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CONCEITO DE CRIME
◾ Conceito Legal
DECRETO-LEI Nº 3.914, DE 9 DE DEZEMBRO DE 1941
Lei de introdução do Código Penal (decreto-lei n. 2.848, de 7-12-940) e da Lei das Contravenções
Penais (decreto-lei n. 3.688, de 3 outubro de 1941).
Art 1º Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de
detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de
multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de
prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente.
◾ Conceito Formal
Crime é todo o fato humano proibido pela lei penal.
◾ Conceito Material
Crime é a conduta que viola, de maneira significativa, os bens jurídicos mais
importantes.
▸ Consentimento do
Ofendido (Causa
supralegal/extralegal de
exclusão de ilicitude)
➥ Críticas ao causalismo
✱ Não explica de maneira adequada os crimes omissivos e os delitos sem
resultado (formais e mera conduta)
✱ Não há como negar a presença de elementos normativos e/ou subjetivos no tipo
penal.
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Prof. Daniela Portugal - 2022.1
➥ O conceito analítico do delito não alterou, mas cada uma dessas categorias
passou a estampar conteúdo diferente.
↪ É típico o fato valorado negativamente pelo legislador
↪ A antijuridicidade não é só formal, visto que é também material
↪ A culpabilidade não é só psicológica, é também normativa
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➥ Críticas ao neokantismo:
✱ Ser contraditória ao reconhecer elementos subjetivos do tipo (pois o dolo está na
culpabilidade).
✱ Permanecer considerando o dolo e a culpa como elementos da culpabilidade.
✿ Finalismo
➥ Críticas ao finalismo:
↪ O finalismo concentrou sua teoria no desvalor da conduta, ignorando o desvalor
do resultado.
↪ A teoria não explica no contento o crime culposo, pois não se concebe ação
dirigida a um fim quando o resultado naturalístico é involuntário.
✿ Concepções funcionalistas
➥ Estado de Direito não significa outra coisa que contenção do Estado de polícia.
➥ O ideal seria existir apenas o primeiro. Mas não existe nenhum país do mundo
em que não convivam os dois. Quanto maior é a contenção do segundo, mais o
primeiro se aproxima do ideal. A função do Direito penal, como instrumento do
Estado de Direito, consiste em reduzir a violência do Estado de polícia.
Pesquisa:
Nas palavras do professor Luiz Flávio Gomes uma das consequências mais
notáveis dessa visão constitucionalista consiste em admitir que o delito só pode ter
existência quando o bem jurídico protegido pela norma (que, além de imperativa, é
também valorativa) for concretamente afetado (lesado ou posto em perigo). Já não
basta, para a tipicidade penal, somente sua concretização formal (que se esgota
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Dolo e culpa, para esta teoria, integram o fato típico, mas seriam novamente
analisados quando do juízo de culpabilidade.
Os adeptos desta teoria sustentam seu valor na capacidade que tem de adequar a
realidade jurídica à realidade social, pois um fato não pode ser considerado
tipicamente penal ao mesmo tempo em que a sociedade lhe é indiferente e o
resultado de eventual conduta, consequentemente não tem relevância social.
FATO TÍPICO
◾ Conceito
➯ Comportamento humano voluntário
➯ Comissivo ou omissivo
➯ Direcionado a determinado fim
◾ Teoria da realidade (Otto Gierke - 1841 - 1921) *tratando sobre a responsabilidade civil
◾ Pena
➯ Pena privativa de liberdade → Principal
➯ Restritiva de direitos
➯ Multa
▸ Como aplicar a uma pessoa jurídica uma pena privativa de liberdade? Não tem
como.
◾ Argumentos favoráveis
➯ Necessidade do direito penal se adaptar a uma nova realidade.
➯ Existem pessoas jurídicas que são criadas para cometer crimes.
➯ Direito penal possui penas além da privativa de liberdade.
➯ Punição da pessoa jurídica não exclui a possibilidade de punição da pessoa
física.
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◾ Argumentos desfavoráveis
➯ Direito penal na contramão da história.
➯ Pessoa jurídica servir de escudo para pessoa física.
➯ Punir apenas a pessoa jurídica é inútil → Sanção meramente simbólica → Muito
simbólica → Pouca ação.
➯ Possibilidade de transcendência da pena → Punindo pessoas inocentes.
➯ Protegendo menos, na verdade, o bem jurídico
➯ Pessoa jurídica:
▸ Sujeito ativo → Apenas nos crimes ambientais
▸ Sujeito passivo → Sempre que houver compatibilidade com sua natureza
Ex: Não tem como uma pessoa jurídica ser vítima de homicídio, não é compatível
com sua natureza.
* Obs: Sujeito ativo X Sujeito passivo
Sujeito ativo é aquele que comete a conduta criminosa descrita na lei.
Sujeito passivo é a vítima, aquele que teve um bem jurídico lesado.
DJe 29/10/2013. RMS 39.173-BA, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado
em 6/8/2015, DJe 13/8/2015.
FATO TÍPICO
2. RESULTADO
◾ Art. 14, Código Penal
Art. 14 - Diz-se o crime:
Crime consumado
I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal;
Tentativa
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias
alheias à vontade do agente.
Pena de tentativa
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena
correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.
◾ Iter Criminis
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◾ Consumação
● Todo tipo incriminador tutela algum bem jurídico
● Todo crime que se consuma produz, ao menos, um resultado jurídico
◾ Tentativa
➯ Iniciada a execução
➯ O crime não se consuma
➯ Por circunstâncias alheias → “Quero prosseguir, mas não posso” → Continua
desejando a consumação, o agente apenas não conseguiu
➯ À vontade do agente → Crime doloso
*Não se confunde tentativa com desistência voluntária ou arrependimento eficaz.
➯ Crimes habituais
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➯ Preterdolosos
➯ Culposos
▸ Querer fundado em erro
➯ Unissubsistentes
◾ Espécies de tentativa
➯ Tentativa perfeita → “Crime falho”
➯ Tentativa imperfeita → Algo indesejado vai interromper a execução
Exercícios
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Exercícios
◾ Arrependimento posterior
➯ Só é cabível para crimes sem violência ou grave ameaça.
➯ Critérios cumulativos:
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Pesquisa
● Crime impossível e flagrante preparado
⤷ Flagrante preparado: flagrante provocado, crime de ensaio, delito de experiência
■ ocorre por ação do chamado “agente provocador” – que induz, convence
alguém a praticar suposto delito e, ao mesmo tempo, toma providências para
impedir a consumação.
→ Daniela discorda desse entendimento, por conta da teoria dos frutos da árvore
envenenada → “A doutrina dos frutos da árvore envenenada é uma metáfora que
faz comunicar o vício da ilicitude da prova obtida com violação a regra de direito
material a todas as demais provas produzidas a partir daquela. Aqui tais provas são
tidas como ilícitas por derivação”.
Na espécie,o fato de o réu ter sido monitorado desde o momento que entrou na loja,
por si só, não caracteriza a absoluta ineficácia do meio, pois a presença de sistema
de monitoramento no estabelecimento comercial não afasta o risco, ainda que
mínimo, de que o agente logre êxito na consumação do furto e cause prejuízo à
vítima.
Assim, não há que se falar em crime impossível pela ineficácia absoluta do meio.
O habeas corpus para os acusados foi feito pelo Defensor Público César Augusto
Luiz Leonardo, que atua em Marília. Segundo consta no processo, duas pessoas
tentaram furtar três peças de picanha, avaliadas em R$ 100,60. No entanto, devido
ao monitoramento realizado através de câmeras de vigilância, elas foram abordadas
pelos seguranças do estabelecimento, o que impediu a consumação do crime.
Para o Ministro Dias Toffoli, relator do acórdão no STF, "a forma específica
mediante a qual os funcionários do estabelecimento vítima exerceram a
vigilância direta sobre a conduta, acompanhando ininterruptamente todo o iter
criminis, tornou impossível a consumação do crime, dada a ineficácia
absoluta do meio empregado”.
que possam fazer uma vigilância mais constante sobre os consumidores. Há casos
e casos”.
Os Ministros Edson Fachin e Celso de Mello, por outro lado, concordaram com a
concessão do habeas corpus pela atipicidade penal das condutas, mas
fundamentaram seus votos exclusivamente na incidência do princípio da
insignificância penal.
Aula 6 (20 de abril)
◾ Crime impossível
➯ Art. 17, CP - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou
por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.
➯ O resultado jamais poderia se consumir → Situação que naquelas
circunstâncias, nunca se consumaria.
➯ Absoluta ineficácia do meio → Meio = Caminho eleito para prática do crime →
Completamente (100%) inócuo/inofensivo.
Exemplo: Tentativa de homicídio por envenenamento com substância inócua ou
com a utilização de revólver desmuniciado.
➯ Absoluta impropriedade do objeto → Objeto = Pessoa/coisa sobre qual recai a
conduta criminosa → O objeto atingido não se enquadra no tipo incriminador.
Exemplo: Manobras abortivas praticadas por mulher que não está grávida, no
disparo de um revólver contra um cadáver.
➯ Teorias:
▸ Subjetiva → Enfoque na vontade
➥ O crime impossível sempre será punível
3. NEXO DE CAUSALIDADE
◾ Conceito
◾ Teorias
➯ Teoria da causalidade adequada: Causa é o evento suficientemente idôneo/apto
à produção do resultado
Exemplo do Habibs
➥ Técnica para identificar uma causa para essa teoria → “Juízo hipotético de
eliminação” (Thyren)
1. Suprime-se mentalmente/abstratamente/hipoteticamente um evento
2. Se o resultado (em tese) se altera, trata-se de uma causa
➯ Teoria da imputação objetiva (Claus Roxin) *Não é dele, ele só reuniu as teorias
▸ Teoria → São várias teorias sistematizadas em uma só
▸ Da imputação → Na verdade não imputa nada, mas cria filtros à imputação → o
objetivo é excluir a imputação.
▸Objetiva → O termo “objetiva” induz ao erro, pois não é uma teoria que se opõe ao
princípio da responsabilidade subjetiva (dolo/culpa).
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◾ Concausas
➯ Absolutamente independentes: São concausas que não se relacionam entre si,
não possuem um vínculo de origem.
▸ O resultado derivou ou de uma ou de outra concausa. Identifica-se a concausa
responsável pelo resultado, imputando-se a ela a consumação e a todas as demais
concausas, imputa-se no máximo a tentativa.
6. Explicação dessa
concausa → Houve
ruptura do nexo?
8. Rompeu o nexo
X responde por
tentativa
◾ Garantidores
➯Omissão penalmente relevante → Crimes omissivos
▸Omissivos próprios ou puros
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Exercícios
1. Salva-vidas e X observam Y se afogando até a morte, e mesmo podendo
agir, nada fazem.
R: O salva-vidas responde por homicídio doloso omissivo impróprio; X
responde por omissão de socorro (uma omissão própria ou pura).
4. TIPICIDADE
◾ Tipo incriminador pode ser:
➯ Dolosos (regra geral)
➯ Culposos (exceção legal)
➯ Preterdolosos (exceção; espécie do gênero crime qualificado pelo resultado)
◾ Causalistas e Neokantistas
➯ Tipicidade = Conceito que se restringia a tipicidade objetiva → Conduta e
norma. Se a conduta se encaixa no tipo incriminador é um fato típico.
Exercício
1. X pediu a Y um computador emprestado e já de posse do aparelho
eletrônico, por pleno descuido, acabou deixando o computador cair,
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Exercício
2. X entrou em um supermercado de grande porte e intencionalmente subtraiu
um shampoo avaliado em R$ 7,50. O Ministério Público ofereceu denúncia
contra X, imputando-lhe o Art. 155 do Código Penal. Acertou o promotor?
R: Trate-se de conduta atípica, uma vez que, embora apresente tipicidade
formal, falta no caso tipicidade material, dada a aplicação, no caso, do
princípio da insignificância ou bagatela.
➯ “Tipicidade”
▸ Não podemos olhar só para o direito penal
▸ Necessário um olhar conglobante para todo o ordenamento jurídico
▸ Em um mesmo ordenamento jurídico não pode coexistir mandamentos
contraditórios
▸ Teorias
➥ Teoria da vontade → Quis → Dolo é querer o resultado
➥ Teoria do assentimento → Assumiu o risco
➥ *Teoria da representação → Não foi contemplada pelo Código Penal Brasileiro
Não diferencia dolo eventual e culpa consciente
▸ Elementos do dolo
➥ Elemento volitivo → Vontade
➥ Elemento cognitivo → Consciência (do fato)
Dolo = Vontade + Consciência (do fato)
Furto
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel.
“f*da-se” “f*deu”
◾ Culpa
➯ Elementos da culpa
▸Tipo culposo → Exceção legal
▸Resultado → Objeto de imputação → Não cabe tentativa
▸Nexo de causalidade
➥ Inobservância do dever de cuidado ➞ Resultado
(Nexo)
➯ Espécies de culpa
▸Culpa consciente X Culpa inconsciente
➥ Consciente: Culpa com previsão (previsibilidade subjetiva) → O agente previu o
resultado
➥ Inconsciente: Sem previsão subjetiva → O agente não previu o resultado
"A culpa temerária expressa uma especial intensificação da culpa, é uma conduta
praticada de modo especialmente perigoso. O resultado, no contexto de uma culpa
temerária, apresenta-se como altamente provável. A previsibilidade é patente. A
atitude do agente na culpa temerária é altamente censurável, chega mesmo à
leviandade, por isso que justifica maior nível de reprovação (cf. SANTANA, Selma
Pereira de, A culpa temerária, São Paulo: RT, 2005).
◾ Preterdolosos
➯ Tipo penal incongruente → dolo < resultado → Transforma o resultado em uma
qualificadora do tipo incriminador.
Exemplo: Lesão corporal seguida de morte - Art. 129, § 3º → Lesão corporal
qualificada pelo resultado morte
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◾ Erro de tipo
➯ Má interpretação dos fatos
➯ Tipos de erro de tipo:
1. Erro de tipo essencial
▸Má interpretação das circunstâncias fáticas que compõem a estrutura
essencial do tipo incriminador (estruturas elementares do tipo)
Exemplo:
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Errou porque Errou porque Errou porque Errou porque Errou porque
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Exercícios
1. Identifique nas questões abaixo se o erro é de tipo essencial ou
acidental, especifique (se essencial é vencível ou invencível; se
acidental, qual erro) e qual a consequência jurídica.
b) João conhece Maria que lhe diz ter 15 anos. Ambos praticam
relação sexual consensual. Os pais de Maria o acusam de
estupro de vulnerável (art. 217-A do Código Penal), uma vez
que a jovem tinha, em verdade, 13 anos.
Pesquisa
Culpa imprópria admite tentativa?
Podemos encontrar a culpa imprópria no art. 20, §1º, parte final, do CP:
“CP, art. 20, § 1º – É isento de pena quem, por erro plenamente justificado
pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação
legítima. NÃO HÁ ISENÇÃO de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é
punível como crime culposo.”
EXCLUDENTES DE ILICITUDE
Regramento legal
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
* Rol não taxativo. Exemplo: Aborto legal (anencefalia fetal, ou seja, má formação
do cérebro do feto; gravidez que coloca em risco a vida da gestante; gravidez que
resulta de estupro).
Excesso punível
O excesso sempre será punível, seja ele doloso ou culposo - Art. 23, parágrafo
único do Código Penal.
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Requisitos
◾ Código penal: Requisitos objetivos
◾ Doutrina/Jurisprudência: Agrega um requisito subjetivo → Conhecimento da
situação justificante → Desejo do atuar lícito do agente.
Exemplo: Maria invade a casa de Ana com a intenção de subtrair para si uma
caixa de jóias. No entanto, ao entrar na casa, se depara com um início de incêndio
na cozinha e o apaga. → Nesse caso, não há como falar em excludente de ilicitude,
pois falta o requisito subjetivo. O desejo de Maria era ilícito, ela não invadiu a casa
com a intenção de apagar o incêndio, mas para cometer um delito.
Excludentes em espécie
1. ESTADO DE NECESSIDADE
Atua em estado de necessidade quem pratica a conduta para salvar a si ou a
terceiro de um perigo atual que não provocou por sua vontade, nem podia de
outro modo evitar
◾ Salvar a si ou a terceiro
◾ Perigo: Risco a um bem jurídico decorrente de pessoa, animal ou coisa.
➯ Pessoa: Qualquer conduta, desde que não se trate de uma injusta agressão →
Injusta agressão ensejaria legítima defesa, não estado de necessidade.
➯ Animal: Desde que não seja um ataque ordenado por um humano → Ataque
ordenado → Legítima defesa contra o humano.
◾ Atual: Precisa estar acontecendo naquele momento.
◾ Não provocou por sua vontade: Não pode ter agido com dolo.
◾ Nem podia de outro modo evitar: Não havia uma solução menos gravosa.
➯ A fuga, caso ela seja possível, se impõe
*Obs: Garantidores não poderão fugir alegando estado de necessidade.
➯ Teorias
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2. LEGÍTIMA DEFESA
Atua em legítima defesa aquele que utiliza moderadamente dos meios para
repelir uma injusta agressão atual ou iminente contra direito próprio ou de
terceiro.
◾ Meios moderados → Não poderá alegar legítima defesa quem atuou em excesso
◾ Repelir → Fazer cessar
◾ Injusta agressão → Causada por uma pessoa
◾ Atual ou iminente → Está acontecendo naquele exato momento ou prestes a
acontecer (futuro muito próximo).
◾ Direito → Qualquer bem jurídico, desde que haja proporcionalidade
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➯ Obs: No que diz respeito ao homicídio, na ADPF 779 → Não poderá ser
suscitada no tribunal do júri a tese de legítima defesa da honra para justificar crimes
dolosos contra vida.
◾ Próprio ou de terceiro
◾ Proporcionalidade entre ação x reação
Estado de necessidade Legítima defesa
*Obs: Art. 207 do Código de Processo Penal. São proibidas de depor as pessoas
que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo,
salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu testemunho.
➞ Estrito cumprimento de um dever legal imposto a particulares
Pesquisa
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Nenhum policial tem o dever de matar, não faz parte da sua competência, e
por isso não existe estrito cumprimento legal de causar a morte de quem quer
que seja, mas sim, existe não só o direito, como o dever legal de usar dos
meios necessários (moderados à medida da intensidade que o fato concreto
exigir), de cessar uma injusta agressão contra si (o próprio policial) ou de
outrem (a refém).
Assim, entendemos que o policial pratica legítima defesa, seja própria, seja
de terceiros, quando defende algum colega ou outra pessoa.
Consentimento do ofendido
◾ Tema polêmico na doutrina
◾ Causa supralegal ou extralegal de exclusão da ilicitude
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➯ Livre de vícios (sem erro, dolo, coação, fraude etc) → Forma livre
▸ Novamente conceitos do direito civil.
▸ Necessário que não tenha havido coação, fraude ou qualquer outro vício que
possa inquinar de nulidade a manifestação de vontade da vítima.
◾ Revogável
◾ Objeto → Se ultrapassar o objeto caracteriza-se excesso → Todo excesso é
punível.
◾ Forma → Livre
*Obs: Para Roxin → Exclusão da tipicidade.