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19/04/2023, 08:38 FATO TÍPICO – HOTMART – Fórmula da Aprovação

V. FATO TÍPICO

Analise os gráficos abaixo e observe os aspectos mais cobrados nas provas de Concurso
Público sobre o tema Fato Típico -> oriente seus estudos por essa análise.

Áudio de Revisão

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Conforme já estudamos, o direito penal deve ser aplicado como ultima ratio para resolver os
problemas mais graves que afetam os bens jurídicos protegidos pelo nosso ordenamento
jurídico. Nesse sentido, aquela conduta reprovável pela sociedade torna-se um tipo penal,
originando, assim, o fato típico (QUESTÃO 361).

QUESTÃO 361

Desse modo, o fato típico é o primeiro substrato do crime, representando aquele fato
previsto na lei como infração penal, constituído dos seguintes elementos: conduta, resultado,
nexo de causalidade e tipicidade (QUESTÕES 362, 363, 364, 365).

QUESTÕES 362, 363, 364, 365

A tipicidade refere-se à adequação perfeita da conduta do agente ao modelo abstrato (tipo)


previsto na lei penal -> o encaixe perfeito acontece quando a conduta humana delitiva se
amolda ao dispositivo penal. Analisando o esquema abaixo você poderá compreender o
conceito de fato típico, qual seja: fato humano indesejado que, consiste numa conduta
causadora de um resultado com ajuste formal e material a um tipo penal.

Desse modo, podemos afirmar que os requisitos do fato típico são a conduta, o nexo causal,
o resultado e a tipicidade penal.

ATENÇÃO

Não se pode confundir tipicidade penal com tipo penal!!! A tipicidade é o ajuste formal e
material do fato ao tipo, por sua vez, o tipo penal é o modelo de conduta proibida pela
norma.

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1. Conduta

Conforme estudado, a conduta é o elemento do fato típico que representa a ação ou


omissão humana, consciente e voluntária, que se destina a uma determinada finalidade.
Nesse sentido, insta ressaltar que não há crime sem conduta – nullum crimen sine conducta.

FICA A DICA: Considerando esse pressuposto, parte da doutrina nega a responsabilidade da


pessoa jurídica, uma vez que o ente coletivo não exerce conduta, sendo apenas conduzido.
Porém, prevalece em nosso ordenamento jurídico a possibilidade de responsabilizar
penalmente a pessoa jurídica autora de crimes ambientais.

No que tange à conduta, existem diversas teorias que devem ser estudadas. Vejamos:

TEORIA CAUSALISTA/
NATURALISTA

Von Liszt e Beling

Trata-se da teoria influenciada pelos ideais positivistas, seguindo o método empregado


pelas ciências naturais. Esse entendimento enxerga o direto penal como uma ciência
exata, observando o direito através dos sentidos. Segundo essa teoria, a infração penal é
constituída pelo fato típico, pela ilicitude e pela culpabilidade. A conduta é caracterizada
como o movimento corpóreo voluntário que causa modificação no mundo exterior,
perceptível pelos sentidos. Nesse caso, dolo e culpa são analisados somente na esfera da
culpabilidade. Assim, para verificar se o agente praticou um crime ou não, deve-se apenas
analisar se ele foi o causador do resultado, isto é, se praticou a conduta descrita em lei
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como crime. Nessa situação, não é considerado o conteúdo da conduta e a intenção do


agente na ação. Como crítica a essa Teoria, entende-se que com base nela o direito estaria
punindo processos causais e não condutas teleológicas, negando os elementos
normativos e subjetivos do tipo, haja vista que os elementos dolo e culpa são analisados
somente na esfera da culpabilidade e não compõem a conduta (QUESTÕES 366, 367, 2556,
2557, 2558, 2559, 2560).

QUESTÕES 366, 367

TEORIA NEOKANTISTA/
CAUSALVALORATIVA

Max Ernst Mayer, Edmund Mezger e Reinhard Frank

Trata-se de uma teoria com base causalista, que se fundamenta numa visão neoclássica
marcada pela superação do positivismo, através da imposição da racionalização do
método. Nesse caso, o direito é reconhecido como ciência do dever-ser, de modo que não
há como se negar a existência dos elementos valorativos do tipo. De acordo com essa
Teoria, o crime é composto de fato típico, ilicitude e culpabilidade. Nesse caso, a conduta é
entendida como comportamento humano voluntário causador de um resultado; e, por
sua vez, a tipicidade é analisada sob a ótica da antijuridicidade, levando-se em conta os
elementos subjetivos. Para essa teoria, o dolo e a culpa continuam sendo analisados na
esfera da culpabilidade, sendo que esta passou a ser aplicada na medida da
reprovabilidade do agente, de modo que o dolo seria definido como a consciência atual da
ilicitude acrescido de um juízo de reprovação ou censurabilidade acerca da conduta.
Contudo, analisando dolo e a culpa na órbita da culpabilidade, essa teoria ficou
extremamente contraditória, uma vez que reconhece a existência dos elementos
normativos e subjetivos do tipo (QUESTÕES 368, 369).

QUESTÕES 368, 369

TEORIA FINALISTA

Hans Welzel

Essa teoria entende que dolo e a culpa estavam inseridos no substrato errado, uma vez
que não devem integrar a culpabilidade, mas sim o fato típico. Esse entendimento
também compreende o crime com base na Teoria Tripartite. Segundo a Teoria, a conduta
representa um ato de vontade com conteúdo, ou seja, trata-se de um ato de vontade
voltado para determinado fim. Diferentemente das teorias anteriores, a teoria finalista
adota a conduta de conteúdo. (QUESTÕES 370, 371, 372, 373, 374, 375, 376, 377, 378, 379,
380, 2561, 2562, 2563, 2564, 2565).

QUESTÕES 370, 371, 372, 373, 374, 375, 376, 377, 378, 379, 380

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ATENÇÃO: No Brasil, foi criado uma teoria finalista bipartite, conhecida como finalismo
dissidente. Nesse último caso, a culpabilidade não integra o crime, devendo ser tratada
como mero pressuposto da pena.

TEORIA SOCIAL DA AÇÃO

Johannes Wessels

Trata-se da teoria que surgiu com o objetivo de conciliar o causalismo e o finalismo. Nesse
caso, a conduta é entendida como um comportamento relevante para o corpo social.
Desse modo, a conduta típica é aquela socialmente reprovável e, nessa medida, o
elemento caracterizador do fato típico é a reprovabilidade da conduta praticada. Nesse
caso, o dolo e a culpa estão integrados ao fato típico, porém, devem ser novamente
analisados na culpabilidade.

TEORIA FUNCIONALISTA

Claus Roxin e Günther Jakobs

Conforme o funcionalismo, o Direito Penal tem a finalidade precípua de tutelar os bens


jurídicos mais relevantes da sociedade, considerando o caráter positivo da pena e a ideia
de prevenção geral. Nesse sentido, podemos identificar duas espécies de funcionalismo:

– Funcionalismo Teleológico, Dualista, Moderado ou da Política Criminal (Claus Roxin) –


essa teoria entende que o Direito Penal tem por objetivo tutelar os bens jurídicos e os
valores essenciais à convivência pacífica da sociedade. Nesse caso, crime é formado por
fato típico, ilicitude e reprovabilidade. Nessa situação, a culpabilidade é entendida como
limite da pena, sendo substituída pela análise da imputabilidade, da potencial consciência
da ilicitude, da exigibilidade de conduta diversa e da necessidade de pena. A conduta, por
sua vez, é o comportamento humano voluntário que causa relevante e intolerável lesão ou
perigo de lesão ao bem jurídico tutelado (QUESTÃO 381).

QUESTÃO 381

– Funcionalismo Radical, Sistêmico ou Monista (Günther Jakobs) – conforme essa teoria, a


função do direito penal é proteger as suas próprias normas, de modo a proporcionar a
sua aplicação efetiva, com a consequência de uma sociedade mais segura para todos.
Assim, o direito penal tem por função proteger o sistema, considerado como um todo.
Partindo desse pressuposto, a conduta é definida como um comportamento humano
voluntário que desafia a efetividade das normas, violando o sistema. A culpabilidade, por
sua vez, é entendida como elemento analítico do crime, sendo revestida pela
imputabilidade, potencial consciência da ilicitude e a exigibilidade de conduta diversa. Essa
Teoria fomenta o Direito Penal do Inimigo que, para Jakobs, deve ser aplicado para o
terrorista, traficante de drogas, de armas e de seres humanos, bem como para os
membros de organizações criminosas transnacionais. (QUESTÃO 2566, 2567, 2568)

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FICA A DICA: A doutrina moderna segue o funcionalismo de Claus Roxin, apenas não
reconhecendo a reprovabilidade como elemento do crime.

MACETE:

– Teoria causalista/naturalista: o “C” de causalista, é o “C” de culpabilidade. Para essa teoria o


dolo e a culpa são analisados na esfera da Culpabilidade.

– Teoria Neokantista/Causal-valorativa: o “C” de causal-valorativa também é o “C” de


culpabilidade. Para essa teoria o dolo e a culpa continuam sendo analisados na esfera da
culpabilidade. Contudo, analisando dolo e a culpa na órbita da culpabilidade, essa teoria
ficou extremamente contraditória, uma vez que reconhece a existência dos elementos
normativos e subjetivos do tipo.

– Teoria Finalista: o “F” de finalista é o “F” de fato típico. Essa teoria entende que dolo e a
culpa estavam inseridos no substrato errado, uma vez que não devem integrar a
culpabilidade, mas sim o fato típico.

– Teoria Social da Ação: essa é fácil -> nesse caso, a conduta é entendida como um
comportamento relevante para o corpo social.

– Teoria Funcionalista: essa teoria trata a respeito da função do direito penal. Funcionalista
vem de função! Conforme essa teoria, a função do direito penal é proteger as suas próprias
normas, de modo a proporcionar a sua aplicação efetiva, com a consequência de uma
sociedade mais segura para todos.

QUESTÃO VUNESP

A corrente/teoria penal que se funda na ideia de que as normas jurídicas devem ser
protegidas por si mesmas, pouco importando o bem jurídico por trás delas, é

A) a teoria do garantismo penal, de Luigi Ferrajoli.


B) o funcionalismo teleológico-racional, de Claus Roxin.
C) o funcionalismo sistêmico, de Günther Jakobs.
D) a teoria da tipicidade conglobante, de Eugenio Zaffaroni.
E) a teoria constitucionalista do delito.
RESPOSTA C

QUESTÃO FCC

Sobre a evolução das Escolas Penais,

A) a base ontológica do funcionalismo permitiu a construção da teoria da imputação


objetiva.
B) a estrutura do delito no causal-naturalismo tem por característica a presença de
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elementos subjetivos no tipo.


C) a transformação realizada pelo finalismo na teoria do delito consiste, principalmente,
na relevância atribuída à vontade e aos aspectos subjetivos da culpabilidade.
D) a necessidade de associação das categorias do delito a um fundamento material de
ofensa ao bem jurídico é uma das bases do funcionalismo de Claus Roxin.
E) o funcionalismo teleológico de Günther Jakobs impossibilitou a construção de
mecanismos de imputação baseados no direito penal do autor.
RESPOSTA D

1.1. Elementos da Conduta

Em relação a conduta, podemos destacar os seguintes elementos:

a) Comportamento Humano: representa a ação ou a omissão que gera um resultado


criminoso, ou seja, é a lesão ou a ameaça de lesão ao bem jurídico ou a sua exposição a
perigo;

b) Voluntariedade: trata-se da existência do animus na prática da conduta reprovada pelo


ordenamento jurídico.
1.2. Causas de Exclusão da Conduta

a) Caso Fortuito ou Força Maior – trata-se de circunstâncias que provocam fatos imprevisíveis
ou inevitáveis, uma vez que não são reflexos da vontade humana. Cabe salientar que,
embora parte da doutrina trate ambos como sinônimos, cumpre definir que caso fortuito é a
situação que decorre de fato alheio à vontade da parte, com origem em causa desconhecida.
A força maior, por sua vez, é quando os fatos da natureza ocasionam o acontecimento.

TRADUÇÃO JURÍDICA

“Como assim prof.?”

Vamos dizer que você foi assaltado à mão armada no interior de ônibus, trem ou metrô.
Nesse caso, a empresa de transporte será punida? Para o STJ trata-se de caso fortuito. A
jurisprudência do Tribunal afirma que a empresa de transporte não deve ser punida por um
fato inesperado e inevitável que não faz parte da atividade fim do serviço de condução de
passageiros.

Outro exemplo: vamos dizer que havia um buraco (causado pela chuva) numa via pública e
uma criança que estava correndo próximo ao local acabou caindo no buraco e morrendo.
Trata-se de caso fortuito? Não. O STJ decidiu que houve omissão do Poder Público, uma vez
que o município deveria ter tomado as medidas de segurança necessárias para isolar a área
afetada ou mesmo para consertar a erosão fluvial a tempo de evitar uma tragédia.

b) Involuntariedade – refere-se à situação na qual o agente não é capaz de expressar a sua


vontade, agindo em desconformidade com ela. Em outras palavras, representa a ausência da
capacidade de dirigir a conduta de acordo com a sua voluntariedade. Nesse sentido,

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podemos afirmar que a involuntariedade pode ocorrer em decorrência de estado de


inconsciência completa (ex: sonambulismo), movimentos reflexos ou reações automáticas e
coação física irresistível.

ATENÇÃO

No caso de coação irresistível há conduta, mas a vontade do agente é viciada. Portanto, o


que se exclui no caso é a culpabilidade. Ex: um indivíduo ameaça uma mãe de matar o seu
filho, caso ela não roube umas joias que se encontram no cofre de uma loja. Nesse caso, a
mãe poderia ter outra conduta a não ser subtrair as joias? Não! Ou ela rouba, ou seu filho
morre (QUESTÃO 382).

QUESTÃO 382

Pessoal, não podemos confundir movimentos reflexos com ações em curto circuito!

Movimentos reflexos são impulsos completamente fisiológicos desprovidos de vontade e as


ações em curto circuito, por sua vez, são movimentos relâmpagos provocados pelo estado
de excitação. Nesse último caso, há conduta, uma vez que o movimento é acompanhado de
vontade. Ex: excitação de torcida.

1.3. Formas de Conduta


Conforme estudado, a conduta é a ação ou omissão humana, consciente e voluntária,
dirigida a determinada finalidade. Conforme estudado, a ação é um comportamento positivo,
ou seja, trata-se de um fazer e a omissão, por sua vez, é um comportamento negativo, um
não fazer.

Insta salientar que, nos termos do artigo 13, §2º do Código Penal, a omissão é penalmente
relevante quando o agente devia e podia evitar o resultado. Vejamos:
Art. 13 – O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a
quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não
teria ocorrido. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
[…]
Relevância da omissão (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

§ 2º – A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para


evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: (Incluído pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)

a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; (Incluído pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; (Incluído pela Lei

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nº 7.209, de 11.7.1984)
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. (Incluído
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (QUESTÃO 2569, 2570, 2571, 2572, 2573)

TRADUÇÃO JURÍDICA

“Como assim prof.?”

No crime de omissão de socorro, a abstenção e a desobediência ao dever de agir é suficiente


para que o delito se consume.

1.4. Conduta Dolosa

Trata-se da conduta descrita no tipo penal, praticada em decorrência da vontade consciente


do agente que desejou provocar o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo (QUESTÃO
383).

QUESTÃO 383

Art. 18 CP – Diz-se o crime:


Crime doloso
I – doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;
(QUESTÃO 2574, 2575, 2576, 2577)
Insta salientar que a noção do dolo não se esgota na realização da conduta, abrangendo
também o resultado e as demais circunstâncias da infração penal. Ademais, podemos
destacar que o dolo possui dois elementos que devem ser estudados, quais sejam:

a) Elemento volitivo: é a vontade de praticar a conduta descrita na norma;

b) Elemento intelectivo: consciência da conduta e do resultado.

ATENÇÃO
A liberdade da vontade não é elemento do dolo, mas sim uma circunstância a ser analisada
na culpabilidade.

No que tange à conduta dolosa, existem algumas teorias que devem ser estudadas:

a) Teoria da Vontade – o dolo é entendido como a vontade do agente que pratica a conduta
movido pela consciência livre e espontânea em praticar o crime, ou seja, é a vontade
consciente de querer praticar a infração penal (QUESTÃO 384);

QUESTÃO 384

b) Teoria da Representação – nesse caso, fala-se em dolo sempre que o agente tiver a
previsão do resultado como possível e, ainda assim, decidir prosseguir com a conduta. Essa
teoria acaba abrangendo no conceito de dolo a culpa consciente.

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c) Teoria do Consentimento (ou Assentimento) – nesse caso, há dolo quando o agente não só
tem previsão do resultado, contudo, também decide continuar com a conduta, assumindo o
risco de produzir tal resultado (QUESTÕES 385, 386, 2578, 2579).

Vejamos:

Quanto às espécies de dolo, podemos citar:

a) Dolo Natural (ou Neutro) – é adotado pelos finalistas, sendo componente da conduta.
Nesse caso, o dolo pressupõe apenas consciência e vontade. Nessa medida, a consciência da
ilicitude é elemento da culpabilidade.

b) Dolo Normativo (ou Híbrido ou colorido) – é aquele adotado pelos neokantistas e integra a
culpabilidade, exigindo do agente vontade e a consciência da ilicitude. Ou seja, o indivíduo
deve ter a consciência de que o que comete é errado para a sociedade e considerado crime
para o direito penal.

DOLO NORMATIVO

DOLO NATURAL

– Adotado pela Teoria clássica e pela neokantista;


– Integra a culpabilidade;
– Formado pela consciência (sabe o que faz); vontade (querer ou aceitar); e consciência
atual da ilicitude (sabe da ilicitude do comportamento).

– Adotado pela Teoria finalista;


– Integra o fato típico;
– Formado pela consciência (sabe o que faz); e pela vontade (querer ou aceitar).

c) Dolo Direto (ou de 1º grau) – é o dolo propriamente dito. Caracteriza-se quando o agente
prevê o resultado, dirigindo a sua conduta na busca de realizar esse evento, de modo livre e
consciente (QUESTÕES 387, 388, 389, 390);

QUESTÕES 387, 388, 389, 390

d) Dolo Indireto (ou Indeterminado) – trata-se da modalidade na qual o agente pratica a ação,
porém não deseja obter o resultado certo e determinado, sendo este previsível. O dolo
indireto possui as seguintes modalidades:
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– Dolo Alternativo: nesse caso, o agente sabe que sua conduta pode gerar diversos
resultados, sendo que todos esses satisfazem a sua vontade, ainda que não seja o desejado.
O criminoso responde pelo crime mais grave, uma vez que sua vontade também foi
direcionada àquele fim (QUESTÃO 391). O dolo pode ser objetivo, quando a vontade
indeterminada estiver relacionada com o resultado em face da mesma vítima; ou subjetivo,
quando a vontade indeterminada envolver as possíveis vítimas de um mesmo resultado.

QUESTÃO 391

TRADUÇÃO JURÍDICA

“Como assim prof.?”

A namorada, integrante do Exército brasileiro, encontra o seu namorado beijando sua amiga!
Muita enfurecida com ambos ela arremessa uma granada nos traidores, querendo mata-los
ou feri-los. Pra ela tanto faz, o que ela quer é se vingar!!

QUESTÃO CESPE

Age com dolo eventual o agente que prevê possíveis resultados ilícitos decorrentes da sua
conduta, mas acredita que, com suas habilidades, será capaz de evitá-los.

ERRADO

– Dolo Eventual – nessa modalidade, a intenção do agente se dirige a um resultado,


aceitando, porém, qualquer outro previsto.

Nesse caso, o agente prevê pluralidade de resultados dirigindo a sua conduta para realizar
qualquer deles. Assim, ao contrário do dolo alternativo, o agente não tem a intenção de
produzir o resultado mais grave, todavia, assume o risco de produzi-lo com a mesma
intensidade (QUESTÕES 392, 393, 394, 395, 396);

QUESTÕES 392, 393, 394, 395, 396

TRADUÇÃO JURÍDICA

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“Como assim prof.?”

Vamos supor que um sujeito está com muita raiva do prefeito de sua cidade e decide agredi-
lo. Mas o seu ódio é tão grande que se da agressão o prefeito vier a falecer, o agente não se
importa. Nesse caso, ele queria apenas machucar – lesão corporal – porém, aceita a
possibilidade de um homicídio acontecer.

e) Dolo Cumulativo – nessa situação, o agente possui duas vontades e realiza uma após a
outra. Trata-se de um hipótese de progressão criminosa. Ex: o agente, depois de ferir a
vítima, resolve matá-la;

f) Dolo de Dano – o agente visa causar dano ao bem jurídico tutelado;


g) Dolo de Perigo – nesse caso, o agente não tem a intenção de causar dano ao bem jurídico,
mas sim colocar em risco o mesmo, expondo-o a uma situação de perigo. Destaca-se que os
crimes de perigo são punidos para evitar que o resultado danoso diverso da vontade do
agente ocorra, sendo a ele imputado o delito, ainda que na forma culposa;

TRADUÇÃO JURÍDICA

“Como assim prof.?”


Um perfeito exemplo do dolo de perigo é aquele exigido no crime de perigo para a vida ou
saúde de outrem, vejamos: Art. 132 – Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e
iminente: Pena – detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave.
Nesse caso, o simples fato de colocar a vítima em situação de risco já caracteriza a prática
delitiva.

h) Dolo Genérico – nesse caso, o agente não possui uma vontade específica, somente visa
praticar o fato criminoso (QUESTÃO 397). É o que ocorre no caso do crime de homicídio –
matar alguém.

QUESTÃO 397

i) Dolo Específico – o agente visa praticar a conduta descrita como crime pela lei penal, ou
seja, nesse caso o agente age movido por uma finalidade especial de agir e praticar a
ação/omissão típica. Podemos citar como exemplo o crime previsto no art. 159 CP –
“Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como
condição ou preço do resgate” […] Desse modo, no dolo específico entende-se que além do
dolo genérico, há uma intenção especial do agente.

j) Dolo Geral – ocorre quando o agente, imaginando já ter atingido um determinado


resultado por ele desejado, pratica uma nova ação que efetivamente o provoca.

TRADUÇÃO JURÍDICA

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“Como assim prof.?”

Luzia atira em Carola. Supondo que ela tenha morrido, joga-a no mar para se livrar do seu
corpo. Porém, apenas quando é jogada ao mar que Carola efetivamente morre afogada.

k) Dolo de Segundo Grau (ou de Consequências Necessárias) – é uma espécie de dolo direto,
entretanto, a vontade do agente se dirige aos meios utilizados para alcançar determinado
resultado. O dolo de segundo grau abrange os efeitos colaterais, de verificação praticamente
certa, para gerar o evento desejado. Nesse caso, o agente não persegue imediatamente
esses efeitos colaterais, mas tem por certa a sua superveniência caso se concretize o
resultado pretendido (QUESTÃO 398, 2580).

QUESTÃO 398

TRADUÇÃO JURÍDICA

“Como assim prof.?”

“A’’ quer matar ‘’B’’, que é motorista de ônibus. Para isso, corta os cabos de freio do veículo
em que ‘’B’’ viajará, deixando-os na iminência de se romperem. O dolo quanto a ‘’B’’ é direto
de primeiro grau, e quanto aos demais passageiros que morrerão no acidente o dolo é direto
e de segundo grau.

FICA A DICA: Atualmente, parte da doutrina reconhece o dolo de terceiro grau, consistente
na consequência da consequência necessária. Ex: dentro do ônibus do exemplo acima
existia uma passageira gestante, devendo o agente também responder pelo crime de
aborto em decorrência do dolo de 3º grau.

l) Dolo Antecedente (Inicial ou Preordenado) – trata-se da intenção de realizar o delito, antes


mesmo da sua realização. Essa espécie de dolo não é punível pelo Direito Penal, pois, nesse
caso, o agente ainda não realizou a conduta;

m) Dolo Subsequente – trata-se da intenção do agente em momento posterior à conduta


delitiva e, em decorrência disso, também não é punível pelo direito penal. Nessa situação,
podemos citar como exemplo o caso do mandatário que recebe determinado valor em
dinheiro do mandante com o propósito de lhe dar uma destinação ilícita, porém, em seguida,
dele se apropria.

n) Dolo Concomitante – é aquele que é concomitante à conduta e enseja a punição do autor.


Nesse caso, o dolo persiste durante todo o desenvolvimento dos atos executórios;

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o) Dolo de Propósito – trata-se da vontade livre e consciente que existia antes da prática do
crime e se prolongou durante a execução delitiva;

TRADUÇÃO JURÍDICA

“Como assim prof.?”

O agente planeja a prática de um crime de homicídio contra vítima previamente


determinada.

p) Dolo de Ímpeto – é aquela vontade que só surge no momento da prática criminosa, não
sendo planejada pelo agente;

TRADUÇÃO JURÍDICA

“Como assim prof.?”

Gabriel, policial militar, estava a caminho de casa, quando foi surpreendido pelo carro de
Gustavo que bateu na traseira de seu veículo.

Nesse momento, ambos iniciaram uma discussão no meio do trânsito. Como resultado desse
fato e da raiva do momento, Gabriel pegou sua arma e atirou em Gustavo com a intenção de
matá-lo, causando-lhe lesões que foram a causa de sua morte.

1.5. Conduta Culposa

O crime culposo consiste numa conduta voluntária que tem por consequência um evento
ilícito, não querido ou aceito pelo agente, mas que lhe era previsível – culpa inconsciente – ou
excepcionalmente previsto – culpa consciente – e que poderia ser evitado se empregasse a
cautela necessária.

Crime culposo
II – culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou
imperícia. (QUESTÃO 2581, 2582, 2583, 2584)

São elementos da conduta culposa:


a) Conduta Humana Voluntária – no caso de crimes culposos, a ação do agente tem que ser
livre de coação, sendo consciente e voluntária. Nesse caso, o agente não pode ser forçado a
praticar a ação/omissão. Destaca-se que para que reste configurado o crime culposo, o
resultado lesivo não deve ser voluntário.

DOLO

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CULPA

Vontade dirigida à geração de um resultado ilícito

Vontade dirigida a realização de um resultado lícito, diverso daquele que, sem querer, foi
produzido.
CONDUTA VOLUNTÁRIA + RESULTADO INVOLUNTÁRIO

b) Inobservância do Dever Objetivo de Cuidado – é um elemento que está intimamente


ligado à questão da previsibilidade e refere-se a algumas regras que são impostas pela
sociedade aos cidadãos, com o objetivo de fazer com que ele evite a ocorrência de situações
de perigo a si e a outrem, bem como coloque em risco os bens jurídicos tutelados (QUESTÃO
399). Nesse caso, o operador do direito deve analisar as circunstâncias do caso concreto,
verificando se uma pessoa de diligência mediana evitaria o resultado.

QUESTÃO 399

A inobservância do dever objetivo de cuidado é manifestada por meio da imprudência,


negligência e imperícia:

– Imprudência – trata-se de uma conduta precipitada e sem o devido dever de cautela, ou


seja, o agente age sem a cautela e o zelo esperado durante a sua ação (QUESTÃO 400, 401,
2585);

QUESTÕES 400, 401

TRADUÇÃO JURÍDICA

“Como assim prof.?”


O agente avança o semáforo vermelho e atropela uma pessoa, causando-lhe as lesões que
foram à causa de sua morte.

– Negligência – o agente deixa de fazer algo que sabidamente deveria ter feito, ausência de
precaução (QUESTÃO 402);

QUESTÃO 402

TRADUÇÃO JURÍDICA

“Como assim prof.?”

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Mariazinha é babá de Felippo. Certa tarde, enquanto assistia tv, ela percebeu que a criança
estava brincando em cima do sofá, próximo de uma janela aberta. Entretida com a novela,
não quis tirar Felippo do local ou, ao menos, fechar a janela. Ato contínuo, Felippo caiu da
janela e teve diversas lesões. Nesse caso, Mariazinha foi negligente e responderá por lesão
corporal culposa.

– Imperícia – o agente não é apto/autorizado a praticar determinada conduta, porém, ainda


assim a pratica, resultando em um resultado danoso (QUESTÃO 403, 2586);

QUESTÃO 403

TRADUÇÃO JURÍDICA

“Como assim prof.?”

Pedro é motorista de ônibus escolar, porém não possui CNH categoria D. Nesse caso, tal
profissional não tem o conhecimento técnico para dirigir o automóvel desse porte e realizar
o transporte dos alunos. Desse modo, caso aconteça algum acidente, deverá ser
responsabilizado.

ATENÇÃO

Na denúncia do crime culposo em razão da imperícia do agente, o órgão do Ministério


Público deve apontar a forma de violação do dever de diligência, identificando em que ela
consistiu.

c) Resultado Naturalístico involuntário – em regra, o crime culposo exige uma modificação no


mundo exterior. Entretanto, existem casos excepcionais de crime culposo sem resultado
naturalístico Ex: vide art. 38 da Lei de Drogas, vejamos:

Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que delas necessite o
paciente, ou fazê-lo em doses excessivas ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar: Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pagamento de 50
(cinqüenta) a 200 (duzentos) dias-multa.
d) Nexo entre conduta e resultado

e) Resultado Involuntário previsível – possibilidade de prever o perigo advindo da conduta.


Nesse caso, ainda que previsto o perigo, não se descarta a culpa, desde que o agente
acredite que pode evitar o resultado (culpa consciente).

f) Tipicidade – caso o legislador queira punir a forma culposa de um delito, essa previsão
deve estar expressa em todos os casos.

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Art. 18 Parágrafo único – Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por
fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente. (QUESTÃO 2587, 2588,
2589, 2590, 2591, 2592)

São espécies de culpa:

a) Culpa Consciente – é aquela na qual o agente prevê o resultado, porém, tem plena
confiança de que ele não irá ocorrer ou que conseguirá evitá-lo. Nesse caso, o sujeito ativo
não assume o risco de produzi-lo – CONDUTA VOLUNTÁRIA + RESULTADO INVOLUNTÁRIO
(QUESTÕES 404, 405, 406, 2593, 2594, 2595, 2596, 2597, 2598, 2601, 2602, 2603, 2605);

QUESTÕES 404, 405, 406

TRADUÇÃO JURÍDICA

“Como assim prof.?”


Vejamos o caso do artista de circo que usa as facas para acertar um alvo e convida uma
pessoa da plateia para participar do espetáculo. Caso o atirador de facas acerte a pessoa, ele
responderá pelo crime praticado a título de culpa, sendo esta culpa consciente.

b) Culpa Inconsciente (sem Previsão) – trata-se da situação na qual o agente não prevê o
resultado, entretanto, em decorrência das circunstâncias do caso concreto, a figura do
“homem médio” conseguiria prever o resultado – CONDUTA VOLUNTÁRIA + RESULTADO
INVOLUNTÁRIO (QUESTÕES 407, 408, 2599, 2600);

QUESTÕES 407, 408

TRADUÇÃO JURÍDICA

“Como assim prof.?”

Se uma pessoa arremessa um objeto pela janela de casa, acreditando que não passará
ninguém no local, e atinge um outro indivíduo causando-lhe uma lesão, deve responder pelo
crime praticado a título de culpa, sendo esta inconsciente.

QUESTÃO FAE

A culpa que decorre de erro culposo sobre a legitimidade da ação realizada denomina-se:

A) Culpa própria
B) Culpa imprópria
C) Culpa inconsciente
D) Culpa consciente
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RESPOSTA B

c) Culpa Própria (Culpa Propriamente Dita) – é aquela em que o agente não quer e não
assume o risco de produzir o resultado, mas acaba lhe dando causa por imprudência,
negligência ou imperícia – CONDUTA VOLUNTÁRIA + RESULTADO INVOLUNTÁRIO;

d) Culpa Imprópria (Culpa por Equiparação, por Assimilação, ou por Extensão) – é aquela na
qual o agente, mediante erro evitável, imagina que está em uma situação que se de fato
existisse extinguiria a ilicitude do seu comportamento (QUESTÕES 409, 410, 411, 412, 413,
414, 415, 416, 2604);

QUESTÕES 409, 410, 411, 412, 413, 414, 415, 416

TRADUÇÃO JURÍDICA

“Como assim prof.?”


Luizinho foi ameaçado de morte através de uma carta anônima. Com medo da ameaça,
começa a portar uma faca para se proteger. Certo dia, um desconhecido bate em sua porta
e, ao verificar pelo olho mágico, Luizinho vê um homem “mal-encarado” e acredita que este é
seu algoz. Com a faca em mãos, abre a porta e esfaqueia o rapaz. Posteriormente, descobre
que sua vítima, na verdade, era apenas o novo vizinho que foi se apresentar e pedir um
punhado de sal. Nesse caso, Luizinho incidiu em erro inescusável, pois bastava perguntar o
que a vítima queria ou chamar a polícia para sanar sua dúvida. Porém, ele acreditou que
estava em situação de legítima defesa. Em casos como esse, o legislador entende que o
agente deve responder a título de culpa imprópria pela prática delitiva.

Cabe destacar, ainda, algumas situações que podem acontecer no caso concreto e que
interferem na delimitação da culpa do agente. Vejamos:

– Caso Fortuito e Força Maior – conforme estudado, trata-se dos fatos que não podem ser
previstos, uma vez que não dependem da vontade humana. Desse modo, para que o crime
culposo ocorra faz-se necessário a previsibilidade do resultado, não tendo como caracterizá-
lo se não houver possibilidade de previsão;
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– Princípio da Confiança – quando o agente age em conformidade com aquilo que é esperado
por toda a sociedade, preservando o seu dever de cuidado, o mesmo não responde
penalmente pelo resultado involuntário causado pela sua conduta;

TRADUÇÃO JURÍDICA

“Como assim prof.?”

Com base no princípio da confiança, o pedestre atravessa a rua sobre a faixa determinada
para a sua passagem, acreditando firmemente que o motorista que está parado no sinal
vermelho lá permanecerá.

– Erro Profissional – nesse caso, os métodos científicos e todo o conhecimento profissional


adquirido pelo agente se tornam insuficientes para evitar a produção do resultado. Ex: Joana
necessita de uma cirurgia muito delicada, para a qual a medicina ainda não desenvolveu uma
técnica segura. Seu médico João, muito experiente e conceituado, deseja realizar o
procedimento utilizando todos os métodos cirúrgicos mais avançados. Contudo, durante a
cirurgia, em razão de algumas complicações da situação, João comete um erro que acaba
causando a morte de Joana. Nesse situação, evidencia-se o erro profissional que não
caracteriza a culpa, uma vez que resta ausente a imperícia.

– Risco Tolerado – ocorre um risco que é socialmente tolerado. Nesse caso, o grau de
reprovação do risco assumido é inversamente proporcional à importância do ato. É a
situação, por exemplo, do médico que realiza procedimento experimental em paciente com
doença grave, sem perspectiva de tratamento adequado pelos métodos já consagrados.

1.6. Crime Preterdoloso

A conduta preterdolosa pode ser definida como aquela que refere-se à prática de um crime
doloso que se torna mais grave em decorrência de um resultado culposo, ou seja, o agente
pratica uma conduta com determinado objetivo, mas ocorre um resultado além do esperado,
que é consequência da culpa. Em outras palavras, o agente age com dolo na conduta
antecedente e culpa no que se relaciona à consequência do resultado mais gravoso.

TRADUÇÃO JURÍDICA

“Como assim prof.?”

Art. 129, §3º Lesão Corporal seguida de morte – nesse caso, resta consubstanciado a
ocorrência de dolo no fato antecedente (lesão corporal) e culpa no consequente (morte).

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2. Resultado

Como vimos, toda conduta delitiva gera um resultado lesivo que define o fato como típico e,
por isso, punível no âmbito do Direito Penal (QUESTÃO 417). Em relação ao resultado,
existem duas Teorias que explicam seus fundamentos:

QUESTÃO 417

– Teoria Naturalística: nesse caso, o resultado é a modificação do mundo exterior por um


comportamento humano, não levando em conta a análise da norma jurídica. De acordo com
essa Teoria, podem existir crimes sem resultado, como os crimes de mera conduta. Ex: Crime
de Invasão de Domicílio – Art. 150: Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou
contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas
dependências: Pena – detenção, de um a três meses, ou multa.

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– Teoria Jurídica: nesse caso, o resultado é a lesão ao bem jurídico protegido pela norma
penal. Conforme essa Teoria, não há crime sem resultado, pois, obrigatoriamente, deve
existir uma lesão ao bem. Nessa medida, todos os crimes possuem resultado jurídico.

FICA A DICA: Os crimes de perigo se subdividem em crimes concretos ou abstratos. O


primeiro necessita de efetiva comprovação, devendo existir prova de que o bem jurídico foi
ameaçado. O crime de perigo abstrato, por sua vez, ocorre com a simples prática da
conduta típica, devendo haver a simples prova de que o bem jurídico foi ameaçado por
meio da conduta do agente.

3. Tipicidade

Conforme estudado, a tipicidade refere-se à correspondência entre a conduta praticada pelo


agente, levando-se em consideração o caso concreto, com a norma prevista em abstrato. Na
situação em que essa correspondência ocorrer diretamente, dizemos que a adequação é
imediata. Contudo, quando se fizer através de uma norma de extensão, por sua vez, a
adequação típica será mediata (QUESTÃO 418).
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QUESTÃO 418

A tipicidade penal evoluiu ao longo do tempo, sofrendo diversas modificações significativas à


medida que os padrões sociais foram alterados, o que contribuiu para o próprio processo de
inovação dos tipos penais (QUESTÃO 419, 2606, 2607, 2608, 2609, 2610, 2611). Vejamos:

QUESTÃO 419

DOUTRINA TRADICIONAL

FATO TÍPICO:

– Conduta
– Resultado
– Nexo Causal
– Tipicidade Penal = Tipicidade Formal (operação de ajuste do fato à norma)

A tipicidade formal refere-se à adequação perfeita da conduta do agente ao modelo


abstrato (tipo) previsto na lei penal, um encaixe perfeito que acontece quando a conduta
humana delitiva se amolda ao dispositivo legal.

Esse entendimento não reconhece o princípio da insignificância como excludente da


tipicidade!

DOUTRINA MODERNA

FATO TÍPICO:

– Conduta
– Resultado
– Nexo Causal
– Tipicidade Penal = Tipicidade Formal (operação de ajuste do fato à norma) + Tipicidade
Material (relevância da lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado).

A Tipicidade material se relaciona com o bem jurídico tutelado, uma vez que a mesma se
manifesta quando há uma significativa lesão a bem relevante.

ATENÇÃO: a doutrina moderna reconhece o princípio da insignificância como excludente da


tipicidade!

3.1. Tipicidade Conglobante

Criada por Eugênio Raul Zaffaroni, essa Teoria estabelece que não se pode tipificar uma
conduta que é tolerada pelo Estado e aceita por toda a sociedade, ou seja, o que é permitido
por uma norma, não pode ser proibido por outra. Nesse sentido, o juízo da tipicidade deve
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ser analisado em conformidade com o ordenamento jurídico como um todo, considerado em


sua globalidade.

Conforme essa Teoria, no caso concreto a conduta praticada pelo agente é contrária à
norma e ofensiva aos bens jurídicos tutelados pelo direito penal, sendo composta pela
tipicidade material e pela antinormatividade do ato.

Cumpre salientar que a antinormatividade consiste na conduta humana contrária ao


ordenamento jurídico. Desse modo, Zaffaroni visa excluir do alcance do Direito Penal aquelas
condutas que não são proibidas efetivamente, mas têm aparência proibitiva (QUESTÕES 420,
421, 422, 423, 424, 2612, 2613, 2614).

QUESTÕES 420, 421, 422, 423, 424

Tipicidade Conglobante = Tipicidade Material + Atos Antinormativos (não determinados ou


não incentivados por lei).

3.2. Elementos do Tipo Penal

a) Objetivos – são aqueles que se interligam aos aspectos materiais e normativos do delito,
podendo ser:

– Descritivos – quando indicam e descrevem os aspectos materiais da conduta. Ex: “matar


alguém”: “matar” é eliminar a vida, “alguém” é a pessoa humana. Portanto, não há
necessidade alguma de valoração ou interpretação para compreensão do tipo (QUESTÃO
425);

QUESTÃO 425

– Normativos – são aqueles elementos que exigem um juízo de valor do julgador para a
completa compreensão do fato típico. Ex: conceito de ato obsceno (QUESTÃO 426);

QUESTÃO 426

b) Elementos Subjetivos – são os elementos que influenciam ou não o agente a praticar a


conduta delitiva;
3.3. Modalidades do Tipo Penal

a) Tipo congruente e tipo incongruente – no tipo congruente existe uma exata


correspondência entre os elementos objetivos e subjetivos, não se exigindo qualquer
intenção especial do agente, além do dolo normal do crime (ex: art. 121, CP). No tipo
incongruente, por sua vez, além do dolo de cometer a ação/omissão, exige-se um requisito
subjetivo do agente, sendo o tipo subjetivo diverso do tipo objetivo (ex: art. 158 CP).

b) Tipo normal e tipo anormal – o tipo normal é caracterizado por apresentar somente os
elementos objetivos. O tipo anormal, por sua vez, apresenta elementos objetivos e
subjetivos;

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FICA A DICA: Para aqueles que aderem a teoria finalista, o dolo e a culpa estão
internalizados na conduta do agente, sendo os tipos penais classificados como anormais.

c) Tipo simples e tipo misto – o tipo simples é aquele que possui um único núcleo que define
a conduta por completo (ex: Crime de furto). O tipo misto, noutra medida, apresenta duas ou
mais condutas em seu núcleo, originando os delitos de ação múltipla (ex: Corrupção ativa art.
333 CP). O tipo misto pode ser:

– Alternativo – nesse caso existe apenas um único crime, porém, o próprio tipo penal prevê
múltiplos núcleos do tipo, ou seja, as condutas previstas são fungíveis, tanto faz o
cometimento de uma ou de outra, uma vez que afetam o mesmo bem jurídico;

– Cumulativo – ao contrário, as condutas não são fungíveis e atingem diversos bens jurídicos.
Nesse caso, o tipo penal prevê diversas condutas que, se praticadas uma atrás da outra
mesmo em um só contexto, se amoldam no concurso material de crimes. Ex: art. 135 CP
(QUESTÃO 427);

QUESTÃO 427

d) Tipo fechado e tipo aberto – o tipo fechado é aquele que descreve por completo o crime e
o tipo aberto, por sua vez, necessita que o intérprete da norma o complemente;

TRADUÇÃO JURÍDICA

“Como assim prof.?”

Tipo fechado: art. 121 CP – matar alguém: os dois elementos constantes do tipo penal são
meras descrições, sem qualquer valoração a exigir do intérprete conceitos que vão além da
norma.

Tipo aberto: art. 233 – praticar ato obsceno: o tipo exige que se faça um juízo valorativo
acerca do termo obsceno, que não serve apenas como descrição, mas possui um valor
normativo.

e) Tipo fundamental e tipo derivado – tipo fundamental é a forma simples dos delitos, os
tipos derivados, por sua vez, são as formas acrescidas de majorantes ou minorantes;

TRADUÇÃO JURÍDICA

“Como assim prof.?”

Tipo fundamental: Art. 121. Matar alguém:


Pena – reclusão, de seis a vinte anos.

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Tipo derivado: § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social
ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da
vítima, ou juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.

f) Tipo de autor e tipo de fato – O tipo de autor é aquele influenciado pelo Direito Penal do
Autor, levando-se em consideração as condições pessoais do agente, sem levar em conta a
sua conduta praticada. No tipo de fato, por sua vez, o que deve ser punido é a conduta
praticada pelo agente.

4. Erro de Tipo

Como já estudamos nos capítulos anteriores, tipo é a descrição da norma penal, isto é, a
descrição daquela conduta considerada criminosa pelo nosso ordenamento jurídico.
Portanto, quando o agente pratica uma conduta que se enquadra no tipo penal, o Estado
tem o dever de aplicar o seu ius puniendi. Entretanto, podem existir algumas circunstâncias
que excepcionarão o poder de punir do Estado, tais como o erro de tipo.

Nos termos do art. 20 do Código Penal Brasileiro, o erro sobre elemento constitutivo do tipo
legal exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, caso previsto em lei. Nesse
sentido, podemos dizer que o erro de tipo se amolda em uma falsa representação da
realidade pelo sujeito, que pratica uma conduta delitiva sem possuir a devida consciência de
que a sua ação representa um tipo penal. Vejamos a previsão legal (QUESTÕES 428, 429, 430,
431, 432, 433, 434, 435, 436, 437):

QUESTÕES 428, 429, 430, 431, 432, 433, 434, 435, 436, 437

Art. 20 – O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas
permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
Descriminantes putativas (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 1º – É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias,
supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de
pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo . (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Erro determinado por terceiro (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 2º – Responde pelo crime o terceiro que determina o erro. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
Erro sobre a pessoa (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 3 º – O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena.
Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da
pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. (Incluído pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984) (QUESTÃO 2615, 2616, 2617, 2618, 2619)

TRADUÇÃO JURÍDICA

“Como assim prof.?”

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19/04/2023, 08:38 FATO TÍPICO – HOTMART – Fórmula da Aprovação

Exemplo 1: um caçador atira contra um arbusto, supondo que ali estava um animal.
Entretanto, no arbusto se encontrava outro caçador. Nesse caso, verifica-se que o agente
não sabia que sua conduta se amoldaria ao crime de homicídio (art. 121), uma vez que
desconhecia a presença da elementar “matar alguém”.

Exemplo 2: Maria leva para a sua casa a bolsa de uma colega do trabalho, supondo ser sua.
Maria não tinha conhecimento que sua conduta se amoldaria ao crime de furto {art. 155),
uma vez que desconhecia a presença de uma elementar “coisa alheia”.

ERRO DE TIPO

ERRO DE PROIBIÇÃO

Existe falsa percepção da realidade.

O agente percebe a realidade, equivocando-se sobre a regra de conduta.

O agente não sabe o que faz.

O agente sabe o que faz, mas ignora ser proibido.

Ex: matar alguém durante uma caçada, achando ser um animal feroz.

Ex: desconhecimento da lei.

São Espécies do Erro de Tipo:

QUESTÃO CESPE

O erro que recai sobre elemento constitutivo do tipo permissivo também é conhecido
como descriminante putativa, embora nem todo erro relacionado a uma descriminante
seja erro sobre elemento constitutivo do tipo permissivo.
CORRETO

a) Erro de Tipo Essencial – previsto no caput do art. 20 CP: trata-se de erro quanto às
circunstâncias elementares do tipo, ou quaisquer outros aspectos que compõem a conduta
descrita no tipo penal. Nesse caso, o erro recai sobre os dados principais do tipo penal e
cumpre destacar que, caso o agente tivesse sido avisado do erro, ele não cometeria o delito.
O erro de tipo essencial pode ser evitável ou inevitável, a depender de como o “homem
médio” agiria na situação, vejamos (QUESTÕES 438, 439):

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QUESTÕES 438, 439

– Inevitável (Justificável ou Escusável ou Invencível) – trata-se da modalidade de erro que


exclui o dolo e a culpa, em decorrência das circunstâncias da ação que não puderam ser
previstas pelo agente. Insta salientar que o simples fato de ser erro de tipo essencial já exclui
o dolo, pois na conduta do agente não existe consciência, tampouco previsibilidade. Nesse
caso, qualquer pessoa da sociedade, ainda que esteja agindo com o devido dever de cuidado,
teria cometido o erro (QUESTÕES 440, 441, 442, 443, 444, 445).

QUESTÕES 440, 441, 442, 443, 444, 445

TRADUÇÃO JURÍDICA

“Como assim prof.?”

Bráulio, rapaz de 18 anos, conhece Paula em um show de rock em uma casa noturna. Os
dois, após conversarem um pouco (tem que conversar muito meninas durante algumas
SEMANAS, maaaas vamos voltar ao exemplo), resolvem dirigir-se a um motel e ali, de forma
consentida, o jovem mantém relações sexuais com Paula. No outro dia, Bráulio descobre que
a moça, na verdade, tinha apenas 13 anos e que somente conseguira entrar no show
mediante apresentação de carteira de identidade falsa. Nesse caso Bráulio não praticou
crime, pois agiu em hipótese de erro de tipo essencial e inevitável.

– Evitável (Injustificável, Inescusável ou Vencível) – nesse caso, o agente não agiu dotado de
plena consciência acerca da sua conduta, excluindo o dolo. Porém, o perigo e os possíveis
resultados são previsíveis, punindo na modalidade culposa, se prevista. Em outras palavras,
somente o dolo é excluído, sendo que se houver previsão culposa para o delito haverá a
responsabilização do sujeito (QUESTÕES 446, 447, 448, 449).

QUESTÕES 446, 447, 448, 449

TRADUÇÃO JURÍDICA

“Como assim prof.?”

Lara e Maria são colegas de faculdade. Em um certo dia de chuva, ambas foram para a aula
com guarda-chuva. Ao saírem do local, Maria pegou o guarda chuva de Lara pensando que
fosse o seu. Nesse caso, pergunto a vocês: o crime de furto admite culpa? Não. Então, se não
há culpa e não há dolo, não há crime. Maria não vai responder por nada, pois agiu em
hipótese de erro de tipo evitável.

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b) Erro de Tipo Acidental – trata-se daquele erro que ocorre quando o agente possui vontade
e consciência na realização da sua conduta, porém, erra quanto a elementos secundários e,
por vezes, acidentais do tipo. Nesse caso, o agente age com a consciência do fato, errando a
respeito de algum elemento do delito ou quanto à maneira de execução. O erro de tipo
acidental pode recair:

– Sobre o Objeto – nesse caso, o erro recai sobre o objeto da infração penal, ou seja, o agente
pratica o crime sobre outro objeto alheio à sua vontade, respondendo pelo delito
normalmente, sem a exclusão do dolo ou da culpa e sem a isenção de pena. Destaca-se que,
nesse caso, o agente responde pelo delito levando em consideração o objeto material
efetivamente atingido e não o desejado – Teoria da Concretização.

TRADUÇÃO JURÍDICA

“Como assim prof.?”

O agente queria furtar um celular, porém, ao “enfiar” uma mão no bolso da vítima retira uma
carteira.

ATENÇÃO

NÃO HÁ PREVISÃO LEGAL ACERCA DO ERRO DE TIPO ACIDENTAL SOBRE O OBJETO!

QUESTÃO CESPE

Erro de pessoa é o mesmo que erro na execução ou aberratio ictus.

ERRADO

– Sobre a Pessoa – encontra-se previsto o art. 20, §3º Código Penal. Nesse caso, ocorre um
erro quanto à representação do alvo, ou seja, o agente, querendo praticar a conduta delitiva
sobre uma pessoa, acidentalmente atinge outra. Nessa situação o agente responde pelo
delito normalmente, sem a exclusão do dolo, da culpa e sem a isenção de pena.

Insta ressaltar que essa previsão legal adota a Teoria da Equivalência, uma vez que para
definir as circunstâncias do delito são analisadas as qualidades ou condições da vítima virtual
que o agente buscava atingir (QUESTÕES 450, 451, 2620, 2621 ,2622, 2623, 2624, 2625).

QUESTÕES 450, 451

TRADUÇÃO JURÍDICA

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“Como assim prof.?”

Digamos que José, por erro na representação da pessoa, mata seu tio, irmão gêmeo de seu
pai (vítima pretendida). Nesse caso, o erro é irrelevante, haja vista a existência do dolo de
matar.

FICA A DICA: Cabe destacar, também, o erro de tipo mandamental, quando o agente se
abstém da ação ordenada pelo direito acreditando que não existe o dever de agir, conforme
estudamos no capítulo anterior (QUESTÃO 452).

QUESTÃO 452

– Sobre a execução (aberratio ictus) – previsto no art. 73 do CP, ocorre quando o agente
atinge uma pessoa diversa daquela que desejava, em decorrência da falta de habilidade e
destreza nos meios de execução. Nesse caso, ocorre um erro na execução do crime sem
haver confusão mental por parte do agente (QUESTÃO 453). Vejamos:

QUESTÃO 453

Art. 73 – Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de
atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse
praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código.
No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra
do art. 70 deste Código (QUESTÕES 454, 455, 2626).

QUESTÕES 454, 455

O erro sobre a execução (aberratio ictus) possui as seguintes consequências:

– resultado único: o agente atinge somente a pessoa diversa da pretendida, sendo punido
levando em consideração apenas as qualidades da vítima visada – Teoria da Equivalência.

– resultado duplo: o agente atinge também a pessoa pretendida, respondendo pelos crimes
aplicando-se a regra do concurso formal.

TRADUÇÃO JURÍDICA

“Prof, se um agente deseja matar o seu pai e, ao atirar, fere o mesmo, mas por erro acaba matando
o vizinho. O que acontece?”

Nesse caso, devemos estudar 2 correntes:

1º corrente: o agente responde por homicídio doloso consumado do pai + homicídio culposo
do vizinho, em concurso formal.

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2ª corrente: o agente responde por tentativa de homicídio do pai + homicídio culposo do


vizinho, em concurso formal.

Prevalece a 1ª corrente.

ATENÇÃO

Erro sobre a pessoa (ocorre confusão mental), não se confunde com erro na execução (não
ocorre confusão mental)!

ERRO SOBRE A PESSOA

ERRO NA EXECUÇÃO

Erro na representação da vítima pretendida

Representa-se corretamente a vítima pretendida

A execução do crime é correta – não há falha operacional

A execução do crime é errada – existe falha operacional

A pessoa visada não corre perigo

A pessoa visada corre perigo

Ex: um agente deseja assassinar Marcelo, irmão de Carlos. No ato da prática delitiva, o
agente dispara contra Carlos, acreditando que estava matando Marcelo, pois ambos são
muito parecidos. Porém, Marcelo não se encontrava no local e não sofreu nenhuma lesão.

Ex: em uma certa ocasião, dentro da Câmara de Deputados brasileira, o deputado “X”
efetua um disparo de arma de fogo contra um desafeto, porém, erra a mira e acaba
lesionando outro deputado que estava no local.

Nos dois casos o agente responde pelo crime, considerando as qualidades da vítima virtual
TEORIA DA EQUIVALÊNCIA!

ABERRATIO ICTUS POR ACIDENTE

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ABERRATIO ICTUS POR ERRO NO USO DOS MEIOS DE EXECUÇÃO

Não há erro no golpe, mas desvio na execução

Existe erro no golpe


– Desvio na execução em razão da inabilidade do agente no uso do instrumento

A vítima visada pode ou não estar no local

A vítima visada está no local

Ex: “A” coloca uma bomba no carro de “B” para explodir quando acionado. Porém, quem
liga o carro é “C”, esposa de “B”.

Ex: “A” atira para matar “B”, porém, errando o alvo, atinge a sua esposa “C”.

c) Resultado Diverso do Pretendido (aberratio criminis) – encontra-se previsto no art. 74 do


CP. Nesse caso, o agente atinge outro bem jurídico diverso do pretendido, em decorrência de
alguma falha nos meios de execução.

Art. 74 – Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na execução
do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o
fato é previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se
a regra do art. 70 deste Código.


COISA VISADA -> PESSOA ATINGIDA

Entretanto, cabe salientar que no erro de execução os bens jurídicos atingidos são pessoas,
no resultado diverso do pretendido, por sua vez, a natureza do bem é diferente, como por
ex: coisa e pessoa. Caso o fato for previsto em sua modalidade culposa, o agente responde
pelo resultado ocorrido. Todavia, se o bem jurídico pretendido também for atingido, haverá
concurso formal de crimes.

ABERRATIO ICTUS

ABERRATIO CRIMINIS

Ambos são espécies de erro na execução


O agente, apesar do erro, atinge o mesmo bem jurídico, mas de pessoa diversa.

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O agente, em razão do erro, atinge bem jurídico diverso.

O resultado pretendido coincide com o resultado produzido.

O resultado produzido é diverso do pretendido.

Relação: Pessoa x Pessoa


EX: Quero atingir uma pessoa (A) e acabo matando outra (B).

Relação: Coisa x Pessoa


EX: Quero atingir o automóvel de meu vizinho, mas, ao lançar uma pedra em direção ao
carro, acabo atingindo terceiro que trafegava pela rua.

TRADUÇÃO JURÍDICA

“Como assim prof.?”


Exemplo 1: O agente joga uma pedra na vidraça e acerta um transeunte. Nesse caso,
responderá por lesão corporal culposa.

Exemplo 2: O agente joga uma pedra no transeunte e acerta a vidraça. Nesse caso,
responderá por tentativa de lesão corporal culposa, uma vez que o dano culposo só é crime
no Código Penal Militar.
Exemplo. 3: O agente querendo atingir uma coisa, vem a lesionar uma pessoa (aberratio
criminis com resultado duplo). Nesse caso, conforme a regra do art. 74, existem dois delitos:
tentativa de dano e o homicídio culposo ou lesão corporal culposa em concurso formal,
aplicando-se a pena do crime mais grave com o acréscimo de um sexto até metade.

d) Delito Putativo por Erro de Tipo: nesse caso, o agente pratica um fato que não se constitui
crime, imaginando que estava agindo ilicitamente (QUESTÃO 456).

QUESTÃO 456

TRADUÇÃO JURÍDICA

“Como assim prof.?”

Exemplo de Erro de Tipo Essencial: um caçador atira na direção de um arbusto imaginando


atingir em animal, mas acaba por matar uma pessoa. Ou seja, o agente imagina estar agindo
licitamente, pois ignora a presença da elementar “matar alguém” do tipo penal descrito no

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artigo 121 do Código Penal, praticando assim fato típico sem querer. Nessa situação, aplica-
se o previsto no artigo 20, CP: o erro sobre elemento constitutivo do tipo legal exclui o dolo,
mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.

Exemplo de delito putativo: o agente atira em uma pessoa que já estava morta. Ou seja, o
agente, imaginando agir ilicitamente, ignora a ausência de uma elementar e pratica fato
atípico. Nesse caso, trata-se de um crime impossível por impropriedade absoluta do objeto,
ou seja, um delito putativo por erro de tipo, cuja solução penal encontra-se no artigo 17 do
Código Penal que assim dispõe: “Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do
meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime”.

e) Erro de Subsunção: nesse caso, ocorre uma valoração jurídica equivocada, ou seja, ocorre
uma interpretação jurídica errada daquilo que realmente está previsto no tipo penal. O erro
de subsunção não exclui dolo, nem a culpa, tampouco isenta o agente da pena. O agente
responderá pelo crime, porém, o erro pode servir como atenuante, nos termos do art. 66 do
Código Penal:

Art. 66, CP: A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante,
anterior ou posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei.

TRADUÇÃO JURÍDICA

“Como assim prof.?”

Luís realizou a falsificação de um cheque. Na audiência de instrução, alegou que ignorava a


equiparação do cheque a documento público.

f) Erro Determinado por Terceiro: previsto no art. 20, §2º do CP, trata-se da hipótese em que
o agente é levado a erro por um terceiro. Nesse caso, há somente a punição do agente que
ordenou o feito, na condição de autor mediato, seja dolosa ou culposamente. O agente que
executou a ação e foi induzido a erro, por sua vez, não responderá pelo delito, salvo se tiver
atuado também com dolo ou culpa, hipótese em que haverá concurso de pessoas.

TRADUÇÃO JURÍDICA

“Como assim prof.?”


Um médico, com intenção de matar seu paciente, induz dolosamente a enfermeira a
ministrar dose letal ao enfermo. O médico (autor mediato) responderá por homicídio doloso,
enquanto a enfermeira (autor imediato), em regra, fica isenta de pena, salvo se demonstrada
a sua negligência, hipótese em que será responsabilizada a título de culpa.

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g) Erro sobre o nexo causal: o agente produz o resultado desejado, porém, em razão de nexo
causal diverso do pretendido. Nesse caso, o agente responde pelo crime, levando-se em
consideração o nexo real. O referido erro pode ser:

– em sentido estrito: ocorre quando o agente, mediante um só ato, provoca o resultado


visado, porém, com outro nexo causal. Ex: “A” empurra “B” de um penhasco para que morra
afogado. Contudo, “B” morre em razão de traumatismo craniano em decorrência da queda
nas pedras.

– dolo geral/erro sucessivo: o agente, mediante conduta desenvolvida em pluralidade de


atos, provoca o resultado pretendido, porém com outro nexo causal. Ex: “A” dispara contra
“B” e imaginando que “B” já estivesse morto, atira o seu corpo ao mar. Entretanto, “B” morre
afogado.

(QUESTÃO 2627, 2628)

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(QUESTÃO 2629, 2630, 2631, 2632, 2633)

5. Nexo de Causalidade

O nexo de causalidade é a relação de causa e efeito existente entre a conduta voluntária do


agente e o resultado dela proveniente. A mencionada relação busca aferir se o resultado
pode ser atribuído objetivamente ao sujeito ativo como obra do seu comportamento típico.

O nosso ordenamento jurídico, ao disciplinar as consequências do nexo causal, adotou a


Teoria da equivalência dos antecedentes causais ou da conditio sine qua non (art. 13 CP), que
prevê que causa é a ação ou omissão, sem a qual o resultado não teria ocorrido. Dessa
forma, tudo aquilo que contribuir para o resultado, será considerado uma causa delitiva
(QUESTÕES 457, 458, 459).

QUESTÕES 457, 458, 459

Art. 13 CP: O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem
lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria
ocorrido” (QUESTÕES 460, 461, 462).

QUESTÕES 460, 461, 462

TEORIA DA CAUSALIDADE SIMPLES



Causa é toda a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria sido produzido.

5.1. Concausas
O resultado, não raras vezes, ocorre em razão de uma pluralidade de comportamentos,
associações de fatores, entre os quais a conduta do agente aparece como seu principal – mas
não único – elemento desencadeante. No caso concreto, podemos perceber que em algumas
situações o resultado lesivo pode ser produzido por uma ou mais de uma conduta. Nesse
sentido, a pluralidade de condutas é denominada de concausas.

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A concausa pode ser dividida em duas espécies:

a) Concausas absolutamente independentes – nesse caso, o resultado lesivo não foi causado
pelo comportamento do agente, mas sim, por outros fatos (QUESTÕES 463, 464).

QUESTÕES 463, 464

Esse fato/causa pode ser:

– Preexistente – a causa que deu origem ao resultado já existia antes da conduta praticada
pelo agente;

TRADUÇÃO JURÍDICA

“Como assim prof.?”


Pedro na intenção de suicidar-se ingere um veneno de longa intoxicação. Logo após esse
fato, Maria desfere algumas facadas em Pedro pois já estava desejando matá-lo. Contudo,
Pedro falece em decorrência do seu próprio envenenamento e não em razão das lesões
provocadas por Maria.

– Concomitante – nesse caso, a causa que deu origem ao resultado acontece no mesmo
momento da conduta praticada pelo agente;

TRADUÇÃO JURÍDICA

“Como assim prof.?”

“A” efetua disparos de arma de fogo contra “B”, que vem a falecer em razão de um súbito
colapso cardíaco. Nesse caso, não se trata de doença cardíaca preexistente, mas sim de um
colapso ocorrido no mesmo instante da conduta do agente!

– Superveniente – a causa que deu origem ao resultado acontece após a conduta praticada
pelo agente;

TRADUÇÃO JURÍDICA

“Como assim prof.?”

Filipe envenena Gabriel. Porém, no mesmo dia a viga de uma construção cai sobre Gabriel,
que morre por conta dos ferimentos causados pelo acidente.

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b) Concausas relativamente independentes – nesse caso, o resultado lesivo ocorre em


decorrência de duas causas interligadas: uma realizada pelo próprio agente e outra que não
tem qualquer relação com a sua conduta (QUESTÕES 465, 466, 467).

QUESTÕES 465, 466, 467

Pode ser:

– Preexistente – a conduta do agente tem liame com uma causa anterior à sua ação. Nesse
caso, ambas são responsáveis pela produção do resultado;

TRADUÇÃO JURÍDICA

“Como assim prof.?”

Gustavo é hemofílico e, no intuito de matá-lo, Carla o fere com facadas. Nesse caso, Gustavo
morre em face da complicação dos ferimentos decorrentes da hemofilia, caracterizando
assim uma concausa relativamente independente à preexistente.

– Concomitante – a conduta do agente tem liame com uma causa responsável pelo resultado
e é concomitante à sua ação, porém, independente dela. Nesse caso, ambas são
responsáveis pela produção do resultado;

TRADUÇÃO JURÍDICA

“Como assim prof.?”


Vênus atira em Marte. Em decorrência do susto que levou com os disparos, Marte tem um
ataque cardíaco. Nesse caso, a tentativa de homicídio contribuiu diretamente para a
produção do resultado morte.

QUESTÃO FCC
Para formação do nexo de causalidade, no sistema legal brasileiro, a superveniência de
causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o
resultado, imputando-se os fatos anteriores a quem os praticou.
CORRETO

– Superveniente – a conduta do agente tem liame com uma causa posterior à sua ação, de
modo que ambas são responsáveis pela produção do resultado (QUESTÃO 468);

QUESTÃO 468

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Art 13, § 1º CP – A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação


quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem
os praticou (QUESTÕES 469, 470, 471, 2634, 2635, 2636, 2637, 2638).

QUESTÕES 469, 470, 471

Nesse caso, é aplicada a Teoria da Condição Qualificada ou da Causalidade Adequada,


segundo a qual causa é a pessoa, o fato ou a circunstância que, além de praticar um
antecedente indispensável à produção do resultado – que para a causalidade simples é o que
basta – realiza uma atividade adequada à sua concretização.

TRADUÇÃO JURÍDICA

“Como assim prof.?”

Um belo dia, Chimbinha sofre uma agressão de Joelma. Chimbinha foi socorrido pela
ambulância, que rapidamente o levou para o hospital, contudo, no meio do trajeto o
automóvel sofre um acidente, capotando e provocando a morte de Chimbinha.

ATENÇÃO

O problema da causalidade superveniente se resume em assentar, conforme demonstra o


caso concreto, se o fato conduz normalmente a um resultado dessa índole – resultado como
consequência normal, provável, previsível do comportamento humano. Desse modo, não
basta perceber que a conduta foi determinante para o resultado, mas sim que o resultado é
consequência normal e provável da conduta.

QUE POR SI SÓ PRODUZIU O RESULTADO

QUE NÃO POR SI SÓ PRODUZIU O RESULTADO

A causa efetiva superveniente não está na linha de desdobramento causal normal da


conduta concorrente.

A causa efetiva superveniente está na linha de desdobramento causal normal da conduta


concorrente.

A causa efetiva é um evento imprevisível.

A causa efetiva é um evento previsível.

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ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTE

RELATIVAMENTE INDEPENDENTE

A causa efetiva do resultado NÃO se origina do comportamento concorrente.

A causa efetiva do resultado SE ORIGINA do comportamento concorrente.

PREEXISTENTE: a causa efetiva antecede o comportamento concorrente.

CONCOMITANTE: a causa efetiva é simultânea ao comportamento concorrente

SUPERVENIENTE: a causa efetiva é posterior ao comportamento concorrente.

5.2. A Teoria da Imputação Objetiva

A Teoria da Imputação Objetiva foi desenvolvida por Karl Larenz e Richard Honig, sendo
atualmente reapresentada por Claus Roxin e Günther Jakobs. Segundo essa Teoria, deve-se
atribuir ao agente apenas a responsabilidade penal, sem levar em consideração o dolo, já
que dolo é requisito subjetivo que deve ser analisado dentro da ação típica e ilícita.

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Tem por objetivo delimitar a imputação, sob o aspecto objetivo, estabelecendo limites à
demasiada extensão da teoria da equivalência dos antecedentes causais (conditio sine qua
non). Na imputação objetiva, o agente somente responde penalmente se ele criou ou
incrementou um risco proibido relevante. Assim, não há imputação objetiva quando o risco
criado é tolerado ou insignificante, devendo ser analisado as causas e efeitos externos da
ação/omissão (QUESTÃO 472, 2639).

QUESTÃO 472

CAUSALIDADE

TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA

Existe causalidade objetiva quando presente o nexo físico.

A causalidade objetiva precisa analisar:


– nexo físico;
– nexo normativo;
– criação ou incremento de um risco proibido;
– realização do risco no resultado;
– resultado dentro do alcance do tipo.

Presente a causalidade objetiva, deve-se analisar dolo e culpa.

Presentes os nexos físico e normativo, deve-se analisar dolo e culpa.

QUADRO-RESUMO
Teoria Finalista

É a Teoria adotada pelo nosso Código Penal e estabelece que só é penalmente relevante a
conduta praticada com dolo ou culpa. Desse modo, os elementos do dolo e da culpa
foram retirados da esfera da culpabilidade e passaram a compor o fato típico, sendo que a
própria conduta típica passa a ser dolosa ou culposa.

Nesse sentido, os elementos objetivos do delito seriam a conduta, o nexo causal e o


resultado; por sua vez, os elementos subjetivos, seriam o dolo e a culpa.

Funcionalismo Teleológico,
Dualista, Moderado ou da
Política Criminal

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a) Funcionalismo Teleológico, Dualista, Moderado ou da Política Criminal (Claus Roxin) –


essa teoria entende que o Direito Penal tem por objetivo tutelar os bens jurídicos e os
valores essenciais à convivência pacífica da sociedade. Nesse caso, a culpabilidade é
substituída pela análise da imputabilidade, da potencial consciência da ilicitude, da
exigibilidade de conduta diversa e da necessidade de pena.

Funcionalismo Radical, Sistêmico ou Monista (Günther Jakobs)

Funcionalismo Radical, Sistêmico ou Monista (Günther Jakobs) – conforme essa teoria, a


função do direito penal é proteger as suas próprias normas, de modo a proporcionar a
sua aplicação efetiva, com a consequência de uma sociedade mais segura para todos.
Partindo desse pressuposto, a conduta é definida como um comportamento humano
voluntário que desafia a efetividade das normas. A culpabilidade, por sua vez é entendida
como elemento analítico do crime, sendo revestida pela imputabilidade, a potencial
consciência da ilicitude e a exigibilidade de conduta diversa. Essa Teoria, deu origem ao
Direito Penal do Inimigo, abordado anteriormente.

Causas de Exclusão da Conduta

a) Caso Fortuito ou Força Maior – tratam-se de circunstâncias que provocam fatos


imprevisíveis ou inevitáveis, uma vez que não são reflexos da vontade humana. Cabe
salientar que, embora a doutrina trate ambos como sinônimos, cumpre esclarecer que
caso fortuito é a situação que decorre de fato alheio à vontade da parte, mas proveniente
de fatos humanos. A força maior, por sua vez é decorrente de forças naturais.

b) Involuntariedade – é quando o agente não é capaz de expressar a sua vontade, agindo


em desconformidade com ela. Pode ocorrer em decorrência de (i) estado de inconsciência
completa; (ii) movimentos reflexos ou reações automáticas; (iii) coação física irresistível.

Dolo Eventual

Dolo Eventual – nessa modalidade, a intenção do agente se dirige a um resultado,


aceitando, porém, outro resultado previsto. Nesse passo, ao contrário do dolo alternativo,
o agente não tem a intenção de produzir o resultado mais grave, todavia, assume o risco
de produzi-lo.

Culpa

Culpa Consciente – é aquela na qual o agente prevê o resultado, porém, tem plena
confiança de que ele não irá ocorrer ou que conseguirá evita-lo. Nesse caso, o sujeito ativo
não assume o risco de produzi-lo;

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(ii) Culpa Inconsciente (sem Previsão) – trata-se do caso no qual o agente não prevê o
resultado, entretanto, em decorrência das circunstâncias do caso concreto, a figura do
“homem médio” conseguiria prever;

(iii) Culpa Própria (Culpa Propriamente Dita) – é aquela em que o agente não quer e não
assume o risco de produzir o resultado, mas acaba lhe dando causa;
Culpa Imprópria (Culpa por Equiparação, por Assimilação, ou por Extensão) – é aquela na
qual o agente, mediante erro, imagina que está em uma situação, que se de fato existisse,
extinguiria a ilicitude do seu comportamento.

Erro de tipo

Nos termos do art. 20 do Código Penal Brasileiro, o erro sobre elemento constitutivo do
tipo legal do crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em
lei. Nesse sentido, podemos dizer que o erro de tipo se amolda em uma falsa
representação da realidade pelo sujeito, que pratica uma conduta delitiva sem possuir a
devida consciência de que a sua ação representa um tipo penal.

FRASES PODEROSAS

RESPONDE A % DAS QUESTÕES DE PROVA

A teoria finalista é a Teoria adotada pelo nosso Código Penal e estabelece que só é
penalmente relevante a conduta praticada com dolo ou culpa. Assim, os elementos do
dolo e da culpa foram retirados da esfera da culpabilidade e passaram a compor o fato
típico, sendo que a própria conduta típica passa a ser dolosa ou culposa. Nesse sentido,
os elementos objetivos do delito seriam a conduta, o nexo causal e o resultado; por sua
vez, os elementos subjetivos, seriam o dolo e a culpa.

10%

Culpa Consciente: é aquela na qual o agente prevê o resultado, porém, tem plena
confiança de que ele não irá ocorrer ou que conseguirá evitá-lo. Nesse caso, o sujeito ativo
não assume o risco de produzi-lo.

6%

Culpa Imprópria (Culpa por Equiparação, por Assimilação, ou por Extensão): é aquela na
qual o agente, mediante erro, imagina estar em uma situação, que se de fato existisse,
extinguiria a ilicitude do seu comportamento.

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8%

Nos termos do art. 20 do Código Penal Brasileiro, o erro sobre elemento constitutivo do
tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em
lei. Nesse sentido, podemos dizer que o erro de tipo se amolda em uma falsa
representação da realidade pelo sujeito, que pratica uma conduta delitiva sem possuir a
devida consciência de que a sua ação representa um tipo penal.

9%

Evitável (Injustificável, Inescusável ou Vencível): nesse caso, o agente não agiu dotado de
plena consciência acerca da sua conduta, porém, o perigo e os possíveis resultados são
previsíveis. Desse modo, somente o dolo é excluído, sendo que se houver previsão
culposa para o delito, haverá a responsabilização do sujeito.

4%

Art. 13 CP: “O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a


quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não
teria ocorrido”

3%

TOTAL

40%

FLASHCARDS

 Qual é a diferença entre o Funcionalismo Sistêmico e o Funcionalismo Teleológico?

a) Funcionalismo Teleológico, Dualista, Moderado ou da Política Criminal (Claus Roxin): essa


teoria entende que o Direito Penal tem por objetivo tutelar os bens jurídicos e os valores
essenciais à convivência pacífica da sociedade. Nesse caso, a culpabilidade é substituída pela
análise da imputabilidade, da potencial consciência da ilicitude, da exigibilidade de conduta
diversa e da necessidade de pena.

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19/04/2023, 08:38 FATO TÍPICO – HOTMART – Fórmula da Aprovação

b) Funcionalismo Radical, Sistêmico ou Monista (Günther Jakobs): conforme essa teoria, a


função do direito penal é proteger as suas próprias normas, de modo a proporcionar a sua
aplicação efetiva, com a consequência de uma sociedade mais segura para todos. Partindo
desse pressuposto, a conduta é definida como um comportamento humano voluntário que
desafia a efetividade das normas. A culpabilidade, por sua vez entendida como elemento
analítico do crime, sendo revestida pela imputabilidade, a potencial consciência da ilicitude e
a exigibilidade de conduta diversa.

 Quais as teorias que existem acerca da conduta dolosa?

(i) Teoria da Vontade: o dolo é entendido como a vontade do agente que pratica a conduta
movido pela sua consciência livre e espontânea em praticar o crime;
(ii) Teoria da Representação: o dolo existe no momento da prática da conduta delitiva, ainda
que o resultado lesivo possa ser previsto;

(iii) Teoria do Consentimento (ou Assentimento): nesse caso, o dolo existe sempre que o
agente conseguir prever o resultado como possível e, ainda assim, resolve praticar a conduta
perigosa.

 Qual é a diferença entre dolo eventual e culpa consciente?

Como Dolo Eventual: nessa modalidade, a intenção do agente se dirige a um resultado,


aceitando, porém, qualquer outro previsto. Nesse passo, ao contrário do dolo alternativo, o
agente não tem a intenção de produzir o resultado mais grave, todavia, assume o risco de
produzi-lo.

(i) Culpa Consciente: é aquela na qual o agente prevê o resultado, porém, tem plena confiança
de que ele não irá ocorrer ou que conseguirá evitá-lo. Nesse caso, o sujeito ativo não assume
o risco de produzi-lo;

 O que caracteriza o erro de tipo sobre a pessoa?

Sobre a Pessoa: nesse caso, ocorre um erro de quanto à representação do alvo, ou seja, o
agente, querendo praticar a conduta delitiva sobre uma pessoa, acidentalmente atinge outra.
O agente responderá pelo delito normalmente, sem a exclusão do dolo, da culpa e sem a
isenção de pena. O erro sobre a pessoa está previsto no art. 20, §3º, já supramencionado.
Insta ressaltar que essa previsão legal adota a Teoria da Equivalência, uma vez que para
definir as circunstâncias do delito são analisadas as qualidades ou condições da vítima vítima
virtual que o agente buscava atingir.

 O que significa tipicidade conglobante?

Criada por Eugênio Raul Zaffaroni, essa Teoria estabelece que não se pode tipificar uma
conduta que é tolerada pelo Estado e aceita por toda a sociedade, ou seja, o que é permitido
por uma norma, não pode ser proibido por outra. Nesse sentido, o juízo da tipicidade deve ser
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19/04/2023, 08:38 FATO TÍPICO – HOTMART – Fórmula da Aprovação

analisado em conformidade com o ordenamento jurídico como um todo, considerado em sua


globalidade.
Conforme essa Teoria, a tipicidade penal se mostra como a fusão entre a tipicidade legal e a
tipicidade conglobante que, por sua vez, é composta pela tipicidade material, a
antinormatividade do ato e a ofensa ao bem jurídico tutelado.

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