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Direitos Fundamentais e

Justiça Constitucional

Eva Brás Pinho 1


2018/2019
Professor António Cortês
Bibliografia Útil:
Jorge Miranda Curso de Dto Constitucional vol 1 só as ultimas paginas

Constituição anotada do rui medeiros

Manual de direitos fundamentais do JPS

Secçã o I:
Estado de Direitos Fundamentais

1. Conceito de direitos fundamentais

Direitos dos cidadãos em face do Estado à tese mais clássica e defendida pelo
professor

• Posições jurídicas de vantagens dos cidadãos em face do Estado


• 1ª tentativa de aproximação – são direitos que têm no seu cerne uma
intenção de salvaguarda/promoção da dignidade da pessoa humana,
mas que só se compreendem no contexto de uma determinada comunidade
política (Estado), e que são parâmetros de validade das leis

• Esta linha que o Professor segue distingue-se um pouco do caminho que o


manual do professor Jorge pereira da silva segue no seu manual

Quando queremos perceber se uma norma viola os direitos fundamentais devemos


perceber os argumentos a favor e contra

O que um juiz do tribunal do constitucional faz:

1)Busca da jurisprudência por temas

2) Consulta a Constituição anotada do Prof. Jorge Miranda e Rui Medeiros e a do Prof.


Gomes Canotilho e Vital Moreira

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• São direitos constitucionalmente consagrados
o E portanto parâmetros de validade das outras leis
o Estão alocados a uma determinada população nacional
o Encontram-se na 1º parte da constituição e portanto dai depreendemos
a sua supremacia relativamente à organização política
o Os direitos fundamentais não são algo prévio à CRP mas e algo que
engloba e concretiza a constituição formal

• Os direitos humanos são a principal influência dos direitos fundamentais

o A principal influência dos direitos fundamentais da nossa constituição é a


Declaração universal dos direitos do homem de 1948
o Gozam por isso de um consenso quase universal, ainda que com uma
formulação muito abstrata, uma vez que discutindo a sua materialização o
dissenso era muito mais provável

Tipos de direitos fundamentais:

1. Art 24º e 47º -à direitos de carácter pessoal


2. Art 48º a 52º à direitos de participação política
o Votar
o Acesso a cargos públicos
o Direito de petição

3. Art 53- 59º àDireitos dos trabalhadores


o Influência marxista e da doutrina social da igreja
o Ver o trabalho como uma forma de realização das pessoas

4. Direitos económicos
o Direito de iniciativa privada à art 61º

5. Direitos sociais
o Ex: direito à segurança social e direito à sáudE
o Direitos dos mais vulneráveis ( crianças, idosos, deficientes)

6. Direitos culturais:
o Direito à educação
o Direito à cultura

São os direitos ou posições jurídicas de vantagem das pessoas enquanto tais


que estão assentes na constituição seja na constituição formal seja na
constituição material
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( Direitos Fundamentais – Jorge Miranda)

Direitos fundamentais são os direitos mais importantes das pessoas em vista


da sua dignidade e no contexto de uma determinada comunidade política
tendo por isso estatuto constitucional e sendo assim parâmetro de validade
das leis. Dividem-se entre os direitos liberdades e garantias e os direitos
económicos e sociais. Os primeiros são esferas de liberdade em face do Estado
e exigem portanto uma atitude de abstenção e não intervenção por parte do
Estado

( outra definição)

Os direitos fundamentais dividem-se em duas categorias:

a) Direitos, liberdades e garantias:


o São esferas de liberdade em face do Estado.
o Exigem uma atitude de abstenção e não intervenção por parte do
Estado.

b) Direitos económicos, sociais e culturais:


o São direitos a prestações positivas do Estado.
o Constam do catálogo dos artigos 24º-79º da CRP.
§ Isto não significa que não haja direitos fora deste catálogo.
§ Temos de contar com direitos noutras partes do texto
constitucional:
• Exemplo: direito à igualdade (artigo 13º CRP).
• Exemplo: garantias dos administrados perante a
Administração Pública (Artigo 268º CRP).

Ø Pode haver direitos fundamentais que constam de instrumentais de direito


internacional
o ex: direito ao processo equitativo que esta na convenção europeia dos
direitos do homem
o Direito à proteção de dados à previsto em tratados da EU
o Direito a não ser clonado à resultado do direito à identidade genética 8- art
26º CRP + Convenção de oviedo)

Todo o catálogo de direitos fundamentais deve ser interpretado à luz:

1. do documento que lhe serviu de inspiração, que neste caso é a DUDH


2. dos textos de direito internacional que à luz da procura da defesa da pessoa
humana consagrem direitos fundamentais

Ø Para além dos direitos explícitos no texto da constituição e dos direitos que
resultam de textos de direito internacional há ainda direitos que estão apenas
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implícitos na constituição, ou seja, que se deduzem por interpretação dos
princípios e normas constitucionais

• Ex: direito à autodeterminação informacional (direito da pessoa dispor do


direito às informações que lhe dizem respeito) retira-se do dieito à privacidade
etc mas que não esta explicito
• Direito à pessoa dispor do seu próprio corpo
• Direito à pessoa dispor do seu cadáver após a morte

Ø Há direitos que constam apenas da lei


• Ex: direito ao silêncio –> código de processo penal
• Como acontece no direito penal em que o arguido tem o direito a manter-
se em silêncio para não se incriminar

Ø Art 16º à cláusula aberta dos direitos fundamentais


• Clausula que admite a existências de direitos que não estão consagrados
na constituição

Estado de direitos fundamentais à Estado em que o direito é limitado

Formas de garantir os direitos fundamentais:

1. Democracia
o Tem de ser entendida em sentido material e não apenas como a ideia
de vontade maioritária do povo
o No fundo os direitos fundamentais são alias o grande limite à vontade
maioritária discricionária

2. Separação de poderes
o AR tem mais legitimidade e portanto mais reserva de competência
o A ideia de matérias como as da reserva absoluta e relativa estar
especificadas como tal deve-se à importância do pluralismo
democrático e de ideias
o Há um contraditório mais intenso na AR uma vez que estão também
representados partidos mais pequenos

Estado dos direitos fundamentais:

• É um estado que está ao serviço das pessoas e dos seus direitos básicos.
• É um estado que existe por causa das pessoas e não o contrário
• É o poder político que se tem de justificar às pessoas e não o contrário
• Dwarkin – “ Taking rights seriously”
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o Leva os direitos fundamentais a sério
§ Há controlo critico do poder em vista os direitos das pessoas
§ Significa que há um controlo alargado e aberto desses
direitos
§ Alem disso esses direitos têm uma especial força jurídica

Ø A nossa constituição fala em separação e interdependência de poderes

• mas a ideia é de que o poder tem de ser limitado e que a melhor forma de
controlar o poder é a de que este se controle a si próprio
• Através de um sistema de pesos e contrapesos em que no poder publico os
poderes se controlem reciprocamente
o Poder moderador à PR
o Poder judicial
o Poder executivo
o Poder legislativo

• Num pais verdadeiramente democrático o controlo do poder público deve


partir também da sociedade civil
o Ex: poder sindical
o Através do direito à greve, direito à manifestação

• Toqueville à afirmava haver para além dos 3 poderes tradicionais, um


quarto poder que era o poder da comunicação social

• Em vista dos direitos fundamentais, há fundamentalmente 5 pontos que se


prendem com este controlo crítico do poder:

1. Algumas matérias que contendem com direitos fundamentais são de reserva


de competência da AR

o Isto porque se pretende que as matérias relativas a direitos


fundamentais passem pelo crivo da discussão parlamentar
o Algumas matérias relacionadas com direitos fundamentais como os
Direito liberdades e garantias são de reserva de competência
relativa da AR
§ Art 165º/1 b) CRP
o Há algumas matérias relativas a direitos sociais que são também de
reserva relativa
§ como as bases ( ex:do sistema de saúde e do sistema social à
art 165º nº1 f)
o Reserva Absoluta à art 164º CRP

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§ Associações e partidos políticos
o Reserva Relativa à art 165º CRP
§ Ex: direitos, liberdades e garantias

2. Declaração de estado de sitio e emergência à art 19º

o Uma grande parte das ditaduras fazem-se através de uma declaração


prolongada de estado de sítio ou emergência, que suspendia uma série
de direitos das pessoas
o Tem limite temporal ( 6 meses)
o Há uma série de regras, no artigo 19º, que exigem que haja um
concurso de vontades do PR, do Governo e do Parlamento.
§ O TC pode verificar se estão cumpridos os requisitos
o Não pode nunca suspender alguns direitos considerados
absolutamente nucleares à art 19º nº6
§ Vida, integridade social, não retroatividade da lei penal,
liberdade de consciência e religião etc

3. Vínculo da AP aos direitos fundamentais à art 206º CRP


o Por regra os órgãos superiores da AP podem não aplicar uma lei
quando isso ponha em causa direitos fundamentais
o Mas é necessário equilibrar o princípio da legalidade da AP e o
principio constitucional
o Art 266º

4. Provedor de Justiça à art 23º


o Defensor dos direitos fundamentais dos cidadãos
o Entidade administrativa autónoma

5. Garantia jurisdicional dos direitos

o Tribunais comuns à art 204º


§ Os tribunais não podem aplicar normas que violem direitos
fundamentais consagrados na CRP

o Tribunal constitucional
§ Art 277º a 283º ;
§ Procura a defesa da constituição e dos direitos
fundamentais nela consagrados

§ Os tribunais comuns aplicam a lei e utilizam-na como


parâmetro de avaliação de situações jurídicos
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§ Os tribunais constitucionais não pegam na lei como parâmetro
de avaliação mas sim como conteúdo de avaliação
§ A ideia da existência de um Tribunal Constitucional tem-se
generalizado: há cada vez mais países com tribunais
constitucionais.
ð O TC controla os mecanismos da democracia e defende o
respeito pelos direitos fundamentais.

§ Antigamente, na maioria dos países era o STJ que fazia a


fiscalização
ð Os supremos tribunais tendem a interpretar a
constituição à luz da lei, e para que os direitos
fundamentais sejam verdadeiramente defendidos, tem
de acontecer o contrário

Ø Garantia dos direitos fundamentais, através da existência dum catálogo


alargado e aberto de direitos, e que adicionalmente, estes direitos têm uma
especial força jurídica
• O homem é dotado de dignidade e de direitos que lhe são inerentes e de
que em caso algum pode ser despojado à Locke

• Catálogo alargado de DF’s

o Um EDF é um estado que acautela todas as 3 gerações de direitos:

1. Pessoais e políticos à civis


§ 1º geração
§ Aparecem no período liberal
§ Direitos pessoais: art 24º - 47º CRP

2. Laborais e Sociais
§ Final do séc 19 e final da 2 WW à direitos laborais
§ Dtos sociais propriamente ditos mais no sec 20

3. Direitos ambientais e da era tecnológica


§ 3ºgeração
§ Direitos em face da genética
§ Direitos de informação

Ø O catálogo de direitos fundamentais é interpretado à luz do dto internacional (


texto que protegem os direitos humanos à art 16º

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2. A abertura do catálogo de direitos: direitos implícitos e
cláusula geral

Ø Catálogo aberto de DF’s à art 16º CRP

• O catálogo de direitos fundamentais é interpretado à luz do direito


internacional que contém textos que protegem os direitos humanos
• Adicionalmente, podem existir direitos que estejam na lei, que mesmo
não estando na CRP, possam ser admitidos como direitos fundamentais
• Pode haver direitos que não estão na CRP, mas que são tão importantes
que estão consagrados por ela
o Clausula aberta - art. 16/1 CRP
§ Reserva: não funciona para direitos resultantes de lei
§ Tem de se recorrer à figura dos direitos implícitos
ð Direitos que não estão expressos no texto da
constituição, mas que resultam de direitos de outros
direitos ou de princípios constitucionais;
ð Isto é, são direitos que concretizam outros direitos ou
princípios constitucionais

Ø Direitos implícitos

• Não estão expressos no texto da constituição mas resultam de direitos de


outros direitos ou de princípios constitucionais
• A nossa jurisprudência constitucional não costuma utilizar a cláusula aberta
do artigo 16º/1

o Quando a jurisprudência quer encontrar novos direitos que não estão


na CRP, recorre aos direitos implícitos, que não estão expressos no
texto da CRP, mas que resultam de outros direitos ou de princípios
constitucionais.

o São direitos que concretizam outros direitos ou princípios


constitucionais
§ Exemplo 1: direito à fundamentação de atos
administrativos
ð agora esta consagrado no texto da constituição mas
anteriormente não estava, e foi a nossa jurisprudência
que concluiu que este direito estava implicitamente
consagrado

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§ Exemplo 2: Proteção de dados.
ð Cada um tem o direito de dispor das informações que
tem sobre si próprio livremente (autodeterminação
informal).
ð Resulta da interpretação do direito à privacidade do
artigo 26º da CRP + conjugado com o artigo 35º das
garantias em face da utilização abusiva da informática)

Ø A especial força jurídica dos direitos tem 2 vertentes principais:

1. São diretamente aplicáveis à art 18º


o Independentemente de existir lei que os concretizar
o Vinculam entidades públicas e privadas

2. Caráter restritivo das restrições (por lei) e das intervenções restritivas


(por ato administrativo ou decisão judicial):

o O grande princípio é o de alargamento dos direitos fundamentais.


o Quando se trata de restringir direitos fundamentais e a liberdade, há
uma série de cautelas que a CRP tem relativamente a essas restrições.

Art. 16º/1 CRP – cláusula aberta da CRP quanto aos direitos fundamentais
• Estes direitos fundamentais estão previstos no art. 24º - art. 79º CRP, mas
isto não impede que existam outros, também presentes no texto
constitucional
o ex.: art. 13º CRP, art. 268º CRP, etc.
• Também pode acontecer que existam outros direitos fundamentais que
derivem de instrumentos ou textos internacionais
o ex.: direito à proteção de dados – CEDF
• Todo o catálogo de direitos fundamentais deve ser interpretado à luz do
documento que lhe serviu de inspiração (DUDH – tem uma pretensão
universal), e além disso, à luz dos textos de direito internacional que
consagrem – art. 8º
• Para além dos direitos que estão explícitos no texto da constituição, e para
além dos direitos que resultam de textos de direito internacional, há ainda
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direitos que estão apenas implícitos na constituição (isto é, que se deduzem
por interpretação das normas e princípios constitucionais)
o ex.: direito da autodeterminação pessoal
• Podem existir direitos que constem apenas da lei
o ex.: direito ao silencio (Cód.Proc.Pen.)

3. A garantia jurisdicional dos direitos fundamentais

Os tribunais são uma instância independente que tem por exclusiva tarefa a
administração da justiça e que tem por último bastão a defesa dos DF. A forma por
excelência de defesa dos direitos fundamentais, é a fiscalização da
constitucionalidade
• Defesa dos direitos fundamentais – mecanismos de defesa:
o 1. Começa desde logo, ao nível dos cidadãos
§ Direito de resistência – art. 19º CRP
§ Direito de objecção de consciência – art. 41º/6 CRP
§ Direito de petição e acção popular (quando estejam em causa
a protecção da saúde pública ou a preservação do ambiente) –
art. 52º CRP
§ Direito à liberdade de expressão – art. 37º CRP
• podem livremente criticar o poder público quando DF
não estão a ser acautelados

o 2. Num segundo patamar, pode-se se dar ao nível associativo


§ Direito à liberdade sindical – art. 55º e 56º CRP
• Essencialmente para defesa dos trabalhadores
§ Direito à liberdade de associação política – art. 51º CRP

o 3. Num terceiro patamar, pode-se dar ao nível administrativo


§ Princípio da constitucionalidade da AP – art. 3º/3 e 266º CRP

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• A AP pode, em determinados casos, recusar a aplicação
duma lei, com fundamento na violação de direitos
fundamentais
o 4. Num quarto patamar, pode-se dar ao nível legislativo
§ A matéria dos DLG, é matéria de reserva da AR – art. 165º/1/b
CRP
§ Estes DLG, são inclusivamente limites materiais de revisão
constitucional – art. 288º/d CRP
• Nem sequer uma lei constitucional os pode abolir,
apenas pode fazer pequenas alterações de pormenores
o 5. Num último patamar, a grande garantia dos direitos
fundamentais é ao nível jurisdicional
§ Esta é a grande garantia dos DF
§ Tribunais enquanto instâncias independentes do poder
público, cujas decisões prevalecem sobre quaisquer outras
autoridades
§ São o “guardião” dos direitos fundamentais
• O sistema de DF’s está intimamente ligado ao sistema
de fiscalização da constitucionalidade
§ A defesa de constitucionalidade serve para:
• Garantir a democracia (organização do poder político)
• Garantir os DF’s (defesa dos direitos dos cidadãos)

Fiscalização da constitucionalidade

Ø Qual é o objeto da fiscalização? à normas


Ø Não há fiscalização de lei, há fiscalização de normas especificas contidas em
normas
• Ou seja, uma lei pode ter apenas um artigo inconstitucional
Norma:
a. Artigo da lei ( ou ato normativo equiparado)
§ Ex: regulamento, convenções internacionais
§ Não há fiscalização de “ leis”, mas sim de normas específicas
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b. Segmento ( parte) dum artigo da lei
§ Ex: “ entre pessoas de sexo diferente” à art 1577º
c. Interpretação normativa ( normas de criação jurisprudencial)

Não pode ir ao tribunal constitucional atos administrativos, nem se situações


concretas e especificas constitui crime à luz do código penal

4 espécies de fiscalização da inconstitucionalidade:


1. Fiscalização preventiva
• Impedir que uma norma entre em vigor
• A questão é diretamente posta ao TC
• Art 278º
• Iniciativa pode ser:
o PR à o principal
o Representantes das república
§ No caso de decreto-lei regionais
o 1/5 dos deputados ou o primeiro ministro
§ Em circunstâncias excecionais de leis orgânicas

2. Fiscalização concreta ( sucessiva)


• Dá-se depois da norma ser promulgada
• É a mais usual
• Órgão competente:
a. Art 204º à tribunais comuns
b. Art 280ºà TC ( através de recurso)
• Iniciativa para abrir o processo:
o Partes na causa
o Juizes na causa
• Objeto à normas
• Efeitos da inconstitucionalidade à desaplicação da norma no caso
concreto

3. Fiscalização abstrata ( sucessiva)


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• A questão é diretamente posta ao TC
• Há em média 15 casos destes pro ano:
c. Uma grande parte são generalizações
o Quando o tribunal julga 3 vezes inconstitucional uma norma em caso
concretos, o MP requer a declaração de inconstitucionalidade dessa
norma com força obrigatória geral
d. Nos outros casos, a declaração de inconstitucionalidade de uma norma é
pedida diretamente pelo PR, provedor de justiça
• Art 281º
• Quem pode requerer:
o PR
o PM
o Presidente da Assembleia da República
o Provedor de Justiça
o Procurador Geral da República
o 1/10 ds deputados
o Representantes da República
• Objeto à normas
• Efeitos da inconstitucionalidade à força obrigatória geral

4. Fiscalização por omissão


• Casos raros à7 ou 8 casos por ano, sendo que só 3 ou 4 é que foram
concedidos
o Embora este tipo de fiscalização fosse desenhado para ter uma
grande relevância (pretendia-se evitar desvios aos traços socialistas
da CRP – CRP é dirigente, isto é, pretende programar a actividade
legislativa), acabou por não a ter:
§ Não concretização do programa socialista.
§ 2. A CRP era vista como fundamento de toda a legislação. Portanto
era preciso realiza-la em leis
• Ex: caso em que não havia nenhuma lei para regular o subsidio de
desemprego do setor publico; o tribunal considerou inconstitucional a
ausência dessa lei
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• A constituição parece dar muita relevância a este tipo de fiscalização devido
ao facto da constituição ser profundamente programática e portanto exigir-
se uma garantia de futuro de que seriam concretizadas
• Quem pode ter iniciativa para abrir o processo:
o PR
o Provedor
o Presidente das Assembleias Regionais
• Objeto à falta de medidas legislativas
• Efeitos da inconstitucionalidade à declaração de omissão

Queixa constitucional:
• Existe no sistema alemão
• Há alguns direitos que são tão importantes que justificam que as questões
sobre eles sejam apreciadas pelo TC
• Ex: uma pessoa so pode ser punida por factos previstos na lei como crimes,
• Há quem diga que o nosso sistema apesar de não admitir a queixa
constitucional

Recurso constitucional:

Imagine-se que o andre se recusa a reconhecer a paternidade do seu filho, o que é


que o filho pode fazer para ver o seu direito?

• pode interpor uma ação de reconhecimento de paternidade em tribunal


• imaginemos agora que há um prazo de prescrição para pedir o
reconhecimento da paternidade
• o joao pode requerer a inconstitucionalidade dessa norma

4 pressupostos:
1. Tratar-se de uma questão de inconstitucionalidade
o ¹ ilegalidade
2. Tratar-se de uma questão normativa (e não uma sentença)

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o Não é a sentença que é inconstitucional mas sim a norma que estava
na base da sentença
3. É preciso esgotar os recursos ordinários para chegar ao TC
o Art 70/1b e 70/2 LTC
4. O recurso tem de ser interposto no prazo de 10 dias ( art 75º da lei do TC)´

II
Dignidade da pessoa humana
1. O princípio axiológico unificador do sistema de direitos
fundamentais

• Surge desde logo no artigo 1º da Declaração Universal dos Direitos


Humanos bem como no seu preambulo
o “ Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidades e direitos”

• Também a CRP encara a dignidade da vida humana como principio


primacial de todo o ordenamento jurídico
o Art 1º CRP

• Este principio só surge com maior relevância no pos 2ºguerra mundial


devido ao período traumático de desrespeito por este princípio que
sucedeu no periodo nazi
o Por isso é que a constituição alemã foi a primeira a incluir de forma
emblemático o principio a dignidade da pessoa humana como base
de toda a constituição

Origem histórica:

• Raízes na filosofia estoica


• Contudo a sua maior afirmação é feita em termos bíblicos
o No livro genesis, no capitulo da criação menciona-se o ser humano
ter sido criado à imagem e semelhança de Deus, realçando por isso
esta necessidade de respeito

• O Cristianismo vem reforçar ainda mais esta ideia

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o “ Deus ama cada pessoa como um pai ama os seus filhos”
o Doutrina da encarnação à ideia de que Deus encarnou como pessoa
humana e com todos os condicionalismo de uma vida humana
normal

Ø Estas raízes não tiveram reflexo imediato no ordenamento jurídico


o Alias, em todo o período romano e idade média, não faz sentido falar
em direitos humanos
§ Apesar de no direito romano, contudo, se dizer que a liberdade e a
igualdade são bases de direito natural

Na modernidade:

• Ideia da dignidade da pessoa humana muito associada à ideia de liberdade


de consciência
• Onde realmente aparece pela 1ª vez uma afirmação filosófica forte da
dignidade da pessoa humana, é com Kant.

o O grande imperativo da moral em que o direito se integra, é este:

§ Age de tal modo que trates a humanidade quer na tua pessoa,


que na pessoa de qualquer outro, sempre simultaneamente,
como um fim em si, e nunca apenas como mero meio.

o Este imperativo relacionava-se com a ideia de que a pessoa não tem


preço, tem uma dignidade.
§ As coisas é que têm um preço.
§ A pessoa não é, portanto, um mero objeto, uma coisa, um
meio ao serviço de fins que lhe sejam extrínsecos (de outras
pessoas ou do poder).

• Hegel diz “ sê pessoa e respeita os outros como pessoas”, sendo para ele
o principio base do direito

• No direito português foi o Prof. Castanheira Neves que mais incidiu neste
princípio
o “ é este valor “o homem e a sua dignidade “, o maior valor, o
supremo bem a que todos os outros valores estão referidos. A
pessoa é o sujeito e o polo de referência de todos os valores

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• No sistema ocidental este principio tem contudo uma afirmação autonoma
que não se confunde nem com a religião nem com a filosofias
• Devemos procurar a formulação jurídica deste principio, apesar de não ser
obviamente desligado do seu background filosófico
• A Dignidade da pessoa humana não é um conceito abstrato, traduz-se nos
direitos específicos concedidos ao ser humano

2. O conteúdo específico do princípio


a) A fórmula do igual respeito e preocupação

Não é possível dar uma definição acabada do que é a dignidade da pessoa humana
mas:
• Podemos começar por dizer que as pessoas devem ser tratadas como seres
livres e iguais
• Em especial quando as pessoas estão em situação de vulnerabilidade devem
ser tratadas com fraternidade
• Ronald Dwarkin diz que o 1º principio do sistema jurídico é o de igual
respeito e consideração

o “ o poder politico tem de tratar aqueles que governa com


preocupação, isto é, como seres humanos suscetíveis de sofrimento
e frustração, e com respeito, isto é, como seres humanos que são
capazes de idealizar e agir na base de conceções inteligentes sobre o
modo como as suas vidas devem ser vividas”

o Reside aqui a ideia de que as pessoas devem ser tratadas como


livres que sabem o que fazer a sua vida, mas também como
vulneráveis, suscetíveis de sofrimento, nomeadamente quando
lhes falta os bens básicos necessários a sua realização como
pessoas

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§ Dá contudo mais relevância ao facto do governo se dever
preocupar com as pessoas
§ O professor considera que as pessoas são tratadas com
dignidade não apenas quando são tratadas como seres livres
mas também quando não são simplesmente abandonadas
pelos outros quando estão em situação de vulnerabilidade

Ø Este principio serve ainda como parâmetro interpretativo de todo o sistema de


direitos fundamentais
• Aponta ele para uma prioridade dos direitos que mais se estreitamente
se liguem ao desenvolvimento da personalidade de cada pessoa

b) A fórmula kantiana do objeto

• Diz Kant que grande imperativo da moral é “ age de tal modo que trates a
humanidade, quer na tua pessoa, quer na pessoa de qualquer outro,
sempre simultaneamente como um fim em si e não apenas como mero
meio”

• No reino dos fins tudo tem um preço, as coisas têm um preço, as pessoas
têm dignidade
• A pessoa não é portanto um objeto, uma coisa ou um meio para um fim que
lhe seja extrínseco , como seja um fim para o poder politico
• O direito não existe para ideias abstratas, o direito existe em primeira
instância por causa de cada pessoa de carne e osso

• “A dignidade humana é sempre atingida quando a pessoa é degrada à


condição e objeto, de um mero meio, de uma medida fungível “
(Fórmula de Durig)
o Esta fórmula inspira-se em Kant

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§ Mas apesar de tudo as ideias kantianas são mais felizes
porque nelas não se exclui que a pessoa se coloque ao serviço
de outras
o Contudo, fórmula da não instrumentalização esta sujeita a
ponderação, e não tem de ser sempre levada ao limite
§ assim, uma pequenina instrumentalização para salvar um
bem maior como a vida, poderá não ser inconstitucionalidade
§ caso da criança que é feita nascer para doar medula óssea a
um irmão
§ o tribunal considerou ate que a criança não se sente inferior
mas ate” dignificada” por ajudar o irmão
§ autores como Miguel Nogueira de Brito entendem que a
procriação medicamente assistida devia ter sido considerada
inconstitucional
§ O professor entende que as pessoas não são pessoas
isoladas e que portanto também são seres solidários e
dessa maneira a questão da não instrumentalização não
deve cair no egoísmo

c) O mínimo de existência condigna

• Direito que cada pessoa tem ao mínimo de bens materiais necessários


a uma vida condigna
o No fundo é o direito que a pessoa tem a não viver na miséria
• Este direito não se encontra expressamente consagrado na CRP mas foi
construído pela jurisprudência em múltiplos acórdãos e hoje em dia é
tomado como um absoluto dado adquirido na nossa jurisprudência
constitucional
• Há também todo um movimento internacional no sentido da consagração
deste princípio

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d) A culpa concreta como limite da proteção penal de bens jurídicos

• Principio da culpa em direito penal


o É uma exigência da dignidade da pessoa humana
o As pessoas não podem ser vistas como meios para atingir um bem
comunitário
o A nossa jurisprudência tem entendido que penas fixas violam o
princípio da culpa que exige um juízo do caso concreto uma vez que
as pessoas so podem ser punidas tendo em conta a gravidade do seu
crime.
• Não há crime sem culpa
o Se alguém cometeu um crime sem essa consciência, não poder ser
imputável
o Também não nos podemos abstrair da medida da culpa e do crime
o A pessoa só pode ser punida se tiver culpa
§ Se tiver agido com vontade de cometer o crime
§ Se tiver agido com falta de cuidado ( negligência)

• Este principio é também um limite às penas


o As penas servem para controlar e punir os atos que coloquem em
causa a vida, a liberdade sexual, paz publica, autoridade do estado,
bens importantes do ponto de vista do bem comum e bens pessoais
ou patrimoniais de cada pessoa
§ Bens patrimoniais ou não patrimoniais, ou bens importantes
do ponto de vista do bem comum.
§ Esta salvaguarda tem um limite, quando é feita através da
aplicação de penas criminais.
§ Este limite, é o limite da culpa.

o A pessoa só pode ser punida se tiver agido com vontade de praticar o


crime ou, em casos excecionais, se tiver agido com falta de cuidado.
o Este princípio determina que a pena que a pessoa recebe deve ser
graduada em função da sua culpa concreta.
§ Se o seu ato foi muito censurável, a pena deve ser elevada.
§ Se o seu ato foi pouco censurável, a pena deve ser reduzida.

Eva Brás Pinho 21


2018/2019
Casos práticos:

1. O governo entendendo que o direito à segurança social é essencialmente


programático, decidiu baixar o valor das pensões mínimas de sobrevivência dos
reformados, de 220€ para 80€ em vista da redução do défice orçamental

Quid Iuris

O ónus da prova está do

Princípio da culpa em direito penal:

Não se podem estabelecer penas que não permitam a graduação da culpa concreta
das pessoas.

O Princípio da culpa deduz-se da dignidade da pessoa humanda

lado de quem restringe o direito.

O direito ao mínimo de existência é mais específico do que o direito à não


instrumentalização

R: a pessoa é um ser de necessidade económica uma vez que tem um corpo


que necessita de alimentar, proteger do frio, etc. Por isso, não podemos
negligenciar um mínimo económico que venha assegurar um bem-estar
também mínimo. É, por isso, evidente que neste caso se viola o direito a um
mínimo de existência.

2. António e Carlos que se encontravam a pescar enguias no rio Tâmega durante a


noite, foram detidos por dois guardas florestais e acusados do crime de pesca
ilegal nos termos do DL nº 44623 de 1962. O juiz do tribunal de Amarante aplicou
a pena máxima prevista na lei uma vez que nos termos do art 67º do referido
diploma, tendo sido o crime praticado de noite aplicar-se-ia automaticamente e
necessariamente a pena máxima.
Os dois rapazes recorram ao TC para invocar a inconstitucionalidade do dito
artigo 67º

Eva Brás Pinho 22


2018/2019
R:A dignidade da pessoa humana impõe que as pessoas só possam ser
punidas em função da sua culpa concreta.

3. O DL 5/2001 que continha o novo regime e actividade de segurança privada só


podiam contratar indivíduos que preenchessem os seguintes requisitos:
a. Terem nacionalidade PT
b. Não professarem a religião islâmica
Para o caso de violação desta disposição: aplicação às empresas
prevaricadoras, pelo inspetor geral do trabalho de uma coima de 2000 a 5000
€. O inspetor geral do trabalho, porém, tem dúvidas sobre se deve aplicar o DL
5/2001 e as coimas aí previstas, uma vez que o diploma é inconstitucional.

R: Três teorias:

o Prof. RM – qualquer membro da AP pode recusar a aplicação com


base na CRP
§ Quando desaplica, tem de informar o MP para suscitar um
processo de fiscalização da constitucionalidade
§ Tem de fundamentar essa decisão
o Prof. VdAndrade – só não se pode aplicar quando se trata em DLG
o Prof. JM – só se pode desaplicar quando houver DLG indicados no
art. 19º/6
§ JPS – acrescenta que se pode desaplicar a norma quando a
inconstitucionalidade se verifique num processo
sancionatório
Alínea a) – viola o art. 15º, quanto ao princípio da equiparação entre
estrangeiros e nacionais (não faz parte do art. 19º/6, logo tinha de ser
aplicado à luz da teoria de Jorge Miranda);

Alínea b) – viola art. 41º (ao abrigo de qualquer teoria não tem de ser
aplicado pela AP, por estar no art. 19º/6)

Eva Brás Pinho 23


2018/2019
4. André e Bento celebraram um contrato nos termos do qual André emprestava
100000€ a Bento, e Bento restituir-lhe-ia o dinheiro passados dois anos. Caso,
porém, Bento não pagasse, André poderia cortar-lhe os dedos da mão.
R: Teoria da eficácia mediata vs. imediata

o Imediata: pelo art. 18º/1 CRP, direitos fundamentais são


directamente aplicáveis, logo aplica-se o art. 25º
o Mediata - Violação do art. 280º CC: contrato é nulo por ser contrário
aos bons costumes – clausula de entrada de direitos constitucionais
na ordem jurídica (pela violação do art. 25º da CRP)

III
Força Normativa dos Direitos
Fundamentais

1. A aplicabilidade direta e vinculação das entidades


públicas e privadas

Artigo 18.º

(Força jurídica)

1. Os preceitos constitucionais respeitantes aos direitos, liberdades e garantias


sã o directamente aplicá veis e vinculam as entidades pú blicas e privadas.

2. A lei só pode restringir os direitos, liberdades e garantias nos casos


expressamente previstos na Constituiçã o, devendo as restriçõ es limitar-se ao
necessá rio para salvaguardar outros direitos ou interesses constitucionalmente
protegidos.

3. As leis restritivas de direitos, liberdades e garantias tê m de revestir cará cter


geral e abstracto e nã o podem ter efeito retroactivo, nem diminuir a extensã o e o
alcance do conteú do essencial dos preceitos constitucionais.
Eva Brás Pinho 24
2018/2019
Nº1

• Entidades públicas à legislador e AP


• Entidades privadas à pessoas individualmente consideradas e
pessoas coletivas
• São diretamente aplicáveis os preceitos constitucionais relativos a direitos,
liberdades e garantias
o Isto é uma remissão para os artigos 24º - 57º (relativos a direitos
pessoais, direitos políticos e direitos dos trabalhadores).

• DLG são esferas/direitos de defesa, ou liberdades negativas (salvaguarda do


espaço de liberdade – não interferência do outro ou do Estado), que são
salvaguardados através de uma abstenção de interferência por parte do
Estado ou de terceiros
o Diretamente aplicáveis, não exigem nenhuma prestação por
parte do Estado – não exigem nenhuma interpelação
legislativa
o Diferente dos direitos económicos sociais e culturais
o Direitos a prestações positivas do Estado, em situações de
vulnerabilidade
o Como implicam custos para o Estado, e que este determine os
termos em que os apoios devem ser concebidos não são, em
princípio, diretamente aplicáveis
o Direito ao apoio social por parte dos outros ou do Estado

• “Diretamente aplicáveis” à aplicam-se independentemente de


interposição legislativa.

o Esta aplicabilidade direta é uma conquista do pós-guerra. Foi pela


primeira vez consagrada na Lei Fundamental de Bona de 1949
(Constituição alemã).

o Constitucionalista alemão, Kruger: veio dizer que, a partir da


aprovação da constituição alemã, deixam de ser os direitos
fundamentais que giram em torno da lei, e passam a ser as leis a
girar em torno dos direitos fundamentais.

Eva Brás Pinho 25


2018/2019
o Durante todo o período do constitucionalismo até à 2ª GM, os
direitos fundamentais eram vistos como proclamações políticas,
como diretivas para o legislador
o Davam por admitido que o direito à vida era protegido pelas normas
penais que proibiam o homicídio.

o Ideia de que este catalogo de direitos é aplicado independentemente


das leis, para alem das leis e sobre as leis é uma ideia que aparece
apenas em Portugal com a constituição de 76

Regime:

1. Vincula entidades publicas e privadas + são diretamente aplicáveis à


art 18º n1

a) Entidades públicas
• Órgãos políticos – PR, AR e GOV:
o Devem no âmbito das relações internacionais reger-se pelo
princípio de amizade aos direitos humanos e, consequentemente,
aos direitos fundamentais – art.7º CRP
o Não ratificação de tratados internacionais que violem direitos
fundamentais
o Requerer a fiscalização da constitucionalidade – arts.277º a 283º
da CRP
o Podem ser apresentadas moções de censura ao governo por
parte dos deputados quando se entenda que o governo está a
violar direitos fundamentais
o O PR pode demitir o governo se entender que há uma prática
reiterada ou um programa de violação de direitos fundamentais
• Legislador – AR e GOV:
o O legislador está vinculado, nos termos do art.3º/3, aos direitos
fundamentais
§ O legislador deve evitar as violações de direitos
fundamentais

Eva Brás Pinho 26


2018/2019
§ O legislador tem o dever de aprovar normas que sejam
necessárias a concretizar direitos fundamentais
• Administração Pública:
o desde o Ministro até ao simples funcionário público
o Teoria tradicional ou da legalidade estrita:
§ Tradicionalmente, a AP estava vinculada estritamente à
lei, não podendo aplicar diretamente os direitos
fundamentais.
§ A AP nunca pode deixar de aplicar uma norma, nem com
base na violação de direitos fundamentais
ð O ato administrativo pode ser impugnado com
fundamento na violação de direitos fundamentais,
mas só junto dos tribunais com fundamento na
violação de direitos fundamentais – são os
tribunais que decidem, a AP limita-se a aplicar a lei.
ð Resulta de uma interpretação à contrário do art.
204º, logo, são os tribunais que podem recusar a
aplicação de normas por violação dos DF, logo a AP
não pode recusar
Ø Crítica: esta teoria não é aceitável
porque, nos termos do art.266º/2, a AP
está sujeita à lei e à CRP
o Teoria da constitucionalidade da AP (Prof. RM):
§ Qualquer norma que seja inconstitucional pode não ser
aplicada pela AP, mas com 3 limitações:
ð 1. Tem de ser um órgão do topo da hierarquia da
AP.
ð 2. Tem de haver especial fundamentação do ato
administrativo pela AP em que se explica porque é
que não se aplica a norma legal e se aplica a norma
constitucional.
ð 3. Caso não se aplique a norma legal com
fundamento em inconstitucionalidade tem de se
Eva Brás Pinho 27
2018/2019
comunicar ao Ministério Público para este abrir
um processo de fiscalização da constitucionalidade
nos tribunais.
§ Prof. António Cortês – concorda com esta visão, mas
restringe a possibilidade da AP não aplicar normas com
fundamento na sua inconstitucionalidade apenas em
relação aos DLG.
o Teoria do Prof. JM:
§ Só em três situações é que a AP pode recusar-se a aplicar
uma norma com fundamento na sua
inconstitucionalidade:
ð 1. Se estiverem em causa violações dos DLG
elencados no art. 19º/6
ð 2. Se houver uma declaração com força obrigatória
geral pelo TC
Ø Isto parece evidente – pode-se
considerar redundante
ð 3. Se estiver em causa uma lei que é inexistente
Ø Também é evidente: se a lei nem sequer
existe para o sistema jurídico como pode
a AP aplicá-la
o ex.: casos em que
não há
promulgação pelo
PR de uma lei
§ Prof. JPS acrescenta que a AP pode recusar-se a plicar uma
norma com fundamento na sua inconstitucional em mais
dois casos:
ð 1. Quando estão em causa processos
sancionatórios ou disciplinares
Ø ex.: aplicação de uma multa

Eva Brás Pinho 28


2018/2019
ð 2. Quando exista um precedente jurisprudencial
que tenha julgado inconstitucional determinada
norma no caso concreto
o Teoria do Prof. Vieira de Andrade:
§ a AP só pode recusar aplicação de normas com
fundamento na inconstitucionalidade se houver violação
de DLG e essa violação seja evidente
§ O Prof. António Cortez acrescenta – para a violação ser
evidente há dois critérios:
ð Ou haver precedente jurisprudencial que tenha
julgado inconstitucional determinada norma no
caso concreto
ð Ou tem de haver especial fundamentação do ato
administrativo pela AP em que se explica porque é
que não se aplica a norma legal e se aplica a norma
constitucional
• Tribunais:
o A vinculação reconduz-se à fiscalização da constitucionalidade –
arts. 204º e 277º a 283º

b) Entidades privadas:
• Os cidadãos e as pessoas coletivas de direito privado estão também
vinculados aos direitos fundamentais
• Como é que os direitos fundamentais vinculam as entidades privadas?
o Teoria da eficácia imediata:
§ Os DLG e de natureza análoga vinculam os particulares
diretamente como estão na CRP
ð Sem necessidade de serem concretizados pela lei
§ Problemas:
ð 1. Indeterminação das normas referentes a
DLG
ð 2. Autonomia: os DLG e análogos não podem
vincular os particulares como vinculam as
Eva Brás Pinho 29
2018/2019
entidades públicas, porque nas relações entre
privados temos de ter em conta a liberdade
contratual
Ø Os particulares podem dispor de um
direito fundamental de livre vontade
o Teoria da eficácia mediata:
§ Os DF só servem para interpretar conceitos
indeterminados e cláusulas gerais (bons costumes e
ordem pública) de normas legais

§ Problema – esta teoria não dá devida consideração de que


num Estado democrático a CRP valer não apenas como
interpretação da lei, mas também como critério de
validade dessas normas legais
o Teoria do efeito interpretativo e invalidante:
§ As normas relativas a DF aplicam-se essencialmente
para nos ajudar a interpretar as normas legais, mas
também podem servir para os próprios particulares
recusarem a aplicação de uma norma legal
§ Não se pode deixar de ter aqui em consideração as
considerações de autonomia dos particulares, isto é, a
vinculação das entidades privadas aos direitos
fundamentais nunca pode ser tão estrita como a
vinculação das entidades públicas
ð Isto porque nas relações entre privados vigora o
princípio da autonomia privada – limitado pelas
normas legais e pelas normas relativas a DLG

2. Só podem ser restringido em situações muito restritas à art 18º nº2 e


3
3. não podem ser suspensos exceto em estado de sitio ou emergência à
art 19ºnº1 e 3

Eva Brás Pinho 30


2018/2019
4. Existe um direito de resistência para defesa de direitos, liberdades e
garantias

o É no fundo o direito a opor-se a ordens ou ações que ponham em


causa os seus direitos, liberdades e garantias, quando não seja
possível recorrer em tempo útil as autoridades públicas ( ex:
tribunais)
o Esta dimensão tem um efeito reduzido porque à partida é possível
recorrer as autoridades públicas em tempo útil uma vez que os
tribunais têm faculdades relativamente céleres

5. Há um regime particularmente garantistico da responsabilidade do


Estado quando haja violação de DLG

o Se o estado os violar a constituição há um regime especifico


o A CRP estabelece um direito de indemnização para as pessoas
vítimas desta violação.

6. Há um regime orgânico consagrado nos artigos 164º e 165º b)


específicos dos DLG

o Alguns destes direitos são reserva absoluta da AR


o Aqueles que não são de reserva absoluta são de reserva relativa

7. A prevenção de crimes pela policia nos termos do art 272º nº3 só pode
ser feita com respeito pelos DLG

8. Os DLG são limite de revisão constitucional à art 278º d)

o O que não significa que nenhuma norma das DLG possam ser
alterados por revisão constitucional, singnifica apenas que não
podem alterados os princípios básicos
o Não pode ser revogado o art 32º
o Mas por exemplo, não choca dizer que as buscas a noite que eram
absolutamente probidas mudassem para serem permitidas em causo
extremo de terrorismo
o Deve salvaguardar-se o essencial mas pode have alterações em
pormenores, regras muito especificas

Direitos liberdades e garantias vs Direitos sociais, económicos e culturais:

Eva Brás Pinho 31


2018/2019
• Os direitos, liberdades e garantias são direitos de defesa ou liberdades
negativas, que são salvaguardados através de uma abstenção de
interferência por parte do Estado ou de terceiros

o Estes são diretamente aplicáveis porque não exigem


interposição do Estado e consequentemente não exigem uma
intervenção elgislativa

• Os direitos sociais, económicos e culturais são direitos a prestações


positivas do Estado. São apoios do Estado em situações de vulnerabilidade

o Ex: direito À reforma e subsídios de desemprego; direito À rede


pública de ensino gratuito
o Estes direitos como implicam custos para o Estado, bem como a
necessidade do Estado determinar os termos em que os apoios
devem ser concedidos, não são, em principio, diretamente aplicáveis

Artigo 17º CRP à Regime dos DLG

• Aplica-se aos arts. 24º a 57º e aos direitos de natureza análoga


• Regime dos DLG:
o São directamente aplicáveis e vinculam entidades públicas e privadas
o Só podem ser restringidos em condições muito estritas
o Só podem ser suspensos em estado de sítio ou de emergência
o Direito de resistência para defesa de DLG
§ Direito a opor-se a ordens ou ações que ponham em causa os
nosso DLG quando não seja possível recorrer em tempo útil à
entidade competente
• Efeito prático muito pouco recorrente
o Regime garantístico de responsabilidade do Estado quando haja
violação de DLG
§ Dever de indeminização de vítimas de violação de DLG
o Há um regime orgânico consagrado nos arts. 164º e 165º/b)
específico dos DLG
§ Reserva absoluta e relativa da AR

Eva Brás Pinho 32


2018/2019
o Prevenção de crimes pela polícia nos termos do art. 272º/3 só pode
ser feita no respeito pelos DLG
o DLG são limite de revisão constitucional – art. 288º/d)
§ Podem ser alterados alguns aspectos, mas não as bases dos
princípios
• O que são direitos de natureza análoga?
o Pode haver DLG fora do catálogo
o Direitos que tenham na estrutura liberdades negativas ou direitos de
defesa
o exs.: direito à propriedade privada, direito à livre iniciativa
económica, direito à saúde (cuidados de saúde tendencialmente
gratuitos – prestação positiva do Estado; mas também é idêntico ao
direito à integridade física na medida em que o Estado se abstenha de
prejudicar a minha saúde – dimensão negativa, direito análogo)

É muito comum confundir o artigo 17º com o artigo 16º, que é a cláusula aberta
dos direitos fundamentais:

a) Artigo 16º: há direitos fundamentais fora da constituição.


b) Artigo 17º: dentro dos direitos que estão na constituição, há uns que têm
um regime reforçado (DLG e os de natureza análoga).

Artigo 17.º

(Regime dos direitos, liberdades e garantias)

O regime dos direitos, liberdades e garantias aplica-se aos enunciados no tı́tulo II e


aos direitos fundamentais de natureza aná loga.

Eva Brás Pinho 33


2018/2019
Ø Este artigo dirige-se não exclusivamente aos direitos fundamentais enquanto
situações jurídicas compreensivas, mas sim aos direitos fundamentais
analiticamente considerados

Ø A aplicabilidade deste preceito deve atender-se a um critério estrutural

Para que se esteja perante um direito fundamental de natureza análoga:

• São direitos com a estrutura de liberdades negativa ou direitos de defesa


• Importa verificar se o direito tem o seu conteúdo essencialmente
determinado ao nível das opções constitucionais

• Se não depende da lei ordinária para se tornar líquido e certo

• Se a sua efetivação depende apenas da vontade política do Estado e não


de fatores que o Estado em grande medida não domina
o Isto possibilitado pelo facto da sua efetivação ser fáctica e
juridicamente realizável

São plenamente direitos destes como direitos de agir ou de exigir com eficácia
imediata:

• Art 20º nº1 nº 3º parte


• Art 21º
• Art 22º
• Qrt 23º
• Art 60º nº1
• Art 62º nº1 e 98º
• Art 61º e 86º
• Art 62º nºe e 65 nº 5
• Etc etc

Direitos fundamentais de natureza análoga embora com limitações e


concretizações dependentes de princípios e institutos constitucionais conexos ou
em zonas de fronteira com os direitos económicos, sociais e culturais:

• Art 20 nº2 1º parte


• Art 101º
• Art 63º nº2
• Art 60º nº3
• Art 65 nº5

Eva Brás Pinho 34


2018/2019
• Art 77 nº2
• Art 67p nº2
• Art 59º nº1 al a) e 3
• Etc etc

Direitos de natureza análoga (aos direitos, liberdades e garantias): são direitos


que têm a estrutura de liberdades negativas ou direitos de defesa.

Pode haver direitos que estejam no catálogo dos direitos sociais, económicos e
culturais, mas que devam beneficiar do regime dos DLG.

a) Exemplo 1: direito de propriedade (artigo 62º CRP):


o Em princípio, exige que o Estado não interfira nessa propriedade. Se
o Estado fizesse uma lei em que confiscasse os prédios aos
senhorios que não quisessem arrendar a casa, estaria a violar este
direito de propriedade.

b) Exemplo 2: direito de livre iniciativa económica (artigo 61º CRP):


o As pessoas não precisam do Estado para constituírem empresas.

c) Exemplo 3: direito à saúde.


o Tem uma dimensão de direito social quando a constituição prevê
cuidados de saúde tendencialmente gratuitos e quando prevê que o
Estado deve financiar os cuidados das pessoas quando estas não o
possam fazer. Exige que o Estado e terceiros se abstenham de
prejudicar a nossa saúde. A saúde não precisa de prestações
positivas do estado, precisa que o estado o regule.

d) Exemplo 4: garantias dos administrados (artigo 268º CRP).


o É um direito de defesa.

Ø A importância deste artigo é bem menos atualmente uma vez que se tende a
aplicar , ainda que com algumas adaptações, os princípios do art 18º nº1
aos direitos económicos, sociais e culturais:
• Princípio da proporcionalidade
• Princípio da confiança
• Princípio da tutela jurisdicional
• Principio da responsabilidade civil do Estado

Eva Brás Pinho 35


2018/2019
Princípios específicos dos direitos liberdades e garantias serão:

• Reserva de lei
• Carácter restritivo das restrições
• Carácter excecional de suspensão
• Princípio da autotelia através do direito de resistência
• Principio da responsabilidade criminal em caso de violação

Questão que se levanta:

O regime prescrito para o direitos liberdades e garantias não é um regime unitário:

• mas sim um regime que se distingue em regime material e regime


orgânico ( e formal)
o este último consiste na competência para legislar sobre a matéria
estar reservada à AR

• a questão é por isso de saber se, quando se estipula que o regime dos
direitos, liberdades e garantias se aplica aos enunciados no título II e
aos direitos fundamentais de natureza análoga, o preceito constitucional
se reporta só ao regime material ou abrange também o regime
orgânico

o A jurisprudência constitucional tem respondido que deve abranger


também o regime orgânico
o Arc. Nº373/91 do TC
§ “ cabem também na reserva e competência legislativa da AR,
por força de disposições combinados do arts 17º e 168º nº1
b), a intervenções legislativas que contendam com o núcleo
essencial dos “ direitos análogos”, por aí se verificarem
legislativa parlamentar no tocante aos direitos liberdades e
garantias”
o Conclui-se que segundo a jurisprudência constitucional a rerserva
comporta graus que não se limitam à distinção de bases e regime geral

o Assim, há graduações a começar pela que distingue os direitos,


liberdades e garantias por expressa qualificação constitucional e
aqueles que só o são por analogia

Há contudo criticas a questão posição:


Eva Brás Pinho 36
2018/2019
• Não se compreenderia que no mesmo art 165º se previsse o regime da
requisição e a expropriação por utilidade pública, seriam redundantes da
clausula geral
• Há alíneas do art 165º que atribuem competência legislativa
especifica em matérias atinentes a direitos, liberdades e garantias
como alina a) e c)
• A nível prático seria muito dificil de sustentar que aos direitos de natureza
análoga se aplicaria o regime orgânico de reserva relativa

o Sendo inadequado diferenciar estas pretensões essenciais das


que não o são para efeitos de determinação, se o seu regime
ficasse sujeito àquela reserva, tal iria acabar por exigir lei
formal para todos estes direitos

o No plano prático era impossível toda esta extensão da reserva da


competência legislativa uma vez que há uma lista muito larga desses
direitos

o Menos aceitável seria ainda de admitir que direitos fundamentais


criados por lei, de natureza análoga, tivessem de ser regulados por
lei da AR, sendo certo que lei formais em Portugal hoje são também o
DL e o DLR

Art 16º vs art 17º

Art 16º à trata do âmbito dos direitos e vem dizer que há mais direitos
fundamentais do que aqueles que existem na constituição

Art 17º à vem dizer que há um regime especifico para os DLR mas que este
regime se aplica aos direitos de natureza análoga

Vinculação dos DLG ao artigo 18 nº 1 e 17º:

• Entidades Públicas à pag 291 à 203º do livro


o Órgãos políticos
§ PR,AR , Governo
ð Não ratificação por partedo PR de tratados internacionais
que violem DLG
ð Requerer a fiscalização da constitucionalidade

Eva Brás Pinho 37


2018/2019
ð Podem ser apresentadas moções de censura ao governo
por aprte dos deputados se eles estiverem a violar direitos
fundamentais
ð O PR pode demitir o governo se considerar que o governo
atenta sistematicamente os DLG

o Legislador
§ AR, Governo e ALR
§ Vinculado pelo art 3º nº3 da CRP
§ Por um lado o legislador deve evitar violações ànão pode
aprovar normas que violem direitos fundamentais
§ Por outro lado, o governo tem o dever de aprovar normas que
sejam necessárias para a concretização dos direitos
fundamentais

o Administração
§ Desde o ministro até ao simples funcionário público
§ Antigamente dizia-se que a AP estava apenas vinculada à
lei e não diretamente à constituição
§ Esta alteração só faz com possa haver impugnação de atos
administrativos com base na violação de direitos
fundamentais
§ Retira-se do art 204º a contrario
ð Se são os tribunais que podem recusar a aplicação de
normas então não é a AP
ð A AP não pode recusar-se a aplicar leis por as
considerar inconstitucionais
ð Já nenhum autor defende esta teoria

§ Art 266 nº2 “ a AP esta sujeita à lei e à constituição”


ð O professor discorda da anterior tese baseando-se
neste artigo
ð O professor rui medeiros defende que a AP deve
poder recusar a aplicação de normas com base na
inconstitucionalidade
Ø Esta tese não cai no irrealismo de dizer que
qualquer funcionário pode desaplicar uma lei
sem mais
Ø O professor diz ate que a AP tem uma estrutura
hierárquica e que é importante conciliar a
legalidade com a exigência da
constitucionalidade

Eva Brás Pinho 38


2018/2019
Ø Não será assim o funcionário ao balcão que pode
desaplicar a lei mas sim o diretor geral
Ø Portanto serão só os superiores hierárquicos
que poderão desaplicar a lei

Ø O Professor Cortês aproxima-se do Prof Rui


Medeiros por considerar que deve bastar uma
boa fundamentação
Ø Discorda quando se trata da violação de direitos
meramente sociais ou de questões das regiões
autónomas, o prof entende que um órgão
administrativo não deve poder afastra uma
norma que não se trata exclusivamente de DLG
Ø Se não for DLG então o assunt deve ser tratado
nos tribunais
Ø Ou então, em ultiam instancia, o governo é o
órgão máximo da AP e poderá desencadear um
processo para eliminar esa norma

ð Quando se desaplica uma norma devido a


inconstitucionalidade, tem de haver fundamentação
ð Assim, o órgão que desaplicar deve comunicar ao
ministério público para que este possa criar um
processo de fiscalização
ð Há teorias intermédias
Ø Prof. Jorge Miranda + Jorge Pereira da Silva
→ Só em 3 situações é que a AP pode recusar a
plicar uma norma:
→ 1. Se não estiverem em causa quaisquer
direitos fundamentais mas sim os que são
especialmente importantes e estão elencados
no art 119º nº6
→ 2. Ter havido uma força com declaração
obrigatória geral
Professor acha esta teoria
redundante porque é um bocado
evidente que se for declarada
inconstitucional ninguém a pode
aplicar
→ 3. Leis inexistentes ( ex: leis que aina não foram
promulgadas)
→ Esta tese é mais próxima da teoria tradicional
→ O professor jorge pereira das silva acrescenta:
Eva Brás Pinho 39
2018/2019
1. Caso em que a lei que aplica uma multa é
considerada inconstitucional pela AP
2. Caso de precedente do TC mesmo que ainda
não tenha força obrigatória geral

Ø Prof. Vieira de Andrade


→ A AP pode recusar a aplicação de normas com
fundamento em inconstitucionalidade quando
haja violação de DLG e essa violação seja
evidente
→ Professor Cortês acrescenta para que essa
violação seja evidente:
→ 1. Haver um precedente do TC
→ 2. Através da fundamentação da AP

o Tribunais
§ Tribunais comuns ( comarca, relação,
supremo,administrativos) + TC

Em sentisse:

1. Teoria da legalidade estrita


• Teoria tradicional
• Não aprece compatível ao professor com o art 266 n2 da CRP

2. Teoria da constitucionalidade da AP
• Teoria do professor Rui Medeiros
• Qualquer norma que seja entidade pela AP como inconstitucional pode não
ser aplicada
• desde que se verifiquem os requisitos( órgãos de topo da hierárquica + se
cumpre um especial ónus de fundamentação + se omunicam ao MP a não
aplicação da norma para que levem o process a tribunal

3. Teorias intermedias
• Prof. Jorge Miranda + JPS
o Casos de direitos que estejam no art 19º nº6
o Norma não pertença ao sistema jurídico ( ser inexistente ou ter sido
declara inconstitucional por FBG)

• Prof JPS

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o Acresce às de cima estar-se pernte um processo sancionatório (
ex: multa) ou existir um precedente do TC que tenha considerado
a norma inconstitucional

• Prof. Vieira de Andrade


• Só pode desaplicar a norma quando estejam em causa DLG ( mas
qualquer deles e não apenas os do art 19º)
• Contudo a violação deve ser evidente
• A diferença para tese do prof Rui Medeiros é que ele aceita que a
violação seja de qualquer norma da constituição

Vinculação das entidades privadas: pg 203- 212

• 18º nº1 -à os cidadãos em geral e as pessoas coletivas de dto privado estão


vinculadas também aos direitos fundamentais \
• 3 teorias
1. Teoria da eficácia imediata
o Ideia de que os direitos fundamentais vinculam os particulares
diretamente
o Os particulares estão vinculados aos direitos fundamentais sem
necessidade de mediação da lei
o Gera dois problemas:
§ Émais fácil a um particular reconhecer e aplicar lei ordinário
do que po-los a regerem-se diretamente pelos DLG
§ Autonomia
ð devemos ter em conta a autonomia privada e
liberdade e que um particular pode por sua livre
vontade querer dispor de um direito fundamental (
ex:modelo que cede direitos de imagem
ð significa que a relação entre privados não deve ser tão
estrita como na relação entre privados com o Estado

2. Teoria da eficácia mediata


o Direitos fundamentais so servem para interpretar conceitos de
normas legais
o Não tem em consideração que num estado de direito
democrático a constituição não vale apenas como critério de
interpretação mas também como aplicação direta

3. Teoria do efeito interpretativo e invalideite


o As normas relativas a direitos fundamentais aplicam-se
essencialmente em primeira linha para nos ajudar a interpretar
as nrmas legais

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o Não se exclui contudo que possam servir para os próprios
particulares recusarem a aplicação de uma norma legal

2. Restrições legais aos direitos fundamentais


a) O juízo de proporcionalidade

1. Questão orgânica: se matérias de DLG poderiam ser tratadas por


regulamento
ð Art 165º nº1 b)—é de reserva relativa da AR, pode ser regulado
então por lei da AR, ou DL autorizado
o Só pode ser feito por lei ou DL, não por regulamento à art 18º nº2

ð Nota: Questiona-se se pode haver aspetos secundários de DLG que


possam ser regulados por regulamento, ou seja, caso os DLG são
poucos afetados se pode ser feito regulamento

v Ex: Regulamento da Câmara Municipal que proíba/sancione a


quem fizer grafites a prédios—afeta a liberdade de expressão,
mas não afeta de forma muito relevante e extrema essa
liberdade

2. Questão material: se esta norma é ou não conforme a constituição—art


18º

As restrições aos DLG têm determinados requisitos:


1. Tem de constar de lei
• Os requisitos do artigo 18º/3:
• A lei tem de revestir caráter geral e abstrato
o Ainda assim, uma norma numa matéria de reserva tem de ter densidade
normativa grande, para não haver grande margem de livre
apreciação aos órgãos aplicadores do direito, muito em especial
quando o órgão aplicador seja a administração pública

• Não pode ter efeito retroativo

2. Sejam autorizadas pela CRP

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o O art 47º permite expressamente que a liberdade de profissão pode ser
restringida em função da capacidade das pessoas e em função do interesse
geral

§ Este exame visa verificar se as pessoas têm capacidade para


ingressarem num estágio de advocacia que lhes dará acesso à
profissão e visa proteger um interesse geral de que só hajam
bons advogados com conhecimentos
§ Há uma autorização constitucional para esta restrição, não
basta haver autorização constitucional, há outros requisitos

3. Proporcionalidade

o As restrições têm que se limitar ao estritamente necessário para


salvaguardar outros direitos e interesses constitucionalmente
protegidos

o Temos que ver se esta norma é proporcional, logo temos que:

i. Se o meio é idóneo para atingir um fim legitimo:


§ tem de ser um direito ou um interesse constitucionalmente
protegido

ii. Necessidade da medida:


§ se é a menos oneroso de entre as igualmente eficazes, ou seja, se
não houver alternativa igualmente eficaz e menos onerosa

iii. Proporcional em sentido estrito:

§ o sacrifício do direito não é excessivo em vista ao direito ou


interesse a salvaguardar
§ ponderação de bens
§ fronteira entre esta medida e a anterior é muito ténue

4. Não podem afetar o conteúdo essencial do direito fundamental

o Trata-se de um núcleo duro do direito que não pode ser posto em


causa
o Não é fácil de definir, é um limite último às restrições. São proibições
absolutas à violação ao direito daquilo que tem de mais básico/elementar

o O alcance deste conteúdo tem de ser discutido no caso concreto


§ tem uma função sinalizadora do conteúdo essencial
§ não há um critério lógico para definir o conteúdo essencial

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§ JM: temos que atender à historia do direito, ao direito
comparado para verificar se é ou não afetado o conteúdo
essencial do direito—violar de uma forma flagrante o direito
v Ex: num direito à vida nunca se pode por
em causa a proibição do homicídio, da
liberdade de expressão a proibição à
censura
v Ex: havia uma norma que estabelecia
que a partir de agora ninguém pode
aceder à ordem dos advogados—
violaria o conteúdo essencial da
liberdade de profissão

§ Na prática normalmente, se passam o teste da


proporcionalidade, então não atinge o conteúdo essencial e vice-
versa

b) Outros requisitos das restrições

3. A proibição do défice

Prende-se com a questão de saber onde e quando existe um dever estadual de


proteção (isto foi abordado no contexto do acórdão da interrupção voluntária da
gravidez).
Existem três critérios para se verificar uma proibição do défice:

• 1. Importância do bem jurídico


o Quando o bem for de uma enorme grandeza
o ex.: vida ou integridade física
• 2. Fragilidade do bem jurídico
o Quando o sujeito de proteção for particularmente vulnerável e por
isso precise da proteção do direito
• 3. Quando o direito dispuser de meios eficazes para proteger esse bem
jurídico
o ex.: testamento vital (pessoa escolhe que quer morrer sem
acompanhamento médico)

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§ deve-se salvaguardar a liberdade das pessoas, mas também se
deve defender a importância dum bem jurídico como a vida

4. . Disponibilidade e renúncia
5. . A vinculação às concretizações legais dos direitos sociais

Principio da proibição do retrocesso social:


• Professor Gomes Canotilho
• Prof. Jorge Miranda
• Segundo estes, a construção programática impede o retrocesso
• Enquanto um direito social não está concretizado, o Estado tem uma
obrigação facere, de aprovar medidas legislativas que concretizem este
direito social, sob pena de haver uma inconstitucionalidade por omissão
• A partir do momento em que se concretiza o direito social, não poderá mais
abolit esse direito social sem a criação de alternativas equivalentes
• Este princípio foi pensado primeiro pelo Prof. GC e Prof. JM, mas que foi aceite
pelo TC
o Acórdão do inicio dos anos 80 que o TC aceita este princípio
• Mais tarde, Prof. GC e JM vem limitar a sua ideia de proibição ao retrocesso
social, ao núcleo essencial do direito

O Prof. VdAndrade, vem limitar os direitos sociais no seu conteúdo mínimo


o Defende que há uma resistência dos direitos sociais à alteração
§ A questão de direitos sociais não podem ser resolvidas através
da proibição do retrocesso dos direitos sociais

A resistência faz-se da seguinte forma:


• Quando os direitos sociais são alterados têm de respeitar o principio da
igualdade
• Têm de respeitar o principio da proteção da confiança
• Princípio do mínimo de existência

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o Mais básico do que o conteúdo mínimo dos direitos
o É o que permite a existência condigna das pessoas
• Os direitos sociais são diretamente aplicáveis no seu conteúdo mínimo,
segundo o professor vital moreira, e o seu conteúdo essencial segundo o
Prof Jorge Miranda à salvaguarda do mínimo social
o Este conteúdo mínimo dos direitos é atingir o próprio conteúdo da
dignidade da pessoa humana
o O mínimo de conteúdo vai além do mínimo de existencia

• Pode-se citar nesta matéria o acórdão 509/2002 do TC:


o Faz remissão para acórdão 39/1984 do TC
o Identificam-se dois momentos diferentes:
§ Antes de haver concretização legal do direito social
• O Estado incorre numa inconstitucionalidade por
omissão se não concretizar o direito e tiver situações
factuais para o fazer
§ Depois de haver concretização legal do direito social
• O Estado incorre numa inconstitucionalidade por ação
se eliminar esse direito já consagrado

A censura judicial, ou seja, situações em que o TC pode declarar inconstitucional


uma LN por violação de direitos sociais:

Problemas do princípio da proibição do retrocesso social:


1. Alternância democrática
• não considera que diferentes governos possam ter diferentes
opções em termos de proteção de direitos sociais
• Este princípio defende que, uma vez aprovado um direito social por
um governo, este não pode ser alterado pelo governo posterior
• Põe em causa a alternância democrática do poder

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2. Não tem em conta que as fases económicas mudam e nem sempre é
possível garantir as mesmas prestações sociais
• Nos anos 70 acreditava-se que as economias estavam sempre a
crescer
• Hoje em dia, há ciclos económicos, nomeadamente crises

3. Há o problema da constitucionalização de direitos fundamentais pelos


governos
• como se as alterações legislativas adquirissem força constitucional
o quando as alterações constitucionais exigem procedimentos
mais exigentes

Ø A questão de direitos sociais não podem ser resolvidas atráves da proibição


do retrocesso dos direitos sociais. Como diz o prof. Vieira de Andrade, há
uma resistência dos direitos sociais à alterações.

1. Quando a nova lei respeita a conformação legal dos direitos ou quando a


ofenda direitos adquiridos como concretizações constitucionais ou viole a
confiança digna de proteção constitucional
o Não podem ser retirados direitos retroativamente a posteriori
o Ex: alguém que se reforme aos 65 e a lei depois muda para os 67, aos
66 não deixa de continuar reformada
§ Se a pessoa njá
o Se alguém já recebeu ou há uma legítima expectativa de receber um
beneficio, uma LN que venha alterar essa situação tem que
demonstrar que há interesse público prevalecente

2. Quando seja patente ofensa ao princípio da igualdade, enquanto proibição


do arbítrio e da discriminação injusta
o Ex: uma pensão social ser diferente para a viúva mulher e o viúvo
homem

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o Ex: é atribuído o rendimento mínimo de inserção para todas as
pessoas maiores de 25 anos, e depois vem se retirar esse rendimento
para pessoas com menos de 45 anos

3. Quando se comprove a destruição pelo legislador do nível mínimo de


realização dos direitos exigidos pela dignidade da pessoa humana
o Ex: se de repente toda a gente tivesse de pagar os serviços de saúde,
mesmo os que não tivesse dinheiro para pagar
§ Atingia o art 64º CRP
o Mínimo de existência dos direitos é vinculativo para assegurar as
pessoas o que as pessoas já têm, já não será vinculativo se as pessoas
ainda não tivessem esses direito à votos vencidos

Ø Durante muito tempo falou-se na proibição do retrocesso social, mas mais


tarde aceitou-se uma teoria no sentido do Professor Vieira de Andrade

Acórdão 39/84
• vem dizer que antes de haver uma concretização legal de um direito social
há uma inconstitucionalidade por omissão
• contudo, o professor viera de andrade entende que o principio do
retrocesso é constitucionalizar um direito, algo que este considera
inaceitável
• Há bens que são impenhoráveis para garantir o mínimo de vida condigno

Partes de um acórdão:
1. Relatório
2. Fundamentação
3. Decisão
4. Declaração de voto ( votos de vencido)

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IV
Isonomia dos Direitos Fundamentais

1. A igualdade como princípio e como direito


Princípio da igualdade

• Artigo 13º CRP:

o Nº1: enunciado geral da igualdade.

o Nº2: presume-se que não têm fundamento material bastante as distinções


em função do sexo, raça, religião, convicção política, orientação sexual,
ascendência e território de origem.

§ Estes dois últimos são critérios que servem para atribuir a


cidadania portuguesa, nos termos da Lei da Cidadania.
§ É permitida uma diferenciação em função do território de origem e
da ascendência quando esta distinção seja suficientemente
relevante para justificar a atribuição da cidadania.
§ O princípio da universalidade e da equiparação, de acordo com o
qual os cidadãos nacionais têm por princípio, os mesmos direitos
que os cidadãos estrangeiros, compensa esta possibilidade de
diferenciação.

a) Igualdade entre homens e mulheres


A consagração da igualdade em função do sexo está no art. 13º/2

• Ver texto da prof. Maria da Glória Garcia


• Hoje em dia existe ainda uma disparidade na igualdade de género
o Exemplos:
§ A nível laboral
§ A nível político

b) A não discriminação em razão da orientação sexual


Caso prático
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Para além do princípio da igualdade, está em causa o direito à liberdade de
consciência, à objeção de consciência, à liberdade de expressão e à religião.

• Princípio da igualdade: existe uma discriminação em função da


orientação sexual, que viola este princípio, já que o pasteleiro se recusa a
contratar com o casal homossexual devido à sua orientação sexual.
o Pode também entender-se que o pasteleiro não está a discriminar as
pessoas pelo facto de serem homossexuais, mas sim pelo facto de
não aceitar escrever a mensagem pedida.
§ Se aceitássemos esta última hipótese, então estaria em causa
o direito à liberdade de consciência, à objeção de consciência,
à liberdade de expressão e à liberdade de religião, do
pasteleiro.
§ Prof. António Cortês: é uma violação da liberdade de
expressão obrigar as pessoas a escrever uma mensagem com
a qual não concordam.
§ Há uma necessidade de compatibilizar a liberdade (de
consciência e de expressão) e a igualdade (não discriminação
em função da orientação sexual).

NOTA: Hoje em dia, há cerca de 70 países que punem criminalmente a


homossexualidade.

c) Igualdade na contratação pública e privada

2. Os princípios da universalidade e equiparação

a) Direitos dos cidadãos

Princípio da universalidade

• Está consagrado em termos muitos gerais no artigo 12º da CRP.


• A ideia de universalidade dos direitos fundamentais à todos os cidadãos gozam
de todos os direitos e estão vinculados a todos os deveres consagrados na CRP à
art 12º
Há direitos que a CRP reserva exclusivamente aos cidadãos portugueses:
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• Direito à proteção diplomática
• Direito a não ser expulso e extraditado do território nacional – art. 33º CRP
Há direitos que a CRP reserva exclusivamente aos cidadãos estrangeiros:

• Direito de asilo – art. 33º/8


b) Direitos das pessoas coletivas

Nos termos do art.12º/2 as pessoas coletivas também gozam de direitos e estão


adstritas aos deveres compatíveis com a sua natureza.

c) Direitos dos estrangeiros

Princípio da equiparação

Ø Está consagrado no artigo 15º da CRP.


Ø Os direitos dos cidadãos estrangeiros devem ser exercidos nas mesmas
condições que os cidadãos portugueses. Estes são:
• Direitos pessoais.
o Exemplo: liberdade de exercício da profissão.
• Direitos dos trabalhadores.
• Direitos económicos.
• Direitos sociais.
o Os cidadãos estrangeiros têm estes direitos nas mesma as condições
que os cidadãos portugueses. É necessário que estejam inscritos,
por exemplo, no SNS, na Segurança Social, ...

O artigo 15º/2 abre exceções ao princípio da equiparação:

• Direitos políticos (artigos 48º - 52º).


• O exercício de funções públicas que não tenham caráter
predominantemente técnico.
o 3 tipos de funções que não têm caráter iminentemente técnico:
§ Cargos políticos.
• Exemplo: Secretário de Estado.
§ Cargos em órgãos de soberania, mesmo que não tenham
natureza política.
• Exemplo: juízes.
§ Funções que exijam uma especial fidelidade ao Estado
português.

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• Exemplo: funções na carreira diplomática ou no
exército.

• Direitos reservados exclusivamente a portugueses:


o Direito à proteção diplomática:
§ Artigo 33º/1,3: direito a não ser expulso nem extraditado do
território português.

O artigo 15º/3,4,5: estabelecem exceções à exceção aos direitos políticos:

• Nº3:Estados de língua oficial portuguesa

o Ou seja, Estados da CPLP, desde que tenham residência permanente


em Portugal, e desde que os portugueses tenham igualmente estes
direitos nesses países, estabelecidos por lei ou convenção
internacional.
o Na prática, isto só sucede em relação ao Brasil ou Cabo Verde.
o Estes cidadãos podem gozar de todos os direitos políticos exceto do
direito a serem eleitos para PR, presidente da AR, Primeiro Ministro,
Presidente dos Supremos Tribunais Administrativos ou de Justiça e
não podem integrar a carreira diplomática e o exército.

• Nº4: Brasil e países da UE


o a lei atribui a cidadãos estrangeiros o poder de votarem, não para
órgãos de soberania, mas para as autarquias locais.
o Isto sucede em relação aos países da CPLP, que o permite em
condições de reciprocidade; e em relação aos países da União
Europeia.

• Nº5 : Países UE
o relativamente ao Parlamento Europeu, há direito da União
Europeia que estabelece que todos os cidadãos da União Europeia
podem votar nas eleições para o Parlamento Europeu mesmo que
residam noutro estado da União Europeia.

Direito de asilo: só existe para os cidadãos estrangeiros.

3. Haverá direitos das gerações futuras? à não sai no


exame
• A nossa ação presente pode ter repercussões profundas no futuro
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• Professora Paula botelho sugere que no artigo 1º da CRP devia vir logo
expresso a necessidade de nos pautarmos por uma conduta com
solidariedade intergeracional

• Exemplos de (in)justiça intergeracional:


o Contrairmos uma divida de tal modo grande que quem fica a pagar
essa divida não são as gerações presentes mas as gerações futuras
§ Troika e défice
§ Tem por isso de se respeitar o equilíbrio orçamental

o Direito do ambiente à aquilo que destruímos hoje em dia do


ambiente, estamos a destruir também para as gerações futuras que
não tiraram sequer proveito daquilo que se retirou desse destruição
§ Há indústrias a destruir a fauna e a flora

Exame:
Teste:

- o que são direitos fundamentais?

- decorar as duas definições

Quais as gerações?:

1. Direitos civis e políticos


- direitos pessoais e de participação política
2. Os direitos laborais e sociais
3. Os direitos ambientais e da era tecnológica

Direitos de liberdades e abstenção por parte do estado à DLG

Direitos sociais à prestações positivas do estado, atarvésda organização de servuços como a o


SNS e o sistema nacional de educação

Quer atarves da concessão direita de prestações sociais com o subsidio de desemprego e o


rendimento social de inserção

DUDH é parâmetro de interpretação e integração da constituição

Proibições:

- da pena de prisão perpetua

- da tortura
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- mesmo as buscas que violem a privacidade do domicilio exigem um mandato especifico do
juiz

Conceito de estado de direito fundamentais

Prof JPS e rui medeiros + opinião do prof (. Catalogo alargado e aberto de direitos
fundamentais + especial força jurídica destes direitos + controlo critico do poder publico em
vista da defesa dos direitos fundamentais)

Kruger à quando foi consagrada a aplicabilidade direta dos direitos fundamentais, vem dizer
que passa a ser a lei a girar em torno dos dtos fundamentais e não o contrario

- clausula aberta 16º

Ir mais pelo caminho dos direits implícitos do que pela clausula aberta para considerarmos
direitos não expresso na constituição como direitos fundamentais à ex: direito ao silencio que
esta dentro do direito à presunção de inocência

Ireito ao rendimento social de inserção à esta numa lei mas considera-se implícito ao direito
fundamental da dignidade humana

- liberdade de associação politica

- acesso a função publica e proibição da violação do principio da igualdade

- direito à segurança no emprego

- ver as razões de despedimento com justa causa

Direito ao esquecimento e direito da ressocialização à resultam da clausula aberta

Principio da dignidade da pessoa humana à saber formula e durig

A formula kantiana é mais feliz porque nesta formula não se exclui que a pessoa se coloque
solidariamente ao serviço de outras

Vinculação das entidades publicas e privadas

6 requisitos das restrições:

1. Restrição tem de ter carácter legal ( constar de lei)


- essa lei tem de ter densidade normativa suficiente

2. A resrtrição tem de estar constitucionalmente autorizada


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3. A restrição tem de ser proporcional
4. Salvaguarda do núcleo essencial
- proibição das fromas hsitoricas de ofensas do estado aos dtos fundamentais
Ex: proibição da pena de morte é conteúdo essencial do direito a vida
Proibição da censura é conteúdo essencial do direito à liberdade de expressão
Proibição da tortura é conteúdo essecial do direito à integridade física
No fundo é atingir o limite
5. Caracter geral e abstrato das restrições
6. Não retroatividade das restrições

Situações em que há deveres de proteção do estado:

1. Bem a proteger seja de primeira grandeza ( vida, saúde)


2. Quando o sujeito ou objeto de proteção for particularmente vulnerável
3. Existência e meios eficazes

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