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E-BOOK

DIREITOS HUMANOS

DIREITOS FUNDAMENTAIS
NA CONSTITUIÇÃO
Unidade de aprendizagem N° 04

ESTE MATERIAL É PROTEGIDO POR DIREITOS AUTORAIS, SENDO PROIBIDA A REPRODUÇÃO,


A DISTRIBUIÇÃO, E A COMERCIALIZAÇÃO, SOB PENA DE RESPONSABILIDADE CIVIL E PENAL.
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DIREITOS FUNDAMENTAIS NA CONSTITUIÇÃO


Olá Aluno(a) concurseiro(a), ao estudarmos a história dos Direitos Humanos no Brasil, percebe-
mos que essa está perpetuada diametralmente à evolução constitucional brasileira. Sendo assim, é
de suma importância conciliar o estudo das duas matérias, Direitos Humanos e Direito Constitucional.

A Constituição Federal de 1988 (CF/1988) e os Direitos Humanos


A nossa Constituição Federal de 1988 é referência jurídica na tutela dos Direitos Humanos.
Sendo que, a CF/88 foi a primeira cons- tituição da história do Brasil que estabeleceu objetivamente
a preva- lência dos Direitos Humanos como preceito fundamental do Estado, no sentido de reger o
país no que diz respeito às relações internacionais.

Além disso, quando estudamos Direito Constitucional, percebe- mos que a Constituição Federal
de 1988 (CF/88) tem grande preocu- pação com a Dignidade da Pessoa Humana, tanto é, que traz
como um de seus Fundamentos, em seu artigo 1º inciso III.

Nessa perspectiva, a Constituição Federal de 1988 dedica um catálogo de princípios que fun-
damentam a República Federativa do Brasil (soberania, cidadania, dignidade da pessoa humana,
valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, e pluralismo político).

A Constituição Federal, chamada de Constituição cidadã, é certa- mente um marco jurídico na


guarida dos direitos humanos no Brasil. Tendo em vista o momento em que surgiu, de sobrepujamen-
to de um período de exceção e ditatorial, com grande violação de direitos mí- nimos fundamentais,
foi visando garantir esses direitos que surgiu nosso documento Constitucional, originando expressi-
vas mudanças em relação ao que dispensa os Direitos Humanos.

Dispositivos Constitucionais e os Direitos Humanos


A Constituição brasileira inicia com o Título I dedicado aos “prin- cípios fundamentais”, que são
as regras informadoras de todo um sis- tema de normas, as diretrizes básicas do ordenamento cons-
titucional brasileiro. São regras que contêm os mais importantes valores que informam a elaboração
da Constituição da República Federativa do Brasil.

Antes de adentrarmos no artigo 5º da Constituição Federal, é im- portante ressaltar alguns pre-
ceitos trazidos no texto Constitucional. Estruturalmente a CF/88 traz em seu título II os direitos e
garan- tias fundamentais e no capítulo I os direitos e deveres individu- ais e coletivos.

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O Título II da CF menciona “Dos Direitos e Garantias Fundamen- tais”, em seguida passa a tra-
tar dos direitos e deveres individuais e coletivos, iniciando o art. 5º.

Ressalta-se que direito e garantia não são sinônimos. Direito fundamental constitui um interesse
ou uma faculdade juridicamente protegida em razão de possuir valores essenciais da ordem jurídica.
Já a Garantia fundamental, constitui um procedimento específico, uma defesa ou salvaguarda,
cuja finalidade é conferir eficiente prote- ção a direitos fundamentais.

A carta maior prevê capítulos específicos para cada classificação de direito fundamental:

Clausula pétrea
É de suma importância que você saiba que os direitos e garantias individuais, direitos humanos
internamente positivados, foram trata- dos pelo Poder Constituinte Originário como cláusulas pétre-
as, isso quer dizer que não pode ser objetivo de emenda tendente a redução ou abolição desses di-
reitos, considerados essenciais ao nosso Estado Democrático de Direito.

Posição dos tratados e convenções internacionais de direi tos Humanos


Acerca da posição dos tratados internacionais perante a orga- nização hierárquica das normas
no direito brasileiro, eles podem as- sumir diferentes posições. Após significativo desenvolvimento
dou- trinário, da legislação constitucional e da jurisprudência, conferiu maneira distinta de tratamen-
to aos tratados internacionais de direi- tos humanos.

In verbis a previsão Constitucional:

§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos hu- manos que forem aprovados,
em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.

É muito corriqueiro em certames, a cobrança da posição do Su- premo Tribunal Federal (STF),
então vejamos, o atual posicionamen- to do STF:

• Tratados internacionais de Direitos Humanos aprovados com quórum de emenda constitu-


cional: possuem status de emenda cons- titucional, no mesmo patamar hierárquico da Constituição
Federal;

• Tratados internacionais de Direitos Humanos aprovados com quórum de norma infraconsti-


tucionais: possuem status de norma su- pralegal, em ponto intermediário, acima das leis, abaixo da
Constitui- ção Federal.

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• Demais tratados internacionais, independentemente do quó- rum de aprovação: possuem sta-


tus de norma infraconstitucional.

Tal entendimento relativo aos tratados de direitos humanos le- vou a uma sensível alteração na
pirâmide hierárquica do ordenamen- to jurídico brasileiro.

Direitos e Garantias Individuais e Coletivos


Antes de tudo, saibamos da diferença entre Direitos individuais e coletivos. Os Direitos individu-
ais são os direitos fundamentais do homem enquanto indivíduo isolado. Aos quais que reconhecem
au- tonomia aos particulares, garantindo a iniciativa e a independência diante dos demais membros
da sociedade política e do próprio Esta- do, tendo como sujeito passivo desses direitos todos os in-
divíduos, que não o seu titular, incluindo, portanto, as pessoas jurídicas e os entes públicos

Já os direitos fundamentais coletivos são direitos basilares apli- cáveis às pessoas enquanto
coletividade, exemplificando temos os direitos dos consumidores ou a garantia da função social da
proprie- dade.

Artigo 5º da CF/88

Inicialmente é de suma importância ressaltar que é necessária a leitura de todos os incisos do


artigo 5º, por mais extenso que seja, crie o hábito de revisita-lo sempre, as bancas adoram cobra-lo.
Aqui nesta unidade veremos os incisos mais importantes do artigo 5º e quan- do possível correlacio-
na-lo com a DUDH, sendo importante a leitura seca de ambos.

Vamos correlacionar o artigo 5º da CF/88 com a Declaração Uni- versal de Direitos Humanos
(DUDH), que já estudamos na unidade de aprendizagem anterior. Vejamos os dispositivos da DUDH:

Artigo 1° Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados
de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.

Artigo 7° Todos são iguais perante a lei e, sem distinção, têm di- reito a igual protecção da lei.
Todos têm direito a protecção igual con- tra qualquer discriminação que viole a presente Declaração
e contra qualquer incitamento a tal discriminação.

Vamos ao caput do artigo 5º da CF/88.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

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Direito à Igualdade (ou Isonomia)


A Constituição Federal de 1988 emprega no caput do art. 5º o princípio da isonomia formal, onde
trata todos da mesma forma sem distinções, fica claro ao estabelecer que: todos são iguais perante a
lei, sem distinção de qualquer natureza. Bem como a DUDH dispõe de que todos são livres e iguais.

O princípio da isonomia atua em duas vertentes distintas. Pri- meiramente, aplica-se ao legis-
lador, ao editar as leis. Já num segundo momento, dedicar-se ao intérprete das normas legisladas
ao aplicar a lei.

Direito à vida

O direito à vida é um direito fundamental previsto no caput do art. 5º, CF e no Artigo 3° da DUDH.
Sendo que todo o indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal, sendo pressuposto
para a titularidade e exercício dos direitos fundamentais. O tema é arcabouço de várias discussões
jurídicas, como quando seria o início da vida.

Quando começa a vida? Nos termos das normas internacionais, a proteção à vida inicia-se com
a concepção. É o que prevê o art. 4º, I, do Pacto de San José da Costa Rica:

1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida. Esse direito deve ser protegido pela
lei e, em geral, desde o momento da concepção. Ninguém pode ser privado da vida arbitrariamente.

A legislação nacional discute qual o momento em que se inicia a vida propriamente. Ainda que
não haja um posicionamento unânime, o entendimento atual majoritário é no sentido de que a vida
se inicia com o nascimento, contudo, a legislação protege os direitos do con- cepturo (embrião con-
cebido, ainda não nascido).

Direito à liberdade

No tocante os direitos de liberdade, estes são denominados de direitos de primeira dimensão,


também conhecidos como liberdades públicas ou negativa. Sendo que o direito de liberdade, pre-
sente no caput do art. 5º da CF/88 e no artigo 3º da DUDH, baseia a autonomia privada e emana do
princípio democrático. Nos incisos do artigo 5º da CF/88 há menção a outras vertentes do direito à
liberdade, que veremos mais adiante.

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Direito à segurança

Tanto na CF/88, como na DUDH temos como direito basilar a garantia da segurança.

DUDH: Artigo 3° Todo o indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.

Quanto ao direito à segurança, ela possui várias vertentes, veja- mos:

• A segurança no sentido amplo, decorre dos princípios da legali- dade e da irretroatividade.


Alude a garantia que garante ao indivíduo o direito de fazer tudo aquilo que não estiver vedado por
lei. É uma segurança para o indivíduo no gozo de suas ações.

• Por outro prisma a segurança à vida intima, que implica o res- peito à privacidade, honra e
imagem;

• A segurança em matéria judiciária, que abarca direitos conco- mitantes aos processos judi-
ciais, como a garantia da coisa julgada, direito adquirido e ato jurídico perfeito;

• A segurança em matéria penal, que se reproduz ao dever do Estado de manter a ordem e o


Estado Constitucional de Direito.

O artigo 5º e seus incisos Direito de igualdade

O Artigo 7° da DUDH dispõe que:

Todos são iguais perante a lei e, sem distinção, têm direito a igual protecção da lei. Todos têm
direito a protecção igual contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra
qualquer in- citamento a tal discriminação.

O inciso I do artigo 5º da CF/88, dispõe que:

I - Homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;

Os referidos dispositivos denotam um desdobramento do princí- pio da igualdade, destacan-


do a importância de uma relação paritária e sem discriminações entre homens e mulheres, em har-
monia com os objetivos da República, registrado no art. 3º, IV, onde repugna qual- quer forma de
discriminação.

Vedação a tortura ou tratamento degradante


A Proibição da tortura ou tratamento degradante ilustra função da dignidade como cláusula de
barreira, e a preocupação dos Direitos Humanos é materializado em dois importantes artigos.

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Dispõe o artigo 5º da DUDH.

Artigo 5° Ninguém será submetido a tortura nem a penas ou tra- tamentos cruéis, desumanos
ou degradantes.

A CF/88 dispõe que:

III - NINGUÉM será submetido a tortura nem a tratamento desu- mano ou degradante;

O inciso decorre do direito à vida e, não só da existência como de uma vida digna. A proibição
da tortura é considerada, como estuda- mos na UA anterior, um dos raros direitos humanos absolu-
tos (excep- cionando a regra da relatividade dos direitos humanos).

Mas o que é tortura? A Lei nº 9.455/1997 conceitua em seu art.

1º o que seria a tortura:

Art. 1º Constitui crime de tortura:

I - Constranger alguém com emprego de violência ou grave ame-

aça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:

a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da

vítima ou de terceira pessoa;

b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;

c) em razão de discriminação racial ou religiosa;

II - Submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou gra-
ve ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida
de caráter preventivo.

Liberdade de pensamento
Temos que a liberdade de manifestação constitui um direito fun- damental do ser humano, que
poderá ser manifestado de diversos modos. Não obstante, ele não é absoluto, consoante a relativi-
dade dos Direitos Humanos.

Esse direito tem previsão expressa tanto na CF/88, IV - É livre a manifestação do pensamento,
sendo vedado o anonimato. Bem como na DUDH, abaixo in verbis:

Artigo 19° Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o

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direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem considera-
ção de fronteiras, informações e idéias por qualquer meio de expressão.

Nesse sentido, é vedado o anonimato quando da manifestação de pensamento, de modo a


prevenir mensagens apócrifas (sem assi- natura ou indicação), com escopo calunioso, injurioso ou
difamatório. Essa proibição do anonimato estabelece garantia à incolumidade dos direitos de per-
sonalidade como a honra, a vida privada, a imagem e a intimidade, permitindo a responsabilização
criminal e a indenização cível.

Direito de imagem e de resposta


Trata-se de um direito e garantia fundamental que tem a fina- lidade de limitar um outro direito
fundamental que vimos acima, a liberdade de manifestação. Possibilitando assim, o ensejo a indeni-
zação para quem causar dano a outrem ao exercer a sua liberdade de expressão.

Esse preceito tem previsão constitucional, V - É assegurado o di- reito de resposta, proporcio-
nal ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem; (art.5º CF).

No tocante ao dano à imagem, caberá também reparação quan- do há dano decorrente da ex-
posição indevida ou não autorizada da imagem das pessoas ou pela sua utilização indevida.

Liberdade de consciência e de religião


Tais liberdades são de suma importância para o exercício de uma vida plena, destacado pela
CF/88, VI - É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício
dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias. E
pela DUDH em seu artigo 18, in verbis:

Art. 18: Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamen- to, consciência e religião; este
direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou
crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou co- letivamente, em pú-
blico ou em particular.

Destaca-se que o Brasil é um país laico, sendo de livre escolha de cada como professar sua
fé. Do mesmo modo, em que cabe ao Estado possibilitar a seus cidadãos um clima de perfeita com-
preensão reli- giosa, pautado na tolerância, suprimindo qualquer forma de intran- sigência.

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Abaixo, outros dispositivos sobre o assunto previstos na CF/88:

VII - É assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis
e militares de internação coletiva;

VIII - Ninguém será privado de direitos por motivo de crença re- ligiosa ou de convicção filosó-
fica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta E recusar-se
a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;

Cabe ressaltar que o Estado deve aplicar prestações alternati- vas para que ninguém deixe
de cumprir com seus deveres de cidadão, sob a alegação de que suas crenças não lhe permitem tal
exercício. Sendo que se possibilitado uma alternativa a escusa e o não cumpri- mento da prestação
alternativa implica restrição aos direitos políti- cos.

Sendo assim, de acordo com a CF, e com base no direito à escusa de consciência, o indivíduo
pode se recusar a praticar atos que confli- tem com suas convicções religiosas, políticas ou filosó-
ficas, sem que essa recusa implique restrições a seus direitos. O que ele não pode, é se recusar a
cumprir a prestação que foi posta como alternativa.

Liberdade opinião, de expressão e do livre acesso à infor- mação


É ampla a liberdade de atividade intelectual, artística, científica ou de comunicação. Assim, não
é necessária a licença para o exercício dessa liberdade, apesar disso, se afetar direitos e interesses
de tercei- ros ensejará a responsabilização.

IX - É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, inde-


pendentemente de censura ou licença;

E na DUDH dispõe que: Art. 19: Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expres-
são; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e trans-
mitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras.

Direito à vida privada


Numa visão filosófica, Zavala de Gonzáles aborda o tema, adu- zindo que “a intimidade cons-
titui uma condição essencial do homem que lhe permite viver dentro de si mesmo e projetar-se no
mundo exterior a partir dele mesmo, como único ser capaz de dar-se conta de si e de fazer de si o
centro do universo”

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Disposição na DUDH acerca do tema:

Art. 12: Ninguém será sujeito a interferências em sua vida pri- vada, em sua família, em seu lar
ou em sua correspondência, nem a ataques à sua honra e reputação. Todo ser humano tem direito
à pro- teção da lei contra tais interferências ou ataques.

Segundo a jurisprudência do STF a proteção do direito de ima- gem do indivíduo é autônoma


em relação à sua honra. Esse dispositi- vo observa a capacidade que cada pessoa possui de obstar
a invasão de pessoas alheias em sua vida privada e familiar, de tal modo a evitar o acesso a dados
sobre a privacidade. Coibi, também, a ingerência es- tatal na vida privada.

Dispositivos constitucionais nesse sentido:


X - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a ima- gem das pessoas, assegura-
do o direito a indenização pelo dano mate- rial ou moral decorrente de sua violação;

XI a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela poden- do penetrar sem consentimento
do morador, salvo em caso de fla- grante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o
dia, por determinação judicial; exercício do trabalho.

XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunica- ções telegráficas, de dados e das
comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a
lei es- tabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;

É de suma importância o candidato saber esse dispositivo, tendo em vista à sua incidência em
provas. O dispositivo trata do de sigilo das correspondências, comunicações telegráficas, de dados
e das co- municações telefônicas.

No entanto, não há em regra direito absoluto, todos os direitos previstos na CF podem ser re-
lativizados. Podendo haver a restrição do sigilo das correspondências e das comunicações em caso
de esta- do de sítio e de defesa (art. 139, III, e art. 136, §1º, I, ambos da CF), por exemplo.

Além de eventuais relativizações previstas ao longo da CF, o pró- prio inciso XII traz um caso
em que as comunicações poderão ser mi- tigadas, no caso de ordem judicial, nas hipóteses e na for-
ma que a lei estabelecer e para fins de investigação criminal ou instrução proces- sual penal.

Direito ao trabalho e à livre escolha


A DUDH prevê o Direito ao trabalho, à livre escolha, garantindo um salário igual por um traba-
lho correspondente, bem como a liber- dade sindical em seu artigo 23.

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Art. 23: 1. Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre es- colha de emprego, a condições
justas e favoráveis de trabalho e à pro- teção contra o desemprego. 2. Todo ser humano, sem qual-
quer dis- tinção, tem direito à igual remuneração por igual trabalho. 3. Todo ser humano que traba-
lhe tem direito a uma remuneração justa e sa- tisfatória, que lhe assegure, assim como à sua famí-
lia, uma existên- cia compatível com a dignidade humana, e a que se acrescentarão, se necessário,
outros meios de proteção social. 4. Todo ser humano tem direito a organizar sindicatos e neles in-
gressar para proteção de seus interesses.

Já a CF/88 no artigo 5º, XIII, prevê in verbis:

XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações


profissionais que a lei estabelecer;

O inciso acautela à liberdade para o exercício de qualquer pro- fissão ou ofício, vedando ao
Estado a limitação às diversas formas de trabalho. Podendo cada indivíduo escolher sua profissão
de acordo com capacidades, aptidão e necessidades.

Acesso a Informação
Previsto tanto na CF/88, como na DUDH, sendo um direito fun- damental e necessário ao exer-
cício da cidadania. Vejamos os disposi- tivos:

Art. 19: Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a li-
berdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias
por quaisquer meios e independentemente de fronteiras.

Na CF/88 há previsão no artigo 5º, nesse sentido:

XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando ne-
cessário ao exercício profissional;

XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particu-
lar, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabi-
lidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da so- ciedade e do Estado;

Direito de ir e vir e de escolher livremente o local de sua re- sidência


A DUDH dispõe que: Art. 13: 1. Todo ser humano tem direito à liberdade de locomoção e resi-
dência dentro das fronteiras de cada Estado. 2. Todo ser humano tem o direito de deixar qualquer
país, inclusive o próprio, e a este regressar.

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E também tem previsão constitucional.

XV - é livre a locomoção no território nacional EM TEMPO DE PAZ, podendo qualquer pes-


soa, nos termos da lei, nele entrar, perma- necer ou dele sair com seus bens;

Direito à liberdade de reunião e associação pacífica


Compreende-se por liberdade de reunião o direito de as pessoas se agruparem de forma orga-
nizada e de caráter transitório para uma determinada finalidade. O direito de reunião em nossa CF
possui quatro preceitos: ser pacífico, sem armas, não frustrar outra reunião previamente agendada
para mesmo local e horários e com prévio avi- so à autoridade competente.

Também tem previsão o Direito de associação, a liberdade para se associar e se desassociar.

Abaixo os dispositivos pertinentes tanto na CF/88 como na DUDH sobre o tema:

DUDH
Art. 20: 1. Todo ser humano tem direito à liberdade de reunião e associação pacífica. 2. Ninguém
pode ser obrigado a fazer parte de uma associação.

CF/88

XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em lo- cais abertos ao público,
INDEPENDENTEMENTE de autorização, DESDE QUE não frustrem outra reunião anteriormente
convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;

XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;

XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperati- vas independem de au-


torização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento;

XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvi- das ou ter suas atividades
suspensas por decisão judicial, exigindo- se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;

XX - Ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a perma- necer associado;

XXI - as entidades associativas, quando expressamente autori- zadas, têm legitimidade


para representar seus filiados judicial ou ex- trajudicialmente;

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Direito de propriedade
O direito de propriedade embora seja um direito fundamental, como os outros, não é absoluto,
devendo se ajustar aos interesses da sociedade e, em caso de conflito, o interesse social pode pre-
valecer sobre o direito individual de propriedade

Vejamos os dispositivos da DUDH e da CF/88, nesse sentido: Na DUDH:

Art. 17: 1. Todo ser humano tem direito à propriedade, só ou em sociedade com outros. 2.
Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade.

Na CF/88:

XXII - é garantido o direito de propriedade;

XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;

XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade


pública, ou por interesse social, median- te justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os
casos pre- vistos nesta Constituição;

XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade compe- tente poderá usar de pro-
priedade particular, assegurada ao proprie- tário indenização ulterior, se houver dano;

XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, des- de que trabalhada pela fa-
mília, não será objeto de penhora para paga- mento de débitos decorrentes de sua atividade produ-
tiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;

XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de


suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;

XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:

a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem


e voz humanas, inclusive nas atividades des- portivas;

b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que


participarem aos criadores, aos intér- pretes e às respectivas representações sindicais e associativas;

XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privi- légio temporário para sua
utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de em-
presas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desen- volvimento tecno-
lógico e econômico do País;

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Inafastabilidade de jurisdição, presunção de inocência, não retroatividade da lei


e o reconhecimento do direito a uma justiça independente e imparcial
Primeiramente o princípio da inafastabilidade de jurisdição, é fundamental para o triunfo do
Estado de Direito. O direito de ação é um direito público subjetivo do cidadão, dado que cabe exclu-
siva- mente ao Estado a faculdade de dizer o direito no caso concreto de forma definitiva, decidindo
os conflitos de interesses que aconteçam na sociedade.

A presunção de inocência trazer à baila uma garantia processual atribuída ao acusado pela
prática de uma infração penal, oferecendo-lhe a prerrogativa de não ser considerado culpado por
um ato delitu- oso até que a sentença penal condenatória transite em julgado.

Já quanto a vigência legal, a regra é que a lei não pode prejudicar direito adquirido, ato jurídi-
co perfeito e nem decisão definitiva. E diz ainda que a lei penal não pode retroagir a não ser para
beneficiar o réu.

Acerca dos referidos institutos temos a presença na Declaração

Universal e na CF a tutela sobre referidos temas. Vejamos: Previsão na DUDH:

Art. 11: 1. Todo ser humano acusado de um ato delituoso tem o direito de ser presumido ino-
cente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no
qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa.

2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no momento, não
constituíam delito perante o direito nacional ou in- ternacional. Também não será imposta pena mais
forte do que aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso.

Art. 10: Todo ser humano tem direito, em plena igualdade, a uma audiência justa e pública por
parte de um tribunal independente e imparcial, para decidir sobre seus direitos e deveres ou do
funda- mento de qualquer acusação criminal contra ele.

Previsão na CF/88:

XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;

XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;

XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;

XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados:

a) a plenitude de defesa;

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b) o sigilo das votações;

c) a soberania dos veredictos;

d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;

XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;

XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;

LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela au- toridade competente;

LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;

LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são asse-
gurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;

LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;

LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julga- do de sentença penal
condenatória;

Crimes repudiados
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e im- prescritível, sujeito à pena de re-
clusão, nos termos da lei;

XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tor-
tura, o tráfico ilícito de entorpe- centes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes he-
diondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;

Este material é protegido por Direitos Autorais, sendo proibida a reprodução,

XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares,
contra a ordem constitucional e o Estado Democrático;

Das penas e prisão


Os Direitos Humanos têm grande preocupação com aplicação da pena e a sua individualiza-
ção. Sendo que, se tem como preceito que as penas nunca poderão passar da pessoa do acusado,
à exceção do perdimento de bens que pode alcançar sucessoras até o limite do res- pectivo quinhão
hereditário.

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Também há previsão na CF/88 quanto as penas possíveis de se- rem adotadas pelo sistema
penal brasileiro e as proibidas. Vejamos os artigos pertinentes tanto na DUDH como na CF/88 acer-
ca do assunto.

Na DUDH:

Art. 9º: Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.

Na CF/88:

XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, en- tre outras, as seguintes:

a) privação ou restrição da liberdade;

b) perda de bens;

c) multa;

d) prestação social alternativa;

e) suspensão ou interdição de direitos;

XLVII - não haverá penas:

a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;

b) de caráter perpétuo;

c) de trabalhos forçados;

d) de banimento;

e) cruéis;

XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do de-
lito, a idade e o sexo do apenado;

XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;

L - Às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos
durante o período de amamentação;

Amigos, eu sei que essa unidade de aprendizagem foi extensa, no entanto, ela reflete também
o direito Constitucional, então possui dupla importância, não deixe de reler o artigo 5º, principalmente

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nos pontos comentados, pois são de maior incidência em prova.

Embora a matéria seja extensa, não são tão complexas as ques- tões acerca do tema, senão
vejamos:

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Na prática

1(CESPE/PC-CE/2012)

Acerca da teoria geral dos direitos humanos e da dignidade da pessoa humana julgue os itens a seguir.

A dignidade da pessoa humana é um fundamento da República Federativa do Brasil.

CERTO( ) ERRADO( )

COMENTÁRIOS

São fundamentos da República Federativa do Brasil:

Soberania, cidadania, dignidade da pessoa humana, valores sociais do trabalho e da livre inciativa
e o pluralismo politico.

Gabarito: CERTO

2(CESPE/MPE-AM/2007)

Ao tratar da tutela dos direitos humanos, o art. 5º da CF aborda uma série de questões de natureza
internacional. Nesse sentido, julgue os itens que se seguem.

A República Federativa do Brasil reconhece a jurisdição de tribunais internacionais com vocação pe-
nal, desde que tenha aderido a seus instrumentos fundacionais.

CERTO( ) ERRADO( )

COMENTÁRIOS

Caso o Brasil tenha aderido os instrumentos fundacionais dos tratados internacionais, estes terão
sua jurisdição reconhecida.

GABARITO: CORRETO

3(SPE/SEJUS-ES/2012)

Julgue o item seguinte:

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O direito fundamental à vida é hierarquicamente superior a todos os demais direitos humanos, este-
jam eles previstos na CF ou na DUDH.

CERTO( ) ERRADO( )

Cumpre ressaltar que não existe hierarquia entre direitos fundamentais, por ser incompatível com
sua natureza e função no Estado Democrático de Direito. Os direitos fundamentais expressos por
normas constitucionais possuem idêntica hierarquia e força vinculativas.

GABARITO: ERRADO.

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