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DIREITOS FUNDAMENTAIS

EM ESPÉCIE PARTE I
DIREITO CONSTITUCIONAL
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Direitos Fundamentais
em Espécie Parte I

A Constituição Federal de 1988, em seu Título II, classifica o


gênero direitos e garantias fundamentais em importantes gru-
pos, sendo eles:

> Direitos e deveres individuais e coletivos (art. 5º);


> Direitos sociais (arts. 6º ao 11);
> Direitos de nacionalidade (arts. 12 ao 13);
> Direitos políticos (arts. 14 ao 16);
> Partidos políticos (arts. 17).
Vamos iniciar nosso estudo pelo artigo 5º que dispõe acerca
dos Direitos e deveres individuais e coletivos.

TITULARIDADE
O art. 5.º, caput, da CF/88 estabelece que todos são iguais pe-
rante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabili-
dade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos dos seus 78 incisos e 4 parágrafos.

Como pode observar, o caput do art. 5º referiu-se apenas a


brasileiros (natos e naturalizados), bem como a estrangeiros resi-
dentes no Brasil. Como fica a situação daqueles indivíduos que
não fazem parte desse grupo?

Como reconheceu o STF (HC 74.051), tanto os que residem


no território pátrio como os passantes – turistas – fazem jus aos
direitos e garantias fundamentais, nos limites da nossa soberania.
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Dessa forma, os apátridas, os estrangeiros não residentes no


Brasil e os turistas que estiverem de passagem podem valer-se dos
direitos e garantias fundamentais.
E as pessoas jurídicas?

Também são destinatárias dos direitos e garantias fundamen-


tais, observadas algumas exceções que estão ligadas a sua nature-
za jurídica. Exemplo: não há garantia de Habeas Corpus às pessoas
jurídicas, pois jamais terão sua liberdade de ir e vir ameaçada.

DIREITO À VIDA (Art. 5º, caput)

O direito à vida, previsto no art. 5º, caput, compreende o direi-


to de continuar vivo e de ter uma vida digna (garante as neces-
sidades vitais do ser humano).

Em algumas situações, o direito à vida poderá ser


relativizado. Veja:

> Pena de morte, caso de guerra declarada – art. 5º, XLVII, a, da CF

> Aborto:

a) Necessário ou terapêutico: Não é punível o aborto praticado


por médico se não há outro meio de salvar a vida da gestante;

b) Sentimental ou humanitário: Não é punível o aborto


praticado por médico se a gravidez decorre de estupro.

c) Gestação de feto anencéfalo: Não é punível a interrupção de


gravidez de feto anencéfalo, desde que se comprove, por laudos
médicos que o feto não tem cérebro e não há perspectiva de sobre-
vida (STF – ADPF 54).

> Uso de células-tronco embrionárias: as pesquisas com célu-


la-tronco embrionária não violam o direito à vida.
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PRINCÍPIO DA IGUALDADE (art. 5º, caput, I)

O art. 5.º, caput, estabelece que todos são iguais perante a lei,
semdistinção de qualquer natureza. Em seguida, o inciso I declara
que homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos
termos da Constituição Federal.

Estamos diante da igualdade formal (disposta em lei), mas


nada impede que se busque a igualdade material.

A igualdade material é a busca pela igualdade real, na qual o


Estado deve tratar os iguais de forma igual, e os desiguais de forma
desigual, na medida de suas desigualdades.
Ações Afirmativas (discriminações positivas)

São consagradas a fim de conferir tratamento diferenciado


a certos grupos, em virtude de marginalizações que sofreram no
passado. Exemplos:

Cotas Raciais: Política de cotas étnico-raciais para seleção


de estudantes para universidades. Permite certas vantagens, por
tempo limitado, para garantir a suplantação de desigualdades oca-
sionadas por situações históricas;

Prouni: Como importante fator de inserção social, visa


garantir a todos o acesso à educação;

Lei Maria da Penha: Tem como finalidade intimidar a prática


de violência doméstica contra a mulher.

PRINCÍPIO DA LEGALIDADE (art. 5º, II)

O inciso II do art. 5.º estabelece que “ninguém será obrigado a


fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”.

Deve-se fazer a distinção do que significa a legalidade para o


particular e para a administração pú-blica. Veja-se:
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PARTICULAR
{ Pode fazer tudo que
não for proibido por
lei.

LIBERDADE

AGENTE
PÚBLICO { Só pode fazer o que
a lei manda ou
permite.

Na prática

1 - (Quadrix - 2018) Julgue o item seguinte a respeito dos direitos


e das garantias individuais na Constituição Federal de 1988 (CF).

São destinatários da proteção conferida pelos direitos fundamen-


tais as pessoas naturais e jurídicas, nacionais e estrangeiras.

2 - (CESPE - 2018) Acerca dos princípios, fundamentos e objetivos


da Constituição Federal de 1988 (CF), julgue o item a seguir.

Os direitos e as garantias fundamentais constitucionais estendem-


-se aos estrangeiros em trânsito no território nacional, mas não às
pessoas jurídicas, por falta de previsão constitucional expressa.

3 - (VUNESP – 2017) A Constituição Federal assegura e protege,


expressamente, o direito à vida. Nesse sentido, o texto constitu-
cional estabelece em relação à pena de morte, que
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a) É vedada, como regra, mas pode ser aplicada em casos


excepcionais quando o crime foi praticado com extrema
violência e causou grande comoção social.

b) É totalmente vedada, tendo em vista que o direito à vida é


absoluto e inviolável.

c) Não pode ser aplicada, salvo em caso de guerra declarada,


nos termos da Constituição Federal.

d) É admitida, excepcionalmente, em casos de crimes hediondos


em que o réu é reincidente.

e) Não é admitida, atualmente, mas a Constituição Federal per-


mite que o legislador possa implementá-la para crimes hedion-
dos e inafiançáveis.

4 - (CESPE – 2014) No que concerne aos direitos e ga-


rantias fundamentais, julgue o item que se segue.

O direito à vida, assim como todos os demais direitos fundamen-


tais, é protegido pela CF de forma não absoluta.
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BIBLIOGRAFIA

LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 23. ed. –


São Paulo: Saraiva Educação, 2019.

BULOS, Uadi Lammêgo. Direito Constitucional ao alcance de


todos. 9ºed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2019.

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