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DIREITO PENAL

Unidade I: Fundamentos do direito Penal (O que é Direito Penal?)


Unidade II: Teoria da Lei penal (O que é Lei Penal?)
Unidade III: Teoria geral do crime (O que é crime?)

“UBI SOCIETAS IBI JUS” -> onde houver sociedade haverá do Direito.

As normas incidem sobre os fatos.


SIMPLES
NATURAIS
JURÍDICOS (Ex: Aluvião, nascimento)

FATOS INDIFERENTES
HUMANOS JURÍDICOS LÍCITO
(ATOS) (o que criou, modificou ou
ILÍCITO
extinguiu um ato jurídico)

Atos são condutas humanas – constituem objeto do Direito Penal, que é


definido como um sistema de classificação e sancionamento da conduta
humana.

Unidade I – Fundamentos do Direito Penal


1.1 Conceito de Direito Penal
a) Direito Penal Objetivo – Jus Penale:
“É o conjunto de normas jurídicas mediante as quais o Estado proíbe
determinadas ações ou omissões, sob ameaça de característica sanção
penal. Fazem parte desse...Direito também, as normas que estabelecem os
princípios gerais e as condições ou pressupostos de aplicação da pena e das
medidas de segurança, que igualmente podem ser impostas aos autores de
um fato previsto como um crime”. (Fragoso)

Momentos da pena ou formas de atuação do sistema penal:


 Cominação – Poder Legislativo;
 Aplicação da pena – Poder Judiciário;
 Execução – Poder Executivo.

b) Direito Penal Subjetivo – Jus Puniend (direito de punir) ou Potestas


Puniend (Poder de Punir)?:

c) Ciência do Direito Penal:


-Em sentido amplo (Lato Sensu)
 História do Direito Penal
 Filosofia do Direito Penal
 Dogmática Jurídico Penal (ciência do Direito Penal em sentido estrito)

Dogmática Jurídico Penal


 Interpretação (procura o sentido das normas)
 Sistematização (cria institutos jurídicos. Ex: legitima defesa)
 Critica

DOGMÁTICA ≠ ZETÉTICA
É chamada como aberta ou fechada Está livre para indagar. É parecida
e não pode questionar nada! com a Sociologia, observando como a
norma opera na sociedade.

1.2 Classificação
a) Quanto à localização:
 Direito Penal Fundamental - que está presente no Código Penal. Ex:
homicídio, estupro.
 Direito Penal Complementar – se encontra na parte complementar do
Código Penal (Ex: sonegação fiscal, meio ambiente)

b) Quanto aos destinatários:


 Direito Penal Comum – regulamento comum (Ex: os civis).
 Direito Penal Especial – legislação própria (Ex: os militares).

1.3 Fontes do Direito Penal


a) Material ou de Produção – Congresso Nacional (art. 22, ICF).
 Lei Fundamental – Constituição Federal
 Órgão autorizado a legislar sobre o Direito Penal – O congresso
Nacional (só lei federal pode legislar o Direito Penal)

b) Formal ou de Conhecimento:
 Imediata ou Primária – Lei
 Mediatas ou Secundárias – Costumes e Princípios Gerais do Direito
(art. 299). Os princípios gerais do Direito nunca são usados In Malon
Partem (contra o réu) e sim In Bonam Partem (a favor do réu).

1.4 Funções do Direito Penal


a) Defesa Social: aumenta o poder punitivo, através da tutela de bens
jurídicos (interesse protegido pelo direito) Ex: art. 121 – defender a vida; art.
125 – tutela patrimônio.
“A missão do Direito Penal é a proteção de bens jurídicos através da
cominação, aplicação e execução da pena. Numa sociedade dividida em
classes, o Direito Penal estará protegendo relações sociais escolhidas pela
classe dominante, ainda que aparentem certa universalidade e contribuindo
para reprodução dessas relações. Efeitos sociais não declarados da pena
também configuram, nessas sociedades, uma espécie de missão secreta do
Direito Penal” (Nilo Batista).

b) garantia Individual: Limita o poder punitivo.


“O Direito Penal é um sistema jurídico de dupla face: por um lado
protege a sociedade contra a agressão de um individuo e por outro protege o
individuo contra os possíveis excessos de poder da sociedade na prevenção e
repressão dos fatos puníveis” (Aniball Bruno).

1.5 Disciplinas relacionadas ao Direito Penal


a) Jurídicas – Direito Constitucional
Obs: Pode cometer um ilícito civil sem cometer um ilícito criminal. Mas se
cometer um ilícito criminal, comete-se um ilícito civil.

b) Não Jurídicas ou enciclopédia das Ciências Criminais:


 História do Direito Penal
 Filosofia do Direito Penal (essas duas são Ciência do Direito Penal em
sentido amplo)
 Criminologia (crime é uma doença)
 Política Criminal (Estado na Criminalidade)
 Criminalística ou política técnica (técnica de investigação/perícia)
 Medicina Legal (auxilia o Poder Judiciário)
 Psicologia Judiciária
 Estatística Criminal

1.6 Princípios fundamentais do Direito Penal


a) Legalidade ou Reserva Penal: Art. 5º, XXXIX CF; 1º CP
“Não há crime sem lei anterior que o defina, não há pena sem prévia
cominação legal”.

Corolários – princípios que se desdobram em outros.


1. Mullum Crimem, Nulla poena sine lege praevia (não há crime sem pena
prévia)
Principio da anterioridade – Veda a incriminação ou aumento de pena
de um réu. (só pode beneficiar o réu, art. 2º CP) In bonam partem

2. Mullum Crimem, Nulla poena sine lege scripta (não há crime sem pena
prévia escrita)
Veda há incriminação ou a penação com base nos costumes ou em leis não
formais.

3. Mullum Crimem, Nulla poena sine lege stricta (não há crime sem pena no
sentido estrito)
Veda a incriminação ou a penação com base em analogias. Sá a lei em
sentido formal pode causar crimes e cominar penas.
* Analogia só serve a favor do réu (In Bonam Partem)
* Lei Material – qualquer norma emanada pelo Estado;
* Lei Formal – É a lei feita pelo processo legal (legislador).

4. Mullum Crimem, Nulla poena sine lege certa


Principio da taxatividade – veda a incriminação ou apenação por
normas indeterminadas.
A lei para estabelecer a pena tem que ser especifica, não pode ser
genérica.
Tipo penal fechado – algo especifico (Ex: matar)
Tipo penal aberto – algo indeterminado (Ex: ato obsceno)

b)Lesividade: Art. 1º, III e 5º, III, CF (IMPLICITO)


Se não houver bem jurídico em jogo, não há incriminação.
Quatro funções do principio da Lesividade, segundo Nilo Batista:
1)Proibir uma incriminação de atitude interna.
Veda a incriminação por pensamento. Se a intenção não é “declarada”,
exteriorizada, não pode haver crime.
Ex: Uma pessoa pensa em matar outra pessoa, mas não o comete, não pode
ser incriminada.

2) Proibir uma incriminação de conduta que não exceda o âmbito do próprio


autor.
Se houver a lesão de um bem do próprio autor, não há crime.
Ex: Tentativa de suicídio.

3) Proibir uma incriminação de simples estados existenciais.


Veda a incriminação pelo que ela representa ou pelo que ela é.
Ex: Diferenças étnicas, religiosas e de sexo.

4) Proíbe a incriminação de condutas desviadas que não afetem qualquer


bem jurídico.
Por mais que uma conduta seja moralmente reprovável, se não faz prejuízo a
um bem jurídico, não comete crime.
Ex: Homossexualismo; se afasta da moral da sociedade, porém não faz faz
mal a ninguém.

c) Culpabilidade Art. 1º, III e 5º, III CF; Art. 18 e 19 do CP (IMPLICITO)


Veda a responsabilidade objetiva no Direito Penal. Só pode haver punição se
o agente teve dolo ou culpa. (responsabilidade subjetiva)
Responsabilidade Objetiva – Não importa a culpa e sim a conseqüência.
Ex: As usinas nucleares de angra; qualquer problema que ocorrer, como um
vazamento ou qualquer outra coisa que prejudique os moradores da região, o
Estado é responsável, independente de ter culpa ou não.

*Crime por dolo (doloso) – vontade, intenção;


*Crime por imprudência, imperícia e negligencia – culposo.
*O Parágrafo Único do art. 18 do CP enfatiza que todo crime é punido com
aspecto de dolo, a não ser que o caso seja expresso em lei.

Obs: Veda a responsabilidade objetiva no Direito Penal para que alguém seja
punido, é necessário que tenha agido com dolo ou culpa.

Responsabilidade Subjetiva – Importa-se com a culpa.


Versari In Re Ilícita – Quem se envolve em algo ilícito, responde por tudo o
que vier a acontecer.

Vedado pelo principio da culpabilidade (que impõem culpa por dolo ou


imprudência)

Direito Penal Mínimo – Punir somente quando for necessário.


Funcionamento do Sistema Penal

1º Cominação da Pena – prevista no Código Penal pelo Poder Legislativo.

2º Aplicação da Pena pelo Juiz – Poder Judiciário.

3º Execução da Pena – Poder Executivo.

 Os 3 poderes – o Estado opera o Sistema Penal

Fundamento do Direito Penal


1.1 Conceito
b) Direito Penal Subjetivo (Jus Puniendi ou Protestas Puniend):
 Faculdade outorgada pela norma;
 Direito do Estado de punir;
 Coação indireta;
 Estado submete o criminoso à pena;
 O criminoso não é obrigado a se submeter a pena.

 ESTADO: Direito de punir ou poder/dever de punir? *

c) Ciência do Direito Penal:


É a ciência porque estuda um corpo normativo constituído de normas.

- Sentido Amplo:
 Ciência (história do Direito Penal)
 Filosofia do Direito Penal
 Dogmática Jurídico Penal (sentido, função da pena. São normas penais)

- Sentido Estrito:
 Dogmática
 Compõe a ciência do Direito Penal (verdades incontestáveis)
 Faz interpretação dos textos (normas penais)
 Sistematização das normas (formula institutos jurídicos) Ex: legitima
defesa, exercício regular do direito.
 Analisa as falhas do sistema e faz a critica do sistema.

A Dogmática serve para garantir a ordem, organização e para o direito


não ser utilizado de maneira errônea; racionalidade das decisões criminais.
A Dogmática pode tornar o juiz legalista (que só vê o que esta na
norma), se esquecendo da realidade social, pois ele não questiona o kustiça
da norma.
O IDEAL é a DOGMÁTICA ABERTA = sistema normativo + sociedade
O contrário da Dogmática é Zetética.
A Zetética não obedece a nenhum dogma. É uma ciência social. Ex:
Sociologia , Criminologia.

1.2 Classificação do Direito Penal


a) Quanto a Localização:
 Fundamental (Ex: Código Penal – homicídio, estupro)
 Complementar (Ex: sonegação fiscal, meio ambiente)

b) Quanto aos Destinatários:


 Direito Penal Comum – maioria da população
 Direito Penal Especial

Unidade II – Teoria da Lei Penal (Dogmática Penal)

2.1 Norma Penal


2.1.1 Lei Penal ≠ Norma Penal
Lei Penal Norma Penal
- Ato de poder que veicula a vontade - Comando dentro da lei. É a própria
de uma população. vontade da população.
- Ato de poder que obriga a todos, e é- Várias normas dentro da lei.
expressa através do comando que é a - Art. 1º CP = duas normas
norma. Ex: Normas de costume, etiqueta
não vêm pela lei; não veiculada pela
lei. Norma de educação.
O Código Penal é uma lei com varias normas dentro.

2.1.2 Características / Caracteres da Norma Penal

1) Generalidade – Se aplica a todos.


2) Abstração – Não prevê situação concreta; existe em situação abstrata.
Se concretiza com a sentença. Norma é abstrata.
3) Bilateralidade – Encerra os direitos e obrigações. Tem dois sentidos.
4) Coercibilidade – Diferencia a norma jurídica das outras normas, pois
só a norma jurídica pode obrigar com a força coercitiva do estado.
5) Imperatividade – A norma penal não é revogável pela vontade das
partes. (Art. 129 CP)
6) Irrefragabilidade – A norma só perde vigência quando é revogada por
outra norma, exceto as normas temporárias. Não pode ser revogada
pelo desuso.

Norma Penal – proibindo uma conduta sob conseqüência de uma sanção.


Art. 312 – é incriminante (norma incriminatoria)
Art. 25 – Não é incriminante, só define o que é legitima defesa (comoe o
ordenamento jurídico).

2.1.3 Classificação das Normas Penais


 Incriminadoras ou perceptivas (art. 121 CP)
 Integrantes ou de Segundo Grau:
 Permissivas (Art. 23, I, II, III CP) – Estabelece permissão para
comportamentos que seriam condenados.
 Diretivas (Art. 1º CP) – Estabelece uma diretriz do sistema; principio
fundamental.
 De Aplicação (Art. 5º CP) – Norma que estabelece os critérios de
aplicabilidade das normas incriminadoras do Código Penal.
 Explicativas ou Declarativas ou de Interpretação (Art. 327 CP) –
Explica o conteúdo da Norma.

2.1.4 Estrutura da Norma Penal Incriminadora


a) Preceito (ou preceito primário ou pressuposto)
b) Sanção (ou preceito secundário ou conseqüência jurídica)

*Preceito – Comando da Norma; é implícito.

a) Proibitivo
– crime comissivo. Praticado por ação mandamental – manda fazer algo,
viola-se algo.
- crime omissivo – Praticado por ação de omissão. Se você deixa de fazer.

b) Quando você viola o preceito, a conseqüência disso é a sanção.

2.1.5 Teoria das Normas do Karl Binding


Norma Penal é só sanção.

2.1.6 Norma Penal em Branco


São normas incriminadores que tem o preceito incompleto e
necessitam de uma norma integradora para a sua compreensão.
Ex: Art. 269 CP e Art. 33 da Lei 11.343/2006 – Parágrafo Único: Pode
aparecer novas drogas.
O preceito é incompleto, precisa de uma outra norma para completar,
para poder se fazer entender.

- Classificação:
a) De Complementação Heterologa: Demanda a complementação de uma
norma de instancia legislativa inferior.
Ex: Art. 269 CP (sentido estrito – Lei de grau inferior que complementa –
portaria, decreto legislativo, lei estadual ou administrativa).

b) De Complementação Homologa: demanda a interpretação de uma norma


de mesma instancia legislativa.
Ex: Art. 236 CP (casamento é lei civil. É complementado por uma lei de
mesmo grau).

“O preceito noas Norma Penais em branco, apresentam lacunas que são


completadas como as disposições de outra lei ou decreto, que possam a
integrar, para todos os efeitos a Norma Penal. Como é obvio, essa integração
deve ser feita nos precisos limites fixados pelo preceito genérico da Norma
em branco, não sendo possível que um ato administrativo, por exemplo,
ultrapasse a claro a Lei Penal, sem ferir o principio da estrita legalidade dos
crimes e das penas” (Fragoso).

2.1.7 Interpretação d Norma Penal e Emprego de Analogia


 Buscar o sentido da norma
 Exegese (Interpretação)
 Hermenêutica – ciência da Interpretação
 Antes – Qual é a vontade do legislador (mens legislatons)
 Depois (hoje em dia) – Lei sentido objetivo que se desprende da
vontade do legislador.
A lei é a mesma, mais o sentido como se lê e interpreta pode mudar.
Mens legis – vontade da lei

- Classificação da Interpretação
Capitulo 9 – Lições de Direito Penal – a nova parte geral – Heleno Cláudio
Fragoso.

“Interpretação da norma geral e analogia”

- Interpretação Extensiva: pode ser usada mesmo contra o réu.


- Interpretação restritiva

Analogia ≠ Interpretação
- Quando determinado fato não tem - Busca o sentido possível para
nenhuma lei que preveja aquilo pode aquela norma.
associar a algum já ocorrido previsto
na lei.
“A analogia não é um meio de interpretação, mais de integração do sistema
jurídico. Na hipótese da aplicação de analogia, não há um texto de lei
obscuro ou incerto, cujos os atos sentidos se procura descobrir. O que há é
ausência de lei que regule diretamente a hipótese”. (Aniball Bruno)

Analogia ≠ Interpretação Analogica


Ex: Art. 171 CP Determinada por uma clausula do
Mentira – qualquer outro meio próprio legislador.
fraudulento Ex: 121, § 2º, III CP
Outro meio indicioso ou cruel.

2.2 Aplicação da Lei Penal no tempo


2.2.1 Tempo do Crime. Três Teorias:
a) Teoria da Atividade (Art. 4º CP)
Tempo do crime é aquele que se pratica a ação ou omissão
independente do resultado.

b) Teoria do resultado
Tempo do crime é aquele em que ocorreu o resultado.

c) Teoria Mista
Tempo do crime é tanto aquele que se praticou a ação ou omissão
como no qual ocorreu o resultado.

2.2.2 Vigência da Lei Penal (Art. 1º LICC; Art. 2º LICC; DL 4567 [inicio da
vigência] DL 1142 [termino da vigência])
- Lei fica em vigência até que outra a revogue.
- Lei temporária ou excepcional
- Revogação de leis
 Total – Ab-rogação
 Parcial – derrogação
 Expressa – Art. 2º § 1º LICC
 Tácita

2.2.3 Atividade da Lei Penal


TEMPUS REGIT ACTUM (tempo rege o ato)
|----------------------------|
inicio | fim
aplicação da lei

Essa lei que é aplicada se o fato ocorreu no período de vigencia daquela lei.

 Extra-atividade da lei penal (art. 1º CP e 5º XXXIX CF)


– É a aplicabilidade da lei para fatos ocorridos fora de seu período de
vigência. Assume as formas de:
a) Retroatividade (Art. 2º CP e 5º, XL da CF)
- Só beneficia o réu
b) Ultra-atividade (continua a ser aplicada mesmo sendo revogada)

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