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INTRODUÇÃO À TEORIA DO
CRIME
2a EDIÇÃO/2022
2. SUJEITOS DO CRIME 5
2.1. SUJEITO ATIVO 5
2.1.1. CLASSIFICAÇÃO DO CRIME QUANTO AO
SUJEITO ATIVO 6
2.2. SUJEITO PASSIVO 7
2.2.1. CLASSIFICAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO 8
4. OBJETO DO CRIME 9
Sanches (CUNHA, 2020, p. 198), temos: bipartida relaciona-se intimamente com a teoria
SINTÉTICO
rotulado em uma norma penal incriminadora, sob O crime teria três elementos: fato típico,
ameaça de pena. ilicitude e culpabilidade.
No conceito tripartite de crime, o fato típico e penais com pena máxima superior a dois anos de
Tentativa, em regra,
► CLAUS ROXIN Tentativa não é punível.
punível.
O crime possui três elementos: fato típico,
Admite
ilicitude e responsabilidade. Essa responsabilidade é Não admite
extraterritorialidade da
a culpabilidade, acrescida da ideia de prevenção. extraterritorialidade.
lei penal
Embora Roxin seja um autor bastante elogiado no
Brasil, hoje, a sua teoria não encontra seguidores no Pode ser julgado pela
Só é julgado pela Justiça
país, visto que a ideia de prevenção não tem Justiça Estadual ou
Estadual.
importância na teoria do crime, mas sim na teoria da Federal.
pena.
Duração da pena não Duração da pena não
pode ser superior a 40 pode ser superior a 5
A Infração penal é gênero da qual são anos. anos.
espécies (SISTEMA DUALISTA OU BINÁRIO):
natureza ontológica, mas apenas axiológicas, ou seja, prisão preventiva não pode ser imposta pela prática
diferenças de valor.
temporária, por sua vez, somente pode ser aplicada União (artigo 109, IV, da CF).
A Constituição Federal, em seu art. 225, §3º, agem com culpabilidade (não têm imputabilidade
incluir a pessoa jurídica como sendo responsável pela Além disso, é inútil a aplicação de pena às
prática de crime ambiental. A par disso, temos a Lei pessoas jurídicas. As penas têm por finalidades
9.605/98 (lei de crimes ambientais), que prevenir crimes e reeducar o infrator (prevenção geral
expressamente prevê a responsabilização penal da e especial, positiva e negativa), impossíveis de serem
pessoa jurídica. alcançadas em relação às pessoas jurídicas, que são
entes fictícios, incapazes de assimilar tais efeitos da
sanção penal.” (idem, p. 692). ·
Art. 225, §3º, CF - As condutas e atividades
Adotam essa corrente: Pierangelli, Zafaroni,
consideradas lesivas ao meio ambiente
René Ariel Dotti, Luiz Regis Prado, Alberto Silva
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou
Franco, Fernando da Costa Tourinho Filho, Roberto
JURÍDICAS, a sanções penais e
Delmanto, LFG, entre outros.
administrativas, independentemente da
obrigação de reparar os danos causados. 3a CORRENTE: É plenamente possível a
responsabilização penal da pessoa jurídica no caso de
crimes ambientais porque assim determinou o §3º do
Em que pese a previsão do artigo acima, não art. 225 da CF/88. A pessoa jurídica pode ser punida
há consenso na doutrina sobre a possibilidade de penalmente por crimes ambientais ainda que não
uma Pessoa Jurídica ser sujeito ativo de crime, neste haja responsabilização de pessoas físicas. É a posição
sentido há as seguintes correntes: do STF e do STJ. Não mais se adota a teoria da dupla
imputação.
1a CORRENTE: A CF/88 não previu a
responsabilidade penal da pessoa jurídica, mas
apenas sua responsabilidade administrativa. Adotam
essa corrente: Miguel Reale Jr., Cézar Roberto 3
Meio Ambiente. Lei 9.605, 12.02.1998. In: GOMES,
Bitencourt, José Cretela Jr. Luiz Flávio; CUNHA, Rogério Sanches (Coord.).
Legislação Criminal Especial. São Paulo: RT, 2009, p.
691
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4a CORRENTE: É possível a responsabilização Conforme Rogério Sanches5, a maioria da
penal da pessoa jurídica, desde que em conjunto com doutrina entende não existir óbice à continuidade da
uma pessoa física. Era a antiga posição da apuração ou do processo, nem mesmo à aplicação da
jurisprudência. Posição de Édis Milaré. pena se for constatada a prática de um crime e à
pessoa jurídica for dissolvida nesse momento, desde
que isso ocorra antes da liquidação.
1. O art. 225, § 3º, da Constituição Federal não
condiciona a responsabilização penal da
pessoa jurídica por crimes ambientais à A pessoa jurídica de Direito Público pode
simultânea persecução penal da pessoa ser responsabilizada penalmente por delito
física em tese responsável no âmbito da ambiental?
empresa. A norma constitucional não 1a CORRENTE: Não pode (MAJORITÁRIA). A
impõe a necessária dupla imputação. pessoa jurídica de direito público não pode receber o
3. Condicionar a aplicação do art. 225, mesmo tratamento dos demais entes. A punição
§3º, da Carta Política a uma concreta criminal da pessoa jurídica de direito público é
imputação também a pessoa física inadequada, pois não age no interesse próprio, mas
implica indevida restrição da norma da sociedade. A sua punição significa o Estado
constitucional, expressa a intenção do punindo a si mesmo.
constituinte originário não apenas de 2a CORRENTE: Pode. A Constituição e a Lei de
ampliar o alcance das sanções penais, crimes ambientais não excepcionam a pessoa jurídica
mas também de evitar a impunidade de direito público. Não se pode cobrir a pessoa
pelos crimes ambientais frente às jurídica de direito público com o manto da
imensas dificuldades de individualização impunidade.
dos responsáveis internamente às
corporações, além de reforçar a tutela do
2.1.1. CLASSIFICAÇÃO DO CRIME QUANTO AO
bem jurídico ambiental. STF. 1ª Turma.
SUJEITO ATIVO
RE 548181/PR, Rel. Min. Rosa Weber,
julgado em 6/8/2013 (Info 714). 🔸 COMUM: o tipo penal não exige qualidade
ou condição especial do agente, portanto pode ser
praticado por qualquer pessoa. Exemplo: homicídio.
Responsabilidade
indireta ou mediata4.
por ricochete ou
🔸 PRÓPRIO: o tipo penal exige qualidade ou
condição especial do agente. Exemplo: peculato
A responsabilidade da pessoa jurídica,
(sujeito ativo: funcionário público).
destarte, é indireta ou mediata ou por ricochete,
porque o principal responsável pelo delito é uma
🔸 DE MÃO PRÓPRIA ou DE CONDUTA
INFUNGÍVEL: o tipo penal exige qualidade ou
pessoa física. A pessoa jurídica responde pelo fato de
condição especial do agente e que a execução do
modo indireto.
crime somente pode ser praticado por ele, dessa
forma, nestes tipos não se admite a coautoria.
Pessoa jurídica dissolvida durante a Exemplo: falso testemunho; falsa perícia.
apuração ou o processo criminal.
4
https://www.migalhas.com.br/depeso/58248/crime-ambiental-e
-responsabilidade-penal-de-pessoa-juridica-de-direito-publico 5
SANCHES (2020), pag. 206.
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7
6
ESTEFAM, André. Direito Penal Parte Especial, 11. Ed. https://www.dizerodireito.com.br/2020/09/lei-140642020-aume
SaraivaJur. 2022 nta-pena-do-crime-de.html
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(logo, o rixoso é sujeito ativo e passivo da
rixa da qual participa).8
▸ A pessoa física pode ser, ao mesmo
tempo, sujeito ativo e passivo?
A consumação se
CRIME SIMPLES É o tipo penal básico, CRIME PERMANENTE protrai no tempo.
10
MASSON, Cleber. Direito Penal: parte geral (arts. 1º a 120), V.1.
11
14ª ed. Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: MÉTODO, 2020, p.173 Andreucci, Ricardo A. Manual de Direito Penal. Disponível em:
e ss. Minha Biblioteca, (15th edição). Editora Saraiva, 2021.
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🔸 CRIME agente.
Reiteração de atos
OU DE OMISSÃO 🔸 CRIME OMISSIVO
PRÓPRIO ou PURO:
CRIME HABITUAL reveladores de um
Não há previsão legal
modo de vida do
do dever jurídico de
Consuma-se
“Designa o tipo penal
automaticamente com a
formado pela soma de
prática da conduta. Há
um crime com um
presunção absoluta de
comportamento que,
perigo ao bem jurídico;
consuma-se com a
Usualmente se utiliza a
efetiva comprovação da
denunciação caluniosa
ocorrência da situação CRIME COMPLEXO como exemplo dessa
de perigo.
EM SENTIDO AMPLO espécie de crime, pois,
🔸 PERIGO
OU COMPLEXO IMPURO no caso, une-se o crime
CRIME DE PERIGO INDIVIDUAL: atinge 12 de calúnia com a
apenas uma pessoa ou comunicação, à
um número autoridade, da prática
determinado de de uma infração penal,
pessoas; dando causa à
🔸 PERIGO COMUM OU instauração de
COLETIVO: atinge um procedimento
número indeterminado investigatório, o que,
de pessoas; por si, é lícito”.
considerados no crime
O perigo está prestes a
ocorrer;
🔸 PERIGO FUTURO ou 12
https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2019/03/11/certo-o
u-errado-o-crime-complexo-pode-se-lo-em-sentido-estrito-ou-e
MEDIATO: A situação de m-sentido-amplo/
13
perigo se projeta para o https://www.institutoformula.com.br/resumo-esquematizado-dir
eito-penal-o-que-e-crime-famulativo/
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complexo, que Prevê a tentativa como
compõem a sua CRIME DE ATENTADO OU
forma de realização do
DE EMPREENDIMENTO
estrutura.” crime.
Depende da existência
Sujeito passivo é
de outro crime.
entidade sem CRIME ACESSÓRIO OU
CRIME VAGO A extinção da
personalidade jurídica DE FUSÃO OU
punibilidade do crime
(vítima indeterminada). PARASITÁRIO OU CRIME
principal não se
AMEBA
estende ao crime
A condição de
acessório.
funcionário público é
CRIME FUNCIONAL essencial para a
É aquele que só se
PRÓPRIO configuração do delito,
aplica se não houver a
de forma que, sem ela, CRIME SUBSIDIÁRIO
incidência de um tipo
não há outro delito.
mais grave.
A ausência de condição
CRIME FUNCIONAL Não apresentam
de funcionário público
IMPRÓPRIO CRIME INDEPENDENTE nenhuma ligação com
desclassifica a infração.
outros.
CONSEQUENCIAL OU sequestro.
🔸 CONEXÃO
O resultado depende de
ato de terceiro e não do
OCASIONAL: é
agente.
praticado como
consequência da
O agente pratica uma
ocasião, ou seja, da
conduta com a intenção
oportunidade que outro
de futuramente praticar
crime proporciona ao
outra conduta distinta,
agente.
mas o tipo não prevê a
CRIME MUTILADO DE prática desta segunda
Pratica o crime sem que
DOIS ATOS OU TIPOS
conduta para a
CRIME DE ÍMPETO tenha premeditado, em
IMPERFEITOS DE DOIS
consumação do crime.
momento de emoção.
ATOS
O ato posterior será
CRIME DE OPINIÃO OU Abuso da manifestação praticado pelo próprio
dependendo da em outra.
tendência (libidinosa ou
CRIME EM TRÂNSITO Crime que envolve mais
não), bem como as
palavras dirigidas contra OU EM CIRCULAÇÃO de dois países.
presume a lesão ao
São as hipóteses de erro
bem jurídico.
na execução, resultado
CRIMES ABERRANTES
CRIME À DISTÂNCIA OU diverso do pretendido e
Conduta praticada em
aberractio causae.
DE ESPAÇO MÁXIMO um país e o resultado
CRIMES POLÍTICO
🔸PRÓPRIO: tutela dispositivo informático
interesse do Estado. alheio, tipificado ao teor
consideradas como
Na verdade é
crimes
CRIME NATURAL modalidade específica
independentemente do
de delitos plásticos,
momento histórico ou
todavia caracterizada
do ordenamento
pela ausência de
jurídico observado.
proteção a qualquer
compõem a norte-americanos da
É aquele praticado
São também conhecidos
contra sujeitos
como delitos de
indeterminados, sendo
esquecimento.
também conhecidos
CRIMES COM SUJEITO
Trata-se de modalidade como crimes vagos,
PASSIVO EM MASSA17
de crime omissivo uma vez que possuem
impróprio caracterizado como vítima um ente
pela natureza culposa destituído de
(culpa inconsciente). personalidade jurídica.
Cleber Masson aponta o
seguinte exemplo: O pai CRIME ANÃO Contravenções penais.
CRIMES DE OLVIDO
estaciona seu
(“OLVIDAR, ESQUECER”)
automóvel em via Contravenções penais
“a exemplo do crime de
tortura, é aquele que,
como a própria fruta, só
se encontra como tal no
Brasil. Embora os
tratados internacionais
e demais ordenamentos
tratem do crime de
tortura como sendo ele
um crime próprio, que
exige alguma
CRIME JABUTICABA19
característica especial
do agente, apenas no
Brasil o crime de tortura
é comum, podendo ser
praticado por qualquer
pessoa. Dessa forma, tal
característica,
exclusivamente
brasileira, lhe rendeu o
apelido de tal fruta
nativa.”
19
https://www.facebook.com/metodoVIPJUS/photos/crime-jabutic
aba-a-exemplo-do-crime-de-tortura-%C3%A9-aquele-que-com
o-a-pr%C3%B3pria-fruta/1334776726635251/
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