras circunstâncias peculiares ao caso.
Parágrafo único. Se o consumidor exercitar o direito de § 2º A nulidade de uma cláusula contratual abusiva não
arrependimento previsto neste artigo, os valores eventual- invalida o contrato, exceto quando de sua ausência, apesar

95
dos esforços de integração, decorrer ônus excessivo a qual- CAPÍTULO VII
quer das partes. Das Sanções Administrativas
§ 3º (Vetado). (Vide Lei nº 8.656, de 1993)
§ 4º É facultado a qualquer consumidor ou entidade que
o represente requerer ao Ministério Público que ajuíze a Art. 55. A União, os Estados e o Distrito Federal, em ca-
competente ação para ser declarada a nulidade de cláusula ráter concorrente e nas suas respectivas áreas de atuação
contratual que contrarie o disposto neste código ou de qual- administrativa, baixarão normas relativas à produção, indus-
quer forma não assegure o justo equilíbrio entre direitos e trialização, distribuição e consumo de produtos e serviços.
obrigações das partes. § 1º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni-
Art. 52. No fornecimento de produtos ou serviços que cípios fiscalizarão e controlarão a produção, industrializa-
envolva outorga de crédito ou concessão de financiamento ção, distribuição, a publicidade de produtos e serviços e o
ao consumidor, o fornecedor deverá, entre outros requisitos, mercado de consumo, no interesse da preservação da vida,
informá-lo prévia e adequadamente sobre: da saúde, da segurança, da informação e do bem-estar do
I – preço do produto ou serviço em moeda corrente na- consumidor, baixando as normas que se fizerem necessárias.
cional; § 2º (Vetado)
II – montante dos juros de mora e da taxa efetiva anual § 3º Os órgãos federais, estaduais, do Distrito Federal
de juros; e municipais com atribuições para fiscalizar e controlar o
III – acréscimos legalmente previstos; mercado de consumo manterão comissões permanentes
IV – número e periodicidade das prestações; para elaboração, revisão e atualização das normas referidas
V – soma total a pagar, com e sem financiamento. no § 1º, sendo obrigatória a participação dos consumidores
§ 1º As multas de mora decorrentes do inadimplemento e fornecedores.
de obrigações no seu termo não poderão ser superiores a § 4º Os órgãos oficiais poderão expedir notificações aos
dois por cento do valor da prestação. (Redação dada pela fornecedores para que, sob pena de desobediência, prestem
Lei nº 9.298, de 1º/8/1996) informações sobre questões de interesse do consumidor, res-
§ 2º É assegurado ao consumidor a liquidação antecipada guardado o segredo industrial.
do débito, total ou parcialmente, mediante redução propor- Art. 56. As infrações das normas de defesa do consumi-
cional dos juros e demais acréscimos. dor ficam sujeitas, conforme o caso, às seguintes sanções
§ 3º (Vetado) administrativas, sem prejuízo das de natureza civil, penal e
Art. 53. Nos contratos de compra e venda de móveis das definidas em normas específicas:
I – multa;
ou imóveis mediante pagamento em prestações, bem como
II – apreensão do produto;
nas alienações fiduciárias em garantia, consideram-se nulas
III – inutilização do produto;
de pleno direito as cláusulas que estabeleçam a perda total
IV – cassação do registro do produto junto ao órgão
das prestações pagas em benefício do credor que, em razão
competente;
do inadimplemento, pleitear a resolução do contrato e a
V – proibição de fabricação do produto;
retomada do produto alienado. VI – suspensão de fornecimento de produtos ou serviço;
§ 1º (Vetado) VII – suspensão temporária de atividade;
§ 2º Nos contratos do sistema de consórcio de produ- VIII – revogação de concessão ou permissão de uso;
tos duráveis, a compensação ou a restituição das parcelas IX – cassação de licença do estabelecimento ou de ati-
quitadas, na forma deste artigo, terá descontada, além da vidade;
vantagem econômica auferida com a fruição, os prejuízos X – interdição, total ou parcial, de estabelecimento, de
que o desistente ou inadimplente causar ao grupo. obra ou de atividade;
§ 3º Os contratos de que trata o caput deste artigo serão XI – intervenção administrativa;
expressos em moeda corrente nacional. XII – imposição de contrapropaganda.
Parágrafo único. As sanções previstas neste artigo serão
Seção III
Noções de Legislação Penal Especial

aplicadas pela autoridade administrativa, no âmbito de sua


Dos Contratos de Adesão atribuição, podendo ser aplicadas cumulativamente, inclu-
sive por medida cautelar, antecedente ou incidente de pro-
Art. 54. Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas te- cedimento administrativo.
nham sido aprovadas pela autoridade competente ou esta- Art. 57. A pena de multa, graduada de acordo com a
belecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou gravidade da infração, a vantagem auferida e a condição eco-
serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar nômica do fornecedor, será aplicada mediante procedimento
substancialmente seu conteúdo. administrativo, revertendo para o Fundo de que trata a Lei
§ 1º A inserção de cláusula no formulário não desfigura nº 7.347, de 24 de julho de 1985, os valores cabíveis à União,
a natureza de adesão do contrato. ou para os Fundos estaduais ou municipais de proteção ao
§ 2º Nos contratos de adesão admite-se cláusula resolu- consumidor nos demais casos. (Redação dada pela Lei nº
tória, desde que a alternativa, cabendo a escolha ao consu- 8.656, de 21/5/1993)
midor, ressalvando-se o disposto no § 2º do artigo anterior. Parágrafo único. A multa será em montante não inferior
§ 3º Os contratos de adesão escritos serão redigidos em a duzentas e não superior a três milhões de vezes o valor da
termos claros e com caracteres ostensivos e legíveis, cujo Unidade Fiscal de Referência (Ufir), ou índice equivalente
tamanho da fonte não será inferior ao corpo doze, de modo que venha a substituí-lo. (Parágrafo acrescentado pela Lei
a facilitar sua compreensão pelo consumidor. (Redação dada nº 8.703, de 6/9/1993)
pela nº 11.785, de 2008) Art. 58. As penas de apreensão, de inutilização de produ-
§ 4º As cláusulas que implicarem limitação de direito do tos, de proibição de fabricação de produtos, de suspensão do
consumidor deverão ser redigidas com destaque, permitindo fornecimento de produto ou serviço, de cassação do registro
sua imediata e fácil compreensão. do produto e revogação da concessão ou permissão de uso
§ 5º (Vetado) serão aplicadas pela administração, mediante procedimen-

96
to administrativo, assegurada ampla defesa, quando forem Pena – Detenção de três meses a um ano e multa.
constatados vícios de quantidade ou de qualidade por ina- § 1º Incorrerá nas mesmas penas quem patrocinar a
dequação ou insegurança do produto ou serviço. oferta.
Art. 59. As penas de cassação de alvará de licença, de in- § 2º Se o crime é culposo;
terdição e de suspensão temporária da atividade, bem como Pena Detenção de um a seis meses ou multa.
a de intervenção administrativa, serão aplicadas mediante Art. 67. Fazer ou promover publicidade que sabe ou de-
procedimento administrativo, assegurada ampla defesa, veria saber ser enganosa ou abusiva:
quando o fornecedor reincidir na prática das infrações de Pena Detenção de três meses a um ano e multa.
maior gravidade previstas neste código e na legislação de Parágrafo único. (Vetado)
consumo. Art. 68. Fazer ou promover publicidade que sabe ou de-
§ 1º A pena de cassação da concessão será aplicada à veria saber ser capaz de induzir o consumidor a se comportar
concessionária de serviço público, quando violar obrigação de forma prejudicial ou perigosa a sua saúde ou segurança:
legal ou contratual. Pena – Detenção de seis meses a dois anos e multa:
§ 2º A pena de intervenção administrativa será aplicada Parágrafo único. (Vetado).
sempre que as circunstâncias de fato desaconselharem a Art. 69. Deixar de organizar dados fáticos, técnicos e
cassação de licença, a interdição ou suspensão da atividade. científicos que dão base à publicidade:
§ 3º Pendendo ação judicial na qual se discuta a imposi- Pena Detenção de um a seis meses ou multa.
ção de penalidade administrativa, não haverá reincidência Art. 70. Empregar na reparação de produtos, peça ou
até o trânsito em julgado da sentença. componentes de reposição usados, sem autorização do con-
Art. 60. A imposição de contrapropaganda será cominada
sumidor:
quando o fornecedor incorrer na prática de publicidade en-
Pena Detenção de três meses a um ano e multa.
ganosa ou abusiva, nos termos do art. 36 e seus parágrafos,
sempre às expensas do infrator. Art. 71. Utilizar, na cobrança de dívidas, de ameaça,
§ 1º A contrapropaganda será divulgada pelo responsável coação, constrangimento físico ou moral, afirmações falsas
da mesma forma, freqüência e dimensão e, preferencialmen- incorretas ou enganosas ou de qualquer outro procedimento
te no mesmo veículo, local, espaço e horário, de forma capaz que exponha o consumidor, injustificadamente, a ridículo ou
de desfazer o malefício da publicidade enganosa ou abusiva. interfira com seu trabalho, descanso ou lazer:
§ 2º (Vetado) Pena Detenção de três meses a um ano e multa.
§ 3º (Vetado) Art. 72. Impedir ou dificultar o acesso do consumidor às
informações que sobre ele constem em cadastros, banco de
TÍTULO II dados, fichas e registros:
DAS INFRAÇÕES PENAIS Pena Detenção de seis meses a um ano ou multa.
Art. 73. Deixar de corrigir imediatamente informação
Art. 61. Constituem crimes contra as relações de con- sobre consumidor constante de cadastro, banco de dados,
sumo previstas neste código, sem prejuízo do disposto no fichas ou registros que sabe ou deveria saber ser inexata:
Código Penal e leis especiais, as condutas tipificadas nos Pena Detenção de um a seis meses ou multa.
artigos seguintes. Art. 74. Deixar de entregar ao consumidor o termo de
Art. 62. (Vetado) garantia adequadamente preenchido e com especificação
Art. 63. Omitir dizeres ou sinais ostensivos sobre a noci- clara de seu conteúdo;
vidade ou periculosidade de produtos, nas embalagens, nos Pena Detenção de um a seis meses ou multa.
invólucros, recipientes ou publicidade: Art. 75. Quem, de qualquer forma, concorrer para os
Pena – Detenção de seis meses a dois anos e multa. crimes referidos neste código, incide as penas a esses comi-
§ 1º Incorrerá nas mesmas penas quem deixar de alertar, nadas na medida de sua culpabilidade, bem como o diretor,
mediante recomendações escritas ostensivas, sobre a peri- administrador ou gerente da pessoa jurídica que promover,
culosidade do serviço a ser prestado. permitir ou por qualquer modo aprovar o fornecimento,
§ 2º Se o crime é culposo: oferta, exposição à venda ou manutenção em depósito de

Noções de Legislação Penal Especial


Pena Detenção de um a seis meses ou multa. produtos ou a oferta e prestação de serviços nas condições
Art. 64. Deixar de comunicar à autoridade competen- por ele proibidas.
te e aos consumidores a nocividade ou periculosidade de Art. 76. São circunstâncias agravantes dos crimes tipifi-
produtos cujo conhecimento seja posterior à sua colocação cados neste código:
no mercado: I – serem cometidos em época de grave crise econômica
Pena – Detenção de seis meses a dois anos e multa. ou por ocasião de calamidade;
Parágrafo único. Incorrerá nas mesmas penas quem dei- II – ocasionarem grave dano individual ou coletivo;
xar de retirar do mercado, imediatamente quando determi- III – dissimular-se a natureza ilícita do procedimento;
nado pela autoridade competente, os produtos nocivos ou IV – quando cometidos:
perigosos, na forma deste artigo.
a) por servidor público, ou por pessoa cuja condição
Art. 65. Executar serviço de alto grau de periculosidade,
econômico-social seja manifestamente superior à da vítima;
contrariando determinação de autoridade competente:
Pena Detenção de seis meses a dois anos e multa. b) em detrimento de operário ou rurícola; de menor de
§ 1º As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo dezoito ou maior de sessenta anos ou de pessoas portadoras
das correspondentes à lesão corporal e à morte. (Redação de deficiência mental interditadas ou não;
dada pela Lei nº 13.425, de 2017) V – serem praticados em operações que envolvam ali-
§ 2º A prática do disposto no inciso XIV do art. 39 desta Lei mentos, medicamentos ou quaisquer outros produtos ou
também caracteriza o crime previsto no caput deste artigo. serviços essenciais .
(Incluído pela Lei nº 13.425, de 2017) Art. 77. A pena pecuniária prevista nesta Seção será fixa-
Art. 66. Fazer afirmação falsa ou enganosa, ou omitir da em dias-multa, correspondente ao mínimo e ao máximo
informação relevante sobre a natureza, característica, qua- de dias de duração da pena privativa da liberdade cominada
lidade, quantidade, segurança, desempenho, durabilidade, ao crime. Na individualização desta multa, o juiz observará
preço ou garantia de produtos ou serviços: o disposto no art. 60, §1º do Código Penal.

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Art. 78. Além das penas privativas de liberdade e de Art. 83. Para a defesa dos direitos e interesses protegidos
multa, podem ser impostas, cumulativa ou alternadamen- por este código são admissíveis todas as espécies de ações
te, observado o disposto nos arts. 44 a 47, do Código Penal: capazes de propiciar sua adequada e efetiva tutela.
I – a interdição temporária de direitos; Parágrafo único. (Vetado)
II – a publicação em órgãos de comunicação de grande Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cumprimento da
circulação ou audiência, às expensas do condenado, de no- obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela es-
tícia sobre os fatos e a condenação; pecífica da obrigação ou determinará providências que asse-
III – a prestação de serviços à comunidade. gurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento.
Art. 79. O valor da fiança, nas infrações de que trata § 1º A conversão da obrigação em perdas e danos somen-
este código, será fixado pelo juiz, ou pela autoridade que te será admissível se por elas optar o autor ou se impossível
presidir o inquérito, entre cem e duzentas mil vezes o valor a tutela específica ou a obtenção do resultado prático cor-
respondente.
do Bônus do Tesouro Nacional (BTN), ou índice equivalente
§ 2º A indenização por perdas e danos se fará sem preju-
que venha a substituí-lo. ízo da multa (art. 287, do Código de Processo Civil).
Parágrafo único. Se assim recomendar a situação econô- § 3º Sendo relevante o fundamento da demanda e haven-
mica do indiciado ou réu, a fiança poderá ser: do justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito
a) reduzida até a metade do seu valor mínimo; ao juiz conceder a tutela liminarmente ou após justificação
b) aumentada pelo juiz até vinte vezes. prévia, citado o réu.
Art. 80. No processo penal atinente aos crimes previstos § 4º O juiz poderá, na hipótese do § 3º ou na sentença,
neste código, bem como a outros crimes e contravenções impor multa diária ao réu, independentemente de pedido
que envolvam relações de consumo, poderão intervir, como do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação,
assistentes do Ministério Público, os legitimados indicados no fixando prazo razoável para o cumprimento do preceito.
art. 82, inciso III e IV, aos quais também é facultado propor § 5º Para a tutela específica ou para a obtenção do resul-
ação penal subsidiária, se a denúncia não for oferecida no tado prático equivalente, poderá o juiz determinar as medi-
prazo legal. das necessárias, tais como busca e apreensão, remoção de
coisas e pessoas, desfazimento de obra, impedimento de
TÍTULO III atividade nociva, além de requisição de força policial.
DA DEFESA DO CONSUMIDOR EM JUÍZO Art. 85. (Vetado)
Art. 86. (Vetado)
CAPÍTULO I Art. 87. Nas ações coletivas de que trata este código não
Disposições Gerais haverá adiantamento de custas, emolumentos, honorários
periciais e quaisquer outras despesas, nem condenação da
Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumi- associação autora, salvo comprovada má-fé, em honorários
dores e das vítimas poderá ser exercida em juízo individual- de advogados, custas e despesas processuais.
Parágrafo único. Em caso de litigância de má-fé, a asso-
mente, ou a título coletivo.
ciação autora e os diretores responsáveis pela propositura
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando da ação serão solidariamente condenados em honorários
se tratar de: advocatícios e ao décuplo das custas, sem prejuízo da res-
I – interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para ponsabilidade por perdas e danos.
efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisí- Art. 88. Na hipótese do art. 13, parágrafo único deste
vel, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas código, a ação de regresso poderá ser ajuizada em processo
por circunstâncias de fato; autônomo, facultada a possibilidade de prosseguir-se nos
II – interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, mesmos autos, vedada a denunciação da lide.
para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza Art. 89. (Vetado)
indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de Art. 90. Aplicam-se às ações previstas neste título as nor-
pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma mas do Código de Processo Civil e da Lei nº 7.347, de 24 de
relação jurídica base; julho de 1985, inclusive no que respeita ao inquérito civil,
Noções de Legislação Penal Especial

III – interesses ou direitos individuais homogêneos, assim naquilo que não contrariar suas disposições.
entendidos os decorrentes de origem comum.
Art. 82. Para os fins do art. 81, parágrafo único, são legiti- CAPÍTULO II
mados concorrentemente: (Redação dada pela Lei nº 9.008, Das Ações Coletivas Para a Defesa
de 21/3/1995) de Interesses Individuais Homogêneos
I – o Ministério Público,
II – a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal; Art. 91. Os legitimados de que trata o art. 82 poderão
III – as entidades e órgãos da Administração Pública, di- propor, em nome próprio e no interesse das vítimas ou seus
reta ou indireta, ainda que sem personalidade jurídica, es- sucessores, ação civil coletiva de responsabilidade pelos
pecificamente destinados à defesa dos interesses e direitos danos individualmente sofridos, de acordo com o disposto
nos artigos seguintes. (Redação dada pela Lei nº 9.008, de
protegidos por este código;
21/3/1995)
IV – as associações legalmente constituídas há pelo me- Art. 92. O Ministério Público, se não ajuizar a ação, atuará
nos um ano e que incluam entre seus fins institucionais a sempre como fiscal da lei.
defesa dos interesses e direitos protegidos por este código, Parágrafo único. (Vetado)
dispensada a autorização assemblear. Art. 93. Ressalvada a competência da Justiça Federal, é
§ 1º O requisito da pré-constituição pode ser dispensado competente para a causa a justiça local:
pelo juiz, nas ações previstas nos arts. 91 e seguintes, quando I – no foro do lugar onde ocorreu ou deva ocorrer o dano,
haja manifesto interesse social evidenciado pela dimensão quando de âmbito local;
ou característica do dano, ou pela relevância do bem jurídico II – no foro da Capital do Estado ou no do Distrito Federal,
a ser protegido. para os danos de âmbito nacional ou regional, aplicando-se
§ 2º (Vetado) as regras do Código de Processo Civil aos casos de compe-
§ 3º (Vetado) tência concorrente.

98
Art. 94. Proposta a ação, será publicado edital no órgão produto, cujo uso ou consumo regular se revele nocivo ou
oficial, a fim de que os interessados possam intervir no pro- perigoso à saúde pública e à incolumidade pessoal.
cesso como litisconsortes, sem prejuízo de ampla divulgação § 1º (Vetado)
pelos meios de comunicação social por parte dos órgãos de § 2º (Vetado)
defesa do consumidor.
Art. 95. Em caso de procedência do pedido, a condena- CAPÍTULO IV
ção será genérica, fixando a responsabilidade do réu pelos Da Coisa Julgada
danos causados.
Art. 96. (Vetado) Art. 103. Nas ações coletivas de que trata este código, a
Art. 97. A liquidação e a execução de sentença poderão sentença fará coisa julgada:
ser promovidas pela vítima e seus sucessores, assim como I – erga omnes, exceto se o pedido for julgado improce-
pelos legitimados de que trata o art. 82. dente por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer
Parágrafo único. (Vetado) legitimado poderá intentar outra ação, com idêntico funda-
Art. 98. A execução poderá ser coletiva, sendo promovi- mento valendo-se de nova prova, na hipótese do inciso I do
da pelos legitimados de que trata o art. 82, abrangendo as parágrafo único do art. 81;
vítimas cujas indenizações já tiveram sido fixadas em sen- II – ultra partes, mas limitadamente ao grupo, categoria
tença de liquidação, sem prejuízo do ajuizamento de outras ou classe, salvo improcedência por insuficiência de provas,
execuções. (Redação dada pela Lei nº 9.008, de 21/3/1995) nos termos do inciso anterior, quando se tratar da hipótese
§ 1º A execução coletiva far-se-á com base em certidão prevista no inciso II do parágrafo único do art. 81;
das sentenças de liquidação, da qual deverá constar a ocor- III – erga omnes, apenas no caso de procedência do pe-
rência ou não do trânsito em julgado. dido, para beneficiar todas as vítimas e seus sucessores, na
§ 2º É competente para a execução o juízo: hipótese do inciso III do parágrafo único do art. 81.
I – da liquidação da sentença ou da ação condenatória, § 1º Os efeitos da coisa julgada previstos nos incisos I
no caso de execução individual; e II não prejudicarão interesses e direitos individuais dos
II – da ação condenatória, quando coletiva a execução. integrantes da coletividade, do grupo, categoria ou classe.
Art. 99. Em caso de concurso de créditos decorrentes § 2º Na hipótese prevista no inciso III, em caso de im-
de condenação prevista na Lei nº 7.347, de 24 de julho de procedência do pedido, os interessados que não tiverem
1985 e de indenizações pelos prejuízos individuais resultan- intervindo no processo como litisconsortes poderão propor
tes do mesmo evento danoso, estas terão preferência no ação de indenização a título individual.
pagamento. § 3º Os efeitos da coisa julgada de que cuida o art. 16,
Parágrafo único. Para efeito do disposto neste artigo, a combinado com o art. 13 da Lei nº 7.347, de 24 de julho de
destinação da importância recolhida ao fundo criado pela Lei 1985, não prejudicarão as ações de indenização por danos
nº 7.347 de 24 de julho de 1985, ficará sustada enquanto pen- pessoalmente sofridos, propostas individualmente ou na
dentes de decisão de segundo grau as ações de indenização forma prevista neste código, mas, se procedente o pedido,
pelos danos individuais, salvo na hipótese de o patrimônio beneficiarão as vítimas e seus sucessores, que poderão pro-
do devedor ser manifestamente suficiente para responder ceder à liquidação e à execução, nos termos dos arts. 96 a 99.
pela integralidade das dívidas.
§ 4º Aplica-se o disposto no parágrafo anterior à sentença
Art. 100. Decorrido o prazo de um ano sem habilitação
penal condenatória.
de interessados em número compatível com a gravidade do
Art. 104. As ações coletivas, previstas nos incisos I e II e
dano, poderão os legitimados do art. 82 promover a liquida-
do parágrafo único do art. 81, não induzem litispendência
ção e execução da indenização devida.
para as ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada erga
Parágrafo único. O produto da indenização devida rever-
omnes ou ultra partes a que aludem os incisos II e III do artigo
terá para o fundo criado pela Lei nº 7.347, de 24 de julho
de 1985. anterior não beneficiarão os autores das ações individuais,
se não for requerida sua suspensão no prazo de trinta dias, a
CAPÍTULO III contar da ciência nos autos do ajuizamento da ação coletiva.

Noções de Legislação Penal Especial


Das Ações de Responsabilidade
do Fornecedor de Produtos e Serviços TÍTULO IV
DO SISTEMA NACIONAL DE
Art. 101. Na ação de responsabilidade civil do fornecedor DEFESA DO CONSUMIDOR
de produtos e serviços, sem prejuízo do disposto nos Capítu-
los I e II deste título, serão observadas as seguintes normas: Art. 105. Integram o Sistema Nacional de Defesa do Con-
I – a ação pode ser proposta no domicílio do autor; sumidor (SNDC), os órgãos federais, estaduais, do Distrito
II – o réu que houver contratado seguro de responsabi- Federal e municipais e as entidades privadas de defesa do
lidade poderá chamar ao processo o segurador, vedada a consumidor.
integração do contraditório pelo Instituto de Resseguros do Art. 106. O Departamento Nacional de Defesa do Con-
Brasil. Nesta hipótese, a sentença que julgar procedente o sumidor, da Secretaria Nacional de Direito Econômico (MJ),
pedido condenará o réu nos termos do art. 80 do Código de ou órgão federal que venha substituí-lo, é organismo de
Processo Civil. Se o réu houver sido declarado falido, o síndico coordenação da política do Sistema Nacional de Defesa do
será intimado a informar a existência de seguro de responsa- Consumidor, cabendo-lhe:
bilidade, facultando-se, em caso afirmativo, o ajuizamento de I – planejar, elaborar, propor, coordenar e executar a po-
ação de indenização diretamente contra o segurador, vedada lítica nacional de proteção ao consumidor;
a denunciação da lide ao Instituto de Resseguros do Brasil e II – receber, analisar, avaliar e encaminhar consultas,
dispensado o litisconsórcio obrigatório com este. denúncias ou sugestões apresentadas por entidades repre-
Art. 102. Os legitimados a agir na forma deste código sentativas ou pessoas jurídicas de direito público ou privado;
poderão propor ação visando compelir o Poder Público com- III – prestar aos consumidores orientação permanente
petente a proibir, em todo o território nacional, a produção, sobre seus direitos e garantias;
divulgação distribuição ou venda, ou a determinar a alteração IV – informar, conscientizar e motivar o consumidor atra-
na composição, estrutura, fórmula ou acondicionamento de vés dos diferentes meios de comunicação;

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V – solicitar à polícia judiciária a instauração de inquérito Art. 113. Acrescente-se os seguintes §§ 4º, 5º e 6º ao art.
policial para a apreciação de delito contra os consumidores, 5º. da Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985:
nos termos da legislação vigente;
VI – representar ao Ministério Público competente para § 4º O requisito da pré-constituição poderá ser dis-
fins de adoção de medidas processuais no âmbito de suas pensado pelo juiz, quando haja manifesto interesse
atribuições; social evidenciado pela dimensão ou característica
VII – levar ao conhecimento dos órgãos competentes as do dano, ou pela relevância do bem jurídico a ser
infrações de ordem administrativa que violarem os interesses protegido.
difusos, coletivos, ou individuais dos consumidores; § 5º Admitir-se-á o litisconsórcio facultativo entre os
VIII – solicitar o concurso de órgãos e entidades da União, Ministérios Públicos da União, do Distrito Federal e
Estados, do Distrito Federal e Municípios, bem como auxiliar
dos Estados na defesa dos interesses e direitos de
a fiscalização de preços, abastecimento, quantidade e segu-
que cuida esta lei.
rança de bens e serviços;
IX – incentivar, inclusive com recursos financeiros e outros § 6º Os órgãos públicos legitimados poderão tomar
programas especiais, a formação de entidades de defesa do dos interessados compromisso de ajustamento de
consumidor pela população e pelos órgãos públicos estaduais sua conduta às exigências legais, mediante combi-
e municipais; nações, que terá eficácia de título executivo extra-
X – (Vetado) judicial.
XI – (Vetado)
XII – (Vetado) Art. 114. O art. 15 da Lei nº 7.347, de 24 de julho de
XIII – desenvolver outras atividades compatíveis com 1985, passa a ter a seguinte redação:
suas finalidades.
Parágrafo único. Para a consecução de seus objetivos, o Art. 15. Decorridos sessenta dias do trânsito em julga-
Departamento Nacional de Defesa do Consumidor poderá do da sentença condenatória, sem que a associação
solicitar o concurso de órgãos e entidades de notória espe- autora lhe promova a execução, deverá fazê-lo o Mi-
cialização técnico-científica. nistério Público, facultada igual iniciativa aos demais
legitimados.
TÍTULO V
DA CONVENÇÃO COLETIVA DE CONSUMO Art. 115. Suprima-se o caput do art. 17 da Lei nº 7.347, de
24 de julho de 1985, passando o parágrafo único a constituir
Art. 107. As entidades civis de consumidores e as associa- o caput, com a seguinte redação:
ções de fornecedores ou sindicatos de categoria econômica
podem regular, por convenção escrita, relações de consumo Art. 17. Em caso de litigância de má-fé, a associação
que tenham por objeto estabelecer condições relativas ao
autora e os diretores responsáveis pela propositura
preço, à qualidade, à quantidade, à garantia e características
da ação serão solidariamente condenados em ho-
de produtos e serviços, bem como à reclamação e composi-
ção do conflito de consumo. norários advocatícios e ao décuplo das custas, sem
§ 1º A convenção tornar-se-á obrigatória a partir do re- prejuízo da responsabilidade por perdas e danos.
gistro do instrumento no cartório de títulos e documentos.
§ 2º A convenção somente obrigará os filiados às enti- Art. 116. Dê-se a seguinte redação ao art. 18 da Lei nº
dades signatárias. 7.347, de 24 de julho de 1985:
§ 3º Não se exime de cumprir a convenção o fornecedor
que se desligar da entidade em data posterior ao registro Art. 18. Nas ações de que trata esta lei, não haverá
do instrumento. adiantamento de custas, emolumentos, honorários
Art. 108. (Vetado) periciais e quaisquer outras despesas, nem conde-
nação da associação autora, salvo comprovada má-
TÍTULO VI
Noções de Legislação Penal Especial

-fé, em honorários de advogado, custas e despesas


DISPOSIÇÕES FINAIS processuais.

Art. 109. (Vetado) Art. 117. Acrescente-se à Lei nº 7.347, de 24 de julho de


Art. 110. Acrescente-se o seguinte inciso IV ao art. 1º da 1985, o seguinte dispositivo, renumerando-se os seguintes:
Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985:
Art. 21. Aplicam-se à defesa dos direitos e interesses
IV – a qualquer outro interesse difuso ou coletivo. difusos, coletivos e individuais, no que for cabível, os
dispositivos do Título III da lei que instituiu o Código
Art. 111. O inciso II do art. 5º da Lei nº 7.347, de 24 de de Defesa do Consumidor.
julho de 1985, passa a ter a seguinte redação:
Art. 118. Este código entrará em vigor dentro de cento
II – inclua, entre suas finalidades institucionais, a pro-
teção ao meio ambiente, ao consumidor, ao patrimô- e oitenta dias a contar de sua publicação.
nio artístico, estético, histórico, turístico e paisagísti- Art. 119. Revogam-se as disposições em contrário.
co, ou a qualquer outro interesse difuso ou coletivo.
Brasília, 11 de setembro de 1990; 169º da Independência
Art. 112. O § 3º do art. 5º da Lei nº 7.347, de 24 de julho e 102º da República.
de 1985, passa a ter a seguinte redação:
FERNANDO COLLOR
§ 3º Em caso de desistência infundada ou abandono Bernardo Cabral
da ação por associação legitimada, o Ministério Públi- Zélia M. Cardoso de Mello
co ou outro legitimado assumirá a titularidade ativa. Ozires Silva

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LEI Nº 9.099, DE 26 DE SETEMBRO DE 1995 para dar especial valor às regras de experiência comum ou
técnica.
Dispõe sobre os Juizados Espe- Art. 6º O Juiz adotará em cada caso a decisão que reputar
ciais Cíveis e Criminais e dá outras mais justa e equânime, atendendo aos fins sociais da lei e às
providências. exigências do bem comum.
Art. 7º Os conciliadores e Juízes leigos são auxiliares da
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o Congres- Justiça, recrutados, os primeiros, preferentemente, entre os
so Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: bacharéis em Direito, e os segundos, entre advogados com
mais de cinco anos de experiência.
CAPÍTULO I Parágrafo único. Os Juízes leigos ficarão impedidos de
Disposições Gerais exercer a advocacia perante os Juizados Especiais, enquanto
no desempenho de suas funções.
Art. 1º Os Juizados Especiais Cíveis e Criminais, órgãos
da Justiça Ordinária, serão criados pela União, no Distrito Seção III
Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para conciliação, Das Partes
processo, julgamento e execução, nas causas de sua com-
petência. Art. 8º Não poderão ser partes, no processo instituído
Art. 2º O processo orientar-se-á pelos critérios da ora- por esta Lei, o incapaz, o preso, as pessoas jurídicas de direito
lidade, simplicidade, informalidade, economia processual e público, as empresas públicas da União, a massa falida e o
celeridade, buscando, sempre que possível, a conciliação ou insolvente civil.
a transação. § 1º Somente serão admitidas a propor ação perante o
Juizado Especial: (Redação dada pela Lei nº 12.126, de 2009)
CAPÍTULO II I – as pessoas físicas capazes, excluídos os cessionários
Dos Juizados Especiais Cíveis de direito de pessoas jurídicas; (Incluído pela Lei nº 12.126,
de 2009)
Seção I II – as pessoas enquadradas como microempreendedores
Da Competência individuais, microempresas e empresas de pequeno porte na
forma da Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro de
Art. 3º O Juizado Especial Cível tem competência para 2006; (Redação dada pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
conciliação, processo e julgamento das causas cíveis de me- III – as pessoas jurídicas qualificadas como Organização
nor complexidade, assim consideradas: da Sociedade Civil de Interesse Público, nos termos da Lei no
I – as causas cujo valor não exceda a quarenta vezes o 9.790, de 23 de março de 1999; (Incluído pela Lei nº 12.126,
salário mínimo; de 2009)
II – as enumeradas no art. 275, inciso II, do Código de IV – as sociedades de crédito ao microempreendedor,
Processo Civil; nos termos do art. 1o da Lei no 10.194, de 14 de fevereiro de
III – a ação de despejo para uso próprio; 2001. (Incluído pela Lei nº 12.126, de 2009)
IV – as ações possessórias sobre bens imóveis de valor § 2º O maior de dezoito anos poderá ser autor, indepen-
não excedente ao fixado no inciso I deste artigo. dentemente de assistência, inclusive para fins de conciliação.
§ 1º Compete ao Juizado Especial promover a execução: Art. 9º Nas causas de valor até vinte salários mínimos,
I – dos seus julgados; as partes comparecerão pessoalmente, podendo ser assis-
II – dos títulos executivos extrajudiciais, no valor de até tidas por advogado; nas de valor superior, a assistência é
quarenta vezes o salário mínimo, observado o disposto no obrigatória.
§ 1º do art. 8º desta Lei. § 1º Sendo facultativa a assistência, se uma das partes
§ 2º Ficam excluídas da competência do Juizado Especial comparecer assistida por advogado, ou se o réu for pessoa
as causas de natureza alimentar, falimentar, fiscal e de inte- jurídica ou firma individual, terá a outra parte, se quiser,
resse da Fazenda Pública, e também as relativas a acidentes assistência judiciária prestada por órgão instituído junto ao

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de trabalho, a resíduos e ao estado e capacidade das pessoas, Juizado Especial, na forma da lei local.
ainda que de cunho patrimonial. § 2º O Juiz alertará as partes da conveniência do patrocí-
§ 3º A opção pelo procedimento previsto nesta Lei impor- nio por advogado, quando a causa o recomendar.
tará em renúncia ao crédito excedente ao limite estabelecido § 3º O mandato ao advogado poderá ser verbal, salvo
neste artigo, excetuada a hipótese de conciliação. quanto aos poderes especiais.
Art. 4º É competente, para as causas previstas nesta Lei, § 4º O réu, sendo pessoa jurídica ou titular de firma indi-
o Juizado do foro: vidual, poderá ser representado por preposto credenciado,
I – do domicílio do réu ou, a critério do autor, do local munido de carta de preposição com poderes para transigir,
onde aquele exerça atividades profissionais ou econômicas sem haver necessidade de vínculo empregatício. (Redação
ou mantenha estabelecimento, filial, agência, sucursal ou dada pela Lei nº 12.137, de 2009)
escritório; Art. 10. Não se admitirá, no processo, qualquer forma
II – do lugar onde a obrigação deva ser satisfeita; de intervenção de terceiro nem de assistência. Admitir-se-á
III – do domicílio do autor ou do local do ato ou fato, nas o litisconsórcio.
ações para reparação de dano de qualquer natureza. Art. 11. O Ministério Público intervirá nos casos previstos
Parágrafo único. Em qualquer hipótese, poderá a ação ser em lei.
proposta no foro previsto no inciso I deste artigo.
Seção IV
Seção II Dos atos processuais
Do Juiz, dos Conciliadores e dos Juízes Leigos
Art. 12. Os atos processuais serão públicos e poderão
Art. 5º O Juiz dirigirá o processo com liberdade para de- realizar-se em horário noturno, conforme dispuserem as
terminar as provas a serem produzidas, para apreciá-las e normas de organização judiciária.

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Art. 13. Os atos processuais serão válidos sempre que § 2º As partes comunicarão ao juízo as mudanças de en-
preencherem as finalidades para as quais forem realizados, dereço ocorridas no curso do processo, reputando-se eficazes
atendidos os critérios indicados no art. 2º desta Lei. as intimações enviadas ao local anteriormente indicado, na
§ 1º Não se pronunciará qualquer nulidade sem que te- ausência da comunicação.
nha havido prejuízo.
§ 2º A prática de atos processuais em outras comarcas Seção VII
poderá ser solicitada por qualquer meio idôneo de comu- Da Revelia
nicação.
§ 3º Apenas os atos considerados essenciais serão regis- Art. 20. Não comparecendo o demandado à sessão de
trados resumidamente, em notas manuscritas, datilografa- conciliação ou à audiência de instrução e julgamento, repu-
das, taquigrafadas ou estenotipadas. Os demais atos poderão tar-se-ão verdadeiros os fatos alegados no pedido inicial,
ser gravados em fita magnética ou equivalente, que será salvo se o contrário resultar da convicção do Juiz.
inutilizada após o trânsito em julgado da decisão.
§ 4º As normas locais disporão sobre a conservação das Seção VIII
peças do processo e demais documentos que o instruem. Da Conciliação e do Juízo Arbitral

Seção V Art. 21. Aberta a sessão, o Juiz togado ou leigo esclare-


Do pedido cerá as partes presentes sobre as vantagens da conciliação,
mostrando-lhes os riscos e as consequências do litígio, es-
Art. 14. O processo instaurar-se-á com a apresentação pecialmente quanto ao disposto no § 3º do art. 3º desta Lei.
do pedido, escrito ou oral, à Secretaria do Juizado. Art. 22. A conciliação será conduzida pelo Juiz togado ou
§ 1º Do pedido constarão, de forma simples e em lin- leigo ou por conciliador sob sua orientação.
guagem acessível: Parágrafo único. Obtida a conciliação, esta será reduzida
I – o nome, a qualificação e o endereço das partes; a escrito e homologada pelo Juiz togado, mediante sentença
II – os fatos e os fundamentos, de forma sucinta; com eficácia de título executivo.
III – o objeto e seu valor. Art. 23. Não comparecendo o demandado, o Juiz togado
§ 2º É lícito formular pedido genérico quando não for proferirá sentença.
possível determinar, desde logo, a extensão da obrigação. Art. 24. Não obtida a conciliação, as partes poderão op-
§ 3º O pedido oral será reduzido a escrito pela Secretaria tar, de comum acordo, pelo juízo arbitral, na forma prevista
do Juizado, podendo ser utilizado o sistema de fichas ou nesta Lei.
formulários impressos. § 1º O juízo arbitral considerar-se-á instaurado, inde-
Art. 15. Os pedidos mencionados no art. 3º desta Lei po- pendentemente de termo de compromisso, com a escolha
derão ser alternativos ou cumulados; nesta última hipótese, do árbitro pelas partes. Se este não estiver presente, o Juiz
desde que conexos e a soma não ultrapasse o limite fixado convocá-lo-á e designará, de imediato, a data para a audi-
naquele dispositivo. ência de instrução.
Art. 16. Registrado o pedido, independentemente de § 2º O árbitro será escolhido dentre os juízes leigos.
Art. 25. O árbitro conduzirá o processo com os mesmos
distribuição e autuação, a Secretaria do Juizado designará a
critérios do Juiz, na forma dos arts. 5º e 6º desta Lei, podendo
sessão de conciliação, a realizar-se no prazo de quinze dias.
decidir por equidade.
Art. 17. Comparecendo inicialmente ambas as partes,
Art. 26. Ao término da instrução, ou nos cinco dias sub-
instaurar-se-á, desde logo, a sessão de conciliação, dispen-
sequentes, o árbitro apresentará o laudo ao Juiz togado para
sados o registro prévio de pedido e a citação.
homologação por sentença irrecorrível.
Parágrafo único. Havendo pedidos contrapostos, poderá
ser dispensada a contestação formal e ambos serão aprecia-
Seção IX
dos na mesma sentença. Da Instrução e Julgamento
Noções de Legislação Penal Especial

Seção VI Art. 27. Não instituído o juízo arbitral, proceder-se-á ime-


Das Citações e Intimações diatamente à audiência de instrução e julgamento, desde
que não resulte prejuízo para a defesa.
Art. 18. A citação far-se-á: Parágrafo único. Não sendo possível a sua realização ime-
I – por correspondência, com aviso de recebimento em diata, será a audiência designada para um dos quinze dias
mão própria; subseqüentes, cientes, desde logo, as partes e testemunhas
II – tratando-se de pessoa jurídica ou firma individual, eventualmente presentes.
mediante entrega ao encarregado da recepção, que será Art. 28. Na audiência de instrução e julgamento serão
obrigatoriamente identificado; ouvidas as partes, colhida a prova e, em seguida, proferida
III – sendo necessário, por oficial de justiça, independen- a sentença.
temente de mandado ou carta precatória. Art. 29. Serão decididos de plano todos os incidentes que
§ 1º A citação conterá cópia do pedido inicial, dia e hora possam interferir no regular prosseguimento da audiência.
para comparecimento do citando e advertência de que, não As demais questões serão decididas na sentença.
comparecendo este, considerar-se-ão verdadeiras as alega- Parágrafo único. Sobre os documentos apresentados por
ções iniciais, e será proferido julgamento, de plano. uma das partes, manifestar-se-á imediatamente a parte con-
§ 2º Não se fará citação por edital. trária, sem interrupção da audiência.
§ 3º O comparecimento espontâneo suprirá a falta ou
nulidade da citação. Seção X
Art. 19. As intimações serão feitas na forma prevista para Da Resposta do Réu
citação, ou por qualquer outro meio idôneo de comunicação.
§ 1º Dos atos praticados na audiência, considerar-se-ão Art. 30. A contestação, que será oral ou escrita, conterá
desde logo cientes as partes. toda matéria de defesa, exceto arguição de suspeição ou

102
impedimento do Juiz, que se processará na forma da legis- Art. 42. O recurso será interposto no prazo de dez dias,
lação em vigor. contados da ciência da sentença, por petição escrita, da qual
Art. 31. Não se admitirá a reconvenção. É lícito ao réu, constarão as razões e o pedido do recorrente.
na contestação, formular pedido em seu favor, nos limites § 1º O preparo será feito, independentemente de inti-
do art. 3º desta Lei, desde que fundado nos mesmos fatos mação, nas quarenta e oito horas seguintes à interposição,
que constituem objeto da controvérsia. sob pena de deserção.
Parágrafo único. O autor poderá responder ao pedido do § 2º Após o preparo, a Secretaria intimará o recorrido
réu na própria audiência ou requerer a designação da nova para oferecer resposta escrita no prazo de dez dias.
data, que será desde logo fixada, cientes todos os presentes. Art. 43. O recurso terá somente efeito devolutivo, po-
dendo o Juiz dar-lhe efeito suspensivo, para evitar dano ir-
Seção XI reparável para a parte.
Das Provas Art. 44. As partes poderão requerer a transcrição da gra-
vação da fita magnética a que alude o § 3º do art. 13 desta Lei,
Art. 32. Todos os meios de prova moralmente legítimos, correndo por conta do requerente as despesas respectivas.
ainda que não especificados em lei, são hábeis para provar Art. 45. As partes serão intimadas da data da sessão de
a veracidade dos fatos alegados pelas partes. julgamento.
Art. 33. Todas as provas serão produzidas na audiência Art. 46. O julgamento em segunda instância constará
de instrução e julgamento, ainda que não requeridas previa- apenas da ata, com a indicação suficiente do processo, fun-
mente, podendo o Juiz limitar ou excluir as que considerar damentação sucinta e parte dispositiva. Se a sentença for
excessivas, impertinentes ou protelatórias. confirmada pelos próprios fundamentos, a súmula do jul-
Art. 34. As testemunhas, até o máximo de três para cada gamento servirá de acórdão.
parte, comparecerão à audiência de instrução e julgamento Art. 47. (Vetado)
levadas pela parte que as tenha arrolado, independentemen-
te de intimação, ou mediante esta, se assim for requerido. Seção XIII
§ 1º O requerimento para intimação das testemunhas Dos Embargos de Declaração
será apresentado à Secretaria no mínimo cinco dias antes
da audiência de instrução e julgamento. Art. 48. Caberão embargos de declaração contra senten-
§ 2º Não comparecendo a testemunha intimada, o Juiz ça ou acórdão nos casos previstos no Código de Processo
Civil. (Redação dada pela Lei nº 13.105, de 2015)
poderá determinar sua imediata condução, valendo-se, se
Parágrafo único. Os erros materiais podem ser corrigidos
necessário, do concurso da força pública.
de ofício.
Art. 35. Quando a prova do fato exigir, o Juiz poderá
Art. 49. Os embargos de declaração serão interpostos
inquirir técnicos de sua confiança, permitida às partes a
por escrito ou oralmente, no prazo de cinco dias, contados
apresentação de parecer técnico.
da ciência da decisão.
Parágrafo único. No curso da audiência, poderá o Juiz, Art. 50. Os embargos de declaração interrompem o prazo
de ofício ou a requerimento das partes, realizar inspeção para a interposição de recurso. (Redação dada pela Lei nº
em pessoas ou coisas, ou determinar que o faça pessoa de 13.105, de 2015)
sua confiança, que lhe relatará informalmente o verificado.
Art. 36. A prova oral não será reduzida a escrito, deven- Seção XIV
do a sentença referir, no essencial, os informes trazidos nos Da Extinção do Processo
depoimentos. sem Julgamento do Mérito
Art. 37. A instrução poderá ser dirigida por Juiz leigo, sob
a supervisão de Juiz togado. Art. 51. Extingue-se o processo, além dos casos previstos
em lei:
Seção XII I – quando o autor deixar de comparecer a qualquer das
Da Sentença

Noções de Legislação Penal Especial


audiências do processo;
II – quando inadmissível o procedimento instituído por
Art. 38. A sentença mencionará os elementos de convic- esta Lei ou seu prosseguimento, após a conciliação;
ção do Juiz, com breve resumo dos fatos relevantes ocorridos III – quando for reconhecida a incompetência territorial;
em audiência, dispensado o relatório. IV – quando sobrevier qualquer dos impedimentos pre-
Parágrafo único. Não se admitirá sentença condenatória vistos no art. 8º desta Lei;
por quantia ilíquida, ainda que genérico o pedido. V – quando, falecido o autor, a habilitação depender de
Art. 39. É ineficaz a sentença condenatória na parte que sentença ou não se der no prazo de trinta dias;
exceder a alçada estabelecida nesta Lei. VI – quando, falecido o réu, o autor não promover a cita-
Art. 40. O Juiz leigo que tiver dirigido a instrução proferirá ção dos sucessores no prazo de trinta dias da ciência do fato.
sua decisão e imediatamente a submeterá ao Juiz togado, § 1º A extinção do processo independerá, em qualquer
que poderá homologá-la, proferir outra em substituição ou, hipótese, de prévia intimação pessoal das partes.
antes de se manifestar, determinar a realização de atos pro- § 2º No caso do inciso I deste artigo, quando comprovar
batórios indispensáveis. que a ausência decorre de força maior, a parte poderá ser
Art. 41. Da sentença, excetuada a homologatória de isentada, pelo Juiz, do pagamento das custas.
conciliação ou laudo arbitral, caberá recurso para o próprio
Juizado. Seção XV
§ 1º O recurso será julgado por uma turma composta Da Execução
por três Juízes togados, em exercício no primeiro grau de
jurisdição, reunidos na sede do Juizado. Art. 52. A execução da sentença processar-se-á no pró-
§ 2º No recurso, as partes serão obrigatoriamente repre- prio Juizado, aplicando-se, no que couber, o disposto no Có-
sentadas por advogado. digo de Processo Civil, com as seguintes alterações:

103
I – as sentenças serão necessariamente líquidas, con- Seção XVI
tendo a conversão em Bônus do Tesouro Nacional – BTN ou Das Despesas
índice equivalente;
II – os cálculos de conversão de índices, de honorários, Art. 54. O acesso ao Juizado Especial independerá, em
de juros e de outras parcelas serão efetuados por servidor primeiro grau de jurisdição, do pagamento de custas, taxas
judicial; ou despesas.
III – a intimação da sentença será feita, sempre que Parágrafo único. O preparo do recurso, na forma do §
possível, na própria audiência em que for proferida. Nessa 1º do art. 42 desta Lei, compreenderá todas as despesas
intimação, o vencido será instado a cumprir a sentença tão processuais, inclusive aquelas dispensadas em primeiro grau
logo ocorra seu trânsito em julgado, e advertido dos efeitos de jurisdição, ressalvada a hipótese de assistência judiciária
do seu descumprimento (inciso V); gratuita.
IV – não cumprida voluntariamente a sentença transi- Art. 55. A sentença de primeiro grau não condenará o
tada em julgado, e tendo havido solicitação do interessado, vencido em custas e honorários de advogado, ressalvados
que poderá ser verbal, proceder-se-á desde logo à execução, os casos de litigância de má-fé. Em segundo grau, o recor-
dispensada nova citação; rente, vencido, pagará as custas e honorários de advogado,
V – nos casos de obrigação de entregar, de fazer, ou de que serão fixados entre dez por cento e vinte por cento do
não fazer, o Juiz, na sentença ou na fase de execução, co- valor de condenação ou, não havendo condenação, do valor
minará multa diária, arbitrada de acordo com as condições corrigido da causa.
econômicas do devedor, para a hipótese de inadimplemen- Parágrafo único. Na execução não serão contadas custas,
to. Não cumprida a obrigação, o credor poderá requerer a salvo quando:
elevação da multa ou a transformação da condenação em I – reconhecida a litigância de má-fé;
perdas e danos, que o Juiz de imediato arbitrará, seguindo-se II – improcedentes os embargos do devedor;
a execução por quantia certa, incluída a multa vencida de III – tratar-se de execução de sentença que tenha sido
obrigação de dar, quando evidenciada a malícia do devedor objeto de recurso improvido do devedor.
na execução do julgado;
VI – na obrigação de fazer, o Juiz pode determinar o cum- Seção XVII
primento por outrem, fixado o valor que o devedor deve Disposições Finais
depositar para as despesas, sob pena de multa diária;
VII – na alienação forçada dos bens, o Juiz poderá auto- Art. 56. Instituído o Juizado Especial, serão implantadas
rizar o devedor, o credor ou terceira pessoa idônea a tratar as curadorias necessárias e o serviço de assistência judiciária.
da alienação do bem penhorado, a qual se aperfeiçoará em Art. 57. O acordo extrajudicial, de qualquer natureza ou
juízo até a data fixada para a praça ou leilão. Sendo o preço valor, poderá ser homologado, no juízo competente, inde-
inferior ao da avaliação, as partes serão ouvidas. Se o pa- pendentemente de termo, valendo a sentença como título
gamento não for à vista, será oferecida caução idônea, nos executivo judicial.
casos de alienação de bem móvel, ou hipotecado o imóvel; Parágrafo único. Valerá como título extrajudicial o acordo
VIII – é dispensada a publicação de editais em jornais, celebrado pelas partes, por instrumento escrito, referendado
quando se tratar de alienação de bens de pequeno valor; pelo órgão competente do Ministério Público.
IX – o devedor poderá oferecer embargos, nos autos da Art. 58. As normas de organização judiciária local pode-
execução, versando sobre: rão estender a conciliação prevista nos arts. 22 e 23 a causas
a) falta ou nulidade da citação no processo, se ele correu não abrangidas por esta Lei.
à revelia; Art. 59. Não se admitirá ação rescisória nas causas sujei-
b) manifesto excesso de execução; tas ao procedimento instituído por esta Lei.
c) erro de cálculo;
d) causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obriga- CAPÍTULO III
Noções de Legislação Penal Especial

ção, superveniente à sentença. Dos Juizados Especiais Criminais


Art. 53. A execução de título executivo extrajudicial,
no valor de até quarenta salários mínimos, obedecerá ao Disposições Gerais
disposto no Código de Processo Civil, com as modificações
introduzidas por esta Lei. Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por juízes
§ 1º Efetuada a penhora, o devedor será intimado a com- togados ou togados e leigos, tem competência para a con-
parecer à audiência de conciliação, quando poderá oferecer ciliação, o julgamento e a execução das infrações penais de
embargos (art. 52, IX), por escrito ou verbalmente. menor potencial ofensivo, respeitadas as regras de conexão
§ 2º Na audiência, será buscado o meio mais rápido e e continência. (Redação dada pela Lei nº 11.313, de 2006)
eficaz para a solução do litígio, se possível com dispensa da Parágrafo único. Na reunião de processos, perante o juízo
alienação judicial, devendo o conciliador propor, entre ou- comum ou o tribunal do júri, decorrentes da aplicação das
tras medidas cabíveis, o pagamento do débito a prazo ou a regras de conexão e continência, observar-se-ão os institutos
prestação, a dação em pagamento ou a imediata adjudicação da transação penal e da composição dos danos civis. (Incluído
do bem penhorado. pela Lei nº 11.313, de 2006)
§ 3º Não apresentados os embargos em audiência, ou Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor po-
julgados improcedentes, qualquer das partes poderá reque- tencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções
rer ao Juiz a adoção de uma das alternativas do parágrafo penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não su-
anterior. perior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa. (Redação
§ 4º Não encontrado o devedor ou inexistindo bens pe- dada pela Lei nº 11.313, de 2006)
nhoráveis, o processo será imediatamente extinto, devol- Art. 62. O processo perante o Juizado Especial orientar-
vendo-se os documentos ao autor. -se-á pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalida-

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de, economia processual e celeridade, objetivando, sempre for o caso, a do responsável civil, na forma dos arts. 67 e
que possível, a reparação dos danos sofridos pela vítima e a 68 desta Lei.
aplicação de pena não privativa de liberdade. (Redação dada Art. 72. Na audiência preliminar, presente o represen-
pela Lei nº 13.603, de 2018) tante do Ministério Público, o autor do fato e a vítima e, se
possível, o responsável civil, acompanhados por seus advo-
Seção I gados, o Juiz esclarecerá sobre a possibilidade da composição
Da Competência e dos Atos Processuais dos danos e da aceitação da proposta de aplicação imediata
de pena não privativa de liberdade.
Art. 63. A competência do Juizado será determinada pelo Art. 73. A conciliação será conduzida pelo Juiz ou por
lugar em que foi praticada a infração penal. conciliador sob sua orientação.
Art. 64. Os atos processuais serão públicos e poderão Parágrafo único. Os conciliadores são auxiliares da Justi-
realizar-se em horário noturno e em qualquer dia da semana, ça, recrutados, na forma da lei local, preferentemente entre
conforme dispuserem as normas de organização judiciária. bacharéis em Direito, excluídos os que exerçam funções na
Art. 65. Os atos processuais serão válidos sempre que administração da Justiça Criminal.
preencherem as finalidades para as quais foram realizados, Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a
atendidos os critérios indicados no art. 62 desta Lei. escrito e, homologada pelo Juiz mediante sentença irrecor-
§ 1º Não se pronunciará qualquer nulidade sem que te-
rível, terá eficácia de título a ser executado no juízo civil
nha havido prejuízo.
competente.
§ 2º A prática de atos processuais em outras comarcas po-
Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa
derá ser solicitada por qualquer meio hábil de comunicação.
§ 3º Serão objeto de registro escrito exclusivamente os privada ou de ação penal pública condicionada à represen-
atos havidos por essenciais. Os atos realizados em audiên- tação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito
cia de instrução e julgamento poderão ser gravados em fita de queixa ou representação.
magnética ou equivalente. Art. 75. Não obtida a composição dos danos civis, será
Art. 66. A citação será pessoal e far-se-á no próprio Jui- dada imediatamente ao ofendido a oportunidade de exercer
zado, sempre que possível, ou por mandado. o direito de representação verbal, que será reduzida a termo.
Parágrafo único. Não encontrado o acusado para ser cita- Parágrafo único. O não oferecimento da representação
do, o Juiz encaminhará as peças existentes ao Juízo comum na audiência preliminar não implica decadência do direito,
para adoção do procedimento previsto em lei. que poderá ser exercido no prazo previsto em lei.
Art. 67. A intimação far-se-á por correspondência, com Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime
aviso de recebimento pessoal ou, tratando-se de pessoa ju- de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de
rídica ou firma individual, mediante entrega ao encarregado arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplica-
da recepção, que será obrigatoriamente identificado, ou, sen- ção imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser
do necessário, por oficial de justiça, independentemente de especificada na proposta.
mandado ou carta precatória, ou ainda por qualquer meio § 1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única apli-
idôneo de comunicação. cável, o Juiz poderá reduzi-la até a metade.
Parágrafo único. Dos atos praticados em audiência con- § 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado:
siderar-se-ão desde logo cientes as partes, os interessados I – ter sido o autor da infração condenado, pela prática de
e defensores. crime, à pena privativa de liberdade, por sentença definitiva;
Art. 68. Do ato de intimação do autor do fato e do man- II – ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo
dado de citação do acusado, constará a necessidade de seu de cinco anos, pela aplicação de pena restritiva ou multa,
comparecimento acompanhado de advogado, com a adver- nos termos deste artigo;
tência de que, na sua falta, ser-lhe-á designado defensor III – não indicarem os antecedentes, a conduta social e
público. a personalidade do agente, bem como os motivos e as cir-

Noções de Legislação Penal Especial


cunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida.
Seção II § 3º Aceita a proposta pelo autor da infração e seu de-
Da Fase Preliminar fensor, será submetida à apreciação do Juiz.
§ 4º Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita
Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento
pelo autor da infração, o Juiz aplicará a pena restritiva de
da ocorrência lavrará termo circunstanciado e o encaminhará
direitos ou multa, que não importará em reincidência, sendo
imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima,
registrada apenas para impedir novamente o mesmo bene-
providenciando-se as requisições dos exames periciais ne-
cessários. fício no prazo de cinco anos.
Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura § 5º Da sentença prevista no parágrafo anterior caberá
do termo, for imediatamente encaminhado ao juizado ou a apelação referida no art. 82 desta Lei.
assumir o compromisso de a ele comparecer, não se imporá § 6º A imposição da sanção de que trata o § 4º deste
prisão em flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso de vio- artigo não constará de certidão de antecedentes criminais,
lência doméstica, o juiz poderá determinar, como medida salvo para os fins previstos no mesmo dispositivo, e não terá
de cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local de efeitos civis, cabendo aos interessados propor ação cabível
convivência com a vítima. (Redação dada pela Lei nº 10.455, no juízo cível.
de 2002)
Art. 70. Comparecendo o autor do fato e a vítima, e não Seção III
sendo possível a realização imediata da audiência preliminar, Do Procedimento Sumariíssimo
será designada data próxima, da qual ambos sairão cientes.
Art. 71. Na falta do comparecimento de qualquer dos Art. 77. Na ação penal de iniciativa pública, quando não
envolvidos, a Secretaria providenciará sua intimação e, se houver aplicação de pena, pela ausência do autor do fato,

105
ou pela não ocorrência da hipótese prevista no art. 76 des- réu e seu defensor, por petição escrita, da qual constarão as
ta Lei, o Ministério Público oferecerá ao Juiz, de imediato, razões e o pedido do recorrente.
denúncia oral, se não houver necessidade de diligências § 2º O recorrido será intimado para oferecer resposta
imprescindíveis. escrita no prazo de dez dias.
§ 1º Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada § 3º As partes poderão requerer a transcrição da gravação
com base no termo de ocorrência referido no art. 69 desta da fita magnética a que alude o § 3º do art. 65 desta Lei.
Lei, com dispensa do inquérito policial, prescindir-se-á do § 4º As partes serão intimadas da data da sessão de jul-
exame do corpo de delito quando a materialidade do crime gamento pela imprensa.
estiver aferida por boletim médico ou prova equivalente. § 5º Se a sentença for confirmada pelos próprios funda-
§ 2º Se a complexidade ou circunstâncias do caso não mentos, a súmula do julgamento servirá de acórdão.
permitirem a formulação da denúncia, o Ministério Públi- Art. 83. Cabem embargos de declaração quando, em
co poderá requerer ao Juiz o encaminhamento das peças sentença ou acórdão, houver obscuridade, contradição ou
existentes, na forma do parágrafo único do art. 66 desta Lei. omissão. (Redação dada pela Lei nº 13.105, de 2015)
§ 3º Na ação penal de iniciativa do ofendido poderá § 1º Os embargos de declaração serão opostos por escrito
ser oferecida queixa oral, cabendo ao Juiz verificar se a ou oralmente, no prazo de cinco dias, contados da ciência
complexidade e as circunstâncias do caso determinam a da decisão.
adoção das providências previstas no parágrafo único do § 2º Os embargos de declaração interrompem o prazo
art. 66 desta Lei. para a interposição de recurso. (Redação dada pela Lei nº
Art. 78. Oferecida a denúncia ou queixa, será reduzida a 13.105, de 2015)
termo, entregando-se cópia ao acusado, que com ela ficará § 3º Os erros materiais podem ser corrigidos de ofício.
citado e imediatamente cientificado da designação de dia
e hora para a audiência de instrução e julgamento, da qual Seção IV
também tomarão ciência o Ministério Público, o ofendido, Da Execução
o responsável civil e seus advogados.
§ 1º Se o acusado não estiver presente, será citado na Art. 84. Aplicada exclusivamente pena de multa, seu
forma dos arts. 66 e 68 desta Lei e cientificado da data da cumprimento far-se-á mediante pagamento na Secretaria
audiência de instrução e julgamento, devendo a ela trazer do Juizado.
suas testemunhas ou apresentar requerimento para intima- Parágrafo único. Efetuado o pagamento, o Juiz declarará
ção, no mínimo cinco dias antes de sua realização. extinta a punibilidade, determinando que a condenação não
§ 2º Não estando presentes o ofendido e o responsável fique constando dos registros criminais, exceto para fins de
civil, serão intimados nos termos do art. 67 desta Lei para requisição judicial.
Art. 85. Não efetuado o pagamento de multa, será feita
comparecerem à audiência de instrução e julgamento.
a conversão em pena privativa da liberdade, ou restritiva de
§ 3º As testemunhas arroladas serão intimadas na forma
direitos, nos termos previstos em lei.
prevista no art. 67 desta Lei.
Art. 86. A execução das penas privativas de liberdade e
Art. 79. No dia e hora designados para a audiência de
restritivas de direitos, ou de multa cumulada com estas, será
instrução e julgamento, se na fase preliminar não tiver havido
processada perante o órgão competente, nos termos da lei.
possibilidade de tentativa de conciliação e de oferecimento
de proposta pelo Ministério Público, proceder-se-á nos ter-
Seção V
mos dos arts. 72, 73, 74 e 75 desta Lei.
Das Despesas Processuais
Art. 80. Nenhum ato será adiado, determinando o Juiz,
quando imprescindível, a condução coercitiva de quem deva
Art. 87. Nos casos de homologação do acordo civil e apli-
comparecer. cação de pena restritiva de direitos ou multa (arts. 74 e 76,
Art. 81. Aberta a audiência, será dada a palavra ao de-
Noções de Legislação Penal Especial

§ 4º), as despesas processuais serão reduzidas, conforme


fensor para responder à acusação, após o que o Juiz rece- dispuser lei estadual.
berá, ou não, a denúncia ou queixa; havendo recebimento,
serão ouvidas a vítima e as testemunhas de acusação e Seção VI
defesa, interrogando-se a seguir o acusado, se presente, Disposições Finais
passando-se imediatamente aos debates orais e à prolação
da sentença. Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legisla-
§ 1º Todas as provas serão produzidas na audiência de ção especial, dependerá de representação a ação penal rela-
instrução e julgamento, podendo o Juiz limitar ou excluir as tiva aos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas.
que considerar excessivas, impertinentes ou protelatórias. Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for
§ 2º De todo o ocorrido na audiência será lavrado termo, igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o
assinado pelo Juiz e pelas partes, contendo breve resumo Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a
dos fatos relevantes ocorridos em audiência e a sentença. suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que
§ 3º A sentença, dispensado o relatório, mencionará os o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido
elementos de convicção do Juiz. condenado por outro crime, presentes os demais requisitos
Art. 82. Da decisão de rejeição da denúncia ou queixa que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77
e da sentença caberá apelação, que poderá ser julgada por do Código Penal).
turma composta de três Juízes em exercício no primeiro grau § 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na
de jurisdição, reunidos na sede do Juizado. presença do Juiz, este, recebendo a denúncia, poderá sus-
§ 1º A apelação será interposta no prazo de dez dias, pender o processo, submetendo o acusado a período de
contados da ciência da sentença pelo Ministério Público, pelo prova, sob as seguintes condições:

106
I – reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo; LEI Nº 12.830, DE 20 DE JUNHO DE 2013
II – proibição de frequentar determinados lugares;
III – proibição de ausentar-se da comarca onde reside, Dispõe sobre a investigação
sem autorização do Juiz; criminal conduzida pelo delegado
IV – comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, men- de polícia.
salmente, para informar e justificar suas atividades.
§ 2º O Juiz poderá especificar outras condições a que fica A PRESIDENTA DA REPÚBLICA: Faço saber que o Congres-
subordinada a suspensão, desde que adequadas ao fato e à so Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
situação pessoal do acusado. Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a investigação criminal
§ 3º A suspensão será revogada se, no curso do prazo, conduzida pelo delegado de polícia.
o beneficiário vier a ser processado por outro crime ou não Art. 2º As funções de polícia judiciária e a apuração de
efetuar, sem motivo justificado, a reparação do dano. infrações penais exercidas pelo delegado de polícia são de
§ 4º A suspensão poderá ser revogada se o acusado vier natureza jurídica, essenciais e exclusivas de Estado.
a ser processado, no curso do prazo, por contravenção, ou § 1º Ao delegado de polícia, na qualidade de autoridade
descumprir qualquer outra condição imposta. policial, cabe a condução da investigação criminal por meio
§ 5º Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará de inquérito policial ou outro procedimento previsto em lei,
extinta a punibilidade. que tem como objetivo a apuração das circunstâncias, da
§ 6º Não correrá a prescrição durante o prazo de sus- materialidade e da autoria das infrações penais.
pensão do processo. § 2º Durante a investigação criminal, cabe ao delegado
de polícia a requisição de perícia, informações, documentos
§ 7º Se o acusado não aceitar a proposta prevista neste
e dados que interessem à apuração dos fatos.
artigo, o processo prosseguirá em seus ulteriores termos.
§ 3º (Vetado)
Art. 90. As disposições desta Lei não se aplicam aos pro-
§ 4º O inquérito policial ou outro procedimento previsto
cessos penais cuja instrução já estiver iniciada. (Vide ADIN
em lei em curso somente poderá ser avocado ou redistribuído
nº 1.719-9) por superior hierárquico, mediante despacho fundamentado,
Art. 90-A. As disposições desta Lei não se aplicam no por motivo de interesse público ou nas hipóteses de inob-
âmbito da Justiça Militar. (Incluído pela Lei nº 9.839, de 1999) servância dos procedimentos previstos em regulamento da
Art. 91. Nos casos em que esta Lei passa a exigir represen- corporação que prejudique a eficácia da investigação.
tação para a propositura da ação penal pública, o ofendido § 5º A remoção do delegado de polícia dar‑se‑á somente
ou seu representante legal será intimado para oferecê-la no por ato fundamentado.
prazo de trinta dias, sob pena de decadência. § 6º O indiciamento, privativo do delegado de polícia,
Art. 92. Aplicam-se subsidiariamente as disposições dos dar‑se‑á por ato fundamentado, mediante análise técnico‑ju-
Códigos Penal e de Processo Penal, no que não forem incom- rídica do fato, que deverá indicar a autoria, materialidade e
patíveis com esta Lei. suas circunstâncias.
Art. 3º O cargo de delegado de polícia é privativo de
CAPÍTULO IV bacharel em Direito, devendo‑lhe ser dispensado o mes-
Disposições Finais Comuns mo tratamento protocolar que recebem os magistrados,
os membros da Defensoria Pública e do Ministério Público
Art. 93. Lei Estadual disporá sobre o Sistema de Juizados e os advogados.
Especiais Cíveis e Criminais, sua organização, composição e Art. 4º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
competência.
Art. 94. Os serviços de cartório poderão ser prestados, e Brasília, 20 de junho de 2013; 192º da Independência e
as audiências realizadas fora da sede da Comarca, em bair- 125º da República.
ros ou cidades a ela pertencentes, ocupando instalações de
DILMA ROUSSEFF

Noções de Legislação Penal Especial


prédios públicos, de acordo com audiências previamente
anunciadas. José Eduardo Cardozo
Art. 95. Os Estados, Distrito Federal e Territórios criarão Miriam Belchior
e instalarão os Juizados Especiais no prazo de seis meses, a Luís Inácio Lucena Adams
contar da vigência desta Lei.
Parágrafo único. No prazo de 6 (seis) meses, contado da LEI DE TORTURA (LEI Nº 9.455/1997)
publicação desta Lei, serão criados e instalados os Juizados
Especiais Itinerantes, que deverão dirimir, prioritariamen- A Lei nº 9.455, publicada em 7 de abril de 1997, define
te, os conflitos existentes nas áreas rurais ou nos locais de os crimes de tortura e dá outras providências. A lei entrou
menor concentração populacional. (Redação dada pela Lei em vigor na data da sua publicação (art. 3º) e revogou o
nº 12.726, de 2012) art. 233 da Lei nº 8.069/1990 do Estatuto da Criança e do
Art. 96. Esta Lei entra em vigor no prazo de sessenta dias Adolescente.
após a sua publicação. A Constituição Federal tem como cláusula pétrea a
Art. 97. Ficam revogadas a Lei nº 4.611, de 2 de abril de garantia de que ninguém será submetido a tortura nem a
tratamento desumano ou degradante. Isto está previsto
1965 e a Lei nº 7.244, de 7 de novembro de 1984.
no art. 5º, III, CF. Além disso, o crime de tortura é crime
contra o Direito Internacional e interno, tendo em vista a
Brasília, 26 de setembro de 1995; 174º da Independência
Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas
e 107º da República.
Cruéis, Desumanos ou Degradantes e a Lei nº 9.455/1997,
que define e pune crime de tortura, por ele respondendo
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-lo, se
Nelson A. Jobim omitirem (art. 5º, XLIII).

107
Das Condutas Consideradas Crimes Tortura em que resulta lesão corporal ou morte
(tortura qualificada)
Tortura
Se da tortura resulta lesão corporal de natureza grave
Esta lei prevê que constitui crime de tortura constran- ou gravíssima, a pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez)
ger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, anos. No caso de resultar morte, a reclusão é de 8 (oito) a
causando-lhe sofrimento físico ou mental com o fim de obter 16 (dezesseis) anos (art. 1º, § 3º).
informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira Atente-se que as lesões leves suportadas pela vítima
pessoa; para provocar ação ou omissão de natureza crimi- serão absorvidas pelo crime de tortura.
nosa; em razão de discriminação racial ou religiosa (art. 1º,
inciso I, a, b, c). Observa-se que constranger alguém com Causas de aumento da pena
emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofri-
Aumenta-se a pena de 1/6 (um sexto) até 1/3 (um ter-
mento físico ou mental, em razão de discriminação sexual
ço) se o crime é cometido por agente público; se o crime é
não constitui crime de tortura. Isto porque a discriminação
cometido contra criança, gestante, portador de deficiência,
sexual como tortura não está prevista na Lei nº 9.455/1997.
adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos; se o crime é
Também é crime de tortura submeter alguém, sob sua
cometido mediante sequestro (art. 1º, § 4º, incisos I, II e III).
guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou
grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como Efeitos da condenação
forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter pre-
ventivo, com previsão de pena de reclusão, de 2 (dois) a 8 A condenação acarretará a perda do cargo, função ou
(oito) anos (art. 1º, II). emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro
Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa do prazo da pena aplicada (art. 1º, § 5º). Ressalta-se que
ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou esses efeitos da condenação são automáticos (Jurisprudên-
mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei cia noticiada no Informativo nº 419 do STJ – HC nº 47.846/
ou não resultante de medida legal (art. 1º, § 1º). Anote-se MG, Rel. Ministro Og Fernandes, Sexta Turma, julgado em
que no crime de tortura em que a pessoa presa ou sujeita 11/12/2009, DJe 22/2/2010). Assim, prescindem de moti-
a medida de segurança é submetida a sofrimento físico ou vação (Jurisprudência do STJ – AgRg no Ag 1388953/SP, Rel.
mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei Ministra Maria Thereza de Assis Moura, Sexta Turma, julgado
ou não resultante de medida legal, não é exigido, para seu em 20/6/2013, DJe 28/6/2013)
aperfeiçoamento, especial fim de agir por part. do agente, Tem-se, ainda, que para fins da Lei nº 9.455/1997, a
bastando, portanto, para a configuração do crime, o dolo de perda do cargo público, função ou emprego público é efeito
praticar a conduta descrita no tipo objetivo. extrapenal da sentença condenatória; e em se tratando de
Ademais, a denominada tortura para a prática de crime condenação de oficial da Polícia Militar pela prática do crime
ocorre quando o agente usa de violência ou grave ameaça de tortura, a competência para decretar a perda do oficialato,
para obrigar a vítima a realizar ação ou omissão de natureza como efeito da condenação, é da Justiça Comum.
criminosa. Assim, essa forma de tortura não abrange a pro-
vocação de ação contravencional. Das vedações e regime de cumprimento da pena
Em regra, o crime de tortura é considerado crime comum,
uma vez que não se exige qualidade ou condição especial O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça
do agente que o pratica, ou seja, qualquer pessoa pode ser ou anistia (art. 1º, § 6º). Além disso, o condenado por crime
considerada sujeito ativo desse crime. Assim, o art. 1.º da de tortura, salvo no caso de tortura por omissão prevista no
Lei nº 9.455/1997, ao tipificar o crime de tortura como crime art. 1º, § 2º, desta lei, iniciará o cumprimento da pena em
comum, não ofendeu o que já determinava o art. 1º da Con- regime fechado (art. 1º, § 7º). Entretanto, isto foi declarado
venção da ONU Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou inconstitucional pelo STF no julgamento do HC nº 111.840
Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, de 1984, em face (Julgamento do STF – HC nº 111840, Relator(a): Min. Dias
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da própria ressalva contida no texto ratificado pelo Brasil (Ju- Toffoli, Tribunal Pleno, julgado em 27/6/2012, Processo
risprudência do STJ – REsp 1299787/PR, Rel. Ministra Laurita Eletrônico DJe-249, divulg. 16/12/2013, public. 17/12/2013)
Vaz, Quinta Turma, julgado em 10/12/2013, DJe 3/2/2014).
Da progressão do regime prisional e do livramento
Tortura por omissão condicional

Registra-se que, aquele que se omite em face dessas Registre-se que não há óbice à progressão de regime pri-
condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, sional ao condenado por crime de tortura. Sobre o assunto,
incorre na pena de detenção de (1) um a 4 (quatro) anos tem-se a Súmula nº 471 do Superior Tribunal de Justiça que
(art. 1º, § 2º). A figura típica prevista no § 2º do art. 1º da prevê que os condenados por crimes hediondos ou asseme-
Lei de Tortura constitui-se em crime próprio, porquanto lhados cometidos antes da vigência da Lei nº 11.464/2007
exige condição especial do sujeito. Ou seja, é um delito que sujeitam-se ao disposto no art. 112 da Lei nº 7.210/1984 (Lei
somente pode ser praticado por pessoa que, ao presenciar de Execução Penal) para a progressão de regime prisional.
tortura, omite-se, a despeito do “dever de evitá-las ou Ou seja, se sujeitarão ao cumprimento de 1/6 (um sexto)
apurá-las” (Jurisprudência do STJ – HC nº 131.828/RJ, Rel. da pena.
Ministra Laurita Vaz, Quinta Turma, julgado em 19/11/2013, O condenado pela prática de crime de tortura, por
DJe 2/12/2013) expressa previsão legal, não poderá ser beneficiado por
Assim, conclui-se que a tortura, conduta expressamente livramento condicional, se for reincidente específico em
proibida pela Constituição Federal e lei específica, pode ser crimes dessa natureza. Isto está previsto no Código Penal,
praticada por meio de uma conduta comissiva (positiva, art. 83, V, que versa que o juiz poderá conceder livramento
por via de uma ação) ou omissiva (negativa, por via de uma condicional ao condenado a pena privativa de liberdade igual
abstenção). ou superior a 2 (dois) anos, desde que cumprido mais de 2/3

108
(dois terços) da pena, nos casos de condenação por crime INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA
hediondo, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes (LEI Nº 9.296/1996)
e drogas afins, e terrorismo, se o apenado não for reincidente
específico em crimes dessa natureza. A Lei nº 9.296, de 24 de julho de 1996, regulamenta o
Do crime de tortura equiparado aos crimes hediondos inciso XII, parte final, do art. 5º da Constituição Federal que
versa que o sigilo das comunicações telefônicas pode ser
Importante ressaltar que o crime de tortura não é cri- violado por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a
me hediondo. Na verdade, é crime equiparado aos crimes lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução
hediondos. Isto significa que deve receber o mesmo tra- processual penal. Anote-se que esta lei entrou em vigor na
tamento que os crimes hediondos, mas com eles não se data de sua publicação (art. 11).
confunde.
Disposições Gerais
Da extraterritorialidade da aplicação da lei de tortura
Esta lei aduz que a interceptação de comunicações tele-
Pela lei que define os crimes de tortura, o legislador in- fônicas, de qualquer natureza, para prova em investigação
cluiu, no ordenamento jurídico brasileiro, mais uma hipótese criminal e em instrução processual penal, observará o dis-
de extraterritorialidade da lei penal brasileira, qual seja, a posto nesta Lei e dependerá de ordem do juiz competente da
de o delito não ter sido praticado no território e a vítima ser ação principal, sob segredo de justiça (art. 1º). Também será
brasileira, ou encontrar-se o agente em local sob a jurisdição aplicada à interceptação do fluxo de comunicações em sis-
nacional (art. 2º). temas de informática e telemática (art. 1º, parágrafo único).
Em regra, a competência de julgamento é da Justiça Com isso, tem-se que as comunicações telefônicas são
Comum Estadual. O STJ já se posicionou no sentido de que protegidas e, para que ocorra a sua violação, depende ne-
o fato de o crime de tortura, praticado contra brasileiros, ter cessariamente de ordem judicial. Assunto recorrente nas
ocorrido no exterior não torna, por si só, a Justiça Federal provas em que este assunto é cobrado é com relação às
competente para processar e julgar os agentes estrangeiros. Comissões Parlamentares de Inquérito. As CPIs detêm poder
(Jurisprudência noticiada no Informativo nº 549 do STJ – CC de determinar a quebra do sigilo telefônico, que consiste nos
107.397/DF, Rel. Ministro Nefi Cordeiro, Terceira Seção, dados (para quem ligou, de quem recebeu ligação, quanto
julgado em 24/9/2014, DJe 1/10/2014). tempo a ligação durou), mas não detêm poder de determinar
a interceptação telefônica que é o conhecimento do teor
Da competência para processo e julgamento da conversa, uma vez que esta depende de ordem judicial.
Importante perceber que a autorização judicial tem que
O crime de tortura, tipificado na Lei nº 9.455/1997, não
ser prévia. Assim, não é válida a interceptação telefônica
se qualifica como delito de natureza castrense, achando-se
realizada sem prévia autorização judicial, ainda que haja
incluído, por isso mesmo, na esfera de competência penal
posterior consentimento de um dos interlocutores para ser
da Justiça comum (federal ou local, conforme o caso), ainda tratada como escuta telefônica e utilizada como prova em
que praticado por membro das Forças Armadas ou por inte- processo penal. (Jurisprudência noticiada no Informativo nº
grante da Polícia Militar (Jurisprudência do STF – AI 769637 510/STJ – HC nº 161.053/SP, Rel. Ministro Jorge Mussi, Quinta
AgR-ED-ED, Relator(a): Min. Celso de Mello, Segunda Turma, Turma, julgado em 27/11/2012, DJe 3/12/2012).
julgado em 25/6/2013, Acórdão Eletrônico DJe-205, divulg. Destacamos que a conversa telefônica gravada por um
15/10/2013, public. 16/10/2013). Isto porque não há crime dos interlocutores não é considerada interceptação telefô-
de tortura previsto no Código Penal Militar, razão pela qual nica. É neste sentido que a jurisprudência do STF afirma que
a conduta típica de tortura por policial militar enseja a apli- é lícita a prova consistente no teor de gravação de conversa
cação da Lei nº 9.455/1997. telefônica realizada por um dos interlocutores, sem conhe-
Ademais, para que um cidadão seja processado e julgado cimento do outro, se não há causa legal específica de sigilo

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por crime de tortura, é prescindível que esse crime deixe nem de reserva da conversação, sobretudo quando se pre-
vestígios de ordem física. destine a fazer prova, em juízo ou inquérito, a favor de quem
a gravou. (Jurisprudência do STF – RE nº 402717, Relator(a):
Da ação penal pública incondicionada
Min. Cezar Peluso, Segunda Turma, julgado em 2/12/2008,
A ação penal para o crime de tortura é de ação penal DJe-030, divulg 12/2/2009, public 13/2/2009, EMENT VOL-
pública incondicionada. Logo, o defensor público, ao tomar 02348-04, PP-00650, RTJ VOL-00208-02, PP-00839 RT v. 98,
conhecimento de que o réu, preso pelo processo, sofreu nº 884, 2009, p. 507-515). Assim, a interceptação telefônica
tortura nos termos da Lei nº 9.455/1997, por agente público, ou interceptação em sentido estrito consiste na captação
deverá representar ao órgão do Ministério Público que tiver da comunicação telefônica por um terceiro, sem o conheci-
competência para iniciar processo crime contra a autoridade mento de nenhum dos comunicadores; enquanto a escuta
culpada. Isto porque o MP é que detém a legitimidade de telefônica reveste-se na captação da comunicação telefônica
promover privativamente a ação penal pública. por terceiro, com o conhecimento de um dos comunicadores
e desconhecimento do outro.
Concurso material de crimes
Da Inadmissibilidade da Interceptação Telefônica
Há concurso de crimes de abuso de autoridade e de
tortura se, em um mesmo contexto, mas com desígnios Ressalta-se que não será admitida a interceptação de
autônomos, dois agentes torturam preso para que ele comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer das se-
confesse a autoria de delito e, em seguida, o exibem, sem guintes hipóteses: não houver indícios razoáveis da autoria
autorização, para as redes de televisão como suposto autor ou participação em infração penal; a prova puder ser feita
confesso do crime. por outros meios disponíveis; e o fato investigado constituir

109
infração penal punida, no máximo, com pena de detenção Da Decisão que Defere o Pedido de Interceptação
(art. 2º, incisos I, II e III). Telefônica e o Prazo
Entretanto, chamamos a atenção para um detalhe. Uma
vez realizada a interceptação telefônica de forma fundamen- A decisão do juiz será fundamentada, sob pena de nuli-
tada, legal e legítima, as informações e provas coletadas dade, indicando também a forma de execução da diligência,
dessa diligência podem subsidiar denúncia com base em que não poderá exceder o prazo de quinze dias, renovável por
crimes puníveis com pena de detenção, desde que estes igual tempo uma vez comprovada a indispensabilidade do
sejam conexos aos primeiros tipos penais que justificaram a meio de prova (art. 5º). Essa decisão fundamentada pode ser
interceptação. O Supremo Tribunal Federal, como intérprete até mesmo a per relationem. Desta forma, a jurisprudência
maior da Constituição da República, considerou compatível do Supremo Tribunal Federal firmou‑se no sentido de que a
com o art. 5º, XII e LVI, o uso de prova obtida fortuitamente técnica da fundamentação per relationem, na qual o magis-
através de interceptação telefônica licitamente conduzida, trado se utiliza de trechos de decisão anterior ou de parecer
ainda que o crime descoberto, conexo ao que foi objeto da ministerial como razão de decidir, não configura ofensa ao
interceptação, seja punido com detenção. (Jurisprudência disposto no art. 93, IX, da CF. (Jurisprudência do STF – RHC
do STF – AI 626214 AgR, Relator(a): Min. Joaquim Barbosa, 116166, Relator(a): Min. Gilmar Mendes, Segunda Turma,
Segunda Turma, julgado em 21/9/2010, DJe-190, divulg. julgado em 27/5/2014, Processo Eletrônico DJe-124, divulg
7/10/2010, public. 8/10/2010, EMENT VOL-02418-09, PP- 25/6/2014, public 27/6/2014).
01825, RTJ VOL-00217- PP-00579 RT v. 100, nº 903, 2011,
p. 492-494). Do Pedido de Prorrogação da Interceptação
Telefônica
Dos Requisitos para a Interceptação Telefônica
O juiz da causa pode avaliar a necessidade de renovação
Para que seja admitida a interceptação de comunicações das autorizações de interceptação telefônica, levando em
telefônicas, em qualquer hipótese deve ser descrita com conta a natureza dos fatos e dos crimes e as circunstâncias
clareza a situação objeto da investigação, inclusive com a in- que envolvem o caso. Nesse sentido, os tribunais superiores
dicação e qualificação dos investigados, salvo impossibilidade vêm admitindo sucessivas prorrogações enquanto perdurar
manifesta, devidamente justificada (art. 2º, parágrafo único). a necessidade da investigação, sem configurar ofensa à Lei
A interceptação poderá ser determinada pelo juiz, nº 9.296/1996 e à CF. Assim é o entendimento do STF que
de ofício ou a requerimento da autoridade policial, na afirma que é lícita a prorrogação do prazo legal de autori-
investigação criminal; ou do representante do Ministério zação para interceptação telefônica, ainda que de modo
Público, na investigação criminal e na instrução processual sucessivo, quando o fato seja complexo e, como tal, exija
penal (art. 3º, incisos I e II). Sobre o requerimento, tem‑se investigação diferenciada e contínua. (Jurisprudência do
que a anterior instauração de inquérito policial não é impres- STF – Inq. nº 2424, Relator(a): Min. Cezar Peluso, Tribunal
cindível para que seja permitida a interceptação telefônica, Pleno, julgado em 26/11/2008, DJe-055, divulg 25/3/2010,
bastando que existam indícios razoáveis da autoria ou par- public 26/3/2010, EMENT VOL-02395-02 PP-00341).
ticipação do acusado em infração penal. (Jurisprudência do
STJ – HC nº 171.453/SP, Rel. Ministro Jorge Mussi, Quinta Da Gravação da Interceptação Telefônica e sua
Turma, julgado em 7/2/2013, DJe 19/2/2013). Transcrição
O pedido de interceptação de comunicação telefônica
conterá a demonstração de que a sua realização é necessária Se for deferido o pedido, a autoridade policial conduzirá
à apuração de infração penal, com indicação dos meios a os procedimentos de interceptação, dando ciência ao Mi-
serem empregados (art. 4º). Entretanto, excepcionalmente, nistério Público, que poderá acompanhar a sua realização
o juiz poderá admitir que o pedido seja formulado verbal- (art. 6º). Caso seja possível a gravação da comunicação
Noções de Legislação Penal Especial

mente, desde que estejam presentes os pressupostos que interceptada, será determinada a sua transcrição (art. 6º,
autorizem a interceptação, caso em que a concessão será § 1º). Após ser cumprida a diligência, a autoridade policial
condicionada à sua redução a termo (art. 4º, § 1º). No prazo encaminhará o resultado da interceptação ao juiz, acompa-
máximo de 24 (vinte e quatro) horas, o juiz decidirá sobre o nhado de auto circunstanciado, que deverá conter o resumo
pedido (art. 4º, § 2º). das operações realizadas (art. 6º, § 2º). Recebidos esses
Será ilegal a autorização judicial para quebra do sigilo elementos, o juiz determinará que sejam apensados aos
das comunicações telefônicas e telemáticas para o efeito de autos principais (art. 6º, § 3º).
investigação de crime de sonegação de tributo, se deferida Anote‑se que não há necessidade de degravação dos diá-
antes do lançamento definitivo do tributo. Isto porque o STJ logos por peritos oficiais, visto a inexistência de previsão legal
entende que a existência do crédito tributário é condição nesse sentido, sendo cabível, portanto, o relatório da trans-
absolutamente indispensável para que se possa dar início crição do áudio obtido ser subscrito por um policial federal.
à persecução penal pela prática de delito dessa natureza. (Jurisprudência do STJ – HC nº 258.763/SP, Rel. Ministra Maria
O lançamento definitivo do tributo é condição objetiva Thereza de Assis Moura, Sexta Turma, julgado em 7/8/2014,
de punibilidade dos crimes definidos no artigo 1º da Lei DJe 21/8/2014). Aliás, a autenticação da voz do interceptado
nº 8.137/1990. A autorização judicial para quebra do sigilo não figura como indispensável, diante do teor da norma con-
das comunicações telefônicas e telemáticas, para o efeito cernente, mostrando‑se, contudo, possível o requerimento
de investigação de crime de sonegação de tributo, é ilegal da defesa ao magistrado de origem a fim de que se proceda
se deferida antes de configurada a condição objetiva de pu- à perícia, caso o julgador a entenda por devida, diante da sua
nibilidade de delito. (Jurisprudência do STJ – HC nº 57.624/ discricionariedade, providência refutada, sob o fundamento
RJ, Rel. Ministro Paulo Medina, Sexta Turma, julgado em de que o próprio réu reconheceu em vários momentos a sua
12/9/2006, DJ 12/3/2007, p. 332). voz nos diálogos contidos nas mídias. (Jurisprudência do

110
STJ – HC nº 258.763/SP, Rel. Ministra Maria Thereza de Assis gação criminal ou em instrução processual penal, podem ser
Moura, Sexta Turma, julgado em 7/8/2014, DJe 21/8/2014). usados em procedimento administrativo disciplinar, contra
Ainda sobre este assundo, o STF já assentou não ser neces- a mesma ou as mesmas pessoas em relação às quais foram
sária a juntada do conteúdo integral das degravações de colhidos, ou contra outros servidores cujos supostos ilícitos
interceptações telefônicas realizadas, bastando que sejam teriam despontado à colheita dessa prova.
degravados os trechos que serviram de base ao oferecimento Aliás, o STJ já decidiu que as comunicações telefônicas do
da denúncia. (Jurisprudência do STF – RHC nº 117265, investigado legalmente interceptadas podem ser utilizadas
Relator(a): Min. Ricardo Lewandowski, Segunda Turma, para formação de prova em desfavor do outro interlocutor,
julgado em 29/10/2013, Processo Eletrônico DJe-099, divulg ainda que este seja advogado do investigado. (Jurisprudência
23/5/2014, public 26/5/2014). O STJ já se posicionou que o noticiada no Informativo nº 541 do STJ – RMS 33.677/SP, Rel.
Ministério Público pode realizar diretamente atos de investi- Ministra Laurita Vaz, Quinta Turma, julgado em 27/5/2014,
gação, bem como seus servidores podem proceder às escutas DJe 3/6/2014).
telefônicas e à posterior transcrição das conversas, já que Ademais, devem ser desentranhadas dos autos, por
isso se trata apenas de mera divisão de tarefas que ocorre serem nulas, as provas decorrentes da quebra de sigilo telefô-
dentro do próprio órgão, sem força de macular as provas. nico determinada por juízo incompetente. Neste sentido é a
(Jurisprudência noticiada no Informativo nº 506 do STJ – HC jurisprudência do STJ (Jurisprudência do STJ – HC nº 43.741/
nº 244.554/SP, Rel. Ministro Marco Aurélio Bellizze, Quinta PR, Rel. Ministro Felix Fischer, Quinta Turma, julgado em
Turma, julgado em 9/10/2012, DJe 17/10/2012). 23/8/2005, DJ 10/10/2005, p. 405). Entretanto, chamamos
Para os procedimentos de interceptação que estamos atenção para a Teoria do Juízo Aparente. É o caso em que
tratando aqui, a autoridade policial poderá requisitar servi- a determinação é decretada por juízo de primeiro grau, po-
ços e técnicos especializados às concessionárias de serviço rém, posteriormente descobre‑se que o Tribunal é que era
público (art. 7º). competente. A prova não será ilícita, caso fique demonstrado
que no momento da ordem judicial, aparentemente, o juiz
Dos Autos Apartados de primeiro grau tinha competência para atuar. (Jurispru-
dência noticiada no Informativo 701 STF – HC nº 110496,
Ressalta-se que a interceptação de comunicação telefô- Relator(a): Min. Gilmar Mendes, Segunda Turma, julgado
nica, de qualquer natureza, ocorrerá em autos apartados, em 9/4/2013, Processo Eletrônico DJe-238, divulg 3/2/2013,
apensados aos autos do inquérito policial ou do processo public 4/12/2013).
criminal, preservando-se o sigilo das diligências, gravações
e transcrições respectivas (art. 8º). Essa apensação somente Da Inutilização das Gravações
poderá ser realizada imediatamente antes do relatório da
autoridade, quando se tratar de inquérito policial (Código Sobre a gravação que não interessar à prova, ela será inu-
de Processo Penal, art. 10, § 1°) ou na conclusão do pro- tilizada por decisão judicial, durante o inquérito, a instrução
cesso ao juiz para o despacho decorrente do disposto nos processual ou após esta, em virtude de requerimento do Mi-
arts. 407, 502 ou 538 do Código de Processo Penal (art. 8º, nistério Público ou da parte interessada (art. 9º). O incidente
parágrafo único). de inutilização será assistido pelo Ministério Público, sendo
Após serem apensados aos autos principais, os advoga- facultada a presença do acusado ou de seu representante
dos das partes podem ter acesso ao conteúdo. Este direito legal (art. 9º, parágrafo único).
é assegurado pela Súmula Vinculante nº 14, que versa que é
direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso Do Crime
amplo aos elementos de prova que, já documentados em
procedimento investigatório realizado por órgão com com- Esta lei prevê como crime a conduta de realizar inter-
petência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício ceptação de comunicações telefônicas, de informática ou

Noções de Legislação Penal Especial


do direito de defesa. Porém, conforme o entendimento do telemática, ou quebrar segredo da Justiça, sem autorização
STF, o indeferimento de acesso aos autos de procedimento judicial ou com objetivos não autorizados em lei, com pre-
resultante de interceptação telefônica daqueles que não visão de pena de reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos,
figuram como investigados não afronta o enunciado da e multa (art. 10).
Súmula Vinculante nº 14, a qual determina o acesso aos
processos sigilosos apenas dos investigados. (Jurisprudência LEI Nº 13.964, DE 24 DE DEZEMBRO DE 2019
do STF – Rcl nº 13852 AgR, Relator(a): Min. Dias Toffoli, Pri-
meira Turma, julgado em 16/12/2014, Processo Eletrônico Aperfeiçoa a legislação penal
DJe-030, divulg 12/2/2015, public 13/2/2015). e processual penal.

Da Utilização das Gravações como Prova O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso
Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Destacamos que é firme a jurisprudência que afirma que Art. 1º Esta Lei aperfeiçoa a legislação penal e processual
a prova produzida em ação penal pode ser usada como prova penal.
emprestada em processo disciplinar, inclusive interceptações Art. 2º O Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940
telefônicas válidas. (Jurisprudência do STJ – MS nº 19.823/ (Código Penal), passa a vigorar com as seguintes alterações:
DF, Rel. Ministra Eliana Calmon, Primeira Seção, julgado em
14/8/2013, DJe 23/8/2013). Dados obtidos em intercepta- “Art. 25. ..................................................................
ção de comunicações telefônicas e em escutas ambientais, Parágrafo único. Observados os requisitos previs-
judicialmente autorizadas para produção de prova em investi- tos no caput deste artigo, considera-se também

111
em legítima defesa o agente de segurança pública “Art. 116. ................................................................
que repele agressão ou risco de agressão a vítima ................................................................................
mantida refém durante a prática de crimes.” II – enquanto o agente cumpre pena no exterior;
III – na pendência de embargos de declaração ou
“Art. 51. Transitada em julgado a sentença conde- de recursos aos Tribunais Superiores, quando inad-
natória, a multa será executada perante o juiz da missíveis; e
execução penal e será considerada dívida de valor, IV – enquanto não cumprido ou não rescindido o
aplicáveis as normas relativas à dívida ativa da Fa- acordo de não persecução penal.
zenda Pública, inclusive no que concerne às causas .............................................................................. ”
interruptivas e suspensivas da prescrição. “Art. 121. ................................................................
................................................................................ ................................................................................
“Art. 75. O tempo de cumprimento das penas pri- § 2º. ........................................................................
vativas de liberdade não pode ser superior a 40 ................................................................................
(quarenta) anos. VIII – (Vetado):
§ 1º Quando o agente for condenado a penas pri- .............................................................................. ”
vativas de liberdade cuja soma seja superior a 40
(quarenta) anos, devem elas ser unificadas para “Art. 141. ................................................................
atender ao limite máximo deste artigo. § 1º .........................................................................
................................................................................ § 2º (Vetado).”

“Art. 83. .................................................................. “Art. 157. ................................................................


................................................................................ ................................................................................
III – comprovado: § 2º. ........................................................................
a) bom comportamento durante a execução da ................................................................................
pena; VII – se a violência ou grave ameaça é exercida com
b) não cometimento de falta grave nos últimos 12 emprego de arma branca;
(doze) meses; ................................................................................
c) bom desempenho no trabalho que lhe foi atri- § 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida
buído; e com emprego de arma de fogo de uso restrito ou
proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no
d) aptidão para prover a própria subsistência me-
caput deste artigo.
diante trabalho honesto;
.............................................................................. ”
................................................................................
“Art. 171. ................................................................
“Art. 91-A. Na hipótese de condenação por infra-
................................................................................
ções às quais a lei comine pena máxima superior
§ 5º Somente se procede mediante representação,
a 6 (seis) anos de reclusão, poderá ser decretada
salvo se a vítima for:
a perda, como produto ou proveito do crime, dos I – a Administração Pública, direta ou indireta;
bens correspondentes à diferença entre o valor do II – criança ou adolescente;
patrimônio do condenado e aquele que seja com- III – pessoa com deficiência mental; ou
patível com o seu rendimento lícito. IV – maior de 70 (setenta) anos de idade ou inca-
§ 1º Para efeito da perda prevista no caput deste paz.”
artigo, entende-se por patrimônio do condenado
todos os bens: “Art. 316. ................................................................
I – de sua titularidade, ou em relação aos quais ele Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.”
tenha o domínio e o benefício direto ou indireto,
na data da infração penal ou recebidos posterior-
Noções de Legislação Penal Especial

Art. 3º O Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941


mente; e (Código de Processo Penal), passa a vigorar com as seguintes
II – transferidos a terceiros a título gratuito ou me- alterações:
diante contraprestação irrisória, a partir do início
da atividade criminal. “Juiz das Garantias
§ 2º O condenado poderá demonstrar a inexistên- ‘Art. 3º-A. O processo penal terá estrutura acusa-
cia da incompatibilidade ou a procedência lícita do tória, vedadas a iniciativa do juiz na fase de inves-
patrimônio. tigação e a substituição da atuação probatória do
§ 3º A perda prevista neste artigo deverá ser re- órgão de acusação.’
querida expressamente pelo Ministério Público, por ‘Art. 3º-B. O juiz das garantias é responsável pelo
ocasião do oferecimento da denúncia, com indica- controle da legalidade da investigação criminal e
ção da diferença apurada. pela salvaguarda dos direitos individuais cuja fran-
§ 4º Na sentença condenatória, o juiz deve declarar quia tenha sido reservada à autorização prévia do
o valor da diferença apurada e especificar os bens Poder Judiciário, competindo-lhe especialmente:
cuja perda for decretada. I – receber a comunicação imediata da prisão, nos
§ 5º Os instrumentos utilizados para a prática de termos do inciso LXII do caput do art. 5º da Cons-
crimes por organizações criminosas e milícias de- tituição Federal;
verão ser declarados perdidos em favor da União II – receber o auto da prisão em flagrante para o
ou do Estado, dependendo da Justiça onde tramita controle da legalidade da prisão, observado o dis-
a ação penal, ainda que não ponham em perigo a posto no art. 310 deste Código;
segurança das pessoas, a moral ou a ordem pública, III – zelar pela observância dos direitos do preso,
nem ofereçam sério risco de ser utilizados para o podendo determinar que este seja conduzido à sua
cometimento de novos crimes.” presença, a qualquer tempo;

112
IV – ser informado sobre a instauração de qualquer § 2º As decisões proferidas pelo juiz das garantias
investigação criminal; não vinculam o juiz da instrução e julgamento, que,
V – decidir sobre o requerimento de prisão provisó- após o recebimento da denúncia ou queixa, deverá
ria ou outra medida cautelar, observado o disposto reexaminar a necessidade das medidas cautelares
no § 1º deste artigo; em curso, no prazo máximo de 10 (dez) dias.
VI – prorrogar a prisão provisória ou outra medi- § 3º Os autos que compõem as matérias de com-
da cautelar, bem como substituí-las ou revogá-las, petência do juiz das garantias ficarão acautelados
assegurado, no primeiro caso, o exercício do con- na secretaria desse juízo, à disposição do Ministé-
traditório em audiência pública e oral, na forma do rio Público e da defesa, e não serão apensados aos
disposto neste Código ou em legislação especial autos do processo enviados ao juiz da instrução e
pertinente; julgamento, ressalvados os documentos relativos às
VII – decidir sobre o requerimento de produção provas irrepetíveis, medidas de obtenção de provas
antecipada de provas consideradas urgentes e não ou de antecipação de provas, que deverão ser re-
repetíveis, assegurados o contraditório e a ampla metidos para apensamento em apartado.
defesa em audiência pública e oral; § 4º Fica assegurado às partes o amplo acesso aos au-
VIII – prorrogar o prazo de duração do inquérito, tos acautelados na secretaria do juízo das garantias.’
estando o investigado preso, em vista das razões ‘Art. 3º-D. O juiz que, na fase de investigação, prati-
apresentadas pela autoridade policial e observado car qualquer ato incluído nas competências dos arts.
o disposto no § 2º deste artigo; 4º e 5º deste Código ficará impedido de funcionar
IX – determinar o trancamento do inquérito policial no processo.
quando não houver fundamento razoável para sua Parágrafo único. Nas comarcas em que funcionar
instauração ou prosseguimento; apenas um juiz, os tribunais criarão um sistema de
X – requisitar documentos, laudos e informações rodízio de magistrados, a fim de atender às dispo-
ao delegado de polícia sobre o andamento da in- sições deste Capítulo.’
vestigação; ‘Art. 3º-E. O juiz das garantias será designado con-
XI – decidir sobre os requerimentos de: forme as normas de organização judiciária da União,
a) interceptação telefônica, do fluxo de comunica- dos Estados e do Distrito Federal, observando crité-
ções em sistemas de informática e telemática ou rios objetivos a serem periodicamente divulgados
de outras formas de comunicação;
pelo respectivo tribunal.’
b) afastamento dos sigilos fiscal, bancário, de dados
‘Art. 3º-F. O juiz das garantias deverá assegurar o
e telefônico;
cumprimento das regras para o tratamento dos
c) busca e apreensão domiciliar;
presos, impedindo o acordo ou ajuste de qualquer
d) acesso a informações sigilosas;
e) outros meios de obtenção da prova que restrin- autoridade com órgãos da imprensa para explorar
jam direitos fundamentais do investigado; a imagem da pessoa submetida à prisão, sob pena
XII – julgar o habeas corpus impetrado antes do de responsabilidade civil, administrativa e penal.
oferecimento da denúncia; Parágrafo único. Por meio de regulamento, as auto-
XIII – determinar a instauração de incidente de in- ridades deverão disciplinar, em 180 (cento e oiten-
sanidade mental; ta) dias, o modo pelo qual as informações sobre a
XIV – decidir sobre o recebimento da denúncia ou realização da prisão e a identidade do preso serão,
queixa, nos termos do art. 399 deste Código; de modo padronizado e respeitada a programação
XV – assegurar prontamente, quando se fizer neces- normativa aludida no caput deste artigo, transmi-
sário, o direito outorgado ao investigado e ao seu tidas à imprensa, assegurados a efetividade da per-
defensor de acesso a todos os elementos informati- secução penal, o direito à informação e a dignidade
vos e provas produzidos no âmbito da investigação da pessoa submetida à prisão.’”
criminal, salvo no que concerne, estritamente, às
diligências em andamento; “Art. 14-A. Nos casos em que servidores vincula-

Noções de Legislação Penal Especial


XVI – deferir pedido de admissão de assistente téc- dos às instituições dispostas no art. 144 da Cons-
nico para acompanhar a produção da perícia; tituição Federal figurarem como investigados em
XVII – decidir sobre a homologação de acordo de inquéritos policiais, inquéritos policiais militares e
não persecução penal ou os de colaboração pre- demais procedimentos extrajudiciais, cujo objeto
miada, quando formalizados durante a investigação; for a investigação de fatos relacionados ao uso da
XVIII – outras matérias inerentes às atribuições de- força letal praticados no exercício profissional, de
finidas no caput deste artigo. forma consumada ou tentada, incluindo as situa-
§ 1º (Vetado). ções dispostas no art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de
§ 2º Se o investigado estiver preso, o juiz das garan- 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), o indiciado
tias poderá, mediante representação da autorida- poderá constituir defensor.
de policial e ouvido o Ministério Público, prorrogar, § 1º Para os casos previstos no caput deste artigo,
uma única vez, a duração do inquérito por até 15 o investigado deverá ser citado da instauração do
(quinze) dias, após o que, se ainda assim a investiga- procedimento investigatório, podendo constituir
ção não for concluída, a prisão será imediatamente defensor no prazo de até 48 (quarenta e oito) horas
relaxada.’ a contar do recebimento da citação.
‘Art. 3º-C. A competência do juiz das garantias § 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º deste arti-
abrange todas as infrações penais, exceto as de go com ausência de nomeação de defensor pelo
menor potencial ofensivo, e cessa com o recebi- investigado, a autoridade responsável pela inves-
mento da denúncia ou queixa na forma do art. 399 tigação deverá intimar a instituição a que estava
deste Código. vinculado o investigado à época da ocorrência dos
§ 1º Recebida a denúncia ou queixa, as questões fatos, para que essa, no prazo de 48 (quarenta e
pendentes serão decididas pelo juiz da instrução oito) horas, indique defensor para a representação
e julgamento. do investigado.

113
§ 3º (Vetado). III – ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos
§ 4º (Vetado). anteriores ao cometimento da infração, em acordo
§ 5º (Vetado). de não persecução penal, transação penal ou sus-
§ 6º As disposições constantes deste artigo se apli- pensão condicional do processo; e
cam aos servidores militares vinculados às institui- IV – nos crimes praticados no âmbito de violência
ções dispostas no art. 142 da Constituição Federal, doméstica ou familiar, ou praticados contra a mu-
desde que os fatos investigados digam respeito a lher por razões da condição de sexo feminino, em
missões para a Garantia da Lei e da Ordem.” favor do agressor.
“Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito § 3º O acordo de não persecução penal será formali-
policial ou de quaisquer elementos informativos zado por escrito e será firmado pelo membro do Mi-
da mesma natureza, o órgão do Ministério Público nistério Público, pelo investigado e por seu defensor.
comunicará à vítima, ao investigado e à autoridade § 4º Para a homologação do acordo de não perse-
policial e encaminhará os autos para a instância de cução penal, será realizada audiência na qual o juiz
revisão ministerial para fins de homologação, na deverá verificar a sua voluntariedade, por meio da
forma da lei. oitiva do investigado na presença do seu defensor,
§ 1º Se a vítima, ou seu representante legal, não e sua legalidade.
concordar com o arquivamento do inquérito poli- § 5º Se o juiz considerar inadequadas, insuficientes
cial, poderá, no prazo de 30 (trinta) dias do recebi- ou abusivas as condições dispostas no acordo de não
mento da comunicação, submeter a matéria à revi- persecução penal, devolverá os autos ao Ministério
são da instância competente do órgão ministerial, Público para que seja reformulada a proposta de acor-
conforme dispuser a respectiva lei orgânica. do, com concordância do investigado e seu defensor.
§ 2º Nas ações penais relativas a crimes praticados § 6º Homologado judicialmente o acordo de não
em detrimento da União, Estados e Municípios, a persecução penal, o juiz devolverá os autos ao Mi-
revisão do arquivamento do inquérito policial po- nistério Público para que inicie sua execução peran-
derá ser provocada pela chefia do órgão a quem te o juízo de execução penal.
couber a sua representação judicial.” § 7º O juiz poderá recusar homologação à proposta
“Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo que não atender aos requisitos legais ou quando
o investigado confessado formal e circunstancial- não for realizada a adequação a que se refere o §
mente a prática de infração penal sem violência 5º deste artigo.
ou grave ameaça e com pena mínima inferior a 4 § 8º Recusada a homologação, o juiz devolverá os
(quatro) anos, o Ministério Público poderá propor autos ao Ministério Público para a análise da neces-
acordo de não persecução penal, desde que neces- sidade de complementação das investigações ou o
sário e suficiente para reprovação e prevenção do oferecimento da denúncia.
crime, mediante as seguintes condições ajustadas § 9º A vítima será intimada da homologação do
cumulativa e alternativamente: acordo de não persecução penal e de seu descum-
I – reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto primento.
na impossibilidade de fazê-lo; § 10. Descumpridas quaisquer das condições estipu-
ladas no acordo de não persecução penal, o Minis-
II – renunciar voluntariamente a bens e direitos in-
tério Público deverá comunicar ao juízo, para fins de
dicados pelo Ministério Público como instrumentos,
sua rescisão e posterior oferecimento de denúncia.
produto ou proveito do crime;
§ 11. O descumprimento do acordo de não perse-
III – prestar serviço à comunidade ou a entidades
cução penal pelo investigado também poderá ser
públicas por período correspondente à pena míni-
utilizado pelo Ministério Público como justificativa
ma cominada ao delito diminuída de um a dois ter- para o eventual não oferecimento de suspensão
ços, em local a ser indicado pelo juízo da execução, condicional do processo.
na forma do art. 46 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 § 12. A celebração e o cumprimento do acordo de
de dezembro de 1940 (Código Penal);
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não persecução penal não constarão de certidão de


IV – pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos antecedentes criminais, exceto para os fins previstos
termos do art. 45 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de no inciso III do § 2º deste artigo.
dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade pú- § 13. Cumprido integralmente o acordo de não
blica ou de interesse social, a ser indicada pelo juízo persecução penal, o juízo competente decretará a
da execução, que tenha, preferencialmente, como extinção de punibilidade.
função proteger bens jurídicos iguais ou semelhan- § 14. No caso de recusa, por parte do Ministério Pú-
tes aos aparentemente lesados pelo delito; ou blico, em propor o acordo de não persecução penal,
V – cumprir, por prazo determinado, outra condição o investigado poderá requerer a remessa dos autos
indicada pelo Ministério Público, desde que propor- a órgão superior, na forma do art. 28 deste Código.”
cional e compatível com a infração penal imputada.
§ 1º Para aferição da pena mínima cominada ao “Art. 122. Sem prejuízo do disposto no art. 120, as
delito a que se refere o caput deste artigo, serão coisas apreendidas serão alienadas nos termos do
consideradas as causas de aumento e diminuição disposto no art. 133 deste Código.
aplicáveis ao caso concreto. Parágrafo único. (Revogado).”
§ 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica
nas seguintes hipóteses: “Art. 124-A. Na hipótese de decretação de perdi-
I – se for cabível transação penal de competência mento de obras de arte ou de outros bens de rele-
dos Juizados Especiais Criminais, nos termos da lei; vante valor cultural ou artístico, se o crime não tiver
II – se o investigado for reincidente ou se houver vítima determinada, poderá haver destinação dos
elementos probatórios que indiquem conduta cri- bens a museus públicos.”
minal habitual, reiterada ou profissional, exceto se “Art. 133. Transitada em julgado a sentença con-
insignificantes as infrações penais pretéritas; denatória, o juiz, de ofício ou a requerimento do

114
interessado ou do Ministério Público, determinará § 3º Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível
a avaliação e a venda dos bens em leilão público ou latente, constatado ou recolhido, que se relacio-
cujo perdimento tenha sido decretado. na à infração penal.’
§ 1º Do dinheiro apurado, será recolhido aos cofres ‘Art. 158-B. A cadeia de custódia compreende o ras-
públicos o que não couber ao lesado ou a terceiro treamento do vestígio nas seguintes etapas:
de boa-fé. I – reconhecimento: ato de distinguir um elemento
§ 2º O valor apurado deverá ser recolhido ao Fundo como de potencial interesse para a produção da
Penitenciário Nacional, exceto se houver previsão prova pericial;
diversa em lei especial.” II – isolamento: ato de evitar que se altere o estado
das coisas, devendo isolar e preservar o ambiente
“Art. 133-A. O juiz poderá autorizar, constatado o imediato, mediato e relacionado aos vestígios e
interesse público, a utilização de bem sequestrado, local de crime;
apreendido ou sujeito a qualquer medida assecura- III – fixação: descrição detalhada do vestígio confor-
tória pelos órgãos de segurança pública previstos no me se encontra no local de crime ou no corpo de de-
art. 144 da Constituição Federal, do sistema prisio- lito, e a sua posição na área de exames, podendo ser
nal, do sistema socioeducativo, da Força Nacional ilustrada por fotografias, filmagens ou croqui, sendo
indispensável a sua descrição no laudo pericial pro-
de Segurança Pública e do Instituto Geral de Perícia,
duzido pelo perito responsável pelo atendimento;
para o desempenho de suas atividades.
IV – coleta: ato de recolher o vestígio que será sub-
§ 1º O órgão de segurança pública participante das metido à análise pericial, respeitando suas caracte-
ações de investigação ou repressão da infração pe- rísticas e natureza;
nal que ensejou a constrição do bem terá prioridade V – acondicionamento: procedimento por meio do
na sua utilização. qual cada vestígio coletado é embalado de forma
§ 2º Fora das hipóteses anteriores, demonstrado o individualizada, de acordo com suas características
interesse público, o juiz poderá autorizar o uso do físicas, químicas e biológicas, para posterior análi-
bem pelos demais órgãos públicos. se, com anotação da data, hora e nome de quem
§ 3º Se o bem a que se refere o caput deste artigo for realizou a coleta e o acondicionamento;
veículo, embarcação ou aeronave, o juiz ordenará VI – transporte: ato de transferir o vestígio de um lo-
à autoridade de trânsito ou ao órgão de registro e cal para o outro, utilizando as condições adequadas
controle a expedição de certificado provisório de (embalagens, veículos, temperatura, entre outras),
registro e licenciamento em favor do órgão público de modo a garantir a manutenção de suas caracte-
beneficiário, o qual estará isento do pagamento de rísticas originais, bem como o controle de sua posse;
multas, encargos e tributos anteriores à disponibi- VII – recebimento: ato formal de transferência da
lização do bem para a sua utilização, que deverão posse do vestígio, que deve ser documentado com,
ser cobrados de seu responsável. no mínimo, informações referentes ao número de
procedimento e unidade de polícia judiciária rela-
§ 4º Transitada em julgado a sentença penal conde-
cionada, local de origem, nome de quem transpor-
natória com a decretação de perdimento dos bens,
tou o vestígio, código de rastreamento, natureza
ressalvado o direito do lesado ou terceiro de boa-fé, do exame, tipo do vestígio, protocolo, assinatura e
o juiz poderá determinar a transferência definitiva identificação de quem o recebeu;
da propriedade ao órgão público beneficiário ao VIII – processamento: exame pericial em si, mani-
qual foi custodiado o bem.” pulação do vestígio de acordo com a metodologia
adequada às suas características biológicas, físicas
“Art. 157. ................................................................ e químicas, a fim de se obter o resultado desejado,
................................................................................ que deverá ser formalizado em laudo produzido

Noções de Legislação Penal Especial


§ 5º O juiz que conhecer do conteúdo da prova de- por perito;
clarada inadmissível não poderá proferir a sentença IX – armazenamento: procedimento referente à
ou acórdão.” guarda, em condições adequadas, do material a ser
processado, guardado para realização de contrape-
“‘CAPÍTULO II rícia, descartado ou transportado, com vinculação
DO EXAME DE CORPO DE DELITO, DA CADEIA DE ao número do laudo correspondente;
CUSTÓDIA E DAS PERÍCIAS EM GERAL’ X – descarte: procedimento referente à liberação do
................................................................................ vestígio, respeitando a legislação vigente e, quando
‘Art. 158-A. Considera-se cadeia de custódia o con- pertinente, mediante autorização judicial.’
junto de todos os procedimentos utilizados para ‘Art. 158-C. A coleta dos vestígios deverá ser realiza-
da preferencialmente por perito oficial, que dará o
manter e documentar a história cronológica do ves-
encaminhamento necessário para a central de cus-
tígio coletado em locais ou em vítimas de crimes, tódia, mesmo quando for necessária a realização de
para rastrear sua posse e manuseio a partir de seu exames complementares.
reconhecimento até o descarte. § 1º Todos vestígios coletados no decurso do inqué-
§ 1º O início da cadeia de custódia dá-se com a rito ou processo devem ser tratados como descrito
preservação do local de crime ou com procedimen- nesta Lei, ficando órgão central de perícia oficial de
tos policiais ou periciais nos quais seja detectada a natureza criminal responsável por detalhar a forma
existência de vestígio. do seu cumprimento.
§ 2º O agente público que reconhecer um elemento § 2º É proibida a entrada em locais isolados bem
como de potencial interesse para a produção da como a remoção de quaisquer vestígios de locais
prova pericial fica responsável por sua preservação. de crime antes da liberação por parte do perito res-

115
ponsável, sendo tipificada como fraude processual § 3º Ressalvados os casos de urgência ou de perigo
a sua realização.’ de ineficácia da medida, o juiz, ao receber o pe-
‘Art. 158-D. O recipiente para acondicionamento dido de medida cautelar, determinará a intimação
do vestígio será determinado pela natureza do da parte contrária, para se manifestar no prazo de
material. 5 (cinco) dias, acompanhada de cópia do requeri-
§ 1º Todos os recipientes deverão ser selados com mento e das peças necessárias, permanecendo os
lacres, com numeração individualizada, de forma a autos em juízo, e os casos de urgência ou de perigo
garantir a inviolabilidade e a idoneidade do vestígio deverão ser justificados e fundamentados em deci-
durante o transporte. são que contenha elementos do caso concreto que
§ 2º O recipiente deverá individualizar o vestígio, justifiquem essa medida excepcional.
preservar suas características, impedir contamina- § 4º No caso de descumprimento de qualquer das
ção e vazamento, ter grau de resistência adequado obrigações impostas, o juiz, mediante requerimento
e espaço para registro de informações sobre seu do Ministério Público, de seu assistente ou do que-
conteúdo. relante, poderá substituir a medida, impor outra em
§ 3º O recipiente só poderá ser aberto pelo perito cumulação, ou, em último caso, decretar a prisão
que vai proceder à análise e, motivadamente, por preventiva, nos termos do parágrafo único do art.
pessoa autorizada. 312 deste Código.
§ 4º Após cada rompimento de lacre, deve se fazer § 5º O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes,
constar na ficha de acompanhamento de vestígio o revogar a medida cautelar ou substituí-la quando
nome e a matrícula do responsável, a data, o local, verificar a falta de motivo para que subsista, bem
a finalidade, bem como as informações referentes como voltar a decretá-la, se sobrevierem razões que
ao novo lacre utilizado. a justifiquem.
§ 5º O lacre rompido deverá ser acondicionado no § 6º A prisão preventiva somente será determinada
interior do novo recipiente.’ quando não for cabível a sua substituição por outra
‘Art. 158-E. Todos os Institutos de Criminalística medida cautelar, observado o art. 319 deste Código,
deverão ter uma central de custódia destinada à e o não cabimento da substituição por outra medida
guarda e controle dos vestígios, e sua gestão deve cautelar deverá ser justificado de forma fundamen-
ser vinculada diretamente ao órgão central de pe- tada nos elementos presentes do caso concreto, de
rícia oficial de natureza criminal. forma individualizada.”
§ 1º Toda central de custódia deve possuir os ser-
viços de protocolo, com local para conferência, “Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em fla-
recepção, devolução de materiais e documentos, grante delito ou por ordem escrita e fundamentada
da autoridade judiciária competente, em decorrên-
possibilitando a seleção, a classificação e a distribui-
cia de prisão cautelar ou em virtude de condenação
ção de materiais, devendo ser um espaço seguro e
criminal transitada em julgado.
apresentar condições ambientais que não interfiram
.............................................................................. ”
nas características do vestígio.
§ 2º Na central de custódia, a entrada e a saída de
“Art. 287. Se a infração for inafiançável, a falta de
vestígio deverão ser protocoladas, consignando-se
exibição do mandado não obstará a prisão, e o pre-
informações sobre a ocorrência no inquérito que a so, em tal caso, será imediatamente apresentado ao
eles se relacionam. juiz que tiver expedido o mandado, para a realização
§ 3º Todas as pessoas que tiverem acesso ao vestígio de audiência de custódia.”
armazenado deverão ser identificadas e deverão ser
registradas a data e a hora do acesso. “Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagran-
§ 4º Por ocasião da tramitação do vestígio arma- te, no prazo máximo de até 24 (vinte e quatro) horas
zenado, todas as ações deverão ser registradas,
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após a realização da prisão, o juiz deverá promover


consignando-se a identificação do responsável pela audiência de custódia com a presença do acusado,
tramitação, a destinação, a data e horário da ação.’ seu advogado constituído ou membro da Defensoria
‘Art. 158-F. Após a realização da perícia, o material Pública e o membro do Ministério Público, e, nessa
deverá ser devolvido à central de custódia, devendo audiência, o juiz deverá, fundamentadamente:
nela permanecer. ................................................................................
Parágrafo único. Caso a central de custódia não § 1º Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em fla-
possua espaço ou condições de armazenar deter- grante, que o agente praticou o fato em qualquer
minado material, deverá a autoridade policial ou das condições constantes dos incisos I, II ou III do
judiciária determinar as condições de depósito do caput do art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
referido material em local diverso, mediante reque- dezembro de 1940 (Código Penal), poderá, funda-
rimento do diretor do órgão central de perícia oficial mentadamente, conceder ao acusado liberdade
de natureza criminal.’ provisória, mediante termo de comparecimento
................................................................................ obrigatório a todos os atos processuais, sob pena
de revogação.
“Art. 282. ................................................................ § 2º Se o juiz verificar que o agente é reincidente
................................................................................ ou que integra organização criminosa armada ou
§ 2º As medidas cautelares serão decretadas pelo milícia, ou que porta arma de fogo de uso restrito,
juiz a requerimento das partes ou, quando no cur- deverá denegar a liberdade provisória, com ou sem
so da investigação criminal, por representação da medidas cautelares.
autoridade policial ou mediante requerimento do § 3º A autoridade que deu causa, sem motivação
Ministério Público. idônea, à não realização da audiência de custódia no

116
prazo estabelecido no caput deste artigo responde- “Art. 316. O juiz poderá, de ofício ou a pedido das
rá administrativa, civil e penalmente pela omissão. partes, revogar a prisão preventiva se, no correr
§ 4º Transcorridas 24 (vinte e quatro) horas após o da investigação ou do processo, verificar a falta de
decurso do prazo estabelecido no caput deste arti- motivo para que ela subsista, bem como novamente
go, a não realização de audiência de custódia sem decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem.
motivação idônea ensejará também a ilegalidade da Parágrafo único. Decretada a prisão preventiva,
prisão, a ser relaxada pela autoridade competente, deverá o órgão emissor da decisão revisar a ne-
sem prejuízo da possibilidade de imediata decreta- cessidade de sua manutenção a cada 90 (noventa)
ção de prisão preventiva.” dias, mediante decisão fundamentada, de ofício,
sob pena de tornar a prisão ilegal.”
“Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial
ou do processo penal, caberá a prisão preventiva “Art. 492. ................................................................
decretada pelo juiz, a requerimento do Ministério I – e) mandará o acusado recolher-se ou recomendá-
Público, do querelante ou do assistente, ou por re- -lo-á à prisão em que se encontra, se presentes os
presentação da autoridade policial.” requisitos da prisão preventiva, ou, no caso de con-
denação a uma pena igual ou superior a 15 (quinze)
“Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decre- anos de reclusão, determinará a execução provisória
tada como garantia da ordem pública, da ordem das penas, com expedição do mandado de prisão,
econômica, por conveniência da instrução criminal se for o caso, sem prejuízo do conhecimento de
ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando recursos que vierem a ser interpostos;
houver prova da existência do crime e indício su-
................................................................................
ficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado
.................................
de liberdade do imputado.
§ 3º O presidente poderá, excepcionalmente, deixar
§ 1º .........................................................................
§ 2º A decisão que decretar a prisão preventiva deve de autorizar a execução provisória das penas de que
ser motivada e fundamentada em receio de perigo trata a alínea e do inciso I do caput deste artigo,
e existência concreta de fatos novos ou contem- se houver questão substancial cuja resolução pelo
porâneos que justifiquem a aplicação da medida tribunal ao qual competir o julgamento possa plau-
adotada.” sivelmente levar à revisão da condenação.
§ 4º A apelação interposta contra decisão conde-
“Art. 313. ................................................................ natória do Tribunal do Júri a uma pena igual ou
§ 1º ......................................................................... superior a 15 (quinze) anos de reclusão não terá
§ 2º Não será admitida a decretação da prisão pre- efeito suspensivo.
ventiva com a finalidade de antecipação de cum- § 5º Excepcionalmente, poderá o tribunal atribuir
primento de pena ou como decorrência imediata efeito suspensivo à apelação de que trata o § 4º
de investigação criminal ou da apresentação ou deste artigo, quando verificado cumulativamente
recebimento de denúncia.” que o recurso:
I – não tem propósito meramente protelatório; e
“Art. 315. A decisão que decretar, substituir ou de- II – levanta questão substancial e que pode resultar
negar a prisão preventiva será sempre motivada e em absolvição, anulação da sentença, novo julga-
fundamentada. mento ou redução da pena para patamar inferior a
§ 1º Na motivação da decretação da prisão preven- 15 (quinze) anos de reclusão.
tiva ou de qualquer outra cautelar, o juiz deverá § 6º O pedido de concessão de efeito suspensivo
indicar concretamente a existência de fatos novos poderá ser feito incidentemente na apelação ou por
ou contemporâneos que justifiquem a aplicação da meio de petição em separado dirigida diretamente
medida adotada. ao relator, instruída com cópias da sentença con-

Noções de Legislação Penal Especial


§ 2º Não se considera fundamentada qualquer de- denatória, das razões da apelação e de prova da
cisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou tempestividade, das contrarrazões e das demais
acórdão, que: peças necessárias à compreensão da controvérsia.”
I – limitar-se à indicação, à reprodução ou à paráfra-
se de ato normativo, sem explicar sua relação com “Art. 564. ................................................................
a causa ou a questão decidida;
................................................................................
II – empregar conceitos jurídicos indeterminados,
V – em decorrência de decisão carente de funda-
sem explicar o motivo concreto de sua incidência
no caso; mentação.
III – invocar motivos que se prestariam a justificar ...............................................................................”
qualquer outra decisão;
IV – não enfrentar todos os argumentos deduzidos “Art. 581. ................................................................
no processo capazes de, em tese, infirmar a conclu- ................................................................................
são adotada pelo julgador; XXV – que recusar homologação à proposta de acor-
V – limitar-se a invocar precedente ou enunciado de do de não persecução penal, previsto no art. 28-A
súmula, sem identificar seus fundamentos determi- desta Lei.”
nantes nem demonstrar que o caso sob julgamento “Art. 638. O recurso extraordinário e o recurso es-
se ajusta àqueles fundamentos; pecial serão processados e julgados no Supremo
VI – deixar de seguir enunciado de súmula, juris- Tribunal Federal e no Superior Tribunal de Justiça
prudência ou precedente invocado pela parte, sem na forma estabelecida por leis especiais, pela lei
demonstrar a existência de distinção no caso em processual civil e pelos respectivos regimentos in-
julgamento ou a superação do entendimento.” ternos.”

117
Art. 4º A Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de II – sob os quais recaiam fundadas suspeitas de
Execução Penal), passa a vigorar com as seguintes alterações: envolvimento ou participação, a qualquer título,
em organização criminosa, associação criminosa
“Art. 9º-A. (Vetado). ou milícia privada, independentemente da prática
................................................................................ de falta grave.
§ 1º-A. A regulamentação deverá fazer constar ga- § 2º (Revogado).
rantias mínimas de proteção de dados genéticos, § 3º Existindo indícios de que o preso exerce lideran-
observando as melhores práticas da genética fo- ça em organização criminosa, associação criminosa
rense. ou milícia privada, ou que tenha atuação criminosa
................................................................................ em 2 (dois) ou mais Estados da Federação, o regime
§ 3º Deve ser viabilizado ao titular de dados genéti- disciplinar diferenciado será obrigatoriamente cum-
cos o acesso aos seus dados constantes nos bancos prido em estabelecimento prisional federal.
de perfis genéticos, bem como a todos os documen- § 4º Na hipótese dos parágrafos anteriores, o regime
tos da cadeia de custódia que gerou esse dado, de disciplinar diferenciado poderá ser prorrogado su-
maneira que possa ser contraditado pela defesa. cessivamente, por períodos de 1 (um) ano, existindo
§ 4º O condenado pelos crimes previstos no caput indícios de que o preso:
deste artigo que não tiver sido submetido à identi- I – continua apresentando alto risco para a ordem
ficação do perfil genético por ocasião do ingresso e a segurança do estabelecimento penal de origem
no estabelecimento prisional deverá ser submetido ou da sociedade;
ao procedimento durante o cumprimento da pena. II – mantém os vínculos com organização criminosa,
§ 5º (Vetado). associação criminosa ou milícia privada, conside-
§ 6º (Vetado). rados também o perfil criminal e a função desem-
§ 7º (Vetado). penhada por ele no grupo criminoso, a operação
§ 8º Constitui falta grave a recusa do condenado duradoura do grupo, a superveniência de novos
em submeter-se ao procedimento de identificação processos criminais e os resultados do tratamento
do perfil genético.” penitenciário.
§ 5º Na hipótese prevista no § 3º deste artigo, o
“Art. 50. .................................................................. regime disciplinar diferenciado deverá contar com
................................................................................ alta segurança interna e externa, principalmente no
VIII – recusar submeter-se ao procedimento de iden- que diz respeito à necessidade de se evitar contato
tificação do perfil genético. do preso com membros de sua organização crimi-
.............................................................................. ” nosa, associação criminosa ou milícia privada, ou
de grupos rivais.
“Art. 52. A prática de fato previsto como crime § 6º A visita de que trata o inciso III do caput deste
doloso constitui falta grave e, quando ocasionar artigo será gravada em sistema de áudio ou de áudio
e vídeo e, com autorização judicial, fiscalizada por
subversão da ordem ou disciplina internas, sujei-
agente penitenciário.
tará o preso provisório, ou condenado, nacional
§ 7º Após os primeiros 6 (seis) meses de regime
ou estrangeiro, sem prejuízo da sanção penal, ao
disciplinar diferenciado, o preso que não receber a
regime disciplinar diferenciado, com as seguintes
visita de que trata o inciso III do caput deste artigo
características:
poderá, após prévio agendamento, ter contato tele-
I – duração máxima de até 2 (dois) anos, sem pre-
fônico, que será gravado, com uma pessoa da famí-
juízo de repetição da sanção por nova falta grave lia, 2 (duas) vezes por mês e por 10 (dez) minutos.”
de mesma espécie;
II – recolhimento em cela individual; “Art. 112. A pena privativa de liberdade será execu-
III – visitas quinzenais, de 2 (duas) pessoas por vez, tada em forma progressiva com a transferência para
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a serem realizadas em instalações equipadas para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz,
impedir o contato físico e a passagem de objetos, quando o preso tiver cumprido ao menos:
por pessoa da família ou, no caso de terceiro, autori- I – 16% (dezesseis por cento) da pena, se o apena-
zado judicialmente, com duração de 2 (duas) horas; do for primário e o crime tiver sido cometido sem
IV – direito do preso à saída da cela por 2 (duas) violência à pessoa ou grave ameaça;
horas diárias para banho de sol, em grupos de até II – 20% (vinte por cento) da pena, se o apenado
4 (quatro) presos, desde que não haja contato com for reincidente em crime cometido sem violência à
presos do mesmo grupo criminoso; pessoa ou grave ameaça;
V – entrevistas sempre monitoradas, exceto aquelas III – 25% (vinte e cinco por cento) da pena, se o
com seu defensor, em instalações equipadas para apenado for primário e o crime tiver sido cometido
impedir o contato físico e a passagem de objetos, com violência à pessoa ou grave ameaça;
salvo expressa autorização judicial em contrário; IV – 30% (trinta por cento) da pena, se o apenado
VI – fiscalização do conteúdo da correspondência; for reincidente em crime cometido com violência
VII – participação em audiências judiciais prefe- à pessoa ou grave ameaça;
rencialmente por videoconferência, garantindo-se V – 40% (quarenta por cento) da pena, se o apenado
a participação do defensor no mesmo ambiente do for condenado pela prática de crime hediondo ou
preso. equiparado, se for primário;
§ 1º O regime disciplinar diferenciado também será VI – 50% (cinquenta por cento) da pena, se o ape-
aplicado aos presos provisórios ou condenados, na- nado for:
cionais ou estrangeiros: a) condenado pela prática de crime hediondo ou
I – que apresentem alto risco para a ordem e a se- equiparado, com resultado morte, se for primário,
gurança do estabelecimento penal ou da sociedade; vedado o livramento condicional;

118
b) condenado por exercer o comando, individual Parágrafo único. Consideram-se também hedion-
ou coletivo, de organização criminosa estruturada dos, tentados ou consumados:
para a prática de crime hediondo ou equiparado; ou I – o crime de genocídio, previsto nos arts. 1º, 2º e
c) condenado pela prática do crime de constituição 3º da Lei nº 2.889, de 1º de outubro de 1956;
de milícia privada; II – o crime de posse ou porte ilegal de arma de
VII – 60% (sessenta por cento) da pena, se o ape- fogo de uso proibido, previsto no art. 16 da Lei nº
nado for reincidente na prática de crime hediondo 10.826, de 22 de dezembro de 2003;
ou equiparado; III – o crime de comércio ilegal de armas de fogo,
VIII – 70% (setenta por cento) da pena, se o apenado previsto no art. 17 da Lei nº 10.826, de 22 de de-
for reincidente em crime hediondo ou equiparado zembro de 2003;
com resultado morte, vedado o livramento condi- IV – o crime de tráfico internacional de arma de
cional. fogo, acessório ou munição, previsto no art. 18 da
§ 1º Em todos os casos, o apenado só terá direito à Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003;
progressão de regime se ostentar boa conduta car- V – o crime de organização criminosa, quando di-
cerária, comprovada pelo diretor do estabelecimen- recionado à prática de crime hediondo ou equipa-
to, respeitadas as normas que vedam a progressão. rado.”
§ 2º A decisão do juiz que determinar a progressão
de regime será sempre motivada e precedida de Art. 6º A Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992, passa a
manifestação do Ministério Público e do defensor, vigorar com as seguintes alterações:
procedimento que também será adotado na con-
cessão de livramento condicional, indulto e comu- “Art. 17. ..................................................................
tação de penas, respeitados os prazos previstos nas § 1º As ações de que trata este artigo admitem a
normas vigentes. celebração de acordo de não persecução cível, nos
................................................................................ termos desta Lei.
§ 5º Não se considera hediondo ou equiparado, para ................................................................................
os fins deste artigo, o crime de tráfico de drogas § 10-A. Havendo a possibilidade de solução con-
previsto no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343, de 23 sensual, poderão as partes requerer ao juiz a inter-
de agosto de 2006. rupção do prazo para a contestação, por prazo não
§ 6º O cometimento de falta grave durante a exe- superior a 90 (noventa) dias.
cução da pena privativa de liberdade interrompe o .............................................................................. ”
prazo para a obtenção da progressão no regime de
cumprimento da pena, caso em que o reinício da
“Art. 17-A. (Vetado):
contagem do requisito objetivo terá como base a
I – (Vetado);
pena remanescente.
II – (Vetado);
§ 7º (Vetado).”
III – (Vetado).
§ 1º (Vetado).
“Art. 122. ................................................................
§ 1º ......................................................................... § 2º (Vetado).
§ 2º Não terá direito à saída temporária a que se § 3º (Vetado).
refere o caput deste artigo o condenado que cum- § 4º (Vetado).
pre pena por praticar crime hediondo com resultado § 5º (Vetado).”
morte.”
Art. 7º A Lei nº 9.296, de 24 de julho de 1996, passa a
Art. 5º O art. 1º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990, vigorar acrescida dos seguintes arts. 8º-A e 10-A:
passa a vigorar com as seguintes alterações:
“Art. 8º-A. Para investigação ou instrução criminal,

Noções de Legislação Penal Especial


“Art. 1º .................................................................... poderá ser autorizada pelo juiz, a requerimento da
I – homicídio (art. 121), quando praticado em ati- autoridade policial ou do Ministério Público, a cap-
vidade típica de grupo de extermínio, ainda que tação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos
cometido por um só agente, e homicídio qualificado ou acústicos, quando:
(art. 121, § 2º, incisos I, II, III, IV, V, VI, VII e VIII); I – a prova não puder ser feita por outros meios
................................................................................ disponíveis e igualmente eficazes; e
II – roubo: II – houver elementos probatórios razoáveis de
a) circunstanciado pela restrição de liberdade da autoria e participação em infrações criminais cujas
vítima (art. 157, § 2º, inciso V); penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos
b) circunstanciado pelo emprego de arma de fogo ou em infrações penais conexas.
(art. 157, § 2º-A, inciso I) ou pelo emprego de arma § 1º O requerimento deverá descrever circunstan-
de fogo de uso proibido ou restrito (art. 157, § 2º-B); ciadamente o local e a forma de instalação do dis-
c) qualificado pelo resultado lesão corporal grave positivo de captação ambiental.
ou morte (art. 157, § 3º); § 2º (Vetado).
III – extorsão qualificada pela restrição da liberdade § 3º A captação ambiental não poderá exceder o
da vítima, ocorrência de lesão corporal ou morte prazo de 15 (quinze) dias, renovável por decisão
(art. 158, § 3º); judicial por iguais períodos, se comprovada a in-
................................................................................ dispensabilidade do meio de prova e quando pre-
IX – furto qualificado pelo emprego de explosivo sente atividade criminal permanente, habitual ou
ou de artefato análogo que cause perigo comum continuada.
(art. 155, § 4º-A). § 4º (Vetado).

119
§ 5º Aplicam-se subsidiariamente à captação am- II – o agente for reincidente específico em crimes
biental as regras previstas na legislação específica dessa natureza.”
para a interceptação telefônica e telemática.”
“Art. 34-A. Os dados relacionados à coleta de regis-
“Art. 10-A. Realizar captação ambiental de sinais tros balísticos serão armazenados no Banco Nacio-
eletromagnéticos, ópticos ou acústicos para in- nal de Perfis Balísticos.
vestigação ou instrução criminal sem autorização § 1º O Banco Nacional de Perfis Balísticos tem como
judicial, quando esta for exigida: objetivo cadastrar armas de fogo e armazenar carac-
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e terísticas de classe e individualizadoras de projéteis
multa.
e de estojos de munição deflagrados por arma de
§ 1º Não há crime se a captação é realizada por um
fogo.
dos interlocutores.
§ 2º A pena será aplicada em dobro ao funcionário § 2º O Banco Nacional de Perfis Balísticos será cons-
público que descumprir determinação de sigilo das tituído pelos registros de elementos de munição
investigações que envolvam a captação ambiental deflagrados por armas de fogo relacionados a cri-
ou revelar o conteúdo das gravações enquanto man- mes, para subsidiar ações destinadas às apurações
tido o sigilo judicial.” criminais federais, estaduais e distritais.
§ 3º O Banco Nacional de Perfis Balísticos será geri-
Art. 8º O art. 1º da Lei nº 9.613, de 3 de março de 1998, do pela unidade oficial de perícia criminal.
passa a vigorar acrescido do seguinte § 6º: § 4º Os dados constantes do Banco Nacional de
Perfis Balísticos terão caráter sigiloso, e aquele que
“Art. 1º .................................................................... permitir ou promover sua utilização para fins diver-
................................................................................ sos dos previstos nesta Lei ou em decisão judicial
§ 6º Para a apuração do crime de que trata este responderá civil, penal e administrativamente.
artigo, admite-se a utilização da ação controlada e § 5º É vedada a comercialização, total ou parcial,
da infiltração de agentes.” da base de dados do Banco Nacional de Perfis Ba-
lísticos.
Art. 9º A Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003,
§ 6º A formação, a gestão e o acesso ao Banco Na-
passa a vigorar com as seguintes alterações:
cional de Perfis Balísticos serão regulamentados em
“Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, ato do Poder Executivo federal.”
receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda
que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, Art. 10. O § 1º do art. 33 da Lei nº 11.343, de 23 de agos-
manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, to de 2006, passa a vigorar acrescido do seguinte inciso IV:
acessório ou munição de uso restrito, sem autori-
zação e em desacordo com determinação legal ou “Art. 33. ..................................................................
regulamentar: § 1º .........................................................................
................................................................................ ................................................................................
§ 1º ......................................................................... IV – vende ou entrega drogas ou matéria-prima,
§ 2º Se as condutas descritas no caput e no § 1º des- insumo ou produto químico destinado à preparação
te artigo envolverem arma de fogo de uso proibido, de drogas, sem autorização ou em desacordo com a
a pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.” determinação legal ou regulamentar, a agente poli-
cial disfarçado, quando presentes elementos proba-
“Art. 17. ..................................................................
tórios razoáveis de conduta criminal preexistente.
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, e multa.
.............................................................................. ”
Noções de Legislação Penal Especial

§ 1º .........................................................................
§ 2º Incorre na mesma pena quem vende ou entrega
arma de fogo, acessório ou munição, sem autoriza- Art. 11. A Lei nº 11.671, de 8 de maio de 2008, passa a
ção ou em desacordo com a determinação legal ou vigorar com as seguintes alterações:
regulamentar, a agente policial disfarçado, quando
presentes elementos probatórios razoáveis de con- “Art. 2º ....................................................................
duta criminal preexistente.” Parágrafo único. O juízo federal de execução penal
será competente para as ações de natureza penal
“Art. 18. .................................................................. que tenham por objeto fatos ou incidentes rela-
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 16 (dezesseis) anos, cionados à execução da pena ou infrações penais
e multa. ocorridas no estabelecimento penal federal.”
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem ven-
de ou entrega arma de fogo, acessório ou munição, “Art. 3º Serão incluídos em estabelecimentos penais
em operação de importação, sem autorização da au- federais de segurança máxima aqueles para quem a
toridade competente, a agente policial disfarçado,
medida se justifique no interesse da segurança pú-
quando presentes elementos probatórios razoáveis
blica ou do próprio preso, condenado ou provisório.
de conduta criminal preexistente.”
§ 1º A inclusão em estabelecimento penal federal
“Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, de segurança máxima, no atendimento do interesse
17 e 18, a pena é aumentada da metade se: da segurança pública, será em regime fechado de
I – forem praticados por integrante dos órgãos e segurança máxima, com as seguintes características:
empresas referidas nos arts. 6º, 7º e 8º desta Lei; ou I – recolhimento em cela individual;

120
II – visita do cônjuge, do companheiro, de parentes serão regulamentados em ato do Poder Executivo
e de amigos somente em dias determinados, por federal.
meio virtual ou no parlatório, com o máximo de 2 § 2º O Banco Nacional Multibiométrico e de Impres-
(duas) pessoas por vez, além de eventuais crianças, sões Digitais tem como objetivo armazenar dados
separados por vidro e comunicação por meio de de registros biométricos, de impressões digitais e,
interfone, com filmagem e gravações; quando possível, de íris, face e voz, para subsidiar
III – banho de sol de até 2 (duas) horas diárias; e investigações criminais federais, estaduais ou dis-
IV – monitoramento de todos os meios de comuni- tritais.
cação, inclusive de correspondência escrita. § 3º O Banco Nacional Multibiométrico e de Im-
§ 2º Os estabelecimentos penais federais de segu- pressões Digitais será integrado pelos registros bio-
rança máxima deverão dispor de monitoramento métricos, de impressões digitais, de íris, face e voz
de áudio e vídeo no parlatório e nas áreas comuns, colhidos em investigações criminais ou por ocasião
para fins de preservação da ordem interna e da da identificação criminal.
segurança pública, vedado seu uso nas celas e no § 4º Poderão ser colhidos os registros biométricos,
atendimento advocatício, salvo expressa autoriza- de impressões digitais, de íris, face e voz dos presos
ção judicial em contrário. provisórios ou definitivos quando não tiverem sido
§ 3º As gravações das visitas não poderão ser uti- extraídos por ocasião da identificação criminal.
lizadas como meio de prova de infrações penais § 5º Poderão integrar o Banco Nacional Multibiomé-
pretéritas ao ingresso do preso no estabelecimento. trico e de Impressões Digitais, ou com ele interope-
§ 4º Os diretores dos estabelecimentos penais fede- rar, os dados de registros constantes em quaisquer
rais de segurança máxima ou o Diretor do Sistema bancos de dados geridos por órgãos dos Poderes
Penitenciário Federal poderão suspender e restrin- Executivo, Legislativo e Judiciário das esferas fede-
gir o direito de visitas previsto no inciso II do § 1º ral, estadual e distrital, inclusive pelo Tribunal Supe-
deste artigo por meio de ato fundamentado. rior Eleitoral e pelos Institutos de Identificação Civil.
§ 5º Configura o crime do art. 325 do Decreto-Lei nº § 6º No caso de bancos de dados de identificação de
2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a natureza civil, administrativa ou eleitoral, a integra-
violação ao disposto no § 2º deste artigo.” ção ou o compartilhamento dos registros do Banco
Nacional Multibiométrico e de Impressões Digitais
“Art. 10. .................................................................. será limitado às impressões digitais e às informa-
§ 1º O período de permanência será de até 3 (três) ções necessárias para identificação do seu titular.
§ 7º A integração ou a interoperação dos dados de
anos, renovável por iguais períodos, quando solici-
registros multibiométricos constantes de outros
tado motivadamente pelo juízo de origem, observa-
bancos de dados com o Banco Nacional Multibio-
dos os requisitos da transferência, e se persistirem
métrico e de Impressões Digitais ocorrerá por meio
os motivos que a determinaram.
de acordo ou convênio com a unidade gestora.
.............................................................................. ”
§ 8º Os dados constantes do Banco Nacional Mul-
tibiométrico e de Impressões Digitais terão caráter
“Art. 11-A. As decisões relativas à transferência ou
sigiloso, e aquele que permitir ou promover sua
à prorrogação da permanência do preso em esta-
utilização para fins diversos dos previstos nesta Lei
belecimento penal federal de segurança máxima, à
ou em decisão judicial responderá civil, penal e ad-
concessão ou à denegação de benefícios prisionais
ministrativamente.
ou à imposição de sanções ao preso federal poderão § 9º As informações obtidas a partir da coincidên-
ser tomadas por órgão colegiado de juízes, na forma cia de registros biométricos relacionados a crimes

Noções de Legislação Penal Especial


das normas de organização interna dos tribunais.” deverão ser consignadas em laudo pericial firmado
“Art. 11-B. Os Estados e o Distrito Federal poderão por perito oficial habilitado.
construir estabelecimentos penais de segurança § 10. É vedada a comercialização, total ou parcial, da
máxima, ou adaptar os já existentes, aos quais será base de dados do Banco Nacional Multibiométrico
aplicável, no que couber, o disposto nesta Lei.” e de Impressões Digitais.
§ 11. A autoridade policial e o Ministério Público
Art. 12. A Lei nº 12.037, de 1º de outubro de 2009, passa poderão requerer ao juiz competente, no caso de
a vigorar com as seguintes alterações: inquérito ou ação penal instaurados, o acesso ao
Banco Nacional Multibiométrico e de Impressões
“Art. 7º-A. A exclusão dos perfis genéticos dos ban- Digitais.”
cos de dados ocorrerá:
I – no caso de absolvição do acusado; ou Art. 13. A Lei nº 12.694, de 24 de julho de 2012, passa a
II – no caso de condenação do acusado, mediante vigorar acrescida do seguinte art. 1º-A:
requerimento, após decorridos 20 (vinte) anos do
cumprimento da pena.” “Art. 1º-A. Os Tribunais de Justiça e os Tribunais
Regionais Federais poderão instalar, nas comarcas
“Art. 7º-C. Fica autorizada a criação, no Ministério sedes de Circunscrição ou Seção Judiciária, median-
da Justiça e Segurança Pública, do Banco Nacional te resolução, Varas Criminais Colegiadas com com-
Multibiométrico e de Impressões Digitais. petência para o processo e julgamento:
§ 1º A formação, a gestão e o acesso ao Banco Na- I – de crimes de pertinência a organizações crimi-
cional Multibiométrico e de Impressões Digitais nosas armadas ou que tenham armas à disposição;

121
II – do crime do art. 288-A do Decreto-Lei nº 2.848, de medidas processuais penais cautelares e asse-
de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal); e curatórias, bem como medidas processuais cíveis
III – das infrações penais conexas aos crimes a que admitidas pela legislação processual civil em vigor.
se referem os incisos I e II do caput deste artigo. § 4º O acordo de colaboração premiada poderá ser
§ 1º As Varas Criminais Colegiadas terão compe- precedido de instrução, quando houver necessidade
tência para todos os atos jurisdicionais no decorrer de identificação ou complementação de seu objeto,
da investigação, da ação penal e da execução da dos fatos narrados, sua definição jurídica, relevân-
pena, inclusive a transferência do preso para es- cia, utilidade e interesse público.
tabelecimento prisional de segurança máxima ou § 5º Os termos de recebimento de proposta de co-
para regime disciplinar diferenciado. laboração e de confidencialidade serão elaborados
§ 2º Ao receber, segundo as regras normais de dis- pelo celebrante e assinados por ele, pelo colabo-
tribuição, processos ou procedimentos que tenham rador e pelo advogado ou defensor público com
por objeto os crimes mencionados no caput deste poderes específicos.
artigo, o juiz deverá declinar da competência e re- § 6º Na hipótese de não ser celebrado o acordo por
meter os autos, em qualquer fase em que se encon- iniciativa do celebrante, esse não poderá se valer de
trem, à Vara Criminal Colegiada de sua Circunscrição nenhuma das informações ou provas apresentadas
ou Seção Judiciária. pelo colaborador, de boa-fé, para qualquer outra
§ 3º Feita a remessa mencionada no § 2º deste arti- finalidade.’
go, a Vara Criminal Colegiada terá competência para ‘Art. 3º-C. A proposta de colaboração premiada deve
todos os atos processuais posteriores, incluindo os estar instruída com procuração do interessado com
da fase de execução.” poderes específicos para iniciar o procedimento de
colaboração e suas tratativas, ou firmada pessoal-
Art. 14. A Lei nº 12.850, de 2 de agosto de 2013, passa mente pela parte que pretende a colaboração e seu
a vigorar com as seguintes alterações: advogado ou defensor público.
§ 1º Nenhuma tratativa sobre colaboração premia-
“Art. 2º .................................................................... da deve ser realizada sem a presença de advogado
................................................................................ constituído ou defensor público.
§ 8º As lideranças de organizações criminosas ar- § 2º Em caso de eventual conflito de interesses, ou
madas ou que tenham armas à disposição deverão de colaborador hipossuficiente, o celebrante deverá
iniciar o cumprimento da pena em estabelecimen- solicitar a presença de outro advogado ou a parti-
tos penais de segurança máxima. cipação de defensor público.
§ 9º O condenado expressamente em sentença por § 3º No acordo de colaboração premiada, o cola-
integrar organização criminosa ou por crime pratica- borador deve narrar todos os fatos ilícitos para os
do por meio de organização criminosa não poderá quais concorreu e que tenham relação direta com
progredir de regime de cumprimento de pena ou os fatos investigados.
obter livramento condicional ou outros benefícios § 4º Incumbe à defesa instruir a proposta de cola-
prisionais se houver elementos probatórios que boração e os anexos com os fatos adequadamente
indiquem a manutenção do vínculo associativo.” descritos, com todas as suas circunstâncias, indi-
cando as provas e os elementos de corroboração.’
“‘Seção I ‘Art. 4º ....................................................................
Da Colaboração Premiada’ ................................................................................
§ 4º Nas mesmas hipóteses do caput deste arti-
‘Art. 3º-A. O acordo de colaboração premiada é ne- go, o Ministério Público poderá deixar de oferecer
Noções de Legislação Penal Especial

gócio jurídico processual e meio de obtenção de denúncia se a proposta de acordo de colaboração


prova, que pressupõe utilidade e interesse públicos.’ referir-se a infração de cuja existência não tenha
‘Art. 3º-B. O recebimento da proposta para forma- prévio conhecimento e o colaborador:
lização de acordo de colaboração demarca o iní- ................................................................................
cio das negociações e constitui também marco de § 4º-A. Considera-se existente o conhecimento
confidencialidade, configurando violação de sigilo e prévio da infração quando o Ministério Público ou
quebra da confiança e da boa-fé a divulgação de tais a autoridade policial competente tenha instaura-
tratativas iniciais ou de documento que as formalize, do inquérito ou procedimento investigatório para
até o levantamento de sigilo por decisão judicial. apuração dos fatos apresentados pelo colaborador.
§ 1º A proposta de acordo de colaboração premiada ................................................................................
poderá ser sumariamente indeferida, com a devida § 7º Realizado o acordo na forma do § 6º deste arti-
justificativa, cientificando-se o interessado. go, serão remetidos ao juiz, para análise, o respecti-
§ 2º Caso não haja indeferimento sumário, as par- vo termo, as declarações do colaborador e cópia da
tes deverão firmar Termo de Confidencialidade para investigação, devendo o juiz ouvir sigilosamente o
prosseguimento das tratativas, o que vinculará os colaborador, acompanhado de seu defensor, opor-
órgãos envolvidos na negociação e impedirá o in- tunidade em que analisará os seguintes aspectos
deferimento posterior sem justa causa. na homologação:
§ 3º O recebimento de proposta de colaboração I – regularidade e legalidade;
para análise ou o Termo de Confidencialidade não II – adequação dos benefícios pactuados àqueles
implica, por si só, a suspensão da investigação, res- previstos no caput e nos §§ 4º e 5º deste artigo,
salvado acordo em contrário quanto à propositura sendo nulas as cláusulas que violem o critério de

122
definição do regime inicial de cumprimento de pena § 3º O acordo de colaboração premiada e os depoi-
do art. 33 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezem- mentos do colaborador serão mantidos em sigilo
bro de 1940 (Código Penal), as regras de cada um até o recebimento da denúncia ou da queixa-crime,
dos regimes previstos no Código Penal e na Lei nº sendo vedado ao magistrado decidir por sua publi-
7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de Execução Pe- cidade em qualquer hipótese.’ ”
nal) e os requisitos de progressão de regime não
abrangidos pelo § 5º deste artigo; “Art. 10-A. Será admitida a ação de agentes de polí-
III – adequação dos resultados da colaboração aos cia infiltrados virtuais, obedecidos os requisitos do
resultados mínimos exigidos nos incisos I, II, III, IV caput do art. 10, na internet, com o fim de investi-
e V do caput deste artigo; gar os crimes previstos nesta Lei e a eles conexos,
IV – voluntariedade da manifestação de vontade, praticados por organizações criminosas, desde que
especialmente nos casos em que o colaborador está demonstrada sua necessidade e indicados o alcance
ou esteve sob efeito de medidas cautelares. das tarefas dos policiais, os nomes ou apelidos das
§ 7º-A O juiz ou o tribunal deve proceder à análise pessoas investigadas e, quando possível, os dados
fundamentada do mérito da denúncia, do perdão de conexão ou cadastrais que permitam a identifi-
judicial e das primeiras etapas de aplicação da pena, cação dessas pessoas.
nos termos do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de de-
§ 1º Para efeitos do disposto nesta Lei, consideram-
zembro de 1940 (Código Penal) e do Decreto-Lei nº
-se:
3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo
I – dados de conexão: informações referentes a
Penal), antes de conceder os benefícios pactuados,
hora, data, início, término, duração, endereço de
exceto quando o acordo prever o não oferecimento
Protocolo de Internet (IP) utilizado e terminal de
da denúncia na forma dos §§ 4º e 4º-A deste artigo
origem da conexão;
ou já tiver sido proferida sentença.
II – dados cadastrais: informações referentes a nome
§ 7º-B. São nulas de pleno direito as previsões de
e endereço de assinante ou de usuário registrado ou
renúncia ao direito de impugnar a decisão homo-
autenticado para a conexão a quem endereço de IP,
logatória.
identificação de usuário ou código de acesso tenha
§ 8º O juiz poderá recusar a homologação da pro-
sido atribuído no momento da conexão.
posta que não atender aos requisitos legais, devol-
vendo-a às partes para as adequações necessárias. § 2º Na hipótese de representação do delegado de
................................................................................ polícia, o juiz competente, antes de decidir, ouvirá
§ 10-A Em todas as fases do processo, deve-se ga- o Ministério Público.
rantir ao réu delatado a oportunidade de manifes- § 3º Será admitida a infiltração se houver indícios de
tar-se após o decurso do prazo concedido ao réu infração penal de que trata o art. 1º desta Lei e se
que o delatou. as provas não puderem ser produzidas por outros
................................................................................ meios disponíveis.
§ 13. O registro das tratativas e dos atos de colabo- § 4º A infiltração será autorizada pelo prazo de até 6
ração deverá ser feito pelos meios ou recursos de (seis) meses, sem prejuízo de eventuais renovações,
gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica mediante ordem judicial fundamentada e desde que
similar, inclusive audiovisual, destinados a obter o total não exceda a 720 (setecentos e vinte) dias e
maior fidelidade das informações, garantindo-se seja comprovada sua necessidade.
a disponibilização de cópia do material ao colabo- § 5º Findo o prazo previsto no § 4º deste artigo, o
rador. relatório circunstanciado, juntamente com todos
................................................................................ os atos eletrônicos praticados durante a operação,

Noções de Legislação Penal Especial


§ 16. Nenhuma das seguintes medidas será de- deverão ser registrados, gravados, armazenados e
cretada ou proferida com fundamento apenas nas apresentados ao juiz competente, que imediata-
declarações do colaborador: mente cientificará o Ministério Público.
I – medidas cautelares reais ou pessoais; § 6º No curso do inquérito policial, o delegado de
II – recebimento de denúncia ou queixa-crime; polícia poderá determinar aos seus agentes, e o
III – sentença condenatória. Ministério Público e o juiz competente poderão
§ 17. O acordo homologado poderá ser rescindido requisitar, a qualquer tempo, relatório da ativida-
em caso de omissão dolosa sobre os fatos objeto de de infiltração.
da colaboração. § 7º É nula a prova obtida sem a observância do
§ 18. O acordo de colaboração premiada pressupõe disposto neste artigo.”
que o colaborador cesse o envolvimento em con-
duta ilícita relacionada ao objeto da colaboração, “Art. 10-B. As informações da operação de infiltra-
sob pena de rescisão.’ ção serão encaminhadas diretamente ao juiz res-
‘Art. 5º .................................................................... ponsável pela autorização da medida, que zelará
................................................................................ por seu sigilo.
VI – cumprir pena ou prisão cautelar em estabe- Parágrafo único. Antes da conclusão da operação, o
lecimento penal diverso dos demais corréus ou acesso aos autos será reservado ao juiz, ao Minis-
condenados.’ tério Público e ao delegado de polícia responsável
‘Art. 7º .................................................................... pela operação, com o objetivo de garantir o sigilo
................................................................................ das investigações.”

123
“Art. 10-C. Não comete crime o policial que oculta diretos ou indiretos, ou negativa de fornecimento
a sua identidade para, por meio da internet, colher de referências profissionais positivas.
indícios de autoria e materialidade dos crimes pre- § 1º A prática de ações ou omissões de retaliação
vistos no art. 1º desta Lei. ao informante configurará falta disciplinar grave
Parágrafo único. O agente policial infiltrado que dei- e sujeitará o agente à demissão a bem do serviço
xar de observar a estrita finalidade da investigação público.
responderá pelos excessos praticados.” § 2º O informante será ressarcido em dobro por
eventuais danos materiais causados por ações ou
“Art. 10-D. Concluída a investigação, todos os atos omissões praticadas em retaliação, sem prejuízo de
eletrônicos praticados durante a operação deverão danos morais.
ser registrados, gravados, armazenados e encami- § 3º Quando as informações disponibilizadas resul-
nhados ao juiz e ao Ministério Público, juntamente tarem em recuperação de produto de crime contra
com relatório circunstanciado. a administração pública, poderá ser fixada recom-
Parágrafo único. Os atos eletrônicos registrados pensa em favor do informante em até 5% (cinco por
citados no caput deste artigo serão reunidos em cento) do valor recuperado.”
autos apartados e apensados ao processo criminal
juntamente com o inquérito policial, assegurando- Art. 16. O art. 1º da Lei nº 8.038, de 28 de maio de 1990,
-se a preservação da identidade do agente policial passa a vigorar acrescido do seguinte § 3º:
infiltrado e a intimidade dos envolvidos.”
“Art. 1º ....................................................................
“Art. 11. .................................................................. ................................................................................
Parágrafo único. Os órgãos de registro e cadastro § 3º Não sendo o caso de arquivamento e tendo o in-
público poderão incluir nos bancos de dados pró- vestigado confessado formal e circunstanciadamen-
prios, mediante procedimento sigiloso e requisição te a prática de infração penal sem violência ou grave
da autoridade judicial, as informações necessárias à ameaça e com pena mínima inferior a 4 (quatro)
efetividade da identidade fictícia criada, nos casos anos, o Ministério Público poderá propor acordo
de infiltração de agentes na internet.” de não persecução penal, desde que necessário e
suficiente para a reprovação e prevenção do crime,
Art. 15. A Lei nº 13.608, de 10 de janeiro de 2018, passa nos termos do art. 28-A do Decreto-Lei nº 3.689, de
a vigorar com as seguintes alterações: 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal).”
“Art. 4º-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e Art. 17. O art. 3º da Lei nº 13.756, de 12 de dezembro de
os Municípios e suas autarquias e fundações, em- 2018, passa a vigorar com as seguintes alterações:
presas públicas e sociedades de economia mista
manterão unidade de ouvidoria ou correição, para
“Art. 3º ....................................................................
assegurar a qualquer pessoa o direito de relatar
................................................................................
informações sobre crimes contra a administração
V – os recursos provenientes de convênios, contra-
pública, ilícitos administrativos ou quaisquer ações
tos ou acordos firmados com entidades públicas ou
ou omissões lesivas ao interesse público.
privadas, nacionais, internacionais ou estrangeiras;
Parágrafo único. Considerado razoável o relato pela
VI – os recursos confiscados ou provenientes da alie-
unidade de ouvidoria ou correição e procedido o
nação dos bens perdidos em favor da União Federal,
encaminhamento para apuração, ao informante
nos termos da legislação penal ou processual penal;
serão asseguradas proteção integral contra retalia-
VII – as fianças quebradas ou perdidas, em con-
Noções de Legislação Penal Especial

ções e isenção de responsabilização civil ou penal


em relação ao relato, exceto se o informante tiver formidade com o disposto na lei processual penal;
apresentado, de modo consciente, informações ou VIII – os rendimentos de qualquer natureza, auferi-
provas falsas.” dos como remuneração, decorrentes de aplicação
do patrimônio do FNSP.
“Art. 4º-B. O informante terá direito à preservação .............................................................................. ”
de sua identidade, a qual apenas será revelada em
caso de relevante interesse público ou interesse Art. 18. O Decreto-Lei nº 1.002, de 21 de outubro de 1969
concreto para a apuração dos fatos. (Código de Processo Penal Militar), passa a vigorar acrescido
Parágrafo único. A revelação da identidade somente do seguinte art. 16-A:
será efetivada mediante comunicação prévia ao in-
formante e com sua concordância formal.” “Art. 16-A. Nos casos em que servidores das polícias
militares e dos corpos de bombeiros militares figu-
“Art. 4º-C. Além das medidas de proteção previstas rarem como investigados em inquéritos policiais mi-
na Lei nº 9.807, de 13 de julho de 1999, será assegu- litares e demais procedimentos extrajudiciais, cujo
rada ao informante proteção contra ações ou omis- objeto for a investigação de fatos relacionados ao
sões praticadas em retaliação ao exercício do direito uso da força letal praticados no exercício profissio-
de relatar, tais como demissão arbitrária, alteração nal, de forma consumada ou tentada, incluindo as
injustificada de funções ou atribuições, imposição situações dispostas nos arts. 42 a 47 do Decreto-Lei
de sanções, de prejuízos remuneratórios ou mate- nº 1.001, de 21 de outubro de 1969 (Código Penal
riais de qualquer espécie, retirada de benefícios, Militar), o indiciado poderá constituir defensor.

124
§ 1º Para os casos previstos no caput deste artigo, § 2º A divergência na interpretação de lei ou na avaliação
o investigado deverá ser citado da instauração do de fatos e provas não configura abuso de autoridade.
procedimento investigatório, podendo constituir
defensor no prazo de até 48 (quarenta e oito) horas CAPÍTULO II
a contar do recebimento da citação. Dos Sujeitos do Crime
§ 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º com ausência
de nomeação de defensor pelo investigado, a auto- Art. 2º É sujeito ativo do crime de abuso de autoridade
ridade responsável pela investigação deverá intimar qualquer agente público, servidor ou não, da administração
a instituição a que estava vinculado o investigado direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da
à época da ocorrência dos fatos, para que esta, no União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de
prazo de 48 (quarenta e oito) horas, indique defen- Território, compreendendo, mas não se limitando a:
sor para a representação do investigado. I – servidores públicos e militares ou pessoas a eles equi-
§ 3º (Vetado). paradas;
§ 4º (Vetado). II – membros do Poder Legislativo;
III – membros do Poder Executivo;
§ 5º (Vetado).
IV – membros do Poder Judiciário;
§ 6º As disposições constantes deste artigo aplicam-
V – membros do Ministério Público;
-se aos servidores militares vinculados às institui-
VI – membros dos tribunais ou conselhos de contas.
ções dispostas no art. 142 da Constituição Federal,
Parágrafo único. Reputa-se agente público, para os efeitos
desde que os fatos investigados digam respeito a
desta Lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoria-
missões para a Garantia da Lei e da Ordem.” mente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, desig-
nação, contratação ou qualquer outra forma de investidura
Art. 19. Fica revogado o § 2º do art. 2º da Lei nº 8.072, ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função em órgão
de 25 de julho de 1990. ou entidade abrangidos pelo caput deste artigo.
Art. 20. Esta Lei entra em vigor após decorridos 30 (trinta)
dias de sua publicação oficial. CAPÍTULO III
Da Ação Penal
Brasília, 24 de dezembro de 2019; 198º da Independência
e 131º da República. Art. 3º Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal
pública incondicionada. (Promulgação partes vetadas)
JAIR MESSIAS BOLSONARO § 1º Será admitida ação privada se a ação penal pública
Sérgio Moro não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Pú-
José Vicente Santini blico aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia subs-
André Luiz de Almeida Mendonça titutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer
elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no
LEI Nº 13.869, DE 5 DE SETEMBRO DE 2019 caso de negligência do querelante, retomar a ação como
parte principal.
Dispõe sobre os crimes de abu- § 2º A ação privada subsidiária será exercida no prazo de
so de autoridade; altera a Lei nº 6 (seis) meses, contado da data em que se esgotar o prazo
7.960, de 21 de dezembro de 1989, para oferecimento da denúncia.
a Lei nº 9.296, de 24 de julho de
1996, a Lei nº 8.069, de 13 de julho CAPÍTULO IV
de 1990, e a Lei nº 8.906, de 4 de Dos Efeitos da Condenação e das
Penas Restritivas de Direitos
julho de 1994; e revoga a Lei nº

Noções de Legislação Penal Especial


4.898, de 9 de dezembro de 1965,
Seção I
e dispositivos do Decreto-Lei nº
Dos Efeitos da Condenação
2.848, de 7 de dezembro de 1940
(Código Penal). Art. 4º São efeitos da condenação:
I – tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA pelo crime, devendo o juiz, a requerimento do ofendido, fixar
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu san- na sentença o valor mínimo para reparação dos danos causa-
ciono a seguinte Lei: dos pela infração, considerando os prejuízos por ele sofridos;
II – a inabilitação para o exercício de cargo, mandato
CAPÍTULO I ou função pública, pelo período de 1 (um) a 5 (cinco) anos;
Disposições Gerais III – a perda do cargo, do mandato ou da função pública.
Parágrafo único. Os efeitos previstos nos incisos II e III do
Art. 1º Esta Lei define os crimes de abuso de autorida- caput deste artigo são condicionados à ocorrência de reinci-
de, cometidos por agente público, servidor ou não, que, no dência em crime de abuso de autoridade e não são automá-
exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las, abuse ticos, devendo ser declarados motivadamente na sentença.
do poder que lhe tenha sido atribuído.
§ 1º As condutas descritas nesta Lei constituem crime de Seção II
abuso de autoridade quando praticadas pelo agente com a Das Penas Restritivas de Direitos
finalidade específica de prejudicar outrem ou beneficiar a
si mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou Art. 5º As penas restritivas de direitos substitutivas das
satisfação pessoal. privativas de liberdade previstas nesta Lei são:

125
I – prestação de serviços à comunidade ou a entidades excepcionalíssimo, de executar o alvará de soltura imedia-
públicas; tamente após recebido ou de promover a soltura do preso
II – suspensão do exercício do cargo, da função ou do quando esgotado o prazo judicial ou legal.
mandato, pelo prazo de 1 (um) a 6 (seis) meses, com a perda Art. 13. Constranger o preso ou o detento, mediante
dos vencimentos e das vantagens; violência, grave ameaça ou redução de sua capacidade de
III – (Vetado). resistência, a:
Parágrafo único. As penas restritivas de direitos podem I – exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à
ser aplicadas autônoma ou cumulativamente. curiosidade pública;
II – submeter-se a situação vexatória ou a constrangi-
CAPÍTULO V mento não autorizado em lei;
Das Sanções de Natureza Civil e Administrativa III – produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro:
(Promulgação partes vetadas)
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa,
Art. 6º As penas previstas nesta Lei serão aplicadas in- sem prejuízo da pena cominada à violência.
dependentemente das sanções de natureza civil ou admi- Art. 14. (Vetado).
nistrativa cabíveis. Art. 15. Constranger a depor, sob ameaça de prisão, pes-
Parágrafo único. As notícias de crimes previstos nesta Lei soa que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão,
que descreverem falta funcional serão informadas à autori- deva guardar segredo ou resguardar sigilo:
dade competente com vistas à apuração. Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Art. 7º As responsabilidades civil e administrativa são Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem prossegue
independentes da criminal, não se podendo mais questionar com o interrogatório: (Promulgação partes vetadas)
sobre a existência ou a autoria do fato quando essas questões I – de pessoa que tenha decidido exercer o direito ao
tenham sido decididas no juízo criminal. silêncio; ou
Art. 8º Faz coisa julgada em âmbito cível, assim como no II – de pessoa que tenha optado por ser assistida por ad-
administrativo-disciplinar, a sentença penal que reconhecer vogado ou defensor público, sem a presença de seu patrono.
ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legí- Art. 16. Deixar de identificar-se ou identificar-se falsa-
tima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no mente ao preso por ocasião de sua captura ou quando deva
exercício regular de direito. fazê-lo durante sua detenção ou prisão: (Promulgação partes
vetadas)
CAPÍTULO VI Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
Dos Crimes e das Penas multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, como
Art. 9º Decretar medida de privação da liberdade em responsável por interrogatório em sede de procedimento
manifesta desconformidade com as hipóteses legais: (Pro- investigatório de infração penal, deixa de identificar-se ao
mulgação partes vetadas) preso ou atribui a si mesmo falsa identidade, cargo ou função.
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Art. 17. (Vetado).
Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade Art. 18. Submeter o preso a interrogatório policial du-
judiciária que, dentro de prazo razoável, deixar de: rante o período de repouso noturno, salvo se capturado em
I – relaxar a prisão manifestamente ilegal; flagrante delito ou se ele, devidamente assistido, consentir
II – substituir a prisão preventiva por medida cautelar em prestar declarações:
diversa ou de conceder liberdade provisória, quando mani- Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
festamente cabível; multa.
III – deferir liminar ou ordem de habeas corpus, quando Art. 19. Impedir ou retardar, injustificadamente, o envio
manifestamente cabível.’ de pleito de preso à autoridade judiciária competente para a
Art. 10. Decretar a condução coercitiva de testemunha apreciação da legalidade de sua prisão ou das circunstâncias
Noções de Legislação Penal Especial

ou investigado manifestamente descabida ou sem prévia de sua custódia:


intimação de comparecimento ao juízo: Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Parágrafo único. Incorre na mesma pena o magistrado
Art. 11. (Vetado). que, ciente do impedimento ou da demora, deixa de tomar
Art. 12. Deixar injustificadamente de comunicar prisão as providências tendentes a saná-lo ou, não sendo compe-
em flagrante à autoridade judiciária no prazo legal: tente para decidir sobre a prisão, deixa de enviar o pedido
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e à autoridade judiciária que o seja.
multa. Art. 20. Impedir, sem justa causa, a entrevista pessoal e
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem: reservada do preso com seu advogado: (Promulgação partes
I – deixa de comunicar, imediatamente, a execução de vetadas)
prisão temporária ou preventiva à autoridade judiciária que Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
a decretou; multa.
II – deixa de comunicar, imediatamente, a prisão de qual- Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem impede o
quer pessoa e o local onde se encontra à sua família ou à preso, o réu solto ou o investigado de entrevistar-se pessoal
pessoa por ela indicada; e reservadamente com seu advogado ou defensor, por prazo
III – deixa de entregar ao preso, no prazo de 24 (vinte e razoável, antes de audiência judicial, e de sentar-se ao seu
quatro) horas, a nota de culpa, assinada pela autoridade, lado e com ele comunicar-se durante a audiência, salvo no
com o motivo da prisão e os nomes do condutor e das tes- curso de interrogatório ou no caso de audiência realizada
temunhas; por videoconferência.
IV – prolonga a execução de pena privativa de liberdade, Art. 21. Manter presos de ambos os sexos na mesma cela
de prisão temporária, de prisão preventiva, de medida de ou espaço de confinamento:
segurança ou de internação, deixando, sem motivo justo e Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

126
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem mantém, Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
na mesma cela, criança ou adolescente na companhia de multa.
maior de idade ou em ambiente inadequado, observado o Parágrafo único. (Vetado).
disposto na Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto Art. 30. Dar início ou proceder à persecução penal, civil
da Criança e do Adolescente). ou administrativa sem justa causa fundamentada ou contra
Art. 22. Invadir ou adentrar, clandestina ou astuciosa- quem sabe inocente: (Promulgação partes vetadas)
mente, ou à revelia da vontade do ocupante, imóvel alheio Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
ou suas dependências, ou nele permanecer nas mesmas Art. 31. Estender injustificadamente a investigação,
condições, sem determinação judicial ou fora das condições procrastinando-a em prejuízo do investigado ou fiscalizado:
estabelecidas em lei: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. multa.
§ 1º Incorre na mesma pena, na forma prevista no caput Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, inexis-
deste artigo, quem: tindo prazo para execução ou conclusão de procedimento, o
I – coage alguém, mediante violência ou grave ameaça, estende de forma imotivada, procrastinando-o em prejuízo
a franquear-lhe o acesso a imóvel ou suas dependências; do investigado ou do fiscalizado.
II – (Vetado); Art. 32. Negar ao interessado, seu defensor ou advoga-
III – cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar do acesso aos autos de investigação preliminar, ao termo
após as 21h (vinte e uma horas) ou antes das 5h (cinco horas). circunstanciado, ao inquérito ou a qualquer outro procedi-
§ 2º Não haverá crime se o ingresso for para prestar so- mento investigatório de infração penal, civil ou administra-
corro, ou quando houver fundados indícios que indiquem a tiva, assim como impedir a obtenção de cópias, ressalvado
necessidade do ingresso em razão de situação de flagrante o acesso a peças relativas a diligências em curso, ou que
delito ou de desastre. indiquem a realização de diligências futuras, cujo sigilo seja
Art. 23. Inovar artificiosamente, no curso de diligência, imprescindível: (Promulgação partes vetadas)
de investigação ou de processo, o estado de lugar, de coisa Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
ou de pessoa, com o fim de eximir-se de responsabilidade multa.
ou de responsabilizar criminalmente alguém ou agravar-lhe Art. 33. Exigir informação ou cumprimento de obrigação,
a responsabilidade: inclusive o dever de fazer ou de não fazer, sem expresso
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. amparo legal:
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem pratica a Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
conduta com o intuito de: multa.
I – eximir-se de responsabilidade civil ou administrativa Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se utiliza
por excesso praticado no curso de diligência; de cargo ou função pública ou invoca a condição de agente
II – omitir dados ou informações ou divulgar dados ou público para se eximir de obrigação legal ou para obter van-
informações incompletos para desviar o curso da investiga- tagem ou privilégio indevido.
ção, da diligência ou do processo. Art. 34. (VETADO).
Art. 24. Constranger, sob violência ou grave ameaça, Art. 35. (VETADO).
funcionário ou empregado de instituição hospitalar pública Art. 36. Decretar, em processo judicial, a indisponibilida-
ou privada a admitir para tratamento pessoa cujo óbito já de de ativos financeiros em quantia que extrapole exacer-
tenha ocorrido, com o fim de alterar local ou momento de badamente o valor estimado para a satisfação da dívida da
crime, prejudicando sua apuração: parte e, ante a demonstração, pela parte, da excessividade
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, da medida, deixar de corrigi-la:
além da pena correspondente à violência. Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Art. 25. Proceder à obtenção de prova, em procedimento Art. 37. Demorar demasiada e injustificadamente no
de investigação ou fiscalização, por meio manifestamente exame de processo de que tenha requerido vista em órgão
ilícito: colegiado, com o intuito de procrastinar seu andamento ou

Noções de Legislação Penal Especial


Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. retardar o julgamento:
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem faz uso Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
de prova, em desfavor do investigado ou fiscalizado, com Art. 38. Antecipar o responsável pelas investigações,
prévio conhecimento de sua ilicitude. por meio de comunicação, inclusive rede social, atribuição
Art. 26. (Vetado). de culpa, antes de concluídas as apurações e formalizada a
Art. 27. Requisitar instauração ou instaurar procedimento acusação: (Promulgação partes vetadas)
investigatório de infração penal ou administrativa, em desfa- Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
vor de alguém, à falta de qualquer indício da prática de crime,
de ilícito funcional ou de infração administrativa: CAPÍTULO VII
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e Do Procedimento
multa.
Parágrafo único. Não há crime quando se tratar de sin- Art. 39. Aplicam-se ao processo e ao julgamento dos
dicância ou investigação preliminar sumária, devidamente delitos previstos nesta Lei, no que couber, as disposições
justificada. do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código
Art. 28. Divulgar gravação ou trecho de gravação sem de Processo Penal), e da Lei nº 9.099, de 26 de setembro
relação com a prova que se pretenda produzir, expondo a de 1995.
intimidade ou a vida privada ou ferindo a honra ou a imagem
do investigado ou acusado: CAPÍTULO VIII
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Disposições Finais
Art. 29. Prestar informação falsa sobre procedimento
judicial, policial, fiscal ou administrativo com o fim de pre- Art. 40. O art. 2º da Lei nº 7.960, de 21 de dezembro de
judicar interesse de investigado: 1989, passa a vigorar com a seguinte redação:

127
“Art.2º ...................................................................... Sérgio Moro
................................................................................ Wagner de Campos Rosário
§ 4º-A O mandado de prisão conterá necessaria- Jorge Antonio de Oliveira Francisco
mente o período de duração da prisão temporária André Luiz de Almeida Mendonça
estabelecido no caput deste artigo, bem como o dia
em que o preso deverá ser libertado. Lei nº 13.869, de 5 de Setembro de 2019
................................................................................
§ 7º Decorrido o prazo contido no mandado de pri- Dispõe sobre os crimes de abu-
são, a autoridade responsável pela custódia deverá, so de autoridade; altera a Lei nº
independentemente de nova ordem da autoridade 7.960, de 21 de dezembro de 1989,
judicial, pôr imediatamente o preso em liberdade, a Lei nº 9.296, de 24 de julho de
salvo se já tiver sido comunicada da prorrogação 1996, a Lei nº 8.069, de 13 de julho
da prisão temporária ou da decretação da prisão de 1990, e a Lei nº 8.906, de 4 de
preventiva. julho de 1994; e revoga a Lei nº
§ 8º Inclui-se o dia do cumprimento do mandado 4.898, de 9 de dezembro de 1965,
de prisão no cômputo do prazo de prisão tempo- e dispositivos do Decreto-Lei nº
rária.” (NR) 2.848, de 7 de dezembro de 1940
(Código Penal).
Art. 41. O art. 10 da Lei nº 9.296, de 24 de julho de 1996,
passa a vigorar com a seguinte redação: O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congres-
so Nacional decreta e eu promulgo, nos termos do parágrafo
“Art. 10. Constitui crime realizar interceptação de 5o do art. 66 da Constituição Federal, as seguintes partes
comunicações telefônicas, de informática ou te- vetadas da Lei no 13.869, de 5 de setembro de 2019:
lemática, promover escuta ambiental ou quebrar
segredo da Justiça, sem autorização judicial ou com “CAPÍTULO III
objetivos não autorizados em lei: DA AÇÃO PENAL
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e Art. 3º Os crimes previstos nesta Lei são de ação
multa. penal pública incondicionada.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autori- § 1º Será admitida ação privada se a ação penal
dade judicial que determina a execução de conduta pública não for intentada no prazo legal, cabendo
prevista no caput deste artigo com objetivo não ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e
autorizado em lei.” (NR) oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos
os termos do processo, fornecer elementos de pro-
Art. 42. A Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto va, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de
da Criança e do Adolescente), passa a vigorar acrescida do negligência do querelante, retomar a ação como
seguinte art. 227-A: parte principal.
§ 2º A ação privada subsidiária será exercida no
“Art. 227-A Os efeitos da condenação prevista no prazo de 6 (seis) meses, contado da data em que
inciso I do caput do art. 92 do Decreto-Lei nº 2.848, se esgotar o prazo para oferecimento da denúncia.”
de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), para os
crimes previstos nesta Lei, praticados por servidores “CAPÍTULO VI
públicos com abuso de autoridade, são condiciona- DOS CRIMES E DAS PENAS
dos à ocorrência de reincidência. ‘Art. 9º Decretar medida de privação da liberdade
Parágrafo único. A perda do cargo, do mandato ou em manifesta desconformidade com as hipóteses
da função, nesse caso, independerá da pena apli- legais:
Noções de Legislação Penal Especial

cada na reincidência.” Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e


multa.
Art. 43. A Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994, passa a Parágrafo único. Incorre na mesma pena a auto-
vigorar acrescida do seguinte art. 7º-B: (Promulgação partes ridade judiciária que, dentro de prazo razoável,
vetadas) deixar de:
I – relaxar a prisão manifestamente ilegal;
‘Art. 7º-B Constitui crime violar direito ou prerro- II – substituir a prisão preventiva por medida cau-
gativa de advogado previstos nos incisos II, III, IV e telar diversa ou de conceder liberdade provisória,
V do caput do art. 7º desta Lei: quando manifestamente cabível;
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, III – deferir liminar ou ordem de habeas corpus,
e multa.’” quando manifestamente cabível.’
‘Art. 13. Constranger o preso ou o detento, me-
Art. 44. Revogam-se a Lei nº 4.898, de 9 de dezembro de diante violência, grave ameaça ou redução de sua
1965, e o § 2º do art. 150 e o art. 350, ambos do Decreto-Lei capacidade de resistência, a:
nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal). .................................................................................
Art. 45. Esta Lei entra em vigor após decorridos 120 (cen- III – produzir prova contra si mesmo ou contra ter-
to e vinte) dias de sua publicação oficial. ceiro:
............................................................................’
Brasília, 5 de setembro de 2019; 198o da Independência ‘Art. 15. Constranger a depor, sob ameaça de prisão,
e 131o da República. pessoa que, em razão de função, ministério, ofício
ou profissão, deva guardar segredo ou resguardar
JAIR MESSIAS BOLSONARO sigilo:

128
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem pros- EXERCÍCIOS
segue com o interrogatório:
I – de pessoa que tenha decidido exercer o direito 1. (2020/VUNESP/PM-SP) Em relação ao previsto na Lei
ao silêncio; ou no 10.826/03, é correto afirmar que
II – de pessoa que tenha optado por ser assistida a) aos residentes em área rural, para os fins de au-
por advogado ou defensor público, sem a presença torização da manutenção da arma de fogo pelo
de seu patrono.’ proprietário que possuir o certificado de registro,
‘Art. 16. Deixar de identificar-se ou identificar-se considera-se residência ou domicílio do imóvel rural
falsamente ao preso por ocasião de sua captura exclusivamente a sede do imóvel (casa).
ou quando deva fazê-lo durante sua detenção ou b) é considerada como crime a conduta de disparar
prisão: de forma culposa arma de fogo ou acionar munição
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, em lugar habitado ou em suas adjacências, em via
e multa.
pública ou em direção a ela.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem,
c) deixar de observar as cautelas necessárias para im-
como responsável por interrogatório em sede de
pedir que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa
procedimento investigatório de infração penal, dei-
xa de identificar-se ao preso ou atribui a si mesmo portadora de deficiência mental se apodere de arma
falsa identidade, cargo ou função.’ de fogo que esteja sob sua posse ou que seja de sua
‘Art. 20. Impedir, sem justa causa, a entrevista pes- propriedade é considerado crime mesmo que o me-
soal e reservada do preso com seu advogado: nor não efetue nenhum disparo ou realize qualquer
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, outra conduta perigosa com referido armamento.
e multa. d) o crime de posse ilegal de arma de fogo de uso restri-
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem to prevê pena menor do que o crime de porte ilegal
impede o preso, o réu solto ou o investigado de de arma de fogo de uso restrito.
entrevistar-se pessoal e reservadamente com seu
advogado ou defensor, por prazo razoável, antes 2. (2020/VUNESP/PM-SP) Em relação aos crimes de pre-
de audiência judicial, e de sentar-se ao seu lado e conceito de raça, de cor ou origem previstos na Lei Fe-
com ele comunicar-se durante a audiência, salvo deral no 7.716/89, é correto afirmar:
no curso de interrogatório ou no caso de audiência a) praticar, induzir ou incitar a discriminação ou pre-
realizada por videoconferência.’ conceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência
‘Art. 30. Dar início ou proceder à persecução penal, nacional por meio de publicação ou qualquer outro
civil ou administrativa sem justa causa fundamen- meio de comunicação social é fato atípico em virtude
tada ou contra quem sabe inocente: do respeito às liberdades constitucionais.
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e b) a lei considera como crime a conduta de fabricar,
multa.’ comercializar, distribuir ou veicular símbolos, em-
‘Art. 32. Negar ao interessado, seu defensor ou ad- blemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que
vogado acesso aos autos de investigação preliminar, utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de di-
ao termo circunstanciado, ao inquérito ou a qual- vulgação do nazismo.
quer outro procedimento investigatório de infração c) impedir o acesso ou uso de transportes públicos,
penal, civil ou administrativa, assim como impedir como aviões, navios barcas, barcos, ônibus, trens,
a obtenção de cópias, ressalvado o acesso a peças metrô ou qualquer outro meio de transporte con-
relativas a diligências em curso, ou que indiquem cedido é considerado apenas como infração admi-
a realização de diligências futuras, cujo sigilo seja nistrativa e não crime.
imprescindível: d) em virtude do respeito às liberdades individuais, não
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, pode ser caracterizado como crime a conduta de
e multa.’

Noções de Legislação Penal Especial


impedir ou obstar, por qualquer meio ou forma, o
‘Art. 38. Antecipar o responsável pelas investiga- casamento ou convivência familiar e social.
ções, por meio de comunicação, inclusive rede
social, atribuição de culpa, antes de concluídas as
3. (2019/VUNESP/Prefeitura de Campinas – SP) Nos mol-
apurações e formalizada a acusação:
des da Lei Federal n° 10.826/2003, a comercialização
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos,
de armas de fogo, acessórios e munições entre pessoas
e multa.’”
físicas somente será efetivada mediante autorização
“CAPÍTULO VIII a) do Sinarm.
DISPOSIÇÕES FINAIS b) da Polícia Militar.
................................................................................. c) da Polícia Federal.
Art. 43. A Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994, passa d) do Exército.
a vigorar acrescida do seguinte art. 7º-B: e) da Guarda Municipal.
‘Art. 7º-B Constitui crime violar direito ou prerro-
gativa de advogado previstos nos incisos II, III, IV e 4. (2019/VUNESP/Prefeitura de Campinas – SP) Considere
V do caput do art. 7º desta Lei: que Flora é ocupante de cargo de Guarda Municipal Fe-
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, minino de um Município com 90 mil habitantes, que não
e multa.’” integra nenhuma região metropolitana. Nessa situação
hipotética, a Lei Federal n° 10.826/2003 estabelece,
Brasília, 27 de setembro de 2019; 198o da Independência expressamente, que Flora
e 131o da República. a) não tem direito a usar arma de fogo em serviço.
b) tem direito a usar arma de fogo em serviço e fora
JAIR MESSIAS BOLSONARO dele.

129
c) não pode usar arma de fogo por ocupar cargo de c) deixar de aplicar, ou aplicar em desacordo com o
Guarda Feminino. estatuído, incentivo fiscal ou parcelas de imposto li-
d) tem direito a usar arma de fogo em serviço. beradas por órgão ou entidade de desenvolvimento.
e) deve usar a sua arma de fogo particular quando em d) utilizar ou divulgar programa de processamento de
serviço. dados que permita ao sujeito passivo da obrigação
tributária possuir informação contábil diversa da-
5. (2018/VUNESP/Prefeitura de São Bernardo do Campo quela que é, por lei, fornecida à Fazenda Pública.
– SP) É correto afirmar que a Lei Federal no 4.898/1965 e) elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar docu-
que disciplina o abuso de autoridade mento que saiba ou deva saber falso ou inexato.
a) contempla como sanção penal a ser aplicada apenas
a pena de detenção e na hipótese de reincidência. 8. (2019/VUNESP/Prefeitura de Arujá – SP) Dispõe a Lei
b) determina ao Delegado de Polícia, com exclusivida- nº 8.137/90 sobre os crimes contra a ordem tributária,
de, a apuração de todas as circunstâncias que en- econômica e contra as relações de consumo:
volvem a infração penal. a) Constitui crime contra a ordem econômica sonegar
c) determina que a ação penal proposta pelo Ministério insumos ou bens, recusando-se a vendê-los a quem
Público, dependerá da conclusão do inquérito poli- pretenda comprá-los nas condições publicamente
cial e principalmente da representação da vítima. ofertadas, ou retê-los para o fim de especulação.
d) considera autoridade quem exerce cargo, emprego b) Constitui crime funcional contra a ordem tributária
ou função pública, de natureza civil, ou militar, ainda o funcionário público deixar de aplicar, ou aplicar
que transitoriamente e sem remuneração. em desacordo com o estatuído, incentivo fiscal ou
e) não contempla como sanção administrativa a de- parcelas de imposto liberadas por órgão ou entidade
missão, mas tão somente as penas de advertência de desenvolvimento.
e repreensão. c) Fraudar preços por meio de junção de bens ou ser-
viços, comumente oferecidos à venda em separado,
6. (2019/VUNESP/TJ-RO) A respeito da colaboração do constitui crime contra as relações de consumo, puni-
autor, coautor ou partícipes, com as autoridades po- do com detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos,
liciais e judiciárias, a fim de redução ou exclusão de e multa.
pena, prevista na Lei de Drogas, Lavagem de Dinheiro, d) Destruir, inutilizar ou danificar matéria-prima ou
Organização Criminosa e Crime Hediondo, assinale a mercadoria, com o fim de provocar alta de preço,
alternativa correta. em proveito próprio ou de terceiros, constitui crime
a) A colaboração constante da Lei de Drogas prevê isen- contra as relações de consumo, punindo-se a moda-
ção de pena ao acusado ou indiciado que colaborar
lidade culposa, reduzindose a pena e a detenção de
na identificação de demais coautores e possibilitar
1/3 (um terço) e a de multa à quarta parte.
a recuperação total do produto do crime.
e) Formar acordo, convênio, ajuste ou aliança entre
b) A colaboração prevista na Lei dos Crimes Hedion-
ofertantes, visando à fixação artificial de preços ou
dos, para o crime de extorsão mediante sequestro
quantidades vendidas ou produzidas, constitui crime
praticado por mais de um agente, prevê isenção de
contra a ordem econômica, punido com reclusão, de
pena àquele que o denunciar à autoridade, desde
2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
que resulte na libertação do sequestrado.
c) A colaboração premiada prevista na Lei de Organi-
zação Criminosa poderá ser realizada tanto na fase 9. (2019/VUNESP/Prefeitura de Valinhos – SP) Assinale a
investigatória quanto na fase judicial, mas não após alternativa que está em consonância com o disposto
sentença. na Lei n° 4.898/1965 (Lei do Abuso de Autoridade).
d) A colaboração premiada prevista na Lei de Orga- a) O simples atentado à liberdade de locomoção não
nização Criminosa poderá implicar perdão judicial constitui abuso de autoridade.
Noções de Legislação Penal Especial

e substituição da pena privativa de liberdade por b) O abuso de autoridade sujeitará o seu autor às san-
restritiva de direito ao colaborador, na hipótese de ções civil, penal e administrativa, sendo esta limitada
recuperação total ou parcial do produto de crime. à advertência.
e) O não oferecimento de denúncia em face do autor c) É vedada a aplicação da pena de multa como sanção
colaborador é taxativamente prevista na Lei de Or- penal pelo abuso de autoridade.
ganização Criminosa e Lavagem de Dinheiro. d) Deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz com-
petente a prisão ou detenção de qualquer pessoa
7. (2019/VUNESP/Prefeitura de São José dos Campos – constitui abuso de autoridade.
SP) As condutas constantes das alternativas a seguir e) A sanção aplicada em decorrência da Lei não poderá
constituem crimes contra a ordem tributária. Dentre ser anotada na ficha funcional da autoridade civil ou
elas, a única possível de ser praticada por funcionário militar.
público, nos termos da Lei no 8.137/90, é a de
a) extraviar livro oficial, processo fiscal ou qualquer 10. (2019/VUNESP/Prefeitura de Valinhos – SP) Nos moldes
documento, de que tenha a guarda em razão da do que estabelece a Lei n° 10.826/2003, o certificado de
função; sonegá-lo, ou inutilizá-lo, total ou parcial- registro de arma de fogo em geral, que será precedido
mente, acarretando pagamento indevido ou inexato de autorização do Sinarm, será expedido
de tributo ou contribuição social. a) pela Polícia Federal.
b) exigir, pagar ou receber, para si ou para o contri- b) pela Polícia Civil.
buinte beneficiário, qualquer percentagem sobre c) pela Polícia Militar.
a parcela dedutível ou deduzida de imposto ou de d) pelo Exército.
contribuição como incentivo fiscal. e) pelas Guardas Municipais.

130
11. (2019/VUNESP/Prefeitura de Valinhos – SP) A Lei Federal 14. (2019/VUNESP/Prefeitura de Ribeirão Preto – SP) O
n° 11.343/2006 estabelece que, se um indivíduo trou- Procurador do Município que patrocinar, indiretamen-
xer consigo, comprovadamente, para consumo pessoal, te, interesse privado perante a Secretaria Municipal da
drogas sem autorização ou em desacordo com deter- Fazenda, valendo-se da qualidade de servidor público,
minação legal ou regulamentar, sujeita-se a responsabilidade, em tese, por
a) não ficará sujeito a qualquer tipo de pena. a) crime praticado por particular contra a Adminis-
b) ficará sujeito, entre outras penas, à prestação de tração em geral, pelos fatos terem sido praticados
indiretamente.
serviços à comunidade.
b) crime praticado por particular contra a ordem tribu-
c) poderá ser punido com a pena de prisão.
tária, pelos fatos terem sido praticados por interpos-
d) poderá ser obrigado a comparecer a programa ou ta pessoa.
curso educativo pelo período de 12 meses. c) crime praticado por particular contra a ordem fiscal,
e) ficará sujeito, entre outras, à pena de detenção. pelos fatos terem ocorrido fora do local de exercício
do agente público.
12. (2014/VUNESP/TJ-PA) Nos termos da Lei n.º 4.898/1965 d) crime funcional contra a ordem tributária.
- Processo de Responsabilidade Administrativa Civil e e) infração funcional à legislação tributária, mediante
Penal, nos casos de abuso de autoridade - o Ministério Ação Anulatória.
Público, ao receber a representação da vítima, tem o
prazo de ________ para oferecer denúncia, desde que 15. (2019/VUNESP/Prefeitura de São José do Rio Preto –
o fato narrado constitua abuso de autoridade, reque- SP) No que respeita aos crimes tributários, é correto
rendo a citação do réu ao juiz competente; este, por sua afirmar que não tipifica crime material contra a ordem
vez, recebidos os autos, proferirá despacho dentro do tributária, antes do lançamento definitivo do tributo,
prazo de_______________ , recebendo ou rejeitando uma das seguintes condutas:
a denúncia. a) fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos
inexatos, ou omitindo operação de qualquer natu-
Assinale a alternativa que preenche, correta e respec-
reza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal.
tivamente, as lacunas. b) negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório,
a) três dias … três dias nota fiscal ou documento equivalente, relativa a
b) cinco dias … cinco dias venda de mercadoria ou prestação de serviço, efe-
c) três dias … cinco dias tivamente realizada, ou fornecê-la em desacordo
d) vinte e quatro horas … quarenta e oito horas com a legislação.
e) quarenta e oito horas … quarenta e oito horas c) fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre
rendas, bens ou fatos, ou empregar outra fraude,
13. (2019/VUNESP/Prefeitura de Francisco Morato – SP) para eximir-se, total ou parcialmente, de pagamento
Segundo a doutrina penal, os crimes materiais caracte- de tributo.
rizam-se pela produção de um resultado naturalístico, d) deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo
ou seja, é necessária a ocorrência de um resultado para ou de contribuição social, descontado ou cobrado,
a sua consumação. Em posição contrária, encontram-se na qualidade de sujeito passivo de obrigação e que
os crimes formais e os crimes de mera conduta, para os deveria recolher aos cofres públicos.
quais não é relevante o atingimento do resultado para e) utilizar ou divulgar programa de processamento de
dados que permita ao sujeito passivo da obrigação
a caracterização da consumação do crime. Com rela-
tributária possuir informação contábil diversa da-
ção aos crimes contra a ordem tributária, com base em
quela que é, por lei, fornecida à Fazenda Pública.
entendimento sumulado do Supremo Tribunal Federal,
é correto afirmar que apenas pode ser considerada pe- 16. (2019/VUNESP/Prefeitura de Poá – SP) Em relação aos

Noções de Legislação Penal Especial


nalmente típica após o lançamento definitivo do tributo crimes contra a ordem tributária, é correto afirmar:
a conduta de a) nos crimes previstos em Lei, cometidos em quadrilha
a) suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e ou coautoria, o coautor ou partícipe que, através de
qualquer acessório, mediante omissão de informa- confissão espontânea ou delação, revelar à autori-
ção, ou prestação de declaração falsa às autoridades dade policial ou judicial, toda a trama delituosa e os
fazendárias. demais envolvidos, terá a sua pena reduzida em até
b) fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre um terço, dispensado o pagamento de multa.
rendas, bens ou fatos, ou empregar outra fraude, b) a pena de multa será fixada entre 05 (cinco) e 365
para eximir-se, total ou parcialmente, de pagamento (trezentos e sessenta e cinco) dias-multa, conforme
de tributo. seja necessário e suficiente para reprovação e pre-
c) deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo venção do crime.
c) constitui crime contra a ordem tributária suprimir
ou de contribuição social, descontado ou cobrado,
ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer
na qualidade de sujeito passivo de obrigação e que
acessório, quando o agente elabora, distribui, for-
deveria recolher aos cofres públicos. nece, emite ou utiliza documento que saiba ou deva
d) deixar de aplicar, ou aplicar em desacordo com o saber falso ou inexato, punido com reclusão de 1
estatuído, incentivo fiscal ou parcelas de imposto li- (um) a 6 (seis) anos, e multa.
beradas por órgão ou entidade de desenvolvimento. d) caso o juiz, considerado o ganho ilícito e a situação
e) utilizar ou divulgar programa de processamento de econômica do réu, verifique a insuficiência ou exces-
dados que permita ao sujeito passivo da obrigação siva onerosidade das penas pecuniárias legalmente
tributária possuir informação contábil diversa da- previstas, poderá diminuí-las até a décima parte ou
quela que é, por lei, fornecida à Fazenda. elevá-las ao décuplo

131
e) em relação aos crimes praticados por funcionários b) Para efeito da lavratura do auto de prisão em fla-
públicos, constitui crime funcional contra a ordem grante e estabelecimento da materialidade do delito
tributária, utilizar ou divulgar programa de proces- de tráfico de entorpecentes, é suficiente o laudo de
samento de dados que permita ao sujeito passivo constatação da natureza e quantidade da droga, fir-
da obrigação tributária possuir informação contábil mado por perito oficial ou, na falta deste, por pelo
diversa daquela que é, por lei, fornecida à Fazenda menos duas pessoas idôneas, e o perito que subs-
Pública. crever o laudo não fica impedido de participar da
elaboração do laudo definitivo.
17. (2019/VUNESP/Prefeitura de Guarulhos – SP) A conduta c) O pedido de restituição de bens apreendidos em
de “extraviar livro oficial, processo fiscal ou qualquer crime de tráfico de entorpecentes poderá ser co-
documento, de que tenha a guarda em razão da função; nhecido sem o comparecimento pessoal do acusado,
sonegá-lo, ou inutilizá-lo, total ou parcialmente, acar- podendo o juiz determinar a prática de atos neces-
retando pagamento indevido ou inexato de tributo ou sários à conservação de bens, direitos ou valores.
contribuição social” configura crime contra d) O processo e o julgamento dos crimes de tráfico
a) a Administração Pública. de entorpecentes previstos no art. 33, da Lei n°
b) a Administração em Geral. 11.343/06, se caracterizado ilícito transnacional,
c) a Ordem Tributária. são da competência da Justiça Federal e os crimes
d) o Sistema Financeiro Nacional. praticados nos municípios que não sejam sede de
e) a Administração da Justiça. vara federal serão processados e julgados na vara
federal da respectiva circunscrição.
18. (2018/VUNESP/Prefeitura de São Bernardo do Campo
– SP) Aquele que patrocina, direta ou indiretamente, 22. (2018/VUNESP/Prefeitura de São Bernardo do Campo
interesse privado perante a administração fazendária, – SP) A Lei de Abuso de Autoridade (Lei nº 4.898/65)
valendo-se da qualidade de funcionário público, pratica considera autoridade quem
crime a) exerce cargo público, de natureza civil ou militar,
a) de advocacia administrativa, previsto no Código Pe- apenas.
nal. b) exerce cargo ou função pública, de natureza militar,
b) contra a Administração Pública, previsto no Código ainda que transitoriamente e sem remuneração,
Penal. apenas.
c) de abuso de autoridade, previsto na Lei n° 8.429/92. c) exerce cargo público, de natureza civil ou militar,
d) contra a ordem tributária, previsto na Lei n° 8.137/90. ainda que transitoriamente e sem remuneração,
e) de favorecimento pessoal, previsto na Lei de Impro- apenas.
bidade. d) exerce cargo, emprego ou função pública remune-
rados, de natureza civil ou militar, ainda que transi-
19. (2019/VUNESP/TJ-RS) De acordo com a Lei nº 11.343/06, toriamente, apenas.
e) exerce cargo, emprego ou função pública, de nature-
a conduta de cultivar, para seu consumo pessoal, plan-
za civil ou militar, ainda que transitoriamente e sem
tas destinadas à preparação de pequena quantidade de
remuneração.
substância ou produto capaz de causar dependência
física ou psíquica, é considerada
23. (2018/UFPR/COREN-PR) São crimes hediondos nos ter-
a) típica, mas não punível.
mos da Lei nº 8.072, de 1990, EXCETO:
b) atípica.
a) provocar aborto sem o consentimento da gestante.
c) típica e punida com pena de reclusão de 5 (cinco) a b) entregar a consumo produto cosmético adquirido de
15 (quinze) anos, podendo ser reduzida de um sexto estabelecimento sem licença da autoridade sanitária
a dois terços, desde que o agente seja primário, de competente.
bons antecedentes e não integre organização crimi-
Noções de Legislação Penal Especial

c) constranger pessoa maior de 18 (dezoito) anos a


nosa. ter conjunção carnal mediante grave ameaça, sem
d) típica e punida, por exemplo, com pena de prestação resultar na morte da vítima.
de serviços à comunidade. d) atrair pessoa com 16 (dezesseis) anos à prostituição.
e) típica e punida com pena de reclusão de 5 (cinco) a e) portar arma de fogo de uso restrito ao uso pelas
15 (quinze) anos. forças armadas.
20. (2019/VUNESP/TJ-RS) A conduta de formar ajuste en- 24. (2018/VUNESP/MPE-SP) Caio, dependente de substân-
tre ofertantes, visando à fixação artificial de preços, é cia entorpecente, para sustentar o vício, é quem busca
tipificada como crime contra a droga e repassa a seus amigos, também usuários.
a) a ordem econômica. Caio paga a droga com o dinheiro dos amigos. Nunca
b) as relações de consumo. cobrou nada pelo “serviço” de buscar a droga, ficando
c) a ordem tributária. com parte dela para uso próprio. Em uma das vezes
d) o consumidor. em que foi buscar a droga, no caso, maconha, acabou
e) a fé pública. preso, com 100 g da substância.
Diante da situação hipotética, e tendo em conta a parte
21. (2019/VUNESP/TJ-AC) Assinale a alternativa correta em penal da Lei de Drogas, assinale a alternativa correta.
relação ao quanto previsto na Lei de Drogas. a) Caio, se condenado ao crime de tráfico (art. 33), terá
a) O prazo de conclusão do inquérito policial em caso a pena reduzida, por expressa previsão legal, em
de indiciado preso por crime de tráfico de entorpe- razão de a droga apreendida ser maconha.
centes poderá ser duplicado pelo juiz, não podendo, b) Caio, preso portando 100 g de entorpecente, mesmo
entretanto, referido prazo exceder a 45 dias. que para uso próprio e compartilhado de amigos,

132
não poderá ser incurso no tipo penal do consumo 27. (2018/VUNESP/PC-SP) É correto afirmar a respeito do
pessoal (art. 28) que, expressamente, limita a quan- crime de disparo de arma de fogo, previsto na Lei no
tidade da droga em 50 g. 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento), que
c) Caio, sendo primário, sem maus antecedentes e por a) é inafiançável, de perigo abstrato e que não admite
não integrar organização criminosa, se condenado a suspensão condicional do processo.
ao crime de tráfico, poderá ter a pena reduzida em b) se trata de crime comum, de perigo abstrato e que
até dois terços (art. 33, parágrafo 4° ). não admite a suspensão condicional do processo.
d) Caio não será acusado de tráfico de entorpecentes c) se trata de crime próprio, afiançável e que admite a
(art. 33), pois o tipo penal expressamente exige que suspensão condicional do processo.
as condutas nele previstas sejam realizadas median- d) não admite a suspensão condicional do processo, é
te pagamento. afiançável e trata-se de crime de mão-própria.
e) Caio, comprovado que a droga era de uso pessoal e e) é inafiançável, de perigo concreto e que admite a
compartilhado dos amigos, não praticou qualquer suspensão condicional do processo.
crime, pois o consumo pessoal de maconha, pela
legislação atual de drogas, é descriminalizado. 28. (2018/VUNESP/PC-SP) Considere que um Delegado de
Polícia, após autuar em flagrante um criminoso, deixe
25. (2018/VUNESP/Prefeitura de Sorocaba – SP) “Fulano”, de comunicar imediatamente ao juiz competente a re-
procurador municipal, é flagrado valendo-se de sua qua- ferida prisão. É correto afirmar que o Delegado
lidade de funcionário público para patrocinar o interes- a) cometeu um abuso de autoridade, podendo ser san-
se da empresa Cremenossa S/A na rápida conclusão de cionado administrativamente com a suspensão do
processo de restituição de tributos pagos a maior, do cargo, função ou posto por prazo de trinta a cento
qual já constava deferimento pela autoridade compe- e oitenta dias, além da cominação acessória de não
tente. Nessa situação hipotética, é correto afirmar que poder exercer funções de natureza policial no mu-
a) “Fulano” não cometeu nenhum crime, consideran- nicípio da culpa, por prazo de um a dez anos.
do- -se que o pleito da empresa era lícito e legítimo, b) cometeu um abuso de autoridade, podendo ser san-
tendo o procurador agido no interesse de apenas cionado administrativamente com repreensão.
acelerar uma análise devida por parte da Fazenda c) não cometeu abuso de autoridade, devendo ser res-
Pública. ponsabilizado tão somente na esfera administrativa.
b) caso tenha agido com dolo, “Fulano” poderá ter co- d) não cometeu abuso de autoridade. Entretanto, po-
metido crime funcional contra a ordem tributária, derá ser sancionado com a pena autônoma de não
ficando sujeito à pena de 1 (um) a 4 (quatro) anos poder exercer funções de natureza policial no mu-
de reclusão, e multa. nicípio da culpa, por prazo de um a cinco anos.
c) segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Fe- e) cometeu um abuso de autoridade, podendo ser san-
cionado administrativamente com advertência ou
deral, não se tipificam os crimes contra a ordem
suspensão do cargo, além da cominação acessória
tributária antes do lançamento definitivo do tribu-
de não poder exercer funções de qualquer natureza
to, condição essa plenamente presente na situação
no município da culpa, por prazo de um a dez anos.
hipotética trazida no enunciado.
d) na situação hipotética, não se poderá falar em crime
29. (2018/VUNESP/PC-SP) Assinale a alternativa que possui
por parte de “Fulano”, considerando-se não ter havi-
um crime da Lei n° 10.826/03 (Estatuto do Desarma-
do qualquer registro de prejuízo ao erário, apesar da mento) apenado com detenção.
sua ação para acelerar o encerramento do processo a) Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido.
de restituição. b) Disparo de arma de fogo.
e) os crimes contra a ordem tributária independem de c) Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito.
dolo, podendo ser cometidos na modalidade culposa d) Comércio ilegal de arma de fogo.
em caso de imprudência, imperícia, negligência ou

Noções de Legislação Penal Especial


e) Posse irregular de arma de fogo de uso permitido.
ingenuidade, sendo a situação descrita no enunciado
caso potencial de ingenuidade por parte do procu- 30. (2018/VUNESP/PC-SP) Nos termos da Lei n° 4.898/65
rador municipal. (Lei de Abuso de Autoridade), é correto afirmar:
a) o processo administrativo não poderá ser sobrestado
26. (2018/VUNESP/PC-SP) É correto afirmar que, nos ter- para o fim de aguardar a decisão da ação penal ou
mos da Lei no 11.343/2006 (Lei Antidrogas), o crime de civil.
tráfico ilícito de drogas é crime b) o direito de representação será exercido por meio
a) hediondo, insuscetível de sursis, graça, indulto, sen- de petição dirigida exclusivamente ao Ministério
do apenas possível a anistia e a liberdade provisória. Público.
b) de ação múltipla, norma penal em branco que não c) não constitui abuso de autoridade deixar o Juiz de
admite a possibilidade de liberdade provisória, sen- ordenar o relaxamento de prisão ou detenção ilegal
do apenas possível a conversão de suas penas em que lhe seja comunicada.
restritivas de direitos. d) não contempla qualquer sanção administrativa.
c) inafiançável e insuscetível de sursis, que admite a e) a legislação possui penal de reclusão para determi-
conversão de suas penas em restritivas de direitos. nadas modalidades de abuso.
d) inafiançável e insuscetível de sursis, graça, indulto,
anistia e liberdade provisória. 31. (2018/VUNESP/PC-BA) No tocante ao previsto na Lei n°
e) de ação múltipla, norma penal em branco e que ad- 8.137/90, é correto afirmar que
mite a possibilidade de livramento condicional, ao a) o crime contra ordem tributária previsto no art. 1° ,
réu reincidente específico, após o cumprimento de IV, da Lei n° 8.137/90 (“elaborar, distribuir, fornecer,
dois terços da pena. emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber

133
falso ou inexato”) não pode ser praticado por quem a) é causa de suspensão da exigibilidade do crédito
não é contribuinte. tributário, que equivale ao pagamento do débito,
b) a omissão de informação às autoridades fazendárias extinguindo a punibilidade dos crimes.
só constitui crime contra ordem tributária se tiver a b) é causa de extinção do crédito tributário e, por con-
finalidade de suprimir ou reduzir tributo, ou contri- seguinte, de extinção da punibilidade dos crimes.
buição social e qualquer acessório. c) é causa de exclusão do crédito tributário, que cor-
c) constitui crime contra ordem econômica divulgar responde ao pagamento, extinguindo a punibilidade
programa de processamento de dados que permita dos crimes tributários.
ao sujeito passivo da obrigação tributária possuir d) é causa de suspensão da exigibilidade do crédito
informação contábil diversa daquela que é, por lei, tributário, não sendo suficiente para extinguir a puni-
fornecida à Fazenda Pública. bilidade dos crimes tributários, porque não equivale
d) todos os crimes contra ordem tributária são de ação ao pagamento do débito.
penal pública condicionada à representação. e) é causa de exclusão da exigibilidade do crédito tri-
e) o crime contra ordem tributária previsto no art. 1° , butário, não sendo suficiente para extinguir a puni-
IV, da Lei n° 8.137/90 (“elaborar, distribuir, fornecer, bilidade dos crimes tributários, por não produzir os
emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber mesmos efeitos da moratória.
falso ou inexato”) pode ser punido a título de culpa.
35. (2018/VUNESP/PC-BA) Considere o seguinte caso hipo-
32. (2018/VUNESP/PC-BA) A Lei dos crimes hediondos tético.
(Lei n° 8.072/90), embora não forneça o conceito de A Força Nacional está atuando legalmente em Salvador.
crime hediondo, apresenta um rol dos crimes que se O civil “X”, irmão de um Policial Militar do Estado de São
enquadram em seus dispositivos, entre os quais se pode Paulo que integra a Força Nacional, residente na refe-
destacar rida cidade, se envolveu em acidente de trânsito sem
a) instigação ao suicídio. vítimas, ao abalroar o veículo do condutor “Y”. Após se
b) lesão corporal de natureza grave. identificar como irmão do Militar do Estado integrante
c) incêndio qualificado pela morte. da Força Nacional, foi violentamente agredido por “Y”,
d) extorsão mediante sequestro. que confessou ter assim agido apenas por saber dessa
e) violação sexual mediante fraude. condição. As agressões provocaram lesões corporais
gravíssimas no civil “X”. Diante do exposto, é correto
33. (2018/VUNESP/PC-BA) A Lei n° 4.898/65 regula o Direito afirmar que o crime praticado por “Y”
de Representação e o processo de Responsabilidade a) não é considerado hediondo, pois a legislação con-
Administrativa Civil e Penal, nos casos de abuso de au- templa apenas o crime de homicídio doloso perpe-
toridade. Acerca de referida lei, assinale a alternativa trado contra o Militar do Estado.
correta. b) é considerado hediondo, apenas por se tratar de
a) Para os efeitos da Lei, considera-se autoridade quem uma lesão corporal dolosa de natureza gravíssima,
exerce cargo, emprego ou função pública, de natu- independentemente da condição da eventual vítima.
reza civil ou militar apenas de forma permanente e c) não é considerado hediondo, pois a legislação não
remunerada. contempla lesão corporal dolosa de natureza gravís-
b) Caso haja necessidade de se aguardar decisão de sima como crime hediondo.
ação penal ou civil, o processo administrativo poderá d) é considerado hediondo, pois o civil “X” foi vítima de
ser sobrestado. lesão corporal dolosa de natureza gravíssima apenas
c) O início da ação penal depende de inquérito policial por ser irmão de Militar do Estado em razão de sua
relatado e encaminhado ao órgão do Ministério Pú- função.
blico. e) somente seria considerado hediondo se o crime de
d) Nos termos da lei, constitui abuso de autoridade lesão corporal dolosa de natureza gravíssima fosse
Noções de Legislação Penal Especial

submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a ve- perpetrado contra o próprio Militar do Estado em
xame ou a constrangimento não autorizado em lei. razão de sua função.
e) As testemunhas de acusação e defesa não poderão
ser apresentadas em juízo, já que é imprescindível 36. (2018/VUNESP/PC-BA) A respeito da Lei no 7.716/89,
sua intimação. com as alterações da Lei no 9.459/97 (tipificação dos
crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor),
34. (2018/VUNESP/PC-BA) Os representantes legais de uma assinale a alternativa correta.
determinada empresa tiveram instaurado contra si in- a) Os crimes nela previstos, sem exceção, são pratica-
quérito policial para apurar a suposta prática dos crimes dos mediante dolo.
previstos nos artigos 1o , I e II, da Lei no 8.137/90, porque b) Não tipifica crimes resultantes de discriminação ou
teriam omitido da folha de pagamento da empresa e preconceito de religião, sendo específica a crimes de
de documento de informações previstos pela legislação preconceito de raça, cor, etnia e procedência nacional.
previdenciária, segurados empregados e contribuintes c) O crime de negar ou impedir a inscrição ou ingresso
individuais, não recolhendo as respectivas contribui- de aluno em estabelecimento de ensino, previsto no
ções previdenciárias no período de 10/2014 a 1/2017. art. 6o, é específico a instituições públicas.
Houve a realização de lançamento de ofício pelos agen- d) Prevê como efeito automático da condenação a
tes fiscais. Inconformados, os representantes legais perda do cargo ou função pública, para o agente
ajuizaram ação anulatória do lançamento tributário, servidor público.
realizando o depósito integral do montante exigido e) Prevê como causa de aumento de pena, geral a todos
pelo Fisco. O depósito do montante integral do crédito os crimes, a prática em detrimento de menor de 18
tributário (dezoito) anos.

134
37. (2017/VUNESP/DPE-RO) Considere as duas descrições fá- qualificado, ainda que não for primário o agente,
ticas que seguem: “induzir, instigar ou auxiliar alguém ao mas for de pequeno valor a coisa furtada e for a
uso indevido de droga” e “oferecer droga, eventualmente qualificadora de ordem objetiva.
e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento, d) A configuração do crime do art. 244-B do ECA de-
para juntos a consumirem”. É correto afirmar que pende da prova da efetiva corrupção do menor, por
a) apesar de serem ambas criminalmente tipificadas, se tratar de delito material.
as respectivas penas poderão ser reduzidas de um e) É possível a utilização de inquéritos policiais e ações
sexto a dois terços, desde que o agente seja primário penais em curso para agravar a pena-base, desde
e não integre organização criminosa. que haja fundamentação por parte do magistrado.
b) ambas são condutas criminalmente tipificadas, às
quais não se cominam penas restritivas de liberdade. 40. (2017/VUNESP/TJ-SP) No que concerne à lei de drogas,
c) ambas são condutas criminalmente tipificadas e a é correto afirmar que
primeira é mais gravemente apenada que a segunda. a) o emprego de arma de fogo constitui causa de au-
d) a primeira delas é conduta criminalmente tipificada, mento da pena no crime de tráfico, não configurando
mas a segunda não. majorante, porém, o concurso de pessoas.
e) ambas são condutas equiparadas ao tráfico ilícito de b) constitui crime a associação de três ou mais pessoas
entorpecentes, inclusive no que concerne às penas. para o fim de, reiteradamente ou não, financiar ou
custear o tráfico de drogas.
38. (2017/VUNESP/DPE-RO) A empresa DEF Ltda. recebeu c) a prescrição no crime de posse de droga para con-
auto de infração no valor de R$ 250 mil no qual, além sumo pessoal ocorre no menor prazo previsto no
de ser cobrado o principal do imposto devido e os juros, Código Penal para as penas privativas de liberdade.
também foi aplicada multa agravada, em razão de ter a d) é isento de pena o agente que, em razão de de-
fiscalização apurado a ocorrência de omissão proposital pendência, era, ao tempo da ação ou da omissão
de informação, além de prestação falsa de declaração relacionada, com exclusividade, a crimes de drogas,
às autoridades fazendárias, com a finalidade de reduzir inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito
o valor do tributo devido. Da lavratura do auto de infra- do fato ou de determinar-se de acordo com esse
ção foi dada imediata ciência ao Ministério Público, via entendimento.
representação, para eventual proposição de denúncia
na esfera criminal. 41. (2017/VUNESP/Prefeitura de Andradina – SP) A conduta
a) Caso a empresa venha a recorrer administrativamen- desenvolvida pelo contribuinte de fraudar a fiscalização
te do auto de infração, não estará tipificado o crime tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo
contra a ordem tributária, previsto no artigo 1º, I, da operação de qualquer natureza, em documento ou livro
Lei nº 8.137/1990, antes do lançamento definitivo exigido pela lei fiscal, tipifica, contra a ordem tributária,
do tributo. crime
b) A conduta descrita na situação configura crime de a) material, a partir do exato instante em que o contri-
mera conduta, não sendo necessária a demonstra- buinte desenvolve a conduta.
ção de prejuízo à arrecadação tributária para a sua b) formal, que se configura a partir da data em que o
configuração. infrator é comunicado do início da fiscalização.
c) Agiu corretamente a administração fazendária ao c) formal, na data da ocorrência do fato gerador que
representar imediatamente o fato ao Ministério deu origem ao tributo sonegado, ainda que não ini-
Público, dada a natureza criminosa da conduta, e ciada a fiscalização.
a possibilidade de prescrição da pretensão punitiva d) material, a partir do lançamento definitivo do tributo.
do Estado. e) formal, a partir da constatação da conduta pela fis-
d) Ficará suspensa a pretensão punitiva do Estado caso calização, ainda que antes da lavratura do auto de
a empresa venha a aderir a parcelamento tributário, infração.

Noções de Legislação Penal Especial


ainda que a adesão ocorra após o recebimento da
denúncia criminal. 42. (2016/VUNESP/Prefeitura de Várzea Paulista – SP) Assi-
e) Constitui crime de corrupção a conduta de solicitar nale a alternativa que traz a disposição correta no que
ou receber, em razão da condição de funcionário tange ao procedimento dos delitos da Lei de Drogas
público fazendário, vantagem indevida para deixar (Lei n° 11.343/06).
de lançar ou cobrar tributo, ou para cobrá-lo parcial- a) Acusação e defesa podem arrolar, no máximo, 8
mente. (oito) testemunhas cada (art. 54, III e 55, § 1° ).
b) Prescinde de autorização judicial o procedimento in-
39. (2017/VUNESP/Prefeitura de Porto Ferreira – SP) Qual vestigatório de não-atuação imediata sobre portado-
alternativa a seguir reflete o exato entendimento de res de droga, a fim de identificar os demais agentes
Súmula Jurisprudencial editada pelo STJ? (art. 53, II).
a) A conduta de atribuir-se falsa identidade perante c) O inquérito policial será concluído no prazo de 10
autoridade policial é típica, ainda que em situação (dez) dias, se o indiciado estiver preso, e de 30 (trin-
de alegada autodefesa. ta) dias, quando solto (art. 51).
b) A abolitio criminis temporária, prevista na Lei n° d) O perito que subscrever o laudo de constatação não
10.826/2003, não se aplica ao crime de posse de poderá participar da elaboração do laudo definitivo
arma de fogo de uso permitido com numeração, (art. 50, § 2° ).
marca ou qualquer outro sinal de identificação ras- e) Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade de po-
pado, independentemente da data do cometimento lícia judiciária fará, imediatamente, comunicação ao
do crime. juiz competente, remetendo-lhe cópia do auto lavra-
c) É possível o reconhecimento do privilégio previsto do, do qual será dada vista ao órgão do Ministério
no § 2° do art. 155 do CP nos casos de crime de furto Público, em 24 (vinte e quatro) horas (art. 50)

135
43. (2016/VUNESP/TJM-SP) Considere a seguinte situação c) ser conduzido ao CAPS – Centro de Atenção Psicosso-
hipotética: João, agente público, foi processado e, ao fi- cial –, para ser submetido a tratamento compulsório,
nal, condenado à pena de reclusão, por dezenove anos, dado que a lei prevê medidas alternativas à prisão.
iniciada em regime fechado, pela prática do crime de d) ser preso, em flagrante delito.
tortura, com resultado morte, contra Raimundo. Nos e) ser liberado, mediante pagamento de fiança.
termos da Lei no 9.455, de 7 de abril de 1997, essa
condenação acarretará a perda do cargo, função ou 47. (2016/VUNESP/TJ-RJ) No que tange às infrações penais
emprego público relativas ao Direito Penal Econômico, nos termos pre-
a) e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo vistos no Edital, assinale a alternativa correta.
da pena aplicada. a) Caracteriza-se como crime contra a ordem econômi-
b) e a interdição para seu exercício pelo triplo do prazo ca formar acordo, convênio, ajuste ou aliança entre
da pena aplicada. ofertantes, visando a variação natural de preços ou
c) e a interdição para seu exercício pelo tempo da pena quantidades vendidas ou produzidas.
aplicada. b) Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização,
d) desde que o juiz proceda à fundamentação especí- disposição, movimentação ou propriedade de bens,
fica. direitos ou valores provenientes, direta ou indire-
e) como efeito necessário, mas não automático. tamente, de contravenção penal não caracteriza o
crime de lavagem de bens, direitos e valores.
44. (2016/VUNESP/TJM-SP) Analisando em conjunto as Leis c) Aquele que participa de grupo, associação ou es-
no 4.898, de 9 de dezembro de 1965 e no 7.960, de 21 critório tendo conhecimento de que sua atividade
de dezembro de 1989, é correto afirmar que constitui principal ou secundária é dirigida à prática de crimes
abuso de autoridade previstos na Lei de lavagem ou ocultação de bens, di-
a) decretar a prisão temporária em despacho prolatado reitos e valores, somente será responsabilizado pela
dentro do prazo de 24 (vinte e quatro) horas, conta- prática destes crimes se, efetivamente, participar das
das a partir do recebimento da representação. condutas ilícitas desenvolvidas pela organização.
b) prolongar a execução de prisão temporária, de pena d) Fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre
ou de medida de segurança, deixando de expedir em rendas, bens ou fatos, ou empregar outra fraude
tempo oportuno ordem de liberdade. para eximir-se, total ou parcialmente, de pagamento
c) executar a prisão temporária somente depois da de tributo só será considerado crime tributário se
expedição de mandado judicial. implicar na efetiva supressão ou redução tributária.
d) decretar a prisão temporária pelo prazo de 5 (cin- e) Com base na jurisprudência do Superior Tribunal
co) dias, e prorrogá-la por igual período em caso de de Justiça e do Supremo Tribunal Federal, para a
comprovada necessidade. caracterização dos crimes materiais contra a ordem
e) determinar a apresentação do preso temporário, so- tributária não basta a omissão ou a falsa informa-
licitar informações e esclarecimentos da autoridade ção prestada, sendo necessário que impliquem na
policial e submetê-lo a exame pericial. supressão ou redução tributária.

45. (2016/VUNESP/TJM-SP) Nos termos da Lei no 7.210, 48. (2016/VUNESP/TJ-RJ) Maximilianus constantemente
de 11 de julho de 1984, os condenados por crime pra- agredia seu filho Ramsés, de quinze anos, causando-
ticado, dolosamente, com violência de natureza grave -lhe intenso sofrimento físico e mental com o objetivo
contra a pessoa, ou por qualquer dos crimes previstos de castigá-lo e de prevenir que ele praticasse “novas
no art. 1o da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990 artes”. Na última oportunidade em que Maximilianus
a) serão submetidos, obrigatoriamente, à identificação aplicava tais castigos, vizinhos acionaram a polícia ao
do perfil genético mediante extração de DNA. ouvirem os gritos de Ramsés. Ao chegar ao local os po-
b) somente poderão ter a identificação de perfil ge- liciais militares constataram as agressões e conduziram
Noções de Legislação Penal Especial

nético verificada pelo Juiz do processo, vedado o ao Distrito Policial Maximilianus, Ramsés e Troia, mãe
acesso às autoridades policiais mesmo mediante de Ramsés que presenciava todas as agressões mas,
requerimento. apesar de não concordar, deixava que Maximilianus
c) não terão a identificação de perfil genético incluído “cuidasse” da educação do filho sem se “intrometer”.
em banco de dados sigiloso, mas de livre acesso às Diante da circunstância descrita, é correto afirmar que
autoridades policiais, independentemente de reque- a) Maximilianus e Troia incorreram, nos termos da Lei
rimento. n° 9.455/97, na prática do crime de tortura na qua-
d) não terão extraído o DNA, se submetidos à Justiça lidade de coautores.
Militar, em razão da excepcionalidade da lei de exe- b) Maximilianus incorreu, nos termos da Lei n°
cução. 9.455/97, na prática do crime de tortura na quali-
e) não poderão ser submetidos à identificação do perfil dade de autor, e que Troia, porém, não poderá ser
genético, mediante extração de DNA, por falta de responsabilizada, pois não concorreu para a prática
permissivo legal. do crime.
c) Maximilianus incorreu, nos termos da Lei n°
46. (2016/VUNESP/TJ-RJ) X, flagrado portando maconha 9.455/97, na prática do crime de tortura na quali-
para uso próprio, pode dade de autor, assim como Troia também teria in-
a) ser conduzido ao Distrito Policial, livrando-se solto, corrido no mesmo crime mas com base na omissão
haja vista tratar-se de infração de menor potencial penalmente relevante prevista no Código Penal.
ofensivo. d) Maximilianus incorreu, nos termos da Lei n° 9.455/97,
b) ignorar a determinação policial no sentido de que na prática do crime de tortura na qualidade de autor,
se conduza ao Distrito Policial, uma vez que esta sendo que Troia será responsabilizada pela prática do
conduta não prevê pena privativa de liberdade. crime de omissão em face da tortura praticada por

136
Maximilianus, também previsto na Lei n° 9.455/97, b) não permite a interposição de apelação antes do
tendo em vista que tinha o dever de evitá-la. recolhimento do condenado à prisão, em razão do
e) Maximilianus incorreu, nos termos da Lei n° disposto no seu artigo 2° , § 1° (a pena será cumprida
9.455/97, na prática do crime de tortura na qua- em regime inicial fechado).
lidade de autor, e que Troia também será respon- c) prevê progressão de regime para os condenados pela
sabilizada pela prática do mesmo crime, porém na prática de crime hediondo após o cumprimento de
condição de partícipe. 1/6 da pena se o apenado for primário e 2/5 se for
reincidente.
49. (2016/VUNESP/TJ-RJ) Bonaparte, com o objetivo de d) traz no rol do seu art. 1° o crime de roubo impróprio
matar Wellington, aciona o gatilho com o objetivo de (art. 157, § 1° , CP), o roubo circunstanciado (art.
efetuar um disparo de arma de fogo na direção deste
157, § 2° , I, II, III, IV e V, CP) e o roubo qualificado
último. Todavia, a arma não dispara na primeira tentati-
va. Momentos antes de efetuar uma segunda tentativa, pelo resultado (art. 157, § 3 , CP).
Bonaparte ouve “ao longe” um barulho semelhante a e) estabelece o prazo de 30 (trinta) dias (podendo ser
“sirenes” de viatura e, diante de tal fato, guarda a arma prorrogado por mais 30 dias) da prisão temporária
de fogo que carregava, deixando o local calmamente, decretada nas investigações pela prática de crime
não sem antes proferir a seguinte frase a Wellington: hediondo.
“na próxima, eu te pego”. Momentos após, Bonaparte
é abordado na rua por policiais e tem apreendida a 52. (2014/VUNESP/Prefeitura de São José do Rio Preto –
arma de fogo por ele utilizada. A arma de fogo era de SP) A conduta de “exigir, solicitar ou receber, para si ou
uso permitido, estava registrada em nome de Bona- para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da
parte, mas este não possuía autorização para portá-la. função ou antes de iniciar seu exercício, mas em razão
No momento da abordagem e apreensão, também foi dela, vantagem indevida; ou aceitar promessa de tal
constatado pelos policiais que a arma de fogo apre- vantagem, para deixar de lançar ou cobrar tributo ou
endida em poder de Bonaparte estava sem munições, contribuição social, ou cobrá-los parcialmente” confi-
pois ele havia esquecido de municiá-la. Diante dos fatos gura crime
narrados e da atual jurisprudência do Supremo Tribunal
a) contra a Administração Pública.
Federal, é correto afirmar que Bonaparte poderá ser
responsabilizado b) contra a Administração da Justiça.
a) pelos crimes de ameaça e posse ilegal de arma de c) cometido por funcionário contra a Administração
fogo de uso permitido. Pública em Geral
b) pelos crimes de ameaça e porte ilegal de arma de d) cometido por funcionário ou particular contra a Ad-
fogo de uso permitido. ministração Pública em Geral
c) pelos crimes de homicídio tentado, ameaça e porte e) funcional contra a ordem tributária
ilegal de arma de fogo de uso permitido.
d) pelo crime de ameaça, mas não poderá ser respon- 53. (2014/VUNESP/Prefeitura de São José do Rio Pre-
sabilizado pelo crime de porte ilegal de arma de fogo to – SP) Não se tipifica __________ contra a ordem
em virtude da arma estar desmuniciada no momento tributária, previsto no art. 1o, incisos I a IV, da Lei no
da apreensão. 8.137/90,_______.
e) pelo crime de homicídio tentado, mas não poderá ser Assinale a alternativa que preenche, correta e respec-
responsabilizado pelo crime de posse ilegal de arma tivamente, as lacunas do trecho.
de fogo em virtude da arma estar desmuniciada no a) crime formal … antes do lançamento definitivo do
momento da apreensão.
tributo
50. (2015/VUNESP/TJ-MS) Assinale a alternativa correta. b) crime formal … sem que haja dolo ou culpa do con-
a) A indução ou a instigação de alguém ao uso indevido tribuinte

Noções de Legislação Penal Especial


de droga não é considerado crime. c) crime material … antes do lançamento definitivo do
b) Responde às mesmas penas do crime previsto no tributo
art. 33, caput, da Lei n° 11.343/2006 o agente que d) crime material … sem que haja dolo ou culpa do
custeia ou financia o crime de tráfico. contribuinte
c) Responde por delito autônomo ao do tráfico o agen- e) qualquer crime … sem que tenha havido autuação
te que oferecer droga, eventualmente e sem obje- fiscal
tivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento, para
juntos a consumirem. 54. (2014/VUNESP/TJ-PA) Lei n.º 8.072/90: na ação penal
d) A associação criminosa prevista no art. 35, caput, da por crime hediondo a que o acusado responde preso,
Lei n° 11.343/2006 exige a constatação da reiteração em caso de sentença de primeiro grau
permanente da associação de duas ou mais pessoas a) absolutória, o recurso da acusação impede que se
para prática constante do tráfico. lhe coloque imediatamente em liberdade.
e) A causa de redução da pena, prevista no § 4° do
b) condenatória, o juiz decidirá fundamentadamente
art. 33 da Lei n° 11.343/2006, só será aplicável se o
agente for primário e de bons antecedentes. se ele poderá apelar em liberdade.
c) absolutória, deve-se aguardar o trânsito em julgado
51. (2015/VUNESP/MPE-SP) A Lei n° 8.072/90 (crimes he- para que se lhe coloque em liberdade.
diondos) d) condenatória, ele deve ser imediatamente recolhi-
a) define no seu artigo 1° os crimes considerados do à prisão, iniciando o cumprimento de pena em
hediondos, todos previstos no Código Penal, sem regime fechado.
prejuízo, contudo, de outros delitos considerados e) condenatória, a lei veda que ele aguarde o julgamen-
hediondos pela Legislação Penal Especial. to de eventual apelação em liberdade.

137
55. (2013/VUNESP/MPE-ES) A prisão temporária dos acu- 59. (2015/VUNESP/PC-CE) Sobre a Lei no 8.072/90 (Lei dos
sados por crime hediondo terá o prazo de 30 (trinta) Crimes Hediondos), é correto afirmar que
dias, a) em relação ao crime de homicídio, com exceção do
a) improrrogável. homicídio culposo, todas as demais formas são con-
b) prorrogável por igual período em caso de extrema sideradas crimes hediondos.
necessidade. b) o tráfico de drogas, o roubo – desde que praticado
c) prorrogável por quantos outros tantos períodos de com emprego de arma de fogo e com restrição à l
30 (trinta) dias forem necessários, mediante decisão iberdade da vítima – e o estupro são considerados
judicial fundamentada. crimes hediondos.
d) podendo, contudo, desde o início, ser decretada por c) as penas dos crimes hediondos são fixadas em regi-
período superior, desde que mediante decisão judi- me integralmente fechado.
cial fundamentada. d) para obter progressão de regime, os condenados por
e) automaticamente prorrogável por igual período se crime hediondo, se reincidentes, devem cumprir ao
não houver revogação da determinação judicial que menos 3/5 da pena.
determinou o primeiro período. e) o latrocínio (artigo 157, parágrafo 3o, CP), na sua
forma tentada (e não consumada), não configura
56. (2014/VUNESP/PC-SP) Nos termos do artigo 28 da Lei crime hediondo.
n.º 11.343/2006 – Lei de Drogas – aquele que adqui-
rir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer 60. (2015/VUNESP/PC-CE) Sobre o Estatuto do Desarma-
consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização mento (Lei no 10.826/2003), está correto afirmar que
ou em desacordo com determinação legal ou regula- a) a posse e guarda de arma de fogo no interior da re-
mentar, poderá. sidência ou no local de trabalho é autorizada, desde
a) receber advertência sobre os efeitos das drogas. que a arma de fogo seja de uso permitido.
b) ser punido com a pena de reclusão. b) o Estatuto do Desarmamento só regula condutas
c) ser punido com a pena de detenção. envolvendo armas de fogo de uso permitido
d) ser punido com a pena de prisão simples. c) o artigo 14 do Estatuto do Desarmamento dispõe
e) ter a conduta considerada atípica. sobre o porte de arma de fogo de uso permitido e
o artigo 16 da mesma lei dispõe sobre o porte de
57. (2015/VUNESP/PC-CE) A Lei no 11.343/06 (Drogas) es- arma de fogo de uso restrito.
tabelece que d) o crime de disparo de arma de fogo previsto no artigo
a) o artigo 28 dessa Lei não mais prevê pena corporal 15 do Estatuto admite tanto a conduta dolosa (dis-
para o usuário de drogas e não mais considera crime paro proposital), como culposa (disparo acidental).
a conduta de quem é surpreendido usando drogas. e) o Estatuto do Desarmamento não pune o porte ou a
b) o crime de associação para o tráfico de drogas exige posse de acessório ou munição para armas de fogo.
a presença de pelo menos quatro agentes, podendo
haver, dentre eles, menores de idade. 61. (2019/NC-UFPR/ITAIPU BINACIONAL) De acordo com
c) a conduta daquele que semeia ou cultiva plantas o Código de Trânsito Brasileiro, são consideradas vias
que constituam matéria prima para a preparação de urbanas: via de trânsito rápido, via arterial, via coletora
drogas, sem autorização legal, não caracteriza crime e via local. Segundo esse código, a velocidade máxima
regulado por essa Lei, mas sim crime ambiental nessas vias, onde não existir sinalização regulamenta-
d) o agente que oferece drogas de forma gratuita para dora, é:
terceiro consumir, não pratica o crime do artigo 33 a) sessenta quilômetros por hora, nas vias arteriais.
dessa Lei, o qual exige lucro b) cento e dez quilômetros por hora, nas vias de trânsito
e) o agente primário, de bons antecedentes e que não rápido.
c) sessenta quilômetros por hora, nas vias coletoras.
Noções de Legislação Penal Especial

integre organizações criminosas e nem se dedique


a atividades criminosas, condenado por tráfico de d) quarenta quilômetros por hora, nas vias locais.
drogas, poderá ter sua pena reduzida até 2/3 e) 20% inferior à velocidade das vias sinalizadas.

58. (2015/VUNESP/PC-CE) Sobre a Lei no 9.455/97, que 62. (2019/NC-UFPR/ITAIPU BINACIONAL) Em relação às nor-
dispõe sobre a TORTURA, é correto afirmar que mas gerais de circulação e conduta previstas no Código
a) os casos de tortura com o fim de obter informação, de Trânsito Brasileiro, Lei nº 9.503/97, é correto afirmar:
declaração ou confissão da vítima ou de terceira pes- a) Os condutores de motocicletas só poderão circular
soa e para provocar ação ou omissão de natu reza nas vias com pelo menos uma das mãos no guidom.
criminosa, o crime somente se consuma quando o b) É vedada a utilização de luz alta na condução de
agente obtém o resultado almejado. veículos, salvo se de forma intermitente e por curto
b) o crime de tortura é próprio, uma vez que só pode período, com o fim de visualizar a sinalização da via.
ser cometido por policiais civis ou militares. c) Os veículos mais lentos, quando em fila, deverão
c) privar de alimentos pessoa sob sua guarda, poder manter distância suficiente entre si para permitir que
ou autoridade é uma das formas de tortura previstas veículos que os ultrapassem possam se intercalar na
na lei, na modalidade “tortura-castigo” fila com segurança.
d) se o agente tortura a vítima para com ele praticar d) As crianças com idade inferior a doze anos devem
um roubo, responderá por crime único, qual seja, o ser transportadas nos bancos traseiros dos veículos,
crime de roubo, por este ter penas maiores. salvo as exceções regulamentadas pelo CONTRAN.
e) quando o sujeito ativo do crime de tortura for agente e) A velocidade mínima não poderá ser inferior a 10%
público, as penas são aumentadas de um sexto a um da velocidade máxima estabelecida, respeitadas as
terço condições operacionais de trânsito e da via.

138
63. (2019/NC-UFPR/Prefeitura de Curitiba – PR) Um estu- 66. (2009/NC-UFPR/SES-PR) O Estatuto da Criança e do
dante menor de idade tentou conversar com a diretora Adolescente estabelece:
da escola sobre critérios de avaliação utilizados por um a) Crianças menores de 10 anos só poderão ter aces-
professor. A diretora da escola considerou tal atitude so a diversões e espetáculos públicos se estiverem
improcedente, não viabilizou diálogo e encerrou o caso. acompanhadas pelos pais ou responsáveis.
Com base nessa situação hipotética, e à luz do Estatuto b) Recomenda-se que as emissoras de televisão indi-
da Criança e do Adolescente (ECA), Lei nº 8.069/90, quem a classificação dos programas antes de sua
Capítulo IV, assinale a alternativa correta. exibição.
a) A diretora agiu em conformidade com o ECA, posto c) É proibida a publicação de revistas que tenham men-
que não se aplica o direito à contestação de critérios sagens pornográficas ou obscenas na capa.
avaliativos por parte de estudantes menores. d) Crianças e adolescentes só podem frequentar esta-
b) A competência para apurar critérios avaliativos é belecimentos que explorem comercialmente bilhar,
dever restrito à equipe pedagógica. A diretora agiu sinuca ou outros tipos de jogos se estiverem acom-
conforme o ECA, pelo qual a contestação por parte panhadas pelos pais ou responsáveis.
de estudantes pode ser interpretada como desres- e) As editoras podem, a seu critério, usar embalagens
peito. lacradas para publicações inadequadas a crianças e
c) A fim de proteger e assegurar o direito à aprendiza- adolescentes.
gem do estudante, a atitude da diretora foi coerente
com os princípios educacionais que orientam que as 67. (2009/NC-UFPR/SES-PR) Os Conselhos Tutelares têm o
avaliações escolares devem ser consideradas medi- papel de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança
das socioeducativas invioláveis. e do adolescente. Considere as seguintes afirmativas
d) A atitude da diretora violou o ECA, visto que essa sobre a composição, funcionamento e atribuições dos
lei assegura o direito da criança e do adolescente Conselhos Tutelares:
de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer 1. Cada município deve ter, no mínimo, um Conselho
às instâncias escolares superiores. Tutelar, escolhido pela comunidade local.
e) Visando garantir o respeito e a autonomia do profes- 2. O Conselho Tutelar tem um mandato de quatro anos,
sor em sala de aula, o ECA estabelece que os dirigen- coincidente com os mandatos do prefeito e vereadores.
tes de estabelecimentos de ensino devem considerar 3. Cabe ao município definir se os membros do Conselho
contestações de estudantes somente quando houver Tutelar serão remunerados pelo exercício da função.
elevados níveis de repetência, razão pela qual a di- 4. Os membros do Conselho Tutelar devem ter idade
retora agiu corretamente. superior a 35 anos e residir no município.
5. Compete ao Conselho Tutelar atender as crianças e
64. (2019/NC-UFPR/TJ-PR) Um dia antes de completar de- adolescentes em caso de falta, omissão ou abuso dos
zoito anos, Alfonso pratica um latrocínio, um estupro e pais ou responsáveis.
uma extorsão mediante sequestro. A sentença conde- Assinale a alternativa correta.
natória do caso é proferida dois anos depois, quando a) Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras.
Alfonso já possui quase vinte anos de idade. Nesse caso, b) Somente as afirmativas 2, 4 e 5 são verdadeiras.
aplica-se: c) Somente a afirmativa 5 é verdadeira.
a) a pena prevista para os delitos, diminuída em razão
d) Somente as afirmativas 1, 3 e 5 são verdadeiras.
da idade precoce.
e) As afirmativas 1, 2, 3, 4 e 5 são verdadeiras.
b) a pena prevista para os delitos praticados sem redução.
c) medida socioeducativa com restrição da liberdade
68. (2009/NC-UFPR/SES-PR) Os Conselhos Tutelares têm o
de no máximo três anos.
papel de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança
d) nove anos de medida socioeducativa porquanto se
trata de três delitos. e do adolescente. Considere as seguintes afirmativas
e) seis anos de medida socioeducativa. sobre a composição, funcionamento e atribuições dos

Noções de Legislação Penal Especial


Conselhos Tutelares:
65. (2009/NC-UFPR/SES-PR) O Estatuto da Criança e do 1. Cada município deve ter, no mínimo, um Conselho
Adolescente estabelece uma série de condições para Tutelar, escolhido pela comunidade local.
preservar o direito à profissionalização e a proteção ao 2. O Conselho Tutelar tem um mandato de quatro anos,
trabalho de crianças e jovens. Sobre esse tema, assinale coincidente com os mandatos do prefeito e vereadores.
a alternativa correta. 3. Cabe ao município definir se os membros do Conselho
a) Menores de quatorze anos de idade não podem Tutelar serão remunerados pelo exercício da função.
realizar nenhum tipo de trabalho, nem mesmo na 4. Os membros do Conselho Tutelar devem ter idade
condição de aprendizes. superior a 35 anos e residir no município.
b) Adolescentes na faixa dos 14 aos 18 anos podem 5. Compete ao Conselho Tutelar atender as crianças e
realizar trabalhos noturnos (entre as vinte e duas adolescentes em caso de falta, omissão ou abuso dos
horas de um dia e as cinco horas do dia seguinte), pais ou responsáveis.
desde que frequentem aulas no turno vespertino Assinale a alternativa correta
(entre 13 e 18 horas). a) Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras
c) Os adolescentes que trabalhem como aprendizes b) Somente as afirmativas 2, 4 e 5 são verdadeiras
podem receber remuneração por suas atividades. c) Somente a afirmativa 5 é verdadeira.
d) Adolescentes que realizarem atividades de capa- d) Somente as afirmativas 1, 3 e 5 são verdadeiras
citação técnico-profissional estão dispensados de e) As afirmativas 1, 2, 3, 4 e 5 são verdadeiras.
frequentar o ensino regular obrigatório.
e) Aos adolescentes aprendizes maiores de quatorze 69. (2009/NC-UFPR/SES-PR) Os Conselhos Tutelares têm o
anos e menores de dezoito não são assegurados papel de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança
direitos trabalhistas e previdenciários. e do adolescente. Considere as seguintes afirmativas

139
sobre a composição, funcionamento e atribuições dos 72. (2014/NC-UFPR/DPE-PR) João iniciou o cumprimento
Conselhos Tutelares: de medida socioeducativa de internação aos 17 anos
1. Cada município deve ter, no mínimo, um Conselho de idade. Se ainda estiver internado, João, assim que
Tutelar, escolhido pela comunidade local. completar 18 anos, pelo fato de ter alcançado a maio-
2. O Conselho Tutelar tem um mandato de quatro anos, ridade penal,
coincidente com os mandatos do prefeito e vereadores. a) será liberado compulsoriamente.
3. Cabe ao município definir se os membros do Conselho b) terá a medida de internação substituída por medida
Tutelar serão remunerados pelo exercício da função. não privativa de liberdade.
4. Os membros do Conselho Tutelar devem ter idade c) será transferido para divisão especializada do siste-
superior a 35 anos e residir no município. ma penitenciário, separado, porém, dos condenados
5. Compete ao Conselho Tutelar atender as crianças e que cumprem sanção penal.
d) passará a ser titular, no processo de execução da
adolescentes em caso de falta, omissão ou abuso dos
internação, de todas as garantias e benefícios ou-
pais ou responsáveis.
torgados aos adultos submetidos a pena privativa
Assinale a alternativa correta. de liberdade.
a) Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras. e) não terá, pelo simples alcance da maioridade penal,
b) Somente as afirmativas 2, 4 e 5 são verdadeiras. afetada sua situação socioeducativa.
c) Somente a afirmativa 5 é verdadeira.
d) Somente as afirmativas 1, 3 e 5 são verdadeiras. 73. (2014/NC-UFPR/DPE-PR) Nos campos do atendimento
e) As afirmativas 1, 2, 3, 4 e 5 são verdadeiras. dispensado aos adolescentes suspeitos da prática de ato
infracional ou submetidos a medida socioeducativa, é
70. (2009/NC-UFPR/SES-PR) Os Conselhos Tutelares têm o papel do Conselho Tutelar, conforme previsto em lei,
papel de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança a) acompanhar a lavratura dos autos de apreensão
e do adolescente. quando o adolescente apreendido estiver desacom-
Considere as seguintes afirmativas sobre a composição, panhado dos pais ou responsável.
funcionamento e atribuições dos Conselhos Tutelares: b) providenciar a medida de proteção estabelecida pela
1. Cada município deve ter, no mínimo, um Conselho autoridade judiciária para o adolescente autor de
Tutelar, escolhido pela comunidade local. ato infracional.
c) participar diretamente da elaboração do plano indi-
2. O Conselho Tutelar tem um mandato de quatro anos,
vidual de atendimento nas medidas socioeducativas
coincidente com os mandatos do prefeito e dos verea- de meio aberto.
dores. d) elaborar, como subsídio para decisão judicial de apli-
3. Cabe ao município definir se os membros do Conselho cação da medida socioeducativa, estudo social da
Tutelar serão remunerados pelo exercício da função. família do adolescente.
4. Os membros do Conselho Tutelar devem ter idade e) promover o acompanhamento dos egressos de me-
superior a 35 anos e residir no município. dida socioeducativa de internação.
5. Compete ao Conselho Tutelar atender as crianças e
adolescentes em caso de falta, omissão ou abuso dos 74. (2014/NC-UFPR/DPE-PR) A adoção unilateral
pais ou responsáveis. a) resulta no desligamento de qualquer vínculo com
Assinale a alternativa correta. pais ou parentes, salvo os impedimentos matrimo-
a) Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras. niais.
b) Somente as afirmativas 2, 4 e 5 são verdadeiras. b) dispensa, conforme o caso, o estágio de convivência,
c) Somente a afirmativa 5 é verdadeira. mas exige sempre prévia habilitação do adotante em
d) Somente as afirmativas 1, 3 e 5 são verdadeiras. procedimento judicial próprio.
c) corresponde à hipótese em que um dos cônjuges ou
e) As afirmativas 1, 2, 3, 4 e 5 são verdadeiras.
concubinos adota o filho do outro.
Noções de Legislação Penal Especial

d) ao contrário da adoção conjunta, ocorre quando a


71. (2009/NC-UFPR/SES-PR) O Estatuto da Criança e do criança ou adolescente é adotado por pretendente
Adolescente estabelece uma série de condições para habilitado a adotar sozinho, que passa a ser o único
preservar o direito à profissionalização e a proteção ao genitor constante de seu assento de nascimento.
trabalho de crianças e jovens. Sobre esse tema, assinale e) é a modalidade de adoção decretada sem consenti-
a alternativa correta. mento expresso do adotando, bastando a manifes-
a) Menores de quatorze anos de idade não podem tação de vontade do adotante.
realizar nenhum tipo de trabalho, nem mesmo na
condição de aprendizes. 75. (2014/NC-UFPR/DPE-PR) O advogado, segundo disci-
b) Adolescentes na faixa dos 14 aos 18 anos podem plina o Estatuto da Criança e do Adolescente,
realizar trabalhos noturnos (entre as vinte e duas a) deve estar presente, sob pena de nulidade, no ato
horas de um dia e as cinco horas do dia seguinte), de oitiva informal do adolescente pelo representante
desde que frequentem aulas no turno vespertino do Ministério Público.
(entre 13 e 18 horas). b) deve propor a ação socioeducativa nos casos de ato
c) Os adolescentes que trabalhem como aprendizes infracional equiparado a crime de ação penal privada.
c) é integrante obrigatório da equipe da assessoria
podem receber remuneração por suas atividades.
técnica dos conselhos tutelares.
d) Adolescentes que realizarem atividades de capa- d) é dispensado de atuar em defesa do requerido nos
citação técnico-profissional estão dispensados de processos de apuração de infração administrativa às
frequentar o ensino regular obrigatório. normas de proteção à criança e ao adolescente.
e) Aos adolescentes aprendizes maiores de quatorze e) é dispensado de representar os adotantes quando
anos e menores de dezoito não são assegurados o pedido de adoção recair sobre criança cujos pais
direitos trabalhistas e previdenciários. sejam falecidos ou destituídos do poder familiar.

140
76. (2014/NC-UFPR/DPE-PR) O Plano Individual de Atendi- 80. (2014/NC-UFPR/TJ-PR) Sobre o Estatuto da Criança e
mento, no âmbito da execução das medidas socioedu- do Adolescente, a Lei 8.069/1990, identifique as afir-
cativas, mativas a seguir como verdadeiras (V) ou falsas (F):
a) corresponde ao conjunto das atividades nas quais o ( ) Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado
adolescente recebe atendimento individual. e educado no seio da sua família e, excepcional-
b) é obrigatório na execução das medidas de presta- mente, em família substituta, assegurada a convi-
ção de serviços à comunidade, liberdade assistida, vência familiar e comunitária, em ambiente livre da
semiliberdade e internação. presença de pessoas dependentes de substâncias
c) é elaborado pela equipe interprofissional do Poder entorpecentes.
Judiciário com o escopo de garantir o alcance dos ( ) Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e
objetivos da sentença. educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda,
d) deve ser elaborado e remetido ao juiz, para homo- no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer
logação, no prazo máximo de 30 dias. cumprir as determinações judiciais, salvo se as con-
siderar injustas ou contrárias ao desenvolvimento
e) deve prever qual será o tempo mínimo de duração
da criança.
de cada medida posta sob execução.
( ) A adoção, em causa própria ou por procuração, é
medida excepcional e irrevogável, à qual se deve
77. (2014/NC-UFPR/DPE-PR) Segundo previsto no Estatuto
recorrer apenas quando esgotados os recursos de
da Criança e do Adolescente, a medida de advertência manutenção da criança ou adolescente na família
pode ser aplicada natural ou extensa.
a) à entidade de atendimento não governamental que ( ) A adoção será deferida quando apresentar reais
descumprir portaria judicial reguladora do serviço. vantagens para o adotando e fundar-se em motivos
b) aos pais ou responsável que autorizem o filho ado- legítimos.
lescente a viajar desacompanhado para outro estado Assinale a alternativa que apresenta a sequência cor-
da federação. reta, de cima para baixo.
c) à criança autora de ato infracional cometido sem a) F – V – F – F.
violência ou grave ameaça. b) F – F – V – V.
d) ao adolescente que praticou ato infracional median- c) V – F – F – V.
te violência ou grave ameaça. d) V – V – V – F.
e) ao conselheiro tutelar que se ausentar por mais de
três vezes, sem justificativa, das sessões plenárias 81. (2013/NC-UFPR/TJ-PR) Não havendo outra medida ade-
do órgão. quada, pode ser aplicada a internação:
a) se o ato infracional foi cometido mediante violência.
78. (2014/NC-UFPR/DPE-PR) Tem fundamento expresso em b) pelo descumprimento reiterado e injustificado de
lei federal a pretensão medida anteriormente imposta.
a) de exigir a concessão de vaga para matricula de c) com prazo máximo de 3 anos.
criança ou adolescente na escola pública de ensino d) pelo cometimento de ato infracional grave, análogo
fundamental mais próxima de sua residência. a crime punido com pena mínima de três anos de
b) de recorrer ao delegado de ensino contra decisão do reclusão.
professor que impõe sanção disciplinar de expulsão
ao educando. 82. (2013/NC-UFPR/TJ-PR) Fulana de Tal, de 15 anos, foi
c) de reclamar matrícula na mesma escola para grupos encontrada por conselheiro tutelar desacompanhada
de irmãos. de seus pais ou responsável, ingerindo bebida alcoólica
d) do adolescente em defasagem idade/série de fre- em promoção dançante. Para o evento, foi expedido al-
vará autorizando a entrada de adolescentes maiores de

Noções de Legislação Penal Especial


quentar ensino supletivo a partir dos 14 anos de
idade no período noturno. 16 anos, desacompanhados dos pais ou responsáveis.
e) de, comprovada sua superdotação, ter a criança Lavrado auto de infração, o fato deve ser classificado:
a) como infração administrativa prevista no art. 249 do
substituída a educação formal escolar pela educação
ECA, sem prejuízo da responsabilidade penal.
domiciliar.
b) como infração administrativa prevista no art. 81, II
do ECA, sem prejuízo da responsabilidade penal.
79. (2014/NC-UFPR/DPE-PR) Os três objetivos das medidas c) como infração administrativa prevista no art. 258 do
socioeducativas, segundo expressamente anunciados ECA, sem prejuízo da responsabilidade penal.
na Lei 12594/12, são: d) no tipo penal do art. 243 do ECA, com absorção da
a) proteção integral, socioeducação e ressocialização responsabilidade administrativa.
do adolescente.
b) promoção social do adolescente, reinserção social 83. (2013/NC-UFPR/TJ-PR) A remissão, como forma de ex-
do adolescente e defesa social. tinção ou suspensão do processo, pode ser concedida:
c) desaprovação da conduta infracional, responsabili- a) pela autoridade judiciária em qualquer fase do pro-
zação do adolescente e integração social do adoles- cedimento, até a publicação da sentença.
cente. b) pela autoridade judiciária em qualquer fase do pro-
d) gestão dos riscos de reincidência, reparação dos cedimento, até o trânsito em julgado da sentença.
danos pessoais e sociais decorrentes da conduta e c) pela autoridade judiciária ou pelo órgão colegiado
garantia de direitos do adolescente. competente, até o julgamento do recurso.
e) reeducação, proteção social e tratamento psicosso- d) pelo Ministério Público, logo após iniciado o proce-
cial do adolescente. dimento judicial.

141
84. (2013/NC-UFPR/TJ-PR) Assinale a alternativa INCORRE- no tocante à direção sem habilitação em vias terrestres.
TA. Compete à autoridade judiciária autorizar, mediante 3. A prática de homicídio culposo na direção de veículo
alvará, a entrada e permanência de criança ou adoles- automotor tem a pena majorada se o agente estiver sob
cente, desacompanhado de seus pais ou responsável, a influência de álcool ou substância tóxica.
a) em boate e congêneres. 4. A prática de homicídio culposo na direção de veícu-
b) em estádio, ginásio e campo desportivo. lo automotor e lesão corporal culposa na direção de
c) em casa que explore comercialmente bilhar, sinuca veículo automotor são crimes de ação penal pública
ou congênere. incondicionada.
d) em casa que explore comercialmente diversões ele- Assinale a alternativa correta.
trônicas. a) Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras.
b) Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras.
85. (2012/NC-UFPR/TJ-PR) Considere as seguintes afirma- c) Somente as afi rmativas 3 e 4 são verdadeiras.
tivas: d) Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras.
1. A Justiça da Infância e da Juventude é competente e) Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras.
para conhecer de casos encaminhados pelo Conselho
Tutelar, aplicando as medidas cabíveis. 88. (2019/NC-UFPR/Prefeitura de Curitiba – PR) Um estu-
2. A sentença que destituir ambos ou qualquer dos ge- dante menor de idade tentou conversar com a diretora
nitores do poder familiar fica sujeita a apelação, que da escola sobre critérios de avaliação utilizados por um
deverá ser recebida nos efeitos suspensivo e devolutivo. professor. A diretora da escola considerou tal atitude
3. A função de membro do conselho nacional e dos improcedente, não viabilizou diálogo e encerrou o caso.
conselhos estaduais e municipais dos direitos da criança Com base nessa situação hipotética, e à luz do Estatuto
e do adolescente é considerada de interesse público da Criança e do Adolescente (ECA), Lei nº 8.069/90,
relevante e será remunerada respeitando os pisos sa- Capítulo IV, assinale a alternativa correta.
lariais específicos. a) A diretora agiu em conformidade com o ECA, posto
4. Entende-se por família extensa ou ampliada aquela que não se aplica o direito à contestação de critérios
que se estende para além da unidade pais e filhos ou da avaliativos por parte de estudantes menores.
unidade do casal, formada por parentes próximos com b) A competência para apurar critérios avaliativos é
os quais a criança ou adolescente convive e mantém dever restrito à equipe pedagógica. A diretora agiu
vínculos de afinidade e afetividade. conforme o ECA, pelo qual a contestação por parte
Assinale a alternativa correta. de estudantes pode ser interpretada como desres-
a) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras. peito.
b) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras. c) A fim de proteger e assegurar o direito à aprendiza-
c) Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras. gem do estudante, a atitude da diretora foi coerente
d) Somente as afirmativas 1 e 4 são verdadeiras. com os princípios educacionais que orientam que as
avaliações escolares devem ser consideradas medi-
86. (2012/NC-UFPR/TJ-PR) Sobre adoção, assinale a alter- das socioeducativas invioláveis.
nativa correta. d) A atitude da diretora violou o ECA, visto que essa
a) A adoção é modalidade de família substituta e des- lei assegura o direito da criança e do adolescente
liga o adotado de todos os vínculos com os pais e de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer
demais parentes originários. às instâncias escolares superiores.
b) A morte dos pais adotantes restabelece o poder fa- e) Visando garantir o respeito e a autonomia do profes-
miliar dos pais originários apenas se o adotado não sor em sala de aula, o ECA estabelece que os dirigen-
possuir nenhum outro parente vivo. tes de estabelecimentos de ensino devem considerar
c) É possível a adoção conjunta pelos divorciados, os ju- contestações de estudantes somente quando houver
dicialmente separados e os ex-companheiros, desde elevados níveis de repetência, razão pela qual a di-
Noções de Legislação Penal Especial

que acordem sobre a guarda e o regime de visitas, retora agiu corretamente.


contanto que o estágio de convivência tenha sido
iniciado na constância do período de convivência 89. (2019/NC-UFPR/TJ-PR) Um dia antes de completar de-
e que seja comprovada a existência de vínculos de zoito anos, Alfonso pratica um latrocínio, um estupro e
afinidade e afetividade com aquele não detentor uma extorsão mediante sequestro. A sentença conde-
da guarda, que justifiquem a excepcionalidade da natória do caso é proferida dois anos depois, quando
concessão. Alfonso já possui quase vinte anos de idade. Nesse caso,
d) Com o intuito de resguardar os interesses do pupilo aplica-se:
e do curatelado, é vedada a adoção destes pelos a) a pena prevista para os delitos, diminuída em razão
respectivos tutor e curador, salvo quando já tiver da idade precoce.
mais de doze anos. b) a pena prevista para os delitos praticados sem redução.
c) medida socioeducativa com restrição da liberdade
87. (2007/NC-UFPR/PC-PR) Sobre o Código de Trânsito de no máximo três anos.
Brasileiro (Lei 9.503/97), considere as seguintes afir- d) nove anos de medida socioeducativa porquanto se
mativas: trata de três delitos.
1. Constitui circunstância agravante ter o condutor do e) seis anos de medida socioeducativa.
veículo cometido a infração quando sua profissão ou
atividade exigir cuidados especiais com o transporte de 90. (2009/NC-UFPR/SES-PR) O Estatuto da Criança e do
passageiros ou de carga. Adolescente estabelece uma série de condições para
2. O artigo 309 do Código de Trânsito Brasileiro, que preservar o direito à profissionalização e a proteção ao
exige que decorra do fato delituoso perigo de dano, trabalho de crianças e jovens. Sobre esse tema, assinale
derrogou o artigo 32 da Lei de Contravenções Penais a alternativa correta.

142
a) Menores de quatorze anos de idade não podem b) Adolescentes na faixa dos 14 aos 18 anos podem
realizar nenhum tipo de trabalho, nem mesmo na realizar trabalhos noturnos (entre as vinte e duas
condição de aprendizes. horas de um dia e as cinco horas do dia seguinte),
b) Adolescentes na faixa dos 14 aos 18 anos podem desde que frequentem aulas no turno vespertino
realizar trabalhos noturnos (entre as vinte e duas (entre 13 e 18 horas).
horas de um dia e as cinco horas do dia seguinte), c) Os adolescentes que trabalhem como aprendizes
desde que frequentem aulas no turno vespertino podem receber remuneração por suas atividades.
(entre 13 e 18 horas). d) Adolescentes que realizarem atividades de capa-
c) Os adolescentes que trabalhem como aprendizes citação técnico-profissional estão dispensados de
podem receber remuneração por suas atividades. frequentar o ensino regular obrigatório.
d) Adolescentes que realizarem atividades de capa- e) Aos adolescentes aprendizes maiores de quatorze
citação técnico-profissional estão dispensados de anos e menores de dezoito não são assegurados
frequentar o ensino regular obrigatório. direitos trabalhistas e previdenciários.
e) Aos adolescentes aprendizes maiores de quatorze
anos e menores de dezoito não são assegurados 94. (2014/NC-UFPR/DPE-PR) João iniciou o cumprimento
direitos trabalhistas e previdenciários. de medida socioeducativa de internação aos 17 anos
de idade. Se ainda estiver internado, João, assim que
91. (2009/NC-UFPR/SES-PR) O Estatuto da Criança e do completar 18 anos, pelo fato de ter alcançado a maio-
Adolescente estabelece: ridade penal,
a) Crianças menores de 10 anos só poderão ter aces- a) será liberado compulsoriamente.
so a diversões e espetáculos públicos se estiverem b) terá a medida de internação substituída por medida
acompanhadas pelos pais ou responsáveis. não privativa de liberdade.
b) Recomenda-se que as emissoras de televisão indi- c) será transferido para divisão especializada do siste-
quem a classificação dos programas antes de sua ma penitenciário, separado, porém, dos condenados
exibição. que cumprem sanção penal.
c) É proibida a publicação de revistas que tenham men- d) passará a ser titular, no processo de execução da
sagens pornográficas ou obscenas na capa. internação, de todas as garantias e benefícios ou-
d) Crianças e adolescentes só podem frequentar esta- torgados aos adultos submetidos a pena privativa
belecimentos que explorem comercialmente bilhar, de liberdade.
sinuca ou outros tipos de jogos se estiverem acom- e) não terá, pelo simples alcance da maioridade penal,
panhadas pelos pais ou responsáveis. afetada sua situação socioeducativa.
e) As editoras podem, a seu critério, usar embalagens
lacradas para publicações inadequadas a crianças e 95. (2014/NC-UFPR/DPE-PR) Nos campos do atendimento
adolescentes. dispensado aos adolescentes suspeitos da prática de ato
infracional ou submetidos a medida socioeducativa, é
92. (2009/NC-UFPR/SES-PR) Os Conselhos Tutelares têm o papel do Conselho Tutelar, conforme previsto em lei,
papel de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança a) acompanhar a lavratura dos autos de apreensão
e do adolescente. Considere as seguintes afirmativas quando o adolescente apreendido estiver desacom-
sobre a composição, funcionamento e atribuições dos panhado dos pais ou responsável.
Conselhos Tutelares: b) providenciar a medida de proteção estabelecida pela
1. Cada município deve ter, no mínimo, um Conselho autoridade judiciária para o adolescente autor de
Tutelar, escolhido pela comunidade local. ato infracional.
2. O Conselho Tutelar tem um mandato de quatro anos, c) participar diretamente da elaboração do plano indi-
coincidente com os mandatos do prefeito e vereadores. vidual de atendimento nas medidas socioeducativas

Noções de Legislação Penal Especial


3. Cabe ao município definir se os membros do Conselho de meio aberto.
Tutelar serão remunerados pelo exercício da função. d) elaborar, como subsídio para decisão judicial de apli-
4. Os membros do Conselho Tutelar devem ter idade cação da medida socioeducativa, estudo social da
superior a 35 anos e residir no município. família do adolescente.
5. Compete ao Conselho Tutelar atender as crianças e e) promover o acompanhamento dos egressos de me-
adolescentes em caso de falta, omissão ou abuso dos dida socioeducativa de internação.
pais ou responsáveis.
Assinale a alternativa correta. 96. (2014/NC-UFPR/DPE-PR) A adoção unilateral
a) Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras. a) resulta no desligamento de qualquer vínculo com pais
b) Somente as afirmativas 2, 4 e 5 são verdadeiras. ou parentes, salvo os impedimentos matrimoniais.
c) Somente a afirmativa 5 é verdadeira. b) dispensa, conforme o caso, o estágio de convivência,
d) Somente as afirmativas 1, 3 e 5 são verdadeiras. mas exige sempre prévia habilitação do adotante em
e) As afirmativas 1, 2, 3, 4 e 5 são verdadeiras . procedimento judicial próprio.
c) corresponde à hipótese em que um dos cônjuges ou
93. (2009/NC-UFPR/SES-PR) O Estatuto da Criança e do concubinos adota o filho do outro.
Adolescente estabelece uma série de condições para d) ao contrário da adoção conjunta, ocorre quando a
preservar o direito à profissionalização e a proteção ao criança ou adolescente é adotado por pretendente
trabalho de crianças e jovens. Sobre esse tema, assinale habilitado a adotar sozinho, que passa a ser o único
a alternativa correta. genitor constante de seu assento de nascimento.
a) Menores de quatorze anos de idade não podem e) é a modalidade de adoção decretada sem consenti-
realizar nenhum tipo de trabalho, nem mesmo na mento expresso do adotando, bastando a manifes-
condição de aprendizes. tação de vontade do adotante.

143
97. (2014/NC-UFPR/DPE-PR) O advogado, segundo disci- 101. (2014/NC-UFPR/DPE-PR) Os três objetivos das medidas
plina o Estatuto da Criança e do Adolescente, socioeducativas, segundo expressamente anunciados
a) deve estar presente, sob pena de nulidade, no ato na Lei 12594/12, são:
de oitiva informal do adolescente pelo representante a) proteção integral, socioeducação e ressocialização
do Ministério Público. do adolescente.
b) deve propor a ação socioeducativa nos casos de ato b) promoção social do adolescente, reinserção social
infracional equiparado a crime de ação penal privada. do adolescente e defesa social.
c) é integrante obrigatório da equipe da assessoria c) desaprovação da conduta infracional, responsabili-
técnica dos conselhos tutelares. zação do adolescente e integração social do adoles-
d) é dispensado de atuar em defesa do requerido nos cente.
d) gestão dos riscos de reincidência, reparação dos
processos de apuração de infração administrativa às
danos pessoais e sociais decorrentes da conduta e
normas de proteção à criança e ao adolescente.
garantia de direitos do adolescente.
e) é dispensado de representar os adotantes quando e) reeducação, proteção social e tratamento psicosso-
o pedido de adoção recair sobre criança cujos pais cial do adolescente.
sejam falecidos ou destituídos do poder familiar.
102. (2014/NC-UFPR/TJ-PR) Sobre o Estatuto da Criança e
98. (2014/NC-UFPR/DPE-PR) O Plano Individual de Atendi- do Adolescente, a Lei 8.069/1990, identifique as afir-
mento, no âmbito da execução das medidas socioedu- mativas a seguir como verdadeiras (V) ou falsas (F):
cativas, ( ) Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado
a) corresponde ao conjunto das atividades nas quais o e educado no seio da sua família e, excepcional-
adolescente recebe atendimento individual. mente, em família substituta, assegurada a convi-
b) é obrigatório na execução das medidas de presta- vência familiar e comunitária, em ambiente livre da
ção de serviços à comunidade, liberdade assistida, presença de pessoas dependentes de substâncias
semiliberdade e internação. entorpecentes.
c) é elaborado pela equipe interprofissional do Poder ( ) Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e
Judiciário com o escopo de garantir o alcance dos educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda,
objetivos da sentença. no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer
d) deve ser elaborado e remetido ao juiz, para homo- cumprir as determinações judiciais, salvo se as con-
logação, no prazo máximo de 30 dias. siderar injustas ou contrárias ao desenvolvimento
e) deve prever qual será o tempo mínimo de duração da criança.
( ) A adoção, em causa própria ou por procuração, é
de cada medida posta sob execução.
medida excepcional e irrevogável, à qual se deve
recorrer apenas quando esgotados os recursos de
99. (2014/NC-UFPR/DPE-PR) Segundo previsto no Estatuto manutenção da criança ou adolescente na família
da Criança e do Adolescente, a medida de advertência natural ou extensa.
pode ser aplicada ( ) A adoção será deferida quando apresentar reais
a) à entidade de atendimento não governamental que vantagens para o adotando e fundar-se em motivos
descumprir portaria judicial reguladora do serviço. legítimos.
b) aos pais ou responsável que autorizem o filho ado- Assinale a alternativa que apresenta a sequência cor-
lescente a viajar desacompanhado para outro estado reta, de cima para baixo.
da federação. a) F – V – F – F.
c) à criança autora de ato infracional cometido sem b) F – F – V – V.
violência ou grave ameaça. c) V – F – F – V.
d) ao adolescente que praticou ato infracional median- d) V – V – V – F.
Noções de Legislação Penal Especial

te violência ou grave ameaça.


e) ao conselheiro tutelar que se ausentar por mais de 103. (2013/NC-UFPR/TJ-PR) Não havendo outra medida ade-
três vezes, sem justificativa, das sessões plenárias quada, pode ser aplicada a internação:
do órgão. a) se o ato infracional foi cometido mediante violência.
b) pelo descumprimento reiterado e injustificado de
100. (2014/NC-UFPR/DPE-PR) Tem fundamento expresso em medida anteriormente imposta.
lei federal a pretensão c) com prazo máximo de 3 anos.
a) de exigir a concessão de vaga para matricula de d) pelo cometimento de ato infracional grave, análogo
a crime punido com pena mínima de três anos de
criança ou adolescente na escola pública de ensino
reclusão.
fundamental mais próxima de sua residência.
b) de recorrer ao delegado de ensino contra decisão do 104. (2013/NC-UFPR/TJ-PR) Fulana de Tal, de 15 anos, foi
professor que impõe sanção disciplinar de expulsão encontrada por conselheiro tutelar desacompanhada
ao educando. de seus pais ou responsável, ingerindo bebida alcoólica
c) de reclamar matrícula na mesma escola para grupos em promoção dançante. Para o evento, foi expedido al-
de irmãos. vará autorizando a entrada de adolescentes maiores de
d) do adolescente em defasagem idade/série de fre- 16 anos, desacompanhados dos pais ou responsáveis.
quentar ensino supletivo a partir dos 14 anos de Lavrado auto de infração, o fato deve ser classificado:
idade no período noturno. a) como infração administrativa prevista no art. 249 do
e) de, comprovada sua superdotação, ter a criança ECA, sem prejuízo da responsabilidade penal.
substituída a educação formal escolar pela educação b) como infração administrativa prevista no art. 81, II
domiciliar. do ECA, sem prejuízo da responsabilidade penal.

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c) como infração administrativa prevista no art. 258 do d) Com o intuito de resguardar os interesses do pupilo
ECA, sem prejuízo da responsabilidade penal. e do curatelado, é vedada a adoção destes pelos
d) no tipo penal do art. 243 do ECA, com absorção da respectivos tutor e curador, salvo quando já tiver
responsabilidade administrativa. mais de doze anos.

105. (2013/NC-UFPR/TJ-PR) A remissão, como forma de ex- GABARITO


tinção ou suspensão do processo, pode ser concedida:
a) pela autoridade judiciária em qualquer fase do pro- 1. c 28. b 55. b 82. c
cedimento, até a publicação da sentença. 2. b 29. e 56. a 83. a
b) pela autoridade judiciária em qualquer fase do pro- 3. a 30. a 57. e 84. c
cedimento, até o trânsito em julgado da sentença. 4. d 31. b 58. e 85. d
c) pela autoridade judiciária ou pelo órgão colegiado 5. d 32. d 59. d 86. c
competente, até o julgamento do recurso. 6. d 33. d 60. c 87. b
d) pelo Ministério Público, logo após iniciado o proce- 7. a 34. d 61. a 88. D
dimento judicial. 8. e 35. d 62. c 89. C
106. (2013/NC-UFPR/TJ-PR) Assinale a alternativa INCORRE- 9. d 36. a 63. d 90. C
TA. Compete à autoridade judiciária autorizar, mediante 10. a 37. c 64. c 91. A
alvará, a entrada e permanência de criança ou adoles- 11. b 38. a 65. c 92. D
cente, desacompanhado de seus pais ou responsável, 12. e 39. a 66. a 93. C
a) em boate e congêneres. 13. a 40. a 67. d 94. E
b) em estádio, ginásio e campo desportivo. 14. d 41. d 68. d 95. B
c) em casa que explore comercialmente bilhar, sinuca 15. a 42. e 69. d 96. C
ou congênere. 16. d 43. a 70. d 97. E
d) em casa que explore comercialmente diversões ele- 17. c 44. b 71. c 98. B
trônicas. 18. d 45. a 72. e 99. D
19. d 46. a 73. b 100. A
107. (2012/NC-UFPR/TJ-PR) Considere as seguintes afirma- 20. a 47. e 74. c 101. C
tivas: 21. d 48. d 75. e 102. C
1. A Justiça da Infância e da Juventude é competente 22. e 49. b 76. b 103. B
para conhecer de casos encaminhados pelo Conselho 23. a 50. c 77. d 104. C
Tutelar, aplicando as medidas cabíveis. 24. c 51. e 78. a 105. A
2. A sentença que destituir ambos ou qualquer dos ge- 25. b 52. e 79. c 106. C
nitores do poder familiar fica sujeita a apelação, que 26. d 53. c 80. c 107. D
deverá ser recebida nos efeitos suspensivo e devolutivo. 27. b 54. b 81. b 108. C
3. A função de membro do conselho nacional e dos
conselhos estaduais e municipais dos direitos da criança
e do adolescente é considerada de interesse público
relevante e será remunerada respeitando os pisos sa-
lariais específicos.
4. Entende-se por família extensa ou ampliada aquela
que se estende para além da unidade pais e filhos ou da
unidade do casal, formada por parentes próximos com
os quais a criança ou adolescente convive e mantém
vínculos de afinidade e afetividade.
Assinale a alternativa correta.

Noções de Legislação Penal Especial


a) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras.
b) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras.
c) Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas 1 e 4 são verdadeiras.

108. (2012/NC-UFPR/TJ-PR) Sobre adoção, assinale a alter-


nativa correta.
a) A adoção é modalidade de família substituta e des-
liga o adotado de todos os vínculos com os pais e
demais parentes originários.
b) A morte dos pais adotantes restabelece o poder fa-
miliar dos pais originários apenas se o adotado não
possuir nenhum outro parente vivo.
c) É possível a adoção conjunta pelos divorciados, os ju-
dicialmente separados e os ex-companheiros, desde
que acordem sobre a guarda e o regime de visitas,
contanto que o estágio de convivência tenha sido
iniciado na constância do período de convivência
e que seja comprovada a existência de vínculos de
afinidade e afetividade com aquele não detentor
da guarda, que justifiquem a excepcionalidade da
concessão.

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