Curso de Graduação em Direito Atividade Semi-Presencial II
Direitos Fundamentais e Novos Direitos Profa. Carla F. Gonçalves
TEORIA GERAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
A história dos direitos fundamentais teve início com as declarações de direitos
formuladas pelos estados americanos no séc. XVIII, ao firmarem independência em relação à Inglaterra. Já no século XVIII, a Revolução Francesa levou à declaração precisa e clara dos direitos à liberdade, igualdade, propriedade e das garantias individuais, porém com natureza predominantemente individualista. Status do indivíduo como membro do Estado: a) Status passivo: cumprimento de deveres por parte do indivíduo; b) Status negativus: o indivíduo encontra-se livre da interferência estatal; c) Status civitatis: possibilidade do indivíduo cobrar prestações do estado; d) Status activae civitatis: indivíduo agindo por conta do estado para contribuir com a vontade política o país.
1.Direitos fundamentais e Direitos humanos
Confundem em sentido latu, mas em sentido estrito têm conceitos diferentes. Os
direitos fundamentais estão dentro do espectro dos direitos humanos. Direitos humanos: são os direitos naturais, intrínsecos ao homem, e reconhecidos em documentos internacionais, mas que independem de qualquer declaração em ordem constitucional específica. São posições jurídicas reconhecidas ao ser humano como tal. Direitos fundamentais: dependendo da ideologia predominante no Estado, o direitos fundamentais podem ser mais ou menos restritos em relação aos direitos humanos. Por essa vinculação com determinado estado, os direitos fundamentais adotados têm espaço territorial definido, assim como período de vigência, e evoluem para formas mais puras de acordo com o grau de adiantamento do Estado.
2. Direitos e Garantias
Os direitos são principais, as garantias são acessórias. Os direitos são
declarados, as garantias estabelecem-se em função dos direitos como manto de proteção dos direitos. Existe o direito à vida, e existe a garantia de que não haverá pena de morte, salvo exceções.
- Direitos fundamentais de 1º geração (direitos civis e políticos)
Compreendem as liberdades negativas, realçando o princípio da liberdade. São basicamente de defesa dos direitos dos indivíduos, exigindo autolimitação e a não- ingerência dos poderes públicos. Apenas impõem restrições à atuação do estado, como o direito à liberdade, à propriedade, à igualdade perante a lei e à participação política. UNIFESO Curso de Graduação em Direito Atividade Semi-Presencial II Direitos Fundamentais e Novos Direitos Profa. Carla F. Gonçalves
- Direitos fundamentais de 2º geração (direitos econômicos, sociais e
culturais) Compreendem as liberdades positivas, acentuando o princípio da igualdade. Esses direitos reclamam uma postura positiva do estado no sentido de promoção de justiça social por meio de prestações sociais como: educação, trabalho, habitação e previdência social.
- Direitos fundamentais de 3º geração (direito ao meio ambiente, à paz, ao
progresso) Compreendem os direitos atribuídos à todas as sociedades, acentuando o princípio de solidariedade. Extrapolam a abrangência dos demais direitos fundamentais, que se destinam à proteção de um indivíduo ou um grupo de indivíduos, pois englobam a desigualdade social entre países ricos e pobres, o patrimônio global, desenvolvimento, paz, meio-ambiente, comunicação, direitos de propriedade, inclusive intelectual. - Direitos fundamentais de 4º geração (direito à democracia, à educação, à informação) São direitos que compreendem a sociedade aberta que está se desenvolvendo, e fundamentarão as relações de convivência no futuro. Somente com eles será possível a globalização política. Esses direitos estão na esfera doutrinária apenas.
3. Restrições legais
A própria constituição outorga ao legislador o poder de restringir os direitos
fundamentais. - Reserva legal simples: ocorre quando a constituição estabelece (numa norma de eficácia limitada) que a restrição será prevista em lei. - Reserva legal qualificada: em norma de eficácia contida, a constituição estabelece a restrição a ser regulada por lei, além de definir condições ou limites que deverão ser seguidos pelo legislador ordinário. A limitação feita pelo legislador ordinário deve obedecer ao “princípio dos limites dos limites”, ou seja, não pode estabelecer limitações inadequadas ou exageradas ao direitos. No caso do estado de defesa, poderão ser restritos deveres e garantias fundamentais compreendidas pelo sigilo de correspondência, comunicações telegráficas e telefônicas e ao direito de reunião. Já em estado de sítio(Art. 139)poderão ser tomadas contra as pessoas as seguintes medidas: I - obrigação de permanência em localidade determinada; II - detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por crimes comuns; III - restrições relativas à inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das comunicações, à prestação de informações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão, na forma da lei; IV - suspensão da liberdade de reunião; V - busca e apreensão em domicílio; VI - intervenção nas empresas de serviços públicos; VII - requisição de bens.
4. Direitos fundamentais na Constituição de 1988
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A CF literalmente garante os direitos fundamentais aos brasileiros e ao
estrangeiros “residentes” no país. A menção à estrangeiros residentes deve ser entendida contemplando todos os estrangeiros que estejam sob o território nacional, residentes ou não no Brasil. Os direitos fundamentais são arrolados em cinco grupos: Direitos individuais – são diretamente ligados ao conceito da pessoa humana, especialmente os de primeira geração (liberdades negativas). Direitos sociais – constituem as liberdades positivas, objetivando a melhoria de condições dos menos favorecidos. Direitos de nacionalidade – cuidam do vínculo jurídico-político que liga um indivíduo a um determinado Estado. Direitos políticos – são as regras que cuidam das formas de atuação da soberania popular, dando direitos políticos e impondo deveres ao indivíduo, e com isso atribuindo-lhe a cidadania. Direitos conferidos à partidos políticos – regulamentam os partidos políticos para que preservem o estado democrático de direito, assegurando-lhes autonomia e plena liberdade de atuação.
5. Tratados internacionais sobre direitos humanos e a CF
Os tratados internacionais ou convenções deverão ser aprovados em 2 turnos
em cada casa do congresso nacional, por 3/5 dos votos, para poderem equivaler a emenda constitucional, e assim serem obedecidos por toda a legislação infra- constitucional.