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A INTERNAÇÃO ILEGAL: UMA ABORDAGEM À LUZ DO DIREITO CIVIL,

CONSTITUCIONAL E PENAL.

Carmen Lúcia de Paula Ferreira Silvério Alves1


Thiago Wilson de Paula Ferreira Barrochelo2
Prof. Me. Fabio Valdecioli Cwejgorn3

1. RESUMO

O presente artigo tem por objetivo analisar as consequências jurídicas de um


caso de internação ilegal, na qual um indivíduo foi internado por 30 dias, após ser
confundido com um fugitivo do hospital psiquiátrico. Para tal, apoiou-se na
legislação sob o viés dos direitos fundamentais, principalmente do direito à liberdade
e do princípio da dignidade da pessoa humana. E, também na busca de argumentos
interpretativos para compreender a responsabilidade civil por danos morais,
demonstrando a importância das ações de responsabilidade civil por danos para a
defesa dos direitos fundamentais garantidos no texto constitucional de 1988. No
âmbito da penalidade a busca de elementos que caracterizam ou não a infração
penal, tendo como finalidade a relevância da reprovabilidade de uma conduta
considerada afrontosa às normas jurídicas.

*Palavras-chave: Internação. Liberdade. Legislação. Direitos fundamentais.

1
Acadêmico do curso de Direito do Centro Universitário ENIAC. e-mail: 207702021@eniac.edu.br
2
Acadêmico do curso de nome de Direito do Centro Universitário ENIAC. e-mail: 292682020@eniac.edu.br
3
Professor Me. Fábio Valdecioli Cwejgorn do curso de Direito, Centro Universitário ENIAC. Fabio.valdecioli@eniac.edu.br
INTRODUÇÃO
Este artigo analisou os efeitos jurídicos da internação ilegal. No âmbito do
Direito Constitucional, na perspectiva da violação ao direito fundamental à liberdade,
princípio da dignidade humana, como também a ação constitucional para suspender
a inadequada coação ao direito de ir e vir. No campo do Direito Penal, a finalidade
foi buscar elementos que caracterizam ou não a infração penal. No ponto de vista
do Direito Civil, foi apurado as disposições que determinam que a pessoa que
sofreu dano moral, dano material ou dano à imagem, bem como a responsabilidade
dos envolvidos.
Os pressupostos essenciais de uma vida em liberdade e dignidade humana
devem ser criados e mantidos pelos direitos fundamentais. Entre os diferentes
direitos expressos na Constituição, o direito à liberdade constitui direito
especialmente fundamental, pois sua garantia é essencial para a dignidade do
indivíduo.
É importante observar que o direito à liberdade pertence a um rol maior de
direitos, chamados direitos fundamentais, por traduzirem as garantias asseguradas
aos indivíduos. Os direitos fundamentais podem ser separados em formais e
materiais. Formais são aqueles que constam do texto expresso da Constituição
Federal. Materiais seriam os direitos não positivados: porém implícitos:
A Constituição brasileira prevê a aplicação de ambos, sendo que os direitos
fundamentais em sentido material estão previstos no art. 5º, parágrafo 2º, o
qual reza que os direitos fundamentais não são previstos na CF, não são
excluídos por aqueles que estão expressos em seu texto. (RUIZ, 2006,
p.139)
No Brasil o princípio da dignidade da pessoa humana está previsto na
Constituição Federal de 1988, sendo elencado como um dos fundamentos do
Estado Democrático de Direito, o que significa que deverá ser respeitado pelas
demais normas jurídicas e utilizado como norte para interpretações jurídicas e ações
por parte do Estado e dos cidadãos.
Os instrumentos previstos no ordenamento jurídico brasileiro que garantem
aos cidadãos os direitos fundamentais previstos na Constituição Federal quando o
Estado não cumpre seu dever, seja por despreparo, ilegalidade ou abuso de poder.
Os remédios constitucionais decorrem dos direitos e garantias fundamentais,
descritos no artigo 5º da CFB, que são essenciais para proteger e assegurar, a
todos os brasileiros e estrangeiros, o direito à vida, à liberdade, à igualdade,
segurança e à propriedade privada.
A relevância deste trabalho se atribui na medida em que, além de elucidar
questões que fazem parte do cotidiano do operador do Direito, ainda possibilita uma
visão orgânica, e não estanque, do sistema jurídico nacional.

2. OBJETIVOS

Objetivo Geral:
- Realizar uma análise jurídica a respeito da internação equivocada de um
indivíduo num manicômio.

Objetivos específicos:
- Examinar as consequências da internação com base no Direito
Constitucional;
- Averiguar a prática de crime previsto no Código Penal;
- Averiguar eventual pedido de indenização civil.

3. METODOLOGIA

Para o desenvolvimento deste artigo foi desenvolvida pesquisa bibliográfica,


sendo utilizadas obras pertinentes ao tema proposto. A seleção e análise de
bibliografias, onde será dedicada leitura as obras relacionadas à discussão
levantada pelo trabalho científico, em especial, as doutrinas que se dedicam ao às
normas jurídicas, a legislação para elucidar as condutas necessárias do operador de
Direito.
Por meio de uma metodologia descritiva e predominantemente explicativa,
realizada com pesquisa bibliográfica e jurisprudencial, parte-se do princípio da
dignidade da pessoa humana e da demonstração de seu aspecto basilar no
constitucionalismo contemporâneo, bem como a responsabilidade civil, penal ou
administrativa, que demanda conhecimentos jurídicos.
4. DESENVOLVIMENTO

Os direitos e garantias fundamentais são direitos previstos na Constituição


Federal e inerentes à pessoa humana. Além disso, cada vez mais ganham
relevância, sobretudo no contexto de defesa da dignidade humana. Como o próprio
nome já revela, são direitos garantidos, hoje, a todos os seres humanos, enquanto
indivíduos de direito. Tratam-se, assim, de garantias formalizadas ao longo do
tempo, inerentes aos indivíduos. E, em razão disso, costumam andar atrelados às
concepções de direitos humanos.
Historicamente, a Revolução Francesa foi o primeiro grande marco na
conquista de direitos e garantias fundamentais, mas também da elaboração de um
plano de direitos humanos. Isto porque dela decorreu a Declaração Universal dos
Direitos do Homem e do Cidadão. Embora não se tratasse, ainda, de uma
compilação de direitos, de fato, universal, já revelava uma tendência à
universalização dos direitos.
Com base nisso, em 1948, publicou-se, então, a Declaração dos Direitos
Humanos. Completando 73 anos em 2021, esta ainda continua a ser uma definição
a impactar o Direito de um modo geral. Isto porque estabelece direitos
independentemente de diferenciações quanto a raça, gênero ou condição
econômica. E apesar de a prática jurídica, ainda hoje, evidenciar que tais
diferenciações exercem influência na consolidação e na aplicação dos direitos, era
uma medida para, ao menos formalmente, garantir uma igualdade entre os
indivíduos.
Os direitos e garantias fundamentais, portanto, são entendidos como este
conjunto de preceitos conquistados com o avanço das sociedades jurídicas e hoje
positivados. A Constituição Federal de 1988, desse modo, refletiu o que fora
estabelecido na Carta de Direitos Humanos de 1948. E trouxe um rol de direitos e
garantias considerados fundamentais para a manutenção do ordenamento jurídico.
Os direitos e garantias fundamentais estão dispostos na Constituição Federal de
1988, em seu Título II. Enquanto os direitos fundamentais se referem aos direitos
propriamente ditos constantes na Constituição, as garantias fundamentais se
referem a medidas previstas e visam à proteção desses direitos. Assim, são
exemplos de direitos fundamentais o direito à vida e à liberdade. E são exemplos de
garantias fundamentais o Habeas Corpus e o Habeas Data, além de outros
remédios jurídicos.
O artigo 5º da Constituição Federal apresenta uma série de direitos e
garantias que são fundamentais à vida humana digna. Contudo, o caput do artigo
apresenta cinco direitos que possuem ainda mais importância e são basilares para o
ordenamento jurídico. Desse modo, é a redação do artigo:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade […].
Portanto, são direitos fundamentais:
 Direito à vida;
 Direito à liberdade;
 à igualdade;
 à segurança;
 e à propriedade.

4.1 Direito à liberdade


Entre os direitos e garantias fundamentais também é previsto o direito à
liberdade. O indivíduo, portanto, possui o direito de ir e vir, além da liberdade de
crença e da liberdade de expressão. Assim, dispõem os incisos I e XV do artigo 5º
da Constituição Federal:
I – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em
virtude de lei;
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou
degradante;
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da
indenização por dano material, moral ou à imagem;
XV – é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo
qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus
bens.
4.2 - Da petição
O direito de petição é definido como o direito dado a qualquer pessoa que
invocar a atenção dos poderes públicos sobre uma questão ou uma situação,
permitindo a qualquer pessoa se dirigir formalmente a qualquer autoridade do Poder
Público, com o intuito de reivindicar, uma informação, queixa ou mesmo uma
simples opinião acerca de algo relevante para o interesse próprio, de um grupo ou
de toda a coletividade.
Este remédio constitucional, que é assim considerado, no artigo 5º, inciso
XXXIV da Constituição Federal de 1988: são a todos assegurados,
independentemente do pagamento de taxas:
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra
ilegalidade ou abuso de poder;
b) obtenção de certidão em repartição pública, para defesa de direitos e
esclarecimentos de situações de interesse pessoal.

4.3 - Legitimidade Ativa


As legitimidades ad causam envolve a indagação fundamental de quem é o
titular para movimentar a pretensão. A regra geral, é que o direito de ação compete
a quem tem o interesse legítimo na pretensão.
O Código Civil, art. 1º prescreve que “toda pessoa é capaz de direitos e
deveres na ordem civil”, assim, o direito de ação compete a quem tem o interesse
legítimo à pretensão, pertencendo, em regra, à vítima que sofreu uma lesão a sua
pessoa (dano moral) ou a sua integridade física (dano estético), o direito de pleitear,
judicialmente, a indenização pelos danos extrapatrimoniais suportados, desde que,
é claro, comprove o nexo de causalidade entre o dano sofrido e ato ilícito praticado
pelo ofensor. O prejudicado pelo procedimento danoso tem o direito de ação, é o
legitimado, portanto, para exigir o ressarcimento do dano, todo aquele que
efetivamente sofreu o prejuízo, tendo capacidade de ser parte toda pessoa natural,
bem como as pessoas jurídicas.
Contudo, é possível verificar que um fato lesivo, seja ele lícito ou não, pode
atingir não só a vítima, que podemos considerar como lesada direta, mas também
um terceiro chamado de lesado indireto; tem, por conseguinte, legitimidade ativa
para pleitear a reparação dos danos sofridos.
Os pais legitimados, por terem interesse jurídico, para acionarem o Estado na
busca de indenização por danos morais, sofridos por seu filho, em razão de atos
praticados por funcionários do hospital psiquiátrico Juqueri.

4.4 - Habeas Corpus


Diante do caso, verifica-se que a Constituição Federal conforme previsão
legal será a base para garantia do direito à liberdade de Afonso, tendo em vista que
tal garantia foi cerceada pelo responsável do Hospital Psiquiátrico, devendo-se
nesse caso ser impetrado um habeascorpus, que é considerado um remédio
constitucional, ou seja, um instrumento processual para garantir a liberdade de
alguém, quando a pessoa for presa ilegalmente ou tiver sua liberdade ameaçada
por abuso de poder ou ato ilegal.
O Habeas corpus é o remédio judicial que tem por finalidade evitar ou fazer
cessar a violência ou coação à liberdade de locomoção, decorrente de ilegalidade
ou abuso de poder.
Apesar de estar previsto no artigo 5º , inciso LXVIII, da Constituição Federal
de 1988, a maioria das regras e normas sobre o habeas-corpus podem ser
encontradas nos artigos 647 a 667 do Código de Processo Penal.
Dos textos legais podemos concluir que são cabíveis dois tipos de habeas-
corpus:
1) Repressivo, caso mais comum nos tribunais, ajuizado quando a prisão
ilegal já ocorreu; e,
2) Preventivo, também chamado de “salvo-conduto”, para evitar que a coação
ilegal da liberdade aconteça.
O artigo 648 do CPP descreve algumas situações em que a restrição de
liberdade é considerada como ilegal:
1) quando não houver justa causa (motivação legal);
2) prisão por tempo maior que lei permite;
3) prisão ordenada por autoridade que não podia fazê-lo;
4) quando o motivo que autorizava a prisão deixa de existir;
5) falta de liberdade com fiança, quando a lei permite;
6) diante de expressa nulidade no processo; e,
7) quando por algum motivo for extinta a punibilidade do réu.
Observa-se que no caso citado deverá ser impetrato um habeascorpus
repressivo, tendo em vista que a liberdade já foi cerceada e não há qualquer
motivação legal para que Afonso permaneça internado.
A legitimidade para figurar nos pólos da relação processual instaurada pelo
habeas corpus é estabelecida pelo art. 654, caput, do Código de Processo Penal, no
que se refere à legitimidade ativa, ao rezar que “o habeas corpus pode ser
impetrado por qualquer pessoa, em seu favor ou de outrem, bem como pelo
Ministério Público”; e pelo art. 5.°, LXVIII, in fine, da Constituição Federal, quanto à
legitimidade passiva, quando declara que a violência ou a coação pode ocorrer “por
ilegalidade ou abuso de poder”.
Pode ainda, de acordo com o § 2º do art. 654 do Código de Processo Penal,
ser concedido de ofício pelos juízes e pelos tribunais, quando no curso de
determinado processo for verificado que alguém sofre ou está na iminência de sofrer
coação ilegal; do mesmo modo, poderá ser pólo ativo o juiz que esteja na qualidade
de paciente, excluindo a impetração fora dessas possibilidades, porquanto sua
função jurisdicional não é postulatória.
O membro do Ministério Público que atua em primeiro grau e acompanha a
investigação criminal ou processo também poderá impetrar habeas corpus,
devendo, contudo, demonstrar efetivo interesse em beneficiar o réu e não prejudicá-
lo por via indireta.
Já o magistrado que fiscaliza o inquérito ou preside a instrução criminal não
poderá impetrar habeas corpus em favor do indiciado ou réu, uma vez que tem
poderes para fazer cessar o constrangimento. Como cidadão, todavia, e em
procedimento alheio à sua jurisdição o juiz pode impetrar o remédio em favor de
terceiro. O mesmo sentido se aplica ao delegado, quanto aos processos que
preside.
A legitimidade passiva pode ser ocupada tanto por autoridade pública quanto
por particular. A autoridade será considerada particular quando fora de suas
atribuições funcionais ou legais, podendo ser assim consideradas a autoridade
judicial, policial, a até mesmo o parquet. A pessoa coatora, quando se trata de um
particular, deverá agir contra a lei; já, quando autoridade, através de ilegalidade ou
abuso de poder. A Pessoa Jurídica não pode ser paciente, uma vez que o habeas
corpus protege de forma direta ou indireta a liberdade de locomoção, fator que não
é inerente à natureza da pessoa jurídica.
4.5 - Crimes comissivos por omissão
Crime comissivo é aquele cuja conduta típica requer um atuar positivo da
parte do sujeito ativo. Assim, o tipo requer seja o crime praticado por um
comportamento ativo. São crimes que têm em sua descrição típica um verbo de
ação, mas que também podem ser cometidos de forma omissiva impropriamente,
desde que o agente tenha o dever jurídico de agir na forma do artigo 13, § 2º .
Art. 13 — O resultado, de que depende a existência do crime, somente é
imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a
qual o resultado não teria ocorrido.

§ 2º — A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia


agir para evitar o resultado.

4.6 - Coação ilegal


Na Constituição Federal, em seu artigo 5º, inciso LXVIII, garante o habeas
corpus sempre que alguém sofrer ou sofrer ou se achar ameaçado de sofrer
violência ou coação à liberdade de locomoção por ilegalidade ou abuso de poder
sem especificar quais ilegalidades ou abuso de poder. No caso de Afonso houve a
coação ilegal consistente na internação de forma contrária à disposição legal.
A Lei 10216/2001, no artigo 6º: “a internação psiquiátrica somente será
realizada mediante laudo médico circunstanciado que caracteriza os seus motivos”.
Parágrafo único: São considerados os seguintes tipos de internação psiquiátrica:
I – internação voluntária: aquela que se dá com o consentimento do usuário;
II – internação involuntária: aquela que se dá sem o consentimento do
usuário e a pedido de terceiro; e
III – internação compulsória: aquela determinada pela Justiça.
Art. 8o - A internação voluntária ou involuntária somente será autorizada por
médico devidamente registrado no Conselho Regional de Medicina - CRM do
Estado onde se localize o estabelecimento.
§ 1o A internação psiquiátrica involuntária deverá, no prazo de setenta e duas
horas, ser comunicada ao Ministério Público Estadual pelo responsável técnico do
estabelecimento no qual tenha ocorrido, devendo esse mesmo procedimento ser
adotado quando da respectiva alta.
§ 2o O término da internação involuntária dar-se-á por solicitação escrita do
familiar, ou responsável legal, ou quando estabelecido pelo especialista responsável
pelo tratamento.

4.7 - Cárcere Privado


No caso supracitado, houve a prática do delito tipificado no artigo 148,
parágrafo 1°, inciso II, do Código Penal, o qual expressa “Privar alguém de sua
liberdade, mediante sequestro ou cárcere privado:
§ 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos:
II - se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de saúde
ou hospital”
O cárcere privado trata-se de crime contra a liberdade pessoal, sendo uma
conduta criminosa como o ato de privar alguém de sua liberdade através de
sequestro ou cárcere privado. A expressão cárcere privado decorre do verbo
encarcerar, que significa deter, ou prender alguém indevidamente e contra sua
vontade.

4.8 - Danos Morais e Materiais


O dano moral é uma violação a um dos direitos da personalidade previstos no
artigo 11 do Código Civil, “com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da
personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício
sofrer limitação voluntária”. Os direitos de personalidade são direitos subjetivos da
pessoa de defender o que lhe confere a natureza humana, tais como a vida, a
integridade física, a honra, a imagem, a privacidade.
O artigo 5ª, X, da Constituição Federal: “são invioláveis a intimidade, a vida
privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo
dano material ou moral decorrente de sua violação”; o que assegura à parte lesada
o direito de indenização pelo dano moral ou material em caso de violação a
qualquer dos direitos da personalidade.
Além do artigo 5º, inciso X previsto na Constituição Federal, o Código Civil,
Lei 10.406/02, dispõe expressamente em seus artigos 186, 187 e 927 a respeito do
dano moral.
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral,
comete ato ilícito.
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo,
excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela
boa-fé ou pelos bons costumes.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem,
fica obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a
atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza,
risco para os direitos de outrem.
O artigo 186, dispõe: aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência
ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente
moral, comete ato ilícito.
Já o artigo 187 referido acima, dispõe que também comete ato ilícito o titular
de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo
seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
Por último, o artigo 927 da Lei Civil, prevê, de forma expressa, que aquele
que cometer o ato ilícito previsto nos artigos 186 e 187 e causar dano a outrem fica
obrigado a repará-lo.
O dano moral é um prejuízo imaterial, ou seja, afeta diretamente a saúde
psíquica da vítima provocando sofrimento psicológico que supere meros
aborrecimento da vida cotidiana a que todos nós estamos sujeitos. É provocado
geralmente por uma conduta ilícita, dolosa ou culposa, que viola o direito ao nome,
à imagem, a privacidade, à honra, à boa fama e a dignidade da pessoa.
O dano moral não está vinculado aos desagrados e dessabores que a vida
nos apresenta, sendo de mister importância a gravidade da atitude e a repercussão
da mesma no cotidiano da pessoa ofendida, sob pena da indenização por danos
morais ser banalizada.
A indenização por dano material e moral é cabível no caso citado, em
decorrência da dor representada pelos transtornos, pelos aborrecimento, pelas
humilhações, pelos constrangimentos, pelos prejuízos de ordem material, podem
ser, perfeitamente, consubstanciadas num dano moral; dano este que, por sua vez,
que não pode deixar de ter uma resposta jurídica, em especial, do ponto de vista da
reparação; dano este, por sua vez, que não carece de uma demonstração
específica, porquanto ela é inerente ao próprio evento.
A reparação em dano moral, em realidade, visa compensar a dor, a mágoa, o
sofrimento, a angústia sofrida pela vítima, superando o déficit acarretado pelos
acontecimentos passados.

4.9 – Indenização

Tem direito a indenização por danos morais aquele que se sinta moralmente
lesado. A lesão ou dano pode ser, entre outros, em face de:
Artigo 954 - A indenização por ofensa à liberdade pessoal consistirá no
pagamento das perdas e danos que sobrevierem ao ofendido, e se este não puder
provar prejuízo, tem aplicação o disposto no parágrafo único do artigo antecedente.
Parágrafo único. Consideram-se ofensivos da liberdade pessoal:
I - o cárcere privado;
II - a prisão por queixa ou denúncia falsa e de má-fé;
III - a prisão ilegal.
Art. 37. A administração pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá
aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e, também,
ao seguinte:
§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado
prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa
qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o
responsável nos casos de dolo ou culpa.

5. RESULTADOS

O intuito deste artigo, foi não só informar aos interessados em obter um


conhecimento acerca do tema abordado, mas também revelar, aquilo que muitos
desconhecem, que a liberdade, acima de tudo é a nossa maior virtude, e sem ela,
com certeza enlouqueceríamos; e por ela podemos lutar, visto que, o habeas
corpus ao contrário de outros remédios constitucionais, pode ser impetrado pelo
próprio ameaçado.
Tal como disse o grande filósofo existencialista Jean-Paul Sartre: “Estou condenado
a ser livre”, pois todo homem têm direito a sua liberdade, uma vez que se o homem
está condenado a ser livre, a humanidade, em geral, está condenada a fazer
conviver essa liberdade.
A integridade moral do indivíduo é um valor reconhecido por toda uma
sociedade, de forma que, uma vez abalada, os impactos sobre a mesma podem ser
extremamente danosos para o indivíduo, causando situações vexatórias, evitando
uma possível promoção profissional ou mesmo a conquista de um emprego, assim,
o Direito Civil Constitucional, que é o novo Direito Civil com a roupagem
Constitucional, valorizando assim o ser humano sobre o patrimônio, trás em si essa
nova perspectiva perseguindo a defesa dos valores morais.
6. FONTES CONSULTADAS

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da Republica Federativa do Brasil.


Disponível em
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituição/constituicaocompilado.htm. Acesso
em 10 set. 2021.

BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível


em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406compilada.htm. Acesso
em: 10 de set. 2021.

BRASIL. Lei nº 7.209, de 11 de julho de 1984. Institui o Código Penal. Disponível


em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm

NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de direito penal, 16. ed. Rio de Janeiro:
Forensse, 2020.

RUIZ, João Álvaro. Metodoligia científica: guia para eficiência nos estudos. 6. ed.
São Paulo: Atlas, 2006.

VENOSA, Silvio de Salvo, Direito Civil: direito de família. 15. ed. São Paulo: Atlas,
2015.

VENOSA, Silvio de Salvo, Direito Civil: Responsabilidade Civil. 15. ed. São Paulo:
Atlas, 201

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