Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Janeiro de 2021
2
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
ÍNDICE 3
INTRODUÇÃO 6
3
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
4
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
5
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
INTRODUÇÃO
1 1
Pastor, Santos (1989) Sistema Juridico y Economía. Una Introducción al Analisis Económico del
Derecho. Madrid: Tecnos, pp. 34-35.
6
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
Como não existem dois indivíduos, ou duas situações, entre os quais não exista tanto uma
igualdade fática parcial quanto uma desigualdade fática parcial, tudo teria que ser tratado ao
mesmo tempo como igual e como desigual, caso a fórmula se relacionasse a uma igualdade - ou
a uma desigualdade - fática parcial em relação a algum aspecto qualquer. […]
Como não existe uma igualdade ou uma desigualdade em relação a todos os aspectos
(igualdade/desigualdade fática universal) entre indivíduos e situações humanas, e visto que uma
igualdade (desigualdade) fática parcial em relação a algum aspecto qualquer não é suficiente
como condição de aplicação da fórmula, então, ela só pode dizer respeito a uma coisa: à
igualdade e à desigualdade valorativa.”[…]
Para se chegar a uma vinculação substancial do legislador, é necessário interpretar a fórmula "o
igual deve ser tratado igualmente; o desigual, desigualmente" não como uma exigência dirigida
à forma lógica das normas, mas como uma exigência dirigida ao seu conteúdo, ou seja, não no
sentido de um dever formal, mas de um dever material de igualdade.”
2 Alexy, Robert (2006). Teoria dos Direitos Fundamentais - Malheiros Editores. Brasil, pp.399-400.
7
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
3
Pastor, Santos (1984) Una Introducción al Analisis Económico del Derecho – Hacienda Pública Española,
n.º 84, Ministerio de Economia e Hacienda, Instituto de Estudios Fiscales
“Essencialmente, consiste em trabalho interpretativo sobre os elementos e sobre o conteúdo do
próprio sistema jurídico. No caso mais típico, a análise da norma define-a e fixa o seu alcance e
significado de acordo com a interpretação literal, o espírito, as concordâncias, as analogias, a
vontade do legislador, a posição na estrutura hierárquica das fontes, a relação com os precedentes
judiciais ou legislativos, encaixe nos princípios gerais de direito, o contexto social, a análise da
estrutura da própria norma, etc., p. 155.
4 Pastor, Santos (1984) Una Introducción al Analisis Económico del Derecho – Hacienda Pública Española,
n.º 84, Ministerio de Economia e Hacienda, Instituto de Estudios Fiscales, p. 155
5 Idem, p. 154.
8
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
6 Donário, Arlindo; Ricardo Borges dos Santos (2019) Economia com destaque para a microeconomia –
Sílabo, pp. 19-21.
- Donário, Arlindo (2010) Aumento das sanções ou das probabilidades de aplicação da lei? /. Aumento de
las sanciones o de las probabilidades de Aplicación de la ley? – Universidade Autónoma de Lisboa,
p.13.
7
Pastor, Santos (1989) Sistema Juridico y Economía. Una Introducción al Analisis Económico del Derecho.
Madrid: Tecnos, pp. 25-26.
9
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
Considerando que o Direito é um valor esperado, o que Santos pastor refere como
“instrumentos” do sistema jurídico, nomeadamente a interpretação e aplicação da
lei pelos tribunais, integra a probabilidade de aplicação da lei que, juntamente com
a sanção prevista na lei forma a sanção esperada que constitui o incentivo que
actua sobre o comportamento dos indivíduos.
Para a compreensão da sociedade, não como o somatório dos indivíduos, mas
como um sistema constituído por pessoas e relações pode também analisar-se o
que foi escrito por Karl Marx8 no prefácio à crítica da economia política.
“O meu primeiro trabalho, empreendido para resolver as dúvidas que me assaltavam, foi uma
revisão crítica da filosofia hegeliana do direito,[…] A minha investigação desembocava no
resultado de que tanto as relações jurídicas como as formas de Estado não podem ser
compreendidas por si mesmas nem pela chamada evolução geral do espírito humano, mas
baseiam-se, pelo contrário, nas condições materiais de vida cujo conjunto Hegel resume, […] sob
o nome de "sociedade civil", e que a anatomia da sociedade civil precisa de ser procurada na
economia política. […]
O resultado geral a que cheguei e que, uma vez obtido, serviu de fio condutor aos meus estudos,
pode resumir-se assim: na produção social da sua vida, os homens contraem determinadas
relações necessárias e independentes da sua vontade, relações de produção que correspondem
a uma determinada fase de desenvolvimento das suas forças produtivas materiais. O conjunto
dessas relações de produção forma a estrutura económica da sociedade, a base real sobre a qual
se levanta a superestrutura jurídica e política e à qual correspondem determinadas formas de
consciência social.
O modo de produção da vida material condiciona o processo da vida social, política e espiritual
em geral. Não é a consciência do homem que determina o seu ser, mas, pelo contrário, o seu ser
social é que determina a sua consciência.”
8
Marx, Karl (1859) Avant –Propos de la Critique de L’Économie Politique – Oeuvres, Économie I,
Biblioteque de la Peiade, pp. 272-273. Tradução nossa.
10
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
““Por unidade de lei entende-se que todas as fontes jurídicas, qualquer que seja o tempo em que
foram emanadas e qualquer que seja a sua multiplicidade, devem considerar-se como um todo
orgânico e harmónico, como a palavra duma única lei, e portanto deve excluir-se nela toda a
possibilidade de contradição.”.
9 Andrade, Manuel (1963). Ensaio sobre a Teoria da Interpretação das Leis. Interpretação e Aplicação das
Leis. Arménio Amado, Editor, Sucessor-Coimbra, p. 98.
11
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
A análise económica do direito visa uma análise sistemática que leve ao melhor
entendimento de como os indivíduos e organizações (através dos indivíduos)
respondem aos comandos contidos no sistema jurídico, a fim de se obter a
realização quer da eficiência quer da equidade, dois valores fundamentais em
qualquer sociedade, como já referido.
De referir que a análise económica do crime pode ser estendida a outros tipos de
direito sancionadores, seja no que concerne ao direito administrativo seja no que
tange ao direito disciplinar.
Dado que o objectivo final é encontrar a lei mais eficaz e eficiente e uma melhor
descrição da tomada da decisão humana em relação aos comandos da lei, a teoria
da escolha racional será útil apenas na medida em que é uma descrição precisa de
como as pessoas tomam decisões.
10Deve notar-se que o combate à actividade criminosa e os custos suportados para minimizar a mesma a
não se cinge apenas ao Estado, mas também os cidadãos além de utilizarem meios de vária ordem, desde
os utilizados nas casas como nos veículos, a utilização de segurança privada, suportam ainda os custos
do risco de serem assaltados levando-os a desenvolverem comportamentos estratégicos para
aumentarem o custo da actividade criminosa de modo a que esta diminua.
12
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
11 Shiller, Robert (1998) Human Behavior and the Efficiency of the Financial System – National Bureau of
Economic Research.
12 Pastor, Santos (1989) Sistema Juridico y Economía. Una Introducción al Analisis Económico del
Derecho. Madrid: Tecnos, p. 169.
13
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
Deste modo, deduz-se que os indivíduos cometem actos ilícitos porque cometê-
los compensa os custos esperados de os cometerem, pois, os benefícios
esperados que visam obter pela suas comissões são maiores que os custos
esperados. Deverá notar-se que os benefícios e os custos são da mais diversa
índole e natureza, quer sejam monetários ou não.
Devemos ter a consciência que é uma mera ilusão pretender viver numa sociedade
sem a comissão de crimes, dado que qualquer sociedade humana é formada por
indivíduos naturalmente egoístas13, embora os indivíduos tenham também uma
predisposição inata para a solidariedade e generosidade 14, no sentido da obtenção
de bem-estar máximo ou, pelo menos adequado, e que apenas se pode contrariar
essa tendência egoísta pela inculcação de valores éticos e morais que contrariem
essa tendência15 ou por contextos em que existem elevados níveis de confiança16,
13
Dawkins, Richard (2006) The Selfish Gene – Oxford University Press
14
Smith, Adam (1790) The Theory of Moral Sentiments: Chapter one: “Quão egoísta seja o homem, existem
evidentemente alguns princípios na sua natureza, que o interessam pela fortuna dos outros, e tornam a
sua felicidade necessária para ele, embora ele nada retire dela, excepto o prazer de a ver. Deste tipo é
pena ou compaixão, a emoção que sentimos pela miséria dos outros, quando a vemos, ou somos
obrigados a concebê-la de uma forma muito viva.” Tradução nossa.
15Dawkins, Richard (2006) The Selfish Gene – Oxford University Press – Oxford University Press. "If you
wish to build a society in which individuals cooperate generously and unselfishly towards a common
good, you can expect little help from biological nature. Let us try to teach generosity and altruism,
because we are born selfish. Let us understand what our own selfish genes are up to, because we
may then at least have a chance to upset their designs, something that no other species has ever
aspired to do."
Tradução: “Se desejar construir uma sociedade na qual os indivíduos cooperem generosa e
desinteressadamente para um bem comum, poderá esperar pouca ajuda da natureza biológica.
Tentemos ensinar generosidade e altruísmo, porque nascemos egoístas. Compreendamos o que
os nossos próprios genes egoístas tramam, porque assim, pelo menos, poderemos ter a
oportunidade de frustrar os seus intentos, uma coisa que nenhuma outra espécie jamais aspirou
fazer
16
Zak, P.J., A.A. Stanton and S. Ahmadi (2007) Oxytocin increases generosity in humans - PLoS ONE, 2
(11), e1128.
14
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
Dado que assim é, e não o que deve ser, a diminuição da taxa de criminalidade
requer a utilização de recursos escassos com aplicações alternativas para a
detenção do crime, implicando, sempre, a existência de um custo de oportunidade,
pelo que, necessariamente, o montante óptimo de crimes será, muito
provavelmente, positivo.
17 Gasset, Ortega y (1914). Meditaciones del Quijote, ““Eu sou eu e as minhas circunstâncias e, se não
as salvo a elas, não me salvo a mim”. (Tradução nossa).
15
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
18 Evensky, Jerry. (1993) Ethics and the Invisible Hand – Journal of Economic Perspectives 7(2):197-205.
https://www.jstor.org/stable/2138208?seq=1
19
Pastor, Santos (1989) Sistema Juridico y Economía. Una Introducción al Analisis Económico del
Derecho. Madrid: Tecnos, pp.170-172.
16
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
II
Foi com Beccaria20, século XVIII, e com Jeremy Bentham 21, século XIX, que se
iniciou a análise de que a escolha da actividade criminosa, por parte dos
indivíduos, obedecia às mesmas decisões de cometer um crime como as decisões
da escolha de outra qualquer actividade. Contudo, foi com Gary Becker 22 (1968)
que, contemporaneamente, se iniciou o aprofundamento a teoria do crime com a
análise económica do direito, como representando a "ressurreição",
modernização" e aperfeiçoamento da análise desses pioneiros.
No seu artigo seminal “Crime and Punishment" Gary Becker23 sugere que esta é
uma teoria útil quanto ao comportamento criminal que pode dispensar as teorias
da anomia, das inadequações psicológicas, ou da herança de traços especiais, e
simplesmente aplicar a análise económica da escolha racional em situações de
incerteza.
20 Beccaria, Cesare (1764) Des délits & des peines - Éditions du Boucher (2002)
21 Bentham, Jeremy (1811) Théorie des peines et des recompenses - ed. E. Dumont, Vol. 1.
22 Becker, G. S. (1968) Crime and Punishment: An Economic Approach - Journal of Political Economy, 74,
2: 169–217.
23 Idem
17
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
Refere Becker:
24 Idem: “Some persons become "criminals," therefore, not because their basic motivation differs from that
of other persons, but because their benefits and costs differ”
18
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
III
Uma sanção consubstancia-se num prejuízo imposto a alguém por fazer o que é
proibido. Um preço consubstancia o pagamento por alguém fazer o que é
permitido, o que traduz uma diferença substancial. Os conceitos essenciais para
captar a diferença são: “fazer o que é proibido” e “fazer o que é permitido”. Importa
sublinhar que a interpretação da frase “fazer o que é permitido” não implica, por
exemplo, que as cláusulas de um contrato tenham que ser obrigatoriamente
cumpridas, pois as mesmas podem ser violadas se aumentarem a eficiência,
havendo uma melhoria paretiana, se uma ou as duas partes ficarem numa situação
melhor, sem que nenhuma delas fique prejudicada, o que implica a compensação
pela parte beneficiada pelo não cumprimento do contrato (breach of contract)à
parte prejudicada, tendo essa compensação a natureza de preço e não de sanção.
25 Cooter, Robert (1984) Prices and Sanctions - Columbia Law Review, Vol. 84, No. 6 (Oct., 1984), pp.
1523-1560 (38 pages) Published By: Columbia Law Review Association, Inc.
19
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
26
Alexy, Robert (2006). Teoria dos Direitos Fundamentais - Malheiros Editores. Brasil, p. 92.
27 Idem, p. 93.
20
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
IV
Quando o sistema jurídico não contém incentivos adequados para levar as partes
a terem um comportamento eficiente, quer cumprindo o contrato quer pagando as
indemnizações por danos causados por uma parte à outra por incumprimento do
mesmo, de forma a que se verifique uma melhoria paretiana, o sistema jurídico
funciona ineficientemente levando à criação de externalidades negativas que têm
como efeito a diminuição do bem-estar social, afectando, consequentemente, a
equidade e, na maioria das vezes, afectando mais negativamente os que são
economicamente mais débeis e com menos nível de educação, contribuindo para
o acentuar das desigualdades.
Contribui para essa ineficiência o poder monopolístico quer dos monopólios quer,
dos oligopólios que dominam na sociedade portuguesa, implica a diminuição do
excedente do consumidor, podendo levar ao trade-off entre as actividades legais
e ilegais, nomeadamente, a actividade criminosa, e custos decorrentes da
morbidade com implicações directas na produtividade do trabalho e consequentes
efeitos no desenvolvimento económico.
21
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
Contudo, em muitos casos, essa igualdade não passa de uma igualdade formal
que de modo algum traduz a equidade horizontal ou justiça comutativa que é
associada às transacções, em especial aos contratos.
Os contratos podem ser analisados de acordo com a teoria dos jogos com os
seguintes elementos:
Num jogo em que todas as partes envolvidas sabem quem são os “jogadores”, as
estratégias disponíveis e os resultados, mas não sabem as acções específicas que
cada jogador desenvolve, é denominado um jogo com informação imperfeita.
22
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
Contudo, o tribunal pode verificar que uma das partes (por exemplo uma
sociedade) induziu a outra parte, uma pessoa singular, a celebrar um contrato para
o qual não tinha legitimidade para o celebrar, dado se estar num mercado
oligopolista ou mesmo monopolista (em certas situações no âmbito dos serviços
de saúde) e com informação assimétrica e incompleta, com risco moral, numa
relação principal-agente, o que leva à ineficiência.
O médico insiste como condição prévia para o tratamento que a pessoa ferida
renuncie, por escrito, à responsabilidade civil do médico por qualquer reclamação
28 Nunes, Manuel Rosário (2007) O Ónus da Prova nas Acções de Responsabilidade Civil por Actos
Médicos - Edições Almedina, citado no acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa, de 26-04-2017,
disponível em: www.dgsi.pt.
23
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
De acordo com a análise económica do direito, que visa a eficiência dos contratos,
é óbvio que os tribunais deverão desconsiderar a renúncia efectuada pelo doente,
dado que essa renúncia implica, necessariamente, uma diminuição dos incentivos
para a realização de contratos eficientes, tendo o TRL, no acórdão referido,
actuado eficientemente e, com esse modo de aplicação da lei, se essa doutrina for
geralmente seguida pela jurisprudência, está-se a contribuir para comportamentos
eficientes, pela criação de incentivos, aumentando a sanção esperada, com base
no aumento da probabilidade de aplicação da lei que, geralmente, é mais eficaz do
que o aumento da severidade da sanção prevista na lei, sobretudo para os
indivíduos proclives ao risco.
Os danos por confiança - a perda que uma vítima sofre devido à sua confiança no
contrato - pode encorajar violações ineficientes, o que se verifica, muitas vezes,
nas situações de informação assimétrica que pode levar ao risco moral e à
selecção adversa.
24
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
Como a realização dos contratos tem por finalidade a obtenção de benefícios para
as duas partes, “o contrato não fica concluído enquanto as partes não houverem
acordado em todas as cláusulas sobre as quais qualquer delas tenha julgado
necessário o acordo.” (art.º 232º do Código Civil) e deverá ser pontualmente
cumprido (art.º 406º/1 do CC).
29 George Akerlof (1970) The Market for Lemons: Quality, Uncertainty and The Market Mechanism - 84
Quarterly Journal of Economics, 488 (1970).
30
Russell Korobkin (1998) The Status Quo Bias and Contract Default Rules - 83 Cornell L Rev 608 (1998),
and also Russell
31
Korobkin, Russell (1998) Inertia and Perception in Contract Negotiation: The Psychological Power of
Default Rules and Form Terms - 51 Vand L Rev 1583 (1998)
25
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
26
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
Para analisar a caixa de Edgeworth comecemos pelo ponto G que está dentro da
Lente ou Zona de Contrato (Zona que fica entre as curvas de indiferença A2 e B2).
Este ponto G está para a direita da curva de indiferença B 3, o que significa que
traduziria uma pioraria O’, estando, o mesmo ponto G, para a esquerda da curva
de indiferença A3 o que significa que um contrato naquela situação também
diminuiria a utilidade da parte O.
27
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
28
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
32 Monteiro, António Pinto (1990) Cláusula penal e indemnização - Coimbra, Livraria Almedina.
33 Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça de 29-04-1998: http://www.dgsi.pt.
34 Serra, Vaz (1957) Pena Convencional - BMJ, nº 67, Junho de 1957.
29
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
35 Andrade, Manuel (1987) Teoria Geral da Relação Jurídica (Vol.I) – Livraria Almedina. “E assim definir-
se-á o direito subjectivo como a faculdade ou o poder atribuído pela ordem jurídica a uma pessoa
de exigir ou pretender da outra um determinado comportamento positivo (fazer) ou negativo (não
fazer), ou de por um acto da sua vontade com ou sem formalidades, só de per si ou integrado
depois por um acto da autoridade pública (decisão judicial) produzir determinados efeitos jurídicos
que se impõem inevitavelmente a outra pessoa (adversário ou contraparte).”, p. 3.
36 Nos contratos pode ser estabelecido o que é designado por “cláusula penal”, conforme o previsto nos
artigos 810º a 812º do Código Civil.
37 Tversky, A. and D. Kahneman (1982) Judgment under uncertainty: Heuristics and biases, “in D.
Kahneman, P. Slovic, and A. Tversky (eds.), Judgment under Uncertainty: Heuristics and Biases -
Cambridge: Cambridge University Press, 3–20.
30
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
A aversão ao risco por parte dos indivíduos leva a dois efeitos: o Endowment Effect
e ao Status Quo Bias38. O endowment effect significa que a escolha é enviesada
em relação à dotação actual do indivíduo 39 40.
38 Samuelson, W., and Zeckhauser, R. (1988) Status Quo Bias in Decision Making - Journal of Risk and
Uncertainty 1: 7-59.
39 Kahneman, D., Knetsch, J. L. and Thaler, R. H. (1990) Experimental tests of the endowment effect and
the Coase theorem - Journal of Political Economy, 98 (1990), 1325-48.
40 Kahneman, D., Knetsch, J. L. and Thaler, R. H.(1991) The endowment effect, loss aversion, and status
quo bias - Journal of Economic Perspectives, 5 (1991), 193-206.
31
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
32
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
33
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
o nível de educação44;
o género, havendo evidência científica que as mulheres, em média e ceteris
paribus, têm um grau de aversão ao risco maior do que os homens;
o nível de rendimento, sobretudo o baixo nível salarial 45 e o seu impacto no
número de crimes sobre a propriedade (que não nos crimes violentos),
a desigualdade da distribuição do rendimento constitui uma das causas da
actividade criminosa, conforme alguns estudos 46 têm evidenciado, tendo-se
verificada que quanto maior o grau de desigualdade na distribuição do
rendimento maior tende a ser a taxa de criminalidade.
o desemprego47 que pode afectar sobretudo a taxa de crimes sobre a
propriedade, podendo existir simultaneamente uma actividade legal e uma
actividade criminosa, podendo aquela ser um meio de facilitar o
comportamento criminal como o desfalque, a corrupção, ou o furto de bens
44 Lochner, L. and Moretti, E. (2004) “The Effect of Education on Crime: Evidence from Prison Inmates,
Arrests, and Self-reports,” American Economic Review, 94: 155–189.
45 Gould, E.D., Weinberg, B.A. and Mustard, D.B. (2002) Crime Rates and Local Labor Market Opportunities
in the United States, 1979–1997 - Review of Economics and Statistics, 84: 45–61.
46 Kelly, M. (2000) Inequality and Crime - Review of Economics and Statistics, 82: 530–539.
47 Raphael, S. and Winter-Ebmer, R. (2001) Identifying the Effect of Unemployment on Crime - Journal of
Law and Economics, 44: 259–283.
34
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
48 Gould, E.D., Weinberg, B.A. and Mustard, D.B. (2002) Crime Rates and Local Labor Market Opportunities
in the United States, 1979–1997 - Review of Economics and Statistics, 84: 45–61.
49 Tyler, J.H. and Kling, J.R. (2006) Prison-based Education and Re-entry into the Mainstream Labor
Market- NBER Working Paper 12114.
50 Council of Europe Report, February, 2006: Social Reintegration of Prisoners: “Reintegration presupposes
that detention is organised in a manner which facilitates a return to normal living and working
conditions. This is a long and difficult process and also requires the co-operation of the social,
medical and judicial services if it is to be effective. Returning successfully to a life in the mainstream
society prevents repeat offending.
Throughout the Council of Europe’s member states, prison does not have the desired effects in
terms of successful reintegration and is very often an obstacle to former prisoners’ prospects and
future employment opportunities.”
35
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
51
Lochner, L. and Moretti, E. (2004) “The Effect of Education on Crime: Evidence from Prison Inmates,
Arrests, and Self-reports,” American Economic Review, 94: 155–189.
36
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
Esta ligação explica a relação existente entre o nível de capital humano e o nível
de rendimento. Muito provavelmente a relação inversa encontrada, entre o nível de
educação e a taxa de criminalidade é explicada pelas melhores oportunidades de
emprego e salários mais elevados oferecidos a indivíduos com maior nível de
escolaridade, de capital humano ou força de trabalho.
37
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
52 Ehrlich, Isaac (1973) Participation in Illegitimate Activities: A Theoretical and Empirical Investigation -
Journal of Political Economy 81, 3: 521–65.
53 Chiu, W.H.; Paul Madden. (1998) Burglary and Income Inequality.” Journal of Public Economics 69, 1:
123–41
54 Deaton, Angus (2001) Health, Inequality, and Economic Development -Working Paper 8318, National
Bureau of Economic Research, Cambridge, MA.
38
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
Masculino Feminino
39
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
55 Sobre as disparidades da justiça por género Ver: Arnaud Philippe (2017) Gender disparities in criminal
justice - Toulouse School of Economics; University of Toulouse Capitole.
56 Mazur, A.; T.A. Lamb (1980) Testosterone, status, and mood in human males -Hormones and Behavior,
14, 236–46.
40
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
Vários estudos sobre a percepção do risco evidenciaram que as mulheres têm uma
percepção do risco maior que os homens, nomeadamente em relação ao crime, ou
outras formas de violação da lei, conforme um dos estudos efectuados por William
Smith e Marie Torstensson60:
“...as mulheres percebem mais o risco [de crime] nas suas próprias áreas onde habitam e,
consequentemente, são mais temerosas em resposta a contextos específicos do que os homens.
O receio das mulheres de contextos específicos pode ser um reflexo da sua vulnerabilidade,
enquanto alguns homens, particularmente aqueles com baixa ou elevada educação, pensam que
são invulneráveis, levando-os a descontar o risco” com maiores taxas de desconto.
Os mesmos resultados foram obtidos no âmbito da circulação rodoviária, quanto
às diferenças biológicas entre os homens e as mulheres, evidenciado, também por
vários estudos empíricos61:
57 Coates, J.M.;J. Herbert (2008) ‘Endogenous steroids and financial risk taking on a London trading floor
-Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America, 105 (16),
6167–72.
58 Booth, A., et al (2006) Testosterone and social behavior - Social Forces, 85, 168–91.
59 Mehta, P.H., A.C. Jones; R.A. Josephs (2008) The social endocrinology of dominance: basal testosterone
predicts cortisol changes and behavior following victory and defeat - Journal of Personality and
Social Psychology, 94, 1078–93.
60 Smith, William; Marie Torstensson (1997) Fear of Crime: Gender Differences in Risk Perception and
Neutralizing Fear of Crime: Toward Resolving the Paradox - 37 Brit. J. of Criminol. 608 (1997).
“women perceive more risk [of crime] in their own living areas and are consequently more fearful
in response to specific context than men. Women's fear of specific contexts may be a reflection of
their vulnerability, while some men, particularly those with either low or high educational
achievement, think they are invulnerable, leading them to discount risk.”
61 Donário, Arlindo (2013) Road Accidents, Risk and Biological Factors – UAL, p. 94
Disponível em:
https://repositorio.ual.pt/bitstream/11144/3153/1/BIOLOGICAL%20FACTORES%20AND%20THE%20RO
AD%20ACCIDENTES%20%20-DONARIO-.pdf
41
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
“Quanto maior o nível de testosterona, maior a propensão ao risco, uma vez que os homens são
mais confiantes (Barber, B. M .; Odean, T., 2001)62. Assim, podemos concluir que existem fatores
biológicos que predispõem os homens a serem mais amantes de risco do que as mulheres. Com
efeito, existe uma tendência a um maior risco de condução em relação aos homens do que às
mulheres. (Andersson, Henrik; Petter Lundborg, 2006)63”
62
Barber, B. M.; Odean, T. (2001) – Boys will be boys: gender, overconfidence, and common stock investment,
Quarterly Journal of Economics, 116, 261–92, pp. 264-266.
63
Andersson, Henrik; Petter Lundborg (2006) – Perception of Own Death Risk An analysis of Road-Traffic and
Overall Mortality Risks – VTI notat 12A-2006, Stockholm, Sweden.
64 Riger, Gordon; M. R. Le Bailly (1978) Women’s Crime: From Blaiming to Restricting the Victim. –
Victimology 3: 274-284.
42
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
“Entre outros, um estudo realizado por Mehta e Josephs (2010) revelou que a combinação de
níveis de testosterona e níveis de cortisol (não apenas o nível de cada uma destas hormonas)
influenciam o comportamento humano com no que diz respeito a decisões sobre riscos. De
65 Mehta, P.H., A.C. Jones and R.A. Josephs (2008) The social endocrinology of dominance: basal
testosterone predicts cortisol changes and behavior following victory and defeat -Journal of
Personal and Social Psychology, 94 (6), 1078–93.
66 Harris, J.A., P.A. Vernon; D.I. Boomsma (1998) The heritability of testosterone: a study of Dutch
adolescent twins and their parents - Behavioral Genetics, 28 (3), 165–71.
67
Josephs, R.A., J.G. Sellers, M.L. Newman and P.H. Mehta (2006) The mismatch effect: when
testosterone and status are at odds - Journal of Personality and Social Psychology, 90 (6), 999–
1013.
68 Josephs, R. A., Newman, M. L., Brown, R. P., & Beer, J. M. (2003). Status, testosterone, and human
intellectual performance: Stereotype threat as status concern. Psychological Science, 14(2), 158–
163
43
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
Ao contrário os homens com baixo nível basal de testosterona tendem a ser mais
avessos ao risco e quando colocados em posições elevadas sofrem de alterações
cognitivas como resultado do stress para o qual, geneticamente, não estão bem
preparados73, elevando-se o nível de colesterol, o que implica que o seu stress
aumenta e baixando o nível de testosterona, além de sofrerem de stress e de
disfunção cognitiva74», sendo mais propensos a terem comportamentos snob
quando ocupam posições elevadas nas organizações.
69 Donário, Arlindo (2013) Road Accidents, Risk and Biological Factors – UAL, p. 46
70 Newman, Matthew L; Jennifer Guinn Sellers; Robert A Josephs (2004) Testosterone, cognition, and
social status - Hormones and Behavior 47(2):205-1.
71 Josephs RA, Mehta PH, Carré JM (2011) Gender and social environment modulate the effects of
testosterone on social behavior: Comment on Eisenegger et al. - Trends Cogn Sci 15(11):509–
510.
72
Güth W, Schmittberger R, Schwarze B (1982) An experimental analysis of ultimatum bargaining - J Econ
Behav Organ 3(4):367–388.
73
Idem.
74
Stanton, Angela (2010). Hormonal influence on male decision-making: implications for organizational
management. In “Neuroeconomics and the Firm”. Edward Elgar, p. 138.
44
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
Por seu lado, o stress Tipo II está associado com a motivação e elevada energia,
sendo episódico, não sistemático, estando relacionado com a realização de
determinadas tarefas, o que acontece quando se tem dead lines ou se está numa
situação de criatividade e motivação, levando a comportamentos colaborativos 77.
75
Zak, Paul J.; Amos Nadler (2010). Using brains to create trust: a manager’s toolbox. In Neuroeconomics
and the Firm. Edward Elgar Cheltenham. UK: Northampton, MA, USA. Pp. 69-77.
76
Idem, p. 71
77
Idem, p.71.
78
Peter, L.J.; R. Hull (1969) The Peter Principle - New York: W. Morrow.
79
Avner Bar-Ilan (2000) The Response to Large and Small Penalties in a Natural Experiment - University
of Haifa, Israel.
45
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
Desta análise conclui-se que os indivíduos do sexo masculino com elevado nível
basal de testosterona são mais proclives ao risco, tendendo a ser mais agressivos
quando o seu status é ameaçado e, ceteris paribus, são mais propensos a entrar
na actividade criminosa.
Por seu lado, elevados níveis de cortisol, que estão relacionados com situações
stressantes, aumentam o grau de aversão ao risco e, por conseguinte, aumenta a
sensibilidade à punição, o que leva, consequentemente, a uma menor propensão
a entrar em actividades criminosas ceteris paribus.
80
Batrinos, Menelaos L. (2012) Testosterone and Aggressive Behavior in Man – International Journal of
Endocrinology Metabolism, 2012 Summer; 10(3): 563–568.
81 Idem.
46
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
Se = S * p (1)
onde
Se : representa a sancao esperada;
S : é a sanção prevista na lei
p : representa a probabilidade de aplicação da lei
47
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
Uma primeira conclusão será a de que para qualquer nível de sanção esperada
desejada deverá escolher-se a combinação entre a probabilidade e a sanção que
utilize a menor quantidade de recursos.
48
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
Se = S * p + π (2)
82 Donário, Arlindo (2010) - Aumento das Sanções ou das Probabilidades de Aplicação da lei?” /"Aumento
de las Sanciones o de las Probabilidades de Aplicación de la Ley? - (Publicación bilingue) - EDIUAL
- Universidade Autónoma de Lisboa. Disponível em:
https://repositorio.ual.pt/bitstream/11144/133/1/Aumento%20das%20san%C3%A7%C3%B5es%20ou%2
0das%20probabilidades%20de%20aplica%C3%A7%C3%A3o%20da%20lei.pdf
83 Avner Bar-Ilan (2000) The Response to Large and Small Penalties in a Natural Experiment - University
of Haifa, Israel. Neste paper é efectuada uma demonstração matemática.
49
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
84 Idem. “When the probability is low or when the benefit is high, even infinitely high penalty will not prevent
the crime. Equations (4) or (5) show that this case in which no penalty can deter the crime happens
when the probability is below the level.”
50
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
A CRP no art.º 26º, como forma de garantir a defesa dos direitos, liberdades e
garantias que consagra, nomeadamente os direitos de personalidade, que são
absolutos e transversais, como o direito à imagem e à reserva da intimidade da
vida privada, onde se enquadram as conversas telefónicas e vídeos privados,
impõe limites à validade dos meios de prova obtidos sem autorização judicial,
conforme está estabelecido art° 126° Código de Processo Penal ,sob a epígrafe
“Métodos proibidos de prova”, estabelece, no seu n°3: “Ressalvados os casos
previstos na lei, são igualmente nulas as provas obtidas mediante intromissão na
vida privada, no domicílio, na correspondência ou nas telecomunicações sem o
consentimento do respectivo titular.
No mesmo Código, nos artigos 174° a 177° quanto às revistas e buscas, estatuindo-
se no art.º 174º/3 que as mesmas devem ser autorizadas por despacho pela
autoridade judiciária competente; a apreensão (art°178° a 186°) que deve ser
autorizada por despacho judicial (art.º 178º/3); as escutas telefónicas (187° e seg.)
que devem ser autorizadas por despacho judicial (art.º 187º/1) 85.
85
Acórdão do STJ de 20.12.2006:
http://www.dgsi.pt/jstj.nsf/954f0ce6ad9dd8b980256b5f003fa814/a8170b691d90fe63802572dd0051befb?OpenD
ocument
Acórdão do STJ de 23.02.2002
http://www.dgsi.pt/jstj.nsf/954f0ce6ad9dd8b980256b5f003fa814/9bf831af4c957ae58025741d005399c3?OpenDo
cument
Acórdão do STJ de 3.07.2007
http://www.dgsi.pt/jstj.nsf/954f0ce6ad9dd8b980256b5f003fa814/0367c3da3af7b47e8025731b002e10ed?OpenD
ocument
51
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
86 Atkins; Raymond A.; Paul H. Rubin (2003) Effects of Criminal Procedure on Crime Rates: Mapping Out
the Consequences of the Exclusionary Rule - The Journal of Law and Economics Volume 46,
Number 1April 2003
52
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
VI
Gary Becker considerou que a utilidade esperada E[U] de cometer uma ofensa é
dada pela seguinte expressão:
isto é, se a sanção esperada (pf) for maior que o rendimento obtido pela
transgressão. O valor exigido da sanção esperada pode ser obtido por várias
combinações da probabilidade e severidade da punição.
53
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
54
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
VII
onde
U (.): representa a função utilidade do indivíduo;
Este caso geral pode ser aplicado ao trade-off entre o cumprimento da lei e a sua
violação. Na óptica da política social, para avaliar o benefício do transgressor da
lei, existem duas questões fundamentais. A primeiro traduz-se na identificação de
todos os trade-offs relevantes e a segunda relaciona-se com a importância de cada
compensação. Importa sublinhar que qualquer escolha implica um custo de
oportunidade quer individual quer social.
55
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
umbral87, mesmo que a sanção esperada se mantenha, por uma combinação dos
dois instrumentos (diminuição da probabilidade e aumento da sanção legal) o
aumento da sanção legal será ineficaz, sobretudo quando aos indivíduos
propensos ao risco.
Verifica-se que nas expressões (3) a (6) não se encontra a magnitude da punição
prevista na lei, destacando-se, apenas, a probabilidade de aplicação da lei, pelo
que, pelo menos no curto prazo, se pode concluir que será mais eficaz aumentar a
probabilidade de aplicação da lei do que a magnitude da severidade da sanção
legal.
56
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
57
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
88 Loewenstein, George (2005) – Hot-Cold Empathy Gaps and Medical Decision Making. Health
Psychology, vol. 24, nº 4 (Suppl.): S49-S56.
89 Ariely, Dan (2010). Predictably irrational – HarperCollins, Chapter 5.
90 Idem, “Prevention, protection, conservatism, and morality disappeared completely from the radar screen.
They were simply unable to predict the degree to which passion would change them.”, p. 97.
91 Idem.
58
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
VIII
Este modelo tem por base o homo economicus (que é uma ficção) sobrestimando
o poder da razão, considerando apenas o sistema reflexivo ou sistema II e
olvidando as emoções, os sentimentos (emoções consciencializadas 92), as
paixões, que estão relacionados com o sistema automático ou sistema I, e
desprezando também a dimensão ética que está relacionada com o sistema
reflexivo ou sistema II.
92 Damásio, António (2007) Looking for Spinoza. Joy, Sorrow, and the Feeling Brain - William
Heinemann: London, p. 31.
59
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
o que foi criticado por Amartya Sen 97, entre outros. A teoria da preferência revelada
iguala as preferências não observáveis com as escolhas observáveis efectuadas
pelos indivíduos.
93 Finkel, Norman J.; W. Gerrod Parrott (2006) Emotions and Culpability. How the Law is at Odds with
Psychology, Jurors and Itself – American Psychology Association, Washington, DC., p. 48.
Tradução nossa.
94 Parrott, W. G. (2002) The functional utility of negative emotions, In “L. F. Barrett & P. Salovey (Eds.),
The wisdom in feeling: Psychological processes in emotional intel - Jigence (pp. 341-359). New
York: Guilford Press.
95 Samuelson, Paul (1938). A note on the pure theory of consumer behavior - Economica 1, 61 – 71. “if a
consumer making a choice between an apple and an orange selects an apple, he reveals a
preference for apples.”
96 Samuelson, Paul (1948) Consumption Theory in Terms of Revealed Preference – Economica New
Series, Vol. 15, No. 60 (Nov., 1948), pp. 243-253, “The whole theory of consumer’s behavior can
thus be based upon operationally meaningful foundations in terms of revealed preference”, p.251.
97 Amartya Sen (1973) Behaviour and the Concept of Preference “- Economica, New Series, Vol. 40, No.
159. (Aug., 1973), pp. 241-259. Ver a crítica que Sen fez à teoria da preferência revelada, utilizando
o o dilema dos prisioneiros.
60
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
Com efeito, a teoria económica neoclássica trata o cérebro humano como uma
caixa negra98, como não se podendo saber quais os processos que se estabelecem
no cérebro humano nas diferentes situações e estados do indivíduo, o que
hodiernamente já se pode conhecer, o que pode permitir o estabelecimento de
políticas que tendam a diminuir a propensão para a entrada na actividade
criminosa, pelo efeito substituição desencadeado pela aplicação dessas políticas.
Na teoria neoclássica a análise das decisões é efectuada com base nos resultados
das mesmas, a partir das quais são efectuadas inferências acerca das intenções
dos indivíduos, esquecendo as contribuições actuais do conhecimento científico
em outras áreas, como na neurociência.
http://mikael.cozic.free.fr/philoESS-1011/sen73-
behaviour%20and%20the%20concept%20of%20preference.pdf
98 Wargo Donald et al (2010) Dopamine, expected utility and decision-making in the firm, in
“Neuroeconomics and the Firm. “
99 Idem, “Real humans make decisions by internally maximizing dopamine and other hormones that make
them feel good, rather than maximizing the outcome. Real humans are focused (either
unconsciously or consciously) on the process in the brain, rather than the outcome by itself.”
61
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
100 Damásio, António (1994) Descartes’ Error. Emotion, Reason and the Human Brain -
Putnam:
“Unwittingly, Gage’s example indicated that something in the brain was concerned
specifically with unique human properties, among them the ability to anticipate the future
and to plan accordingly within a complex social environment; the sense of responsibility
towards the self and others; and the ability to orchestrate one’s survival deliberately, at
the command of one’s free will”. p. 10
62
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
inconsistência das preferências, dado que as opções (os prospectos) podem ser
decompostas e ou apresentadas em mais do que forma, o que se traduz no efeito
isolamento, isto é, perante várias opções os indivíduos focam a sua atençaõ nas
diferenças.
As sanções legais são frequentemente vistas como o preço por fazer o que é
proibido, mas já analisámos acima a diferença entre a natureza de preço e a
natureza de sanção, o que é aplicado não apenas no âmbito criminal como no
âmbito dos contratos.
63
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
económicas, que não têm um preço nem equivalente, conforme referido por
Kant101:
“No reino dos fins tudo tem um preço ou uma dignidade. Uma coisa que tem um preço pode ser
substituída por qualquer outra coisa equivalente; pelo contrário, o que está acima de todo preço
e, por conseguinte, o que não admite equivalente, é o que tem uma dignidade."
Muita da incompletude do modelo neoclássico reside em não contemplar os
elementos dos sistemas axiológicos que entram e determinam as acções
humanas.
Como já referimos, o modelo neoclássico trata as preferências como estáveis e
uniformes, não explicando a sua formação. As alterações do comportamento
humano devem-se muito às alterações das preferências e não apenas às
alterações das restrições externas, como os preços e o rendimento como é
considerado, quase exclusivamente, pela teoria neoclássica da escolha racional.
Como escreve Robert Cooter102;
“Os virtuosos preferem o bem, os vilões preferem o mal, e os atores racionais da economia
preferem a si próprios. Ao invés de obedecer ou desobedecer à lei por si mesma, o actor racional
em economia trata o direito como um obstáculo ou um instrumento, não como um valor. O
sucesso da análise económica do direito prova a fecundidade desta estratégia de pesquisa.”
101 Kant – Groundwork for the Metaphysics of Morals - Yale University Press (2002):” In the realm of ends
everything has either a price or a dignity. What has a price is such that something else can also be
put in its place as its equivalent; by contrast, that which is elevated above all price, and admits of
no equivalent, has a dignity.”, p.52.
102 Cooter, Robert (1998) Models of Morality in Law and Economics: Self-Control and Self-Improvement for
the "Bad Man" of Holmes - Boston University law review. Boston University. School of
Law 78(1134)
“The virtuous prefer good, villains prefer bad, and rational actors in economics prefer themselves.
Instead of obeying or disobeying the law for its own sake, the rational actor in economics treats law
as an obstacle or an instrument, not a value. The success of the economic analysis of law proves
the fruitfulness of this research strategy.”
64
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
onde
Seg : representa a sanção esperada global;
SL: representa a sanção prevista na lei;
P: é a probabilidade de aplicação da lei;
Smx: representa a sanção social externa; e
Smi: representa a sanção interna que se traduz na culpa pela violação de normas
éticas e morais.
Quanto à sanção social externa (não jurídica) refere António Damásio 103:
“Todavia, a dor e a vergonha social é comparável à de um cancro terminal, a traição pode ser tão
dolorosa como uma ferida aberta, e os prazeres resultantes da admiração social, quer queiramos
quer não, podem revelar-se orgásticos.”
Para muitas pessoas a sanção interna pode tender para infinito, o que leva a que
essas pessoas tenderão a nunca entrar na actividade criminosa, dado que há
valores inculcados em muitas pessoas humanas que não têm preço nem
equivalente.
Convém referir que muitas vezes as normas legais positivas consideram crime o
que em termos de dignidade humana não pode assim ser considerado, por estarem
em causa valores sem preço nem equivalente.
Já John Locke104 considerava que as leis injustas deveriam ser desobedecidas:
“Assim, a lei da natureza permanece como um governo eterno para todos os homens,
legisladores e outros. As regras que eles fazem as ações de outros homens, devem, bem como
as suas próprias e as ações de outros homens, sejam conformes à lei da natureza, i. e., da vontade
103
Damásio, António (2020) Sentir & Saber – Temas e Debates, Círculo de Leitores, p.156.
104 Locke, John (1690) Second Treatise of Government - Hackett Publishing Company, Inc.
“Thus the law of nature stands as an eternal rule to all men, legislators as well as others. The rules
that they make for other men's actions, must, as well as their own and other men's actions, be
conformable to the law of nature, i. e. to the will of God, of which that is a declaration, and the
fundamental law of nature being the preservation of mankind, no human sanction can be good, or
valid against it.”, p. 71.
65
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
de Deus, da qual esta é uma declaração, e a lei fundamental da natureza sendo a preservação da
humanidade, sem sanção humana pode ser bom ou válido contra ele. "
Quando estão em causa direitos fundamentais e de personalidade intrinsecamente
conectados com a dignidade humana, nomeadamente a vida humana, é legítimo
desobedecer às normas positivas para preservar o bem supremo que é a vida, sem
que tal acção possa ser considerada crime.
Uma visão redutora do Direito ao positivismo105 jurídico tem levado a humanidade,
várias vezes na história, à aplicação de normas que ofendem profundamente a
dignidade humana, com a perpetração de genocídios, como se verificou com o
regime nazi na Alemanha, no Camboja (1975-79), na Bósnia (1992-95) e no Ruanda
(1994)106.
Quando está em causa a vida do ser humano e a sua manutenção, é importante
citar o que escreveu Tomás de Aquino 107:
“Não obstante, se a necessidade é tão manifesta e urgente, é evidente que a necessidade
presente deve ser remediada por quaisquer meios que estejam à mão (por exemplo, quando uma
pessoa está em perigo iminente, e não há outro remédio possível), então é legal para um homem
saciar a sua própria necessidade através dos meios da propriedade dos outros, tomando-os de
forma aberta ou secretamente: e falando abertamente tal apropriação não pode ser considerada
furto ou roubo.”
Esta frase de Tomás de Aquino explicita de forma evidente que há que ter em conta
as circunstâncias e os valores (que não têm preço nem equivalente, pelo que têm
dignidade, em causa para se considerar uma acção que segundo a previsão geral
e abstracta da lei é considerada crime, mas que a defesa dos valores supremos
impõe que a mesma seja violada sem que deva ser considerada crime.
105 Kelsen, Hans (1960) Pure Theory of Law – The lawBook Exchange,
“It is called a "pure" theory of law, because it only describes the Law and attempts to eliminate from
the object of this description everything that is not strictly law: Its aim is to free the science of Law
from alien elements. This is the methodological basis of the theory.”, p.11.
106 Perry, Michael J. (2008) Human Rights as Morality, Human Rights as Law - University of San Diego
Law School.
107 Aquino, Tomás (1265-1273) Summa Theologica. Ia–IIae Q.66 A.7 Corpus
66
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
Como exemplos, a proibição abstracta das normas quanto ao furto (art.º 208º do
Código Penal) e quanto ao roubo (art.º 210º do Código Penal) é afastada, no que
tange à sanção penal, pois a protecção do direito da propriedade alheia prevista
no art.º 62º da CRP cede perante direitos fundamentais e de personalidade, dado
que essa proibição não expressa a máxima adequação em face de direitos
fundamentais como a vida, art.º 24º da CRP, ou direitos de integridade pessoal,
art.º 25º da CRP, para a realização da dignidade humana (que não tem preço nem
equivalente), art.º 1º da CRP.
Por essa razão, a proibição de furto ou roubo, prevista nos artigos referidos do
Código Penal, não é adequada em face das circunstâncias, onde existe a
necessidade da sua violação e violaria o direito fundamental à vida e à integridade
física e moral de uma pessoa.
Esta argumentação é a ideia de optimização que expressa uma melhoria paretiana,
se posteriormente os prejuízos puderem ser indemnizados pelo beneficiário ou por
terceiros, ou consubstanciar-se-á na eficiência potencial ou de Kaldor-Hicks se os
prejuízos do detentor do direito de propriedade não poderem ou não forem
compensados.
Ver: Alexy, Robert (2006). Teoria dos Direitos Fundamentais - - Malheiros Editores. Brasil, pp.588-
108
590.
67
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
IX
109
Donário, Arlindo (2013) Road Accidents, Risk and Biological Factors – UAL, pp. 41-49; 69-84; 92-94.
Disponível em:
https://repositorio.ual.pt/bitstream/11144/3153/1/BIOLOGICAL%20FACTORES%20AND%20THE%20RO
AD%20ACCIDENTES%20%20-DONARIO-.pdf
110 Thomadsen, Raphael (2017) How Context Affects Choice - Springer Science+Business Media.
111 Loewenstein, George (2000) – Emotions in Economic Theory and Economic Behavior. American
Economic Review: Papers and Proceedings, vol. 90, nº 2: 426-432.
68
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
Vários estudos117 118 empíricos evidenciaram que existe uma relação inversa entre
o número de crimes e o nível de salário, em termos relativos, com efeitos,
sobretudo, nos crimes sobre a propriedade119. O desemprego é outro dos factores
112 Audretsch, David B. (2010) Foreword, in “Neuroeconomics and the Firm” - Edward Elgar, p. xxi.
113 Kosfeld, M., M. Heinrichs; P.J. Zak; U. Fischbacher; E. Fehr (2005) Oxytocin increases trust in humans
- Nature, 435 (2), 673–76.
114 Zak, P.J.; A.A. Stanton; S. Ahmadi (2007) Oxytocin increases generosity in humans - PLoS ONE, 2
(11), e1128.
115 Cooter, Robert (1998) Models of morality in law and economics: self-control and self-improvements for
the "bad man" of Holmes - Boston University law review. Boston University. School of
Law 78(1134).
116 Giedd. J. N. (2004). Structural magnetic resonance imaging of the adolescent brain - Annals of the New
York Academy of Sciences, 1021, pp. 77-85.
117 Machin, Stephen & Costas Meghir (2004) Crime and Economic Incentives - 39 Journal of Human
Resources 958 (2004).
118 Zak, P.J., R. Kurzban; W.T. Matzner (2004) The neurobiology of trust - Annals of the New York Academy
of Sciences, 1032, 224–7.
119 Kelly, M. (2000) Inequality and Crime - Review of Economics and Statistics, 82: 530–539.
69
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
120 Weinberg, E. Gould, B. & D. Mustard (2002) Crime Rates and Local Labor Market Opportunities in the
United States: 1979–1995 - 84 Review of Economics and Statistics 45 (2002);
121 Raphael, S. & R. Winter-Ebmer (2001) Identifying the Effect of Unemployment on Crime - 44 Journal of
Law and Economics 259 (2001).
122 Ehrlich, I., (1974) Participation in Illegitimate Activities – An Economic Analysis,” in Becker, G.S. and
W.M. Landes, eds., The Economics of Crime and Punishment, New York: Columbia University
Press, 68-134.
123 Perry, Orit, et al (2000) Frequent Probabilistic Punishment in Law Enforcement – JEL
124 Donário, Arlindo (2010) Análise Económica da Regulação Social – Universidade Autónoma de Lisboa,
2.3 – Dilação judicial e seus efeitos nos custos dos acidentes, pp. 213- 234.
125 Pastor, Santos (1989) Pastor, Santos (1989). Sistema Juridico y Economía. Una Introducción al Analisis
Económico del Derecho. Madrid: Tecnos, p. 170.
126 Stigler, George (1970) The Optimum Enforcement of Laws - Journal of Political Economy Vol. 78, No.
3 (May - Jun., 1970), pp. 526-536. “There is one decisive reason why the society must forego
"complete" enforcement of the rule: enforcement is costly. […We could make certain that crime
does not pay by paying enough to apprehend most criminals. Such a level of enforcement would
of course he enormously expensive, and only in crimes of enormous importance will such
expenditures be approached. The society will normally give to the enforcement agencies a budget
which dictates a much lower level of enforcement.]”
70
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
127 Loewenstein, George (2005) – Hot-Cold Empathy Gaps and Medical Decision Making. Health
Psychology, vol. 24, nº 4 (Suppl.): S49-S56.
128
Thaler; Richard H.; Cass R. Sunstein () NUDGE. Improving Decisions About Health, Wealth, and
Happiness - Yale University Press, p. 41.
71
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
129 Gazzaniga, Michael et al (2002) Cognitive Neuroscience: The Biology of the Mind 138–39(Norton, 2002).
130 Damásio, António (2005) L’Erreur de Descartes (Nouvelle edition) – Odile Jabob, “[…] a emoção
participa na razão e pode ajudar ao processo do raciocínio em vez de o incomodar, como era
suposto correntemente.”
131 Slovic, Paul; Melissa Finucane; Ellen Peters; Donald MacGregor (2003) Risk as Analysis and Risk as
Feelings: Some Thoughts about Affect, Reason, Risk, and Rationality - National Cancer Institute
workshop on Conceptualizing and Measuring Risk Perceptions, Washington, D.C., February 13-
14, 2003.
132 Camerer, Colin; George Loewenstein; Drazen Prelec (2005) Neuroeconomics: How Neuroscience Can
Inform Economics - Journal of Economic Literature Vol. XLIII (March 2005), pp. 9–64.
“Some important insights will surely come from neuroscience, either directly or because
neuroscience will reshape what is believed about psychology which in turn informs economics.
72
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
pecuniária ou uma multa (coima) são duas formas típicas de sanções aplicáveis,
havendo outras formas de sanções desde a prisão domiciliárias, a liberdade
condicional e o serviço para a comunidade.
Dado que a sanção prevista na lei não ocorre com certeza (o Direito é um valor
esperado) o transgressor da lei ou o criminoso confronta-se, ex-ante, apenas com
a sanção esperada. Assim, um criminoso racional e buscando o seu interesse
próprio compara os custos e benefícios esperados da actividade ilegal e comete o
crime se o benefício esperado de cometer o crime excede o custo esperado, não o
fazendo no caso contrário.
133 Donald Wargo; Norman A. Baglini; Katherine A. Nelson () Dopamine, expected utility and decision-
making in the firm, in “Neuroeconomics and the Firm” - Edward Elgar:
“The neoclassical model of homo economicus states that we make decisions as a rational utility
maximizer, with expected utility being defined as the ‘satisfaction’ we expect to receive from the
consumption or possession of goods and services. Further, economics as a science observes the
outcomes of economic decisions by individuals and not the actual decision process in the human
brain. It states that we cannot know nor interpersonally compare the actual preferences of
individuals, but only observe the ‘revealed preferences’, so the outcomes are all that matters. In eff
ect, neoclassical economics treats the human brain as a black box.”
73
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
esperamos receber do consumo ou posse de bens e serviços. Além disso, a economia como
ciência observa os resultados das decisões económicas dos indivíduos e não a decisão actual
do processo no cérebro humano.
Afirma que não podemos conhecer nem interpessoalmente comparar as preferências reais dos
indivíduos, mas apenas observar as “preferências reveladas”, pelo que os resultados são tudo o
que importa. Com efeito, a economia neoclássica trata o cérebro humano como uma caixa negra.”
134 Samuelson, Paul (1948) Consumption Theory in Terms of Revealed Preference – Economica New
Series, Vol. 15, No. 60 (Nov., 1948), pp. 243-253, “The whole theory of consumer’s behavior can
thus be based upon operationally meaningful foundations in terms of revealed preference”, p.251.
135Amartya Sen (1973) Behaviour and the Concept of Preference “- Economica, New Series, Vol. 40, No.
159. (Aug., 1973), pp. 241-259. Ver a crítica que Sen fez à teoria da preferência revelada, utilizando
o dilema dos prisioneiros na teoria dos jogos.
http://mikael.cozic.free.fr/philoESS-1011/sen73-behaviour%20and%20the%20concept%20of%20preference.pdf
136 Camerer, Colin; George Loewenstein; Drazen Prelec (2005) Neuroeconomics: How Neuroscience Can
Inform Economics - Journal of Economic Literature Vol. XLIII (March 2005), p. 9.
137Epstein, S. (1994). Integration of the cognitive and the psychodynamic unconscious - American
Psychologist, 49, p. 709.
74
Arlindo Donário; Ricardo Borges dos Santos
138
Kuhnen, Camelia M.; Brian Knutson (2011) The Influence of Affect on Beliefs, Preferences, and
Financial Decisions - Journal of Financial and Quantitative Analysis Vol. 46, No. 3, June 2011, pp.
605–626
75