Você está na página 1de 5

DIREITOS HUMANOS

A constituição brasileira e
os tratados internacionais

Versão Condensada
Sumário
A constituição brasileira e os tratados internacionais������������������������������������������������� 3

1.  Análise do art. 1° ao 2° da constituição federal������������������������������������������������������������������������������������������������������ 3

 2

A L F A C O N
A constituição brasileira e os tratados

internacionais

Nesse ponto, iremos abordar os principais tópicos de menção aos direitos humanos na Constituição Federal. Aqui, há
um ponto forte de interseção com a disciplina de direito constitucional. Não trataremos de toda a extensão dos direitos
e garantias fundamentais na Constituição Federal, apenas daqueles pontos considerados específicos da matéria de
direitos humanos.

A Constituição Federal de 1988 surge no período de redemocratização após 21 anos de ditadura militar - 1964 a 1985.
A chamada Constituição Cidadã instaura um Estado Democrático de Direito, trazendo o mais longo catálogo de direitos
fundamentais e a dignidade da pessoa humana como fundamento do Estado e valor central do nosso Ordenamento
Jurídico.

Trouxe uma autonomia e independência funcional do Ministério Público e uma missão de defesa de direitos humanos. A
Defensoria Pública inserida como função essencial à Justiça aceita a internacionalização dos direitos humanos, adere
a tribunais internacionais e expõe princípios nas relações internacionais.

Há um movimento constitucional pós-segunda guerra mundial que modifica o fundamento positivista para um pós-po-
sitivismo, o qual é chamado de neoconstitucionalismo.

Segundo Flávia Piovesan, intenta-se a reaproximação da ética e do direito, e, neste esforço, surge a força normativa
dos princípios, especialmente do princípio da dignidade humana. Há um reencontro com o pensamento kantiano, com
as ideias de moralidade, dignidade, direito cosmopolita e paz perpétua. Para Kant, as pessoas devem existir como um
fim em si mesmo e jamais como um meio, a ser arbitrariamente usado para este ou aquele propósito.

Com o Neoconstitucionalismo temos, também, o fortalecimento do Poder Judiciário pela judicialização das políticas
públicas, garantindo o mínimo existencial.

1. Análise do art. 1° ao 2° da constituição federal

PREÂMBULO

Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado
Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-
-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e
sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução
pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA
FEDERATIVA DO BRASIL.

TÍTULO I

DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito
Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:

I - a soberania;

II - a cidadania;

A constituição brasileira e os tratados internacionais 3

A L F A C O N
III- a dignidade da pessoa humana;

IV- os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

V - o pluralismo político.

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente,
nos termos desta Constituição.

Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.

O art. 1º da Constituição Federal já trata da forma de governo republicana que se caracteriza pelo caráter eletivo, repre-
sentativo e transitório dos detentores do poder político, além de responsabilidade dos governantes.

Trata, também, da forma federativa do Estado, com a divisão do poder político em entidades federativas, todas com
autonomia.

O Estado Democrático de direito é o regime político adotado e garantia de uma sociedade pluralista em que todas as
pessoas se submetem as leis e ao direito que são criadas pelo povo, por representantes eleitos.

A democracia é semidireta ou participativa, de modo que há um regime híbrido entre democracia representativa (regra)
e democracia direta, por exemplo, em um referendo, plebiscito.

Os fundamentos da República (art. 1º CF – soberania, cidadania, dignidade da pessoa humana e valores sociais do
trabalho e da livre-iniciativa) convergem para uma proteção global dos direitos humanos.

No que se relaciona aos fundamentos:

A soberania relaciona-se à independência na ordem externa e a supremacia na ordem interna. O movimento pós-se-
gunda guerra mundial trouxe a ideia de relativização da soberania pela inscrição dos Países a uma série de tratados
internacionais.

A cidadania refere-se à participação política do cidadão na formação da vontade do Estado, votando, sendo votado ou
fiscalizando os atos do poder público.

A dignidade da pessoa humana é o valor central do nosso Ordenamento jurídico e se refere à qualidade intrínseca
e distintiva de cada ser humano. A dignidade pode ser entendida em um sentido negativo – vedação ao tratamento
desumano, arbitrário e degradante e, também, em um sentido positivo – assegurar condições materiais mínimas de
sobrevivência. Trata-se do chamado mínimo existencial.

A dignidade da pessoa humana pode ser utilizada para:

• Fundamentar a criação de novos direitos;

• Interpretação adequada de um determinado direito;

• Limite a atuação do Estado;

• Juízo de ponderação entre direitos fundamentais que estão colidindo entre si;

O valor social do trabalho refere-se à relação capital-trabalho.

O pluralismo político é traço do pensamento liberal, desdobramento do princípio democrático, autorizando em uma
sociedade a existência de uma série de convicções de pensamentos, de planos e projetos de vida, todos devidamente
respeitados. Respeito a alteridade.

A constituição brasileira e os tratados internacionais 4

A L F A C O N
A CF determinou que o Brasil deveria cumprir nas suas relações internacionais o princípio da “prevalência dos direitos
humanos” (art. 4º, II CF), assim como a formação de um tribunal internacional de direitos humanos (art. 7º ADCT – Ato
das disposições constitucionais transitórias).

Cumprindo esse comando constitucional, o Brasil celebrou diversos tratados internacionais e reconheceu em 1998 a
jurisdição da Corte Interamericana de Direitos Humanos (julga Estados – sistema regional) e, em 2002, a jurisdição do
Tribunal Penal Internacional – Estatuto de Roma (julga pessoas que cometeram graves violações a direitos humanos).

A constituição brasileira e os tratados internacionais 5

A L F A C O N

Você também pode gostar