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Cleber Masson
Direito Penal
Aula 9
ROTEIRO DE AULA
CONDUTA
Conceito: A conduta é a ação ou omissão humana, consciente e voluntária, dirigida a um fim. Em outras palavras, o agente
faz ou deixa de fazer algo (ação ou omissão), de maneira consciente e com fins a obter um determinado resultado.
✓ Ação ou omissão humana, consciente e voluntária – o agente sabe o que está fazendo.
✓ No sistema finalista, o dolo e a culpa integram a conduta.
✓ O nome “Teoria Finalista” ocorre porque a conduta é dirigida a um fim (finalidade).
Crítica: a grande crítica é que a conduta, na teoria finalista, não consegue explicar os crimes culposos.
✓ A Teoria Finalista surgiu pelos estudos de Hans Welzel.
No crime culposo, há uma conduta voluntária e um resultado involuntário. Exemplificativamente, o agente quer dirigir
em alta velocidade, mas não quer atropelar nem matar ninguém.
Assim sendo, a teoria finalista não explica, de forma satisfatória, os crimes culposos. Ao conceituar a conduta como sendo
dirigida a um fim, ignora que, no crime culposo, o fim não é o desejado pelo agente.
2. Teoria cibernética
Welzel, para suprir as falhas da teoria finalista, criou a teoria cibernética.
O autor definiu a conduta como sendo a ação biociberneticamente antecipada. A preocupação do autor era explicar os
crimes culposos.
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Essa teoria se preocupava com o controle da vontade e não mais com o controle da finalidade (resultado).
✓ O controle da vontade existe tanto nos crimes dolosos quanto nos crimes culposos.
3. Teoria social
O ponto positivo dessa teoria é que ela é muito boa para fins de política criminal.
✓ A vantagem dessa teoria é a de colocar o Direito Penal em sintonia com a sociedade, ou seja, ela permite uma
harmonia entre a evolução da sociedade e o Direito Penal.
O ponto negativo dessa teoria é que ela cria uma insegurança jurídica muito grande, pois a relevância da conduta é
facilmente variável de um local para outro e de uma pessoa para outra. As definições de “resultado socialmente relevante”
variam de pessoa para pessoa e de lugar para lugar.
4. Características da conduta
O Direito Penal moderno não admite os chamados “crimes de mera suspeita” (Vincenzo Manzini). Neste caso, o agente
não pratica uma conduta penalmente relevante, mas ele possui um estilo de vida que origina a suspeita dos operadores
do direito.
Exemplo:
Lei de Contravenções Penais, art. 25: “Ter alguém em seu poder, depois de condenado, por crime de furto ou roubo, ou
enquanto sujeito à liberdade vigiada ou quando conhecido como vadio ou mendigo, gazuas, chaves falsas ou alteradas ou
instrumentos empregados usualmente na prática de crime de furto, desde que não prove destinação legítima: Pena –
prisão simples, de dois meses a um ano, e multa de duzentos mil réis a dois contos de réis.”
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No Brasil, o art. 25 da Lei de Contravenções Penais era um exemplo apontado pela doutrina de “contravenção de mera
suspeita”.
Exemplo: “A” foi condenado e preso por furto. Depois disso, o policial da cidade fica vigiando “A” e o aborda na rua. O
policial descobre que, com ele, há um molho de chaves que o policial imagina que ele utilizará para cometer outros furtos.
Trata-se de “contravenção de mera suspeita”.
✓ Observação: o STF, no julgamento do RE 583.523 (Informativo 722), decidiu que o art. 25 da Lei de Contravenções
Penais não foi recepcionado pela CF/1988. Em suma, o dispositivo em tela não visa a punir qualquer conduta, mas
tão somente a punição do agente pelo seu estilo de vida.
5. Formas de conduta
A conduta pode ser praticada por ação ou omissão.
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Exemplo: Quando a lei proíbe a pessoa de “matar alguém” (art. 121, CP), ela indica que a conduta aceita é, na verdade,
não matar. Caso contrário, haverá a aplicação de sanção.
A grande maioria dos crimes são comissivos.
CP, art. 135: “Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou
extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o
socorro da autoridade pública:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se
resulta a morte.”
Quanto ao sujeito ativo, os crimes omissivos próprios são comuns ou gerais, o que significa que eles podem ser praticados
por qualquer pessoa.
Exemplo: há uma criança abandonada na rua em situação de perigo. Caso a pessoa não preste socorro, ela cometerá o
crime de omissão de socorro. Este crime pode ser cometido por qualquer pessoa.
Esses crimes omissivos próprios não admitem tentativa por serem unissubsistentes.
✓ Crime unissubsistente é aquele em que a conduta é composta de um único ato, suficiente para a consumação.
Neste caso, não é possível fracionar o iter criminis.
✓ No caso do exemplo da criança abandonada: ou a pessoa presta o socorro e não pratica nenhum crime, ou a
pessoa deixa de prestar socorro e o crime está consumado.
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• Impróprios, espúrios ou comissivos por omissão: o tipo penal descreve uma ação, mas a inércia do agente que
descumpre o seu dever de agir (art. 13, § 2º, do CP1) leva à produção do resultado naturalístico.
O agente se omite quando tem o dever de agir.
Exemplo: em regra, o homicídio é cometido por ação. Entretanto, quem tem o dever de agir pode, por exemplo, matar
uma criança por omissão (mãe e pai deixam de alimentar a criança até a morte – dolosamente).
Quanto ao sujeito ativo, os crimes omissivos impróprios são próprios ou especiais, ou seja, só podem ser praticados por
quem tem o dever de agir para evitar o resultado.
Exemplo: A mãe vê a criança passar fome e, dolosamente, deixa de alimentá-la até que ela morra. Neste caso, a mãe
responde por homicídio. De outro lado, o vizinho de apartamento ouve a criança chorando durante dias e percebe que
ela está passando fome, mas ele não faz nada para socorrê-la. Ele responde por omissão de socorro, pois não tem o dever
de agir para evitar o resultado.
Em regra, são crimes materiais, pois a consumação depende da produção do resultado naturalístico.
c) Crimes de conduta mista: são aqueles que têm uma fase inicial praticada por ação e uma fase final praticada por
omissão.
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CP, art. 13, §2º: “A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O
dever de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.”
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Exemplo: Apropriação de coisa achada (art. 169, parágrafo único, II2). A pessoa encontra um celular e se apropria dele
(parte inicial praticada por ação), posteriormente, deixa de entregá-lo à pessoa devida ou à autoridade pública (parte final
praticada por omissão).
a) Teoria naturalística: segundo essa teoria, quem se omite, na verdade, faz alguma coisa.
b) Teoria normativa: para essa teoria, omitir-se não é simplesmente nada fazer, e sim não fazer o que a lei determina que
seja feito.
✓ Nos crimes omissivos próprios ou puros, a omissão já está descrita no próprio tipo penal (Exemplo: crime de
omissão de socorro). Nos crimes omissivos impróprios, a relevância da omissão está disposta no art. 13, §2º do
CP.
✓ Essa foi a teoria adotada pelo Direito Penal brasileiro.
6. Exclusão da conduta
a) Caso fortuito ou força maior: são acontecimentos imprevisíveis e inevitáveis que escapam ao controle da vontade
humana.
No caso fortuito e na força maior, não há vontade. Somente a conduta voluntária interessa ao Direito Penal.
O entendimento que prevalece na doutrina é de que o caso fortuito tem origem humana (exemplo: greve de ônibus e
metrô atrapalha a mãe a chegar em casa e dar remédio ao filho), enquanto a força maior tem origem na natureza
(exemplo: tempestades, deslizamentos de terra etc.).
b) Atos ou movimentos reflexos: são reações corporais a uma determinada provocação dos sentidos. Nessa situação,
também não há vontade e, sem vontade, não há conduta.
Exemplo: “A” vai a um ortopedista porque está com dores no joelho. O médico bate um martelinho no joelho do paciente
e ele, por meio de um movimento reflexo, chuta a boca do médico. Neste caso, não há lesão corporal, pois não houve
vontade de “A”.
Observações:
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CP, art. 169, § único, II: “ quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de restituí-
la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo de quinze dias.”
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1ª) Não confundir os atos ou movimentos reflexos com as denominadas ações em curto-circuito, que são as explosões
emocionais repentinas que podem ser controladas pela vontade humana.
Exemplo: “A” está parado e alguém espirra nele. “A”, diante disso, vira o corpo e dá um soco na pessoa que fez isso.
2ª) Não confundir os atos ou movimentos reflexos com os chamados atos habituais, que são aqueles realizados
repetidamente por estar a pessoa habituada a fazer aquilo.
Exemplo de atos habituais: Conduzir veículo automotor com apenas uma das mãos ao volante ou dirigir olhando o celular.
Caso o agente atropele e mate alguém, responderá pelo crime, pois tal hábito não exclui a conduta no Direito Penal.
✓ Observação: hábito é diferente de costume.
No costume, a ação é feita repetidamente por acreditar que ela seja obrigatória.
Os atos habituais consistem na reiteração de um comportamento.
c) Coação física irresistível* (vis absoluta): Neste caso, o coagido é fisicamente controlado pelo coator.
Na coação física irresistível, não há concurso de pessoas. O coagido funciona como um mero instrumento do crime a
serviço do coator.
Exemplo: imagine um homem de 2 metros de altura coagindo um homem pequeno a matar a vítima. Neste caso, o homem
grande pega a mão do homem pequeno e, fisicamente, o força a puxar o gatilho. Se houver perícia, serão encontradas as
digitais do coagido.
Atenção:
• A coação física irresistível exclui a conduta do coagido, consequentemente, o fato é atípico.
• A coação moral irresistível exclui a culpabilidade pela inexigibilidade de conduta diversa.
d) Sonambulismo e hipnose - Estados de inconsciência: sem consciência, não há vontade; sem vontade, não há conduta.
O sonambulismo e a hipnose são caracterizados pelo estado de inconsciência.
Exemplo: imagine que alguém, em estado de sonambulismo, mate alguém. Se ficar comprovado que a pessoa estava em
estado de sonambulismo, não haverá conduta e o fato será atípico.
O mesmo ocorre com a hipnose, pois, neste caso, a pessoa hipnotizada obedece ao comando de quem a hipnotizou.
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RESULTADO
1. Conceito
2. Denominação
É amplamente aceita a denominação “resultado”, que é utilizada no Código Penal. No entanto, há parte da doutrina que
utiliza o termo “evento” para se referir ao resultado.
3. Espécies
a) Jurídico ou normativo: É a violação da norma penal, com ofensa ao bem jurídico tutelado.
Exemplo: no homicídio, o resultado jurídico é a violação do art. 121 do CP, com ofensa ao bem jurídico “vida humana”.
b) Material ou naturalístico: É a modificação do mundo exterior, provocada pela conduta criminosa. Trata-se de algo
palpável/constatável no mundo real.
Exemplo: no homicídio, o resultado naturalístico é a morte da vítima.
Observação: a palavra “cadáver” surgiu a partir da expressão latina “Caro data vermibus”, a qual significa “carne dada
aos vermes”.
RELAÇÃO DE CAUSALIDADE
1. Denominação
O Código Penal utiliza a expressão relação de causalidade, mas esse termo é sinônimo de nexo de causalidade e nexo
causal.
2. Conceito
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Relação de causalidade é o vínculo que se estabelece entre a conduta praticada pelo agente e o resultado naturalístico
por ele produzido.
3. Aplicabilidade
O estudo da relação de causalidade se relaciona apenas aos crimes materiais consumados, já que, nestes crimes, a
consumação depende da produção de resultado naturalístico.
CP, art. 13: “O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-
se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.”
Segundo historiadores, essa teoria foi, inicialmente, criada por Glaser (de forma precária). Posteriormente, foi
sistematizada por Von Buri e Stuart Mill, no ano de 1873.
✓ Essa teoria diz que causa é todo e qualquer acontecimento sem o qual o resultado não teria ocorrido como
ocorreu e quando ocorreu.
✓ Para essa teoria, não há diferenças entre causa, condição e ocasião. Tudo o que contribui para o resultado é causa
deste.
Essa teoria é a regra geral do sistema brasileiro e está prevista no art. 13, caput, CP.
CP, art. 13: “O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-
se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.”
Criada por Von Kries, essa teoria assevera que causa é o acontecimento que contribui para o resultado de forma
eficaz/idônea (não basta contribuir de qualquer modo para o resultado).
✓ Causa é todo o acontecimento idôneo e eficaz para produzir o resultado.
✓ Trata-se de uma eficácia extraída de acordo com um juízo estatístico.
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Essa teoria também foi adotada pelo Código Penal no art. 13, §1º do CP3 (exceção).
A teoria da imputação objetiva trabalha com a ideia de risco proibido. Para ser causa, é necessário que ela tenha criado o
risco proibido ao bem jurídico ou aumentado um risco proibido já existente.
Em síntese:
A teoria da equivalência dos antecedentes é a regra geral no Brasil (CP, art. 13, “caput”):
A teoria da causalidade adequada foi adotada pelo Código Penal, no artigo 13, § 1º, como exceção.
CP, art. 13, §1º: “ A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu
o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)”
A teoria da imputação objetiva não tem previsão legal no Brasil, sendo criação doutrinária. Como dito anteriormente,
essa teoria não foi adotada pelo Código Penal brasileiro, pois este é muito anterior aos primeiros estudos da teoria da
imputação objetiva no Brasil.
A teoria da equivalência dos antecedentes é a regra geral no Brasil (CP, art. 13, “caput”).
Art. 13, caput, do CP: “O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa.
Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido”.
Para essa teoria, causa é todo e qualquer acontecimento sem o qual o resultado não teria ocorrido como e quando
ocorreu.
✓ Para essa teoria, não há diferença entre causa, condição e ocasião.
Essa teoria é criticada por parte da doutrina, pois afirmam que se trata de teoria “cega”, pois ela permite o regressus ad
infinitum.
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CP, art. 13, §1º: “A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu
o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou.”
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CRÍTICA: essa teoria permitiria, na visão dos críticos, o regressus ad infinitum. Se tudo que concorre para o resultado é
considerado causa deste, poder-se-ia dizer, por exemplo, que o casamento dos pais ou avós do homicida também é causa
do resultado.
Exemplo 1: venda legal de arma de fogo (com autorização e registro) para quem, posteriormente, vai utilizá-la para matar
alguém.
Nesse exemplo, existe causalidade física na venda da arma, mas não há causalidade psíquica do vendedor (ele não quis
concorrer para a prática do crime).
Exemplo 2: venda de arma de fogo para quem vai utilizá-la para matar alguém (com ciência e dolo do vendedor).
Nesse exemplo, existe causalidade física na venda da arma e há causalidade psíquica (dolo do vendedor na morte da
vítima).
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Entretanto, se se retirar o evento “pizza”, o crime não desaparece. Assim sendo, a pizza não é causa da morte da
vítima.
5. A relevância da omissão
CP, art. 13, §2º: “A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever
de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.”
5.1.Aplicabilidade
O professor explica que o estudo da omissão penalmente relevante somente interessa aos crimes omissivos impróprios.
✓ O art. 13, §2º, CP, apenas se aplica aos crimes omissivos impróprios.
✓ Nos crimes omissivos próprios ou puros, o art. 13, §2º do CP é desnecessário porque a omissão vem descrita no
próprio tipo penal.
Em suma: a omissão penalmente relevante só interessa aos crimes omissivos impróprios, pois, nos crimes omissivos
próprios, a omissão já vem descrita no tipo penal.
b) Judicial: a critério do magistrado (discricionariedade), a partir da análise do caso concreto, realiza-se a verificação do
dever de agir.
A lei não traz definição sobre o que é o dever de agir.
c) Misto: a lei fornece parâmetros mínimos e o juiz, no caso concreto, dá a palavra final sobre a presença ou ausência do
dever de agir.
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CP, art. 13, §2º: “A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever
de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.”
Ex.: pais em relação aos filhos menores, policial em relação aos cidadãos etc.
✓ A palavra “lei” deve ser interpretada em sentido amplo, conforme a “Teoria das fontes”, segundo a qual a lei se
refere à ordem jurídica em sua totalidade (Exemplos: lei, decretos, ato oriundo do Estado que aplica o direito ao
caso concreto etc.).
Ex.: uma sentença que nomeia curador ao incapaz tem força de lei - corresponde à aplicação da lei ao caso
concreto.
✓ A expressão “de outra forma” significa que é de qualquer outra forma diversa da lei.
A posição do garantidor pode derivar de um contrato solene entre as partes (exemplo: contrato entre babá e pais da
criança), mas este contrato é prescindível, ou seja, pode decorrer de uma relação informal entre as partes.
Exemplo: imagine que você está na praia e a pessoa que está do seu lado te pede para dar uma “olhadinha” nas coisas
dela enquanto ele vai tomar um banho de mar. Ao anuir com o pedido, você assumiu a responsabilidade de impedir
eventual resultado danoso (exemplo: furto).
Observação: a posição do garantidor pode decorrer de um contrato entre as partes e este pode ser um contrato de
trabalho. Nas relações laborais (com contrato de trabalho), a posição de garantidor subsiste enquanto o agente se
encontra no local de trabalho, ainda que encerrada a sua jornada.
Exemplo: uma cuidadora de idosos ficava com uma senhora muito idosa para que a filha dela pudesse ir trabalhar. Certo
dia, ao chegar em casa, a filha fala para a cuidadora ficar além da sua jornada de trabalho, pois a cidade estava um caos
(greve de metrô e muita chuva).
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Como a cuidadora aceitou, a filha foi tomar banho tranquilamente. A cuidadora, por outro lado, decidiu assistir à novela,
já que o seu horário de trabalho estava encerrado. Neste momento, a idosa, que possuía problemas psiquiátricos, pulou
da janela e morreu.
Neste caso, as duas (cuidadora e a filha) foram processadas. Isso porque, quando a posição de garantidor decorre de um
contrato de trabalho, o dever de agir subsiste enquanto a pessoa se encontra no local de trabalho, ainda que a jornada
laboral já tenha se encerrado.
✓ Exemplo 1: “A” insiste para “B” nadar na correnteza do rio. “B” não queria, mas “A” insistiu demais e colocou “B”
em situação de risco, pois este não sabia nadar muito e disse isso a “A”. “B” morre afogado. Como “A” criou a
situação de perigo e não impediu o resultado, ele responde por homicídio.
Exemplo 2: Em uma festa da faculdade, “A” joga “B” na piscina e este não sabe nadar e morre. Como “A” criou a
situação de perigo e não impediu o resultado, ele responde por homicídio.
Exemplo: o policial vê uma vítima sendo roubada. Neste caso, ele tem o dever de agir. Entretanto, não é possível exigir
dele uma atitude heroica (exemplo: um policial sozinho vê 50 criminosos assaltando uma agência bancária).
Para o CP, algumas pessoas têm o dever de enfrentar situações perigosas, mas a lei não pode obrigar uma pessoa a adotar
atitudes heroicas.
Ex.: Em uma cidadezinha no interior de Santa Catarina, uma casa de madeira pegou fogo com uma criança dormindo no
berço. A mãe estava fora da casa pendurando roupas no varal. A mãe entrou em choque e começou a gritar. Neste
momento, passou uma viatura da polícia e verificou que já não era mais possível entrar na casa, pois esta estava
desabando.
Neste momento, um menino que morava na casa vizinha, entrou na casa e pegou o bebê.
Neste caso, o policial tinha o dever de agir, mas não podia agir no caso concreto. O garoto, neste caso, agiu como herói.
✓ Veja a notícia do caso neste link.
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