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Douglas dos Santos Silva - 06650377597

Douglas dos Santos Silva - 06650377597

INTRODUÇÃO À TEORIA DO
CRIME
2a EDIÇÃO/2022

1. CONCEITO DE INFRAÇÃO PENAL 2

2. SUJEITOS DO CRIME 5
2.1. SUJEITO ATIVO 5
2.1.1. CLASSIFICAÇÃO DO CRIME QUANTO AO
SUJEITO ATIVO 6
2.2. SUJEITO PASSIVO 7
2.2.1. CLASSIFICAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO 8

3. VITIMIZAÇÃO (Marvin Wolfgang) 8

4. OBJETO DO CRIME 9

5. CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA DOS CRIMES 9

INTRODUÇÃO À TEORIA DO CRIME - 1


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► CONCEITO BIPARTIDO DE CRIME

1. CONCEITO DE INFRAÇÃO PENAL O crime teria apenas dois elementos: fato


típico e ilicitude, sendo a culpabilidade apenas um
pressuposto para a aplicação da pena.
A doutrina aponta 3 enfoques/conceitos para
a definição de infração penal. Conforme Rogério Segundo Masson (2017, p. 204), “A teoria

Sanches (CUNHA, 2020, p. 198), temos: bipartida relaciona-se intimamente com a teoria

🔴 ENFOQUE FORMAL OU FORMAL


finalista da conduta.”

SINTÉTICO

Infração penal é aquilo que assim está ► CONCEITO TRIPARTIDO DE CRIME

rotulado em uma norma penal incriminadora, sob O crime teria três elementos: fato típico,
ameaça de pena. ilicitude e culpabilidade.

Leva em consideração a chamada teoria do


etiquetamento/rotulagem (labelling approach), ATENÇÃO
para a qual não existe um conceito material de crime,
Para a teoria tripartida, o menor de idade
mas apenas um conceito formal. Ou seja, para essa
não comete crime, visto que falta a culpabilidade em
teoria, “crime” e “criminoso” são etiquetas ou rótulos
sua conduta. Isso é observado, inclusive, no Estatuto
que o poder punitivo coloca em onde lhe aprouver.
da Criança e do Adolescente. Já para a teoria
bipartida, o menor comete crime, pois há fato típico e
🔴 CONCEITO MATERIAL OU SUBSTANCIAL ilicitude. No entanto, como a culpabilidade não é
elemento do crime, ao menor não seria possível
Infração penal é comportamento humano
causador de relevante e intolerável lesão ou perigo de aplicar uma pena, mas sim uma medida

lesão ao bem jurídico tutelado, passível de sanção socioeducativa.

penal. Percebe-se, portanto, que os conceitos se


complementam. Isso porque o conceito de crime deve ► CONCEITO QUADRIPARTIDO DE CRIME
ser formal e material, visto que, caso a conduta esteja
O crime teria quatro elementos: fato típico,
apenas prevista em lei como crime, mas não há uma
ilicitude, culpabilidade e punibilidade.
violação relevante ao bem jurídico, então é possível a
Segundo Masson (2017, p. 203), “essa posição
aplicação do princípio da insignificância, que resulta
quadripartida é claramente minoritária e deve ser
na exclusão da tipicidade.
afastada, pois a punibilidade não é elemento do
crime, mas consequência da sua prática.”
🔴 CONCEITO ANALÍTICO OU DOGMÁTICO
OU FORMAL ANALÍTICO
► TEORIA CONSTITUCIONALISTA DO
Leva em consideração os elementos
DELITO (LUIZ FLÁVIO GOMES)
estruturais que compõem a infração penal, que,
Considera crime como sendo fato típico,
segundo a orientação dominante, é um fato típico,
ilicitude e punibilidade em abstrato. A culpabilidade,
ilícito e culpável (teoria tripartida).
portanto, não é um elemento do crime, mas sim um
pressuposto para a aplicação da pena.

INTRODUÇÃO À TEORIA DO CRIME - 2


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► TEORIA DA RATIO ESSENDI ■ Crime anão crescido1: contravenções

No conceito tripartite de crime, o fato típico e penais com pena máxima superior a dois anos de

a ilicitude formam o chamado injusto penal. No prisão simples.

âmbito da teoria da ratio essendi (Mezger), o crime


seria fato típico e ilícito, somado à culpabilidade. NÃO CONFUNDA
Nesse caso, há dois elementos, sendo o primeiro CRIME CONTRAVENÇÃO
formado pela soma do fato típico e ilícito e o segundo
Pena: prisão
formado pela culpabilidade. Essa junção do fato típico Pena: reclusão/detenção
simples/multa
e ilícito forma o que a doutrina chama de tipo total
de injusto.
Ação penal pública
A consequência prática disso é que, para incondicionada, ação
essa teoria, se houver um fato típico com uma penal pública Ação penal pública
excludente de ilicitude, está excludente excluiria o condicionada incondicionada.
próprio fato típico, uma vez que fato típico e ilicitude (representação/requisiçã
formam um elemento único. o), ação penal privada.

Tentativa, em regra,
► CLAUS ROXIN Tentativa não é punível.
punível.
O crime possui três elementos: fato típico,
Admite
ilicitude e responsabilidade. Essa responsabilidade é Não admite
extraterritorialidade da
a culpabilidade, acrescida da ideia de prevenção. extraterritorialidade.
lei penal
Embora Roxin seja um autor bastante elogiado no
Brasil, hoje, a sua teoria não encontra seguidores no Pode ser julgado pela
Só é julgado pela Justiça
país, visto que a ideia de prevenção não tem Justiça Estadual ou
Estadual.
importância na teoria do crime, mas sim na teoria da Federal.
pena.
Duração da pena não Duração da pena não
pode ser superior a 40 pode ser superior a 5
A Infração penal é gênero da qual são anos. anos.
espécies (SISTEMA DUALISTA OU BINÁRIO):

🔸 Crime. Sursis: prazo de 2 a 4

🔸 Contravenção / Crime anão / Delito anos, ou,


excepcionalmente,
Sursis: prazo de 1 a 3
anos.
liliputiano / Crime vagabundo.
4 a 6 anos.

ATENÇÃO Cabimento de prisão preventiva e temporária.

■ Não guardam entre si distinções de Conforme aponta o professor Rogério Sanches, “A

natureza ontológica, mas apenas axiológicas, ou seja, prisão preventiva não pode ser imposta pela prática

diferenças de valor.

■ Crime anão: contravenções penais. 1


Biffe Junior, João Concursos públicos :
terminologias e teorias inusitadas / João Biffe
Junior, Joaquim Leitão Junior. – Rio de Janeiro:
Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017, pag 59.
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de contravenção penal por interpretação do artigo ainda que praticada em

313 do Código de Processo Penal. Esta medida detrimento de bens,

cautelar restringe-se à prática de crime. A prisão serviços ou interesses da

temporária, por sua vez, somente pode ser aplicada União (artigo 109, IV, da CF).

às infrações penais listadas em rol taxativo previsto 2. Por se tratar de


no artigo 1°, III, da Lei n° 7.960/89, rol no qual não se competência
incluiu qualquer contravenção penal” (CUNHA, 2020, constitucional, não se
p. 201). aplicam as normas
previstas no Código de
Processo Penal acerca da
OBSERVAÇÕES2
competência por conexão
​ ou continência, sendo
​Súmula 38-STJ: Compete à correta a decisão que
Justiça Estadual Comum, na determinou o
vigência da Constituição de desmembramento do
1988, o processo por feito, devendo a Justiça
contravenção penal, ainda Federal processar e julgar
que praticada em o crime de descaminho ou
detrimento de bens, contrabando e a Justiça
serviços ou interesse da Estadual a contravenção
União ou de suas penal.
entidades. (STJ, CC n. 116.564/MG,
relator Ministro Marco
Aurélio Bellizze, Terceira
E se a contravenção penal for conexa
Seção, julgado em 9/5/2012,
com crime federal?
DJe de 6/6/2012.)
Haverá a cisão dos processos, de
forma que o crime será julgado pela Justiça
Federal e a contravenção pela Justiça ​ Há exceção na qual a Justiça Federal
Estadual. julgaria contravenção penal?

​ SIM. Contravenção penal praticada


por pessoa com foro privativo no Tribunal Regional
1. A Constituição da
Federal.
República de 1988 exclui
expressamente a
competência da Justiça OBSERVAÇÃO
Federal para processar e
O professor LFG entendia que o art. 28 da Lei
julgar contravenção penal,
de Drogas (Lei 11.343/06) se tratava de uma infração
penal suis generis, isto porque seria um fato típico
2
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Súmula
38-STJ. Buscador Dizer o Direito, Manaus. que não cominava pena em seu dispositivo;
Disponível em: entretanto este posicionamento não foi abraçado
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurispr
nem pela Doutrina, nem pelo STF, pois o art. 28 é
udencia/detalhes/2227d753dc18505031869d4467
3728e2>
INTRODUÇÃO À TEORIA DO CRIME - 4
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entendido como crime, mas o Legislador optou pela 2a CORRENTE: A ideia de responsabilidade da
despenalização. pessoa jurídica é incompatível com a teoria do crime
adotada no Brasil. É a posição majoritária na
doutrina.
2. SUJEITOS DO CRIME
Conforme explica Silvio Maciel, esta segunda
corrente baseia-se na Teoria da ficção jurídica, de
2.1. SUJEITO ATIVO
Savigny, segundo a qual as pessoas jurídicas são
É aquele que pratica a infração. Poderá ser
puras abstrações, desprovidas de consciência e
qualquer pessoa física capaz e com 18 anos ou mais,
vontade (societas delinquere non potest). Logo, “são
que atua direta ou indiretamente para a prática de
desprovidas de consciência, vontade e finalidade e,
um crime, seja sozinho ou em apoio de outras
portanto, não podem praticar condutas tipicamente
pessoas.
humanas, como as condutas criminosas.”3.

As pessoas jurídicas não podem ser


Pessoa jurídica pode ser sujeito ativo de responsabilizadas criminalmente porque não têm
infração penal? capacidade de conduta (não têm dolo ou culpa) nem

A Constituição Federal, em seu art. 225, §3º, agem com culpabilidade (não têm imputabilidade

prevê um mandado de criminalização que parece nem potencial consciência da ilicitude).

incluir a pessoa jurídica como sendo responsável pela Além disso, é inútil a aplicação de pena às
prática de crime ambiental. A par disso, temos a Lei pessoas jurídicas. As penas têm por finalidades
9.605/98 (lei de crimes ambientais), que prevenir crimes e reeducar o infrator (prevenção geral
expressamente prevê a responsabilização penal da e especial, positiva e negativa), impossíveis de serem
pessoa jurídica. alcançadas em relação às pessoas jurídicas, que são
entes fictícios, incapazes de assimilar tais efeitos da
sanção penal.” (idem, p. 692). ·
Art. 225, §3º, CF - As condutas e atividades
Adotam essa corrente: Pierangelli, Zafaroni,
consideradas lesivas ao meio ambiente
René Ariel Dotti, Luiz Regis Prado, Alberto Silva
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou
Franco, Fernando da Costa Tourinho Filho, Roberto
JURÍDICAS, a sanções penais e
Delmanto, LFG, entre outros.
administrativas, independentemente da
obrigação de reparar os danos causados. 3a CORRENTE: É plenamente possível a
responsabilização penal da pessoa jurídica no caso de
crimes ambientais porque assim determinou o §3º do
Em que pese a previsão do artigo acima, não art. 225 da CF/88. A pessoa jurídica pode ser punida
há consenso na doutrina sobre a possibilidade de penalmente por crimes ambientais ainda que não
uma Pessoa Jurídica ser sujeito ativo de crime, neste haja responsabilização de pessoas físicas. É a posição
sentido há as seguintes correntes: do STF e do STJ. Não mais se adota a teoria da dupla
imputação.
1a CORRENTE: A CF/88 não previu a
responsabilidade penal da pessoa jurídica, mas
apenas sua responsabilidade administrativa. Adotam
essa corrente: Miguel Reale Jr., Cézar Roberto 3
Meio Ambiente. Lei 9.605, 12.02.1998. In: GOMES,
Bitencourt, José Cretela Jr. Luiz Flávio; CUNHA, Rogério Sanches (Coord.).
Legislação Criminal Especial. São Paulo: RT, 2009, p.
691
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4a CORRENTE: É possível a responsabilização Conforme Rogério Sanches5, a maioria da
penal da pessoa jurídica, desde que em conjunto com doutrina entende não existir óbice à continuidade da
uma pessoa física. Era a antiga posição da apuração ou do processo, nem mesmo à aplicação da
jurisprudência. Posição de Édis Milaré. pena se for constatada a prática de um crime e à
pessoa jurídica for dissolvida nesse momento, desde
que isso ocorra antes da liquidação.
1. O art. 225, § 3º, da Constituição Federal não
condiciona a responsabilização penal da
pessoa jurídica por crimes ambientais à A pessoa jurídica de Direito Público pode
simultânea persecução penal da pessoa ser responsabilizada penalmente por delito
física em tese responsável no âmbito da ambiental?
empresa. A norma constitucional não 1a CORRENTE: Não pode (MAJORITÁRIA). A
impõe a necessária dupla imputação. pessoa jurídica de direito público não pode receber o
3. Condicionar a aplicação do art. 225, mesmo tratamento dos demais entes. A punição
§3º, da Carta Política a uma concreta criminal da pessoa jurídica de direito público é
imputação também a pessoa física inadequada, pois não age no interesse próprio, mas
implica indevida restrição da norma da sociedade. A sua punição significa o Estado
constitucional, expressa a intenção do punindo a si mesmo.
constituinte originário não apenas de 2a CORRENTE: Pode. A Constituição e a Lei de
ampliar o alcance das sanções penais, crimes ambientais não excepcionam a pessoa jurídica
mas também de evitar a impunidade de direito público. Não se pode cobrir a pessoa
pelos crimes ambientais frente às jurídica de direito público com o manto da
imensas dificuldades de individualização impunidade.
dos responsáveis internamente às
corporações, além de reforçar a tutela do
2.1.1. CLASSIFICAÇÃO DO CRIME QUANTO AO
bem jurídico ambiental. STF. 1ª Turma.
SUJEITO ATIVO
RE 548181/PR, Rel. Min. Rosa Weber,
julgado em 6/8/2013 (Info 714). 🔸 COMUM: o tipo penal não exige qualidade
ou condição especial do agente, portanto pode ser
praticado por qualquer pessoa. Exemplo: homicídio.
Responsabilidade
indireta ou mediata4.
por ricochete ou
🔸 PRÓPRIO: o tipo penal exige qualidade ou
condição especial do agente. Exemplo: peculato
A responsabilidade da pessoa jurídica,
(sujeito ativo: funcionário público).
destarte, é indireta ou mediata ou por ricochete,
porque o principal responsável pelo delito é uma
🔸 DE MÃO PRÓPRIA ou DE CONDUTA
INFUNGÍVEL: o tipo penal exige qualidade ou
pessoa física. A pessoa jurídica responde pelo fato de
condição especial do agente e que a execução do
modo indireto.
crime somente pode ser praticado por ele, dessa
forma, nestes tipos não se admite a coautoria.
Pessoa jurídica dissolvida durante a Exemplo: falso testemunho; falsa perícia.
apuração ou o processo criminal.

4
https://www.migalhas.com.br/depeso/58248/crime-ambiental-e
-responsabilidade-penal-de-pessoa-juridica-de-direito-publico 5
SANCHES (2020), pag. 206.
INTRODUÇÃO À TEORIA DO CRIME - 6
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2.2. SUJEITO PASSIVO ATENÇÃO

Pessoa ou ente que sofre as consequências Lei Sanção (Lei 14.064/2020)7


da infração penal. Pode ser pessoa física ou jurídica
ou mesmo um ente indeterminado destituído de
personalidade jurídica, a exemplo da família ou Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos,

coletividade. ferir ou mutilar animais silvestres,


domésticos ou domesticados, nativos ou
Segundo Sanches (2020, pág. 202/203),
exóticos:
“Vítima e sujeito passivo não se confundem porque
vítima compreende uma definição mais Pena - detenção, de três meses a um ano, e

abrangente que engloba tanto situações nas quais multa.

existe crime quanto aquelas nas quais não há


crime nenhum. Mas, havendo o crime, tem-se que
Quem é o sujeito passivo do crime previsto
sujeito passivo e vítima se reúnem na mesma pessoa.”
no art. 32?

■ Posição tradicional (antropocêntrica):


afirma que o sujeito passivo é a sociedade.

■ Posição moderna: sustenta que a vítima é o


OBSERVAÇÕES 6
próprio animal, que não mais poderia ser considerado
▸ Civilmente incapaz: pode ser sujeito como mero “objeto de direitos”, sendo também
passivo de delitos, na medida em que pode ser titular “sujeito de direitos”.
de um bem jurídico tutelado por norma penal, como a
vida e a integridade física, por exemplo.
▸ Entes sem personalidade jurídica: certas
▸ Recém-nascido: também pode ser sujeito entidades desprovidas de personalidade jurídica,
passivo de crime (ex.: infanticídio – CP, art. 123). como a família, apesar de não serem titulares de bens
▸ Feto: o mesmo se dá com o feto (sujeito jurídicos, podem ser sujeitos passivos de infrações
passivo no crime de aborto – CP, arts. 124 a 127). penais. Esse é o entendimento majoritário da
doutrina. Os crimes que possuam como sujeito
▸ Cadáver: a pessoa morta não poderá ser
passivo um ente sem personalidade jurídica são
sujeito passivo do crime. No delito de vilipêndio de
chamados de crimes vagos (p. ex., crimes contra a
cadáver (art. 212 do CP), o sujeito passivo é a
família).
coletividade (segundo entendimento doutrinário

dominante) e, no crime de calúnia contra os mortos


▸ O que é CRIME DE DUPLA SUBJETIVIDADE
(art. 138, § 2º, do CP), sua família.
PASSIVA?
▸ Animais: não podem ser sujeitos passivos
É aquele que tem obrigatoriamente
do crime, pois o direito não lhes reconhece a
pluralidade de vítimas. Exemplo: violação de
titularidade de bens jurídicos. Podem, por óbvio, ser
correspondência.
objeto material, como no furto de animal doméstico e
em alguns crimes ambientais.

7
6
ESTEFAM, André. Direito Penal Parte Especial, 11. Ed. https://www.dizerodireito.com.br/2020/09/lei-140642020-aume
SaraivaJur. 2022 nta-pena-do-crime-de.html
INTRODUÇÃO À TEORIA DO CRIME - 7
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(logo, o rixoso é sujeito ativo e passivo da
rixa da qual participa).8
▸ A pessoa física pode ser, ao mesmo
tempo, sujeito ativo e passivo?

Entende-se que não. Por conta do princípio


2.2.1. CLASSIFICAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO
da alteridade, não pode figurar uma mesma pessoa
como os dois sujeitos ao mesmo tempo, pois o direito 🔸 SUJEITO PASSIVO CONSTATE ou

penal não pune a autolesão. MEDIATO ou FORMA ou GERAL ou GENÉRICO: é o


Estado, interessado na manutenção da paz pública e
da ordem social.
ATENÇÃO

Rogério Greco entende que a rixa é uma


🔸 SUJEITO PASSIVO EVENTUAL ou
IMEDIATO ou MATERIAL ou PARTICULAR ou
exceção neste caso. Igualmente entende André
ACIDENTAL: É o titular do interesse penalmente
Estefam, vejamos:
protegido.

🔸 SUJEITO PASSIVO COMUM: A lei não exige


Em regra, não, uma vez que todo crime qualidade ou condição especial. Exemplo: homicídio.
exige lesão a bem alheio (princípio da
alteridade). Veja que a lei pune condutas
🔸 SUJEITO PASSIVO PRÓPRIO: A lei exige
qualidade ou condição especial. Exemplo: estupro de
que aparentemente poderiam indicar tal
vulnerável.
possibilidade (autolesão para fraude contra
seguro ou porte de entorpecentes para uso
3. VITIMIZAÇÃO (Marvin Wolfgang)9
próprio), mas um exame acurado revela que
isso não ocorre.

Na autolesão para fraude contra seguro (CP,


🔴 VITIMIZAÇÃO PRIMÁRIA: “decorre
direta e imediatamente da prática delitiva. Ex.: a
art. 171, § 2º, V), pune-se aquele que “lesa o
pessoa que sofre uma lesão corporal”.
próprio corpo ou a saúde, ou agrava as
consequências da lesão ou doença, com o 🔴 VITIMIZAÇÃO SECUNDÁRIA: “é o
intuito de haver indenização ou valor de produto da equação que envolve as vítimas primárias
seguro”. Nesse caso, o sujeito passivo não é e o Estado em face do exercício do controle formal.
o agente que se autolesiona, embora sofra Em outras palavras, é o ônus que recai na vítima em
as consequências imediatas da própria decorrência da operação estatal para apuração e
conduta, mas a companhia de seguro que punição do crime. Ex.: além de sofrer as
pretende fraudar. No crime de porte de consequências diretas da conduta (vitimização
entorpecentes para uso próprio (Lei n. primária), uma pessoa que é lesionada deverá seguir
11.343/2006, art. 28), a vítima é a a uma delegacia de polícia, aguardar para ser
incolumidade pública (e não o consumidor atendida, passar por um exame de corpo de delito,
da droga). prestar depoimento em juízo, enfim, estará à

A única exceção encontra-se no art. 137 do


CP (rixa), em que, muito embora cada
contendor seja autor das lesões que produz 8
ESTEFAM, André. Direito Penal Parte Especial, 11. Ed.
e vítima daquelas que sofre, há um só crime SaraivaJur. 2022
9
https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2017/10/22/
o-que-se-entende-por-vitimizacao-primaria-vitimizacao-
secundaria-e-vitimizacao-terciaria/
INTRODUÇÃO À TEORIA DO CRIME - 8
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disposição do Estado para que o autor do crime seja
sem conter
punido”.
circunstância que
🔴 VITIMIZAÇÃO TERCIARIA: “é a modifique a pena.
provocada pelo meio social, normalmente em
decorrência da estigmatização trazida pelo tipo de O tipo possui
crime. Exemplo clássico é a vítima de crimes contra a circunstância que torna
CRIME QUALIFICADO
dignidade sexual, que, além de suportar o crime, sofre a pena mais elevada do
o preconceito de outras pessoas, que não a aceitam que a do tipo básico.
como anteriormente”.
Possui circunstância
que torna a pena menos
4. OBJETO DO CRIME CRIME PRIVILEGIADO
grave do que a do tipo
básico.
🔸 OBJETO MATERIAL
Não exige qualidade
É a pessoa ou coisa sobre a qual recai a CRIME COMUM
especial do agente.
conduta criminosa. Cuidado, pois não se confunde
com o sujeito passivo; nem todo tipo penal tem objeto
O tipo exige qualidade
material, a exemplo de crimes de mera conduta, CRIME PRÓPRIO
especial do agente.
como o ato obsceno.

É o que deve ser


ATENÇÃO praticado pessoalmente
pelo agente11.
A ausência ou impropriedade do objeto
CRIME DE MÃO PRÓPRIA Exemplos: prevaricação
material nos crimes que são indispensáveis gera o
(art. 319 do CP); falso
chamado “delito impossível”.
testemunho (art. 342 do
CP).
🔸 OBJETO JURÍDICO
Trata-se do bem jurídico tutelado, como a Previsto apenas no
CRIME MILITAR PRÓPRIO
vida, a propriedade, a dignidade sexual etc. Alguns CPM.
tipos penais protegem mais de um bem jurídico
(crimes pluriofensivos). É possível crime sem objeto Mesma figura típica
CRIME MILITAR
material, mas não é possível crime sem objeto prevista no CPM e no CP
IMPRÓPRIO
jurídico. ou legislação especial.

CRIME INSTANTÂNEO Consumação imediata.


5. CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA DOS CRIMES 10
OU DE ESTADO

A consumação se
CRIME SIMPLES É o tipo penal básico, CRIME PERMANENTE protrai no tempo.

10
MASSON, Cleber. Direito Penal: parte geral (arts. 1º a 120), V.1.
11
14ª ed. Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: MÉTODO, 2020, p.173 Andreucci, Ricardo A. Manual de Direito Penal. Disponível em:
e ss. Minha Biblioteca, (15th edição). Editora Saraiva, 2021.
INTRODUÇÃO À TEORIA DO CRIME - 9
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🔸 CRIME agente.

NECESSARIAMENTE 🔸 CRIME HABITUAL


PERMANENTE: Para PRÓPRIO: É aquele que
poder ser considerado somente se consuma
consumado, é com a prática reiterada
necessário que se e uniforme de vários
prolongue no tempo. atos que revelam um

🔸 CRIME criminoso estilo de vida

EVENTUALMENTE do agente. Cada ato,

PERMANENTE: São isoladamente

instantâneos em regra, considerado, é atípico.

mas a ilicitude pode ser Com efeito, se cada ato

prorrogada por vontade fosse típico, restaria

do agente configurado o crime


continuado.
Consumação imediata, 🔸 CRIME HABITUAL
mas o resultado se IMPRÓPRIO
prolonga no tempo (ACIDENTALMENTE
independentemente da HABITUAL): Uma só
vontade do agente. ação tem relevância
CRIME INSTANTÂNEO
Caracteriza-se pela para configurar o tipo,
DE EFEITOS
duração de suas ainda que a sua
PERMANENTES
consequências. reiteração não configure
Exemplos: bigamia (art. pluralidade de crimes
235 do CP); roubo (art. (MASSON, 2020, p. 185)
157 do CP); homicídio
(art. 121 do CP)11. Crimes praticados
mediante uma conduta
A sua consumação exige CRIME COMISSIVO positiva, um fazer.
a fluência de OU DE AÇÃO Tipo descreve uma ação
determinado período. proibida. A norma penal
Exemplo: lesão corporal é proibitiva.
CRIME A PRAZO de natureza grave em
decorrência da Aqueles cometidos por
incapacidade para as meio de uma conduta
ocupações habituais por negativa, ou seja, de
mais de 30 dias). CRIME OMISSIVO uma não fazer

Reiteração de atos
OU DE OMISSÃO 🔸 CRIME OMISSIVO
PRÓPRIO ou PURO:
CRIME HABITUAL reveladores de um
Não há previsão legal
modo de vida do
do dever jurídico de

INTRODUÇÃO À TEORIA DO CRIME - 10


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agir, de forma que o 🔸 CRIME OMISSIVO
crime pode ser POR COMISSÃO:
praticado por qualquer Segundo Cleber
pessoa que se encontre Masson, nestes crimes
na posição indicada há uma ação
pelo tipo penal. Nesses provocadora da
casos, o omitente não omissão. Masson coloca
responde pelo resultado o seguinte exemplo:
naturalístico funcionário superior
eventualmente que impede que uma
produzido, mas funcionária subalterna,
somente pela sua com problemas de
omissão (MASSON, saúde, seja socorrida, e
2020, p. 178). O ela vem a falecer.
exemplo clássico é o
crime omissão de
🔸 CRIME OMISSIVO
QUASE IMPRÓPRIO: A
socorro.
omissão não produz
🔸 CRIME OMISSIVO uma lesão ao bem
IMPRÓPRIO ou jurídico, mas apenas um
COMISSIVO POR perigo. O direito
OMISSÃO ou ESPÚRIOS brasileiro ignora essa
ou PROMÍSCUOS : O classificação.
tipo penal aloja em sua
descrição uma ação, O tipo prevê dois
uma conduta positiva, comportamentos.
mas a omissão do Exemplo: apropriação
agente, que descumpre CRIME DE CONDUTA de coisa achada
seu dever jurídico de MISTA (primeiro há o ato de
agir, acarreta a achar e se apropriar e
produção do resultado depois o ato de deixar
naturalístico e a sua de restituir ao dono).
consequente
responsabilização penal Admite qualquer meio
CRIME DE FORMA LIVRE
(MASSON, 2020, p. 179). de execução.

São espécies de crimes


Apenas podem ser
próprios, pois só podem
executados pelos meios
ser praticados por CRIME DE FORMA
indicados no tipo
aqueles que possuem o VINCULADA
(exemplo:perigo de
dever de agir. São
contágio venéreo).
crimes que admitem a
tentativa.

INTRODUÇÃO À TEORIA DO CRIME - 11


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CRIME Tipo exige apenas um Consuma-se com a


CRIME
MONOSSUBJETIVO agente realizando prática de 1 ou vários
PLURISSUBSISTENTE
OU UNISSUBJETIVO OU conduta típica, mas atos.
pode haver concurso
UNILATERAIS OU
de pessoas. Reúne todos os
DE CONCURSO
CRIME CONSUMADO elementos da definição
EVENTUAL
legal.

Tipo exige dois ou mais


Iniciada a execução, não
agentes para a
se consuma por
configuração do crime. CRIME TENTADO
circunstâncias alheias à
🔸 BILATERAIS OU DE vontade do agente.
ENCONTRO: Exige dois
agentes, cujas condutas Aquele em que o agente
tendem a se encontrar já terminou de
(exemplo: bigamia); consumar o crime, mas,
🔸 COLETIVOS OU DE mesmo assim, continua
CONVERGÊNCIA: 3 ou CRIME EXAURIDO a agredir o bem jurídico.
CRIME PLURISSUBJETIVO
mais agentes. Divide-se Não temos novo crime.
OU PLURILATERAIS OU
ainda em: Consequência mais
DE CONCURSO
lesiva após a
▸DE CONDUTAS
NECESSÁRIO
consumação.
CONTRAPOSTAS:
agentes atuam uns
O tipo prevê apenas
contra os outros. CRIME DE AÇÃO ÚNICA
uma forma de conduta.
Exemplo: Rixa.

▸DE CONDUTAS O tipo prevê várias


PARALELAS: os agentes formas de conduta. A
se auxiliam CRIME DE AÇÃO
ação múltipla pode ser
MÚLTIPLA
mutuamente, com o de ação alternativa ou
objetivo de produzirem cumulativa.
o mesmo resultado.
Necessário resultado
CRIME MATERIAL
Possuem caráter naturalístico.
unilateral, mas a
CRIME EVENTUALMENTE
diversidade de agentes Possível a realização do
COLETIVO CRIME FORMAL OU
atua como causa de resultado naturalístico,
CONSUMAÇÃO
majoração de pena. mas não exige a
ANTECIPADA
realização deste.
CRIME Consuma-se com a
UNISSUBSISTENTE prática de apenas 1 ato. CRIME DE MERA Não ocorre nenhum
CONDUTA resultado naturalístico.

INTRODUÇÃO À TEORIA DO CRIME - 12


Douglas dos Santos Silva - 06650377597

Sua consumação futuro, como no porte

CRIME DE DANO somente se produz com ilegal de arma de fogo.

a efetiva lesão do bem Temos aqui os tipos


OU DE LESÃO
jurídico. penais preventivos.

Consuma-se com a Reunião de condutas

possibilidade de lesão típicas distintas.


CRIME COMPLEXO
ao bem jurídico. Exemplo: roubo = furto

🔸 PERIGO ABSTRATO EM SENTIDO ESTRITO + ameaça ou lesão

ou PRESUMIDO ou DE OU COMPLEXO PURO corporal; extorsão

SIMPLES mediante sequestro =

DESOBEDIÊNCIA: sequestro + extorsão

Consuma-se
“Designa o tipo penal
automaticamente com a
formado pela soma de
prática da conduta. Há
um crime com um
presunção absoluta de
comportamento que,
perigo ao bem jurídico;

🔸 PERIGO CONCRETO: isolado,


penalmente irrelevante.
seria

consuma-se com a
Usualmente se utiliza a
efetiva comprovação da
denunciação caluniosa
ocorrência da situação CRIME COMPLEXO como exemplo dessa
de perigo.
EM SENTIDO AMPLO espécie de crime, pois,
🔸 PERIGO
OU COMPLEXO IMPURO no caso, une-se o crime
CRIME DE PERIGO INDIVIDUAL: atinge 12 de calúnia com a
apenas uma pessoa ou comunicação, à
um número autoridade, da prática
determinado de de uma infração penal,
pessoas; dando causa à
🔸 PERIGO COMUM OU instauração de
COLETIVO: atinge um procedimento
número indeterminado investigatório, o que,
de pessoas; por si, é lícito”.

🔸 PERIGO ATUAL: O “São os crimes


perigo está ocorrendo;

🔸 PERIGO IMINENTE: CRIMES FAMULATIVOS individualmente


13

considerados no crime
O perigo está prestes a
ocorrer;

🔸 PERIGO FUTURO ou 12
https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2019/03/11/certo-o
u-errado-o-crime-complexo-pode-se-lo-em-sentido-estrito-ou-e
MEDIATO: A situação de m-sentido-amplo/
13
perigo se projeta para o https://www.institutoformula.com.br/resumo-esquematizado-dir
eito-penal-o-que-e-crime-famulativo/
INTRODUÇÃO À TEORIA DO CRIME - 13
Douglas dos Santos Silva - 06650377597
complexo, que Prevê a tentativa como
compõem a sua CRIME DE ATENTADO OU
forma de realização do
DE EMPREENDIMENTO
estrutura.” crime.

O tipo protege apenas 1 Possui existência


CRIME MONO-OFENSIVO
bem jurídico. autônoma, ou seja não
CRIME PRINCIPAL
depende da prática de
O tipo protege mais de
CRIME PLURIOFENSIVO outro anteriormente.
1 bem jurídico.

Depende da existência
Sujeito passivo é
de outro crime.
entidade sem CRIME ACESSÓRIO OU
CRIME VAGO A extinção da
personalidade jurídica DE FUSÃO OU
punibilidade do crime
(vítima indeterminada). PARASITÁRIO OU CRIME
principal não se
AMEBA
estende ao crime
A condição de
acessório.
funcionário público é
CRIME FUNCIONAL essencial para a
É aquele que só se
PRÓPRIO configuração do delito,
aplica se não houver a
de forma que, sem ela, CRIME SUBSIDIÁRIO
incidência de um tipo
não há outro delito.
mais grave.

A ausência de condição
CRIME FUNCIONAL Não apresentam
de funcionário público
IMPRÓPRIO CRIME INDEPENDENTE nenhuma ligação com
desclassifica a infração.
outros.

CRIME TRANSEUNTE OU Não deixa vestígios


Estão interligados. A
DE FATO TRANSITÓRIO materiais.
conexão pode ser penal

CRIME NÃO ou processual. Vejamos


Deixa vestígios
TRANSEUNTE OU a conexão
materiais.
penal/material:
DE FATO PERMANENTE
🔸 CONEXÃO
Para a instauração da TELEOLÓGICA OU
persecução penal é CRIME CONEXO IDEOLÓGICA: aqui o
CRIME CONDICIONADO
exigível uma condição crime é praticado para
objetiva de punibilidade. assegurar a execução
de outro. Funciona
O início da persecução é como qualificadora do
CRIME livre. Trata-se da regra homicídio e como
INCONDICIONADO geral do nosso agravantes genéricas
ordenamento. nos demais delitos.

INTRODUÇÃO À TEORIA DO CRIME - 14


Douglas dos Santos Silva - 06650377597

🔸 CONEXÃO da extorsão mediante

CONSEQUENCIAL OU sequestro.

CAUSAL: visa assegurar


Ocorre quando o agente
a ocultação, impunidade
pratica uma conduta
ou vantagem de outro.
com a intenção de
Funciona como
causar certo resultado,
qualificadora do CRIME DE RESULTADO
mas o tipo não prevê a
homicídio e como
CORTADO OU sua produção para a
agravantes genéricas
ANTECIPADO
consumação do crime.
nos demais delitos.

🔸 CONEXÃO
O resultado depende de
ato de terceiro e não do
OCASIONAL: é
agente.
praticado como
consequência da
O agente pratica uma
ocasião, ou seja, da
conduta com a intenção
oportunidade que outro
de futuramente praticar
crime proporciona ao
outra conduta distinta,
agente.
mas o tipo não prevê a
CRIME MUTILADO DE prática desta segunda
Pratica o crime sem que
DOIS ATOS OU TIPOS
conduta para a
CRIME DE ÍMPETO tenha premeditado, em
IMPERFEITOS DE DOIS
consumação do crime.
momento de emoção.
ATOS
O ato posterior será
CRIME DE OPINIÃO OU Abuso da manifestação praticado pelo próprio

PALAVRA do pensamento. agente e não por


terceiro.
A pessoa interpreta de
forma equivocada e Necessário verificar o
emite uma ânimo do agente para a

CRIME DE manifestação falsa. realização do delito.

HERMENÊUTICA OU Não comete crime de A tendência efetiva do


INTERPRETAÇÃO interpretação o autor delimita a ação
magistrado ao CRIME DE TENDÊNCIA típica, ou seja, a
interpretar mal a norma tipicidade pode ou não
INTENSIFICADA OU
e decidir erroneamente. ocorrer em razão da
DELITOS DE TENDÊNCIA
atitude pessoal e
O agente quer e interna do agente.
CRIME DE TENDÊNCIA
persegue um resultado Exemplos: toque do
INTERNA
que não necessita ser ginecologista na
TRANSCENDENTE OU
alcançado para a realização do
DELITO DE INTENÇÃO consumação, a exemplo diagnóstico, que pode

INTRODUÇÃO À TEORIA DO CRIME - 15


Douglas dos Santos Silva - 06650377597
configurar mero agir ocorre em outro.
profissional ou então
algum crime de Conduta em uma

natureza sexual, CRIME PLURILOCAL comarca e o resultado

dependendo da em outra.

tendência (libidinosa ou
CRIME EM TRÂNSITO Crime que envolve mais
não), bem como as
palavras dirigidas contra OU EM CIRCULAÇÃO de dois países.

alguém, que podem ou


É o praticado com o
não caracterizar o crime
CRIME DE CIRCULAÇÃO emprego de veículo
de injúria em razão da
automotor.
intenção de ofender a
honra ou de apenas
É hipótese de delito
criticar ou brincar
putativo por erro de
(MASSON, 2020, p. 186).
proibição (erro de
proibição invertido).
Certos tipos penais
tutelam bens jurídicos O agente pratica um

supraindividuais. Em CRIME DE ALUCINAÇÃO fato que entende ser

alguns casos somente criminoso, mas, como

se constatará a lesão ao não existe norma de

bem jurídico se proibição

levarmos em (incriminadora), pratica


CRIMES DE
consideração não uma conduta atípica.
ACUMULAÇÃO OU
somente a conduta de
CRIMES CUMULATIVOS É o crime em que o
um agente, mas o CRIME PUTATIVO OU
sujeito acredita que
acúmulo dos resultados IMAGINÁRIO OU
praticou um crime, mas
de várias condutas. Por ERRONEAMENTE
cometeu um simples
isso é punida uma SUPOSTO
indiferente penal.
conduta isolada, mesmo
que sem lesividade
CRIME DE ENSAIO OU É o crime impossível na
aparente.
DELITO DE hipótese de flagrante
LABORATÓRIO OU preparado ou
São os tipos penais que
CRIME PUTATIVO POR provocado.
se realizam com a mera
CRIME DE desobediência de uma OBRA DO AGENTE

TRANSGRESSÃO norma. O legislador PROVOCADOR

presume a lesão ao
São as hipóteses de erro
bem jurídico.
na execução, resultado
CRIMES ABERRANTES
CRIME À DISTÂNCIA OU diverso do pretendido e
Conduta praticada em
aberractio causae.
DE ESPAÇO MÁXIMO um país e o resultado

INTRODUÇÃO À TEORIA DO CRIME - 16


Douglas dos Santos Silva - 06650377597

Revelam depravação objeto de tipificação do

moral, desonra ou ordenamento jurídico


CRIMES INFAMANTES mas que passam a ser
desonestidade de quem
os pratica. consideradas como
crimes como forma de
Pune-se uma conduta promover a tutela de
que causa um dano ou uma situação específica
perigo de dano a bem ou de dar uma resposta
jurídico de interesse da para a coletividade.
segurança. Exemplo: invasão de

CRIMES POLÍTICO
🔸PRÓPRIO: tutela dispositivo informático
interesse do Estado. alheio, tipificado ao teor

🔸IMPRÓPRIO: além de do artigo 154-A do CP,


que passou a ser
tutelar interesse do
considerado crime após
Estado, protege bens
a repercussão social de
jurídicos individuais.
fatos ocorridos com

São aquelas condutas uma conhecida atriz de

que sempre foram televisão

consideradas como
Na verdade é
crimes
CRIME NATURAL modalidade específica
independentemente do
de delitos plásticos,
momento histórico ou
todavia caracterizada
do ordenamento
pela ausência de
jurídico observado.
proteção a qualquer

Correspondentes às bem jurídico. Não é

condutas que só são toda doutrina que

consideradas como aceita essa classificação,


CRIME VAZIO
relevantes para fins de mas para aqueles que

tipificação penal em aceitam, temos como

um delimitado exemplo o crime de


CRIME DE PLÁSTICO14 embriaguez ao volante
momento histórico e à
luz das peculiaridades quando o motorista

de determinadas está em via pública

sociedades. deserta e sem colocar


outra pessoa além dele
São condutas que
próprio em risco.
normalmente não eram

CRIME DE MÍNIMO Não comportam a pena

14 POTENCIAL privativa de liberdade, a


https://draflaviaortega.jusbrasil.com.br/artigos/263553377/crim
e-de-plastico-x-crimes-naturais
INTRODUÇÃO À TEORIA DO CRIME - 17
Douglas dos Santos Silva - 06650377597
exemplo da posse de É o crime habitual
drogas para consumo. CRIME PROFISSIONAL quando cometido com
finalidade lucrativa .
São aqueles crimes cuja
pena privativa de Caracteriza-se pela
liberdade prevista na lei existência de um
CRIME DE MENOR não ultrapassa dois processo intelectivo
POTENCIAL anos, cumulada ou não interno do autor.
com a multa. Também Exemplo: falso
se inclui aqui as testemunho (CP, art.
contravenções. 342), no qual a conduta
tipificada não se funda
A pena mínima não CRIME DE EXPRESSÃO
na veracidade ou na
ultrapassa um ano,
falsidade objetiva da
CRIME DE MÉDIO independentemente do
informação, mas na
POTENCIAL máximo da pena
desconformidade entre
privativa de liberdade
a informação e a
que seja cominada.
convicção pessoal do
seu autor (MASSON,
Possui pena mínima
2020, p. 186).
CRIME DE ELEVADO superior a um ano e

POTENCIAL pena máxima acima de


CRIME DE AÇÃO É o crime praticado por
dois.
ASTUCIOSA meio de fraude, engodo.

São aqueles crimes que


É como a doutrina
são tratados de forma
CRIME FALHO chama a tentativa
diferenciada pela
CRIME DE MÁXIMO perfeita.
Constituição Federal.
POTENCIAL
São exemplos: crimes São atos preparatórios
hediondos e tipificados como crimes
equiparados. CRIME OBSTÁCULO
autônomos pelo
legislador.
É aquele crime
praticado sem nenhum Segundo Masson, “o
motivo conhecido. agente, pretendendo
Todavia, vale lembrar desde o início produzir
que a jurisprudência o resultado mais grave,
CRIME GRATUITO
entende que a ausência CRIME PROGRESSIVO pratica sucessivas
de motivo conhecido violações ao bem
não deve ser jurídico. Com a adoção
equiparada ao motivo do princípio da
fútil. consunção para solução

INTRODUÇÃO À TEORIA DO CRIME - 18


Douglas dos Santos Silva - 06650377597
do conflito aparente de real e a criminalidade
leis penais, o crime mais conhecida e enfrentada
grave absorve o menos pelo Estado. Raramente
grave. Exemplo: relação existem registros
entre homicídio e lesão envolvendo delitos
corporal”. (MASSON, dessa natureza,
2020, p. 188). inviabilizando a

ATENÇÃO: Não persecução penal e

confundir com a acarretando a

progressão criminosa: impunidade das

ocorre mudança no pessoas privilegiadas no

DOLO do agente, que âmbito econômico

de início pratica um (MASSON, 2020, p. 191).

crime menos grave,


São os crimes de rua.
mas, depois de alcançar
Cleber Masson nos
a consumação, decide
lembrar que “colarinho
prosseguir e praticar
CRIMES DO COLARINHO azul” se refere à cor dos
crime mais grave.
AZUL macacões utilizados

São os crimes que pelos operários

compõem a norte-americanos da

continuidade delitiva, década de 1940.


CRIMES PARCELARES
quando presentes os
Crimes de colarinho
requisitos do art. 71,
branco praticados em
caput, do CP.
países que adotaram o

São aqueles praticados regime socialista. No


CRIMES DO COLARINHO
CRIMES DE RUA por pessoas de classes entanto, também
VERMELHO15
sociais desfavorecidas. utilizam para se referir à
criminalidade associada
São cometidos por a organizações de
aqueles que gozam e extrema-esquerda.
abusam da elevada
condição econômica. Crimes praticados por
funcionários públicos
Nesses crimes
CRIMES DO COLARINHO CRIMES DO COLARINHO que não chegam ao
socioeconômicos,
BRANCO AMARELO 10
conhecimento dos
surgem as “cifras
órgãos estatais devido
douradas do Direito
ao temor de represálias.
Penal”, indicativas da
diferença apresentada
entre a criminalidade 15
Biffe Junior, João Concursos públicos : terminologias e teorias
inusitadas / João Biffe Junior, Joaquim Leitão Junior. – Rio de
Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017, pag. 41.
INTRODUÇÃO À TEORIA DO CRIME - 19
Douglas dos Santos Silva - 06650377597
Ex.: abuso de consequência da
autoridade, tortura, insolação e da asfixia a
corrupção passiva e que foi submetida.
concussão.
Crime de mão-própria,
CRIMES DO COLARINHO Crimes contra o meio também conhecido

VERDE10 ambiente. como crime de atuação


pessoal ou de conduta
CRIMES DO COLARINHO Crimes de homofobia. infungível, é aquele que
ROSA 10
exige uma qualidade
especial do sujeito ativo,
CRIME DE CONDUTA
Segundo Cleber
ou seja, somente
Masson, está INFUNGÍVEL16
podem ser praticados
relacionada com as
pelo sujeito
infrações penais que
expressamente previsto
CRIMES DE CATÁLOGO permitem a
pelo tipo penal
interceptação
incriminador. Ex.: falso
telefônica, para fins de
testemunho (art. 342 do
investigação ou
CP).
instrução processual.

É aquele praticado
São também conhecidos
contra sujeitos
como delitos de
indeterminados, sendo
esquecimento.
também conhecidos
CRIMES COM SUJEITO
Trata-se de modalidade como crimes vagos,
PASSIVO EM MASSA17
de crime omissivo uma vez que possuem
impróprio caracterizado como vítima um ente
pela natureza culposa destituído de
(culpa inconsciente). personalidade jurídica.
Cleber Masson aponta o
seguinte exemplo: O pai CRIME ANÃO Contravenções penais.
CRIMES DE OLVIDO
estaciona seu
(“OLVIDAR, ESQUECER”)
automóvel em via Contravenções penais

pública, em um dia de com pena máxima


CRIME ANÃO CRESCIDO18
muito calor, e dirige-se superior a dois anos de

ao supermercado, prisão simples.

porém esquece seu


filho de tenra idade no 16
Biffe Junior, João Concursos públicos : terminologias e teorias
inusitadas / João Biffe Junior, Joaquim Leitão Junior. – Rio de
interior do veículo. Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017, pag. 54
17
Como o genitor demora Biffe Junior, João Concursos públicos : terminologias e teorias
inusitadas / João Biffe Junior, Joaquim Leitão Junior. – Rio de
a retornar, a criança Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017, pag. 58
18
Biffe Junior, João Concursos públicos : terminologias e teorias
acaba falecendo em inusitadas / João Biffe Junior, Joaquim Leitão Junior. – Rio de
Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017, pag 59.
INTRODUÇÃO À TEORIA DO CRIME - 20
Douglas dos Santos Silva - 06650377597

“a exemplo do crime de
tortura, é aquele que,
como a própria fruta, só
se encontra como tal no
Brasil. Embora os
tratados internacionais
e demais ordenamentos
tratem do crime de
tortura como sendo ele
um crime próprio, que
exige alguma
CRIME JABUTICABA19
característica especial
do agente, apenas no
Brasil o crime de tortura
é comum, podendo ser
praticado por qualquer
pessoa. Dessa forma, tal
característica,
exclusivamente
brasileira, lhe rendeu o
apelido de tal fruta
nativa.”

19

https://www.facebook.com/metodoVIPJUS/photos/crime-jabutic
aba-a-exemplo-do-crime-de-tortura-%C3%A9-aquele-que-com
o-a-pr%C3%B3pria-fruta/1334776726635251/
INTRODUÇÃO À TEORIA DO CRIME - 21

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