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PARA APRENDER

POLÍTICAS PÚBLICAS
UNIDADE XIV

MECANISMOS LEGAIS E INSTITUCIONAIS DE


AMPLIAÇÃO, DIVERSIFICAÇÃO E GARANTIA
DE DIREITOS INDIVIDUAIS,
COLETIVOS E DIFUSOS1

Introdução

A Carta Constitucional de 1988, rege a organização político-jurídica do Esta-


do brasileiro. As normas de conteúdo constitucional devem cuidar, segundo a doutri-
na, de aspectos relativos à forma do Estado, aos órgãos componentes dele, à aquisi-
ção de poder e ao seu exercício, às limitações do poder do Estado – em especial, por
meio da separação de Poderes –, e à listagem dos direitos e garantias fundamentais
dos indivíduos. É possível sintetizar essas tarefas de qualquer Constituição em duas
funções primordiais: organizar o Estado mediante a separação de Poderes e ixar os
direitos e garantias fundamentais de uma coletividade. Na realidade, não seria exa-
gero airmar que o respeito e a garantia aos direitos das pessoas coniguram a razão
primeira da existência do Estado – o Estado existe para garantir uma vida digna aos
seus cidadãos.
A temática “direitos” entrelaça-se às políticas públicas, na medida em que os
direitos individuais, coletivos e difusos permeiam, de uma maneira ou de outra, todo
o processo das políticas públicas, inluenciando a tomada de decisões, a escolha do
desenho, das características gerais e dos objetivos da política, sua implementação, a
necessidade de seu monitoramento e os critérios de sua avaliação.
Mais que isso, os direitos individuais, coletivos e difusos se materializam e
se efetivam nas políticas públicas, que devem sempre estar atentas aos pleitos da
sociedade e tentar responder às inquietações dela. Esse capítulo se destina a com-
preender melhor o que são esses direitos, como eles são tratados na legislação, que
mecanismos legais e institucionais vêm sendo adotados no país para tentar traduzir
os direitos em políticas públicas e quais têm sido as principais ações governamentais
adotadas nessa direção.
1
Ver Siglário, ao inal do texto.
Unidade XII – Federalismo e Descentralização de Políticas Públicas no Brasil: 3
Organização e Funcionamento d a Política de Educação Básica – Fundeb. Organização
e Funcionamento do Programa De Aceleração do Crescimento - Pac
Maria das Graças Rua com Roberta Romanini

14.1 Os Direitos Individuais, Coletivos e Difusos: Conceitos e a Legislação

O art. 5º da Constituição evoca uma série de direitos e garantias fundamentais,


chamando-os de “Direitos e Deveres Individuais e Coletivos”. Entretanto, a dou-
trina majoritária analisa que muitos outros direitos essenciais para o bem-estar da
sociedade encontram-se dispersos ao longo do texto constitucional. Ademais, muitas
teorizações, nomenclaturas e tipologias distintas vêm sendo empregadas para tentar
trazer luz ao tema. Algumas das principais discussões doutrinárias e conceitos peri-
lhados na legislação são ventilados nesse tópico.
O constitucionalista Alexandre de MORAES (2005, p. 1) discorre que os “di-
reitos humanos fundamentais”, como são conhecidos atualmente, emergiram da fu-
são de fontes e de tradições diversas, tendo como ponto comum a necessidade de
limitação (não ingerência do Estado na esfera individual) e controle dos abusos do
poder do Estado e de suas autoridades, consagrando os princípios de igualdade e de
legalidade como orientadores do Estado moderno e contemporâneo. Conforme o
autor apregoa, dispositivos que tratem dos direitos humanos fundamentais são ne-
cessários a qualquer Constituição, pois eles instituem o respeito à dignidade humana,
garantem a limitação do poder e visam o pleno desenvolvimento da personalidade
humana.
José Afonso da SILVA (2009, p. 149) complementa que “O reconhecimento
dos direitos fundamentais do homem, em enunciados explícitos nas declarações de
direitos, é coisa recente, e está longe de se esgotarem suas possibilidades, já que
cada passo na etapa da evolução da humanidade importa na conquista de novos
direitos”.
MORAES (2005) airma que, desde a Constituição brasileira de 1824, havia
a previsão expressa de “garantias e direitos civis e políticos”. Nesse sentido, SILVA
(2009) destaca que as Constituições brasileiras sempre inscreveram uma declaração
de direitos do homem, e que a Constituição de 1824 foi a primeira Carta, no mundo,
a subjetivá-los e positivá-los.
A im de estudar com mais clareza esse direitos, a doutrina constitucional
deine várias tipologias distintas de classiicação dos direitos e, não raro, contraditó-
rias entre diferentes autores. Algumas das mais importantes delas são discutidas em
breve.
A positivação dos direitos na Carta Constitucional, airma MORAES, coloca
-os em elevada posição hermenêutica em relação às demais normas do ordenamento
jurídico, de modo que apresentam algumas características essenciais: a) imprescri-
tibilidade (não se perdem ao longo do tempo); b) inalienabilidade (não são transfe-
ríveis); c) irrenunciabilidade (não podem ser objeto de renúncia); d) inviolabilidade
(não podem ser desrespeitados pela lei ou por ações); e) universalidade (abrangem
todos os indivíduos, independentemente de nacionalidade, sexo, credo, etc.); f) efeti-
vidade (devem ser efetivados pelo Poder público); g) interdependência (os diferentes
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direitos estão ligados uns aos outros); e h) complementaridade (não podem ser inter-
pretados isoladamente).

Na acepção de MORAES (2005, p. 25), a Constituição de 1988 elenca cinco


espécies de direitos fundamentais:

a) os Direitos Individuais e Coletivos – aqueles que “Correspondem aos di-


reitos diretamente ligados ao conceito de pessoa humana e de sua própria
personalidade, como, por exemplo: vida, dignidade, honra, liberdade.
Basicamente, a Constituição de 1988 os prevê no art. 5º (...)”;
b) os Direitos Sociais – aqueles que objetivam a melhoria das condições de
vida das pessoas, dispostos a partir do art. 6º;
c) os Direitos de Nacionalidade;
d) os Direitos Políticos, regulados no art. 14; e
e) os Direitos relacionados à existência, organização e participação em parti-
dos políticos.

Outra categorização que, segundo esse autor, é compartilhada por parte da


literatura (por autores como: Manoel Gonçalves FERREIRA FILHO e Celso de
MELLO) é a divisão pelo critério da ordem histórica e cronológica em que os direi-
tos foram reconhecidos constitucionalmente:

a) Direitos de Primeira Geração – são os direitos civis e políticos, que en-


volvem as liberdades clássicas ou negativas e instituem o dever de “não-
fazer” ou “não-interferência” do Estado, como o direito à vida e à proprie-
dade;
b) Direitos de Segunda Geração – são os direitos econômicos, sociais e cultu-
rais (ou direitos de igualdade), que inauguram o dever de “fazer” ou atuar do
Estado. Equivalem às liberdades positivas ou concretas, como os direitos do
trabalhador, o seguro social, a subsistência, o amparo à velhice; e
c) Direitos de Terceira Geração – são os direitos de fraternidade ou solidarie-
dade, como o direito a um meio ambiente equilibrado, à qualidade de vida,
ao progresso, à paz, e a outros direitos difusos, de acordo com o conceito
explicado em breve.

Acrescenta-se que MORAES distingue direitos de garantias, tratando “direi-


tos” como aqueles atribuídos diretamente às pessoas (por exemplo: a vida), e “ga-
rantias” como aqueles direitos que são atribuídos a instituições e não podem ser
associados diretamente às pessoas (por exemplo: a liberdade de imprensa).
SILVA (2009), por sua vez, fala em “direitos fundamentais do homem” como
noção que, na Constituição de 1988, se refere a direitos individuais, sociais, políticos
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e econômicos. Segundo esse doutrinador, a Constituição de 1988 classiica os direi-


tos fundamentais em cinco grupos:

i) direitos individuais (art. 5º),


ii)direitos à nacionalidade (art. 12),
iii)
direitos políticos (arts. 14 a 17),
iv)direitos sociais (arts. 6º e 193 e seguintes),
v) direitos coletivos (art. 5º); podendo ser incluídas mais duas categorias na
esfera deles:
a) os direitos solidários (arts. 3º e 225) e
b) os direitos econômicos (arts. 170 a 192)2.

O autor conceitua como direitos fundamentais do homem (ou simplesmente


direitos fundamentais) as prerrogativas e instituições que concretizam uma convi-
vência digna, livre e igual para as pessoas; e como “direitos individuais”, os direitos
do indivíduo isolado, sendo o termo adotado para designar um grupo dos direitos
fundamentais, correspondente ao que se tem denominado como “direitos civis” ou
“liberdades civis”.
SILVA (2009, p. 176 e 259) explica que a terminologia direitos individuais “É
usada na Constituição para exprimir o conjunto dos direitos fundamentais concer-
nentes à vida, à igualdade, à liberdade, à segurança e à propriedade” e, sobretu-
do, diz respeito aos direitos fundamentais imputáveis ao indivíduo; ao passo que o
conceito de “direitos coletivos” signiica os direitos de expressão coletiva, que são
fruto do interesse de uma coletividade, especíica ou genérica, e não do interesse
individual (como se deduz ser o caso dos direitos individuais), conigurando, logo,
os direitos fundamentais imputáveis a coletividades de indivíduos.
A interpretação de SILVA (2009) revela-se bastante precisa – o autor coloca
como principais direitos individuais: direito à vida; direito à existência; direito à
integridade física; direito à integridade moral; direito à privacidade; direito de igual-
dade; direito de liberdade, que envolve as liberdades da pessoa física, liberdades de
pensamento e liberdades de ação proissional.
Já exemplos de direitos coletivos seriam: o direito de organização sindical e
de greve; o direito ao meio ambiente; o direito à identidade histórica e cultural; o
direito de representação coletiva; e o direito de reunião e de associação. Frisa-se que
tanto os direitos individuais como os direitos coletivos representam as parcelas dos
direitos fundamentais do homem que foram selecionadas, pelo legislador constituin-
te, para integrarem a Constituição.
No caso da Carta de 1988, o legislador intitulou “Direitos Individuais e Co-
letivos Fundamentais”, no art. 5º, os direitos individuais (que podem ter expressão

2
O direito de propriedade estaria inserido nos direitos econômicos, para SILVA.

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individual ou coletiva3) e parte dos direitos coletivos (de expressão apenas coletiva),
separando para outros trechos da Carta a parte restante dos direitos coletivos, como
os direitos que compõem art. 6º. SILVA (2009, p. 259) exempliica que: “(...) os
direitos de organização sindical e de greve foram incluídos no capítulo dos direitos
sociais. O direito ao meio ambiente, à identidade histórica e cultural constam do
título da ordem social. Restaram no capítulo dos direitos individuais e coletivos os
direitos à informação, à representação associativa, do consumidor, de reunião e de
associação”.

Esse doutrinador concebe direitos econômicos como aqueles determinados no


domínio do mercado. Por direitos sociais, entende aqueles que, “(...) como dimensão
dos direitos fundamentais do homem, são prestações positivas proporcionadas pelo
Estado direta ou indiretamente, enunciadas em normas constitucionais, que possi-
bilitam melhores condições de vida aos mais fracos, direitos que tendem a realizar
a igualização de situações sociais desiguais” (Ibidem, p. 286). Ele separa como
direitos sociais algumas classes:

a) direitos sociais relativos ao trabalhador;


b) direitos sociais relativos à seguridade;
c) direitos sociais relativos à educação e à cultura;
d) direitos sociais relativos à moradia;
e) direitos sociais relativos à família, criança, adolescente e idoso; e
f) direitos sociais relativos ao meio ambiente.

De acordo com o exposto, percebe-se que nem MORAES, nem SILVA dei-
nem o que são direitos difusos, entendendo-os meramente como direitos coletivos e
não como categoria à parte.
Vale comentar que SILVA concebe que a Constituição de 1988 não diferen-
ciou direitos de garantias, não adotando, muitas vezes, uma nomenclatura precisa.
Entretanto, o autor os distingue: identiica o conjunto das garantias dos direitos fun-
damentais como as disposições que protegem esses direitos, formando um “siste-
ma de proteção” para eles – proteção social, proteção política e proteção jurídica.
Os aspectos desse sistema de proteção que as garantias constitucionais estabelecem
são perceptíveis em vários dispositivos dispersos na Carta, mas talvez sejam mais
perceptíveis quando se trata dos direitos de: petição, habeas corpus, mandato de
segurança, mandato de injunção, habeas data e ação popular. Essas garantias, a seu
turno, em alguns casos assinalam direitos individuais e, em outros, direitos coletivos.
Embora o §1º do art. 5º da Constituição, em uma norma-síntese, consoante
airmam MORAES (2005) e SILVA (2009), disponha que as normas deinidoras de
3
Os direitos individuais de expressão individual seriam os “direitos individuais não homogêneos”, enquanto os
direitos individuais de expressão coletiva conigurariam os “direitos individuais homogêneos”.
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direitos e garantias fundamentais possuem aplicação imediata, os autores defendem


que a aplicabilidade e a eicácia desses direitos dependem fortemente de seu próprio
enunciado e, por vezes, de normas legais e de outros mecanismos (a exemplo do
mandato de injunção e da iniciativa popular).
Os direitos aqui citados são bem delimitados por uma norma jurídica: a Lei
nº 8.078, de 1990, que estatui o Código de Proteção e Defesa do Consumidor e,
inclusive, alterou dispositivos da Lei da Ação Civil Pública (Lei nº 7.347, de 1985).
A primeira Lei informa que os direitos coletivos, em sentido amplo, dividem-se em
direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos –

“Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas
poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo.
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste Có-
digo, os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares
pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato;
II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste
Código, os transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular
grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte
contrária por uma relação jurídica base;
III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os de-
correntes de origem comum”.

É útil destacar que a Carta de 1988, nos arts. 127 e 129, institui o Ministério Pú-
blico como agente defensor e garantidor da fruição de direitos e garantias individuais
pela sociedade, com o papel de defender a ordem jurídica, o regime democrático e
os direitos sociais e individuais indisponíveis4. Suas funções abarcam a iscalização
da aplicação das leis, a defesa do patrimônio público e social, do meio ambiente e de
outros interesses difusos e coletivos. Por isso, deve-se registrar algumas explicações
dadas pelo órgão5, que ajudam a entender as deinições da Lei 8.078:
“Os direitos coletivos são conquistas sociais reconhecidas em lei, como o di-
reito à saúde, o direito a um governo honesto e eiciente, o direito ao meio ambiente
equilibrado e os direitos trabalhistas. Quando um direito coletivo não é respeitado,
muitas pessoas são prejudicadas e o Ministério Público tem o dever de agir em de-
fesa desse direito, ainda que o violador seja o próprio Poder público.
4
Segundo Miguel REALE, “Por interesses individuais e sociais indisponíveis se entendem aqueles que, por sua
natureza essencial ao valor e à sobrevivência da pessoa humana ou ao bem ser da coletividade, não poderão
ser objeto de renúncia, de troca ou de cessão a terceiros. Não basta, portanto, a simples relevância do interesse
individual ou social para caracterizar sua indisponibilidade, cuja existência é um pressuposto da obrigação da
defesa cometida pelo Art. 127 ao Ministério Público mediante ação civil pública. Na linha desse entendimento,
os interesses indisponíveis sempre à luz da Constituição – podem consistir ex vi do Art. 129, III, em interesses
difusos e coletivos”. Disponível em: <http://www.prr5.mpf. gov.br/nid/0nid0454.htm>. Acesso em: 21 jun. 2013.
5
Informação disponível em: <http://www.cnmp.gov.br/direitoscoletivos/>. Acesso em 21 jun. 2013.

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(...) Os titulares de direitos difusos são indeterminados e indetermináveis. Isso


não signiica que ninguém sofra ameaça ou violação de direitos difusos, mas que os
direitos difusos são direitos que merecem especial proteção, pois atingem alguém
em particular e, simultaneamente, a todos. Exemplos: direito a um meio ambiente
sadio; direito à vedação à propaganda enganosa; direito à segurança pública.
Direitos coletivos em sentido estrito são direitos de grupo, categoria ou clas-
se de pessoas. É possível determinar quem são os titulares de direitos coletivos em
sentido estrito, pois existe uma relação jurídica entre as pessoas atingidas por sua
violação ou entre estas e o violador do direito. Exemplos: direito dos consumidores
de receber serviços de boa qualidade das prestadoras de serviços públicos essen-
ciais, como de telefonia, de abastecimento de água e de energia elétrica; direito dos
técnicos de raio-x de receber adicional de insalubridade; direito dos alunos de de-
terminada faculdade de receber serviços educacionais de qualidade. (...) Os direitos
coletivos podem ser defendidos em juízo por meio de ação civil pública ou coletiva,
por um dos legitimados autorizados por lei, como o Ministério Público, a Defen-
soria Pública, a União, os Estados-membros, o Distrito Federal, os municípios, as
autarquias, as empresas públicas, as sociedades de economia mista, as fundações e
as associações civis.
Direitos individuais homogêneos são direitos individuais que recebem prote-
ção coletiva no propósito de otimizar o acesso à Justiça e a economia processual.
Dizem respeito a pessoas determinadas cujos direitos são ligados por um evento que
tenha origem comum. Como o próprio nome diz, apesar de homogêneos, são direitos
individuais, sendo também possível a propositura de ação individual. Exemplos:
direitos dos compradores de produto defeituoso de serem indenizados pelo fabrican-
te; direito à declaração de nulidade de cláusula abusiva de contrato de prestação de
serviços públicos essenciais; direito das vítimas de um acidente de avião”.
A respeito dos direitos coletivos e difusos, chama a atenção o papel crucial
que o Ministério da Justiça6 desenvolveu por décadas e que ainda desenvolve. Logo,
vale transcrever a deinição oferecida por ele para direitos difusos:
“Direitos difusos são todos aqueles direitos que não podem ser atribuídos a
um grupo especíico de pessoas, pois dizem respeito a toda a sociedade. Assim, por
exemplo, os direitos ligados à área do meio ambiente têm relexo sobre toda a popu-
lação, pois se ocorrer qualquer dano ou mesmo um benefício ao meio ambiente, este
afetará, direta ou indiretamente, a qualidade de vida de toda a população. O mesmo
ocorre com os direitos do consumidor, com os direitos ligados à preservação do pa-
trimônio sociocultural e com os bens e direitos de valor artístico, estético, histórico,
turístico, paisagístico, por infração à ordem econômica etc.”.
6
Disponível em: <http://portal.mj.gov.br/main.asp?View={2148E3F3-D6D1-4D6C-B253-633229A61EC0}&
BrowserType=I E&LangID=ptbr&params=itemID%3D%7B575E5C75%2DD40F%2D4448% 2DAC91%
2D 23499DD55104%7D%3B&UIPartUID=%7B2868BA3C%2D1C72%2D4347%2DBE11%2DA26F70F-
4CB26%7D>. Acesso em: 22 jun. 2013.
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No tocante às terminologias, cumpre mencionar, por im, um terceiro autor,


Teori ZAVASCKI (2009), que, ao enfatizar a evolução do Código Civil e os proces-
sos de tutela de direitos, demarca os conceitos trazidos pela Lei 8.078.
O autor (2009, p. 33-34) considera que “Direitos coletivos são direitos subje-
tivamente transindividuais (= sem titular individualmente determinado) e material-
mente indivisíveis (...). (...) o que é múltipla (e indeterminada) é a sua titularidade”.
Dessa maneira, não pertencem à Administração Pública, nem a indivíduos particu-
larmente determinados, mas a grupos, categorias, classes de pessoas ou à sociedade
em seu sentido mais amplo.
“Direito coletivo é designação genérica para as duas modalidades de direitos
transindividuais: o difuso e o coletivo stricto sensu” (Ibidem, p. 34). Para ele (Ibi-
dem, p. 34), “Os direitos individuais homogêneos são, simplesmente, direitos sub-
jetivos individuais. A qualiicação de homogêneos não altera nem pode desvirtuar
essa sua natureza. É qualiicativo utilizado para identiicar um conjunto de direitos
subjetivos individuais ligados entre si por uma relação de ainidade, de semelhança,
de homogeneidade, o que permite a defesa coletiva de todos eles”.

O Quadro 1, abaixo, examina as diferenças mais substantivas dessa


classiicação dos direitos, de acordo com ZAVASCKI.

QUADRO1: Caracterização dos Direitos


Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos

Direitos Individuais Ho-


Características Direitos Difusos Direitos Coletivos
mogêneos
Transindividuais, com Transindividuais, com Individuais, pois há perfei-
indeterminação absolu- determinação relativa ta identiicação do sujeito,
ta dos titulares, pois não dos titulares, pois não assim como da relação dele
têm titular individual e têm titular individual e com o objeto do seu direito.
Sob o Aspecto
a ligação entre os vários a ligação entre os vários A ligação que existe com
Subjetivo são:
titulares difusos decorre titulares coletivos decor- outros sujeitos decorre da
de mera circunstância de re de uma relação jurídi- circunstância de serem titu-
fato. Ex.: morar na mes- ca-base. Ex.: o Estatuto lares (individuais) de direi-
ma região. da OAB. tos com “origem comum”.
Indivisíveis, pois não po- Indivisíveis, pois não Divisíveis, pois podem ser
dem ser satisfeitos nem podem ser satisfeitos satisfeitos ou lesados de
Sob o Aspecto
lesados senão de forma nem lesados senão de forma diferenciada e indi-
Objetivo são:
que afete todos os possí- forma que afete todos os vidualizada, sem afetar os
veis titulares. possíveis titulares. demais.
Ex.: direito de classe dos Ex.: direito dos adquirentes
Ex.: direito ao meio am- advogados de ter repre- a abatimento proporcional
Exemplo:
biente sadio. sentante na composição do preço pago na aquisição
dos tribunais. de mercadoria viciada.

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a) individuais e divisíveis,
a) são insuscetíveis de a) são insuscetíveis de fazem parte do patrimônio
apropriação individual; apropriação individual; individual do seu titular;
b) são insuscetíveis de b) são insuscetíveis de b) são transmissíveis, regra
transmissão; transmissão; geral;
c) são insuscetíveis de re- c) são insuscetíveis de c) são suscetíveis de renún-
Em Decorrên-
núncia ou transação; renúncia ou transação; cia e transação, salvo exce-
cia de sua Natu-
d) sua defesa em juízo se d) sua defesa em juízo se ções (ex.: direitos persona-
reza:
dá sempre na forma de dá sempre na forma de líssimos);
substituição processual. substituição processual. d) são defendidos em juízo,
geralmente, por seu próprio
titular. A defesa por terceiro
o será em forma de repre-
sentação.
Fonte: adaptado de ZAVASCKI, 2009, p. 36-37.

14.2 Os Mecanismos Institucionais

Quanto à concretização dos direitos individuais, coletivos e difusos nas polí-


ticas públicas, é necessário salientar quais os mecanismos institucionais existentes
capazes de viabilizar a ação governamental, ou seja, arranjos que fazem determinada
política pública ser operacionalizada e “funcionar” de fato.
A Lei nº 10.683, de 2003, anuncia que a presidência da República, por alte-
rações sofridas pela Lei em 2010 e 2011, passa a ser constituída, entre outros, por
uma Secretaria de Políticas para as Mulheres, uma Secretaria de Direitos Humanos,
e uma Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (art. 1º), alçadas ao
status de Ministério.
À Secretaria de Políticas para as Mulheres compete: assessorar direta e ime-
diatamente o presidente da República na formulação, coordenação e articulação de
políticas para as mulheres; elaborar e implementar campanhas educativas e anti-dis-
criminatórias de caráter nacional; elaborar o planejamento de gênero que contribua
na ação do governo federal e demais esferas de governo, com vistas à promoção da
igualdade; articular, promover e executar programas de cooperação com organismos
nacionais e internacionais, públicos e privados, nesse tema; promover o acompa-
nhamento da implementação de legislação de ação airmativa e deinição de ações
públicas que visem ao cumprimento dos acordos, convenções e planos de ação assi-
nados pelo Brasil, nos aspectos relativos à igualdade entre mulheres e homens e de
combate à discriminação (art. 22). Sua estrutura básica é composta pelo “Conselho
Nacional dos Direitos da Mulher”.
Já à Secretaria de Direitos Humanos cabe: assessorar direta e imediatamente o
presidente da República na formulação de políticas e diretrizes voltadas à promoção
dos direitos da cidadania, da criança, do adolescente, do idoso e das minorias e à
defesa dos direitos das pessoas com deiciências e promoção da sua integração à vida
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comunitária; coordenar a Política Nacional de Direitos Humanos, em conformidade


com as diretrizes do Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH); articular ini-
ciativas e apoiar projetos voltados para a proteção e promoção dos direitos humanos
em âmbito nacional, tanto por organismos governamentais, incluindo os Poderes
Executivo, Legislativo e Judiciário, quanto por organizações da sociedade; e exercer
as funções de Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, da Criança, do Adolescente,
do Idoso e das Minorias (art. 24).
Ademais, essa Secretaria deve atuar em favor da ressocialização e da proteção
dos dependentes químicos, sem prejuízo das atribuições dos órgãos integrantes do
“Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas” (SISNAD) (art. 24, §1º). Sua
estrutura básica é formada pelo “Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Huma-
na”, “Conselho Nacional de Combate à Discriminação”, “Conselho Nacional dos
Direitos da Criança e do Adolescente”, “Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa
com Deiciência”, “Conselho Nacional dos Direitos do Idoso”, e “Departamento de
Ouvidoria Nacional”, entre outros (art. 24, §2º).
As atribuições da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial
abrangem: assessorar direta e imediatamente o presidente da República na formu-
lação, coordenação e avaliação das políticas públicas airmativas de promoção da
igualdade e da proteção dos direitos de indivíduos e grupos raciais e étnicos, com
ênfase na população negra, afetados por discriminação racial e demais formas de
intolerância; assessorá-lo na articulação, promoção e acompanhamento da execução
dos programas de cooperação com organismos nacionais e internacionais, públicos
e privados, voltados ao tema; assessorá-lo na formulação, coordenação e acompa-
nhamento das políticas transversais de governo para a promoção da igualdade racial;
assessorá-lo no planejamento, coordenação da execução e avaliação do Programa
Nacional de Ações Airmativas e na promoção do acompanhamento da implemen-
tação de legislação de ação airmativa; e assessorá-lo na deinição de ações públicas
que visem ao cumprimento dos acordos, convenções e outros instrumentos congêne-
res assinados pelo Brasil, nesses temas (art. 24-C). Sua estrutura básica é composta,
entre outros, pelo “Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial” (CNPIR).

Na promoção e defesa dos direitos individuais, coletivos e difusos atuam, ain-


da, outras instituições especíicas, que constituem a estrutura básica dos Ministérios.
Poderia ser reproduzida uma extensa lista nesse sentido, mas se optou por mencionar
algumas delas aqui, segundo o art. 29:

a) no Ministério das Cidades: o “Conselho Curador do Fundo de Desenvol-


vimento Social”;
b) no Ministério da Cultura: o “Conselho Nacional de Política Cultural” e a
“Comissão Nacional de Incentivo à Cultura”;
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c) no Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS): o


“Conselho Nacional de Assistência Social” (CNAS), o “Conselho de Arti-
culação de Programas Sociais”, e o “Conselho Gestor do Programa Bolsa
Família”;
d) no Ministério da Educação: o “Conselho Nacional de Educação” (CNE);
e) no Ministério da Saúde, o “Conselho Nacional de Saúde”;
f) no Ministério do Meio Ambiente: o “Conselho Nacional do Meio Am-
biente” (CONAMA), o “Conselho Nacional da Amazônia Legal” e o
“Conselho de Gestão do Patrimônio Genético”;
g) no Ministério da Justiça: o “Conselho Federal Gestor do Fundo de Defesa
dos Direitos Difusos”, e “Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas”;
h) no Ministério da Previdência Social: o “Conselho Nacional de Previdên-
cia Social”; e
i) no Ministério do Trabalho e Emprego: o “Conselho Nacional do Traba-
lho”, o “Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço”, o
“Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador”, e o “Con-
selho Nacional de Economia Solidária”.

Finalmente, a Lei 10.683 (art. 30) criou: o Conselho de Desenvolvimento


Econômico e Social”, o “Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional”
e o “Conselho Nacional de Promoção do Direito Humano à Alimentação”.
Esses Conselhos, como se nota, são órgãos integrantes das Secretarias Espe-
ciais, não se trata de Conselhos Gestores de Políticas Públicas;em vez disso, eles são
situados como Conselhos Temáticos Institucionalizados, na espécie de Conselhos
por Áreas de Gestão7, como estudado na Unidade 13.
Em regra, os Conselhos supracitados são órgãos colegiados de caráter consul-
tivo, compostos por representantes de diversos órgãos do Poder público, por repre-
sentantes de algumas entidades da sociedade civil (tipicamente, escolhidas por edital
público ou indicadas por autoridades ou grupos de servidores/burocracia) e, em ca-
sos mais especíicos, são formados também por “notáveis” indicados pela Secretaria
ou Ministério (como no CNPIR), e por representantes do setor empresarial (como
no CONAMA). Podem ser paritários ou não, e a participação neles não é remune-
rada, sendo a atividade desenvolvida considerada “serviço público relevante”. Os
representantes e seus suplentes são designados pelo ministro ou secretário da área,
para exercer a função pelo prazo de um ou dois anos, admitida a possibilidade de
uma recondução. Esses Conselhos elaboram seus regimentos internos – ou seja: são
7
Os conceitos, as deinições sobre Conselhos, as leis e os decretos são pouco precisos e, por vezes, confusos (mes-
mo a denominação “Conselho Gestor” não é fornecida pela lei, mas apenas pela literatura). O motivo de esses
Conselhos mencionados não terem sido enquadrados como Conselhos Gestores é o fato de não preencherem as
características deles, como: ter autonomia perante a Administração Pública, ser deliberativo, não ter caráter de
assessoramento de autoridades, ter composição paritária. De qualquer modo, deve-se registrar que é possível
encontrar algum autor que os considere “Conselhos Gestores”.

Unidade XII – Federalismo e Descentralização de Políticas Públicas no Brasil: 13


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auto-regulados - e costumam organizar-se em Secretarias-Executivas, e Câmaras


ou Comissões Permanentes, Temáticas ou Técnicas, atuando mediante a edição de
resoluções.
Para se ter uma ideia mais nítida dos arranjos institucionais existentes atual-
mente, alguns desses Conselhos, e outros órgãos serão comentados.
A Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM)8 manifesta que o Conselho
Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM) foi criado em 1985, ligado ao Ministé-
rio da Justiça, com o propósito de promover políticas que objetivassem eliminar a
discriminação contra a mulher e garantir sua participação nas atividades políticas,
econômicas e culturais do Brasil. No período de 1985 a 2010, as funções do Con-
selho foram bastante modiicadas. O Decreto nº 6.412, de 2008, o estabelece órgão
colegiado de natureza consultiva e deliberativa, cuja inalidade é formular e propor
diretrizes de ação governamental voltadas à promoção dos direitos das mulheres e
atuar no controle social de políticas públicas de igualdade de gênero, respeitadas as
demais instâncias decisórias.
Por seu turno, a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial9
(SEPPIR), aponta que o Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial
(CNPIR), criado em 2003, pelo Decreto nº 4.885, é um órgão colegiado, de cará-
ter consultivo, que tem como inalidade propor, em âmbito nacional, políticas de
promoção da igualdade racial com ênfase na população negra e outros segmentos
raciais e étnicos da população brasileira. O Decreto que o regulamenta destaca como
seu objetivo (que a página virtual da SEPPIR coloca como sua missão) combater o
racismo, o preconceito e a discriminação racial e de reduzir as desigualdades raciais,
inclusive no aspecto econômico e inanceiro, social, político e cultural, ampliando o
processo de controle social sobre as referidas políticas.
A Secretaria de Direitos Humanos10 (SDH), mais antiga e mais robusta que
as demais Secretarias, criadas apenas em 2003, pela Lei 10.683, teve suas origens
com o Decreto nº 2.193, de 1997. À época, seu nome era “Secretaria Nacional dos
Direitos Humanos”, era vinculada ao Ministério da Justiça e substituiu a “Secretaria
dos Direitos da Cidadania” então existente. Ela passou por alterações em 1999, 2003
e 2010, e atualmente se dedica à articulação e implementação das políticas públicas
voltadas para a promoção e proteção dos direitos humanos.
Na visão da SDH, “O tema Direitos Humanos está presente em quase todos
os aspectos da vida pública. Os Direitos Humanos nomeiam e protegem valores – e
comportamentos – sem os quais mulheres e homens não poderiam viver de maneira
digna. São universais, indivísiveis e interdependentes”.
8
Informação disponível em: <http://www.spm.gov.br/conselho>. Acesso em: 22 jun. 2013.
9
Informação disponível em: <http://www.seppir.gov.br/apoiproj>. Acesso em: 22 jun. 2013.
10
As informações referentes à SDH utilizadas em todo esse trecho estão disponíveis em: <http://portal.sdh.gov.br/
clientes/sedh/sedh/sobre>; <http://portal.sdh.gov.br/sobre/historico-1>; <http://por tal.sdh.gov.br/clientes/sedh/
sedh/conselho>; <http://portal.sdh.gov.br/clientes/sedh/sedh/ouvidoria>; <http: //portal.sdh.gov.br/clientes/sedh/
sedh/trabalho_escravo>. Acesso em: 22 jun. 2013.

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Ela concebe como “direitos humanos” os direitos civis, políticos, econômi-


cos e sociais, relacionando-se ao combate de todos os tipos de violação de direitos
humanos. Entre seus papéis, se destacam o combate à tortura, ao trabalho escravo,
ao abuso e à exporação sexual de crianças e adolescentes, atuando, para tanto, em
parceria com outras instituições, como o Ministério Público, a Polícia Federal, as
Secretarias de Segurança Pública e de Justiça nos estados, o Poder Judiciário, os
Sistemas Internacionais de Proteção, e a ampla rede de organizações da sociedade
que pautam sua ação pela defesa dos direitos humanos. A seguir, alguns de seus
principais mecanismos institucionais são pontuados, detalhando-se os cinco órgãos
Conselhos que a integram.
O Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH) foi criado
pela Lei nº 4.319, de 1964, em um formato diferente do que apresenta hoje. Há
poucas informações disponíveis a seu respeito, mas sabe-se que esse órgão colegia-
do possui, atualmente, a atribuição de receber denúncias e investigar, em conjunto
com as autoridades competentes locais, as violações de direitos humanos de especial
gravidade de abrangência nacional, como chacinas, extermínios, assassinatos de pes-
soas ligadas à defesa dos direitos humanos, massacres, abusos praticados por opera-
ções das polícias militares, etc. Além disso, pode realizar estudos para aperfeiçoar a
defesa e a promoção dos direitos humanos.
O segundo mecanismo, o Conselho Nacional de Combate à Discriminação
(CNCD), foi instalado pelo Decreto nº 3.952, de 2001, que o criou como órgão cole-
giado, ligado ao Ministério da Justiça. A ele competia propor, acompanhar e avaliar
as políticas públicas airmativas de promoção da igualdade e da proteção dos direitos
de indivíduos e grupos sociais e étnicos afetados por discriminação racial e demais
formas de intolerância, com ênfase sobre a questão da discriminação racial.
O CNCD começou a assumir outras preocupações sociais após 2003, devido
à criação da SEPPIR e do CNIR, e ao fato de as políticas para a população indígena
estarem sendo executadas por outros órgãos. Em 2005, a estrutura regimental do
Conselho foi atualizada e ele passou a englobar, de forma explícita, a participação de
membros da população Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT).
Em 2010, esse remodelamento foi reforçado pelo Decreto nº 7.388, que o concebe
como órgão de natureza consultiva e deliberativa, cujo objetivo é formular e propor
diretrizes de ação governamental, em âmbito nacional, voltadas para o combate à
discriminação e para a promoção e defesa dos direitos LGBT, respeitadas as demais
instâncias decisórias. Assim, conigura, hoje, o Conselho Nacional de Combate à
Discriminação e Promoção dos Direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e
Transexuais (CNCD-LGBT).
O terceiro, o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente
(CONANDA), foi criado pelo Decreto nº 5.089, de 2004, como órgão colegiado de
caráter deliberativo. Seu propósito principal é elaborar normas gerais para a formu-
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lação e implementação da política nacional de atendimento dos direitos da criança


e do adolescente, observadas as linhas de ação e as diretrizes trazidas pelo Estatuto
da Criança e do Adolescente (ECA, Lei nº 8.069, de 1990). Ele ainda acompanha
e avalia a execução da política nacional, apoia capanhas educativas, e aperfeiçoa o
sistema de controle social associado acerca do tema.
O Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deiciência (CO-
NADE), quarto mecanismo, foi instalado pelo Decreto nº 3.076, em 1999, ligado ao
Ministério da Justiça. Foi idealizado como um órgão superior de deliberação cole-
tiva, com a inalidade de acompanhar e avaliar o desenvolvimento de uma política
nacional para inclusão da pessoa com deiciência e das políticas setoriais de educa-
ção, saúde, trabalho, assistência social, transporte, cultura, turismo, desporto, lazer e
política urbana dirigidas a esse grupo social. Isso acontece mediante a articulação e
o diálogo com as demais instâncias de controle social e os gestores de administração
pública direta e indireta.
A quinta instituição, o Conselho Nacional dos Direitos do Idoso (CNDI), foi
criado pelo Decreto nº 4.227, de 2002, associado ao Ministério da Justiça, como
órgão de natureza consultiva, com vistas a elaborar as diretrizes para a formulação
e os instrumentos para a implementação da política nacional do idoso, observadas
as linhas de ação e as diretrizes da Lei nº 10.741, de 2003 (o Estatuto do Idoso),
assim como para acompanhar e avaliar a sua execução. Também pode realizar es-
tudos e pesquisas, e estimular a ampliação e o aperfeiçoamento dos mecanismos de
participação e controle social, por intermédio de rede nacional de órgãos colegiados
estaduais, regionais, territoriais e municipais, almejando fortalecer o atendimento
dos direitos do idoso.
A Ouvidoria-Geral da Cidadania consiste num órgão de assistência direta e
imediata da SDH, e tem por competência legal exercer as funções de Ouvidoria-Ge-
ral – da cidadania, de LGBT, da criança, do adolescente, da pessoa com deiciência,
do idoso, e de outros grupos sociais mais vulneráveis. Ela se atenta para as críticas,
denúncias, reclamações e sugestões dos cidadãos e dá encaminhamento a elas, o que
permite visualizar como os direitos humanos estão sendo ameaçados, violados ou
negligenciados e o que deve ser feito para garanti-los, preventivamente.
A SDH ainda opera por meio de dois outros arranjos institucionais – a) o
Comitê Nacional de Educação em Direitos Humanos, criado por uma Portaria, em
2003, é uma instância consultiva e propositiva para questões relativas à Política Na-
cional de Educação em Direitos Humanos, uma ação estratégica de promoção dos
direitos humanos, que se apresenta como eixo estruturante da SDH; e b) Comissão
Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo (CONATRAE), criada em
2003, pelo Decreto de 31 de julho, para acompanhar o cumprimento das ações
constantes do Plano Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo e acompanhar
a tramitação de projetos de lei referentes ao combate e à erradicação do trabalho es-

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cravo (como a chamada “PEC do Trabalho Escravo”), propondo os atos normativos


ou as alterações necessárias.
As áreas mais relevantes nas quais o Ministério da Justiça11 atua, em termos
de promoção e garantia de direitos humanos, é a dos direitos difusos. Nesse sentido,
é preciso especiicar mecanismos legais nesses campos.
Primeiramente, o Decreto nº 1.306, de 1994, regulamentou dispositivos da
Lei da Ação Civil Pública, que previa, em seus arts. 13 e 20, a criação de um fundo,
cuja inalidade seria ajuntar as indenizações provenientes de condenações por danos
causados – ao meio ambiente; ao consumidor; a bens e direitos de valor artístico,
estético, histórico, turístico, paisagístico; por infração à ordem econômica; e a ou-
tros interesses difusos e coletivos –, destinando esses recursos à reconstituição dos
bens lesados, e a criação de um conselho para geri-lo. O Decreto dá vida ao “Fundo
de Defesa de Direitos Difusos” (FDD), que deve ser gerido pelo “Conselho Federal
Gestor do Fundo de Defesa de Direitos Difusos” (CFDD), um órgão colegiado inte-
grante da estrutura organizacional do Ministério da Justiça, nos moldes dos demais
Conselhos explicados.
As competências do CFDD envolvem, entre outros: zelar pela aplicação dos
recursos na consecução dos objetivos previstos para o FDD; aprovar convênios e
contratos, a serem irmados pela Secretaria-Executiva do Conselho; examinar e
aprovar projetos de reconstituição de bens lesados, inclusive os de caráter cientíico
e de pesquisa; fazer editar, inclusive em colaboração com órgãos oiciais, material
informativo sobre os projetos de reparação dos danos causados aos interesses difu-
sos e coletivos; e promover atividades e eventos que contribuam para a difusão da
cultura, da proteção ao meio ambiente, do consumidor, da livre concorrência, do
patrimônio histórico, artístico, estético, turístico, paisagístico e de outros interesses
difusos e coletivos.
Os recursos arrecadados pelo Fundo devem ser distribuídos de maneira que
suas aplicações se deem na reparação especíica da infração ou do dano causado,
sempre que tal fato for possível. Podem ser empregados, por exemplo: na conser-
vação e manejo da biodiversidade; na segurança pública e cidadania (qualidade dos
serviços públicos e consciência cidadã) em comunidades carentes; na universaliza-
ção dos serviços públicos; na preservação de acervos; etc.
A Lei nº 9.008, de 1995, criou o CFDD na estrutura organizacional do Mi-
nistério da Justiça e acrescentou que os recursos arrecadados pelo FDD podem ser
aplicados também na modernização administrativa dos órgãos públicos responsáveis
pela execução das políticas públicas correlatas.
11
As informações referentes ao Ministério da Justiça utilizadas em todo esse trecho estão disponíveis em: <http://portal.
mj.gov.br/main.asp?View={2148E3F3-D6D1-4D6C-B253-633229A61EC0}&BrowserType=I E&LangID=p-
tbr&params=itemID%3D%7B575E5C75%2DD40F%2D4448%2DAC91%2D23499DD55104%7D%3B&UI-
PartUID=%7B2868BA3C%2D1C72%2D4347%2DBE11%2DA26F70F4CB26%7D>; <http://portal.mj.gov.br/
main.asp?View={221535B8-6B09-4970-9D5F-4FA5905D9395}>; <http://portal.mj.gov.br/main.asp?ViewI-
D=%7BA32B5C4B%2D8769%2D4502%2DB794%2D79E10D59DF4B%7D&params=itemID=%7B1142B2C-
D%2D1DB1%2D4F54%2D86F2%2DC8D3E2C1B9FE%7D;&UIPartUID=%7B2868BA3C%2D1C72%-
2D4347%2DBE11%2DA26F70F4CB26%7D>. Acesso em: 22 jun. 2013.
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Por im, no que tange à defesa do consumidor, o Decreto nº 91.469, de 1985,


criou o “Conselho Nacional de Defesa do Consumidor”, que teve destacada atuação
na elaboração de propostas na Assembleia Constituinte, difundindo a importância da
defesa do consumidor no Brasil e possibilitando a criação de uma Política Nacional
de Defesa do Consumidor. Seu objetivo era assessorar o presidente da República na
elaboração de políticas nesse tema. Em 1990, foi publicada a Lei 8.078, que estabe-
leceu o Código de Defesa do Consumidor, já comentado antes, por ser a única norma
a trazer a conceituação de direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos. O
Código é reconhecido como um paradigma na proteção dos consumidores, deinindo
princípios básicos como o direito à informação clara, precisa e adequada, e a prote-
ção contra a publicidade enganosa e abusiva por meio do equilíbrio das relações de
consumo.
Finalmente, em 5 de maio de 2011, o Supremo Tribunal Federal, na ocasião do
julgamento da ADIn (Ação Direta de Inconstitucionalidade) nº 4277 e da ADPF (Ar-
guição de descumprimento de preceito fundamental) nº 132 reconheceu, por una-
nimidade, a união estável entre pessoas do mesmo sexo em todo o território nacio-
nal. A decisão da corte maior consagrou uma interpretação mais ampla ao artigo 226,
§3º da Constituição Federal (“Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida
a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei
facilitar sua conversão em casamento.”), de modo a abranger no conceito de “en-
tidade familiar” também as uniões entre pessoas do mesmo sexo. O julgamento
levou em consideração uma vasta gama de princípios jurídicos consagrados pela CF-
88 como direitos fundamentais, dentre eles: a igualdade, a liberdade e a proibição de
qualquer forma de discriminação. Em 14 de maio de 2013, o Conselho Nacional de
Justiça (CNJ) aprovou uma nova resolução que obriga os cartórios de todo o país a
celebrarem o casamento civil e converter a união estável homoafetiva em casamento.

14.3-Planos, Programas e Projetos voltados à ampliação, diversiicação e


garantia de direitos individuais, coletivos e difusos

Os planos, programas e projetos associados às políticas públicas, podem ser


considerados estratégias de aproximação entre os cidadãos e o poder público, me-
diante os quais se concretizam os direitos individuais, coletivos e difusos.
Em relação às ações de políticas públicas propriamente ditas, a Lei 10.683
dispõe longamente sobre as competências dos Ministérios associadas às políticas
públicas, principalmente acerca dos planos (as políticas) que devem elaborar.

Alguns exemplos das policies sob responsabilidade dos Ministérios são:

a) MDS: política nacional de desenvolvimento social; política nacional de


segurança alimentar e nutricional; política nacional de assistência so-
cial; política nacional de renda de cidadania;
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b) Ministério das Cidades: políticas setoriais de habitação, saneamento am-


biental, transporte urbano e trânsito; política de subsídio à habitação po-
pular, saneamento e transporte urbano;
c) Ministério do Desenvolvimento Agrário: política de reforma agrária;
d) Ministério da Educação: política nacional de educação;
e) Ministério do Esporte: política nacional de desenvolvimento da prática
dos esportes;
f) Ministério da Justiça: defesa da ordem jurídica, dos direitos políticos e das
garantias constitucionais; política judiciária; direitos dos índios; defesa da
ordem econômica nacional e dos direitos do consumidor; política peniten-
ciária nacional; ouvidoria-geral dos índios e do consumidor; assistência
jurídica, judicial e extrajudicial, integral e gratuita, aos necessitados, as-
sim considerados em lei;
g) Ministério do Meio Ambiente: política nacional do meio ambiente e dos
recursos hídricos; política de preservação, conservação e utilização sus-
tentável de ecossistemas, e biodiversidade e lorestas; políticas para inte-
gração do meio ambiente e produção;
h) Ministério da Saúde: política nacional de saúde;
i) Ministério do Trabalho e Emprego: política e diretrizes para a geração
de emprego e renda e de apoio ao trabalhador; política e diretrizes para a
modernização das relações de trabalho; política salarial;
j) Ministério dos Transportes: política nacional de transportes ferroviário,
rodoviário e aquaviário; e
k) Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão: participação na formu-
lação do planejamento estratégico nacional; avaliação dos impactos socio-
econômicos das políticas e programas do Governo Federal e elaboração
de estudos especiais para a reformulação de políticas (art. 27).

Deve-se lembrar que parcela signiicativa desses planos e programas resul-


tam, direta ou indiretamente, de deliberações realizadas nas Conferências Nacionais.
Ademais, observa-se que, muitos desses papéis são exercidos por intermédio dos
Conselhos descritos anteriormente, principalmente em virtude de grande parte deles
possuir estrutura em âmbito nacional, com Conselhos Gestores estaduais e munici-
pais nas áreas de políticas públicas correspondentes.

Semelhantemente ao que foi feito no tópico anterior, algumas das principais


ações governamentais são comentadas a seguir, com o intuito de que se tenha uma
visão de como os direitos individuais, coletivos e difusos são abordados no desenho
de planos, programas e projetos de políticas públicas.
Unidade XII – Federalismo e Descentralização de Políticas Públicas no Brasil: 19
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Seria impossível esgotar os exemplos, então, apenas algumas ações foram


escolhidas12. As muitas campanhas desenvolvidas pelos governos também não serão
abordadas, pois possuem escopo bastante pontual tendo em vista os propósitos desse
tópico. Antes de iniciar o estudo das ações governamentais, deve-se ter em mente
que todas elas operam de maneira descentralizada, com a gestão dos programas e
projetos entre os entes federativos sendo cooperativa; e que a totalidade das ativida-
des e dos serviços são prestados mediante parcerias entre órgãos/entidades distintos
do próprio governo e/ou entre o Estado e a sociedade – o que caracteriza a gestão de-
mocrática. Frisa-se que essas ações resultam de anos e anos de lutas de movimentos
sociais em defesa dos direitos, como os movimentos feministas, o movimento negro
e os movimentos defensores de direitos humanos, e se inserem na concepção dos
princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana e da cidadania. Alguns
autores entendem que a dignidade da pessoa humana é o “epicentro axiológico” da
Constituição de 1988.
Ao longo desse estudo, é importante averiguar as formas de ampliação e de
diversiicação dos direitos, como modo de se inserir cada vez mais pessoas debaixo
da rede de proteção tecida por eles – o que se coaduna com o fato de que, com o
passar do tempo, novas dimensões de direitos emergem nas sociedades e demandam
respostas dos governos por intermédio de políticas públicas.
Em primeiro lugar, no que diz respeito às questões de gênero13, tem-se que,
em 1983, foi criado o “Programa Assistência Integral à Saúde da Mulher” (PAISM),
dedicado à atenção à saúde da mulher, com ênfase em preocupações como: rela-
ção materno-infantil, doenças ginecológicas prevalentes, prevenção e tratamento de
DSTs e AIDs, e assistência às mulheres vítimas de violência. Com o passar dos anos,
passou a abranger áreas como a prevenção do câncer de colo de útero e do câncer de
mama. A partir de 2005, o PAISM foi incorporado pelo SUS.
Em 2005, foi criada a “Central de Atendimento à Mulher - Ligue 180”, dis-
posta no Decreto nº 7.393, de 2010. É um serviço telefônico de utilidade pública
de âmbito nacional, no qual a população pode se manifestar acerca da violência de
gênero, em suas diversas formas, atendendo gratuitamente mulheres em situação de
violência em todo o País, disponível vinte e quatro horas por dia, todos os dias da
semana, inclusive inais de semana e feriados. Essa Central, por exemplo, recebe
relatos, denúncias e manifestações relacionadas a situações de violência contra as
mulheres (como denúncias de cárcere privado e tráico de mulheres); registra relatos
de violências sofridas pelas mulheres; orienta as mulheres em situação de violência
12
As políticas públicas de saúde, educação, assistência social e infraestrutura não são detalhadas nesse Texto de
Apoio, visto terem sido estudadas nas Unidades 11 e 12.
13
As informações referentes a políticas de gênero de todo esse trecho estão disponíveis em: <http://www.brasil.gov.
br/sobre/saude/saude-da-mulher>; <http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visuali zar_texto.cfm?idtxt=25236>;
<http://portal.sdh.gov.br/clientes/sedh/sedh/.arquivos/DESTAQUES_marco _2013.pdf>; <http://www.spm.gov.
br/ouvidoria/central-de-atendimento-a-mulher>; <>; <http://spm.gov.br/pnpm/plano-nacional-politicas-mulhe-
res.pdf>. Acesso em: 23 jun. 2013.

20 Unidade XII – Federalismo e Descentralização de Políticas Públicas no Brasil:


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sobre seus direitos e as informa sobre locais de apoio e assistência na sua locali-
dade; e encaminha as mulheres em situação de violência à “Rede de Serviços de
Atendimento às Mulheres em Situação de Violência”, de acordo com a necessidade
de cada caso.
A SPM explica que o Ligue 180 ainda não é um Disque-Denúncia, e sim uma
Central de Atendimento, cujo foco é ouvir a demanda recebida e adotar o procedi-
mento adequado para cada caso, embora o Palácio do Planalto tenha informado, em
abril de 2013, que a Central terá sua capacidade de atendimento estendida e será
transformada em Disque-Denúncia, permitindo que a própria ligação caracterize um
registro administrativo, já iniciando de imediato a instauração de um processo inves-
tigatório.
Em 2006, foi sancionada a Lei nº 11.340, conhecida como “Lei Maria da
Penha”, que se tornou referência mundial, segundo a ONU, por ter tipiicado como
crime a violência contra a mulher.
A Lei cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a
mulher, deinindo quais são essas formas de violência e as medidas protetivas de
urgência cabíveis (para a mulher e para o agressor), em consonância com os termos
da Constituição no “Art. 226, §8º O Estado assegurará a assistência à família na
pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência
no âmbito de suas relações”. A Lei Maria da Penha mostra como deve ser o aten-
dimento e a assistência prestados à mulher, e estabelece a criação dos Juizados de
Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, alterando o Código de Processo
Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal.
Em seguida, em 2007, foi lançado o “Pacto Nacional pelo Enfrentamento à
Violência Contra as Mulheres”, que “Consiste em um acordo federativo entre o go-
verno federal, os governos dos estados e dos municípios brasileiros para o planeja-
mento de ações que consolidassem a Política Nacional pelo Enfrentamento à Violên-
cia contra as Mulheres por meio da implementação de políticas públicas integradas
em todo território nacional. O Pacto apresentou naquele momento, uma estratégia
de gestão que orientava a execução de políticas de enfrentamento à violência contra
mulheres, no sentido de garantir a prevenção e o combate à violência, a assistência
e a garantia de direitos às mulheres” (BRASIL, 2011, p. 12).
O Pacto foi reestruturado para o período 2012-2015, icando as ações propos-
tas nele apoiadas em três premissas: a transversalidade de gênero, a intersetoriali-
dade e a capilaridade. Ele se baseia em ações divididas em cinco eixos temáticos: i)
garantia da aplicabilidade da Lei Maria da Penha, com ações de difusão da Lei e
dos instrumentos de proteção dos direitos das mulheres (estimular a mobilização em
defesa da Lei) e de implementação da Lei; ii) ampliação e fortalecimento da Rede
de Serviços para Mulheres em Situação de Violência, com ações de ampliação
dos serviços especializados e capilaridade do atendimento; iii) garantia da segu-
rança cidadã e acesso à Justiça, com ações de segurança cidadã; iv) garantia dos
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direitos sexuais e reprodutivos, enfrentamento à exploração sexual e ao tráico


de mulheres; e v) garantia da autonomia das mulheres em situação de violência
e ampliação de seus direitos.
O I Plano Nacional de Políticas para as Mulheres foi elaborado no ano de
2004, tendo quatro áreas estratégicas de atuação: autonomia, igualdade no mundo do
trabalho e cidadania; educação inclusiva e não sexista; saúde das mulheres, direitos
sexuais e direitos reprodutivos; e enfrentamento à violência contra as mulheres. Atu-
almente, está em vigor o Plano Nacional de Políticas para as Mulheres 2013-2015,
regido pelo Decreto nº 7.959, de 2013.
O Plano vigente conta com linhas de ação em dez segmentos: i) igualdade
no mundo do trabalho e autonomia econômica; ii) educação para igualdade e cida-
dania; iii) saúde integral das mulheres, direitos sexuais e direitos reprodutivos; iv)
enfrentamento de todas as formas de violência contra as mulheres; v) fortalecimento
e participação das mulheres nos espaços de poder e decisão; vi) desenvolvimento
sustentável com igualdade econômica e social; vii) direito à terra com igualdade para
as mulheres do campo e da loresta; viii) cultura, esporte, comunicação e mídia; ix)
enfrentamento do racismo, sexismo e lesbofobia; e x) igualdade para as mulheres
jovens, idosas e mulheres com deiciência (BRASIL, 2013).
Quanto às questões de igualdade racial14, várias ações vêm sendo tomadas nos
últimos anos.
Em 2003, foi assinada a Lei nº 10.639, que modiicou a “Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional” (LDB) para incluir no currículo oicial da rede de
ensino, nos Ensinos Fundamental e Médio, nas escolas públicas e privadas, a obri-
gatoriedade do ensino sobre a temática “História e Cultura Afro-Brasileira”, com o
intuito de resgatar a contribuição do povo negro à História do Brasil, além de lidar
com um fator apontado por estudiosos como responsável pela evasão escolar de
alunos e alunas negros vítimas de racismo – a forma como o negro e a África foram
abordados nas escolas e nos livros didáticos até então geraria diiculdades de o aluno
valorizar sua identidade. A Lei também ixou a data de 20 de novembro como o “Dia
Nacional da Consciência Negra”.
Nessa direção, foi lançado, pelo Ministério da Educação, o “Plano Nacional
de Implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das Rela-
ções Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africa-
na”. Nos mesmos parâmetros da Lei 10.639, editou-se, em 2008, a Lei nº 11.645,
que alterou a LDB novamente e incluiu agora no currículo oicial da rede de ensino a
14
As informações referentes a políticas de igualdade racial de todo esse trecho estão disponíveis em: <http://www.
seppir.gov.br/noticias/ultimas_noticias/2013/01/lei-10-639-03-completa-uma-decada>; <http://www.seppir.gov.
br/.arquivos/leiafrica.pdf>; <http://www.seppir.gov.br/comunidades-tradicionais/pro grama-brasil-quilombola>;
<http://www.seppir.gov.br/noticias/ultimas_noticias/2009/06/planapir/>;
<http://www.seppir.gov.br/planapir>; <http://www.seppir.gov.br/publicacoes/relatorio-inal-gt-estatuto-da-i gual-
dade-racial>; <http://g1.globo.com/educacao/noticia/2012/04/stf-decide-por-unanimidade-pela-constitu cionali-
dade-das-cotas-raciais.html>. Acesso em: 23 jun. 2013.

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temática povos indígenas brasileiros – outro grupo da sociedade com a qual há uma
“dívida histórica” a ser solucionada –, tornando obrigatório o ensino de “História e
Cultura Afro-Brasileira e Indígena”.
A Lei 11.645 estabelece que o conteúdo programático correspondente deve
abranger diversos aspectos da História e da cultura que caracterizam a formação
da população brasileira, a partir desses dois grupos étnicos, tais como: o estudo da
história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil,
a cultura negra e indígena brasileira, e o negro e o índio na formação da sociedade
nacional, resgatando, assim, as suas contribuições nas áreas social, econômica e po-
lítica, pertinentes à História do Brasil. Os conteúdos referentes à História e Cultura
Afro-Brasileira e dos Indígenas devem ser ministrados no âmbito de todo o currículo
escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História Bra-
sileiras.
No ano de 2004 foi elaborado o “Programa Brasil Quilombola”, “(...) cuja
inalidade precípua é coordenar as ações governamentais para as comunidades re-
manescentes de quilombo por meio de articulações transversais, setoriais e inte-
rinstitucionais, com ênfase na participação da sociedade civil” (BRASIL, 2004, p.
15). O Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) prevê que: “Art.
68. Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas
terras é reconhecida a propriedade deinitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títu-
los respectivos”.
Em 2003, pouco antes do lançamento do Programa, foi editado o Decreto nº
4.887, que regulamenta o procedimento para identiicação, reconhecimento, delimi-
tação, demarcação e titulação dessas terras, deine “remanescentes das comunidades
dos quilombos” como os grupos étnico-raciais, segundo critérios de auto-atribuição,
com trajetória histórica própria, dotados de relações territoriais especíicas, com pre-
sunção de ancestralidade negra relacionada com a resistência à opressão histórica
sofrida. Esse procedimento de reconhecimento é realizado pelo INCRA e deve ser
comunicado ao Instituto do Patrimônio Histórico e Nacional (IPHAN). O Brasil Qui-
lombola pretende, portanto, atender ao pleito de acesso a terra, aliando-o à preserva-
ção do patrimônio cultural brasileiro em seus bens de natureza material e imaterial
(BRASIL, 2004, p. 6).
O Programa Brasil Quilombola estabelece quatro eixos para o delineamento
das ações nas comunidades remanescentes de quilombo: i) regularização fundiária,
que implica a resolução dos problemas relativos à emissão do título de posse das
terras, é a base para a implantação de alternativas de desenvolvimento, e garante
a reprodução física, social e cultural de cada comunidade; ii) infraestrutura e ser-
viços, para a construção de obras de infraestrutura e de equipamentos sociais); iii)
desenvolvimento econômico e social, que signiica a consolidação de um modelo de
desenvolvimento sustentável, baseado nas características territoriais e na identida-
de coletiva, para estimular a sustentabilidade ambiental, social, cultural, econômica
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e política das comunidades; e iv) controle e participação social, para incentivar a


participação ativa dos representantes quilombolas nos fóruns locais e nacionais de
políticas públicas.
Vale acrescentar que, em 2007, o Decreto nº 6.040 delimitou a “Política Na-
cional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais”,
com o principal objetivo de promover o desenvolvimento sustentável dos chamados
“povos e comunidades tradicionais”, com ênfase no reconhecimento, fortalecimento
e garantia dos seus direitos territoriais, sociais, ambientais, econômicos e culturais,
com respeito e valorização à sua identidade, suas formas de organização e suas ins-
tituições.
Ainda em 2007, o Decreto nº 6.261 criou uma “Agenda Social Quilombola”,
implementada por meio do Programa, e estatuiu que a gestão dela seria integrada
por diversos órgãos do governo federal. A Agenda Social Quilombola alcança prio-
ritariamente as comunidades quilombolas com índices signiicativos de violência,
baixa escolaridade e em situação de vulnerabilidade social, compreendendo ações
dirigidas ao acesso a terra, à infraestrutura e qualidade de vida, à inclusão produtiva
e desenvolvimento local, e à cidadania. A pauta das comunidades quilombolas cons-
ta no planejamento governamental para 2012-2015.
Em 2005, foi idealizado o “Plano Nacional de Promoção da Igualdade Racial”
(PLANAPIR), publicado em 2009, pelo Decreto nº 6.872. O Plano contém doze
eixos temáticos: trabalho e desenvolvimento econômico; educação; saúde; diversi-
dade cultural; direitos humanos e segurança pública; comunidades remanescentes de
quilombos; povos indígenas; comunidades tradicionais de terreiro; política interna-
cional; desenvolvimento social e segurança alimentar; infraestrutura; e juventude.
O PLANAPIR indica ao Estado as metas para superar as desigualdades raciais exis-
tentes no Brasil, por meio da adoção de políticas de ações airmativas, associadas às
políticas universais. A SEPPIR comunica que: “Na prática, o Plano vai garantir o
recorte étnico-racial no conjunto das políticas públicas executadas pelo governo,
seguindo os princípios da transversalidade, descentralização e gestão democráti-
ca”.
Em 2009, a Portaria nº 992, do Ministério da Saúde, instituiu a “Política Na-
cional de Saúde Integral da População Negra”, com o propósito de “(...) garantir
maior grau de equidade no que tange à efetivação do direito humano à saúde, em
seus aspectos de promoção, prevenção, atenção, tratamento e recuperação de do-
enças e agravos transmissíveis e não-transmissíveis, incluindo aqueles de maior
prevalência nesse segmento populacional” (BRASIL, 2007, p. 14). O objetivo geral
dessa Política repousa sobre promover a saúde integral da população negra, priori-
zando a redução das desigualdades étnico-raciais, o combate ao racismo e à discri-
minação nas instituições e serviços do SUS.
Um marco nas conquistas de direitos para a população negra foi a instituição
do “Estatuto da Igualdade Racial”, pela Lei nº 12.288, de 2010, destinado a garantir à
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população negra a efetivação da igualdade de oportunidades (apresentada como um


dever do Estado e da sociedade), a defesa dos direitos étnicos individuais, coletivos
e difusos e o combate à discriminação e às demais formas de intolerância étnica.
Além das normas constitucionais relativas aos princípios fundamentais, aos direitos
e garantias fundamentais e aos direitos sociais, econômicos e culturais, o Estatuto
da Igualdade Racial adota, como diretriz político-jurídica, a inclusão das vítimas de
desigualdade étnico-racial, a valorização da igualdade étnica e o fortalecimento da
identidade nacional brasileira (art. 3º).
Assim, a participação da população negra na vida econômica, social, política e
cultural do país deve ser promovida, entre outros, por meio de: inclusão nas políticas
públicas de desenvolvimento econômico e social; adoção de medidas, programas e
políticas de ação airmativa; modiicação das estruturas institucionais do Estado para
o adequado enfrentamento e a superação das desigualdades étnicas; implementação
de programas de ação airmativa destinados ao enfrentamento das desigualdades ét-
nicas no tocante à educação, cultura, esporte e lazer, saúde, segurança, trabalho,
moradia, meios de comunicação de massa, inanciamentos públicos, acesso à terra,
à Justiça, e outros. Os Programas de Ação Airmativa são deinidos como “políticas
públicas destinadas a reparar as distorções e desigualdades sociais e demais práti-
cas discriminatórias adotadas, nas esferas pública e privada, durante o processo de
formação social do País” (art. 4º, parágrafo único).
O Estatuto ainda reairma a obrigatoriedade do estudo da História Geral da
África e da História da População Negra no Brasil na rede de ensino. Por im, ele cria
o “Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial” (Sinapir), como forma de
organização das políticas direcionadas aos negros, e cria “Ouvidorias Permanentes
em Defesa da Igualdade Racial”, para receber e encaminhar denúncias de preconcei-
to e discriminação com base em etnia ou cor. Em 2011, foi constituído um Grupo de
Trabalho Interministerial encarregado de analisar e propor as medidas necessárias à
implementação das políticas e ações previstas no Estatuto.
O histórico das ações airmativas para reparar distorções históricas cometidas
contra diferentes parcelas da população – particularmente, negros, mulheres e pes-
soas com deiciências – remonta ao ano de 2002, quando foi publicado o Decreto nº
4.228, que criou, na Administração Pública Federal, o “Programa Nacional de Ações
Airmativas”. Ele previa ações como: a observância, pelos órgãos da Administra-
ção, de requisito que garanta a realização de metas percentuais de participação de
afrodescendentes, mulheres e pessoas com deiciências no preenchimento de cargos
em comissão do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores (DAS); a observân-
cia, nas licitações promovidas por órgãos da Administração, de critério adicional de
pontuação, a ser utilizado para beneiciar fornecedores que comprovem a adoção de
políticas compatíveis com os objetivos do Programa; e a inclusão, nas contratações
de empresas prestadoras de serviços, de técnicos e consultores no âmbito de projetos
desenvolvidos em parceria com organismos internacionais, de dispositivo estabele-
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cendo metas percentuais de participação de afrodescendentes, mulheres e pessoas


com deiciências.
Na questão étnica, em 2005, o CNCD irmou uma parceria com o “Programa
Nacional DST-AIDS”, do Ministério da Saúde, com vistas a criar o “Programa Inte-
grado de Ações Airmativas para Universitários Negros” (conhecido como “Afroati-
tude”), que tinha o objetivo de fortalecer as ações das universidades brasileiras que
desenvolviam programas de ações airmativas para afrodescendentes e adotavam o
sistema de cotas para negros em seus processos de seletivos de admissão (vestibu-
lares).
A constitucionalidade das cotas étnicas, que vinham sendo estabelecidas tan-
to para negros quanto para índios, foi questionada no Supremo Tribunal Federal
(STF), que decidiu, por unanimidade, pela constitucionalidade da adoção de reserva
de vagas para garantir o acesso de negros e índios a universidades em todo o País,
em abril de 2012. A deliberação do STF assentiu que as políticas de cotas raciais nas
universidades não são benesses, mas necessárias para corrigir o histórico de discri-
minação racial no Brasil enquanto ele perdurar. A decisão tomada foi em relação à
Universidade de Brasília, e previu que a ação deve ter duração de dez anos, podendo
ser revista após esse prazo. Posteriormente, o STF também legitimou as chamadas
“cotas sociais”, que combinam critérios de renda e de o aluno ter estudado em esco-
las públicas.
Em agosto de 2012, editou-se a Lei nº 12.711 (a “Lei das Cotas”), que ampliou
substancialmente o escopo dessas ações airmativas, incorporando o aspecto social
às cotas étnicas que vinham sendo implementadas. A Lei prevê que todas as insti-
tuições federais de Educação Superior e de Ensino Técnico de Nível Médio devem
reservar, em cada concurso seletivo para ingresso nos cursos de graduação, por curso
e turno, no mínimo 50% de suas vagas para estudantes que tenham cursado inte-
gralmente o ensino médio em escolas públicas; e, no preenchimento dessas vagas,
50% devem ser reservados aos estudantes oriundos de famílias com renda igual ou
inferior a 1,5 salário-mínimo per capita.
Além disso, essas vagas devem ser preenchidas, por curso e turno, por pes-
soas autodeclaradas pretas, pardas e indígenas, em proporção no mínimo igual à de
pretos, pardos e indígenas na população da unidade da Federação onde está instala-
da a instituição, segundo o último censo do IBGE (caso haja vagas remanescentes,
elas serão completadas por estudantes que tenham cursado integralmente o Ensino
Médio, na primeira situação, ou o Ensino Fundamental, na segunda situação, em es-
colas públicas). Traçou um cronograma no qual as instituições devem implementar
a Lei no prazo máximo de quatro anos, sendo efetivado no mínimo 25% da reser-
va das vagas a cada ano. O Ministério da Educação e a SEPPIR são responsáveis
pelo acompanhamento e pela avaliação dessa ação, devendo ser ouvida a Fundação
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Nacional do Índio (FUNAI). De acordo com o que foi previsto pelo STF, o Poder
Executivo deverá proceder à revisão da ação no prazo de dez anos, a contar da data
de publicação da Lei15.
A dimensão dos direitos humanos, por sua vez, abarca ações governamentais
relevantes nos campos de direitos das crianças e adolescentes, dos idosos, das pesso-
as com deiciências, e dos direitos humanos em sentido mais genérico.
Na temática crianças e adolescentes16, deve-se sublinhar a edição do ECA,
em 1990, pela Lei nº 8.069, que dispôs sobre a proteção integral à criança e ao ado-
lescente. O Estatuto concebe que é dever da família, da comunidade, da sociedade
em geral e do Poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos
direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à
proissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência fa-
miliar e comunitária da criança e do adolescente (art. 4º). Essa garantia de prioridade
compreende: a primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias,
a precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública, a pre-
ferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas, e a destinação
privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e
à juventude.
O Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, trata da prevenção à ocorrên-
cia de ameaça ou violação dos direitos desse grupo mais vulnerável da sociedade e
disciplina a política de atendimento dos direitos da criança e do adolescente que deve
ocorrer por meio de um conjunto articulado de ações governamentais e não-gover-
namentais, da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, e disciplina
as medidas especíicas de proteção a eles. A prática de atos infracionais (crimes e
contravenções penais) por esse grupo, os direitos individuais e as garantias de cada
infrator, e as medidas socioeducativas também se encontram reguladas. Assuntos
como unidade familiar, família substituta e adoção são especiicados, e a estrutura
dos Conselhos Tutelares também é desenhada no ECA.
Um dos capítulos da compilação debate a proteção judicial aos interesses in-
dividuais, difusos e coletivos, apontando haver ações de responsabilidade por ofensa
aos direitos assegurados à criança e ao adolescente, referentes ao não oferecimento
ou oferta irregular, entre outros, de: ensino obrigatório; atendimento educacional
especializado às pessoas com deiciências; atendimento em creche e pré-escola às
crianças de zero a seis anos de idade; de serviço de assistência social visando à
proteção à família, à maternidade, à infância e à adolescência, bem como ao amparo
às crianças e adolescentes que dele necessitem; de escolarização e proissionaliza-
ção dos adolescentes privados de liberdade (art. 208). Para as ações cíveis fundadas
em interesses coletivos ou difusos, consideram-se legitimados concorrentemente:
15
O Decreto nº 7.824, de outubro de 2012, regulamentou a Lei das Cotas.
16
As informações referentes a políticas de defesa dos direitos de crianças e adolescentes desse trecho estão disponí-
veis em: <http://portal.sdh.gov.br/clientes/sedh/sedh/spdca>; <http://portal.sdh.gov.br/clien tes/sedh/sedh/ spdca/
prosinase>. Acesso em: 23 jun. 2013.
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o Ministério Público, os entes federativos e as associações de defesa de crianças e


adolescentes legalmente constituídas há pelo menos um ano (art. 210).
Um Programa a ser comentado nessa esfera é o “Programa de Implementação
do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo” (Pró-SINASE), que tem por
inalidade promover a inclusão social do adolescente autor de ato infracional e em
conlito com a lei. O SINASE elaborou parâmetros e diretrizes de referencia para a
execução das medidas socioeducativas, sistematizando-os em um documento apro-
vado pelo CONANDA, em 2006. Em 2012, a Lei nº 12.594 regulamentou o SINASE
e a execução das medidas socioeducativas, abrigando debaixo dele vários planos e
programas associados à questão.
No que se refere aos direitos dos idosos17, um marco foi a aprovação do Es-
tatuto do Idoso, pela Lei nº 10.741, de 2003, que acentua que o idoso deve receber
proteção integral para exercer todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa hu-
mana, sendo asseguradas a ele, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades
e facilidades, para preservação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento
moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade (art. 2º).
Em similaridade ao ECA, coloca-se como obrigação da família, da comunida-
de, da sociedade e do Poder público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a
efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte,
ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivên-
cia familiar e comunitária (art. 3º). A garantia de prioridade abrange, por exemplo:
o atendimento preferencial imediato e individualizado junto aos órgãos públicos e
privados prestadores de serviços à população; a preferência na formulação e na exe-
cução de políticas sociais públicas especíicas; a destinação privilegiada de recursos
públicos nas áreas relacionadas à proteção ao idoso; prioridade no recebimento da
restituição do Imposto de Renda; e priorização do atendimento do idoso por sua pró-
pria família, em detrimento do atendimento asilar.
O Estatuto do Idoso garante aos idosos prorrogativas como: o primeiro critério
de desempate em concurso público ser a idade, o auxílio mediante o Benefício de
Prestação Continuada (BPC) da assistência social, a reserva de 5% das vagas de es-
tacionamentos públicos e privados para idosos e de 10% dos assentos (devidamente
identiicados com a placa) para os idosos nos veículos de transporte coletivo. Tam-
bém são elencadas medidas de proteção ao idoso, normas para a política de atendi-
mento e para as entidades de atendimento a ele, e as funções do Ministério Público
na esfera de defesa desses direitos, com a legitimação dele, dos entes federativos, da
OAB e de entidades legalmente constituídas há pelo menos um ano que se dediquem
ao assunto na proposição de ações cíveis fundadas em interesses difusos, coletivos,
individuais indisponíveis ou homogêneos. Por derradeiro, são tipiicados diversos
crimes que podem ser cometidos contra a pessoa idosa e as penas a eles correspon-
17
As informações referentes a políticas de defesa dos direitos do idoso desse trecho estão disponíveis em: <http://
portal.sdh.gov.br/clientes/sedh/sedh/pessoa_idosa>. Acesso em: 23 jun. 2013.

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dentes (por exemplo: negar a alguém, por motivo de idade, emprego ou trabalho;
apropriar-se de ou desviar bens, proventos, pensão ou qualquer outro rendimento do
idoso, entre outros).
Já no referente aos direitos das pessoas com deiciências18, muitas ações go-
vernamentais e normas vêm sendo produzidas ao longo das últimas décadas, princi-
palmente desde a década de 1980.
Em 1989, a Lei nº 7.853 estabeleceu normas gerais que asseguravam o pleno
exercício dos direitos individuais e sociais das pessoas com deiciências, e sua efeti-
va integração social, além de instituir a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou
difusos dessas pessoas e tipiicar alguns crimes que poderiam ser cometidos contra
esses grupos. Assim, por exemplo, na área da educação, regulou-se a oferta da edu-
cação especial em escolas públicas; na saúde, criou-se uma rede de serviços especia-
lizados em reabilitação e habilitação; na formação proissional, desenvolveram-se
ações para propiciar a inserção de pessoas com deiciências no mercado de trabalho;
na área das ediicações, adotaram-se normas que gerassem funcionalidade às edii-
cações e vias públicas, permitindo o acesso de pessoas com deiciências a edifícios,
a logradouros e a meios de transporte.
A Lei ixou que as ações civis públicas destinadas à proteção de interesses co-
letivos ou difusos das pessoas com deiciências podem ser propostas pelo Ministério
Público, pelos entes políticos, por associações constituídas há mais de um ano, e por
entidades da Administração Indireta que incluam, entre suas inalidades institucio-
nais, a proteção das pessoas com deiciências. O Ministério Público também foi in-
cumbido de intervir, obrigatoriamente, nas ações públicas, coletivas ou individuais,
em que se discutam interesses relacionados à deiciência das pessoas.
Em 1993, foi instituída a “Política Nacional para a Integração da Pessoa Por-
tadora de Deiciência”, alterada em 1999, pelo Decreto nº 3.298. A Política envolve
o conjunto de orientações normativas que objetivam assegurar o pleno exercício dos
direitos individuais e sociais das pessoas com deiciências e determina em quais ca-
tegorias um indivíduo deve se encaixar para ser considerado pessoa com deiciência.
Seus objetivos eram, entre outros, promover o acesso, o ingresso e a permanência
da pessoa portadora de deiciência em todos os serviços oferecidos à comunidade;
integrar as ações dos órgãos e das entidades públicos e privados nas áreas de saú-
de, educação, trabalho, transporte, assistência social, ediicação pública, previdência
social, habitação, cultura, desporto e lazer, visando à prevenção das deiciências, à
eliminação de suas múltiplas causas e à inclusão social; e desenvolver programas
setoriais nessa esfera.
Em 2007, houve uma regulamentação do BPC da assistência social fornecido
à pessoa com deiciência e ao idoso, bastante alterado em 2011 pela Lei nº 12.470 e
18
As informações referentes a políticas de defesa dos direitos das pessoas com deiciências desse trecho estão dispo-
níveis em: <http://www.pessoacomdeiciencia.gov.br/app/>; <>; <http://www.pessoacomdeiciencia.gov.br/app/
viver-sem-limite-0>. Acesso em: 23 jun. 2013.
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pelo Decreto nº 7.617 quanto aos critérios de recebimento do benefício. No ano de


2010, a Lei nº 12.190 concedeu indenização por dano moral às pessoas com deici-
ência física decorrente do uso da talidomida.
O “Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deiciência – Plano Viver
sem Limite” foi inaugurado em 2011, pelo Decreto nº 7.612, orientando-se para a
promoção, por meio da integração e articulação de políticas, programas e ações, do
exercício pleno e equitativo dos direitos das pessoas com deiciência, nos termos da
Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deiciência e seu Proto-
colo Facultativo, aprovados pelo Brasil em 2008 e promulgados em 2009, com status
de Emenda Constitucional. O Plano, que têm ações executadas por todos os entes fe-
derativos, considera pessoa com deiciência aquela que têm impedimentos de longo
prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com
diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em
igualdades de condições com as demais pessoas.
O Viver sem Limite possui quatro eixos de atuação: i) o acesso à educação;
ii) a atenção à saúde; iii) a inclusão social; e iv) acessibilidade. Criou-se, ainda, um
grupo interministerial para sua articulação e seu monitoramento. A SDH explica que
o Plano foi lançado com a intenção de implementar novas iniciativas e intensiicar
ações que já estavam sendo desenvolvidas pelo governo em benefício das pessoas
com deiciência, que historicamente estiveram condenadas à segregação.
Uma conquista no que se refere à garantia de direitos das pessoas com deici-
ência ou com mobilidade reduzida19 foi a edição da Lei nº 10.098, de 2000, a “Lei de
Acessibilidade”, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da
acessibilidade desse grupo social, mediante a supressão de barreiras e de obstáculos
nas vias e espaços públicos, no mobiliário urbano, na construção e reforma de edifí-
cios e nos meios de transporte e de comunicação (art. 1º).
Os arts. 3º e 4º da Lei determinam que o planejamento e a urbanização das vias
públicas, dos parques e dos demais espaços de uso público devem ser concebidos e
executados de forma a torná-los acessíveis para as pessoas portadoras de deiciência
ou com mobilidade reduzida, devendo os espaços já existentes ser adaptados. Dessa
forma, o projeto e o traçado dos elementos de urbanização públicos e privados de
uso comunitário, como os itinerários e as passagens de pedestres, os percursos de
entrada e de saída de veículos, as escadas e rampas, devem observar os parâmetros
ixados pelas normas técnicas de acessibilidade da Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT) (art. 5º). A Lei também criou a obrigatoriedade de os banheiros
de uso público disporem de, pelo menos, um sanitário e um lavatório que atendam
às especiicações da ABNT e de todas as áreas de estacionamento de veículos, loca-
lizadas em vias ou em espaços públicos reservarem 2% das vagas (ou, no mínimo,
1 vaga) próximas dos acessos de circulação de pedestres, devidamente sinalizadas,
19
O art. 2º, III, da Lei deine “pessoa portadora de deiciência ou com mobilidade reduzida” como a que temporária
ou permanentemente tem limitada a sua capacidade de relacionar-se com o meio e de utilizá-lo.

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para veículos que transportem pessoas portadoras de deiciência com diiculdade de


locomoção (arts. 6º e 7º).
Outros elementos constantes da Lei 10.098 são detalhamentos a respeito: do
desenho e da localização do mobiliário urbano (como a disposição de sinais de trá-
fego, semáforos, postes de iluminação e elementos verticais de sinalização, e a emis-
são de sinal sonoro suave, intermitente para pedestres nos semáforos para auxiliar
deicientes visuais); da acessibilidade nos edifícios públicos ou de uso coletivo e
nos edifícios de uso privado; da acessibilidade nos veículos de transporte coletivo;
e da acessibilidade nos sistemas de comunicação e sinalização (como a formação de
proissionais intérpretes de escrita em braile, linguagem de sinais e de guias-intér-
pretes). Por im, o art. 22 institui, no âmbito da SDH então existente o “Programa
Nacional de Acessibilidade”, com dotação orçamentária própria.
Em 2004, houve a publicação do Decreto nº 5.296, que trouxe mais clareza
sobre os aspectos da Lei de Acessibilidade e sobre o Programa Nacional de Acessi-
bilidade. Esse Programa deveria integra os planos plurianuais, as diretrizes orçamen-
tárias e os orçamentos anuais (art. 67).
Conforme a SDH, cada eixo de atuação apresenta uma grande quantidade de
ações governamentais. No eixo da educação, sobressaem as seguintes ações: a) “Pro-
grama Escola Acessível”, que disponibiliza recursos inanceiros às escolas públicas
para a promoção de acessibilidade nos prédios e compra de materiais e equipamentos
de tecnologia assistiva; b) viabilização de transporte escolar acessível, pelo “Pro-
grama Caminho da Escola”; c) concessão de bolsas de graduação pelo “Programa
Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego”20 (PRONATEC); d) “Programa
de Acessibilidade na Educação Superior – Incluir”, que apoia projetos de criação ou
reestruturação de Núcleos de Acessibilidade universidades federais; e e) “Programa
BPC na Escola”, para superar entraves e garantir que os beneiciários acessem e
permaneçam na escola.
O eixo da inclusão social conta com ações como: a) “Programa BPC Traba-
lho”, que atende prioritariamente beneiciários com idade entre 16 e 45 anos, com
interesse em trabalhar, que encontram diiculdades para qualiicação e inserção pro-
issional; e b) implementação das “Residências Inclusivas” no âmbito do SUAS,
para auxiliar jovens e adultos com deiciência em situação de dependência para,
progressivamente, desenvolverem capacidades adaptativas à vida diária. O terceiro
eixo, acessibilidade, possui as ações de: a) “Programa Minha Casa, Minha Vida II”,
que oferece às pessoas com deiciência o direito à moradia adequada à sua condição
física, sensorial e intelectual; b) implementação de Centros Tecnológicos de forma-
ção de treinadores e instrutores de cães-guia; c) “Programa Nacional de Tecnologia
Assistiva”, para inanciar pesquisas capazes de desenvolver tecnologias que resul-
tem em produtos a serem incorporados ao cotidiano das pessoas com deiciência; e
d) crédito facilitado para aquisição de produtos de tecnologia assistiva.
20
“Essa ação contribui para o cumprimento da Lei de Cotas, pois amplia e diversiica a oferta de educação proissional
e tecnológica gratuita no país e promove a qualiicação para o trabalho” (BRASIL, data indisponível, p. 10).
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O último eixo, de saúde, contém ações como: a) identiicação e intervenção


precoce de deiciências; b) desenvolvimento de diretrizes terapêuticas; c) implemen-
tação de Centros Especializados de Habilitação e Reabilitação; e d) transporte para
acesso à saúde.
A respeito dos direitos da população LGBT, um avanço foi a elaboração do
“Brasil Sem Homofobia – Programa de Combate à Violência e à Discriminação con-
tra GLTB (ou LGBT) e de Promoção da Cidadania Homossexual”, em 2004. Com
o intuito de primar pelo direito à dignidade e respeito às diferenças, o Programa re-
sultou de uma articulação bem-sucedida entre o governo federal e a sociedade civil
deinida na esfera do Plano Plurianual (PPA) 2004-2007 (BRASIL, 2004).
De acordo com a SDH (Idem, p. 11), o objetivo do Brasil Sem Homofobia
foi de promover a cidadania de lésbicas, gays, travestis, transgêneros e bissexuais,
tomando por base a equiparação de direitos e o combate à violência e à discrimina-
ção homofóbicas, com respeito às especiicidades de cada um desses grupos popu-
lacionais. A im de atingir esse objetivo, o Programa contou com diferentes ações
governamentais, destinadas a: a) apoiar projetos de fortalecimento de instituições
públicas e de ONGs que atuassem na promoção da cidadania homossexual e/ou no
combate à homofobia; b) capacitar proissionais e representantes do movimento ho-
mossexual que atuassem na defesa de direitos humanos; c) disseminar informações
sobre direitos e de promoção da autoestima homossexual; e d) incentivar a denúncia
de violações dos direitos humanos do segmento LGBT (Idem, p. 11). As ações en-
volviam as áreas de: articulação da política de promoção dos direitos de homosse-
xuais; legislação e justiça; cooperação internacional; direito à segurança, combate
à violência e à impunidade; direito à educação; direito à saúde; direito ao trabalho;
direito à cultura; política para a juventude; política para as mulheres; política contra
o racismo e a homofobia (Idem, p. 19-26).
Além disso, esse Programa tinha como princípios: i) a inclusão da perspectiva
da não-discriminação por orientação sexual e de promoção dos direitos humanos de
pessoas LGBT nas políticas públicas e estratégias do governo federal; ii) a produ-
ção de conhecimento para subsidiar a elaboração, implementação e avaliação das
políticas voltadas ao combate à violência e à discriminação por orientação sexual;
e iii) a reairmação de que a defesa, a garantia e a promoção dos direitos humanos
incluem o combate a todas as formas de discriminação e de violência e que, portanto,
o combate à homofobia e a promoção dos direitos humanos de homossexuais é um
compromisso do Estado e de toda a sociedade brasileira (Idem, p. 11-12).
Os direitos humanos, em sentido mais amplo, também vêm sendo materiali-
zados mediante algumas ações governamentais. Uma das ações mais substantivas
nessa direção foi o lançamento dos “Programas Nacionais de Direitos Humanos”, a
partir do ano de 1996 (BRASIL, 2010). O mais recente deles é o “Programa Nacio-
nal de Direitos Humanos 3” (PNDH-3), publicado pelo Decreto nº 7.037, de 2009,
de implementação interministerial.
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O PNDH-3, de acordo com o Decreto, constitui-se por eixos orientadores e


diretrizes correspondentes, nos seguintes moldes –

i) eixo orientador: interação democrática entre Estado e sociedade civil,


com diretrizes de: a) interação democrática entre Estado e sociedade ci-
vil como instrumento de fortalecimento da democracia participativa, b)
fortalecimento dos direitos humanos como instrumento transversal das
políticas públicas e de interação democrática, c) integração e ampliação
dos sistemas de informações em direitos humanos e construção de meca-
nismos de avaliação e monitoramento de sua efetivação;
ii) eixo orientador: desenvolvimento e direitos humanos, com diretrizes de:
a) efetivação de modelo de desenvolvimento sustentável, com inclusão
social e econômica, ambientalmente equilibrado e tecnologicamente res-
ponsável, cultural e regionalmente diverso, participativo e não discrimi-
natório, b) valorização da pessoa humana como sujeito central do pro-
cesso de desenvolvimento, c) promover e proteger os direitos ambientais
como direitos humanos, incluindo as gerações futuras como sujeitos de
direitos;
iii) eixo orientador: universalizar direitos em um contexto de desigualdades,
com diretrizes de: a) garantia dos direitos humanos de forma universal,
indivisível e interdependente, assegurando a cidadania plena, b) promo-
ção dos direitos de crianças e adolescentes para o seu desenvolvimento
integral, de forma não discriminatória, assegurando seu direito de opi-
nião e participação, c) combate às desigualdades estruturais, d) garantia
da igualdade na diversidade;
iv) eixo orientador : segurança pública, acesso à Justiça e combate à violên-
cia, com as diretrizes de: a) democratização e modernização do sistema
de segurança pública, b) transparência e participação popular no sistema
de segurança pública e justiça criminal, c) prevenção da violência e da
criminalidade e proissionalização da investigação de atos criminosos, d)
combate à violência institucional, com ênfase na erradicação da tortura e
na redução da letalidade policial e carcerária, e) garantia dos direitos das
vítimas de crimes e de proteção das pessoas ameaçadas, f) modernização
da política de execução penal, priorizando a aplicação de penas e medi-
das alternativas à privação de liberdade e melhoria do sistema peniten-
ciário, g) promoção de sistema de Justiça mais acessível, ágil e efetivo,
para o conhecimento, a garantia e a defesa de direitos;
v) eixo orientador: educação e cultura em direitos humanos, com as dire-
trizes de: a) efetivação das diretrizes e dos princípios da Política Nacio-
nal de Educação em Direitos Humanos para fortalecer uma cultura de
direitos, b) fortalecimento dos princípios da democracia e dos direitos
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humanos nos sistemas de Educação Básica, nas instituições de Ensino


Superior e nas instituições formadoras, c) reconhecimento da educação
não formal como espaço de defesa e promoção dos direitos humanos, d)
promoção da educação em direitos humanos no serviço público, e) ga-
rantia do direito à comunicação democrática e ao acesso à informação
para consolidação de uma cultura em direitos humanos; e
vi) eixo orientador: direito à memória e à verdade, com diretrizes de: a) re-
conhecimento da memória e da verdade como direito humano da cidada-
nia e dever do Estado, b) preservação da memória histórica e construção
pública da verdade, c) modernização da legislação relacionada com pro-
moção do direito à memória e à verdade, fortalecendo a democracia.

Outra ação a ser mencionada é o funcionamento, desde 2003, da “Ouvidoria


Nacional dos Direitos Humanos” (ou “Ouvidoria-Geral da Cidadania”), cujo princi-
pal canal de comunicação é o “Disque Direitos Humanos, Disque 100”, um serviço
de utilidade pública com atendimento telefônico gratuito, de alcance nacional, que
funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana, inclusive inais de semana e fe-
riados. As denúncias recebidas pela Ouvidoria ou pelo Disque 100 são analisadas e
encaminhadas aos órgãos responsáveis.
Consoante a SDH21, “O Departamento de Ouvidoria Nacional dos Direitos
Humanos tem a competência de receber, examinar e encaminhar denúncias e recla-
mações, atuar na resolução de tensões e conlitos sociais que envolvam violações
de direitos humanos, além de orientar e adotar providências para o tratamento dos
casos de violação de direitos humanos, podendo agir de ofício e atuar diretamente
ou em articulação com outros órgãos públicos e organizações da sociedade. As de-
núncias poderão ser anônimas ou, quando solicitado pelo denunciante, é garantido
o sigilo da fonte das informações”. O Disque 100 se destina a receber demandas
relativas a violações de direitos humanos, sobretudo as que atingem populações em
condição de vulnerabilidade, como: crianças e adolescentes, pessoas idosas, pessoas
com deiciência, LGBT, pessoas em situação de rua, quilombolas, ciganos, índios e
pessoas em privação de liberdade.
Vale ressaltar a criação da denominada “Comissão Especial sobre Mortos e
Desaparecidos Político”, prevista pela Lei nº 9.140, de 1995, que reconheceu como
mortas pessoas desaparecidas em razão de participação ou acusação de participa-
ção, em atividades políticas de 1961 a 1979. Mediante modiicação sofrida por uma
Lei de 2002, a Comissão foi autorizada a examinar e reconhecer casos de morte ou
desaparecimento ocorridos até 5 de outubro de 1988, data de promulgação da Cons-
tituição.
21
As informações referentes a políticas de direitos humanos desse trecho estão disponíveis em: <http://portal.
sdh.gov.br/clientes/sedh/sedh/promocaodh>; <http://novoportal.sdh.gov.br/disque100/ouvido ria-disque-100>;
<http://www1.direitoshumanos.gov.br/spdca/exploracao__sexual/Acoes_PPCAM/disque _denuncia>; <http://
novoportal.sdh.gov.br/assuntos/mortos-e-desaparecidos-politicos/programas/comiss ao-especial-sobre-mortos-e-
desaparecidos-politicos>. Acesso em: 25 jun. 2013.

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A Lei também foi bastante modiicada em 2004, passando a disciplinar que os


membros da Comissão são escolhidos pelo presidente da República e que ela possui
como atribuições: i) proceder ao reconhecimento de pessoas: a) desaparecidas, b)
que por terem participado, ou por terem sido acusadas de participação, em ativida-
des políticas, tenham falecido por causas não-naturais, em dependências policiais
ou assemelhadas, c) que tenham falecido em virtude de repressão policial sofrida
em manifestações públicas ou em conlitos armados com agentes do Poder público,
ou d) que tenham falecido em decorrência de suicídio praticado na iminência de se-
rem presas ou em decorrência de sequelas psicológicas resultantes de atos de tortura
praticados por agentes do Poder público; ii) envidar esforços para a localização dos
corpos de pessoas desaparecidas no caso de existência de indícios quanto ao local em
que possam estar depositados; e iii) emitir parecer sobre os requerimentos relativos
a indenização que venham a ser formulados pelos familiares.
Recentemente, a Lei nº 12.528, de 2011, criou a “Comissão Nacional da Ver-
dade” no âmbito da Presidência da República, com a inalidade de examinar e es-
clarecer as graves violações de direitos humanos praticadas no período de 1946 a
1988 (período ixado no art. 8º do ADCT, que concedeu anistia a todos os atingidos
pelos atos de exceção), efetivando, assim, o direito à memória e à verdade histórica
e promovendo a reconciliação nacional.
A Comissão Nacional da Verdade tem por objetivos, entre outros: esclare-
cer os fatos e as circunstâncias dos casos de graves violações de direitos humanos
ocorridos; identiicar e tornar públicos as estruturas, os locais, as instituições e as
circunstâncias relacionados à prática de violações de direitos humanos no período
mencionado e suas eventuais ramiicações nos diversos aparelhos estatais e na socie-
dade; e recomendar a adoção de medidas e políticas públicas para prevenir violação
de direitos humanos, assegurar sua não repetição e promover a efetiva reconciliação
nacional.

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Organização e Funcionamento d a Política de Educação Básica – Fundeb. Organização
e Funcionamento do Programa De Aceleração do Crescimento - Pac
Maria das Graças Rua com Roberta Romanini

40 Unidade XII – Federalismo e Descentralização de Políticas Públicas no Brasil:


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