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CRIME MILITAR
Obs.: nenhum código (nem o Código Penal Comum nem o Penal Militar) traz qual sistema
ele adota.
Discute-se o conceito de crime para limitar o que é crime, visto que nem tudo pode
ser definido como tal.
Obs.: ao se discutir o que é crime, o propósito é excluir a grande maioria das condutas
humanas ilícitas.
Ilícito humano é aquilo que contraria a lei, assim, não prestar continência a um mili-
tar pode ser ilícito, mas é crime?
Na jornada de definição de crime, se começa a tornear os elementos, assim, surge
um conceito analítico de crime, além dos modelos penais, em que é possível averiguar
que, no passado, ao buscar pela composição dos elementos do crime, a primeira abor-
dagem começa no século 19, assim, os modelos penais começam a se implantar (Liszt-
-Beling, contribuição de Meyer, causalismo, causalismo neoclássico, neokantismo etc.).
Basicamente, no estudo de direito penal, se coloca 3 elementos do crime (para aque-
les que adotam uma concepção tripartite de crime): crime é fato típico, antijurídico e
culpável. Outros adotam uma concepção bipartida: crime é só fato típico e antijurídico,
a culpabilidade é mero pressuposto de aplicação de pena.
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O fato é que nenhum código afirma o sistema que adota, salvo pela exposição de
motivos, ou seja, o código não definirá que é causalista ou finalista, haverá apenas indí-
cio do crime.
• Observe-se que nenhum dos Códigos Penais traz expressamente um sistema adotado.
• Há apenas indicações e, por elas, o CPM foi influenciado pelo causalismo (neoclássico).
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Teoria do Crime Militar
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Código Penal Militar nesse meio, ou seja, não é um sistema clássico nem está totalmente
alinhado ao finalismo.
No direito penal comum, a doutrina reconhece que a reforma de 1984 (Lei n.
7.209/1984), capitaneada por notáveis do direito penal (Francisco de Assis Toledo, René
Ariel Dotti) teve, pinceladas, orientação e influências do finalismo, desse modo, o Código
Penal se encontra em finalismo.
O causalismo clássico e o neokantismo possuem uma concepção de ação
Tudo começa no conceito de crime, com uma ação, que deve ser humana; o direito
penal é uma realidade do ser humano (um ser humano reprovando e apenando a con-
duta de outro).
Ao se começar a análise de um crime por uma conduta humana, no direito penal
causal, que envolve o causalismo e o neokantismo, a conduta humana que traz relevân-
cia para ser valorada é simplesmente uma conduta que causa um resultado.
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Exemplo: se Cícero distende seu braço e essa distensão provoca uma lesão corporal,
isso basta, nos dois primeiros sistemas, para se começar a valorar aquela conduta como
se crime fosse (ainda não é crime, mas é o primeiro passo).
Crime é uma realidade única, mas se fraciona a realidade em um conceito analítico
para saber se aquilo é ou não crime.
Na conduta humana, para o causalismo e o neokantismo (modelos causais), basta
a causa de um resultado. Hans Welzel, alemão, na teoria finalista da ação, entende que
existem condutas humanas que causam resultado que, para o direito penal, não podem
ter relevância, pois são meras “causações” acidentais, sobre as quais o ser humano não
tem domínio, ou seja, não pode controlar, como um ataque epilético.
Exemplo: Cícero é epilético e distende o braço, causando uma lesão a alguém. Isso
não é crime, nem primeiro passo para analisar o crime.
Welzel afirma que embora a conduta humana tenha que causar resultado, para ser
considerada uma conduta humana causadora de resultado com relevância penal, é pre-
ciso haver uma finalidade nela que traga relevância para o direito penal, assim, ele utiliza
o elemento subjetivo, presente na culpabilidade, e traz para a conduta. Desse modo, a
conduta humana, para ter relevância penal, deve ter dolo ou culpa.
O finalismo sofreu críticas, em que se discutia que o crime culposo é inexplicável, pois
nele não há finalidade, mas, na verdade, não há finalidade típica, isto é, realizar o fim do
tipo penal (matar alguém, mas há finalidade na conduta), pois, caso se saia de São Paulo
para Vinhedo, em uma velocidade de 300km/h, há uma finalidade contrária a norma de
conduta de trânsito, essa finalidade não é regular, é espúria, fere uma norma de cuidado
objetivo, ou seja, é equivocada e é relevante penal.
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• Isenção de pena pela exclusão do dolo no erro de fato essencial (art. 36 do CPM).
Dolus malus pela isenção na descriminante putativa.
– Dolo no causalismo neoclássico é: cognição, vontade e consciência da ilicitude.
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– Art. 36 – é isento de pena.
– Isento de pena – atribuída a exclusão da culpabilidade, não de crime (generi-
camente falando), não é como o Código Penal Comum, em que se exclui o dolo
quando fala do erro de tipo.
– É isento de pena quem não conhece elemento fático que constitui o crime. É a pri-
meira hipótese do erro de fato.
– Exemplo: Cícero aponta a arma para um alvo em um treino de tiro ao alvo e dis-
para sem saber que existe alguém atrás do alvo. No Código Penal Comum, isso
seria erro de tipo, pois não se conhece elemento que constitui o tipo (alguém),
isto, no código penal comum, é erro sobre elemento que constitui o tipo, exclui
o dolo; pelo CPC, vai para o erro de tipo e permite a punição pelo crime culposo
se houver.
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– O dolo, no CPC, é problema de tipo, pois o dolo compõe a conduta, que é fato
típico. No CPM, se o mesmo do exemplo ocorre, o fato típico é intacto, visto que
na conduta não se avalia dolo, passa pela ilicitude e o problema se resolve na cul-
pabilidade, ele será isento de pena por erro de fato.
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Dolo, para o Código Penal Comum – para cometer um fato doloso não basta von-
tade ou cognição, é necessário haver os dois elementos.
Exemplo: ao se matar alguém dolosamente, se conhece que há uma arma carregada,
que há alguém na frente da arma, que se apertar o gatilho, se disparará a arma, baterá
na espoleta do estojo, iniciará a queima de gases, expandirá os gases, que impulsionarão
o projétil, o qual sairá pelo cano com rotação em direção à vítima, penetrando e perfu-
rando órgãos vitais, que levará a morte.
Desse modo, o indivíduo que causa isso conhece e quer, ou, pelo menos, assume o
risco de produzir esse resultado.
Saber que é ilícito não faz parte do dolo, pois a consciência da ilicitude, do finalismo,
faz parte da culpabilidade, é matéria de reprovação de conduta. Pode-se querer matar
alguém, mas pensar estar matando licitamente (legítima defesa).
O dolo no causalismo neoclássico, como está na conduta, é mais robusto de elementos, é
o chamado dolus malus.
Culpabilidade
Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula prepa-
rada e ministrada pelo professor Cícero Robson Coimbra Neves.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclusiva
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