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De tal sorte, que a imbricação dos direitos fundamentais com a idéia de Constituição é aspecto
que impende que seja ressaltado na nossa constituição vigente, isto é, a Constituição
promulgada em 1988. Visto que, segundo Wolfgang Sarlet, pela primeira vez na história do
constitucionalismo pátrio, a matéria concernente aos Direitos Humanos foi tratada com a
merecida relevância, adquirindo o status jurídico que lhes é intrínseco.
No tocante à disposição dos Direitos Humanos Fundamentais no texto constitucional, eles são
elencados no Título II na Constituição, sendo subdivididos em cinco capítulos:
A doutrina ainda reconhece outras classificações, como a que divide os Direitos Humanos em
gerações, de acordo com a ordem cronológica a que passaram a ser constitucionalizados.
Bibliografia:
Diversos foram os avanços ostentados pela Constituição de 1988 acerca dos Direitos
Humanos, em virtude da mudança da conjuntura brasileira, que passava de regime autoritário
para uma administração democrática. Para a efetiva consolidação da democracia, é notória,
segundo Scott Mainwaring[2], a existência de eleições competitivas e a asseveração de uma
cidadania. Assim, para a conclusão deste último, os organismos democráticos devem proteger
os direitos das minorias e, ao mesmo tempo, resguardar a liberdade civil, princípios estes
característicos dos Direitos Humanos.
Por conseguinte, surgiu a Carta de1988, com o intuito de instaurar um regime político
democrático no Brasil, introduzindo indubitavelmente progressos na concretização legislativa
das garantias e direitos fundamentais. Desde o seu preâmbulo, a Constituição de 1988
apresenta um sistema de direitos e garantias fundamentais. No entanto, é a primeira vez que
uma Carta destaca os objetivos básicos do Estado, todos consagrados no art. 3o, no qual uns
se preocupam em assegurar os valores da dignidade e do bem-estar da pessoa humana, ou
seja, promover a dignidade da pessoa humana, princípio previsto no art. 1o e comum ao Estado
Democrático de Direito brasileiro e aos direitos fundamentais. Ainda mais, a dignidade da
pessoa humana representa a unidade do sistema de valores sociais constitucionais. Enfim,
desde os primeiros artigos (arts. 1o e 3o), a Carta ratifica os princípios que delineiam os
alicerces e os objetivos do Estado de Direito do Brasil.
A Carta Magna pátria de 1988, além dos direitos civis e políticos, inova ao introduzir à coleção
de direitos fundamentais os direitos sociais (capítulo II do título II da Carta de 1988), ampliando
a abrangência dos direitos e garantias. Vale evidenciar que a Carta 1988 se dedica inicialmente
aos princípios e direitos fundamentais, para então tratar da organização estatal, enquanto que
a Constituição anterior tratava primeiramente da organização, e depois se voltava aos direitos.
Além do mais, a Carta de 1988 é a pioneira, entre as Constituições brasileiras, a elencar uma
pluralidade de princípios inovadores e reger o Estado brasileiro em suas Relações
Internacionais, consagrando preceitos contidos no art. 4o. Os valores previstos nos incisos do
art. 4osão, em síntese, os seguintes: independência nacional; prevalência dos direitos
humanos; autodeterminação dos povos; não intervenção; igualdade entre Estados; defesa da
paz; solução pacífica dos conflitos; repúdio ao terrorismo e ao racismo; cooperação entre os
povos para o progresso da humanidade e concessão de asilo político. As demais Cartas
anteriores, ao dedicarem-se às relações no plano internacional, limitavam-se à matéria da
independência e da preservação da unidade nacional, ou ainda, do interesse pela paz do
Brasil, proclamando o mérito da colaboração internacional da mesma. Ao alegar a prevalência
dos direitos humanos como princípio a delinear a conduta do Estado brasileiro no palco
internacional, admite-se, por conseguinte, que a tônica dos direitos e garantias fundamentais
são tema de suma importância e de interesse do Estado, mas também da comunidade
internacional, contribuindo para a assimilação de instrumentos internacionais de proteção dos
direitos humanos ao ordenamento jurídico interno, assim ocorreu com a Convenção Americana
dos Direitos Humanos, o Pacto de San José.
Enfim, a Constituição inovou ao incorporar ao seu texto todos os princípios dos Direitos
Humanos.
Bibliografia:
Não obstante a explicitação, no texto constitucional, dos Direitos Humanos Fundamentais, falta
muito para se pôr em prática suas diretrizes, seus mandamentos.
De tal maneira, que não é suficiente uma mera declaração solene de uma série de direitos, se
não existem meios para consegui-los. De nada é válido assegurar juridicamente uma liberdade,
se não existem meios para gozá-la. Assim, o direito de inviolabilidade do domicílio implica a
prévia existência de uma casa, de uma morada; o direito de livre expressão tem de ser
acompanhado de meios que capacitem e assegurem sua divulgação; e, ainda, de que valeria o
direito à educação, se não existissem meios materiais para a sua consecução? Dessa forma, a
Constituição pode até ser cidadã, mas os próprios cidadãos não o são em sua plenitude,
principalmente, no que tange aos direitos sociais e econômicos.
Bibliografia:
Concluindo, os aplicadores do Direito não só devem se guiar à luz dos dispositivos que
invocam os direitos do homem e do cidadão, mas também respeitá-los, já que também são
imperativos jurídicos, para, só assim, construir uma sociedade justa e igualitária.
Bibliografia:
Democracia - É a forma de Governo dita do povo, ou ainda, de todos aqueles que gozam do
direito de cidadania, a qual, por isso, distingue-se da monarquia, como governo de um só, e da
aristocracia, como governo de poucos. Esta última forma de governo, juntamente com a
democracia, perfazem o orbe de formas de exercício da república. No decurso da história, tal
fator tem gerado um grande intercâmbio entre os ideais republicanos e os ideais democráticos,
o qual abre espaço para que o governo genuinamente popular, a Democracia, seja chamado,
não raramente, de República. É mister distinguir tais termos, que designam, respectiva e
distintamente, espécie e gênero.
Dignidade Humana - "a ressalva da dignidade humana (no campo de que a inspeção judicial a
não pode ofender) aponta para a defesa daqueles sentimentos individuais que pairam acima do
mero poder ou decoro pessoal, na escala axiológica corrente de valores individuais e sociais:
exs.: liberdade de convicções, de práticas religiosas, de relacionamento social' (ªVarela, Man.
Proc. Civil, 1a Ed. 588, not6a 3; 2a ed 605, nota 2).[5] É o valor intrínseco da pessoa humana
enquanto tal, que impõe dever de respeito por parte dos demais membros da coletividade, e
proteção contra as situações que a agridem, como os abusos de ordem moral, e as
necessidades de ordem material, que lhe reduzem a auto- estima, e comprometem sua própria
existência.
Ética - É o conjunto de padrões de conduta formulado com base nos valores vigentes em cada
sociedade, o qual regulamenta o exercício das atividades humanas, garantindo a convivência
salutar entre os homens.