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CONTABILIDADE PÚBLICA

1 Princípios de contabilidade sob a perspectiva do setor público. ..................................................................................................... 01


2 Sistema de Contabilidade Federal. ............................................................................................................................................................... 02
3 Conceituação, objeto e campo de aplicação. ........................................................................................................................................... 05
4 Composição do Patrimônio Público. ............................................................................................................................................................ 13
4.1 Patrimônio Público. .................................................................................................................................................................................... 13
4.2 Ativo. ................................................................................................................................................................................................................ 13
4.3 Passivo. ............................................................................................................................................................................................................ 13
4.4 Saldo Patrimonial. ....................................................................................................................................................................................... 13
5 Variações Patrimoniais. ...................................................................................................................................................................................... 15
5.1 Qualitativas. ................................................................................................................................................................................................... 15
5.2 Quantitativas: receita e despesa sob o enfoque patrimonial. ................................................................................................... 15
5.3 Realização da variação patrimonial. .................................................................................................................................................... 15
5.4 Resultado patrimonial. .............................................................................................................................................................................. 15
6 Mensuração de ativos. ....................................................................................................................................................................................... 17
6.1 Ativo Imobilizado. ....................................................................................................................................................................................... 17
6.2 Ativo Intangível. ........................................................................................................................................................................................... 17
6.3 Reavaliação e redução ao valor recuperável. ................................................................................................................................... 17
6.4 Depreciação, amortização e exaustão. ............................................................................................................................................... 17
7 Mensuração de passivos. .................................................................................................................................................................................. 20
7.1 Provisões. ....................................................................................................................................................................................................... 20
7.2 Passivos Contingentes. ............................................................................................................................................................................. 20
8 Tratamento contábil aplicável aos impostos e contribuições. ........................................................................................................... 20
9 Sistema de custos. ............................................................................................................................................................................................... 24
9.1 Aspectos legais do sistema de custos................................................................................................................................................. 24
9.2 Ambiente da informação de custos. ................................................................................................................................................... 24
9.3 Características da informação de custos. .......................................................................................................................................... 24
9.4 Terminologia de custos. ........................................................................................................................................................................... 24
10 Plano de contas aplicado ao setor público. ............................................................................................................................................ 28
11 Demonstrações contábeis aplicadas ao setor público. ...................................................................................................................... 32
11.1 Balanço orçamentário. ............................................................................................................................................................................ 32
11.2 Balanço Financeiro. .................................................................................................................................................................................. 32
11.3 Demonstração das variações patrimoniais. .................................................................................................................................... 32
11.4 Balanço patrimonial. ............................................................................................................................................................................... 32
11.5 Demonstração dos fluxos de caixa. ................................................................................................................................................... 32
11.6 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido. .............................................................................................................. 32
11.7 Notas explicativas às demonstrações contábeis. ......................................................................................................................... 32
11.8 Consolidação das demonstrações contábeis. ............................................................................................................................... 32
12 Transações no setor público. ........................................................................................................................................................................ 53
13 Despesa pública: conceito, etapas, estágios e categorias econômicas. ...................................................................................... 55
14 Receita pública: conceito, etapas, estágios e categorias econômicas. ......................................................................................... 57
15 Execução orçamentária e financeira. ......................................................................................................................................................... 62
16 Conta Única do Tesouro Nacional. ............................................................................................................................................................. 65
17 Sistema Integrado de Administração Financeira: conceitos básicos, objetivos, características, instrumentos de segu-
rança e principais documentos de entrada. .................................................................................................................................................. 66
18 Suprimento de Fundos. ................................................................................................................................................................................... 68
19 MCASP 7ª edição (Portaria Conjunta STN/SOF nº 2/2016 e Portaria STN nº 840/2016). .................................................... 71
20 Regime contábil.................................................................................................................................................................................................. 72
CONTABILIDADE PÚBLICA

Prof. Silvana Guimarães Ferreira minarmente, para discussões e estudos técnicos, citam-se: 1)
Bacharel em Direito Especialização em Gestão Empresarial demonstração das informações contábeis; 2) demonstração
e Gestão de Projetos; Consultora Empresarial e Coordenado- do fluxo de caixa; 3) superávit ou déficit líquido do exercí-
ra de Projetos Empresária; Palestrante (área Desenvolvimento cio, erros substanciais e mudanças nas políticas contábeis; 4)
Pessoal / Atendimento e Vendas / Relações Comportamentais) efeitos das variações da taxa de câmbio; 5) custos de endi-
vidamento; 6) demonstrações contábeis consolidadas e tra-
tamento contábil das entidades controladas; 7) tratamento
1 PRINCÍPIOS DE CONTABILIDADE SOB contábil dos investimentos em associadas; 8) apresentação
A PERSPECTIVA DO SETOR PÚBLICO. das demonstrações contábeis das participações em associa-
ção de participação ( joint ventures); 9) receitas provenientes
de transações de troca; 10) apresentação de demonstrações
contábeis em uma economia hiperinflacionária; 11) contra-
Princípios e normas contábeis aplicáveis à Contabilidade tos de construção; 12) existências; 13) contratos de arrenda-
Pública mento; 14) eventos subsequentes; 15) títulos de contas de
natureza financeira; 16) imóveis mantidos como investimen-
Nos termos de algumas Resoluções do Conselho Fede- tos (financeiro); 17) bens de uso.
ral de Contabilidade - CFC, entre elas as de n. 530/81, 560/86,
750/93, 751/94, 830/96, 875/00 e 900/01, combinadas com a 3.2 - Princípios fundamentais de contabilidade29
Lei Federal n. 4.320, e ainda pela Lei Complementar n. 101/00,
aplicam-se, no que couber, à Contabilidade Pública os seguin- a) Da entidade
tes princípios e normas, adiante transcritas. Segundo o art. 4º da Resolução n. 750/93, a contabi-
Para fins técnicos, consideram-se princípios a causa da lidade deve reconhecer o patrimônio da entidade como
qual algo procede. É a origem, o começo de um fenômeno ou objeto da contabilidade e na autonomia patrimonial da ad-
de uma série de fenômenos. Os princípios quando entendidos ministração; não se confunde, em momento algum, com o
como preceitos básicos e fundamentais de uma doutrina, são
dos administradores públicos.
imutáveis, quaisquer que sejam as circunstâncias de tempo e
lugar em que a doutrina é estudada e tais princípios são apli-
b) Da continuidade
cados. 25 Enquanto os princípios inspiram e fundamentam
Pela redação do art. 5º da Resolução n. 750/93 do CFC,
a ação, o comportamento, as normas, sob a luz dos princí-
a vida da entidade é continuada; como as demonstrações
pios, dirigem a ação; são proposições com carga de ordem e
contábeis são estáticas, não podem ser desvinculadas dos
comando, leis que, se não forem obedecidas, levam risco ao
comportamento.26 períodos anteriores e subsequentes. Ocorrendo a descon-
A Resolução do Conselho Federal de Contabilidade - CFC tinuidade, o fato deve ser divulgado (art. 34 da Lei Federal
n. 750/93, de 29 de dezembro de 1993, estabelece que os n. 4.320/64).
princípios estão revestidos de universalidade e generalidade,
elementos que caracterizam o conhecimento científico, justa- c) Da oportunidade
mente com a clareza, o método e a busca das causas primeiras. Por força do disposto no art. 6º da Resolução CFC
Corrigiu-se sua indevida inclusão entre as Normas Brasileiras 750/93, o princípio da oportunidade refere-se, simulta-
de Contabilidade, uma vez que as normas deles emanam e neamente, à tempestividade e à integridade do registro do
podem ser mutáveis, o que não ocorre com os princípios. patrimônio e das suas mutações, determinando que este
As normas estabelecem regras de conduta profissional e seja feito de imediato e com a extensão correta, indepen-
procedimentos técnicos a serem observados quando da reali- dentemente das causas que as originaram. As mudanças
zação dos trabalhos previstos na Resolução CFC n. 560/83, de nos ativos, passivos e na expressão contábil do patrimônio
28/10/1983, em consonância com os princípios fundamentais líquido devem reconhecer-se formalmente nos registros
de contabilidade. contábeis logo que ocorrerem, ainda que os seus valores
Neste trabalho, procuramos enfocar, paralelamente, os sejam razoavelmente estimados e as provas documentais
princípios e as normas das Ciências Contábeis aplicáveis, es- posteriormente complementadas. Assim, os fatos deverão
pecificamente, à Contabilidade Pública, situando, quando pos- ser registrados integralmente no momento certo, a fim de
sível, a legislação correlata. Trata-se, na verdade, da tentativa refletir com precisão as mudanças na estrutura patrimonial
de se fazer um estudo comparado cujo objetivo principal é da administração.
o de aprimorar e adequar as informações produzidas pelos
profissionais que trabalham com a Contabilidade Pública para d) Do registro pelo valor original
fins de atendimento da gestão fiscal responsável e melhoria na Conforme disposto no art. 7.º da Resolução CFC 750/93,
produção documental e contábil. os componentes do patrimônio devem ser registrados pe-
Existem atualmente discussões para a implantação de los valores originais com o mundo exterior, expressos em
Normas Internacionais de Contabilidade para o Setor Público, valor presente na moeda do país, que serão mantidos na
NICP, cujos estudos preliminares foram recentemente aborda- avaliação das variações patrimoniais posteriores, inclusive
dos em Brasília, no mês de setembro de 2002, incluindo repre- quando configurarem agregações ou decomposições no
sentantes do Brasil e alguns países sul-americanos, das quais interior da entidade.
participamos. Entre as normas internacionais propostas, preli-

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CONTABILIDADE PÚBLICA

As transações da administração deverão ser registra- A lei orçamentária não consignará dotação para investi-
das com o valor da data de sua realização. A Lei Federal n. mento com duração superior a um exercício financeiro que
4.320/64 em seu art. 106 define os critérios a serem adota- não esteja previsto no plano plurianual ou em lei que auto-
dos para a avaliação dos elementos patrimoniais. rize a sua inclusão, conforme disposto no § 1º do art. 167 da
Constituição.
e) Da atualização monetária30
Os efeitos da alteração do poder aquisitivo da moeda Conforme o disposto no art. 42 da Lei de Responsabili-
nacional31 devem ser reconhecidos nos registros contá- dade Fiscal,
beis através do ajustamento da expressão formal dos va-
lores dos componentes patrimoniais, conforme o art. 8º da É vedado ao titular de Poder ou órgão referido no art.
Resolução CFC 750/93. 20, nos últimos dois quadrimestres do seu mandato, contrair
obrigação de despesa que não possa ser cumprida integral-
A perda do valor aquisitivo da moeda deve ser reco- mente dentro dele, ou que tenha parcelas a serem pagas no
nhecida em valores que integram as demonstrações contá- exercício seguinte sem que haja suficiente disponibilidade
beis (arts. 104, 106 e seu § 3º da Lei Federal n. 4.320/64; art. de caixa para este efeito.
40, incs. XI, XIV, c da Lei Federal n. 8.666/93.) Na determinação de citadas disponibilidades, é exigên-
cia, ainda, que se leve em conta os encargos e despesas
Segundo o § 3.º do art. 5.º da LRF, compromissadas a pagar até o final do exercício.
Podemos citar, ainda, a vedação de realização de despe-
A atualização monetária do principal da dívida mobiliá- sa sem prévio empenho, contida no art. 60 da Lei n. 4.320/64.
ria refinanciada não poderá superar a variação do índice de
preços previstos na lei de diretrizes orçamentárias, ou em A Súmula 08934, do Tribunal de Contas de Minas Gerais,
legislação específica. estabelece que
f) Da competência
Quem ordenar despesa pública sem a observância do
Segundo a Resolução CFC 750/93, as receitas e as des-
prévio processo licitatório, quando este for exigível, poderá
pesas devem ser incluídas na apuração do resultado primá-
ser responsabilizado civil, penal e administrativamente, sem
rio em que ocorrerem, sempre simultaneamente quando se
prejuízo da multa pecuniária a que se referem os artigos 71,
correlacionarem.
inciso VIII, da Constituição Federal e 76, inciso XIII, da Carta
Na Contabilidade Pública pertencem ao exercício fi-
Estadual.
nanceiro as receitas nele arrecadadas e as despesas nele
legalmente empenhadas.
As despesas devem ser reconhecidas, independente-
mente do seu pagamento, e as receitas somente quando 2 SISTEMA DE CONTABILIDADE FEDERAL.
de sua realização (arts. 34, 35 e 36, Lei Federal n. 4.320/64;
art. 50, II, da Lei de Responsabilidade Fiscal).
O exercício financeiro é o espaço de tempo destinado
à execução do orçamento e durante o qual se verificam DECRETO Nº 6.976, DE 7 DE OUTUBRO DE 2009.
as operações de ordem financeira, orçamentária, contábil, Dispõe sobre o Sistema de Contabilidade Fede-
operacional e patrimonial. Atualmente o nosso regime ad- ral e dá outras providências.
ministrativo contempla o exercício financeiro coincidente
com o ano civil, começando em 1.º de janeiro e encerrando O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribui-
em 31 de dezembro de cada ano. No entanto, no Brasil ção que lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, alínea “a”, da
já foi adotado o período adicional ao ano financeiro32, e Constituição, e tendo em vista o disposto no § 3o do art. 165
empregado na liquidação e encerramento das operações da Constituição, na Lei no 10.180, de 6 de fevereiro de 2001,
do exercício, tendo sido extinto pela Lei n. 869, de 16 de e nos arts. 48, parágrafo único, inciso III, 50, § 2o, 51, 52, 53,
outubro de 1949.33 54, 55, 64 e 67 da Lei Complementar no 101, de 4 de maio
de 2000,
g) Da prudência
O princípio da prudência, por força do art. 10 da Reso- DECRETA:
lução CFC 750/93, determina a adoção do menor valor para Art. 1oO Sistema de Contabilidade Federal tem suas fina-
os componentes do ativo e o de maior para os do passivo, lidades, atividades, organização e competências regulamen-
sempre que se apresentem alternativas igualmente válidas tadas neste Decreto.
para a quantificação das mutações patrimoniais que alte-
rem o patrimônio líquido. CAPÍTULO I
O critério do menor preço para itens do ativo e da DAS FINALIDADES
receita e o de maior valor para os itens de passivo e da
despesa, com os efeitos correspondentes no patrimônio lí- Art. 2oO Sistema de Contabilidade Federal visa a evi-
quido, serão adotados para registro, diante de opções, na denciar a situação orçamentária, financeira e patrimonial da
escolha de valores. Segundo o § 5º do art. 5º da LRF, União.

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CONTABILIDADE PÚBLICA

Art. 3oO Sistema de Contabilidade Federal tem por fi- CAPÍTULO III


nalidade, utilizando as técnicas contábeis, registrar os atos DA ORGANIZAÇÃO
e fatos relacionados com a administração orçamentária, fi-
nanceira e patrimonial da União e evidenciar: Art. 6o  Integram o Sistema de Contabilidade Federal:
I - as operações realizadas pelos órgãos ou entidades I  -  a Secretaria do Tesouro Nacional do Ministério da
governamentais e seus efeitos sobre a estrutura do patri- Fazenda, como órgão central; e
mônio da União; II - órgãos setoriais.
II - os recursos dos orçamentos vigentes e as alterações § 1oOs órgãos setoriais são as unidades de gestão in-
correspondentes; terna dos Ministérios, da Advocacia-Geral da União, do Po-
III - a receita prevista, a lançada, a arrecadada e a re- der Legislativo, do Poder Judiciário e do Ministério Público
colhida, e a despesa autorizada, empenhada, liquidada e da União, responsáveis pelo acompanhamento contábil
paga à conta dos recursos orçamentários, bem como as no Sistema Integrado de Administração Financeira do Go-
disponibilidades financeiras; verno Federal - SIAFI de determinadas unidades gestoras
IV - a situação, perante a Fazenda Pública, de qualquer executoras ou órgãos, podendo ser caracterizados nas se-
pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, ar- guintes formas:
recade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e I - Setorial Contábil de Unidade Gestora - é a unidade
valores públicos ou pelos quais a União responda ou, ain- responsável pelo acompanhamento da execução contábil
da, que, em nome desta, assuma obrigações de natureza de um determinado número de Unidades Gestoras Execu-
pecuniária; toras e pelo registro da respectiva conformidade contábil;
V - a situação patrimonial do ente público e suas varia- II  -  Setorial Contábil de Órgão: é a Unidade Gestora
ções, decorrentes ou não da execução orçamentária, inclu- responsável pelo acompanhamento da execução contábil
sive as variações patrimoniais aumentativas no momento de determinado órgão, compreendendo as Unidades Ges-
do fato gerador dos créditos tributários; toras a este pertencentes, e pelo registro da respectiva con-
VI - os custos dos programas e das unidades da admi- formidade contábil;
III - Setorial Contábil de Órgão Superior: é a unidade
nistração pública federal;
de gestão interna dos Ministérios e órgãos equivalentes
VII - a aplicação dos recursos da União, por unidade da
responsáveis pelo acompanhamento contábil dos órgãos
Federação beneficiada; e
e entidades supervisionados e pelo registro da respectiva
VIII - a renúncia de receitas de órgãos e entidades fe-
conformidade contábil.
derais.
§ 2oO órgão de controle interno da Casa Civil da Presi-
Parágrafo único.As operações de que resultem débitos
dência da República exercerá as atividades de órgão seto-
e créditos de natureza financeira não compreendidas na
rial contábil de todos os órgãos integrantes da Presidência
execução orçamentária serão, também, objeto de registro, da República e da Vice-Presidência da República, além de
individualização e controle contábil. outros determinados em legislação específica.
§ 3oOs órgãos setoriais ficam sujeitos à orientação nor-
Art. 4oO Sistema de Contabilidade Federal tem como mativa e à supervisão técnica do órgão central do Sistema
objetivo promover: de Contabilidade Federal, sem prejuízo da subordinação ao
I - a padronização e a consolidação das contas nacio- órgão em cuja estrutura administrativa estiverem integra-
nais; dos.
II - a busca da convergência aos padrões internacionais
de contabilidade, respeitados os aspectos formais e con- CAPÍTULO IV
ceituais estabelecidos na legislação vigente; e DAS COMPETÊNCIAS
III - o acompanhamento contínuo das normas contá-
beis aplicadas ao setor público, de modo a garantir que os Art. 7o  Compete ao órgão central do Sistema de Con-
princípios fundamentais de contabilidade sejam respeita- tabilidade Federal:
dos no âmbito do setor público. I - estabelecer normas e procedimentos contábeis para
o adequado registro dos atos e dos fatos da gestão orça-
CAPÍTULO II mentária, financeira e patrimonial dos órgãos e entidades
DAS ATIVIDADES da administração pública, promovendo o acompanhamen-
to, a sistematização e a padronização da execução contábil;
Art. 5oA contabilidade federal será exercida mediante II - manter e aprimorar o Plano de Contas Aplicado ao
atividades de reconhecimento, de mensuração, de registro Setor Público e o processo de registro padronizado dos
e de controle das operações relativas à administração or- atos e fatos da administração pública;
çamentária, financeira e patrimonial da União, com vistas à III - instituir, manter e aprimorar, em conjunto com os
elaboração de demonstrações contábeis. órgãos do Sistema de Administração Financeira Federal,
Parágrafo único.As atividades de contabilidade com- sistemas de informação que permitam realizar a contabi-
preendem a formulação de diretrizes para orientação ade- lização dos atos e fatos de gestão orçamentária, financeira
quada, mediante o estabelecimento de normas e proce- e patrimonial da União e gerar informações gerenciais que
dimentos que assegurem consistência e padronização das subsidiem o processo de tomada de decisão e supervisão
informações produzidas pelas unidades gestoras. ministerial;

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CONTABILIDADE PÚBLICA

IV  -  definir, orientar e acompanhar os procedimentos XX - promover a adoção de normas de consolidação


relacionados com a integração dos dados dos órgãos não das contas públicas, padronização das prestações de con-
-integrantes do SIAFI; tas e dos relatórios e demonstrativos de gestão fiscal, por
V - elaborar e divulgar balanços, balancetes e outras meio da elaboração, discussão, aprovação e publicação do
demonstrações contábeis dos órgãos da administração fe- Manual de Demonstrativos Fiscais - MDF e do Manual de
deral direta e das entidades da administração indireta; Contabilidade Aplicada ao Setor Público - MCASP;
VI - elaborar as demonstrações contábeis consolidadas XXI - dar suporte técnico aos entes da Federação quan-
da União e demais relatórios destinados a compor a pres- to ao cumprimento dos padrões estabelecidos no MCASP,
tação de contas anual do Presidente da República; no MDF, e em normas gerais aplicáveis à União, aos Esta-
VII - elaborar e divulgar o Relatório Resumido da Exe- dos, ao Distrito Federal e aos Municípios;
cução Orçamentária do Governo Federal e o Relatório de XXII - disseminar, por meio de planos de treinamento
Gestão Fiscal do Poder Executivo Federal nos termos da Lei e apoio técnico, os padrões estabelecidos no MCASP e no
Complementar no 101, de 4 de maio de 2000; MDF para a União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
VIII - promover a conciliação da Conta Única do Tesou- nicípios;
ro Nacional com as disponibilidades no Banco Central do XXIII - prestar suporte técnico aos órgãos dos Estados
Brasil; e Municípios para melhoria da qualidade do processo sis-
IX - supervisionar as atividades contábeis dos órgãos e têmico e organizacional da gestão contábil;
entidades usuários do SIAFI, com vistas a garantir a consis- XXIV - exercer as atribuições definidas pelo art. 113 da
tência das informações; Lei no 4.320, de 17 de março de 1964, a saber: atender
X - prestar assistência, orientação e apoio técnico aos a consultas, coligir elementos, promover o intercâmbio
órgãos setoriais na utilização do SIAFI, na aplicação de nor- de dados informativos, expedir recomendações técnicas,
mas e na utilização de técnicas contábeis; quando solicitadas, e atualizar, sempre que julgar conve-
XI - editar normas gerais para consolidação das contas niente, os anexos que integram aquela Lei;
públicas; XXV - promover, quando necessário, conferências ou
XII - elaborar, sistematizar e estabelecer normas e reuniões técnicas, com a participação de representantes
procedimentos contábeis para a consolidação das contas dos órgãos e entidades da administração pública;
públicas da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos XXVI - buscar a harmonização dos conceitos e práticas
Municípios; relacionadas ao cumprimento dos dispositivos da Lei Com-
XIII - promover, até o dia trinta de junho, a consolida- plementar no 101, de 2000, e de outras normas gerais;
ção, nacional e por esfera de governo, das contas dos entes XXVII - identificar as necessidades de convergência aos
da Federação relativas ao exercício anterior, com vistas à padrões internacionais de contabilidade aplicados ao setor
elaboração do balanço do setor público nacional e a sua di- público;
vulgação, inclusive por meio eletrônico de acesso público; XXVIII - editar normativos, manuais, instruções de pro-
XIV - promover a harmonização com os demais Pode- cedimentos contábeis e plano de contas aplicado ao se-
res da União e das demais esferas de governo em assuntos tor público, objetivando a elaboração e publicação de de-
de contabilidade; monstrações contábeis consolidadas, em consonância com
XV  -  articular-se com os órgãos setoriais do Sistema os padrões internacionais de contabilidade aplicados ao
de Contabilidade Federal para cumprimento das normas setor público; e
contábeis pertinentes à execução orçamentária, financeira XXIX - adotar os procedimentos necessários para atin-
e patrimonial; gir os objetivos de convergência aos padrões internacio-
XVI - promover a liberação ao pleno conhecimento e nais de contabilidade aplicados ao setor público.
acompanhamento da sociedade de informações sobre a
execução orçamentária e financeira, em meios eletrônicos Art. 8o  Compete aos órgãos setoriais do Sistema de
de acesso público; Contabilidade Federal:
XVII - definir, coordenar e acompanhar os procedimen- I - prestar assistência, orientação e apoio técnicos aos
tos relacionados com a disponibilização de informações da ordenadores de despesa e responsáveis por bens, direitos
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e obrigações da União ou pelos quais responda;
para fins de transparência, controle da gestão fiscal e apli- II  -  verificar a conformidade de gestão efetuada pela
cação de restrições; unidade gestora;
XVIII  -  definir, coordenar e acompanhar os procedi- III - com base em apurações de atos e fatos inquinados
mentos contábeis com vistas a dar condições para a pro- de ilegais ou irregulares, efetuar os registros pertinentes e
dução, sistematização, disponibilização das estatísticas adotar as providências necessárias à responsabilização do
fiscais do setor público consolidado, em consonância com agente, comunicando o fato à autoridade a quem o res-
os padrões e regras estabelecidas nos acordos e convênios ponsável esteja subordinado e ao órgão ou unidade do Sis-
internacionais de que a União for parte; tema de Controle Interno do Poder Executivo Federal a que
XIX - manter sistema de custos que permita a avaliação estejam jurisdicionados;
e o acompanhamento da gestão orçamentária, financeira e IV - analisar balanços, balancetes e demais demonstra-
patrimonial; ções contábeis das unidades gestoras jurisdicionadas;

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CONTABILIDADE PÚBLICA

V - realizar a conformidade contábil dos atos e fatos da Art. 11.A Secretaria do Tesouro Nacional do Ministério da
gestão orçamentária, financeira e patrimonial praticados pe- Fazenda expedirá os normativos complementares que se fize-
los ordenadores de despesa e responsáveis por bens públicos, rem necessários à implantação e ao funcionamento do Siste-
à vista dos princípios e normas contábeis aplicadas ao setor ma de Contabilidade Federal.
público, da tabela de eventos, do plano de contas aplicado ao
setor público e da conformidade dos registros de gestão da Art. 12.  Este Decreto entra em vigor na data de sua pu-
unidade gestora; blicação.
VI - realizar tomadas de contas dos ordenadores de des-
pesa e demais responsáveis por bens e valores públicos e de Art. 13.  Revoga-se o Decreto no 3.589, de 6 de setembro
todo aquele que der causa a perda, extravio ou outra irregu- de 2000.
laridade de que resulte dano ao erário;
VII - efetuar, nas unidades jurisdicionadas, quando neces- Brasília, 7 de outubro de 2009; 188o da Independência e
sário, registros contábeis; 121  da República.
o

VIII - promover mensalmente a integração dos dados dos LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA 
órgãos não-integrantes do SIAFI; Guido Mantega
IX - garantir, em conjunto com a Unidade Setorial Orça-
mentária, a fidedignidade dos dados do Orçamento Geral da
União publicado no Diário Oficial da União com os registros 3 CONCEITUAÇÃO, OBJETO
contábeis ocorridos no SIAFI, realizado em todas as unidades
E CAMPO E APLICAÇÃO.
orçamentárias dos órgãos da administração pública federal
direta e dos seus órgãos e entidades vinculados; e
X - apoiar o órgão central do Sistema na gestão do SIAFI.
§ 1oA conformidade dos registros de gestão consiste na Existe conceito de Contabilidade como um todo. “Conta-
certificação dos registros dos atos e fatos de execução orça- bilidade é a ciência que estuda e pratica as funções de orien-
mentária, financeira e patrimonial incluídos no SIAFI e da exis- tação e controle relativas aos atos e fatos da administração
tência de documentos hábeis que comprovem as operações. econômica”. Existem ramos da Contabilidade, sendo um deles
§ 2oAs atribuições do Sistema de Contabilidade Federal o da Contabilidade Pública.
quanto à realização de tomadas de contas descrita no inciso
VI do caput limitam-se às seguintes atividades: Conceito de contabilidade pública
I - efetuar o registro contábil dos responsáveis pelo dé-
bito apurado; Contabilidade Pública é uma especialização da ciência
II - verificar o cálculo do débito; e contábil, que se aplica às aziendas públicas, de acordo com as
III - efetuar a baixa contábil, pelo recebimento ou cance- regras estabelecidas pelas Normas Gerais do Direito Financeiro.
lamento do débito. Contabilidade Pública é um ramo da Contabilidade que es-
tuda e pratica as funções de orientação e controle relativas aos
Art. 9oAs competências de órgão setorial de contabili- atos e fatos da administração econômica das aziendas públicas.
dade, previstas no art. 8o, poderão ser delegadas a órgão ou A Contabilidade Pública exerce a função de prever, escri-
unidade que comprove ter condições de assumir as obriga- turar, controlar, analisar e interpretar os atos e fatos da gestão
ções pertinentes, de acordo com normas emitidas pelo órgão pública.
central do Sistema de Contabilidade Federal. O controle sobre a ação do governo é exercido através do
Parágrafo único.As Setoriais de Contabilidade delegadas, orçamento, da escrituração, do inventário, das demonstrações
consideradas, para os fins deste Decreto, Órgãos Seccionais contábeis e da auditoria financeira e orçamentária. O objeto da
de Contabilidade, ficarão subordinadas, tecnicamente, às Contabilidade Pública é, pois, “estudar os fenômenos aziendais
setoriais de contabilidade delegantes, que deverão prestar, do setor público, enquanto tenham expressão quantitativa”.
complementarmente, toda a assistência, orientação e apoio Só os fenômenos que envolvem expressão monetária in-
técnico quanto aos procedimentos e aspectos contábeis a teressam à Contabilidade.
serem observados, principalmente quando da realização da Todo o conjunto patrimonial heterogêneo (qualitativo)
conformidade contábil. pode ser expresso como um fundo de valores homogêneos
(quantitativo) através de um denominador comum monetário.
CAPÍTULO V Para o controle e análise dos fatos da administração pú-
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS blica, a Contabilidade Pública se utiliza de contas estruturadas
nos sistemas orçamentário, patrimonial, de resultados e de
Art. 10.As competências de órgão setorial de contabilida- compensação.
de, previstas no art. 9o, serão exercidas pela unidade respon- O sistema orçamentário não se comunica com os demais
sável pela atividade de finanças dos Ministérios, da Advoca- sistemas e contempla operações que envolvem somente, con-
cia-Geral da União, do Poder Legislativo, do Poder Judiciário tas orçamentárias da receita (Receita Orçada, Previsão da Re-
e do Ministério Público da União e dos órgãos da Presidência ceita, Receita Lançada e Execução da Receita) e da despesa
da República, observadas a definição discriminada no § 2o do (Despesa Fixada, Dotações Disponíveis, Despesa Empenhada
art. 6o e a delegação prevista no art. 9o, na forma de regimento e Execução da Despesa). As operações típicas do sistema se
interno aprovado no âmbito de cada órgão setorial. anulam entre si.

5
CONTABILIDADE PÚBLICA

O sistema patrimonial envolve o patrimônio adminis- Classificação


trativo da azienda pública e compreende o patrimônio Cada fato administrativo ocorrido na entidade, me-
financeiro (Ativo Financeiro e Passivo Financeiro) e o pa- diante documentos contábeis hábeis e legais que compro-
trimônio permanente (Ativo Permanente e Passivo Perma- vem operações realizadas em determinado período prees-
nente), e as suas contas, geralmente, relacionam-se com as tabelecido, deve ser agrupado em uma mesma natureza
contas do sistema de resultado. e característica sob determinada denominação condizente
O sistema de resultado abrange as contas de resultado com a sua realidade, para facilitar a leitura da informação e
financeiro (Receita Realizada e Despesa Realizada) e, tam- a característica do fato.
bém, as de resultado permanente (mutações patrimoniais
da receita e da despesa e as variações patrimoniais ativas Finalidades
e passivas), que se relacionam, somente, com as contas do Um sistema contábil eficaz, nas aziendas públicas, no
sistema patrimonial. mínimo deve:
O sistema de compensação registra os bens, valores, a) possibilitar a escrituração do patrimônio e de suas
obrigações e situações não compreendidas nos sistemas variações;
anteriores e que, mediata ou indiretamente, possam vir b) ensejar o controle sobre os agentes administrativos,
afetar o patrimônio. com vistas à apuração de suas responsabilidades patrimo-
Alterações em suas contas tem reflexos compensató- niais;
rios no próprio sistema. c) mostrar os resultados da gestão através dos balan-
Um sistema contábil eficaz, nas aziendas públicas, tem ços e das prestações de contas;
a finalidade de, no mínimo: d) facilitar as tarefas relacionadas com as previsões da
a) possibilitar a escrituração do patrimônio e de suas receita e despesa e, pois, a organização dos orçamentos;
variações; e) facilitar o controle dos limites autorizados no orça-
b) ensejar o controle sobre os agentes administrativos, mento;
com vistas à apuração de suas responsabilidades patrimo- f) tornar possível o registro sistemático da receita e
niais; despesa nas suas diferentes fases, possibilitando o con-
fronto entre as operações previstas e realizadas;
c) mostrar os resultados da gestão das demonstrações
g) possibilitar a avaliação e interpretação dos resulta-
contábeis e das prestações de contas e/ou tomadas de
dos e da situação econômico-financeira;
contas;
h) fornecer dados para a organização dos orçamentos;
d) facilitar a organização dos orçamentos, quer na pre-
i) evidenciar as obrigações, os direitos e os bens da en-
visão da receita quanto na fixação da despesa;
tidade;
e) controlar os limites orçamentários fixados em lei;
j) exercer o controle interno.
f) tornar possível o registro sistemático da receita e
despesa nas suas diferentes fases, possibilitando o con- Registros Contábeis
fronto entre as operações previstas e realizadas; e Tendo por base a classificação contábil estabelecida
g) possibilitar a avaliação e interpretação dos resulta- em um plano de contas, o registro tem por objetivo apon-
dos e da situação econômico-financeira. tar os fatos ocorridos e torná-los, tempestivamente ou em
Os preceitos legais estão dispostos na Lei Federal data futura, uma prova em favor da entidade e de outros
nº4320/64 (artigos 1ºa 21, 34 a 46, 52 a 70, 75 a 110), na interessados pelas informações, tais como: credores, deve-
Constituição Federal (artigos 8º, alínea “C” do item XVII, 43, dores, financiadores, fiscalizadores, acionistas, etc. São do-
item II, 57, I, II e IV, 60 a 62 e 65 a 72). cumentos de registro o livro diário e o razão, entre outros.
No 1º Congresso Brasileiro de Contabilidade, foi ado-
tado, por maioria, o seguinte conceito: “Contabilidade é Informação
a ciência que estuda e pratica as funções de orientação e É a interpretação das demonstrações contábeis e dos
controle relativas aos atos e fatos da administração eco- registros com base nas classificações dos fatos, transpare-
nômica”. cendo o resultado das ações administrativas sobre o patri-
mônio da entidade.
Campo de Aplicação
Tem aplicação nos três níveis de governo: Federal, Esta- Controle
dual e Municipal, bem como no Distrito Federal, Autarquias É a aplicação dos métodos de acompanhamento e
e Fundações. fiscalização dos atos, fatos e das demonstrações oriundas
destes, buscando o aperfeiçoamento e integridade da en-
Objeto tidade.
O da Contabilidade é o estudo da gestão, segundo
determinada corrente. Conseguintemente, este ramo da Análise
ciência contábil - a Contabilidade Pública - objetiva, basi- É o exame de cada parte e do todo contábil, mediante
camente, o estudo da gestão que se desenvolve no âmbito a aplicação de procedimentos próprios ou externos, bus-
das aziendas públicas. cando o conhecimento da natureza dos fatos, das propor-
A Contabilidade Pública deve fornecer informações aos ções, da evolução e involução dos resultados, propiciando
gestores públicos, para serem eficientes e eficazes. a tomada de decisão pelos gestores públicos.

6
CONTABILIDADE PÚBLICA

Período Administrativo V - as operações de crédito, as inscrições em Restos a


É a unidade de tempo em que se divide a vida da enti- Pagar e as demais formas de financiamento ou assunção
dade para apuração parcelada da gestão. de compromissos junto a terceiros, deverão ser escrituradas
No Brasil, o período administrativo corresponde a 12 de modo a evidenciar o montante e a variação da dívida
meses, coincidindo com o ano civil. pública no período, detalhando, pelo menos, a natureza e o
tipo de credor;
Exercício Financeiro VI - a demonstração das variações patrimoniais dará
O exercício financeiro corresponde ao conjunto de destaque à origem e ao destino dos recursos provenientes da
operações que ocorrem em cada período administrativo. alienação de ativos.
§ 1º No caso das demonstrações conjuntas, excluir-se-ão
Regimes Contábeis as operações intragovernamentais.
Regime de Caixa – destaca como receitas e despesas § 2º A edição de normas gerais para consolidação das
todas as entrada e saídas de recursos financeiros ou não, contas públicas caberá ao órgão central de contabilidade da
recebidos e pagos, arrecadas ou recolhidos, efetivamente União, enquanto não implantado o conselho de que trata o
durante o exercício financeiro, independente de referir-se a art. 67.
créditos ou a débitos de outros exercícios. § 3º A Administração Pública manterá sistema de custos
Regime de Competência – destaca-se com as movi- que permita a avaliação e o acompanhamento da gestão
mentações orçamentárias pertencentes a fatos geradores orçamentária, financeira e patrimonial.
efetivamente realizados dentro de um exercício, com o re-
conhecimento e a apropriação nesse exercício, repercutin- Preceitos Legais
do financeiramente no exercício seguinte. A legislação atual estabelece normas gerais sobre or-
Regime Misto - O regime contábil no Brasil é o misto, ganização da contabilidade, visando efetuar o controle da
isto é adota-se ao mesmo tempo o regime de caixa e o execução orçamentária, assim como dos fatos da gestão
regime de competência. O regime misto é consagrado em econômico-financeira.
A Lei Federal nº 4.320, de 17 de março de 1964, que
nossa legislação financeira, pelo artigo 35 da Lei nº4.320/64
estatui normas de direito financeiro para a elaboração e
que dispõe:
controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados,
dos Municípios e do Distrito Federal, estabelece:
“Pertencem ao exercício financeiro: I - as receitas nele
arrecadadas; II-as despesas nele legalmente empenhadas.
Lei Federal 4320/64
Portanto, vigora para a receita o regime de caixa e para a
Da Contabilidade
despesa o de competência, na fase do empenho.
Art. 50 da LRF
Art.83 - A contabilidade evidenciará perante a Fazenda
II - a despesa e a assunção de compromisso serão re- Pública a situação de todos quanto de qualquer modo, arre-
gistradas segundo o regime de competência, apurando-se, cadem receitas, efetuem despesas, administrem ou guardem
em caráter complementar, o resultado dos fluxos financei- bens a ela pertencentes ou confiados.
ros pelo regime de caixa; Art.84 - Ressalvada a competência do Tribunal de Con-
tas ou órgão equivalente, a tomada de contas dos agentes
Da Escrituração e Consolidação das Contas responsáveis por bens ou dinheiros públicos será realizada
LRF Lei 101/2000 ou superintendida pelos serviços de contabilidade.
Art. 50. Além de obedecer às demais normas de contabi- Art.85 - Os serviços de contabilidade serão organizados
lidade pública, a escrituração das contas públicas observará de forma a permitir o acompanhamento da execução or-
as seguintes: çamentária, o conhecimento da composição patrimonial, a
I - a disponibilidade de caixa constará de registro pró- determinação dos custos dos serviços industriais, o levanta-
prio, de modo que os recursos vinculados a órgão, fundo ou mento dos balanços gerais, a análise e a interpretação dos
despesa obrigatória fiquem identificados e escriturados de resultados econômicos e financeiros.
forma individualizada; Art.86 - A escrituração sintética das operações finan-
II - a despesa e a assunção de compromisso serão re- ceiras e patrimoniais efetuar-se-á pelo método das partidas
gistradas segundo o regime de competência, apurando-se, dobradas.
em caráter complementar, o resultado dos fluxos financeiros Art.87 - Haverá controle contábil dos direitos e obriga-
pelo regime de caixa; ções oriundas de ajustes ou contratos em que a administra-
III - as demonstrações contábeis compreenderão, isolada ção pública for parte.
e conjuntamente, as transações e operações de cada órgão, Art.88 - Os débitos e créditos serão escriturados com in-
fundo ou entidade da administração direta, autárquica e dividuação do devedor ou do credor e especificação da na-
fundacional, inclusive empresa estatal dependente; tureza, importância e data do vencimento, quando fixada.
IV - as receitas e despesas previdenciárias serão apre- Art. 89 - A contabilidade evidenciará os fatos ligados
sentadas em demonstrativos financeiros e orçamentários à administração orçamentária, financeira, patrimoniais ou
específicos; industrial.

7
CONTABILIDADE PÚBLICA

Da Contabilidade Financeira e Orçamentária Regime misto:


Art.90 - A contabilidade deverá evidenciar, em seus re-
gistros, o montante dos créditos orçamentários vigentes, a No regime misto adota-se ao mesmo tempo o de caixa
despesa empenhada e a despesa realizada, à conta dos mes- e o de competência. Esse regime é o adotado pela conta-
mos créditos, e as dotações disponíveis. bilidade pública no Brasil, ou seja, registra-se a despesa
Art.91 - O registro contábil da receita e da despesa far- pelo regime de competência e a receita pelo de caixa.
se-á de acordo com as especificações constantes da Lei de
Orçamento e dos créditos adicionais. • Quanto à receita: o resultado financeiro do exer-
Art.92 - A dívida flutuante compreende: cício não aproveita a receita lançada e não arrecadada, ou
I - os restos a pagar, excluídos os serviços da dívida; seja, considera-se “em tese”, somente as receitas que in-
II - os serviços da dívida a pagar; gressaram nos cofres públicos.
III - os depósitos; A receita pública passa pelos seguintes estágios ou fa-
IV - os débitos de tesouraria. ses: previsão, lançamento, arrecadação e recolhimento.
Parágrafo Único - O registro dos restos a pagar far-se-á • Quanto à despesa: no encerramento do exercício,
por exercício e por credor, distinguindo-se as despesas pro- a despesa empenhada e não paga é apropriada, ou seja,
cessadas das não processadas. considera-se “em tese”, como despesa do exercício, toda
Art. 93 - Todas as operações de que resultem débitos e aquela que foi empenhada, mesmo aquela que ainda não
créditos de natureza financeira, não compreendidas na exe- tenha sido liquidada.
cução orçamentária, serão objeto de registro, individuação e A despesa pública passa pelas seguintes fases ou está-
controle contábil. gios: fixação, empenho, liquidação e pagamento.
Empenho da despesa é a primeira fase de sua execução
REGIMES CONTÁBEIS APLICADOS A CONTABILIDA- e a liquidação, a segunda, o pagamento, a terceira. Portan-
DE PÚBLICA to, na execução da despesa pública, inicialmente existe o
empenho, depois a liquidação e finalmente o pagamento.
O que é regime contábil? A despesa é fixada na lei orçamentária anual - LOA, após
Podemos dizer que regime contábil é um procedimen- a sua aprovação, o governo elaborará a programação dos
to ou técnica adotado para a realização dos registros dos gastos públicos.
fatos aplicados à ciência contábil, estabelecendo as dire-
trizes para classificação das variações ou alterações patri- Resumindo: aplica-se à contabilidade pública no
moniais. Brasil o regime de caixa para as receitas e o regime de
Os regimes contábeis que podem ser utilizados pela competência para as despesas.
contabilidade são: Portanto, a contabilidade pública adota o regime
contábil misto, ou seja, regime de caixa para as receitas
- Regime de competência; e de competência para as despesas.
- Regime de caixa;
- Regime misto. Previsão legal do regime contábil misto:

Regime de competência: O regime contábil adotado para a contabilidade pú-


blica está previsto em duas normas: na Lei nº 4.320/64 e
No regime de competência, as receitas e as despesas na Lei Complementar nº 101/00 – Lei de Responsabilidade
devem ser incluídas na apuração do resultado do período Fiscal – LRF.
em que ocorrerem, sempre simultaneamente quando se
correlacionarem, independentemente de recebimento ou Previsão na Lei nº 4.320/64:
pagamento (art. 9º da Resolução nº 750/93 do Conselho O art. 35 dessa norma estabelece que pertencem ao
Federal de Contabilidade - CFC). exercício financeiro:
O regime de competência é também denominado pela - As receitas nele arrecadadas;
doutrina de regime de exercício ou regime jurídico. - As despesas nele legalmente empenhadas.

Regime de caixa: Podemos afirmar que o regime de caixa para as re-


ceitas e de competência para as despesas, adotado pela
O regime de caixa, também denominado pela doutrina contabilidade pública é 100% aplicável?
de regime de gestão anual, é aquele em que são conside-
radas receitas e despesas do exercício tudo o que for rece- Não, aí está o “X” da questão!
bido ou pago durante o ano financeiro, mesmo que se trate Quanto à despesa, funciona exatamente como na con-
de receitas e despesa referentes a exercícios anteriores. tabilidade empresarial, regime de competência, entretanto,
mesmo assim, existem exceções.

8
CONTABILIDADE PÚBLICA

Exemplo: a despesa referente ao exercício de 2003, que não foi paga naquele ano deverá ser inscrita em restos a pagar
em 31/12/03 para ser paga em 2004. Se até 31/12/04 essa despesa ainda não tiver sido paga, será cancelada (isso no Siste-
ma Integrado de Administração Financeira – SIAFI), entretanto, ainda permanece o direito do credor.

A partir de 01/01/2005, se essa despesa for reclamada pelo credor, a administração pública irá pagá-lo com a rubrica
“despesas de exercícios anteriores”. Esse pagamento será considerado uma despesa normal do orçamento vigente (2005). Essa
é mais uma das exceções ao princípio da competência. Ou seja, deveria ser despesa de 2003 e não do orçamento de 2005.

A sistemática funciona assim:

Exercício financeiro Situação gerada


2003: Foi considerada despesa nas demonstrações
A despesa foi empenhada, liquidada e não paga. contábeis de 2003, porém, o seu não pagamento
ocasionou a inscrição em “restos a pagar”.
2004: Em 31/12/04 ocorreu o cancelamento dos
Vamos supor que a rubrica “restos a pagar” permaneceu “restos a pagar” no SIAFI. Essa situação gerou uma
todo o exercício financeiro, até 30/12/04 sem ser paga. receita orçamentária deste exercício.
2005: Esse gasto foi considerado despesa a custa do
Vamos supor que a despesa foi reclamada pelo credor, orçamento de 2005. Ou seja, onerou o exercício
reconhecida e paga pela administração pública, na rubrica financeiro de 2005.
“despesas de exercícios anteriores”.

Exceção ao regime de caixa:

Antes, poderíamos perguntar! Em que momento o governo federal considera arrecadada a receita?
A receita é considerada disponível após a arrecadação, momento em que o contribuinte cumpre com sua obrigação
junto a uma instituição financeira. Geralmente as instituições financeiras recolhem os recursos arrecadados para o caixa
único do Tesouro Nacional em um dia após a arrecadação.

Exceção ao regime de caixa bastante exigida:


As receitas previstas e não arrecadadas são incluídas na dívida ativa e o recebimento geralmente só acontecerá no ano
subsequente, mas, mesmo assim, no momento de sua inscrição na dívida ativa já é considerada receita.

Essa é uma das exceções ao regime de caixa para as receitas.

CAMPO DE APLICAÇÃO.

O campo de aplicação da Contabilidade é restrito à administração, nos seus três níveis de governo: Federal, Estadual,
DF, Municipal, bem como suas Autarquias, Fundações e Empresas Públicas.
O campo de atuação da Contabilidade Aplicada à Administração Pública Federal, após o advento do SIAFI em 23 de
dezembro de 1986, em 1987, começou a expandir-se e, hoje, já alcança as empresas públicas e algumas de economia mista
que participam do Orçamento Fiscal e de Seguridade.

Resumindo, temos: Campo de Aplicação

ADMINISTRAÇÃO DIRETA

• PODER EXECUTNO
Presidência da República e suas secretarias e Ministérios Civis e o Ministério da Defesa.
• PODER JUDICIÁRIO
Todos os seus Tribunais.
• PODER LEGISLATIVO
Câmara dos Deputados e Senado Federal.

9
CONTABILIDADE PÚBLICA

ADMINISTRAÇÃO INDIRETA (Somente aquelas sujeitas Organização da administração Pública no Brasil:


ao Orçamento Fiscal e da Seguridade Social)
O Estado para que possa atingir suas finalidades, neces-
Autarquias; Fundações; Empresas Públicas e Socieda- sita organizar-se, isso equivale a dizer que não pode exercer
des de Economia Mista. todas as suas competências a partir de um núcleo central,
portanto a Administração Pública é exercida pelos órgãos da
Estrutura do Estado: Administração Direta, pelos órgãos da Administração Indireta
Estado (do latim status: modo de estar, situação, condi- e pelos órgãos da Administração Delegada.
ção), é o “conjunto das instituições (governo, forças armadas,
funcionalismo público etc.) que controlam e administram • Administração Direta: compreende a organização
uma nação”; “país soberano, com estrutura própria e politi- administrativa do estado. São os próprios organismos dirigen-
camente organizado”. tes ligados diretamente ao poder central, federal, estadual e
É organizado quanto a sua política, sociedade e juri- Municipal. Ex: Ministérios, Secretárias (Presidência da República
dicamente (leis), ocupando um território definido, normal- e suas Secretarias) Ministérios: Da Cultura, Defesa, Educação,
mente onde a lei máxima é uma Constituição escrita, e di- Transportes, Esportes, Fazenda, Meio Ambiente, Saúde, etc.
rigida por um governo que possui soberania reconhecida
tanto interna como externamente. • Administração Indireta: é a atividade administra-
Para a constituição de um estado, antes de mais nada tiva caracterizada como serviço público, foram criadas para
tem que se estipular um pacto, com o qual manifeste a realizar atividades do governo de forma descentralizada. Di-
vontade de se unir em associação perpétua, após a so- vide – se em:
ciedade se reunirá para escrever a Constituição que dará
suporte a essa nova Constituição doravante chamada de a) Autarquias: exerce atividade de gestão administra-
Estado ou sociedade política. tiva ou financeira, é uma entidade auxiliar da Administração
O estado Constitui-se de três elementos: os materiais, Pública. Seu patrimônio e receitas são próprios, porém titula-
dos pelo estado (ou seja o estado fiscaliza, confere o patrimô-
os formais e os finais.
nio) Ex: INSS, BACEN (Banco Central).
Elementos Materiais
b) Fundação pública: São organizações dotadas de
1) A população: que representa o elemento humano,
personalidade jurídica de direito público ou privado, sem fins
comum a todas sociedades;
lucrativos, com um fim especifico de interesse público como
2) O território: que é a porção limitada do globo terres-
educação, cultura e pesquisa. Possuem autonomia adminis-
tre ou a limitação espacial da soberania;
trativa, patrimônio próprio e financiamento custeado princi-
palmente por recursos do poder público. Ex: IBGE (Instituto
Elementos Formais: Brasileiro de Geografia Estatística), IPEA (Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada)
1) O ordenamento Jurídico: Conjunto de normas ema-
nadas pelo Estado; c) Empresa pública: Pessoa Jurídica de direito privado,
2) O governo soberano: É a organização necessária administrada exclusivamente pelo poder publico, com sua fi-
para o exercício do poder, a força que conduz a coletivida- nalidade prevista em lei. A finalidade pode ser de atividade
de para o cumprimento das normas que Cria, estabelece e econômica ou de prestação de serviço público, seu capital é
exige como condição para a convivência social. formado unicamente por recursos públicos. Ela pode ser Fe-
deral, Estadual ou Municipal. Ex: ECT (Correios), Caixa Econô-
Elemento Final: mica Federal.

1) Bem comum: o Estado existe para realizar o bem d) Sociedades de economia mista: É uma sociedade
comum, é um instrumento, meio necessário, para que os na qual há colaboração do estado e particulares, ambos reu-
indivíduos evoluam e aperfeiçoem-se, criando condições nidos para realização de uma finalidade, sempre de objetivo
indispensáveis para que todos os seus membros, no limite econômico. É pessoa jurídica de direito privado, mais da me-
do possível, atinjam livre e espontaneamente sua felicidade tade de suas ações com direito a voto devem pertencer ao es-
na terra. tado (ou seja 51% no mínimo). É também uma S.A (Sociedade
Anônima) e seus funcionários são regidos pelo regime de CLT,
Estrutura da Administração Pública tem suas ações negociadas na Bolsa de Valores. Ex: Banco do
Brasil, Petrobrás, Eletrobrás.
Conceito: A administração pública é todo o aparelha-
mento do estado, ordenado a realização de seus serviços, • Administração Delegada: É quando o governo
visando a satisfação das necessidades coletivas, tendo com repassa por ato ou contrato para um Órgão de sua escolha
sua função social oferecer serviços ao cidadão como: a sua apenas a execução de uma atividade que seria da sua respon-
defesa, aplicação da justiça interna, serviços de saúde, edu- sabilidade, esses órgãos não tem autonomia para ditar as re-
cação, transportes, entre outros; gras, eles devem seguir todas as diretrizes estabelecidas pela
Administração Pública.

10
CONTABILIDADE PÚBLICA

Os 3 poderes INTERPRETAÇÃO DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS


DE CONTABILIDADE SOB A PERSPECTIVA DO SETOR PÚBLICO
O Poder Executivo tem a responsabilidade de imple-
mentar, ou executar, as leis. De fato, o poder executivo de O PRINCÍPIO DA ENTIDADE
uma nação é regularmente relacionado ao próprio gover- 1.0.1. O enunciado do Princípio da Entidade
no. O poder executivo pode ser representado, em nível na- “Art. 4º O Princípio da ENTIDADE reconhece o Patrimônio
cional, por apenas um órgão (presidência da república, no como objeto da Contabilidade e afirma a autonomia patrimo-
caso de um presidencialismo), ou pode ser dividido (parla- nial, a necessidade da diferenciação de um Patrimônio parti-
mento e coroa real, no caso de monarquia constitucional). cular no universo dos patrimônios existentes, independente-
O Executivo tem, usualmente, as seguintes obrigações: mente de pertencer a uma pessoa, a um conjunto de pessoas,
• Aplicar as leis. Para isso, fica a cargo do Executivo a uma sociedade ou a uma instituição de qualquer natureza
órgãos como a polícia, prisões etc., para punir criminosos; ou finalidade, com ou sem fins lucrativos. Por consequência,
nesta acepção, o patrimônio não se confunde com aqueles
• Manter as relações do país com as outras nações;
dos seus sócios ou proprietários, no caso de sociedade ou
• Manter as forças armadas
instituição.
• Administrar órgãos públicos de serviços à popula-
Parágrafo único. O PATRIMÔNIO pertence à ENTIDADE,
ção, como bancos.
mas a recíproca não é verdadeira. A soma ou a agregação con-
tábil de patrimônios autônomos não resulta em nova ENTIDA-
O poder legislativo é o poder de legislar, criar leis. DE, mas numa unidade de natureza econômico-contábil”.
O poder legislativo é representado pelos legisladores, Perspectivas do Setor Público
homens que devem elaborar as leis que regulam o Esta- O Princípio da Entidade se afirma, para o ente público,
do. O poder legislativo na maioria das repúblicas e monar- pela autonomia e responsabilização do patrimônio a ele per-
quias é constituído por um congresso, parlamento, assem- tencente.
bleias ou câmaras. A autonomia patrimonial tem origem na destinação so-
cial do patrimônio e a responsabilização pela obrigatoriedade
O  Poder judicial ou Poder judiciário possui a capa- da prestação de contas pelos agentes públicos.
cidade de julgar, de acordo com as leis criadas pelo Poder
Legislativo e de acordo com as regras constitucionais em O PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE
determinado país. Ministros, desembargadores e Juízes 1.1.1. O enunciado do Princípio da Continuidade
formam a classe dos magistrados (os que julgam). “Art. 5º A CONTINUIDADE, ou não, da ENTIDADE,
bem como a sua vida definida ou provável, devem ser consi-
RESOLUÇÃO CFC N° 1.111/07 deradas quando da classificação e da avaliação das mutações
SOBRE OS patrimoniais, quantitativas e qualitativas.
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DE CONTABILIDADE § 1º A CONTINUIDADE influencia o valor econômico dos
ativos e, em muitos casos, o valor de vencimento dos passivos,
INTRODUÇÃO AO APÊNDICE especialmente quando a extinção da ENTIDADE tem prazo
O ponto de partida para qualquer área do conhecimen- determinado, previsto ou previsível.
to humano deve ser sempre os princípios que a susten- § 2º A observância do Princípio da CONTINUIDADE é
tam. Esses princípios espelham a ideologia de determinado indispensável à correta aplicação do Princípio da COMPETÊN-
sistema, seus postulados básicos e seus fins. Vale dizer, os CIA, por efeito de se relacionar diretamente à quantificação
princípios são eleitos como fundamentos e qualificações dos componentes patrimoniais e à formação do resultado, e
de se constituir dado importante para aferir a capacidade fu-
essenciais da ordem que institui.
tura de geração de resultado”.
Os princípios possuem o condão de declarar e conso-
Perspectivas do Setor Público
lidar os altos valores da vida humana e, por isso, são consi-
No âmbito da entidade pública, a continuidade está vin-
derados pedras angulares e vigas-mestras do sistema.
culada ao estrito cumprimento da destinação social do seu
Adicionalmente, as novas demandas sociais estão a patrimônio, ou seja, a continuidade da entidade se dá en-
exigir um novo padrão de informações geradas pela Con- quanto perdurar sua finalidade.
tabilidade Pública, e que seus demonstrativos – item essen-
cial das prestações de contas dos gestores públicos – de- O PRINCÍPIO DA OPORTUNIDADE
vem ser elaborados de modo a facilitar, por parte dos seus 1.2.1. O enunciado do Princípio da Oportunidade
usuários e por toda a sociedade, a adequada interpretação “Art. 6º O Princípio da OPORTUNIDADE refere-se, simul-
dos fenômenos patrimoniais do setor público, o acompa- taneamente, à tempestividade e à integridade do registro do
nhamento do processo orçamentário, a análise dos resulta- patrimônio e das suas mutações, determinando que este seja
dos econômicos e o fluxo financeiro. feito de imediato e com a extensão correta, independente-
mente das causas que as originaram.
Parágrafo único. Como resultado da observância do
Princípio da OPORTUNIDADE:

11
CONTABILIDADE PÚBLICA

I - desde que tecnicamente estimável, o registro das O PRINCÍPIO DA COMPETÊNCIA


variações patrimoniais deve ser feito mesmo na hipótese de 1.5.1. O enunciado do Princípio da Competência
somente existir razoável certeza de sua ocorrência; “Art. 9º As receitas e as despesas devem ser incluídas na
II - o registro compreende os elementos quantitativos e apuração do resultado do período em que ocorrerem, sempre
qualitativos, contemplando os aspectos físicos e monetários; simultaneamente quando se correlacionarem, independente-
III - o registro deve ensejar o reconhecimento universal mente de recebimento ou pagamento.
das variações ocorridas no patrimônio da ENTIDADE, em um § 1º O Princípio da COMPETÊNCIA determina quando as
período de tempo determinado, base necessária para gerar alterações no ativo ou no passivo resultam em aumento ou
informações úteis ao processo decisório da gestão”. diminuição no patrimônio líquido, estabelecendo diretrizes
Perspectivas do Setor Público para classificação das mutações patrimoniais, resultantes da
O Princípio da Oportunidade é base indispensável à in- observância do Princípio da OPORTUNIDADE.
tegridade e à fidedignidade dos registros contábeis dos atos § 2º O reconhecimento simultâneo das receitas e das des-
e dos fatos que afetam ou possam afetar o patrimônio da pesas, quando correlatas, é consequência natural do respeito
entidade pública, observadas as Normas Brasileiras de Conta- ao período em que ocorrer sua geração.
bilidade aplicadas ao Setor Público. § 3º As receitas consideram-se realizadas:
A integridade e a fidedignidade dizem respeito à neces- I - nas transações com terceiros, quando estes efetuarem o
sidade de as variações serem reconhecidas na sua totalidade, pagamento ou assumirem compromisso firme de efetivá-lo, quer
independentemente do cumprimento das formalidades le- pela investidura na propriedade de bens anteriormente perten-
gais para sua ocorrência, visando ao completo atendimento centes à entidade, quer pela fruição de serviços por esta prestados;
da essência sobre a forma. II - quando da extinção, parcial ou total, de um passivo,
qualquer que seja o motivo, sem o desaparecimento conco-
O PRINCÍPIO DO REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL mitante de um ativo de valor igual ou maior;
1.3.1. O enunciado do Princípio do Registro pelo Valor III - pela geração natural de novos ativos independente-
Original mente da intervenção de terceiros;
IV - no recebimento efetivo de doações e subvenções.
“Art. 7º Os componentes do patrimônio devem ser regis-
§ 4º Consideram-se incorridas as despesas:
trados pelos valores originais das transações com o mundo
I - quando deixar de existir o correspondente valor ati-
exterior, expressos a valor presente na moeda do País, que
vo, por transferência de sua propriedade para terceiro;
serão mantidos na avaliação das variações patrimoniais pos-
II - pela diminuição ou extinção do valor econômico
teriores, inclusive quando configurarem agregações ou de-
de um ativo;
composições no interior da Entidade. III - pelo surgimento de um passivo, sem o correspon-
Parágrafo único. Do Princípio do REGISTRO PELO VALOR dente ativo”.
ORIGINAL resulta: Perspectivas do Setor Público
I - a avaliação dos componentes patrimoniais deve ser O Princípio da Competência é aquele que reconhece as
feita com base nos valores de entrada, considerando-se como transações e os eventos na ocorrência dos respectivos fatos
tais os resultantes do consenso com os agentes externos ou geradores, independentemente do seu pagamento ou recebi-
da imposição destes; mento, aplicando-se integralmente ao Setor Público.
II - uma vez integrados no patrimônio, o bem, o direi- Os atos e os fatos que afetam o patrimônio público devem
to ou a obrigação não poderão ter alterados seus valores in- ser contabilizados por competência, e os seus efeitos devem
trínsecos, admitindo-se, tão-somente, sua decomposição em ser evidenciados nas Demonstrações Contábeis do exercício
elementos e/ou sua agregação, parcial ou integral, a outros financeiro com o qual se relacionam, complementarmente ao
elementos patrimoniais; registro orçamentário das receitas e das despesas públicas.
III - o valor original será mantido enquanto o compo-
nente permanecer como parte do patrimônio, inclusive quan- O PRINCÍPIO DA PRUDÊNCIA
do da saída deste; 1.6.1. O enunciado do Princípio da Prudência
IV - os Princípios da ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA e do “Art. 10 O Princípio da PRUDÊNCIA determina a adoção
REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL são compatíveis entre si e do menor valor para os componentes do ATIVO e do maior
complementares, dado que o primeiro apenas atualiza e man- para os do PASSIVO, sempre que se apresentem alternativas
tém atualizado o valor de entrada; igualmente válidas para a quantificação das mutações patri-
V - o uso da moeda do País na tradução do valor dos moniais que alterem o patrimônio líquido.
componentes patrimoniais constitui imperativo de homoge- § 1º O Princípio da PRUDÊNCIA impõe a escolha da hi-
neização quantitativa dos mesmos”. pótese de que resulte menor patrimônio líquido, quando se
Perspectivas do Setor Público apresentarem opções igualmente aceitáveis diante dos de-
Nos registros dos atos e fatos contábeis será considerado mais Princípios Fundamentais de Contabilidade.
o valor original dos componentes patrimoniais. § 2º Observado o disposto no art. 7º, o Princípio da
Valor Original, que ao longo do tempo não se confun- PRUDÊNCIA somente se aplica às mutações posteriores,
de com o custo histórico, corresponde ao valor resultante de constituindo-se ordenamento indispensável à correta apli-
consensos de mensuração com agentes internos ou externos, cação do Princípio da COMPETÊNCIA.
com base em valores de entrada – a exemplo de custo histó- § 3º A aplicação do Princípio da PRUDÊNCIA ganha
rico, custo histórico corrigido e custo corrente; ou valores de ênfase quando, para definição dos valores relativos às va-
saída – a exemplo de valor de liquidação, valor de realização, riações patrimoniais, devem ser feitas estimativas que en-
valor presente do fluxo de benefício do ativo e valor justo. volvem incertezas de grau variável”.

12
CONTABILIDADE PÚBLICA

Perspectivas do Setor Público


As estimativas de valores que afetam o patrimônio devem refletir a aplicação de procedimentos de mensuração que
prefiram montantes, menores para ativos, entre alternativas igualmente válidas, e valores maiores para passivos.
A prudência deve ser observada quando, existindo um ativo ou um passivo já escriturado por determinados valores,
segundo os Princípios do Valor Original e da Atualização Monetária, surgirem possibilidades de novas mensurações.
A aplicação do Princípio da Prudência não deve levar a excessos ou a situações classificáveis como manipulação do
resultado, ocultação de passivos, super ou subavaliação de ativos. Pelo contrário, em consonância com os Princípios Cons-
titucionais da Administração Pública, deve constituir garantia de inexistência de valores fictícios, de interesses de grupos ou
pessoas, especialmente gestores, ordenadores e controladores.

4 COMPOSIÇÃO DO PATRIMÔNIO PÚBLICO.


4.1 PATRIMÔNIO PÚBLICO.
4.2 ATIVO.
4.3 PASSIVO.
4.4 SALDO PATRIMONIAL.

NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE


NBC T 16 – NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE
APLICADAS AO SETOR PÚBLICO
NBC T 16.2 – PATRIMÔNIO E SISTEMAS CONTÁBEIS

Índice Item
DISPOSIÇÕES GERAIS 1
DEFINIÇÕES 2
PATRIMÔNIO PÚBLICO 3
CLASSIFICAÇÃO DO PATRIMÔNIO PÚBLICO SOB O ENFOQUE CONTÁBIL 4–9
SISTEMA CONTÁBIL 10
ESTRUTURA DO SISTEMA CONTÁBIL 11 – 13

DISPOSIÇÕES GERAIS

1. Esta Norma estabelece o conceito de patrimônio público, sua classificação sob o enfoque contábil, o conceito e a
estrutura do sistema de informação contábil.

DEFINIÇÕES

2. Para efeito desta Norma, entende-se por:


Circulante: o conjunto de bens e direitos realizáveis e obrigações exigíveis até doze meses da data das demonstrações
contábeis. (Redação dada pela Resolução CFC n.º 1.437/13)
Conversibilidade: a qualidade do que pode ser conversível, ou seja, característica de transformação de bens e direi-
tos em moeda.
Exigibilidade: a qualidade do que é exigível, ou seja, característica inerente às obrigações pelo prazo de vencimento.
Não Circulante: o conjunto de bens e direitos realizáveis e obrigações exigíveis após doze meses da data das demons-
trações contábeis. (Redação dada pela Resolução CFC n.º 1.437/13)
Unidade Contábil: a soma, a agregação ou a divisão de patrimônios autônomos de uma ou mais entidades do setor
público.

13
CONTABILIDADE PÚBLICA

PATRIMÔNIO PÚBLICO ESTRUTURA DO SISTEMA CONTÁBIL

3. Patrimônio Público é o conjunto de direitos e bens, 11. A Contabilidade Aplicada ao Setor Público é orga-
tangíveis ou intangíveis, onerados ou não, adquiridos, for- nizada na forma de sistema de informações, cujos subsis-
mados, produzidos, recebidos, mantidos ou utilizados pelas temas, conquanto possam oferecer produtos diferentes em
entidades do setor público, que seja portador ou represente razão da respectiva especificidade, convergem para o pro-
um fluxo de benefícios, presente ou futuro, inerente à pres- duto final, que é a informação sobre o patrimônio público.
tação de serviços públicos ou à exploração econômica por
entidades do setor público e suas obrigações. 12. O sistema contábil está estruturado nos seguintes
subsistemas de informações:
CLASSIFICAÇÃO DO PATRIMÔNIO PÚBLICO SOB O (a) Orçamentário – registra, processa e evidencia os
ENFOQUE CONTÁBIL atos e os fatos relacionados ao planejamento e à execução
orçamentária;
4. O patrimônio público é estruturado em três grupos: (c) Patrimonial – registra, processa e evidencia os fatos
(a) Ativos são recursos controlados pela entidade como financeiros e não financeiros relacionados com as variações
resultado de eventos passados e do qual se espera que re- qualitativas e quantitativas do patrimônio público; (Reda-
sultem para a entidade benefícios econômicos futuros ou ção dada pela Resolução CFC n.º 1.268/09)
potencial de serviços; (d) Custos – registra, processa e evidencia os custos
(b) Passivos são obrigações presentes da entidade, de- dos bens e serviços, produzidos e ofertados à sociedade
rivadas de eventos passados, cujos pagamentos se esperam pela entidade pública, consoante a NBC T 16.11; (Redação
que resultem para a entidade saídas de recursos capazes de dada pela Resolução CFC n.º 1.437/13)
gerar benefícios econômicos ou potencial de serviços; (e) Compensação – registra, processa e evidencia os
(c) Patrimônio Líquido é o valor residual dos ativos da atos de gestão cujos efeitos possam produzir modificações
entidade depois de deduzidos todos seus passivos. (Reda- no patrimônio da entidade do setor público, bem como
ção dada pela Resolução CFC n.º 1.268/09)
aqueles com funções específicas de controle.
5. A classificação dos elementos patrimoniais consi-
13. Os subsistemas contábeis devem ser integrados
dera a segregação em “circulante” e “não circulante”, com
entre si e a outros subsistemas de informações de modo a
base em seus atributos de conversibilidade e exigibilidade.
subsidiar a administração pública sobre:
(a) desempenho da unidade contábil no cumprimen-
6. Os ativos devem ser classificados como circulante
quando satisfizerem a um dos seguintes critérios: to da sua missão;
(a) estarem disponíveis para realização imediata; (b) avaliação dos resultados obtidos na execução das
(b) tiverem a expectativa de realização até doze meses ações do setor público com relação à economicidade, à efi-
da data das demonstrações contábeis. (Redação dada pela ciência, à eficácia e à efetividade; (Redação dada pela Reso-
Resolução CFC n.º 1.437/13) lução CFC n.º 1.437/13)
(c) avaliação das metas estabelecidas pelo planeja-
7. Os demais ativos devem ser classificados como não mento;
circulante. (d) avaliação dos riscos e das contingências;
(e) conhecimento da composição e movimentação pa-
8. Os passivos devem ser classificados como circulan- trimonial. (Incluída pela Resolução CFC n.º 1.437/13)
te quando satisfizerem a um dos seguintes critérios:
(a) corresponderem a valores exigíveis até doze meses RESOLUÇÃO CFC Nº. 1.130/08
da data das demonstrações contábeis; (Redação dada pela
Resolução CFC n.º 1.437/13) Aprova a NBC T 16.3 – Planejamento e seus Instrumen-
(c) sejam pagos durante o ciclo operacional normal da tos sob o Enfoque Contábil.
entidade; (Incluída pela Resolução CFC n.º 1.437/13)
(d) sejam mantidos essencialmente para fins de nego- O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exercí-
ciação. (Incluída pela Resolução CFC n.º 1.437/13) cio de suas atribuições legais e regimentais,

9. Os demais passivos devem ser classificados como CONSIDERANDO a internacionalização das normas
não circulante. contábeis, que vem levando diversos países ao processo
de convergência;
SISTEMA CONTÁBIL
CONSIDERANDO o que dispõe a Portaria nº. 184/08,
10. O sistema contábil representa a estrutura de infor- editada pelo Ministério da Fazenda, que dispõe sobre as
mações sobre identificação, mensuração, registro, controle, diretrizes a serem observadas no setor público quanto aos
evidenciação e avaliação dos atos e dos fatos da gestão do procedimentos, práticas, elaboração e divulgação das de-
patrimônio público, com o objetivo de orientar e suprir o monstrações contábeis, de forma a torná-las convergentes
processo de decisão, a prestação de contas e a instrumenta- com as Normas Internacionais de Contabilidade Aplicadas
lização do controle social. ao Setor Público;

14
CONTABILIDADE PÚBLICA

CONSIDERANDO a criação do Comitê Gestor da Convergência no Brasil, que está desenvolvendo ações para promover
a convergência das Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público, às normas internacionais, até 2012;

RESOLVE:

Art. 1º Aprovar a NBC T 16. 3 – Planejamento e seus Instrumentos sob o Enfoque Contábil.

Art. 2º Esta Resolução entra em vigor na data da sua publicação, com adoção de forma facultativa, a partir dessa data,
e de forma obrigatória para os fatos ocorridos a partir de 1º de janeiro de 2010.

Brasília, 21 de novembro de 2008.


Contadora Maria Clara Cavalcante Bugarim
Presidente

5 VARIAÇÕES PATRIMONIAIS.
5.1 QUALITATIVAS.
5.2 QUANTITATIVAS: RECEITA E DESPESA SOB
O ENFOQUE PATRIMONIAL.
5.3 REALIZAÇÃO DA VARIAÇÃO PATRIMONIAL.
5.4 RESULTADO PATRIMONIAL.

NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE


NBC T 16 – NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE
APLICADAS AO SETOR PÚBLICO
NBC T 16.4 – TRANSAÇÕES NO SETOR PÚBLICO

Índice Item
DISPOSIÇÕES GERAIS 1
DEFINIÇÕES 2
NATUREZA DAS TRANSAÇÕES NO SETOR PÚBLICO E SEUS REFLEXOS NO
3
PATRIMÔNIO PÚBLICO
VARIAÇÕES PATRIMONIAIS 4–9
TRANSAÇÕES QUE ENVOLVEM VALORES DE TERCEIROS 10 – 11

DISPOSIÇÕES GERAIS

1. Esta Norma estabelece conceitos, natureza e tipicidades das transações no setor público.

DEFINIÇÕES

2. Para efeito desta Norma, entende-se por:


Transações no setor público: os atos e os fatos que promovem alterações qualitativas ou quantitativas, efetivas ou
potenciais, no patrimônio das entidades do setor público, as quais são objeto de registro contábil em estrita observância
aos Princípios de Contabilidade e às Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público. (Redação dada pela
Resolução CFC n.º 1.437/13)

15
CONTABILIDADE PÚBLICA

NATUREZA DAS TRANSAÇÕES NO SETOR PÚBLICO RESOLUÇÃO CFC N.º 1.132/08


E SEUS REFLEXOS NO PATRIMÔNIO PÚBLICO
Aprova a NBC T 16.5 – Registro Contábil.
3. De acordo com suas características e os seus refle-
xos no patrimônio público, as transações no setor público O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no
podem ser classificadas nas seguintes naturezas: exercício de suas atribuições legais e regimentais,
(a) econômico-financeira – corresponde às transa-
ções originadas de fatos que afetam o patrimônio públi- CONSIDERANDO a internacionalização das normas
co, em decorrência, ou não, da execução de orçamento, contábeis, que vem levando diversos países ao processo
podendo provocar alterações qualitativas ou quantitativas, de convergência;
efetivas ou potenciais;
(b) administrativa – corresponde às transações que CONSIDERANDO o que dispõe a Portaria n.º 184/08,
não afetam o patrimônio público, originadas de atos admi- editada pelo Ministério da Fazenda, que dispõe sobre as
nistrativos, com o objetivo de dar cumprimento às metas diretrizes a serem observadas no setor público quanto aos
programadas e manter em funcionamento as atividades da procedimentos, práticas, elaboração e divulgação das de-
entidade do setor público. monstrações contábeis, de forma a torná-las convergentes
com as Normas Internacionais de Contabilidade Aplicadas
VARIAÇÕES PATRIMONIAIS ao Setor Público;

4. As variações patrimoniais são transações que pro- CONSIDERANDO a criação do Comitê Gestor da Con-
movem alterações nos elementos patrimoniais da entidade vergência no Brasil, que está desenvolvendo ações para
do setor público, mesmo em caráter compensatório, afe- promover a convergência das Normas Brasileiras de Conta-
tando, ou não, o seu resultado. bilidade Aplicadas ao Setor Público, às normas internacio-
nais, até 2012;
5. As variações patrimoniais que afetem o patrimô-
nio líquido devem manter correlação com as respectivas RESOLVE:
contas patrimoniais.
Art. 1º Aprovar a NBC T 16.5 – Registro Contábil.
6. Entende-se por correlação a vinculação entre as
contas de resultado e as patrimoniais, de forma a permitir Art. 2º Esta Resolução entra em vigor na data da sua
a identificação dos efeitos nas contas patrimoniais produ- publicação, com adoção de forma facultativa, a partir dessa
zidos pela movimentação das contas de resultado. data, e de forma obrigatória para os fatos ocorridos a partir
de 1º de janeiro de 2010.
7. As variações patrimoniais classificam-se em quan-
titativas e qualitativas.
Brasília, 21 de novembro de 2008.
8. Entende-se como variações quantitativas aquelas Contadora Maria Clara Cavalcante Bugarim
decorrentes de transações no setor público que aumentam Presidente
ou diminuem o patrimônio líquido.
Ata CFC n.º 919
9. Entende-se como variações qualitativas aquelas
decorrentes de transações no setor público que alteram a
composição dos elementos patrimoniais sem afetar o pa-
trimônio líquido.

TRANSAÇÕES QUE ENVOLVEM VALORES DE TER-


CEIROS

10. Transações que envolvem valores de terceiros


são aquelas em que a entidade do setor público responde
como fiel depositária e que não afetam o seu patrimônio
líquido.

11. As transações que envolvem valores de terceiros


devem ser demonstradas de forma segregada.

16
CONTABILIDADE PÚBLICA

6 MENSURAÇÃO DE ATIVOS.
6.1 ATIVO IMOBILIZADO.
6.2 ATIVO INTANGÍVEL.
6.3 REAVALIAÇÃO E REDUÇÃO
AO VALOR RECUPERÁVEL.
6.4 DEPRECIAÇÃO, AMORTIZAÇÃO
E EXAUSTÃO.

NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE


NBC T 16 – NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE
APLICADAS AO SETOR PÚBLICO
NBC T 16.10 – AVALIAÇÃO E MENSURAÇÃO DE ATIVOS E
PASSIVOS EM ENTIDADES DO SETOR PÚBLICO

Índice Item
DISPOSIÇÕES GERAIS 1
DEFINIÇÕES 2
AVALIAÇÃO E MENSURAÇÃO 3
DISPONIBILIDADES 4–6
CRÉDITOS E DÍVIDAS 7 – 12
ESTOQUES 13 – 20
INVESTIMENTOS PERMANENTES 21 – 23
IMOBILIZADO 24 – 31
INTANGÍVEL 32 – 34
DIFERIDO 35
MENSURAÇÃO APÓS O RECONHECIMENTO INICIAL 35A – 35E
REAVALIAÇÃO E REDUÇÃO AO VALOR RECUPERÁVEL 36 – 40
PROCEDIMENTOS DE ADOÇÃO INICIAL 41 – 42

DISPOSIÇÕES GERAIS

1. Esta Norma estabelece critérios e procedimentos para a avaliação e a mensuração de ativos e passivos integrantes
do patrimônio de entidades do setor público.

DEFINIÇÕES

2. Para efeito desta Norma, entende-se por:


Avaliação patrimonial: a atribuição de valor monetário a itens do ativo e do passivo decorrentes de julgamento
fundamentado em consenso entre as partes e que traduza, com razoabilidade, a evidenciação dos atos e dos fatos admi-
nistrativos.
Influência significativa é o poder de participar das decisões sobre políticas financeiras e operacionais de uma investida,
mas sem que haja o controle individual ou conjunto dessas políticas. (Redação dada pela Resolução CFC n.º 1.437/13)
Mensuração: a constatação de valor monetário para itens do ativo e do passivo decorrente da aplicação de proce-
dimentos técnicos suportados em análises qualitativas e quantitativas.
Reavaliação: a adoção do valor de mercado ou de consenso entre as partes para bens do ativo, quando esse for
superior ao valor líquido contábil.
Redução ao valor recuperável (impairment): é a redução nos benefícios econômicos futuros ou no potencial de serviços
de um ativo que reflete o declínio na sua utilidade, além do reconhecimento sistemático por meio da depreciação. (Redação
dada pela Resolução CFC n.º 1.437/13)

17
CONTABILIDADE PÚBLICA

Perda por desvalorização é o montante pelo qual o va- 9. Os direitos, os títulos de crédito e as obrigações
lor contábil de um ativo ou de unidade geradora de caixa prefixados são ajustados a valor presente.
excede seu valor recuperável. (Incluída pela Resolução CFC
n.º 1.437/13) 10. Os direitos, os títulos de crédito e as obrigações
Valor de aquisição: a soma do preço de compra de pós-fixadas são ajustados considerando-se todos os encar-
um bem com os gastos suportados direta ou indiretamente gos incorridos até a data de encerramento do balanço.
para colocá-lo em condição de uso.
Valor justo é o preço que seria recebido pela venda de 11. As provisões são constituídas com base em esti-
um ativo ou que seria pago pela transferência de um pas- mativas pelos prováveis valores de realização para os ativos
sivo em uma transação não forçada entre participantes do
e de reconhecimento para os passivos.
mercado na data de mensuração. (Incluída pela Resolução
CFC n.º 1.437/13)
12. As atualizações e os ajustes apurados são contabi-
Valor bruto contábil: o valor do bem registrado na
lizados em contas de resultado.
contabilidade, em uma determinada data, sem a dedução
da correspondente depreciação, amortização ou exaustão
acumulada. ESTOQUES
Valor líquido contábil: o valor do bem registrado
na contabilidade, em determinada data, deduzido da cor- 13. Os estoques são mensurados ou avaliados com
respondente depreciação, amortização ou exaustão acu- base no valor de aquisição ou no valor de produção ou de
mulada. construção.
Valor realizável líquido: a quantia que a entidade
do setor público espera obter com a alienação ou a utili- 14. Os gastos de distribuição, de administração geral
zação de itens de inventário quando deduzidos os gastos e financeiros são considerados como despesas do período
estimados para seu acabamento, alienação ou utilização. em que ocorrerem.
Valor recuperável: o valor de mercado de um ativo
menos o custo para a sua alienação, ou o valor que a en- 15. Se o valor de aquisição, de produção ou de cons-
tidade do setor público espera recuperar pelo uso futuro trução for superior ao valor de mercado, deve ser adotado
desse ativo nas suas operações, o que for maior. o valor de mercado.

AVALIAÇÃO E MENSURAÇÃO 16. O método para mensuração e avaliação das saí-
das do almoxarifado é o custo médio ponderado. (Redação
3. A avaliação e a mensuração dos elementos patri- dada pela Resolução CFC n.º 1.437/13)
moniais nas entidades do setor público obedecem aos cri-
térios relacionados nos itens 4 a 35 desta Norma. 16A. Quando não for viável a identificação de custos
específicos dos estoques, deve ser utilizado o custo médio
DISPONIBILIDADES ponderado. (Incluído pela Resolução CFC n.º 1.437/13)
4. As disponibilidades são mensuradas ou avaliadas
17. Quando houver deterioração física parcial, obso-
pelo valor original, feita a conversão, quando em moeda
lescência, bem como outros fatores análogos, deve ser uti-
estrangeira, à taxa de câmbio vigente na data do Balanço
lizado o valor de mercado.
Patrimonial.

5. As aplicações financeiras de liquidez imediata são 18. Os resíduos e os refugos devem ser mensurados,
mensuradas ou avaliadas pelo valor original, atualizadas na falta de critério mais adequado, pelo valor realizável lí-
até a data do Balanço Patrimonial. quido.

6. As atualizações apuradas são contabilizadas em 19. Relativamente às situações previstas nos itens 13 a
contas de resultado. 18 desta Norma, as diferenças de valor de estoques devem
ser refletidas em contas de resultado.
CRÉDITOS E DÍVIDAS
20. Os estoques de animais e de produtos agrícolas e
7. Os direitos, os títulos de créditos e as obrigações extrativos devem ser mensurados ao valor justo menos a
são mensurados ou avaliados pelo valor original, feita a despesa de venda no momento do reconhecimento inicial
conversão, quando em moeda estrangeira, à taxa de câm- e no final de cada período de competência (na data das de-
bio vigente na data do Balanço Patrimonial. monstrações contábeis), exceto quando o valor justo não
puder ser mensurado de forma confiável. (Redação dada
8. Os riscos de recebimento de dívidas são reconhe- pela Resolução CFC n.º 1.437/13)
cidos em conta de ajuste, a qual será reduzida ou anulada
quando deixarem de existir os motivos que a originaram.

18
CONTABILIDADE PÚBLICA

INVESTIMENTOS PERMANENTES INTANGÍVEL

21. As participações em empresas sobre cuja adminis- 32. Os direitos que tenham por objeto bens incor-
tração se tenha influência significativa devem ser mensura- póreos destinados à manutenção da atividade pública ou
das ou avaliadas pelo método da equivalência patrimonial. exercidos com essa finalidade são mensurados ou avalia-
(Redação dada pela Resolução CFC n.º 1.437/13) dos com base no valor de aquisição ou de produção.
22. As demais participações podem ser mensuradas
ou avaliadas de acordo com o custo de aquisição. 33. O critério de mensuração ou avaliação dos ativos
intangíveis obtidos a título gratuito e a eventual impossibi-
23. Os ajustes apurados são contabilizados em contas lidade de sua valoração devem ser evidenciados em notas
de resultado. explicativas.

IMOBILIZADO 34. Os gastos posteriores à aquisição ou ao registro


de elemento do ativo intangível devem ser incorporados
24. O ativo imobilizado, incluindo os gastos adicionais ao valor desse ativo quando houver possibilidade de ge-
ou complementares, é mensurado ou avaliado com base ração de benefícios econômicos futuros ou potenciais de
no valor de aquisição, produção ou construção. serviços. Qualquer outro gasto deve ser reconhecido como
despesa do período em que seja incorrido.
25. Quando os elementos do ativo imobilizado tive-
rem vida útil econômica limitada, ficam sujeitos a depre-
ciação, amortização ou exaustão sistemática durante esse MENSURAÇÃO APÓS O RECONHECIMENTO INICIAL
período, sem prejuízo das exceções expressamente consig- (Incluído pela Resolução CFC n.º 1.437/13)
nadas.
35A. A entidade deve escolher o modelo de custo do
item 35B ou o modelo de reavaliação do item 35C como
26. Quando se tratar de ativos do imobilizado obtidos
sua política contábil e deve aplicar tal política para uma
a título gratuito deve ser considerado o valor resultante da
classe inteira de ativos imobilizados, salvo disposição legal
avaliação obtida com base em procedimento técnico ou
contrária. (Incluído pela Resolução CFC n.º 1.437/13)
valor patrimonial definido nos termos da doação.
Método do custo (Incluído pela Resolução CFC n.º
27. O critério de avaliação dos ativos do imobilizado
1.437/13)
obtidos a título gratuito e a eventual impossibilidade de
sua mensuração devem ser evidenciados em notas explica- 35B. Após o reconhecimento como ativo, um item do
tivas. ativo imobilizado deve ser evidenciado pelo custo menos
qualquer depreciação e redução ao valor recuperável acu-
28. Os gastos posteriores à aquisição ou ao registro muladas. (Incluído pela Resolução CFC n.º 1.437/13)
de elemento do ativo imobilizado devem ser incorporados
ao valor desse ativo quando houver possibilidade de ge- Método da reavaliação (Incluído pela Resolução CFC
ração de benefícios econômicos futuros ou potenciais de n.º 1.437/13)
serviços. Qualquer outro gasto que não gere benefícios fu-
turos deve ser reconhecido como despesa do período em 35C. A reavaliação é uma política contábil de mensu-
que seja incorrido. ração alternativa em relação ao método do custo, útil para
assegurar que o valor contábil de determinados ativos não
29. No caso de transferências de ativos, o valor a atri- difira materialmente daquele que seria determinado, usan-
buir deve ser o valor contábil líquido constante nos regis- do-se seu valor justo na data das demonstrações contá-
tros da entidade de origem. Em caso de divergência deste beis. (Incluído pela Resolução CFC n.º 1.437/13)
critério com o fixado no instrumento de autorização da
transferência, o mesmo deve ser evidenciado em notas ex- 35D. Uma vez adotado o método da reavaliação para
plicativas. um item do ativo imobilizado após o seu reconhecimento
inicial, tal item, cujo valor justo possa ser mensurado con-
30. Os bens de uso comum que absorveram ou absor- fiavelmente, deve ser apresentado pelo seu valor reavalia-
vem recursos públicos, ou aqueles eventualmente recebi- do, correspondente ao seu valor justo à data da reavaliação
dos em doação, devem ser incluídos no ativo não circulante menos qualquer depreciação e redução ao valor recupe-
da entidade responsável pela sua administração ou contro- rável acumuladas subsequentes. (Incluído pela Resolução
le, estejam, ou não, afetos a sua atividade operacional. CFC n.º 1.437/13)

31. A mensuração dos bens de uso comum será efe- 35E. Se um item do ativo imobilizado for reavaliado,
tuada, sempre que possível, ao valor de aquisição ou ao toda a classe do ativo imobilizado à qual pertence esse
valor de produção e construção. ativo deve ser reavaliado. (Incluído pela Resolução CFC n.º
1.437/13)

19
CONTABILIDADE PÚBLICA

REAVALIAÇÃO E REDUÇÃO AO VALOR RECUPERÁ- Art. 2º Esta Resolução entra em vigor na data de sua
VEL publicação, aplicando-se aos exercícios iniciados a partir
de 1º de janeiro de 2012. A entidade que esteja sujeita a
36. As reavaliações devem ser feitas utilizando-se o legislação que estabeleça prazo distinto para início da sua
valor justo ou o valor de mercado na data de encerramento adoção pode adotar esta Norma a partir do prazo estabe-
do Balanço Patrimonial, pelo menos: lecido por aquela legislação.
(a) anualmente, para as contas ou grupo de contas
cujos valores de mercado variarem significativamente em Brasília, 25 de novembro de 2011.
relação aos valores anteriormente registrados;
(b) a cada quatro anos, para as demais contas ou gru-
pos de contas. Contador Juarez Domingues Carneiro
Presidente
37. Na impossibilidade de se estabelecer o valor de
mercado, o valor do ativo pode ser definido com base em
parâmetros de referência que considerem características,
7 MENSURAÇÃO DE PASSIVOS.
circunstâncias e localizações assemelhadas.
7.1 PROVISÕES.
38. Em caso de bens imóveis específicos, o valor justo 7.2 PASSIVOS CONTINGENTES.
pode ser estimado utilizando-se o valor de reposição do
ativo devidamente depreciado.
Este conteúdo já está descrito no item anterior.
39. O valor de reposição de um ativo depreciado pode
ser estabelecido por referência ao preço de compra ou
construção de um ativo semelhante com similar potencial
de serviço. 8 TRATAMENTO CONTÁBIL APLICÁVEL
AOS IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES.
40. Os acréscimos ou os decréscimos do valor do ativo
em decorrência, respectivamente, de reavaliação ou redu-
ção ao valor recuperável (impairment) devem ser registra- IBRACON NPC nº 25 - CONTABILIZAÇÃO DO IM-
dos em contas de resultado. POSTO DE RENDA E DA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL
PROCEDIMENTOS CONTÁBEIS APLICÁVEIS
PROCEDIMENTOS DE ADOÇÃO INICIAL (Incluído
pela Resolução CFC n.º 1.437/13) 1. Este pronunciamento tem por objetivo normatizar o
tratamento contábil do imposto de renda e da contribuição
41. A entidade que adotar as normas aplicadas ao se- social das entidades.
tor público deve reconhecer inicialmente os estoques, imo- Seu aspecto principal é a contabilização das conse-
bilizados e intangíveis pelo custo ou valor justo. (Incluído quências fiscais atuais e futuras decorrentes de:
pela Resolução CFC n.º 1.437/13) a) recuperação ou liquidação futura do valor contábil
de ativos ou passivos reconhecidos no balanço patrimo-
42. A entidade deve reconhecer os efeitos do reco- nial da entidade;
nhecimento inicial dos ativos como ajuste de exercícios an- b) transações e outros eventos do período que são
teriores no período em que é reconhecido pela primeira reconhecidos nas demonstrações contábeis da entidade.
2. A contabilização de um ativo ou passivo enseja que
vez. (Incluído pela Resolução CFC n.º 1.437/13)
a recuperação ou liquidação de seus valores possa produzir
alterações nas futuras apurações de imposto de renda e
RESOLUÇÃO CFC N.º 1.366/11
contribuição social, através da sua dedutibilidade ou tri-
butação. Nessa circunstância, este pronunciamento deter-
Aprova a NBC T 16.11 – Sistema de Informação de mina que a entidade reconheça, com certas exceções, esse
Custos do Setor Público. impacto fiscal através da contabilização de um passivo ou
ativo fiscal diferido, no período em que tais diferenças sur-
O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no girem.
exercício de suas atribuições legais e regimentais e com 3. Este pronunciamento determina que a entidade re-
fundamento no disposto na alínea “f” do Art. 6º do Decreto gistre contabilmente os efeitos fiscais de suas transações
-Lei n.º 9.295/46, alterado pela Lei n.º 12.249/10, e outros eventos no mesmo período contábil que regis-
trar essas transações e os outros eventos. Adicionalmente,
RESOLVE: quando as transações e outros eventos forem reconheci-
Art. 1º Aprovar a NBC T 16.11 – Sistema de Informação dos na demonstração do resultado, todos os efeitos fiscais
de Custos do Setor Público. correspondentes também serão reconhecidos na demons-

20
CONTABILIDADE PÚBLICA

tração do resultado. Quando contabilizados diretamente 13. Diferenças Temporárias são as diferenças que im-
no patrimônio líquido, a contabilização dos efeitos fiscais pactam ou podem impactar a apuração do imposto de ren-
também será no patrimônio líquido. Este pronunciamento da e da contribuição social decorrentes de diferenças tem-
trata também do reconhecimento de ativos fiscais diferidos porárias entre a base fiscal de um ativo ou passivo e seu
decorrentes de prejuízos ou créditos fiscais não utilizados, valor contábil no balanço patrimonial. Elas podem ser:
da apresentação do imposto de renda e da contribuição a) tributáveis, ou seja, que resultarão em valores a se-
social nas demonstrações contábeis e da divulgação de in- rem adicionados no cálculo do resultado tributável de pe-
formações sobre tais impostos. ríodos futuros, quando o valor contábil do ativo ou passivo
4. O ativo fiscal diferido decorrente de prejuízos fiscais for recuperado ou liquidado;
de imposto de renda e bases negativas de contribuição so- b) dedutíveis, ou seja, que resultarão em valores a se-
cial deve ser reconhecido, total ou parcialmente, desde que rem deduzidos no cálculo do resultado tributável de perío-
a entidade tenha histórico de rentabilidade, acompanhado dos futuros, quando o valor contábil do ativo ou passivo for
da expectativa fundamentada dessa rentabilidade por pra- recuperado ou liquidado.
zo que considere o limite máximo de compensação permi- 14.Base Fiscal de um ativo ou passivo é o valor atribuí-
tido pela legislação. do a um ativo ou passivo para fins tributários.
5. Para os fins deste pronunciamento, o imposto de
renda compreende tanto o imposto do próprio país como EMBASAMENTO TÉCNICO-CONTÁBIL
os impostos de outros países a que a entidade estiver su- Diferenças Temporárias Tributáveis
jeita, sempre que baseados em resultados tributáveis. O 15. Algumas diferenças temporárias surgem quando se
imposto de renda compreende também os impostos que, inclui receita ou despesa no resultado contábil em um perío-
tal como o imposto retido na fonte, são recolhidos por uma do, e no resultado tributável em período diferente. A seguir,
controlada, coligada ou “joint venture” sobre as distribui- apresentam-se exemplos de diferenças desse tipo que são
ções feitas para a entidade. diferenças temporárias tributáveis e, portanto, resultam em
6. Este pronunciamento não especifica quando ou obrigações fiscais diferidas:
a) a depreciação considerada na determinação do resul-
como a entidade deve contabilizar os efeitos fiscais de di-
tado tributável pode ser diferente daquela que é considera-
videndos. As movimentações no patrimônio líquido para
da na determinação do resultado contábil.
atendimento de procedimentos específicos determinados
por órgãos regulamentadores serão objeto de pronuncia-
Surge, então, uma diferença entre o valor líquido contá-
mentos futuros.
bil do ativo e sua base fiscal, que é o custo do ativo menos as
correspondentes depreciações acumuladas, permitidas pela
DEFINIÇÕES
legislação fiscal. Se essa diferença reverter-se ao longo do
7. Resultado Contábil antes do Imposto de Renda é tempo, teremos uma diferença temporária. Uma aceleração
o lucro líquido ou prejuízo de um período, antes da dedu- da depreciação para fins fiscais resulta em uma obrigação
ção ou acréscimo das despesas ou receitas de imposto de fiscal diferida. Por outro lado, uma aceleração da deprecia-
renda e da contribuição social. ção para fins contábeis resulta em um ativo fiscal diferido;
8.  Resultado Tributável  é o lucro ou prejuízo de um b) receita contabilizada, mas ainda não recebida, relativa
período, calculado de acordo com as regras estabelecidas a contratos de longo prazo de construção por empreitada
pelas autoridades fiscais, e sobre o qual são devidos ou ou de fornecimento de bens ou serviços, quando celebrados
recuperáveis o imposto de renda e a contribuição social. com o governo ou entidades do governo;
9. Despesas ou Receitas de Imposto de Renda e da c) ganhos de capital registrados contabilmente e decor-
Contribuição é o valor total incluído na determinação do rentes de vendas de bens do ativo imobilizado, cujo recebi-
lucro líquido ou prejuízo do período, no tocante a tal im- mento e tributação dar-se-ão a longo prazo.
posto e contribuição, abrangendo os valores correntes e 16. A reavaliação de ativos é permitida em certas condi-
diferidos. ções, porém não afeta o resultado tributável no período em
10. Imposto de Renda e Contribuição Social Corren- que ocorre; contudo, a base fiscal do ativo não é ajustada. A
tes é o montante do imposto de renda e da contribuição diferença entre o valor contábil de um ativo reavaliado e sua
social a pagar ou recuperar com relação ao resultado tribu- base fiscal constitui uma diferença temporária e dá origem a
tável do período. obrigação fiscal diferida. Assim, mesmo que a entidade não
11.  Obrigações Fiscais Diferidas são os valores do pretenda alienar o ativo, o valor contábil reavaliado é o que
imposto de renda e da contribuição social a pagar em pe- será recuperado através da depreciação ou exaustão, geran-
ríodos futuros, com relação a diferenças temporárias tribu- do, portanto, uma receita tributável correspondente ao ex-
táveis. cesso de depreciação contábil em relação àquela permitida
12. Ativos Fiscais Diferidos são os valores do imposto para fins fiscais.
de renda e da contribuição social a recuperar em períodos 17. Nesse caso, o montante dos impostos e contribui-
futuros com relação a: ções relativo à diferença entre o valor contábil e sua corres-
a) diferenças temporárias dedutíveis; pondente base fiscal deve ser, nos termos deste pronuncia-
b) compensação futura de prejuízos fiscais não utili- mento, integralmente provisionado, no momento do regis-
zados. tro da reavaliação, mediante a utilização de conta retificado-
ra da reserva de reavaliação.

21
CONTABILIDADE PÚBLICA

Diferenças Temporárias Dedutíveis b) se é provável que terá lucros tributáveis antes de pres-
18. A seguir são dados exemplos de diferenças temporá- crever o direito à compensação dos prejuízos fiscais;
rias dedutíveis que resultam em ativo fiscal diferido: c)se os prejuízos fiscais resultam de causa identificada que
a) provisão para garantia de produtos, registrada na con- provavelmente não ocorrerá novamente;
tabilidade no período de sua venda, mas dedutível para fins d) se há oportunidade identificada de planejamento tri-
fiscais somente quando realizada; butário, respeitados os princípios fundamentais de contabili-
b) provisão para gastos com manutenção e reparo de dade, que possa gerar lucro tributável no período em que os
equipamentos, deduzida, para fins fiscais, apenas quando es- prejuízos possam ser compensados. Se não for provável que
tes forem efetivamente realizados; haverá lucro tributável para compensar os prejuízos fiscais, o
c) provisão para riscos fiscais e outros passivos contingentes; ativo fiscal diferido não deve ser reconhecido.
d) provisões contabilizadas acima dos limites permitidos
pela legislação fiscal, cujos excessos sejam recuperáveis fiscal- Diferenças Temporárias
mente no futuro, tal como a provisão para créditos duvidosos 22. O imposto de renda e a contribuição social correntes,
ou em liquidação; referentes aos períodos corrente e anteriores, devem ser re-
e) provisão para perdas permanentes em investimentos; conhecidos como obrigação, à medida que são devidos. Se
f)  receitas tributadas em determinado período, que so- o montante já pago, referente aos períodos corrente e ante-
mente serão reconhecidas contabilmente em período ou pe- riores, exceder o montante considerado devido, o excedente,
ríodos futuros, para atender ao Princípio da Competência; caso seja recuperável, deve ser reconhecido como ativo.
g) amortização contábil de ágio que somente será dedutí- 23. O imposto de renda e a contribuição social correntes,
vel por ocasião de sua realização por alienação ou baixa; relativos ao exercício que se está reportando, devem ser re-
h) certos ativos podem ser reavaliados, sem que se faça conhecidos pelo valor que, às alíquotas aplicáveis, se espera
um ajuste equivalente para fins tributários. A diferença tempo- pagar ou recuperar.
rária dedutível surge se a base fiscal do ativo exceder seu valor 24. A obrigação fiscal diferida deve ser reconhecida com
contábil ajustado ao valor de mercado (reavaliação negativa), relação a todas as diferenças temporárias tributáveis, exceto se
ou valor de recuperação. decorrente da compra de ativo não dedutível.
25. Um ativo fiscal diferido deve ser reconhecido para
Ativo Fiscal Diferido todas as diferenças temporárias dedutíveis, quando satisfizer
19. Deve-se reconhecer o ativo fiscal diferido com relação uma das seguintes condições:
a prejuízos fiscais à medida que for provável que no futuro a) haja expectativa de geração de lucro tributável no futu-
haverá lucro tributável suficiente para compensar esses prejuí- ro, contra o qual se possa utilizar essas diferenças, demonstra-
zos. A avaliação dessa situação é de responsabilidade da ad- da em planos e projeções da administração; ou
ministração da entidade e requer julgamento das evidências b) exista obrigação fiscal diferida em montante e em pe-
existentes. A ocorrência de prejuízos recorrentes constitui uma ríodo de realização que possibilite a compensação do ativo
dúvida sobre a recuperabilidade do ativo diferido. Precisa ser fiscal diferido.
claramente entendida a vinculação entre o reconhecimento de
ativo fiscal diferido e a avaliação da continuidade operacional Mensuração Inicial
da entidade efetuada para a aplicação de princípios contábeis 26. O ativo e o passivo fiscais diferidos devem ser reco-
aplicáveis a entidades em liquidação. Certamente, a existên- nhecidos às alíquotas aplicáveis ao período em que o ativo
cia de dúvidas quanto à continuidade operacional demonstra será realizado ou o passivo liquidado.
que não é procedente o lançamento contábil dos ativos fiscais 27. Quando se aplicam diferentes alíquotas às diversas fai-
diferidos. Por outro lado, apesar de não existir dúvida sobre xas de lucro tributável, o ativo e o passivo fiscais devem ser
continuidade, poderão existir circunstâncias em que não seja reconhecidos às taxas médias que se espera aplicar ao lucro
procedente o registro do ativo fiscal diferido. tributável ou ao prejuízo fiscal dos períodos em que se prevê a
20. Nesse contexto, os pressupostos utilizados para a ava- reversão das diferenças temporárias.
liação da probabilidade de ocorrência de lucros tributáveis fu- Mensurações Posteriores
turos, que envolvem providências internas da administração, 28. A entidade, periodicamente, deve reanalisar o ativo
são evidências mais concretas ou melhor administráveis do que fiscal diferido não reconhecido e reconhecê-lo à medida que
pressupostos que envolvem terceiros ou uma situação de mer- se tornar provável que no futuro haverá lucro tributável ca-
cado (por exemplo, significativo aumento das vendas ou de- paz de permitir a recuperação desse ativo. Por exemplo, com
pendência de preço de commodities). Também, os pressupostos a melhoria das condições de negócios, pode ter-se tornado
se tomam mais imprecisos na medida em que o período das provável que no futuro a entidade venha a gerar lucro tributá-
projeções aumenta. Ao aumentar esse período, diminui a capa- vel, atendendo assim aos critérios de reconhecimento de ativo
cidade da administração em elaborar suas melhores estimativas. fiscal diferido.
21. A entidade, ao avaliar a probabilidade de lucro tributá- 29. Por outro lado, o valor contábil de um ativo fiscal di-
vel futuro contra o qual possa utilizar os prejuízos fiscais, deve ferido deve, também, ser revisto periodicamente e a entidade
considerar os seguintes critérios: deve reduzi-lo ou extingui-lo à medida que não for provável
a) se existem diferenças temporárias tributáveis suficien- que haverá lucro tributável suficiente para permitir a utiliza-
tes, relativas à mesma autoridade fiscal, que resultem em va- ção total ou parcial do ativo fiscal diferido. Essa redução ou
lores tributáveis contra os quais esses prejuízos fiscais possam extinção deve ser revertida à medida que se torne novamente
ser utilizados antes que prescrevam; provável a disponibilidade de lucro tributável suficiente.

22
CONTABILIDADE PÚBLICA

Reconhecimento de Impostos Corrente e Diferido


30. A contabilização de efeitos fiscais correntes e diferidos de uma transação ou outro evento deve ser condizente e acom-
panhar a contabilização da própria transação ou evento, como detalhado a seguir.
Demonstração do Resultado
31. O montante dos impostos corrente e diferido, apurado na forma deste pronunciamento, deve ser reconhecido integral-
mente como despesa ou receita no resultado do período, observado o disposto no item 34.
32. A maioria dos passivos e ativos fiscais diferidos surge da inclusão de despesa ou receita no lucro contábil em um pe-
ríodo diferente daquele em que é tributável ou dedutível. A contrapartida desse diferimento deve ser reconhecida na demons-
tração do resultado.
33. O valor contábil dos passivos e ativos fiscais diferidos pode mudar, mesmo que não se altere o valor das diferenças
temporárias correlatas. Isso pode ocorrer como resultado do seguinte:
a) mudanças nas alíquotas ou na legislação fiscal;
b) reconsideração da possibilidade de recuperação do ativo fiscal diferido;
c)mudança na maneira pela qual se espera recuperar um ativo. O imposto de renda resultante é reconhecido na demons-
tração do resultado, salvo quando se relacionar com itens anteriormente debitados ou creditados no patrimônio líquido.

Lançamentos Diretos no Patrimônio Líquido


34. Os impostos corrente e diferido devem ser registrados diretamente no patrimônio líquido, quando se relacionarem a
itens também registrados, no mesmo período ou em período diferente, diretamente no patrimônio líquido, como, por exemplo:
a) mudança no valor contábil do imobilizado decorrente de reavaliação;
b) ajustes de exercícios anteriores.

APRESENTAÇÃO
Ativos e Passivos Fiscais
35. No balanço patrimonial, o ativo e o passivo fiscais devem ser apresentados separadamente de outros ativos e passivos,
e o ativo e o passivo fiscais diferidos devem distinguir-se dos correntes.
36. O passivo fiscal corrente deve ser classificado no passivo circulante. O ativo ou passivo fiscal diferido deve ser classifica-
do destacadamente no realizável ou exigível a longo prazo e transferido para o circulante no momento apropriado, mas sempre
evidenciando tratar-se de item fiscal diferido.

Compensação
37. A entidade só deve compensar ativo e passivo fiscais se, tendo direito legal para tanto, pretender quitá-los em bases
líquidas, ou simultaneamente realizar o ativo e liquidar a obrigação.
Despesa ou Receita de Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre o Resultado do Exercício
38. A despesa ou receita tributária sobre os resultados das atividades ordinárias do exercício deve ser apresentada na de-
monstração do resultado, em conta destacada após o resultado contábil antes do imposto de renda e da contribuição social, e
antes de apurar o lucro líquido ou prejuízo do exercício.
39. A despesa ou receita tributária sobre resultados extraordinários deve ser apresentada como componente de tais resul-
tados.

Divulgação
40. As demonstrações contábeis e/ou as notas explicativas devem conter, quando relevantes, informações evidenciando:
a) montante dos impostos corrente e diferido registrados no resultado, patrimônio líquido, ativo e passivo;
b) natureza, fundamento e expectativa de prazo para realização de cada ativo e obrigações fiscais diferidas;
c) efeitos no ativo, passivo, resultado e patrimônio líquido decorrentes de ajustes por alteração de alíquotas ou por mudan-
ça na expectativa de realização ou liquidação dos ativos ou passivos diferidos;
d) montante das diferenças temporárias e dos prejuízos fiscais não utilizados para os quais não se reconheceu contabilmen-
te um ativo fiscal diferido, com a indicação do valor dos tributos que não se qualificaram para esse reconhecimento;
e) conciliação entre o valor debitado ou creditado ao resultado de imposto de renda e contribuição social e o produto do
resultado contábil antes do imposto de renda multiplicado pelas alíquotas aplicáveis, divulgando-se também tais alíquotas e
suas bases de cálculo;
f)  natureza e montante de ativos cuja base fiscal seja inferior a seu valor contábil.

Data da Vigência
41. Este pronunciamento passa a vigorar para demonstrações contábeis relativas aos períodos iniciados em ou após 1º de
janeiro de 1999, sendo incentivada a sua aplicação antecipada.

Disposições Transitórias
42. Os ajustes decorrentes da implementação deste pronunciamento deverão ser efetuados como ajustes de exercícios
anteriores.

23
CONTABILIDADE PÚBLICA

Disposições Anteriores
43. Este pronunciamento revoga as disposições anteriores em contrário, especialmente o pronunciamento do IBRACON
“XX - Imposto de Renda Diferido”,
NPC N° 25 - Pronunciamento aprovado pela Diretoria Nacional em reunião realizada em Maio de 1998.
(Este pronunciamento foi referendado pela CVM conforme deliberação n° 273 de 20/8/1998)

9 SISTEMA DE CUSTOS.
9.1 ASPECTOS LEGAIS DO SISTEMA DE CUSTOS.
9.2 AMBIENTE DA INFORMAÇÃO DE CUSTOS.
9.3 CARACTERÍSTICAS DA
INFORMAÇÃO DE CUSTOS.
9.4 TERMINOLOGIA DE CUSTOS.

NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE


NBC T 16.11 – SUBSISTEMA DE INFORMAÇÃO DE CUSTOS DO SETOR PÚBLICO

Índice Item

OBJETIVO 1–6

ALCANCE 7–8

DEFINIÇÕES 9

CARACTERÍSTICAS E ATRIBUTOS DA INFORMAÇÃO DE CUSTOS 10 – 12
EVIDENCIAÇÃO DAS INFORMAÇÕES DE CUSTOS 13

REGIME DE COMPETÊNCIA 14

COTA DE DISTRIBUIÇÃO DE CUSTOS INDIRETOS 15 – 17

VARIAÇÃO DA CAPACIDADE PRODUTIVA 18

INTEGRAÇÃO COM OS DEMAIS SISTEMAS ORGANIZACIONAIS 19 – 20
IMPLANTAÇÃO DO SUBSISTEMA DE CUSTOS 21

RESPONSABILIDADE PELA INFORMAÇÃO DE CUSTOS 22 – 24

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO ECONÔMICO 25 – 27

Objetivo

1. Esta Norma estabelece a conceituação, o objeto, os objetivos e as regras básicas para mensuração e evidenciação
dos custos no setor público e apresentado, nesta Norma, como Subsistema de Informação de Custos do Setor Público (SI-
CSP). (Redação dada pela Resolução CFC n.º 1.437/13)

2. O SICSP registra, processa e evidencia os custos de bens e serviços e outros objetos de custos, produzidos e ofe-
recidos à sociedade pela entidade pública.

24
CONTABILIDADE PÚBLICA

3. O SICSP de bens e serviços e outros objetos de Informações do subsistema orçamentário: a dimensão


custos públicos têm por objetivo: dos produtos e serviços prestados; função, atividades, pro-
(a) mensurar, registrar e evidenciar os custos dos pro- jetos, programas executados; centros de responsabilidade
dutos, serviços, programas, projetos, atividades, ações, ór- – poderes e órgãos, identificados e mensurados a partir
gãos e outros objetos de custos da entidade; do planejamento público, podendo se valer, ou não, das
(b) apoiar a avaliação de resultados e desempenhos, classificações orçamentárias existentes. (Redação dada pela
permitindo a comparação entre os custos da entidade com Resolução CFC n.º 1.437/13)
os custos de outras entidades públicas, estimulando a me-
lhoria do desempenho dessas entidades; Informações do subsistema patrimonial: a dimensão dos
(c) apoiar a tomada de decisão em processos, tais produtos e serviços prestados, identificados e mensurados
como comprar ou alugar, produzir internamente ou tercei- a partir das transações quantitativas e qualitativas afetas ao
rizar determinado bem ou serviço; patrimonial da entidade consoante os Princípios de Conta-
(d) apoiar as funções de planejamento e orçamento, bilidade. (Redação dada pela Resolução CFC n.º 1.437/13)
fornecendo informações que permitam projeções mais
aderentes à realidade com base em custos incorridos e pro- Apropriação do custo é o reconhecimento do gasto de
jetados; determinado objeto de custo previamente definido.
(e) apoiar programas de controle de custos e de me- O SICSP é apoiado em três elementos: Sistema de acu-
lhoria da qualidade do gasto. (Redação dada pela Resolu- mulação; Sistema de custeio e Método de custeio.
ção CFC n.º 1.437/13)
Sistema de acumulação corresponde à forma como os
4. A evidenciação dos objetos de custos pode ser custos são acumulados e apropriados aos bens e serviços e
efetuada sob a ótica institucional, funcional e programá- outros objetos de custos e está relacionado ao fluxo físico e
tica, com atuação interdependente dos órgãos centrais de real da produção. Os sistemas de acumulação de custos no
planejamento, orçamento, contabilidade e finanças. setor público ocorrem por ordem de serviço ou produção
e de forma contínua.
5. Para atingir seus objetivos, o SICSP deve ter tra-
tamento conceitual adequado, abordagem tecnológica Por ordem de serviço ou produção é o sistema de acumula-
apropriada que propicie atuar com as múltiplas dimensões ção que compreende especificações predeterminadas do ser-
(temporais, numéricas e organizacionais, etc.), permitindo a viço ou produto demandado, com tempo de duração limitado.
análise de séries históricas de custos sob a ótica das ativi- As ordens são mais adequadas para tratamento dos
dades-fins ou administrativas do setor público. custos de investimentos e de projetos específicos, por
exemplo, as obras e benfeitorias.
6. É recomendável o uso de ferramentas que permi-
tem acesso rápido aos dados, conjugado com tecnologias De forma contínua é o sistema de acumulação que
de banco de dados de forma a facilitar a criação de relató- compreende demandas de caráter continuado e são acu-
rios e a análise dos dados. muladas ao longo do tempo.

Alcance Sistema de custeio está associado ao modelo de men-


suração e desse modo podem ser custeados os diversos
7. O SICSP é obrigatório em todas as entidades do agentes de acumulação de acordo com diferentes unidades
setor público. de medida, dependendo das necessidades dos tomadores
de decisões. No âmbito do sistema de custeio, podem ser
8. Vários dispositivos legais determinam a apuração utilizadas as seguintes unidades de medida: custo histórico;
de custos no setor público como requisito de transparência custo-corrente; custo estimado; e custo padrão.
e prestação de contas, seja para controle interno, externo
ou controle social. Além dos aspectos legais, esta Norma Método de custeio se refere ao método de apropriação
também destaca o valor da informação de custos para fins de custos e está associado ao processo de identificação e
gerenciais. Sua relevância para o interesse público pode ser associação do custo ao objeto que está sendo custeado.
entendida pelo seu impacto sobre a gestão pública, seja do Os principais métodos de custeio são: direto; variável; por
ponto de vista legal ou de sua utilidade. absorção; por atividade; pleno.

Definições Custeio direto é o custeio que aloca todos os custos –


fixos e variáveis – diretamente a todos os objetos de custo
9. Os seguintes termos têm os significados abaixo sem qualquer tipo de rateio ou apropriação.
especificados:
Objeto de custo é a unidade que se deseja mensurar e Custeio variável que apropria aos produtos ou serviços
avaliar os custos. Os principais objetos de custos são identi- apenas os custos variáveis e considera os custos fixos como
ficados a partir de informações dos subsistemas orçamen- despesas do período.
tário e patrimonial.

25
CONTABILIDADE PÚBLICA

Custeio por absorção que consiste na apropriação de Custo operacional é o que ocorre durante o ciclo de
todos os custos de produção aos produtos e serviços. produção dos bens e serviços e outros objetos de custos,
como energia elétrica, salários, etc.
Custeio pleno que consiste na apropriação dos custos
de produção e das despesas aos produtos e serviços. (In- Custo predeterminado é o custo teórico, definido a
cluída pela Resolução CFC n.º 1.437/13) priori para valorização interna de materiais, produtos e ser-
viços prestados.
Custeio por atividade que considera que todas as ati-
vidades desenvolvidas pelas entidades são geradoras de Custo padrão (standard) é o custo ideal de produção de
custos e consomem recursos. Procura estabelecer a relação determinado produto/serviço. (Redação dada pela Resolu-
entre atividades e os objetos de custo por meio de direcio- ção CFC n.º 1.437/13)
nadores de custos que determinam quanto de cada ativi-
dade é consumida por eles.
Custo estimado é o custo projetado para subsidiar o
A escolha do método deve estar apoiada na disponibi-
processo de elaboração dos orçamentos da entidade para
lidade de informações e no volume de recursos necessários
determinado período; pode basear-se em simples estimati-
para obtenção das informações ou dados. As entidades
podem adotar mais de uma metodologia de custeamento, va ou utilizar a ferramenta do custo padrão.
dependendo das características dos objetos de custeio.
Custo controlável utiliza centro de responsabilidade e
Gasto é o dispêndio de um ativo ou criação de um pas- atribui ao gestor apenas os custos que ele pode controlar.
sivo para obtenção de um produto ou serviço.
Hora ocupada é o tempo despendido pela força do tra-
Desembolso é o pagamento resultante da aquisição do balho nos departamentos de serviço destinados a atender
bem ou serviço. às tarefas vinculadas com as áreas de produção de bens ou
serviços. (Redação dada pela Resolução CFC n.º 1.437/13)
Investimento corresponde ao gasto levado para o Ativo
em função de sua vida útil. São todos os bens e direitos Hora máquina corresponde à quantidade de horas que
adquiridos e registrados no ativo. as máquinas devem funcionar para realizar a produção de
Perdas correspondem a reduções do patrimônio que bens e serviços e outros objetos de custos do período. É
não estão associadas a qualquer recebimento compensa- aplicada às unidades de produto ou serviço em função do
tório ou geração de produtos ou serviços, que ocorrem de tempo de sua elaboração.
forma anormal e involuntária. (Redação dada pela Resolu-
ção CFC n.º 1.437/13) Mão de obra direta corresponde ao valor da mão de
obra utilizado para a produção de bens e serviços e outros
Custos são gastos com bens ou serviços utilizados para objetos de custos.
a produção de outros bens ou serviços.
Sobre aplicação é a variação positiva apurada entre os
Custos da prestação de serviços são os custos incorri- custos e metas estimados e os executados.
dos no processo de obtenção de bens e serviços e outros
objetos de custos e que correspondem ao somatório dos Sub aplicação é a variação negativa apurada entre os
elementos de custo, ligados à prestação daquele serviço.
custos e metas estimados e os executados.
Custos reais são os custos históricos apurados a poste-
Custo de oportunidade é o custo objetivamente men-
riori e que realmente foram incorridos.
surável da melhor alternativa desprezada relacionado à es-
Custo direto é todo o custo que é identificado ou asso- colha adotada.
ciado diretamente ao objeto do custo.
Receita econômica é o valor apurado a partir de bene-
Custo indireto é o custo que não pode ser identificado fícios gerados à sociedade pela ação pública, obtido por
diretamente ao objeto do custo, devendo sua apropriação meio da multiplicação da quantidade de serviços presta-
ocorrer por meio da utilização de bases de rateio ou dire- dos, bens ou produtos fornecidos, pelo custo de oportu-
cionadores de custos. nidade, custo estimado, custo padrão, etc. (Incluída pela
Resolução CFC n.º 1.437/13)
Custo fixo é o que não é influenciado pelas atividades
desenvolvidas, mantendo seu valor constante em intervalo Características e atributos da informação de custos
relevante das atividades desenvolvidas pela entidade.
10. Os serviços públicos devem ser identificados, me-
Custo variável é o que tem valor total diretamente pro- didos e relatados em sistema projetado para gerenciamen-
porcional à quantidade produzida/ofertada. (Redação dada to de custos dos serviços públicos.
pela Resolução CFC n.º 1.437/13)

26
CONTABILIDADE PÚBLICA

11. Os serviços públicos possuem características (c) o método de custeio adotado para apuração dos
peculiares tais como: universalidade e obrigação de for- custos para os objetos de custos; os principais critérios
necimento, encaradas na maioria das vezes como direito de mensuração; e as eventuais mudanças de critérios que
social, em muitas situações, têm apenas o estado como possam afetar à análise da comparabilidade da informação.
fornecedor do serviço (monopólio do Estado). O serviço (Redação dada pela Resolução CFC n.º 1.437/13)
público fornecido sem contrapartida ou por custo irrisório
diretamente cobrado ao beneficiário tem (em sua grande Princípio de competência
maioria) o orçamento como principal fonte de alocação de
recursos. 14. Na geração de informação de custo, é obrigatória
a adoção dos princípios de contabilidade em especial o da
12. Os atributos da informação de custos são: competência, devendo ser realizados os ajustes necessários
(a) relevância – entendida como a qualidade que a in- quando algum registro for efetuado de forma diferente.
formação tem de influenciar as decisões de seus usuários
auxiliando na avaliação de eventos passados, presentes e Cota de distribuição de custos indiretos
futuros;
(b) utilidade – deve ser útil à gestão tendo a sua rela- 15. As cotas de distribuição de custos indiretos, quan-
ção custo benefício sempre positiva;
do for o caso, podem ser selecionadas entre as seguintes,
(c) oportunidade – qualidade de a informação estar
de acordo com as características do objeto de custo: área
disponível no momento adequado à tomada de decisão;
ocupada; dotação planejada disponível; volume ocupado
(d) valor social – deve proporcionar maior transparên-
em depósitos; quantidade de ordens de compra emitida
cia e evidenciação do uso dos recursos públicos;
(e) fidedignidade – referente à qualidade que a infor- para fornecedores; consumo de energia elétrica; número
mação tem de estar livre de erros materiais e de juízos pré- de servidores na unidade administrativa responsável, etc.
vios, devendo, para esse efeito, apresentar as operações e
acontecimentos de acordo com sua substância e realidade 16. É necessário e útil que a entidade que deseje evi-
econômica e, não, meramente com a sua forma legal; denciar seus custos unitários, utilizando-se dos vários mé-
(f) especificidade – informações de custos devem ser todos de custeio existentes, o faça respeitando as etapas
elaboradas de acordo com a finalidade específica pretendi- naturais do processo de formação dos custos dentro dos
da pelos usuários; seus respectivos níveis hierárquicos (institucionais e orga-
(g) comparabilidade – entende-se a qualidade que a nizacionais, funcionais e programáticos). (Redação dada
informação deve ter de registrar as operações e aconte- pela Resolução CFC n.º 1.437/13)
cimentos de forma consistente e uniforme, a fim de con-
seguir comparabilidade entre as distintas instituições com 17. A etapa natural pode ser assim identificada: iden-
características similares. É fundamental que o custo seja tificação dos objetos de custos; identificação dos custos
mensurado pelo mesmo critério no tempo e, quando for diretos; alocação dos custos diretos aos objetos de custos;
mudada, esta informação deve constar em nota explicativa; evidenciação dos custos diretos dentro da classe de ob-
(h) adaptabilidade – deve permitir o detalhamento jetos definidos; identificação dos custos indiretos; escolha
das informações em razão das diferentes expectativas e do modelo de alocação dos custos indiretos, observando
necessidades informacionais das diversas unidades organi- sempre a relevância e, principalmente, a relação custo/be-
zacionais e seus respectivos usuários; nefício.
(i) granularidade – sistema que deve ser capaz de
produzir informações em diferentes níveis de detalhamen- Variação da capacidade produtiva
to, mediante a geração de diferentes relatórios, sem perder
o atributo da comparabilidade. 18. As variações da capacidade produtiva podem ser
das seguintes naturezas, entre outras:
Evidenciação das informações de custos (Redação
(a) variação do volume ou capacidade: deve-se a so-
dada pela Resolução CFC n.º 1.437/13)
bre ou subutilização das instalações em comparação com
o nível de operação. Está representada pela diferença entre
13. A entidade pública deve evidenciar ou apresentar,
os custos indiretos fixos orçados e os custos indiretos fixos
em notas explicativas, os objetos de custos definidos pre-
viamente, demonstrando separadamente: alocados à produção de bens e serviços e outros objetos
(a) o montante de custos dos principais objetos, de- de custos;
monstrando: a dimensão programática: programas e ações, (b) variação de quantidade: reflete a variação nos ele-
projetos e atividades; dimensão institucional ou organiza- mentos de custo em relação à quantidade empregada de
cional e funcional; outras dimensões; materiais e outros insumos para produção de produtos ou
(b) os critérios de comparabilidade utilizados, tais serviços.
como: custo padrão; custo de oportunidade; custo estima-
do; custo histórico;

27
CONTABILIDADE PÚBLICA

Integração com os demais sistemas organizacionais 27. A DRE deve ser elaborada considerando sua inter-
ligação com o subsistema de custos e apresentar na forma
19. O SICSP deve capturar informações dos demais dedutiva, pelo menos, a seguinte estrutura:
sistemas de informações das entidades do setor público. (a) receita econômica dos serviços prestados, dos bens
e dos produtos fornecidos;
20. O SICSP deve estar integrado com o processo de (b) custos e despesas identificados com a execução da
planejamento e orçamento, devendo utilizar a mesma base ação pública; e
conceitual se se referirem aos mesmos objetos de custos, (c) resultado econômico apurado. (Incluído pela Reso-
permitindo assim o controle entre o orçado e o executado. lução CFC n.º 1.437/13)
No início do processo de implantação do SICSP, pode ser
que o nível de integração entre planejamento, orçamento
e execução (consequentemente custos) não esteja em nível 10 PLANO DE CONTAS APLICADO
satisfatório. O processo de mensurar e evidenciar custos
AO SETOR PÚBLICO.
deve ser realizado sistematicamente, fazendo da informa-
ção de custos um vetor de alinhamento e aperfeiçoamento
do planejamento e orçamento futuros.
PLANO DE CONTAS
O Plano de Contas da Administração Pública Federal
Implantação do subsistema de custos (Redação é representado por um conjunto de títulos, organizados e
dada pela Resolução CFC n.º 1.437/13) codificados com o propósito de sistematizar e uniformizar
o registro contábil dos atos e fatos de gestão, e permitir a
21. O processo de implantação do SICSP deve ser sis- qualquer momento, com precisão e clareza, a obtenção dos
temático e gradual e levar em consideração os objetivos dados relativos ao patrimônio.
organizacionais pretendidos, os processos decisórios que
usarão as informações de custos segmentados por seus OBJETIVO
diferentes grupos de usuários, bem como os critérios de O plano de contas de uma entidade tem como objeti-
transparência e controle social. vo atender, de maneira uniforme e sistematizada, ao registro
contábil dos atos e fatos praticados pela entidade, de forma
Responsabilidade pela informação de custos a proporcionar maior flexibilidade no gerenciamento e con-
solidação dos dados e a atender às necessidades de informa-
22. A análise, a avaliação e a verificação da consistên- ções dos usuários. O Plano de Contas também é conhecido
cia das informações de custos são de responsabilidade da como Manual de Contas e serve de guia para a escrituração
entidade do setor público, em qualquer nível da sua estru- contábil. É a bússola do contabilista, auxiliando o trabalho de
tura organizacional, a qual se refere às informações, abran- definição do registro contábil dos fenômenos patrimoniais.
gendo todas as instâncias e níveis de responsabilidade.
DIRETRIZES DO GT DE PROCEDIMENTOS CONTÁBEIS
23. A responsabilidade pela fidedignidade das infor- PARA O PCASP
mações originadas de outros sistemas é do gestor da en- (Plano de Contas Aplicado ao Setor Público)
tidade onde a informação é gerada. (Redação dada pela
Resolução CFC n.º 1.437/13) Adoção de estrutura padronizada de Plano de Contas;
Aplicação nas três esferas de governo (União, Estados e
Municípios);
24. A responsabilidade pela consistência conceitual e
Elaboração de relatórios e demonstrativos previstos na
apresentação das informações contábeis do subsistema de
legislação vigente e nas normas de brasileiras de contabili-
custos é do profissional contábil. (Redação dada pela Reso-
dade;
lução CFC n.º 1.437/13)
Elaboração de relatórios e demonstrativos previstos na
legislação vigente e nas normas de brasileiras de contabili-
Demonstração do resultado econômico (Incluído dade;
pela Resolução CFC n.º 1.437/13) Flexibilidade para que os entes detalhem em níveis in-
feriores, a partir do nível de detalhamento definido como
25. As informações de custos descritas nesta Norma mínimo a ser observado, de modo adequado às suas pecu-
podem subsidiar a elaboração de relatórios de custos, in- liaridades;
clusive da Demonstração do Resultado Econômico (DRE). Implantação facultativa em 2010 e obrigatória a partir de
(Incluído pela Resolução CFC n.º 1.437/13) 2012 para a União, Estados e Distrito Federal e 2013 para os
municípios; e
26. A DRE evidencia o resultado econômico de ações Elaboração de Manual do Plano de Contas Aplicado ao
do setor público. (Incluído pela Resolução CFC n.º 1.437/13) Setor Público, descrevendo o elenco das contas, suas funções
e demais procedimentos a serem observados, inclusive pelos
sistemas de dados padronizados.

28
CONTABILIDADE PÚBLICA

DIRETRIZES PARA ELABORAÇÃO DO PCASP


1. Padronização do registro dos eventos típicos das entidades do setor público;
2. Harmonização dos procedimentos contábeis com os princípios e normas de contabilidade, sempre em observância
à legislação vigente;
3. Estrutura codificada e hierarquizada em classes e grupos de contas;
4. Flexibilidade para que os entes detalhem em níveis inferiores, a partir do nível de detalhamento seguinte ao de pa-
dronização;
5. Controle do patrimônio, das potencialidades ativas e passivas, do orçamento público, permitindo a evidenciação da
situação econômico financeira do ponto de vista do futuro, presente e passado;
6. Segregação de institutos que possuam conceitos e regimes próprios em classes ou grupos distintos;
7. Aspectos orçamentários destacados em classes ou grupos diferentes para permitir a visão patrimonial, orçamentária
e fiscal;
8. Estrutura de classificação da informação patrimonial não necessariamente igual à classificação orçamentária; e
9. Geração de informações capazes de contemplar as necessidades dos usuários da informação contábil.

Objetivos do PCASP
O objetivo geral do PCASP é estabelecer normas de procedimentos para o registro das operações do setor público e
permitir a consolidação das contas públicas nacionais, tendo ainda, os seguintes objetivos específicos:
I - Atender às necessidades de informação das organizações do setor público.
II - Observar formato compatível com as legislações vigentes (Lei nº 4.320/1964, Lei 6.404/76, Lei Complementar nº
101/2000, etc.), os Princípios de Contabilidade e as Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público - NBC
T SP; e adaptar-se, tanto quanto possível, às exigências dos agentes externos, principalmente às Normas Internacionais de
Contabilidade do Setor Público (NICSP).

Não esquecer: O Plano de Contas Aplicado ao Setor Público segue as diretrizes e objetivos estabelecidos pela Secre-
taria do Tesouro Nacional em conjunto com o Grupo Técnico de Padronização de Procedimentos Contábeis, bem como as
orientações das Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas ao Setor Público (NBCASP).
O Plano de Contas da Administração Pública Federal é representado por um conjunto de títulos, organizados e codi-
ficados com o propósito de sistematizar e uniformizar o registro contábil dos atos e fatos de gestão, e permitir a qualquer
momento, com precisão e clareza, a obtenção dos dados relativos ao patrimônio.
A execução contábil relativa aos atos e fatos de gestão financeira, orçamentária e patrimonial, por parte dos Órgãos e
Entidades da Administração Pública Federal obedece ao Plano de Contas elaborado e mantido de acordo com os padrões
estabelecidos, tendo como parte integrante a Relação das Contas, a Tabela de Eventos e o s Indicadores Contábeis.
O Plano de Contas tem o propósito de atender, de maneira uniforme e sistematizada, ao registro contábil dos atos e
fatos relacionados com os recursos colocados à disposição dos Órgãos da Administração Direta e Indireta, de forma a pro-
porcionar maior flexibilidade no gerenciamento e consolidação dos dados e atender às necessidades de informações em
todos os níveis da Administração Pública Federal, objetivando principalmente:
01 - Realçar o estado patrimonial e suas variações, concentrando as contas típicas de controle nos grupos de compen-
sação, de forma a propiciar o conhecimento mais adequado da situação econômico-financeira da gestão administrativa;
02 - Padronizar o nível de informações dos Órgãos da Administração Direta e Indireta com a finalidade de auxiliar o
processo de tomada de decisão, ampliando a quantidade dessas informações e facilitando a elaboração do BGU; e
03 - Permitir, através da relação de contas e tabelas, a manutenção de um sistema integrado de informações orça-
mentárias, financeiras e patrimoniais na Administração Pública Federal, com a extração de relatórios necessários a análise
gerencial, inclusive Balanços e demais Demonstrações Contábeis, capaz de atender aos aspectos legais e fiscais.

ÁREAS ENVOLVIDAS
O Plano de Contas é adotado por todas as UG integrantes do SIAFI, ou que venham a integrá-lo, sob a modalidade
de uso total, sendo a CCONT/STN o órgão responsável por sua administração, a quem compete: criar, extinguir, especifi-
car, desdobrar, detalhar e codificar contas; expedir instruções sobre a utilização do Plano de Contas, compreendendo os
procedimentos contábeis pertinentes; e promover as alterações e ajustes necessários à atualização do Plano de Contas,
observada sua estrutura básica, incluindo a Tabela de Eventos e os Indicadores Contábeis.

29
CONTABILIDADE PÚBLICA

ESTRUTURA
A estrutura básica do Plano de Contas, em nível de classe/grupo, consiste na seguinte disposição:

ESTRUTURA
O PCASP é composto por:
Tabela de atributos da conta contábil
É o conjunto de características próprias que a individualizam, distinguindo-a de outra conta pertencente ao plano de
contas. Os atributos são a identidade da conta, dividindo-se em essenciais e acessórios.
Atributos essenciais são os elementos imprescindíveis para a perfeita compreensão do objeto da conta, e são:
TÍTULO
FUNÇÃO
FUNCIONAMENTO
NATUREZA DO SALDO
CÓDIGO
TÍTULO

Palavra ou designação que identifica o objeto de uma conta, ou seja, a razão para a qual foi aberta e a classe de valores
que registra;

FUNÇÃO
Descrição da natureza dos atos e fatos registráveis na conta, explicando de forma clara e objetiva o papel desempe-
nhado pela conta na escrituração;

30
CONTABILIDADE PÚBLICA

FUNCIONAMENTO NÍVEL CÓDIGO TÍTULO


Descrição da relação de uma conta específica com as GRUPO 1.1 Ativo circulante
demais, demonstrando quando se debita a conta, e quan- SUBGRUPO
do se credita; 1.1.1 Caixa e Equivalente de Caixa
1.1.2 Créditos a Curto Prazo
NATUREZA DO SALDO 1.1.3 Demais Créditos e Valores a Curto Prazo
Identifica se a conta tem saldo credor ou devedor; 1.1.4 Investimentos Temporários
1.1.5 Estoques
CÓDIGO 1.1.9 Variação Patrimonial Aumentativa Paga Antecipa-
Conjunto ordenado de números que permite a identi- damente
ficação de cada uma das contas que compõem o Plano de
Contas de uma entidade. CONTA
Atributos acessórios são elementos complementares CONCEITO
que agregam funcionalidade ao processo de identificação Conta é o título representativo da formação, composi-
e utilização das contas, tais como: ção, variação e situação de um patrimônio, bem como de
bens, direitos, obrigações e situações nele não compreen-
ENCERRAMENTO didas, mas que, direta ou indiretamente, possam vir a afetá
Indica a condição de permanência do saldo em uma -lo, exigindo por isso controle específico.
conta, conforme sua natureza; As contas são agrupadas segundo suas funções, pos-
sibilitando:
SUBSISTEMA
Indica a qual subsistema de informações a conta per- Função 01- identificar, classificar e efetuar a escritura-
tence. Este atributo é utilizado no atual plano de contas ção contábil, pelo método das partidas dobradas, dos atos
federal. Entretanto, no PCASP não existirá a indicação de e fatos de gestão, de maneira uniforme e sistematizada;
subsistema e sim da natureza da informação, se patrimo-
Função 02 - conhecer a situação dos responsáveis que,
nial, de controle ou orçamentária; e
de algum modo, arrecadem receitas, efetuem despesas e
administrem ou guardem bens pertencentes ou confiados
INDICADOR DE SUPERÁVIT FINANCEIRO
a uma gestão;
Indica se as contas de ativo e passivo são classificadas
Função 03 - determinar os custos dos serviços indus-
como financeiro ou permanente, conforme art. 105 da Lei
triais;
4.320/64. As contas que forem financeiras serão marcadas
Função 04 - acompanhar e controlar a execução orça-
com a letra “F” e as que forem permanentes com a letra “P”.
mentária, evidenciando a receita prevista, lançada, realiza-
Relação das contas da e a realizar, bem como a despesa autorizada, empenha-
A relação ou elenco de contas é a disposição ordenada da, realizada e as dotações disponíveis;
dos códigos e títulos das contas. Função 05 - elaborar os Balanços Orçamentário, Finan-
No setor público, o plano de contas deve contemplar ceiro e Patrimonial, a Demonstração das Variações e dos
os seguintes componentes: Resultados;
Função 06 - conhecer a composição e situação do pa-
TITULO trimônio analisado;
Ativo Função 07 - analisar e interpretar os resultados econô-
Passivo micos e financeiros;
Patrimônio líquido/Saldo patrimonial Função 08 - individualizar os devedores e credores,
Variação patrimonial diminutiva com a especificação necessária ao controle contábil do di-
Variação patrimonial aumentativa reito ou obrigação;
Compensações do ativo Função 09 - controlar contabilmente os direitos e obri-
Compensações do passivo gações oriundos de ajustes ou contratos de interesse da
Controles orçamentários gestão.
Controles diversos (programação financeira, dívida ati-
va.) As contas são a base da Contabilidade, pois é por inter-
Custos médio delas que se registram os fenômenos que transfor-
Os quatro primeiros níveis das contas contábeis obser- mam o patrimônio das entidades.
vam as seguintes codificações: Podemos considerá-las como unidades básicas de in-
formação, pois permitem o conhecimento da composição
1º NÍVEL - CLASSE qualitativa e quantitativa de cada um dos fenômenos patri-
2º NÍVEL - GRUPO moniais, agrupando-os de maneira uniforme.
3º NÍVEL - SUBGRUPO
4º NÍVEL - TÍTULO

31
CONTABILIDADE PÚBLICA

ESTRUTURA
As contas estão estruturadas por níveis de desdobramento, classificadas e codificadas de modo a facilitar o conhecimento e
a análise da situação orçamentária, financeira e patrimonial, compreendendo sete níveis de desdobramento, da seguinte forma:
1° NÍVEL - CLASSE ..............................................................X
2°. NÍVEL - GRUPO ..............................................................X
3°. NÍVEL - SUBGRUPO .......................................................X
4°. NÍVEL - ELEMENTO.........................................................X
5°. NÍVEL - SUBELEMENTO..................................................X
6°. NÍVEL - ITEM ..................................................................XX
7°. NÍVEL - SUBITEM ...........................................................XX
CONTA-CORRENTE .....................................................CÓDIGO

11 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
APLICADAS AO SETOR PÚBLICO.
11.1 BALANÇO ORÇAMENTÁRIO.
11.2 BALANÇO FINANCEIRO.
11.3 DEMONSTRAÇÃO DAS VARIAÇÕES
PATRIMONIAIS. 11.4 BALANÇO PATRIMONIAL.
11.5 DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA.
11.6 DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO
PATRIMÔNIO LÍQUIDO.
11.7 NOTAS EXPLICATIVAS ÀS
DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS.
11.8 CONSOLIDAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES
CONTÁBEIS.

BALANÇO ORÇAMENTÁRIO

CONCEITO

O Balanço Orçamentário, definido pela Lei nº 4.320/1964, demonstra as receitas e despesas previstas em confronto com
as realizadas.
Em sua estrutura, deve evidenciar as receitas e as despesas orçamentárias por categoria econômica, confrontar o orçamen-
to inicial e as suas alterações com a execução, demonstrar o resultado orçamentário e discriminar:
(a) as receitas por fonte (espécie); e
(b) as despesas por grupo de natureza.

O Balanço Orçamentário apresentará as receitas detalhadas por categoria econômica, origem e espécie, especificando a
previsão inicial, a previsão atualizada para o exercício, a receita realizada e o saldo a realizar. Demonstrará também as despesas
por categoria econômica e grupo de natureza da despesa, discriminando a dotação inicial, a dotação atualizada para o exercício,
as despesas empenhadas, as despesas liquidadas, as despesas pagas e o saldo da dotação.
A identificação das receitas e despesas intraorçamentárias, quando necessária, deverá ser apresentada em notas explicativas.
Os valores referentes ao refinanciamento da dívida mobiliária e de outras dívidas deverão constar, destacadamente, nas
receitas de operações de crédito internas e externas e, nesse mesmo nível de agregação, nas despesas com amortização da
dívida de refinanciamento.
No nível de detalhamento em que são apresentadas no modelo (3º nível – Espécie), as receitas deverão ser informadas
pelos valores líquidos das respectivas deduções, tais como restituições, descontos, retificações, deduções para o Fundeb e
repartições de receita entre os entes da Federação, quando registradas como dedução, conforme orientação na Parte I – Pro-
cedimentos Contábeis Orçamentários.
Em decorrência da utilização do superávit financeiro de exercícios anteriores para abertura de créditos adicionais, apurado
no Balanço Patrimonial do exercício anterior ao de referência, o Balanço Orçamentário demonstrará uma situação de desequi-
líbrio entre a previsão atualizada da receita e a dotação atualizada. Essa situação também pode ser causada pela reabertura de
créditos adicionais, especificamente os créditos especiais e extraordinários que tiveram o ato de autorização promulgado nos
últimos quatro meses do ano anterior, caso em que esses créditos serão reabertos nos limites de seus saldos e incorporados ao
orçamento do exercício financeiro em referência.

32
CONTABILIDADE PÚBLICA

Esse desequilíbrio ocorre porque o superávit financeiro de exercícios anteriores, quando utilizado como fonte de recursos
para abertura de créditos adicionais, não pode ser demonstrado como parte da receita orçamentária do Balanço Orçamentário
que integra o cálculo do resultado orçamentário. O superávit financeiro não é receita do exercício de referência, pois já o foi em
exercício anterior, mas constitui disponibilidade para utilização no exercício de referência. Por outro lado, as despesas executa-
das à conta do superávit financeiro são despesas do exercício de referência, por força legal, visto que não foram empenhadas no
exercício anterior. Esse desequilíbrio também ocorre pela reabertura de créditos adicionais porque aumentam a despesa fixada
sem necessidade de nova arrecadação. Tanto o superávit financeiro utilizado quanto a reabertura de créditos adicionais estão
detalhados no campo SALDO DE EXERCÍCIOS ANTERIORES, do Balanço Orçamentário.
Dessa forma, no momento inicial da execução orçamentária, tem-se, via de regra, o equilíbrio entre receita prevista e despe-
sa fixada e constata-se que toda despesa a ser executada está amparada por uma receita prevista a ser arrecadada no exercício.
No entanto, iniciada a execução do orçamento, quando há superávit financeiro de exercícios anteriores, tem-se um recurso
disponível para abertura de créditos para as despesas não fixadas ou não totalmente contempladas pela lei orçamentária.
Dessa forma, o equilíbrio entre receita prevista e despesa fixada no Balanço Orçamentário pode ser verificado (sem influen-
ciar o seu resultado) somando-se os valores da linha TOTAL e da linha SALDOS DE EXERCÍCIOS ANTERIORES, constantes da
coluna PREVISÃO ATUALIZADA, e confrontando-se esse montante com o total da coluna DOTAÇÃO ATUALIZADA .
Recomenda-se a utilização de notas explicativas para esclarecimentos a respeito da utilização do superávit financeiro e de
reaberturas de créditos especiais e extraordinários, bem como suas influências no resultado orçamentário, de forma a possibi-
litar a correta interpretação das informações.

33
CONTABILIDADE PÚBLICA

O Balanço Orçamentário será elaborado utilizando-se as classes 5, grupo 2 (Orçamento aprovado: previsão da receita
e fixação da despesa) e classe 6, grupo 2 (Execução do orçamento: realização da receita e execução da despesa) do PCASP.
O Balanço Orçamentário será complementado por nota explicativa detalhando as despesas executadas por tipos de
créditos (inicial, suplementar, especial e extraordinário). Será informado, ainda, o montante da movimentação financeira
(transferências financeiras recebidas e concedidas) relacionado à execução do orçamento do exercício, bem como os valo-
res referente a abertura de créditos adicionais e cancelamentos de crédito de forma a evidenciar a diferença entre a dotação
inicial e a atualizada.
Adicionalmente ao Balanço Orçamentário, devem ser incluídos dois quadros demonstrativos de execução de restos a
pagar, um relativo aos restos a pagar não processados, outro relativo aos restos a pagar processados, com o mesmo deta-
lhamento das despesas orçamentárias do balanço, de modo a propiciar uma análise da execução orçamentária do exercício
em conjunto com a execução dos restos a pagar. Seguem os modelos:

Para preenchimento do Anexo 1, Demonstrativo de Execução dos Restos a Pagar não Processados (RPNP), deverão ser
levantados os RPNP inscritos no exercício imediatamente anterior (b) e os inscritos em exercícios anteriores (a). As parcelas
dos RPNP evidenciadas em (a) e (b) e liquidadas no exercício corrente corresponderão ao item (c). De modo semelhante, as
parcelas de RPNP pagas e canceladas no exercício corrente corresponderão, respectivamente, aos itens (d) e (e).
O preenchimento do Anexo 2, Demonstrativo de Execução dos Restos a Pagar Processados (RPP), é bastante seme-
lhante ao preenchimento do quadro anterior. Destaca-se, contudo, que RPNP liquidados em exercícios anteriores mas não
pagos serão evidenciados neste quadro, e não no Anexo anterior. Outro ponto relevante é que não se faz necessária a co-
luna “liquidados”, uma vez que todos os restos a pagar evidenciados neste quadro já passaram pelo estágio da liquidação
na execução orçamentária.

34
CONTABILIDADE PÚBLICA

DEFINIÇÕES DÉFICIT (IV)

Para levantamento do Balanço Orçamentário, é necessário Representa a eventual diferença, a menor entre as re-
definir os seguintes conceitos: ceitas realizadas e as despesas empenhadas. Isso equivale à
linha SUBTOTAL COM REFINANCIAMENTO (III) das receitas,
PREVISÃO INICIAL menos a linha SUBTOTAL COM REFINANCIAMENTO (VIII) das
despesas.
Essa coluna identifica os valores da previsão inicial das re- Se as receitas realizadas forem superiores às despesas
ceitas, constantes na Lei Orçamentária Anual (LOA). Os valores empenhadas, essa diferença será lançada na linha SUPERÁVIT
registrados nessa coluna permanecerão inalterados durante (IX). Nesse caso, a linha DÉFICIT (IV) deverá ser preenchida
todo o exercício, pois refletem a posição inicial do orçamento com um traço (-), indicando valor inexistente ou nulo.
constante da LOA. As atualizações monetárias autorizadas por
lei, efetuadas até a data da publicação da LOA, deverão com- TOTAL (V)= (III + IV)
por a coluna, sendo mencionadas em notas explicativas.
Representa a soma da linha SUBTOTAL COM REFINAN-
PREVISÃO ATUALIZADA (a) CIAMENTO (III) com a linha DÉFICIT (IV).

Essa coluna identifica os valores da previsão atualiza- SALDOS DE EXERCÍCIOS ANTERIORES


da das receitas para o exercício de referência, que refletem a
parcela da reestimativa da receita utilizada para abertura de Representa o valor de recursos provenientes de superávit
créditos adicionais, seja mediante excesso de arrecadação ou financeiro de exercícios anteriores, que está sendo utilizado
mediante operações de crédito, as novas naturezas de receita como fonte de recursos para abertura de créditos adicionais.
não previstas na LOA e o remanejamento entre naturezas de Deverá demonstrar, também, os valores referentes aos cré-
receita. Se não ocorrer um dos eventos mencionados, a coluna ditos adicionais autorizados nos últimos quatro meses do
da previsão atualizada deverá identificar os mesmos valores da exercício anterior ao de referência, reabertos no exercício
coluna previsão inicial. As atualizações monetárias autorizadas corrente.
por lei, efetuadas após a data da publicação da LOA, deverão Apresenta valores somente nas colunas que se referem à
compor a coluna, sendo mencionadas em notas explicativas. previsão atualizada e à receita realizada e deverão correspon-
der ao valor da execução dos referidos créditos adicionais.
RECEITAS REALIZADAS (b) Tais valores não poderão ser lançados novamente como
receita orçamentária já que pertencem ao exercício financei-
Essa coluna identifica as receitas realizadas no período. ro no qual foram arrecadados, como também não poderão
Consideram-se realizadas as receitas arrecadadas diretamen- ser considerados no cálculo de déficit ou superávit orçamen-
te pelo órgão, ou por meio de outras instituições como, por tário, pois representam recursos arrecadados em exercícios
exemplo, a rede bancária. anteriores.

SALDO (c)=(b-a) DOTAÇÃO INICIAL (d)

Representa o montante de receita orçamentária que supe- Essa coluna identifica o valor dos créditos iniciais cons-
rou o montante da previsão atualizada. É obtido pela diferença tantes da LOA.
entre as receitas realizadas e a previsão atualizada.
DOTAÇÃO ATUALIZADA (e)
SUBTOTAL DAS RECEITAS (I) Essa coluna identifica o valor da dotação inicial mais os
créditos adicionais abertos ou reabertos durante o exercício,
Representa o total das receitas antes de refinanciamento. deduzidas as anulações/cancelamentos correspondentes.

REFINANCIAMENTO (II) DESPESAS EMPENHADAS (f)


Essa coluna identifica os valores das despesas empenha-
Representa o valor da receita decorrente da colocação de das até o encerramento do exercício, inclusive as despesas
títulos públicos ou de empréstimos, obtidos junto a entidades que já foram liquidadas e pagas.
estatais ou particulares internas ou externas, destinadas ao re-
financiamento da dívida pública. Considera-se despesa orçamentária executada a despesa
que já passou pelo estágio do empenho.
SUBTOTAL COM REFINANCIAMENTO (III) = (I + II)
DESPESAS LIQUIDADAS (g)
Representa a soma da linha subtotal das receitas (I) com a Essa coluna identifica os valores das despesas liquidadas
linha refinanciamento (II). Isso equivale ao somatório de todas até o encerramento do exercício.
as receitas orçamentárias, incluindo as operações de créditos Deverão ser consideradas, inclusive, as despesas que já
contratadas para refinanciar a dívida pública. foram pagas.

35
CONTABILIDADE PÚBLICA

DESPESAS PAGAS (h) Na receita orçamentária, pode-se verificar ainda uma


Essa coluna identifica os totais das despesas pagas diferença a maior ou a menor entre a coluna Previsão
pertencentes ao orçamento do exercício financeiro. Assim, Atualizada e a coluna Receita Realizada, correspondente à
não inclui os valores referentes ao pagamento de restos a insuficiência ou excesso de arrecadação ocorrido no exer-
pagar. cício. Caso o valor da coluna “Saldo” seja positivo, o valor
da receita realizada foi maior que a previsão atualizada, ou
SALDO DA DOTAÇÃO (i)=(e-f) seja, a coluna “Saldo” representará excesso de arrecadação.
Corresponde à diferença entre a dotação atualizada e Se a coluna traz valores negativos, houve insuficiência na
as despesas empenhadas. arrecadação, pois foi arrecadado menos do que a previsão
atualizada.
ANÁLISE Na despesa orçamentária, a diferença a maior entre a
A análise e a verificação do Balanço Orçamentário têm coluna Dotação Atualizada e Despesa Empenhada corres-
como objetivo preparar os indicadores que servirão de su- ponde a uma economia na realização de despesa, pois par-
porte para a avaliação da gestão orçamentária. te da dotação inicial autorizada no orçamento, eventual-
Uma das análises consiste em relacionar a coluna de mente atualizada por créditos adicionais, não foi utilizada
“Previsão Inicial” com a coluna de “Dotação Inicial”; e as co- para a execução de despesas.
A receita, por ser prevista, pode ser arrecadada a maior
lunas da “Previsão Atualizada” e “Receita Realizada”, com as
ou a menor. Entretanto, a despesa, por ser fixada, só pode
colunas da “Dotação Atualizada” e “Despesa Empenhada”.
ser realizada até o valor autorizado, significando que so-
Outra análise que pode ser feita no Balanço Orçamen-
mente pode ser emitido empenho até o valor do crédito
tário consiste na comparação entre a coluna “Despesas Em-
orçamentário disponível, observando-se, ainda, a especifi-
penhadas” e as colunas “Despesas Liquidadas” e “Despesas cidade do orçamento.
Pagas”. O superávit orçamentário é representado pela dife- A comparação entre as colunas “Despesas Liquidadas
rença a maior entre a execução da receita e da despesa or- (g)” e “Despesas Pagas (h)” e a comparação entre as co-
çamentárias e deverá ser adicionado à coluna de Despesas lunas “Despesas Empenhadas (f)” e “Despesas Liquidadas
Empenhadas para igualar a execução da despesa orçamen- (g)” fornecem as seguintes informações:
tária com a execução da receita orçamentária.
a) Despesas Liquidadas (g) – Despesas Pagas (h) = Res-
O déficit orçamentário é representado pela diferença a tos a Pagar Processados inscritos no exercício;
menor entre a execução da receita e da despesa orçamen-
tárias e deverá ser adicionado à coluna das receitas reali- b) Despesas Empenhadas (f) – Despesas Liquidadas (g)
zadas para igualar a execução da receita orçamentária com = Restos a Pagar não Processados inscritos no exercício.
execução da despesa orçamentária.
Na análise do resultado orçamentário, é importante Outra análise importante consiste na verificação do
excluir os efeitos da gestão da dívida. Assim, as operações montante de operações de crédito em comparação à
de crédito devem ser excluídas da execução da receita e a amortização da dívida, o que indica a influência do orça-
amortização da dívida deve ser excluída da execução da mento na gestão da dívida pública. Além disso, é importan-
despesa para que se possam analisar os efeitos da execu- te a comparação entre a alienação de bens e amortização
ção orçamentária sobre os níveis de dívida pública líquida. de empréstimos concedidos em comparação aos investi-
É interessante observar que apenas a análise do resul- mentos e inversões financeiras, indicando a influência do
tado orçamentário não permite obter conclusões acerca da orçamento no volume efetivo de investimentos públicos.
eficiência na gestão fiscal. Para tal, existem as metas de re-
sultado primário, nominal e montante da dívida consolida- A seguir, têm-se alguns procedimentos relativos a aná-
da líquida estabelecidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias. lises por quocientes.
A análise do balanço orçamentário gera informações com-
ANÁLISE DOS QUOCIENTES – BALANÇO ORÇAMENTÁ-
plementares acerca da influência da execução orçamentá-
RIO
ria no atingimento dessas metas fiscais.
Os Balanços Orçamentários não consolidados (de ór-
1 - O Quociente do Equilíbrio Orçamentário é resultan-
gãos e entidades, por exemplo), poderão apresentar dese- te da relação entre a Previsão Inicial da Receita e a Dotação
quilíbrio e déficit orçamentário, pois muitos deles não são Inicial da Despesa, indicando se há equilíbrio entre a previ-
agentes arrecadadores e executam despesas orçamentárias são e fixação constante na LOA.
para prestação de serviços públicos e realização de inves-
timentos, sendo deficitários e dependentes de recursos do 2 - O Quociente de Execução da Receita é resultante
Tesouro. Esse fato não representa irre8gularidade, devendo da relação entre a Receita Realizada e a Previsão Atualizada
ser evidenciado complementarmente por nota explicativa da Receita, indicando a existência de excesso ou falta de
que demonstre o montante da movimentação financeira arrecadação para a cobertura de despesas.
(transferências financeiras recebidas e concedidas) relacio-
nadas à execução do orçamento do exercício.

36
CONTABILIDADE PÚBLICA

3 - O Quociente de Desempenho da Arrecadação é re- Assim, o Balanço Financeiro é um quadro com duas
sultante da relação entre a Receita Realizada e a Previsão seções: Ingressos (Receitas Orçamentárias e Recebimentos
Inicial da Receita, indicando a existência de excesso ou falta Extraorçamentários) e Dispêndios (Despesa Orçamentária e
de arrecadação para administração dos indicadores fiscais. Pagamentos Extraorçamentários), que se equilibram com a
inclusão do saldo em espécie do exercício anterior na co-
4 - O Quociente de Utilização do Excesso de Arreca- luna dos ingressos e o saldo em espécie para o exercício
dação é resultante da relação entre os Créditos Adicionais seguinte na coluna dos dispêndios.
abertos por meio de excesso de arrecadação e o total do O resultado financeiro do exercício corresponde à dife-
excesso de arrecadação, indicando a parcela do excesso de rença entre o somatório dos ingressos orçamentários com
arrecadação utilizada para abertura de créditos adicionais. os extraorçamentários e dos dispêndios orçamentários e
Adicionalmente, é pertinente que esta análise seja des- extraorçamentários. Se os ingressos forem maiores que os
dobrada por destinação de recursos. dispêndios, ocorrerá um superávit; caso contrário, ocorrerá
um déficit. Este resultado não deve ser entendido como
5 - O Quociente de Utilização do Superávit Financeiro é superávit ou déficit financeiro do exercício, cuja apuração é
resultante da relação entre os Créditos Adicionais Abertos obtida por meio do Balanço Patrimonial. O resultado finan-
por meio de superávit financeiro e o total do superávit fi- ceiro do exercício pode ser também apurado pela diferença
nanceiro apurado no exercício anterior, indicando a parcela entre o saldo em espécie para o exercício seguinte e o sal-
do superávit financeiro utilizada para abertura de créditos do em espécie do exercício anterior.
adicionais.
O Balanço Financeiro evidencia a movimentação finan-
Adicionalmente, é pertinente que esta análise seja des-
ceira das entidades do setor público no período a que se
dobrada por destinação de recursos.
refere, e discrimina:
(a) a receita orçamentária realizada por destinação de
6 - O Quociente de Execução da Despesa é resultante recurso (destinação vinculada e/ou destinação ordinária);
da relação entre a Despesa Executada e Dotação Atualiza- (b) a despesa orçamentária executada por destinação
da, cuja discrepância pode ser ocasionada por ineficiência de recurso (destinação vinculada e/ou destinação ordiná-
no processo planejamento-execução ou a uma economia ria);
de despesa orçamentária. (c) os recebimentos e os pagamentos extraorçamen-
tários;
7 - O Quociente do Resultado Orçamentário é resultan- (d) as transferências financeiras decorrentes, ou não, da
te da relação entre a Receita Realizada e a Despesa Empe- execução orçamentária; e
nhada, indicando a existência de superávit ou déficit. (e) o saldo inicial e o saldo final em espécie.

8 - O Quociente da Execução Orçamentária Corrente Deverão ser apresentadas as destinações ordinárias e


é resultante da relação entre a Receita Realizada Corrente as destinações vinculadas. O detalhamento das vinculações
e a Despesa Empenhada Corrente. A interpretação desse deverá ser feito de acordo com as características específi-
quociente indica se a receita corrente suportou as despe- cas de cada ente, como por exemplo, as vinculações para
sas correntes ou se foi necessário utilizar receitas de capital a previdência social, transferências obrigatórias para outro
para financiar despesas correntes. ente e outras vinculações constitucionais e legais. Caso o
ente resolva agrupar algumas vinculações em um grupo
9 - O Quociente Financeiro Real da Execução Orçamen- chamado de “Outras Vinculações”, esse não deverá ultra-
tária é resultante da relação entre a Receita Realizada e a passar 10% do total da Receita Orçamentária ou da Despe-
Despesa Paga, indicando o quanto a receita orçamentária sa Orçamentária.
arrecadada representa em relação à despesa orçamentária
paga.

BALANÇO FINANCEIRO

CONCEITO

Segundo a Lei nº 4.320/1964, O Balanço Financeiro de-


monstrará a receita e a despesa orçamentárias bem como
os recebimentos e os pagamentos de natureza extraorça-
mentárias, conjugados com os saldos em espécies prove-
nientes do exercício anterior, e os que se transferem para o
exercício seguinte.

37
CONTABILIDADE PÚBLICA

O Balanço Financeiro será elaborado utilizando-se as seguintes classes do Plano de Contas


Aplicado ao Setor Público:
 Classes 1 (ativo) e 2 (passivo) para os recebimentos e pagamentos extraorçamentários bem como para o saldo em espécie
do exercício anterior e para o exercício seguinte.
 Classes 4 (variações patrimoniais aumentativas) e 3 (variações patrimoniais diminutivas) para as transferências financeiras
recebidas e concedidas, respectivamente; e
 Classe 5 para o preenchimento dos restos a pagar inscritos no exercício, que deverá ser incluso nos recebimentos
extraorçamentários para compensar sua inclusão na despesa orçamentária, conforme o parágrafo único do artigo 103 da Lei
n.º 4.320/1964; e
 Classe 6 para execução da receita e despesa orçamentária;

DEFINIÇÕES
Para o levantamento do Balanço Financeiro, é necessário definir os seguintes conceitos:

DESTINAÇÃO ORDINÁRIA
É o processo de alocação livre entre a origem e a aplicação de recursos, para atender a quaisquer finalidades.

DESTINAÇÃO VINCULADA
É o processo de vinculação entre a origem e a aplicação de recursos, em atendimento às finalidades específicas estabelecidas
pela legislação.

A classificação por natureza da receita busca a melhor identificação da origem do recurso segundo seu fato gerador. No en-
tanto, existe a necessidade de classificar a receita conforme a destinação legal dos recursos arrecadados. Assim, foi instituído pelo
Governo Federal um mecanismo denominado “fonte/destinação de recursos”. As fontes/destinações de recursos constituem-se
de determinados agrupamentos de naturezas de receitas, atendendo a uma determinada regra de destinação legal, e servem
para indicar como são financiadas as despesas orçamentárias. Entende-se por fonte de recursos a origem ou a procedência dos
recursos que devem ser gastos com uma determinada finalidade. É necessário, portanto, individualizar esses recursos de modo a
evidenciar sua aplicação segundo a determinação legal.

TRANSFERÊNCIAS FINANCEIRAS RECEBIDAS


Refletem as movimentações de recursos financeiros entre órgãos e entidades da administração direta e indireta. Podem ser
orçamentárias ou extraorçamentárias. Aquelas efetuadas em cumprimento à execução do Orçamento são as cotas, repasses e
sub-repasses.
Aquelas que não se relacionam com o Orçamento em geral decorrem da transferência de recursos relativos aos restos a pagar.
Esses valores, quando observados os demonstrativos consolidados, são compensados pelas transferências financeiras concedidas.

38
CONTABILIDADE PÚBLICA

TRANSFERÊNCIAS FINANCEIRAS CONCEDIDAS As informações sobre o fluxo de recursos das dispo-


Refletem as movimentações de recursos financeiros nibilidades são úteis, ainda, para que os usuários possam
entre órgãos e entidades da administração direta e indi- tomar decisões que irão influenciar o fluxo de caixa da en-
reta. Podem ser orçamentárias ou extraorçamentárias e tidade.
representam a contrapartida das transferências financeiras Possibilita, ainda, mensurar se o disponível é suficiente
recebidas. para pagar as obrigações referentes aos bens e serviços
adquiridos e contratados e ainda satisfazer os gastos de
RECEBIMENTOS EXTRAORÇAMENTÁRIOS manutenção.
Nesse grupo são evidenciados os ingressos não previs- Além disso, a discriminação do Balanço Financeiro por
tos no orçamento, que serão restituídos em época própria, destinação de recurso (ordinária e vinculada) permite evi-
por decisão administrativa ou sentença judicial. denciar qual a origem e aplicação dos recursos financeiros
referentes à Receita e Despesa Orçamentárias de acordo
Consistem, por exemplo, em:
com a sua vinculação legal. Por ocasião da realização da
 ingresso de recursos que se constituem obrigações
receita orçamentária, evidencia-se a finalidade específica
relativas a consignações em folha, fianças, cauções, etc.; e
para a futura aplicação dos recursos financeiros. Por outro
 inscrição de restos a pagar, com a função de com-
pensar o valor da despesa orçamentária imputada como lado, a execução da despesa orçamentária indica a finalida-
realizada, porém não paga no exercício da emissão do em- de específica da efetiva aplicação desses recursos.
penho, em atendimento ao parágrafo único do artigo 103 A destinação dos recursos, na execução orçamentária
da Lei nº 4.320/1964. da receita e da despesa, permite avaliar que demandas da
sociedade tiveram arrecadação e empenho, conforme as
PAGAMENTOS EXTRAORÇAMENTÁRIOS vinculações legais.
Nesse grupo são evidenciados os pagamentos que não Em geral, um resultado financeiro positivo é um indi-
precisam se submeter ao processo de execução orçamen- cador de equilíbrio financeiro. No entanto, é importante
tária, como: mencionar que uma variação positiva na disponibilidade
 os relativos a obrigações que representaram ingres- do período não é sinônimo, necessariamente, de bom de-
sos extraorçamentários (ex. devolução de depósitos); e sempenho da gestão financeira, pois pode acontecer, por
 os restos a pagar inscritos em exercícios anteriores e exemplo, mediante elevação do endividamento público. Da
pagos no exercício. mesma, forma, a variação negativa na disponibilidade do
período não significa, necessariamente, um mau desem-
SALDO EM ESPÉCIE penho, pois pode refletir uma redução no endividamento.
Representa o somatório dos saldos das contas do sub- Portanto, a análise deve ser feita conjuntamente com o Ba-
grupo Caixa e Equivalentes de Caixa, bem como o valor das lanço Patrimonial, considerando esses fatores mencionados
entradas compensatórias no ativo e passivo financeiros, e as demais variáveis orçamentárias e extraorçamentárias.
nos termos do parágrafo único do art. 3º da Lei 4.320/1964. Além disso, deve-se analisar de que maneira a admi-
nistração influenciou na liquidez da entidade, de forma a
prevenir insuficiências de caixa no futuro.
ANÁLISE
A análise e a verificação do Balanço Financeiro têm
como objetivo predominante preparar os indicadores que ANÁLISE DOS QUOCIENTES – BALANÇO FINANCEIRO
servirão de suporte para a avaliação da gestão financeira.
1 - O Quociente Orçamentário do Resultado Finan-
O objetivo do Balanço Financeiro é evidenciar os in-
ceiro é resultante da relação entre o Resultado Orçamen-
gressos e dispêndios de recursos em um determinado exer-
tário (Receita Orçamentária – Despesa Orçamentária) e a
cício financeiro. Dessa forma, partindo do item Disponível
Variação do Saldo em Espécie. A interpretação desse quo-
do Exercício Anterior (saldo inicial), deve-se adicionar a re-
ceita orçamentária, as transferências financeiras recebidas ciente indica a parcela da variação do saldo do disponível
e os recebimentos extraorçamentários e subtrair as despe- que pode ser explicada pelo resultado orçamentário. Em
sas orçamentárias, as transferências financeiras concedidas contrapartida pode ainda ser analisada a diferença como
e pagamentos extraorçamentários, chegando-se assim, no resultante do resultado extra orçamentário, ou das trans-
valor do Disponível para o Exercício Seguinte (saldo final). ferências.
O Balanço Financeiro possibilita a apuração do resulta- 2 - O Quociente do Resultado dos Saldos Financeiros é
do financeiro do ente público em um determinado exercí- resultante da relação entre o Saldo que passa para o Exer-
cio. Esse cálculo pode ser efetuado de duas maneiras: cício Seguinte e o Saldo do Exercício Anterior. A interpreta-
1) Saldo em espécie para o Exercício Seguinte menos o ção desse quociente indica o impacto do resultado finan-
Saldo em Espécie do Exercício Anterior. ceiro sobre o saldo em espécie.
2) A soma das Receitas Orçamentárias mais as Transfe-
rências Financeiras Recebidas e os Recebimentos Extraor-
çamentários, menos a Despesa Orçamentária, as Transfe-
rências Financeiras Concedidas e os Pagamentos Extraor-
çamentários.

39
CONTABILIDADE PÚBLICA

BALANÇO PATRIMONIAL

CONCEITO

O Balanço Patrimonial é a demonstração contábil que evidencia, qualitativa e quantitativamente, a situação patrimonial
da entidade pública, por meio de contas representativas do patrimônio público, além das contas de compensação, confor-
me as seguintes definições:
a) Ativo - são recursos controlados pela entidade como resultado de eventos passados e dos quais se espera que resul-
tem para a entidade benefícios econômicos futuros ou potencial de serviços.
b) Passivo - são obrigações presentes da entidade, derivadas de eventos passados, cujos pagamentos se esperam que
resultem para a entidade saídas de recursos capazes de gerar benefícios econômicos ou potencial de serviços.
c) Patrimônio Líquido - é o valor residual dos ativos da entidade depois de deduzidos todos seus passivos.
d) Contas de Compensação - compreende os atos que possam vir ou não a afetar o patrimônio.
No Patrimônio Líquido, deve ser evidenciado o resultado do período segregado dos resultados acumulados de perío-
dos anteriores, além de outros itens.
A classificação dos elementos patrimoniais considera a segregação em “circulante” e “não circulante”, com base em seus
atributos de conversibilidade e exigibilidade.
Os ativos devem ser classificados como circulantes quando satisfizerem a um dos seguintes critérios:
a) estiverem disponíveis para realização imediata; e
b) tiverem a expectativa de realização até doze meses após a data das demonstrações contábeis.

Os demais ativos devem ser classificados como não circulantes.


Os passivos devem ser classificados como circulantes quando corresponderem a valores exigíveis até doze meses após
a data das demonstrações contábeis. Os demais passivos devem ser classificados como não circulantes.
As contas do ativo devem ser dispostas em ordem decrescente de grau de conversibilidade; as contas do passivo, em
ordem decrescente de grau de exigibilidade.
A Lei nº 4.320/1964, artigo 105, confere viés orçamentário ao Balanço Patrimonial, já que separa o Ativo e Passivo em
dois grandes grupos em função da dependência ou não de autorização orçamentária para realização dos itens que o com-
põem:

“O Balanço Patrimonial demonstrará:

I - O Ativo Financeiro;
II - O Ativo Permanente;

III - O Passivo Financeiro;


IV - O Passivo Permanente;
V - O Saldo Patrimonial;
VI - As Contas de Compensação.

§ 1º O Ativo Financeiro compreenderá os créditos e valores realizáveis independentemente de autorização orçamentá-


ria e os valores numerários.
§ 2º O Ativo Permanente compreenderá os bens, créditos e valores, cuja mobilização ou alienação dependa de auto-
rização legislativa.
§ 3º O Passivo Financeiro compreenderá as dívidas fundadas e outros pagamento independa de autorização orçamen-
tária.
§ 4º O Passivo Permanente compreenderá as dívidas fundadas e outras que dependam de autorização legislativa para
amortização ou resgate.
§ 5º Nas contas de compensação serão registrados os bens, valores, obrigações e situações não compreendidas nos
parágrafos anteriores e que, imediata ou indiretamente, possam vir a afetar o patrimônio. (Lei nº 4.320/1.964)”

40
CONTABILIDADE PÚBLICA

ESTRUTURA

41
CONTABILIDADE PÚBLICA

O Balanço Patrimonial será elaborado utilizando-se as classes 1 (ativo) e 2 (passivo e patrimônio líquido) do Plano de Contas
Aplicado ao Setor Público, além da classe 8 (controles credores) para o quadro referente às compensações.
Os ativos e passivos financeiros e permanentes e o saldo patrimonial serão apresentados pelos seus valores totais, podendo
ser detalhados.
No quadro referente às compensações, deverão ser incluídos os atos potenciais do ativo e do passivo que possam, imediata
ou indiretamente, vir a afetar o patrimônio, como por exemplo, direitos e obrigações conveniadas ou contratadas; responsabilida-
de por valores, títulos e bens de terceiros; garantias e contra garantias de valores recebidas e concedidas; e outros atos potenciais
do ativo e do passivo.

ANEXO AO BALANÇO PATRIMONIAL - DEMONSTRATIVO DO SUPERÁVIT/DÉFICIT FINANCEIRO APURADO NO BALANÇO


PATRIMONIAL

Como anexo ao Balanço Patrimonial, deverá ser elaborado o demonstrativo do superávit/déficit financeiro apurado no Balan-
ço Patrimonial do exercício.
O parágrafo único do artigo 8º e o artigo 50 da Lei Complementar nº 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal) estabelece:
“Art. 8º Parágrafo único. Os recursos legalmente vinculados a finalidade específica serão utilizados exclusivamente para atender
ao objeto de sua vinculação, ainda que em exercício diverso daquele em que ocorrer o ingresso.
Art. 50 Além de obedecer às demais normas de contabilidade pública, a escrituração das contas públicas observará as seguintes:
I – a disponibilidade de caixa constará de registro próprio, de modo que os recursos vinculados a órgão, fundo ou despesa obri-
gatória fiquem identificados e escriturados de forma individualizada; (Lei Complementar 101/2000)”
Para atendimento desses mandamentos legais, existe o mecanismo denominado destinação de recursos (DR) ou fonte de
recursos (FR). Ela identifica se os recursos são vinculados ou não e, no caso dos vinculados, indica a sua finalidade, o que poderá
ser verificado por este demonstrativo.
Nesse anexo, podem ser apresentadas algumas fontes com déficit e outras com superávit financeiro, de maneira que o total
seja igual ao superávit financeiro apurado no balanço patrimonial do exercício.

Segue a estrutura básica do demonstrativo:

DEFINIÇÕES
Para o levantamento do Balanço Patrimonial, é necessário definir os seguintes conceitos:

ATIVO CIRCULANTE
Compreende os ativos que atendam a qualquer um dos seguintes critérios: sejam caixa ou equivalente de caixa; sejam realizá-
veis ou mantidos para venda ou consumo dentro do ciclo operacional da entidade; sejam mantidos primariamente para negocia-
ção; sejam realizáveis até doze meses após a data das demonstrações contábeis. O ativo circulante é dividido da seguinte maneira:
a) Caixa e Equivalentes de Caixa – Compreende o somatório dos valores em caixa e em bancos, bem como equivalentes, que
representam recursos com livre movimentação para aplicação nas operações da entidade e para os quais não haja restrições para
uso imediato.
b) Créditos a Curto Prazo – Compreende os valores a receber por fornecimento de bens, serviços, créditos tributários, dívida
ativa, transferências e empréstimos e financiamentos concedidos realizáveis no curso do exercício social subsequente.
c) Demais Créditos e Valores a Curto Prazo – Compreende os valores a receber por demais transações realizáveis até o termino
do exercício seguinte.
d) Investimentos e Aplicações Temporárias a Curto Prazo – Compreende as aplicações de recursos em títulos e valores mobi-
liários, não destinadas a negociação e que não façam parte das atividades operacionais da entidade, resgatáveis até o termino do
exercício seguinte, além das aplicações temporárias em metais preciosos.
e) Estoques – Compreende o valor dos bens adquiridos, produzidos ou em processo de elaboração pela entidade com o ob-
jetivo de venda ou utilização própria no curso normal das atividades.
f) Variações Patrimoniais Diminutivas Pagas Antecipadamente – Compreende pagamentos de variações patrimoniais diminu-
tivas (VPD) antecipadas, cujos benefícios ou prestação de serviço a entidade ocorrerão até o termino do exercício seguinte.

42
CONTABILIDADE PÚBLICA

ATIVO NÃO-CIRCULANTE e) Demais Obrigações a Curto Prazo – Compreende as


Compreende os ativos realizáveis após os doze meses se- obrigações da entidade junto a terceiros não inclusas nos
guintes à data de publicação das demonstrações contábeis, subgrupos anteriores, com vencimento em até doze meses,
sendo composto por ativo realizável a longo prazo, investi- inclusive os precatórios decorrentes dessas obrigações.
mentos, imobilizado e intangível, descritos a seguir: f) Provisões a Curto Prazo – Compreende os passivos
a) Ativo Realizável a Longo Prazo – Compreende os bens, de prazo ou de valor incertos, com prazo provável em até
direitos e despesas antecipadas realizáveis após dozes meses doze meses.
da publicação das demonstrações contábeis.
b) Investimentos – Compreende as participações perma- PASSIVO NÃO-CIRCULANTE
nentes em outras sociedades, bem como os bens e direitos Compreende as obrigações conhecidas e estimadas
não classificáveis no ativo circulante nem no ativo realizável a que não atendam a nenhum dos critérios para serem clas-
longo prazo e que não se destinem a manutenção da ativida- sificadas no passivo circulante, sendo composto pelos se-
de da entidade. guintes grupos de contas:
c) Imobilizado – Compreende os direitos que tenham por a) Obrigações Trabalhistas, Previdenciárias e Assisten-
objeto bens corpóreos destinados a manutenção das ativida- ciais a Pagar a Longo Prazo – Compreende as obrigações
des da entidade ou exercidos com essa finalidade, inclusive os referentes a salários ou remunerações, bem como benefí-
decorrentes de operações que transfiram a ela os benefícios, cios aos quais o empregado ou servidor tenha direito, apo-
os riscos e o controle desses bens. Para fins de apresentação sentadorias, reformas, pensões e encargos a pagar, bem
no Balanço Patrimonial, o imobilizado será apresentado já lí- como benefícios assistenciais, com vencimento após doze
quido da depreciação e amortização acumuladas. meses da data das demonstrações contábeis, inclusive os
d) Intangível – Compreende os direitos que tenham por precatórios decorrentes dessas obrigações.
objeto bens incorpóreos destinados a manutenção da entida- b) Empréstimos e Financiamentos a Longo Prazo –
de ou exercidos com essa finalidade. Para fins de apresenta- Compreende as obrigações financeiras da entidade a titulo
ção no Balanço Patrimonial, o intangível será apresentado já de empréstimos, bem como as aquisições efetuadas dire-
líquido da amortização acumulada.
tamente com o fornecedor, com vencimentos após doze
meses da data das demonstrações contábeis.
PASSIVO CIRCULANTE
c) Fornecedores a Longo Prazo – Compreende as obri-
Compreende as obrigações conhecidas e estimadas que
gações junto a fornecedores de matérias-primas, merca-
atendam a qualquer um dos seguintes critérios: tenham pra-
dorias e outros materiais utilizados nas atividades opera-
zos estabelecidos ou esperados dentro do ciclo operacional
cionais da entidade, com vencimento após doze meses da
da entidade; sejam mantidos primariamente para negociação;
data das demonstrações contábeis, inclusive os precatórios
tenham prazos estabelecidos ou esperados até doze meses
decorrentes dessas obrigações.
após a data das demonstrações contábeis, sendo dividido da
d) Obrigações Fiscais a Longo Prazo – Compreende as
seguinte forma:
obrigações das entidades com o governo relativas a im-
a) Obrigações Trabalhistas, Previdenciárias e Assistenciais postos, taxas e contribuições com vencimento após doze
a Pagar a Curto Prazo – Compreende as obrigações referentes meses da data das demonstrações contábeis.
a salários ou remunerações, bem como benefícios aos quais
o empregado ou servidor tenha direito, aposentadorias, re- e) Demais Obrigações a Longo Prazo – Compreende as
formas, pensões e encargos a pagar, bem como benefícios obrigações da entidade junto a terceiros não inclusas nos
assistenciais, com vencimento em até doze meses, inclusive subgrupos anteriores, com vencimento após doze meses
os precatórios decorrentes dessas obrigações. da data das demonstrações contábeis, inclusive os preca-
b) Empréstimos e Financiamentos a Curto Prazo – Com- tórios decorrentes dessas obrigações.
preende as obrigações financeiras da entidade a titulo de em- f) Provisões a Longo Prazo – Compreende os passivos
préstimos, bem como as aquisições efetuadas diretamente de prazo ou de valor incertos, com prazo provável após
com o fornecedor, com vencimentos em até doze meses. doze meses da data das demonstrações contábeis.
c) Fornecedores e Contas a Pagar a Curto Prazo – Com- g) Resultado Diferido – Compreende o saldo existente
preende as obrigações junto a fornecedores de matérias-pri- na antiga conta resultado de exercícios futuros em 31 de
mas, mercadorias e outros materiais utilizados nas atividades dezembro de 2008, composto de variação patrimonial au-
operacionais da entidade, bem como as obrigações decorren- mentativa (VPA) diferida e o respectivo custo diferido.
tes do fornecimento de utilidades e da prestação de serviços,
tais como de energia elétrica, água, telefone, propaganda, PATRIMÔNIO LÍQUIDO
alugueis e todas as outras contas a pagar com vencimento Compreende o valor residual dos ativos depois de
em até doze meses, inclusive os precatórios decorrentes des- deduzidos todos os passivos. Quando o valor do Passivo
sas obrigações. for maior que o valor do ativo, o resultado é denominado
d) Obrigações Fiscais a Curto Prazo – Compreende as Passivo a Descoberto. Neste caso, a expressão Patrimônio
obrigações das entidades com o governo relativas a impostos, Líquido deve ser substituída por Passivo a Descoberto. Se-
taxas e contribuições com vencimento em até doze meses. guem as definições:

43
CONTABILIDADE PÚBLICA

a) Patrimônio Social e Capital Social – Compreende o pa- SUPERÁVIT FINANCEIRO


trimônio social das autarquias, fundações e fundos e o capital Corresponde a diferença positiva entre o ativo financeiro
social das demais entidades da administração indireta. e o passivo financeiro. Para fins de abertura de crédito adicio-
b) Adiantamento Para Futuro Aumento de Capital – Com- nal, devem-se conjugar, ainda, os saldos dos créditos adicionais
preende os recursos recebidos pela entidade de seus acionis- transferidos e as operações de crédito a eles vinculadas, em
tas ou quotistas destinados a serem utilizados para aumento cumprimento ao parágrafo 2º do artigo 43 da Lei nº 4.320/1964.
de capital, quando não haja a possibilidade de devolução des-
tes recursos. ANÁLISE
c) Reservas de Capital – Compreende os valores acresci- A avaliação dos elementos do ativo e passivo pode ser
dos ao patrimônio que não transitaram pelo resultado como realizada mediante a utilização da análise por quocientes, den-
variações patrimoniais aumentativas (VPA). tre os quais se destacam os índices de liquidez e endividamento.
d) Ajustes de Avaliação Patrimonial – Compreende as É importante destacar que, na análise do endividamen-
contrapartidas de aumentos ou diminuições de valor atribuí- to, é necessário segregar as operações de crédito que podem
dos a elementos do ativo e do passivo em decorrência da sua ser refinanciadas daquelas que não podem ser refinanciadas.
avaliação a valor justo, nos casos previstos pela lei 6.404/76 As operações de crédito que não podem ser refinanciadas es-
ou em normas expedidas pela comissão de valores mobiliá- tão integralmente sujeitas à análise dos índices que incluem o
rios, enquanto não computadas no resultado do exercício em passivo circulante e não circulante. Já as operações de crédito
obediência ao regime de competência. refinanciáveis podem ser utilizadas como justificativa para um
e) Reservas de Lucros – Compreende as reservas consti- eventual índice de liquidez desfavorável. Seguem alguns índices:
tuídas com parcelas do lucro liquido das entidades para fina- 1) Liquidez Imediata (LI) – Disponibilidades /Passivo Cir-
lidades especificas. culante
f) Demais Reservas – Compreende as demais reservas, Indica a capacidade financeira da entidade em honrar
não classificadas como reservas de capital ou de lucro, inclu- imediatamente seus compromissos de curto prazo contando
sive aquelas que terão seus saldos realizados por terem sido apenas com suas disponibilidades, ou seja, os recursos dispo-
extintas pela legislação. níveis em caixa ou bancos.
2) Liquidez Corrente (LC) - Ativo Circulante/Passivo Circulante
g) Resultados Acumulados – Compreende o saldo rema-
A liquidez corrente demonstra quanto a entidade poderá
nescente dos lucros ou prejuízos líquidos das empresas e os
dispor em recursos a curto prazo (caixa, bancos, clientes, esto-
superávits ou déficits acumulados da administração direta,
ques, etc.) para pagar suas dívidas circulantes (fornecedores, em-
autarquias, fundações e fundos.
préstimos e financiamentos a curto prazo, contas a pagar, etc.).
h) Ações / Cotas em Tesouraria – Compreende o valor das ações
ou cotas da entidade que foram adquiridas pela própria entidade. 3) Liquidez Seca (LS) - (Disponibilidades + Créditos a Curto
Prazo) /Passivo Circulante
ATIVO FINANCEIRO Demonstra quanto a entidade poderá dispor de recursos
circulantes, sem levar em consideração seus itens não monetá-
Compreende os créditos e valores realizáveis independen- rios como os estoques, almoxarifados e as despesas antecipa-
temente de autorização orçamentária e os valores numerários. das, para fazer face às suas obrigações de curto prazo.
ATIVO PERMANENTE 4) Liquidez Geral (LG) – (Ativo Circulante + Ativo Realizável
Compreende os bens, créditos e valores, cuja mobilização a Longo Prazo) / (Passivo Circulante + Passivo Não-Circulante).
ou alienação dependa de autorização legislativa. A liquidez geral, ou índice de solvência geral, é uma medi-
da de capacidade da entidade em honrar todas as suas exigi-
PASSIVO FINANCEIRO bilidades, contando, para isso, com os seus recursos realizáveis
Compreende as dívidas fundadas e outros compromis- a curto e longo prazos.
sos exigíveis cujo pagamento independa de autorização or-
çamentária, como os restos a pagar, os serviços da dívida a 5) Índice de Solvência (IS) – (Ativo Circulante + Ativo Não-
pagar, os depósitos e os débitos de tesouraria (operações de Circulante) / (Passivo Circulante + Passivo Não-Circulante).
crédito por antecipação de receita). Uma entidade é solvente quando está em condições de
fazer frente a suas obrigações e ainda apresenta uma situação
PASSIVO PERMANENTE patrimonial que garanta sua sobrevivência no futuro.
Compreende as dívidas fundadas e outras que depen-
dam de autorização legislativa para amortização ou resgate. 6) Endividamento Geral (EG) – (Passivo Circulante + Passi-
vo Não-Circulante) / Ativo Total
CONTAS DE COMPENSAÇÃO Esse índice demonstra o grau de endividamento da enti-
São contas representativas dos atos que possam vir a afe- dade. Reflete também a sua estrutura de capital.
tar o patrimônio, compreendendo as compensações do ativo
e do passivo, ou seja, são contas relacionadas às situações não 9) Composição do Endividamento (CE) – Passivo Circulan-
compreendidas no patrimônio, mas que, direta ou indireta- te / (Passivo Circulante + Passivo Não-Circulante).
mente, possam vir a afetá-lo, exclusive as que dizem respeito Representa a parcela de curto prazo sobre a composição
a atos e fatos ligados à execução orçamentária e financeira e do endividamento total. Geralmente é melhor para a entidade
as contas com função precípua de controle. que suas dívidas sejam de longo prazo.

44
CONTABILIDADE PÚBLICA

CAPÍTULO IV
Dos Balanços

Art. 101. Os resultados gerais do exercício serão demonstrados no Balanço Orçamentário, no Balanço Financeiro, no
Balanço Patrimonial, na Demonstração das Variações Patrimoniais, segundo os Anexos números 12, 13, 14 e 15 e os quadros
demonstrativos constantes dos Anexos números 1, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 16 e 17.

Art. 102. O Balanço Orçamentário demonstrará as receitas e despesas previstas em confronto com as realizadas.

Art. 103. O Balanço Financeiro demonstrará a receita e a despesa orçamentárias bem como os recebimentos e os pa-
gamentos de natureza extraorçamentárias, conjugados com os saldos em espécie provenientes do exercício anterior, e os
que se transferem para o exercício seguinte.
Parágrafo único. Os Restos a Pagar do exercício serão computados na receita extraorçamentárias para compensar sua
inclusão na despesa orçamentária.

Art. 104. A Demonstração das Variações Patrimoniais evidenciará as alterações verificadas no patrimônio, resultantes ou
independentes da execução orçamentária, e indicará o resultado patrimonial do exercício.

Art. 105. O Balanço Patrimonial demonstrará:


I - O Ativo Financeiro;
II - O Ativo Permanente;
III - O Passivo Financeiro;
IV - O Passivo Permanente;
V - O Saldo Patrimonial;
VI - As Contas de Compensação.
§ 1º O Ativo Financeiro compreenderá os créditos e valores realizáveis independentemente de autorização orçamentá-
ria e os valores numerários.
§ 2º O Ativo Permanente compreenderá os bens, créditos e valores, cuja mobilização ou alienação dependa de autori-
zação legislativa.
§ 3º O Passivo Financeiro compreenderá as dívidas fundadas e outras pagamento independa de autorização orçamen-
tária.
§ 4º O Passivo Permanente compreenderá as dívidas fundadas e outras que dependam de autorização legislativa para
amortização ou resgate.
§ 5º Nas contas de compensação serão registrados os bens, valores, obrigações e situações não compreendidas nos
parágrafos anteriores e que, imediata ou indiretamente, possam vir a afetar o patrimônio.

Art. 106. A avaliação dos elementos patrimoniais obedecerá as normas seguintes:


I - os débitos e créditos, bem como os títulos de renda, pelo seu valor nominal, feita a conversão, quando em moeda
estrangeira, à taxa de câmbio vigente na data do balanço;
II - os bens móveis e imóveis, pelo valor de aquisição ou pelo custo de produção ou de construção;
III - os bens de almoxarifado, pelo preço médio ponderado das compras.
§ 1° Os valores em espécie, assim como os débitos e créditos, quando em moeda estrangeira, deverão figurar ao lado
das correspondentes importâncias em moeda nacional.
§ 2º As variações resultantes da conversão dos débitos, créditos e valores em espécie serão levadas à conta patrimonial.
§ 3º Poderão ser feitas reavaliações dos bens móveis e imóveis.

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CONTABILIDADE PÚBLICA

DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA

CONCEITO

A demonstração dos fluxos de caixa tem o objetivo de contribuir para a transparência da gestão pública, pois permite um
melhor gerenciamento e controle financeiro dos órgãos e entidades do setor público.
As informações dos fluxos de caixa são úteis para proporcionar aos usuários da informação contábil instrumento para ava-
liar a capacidade de a entidade gerar caixa e equivalentes de caixa, bem como suas necessidades de liquidez.
Assim, a Demonstração dos Fluxos de Caixa permite aos usuários projetar cenários de fluxos futuros de caixa e elaborar
análise sobre eventuais mudanças em torno da capacidade de manutenção do regular financiamento dos serviços públicos.
A Demonstração dos Fluxos de Caixa deve ser elaborada pelo método direto e evidenciar as movimentações havidas no
caixa e seus equivalentes, nos seguintes fluxos:
(a) das operações;
(b) dos investimentos; e
(c) dos financiamentos.

O fluxo de caixa das operações compreende os ingressos, inclusive decorrentes de receitas originárias e derivadas, e os de-
sembolsos relacionados com a ação pública e os demais fluxos que não se qualificam como de investimento ou financiamento.
O fluxo de caixa dos investimentos inclui os recursos relacionados à aquisição e à alienação de ativo não circulante, bem
como recebimentos em dinheiro por liquidação de adiantamentos ou amortização de empréstimos concedidos e outras ope-
rações da mesma natureza.
O fluxo de caixa dos financiamentos inclui os recursos relacionados à captação e à amortização de empréstimos e finan-
ciamentos.

ESTRUTURA
A demonstração dos fluxos de caixa deve ser elaborada, preferencialmente, pelo método direto. A seguir é apresentada a
sua estrutura.

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CONTABILIDADE PÚBLICA

47
CONTABILIDADE PÚBLICA

DEFINIÇÕES CAIXA E EQUIVALENTE DE CAIXA

Para o levantamento da Demonstração dos Fluxos de Compreende o numerário em espécie e depósitos ban-
Caixa, é necessário definir os seguintes conceitos: cários disponíveis, além das aplicações financeiras de curto
prazo, de alta liquidez, que são prontamente conversíveis em
INGRESSOS DAS OPERAÇÕES um montante conhecido de caixa e que estão sujeitas a um
Corresponde à receita arrecadada corrente de ativi- insignificante risco de mudança de valor. Inclui, ainda, a receita
dades operacionais, divididas em derivadas e originárias, orçamentária arrecadada que se encontra em poder da rede
bancária em fase de recolhimento.
evidenciando-se a origem e a espécie, considerando-se
Assim, na Demonstração de Fluxo de Caixa, figurarão como
as respectivas deduções. Inclui, ainda, a remuneração das
ingressos as receitas orçamentárias arrecadadas e como dis-
disponibilidades e as transferências intragovernamentais e
pêndios as despesas orçamentárias e os restos a pagar pagos.
intergovernamentais. As transações de investimento e financiamento que não
envolvem o uso de caixa ou equivalentes de caixa, como aqui-
TRANSFERÊNCIAS INTERGOVERNAMENTAIS sições financiadas de bens e arrendamento financeiro, não
Reflete as movimentações de recursos financeiros que devem ser incluídas na demonstração dos fluxos de caixa.
não representam arrecadação ou aplicação direta. Tais transações devem ser divulgadas nas notas explicativas à
demonstração, de modo que forneçam todas as informações
TRANSFERÊNCIAS INTRAGOVERNAMENTAIS relevantes sobre essas transações.
Reflete as movimentações de recursos financeiros en-
tre órgãos e entidades da Administração Direta e Indireta. 04 ANÁLISE
Aquelas efetuadas em cumprimento à execução do orça- A Demonstração dos Fluxos de Caixa visa à análise do de-
mento são as cotas, repasses e sub-repasses. Aquelas que sempenho financeiro do setor público, permitindo:
não se relacionam com o orçamento, em geral, decorrem  ter uma visão da situação das finanças públicas, possi-
da transferência de recursos relativos aos restos a pagar. bilitando efetuar comparações entre ingressos e desembolsos
Esses valores, quando observados os demonstrativos con- por tipos de atividades (operacionais, de investimento e de
solidados, são compensados. financiamento), e avaliar as decisões de investimento e finan-
ciamento público;
 avaliar a situação presente e futura do caixa da entidade,
INGRESSOS DE INVESTIMENTO
permitindo análise de liquidez;
Corresponde à receita orçamentária arrecadada refe-
 conhecer a capacidade de expansão das despesas com
rente à alienação de ativo não circulante ou de amortização recursos próprios gerados pelas operações;
de empréstimos concedidos. Inclui, ainda, as transferências  a análise imediata da disponibilidade e do impacto da
intragovernamentais e intergovernamentais com a finalida- mesma nas finanças da entidade, quando da inserção de nova
de de atender a dispêndios de investimento. despesa na programação;
 avaliar a previsão de quando é possível contrair novas
INGRESSOS DE FINANCIAMENTO despesas sem que isso comprometa as finanças públicas;
Corresponde à receita orçamentária arrecadada de
operações de crédito, refinanciamento da dívida e outras. A DFC é também um importante instrumento de avaliação
da gestão pública, pois permite inferir, em nível macro, quais
DESEMBOLSOS DAS OPERAÇÕES foram as decisões de alocação de recursos na prestação de
Corresponde à despesa orçamentária paga de ativi- serviços públicos, em investimentos e financiamentos, além de
dades operacionais, demonstrando-se os desembolsos de que permitir a verificação de como a administração influenciou
pessoal e outras despesas correntes por função (exceto en- na liquidez da entidade, de forma a prevenir insolvência futura.
cargos especiais), os juros e encargos sobre a dívida e as
transferências, incluindo o pagamento dos restos a pagar. ANÁLISE DOS QUOCIENTES – DEMONSTRAÇÃO DOS
FLUXOS DE CAIXA
1 – O Quociente do fluxo de caixa líquido das atividades
DESEMBOLSOS DE INVESTIMENTO
operacionais em relação ao resultado patrimonial é resultante
Corresponde à despesa orçamentária paga com inves-
da relação entre o Caixa Líquido Gerado nas Operações e o
timentos e inversões financeiras, incluindo o pagamento Resultado Patrimonial. A interpretação desse quociente indica
dos restos a pagar. As concessões de empréstimos e finan- a dispersão entre o fluxo de caixa operacional gerado e o re-
ciamentos figurarão em linha específica neste grupo. sultado patrimonial do exercício.

DESEMBOLSOS DE FINANCIAMENTO 2 – O Quociente da Capacidade de Amortização de Dívida


Corresponde à despesa orçamentária paga com amor- é resultante da relação entre o Caixa Líquido Gerado nas Ope-
tização e refinanciamento da dívida, incluindo o pagamen- rações e o Total do Passivo. A interpretação desse quociente
to dos restos a pagar processados e não processados refe- indica a parcela dos recursos gerados pela entidade para pa-
rentes à amortização e refinanciamento da dívida. gamento da dívida.

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CONTABILIDADE PÚBLICA

3 – O Quociente da Atividade Operacional é resultante da relação entre o Caixa Líquido Gerado das Operações e o Total da
Geração Líquida de Caixa. A interpretação desse quociente indica a parcela da geração líquida de caixa pela entidade atribuída
as atividades operacionais.

DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES NO PATRIMÔNIO LÍQUIDO

CONCEITO

A Demonstração das Mutações no Patrimônio Líquido será obrigatória apenas para as empresas estatais dependentes e para
os entes que as incorporarem no processo de consolidação das contas.
A entidade deve apresentar a demonstração das mutações no patrimônio líquido - DMPL, que objetiva demonstrar:
a) o déficit ou superávit patrimonial do período;
b) cada mutação no patrimônio líquido reconhecida diretamente no mesmo;
c) o efeito decorrente da mudança nos critérios contábeis e os efeitos decorrentes da retificação de erros cometidos em
exercícios anteriores.
d) as contribuições dos proprietários e distribuições recebidas por eles como proprietários;
Alterações no patrimônio líquido de uma entidade entre as datas de duas demonstrações financeiras consecutivas refletem
o aumento ou diminuição da riqueza durante o período.
A demonstração das mutações do patrimônio líquido - DMPL contemplará, no mínimo, os itens contidos na estrutura des-
crita nesta Parte, segregados em colunas, discriminando, por exemplo:
a) Patrimônio Social/Capital Social,
b) Adiantamento para Futuro Aumento de Capital
c) Reservas de Capital,
d) Ajustes de Avaliação Patrimonial,
e) Reservas de Lucros,
f) Demais Reservas
g) Resultados Acumulados.,
h) Ações/Cotas em Tesouraria

A conta “Ajustes de Exercícios Anteriores”, que registra o saldo decorrente de efeitos da mudança de critério contábil ou da
retificação de erro imputável a determinado exercício anterior, e que não possam ser atribuídos a fatos subsequentes, materiali-
zando os ajustes da administração direta, autarquias, fundações e fundos, integra a conta “Resultados Acumulados”.

ESTRUTURA

49
CONTABILIDADE PÚBLICA

ANÁLISE A entidade deve evidenciar ainda as premissas-chave


relativas ao futuro e outras fontes de incerteza das estima-
As contas que formam o patrimônio líquido podem sofrer tivas, na data de apresentação das demonstrações contá-
variações por inúmeros motivos, tais como: beis, que possuam risco significativo de causar um ajuste
1 - Itens que afetam o patrimônio líquido, afetando con- material nos valores contábeis dos ativos e passivos dentro
juntamente o ativo e o passivo: do próximo ano. Essa informação complementa as contas
a) acréscimo do patrimônio líquido pelo resultado patri- de compensação que compõem o balanço patrimonial.
monial positivo ou redução pelo resultado patrimonial negati- As informações contidas nas notas explicativas devem
vo do exercício; ser relevantes, complementares ou suplementares àquelas
b) redução por dividendos; não suficientemente evidenciadas ou não constantes no
c) acréscimo por doações e subvenções para investimentos corpo das demonstrações contábeis.
recebidos; As notas explicativas devem evidenciar, ainda, o reco-
e) acréscimo por subscrição e integralização de capital; nhecimento de inconformidades provavelmente relevantes
f) acréscimo ou redução por ajuste de exercícios anteriores. para a avaliação de responsabilidades (accountability), que
pode afetar a avaliação do usuário sobre o desempenho
2 - Itens que somente afetam o patrimônio líquido: e o direcionamento das operações da entidade no futuro.
a) aumento do capital com utilização de lucros e reservas; Essa evidenciação pode também influenciar as decisões so-
b) compensação de prejuízos com reservas. bre os recursos a serem alocados na entidade, no futuro.
Poderão ainda incluir divulgações sobre os riscos e in-
A DMPL permite, dentre outras coisas, avaliar a evolução dos certezas que afetem a entidade e quaisquer recursos e/ou
itens que compõem o patrimônio líquido, em complemento ao obrigações para os quais não exista obrigatoriedade de se-
Anexo de Metas Fiscais integrante do projeto de lei de diretrizes rem reconhecidos no balanço patrimonial.
orçamentárias, previsto pela Lei Complementar nº 101, de 4 de As notas explicativas incluem os critérios utilizados na
maio de 2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal), artigo 4º, § 2o: elaboração das demonstrações contábeis, das informações
O Anexo (de Metas Fiscais) conterá, ainda:
de naturezas patrimonial, orçamentária, econômica, finan-
[...]
ceira, legal, física, social e de desempenho e outros eventos
III - evolução do patrimônio líquido, também nos últimos
não suficientemente evidenciados ou não constantes nas
três exercícios, destacando a origem e a aplicação dos recur-
referidas demonstrações.
sos obtidos com a alienação de ativos;” (Lei Complementar
101/2000)
ESTRUTURA
A evolução do patrimônio líquido é mundialmente utili-
zada para a avaliação da situação patrimonial, de maneira que As notas explicativas devem:
o patrimônio líquido positivo e crescente é um bom indicador (a) apresentar informação acerca da base para a elabo-
de solvência. ração das demonstrações contábeis e das políticas e crité-
Quando de sua publicação, em 2000, a LRF também in- rios contábeis específicos utilizadas;
corporou este conceito, devendo integrar o Anexo de Metas (b) evidenciar a informação requerida pelas normas de
Fiscais da Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO. Embora inte- contabilidade aplicáveis, que não tenha sido apresentada
gre um anexo da LDO, a evolução do patrimônio líquido não é nas demonstrações contábeis; e
devida exclusivamente a fatores orçamentários. (c) prover informação adicional que não tenha sido
É importante observar que a análise da evolução do patri- apresentada na apresentação principal das demonstrações
mônio líquido depende da certeza de que os ativos e passivos contábeis, mas que seja relevante para a sua compreensão.
da entidade estão reconhecidos, mensurados e avaliados de As notas explicativas podem ser apresentadas tanto
forma confiável. na forma descritiva como forma de quadros analíticos, ou
mesmo englobar outras demonstrações complementares
NOTAS EXPLICATIVAS ÀS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS necessárias para a melhor evidenciação dos resultados e da
situação financeira da entidade. Devem ser apresentadas
CONCEITOS de maneira sistemática, de forma que cada item constante
das demonstrações contábeis faça referência à sua respec-
As notas explicativas são parte integrante das demons- tiva informação adicional relacionada nas notas.
trações contábeis. Contêm informações adicionais em relação Para facilitar a compreensão das demonstrações con-
à apresentada no corpo dessas demonstrações e oferecem tábeis e sua comparação com as de outras entidades, as
descrições narrativas ou segregações e aberturas de itens an- notas são normalmente apresentadas na seguinte ordem:
teriormente divulgados, além de informações acerca de itens (a) declaração de alinhamento com as normas de con-
que não se enquadram nos critérios de reconhecimento nas tabilidade aplicáveis, caso cumpridas todas as suas deter-
demonstrações contábeis. minações;
A entidade deve evidenciar como informação comple- (b) Sumário de significativos critérios contábeis utiliza-
mentar, os julgamentos que a administração tenha feito no dos; e
processo de aplicação das políticas contábeis, além daqueles (c) Informação adicional sobre os itens constantes das
relacionados às estimativas, que tenham efeito mais significati- demonstrações contábeis segundo a ordem de cada de-
vo nos montantes reconhecidos nas demonstrações contábeis. monstrativo e linha do item referenciado.

50
CONTABILIDADE PÚBLICA

Em alguns casos excepcionais, pode ser necessário va- c) se a essência da relação entre a entidade que elabora
riar a ordem dos itens específicos, entretanto a ordem sis- as demonstrações e outras entidades indica que essas ou-
temática das notas deve ser mantida tanto quanto possível. tras entidades são controladas pela primeira entidade.
É importante que os usuários estejam informados sobre
EVIDENCIAÇÃO DE POLÍTICAS CONTÁBEIS a base ou bases de mensuração utilizada(s) nas demonstra-
Políticas contábeis são os princípios, as bases, conven- ções contábeis (por exemplo, custo histórico, custo corrente,
ções, regras e os procedimentos específicos aplicados pela valor realizável líquido, valor justo, valor recuperável ou valor
entidade na elaboração e na apresentação de demonstra- de serviço recuperável) porque a base de acordo com a qual
ções contábeis. as demonstrações contábeis são elaboradas afeta significa-
A entidade deve evidenciar no resumo de políticas tivamente a análise dos usuários.
contábeis significativas: Ao decidir se determinada política contábil específica
(a) a base (ou bases) de mensuração utilizada(s) na ela- será ou não evidenciada, a administração deve considerar
boração das demonstrações contábeis; e se sua evidenciação proporcionará aos usuários melhor
(b) outras políticas contábeis utilizadas que sejam rele- compreensão da forma em que as transações, condições e
vantes para a compreensão das demonstrações contábeis. outros eventos, estão refletidos no resultado e da posição
A entidade deve alterar uma política contábil (e nesse patrimonial relatados.
caso evidenciar em nota explicativa) apenas se a mudança: As notas explicativas que proporcionam informação
(a) for exigida pelas normas de contabilidade aplicá- acerca da base para a elaboração das demonstrações contá-
veis; ou beis e as políticas contábeis específicas podem ser apresen-
(b) resultar em informação confiável e mais relevante tadas separadamente.
nas demonstrações contábeis sobre os efeitos das transa-
ções, outros eventos ou condições acerca da posição pa- APRESENTAÇÃO DOS CRITÉRIOS CONTÁBEIS
trimonial, do resultado patrimonial ou dos fluxos de caixa Deve ser informado no sumário dos critérios contábeis
da entidade. significativos:
São exemplos de mudança de política contábil, a mu-
(a) o regime contábil utilizado;
dança do regime de caixa para o de competência (ou vice
(b) a extensão em que é aplicado o procedimento tran-
versa), a mudança de tratamento contábil, reconhecimento
sitório referente à adoção da determinada norma contábil,
ou mensuração de uma transação, evento ou condição de
quando for o caso;
acordo com um regime contábil.
(c) os critérios de mensuração usados nos itens compo-
Porém, não constituem mudanças nas políticas contá-
nentes das demonstrações contábeis, tais como custo histó-
beis:
rico, custo corrente, valor realizável líquido, valor justo, valor
recuperável ou valor de serviço recuperável. Quando mais
(a) a adoção de política contábil para transações, ou-
tros eventos ou condições que sejam diferentes, em essên- de um critério for usado, devem ser indicadas as categorias
cia, daqueles que ocorriam anteriormente; e de ativos e passivos em que cada um é adotado;
(b) a adoção de nova política contábil para transações,
outros eventos ou condições que não ocorriam anterior- (d) os julgamentos para escolha dos critérios contábeis
mente ou eram imateriais. Embora isso não se constitua que têm efeito mais significativo nos valores registrados nas
mudança de política contábil, deve ser evidenciada em demonstrações contábeis; e
notas explicativas, caso a adoção de nova política contábil (e) Outros critérios contábeis relevantes e necessários à
seja material. compreensão das demonstrações contábeis.
A entidade deve evidenciar, no resumo das políticas
contábeis significativas ou em outras notas explicativas, os EVIDENCIAÇÃO DE ESTIMATIVAS
julgamentos realizados, que a administração fez no proces- As notas explicativas devem conter as principais estima-
so de aplicação das políticas contábeis da entidade e que tivas referentes aos períodos futuros (por exemplo, provi-
têm efeito mais significativo nos montantes reconhecidos sões) e as fontes de erro de estimativa, na data a que se refe-
nas demonstrações contábeis. rem as demonstrações, que têm risco significativo de causar
Os diversos julgamentos exercidos pela aplicação das ajuste material dos valores contábeis de ativos e passivos
políticas contábeis da entidade podem afetar significati- no próximo exercício financeiro. A respeito desses ativos e
vamente os montantes reconhecidos nas demonstrações passivos, devem ser informados detalhes sobre sua natureza
contábeis. Por exemplo, a administração exerce julgamento e valor contábil na data a que se referem às demonstrações.
ao definir: O uso de estimativas razoáveis é parte essencial da ela-
a) se ativos são propriedades para investimento (é a boração de demonstrações contábeis e não reduz sua con-
propriedade mantida pelo proprietário ou pelo arrenda- fiabilidade.
tário em arrendamento financeiro para auferir aluguel ou A estimativa pode necessitar de revisão se ocorrer al-
para valorização do capital ou para ambas); terações nas circunstâncias em que se baseou ou em con-
b) se os acordos para o suprimento de produtos e/ ou sequência de novas informações ou de maior experiência.
serviços que envolvem a utilização de ativos dedicados são Dada a sua natureza, a revisão da estimativa não se relaciona
arrendamentos; e com períodos anteriores nem representa correção de erro.

51
CONTABILIDADE PÚBLICA

Uma mudança de método de avaliação é uma mudan- A consolidação é o processo que ocorre pela soma ou
ça na política contábil e não uma mudança na estimativa pela agregação de saldos ou grupos de contas, excluídas
contábil e deve ser evidenciada. as transações entre entidades incluídas na consolidação,
A entidade deve evidenciar a natureza e o montante formando uma unidade contábil consolidada e tem por
obtido por meio de uma mudança na forma de elaboração objetivo o conhecimento e a disponibilização de macro
de uma estimativa contábil que tenha efeito no período agregados do setor público, a visão global do resultado e a
corrente ou se espera que tenha efeito em períodos subse- instrumentalização do controle social.
quentes, exceto quando for impraticável. Dessa forma, a consolidação é um processo simétrico
Se o montante do efeito em períodos subsequentes e busca evitar a dupla contagem de transações ou saldos
não for evidenciado, porque a sua estimativa é impraticá- entre unidades aumentando, assim, a utilidade dos dados
vel, a entidade também deve evidenciar tal fato. consolidados.
As evidenciações são apresentadas de forma a ajudar O processo de consolidação é sempre complexo, sendo
os usuários das demonstrações contábeis a compreender considerado por muitos como uma ciência imperfeita, uma
os julgamentos que a administração fez acerca do futuro e vez que nem sempre é possível obter informações consoli-
sobre outras principais fontes de incerteza de estimativas. dadas com precisão.
A natureza e a extensão da informação a ser evidenciada No Brasil, inicialmente a consolidação deve abranger
variam de acordo com a natureza dos pressupostos e ou- todas as entidades incluídas no orçamento fiscal e da segu-
tras circunstâncias. ridade social, a saber:
Exemplos de tipos de evidenciação são:  as esferas de governo (Governo Federal, estados, Dis-
(a) a natureza dos pressupostos ou de outras aborda- trito Federal e mais de 5.500 municípios);
gens a respeito de incertezas nas estimativas;  os Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário); e
(b) o grau de sensibilidade dos valores contábeis aos  toda a administração pública, direta e indireta, in-
métodos, pressupostos e estimativas subjacentes ao res- cluindo fundos, fundações, autarquias e empresas estatais
pectivo cálculo, incluindo as razões (as variáveis) que deter- dependentes.
minam ou influenciam esse grau de sensibilidade; Assim, ela pode ser elaborada em diferentes níveis ou
(c) a solução esperada de incerteza e a variedade de esferas do Setor Público:
desfechos razoavelmente possíveis durante o próximo pe- 1. Intragovernamental (Abrange cada ente da Federa-
ríodo contábil em relação aos valores contábeis dos ativos ção);
e passivos impactados; e 2. Intergovernamental (Contas Nacionais).
(d) uma explicação de alterações feitas nos pressupos-
A peculiaridade de cada ente da Federação e de suas
tos adotados no passado, no tocante a esses ativos e passi-
respectivas unidades requer um trabalho inicial por parte da
vos, caso a incerteza continue pendente de solução.
STN em padronizar os procedimentos, com vistas a possi-
bilitar posteriormente a consolidação das contas nacionais.
OUTRAS INFORMAÇÕES CONSTANTES DAS NOTAS
Sem essa padronização, não haveria condições de gerar
EXPLICATIVAS
uma demonstração consolidada adequada, pois os critérios
Adicionalmente, outras informações devem ser eviden-
de registros contábeis, bem como os planos de contas uti-
ciadas, como:
lizados pelos diferentes Entes não representariam a mesma
(a) domicílio e classificação jurídica da entidade;
natureza de informação, gerando relatórios inconsistentes.
(b) natureza das operações e principais atividades da A doutrina define que para as demonstrações contábeis
entidade; e consolidadas devem ser excluídos os seguintes itens:
(c) legislação relevante que rege suas operações. I – as participações nas empresas estatais dependentes;
II – as transações e saldos recíprocos entre entidades
Deve-se evitar que as notas explicativas contenham (Ex. UG 1 - clientes/ UG 2 – fornecedores); e
obviedades, bem como redações rebuscadas. O objetivo é
tornar as informações mais transparentes para os usuários III – as parcelas dos resultados do exercício, do lucro/
das demonstrações contábeis. prejuízo acumulado e do custo dos estoques ou ativo imo-
bilizado ou intangível que corresponderem a resultados
CONSOLIDAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ainda não realizados.
Assim, em termos operacionais, alguns aspectos devem
A LRF, em seu artigo 51, prevê que “o Poder Executivo ser observados por todos os entes da Federação de for-
da União promoverá, até o dia trinta de junho, a consoli- ma a possibilitar uma correta consolidação. Primeiramen-
dação, nacional e por esfera de governo, das contas dos te, as contas de todas as unidades a consolidar devem ser
entes da Federação relativas ao exercício anterior, e a sua analisadas e detalhadas de forma suficiente para identificar
divulgação, inclusive por meio eletrônico de acesso públi- transações internas e significativas. Para tanto, o Plano de
co”. Essa determinação legal gera para o Tesouro Nacional, Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP) indica as contas
como órgão central de contabilidade, a responsabilidade obrigatórias e facultativas a serem utilizadas por todos os
de padronizar os procedimentos com a finalidade de pro- entes, em um nível de detalhe necessário e satisfatório à
mover a referida consolidação. consolidação nacional.

52
CONTABILIDADE PÚBLICA

Além disso, a estrutura do plano de contas foi elaborada de forma a identificar as contas segregando os valores gerados a
partir de transações que serão incluídas na consolidação e as que serão excluídas (saldos de transações intra e inter Orçamen-
to Fiscal e da Seguridade Social (OFSS)), ou seja, se uma transferência, por exemplo, ocorre entre unidades da mesma esfera de
governo, pertencentes ao OFSS, o registro contábil evidenciará este fato, demonstrando por meio do código da conta contábil
que o valor resultou de uma operação intragovernamental, tanto na unidade transferidora, quanto na unidade recebedora. Tal
mecanismo possibilitará a exclusão dos saldos recíprocos quando ocorrer a consolidação contábil.
Dessa forma, o Plano de Contas Aplicado ao Setor Público identifica, no 5º nível, as contas que devem ser utilizadas obri-
gatoriamente para identificar as transações intra e intergovernamentais, como as relativas aos empréstimos e financiamentos
e as transações previdenciárias. Caso o ente público necessite identificar outras transações dessa natureza além das previstas
no PCASP, poderá fazê-lo por meio da criação de contas “inter” e “intra” nesse mesmo nível.
É importante saber que não é viável consolidar todas as informações, apenas as transações de possível identificação,
bem como as mais relevantes. Dessa forma, algumas áreas de consolidação das transações devem ser priorizadas, como as
transferências entre entidades governamentais, transações recíprocas (ativos e passivos financeiros) e juros recebidos e pagos.
Para os saldos de contas entre entidades do OFSS e as participações nas empresas estatais dependentes serão utilizadas,
conforme exposto acima, contas contábeis de Ativo, Passivo, Variações Patrimoniais Aumentativas e Diminutivas, que espe-
cificam no 5º nível de seu código, se esses valores são relativos a operações “intra” ou “inter”. Utilizando essa estrutura, será
possível eliminar reciprocamente os saldos desejados, seja abrangendo apenas um ente da Federação ou todos os entes.
Por fim, para garantir uma correta consolidação, é importante saber que o objetivo não é a consolidação perfeita, mas sim
eliminar de forma consistente as transações e posições que tenham um efeito significativo nos saldos finais. Portanto, não se
deve consumir tempo e recursos com pequenas transações que sejam difíceis de identificar

12 TRANSAÇÕES NO SETOR PÚBLICO.

NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE


NBC T 16 – NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE
APLICADAS AO SETOR PÚBLICO
NBC T 16.4 – TRANSAÇÕES NO SETOR PÚBLICO

Índice Item
DISPOSIÇÕES GERAIS 1
DEFINIÇÕES 2
NATUREZA DAS TRANSAÇÕES NO SETOR PÚBLICO E SEUS REFLEXOS NO
3
PATRIMÔNIO PÚBLICO
VARIAÇÕES PATRIMONIAIS 4–9
TRANSAÇÕES QUE ENVOLVEM VALORES DE TERCEIROS 10 – 11

DISPOSIÇÕES GERAIS

1. Esta Norma estabelece conceitos, natureza e tipicidades das transações no setor público.

DEFINIÇÕES

2. Para efeito desta Norma, entende-se por:


Transações no setor público: os atos e os fatos que promovem alterações qualitativas ou quantitativas, efetivas ou
potenciais, no patrimônio das entidades do setor público, as quais são objeto de registro contábil em estrita observância
aos Princípios de Contabilidade e às Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público. (Redação dada pela
Resolução CFC n.º 1.437/13)

53
CONTABILIDADE PÚBLICA

NATUREZA DAS TRANSAÇÕES NO SETOR PÚBLICO RESOLUÇÃO CFC N.º 1.132/08


E SEUS REFLEXOS NO PATRIMÔNIO PÚBLICO
Aprova a NBC T 16.5 – Registro Contábil.
3. De acordo com suas características e os seus refle-
xos no patrimônio público, as transações no setor público O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no
podem ser classificadas nas seguintes naturezas: exercício de suas atribuições legais e regimentais,
(a) econômico-financeira – corresponde às transa-
ções originadas de fatos que afetam o patrimônio públi- CONSIDERANDO a internacionalização das normas
co, em decorrência, ou não, da execução de orçamento, contábeis, que vem levando diversos países ao processo
podendo provocar alterações qualitativas ou quantitativas, de convergência;
efetivas ou potenciais;
(b) administrativa – corresponde às transações que CONSIDERANDO o que dispõe a Portaria n.º 184/08,
não afetam o patrimônio público, originadas de atos admi- editada pelo Ministério da Fazenda, que dispõe sobre as
nistrativos, com o objetivo de dar cumprimento às metas diretrizes a serem observadas no setor público quanto aos
programadas e manter em funcionamento as atividades da procedimentos, práticas, elaboração e divulgação das de-
entidade do setor público. monstrações contábeis, de forma a torná-las convergentes
com as Normas Internacionais de Contabilidade Aplicadas
VARIAÇÕES PATRIMONIAIS ao Setor Público;

4. As variações patrimoniais são transações que pro- CONSIDERANDO a criação do Comitê Gestor da Con-
movem alterações nos elementos patrimoniais da entidade vergência no Brasil, que está desenvolvendo ações para
do setor público, mesmo em caráter compensatório, afe- promover a convergência das Normas Brasileiras de Conta-
tando, ou não, o seu resultado. bilidade Aplicadas ao Setor Público, às normas internacio-
nais, até 2012;
5. As variações patrimoniais que afetem o patrimô-
nio líquido devem manter correlação com as respectivas RESOLVE:
contas patrimoniais.
Art. 1º Aprovar a NBC T 16.5 – Registro Contábil.
6. Entende-se por correlação a vinculação entre as
contas de resultado e as patrimoniais, de forma a permitir Art. 2º Esta Resolução entra em vigor na data da sua
a identificação dos efeitos nas contas patrimoniais produ- publicação, com adoção de forma facultativa, a partir dessa
zidos pela movimentação das contas de resultado. data, e de forma obrigatória para os fatos ocorridos a partir
de 1º de janeiro de 2010.
7. As variações patrimoniais classificam-se em quan-
titativas e qualitativas. Brasília, 21 de novembro de 2008.
Contadora Maria Clara Cavalcante Bugarim
8. Entende-se como variações quantitativas aquelas Presidente
decorrentes de transações no setor público que aumentam
ou diminuem o patrimônio líquido. Ata CFC n.º 919

9. Entende-se como variações qualitativas aquelas


decorrentes de transações no setor público que alteram a
composição dos elementos patrimoniais sem afetar o pa-
trimônio líquido.

TRANSAÇÕES QUE ENVOLVEM VALORES DE TER-


CEIROS

10. Transações que envolvem valores de terceiros


são aquelas em que a entidade do setor público responde
como fiel depositária e que não afetam o seu patrimônio
líquido.

11. As transações que envolvem valores de terceiros


devem ser demonstradas de forma segregada.

54
CONTABILIDADE PÚBLICA

a) Despesas de Investimento, são as que contribuem


13 DESPESA PÚBLICA: CONCEITO, ETAPAS, para a formação de capital – técnico – do Estado;
b) Despesa de Funcionamento, consubstanciam os
ESTÁGIOS E CATEGORIAS ECONÔMICAS.
gastos necessários ao normal funcionamento da “máqui-
na” administrativa.
c) Despesas em Bens e Serviços, são as que asseguram
DESPESA PÚBLICA a criação de utilidades, através da compra de bens e servi-
ços pelo Estado; enquanto que as Despesas de Transferên-
Despesa pública é o conjunto de dispêndios realiza- cias, se limitam a redistribuir recursos a novas entidades,
dos pelos entes públicos para custear os serviços públicos quer do sector público, quer do sector privado.
(despesas correntes) prestados à sociedade ou para a reali- d) Despesas Produtivas criam diretamente utilidade;
zação de investimentos (despesas de capital). as Despesas Reprodutivas, contribuem para o aumento da
As despesas públicas devem ser autorizadas pelo Po- capacidade produtiva, gerando pois, utilidades acrescidas,
der legislativo, através do ato administrativo chamado or- mas no futuro.
çamento público. Exceção são as chamadas despesas ex-
traorçamentárias. Classificação das despesas públicas
As despesas públicas devem obedecer aos seguintes a) Despesas Ordinárias, são as que, com grande ve-
requisitos: rossimilhança, se repetirão em todos os períodos financei-
• utilidade (atender a um número significativo de ros; as Despesas Extraordinárias, são as que não se repetem
pessoas)
todos os anos, são difíceis de prever, não se sabendo quan-
• legitimidade (deve atender uma necessidade pú-
do voltarão a repetir-se.
blica real)
b) Despesas Correntes, são as que o Estado faz, du-
• discussão pública (deve ser discutida e aprovada
rante um período financeiro, em bens consumíveis, ou que
pelo Poder Legislativo e pelo Tribunal de Contas)
vão traduzir na compra de bens consumíveis; as Despesas
• possibilidade contributiva (possibilidade da popu-
de Capital, são as realizadas em bens duradouros e no
lação atender à carga tributária decorrente da despesa)
reembolso de empréstimos.
• oportunidade
c) Despesas Efetivas, são as que se traduzem, sempre,
• hierarquia de gastos
numa diminuição do património monetário do Estado, quer
• deve ser estipulada em lei
se trate de despesas em bens de consumo, quer em bens
É a aplicação de certa quantia, em dinheiro, por parte duradouros, implicam sempre uma saída efetiva e definitiva
da autoridade ou agente público competente, dentro de de dinheiros da tesouraria; Despesas Não Efetivas, são as
uma autorização legislativa, para a execução de fim a cargo que, embora representem uma diminuição do património
do governo. da tesouraria, têm, como contrapartida, o desaparecimento
• Nem todo desembolso de recursos do caixa do go- de uma verba de idêntico valor do passivo patrimonial.
verno representa despesa. Pois a restituição de ingresso d) Despesas Plurianuais são aquelas cuja efetividade
extraorçamentário, tem natureza de desembolso extraor- se prolonga por mais de um ano; as Despesas Anuais são
çamentário, como exemplo: devolução de depósito em as que se não prolongam por mais de um ano.
caução.
• Observação: Desembolso extraorçamentário: restitui- Classificação orçamental das despesas
ção de tributos, em regra. São quatro as classificações orçamentais, art. 8º/2 Lei
6/91:
Obter e dispor de dinheiros públicos, como afetá-los, a) Orgânica: as despesas repartem-se por departa-
distingui-los ou despendê-los não é mais do que a realiza- mentos da Administração; por serviços, etc.
ção da receita e da despesa orçamental, já que, ao nível da b) Económica: distinguem-se as despesas correntes e
gestão financeira pública, é esta terminologia – a das recei- de capital, umas e outras descriminadas por agrupamen-
tas e despesas – que está legalmente consagrada. tos, suba grupamentos e rubricas.
Pode-se definir Despesa Pública, no gasto ou no dis- c) Funcional: as despesas são aqui agrupadas de acor-
pêndio de bens por parte dos entes públicos para criarem do com a natureza das funções exercidas pelo Estado, ten-
ou adquirirem bens ou prestarem serviços susceptíveis de do-se adoptado para o efeito o modelo do Fundo Mone-
satisfazer necessidades públicas; elas concretizam o pró- tário Internacional.
prio fim da atividade financeira do Estado – satisfação de d) Despesas por Programas: um programa de des-
necessidades. pesas é um conjunto de verbas destinadas à realização de
determinado objetivo, abrangendo um ou vários projetos.
Evolução e efeitos económicos
De modo com a natureza económica das despesas e
tendo em conta as interfaces entre economia e as finanças
podemos falar de três tipos de despesa pública, a saber:

55
CONTABILIDADE PÚBLICA

ESTÁGIOS DA DESPESA “Art. 36. Consideram-se Restos a Pagar as despesas empe-


Estágios da despesa são etapas que devem ser observa- nhadas mas não pagas até o dia 31 de dezembro, distinguin-
das na realização da despesa pública. São estágios da despesa do-se as processadas das não processadas.”
pública o empenho, a liquidação e o pagamento. Há uma grande diferença entre restos a pagar e obriga-
O empenho é o primeiro estágio da despesa pública. É ato ções a pagar. A classificação obrigações a pagar é “gênero”, en-
emanado de autoridade competente que cria, para o Estado, volvendo qualquer valor que represente uma exigibilidade de
obrigação de pagamento pendente, ou não, de implemento terceiros contra o patrimônio do órgão. Podem ser oriundas
de condição. É a garantia de que existe o crédito necessário da execução do orçamento da receita, da despesa e de fatos
para a liquidação de um compromisso assumido. O empenho extraorçamentários. Restos a Pagar é um termo utilizado pela
da despesa não poderá exceder o limite dos créditos concedi- Lei nº 4.320/64 para representar os valores pendentes de pa-
dos. É vedada a realização de despesa sem prévio empenho. gamento oriundos da emissão de empenhos, ou seja, os Res-
A Nota de Empenho é o documento utilizado para regis- tos a Pagar têm origem no orçamento da despesa, devendo
trar as operações que envolvem despesas orçamentárias rea- esse termo ser utilizado apenas para representar os valores da
lizadas pela Administração Pública federal, ou seja, o compro- despesa empenhada e não paga ao final do exercício financei-
metimento de despesa, seu reforço ou anulação, indicando o ro de emissão do empenho. Dessa forma podem representar
nome do credor, a especificação e o valor da despesa, bem Restos a pagar as seguintes contas: fornecedores, pessoal a
como a dedução desse valor do saldo da dotação própria. pagar e encargos sociais a recolher, conforme estabelecido no
A liquidação é o segundo estágio da despesa pública. É o Manual do Sistema Integrado de Administração Financeira do
procedimento realizado sob a supervisão e responsabilidade Governo Federal - SIAFI.
do ordenador de despesas para verificar o direito adquirido No entanto, seu uso tem sido desvirtuado por grande par-
pelo credor, ou seja, que a despesa foi regularmente empe- te dos entes governamentais, que acabam por inscrever entre
nhada e que a entrega do bem ou serviço foi realizada de eles valores de bens e serviços a serem adquiridos no futuro,
maneira satisfatória, tendo por base os títulos e os documen- não sendo adequado, neste caso, o registro da obrigação, ain-
tos comprobatórios da despesa. Essa verificação tem por fim da que derivantes de contratos já assinados, pois há um direito
apurar: a) a origem e o objeto do que se deve pagar; b) a incondicional de compensação, haja vista que comprador e
vendedor ainda não desempenharam os serviços.
importância exata a pagar; e c) a quem se deve pagar a im-
Cumpre lembrar que o não pagamento no exercício de
portância, para extinguir a obrigação.
despesas nele empenhadas não compromete o equilíbrio or-
A Nota de Lançamento é o documento utilizado para re-
çamentário estabelecido no art. 35 da Lei nº4.320, de 1964.
gistrar a apropriação/liquidação de receitas e despesas, bem
“Art. 35. Pertencem ao exercício financeiro: I - as receitas
como outros atos e fatos administrativos.
nele arrecadadas; II - as despesas nele legalmente empe-
O pagamento é o último estágio da despesa pública. É
nhadas.”
quando se efetiva o pagamento ao ente responsável pela Assim, as despesas legalmente empenhadas, não pagas
prestação do serviço ou fornecimento do bem, recebendo a até o dia 31 de dezembro, não canceladas pelo processo de
devida quitação. Caracteriza-se pela emissão do cheque ou análise e depuração e que atendam os requisitos previstos em
ordem bancária em favor do credor, facultado o emprego de legislação específica, devem ser inscritas contabilmente como
suprimento de fundos, em casos excepcionais. O pagamento obrigações a pagar do Estado junto a seus credores.
da despesa só será efetuado quando ordenado após sua re-
gular liquidação. DESPESAS DE EXERCÍCIOS ANTERIORES.
A Ordem Bancária é o documento utilizado para o paga-
mento de compromissos, bem como à liberação de recursos As Despesas de Exercícios Anteriores (DEA) referem-se às
para fins de adiantamento (suprimento de fundos). dívidas reconhecidas para as quais não existe empenho ins-
crito em Restos a Pagar, seja pela sua anulação ou pela não
RESTOS A PAGAR. emissão da nota de empenho no momento oportuno. Origi-
Os restos a pagar constituem compromissos financeiros nam-se, assim, de compromissos gerados em exercício finan-
exigíveis que compõem a dívida flutuante e podem ser carac- ceiro anterior àquele em que deva ocorrer o pagamento, para
terizados como as despesas empenhadas, mas não pagas até o qual o orçamento continha crédito próprio, com suficiente
o dia 31 de dezembro de cada exercício financeiro. A Inscri- saldo orçamentário, mas que não tenham sido processados
ção em Restos a Pagar decorre da observância do Regime de naquele momento.
Competência para as despesas. Assim, conforme especifica o Art. 37 da Lei nº 4.320/64,
Portanto, as despesas empenhadas, não pagas até o dia poderá ser pago a conta de dotação específica consignada no
31 de dezembro, não canceladas pelo processo de análise e orçamento da entidade devedora e discriminadas por elemen-
depuração e, que atendam os requisitos previstos em legisla- to, obedecida, sempre que possível, a ordem cronológica:
ção específica, devem ser inscritas em Restos a Pagar, pois se • as despesas de exercícios encerrados, para os quais
referem a encargos incorridos no próprio exercício. o orçamento respectivo consignou crédito próprio, com saldo
De acordo com o art. 36 da Lei nº 4.320, de 17 de março suficiente para atendê-las, que não se tenham processado na
de 1964, que estatui normas gerais de direito financeiro para época própria;
elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, • Os restos a pagar com prescrição interrompida;
dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, conside- • Os compromissos reconhecidos após o encerramen-
ram-se Restos a Pagaras despesas, nos seguintes termos: to do exercício financeiro.

56
CONTABILIDADE PÚBLICA

De acordo com o § 2º do Art. 22 do Decreto 93.872/86, tado. É uma mecânica ligeiramente diferente dos créditos
considera-se: concedidos aos particulares, mas traduz-se no mesmo: uma
• despesas que não tenham sido empenhadas em dívida. Só que neste caso é pública porque foi o Estado que
época própria – aquelas cujo empenho tenha sido conside- a contraiu. Na prática, pode-se dizer que a dívida pública é
rado insubsistente e anulado no encerramento do exercício todo o dinheiro que o Estado deve a terceiros.
correspondente, mas que, dentro do prazo estabelecido o Não é necessariamente mau que o Estado tenha dívidas.
credor tenha cumprido sua obrigação; O crédito é uma fonte de crescimento económico se for ge-
• Restos a Pagar com prescrição interrompida – a rido com prudência. Senão, vejamos: para financiar o défice,
despesa cuja inscrição em Restos a Pagar tenha sido cance- o Estado emite dívida há 10 anos, por exemplo, e até lá paga
lada, mas em relação à qual ainda vige o direito do credor; apenas juros. Se a economia crescer a uma taxa superior à
• Compromisso reconhecido após o encerramento paga pelo empréstimo, este país não terá dificuldades em
do exercício – a obrigação de pagamento criada em virtu- pagar a sua dívida. No entanto, num país já endividado e
de de lei, mas somente reconhecido o direito do reclamante com fraco crescimento económico, os encargos com juros
após o encerramento do exercício correspondente. podem comprometer o crescimento da economia e o paga-
Aquelas dívidas que dependem de requerimento do fa- mento da dívida.
vorecido para reconhecimento do direito do credor, prescre-
verão em cinco anos, contados da data do ato ou fato que
tiver dado origem ao respectivo direito. 14 RECEITA PÚBLICA: CONCEITO, ETAPAS,
ESTÁGIOS E CATEGORIAS ECONÔMICAS.
Forma de Solicitação:
Cabe ao Secretário de Orçamento, Finanças e Contabili-
dade reconhecer a dívida a ser paga à conta de recursos alo-
cados no elemento de despesa 92 - Despesas de Exercícios RECEITA PÚBLICA: CATEGORIAS, FONTES E ESTÁ-
Anteriores, conforme subdelegação de competência contida GIOS; DÍVIDA ATIVA.
na Portaria nº1/2003 da Secretária-geral de Administração
– SEGEDAM. A autorização para pagamento de DEA deverá A receita é a expressão monetária resultante do poder
ser dada no próprio processo de reconhecimento da dívi- de tributar e/ou do agregado de bens e/ou serviços da en-
da, sendo que os seguintes elementos são indispensáveis ao tidade, validada pelo mercado em um determinado perío-
trâmite do processo: do de tempo e que provoca um acréscimo concomitante
• nome do favorecido; no ativo ou uma redução do passivo, com um acréscimo
• importância a pagar; correspondente no patrimônio líquido, abstraindo-se do
• data do vencimento do compromisso (nota fiscal, esforço de produzir tal receita representada pela redução
por exemplo); (despesa) do ativo ou acréscimo do passivo e correspon-
dente redução do patrimônio líquido.
• causa da inobservância do empenho, se for o caso;
É o montante total em dinheiro recolhido pelo Tesouro
• objeto.
Nacional, incorporado ao patrimônio do Estado, que serve
para custear as despesas públicas e as necessidades de in-
Após encaminhamento do processo pela unidade de
vestimentos públicos.
origem à SECOF para reconhecimento da dívida e publica-
Em sentido amplo, receita pública é o recolhimento de
ção do extrato do BTCU, o mesmo é dirigido, mediante des-
bens aos cofres públicos, sendo sinônimo de ingresso ou
pacho, ao serviço de Programação Orçamentária e Financei-
entrada.
ra - SPR para análise e instrução do pleito. Diferencia-se da receita tributária pois ao contrário
desta, não está limitada à arrecadação de tributos e multas,
Unidade Responsável sendo que a receita tributária é um dos tipos de receita
A Secretaria de Orçamento, Finanças e Contabilidade – pública.
SECOF é responsável pelo reconhecimento. A receita pública também embarca as receitas das em-
O conceito de dívida pública está relacionado com o presas estatais, a remuneração dos investimentos do Esta-
conceito de défice orçamental. Aliás, é em parte devido aos do e os juros das dívidas fiscais.
défices orçamentais que existe dívida pública. Ingresso – outras entradas que não se consideram re-
Imaginemos o caso de um Estado que, num determi- ceita, é a receita que não foi arrematada, operações de cur-
nado ano, gasta 140 unidades monetárias, mas recebe ape- so anormal. Ex: Antecipação de Receita Orçamentária.
nas 100 unidades em impostos. Feitas as contas no final do As receitas públicas stricto sensu são as receitas orça-
exercício, há um défice de 40 unidades que alguém terá que mentárias, que são aquelas que entram em caráter defini-
pagar. tivo para os cofres públicos para aplicação em programas
Como não tem receitas suficientes, o Estado recorre ao e ações governamentais. Em contrapartida as receitas lato
crédito através da emissão de títulos de dívida designados sensu englobam além das orçamentárias as receitas ex-
por obrigações de dívida pública. Na prática, o que o Esta- traorçamentárias, que são aqueles recursos pertencentes
do faz é pedir dinheiro emprestado em troca do pagamento a terceiros, arrecadados pelo ente público exclusivamente
periódico de uma taxa de juro até à maturidade do emprés- para fazer face às exigências contratuais e legais para pos-
timo, data em que devolverá também o dinheiro empres- terior devolução.

57
CONTABILIDADE PÚBLICA

Dessa forma, receitas públicas, em sentido restrito, são os recursos instituídos e arrecadados pela Administração Pública
com a finalidade de atender as necessidades da sociedade, recursos esses com fontes e fatos geradores próprios que são
incorporados definitivamente ao patrimônio do Estado, sem, contudo, gerar obrigações ou quaisquer reservas ou reivindi-
cações de terceiros.
Atenção: o orçamento de receita tinha, até a Constituição de 1967, a característica de autorização, significando que
todo e qualquer tributo só poderia ser lançado se estivesse previsto na lei orçamentária. Com o advento da Emenda Cons-
titucional 01/69, e preservada na Constituição de 1988, passou a bastar que a lei que houvesse instituído ou aumentado o
tributo fosse aprovada antes do início do exercício (princípio da anterioridade tributária).

CLASSIFICAÇÃO DE RECEITA PÚBLICA


A receita pública lato sensu, de acordo com a doutrina, classifica-se quanto à (ao):
• natureza;
• afetação patrimonial;
• regularidade;
• coercitividade;
• poder de tributar.

A classificação legal, por outro lado, desmembra a classificação da receita:


• por categoria econômica;
• por fontes de receita;
• institucional;
• por fontes de recursos.

Classificações doutrinárias da receita


As receitas, quanto à natureza, dividem-se em orçamentária e extraorçamentária.
Os recursos arrecadados pelo Estado, e que se incorporam definitivamente ao patrimônio do Estado, são chamados de
receitas orçamentárias, estejam estas receitas previstas ou não no orçamento.
São exemplos de receitas orçamentárias: receitas tributárias, de contribuições, patrimonial, agropecuárias, industrial,
de serviços, transferências correntes, operações de crédito e alienação de bens, amortização da dívida, transferências de
capital.

Observação: a receita para ser orçamentária não precisa estar prevista na LOA.
Os recursos arrecadados pelo Estado, mas que geram um passivo, ou seja, terão que ser restituídos posteriormente,
são denominados receitas extraorçamentárias. Assim, são receitas a que corresponde uma entrada de recurso, em caráter
transitório, e que geram para o Estado a obrigação de posterior devolução. Ex.: depósitos diversos, restos a pagar, serviço
da dívida a pagar, ARO etc.

Atenção: as receitas extraorçamentárias, por serem apenas entrada de recursos com caráter devolutivo, não são con-
sideradas receitas stricto sensu, tendo em vista que são registradas como receitas somente para controle e posterior devo-
lução.
Depósitos diversos são as receitas que entram no Estado por determinação legal ou contratual, mas que pela sua na-
tureza deverão, em regra, ser devolvidas. São exemplos de depósitos diversos: depósitos em caução, depósitos judiciais.
Exemplificando: recebimento de caução em dinheiro para garantia de contrato, o fornecedor deposita um montante
na conta bancária do Governo, no entanto, esse recurso não pertence ao Estado, assim, no momento de contabilizar esta
receita, será registrado um débito no banco e em contrapartida um crédito em conta do passivo, evidenciando o caráter
devolutivo do recurso.
IPC: as operações de crédito por antecipação de receita são receitas extraorçamentárias, conforme artigo 3.º da Lei
4.320/64.
Mas por que uma operação de crédito por antecipação da receita é extraorçamentária e uma operação de crédito nor-
mal é orçamentária, sendo que as duas geram uma obrigação para o Estado? Fácil, o próprio nome da operação de crédito
por ARO (Antecipação da Receita Orçamentária) já mata essa questão. A ARO não é uma receita nova que se incorpora ao
Estado, é simplesmente uma antecipação da receita orçamentária prevista no orçamento e que, no entanto, ainda não se
realizou. O procedimento normal é o Governo esperar a receita se realizar para aí sim gastá-la, mas às vezes por problemas
de indisponibilidade de caixa o Estado não pode esperar essa realização acontecer. Assim o Governo faz um empréstimo e
se compromete a pagá-lo com a receita orçamentária que se realizará, por isso é preciso contabilizar a ARO como extraor-
çamentária sob pena do Estado duplicar sua receita.
Interessante lembrar que uma receita extraorçamentária poderá se converter em receita orçamentária, a partir do mo-
mento que se constatar que não caracteriza mais uma obrigação a pagar.

58
CONTABILIDADE PÚBLICA

Características dos ingressos orçamentários


Registrados como receita orçamentária corrente ou de capital; financiam as despesas orçamentárias; geram desembol-
sos orçamentários; seguem as classificações econômicas, institucionais e por fonte de recursos; tem caráter permanente;
pertencem ao Estado.

Características dos ingressos extraorçamentários


registrados como passivo financeiro; não financiam as despesas orçamentárias; geram desembolsos extraorçamentá-
rios; não passam pelos estágios da receita; seguem classificação contábil; tem caráter temporário; pertencem a terceiros.

Receita Orçamentária Receita extraorçamentária


Contabilização Registrada como receita corrente de capital Registrada como passivo financeiro
LOA Pode ou não estar prevista na LOA Não está prevista na LOA
Características Custeia despesas orçamentárias Custeia despesas extraorçamentárias
Recursos Do Estado De terceiros

Observação: as receitas, quanto à afetação patrimonial, dividem-se em efetivas e não efetivas.


As receitas orçamentárias podem causar aumento no patrimônio, ou seja, podem causar variação na situação líquida,
nesse caso são chamadas de receita efetiva. Essas receitas integram o patrimônio sem quaisquer condições, restrições ou
correspondências no passivo, inserindo-se no conceito de fato contábil modificativo aumentativo. Exemplos: receita tribu-
tária, receita de serviços etc.
Há, no entanto, casos em que os ingressos de recursos orçamentários não provocam afetação no patrimônio líquido
por serem oriundos de fatos permutativos, essas receitas são denominadas receitas não efetivas ou receitas por mutações
patrimoniais. Exemplo: receitas de operações de crédito, receita de amortização de empréstimos concedidos etc.
Importante: em regra toda receita corrente é receita efetiva e toda receita de capital é receita não efetiva. Há, entre-
tanto, exceções.
As receitas de capital via de regra são receitas não efetivas, pois toda vez que se registra uma receita de capital faz-se
o registro de uma mutação patrimonial, a exceção são receitas de transferências de capital, que não geram uma mutação
patrimonial, decorrente da incorporação de um direito ou de um bem ou da baixa de obrigações.
As receitas correntes, em regra, são receitas efetivas, porém também existe uma exceção, a dívida ativa, que apesar de
ser registrada como receita corrente dentro da subcategoria “outras receitas correntes”, causa uma mutação patrimonial
referente à baixa do direito.
Tome nota: as receitas, quanto à regularidade, se classificam em ordinárias e extraordinárias.

Receitas ordinárias: ingressos permanentes e estáveis do Estado, arrecadados regularmente em cada período finan-
ceiro, ou seja, possuem caráter de continuidade, sendo fonte perene de recursos para o Estado.
Receitas extraordinárias: ingressos com caráter de não continuidade, a sua arrecadação acontece de maneira excep-
cional, provenientes de calamidade pública, doações etc.
Tome nota: as receitas, quanto à coercitividade, classificam-se em originárias e derivadas.

Receita originária: consiste na receita proveniente da exploração do patrimônio público, ou seja, é produzida pelos
ativos do Estado. O Estado atua como particular por meio da exploração de atividades privadas, exemplos: serviços comer-
ciais, industriais, aluguéis etc. A receita originária também é classificada na categoria receita corrente.
Receitas derivadas: consiste na receita proveniente do exercício do poder de tributar, do Estado, os rendimentos ou o
patrimônio da coletividade, essa receita é obtida pelo Estado em função da sua soberania, por meio de tributos, indeniza-
ções e restituições. A receita derivada é classificada na categoria receita corrente.
Tome nota: as receitas, quanto ao poder de tributar, classificam-se em federal, estadual e municipal.
Classifica as receitas segundo o poder de tributar que compete a cada ente da federação, considerando e distribuindo
as receitas obtidas como pertencentes aos respectivos entes, quais sejam: Governo Federal, Estadual, do Distrito Federal e
Municipal.

Classificações legais da receita


A Lei 4.320/64, em seu artigo 11, classificou a receita orçamentária em duas categorias: receitas correntes e receitas de
capital.

Observação: as receitas, quanto à categoria econômica, classificam-se em: receitas correntes e receitas de capital.

Receitas correntes: são os recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou de direito privado, quando
destinados a atender despesas classificáveis em despesas correntes. As receitas correntes se dividem em: tributárias, de
contribuições, patrimonial, agropecuárias, industrial, de serviços, de transferências correntes e outras receitas correntes.

59
CONTABILIDADE PÚBLICA

Receitas de capital: são recursos recebidos de outras Receita de contribuições: são os ingressos provenien-
pessoas de direito público ou de direito privado destinados tes de contribuições sociais de intervenção no domínio
a atender despesas classificáveis em despesas de capital e econômico e de interesse das categorias profissionais ou
ainda o superávit do orçamento corrente. Exemplo: alienação econômicas, como instrumento de intervenção nas respec-
de bens, operações de crédito e amortização da dívida. tivas áreas.
Atenção: o §2.º, artigo 11, da Lei 4.320/64 traz um con- Receita patrimonial: é o ingresso proveniente de ren-
ceito de receita de capital bastante explorado em provas, o dimentos sobre investimentos do ativo permanente, de
que justifica a sua reprodução: aplicações de disponibilidades em opções de mercado e
§2.º São Receitas de Capital as provenientes da realização outros rendimentos oriundos de renda de ativos perma-
de recursos financeiros oriundos de constituição de dívidas; nentes.
da conversão, em espécie, de bens e direitos; os recursos Receita agropecuária: é o ingresso proveniente da ati-
recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, vidade ou da exploração agropecuária de origem vegetal
destinados a atender despesas classificáveis em Despesas de ou animal.
Capital e, ainda, o superávit do Orçamento Corrente. Receita industrial: é o ingresso proveniente da ativi-
Observação: as receitas correntes, por fonte, classificam- dade industrial de extração mineral, de transformação, de
se em: receita tributária, de contribuição, patrimonial, agro- construção e outras, provenientes das atividades industriais
pecuária, industrial, de serviços, transferências correntes e definidas como tal pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
outras receitas correntes. Estatística (IBGE).
Receita de serviços: é o ingresso proveniente da pres-
Importante: apesar de ser um pouco chato ficar deco- tação de serviço de transporte, saúde, comunicação, por-
rando essas classificações isso é um assunto bastante cobra- tuário, armazenagem, de inspeção e fiscalização, judiciário,
do em concursos, então tente memorizá-las fazendo esque- processamento de dados, vendas de mercadorias e produ-
mas e lembre-se de revisá-las antes da prova. tos inerentes a atividades da entidade e outros serviços.
A Lei 4.320/64, no seu artigo 11, §4.º estabelece que a Transferências correntes: é o ingresso proveniente de
outros órgãos ou entidades referentes a recursos perten-
classificação da receita deve obedecer ao seguinte esquema:
centes ao ente ou entidade ou ao ente ou entidade transfe-
ridora, efetivados mediante condições preestabelecidas ou
Receitas correntes
mesmo em qualquer exigência, desde que o objetivo seja
1 – Receita tributária;
aplicação em despesas correntes.
2 – Receita de contribuições;
Importante: para o ente, ou órgão transferidor, a
3 – Receitas patrimoniais;
transferência do recurso é classificada como despesa e
4 – Receita agropecuária;
para o recebedor como receita.
5 – Receita industrial;
Outras receitas correntes: são os ingressos prove-
6 – Receita de serviços; nientes de outras origens não classificáveis nas subcatego-
7 – Transferências correntes; rias econômicas anteriores.
9 – Outras receitas correntes. Tome nota: as receitas de capital, por fonte, classifi-
cam-se em: operações de crédito, alienação de bens, amor-
Importante: o superávit do orçamento corrente, resul- tização da dívida, transferências de capital e outras receitas
tante do balanceamento dos totais das receitas e despesas de capital.
correntes, apurado no balanço orçamentário, não constituirá
item de receita orçamentária. RECEITAS DE CAPITAL
A Lei 4.320/64 não definiu os conceitos das origens de 1 – Operações de crédito;
receitas correntes ou de capital, como, por exemplo, das re- 2 – Alienação de bens;
ceitas tributárias, de contribuições, de alienações etc. Esses 3 – Amortização de empréstimos;
conceitos, bem como a classificação da natureza da receita, 4 – Transferências de capital;
são atualmente estabelecidos no manual de receita nacional. 5 – Outras Receitas de capital.
No entanto é importante destacar que a Lei 4.320/64 de-
finiu o conceito de tributos como: Operações de crédito: é o ingresso proveniente da co-
Art. 9.º [...] receita derivada instituída pelas entidades de locação de títulos públicos ou da contratação de emprés-
direito público, compreendendo os impostos, as taxas e con- timos e financiamentos obtidos junto a entidades estatais,
tribuições nos termos da constituição e das leis vigentes em instituições financeiras, fundos etc.
matéria financeira, destinando-se o seu produto ao custeio Regra de ouro: muito cobrada em concurso! O mon-
de atividades gerais ou específicas exercidas por essas en- tante previsto para as receitas de operações de crédito não
tidades. poderá ser superior ao das despesas de capital constantes
Receita tributária: são os ingressos provenientes da ar- do projeto de lei orçamentária.
recadação das receitas de impostos, taxas e contribuições de Apesar do §2.º do artigo 12 da Lei 101/2000 (LRF) estar
melhoria. É uma receita privativa das entidades competentes suspenso por força da ADI 2238, do STF, a regra de ouro
para tributar: União, estados, Distrito Federal e os municípios. continua em vigor porque ela está prevista também no ar-
tigo 167 da Constituição Federal. Inclusive o motivo da ADI

60
CONTABILIDADE PÚBLICA

do §2.º do artigo 12 da LRF é justamente porque a LRF ex- Na União a classificação institucional da receita se di-
trapolou a CF, ou seja, a própria constituição prevê exceção vide em:
à regra de ouro e a LRF foi mais restrita e não observou • receitas do Tesouro são as receitas arrecadadas e
nenhuma exceção. administradas pelo Tesouro;
A finalidade da regra de ouro é evitar o endividamento • receitas diretamente arrecadadas por órgãos, uni-
do Estado, porém a regra comporta exceção. dades e fundos da administração direta, são os recursos
Atenção: a CF prevê exceção à regra de ouro: as re- próprios dos órgãos que podem ser arrecadados por eles
ceitas de operações de crédito poderiam ser superiores mesmos ou pelo Tesouro;
às despesas de capital, desde que autorizadas, durante o • receitas de órgãos, unidades e fundos da adminis-
exercício financeiro, mediante créditos suplementares ou tração indireta, são as receitas das autarquias, fundações
especiais com finalidade precisa, aprovados pelo Poder Le- públicas, empresas públicas e os fundos que integram os
gislativo por maioria absoluta. orçamentos, mesmo dependentes de transferência de re-
Alienação de Bens: é o ingresso de recursos prove-
cursos do Tesouro.
nientes da alienação de componentes do ativo permanen-
te, ou seja, é a conversão em espécie de bens e direitos.
Classificação por fontes de recursos
Atenção: o artigo 44 da LRF traz regra de suma impor-
A classificação da receita por fontes de recursos não
tância para concursos:
Art. 44. É vedada a aplicação da receita de capital deri- está prevista na Lei 4.320/64. Hoje essa classificação da re-
vada da alienação de bens e direitos que integram o patri- ceita é encontrada na 1.ª edição do Manual da Receita Pú-
mônio público para o financiamento de despesa corrente, blica2. As fontes são divididas em cinco grupos:
salvo se destinada por lei aos regimes de previdência so- • Recursos do Tesouro – exercício corrente;
cial, geral e próprio dos servidores públicos. • Recursos de outras fontes – exercício corrente;
Amortização de empréstimos: é o ingresso prove- • Recursos do Tesouro – exercícios anteriores;
niente da amortização, ou seja, recebimento de valores • Recursos de outras fontes – exercícios anteriores;
referentes a parcelas de empréstimos ou financiamentos • Recursos condicionados.
concedidos em títulos ou contratos.
Transferências de capital: é o ingresso proveniente de ETAPAS E ESTÁGIOS.
outros entes ou entidades referentes a recursos, perten-
centes ao ente ou entidade recebedora ou ao ente ou enti- Estágios da receita
dade transferidora, efetivado mediante condições preesta- A receita orçamentária passa por quatro estágios ou
belecidas ou mesmo sem qualquer exigência, desde que o fases, que são: previsão, lançamento, arrecadação e reco-
objetivo seja a aplicação em despesas de capital. lhimento.
Outras receitas de capital: são os ingressos prove- Atenção: os estágios da receita são: previsão, lança-
nientes de outras origens não classificáveis nas subcatego- mento, arrecadação e recolhimento.
rias econômicas anteriores.
Atenção: o superávit do orçamento corrente é receita Previsão
de capital extraorçamentária. A previsão da receita, também conhecida como receita
O §3.º, do artigo 11, da Lei 4.320/64 estabelece que orçada, é a estimativa de quanto se espera arrecadar du-
o superávit do orçamento corrente, resultante do balan- rante o exercício financeiro. Com base na estimativa da re-
ceamento dos totais das receitas e despesas correntes, ceita, o Governo planeja e define os gastos que comporão
apurado no balanço orçamentário, não constituirá item da a LOA.
receita orçamentária.
A previsão começa com as definições das estimativas
Mas por que o superávit do orçamento corrente é re-
da receita, no momento de elaboração da LOA, e encerra-
ceita de capital e ainda por cima receita extraorçamentária?
se com o lançamento fiscal. No SIAF a previsão da receita
Simples, o superávit é considerado receita de capital por-
é contabilizada pela Nota de Lançamento por Evento (NL).
que normalmente é utilizado para cobrir déficit de capital.
Como essa receita já foi considerada como orçamentária A Lei 101/2000 trouxe, em seu artigo 12, algumas re-
no exercício em que houve o resultado positivo ela é con- gras que deverão ser adotadas quando da elaboração da
tabilizada como extraorçamentária para que não haja du- previsão da receita:
plicidade de receita. • observar normas técnicas e legais;
• considerar os efeitos das alterações na legislação,
Classificação institucional da variação do índice de preços, do crescimento econômi-
A classificação institucional da receita objetiva identi- co ou de qualquer outro fator relevante;
ficar as entidades ou unidades orçamentárias que, respon- • acompanhar demonstrativos de evolução, nos úl-
dendo pela arrecadação, são detentoras das receitas. O timos três anos, da projeção para os dois seguintes àquele
fundamento legal da classificação está na disposição cons- a que se referirem, bem como da metodologia e das pre-
titucional, que estabelece que o orçamento fiscal e o da se- missas utilizadas.
guridade social se referem aos poderes da União, seus fun-
dos, órgãos e entidades da administração direta e indireta.

61
CONTABILIDADE PÚBLICA

Lançamento tencem ao exercício financeiro as receitas nele legalmente ar-


Em conformidade com o artigo 52 da Lei 4.320/64, as recadadas, conclui-se que é no momento da arrecadação que
receitas previstas, referentes a impostos diretos e quaisquer se inicia a realização da receita. Dessa forma, em atendimento
outras rendas com vencimento determinado em lei, regula- ao regime de caixa adotado pela contabilidade pública para
mentos ou contratos, sofrerão lançamentos. o registro da receita, somente no momento da arrecadação,
Ainda o artigo 53, da citada lei, define lançamento como: segundo estágio da receita, é que deverá ocorrer a sua con-
Art. 53. Ato da repartição competente, que verifica a pro- tabilização. A contabilidade pública apresenta diversas parti-
cedência do crédito fiscal e a pessoa que lhe é devedora e cularidades, entre as quais podemos citar o regime contábil
inscreve o débito desta. misto, dessa forma adota-se o regime de caixa para a receita
Porém esses artigos se tornaram ultrapassados, pela e o regime de competência para a despesa. Por hora basta sa-
maior amplitude dada pelo artigo 142 e seguintes, da lei bermos que diferentemente da contabilidade privada, a conta-
5.172/66, que regula com maior amplitude a fase de lança- bilidade pública adota o regime de caixa para a receita, e que
mento, conforme segue: a inscrição da dívida ativa constitui exceção ao regime de caixa
Art. 142. Compete privativamente à autoridade adminis- da receita, voltaremos a este assunto em momento oportuno.
trativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim O regime contábil adotado pela contabilidade pública é o mis-
entendido o procedimento administrativo tendente a veri- to, sendo de caixa para a receita e de competência para a despesa.
ficar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspon- Os créditos da Fazenda Pública, de natureza tributária ou
dente, determinar a matéria tributável, calcular o montante não tributária, serão escriturados como receita do exercício em
do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, que forem arrecadados, nas respectivas rubricas orçamentárias.
propor a aplicação da penalidade cabível.
Contudo, para efeitos de concurso, é bom conhecer as Recolhimento
definições constantes dos artigos 52 e 53 da Lei 4.320/64. O recolhimento compreende a entrega do produto da
Assim, o estágio do lançamento consiste no procedi- arrecadação pelas referidas repartições e estabelecimentos
mento administrativo onde se verifica a procedência do cré- bancários ao Banco do Brasil para crédito da conta única do
dito fiscal, quem e quando se deve pagar e inscreve em dé- Tesouro, referente à receita da União no Tesouro Nacional.
bito o contribuinte. Importante: o recolhimento de todas as receitas far-se-á
Portanto, pode-se concluir que somente as receitas tri- em estrita observância ao princípio de unidade de tesouraria,
butárias apresentarão o lançamento como estágio da receita, vedada qualquer fragmentação para criação de caixas especiais.
conquanto isso torne compreensível o posicionamento de al-
guns doutrinadores, sobre o lançamento não ser um estágio
da receita, deve-se levar em conta, para efeito de concurso,
o posicionamento das bancas examinadoras que entendem 15 EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA.
que dentre as receitas orçamentárias a mais expressiva é a
receita de tributos – impostos, taxas e contribuições – ad-
mitindo-se, portanto, falar em lançamento como estágio da O QUE É A EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA
receita. Normalmente há interpretações equivocadas do que ve-
Atenção: na 1.ª edição do Manual de Receita Nacional o
nha a ser execução orçamentária e financeira. Perfeitamente
lançamento é considerado estágio da receita, porém o pró-
compreesível esse equívoco, pois a execução orçamentária e
prio manual faz a seguinte ressalva: “Algumas receitas não
financeira ocorrem concomitantemente. Esta afirmativa tem
percorrem o estágio do lançamento, conforme se depreende
como sustentação o fato de que a execução tanto orçamen-
pelo artigo 52 da Lei 4.320/64: são objeto de lançamento os
tária como financeira estão atreladas uma a outra. Havendo
impostos diretos e quaisquer outras rendas com vencimento
orçamento e não existindo o financeiro, não poderá ocorrer a
determinado em lei, regulamento ou contrato.” Portaria Con-
junta 02/2007-STN/SOF, atualizada pela Portaria Conjunta despesa. Por outro lado, pode haver recurso financeiro, mas
01/2008-STN/SOF, p. 32. não se poderá gastá-lo, se não houver a disponibilidade or-
Então: na prova deve-se ter cuidado com a forma como çamentária.
a questão aborda o tema, se a questão afirmar que todas Em consequência, pode-se definir execução orçamen-
as receitas passam pelo estágio do lançamento, entendemos tária como sendo a utilização dos créditos consignados no
que a questão estará incorreta, porém se a questão falar de Orçamento ou Lei Orçamentária Anual – LOA. Já a execução
forma genérica entendemos que a questão está correta. financeira, por sua vez, representa a utilização de recursos
Importante: o estágio de lançamento aqui tratado não financeiros, visando atender à realização dos projetos e/ou
pode ser confundido com o lançamento contábil. atividades atribuídas às Unidades Orçamentárias pelo Orça-
mento. Na técnica orçamentária inclusive é habitual se fazer a
Arrecadação distinção entre as palavras CRÉDITO e RECURSOS. Reserva-se
Atenção: a arrecadação e o recolhimento são estágios o termo CRÉDITO para designar o lado orçamentário e RE-
de execução da receita. CURSOS para o lado financeiro. Crédito e Recurso são duas
A arrecadação é o momento em que os contribuintes faces de uma mesma moeda. O CRÉDITO é orçamentário,
comparecem perante os agentes arrecadadores e realizam o dotação ou autorização de gasto ou sua descentralização, e
pagamento dos seus tributos ou outros débitos com o Estado. RECURSO é financeiro, portanto, dinheiro ou saldo de dispo-
Considerando que o artigo 35 da Lei 4.320/64 define que per- nibilidade bancária.

62
CONTABILIDADE PÚBLICA

Todo o processo orçamentário tem sua obrigatoriedade do empenho. Esse estágio tem por finalidade reconhecer
estabelecida na Constituição Federal, art.165, que determina ou apurar a origem e o objeto do que se deve pagar, a
a necessidade do planejamento das ações de governo por importância exata a pagar e a quem se deve pagar para
meio do: extinguir a obrigação e é efetuado no SIAFI pelo documen-
Plano Plurianual de Investimentos – PPA; to Nota de Lançamento – NL. Ele envolve, portanto, todos
Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO; os atos de verificação e conferência, desde a entrega do
Lei Orçamentária Anual – LOA. material ou a prestação do serviço até o reconhecimento
Uma vez publicada a LOA, observadas as normas de exe- da despesa. Ao fazer a entrega do material ou a prestação
cução orçamentária e de programação financeira da União do serviço, o credor deverá apresentar a nota fiscal, fatu-
estabelecidas para o exercício, e lançadas as informações or- ra ou conta correspondente, acompanhada da primeira via
çamentárias, fornecidas pela Secretaria de Orçamento Fede- da nota de empenho, devendo o funcionário competente
ral, no SIAFI , por intermédio da geração automática do do- atestar o recebimento do material ou a prestação do servi-
cumento Nota de Dotação – ND, cria-se o crédito orçamen- ço correspondente, no verso da nota fiscal, fatura ou conta.
tário e, a partir daí, tem-se o início da execução orçamentária O último estágio da despesa é o pagamento e consiste
propriamente dita. na entrega de numerário ao credor do Estado, extinguin-
do dessa forma o débito ou obrigação. Esse procedimento
Executar o Orçamento é, portanto, realizar as despesas normalmente é efetuado por tesouraria, mediante registro
públicas nele previstas e só essas, uma vez que, para que no SIAFI do documento Ordem Bancária – OB, que deve
qualquer utilização de recursos públicos seja efetuada, a ter como favorecido o credor do empenho. Este pagamen-
primeira condição é que esse gasto tenha sido legal e ofi- to normalmente é efetuado por meio de crédito em con-
cialmente previsto e autorizado pelo Congresso Nacional e ta bancária do favorecido uma vez que a OB especifica o
que sejam seguidos à risca os três estágios da execução das domicílio bancário do credor a ser creditado pelo agente
despesas previstos na Lei nº 4320/64 : empenho, liquidação financeiro do Tesouro Nacional, ou seja, o Banco do Brasil
e pagamento – atualmente se encontra em aplicação a siste- S/ª. Se houver importância paga a maior ou indevidamen-
mática do pré-empenho antecedendo esses estágios, já que, te, sua reposição aos órgãos públicos deverá ocorrer den-
após o recebimento do crédito orçamentário e antes do seu tro do próprio exercício, mediante crédito à conta bancária
comprometimento para a realização da despesa, existe uma da UG que efetuou o pagamento. Quando a reposição se
fase geralmente demorada de licitação obrigatória junto a efetuar em outro exercício, o seu valor deverá ser restituído
fornecedores de bens e serviços que impõe a necessidade de por DARF ao Tesouro Nacional.
se assegurar o crédito até o término do processo licitatório.
Pois bem, o empenho é o primeiro estágio da despesa Da Descentralização Orçamentária
e pode ser conceituado como sendo o ato emanado de au- Art. 2° A execução orçamentária poderá processar-se
toridade competente que cria para o Estado a obrigação de mediante a descentralização de créditos entre unidades ges-
pagamento, pendente ou não, de implemento de condição. toras de um mesmo órgão/ministério ou entidade integran-
Esse primeiro estágio é efetuado no SIAFI utilizando-se o Do- tes dos orçamentos fiscal e da seguridade social, designan-
cumento Nota de Empenho – NE, através de transação espe- do-se este procedimento de descentralização interna.
cífica denominada NE, que se destina a registrar o compro- Parágrafo único. A descentralização entre unidades ges-
metimento de despesa orçamentária, obedecidos os limites toras de órgão/ministério ou entidade de estruturas diferen-
estritamente legais, bem como aos casos em que se faça ne- tes, designar-se-á descentralização externa.
cessário o reforço ou a anulação desse compromisso. Não se Art. 3° As dotações descentralizadas serão empregadas
deve confundir, entretanto, empenho da despesa com nota obrigatória e integralmente na consecução do objeto pre-
de empenho; esta, na verdade, é a materialização daquele, visto pelo programa de trabalho pertinente, respeitada fiel-
embora, no dia-a-dia haja a junção dos dois procedimentos mente a classificação funcional programática.
em um único. Art. 4° As empresas públicas federais que não integra-
Todavia, ocorre que estando a despesa legalmente em- rem os orçamentos fiscal e da seguridade social, mas que
penhada, nem assim o Estado se vê obrigado a efetuar o pa- executarem as atividades de agente financeiro governamen-
gamento, uma vez que, o implemento de condição poderá tal, poderão receber créditos em descentralização, para via-
estar concluído ou não. Seria um absurdo se assim não fosse, bilizar a consecução de objetivos previstos na lei orçamen-
pois a Lei 4320/64 determina que o pagamento de qualquer tária.
despesa pública, seja ela de que importância for, passe pelo § 1° Quando a execução dos programas de trabalho for
crivo da liquidação. É nesse segundo estágio da execução confiada a entidade ou órgão gestor de créditos integrantes
da despesa que será cobrada a prestação dos serviços ou a dos orçamentos fiscal e da seguridade social da União, será
entrega dos bens, ou ainda, a realização da obra, evitando, adotado o critério de descentralização, conforme disciplina-
dessa forma, o pagamento sem o implemento de condição. do neste decreto.
Assim, o segundo estágio da despesa pública é a li- § 2° Aplicam-se às entidades referidas neste artigo, no
quidação, que consiste na verificação do direito adquirido tocante à execução dos créditos descentralizados, as dispo-
pelo credor, tendo por base os títulos e documentos com- sições da Lei n° 4.320, de 17 de março de 1964, as deste
probatórios do respectivo crédito, ou seja é a comprovação decreto e demais normas pertinentes à administração orça-
de que o credor cumpriu todas as obrigações constantes mentário-financeira do Governo Federal.

63
CONTABILIDADE PÚBLICA

Modificar o orçamento Um momento de reflexão: mudanças no orçamento. Um


Veja o que, de início, é importante você saber sobre tema polêmico? O que você pensa sobre isso? Na sua visão
isso: qualquer lei deve ter mecanismos institucionais para de cidadã ou cidadão, participante dos problemas sócio-polí-
a sua alteração. Com o orçamento não é diferente. É sobre ticos do seu estado e do seu município, o orçamento poderia
a Lei do Orçamento que incide o maior número de pleitos ser alterado em algum momento ou de alguma maneira?
para modificações. Guarde com você o resultado das suas reflexões. No final
Então, esse documento pode mesmo ser mudado? desta unidade, volte a pensar no assunto. Será que continua
Pode sim, em algumas circunstâncias; no entanto, para com a mesma opinião?
se alterar o orçamento, é preciso conhecimento, um “saber O Poder Executivo conta com dispositivos legais para fa-
fazer” e um certo esforço. zer as alterações necessárias durante a própria vigência da
E dizemos mais: as maneiras pelas quais se pode alterar Lei Orçamentária.
o orçamento são várias, sejam estas uma proposta ou a lei Um dos grandes méritos atribuídos às pessoas que se
definitiva. A seguir, veja como é. propõem a analisar as questões do orçamento é o de per-
• Enquanto é uma proposta ceber e entender as estratégias políticas que se escondem
por trás de cada um dos artifícios e mesmo dos mecanismos
Esse procedimento é muito comum. Os vereadores têm legais utilizados para se alterar o orçamento depois de ela-
este poder: propor e incluir propostas. A essas alterações borado e aprovado.
chamamos de “emendas”. Seguindo os trâmites normais do A Lei Orçamentária Anual é uma lei que define as ações
ciclo orçamentário, você chega lá. Apresentam-se as emen- do poder público durante todo o ano.
das ao Poder Legislativo, se forem aprovadas, pronto! Está Antes de se tornar lei, ela é exaustivamente elaborada
feita a alteração. pelo Poder Executivo e cuidadosamente analisada pelo Poder
Para a população fazer uma mudança na LOA ou no Legislativo. Deveria, então, ser uma lei estável, isto é, pouco
projeto de Lei, precisa passar pelo Poder Legislativo e um modificada, confiável, para durar todo aquele ano sem maio-
parlamentar assumir a autoria do projeto. Caso contrário, res alterações.
pode-se recorrer ao artigo 14 da Constituição Federal, que Os motivos que levam o executivo a criar subterfúgios à
estabilidade que a LOA deveria ter são essencialmente políti-
dispõe sobre “Projeto de Lei de Iniciativa Popular”. Essa ini-
cos. Um ano não é um prazo muito longo para se programar
ciativa, no entanto, precisa estar acompanhada da assina-
os gastos públicos. A título de comparação, vale dizer que os
tura de 5% dos eleitores da esfera a que se destina a lei
Estados Unidos têm um orçamento muito maior do que o
(municipal, estadual ou federal).
brasileiro e a sua validade é de dois anos!
Importante: Esse é o nosso direito como cidadãos(ãs)!
Modificar o orçamento após o exaustivo trabalho reali-
Mas, será que é fácil, assim?
zado pelo Legislativo e pela própria sociedade é um sinal de
Por mais justo e representativo que seja o seu projeto, falta de respeito pelas instituições democráticas que assegu-
você e sua comunidade ou entidade estarão disputando ram o equilíbrio no processo orçamentário.
recursos com outros projetos tão nobres quanto, ou com Cuidado!
grupos muito fortes. Certamente, você já ouviu alguém dizer que orçamento
Você poderá encontrar uma Câmara totalmente servil público é uma “peça fictícia”, isto é, uma lei que não precisa
à Prefeitura, incapaz de contestar seu Projeto de Lei Orça- ser cumprida!
mentária. O que fazer então? Isso não é verdade! Muitas leis ainda hoje são elaboradas
É sempre importante reunir o maior número possível totalmente desconectadas da realidade. Tem aquelas que pa-
de meios (sociais, jurídicos, parlamentares, políticos): recem leis perfeitas, que a sociedade nem tem o que incluir,
• sensibilizar a opinião pública, através da mídia e já que tem proposta para tudo!
da preparação de boletins; Essas leis precisam ser entendidas como um CONTRATO
• mobilizar as pessoas para as reuniões com os par- com a comunidade! Elas escondem a real intenção do(a) go-
lamentares ou com os (as) secretários(as) de governo no vernante. Mesmo as “leis perfeitas” precisam ser acompanha-
tempo certo (ver calendário de participação); das durante o ano e, sua execução, cobrada. Todos(as) devem
• exigir a realização de audiências públicas em cum- se disciplinar: governo e sociedade. Não nos cabe aceitar “fa-
primento da LRF e do Estatuto da Cidade; vores”, o que importa é assegurar direitos e fazer o Estado
• manter-se em contato com promotores(as) e juí- cumprir seu papel.
zes comprometidos com a sociedade; Observe que essa é a nossa maior fragilidade, já que so-
• reunir os dados e informações que comprovem mos muito eficientes para apontar as nossas necessidades,
necessidade do que vocês pleiteiam; mas deixamos de lado o controle das ações do Poder Público.
• conhecer os artigos e textos legais que respaldam A posição deste curso não é a de criticar de maneira ge-
as demandas (direitos fundamentais, direitos da criança e neralizada as tentativas de alteração do orçamento, embora
do(a) adolescente, direito à cidade, etc). não consideremos normal essa atitude. Cada caso deve ser
visto, mas recorrentemente prefeitos(as) e governadores(as)
Depois que já é uma lei incluem em textos de suas respectivas leis orçamentárias, dis-
As mudanças já se tornam menos simplistas porque positivos autorizando sua alteração em tais proporções que
a Lei Orçamentária é um instrumento mais rígido do que eles passam a poder modificar o orçamento quase em sua
uma proposta; no entanto, há dispositivos de flexibilidade. totalidade sem, contudo, negociar com a sociedade.

64
CONTABILIDADE PÚBLICA

Orçamento autorizativo x impositivo Para atender ao princípio da unidade de tesouraria (ou


De maneira geral, vale acrescentar uma reflexão sobre unidade de caixa) previstos nos decretos 200/67 (art. 92 e
a formalidade dessas informações. O papel do Legislativo, 93) e 93872/86 (arts. 01 a 08), na Lei 4320/64 (art. 56) e na
por exemplo, pode ser amplamente questionado quanto à CF 88 (§3º, art. 164), a União implantou a conta única do
sua autonomia, desempenho na avaliação dos Projetos de tesouro nacional.
Leis orçamentárias, na fiscalização do Poder Executivo, etc. A conta única é mantida no *Banco Central do Brasil (e
Questiona-se, enfim, não somente o desinteresse em ze- não mais no banco do Brasil conforme previsto no decreto
lar pelo bem público ou a competência dos(as) eleitos(as), 200/67) tendo a finalidade de acolher as disponibilidades
mas também a subserviência às centenas de “donos(as) do financeiras da União a serem movimentadas pelas Unida-
poder” nos diversos municípios no interior do país (obser- des Gestoras - UG da Administração Federal, Direta e Indi-
vação extensiva ao Poder Judiciário). reta e outras entidades integrantes do Sistema Integrado
de Administração Financeira do Governo Federal - SIAFI, na
Muitos(as) alunos(as) adjetivam o trabalho dos de- modalidade “on-line”. A operacionalização da Conta Única
putados(as) e vereadores(as) dizendo que esses analisam do Tesouro Nacional será efetuada por intermédio do Ban-
“cuidadosamente” a peça orçamentária. Claro que sempre co do Brasil S/A, ou, excepcionalmente, por outros agentes
há aqueles(as) que se dedicam, mas não é a regra e não é financeiros autorizados pelo Ministério da Fazenda.
demérito dos municípios de menor porte! Assim a conta única é mantida no Banco Central do
Em decorrência disso, muito mais importante do que Brasil, tendo o Banco do Brasil S/A como agente financeiro
discutir se o caráter da LOA deverá ser autorizativo ou e é administrada pela STN (secretaria do Tesouro Nacional.
impositivo, como vem pretendendo alguns(mas) senado- A finalidade da conta única é acolher todas as disponi-
res(as) e deputados(as), é a discussão do cumprimento das bilidades de caixa da União, porém existem algumas recei-
atribuições de cada Poder (e aqui chamamos a atenção no- tas que não transitam nessa conta única, como por exem-
vamente ao Judiciário) e a aplicação das leis de participa- plo os rendimentos de aplicações financeiras de fundos e
ção popular, punição de gestores(as) públicos(as), etc. convênios que deverão ser revertidas para as respectivas
contas correntes.
Por força do art. 5º, do decreto 93872/86 o pagamen-
to de todas as despesas deverá ser feito mediante saques
16 CONTA ÚNICA
contra a conta do Tesouro Nacional, dentro dos limites au-
DO TESOURO NACIONAL. torizados pelo Ministro da Fazenda ou autoridade delega-
da (§ único do art. 92, do decreto 200/67).

A Conta Única do Tesouro Nacional, mantida no Banco A operacionalização da conta única será efetuada pelo
Central do Brasil, acolhe todas as disponibilidades finan- Banco do Brasil e, excepcionalmente, por outros agentes
ceiras da União, inclusive fundos, de suas autarquias e fun- financeiros autorizados pelo Ministério da Fazenda;
dações. Constitui importante instrumento de controle das Toda a receita arrecadada pela União deverá ser reco-
finanças públicas, uma vez que permite a racionalização da lhida ao caixa único do tesouro nacional;
administração dos recursos financeiros, reduzindo a pres- Todas as receitas próprias, orçamentárias e extraorça-
são sobre a caixa do Tesouro, além de agilizar os processos mentárias, de todos os órgãos e poderes da União também
de transferência e descentralização financeira e os paga- deverão ser recolhidos á conta única do tesouro nacional;
mentos a terceiros. A STN é a responsável pela movimentação dos recur-
O Decreto-Lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967, que sos e pela regulamentação da conta única (programação
promoveu a organização da Administração Federal e es- financeira);
tabeleceu as diretrizes para Reforma Administrativa, de- A movimentação da conta única será efetuada pelos
terminou ao Ministério da Fazenda que implementasse a seguintes documentos do SIAF: Ordem Bancária - OB, DAR-
unificação dos recursos movimentados pelo Tesouro Na- F-Eletrônico - DF, GRPS – Eletrônica, Nota de Sistema - NS
cional, através de sua Caixa junto ao agente financeiro da ou Nota de Lançamento - NL;
União, de forma a garantir maior economia operacional e a O pagamento das despesas será feito mediante saques
racionalização dos procedimentos relativos a execução da contra a conta do Tesouro Nacional.
programação financeira de desembolso.
Tal determinação legal só foi integralmente cumpri-
da com a promulgação da Constituição de 1988, quando
todas as disponibilidades do Tesouro Nacional, existentes
nos diversos agentes financeiros, foram transferidas para o
Banco Central do Brasil, em Conta Única centralizada, exer-
cendo o Banco do Brasil a função de agente financeiro do
Tesouro.
As regras dispondo sobre a unificação dos recursos do
Tesouro Nacional em Conta Única foram estabelecidas pelo
Decreto nº. 93.872, de 23 de dezembro de 1986.

65
CONTABILIDADE PÚBLICA

Dentre os inúmeros problemas, enumeram os a seguir,


17 SISTEMA INTEGRADO DE ADMINISTRAÇÃO alguns dos m ais relevantes: emprego de métodos inade-
FINANCEIRA: CONCEITOS BÁSICOS, quados de trabalho, sendo que, na maioria dos casos, os
OBJETIVOS, CARACTERÍSTICAS, controles de disponibilidades orçamentárias e financeiras
INSTRUMENTOS DE SEGURANÇA eram exercidos a partir de registros m anuais; utilização
E PRINCIPAIS DOCUMENTOS DE ENTRADA. da contabilidade com o simples instrumento de registros
formais, pela dificuldade de acesso as modernas técnicas
de administração financeira; defasagem de, pelo menos 45
SIAFI dias entre o encerramento do mês e o levantamento das
demonstrações Orçamentárias, Financeiras e Patrimoniais,
Sistema Integrado de Administração Financeira do Go- inviabilizando o uso das informações com fins gerenciais;
verno Federal - SIAFI é um sistema contábil que tem por incompatibilidade dos dados em decorrência da diversida-
finalidade realizar todo o processamento, controle e exe- de de fontes de informações, com prometendo o processo
cução financeira, patrimonial e contábil do governo federal de tom ada de decisões; falta de integração dos sistemas
brasileiro. de informações; e existência de inúmeras contas-correntes
O sistema foi desenvolvido pelo Serviço Federal de
bancaria, no âmbito do Governo Federal, criando estoque
Processamento de Dados - (SERPRO). Foi implantado ofi-
ocioso de moeda e dificultando a administração de caixa.
cialmente no ano de 1987. Até o ano de 1986 o governo
federal convivia com uma série de problemas de natureza
administrativa inviabilizando a correta aplicação dos recur- IMPLANTAÇÃO
sos públicos. A implantação do SIAFI foi viabilizada a partir da cria-
Uma das principais vantagens do Siafi é a descentrali- ção da STN, vinculada ao Ministério da Fazenda, através do
zação da entrada, consulta, execução orçamentária, finan- Decreto n. 92.452, de 10 de m arco de 1986, com o objetivo
ceira e patrimonial da União, isto com a supervisão da Se- de promover a modernização e a integração dos sistemas
cretaria do Tesouro Nacional. de programação financeira, de execução orçamentária e de
O SIAFI – Sistema a Integrado de Administração Finan- contabilidade dos Órgãos e Entidades Publicas do Governo
ceira do Governo Federal é um Sistema de teleinformática Federal. Para desincumbir-se de suas atribuições, recebeu
criado para promover a modernização e a integração dos competente autorização para contratar, junto ao Serviço
sistemas de acompanhamento e controle da execução or- Federal de Processamento de Dados - SERPRO , a imple-
çamentária, financeira e patrimonial do Governo Federal de mentação de um sistema computacional, que fornecessem
forma integrada, objetivando minimizar custos, e dar efi- todas as informações necessárias, de maneira segura e
ciência e eficácia na gestão dos recursos alocados na Lei tempestiva.
Orçamentária Anual - LO A. Superando dificuldades de toda ordem, a STN em con-
O s dados inseridos no SIAFI são centralizados em Bra- junto com o SERPRO , Em presa Publica prestadora de ser-
sília, sendo disponibilizados por teleprocessamento aos viço na área de informática, criou as condições para que o
Órgãos/Entidades do Governo Federal distribuídos no país SIAFI fosse implantado em tempo reconhecidamente curto
e no exterior. (cerca de 6 meses), entrando em operação a partir de 01 de
O SIAFI é o sistema informatizado que processa e con- janeiro de 1987.
trola a execução orçamentária, financeira, patrimonial e O SIAFI foi utilizado inicialmente apenas pelo Poder
contábil da União, através de terminais instalados em todo Executivo, se expandido de forma gradual pelos demais
o território nacional. Tem com o premissa básica a contabi- Poderes a partir da percepção, pelos usuários, das vanta-
lização de todos os atos e fatos praticados pelos Gestores gens oferecidas pelo Sistema. Atualmente, utilizam -se do
públicos (pagamentos, recebimentos, compras, baixa de SIAFI todos os Órgãos da Administração Direta, inclusive os
itens patrimoniais etc.), e praticam ente todas as consultas
pertencentes aos Poderes Legislativo e Judiciário, e gran-
gerenciais do sistema se baseiam em registros contábeis
de parte da Administração Indireta, faltando apenas as Em
para serem obtidas.
presas Publicas e Sociedades de Economia Mista que não
HISTÓRICO DO SIAFI com põem o Orçamento Geral da União - O GU, e as Insti-
O SIAFI, com o sistema computacional, foi implantado tuições Financeiras Oficiais.
em 1987, tornando-se, desde então, em importante instru- A Entidade que ainda não utilizam o SIAFI tem seus
mento para o acompanhamento e controle da execução saldos contábeis integrados periodicamente, para efeito de
orçamentária, financeira e contábil do Governo Federal. consolidação das informações econômico-financeiras do
Atualmente é o maior e m ais abrangente instrumento Governo Federal, a exceção das Sociedades de Economia
de administração das finanças publica, dentre os seus con- Mista, que tem registrada apenas a participação acionaria
gêneres conhecidos no mundo. do Governo.
Até o exercício de 1986, o Governo Federal enfrentava Esta integração das informações proporciona transpa-
um a série de problemas de natureza administrativa que rência sobre o total dos recursos movimentados pela Ad-
impedia a adequada gestão dos recursos públicos e difi- ministração Publica, tanto no que se refere a origem quan-
cultava a preparação do orçamento unificado, que passaria to à aplicação destes recursos a nível nacional.
a vigorar em 1987.

66
CONTABILIDADE PÚBLICA

Mesmo sem utilizar o Sistema de forma plena, um nú- Veja os ganhos que a implantação do SIAFI trouxe para
mero crescente de entidades estão interligadas ao SIAFI na a Administração Pública Federal :
forma on-line para a realização da execução e acompanha- Contabilidade: o gestor ganha tempestividade na infor-
mento de suas rotinas internas, destacando-se, neste particu- mação, qualidade e precisão em seu trabalho;
lar, a interação com a Conta Única do Tesouro Nacional e com Finanças: agilização da programação financeira, otimi-
a Conta Única Institucional, que agilizam os recebimentos e zando a utilização dos recursos do Tesouro Nacional, por
pagamentos entre unidades do Sistema, com imediata iden- meio da unificação dos recursos de caixa do Governo Fede-
tificação das liquidações efetuadas. ral na Conta Única no Banco Central;
Desde sua implantação, o SIAFI vem recebendo otimiza- Orçamento: a execução orçamentária passou a ser rea-
ções e adequações, de forma a acompanhar a evolução téc- lizada tempestivamente e com transparência, completam
nica, de ordem legal e conjuntural, com processos/subsistem ente integrada a execução patrimonial e financeira;
as que permitem sua utilização em escala crescente, tais com Visão clara de quantos e quais são os gestores que exe-
o a Conta Única, DARF E GRPS Eletrônicos, além do COMU- cutam o orçamento: os números da época da implantação
NICA, que permite a transmissão de mensagens no termi- do SIAFI indicavam a existência de aproximadamente 1.800
nal entre todos os usuários, tendo se revelado um poderoso gestores. Na verdade, eram mais de 4.000 que hoje estão
meio de comunicação, substituindo, com eficiência, os conta- cadastrados e executam seus gastos através do sistema de
tos por telefone, telex, fax e correspondências formais. forma “on-line”;
Desconto na fonte de impostos: hoje, no momento do
OBJETIVOS pagamento, já é recolhido o imposto devido;
O SIAFI é o principal instrumento utilizado para regis- Auditoria: facilidade na apuração de irregularidades
tro, acompanhamento e controle da execução orçamentária, com o dinheiro público;
financeira e patrimonial do Governo Federal. Desde sua cria- Transparência: poucas pessoas tinham acesso às infor-
ção, o SIAFI tem alcançado satisfatoriamente seus principais mações sobre as despesas do Governo Federal antes do ad-
objetivos : vento do SIAFI. A prática da época era tratar essas despesas
a) prover mecanismos adequados ao controle diário da com o “assunto sigiloso”. Hoje a história é outra, pois na
democracia o cidadão é o grande acionista do estado; e
execução orçamentária, financeira e patrimonial aos órgãos
Fim da multiplicidade de contas bancárias : os números
da Administração Pública;
da época indicavam 3.700 contas bancárias e o registro de
b) fornecer meios para agilizar a programação financei-
aproximadamente 9.000 documentos por dia. Com a im-
ra, otimizando a utilização dos recursos do Tesouro Nacional,
plantação do SIAFI, constatou-se que existiam em torno de
através da unificação dos recursos de caixa do Governo Fe-
12.000 contas bancárias e se registravam em média 33.000
deral;
documentos diariamente.
c) permitir que a contabilidade pública seja fonte segura Hoje, 98% dos pagamentos são identificados de modo
e tempestiva de informações gerenciais destinadas a todos instantâneo na Conta Única e 2% deles com um a defasa-
os níveis da Administração Pública Federal; gem de, no máximo, cinco dias.
d) padronizar métodos e rotinas de trabalho relativas à Além de tudo isso, o SIAFI apresenta inúmeras vanta-
gestão dos recursos públicos, sem implicar rigidez ou restri- gens que o distinguem de outros sistemas em uso no âmbi-
ção a essa atividade, um a vez que ele permanece sob total to do Governo Federal :
controle do ordenador de despesa de cada unidade gestora; Sistema disponível 100% do tem o e on-line;
e) permitir o registro contábil dos balancetes dos estados Sistema centralizado, o que permite a padronização de
e municípios e de suas supervisionadas; métodos e rotinas de trabalho;
f) permitir o controle da dívida interna e externa, bem Interligação em todo o território nacional;
com o das transferências negociadas; Utilização por todos os órgãos da Administração Direta
g) integrar e compatibilizar as informações no âmbito do (poderes Executivo, Legislativo e Judiciário);
Governo Federal; Utilização por grande parte da Administração Indireta; e
h) permitir o acompanhamento e a avaliação do uso dos Integração periódica dos saldos contábeis das entida-
recursos públicos; e des que ainda não utilizam o SIAFI, para efeito de consoli-
i) proporcionar a transparência dos gastos do Governo dação das informações econômico-financeiras do Governo
Federal. Federal - à exceção das Sociedades de Economia Mista, que
têm registrada apenas a participação acionária do Governo
VANTAGENS - e para proporcionar transparência sobre o total dos recur-
O SIAFI representou tão grande avanço para a contabili- sos movimentados.
dade pública da União que ele é hoje reconhecido no mundo
inteiro e recomendado inclusive pelo Fundo Monetário Inter- Sidor - Sistema Integrado de Dados Orçamentários
nacional. Sua performance transcendeu de tal forma as fron- O Sidor é o sistema responsável pela elaboração da pro-
teiras brasileiras e despertou a atenção no cenário nacional e posta orçamentária do governo federal. Seu principal pro-
internacional, que vários países, além de alguns organismos duto é o Projeto de Lei Orçamentária enviado, anualmente,
internacionais, têm enviado delegações à Secretaria do Te- ao Congresso Nacional para aprovação e consequente ge-
souro Nacional, com o propósito de absorver tecnologia para ração da Lei Orçamentária Anual. O SIDOR permite aprimo-
a implantação de sistemas similares. rar o Processo orçamentário federal.

67
CONTABILIDADE PÚBLICA

Nele é registrada toda a programação orçamentária – poderá ser concedido suprimento de fundos (adiantamen-
ações e programas de governo, com seus respectivos valo- to) a servidor, sempre precedido de empenho na dotação
res e destinações geográficas – planejada para a execução própria às despesas a realizar, e que não possam subordi-
no ano seguinte.  nar-se ao processo normal de aplicação. Poderá ser conce-
O Sidor orienta a liberação de recursos e execução pelo dido nos seguintes casos:
Sistema Integrado de Administração Financeira do governo - para atender despesas eventuais, inclusive em via-
Federal - Siafi, gerando os volumes para publicação, pela gens e com serviços especiais, que exijam pronto paga-
Imprensa Nacional, no Diário Oficial da União.  mento em espécie;
Cada órgão público (os usuários “de entrada” do Sidor) - quando a despesa deva ser feita em caráter sigilo-
informa suas ações e previsões orçamentárias ao sistema. so, conforme se classificar em regulamento; e - para aten-
Depois disso, cada ministério realiza a consolidação dessas der despesas de pequeno vulto, assim entendidas aquelas
informações que, finalmente, chegam à Secretaria de Orça- cujos valores, em cada caso, não ultrapassar os limites esta-
mento Federal para uma consolidação final.  belecidos em Portaria do Ministério da Fazenda.
Desenvolvido pela Secretaria de Orçamento Federal, o
sistema foi migrado para o Serpro em 2004. A partir dessa OBJETO
data, a Empresa ficou responsável por sua produção – hos- O regime de adiantamento, suprimento de fundos, é
pedagem e manutenção corretiva e evolutiva. aplicável aos casos de despesas expressamente definidos
em lei e consiste na entrega de numerário a servidor, sem-
pre precedida de empenho na dotação própria, para o fim
de realizar despesas que pela excepcionalidade, a critério
18 SUPRIMENTO DE FUNDOS.
do Ordenador de Despesa e sob sua inteira responsabili-
dade, não possam subordinar-se ao processo normal de
aplicação, nos seguintes casos:
SUPRIMENTO DE FUNDOS • para atender despesas eventuais, inclusive em viagem
Trata-se de considerações acerca dos procedimentos e com serviços especiais, que exijam pronto pagamento em
quanto à utilização de suprimento de fundos (adiantamen- espécie;
tos) para despesas de pequeno vulto, no âmbito da Admi- • quando a despesa deva ser feita em caráter sigiloso,
nistração Pública. conforme se classificar em regulamento; e
Em face da necessidade de se haver um efetivo plane- • para atender despesas de pequeno vulto, assim en-
jamento quanto à gestão pública dos recursos diante das tendidas aquelas cujo valor, em cada caso, não ultrapassar
demandas surgidas, planejar é preciso. Porém, como em limite estabelecido em Portaria do Ministro da Fazenda;
muitas vezes não se pode imaginar todas as possibilidades Os valores de um suprimento de fundos entregues ao
dessas demandas, poderá ocorrer eventualidades (excep- suprido poderão relacionar-se a mais de uma natureza de
cionalidades) que terão de ser atendidas, uma vez que o despesa, desde que precedidos dos empenhos nas dota-
seu não atendimento poderá ocasionar prejuízos ou con- ções respectivas, respeitados os valores de cada natureza.
sequências desastrosas à Administração. A concessão de suprimento de fundos deverá ocorrer
Ao ocorrer uma eventualidade, e houver a necessidade por meio do Cartão de Pagamento do Governo Federal,
de atendê-la, de maneira rápida, não podendo aguardar o utilizando as contas de suprimento de fundos somente em
processo normal (procedimento licitatório), uma das possi- caráter excepcional, onde comprovadamente não seja pos-
bilidades é atendê-la por meio de um procedimento deno- sível utilizar o cartão.
minado concessão de suprimento de fundos.
A finalidade do suprimento de fundos é de atender a VALORES LIMITES PARA DESPESA DE PEQUENO
despesas que não possam aguardar o processo normal, ou VULTO
seja, é exceção quanto à não realização de procedimen- Limites para suprimento de fundos mediante Cartão de
to licitatório. O suprimento de fundos (adiantamento) está Pagamento do Governo Federal:
pautado na seguinte O limite máximo para a concessão de suprimento por
legislação: meio do Cartão de Pagamento do Governo Federal, quan-
- arts. 68 e 69, da Lei nº 4.320/1964; do se tratar de despesa de pequeno vulto:
- art. 74, § 3º, do Decreto-Lei nº 200/1967; • para obras e serviços de engenharia será o correspon-
- arts. 45 a 47 do Decreto nº 93.872/86 com as altera- dente a 10% (dez por cento) do valor estabelecido na alí-
ções do nea “a” (convite) do inciso “I” do artigo 23, da Lei 8.666/93,
- Decreto nº 95.804/1988; alterada pela Lei 9.648/98;
- Decreto nº 941/1993 • para outros serviços e compras em geral, será o cor-
- Decreto nº 5.355/2005; respondente a 10% (dez por cento) do valor estabeleci-
- Portaria nº 492/1993 do Ministério da Fazenda. do na alínea “a” (convite) do inciso “II” do artigo 23, Lei
Conforme estabelece o Decreto nº 93.872, de 23 de 8.666/93, alterada pela Lei 9.648/98.
dezembro de 1986, Capítulo III, Seção V, o suprimento de O limite máximo para realização por despesa de pe-
fundos é um instrumento de exceção que, a critério do or- queno vulto em cada NOTA FISCAL/FATURA/RECIBO/
denador de despesas e sob sua inteira responsabilidade, CUPOM FISCAL:

68
CONTABILIDADE PÚBLICA

• na execução de obras e serviços de engenharia, será LIMITES ORÇAMENTÁRIOS E FINANCEIROS


o correspondente a 1% (um por cento) do valor estabeleci- Do Limite Orçamentário e Financeiro de Suprimento de
do na alínea “a” do inciso “I” (convite) do artigo 23, da Lei Fundos - Cartão de Pagamento do Governo Federal - CPGF
8.666/93, alterada pela Lei 9.648/98; O limite definido pelo Ordenador de Despesa para re-
• nos outros serviços e compras em geral, será de 1% gistro no Cartão de Pagamentos do Governo Federal, refe-
(um por cento) do valor estabelecido na alínea “a” (convite) rente ao limite de gasto total da Unidade Gestora Titular e
do inciso “II” do artigo 23, Lei 8.666/93, alterada pela Lei de cada um dos portadores de cartão por ele autorizado,
9.648/98. deverá subordinar-se ao limite orçamentário.
A unidade gestora não poderá realizar despesas sem a
Limites para suprimento de fundos mediante depósito
previsão de recursos financeiros que assegurem o pagamen-
em conta corrente:
to da fatura no seu vencimento.
O limite máximo para a concessão de suprimento por
Os valores pagos referentes à multa/juros por atraso no
meio de conta corrente, quando se tratar de despesa de pagamento da fatura deverão ser ressarcidos ao erário pú-
pequeno vulto: blico pelo ordenador de despesa ou quem der causa, após
• para obras e serviços de engenharia será o correspon- apuração das responsabilidades.
dente a 5% (cinco por cento) do valor estabelecido na alí- O limite orçamentário fundamenta-se na existência de
nea “a” (convite) do inciso “I” do artigo 23, da Lei 8.666/93, dotação orçamentária nas naturezas de despesa específicas
alterada pela Lei 9.648/98; do objeto da concessão do suprimento de fundos. É irre-
• para outros serviços e compras em geral, será o cor- gular a concessão de suprimento utilizando-se natureza de
respondente a 5% (cinco por cento) do valor estabeleci- despesa diferente do objeto do suprimento de fundos, sen-
do na alínea “a” (convite) do inciso “II” do artigo 23, Lei do fato de restrição contábil e apuração de responsabilida-
8.666/93, alterada pela Lei 9.648/98. de, mesmo que haja posteriormente a regularização.
O limite máximo para realização de despesa de peque-
no vulto em cada NOTA FISCAL/FATURA/RECIBO/CUPOM PROPOSTA DO SUPRIMENTO DE FUNDOS
FISCAL: A proposta de concessão de suprimento de fundos de-
• na execução de obras e serviços de engenharia, será o verá conter:
correspondente a 0,25% (vinte e cinco centésimos por cen- • a finalidade;
• a justificativa da excepcionalidade da despesa por su-
to) do valor estabelecido na alínea “a” do inciso “I” (convite)
primento de fundos, indicando fundamento normativo;
do artigo 23, da Lei 8.666/93, alterada pela Lei 9.648/98;
• a especificação da ND - Natureza da Despesa e do PI –
• nos outros serviços e compras em geral, será de
Plano Interno, quando for o caso; e
0,25% (vinte e cinco centésimos por cento) do valor esta- • indicação do valor total e por cada natureza de des-
belecido na alínea “a” (convite) do inciso “II” do artigo 23, pesa.
Lei 8.666/93, alterada pela Lei 9.648/98.
Considerações comuns acerca dos limites da despesa CONCESSÃO DO SUPRIMENTO DE FUNDOS
de pequeno vulto: Concessão do Suprimento de Fundos – Cartão de Paga-
• É vedado o fracionamento de despesa ou do docu- mento do Governo Federal - CPGF
mento comprobatório, para adequação dos valores cons- O limite de gasto do cartão será concedido de acordo
tantes dos limites máximos para realização de despesa de com o valor constante no ato de concessão de suprimento
pequeno vulto em cada FISCAL/FATURA/RECIBO/CUPOM de fundos e revogado tão logo o prazo de utilização seja
FISCAL. expirado.
• O fracionamento da despesa não é caracterizado pela Na concessão serão estabelecidos os valores de gasto
mesma classificação contábil em qualquer dos níveis, mas para a modalidade de fatura e de saque, necessitando de
por aquisições de mesma natureza física e funcional. justificativa, se autorizado algum valor na modalidade de
• Considera-se indício de fracionamento, a concentra- saque.
ção excessiva de detalhamento de despesa em determi- Todo o procedimento de concessão de suprimento de
nado subitem, bem como a concessão de suprimento de fundos por meio de limite de gasto do cartão deve ser repe-
tido a cada nova concessão, bem como a revogação do limi-
fundos a vários supridos simultaneamente.
te de gasto do cartão, após expiração do prazo de utilização.
• O valor do Suprimento de Fundos inclui os valores
referentes às Obrigações Tributárias e de Contribuições, Concessão do Suprimento de Fundos – depósito em
não podendo em hipótese alguma ultrapassar os limites conta corrente
estabelecidos, seus subitens e incisos, quando se tratar de Quando, em caráter excepcional, o suprimento de fun-
despesas de pequeno vulto. dos for concedido na modalidade de depósito em conta
• Excepcionalmente, a critério da autoridade de nível corrente, o valor da Ordem Bancária para crédito na con-
ministerial, desde que caracterizada a necessidade em ta corrente de suprimento de fundos será concedido com
despacho fundamentado, poderão ser concedidos supri- fundamento na autorização da solicitação de concessão de
mentos de fundos em valores superiores aos fixados neste suprimento de fundos, devendo o saldo residual ser devol-
capítulo. vido pelo suprido, por meio de GRU, tão logo o prazo de
utilização seja expirado.

69
CONTABILIDADE PÚBLICA

Todo o procedimento de concessão de suprimento de o saque, desde que autorizado em cada concessão de supri-
fundos por meio de depósito em conta corrente deve ser mento de fundos, sempre sendo evidenciado que se trata de
repetido a cada nova concessão, bem como a devolução do procedimento excepcional e carente de justificativa formal.
saldo residual existente na conta corrente de suprimento de Quando o suprido efetuar saques da conta corrente ou
fundos, após expiração do prazo de utilização. por meio do Cartão de Pagamento do Governo Federal, o
Considerações comuns acerca da concessão de supri- valor do saque deverá ser o das despesas a serem realizadas.
mento de fundos• Ao conceder o suprimento de fundos a Se o valor do saque exceder ao da despesa a ser reali-
autoridade competente determinará a emissão do empe- zada, o valor excedente deverá ser devolvido, por intermé-
nho, ou fará referência ao empenho estimativo, solicitando dio da GRU, código de recolhimento 68808-8 – anulação de
a anexação de uma cópia da NE - Nota de Empenho - à despesa no exercício, no prazo máximo de três dias úteis a
proposta de concessão de suprimento. partir do dia seguinte da data do saque, diminuindo o valor
Em se tratando de suprimento de fundos para contrata- do suprimento a ser utilizado.
ção de serviços prestados por pessoa física, deve ser emitida Caso algum valor em espécie permaneça com o suprido
nota de empenho, na natureza de despesa 3.3.90.47 – Obri- sem justificativa formal, por prazo maior que o indicado no
gações Tributárias e de Contribuições, visando atender as item acima, autoridade competente deverá apurar respon-
despesas com contribuição previdenciária patronal, obser- sabilidades.
vando que o valor do suprimento de fundos inclui os valores Nos casos em que o suprido ausentar-se por prazos ex-
referentes às Obrigações Tributárias e de Contribuições, não tensos ou estiver impossibilitado de efetuar saques por pe-
podendo, em hipótese alguma ultrapassar os limites estabe- ríodos longos, poderá permanecer com valores em espécie
lecidos para a concessão do Suprimento de Fundos, quando acima do prazo de três dias úteis a partir do dia seguinte
se tratar de despesas de pequeno vulto. da data do saque, justificando formalmente as circunstâncias
Do ato de concessão de suprimento de fundos constará, que impediram os procedimentos normais.
obrigatoriamente:
• Prazo máximo para utilização dos recursos; RESTRIÇÕES AO SUPRIDO
• Prazo para prestação de contas; e Não se concederá suprimento de fundos:
• Sistemática de pagamento, se somente fatura, ou tam- • a responsável por dois suprimentos;
bém saque, quando for movimentado por meio do Cartão • a servidor que tenha a seu cargo a guarda ou a
de Pagamento do Governo Federal. utilização do material adquirir, salvo quando não houver na
• A cada concessão de suprimento de fundos, seja qual repartição outro servidor;
for o meio de pagamento, deverá haver a identificação da • a responsável por suprimento de fundos que, esgo-
motivação do ato, esclarecendo as demandas da unidade, e tado o prazo, não tenha prestado contas de sua aplicação; e
a definição de valores compatíveis com a demanda, vincu- • a servidor declarado em alcance, entendido como
lando o gasto com o suprimento de fundos. tal o que não prestou contas no prazo regulamentar ou o
que teve suas contas recusadas ou impugnadas em virtude
ENTREGA DO NUMERÁRIO de desvio, desfalque, falta ou má aplicação dos recursos re-
Entende-se por entrega do numerário a disponibilização cebidos.
de recurso financeiro para realização dos gastos, seja por li-
mite lançado no Cartão de Pagamento do Governo Federal, DÍVIDA PÚBLICA FLUTUANTE E FUNDADA
por depósito em conta corrente ou por posse de valor em A classificação em exame diz respeito especialmente ao
espécie. prazo de exigibilidade da dívida contraída pelo Estado, por
meio do empréstimo público.
UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS
Na utilização do Suprimento de Fundos observar-se-ão DÍVIDA FLUTUANTE
as condições e finalidades previstas no ato da concessão.
O prazo máximo para aplicação do suprimento de fun- Dívida flutuante é aquela em que o reembolso efetuado
dos será de até 90 (noventa) dias a contar da data do ato de pelo Estado se dá no mesmo exercício financeiro em que o
concessão do suprimento de fundos, e não ultrapassará o crédito foi contraído. Segundo a dicção do art. 92 da Lei nº
término do exercício financeiro. 4.320/64:
A entrega do numerário, sempre precedida de empenho
(ordinário ou estimativo) na dotação própria das despesas a Art. 92. A dívida flutuante compreende:
realizar, será feita: I - os restos a pagar, excluídos os serviços da dívida;
• mediante crédito em conta corrente específica (OBC); II - e-mail marketing os serviços da dívida a pagar;
• em espécie e pelo seu valor total (OBP); III - os depósitos;
• mediante concessão de limite de gasto no Cartão de IV - os débitos de tesouraria.
Pagamento do Governo Federal.
Quando a entrega do numerário for mediante limite É lícito afirmar que dívida flutuante é aquela contraída
do Cartão de Pagamento, a despesa deve ser efetuada por para ser quitada em prazos curtos, a fim de atender necessi-
meio de pagamento a um estabelecimento afiliado, utilizan- dades momentâneas do caixa do Tesouro, oriundas de recei-
do-se a modalidade de fatura. Somente na impossibilidade tas ainda não arrecadadas ou de despesas imprevistas.
da utilização em estabelecimento afiliado é que deve haver

70
CONTABILIDADE PÚBLICA

DÍVIDA FUNDADA

De acordo com o art. 98, da Lei nº 4.320/64, a dívida fundada corresponde aos compromissos de exigibilidade supe-
rior a 12 (doze) meses, contraídos para atender ao desequilíbrio orçamentário ou aos financiamentos de obras e serviços
públicos.

19 MCASP 7ª EDIÇÃO (PORTARIA CONJUNTA


STN/SOF Nº 2/2016 E PORTARIA STN
Nº 840/2016).

PORTARIA CONJUNTA STN E MF E SOF E MPDG Nº 2, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2016


* Secretaria do Tesouro Nacional - Ministério da Fazenda - Secretaria de Orçamento Federal - Ministério do Planeja-
mento, Desenvolvimento e Gestão - Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP) - 7ª edição - Procedi-
mentos Contábeis Orçamentários *
Aprova a Parte I - Procedimentos Contábeis Orçamentários da 7ª edição do Manual de Contabilidade Aplicada ao
Setor Público (MCASP).
A Secretária do Tesouro Nacional do Ministério da Fazenda e o Secretário de Orçamento Federal do Ministério do
Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, no uso de suas atribuições e tendo em vista o disposto no § 2º do art. 50 da
Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, e
Considerando o disposto no inciso I do art. 17 da Lei nº 10.180, de 6 de fevereiro de 2001, e no inciso I do art. 6º do
Decreto nº 6.976, de 7 de outubro de 2009, que conferem à Secretaria do Tesouro Nacional do Ministério da Fazenda a
condição de órgão central do Sistema de Contabilidade Federal;
Considerando as competências do órgão central do Sistema de Contabilidade Federal, estabelecidas no art. 18 da Lei
nº 10.180, de 2001, no art. 7º do Decreto nº 6.976, de 2009, e nos incisos X, XIV, XXI, XXII e XXIII do art. 21 do Anexo I do
Decreto nº 7.482, de 16 de maio de 2011;
Considerando o disposto no art. 11, inciso VII, do Anexo I do Decreto nº 8.818, de 21 de julho de 2016, que confere à
Secretaria de Orçamento Federal do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão - SOF/MPDG a competência
de estabelecer as classificações orçamentárias da receita e da despesa;
Considerando o inciso I do caput e o § 1º do art. 3º e art. 9º da Portaria STN nº 634, de 19 de novembro de 2013, que
dispõe sobre regras gerais acerca das diretrizes, normas e procedimentos contábeis aplicáveis aos entes da Federação,
com vistas à consolidação das contas públicas da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, sob a mesma
base conceitual;
Considerando a necessidade de:
a) aprimorar os critérios de reconhecimento de despesas e receitas orçamentárias;
b) instituir instrumento eficiente de orientação comum aos gestores nos três níveis de governo, mediante consolida-
ção, em um só documento, de conceitos, regras e procedimentos de reconhecimento e apropriação das receitas e despe-
sas orçamentárias; e
c) elaborar demonstrativos de estatísticas de finanças públicas em consonância com os padrões e regras estabeleci-
das nos acordos e convênios internacionais de que a União for parte, conforme previsto no inciso XVIII do art. 7º do De-
creto nº 6.976, de 2009, e no inciso XXV do art. 21 do Anexo I do Decreto nº 7.482, de 2011; e
Considerando a necessidade de proporcionar maior transparência sobre as contas públicas e de uniformizar a classifi-
cação das receitas e despesas orçamentárias; resolvem:
Art. 1º Aprovar a Parte I - Procedimentos Contábeis Orçamentários da 7ª edição do Manual de Contabilidade Aplica-
da ao Setor Público (MCASP).
Parágrafo único. A STN/MF e a SOF/MPDG disponibilizarão versão eletrônica da Parte I do MCASP nos endereços
eletrônicos http://www.tesouro.gov.br/mcasp e www.portalsof.planejamento.gov.br, respectivamente.
Art. 2º A contabilidade no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, observará as orienta-
ções contidas na Parte I do MCASP - Procedimentos Contábeis Orçamentários, sem prejuízo do atendimento dos instru-
mentos normativos vigentes.

Parágrafo único. No âmbito da União, o detalhamento da receita orçamentária será estabelecido por meio de Portaria
da SOF/MPDG e as instruções para elaboração do Projeto de Lei Orçamentária Anual serão divulgadas por intermédio do
Manual Técnico de Orçamento (MTO) editado por essa Secretaria.
Art. 3º Esta Portaria Conjunta entra em vigor na data de sua publicação, aplicando-se seus efeitos a partir da execu-
ção da Lei Orçamentária Anual de 2017 e, quando couber, na elaboração do respectivo Projeto de Lei.
Art. 4º Revoga-se a Portaria Conjunta STN/SOF nº 1, de 10 de dezembro de 2014.

71
CONTABILIDADE PÚBLICA

ANA PAULA VITALI JANES VESCOVI Art. 1º Aprovar as seguintes partes da 7ª edição do Ma-
Secretária do Tesouro Nacional do Ministério da Fa- nual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP):
zenda I - Parte Geral
GEORGE ALBERTO DE AGUIAR SOARES II - Parte II - Procedimentos Contábeis Patrimoniais;
Secretário de Orçamento Federal do Ministério do III - Parte III - Procedimentos Contábeis Específicos;
Planejamento, Desenvolvimento e Gestão IV - Parte IV - Plano de Contas Aplicado ao Setor Públi-
PORTARIA STN Nº 840, DE 21 DE DEZEMBRO DE 2016 co; e
* Secretaria do Tesouro Nacional - Manual de Conta- V - Parte V - Demonstrações Contábeis Aplicadas ao
bilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP) - 7ª edição Setor Público.
- Parte Geral - Procedimentos Contábeis Patrimoniais - § 1º Os conceitos, regras gerais, conteúdo e prazos de
Procedimentos Contábeis Específicos - Plano de Contas cada uma das partes do MCASP estão descritos na Portaria
Aplicado ao Setor Público - Demonstrações Contábeis STN nº 634/2013.
§ 2º A STN disponibilizará versão eletrônica do MCASP
Aplicadas ao Setor Público *
no endereço eletrônico http://www.tesouro.gov.br/mcasp.
Aprova a Parte Geral e as Partes II - Procedimentos
Art. 2º Esta Portaria entra em vigor na data de sua pu-
Contábeis Patrimoniais, III - Procedimentos Contábeis Es-
blicação e tem seus efeitos aplicados a partir do exercício
pecíficos, IV - Plano de Contas Aplicado ao Setor Público e
financeiro de 2017.
V - Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público Art. 3º Revoga-se, a partir de 1º de janeiro de 2017, a
da 7ª edição do Manual de Contabilidade Aplicada ao Portaria STN nº 700, de 10 de dezembro de 2014.
Setor Público (MCASP). ANA PAULA VITALI JANES VESCOVI
A Secretária do Tesouro Nacional, no uso das atribui-
ções que lhe confere a Portaria MF nº 244, de 16 de julho
de 2012, que aprova o Regimento Interno da Secretaria
do Tesouro Nacional, e tendo em vista o disposto no § 2º
20 REGIME CONTÁBIL.
do art. 50 da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de
2000, e
Considerando o disposto no inciso I do art. 17 da Lei REGIMES CONTÁBEIS APLICADOS A CONTABILIDA-
nº 10.180, de 6 de fevereiro de 2001, e no inciso I do art. DE PÚBLICA
6º do Decreto nº 6.976, de 7 de outubro de 2009, que
conferem à Secretaria do Tesouro Nacional do Ministério O que é regime contábil?
da Fazenda a condição de órgão central do Sistema de Podemos dizer que regime contábil é um procedimento
Contabilidade Federal; ou técnica adotado para a realização dos registros dos fatos
Considerando as competências do órgão central do aplicados à ciência contábil, estabelecendo as diretrizes para
Sistema de Contabilidade Federal, estabelecidas no art. 18 classificação das variações ou alterações patrimoniais.
da Lei nº 10.180, de 2001, no art. 7º do Decreto nº 6.976, Os regimes contábeis que podem ser utilizados pela
de 2009, e nos incisos X, XIV, XXI, XXII e XXIII do art. 21 do contabilidade são:
Anexo I do Decreto nº 7.482, de 16 de maio de 2011;
Considerando a necessidade de elaborar o Balanço do - Regime de competência;
Setor Público Nacional previsto no inciso VII do art. 18 da - Regime de caixa;
Lei nº 10.180, de 2001, com base no Plano de Contas Apli- - Regime misto.
cado ao Setor Público, a ser utilizado por todos os entes
Regime de competência:
da Federação, conforme o disposto no inciso II do art. 1º
da Portaria MF nº 184, de 25 de agosto de 2008;
No regime de competência, as receitas e as despesas
Considerando a atribuição do Conselho Federal de
devem ser incluídas na apuração do resultado do período
Contabilidade de regular os princípios contábeis e editar
em que ocorrerem, sempre simultaneamente quando se
Normas Brasileiras de Contabilidade de natureza técnica, correlacionarem, independentemente de recebimento ou
conforme a Lei nº 12.249, de 11 de junho de 2010, que pagamento (art. 9º da Resolução nº 750/93 do Conselho Fe-
altera o Decreto-Lei nº 9.295, de 27 de maio de 1946; e deral de Contabilidade - CFC).
Considerando o inciso I do caput e o § 1º do art. 3º O regime de competência é também denominado pela
da Portaria STN nº 634, de 19 de novembro de 2013, que doutrina de regime de exercício ou regime jurídico.
dispõe sobre regras gerais acerca das diretrizes, normas
e procedimentos contábeis aplicáveis aos entes da Fede- Regime de caixa:
ração, com vistas à consolidação das contas públicas da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, O regime de caixa, também denominado pela doutrina
sob a mesma base conceitual; resolve: de regime de gestão anual, é aquele em que são considera-
das receitas e despesas do exercício tudo o que for recebido
ou pago durante o ano financeiro, mesmo que se trate de
receitas e despesa referentes a exercícios anteriores.

72
CONTABILIDADE PÚBLICA

Regime misto:

No regime misto adota-se ao mesmo tempo o de caixa e o de competência. Esse regime é o adotado pela contabilidade
pública no Brasil, ou seja, registra-se a despesa pelo regime de competência e a receita pelo de caixa.

• Quanto à receita: o resultado financeiro do exercício não aproveita a receita lançada e não arrecadada, ou seja, con-
sidera-se “em tese”, somente as receitas que ingressaram nos cofres públicos.
A receita pública passa pelos seguintes estágios ou fases: previsão, lançamento, arrecadação e recolhimento.
• Quanto à despesa: no encerramento do exercício, a despesa empenhada e não paga é apropriada, ou seja, considera-
se “em tese”, como despesa do exercício, toda aquela que foi empenhada, mesmo aquela que ainda não tenha sido liquidada.
A despesa pública passa pelas seguintes fases ou estágios: fixação, empenho, liquidação e pagamento.
Empenho da despesa é a primeira fase de sua execução e a liquidação, a segunda, o pagamento, a terceira. Portanto, na
execução da despesa pública, inicialmente existe o empenho, depois a liquidação e finalmente o pagamento. A despesa é fixada
na lei orçamentária anual - LOA, após a sua aprovação, o governo elaborará a programação dos gastos públicos.

Resumindo: aplica-se à contabilidade pública no Brasil o regime de caixa para as receitas e o regime de competência
para as despesas.
Portanto, a contabilidade pública adota o regime contábil misto, ou seja, regime de caixa para as receitas e de com-
petência para as despesas.

Previsão legal do regime contábil misto:

O regime contábil adotado para a contabilidade pública está previsto em duas normas: na Lei nº 4.320/64 e na Lei Comple-
mentar nº 101/00 – Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF.

Previsão na Lei nº 4.320/64:


O art. 35 dessa norma estabelece que pertencem ao exercício financeiro:
- As receitas nele arrecadadas;
- As despesas nele legalmente empenhadas.

Podemos afirmar que o regime de caixa para as receitas e de competência para as despesas, adotado pela conta-
bilidade pública é 100% aplicável?

Não, aí está o “X” da questão!


Quanto à despesa, funciona exatamente como na contabilidade empresarial, regime de competência, entretanto, mesmo
assim, existem exceções.

Exemplo: a despesa referente ao exercício de 2003, que não foi paga naquele ano deverá ser inscrita em restos a pagar
em 31/12/03 para ser paga em 2004. Se até 31/12/04 essa despesa ainda não tiver sido paga, será cancelada (isso no Sistema
Integrado de Administração Financeira – SIAFI), entretanto, ainda permanece o direito do credor.

A partir de 01/01/2005, se essa despesa for reclamada pelo credor, a administração pública irá pagá-lo com a rubrica “des-
pesas de exercícios anteriores”. Esse pagamento será considerado uma despesa normal do orçamento vigente (2005). Essa é
mais uma das exceções ao princípio da competência. Ou seja, deveria ser despesa de 2003 e não do orçamento de 2005.

A sistemática funciona assim:

Exercício financeiro Situação gerada


2003: Foi considerada despesa nas demonstrações contábeis
A despesa foi empenhada, liquidada e não paga. de 2003, porém, o seu não pagamento ocasionou a inscri-
ção em “restos a pagar”.
2004: Em 31/12/04 ocorreu o cancelamento dos “restos a pa-
Vamos supor que a rubrica “restos a pagar” permane- gar” no SIAFI. Essa situação gerou uma receita orçamentá-
ceu todo o exercício financeiro, até 30/12/04 sem ser paga. ria deste exercício.
2005: Esse gasto foi considerado despesa a custa do orça-
Vamos supor que a despesa foi reclamada pelo credor, mento de 2005. Ou seja, onerou o exercício financeiro de
reconhecida e paga pela administração pública, na rubrica 2005.
“despesas de exercícios anteriores”.

73
CONTABILIDADE PÚBLICA

Exceção ao regime de caixa: 3. (FCC/ TÉCNICO JUDICIÁRIO – TJ-PI/2009) O Plano


Plurianual de um
Antes, poderíamos perguntar! Em que momento o go- Estado da Federação:
verno federal considera arrecadada a receita? a) somente pode ser aprovado por lei complementar
A receita é considerada disponível após a arrecadação, estadual.
momento em que o contribuinte cumpre com sua obri- b) deve ser elaborado por iniciativa da Assembleia Le-
gação junto a uma instituição financeira. Geralmente as gislativa Estadual, que o submeterá à sanção do Governa-
instituições financeiras recolhem os recursos arrecadados dor do Estado.
para o caixa único do Tesouro Nacional em um dia após a c) tem vigência até o final do primeiro exercício finan-
arrecadação. ceiro do mandato governamental subsequente.
d) deve ser elaborado de cinco em cinco anos.
Exceção ao regime de caixa bastante exigida: e) conterá as diretrizes, objetivos e metas da admi-
As receitas previstas e não arrecadadas são incluídas na nistração pública estadual para as despesas correntes dos
dívida ativa e o recebimento geralmente só acontecerá no quatro anos de sua vigência.
ano subsequente, mas, mesmo assim, no momento de sua
inscrição na dívida ativa já é considerada receita. 4. (FJG - RIO - 2013 - SMA-RJ – Contador) De acordo
com os preceitos da classificação doutrinária e orçamentá-
Essa é uma das exceções ao regime de caixa para as ria e, consequentemente, da contabilização das receitas e
receitas. despesas orçamentárias dos entes públicos, é correto afir-
mar que:
EXERCÍCIOS a) a destinação ordinária é o processo de vinculação
entre a origem e a aplicação de recursos, em atendimento
1. (TCE-PI Auditor Contábil 2002) A afirmação “os às finalidades específicas estabelecidas pelos mandamen-
créditos adicionais, concedidos durante o exercício fiscal, tos legais
visam a assegurar a continuidade dos programas previstos b) pela classificação da despesa pública segundo a sua
na Lei de Orçamento” é natureza, investimentos devem ser classificados como gru-
a) correta, somente para os casos em que a Lei de Or- po de despesa
çamento aprovada para o exercício preveja a concessão de c) na classificação por estrutura programática, o poder
créditos adicionais. público indica para a sociedade o montante de recursos
b) parcialmente correta, pois há casos em que os cré- a serem aplicados por cada ente da administração para a
ditos adicionais são concedidos para atender a situações execução das políticas públicas definidas na Lei Orçamen-
imprevistas ou emergenciais. tária Anual
c) errada, uma vez que os créditos adicionais após a d) um auxílio financeiro recebido a título de Convênio,
edição da Lei de Responsabilidade Fiscal estão proibidos. destinado à construção de um prédio escolar público, clas-
d) errada, pois os créditos adicionais, quando aprova- sifica-se como transferência de capital
dos, visam exclusivamente atender às obrigações advindas
de operações de crédito. 5. (FJG - RIO - 2013 - SMA-RJ) Com relação ao siste-
e) parcialmente correta, pois os créditos adicionais não ma contábil e à estrutura do plano de contas aplicado ao
são concedidos durante o exercício fiscal, mas ao término setor público, pode-se afirmar que:
deste. a) as contas de Passivo, após a realização do estágio
da liquidação da despesa orçamentária, passam a ser clas-
2. (ESAF/ANALISTA DE PLANEJAMENTO – SEFAZ sificadas com o atributo (F) e a ter característica de contas
-SP/2009) O orçamento público pode ser entendido como financeiras.
um conjunto de informações que evidenciam as ações go- b) é possível evidenciar todos os estágios das receitas
vernamentais, bem como um elo capaz de ligar os sistemas e das despesas públicas no plano de contas aplicado ao
de planejamento e finanças. A elaboração da Lei Orçamen- setor público.
tária Anual (LOA), segundo a Constituição Federal de 1988, c) a natureza da informação das contas das classes 5
deverá espelhar: e 6 é Orçamentária, pois nessas classes são registrados os
a) exclusivamente os investimentos. atos potenciais e os diversos controles.
b) as metas fiscais somente para as despesas. d) as contas estão agrupadas pelos subsistemas de
c) a autorização para a abertura de créditos adicionais informações para propiciar facilidade na elaboração das
extraordinários. diversas demonstrações contábeis obrigatórias
d) as estimativas de receita e a fixação de despesas.
e) a autorização para criação de novas taxas.

74
CONTABILIDADE PÚBLICA

6. (FCC - 2013 - TRT - 15ª Região - Analista Judiciá- d) Despesas Empenhadas – Despesas Liquidadas =
rio) Sobre os princípios contábeis aplicados ao setor públi- Restos a Pagar não Processados inscritos no exercício
co, considere: e) Despesas Empenhadas – Despesas Liquidadas =
I. O princípio da competência determina que, uma va- Restos a Pagar Processados inscritos no exercício
riação no valor do Patrimônio Líquido relativa a medica-
mentos hospitalares deve ser reconhecida no período em 10. (CEPERJ - 2013 – Rioprevidência) Em certa data,
que tais medicamentos foram consumidos na prestação de foram extraídas do Balanço Patrimonial de determinada
serviços pela entidade pública. entidade pública as seguintes informações:
II. O ajuste a valor presente dos direitos, dos títulos de
créditos e das obrigações prefixadas fere o princípio do re- Superávit Financeiro................ R$ 675.000,00
gistro pelo valor original. Passivo Real............................ R$ 17.775.000,00
III. A agregação dos patrimônios da União, Estados e Ativo Permanente.................... R$ 12.600.000,00
Municípios no processo de consolidação das demonstra- Passivo Financeiro.................. R$ 4.275.000,00
ções contábeis resulta em uma nova entidade em confor- Passivo Compensado.............. R$ 3.150.000,00
midade com o princípio da entidade. Com base nessas informações, pode-se afirmar que o
Está correto o que se afirma APENAS em Passivo Real a Descoberto perfaz o montante de:
a) I.
b) I e II. a) R$ 225.000,00
c) II. b) R$ 350.000,00
d) II e III. c) R$ 900.000,00
e) III. d) R$ 1.125.000,00
e) R$ 2.025.000,00
7. ( FCC - 2013 - TRT - 15ª Região - Analista Judiciá-
rio) De acordo com a NBC T 16.7, as demonstrações contá-
beis das entidades do setor público, para fins de consolida- GABARITO
ção, devem ser levantadas na mesma data, admitindo- se a 1 B
defasagem de até três meses, desde que, sejam divulgadas
2 D
em notas explicativas
3 C
a) as características das entidades do setor público in- 4 D
cluídas na consolidação. 5 B
b) os efeitos dos eventos relevantes entre as diferentes 6 A
datas. 7 B
c) os procedimentos adotados na consolidação. 8 E
d) a natureza e os montantes dos ajustes efetuados.
e) os dados cadastrais das entidades do setor público 9 D
incluídas na consolidação. 10 A

8. (FUNCAB - 2013 - IF-RR – Contador) No que tange


à classificação das receitas públicas, indique a opção que
NÃO se enquadra como Receita Corrente:
a) Receita Patrimonial.
b) Receita Industrial.
c) Receita de Contribuições
d) Receita Tributária.
e) Receita de Alienação de Bens

9. (CEPERJ - 2013 – Rioprevidência) Comparando


os valores apurados de Despesas Empenhadas, Despesas
Liquidadas e Despesas Pagas de determinada entidade pú-
blica, pode-se afirmar que a fórmula correta utilizada na
apuração dos Restos a Pagar é:
a) Despesas Empenhadas – Despesas Liquidadas –
Despesas Pagas = Restos a Pagar Processados inscritos no
exercício
b) Despesas Empenhadas – Despesas Pagas = Restos a
Pagar Processados inscritos no exercício
c) Despesas Liquidadas – Despesas Pagas = Restos a
Pagar Não Processados inscritos no exercício

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CONTABILIDADE PÚBLICA

EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES c) Pode-se dizer que o campo de aplicação da Contabi-


lidade é a entidade econômico-administrativa, seja ou não
01. (TRF/4ª REGIÃO - ANALISTA CONTABILIDADE – de fins lucrativos. O campo de aplicação da contabilidade é
FCC/2010) O princípio contábil que se relaciona direta- a entidade econômico-administrativa, ou seja, a “azienda”
mente à quantificação dos componentes patrimoniais definida como o patrimônio considerado em conjunto com
e à formação do resultado, além de constituir dado im- sua administração. Alternativa correta.
portante para aferir a capacidade futura de geração de d) O objeto da Contabilidade é definido como o con-
resultados é o Princípio junto de bens, direitos e obrigações vinculado a uma enti-
A) da Continuidade. dade econômico-administrativa.
B) do Registro pelo valor original. O objeto da contabilidade, ou seja, do que a ciência se
C) da Oportunidade. ocupa de estudar é o patrimônio, definido como conjunto
D) da Entidade. de bens, direitos e obrigações. Alternativa correta.
E) da Prudência. e) Enquanto a entidade econômico-administrativa é o
objeto da Contabilidade, o patrimônio é o seu campo de
Trata-se de uma questão apenas com a definição de aplicação. Nesta alternativa, a banca troca as informações,
conceitos, portanto na questão observamos a definição do como podemos observar em letras c) e d). A entidade eco-
Princípio da continuidade. nômico-administrativa é o campo de aplicação e o patri-
mônio é o objeto. Alternativa Falsa.
RESPOSTA: “A”.
RESPOSTA: “E”.
02. (ESAF - FISCAL DE RENDAS DO MUNICÍPIO -
RJ/2010) Assinale abaixo a única opção que contém 03. (TRT/10ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO -
uma afirmativa falsa. CESPE/2013) Com relação às normas brasileiras de con-
A) A finalidade da Contabilidade é assegurar o con- tabilidade aplicadas ao setor público e sua inter-relação
com a contabilidade pública, julgue os itens que se se-
trole do patrimônio administrado e fornecer informa-
guem.
ções sobre a composição e as variações patrimoniais,
As transações que envolvem valores de terceiros
bem como sobre o resultado das atividades econômicas
devem ser registradas contabilmente como variações
desenvolvidas pela entidade para alcançar seus fins.
qualitativas decorrentes de transações no setor públi-
B) A Contabilidade pode ser conceituada como sen-
co, que alteram a composição dos elementos patrimo-
do “a ciência que estuda, registra, controla e interpre-
niais sem afetar direta ou indiretamente seu patrimô-
ta os fatos ocorridos no patrimônio das entidades com
nio líquido.
fins lucrativos ou não”.
( ) CERTO
C) Pode-se dizer que o campo de aplicação da Con-
( ) ERRADO
tabilidade é a entidade econômico-administrativa, seja
ou não de fins lucrativos. NBC T 16.4
D) O objeto da Contabilidade é definido como o Variações patrimoniais
conjunto de bens, direitos e obrigações vinculado a [...]
uma entidade econômico-administrativa. 7. As variações patrimoniais classificam-se em quanti-
E) Enquanto a entidade econômico-administrativa é tativas e qualitativas.
o objeto da Contabilidade, o patrimônio é o seu campo 8. Entende-se como variações quantitativas aquelas
de aplicação. decorrentes de transações no setor público que aumentam
ou diminuem o patrimônio líquido.
Analisando as opções encontradas: 9. Entende-se como variações qualitativas aquelas de-
a) A finalidade da Contabilidade é assegurar o controle correntes de transações no setor público que alteram a
do patrimônio administrado e fornecer informações sobre composição dos elementos patrimoniais sem afetar o pa-
a composição e as variações patrimoniais, bem como sobre trimônio líquido.
o resultado das atividades econômicas desenvolvidas pela
entidade para alcançar seus fins. A finalidade consagrada Transações que envolvem valores de terceiros
da contabilidade é controlar o patrimônio e prover seus 10. Transações que envolvem valores de terceiros
usuários com informações úteis para a tomada de decisão. são aquelas em que a entidade do setor público responde
Alternativa correta; como fiel depositária e que não afetam o seu patrimônio
b) A Contabilidade pode ser conceituada como sendo líquido.
“a ciência que estuda, registra, controla e interpreta os fa- 11. As transações que envolvem valores de terceiros
tos ocorridos no patrimônio das entidades com fins lucrati- devem ser demonstradas de forma segregada.
vos ou não”. Este é, de fato, um dos conceitos aceitos para
a contabilidade. Alternativa correta; RESPOSTA: “CERTO”.

76
CONTABILIDADE PÚBLICA

04. (MPU - ANALISTA CONTABILIDADE - CESPE/2013) 06. (DNIT - Analista Administrativo Contá-
Julgue os itens seguintes, acerca dos princípios funda- bil - ESAF/2013) A respeito das disposições da Lei n.
mentais de contabilidade aprovados pelo Conselho Fede- 4.320/1964 sobre a contabilidade aplicada ao setor pú-
ral de Contabilidade (CFC). blico, é correto afirmar, exceto:
A confrontação das receitas com as despesas corre- A) a tomada de contas dos agentes responsáveis por
latas é um pressuposto do princípio da competência, se- bens e dinheiros públicos será realizada pelos serviços de
gundo o qual o reconhecimento de receitas e despesas contabilidade, ressalvadas as competências dos tribunais
deve ocorrer nos períodos a que se referem, independen- de contas.
temente do recebimento ou pagamento. De acordo com B) é função precípua da contabilidade evidenciar pe-
esse princípio, o pagamento antecipado de uma despesa rante a fazenda pública a situação dos responsáveis pela
não afeta o resultado da empresa no momento de sua arrecadação de receitas e guarda de bens públicos.
ocorrência. C) a utilização do método das partidas dobradas para
( ) CERTO escrituração sintética das operações financeiras e patri-
( ) ERRADO moniais é uma exigência legal.
D) o controle contábil de contratos deve ser realizado
De fato, quando há o pagamento antecipado de uma de forma seletiva, levando-se em conta a materialidade
despesa, o resultado não é afetado. Isso acontece devido ao dos recursos envolvidos.
fato de que a DRE é um demonstrativo baseado no princípio E) os custos dos serviços industriais e a interpretação
da competência. dos resultados econômicos e financeiros devem ser leva-
Assim, os lançamentos serão os seguintes: dos em conta na organização da contabilidade do setor
C- Caixa ou Bancos. público.
D- Adiantamento a fornecedores.
Somente na data prevista para pagamento é que a DRE De acordo com a Lei 4320/64
será afetada. Art. 83. A contabilidade evidenciará perante a Fazenda
Vejamos o artigo que trata sobre esse assunto: (art.9º da
Pública a situação de todos quantos, de qualquer modo, ar-
Resolução CFC nº 750/93)
recadem receitas, efetuem despesas, administrem ou guar-
Art. 9º O Princípio da Competência determina que os
dem bens a ela pertencentes ou confiados.
efeitos das transações e outros eventos sejam reconhecidos
Art. 84. Ressalvada a competência do Tribunal de Contas
nos períodos a que se referem, independentemente do rece-
ou órgão equivalente, a tomada de contas dos agentes res-
bimento ou pagamento.
ponsáveis por bens ou dinheiros públicos será realizada ou
superintendida pelos serviços de contabilidade.
RESPOSTA: “CERTO”.
Art. 85. Os serviços de contabilidade serão organizados
05. (DNIT - ANALISTA ADMINISTRATIVO CONTÁBIL de forma a permitirem o acompanhamento da execução or-
- ESAF/2013) Assinale a opção cujo conteúdo não indica çamentária, o conhecimento da composição patrimonial, a
um dos objetivos da contabilidade aplicada ao setor pú- determinação dos custos dos serviços industriais, o levanta-
blico: mento dos balanços gerais, a análise e a interpretação dos
A) refletir o ciclo da administração pública. resultados econômicos e financeiros.
B) fornecer informações para a instrumentalização do Art. 86. A escrituração sintética das operações financei-
controle social. ras e patrimoniais efetuar-se-á pelo método das partidas
C) demonstrar os resultados alcançados pela entidade dobradas.
do setor público. Art. 87. Haverá controle contábil dos direitos e obriga-
D) apresentar os aspectos de natureza orçamentária, ções oriundos de ajustes ou contratos em que a administra-
econômica, financeira e física do patrimônio da entidade ção pública for parte.
pública. Art. 88. Os débitos e créditos serão escriturados com in-
E) evidenciar as mutações do patrimônio. dividuação do devedor ou do credor e especificação da natu-
reza, importância e data do vencimento, quando fixada.
A questão é direta. Bastando observar o item 4 da NBC T Art. 89. A contabilidade evidenciará os fatos ligados à ad-
16.1, a saber: ministração orçamentária, financeira patrimonial e industrial.
4. O objetivo da Contabilidade Aplicada ao Setor Pú-
blico é fornecer aos usuários informações sobre os resultados RESPOSTA: “D”.
alcançados e os aspectos de natureza orçamentária, econô-
mica, financeira e física do patrimônio da entidade do setor 07. (MPE/RN - CONTABILIDADE - FCC/2012) O paga-
público e suas mutações, em apoio ao processo de tomada mento de uma dívida caracteriza-se como um fato con-
de decisão; a adequada prestação de contas; e o necessário tábil:
suporte para a instrumentalização do controle social. A) aumentativo.
Observe que a única alternativa que não faz parte dos ob- B) substantivo.
jetivos é a letra A. Portanto, questão legalista não se discute! C) permutativo.
D) misto.
RESPOSTA: “A”. E) diminutivo.

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CONTABILIDADE PÚBLICA

Registro contábil do pagamento de uma dívida, Forne- Analisando as alternativas


cedores, por exemplo: a) Errada. A reserva legal é classificada no PL e as parti-
Como podemos observar o pagamento de fornecedo- cipações de debêntures são evidenciadas na DRE.
res, reduz o Passivo e o Ativo de igual valor, portanto, o PL b) Errada. O lucro líquido é evidenciado na DRE e a
permanece constante, ou seja, trata-se de um fato permu- retenção de reserva de capital é classificada no PL.
tativo. c) Errada. A retenção do lucro é classificada no PL e a
participação do empregado no lucro na DRE.
RESPOSTA: “C”. d) Correta.
e) Errada. A reserva de incentivos fiscais é classificada
08. (MPE/RN - CONTABILIDADE - FCC/2012) De no PL e a receita realizada e despesa incorrida na DRE.
acordo com a legislação societária o registro das muta- PL: Patrimônio Líquido
ções patrimoniais deve ser feito de acordo com: DRE: Demonstração do Resultado do Exercício
A) o custo de oportunidade.
B) regime de caixa. RESPOSTA: “D”.
C) custo de aquisição.
D) valor justo. 11. (MPE/RN - CONTABILIDADE - FCC/2012) O valor
E) regime de competência. da riqueza gerada pela companhia, a sua distribuição
entre os elementos que contribuíram para a geração
De acordo com o artigo 177 da Lei n.º 6.404/76, a es- dessa riqueza está evidenciado na demonstração:
crituração da companhia será mantida em registros per- A) das mutações do patrimônio líquido.
manentes, com obediência aos preceitos da legislação B) do resultado abrangente.
comercial e desta Lei e aos princípios de contabilidade ge- C) do resultado do exercício.
ralmente aceitos, devendo observar métodos ou critérios D) do valor adicionado.
contábeis uniformes no tempo e registrar as mutações pa- E) dos fluxos de caixa.
trimoniais segundo o regime de competência
De acordo com o artigo 188, inciso II da Lei n.º 6.404/76,
RESPOSTA: “E”. a Demonstração do Valor Adicionado discrimina o valor da
riqueza gerada pela companhia, a sua distribuição entre os
09. (MPE/RN - CONTABILIDADE - FCC/2012) Os di- elementos que contribuíram para a geração dessa riqueza,
reitos que tenham por objeto bens incorpóreos desti- tais como empregados, financiadores, acionistas, governo
nados à manutenção da companhia ou exercidos com e outros, bem como a parcela da riqueza não distribuída.
essa finalidade são classificados como:
A) intangíveis. RESPOSTA: “D”.
B) diferidos.
C) imobilizados.
D) circulante.
E) realizável a longo prazo.

De acordo com o artigo 179, inciso VI da Lei n.º


6.404/76, os direitos que tenham por objeto bens incorpó-
reos destinados à manutenção da companhia ou exercidos
com essa finalidade, inclusive o fundo de comércio adqui-
rido serão classificados no Ativo Não Circulante Intangível.

RESPOSTA: “A”.

10. (MPE/RN - CONTABILIDADE - FCC/2012) Os


itens evidenciados na Demonstração de Resultado de
Exercício são:
A) a reserva legal e as participações de debêntures.
B) o lucro líquido do exercício e as retenções de re-
servas de capital.
C) as retenções dos lucros e as participações dos
empregados nos lucros.
D) o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu
montante por ação do capital social.
E) a reserva de incentivos fiscais e as receitas reali-
zadas e as despesas incorridas no período.

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