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Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
§3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em
cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004).
V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo;(Incluído pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004).
Não deixo de conferir, no entanto, assentadas tais premissas, significativo relevo ao tema
pertinente à "reserva do possível" (STEPHEN HOLMES/CASS R. SUNSTEIN, "The Cost of
Rights", 1999, Norton, New York), notadamente em sede de efetivação e implementação
(sempre onerosas) dos direitos de segunda geração (direitos econômicos, sociais e culturais),
cujo adimplemento, pelo Poder Público, impõe e exige, deste, prestações estatais positivas
concretizadoras de tais prerrogativas individuais e/ou coletivas.
É que a realização dos direitos econômicos, sociais e culturais - além de
caracterizar-se pela gradualidade de seu processo de concretização -
depende, em grande medida, de um inescapável vínculo financeiro
subordinado às possibilidades orçamentárias do Estado, de tal modo que,
comprovada, objetivamente, a incapacidade econômico-financeira da
pessoa estatal, desta não se poderá razoavelmente exigir, considerada a
limitação material referida, a imediata efetivação do comando fundado
no texto da Carta Política.
pretensão de resistência à
•
intervenção estatal ou direitos de defesa.
• 3.3 Status positivo ou civitatis
• O status positivo ou civitatis é aquele em que o indivíduo tem o
direito de exigir do Estado o cumprimento de determinadas
prestações positivas que visem a satisfação de necessidades.
• Representa os direitos de cunho positivo. Direitos que em algumas
situações o indivíduo pode exigir do Estado uma prestação, ou seja,
que atue em seu favor.
• O indivíduo está inserido no status positivo quando lhe é reconhecida
“a capacidade jurídica para recorrer ao aparato estatal e utilizar as
instituições estatais” (Jellinek).
• 3.4 status ativo ou activus
• é aquele em que o indivíduo tem a possibilidade de participar de forma
ativa na formação da vontade política do Estado, ou seja, participar
como membro da comunidade política na condição de cidadão.
• Exemplo: o direito de voto. Através dele, o indivíduo exerce seus
direitos políticos.
4. As grandes teorias acerca
dos direitos humanos
• 4.1 Direitos Humanos para o jusnaturalismo
• Apesar da pluralidade de concepções jusnaturalistas, elas se coincidem por
afirmar a existência de postulados jurídicos anteriores e justificadores do
Direito positivo.
• Assim, o processo de positivação dos direitos humanos (transformando-os em
direitos fundamentais), não passa de uma consagração normativa de exigências
que são prévias à própria positivação.
• A positivação assume nítida natureza declaratória.
• o jusnaturalismo defende a existência de direitos naturais do indivíduo que
são originários e inalienáveis, em função dos quais, e para sua segurança,
concebe-se o Estado.
• 4.2 Direitos humanos e positivismo
• Para a concepção positivista do Direito, que identifica este com a lei posta,
formalmente falando, qualquer tentativa de colocar normas válidas
anteriormente ao aparecimento do Direito seria inconcebível.
• A corrente jusnaturalista é encarada como metafísica, imbuída de uma concepção
transcendental ao Direito e, por isso mesmo, desconectada deste.
• Na teoria positivista, a ideia de direito pressupõe sua positivação.
• A positivação possui caráter constitutivo.
• 4.3 Direitos humanos e teoria realista
• Este grupo é composto pelos que não outorgam ao processo de positivação um
significado declaratório de direitos anteriores (tese jusnaturalista), ou constitutivo
(tese positivista), mas entendem que tal processo pressupõe um elemento diverso, que
deve ser considerado para o efetivo e real desfrute desses direitos.
• “Enquanto o jusnaturalismo situa o problema da positivação dos direitos humanos no
plano filosófico e o positivismo no jurídico, para o realismo se insere no terreno
político, ainda que também, como se verificou, outorgue uma importância decisiva às
garantias jurídico-processuais de tais direitos” – Pérez Luño
5. Características dos Direitos
Fundamentais
• A) Universalidade
• Aponta a existência de um núcleo mínimo de direitos que deve estar presente
em todo lugar e para todas as pessoas, independentemente da condição
jurídica, ou do local onde se encontra o sujeito.
• Diz respeito à titularidade: são detentores dos direitos fundamentais toda a
coletividade (a priori todos os indivíduos, independente da nacionalidade,
raça, gênero ou outros atributos).
• Observação: Nem todos os direitos podem ser universalmente realizados por todas as
pessoas. É perfeitamente factível que a Constituição limite aos detentores de certas
particularidades o exercício de algumas prerrogativas. Por exemplo: ser cidadão,
nacional, trabalhador, pessoa física, dentre outros atributos.
•“Os direitos fundamentais não nascem todos de uma só vez. Nascem quando
devem ou podem nascer. Nascem quando o aumento do poder do homem sobre o
homem cria novas ameaças à liberdade do indivíduo ou permite novos remédios para
as suas indigências: ameaças que são enfrentadas através de demandas de limitação
de poder; remédios que são providenciados através da exigência de que o mesmo
poder intervenha de modo protetor”. - Norberto Bobbio
• C) Inalienabilidade/Indisponibilidade
• C.1) Inalienabilidade: trata-se da impossibilidade jurídica de um indivíduo alienar
um direito fundamental seu transferindo-o para outro titular (É a transferência do
domínio de coisa ou gozo para outrem).
• Inalienável é um direito ou uma coisa em relação a que estão excluídos quaisquer atos
de disposição, quer jurídica – renúncia, compra e venda, doação –, quer material
– destruição material do bem.
INALIENABILIDADE × INDISPONIBILIDADE
Liberdade
de
Locomoção
(CF 88, art.
5º, XV)
• XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer
pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;
• LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar
ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por
ilegalidade ou abuso de poder;
• LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de
transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;
• OBSERVAÇÃO. DIREITOS FUNDAMENTAIS X GARANTIAS FUNDAMENTAIS
E REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS.
• “Não basta que um direito seja reconhecido e declarado, é necessário garanti-lo, porque
virão ocasiões em que será discutido e violado“ – Maurice Hauriou.
• a Constituição de 1988 prevê como tais o habeas corpus (art. 5º, LXVIII), o mandado
de segurança (art. 5º, LXIX), o mandado de injunção (art. 5º, LXXI), o habeas
data, (art. 5º, LXXII), e a ação popular (art. 5º, LXXIII).
• Observação: parte da doutrina também elenca o Direito de petição (art. 5º, XXXIV,
"a", CF/88, c/c Lei nº 4.898/1965) e o Direito à obtenção de certidões (art. 5º, XXXIV,
"b", CF/88; c/c Lei nº 9.051/1995) como remédios constitucionais de natureza
administrativa (não-jurisdicional).
• Art. 5º, LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar
ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou
abuso de poder;
• Art. 5º, LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e
certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela
ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no
exercício de atribuições do Poder Público;
• Art. 5º, LXXII - conceder-se-á habeas data: a) para assegurar o conhecimento de
informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados
de entidades governamentais ou de caráter público; b) para a retificação de dados,
quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
• Art. 5º, LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma
regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das
prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania;
• I) Complementaridade
• Direitos fundamentais não são interpretados isoladamente, de maneira estanque;
ao contrário, devem ser conjugados, reconhecendo-se que compõem um sistema único -
pensado pelo legislador com o fito de assegurar a máxima proteção ao valor "dignidade
da pessoa humana”.
• Essa complementaridade é mais perceptível nos direitos denominados cumulativos.
• Exemplo:
• Art.
5º, §1º, CF/88: “As normas
definidoras dos direitos e garantias
fundamentais têm aplicação
imediata”.
• 6.2 Correntes acerca da aplicabilidade
• 1ª CORRENTE)
• Os direitos fundamentais só têm aplicação imediata se as normas que os definem
são completas na sua hipótese e no seu dispositivo (Manoel Gonçalves
Ferreira Filho e André Ramos Tavares).
• “É facilmente percebida a existência de normas constitucionais
consagradoras de direitos fundamentais "não bastantes em si" e essa
tão divulgada "aplicação imediata" "tem por limite a natureza das
coisas". – Manoel Gonçalves Ferreira Filho
•“Não há como pretender a aplicação imediata, irrestrita, em sua
integralidade, de direitos não definidos de maneira adequada, cuja
própria hipótese de incidência ou estrutura ficam claramente a
depender de integração por meio de lei". – André Ramos Tavares
• 2ª CORRENTE)
• Os direitos fundamentais são dotados de aplicação imediata, mesmo se a norma que
o prescreve é de cunho programático. Portanto, esses direitos devem ser
imediatamente consubstanciados, mesmo não havendo a interposição legislativa.
• Defendem esse ponto de vista juristas como: Eros Grau, Flávia Piovesan, Dirley
da Cunha e Luís Roberto Barroso.
• 3ª CORRENTE)
• Alguns autores adotam uma posição intermediária. Para eles, apesar da
aplicabilidade imediata ser regra, há situações em que não há como dispensar uma
concretização pelo legislador (por exemplo, no caso de alguns direitos sociais).
• Segundo esses autores (Ingo Sarlet, Celso Bastos, José Afonso e Gilmar
Mendes), a norma do art. 5 § 1º da CR/88 determina um mandado de otimização (uma
norma princípio), que impõe aos órgãos estatais a obrigação de reconhecerem a maior
eficácia possível aos direitos fundamentais, gerando uma presunção em favor
da aplicabilidade imediata das normas que definem direitos.
• REGRA GERAL: As normas definidoras dos direitos e garantias
fundamentais têm aplicação imediata.
• Acesso ao Judiciário: Art. 5º, XXXV, CF/88 – “a lei não excluirá da apreciação do
Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”.
• Garantia do Júri: Art. 5º, XXXVIII, CF/88 – “é reconhecida a instituição do júri,
com a organização que lhe der a lei, assegurados: a) a plenitude de defesa; b) o sigilo
das votações; c) a soberania dos veredictos; d) a competência para o julgamento dos
crimes dolosos contra a vida”.
• A plenitude de efeitos dessas normas depende da ação normativa do legislador,
pois essas normas constitucionais caracterizam-se por uma baixa densidade
normativa.
7. Dimensões subjetiva e
objetiva dos Direitos
Fundamentais
• Os Direitos Fundamentais possuem uma dupla perspectiva: uma subjetiva e
outra objetiva, significando que referidos direitos são, a um só tempo, direitos
subjetivos e elementos fundamentais da ordem constitucional objetiva.
• Interpretação Extensiva
Nada obstante, a doutrina mais recente e a Suprema Corte têm realizado
interpretação do dispositivo na qual o fator meramente circunstancial da
nacionalidade não excepciona o respeito devido à dignidade de todos os homens, de
forma que os estrangeiros não residentes no país (turista), assim como os
apátridas, devam ser considerados destinatários dos direitos fundamentais.
• Nesses termos, de forma extensiva (interpretação extensiva) o próprio STF, em
sua jurisprudência, já no início dos anos 90, reconheceu que os estrangeiros, mesmo
que não residentes no país, a condição de destinatários – não de todos – mas de
alguns dos direitos fundamentais consagrados pela Constituição de 1988.
STJ súmula nº 227 - "A pessoa jurídica pode sofrer dano moral”.
• Alguns direitos, inclusive, são conferidos direta e exclusivamente às pessoas
jurídicas:
Exemplos:
Direito de não interferência estatal no funcionamento de associações (art. 5°, XVIII,
CF/88).
Direito de não serem compulsoriamente dissolvidas, salvo por decisão judicial transitada
em julgado (art. 5°, XIX, CF/88).
• Garantias Fundamentais do Contribuinte e a
Observação 1:
Pessoa Jurídica
• Existe entendimento doutrinário e jurisprudencial de que as limitações do poder
de tributar impostos ao Estado (artigos 150 a 152, CF/88) também constituem
direitos aplicáveis às pessoas jurídicas, quando estas se apresentam enquanto
sujeitos passivos da relação tributária.
• Exemplo:
Exemplos:
Garantias que dizem respeito à prisão (art. 5º, LXI e seguintes, CF/88).
Direitos políticos, como o dever de votar e o de ser eleito a cargo político (Artigos 14 ao
16, CF/88).
Direitos Sociais como o de assistência social.
• HABEAS CORPUS PARA PESSOA JURÍDICA? (CESPE - 2012 - MPE-PI - Promotor de
Justiça).
• Conforme o STF, ainda que a pessoa jurídica seja acusada de crime ambiental, esta não pode ser
paciente (beneficiária) de habeas corpus, eis que, ainda que condenada, a pessoa jurídica,
por razões de ordem lógica, não receberá uma pena privativa de liberdade (não será presa), sendo
reprimida com outras espécies de sanção penal. Como o habeas corpus tutela a liberdade de
ir e vir, não haveria qualquer sentido em admitir o pedido. Nesse sentido: (...) 1. O
habeas corpus é via de verdadeiro atalho que só pode ter por alvo - lógico - a "liberdade
de locomoção" do indivíduo, pessoa física. E o fato é que esse tipo de liberdade espacial
ou geográfica é o bem jurídico mais fortemente protegido por uma ação constitucional.
Não podia ser diferente, no corpo de uma Constituição que faz a mais avançada democracia
coincidir com o mais depurado humanismo. Afinal, habeas corpus é, literalmente, ter a posse
desse bem personalíssimo que é o próprio corpo. Significa requerer ao Poder Judiciário um salvo-
conduto que outra coisa não é senão uma expressa ordem para que o requerente preserve, ou,
então, recupere a sua autonomia de vontade para fazer do seu corpo um instrumento de
geográficas idas e vindas. Ou de espontânea imobilidade, que já corresponde ao direito de nem ir
nem vir, mas simplesmente ficar. (...) Pessoa Jurídica que somente poderá ser punida com multa e
pena restritiva de direitos. Noutro falar: a liberdade de locomoção do agravante não está, nem
mesmo indiretamente, ameaçada ou restringida. (HC 88747 AgR, Relator: Min. Carlos Britto,
Primeira Turma, julgado em 15/09/2009).
9. Eficácia dos Direitos
Fundamentais nas Relações
Privadas (Eficácia Horizontal)
• 9.1 Definição
• Doutrina liberal clássica (Constitucionalismo moderno/
Direitos Fundamentais de 1ª Geração):
Indivíduo
• A Teoria da Eficácia Vertical dos Direitos Fundamentais diz respeito à
aplicabilidade desses direitos como limites à atuação dos governantes em
favor do governado, em uma relação vertical entre Estado e indivíduo,
como uma forma de proteção das liberdades individuais (direitos fundamentais de
primeira geração) e de impedir interferência estatal na vida privada.
• Entretanto, a constatação de que a opressão e a violência contra os indivíduos são
oriundas não apenas do Estado, mas também de múltiplos atores privados, fez
com que a incidência destes direitos fosse estendida ao âmbito das relações
entre particulares.
• Art. 826 do BGB (Cláusula Geral/Aberta): “todo aquele que, por ação imoral, causar
dano a outrem, se obrigará a uma prestação negativa (deixar de fazer algo, no caso, a
conclamação ao boicote), sob cominação de uma pena pecuniária”.
• No Brasil, Daniel Sarmento , Ingo Wolfgang Sarlet e Luís Roberto Barroso defendem
essa teoria.
• INTERPRETAÇÃO MAIS COMPATÍVEL COM OS OBJETIVOS DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 88.
• Segundo os autores, não há no texto constitucional brasileiro nada que sugira a ideia
de vinculação direta aos direitos fundamentais apenas dos poderes públicos. Ao
contrário, a linguagem adotada pelo constituinte na estatuição da maioria das
liberdades previstas no art. 5º do texto magno transmite a ideia de uma
vinculação passiva universal.
• A Constituição Federal de 1988 dispõe que a República Federativa do Brasil tem
como um dos seus objetivos a busca da redução das desigualdades sociais e
da construção de uma sociedade justa e solidária. É uma Constituição
progressista, que visa promover a liberdade, a justiça e a emancipação social
dos excluídos.
• “Art. 3º, CF/88: constituem objetivos fundamentais da República Federativa do
Brasil: III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades
sociais e regionais”;
SOCIEDADE (BRASILEIRA) INJUSTA E ASSIMÉTRICA.
• a sociedade brasileira é muito mais injusta e assimétrica do que as da Alemanha,
dos Estados Unidos ou qualquer país desenvolvido, justificando, em nosso país, um
reforço na tutela dos direitos humanos no campo privado, onde reinam a opressão e a
violência.
• Nesse sentido, só existirá efetivamente autonomia privada quando o agente
tiver mínimas condições materiais de liberdade, o que não ocorre na maioria
dos casos, em que a manifesta desigualdade entre as partes obsta, de fato, o exercício
dessa autonomia.
• NECESSIDADE DE PONDERAÇÃO, MESMO NA EFICÁCIA HORIZONTAL
DIRETA.
• Luís Roberto Barroso explica que, no processo ponderativo, devem ser observados os
seguintes fatores:
• 1) igualdade ou desigualdade material entre as partes;
• 2) manifesta injustiça ou falta de razoabilidade de critério;
• 3) preferência pelos valores existenciais em detrimento dos meramente
patrimoniais;
• 4) risco para a dignidade da pessoa humana.
• Qual se aplica no Brasil?
• Sem dúvida, o Brasil vem adotando, tanto doutrinária quanto
jurisprudencialmente, a posição europeia do manuseio dos direitos
fundamentais nas relações privadas (eficácia horizontal).
• Porém, ainda não há na jurisprudência do STF uma teorização (fundamentação
teórica) sobre os limites e alcances dessa aplicação, ou seja, sobre o campo de
incidência dos direitos fundamentais de forma direta (imediata) ou indireta (mediata)
nas relações privadas.
• Apesar da falta de uma construção teórica específica, o STF vem aplicando, em
alguns casos, de forma DIRETA (Teoria da eficácia horizontal direta) os
direitos fundamentais nas relações privadas.
• Exemplos:
• 1) RE nº 158.215/RS
• Nesse caso, julgado em 30/04/96, o Supremo Tribunal Federal considerou a expulsão
de associados de uma cooperativa sem a observância do direito adequado de
defesa e do devido processo legal como violações aos direitos fundamentais
previstos constitucionalmente.
• Ementa:
• as relações privadas nem sempre se apresentam de forma igualitária, sendo bastante comum
encontrar situações em que os particulares estão em posições bastante desiguais. Os maiores
exemplos estão nas relações de trabalho e de consumo onde o poder econômico das pessoas
jurídicas pode ocasionar violações aos direitos fundamentais dos trabalhadores/consumidores,
estes que são a parte fraca da relação.
• Foi justamente a partir destas relações que o autor Sergio Gamonal desenvolveu a teoria
da eficácia diagonal dos direitos fundamentais que consiste na necessária incidência e
observância dos direitos fundamentais em relações privadas (particular-particular) que
são marcadas por uma flagrante desigualdade de forças, em razão tanto da hipossuficiência quanto
da vulnerabilidade de uma das partes da relação.
• Conforme GAMONAL (2011) “Na eficácia diagonal dos direitos fundamentais no
contrato de trabalho a racionalidade acerca do objeto se vincula com o fim perseguido
pelo contrato de trabalho enquanto prestação de serviço sob subordinação que, afinal,
não pode alterar direitos fundamentais de uma das partes pelo único objetivo econômico
do contrato ou da atividade empresarial. A livre iniciativa econômica e o direito de
propriedade não podem desprezar outros direitos básicos dos trabalhadores em uma
sociedade democrática, exceto em casos muito excepcionais e sempre que se cumpram os
requisitos que expusemos nas linhas anteriores.” (Cidadania na empresa e eficácia
diagonal dos direitos fundamentais. São Paulo: LTr, 2011, p. 33).
• Referência:
• Gamonal Contreras, Sergio. Cidadania na empresa e eficácia diagonal dos direitos
fundamentais. São Paulo: LTr, 2011
10. Vinculação dos Poderes
Públicos
• O fato de os direitos fundamentais estarem previstos na Constituição torna-os
parâmetros de organização e de limitação dos poderes constituídos.
Ação Direta de
Inconstitucionalidade
Mandado de Injunção
por Omissão (Art. 103,
(art. 5º, LXXI, CF/88)
§2º, CF/88 e 12-A ao 12-
H da Lei nº 9.868/99)
Inércia do
Legislador
• OBSERVAÇÃO 2: O legislador não pode impor limitações desarrazoadas.
• A vinculação do legislador aos direitos fundamentais significa, também, que, mesmo
quando a Constituição entrega ao legislador a tarefa de restringir certos direitos (p.
ex., o de livre exercício de profissão), há de se respeitar o núcleo essencial do
direito, não se legitimando a criação de condições desarrazoadas ou que
tornem impraticável o direito previsto pelo constituinte.
• Art. 5º, XIII, CF/88: “É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão,
atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer”;
• Art. 8º (Lei nº 8.906/94 (Estatuto da Advocacia e da Ordem dos Advogados do
Brasil), Para inscrição como advogado é necessário: [...] IV – aprovação em Exame de
Ordem; [...] § 1º O Exame de Ordem é regulamentado em provimento do Conselho
Federal da OAB.
• OBSERVAÇÃO 3: PROIBIÇÃO DE RETROCESSO.
• Quem admite tal vedação sustenta que, no que tange a direitos fundamentais que
dependem de desenvolvimento legislativo para se concretizar, uma vez obtido certo
grau de sua realização, legislação posterior não pode reverter as conquistas
obtidas. A realização do direito pelo legislador constituiria, ela própria, uma
barreira para que a proteção atingida seja desfeita sem compensações.
• “O núcleo essencial dos direitos sociais já realizado e efetivado através de medidas
legislativas deve considerar-se constitucionalmente garantido, sendo
inconstitucionais quaisquer medidas estaduais que, sem a criação de outros
esquemas alternativos ou compensatórios, se traduzam na prática numa ‘anulação’,
‘revogação’ ou ‘aniquilação’ pura e simples desse núcleo essencial”. J.J Gomes
Canotilho
OBSERVAÇÃO
• Essa sistematização do Título II, que tornou ágil e organizada a busca pelos principais
dispositivos que proclamam direitos fundamentais, não se pretende exaustiva e não
impede a identificação de outros direitos consagrados em trechos diversos do
Título II (em artigos esparsos do texto constitucional)
• Obs.: Art. 5º § 2º “Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não
excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou
dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja
parte”.
• Os direitos econômicos (art. 170), por exemplo, assim como os direitos referentes
ao meio ambiente (art. 225) e o direito à educação (art. 205), dentre tantos
outros, não estão listados no Título II; nada obstante são certamente fundamentais -
em virtude da essencialidade dos mesmos para a identificação do projeto básico
constitucional.
• Art. 225, CF/88: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem
de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e
futuras gerações”.
• Art. 205, CF/88: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será
promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho”.
• OUTRO EXEMPLO. ANTERIORIDADE TRIBUTÁRIA
• Art. 150, CF/88: “Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado
à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
• I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;”
• III - cobrar tributos:
• b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou
aumentou;